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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PPGEP
LUCI INES BASSETTO
A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
UM ESTUDO BASEADO NO RELATÓRIO DE UMA CONCESSIONÁRIA DE
ENERGIA
PONTA GROSSA
MAIO - 2007
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LUCI INES BASSETTO
A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
UM ESTUDO BASEADO NO RELATÓRIO DE UMA CONCESSIONÁRIA DE
ENERGIA
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
de Produção, do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, Área de
Concentração: Gestão Industrial, do
Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação,
do Campus Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Profª. Isaura Alberton de Lima, Drª
PONTA GROSSA
MAIO - 2007
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B319 Bassetto, Luci Ines
A sustentabilidade empresarial: um estudo baseado no relatório de uma concessionária
de energia. / Luci Ines Bassetto. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2007.
114 f.: il. ; 30 cm.
Orientador: Profª. Drª. Isaura Alberton de Lima
Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção. Ponta Grossa, 2007.
1. Desenvolvimento sustentável. 2. Ações estratégicas. 3. Comportamento empresarial.
4. Energia elétrica - Concessionária - Relatórios. I. Lima, Isaura Alberton de. II. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. III. Título.
CDD 658.5
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
Universidade Tecnológica federal do Paraná –
Campus Ponta Grossa
Departamento de Pós-Graduação
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
TERMO DE APROVAÇÃO
Título de Dissertação Nº 58
A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
UM ESTUDO BASEADO NO RELATÓRIO DE UMA CONCESSIONÁRIA DE
ENERGIA
por
Luci Inês Bassetto
Esta dissertação foi apresentada às 10 horas do dia 10 de dezembro de 2007 como
requisito parcial para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,
com área de concentração em Gestão Industrial, linha de pesquisa Gestão da Inovação,
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. O candidato foi argüido pela
Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a
Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.
Prof(a). Dr(a) Luiz Alberton - Prof(a). Dr(a) Paulo Osmar Dias Barbosa
UFSC
(UTFPR-PR)
Prof(a). Dr(a) César Augusto Romano-
UTFPR
Prof(a). Dr(a) Isaura Alberton de Lima
(UTFPR)
Orientador
Visto do Coordenador
(
Kazuo Hatakeyama) (UTFPR)
Coordenador do PPGEP
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Dedico este trabalho a minha filha Julia.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
AGRADECIMENTOS
Dedico esta conquista ao meu Deus, pela plenitude de seu amor, demonstrada
através do dom da vida a mim concedido.
Aos meus pais Derci (in memorian) e Cecília que por intermédio de seu amor
fui gerada e dos quais tive o estímulo ao crescimento moral e cristão e à
persistência.
À minha orientadora Isaura Alberton de Lima, que além das competências
profissionais, mostrou-se sempre presente, humana e objetiva.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Curitiba, e aos
meus colegas do Departamento Acadêmico de Gestão e Economia, pelo grande
apoio, estímulo e força para enfrentar esta jornada.
A Companhia Paranaense de Energia (COPEL) pela sua participação e
contribuição direta neste estudo.
À Susie Cristina Pontarolli, gerente do departamento de Responsabilidade
Social da COPEL, pela sua paciência, orientação, e troca de conhecimento.
Ao Marco Antonio, pela compreensão e estímulos em todos os momentos e a
minha querida filha Julia Maria, que apesar da sua ingenuidade, entendeu a
distância e os momentos de ausência da mãe em sua vida.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção pela
oportunidade de crescimento a mim proporcionada.
As deficiências deste trabalho são do autor; as virtudes, porém, deve-se a
todos os que contribuíram para a sua realização.
Dedico este trabalho às gerações presentes pelo
esforço às adaptações de grandes mudanças e,
para as gerações futuras às quais terão o grande
desafio de traçar melhores caminhos para a
humanidade.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
RESUMO
O contexto de desenvolvimento sustentável indica uma mudança de paradigma
no comportamento empresarial. O conceito que norteia ações estratégicas para a
sustentabilidade realça que o desenvolvimento para ser sustentável, além de ser
viável, em sua dimensão econômica, precisa ser igualmente viável do ponto de vista
do meio ambiente e das sociedades, visando a qualidade de vida dos nossos
contemporâneos e das futuras gerações. Além disso, as empresas precisam divulgar
as ações para a sociedade. Este trabalho é uma contribuição ao estudo da
incorporação da sustentabilidade no contexto empresarial. Tem por objetivo
demonstrar como a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) está incorporando
a sustentabilidade em sua estratégia.
Constatou-se que não há uma consolidação e
várias são as iniciativas para o conceito de sustentabilidade empresarial, cada uma
com suas próprias características. A empresa divulgou o Relatório de Gestão 2005,
em conformidade com a Global Reporting Initiative (GRI), organização internacional
que tem por objetivo padronizar os relatórios de sustentabilidade. O relatório revelou
que, na íntegra, a COPEL adota os princípios do Pacto Global, os quais servem de
base para a GRI. Também foi reconhecida como empresa sustentável pelo Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE) - BOVESPA, o que demonstra seu empenho
para engajar-se na sustentabilidade. Entretanto, verificou-se que a integração entre
ações ambientais e sociais com o resultado econômico, defendida nos conceitos,
ainda não está acontecendo. Verificou-se, entretanto, que as diretrizes da GRI de
2002, também não avançou ainda para esse grau.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável; estratégias; relatório; resultado
tríplice sustentabilidade.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
ABSTRACT
The context of development sustainable indicates a modification of paradigm
into the behavior business community. The concept what north acts strategic for
sustentabilidade, in addition to be viable in its dimension economic, need be equally
viable of the viewpoint environmental and in the societies, look at the quality of life
from our contemporary and from of the future generations. This work that's a
contribution the study of the embodies of the sustainability into context business
community. In an effort to contribute for the studies of the practice of the
sustainability, this work tem for objective to verify as that the COPEL is incorporating
the sustainability in its strategy. Verifies that doesn't there is a concept consolidated
and various they are the initiatives about to the concept of sustainability business
community, each only has his proper characteristics. As that form of disclose the
actions, the business worked out and she divulged the Report of Management 2005
in accordance with the Global Reporting Initiative – GRI, organization international
that you have for objective standardize the reports of sustainability. The report
reveals which, on totality, the COPEL adopting the principles of the Pact Global, they
serve as base for GRI. Also was we have recognized as that company sustainable at
Index of Sustainability Business community – ISE BOVESPA, the one to she
demonstrates your interest about to engage in the sustainability. In the mean time,
verifies what the integration between actions environmental and social with the result
economic, defended on the conceptions, we have not yet is become of.
In a
deepened analysis more
, it was proven that nor GRI still advanced for this
degree. Certify in this case what the concept of sustainability again meets in
evolution.
Keywords: Sustainable development; strategies; report; triple result
sustainability.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: dimensões da sustentabilidade no âmbito empresarial..............................25
Figura 2: Princípios para Relatórios..........................................................................66
Figura 3: Mapeamento dos stakeholders da COPEL................................................88
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Indicadores econômicos............................................................................70
Tabela 2: Indicadores ambientais..............................................................................71
Tabela 3: Indicadores sociais....................................................................................72
Tabela 4: Comparativo entre os requisitos da COPEL..............................................83
Tabela 5: Exigências da SOX e medidas tomadas pela COPEL...............................87
Tabela 6: Indicadores econômicos da COPEL na GRI .............................................91
Tabela 7: Indicadores Ambientais da COPEL na GRI...............................................91
Tabela 8: Indicadores Sociais da COPEL na GRI.....................................................93
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Objetivos e metas do milênio ..................................................................55
Quadro 2: Organograma da estrutura organizacional de Governança da COPEL ...91
Quadro 3: Práticas para gestão estratégica quanto à sustentabilidade. .................105
Quadro 4: Práticas para gestão estratégica - princípios da GRI .............................107
Quadro 5: Práticas para gestão estratégica quanto à sustentabilidade. .................109
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA
Accountability
ABNT NBR Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAPP Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar
ANBID Associação Nacional dos Bancos de Investimento
Aneel Agência Nacional de Energia Elétrica
APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado
de Capitais
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
BSC
Balanced Scorecard
CEBDS Conselho empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável
Ceres Coalition for Environmentally Responsible Economies
COPEL Companhia Paranaense de Energia
Eco-92 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento
GRI
Global Reporting Initiative
Ibase Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
IDJS Índice Dow Jones de Sustentabilidade
IFC
International Finance Corporation
ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial
ISO
International Organization for Standardization
NYSE Bolsa de Valores de Nova York
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ODMs Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
OIT Organização Internacional do Trabalho
ONGs Organizações Não-governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
Pnuma Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RIT Relatório de Informações Trimestrais
SA
Social Accountability
SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor
SAM
Sustainable Asset Management Group
SOX Lei Sarbanes-Oxley
TBL
Triple Bottom Line
WBCSD
World Business Council for Sustainable Development
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 11
1.1 Situação problema................................................................................................. 12
1.2 Objetivos................................................................................................................ 15
1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................................ 15
1.2.2 Objetivos específicos............................................................................................. 15
1.3 Justificativa............................................................................................................ 15
1.4 Procedimentos metodológicos .............................................................................. 16
1.5 Fonte e coleta de dados.................................................................................................. 20
1.6 Limitações do método...................................................................................................... 20
1.7 Estrutura do trabalho....................................................................................................... 21
2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS NO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
..................................................................................................... 22
2.1 Indicadores da incorporação da responsabilidade social...................................... 26
2.1.1 Valores, Transparência e governança................................................................... 26
2.1.1.1 Compromissos éticos............................................................................................ 27
2.1.1.2 Enraizamento na cultura organizacional ............................................................... 27
2.1.1.3 Governança Corporativa ....................................................................................... 27
2.1.2 Relações transparentes com a sociedade ............................................................ 29
2.1.2.1 Balanço social ....................................................................................................... 31
2.1.3 Público Interno....................................................................................................... 31
2.1.3.1 Relações com sindicatos....................................................................................... 32
2.1.3.2 Gestão participativa............................................................................................... 32
2.1.3.3 Compromisso com o futuro das crianças.............................................................. 32
2.1.3.4 Valorização da diversidade ................................................................................... 33
2.1.3.5 Política de remuneração, benefícios e carreira e compromisso com
desenvolvimento profissional
................................................................................ 33
2.1.3.6 Cuidado com saúde, segurança e condições de trabalho..................................... 34
2.1.3.7 Comportamento frente às demissões.................................................................... 35
2.1.3.8 Preparação para a aposentadoria......................................................................... 35
2.1.4 Meio ambiente....................................................................................................... 35
2.1.4.1 Comprometimento da empresa com a melhoria da qualidade ambiental............. 35
2.1.4.2 Educação e conscientização ambiental ................................................................ 36
2.1.4.3 Gerenciamento do impacto no meio ambiente e no ciclo de vida dos produtos e
serviços
................................................................................................................. 37
2.1.4.4 Minimização de entradas e saídas de materiais na empresa ............................... 37
2.1.5 Fornecedores ........................................................................................................ 37
2.1.5.1 Critérios de seleção e avaliação de fornecedores................................................. 38
2.1.5.2 Trabalho infantil na cadeia produtiva ou trabalho forçado (análogo ao escravo).. 38
2.1.5.3 Relações com trabalhadores terceirizados ........................................................... 38
2.1.5.4 Apoio ao desenvolvimento de fornecedores ......................................................... 39
2.1.6 Consumidores e clientes....................................................................................... 39
2.1.6.1 Política de comunicação comercial....................................................................... 39
2.1.6.2 Excelência do atendimento ................................................................................... 40
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
2.1.6.3 Conhecimento e gerenciamento dos danos potenciais dos produtos e serviços.. 40
2.1.7 Comunidade.......................................................................................................... 41
2.1.7.1 Gerenciamento do impacto da empresa na comunidade de entorno.................... 41
2.1.7.2 Relações com organizações locais....................................................................... 41
2.1.7.3 Ação social: envolvimento da empresa e financiamento....................................... 42
2.1.8 Governo e sociedade ............................................................................................ 42
2.1.8.1 Contribuições para campanhas políticas............................................................... 42
2.1.8.2 Práticas anticorrupção e propina........................................................................... 43
2.1.8.3 Participação em projetos sociais governamentais ................................................ 43
2.2 A sustentabilidade e as dimensões econômicas, sociais e ambientais ................ 43
3 ESTRATÉGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE................................................... 47
3.1 Objetivos do Milênio.............................................................................................. 48
3.2 A Eco-eficiência..................................................................................................... 50
3.3 O Pacto Global...................................................................................................... 51
3.3.1 Objetivos do pacto global...................................................................................... 52
3.3.2 Políticas do Pacto Global ...................................................................................... 52
3.3.3 Os princípios do Pacto Global............................................................................... 53
3.4 Normas nacionais e internacionais........................................................................ 54
3.4.1 Norma internacional AA 1000................................................................................ 55
3.4.2 Norma internacional SA 8000................................................................................ 56
3.4.3 Norma brasileira 16000 e 16001........................................................................... 56
3.4.4 Padrões ISO.......................................................................................................... 57
4 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE........................................................... 59
4.1 Principais modelos de balanço social.................................................................... 61
4.1.1 Modelo Ibase......................................................................................................... 61
4.1.2 Modelo Ethos......................................................................................................... 62
4.1.3 O modelo internacional Global Reporting Initiative (GRI):..................................... 64
4.1.3.1 Princípios para a elaboração de relatórios da GRI................................................ 65
4.1.4 Conteúdo do Relatório da GRI.............................................................................. 69
4.1.5 Os indicadores econômicos, ambientais e sociais conforme a GRI...................... 70
4.2 Os Índices de Sustentabilidade............................................................................. 74
4.2.1 O Índice Dow Jones de Sustentabilidade – IDJS.................................................. 75
4.2.2 O Índice de SustentabilIdade Empresarial (ISE) - BOVESPA............................... 76
5 A COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL)..................................... 79
5.1 A sustentabilidade no contexto da COPEL ........................................................... 80
5.1.1 O modelo da gestão corporativa da COPEL......................................................... 81
5.1.1.1 Estruturas e Boas Práticas de Governança .......................................................... 85
5.1.1.1.1 A relação com as partes interessadas .................................................................. 87
5.1.2 Relatório de divulgação das ações de sustentabilidade........................................ 88
5.1.2.1 Matriz de identificação dos indicadores econômicos, ambientais e sociais da
GRI
........................................................................................................................ 90
5.1.3 Participação no ISE – BOVESPA como forma de reconhecimento de empresa
sustentável
............................................................................................................ 96
5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................. 96
5.2.1 A responsabilidade social da COPEL no desenvolvimento sustentável ............... 97
5.2.2 A Sustentabilidade no contexto da COPEL........................................................... 98
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
5.2.3 Quanto ao relatório GRI ...................................................................................... 100
5.2.4 Quanto as Metodologias para a sustentabilidade ............................................... 102
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 105
6.1 Conclusões.......................................................................................................... 105
6.2 Recomendações.................................................................................................. 108
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 109
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 11
INTRODUÇÃO
Até a década de 70, as políticas e ações econômicas se orientavam pelo uso
intensivo dos recursos, e se pautavam no aumento da produção, do consumo e da
riqueza. A sustentação desse tripé era o desafio para o “desenvolvimento” da
sociedade (SILVA 2005).
Durante a década de 80 surgiu o termo sustentabilidade, originado de uma
conscientização crescente de que os países precisavam descobrir maneiras de
promover o crescimento de suas economias sem destruir o meio ambiente ou
sacrificar o bem-estar das futuras gerações (SAVITZ, 2007).
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991)
foi criada em 1983, com a finalidade de reexaminar os problemas críticos do meio
ambiente e desenvolvimento do planeta e formular propostas realistas para
solucioná-los. O trabalho desta comissão resultou na publicação de um relatório
denominado Our Common Future (Nosso futuro comum) que registrava os sucessos
e as falhas do desenvolvimento mundial.
O trabalho desta Comissão aponta duas justificativas básicas para um
desenvolvimento sustentável:
a) em relação ao meio ambiente, controle dos danos gerados à biosfera pela
intervenção humana, tendo como objetivo o uso racional dos recursos naturais;
b) nas questões sociais, prioridade no que se refere às principais necessidades
básicas das pessoas em todo o mundo no sentido de gerar oportunidades para o
alcance de uma vida melhor.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 12
Para essa Comissão, o desenvolvimento sustentável fundamenta-se no desejo
de satisfazer as necessidades humanas presentes, sem comprometer a
possibilidade das próximas gerações também satisfazerem as suas necessidades.
Esse conceito torna-se a base para as organizações fundamentarem sua
gestão, comprometida com a responsabilidade social.
Apesar de as economias poderem apresentar diferentes interpretações, elas
deverão estar centradas no objetivo comum, inerente ao conceito de
desenvolvimento sustentável e nas estratégias necessárias para sua execução.
O conceito de sustentabilidade, portanto, não é uma ação isolada, mas de
desenvolvimento de consciência em todas as sociedades. Nesse contexto, as
empresas devem assumir grande parte da responsabilidade não apenas no seu
contexto jurídico, mas também como organismo vivo que interage com o meio
ambiente e sociedade na forma de exploração, processo de manufatura e produtos.
1.1 Situação problema
A busca do crescimento econômico baseado em ações mais concretas
voltadas ao uso racional de recursos naturais e uma sociedade melhor desenvolvida
elevou-se à extrema relevância no mercado competitivo.
Investidores passaram a avaliar melhor as empresas consideradas socialmente
responsáveis. Ambientalistas e comunidades também estão mais atentos a ações
empresariais que possam prejudicar o meio ambiente e à sociedade.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 13
Dessa forma, as empresas devem prestar contas, não só aos acionistas e a
credores, mas também a uma gama bem maior de interessados formando um
público amplo identificado como stakeholders.
Sendo emergente, o conceito de sustentabilidade ainda não está consolidado.
Ainda não há um consenso em relação ao seu conceito e à sua aplicabilidade, assim
como no âmbito empresarial também o mesmo se encontra em fase de construção e
adaptação.
Sabe-se, no entanto, que para a sustentabilidade o resultado financeiro não é o
único e nem mesmo o mais importante critério de avaliação do sucesso empresarial.
Os impactos econômicos, sociais e ambientais tornam-se informações imperativas
ao seu público, os stakeholders.
Esse público situa-se em qualquer parte do mundo e faz suas reivindicações
não só por meio de imprensa convencional, mas também através desse megafone
global chamado Internet (SAVITZ, 2007, p. 6).
É nesse ambiente de negócios que a sustentabilidade passa a ser o grande
desafio das empresas na busca de estratégia que a conceituem como uma empresa
engajada neste ambiente.
Assim, sustentabilidade passa a significar gestão esclarecida e disciplinada –
que, a propósito, é o fator mais importante que os investidores levam em conta e
devem ter em vista nas suas decisões de compra de ações
1
.
Embora o tema sugira uma mudança de paradigma, não se espera que esta
ocorra rapidamente. Ao contrário, trata-se muito mais de um processo de longo
1
Citado em Integral Business: Integrating Sustainability and Business Strategy, PricewaterhouseCoopers LLP, 2003.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 14
prazo em que as empresas incorporarão mecanismos em suas estratégias de
acordo com seus recursos disponíveis.
Inserem-se neste contexto as concessionárias e permissionárias de energia
elétrica, sendo estas básicas para o Sistema de Produção. Como toda organização
empresarial, estas empresas extraem do meio ambiente e social os recursos
necessários à realização das suas atividades econômicas (insumos naturais, mão-
de-obra, infra-estrutura básica das cidades), e, ao realizarem os seus serviços,
promovem mudanças sociais, econômicas, culturais e tecnológicas. A tomada de
consciência da atuação e reflexos das suas atividades empresariais constitui a sua
Responsabilidade Social.
