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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PPGEP
MARCOS AURELIO ZOLDAN
ANÁLISE DOS REQUISITOS ORGANIZACIONAIS
PARA A AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV) DE
PRODUTOS MADEIREIROS
PONTA GROSSA
JUNHO - 2008
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MARCOS AURELIO ZOLDAN
ANÁLISE DOS REQUISITOS ORGANIZACIONAIS
PARA A AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA (ACV) DE
PRODUTOS MADEIREIROS
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
de Produção, do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, Área de
Concentração: Gestão Industrial, do
Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação,
do Campus Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Prof
a
. D
ra
. Magda Lauri Gomes
Leite.
PONTA GROSSA
JUNHO - 2008
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Aos meus adoráveis pais Julieta e Ismaele
Mario Zoldan que nos dias em que estivemos
juntos foram imprescindíveis para mim. A
minha vovó que me auxiliou em minha
educação, e ao meu irmão pelas trocas de
idéias para um futuro cheio de projetos.
in memorian
PPGEP – Gestão de produção e manutenção (2008)
AGRADECIMENTOS
A Deus por me conceder forças e me guiar nos momentos de dificuldades com
sua luz neste processo de aprendizado e conhecimento.
A minha esposa Monalisa Rodrigues Zoldan e as minhas filhas Sicília Nazareth
Zoldan e Maria Gabriela Rodrigues Zoldan pelo apoio e compreensão neste
momento de ausência.
A minha orientadora professora Magda Lauri Gomes Leite, pelo apoio,
orientação e confiança em mim depositados nestes anos de estudos.
Aos meus colegas e professores de especialização e mestrado pelo grande
apoio nas horas de trabalho e estudos.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa, pela
oportunidade do conhecimento e à estrutura acadêmica disponível.
A empresa Águia Florestal e seus funcionários que disponibilizaram seu tempo
e atenção para a construção desta pesquisa.
E todas as pessoas que de certa forma contribuíram para o desenvolvimento
desta pesquisa.
“É graça divina começar bem.
Graça maior persistir na
caminhada certa. Mas graça das
graças é não desistir nunca".
Dom Hélder Câmara
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
RESUMO
O fortalecimento do movimento ambiental provocou um aumento da exigência de
clientes e da sociedade em relação aos cuidados adotados pelas empresas para
preservar os recursos naturais, isto tem feito com que as organizações industriais
direcionem esforços para adequar seus processos no sentido de diminuir ou eliminar
impactos ambientais negativos. Estes esforços se traduziram no aparecimento de
diversas ferramentas gerenciais que otimizam as emissões de resíduos e os
impactos ambientais, na busca do desenvolvimento sustentável. A estrutura destas
ferramentas chama-se de Sistema de Gestão Ambiental, que é padronizada e
estabelecida internacionalmente através da ISO 14001. A ISO fornece ainda uma
estrutura consensualmente aceita para realização de Avaliação do Ciclo de Vida
(ACV), através da ISO 14040. A (ACV) é uma ferramenta de gerenciamento
ambiental que identifica e avalia impactos ambientais de um produto durante todo
seu ciclo de vida (berço ao túmulo). No entanto, a quantidade de dados necessários
para a realização de um estudo de ACV faz com que muitas empresas não estejam
preparadas para sua utilização. O presente trabalho analisou os requisitos
organizacionais para a avaliação de ciclo de vida do produto (ACV), a fim de indicar
os dados necessários de entradas e saídas dos processos produtivos de uma
empresa do setor madeireiro de médio porte. Para tanto, foi necessário identificar
qualitativamente e quantitativamente as entradas e saídas de processos de uma
empresa situada na região dos Campos Gerais. Os dados foram levantados através
de formulários, entrevistas diretas e observações diretas, que possibilitaram
observar que a empresa em estudo tem dificuldades de monitorar os impactos
oriundos de seus processos no que tange às perdas financeiras nos processos de
transformação ao longo do ciclo do produto. A pesquisa acompanhou o processo de
acordo com as diretrizes da série de normas ISO 14040, analisando o ciclo de vida
de um processo produtivo madeireiro de uma indústria da cidade de Ponta Grossa-
PR. A pesquisa apresenta os detalhes da norma como suporte à tomada de decisão
para melhoria dos processos, produtos e na preservação do meio ambiente.
Palavras-chave: Análise do Ciclo de Vida (ACV); Análise do Inventário; Gestão
ambiental; Indústria madeireira.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
ABSTRACT
As the environmental concern raises society and client are more demanding related
to environment. This makes industrial organizations focus their effort in order to adapt
their processes trying to decrease or eliminate negative environmental impacts. From
these efforts appeared several managerial tools to optimize residual emission and
environmental impacts, aiming sustainable development. The structure of these tools
is called Environmental Management System, which standard and rules are
stablished through ISO 14001. By means of ISO 14040, ISO also supplies a
accepted structure to undertake LCA, Life Cycle Assestment, an environmental
manager tool to identify and evaluate the whole production cycle, from the extraction
of raw material to the disposition of the product and its return to the environment.
However, because of the amount of necessary data to undertake a LCA study, many
companies are not ready to use it. This work analyzed the organizacional
requirements to evaluate the product life cycle, in order to point the necessary input
and output data of productive process in a medium wood company, in Ponta Grossa -
PR. For this, it was necessary to identify inputs and outputs in qualitative and
quantitative ways. Data were raised through forms, interviews and direct
observations, what made possible to see that the studied company has difficulty to
monitor the impacts of their processes when it comes to financial losses at
manufacturing the product. The research followed the process according to the
directions of ISO 14040, and it shows the details of the rule as a support for decision
taking in order to improve the processes, products and in the preservation of
environment.
Keywords: Life Cycle Assestment (LCA); Inventory Analysis; Environmental
Management; Timber industry.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fases típicas do ciclo de vida do produto .................................................27
Figura 2 – Fase do planejamento do SGA e a estrutura do ACV..............................28
Figura 3 – Fases da ACV.........................................................................................40
Figura 4 – Fases de análise do inventário.................................................................44
Figura 5 – Tipos de reciclagem.................................................................................47
Figura 6 – Avaliação de impactos e as outras fases.................................................48
Figura 7 – Interpretação de ACV...............................................................................50
Figura 8 - Fluxo de atividades da empresa. ..............................................................54
Figura 9 - Fluxograma de produção da serraria e beneficiamento de madeiras .......57
Figura 10 – Fluxo de silvicultura................................................................................75
Figura 11 – Fluxo de entradas das toras na serraria.................................................76
Figura 12 - Fluxo de secagem de madeira................................................................77
Figura 13 – Fluxo do beneficiamento de madeira seca.............................................78
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Comparação de diferentes Softwares para ACV, licenças vendidas
(estimadas) e módulos.......................................................................................36
Tabela 2 – Mensuração dos Resíduos e sua destinação..........................................64
Tabela 3 - Produtos e subprodutos da empresa. ......................................................65
Tabela 4 – Separação (rateio) das contas e dos custos. ..........................................67
Tabela 5 - Total de despesas por atividade (mês X ano)..........................................69
Tabela 6 - Valores gastos com atividade madeireira indicando por setor produtivo..71
Tabela 7 - Tabela de produção e rendimentos da empresa......................................73
Tabela 8 - Fases de controle de produtos e seus resíduos.......................................74
Tabela 9 – Entradas e saídas do processo de silvicultura. .......................................80
Tabela 10 – Entradas e saídas do processo de serraria...........................................81
Tabela 11 – Entradas e saídas do processo secagem..............................................82
Tabela 12 – Entradas e saídas do processo de beneficiamento...............................83
Tabela 13 – Construção de exemplo de inventário para ACV...................................85
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMCI - Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV - Análise de Ciclo de Vida
BOARDES
- Blocos de madeira sólida de Pinus aplainada as quatro faces
CLEAR
BLOCKS
- Blocos de madeira sólida de Pinus sem defeito
BLOCKS
- Blocos de madeira sólida de Pinus com defeito
BLANKS
- Blocos de madeira sólida de Pinus unidas por finger joint
EDG - Edge Glued Panel) (painel colado lateral)
IAP - Instituto Ambiental do Paraná
IBGE - Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estática
IBICT -
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO - Internation Organization for Standartization
LCA
- Life Cycle Assessment
PIB - Produto Interno Bruto
SETAC - Society for Environmental Toxicology and Chemistry
SGA - Sistema de gestão ambiental
SGQ - Sistema de gestão qualidade
ERA - Rotulagem ambiental ecológica
CE - Comunidade Européia
CEN - Comitê Europeu de Normas
TC - Comitê Técnico
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
LISTA DE SÍMBOLOS
m
2
- metro quadrado
m
3
- metro cúbico
KW/h - kilo watts por hora
ton - tonelada
g - gramas
kg - kilograma
KJ - kilo joules
L - litros
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
vii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 9
1.1 Justificativa 10
1.2 Objetivos 12
1.2.1 Objetivo geral 12
1.2.2 Objetivos específicos 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO 13
2.1 Sustentabilidade e a ACV 13
2.2 Benefícios da Gestão Ambiental com ACV para as Empresas 14
2.3 Gestão dos Custos, Qualidade e ACV para o Meio Ambiente 17
2.4 Padronização Internacional 21
2.4.1 A ISO 14001 22
2.5 ACV: Históricos e Conceitos 28
2.5.1 Aplicações do ACV 31
2.5.2 Ferramentas computacionais para o ACV 35
2.6 Requisitos necessários para Análise do Ciclo de Vida 40
2.6.1 Definição dos objetivos e escopo 40
2.6.2 Análise do inventário 43
2.6.3 Avaliação dos impactos ambientais 47
2.6.4 Interpretação dos resultados 49
3 MATERIAIS E MÉTODOS 51
3.1 Classificação da Pesquisa 51
3.2 Objeto de Pesquisa 52
3.2.1 Processo de fabricação 55
3.3 Instrumento para a Coleta de Dados 58
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS 59
4.1 Dados dos Questionários 59
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
viii
4.1.1 Questionário “A” 60
4.1.2 Questionário “B” 64
4.2 Apresentação dos fluxos de processos 75
4.2.1 Fluxo de processo para inventário 75
4.2.2 Avaliação para o ACV 79
4.2.3 Dados necessários para a construção do inventário 83
4.2.4 Análise do inventário 86
5 CONCLUSÕES 89
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 91
REFERÊNCIAS 92
APÊNDICE A – questionário A – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 98
APÊNDICE B – questionário B – LEVANTAMENTO DOS DADOS DE PROCESSOS
PRODUTIVOS DA EMPRESA 115
ANEXO A – CARTA DE ACEITE DA EMPRESA PESQUISADA 122
ANEXO B - ESTRUTURA DO “SISTEMA ISO 14001” 123
ANEXO C – EXEMPLO DA PLANILHA DE CUSTOS DA EMPRESA 125
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
1 INTRODUÇÃO
Os problemas ambientais vêm crescendo rapidamente nos últimos anos,
tendo como principal agente o ser humano. Para suprir a uma demanda dos
consumidores, muitas vezes as organizações são obrigadas a manter elevadas
taxas de produtividades e ganhos financeiros crescentes, sem muitas vezes se
preocupar com a exaustão das reservas naturais de matérias-primas do nosso
planeta, ou com a emissão incontrolável de resíduos sólidos, líquidos e
gasosos no meio ambiente (RIBEIRO, 2006).
Para Ribeiro (2006), a relação indústria/ambiente atual é insustentável e
precisa ser aprimorada. Não se pode continuar realizando avaliações
fragmentadas dos impactos ambientais, que são causados pela produção
industrial. A redução de resíduos aliada ao melhor aproveitamento da matéria-
prima e da energia consumida pela indústria deve interligar o destino da
matéria-prima e do produto final por meio de processos aprimorados.
Esta interligação poderá ser implementada pelas empresas, desde que
estas visem a conhecer e minimizar os impactos ambientais oriundos de seu
processo produtivo, através da série de normas técnicas denominadas NBR
ISO 14040, que tratam da Avaliação do Ciclo de Vida de Produtos (ACV).
A ACV é uma ferramenta que visa a auxiliar no controle ou redução dos
impactos ambientais. Para D`Azevedo (2006), esta técnica pode ser traduzida
na aceitação voluntária das empresas em assumir responsabilidades sobre o
impacto ambiental desde a matéria-prima e durante todo o ciclo de vida do
produto (berço ao túmulo).
No Brasil, a utilização da ferramenta ACV tem sido incentivada pela
Associação Brasileira de Ciclo de Vida (ABCV), sociedade sem fins lucrativos,
que visa à formação de pessoas qualificadas em aplicar a ferramenta, a
realização de intercâmbios de informações e ao apoio à pesquisa (ANDRADE,
2006).
O presente trabalho tem o propósito de analisar os requisitos da norma
ISO 14040 de ACV, a fim de indicar as diretrizes necessárias nos processos
10
produtivos de uma empresa de médio porte do setor madeireiro, significativa
para uma avaliação do ciclo de vida de produto.
Para a utilização da ferramenta de ACV, é necessário um estudo das
entradas e saídas de um processo ou de um ciclo produtivo. Neste trabalho
buscou-se identificar quais os dados e informações que já estão disponíveis na
empresa pesquisada, bem como verificar quais sejam necessários mensurar.
Para tanto, foi analisado o sistema produtivo de uma empresa de médio porte
na cidade de Ponta Grossa – PR, buscando identificar a aplicabilidade da ACV.
1.1 Justificativa
O desenvolvimento sustentável torna-se um desafio crescente para as
empresas e uma questão de sobrevivência para a humanidade. Desta forma, é
crescente o número de consumidores, Organizações não Governamentais e
meios de comunicação que estão exigindo ações mais efetivas dos governos
no sentido de punir as empresa que não respeitam o meio ambiente.
A 11
a
Sondagem Industrial, realizada junto a empresas do Paraná no ano
de 2006 e 2007, revela que:
50,77% das empresas paranaenses não possuem nenhum tipo de
certificação de qualidade;
14,07% estavam implantando algum sistema;
20,24% (em 2002 eram 19%, em 2001, 15,73%, em 2000, 10,28%, em
1998, 11,30%, em 1996, 8,09% e em 1995 eram 5%) têm ISO 9000;
1,2% têm QS 9000;
3,43% têm ISO14000;
0,69% têm OHSAS;
0,51% têm Bs 8800 e
9,09% têm outros certificados.
A necessidade de implantação das ferramentas de gerenciamento
ambiental pode ser motivada pelas pressões da sociedade, em atender a
clientes internacionais, exigências legais e vantagens competitivas
(SONDAGEM INDUSTRIAL, 2004).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
11
O uso de ferramentas de gestão ambiental pode alavancar o setor
madeireiro, aumentar a competitividade e contribuir para a melhoria das
questões ambientais. A ACV é uma das ferramentas que pode auxiliar na:
análise dos aspectos e impactos ambientais dos produtos desde a sua
extração, passando pela transformação, consumo e disposição. Porém, trata-
se de uma ferramenta recente e incipiente, ou seja, com poucos estudos
científicos acerca da metodologia necessária para sua implementação.
Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT) verificou que 90% das empresas que participaram da
pesquisa se mostraram preocupadas com os critérios ambientais. Porém,
apenas 13% dos entrevistados usam a ferramenta ACV como ferramenta
gerencial de apoio ambiental, e mais de 50% afirmaram não conhecer a
ferramenta ACV (IBICT, 2005).
Segundo dados de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estática
(IBGE), as empresas que utilizaram a madeira como matéria-prima para
fabricação de seus produtos representaram 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
No estado do Paraná este índice é de 20% (ABIMCI, 2003).
Considerando o PIB, as indústrias de processamento de madeira exercem
uma forte influência na economia brasileira, seja por meio da geração de renda,
impostos e divisas, como também na criação de empregos diretos e indiretos.
Dentre as indústrias de transformação poucas possuem um efeito tão
acentuado como a indústria madeireira processada mecanicamente. Para
indústrias a base de madeira têm um valor estimado de investimento até 2014
de 6 milhões de dólares, concentrados nos estado do Paraná, Santa Catarina e
Pará (ABIMCI, 2004).
O Brasil vem conquistando espaço no mercado internacional de produtos
de madeira processados mecanicamente, alcançou 4,1% do PIB brasileiro em
2004, participou com mais de 1/3 do PIB do setor florestal e 1,5% do PIB
Nacional (ABIMCI, 2004).
A indústria madeireira de pequeno e médio porte possui grande
representatividade na cidade de Ponta Grossa, com predominância para o
beneficiamento, exportação e reflorestamento. Considerando a atuação deste
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
12
setor no mercado externo, a busca por aumento de produção, assim como o
atendimento aos padrões de qualidade internacionais, faz parte das
necessidades destas empresas.
Desta forma, justifica-se a realização desta pesquisa devido ao fato da
indústria madeireira ter grande representatividade no Brasil e no Paraná. Além
disso, a ferramenta de gerenciamento ambiental tende a reduzir os impactos
oriundos da produção, o que auxiliará as organizações no atendimento do
mercado internacional.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar os requisitos
organizacionais para a aplicação da ferramenta de análise do ciclo de vida do
produto (ACV), com base na norma ISO 14040 e sua aplicabilidade nos
processos e produtos de uma indústria do setor madeireiro de médio porte da
cidade de Ponta Grossa/PR.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Analisar o sistema de produção da empresa pesquisada;
b) Analisar os processos produtivos da empresa para a construção dos fluxos;
c) Avaliar os dados e informações coletadas conforme a ISO 14040 e
d) Propor melhorias organizacionais para a aplicabilidade da ferramenta ACV,
segundo a norma ISO 14040.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sustentabilidade e a ACV
O crescimento econômico das empresas somente pode ser feito dentro
da visão de “desenvolvimento sustentável”, ou seja, de garantir a
disponibilidade de um recurso pelo maior tempo possível. Desta forma, a ACV
tem dentro dos seus objetivos analisar os impactos oriundos dos processos
produtivos, identificando as causas e conseqüências de seus impactos.
A sustentabilidade envolve a idéia da manutenção dos estoques da
natureza ou a garantia de sua reposição, seja por processos naturais ou
artificiais. É um conceito ligado, em primeiro lugar, ao uso racional dos recursos
evitando-se desperdícios e adotando processos de recuperação e reciclagem.
A busca pela sustentabilidade também pode se dar através do
desenvolvimento de novas tecnologias, desenvolvendo substitutos mais
eficientes para materiais esgotáveis (MOURA, 2000).
Porém, com a aplicação dessa ferramenta (ACV) e com um
gerenciamento em responsabilidade ambiental consegue-se reduzir os
impactos ambientais e econômicos durante o ciclo de vida do produto. As
atividades industriais geram resíduos e poluentes, bem como ocorre o uso
crescente de recursos naturais, porém isso deve vir acompanhado do
desenvolvimento de novas tecnologias, novos processos de produção, novos
materiais, procedimentos e práticas gerenciais que reduzam os efeitos
negativos do ciclo do produto (BARBOSA, 2001).
Para Barbosa (2001), o ciclo de vida está na avaliação de cada etapa do
produto em sua vida, examinando o impacto total do produto, desde a sua
concepção até sua destinação final, como, por exemplo, a forma de fabricação,
a venda, o uso em residências e seu descarte.
Neste mesmo foco, as atividades de reciclagem dos mais diversos tipos
de materiais (metais, vidros, papel, madeira, plástico e seus derivados) visam a
preservar matérias-primas, economizando energia no processo produtivo,
constituindo-se em um aspecto importante do desenvolvimento sustentável
(CARVALHO, 1997).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
14
A produção sustentável não se presta somente no atendimento da
legislação, mas também no compromisso com o meio ambiente como um todo.
Em algumas empresas, seus processos estão voltados inteiramente à busca da
alta produção e lucros, não mantendo uma atividade ou uma tendência para
uma gestão do meio ambiente e nem do desenvolvimento sustentável
(DONADON, 2004).
Donadon (2004) ressalta que as normas conferidas por órgãos
regulamentadores tornam uma prática obrigatória o desenvolvimento
sustentável, servindo também como marketing de seus produtos para os
clientes.
Neste desenvolvimento as empresas podem considerar as questões
ambientais associadas aos sistemas de produção, identificando melhoramentos
dos aspectos ambientais dos insumos, materiais-primas, manufaturas,
distribuição, uso, reutilização, reciclagem e disposição final (MORAES, 2005).
A sustentabilidade não está apenas em atender às normas e legislação e
atingir alguns objetivos. Ser sustentável está em usar os recursos renováveis
garantindo a renovação, ou seja, otimizar o uso dos recursos não renováveis
(compreendidos como água, ar e o solo). Com base nos conceitos de
sustentabilidade, na redução do consumo dos recursos naturais deve ser
avaliado o grau de exploração permitido para cada matéria-prima renovável de
forma a garantir a utilização das gerações futuras (MANZINI; VEZZOLI, 2002).
O modo de gerenciar o meio ambiente é que definirá a situação futura dos
recursos naturais, assim como a sustentabilidade nos processos de
transformação e geração de bens e serviços para a humanidade.
Para o desenvolvimento sustentável, a análise do ciclo de vida dos
produtos é parte importante deste processo. A implementação conforme a ISO
14040 pode se estender a qualquer empresa, conduzindo as questões
ambientais e sociais e no melhoramento dos processos produtivos.
2.2 Benefícios da Gestão Ambiental com ACV para as Empresas
A gestão de processos que estejam apoiadas nos pilares da gestão
ambiental e com a análise do ciclo do produto o qual determina o uso racional
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
15
dos recursos naturais que são limitados e, portanto o seu uso deve ser feito de
maneira sustentável, garantindo a extensão do uso dos produtos naturais.
Com o crescimento da importância da questão ambiental, muitas
empresas têm realizado melhorias neste sentido, estimuladas por órgãos de
controle ambiental e pela mídia, que por sua vez refletem o interesse e a
vontade do mercado global e as vantagens competitivas para elas (BEN, 2004;
SIMOES, 2006).
Tais melhoramentos são conseqüências das leis, dos regulamentos e da
fiscalização dos órgãos ambientais, bem como dos estímulos das empresas em
buscar uma melhor aceitação dos seus produtos pelos consumidores (MOURA,
2000).
Atualmente os consumidores, cada vez mais, valorizam empresas que
fabricam não apenas produtos com qualidade, mas também as que são éticas
no desempenho ambiental. Neste contexto, várias são as atividades gerenciais
que podem ser implementadas, como a ACV, que identificam as melhorias e
seus desempenhos ambientais, elas vão desde a extração da matéria-prima
até a seleção de sistemas e equipamentos, instalações, operações e
investimentos, requerendo uma análise econômica de viabilidade para a saúde
financeira e a competitividade da empresa (IBICT, 2005).
Desta forma, as questões econômicas são a ciência que trata os aspectos
relativos à produção, distribuição, acumulação e consumo dos bens e materiais
e ainda indica os controles para evitar desperdícios em qualquer serviço ou
atividade (MOURA, 2000).
Existem muitas dificuldades em estabelecer valores para os bens
ambientais segundo as definições econômicas. Os fatores que envolvem o
produto e seus custos vão desde a concepção do projeto, somatória de todos
os custos do ciclo, suportado pelo fabricante, consumidor até a sociedade
(FREIXO, 2004).
