Download PDF
ads:
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
Palmizio Nocchi
Avaliação da Qualidade de Vida e do Processo de Tomada de Decisão na
Indicação e Uso de Prótese Dentária em Idosos
Porto Alegre, 2008.
PALMIZIO NOCCHI
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Avaliação da Qualidade de Vida e do Processo de Tomada de Decisão na
Indicação e Uso de Prótese Dentária em Idosos.
Tese submetida ao Programa de
Pós-graduação em Gerontologia
Biomédica da PUCRS, como parte
dos requisitos necessários à
obtenção do título de Doutor em
Gerontologia Biomédica.
Orientador: Prof Dr. Yukio Moriguchi
Co-orientadora: Profª Drª Dalva Padilha
Porto Alegre, 2008.
ads:
Dedico esta tese de doutorado á minha família e,
especialmente aos meus netos queridos: Rafaela,
Gabriel, Guilherme, Helena, Fernanda, Paula,
Juliano, Isadora, Amanda, Marcelo e Carolina, bem
como a todos os idosos!
Agradecimentos
Ao professor Goldin e a psicóloga Júlia Schneider Protas pelo auxílio e
colaboração para o desenvolvimento desta tese.
Aos amigos e assistentes do meu convívio diário do consultório dentário,
especialmente a psico-pedagoga Elza Rosane, pela sua incontestável dedicação,
esforço e apoio incondicional em todos os momentos da elaboração e construção
desta tese.
A todos os idosos participantes do projeto, pois sem os mesmos seria
impossível a existência deste trabalho.
Aos funcionários do Instituto de Geriatria e Gerontologia.
E, um agradecimento especial para todos os funcionários e ex-alunos da
Faculdade de Odontologia da PUCRS, que me acompanharam, ao longo destes
55 anos, a minha trajetória dedicada à docência.
Muito obrigado a todos que de alguma forma
contribuíram para a construção deste trabalho!
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Rosária Maria Lúcia Prenna Geremia
Bibliotecária CRB10/196
N756a Nocchi, Palmizio
Avaliação da qualidade de vida no processo de tomada de decisão na indicação e
uso de prótese dentária em idosos / Palmizio Nocchi. Porto Alegre: PUCRS, 2008.
83f.: Il. graf. tab.
Orientador: Prof. Dr. Yukio Moriguchi.
Co-orientadora: Profª. Drª. Dalva Padilha
Tese (Doutorado) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Instituto de Geriatria e Gerontologia. Doutorado em Gerontologia Biomédica.
1. QUALIDADE DE VIDA. 2. TOMADA DE DECISÃO. 3. PRÓTESE DENTÁRIA. 4. IDOSO. 5.
ODONTOLOGIA GERIÁTRICA . 6. GERIATRIA. 7. GERONTOLOGIA. 8. ESTUDOS
OBSERVACIONAIS. I. Moriguchi, Yukio. II. Padilha, Dalva. III. Título.
C.D.D. 617.69
C.D.U. 616.314-089.28-053.9:519.816(043.2)
N.L.M. WU 515
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................
6
LISTA DE TABELAS.........................................................................................
7
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................
8
RESUMO............................................................................................................
9
ABSTRACT........................................................................................................
10
1. Introdução....................................................................................................... 11
2. Referencial Teórico......................................................................................... 14
2.1.Envelhecimento Populacional: um fenômeno demográfico em franca
ascensão e suas implicações.............................................................................
14
2.2.Envelhecimento e Impacto na Saúde Bucal: o papel da
odontogeriatria.....................................................................................................
17
2.3 Qualidade de Vida e Prótese Dentária em
Idosos...................................
21
2.4.Qualidade de Vida no Processo de Tomada de Decisão: percepção de
coerção................................................................................................................
25
3. Tese................................................................................................................ 32
4. Objetivos.........................................................................................................
4.1. Objetivos Específicos ............................................................................
33
33
5. Método ........................................................................................................... 34
5.1 Delineamento.......................................................................................... 34
5.2. Fatores em Estudo e Desfecho............................................................. 34
5.3. Fatores Intervenientes........................................................................... 34
5.4. População e Amostra............................................................................ 35
5.4.1. Logística........................................................................................ 36
5.4.2. Variáveis Investigadas.................................................................. 36
5.5. Instrumentos........................................................................................ 38
5.6. Análise Estatística............................................................................... 39
5.7 Aspectos Éticos.................................................................................... 40
6. Resultados.................................................................................................... 41
7. Discussão...................................................................................................... 54
8. Considerações Finais.................................................................................... 66
9. Conclusões.................................................................................................... 68
10. Referências ................................................................................................ 70
Anexo 1- Sub Escala de Percepção de Coerção em Pesquisa......................... 86
Anexo 2- Instrumento de Desenvolvimento Psicológico Moral.......................... 88
Anexo 3- WHOQOL- OLD.................................................................................. 90
Anexo4- WHOQOL - Brief ………………………………………………………...... 100
Anexo 5- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.................................... 108
LISTA DE ABREVIATURAS
CPOD- índice que indica o número de dentes permanentes cariados, perdidos
(extraídos e com extração indicada)
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS- Organização Mundial da Saúde
WHOQOL-OLD- World Health Organization Quality of Life Group
WHOQOL-BRIEF- World Health Organization Quality of Life Group (versão breve)
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação das fases de desenvolvimento psicológico-moral de
acordo com a média dos valores obtidos utilizando o instrumento de Souza.
(adaptção de Loevinger, 1982)............................................................................
27
Tabela 2. Fases do desenvolvimento psicológico-moral dos homens e
mulheres idosos...................................................................................................
43
Tabela 3. Indicadores de qualidade de vida de homens e mulheres idosos
relacionados a atividades passadas, presentes e futuras, a atividades sociais
e íntimas...............................................................................................................
50
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Expectativa de vida média das diferentes regiões do Brasil em 2005.
Fonte: IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.................................
16
Figura 2. Comparação entre homens e mulheres das respostas relacionadas
a questões sensoriais através dos investigados através do WHOQOL-
OLD......................................................................................................................
45
Figura 3. Comparação entre homens e mulheres das respostas relacionadas
a questões de autonomia de vida através do WHOQOL-OLD.............................
47
Figura 4. Comparação entre homens e mulheres das respostas relacionadas
a morte através do WHOQOL-OLD. ....................................................................
49
Figura 5. Distribuição dos valores obtidos na escala de qualidade de vida
WHOQL-BRIEF comparando idosos homens e mulheres. Esta escala possui
24 questões com valor máximo de 130 pontos. Quanto maior o número de
pontos maior a qualidade de vida........................................................................
52
RESUMO
Introdução: A qualidade de vida nos idosos está diretamente relacionada ao
estado de saúde geral, bem como, ao estado de saúde bucal. Qualidade de vida
associada à saúde bucal tem sido definida como uma avaliação multidimensional
mais detalhada da reabilitação protética. Objetivo: avaliar a qualidade de vida, a
capacidade de tomada de decisão e a percepção de coerção em idosos usuários
de prótese dentária. Metodologia: estudo transversal, observacional, analítico
não- probabilístico. Para tanto, 38 idosos foram selecionados do Serviço de
Atendimento Odontológico da PUCRS e clínicas privadas. Os instrumentos
utilizados para a análise foram os seguintes:
Escala de Percepção de Coerção em
Assistência, Instrumento Desenvolvimento Psicológico-moral, WHOQOL OLD e
WHOQOL Bref. Resultados: Dos 38 idosos incluídos no estudo, 16 eram do
gênero masculino e 22 do gênero feminino. A idade média dos homens foi de
75,44+8,82 anos e das mulheres foi de 74,95+7,15 anos. Com relação à
percepção de coerção, as mulheres apresentaram alguma percepção de coerção,
porém não se verificou diferença significativa entre os dois gêneros (p=0,950).
Observou-se uma maior freqüência dos homens na fase autônoma, enquanto a
maioria das mulheres encontrou-se na fase conscienciosa. Os valores médios
deste teste também foram similares entre o gênero (homens= 5,0
±
0,7 e mulheres=
4,6
±
0,9) (p=0,175). 75,0% das mulheres disseram não controlar, controlar pouco
ou mais ou menos o seu futuro enquanto que somente 43,8% dos homens deram
esta resposta (0,05). A pontuação média geral do WHOQOL-OLD foi de 34,1
±
5,6
para os homens e 32,2
±
6,9 para as mulheres (p=0,384). No WHOQOL-BREF os
valores médios dos idosos foram de 94,2
±
11,0 para os homens e 89,5
±
18,1 para
as mulheres (p=0,360). Não se verificou associação entre qualidade de vida,
percepção de coerção e tomada de decisão em idosos com prótese dentária.
Conclusão: o problema dentário que levou a colocação de prótese nos idosos
dessa amostra (eliminado outros fatores) não contribuiu para que os mesmos
tivessem uma qualidade de vida ruim.
Palavras-chave: idoso, qualidade de vida, prótese dentária, percepção de
coerção, desenvolvimento psicológico moral.
ABSTRACT
Introduction: The quality of life in elderly is related to the state of general health,
as well as, to the state of orall health. Quality of life associated with the oral health
has been defined as a most detailed multidimensional evaluation of the prosthetic
rehabilitation. Objective: to evaluate the quality of life, the capacity of decision
taking and the perception of coercion in elderly users of dental prothesis.
Metodology: transversal, observacional, analytical study and not probabilist. Were
selected 38 aged ones of the Service of Odontological Attendance from PUCRS
and private clinics. the instruments used for the analysis had been the following
ones: Scale of Perception of Coercion in Assistance, Instrument Development
Psychological-moral, WHOQOL - OLD and WHOQOL - Bref. Results: Of the 38
elderly included in the study, 16 were men and 22 were women. The average age
of the men was of 75,44+8,82 years and of the women it was of 74,95+7,15 years.
With regard to the coercion perception the women had presented some perception
of coercion, however, was not observed significant differences between the two
genders (p=0,950). A higher frequency of the men in the independent phase was
observed, while the majority of the women met in the concientious phase. The
average values of this test had also been similar between the genders (men=
5,0
±
0,7 and women = 4,6
±
0,9) (p=0,175). 75.0% of the women said not to
control, to control little or more or less its future whereas only 43.8% of the men
given this reply (0,05). The general average of WHOQOL-OLD of the 34,1
±
5,6 for
men and 32,2
±
6,9 for the women (p=0,384). In the WHOQOL-BREF the average
values of elderly were 94,2
±
11,0 for men and 89,5
±
18,1 for women (p=0,360). was
not verified association between quality of life, perception of coercion and taking of
decision in elderly with prothesis dental. Conclusion: the dental problem that took
the use of the prothesis in the elderly of this sample (eliminated other factors) did
not contribute so that the same ones had a quality of bad life.
Key-word: elderly, quality of life, dental prothesis, perception of coercion,
Development Psychological-moral.
1 INTRODUÇÃO
Um dos maiores desafios da ciência na atualidade é enfrentar o processo
de envelhecimento que está em franca ascensão mundial. Esse fenômeno
demográfico ocorreu inicialmente em países desenvolvidos, entretanto nas últimas
décadas países em desenvolvimento, como o Brasil, também estão mostrando
mudanças na sua pirâmide etária. No Brasil, o número de idosos (> 60 anos de
idade) passou de 3 milhões em 1960, para 7 milhões em 1975 e 14 milhões em
2002 (um incremento de 500% em 40 anos) e as projeções indicam que esse
contingente alcançará 32 milhões em 2020.
i
No caso do Rio Grande do Sul, o
processo de envelhecimento ainda é mais evidente em relação a outros Estados
da Federação, por exemplo, a expectativa de vida dos homens gaúchos na
década de 70 era 63,6 e das mulheres de 70 anos. Contudo, observou-se um
incremento significativo nesses números, pois a população gaúcha tem alcançado,
atualmente, uma expectativa de vida ao nascer de 66,8 para os homens e de 74,5
anos para as mulheres, representando um dos Estados com maior longevidade.
ii
O fenômeno de envelhecimento nas populações é frequentemente
acompanhado de doenças crônicas degenerativas com alta carga de morbidade,
que gera incapacidades e dependência, e mortalidade. Na população idosa tanto a
incidência quanto a prevalência de doenças crônicas como a hipertensão arterial
sistêmica, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, neoplasias, artrite, perda
de audição, suscetibilidade a infecções (virais e bacterianas), depressão, declínio
cognitivo e demências é elevada.
iii
Talvez, devido a essa evidência preocupante, a
saúde bucal dos idosos tenha sido relegada a um segundo plano.
Todavia, esse panorama vem mudando e o interesse da odontologia sobre
o segmento idoso tende a aumentar. Isto porque, os idosos, em geral, apresentam
grande quantidade de problemas bucais, como dentes extraídos, doenças
periodontais, lesões de mucosa bucal e necessidade de próteses. Na população
brasileira esse panorama não é diferente, pois a saúde bucal da população de
idosos no Brasil apresenta-se, de modo geral, precária. O levantamento
epidemiológico sobre a saúde bucal da população brasileira, realizado pelo
Ministério da Saúde nos anos de 2002 e 2003, mostrou que o edentulismo tornou-
se um problema de Saúde Pública e gerando uma grande demanda de
tratamentos protéticos.
iv
Nesse sentido, a odontologia cumpre um papel essencial
de promover, prevenir, reabilitar e manter a saúde bucal dos indivíduos, afim que
não haja comprometimento na nutrição deste individuo devido as dificuldades na
sua alimentação, e por conseqüência, na sua saúde geral e estado psicológico.
v
A autopercepção do idoso em relação ao estado da sua saúde bucal é uma
variável fundamental para o profissional que irá atendê-lo, avaliar a necessidade
de prótese dentária, e pode caracterizar também o seu grau de qualidade de vida.
Portanto conhecê-la, seria um dos critérios a ser adotada para promover a
personalização e maior qualidade ao atendimento.
Um dos aspectos mais estudados nessa área é a questão do impacto da
saúde bucal sobre a qualidade de vida dos idosos. A qualidade de vida nos idosos
está diretamente relacionada ao estado de saúde geral, bem como ao estado de
saúde bucal. Isto porque, a perda de dentes e o uso de próteses afetam a saúde
bucal, e desencadeiam problemas funcionais na alimentação, fala e desconforto
social quando sorri.
vi
Por outro lado, são praticamente inexistentes os estudos
que avaliam a qualidade de vida desses idosos no processo decisório na
indicação e uso de prótese dentária.
Uma vez que o fenômeno “Qualidade de Vida” tem múltiplas dimensões,
tais como, a física, a psicológica e social cada uma comportando vários aspectos,
é concebível pressupor que o mesmo possa interferir, de alguma forma, no
processo de tomada de decisão do idoso. A tomada de decisão pode ser
considerada uma função cognitiva fundamental para uma satisfatória interação do
indivíduo com seu contexto biopsicosocial. E o envelhecimento, aliado a uma boa
ou má qualidade de vida pode afetar tanto a velocidade quanto a qualidade da
tomada de decisão. Outro ponto importante que deve ser ressaltado é a
percepção do idoso como sujeito de coerção, tanto física quanto moral, na sua
tomada de decisão.
