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3.4.5. As relações entre os signos aplicadas aos infográficos
Peirce construiu o signo triádico com todas as suas variantes. O grau mais
simples de ação da mente na percepção/cognição e interpretação dos infográficos seria
aquele que apreende signos icônicos em seu nível de quali-signos pelas qualidades em si
mesmas (cores, formas, texturas, etc.) sempre de modo abdutivo. Como os signos
icônicos primam pela semelhança, com maior ou menor grau de fidelidade, com o
objeto que representam, eles exigem um grau menor de operação interpretativa nas
atividades mentais. Tomemos como exemplo o infográfico falando sobre a bursite do
presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva: assemelha-se tanto ao objeto
representado, ou seja, ao presidente em si mesmo que, na maioria das vezes, ouvimos
dizer que o presidente estava no infográfico, onde há apenas tinta sobre uma folha de
papel.
Além disso, a foto traz uma imagem do real bidimensional, mas os gestaltistas
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já haviam confirmado o cérebro humano é capaz de completar as experiências
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Considera-se que Von Ehrenfels, filósofo do séc. XIX, fora o precursor da psicologia da Gestalt, como
a forma exposta a nossa percepção. A Gestalt surgiu por volta de 1930 e 1940 e tem como expoentes
máximos: Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Kôhler (1887-1967), Kurt Koffka (1886- 1.941) e
Kurt Goldstein (1878-1965). Ela afirma que as partes nunca podem proporcionar uma real compreensão
do todo. O todo é diferente da soma das partes, mas a psicologia acadêmica da Gestalt ocupou-se
predominantemente com as forças externas dos estímulos. Essa escola deixou de lado o ego cogito
cogitatum cartesiano para assumir uma posição de continuidade entre a percepção/cognição e
interpretação do mundo. Ela surgiu como resposta ao atomismo psicológico, que pregava uma busca do
todo psicológico através da soma de suas partes mais elementares. Pregava, ainda, que não podemos
separar as partes de um todo, pois o contexto determina o sentido a ser dado às partes e a
percepção/cognição aconteceria de uma só vez, não através da experiência, mas de acordo com o que é
dado na situação em si. Percebe-se o objeto de maneira diferente, de acordo com o contexto em que o
objeto/estímulo está inserido, já que nossa sensação é global e varia dependendo do evento/forma. Assim,
essa escola gerou princípios perceptuais. A maneira com que a forma é apresentada pode, por exemplo,
suscitar fenômenos como a associação e o contraste. São eles: semelhança (objetos semelhantes tendem a
permanecer juntos, seja nas cores, nas texturas ou nas impressões de massa destes elementos; essa
característica pode ser usada como fator de harmonia ou de desarmonia visual); proximidade (partes mais
próximas umas das outras, em um certo local, inclinam-se a ser vistas como um grupo); continuidade (o
alinhamento harmônico das formas em sua seqüencialidade previsível e não provocando estranhamento);
pregnância (o postulado da simplicidade natural da percepção, para melhor assimilação da imagem);
clausura (a boa forma encerra-se sobre si mesma, compondo uma figura que tem limites bem marcados);
a experiência fechada (lei está relacionada ao atomismo, pensamento anterior a Gestalt, que diz que se
conhecermos anteriormente determinada forma, com certeza a compreenderemos melhor, por meio de
associações do aqui e agora com uma vivência anterior). Como a assimilação e o contraste são "regidos"
pela organização perceptual total, podendo, até mesmo haver a ocorrência dos dois fenômenos em um
mesmo objeto, dependendo de, por exemplo, qual o fundo sob o qual está a figura e se há fronteiras entre
a imagem e o seu fundo ou quando não as percebemos. Já o contraste consiste em perceber-se uma
diferença maior do que ela realmente é, e ocorre quando há uma separação das partes, quase de maneira
contrária à assimilação. A gestáltica considera a pregnância como princípio principal: a forma que mais
comunica é a mais simples. Essas organizações, originárias da estrutura cerebral, seriam espontâneas,
independentes da nossa vontade e deve ser conhecida por qualquer infografista.