Segundo Freixo (2004), o projeto de produto tende a reduzir os custos de
fabricação o que implica o custo elevado em manutenção e do tempo de
fabricação, por outro lado a solução está não apenas em cada ciclo, mas na
cadeia do ciclo.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
16
Devendo estudar neste ciclo como a sociedade administra seus recursos
escassos, visando a atender às necessidades humanas, onde o produto
mostra-se importante em princípio determinando o menor custo de todo o seu
ciclo de vida, sem perda dos atributos como qualidade, logística e impactos ao
meio ambiente (FREIXO, 2004).
As organizações foram obrigadas a promover mudanças de condutas e
em seus produtos, no sentido de reduzir os efeitos ambientais adversos dados
por sua atividade. Essas ações têm como objetivo formar novos nichos de
mercado e garantir as posições conquistadas pelos investimentos (SEO;
KULAY, 2006).
A mudança ambiental em alguns países teve êxito com a introdução de
taxas e impostos sobre o preço dos produtos para reverter em benefícios
ambientais e econômicos, entre outras medidas para a valorização ambiental
(CARVALHO, 1997).
Para muitas empresas, um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) visa a
somente à obtenção da certificação ISO 14001, mas incluem disciplinas
ambientais como: Sistema de gestão ambiental, Auditoria ambiental, Avaliação
de desempenho ambiental, Rotulagem ambiental, Avaliação do ciclo de vida e
Aspectos ambientais e Normas para os produtos (HENKELS, 2002).
Há outras vantagens com a realização de um SGA, como as melhorias no
desempenho ambiental, que tornam a empresa mais competitiva, redução do
acúmulo de resíduos dentro da empresa, otimização do uso da matéria-prima
nos processos, aumento na eficiência gerencial nos vários escalões, redução
das emissões gasosas, pouca probabilidade de ser autuada por irregularidades
ambientais e ser divulgada como uma empresa certificada (MOURA, 2000).
Com a crescente conscientização sobre a importância da proteção
ambiental e dos possíveis impactos ambientais associados aos produtos e
serviços, tem aumentado o interesse no desenvolvimento de métodos e sua
aplicação para melhorar e reduzir os impactos ambientais (ISO 14040, 2001).
Os obstáculos que as empresas têm que vencer são os controles
ambientais rigorosos, mudanças de mercado e consumidores mais exigentes
em produtos ambientais. Encontrar soluções para se manterem competitivas a
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
17
frente questões não tem sido fácil, e para isto as empresas necessitam de
ferramentas que auxiliem nas tomadas de decisões. Para alguns casos isto
significa reduzir o consumo de matérias-primas e gerar menos resíduos, que
por sua vez, reduzem os custos associados ao ciclo do produto (GALDIANO,
2006).
2.3 Gestão dos Custos, Qualidade e ACV para o Meio Ambiente
A necessidade de reduzir os custos dos processos e dos impactos no
meio ambiente exige o uso de ferramentas gerenciais que identifiquem os
pontos de maior relevância para as alterações. A ACV permite criar e gerenciar
informações para análise e auxilia na tomada de decisão junto aos projetos e
fabricação (HINZ; VELENTINA; FRANCO, 2006).
A redução dos impactos ambientais para manter a qualidade ambiental
pode ser motivada por vários agentes regulamentadores, pelos consumidores e
empresas (MOURA, 2000).
Ainda segundo Moura (2000), os principais problemas ambientais no
Brasil são relacionados aos aspectos econômicos e de gestão de custos
acarretando problemas de qualidade ao meio ambiente, como:
Falta de água potável e esgoto nas casas e comunidades;
Poluição do ar nas grandes cidades causadas por veículos e indústrias;
Poluição de águas de superfície em regiões urbanas (rios, baias, praias)
devido à descarga de esgoto e efluentes industriais;
Falta de coleta de lixo e disposição imprópria de lixões;
Poluição industrial, agrícola, mineração e construção.
Por outro lado, as empresas procuram justificar os gastos utilizados em
programas de gestão ambiental. Os custos ambientais podem ser realizados
integrando três áreas da empresa como: Gestão ambiental com especialistas
do meio ambiente, na área financeira promovendo recursos e investimentos e
na área contábil na quais os custos gerados são informações para auxiliar nas
análises e nas decisões (MOURA, 2000):
Estes investimentos trazem resultados positivos como os outros
investimentos da empresa. Porém, a maioria das empresas desconhece seus
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
18
custos ambientais, já que estes muitas vezes encontram-se mascarados por
outros custos na gestão empresarial. A aplicação de uma ferramenta de gestão
ambiental como a ACV pode localizar estes custos inseridos no ciclo do
produto (BARBIERI, 2004).
Identificando os custos ambientais e mensurando-os de modo que a
empresa possa atuar com maior eficiência em seu controle de processos. A
qualidade ambiental, integrada aos sistemas globais da organização pode e
deve ser mensurada em termos de custos, permitindo realizar escolhas
corretas e visualizar de forma quantitativa grande parte dos benefícios e lucros
decorrentes para a empresa com a implantação dos programas de gestão
ambiental (CARVALHO, 1997).
Quando implantada, a estrutura de identificação de custos ambientais, as
gerências poderão utilizar as informações obtidas para avaliar, selecionar e
definir prioridades, e assim realizar os investimentos necessários. É possível
fixar os objetivos e metas previstas na implantação de melhorias ambientais e o
retorno dos investimentos (BARBIERI, 2004).
Porém, tais melhorias ambientais previstas devem vir acompanhadas de
atributos qualitativos (por exemplo, a satisfação dos clientes) com medidas de
desempenho quantificáveis para a correta seleção e tomada de decisão
(CARVALHO, 1997). Alguns indicadores segundo Carvalho (1997) podem ser:
Quantidade de emissão de gases;
Quantidade de resíduos sólidos estocados;
Quantidade de resíduos produzidos por quilo de produto acabado;
Percentual de resíduos recuperados ou reciclados;
Percentual de material reciclável usado nos produtos (embalagens);
Custos da energia elétrica;
Custos da água;
Custos de treinamentos;
Número de acidentes ambientais e
Valores de multas.
No entanto, os resultados de melhorias da qualidade ambiental demoram
a aparecer, podendo ocorrer desmotivação das equipes e falta de apoio da
administração. Os grandes investimentos em melhorias ambientais exigem
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
19
projetos longos que exigem aquisição de materiais, obras de engenharia e
montagem, fazendo com que os resultados deixem de ser um problema e
passem a ser parte das soluções (BEN, 2004).
Desta forma, as empresas descomprometidas com seus problemas
ambientais tendem a arcar com custos elevados das multas, sansões legais e
perda da competitividade dos produtos no mercado. Todas as atividades que
visam a melhorias dos processos e produtos relacionados ao meio ambiente
geram gastos financeiros (MOURA, 2000).
Estes custos operacionais são reduzidos pela eliminação de perdas e
desperdícios pela racionalização do uso dos recursos humanos, físicos e
financeiros e pela redução de acidentes e passivos ambientais. É preciso
compreender os custos ambientais da empresa e verificar o valor do SGA na
sua contribuição para o valor da empresa (CARVALHO, 1997).
Carvalho (1997) descreve algumas formas de reduzir os custos
relacionados com a gestão ambiental conforme os itens descritos:
Verificar o interesse ambiental;
Implementar tarefas de identificação dos custos durante o planejamento e
implantação de um SGA;
Analisar os custos identificados;
Examinar os custos intangíveis;
Aplicar técnicas de análise financeira para melhorias ambientais e
selecionar objetivos e metas e
Identificar indicadores de desempenho quantificáveis para os custos
ambientais.
Os custos para a implementação de um SGA satisfatório são altos. Em
alguns casos estes custos são menores, o que se espera que a empresa
otimize o uso dos recursos disponíveis e assim reduza os custos após a
certificação (CAJAZEIRA, 1998).
Para Cajazeiro (1998), a falta de qualidade ambiental aparece no uso
inadequado dos recursos, desperdício de materiais e de matéria-prima, perdas
de trabalho (retrabalho), tempo de uso de equipamentos, emissões de
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
20
poluentes à atmosfera, o uso inadequado da água e a contaminação do solo,
que podem resultar em multas e passivos ambientais.
A gestão e as questões ambientais devem ser vistas com
responsabilidade social como outra área de negócio da empresa. Onde as
previsões de custos ambientais e ações previstas possam redirecionar suas
estratégias de negócios como investimentos (MOURA, 2000).
Com as mudanças do mercado global, as empresas começam a
perceber os reais dos benefícios gerados pela preocupação com o meio
ambiente em suas atividades. Adequando seus processos através do uso de
equipamentos mais confiáveis, redução de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais (KOTLER, 2000).
A variável ambiental, segundo Kotler (2000), é um importante elemento na
decisão de compra para cliente e consumidores preocupados com o meio
ambiente, apesar dos custos elevados dos produtos. Estes custos podem ser
reduzidos através de melhorias dos processos, produtos e serviços até então
repassados aos consumidores.
As várias alternativas de avaliação do desempenho da empresa são
dadas através de informações contábeis que auxiliam na gestão dos custos
ambientais e na tomada de decisões, por outro lado são fatores que poderão
ser usados para uma análise do ciclo de vida do produto (MANZINI; VEZZOLI,
2002).
Para Manzini e Vezzoli (2002), a administração da qualidade ambiental
deve envolver todo o ciclo de vida do produto desde a matéria-prima, fases de
fabricação, uso e descarte final. Todos esses custos devem ser computados e
analisados pela empresa. Os custos devem ser levantados e associados aos
processos produtivos de origem, observando o ciclo de vida do produto.
De todo ciclo, é importante é saber quanto custa melhorar e conservar a
qualidade ambiental pretendida, prevista a partir da política ambiental e dos
objetivos e metas das empresas, que precisa estar baseada em um sistema de
custos de qualidade ambiental. Esses objetivos fornecem dados para identificar
ações ambientais necessárias a serem tomadas em áreas da empresa com o
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
21
foco nas melhorias dos custos referentes à qualidade ambiental (MOURA,
2000).
Porém, Moura (2002) descreve que os custos de previsão, avaliação,
falhas internas e externas e custos intangíveis se refletem nos problemas
ambientais ao logo do processo produtivo, na qualidade e no bom desempenho
ambiental e na minimização de falhas muitas vezes por falta de atendimento a
normas e padrões estabelecidos pelo mercado.
2.4 Padronização Internacional
A ISO “Internation Organization for Standartization” (Organização
Internacional de Normalização) órgão técnico da ONU, criado em 1946 em
Genebra (Suíça), é responsável pelas normas técnicas de todos os segmentos
industriais (CARVALHO, 1997).
Carvalho (1997) descreve a ISO pelos objetivos de preparar e emitir
normas técnicas através do TC – 176 (Comitê Técnico), o qual prepara e emite
normas referentes à qualidade, com a finalidade de facilitar as transações
técnicas-comerciais entre indústrias e clientes.
A Comissão da CE (Comunidade Européia) solicitou ao CEN (Comitê
Europeu de Normas) a adoção das normas internacionais ISO 9001. Isso
repercutiu em todo mundo, inclusive no Brasil, que também passou a adotá-la
em 1990 através da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
registrado inicialmente no INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial) sob o n° NBR ISO 9001 (CARVALHO,
1997).
Segundo Carvalho (1997), a certificação ISO 9001 (conformidade do
produto) pressupõe a conformidade as diretrizes (exigências legais) e as
normas dos produtos (exigências mínimas, pré-requisitos dos componentes)
também chamadas de normas internas, objetivas, intermediárias ou do produto.
A certificação NBR ISO 9001 pressupõe a inclusão da conformidade às
diretrizes nacionais, resultando em melhorias ambientais e econômicas
(HENKLES, 2002).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
22
Uma característica importante do “Sistema ISO 9001” é o controle de
perdas, a fim de reduzir o desperdício: diminuir o tempo de paralisação de
máquina e de pessoal (parada e espera do fluxo do processo produtivo),
atenuar as perdas com retrabalho, diminuir as perdas devido à mão de obra
ineficiente despreparada e improdutiva, enfim, reduzir todos os tipos de perda,
seja ela de ordem humana, econômica (tempo e dinheiro) ou coletiva. O
controle do processo visa ao aumento da qualidade e da produtividade,
aumentando a segurança para operadores, aumento de ganhos e redução do
prazo (CARVALHO, 1997).
2.4.1 A ISO 14001
Posteriormente em 1993, a ISO criou o comitê técnico TC - 207,
incumbido de elaborar a norma internacional ISO 14001 publicado em 1996 e
1998. A normalização ISO 14001 foi desenvolvida pela Comissão Técnica 207
da ISO (TC - 207) objetivando uma gestão ambiental mais confiável, sendo
considerada uma estratégia de negócios. Tal série está estruturada em dois
focos (CARVALHO, 1997):
- O primeiro foco está nas organizações empresariais tendo como
objetivo implementar uma gestão ambiental verificável, com qualidade e
consistência, para reduzir riscos nas atividades e facilitar o comércio
internacional. Encontra-se subdividida em três subcomitês, o SC1 de Sistema
de Gerenciamento Ambiental responsável pela ISO 14001, a única certificável,
o SC2 que rege as Auditorias Ambientais e SC3 para Avaliação Performance
Ambiental.
- O segundo foco está nos produtos e serviços, com o objetivo de
construir uma base comum e racional aos sistemas privados, nacionais e
regionais, de avaliação de produtos. Subdividido em dois subcomitês, o SC1 de
Rotulagem Ambiental e Selo Verde e o SC2 para Análise e ciclo de vida do
produto.
A Organização Internacional de Normalização (ISO) estabeleceu uma
classificação de rotulagem para os produtos que obedecerem as
especificações ISO 14001 (CARVALHO, 1997):
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
23
Tipo 1 – “SELOS VERDES” que mostram que o produto certificado segue
critérios conhecidos do público;
Tipo 2 – “AUTO-DECLARAÇÕES” feitas pelos fabricantes. Já embutem a
idéia do ciclo de vida do produto, mas não exigem uma ACV completa;
Tipo 3 – “DADOS AMBIENTAIS QUALIFICADOS” referentes aos
parâmetros preestabelecidos, baseados em uma ACV e
Tipo 4 – “ASPECTO AMBIENTAL” são dados não baseados em
considerações do ACV – Ciclo de vida do produto.
O Sistema de Gestão Ambiental tem como visão e objetivo as normas
que fornecem diretrizes às empresas com relação ao desenvolvimento
sustentável de seus produtos e serviços (TINOCO; KRAEMER, 2004).
A ISO (Internacional Organization for Standardization) 14001 tornou-se
mais relevante para a produção e na forma do desenvolvimento dos processos
dentro das empresas através do conhecimento e aplicação de normas técnicas.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) juntamente com o
Ministério de Ciência e Tecnologia, empresas privadas e universidades,
criaram a ABCV (Associação Brasileira de Ciclo de Vida), sociedade sem fins
lucrativos, que visa a formar pessoas qualificadas, realizar intercâmbios de
informações e apoiar pesquisas sobre ACV (ANDRADE, 2006).
Em um sistema de gestão ambiental as principais normas para a
aplicação de um sistema de gerenciamento ambiental são (CARVALHO, 1997);
(ROSSATO, 2002):
NBR ISO 14001: A única norma certificável do Sistema de Gestão
Ambiental;
ISO 14021: Rotulagem Ambiental Tipo II, trata das autodeclarações das
empresas, descrevem apenas aspectos ambientais do produto;
ISO 14024: Rotulagem Ambiental Tipo I, refere-se a princípios e
procedimentos, para definição dos critérios de avaliação do produto e seus
valores limites;
TR/ISO 14025: Rotulagem Ambiental Tipo III, são princípios e
procedimentos que orientam os programas de rotulagem para padronizar o
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
24
ciclo de vida e certificar o padrão do ciclo de vida, garantindo que os valores
impostos estão corretos.
Umas das normas complementares da ISO 14001 é a série 14040 da
ACV que permite às organizações identificarem os aspectos ambientais em
todos os elos da cadeia produtiva e consumo, sendo que este tema será
detalhado posteriormente (LEMOS, 2005).
A ACV e suas normas da série ISO 14040 fornecem as diretrizes gerais
e as estruturas para conduzir e relatar estudos. Para a utilização desta norma
faz-se necessário conhecer as complementares da mesma (ROSSATO, 2002):
ISO 14041: Orienta a análise de inventário, que envolve a coleta de dados
e procedimentos de cálculos para quantificar entradas e saídas de um sistema
de produto;
ISO 14042: Refere-se à avaliação do impacto do ciclo de vida. Especifica
os elementos essenciais para a estruturação dos dados, sua caracterização,
avaliação, quantitativa e qualitativa dos impactos potenciais identificados no
inventário;
ISO 14043: Refere-se à interpretação do ciclo de vida;
ISO TR 14047: Fornece exemplos para aplicação da norma ISO 14042;
ISO TS 14048: Fornece padrões e exigências para apresentação dos
dados que serão usados no inventário e
ISO 14049: Fornece exemplos para aplicação da norma ISO 14041.
A estrutura do “Sistema ISO 14001” está dividida em sistema de gestão,
auditoria ambiental, análise do ciclo de vida, termos e definições, aspectos
ambientais de normas para produtos, rotulagem ambiental, avaliação de
desempenho ambiental e também em função de seus subcomitês, conforme
apresentado no ANEXO - B.
A norma que também se relaciona com o ciclo de vida do produto é
Ecodesign, criando junto com a ISO TR 14062 uma integração de aspectos
ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos. Produtos e serviços
provocam impactos sobre o meio ambiente, que podem geralmente acontecer
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
25
em todos os estágios do ciclo de vida. Alguns dos benefícios do Ecodesign
relacionam-se com a redução de custos, melhor desempenho ambiental,
estímulo à inovação, novas oportunidades empresariais e melhor qualidade do
produto (LEMOS, 2005).
Para Lemos (2005), o processo de integração do produto com o meio
ambiente deve ser contínuo e flexível, e levando em consideração a função do
produto, sua performance, segurança, riscos à saúde, custo, aceitação pelo
mercado, qualidade e a legislação e regulamentos em vigor.
A integração dos aspectos ambientais pode ser feita de forma
quantitativa ou análise do ciclo de vida para um foco mais detalhado (LEMOS,
2005).
Segundo Lemos (2005), podem ser utilizadas diretrizes qualitativas,
tendo como base alguns conceitos como:
Usar o mínimo de material;
Facilitar a reciclagem do produto;
Utilizar materiais reciclados (particularmente não renováveis);
Não subestimar a energia consumida durante a vida útil do produto;
Aumentar a vida útil do produto;
Fornecer serviços e ou produtos;
Perguntar por que e não aceite “sempre fizemos assim e deu certo”.
Apesar de ser uma ferramenta que mostra grandes benefícios para as
empresa, são poucas as que se preocupam com atividades de sustentabilidade
dos seus negócios, aliando com suas estratégias empresariais preocupações
referentes ao meio ambiente (SILVA, 2005).
2.4.1.1 A ISO 14001 e as etapas
O sistema de gestão ambiental está relacionado com as necessidades
das empresas que buscam a certificação ambiental. Que procuram uma
eficiência econômica em relação ao meio ambiente como: responsabilidade
ambiental, desenvolvimento sustentável, gestão ambiental, impacto ambiental,
sistema de gestão ambiental e acompanham os padrões internacionais da
gestão ambiental (KRAEMER, 2008).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
26
Para a certificação ISO 14001, seguem normalmente três estágios para
sua implantação (CARVALHO, 2000):
- O primeiro estágio é o de preparação, em que são estabelecidos
princípios e compromissos gerais do SGQ e os objetivos da empresa, ou seja,
as metas e métodos. Faz-se o treinamento dos membros da organização em
todos os níveis hierárquicos;
- No segundo estágio é feito diagnóstico ou pré-auditoria ambiental,
quando é analisada a situação presente da organização identificando causas
básicas e imediatas dos problemas;
O ultimo estágio é feito a Auditoria ambiental, onde após a comprovação
dos cumprimentos dos requisitos obtém-se a certificação ISO 14001.
Segundo Carvalho (2000), nesta terceira fase é importante analisar o
Ciclo de Vida do Produto (ACV) e a Rotulagem Ambiental Ecológica (RAE) do
produto, esta análise deve considerar:
O consumo de matérias-primas e seus processos de extração e
produção;
Os processos de produção dos materiais intermediários utilizados na
fabricação do produto;
Processamento de todos os materiais até se chegar ao produto final;
Utilização do produto durante toda sua vida útil;
A reciclagem, tratamento e disposição dos materiais resultantes do
produto descartado, ao final de sua vida útil.
Carvalho (2000) enfatiza ainda que as atividades principais que têm
impacto sobre a qualidade do produto estão relacionadas desde a pesquisa de
mercado até as embalagens e seu armazenamento como demonstrado na
Figura 1.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
27
Figura 1 - Fases típicas do ciclo de vida do produto
Fonte: Carvalho, T. Análise Geral do SGA. Belo Horizonte: Editora Juarez de Oliveira, 2000,
p.199.
As fases típicas do ciclo de vida de um produto e avaliação do impacto da
qualidade devem contemplar todas as fases do ciclo de vida do produto, onde
cada etapa tem sua contribuição na redução de impactos ambientais, custos
operacionais, custos de fabricação e redução de extração de matéria-prima
(BASTOS; VALLE, 2007).
Para Bastos e Valle (2007), as empresas interessadas em participar da
crescente corrida pela certificação e pela rotulagem ambiental devem avaliar os
interesses do mercado global e dos consumidores, que cada vez mais exigem
a qualidade e a preocupação com o meio ambiente como um diferencial para o
produto.
Para Carreiras et al., (2008), a aplicação da ACV corrobora para a
implementação de um SGA auxiliando como uma ferramenta de apoio à
decisão em processos, melhores técnicas e recursos em aprimoramento. Por
outro lado, as fases de implementação da ferramenta de análise de ciclo de
vida exigem um conjunto de critérios que respondem simultaneamente à
execução de cada parte, como mostra a
Figura 2, a fase de planejamento do SGA com as fases da ACV.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
28
Sistema de Gestão Ambiental
Política Ambiental
Planejamento
Implementação
Verificação
Levantamento dos aspectos ambientais Identificação da legislação Programa de Gestão Ambiental
Identificação
das atividades
Identificação dos
impactos ambientais
Definição de
indicadores ambientais
Recolha e processamento
de dados
Definição de categorias
de impacto ambiental
Definição de
estratégias e ações
Definição do objetivo e âmbito
Análise de Inventário
Avaliação de impactos Interpretação
Avaliação do Ciclo de Vida
Figura 2 – Fase do planejamento do SGA e a estrutura do ACV
Fonte: CARREIRAS, 2008.
A análise do ciclo de vida é de grande auxílio na implementação de um
SGA contribuindo com a definição de quais ações/técnicas ambientais deve-se
colocar de acordo com a realidade local, auxiliando também na definição das
ações a serem tomadas para definir as ações técnicas dentro da empresa
(CARREIRAS et al,. 2008).