Dessa forma, é imprescindível dar início às investigações que abordem
esse tema em idosos, pois é segmento da população que está em franco
crescimento demográfico, além de apresentar perdas, não somente fisiológicas,
mas também psicosociais que podem afetar de forma negativa a sua qualidade de
vida e, conseqüentemente, a sua capacidade de tomar decisões. É dentro deste
contexto, que a presente tese pretende contribuir para a construção de uma nova
abordagem odontogeriátrica para atender, tanto o idoso com indicação de prótese
dentária, quanto o portador da mesma, visando um envelhecimento bem sucedido
com autonomia, independência e maior qualidade de vida.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Envelhecimento populacional: um fenômeno demográfico em franca
ascensão e suas implicações
O século XX foi marcado por um espetacular avanço da ciência e da
tecnologia, resultando em um imenso desenvolvimento da humanidade sob vários
aspectos. Esse crescimento ocasionou repercussões positivas para a sociedade
como um todo, entre elas as consideráveis transformações na pirâmide etária. O
envelhecimento da população tornou-se, então, um fenômeno de amplitude
mundial. O desafio se constitui em conferir uma maior sobrevida com uma melhor
qualidade de vida.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(2000), o número de idosos no Brasil vem aumentando significativamente a cada
década, desde 1950. Esses índices conduzem à expectativa de que, no ano de
2020, o Brasil possuirá 32 milhões de pessoas com idade superior a 60 anos,
representando 15% da população total.
i,vii
Dentro desse contexto, a Organização
Mundial de Saúde (OMS), faz uma projeção de que, em 2025, o Brasil será
apontado como o 6º país do mundo em população idosa.
viii
A expectativa média de vida do brasileiro atingiu a marca de 71,9 anos. É o
que mostra a pesquisa Tábua de Vida 2005 do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
ix
A esperança de vida do brasileiro passou de 71,7 anos,
em 2004, para 71, 9 anos, em 2005 - um aumento de dois meses e 12 dias. A
comparação da expectativa de vida entre os Estados revela as desigualdades e
contrastes regionais do país. Enquanto o Nordeste figura no ranking com a pior
média (69 anos), a região Sul tem a maior expectativa de vida, de 74,2 anos
(Figura 1). No Rio Grande do Sul, a expectativa de vida passa de 68,8 anos em
1980 para 73,4 anos no período de 2001 a 2003 (entre os homens é de 69,3 anos,
e entre as mulheres 77,6 anos). Como principal motivo dessa elevação da
expectativa média de vida, apresentam-se o declínio da fecundidade, o avanço da
medicina e a melhora na qualidade de vida.
x
Apesar da elevação, a expectativa de
vida no Brasil ainda é considerada baixa. O país é octogésimo sexto colocado no
ranking da ONU, considerando as estimativas para 192 países, no período 2000-
2005. De acordo com a projeção mais recente da mortalidade, somente por volta
de 2040, o Brasil estaria alcançando o patamar de 80 anos de expectativa de vida
ao nascer.
xi
Os dados demonstram que o Brasil desponta como um país cuja população
se encontra em rápido processo de envelhecimento: acontecimento caracterizado
pelo progresso de todas as áreas do conhecimento humano, que tem se refletido
na elevação da expectativa de vida. O avanço da medicina influenciou na
diminuição das taxas de mortalidade - com a prevenção de patologias, a
incorporação de procedimentos diagnósticos precoces e tratamentos mais
sofisticados, e na diminuição das taxas de fecundidade.
xii
Figura 1- Expectativa de vida média das diferentes regiões do Brasil em 2005.
Fonte: IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Tal cenário vem apontando os problemas referentes ao processo de
envelhecimento aumento das doenças crônico-degenerativas associadas à
idade - e indicando a necessidade de mudanças na sociedade para garantir
condições que propiciem uma longevidade digna e com qualidade de vida na
velhice. Assim, o envelhecimento demográfico, ao mesmo tempo em que pode ser
considerado um triunfo pelo êxito obtido na redução da mortalidade infantil, no
controle da fertilidade e fundamentalmente no aumento da expectativa de vida é,
também, um fator de preocupação pela inexistência, hoje, de medidas políticas
que satisfaçam as necessidades da população idosa.
xiii
Dessa forma, o aumento
Expectativa de Vida
74,2
73,6
73,2
71
69
71,9
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
Sul Sudeste Centro-
Oeste
Norte Nordeste Brasil
Regiões
Anos
Expectativa de Vida
74,2
73,6
73,2
71
69
71,9
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
Sul Sudeste Centro-
Oeste
Norte Nordeste Brasil
Regiões
Anos
da expectativa de vida vem se constituindo também como gerador de uma
profunda crise mundial e com importantes implicações em diversas áreas, tais
como: médica, social, econômica, política, dentre outras. Em decorrência disso,
surgiram inúmeros questionamentos na busca de dar significado e sentido para a
vida do idoso e possibilitar longevidade com qualidade de vida.
2.2 Envelhecimento e o Impacto na Saúde Bucal: o papel da
odontogeriatria
Segundo Cormack (2000) o envelhecimento tem sido definido como um
processo biológico, ou como patológico ou, então, como um processo sócio-
econômico ou psicossocial.
xiv
Se analisarmos em termos de conseqüências
cronológicas ou psicológicas do envelhecimento, pode-se encontrar uma grande
variação entre indivíduos, que afetam a definição do envelhecimento. Assim, a
idade é, de qualquer modo, um limite arbitrário, uma vez que o envelhecimento é
um processo contínuo, não se iniciando em nenhuma idade ou momento
particular. Sobretudo, o envelhecimento é caracterizado por um processo dinâmico
e progressivo, apresentando alterações nos campos morfológico, funcional,
bioquímico e psicológico, que impõe ao indivíduo, alterações na capacidade de
adaptação em relação ao meio ambiente, levando a uma maior vulnerabilidade e
suscetibilidade a condições patológicas, o que pode até culminar com a morte.
xv
Nesse sentido o envelhecimento normal envolve as mudanças biológicas
inexoráveis e universais, características do processo, tais como cabelos brancos,
alterações bucais (perda de dentes, por exemplo), rugas, menopausa, perda da
função renal, etc. No caso da saúde bucal, o processo de envelhecimento não é
responsável pelo aparecimento dessas alterações bucais, porém estas estão
geralmente presentes em indivíduos idosos. Algumas alterações são comuns no
envelhecimento como diminuição da capacidade mastigatória, dificuldade de
deglutição, diminuição da salivação, modificações no paladar e perda da dimensão
vertical (espaço medido da base do nariz à ponta do queixo quando os dentes
estão cerrados, com a boca fechada) têm efeitos cumulativos negativos e
prejudiciais para o indivíduo.
xvi,xvii
Estas mudanças ou patologias podem repercutir
sobre a qualidade de vida do idoso devido ao seu impacto sobre o estado de
saúde bucal. Sobretudo, especialmente por seu papel como indicador ou como
fator de risco para diversas outras patologias bucais freqüentes em idosos tais
como: cáries radiculares, infecções por fungos (queilite angular, candidíases,
estomatite por dentadura), lesões da mucosa bucal (úlceras bucais, glossite,
língua fissurada) e doenças periodontais.
xviii
No Brasil a saúde bucal, ainda permanece relegada ao segundo plano,
quando se discutem as condições de saúde da população idosa. A perda total de
dentes (edentulismo) ainda é aceita pela sociedade como um fenômeno normal e
natural inerente ao processo de envelhecimento, e não como reflexo da falta de
políticas preventivas de saúde, destinadas principalmente à população adulta, para
que mantenha seus dentes até idades mais avançadas.
xix,xx
Em 1986 o Ministério da Saúde realizou o primeiro Levantamento
Epidemiológico em Saúde Bucal (MS) incluindo apenas o grupo de pessoas com
50-59 anos, excluindo o grupo etário de acima de 60 anos. O índice CPOD, que
indica o número de dentes permanentes cariados, perdidos (extraídos e com
extração indicada) e restaurados, foi de 27,2 para essa faixa etária, com 86% de
participação dos dentes extraídos. Isso, já naquela época, indicou as péssimas
condições de saúde bucal em que se encontravam as pessoas com mais de 60
anos (Brasil/MS, 1988), estando longe de atingir a meta da OMS para o ano 2000,
em que na faixa etária de 65-74 anos, 50% das pessoas deveriam apresentar pelo
menos 20 dentes em condições funcionais.
xxi
O último levantamento do Ministério
da Saúde, concluído em 2004, mostrou que 13% dos adolescentes nunca foram ao
dentista; 20% da população brasileira já perderam todos os dentes; 45% dos
brasileiros não têm acesso regular à escova de dentes.
xxii,xxiii
Em um estudo realizado no Estado de São Paulo em 1998 foram
examinados por um cirurgião-dentista 194 idosos (91 institucionalizadas, com
idade média de 73,6 anos, e 103 não-institucionalizadas, com idade média de 69,3
anos) para determinar a prevalência das principais doenças bucais mostrou os
seguintes resultados: (1) um grande número de pessoas com edentulismo (72%
dos institucionalizados e 60% dos não-institucionalizados) e de dentes extraídos
(93 e 90%, respectivamente); (2) grande freqüência de bolsas periodontais (57 e
75%) e (3) próteses inadequadas (80% das próteses em pessoas
institucionalizadas e 61% em pessoas não-institucionalizadas).
xxiv
Um estudo mais
recente, conduzido em 2006 na cidade de Londrina, também mostrou resultados
semelhantes ao realizado em São Paulo em 1998. Por exemplo, esse estudo foi
realizado para verificar a condição dentária e periodontal, o uso e necessidade de
prótese, e a presença de lesões associadas ao uso de prótese em 267 idosos
residentes em uma área urbana do município de Londrina, Paraná. Os autores A
média de idade dos idosos foi de 66,5 anos. O índice de dentes cariados, perdidos
e obturados encontrado foi de 27,9, com maior participação dos dentes perdidos
(85,9%). A média de dentes presentes entre as mulheres (5,7 dentes) foi menor do
que entre os homens (11,6 dentes) (p<0,01). O edentulismo foi detectado em
43,1% dos idosos, e a presença de 20 dentes naturais ou mais em 8,8% das
mulheres e 28% dos homens (p<0,01). Dos 408 sextantes que possibilitaram
avaliação periodontal, 49,2% apresentavam bolsa periodontal. A necessidade de
prótese foi de 45,7% na arcada inferior e 19,1% na superior, com maior freqüência
no gênero masculino. Dos 204 indivíduos que usavam prótese, 40,7%
apresentavam lesões de mucosa.
xxv
Tanto o estudo anterior quanto este realizado
em Londrina indicaram que os idosos, em geral, apresentam alta prevalência de
problemas bucais, comprometimento da sua qualidade de vida, e com
necessidade de tratamento odontológico e programas de saúde bucal que
atendam às necessidades específicas desse segmento da população.
Mersel et al., (1986) revisaram a literatura quanto às características clínicas
dentárias do idoso.
xxvi
A incidência do completo edentulismo é geralmente maior
entre as mulheres e 72% dos usuários de próteses totais estão satisfeitos com
suas próteses, entretanto, apenas 10 a 15% destas próteses são consideradas
aceitáveis de acordo com o padrão profissional. Entretanto, apesar dos altos
índices de edentulismo ainda presentes na população brasileira, em países
desenvolvidos há tendência de maior retenção dos dentes naturais pela população
que está envelhecendo, o que aumenta a complexidade de cuidados pessoais e
de atenção profissional com a pluralidade de quadros clínicos.
xxvii,xxviii
Os dados na
literatura sobre a odontologia na prática interdisciplinar em idosos ainda são
incipientes. Uma das razões dessa dificuldade de vivência interdisciplinar para a
odontologia reside na formação de base tecnicista, que privilegia o enfoque de
superespecialização.
xxix
Que segundo Shinkai e Del Bel Cury
(2000)
é uma visão
limitada de postura odontológica intervencionista, que tem suas raízes históricas
enraizadas em conceitos ultrapassados de saúde bucal desvinculada da saúde
geral, sendo totalmente inadequada para o atendimento ao idoso.
xxx
Nesse contexto, a odontologia geriátrica ou odontogeriatria começa a
ganhar espaço, pois devido à diversidade e a complexidade do idoso, a atuação
do cirurgião-dentista torna-se fundamental, na medida em que participa, analisa e
integra conhecimentos específicos de diversas áreas com o objetivo comum de
promover e manter a saúde do idoso, bem como, diminuir o impacto negativo dos
problemas bucais na sua qualidade. Além disso, cabe ao profissional (cirurgião-
dentista) proporcionar ao seu paciente idoso as condições necessárias para um
bom tratamento e sucesso do mesmo, sabendo avaliar as melhores alternativas
de trabalho associadas a sua sensibilidade quanto à percepção de problemas
relacionados ao comportamento.
xxxi
2.3 Qualidade de Vida e Prótese Dentária em Idosos
No Brasil, os estudos que avaliam a qualidade de vida iniciaram a partir de
1975, expandindo-se em 1992, utilizando-se uma gama enorme de instrumentos,
mas não específicos para avaliar a qualidade de vida dos idosos. Hoje, é possível
observar trabalhos mais consistentes, como tradução, adaptação transcultural e
validação de questionários estrangeiros, mesmo assim ainda são escassos.
xxxii
Alguns pesquisadores que buscam avaliar, medir ou descrever a qualidade
de vida em idosos têm utilizado ferramentas de caráter quantitativo e outras
qualitativas.
xxxii,xxxiii,xxxiv,xxxv,xxxvi
O construto qualidade de vida abrange, no mínimo,
dois aspectos, um objetivo e outro subjetivo.
As condições objetivas estão baseadas em variáveis clínicas ou indicadores
biomédicos, por exemplo: as competências comportamentais do indivíduo, as
condições físicas do ambiente, a disponibilidade dos serviços de saúde, lazer e
educação, o nível de renda, as características da rede de relações informais e dos
apoios proporcionados por seus membros, o índice de urbanização e
alfabetização, os padrões sociais de morbidade e mortalidade para as várias
faixas de idade, as condições de trabalho.
As condições subjetivas estão apoiadas nos valores e crenças do sujeito,
verificadas de modo indireto, com base em relatos dos indivíduos e nas opiniões
que vigoram no grupo sobre as condições objetivas de que dispõem sobre o grau
em que lhes parecem satisfatórias e sobre seus efeitos no bem-estar individual e
coletivo.
xxxvi,xxxvii
A partir desse entendimento, é imprescindível avaliar a qualidade
de vida nestes dois contextos.
Há necessidade de estudos que visem contextualizar o processo de
envelhecimento em suas dimensões biológicas, sociais, culturais, psicológicas,
espirituais e ambientais, bem como apontar políticas que possam viabilizar, de
forma compatível, as necessidades dos idosos. Mister é que se conheçam as
múltiplas facetas que envolvem o processo de envelhecimento, para que o desafio
seja enfrentado por meio de planejamento adequado. Há que se ter uma visão
global do envelhecimento enquanto processo, e dos idosos enquanto
indivíduos.
xxxviii
Nesse sentido, acredita-se que envelhecer com qualidade de vida é um
desafio que se impõe à sociedade atual. O prolongamento da vida tem pouco
sentido caso a qualidade de vida não seja preservada. Dessa forma, torna-se
importante investigar a qualidade de vida dos idosos através da utilização de um
instrumento específico para esta população (WHOQOL-OLD) e pela busca de sua
opinião a respeito dos fatores que consideram importantes para o envelhecimento
com qualidade de vida. É, na verdade, visualizar os idosos dentro da perspectiva
que eles gostariam de ser reconhecidos.