No âmbito do Setor Elétrico, especialmente, por se tratar de um serviço público
prestado sob o regime de concessão, a análise dessa responsabilidade deve ser
ainda mais ampliada, passando pela compreensão de que a prestação desses
serviços tem de atender prioritariamente ao interesse público, já que toda concessão
ou permissão pressupõe a prestação de um serviço adequado que satisfaça as
condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia e modicidade das tarifas, conforme dispõe a Lei n
o
8.987/95.
Consciente dessa nova ordem social, a Companhia Paranaense de Energia
(COPEL), empresa localizada no Estado do Paraná, vem, desde 1999,
empreendendo esforços no sentido de aprofundar seu entendimento e incorporar a
sustentabilidade em sua estratégia de negócios.
No sentido de contribuir para os estudos da prática da sustentabilidade o que
este trabalho procura responder é: Como a COPEL está demonstrando a
incorporação da sustentabilidade em sua gestão?
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 15
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo demonstrar como a COPEL está incorporando
a sustentabilidade em sua gestão.
1.2.2 Objetivos específicos
Para atingir o objetivo principal, os seguintes objetivos específicos delineiam
esse estudo:
Identificar a responsabilidade das empresas no contexto da
sustentabilidade;
Identificar os principais indicadores que as empresas podem adotar para
tornarem-se reconhecidas como empresas inseridas no contexto da
sustentabilidade;
Demonstrar como a COPEL, através do Relatório de Gestão 2005, está
incorporando ações de sustentabilidade em sua estratégia de gestão.
1.3 Justificativa
A sustentabilidade passa a ser o ambiente de negócios de uma empresa.
Riscos de doenças, baixa qualidade dos produtos e descuidos com o meio ambiente
são fatores que atingem o sistema de vida no planeta, e, o número de pessoas
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 16
interessadas nas ações das empresas cresce substancialmente. Assim, a sociedade
passa a exercer um papel preponderante na continuidade das empresas. A não
adoção de mecanismos ou adoção tardia, pode levar empresas a sucumbirem no
mercado.
De acordo com Savitz (2007, p. 39) a sustentabilidade é uma tendência
dominante e está acontecendo rapidamente. Algumas modificações no que se refere
à diferente forma de produção, como alimentos naturais, alternativas de energia,
reutilização de resíduos já são rotinas em partes dos negócios. Isto porque
percebeu-se que além do idealismo e bom senso, também é lucrativo.
Esta grande tendência indica uma grande reformulação nos conteúdos de
diversos cursos acadêmicos, entre eles o de Administração, fato que justifica a
realização desse trabalho em razão de sua contribuição ao estudo da prática da
Sustentabilidade no âmbito empresarial.
Para tanto, escolheu-se a COPEL, empresa que já vem demonstrando ações
de sustentabilidade em sua gestão.
1.4 Procedimentos metodológicos
Este item trata dos procedimentos metodológicos que fundamentam este
trabalho em caráter científico.
Segundo Richardson (1999, p. 22), “método é o caminho ou a maneira para se
chegar a determinado fim ou objetivo”. E quanto aos procedimentos e regras
utilizadas por determinado método, o autor determina como sendo metodologia.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 17
Este estudo baseou-se em Silva & Menezes (2000, p. 20) que definem quatro
formas para a classificação de uma pesquisa científica: em relação aos objetivos, a
forma de abordagem, a sua natureza e aos procedimentos adotados pelo
pesquisador.
Quanto aos objetivos, as pesquisas podem ser classificadas em três formas: a
pesquisa exploratória, a descritiva e a explicativa.
Segundo Chizzotti (1995, p.104), a pesquisa exploratória tem como objetivo,
via de regra “provocar o esclarecimento de uma situação para a tomada de
consciência” e que adota métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos
experimentais.
Para Gil (1994, p.39), a pesquisa exploratória envolve o levantamento do
estado da arte, pela revisão bibliográfica e a oitiva dos atores relacionados com o
processo pesquisado, para que a vivência com o problema possa estimular e facilitar
a compreensão do fato. Este tipo de pesquisa busca proporcionar visão geral, do
tipo aproximativo, acerca de determinado fato.
Envolvem, habitualmente: levantamento bibliográfico, documental, entrevistas
não-padronizadas e estudos de caso.
Este trabalho situa-se neste tipo de pesquisa, pelas características do mesmo
em relação ao grau de compreensão da recente exploração do tema de forma
científica.
No que se refere à forma de abordagem o trabalho se caracteriza como
pesquisa qualitativa, que, segundo Chizzotti (1995, p.78) “é uma designação que
abriga correntes de pesquisa muito diferentes, que se fundamentam em alguns
pressupostos contrários ao modelo experimental”.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 18
Esta abordagem, de acordo com Richardson (1999, p. 79), justifica-se por ser
uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social.
Para a pesquisa qualitativa, Godoy (1995, p. 58) recomenda as seguintes
características:
Considerar o ambiente como fonte direta dos dados e o pesquisador como
instrumento chave;· possuir caráter descritivo; · o processo ser o foco
principal de abordagem e não o resultado ou o produto;· a análise dos
dados ser realizada de forma intuitiva e indutivamente pelo pesquisador; ·
não requerer o uso de técnicas e métodos estatísticos; e por fim, · ter como
preocupação maior a interpretação de fenômenos e a atribuição de
resultados.
O ponto de partida são questões ou focos de interesses amplos, que vão se
definindo a medida que o estudo se desenvolve. Um estudo desta categoria
necessariamente envolve dados descritivos sobre organizações, pessoas, lugares e
as formas de interação que se dão pelo contato do agente pesquisador com o objeto
em análise, procurando compreender os fenômenos segundo a vivência e visão dos
atores que convivem diuturnamente com o caso fático.
Quanto à natureza, Gil (1996, p. 43-4) classifica a pesquisa em dois grupos:
pesquisa pura e pesquisa aplicada. A pesquisa aplicada apresenta relação com a
pesquisa pura, pois depende e se enriquece com suas descobertas e com o seu
desenvolvimento.
A pesquisa aplicada é utilizada neste trabalho, uma vez que tem o interesse na
aplicação, utilização de conhecimentos na área de sustentabilidade e a mudança
nas estratégias das organizações.
Em relação aos procedimentos adotados neste trabalho são de pesquisa
bibliográfica e pesquisa descritiva.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 19
É também bibliográfica uma vez que parte de um referencial existente,
principalmente livros, artigos, internet e material disponibilizado pela organização
escolhida.
Neste trabalho, busca-se identificar o conceito de sustentabilidade como fator
imperativo de competitividade e principalmente como oportunidade de negócios.
A pesquisa descritiva pode assumir várias formas de estudo: exploratório,
descritivo, de caso e pesquisa de opinião.
Este trabalho adota o Estudo de Caso que, segundo Silva (2005, p. 50), é a
pesquisa sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade, organização,
sistema produtivo, software para examinar aspectos variados de sua vida,
implantação ou desenvolvimento.
Segundo Yin (2001, p. 27), este é um procedimento técnico que se caracteriza
como “a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos,
mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes”.
Para Santos (1999, p.29), o estudo de caso equivale a "selecionar um objeto de
pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos característicos, cujo
objeto pode ser qualquer fato/fenômeno individual, ou um de seus aspectos".
A escolha da instituição foi intencional em função da acessibilidade e por ser
uma empresa que já acumula certa experiência no conceito de sustentabilidade. O
estudo de caso baseia-se na experiência da Companhia Paranaense de Energia
(COPEL), reconhecida como empresa que tem empreendido esforços para
enquadrar-se como empresa sustentável.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 20
1.5 Fonte e coleta de dados
A elaboração do estudo teve como fontes para coletas de dados as
informações públicas coletadas nos relatórios e websites da empresa, nos veículos
de mídia especializados em negócios e nos websites de instituições e iniciativas
ligadas ao tema como GRI, Instituto Ethos, ISE Bovespa, DJSI (Dow Jones
Sustainability Index), entre outros.
Os dados foram ainda coletados através de contatos e conversas informais
com a gerência do Setor de Responsabilidade Social da COPEL.
A coleta se deu no período entre novembro de 2006 a abril de 2007.
1.6 Limitações do método
Uma vez que o universo de empresas objeto de estudo – setor de energia
elétrica – é relevante, optou-se neste trabalho estudar a COPEL tendo como foco
tratar-se de uma empresa que tem a sua gestão reconhecida como sustentável.
Na visão dos pesquisadores, a constatação da existência ou não existência do
comprometimento e aplicação de um conceito estratégico nas maiores empresas de
um setor, pode apontar indícios do direcionamento do mesmo.
Considerou-se para análise do objeto de estudo o Relatório de Gestão 2005
elaborado com base nos indicadores da Global Reporting Initiative (GRI, 2002), o
qual invoca as dimensões econômicas, ambientais e sociais como elementos
essenciais da sustentabilidade empresarial.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 21
1.7 Estrutura do trabalho
O capítulo 1 foi composto pela introdução que contempla a situação problema,
o objetivo geral e os objetivos específicos, a justificativa e os procedimentos
metodológicos.
O capítulo 2 tratou dos temas que envolvem envolvem a responsabilidade
social das empresas no contexto do desenvolvimento sustentável. Governança
Corporativa, relações com governo e sociedade, as dimensões da sustentabilidade,
são exemplos de temas abordados.
No capítulo 3 foram tratados os Objetivos do Milênio, Eco-eficiência, Pacto
Global e Normas internacionais, foram sugeridas como estratégias para a
sustentabilidade empresarial.
Compõe o capítulo 4 um estudo sobre indicadores e índices de
sustentabilidade. Os principais modelos nacionais de Balanço Social Ibase e Ethos,
e o modelo internacional Global Reporting Initiative (GRI), foram abordados.
Incluem-se neste capítulo também o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (IDJS)
de Sustentabilidade e o Índice de SustentabilIdade Empresarial (ISE) – BOVESPA.
O estudo de caso COPEL foi tratado no capítulo 5, além de a responsabilidade
social, o modelo de gestão sustentável, o relatório de gestão e a inclusão da
empresa nos índices de sustentabilidade são componentes desse capítulo.
A análise dos resultados, a conclusão e sugestões para futuros estudos, foram
abordados nos capítulos 6 e 7, respectivamente.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 22
2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS NO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Para o livre exercício da atividade produtora de bens e serviços, as empresas
deverão observar vários fatores, que dentre os principais destacam-se: a) a livre
concorrência, b) defesa do consumidor, c) a defesa do meio ambiente, e) a redução
das desigualdades sociais regionais e, f) a oferta de emprego (LEWIS, 2005, p. 129).
Assim, do poder emanado constitucionalmente ao empreendedor de exercer
livremente sua atividade emana, também, o dever de utilizá-la em prol da sociedade.
Deve a empresa, portanto, visar, além dos lucros e produção de bens, a
atender sua função de servir a sociedade como um todo (REALE, 1998 apud LEWIS,
2005).
Neste contexto, as empresas assumem papel de agentes transformadores da
sociedade, imbuídas de responsabilidade em desenvolver ações que visem a
dignidade humana, sem recorrer de ações que possam prejudicar o seu público,
seus clientes, seus fornecedores e a sociedade em que está estabelecida.
Para tanto, é necessário a empresa precaver-se de recursos financeiros e
patrimoniais no sentido de garantir o desempenho dos negócios e cumprimento de
suas obrigações monetárias.
O aspecto jurídico da responsabilidade social das empresas, no Brasil,
encontra a base na Constituição Federal (1988) disposto no artigo 170, e seguintes,
os quais citam os princípios gerais da atividade econômica, garantindo a livre
iniciativa mediante uma contraprestação da empresa a qual deverá participar da
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 23
integração do cidadão à coletividade, garantindo-lhe bem-estar e uma existência
digna. No artigo 5º, caput e incisos XII e XXIII, a referida Constituição estabelece
que todos são iguais perante a lei, à igualdade, à segurança e à propriedade, mas
indicando que ela atenderá à sua função social.
Pela definição econômica a empresa é uma organização de capital e de
trabalho destinada à produção ou a mediação de bens ou serviços para o mercado.
Nessas amplitudes, a responsabilidade social passa pela necessidade da
adoção de um conjunto de condutas corporativas socialmente relevantes.
De acordo com o Instituto Ethos
Responsabilidade Social Empresarial é a forma de gestão que se define
pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os
quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais
compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando
recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais (2006b,
p.8).
Assim, a essência da empresa encontra-se na busca por uma justiça social,
atribuindo vigor à idéia da existência digna (Artigo 170 e seguintes da Constituição
Federal de 1988).
A existência da responsabilidade social depende, antes de tudo, que técnicas e
filosofias das empresas sejam repensadas, para que o social seja um fim e o lucro
um meio viabilizador de uma atitude mais responsável da empresa (QUEIROZ et al
2006, p. 70).
Conforme António apud Buffara (2003, p. 39), o momento atual aponta um
novo contexto sócio-econômico-ambiental e uma nova responsabilidade a ser
assumida. Por conseguinte, o papel social das organizações vem sendo
redesenhando de forma mais ampla e abrangente, caracterizando-se como agentes
de transformação e influencia na sociedade como um todo.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 24
A redefinição do papel das empresas deve-se ao fato de não existir
prosperidade numa sociedade ameaçada. Dessa forma, a falta de estabilidade
política e social atinge também o mundo dos negócios.
A postura proativa da empresa passa a envolver um processo em cadeia, no
qual, todos os elos são co-responsáveis pela geração de novos produtos e
processos, permitindo que o passo à frente seja em direção ao desenvolvimento
sustentável, última e mais desafiante estratégia.
Por essa razão, a definição de responsabilidade social foi, definitivamente,
associada ao desenvolvimento sustentável, marcando uma nova fase na evolução
de uma nova trajetória empresarial.
Nesse contexto, pode-se definir responsabilidade social como o compromisso
que uma organização assume perante a sociedade por meio de atos e atitudes que
a afetam positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo
específico, agindo proativa e coerentemente no que tange a seu papel específico na
sociedade e a sua prestação de contas para com ela.
Ethos (2004b, p. 14) cita um relatório de 2000, da PricewaterhouseCoopers,
indicando uma mudança de direção do tratamento das dimensões da
sustentabilidade com foco maior nas questões sociais e ambientais. Conclui o
referido relatório: “para agregar valor ao negócio, as organizações precisam integrar
estratégias ambientais e sociais à sua estratégia essencial de negócios de maneira
proativa e inovadora”. Em relação a isso, a COPEL ainda não construiu a forma de
integração dessas dimensões, conforme será discutido mais adiante, no capítulo 6.
Para Savitz (2007 p. 2), o termo sustentabilidade se transformou em assunto
de amplas discussões sociais e ambientais, sobretudo no mundo dos negócios. Para
o autor se denota uma idéia poderosa e objetiva: empresa sustentável é aquela que
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 25
gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e
melhora a vida das pessoas com que mantém interações.
A Figura 1 mostra as dimensões da sustentabilidade de forma integrada:
Fonte: Pricewaterhouse, 2006.
Figura 1 Integração das dimensões da sustentabilidade no âmbito empresarial
Dessa forma, nota-se que a sustentabilidade, para as empresas, torna-se um
ambiente em que o negócio passa por uma gestão comprometida a promover o
crescimento e gerar lucro, com melhor e maior inclusão social e sem causar danos
aos seres vivos e sem destruir o meio ambiente. A inobservância desse contexto
pode ter como conseqüência a aniquilação da própria empresa.
Isso denota uma necessidade de as empresas sustentáveis serem capazes de
medir, documentar e reportar resultados positivos nas dimensões econômicas,
sociais e ambientais.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 26
Para Hart (2005, p.1), isso indica o potencial de uma nova abordagem para o
desenvolvimento baseada na atuação do setor privado, capaz de gerar negócios
lucrativos, melhorar a qualidade de vida dos mais carentes do mundo, respeitar a
diversidade cultural e conservar a integridade ecológica do planeta. Para este autor,
“Oferecer esta contribuição social enquanto se cria valor para os acionistas, requer
inovação e criatividade nas estratégias de negócio.”
2.1 Indicadores da incorporação da responsabilidade social
Existem alguns padrões para avaliar a responsabilidade social de uma
empresa. E estas estão cada vez mais envolvidas nesse processo.
O Instituto Ethos (2004a) sugere temas que indicam o compromisso social das
empresas. Dividido em sete principais, estes temas são subdivididos em vários sub-
temas, sendo que alguns deles foram analisados e comentados por Ashley (2006, p.
30-6) e são relacionados a seguir.
2.1.1 Valores, Transparência e governança
A noção de responsabilidade social decorre da compreensão de que a ação
das empresas deve trazer benefícios à sociedade, propiciar a realização profissional
dos empregados, promover benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e
trazer retorno para os investidores.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 27
2.1.1.1 Compromissos éticos
Código de ética ou de um Compromisso Social é o instrumento que se
identifica com a visão e missão da empresa. A razão de sua existência está em
orientar as ações e a postura social para todos com quem mantém relações.
A disseminação e o cumprimento, pela alta gestão, de um código de ética ou
de compromisso social da alta gestão constituem-se as bases de sustentação da
empresa socialmente responsável (QUEIROZ et al., 2006, p. 30).
A formalização dos compromissos éticos da empresa torna-se uma forma
consistente de comunicação das empresas com todas as partes interessadas.
Dado o dinamismo do contexto social é necessário criar mecanismos de
atualização do código de ética e promover a participação de todos os envolvidos.
2.1.1.2 Enraizamento na cultura organizacional
As crenças e valores da empresa estarão progressivamente enraizados na
cultura da organização na medida em que passem por uma difusão sistemática.
Além de desenvolver instrumentos de comunicação, é importante estimular a
participação e a contribuição dos interessados nos processos de avaliação e
monitoramento, principalmente quando eles possibilitam a incorporação das
sugestões aos processos de trabalho.
2.1.1.3 Governança Corporativa
Da expressão inglesa corporate governance, governança - corporativa é
definida como um conjunto de relações entre a administração da empresa, seu
conselho de administração, seus acionistas e outras partes interessadas. Também
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 28
proporciona a estrutura que define os objetivos da empresa, como atingi-los e a
avaliação do desempenho (OCDE, 1999, p.95).
Este tipo de gestão implica incorporação efetiva de critérios de ordem social e
ambiental na definição do negócio e tem como norma ouvir, avaliar e considerar as
preocupações, críticas e sugestões das partes interessadas em assuntos que as
envolvam (QUEIROZ et al., 2006, p. 30). Esse sistema constitui-se em um dos
pilares que garante o nível de confiança entre todas as partes interessadas das
empresas socialmente responsáveis, constituídas de capital aberto ou fechado.
Para Ashley (2006, p. 30), a gestão corporativa é fator fundamental para as
empresas socialmente responsável, seja ela sociedade de capital aberto ou fechado,
pois é um dos pilares que garante o nível de confiança entre todas as partes
interessadas.
Esse tipo de gestão, segundo Ashley (2006, p. 75), vem ganhando cada vez
mais importância em processos de avaliação de empresas e de negócios no mundo
e no Brasil.
Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2006), a empresa
que opta pelas boas práticas de gestão corporativa adota como linhas mestras
transparência, prestação de contas (accountability) e eqüidade. Para que essa tríade
esteja presente em suas diretrizes de governo, é necessário que o Conselho de
Administração, representante dos proprietários do capital (acionistas ou cotistas),
exerça seu papel na organização, que consiste especialmente em estabelecer
estratégias para a empresa, eleger a Diretoria, fiscalizar e avaliar o desempenho da
gestão e escolher a auditoria independente. No entanto, nem sempre as empresas
contam com conselheiros qualificados para o cargo e que exerçam, de fato, sua
função legal.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 29
2.1.2 Relações transparentes com a sociedade
Historicamente somente quando ameaçava os negócios ou a sua reputação, as
empresas procuravam incorporar os stakeholders no processo de tomada de
decisões, e ainda, de forma limitada, envolvendo apenas consumidores e
representantes dos órgãos reguladores.