Para Carreiras (et al., 2008), as empresas que utilizam ferramentas de
gestão ambiental de uma forma integrada que otimizam os sistemas e as
atividades, por exemplos SGA e ACV.
Figura 2 mostra o sistema de gestão ambiental e suas divisões e seus
planejamentos ambientais de modo a cumprir uma análise completa para a
redução dos impactos ambientais relacionados à avaliação do ciclo de vida do
produto.
2.5 ACV: Históricos e Conceitos
Uma das primeiras análises preocupadas com as questões ambientais
data de meados da década de 60 do século passado, quando as grandes
organizações da época, preocupadas em reduzir seus custos operacionais,
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
29
decidiram inventariar os consumos energéticos envolvidos na fabricação de
seus produtos (SEO; KULAY, 2006).
Segundo Seo e Kulay (2006), um exemplo importante e um marco dentro
desta análise foi o estudo ambiental conduzido por Franklin & Associates em
1969, a pedido da Coca-Cola Co., onde foram levantados os consumos de
matérias-primas e de energia dos processo de fabricação das embalagens que
acondicionavam os produtos da empresa.
No Brasil, historicamente, o ACV teve início formalmente em 1993, com a
criação do Grupo de Apoio à Normalização (GANA), um subcomitê
especificamente voltado ao tema, dentro da administração de Hubmaier
Andrade, Cícero Dias e José Ribamar Chehebe, dando origem a primeira obra
publicada e especializada no tema intitulada Análise de Ciclo de Vida de
Produtos; Ferramenta Gerencial da ISO 14000, de autoria de José Ribamar
Chehebe em 1997, (SEO; KULAY, 2006).
Segundo Seo e Kulay (2006), em 1998 registra-se um marco da trajetória
da ACV no Brasil, com a criação do Grupo de Prevenção da Poluição (GP2), da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, instituído com o objetivo de
gerar conhecimentos e desenvolver competência nas áreas de prevenção à
poluição e de gestão ambiental, escolhendo o estudo ACV como sua principal
linha de pesquisa.
A criação da Associação Brasileira de Ciclo de Vida (ABCV) em 2002,
entidade sem fins lucrativos com o objetivo de formar grupos qualificados,
proporcionando a troca de informações e o apoio necessário para o
desenvolvimento de pesquisas, bancos de dados e normas técnicas, o que
consistiu na base tecnológica para a implantação da Avaliação do Ciclo de Vida
em cadeias produtivas nacionais (GALDIANDO, 2006).
Internacionalmente foi criada a Society for Environmental Toxicology and
Chemistry (SETAC), o primeiro organismo que se preocupou em recolher as
diversas experiências que estavam em andamento para definir objetivos e
termos comuns para o desenvolvimento da Life Cycle Assessment (LCA)
(MANZINI; VEZZOLI, 2002).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
30
Deste então, começaram a surgir os conceitos e definições para ACV
conforme se estendiam as pesquisas na rede mundial entre estudiosos e
pesquisadores.
A análise do ciclo de vida (ACV) é uma ferramenta para avaliação dos
aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados aos produtos, que
são desde a retirada da natureza das matérias-primas que entram no processo
produtivo (berço) até o produto final (túmulo) (CHEHEBE, 1997).
A aplicação desta ferramenta está subdivida em duas fases, de
identificação das interações do ciclo de vida do produto com o meio ambiente
(Inventário do ciclo de vida) e da avaliação dos impactos ambientais
associados a essas interações (Avaliação de impactos) (SILVA, 2005).
Segunda a definição ISO 14040, a LCA é uma técnica para avaliar os
aspectos ambientais e os potenciais impactos existentes durante todo o ciclo
de vida de um produto ou de um serviço, através do levantamento e
compilação de inputs e outputs significativos de um sistema, avaliação dos
impactos potenciais associados a esses inputs e outputs e de interpretação dos
resultados das fases de levantamento e avaliação, em relação aos objetivos do
estudo (MANZINI; VEZZOLI, 2002).
A NBR ISO 14040 (2001) define a Análise do Ciclo de Vida (ACV) de um
produto como a ferramenta de gerenciamento ambiental para avaliar aspectos
ambientais e impactos potenciais associados ao ciclo de vida de um produto.
De acordo com CURAN (1996 apud GALDIANO, 2006, p.6), a ACV avalia
os efeitos ambientais de qualquer atividade desde a extração dos recursos
naturais da terra (petróleo, minérios, recursos hídricos e recursos naturais) até
o momento em que todos estes retornam à terra.
Para Lemos (2005) e SETAC (1990), o conceito de ACV tem como
objetivo avaliar os impactos ao meio ambiente e à saúde, associado a um
produto, processo, serviço ou outra atividade econômica, em todo o seu ciclo
de vida.
Segundo Ribeiro et al (2006): “A avaliação inclui o ciclo de vida completo
do produto, processo ou atividade, ou seja, a extração e o processamento de
matérias-primas, a fabricação, o transporte e a distribuição, o uso, o
reemprego, a manutenção; a reciclagem, a reutilização e a disposição”.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
31
2.5.1 Aplicações do ACV
A aplicação da análise do ciclo de vida auxilia em processos de tomada
de decisões, fornecendo indicadores ambientais para avaliação de projetos de
produtos ou processos e ainda no planejamento estratégico. Pode ser utilizado
para obter um melhor entendimento de todo o sistema utilizado para produzir
um produto, até mesmo em seu aprimoramento (SEO; KULAY, 2006).
Esta análise inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou atividade,
abrangendo a extração, processamento de matérias primas, produção,
distribuição, uso, reuso, manutenção, reciclagem e disposição final. A longo
prazo, a ACV pode promover mudanças tecnológicas fundamentais na
produção e nos produtos, em parte devido ao efeito multiplicador ao longo da
cadeia de produção (LEMOS, 2005).
A ação voluntária das empresas em assumir responsabilidades sobre o
impacto ambiental através de uma análise sistemática dos impactos ambientais
dos produtos, em seu ciclo de vida (extração dos recursos naturais, produção,
transporte, utilização e destino final dos produtos). Esta ação de
responsabilidade permite cada vez mais, que as empresas compreendam as
incidências ambientais dos seus processos produtivos e como melhorarem tal
processo, desenvolvendo estratégias específicas (D’AZEVEDO, 2006).
O primeiro passo para implementar a ACV (RIBEIRO et al, 2006) diz
respeito à aquisição de matéria-prima (extração de recursos naturais), o que
pode incluir, por exemplo, plantio das árvores ou extração do petróleo,
dependendo do produto estudado. No segundo passo, a matéria-prima é
processada para obtenção dos materiais ou peças. Depois destas etapas,
ocorre a embalagem e o transporte (que pode ou não ser de responsabilidade
do fabricante), o uso e o descarte ou reciclagem. No segundo e terceiro passos
pode-se identificar com maior facilidade a responsabilidade ambiental da
indústria.
Na aplicação da ferramenta ACV existe uma estrutura a ser seguida para
que este processo seja formado. O primeiro passo é a definição dos objetivos,
limites do estudo e escolha da unidade funcional, o segundo é a realização do
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
32
inventário de entrada e saída de energia e materiais e o terceiro a avaliação do
impacto ambiental das entradas e saídas, referente à energia e materiais.
Com a aplicação da ACV, as empresas podem se beneficiar em vários
aspectos como na identificação das oportunidades de melhorias ambientais
dos produtos durante seu ciclo de vida, auxiliando a tomada de decisão na
indústria, organizações governamentais ou não-governamentais, na seleção de
indicadores de desempenho ambiental e no marketing (rotulagem ecológica)
(RIBEIRO, et al, 2007).
No desenvolvimento de produtos (desing) são definidos suas
características e seu desempenho ambiental, propiciado pela ACV. É
necessário estudar os processos produtivos, melhorando os inputs e outputs.
As empresas são beneficiadas neste sentido, pois passam a conhecer melhor
suas necessidades, gerando racionalização de consumos, minimizando
resíduos e emissões de poluentes ao meio ambiente.
Os resultados da ACV podem originar Rótulos Ecológicos nos produtos
informando ao consumidor as características dos produtos que estes estão
adquirindo e seus impactos ambientais, refletindo positivamente para a imagem
da empresa no mercado. Com o tempo, esta estratégia empresarial deve
passar a ter uma aceitação voluntária por parte das indústrias, fabricantes e
fornecedores, visando melhorar suas relações comerciais nacionais e
internacionais (D’AZEVEDO, 2006).
Uma das estratégias das empresas é conquistar a certificação de
rotulagem ambiental em seus produtos, podendo apresentar o menor impacto
ao meio ambiente em relação aos outros produtos disponíveis no mercado, e
assim ser comparado em vantagens com os concorrentes. O Selo Verde é uma
certificação que vários países, como Alemanha, Suécia, Japão, Canadá e
Holanda, classificando as empresas que têm seus produtos amigáveis ao meio
ambiente, mas com formas de abordagem e objetivos diferentes para cada país
(LEMOS, 2005).
Os benefícios das avaliações dos impactos ambientais causados pela
produção industrial não devem ser observados por parte e sim no conjunto.
Tais problemas da indústria podem ser melhorados com a redução de resíduos
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
33
aliado ao melhor aproveitamento da matéria-prima e da energia. As empresas
devem ser avaliadas de forma sistêmica visando a interligar o destino da
matéria-prima e do produto final por meio de processos aprimorados (RIBEIRO,
et al 2007).
Para avaliar o impacto ambiental do ciclo de vida dos produtos, é
necessário compreender a importância dos impactos ambientais causados pela
sua industrialização, que são possíveis de serem identificados nos inventários.
Muitos estudos sobre ACV limitam-se ainda nas avaliações quantitativas que
estabelecem escalas de danos para as substâncias geradas nos processos
produtivos (SIMÕES, 2006).
Para Simões (2006), os danos ambientais devem ser medidos e
apresentados em escala de mérito para representar o resultado estimado da
análise de inventário e as análises de impacto. Podem ser desenvolvidos
cheklists dos possíveis itens que devem ser avaliados.
Simões (2006) cita que para se avaliar um processo substituem-se os
estágios do ciclo de vida dos produtos, pelos ciclos de vida dos processos,
extração (usando materiais reciclados ao invés dos virgens), implementação
(instalações de equipamentos e da manufatura), operação, remanufaturas,
reciclagem e descarte.
As avaliações de processo podem ser utilizadas para avaliar as
instalações de empresas ambientalmente responsáveis, considerando a
seleção do local, seu desenvolvimento e infra-estrutura, produtos e processos
da atividade principal dos negócios e interações ambientais relacionadas às
operações da empresa (RIBEIRO et al, 2006).
Para obter maior eficiência com a ferramenta do ACV, na elaboração do
cheklist devem-se considerar algumas características facilitadoras como:
Fazer comparações diretas entre produtos;
Ser aplicável e consistente para diferentes equipes de avaliação;
Abranger estágios de ciclo de vida de produtos ou processos e seus
aspectos ambientais e
Ser simples para permitir avaliações rápidas e de baixo custo.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
34
Com os avanços tecnológicos, a Ecologia Industrial se torna cada vez
significativa para a sustentabilidade do planeta. A ACV se apresenta como uma
alternativa abrangente e eficaz para respaldar as decisões no ambiente
industrial contemporâneo, promovendo ações necessárias para a melhoria da
relação indústria-ambiente (SILVA, 2005).
Silva (2005) descreve a ferramenta de ACV com algumas das suas
generalidades a gerar informações, avaliação de impactos associados à função
do produto e metodologia que compara desempenho ambiental de produtos.
Ainda segundo Silva (2005), para a realização do inventário de ciclo de
vida faz-se necessário:
Definir o sistema representativo do ciclo de vida do produto (seqüência de
operações do processo ou atividades, necessárias para que o produto cumpra
sua função);
Identificar e quantificar as interações destas operações com o meio
ambiente (trocas – entradas e saídas – de matéria e energia entre o meio
ambiente e o sistema) e
Analisar os dados coletados (inventário do ciclo de vida).
Para Silva (2005), o estudo de ACV tem algumas limitações como
relatórios de baixa transparência, a metodologia não está aprimorada para
cada processo, necessitando de pesquisas e desenvolvimento e a grande
quantidade de dados necessários para o estudo dificultam a precisão dos
relatórios, muitas vezes inviabilizando a execução.
Estudos apontam que, desde 2006, produtos que apresentarem uma ACV
poderão ser certificados com o selo ISO 14025, ganhando com isso maior
competitividade frente à concorrência. Além do novo selo, outras normas
internacionais incentivam a incorporação desta prática no dia-a-dia das
empresas. Por exemplo, a Comunidade Européia destaca em uma diretiva de
Resíduos de Equipamentos Eletro-Eletrônicos (WEEE), onde são determinadas
cotas de reciclagem para a produção do setor, responsabilizando as empresas
pela fase de pós-uso dos equipamentos. A normalização ISO 14025 pode
funcionar como uma barreira às exportações, para as empresas que não se
adequarem às novas exigências internacionais (SIMÕES, 2006).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
35
As empresas precisam empreender esforços em pesquisas tecnológicas
para fazer a ACV, levando em conta que tal análise pode afetar sua
competitividade no mercado e que os custos econômicos podem ser reduzidos,
pois conhecendo detalhadamente seus processos de produção podem ser
desenvolvidos novos processos ou produtos utilizando menos recursos ou
causando menos emissões de poluentes, afirma Simões (2006).
As pesquisas geram a inovação que faz com que as empresas aprimorem
seus processos internos e com custos menores, desenvolvendo sistemas de
gestão compatíveis com as estratégias da empresa. Para a redução destes
custos, existe a necessidade de estabelecer controles no projeto e no
desenvolvimento do produto, reduzindo os custos com a inovação (DIEHL;
QUEIROZ, 2006).
Segundo Diehl; Queiroz (2006), os ciclos de inovação dos produtos são
cada vez menores, resultando em menos tempo para se trabalhar na redução
dos custos dos produtos. As informações e a tecnologia também devem surgir
em pequenos espaços de tempo, privilegiando-se pela rapidez e foco nas reais
necessidades da empresa.
A ACV constitui um importante instrumento para administração dos
aspectos ambientais de um sistema de produto, considerando a perspectiva do
ciclo do produto em níveis tecnológicos da produção (GALDIANO, 2006).
2.5.2 Ferramentas computacionais para o ACV
Uma dificuldade nos estudos de ACV é a grande quantidade de dados
necessários para o processamento da análise, pois um inventário de ciclo de
vida compreende um complexo conjunto de inventários dos ciclos de vida dos
diversos sistemas e subsistemas técnicos. Segundo Haes e Rooijen (2005),
isso ocorre por se tratar de uma técnica recente que demonstra ainda certas
limitações de ordem operacional, dentre as quais, a elevada quantidade de
dados necessários à sua execução.
Ao mesmo tempo, o interessado na realização de uma ACV precisa ter
acesso a informações sobre impactos ambientais em etapas do ciclo de vida
que não estão sobre o seu controle.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
36
O fabricante que deseja avaliar o ciclo de vida de um determinado produto
precisa, por exemplo, obter dados e informações sobre os impactos ambientais
da produção das matérias-primas ou energias utilizadas, processos
normalmente conduzidos por fornecedores externos.
Além disso, para que a ACV possa ser utilizada de modo amplo e
confiável, faz-se necessário que se desenvolvam bases de dados
regionalizados, contendo o inventário de ciclo de vida dos principais insumos
usados (RIBEIRO, 2003).
Segundo Caldeira-Pires (2004), os dados devem ser coletados e
validados para cada contexto geopolítico, tecnológico e social onde serão
utilizados. Não sendo útil usar um software específico com dados europeus
para a avaliação de impacto ambiental no Brasil. Portanto, há a necessidade
desenvolver um grande banco de dados brasileiro.
Isso gera a dificuldade na coleta e no fornecimento de informações
técnicas gerais, o que exige maior quantidade de pesquisas para aprofundar o
conhecimento sobre o tratamento dos processos de manufatura na ACV
(IBICT, 2005).
Para apoiar a condução de estudos ambientais de Análise de Ciclo de
Vida, programas computacionais e bases de dados têm sido desenvolvidos,
sendo os mais conhecidos descritos na Tabela 1.
Softwares Produtores
Licença
Base de dados
modulares
GaBi IKP PE 220 2500
Team Ecobilan 90 7000
Umberto 120 200
Sigma Pro Pré consultant
300
300
LCA it Ekologiks
100
106
Gemis
*
*
Tabela 1 – Comparação de diferentes Softwares para ACV, licenças vendidas (estimadas)
e módulos.
Fonte: Adaptado de ANDRADE (2003).
Antes de escolher um software para auxiliar na ACV, devem-se
considerar os seguintes aspectos:
a) Importância dos pressupostos assumidos implícita ou explicitamente na
abordagem;
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
37
b) Bases de dados dos componentes e adaptabilidade da situação em causa;
c) Facilidade e confiabilidade na obtenção de resultados e operacionalidade e
d) Custos.
A seguir serão descritas as principais características de alguns softwares
utilizados comercialmente para ACV.
GaBi 4.2 - O sistema de software GaBi4 é uma ferramenta para construir
balanços de ciclo de vida. Segundo Ferreira (2004), esse sistema suporta a
manipulação com grande quantidade de dados e com modelação do ciclo de
vida do produto. Calculando balanços de diferentes tipos, ajudando a agregar
os resultados (http://www.gabi-software.com/software.html).
As suas principais características são:
a) É baseado num conceito modular. Isto significa que planos, processos,
fluxos e suas funcionalidades estabelecem unidades modulares;
b) Dados de análise de impacto, inventário e modelos de ponderação estão
separados para que os módulos sejam facilmente manuseados e
posteriormente sejam interligados para o cálculo ACV;
c) Várias fases do ciclo de vida (produção, utilização e deposição) podem ser
capturados em módulos e depois modificados separadamente;
d) Outra característica da estrutura modular é que o software e a base de
dados são unidades independentes. Dentro da base de dados toda a
informação é guardada, por exemplo, modelos de produto e perfis ecológicos.
Quanto à segurança, proteção ao controle de acesso e alterações o
software cria um login e senha para garantir os dados.
Desde que foi introduzido em 1990, este software tem sido um dos mais
utilizado para a análise ambiental dos produtos com o intuito de auxiliar no
desenvolvimento de produtos e na política de produto (FERREIRA, 2004).
O software GaBi4 é uma ferramenta para ACV de produtos que possibilita
uma análise bem estruturada e complexa. No entanto, aparecem problemas de
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
38
ordem técnica como a falta de praticidade na operacionalização, necessitando
de um especialista para realizar um estudo completo e atender a todos os
pontos exigidos pela ferramenta (Moraes, 2005).
Sima Pró 7.1 - SimaPro é uma ferramenta comercial de ACV que permite
recolher dados, analisar e monitorar o desempenho ambiental de produtos e
serviços. O utilizador pode modelar e analisar ciclos de vida complexos de
produtos e serviços, de forma sistemática e transparente, de acordo com os
princípios da norma ISO 14040. Para iniciar o seu ACV, o SimaPro vem com
um inventário completo na forma de bases de dados de materiais e processos,
acoplados com ferramentas de cálculo de impactes (http://www.pre.nl).
LCA it - Esta ferramenta possui uma interface agradável ao utilizador. Os
dados ACV são documentados de acordo com o formato SPINE, permitindo
comunicar a informação a outras partes eletronicamente, de forma transparente
e rápida.
Os dados, incluindo a documentação, podem ser exportados ou
importados de outros softwares. Os fluxos do processo e fatores de análise de
impacto podem ser importados de qualquer planilha de cálculo ou programa de
processamento de texto. CIT Ekologiks oferece uma base de dados de análise
de impacto para a utilização na LCA, incluindo fatores de caracterização e de
ponderação (FERREIRA, 2004); (http://www.lcait.com).
eVerdEE - A eVerdEE é uma ferramenta online de avaliação de ciclo de
vida para pequenas e médias empresas européias. A sua principal
característica reside na adaptação dos requisitos da norma ISO14040,
oferecendo funções de fácil utilização, com bases científicas sólidas. Um curso
introdutório acessível na página dá uma descrição da ferramenta e uma
aprendizagem passo a passo para os utilizadores.
Este projeto também disponibiliza treino em ACV para as pequenas e
médias empresas. É recomendado para os designers de produto e para os
estudos de estratégias ambientais, foi derivado do projeto Europeu CASCADE.
O documento "LCA course for users of LCA data and results" e desenvolvido
pela Industrial Environmental Informatics, Chalmers University of Tecnology, foi
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
39
utilizado como base para o curso online, com algumas simplificações efetuadas
pela FEBE EcoLogic de modo a tornar a linguagem e o conteúdo mais
adequados para principiantes (http://www.ecosmes.net).
Umberto - Umberto é uma ferramenta de software comercializada para
modelar, calcular e visualizar materiais e sistemas de fluxo de energia.
É utilizado para analisar o processamento de sistemas, seja em planta,
seja em companhias, ou, ao longo do ciclo de vida dos produtos. Os resultados
podem ser alcançados aprofundando aos indicadores econômicos e
ambientais. Informações de custeio de materiais e processos podem ser
integradas para apoio das decisões de gestão.
Proporciona facilidade no manuseio e qualidade nas ferramentas de
apresentação dos resultados, na forma de relatórios, gráficos, diagramas ou
tabelas. Possibilitando uma elaboração gráfica flexível e de qualidade, com
facilidade na utilização (http://www.umberto.de/en/).
Idemat 2005 - Esta é uma base de dados para uso de designers,
desenvolvida pela seção de Desenvolvimento Ambiental de Produtos da
Faculdade de Engenharia e Design Industrial, da Delft University of Technology
(http://www2.io.tudelft.nl/research/dfs/idemat/index.htm).
Disponibiliza informação técnica sobre materiais e processos em palavras,
números e gráficos, destacando a informação relevante para o ambiente. O
programa foi desenvolvido para ser utilizado por estudantes de áreas
tecnológicas em disciplinas de Engenharia e Design Industrial, Engenharia
Civil, Engenharia de Materiais e Aeronáutica.
Eco-Indicator 99 - O Eco-indicator 99 é uma ferramenta avançada de
avaliação dos impactos ambientais do ciclo de vida. O método é a base do
cálculo dos valores de impactos de materiais e processos. Estes resultados
podem ser usados como ferramenta de apoio ao trabalho de designers e
gestores de produto. A metodologia de avaliação de impactos ambientais é
largamente usada por especialistas na área de designer (http://www.pre.nl/eco-
indicator99/default.htm).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
40
2.6 Requisitos necessários para Análise do Ciclo de Vida
A NBR ISO 14040 (2001) estabelece que a ACV deve incluir as fases de
definição do objetivo e do escopo do trabalho, a análise do inventário, a
avaliação de impactos e a interpretação dos resultados, conforme ilustra a
Figura 3 (CHEHEBE, 1997).