Revisando a literatura sobre qualidade de vida e a saúde bucal verificou-se
cinco maneiras distintas, embora sobrepostas, na qual o conceito positivo de
saúde tem se constituído: (1) saúde positiva com a ausência de estados negativos
de saúde; (2) saúde positiva expressa positivamente em palavras; (3) os
resultados positivos da saúde bucal; (4) saúde bucal positiva como uma série de
atributos psicológicos e sociais e, (5) os resultados positivos de condições
crônicas, tais como as diferenças bucais e as craniofaciais. Cada uma destas
maneiras pode ser desafiada em campos conceptuais ou metodológicos.
xxxix
A qualidade de vida associada à saúde bucal tem sido definida como uma
avaliação multidimensional mais detalhada da reabilitação protética. Saúde bucal
associada à qualidade de vida também pode ser definida como parte da qualidade
de vida que é afetada pela saúde bucal de um indivíduo. A saúde bucal tem um
papel relevante na qualidade de vida dos idosos, uma vez que o comprometimento
da saúde bucal pode afetar negativamente o nível nutricional, o bem estar físico e
mental, bem como diminuir o prazer de uma vida social ativa.
xl
Vários estudos têm mostrado que problemas relacionados à saúde bucal
podem afetar de forma negativa a qualidade de vida do idoso.
xli
,
xlii
,
xliii
Nesse caso,
também é importante destacar o uso da prótese dentária pelo idoso, pois pode ter
impacto na sua qualidade de vida.
xliv
Durante as últimas duas décadas o estudo
sobre o grau de satisfação dos pacientes com o tratamento dentário com o uso da
prótese dentária tem frutificado.
xxxix
Isto porque, as questões específicas
relacionadas ao uso da prótese dentária, como por exemplo, a satisfação com o
conforto, estética, fácil manejo (higiene) e a função mastigatória, são aspectos que
estão aperfeiçoando a confecção de próteses dentárias. Para auxiliar na
recuperação destas funções, existem vários tipos de próteses dentárias que
podem ser confeccionadas, dependendo de cada caso e oferecendo diferentes
graus de eficiência mastigatória, resolução estética e facilidade de manutenção.
Hoje, a prótese dentária total substitui, além de ambos os arcos dentários
perdidos, a fibromucosa gengival e devolve ao paciente a recomposição do
sistema estomatognático, e também o bem-estar biopsíquico e social. A
Odontologia já conta com novas tecnologias para reabilitação bucal, como os
implantes osseointegrados.
No aspecto da nutrição adequada e da mastigação deve-se levar em conta
o trabalho de Truhlar et al. (1997), que afirmam haver grande diferença
mastigatória entre próteses e dentes naturais.
xlv
Na região dos molares, por
exemplo, em pacientes dentados há uma força de 150 a 250 psi (libras por
polegada quadrada), enquanto no edentado essa é de apenas 50 psi. Assim, o
desempenho mastigatório vai de 90% (com dentes) até 50% (com próteses totais).
Mesmo a correlação entre dieta adequada e o uso das próteses pode ser
observada melhor em pacientes portadores de próteses totais: somente 19%
procuram comer todos os alimentos antes usados, cerca de 50% chegam a evitar
muitas comidas (dando preferência ás mais macias), enquanto 17% dos pacientes
têm mais confiança em mastigar sem as próteses, usando-as apenas como um
“ornamento social” (e não funcional), o que compromete, e muito, sua ingestão de
nutrientes corretos e a estimulação da musculatura da face. Por outro lado, Allen
et al. (2001) sugere que a prótese dentária convencional pode, também ser um
tratamento adequado resultando em alta qualidade de vida relacionada à saúde
bucal.
xlvi
Além disso, a utilização de próteses totais na reabilitação bucal devolve
aos pacientes, não somente, as capacidades mastigatória e fonética, a estética e
as condições de interagir socialmente, mas principalmente a sua auto-estima.
2.4 Qualidade de Vida no Processo de Tomada de Decisão: percepção de
Coerção
Segundo Fleck (2002) qualidade de vida também pode ser entendida como
“a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de
sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”.
xlvii
É um conceito amplo que incorpora de
uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu
nível de dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com
características proeminentes no ambiente. À medida que um indivíduo envelhece,
sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter
autonomia e independência.
xlvii,xlviii
Nesse contexto, a noção de autonomia refere-
se a um atributo do sujeito como pessoa, com a potencialidade de dar a si mesmo
o sentido e a norma da existência, tendo suas raízes na Filosofia. Exercer a
autonomia requer a existência de um sujeito consciente para refletir, discutir,
avaliar e deliberar sobre a correção dos atos morais, tanto no âmbito mais íntimo,
pessoal e individual (sobre si mesmo) quanto na esfera das relações
intersubjetivas e sociais. Requer, ainda, um sujeito que exercita a sua vontade,
enquanto capacidade para deliberar diante das opções surgidas. Essa capacidade
pode basear-se em diversas habilidades necessárias ao processo de tomada de
decisão, tais como: a possibilidade de envolver-se com o assunto, de
compreender ou avaliar o tipo de alternativas e a possibilidade de comunicar a sua
preferência.
xlix
Portanto, para atingir tal capacidade o indivíduo deve enfrentar uma
sucessão de estágios desenvolvimentais (desenvolvimento do ego)
correspondentes a níveis de perspectiva social. Loevinger considera uma
seqüência desenvolvimental de seis estágios (do Eu-1 ao Eu-6) e três níveis de
transição (Eu-delta/3; Eu-3/4 e Eu-4/5).
l
Entretanto, Souza (1968)
li
fez uma
adaptação à classificação de Loevinger comparável às demais já descritas para o
desenvolvimento moral, com a vantagem de estabelecer uma seqüência única de
níveis, abordando simultaneamente a função cognitiva e a sua integração que foi
utilizada no presente estudo (Tabela 1). Os estágios de desenvolvimento moral
traduzem formas cada vez mais elaboradas e racionais de justificar as decisões e
de solucionar os conflitos.
Tabela 1. Classificação das fases de desenvolvimento psicológico-moral de
acordo com a média dos valores obtidos utilizando o instrumento de Souza.
(adaptção de Loevinger, 1982)
Fases do
desenvolvimento
Psicológico-moral
Pontuação
Características
1) Pré-social
(0,1 1,0) Início do desenvolvimento, ainda pré-verbal
2) Impulsiva
(1,1 2,0)
O indivíduo toma decisões por impulso,
baseado apenas em seu desejo, não
considerando as informações
3) Oportunista
(2,1 3,0)
Supervalorização dos desejos e a
valorização das informações para atingi-los
4) Conformista
(3,1 4,0)
As crenças do indivíduo se sobrepõem aos
seus próprios desejos e justificam as
contingências impostas pelo meio
5) Conscienciosa
(4,1 5,0)
O indivíduo é capaz de tomar decisões de
forma mais autônoma, cotejando os desejos
e as crenças, mas, ainda é passível de
constrangimento, pois não tem a noção de
regra introjetada
6) Autônoma
(5,1 6,0)
O indivíduo já possui as regras introjetadas
e é capaz de tomar decisões livres de
constrangimento de forma independente
7) Integrada
(6,1 7,0)
O indivíduo possui a noção da regra
individual introjetada, mas se vê como parte
de um todo, com a compreensão da
interdependência existente
Palmini (2004) postula que a tomada de decisão pode ser considerada uma
função cognitiva fundamental para uma satisfatória interação do indivíduo com seu
contexto social. Diariamente as pessoas são requeridas a decidirem entre diversos
cursos de ação, onde nem sempre a opção mais favorável encontra-se evidente.
Isto exige do ser humano, não somente perspicácia na hora de solucionar tais
dilemas cotidianos, como também flexibilidade ao considerar cada situação
individualmente, suas características e conseqüências, em um tempo presente e
futuro.
lii
Dentro do paradigma cognitivo, a tomada de decisão é definida como uma
função complexa que envolve a escolha entre duas ou mais opções, demandando
a análise das características dessas opções e a estimativa de conseqüências
futuras acarretadas pela escolha.
liii
Sob o prisma de Antonio Damasio (1996), o processo de decisão supõe que
o indivíduo conheça: (a) a situação que requer determinada decisão, (b) as
distintas possibilidades de ação, e (c) as conseqüências imediatas e futuras de
cada uma destas ações.
liv
Uma questão relevante a ser discutida é que estas características e
habilidades não são unicamente dependentes da idade cronológica do indivíduo.
O fato de a pessoa ter atingido uma determinada idade legal não garante que ela
já tenha capacidade para tomar decisões. A capacidade deve ser vista como uma
função contínua e não do tipo “tudo-ou-nada”. Uma criança já pode ter capacidade
para lidar com determinadas situações assim como os adolescentes. Um idoso,
pelo simples fato de ter uma idade avançada, não tem, obrigatoriamente, perda de
capacidade para tomar decisões, ao contrário, pode ter uma melhor compreensão
do processo como um todo. A validade moral e legal do processo de
consentimento depende da capacidade do indivíduo.
xlix
Alguns autores propõem que de acordo com a relação risco-benefício
envolvida no procedimento que será realizado e a opção possível a ser tomada
pelo indivíduo, deveria ser exigida maior ou menor capacidade para consentir. A
recusa de um procedimento com relação risco-benefício favorável ou a aceitação
de uma situação com relação risco-benefício desfavorável deveria exigir que o
indivíduo tivesse plena capacidade para decidir. É uma situação similar a que se
utiliza na estatística ao estabelecer os erros do tipo I e II quando são realizados
testes de hipóteses. O pressuposto é de que aceitar uma situação favorável ou
recusar uma desfavorável atende aos melhores interesses da própria pessoa, ao
contrário das duas outras situações previstas.
lv
Alguns autores têm questionado a
justificativa dos médicos e outros profissionais quando solicitam avaliações sobre
a capacidade de seus pacientes. Muitas vezes estas avaliações têm a finalidade
apenas de eximir o profissional de possíveis demandas futuras, buscando isentar
a sua responsabilidade.
lvi
Outra importante característica pessoal a ser
considerada no processo de consentimento informado é a voluntariedade. Ela
garante o poder de optar por uma das alternativas propostas. A voluntariedade é a
possibilidade de escolher no seu melhor interesse, livre de pressões externas. As
pessoas com voluntariedade preservada organizam a sua vida com base em um
conjunto de crenças, valores, interesses, desejos e objetivos. Estes elementos
permitem que a decisão de cada pessoa seja peculiar. O importante é diferenciar
um valor ou crença pessoal de uma situação de coerção por terceiros, de
constrangimento no ato de optar por uma das alternativas. Isto é extremamente
relevante quando se consideram os grupos de pessoas vulneráveis. São assim
considerados os grupos onde os seus indivíduos, pelo simples fato de serem seus
integrantes, podem ter alguma restrição a sua voluntariedade. Isto vale, tanto para
as situações de assistência, quanto para as de pesquisa e deve ser levado em
consideração no consentimento informado.
A voluntariedade pode ser afetada pela restrição parcial ou total da
autonomia da pessoa ou pela sua condição de membro de um grupo vulnerável.
As pessoas doentes, por estarem fragilizadas, são mais facilmente manipuladas
no processo de obtenção de um consentimento informado. É óbvio que a validade
do consentimento depende da garantia de que não houve coerção neste processo.
Mesmo assim, é importante que o pesquisador esteja atento a formas sutis de
pressão ou manipulação para que a pessoa que está sendo convidada aceite.
Coerção, segundo Piaget (1928) é “toda relação entre dois ou mais
indivíduos na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestígio”.
lvii
Ainda
de acordo com o mesmo autor, a coerção “existe na medida em que é sofrida, (…)
independentemente do grau efetivo de reciprocidade existente” (Piaget, 1977).
lviii
No caso onde envolva pesquisa clínica ou tratamento de saúde, Nelson &
Merz (2002)
lix
postulam que coerção envolve o uso de ameaça crível ou de dano
para forçar a participação ou aderência de um indivíduo ao tratamento ou
pesquisa. Um resultado do comportamento coercitivo, por exemplo, pode ser o
medo do paciente da perda de benefícios dos cuidados médicos ou de retaliação
por recusar a participação. Indivíduos idosos com capacidade cognitiva diminuída,
o status socioeconômico e a posição da família podem ser fatores que restrinjam a
habilidade do sujeito que sofre coerção de tomar decisão voluntária, bem como se
tornar mais vulnerável a ameaças.
Na literatura mundial há uma escassez de estudos sobre processo e
percepção de coerção associada a situações de pesquisa e de assistência, sendo
que o maior número de publicações sobre esse tema encontra-se na área da
internação psiquiátrica e violência sexual.
Em situações assistências é muito freqüente que uma pessoa, cuja família
tenha uma forte convicção religiosa, possa sentir-se constrangida em tomar uma
decisão que contrarie os preceitos estabelecidos por esta doutrina. Muitas vezes a
decisão é tomada com base nos valores do grupo e não do próprio indivíduo. A
pessoa assume isto por tradição e não por convicção. O profissional conversando
com o paciente em particular, sem a presença de seus familiares ou membros de
sua comunidade religiosa pode permitir que ela expresse a sua opção, livre desta
coerção social. Para que isto ocorra, é fundamental o reconhecimento de que
existe um vínculo de confiança entre o paciente e o profissional. Esta confiança
recíproca permite o compartilhamento de informações, a livre expressão de suas
crenças e desejos, dá a garantia da preservação da privacidade e o planejamento
de ações futuras.
É dentro dessa ampla abordagem biopsicosocial da qualidade de vida do
idoso, envolvendo questões relacionas a sua autonomia e capacidade de tomar
decisões que a odontogeriatria deve construir o seu espaço, buscando ações que
resultam da avaliação e escolha entre múltiplas possibilidades sobre “o que fazer”
e “como fazer”. Essas ações devem manter um mínimo de articulação entre si,
respeitando a capacidade de tomada de decisão do idoso a cerca da indicação e
uso da prótese dentária.
3. TESE
Uma vez que a colocação de prótese dentária em idosos é uma prática
usual é fundamental que sejam delineados estudos para se avaliar o impacto da
qualidade de vida na capacidade do idoso no processo de tomada de decisão na
indicação e uso de prótese dentária. Estudos nessa área são praticamente
inexistentes, isto porque, a maioria das investigações que avaliam a associação
entre qualidade de vida e capacidade psicológica moral sobre este procedimento,
são conduzidos em crianças e adultos. Neste caso, é imprescindível dar início às
investigações que abordem esse tema em idosos, pois é segmento da população
que está em franco crescimento demográfico, que ainda apresenta uma saúde
bucal precária, além de apresentar outras perdas não somente fisiológicas, mas
também psico-sociais. Tais perdas podem afetar de forma negativa a qualidade de
vida do idoso e, conseqüentemente, a sua capacidade de tomar decisões. Dentro
deste contexto, a presente tese postula que uma boa qualidade de vida do idoso
pode influenciar de forma positiva a percepção de coerção e o processo de
tomada de decisão na indicação e uso de prótese dentária.
4 OBJETIVOS
Avaliar a qualidade de vida, a capacidade de tomada de decisão e a
percepção de coerção em usuários de prótese dentária.