Sob pressão social, as empresas direcionam-se no sentido de identificar os
anseios e os interesses dos stakeholders mais influentes nas operações para evitar
riscos de qualquer natureza em seus empreendimentos.
Respaldadas pela opinião pública, cada vez mais consciente e bem informada,
as organizações ambientalistas sofisticaram-se em métodos e organização e
redobraram a pressão sobre as empresas poluidoras.
Conforme enfatiza Longenecker apud Buffara (2003, p. 40), a responsabilidade
da empresa para com a sociedade, não se resume apenas nas suas
responsabilidades com os clientes, mas também, nas relações que a empresa
mantém com seus diversos públicos e indivíduos, os stakeholders, os quais podem
afetar diretamente a organização e o comportamento gerencial adotado para
responder a eles.
O termo “stakeholder“ refere-se aos grupos de interesses ou partes
interessadas incorporando, além de todos os membros da cadeia produtiva, as
comunidades, as Organizações Não-governamentais (ONGs), o setor público e
outras firmas e indivíduos formadores de opinião. Além disso, o termo está
consagrado na literatura (MAY, LUSTOSA e VINHA, 2003, p. 178).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 30
A exemplo, cita-se a multinacional Shell – incidente do Brent Spar, que em
junho de 1995, protagonizou um dos episódios mais escandalosos desse embate. A
possível responsabilidade da empresa pelo lançamento de uma grande quantidade
de óleo no Mar do Norte desencadeou protestos em escala mundial expondo sua
vulnerabilidade e o grande equívoco em não se comunicar com o mundo exterior.
Neste incidente, segundo os autores, após descartar a possibilidade de causa
danos ambientais, afundaram a bóia utilizada para reter o óleo. A população,
contudo, não foi informada nem consultada a respeito, desencadeando um violento
protesto e boicote afetando seriamente os resultados da empresa. Ato que fez com
que a mesma revisse sua decisão técnica.
Fatos como este, representam as aspirações sociais sendo incorporadas de
uma forma que passam tanto pela transformação profunda do processo de produção
industrial quanto por mudanças institucionais negociadas entre os atores.
No Brasil, estudos desenvolvidos pelo BNDES (2000), citados por Tinoco e
Kraemer (2004, p. 103), explicitam que:
O conceito de responsabilidade social corporativa está associado ao
reconhecimento de que as decisões e o resultado das atividades das
companhias alcançam um universo de agentes sociais muito mais amplo do
que o composto por seus sócios e acionistas (shareholders).
Dessa forma, a responsabilidade social corporativa enfatiza o impacto das
atividades das empresas para os agentes com os quais interagem (stakeholders):
empregados, fornecedores, clientes, consumidores, colaboradores, investidores,
competidores, governos e comunidade (TINOCO e KRAEMER, 2004, p. 103).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 31
2.1.2.1 Balanço social
Nesta nova realidade emergente de sustentabilidade, associada às práticas de
responsabilidade social empresarial, a sociedade conferiu novos valores para as
empresas. Estas necessitam cada vez mais informar àquelas sobre suas ações.
O Balanço Social ou outra forma de Relatórios de ações de Sustentabilidade
são registros dessas ações permite avaliar seus resultados e direcionar os recursos
para o futuro. O monitoramento de seus resultados por meio de indicadores pode ser
complementado por auditorias feitas por entidades da sociedade (ONGS e outras
instituições), agregando uma perspectiva externa à avaliação da própria empresa
(QUEIROZ et al., 2006, p. 31).
O envolvimento dos stakeholders, na definição das estratégias dos negócios da
empresa, gera compromisso mútuo com as metas estabelecidas. A sua eficácia está
relacionada diretamente com a viabilização de diálogos estruturados pelos canais de
comunicação.
2.1.3 Público Interno
O conceito de desenvolvimento sustentável será inserido no âmbito da
empresa na medida em que é pautado como um modo de empresas assumirem
formas de gestão mais eficientes, por meio de práticas identificadas como eco-
eficiência e a produção mais limpa (DIAS, 2007, p.38).
A empresa, socialmente responsável, não se limita a respeitar os direitos dos
trabalhadores, consolidados na legislação trabalhista e nos padrões da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) ainda que seja um pressuposto indispensável.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 32
Dentre os avanços as empresas devem atentar para as questões culturais locais, e
estreitar seus diálogos com as minorias e instituições que representam seus
interesses (ASHLEY, 2006, p.31).
2.1.3.1 Relações com sindicatos
A empresa responsável favorece a organização de seus empregados e busca o
alinhamento de seus interesses aos dos trabalhadores, estabelecendo negociações
com essas entidades buscando sempre a interlocução transparente e entorno dos
objetivos compartilhados (ASHLEY, 2006, p.31).
2.1.3.2 Gestão participativa
A empresa deve possibilitar que os empregados compartilhem seus desafios o
que também favorece o desenvolvimento pessoal e profissional e a conquista de
metas estabelecidas em conjunto (ASHLEY, 2006, p.31).
2.1.3.3 Compromisso com o futuro das crianças
Conforme determina a legislação brasileira, a empresa não deve se utilizar de
trabalho infantil (de menores de 14 anos). Por outro lado, são louváveis iniciativas
para empregar menores entre 14 e 16 anos para que os mesmos possam exercitar
sua cidadania (ASHLEY, 2006, p.31).
Tal determinação se encontra disposta no artigo 7º da Constituição Federal,
Capítulo II dos Direitos Sociais:
Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
[...]
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 33
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na
condição de aprendiz (BRASIL, 1988).
A Constituição Federal garante, também, o livre acesso ao trabalho como base
da ordem social, constante em seu artigo 193, visando o bem-estar e a justiça
sociais.
2.1.3.4 Valorização da diversidade
A empresa, no exercício da responsabilidade social, deve oferecer
oportunidades iguais às pessoas, independentes do sexo, raça, idade, origem,
orientação sexual, religião, deficiências físicas, condições de saúde, etc. (ASHLEY,
2006, p.31).
Para Dias (2007, p.40), a empresa deve contemplar “a diversidade cultural
existente na sociedade em que atua, além de propiciar oportunidade aos deficientes
de modo geral”. Cabe ainda aos dirigentes das organizações, a participação ativa
das atividades socioculturais de expressão da comunidade inserida no entorno da
unidade produtiva.
2.1.3.5 Política de remuneração, benefícios e carreira e compromisso com
desenvolvimento profissional
Desenvolver uma política de remuneração, benefícios e carreira que valorize as
competências potenciais de seus funcionários investindo no seu desenvolvimento
profissional.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 34
Cabe à empresa investir na capacitação e desenvolvimento profissional
oferecendo projetos de geração de empregos (ASHLEY, 2006, p.32).
Milstein e Hart (2004, p.69), indicam que o desenvolvimento social e a criação
de riqueza em uma escala de massa, especialmente entre os 4 bilhões mais pobres
do mundo são componentes essenciais para o desenvolvimento sustentável.
Alertam, no entanto, que esse desenvolvimento deverá seguir um curso
completamente diferente caso se queira evitar o colapso ecológico.
2.1.3.6 Cuidado com saúde, segurança e condições de trabalho
Desdobrar ações das empresas que alinhem seus interesses ao dos
trabalhadores. A busca por padrões internacionais de relações de trabalho é
desejável, sendo as certificações (BS 8000 e AS 8000), adequadas (ASHLEY, 2006,
p.32).
Também a sustentabilidade empresarial é vista nas condições constitucionais
para a saúde humana, ao dispor sobre o respeito ao meio ambiente, conforme
consta no artigo 200:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,
nos termos da lei:
[...]
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do
trabalho (BRASIL, 1988).
Segundo Dias (2007, p. 40), em termos sociais, a empresa deverá primar pelos
requisitos que proporcionem as melhores condições de trabalho aos seus
empregados.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 35
2.1.3.7 Comportamento frente às demissões
As demissões não devem ser usadas como primeiro recurso para redução de
custos. Quando inevitáveis, deve realizá-las com responsabilidade, adotando
critérios para executá-las (empregados temporários, facilitar a recolocação,
empregado casado ou com filhos), assegurando-lhes os benefícios que estiverem ao
seu alcance (ASHLEY, 2006, p.32).
2.1.3.8 Preparação para a aposentadoria
Dentro do possível, a empresa deve criar complemento, visando reduzir o
impacto da redução no nível de renda (ASHLEY, 2006, p.32).
2.1.4 Meio ambiente
Uma empresa ambientalmente responsável deve gerenciar suas atividades de
maneira a identificar estes impactos buscando minimizar os que são negativos e
ampliar os positivos. Além da manutenção de melhoria, devem as empresas
disseminar para outras as práticas e conhecimentos adquiridos neste sentido.
2.1.4.1 Comprometimento da empresa com a melhoria da qualidade ambiental
Em decorrência da consciência ambiental, a empresa deve buscar desenvolver
projetos e investimentos visando à compensação ambiental pelo uso de recursos
naturais e pelo impacto causado por suas atividades.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 36
A mesma deve organizar sua estrutura de forma que o meio ambiente seja um
tema que permeie todas as áreas da empresa, sendo considerado a cada produto,
processo ou serviço. Isto permite à empresa, além de reduzir custos, aprimorar
processos e explorar novos negócios voltados para a sustentabilidade ambiental,
melhorando sua inserção no mercado (ASHLEY, 2006, p.32).
Complementado por Bellen (2007, p. 36), a aplicação de instrumentos de
mercado pode se dar por taxas sobre efluentes emitidos, comércio de poluição,
promovendo uma alocação de recursos escassos. “Sistemas de contabilidade
integrada podem fornecer ajuda para esses instrumentos para medir o nível
apropriados dos incentivos fiscais (subsídios) ou desincentivos (taxas)”.
2.1.4.2 Educação e conscientização ambiental
A educação ambiental é traduzida na conscientização e sua definição e direitos
é trazida pela Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, em seus artigo 1º e 2º:
Art. 1
o
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2
o
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos
os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-
formal (BRASIL, 1999).
De forma ambientalmente responsável, cabe à empresa apoiar e desenvolver
campanhas, projetos e programas educativos voltados para seus empregados, para
a comunidade e para públicos mais amplos, além de envolver-se em iniciativas de
fortalecimento da educação ambiental no âmbito da sociedade como um todo
(ASHLEY, 2006, p.33).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 37
2.1.4.3 Gerenciamento do impacto no meio ambiente e no ciclo de vida dos
produtos e serviços
Um critério importante para uma empresa consciente de sua responsabilidade
ambiental é um relacionamento ético e dinâmico com os órgãos de fiscalização, com
vistas a melhoria do sistema de proteção ambiental.
A conscientização ambiental deve ser balizada por padrões nacionais e
internacionais de proteção ambiental (ex: ISO 14000).
Um dos aspectos mais importantes dos impactos ambientais é o
desenvolvimento e utilização de insumos, produtos e embalagens recicláveis ou
biodegradáveis e a redução da poluição gerada (ASHLEY, 2006, p.33).
2.1.4.4 Minimização de entradas e saídas de materiais na empresa
Uma das formas de atuação ambientalmente responsável da empresa é o
cuidado com as entradas de seu processo produtivo, estando entre os principais
parâmetros, comuns a todas as empresas, a utilização de energia, de água e de
insumos necessários para a produção/prestação de serviços.
A redução do consumo de energia, água e insumos leva à conseqüente
redução do impacto ambiental necessários para obtê-los (ASHLEY, 2006, p.33).
2.1.5 Fornecedores
A empresa socialmente responsável deve conscientizar-se de seu papel no
fortalecimento da cadeia de fornecedores, atuando no desenvolvimento dos elos
mais fracos e na valorização da livre concorrência (ASHLEY, 2006, p.33).
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Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 38
2.1.5.1 Critérios de seleção e avaliação de fornecedores
A empresa deve incentivar seus fornecedores e parceiros a aderir aos
compromissos que ela adota perante a sociedade. Também deve utilizar critérios
voltados à responsabilidade social na escolha de seus fornecedores, exigindo, por
exemplo, certos padrões de conduta nas relações com os trabalhadores ou meio
ambiente (ASHLEY, 2006, p.33).
2.1.5.2 Trabalho infantil na cadeia produtiva ou trabalho forçado (análogo ao
escravo)
Especificamente sobre essa questão, a empresa deve incentivar seus
fornecedores e parceiros a aderirem ao movimento de erradicação do trabalho
infantil.
Também deve estar atenta a não-existência de trabalho forçado incluindo tal
proibição em seus contratos, além de pesquisar, avaliar e exigir documentação
comprobatória de seus fornecedores (ASHLEY, 2006, p.34).
2.1.5.3 Relações com trabalhadores terceirizados
A empresa deve exigir para os trabalhadores terceirizados a mesma condição
às de seus próprios empregados. Cabe à empresa evitar que ocorram terceirizações
em que a redução de custos seja conseguida pela degradação das condições de
trabalho e das relações com trabalhadores (ASHLEY, 2006, p.34).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 39
2.1.5.4 Apoio ao desenvolvimento de fornecedores
A empresa pode auxiliar no desenvolvimento de pequenas e micro empresas
priorizando-as na escolha de sues fornecedores e auxiliando-as a desenvolverem
seus processos produtivos e de gestão (ASHLEY, 2006, p.34).
2.1.6 Consumidores e clientes
A responsabilidade social, em relação aos clientes e consumidores, exige da
empresa o investimento permanente no desenvolvimento de produtos e serviços
confiáveis, que minimizem os riscos e danos à saúde dos usuários e das pessoas
em geral. A publicidade de produtos e serviços deve garantir seu uso adequado. A
empresa deve alinhar-se aos interesses do cliente e buscar satisfazer suas
necessidades (ASHLEY, 2006, p.34).
No sentido de atender às expectativas dos acionistas, cabe aos executivos
fazer uma ligação direta entre a sustentabilidade da empresa e a criação de valor
para os mesmo. Neste caso, os desafios globais associados à sustentabilidade,
considerados sob a ótica dos negócios, “podem ajudar a identificar estratégias e
práticas que contribuam para um mundo mais sustentável e, simultaneamente, que
sejam direcionadas a gerar valor para o acionista” (MILSTEIN e HART, 2004, p. 66).
2.1.6.1 Política de comunicação comercial
A empresa promove cultura e influencia o comportamento da sociedade.
Portanto, suas ações de comunicação devem ter uma dimensão educativa, evitando-
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 40
se criar expectativas que extrapolem o que é oferecido efetivamente pelo produto ou
serviço (ASHLEY, 2006, p.34).
Tais ações envolvem um estudo do ambiente cultural de um mercado,
compreendendo os valores - crenças e atitudes - e as práticas, que consistem de
atos e comportamentos de uma comunidade, região ou nação, sendo imprescindível
analisar a percepção das pessoas que nela vivem (VAZ, 1995, p. 126).
2.1.6.2 Excelência do atendimento
Cabe à empresa, socialmente responsável, apoiar seus consumidores/clientes
aténs, durante e após a venda prevenindo prejuízos com o uso de seus produtos. A
qualidade do serviço de atendimento aos clientes (SAC ou outra forma de
atendimento) é uma referência importante neste aspecto (ASHLEY, 2006, p.35).
2.1.6.3 Conhecimento e gerenciamento dos danos potenciais dos produtos e
serviços
Para compreender a sustentabilidade na perspectiva ambiental, Bellen (2997,
p. 37), propõe a ampliação da capacidade ecológica do planeta com a correta
utilização do potencial disponível nos diversos ecossistemas e conseqüente
manutenção de sua deterioração em níveis mínimos. Ainda, é preciso reduzir a
utilização de combustíveis fósseis e a emissão de substâncias poluentes, bem como
adotar práticas de conservação de energia e de recursos, substituindo aqueles não
renováveis e aumentando a eficiência em relação aos recursos utilizados.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 41
É tarefa da empresa desenvolver ações de melhoria e confiabilidade, eficiência,
segurança e disponibilidade dos produtos e serviços. A mesma deve atuar num
processo de melhoria contínua (ASHLEY, 2006, p.35).
2.1.7 Comunidade
A comunidade em que a empresa está inserida fornece-lhe infra-estrutura e
capital social representada por seus empregados e parceiros, contribuindo
decisivamente para viabilização de seus negócios.
É uma contrapartida justa a empresa investir em ações que tragam benefícios
para a comunidade. O respeito aos costumes e culturas locais e o emprenho na
educação e na disseminação de valores sociais devem fazer parte de uma política
de envolvimento comunitário (ASHLEY, 2006, p.35).
2.1.7.1 Gerenciamento do impacto da empresa na comunidade de entorno
A empresa deve respeitar as normas e costumes locais através de uma
interação dinâmica e transparente com os grupos locais e seus representante com o
propósito de solucionar problemas comunitários ou negociar eventuais conflitos entre
as partes (ASHLEY, 2006, p.35).
2.1.7.2 Relações com organizações locais
A empresa proativa na responsabilidade social deve apoiar e participar de
projetos sociais promovidos por organizações comunitárias e ONGs, contribuindo
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 42
para disseminação da educação e melhoria das condições sociais (ASHLEY, 2006,
p.35).
2.1.7.3 Ação social: envolvimento da empresa e financiamento
Verbas e recursos destinados a instituições e projetos sociais terão resultados
mais efetivos se baseadas numa política da empresa com critérios predefinidos.
A atuação social da empresa poderá ser potencializada pela adoção de
estratégias que valorizem a qualidade dos projetos sociais beneficiados (ASHLEY,
2006, p.36).
2.1.8 Governo e sociedade
A empresa socialmente responsável deverá relacionar-se com os poderes
públicos de forma ética, através do cumprimento das leis e interagindo de forma
dinâmica com seus representantes.
O comportamento ético da empresa pressupõe que as relações entre empresa
e governo sejam transparentes para todas as partes interessadas. Cabe à empresa
manter uma atuação política coerente com seus princípios éticos a alinhados aos
interesses da sociedade (ASHLEY, 2006, p.36).
2.1.8.1 Contribuições para campanhas políticas
Nas doações para candidatos ou partidos políticos é fundamental a adoção de
transparência nos critérios. Isso permite a preservação do caráter ético da empresa.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 43
Defende-se também, neste item um espaço para realização de debates
democráticos que atendam os interesses de funcionários (ASHLEY, 2006, p.36).
2.1.8.2 Práticas anticorrupção e propina
A empresa deverá ser transparente na prática formal de combate a corrupção e
propina não recebendo além do valor constante em contrato, aplicando-se às ofertas
diretas e indiretas, dentro ou fora do país (ASHLEY, 2006, p.36).
2.1.8.3 Participação em projetos sociais governamentais
Além de cumprir com a obrigação dos recolhimentos dos impostos e tributos,
as empresas podem contribuir com projetos e ações governamentais, devendo
privilegiar as iniciativas de políticas públicas sociais (ASHLEY, 2006, p.36).
2.2 A sustentabilidade e as dimensões econômicas, sociais e ambientais
As evidências da necessidade de que as organizações, para a sua
sobrevivência, devem adotar em sua gestão práticas de sustentabilidade, requerem
formas de análise dos impactos das atividades empresariais em relação às questões
econômicas, sociais e ambientais e os efeitos dessas práticas sobre o lucro.
Aplicada na prática, a sustentabilidade envolve estratégia, gestão e lucro. As
dimensões econômicas sociais e ambientais geram riscos e oportunidades que
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 44
estão mudando profundamente os setores de atividades e os negócios em geral
(SAVITZ, 2007, p. 8).
O termo Tríplice Resultado ou Triple Bottom Line (TBL) refere-se ao conceito
de que todo negócio é alicerçado pelos três pilares (o econômico, o ambiental e o
social) que são inter-relacionados e devem ser integrados à estratégia de negócios.
Trata-se de um modelo de gestão empresarial
2
baseado em três pilares:
viabilidade econômica, consciência ambiental e responsabilidade social. Segundo
esse conceito inglês, o progresso sustentável a longo prazo requer o equilíbrio
desses parâmetros.
Também é conhecido como o modelo de gestão dos três Ps: People, Planet e
Profit, sendo People – pessoas direta e indiretamente envolvidas; Planet – meio
ambiente e impactos; e Profit – retorno financeiro.
O TBL, segundo Elkington apud Savitz (2007, p. 2) sugere que as empresas
avaliem o sucesso não só com base no desempenho financeiro, mas também sob o
ponto de vista de seu impacto sobre a economia mais ampla, sobre o meio ambiente
e sobre a sociedade em que atua.
Quando positivo reflete o aumento no valor da empresa, tanto na lucratividade
e geração de riqueza para os acionistas quanto sob o aspecto de seu capital social,
humano e ambiental.
Para Savitz (2007, p. 4), “o TBL capta a essência da sustentabilidade por
mensurar o impacto das atividades de uma organização no mundo. Um TBL positivo
reflete aumento no valor da companhia”. Com o avanço dos debates sobre o tema,
2
Guia da Sustentabilidade e Cidadania Corporativa – Instituto Amanhã.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 45
percebeu-se que um fator fundamental para essa integração é a governança
corporativa que atua na transparência e na redução de conflitos de partes
interessadas.
A empresa que se organiza para a adoção de práticas sustentáveis deve ainda
considerar que a prestação de contas de suas ações (accountability) é uma etapa
necessária.
Este capítulo tratou da responsabilidade social das empresas no contexto da
sustentabilidade, com base nos temas para a adoção dessa responsabilidade,
propostos pelo Instituto Ethos e comentados por Ashley (2006), Bellen (2007) e Dias
(2007), entre outros autores.
As empresas, neste contexto, têm papel de agente transformador visando
benefícios para a sociedade, tais como a participação em projetos sociais,
preservação do meio-ambiente para uma melhor qualidade de vida, educação para a
cidadania, sem lançar mão de recursos que possam prejudicar suas partes
interessadas.
Nesse sentido, as empresas precisam adotar posturas proativas para um
processo em cadeia, em que todos os elos são co-responsáveis pela geração de
novos produtos e processos visando o alcance do desenvolvimento sustentável.
Para agregar valor ao negócio, tratou também, da responsabilidade social
como oportunidade de negócios. O conceito de sustentabilidade entende a
responsabilidade social para o desenvolvimento sustentável como forma de
agregação de valor para a empresa. Para tanto, a empresa deve buscar o seu lucro
baseada em ações de preservação do meio-ambiente e a contribuição para a
sociedade numa melhor qualidade de vida. Além disso, a empresa deve construir um
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 2 A responsabilidade social das empresas no desenvolvimento sustentável 46
canal de comunicação de modo a informar todas as partes interessadas nas suas
práticas de sustentabilidade.
A sustentabilidade é um conceito em evolução e, portanto, ainda não
consolidado. Entretanto, há várias vertentes que sugerem, em nível global, metas
para o desenvolvimento sustentável e que vem sendo adotadas no âmbito
empresarial.
Essas vertentes são tratadas como estratégias para a sustentabilidade no
próximo capítulo.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 47
3 ESTRATÉGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE
A nova realidade emergente para o desenvolvimento sustentável está
associada às práticas de responsabilidade social empresarial. Isso conferiu novos
valores para sociedade inclusive as não associadas às empresas. Esse capítulo
trata das principais iniciativas a nível global que visam impactar nas ações
estratégicas empresariais.
Estratégia, segundo Ansoff apud Coral (2002 p.47), representa os vários
conjuntos de regras de decisões para orientar o comportamento de uma
organização. Compreende a determinação de metas básicas, de longo prazo, dos
objetivos de uma empresa à adoção de linhas de ação e necessidades de recursos
para alcançar essas metas.
Neste trabalho, toma-se a interpretação mais comum do termo, segundo
Mintzberg apud Beppler (2007), para o qual a palavra estratégia é empregada como
plano, a qual é entendida como sendo um curso de ação, algo intencional e
planejado, através do qual se buscam objetivos pré-determinados. Nesse ínterim a
estratégia tem por finalidade estabelecer direções para a organização.
No sentido corporativo, Andrews apud Beppler (2007), define a estratégia
corporativa como o modelo de decisão da empresa, onde estão determinados os
objetivos e metas, as normas e planos para alcance dos objetivos buscados.
Não há apenas um modelo padronizado de avaliação de estratégias para a
sustentabilidade, a exemplo das Demonstrações Contábeis. Assim, além da
publicação anual dos balanços e relatórios sociais e ambientais, ganham destaques
as certificações, selos e standards internacionais na área social. No Brasil, os
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 48
principais exemplos são: ‘Selo Empresa Amiga da Criança’, conferido pela Fundação
Abrinq; o ‘Selo Empresa Cidadã’, prêmio instituído pela Câmara Municipal da cidade
de São Paulo; e o ‘Selo Balanço Social Ibase/Betinho’, do Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas desde 1998 (BUFFARA, 2003, p. 59).
Há também, a premiação oferecida anualmente pelo Instituto Ethos, que
consiste no seguinte: a) o
Prêmio Ethos-Valor, voltado para estudantes
universitários; b) o Prêmio Ethos de Jornalismo, dirigido a jornalistas; c) o Prêmio
Balanço Social,
para empresas (ETHOS, 2008).
No cenário internacional há várias iniciativas sendo destacadas as principais a
seguir:
3.1 Objetivos do Milênio
A Cúpula do Milênio, realizada em setembro de 2000, considerada pelas
Nações Unidas como uma das maiores reuniões de líderes mundiais da história (a
vez que 191 países aprovaram a Declaração do Milênio das Nações Unidas),
estabeleceu uma nova associação mundial para combater a pobreza, promover a
paz e os direitos humanos, melhorar os índices relacionados à saúde, a igualdade
de gênero e a sustentabilidade ambiental.
A mesma ficou conhecida como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(
ODMs), como um conjunto de objetivos na área de desenvolvimento humano
traçados no ano de 2000 pela Organização das Nações Unidas (
ONU). As metas
devem ser atingidas até 2015 pelos 191 países signatários do acordo.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 49
Em discurso proferido, em 15 de setembro de 2005, na reunião de alto nível da
Assembléia Geral das Nações Unidas (Objetivos do Milênio), o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva traça a visão brasileira sobre os Objetivos do Milênio, conforme
descrito seguir:
As Metas do Milênio constituem uma notável conquista do humanismo
contemporâneo. Elas refletem, pois, um estágio superior da nossa
consciência coletiva. Baseiam-se na convicção de que devemos combater
as desigualdades, respeitando e valorizando as diferenças. Expressam uma
visão substantiva de democracia, segundo a qual os direitos políticos, para
serem efetivos, são indissociáveis dos direitos econômicos, sociais e
culturais. Afirmam a necessidade de expandir a produção de riquezas, mas
universalizando os seus benefícios; e de fazê-lo sem eliminar as fontes da
vida, mas protegendo-as e renovando-as. O que exigirá, com certeza, uma
nova relação, mais criativa e responsável, dos seres humanos com a
natureza e consigo mesmos. As Metas traduzem, enfim, o ideal civilizatório
da paz fundada na justiça [...].
As Metas do Milênio foram estabelecidas no momento da criação da Agenda
Mundial de Desenvolvimento. Compõe-se de oito objetivos interligados os quais
visam alcançar dignidade para o povo. O Quadro 1 demonstra as metas de cada
objetivo.
Quadro 1 Objetivos e metas do milênio
Fonte: Bittencourt, 2006.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 50
Como estratégia para as organizações, os objetivos e metas do milênio
limitam-se à preocupação de âmbito social, voltados para a qualidade de vida,
incluindo a melhoria da saúde, a preservação do meio-ambiente e a promoção de
uma melhor política de assistência aos países menos desenvolvidos.
Embora a preocupação da classe empresarial em compreender a relação entre
meio ambiente e desenvolvimento já remonte duas décadas, e de suas concepções
básicas terem sido construídas a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, o
marco histórico ocorreu durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92) realizada no Rio de Janeiro em 1992.
3.2 A Eco-eficiência
A disseminação dos resultados dessa Conferência gerou uma inquietação no
mundo inteiro, forçando o setor produtivo a dar uma resposta consistente, em grande
medida, por ele criado. Desse processo resultou o World Business Council for
Sustainable Development (WBCSD). O desafio desse Conselho era apresentar uma
proposta que contemplasse uma relação entre eficiência econômica, que honrasse
as realidades básicas do mercado e eficiência ecológica.
O WBCSD apud May, Lustosa e Vinha, (2003, p. 182) exprime a relação como:
A eco-eficiância é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a
preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam
qualidade de vida, ao mesmo tempo que reduz progressivamente o impacto
ambiental e o consumo de recursos ao longo do ciclo de vida, a um nível no
mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimado da Terra.
No Brasil, a adesão do empresariado nacional a eco-eficiência consolidou-se a
partir de 1997, pela criação do Conselho empresarial Brasileiro de Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), representação brasileira do WBCSD. Essa entidade congrega
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 51
60 grupos empresariais que respondem por mais de 30% do PIB nacional e que
representam aproximadamente 450 unidades das mais variadas atividades
produtivas (MAY, LUSTOSA e VINHA, 2003, p. 183).
O WBCSD destaca-se, na atualidade, como a entidade mais representativa
dedicada às causas do desenvolvimento e eco-eficiência.
3.3 O Pacto Global
Com a preocupação de tornar as propostas mais concretas, Kofi A. Annan, ex-
Secretário-Geral das Nações Unidas fez um convite aos líderes empresariais
mundiais, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, em 31 de janeiro de 1999, a
"apoiar e adotar" um pacto com o objetivo de promover uma economia global
inclusiva e sustentável. Este pacto foi chamado de Global Compact (Pacto Global).
Tal iniciativa tem por objetivo mobilizar as empresas e outros atores sociais a
contribuírem para a construção de uma economia global mais inclusiva e
sustentável.
Trata-se de uma iniciativa no sentido de mobilizar a comunidade empresarial
internacional para a promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos
humanos, trabalho e meio ambiente. Para tanto, conta com a participação das
agências das Nações Unidas, empresas, sindicatos, organizações não
governamentais e demais parceiros necessários para a construção de um mercado
global mais inclusivo e igualitário (ETHOS, 2006a).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 52
3.3.1 Objetivos do pacto global
O objetivo do Pacto Global é encorajar o alinhamento das políticas e práticas
empresariais com os valores e os objetivos aplicáveis internacionalmente e
universalmente acordados. Estes valores principais foram separados em dez
princípios chave, nas áreas de direitos humanos, direitos do trabalho, proteção
ambiental e combate à corrupção.
3.3.2 Políticas do Pacto Global
O Pacto é uma iniciativa voluntária que procura fornecer um quadro mundial
para promover o crescimento sustentável e a boa cidadania, por meio da liderança
empenhada e criativa das empresas. Não se trata de um instrumento regulador, nem
um código de conduta com força de lei ou um fórum para policiar as políticas e
práticas de gestão. No entanto, pode-se considerar como um “porto” para empresas
que demonstrem envolvimento e cooperação para um mundo mais socialmente
inclusivo (ETHOS, 2007).
Várias empresas brasileiras e internacionais aderiram ao Pacto Global. São
grandes indústrias e provenientes de regiões geográficas diferentes. No entanto,
apresentam duas características em comum: são líderes de mercado; e aspiram a
gerir a riqueza mundial de forma responsável levando-se em consideração os
interesses e preocupações de um amplo espectro de stakeholders, tais como:
empregados, investidores, clientes, grupos de apoio, parceiros sociais e
comunidades.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 53
Os quadros representativos das empresas que participam no Pacto Global
concordam em que a globalização, da forma que se caminha, apresenta uma
estrutura extremamente frágil e um futuro cheio de incertezas.
Os efeitos da globalização, no mundo em desenvolvimento, quer esteja
relacionada com a concentração do poder econômico quer com as disparidades de
rendimento, a desintegração social e os danos aos recursos naturais, indicam na sua
forma atual, uma situação de insustentabilidade (ETHOS, 2007).
O Pacto Global constitui-se de centenas de organizações nacionais e
internacionais sendo 230 organizações brasileiras signatárias. Dessas, 79 são
reconhecidas no site mundial do Pacto Global. As demais encontram-se em
processo de reconhecimento. Para serem consideradas “signatárias” pelo escritório
mundial do Global Compact, as organizações devem encaminhar carta ao atual
Secretário-Geral Ban Ki-moon, juntamente com sua Folha de Dados (ETHOS, 2007).
3.3.3 Os princípios do Pacto Global
O Pacto Global defende dez princípios universais, derivados da Declaração
Universal de Direitos Humanos, da Declaração da Organização Internacional do
Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, da Declaração do
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e da Convenção das Nações Unidas
Contra a Corrupção (INSTITUTO ETHOS, 2007).
As ações defendidas pelo Pacto Global se expressam pelos seguintes
princípios:
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 54
- Princípios de Direitos Humanos
1. Respeitar e proteger os direitos humanos;
2. Impedir violações de direitos humanos;
- Princípios de Direitos do Trabalho
3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho;
4. Abolir o trabalho forçado;
5. Abolir o trabalho infantil;
6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho;
- Princípios de Proteção Ambiental
7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais;
8. Promover a responsabilidade ambiental;
9. Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente.
- Princípio contra a Corrupção
10. Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e
propina (PACTO GLOBAL, 2007).
3.4 Normas nacionais e internacionais
As normas assumem papel relevante uma vez que buscam sistematizar ações
necessárias para incorporação de um sistema de gestão da Responsabilidade Social
Corporativa, nas operações rotineiras da empresa.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 55
3.4.1 Norma internacional AA 1000
A Norma Accountability (AA (1000)) foi lançada em 1999. Ela define as práticas
para prestação de contas com o objetivo de assegurar a qualidade da contabilidade,
auditoria e relato social ético.
Pode ser usada isoladamente ou em conjunto com outros padrões de
prestação de contas tais como a como a Global Report Initiative (GRI), e normas
padrões como as International Organization for Standardization (ISO) e a Social
Accountability (SA (8000)). Visa auxiliar diversos usuários, tais como empresas,
acionistas, auditores, consultores e organizações certificadoras. Uma das mais
importantes contribuições da AA 1000 são os processos e definições que dão
suporte à prática da responsabilidade social empresarial (ETHOS, 2005b, p. 23).
Conforme
Oribe (2007), a AA1000 foi fundamentada sobre onze princípios de
qualidade da gestão, reunidos em quatro grupos: (a) escopo e estrutura do processo
da organização, (b) significância da organização, (c) qualidade da informação e (d)
gerenciamento do processo em base contínua.
A AA1000 busca atender a ética da responsabilidade, atribuindo-se à mesma
uma característica mais de norma de sustentabilidade.
Ao adotar esse padrão a empresa confere uma garantia para os sócios e
demais partes interessadas de que há consistência nas ações da empresa.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 56
3.4.2 Norma internacional SA 8000
A Norma Social Accountability (SA 8000) trata-se de uma norma certificadora
de responsabilidade social baseada nas normas da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Declaração
Universal dos Direitos da Criança.
A SA 8000 tem a preocupação de coibir a prática de trabalho infantil e escravo
e outras práticas de contratação de empregados consideradas abusivas, abordagem
essa, mais restrita em relação a AA 1000. Essa contém um princípio de inclusividade
e um processo onde a própria organização deve identificar as partes interessadas
relativas ao seu negócio, o que a difere da SA 8000 (
ORIBE, 2007).
Para manter as certificações, os treinamentos são essenciais, uma vez que
eles disseminam os conhecimentos dos padrões entre os funcionários e ensinam
gerentes a usar melhor a ferramenta. (ETHOS, 2005b, p. 23).
3.4.3 Norma brasileira 16000 e 16001
A ABNT NBR série 16000 é uma norma brasileira voltada para a gestão da
responsabilidade social com foco na melhoria da organização.
Segundo Bezerra (2007, p. 54), esta Norma tem por objetivo prover às
organizações os elementos de um sistema da gestão da responsabilidade social
eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las
a alcançar seus objetivos relacionados com os aspectos da responsabilidade social.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 57
A ABNT 16001 estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema da
gestão da responsabilidade social, permitindo à organização formular e implementar
políticas e objetivos que levem em conta requisitos legais e outros, seus
compromissos éticos e sua preocupação com a:
promoção da cidadania;
promoção do desenvolvimento sustentável;
transparência das suas atividades (ABNT NBR 16001).
As normas assumem uma grande importância pelo fato de apoiar a
sistematização de ações necessárias à incorporação de um sistema de Gestão de
Responsabilidade Social Empresarial.
3.4.4 Padrões ISO
Da abreviação International Organization for Standardization (ISO) são padrões
que visam contribuir para as áreas de desenvolvimento, produção e suprimento das
empresas, com o objetivo de tornar o processo mais eficiente, seguro e limpo.
Dentre as mais conhecidas estão as séries ISO 9000 e ISO 14000. A primeira
refere-se a padrões em qualidade total e, a segunda, direcionada para padrões de
proteção ambiental. Os padrões ISO estão sendo adotados por milhares de
organizações e em centenas de países.
Tais padrões servem como ferramentas para engenheiros e industriais, na
solução de problemas relacionados à distribuição, com a finalidade de garantir aos
consumidores e usuários produtos e serviços de qualidade.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 58
Outra vantagem da adoção desses padrões é que eles facilitam as
negociações entre países, suprem os governos com bases técnicas para saúde,
segurança e legislação ambiental e auxiliam na transferência de tecnologia para os
países em desenvolvimento. Podem ser adotados tanto no setor privado quanto no
público, ou em órgãos governamentais (ETHOS, 2005b, p. 23).
Tratou-se, nesse capítulo, das principais vertentes nacionais e internacionais
que dão suporte para estratégias empresariais no sentido de alcançar o
desenvolvimento sustentável.
As principais Normas nacionais e internacionais foram tratadas dentro do
escopo de objetivos.
Tais vertentes e Normas apresentam características próprias e buscam orientar
as empresas em suas estratégias.
Independentemente de qual ou de quais vertentes ou Normas a empresa
adotar, a informação às partes interessadas, de ações de sustentabilidade, torna-se
fator fundamental no processo da estratégia empresarial.
O capítulo seguinte trata de alguns dos principais instrumentos de evidenciação
que a empresa pode utilizar para relatar suas ações.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 59
4 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
Neste capítulo o tema consiste dos indicadores de sustentabilidade, conforme
já apontados no item 2.1 desse trabalho, considerando a existência de alguns
padrões de avaliação que possibilitam analisar a responsabilidade social de uma
empresa.
O termo indicador é expressão do latim indicare, que significa descobrir,
apontar, anunciar, estimar. Nas ciências ambientais, indicador significa um
organismo, uma comunidade biológica ou outro parâmetro (físico, químico, social)
que serve como medida das condições de um fator ambiental, ou um ecossistema
(BITTENCOURT
, 2006, p. 141).
Para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(
OCDE), um indicador deve ser entendido como um parâmetro, ou valor derivado de
parâmetros que apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno,
com uma extensão significativa (OCDE, 1993).
Para Tinoco e Kraemer (2004 p. 104), o reconhecimento da dimensão social
das empresas exige que sejam criados instrumentos de demonstração dos atos e
valores relevantes para a sociedade ou para parceiros, da empresa (stakeholders) e
não apenas dos resultados econômicos e financeiros.
Para as empresas com tal visão, o Balanço Social e outros tipos de relatórios,
devidamente auditados, permitem aos empresários e aos agentes sociais, identificar
medir e agir sobre os fatos sociais vinculados à empresa, tanto interna quanto
externamente.
Para as empresas que divulgam relatórios de sustentabilidade, a adoção dos
mesmos é fato e não hipótese (GRI, 2002, p. 4).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 60
Afirma ainda a organização, que a empresa que elabora tais relatórios,
dificilmente observará todos os benefícios potenciais, mas, algumas observações
são comuns na comunidade corporativa:
Numa economia global, a medição do desempenho passado e presente é um
instrumento fundamental num mundo de alta velocidade e profundas interligações;
As complexidades estratégicas e operacionais dos tempos atuais exigem um
diálogo contínuo com investidores, clientes, fornecedores, ativistas e funcionários. A
elaboração de relatórios é um ingrediente essencial na construção e manutenção
desse diálogo;
Cada vez mais, as empresas enfatizam suas relações com os parceiros
externos – consumidores, investidores, grupos comunitários – como uma das chaves
do sucesso empresarial. Transparência e diálogo aberto sobre sustentabilidade e
desempenho ajudam a reforçar essas parcerias e criar confiança;
Relatórios de sustentabilidade ajudam a integrar funções tipicamente
isoladas da empresa, como finanças, marketing e pesquisa e desenvolvimento, de
uma forma estratégica. A elaboração de relatórios de sustentabilidade abre diálogos
internos que não poderiam ocorrer de outra forma;
Os relatórios ajudam os administradores a detectar problemas potenciais
antes que se tornem surpresas desagradáveis;
Relatórios de sustentabilidade ajudam os administradores a avaliar a
contribuição da empresa para o capital humano, natural e social. Tal avaliação
expande a perspectiva dada pelas contas financeiras convencionais e, com isso,
permite uma visão de longo prazo;
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 61
Podem reduzir a volatilidade e a incerteza nos preços das ações de
empresas de capital aberto, bem como o custo do capital.
Relatórios econômico, social e ambiental são meios que as empresas adotam
para relatar e divulgar seu desempenho para todos aqueles que se interessam por
esse tipo de informação, tais como seus parceiros sociais, permitindo-os entender
seu relacionamento com empresa reportada (TINOCO e KRAEMER 2004, p. 257).
4.1 Principais modelos de balanço social
Conforme o Instituto Ethos (2006a, p. 7), há três modelos-padrão de balanço
social: dois nacionais — propostos pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Ibase) e pelo Instituto Ethos — e um internacional, sugerido pela
Global Reporting Initiative (GRI). Tais modelos visam definir as informações mínimas
que devem ser publicadas para dar transparência às atividades da empresa.
As organizações têm a liberdade de adotar um formato próprio definido, em
geral, pela área de comunicação da companhia.
4.1.1 Modelo Ibase
Lançado em 1997, pelo Ibase, esse modelo inspira-se no formato dos balanços
financeiros. O mesmo expõe, de maneira detalhada, os números associados à
responsabilidade social da organização. Em forma de planilha, reúne informações
sobre a folha de pagamentos, os gastos com encargos sociais de funcionários, a
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 62
participação nos lucros. Também detalha as despesas com controle ambiental e os
investimentos sociais externos nas diversas áreas — educação, cultura, saúde etc.
Para o Instituto, o conteúdo é uma forma de transparência e prestação de
contas. No entanto, não sugere a auditoria para tal relatório (ETHOS, 2007, p.12).
4.1.2 Modelo Ethos
Baseado num relato detalhado dos princípios e das ações da organização,
incorpora a planilha proposta pelo Ibase e sugere um detalhamento maior do
contexto da tomada de decisões, dos problemas encontrados e dos resultados
obtidos. O Instituto Ethos defende a necessidade de os balanços sociais adquirirem
credibilidade e consistência comparáveis às dos balanços financeiros. Para tanto, é
necessário que os seguintes princípios sejam verificados:
Relevância — As informações contidas nos balanços sociais serão úteis se
forem percebidas como tais por seus diferentes públicos. Por isso, a empresa deve
conhecer as expectativas desses usuários;
Veracidade — Neutralidade e consistência na formulação e apresentação
são fundamentais para que a empresa demonstre a confiabilidade de seu balanço.
Ações e resultados devem ser descritos com base em fatos e argumentos que
não visem à manipulação da opinião das partes interessadas (stakeholders).
Impactos positivos e negativos, diretos e indiretos devem ser apresentados de modo
consistente, levando-se em conta a importância de incluir a discussão e o
posicionamento da empresa sobre o assunto;
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 63
Clareza — Para que o balanço social seja compreendido pelos vários
públicos a que se destina, a inclusão de gráficos, termos técnicos e/ou científicos
deve ser feita com cautela;
Comparabilidade — A possibilidade de comparação dos dados com os de
outras empresas ou organizações ou mesmo entre períodos deve ser levada em
conta para que o balanço social possa ser avaliado em relação aos anos anteriores
ou seguintes;
Regularidade — A divulgação do balanço social deve ser periódica para que
possa servir de instrumento de comparação para os diversos públicos;
Verificabilidade — As informações contidas no balanço social devem poder
ser verificadas em auditoria, o que contribui para sua credibilidade.
O Ethos (2006, p. 13) sugere que o Balanço Social contemple o resultado
tríplice com os seguintes conteúdos:
Indicadores de desempenho econômico — Estes devem esmiuçar os
impactos econômicos da empresa sobre a sociedade, como a geração e distribuição
de riqueza e a evolução de sua produtividade. Também expõem o retorno dos
investimentos realizados na própria organização e na comunidade;
Indicadores de desempenho social — Os mesmos devem reunir dados
sobre o bem-estar da força de trabalho, os direitos dos trabalhadores e direitos
humanos. É aqui que verificamos, por exemplo, se a empresa cumpre a imposição
legal de oferecer creche ou auxílio-creche para filhos de funcionários, bem como se
proporciona à equipe participação nos lucros;
• Indicadores de desempenho ambiental — Devem servir como instrumento
importante para a realização de reportagens sobre gestão de resíduos, efluentes ou
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 64
emissões gasosas. Estes devem levantar também os possíveis impactos das
atividades da empresa sobre a água, o ar, o solo, a biodiversidade ou a saúde.
4.1.3 O modelo internacional Global Reporting Initiative (GRI):
Embora no exterior haja tanta ou mais diversidade de balanços sociais quanto
no Brasil, o modelo desenvolvido pela Global Reporting Initiative – Iniciativa Global
para a Apresentação de Relatórios (GRI) – tem ganhado cada vez mais importância.
A GRI é uma rede internacional lançada em 1997 pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela Ceres (sigla, em inglês, da Coalition
for Environmentally Responsible Economies, ou Coalizão por Economias
Ambientalmente Responsáveis). Trata-se de uma entidade norte-americana que
reúne 1.500 especialistas e organizações, entre elas ONGs, empresas e
universidades.
A estrutura da GRI centra-se em dois pontos:
1. comparabilidade;
2. flexibilidade.
a) a comparabilidade- Está fortemente ligada à sua meta de desenvolver uma
estrutura paralela aos relatórios financeiros. O padrão “de acordo com” ajuda a GRI
a atingir o ideal de se maximizar a comparabilidade entre relatórios por meio de
procedimentos comuns em sua elaboração;
b) apoiar sua flexibilidade - Há diferenças legítimas entre organizações e
entre setores da economia, e a estrutura da GRI deve ser flexível o suficiente para
acomodar essas diferenças.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 65
4.1.3.1 Princípios para a elaboração de relatórios da GRI
A GRI estabelece princípios essenciais para a elaboração de relatórios
equilibrados e abrangentes sobre o desempenho econômico, ambiental e social de
uma organização.
Representam metas que os elaboradores tentam atingir e também devem ser
aplicados pelas organizações na elaboração de seus relatórios. Coletivamente, os
princípios estabelecem um acordo entre a organização relatora e o usuário,
garantindo um entendimento comum sobre os fundamentos dos relatórios.
Os princípios foram concebidos com uma perspectiva de longo prazo, criando
uma base duradoura para a evolução da medição de desempenho ao longo do
tempo. É perfeitamente possível que algumas organizações não consigam satisfazer
todos os princípios no curto prazo. Mas elas devem relatar as melhoras com o
mesmo rigor com que procedem em relação aos aspectos econômicos, ambientais e
sociais de seu desempenho. Não é necessário que os relatórios incluam listas
pormenorizadas de cada princípio satisfeito e, sim, o modo como ele foi elaborado,
as discussões e trabalhos desenvolvidos para adotá-lo. Essas discussões devem
incluir sucessos, insucessos e as razões de eventuais exclusões de princípios. A
discussão sobre a aplicação dos princípios pode ser incluída numa seção distinta
sobre os aspectos técnicos da elaboração do relatório.
Os princípios norteadores para elaboração dos relatórios de sustentabilidade
expostos pela GRI são visualizados na figura 2
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 66
Fonte: GRI, 2002.
Figura 2 Princípios para Relatórios
A adoção dos princípios, da figura 2 pode apresentar as seguintes vantagens
segundo a GRI (2002):
visão abrangente do desempenho econômico, ambiental e social da
organização, descrevendo a contribuição da organização ao desenvolvimento
sustentável;
comparar desempenhos ao longo do tempo e entre organizações distintas;
imagem de credibilidade dos assuntos importantes para as partes
interessadas.
- Transparência
A completa divulgação dos processos, procedimentos e hipóteses usados na
elaboração é essencial para a credibilidade do relatório.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 67
- Inclusão
A organização relatora deve, de maneira sistemática, engajar as partes
interessadas para aumentar progressivamente a qualidade de seus relatórios.
- Verificabilidade
Os dados do relatório devem ser relatados, compilados, analisados e
divulgados de maneira que auditores internos ou fornecedores externos de
verificação possam confirmar sua confiabilidade.
- Abrangência
Toda a informação relevante em relação ao desempenho econômico, ambiental
e social da organização relatora deve ser apresentada no relatório de maneira
consistente com os limites declarados, o escopo e o prazo.
- Relevância
Relevância é o grau de importância dado a um aspecto, um indicador ou uma
informação em particular. Ela representa um marco de referência a partir do qual a
informação se torna suficientemente significativa para ser incluída no relatório.
- Contexto de sustentabilidade
A organização relatora deve colocar seu desempenho num contexto mais
amplo no que se refere aos limites ecológicos, sociais ou de outra natureza, desde
que esse contexto dê maior significado às informações contidas no relatório.
- Exatidão
Este princípio se refere à meta de atingir um alto padrão de exatidão e uma
mínima margem de erro que permitam aos usuários dos relatórios tomar suas
decisões com um alto grau de confiança.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 68
- Neutralidade
Os relatórios devem evitar distorções na seleção e apresentação das
informações e devem fornecer um relato equilibrado do desempenho da
organização.
- Comparabilidade
A organização relatora deve manter padrões consistentes para definir os limites
e o e escopo de seus relatórios. Quando houver mudanças, elas devem ser
divulgadas, e as informações previamente relatadas devem ser retificadas.
- Clareza
A organização relatora deve ter em mente as diferentes necessidades e os
diferentes níveis de conhecimento das partes interessadas e disponibilizar as
informações de maneira a atender o maior número possível de usuários, garantindo
um nível adequado de detalhamento.
- Periodicidade
Os relatórios devem fornecer informações de acordo com um cronograma
regular que satisfaça as necessidades dos usuários e seja compatível com a
natureza das próprias informações.
Organizada sob o conceito conhecido como triple bottom line, ou tríplice
resultado, as Diretrizes da GRI Global Reporting Initiative (2002, p. 17) entende a
sustentabilidade baseada no equilíbrio nas relações atuais entre necessidades
econômicas, ambientais e sociais sem comprometer o desenvolvimento futuro.
No entanto, a GRI reconhece que, como toda simplificação de conceitos
complexos, esta definição tem suas limitações. Ela pode constituir, em alguns casos,
a noção de que cada esfera deva ser analisada isoladamente antes de uma
abordagem integrada. Mesmo assim, a definição do tipo “resultado triplo” atingiu um
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 69
certo consenso como uma boa abordagem inicial para um assunto complexo (GRI
2002, p. 17).
Segundo a GRI (2002), há duas formas de se utilizar as diretrizes: como uma
referência informal ou então incorporá-las de forma progressiva e, ou num nível mais
exigente, denominado “de acordo com”. Esse nível se baseia na transparência para
adequar as particularidades de cada relatório com o objetivo de aumentar a
comparabilidade de informações.
4.1.4 Conteúdo do Relatório da GRI
A GRI prevê a seguinte estrutura de conteúdo:
- Visão e estratégia – descrição da estratégia da organização relatora em
relação à sustentabilidade, incluindo uma declaração por parte do diretor-presidente;
- Perfil – visão geral da estrutura, da atuação da organização relatora e do
escopo do relatório;
- Estrutura de governança e sistemas de gestão – descrição da estrutura,
políticas e sistemas de gestão da organização, incluindo o engajamento das partes
interessadas;
- Sumário de conteúdo da GRI – uma tabela que identifica a localização das
informações citadas na Parte C das Diretrizes;
- Indicadores de desempenho – medições do impacto da organização
relatora, discriminadas em indicadores de desempenho integrados, econômicos,
ambientais e sociais.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 70
4.1.5 Os indicadores econômicos, ambientais e sociais conforme a GRI
Os indicadores econômicos, e ambientais e sociais são tratados
individualmente na matriz da GRI.
Tais indicadores compõem-se de itens e temas correlacionados. As tabelas 1,
2 e 3 demonstram os itens e seus temas correlacionados de acordo com a matriz da
GRI, dos indicadores econômicos, ambientais e sociais respectivamente.
Tabela 1 Indicadores econômicos
Itens Temas
Clientes
Vendas líquidas ou receita operacional líquida.
Análise regional de mercado.
Fornecedores
Custo dos bens materiais e serviços adquiridos.
Porcentagem de contratos pagos.
Classificação de fornecedores por organização e país.
Empregados
Total da folha de pagamento e benefícios (agrupados por país ou região).
Investidores
Distribuição para investidores, discriminadas por juros sobre dívidas e
empréstimos.
Aumento/decréscimo em ganhos retidos no final do período – ROACE (retorno
sobre o capital médio empregado).
Setor público
Soma de todos os tipos de impostos pagos, discriminados no país.
Subsídios recebidos de acordo com o país ou região
Doações à comunidade, à sociedade civil e outros grupos, em dinheiro ou
espécies, discriminadas por tipo e por grupo.
Gastos no desenvolvimento de infra-estrutura para negócios não centrais.
Impactos
econômicos
indiretos
Impactos econômicos indiretos da organização (externalidade dos produtos e
serviços).
Fonte: GRI, 2002.
Os indicadores econômicos sugerem a mensuração monetária do desempenho
dos temas relacionados às partes interessadas.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 71
Tabela 2 Indicadores ambientais
Itens Temas
Materiais
Consumo de materiais por tipo (exceto água)
Porcentagem de materiais utilizados que geram resíduos (processados ou não) de
fontes externas à organização relatora.
Energia
Consumo direto de energia segmentado por fonte primária
Consumo indireto de energia.
Iniciativas para uso de fontes renováveis e para aumentar a eficiência de energia
empregada.
Consumo anual de energia para os principais para os principais produtos, ou seja,
exigências anuais de energia durante a vida do produto.
Outros usos indiretos de energia (exploração, produção e comercialização) e suas
implicações, tais como viagens de negócios, administração do ciclo de vida do produto
e uso de materiais que requerem muita energia.
Água
Consumo total de água.
Fontes de água e ecossistemas / habitats significativamente afetados pelo consumo
de água.
Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual renovável
de água disponível.
Reciclagem e reutilização total de água.
Biodiversidade
Localização e tamanho das terras pertencentes à organização, arrendadas ou
administradas pela mesma, em habitats ricos em biodiversidade.
Descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associadas à atividades e /
ou produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce ou marítimos.
Quantidade de terras possuídas, arrendadas ou administradas para atividades de
produção ou uso extrativo.
Quantidade de superfície impermeável em relação a terras compradas ou arrendadas
em porcentagem.
Impactos de atividades e operações sobre áreas protegidas ou sensíveis.
Mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e percentual
protegido e restaurado.
Objetivos, programas e metas para proteger e restaurar ecossistemas e espécies
nativas e em áreas degradadas.
Número de espécies na lista vermelha da UICN com habitat em áreas afetadas pela
organização.
Unidades de negócios operando ou planejando operações em áreas protegidas ou
sensíveis, ou ao seu redor.
Emissões,
efluentes e
resíduos
Emissões de gases causadores do efeito estufa
Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio.
NOx, SOx, e outras emissões atmosféricas significativas.
Quantidade total de resíduos por tipo e destino.
Descargas significativas de água.
Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e combustíveis pelo número
total de ocorrências e pelo volume total.
Outras emissões indiretas relevantes de gases causadores do efeito estufa.
Toda a produção, transporte, importação e exportação de qualquer resíduo
considerado prejudicial pelos termos da Convenção da Basiléia.
Fontes de água (e ecossistemas ou habitats relacionados) significativamente afetadas
pela descarga de escoamento da água.
Fornecedores
Desempenho dos fornecedores relativos aos componentes ambientais de programas e
procedimentos descritos em resposta à seção “Estrutura de Governança e Sistemas
de Gestão”
Produtos e
serviços
Impactos ambientais significativos dos principais produtos e serviços.
Porcentagem recuperável dos produtos ao fim do seu ciclo de vida e porcentagem
efetivamente recuperada.
Conformidade
ambiental
Incidentes ou multa pro não cumprimento das declarações, convenções tratados
internacionais, legislação nacional, regional e local sobre assuntos ambientais.
Transporte
Impactos ambientais significativos de transporte.
Geral
Total de gastos ambientais e por tipo.
Fonte: GRI, 2002.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 72
Os indicadores ambientais têm a preocupação de evidenciar a mensuração de
ações nas variáveis materiais que impactam o meio ambiente.
Tabela 3 Indicadores sociais
Itens Temas
Empregados
Distribuição geográfica dos trabalhadores da organização, tipo de contrato de
trabalho
Criação de empregados e rotatividade por região / país
Benefícios de empregados além dos previstos por lei.
Trabalhos/relações
de administração
Porcentagem de empregados reapresentados por organizações sindicais e
interdependentes ou outros representantes legítimos, ou porcentagem de
empregados amparados por acordo de negociação coletiva, por região / país.
Políticas e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com
empregados a respeito de mudanças nas operações da organização relatora (por
exemplo reestruturação).
Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão ou
administração, incluindo governança corporativa.
Saúde e
Segurança
Práticas sobre registro e notificação de acidentes e doenças ocupacionais, e como
elas estão relacionadas com o Código de Prática da OIT sobre Registro e
Notificação de Acidentes e Doenças Profissionais.
Descrição de comitês formais sobre saúde e segurança incluindo representantes da
administração e dos trabalhadores e parcela de mão-de-obra atendida por qualquer
um desses comitês.
Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e número de óbitos
relacionados ao trabalho (incluindo trabalhadores subcontratados).
Descrição de políticas ou programas (para o ambiente de trabalho e fora dele) a
respeito de HIV/Aids.
Evidência de conformidade substancial com as Guidelines on Occupational Safety
and Health Management Systems (Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de
Segurança e Saúde no Trabalho).
Descrição de acordos formais com sindicatos ou outros representantes legítimos
dos trabalhadores, envolvendo saúde e segurança no trabalho; proporção da força
de trabalho amparada por qualquer desses acordos.
Treinamento e
educação
Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria. (Por
exemplo, diretoria, gerência, categoria profissional, técnica, administrativa, de
produção e de manutenção.)
Descrição de programas para apoiar a continuidade da empregabilidade dos
funcionários e para gerenciar fins de carreira.
Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado para
toda a vida.
Diversidade e
oportunidades
Descrição de políticas ou programas de iguais oportunidades, bem como sistemas
de monitoramento para garantir o seu cumprimento.
As políticas de iguais oportunidades podem incluir a coibição de assédio no local de
trabalho e ação afirmativa relativa aos padrões históricos de discriminação.
Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança corporativa
(incluindo o quadro de diretores), observando-se a proporção homem/mulher e
outros indicadores de diversidade culturalmente apropriados.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 73
Itens Temas
Estratégia e
administração
Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para lidar
com todos os aspectos dos direitos humanos relevantes nas operações da
organização, incluindo mecanismos de monitoramento e resultados.
Evidência de consideração dos impactos sobre os direitos humanos como parte de
investimentos e tomadas de decisão de compra, incluindo a seleção de
fornecedores ou contratados.
Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho em
direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo
sistemas e resultados de monitoramento.
Treinamento de empregados em políticas e práticas concernentes a todos os
aspectos dos direitos humanos relevantes para as operações.
Não-discriminação
Descrição de política global e procedimentos ou programas que previnam todas as
formas de discriminação, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse
monitoramento.
Liberdade de
associação e
negociação
coletiva
Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa
política é universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem como
descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto.
Trabalho infantil
Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil, conforme definido pela
Convenção 138 da OIT, e a determinação e aplicação visível dessa política, bem
como a descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo
sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
Trabalho forçado e
compulsório
Descrição de políticas para prevenir o trabalho forçado e compulsório, e a extensão
pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como
descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo
sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
Práticas de
disciplina
Descrição de processos judiciais, incluindo questões relativas aos direitos humanos.
Descrição de política de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de
recebimento das queixas dos funcionários (incluindo seus impactos sobre os
direitos humanos).
Práticas de
segurança
Treinamento em direitos humanos para segurança dos funcionários
Direitos indígenas
Descrição de políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades de
indígenas.
Descrição de mecanismos para atendimento de queixas e de reclamações da
comunidade indígena.
Parte da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais.
Comunidade
Descrição de políticas para gerenciar impactos sobre as comunidades que vivem
em áreas afetadas pelas atividades da organização, bem como descrição de
procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de
monitoramento e resultados desse monitoramento.
Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e
ambiental.
Suborno e
corrupção
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para organizações e empregados com relação a suborno e
corrupção.
Contribuições
políticas
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para a administração de lobbiese contribuições políticas.
Quantia de dinheiro paga a partidos políticos e instituições cuja principal função
consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos.
Competição e
preços
Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de
regulamentação de monopólio.
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 74
Itens Temas
Saúde e
segurança do
consumidor
Descrição de políticas para preservar a saúde e a segurança do consumidor
durante o uso de produtos e serviços, e a extensão pela qual essas políticas são
visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou
programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e
resultados desse monitoramento.
Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente à
saúde e segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas impostas por
essas violações.
Número de reclamações recebidas por organismos regulatórios ou organizações
oficiais similares para inspecionar ou regular a garantia de saúde e segurança no
uso de produtos e serviços.
Conformidade voluntária a um código de conduta, selos nos rótulos dos produtos
que a organização está qualificada para utilizar ou prêmios referentes a
responsabilidade social e/ou ambiental que recebeu.
Produtos e
serviços
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade relacionados a informações sobre o produto e sua rotulagem.
Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente a
informações e rotulagem do produto, incluindo qualquer penalidade ou multa
imposta por essas violações.
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de
pesquisas sobre o assunto.
Propaganda
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à
propaganda.
Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing.
Respeito à
privacidade
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
respeito à privacidade do consumidor.
Número de reclamações registradas com respeito à violação da privacidade de
consumidores.
Fonte: GRI, 2002.
Os indicadores sociais dizem respeito às ações com as partes interessadas
envolvendo tanto o público interno quanto o externo com os quais a empresa se
relaciona.
4.2 Os Índices de Sustentabilidade
O contexto da sustentabilidade revela uma tendência mundial de os
investidores procurarem empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e
rentáveis para aplicar seus recursos.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 75
Assim como surgem diferentes empresas, sensíveis á sustentabilidade,
também muitas instituições de apoio a empresas estão promovendo o movimento.
Para Savitz (2007, p.78), trata-se de um sinal do poder duradouro e de seu
impacto crescente de longo prazo. Para o autor, essa base institucional crescente
proporciona forte respaldo às empresas e aos gestores que estão em busca de
sustentabilidade mas que não sabem ao certo por onde começar.
Além dos instrumentos voltados para a responsabilidade social citados,
destacam-se iniciativas com enfoque ou formato mais definido de sustentabilidade,
seja em nível estratégico ou visando à produção de relatórios.
4.2.1 O Índice Dow Jones de Sustentabilidade – IDJS
Dow Jones é um índice americano que mede o desempenho financeiro das
empresas. Criou, em 1999, um grupo de indicadores paralelo, identificado como
Índice Dow Jones de Sustentabilidade – IDJS ou Dow Jones Sustainability World
Indexes.
O objetivo deste Índice é ajudar investidores internacionais que buscam
aplicações diferenciadas no mercado, e a premiar empresas que procuram aliar
desenvolvimento com eco-eficiência e responsabilidade social (MAY, LUSTOSA e
VINHA, 2003, p. 189).
Segundo Savitz (2007, p. 79), as empresas listadas neste índice desfrutam de
vários benefícios, como melhoria de acesso ao capital de investimentos, pois as
ações dos membros do IDJS são recomendadas para investimentos em
sustentabilidade, prestígio e reforço da marca, entre outros.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 76
Para entrar na lista seleta do IDJS as empresas necessitam responder a um
longo questionário de análise do comportamento da empresa nas dimensões
econômica, ambiental e social e fornecer documentação relevante ao Sustainable
Asset Management Group (SAM), empresa de consultoria responsável pela
avaliação na classificação de empresas sustentáveis para o IDJS (SAVITZ, 2007, p.
79).
O questionário se concentra basicamente nos desempenhos social, ambiental
e econômico que inclui indicadores de governança corporativa.
4.2.2 O Índice de SustentabilIdade Empresarial (ISE) - BOVESPA
No Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), em conjunto com
várias instituições – ABRAPP, ANBID, APIMEC, IBGC, IFC, Instituto ETHOS e
Ministério do Meio Ambiente 1 – decidiram unir esforços para criar um índice de
ações que seja um referencial (“benchmark”) para os investimentos socialmente
responsáveis, o ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial.
O ISE
3
tem por objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações
de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a
sustentabilidade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no
meio empresarial brasileiro.
O conceito-base do ISE é o do triple bottom line (TBL), introduzido pela
empresa de consultoria inglesa SustainaAbility, que avalia elementos econômico-
3
Disponível em: <www.ces.fgvs.br>
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 77
financeiros, sociais e ambientais de forma integrada. Aos princípios do TBL foram
acrescentados critérios e indicadores de governança corporativa, seguindo o modelo
do índice da Bolsa de Johannesburg, o que deu origem a um quarto grupo temático.
Os quatro blocos são precedidos por um grupo de indicadores gerais básicos e
de natureza do produto. Entre estes indicadores gerais e de natureza do produto
incluem-se, por exemplo, se a companhia publica Balanço Social ou de
Sustentabilidade, se endossou o Pacto Global da ONU, e se o consumo ou
utilização dos produtos da companhia acarretam danos efetivos ou riscos à saúde,
integridade física ou segurança dos consumidores, de terceiros, ou ainda
relacionados à saúde e segurança públicas.
No questionário do ISE, a esses princípios de TBL foram acrescidos mais dois
grupos de indicadores: a) critérios gerais e de natureza do produto (que questiona,
por exemplo, a posição da empresa perante acordos globais, se a empresa publica
balanços sociais, se o produto da empresa acarreta danos e riscos à saúde dos
consumidores, entre outros); e b) critérios de governança corporativa.
As dimensões ambiental, social e econômico-financeira foram divididas em
quatro conjuntos de critérios: a) políticas (indicadores de comprometimento); b)
gestão (indicadores de programas, metas e monitoramento); c) desempenho; e d)
cumprimento legal. No que se refere à dimensão ambiental, as empresas do setor
financeiro respondem a um questionário diferenciado, e as demais empresas são
dividas em “alto impacto” e “impacto moderado” (o questionário para elas é o
mesmo, mas as ponderações são diferentes). O preenchimento do questionário –
que tem apenas questões objetivas – é voluntário, e demonstra o comprometimento
da empresa com as questões de sustentabilidade, consideradas cada vez mais
importantes no mundo todo.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 4 Indicadores de sustentabilidade 78
As respostas das companhias são analisadas por uma ferramenta estatística
chamada “análise de clusters”, que identifica grupos de empresas com
desempenhos similares e aponta o grupo com melhor desempenho geral. As
empresas desse grupo irão compor a carteira final do ISE (que terá um número
máximo de 40 empresas), após aprovação do Conselho.
O questionário do ISE será objeto de constante aprimoramento (o índice terá
revisão anual, quando as empresas serão avaliadas novamente), com vistas a
atender permanentemente as demandas contemporâneas da sociedade.
Esse capítulo discorreu sobre os indicadores de sustentabilidade que estão
sendo apresentados à sociedade e por ela adotados como instrumento ou
ferramenta de mensuração ao exercício da sustentabilidade no desempenho das
atividades econômicas e empresariais.
Seguindo-se os parâmetros formulados pelo GRI, três indicadores dão conta
dos contextos econômicos, sociais e ambientais, que foram descritos nesse capítulo
quanto à sua aplicação ou temas.
Para o capítulo seguinte o propósito do estudo é apresentar a empresa
selecionada para o Estudo de Caso, a COPEL, descrevendo aspectos de sua
criação e evolução como empresa de energia elétrica do Estado do Paraná,
enfocando a adoção da sustentabilidade como fator relevante de seu crescimento.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 79
5 A COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA (COPEL)
Neste capítulo apresenta-se a COPEL quanto às características de sua criação
e conseqüente atuação social como empresa de energia elétrica do Estado do
Paraná, no que concerne à adoção de práticas de desenvolvimento sustentável e da
responsabilidade social em sua gestão.
Destaca-se que essa empresa consta como a pioneira do setor de energia
elétrica a adotar a gestão sustentável fato considerado pertinente para a elaboração
deste estudo.
Através do Decreto n° 14.947, de 26 de outubro de 1954, assinado por Bento
Munhoz da Rocha Netto, o Governo Estadual criou a Companhia Paranaense de
Energia Elétrica (COPEL) – hoje apenas Companhia Paranaense de Energia – tendo
como base principal para a integralização de seu capital o Fundo Estadual de
Eletrificação.
Com o Decreto n° 1.412, de 1956, a COPEL passou a centralizar todas as
ações governamentais de planejamento, construção e exploração dos sistemas de
produção, transmissão, transformação, distribuição e comércio de energia elétrica e
serviços correlatos, tendo incorporado todos os bens, serviços e obras em poder de
diversos órgãos. Coube-lhe, então, a responsabilidade pela construção dos grandes
sistemas de integração energética e dos empreendimentos hidrelétricos previstos no
Plano de Eletrificação do Paraná.
A COPEL, maior empresa de energia do Estado, abriu seu capital ao mercado
de ações em abril de 1994 (Bovespa) e tornou-se em julho de 1997 a primeira do
setor elétrico brasileiro listada na Bolsa de Valores de Nova York. Sua marca
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 80
também está presente, desde junho de 2002, na Comunidade Econômica Européia,
com seu ingresso na Latibex – o braço latinoamericano da Bolsa de Valores de
Madri.
A Companhia atende diretamente a 3.297.163 unidades consumidoras em 393
municípios e 1.110 localidades (distritos, vilas e povoados). Nesse universo incluem-
se 2,5 milhões de lares, 55 mil indústrias, 275 mil estabelecimentos comerciais e 327
mil propriedades rurais. O quadro de pessoal é integrado por 8 mil empregados.
5.1 A sustentabilidade no contexto da COPEL
Segundo presidente da Companhia
Rubens Ghilardi a COPEL entende que seu
crescimento está atrelado a sua atuação ética, responsável e realizadora. Implantou
a Política de Sustentabilidade e Cidadania Corporativa, que deverá guiar todas as
decisões e ações da Companhia, buscando sustentabilidade interna, respeito a
todas as partes interessadas, e ampla promoção da diversidade e da ética na
condução dos negócios. Foi criado também, como complemento à política, um
Código de Conduta da Companhia e ambos incluem em seu escopo os princípios do
Pacto Global (COPEL, 2006b).
No que se refere a Responsabilidade social empresarial a COPEL adotou o
conceito do Instituto Ethos para desenvolvimento de seu modelo de gestão
abordados no referencial.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 81
5.1.1 O modelo da gestão corporativa da COPEL
A COPEL sempre procurou estar presente em ações que objetivam o
fortalecimento do mercado de capitais.
Em termos internacionais, a COPEL assumiu seu compromisso com os
“stakeholders” ao criar sua Política de Sustentabilidade, sendo uma das primeiras
empresas brasileiras a adotar os princípios do Pacto Global, da ONU, em 2001.
A política de sustentabilidade da COPEL se baseia no tripé econômico, social e
ambiental, e a adoção desses princípios garante, sob o ponto de vista econômico, a
diminuição dos riscos estratégicos, operacionais e financeiros, aumentando o valor
da Companhia e viabilizando a captação de recursos.
Socialmente, propicia a construção de uma sociedade mais eqüitativa. Do
ponto de vista ambiental, possui programas e projetos ambientais integrados e prevê
o custo da externalidade de suas atividades, comprometendo-se em deixar herança
saudável para as gerações futuras.
Quanto ao p
lanejamento estratégico, o modelo de gestão e planejamento
empresarial integrado busca o alinhamento dos esforços para atingir e garantir, com
base nos valores da COPEL e na gestão otimizada dos processos, o atendimento
aos interesses das partes interessadas, bem como o desenvolvimento e o
crescimento sustentável da Companhia.
Utilizando o "Balanced Scorecard” (BSC) como principal ferramenta, em
dezembro de 2004 a Diretoria aprovou um mapa que traduz uma hipótese
estratégica para atingir a visão da Companhia, com 23 objetivos distribuídos em 5
perspectivas: sustentabilidade, financeira, cliente, processos internos e
aprendizagem e crescimento.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 82
O atual posicionamento estratégico dá ênfase à produtividade, redução de
custos e melhor utilização dos ativos no curto prazo, sem prejuízo, contudo, às
ações que estimulem o crescimento da receita no médio e longo prazos.
Compõe o planejamento estratégico da COPEL:
- Missão - Gerar, transmitir, distribuir e comercializar energia, bem como
prestar serviços correlatos, promovendo desenvolvimento sustentável com retorno
para a sociedade paranaense.
- Visão - Ser a melhor Companhia do setor elétrico no Brasil até 2006,
mantendo o equilíbrio entre os interesses da sociedade e dos acionistas.
- Valores: inclui o seguinte:
a) Ética - Relacionamento transparente, honesto e equilibrado com todas as
partes interessadas;
b) Responsabilidade Social - Condução da vida da empresa de maneira
sustentável, respeitando os direitos de todas as partes interessadas, inclusive das
gerações futuras;
c) Alianças Estratégicas - Parceria e colaboração com todos os setores da
empresa e da sociedade, em busca de alinhamento de objetivos e maximização de
resultados;
d) Comprometimento - Condução do trabalho com a mente e o coração, no
sentido da missão, buscando a excelência;
e) Assumir Riscos - Decidir, ousar e tomar a iniciativa. Melhoria contínua -
Aprendizado contínuo, compartilhando e disseminando o conhecimento;
f) Valorização dos Empregados - Promoção do crescimento do ser humano
integral - empregados e força de trabalho - com a melhoria contínua de sua
satisfação, competência e capacitação profissional;
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 83
g) Clareza de Objetivos - Definição clara e comunicação transparente dos
rumos estratégicos da Empresa;
h) Satisfação dos Clientes - Em todas as ações, considerar que o cliente é a
razão da empresa existir;
i) Valor para o Acionista - Busca do lucro responsável no cumprimento da
missão da empresa; e,
j) Segurança - Profissionalismo na condução dos negócios, de maneira a
garantir a longevidade da empresa, priorizando a segurança das pessoas (COPEL,
2006b).
Os requisitos da Governança Corporativa e as práticas da COPEL evidenciam-
se na tabela 4.
Tabela 4 Comparativo entre os requisitos da COPEL
Seção
Regra de Governança Corporativa da
Bolsa de Nova York para emissores
americanos
Práticas da COPEL
303A.01
O Conselho de Administração da
companhia listada deve ser
majoritariamente composto por diretores
independentes.
As “Companhias Controladas” não
precisam cumprir essa exigência.
A maioria dos membros do Conselho de Administração
da COPEL são “independentes”, de acordo com o
definido pelos padrões da Bolsa de Nova York.
A composição do conselho da COPEL cumpre com as
exigências aplicáveis às companhias americanas que
são companhias controladas. Não se requere que as
companhias controladas tenham uma maioria de
diretores independentes. A COPEL é uma companhia
controlada, pois a maioria do poder de voto está sob
controle do Estado do Paraná.
303A.03
Os conselheiros não-executivos de uma
companhia listada devem comparecer a
sessões executivas regularmente
agendadas sem a presença da diretoria.
Os conselheiros não-executivos da COPEL
comparecem a sessões regularmente agendadas, sem
a presença da diretoria.
303A.04
Uma companhia listada deve possuir um
Comitê de Governança Corporativa e de
Nomeação composto, em sua totalidade,
por diretores independentes, com um
estatuto escrito que abordar certas
obrigações específicas mínimas.
As “Companhias Controladas” não
precisam cumprir essa exigência.
A COPEL não apresenta um Comitê de Governança
Corporativa e de Nomeação. Como uma companhia
controlada, a COPEL não precisaria cumprir a
exigência de ter Comitê de Governança Corporativa e
de Nomeação se fosse uma companhia americana.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 84
Seção
Regra de Governança Corporativa da
Bolsa de Nova York para emissores
americanos
Práticas da COPEL
303A.05
Uma companhia listada deve apresentar
um comitê de compensação composto
inteiramente por diretores independentes,
com um estatuto escrito que abordar certas
obrigações específicas mínimas.
As “Companhias Controladas” não
precisam cumprir essa exigência.
A COPEL não possui um comitê de compensação.
Como uma companhia controlada, a COPEL não
precisaria cumprir a exigência de ter Comitê de
compensação se fosse uma companhia americana.
303A.06
303A.07
Uma companhia listada deve possuir um
comitê de auditoria com um mínimo de 3
(três) diretores independentes que
satisfaçam os requisitos de independência
da Lei 10A-3 sob o Exchange Act, com um
estatuto escrito que abordar certas
obrigações específicas mínimas.
Em junho de 2005, nossos acionistas alteraram nosso
estatuto para estabelecer um Comitê de Auditoria
composto de três conselheiros, com mandato de dois
anos, podendo ser reeleitos. De acordo com o
Regimento Interno do Comitê de Auditoria, os
membros são indicados pelo Conselho de
Administração e podem por ele ser substituídos. Os
atuais membros do Comitê são Acir Pepes Mezzadri,
Rogério de Paula Quadros e Laurita Costa Rosa.
Todos os membros do Comitê de Auditoria são
membros de nosso Conselho de Administração.
O Comitê de Auditoria é responsável por nossas
Demonstrações Contábeis, assegurando o
cumprimento de todas as exigências legais
relacionadas com as obrigações de divulgação,
monitorando o trabalho dos auditores independentes e
de nossa equipe encarregada da auditoria interna da
Companhia e revisando a eficácia dos procedimentos e
pessoal de controle interno e de gerenciamento de
riscos.
303A.08
Deve-se dar a oportunidade aos acionistas
de votar em todas os planos de ações para
funcionários e em todas as suas revisões
materiais, exceto em ocasiões específicas
determinadas nas regras da Bolsa de Nova
York.
Sob a Lei das S.A., a pré-aprovação dos acionistas é
requerida para a adoção de qualquer plano de ações
para funcionários.
303A.09
Uma companhia listada deve adotar e
divulgar os princípios de práticas de
governança corporativa, os quais devem
abordar certas obrigações específicas
mínimas.
A COPEL não possui princípios formais de práticas de
governança corporativa que abordem todos os tópicos
especificados nas regras da Bolsa de Nova York.
303A.10
Uma companhia listada deve adotar e
divulgar seu código de conduta e ética para
seus conselheiros, seus diretores e demais
empregados. Deve, também, apresentar
prontamente qualquer abdicação do código
para seus conselheiros ou diretores.
A COPEL adotou um código de ética que se aplica ao
conselho de administração, ao conselho fiscal, à
diretoria e aos empregados. A COPEL publicará
qualquer abdicação das exigências do código para
conselheiros ou diretores no seu relatório 20-F.
303A.12
O presidente de uma empresa listada deve
prontamente notificar a Bolsa de Nova
York, por escrito, caso algum de seus
diretores tome conhecimento de qualquer
descumprimento material dos termos
aplicáveis da Seção 303A.
O presidente da COPEL irá, prontamente, notificar a
Bolsa de Nova York, por escrito, caso algum dos
diretores da COPEL tome conhecimento de qualquer
descumprimento material dos termos aplicáveis das
regras de governança corporativa da NYSE.
Fonte: COPEL, 2006b.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 85
5.1.1.1 Estruturas e Boas Práticas de Governança
A estrutura organizacional e de comitês e conselhos oficiais responsáveis pela
supervisão, implementação e auditoria de políticas econômicas, ambientais, sociais
e correlatas da COPEL são demonstradas no quadro 2.
Fonte: COPEL, 2006b.
Quadro 2 Organograma da estrutura organizacional de Governança da COPEL
Em 30.07.2002, o Presidente dos Estados Unidos assinou a Lei Sarbanes-
Oxley (SOX), como uma forma de reação aos escândalos existentes no ambiente
corporativo americano no ano anterior. Essa Lei reforça regras de governança
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 86
corporativa relacionadas à divulgação e à emissão de relatórios financeiros. Um dos
aspectos mais importantes é que a SOX não isenta empresas não americanas de
seu alcance e exige que todas as companhias de capital aberto com ações listadas
na Bolsa de Valores de Nova Iorque a ela se adaptem.
Para o ajuste à referida Lei, a COPEL tomou as seguintes providências:
- Estabeleceu o Código de Conduta devidamente aprovado pelo Conselho de
Administração da Companhia. Além disso, foi instituído um Conselho de Orientação
Ética;
- Constituiu Comitê de Auditoria, e aprovado seu regimento interno, no qual
estão descritas as competências desse Colegiado, em conformidade com as
exigências da SEC;
- Criou um Canal de Comunicação Confidencial, com o objetivo de receber
informações e/ou denúncias;
- Um Comitê de Divulgação foi instituído como responsável pela aprovação de
toda informação sobre a Empresa a ser divulgada ao mercado de capitais e
instituída a Política de Divulgação de Atos e Fatos Relevantes;
- Com apoio de consultoria externa, realizou-se um mapeamento dos principais
processos que afetam as demonstrações financeiras em que riscos e controles
internos relacionados foram avaliados e documentados;
- A Auditoria Interna, área subordinada ao Conselho de Administração, está
testando a eficácia desses controles internos e verificando a existência de planos de
ação para correções/ajustes, nos casos pertinentes;
- Com o intuito de estabelecer regras para empregados e/ou administradores
que detêm informações relevantes foi Instituída uma Política de Negociação de
Ações da Companhia.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 87
A tabela 5 sumariza as medidas tomadas pela Companhia, de acordo com as
exigências da SOX:
Tabela 5 Exigências da SOX e medidas tomadas pela COPEL
Exigências SOX
Prazo de
adaptação
Medidas adotadas pela COPEL
Data de
adoção
Informações adicionais
Criação do Comitê de
Divulgação de atos e
fatos relevantes
-
Instituído Comitê de Divulgação
composto por membros da
presidência, diretorias financeira,
jurídica, controladoria, etc.
Jun./2002
Políticas de Divulgação e
Política de Negociação
de ações
Adoção de Código de
Conduta
-
Adotado Código de Conduta,
divulgado a todos os empregados e
disponibilizado no site da COPEL
Nov./2003 Código de Conduta
Criação do Conselho de
Orientação Ética
-
Instituído Conselho composto por
membros de diversas áreas e
presidido por membro independente,
da sociedade civil
Nov./2003
Conselho de Orientação
Ética
Criação do Comitê de
Auditoria ou adaptação
do Conselho Fiscal
Jul./2005
Instituído Comitê de Auditoria
composto por 3 membros
independentes do Conselho de
Administração
Jun./2005
Regimento Interno do
Comitê de Auditoria
Indicação de um
especialista em
finanças no Comitê de
Auditoria
Jul./2005
Escolhido, entre os membros do
Comitê de Auditoria, especialista em
finanças
Jun./2005 Especialista financeiro
Criação do canal de
comunicação (com
proteção a autores de
reclamações)
Jul./2005
Criado e divulgado entre os
empregados da COPEL um canal
para recebimento de reclamações
Jul./2005
Atribuições do canal de
comunicação confidencial
Certificações que
atestam que as
informações e controles
da Companhia estão
corretos
Dez./2006
Com apoio de consultoria externa,
realizado mapeamento dos
principais processos que afetam as
demonstrações financeiras, e
avaliados e documentados riscos e
controles internos relacionados.
A Auditoria Interna testa a eficácia
desses controles internos e verifica
a existência de planos de ação para
correções/ajustes nos casos
pertinentes.
Dez./2005
Cronograma dos
trabalhos
Fonte: COPEL, 2006.
5.1.1.1.1 A relação com as partes interessadas
O Subcomitê de R S E validou o mapeamento dos stakeholders, nos moldes
apresentados da AA 1000, com uma pequena adequação. Foi difícil classificar, de
maneira rígida e exclusiva, alguns stakeholders em apenas uma das categorias
(impactado, fortemente impactado, impactando e focado em valor). Para isso,
adotou-se um modelo um pouco mais flexível, onde certos stakeholders são situados
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 88
nas áreas de sombreamento correspondentes. Para maior clareza, a figura 3
evidencia o mapeamento produzido e sugerido como melhoria para a norma:
Fonte: COPEL, 2006.
Figura 3 Mapeamento dos stakeholders da COPEL
5.1.2 Relatório de divulgação das ações de sustentabilidade
Em 2005, a COPEL optou por publicar o primeiro relatório integrado atendendo
aos requisitos da Global Reporting Initiative (GRI). Além disso, a Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) e do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Ibase) fazem parte do relatório.
Os indicadores econômico-financeiros, ambientais e sociais abrangem a
COPEL e suas Subsidiárias Integrais (Geração, Transmissão, Distribuição,
Telecomunicações e Participações).
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 89
As demonstrações financeiras, incluindo o balanço social, englobam também o
desempenho da Compagas e da Elejor, companhias nas quais a COPEL tem
participação majoritária.
Com o intuito de identificar as informações, a Companhia criou a matriz de
localização dos indicadores GRI que neste trabalho será identificada como matriz da
GRI.
Segundo a Companhia, todos os princípios da GRI foram aplicados para essa
edição do relatório. Os indicadores essenciais e adicionais não-aplicáveis aos
negócios da Companhia constam da matriz de localização e correlação como
reprovados. Os indicadores cujas informações não estavam disponíveis em virtude
da não-realização de sua coleta de forma sistemática até então, foram tratados
como meta para inclusão em relatórios futuros. Este relatório contém ainda, a
correlação de seu conteúdo com os Princípios do Pacto Global.
Neste relatório adotou-se a divulgação do código de boas práticas de
governança corporativa como sistema de gestão, e a utilização de indicadores
sociais e ambientais, efetivamente na mesma plataforma dos econômico-financeiros.
A COPEL possui políticas, normas, manuais, especificações técnicas
padronizadas, publicadas e disponíveis às respectivas partes interessadas, e
auditáveis, seja por auditores internos ou externos. Os meios pelos quais as partes
interessadas podem obter informações adicionais sobre os aspectos econômicos,
ambientais e sociais da COPEL, bem como comentar ou sugerir melhorias para a
próxima edição do relatório estão relacionados nos itens Canais de diálogo e
engajamento.
As ações da COPEL estão relacionadas com o disposto no artigo 6º da Lei nº
8.987/95 ao estabelecer que toda Concessão ou Permissão pressupõe a prestação
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 90
de um serviço adequado que satisfaça as condições de regularidade, continuidade,
eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia e modicidade das tarifas
(VIEIRA, 2006).
Assim, a Resolução ANEEL nº444/2001 dispôs sobre a obrigatoriedade para
as concessionárias e permissionárias, a partir de 2002, sofrendo mudança quanto a
Elaboração do Relatório Anual de Responsabilidade Socioambiental das Empresas
de Energia Elétrica por meio do Despacho SFF nº 3.034 de 21/12/2006 confirmando
os seguintes procedimentos:
- Vigência e prazo: exercício de 2007, divulgação: abril/ 2008. Deve ser
encaminhado à ANEEL o Relatório e o Balanço Social até30/04/2008
- Relatório de Informações Trimestrais (RIT): a ANEEL irá promover ajustes
para contemplar informações socioambientais a ser informado pelas concessionárias
e permissionárias trimestralmente.
-Validação: as informações do Relatório deverão ser validadas pelo Conselho
de Administração e pelo Conselho Fiscal;
- Fiscalização e Auditoria: as informações devem estar organizadas e
sistematizadas em controles internos que permitam a fiscalização da ANEEL e
verificação por auditores independentes, determinada pela Agência (VIEIRA, 2006).
5.1.2.1 Matriz de identificação dos indicadores econômicos, ambientais e
sociais da GRI
As tabelas 6, 7 e 8 demonstram, a seguir, os indicadores econômicos,
ambientais e sociais de sustentabilidade, bem como os indicadores de localização
no Relatório de Gestão 2005 da COPEL (COPEL, 2006b).
Para melhor identificação dos indicadores a empresa criou a seguinte legenda:
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 91
LEGENDA
RE – Reprovado - Não aplicável
ND – Informação não disponível
NE – Nota Explicativa às Demonstrações Contábeis
ME – Meta de inclusão em relatórios futuros
Tabela 6 Indicadores econômicos da COPEL na GRI
Itens Temas Indicador
Clientes
Vendas líquidas ou receita operacional líquida.
Análise regional de mercado.
2.7, 6, 6.8, 8.7
2.6
Fornecedores
Custo dos bens materiais e serviços adquiridos.
Porcentagem de contratos pagos.
Classificação de fornecedores por organização e país.
6, NE33, NE34, NE35, NE36
8.5
8.5
Empregados
Total da folha de pagamento e benefícios (agrupados
por país ou região).
NE 31, NE32
Investidores
Distribuição para investidores, discriminadas por juros
sobre dívidas e empréstimos.
Aumento/decréscimo em ganhos retidos no final do
período – ROACE (retorno sobre o capital médio
empregado).
4.6
2.7, 4.6, 6.6, 8.10
Setor público
Soma de todos os tipos de impostos pagos,
discriminados no país.
Subsídios recebidos de acordo com o país ou região
Doações à comunidade, à sociedade civil e outros
grupos, em dinheiro ou espécies, discriminadas por
tipo e por grupo.
Gastos no desenvolvimento de infra-estrutura para
negócios não centrais.
6.8
6.2
8.7
NA
Impactos
econômicos
indiretos
Impactos econômicos indiretos da organização
(externalidade dos produtos e serviços).
5
Fonte: adaptado da GRI, 2002.
Tabela 7 Indicadores Ambientais da COPEL na GRI
Itens Temas Indicador
Materiais
Consumo de materiais por tipo (exceto água)
7.1 ME 2006
Porcentagem de materiais utilizados que geram
resíduos (processados ou não) de fontes externas à
organização relatora.
7.1
Energia
Consumo direto de energia segmentado por fonte
primária
Consumo indireto de energia.
Iniciativas para uso de fontes renováveis e para
aumentar a eficiência de energia empregada.
Consumo anual de energia para os principais para os
principais produtos, ou seja, exigências anuais de
energia durante a vida do produto.
Outros usos indiretos de energia (exploração,
produção e comercialização) e suas implicações, tais
como viagens de negócios, administração do ciclo de
vida do produto e uso de materiais que requerem
muita energia.
RE
3.6, 7.2, 8.7
7.2
RE
Água
Consumo total de água.
Fontes de água e ecossistemas / habitats
significativamente afetados pelo consumo de água.
Remoção anual de solo e água de superfície em
relação à quantidade anual renovável de água
disponível.
Reciclagem e reutilização total de água.
7.3
7.3
RE
7.3
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 92
Itens Temas Indicador
Biodiversidade
Localização e tamanho das terras pertencentes à
organização, arrendadas ou administradas pela
mesma, em habitats ricos em biodiversidade.
Descrição dos principais impactos sobre a
biodiversidade associadas à atividades e / ou produtos
e serviços em ambientes terrestres, de água doce ou
marítimos.
Quantidade de terras possuídas, arrendadas ou
administradas para atividades de produção ou uso
extrativo.
Quantidade de superfície impermeável em relação a
terras compradas ou arrendadas em porcentagem.
Impactos de atividades e operações sobre áreas
protegidas ou sensíveis.
Mudanças nos habitats naturais resultantes de
atividades e operações e percentual protegido e
restaurado.
Objetivos, programas e metas para proteger e
restaurar ecossistemas e espécies nativas e em áreas
degradadas.
Número de espécies na lista vermelha da UICN com
habitat em áreas afetadas pela organização.
Unidades de negócios operando ou planejando
operações em áreas protegidas ou sensíveis, ou ao
seu redor.
7.4
7.4
7.4
7.4
7.4, ME 2007
3.8, 7.4
3.8, 7.4, 8.6
7.4
7.4, ME2007
Emissões,
efluentes e
resíduos
Emissões de gases causadores do efeito estufa
Uso e emissões de substâncias destruidoras de
ozônio.
NOx, SOx, e outras emissões atmosféricas
significativas.
Quantidade total de resíduos por tipo e destino.
Descargas significativas de água.
Derramamento significativo de produtos químicos,
óleos e combustíveis pelo número total de ocorrências
e pelo volume total.
Outras emissões indiretas relevantes de gases
causadores do efeito estufa.
Toda a produção, transporte, importação e exportação
de qualquer resíduo considerado prejudicial pelos
termos da Convenção da Basiléia.
Fontes de água (e ecossistemas ou habitats
relacionados) significativamente afetadas pela
descarga de escoamento da água.
7.5
7.5, ME2006
7.5
7.5
7.5
7.5, ME 2007
7.5
7.5
NA
Fornecedores
Desempenho dos fornecedores relativos ao
componentes ambientais de programas e
procedimentos descritos em resposta à seção
“Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão”
8.5
Produtos e
serviços
Impactos ambientais significativos dos principais
produtos e serviços.
Porcentagem recuperável dos produtos ao fim do seu
ciclo de vida e porcentagem efetivamente recuperada.
ME 2007
RE
Conformidade
ambiental
Incidentes ou multa pro não cumprimento das
declarações, convenções tratados internacionais,
legislação nacional, regional e local sobre assuntos
ambientais.
7.6
Transporte
Impactos ambientais significativos de transporte.
7.7
Geral
Total de gastos ambientais e por tipo.
8.7
Fonte: adaptado da GRI, 2002.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 93
Tabela 8 Indicadores Sociais da COPEL na GRI
Itens Temas Indicador
Empregados
Distribuição geográfica dos trabalhadores da
organização, tipo de contrato de trabalho
Criação de empregados e rotatividade por região /
país
Benefícios de empregados além dos previstos por lei.
8.3
8.3
8.3.3, 8.3.4
Trabalhos/relaçõ
es de
administração
Porcentagem de empregados reapresentados por
organizações sindicais e interdependentes ou outros
representantes legítimos, ou porcentagem de
empregados amparados por acordo de negociação
coletiva, por região / país.
Políticas e procedimentos envolvendo informação,
consulta e negociação com empregados a respeito de
mudanças nas operações da organização relatora (por
exemplo reestruturação).
Provisão para representação formal de trabalhadores
em tomadas de decisão ou administração, incluindo
governança corporativa.
8.3.5
8.1
4.1
Saúde e
Segurança
Práticas sobre registro e notificação de acidentes e
doenças ocupacionais, e como elas estão
relacionadas com o Código de Prática da OIT sobre
Registro e Notificação de Acidentes e Doenças
Profissionais.
Descrição de comitês formais sobre saúde e
segurança incluindo representantes da administração
e dos trabalhadores e parcela de mão-de-obra
atendida por qualquer um desses comitês.
Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e
número de óbitos relacionados ao trabalho (incluindo
trabalhadores subcontratados).
Descrição de políticas ou programas (para o ambiente
de trabalho e fora dele) a respeito de HIV/Aids.
Evidência de conformidade substancial com as
Guidelines on Occupational Safety and Health
Management Systems (Diretrizes sobre Sistemas de
Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho).
Descrição de acordos formais com sindicatos ou
outros representantes legítimos dos trabalhadores,
envolvendo saúde e segurança no trabalho; proporção
da força de trabalho amparada por qualquer desses
acordos.
4.7.4
4.7.4
4.7.4
4.7.4
4.7.4
8.3.5
Treinamento e
educação
Média de horas de treinamento por ano, por
empregado e por categoria. (Por exemplo, diretoria,
gerência, categoria profissional, técnica,
administrativa, de produção e de manutenção.)
Descrição de programas para apoiar a continuidade
da empregabilidade dos funcionários e para gerenciar
fins de carreira.
Políticas e programas específicos para gestão de
habilidades ou aprendizado para toda a vida.
8.3.1
8.3.1
RE
Diversidade e
oportunidades
Descrição de políticas ou programas de iguais
oportunidades, bem como sistemas de monitoramento
para garantir o seu cumprimento.
Composição do corpo diretivo e do grupo responsável
pela governança corporativa (incluindo o quadro de
diretores), observando-se a proporção homem/mulher
e outros indicadores de diversidade culturalmente
apropriados.
4.1, 4.7.1, 8.3
8.7, 10.1
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 94
Itens Temas Indicador
Estratégia e
administração
Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa
e procedimentos para lidar com todos os aspectos dos
direitos humanos relevantes nas operações da
organização, incluindo mecanismos de monitoramento
e resultados.
Evidência de consideração dos impactos sobre os
direitos humanos como parte de investimentos e
tomadas de decisão de compra, incluindo a seleção
de fornecedores ou contratados.
Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e
abordar o desempenho em direitos humanos dentro
da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo
sistemas e resultados de monitoramento.
Treinamento de empregados em políticas e práticas
concernentes a todos os aspectos dos direitos
humanos relevantes para as operações.
4.1, 4.7.1, 8.3.4
ME 2008
8.3.2
4.1, 4.7.1
Não-
discriminação
Descrição de política global e procedimentos ou
programas que previnam todas as formas de
discriminação, incluindo sistemas de monitoramento e
resultados desse monitoramento.
4.1, 4.7.1, 8.3.2
Liberdade de
associação e
negociação
coletiva
Descrição da política de liberdade de associação e a
extensão pela qual essa política é universalmente
aplicada, independentemente das leis locais, bem
como descrição de procedimentos ou programas para
tratar do assunto.
4.1, 8.3.5
Trabalho infantil
Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil,
conforme definido pela Convenção 138 da OIT, e a
determinação e aplicação visível dessa política, bem
como a descrição de procedimentos ou programas
para tratar do assunto, incluindo sistemas de
monitoramento e resultados desse monitoramento.
4.1, 8.5
Trabalho
forçado e
compulsório
Descrição de políticas para prevenir o trabalho forçado
e compulsório, e a extensão pela qual essas políticas
são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como
descrição de procedimentos ou programas para tratar
do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e
resultados desse monitoramento.
4.1, 8.5
Práticas de
disciplina
Descrição de processos judiciais, incluindo questões
relativas aos direitos humanos.
Descrição de política de não-retaliação e sistema
efetivo e confidencial de recebimento das queixas dos
funcionários (incluindo seus impactos sobre os direitos
humanos).
RE
4.1
Práticas de
segurança
Treinamento em direitos humanos para segurança dos
funcionários
ME 2008
Direitos
indígenas
Descrição de políticas, diretrizes e procedimentos para
tratar das necessidades de indígenas.
Descrição de mecanismos para atendimento de
queixas e de reclamações da comunidade indígena
Parte da receita operacional distribuída para
comunidades indígenas locais.
ME 2008
7.8
ME 2008
Comunidade
Descrição de políticas para gerenciar impactos sobre
as comunidades que vivem em áreas afetadas pelas
atividades da organização, bem como descrição de
procedimentos ou programas para tratar do assunto,
incluindo sistemas de monitoramento e resultados
desse monitoramento.
Prêmios recebidos que sejam relevantes para o
desempenho social, ético e ambiental.
4.7.1, 8.1
3.9, 8.7
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 95
Itens Temas Indicador
Suborno e
corrupção
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade para
organizações e empregados com relação a suborno e
corrupção.
4.1, 8.1, 8.3.5
Contribuições
políticas
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade para a
administração de lobbiese contribuições políticas.
Quantia de dinheiro paga a partidos políticos e
instituições cuja principal função consiste em financiar
partidos políticos ou seus candidatos.
RE
RE
Competição e
preços
Decisões legais com respeito a casos referentes à
legislação antitruste e de regulamentação de
monopólio.
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade para
prevenção de práticas de concorrência desleal.
RE
8.4, 8.5
Saúde e
segurança do
consumidor
Descrição de políticas para preservar a saúde e a
segurança do consumidor durante o uso de produtos e
serviços, e a extensão pela qual essas políticas são
visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como
descrição de procedimentos ou programas para tratar
do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e
resultados desse monitoramento.
Número e tipo de instâncias de não-conformidade com
a legislação referente à saúde e segurança do
consumidor, incluindo penalidades e multas impostas
por essas violações.
Número de reclamações recebidas por organismos
regulatórios ou organizações oficiais similares para
inspecionar ou regular a garantia de saúde e
segurança no uso de produtos e serviços.
Conformidade voluntária a um código de conduta,
selos nos rótulos dos produtos que a organização está
qualificada para utilizar ou prêmios referentes a
responsabilidade social e/ou ambiental que recebeu.
4.7.6
4.7.6
4.7.6
3.9
Produtos e
serviços
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade
relacionados a informações sobre o produto e sua
rotulagem.
Número e tipo de instâncias de não-conformidade com
a legislação referente a informações e rotulagem do
produto, incluindo qualquer penalidade ou multa
imposta por essas violações.
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade
relacionados à satisfação do consumidor, incluindo
resultados de pesquisas sobre o assunto.
4.7.6
RE
8.1, 8.4
Propaganda
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de conformidade para
adesão a padrões e códigos voluntários relacionados
à propaganda.
Número e tipos de violação de regulamentações de
propaganda e marketing.
ME 2007
ME 2007
Respeito à
privacidade
Descrição de políticas, procedimentos, sistemas
gerenciais e mecanismos de respeito à privacidade do
consumidor.
Número de reclamações registradas com respeito à
violação da privacidade de consumidores.
8.4
8.4
Fonte: adaptado da GRI, 2002.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 96
5.1.3 Participação no ISE – BOVESPA como forma de reconhecimento de
empresa sustentável
Para a seleção das empresas que comporiam o ISE, a Bovespa encaminhou
questionário às companhias emissoras das 121 ações com maior liquidez da
Bovespa e, selecionou, entre essas, 28. As ações ON (CPLE-3) e PNB (CPLE-6) da
COPEL foram escolhidas para participar do índice, em sua primeira edição. A
carteira do índice tem vigência de um ano, sendo reavaliada de acordo com os
procedimentos e critérios integrantes da metodologia.
5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta seção trata da descrição dos resultados auferidos na coleta de dados
baseados no relatório de Gestão da Companhia Paranaense de Energia (COPEL)
referente a 2005, com foco na GRI.
O instrumento de análise, o Relatório de Gestão de 2005, encontra-se
divulgado na íntegra no site da Companhia, o qual serviu de informação para este
trabalho.
Este relatório é o primeiro da Companhia que incorpora a estratégia e os
conceitos para a sustentabilidade. Até 30/05/2007, a empresa ainda não havia
divulgado o relatório do período-base 2006, o que dificultou a análise da evolução do
desempenho.
Embora o relatório seja identificado por Relatório de Gestão 2005, nele estão
incorporados as Demonstrações Contábeis exigidas pela Lei 6.404/76: Balanço
Patrimonial, Demonstração de Resultados, Demonstração das Mutações do
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 97
Patrimônio Líquido, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos,
Demonstração do Valor Adicionado, Notas Explicativas às Demonstrações
Contábeis. Além dessas, outras não obrigatórias se inserem no Relatório: A
Demonstração do Fluxo de Caixa.
Disponibilizado no site http://www.copel.com/relatórios2005, é possível navegar
sobre o Relatório, sob duas formas: a primeira trata-se de Navegação Padrão (pelo
índice), o que permite a identificação das informações através de índices. Na
segunda, as informações estão centradas na Matriz dos Indicadores GRI. Neste
trabalho, utilizaram-se as duas formas de acordo com a necessidade da informação.
A análise foi focada no âmbito da Responsabilidade Social e da
Sustentabilidade descritas. Nos dois campos percebe-se a necessidade de
engajamento das empresas para sua inserção nestes contextos.
5.2.1 A responsabilidade social da COPEL no desenvolvimento sustentável
Para a definição de Responsabilidade Social, associada ao desenvolvimento
sustentável, definindo-se como o compromisso que uma organização assume
perante a sociedade por meio de atos e atitudes que a afetam positivamente, no que
tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com
ela, observa-se o seguinte:
Relacionado com a Sustentabilidade, esse contexto se assemelha em relação
às ações sociais e ambientais. Entretanto, não congrega uma visão integrada com o
resultado econômico.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 98
Ainda assim, torna-se caminho fundamental na fase de incorporação da
Sustentabilidade, uma vez que no conteúdo da GRI os seus itens são requisitados.
Embora a empresa tenha tido a preocupação de oferecer, no Relatório, duas
formas para evidenciar as informações, ainda assim sentiu-se dificuldade na leitura
dada a sua extensão.
5.2.2 A Sustentabilidade no contexto da COPEL
Segundo o Relatório, a COPEL implantou, a partir de 2005, um sistema de
Gestão para a Sustentabilidade o qual deve ser devidamente incorporado na cultura
da Companhia e passe a fazer parte de suas atividades cotidianas.
No que se refere à Sustentabilidade, o negócio passa por uma gestão
comprometida a promover o crescimento e gerar lucro, com melhor e maior inclusão
social e sem causar danos aos seres vivos e sem destruir o meio ambiente.
O quadro 3 evidencia, de forma resumida, as ações estratégicas da COPEL de
Responsabilidade Social para um sistema de Gestão para Sustentabilidade.
COPEL
Demonstra incorporação
Práticas para Gestão estratégica
De acordo com a GRI
sim não em curso
1. valores, transparência e governança
1.1.1 Visão e estratégia
x
1.1.2 Perfil
x
1.1.3 Estrutura de governança e sistemas de gestão
x
1.1.4 Sumário de conteúdo da GRI
x
2. Indicadores de desempenho
2.1 Tríplice Resultado - TBL
2.1.1 Resultado Econômico
x
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 99
2.1.2 Resultado Ambiental
x
2.1.3 Resultado Social
x
2.2 Integra as dimensões
x
Fonte: Autoria.
Quadro 3 Práticas para gestão estratégica quanto à sustentabilidade
Percebe-se no Item 1 que a empresa em análise tem inserido os itens
necessários para uma formulação estratégica.
Quanto ao item 2, o termo Tríplice Resultado ou Triple Bottom Line (TBL)
refere-se ao conceito de que todo negócio é alicerçado pelos três pilares (o
econômico, o ambiental e o social) que são inter-relacionados e devem ser
integrados à estratégia de negócios.
Trata-se de um modelo de gestão empresarial baseado em três pilares:
viabilidade econômica, consciência ambiental e responsabilidade social. Segundo
esse conceito inglês, o progresso sustentável a longo prazo requer o equilíbrio
desses parâmetros.
O TBL, segundo Elkington apud Savitz (2007, p. 2), sugere que as empresas
avaliem o sucesso não só com base no desempenho financeiro, mas também sob o
ponto de vista de seu impacto sobre a economia mais ampla, sobre o meio ambiente
e sobre a sociedade em que atua.
O engajamento da empresa, nesse ambiente, requer que o resultado
econômico seja obtido pelas ações operacionais da empresa integradas às ações
sociais e ambientais. Ou seja, a variação do lucro é uma conseqüência de aumento
ou redução de custos ou aumento ou redução das receitas.
No Relatório de Gestão 2005 da COPEL, essas informações não aparecem. A
divulgação do Resultado fica por conta da Demonstração Contábil do Resultado do
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 100
Exercício que mensura e informam em valores econômicos os resultados das
atividades normais da empresa.
Embora a empresa apresente no Relatório informações inerentes ao Tríplice
Resultado, observa-se que não há integração das ações sociais e ambientais no
resultado econômico.
Enquanto as ações sociais e ambientais são projeções futuras, o resultado
econômico, ou seja, o lucro ou prejuízo, é evidenciado pelos fatos ocorridos no
passado. Dessa forma, ações sociais e ambientais ficam limitadas a relatórios sem
sua mensuração de valor econômico. Isto prejudica a avaliação das ações sociais e
ambientais e seu reflexo no resultado da empresa.
Observando-se as Diretrizes da GRI de 2002, pode-se observar que a própria
não adota esse comprometimento. Dessa forma, ações sociais e ambientais ficam
limitadas a relatórios de ações, sem medir seu impacto no resultado da empresa.
5.2.3 Quanto ao relatório GRI
A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização não-governamental
internacional que tem por missão desenvolver e disseminar globalmente diretrizes
para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por
empresas do mundo todo.
Seu foco está no desenvolvimento de um padrão de relatório que aborde os
aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, social e ambiental das
organizações.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 101
Conforme se observou no referencial teórico, as empresas podem optar por
elaborar o relatório da GRI de duas formas: de acordo com xxxxxxxx, que requer um
maior compromisso com as estratégias e, com base nas referências e de forma
progressiva.
Na empresa COPEL constatou-se que a mesma adotou a primeira opção, o
que faz da mesma uma empresa comprometida com a Sustentabilidade.
O quadro 4 evidencia os princípios da GRI:
COPEL
Demonstra incorporação
Práticas para Gestão estratégica
De acordo com a GRI
sim não em curso
1. Princípios
Transparência x
Inclusão x
Verificabilidade x
Abrangência x x
Relevância x
Contexto de sustentabilidade x
Exatidão x x
Neutralidade x
Comparabilidade x x
Clareza x
Periodicidade x x
Fonte: Autoria.
Quadro 4 Práticas para gestão estratégica - princípios da GRI
A empresa empenhou esforços no sentido de absorver no Relatório de 2005,
todos os princípios da GRI. Constata-se que ao analisar o conteúdo dos princípios, é
que alguns deles ainda não foram empregados na sua totalidade. É o caso da
abrangência, exatidão, comparabilidade e periodicidade. Alguns deles necessitam
de parâmetros, constantes no Relatório de Gestão 2006, que até a data dessa
análise ainda não fora divulgado.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 102
Os indicadores essenciais e adicionais não-aplicáveis aos negócios da
Companhia constam da matriz de localização e correlação como reprovados.
Como a GRI (2002) adota, na sua essência, os princípios do Pacto Global,
percebe-se neste aspecto um grande avanço na forma de divulgação: o relatório
contém a correlação de seu conteúdo com os Princípios do Pacto Global. Isto indica
que a grande plataforma de Sustentabilidade da COPEL é de forma global.
A COPEL, além de utilizar os padrões da GRI, no âmbito internacional, foi
escolhida para representar a América do Sul no grupo de trabalho da Global
Reporting Initiative - GRI, encarregado de formular diretrizes para a elaboração de
Relatórios de Sustentabilidade no setor de energia elétrica.
5.2.4 Quanto as Metodologias para a sustentabilidade
Embora vários conceitos de Sustentabilidade tenham sido abordados nesse
trabalho, é necessário ressaltar que, ainda que tenha o mesmo foco, cada um tem a
sua particularidade.
O quadro 5 mostra se as metodologias são incorporadas pela empresa.
COPEL
Demonstra Incorporação
Práticas para Gestão estratégica
3. Metodologias para a sustentabilidade
sim não em curso
3.3.1 Objetivos do milênio
x
3.3.2 Eco-Eficiência
x
3.3.3 O Pacto Global
x
4 Normas Internacionais
4.1 Norma AA 1000
x
4.2 S A 8000
x
4.3 ISO 9000
x
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 103
4.4 ISO 14000
x
5. Os Índices de Sustentabilidade
5.1 Indice Dow Jones de Sustentabilidade
x
5.2 Indice Bovespa de Sustentabilidade
x
Fonte: Autoria.
Quadro 5 Práticas para gestão estratégica quanto à sustentabilidade
Quanto aos Objetivos do Milênio, a COPEL divulga que participa do projeto
“Fome Zero” do Governo Federal.
O Pacto Global é incorporado na íntegra, uma vez que a GRI o incorpora como
base de seu conteúdo. Sob esse aspecto, a COPEL é signatária do Pacto Global da
ONU - Global Compact. Isto quer dizer que a empresa assinou acordo
comprometendo-se a estimular a prática e a disseminação dos dez princípios ligados
a direitos humanos, trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
A Norma AA 1000 foi implantada e sua conclusão está prevista para 2008,
quando as auditorias externas contemplarão a auditagem do sistema de
sustentabilidade de forma integrada. Já as Normas ISO 9000 e 14000, não constam
no Relatório.
No que se refere ao ISE – BOVESPA, para o qual uma empresa para ser
reconhecida como Sustentável, o requisito principal é que deva ter suas ações na
Bolsa de Valores de São Paulo e, a partir daí, responde-se a um questionário com
as informações devidamente comprovadas. Esses componentes são reavaliados
anualmente com o objetivo de manter a empresa comprometida com estratégias
para a Sustentabilidade.
Em 2005, a COPEL atendeu os requisitos para o ISE-BOVESPA, para o qual
foi reconhecida como uma empresa sustentável.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 6 Análise dos resultados 104
O ISE foi desenvolvido em parceria com o International Finance Corporation
(IFC) e se assemelha ao índice Dow Jones Sustainability Indexes, implantado na
Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Quanto ao DJSI – o relatório não apresenta
nenhuma informação.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 7 Conclusões e recomendações 105
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 Conclusões
Este trabalho teve como objetivo verificar como a COPEL incorpora a
sustentabilidade em sua estratégia empresarial.
A importância do assunto deve-se ao fato de que o conceito de
sustentabilidade é algo ainda em construção. Todavia, as empresas devem se
inserir, de uma forma ou de outra, nesse ambiente, sob pena de sucumbirem caso o
ignorem.
Sendo assim, o novo paradigma para o desenvolvimento sustentável envolve
estratégias pessoais e empresariais. O foco desse trabalho foi para o estudo das
estratégias empresariais para o desenvolvimento sustentável.
Dessa forma, o trabalho envolveu, sem esgotar o assunto, conceitos de
responsabilidade social das empresas frente ao desenvolvimento sustentável, e
identificou conceitos que dessem amparo para que uma empresa se inserisse no
ambiente da sustentabilidade.
Para tanto, elaborou-se referencial bibliográfico envolvendo assuntos como a
responsabilidade das empresas no desenvolvimento sustentável e a
sustentabilidade no contexto empresarial. Desses principais conceitos outros foram
elencados, tais como a necessidade das empresas estabelecerem estratégias e a
necessidade de divulgarem as informações a todas as partes interessadas “os
stakeholders”. Nesse contexto, levantaram-se as formas de divulgação dessas
informações.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 7 Conclusões e recomendações 106
Esta pesquisa permitiu atender ao primeiro objetivo específico proposto,
consoante à identificação da responsabilidade das empresas no contexto da
sustentabilidade, com base na conscientização sobre a carência de recursos e nas
iniciativas globais que indicam às empresas novas formas de gestão responsável no
sentido da manutenção competitiva no mercado.
Quanto ao objetivo específico seguinte, ao buscar identificar os principais
indicadores que as empresas podem adotar para tornarem-se reconhecidas como
empresas inseridas no contexto da sustentabilidade, os dados da pesquisa
revelaram alguns indicadores cuja adoção por parte das empresas os tem
destacado. Dentre eles encontram-se o ISE, o GRI, o Balanço Social, o Modelo
Ibase e o Modelo Ethos.
Por fim, no último objetivo específico proposto, buscou-se demonstrar como a
COPEL, através do Relatório de Gestão 2005, está incorporando ações de
sustentabilidade em sua estratégia de gestão.
Como forma de contribuição da sustentabilidade aplicada na prática, a
metodologia empregada foi um estudo de caso realizado na COPEL, empresa
paranaense voltada para o setor de energia elétrica, um dos mais importantes na
área de produção.
O objetivo principal foi de demonstrar como a COPEL incorpora a
sustentabilidade em sua estratégia.
Após a análise, pôde-se concluir que o objetivo foi alcançado, uma vez que
estudaram-se as estratégias da empresa e a sua forma de divulgação.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 7 Conclusões e recomendações 107
No estudo pode-se constatar que a inserção da empresa no contexto da
sustentabilidade é algo complexo e de longo prazo. Além disso, exige mudanças de
estrutura e necessidade de conscientização de todos os envolvidos nesse processo.
O estudo revelou, com base no Relatório de Gestão 2005, um grande esforço
da COPEL no sentido de inserir-se como empresa sustentável, através dos
seguintes instrumentos, na sua totalidade: como signatária do Pacto Global, na
elaboração da GRI na forma “de acordo”, e no ISE- BOVESPA.
Os conceitos como as Normas Internacionais, os Objetivos do Milênio foram
aplicados em parte e o DJSI – Índice Dow Jones de sustentabilidade não foi
identificado no relatório.
Embora a COPEL tenha cumprido o conteúdo da GRI na sua totalidade, devido
à extensão do relatório, o estudo apontou algumas dificuldades, tais como a falta de
um índice para divulgar com objetividade os assuntos.
Para um conceito ainda emergente, a COPEL revelou avanço quanto aos
estudos dos mesmos.
Isso corrobora com a afirmação de que embora o tema sugira uma mudança de
paradigma, não se espera que esta ocorra rapidamente; ao contrário, trata-se muito
mais de um processo de longo prazo.
As empresas incorporarão mecanismos em suas estratégias de acordo com
seus recursos disponíveis e as necessidades de se inserirem no mercado.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Capítulo 7 Conclusões e recomendações 108
6.2 Recomendações
Com base na análise realizada neste estudo, recomenda-se para futuros
trabalhos os seguintes temas:
Estudos referentes à forma de mensurar e divulgar informações referentes a
ações de Sustentabilidade e o reflexo no resultado da empresa;
Estudos sobre formas mais objetiva e resumida de modelos de relatório
para facilitar a leitura;
Estudos sobre a integração das ações sociais e ambientais e o reflexo
dessas no resultado econômico da empresa;
Estudo sobre divulgações dos conteúdos de formas mais claras e objetivas;
Estudo dos princípios da GRI e sua aplicação nos relatórios;
Estudo com base na GRI em suas novas versões (GRI 3) com o objetivo de
identificar as evoluções ao reportar o Tríplice Resultado;
Evolução da valorização das ações das empresas a partir da divulgação.
PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
Referências 109
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PPGEP – Conhecimento e inovação 2007
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