FASES DA ACV
Objetivo
e Escopo
Análise do
Inventário
Interpretação
Avaliação de
Impacto
Propósito
Escopo (limites)
Unidade funcional
Definição ods
requisitos de
qualidade
Entrada + Saída
Coleta de dados
•• aquisição de
matérias-primas
e energia
•• manufatura
•• transportes
Classificação
•• saúde ambiental
•• saúde humana
•• exaustão dos
recursos naturais
Caracterização
Valoração
Identificação dos
principais
problemas
Avaliação
Análise de
sensibilidade
Conclusões
Figura 3 – Fases da ACV
Fonte: CHEHEBE, José. R. B. Análise de ciclo de vida de produto: ferramenta gerencial da ISO
14000. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark. 1997. P.21
As indicações das setas ilustram a interrelações entre as fases mostrando
que durante o estudo poderão ser redefinidos os critérios.
2.6.1 Definição dos objetivos e escopo
Consta na norma NBR ISO 14040 (2001) a necessidade das empresas
em definir seus objetivos, de forma clara e inequívoca, quanto à utilização que
se pretende dar aos estudos do ACV, bem como seus resultados. Tais atitudes
irão auxiliar a empresa quanto ao uso de tal ferramenta independente dos
produtos ou serviços que ela possua.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
41
A ACV é uma ferramenta interativa que deve fazer parte do planejamento
da empresa, sendo revisada conforme necessidade. A norma ISO 14040
estabelece em seu conteúdo que a ferramenta ACV deve obedecer três
dimensões:
Onde iniciar e parar o estudo do ciclo de vida;
Quantos e quais subsistemas incluir na ACV e
Nível de detalhes do estudo, ou seja, quanto ele terá de ser aprofundado.
Tais dimensões devem ser definidas de forma compatível e suficiente
para atender aos objetivos estabelecidos na ferramenta. No passado, a
proliferação de estudos sobre ACV sem uma metodologia padronizada levou a
exageros que quase chegaram a comprometer a imagem dessa ferramenta de
avaliação.
À medida que se adicionam detalhes à ferramenta ACV, adiciona-se
também certa complexidade, despesas e sua utilidade. Por esta razão, regras
devem ser adotadas para determinar limites do estudo. Deve-se buscar um
sistema gerencial, prático econômico, sem descuidar da sua confiabilidade. Ao
iniciar a ACV do produto deve-ser esclarecer os objetivos para os quais tal
análise se propõe. Faz-se necessário cuidar de algumas questões:
De onde os dados virão;
Como utilizar o estudo;
Como a informação será manipulada e
Onde os resultados serão aplicados.
Através das normas ISO 14040 e 14041 (2001) é que se estabelecem
padrões para os objetivos do estudo. Ao definir os objetivos deve-se pensar de
forma clara os propósitos e reunir todos os aspectos relevantes para direcionar
ações a serem realizadas. Porém, à medida que se percebe o andamento dos
trabalhos, os objetivos podem ser reformulados.
É importante que seja informado quem está realizando o estudo e a quem
se destina. Nesta fase ainda alguns questionamentos podem ser realizados
com questões como: o produto mudou muito nos últimos anos? O método de
produção foi alterado? Devem ser pesquisados dados genéricos ou
específicos?
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
42
Devem também ser considerados os seguintes aspectos:
O sistema a ser estudado;
Os limites do sistema;
Definir as unidades do processo;
Estabelecer a função do sistema;
Procedimentos de alocação;
Requisitos, hipóteses e limitações dos dados;
As fases da ACV que serão implementadas;
Tipo de relatório necessário para o estudo e
Estabelecer critérios para a revisão critica se for necessária.
Uma etapa importante é o estabelecimento claro dos limites do processo
que são geralmente apresentados por meio de fluxogramas mostrados na
seqüência do produto em estudo (CHEHEBE, 1997).
Para Chehebe (1997), alguns processos geram produtos secundários (co-
produtos) que, apesar de não serem de interesse direto do estudo, devem ser
levados em consideração. A descrição da área geográfica deve ser
estabelecida na fase da definição dos objetivos baseando-se nos seguintes
aspectos:
Localização geográfica real de uma determinada empresa;
Média de uma área geográfica representando a situação real de oferta;
Localização geográfica imprópria e
Melhor localização geográfica ou a melhor possível.
Requisitos de qualidade dos dados devem ser definidos de forma a
possibilitar que os objetivos sejam alcançados. Esses requisitos devem
envolver:
Cobertura relacionada ao tempo: idade desejada para os dados e o
período mínimo de tempo sobre o qual os dados devem ser coletados;
Cobertura geográfica: área geográfica de onde os dados devem ser
coletados;
Cobertura tecnológica;
Precisão: variedade dos custos;
Integridade: dados primários;
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
43
Representatividade: avaliação qualitativa dos dados;
Consistência: qualidade da metodologia adotada e
Reprodutibilidade: avaliação da qualidade das informações.
Os dados dos estudos de ACV só farão sentido se forem utilizados de
forma correta, precisa, íntegra e com representatividade, bem como com
consistência ao longo do estudo.
2.6.2 Análise do inventário
A análise do inventário diz respeito à fase que contempla o levantamento,
a compilação e a quantificação das suas variáveis (matéria-prima, energia,
transporte, emissões de ar, efluentes, resíduos sólidos, entre outros)
envolvidas no ciclo de vida do produto, processo ou atividade (IBICT, 2005).
Para realizar o inventário são necessários procedimentos que assegurem
que os requisitos de qualidade estabelecidos estejam sendo obedecidos.
Na norma ISO 14040 (2001), existem alguns parâmetros de forma
detalhada e precisa. Tal processo deve conter:
1) Apresentação do sistema de produtos a ser estudado e os limites dos
estágios de ciclo de vida nos processos, entradas e saídas dos sistemas;
2) Ter uma base para comparação entre os sistemas;
3) Ter um procedimento de cálculos e coleta de dados, incluindo regras de
alocação de produtos e energia e
4) Ter elementos necessários para interpretação corretas dos resultados da
análise do inventário para seus usuários.
O inventário do ACV refere-se à coleta de dados e realizações dos
cálculos que forem necessários, de maneira semelhante a um balanço contábil
– financeiro. O total que entra no sistema em estudo deve ser igual ao que sai
(ROSSATO, 2002; IBICT, 2005).
Este processo de cálculo é difícil e trabalhoso de ser executado, com
dificuldades que vão desde a ausência de dados até a necessidade de estimá-
los com qualidade dos dados disponíveis (FERREIRA, 2004).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
44
Para Ferreira (2004), antes da realização do inventário faz-se necessário
uma análise preliminar seletiva do ciclo de vida. Tais investigações auxiliam no
processo de tomada de decisões.
O inventário deve iniciar com as seguintes atividades:
Preparar a coleta de dados;
Coletar os dados;
Refinar os limites do sistema;
Determinar os procedimentos de cálculos e
Procedimentos de alocação.
A norma ISO 14041 estabelece um padrão para a análise do inventário.
Os fluxos de entrada e saída devem ser detalhados para satisfazer os objetivos
do estudo. Na Figura 4 são demonstrados as fases de análise do inventário.
DEFINIÇÃO DOS
OBJETIVOS E METAS
PREPARAÇÃO PARA A
COLETA DE DADOS
TABELA ADE DADOS
VALIDAÇÃODE DADOS
RELACIONANDO OS DADOS
ÀS MEDIDAS DO PROCESSO
RELACIONANDO OS DADOS À
MEDIDA FUNCIONAL
AGREGAÇÃO DE DADOS
REFINAMENTO DOS LIMITES
DO SISTEMA
ALOCAÇÃO E
RECICLAGEM
Folhas de Dados
Dados Coletados
Dados Validados
Dados Validados por unidade de processo
Dados Validados por unidade funcional
Inventário Calculado
Inventário Completado
Dados adicionais ou
unidade de processo
requeridas
Folhas de
dados
revisados
Figura 4 – Fases de análise do inventário
Fonte: CHEHEBE, José. R. B. Análise de ciclo de vida de produto: ferramenta gerencial da ISO
14000. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark. 1997. P.44.
As definições de quais dados serão necessários para a realização de
uma ACV dependerá dos objetivos do estudo. Os dados coletados para a
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
45
análise podem ser oriundos de medidas no processo ou podem ser calculados
ou estimados através de dados da literatura existente.
Alguns cuidados devem ser tomados para assegurar o entendimento das
informações solicitadas. Esses cuidados devem incluir:
Fluxograma específico que mostre todas as unidades do processo e suas
interrelações;
Descrição detalhada de cada unidade do processo;
Desenvolvimento de um glossário;
Descrição das técnicas usadas para a coleta e/ou de cálculo dos dados e
Fornecimento de instruções aos técnicos para uso dos dados fornecidos.
A coleta de dados é a tarefa que mais consome tempo e os recursos
durante a ACV. O tempo e recursos limitados por vezes não permitem
investigações detalhadas. As principais fontes de informação podem estar
associadas a:
Normas técnicas;
Estatísticas ambientais;
Licenças ambientais;
Literatura técnicas;
Informações internas na empresa;
Associação de classe;
Fornecedores e
Banco de dados de ACV.
Os procedimentos usados para a coleta de dados podem variar de acordo
com a necessidade, porém todos os dados devem ser registrados e
documentados. Deve-se prestar muita atenção quanto à disponibilidade de
informações sobre a geração de resíduos, quantificando-os conforme forem
sendo processados.
A credibilidade do resultado final dependerá da qualidade dos dados
coletados. Assim que as informações são recebidas devem ser validadas,
evitando-se anomalias (FERREIRA, 2004).
A norma ISO 14041 (2001), dispõe sobre cada categoria de dados e o
seu devido tratamento, que deve ser documentado e resultar em um valor
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
46
justificado para o dado, um valor igual a “zero” caso justificado, ou em um valor
calculado baseado no valor relatado de unidades de processo empregando
tecnologia similar.
Durante todo o processo de ACV, revisões podem ser feitas, isso pode
significar a necessidade de alterações significativas. Tal revisão pode resultar
em exclusão de estágios de ciclo de vida ou subsistemas, exclusão de fluxos
de materiais insignificantes para os resultados da avaliação e inclusão de
novas unidades de processo que se mostrem significativas.
Os sistemas de produto, ou seja, suas fases de produção devem ocorrer
de forma integrada e não isolada. Alguns desses processos podem gerar mais
do que um produto, que são chamados de co-produtos e assim, como nos
processo anteriores, devem ser documentados e registrados.
Nem sempre o produto principal é o único responsável por todos os
efeitos ambientais do processo. Os co-produtos ou subprodutos também
podem gerar resíduos e problemas relevantes ao meio ambiente.
Durante a análise do inventário, destaca-se também a necessidade de
alocação para reciclagem de produtos, subprodutos e dos resíduos, que
também devem ser tratados com muita responsabilidade pela empresa.
Podem-se definir os processos de reciclagem ou reuso em dois grupos
distintos: O primeiro, o ciclo aberto, ocorre nos casos em que um determinado
rejeito de um sistema de produto é usado por outro sistema de produto. O
segundo, o ciclo fechado, ocorre tanto nos casos em que um ou mais
processos em um sistema de produto são coletados e retornados ao mesmo
sistema de produto quanto um produto final é reutilizado sem deixar o sistema.
Figura 5 mostra os tipos de reciclagem conforme o ciclo.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
47
Figura 5 – Tipos de reciclagem
Fonte: CHEHEBE, José. R. B. Análise de ciclo de vida de produto: ferramenta gerencial da ISO
14000. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark. 1997. P.62.
Para os processos de recuperação que se situam entre o sistema de
produto original e o subseqüente os limites devem ser identificados e
justificados.
2.6.3 Avaliação dos impactos ambientais
Nesta etapa faz-se uma avaliação da magnitude e significância dos
impactos ambientais, baseada nos resultados obtidos na análise do inventário.
Algumas avaliações podem ser realizadas apenas pelos resultados
obtidos na fase do inventário. Porém, a avaliação de impactos deve ser
realizada quando forem detectados quaisquer problemas ambientais. Dados do
inventário podem ser transformados em categorias de impactos sobre a saúde
das pessoas e o meio ambiente.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
48
A ISO 14042 (2001) propõe que a avaliação de impacto seja composta
dos elementos de seleção de definição de categorias, focos de preocupação
ambiental, a classificação dos dados e caracterização dos dados de forma que
os resultados possam se expressar na forma de indicadores numéricos para
simplificar os dados do inventário.
As fases de análise do inventário, avaliação de impacto e interpretação da
ACV são interativas, a Figura 6 mostra a interação entre a avaliação de
impactos e as fases da ACV.
A AVALIAÇÃO DE IMPACTO E OUTRAS FASES
OBJETIVO E ESCOPO
INTERPRETAÇÃO
ANÁLISE DE INVENTÁRIO
AVALIAÇÃO DE IMPACTO
SELEÇÃO DA CATEGORIA & CLASIFICAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO
ANÁLISE TÉCNICA DE
SIGNIFICÂNCIA
ATRIBUIÇÃO DE PESOS
Figura 6 – Avaliação de impactos e as outras fases
Fonte: CHEHEBE, José. R. B. Análise de ciclo de vida de produto: ferramenta gerencial da ISO
14000. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark. 1997. P.68.
Indicadores de avaliação de impactos de ciclo de vida fornecem uma
perspectiva incompleta dos dados do inventário em relação ao uso dos
recursos, emissões e resíduos. Estudos adicionais e outras técnicas ambientais
podem fornecer informações complementares para a tomada de decisão sobre
as melhorias necessárias ao sistema.
A avaliação do impacto é útil na análise de oportunidades de melhoria do
sistema. Nos casos de caracterização do sistema e seus estágios com o intuito
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
49
de facilitar a tomada de decisão e na indicação de outras técnicas ambientais
para complementar as informações para a tomada de decisões.
Esta é uma fase que busca identificar, caracterizar e avaliar, quantitativa e
qualitativamente, os impactos ambientais. Para a condução apropriada dos
aspectos ambientais e uso dos resultados da avaliação de impactos é
necessário que os procedimentos sejam relatados de forma documentada, que
a utilização de julgamentos baseados em valores em qualquer ocasião seja
identificada e que todo o processo seja revisto criticamente de forma
apropriada para o uso pretendido.
Alguns exemplos de problemas ambientais a serem avaliados quantos
aos seus impactos:
Exaustão de recursos não renováveis;
Aquecimento global;
Redução da camada de ozônio;
Toxidade para a população;
Ecotoxidade;
Acidificação e
Oxidantes fotoquímicos.
Deve-se realizar a classificação de acordo com o objetivo atribuído a cada
categoria dos impactos, identificado com a construção do inventário. Deste
modo, devem-se separar as categorias com o qual objetivo deseja-se trabalhar.
Após as etapas de classificação, tem-se um perfil ambiental do produto,
sendo que qualquer problema deve ser ponderado de acordo com sua
gravidade.
2.6.4 Interpretação dos resultados
Consiste na identificação e análise dos resultados obtidos na fase do
inventário e/ou avaliação dos impactos, de acordo com os objetivos definidos
para o estudo.
Os resultados obtidos nessa fase podem servir para conclusões,
recomendações e possíveis decisões a serem tomadas pelos gestores.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
50
As hipóteses estabelecidas durante a ACV afetam o resultado final. Faz-
se necessário realizar uma avaliação dos resultados alcançados e critérios
adotados durante sua realização, dentro dos limites do sistema e das
categorias de dados desejados.
Os resultados externos, tais como comércio, política, comparação de
materiais e programas de rotulagem ambiental. Quanto mais resultados forem
considerados, mais complexos e caros os custos de realização do estudo.
Os objetivos principais da fase de interpretação dos resultados consistem
em analisar os dados e tirar conclusões, explicar as limitações e fornecer
recomendações para um novo estudo de inventário da ACV de um produto.
Deve-se também evidenciar as limitações que podem tornar os objetivos
iniciais inalcançáveis ou impraticáveis. A Figura 7 mostra o modo de
interpretação do ACV.
INTERPRETAÇÃO
Identificação
de questões
ambientais
significativas
Avaliação, ex.:
checagem da:
integridade
sensibilidade
consistência
Conclusões e recomendações
para o relatório
Figura 7 – Interpretação de ACV
Fonte: CHEHEBE, José. R. B. Análise de ciclo de vida de produto: ferramenta gerencial da ISO
14000. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark. 1997. P.88.
Nesta fase pode surgir a necessidade de recomendações a outras
técnicas de avaliação ambiental.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
51
A fase de interpretação da ACV compreende três etapas. A primeira é
identificação das questões ambientais mais significativas baseadas nos
resultados da análise do inventário e/ou ACV. A segunda é a avaliação, que
pode incluir elementos como checagem da integridade, sensibilidade e
consistência, e a terceira refere-se à conclusão, nas quais são emitidas
recomendações e relatórios sobre as questões ambientais significativas.
A interpretação da análise do inventário deve considerar também os
objetivos do estudo, se a definição da função do sistema e da unidade
funcional é apropriada, se a definição dos limites do sistema é adequada e os
limites são identificados pela avaliação da qualidade dos dados ou pela análise
de sensibilidade.
Após a interpretação do inventário, os resultados da ACV devem ser
relatados de forma justa, completa e precisa. O relatório final deve ser
elaborado de forma a possibilitar o uso dos resultados e sua interpretação de
acordo com os objetivos do estudo. Tal relatório deve obedecer aos requisitos
das normas ISO 14040 e 14041.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Classificação da Pesquisa
Esta pesquisa, devido a sua natureza, é aplicada. Segundo Silva, (2001)
objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática, dirigidos à solução de
problemas específicos.
Teve uma abordagem qualitativa, por ser esta a que mais se adaptou ao
estudo desenvolvido (SILVA, 2001).
O método de pesquisa usado neste estudo científico foi o hipotético-
dedutivo (GIL, 1999).
A pesquisa é classificada do ponto de vista de seus objetivos como
pesquisa exploratória, pois visou a proporcionar maior familiaridade com o
problema em foco, deixando mais explícito o objetivo principal à adequação de
idéias e soluções (GIL, 1999).
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
52
Nesta pesquisa, o questionário teve o propósito, de investigar como a
empresa formulava os controles de processos e seus insumos e como seu
inventário estava estruturado. A estrutura do instrumento teve como foco
conhecer a empresa e os sistemas de processos produtivos e seus controles,
observando como eram executadas as atividades e as separações entre
produtos e seus subprodutos.
Os instrumentos da pesquisa foram sistemáticos e imparciais para o
pesquisador realizar a coleta de dados e a organizar as informações. Segundo
Yin (2004), para a coleta de dados em um estudo de caso pode-se fazer uso de
fontes distintas: documentos, registros em arquivos, entrevistas, observações
diretas, observações participantes e artefatos físicos.
Neste trabalho foram utilizados questionários, visitas técnicas para
conhecer o processo produtivo e seus controles. Os questionários objetivaram
esclarecer os processos produtivos e seus sistemas de controle, revelando
como a empresa emprega seus conhecimentos no setor madeireiro.
O questionário foi elaborado com uma série de perguntas objetivas,
baseadas na NBR ISO 14040 e suas diretrizes, buscando conhecer a estrutura
organizacional desta empresa. As perguntas foram respondidas por
supervisores e responsáveis pelos processos da empresa, que foram
respondidas conforme os objetivos que se referiam ao tema da pesquisa.
3.2 Objeto de Pesquisa
O objeto que norteou os estudos, a confecção dos instrumentos de
coleta de dados, as análises e discussões acerca dos resultados obtidos foi a
aplicação da norma ISO 14040 de Avaliação do ciclo de vida em uma
organização do mercado madeireiro da região, com um fluxo produtivo atuante
na preocupação com a geração dos resíduos e seu reaproveitamento.
É uma empresa nacional, de porte médio e características familiares, do
setor florestal e madeireiro, produzindo matéria-prima para o seu processo e
exportando madeira sólida. A atuação da empresa não se restringe aos
investimentos em beneficiamento de madeira apenas, mas a todo setor
relacionado à madeira.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
53
A empresa pesquisada é uma organização familiar, que na década de 70
plantou florestas de Pinus, seguindo uma política florestal não extrativista
assumida pelo governo brasileiro, que consistia no reflorestamento com
espécies de rápido crescimento destinadas a manter o mercado interno e
externo livre da escassez da madeira.
Como o incentivo do governo do Estado para o reflorestamento era
vantajoso, foram feitos plantios em épocas muito próximas umas das outras, o
que culminou em um excesso da oferta de madeira em um determinado
período, gerando desilusão em relação ao seu valor, o que inviabilizou novos
investimentos no setor florestal.
O empreendimento desta empresa no setor madeireiro tinha como
pretensão inicial apenas ser uma serraria para beneficiamento de madeira de
Pinus, utilizando apenas a madeira do reflorestamento em seu processo
industrial. Esta primeira fase da sua evolução contou com uma grande
quantidade de madeira no mercado, o que tornava módicos os preços de seus
produtos.
Posteriormente, focou suas atividades em um sistema de manejo auto-
sustentável, contando com reservas e plantios programados anualmente. O
reflorestamento só se tornou um bom negócio a partir da utilização de um
planejamento de manejo sustentável, evitando o excesso e a escassez em
determinados períodos. Como a época de excesso de madeira dos
reflorestamentos havia desestimulado o setor madeireiro, o segmento começou
novamente a sofrer com a falta de madeira, aliado a este fenômeno ocorreu o
aumento da pressão ambiental pela preservação das florestas naturais. Diante
deste ambiente, a empresa não somente se preocupou com o reflorestamento,
mas também com a necessidade de valorizar a gestão adequada de seus
resíduos, envolvendo um novo processo de produção mais limpa, agregando
valor energético, financeiro e ambiental aos seus produtos.
A partir desta nova fase, a empresa passou a destinar seus produtos à
exportação para diferentes países como Estados Unidos, Alemanha, Coréia do
Sul e China, onde produtos de madeira de Pinus são amplamente utilizados
nas indústrias de móveis e construção civil. A empresa investe no setor
produzindo madeira sólida sob as formas de: madeiras serradas, molduras,
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
54
boards (madeira aplainada as quatro faces), blocks (pedaço de madeira
aplainados) e blanks (pedaços de madeira aplainados e unidos entre si), painel
colado lateralmente, vigas, produtos sólidos de Pinus e silvicultura.
O fluxograma de atividades da empresa se divide em matriz e duas (02)
filiais para distribuir sua fabricação e matéria-prima oriunda do reflorestamento.
A Figura 8 mostra o fluxo de atividades na produção madeireira na empresa.
A
rmazena
g
em e Ex
p
edi
ç
ão
FLUXOGRAMA DA EMPRESA
FILIAL 1
FILIAL 2
FINGER
SECAGEM
BLOCKS
MATRIZ
BOARDS
Toras (colheitas)
Toras (colheitas)
Madeira
verde serrada
Madeira seca
Madeira aplainada
Madeira verde serrada
Painéis
Painéis prático
Vigas
Silvicultura
Figura 8 - Fluxo de atividades da empresa.
Fonte: Pesquisa na empresa.
Nas Filiais 01 e 02 são produzidos materiais primários destinados à
matriz, onde é centralizado a maior parte do processo madeireiro de
acabamento, agregando valor ao produto final.