4.1 Objetivos Específicos:
- Avaliar a Capacidade de Tomada de Decisão nos idosos participantes do projeto;
- Avaliar a Coerção no Processo de Tomada de Decisão nos idosos participantes
do projeto;
- Avaliar a Qualidade de Vida, através do WHOQOL OLD e do WHOQOL - Brief
- Avaliar a associação entre Qualidade de Vida, Capacidade de Tomada de
Decisão e Coerção.
5. MÉTODO
5.1 Delineamento
Estudo foi do tipo transversal, observacional, analítico não- probabilístico.
5.2 Fatores em estudo e Desfecho
O Fator em estudo neste projeto de pesquisa foi o uso de prótese dentária e
o impacto da mesma na auto-percepção da qualidade de vida de idosos, sua
percepção da coerção e de capacidade de tomada de decisão.
5.3 Fatores Intervenientes:
Variáveis como gênero, perfil sócio-economico e cultural, e indicadores
gerais de saúde foram considerados os principais fatores intervenientes neste
estudo.
5.4 População e Amostra
A amostra deste estudo foi composta por idosos que já tinham realizado o
procedimento de colocação de prótese dentária, atendidos no Serviço de
Atendimento Odontológico da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul ou em Clínicas Odontológicas privadas. O tamanho da amostra foi calculado
obedecendo a critérios de aleatoriedade e representatividade entre 35 a 40
indivíduos considerando que os critérios de exclusão diminuem muito idosos com
as características necessárias a participação do estudo. Isto porque, idosos com
plurimorbidades ou com características sóciodemográficas e cognitivas que
pudessem afetar diretamente a qualidade de vida e assim a avaliação do impacto
da colocação da prótese no seu cotidiano foram excluídos da análise.
lx
Para o
cálculo de tamanho de amostra utilizou-se um a= 0,05 ( 5%) e ß= 90%.
lxi
Critérios de Inclusão: indivíduos com idade = 60 anos, de ambos os gêneros,
que já tinham realizado o procedimento de colocação de prótese dentária e que
fossem, pelo menos alfabetizados. Todos os indivíduos incluídos no estudo eram
autônomos e sem morbidades que pudessem afetar a análise da qualidade de
vida relacionada com a colocação da prótese.
Critérios de Exclusão: indivíduos com idade = 60 anos; idosos sem prótese
dentária, analfabetos e com declínio cognitivo acentuado. Idosos com
plurimorbidades, com doenças crônicas não-controladas, com morbidades que
afetassem o estado de humor negativo (depressão, hipotireoidismo, etc.) foram
também excluídos do estudo.
5.4.1 Logística
Os indivíduos incluídos no estudo foram selecionados (através dos
prontuários do Serviço) e recrutados. Nesta ocasião, os que aceitaram participar
da pesquisa, assinaram o Termo de Consentimento e Esclarecido. Os idosos
recrutados foram então argüidos (através de uma entrevista estruturada) nas
dependências do Serviço de Atendimento Odontológico da PUCRS ou em Clínicas
Odontológicas privadas
5.4.2 Variáveis a serem investigadas:
1) Perfil geral e de saúde: foram investigadas variáveis sócio-demográficas,
econômicas, culturais e de saúde (gênero, idade, estado civil, escolaridade,
renda e morbidades) dos idosos participantes do estudo;
2) Capacidade de tomar decisão: a capacidade para a tomada de decisão
foi avaliada através do instrumento de Desenvolvimento Psicológico
Moral. Os estágios do desenvolvimento psicológico-moral são analisados
da seguinte forma: estágio 1 (início do desenvolvimento, ainda pré-verbal.
Vale lembrar que não ocorre este estágio em indivíduos adultos ou idosos),
estágio 2 (impulsivo- o indivíduo toma decisões por impulso, baseado
apenas em seu desejo, não considerando as informações), estágio 3
(oportunista- supervalorização dos desejos e a valorização das
informações para atingi-los), estágio 4 (conformista- as crenças do
indivíduo se sobrepõem aos seus próprios desejos e justificam as
contingências impostas pelo meio), estágio 5 (consciencioso- o indivíduo
é capaz de tomar decisões de forma mais autônoma, cotejando os desejos
e as crenças, mas, ainda é passível de constrangimento, pois não tem a
noção de regra introjetada), estágio 6 (autônomo- o indivíduo já possui as
regras introjetadas e é capaz de tomar decisões livres de constrangimento
de forma independente) e estágio 7 (integrado- o indivíduo possui a noção
da regra individual introjetada, mas se vê como parte de um todo, com a
compreensão da interdependência existente)
3) Qualidade de Vida: a qualidade de vida foi analisada através dos 6
domínios da versão WHOQOL-OLD: sensorial, autonomia, atividades,
participação, morte e intimide; e dos 4 domínios da versão WHOQOL-
BRIEF: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente dos idosos
participantes do estudo.
4) Percepção de Coerção: a percepção de coerção em procedimentos
assistenciais foi avaliada através da escala de percepção de coerção em
Assistência. Este instrumento visa verificar qual a percepção de coerção do
participante ao decidir realizar o procedimento assistencial de colocação de
prótese odontológica.
5.5 Instrumentos:
• Escala de Percepção de Coerção em Assistência: a escala de percepção de
coerção em tratamento é derivada de uma escala de percepção de coerção em
internação psiquiátrica composta por 16 questões. A escala de percepção de
coerção em tratamento contém 4 afirmativas nas quais o participante deve optar
se concorda ou discorda. O instrumento é auto-aplicável e seu preenchimento
ocorre em uma média de 5 minutos.
lxii
(Anexo 1)
• Instrumento Desenvolvimento Psicológico-moral:
escala que avalia o
desenvolvimento psicológico moral que permite verificar a capacidade para
consentir de uma pessoa. A capacidade de uma pessoa está baseada em
diversas habilidades necessárias ao processo de tomada de decisão, como a
possibilidade de envolver-se com o assunto, de compreender e avaliar o tipo de
alternativas e a possibilidade de comunicar a sua preferência. O instrumento
possui quatro conjuntos de alternativas que deverão ser escolhida pelo sujeito. O
tempo de duração do preenchimento da escala é de aproximadamente 5 minutos,
e a escala é auto-aplicável.
li
(Anexo 2)
WHOQOL OLD:
Instrumento desenvolvido pelo World Health Organization
Quality of Life Group (Grupo WHOQOL) dentro de uma perspectiva transcultural
para medir qualidade de vida em adultos idosos.
lxiii
(Anexo 3)
WHOQOL Bref:
O instrumento surgiu da necessidade de instrumentos que
avaliassem a qualidade de vida, mas que demandassem pouco tempo para seu
preenchimento. É uma versão abreviada do WHOQOL-100, composta de 26
questões, sendo que duas são gerais e as demais representam as 24 facetas do
instrumento original.
xxxiv
(Anexo 4)
5.6 Análise Estatística
Os dados foram inicialmente digitados em planilha eletrônica Excel e a
seguir transferidos e analisados (estatística descritiva e inferencial) utilizando-se o
pacote estatístico SPSS (
Statistical Package for the Social Sciences
), Windows,
versão 14.0.
As descrições das variáveis foram realizadas através de freqüências, médias
e desvios padrões. Para comparação das freqüências de distribuição das variáveis
categóricas foi utilizado o teste do qui-quadrado no caso das variáveis categóricas
e/ou teste Exato de Fisher quando as freqüências esperadas eram menor que 05
no teste realizado. Já, as variáveis quantitativas que comparam idosos homens e
mulheres foram feitas através do teste Student t. O nível de significância utilizado
foi de 5% (p<0,05).
5.7. Aspectos Éticos
Este projeto de pesquisa que contempla as exigências regulatórias da
Resolução 196/96 e das demais legislações nacionais a este respeito. Todos os
participantes foram incluídos mediante sua autorização através de um processo de
consentimento adequado, com a utilização do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. (Anexo 5) Todos os dados de identificação dos participantes serão
mantidos em sigilo, os nomes dos sujeitos não serão vinculados aos resultados
obtidos.
O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Os quatro instrumentos utilizados neste estudo, a escala de Percepção de
Coerção, o Instrumento de Desenvolvimento Moral, o WHOQOL-OLD e o
WHOQOL - Brief possuem a liberação de seus respectivos autores para a
utilização em pesquisa.
6. RESULTADOS
Um total de 38 idosos foi incluído no presente estudo. Destes, 16 eram do
gênero masculino e 22 do gênero feminino. Os homens possuíam uma idade
média de 75,44+8,82 anos e as mulheres uma idade de 74,95+7,15 anos. A idade
mínima de inclusão foi 60 anos e a máxima de 93 anos. Não ocorreram diferenças
significativas na idade média entre idosos homens e idosas mulheres (p=0,853).
Em relação à situação funcional, a maioria dos idosos, 06 (15,8%) relataram
estar aposentados, 04 (10,5%) eram mulheres que realizam atividades domésticas
(do lar), e 28 (73,7%) ainda eram profissionais ativos. Em relação à escolaridade,
05 (13,2%) relataram ter estudado até o ensino fundamental, 13 (34,3%) até o
ensino médio e 20 (52,6%) terem ensino superior ou mesmo pós-graduação.
Inicialmente foi avaliada a percepção de coerção ao tratamento, ou seja, se
o idoso tinha autonomia na escolha do tratamento (colocação da prótese) ou
estava sendo coagido a fazê-lo.
Na primeira questão que versa sobre “ter oportunidade de dizer se
realmente queria ser tratado”, 35 idosos responderam. Destes, apenas dois (5,2%)
indivíduos manifestaram discordância, enquanto 33 manifestaram concordância
(94,3%). Os idosos que discordaram eram do gênero feminino. Porém, a
comparação estatística não demonstrou diferenças significativas entre os gêneros
(p=0,234).
A segunda questão que versa sobre “ter oportunidade de dizer o que queria
a respeito do tratamento” apenas uma mulher idosa discordou (2,9%). Os demais
participantes admitiram ter tido oportunidade de dizer o que queriam em relação à
colocação da prótese.
A terceira questão que versa sobre ninguém parecer interessado em saber
se o idoso queria se tratar foi respondida por 33 idosos e mostrou que este fato
ocorria com dois homens (14,3%) e nenhuma mulher. Também não foi observada
diferença significativa nesta freqüência, entre idosos homens e mulheres (p=0,08).
A quarta e última questão do escore de coerção ao tratamento que versão
sobre a “opinião do idoso sobre o tratamento não interessou a ninguém” mostrou
que, dos 33 voluntários que responderam esta questão, apenas duas mulheres
idosas (6,1%) concordaram com esta afirmativa. Os demais idosos participantes
do estudo discordaram. Também não ocorreram diferenças significativas nas
respostas dadas entre homens e mulheres.
Considerando as quatro questões em conjunto, 02 (14,3%) homens e 03
(15,8%) mulheres apresentaram alguma percepção de coerção não sendo estas
diferenças de freqüências significativas entre os dois gêneros (p=0,950).
A segunda análise realizada foi relacionada à escala de desenvolvimento
psicológico-moral a fim de se averiguar a capacidade de tomar decisões. Nenhum
participante ficou classificado nas fases impulsiva e oportunista. Os resultados
mostraram que a amostra ficou situada entre as fases conscienciosa e integrada
como pode ser observado na Tabela 2. No caso, a maior freqüência dos homens
foi enquadrada na fase autônoma enquanto a maioria das mulheres foi
enquadrada na fase conscienciosa. Porém estas diferenças não chegaram a ser
estatisticamente significativas (p=0,175). Os valores médios deste teste também
foram similares entre o gênero (homens, 5,0
±
0,7 e mulheres 4,6
±
0,9).
Tabela 2 Fases do desenvolvimento psicológico-moral dos homens e mulheres
idosos
Fases Homens Mulheres Total
Conformista 0 02 (9,1) 02 (5)
Conscienciosa 03 (20) 09 (41) 12 (32)
Autônoma 9 (60) 06 (27) 15 (41)
Integrada 03 (20) 05 (23) 08 (22)
A seguir foram analisados os resultados relativos à qualidade de vida
investigados através do WHOQOL-OLD. A pontuação média geral foi de 34,1
±
5,6
para os homens e 32,2
±
6,9 para as mulheres, valores que não foram
significativamente diferentes (p=0,384). A seguir foram analisados,
separadamente os principais quesitos considerados na escala WHOQOL-OLD.
Em relação ao quanto à perda de aspectos sensoriais afetavam a vida em
geral e também a capacidade de participar em atividades diárias, sociais etc.
verificou-se que, na amostra investigada, a maioria considerou que afeta muito
pouco. Entretanto, 21,1% consideraram que tais perdas afetam bastante ou
extremamente. Quando as respostas dos idosos homens foram comparadas com
a das mulheres não foi observada diferença significativa entre as mesmas. A
Figura 2 apresenta a distribuição das freqüências das respostas em relação ao
gênero.
Figura 2 Comparação entre homens e mulheres das respostas relacionadas a
questões sensoriais através dos investigados através do WHOQOL-OLD.
18,8
37,5
31,3
6,3 6,3
9,1
50
13,6
18,2
9,1
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
Até quepontoa perda dos sentidos (paladar/olfato, audição,
visão)afeta a suavida?
p=0,487
ns
35,7
21,4 21,4
14,3
7,1
40
15 15
30
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
p=0,606
ns
Até que pontoa perda dos sentidos (paladar/olfato, audição, visão)
afeta sua capacidade de participarde atividades?
18,8
37,5
31,3
6,3 6,3
9,1
50
13,6
18,2
9,1
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
Até quepontoa perda dos sentidos (paladar/olfato, audição,
visão)afeta a suavida?
p=0,487
ns
35,7
21,4 21,4
14,3
7,1
40
15 15
30
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
p=0,606
ns
Até que pontoa perda dos sentidos (paladar/olfato, audição, visão)
afeta sua capacidade de participarde atividades?
Outro questionamento relacionado aos sentidos que foi feito aos idosos
participantes da pesquisa foi até que ponto o funcionamento dos seus sentidos
afetava a sua capacidade de interagir com as outras pessoas. Neste quesito,
18,8% dos homens e 36,4% das mulheres disseram não afetar, 50% dos homens
e 31,8% das mulheres disseram afetar mais muito pouco, 25% dos homens e
22,7% das mulheres relataram afetar mais ou menos e 6,3% e 9,1% das mulheres
relataram afetar bastante. Estas respostas não foram estatisticamente diferentes
entre os gêneros (p=0,587).
A seguinte questão associada com qualidade de vida que foi avaliada na
amostra disse respeito à autonomia do idoso em relação a sua vida e tomada de
decisões. Os gráficos relacionados às três questões que versaram sobre
autonomia são apresentados na Figura 3. Em relação à liberdade de tomar às
próprias decisões a maioria dos idosos declarou ter bastante liberdade (57,9%).
Já, 13,2% disseram ter muito pouca liberdade. Não ocorreram diferenças
significativas entre homens e mulheres como podes ser observado na Figura 3.
Em relação à questão do quanto o idoso controla o seu futuro foi verificado
que 8,3% disseram que não controlam nada enquanto que 38,9% disseram
controlar bastante ou extremamente o seu futuro. 75,0% das mulheres disseram
não controlar, controlar pouco ou mais ou menos o seu futuro enquanto que
somente 43,8% dos homens deram esta resposta. Esta diferença foi
estatisticamente significante quando se agrupou as respostas (nada, pouco e mais
ou menos), e as respostas muito e extremamente.
Figura 3 Comparação entre homens e mulheres das respostas relacionadas a
questões de autonomia de vida através do WHOQOL-OLD.
Quanto liberdade você tem para tomar suas próprias decisões?
p=0,225
ns
Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
12,5
18,8
50
18,8
9,1
22,7
50
18,2
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
Até que ponto você sente que as pessoas ao seu redorrespeitam
a sua liberdade?
p=0,982
ns
0
12,5
68,8
18,8
22,7
13,6
50
13,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
p=0,05
0
6,3
37,5
50
6,2
15
20
40
20
5
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
*
Quanto liberdade você tem para tomar suas próprias decisões?
p=0,225
ns
Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
12,5
18,8
50
18,8
9,1
22,7
50
18,2
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
Até que ponto você sente que as pessoas ao seu redorrespeitam
a sua liberdade?
p=0,982
ns
0
12,5
68,8
18,8
22,7
13,6
50
13,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
p=0,05
0
6,3
37,5
50
6,2
15
20
40
20
5
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
*
p=0,05
0
6,3
37,5
50
6,2
15
20
40
20
5
0
10
20
30
40
50
60
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante Extremamente
Valoração
%
Homens
Mulheres
*
O questionamento sobre o quanto às pessoas ao seu redor respeitavam a
liberdade do idoso mostrou que 31,6% dos idosos acreditavam não ter nada ou
muito pouco respeito a sua liberdade, enquanto que a maioria (68,4%)
acreditavam terem a sua liberdade muito respeitada. Esta visão foi
estatisticamente similar entre os gêneros.
Quatro questionamentos foram feitos relacionados com a morte: (1) o
quanto o idoso tinha medo de não controlar a sua própria morte; (2) o quanto o
idoso temia não controlar a sua própria morte; (3) o quanto o idoso tinha medo de
morrer e (4) o quanto o idoso temia sofrer antes de morrer. Os resultados das três
primeiras questões são apresentados na Figura 4 mostram que as respostas dos
mesmos não foram estatisticamente diferentes entre homens e mulheres e que a
maior parte não se importa nada ou muito pouco com questões relacionadas à
morte. Em relação ao temor de sofrimento, 7,9% dos idosos disseram não temer
nada, 23,7% relataram temer um pouco, 15,8% mais ou menos, 42,1% disseram
temer muito e 10,5% disseram temer extremamente sofrer antes de morrer.
As respostas aos questionamentos relacionados à sua vida (passada,
presente e futura), participação social e intimidade são apresentadas na Tabela 3.
Figura 4 Comparação entre homens e mulheres das respostas relacionadas a
morte através do WHOQOL-OLD.
Quanto o você está preocupado com a maneira que vai morrer?
p=0,997
ns
p=0,855
ns
O quanto você tem medo de não controlar a sua própria morte?
O quanto você tem medo de morrer?
p=0,197
ns
37,5
18,8
6,3 6,3
36,4
18,2
9,1
4,5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
25
18,8
12,5
0
18,2
27,3
9,1
4,5
0
5
10
15
20
25
30
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
25
12,5
6,3 6,3
18,2 18,2
27,3
0
0
5
10
15
20
25
30
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
Quanto o você está preocupado com a maneira que vai morrer?
p=0,997
ns
p=0,855
ns
O quanto você tem medo de não controlar a sua própria morte?
O quanto você tem medo de morrer?
p=0,197
ns
37,5
18,8
6,3 6,3
36,4
18,2
9,1
4,5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
25
18,8
12,5
0
18,2
27,3
9,1
4,5
0
5
10
15
20
25
30
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
25
12,5
6,3 6,3
18,2 18,2
27,3
0
0
5
10
15
20
25
30
Nada Pouco Mais ou Menos Bastante
Valoração
%
Homens
Mulheres
Tabela 3 Indicadores de qualidade de vida de homens e mulheres idosos
relacionados a atividades passadas, presentes e futuras, a atividades sociais e
íntimas.
Questões
Gênero Nada
Muito
Pouco
Mais ou
menos
Bastante Extremamente
Homens
0 6,3 18,3 62,5 12,5
Até que ponto você
consegue fazer as coisas
que gostaria de fazer?
Mulheres
4,5 18,2 31,8 36,4 9,1
Homens
0 6,3 25 50 18,7
Até que ponto você está
satisfeito com as suas
oportunidade para
continuar alcançando
outras realizações na sua
vida?
Mulheres
5 20 30 35 10
Homens
0 6,3 18,8 62,5 12,5
Você sente que recebeu o
reconhecimento que
merece na sua vida?
Mulheres
0 14,3 19,0 42,9 23,8
Homens
0 0 18,8 56,3 25
Até que ponto você sente
que tem o suficiente para
fazer cada dia?
Mulheres
4,5 0 9,1 68,2 18,2
Homens
0 12,5 0 56,3 31,3
Quão satisfeito você está
com aquilo que alcançou
na sua vida?
Mulheres*
4,5 0 18,2 45,5 31,8
Homens
0 6,3 6,3 62,5 25
Quão satisfeito você está
com a maneira como usa
seu tempo?
Mulheres
0 13,2 18,2 50 18,2
Homens
0 21,4 14,3 50 14,3
Quão satisfeito você está
com o seu nível de
atividade
Mulheres
0 15 25 35 25
Homens
0 25 18,8 50 6,5
Quão satisfeito você está
com as oportunidades que
você tem para participar
de atividades da
comunidade?
Mulheres
0 13,6 36,4 31,8 18,2
Homens
0 6,3 25 50 18,7
Quão feliz você está com
as coisas que você pode
esperar daqui para frente?
Mulheres
0 2,6 34,2 42,1 21,1
Homens
0 6,3 6,3 62,5 25
Até que ponto você sente
amor na sua vida
Mulheres
9,1 9,1 13,6 50 18,2
Homens
0 6,3 18,8 50 25
Até que ponto você tem
oportunidades para ser
amado?
Mulheres
5,6 5,6 22,2 44,4 22,2
Em a questão “Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria
de fazer?” A maioria respondeu entre mais ou menos e bastante, independente
dos gêneros (p=0,438). O mesmo ocorreu nas questões: “Até que ponto você está
satisfeito com as suas oportunidade para continuar alcançando outras realizações
na sua vida?” (p=0,548), “Você sente que recebeu o reconhecimento que merece
na sua vida?”(p=0,606) e “Até que ponto você sente que tem o suficiente para
fazer cada dia?” (p=0,615). Entretanto, quando foi questionado ”Quão satisfeito
você está com aquilo que alcançou na sua vida?” Um número significativamente
maior de mulheres relatou estar nada, pouco ou mais ou menos satisfeitas do que
homens (p=0,05).
A maior parte dos idosos, independente de serem homens ou mulheres
também esta bastante ou extremamente satisfeito pela maneira com que usa o
seu tempo (p=0,583), com o seu nível de atividade (p=0,668) com as
oportunidades de participar de atividades da comunidade (p=0,331), feliz com o
que pode esperar daqui para frente (p=0,468). Também sente bastante ou
extremo amor na sua vida (0,645), e acredita ter tido oportunidades para ser
amado (p=0,721).
A outra escala de qualidade de vida utilizada neste trabalho foi o do
WHOQOL-BRIEF. Nesta escala os valores médios dos idosos foram de 94,2
±
11,0
para os homens e 89,5
±
18,1 para as mulheres não sendo estatisticamente
diferentes (p=0,360). A Figura 5 apresenta a distribuição dos valores do WHOQL-
BRIEF por percentis observada nos idosos homens e mulheres.
76
77
88
93
101
110
80
94
112
103
56
45
-
20
40
60
80
100
120
5 10 25 50 75 90
Percentis
Pontos WHOQL-BRIEF
Homens
Mulheres
Figura 5 Distribuição dos valores obtidos na escala de qualidade de vida WHOQL-
BRIEF comparando idosos homens e mulheres. Esta escala possui 24 questões
com valor máximo de 130 pontos. Quanto maior o número de pontos maior a
qualidade de vida.
A partir da análise da distribuição do percentil 50 foi feito uma análise
utilizando como ponto de corte o valor 94. Indivíduos com valores abaixo de 94
foram considerados com menor qualidade de vida do que os com pontuação igual
ou acima de 94. Utilizando este ponto de corte 47,4% (n=18) dos idosos ficaram
classificados em valores < 93 e 50% (n=19) idosos com valores >93.
No caso, o número de homens e mulheres com valores < 94 foi similar
(50% e 47,6%, respectivamente, p=0,886). A idade média entre dos grupos <94 e
>94 ponto de corte também foram estatisticamente similares (76,7
±
8,2 e 73,7
±
7,8,
respectivamente, p=0,248). A escolaridade também não esteve associada com o
ponto de corte de qualidade de vida de <94 pontos (p=0,917).
Não ocorreu associação entre percepção de coerção e qualidade de vida
avaliada pelo ponto de corte de 94 pontos (p=0,166). Também não ocorreu
associação entre qualidade de vida e a escala psicológica-moral aplicada nos
idosos da amostra (p=0,345). Uma nova análise aplicando um ponto de corte no
percentil 25 em que dividiu os idosos em grupos com pontuação <84 e > 84
pontos também não encontrou associação entre qualidade de vida, coerção e
aspectos psicológicos-morais nos idosos investigados.
7 DISCUSSÃO
O presente estudo investigou possíveis indicadores de coerção associados
à qualidade de vida e a valores psicológico-morais de idosos que se submeteram
à colocação de prótese de dentária em um serviço ambulatorial de odontologia.
Este trabalho pode-se dizer, que é um dos primeiros estudos realizados em
odontogeriatria que versa sobre este tema. A relevância do estudo está baseada
na necessidade de se entender melhor o impacto das questões odontológicas
relacionadas à vida do idoso gaúcho. Sobretudo, a avaliação da qualidade de vida
em idosos é extremamente relevante devido às alterações biopsicosociais que o
processo de envelhecimento impõe. Alcançar uma longevidade aumentada
freqüentemente resulta em uma vida marcada por perdas, dependência e
desabilidades. Contudo, as mudanças epidemiológicas resultantes da transição
demográfica têm proporcionado um aumento acelerado da prevalência de
doenças crônicas e degenerativas que necessitam de maior atenção em longo
prazo. O processo de envelhecimento é heterogêneo e multifatorial e,
freqüentemente leva a duas situações extremas: 1) uma excelente qualidade de
vida; ou 2) uma péssima qualidade de vida, no entanto, possibilidades
intermediárias também podem ser encontradas entre esses dois extremos.
lxiv
As
várias dimensões da vida humana e o modo pelo qual cada indivíduo vive, de
acordo com diferentes padrões, regras, expectativas, desejos, valores e princípios,
requerem medidas de avaliação multidimensional, que seja sensível a grande
variabilidade do segmento idoso. Isto porque, fatores associados ao
envelhecimento afetam a saúde global, que é uma dimensão importante da
qualidade de vida em idosos. Além disso, nessa etapa da vida, vários condições,
tais como a aposentadoria, a viuvez, a perda de papéis sociais, a redução social
da rede da sustentação, a solidão, e a falta do significado pessoal da vida, podem
criar obstáculos a uma qualidade de vida melhor.
Embora o conceito da saúde tenha mais de 60 anos, as medidas aceitáveis
desta construção ainda estão emergindo. As explanações potenciais são que não
há nenhum consenso sobre como isso deve ser definido, no que diz respeito aos
modelos médicos e socioambientais da saúde. Nesse sentido, Locker (2006)
xxxix
em sua revisão sobre conceito de saúde positiva encontrou cinco maneiras
diferentes, embora sobrepostas, na qual o conceito positivo de saúde tem se
constituído. Dentre essas maneiras destacam-se três, que estão intimamente
relacionadas à saúde bucal: (1) os resultados positivos da saúde bucal; (2) saúde
bucal positiva como uma série de atributos psicológicos e sociais e, (3) os
resultados positivos de condições crônicas, tais como as diferenças bucais e as
craniofaciais. Assim, atualmente o conceito de saúde positiva e qualidade de vida,
não somente em idosos, mas também em adultos jovens passa, também, pela a
abordagem das condições de saúde bucal. Entretanto, essa é somente uma das
facetas para uma abordagem integral de saúde e qualidade de vida, pois devido
ao seu caráter multidimensional é impossível, hoje em dia, pensar nesses temas
sem deixar de levantar as questões sobre poder de decisão e percepção de
coerção, principalmente em idosos.
Antes de discutir os resultados obtidos é importante fazer algumas
considerações sobre as limitações do presente estudo.
Uma vez que o idoso possui diversas morbidades e disfunções associadas
ao envelhecimento, para garantir uma amostra que não apresentasse viés
associado a estas doenças, já que uma grande parte de idosos no Brasil é
edentada, foi aplicada uma criteriosa seleção da amostra. Por este motivo, por
exemplo, foram excluídos indivíduos considerados analfabetos funcionais
(analfabetos e com escolaridade muito baixa), já que esta condição é considerada
risco para uma série de problemas geriátricos incluindo declínio cognitivo.
Também o declínio cognitivo foi considerado um fator que poderia influenciar na
resposta dos idosos testados, e, portanto, buscou-se incluir na amostra indivíduos
que apresentassem na hora da anmenese odontológica condições cognitivas.
lxv
Outro critério de exclusão foi à ocorrência de plurimorbidades nos idosos
investigados uma vez que é também sabido que tal condição diminui de modo
significativo à qualidade de vida dos mesmos.
Tais afirmativas foram vistas quando ocorreu o primeiro inquérito domiciliar
visando traçar o perfil do idoso residente em zona urbana no Brasil que foi
realizado em São Paulo, em 1984. Foi utilizado um instrumento multidimensional
com dados sobre a situação socioeconômica, estrutura familiar, condições de
saúde física e mental e grau de autonomia no dia-a-dia dos idosos. Os resultados
mostraram que a maioria dos idosos em São Paulo vive em condições de extrema
pobreza, fato que pareceu estar associado com a alta freqüência de domicílios
multigeracionais (convivência do idoso com filhos e netos). Na avaliação do estado
de saúde foi observada uma elevada prevalência de doenças crônicas (auto-
referidas) e de distúrbios mentais, sendo que mais da metade dos entrevistados
referiu necessidade de ajuda parcial ou total para executar as chamadas
atividades da vida diária.
lxvi
Estudos populacionais no Rio Grande do Sul também
mostraram um perfil de maior morbidade em idosos com baixa renda e
escolaridade.
lxvii,lxviii
É claro que, tais exclusões fizeram com que o número
amostral fosse relativamente limitado. Entretanto, a amostra pode ser considerada
homogênea o que minimiza esta questão. Assim, esta é a principal limitação do
presente estudo, mas que não invalida os achados e que abrem perspectivas para
estudos complementares na área da odontogeriatria.
A seguir os resultados obtidos serão discutidos em relação à coerção, o
perfil psicológico-moral e os indicadores de qualidade de vida que foram
observados neste estudo.