A empresa adota práticas, métodos e investimentos em novas formas de
utilização de resíduos industriais, transformando o que era considerado resíduo
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
55
em energia e agregando valor cada um. A organização passa a focar o
processo produtivo na minimização de geração de resíduos, pois cada etapa
do processo tem sua função específica por produto, e com equipamentos
necessários a uma produção de qualidade.
Os resíduos gerados também são destinados, no momento da
produção, para a armazenagem ou reaproveitamento sendo classificados
conforme seu valor energético ou produtivo.
3.2.1 Processo de fabricação
As atividades da indústria madeireira pesquisada referem-se ao
beneficiamento da madeiras de Pinus e peças fabricadas, coladas ou inteiras
na sua maioria para exportação.
O processo de beneficiamento de madeiras é composto por várias fases
de usinagem, iniciando-se com um descascador de toras, onde seus resíduos e
a casca são armazenados e agrupados a outras sobras formando a biomassa,
matéria-prima utilizada para geração do calor utilizado na secagem das
madeiras.
Com a serra de fita dupla iniciam-se os primeiros cortes nas toras,
formando pranchas. O corte duplo visa a dar agilidade e eficiência ao processo.
Após o primeiro corte, a prancha passa por uma serra de múltiplos cortes
formando várias tábuas. As sobras deste beneficiamento são arrastadas pela
esteira até o picador, gerando cavacos, que são utilizados como matéria-prima
em indústrias madeireiras que produzem aglomerados na própria região de
Ponta Grossa/PR.
As tábuas obtidas seguem em paletes transportados por empilhadeiras
para as estufas onde permanecem por 72 a 76 horas, atingindo 8% a 12% de
umidade. Após o processo de secagem, as tábuas são destinadas a diferentes
linhas de produtos de maior valor agregado.
O reprocessamento de madeira serrada tem como objetivo agregar valor
ao produto primário. A prioridade da empresa é valorizar seu reflorestamento
de Pinus, produzindo vários produtos desta madeira como:
Os BLOCKS e os BLACKS produzidos em Pinus originados do
reprocessamento da madeira serrada e seca. Eles são utilizados na fabricação
de painéis e outros produtos a ser processados..
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
56
Os CLEAR BLOCKS são pedaços de madeiras com espessuras e
larguras iguais que apresentam comprimento variado resultantes do processo
de destopo, onde são retirados defeitos como nós, azulamento (formação de
fungos na superfície da madeira), (blocks clear limpo sem defeitos). Os
BLOCKS de segunda qualidade (com defeito) são utilizados como matéria-
prima para outras empresas.
Os BLANKS são confeccionados a partir da junção do BLOCKS através
de emendas de topo de tipo FINGER JOINT. Os BLOCKS que se encontram
com os mais variados comprimentos são emendados através do sistema de
colagem com FINGER JOINT, topo a topo através do encaixe e colagem de
dentes frisados em cada um dos BLOCKS, a fim de formarem uma única peça
com um comprimento pré-determinado.
O painel colado lateralmente (EDG – edge glued panel) é constituído a
partir da madeira serrada, emendada ou não. São produzidos através do
desdobramento dos BLANKS em sarrafos e posterior montagem e colagem
destes sarrafos formando os painéis colados nas medidas definidas pelo
cliente. A colagem é feita através de prensagem e aquecimento da madeira
com adesivo.
VIGAS COLADAS são produzidas a partir da junção do BLANKS
da colagem face a face dos mesmos formatos. As vigas diferem dos painéis no
tipo de colagem que é face a face não lateral como o painel. Após receber a
aplicação da cola nas faces, os BLANKS são montados e colados em uma
prensa de alta freqüência. Após serem coladas, as vigas geralmente são
aplainadas nas quatro faces.
O produto é empregado principalmente no segmento moveleiro: como
tampos e laterais de móveis e outros produtos da atividade madeireira, com a
demanda deste produto para móveis domésticos e para a exportação.
Conforme a Figura 9, o processo fabril da empresa segue um Fluxograma de
produção da serraria ao beneficiamento de madeiras.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
57
MATRIZ
Figura 9 - Fluxograma de produção da serraria e beneficiamento de madeiras
Fonte: Pesquisa na empresa.
A empresa tem uma preocupação constante na adequação dos processos
visando à minimização e o reaproveitamento dos resíduos, neste processo de
beneficiamento de madeira são gerados grandes volumes de resíduos
aproveitáveis para outros processos fora da empresa, como produtos a base
de madeira.
Ao final de todo processo, restam cinzas que não são comercializadas,
mas destinadas a correção do solo para o plantio de novas árvores na
propriedade da empresa.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
58
3.3 Instrumento para a Coleta de Dados
A coleta dos dados para esta pesquisa foi aplicada entre os meses de
março de 2006 a julho de 2007, sendo dividida em três etapas para atingir o
objetivo da pesquisa.
Na primeira etapa, com a elaboração da monografia no ano de 2005 para
a especialização, foram feitas várias visitas técnicas que auxiliaram no
reconhecimento do setor. A segunda etapa dos estudos teve início em 2006
com a pesquisa de mestrado e a autorização para a aplicação do primeiro
questionário, por fim foram feitas as alterações no questionário (A) aplicou-se
em março a julho de 2007 a terceira etapa do questionário (B) para concluir a
pesquisa na empresa.
Inicialmente, foram desenvolvidas visitas técnicas para familiarização
como os processos e procedimentos e para a apresentação das metas deste
estudo. O instrumento A aplicado procurou investigar como a empresa controla
as entradas e saídas dos sistemas produtivos e sua preocupação com a
otimização de processos e resíduos.
O instrumento B foi aplicado aos supervisores e responsáveis pelos
cálculos de custos dos processos, com o intuito de observar e selecionar os
controles feitos em processos que estão relacionados às entradas de matéria-
prima e ás saídas de produtos e subprodutos.
A observação direta foi utilizada para identificação dos controles de
insumos e matérias-primas, bem como o controle de produtos e subprodutos
fabricados e gerados. Deste modo, pode-se observar como são gerados os
dados e as informações e o motivo pelo qual são armazenados.
Posteriormente, foram realizadas entrevistas com os responsáveis
técnicos, objetivando o levantamento de dados referentes aos processos e o
controle de dados produtivos.
O instrumento de pesquisa apresenta no Apêndice A teve como objetivo a
caracterização da empresa. Sendo que as questões de número 01 a 19 foram
abertas e semi-estruturadas e visaram à identificação da estrutura da empresa,
sua atividade e como está inserida no mercado. Em seguida, as questões de
número 20 a 34 objetivaram levantar dados sobre os meios usados dentro e
fora da empresa no que se diz respeito a seus processos de transporte e
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
59
armazenagem. Com as questões de número 35 a 49 procurou-se identificar os
aspectos do processo e as preocupações com o meio ambiente. Por fim, as
questões de numero de 50 a 57 buscaram identificar informações sobre os
resíduos gerados pela empresa e sua destinação dentro e fora da empresa.
O instrumento de coleta de dados apresentado no Apêndice “B” buscou
levantar informações sobre o gerenciamento dos processos e insumos.
O instrumento B teve como objetivo atingir pontos não contemplados
anteriormente, com questões que identifiquem os dados da empresa de acordo
à norma ISO 14040 relativos à saídas e entradas do processo produtivo.
O instrumento construído tem 22 questões que tratam de informações
sobre entradas e saídas do processo, controles de processos e materiais. As
10 (dez) questões relacionam-se com informações que caracterizam da
empresa quanto ao número de funcionários, produtos e ferramentas de
processo usadas e seus indicadores.
As questões de número 15 a 22 seguem a estrutura da ACV,
determinando o que deve ser analisado na empresa, já as questões de número
20 a 22 foram elaboradas para contemplar a análise de um inventário que
determina que a empresa deve controlar suas entradas e saídas através da
unidade de medida internacionais padrão.
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
4.1 Dados dos Questionários
Para este estudo, foram coletados dados e informações dos setores da
empresa a fim de observar como são quantificados e armazenados os
mesmos.
A empresa pesquisada está dividida em setores produtivos e com conta
de custos individuais, formando várias centrais de custos ou de rendimentos.
Para cada centro de custos, há uma conta relativa às suas despesas, produtos
e serviços mensurados por dia, mês e ano.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
60
Para a identificação dos dados e informações, foram entrevistados os
responsáveis pela produção e gestão de custos e produtos, com o intuito de
observar e selecionar os controles feitos em processos, que estão relacionados
às entradas de matéria-prima e às saídas de produtos e subprodutos.
4.1.1 Questionário “A”
O questionário A (Apêndice A), como tratado no item anterior, foi
composto de 57 perguntas que foram respondidas pelo supervisor da
administração, assistentes de administração e responsáveis pelos processos
de fabricação. Os resultados serão apresentados divididos em 4 (quatro)
tópicos: Características da empresa, Logística da empresa, Processos e
produtos e Gestão de resíduos.
4.1.1.1 Característica da empresa
A empresa pesquisada está no mercado madeireiro desde 1993 e no de
silvicultura há mais de 40 anos, a maioria de seus clientes estão no exterior.
Para manter suas atividades atuais, conta com cerca de 100 (cem) funcionários
nos diversos setores produtivos e administrativos, e seus cargos estão
distribuídos em níveis estratégicos como: diretores, acionistas e sócios.
A empresa está dividida em três unidades: a matriz e duas filiais, de modo
que a matriz detém a maior parte dos processos e as filias mantêm um
processo próprio que atende a uma classe de clientes bem como a matriz com
alguns tipos de produtos.
A empresa mantém funcionários para atender às funções que considera
relevantes ao processo, sendo as demais como portaria e manutenção
terceirizadas.
Para a gestão de seus processos, a empresa possui a licença de
operação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), e demais licenças que são
necessárias para seu funcionamento, no entanto não tem certificação de
qualidade.
Com relação à segurança e à preservação da saúde dos funcionários, a
empresa fornece equipamentos de proteção individual: óculos de segurança,
luvas, abafador auricular, sapatos de proteção, vestimentas de trabalho,
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
61
máscaras filtro de pó, protetores em equipamentos, avental, perneira,
extintores, área restrita a funcionários, anteparos para objetos projetados,
protetor facial.
Verificou-se que a empresa opera com equipamentos novos e sua
manutenção é realizada de forma preventiva. Nos processos há uma
separação dos produtos fabricados, como também dos resíduos, havendo uma
organização planejada nos setores de maior relevância para o processo como:
serraria, beneficiamento e a secagem de madeira.
4.1.1.2 Logística da empresa
A logística está organizada em uma distribuição otimizada, reduzindo o
deslocamento da matéria-prima e o deslocamento dentro da empresa. Seu
layout favorece a distribuição dos produtos desde a chegada das toras até a
expedição dos produtos finais.
Para a movimentação e a distribuição de seus produtos, utiliza uma frota
de veículos próprios, desde empilhadeiras a esteiras transportadoras. Em
casos extremos são fretados meios de transporte a fim de agilizar a entrega ou
o deslocamento de matéria-prima. O principal combustível é o óleo diesel para
o transporte dentro da empresa e fora. Na movimentação interna é usado gás
para as empilhadeiras.
Para o transporte internacional, é usado contêiner por vias marítimas,
cerca de 80% a 90% da produção são destinados para Europa, Japão, EUA e
China. O transporte rodoviário é amplamente utilizado para a locomoção de
produtos até a empresa e ao porto para despachar seus produtos.
O transporte dos resíduos gerados nos processos é feito primeiramente
dentro da empresa com a preocupação do melhor aproveitamento dos
resíduos, que seguem por meio de esteiras ao consumo ou ainda para serem
vendidos.
Os produtos não geram resíduos contaminantes, podendo ser
transportado facilmente e com pouca estrutura, sem comprometer a qualidade
do produto final.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
62
4.1.1.3 Processos e produtos
Oitenta porcento da matéria-prima usada pela empresa vêm do
reflorestamento próprio, as demais matérias-primas são adquiridas de vários
fornecedores.
Um dos principais processos produtivos da atividade da empresa envolve
o corte de toras com equipamentos elétricos. Após o corte, é feita separação
da matéria-prima em classes e seus resíduos são separados conforme sua
utilidade.
Na secagem, parte dos resíduos torna-se fonte de energia para a
caldeira, sendo que o excedente é comercializado. Nos demais processo de
beneficiamento da madeira seca, é utilizada energia elétrica, somente para a
movimentação de materiais dentro da empresa com empilhadeiras é usado gás
de origem fóssil.
Os produtos desenvolvidos e fabricados atendem ao mercado externo e
quatro empresas locais, sendo que os produtos mais solicitados são: BLOCKS,
BLANCKS, VIGAS e PANEIS COLADOS. Produtos como toras também são
comercializadas. O que não é utilizado pela empresa, é divido entre duas
companhias, uma que beneficia as toras e outra que produz materiais para
movelaria em relação aos subprodutos, como serragem, cavaco e resíduos:
35% são usados para a geração de energia térmica na própria empresa, 35%
comercializados para a companhias que produz alimentos usado no
aquecimento da caldeira, 20% vão para empresas que produz materiais para a
indústria moveleira e os 10% restantes são divididos entre as granjas de peru
da região.
4.1.1.4 Gestão de processos e resíduos
A empresa não possui uma descrição detalhada de seus processos, mas
descreve que não há emissões de resíduos prejudiciais à saúde humana, pois
utiliza tanque de contenção, fosso para coleta de efluentes, alarme e válvulas
automáticas, extintores, local murado e cercado e área restrita para circulação
de pessoas.
A empresa emprega produtos menos agressivos ao meio ambiente.
Usando um programa próprio de coleta e reaproveitamento de resíduos, os
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
63
resíduos sólidos oriundos das toras e madeiras são aproveitados pela empresa
na secagem de madeiras, reduzindo em 50% o uso de energia elétrica.
A empresa está implantando o programa de gerenciamento de resíduos
sólidos (PGRS). A comissão PGRS realiza reuniões periódicas, além de manter
todos os seus registros documentados, com o objetivo de produzir relatórios
das emissões sólidas, líquidas ou gasosas de forma manual, visando a redução
na geração. Das emissões atmosféricas das caldeiras e estufas serão feitas
análises periódicas das emissões para seu controle e mantendo registrados.
No processo de caldeira, os valores são estimados pela queima de
biomassa e resíduos de madeira, que são quantificados conforme o consumo
dos produtos queimados e o tempo de secagem das madeiras verdes. As
cinzas dos resíduos sólidos não são quantificadas e são depositadas no solo
como complemento orgânico.
A empresa declarou no questionário que existe uma política de redução
do consumo de água e das emissões gasosas, porém esta se encontra em
fase de implantação sem objetivos e metas estabelecidas. Também declarou
que realiza um monitoramento e medições dos impactos ambientais,
mostrando que são realizadas ações corretivas e preventivas na empresa.
Relata ainda que “há medidas preventivas e também estudos para evitar
ocorrências futuras”, porém não deixou claro quais são.
A organização vem buscando aprimorar o processo com vistas na
diminuição dos custos, e para tanto busca a redução dos resíduos e a
comercialização e utilização dos mesmos. Para tanto, tem como visão principal
a redução do consumo e seus custos de matérias-primas e insumos,
monitorando a geração de resíduos seu aproveitamento, como também o
melhor destino para os excedentes.
A Tabela 2 mostra os modos de mensuração da empresa pesquisada dos
resíduos e sua destinação, avaliando seus rendimentos e aproveitamentos.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
64
Resíduos gerados e seu destino
Tipo de resíduo Destino dado pela empresa
Madeira Ton Vendido
Serragem Ton Vendido
Serragem seca Ton Vendido
Refilos Ton Vendido
Tocos Ton Vendido e uso na caldeira
Cepilhos Ton Vendido
Cascas Ton Uso na cadeira
Pó de madeira Ton Vendido
Cola kg Retorna ao processo
Lixas Peças Coletado
Papelão kg Coletado
Plástico - Não opinou
PVC - Não opinou
Óleo lubrificante litro Reaproveitado
Graxas kg Reaproveitado
Tabela 2 – Mensuração dos Resíduos e sua destinação.
Fonte: Pesquisa na empresa.
Os equipamentos são ajustados mensalmente, aferidos e afiados
diariamente, sendo substituídos por novos anualmente. A empresa realiza
manutenção e regulagem especifica a cada processo. A principal finalidade é
reduzir perdas de matéria-prima durante o processo, e com isto diminuir custos
operacionais.
Os resíduos são separados já na sua geração pela própria empresa por
classe e valor energético. Eles são então transportados por esteiras
transportadoras e posteriormente consumidos pela própria empresa na
caldeira. Outros resíduos recicláveis, como embalagens, são destinados à
central de coleta na própria empresa, e se encontra em fase de implantação
um centro de disposição de resíduos.
4.1.2 Questionário “B”
As perguntas do questionário B (Apêndice B) visaram à identificação da
aplicabilidade da ferramenta ACV na empresa pesquisada. As visitas técnicas
mostraram pontos importantes da separação dos produtos e seus resíduos,
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
65
completando as análises dos fluxos de processos no que diz respeito às
entradas e saídas de materiais.
4.1.2.1 Gestão dos insumos e energia
As questões referentes ao gerenciamento do processo, insumos e
energias não apontam o uso de ferramentas de gerenciamento ambiental ou de
qualidade.
Há ferramentas gerenciais que controlam os pedidos dos clientes por
número de ordem de serviço, armazenados em planilhas eletrônicas. Os
controles de matérias-primas e insumos são realizados por unidade de toras,
toneladas ou peças. A partir de sua entrada na fábrica e posteriormente na sua
saída.
Quando perguntado aos gerentes sobre a ferramenta ACV, eles declaram
desconhecer a mesma. Porém, pode se constatar uma preocupação no
aproveitamento máximo das matérias-primas e dos equipamentos.
4.1.2.2 Entradas e saídas de materiais
A Tabela 3, estão representados os principais produtos e subprodutos
gerados nos dois principais processos da empresa: a serraria e o
beneficiamento.
Produtos Subprodutos
Corte de toras Casca
Vigas Costaneiras
Tábuas Refilos
Madeira serrada Serragem
Tocos de madeira
Serraria
Biomassa
Serraria
Produtos Subprodutos
Madeira seca
Estufa
Vapor de água e emissões
gasosas
Estufa
Produtos Subprodutos
Madeira aplainada Serragem seca
Blocks e blacks Cepilho
Paletes Refilos
Vigas Tocos
Painéis colados
Beneficiame
nto
Beneficiame
nto
Tabela 3 - Produtos e subprodutos da empresa.
Fonte: Pesquisa na empresa.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
66
As entradas e saídas desses produtos e subprodutos foram mensuradas
por peso de toras e quantidade de resíduos produzidos. Na entrada, os
caminhões são pesados indicando o peso líquido de matéria-prima, após o
processamento há novamente uma pesagem para verificar o que foi gerado de
subprodutos e a quantidade de resíduos.
A mensuração de consumo de água e energia é feita através de um rateio
entre os equipamentos e as horas trabalhadas em um determinado período,
não havendo metas de redução de energia implantadas ou em estudos.
O modo de mensurar os produtos e subprodutos da empresa foi analisado
e notou-se que as unidades de medidas utilizadas nos processos são: volume,
peso e por período. Na serraria são medidos (ton/mês e ton/dia),
beneficiamento medido em (m
3
), madeiras coladas são medidas em (m
3
/dia), a
secagem de madeira é medida em (kg/h e m
3
/dia) e a caldeira (KW/mês) o
consumo de energia.
4.1.2.3 Análise do Inventário
Para que a empresa observasse a estrutura e relatasse como o inventário
era efetuado, foi anexado ao questionário um exemplo de inventário. Desta
forma observou-se que o processo é constituído de entradas e saídas, e este é
apropriado para o controle de custos e despesas dos processos, pois divide-se
em centros de resultados ou custos.
Sobre o inventário entrada, a empresa revela que há um controle de
inventário deste modo: contagem de estoque, contagem física confrontando
com o sistema e auditoria anual. Dos dados deste inventário foi identificada a
disponibilidade dos dados e informações por processo e produtos, controlando
o inventário pela variação do estoque de todos os produtos.
A empresa forneceu as tabelas de modo a apresentar como são feitos os
controles de processos e atividades dentro da empresa. As tabelas
apresentadas pela empresa mostram a distribuição de seus custos pela matriz
e suas filiais, onde cada uma possui uma conta discriminada de água, energia
elétrica, insumos, matéria-prima, transporte, depreciação, mão-de-obra, custos
diversos, custos administrativos e manutenção geral.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
67
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Deste modo entrada, para cada central de custos (filial ou matriz) são
feitos rateio entre os setores para quantificar as despesas oriundas de energia
elétrica, água, matéria-prima, insumos, mão-de-obra e transporte, em seguida
são relacionados com os setores, seus processos e produtos determinando o
gasto por atividade ou produto.
Na Tabela 4 apresenta-se um exemplo do modo de separação (rateio)
das contas e os custos.
RATEIO AGUA SETORES R$ 316,82
N
o
CONTA CENTRO CUSTO SETORES VALOR %
1
41310201 31000 SERRARIA MATRIZ 31,68 10,00
2
41310201 31001 SECAGEM MATRIZ 240,78 76,00
3
41310201 31002 APLAINADO MATRIZ 6,34 2,00
4
41310201 31003 BLOCKS MATRIZ 12,67 4,00
5
41310201 31004 FINGER MATRIZ 6,34 2,00
6
41310201 31005 PAINEL MATRIZ 19,01 6,00
TOTAL
316,82
100%
Tabela 4 – Separação (rateio) das contas e dos custos.
Fonte: Pesquisa na empresa.
Na tabela 4, a empresa dispõe dos valores e suas porcentagens para
uma análise dos gastos relativos com água nos setores, recursos que envolve
custos a vários processos. Para isso é feito um rateio do total gasto pela
empresa, sendo mensurado a partir de um valor estimado para cada conta de
água, proporcionando uma visão de onde há maiores custos para a produção.
A Tabela 5 apresenta o total de despesas por atividade separadas por
meses e anos, indicando o total de cada custo relacionado a um setor ou
atividade, alimentada periodicamente, o que permite correções e análise dos
cálculos. No ANEXO C encontra-se um exemplo de como a empresa estrutura
as tabelas de custos e sua ordem de despesas.
TOTAL DE DESPESAS DO MÊS/ANO
Despesas
MATRIZ PG
DISTRITO
INDUSTRIAL
ITAIACOCA
TRANSPORTE
SUB-TOTAL
SETOR
FLORESTAL
TOTAL
GERAL
RATEIO, SERRARIA, SECAGEM,
APLAINADOS, BLOCKS, FINGER,
PAINEL, VIGA, PAINEL PRÁTICO,
SERVIÇOS GERAIS E DESPESAS.
SECAGEM E
APLAINADOS
SERRARIA
VENDAS
DESPESAS
INDUSTRIAIS
SERVIÇOS
GERAIS,
SILVICULTURA,
COLHEITA1,
COLHEITA2,
COLHEITA3 E
TRANSPORTE
1
NR. FUNCIONÁRIOS
2
M.O DIRETA+ENCARGOS
3
FÉRIAS/13 SAL/SESI
4
GGF. + REFEIÇÕES
5
TRANS. FUNCIONARIOS
6
VALE TRANSPORTE
7
MANUT. PREDIAL
8
SEGUROS (máquinas veic)
9
SEGUROS (funcionários)
10
ADMINISTRAÇÃO(M.O)
11
RATEIOADMINIST(gastos)
12
SUB-TOTAL C. FIXOS
13
ENERGIA EL.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
14
COLA QUANT. KG
15
COLA (VALOR)
16
COMBUSTIVEIS
17
MANUTENÇÃO
18
TERCEIROS
19
FRETEIROS
20
DESPESAS
21
SUB-TOTAL C.VARIÁVEIS
22
DEPRECIAÇÃO
23
TOTAL
24
PRODUÇÃO M
3
25
CUSTO PRODUÇÃO M
3
26
NR. FUNCIONÁRIOS
27
M.O DIRETA+ENCARGOS
28
FÉRIAS/13 SAL/SESI
Tabela 5 - Total de despesas por atividade (mês X ano)
Fonte: Pesquisa na empresa.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Nesta tabela 5, os processos de fabricação da empresa são separados
por atividades e setores, para cada um deles são lançados dados referentes às
despesas geradas.
Através desta separação há o lançamento dos valores referentes ás
necessidades de fabricação para um mês de trabalho. Os insumos em comum
para uma determinada atividade, por exemplo, energia elétrica usada em todos
os processos, deste modo o gasto total é fracionado ao consumo relativo a tal
atividade e subtraído do total o gasto da empresa.
Na empresa matriz existe uma tabela que expressa os setores e os
produtos fabricados por ela, onde cada setor necessita de uma atividade ou um
produto para o seu funcionamento. A Tabela 6 apresenta de que modo são
quantificados os gastos por setor e por item de necessidade, indicando quais
itens são necessários para o setor, mostrado o total gasto no período
determinado.
o Industrial (2008)
DESCRIÇÃO SERRARIA CALDEIRA SECAGEM PLAINADO FINGER BLOCKS PAINEL
M.O DIRETA+ENCARGOS
27.939,86 5.579,20 3.824,03 10.469,04 1.985,32 9.800,94 7.617,26
FÉRIAS/13 SAL/ENCARGOS
9.634,40 1.673,76 1.296,41 3.488,72 641,23 3.265,14 2.414,41
GGF. + REFEIÇÕES
12.039,24 1.433,25 1.638,10 4.500,89 590,13 3.383,71 6.177,48
TRASP. FUNCIONARIOS
1.347,17 266,46 107,27 571,89 95,43 740,83 373,04
VALE TRANSPORTE
2.149,93 339,73 226,31 728,51 246,95 1.299,26 740,21
MANUT. PREDIAL
526,26 - 847,50 37,94 - 0,44 56,54
SEGUROS (funcionários)
1.247,98 210,00 120,00 462,08 88,82 379,90 323,09
AFIAÇÃO
6.337,86 - - 345,70 460,94 921,87 460,94
ENERGIA EL.
12.565,32 23.309,96 18.513,62 4.781,58 3.977,12 3.363,37 4.422,98
COLA QUANT. KG
- - - 637,64 - 679,51
COLA (VALOR)
- - - 3.145,31 - 3.397,57
COMBUSTIVEIS
4.982,99 - - - - - -
MANUTENÇÃO
24.773,19 3.785,55 5.262,84 2.798,58 1.274,77 5.223,18 10.579,31
DEPRECIAÇÃO
15.965,47 23.535,56 2.749,45 1.512,12 4.937,02 2.098,46 6.087,68
TOTAL
119.509,67 60.133,47 43.330,0130.477,1034.585,53 29.697,05 18.080,68
Tabela 6 - Valores gastos com atividade madeireira indicando por setor produtivo.
Fonte: Pesquisa na empresa.
PPGEP – Gestã
Nas tabelas 4, 5 e 6, apresentadas pela empresa, nota-se a preocupação com
os gastos e sua origem, indicando onde está o maior centro de despesas. Estes
controles permitem visualizar as despesas em todas as atividades, relativas à
produção, distribuição, acumulação e consumo dos bens e materiais, sendo
denominada pela empresa por central de custos ou rendimentos.
Apesar de a empresa pesquisada ter todos estes controles de processos e
produtos, não apresenta nenhuma certificação ambiental. A sua preocupação está
voltada para a otimização dos custos com mão-de-obra, matéria-prima, energia,
transporte e insumos.
Dos dados apresentados nas tabelas 7 e 8, as entradas e saídas dos
processos são quantificadas entres matéria-prima, cavaco, serragem, madeira
verde, madeira seca, aplainados, toquinhos, cascas e maravalhas. A Tabela 7
demonstra a produção e os rendimentos da empresa, como também a destinação
dada.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Produção e rendimento estimado
mensal serraria Itaiacoca
LOCAL QDADE UNIDADE
Matéria-prima Tora Itaiacoca 6.000,00 tn= m³
Itaiacoca
Cavaco 31% Itaiacoca 1.860,00 tn / vendido
Serragem 10% Itaiacoca 600,00 tn/ vendido
Casca 09% Itaiacoca 540,00 tn / vendido
Madeira Verde 50% Itaiacoca 3.000,00 tn = m³
Madeira Seca 90% distrito Distrito 1.500,00
Distrito
Aplainado 60% Distrito 900,00 m³ vendido
Toquinho 10% Distrito 150,00 m³ conumo caldeira
Maravalha 30% Distrito 450,00 m³ / vendida
Produção e rendimento estimado
mensal Matriz
Matéria-prima Tora pr 151 8.000,00 tn= m³
pr 151
Cavaco 31% pr 151 2.480,00 tn / vendido
Serragem 10% pr 151 800,00 tn/ vendido
Casca 09% pr 151 720,00
tn / 80% consumo 20
venda
Madeira Verde 50% pr 151 4.000,00 tn = m³
pr 151
Madeira Seca 90% distrito pr 151 2.000,00
Aplainado 60% pr 151 1.200,00 m³ vendido
Toquinho 10% pr 151 200,00 m³ consumo caldeira
Maravalha 30% pr 151 600,00 m³ / consumo caldeira
Madeira seca m³ = 500 KG
Aplainados m³ = 500 KG
Toquinhos 3 m³ = 1 Tn
Densidade do
material
Maravalha 6 m³ = 1 Tn
Tabela 7 - Tabela de produção e rendimentos da empresa
Fonte: Pesquisa na empresa
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Os indicadores auxiliam no controle de processos, quantificando seus
produtos e seus resíduos para uma correta seleção, indicando as melhores
decisões.
A empresa se preocupa com os dados históricos, mantendo um levantamento
de produtos produzidos mensal e anualmente. A Tabela 8 apresenta uma das fases
de controle de produtos e seus resíduos, indicado o volume produzindo pela
empresa.
Descrição Unid. Volume
Consumo Matéria-Prima (Toras)
Ton 11.121,23
Volume de madeira serrado Mensal
Ton 4.782,13
Volume Cavaco (Resíduo)
Ton 4.226,07 Venda mercado Interno
Volume Serragem (Resíduo)
Ton 1.000,91 Venda mercado Interno
Volume Casca (Resíduo)
Ton 1.112,12 80% venda mercado Interno
20% consumo próprio (Combustível)
Produtos
Unid. Volume
Madeira Aplainada
m³ 2.293
Madeira Aplainada (Blocks)
m³ 50,60
Madeira Colada (Vigas)
m³ 50,52
Madeira Colada (Painéis)
m³ 62,64
Madeira Colada (Painel prático)
Unid. 4.457
Volume Maravalha (Resíduo)
Tn 160,50
Volume Cavaco Seco (Resíduo)
Tn 300,35
Tabela 8 - Fases de controle de produtos e seus resíduos.
Fonte: Pesquisa na empresa.
Os dados de produção da empresa estão voltados à análise da produção
versos o consumo de matéria-prima, energia e mão-de-obra. No entanto, a aplicação
da ferramenta de ACV demanda que a empresa descreva todo seu fluxo de
processo evidenciando todas as entradas e saídas. Além disso, precisa listar todos
os materiais usados e energias para a transformação deste processo,
concomitantemente as saídas de cada processo ou sistema.
Também há a necessidade de gerar um detalhamento completo do fluxograma
dos processos, descrevendo as etapas necessárias para construir uma unidade de
produto, de modo a fornecer as informações necessárias para um ACV.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
4.2 Apresentação dos fluxos de processos
4.2.1 Fluxo de processo para inventário
Para a construção do inventário é necessário conhecer o fluxo processo e
suas etapas, fracionando tudo que entra e sai do sistema produtivo, observar as
entradas e saídas de energias que devem ser quantificadas em unidade de energia.
Também devem ser visto todos os fluxos energéticos considerados importantes para
a produção, movimentação/transporte e consumo de energia/combustível utilizado
dentro do sistema estudado.
O processo de transformação de madeiras segue em quatro etapas distintas:
a silvicultura, serraria, beneficiamento e secagem.
Nesta distribuição, foi elaborado o fluxo para entender o processo e suas
entradas e saídas da silvicultura. Na Figura 10 o fluxo de entrada da silvicultura,
produção de mudas e toras.
ENERGIA ELÉTRICA
AGUA
SILVICULTURA
TORAS
CALDEIRA
ADUBOS E SUBSTRATO
SEMENTES
VIVEIRO DE MUDAS
RESIDUOS DE EMBALAGENS
MUDAS
RESIDUO
FLORESTAL
Figura 10 – Fluxo de silvicultura.
Fonte: O autor.
Neste fluxo, as matérias-primas principais são as sementes e os adubos,
após a preparação no viveiro com tubetes, que irão receber as sementes juntamente
com o adubo. Que, depois de locados no viveiro, recebem um sistema de irrigação
diária para a germinação das plantas. Neste processo, o uso de água e energia
elétrica é primordial para o bom desenvolvimento da silvicultura, assim como para o
manejo o uso de combustíveis também é parte importante do processo os de origem
fóssil. Os resíduos da silvicultura são as embalagens e por fim os resíduos florestais
como: galhos, raízes e troncos.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Para o sistema de serraria, foi elaborado um fluxo para entender o processo e
suas entradas e saídas. A Figura 11 o fluxo da entrada das toras e suas principais
saídas.
ENERGIA ELÉTRICA
SERRARIA
ESTUFA
CALDEIRA
ENERGIA FOSSIL
TORAS MADEIRA
DESCASCAMENTO
CALDEIRA
CASCA
BIOMASSA
Figura 11 – Fluxo de entradas das toras na serraria.
Fonte: O autor.
Neste fluxo, a matéria-prima chega à empresa por caminhões e, após isto, o
trator leva até o descascador de toras, que por sua vez libera para a serra de fita
para iniciar os cortes. Neste processo, o uso de energias como a elétrica renovável e
a energia fóssil dos combustíveis dos caminhões e tratores (óleo diesel) são
essenciais, a água tem um papel importante no resfriamento da lâmina de corte da
serra de fita.
Os resíduos sólidos presentes neste processo, como as cascas são destinados
para a queima em caldeira na empresa, a serragem do processo de corte segue
para o silo, onde fica armazenado para uso ou venda.
A empresa registra entradas de toras por toneladas na chegada, pesando os
caminhões, no início do processo e após a retirada das cascas, antes de entrar na
serraria. As cascas são então transportadas por esteiras até um silo onde são
armazenadas até serem utilizadas na caldeira. É neste ponto que a empresa
mensura o consumo de resíduos de madeira e cascas, pela quantidade de queima
que a caldeira necessita. Para este sistema de secagem, há um relatório feito
periodicamente em reuniões em que são registradas as emissões sólidas e gasosas.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Do processo de serraria são basicamente separados em cascas (9%),
serragem (10%), cavaco (31%) e madeira verde (50%), sendo estimado pelo
diâmetro da tora menos a espessura da casca temos um volume aproximado, logo
após o corte temos o valor de madeira serrada e o volume dos cavacos, o restante é
serragem. São dados estimados devido à variação dos diâmetros das toras em
processo.
No processo de secagem de madeira, o fluxo se inicia com o carregamento da
estufa com madeira verdes vindas da serraria. A queima das cascas e resíduos de
madeira fornece energia térmica para o processo, aquecendo a estufa. O vapor
quente gerado aquece os dutos, pelos quais passa o ar forçado que se aquece e
circula entre as pilhas de madeira arrastando a umidade (secando a madeira).
A Figura 12 mostra o fluxo do processo de secagem de madeira, o qual
também mostra uma co-geração de energia térmica para o aquecimento de óleo
térmico destinado a outro processo.
ESTUFA
MADEIRA SECA
BENEFICIAMENTO
CALDEIRA
Casca
Biomassa
Energia
elétrica
ÁGUA
CALDEIRA
ÓLEO TÉRMICO
Figura 12 - Fluxo de secagem de madeira.
Fonte: O autor.
Neste processo, a matéria-prima madeira verde é transportada por
empilhadeira que é abastecida com gás de origem fóssil, energia não renovável. já a
caldeira usa energia renovável a base de resíduos de madeira. Deste processo são
gerados resíduos sólidos, como as cinzas e gasosos provenientes da queima de
madeira e dos vapores gerados do aquecimento da água.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Para este processo, a empresa tem um relatório das emissões da caldeira
registrado em reuniões que acontecem em períodos aleatórios. Também há um
registro do que entra e sai deste processo, podendo saber quanto gera de produto e
sai de resíduos. Em relação à energia gasta, existe a possibilidade de consultar
dados já disponíveis em banco de dados para ACV.
O processo de beneficiamento de madeira necessita das fases anteriores: a
silvicultura, serraria e secagem, seguindo o procedimento específico de cada etapa.
Neste processo, a madeira seca chega a cada linha de produção para
executar o produto solicitado. Cada linha tem máquinas e equipamentos necessários
para produzir determinado produto, para obtenção de alguns produtos eles passam
ainda por mais de um sistema de produção que está ligado para estas etapas. Após
o desdobrar a madeira, a mesma passará pela aplaina recebendo o primeiro
acabamento.
A Figura 13 mostra o fluxo principal de beneficiamento da madeira seca até os
produtos acabados.
BENEFICIAMENTO
MADEIRA
SEC
A
BENEFICIAMENTO
GAS
CALDEIRA
Energia elétrica
MADEIRA SECA
REFILOS
BLANKS
BLOCKS
PAINEIS
BOARDS
COLADOS
VIGAS
FINGER
PAINEL
PRÁTICO
Figura 13 – Fluxo do beneficiamento de madeira seca.
Fonte: O autor.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Nesta etapa do processo de beneficiamento da madeira seca, o uso de energia
elétrica é essencial e vital. Outra energia usada e o gás de origem fóssil para
transportar as madeiras secas dentro da fabrica. Os resíduos gerados como
serragem, toquinhos de corte, maravalha e refilos são destinados ao picador para se
tornar matéria-prima de outros produtos e energia para caldeira.
A energia consumida neste processo é mensurada e por meio de rateio, no
qual o custo total é estimado através dos custos do processo pela carga elétrica
necessária para o funcionamento dos motores e iluminação. Deste modo, tem-se um
valor relativo ao processo pelo tempo de trabalho do período. As demais matérias-
primas são quantificadas por lotes ou por pedido, os resíduos gerados são
separados conforme sua finalidade, tendo valores estimados da geração de cada
tipo de resíduo, registrado por toneladas de subprodutos.
Dos combustíveis dos transportes também existe um rateio entre os setores
que usam meios de transporte, sendo quantificado por horas de funcionamento
como também pela distância percorrida até o destino, sendo observado o consumo
do meio de transporte usado (modelo e rendimento).
4.2.2 Avaliação para o ACV
No momento da coleta de dados, segundo a norma ISO 14040, foi observada a
forma como a empresa controla seu inventário, identificando qual foi o procedimento
adotado para quantificar as entradas e saídas pertinentes ao sistema produtivo.
Os indicadores de avaliação do ciclo de vida fornecem uma perspectiva direta
dos problemas gerados em processos ou serviços, podendo ser observado no
momento da coleta dos dados. Para tanto, foi construído um levantamento dos
dados e informações referentes aos processos que completam a atividade da
empresa pesquisada.
Os detalhes dos processos e dos volumes de insumos, energia e transporte
consumidos no ciclo de vida de um produto fazem parte do levantamento, bem como
descrever as emissões que ocorrem com os materiais que são consumidos pela
fabricação e durante a vida do produto, posteriormente se determina os impactos
destas emissões e do consumo desses materiais.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
A análise do inventário permite identificar as interações do ciclo de vida do
produto com o meio ambiente, e a avaliação dos impactos ambientais associados às
interações. As tabelas 9, 10, 11 e 12 foram confeccionadas para os principais
processos realizados pela empresa em análise, com objetivo de analisar quais
informações seriam necessárias para uma ACV, indicando as dificuldades para a
elaboração deste inventário.
A Tabela 9 mostra os dados e informações de um processo de silvicultura e as
necessidades para uma ACV, descrevendo as principais entradas e saídas deste
sistema.
PROCESSO: SILVICULTURA
ENTRADA PROCESSO SAÍDA
Matéria-prima, insumos e
energia.
Nome Subproduto, resíduos.
Adubos Mudas
Óleo Diesel Resíduos de Embalagens
Herbicidas Resíduos de afiação
Controle biológico (formigas) Resíduos de lubrificantes
Sementes Toras
Água
Resíduos florestais
Substrato
Embalagens plásticas
Gasolina
Energia elétrica
Óleo lubrificante
Gasolina
DADOS AMBIENTAIS
Emissões líquidas: Efluentes de sanitários, resíduos de óleos lubrificantes em operação.
Emissões gasosas: Resíduos da queima de óleo diesel e gasolina
Emissões sólidas: Resíduos de embalagens, pesticidas para formigas, florestais.
OBSERVAÇÕES:
1- Mensurar as fontes de matérias-primas como seus resíduos, determinando as quantidades
necessárias para produzir certa quantidade ou uma unidade;
2- Adequar processo para que possa mensurar os insumos, matéria-prima e as energias
envolvidas;
3- Setor de passivos ambientais, mas com possibilidades de impactos ao meio ambiente devido
às atividades ao solo;
4- Preservação dos recursos naturais e por conseqüência a camada de ozônio, mas em contra
partida o uso de energia fóssil como o diesel e a gasolina;
5- Usar medidores de água para quantificar o uso.
Tabela 9 – Entradas e saídas do processo de silvicultura.
Fonte: Pesquisa na empresa. Adaptado de ROSSATO, 2002.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
No processo seguinte, a serraria, as toras oriundas da silvicultura seguem para
um processo de corte. Para tanto, a Tabela 10 descreve as principais entradas e
saídas do processo de serraria, indicando pontos de dificuldades de mensurar.
PROCESSO: SERRARIA
ENTRADA PROCESSO SAÍDA
Matéria-prima, insumos e
energia.
Nome Subproduto, resíduos.
Energia elétrica Casca
Toras Serragem
Fluido de corte Refilos
Afiação Cavacos
Óleo diesel Costaneiras
Gás
Óleo lubrificante
Água Fluido de corte
Óleos lubrificantes Madeira serrada
Resíduos sólidos
DADOS AMBIENTAIS
Emissões líquidas: Água com fluido de corte usado no momento do corte com a serra de fita
para diminuir o calor e o atrito gerado.
Emissões gasosas: Resíduos da queima de óleo diesel do gás usado no transporte.
Emissões sólidas: Resíduos derivado da madeira e resíduos sólidos.
OBSERVAÇÕES:
1- Não são mensurados os resíduos de todo o processo e a energia elétrica e rateada com as
demais máquinas do processo, podendo saber o consumo com um calculo estimado pelo
consumo do equipamento versus horas trabalhadas;
2- Os resíduos derivado de madeira são separados por uma esteira até o picador sendo
mensurado por toneladas;
3- O resíduo casca é separado para queima na caldeira, não há um controle de quanto é
queimado hoje em valores confiáveis;
4- Devendo mensurar os valores gastos com óleo diesel e gás para produzir uma tonelada de
madeira serrada, por exemplo, e devendo mensurar os resíduos gerados para produzir uma
tonelada de madeira serrada;
5- Usar medidores de água e energia elétrica para quantificar o uso nos processos.
Tabela 10 – Entradas e saídas do processo de serraria
Fonte: Pesquisa na empresa. Adaptado de ROSSATO, 2002.
Para o processo de secagem de madeira, usa-se o reaproveitamento de
resíduos de madeira a biomassa, na queima em caldeira gerando calor para o
processo. A Tabela 11 descreve as principais entradas e saídas deste processo de
estufa.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
PROCESSO: SECAGEM
ENTRADA PROCESSO SAÍDA
Matéria-prima, insumos e
energia
Nome
Sub-produto, resíduos,
Energia elétrica Madeira seca
Madeira verde Vapor de água
Água Calor
Biomassa Emissões atmosféricas
Gás Cinzas
DADOS AMBIENTAIS
Emissões líquidas: Água condensada nos sistema.
Emissões gasosas: Emissões da queima da biomassa e do gás usado no transporte.
Emissões sólidas: Cinzas.
OBSERVAÇÕES:
1- Adequar processo para mensurar o consumo de biomassa nos sistema;
2- Mensurar as emissões gasosas do processo;
3- Mensurar os resíduos sólidos do processo;
4- Energia consumida na estuda com os motores de ar forçado.
Tabela 11 – Entradas e saídas do processo secagem
Fonte: Pesquisa na empresa. Adaptado de ROSSATO, 2002.
No processo de beneficiamento de madeira que é a fase de acabamento final
da madeira sólida e seca, gera-se mais consumo de energia e insumos onde se
deve implementar indicadores de medidas em vários pontos no processo. A Tabela
12 demonstra-se as descrições das principais entradas e saídas do processo de
beneficiamento e suas dificuldades.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
PROCESSO: BENEFICIAMENTO
ENTRADA PROCESSO SAÍDA
Matéria-prima, insumos e
energia
Nome Subproduto, resíduos
Energia elétrica Aplainados
Madeira seca Blocks
Cola Blanks
Lixas Painéis colados
Embalagens Serragem
Paletes
Cepilhos
Óleo diesel Tocos de madeira
Gás Vigas
Óleos lubrificantes
Resíduos sólidos
DADOS AMBIENTAIS
Emissões líquidas: Não apresenta emissões liquidas.
Emissões gasosas: Resíduos da queima de óleo diesel e gás.
Emissões sólidas: Resíduos de cola, lixas, embalagens.
OBSERVAÇÕES:
1- Devendo ser mensuradas as quantidades gastas com óleo diesel e gás para produzir
uma tonelada de madeira beneficiada;
2- Devendo ser mesurada a quantidade gerada de resíduos de cola, lixas e embalagens
para produzir uma tonelada de madeira beneficiada;
3- Adequar o setor com medidores de energia para identificar os valores gasto no
processo;
4- Usar medidores de água e energia elétrica para quantificar o uso.
Tabela 12 – Entradas e saídas do processo de beneficiamento
Fonte: Pesquisa na empresa. Adaptado de ROSSATO, 2002.
A construção destas tabelas possibilitou identificar quais são os dados que a
organização pesquisada não coleta até o momento, e quais são importantes de
serem mensurados para uma possível implementação da ferramenta ACV. Os
pontos de mais significância ambiental também se apresentam neste trabalho de
coleta de dados e informações, podendo assim apontar algumas soluções ou
melhorias para os processos.
4.2.3 Dados necessários para a construção do inventário
Para a coleta de dados para um inventário de ACV, foi necessário conhecer
todos os fluxos de processo e os sistemas que o compõem. Separando em unidade
de processo e seus fluxos elementares para selecionar as entradas e saídas de
cada etapa, observando as energias necessárias, matérias-primas, produtos
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
fabricados e seus subprodutos, como também a geração de resíduos sólidos,
líquidos e gasosos diretos ou indiretos ao processo.
A partir dos fluxogramas foi elabora a Tabela 13, que mostra os dados
necessários para a empresa analisar. A partir dos fluxos dos processos e dos
sistemas que os compõem com ilustrado no item 4.2.1.
A separação das unidades de processos e seus fluxos elementares ajudam a
selecionar as entradas e saídas de cada etapa, observando as energias
necessárias, matérias-primas, produtos fabricados e seus subprodutos, como
também na geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos diretos ou indiretos ao
processo apresentado no item 4.2.3.
A Tabela 13 exemplifica a descrição detalhada das entradas e saídas de cada
etapa do processo necessário para inventariar uma tonelada de madeira
beneficiada, indicando como os dados devem ser mensurados.
Construção de Inventário para ACV na empresa pesquisada – exemplificando 1 tonelada
de madeira beneficiada
Parâmetros Quantid
ades
Unidade de
medida
Fonte
SILVICULTURA
Entradas
Sementes/Mudas mudas Dados diretos ao processo
Adubos/substrato gramas Dados diretos ao processo
Água irrigação L por/dia Dados diretos ao processo
Herbicidas gramas Dados diretos ao processo
Controle biológico de formigas gramas Dados diretos ao processo
Combustível/gasolina/diesel Litros/horas Banco de dados
Energia elétrica consumida kJ Banco de dados
Área requerida ha Dado calculado
Saídas
Toras kg Dados diretos ao processo
Plantas mudas Dados diretos ao processo
Emissões atmosféricas Banco de dados
CO
2
fóssil Banco de dados
Resíduos sólidos Kg Dados diretos ao processo
Resíduos florestais kg Dados diretos ao processo
SERRARIA
Entradas
Toras madeira Kg Dados diretos ao processo
Energia elétrica KJ Dado calculado
Combustível/gasolina/diesel Litros Banco de dados
Fluído de corte ml/h Dados diretos ao processo
Água Litro/horas Dados diretos ao processo
Saídas
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Produtos Dados diretos ao processo
sobprodutos kg Dados diretos ao processo
Casca kg Dados diretos ao processo
Serragem Kg Dados diretos ao processo
Emissões atmosféricas Banco de dados
CO
2
fóssil Banco de dados
Resíduos sólidos kg Dados diretos ao processo
Resíduos kg Dados diretos ao processo
BENEFICIAMENTO
Entradas
Energia elétrica KJ Dado calculado
Madeira seca kg Dados diretos ao processo
Cola kg Dados diretos ao processo
Lixa Dados diretos ao processo
Embalagens kg Dados diretos ao processo
Paletes kg Dados diretos ao processo
Combustível/gasolina/diesel Banco de dados
Gás (empilhadeira) Banco de dados
Saídas
Refilos kg Dados diretos ao processo
Serragem kg Dados diretos ao processo
Produtos kg Dados diretos ao processo
Subprodutos kg Dados diretos ao processo
Emissões atmosféricas Banco de dados
CO
2
fóssil Banco de dados
Resíduos sólidos kg Dados diretos ao processo
Resíduos kg Dados diretos ao processo
SECAGEM
Entradas
Energia elétrica kJ Dado calculado
Madeira verde kg Dados diretos ao processo
Água litros Dados diretos ao processo
Biomassa kg Dados diretos ao processo
Gás (empilhadeira) Banco de dados
Resíduos de madeira kg Dados diretos ao processo
Saídas
Madeira seca kg Dados diretos ao processo
Vapor de água Banco de dados
Calor Banco de dados
Cinzas kg Dados diretos ao processo
Emissões atmosféricas Banco de dados
CO
2
(renovável) Banco de dados
CO
2
(fóssil) Banco de dados
Resíduos sólidos kg Dados diretos ao processo
Resíduos kg Dados diretos ao processo
Tabela 13 – Construção de exemplo de inventário para ACV.
Fonte: O autor. Adaptado de GALDIANO, 2006.
A construção desta tabela revela os dados necessários para o inventário do
ACV, e como devem ser mensurados e quais dados já existem em banco de dados
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
para serem consultado e usado para análise dos fluxos de energia de entradas e
saídas.
Para completar a Tabela 13, podemos listar alguns dados para refinamento do
inventário, ampliando o limite do sistema, incluindo dados secundários de energia
como as perdas de transmissão, materiais secundários ao processo, materiais
auxiliares para manutenção, por exemplo, e outras entradas físicas. Outros dados de
sistemas secundários podem vir das emissões para o ar, emissões para a água,
emissões na terra e outras emissões possíveis no sistema estudado.
4.2.4 Análise do inventário
Os dados pesquisados na empresa selecionada são apresentados na tabela
13, que resume as condições em que se encontra a construção de um inventário
para ACV atualmente na empresa.
Neste levantamento, observou-se que a empresa mensura os seus produtos,
insumos, subprodutos e as energias necessárias para manter o processo ativo. Mas,
a preocupação do controle dos processos está voltada aos custos e visando a
redução do consumo de matéria-prima.
Foi identificada a falta de dados em pontos importantes do processo para a
formulação de dados para um inventário, estes poderão ser consultados e obtidos
de fonte de referências e banco de dados para ACV. Para a coleta destes dados,
faz-se necessário organizar equipes para buscar as informações e dados dos
processos, dividindo por sistemas e subsistemas e cada equipe responsável em
gerar os dados de modo que sejam confiáveis e compatíveis com a realidade do
estudo da ACV.
Para o processo de silvicultura, a empresa pesquisada conta com dados de
processo e suas quantidade como: sementes, mudas, adubos, herbicidas, controles
biológicos, combustíveis e energia elétrica, medindo o consumo destes itens para o
processo.
Estes dados devem ser redirecionados para ACV, mensurando as quantidades
exatas para produzir uma tonelada de madeira beneficiada, contando todos os
pontos necessários das entradas e saídas para este sistema. Devendo ser
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
quantificado com dados diretos ao processo, em casos que tenha como medir como
o consumo de água, sugere-se que seja implementado um medidor para obter os
dados. No caso da energia elétrica, os dados poderão ser obtidos com a
implementação de um medidor por processo ou pode ser calculados para identificar
o consumo em cada processo, levando também em conta as perdas de transmissão
e perdas de potência nos equipamentos.
Do transporte e dos equipamentos que consumem combustíveis como, óleo
diesel, gasolinas, gás natural, lubrificantes podem ser estimados os dados de
consumo de cada etapa, para o transporte deve ser mensurado as distâncias
necessárias para depositar a quantidade de toras para produzir uma tonelada de
madeira beneficiada, assim como também o consumo de combustíveis, lubrificantes
e componentes necessários para completar está tarefa.
Da área requerida para o processo, mensurar os dados do uso do solo para a
silvicultura como também os produtos e subprodutos, identificando os dados e suas
quantidades para se produzir uma tonelada de madeira beneficiada.
Das saídas do processo também devem ser mensurados todos os produtos e
subprodutos, resíduos sólidos, líquidos e gasosos gerados para se produzir uma
tonelada de madeira beneficiada. Neste foco, deve-se promover indicadores que
quantifique os resíduos gerados no viveiro, na floresta e no transporte. Para as
emissões atmosféricas, já há informações de banco de dados ou por tabelas
padronizadas e testadas.
No processo de serraria, a empresa mensura os dados de matéria-prima já na
chegada à fábrica, as toras são quantificada por toneladas a cada caminhão que
chega ao processo. As outras matérias-primas são depositadas em almoxarifados
que tem o controle de entradas e saídas. São quantificadas para todo o processo de
beneficiamento de madeira, sendo necessário gerar banco de dados que indique o
uso e a quantidade para cada subsistema.
A energia elétrica usada pela empresa em seus processos gera um consumo
estimado pela potência em trabalho e onde é feito rateio entre os setores. Tendo
necessidade de medidores de energia em cada subsistema, ainda por meio de
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
cálculos (incluído perdas de transmissão) encontram-se os dados de energia
necessária no processo de serraria.
Outros dados necessários de processos são: de toras, cascas e resíduos
gerados. Devendo medir o necessário para produzir uma tonelada de madeira
beneficiada, entre os dados medidos atualmente são dados estimados no processo
que necessita de adequação para o estudo de ACV. Os demais insumos, como
fluído de corte, água, resíduos sólidos de afiação e combustíveis devem ser
estimados conforme o uso necessário ao parâmetro de uma tonelada de madeira
beneficiada. Para a movimentação de toras, é feita por tratores que consomem
combustível fóssil, deve-se calcular o consumo e usar informações do banco de
dados para quantificar as emissões sólidas e gasosas.
O processo de secagem de madeira é o processo que utiliza energias
renováveis a base de madeira e energia fóssil usado na movimentação para a estufa
e para o beneficiamento, tais dados podem ser medidos direto no processo e com
base em banco de dados para quantificar suas emissões sólidas e gasosas.
A geração de cinzas no processo também deve-ser quantificada e computada
junto aos demais dados do processo. A energia elétrica tem um consumo
relativamente pequeno neste sistema, sendo usada para movimentar motores que
por meio de hélice força o ar para dentro da estufa, devendo ser mensurado o
consumo de energia para secar uma tonelada de madeira.
A empresa deve usar um meio mais adequando para quantificar o uso de
resíduos de base de madeira na caldeira, podendo indicar estes valores com uso de
um medidor antes de entrar no sistema de alimentação da caldeira. E, para cada
tonelada de material queimado, poderá usar dados padronizados para mensurar as
emissões atmosféricas do sistema de secagem de madeira.
O processo de beneficiamento é o que tem mais itens a mensurar devido à
quantidade de subsistemas que são necessários para compor o processo e seus
produtos. Por conseqüência, o uso de energia é maior, como nos outros processos o
uso de energia elétrica deve ser mensurado por meio de medidores ou calculado
pela potência usada nas máquinas e equipamentos.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
Os resíduos devem-se ser mensurados direto no processo indicando as
quantias geradas para produzir uma tonelada de madeira beneficiada. Os outros
resíduos como: colas, lixas, embalagens e resíduos de afiação devem ser listados e
quantificados para o beneficiamento de uma tonelada de madeira.
O combustível usado pelas empilhadeiras deve ser quantificado e o banco de
dados deve ser usado para calcular as suas emissões.
Os dados da empresa revelam a preocupação de mesurar os resíduos para
reduzir os custos de matérias-primas e dos processos, no entanto para a aplicação
da ferramenta ACV seria necessária a coleta de informações que hoje a empresa
não tem disponível. O levantamento de dados para o inventário, sem sombra de
dúvida, é a parte mais onerosa para aplicação a ferramenta ACV.
5 CONCLUSÕES
O presente estudo objetivou a análise dos requisitos organizacionais para a
aplicação da ferramenta de análise do ciclo de vida de produto (ACV), com base na
norma ISO 14040, e sua aplicabilidade nos processos e produtos de uma indústria
do setor madeireiro de médio porte da cidade de Ponta Grossa/PR.
A ferramenta ACV venha assumindo uma grande importância nas soluções
ambientais e vários autores a classificam como uma nova tendência mundial para
orientações de novas práticas e políticas ambientais, embora ela esteja inserida
entre as normas da ISO. E sua aplicação não é tão difundida nas empresas devido a
grande quantidade de dados necessários para o estudo e sua análise.
Observou-se no estudo realizado que a ferramenta era completamente
desconhecida pela empresa e cabe aqui ressaltar, que embora a empresa tenha
declarado por diversas vezes que mantém uma forte preocupação ambiental, a
mesma no momento da realização do estudo não apresentava qualquer certificação
ambiental.
Considerando este ponto, é importante ressaltar que as conclusões aqui
dizem respeito à análise de uma empresa de médio porte do setor madeireiro que
não apresenta nenhum tipo de certificação ambiental. Embora as conclusões devam
ser analisadas sob esta restrição, vale aqui salientar que esta é a realidade de um
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
número grande de empresas no Paraná, onde 55,77% das empresas não possuem
nenhum tipo de certificação de qualidade.
Considerando as etapas proposta no estudo, a empresa forneceu dados que
propiciaram o levantamento completo do seu sistema de produção, pois, mais do
que a aplicação dos questionários a empresa permitiu por diversas vezes visitas do
pesquisador a todas as suas instalações, o que possibilitou uma análise do sistema
de produção.
Com base nos questionários e nas visitas técnicas à empresa, foi possível
identificar e elaborar os principais fluxos de processo e suas respectivas entradas e
saídas de matéria-prima e energia. Neste estudo foram estruturados os fluxos de
processo para entender todas as fases que os compõem, identificando assim os
dados referentes a entradas e saídas de matérias-primas e energia necessária para
a confecção de um inventário do ciclo de vida.
Com base nos fluxos construídos foram levantados quais os dados
necessários à confecção do inventário. A empresa monitorou e manteve registros
em seus processos no momento da pesquisa. Tais dados foram repassados ao
pesquisador em forma de tabelas as quais indicavam como a empresa mensurava
seus custos. Pode-se observar que os dados se referiam aos custos operacionais e
com uma forte preocupação na redução dos resíduos. Portanto, embora exista uma
preocupação da empresa em manter registros dos insumos e gastos energéticos,
estes registros têm como foco a diminuição dos custos de produção, e para serem
utilizados na confecção de um inventário teriam que ser padronizados usando
unidades internacionais e reorganizados de forma que todas as entradas e saídas
fossem calculadas para cada um dos processos da empresa.
Além da organização e padronização de dados existentes, o estudo determinou
quais pontos seriam necessários para implementar uma coleta de dados visando a
uma aplicação futura da ferramenta ACV. No momento da pesquisa observou-se,
portanto, a necessidade de adequação enquanto ao modo de mensurar o consumo
de energias, insumos, produtos e resíduos e suas emissões sólidas, líquidas ou
gasosas. Somente com estas adequações a empresa poderá informar com precisão
quais dados são necessários para ter um inventário completo, que mostrará quanto
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
de energia e matérias-primas são necessários para demandar uma tonelada de
madeira beneficiada.
Esta pesquisa indicou que a empresa selecionada necessita de aprimoramento
do gerenciamento de seus dados e informações, e que para uma implementação
futura da ferramenta ACV serão necessárias adequações dos processos com
estruturas físicas e indicadores, formando um banco de dados para cada fluxo de
processo e os seus fluxos complementares.
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A construção desta pesquisa abriu caminhos para novos estudos no
desenvolvimento sustentável dos recursos naturais através do uso da ferramenta de
gestão ambiental ACV.
Como observou que as empresas têm dificuldade em quantificar seus
processos no tocante à formulação do inventário para a aplicação da ferramenta,
sugere que pesquisas apontem modos de quantificar as matérias-primas, insumos e
energia desde a forma de obter a matéria-prima para a fabricação até seu descarte
ou reciclagem depois do uso ou consumo.
Sugere outras pesquisas no sentido de preparar as empresas e empresários
para o estudo de análise de ciclo de vida de seus produtos, as quais poderão
minimizar os custos com processos e reduzir os impactos oriundos do processo, por
outro lado facilitando as empresa a obterem certificações ambientais.
Podem também ser desenvolvidas pesquisas que auxiliem na adequação de
dados e informações para o ACV, que permitirão uma avaliação de oportunidade e
melhoramento dos sistemas. Que resultará em decisões estratégicas para manter
seus produtos no mercado global.
Outra fonte seriam pesquisas relacionadas aos aspectos e impactos ambientais
oriundos da análise de ciclo de vida do produto, de modo a otimizar o uso de
materiais e energia de maneira sustentável.
PPGEP – Gestão Industrial (2008)
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PPGEP – Gestão Industrial (2008)
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO A – CARACTERIZAÇÃO DA
EMPRESA
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL
DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
QUESTIONÁRIO CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA
Objetivo: destina-se à identificação da estrutura da empresa, sua atividade e como
está inserida no mercado.
1. Identificação da empresa:
- Razão social:
- Nome fantasia:
- Ano de fundação da empresa:
2. Qual foi a motivação para abertura da empresa?
[marque mais de uma alternativa se necessário]
Oportunidade de n egócio;
Garantir a segurança econômica da família;
icar):
a está atuando no setor madeireiro?
De 3 a 5 anos Mais de 21 anos
Já era da família;
Saída do emprego;
Oportunidade de negócio para os filhos;
Outros (especif
3. Há quanto tempo a empres
De 1 a 3 anos De 10 a 20
4. Localiz
centro da cidade
Zona urbana (na periferia da cidade – entre 1 km a 10 km do centro)
)
istrito da cidade)
. Número de funcionários nos diferentes setores:
s
6. Qual o os funcionários?
1
0
grau
Formação técnica
superior
_______ _____
7. lternativa se necessário]
Transporte de matéria-prima;
Transporte de funcionários;
Alimentação;
ança;
Manutenção elétrica;
8.
NÃO
de pessoas: _____
ação da empresa:
[marque mais de uma alternativa se necessário]
Zona urbana (próximo ao )
Zona rural (próximo à cidade – entre 40 a 100 km
Zona rural (d
Outros. Justificar: _________________________________________________
5
De 10 a 20 funcionários De 51 a 100 funcionário
De 21 a 50 funcionários Mais de 100 funcionário s
nível de escolaridade d
2
0
grau Curso
Outros (especificar): __________ ________________________
A empresa terceiriza serviços? Quais? [marque mais de uma a
Limpeza e conservação;
Coleta de resíduos; Segur
Transporte de produtos; Manutenção mecânica;
A empresa possui uma estrutura organizacional formal?
SIM
Como estão distribuídos os cargos em nível estratégico?
[Assinale mais de uma alternativa se necessário]
Presidência e vice-presidência. Número
100
Detalhar cargos:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Diretores. Número de pessoas: ____
_______________________________________________________________________________
Detalhar cargos:
______________________________________________
________ _____________________________
Supervisores. Número de pessoas: ____
eta cargos:
__________________ ______
________________ ________ _____
sinale mais
Detalhar cargos:
__ _________________
cargos:
__________________________________________________
_____________________________________________________________________
Detalhar cargos:
_______________________________________________________________________________
Acionistas ou sócios. Número de pessoas: ____
_________________________________
__ ________________________________________
Como estão distribuídos os cargos em nível tático? [Assinale mais de uma alternativa se
necessário]
Gerentes. Número de pessoas: ____
Detalhar cargos:
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
D lhar
__________________________ _____________________________
__ ____________________ ______ __ ____________________
Como estão distribuídos os cargos em nível operacional?
[As de uma alternativa se necessário]
Setor administrativo. Número de pessoas: ____
__ __________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
Setor produtivo. Número de pessoas: ____
Detalhar
_____________________________
__________
101
9. De ond ecedores de suas ma
stados;
Outros. Especificar: _____________________________________________
10. A empresa fornece seus produtos para o mercado?
a 20% mercado interno (dentro do estado);
ercado interno (dentro d
Outros. Justificar: ________________________________________
___________________________________________
Corte de toras
Vigas
Tabuas
Subprodutos (costaneiras, refilos, serragem e tocos de madeira)
Blocks e blacks
Painéis colados
Molduras
e são os forn térias-primas?
Locais;
Regionais; De outros e
Do estado;
De outro país;
Entre 10
Entre 20 a 30% m o estado);
11. Quais são os três produtos mais solicitados pelos clientes?
___________________________________________________________________
________________________
12. Quais produtos são fabricados pela empresa?
[marque mais de uma alternativa se necessário]
Serraria:
Secagem madeira
Ripas Paletes
Caixas
Beneficiamento:
Madeira seca
Madeira tratada:
Seca Imunizada
102
13
__ ___
_ _______________________________________________________________
Japão
China
Brasil
5. Quantos são os principais concorrentes?
________________________________________
16 De ond
Regionais;
Do estado;
De outros estados;
D
7. A empresa é fiscalizada por órgãos relacionados ao meio ambiente com que
freqüência? Qual o período ou a freqüência? Quais são os órgãos fiscalizadores?
o fiscalizador:_______________________
Mensalmente: _________________________________________
_______________________________________
__________________________________________
_____________ ____ ______
. Quais os principais clientes da empresa?
______________________________________________________________
___
14. Onde estão localizados?
Europa
EUA Canadá
Outros: ____________________________________________
1
___________________________________________________________________
___________________________
. e são?
Locais;
e outro país;
Outros. Especificar: _____________________________________________
1
Período: _______. Órgão fiscalizador:_______________________
Período: _______. Órgã
Semestralmente:
Anualmente:
Outros: _________ ____ __________
103
18. A empresa tem algum certificado de qualidade ou ambiental (ISO 14000, ISO
9000 ou outra certificação)?
Sim Não
Descrever:
_______________________________________ ____ _________
_______________________________________ ____ ______________
Licença de operação do IAP;
Cadastro industrial atualizado;
ça de operação da caldeira ( er cal
nça de Operação da empresa
ental para destin dos re
o do corpo de bombeiros
QUESTIONÁRIO SOBRE LOGÍSTICA NA EMPRESA
em a no q o transporte e a azena
20 Existe a necessidade de um transporte especial para a distribuição dos
[marque mais de uma alternativa se necessário]
im, qual o tipo de transporte:
caçamba
Esteira de transporte
Empilhadeira
____ ___________
____ ______
19. A empresa possui algum tipo de controle de seus documentos legais, como?
[marque mais de uma alternativa se necessário]
Licen
Lice
se tiv
;
deira);
Autorização ambi
Certificad
ação síduos;
;
Objetivo: destina-se a levantar dados sobre os meios usados dentro e fora da
pres ue se diz respeito a arm gem.
.
produtos madeireiros na empresa?
Se s
Caminhão
Caminhão baú
Trator munck
Outros. Justificar: __________
Carreta
104
21. Existe a necessidade de embalagens diferenciadas para o transporte dos
de uma alternativa se necessário]
Pap
Plást
PVC
Cin
Cinta metáli
te de componentes líquidos, s lidos ou gasosos durante o transporte de
matérias-primas ou produtos na empresa? [marque mais de uma alternativa se necessário]
GNV
avacos de madeira
diesel
Gasolina
madeira
Empilhamento produtos
Gases nocivos Fungicidas
ntenção
Alar tivo
Cor marração
Canal de controle de resíduos
Fos e efluentes
Pall
23. nto o peso do conjunto produto/embalagem significa uma relação de
Não afeta
Afeta todo o processo
Afeta alguma s
Outros tificar: _________________________________________
4. lume dos produtos é importante durante o transporte e estocagem?
Sempre
Nunca
Geralmente
Frequentemente
Outros. Justificar: _________________________________________
produtos em quais tipos?
[Marque mais
elão
icos
ta plástica
ca
Cordas
22. Podem ocorrer vazamentos, escorregamento, deslize ou qualquer outro tipo
de aciden ó
GLP
C
Produtos para tratamento de
Óleo
Existe controle para os tipos de acidente? [marque mais de uma alternativa se necessário]
Tanque de co
me indica
das de a
so de coleta d
et
Qua
custos do transporte do produto?
Afeta diretamente
s etapa
. Jus
2 O vo
105
25. A empresa utiliza-se de pallets reaproveitáveis ou descartáveis para o
transp dos p
ente
Outros. Justificar: ____________________________________
clientes? [marq tiva se necessário]
Ferroviários
27 de caminhões s
capacidade?
não
28 o melhorar a disposição do roduto e transporte,
otimizando os custos referentes ao deslocamento, visando a economizar
combustível (energia)?
Sempre
Nunca
Geralmente
Frequentemente
_________________________________
29 ximos,
ed do os custos com transportes?
Nunca
Geralmente
Frequentemente
__________________________
orte rodutos?
Nunca Frequentem
Sempre Geralmente
26. Quais os meios de transporte usados para que o produto chegue até os
ue mais de uma alterna
Aéreos
Rodoviários Marítimos
empre com 100% da . A empresa realiza o transporte
Sim
. Teria com s p s para est
Outros, justificar: _____
. A empresa procura adquirir matérias-primas de fornecedores mais pró
uzinr
Sempre
Outros. Justificar: ____________
106
30. A empresa utiliza-se de transporte de menor impacto ambiental e de menor
custo (como transporte marítimo e ferroviário)? [marque mais de uma alternativa se necessário]
uto não adequando
stica complicada
ocracia
que:_____
risco ambiental como? [marque mais de uma alternativa se necessário]
Incêndio florestal
so industrial
rodutos
tóxicos
os sólidos
Derramamento ou
tombame ais
secundários
justificar:
__
2. Do transporte dentro da empresa podem ser gerados resíduos? Se sim, com
pode se
Corretiva Preventiva
Como foi a ação:___________________________________________________
ão tomadas:
resíduos
São vendidos para outras empresas
Prod
Logí
Muita bur
Não usa. Por
Outros. Justicar: _______________________________________
31. Com a movimentação de materiais e produtos dentro da empresa ocorreu
algum tipo de
Fogo no proces
Vazamento de p
Acúmulos de resídu
no processo
nto de materi
primários ou
_______________________
Outros,
3
r controlado?
Sim Não
Que tipo de ações s
Reguladora na geração de
Destinam seus resíduos a empresas coletoras
São usados dentro de um processo da empresa
107
33. O tempo de espera no transporte (interno e externo) pode comprometer a
qualidade da matéria-prima ou do produto final?
Sempre
Nunca
Geralmente
Frequentemente
. da matéria-prima e essários quais tipos
rque necessário]
Munck
QUESTIONÁRIO PARA O SETOR DE PRODUÇÃO DA EMPRESA
Objetivo: identificar os aspectos do processo e as preocupações com o meio
. descrição detalhada dos processos de fabricação?
Por tipo
Por classe
Por toxidade
Por processo
m resíduos?
__ ______________________________________________
Outros. Justificar: _______________________________________
34 Na armazenagem do produto são nec
de transportes?
[ma mais de uma alternativa se
Carregadeiras
Empilhadeiras
Caminhões
Caçamba
Esteiras transportadoras
Tratores especiais Carretas de pequeno porte
ambiente.
35 A empresa possui uma
Por quantidade Por valor energético
Co o são separados os
__ _________________
108
36. Durante o processo de tratamento e secagem da madeira existe emissão de
_________________________________________________________________
.
[marque mais de uma alternativa se necessário]
s
máticas
Local murado e cercado
__________________ _______
eficiamento da
mpresa possui algum tipo de resíduo como:
C
e sim, descrever?
algum tipo de gás prejudicial à saúde humana ou ao meio ambiente?
__
___________________________________________________________________
37 A empresa possui algum controle ambiental na emissão dos resíduos, como:
Tanque de contenção
Tanque para efluente
Extintores
Alarme e válvulas auto Área restrita para pessoas
Outros. Justifique: ______ ________________
38 Nos processos d. e ben madeira existe a geração de resíduos
sólidos ou líquidos que prejudiquem a saúde humana ou ao meio ambiente? A
e
lasse 1 (perigosos ao meio ambiente)? Se sim, descrever?
____________________________________________________________________________
Classe 2 (pouco perigosos)? S
____________________________________________________________________________
Classe 3 (inertes)? Se sim, descrever?
____________________________________________________________________________
39. Dos processos de beneficiamento da madeira, que seja imprescindível o uso
de água e energia elétrica, qual o consumo:
De 10 a 50 m
3
água / mês
De 50 a 100 m
3
água / mês
De 100 a 300 m
3
água / mês
Qual o consumo médio de água? ________________________________________
109
De 10 a 30 Kva / mês
De 40 a 60 Kva / mês
De 70 a 100 Kva / mês
_________________
nto da madeira, é necessária a utilização de
Fungicidas
Agrotóxicos
Outros. Descrever: ____________________________________________________________
Óleo lubrificante
Serragem
Óleo diesel
Pó de madeira
eneficiamento da madeira é necessário o uso de
Óculos de segurança
L
e proteção
Protetores em equipamentos
Extintores
Área restrita a funcionários
Anteparos para objetos projetados
Protetor facial
Qual o consumo médio de energia elétrica? ______________
40. Nos processos de beneficiame
matérias-primas como:
[ma mais derque uma alternativa se necessário]
Ácidos
Inseticidas
41. Nos processos de beneficiamento da madeira, existem resíduos misturados à
água, que são lançados ao meio ambiente como: [marque mais de uma alternativa se necessário]
Cola de madeira Resíduos de lixas
Outros. Descrever: ____________________________________________________________
42. Nos processos de b
equipamentos de segurança para a preservação da saúde dos funcionários da
empresa, como: [marque mais de uma alternativa se necessário]
uvas
Abafador auricular
Sapatos d
Avental
Perneira
Vestimentas de trabalho
Mascaras filtro de pó
Mascaras de filtro de gases
Outros. Descrever: ____________________________________________________________
110
43. A empresa possui metas de redução de emissões de gases para a atmosfera
e resíduos sólidos ou líquidos prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente?
Sim, como é o procedimento?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
44. A empresa mantém um inventário atualizado das emissões de gases,
resíduos sólidos ou líquidos, como é realiz do este inventario? Qual sua freqüência?
[marque mais de uma alternativa se necessário]
Planilhas eletrônicas atualizadas
as eletrônicas atualizadas
mensalmente
Planilhas eletrônicas atualizadas
ri
Romaneio atualizado diariamente
Romaneio atualizado trimestral
Romaneio atualizado semestralmente
.
.
[marque
N
Gestão de meio ambiente
Outros. Descrever: _________________________________________________
a
diariamente
Planilh
Romaneio atualizado mensalmente
t mestral
Planilhas eletrônicas atualizadas
semestralmente
Outros. Descrever: ____________________________________________________________
45 Já existe um programa de racionalização de consumo de materiais, água ou
energia em seus processos? Com foi implantado, e quais os setores atendidos?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
46 A empresa dispõe de investimentos financeiros, físicos e humanos visando a
reduzir os impactos ambientais no ciclo de vida do produto?
mais de uma alternativa se necessário]
a melhoria no processo
Transporte adequando ao processo
Treinamento de pessoal
Melhoria de infra-estrutura
Melhoria em tecnologia de informação
111
47. Há um programa de treinamento para os funcionários quanto aos riscos
____________
. A empresa realiza monitoramento e medições das possibilidades de
___________
____________________________
.
tomada de decisão na redução dos impactos ambientais no ciclo de vida do
Análise da logística fora da empresa
A
_________________________
ambientais que o produto pode gerar durante o ciclo de vida?
___________________________________________________________________
_______________________________________________________
48
ocorrência de impactos ambientais significativos na observância de promover ações
corretivas e preventivas?
________________________________________________________
_______________________________________
49 A empresa realiza avaliações periódicas documentadas que possibilitem uma
produto? [marque mais de uma alternativa se necessário]
Avaliação do ciclo de vida do produto
Inventário do processo
Análise do processo de fabricação
Análise da logística dentro da empresa
spectos de impactos ambientais do processo
Outros. Descrever: ______________________
112
QUESTIONÁRIO OS RESIDUOS NA EMPRESA
Objetivo: verificar os aspectos dos resíduos e seus destinos dentro e fora da
ais os tipos de resíduos gerados e para cada tipo de resíduo qual o seu
ca – destino dado pela empresa: _______________________________________
Refilos – destino dado pela empresa: ______________________________________________
Tocos – destino dado pela empresa: ______________________________________________
Cepilho – destino dado pela empresa: _____________________________________________
Cascas – destino dado pela empresa: _____________________________________________
Pó de madeira – destino dado pela empresa: ________________________________________
Cola – destino dado pela empresa: ________________________________________________
Lixas – destino dado pela empresa: _______________________________________________
Papelão – destino dado pela empresa: _____________________________________________
Plásticos – destino dado pela empresa: ____________________________________________
PVC – destino dado pela empresa: ________________________________________________
Óleos lubrificantes – destino dado pela empresa: _____________________________________
Graxas – destino dado pela empresa: ______________________________________________
Outros: ________________________________________________destino dado pela
empresa: ___________________________________________________________________
51. Os resíduos são separados na empresa? [marque mais de uma alternativa se necessário]
Separados pela própria empresa
Separados por classe de utilização
Separados por valor energético
Separados na geração
Separado posteriormente o processo
Separados por empresa terceirizada
empresa.
50. Qu
destino se houver? (Aterros, reciclagem ou incineração). [marque mais de uma alternativa se necessário]
Madeira – destino dado pela empresa: ____________________________________________
Serragem – destino dado pela empresa: ___________________________________________
Serragem se
Outros. Descrever: _________________________________________________
52. A empresa utiliza de política de redução de matéria-prima em seus processos,
sempre atualizando suas metas e objetivos? [marque mais de uma alternativa se necessário]
cavaco
Redução do consumo de matéria-prim eríodo de _____me
Redução do consumo de águ meses.
Redução de emissões gasosas em _____ %, no período de _____ meses.
Redução de transpo
Redução de resíduos gerais no processo em ____ %, no período de ____meses.
______________________________________________________
53. os como ocorre a destinação até sua disposição final?
[ rque ssário]
H ção dos resíduos, como esteiras transportadoras
S duos até sua disposição
S armazenados na empresa
Coletados por empresas especializadas
Seu destino é rastreado para saber o uso dado final
Outros. Descrever: ____________________________________________________________
54. a de incêndio combate o fogo com treinamentos atuais o fogo, de que
modo? [marque mais de uma alternativa se necessário]
Preventivamente, abordado pontos de riscos de fogo, com ação corretiva
Treinamentos antecipados aos funcionários
Nestes dois últimos anos houve incêndio na empresa
Revisado periodicamente os materiais de combate ao incêndio
Redução de s de madeira em ____%, no período de _____meses.
a em ____%, no p
ses.
a em _____%, no período de _____
rte rodoviário em _____%, no período de _____meses.
Outros: _______________
Dos resíduos gerad
ma mais de uma alternativa se nece
á meio técnicos de separa
ão acompanhados os resí
eparados em blocos e
É consumido pela própria empresa geradora
A brigad
Adequando o layout ao combate a incêndios
Os focos de incêndio são controlados facilmente
114
__
55. tos dos processos de fabricação são ajustados e adequados a
c da a e mais de uma alternativa se necessário]
Reg s equipamentos
A
S
Recuperados por manutenção
S s na manutenção
O ________________________________________________
56. so são destinadas para?
[marque mais de
U
Separados para o incinerador
região
os em cada setor da empresa
Outro _________________________ _________________________
57. s uga ífico ou são destinados logo
após sua geração conforme seu valor energético e ambiental?
Sim
Não
Justifique:
____ ______________________________________________________________
__ ______________________________________________________________
OBS: QUE AS INFOR IBILIZADAS AO
PESQUISADOR SERÃO UTILIZADAS EX MENTE PARA FINS
CIENTÍFICOS.
PESQUISADOR: MARCOS AURÉLIO ZOLDAN
Outros: ___________________________________________________________________
Os equipamen
a tividade? [marqu
ulados mensalmente o
ferido e afiados diariamente
ubstituídos por novos anualmente
Regulagens são especifica a cada processo
ubstituição de componentes e peca
utros. Descrever: ____________
As embalagens após o u
uma alternativa se necessário]
ma central de coleta dentro da empresa
Para queima em caldeira
Separados para coleta seletiva da
Separad
s. Descrever: __ ________
Os resíduo são armazenados em l r espec
_______________
_________________
SALIENTAMOS M ÕES DISPON
CLUSIVA
APÊN B – QUESTIONÁRIO B LE AMENTO DOS DADOS
E PROCESSOS PRODUTIVOS DA EMPRESA
DICE VANT
D
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL
DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
INSTRUMENTO DE PESQUISA - EMPRESA
O jet stina-se à identificação das ativ a empresa em função da
metodologia de pesquisa.
1. Número de funcionários nos diferentes setores:
b ivo: de idades d
De 10 a 20 funcionários
00 funcionários
De 21 a 50 funcionários
De 51 a 1
Mais de 100 funcionários
Total de funcionários
2. Quais ferramentas de gestão são usadas pela empresa?
MRP Diagrama de Pareto
Just in time
Masp
Não usa ACV
Outros: _______________________________________________________
3. Quais os principais clientes da empresa?
__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_
116
4. Como são controlados os pedidos confirmados solicitados pelos clientes?
Número da ordem de serviço
Tipo de produto
Quantidade
Planilhas eletrônicas
Software de controle de processo
Outros: ____________________________________________________________________
5. ontrole de processo informatizado?
A empresa dispõe de c
Planilhas eletrônicas (ex. Excell)
ra controle
oftwar e o
Programa próprio pa
Uso de s e specífic
Não há um meio de controle de processos
Outros: Quais? ______________________________________________________________
6. odutos e subprodutos são produzidos pela empresa?
[marque mais de se necessário]
Serraria:
Corte de toras
Vigas
Quais pr
uma alternativa
Subprodutos (casca, costaneiras, refilos,
serragem e tocos de madeira)
Tábuas
Sarrafos
Biomassa
Outros:
Beneficiamento:
Madeira aplainada
Painéis colados
Blocks e blacks
Molduras
Caixas
Vigas
117
Paletes
Ripas
Madeira tratada:
Seca (temperatura e umidade controlada)
Imunizada
Somente seca
Outros:
7. Como é controlada a entrada de matéria-prima na empresa?
Espécie (tipo)
Por peso
Volume
Unidade
Outros:
8. Como é determinada a expedição de produtos acabados?
Lote
Ordem de serviço
Pedido
Distância de entrega
Outros:
9. A empresa possui indicadores de desempenho? Quais são eles?
Indicadores de produção para próximo Indicador de redução de resíduos sólidos.
ano. Ex. aumento de 15%
Ex. reduzir em 20% até 2012
Ex. meta reduzir 15% até2010
Indicador de redução de energia elétrica. Indicador de
redução de água. Ex. reduzir
em 20% até 2009.
Outros:
118
10. Como são mensurados ou quantificados os produtos e subprodutos? Existe
um controle informatizado ou não, qual é a forma?
Manualmente (unidade, blocos)
Sensor no equipamento
Balança (Kg, Ton, gr)
Volume (m
3
, m
2
)
_________________________________
___________________________________
Outros:
11. Quais setores contêm formas de mensuração ou indicador de processo?
Serraria
Ton/mês Ton/dia
Secagem
Kg/dia Kg/h
Beneficiamento
m
2
m
3
Vapor
Kg/dia Kg/h
Co
m
2
/dia m
3
/dia
Cadeira
KW/h KW/mês
lagem
Outros:
12. A empresa possui uma descrição detalhada dos processos de fabricação?
eira
Serraria
Cald
Beneficiamento
Colagem
Secagem
Expedição
Como são separados os resíduos? _______________________________________
13. Dos processos de beneficiamento da m
água e energia elétrica, qual o nível de cons
De 10 a 50 m
3
água / mês
adeira, que é imprescindível o uso de
umo:
De 100 a 300 m
3
água / mês
De 50 a 100 m
3
água / mês
Qual o consumo médio de água? ________________________________________
119
De 10 a 30 Kva / mês
De 70 a 100 Kva / mês
De 40 a 60 Kva / mês
Qual o consumo médio de energia elétrica? _______________________________
14. Existe uma meta de redução de energia elétrica?
__________________________________________________________________
________________________
15.
_
___________________________________________
É conhecimento da empresa a expressão Análise de Ciclo de
Vida?
Sim
Não
Parcialmente
Superficialmente
Outros: _______________________________________________________
16. Caso seja conhecida a técnica de Análise de ciclo de vida, assinale:
Foi aplicado na empresa Desconhece tal técnica
É usado atualmente Conhece superficialmente
Outros: _______________________________________________________
17. A empresa dispõem de investimentos financeiros, físicos e humanos visando
à redução dos impactos ambientais dos produtos?
[marque mais de uma alternativa se necessário]
Na melhoria no processo
Treinamento de pessoal
Transporte adequando ao processo Melhoria de infra-estrutura
Melhoria em tecnologia de informação
Gestão de meio ambiente
Outros. Descrever: __________________________________________________________
120
18. Há um programa de treinamento para que os funcionários identifiquem os
riscos ambientais durante o processamento dos produtos?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
19. Os resíduos são mensurados em quais processos? E qual a unidade de
medida usada?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
20. Existe um inventário de entradas e saídas (matéria-prima x energia x
Produtos x resíduos) como controle da cadeia produtiva? Segue exemplos
abaixo:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Fabrica
ç
ão
Distribui
ç
ão
Utiliza
ç
ão
Recicla
g
em/reutiliza
ç
ão
Gestão de resíduos
Matéria-prima
Rejeitos água
Resíduos sólidos
Outros rejeitos
Produtos
subprodutos
Rejeitos ar
Matérias-primas
Energia
Inventário
-
refinaria
45.6 kg
subprodutos
emissão de ar
1900g nafta
50 kg
p
etróleo
Inventário
Blocks
Inventário
serraria
121
21. Como a empresa controla o inventário dos produtos? Tem controle de todos
os itens envolvidos no processo de transformação em produtos acabado,
incluindo energia e resíduos sólidos, líquidos e
____________________________________________
_____________________ ____________ _
_____________________
22. Deste inventário a empresa tem disponível dados e informação por produtos
ou por processo. Quais?
____________________________________________ __
______________________ ______________ __
____________________________________________ __
E AS INFORMAÇÕES DISPONI
I XCLUSIVAMENTE PARA FINS CIENTÍFICOS.
RÉLIO ZOLDAN
Inventário
gasosos.
_______________________
______________________
_______________
_ __________
_______________________ ________
_____________________
_____________________________
_____________________
OBS: SALIENTAMOS QU
PESQUISADOR SERÃO UT
BILIZADAS AO
LIZADAS E
PESQUISADOR: MARCOS AU
Blacks
Inventário
secagem
122
ANEXO A – CARTA DE DA EMPRES
ACEITE A PESQUISADA
123
ANEXO B - ESTRUTURA DO “SISTEMA ISO 14001”
GRUPOS DE NORMAS NÚMEROS DA NORMA
TITULOS DA NORMA
ATRIBUICAO OU
CONTEUDOS
ISO 14004
Sistemas de gestão ambiental
[SGA] – Diretrizes gerais
sobre princípios, sistemas e
técnicas de apoio;
Sistema de gestão – SGA
(subcomitê SC1) (SC1 –
Inglaterra - BSI)
ISO 14001
Sistemas de Gestão
Ambiental – Especificações e
Diretrizes para uso;
ISO 14010
Diretrizes para Auditoria
Ambiental – Princípios Gerasi
(WG1);
ISO 14011
Diretrizes para Auditoria
Ambiental – Procedimentos
de Auditoria – Auditoria de
Sistemas de Gestão
Ambiental (WG2);
ISO 14011-2
Diretrizes para auditoria
ambiental – procedimentos de
auditoria – Auditoria de
conformidade (WG2);
ISO 14012
Diretrizes para Auditoria
Ambiental – Critérios de
Qualificação para Auditores
Ambientais (WG3);
ISO 14014
Diretrizes para Revisões
Ambientais Iniciais (WG4);
ISO 14015
Diretrizes para Análise
Ambiental do Local (WG5);
Auditoria Ambiental (AA)
(subcomitê SC2)
(C2 – Holanda – NNI)
ISO 14040
Análise do Ciclo de Vida –
Princípios Gerais e Códigos
de Práticas (WG1);
ISO 14041
Análise do Ciclo de Vida –
Princípios Gerais e Códigos
de Práticas (WG1);
ISO 14042
Análise do Ciclo de Vida –
Análise de Investimentos
(WG2);
Análise do Ciclo de Vida
(ACV) (subcomitê SC5 –
França – FNOR)
ISO 14043
Análise do Ciclo de Vida –
Análise de Melhorias (WG4);
Termos e definições (TD)
(subcomitês SC6 – Noruega
NSF)
ISO 14050
Gestão Ambiental –
Vocabulário.
Aspectos Ambientais de
Normas para produtos (grupo
AANP de trabalho especial –
WG (subcomitê WG1S.
Alemanha. DIN.
ISO 14060
Princípios para a inclusão de
aspectos ambientais em
normas para produtos.
ISO 14020
Rotulagem Ambiental –
Princípios Básicos (WG1);
Rotulagem Ambiental (RA)
(subcomitê SC3 – Austrália –
SAA)
ISO 14021
Rotulagem Ambiental –
Termos e definições (WG2);
124
ISO 14022
Rotulagem Ambiental –
Símbolos (WG3);
ISO 14023
Rotulagem Ambiental –
Metodologias para testes e
verificações (WG4);
ISO 14024
Rotulagem Ambiental –
Princípios Guia/Prática do
Programa (WG5);
Avaliação de Desempenho
Ambiental (ADA) (Subcomitê
SC4 – EUA – ANSI)
ISO 14031
Metodologia de Avaliação do
Desempenho Ambiental:
- Avaliação do desempenho
ambiental para sistemas de
gestão (WG1);
- Avaliação do desempenho
ambiental para sistemas
operacionais (WG2).
Além dos subcomitês supra, ainda existem os seguintes subcomitês:
Subcomitê Coordenador
(SCC)
-
Coordenação dos trabalhos
de todos os outros
subcomitês.
Subcomitê Harmonizador
(SCH)
-
Harmonização de todas as
normas do SGQ, sob os 3
aspectos (SGQ: P ^ A ^ L)
Sistemas ISO 14000 e Subcomitê
Fonte: Carvalho, T. Análise Geral do SGA. Belo Horizonte: Editora Juarez de Oliveira, 2000, p.82,83.
ANEXO C – EXEMPLO DA PLANILHA DE CUSTOS DA EMPRESA
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