Estudos que abordem a percepção de coerção ao tratamento ou assistência
em idosos saudáveis são inexistentes, a maioria das investigações é desenvolvida
em pacientes psiquiátricos ou com indivíduos em situação de violência ou
abuso.
lxix,lxx,lxxi
No entanto, os resultados obtidos mostraram que mais mulheres
idosas apresentaram alguma percepção de coerção e discordam mais que os
homens idosos. Esse dado é muito interessante, pois talvez possa estar
apontando para uma mudança cultural tanto no comportamento quanto no papel
da mulher, não somente no seio da família, mas também dentro da sociedade. Isto
porque, as mulheres idosas vêm de uma geração onde ainda o mito de que a
mulher deve ser submissa em relação à sociedade e ao companheiro é muito forte
e freqüente. Além disso, histórica e culturalmente a mulher está mais
freqüentemente sujeita a sofrer manipulação e coerção, e isso tem implicações
muito importantes no que diz respeito à liberdade e responsabilidade.
lxxii
Apesar de
toda informação disponível, ainda vivemos em um país onde a cultura transmitida
pela população mais antiga ainda está muito presente.
lxxiii
Russeau,
lxxiv
na sua
obra entitulada
Émile
, escreveu que as meninas “deveriam ser acostumadas cedo
à restrição”. E que a lição mais importante para as mulheres é aprender sobre
seus deveres e, além disso, “a amar esses deveres”. Os deveres incluem tarefas
domésticas, mas não necessariamente ler ou escrever numa idade muito
prematura. A natureza doméstica da educação de mulheres enfatiza o papel de
mãe e dona de casa. Além desse, o único dever que uma mulher tinha era o de
ser esposa. E, essa concepção do papel diferenciado na sociedade entre homens
e mulheres ainda parece estar introjetado na visão de mundo da maioria dos
idosos, provavelmente em decorrência de sua formação cultural e social. Talvez,
esse conjunto de fatores tenha contribuído para a mulher idosa adquirir uma
melhor percepção de quando está sujeita a coerção. Entretanto, a percepção de
coerção das idosas ao tratamento (colocação da prótese), talvez seja reflexo
também de uma imposição social. Isto é, as mulheres, independente, da faixa
etária cedem mais facilmente ao apelo estético e de saúde que a sociedade e a
família impõe. Além disso, essa percepção da coerção reflete diretamente a
capacidade de autonomia e de decisão na escolha do tratamento. Uma vez que,
as idosas percebam que são vítimas de coerção, o trabalho para mudar essa
realidade torna-se mais fácil e, assim conquistar mais autonomia e independência
no momento de tomar decisões e fazer as suas próprias escolhas.
Nesse sentido, os resultados sobre desenvolvimento psicológico-moral
mostraram que os homens idosos apresentam maior autonomia, ou seja, um
maior número de homens se encontra na fase autônoma, enquanto que as
mulheres idosas se encaixaram na fase conscienciosa.
A autonomia se constitui no fundamento da educação moral e designa um
campo de problematização de âmbito individual e coletivo no qual o sujeito,
preocupado com as suas ações e com as conseqüências que possam delas advir,
se situa. O sujeito autônomo, enquanto protagonista de condutas morais, não se
constitui de forma isolada, independentemente das condições sociais, históricas,
políticas, econômicas e culturais. Ao contrário, define-se como aquele que,
dialógica e dialeticamente, é capaz de articular, de forma crítica e ativa, vontade
subjetiva (individual e pessoal) e vontade objetiva (instituições sociais e cultura),
questionando, refletindo, respondendo, influenciando e sendo influenciado pelas
ocorrências do seu ambiente, construindo e reconstruindo dinamicamente as
experiências que vive, tanto no plano individual quanto coletivamente.
lxxv
Segundo
Souza, 1968, o indivíduo autônomo já possui as regras introjetadas e é capaz de
tomar decisões livres de constrangimento de forma independente.
li
Neste caso, os
resultados obtidos mostram que os idosos homens dessa amostra alcançaram um
nível de desenvolvimento psicológico-moral elevado. De acordo com Loevinger, a
progressão nos estágios equivale a uma marcha para o equilíbrio.
lxxvi
Talvez, o
fator educação tenha desempenhado um papel fundamental nesse processo, uma
vez que 52,6% da amostra têm ensino superior ou mesmo pós-graduação,
evidenciando um bom nível educacional. Para Meguro e colaboradores (2001),
lxxvii
o nível educacional elevado seria fator preventivo no embotamento do estado
mental durante o envelhecimento normal. Além disso, é importante destacar que
indivíduos analfabetos e com declínio cognitivo foram excluídos da amostra, o que
pode ter contribuído para a maior freqüência de idosos homens na fase 6
autônoma. A maioria dos estudos nesse tema mostra que os idosos se encontram
na fase 4, conformista, onde as crenças do indivíduo se sobrepõem aos seus
próprios desejos e justificam as contingências impostas pelo meio.
lxxviii
Walker
(1982)
lxxix
analisou 54 estudos, que usaram o
Moral Judgement Interview
(MJI) e
em 27 estudos com 34 amostras, envolvendo sujeitos de 5 anos de idade até os
17 anos, encontrou apenas diferenças de gênero em quatro amostras. Em 34
estudos com jovens foram apenas nove diferenças, tendo os homens, alcançado
escores mais elevados do que as mulheres. Em 19 amostras de adultos de 21 a
65 anos de idade foram encontradas quatro diferenças significativas em favor dos
homens. Segundo Walker, quando a educação e a ocupação dos participantes da
pesquisa forem controladas, as diferenças entre os gêneros desaparecerão.
lxxix
Em uma pesquisa longitudinal conduzida por Camino et al (1996),
lxxx
em
que foram entrevistados por dois anos seguidos com o
Moral Judgment Interview
(MJI), 52 alunos do ensino médio (24 do gênero masculino e 28 do gênero
feminino), observaram, que: a) havia a mesma porcentagem de adolescentes do
gênero feminino e masculino nos estágios 2 e 3/4; b) uma proporção maior de
adolescentes do gênero masculino no estágio 2/3; c) uma proporção maior de
adolescentes do gênero feminino no estágio 3; apesar das diferenças não,serem
significativas.
Inversamente, um estudo realizado na região nordeste do Brasil observou-
se em geral que as mulheres obtiveram escores mais altos do que os homens nos
estágios mais elevados. Não se observou predominância das mulheres no terceiro
estágio e dos homens no quarto como nas pesquisas citadas por Gilligan
(1982)
lxxxi
. Verificou-se uma mudança na posição feminina em relação à masculina
com o avanço da idade. Sobretudo, observou-se também que essas capacidades
encontram-se relacionadas com o desenvolvimento moral.
lxxxii
Uma possível
explicação sobre diferença de gênero em relação ao desenvolvimento psicológico-
moral (idosos na fase autônoma e idosa na fase conscienciosa) seria que,
segundo Gilligan (1982)
lxxxi
o julgamento das mulheres caracterizar-se-ia, na
maioria das vezes, por uma moral voltada para relações interpessoais, guiada pela
bondade, pelo cuidado e pela responsabilidade, o que, segundo a autora, é devido
a sentimentos de empatia e compaixão e pelo fato das mulheres se preocuparem
com a resolução de problemas reais e não hipotéticos. Esse tipo de pensamento
moral feminino corresponderia ao terceiro estágio da tipologia
kohlberguiana
. Já a
moral dos homens, segundo Gilligan (1982)
lxxxi
, caracterizar-se-ia por uma
preocupação pela defesa das normas, dos direitos, da justiça e da individuação do
sujeito moral do quarto estágio. A autora afirma que homens e mulheres diferem
no que diz respeito aos modos de enfocar problemas morais e de vivenciar as
relações do Eu com os outros. Com base na psicanálise, ela explica como, ao
longo do seu desenvolvimento, homens e mulheres constroem suas identidades,
adotando características dos respectivos papéis, conforme os valores da sua
cultura. Além disso, é salutar ressaltar que culturalmente o gênero masculino foi
educado para ser autônomo, tomar decisões, manter a prole e etc. O homem é a
representação do individualismo e da liberdade em sociedade, ou seja, toma
decisões por impulso, baseado apenas em seu desejo, não considerando as
informações ou as interações sociais.
lxxxi
Os resultados obtidos relativos à qualidade de vida investigada, através do
WHOQOL-OLD e do WHOQOL-BRIEF mostraram que os idosos com prótese
dentária apresentaram uma qualidade de vida satisfatória. Sobretudo, o problema
dentário que levou a indicação ou uso de prótese nos idosos dessa amostra
(eliminado outros fatores) não contribuiu para que os mesmos tivessem uma
qualidade de vida ruim.
Um estudo realizado por Hassel et al. (2007)
lxxxiii
para avaliar a qualidade de
vida em indivíduos com prótese dentária fixa ou móvel mostrou que a qualidade de
vida em adultos jovens com prótese fixa é alta, enquanto que o mesmo resultado
não foi encontrado em idosos. Porém, tanto jovens quanto idosos com prótese
parcial móvel apresentaram uma qualidade de vida satisfatória. Em uma revisão
realizada por Strassburger e colaboradores
xliii
mostrou pacientes edentados totais
experimentam um impacto negativo na sua qualidade de vida associada à saúde
oral. Esses indivíduos se beneficiam significativamente do uso de implantes
dentais para suportar a prótese mandibular. Contudo, os pesquisadores
verificaram que mais de dois implantes não parece aumentar significativamente a
satisfação e a qualidade de vida associada à saúde bucal.
Corroborando os nossos achados, Bonfanti et al (2006) ao avaliar a
qualidade de vida e o uso e a necessidade de prótese dentária em idosos
residentes do Município de Santa Catarina, verificou que a maioria dos idosos,
apesar de considerar a sua saúde bucal satisfatória, necessitavam de uso ou
substituição protética. E, também observou que a condição bucal não afetou
diretamente a sua qualidade de vida.
lxxxiv
Esses dados reforçam a idéia de que a
qualidade de vida é uma abordagem extremamente ampla que engloba diversos
fatores associados a vida das pessoas, além da saúde bucal.
Em relação à questão do quanto o idoso controla o seu futuro e à questão
“quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida”, observou-se
diferença significativa entre homens e mulheres. No entanto, na primeira pergunta
esta diferença foi estatisticamente significante quando se agrupou as respostas
(nada, pouco e mais ou menos), e as respostas muito e extremamente. Já com
relação à segunda pergunta um número significativamente maior de mulheres
relatou estar nada, pouco ou mais ou menos satisfeita do que homens (p=0,05).
As mulheres idosas desse estudo referiram não controlar, controlar pouco
ou mais ou menos o seu futuro e também não estarem satisfeitas com aquilo que
alcançaram na vida. Este é um dado preocupante, pois pode estar indicando uma
falta de capacidade e de autonomia para decidir sobre a sua própria vida e o seu
futuro, além de não terem o controle sobre aquilo que desejam ou buscam para a
sua vida. Logo, a autonomia está intimamente relacionada à capacidade, à medida
que é necessário que o indivíduo tenha capacidade de exercer a sua própria
autonomia. Sendo que esta capacidade é intrínseca a cada pessoa, e resulta de
uma construção gradativa e individual, tornando-se bastante difícil afirmar o exato
momento em que o indivíduo atinge a sua capacidade plena devido à
subjetividade do processo.
lxxxv
Assim, o não desenvolvimento pleno ou a perda de
autonomia nas mulheres idosas pode interferir na sua tomada de decisão, na
medida em que busca realizações pessoais, controla o presente e projeta o seu
futuro. Como as mulheres idosas deste estudo se encontraram na fase
conscienciosa, que é a fase na qual o indivíduo é capaz de tomar decisões de
forma mais autônoma, cotejando os desejos e as crenças, mas, ainda é passível
de constrangimento (não tem a noção de regra introjetada), talvez seja a razão da
dificuldade em controlar o futuro, pois ainda a sua autonomia não está fortemente
consolidada. Para Loevinger,
lxxvi
a fase conscienciosa é um marco, pois a
identidade deixa de ser vivida como algo de existente, de previamente dado e
acessível à observação, passando a ser entendida como prolongada na ação e na
administração de si mesma. O dever e a responsabilidade tornam-se categorias
centrais neste estágio.
Alguns autores, analisando a qualidade de vida nos idosos, concluíram que
a mulher em geral experimenta uma qualidade de vida inferior em todos
indicadores utilizados, tais como saúde física, capacidade funcional, contatos
sociais, e capacidade cognitiva. Também observaram diferenças entre os gêneros
quanto às aflições psicológicas, mostrando que as mulheres têm maior tendência
a possuir múltiplos sintomas do que os homens.
lxxxvi
De acordo com Xavier et al (2003)
lxxxvii
ao avaliar a definição da qualidade
de vida pelos idosos, a presença ou ausência de satisfação entre os indivíduos
não foi associada com o gênero, o que diverge um pouco dos achados do estudo
presente.
Além disso, o achado de não associação entre qualidade de vida,
percepção de coerção e desenvolvimento psicológico-moral do presente estudo
também é corroborado por outro estudo. Por exemplo, um estudo conduzido por
Celich (2008)
lxxviii
também não encontrou diferenças significativas entre os
estágios de desenvolvimento psicológico-moral e os domínios do WHOQOL-OLD,
ou seja, não foram verificadas relações entre os diferentes estágios de
desenvolvimento e os escores médios obtidos em cada um dos seis domínios
estudados. Contudo, é importante ressaltar que estudos que abordem a
associação desses grandes temas (qualidade de vida, percepção de coerção e
desenvolvimento psicológico-moral) na área da odontogeriatria são inéditos e
extremamente relevantes. Por isso existe uma grande dificuldade em discutir, mais
profundamente os nossos achados, uma vez que a literatura é escassa e até
mesmo inexistente nesse tema.
8 Considerações Finais
A abordagem da qualidade de vida em idosos é muito complexa, pois
envolve várias facetas da vida humana. Além disso, também pode ser permeada
por diversos fatores ainda mais subjetivos, como por exemplo, a capacidade de
percepção do idoso de estar sendo coagido ou manipulado a aderir um tratamento
e que pode interferir na sua tomada de decisão. Nesse sentido, essa
compreensão pressupõe que o indivíduo reconheça tanto estar autorizando um
procedimento quanto suas implicações e envolve um componente emocional: uma
apreciação dos riscos e benefícios potenciais em termos de valores e objetivos
pessoais. O paciente ou participante deve possuir compreensão cognitiva da
natureza do tratamento e os riscos e benefícios a ela associados.
lxxxviii
Kahneman e Tversky
lxxxix
descobriram, dessa forma, que os processos de
julgamento e tomada de decisão humana são fortemente influenciados por
restrições impostas pela arquitetura e modo de funcionamento do sistema
cognitivo. De modo geral, é mais adaptativo tomar decisões com base em
heurísticas do que a partir de um esforço deliberado de julgamento racional. A
deliberação racional pode, sob circunstâncias, exceder o tempo disponível para
que a pessoa tome uma decisão funcional. Kahneman e Tversky
lxxxix
descreveram
uma série de heurísticas com potencial para enviesar o processo de tomada de
decisão. As principais são as de disponibilidade, representatividade, ancoragem e
projeção emocional. Logo, avaliar a qualidade de vida e percepção de coerção no
processo de tomada de decisão de idosos relacionado ao uso de prótese dentária,
torna-se uma tarefa ainda mais árdua, pois a odontologia na prática interdisciplinar
na terceira idade é quase inexistente, havendo poucas menções de dentistas em
equipes de assistência ao idoso. Além disso, uma das razões dessa dificuldade de
vivência interdisciplinar para a odontologia reside na formação de base tecnicista,
que privilegia o enfoque de superespecialização em detrimento do enfoque
multidisciplinar e multidimensional que o idoso necessita.
xxix
Portanto, aqui reside a
importância desse primeiro estudo, pois proporciona a outros profissionais da
odontologia a possibilidade de compreender melhor as diversas dimensões da
vida do idoso e suas reais necessidades. Dessa forma, auxiliando na escolha do
melhor tratamento ou intervenção, bem como, contribuindo para a melhora da
relação dentista-paciente e da qualidade de vida do idoso.
9 Conclusões
Dos 38 idosos incluídos no presente estudo:
- Os homens possuíam uma idade média de 75,44+8,82 anos e as
mulheres uma idade de 74,95+7,15 anos. A idade mínima de inclusão foi 60 anos
e a máxima de 93 anos. Não ocorreram diferenças significativas na idade média
entre idosos homens e idosas mulheres (p=0,853);
- Com relação a percepção de coerção, considerando as quatro questões
em conjunto, 02 (14,3%) homens e 03 (15,8%) mulheres apresentaram alguma
percepção de coerção não sendo estas diferenças de freqüências significativas
entre os dois gêneros (p=0,950).
- Verificou-se uma maior freqüência dos homens na fase autônoma do
desenvolvimento psicológico-moral enquanto a maioria das mulheres foi
enquadrada na fase conscienciosa. Porém, não se observou diferenças
estatisticamente significativas (p=0,175). Os valores médios deste teste também
foram similares entre o gênero (homens, 5,0±0,7 e mulheres 4,6±0,9).
- A pontuação média geral do WHOQOL-OLD foi de 34,1
±
5,6 para os
homens e 32,2
±
6,9 para as mulheres, valores que não foram significativamente
diferentes (p=0,384).
- A outra escala de qualidade de vida utilizada neste trabalho foi o do. Os
valores médios do WHOQOL-BRIEF foram de 94,2
±
11,0 para os homens e
89,5
±
18,1 para as mulheres (p=0,360).
-75,0% das mulheres disseram não controlar, controlar pouco ou mais ou
menos o seu futuro, enquanto que somente 43,8% dos homens deram esta
resposta. Esta diferença foi estatisticamente significante (0,05) quando se agrupou
as respostas (nada, pouco e mais ou menos), e as respostas muito e
extremamente.
- O uso de prótese dentária nos idosos (eliminado outros fatores) não
contribuiu para que os mesmos tivessem uma qualidade de vida ruim.
- Não se verificou associação entre qualidade de vida, percepção de
coerção e tomada de decisão em idosos com prótese dentária.
REFERÊNCIAS
i
. Lima-Costa MF, Veras R. Aging and public health.Cad Saude Publica
2003;19(3):701-710.
ii
. http://www.ibge.gov.br/. Acesso em Maio de 2008.
iii
. Fried LP.Epidemiologiy of Aging. Epidemiol Tev. 2000;22(1):95-106.
iv
. www.saude.gov.br
v
. Rosa AGF, Fernandez RAC, Pinto VG, Ramos LR. Condições de saúde bucal
em pessoas de 60 anos ou mais no município de São Paulo (Brasil). Rev. Saúde
Pública 1992;26(3):155- 160.
vi
. Locker D, Matear D, Stephens M, et al. Comparison of the GOHAI and OHIP
14 as measures of the oral health-related quality of life of the elderly. Community
Dent Oral Epidemiol. 2001;29:373-81.
vii
. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Censo demográfico
2000: características da população e dos domicílios: resultados do universo.
[citado 2006 Ago 18]. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/default.shtm
viii
. World Health Organization [homepage na Internet]. Active ageing: a policy
framework/NMH/NPH/02.8.[citado 2006 dez 15].[60 p.] Disponível em:
http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf
ix
. Expectativa de vida média das diferentes regiões do Brasil em 2005. Fonte:
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
x
.
Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul. Expectativa de vida. Disponível
em: www.scp.rs.gov.br/atlas/atlas. Acesso em 25 de fev.2008.
xi
.
Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. População estimada
Popclock. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias. Acesso em:
31 jan. 2008.
xii
. Pavarini SCI, Mendiondo MSZ, Barham EJ, Varoto VAG, Filizola CLA. A arte de
cuidar do idoso: gerontologia como profissão? Texto Contexto Enferm. 2005;
14(3): 398-402.
xiii
. Scortegagna HM. A educação gerontológica aplicada a escolares: o olhar da
enfermeira. In: Pasqualotti A, Portella MR, Bettinelli LA, organizadores.
Envelhecimento humano: desafios e perspectivas. Passo Fundo: UPF; 2004. p.
46-72.
xiv
. Cormack EF. A saúde oral do idoso. Disponível: http://www.odontologia.com.br
[acessado em 10 dez. 2000].
xv
. Troen RB. The biology of aging. The Mount Sinai Journal Of Medicine 2003,
70(1): 3-22.
xvi
. Silva SRC, Valsecki JA. Avaliação das condições de saúde bucal dos idosos
em um município brasileiro. Rev Panam Salud Pública. 2000;8:268-71.
xvii
. Rosa AGF, Castellanos RA, Pinto VG. Saúde bucal na terceira idade. Rev
Gauch Odontol. 1993;41:97-102.
xviii
. Coleman P. Improving Oral HealthCare for the frail elderly: a review of
widespread problems and best practices. Geriatr Nurs (Minneap). 2002;23:189-97.
xix
. Pucca GA. A saúde bucal do idoso? Aspectos demográficos e epidemiológicos.
Medcenter
, 7 abril 2000. Maio 2001 <http://www.odontologia.
com.br/artigos.asp?id=81&idesp=19&ler=5>.
xx
. Rosa AGF, Fernandez RAC, Pinto VG, Ramos LR. Condições de saúde bucal
em pessoas de 60 anos ou mais no Município de São Paulo (Brasil). Revista de
Saúde Pública 1992;26:155-160.
xxi
. FDI (Fédération Dentaire Internationale). Global goals for oral health in the
year 2000. International Dental Journal 1982;32:74-77.
xxii
Ministério da Saúde. Divisão Nacional de Saúde Bucal. Levantamento
epidemiológico em saúde bucal - Brasil, zona urbana, 1986. Brasília, 1988.
xxiii
. Ministério da Saúde. Diretrizes da política nacional de saúde
bucalhttp://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/politica_nacional_brasil_sorrident
e.pdf Brasília, DF, janeiro de 2004.
xxiv
. Silva SRC e Júnior AV. Avaliação das condições de saúde bucal dos idosos
em um município brasileiro. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health
2000; 8(4):268-271.
xxv
. Mesas AE, Andrade SM, Cabrera MAS. Condições de saúde bucal de idosos
de comunidade urbana de Londrina, Paraná. Rev Bras Epidemiol 2006; 9(4): 471-
80.
xxvi
. Mercel A, Berenholc RH, Fiez-vandal, A. Gerodontics: anepidemilogic
perspective. Special Care in Dentistry 1986; p. 13-14.
xxvii
. Künzel W. Conceptual demands of oral health care for the elderly
.
In: Geriatric
Dentistry in Eastern European Countries (W. Künzel, ed.), Chicago: Quintessence.
1991. pp. 11- 33.
xxviii
. Rutkauskas J.S. The Dental Clinics of North America. Clinical Decision-
Making in Geriatric Dentistry. Philadelphia: W. B. Saunders Company. 1997.
xxix
. Ferreira RA. Odontologia: Essencial para a qualidade de vida. Revista da
Associação Paulistade Cirurgiões-Dentistas 1997;51:514-521.
xxx
. Shinkai RSA, Del Bel Cury. O papel da odontologia na equipe interdisciplinar:
contribuindo para a atenção integral do idoso. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 2000;16(4):1099-1109.
xxxi
. Montenegro FLB, Manetta CE, Brunetti RF. Aspectos psicológicos de interesse
no tratamento do paciente odontogeriátrico. Revista Atualidade em Geriatria
1998;3(17):6-10.
xxxii
. Paschoal SMP. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento
que privilegia sua opinião [dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina/USP;
2001.
xxxiii
. Fleck MPA, Fachel O, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, et al.
Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de
qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-100). Rev
ABP/APAL 1999; 21: 19-28.
xxxiv
. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L,
Pinzon V. Application of the Portuguese version of the abbreviated instrument of
quality oh life Whoqol-Bref. Rev Saúde Pública 2000; 34 (2):178-83.
xxxv
. Paschoal SMP. Qualidade de vida. In: Jacob Filho W, Amaral JRG, editores.
Avaliação global do idoso: manual da Liga do Gamia. São Paulo: Atheneu; 2005
p.59-77.
xxxvi
.
Moraes JFD. Fatores determinantes do envelhecimento bem-sucedido do
idoso socialmente ativo da região metropolitana de Porto Alegre [tese]. [Porto
Alegre (RS)]: PUCRS/Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul/Instituto de Geriatria e Gerontologia; 2004. 137 p.
xxxvii
. Neri AL. Velhice e qualidade de vida na mulher. In: Neri AL, organizadora.
Desenvolvimento e envelhecimento: perspectivas biológicas, psicológicas e
sociológicas. Campinas: Papirus; 2001 p.161-2005.
xxxviii
. Papaléo NM, Ponte JR. Envelhecimento: desafio na transição do século. In:
Papaléo Netto M. Gerontologia. São Paulo: Atheneu; 2005. p.3-12.
xxxix
. Locker D, Gibson B. The concept of positive health: a review and
commentary on its application in oral health research. Community Dent Oral
Epidemiol. 2006;34(3):161-73.
xl
. Marchini L, Brunetti FL, Cunha VPP, Santos JFF. Prótese dentária na terceira
idade. Rev. Assoc. Paul. Cir Dent. 2001;55(2): 83-7.
xli
Settim R. Edentulismo. Grupo de estudos em Gerontologia. São Paulo:
APCD/EAP.2000.
xlii
. Silva CRS, Fernandes CAR. Autopercepção das condições de saúde bucal por
idosos. Ver. Saúde Pública 2001;35(4):349-55.
xliii
. Strassburguer C, Kerschbaum T, Heydecke G. Influence of implant and
convencional prostheses on satisfaction and quality of life: a literature review. Part
2: qualitative analysis and evaluation of the studies. The International Journal of
Prostheses 2006;19(4);339-48.
xliv
. Locker D. Concepts of oral health, disease and quality of life. In: Slade GD (ed).
Measuring Oral Health and Quality of Life. Chapel Hill. University of North Carolina,
1997:11-4.
xlv
. Truhlar RS, Casino AJ, Cancro JJ. Treatment planning of the elderly implant
patient. Dent Clin North Am. 1997; 41(4):847-61.
xlvi
. Allen PF, McMillan AS, Walshaw D. A patient-based assessment of implant-
stabilized and conventional complete dentures. J Prosthet Dent. 2001
Feb;85(2):141-7.
xlvii
. Fleck M. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de
avaliação de qualidade de vida “WHOQOL-bref” Revista de Saúde Pública 2000;
34 (2): 178-183.
xlviii
. Garrido R, Menezes PR. O Brasil está envelhecendo: Boas e más notícias por
uma perspectiva epidemiológica. Rev. Brasileira de Psiquiatria 2002;24 (Supl. I): 3-
6.
xlix
. Erlen JA. Informed consent: the consent component. Orthop Nurs.
1994;13(4):65-7.
l
. Loevinger, J.. Ego development (4ª ed.). São Francisco: Jossey-Bass
Publishers;1982.
li
. Souza ELP. Pesquisa sobre as fases evolutivas do ego. Boletim da Sociedade
de Psicologia do Rio Grande do Sul 1968:3(7):5-16.
lii
. Palmini, A. O cérebro e a tomada de decisões. In P. Knapp (Ed.), Terapia
cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre, RS: Artes
Médicas. 2004. pp. 71-88.
liii
. Ballesteros JS & Garcia RB. Procesos psicológicos básicos. Madrid, España:
Universitas.1996.
liv
Damásio A. O erro de Descartes: Emoção, razão e cérebro humano. São Paulo,
SP: Companhia das Letras. 1996.
lv
. Roth LH,Meisel A, Lidz CW. Tests of compentency to consent to treatment. Am
J Psychiatry, 1977.
lvi
. Silver M. Reflections on determining competency. Bioethics, 2002.
lvii
. Piaget J. Les trois systèmes de la pensée de l’enfant ; étude sur les rapports de
la pensée rationelle et de l’inteligence motrice. Bulletin de la Société Française de
Philosophie, t. XXVIII, 1928 : 121-122.
lviii
. Piaget J. Études sociologiques. 3ed. Genevè: Groz, 1977:225.
lix
. Nelson RM, Merz JF. Voluntariness of consent for research: an empirical
and conceptual review. Medical Care. 2002;40: V-69-V-80.
lx
Jekel FJ, Elmore GJ, Katz L.D. Epidemiologia, Bioestatística e Medicina
Preventiva, 1999, p.17.
lxi
. Lwanga SK, Lemeshow S. Determinación de tamaño de las muestras en los
estudios sanitarios. Ginebra, OMS. 1991;1-25.
lxii
. Gardner W, Hoge SK, Bennet N, Roth LH, Lidz CW, Monahan J, Mulvey EP.
Two scales for measuring patients perceptions for coercion during mental hospital
admission. Behavior Science Law;1993.
lxiii
. Fleck M, Chachamovich M, Trentini C. Projeto WHOQOL- OLD: método e
resultados de grupos focais. Revista de Saúde Pública 2003; 37(6). São Paulo.
Disponível em www.scielo.com. Acesso em 22 jan 2008.
lxiv
. Paschoal SMP, Jacob Filho W, Litvoc J. Development of elderly quality of life
index eqoli: theoretical-conceptual framework, chosen methodology, and relevant
items generation. Clinics 2007;62(3):279-88.
lxv
. Jagger C, Spiers N, Clarke M. Factors associated with decline in function,
institutionalization and mortalidade of elderly people. Age an Ageing 1993;22:190-
197.
lxvi
. RAMOS, L. R. Family support for the elderly in São Paulo, Brazil. In: Kendig,
H.; Hashimoto, A.; Coppard, L., eds.
Family support for the elderly: the
international experience. New York, Oxford University Press, 1992. p. 224-32.
lxvii
. JC Stobbe, NM do Nascimento, N Bruscatto, Piccoli JCE, Backes LC, Cruz
IBM. Projeto Passo Fundo-RS: indicadores de saúde de participantes de um grupo
de terceira idade. RBCEH - Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento
Humano, Passo Fundo, 89-101 - jan./jun. 2005
lxviii
. Schaan MDA, Schwanke CHA, Bauer M, Luz C, Cruz IM. Hematological and
nutritional parameters in apparently healthy elderly individuals
- Rev. Bras. Hematol. Hemoter. vol, 2007 - SciELO Brasil
lxix
. van der Post L, Schoevers R, Koppelmans V, Visch I, Bernardt C, Mulder N,
Beekman A, de Haan L, Dekker J. The Amsterdam Studies of Acute Psychiatry I
(ASAP-I); a prospective cohort study of determinants and outcome of coercive
versus voluntary treatment interventions in a metropolitan area. BMC Psychiatry.
2008 May 14;8:35.
lxx
. Taborda JG, Baptista JP, Gomes DA, Nogueira L, Chaves ML. Perception of
coercion in psychiatric and nonpsychiatric (medical and surgical) inpatients. Int J
Law Psychiatry. 2004 Mar-Apr;27(2):179-92.
lxxi
. Silva MJ, Oliveira TM, Joventino ES, Moraes GL. A violência na vida cotidiana
do idoso: um olhar de quem vivencia. Int J Law Psychiatry. 2004 Mar-
Apr;27(2):179-92.
lxxii
. Ripstein, Arthur (2004). “Authority and Coercion,”
Philosophy and Public Affairs
32: pp. 2-35.
lxxiii
. Marilu Chaves Catusso* Rompendo o silencio: desvelando a sexualidade em
idosos. Revista Virtual Textos & Contextos,2005; 4:1-19.
lxxiv
. Rousseau J J. Émile. New York: Dutton, 1966:321.
lxxv
. Dias, A. A. (1999). Autonomia e educação moral. Psicologia: Reflexão e
Crítica, 12, 459-478.
lxxvi
. Loevinger J, Wessler R. Measuring ego development. San Francisco: Jossey-
Bass; 1970.
lxxvii
. Meguro, K., Shimada, M., Yamagucho S., Ishii, H., Shimada, Y., Sato, M.,
Yamadori A. & Sekita,Y. Cognitive function and frontal lobe atrophy in normal
elderly adults: Implications for dementia not as aging-related disorder and the
reserve hypothesis. Psychiatric Clinic Neuroscience 2001;55(6):565-72.
lxxviii
. Celich KLS. Domínios de qualidade de vida e capacidade para a tomada de
decisão em idosos participantes de grupos de terceira idade [tese]. [Porto Alegre
(RS)]: PUCRS/Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/Instituto de
Geriatria e Gerontologia; 2004.
lxxix
.
Walker LJ. Sex differences in the development of moral reasoning: a critical
review. Child Dev. 1984;55:677-91.
lxxx
. Camino C, Maia L, Ribeiro J, Gouveia L. Estudo aprofundado de um
questionário sobre problemas morais. Relatório CNPq. 1996.
lxxxi
. Gilligan C. In a different voice: psychological theory and women’s development.
Cambridge: Harvard University Press; 1982.
lxxxii
. Camino C, Luna V, Alves A, Silva M, Rique J. Primeiros resultados da
reformulação e adaptação do Defining Issues Test. Anais do 18ª Reunião Anual de
Psicologia da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto, 1988. resumo 236.
lxxxiii
. Hassel AJ, Rolko C, Grossmann AC, Ohlmann B, Rammelsberg P.
Correlations between self-ratings of denture function and oral health-related quality
of life in different age groups.Int J Prosthodont. 2007;20(3):242-4.
lxxxiv
. Bonfanti LG, Rauber MD, Biazevic MG, Crosato EM, Grasel CL. Qualidade
de vida, uso e necessidade de próteses em idosos do município de Zortéa-SC,
2005. Ver. Odontol 2006;8(1):55-59.
lxxxv
. Raymundo MM. Avaliação da diversidade no processo de obtenção da
autorização por representação em situações assistenciais e de pesquisa em
crianças e idosos [tese]. [Porto Alegre(RS)]: Universidade Federal do Rio Grande
do Sul; 2007. 79 p.
lxxxvi
Haug MR, Folmar SJ. Longevity, gender, and life quality. J Health Soc Behav.
1986;27:332-45.
lxxxvii
.
Xavier FM, Ferraz MP, Marc N, Escosteguy NU, Moriguchi EH. Elderly
people’s definition of quality of life. Rev Bras Psiquiatr. 2003;25:31-9.
lxxxviii
. Workman RH, McCullough LB, Molinari V, Kunik ME, Orengo C, Khalsa DK
et al. Clinical and ethical implications of impaired executive control functions for
patient autonomy. Psychiatr Serv 2000;51:359-63.
lxxxix
. Kahneman D, Tverksy A. Choices, values, and frames. Am Psychol
1984;39:341-50.
ANEXOS
ANEXO 1- ESCALA DE PERCEPÇÃO DE COERÇÃO EM ASSISTÊNCIA
??|??|??|?|??|??
ANO MÊS
DIA L COLET. SUJ.
NOME:_________________ SEXO: ( )F ( )M
IDADE:____ANOS PROFISSÃO:______________
ESCOLARIDADE: _____ANOS DE ESTUDO
( ) NÃO ALFABETIZADO
( ) ENSINO FUNDAMENTAL (PRIMÁRIO/ 1º GRAU)
( ) ENSINO MÉDIO (GINÁSIO/ 2º GRAU)
( ) ENSINO SUPERIOR (FACULDADE)
( ) PÓS-GRADUAÇÃO (MESTRADO/ DOUTORADO)
Leia as seguintes frases e assinale se concorda ou discorda da afirmação:
Concordo Discordo
Tive oportunidade suficiente de dizer se queria me tratar.
Tive oportunidade de dizer o que queria a respeito do tratamento.
Ninguém parecia interessado em saber se eu queria me tratar.
Minha opinião sobre o tratamento não interessou.
0 1 2 3 4
ESCALA DE PERCEPÇÃO DE COERÇÃO EM ASSITÊNCIA
SUB- ESCALA DE PROCEDIMENTOS JUSTOS
LABORATÓRIO DE PESQUISA EM BIOÉTICA E ÉTICA NA CIÊNCIA
CENTRO DE PESQUISAS/HCPA
Anexo 2- Escala de Desenvolvimento psicológico-moral
NOME:_________________ SEXO: ( )F ( )M
IDADE:____ANOS PROFISSÃO:______________
ESCOLARIDADE: _____ANOS DE ESTUDO
( ) NÃO ALFABETIZADO
( ) ENSINO FUNDAMENTAL (PRIMÁRIO/ 1º GRAU)
( ) ENSINO MÉDIO (GINÁSIO/ 2º GRAU)
( ) ENSINO SUPERIOR (FACULDADE)
( ) Pós-graduação (mestrado/ doutorado)
Assinale 2 conteúdos que o preocupam mais freqüentemente com relação a si
mesmo:
( ) Compromissos assumidos
( ) Não ser dominado pelos outros
( ) Aprimoramento pessoal
( ) Desejos sexuais
( ) Estar bem trajado
( ) Harmonia interior
Assinale 2 conteúdos que o preocupam mais freqüentemente com relação a si
mesmo:
( ) Prestígio
( ) Coerência
( ) Autonomia
( ) Autocrítica exagerada
( ) Competição
( ) Impulsividade
Assinale 2 conteúdos que o preocupam mais freqüentemente com relação a si
mesmo:
( ) Medo à vingança
( ) Boa reputação
( ) Conflito de necessidades
( ) Independência
( ) Ter um rendimento ótimo
( ) Obter vantagens
?????INSTRUMENTO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO-MORAL
LABORATÓRIO DE PESQUISA PESQUISAS/HCPA
ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO WHOQOL-OLD
WHOQOL-OLD
Instruções
Este questionário pergunta a respeito dos seus pensamentos, sentimentos e sobre
certos aspectos de sua qualidade de vida, e aborda questões que podem ser
importantes para você como membro mais velho da sociedade.
Por favor, responda todas as perguntas. Se você não está seguro a respeito de
que resposta dar a uma pergunta, por favor escolha a que lhe parece mais
apropriada. Esta pode ser muitas vezes a sua primeira resposta.
Por favor tenha em mente os seus valores, esperanças, prazeres e preocupações.
Pedimos que
pense na sua vida nas duas últimas semanas.
Por exemplo, pensando nas duas últimas semanas, uma pergunta poderia ser:
O quanto você se preocupa com o que o futuro poderá trazer?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
Você deve circular o número que melhor reflete o quanto você se preocupou com
o seu futuro durante as duas últimas semanas. Então você circularia o número 4
se você se preocupou com o futuro “Bastante”, ou circularia o número 1 se não
tivesse se preocupado “Nada” com o futuro. Por favor leia cada questão, pense no
que sente e circule o número na escala que seja a melhor resposta para você para
cada questão.
Muito obrigado(a) pela sua colaboração!
As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos
sentimentos nas últimas duas semanas.
F25.1 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão,
paladar, olfato,
tato), afetam a sua vida diária?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F25.3 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato,
afeta a sua
capacidade de participar em atividades?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F26.1 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F26.2 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F26.4 O quanto você sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua
liberdade?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F29.2 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F29.3 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F29.4 O quanto você tem medo de morrer?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F29.5 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se
sentiu apto a fazer algumas coisas nas duas últimas semanas.
F25.4 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição,
visão, paladar, olfato, tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras
pessoas?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
F26.3 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
F27.3 Até que ponto você está satisfeito com as suas oportunidades para
continuar alcançando outras realizações na sua vida?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
F27.4 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua
vida?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
F28.4 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito,
feliz ou bem sobre vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.
F27.5 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?
Muito insatisfeito
1 Insatisfeito
2 Nem satisfeito nem Insatisfeito
3 Satisfeito
4 Muito satisfeito
5
F28.1 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?
Muito insatisfeito
1 Insatisfeito
2 Nem satisfeito nem Insatisfeito
3 Satisfeito
4 Muito satisfeito
5
F28.2 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?
Muito insatisfeito
1 Insatisfeito
2 Nem satisfeito nem Insatisfeito
3 Satisfeito
4 Muito satisfeito
5
F28.7 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para
participar de atividades da comunidade?
Muito insatisfeito
1 Insatisfeito
2 Nem satisfeito nem Insatisfeito
3 Satisfeito
4 Muito satisfeito
5
F27.1 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para
frente?
Muito infeliz
1 Infeliz
2 Nem feliz nem Infeliz
3 Feliz
4 Muito feliz
5
F25.2 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo,
audição, visão, paladar, olfato, tato)?
Muito ruim
1 Ruim
2 Nem ruim nem boa
3 Boa
4 Muito Boa
5
As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você
possa ter. Por favor, considere estas questões em relação a um companheiro ou
uma pessoa próxima com a qual você pode compartilhar (dividir) sua intimidade
mais do que com qualquer outra pessoa em sua vida.
F30.2 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F30.3 Até que ponto você sente amor em sua vida?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Extremamente
5
F30.4 Até que ponto você tem oportunidades para amar?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
F30.7 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?
Nada
1 Muito pouco
2 Mais ou menos
3 Bastante
4 Completamente
5
VOCÊ TEM ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O QUESTIONÁRIO?
OBRIGADO(A) PELA SUA COLABORAÇÃO!
Anexo 4- Whoqol- Bref
1
WHOQOL - ABREVIADO
Versão em Português
PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
GENEBRA
Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil
Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck
Professor Adjunto
Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Porto Alegre RS - Brasil
2
Instruções
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de
vida, saúde e
outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões . Se você não
tem
certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as
alternativas a
que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira
escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações.
Nós
estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as
duas
últimas semanas . Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma
questão
poderia ser:
nada muito
pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que
necessita?
1 2 3 4 5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos
outros o
apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular
o
número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada muito
pouco
médio muito completamente
Você recebe dos outros o apoio de que
necessita?
1 2 3 4 5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
3
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe
parece a melhor resposta.
muito
ruim
ruim nem ruim
nem boa
boa muito
boa
1 Como você avaliaria sua qualidade de
vida?
1 2 3 4 5
muito
insatisfeito
insatisfeito nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito muito
satisfeit
o
2 Quão satisfeito(a) você está
com a sua saúde?
1 2 3 4 5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas
últimas duas semanas.
nada muito
pouco
mais ou
menos
bastant
e
extremamente
3 Em que medida você acha que sua dor
(física) impede você de fazer o que você
precisa?
1 2 3 4 5
4 O quanto você precisa de algum
tratamento médico para levar sua vida
diária?
1 2 3 4 5
5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5
6 Em que medida você acha que a sua vida
tem sentido?
1 2 3 4 5
7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5
8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida
diária?
1 2 3 4 5
9 Quão saudável é o seu ambiente físico
(clima, barulho, poluição, atrativos)?
1 2 3 4 5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou
é capaz de fazer
certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada muito
pouco
médio muito completamente
10 Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5
11 Você é capaz de aceitar sua aparência física? 1 2 3 4 5
12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas
necessidades?
1 2 3 4 5
13 Quão disponíveis para você estão as
informações que precisa no seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
14 Em que medida você tem oportunidades de
atividade de lazer?
1 2 3 4 5
4
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a
respeito de vários
aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito
ruim
ruim nem ruim
nem bom
bom muito
bom
15 Quão bem você é capaz de se locomover? 1 2 3 4 5
muito
insatisfeito
insatisfeito nem satisfeito
nem insatisfeito
satisfeito muito
satisfeito
16 Quão satisfeito(a) você está com o seu
sono?
1 2 3 4 5
17 Quão satisfeito(a) você está com sua
capacidade de desempenhar as atividades
do seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
18 Quão satisfeito(a) você está com sua
capacidade para o trabalho?
1 2 3 4 5
19 Quão satisfeito(a) você está consigo
mesmo?
1 2 3 4 5
20 Quão satisfeito(a) você está com suas
relações pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)?
1 2 3 4 5
21 Quão satisfeito(a) você está com sua vida
sexual?
1 2 3 4 5
22 Quão satisfeito(a) você está com o apoio
que você recebe de seus amigos?
1 2 3 4 5
23 Quão satisfeito(a) você está com as
condições do local onde mora?
1 2 3 4 5
24 Quão satisfeito(a) você está com o seu
acesso aos serviços de saúde?
1 2 3 4 5
25 Quão satisfeito(a) você está com o seu
meio de transporte?
1 2 3 4 5
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou
experimentou certas coisas nas
últimas duas semanas.
nunca algumas
vezes
freqüentemente muito
freqüentemente
sempre
26 Com que freqüência você tem
sentimentos negativos tais como mau
humor, desespero, ansiedade,
depressão?
1 2 3 4 5
Alguém lhe ajudou a preencher este
questionário?..................................................................
Quanto tempo você levou para preencher este
questionário?..................................................
Você tem algum comentário sobre o questionário?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO
Anexo 5- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PROJETO: Avaliação da Qualidade de Vida no Processo de Tomada de Decisão
na Indicação e Uso de Prótese Dentária em Idosos
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar de um estudo sobre o uso de
prótese dentária e qualidade de vida. Caso você aceite, a sua participação será
através de apenas uma entrevista, com a utilização de alguns questionários.
Todas as informações coletadas serão utilizadas apenas para fins
científicos e a sua identidade será preservada.
Caso você não aceite participar, não haverá qualquer prejuízo no seu
atendimento ou na participação em outras pesquisas.
O pesquisador responsável pelo projeto é o Dr. Palmizio Nocchi que está a
sua disposição para eventuais outros esclarecimentos através do telefone
32220864. Você também pode se informar sobre os seus direitos como
participante de pesquisa.
Sinta-se à vontade para tirar suas dúvidas.
Eu, __________________________________________________ aceito
participar desta pesquisa sobre o uso de prótese dentária e qualidade de vida.
_______________________________ ____/____/____
Assinatura
_______________________________ _____/____/____
Coletador
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo