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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS PONTA GROSSA
GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
PPGEP
ROBERTO BONDARIK
PARADIGMAS PRODUTIVOS INDUSTRIAIS E
MODELOS DE HOMEM
CONEXÕES PERCEPTIVEIS PRESENTES NA OBRA DE ALBERTO
GUERREIRO RAMOS
PONTA GROSSA
DEZEMBRO - 2007
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ROBERTO BONDARIK
PARADIGMAS PRODUTIVOS INDUSTRIAIS E
MODELOS DE HOMEM
CONEXÕES PERCEPTIVEIS PRESENTES NA OBRA DE ALBERTO
GUERREIRO RAMOS
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia
de Produção, do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção, Área de
Concentração: Gestão Industrial, da Gerência
de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus
Ponta Grossa, da UTFPR.
Orientador: Prof. Luiz Alberto Pilatti, Doutor
PONTA GROSSA
DEZEMBRO - 2007
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B 711 Bondarik, Roberto
Paradigmas produtivos industriais e modelos de homem: conexões
perceptíveis presentes na obra de Alberto Guerreiro Ramos. / Roberto
Bondarik. – Ponta Grossa: UTFPR, Campus Ponta Grossa, 2007.
180 f.: 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Pilatti
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Curso
de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2007.
1. Homem parentético. 2. Modelos de homem. 3. Paradigmas
produtivos. 4. Industrialização. 5. Sociedade do conhecimento. I. Pilatti, Luiz
Alberto. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta
Grossa. III. Título.
CDD 658.51
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
À minha esposa Cidinha, que me
incentivou, sacrificou-se e cobrou a
conclusão deste curso.
Aos meus pais e ao meu filho Bruno, o
qual me ensina a cada dia que é especial
viver.
AGRADECIMENTOS
À minha esposa e ao meu filho Bruno por terem me proporcionado o tempo e o
incentivo necessários a esta tarefa, abrindo mão de outras situações mais importantes em
nossas vidas.
Ao meu orientador Professor Luiz Alberto Pilatti por ter acreditado e investido seu
tempo em mim, me adotado, pelo trabalho de me ensinar a pesquisar e a escrever e por me
fazer vencer as limitações do tempo e da distância.
Aos meus colegas de curso, pelo grande apoio e compartilhamento, pelo
companheirismo e pelo sentimento de harmonia.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa por ter
construído a realidade deste curso.
À Direção do Campus Cornélio Procópio da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, pela liberação parcial da carga horária de trabalho, possibilitando-me a conclusão
da pesquisa.
Ao Colégio Estadual “Vandyr de Almeida” Ensino Fundamental e Médio, de Cornélio
Procópio Paraná, seus professores, funcionários, alunos e, em especial, à Diretora Ana
Bernardino Narente. Pela colaboração e compreensão de todos no estabelecimento de
horários que favoreceram meu estudo e pesquisa.
À Secretaria de Estado da Educação, Núcleo Regional de Educação de Cornélio
Procópio.
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Na parede de um botequim em Madri, um
cartaz avisa: Proibido cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de
Janeiro, um aviso informa: É proibido
brincar com os carrinhos porta-bagagem.
(...) ainda existe gente que canta, ainda
existe gente que brinca.
(EDUARDO GALEANO)
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
RESUMO
Alberto Guerreiro Ramos idealizou os homens operacional, reativo e parentético, que
tiveram uma existência paralela aos três paradigmas produtivos industriais presentes
no século XX, fordismo, toyotismo e volvismo, formando uma trilogia produtiva que
influenciou o desenvolvimento tecnológico e organizacional deste período histórico.
O objetivo deste trabalho é estabelecer as conexões entre os modelos de homem de
Alberto Guerreiro Ramos e os paradigmas produtivos industriais identificados na
passagem da Sociedade da Produção para a sociedade do Conhecimento
evidenciada no século XX. A pesquisa desenvolvida foi exploratória e qualitativa, o
método utilizado foi o de história de vida. A coleta dos dados ocorreu por meio de
entrevistas semi-estruturadas, os sujeitos da amostra selecionados entre
funcionários de uma empresa do setor de alimentos, detentora de alto vel
tecnológico, certificados internacionais de qualidade, sendo líder em seu setor de
atuação. A técnica de análise de conteúdo foi utilizada para o entendimento dos
dados coletados, sendo que se fez necessário a decomposição das informações em
categorias distintas, mas conectas. Os modelos de homem guerreirianos e sua
vinculação aos paradigmas produtivos podem assim ser considerados: o homem
operacional, passivo diante do ambiente produtivo, programável e movido apenas
pelas recompensas materiais, vincula-se de forma mais evidente ao paradigma Ford
de produção, cujo funcionamento estático pode ser comparado a uma máquina; o
homem reativo que não vincula ainda a sua existência pessoal a organizacional, é
dotado de uma racionalidade mais desenvolvida e possui uma flexibilidade mais
aprimorada no ambiente produtivo, conecta-se ao paradigma Toyota de produção,
que pode ser comparado a um organismo vivo; o homem parentético, mais
sofisticado e racional é capaz de analisar a realidade que o cerca, com isenção,
como se dela não fizesse parte, sendo a sua conexão mais evidente o paradigma
Volvo de produção, cuja imagem é vinculada a um cérebro, e que exige um ser
humano critico e responsável, por ter sido planejado pensando-se na ação do
homem na planta de Uddevalla na Suécia. O homem parentético detém
características dos modelos anteriores, que, como eles possuíam as raízes
formativas deste, sua capacidade crítica-analítica é bastante desenvolvida em
relação a sua existência e aos fatores que lhe são relacionados. A empresa
estudada passou de um paradigma fordiano, em que os seus funcionários eram com
peças de uma máquina, para o paradigma toyotista, onde a qualidade produtiva,
organizacional e laboral passou a ser considerada. Matizes identificadas na
organização permitiram a vinculação de práticas ao paradigma volvista: espírito de
trabalho em equipe e a consciência de sua necessidade; elevado grau de tecnologia
aplicado à produção; preocupação organizacional com a qualidade de vida pessoal e
operacional dos colaboradores; entusiasmo com o ambiente de trabalho considerado
prazeroso. Concluiu-se que os modelos de homem e os paradigmas produtivos
possuem conexões identificáveis no ambiente produtivo contemporaneamente,
permitindo um melhor entendimento do ambiente organizacional.
Palavras-chave
Homem parentético; modelos de homem; paradigmas produtivos; industrialização;
sociedade do conhecimento.
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
ABSTRACT
The social behavior and the human cultural level have suffered influence from the
technological and material development. The sociologist Alberto Guerreiro Ramos
tried to comprehend and explain the human being from his mastership of racionality
and the relations with productive organizations. Ramos idealized men as operational,
reactive and parenthetic. These models had a paralel existence with three productive
and industrial paradigms. such as Fordism, Toyotism, and Volvism, forming a
productive trilogy that influenced the technological and organizational development.
This dissertation responds the questioning on the perceived conections between
Ramos' models of man and the productive paradigms in the passage from the
production society to the knowledge society that was evident in the twentieth century.
It is been regarded the hipothesis that considers identifiable connections that
respond the question proposed by the research. Its confirmation is the aim of this
work. The operational man, passive before the productive enviroment, programable
and powered only by material rewards, links more evidently to Ford's model of
production, whose static functioning can be compared to a machine. The reactive
man who does not link his personal existence to the organizational one, and he is
possessor of a more developed rationality and has more flexibility in the productive
enviroment. The reactive man connects to the production model of Toyota, that can
be compared to a living being. It is the moment of quality and fight againg waiste. The
parenthetic man, who is more sophisticated and racional, is able to analize the reality
tha surrounds him, with isention, as if he were not a part of it. His connection is more
evident in the model of Volvo, whose image is linked to a brain, and demands a critic
and responsible human being, for having being planned with the focus on the action
of the man working in the plant of Uddevala, in Sweden. The parenthetic man holds
many of the previous caracteristics, as they possessed its formative roots. The
models of man and the productive paradigms are broadly existent and identifiable in
productive enviroment of our days. The test of the hipothesis was done with the
employees of a company of the food sector and possessor of a high technological
level, holding international quality certificates, and being a leader in its segment. The
research developed was exploratory and qualitative, the method used was the history
of life one. The collection of the data happened through semi-structured interviews,
and the samples were selected among the employees of the company with different
extensions of time working for the company. The technique analysis of the contents
was used for the understanding of the data collected, which was necessary for the
decomposition of the information into different categories, however connected.
Keywords
Parentethical men; models of man; paradigms productive; industrialization; the
knowledge society.
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - DELIMITAÇÃO DOS SISTEMAS SOCIAIS.........................................32
QUADRO 2 TIPOS DE RACIONALIDADE E PROCESSOS ORGANIZACIONAIS
...........................................................................................................................39
QUADRO 3 CONCEITOS E DEFINIÇÕES: DADO, INFORMAÇÃO E
CONHECIMENTO..............................................................................................60
QUADRO 4 – PARADIGMAS PRODUTIVOS / PERÍODO DE VIGÊNCIA................63
QUADRO 5 CONSTRUÇÃO DO MODELO FORD DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
...........................................................................................................................69
QUADRO 6 CONSTRUÇÃO DO MODELO TOYOTA DE PRODUÇÃO
INDUSTRIAL......................................................................................................76
QUADRO 7 CONSTRUÇÃO DO MODELO VOLVO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
...........................................................................................................................83
QUADRO 8 – CAMPOS DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDOS...........103
QUADRO 9 – MODELOS DE HOMEM DE ALBERTO GUERREIRO RAMOS.......134
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 16
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO 16
1.2
PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESE 17
1.2.1
PROBLEMA DE PESQUISA 17
1.2.2
HIPÓTESE 18
1.3
OBJETIVOS DA PESQUISA 20
1.3.1
OBJETIVO GERAL 20
1.3.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20
1.4
JUSTIFICATIVA 20
1.5
ESTRUTURA DO TRABALHO 24
2 MARCO REFERENCIAL TEÓRICO 25
2.1
ALBERTO GUERREIRO: SOCIÓLOGO 25
2.1.1
REDUÇÃO SOCIOLÓGICA 28
2.1.2
DELIMITAÇÃO DOS SISTEMAS SOCIAIS 31
2.2
OS MODELOS DE HOMEM IDEALIZADOS POR ALBERTO GUERREIRO 33
2.2.1
HOMEM OPERACIONAL 35
2.2.2
HOMEM REATIVO 40
2.2.3
HOMEM PARENTÉTICO 41
2.3
A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE DA PRODUÇÃO 47
2.3.1
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 49
2.3.2
SOCIEDADE DA PRODUÇÃO 53
2.4
A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 57
2.4.1
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO 58
2.5
MODELOS E PARADIGMAS PRODUTIVOS INDUSTRIAIS 62
2.5.1
MODELO FORD DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL: AS ORGANIZAÇÕES COMO
MÁQUINAS 64
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
2.5.2
MODELO TOYOTA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL: A ORGANIZAÇÃO COMO
ORGANISMO VIVO 71
2.5.3
MODELO VOLVO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL: A ORGANIZAÇÃO COMO UM
CÉREBRO 78
3 METODOLOGIA E MÉTODOS 89
3.1
CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA 89
3.1.1
PESQUISA EXPLORATÓRIA 89
3.1.2
PESQUISA QUALITATIVA 91
3.2
MÉTODOS 93
3.2.1
HISTÓRIA DE VIDA 93
3.2.2
ENTREVISTAS 95
3.3
SUJEITOS QUE COMPUSERAM A AMOSTRA 100
3.4
COLETA DE DADOS 101
3.5
PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE 101
4 RESULTADOS E ANÁLISES 106
4.1
ENTREVISTAS: RESULTADOS E DISCUSSÃO 106
4.1.1
CATEGORIZAÇÃO 108
4.1.2
INDÚSTRIA TRADICIONAL RÍGIDA 109
4.1.3
INDÚSTRIA MODERNA FLEXÍVEL 114
4.1.4
INDÚSTRIA SOFISTICADA FLEXÍVEL-CRIATIVA 122
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 126
5.1
CONCLUSÕES 126
5.2
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 135
REFERÊNCIAS 136
APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS (SEMI-ESTRUTURADO) 152
ANEXO 1 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 01 (D-01) 154
ANEXO 2 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 02 (D-02) 160
ANEXO 3 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 03 (D-03) 166
ANEXO 4 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 04 (D-04) 171
ANEXO 5 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 05 (D-05) 175
Capítulo 1 Introdução 16
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Compreender e explicar o ser humano, analisando-o criticamente a partir de
seu domínio da racionalidade foi o que procurou fazer Guerreiro Ramos (1984). Os
modelos de homem, identificados por ele, possibilitam uma melhor compreensão
sobre sua natureza, qualidades e importância para o ambiente produtivo e
organizacional. Ambientes que se constituem no amalgama que solidifica as
relações humanas e a organização social.
As organizações, por sua vez, atuam como um cimento que solidifica e une as
estruturas sociais, influenciando-as constantemente e por elas sendo transformadas.
As organizações atingiram tal grau de importância no mundo contemporâneo que,
autores como Zoboli (2001) afirmam que os tempos atuais configuram uma época
managerial, cujo paradigma é a empresa.
Os modelos de homem de Guerreiro Ramos (1984) fundamentam-se na teoria
administrativa, estabelecendo-se uma relação evolutiva do mais simples, o homem
operacional, passando pelo homem reativo até que sua análise identificou o homem
parentético, o mais sofisticado e racional de todos. A evolução do homem
guerreiriano teve como cenário toda a história do século XX, onde se desenvolveram
modelos de produção industrial que se constituíram em paradigmas para o tempo
em que existiram. Os modelos de produção, agrupados em uma trilogia que se
locupleta, influenciaram e promoveram considerável parte do desenvolvimento social
e tecnológico contemporâneo. As necessidades produtivas fizeram desenvolver-se
um mercado consumidor que completou o ciclo mútuo de desenvolvimento da
humanidade. Os paradigmas produtivos estabelecidos pelas industrias Ford, Toyota
e Volvo, em diferentes épocas, produziram necessidades no mercado, que por sua
vez produziu outras necessidades que a indústria teve de atender. As necessidades
de mercado provocaram desenvolvimento tecnológico e organizacional em escala
Capítulo 1 Introdução 17
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
constante, e junto a elas o homem influenciou e foi influenciado em sua forma de ser
e de existir.
As mudanças dos modelos de homem e também dos paradigmas produtivos
caracterizaram um maior desenvolvimento na sociedade, que teve a sua riqueza
transferida dos bens materiais para os bens de natureza intelectual. A Sociedade da
Produção criou condições para que paralelamente se desenvolvesse a Sociedade
do Conhecimento, cuja proeminência é sentida em diversos aspectos.
O processo de evolução da produção industrial, base organizacional da
sociedade e dos modelos de homem em Guerreiro Ramos, possui conexões e
interdependências. Explorar estas conexões constitui o tema deste trabalho.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESE
1.2.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Considerando-se a revisão de literatura relacionada ao tema em pauta,
constatou-se a existência de trabalhos versando sobre os paradigmas produtivos
industriais e os modelos de homem idealizados por Alberto Guerreiro Ramos.
Porém tais estudos tratam desses dois assuntos de forma separada, ou seja, não
tratam das conexões entre os paradigmas produtivos e os modelos de homem. Os
trabalhos assim considerados podem ser agrupados distintamente:
trabalhos em maior quantidade e que versam sobre o Modelo Ford e Toyota,
relacionando suas diferenças como paradigmas produtivos;
trabalhos em menor quantidade, que versam sobre o modelo Volvo de
produção e as experiências produtivas em Kalmar e Uddevala, na Suécia;
trabalhos que conjugam os três paradigmas produtivos são bastante raros,
sendo o mais importante o de Wood Jr. (1992);
Capítulo 1 Introdução 18
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
sobre Sociedade da produção e do Conhecimento, são encontrados trabalhos
em bom número;
foram identificados também trabalhos sobre Guerreiro Ramos, porém que
tratam sua obra de uma maneira fragmentada e individual;
Analisados estes grupos constatou-se a existência de uma lacuna que
considerada em relação aos objetivos propostos, torna-se relevante. Esta lacuna
evidencia-se pela inexistência de trabalhos que conduzam a uma correlação e
conseqüente análise das conexões existentes ou possíveis entre os modelos de
Alberto Guerreiro Ramos, os paradigmas produtivos e os tipos de sociedade.
Identificada esta lacuna na literatura, pode-se passar à delimitação do
problema de pesquisa que norteará a construção desta dissertação. O problema é
proposto nos seguintes termos: Quais são as conexões percebidas entre os
modelos de homem idealizados por Alberto Guerreiro Ramos e os paradigmas
industriais na passagem da Sociedade da Produção para a Sociedade do
Conhecimento?
1.2.2 HIPÓTESE
Assim, pretende-se considerar como hipótese que existem conexões que
podem ser estabelecidas entre os modelos de homem de Guerreiro Ramos (1984) e
os paradigmas produtivos desenvolvidos no século XX. Mesmo não sendo uma
vinculação mecanicamente rígida ou automática, pode-se, seguindo os princípios
dos tipos ideais weberianos presentes no pensamento de Guerreiro Ramos,
estabelecer conexões que se seguem: homem operacional ao modelo Ford, sendo
esta a conexão mais nítida de todas; o evoluir constante da sociedade e do
ambiente produtivo é sofisticado, podendo o modelo seguinte de homem - homem
reativo ser correlacionado ao modelo Toyota; e a sofisticação do homem
parentético, vinculado ao modelo Volvo considerado no conjunto deste trabalho
como o modelo melhor desenvolvido, não faz desaparecer os modelos anteriores,
Capítulo 1 Introdução 19
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
sendo mantidos muitos dos traços comportamentais do homem operacional e do
reativo.
Para a confirmação da hipótese, de maneira empírica, devidamente
fundamentada no marco referencial teórico, buscou-se um setor produtivo e dentro
dele uma organização empresarial e pessoas que contemplassem os seguintes
requisitos:
I. organização industrial que fosse de médio ou grande porte
Organizações deste porte permitiriam uma melhor análise das relações
entre as pessoas e o sistema de produção ou de trabalho;
II. organizações que possuam uma estrutura organizacional clara
Empresas com estas características permitiriam uma melhor definição da
escala de decisão e do sistema de administração da produção;
III. indivíduos que atuem ou tenham atuado na atividade produtiva em linha
de produção ou chefiando setores desta podendo assim conhecer-se o
processo de produção, o modelo de sociedade e suas inter-relações com
os modelos comportamentais destes indivíduos;
IV. um setor em que fossem percebidas transformações tecnológicas
consideráveis nos últimos quarenta ou cinqüenta anos o que permitirá a
análise da influência do fator tecnológico na produção industrial e na
relação com o modelo de homem.
A organização selecionada teve sua identidade preservada por motivos de
maior isenção e liberdade científica, possibilitando maior clareza na obtenção dos
dados úteis à pesquisa. A empresa autorizou que se conduzisse a pesquisa em seu
interior, disponibilizando tempo e pessoas para a sua realização.
A empresa onde a pesquisa foi conduzida é uma industria do setor de
alimentos e atua no mercado nacional e internacional há quase quarenta anos,
configurando-se atualmente como uma das líderes em seu segmento de mercado.
Detentora de diversos selos e certificações, a indústria coloca seus produtos nos
mais diversos paises, nos cinco continentes. Implantou programas de qualidade de
forma mais intensa a partir da década de 1990, provocando mudanças perceptíveis
em seu funcionamento organizacional e produtivo. A possibilidade de conhecer sua
Capítulo 1 Introdução 20
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
realidade antes e depois de tal transformação, tornou-a ideal para a aplicação do
teste da hipótese deste trabalho, que contou com o depoimento de seus
funcionários.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Estabelecer as conexões entre os modelos de homem idealizados por Alberto
Guerreiro Ramos e os paradigmas produtivos industriais, identificados na passagem
da Sociedade da Produção para a Sociedade do Conhecimento.
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A construção do objetivo geral exige, por sua complexidade, que sejam
trabalhados paralelamente os seguintes objetivos específicos:
apontar as características da Sociedade da Produção e da Sociedade do
Conhecimento;
caracterizar os paradigmas produtivos industriais;
verificar as transformações nos modelos de homem em decorrência das
transformações nos paradigmas produtivos;
1.4 JUSTIFICATIVA
O estudo proposto, relacionado aos modelos de homem e paradigmas
produtivos, desenvolve-se no cenário estabelecido pelo século XX. A busca pela
compreensão deste período histórico apóia-se na quantidade e profundidade das
Capítulo 1 Introdução 21
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
transformações nele ocorridas, que devidamente percebidas, possibilitarão um
melhor entendimento sobre o ser humano, a estrutura social em que se insere e as
relações produtivas culturalmente estabelecidas.
O estudo dos paradigmas produtivos e dos modelos de homem verificados no
século XX justifica-se por ter sido uma época historicamente marcada por
transformações que alteraram profundamente o cotidiano da humanidade, com o
estabelecimento de paradigmas produtivos industriais, modelos de homem
culturalmente estabelecidos, bem como estruturas sociais que produziram
momentos hegemônicos, sem considerá-los bons ou maus, com seus respectivos
momento de ascensão, declínio e superação. Guerreiro Ramos (1983) considera ser
preciso encarar as hegemonias sem considerá-las boas ou más, através de uma
atitude parentética e cientifica. Para o autor, o estabelecimento da Sociedade do
Conhecimento, considerando-se que ele ainda não se utilizava desta nomenclatura,
a produção de riquezas adquiriu um novo significado. Até este momento a riqueza
era obtida diretamente das forças da natureza, socialmente transformadas pelo
trabalho físico do homem. A concepção da Sociedade do Conhecimento leva em
conta que o conhecimento e o saber superam a força física do homem como
geradores de riqueza e no domínio das forças naturais.
O século XX, considerado breve por Hobsbawm (1995), foi o século de maior
progresso e transformações nos campos social e político. Mudanças materiais e
tecnológicas também foram profundas, e a humanidade evoluiu e produziu
inovações em todos os aspectos que dizem respeito a sua existência. Sabe-se que o
ser humano adaptou e transformou a natureza, tornando a inovação tecnológica e a
invenções de novos equipamentos e processos uma realidade cotidiana e constante.
Hobsbawm (2003) evidenciou que o século XX foi marcado pelo desenvolvimento
tecnológico que caracterizou e produziu um sentimento constante de progresso. O
mundo tornou-se muito mais rico materialmente e culturalmente desenvolvido,
diversificado e poderoso em sua capacidade de produzir bens e serviços. A
humanidade vive uma profunda revolução com a percepção de transformações
absolutas, quando comparadas com as mudanças percebidas em tempos e
situações anteriores. Os modernos meios de comunicação encurtaram o tempo, as
Capítulo 1 Introdução 22
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
distâncias e tornaram mais intensos os relacionamentos entre os povos que habitam
as mais diversas regiões do planeta.
Uma tecnologia em avanço constante; Uma população mundial
muitas vezes maior do que jamais antes na história da
humanidade; A humanidade tornou-se mais culta. A maioria
das pessoas é considerada alfabetizada, embora seja
crescente o enorme fosso entre o analfabetismo funcional e o
domínio da leitura e da escrita; Nas últimas décadas, a maioria
das pessoas vivia melhor do que seus pais, principalmente nas
economias avançadas; (...) Queda dos grandes impérios
coloniais e declínio da Europa como centro da civilização
ocidental; A globalização das economias: uma economia
mundial única, cada vez mais integrada, operando por sobre as
fronteiras dos Estados, com predomínio das grandes empresas
multinacionais; A economia cada vez mais dominada pelas
grandes corporações. (HOBSBAWM, 2003).
A compreensão das transformações que se pretende atingir torna necessário
um processo de redução em que, conforme princípios estabelecidos por Guerreiro
Ramos (1996), buscar-se-á a eliminação de tudo aquilo que, revestido de um caráter
secundário, venha a perturbar o entendimento sobre um determinado processo. Os
paradigmas produtivos aqui analisados (Ford, Toyota e Volvo), quando justapostos
aos modelos de homem guerreiriano (operacional, reativo e parentético) não
representam situações ou condições estáticas e herméticas.
O evoluir da produção industrial e os modelos de homem requeridos a cada
nova realidade devem ser encarados como processos e como tal não se
transformam, mas se incorporam às novas condições. Guerreiro Ramos (1996)
afirma que uma estrutura ao incorporar novas condições, tornando-se superior à
anterior, provocará necessariamente, a substituição dos problemas presentes por
outros que sejam menos grosseiros e mais sofisticados. Segundo o autor, não há, na
realidade histórica, Idade de Ouro alguma na qual tivessem cessado a complexidade
existencial humana e os problemas dela decorrentes. Para ele todo grau de
desenvolvimento atingido por uma sociedade, por mais elevado que seja, sempre
gestará um outro seguinte, superior e historicamente desenvolvido.
Identificar em um processo determinado os traços que o caracterizam é um
tarefa do cientista social que partindo daí, procurará as raízes de sua conseqüente
Capítulo 1 Introdução 23
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
evolução e sofisticação, e de futuros significativos. A busca por tais futuros
significativos, nos dizeres de Gilberto Freyre (2001) faz com que o cientista social se
socorra das demais ciências sociais existentes e dos seus métodos humanísticos. O
autor de Casa Grande e Senzala destaca ainda que os métodos, além de
científicos, devem ser poéticos, novelísticos, literários e filosóficos. O futuro, e nisto
há uma concordância entre Gilberto Freyre (2001) e Guerreiro Ramos (1996), é uma
construção e criação de predecessores, que concorrem com o estabelecimento de
suas bases.
O entendimento de cada modelo de homem guerreiriano e de cada paradigma
produtivo permite que se compreendam as bases do modelo ou paradigma seguinte,
suas necessidades e sofisticações. Destaque-se que não limites rígidos e nem
barreiras solidificadas entre os diversos modelos de homem e os paradigmas
produtivos, existindo apenas idealizações que os diferenciam. Guerreiro Ramos
(1983) corrobora com essa ponderação ao colocar que o curso do processo de
industrialização não se vincula a um único padrão de desenvolvimento determinado.
Pode-se falar em industrializações plurais em seus objetivos produtivos e busca pela
otimização na geração de riquezas, mas singulares nos processos e condições que
assimilaram ao longo desta construção.
A geração de riqueza também se transforma ao longo do século XX. Guerreiro
Ramos (1983) coloca que a riqueza ganhava novo sentido, uma vez que deixava de
ser um produto da natureza, para tornar-se uma produção essencialmente humana.
A assimilação deste processo faz surgir uma nova sociedade calcada no
conhecimento do homem: a “Sociedade do Conhecimento”.
O desenvolvimento industrial então presente, não significou, conforme
ponderação de Guerreiro Ramos (1996), um desprezo para com a agricultura. A
atividade agropecuária aumentou sua produtividade e conseguiu integrar-se ao
sistema capitalista de produção. A intensificação industrial em uma determinada
sociedade gera efeitos econômicos diversos e positivos sobre as suas atividades
pecuárias e agrícolas. A industrialização produz um aumento da renda agrícola, com
uma melhor condição de vida para os agricultores, que assimilaram novos e mais
sofisticados hábitos de consumo. Guerreiro Ramos (1996) coloca ainda que uma
estrutura produtiva será considerada mais desenvolvida e elevada quanto mais força
Capítulo 1 Introdução 24
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
de trabalho for liberada à agropecuária e extração, e transferida para a indústria e
setor de serviços.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Do primeiro capítulo consta a introdução do tema, subdividida em:
contextualização, problema de pesquisa, hipótese, objetivos e justificativa.
O segundo capítulo constitui-se do marco referencial teórico, sendo
explicitada a revisão bibliográfica, em cujas bases fundamentam-se o problema e a
hipótese. Cabe a este capitulo auxiliar na execução dos objetivos colocados. Nesta
revisão, contemplou-se:
Guerreiro Ramos e seus modelos de homem idealizados;
a Sociedade da produção e a Sociedade do Conhecimento e;
modelos e paradigmas produtivos industriais presentes no século XX,
discorrendo-se sobre os modelos Ford, Toyota e Volvo.
O terceiro capítulo centra-se no estabelecimento das bases metodológicas da
pesquisa, sua caracterização e fundamentos.
No quarto capítulo discute-se os dados coletados coma revisão bibliográfica,
e também se apresenta a pesquisa de campo desenvolvida para se testar a hipótese
aventada.
No quinto capitulo colocam-se as conclusões da pesquisa, apresentando em
seu final sugestões para a continuação da mesma no futuro.
Na sua parte final relacionam-se as obras e trabalhos que propiciaram a
construção e o embasamento deste trabalho, permitindo a conclusão e seus
resultados.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 25
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
2 MARCO REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 ALBERTO GUERREIRO: SOCIÓLOGO
Alberto Guerreiro Ramos nasceu em Santo Amaro da Purificação, Estado da
Bahia, em 13 de setembro de 1913, faleceu em Los Angeles, Califórnia, Estados
Unidos da América, em 06 de abril de 1982. Graduou-se em Direito e em Ciências
Sociais. Prestou concurso público e passou a atuar como Técnico de Administração
do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). A partir deste órgão,
Guerreiro Ramos atuou na Casa Civil da Presidência da República, nesta função
assessorando três Presidentes brasileiros: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek de
Oliveira e João Goulart. Devido aos esforços despendidos pelo DASP, implantou-se
o primeiro curso superior de Administração no Brasil, em 1952, onde atuou como
professor.
O primeiro curso superior de Administração no Brasil (Escola
Brasileira de Administração Pública EBAP – da Fundação
Getúlio Vargas), surgiu em 1952, graças aos esforços de Luiz
Simões Lopes, presidente do DASP, valeu-se Simões Lopes da
experiência e competência de daspianos ilustres para dar início
ao ensino regular de Administração, contando com a
participação de Asterio Dardeau Vieira, Beatriz Warhrlich,
Belemiro Siqueira, Benedito Silva (primeiro diretor da EBAP),
Cleantho de Paiva Leite, Guerreiro Ramos, que, a propósito,
proferiu a primeira aula da Escola (PIZZA JR, 2007).
Por sua atuação no DASP e na EBAP em especial, Guerreiro Ramos ligou-se
à Administração de tal forma que a principal parte de sua produção acadêmica viria
a centra-se nesta área, porém não separava a administração do conjunto das
ciências sociais ou do fenômeno social. Eleito Deputado Federal pelo Partido
Trabalhista Brasileiro, em 1963, afasta-se da EBAP, assumindo como suplente a
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 26
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
vaga deixada por Leonel Brizola, que assume o governo do Estado do Rio Grande
do Sul.
Com a deposição de João Goulart da Presidência da República, em 1964, e o
subseqüente Governo Militar que se instaura, Guerreiro Ramos teve seus direitos
políticos cassados em 1966. Obrigado a exilar-se, viveu dezesseis anos nos Estados
Unidos da América (EUA), atuando como professor e pesquisador, ao aprofundar
seus estudos, com sua experiência aperfeiçoou suas teorias. Conforme Begazo
(2003), Guerreiro Ramos foi um dos professores mais brilhantes e polêmicos da
Escola de Administração da University of Southern Califórnia. Realizou conferências
em diversas universidades e academias de ciências na Europa e Ásia. Visitou a
Universidade de Paris, a Academia de Ciências de Moscou, esteve ainda em
Pequim e Belgrado (Ex-Iuguslávia). Atuou como professor em universidades norte-
americanas como Yale e Wesleyian, na Nova Inglaterra. De acordo com
Schwartzman (2007), o exílio representou para Guerreiro Ramos a possibilidade de
ter uma carreira acadêmica em uma universidade estrangeira, com condições para
estudar, escrever e relacionar-se com intelectuais.
É possível que sua obra de maturidade, A Nova Ciência das
Organizações, seja sua contribuição sociológica mais
substantiva. Sem ter condições de avaliar este trabalho em seu
mérito neste contexto, o dúvida, de qualquer forma, que
seu impacto foi bem menor do que o das obras criticas
anteriores de Guerreiro Ramos. Por isto, e independentemente
deste último livro, parece bastante provável que Guerreiro
Ramos fique na história das ciências sociais brasileiras
principalmente como debatedor, crítico, motivador e criador de
um sentido de compromisso e responsabilidade social sem o
qual não é possível desenvolver nenhuma ciência social que
tenha algum valor. "Sou um homem", dizia ele uma vez, anos
atrás, a um grupo de ávidos estudantes de sociologia
belorizontinos, "que tem a responsabilidade de pensar o Brasil
24 horas por dia". (SCHWARTZMAN, 2007).
Após a anistia política, Guerreiro Ramos retornou ao Brasil e como professor
visitante auxiliou na instalação do Curso de Mestrado em Administração da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Publicou mais de cem artigos de
opinião sobre diversos assuntos (política, sociologia, questão racial, entre outros),
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 27
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
principalmente em jornais cariocas. Escreveu diversos livros, alguns reeditados após
seu passamento. Entre suas obras destacam-se as seguintes:
Uma introdução ao histórico da organização racional do trabalho
(1950);
A sociologia industrial: formações, tendências atuais (1952);
Cartilha brasileira do aprendiz de sociólogo (1954);
Introdução crítica à sociologia brasileira (1957);
A redução sociológica (1958, publicado também no México, em 1959);
O problema nacional do Brasil (1960);
A crise do poder no Brasil (1961);
Mito e verdade da revolução brasileira (1963);
A redução sociológica, 2ª edição (1965);
Administração e estratégia do desenvolvimento (1966), que foi
republicado, após sua morte, com novo título: Administração e contexto
brasileiro (1983).
As idéias de Guerreiro Ramos provocaram agitação no meio acadêmico, de
acordo com Begazo (2003), por serem inovadoras e especialmente pela forma como
ele as defendia. Para alguns intelectuais, ele era um teórico puro, não se
encontrando vinculado à realidade. Outros por sua vez, em menor número
consideravam-no o autor de novas idéias baseadas na retomada do racionalismo
substantivo, repensando o papel do indivíduo nas organizações.
Guerreiro Ramos,porém, foi vitíma de um esquecimento de sua obra que
segundo aponta Figueiredo (2007), pode ter sido deliberado. Algumas hipóteses
podem ser aventadas sobre as causas que levaram a esta situação: o fato do
sociólogo reagir aos cânones institucionais das ciências sociais no Brasil. A adesão
de Guerreiro Ramos ao integralismo na década de 1930
1
; problemas relacionados à
sua personalidade.
1
Movimento de orientação fascista e nacionalista, que existiu no Brasil durante a década de 1930, era liderado
por Plínio Salgado. (Nota do Autor);
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 28
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Algumas explicações sobre o esquecimento de Guerreiro
Ramos giram também em torno de sua personalidade. Todos
que o conheceram concordam com o fato de Guerreiro ser
extremamente polêmico, controverso e disposto a embates
teóricos e políticos o muito freqüentes na academia branca
brasileira. Guerreiro tem uma forma de fazer ciência e de
produzir conhecimento que vai de encontro aos moldes
hegemônicos, que se contrapõe à nossa propalada
cordialidade (FERREIRA, 2007, p.39).
Detentor de um comportamento considerado provocador e de um estilo
contraditório, Guerreiro Ramos destoava do estilo polido de se fazer ciência no
Brasil. Ele dirigiu criticas contundentes a nomes que na época eram considerados
importantes no âmbito das ciências sociais brasileiras, como Arthur Ramos e
Florestan Fernandes, a quem dirige suas farpas em um capítulo do livro Redução
Sociológica. Mesmo considerado polêmico no meio acadêmico, contribuiu
significativamente com as Ciências Sociais ao estabelecer conceitos seminais como
a Redução Sociológica, a Delimitação dos Sistemas Sociais e os Modelos de
Homem.
2.1.1 REDUÇÃO SOCIOLÓGICA
Guerreiro Ramos considerava que a formação econômica, política, cultural e
social brasileira, havia sido construída com base na influencia exercida pelo
pensamento estrangeiro, conforme colocado por Bariani (2006). Segundo ele, a elite
brasileira subordinava-se culturalmente aos povos e continentes mais desenvolvidos,
Europa em especial, além dos Estados Unidos da América.
Era mister, então, fazer uso da razão sociológica, da
capacidade da sociologia de aplicar (se) seu instrumental, de
rever-se, refletir a respeito de si e com relação à estrutura
social à qual estava vinculada, refazendo (se) métodos e
objetivos. Ao método critico capaz de proceder a uma reflexão
dessa natureza, assimilando criticamente as contribuições
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 29
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
teóricas “importadas”, Guerreiro Ramos chamou “redução
sociológica” (BARIANI, 2006, p.87).
A redução sociológica, na concepção de Guerreiro Ramos, pode ser resumida
como uma situação em que os métodos e técnicas de análise e entendimento dos
fenômenos sociais, desenvolvidos e aplicados em outras sociedades, são
sopesados e adaptados à realidade da sociedade brasileira. Para Bariani (2006), a
redução sociológica guerreiriana é uma atitude parentética, porém não espontânea,
e o processo de redução coloca os fenômenos entre parênteses, recusando a
aceitação espontânea, pura e simples, das percepções, alocando filtros ao
raciocínio. Esta teria sido a mais influente obra de Guerreiro Ramos, compreendida
como uma proposta política científica e intelectual.
Se olharmos este livro do ponto de vista estrito da metodologia
que propõe e dos resultados práticos a que esta metodologia
acena, o resultado é decepcionante. O que fica de interessante
é uma proposta de que a sociologia deve ser constituída a
partir da realidade nacional, pelo desenvolvimento de uma
metodologia também própria, e que a partir desta realidade
toda a tradição cultural da sociologia européia e norte-
americana poderia ser recuperada (SCHWARTZMAN, 2007).
Guerreiro Ramos procurou desenvolver um pensamento e uma prática
sociológica adequada à realidade do Brasil e que pudesse auxiliar na solução dos
seus problemas especificamente.
A constante reivindicação de Guerreiro acerca de uma
sociologia brasileira, que, como dissemos, deveria estar
empenhada em resolver os problemas nacionais, mantinha
uma relação diretamente oposta ao que o sociólogo define
como sociologia “consular”. “Além de ‘consular’, esta é uma
sociologia que pode ser dita enlatada, visto que é consumida
como uma verdadeira conserva cultural”. Isto é, a perspectiva
crítica de Guerreiro era de que alguns conceitos cunhados
alhures não permitiam interpretar adequadamente a realidade
nacional (FIGUEIREDO, 2007, p.38).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 30
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A corrente consular procura compreender a Sociologia no Brasil como um
apêndice ou um episódio, de acordo com Figueiredo (2007), da expansão cultural da
Europa e Estados Unidos. À segunda corrente, é que Guerreiro Ramos vinculava-se,
embora se aproveitando do conhecimento e experiências acumuladas nos paises
mais desenvolvidos. O conhecimento universal, então seria utilizado como um
instrumento para o auto-conhecimento das estruturas do país e fomentar seu
desenvolvimento. É esta segunda corrente que a redução sociológica guerreiriana
procura compreender e justificar. De acordo com Bariani (2005), a preocupação de
Guerreiro Ramos naquele momento centrava-se na assimilação critica do
conhecimento produzido fora do Brasil, procurando aumentar a produção teórica
nacional. Para Simões (2006) a redução sociológica perpassa a idéia de construção
de uma ciência social engajada e participante no entendimento e melhoria da
realidade brasileira.
Fazem parte da natureza da redução sociológica defendida por Guerreiro
Ramos, conforme estabelecido por Simões (2006):
(a) ter uma atitude metódica, para uma melhor percepção da
realidade; (b) não admitir a existência na realidade social de
objetos sem pressupostos; (c) postular a noção de mundo, ou
seja, admitir que a consciência e os objetos estão sempre
interligados; (d) ser perspectivista, sabendo que um objeto
jamais se desligado de um determinado contexto, não
havendo possibilidades de repetição da realidade social; (e) ter
seus suportes coletivos e não individuais, para que a
autoconsciência assuma proporções de um processo da
sociedade; (f) ser um procedimento critico assimilativo da
experiência estrangeira, não incorporando acriticamente
praticas ou produtos de outros paises; e (g) ter uma atitude
altamente elaborada, demandando um grande esforço de
reflexão. (SIMÕES, 2006, p.103).
Guerreiro Ramos era um teórico interessado na natureza das mudanças
vivenciadas pelo homem, influenciadas pela realidade histórica percebida ao longo
do século XX.
Para aquellas personas preocupadas por las organizaciones y
su administración, Guerreiro fue el que mejor canalizo y
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 31
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
sintetizo las ideas de vários estudiosos del “Homo Novus”,
creando lo que él llamo el “Hombre Parentético” (BEGAZO,
2003, p.60).
Guerreiro Ramos colocou em prática a redução sociológica ao estabelecer
seus modelos de homem, em especial sua condição mais sofisticada, que é o
homem parentético, fundamentado na fenomenologia de Edmund Husserl (1859-
1938). Os modelos de homem do pensamento guerreiriano, foram idealizados com
base no desenvolvimento da racionalidade e podem ser usados para auxiliar na
melhor percepção e assimilação de determinadas condições sociais e recortes
históricos.
2.1.2 DELIMITAÇÃO DOS SISTEMAS SOCIAIS
O objetivo de Guerreiro Ramos (1989), ao tabular a “Delimitação dos
Sistemas Sociais”, era reconceitualizar os sistemas sociais em que predomina o
mercado como um dos principais (não o único) paradigmas identificáveis. Desta
forma propõe o autor um modelo que engloba diversas dimensões, baseado em dois
pontos centrais: o mercado e o Estado.
O ponto central desse modelo multidimensional é a noção de
delimitação organizacional que envolve: a) uma visão da
sociedade como sendo constituída de uma variedade de
enclaves (dos quais o mercado é apenas um), onde o homem
se empenha em tipos nitidamente diferentes, embora
verdadeiramente integrativos, de atividades substantivas; b) um
sistema de governo social capaz de formular e implementar as
políticas e decisões distributivas requeridas para a promoção
do tipo ótimo entre enclaves sociais. (RAMOS, 1996, p.140).
O primeiro ponto considerado pelo autor aponta o mercado como necessário,
legitimado pela sociedade e necessário ao relacionamento entre os diversos
enclaves sociais. O segundo ponto correlaciona-se com a atuação do Estado, do
governo que deverá criar condições para que este mercado seja efetivado de
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 32
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
maneira eficaz e justa entre os diversos segmentos ou enclaves da sociedade,
ordenando-o e regulamentando-o. Guerreiro Ramos (1989) destaca a capacidade do
mercado em modelar todo o conjunto da sociedade e que o tipo de organização que
o controla tomou ares de paradigma pra a organização social.
O Quadro a seguir demonstra como funciona a delimitação dos sistemas
sociais.
QUADRO 1 - DELIMITAÇÃO DOS SISTEMAS SOCIAIS.
SER HUMANO DIMENSÃO CONSTITUIÇÃO
ESPAÇOS
DE
EXISTÊNCIA
MODELOS
DE HOMEM
Política Razão Fenonomia Parentético
Social
Convivial /
Comportamento
Isonomia Reativo
ÚNICO
E
MULTIDIMENSIONAL
Biológica Física Economia Operacional
FONTE: SERAFIM (2001)
Influenciada pelo mercado, a sociedade acaba por submeter-se também as
suas leis, agindo desta forma sobre os diversos espaços da existência humana.
Guerreiro Ramos (1996) propõe que os espaços influenciados pelo mercado, sejam
limitados e ordenados para que não absorvam a totalidade da vida dos indivíduos. O
autor entende que o desenvolvimento de cada ser humano, individualmente, não é
uma preocupação das mais essenciais em uma organização empresarial. Desta
forma, conforme especificado por Serafim (2001), o sociólogo busca construir um
modelo alternativo de pensamento que restaure aquilo que dois séculos de domínio
do mercado sobre a sociedade alteraram, os elementos permanentes da vida
humana e seus valores centrados no indivíduo.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 33
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
2.2 OS MODELOS DE HOMEM IDEALIZADOS POR ALBERTO GUERREIRO
A condição do ser humano, como um objeto de pesquisa e análise, foi
demonstrada por Guerreiro Ramos (1984), quando da publicação no Brasil do artigo
“Modelos de Homem e Teoria Administrativa”. O título original deste artigo era “A
Ascenção do Homem Parentético”, e neste trabalho o autor evidenciou três modelos
de homem. Idealizou-os como portadores do comportamento necessário à plena
efetivação e ao entendimento dos modelos produtivos percebidos no século XX. São
eles:
Homem Operacional;
Homem Reativo;
Homem Parentético.
O homem, como um ser social, desde o advento do industrialismo nos
séculos XVIII e XIX, tem vivenciado profundas transformações em sua condição de
ser e de atuar no meio em que habita. Houve momentos em que as mudanças se
intensificaram, aumentando seu ritmo e despertando maiores atenções e momentos
de estabilidade quando estas transformações se solidificam, lançando bases para
futuras evoluções. O homem é o personagem das mudanças, seu ator e autor,
conforme as necessidades de seu tempo. Pinker (2004) apontou essa condição ao
relatar que o ser humano não é um ser abstrato, fora da realidade de seu contexto.
Ele é o resultado da sua própria ação, das interações percebidas no mundo e na
vida em sociedade.
Sendo personagem atuante e condutor das Revoluções Tecnológicas, o ser
humano foi influenciado por elas, sofrendo mudanças em seu comportamento e em
sua visão da realidade. Não encontrando amparo teórico para que se afirme que
cada novo momento da sociedade industrial ou da produção possuiu um modelo
especificamente fechado de homem, busca-se identificar qual modelo ideal de
homem conjugaria suas qualidades com os determinados paradigmas produtivos
industriais que foram percebidos no século XX.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 34
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Dissertando disserta sobre a utilização da teoria das possibilidades, Guerreiro
Ramos (1983) ressalta a influência recebida de Max Weber, ao estabelecer os seus
tipos ideais, e um paralelo pode ser estabelecido com os modelos de homem
guerreirianos. Neste momento específico, a ligação desta teoria se com os níveis
de desenvolvimento das sociedades, mas, em um exercício imaginativo, como a
teoria das possibilidades propõe, substituir-se-ia desenvolvimento por homem,
resultando no estabelecimento de homens ideais, cujo estudo permitiria um melhor
entendimento sobre o tempo e a sociedade em que viveram.
Toda a explicação ou interpretação que se baseie unicamente
nos aspectos mais evidentes dos fatos não merece o nome de
ciência [...] É esse sentido da ênfase de Weber na possibilidade
objetiva como instrumento analítico para análise sociológica.
Ele utiliza essa categoria não somente para formular “tipos
ideiais”, mas também para encontrar uma explicação mais
satisfatória dos eventos ocorridos (RAMOS, 1983, p.16).
Fundamentado-se em Weber, é justamente uma explicação mais satisfatória
sobre o ser humano que Guerreiro Ramos (1984) busca ao estabelecer seus
modelos de homem e procura também fazer compreender a sociedade onde
floresceram. O autor atuou como um sintetizador das teorias de pensadores
anteriores e contemporâneos a ele.
Três modelos de homem são evidenciados na sua obra, como referido.
Cada um deles tornou-se mais evidente ou, melhor caracterizado em um
determinado período da história, ligado especificamente a um sistema organizacional
ou paradigma produtivo, porém os conceitos evidenciados por Guerreiro Ramos
(1984) vinculam-se especialmente ao domínio da racionalidade e da capacidade
decisória de cada um deles. Neste sentido, é possível encontrar as raízes formativas
de um modelo de homem quando teoricamente domina o anterior e quando se
estabelece aquele que seria o mais sofisticado de todos, o homem parentético.
Desta forma é possível vislumbrar indivíduos e organizações com
comportamentos específicos e ainda ligados a paradigmas ultrapassados. Cada
modelo de homem, a exemplo dos modelos produtivos, apresentou características
provenientes dos modelos anteriores e trouxe em seu âmago as raízes do modelo
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 35
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
seguinte em um processo dinâmico. Os modelos de homem formam, desta forma,
mais uma possibilidade de análise do ser humano, do que exatamente uma fórmula
descritiva e absoluta do viver e produzir do homem em determinada época. Os
modelos de homem guerreiriano não seriam somente modelos classificatórios de
qualidades e especificidades. Da mesma forma que Guerreiro Ramos (1983) afirma
não existir um único modelo de industrialização, não existiria um único modelo de
homem, em especial nos países em desenvolvimento:
O curso da industrialização não obedece a um modelo único, a
um padrão determinado. Os paises subdesenvolvidos não
necessitam de crescimento em todos os setores “segundo a
imagem” de qualquer país desenvolvido (RAMOS, 1983, p.27).
Em síntese, os modelos de homem que podem ser vinculados aos
paradigmas industriais variam conforme o espaço e o tempo em que são percebidos.
Os modelos de homem e produção alteram-se conforme as exigências da produção,
da sociedade, do segmento social e da temporalidade.
2.2.1 HOMEM OPERACIONAL
O homem operacional, primeira escala na trilogia evolutiva guerreiriana, foi
idealizado com base na sociedade industrial ou da produção. Compreende-se a
produção industrial como o primeiro degrau na escala de desenvolvimento de uma
sociedade que ultrapassa os limites de uma economia natural e agrícola, em busca
da sofisticação produtiva, organizacional e social. Guerreiro Ramos (1984) imaginou
o homem operacional como personagem de uma sociedade como esta, um homem
iniciando sua caminhada em busca de racionalidade mais sofisticada.
O modelo produtivo em vigor naquele momento, nas sociedades baseadas na
produção industrial e nas organizações preponderantes, exigia um modelo de
homem com uma mentalidade mais simples. Um ser humano cuja capacidade
decisória não seria ainda profundamente exigida para o desenvolvimento de suas
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 36
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
atividades, sendo capaz de conduzir uma máquina, submetendo-se ao ritmo de
trabalho por ela determinado. As operações produtivas eram previamente
ordenadas, ao homem cabia operar a máquina ou agir como ordenado. As pessoas
atuavam como peças em um mecanismo, substituíveis e descartáveis.
O homem operacional submete-se a um sistema administrativo rígido dentro
das organizações. As suas praticas produtivas, como as dos demais modelos
refletem-se diretamente em seu comportamento social.
Este hombre es calculador, motivado por recompensas
materiales y económicas, según uma visión de la
Administracion y de la Teoria de la Administracion Neutra, con
indiferencia de lãs nociones de ética, valor y del ambiente
externo; las cuestiones de la libertad personal son estrañas em
este modelo de esquema de la organización (BEGAZO, 2003,
p.60).
As características mais perceptíveis do homem operacional foram relacionadas
por Guerreiro Ramos (1984). Para ele, tal modelo subsiste em um meio social e
produtivo no qual se encontra, submetido a um método administrativo autoritário,
que aloca recursos de forma a manter o trabalhador em uma condição de extrema
passividade diante dos meios de produção. Esta passividade na qual o homem é
mantido e se enxerga, permite que ele seja devidamente programado por
especialistas para atuar nas organizações, na mais pura acepção taylorista. A
concepção de treinamento nestas organizações e para o homem operacional
destina-se como técnica, apenas a proceder os ajustes necessários à adequação do
individuo à máquina, obtendo uma maximização da produção. Guerreiro Ramos
(1984) evidencia ainda a visão que se tem neste momento do homem operacional: a
de que ele representa um ser humano calculista, cuja motivação decorre de
recompensas materiais e financeiras. Enxerga-se esse homem como um trabalhador
psicologicamente isolado e independente de outros indivíduos.
Neste período persiste a crença de que a administração de uma organização
seria imparcial, Guerreiro Ramos (1984) afirma ainda que esta crença aplicava-se
também à teoria administrativa. Desta forma seriam ambas, administração e teoria
administrativa, imparciais, isentas ou neutras. O autor evidencia ainda, nesta
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 37
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
condição, uma indiferença sistemática aos princípios éticos, norteadores da vida em
sociedade e aos seus valores, relegados desta forma, das organizações.
Ordenações que impliquem em questões ligadas à liberdade pessoal o
segregadas do ambiente organizacional e de seu organograma. Um dos pontos
principais apresentados por Guerreiro Ramos (1984), em relação ao homem
operacional, é a convicção de que o trabalho representa, em sua essência, um
adiamento da satisfação, do prazer e da qualidade de vida.
Finalmente um concepto de trabajo vinculado a la idea de la
satisfaccíon. Punto referente a este concepto de “Hombre
Operacional”, es Douglas MacGregor, por su propuesta que
llamó Tória X, em la que el trabaljo es considerado com um
castigo o punición (BEGAZO, 2003, p. 60).
O homem operacional é definido por Begazo (2003) como um trabalhador
passivo diante do processo produtivo, que necessita ser programado por um
especialista que lhe dirá o que e como fazer. É um mero operador de máquinas a
quem não se permite entender os mecanismos muito menos a totalidade do
ambiente produtivo em que atua. Begazo (2003) considera ainda que o homem
operacional precisa ser treinado e adestrado, motivado por recompensas materiais.
O tipo de organização onde o homem operacional atua é administrada como
uma máquina. Conforme Wood Jr. (1992), isto significa fixar metas, estabelecendo
como elas serão atingidas, organizar e detalhar todas as tarefas e controlar tudo:
produção e trabalhadores. Quando de seu surgimento, este tipo de administração foi
considerado extremamente inovador, porém sucumbiu à evolução social e
organizacional, porém é ainda utilizada.
Após dois séculos de industrialização e desenvolvimento
capitalista, temos estes valores já interiorizados. Quando do
seu surgimento, o gerenciamento cientifico foi visto como a
solução para todos os problemas. Ainda hoje muitas industrias,
ou mesmo unidades ou departamentos dentro de empresas,
encontram na administração cientifica uma resposta para seus
problemas (WOOD JR, 1992, p.8).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 38
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Desta forma percebe-se que organizações com condições típicas para a
manutenção do homem operacional continuam existindo, duzentos e tantos anos
após o advento dos industrialismo e quase cem anos após a divulgação das teorias
de F. W. Taylor. Se ainda persistem tais organizações, devem persistir também as
condições que exigem a permanência e a existência do homem operacional.
Guerreiro Ramos (1984) sustentação a esta afirmação, ao colocar a
permanência, naquele tempo, nos Estados Unidos da América, de organizações que
se baseavam no homem operacional e no modelo imediatamente seguinte, o homem
reativo:
Os modelos reativo e operacional ainda estão influenciando
largamente a estrutura dos sistemas sociais e organizacionais
deste país [Estados Unidos da América]. No meio intelectual,
estes modelos são profundamente criticados, mas nenhuma
alternativa de ampla aceitação foi ainda apresentada para eles
(RAMOS, 1984, p.06).
As condições para a existência de uma organização mecanicista são
enumeradas por Wood Jr. (1992):
condições ambientais estáveis;
produtos que sofram poucas mudanças ao longo do tempo;
fator humano previsível.
Esta condição de previsibilidade conjuga-se com as condições do homem
operacional. Uma organização mecanicista basear-se-á em uma racionalidade
funcional ou instrumental, segundo Wood JR. (1992), e isto indicaria o ajuste das
pessoas e das funções aos métodos de trabalho ou a projetos organizacionais pré-
definidos. A racionalidade substantiva, por sua vez, incentiva a reflexão e a
organização, conforme explicitado por Guerreiro Ramos (1984).
O quadro analítico a seguir permite que se vislumbrem as diferenças entre as
racionalidades substantiva e instrumental em consonância com os processos
organizacionais:
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 39
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
QUADRO 2 - TIPOS DE RACIONALIDADE E PROCESSOS ORGANIZACIONAIS.
Tipo de Racionalidade
X
Processos Organizacionais
RACIONALIDADE
SUBSTANTIVA
RACIONALIDADE
INSTRUMENTAL
Hierarquia e normas
Entendimento
Julgamento ético
Fins
Desempenho
Estratégia interpessoal
Valores e objetivos
Autorealização
Valores emancipatórios
Julgamento ético
Utilidade
Fins
Rentabilidade
Tomada de decisão
Entendimento
Julgamento ético
Calculo
Utilidade
Maximização de recursos
Controle
Entendimento
Maximização de recursos
Desempenho
Estratégia interpessoal
Divisão do trabalho
Autorealização
Entendimento
Autonomia
Maximização de recursos
Desempenho
Calculo
Comunicação e relações
interpessoais
Autenticidade
Valores emancipatórios
Autonomia
Desempenho
Êxito / resultados
Estratégia interpessoal
Ação social e relações ambientais
Valores emancipatórios
Fins
Êxito / resultados
Reflexão sobre a organização
Julgamento ético
Valores emancipatórios
Desempenho
Fins
Rentabilidade
Conflitos
Julgamento ético
Autenticidade
Autonomia
Cáculo
Fins
Estratégia interpessoal
Satisfação individual
Autorealização
Autonomia
Fins
Êxito
Desempenho
Dimensão simbólica
Autorealização
Valores emancipatórios
Utilidade
Êxito /resultados
desempenho
Fonte: SERVA (1997, p.24)
A compreensão da racionalidade é essencial para o entendimento dos
modelos de homem, da forma como foram idealizados por Alberto Guerreiro Ramos.
Cada modelo representa especificamente um estágio do homem no estabelecimento
e no domínio da racionalidade e da percepção da realidade. Representa também a
busca da razão como fundamento das ações humanas.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 40
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
2.2.2 HOMEM REATIVO
O homem reativo surgiu como uma alternativa ao homem operacional,
conforme Guerreiro Ramos (1984), pela primeira vez na primeira metade do século
XX. De acordo com Begazo (2003), o homem reativo evidencia-se a partir dos
estudos de Hawthorne, no final da década de 1920 e início da de 1930. Estes
estudos deram origem à Escola de Relações Humanas, pala qual o homem é
considerado muito mais complexo do que supunham os pensadores tradicionais.
Para Guerreiro Ramos (1984), os humanistas possuíam uma visão mais sofisticada
do homem e da natureza de sua motivação e, em oposição aos operacionalistas,
eles não relegavam o ambiente externo à organização, definindo-a como um sistema
social aberto. Os humanistas perceberam que os valores, sentimentos e atitudes
desempenham um papel importante e influenciam o processo de produção. Seu
modelo idealizado de homem é o seguinte:
O modelo de homem desenvolvido pelos humanistas pode ser
chamado de “homem reativo”, com tudo que o termo envolve.
Para os humanistas, como também para os seus antecessores,
o sistema industrial e a empresa funcionam como variáveis
independentes (RAMOS, 1984, p.5).
Os humanistas enxergavam o trabalhador como um ser reativo. Para
Guerreiro Ramos (1984) isto significa que seu principal objetivo era ajustar o
individuo ao seu contexto de trabalho, não procurando desenvolvê-lo
individualmente.
O modelo de homem reativo é fruto de uma nova visão da
motivação e da constatação da influência de seus sentimentos
e valores no espaço de produção econômica ou organizacional.
[...] O homem reativo se caracteriza pela adaptabilidade às
normas do grupo institucional; pela subordinação aos ditames
do grupo informal e adaptabilidade ao meio. Constitui uma
categoria que expressa a adaptabilidade e a sociabilidade do
ser humano, imergindo-o no grupo e subordinando-o a ele. O
espaço do homem reativo é a economia, a burocracia, ou seja,
o ambiente de massas ou grupos sociais maiores. Ele também
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 41
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
pertence, eventualmente, aos espaços isonômicos ou
conviviais (SERAFIM, 2001, p.5).
A utilização dos conceitos de relações humanas resultou na inserção total do
individuo na organização. Como informa Pizza Jr. (2007), a mudança do conceito de
homem operacional para homem reativo, provoca na verdade a mudança apenas no
enfoque que é dado a este novo modelo:as conseqüências dos relacionamentos
entre os indivíduos não sofreram alterações. Ao enfocar o trabalhador como reativo,
os pensadores humanistas destacavam apenas o seu ajustamento ao contexto
produtivo, desconsiderando o crescimento individual. A perfeita integração do
individuo à organização esbarra ainda neste momento na questão da racionalidade
substantiva e objetiva, conforme já explicitado.
2.2.3 HOMEM PARENTÉTICO
O homem parentético é o estágio mais sofisticado da teoria guerreiriana: este
modelo de homem poderia dotar a teoria administrativa do nível de sofisticação
conceitual necessário ao enfrentamento de questões relacionadas a às tensões
entre os tipos de racionalidade. Guerreiro Ramos (1984) preocupava-se com a
dinâmica dos novos tempos sem que o mercado influenciasse cada vez mais as
estruturas sociais.
O homem parentético idealizado por ele e relatado por Begazo (2003)
diferencia-se dos modelos anteriormente discutidos (operacional e reativo), por
possuir uma criticidade maior e melhor desenvolvida. Sua percepção sobre os
aspectos relacionados a sua existência e ao conjunto de suas ações e conduta
diárias também tem uma dimensão ampliada. O homem parentético supera os
limites que eram impostos aos modelos anteriores.
O adjetivo parentético deriva diretamente da noção retirada de Husserl, em
suspenso” e “entre parênteses”, conforme explicitado por Guerreiro Ramos (1984). A
atitude de exercício da crítica, segundo o autor, permite ao ser humano suspender-
se ou mesmo colocar entre parênteses o entendimento imediato do mundo comum,
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 42
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
fazendo com que o indivíduo alcance um nível mais elevado do pensamento, ou
nível conceitual, representando desta forma uma maior liberdade. Ao procurar
entender sua própria existência, o ser humano necessita isolar-se de tudo aquilo que
lhe aflige, assusta, comove ou mesmo agrada. A solução para a dúvida humana
encontra-se, conforme Guerreiro Ramos, no desenvolvimento da racionalidade. O
home parentético domina a razão e a criticidade de uma forma muito mais profunda
e sofisticada que os modelos anteriores. Essa afirmação é uma das premissas do
pensamento guerreiriano, ao lado da busca latente pelo conhecimento.
O homem parentético consegue abstrair-se do fluir da vida
diária, para examiná-lo e avaliá-lo como um espectador; Ele é
capaz de distanciar-se do meio que lhe é familiar; Ele tenta
deliberadamente romper suas raízes e ser um estranho em
seu próprio meio social, de maneira a maximizar sua
compreensão desse meio (RAMOS, 1984, p.6).
Guerreiro Ramos (1984) explora essa capacidade de pensar do ser humano,
suas habilidades perceptíveis e investigatórias da realidade, buscando desta forma
despertar o estado de dúvida. É a busca por respostas que torna o ser humano
especial. A busca por conhecimento torna-se latente:
Como essa criatura chamada homem pôde colocar "todo" o
mundo entre parênteses, se ela nunca esteve fora do mundo?
Não temos realmente a experiência de ficar fora” dos nossos
sentidos, das nossas memórias e imaginações, muito menos
dos nossos próprios pensamentos -- simplesmente não temos
essa experiência. Se não temos essa experiência, de onde
obtivemos a possibilidade de concebê-la e de tentar colocar-
nos neste estado, mesmo queo consigamos? Neste sentido,
é claro que nenhum outro animal, além do homem,
experimenta esse estado (CARVALHO, 2007, p.4).
Este estado ou condição parentética é a razão ou o seu exercício prático. A
racionalidade e a criticidade conduzem ao conhecimento.
Guerreiro Ramos (1984) buscou em Husserl a base da racionalidade que
define seus modelos de homem. Em Husserl ele encontra a fenomenologia.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 43
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Carvalho (1998), discorre sobre as conexões entre o pensamento de Descartes e
Husserl, procurando apontar a importância da fenomenologia do filósofo alemão.
Husserl vai tornar a dúvida cartesiana um processo muito mais
preciso, muito mais detalhado. Comparar a dúvida cartesiana
com a suspensão, como a chama Husserl -- a epokhé, com a
qual ele coloca tudo entre parênteses -- é mais ou menos como
comparar um relógio de areia com um relógio suíço a quartzo:
a máquina se tornou muito mais precisa, mas a função continua
exatamente a mesma. Essa análise realizada aqui valeria tanto
para Husserl quanto para Descartes. Husserl chegava a dizer
que o que ele chama de atitude fenomenológica é não
diferente, mas é radicalmente oposta à atitude natural. A
atitude natural é crer no que se pensa, crer no que se sente,
crer no que se imagina. Crer ou descrer: ou afirmamos, ou
negamos, mas em ambos os casos cremos: cremos na
afirmação ou na negação. Ora, a atitude fenomenológica não
afirma nem nega, ela simplesmente descreve o que es se
passando diante da nossa consciência, ou seja, o próprio
conteúdo intencional do ato cognitivo é observado por nós, sem
que o afirmemos ou neguemos (CARVALHO, 2007, p.6-7).
A fenomenologia de Husserl traduz uma atitude oposta à condição natural do
ser humano, quando se acredita naquilo que se pensa, naquilo que se sente e
imagina, ou ainda na sua negação. Para Carvalho (2007), a atitude fenomenológica
não afirma nem nega coisa alguma, ela simplesmente descreve aquilo que passa da
consciência humana.
As condições e circunstâncias sociais encontradas nas sociedades industriais
mais avançadas no início da década de 1970, sendo os Estados Unidos da América
seu mais expressivo exemplo, favorecia o desenvolvimento de comportamentos,
atitudes e posturas parentéticos.
A atitude parentética é definida como a capacidade psicológica
do indivíduo de separar a si mesmo de seu ambiente interno e
externo. Os homens parentéticos prosperam quando termina o
período da ingenuidade social. Por isso, a sociedade
“informada” é o ambiente natural do homem parentético
(RAMOS, 1984, p.8).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 44
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Azevedo (2006) afirma que o homem parentético é um modelo útil às ciências
sociais, especialmente no que tange à avaliação do projeto de funcionamento das
organizações e dos sistemas sociais. Este modelo o se resumiria apenas ao seu
caráter avaliativo, pois contempla elementos capazes de conduzir analistas e
planejadores de sistemas sociais a imaginar uma infinidade de novos tipos de
organizações. Azevedo (2006) destaca que estas seriam organizações direcionadas
a atender às aspirações de realização e desenvolvimento dos seres humanos.
Conforme este autor, Guerreiro Ramos elaborou três advertências com o intuito de
auxiliar o entendimento sobre o homem parentético:
1. o modelo de homem parentético não é descritivo, desta forma não deve ser
aplicável a um individuo considerado isoladamente, sua essência é
puramente normativa;
2. o homem parentético é uma possibilidade consistente nas sociedades
contemporâneas. Sua existência pode ser concretizada uma vez que estas
sociedades possuem condições adequadas ao desenvolvimento e efetivação
deste modelo de homem;
3. o homem parentético não representa uma conformidade ao meio em que
coexiste, dificultando assim a sua explicação pela psicologia do ajustamento.
Considerando estas advertências, o homem parentético guerreiriano pode ser
definido como um ser racional que se empenha em atualizar de forma constante as
suas potencialidades. O entendimento das concepções de Guerreiro Ramos trilha
um caminho em torno da razão, sua construção, entendimento e manutenção. O
domínio da razão em sua opinião permitirá ao ser humano entender e transformar a
sociedade.
Além dessa característica do homem parentético (um ser de
razão), outra merece destaque especial: o seu incessante
empenho na atualização de suas potencialidades humanas.
Dessa forma, as noções de realização pessoal (personal
actualization), auto-realização (self-actualization) e
crescimento pessoal (personal growth) são essenciais para a
compreensão de homem em Guerreiro Ramos, embora ele as
tenha apresentado de maneira um tanto quanto confusas,
principalmente em seu último livro, onde procurou esclarecer
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 45
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
melhor alguns de seus conceitos. De todo modo, era sua
opinião que um dos principais obstáculos para a compreensão
do tipo parentético de homem e de seu modo de vida estaria
na própria ciência que se preocupa em estudar o
comportamento humano a psicologia (AZEVEDO, 2006,
p.14).
Para atingir a sua realização pessoal e profissional e o conseqüente
crescimento pessoal, tornou-se essencial ao homem parentético a manutenção de
uma criticidade em relação ao seu meio, permitindo o uso constante da razão, mas
uma crítica isenta, não comprometida com os aspectos pessoais da existência
humana. Carvalho (1998) coloca que o primeiro passo da investigação filosófica, da
busca do conhecimento, é isolar-se ou suspender-se do objeto de estudo ou daquilo
que se procura compreender. “Quase tudo o que os filósofos descobriram ao longo
dos milênios foi estranhando coisas que o hábito nos faz esquecer que são
estranhas” (CARVALHO, 1998, p.4). O homem parentético desenvolve a capacidade
dos filósofos de estranhar aquilo que lhe é corriqueiro e coloca-se mentalmente fora
da realidade que busca entender. Desta forma, nas sociedades industriais mais
avançadas, o homem coloca-se “entre parênteses”, pode estranhar esta realidade,
conduzindo sua investigação, como procederam no passado diversos indivíduos que
se destacaram em suas atividades:
Os padrões de comportamento, que apenas existem em forma
residual nas sociedades em estágios anteriores de evolução,
tendem agora a se tornar universais nas sociedades industriais
avançadas. De fato, no passado, esses padrões de
comportamento podiam ser encontrados apenas em indivíduos
excepcionais. Sócrates, Bacon e Maquiavel, por exemplo,
tinham a capacidade psicológica, [...] de ‘diferenciar o eu do
mundo interior do eu do mundo em volta’, o que os tornava
capazes de perceber suas respectivas sociedades como
arranjos precários. Enquanto a massa da população, nas
sociedades menos evoluídas, interpretava a si própria e a
realidade social de acordo com as definições
convencionalmente estabelecidas, estes pensadores tiveram a
capacidade de suspender suas circunstâncias internas e
externas, podendo assim examiná-las com visão crítica. Esta
claramente se qualifica como uma capacidade parentética. De
fato, a suspensão equivale aqui a pôr as circunstâncias ‘entre
parênteses’ (RAMOS, 1984, p.6).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 46
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Guerreiro Ramos pondera sobre as características parentéticas. Um
comportamento e práticas que no passado eram domínios exclusivos de certos
indivíduos podem no final do século XX, ser aplicados para a caracterização de toda
uma sociedade. Portanto o autor enumera as qualidades do homem parentético que
seriam necessárias ao novo tempo, além de toda a suspensão e estranhamento
básicos ao entendimento deste modelo:
Esse quarto homem não se empenharia em excesso para ser
bem sucedido segundo padrões convencionais, como o faz o
alpinista. Ele teria um grande senso de individualidade e uma
forte compulsão por encontrar sentido para sua vida. o
aceitaria padrões de desempenho sem um senso crítico,
embora possa ser um grande realizador quando lhe forem
atribuídas tarefas criativas. Ele evitaria trabalhar apenas com o
intuito de fugir à apatia ou à indiferença, pois o comportamento
passivo ofenderia seu senso de auto-estima e autonomia.
Empenhar-se-ia no sentido de influenciar o ambiente, para
retirar dele tanta satisfação quanto fosse capaz. Seria
ambivalente em relação à organização [...] Sua ambivalência
qualificada decorreria de seu entendimento de que as
organizações têm que ser tratadas de acordo com seus
próprios termos relativos, já que elas são limitadas por sua
racionalidade funcional (RAMOS, 1984, p.8).
A necessidade de comportamentos parentéticos justifica-se, de acordo com
Begazo (2003), pelo fato de ser o mundo contemporâneo composto por ambientes
turbulentos, que se modificam muito rápida e profundamente. Essa característica
torna necessário que existam organizações empresariais flexíveis, ágeis e que
acima de tudo sejam capazes de operar mudanças em sua estrutura de maneira
rápida e eficaz. Logo, é preciso que as empresas que sejam capazes de entender o
mercado e a sociedade que constitui esse mercado. Um exemplo significativo de
uma organização empresarial do Futuro foi dada por Wood Jr (1992), quando fez
uma comparação desta empresa com uma banda de jazz.
Talvez o modelo de organização do futuro esteja ainda mais
próximo de uma banda de jazz. Uma forma musical surgida em
nosso século, caracterizada pela utilização de escalas
africanas com harmonias européias, pela pequena ou quase
nenhuma importância do maestro substituído pela primazia
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 47
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
do senso comum, pelo pequeno porte, pela produção de uma
música marcada pela existência de padrões mas com enorme
espaço para a improvisação individual e coletiva, pela
valorização dos músicos e, principalmente, pelo prazer da
execução (WOOD JR, 1992, p.18).
Para operar essas empresas são necessários indivíduos que sejam capazes
de refletir e pensar, que possuam consciência crítica e que a exerçam, homens e
mulheres que busquem alternativas e soluções para os problemas do ambiente
produtivo e também da sociedade, problemas novos e diferentes daqueles que antes
atormentavam a sociedade; homens que pensem e ajam colocando em pratica os
seus sentimentos.
2.3 A CONSTRUÇÃO DA SOCIEDADE DA PRODUÇÃO
A Sociedade da Produção caracteriza-se pela preponderância da indústria,
valorada no conjunto das atividades econômicas. A atividade principal de geração de
riqueza nesta sociedade encontra-se na produção industrial e na escala que esta
consegue atingir.
As ondas de desenvolvimento foram diversas, com força, velocidade e
intensidade variadas que atingiram os mais remotos confins do planeta. Situações
que transformaram e alteraram profundamente a existência e os relacionamentos
humanos. As ondas do desenvolvimento humano são classificadas como
“Revoluções Tecnológicas”, pois produziram profundas transformações na maneira
como as sociedades produziam, desenvolviam-se e construíam seus
relacionamentos.
O termo Revolução Tecnológica, apesar de bastante amplo em
seu significado, pode ser conceituado como [...] as descobertas
ou as criações realizadas pelo Homem, que afetam, de forma
profunda, ampla e generalizada, os conhecimentos, os
costumes e as práticas cotidianas do seu meio. Para que seja
considerada uma revolução tecnológica, o objeto do estudo
deve contemplar o amplo aspecto desse conceito, uma vez que
não poderá, simplesmente, se ater a modificar os
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 48
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
conhecimentos ou os costumes de determinada comunidade,
por maior e mais influente que seja essa comunidade em seu
tempo e espaço (FERREIRA, 2006).
São
considerados como “Revoluções Tecnológicas” todos os acontecimentos
verificados em decorrência do desenvolvimento do conhecimento humano, que
provoquem alterações profundas nos modelos produtivos e de organização das
sociedades humanas. Essas mudanças podem ocorrer de maneira rápida ou mesmo
paulatinamente nas sociedades e os acontecimentos deverão produzir mudanças
que lhes sejam decorrentes ou alterem o meio ambiente e a organização do sistema
produtivo e social nos locais onde ocorram.
A primeira onda de desenvolvimento intensificado pela qual a humanidade
passou é representada pelo início da prática da agricultura e da pecuária. A
Revolução Agrícola marca o início de um longo processo que levou à sedentarização
do ser humano e ao seu desenvolvimento. Ocorrida na Pré-história, em um período
denominado Pedra Polida ou Neolítico, dela decorre a denominação de “Revolução
Neolítica”, dada ao conjunto de eventos e situações.
cerca de 10 mil anos, o homem passou de coletor de
alimentos e caçador a criador de animais e agricultor. Os
coletores e caçadores viajavam em bandos compostos em
média de quarenta indivíduos, seguindo manadas de animais
para assegurar o suprimento de comida. Mas depois de
encerrada a Era Glacial, houve um surto de crescimento de
nova vegetação, e os humanos começaram a permanecer em
um local para domesticar animais e cultivar plantas. Nós nos
tornamos modeladores da paisagem. Essa foi uma mudança
significativa na evolução da cultura e do comportamento de
nossa espécie, pois então se tornou possível a criação de
povoados e comunidades e, certamente, da civilização como a
concebemos hoje. Antes dessa mudança, era difícil a
tecnologia desenvolver-se em um grau significativo, pois os
povos nômades precisavam carregar tudo consigo em suas
jornadas diárias de perseguição às manadas (BRODY &
BRODY, 1999, p.280).
A organização do ser humano em sociedades agrárias durou mais de oito mil
anos, terminando no século XVIII quando começa a Revolução Industrial ou
“Primeira Revolução Tecnológica”. Nesse período as informações e o conhecimento
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 49
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
eram restritos a pessoas autorizadas e aos próprios governantes, aqueles que
autorizavam o conhecimento. Durante a vigência das sociedades agrárias,a principal
riqueza que poderia vir a ser possuída, portanto disputada, era a terra. O solo fértil
constituía-se um bem palpável e material, fonte da alimentação e da força de um
povo.
2.3.1 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Entende-se por Revolução Industrial o processo de transformações no
ambiente da produção manufatureira que levou à substituição da força e da
habilidade humana pela força mecânica e pela habilidade da máquina, ou ainda uma
habilidade que é obtida através da utilização de máquinas. O processo de
mecanização da produção teve registrado o seu início no século XVIII, na Grã-
Bretanha. A expansão da produção industrial ainda hoje se encontra em franco e
continuo desenvolvimento:
A máquina, da qual parte a Revolução Industrial, substitui o
trabalhador, que maneja uma única ferramenta, por um
mecanismo, que opera com uma massa de ferramentas iguais
ou semelhantes de uma só vez, e que é movimentada por uma
única força motriz, qualquer que seja sua força.12 temos a
máquina, mas apenas como elemento simples da produção
mecanizada (MARX, 1996, p.11).
Dentre os diversos fatores apontados como iniciadores do processo de
desenvolvimento da indústria na Inglaterra destacam-se a tradição comercial e a
disponibilidade de recursos financeiros em volume considerável e acessível. A base
política encontra-se na Revolução Gloriosa, eclodida em 1689, pela qual a burguesia
conquistou o poder político que criou para a burguesia britânica as condições
necessárias ao pleno desenvolvimento do comércio marítimo, a aplicação definitiva
de princípios capitalistas ao meio agrário e o conseqüente acúmulo de riqueza,
conforme explicitado por Camargo Neto (2005).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 50
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
O início da Revolução Industrial caracterizou-se por ser um período de
inovações e constante progresso técnico. Sua característica principal é justamente a
ocorrência da invenção e aperfeiçoamento de engenhos mecânicos. As invenções
não resultam de atos individuais, nem são frutos do mero acaso. A inovação atende
sempre a uma necessidade prática, ou será inútil. O inovador deve estar
perfeitamente conectado com sua realidade e com as necessidades de seu trabalho.
Por exemplo, Leonardo da Vinci imaginou uma máquina a vapor em pleno século
XVI, porém ela somente foi ter aplicação prática no século XVIII. Karl Marx (1996)
aponta as três partes que constituem o conjunto de máquinas:
Toda maquinaria desenvolvida constitui-se de três partes
essencialmente distintas: a máquina-motriz, o mecanismo de
transmissão, finalmente a máquina-ferramenta ou máquina de
trabalho. A máquina-motriz atua como força motora de todo o
mecanismo. Ela produz a sua própria força motriz, como a
máquina a vapor, a máquina calórica, a máquina
eletromagnética etc., ou recebe o impulso de uma força natural
pronta fora dela, como a roda-d’água, o da queda-d’água, as
pás do moinho, o do vento etc. O mecanismo de transmissão,
composto de volantes, eixos, rodas dentadas, rodas-piões,
barras, cabos, correias, dispositivos intermediários e caixas de
mudanças das mais variadas espécies, regula o movimento,
modifica, onde necessário, sua forma, por exemplo, de
perpendicular em circular, o distribui e transmite para a
máquina-ferramenta. Essas duas partes do mecanismo
existem para transmitir o movimento à máquina-ferramenta, por
meio do qual ela se apodera do objeto do trabalho e modifica-o
de acordo com a finalidade. É dessa parte da maquinaria, a
máquina-ferramenta, que se origina a revolução industrial no
século XVIII. Ela constitui ainda todo dia o ponto de partida,
sempre que artesanato ou manufatura passam à produção
mecanizada (MARX, 1996, p.8-9).
O setor produtivo onde teve início o processo de mecanização da produção
foi o têxtil de algodão. De acordo com Camargo Neto (2005), o que motivou esse
setor a mecanizar-se foi o fato da inexistência de regulamentos corporativos
medievais que protegiam a ação dos artesãos britânicos e que proibissem a
produção de tecidos de algodão utilizando-se de máquinas. Esta situação não
ocorria, porém com a tecelagem de de ovelhas, controlada por antigos
regulamentos, alguns da Idade Média ainda. E quem possuía poder nesse setor
eram as antigas corporações de artesãos.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 51
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
O processo de industrialização passou por fases bem delimitadas com uma
duração temporal variável, conforme os autores também devido aos equívocos que
ocorrem entre as denominações “Revolução Tecnológica”, “Revolução Industrial” e
as “Ondas de Desenvolvimento” relacionadas por Alvim Tofler (1992). Arruda e Piletti
(1999) coloca pelo menos quatro fases ou momentos no processo de
industrialização, bem como as suas características principais:
1760 a 1850 A Revolução se restringe à Inglaterra [...]
Prepondera a produção de bens de consumo, especialmente
têxteis, e a energia a vapor; 1850 a 1900 A Revolução
espalha-se por Europa, América e Ásia [...] Cresce a
concorrência, a indústria de bens de produção se desenvolve,
as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia,
como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. [...] 1900 até 1980
Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A
produção se automatiza; surge a produção em série; e explode
a sociedade de consumo de massas, com a expansão dos
meios de comunicação. Avançam a indústria química e
eletrônica, a engenharia genética, a robótica. De 1980 em
diante A Revolução tecnológica ganha enorme impulso com
a disseminação da informática; surgem os computadores
pessoais. A informática passa a dar saltos cada vez mais
rápidos, envolvendo quase todas as áreas da atividade
humana. A internet torna-se o novo veículo unificador, ao
dinamizar a transmissão de informações em todo o mundo
(ARRUDA, 1999, p. 238).
Fatores culturais e técnicos favoreceram o desenvolvimento tecnológico e o
surgimento de inovações produtivas na Europa, em maior intensidade a partir da
Revolução Industrial, no século XVIII. Segundo Landes (1998), diversos
equipamentos, técnicas e objetos, atualmente corriqueiros, contribuíram para o
desenvolvimento do espírito inovador e também para o desenvolvimento material,
econômico e cultural dos europeus. Segundo o autor, eles contribuíram para o
surgimento da Revolução Industrial ou Tecnológica, a partir do século XVIII. Seriam
eles: a roda d’água ou azenha; os óculos; o relógio mecânico e a pólvora.
Além dos equipamentos, materiais e técnicas, Landes (1998), sugere ainda
que muitos fatores religiosos e culturais contribuíram para o desenvolvimento desta
cultura da inovação na Europa. Com base em seu espírito inovador, os europeus
transportaram sua cultura e seu domínio praticamente a todo o mundo: o respeito
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 52
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
judaico-cristão pelo trabalho manual; a noção judaico-cristã de tempo e o mercado e
a iniciativa livre.
A existência do trabalho manual na Europa Medieval contribuiu para o
desenvolvimento daquele continente. Nas cidades medievais (burgos) era o próprio
dono da oficina que, além de comandar os serviços, também produzia, juntamente
com os demais trabalhadores (oficiais e aprendizes). Os europeus, por onde
passaram, submeteram a natureza a sua vontade e controle. Práticas como a
construção de canais e barragens em rios, drenagem de pântanos, irrigação de
desertos, mineração e pesca em larga escala servem para exemplificar este
segundo fator. Os europeus encurtaram distâncias e dominaram mares e a terra
além deles. O tempo linear traduz e transmite uma idéia de progresso, logo, a
idéia de que o dia de hoje deve ser melhor que o dia de ontem; conseqüentemente o
amanhã deverá ser melhor que hoje. Não um recomeço a cada ciclo, aliás, não
existem ciclos, segundo este pensamento e noção de tempo. Os europeus
apegaram-se a esta idéia e também àquela de que se transformam a natureza por
seu trabalho estarão em constante progresso. A existência do mercado livre, ou seja,
a existência de alguém disposto a adquirir o resultado do trabalho de alguém,
funciona como uma recompensa para o trabalho e para o gênio daquele que procura
inovar. Assim, as inovações surgiram das possibilidades de mercado, que foi o
propulsor da inovação tecnológica.
A produção industrial tornou-se essencial para a Grã-Bretanha, provocando
mudanças ideológicas e também nos paradigmas produtivos muito enraizados na
Cultura Ocidental. A Grã-Bretanha, na primeira metade do século XIX, era o país
mais industrializado que existia. A Europa, na área industrial, era ainda muito
incipiente. A Inglaterra era chamada de a Oficina do Mundo”. A rivalidade
econômica e a disputa por mercados consumidores e fornecedores com a Alemanha
ainda não havia sido iniciada. O desenvolvimento industrial e seus desdobramentos
comerciais provocaram a construção de um império colonial e econômico pela Grã-
Bretanha. Um império poderoso e forte a ponto de influir em governos e intervir em
diversos países, conforme os seus interesses.
As conseqüências sociais do processo de industrialização britânico e europeu
foram apontadas por Hobsbawm (1982). A exploração dos operários no ambiente de
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 53
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
trabalho, aliada às péssimas condições de trabalho e de vida, somadas à
remuneração insuficiente, fomentaram diversos movimentos políticos ao longo do
século XIX.
As conseqüências mais graves foram de ordem social: a
transição para a nova economia criou miséria e
descontentamento, ou seja, os ingredientes para a revolução
social. E, na verdade, a revolução social eclodiu, sob a forma
de sublevações espontâneas dos explorados urbanos e da
indústria, e esteve na base das revoluções de 1848 no
continente e do vasto movimento cartista na Grã-Bretanha.
[...] Os trabalhadores reagiram ao novo sistema destruindo as
máquinas, que eles consideravam responsáveis pelas suas
preocupações. Porém, um grupo surpreendentemente vasto de
negociantes e agricultores (/59) locais estava profundamente
solidário com estas actividades dos seus trabalhadores,
porquanto também eles se sentiam vítimas de uma diabólica
minoria de inovadores egoístas. [...] Foi esta situação que os
uniu nos movimentos de massas do ‘radicalismo’, da
‘democracia’ ou do ‘republicanismo’, dos quais se destacaram
entre 1815 e 1848 os Radicais Britânicos, os Republicanos
Franceses e os Democratas Jacksonianos Americanos
(HOBSBAWM, 1982, p. 58-59).
O desenvolvimento da indústria teve desdobramentos comerciais que
resultaram no estabelecimento do império colonial britânico. A Grã-Bretanha tornou-
se tão poderosa que foi capaz de influenciar governos e intervir em países conforme
suas necessidades econômicas e interesses. Outras conseqüências puderam ser
sentidas, especialmente nas relações de trabalho. Hobsbawm (1982) apontou esta
situação como sendo a mais grave conseqüência do processo de industrialização.
As terríveis condições de trabalho e a baixa remuneração resultaram em péssimas
condições de sobrevivência para a classe operária britânica e européia, fomentando
diversos movimentos políticos contestatórios ao longo do século XIX.
2.3.2 SOCIEDADE DA PRODUÇÃO
A Revolução Industrial fez surgir e se desenvolver um modelo de organização
social, com necessidades e anseios específicos. Situada em um período histórico
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 54
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
que vai da metade do século XVIII até a segunda metade do século XX, a
“Sociedade Industrial” possui um conjunto de características que a torna distinta do
modelo anterior, seja esta uma sociedade de base comercial ou mesmo aquele
modelo social anterior e que se fundamentava na agricultura, típico da Europa
Feudal.
A sociedade industrial nasce na mesma época em se desenvolve na Europa o
movimento iluminista ou Ilustração, conforme afirmado por De Masi (1999). O
Iluminismo foi um movimento intelectual em favor da racionalidade e contra a
emotividade mística que até então conduzia as ações humanas. O século XVIII ficou
conhecido como a “Época das Luzes”, um período em que ocorre a difusão de idéias
que procuram transformar a realidade até então percebida. As idéias iluministas se
espalharam pelo mundo, conquistando adeptos, alguns deles seguidores fervorosos
e defensores dedicados de seus princípios, conforme Aquino (1998). Até o
movimento das luzes, o ser humano dominava apenas o aspecto emotivo e aceitava
as explicações mítico-religiosas para os fenômenos naturais que eram percebidos. O
Iluminismo veio promover a substituição das explicações emotivas por explicações
racionais. Mas as indústrias que nasciam exatamente naquele período procuravam
dar uma interpretação para o Iluminismo de uma forma que fosse possível justificar a
sua própria existência e as suas atividades produtivas. A exemplo do Iluminismo, a
indústria reafirma que tudo aquilo que é adequado ao ser humano deve,
necessariamente, ser racional
2
.
Algumas das características que podem ser percebidas no conjunto da
sociedade industrial foram identificadas por De Mais (1999): grande concentração de
2
Na cultura da chamada sociedade ocidental, a palavra Razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e
a palavra grega logos. Essas duas palavras são substantivos derivados de dois valores que tem sentido muito
parecido em latim e em grego. Logos vem do verbo Legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular. Ratio
vem do verbo Reor, quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar, calcular. Que fazemos quando medimos,
juntamos, separamos, contamos e calculamos? Pensamos de modo ordenado. E de que meios usamos para
essas ações? Usamos palavras (mesmo quando usamos números estamos usando palavras, sobretudo os
gregos e os romanos, que usavam letras para indicar números). Por isso, Logos, Ratio ou Razão significam
pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção com clareza e de modo compreensível para os outros.
Assim, na origem, Razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar
e dizer as coisas tais como o. A Razão é um amaneira de organizar as coisas porque são organizáveis,
ordenáveis, compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto é, as próprias coisas são racionais. (CHAUI,
Marilena. Convite a Filosofia. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1996. p.59-60);
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 55
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
trabalhadores assalariados em fábricas e em organizações financiadas por
investidores, conforme o sistema produtivo industrial; predomínio quantitativo dos
trabalhadores do setor secundário em relação aos demais setores da economia; a
indústria prevalece como principal fonte de renda de uma sociedade e desta forma
as descobertas cientificas são mais facilmente aplicadas à ela; o trabalho é cientifico
e racionalmente organizado e socialmente dividido; o local de trabalho é distinto do
ambiente familiar particular de cada pessoa; aumento considerável da vida
urbana com progressão do nível de escolarização da sociedade; percebe-se uma
redução das desigualdades culturais e sociais; os espaços públicos e privados são
melhor adequados para o consumo e a produção dos produtos da indústria; o ocorre
uma mobilidade geográfica e social mais intensificada e um considerável aumento
da produção e do consumo de massa; a crença no progresso constante, que é
irreversível; o ritmo de vida do ser humana é ditado pela máquina e não mais por
seu organismo.
Um aspecto marcante de uma sociedade industrializada reside no fato de que
esta se apresenta muito mais desenvolvida que em estágios anteriores, nos quais a
agricultura servia de base à estrutura econômica. Guerreiro Ramos (1996) apega-se
a esta questão das estruturas econômicas para analisar o nível de desenvolvimento
de uma sociedade.
Uma estrutura será tanto mais elevada quanto mais força de
trabalho liberar das atividades secundárias primárias
(agropecuária e extração) e transferir para as atividades
secundárias (industriais) e terciárias (serviços) (RAMOS, 1996,
p.140).
O termo estrutura é considerado por Guerreiro Ramos (1996), neste caso, em
sua acepção econômica, tomando-a com base na distribuição da força de trabalho
nos diversos níveis da produção. O autor considera a sociedade industrial muito
mais desenvolvida que seus modelos anteriores.
O desenvolvimento é uma promoção mediante a qual as
regiões e nações passam de uma estrutura a outra superior.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 56
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Diz-se que uma região se encontra em desenvolvimento
quando, em sua estrutura, estão surgindo os fatores genéticos
de outra superior. Da transformação da estrutura atual em outra
superior, decorrerá a substituição dos problemas atuais por
outros menos grosseiros ou mais refinados. Não há, no
domínio da realidade histórico-social, nenhuma idade de ouro,
na qual cesse a problematicidade da vida humana. Para todo
grau de desenvolvimento, por mais elevado que seja, haverá
sempre outro seguinte superior (RAMOS, 1996, p.140).
Desta forma uma sociedade que é considerada desenvolvida, não apenas
necessita possuir uma estrutura econômica superior a um modelo anterior baseado
na agricultura, mas também ter em seu interior condições que propiciem a sua
evolução. Uma sociedade desenvolvida é propensa ao progresso. Conforme
Guerreiro Ramos (1996), para todo grau elevado de desenvolvimento sempre
existirá um outro ainda superior a ele e que lhe será posterior na história. Mesmo
assim o autor coloca que não se está empobrecendo a agricultura como atividade
produtiva muito menos se pensando em polarizá-la com a indústria.
Note-se que ao falar em industrialização não se esta
desprezando a agricultura, a qual eleva sua produtividade
quando, pelo aumento de suas inversões, se integra no sistema
capitalista de produção. Não tem, pois, sentido a polaridade
que habitualmente se costuma afirmar entre agricultura e
indústria. Quando um país entra em fase de industrialização, os
efeitos desta sobre a agricultura são positivos do ponto de vista
econômico e sociológico (RAMOS, 1996, p.153).
A agricultura faz parte das atividades capitalistas e a industrialização aumenta
sua capacidade de produção, assim como a riqueza da região ou da nação. A
indústria alavanca a agricultura elevando o nível das estruturas econômicas. Para
Guerreiro Ramos (1996), com a indústria ocorre um aumento da renda com o
trabalho agrícola, os custos de produção se reduzem e uma melhoria das
condições de vida dos agricultores, não apenas pelo aumento do poder seu
aquisitivo, mas pela assimilação de novos e mais sofisticados hábitos de consumo.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 57
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
2.4 A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
O modelo de sociedade baseado na produção industrial predominou até a
década de 1960, quando se torna evidente um novo modelo produtivo baseado no
conhecimento. A sociedade não mais se fundamentava na produção intensa e
ilimitada da indústria. Guerreiro Ramos (1983) coloca que na década de 1980,
diversos estudiosos se encontravam convencidos de que o conhecimento,
especialmente em seu viés tecnológico, encontrava-se na iminência de assumir o
papel desempenhado até então pela capital financeiro. Havia, segundo ele, uma
aposta de que o domínio e a utilização do conhecimento se sobreporiam a qualquer
outra atividade humana.
Possuímos, agora, ou sabemos como obter a capacidade
técnica para fazer qualquer coisa que queiramos. Não seria
difícil citar muitos autores que sustentam ponto de vista idêntico
e, consequentemente, sugerem que o progresso, ao menos
teoricamente poderia ser ilimitado nos dias de hoje. Dessa
maneira, a riqueza ganha novo sentido. Deixa de ser produzida
exclusivamente pela natureza; tornou-se essencialmente obra
do homem. È possível criar a riqueza por meio de uma
administração adequada, isto é, mediante conhecimento
aplicado (RAMOS, 1983, p.36-37);
Chamado atualmente de “Terceira Revolução Industrial-Tecnológica”,
momento imaginado por Guerreiro Ramos quando o homem supera a natureza,
representa o surgimento de um modelo produtivo no qual se percebe a superação
dos processos mecânicos e industrialistas repetitivos, evidentes nas duas fases da
Revolução Industrial que a antecederam. A Terceira Revolução Industrial tem por
sua base a micro-eletrônica e a microbiologia, pontos essenciais nos quais se
fundamentam diversos outros aspectos desta revolução tecnológica:
A terceira revolução tecnológica (a atual) começou na segunda
metade da década de 60 e se consolidou nos anos 70 com o
sistema flexível de produção da Toyota. A fábrica monta muitos
modelos e em quantidade. Quando um carro é vendido, outro é
produzido para reposição. A demanda é que puxa a produção.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 58
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
O elemento que marca definitivamente seu perfil é o
computador. A informática, a robótica, telecomunicações,
novos materiais e a biotecnologia assumem papel fundamental
nas transformações na indústria. Capitaneada pelas indústrias
automobilística e eletroeletrônica, ela provoca um salto
vertiginoso de produtividade (LUNA, 2006).
Outros aspectos da Terceira Revolução Industrial podem ser ainda
identificados como o emprego do binômio informática-robótica. Este aspecto
especificamente acabou por implicar na difusão da automação dos processos
produtivos da indústria dos principais países dentro da economia capitalista.
Apesar de serem conceitos que transmitem idéias que possam ser
confundidas entre si, diferenças fundamentais: Sociedade do Conhecimento
transmite o conceito de que a informação é utilizada diretamente pelo individuo,
proporcionando uma maior interação entre quem transmite e quem recebe a
informação; Sociedade da Informação representa um estágio anterior e inferior à
Sociedade do Conhecimento, transmitindo o conceito da informação como produto
ou insumo.
2.4.1 CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
Devido a sua relativa complexidade, o termo “Sociedade Pós-Industrial”,
utilizado por um certo tempo, foi gradativamente substituído por “Sociedade da
Informação” e “Sociedade do Conhecimento”. A utilização desses termos que
buscam definir o modelo social e produtivo em o mundo contemporâneo vive,
possibilitando a identificação dos seus diversos paradigmas, tornou-se o objeto de
uma intensa discussão conceitual:
A realidade que os conceitos das ciências sociais procuram
expressar refere-se às transformações técnicas,
organizacionais e administrativas que m como “fator-chave”
não mais os insumos baratos de energia como na sociedade
industrial mas os insumos baratos de informação propiciados
pelos avanços tecnológicos na microeletrônica e
telecomunicações” (WERTHEIN, 2000, p.71).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 59
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A expressão “Sociedade da Informação” deve, conforme Assman (2000), ser
compreendida primeiro como uma abreviação de um dos aspectos singulares dessa
sociedade: a presença cada vez mais acentuada das novas tecnologias da
informação e da comunicação. Segundo ele, a expressão serviria apenas para
chamar a atenção para este aspecto, porém não caracterizaria a sociedade como
um todo. O autor assegura que a expressão “sociedade da informação” não
representa a totalidade dos aspectos relacionais identificados como fundamentais e
expressivos deste modelo de sociedade. Assim sendo discorre sobre uma série de
denominações que são aplicadas a tal modelo de sociedade:
Do conceito de sociedade da informação, passou-se, por vezes
sem as convenientes cautelas teóricas, ao de Knowledge
Society (Sociedade do Conhecimento) e Learning Society
(Sociedade Aprendente). Em francês alguns falam em Socie
Cognitive. Parece haver alguma conveniência para admitir, em
português, a expressão sociedade aprendente. Nas teorias de
gerenciamento empresarial, alastra-se o discurso sobre
learning organisations (organizações aprendentes) [...] A
incrível abundância e variedade de linguagens acerca desse
processo tecnológico e, ao mesmo tempo, ideológico-político é
um fenômeno deveras impressionante” (ASSMANN, 2000, p.8).
Informação é um conceito que admite muitos significados e profunda
complexidade, conforme colocado por Assmann (2000). Destaca-se que o caminho a
ser trilhado para a transformação da informação em conhecimento é um processo
relacional humano, e não apenas uma operação tecnológica. Para que se obtenha
uma maior e melhor compreensão deste processo, é importante que se procure
estabelecer uma distinção clara entre os significados de “dados”, “informação” e
“conhecimento”, termos comuns aos conceitos que se procura conhecer. A produção
de dados que sejam ou não analisados e estruturados não conduz necessariamente,
de forma clara à criação imediata da informação. Dessa mesma forma não se pode
considerar que toda e qualquer informação venha a ser transformada ou concebida
como sendo conhecimento.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 60
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
O termo conhecimento é polissêmico e permite diversas compreensões sobre
seu significado. O conceito de conhecimento, para Squirra (2005), é até
escorregadio, e seu estudo e entendimento tem despertado a atenção de diversos
campos do saber.
Para uma melhor compreensão de tudo aquilo que foi exposto, o quadro a
seguir, baseado nas citações anteriores procura estabelecer algumas delimitações
entre os diversos conceitos, vinculando as ponderações sobre o que seja dado,
informação e conhecimento:
QUADRO 3 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES: DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
DADO
Conjunto de fatos discretos e objetivos sobre eventos. Em uma
organização são os registros de transações.
INFORMAÇÃO
Dados com atributos de relevância e propósito.
É entendida como mensagem.
É apresentada sob a forma de documentos, mensagens visuais
ou audíveis.
É acima de tudo contextual.
Constitui-se pelo entendimento, experiência e pela ação do ser
humano.
É intuitivo e se encontra ligado à:
capacidade de agir;
experiências e valores do usuário;
padrões de reconhecimento, analogias e regras implícitas;
esta na cabeça das pessoas (TÁCITO) ou em documentos
(EXPLÍCITO).
CONHECIMENTO
Familiaridade ou estado de consciência que se obtém com a
experiência de estudar determinado fato.
Soma da extensão / percurso / área do que tem sido encontrado,
percebido ou aprendido.
Especifica informação sobre alguma coisa.
Fonte: Adaptação de SQUIRRA (2005, p.257-258).
O conhecimento quando relacionado ao ambiente organizacional assume,
conforme Squirra (2005), três dimensões que facilitam a sua compreensão. Estas
dimensões englobam três aspectos específicos do conhecimento: declarativo,
procedimental e estratégico.
O conhecimento declarativo diz respeito ao funcionamento das coisas
(máquinas, aparelhos, etc), mostrando como e porque atuam daquela forma. O
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 61
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
conhecimento procedimental traz implícitas as indicações de como realizar uma
determinada atividade, perpassando os procedimentos necessários à sua execução,
vindo daí a sua denominação. O conhecimento estratégico procura tratar do
contexto em que procedimentos específicos deverão ser implementados,
estabelecendo a importância e a aplicação deste conhecimento.
As transformações cotidianas que ocorrem nas sociedades, evoluindo-as
provocaram esta transposição ou passagem de um modelo de sociedade em que a
geração de riquezas encontrava-se centrada na capacidade da produção industrial
para um modelo de sociedade em que o conhecimento ocupa esse espaço. Os
paises que são mais desenvolvidos economicamente e também se encontram
industrializados muito tempo fizeram primeiro essa passagem. Este processo de
transformação e assimilação pode ser atualmente identificado e visualizado e alguns
paises com economia periférica.
Uma sociedade fundamentada na informação, segundo Werthein (2000),
possui algumas características que lhes são peculiares, sendo que a principal é
possuir a informação como matéria-prima, base da geração de riqueza e poder. O
desenvolvimento tecnológico é maior nos segmentos que permitem ao homem atuar
sobre a informação. Em um passado recente o objetivo era utilizar a informação para
atuar sobre as tecnologias, criando novos usos e aplicações para o que já existia. As
novas tecnologias da informação encontram alta penetrabilidade e aplicação na
sociedade e na economia, porque a informação integra todas as atividades
humanas, sejam estas individuais ou coletivas.
A mera disponibilização da informação não basta, conforme Werthein (2000),
para caracterizar uma sociedade como sendo do conhecimento. É preciso algo mais
profundo segundo ele, para atingir esse estado. Um amplo processo de
aprendizagem e entendimento deve necessariamente ser desencadeado e
ordenadamente conduzido. O grau de flexibilização ou adequação às novas
conjunturas é o elemento que melhor identifica uma sociedade baseada no
conhecimento.
A transformação da sociedade baseada na produção para uma outra que seja
fundamentada na informação, ainda não pode ser considerada definitiva ou absoluta
ainda no atual momento. Este processo de mudanças encontra-se em evolução
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 62
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
constante, buscando afirmar-se com um novo paradigma. Em um futuro não muito
distante poderão ser percebidas uma variada gama de situações em que a
informação será utilizada pelas sociedades, dependendo do grau de
aprofundamento tecnológico e da sofisticação destas sociedades. Esta ponderação
afirma-se sobre o fato que contemporaneamente coexistem no mundo diversos
modelos de industrialização em diferentes níveis de sociedades industrializadas.
2.5 MODELOS E PARADIGMAS PRODUTIVOS INDUSTRIAIS
Durante o século XX a produção industrial atingiu níveis que nunca haviam sido
imaginados em toda a história da humanidade, acompanhada por um progresso
tecnológico ímpar. A atividade industrial tornou-se um parâmetro para a mensuração
da capacidade tecnológica e do nível de desenvolvimento material de uma
sociedade. Porém segundo Guerreiro Ramos (1983) não existe um único padrão de
industrialização que possa ser determinado.
O curso da industrialização não obedece a um modelo único, a
um padrão determinado. Os paises subdesenvolvidos não
necessitam de crescimento em todos os setores, segundo a
imagem de qualquer país desenvolvido (RAMOS, 2003, p.27).
Desta forma, no período em questão surgiram diversos modelos que
embasaram a organização da atividade produtiva, influenciando o desenvolvimento
de modelos específicos de sociedade e a percepção de modelos comportamentais
humanos.
Os paradigmas produtivos industriais que influenciaram os sistemas
organizacionais podem ser reunidos em uma trilogia que marcou profundamente a
produção e a sociedade do século XX, com reflexos ainda no século XXI. O primeiro
foi criado por Henry Ford ao implantar em sua fábrica, na América do Norte, o
sistema de linhas móveis fixas e de produção rígida, idealizado por ele próprio. O
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 63
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
segundo foi estabelecido quan do a Toyota implantou um sistema produtivo flexível,
adequado às necessidades produtivas e de consumo do Japão pós-guerra. O
sistema desenvolvido pelo Volvo Group da Suécia e implantado na fábrica de
Uddevalla, o terceiro paradigma, fez com que a produção flexível passasse a ser
também criativa.
O quadro a seguir expõe o período de vigência dos paradigmas produtivos:
QUADRO 4 – PARADIGMAS PRODUTIVOS / PERÍODO DE VIGÊNCIA
Em cinza o período de vigência de cada modelo
1910
1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990
Séc. XXI
MODELO FORD
MODELO TOYOTA
MODELO VOLVO
Fonte: Adaptado de Wood Jr (1992)
Evidencia-se da análise do quadro que mesmo com a plena vigência de um
paradigma produtivo, o anterior continua a ser praticado. Isto é evidenciado por
Guerreiro Ramos (1983), quando discorre sobre a produção industrial e níveis de
desenvolvimento industrial das nações.
Estes modelos baseados na produção e no consumo de massa
fundamentam-se na indústria automobilística. Tal foco é explicitado por Wood Jr.
(1992), que colocou este segmento industrial como aquele que melhor refletiu as
mudanças tecnológicas e organizacionais percebidas ao longo do século XX.
Poucas como ela espelham tão bem os processos de mudança
ocorridos neste século. Sua evolução esta diretamente ligada
ao desenvolvimento do pensamento gerencial e das escolas
administrativas. Se hoje este vínculo é menor evidente, não
menos verdade que o seu estudo e a sua análise ainda podem
fornecer valiosos subsídios para a compreensão dos
fenômenos organizacionais (WOOD JR, 1992, p.09).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 64
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Os modelos produtivos industriais representam momentos distintos da
produção, do consumo, do pensamento gerencial administrativo e, em especial, do
estabelecimento dos modelos de homem ideais a cada momento histórico. Os
modelos a serem considerados existiram e existem em diferentes níveis de
desenvolvimento nas mais diversas sociedades. De acordo com Guerreiro Ramos
(1983), o mundo atual é moderno e os conceitos de atraso e modernidade perdem
de maneira gradativa a sua conotação geográfica e especificidades. Este autor
afirma que, hoje em dia, as sociedades são atrasadas e modernas ao mesmo tempo.
O que diferencia as sociedades atuais é apenas o grau de percepção sobre elas. No
aspecto referente a modernização o desenvolvimento de qualquer sociedade será
sempre parcial e o processo de modernização nunca chegará a um ponto terminal.
Para Guerreiro Ramos (1983) no mundo existe muito mais de possível do que de
realizado, há ainda muito que se fazer e se descobrir.
2.5.1 MODELO FORD DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL: AS ORGANIZAÇÕES COMO
MÁQUINAS
Henry Ford foi um dos principais industriais norte-americano durante a primeira
metade do século XX, e também o responsável pela popularização do automóvel. A
Companhia fundada por Ford em 1903, a Ford Motor Company, já centenária, possui
unidades fabris em diversos países do globo e é considerada uma das maiores
corporações do mundo contemporâneo. Historicamente, a indústria automobilística
desenvolveu-se conforme os padrões de produção e funcionamento estabelecidos
por Henry Ford, inicialmente em sua fábrica de Detroit (EUA). Ford foi capaz de,
observando as diversas técnicas de trabalho presentes em seu entorno, assimilá-las,
moldando-as e aperfeiçoando-as criteriosamente. Desta forma, criaram-se os novos
procedimentos necessários ao atendimento das necessidades produtivas de sua
incipiente organização e ao produto que se propunha montar e oferecer ao mercado,
com um custo cada vez menor e de acessibilidade maior aos consumidores.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 65
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A data inicial simbólica do fordismo deve por certo ser 1914,
quando Henry Ford introduziu seu dia de oito horas e cinco
dólares como recompensa para os trabalhadores da linha
automática de montagem de carros, que ele estabeleceu no
ano anterior em Dearbon, Michigan (HARVEY, 2005, p.121).
Diversos dos princípios estabelecidos por Ford eram fundamentalmente
inspirados e reduzidos de outros existentes: a produção estandardizada de armas
de fogo; as linhas móveis de Swift e Armour e os princípios de administração
científica de Taylor.
A produção estandardizada de armas de fogo com peças intercambiáveis era
um processo usado nos Estados Unidos da América desde meados do século XIX.
Segundo Santos (2003), a The Springfild Armory, em Massachusetts, foi a
introdutora deste método em que a montagem de mosquetes, tornava parte
dispensável da habilidade e da qualificação necessária aos antigos artesãos. Este
sistema foi desenvolvido por Eli Witney. O operário necessário à efetivação da
produção era semi-especializado e trabalhava em um sistema de produção em série,
em que se produziam peças exatamente iguais umas as outras. Conforme Keegan
(2006), esta foi a primeira vez em que esse processo foi utilizado:
Os inventores e fabricantes americanos, localizados
principalmente no vale do rio Connecticut, foram os primeiros a
dotar o conceito de ‘partes intercambiáveis’. Fresadoras
automáticas e semi-automáticas, hidráulicas, e depois a vapor
produziam esses componentes segundo um tamanho prescrito
com alta velocidade e grande precisão, eliminando o
dispendioso trabalho manual de adequar as peças umas às
outras. Os rifles feitos por esse processo – que superaram
rapidamente os mosquetes de cano liso na década de 1850
podiam ser montados por trabalhadores semi-especializados a
partir de cestas de componentes, com a certeza do fornecedor
de que o comprador acharia todos de igual qualidade
(KEEGAN, 2006, p. 325).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 66
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Este conjunto de processos, que priorizava a intercambiabilidade
3
de peças,
recebeu o nome de “Sistema Americano de Produção”, porém, segundo Santos
(2003), ainda não poderia ser considerado de produção em massa.
A expressão “Sistema Americano de Manufatura” (American
System of Manufature) refere-se a uma nova maneira de
produzir bens industriais, que se difunde desde a metade do
século XIX entre as empresas americanas, a partir dos
métodos de produção introduzidos na indústria de armas The
Springfield Armory - em Massachusetts, relatados por Best
(1990). A novidade na produção diz respeito à fabricação de
peças intercambiáveis por meio de máquinas especializadas.
Até então, a arte de produzir era realizada por artesãos
qualificados possuidores do pleno domínio das diferentes
funções necessárias à confecção do produto, trabalhando e
ajustando as peças mediante a aplicação de máquinas e
ferramentas de uso universal (SANTOS, 2003, p.23).
As linhas móveis também já eram utilizadas em frigoríficos da cidade de
Chicago desde a década de 1860. A sua elaboração é atribuída a Gustavus Swift e
Philip Armour. Henry Ford conheceu este procedimento durante visitas a esse tipo
de empresas, observou seu funcionamento, adaptando seus princípios à montagem
de automóveis. Swift e Armour podem ser considerados como os pais da produção
em massa, quando colocaram em funcionamento sua linha de abate e desmonte das
carcaças dos animais em seu frigorífico. Observando o funcionamento destas linhas,
Henry Ford reduziu tecnologicamente esse processo à realidade de sua fábrica e às
suas necessidades específicas.
Em seu sentido mais genérico, redução consiste na eliminação
de tudo aquilo que, pelo seu caráter acessório e secundário,
perturba o esforço de compreensão e a obtenção do essencial
de um dado. E, portanto, a redução, seja praticada no domínio
teórico, seja no domínio das operações empíricas, é sempre a
3
“O conceito de intercambiabilidade está associado à divisão do produto em suas diferentes partes, cada uma
delas podendo ser reproduzida com as mesmas especificações que as demais por meio de máquinas
especializadas desenhadas para tal fim. Isto, por sua vez, criava as condições para a fabricação de produtos
padronizados e a desqualificação do trabalho, dado que o operário não mais necessitava conhecer todo o
processo de fabricação para bem desempenhar suas tarefas”. (SANTOS, 2003, p.23);
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 67
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
mesma atividade. A redução de uma idéia ou de um minério,
por exemplo, consiste em desembaraçá-los de suas
componentes secundárias para que se mostrem no que são
essencialmente (RAMOS, 1996, p.71).
Guerreiro Ramos (1996) especifica que redução tecnológica, a exemplo do
que foi feito por Ford, é justamente a adaptação de um determinado processo à
realidade específica e às necessidades pontuais de cada um. Cabe ressaltar, porém,
que na indústria automobilística, a linha de Swift e Armour funcionava de maneira
invertida, ou seja, não era mais o desmembramento de um animal em variados
cortes, mas sim a construção de um automóvel com diversas peças que deveriam
ser colocadas no lugar correto e no momento certo.
A produção em série de automóveis era praticada nos Estados Unidos
desde o ano de 1900. Seu início ocorreu na fábrica da Oldsmobille, uma das
montadoras que associada a outras quatro, formaria a montadora General Motors.
Os procedimentos iniciados por Ransom Elis Olds, fundador da Olds Motor Works,
são dignos de referência na história da produção industrial. Olds iniciou suas
atividades industriais construindo carros a vapor, entre 1887 e 1893, passando aos
veículos movidos à gasolina. Ford mais uma vez atuou como um redutor tecnológico,
fazendo uso das práticas apreendidas com a produção em série da Oldsmobile,
construindo seus automóveis em série, idênticos. A utilização de peças
intercambiáveis e a produção em série apresentar-se-iam como a mais forte
característica da indústria automotiva nas décadas seguintes. O princípio básico da
produção em massa era conseguir produzir a quantidade máxima de um mesmo
produto.
Ford utilizou-se também dos princípios administrativos de Frederick Wislow
Taylor, que eram conhecidos. Em 1911, Taylor publicou Princípios de
Administração Científica, onde apresentou modelos que sobrevivem até a
atualidade. Taylor foi responsável pela organização burocrática da produção fordista.
Segundo Braütigam (2003) o Taylorismo consiste na dissociação entre o processo
de trabalho e a especialidade operacional:
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 68
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
[...] o processo de trabalho deve ser independente do ofício, da
tradição e do conhecimento dos trabalhadores, mas
inteiramente dependente das políticas gerenciais. (...) Ele
acreditava que havia uma melhor maneira de realizar uma
tarefa, e a produtividade poderia ser aumentada com os
operários desempenhando tarefas rotineiras e não exigindo que
eles tomassem decisões (BRAÜTIGAM, 2003, p. 5).
Até a época de Taylor, os operários ficavam livres para definir por si os
métodos e os meios para efetivar a produção e realizar, com isso, o seu trabalho. A
crítica elaborada por Taylor destacava que a administração da organização
empresarial não poderia depender da iniciativa dos trabalhadores. O controle do
trabalho e dos processos produtivos deveria ser conduzido e mantido nas mãos do
administrador. Taylor analisou os movimentos e ações de cada operário, apontando
os movimentos úteis e os que poderiam ser descartados ou aperfeiçoados. O
aumento da produtividade e do rendimento individual na empresa foi uma conquista
da administração científica. As organizações empresariais que adotaram os
princípios preconizados por Taylor enxergavam o ser humano como mais uma das
peças assentadas entre as engrenagens da fábrica. Uma fábrica que não mais
transformava matéria-prima em produtos acabados, mas que em especial produzia
capital. Um objetivo que pra ser atingido tornava necessário utilizar a mão-de-obra
da maneira mais rentável possível.
Com base nos princípios e procedimentos tayloristas, o modelo de produção
implementado por Ford necessitava de um modelo especifico de homem, com
comportamento e mentalidade moldada às necessidades de sua organização.
Chamado por Guerreiro Ramos (1981) de “Homem Operacional”, sua função era ser
apenas um operador de máquinas. O comportamento deste homem foi demonstrado
por Charles Chaplin no filme Tempos Modernos, produzido em 1936, onde o
personagem de Chaplin aparece como um operário, vigiado e cronometrado,
inclusive quando vai ao banheiro. Ele tenta em o, em sua tarefa repetitiva,
acompanhar o ritmo estabelecido pela máquina (linha de montagem), até ser
literalmente engolido por ela. Fora da fábrica, envolve-se em diversas situações
constrangedoras devido às experiências e ao comportamento que assimilava no
ambiente fabril Esta obra é considerada uma crítica contundente ao sistema de
controle da produção estabelecido por Taylor.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 69
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
QUADRO 5 – CONSTRUÇÃO DO MODELO FORD DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
AÇÕES DE HENRY FORD RESULTADO
Identificação dos
Elementos pré-existentes
Construção do Paradigma
Produtivo
Produção estandardizada
de armas de fogo
(Peças Intercambiáveis)
Linhas móveis de Swift e
Armour
(Frigoríficos)
Administração científica
(Taylor)
Redução
Tecnológica
Observação
contínua e
melhorias no
sistema
MODELO FORD
DE PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
Deve-se ressaltar o grande mérito de Ford em juntar todas as práticas e
técnicas aplicáveis que existiam, mas que eram utilizadas com finalidades
diferentes. Ford assimilou tudo, fazendo funcionar pela primeira vez na história de
maneira eficiente e sistemática, a linha móvel de montagem, estabelecendo o
modelo mais profundo, até então, de produção em série e grande escala. No sistema
de linha de montagem o trabalhador fica em uma posição fixa junto a uma esteira
móvel. O produto é conduzido ou deslocado ao longo de um determinado percurso
por esta esteira. Assim, ele vai sendo gradualmente montado, recebe seus diversos
componentes, parte por parte, até ser definitivamente concluído. Esse processo faz
com que o tempo total de montagem dos produtos seja drasticamente reduzido:
Em 1913, criava-se a linha de montagem: cada operário
passava a realizar sempre uma operação; por exemplo,
apertava parafusos de uma peça ou só pintava as portas dos
carros, etc., como se faz até hoje nas indústrias. A instalação
desse processo significou um aumento enorme na
produtividade, queda nos preços, crescimento das vendas e
maior lucro (...) com esses resultados tão positivos, a linha de
montagem logo se tornou padrão na indústria norte-americana
e mundial (SCHVAZMAN, 2004, p. 35).
A linha móvel de montagem representou uma inovação tão importante no
processo de produção industrial que passou a ser um modelo para as demais
organizações ao longo do século XX. As práticas e inovações implementadas por
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 70
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Ford, reunidas em um conjunto de conceitos, foram denominadas em diferentes
formas, em cada época e com cada um dos estudiosos de sua obra: Modelo Ford de
Produção Industrial, Linhas Móveis, ou simplesmente Fordismo. Conforme colocado
por Sampaio (1994), o Modelo Ford de Produção caracteriza-se pela existência de
uma divisão bastante acentuada e visível do trabalho. Uma divisão que apresenta
três níveis bem distintos: Concepção, organização, métodos e engenharia;
Fabricação qualificada, Execução e montagem desqualificadas (trabalho em
migalhas).
Outra característica considerada importante é a imposição de um tempo
especifico e previamente determinado para execução de cada um das etapas da
produção, cujo princípio foi colocado por Taylor. Desta forma, a utilização da esteira
com posição fixa do operário (linha móvel) e o encadeamento de diversas linhas de
produção, impunham uma disciplina de trabalho rígida que deveria ser respeitada
pelo trabalhador. O ambiente industrial assemelhava-se a uma máquina, cujos
componentes poderiam ser facilmente substituídos por outros quando
apresentassem defeitos. O ambiente fabril era um lugar de obediência irrestrita e
com operários sem qualificação formal:
Neste pacto social cabe ao trabalhador a obediência jesuítica
às prescrições dos organizadores do trabalho que gera
aumento de produtividade e é recompensada através da
manutenção de uma norma salarial e aumentos periódicos
atrelados aos ganhos de produtividade obtidos. Neste contexto
temos um trabalhador de "chão de fábrica" pouco especializado
e mal escolarizado, mas muito bem disciplinado e qualificado a
exercer sua função empobrecida (SAMPAIO, 1994, p. 2).
Apesar das atividades desenvolvidas pela Fábrica de Henry Ford tornaram-se
um paradigma para a indústria mundial até meados da década de1970, o sistema
acabou sendo superado por outro mais flexível. Entre os motivos que levaram à
superação do Fordismo, Sampaio (2006) coloca a rigidez de métodos existentes no
sistema como a mais significativa. Esta rigidez acabou apontada como uma das
fontes de inspiração para o modelo produtivo seguinte, porém, um exemplo negativo
que deveria ser combatido, como evidenciado nas causas e contexto histórico, social
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 71
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
e produtivo que levou ao estabelecimento do modelo produtivo, adotado pela
Toyota. Outra indústria automobilística, porém, do Japão, cujo modelo pode ser
chamado de modelo de produção flexível.
2.5.2 MODELO TOYOTA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL: A ORGANIZAÇÃO COMO
ORGANISMO VIVO
No período anterior à Segunda Guerra Mundial os japoneses constituíram um
modelo de Estado social e politicamente organizado, segundo objetivos militares,
expansionista e imperialista. Todo o esforço e o orgulho nacional centravam-se no
Exército e na Marinha de Guerra do Império Japonês e no esforço para mantê-los
fortes e operantes. A derrota frente aos Estados Unidos, ao final da Segunda Guerra
Mundial, fez com que surgissem estudos que visavam entender o avassalador
desastre que atingira e abatera o Japão e seus principais motivos. Segundo Landes
(1998), uma das muitas conclusões apontava para o fato de que os japoneses
teriam perdido a Guerra não porque os americanos fossem superiores aos
japoneses em suas capacidades de combate, mas devido à enorme e organizada
produção da indústria da América.
Com o desmonte da indústria e da organização militar japonesa, realizada
pelos norte-americanos, todo o esforço do país passou a ser aplicado na produção
civil. Os oficiais do Exercito, da Marinha de Guerra e os engenheiros militares
transpuseram o orgulho e dedicação prestadas ao regimento ou navio, às fábricas
que agora estavam sendo reconstruídas. Esta situação assemelha-se ao processo
redutor conforme estabelecido por Guerreiro Ramos (1996). Um processo
intensificado especialmente após 1950, com o inicio a Guerra da Coréia. Um setor
industrial bastante fomentado foi o automobilístico, devido a sua capacidade de
agregar e alavancar diversos outros. Neste processo de modernização que foi
desencadeado, o governo japonês foi essencial nos resultados obtidos. Enquanto
permaneceu em uma situação de inferioridade e fraqueza econômica em relação ao
mercado internacional, o Japão procurou adaptar-se a constante influencia externa.
Sobre esta condição é interessante a opinião de Guerreiro Ramos (1983):
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 72
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Tudo que podem fazer é adaptar-se a esse permanente efeito,
enquanto permanecem em sua situação de fraqueza. A
adaptação pode ser passiva ou ativa. Normalmente, a
modernização eficaz, como no caso do Japão, por exemplo,
coincide com uma adaptação ativa, em que o papel do Governo
foi decisivo no processo de mudança social e econômica
(RAMOS, 1983, p.39).
A indústria automobilística japonesa desenvolveu-se de tal maneira que, em
1974, superou a Alemanha Ocidental como a maior exportadora de automóveis do
mundo. Em 1980, ultrapassou a indústria norte-americana em nível de produção. O
mercado japonês era considerado pequeno para as grandes séries produzidas pelos
métodos tradicionais norte-americanos. A cada nova situação surgida em sua
recuperação material e econômica, os japoneses necessitavam de veículos
específicos e quantidades limitadas e pontuais. Havia a necessidade de mudar os
modelos dos automóveis em produção conforme as necessidades da demanda
exigida. A produção deveria ser puxada pelo consumo e não mais empurrada pela
indústria ao mercado. A Toyota aprendeu a projetar, testar e colocar seus produtos
mais rapidamente que as indústrias da América do Norte e isto foi essencial para
seu sucesso. Com isso, os japoneses entre outros avanços:
[...] aprenderam a projetar e a testar mais depressa: 46 meses
no Japão contra 60 nos Estados Unidos [...] 1,4 mês versus 11
para voltar a qualidade habitual após a produção do novo
modelo. Esta ultima comparação é crucial a pressa gera
desperdício, a qualidade é decisiva e os anais da produção
americana estão pontilhados de exemplos de poupança rápida
engolidas por demorados consertos (SAMPSON, 2000, p. 189).
Essa capacidade de flexibilizar a produção, adequando-a às necessidades
pontuais do mercado, tornou o Japão detentor da vantagem do lançamento de
novidade. Os japoneses puderam copiar rapidamente as experiências de sucesso
dos concorrentes, reduzindo-as as suas necessidades. Essa foi a raiz da produção
flexível que fez surgir uma tecnologia adequada e versátil. Segundo Carrão (2000),
as origens da flexibilização produtiva relaciona-se à introdução, na Toyota, de
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 73
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
experiências conduzidas quando a empresa operava no setor têxtil. O operador
conduzia dois teares de maneira simultânea, obtendo desta forma o dobro de
produtividade.
O Sistema Toyota teve seu início quando, na década de 1950, Eiji Toyoda
passou três meses nos Estados Unidos estudando o sistema produtivo,
especificamente a fábrica da Ford em Detroit. Seu objetivo era encontrar técnicas e
práticas aplicáveis na melhoria do desempenho produtivo da Toyota, aproveitando o
clima favorável à recuperação e desenvolvimento industrial japonês. Toyoda estava
em busca dos segredos, particularidades e especificidades da produção em massa
da indústria norte-americana. Analisou o sistema empregado pela Ford, considerado
muito rígido, mas possível de ser melhorado e reduzido à realidade da Toyota e ao
cotidiano japonês. Esta tarefa foi delegada ao principal engenheiro da Toyota, Taiichi
Ohno, que deveria implantar um sistema produtivo adequado às necessidades do
mercado consumidor e à realidade dos trabalhadores japoneses. Ohno deveria
tornar a Toyota adequada às novas necessidades da produção. Os operários
japoneses eram fortemente influenciados ainda pelas tradições artesanais e
relutavam em executar tarefas repetitivas e estáticas de uma linha de produção ao
estilo de Ford e das indústrias norte-americanas. A mudança deveria ser
organizacional e comportamental.
Ohno precisava promover uma mudança profunda nos padrões de
comportamento produtivo, tanto japonês como ocidental. Eram costumes bastante
enraizados na cultura produtiva, aceitos como normais e considerados imutáveis na
opinião absoluta dos envolvidos com o universo da produção industrial. A resistência
ao sistema da Toyota, não ficou apenas no âmbito interno. A indústria foi atacada
por diversos especialistas administrativos que a denominavam fábrica do desespero,
tanto para os operários como para os seus fornecedores, que eram pressionados
para que produzissem mais barato, com maior rapidez e com qualidade superior.
Estas resistências intensas às mudanças e inovações implantadas ocorreram em
conseqüência de diversos fatores:
Embora não houvesse aumento na quantidade ou tempo de
trabalho, os operários especializados tinham o temperamento
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 74
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
forte dos artesãos e resistiram fortemente à mudança. Não
mudaram facilmente o sistema de um homem, uma máquina,
para o de um homem, muitas máquinas, numa seqüência de
processos diferentes (SAMPSON, 2000, p. 189).
Com o tempo, as resistências diminuíram e com isso, surgiu um espírito de
cooperação e motivação após a constatação de bons resultados produtivos. Ohno
obteve a cooperação dos operários, que enriqueceram o sistema contribuindo com
suas opiniões e, especialmente, suas experiências. Eles ofereciam suas próprias
idéias e soluções para os problemas surgidos dentro do novo processo produtivo. O
sistema existente a partir de então, passou a evoluir de maneira constante e
progressiva, provocando o envolvimento e o contato mais estreito dos operadores da
linha de montagem com o corpo dirigente da empresa.
Ohno propôs um tipo bastante diferente de linha de montagem,
que podia produzir uma variedade de carros dando
responsabilidade individual aos operários. Inventou uma
maneira de trocar matrizes (...) que permitia mudanças bem
mais rápidas sem segurar o andamento da linha de montagem.
Deu uma competência muito maior aos trabalhadores
colocando-os em equipes responsáveis pela qualidade total a
cada estágio da montagem, com direito de parar a linha quando
descobriam algum erro (SAMPSON, 2000 - p189).
Para evitar a formação de grandes estoques de componentes, que ocupavam
espaços físicos e consideráveis somas de capitais, foi idealizado um processo
considerado revolucionário, apesar de simples, onde a produção era puxada pelo
consumo. As peças necessárias à produção, somente eram encomendadas quando
estavam para ser utilizadas na montagem. Entregues e utilizados os componentes,
retornava-se o container vazio ao fornecedor, para que este fosse devolvido
novamente cheio, à brica, com o que era solicitado. Tudo isso na quantidade e no
prazo que haviam sido estipulados. Ao procedimento de controle utilizado neste
processo denominou-se Kanban”, cartão em japonês, devido ao registro escrito
empregado. No Ocidente esse processo foi chamado de Just-in-time (no momento
certo).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 75
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
No enfoque just-in-time, o ritmo da produção é determinado pela
demanda do mercado. O sistema é de “puxar”. A liberação de matéria-
prima para a fábrica resulta de uma reação em cadeia iniciada pelo
consumidor final. À medida que os produtos vão sendo vendidos, vão
sendo fabricados. [...] O sistema funciona como os elos de uma
corrente (PLANTULIO, 1994, p.36).
Ao encomendar os componentes que seriam usados de maneira imediata,
combatia-se o desperdício de espaço, capital e especialmente de atenção (tempo),
visto que o desperdício é uma das maiores fontes geradoras de custos em qualquer
organização produtiva:
O método de operação do Sistema Toyota de Produção é o Kanban. A
forma mais freqüentemente usada é um pedaço de papel dentro de
um envelope de vinil retangular [...] o Kanban carrega a informação
vertical e lateralmente dentro da própria Toyota e entre a Toyota e as
empresas colaboradoras [...] a idéia surgiu do supermercado (OHNO,
1997, p. 46).
O sistema Kanban foi idealizado quando Eiji Toyoda observou que as donas
de casa norte-americanas, ao fazer compras em supermercados, tinham sempre em
mãos uma lista de produtos que necessitavam comprar, e somente pegavam nas
gôndolas aquilo que necessitavam e em quantidade necessária. Esta observação foi
responsável pelo conceito de clientes internos, aplicados entre os diversos setores
da linha de montagem da Toyota.
[...] combinar automóveis e supermercados pode parecer muito
esquisito [...] desde que aprendemos sobre a troca de mercadorias
nos supermercados dos Estados Unidos, estabelecemos uma relação
entre os supermercados e o sistema just-in-time. Um supermercado é
onde um cliente pode obter (1) o que é necessário, (2) no momento
em que é necessário, (3) na quantidade necessária [...] em princípio,
entretanto, o supermercado é um lugar onde compramos conforme a
necessidade [...] Do supermercado pegamos a idéia de visualizar o
processo inicial numa linha de produção como um tipo de loja. O
processo final (cliente) vai até o processo inicial (supermercado) para
adquirir as peças necessárias (gêneros) no momento e na quantidade
que precisa (OHNO, 1997, p. 45).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 76
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
O segredo do sucesso e abrangência deste sistema, no Japão e em outras
diversas partes do mundo, está na atenção dispensada ao ser humano. Atenção
especial também ao consumidor, que teve a possibilidade de encomendar seu carro
customizado, sem custo adicional, dedicada também ao trabalhador, que, na
indústria, envolvia-se com a manutenção e melhoria contínua da qualidade,
tornando-se muito mais capacitado para suas funções e mais instruído, de uma
forma geral. No sistema Toyota, o operário fazia parte de uma equipe, um organismo
vivo, não de uma máquina. O sistema produzia agora, não somente automóveis de
maneira inovadora, mas gerava também um homem com comportamento
diferenciado na indústria. Fossem operários ou administradores, as ações e reações
humanas não eram mais as mesmas esperadas no sistema fordiano.
QUADRO 6 – CONSTRUÇÃO DO MODELO TOYOTA DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
AÇÕES DE TAIICHI OHNO RESULTADO
Identificação e Análise dos
Elementos pré-existentes
Construção do Paradigma
Produtivo
Modelo Ford de Produção
Industrial
Condições do Pós-guerra
Limitações do Mercado
Japonês
Limitações de Capitais e
Estoques
Supermercados norte-
americanos
Combate ao desperdício
Redução
Tecnológica
Observação
contínua e
melhorias no
sistema
MODELO
TOYOTA DE
PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
Em 1950, foi criado um ambiente produtivo ideal para a atuação plena desse
novo homem, quando a Toyota construiu a fábrica de Montomachi, instalada em
Koromo, rebatizada como Toyota City. Moderna e adequada, a nova planta
empregava 70 mil, dos cerca de 300 mil habitantes da agora cidade de Toyota. A
produção girava em torno de um automóvel a cada quatro minutos, todos com nome
em inglês. Em Montomachi, o sistema Toyota podia ser percebido em sua plenitude.
Caminhões descarregavam containeres com peças e componentes e carregavam os
recipientes vazios de volta aos fornecedores para que no momento certo, fossem
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 77
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
devolvidos. O galpão da fábrica era semelhante a um ambiente de exposições,
faixas educativas e motivacionais pendiam do teto e em uma passarela, os visitantes
podiam contemplar os diversos componentes, sendo conduzidos e gradualmente
colocados nos veículos, que passavam por diversas áreas de montagem até sua
conclusão. Cada veículo era montado conforme especificações particulares e os
operários recebiam especial atenção na linha de montagem, alguns usando roupas
informais e agindo como se fossem os donos do lugar, devido à tamanha
familiaridade adquirida no sistema.
Quando Sampson (2000) visitou Montomachi, registrou a opinião de um dos
diretores da indústria, Mikio Kitano, um cético em relação aos cortes de pessoal e
sua ubstituição por máquinas. Para esse diretor, montar automóveis é uma atividade
humana. A montagem depende da atmosfera favorável e do ambiente motivado na
indústria, algo muito diferente da produção em massa, concebida na época de ouro
da indústria norte-americana. Para a Toyota, seus operários não deveriam ser
pessoas especiais, mas apenas seres humanos normais, um aspecto que deve ser
destacado. As pessoas, para a Toyota, são partes de um organismo, não peças de
uma máquina.
A Toyota permitia que observadores japoneses e estrangeiros tivessem
acesso às suas linhas e plantas, alguns deles propositalmente a serviço de seus
concorrentes. Segura sobre seus métodos, a indústria sempre revelou seus
segredos, em especial aqueles tocantes à observação contínua e acompanhamento
dos processos produtivos, transformação e melhoramentos constantes. Desta forma,
a Toyota tem demonstrado ser confiante em sua posição de destaque e em seu
processo de inovação permanente, sendo assim pode ser mais aberta e dar
publicidade ao seu processo. Seu contínuo avanço é o que garante que, mesmo
sendo copiada, a Toyota apresente processos e produtos com projetos
revolucionários em relação aos seus concorrentes. Em Março de 2007, a Toyota
tornou-se líder mundial na produção e vendas de automóveis, ultrapassando a
General Motors, empresa norte-americana que detinha esta posição desde o ano de
1931, quando tomou a colocação da Ford.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 78
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
2.5.3 MODELO VOLVO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL: A ORGANIZAÇÃO COMO UM
CÉREBRO
O Modelo Volvo de Produção Industrial, a exemplo dos anteriores, foi criado
também em uma indústria automobilística. Este modelo se destaca, inicialmente,
pelo fato de ser comparado a um cérebro, por ser planejado e desenvolvido com o
intuito de aprender com suas ações e coordenar todas as suas partes de maneira
inteligente procura também melhorar e evoluir em ritmo constante.
As atividades da Volvo (Volvo Group) tiveram seu início em 1926, montando
automóveis e caminhões em Göteborg, na Suécia. Os seus fundadores, Assar
Gabrielsson e Gustaf Larson, associaram-se com o intuito de produzir veículos que
fossem seguros resistentes e capazes de suportar o clima frio do país, bem como a
falta de estradas adequadas. A Volvo começa a atuar no momento em que seus
principais concorrentes internacionais já possuíam sólidas posições estabelecidas no
mercado. Até o inicio da década de 1970, a Volvo restringia as suas atividades
apenas a Suécia, atuando como uma montadora local, com uma produção pequena
comparada com a totalidade mundial da produção automobilística internacional.
Em 1974, a Volvo adquiriu a montadora de automóveis holandesa DAF. Desta
forma, a corporação sueca deu início a um processo de internacionalização de suas
atividades industriais. Ao longo de décadas a Volvo transmitiu uma imagem positiva
e firmou-se como montadora, dona de uma marca considerada atenta à segurança,
durabilidade e a qualidade dos veículos que produzia. Apesar do seu grande porte
(possuindo15% do Produto Interno Bruto sueco em 1992), a Volvo se caracterizou
por demonstrar e implementar um alto grau de experimentalismo. As ações
implementadas desafiaram os princípios fordistas e ohnistas. Wood Jr. (1992)
destacou que as ações em Uddevalla foram confundidas com uma simples retomada
da produção artesanal. Foram introduzidos no ambiente de produção equipamentos
e inovações tecnológicas e conceituais. A maior parte das inovações havia sido
testada nas plantas de Kalmar, em funcionamento desde 1974, Torsdlanda, e,
1980/81 e na própria Uddevalla, a partir de 1989.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 79
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A partir de meados da década de 70 até o início dos anos 80,
não foram feitas inovações importantes na perspectiva iniciada
pela linha de Kalmar. Esse fato deve ser creditado
principalmente à crise econômica porque passou a indústria
automobilística na segunda metade da década de 70 e, por
conseqüência, à ausência de estímulos oriundos do mercado e
à diminuição do poder de pressão sindical por tais inovações
(MARX, 1992, p.37).
Outros fatores contribuíram ainda com a implantação de plantas fabris
inovadoras pela Volvo na Suécia. Marx (1992) coloca que havia durante a década de
1980 uma pressão intensa por uma maior flexibilização da produção de automóveis.
Segundo ele, buscava-se fabricar lotes menores de um conjunto cada vez mais
variado de modelos de automóvel. Preparava-se, somando estes fatores, a
construção e o estabelecimento de um novo paradigma da produção industrial. A
planta de Kalmar, conforme exposto por Marx (1992), desde a década de 1960, já
incorporava em seu processo produtivo muitos dos pressupostos teóricos sócio-
tecnicos. A Volvo com esta fábrica instalada em Kalmar, procurava reorganizar-se
produtivamente, procurando atingir os seus objetivos empresariais, tornando o
favorável a ação do ser humano como responsável pela operação de um a planta
onde seriam montados inúmeros modelos de automóveis.
A experiência de Kalmar se tornou uma espécie de paradigma
de uma nova forma de organização do trabalho onde aspectos
do tipo enriquecimento de cargos, autonomia de decisões
sobre ritmo e melhores condições ambientais se mostraram
possíveis (MARX, 1992, p.37).
A Volvo desenvolveu um processo inovador, quando planejou inserir uma
nova planta industrial em Uddevalla, região no litoral oriental da Suécia que se
encontrava, na década de 1980, em declínio econômico acentuado. O governo
sueco, de tradição social-democrata, ofereceu subsídios e incentivos para que a
companhia se instalasse no local. Por decisão do governo, os sindicatos de
trabalhadores foram envolvidos com o desenvolvimento do projeto desde o seu início
e a participação dos trabalhadores ocorreu inclusive na organização da produção. O
planejamento de Uddevalla foi pensado para ser um avanço em relação às outras
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 80
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
plantas do grupo, inclusive kalmar. Segundo Marx (1992) esse era o desejo
manifestado pela direção da Volvo. O planejamento conjunto deu a planta de
Uddevalla condições de diferenciar-se das plantas convencionais. Seu diferencial
residiria na organização do trabalho, na qualidade de vida laboral e na produtividade.
Podem ser apontados como exemplos concretos desta busca pelo aspecto inovador:
A participação de órgãos sindicais e de seus técnicos
especialistas em automação e organização do trabalho, que
conferiram a ênfase no alargamento das possibilidades de
introdução de grupos com autonomia maior do que a existente
em outros casos; A participação de uma equipe da Escola de
Engenharia de Gotemburgo (a Chalmers Institute of
Technology), chamada a participar a fim de auxiliar na solução
de problemas técnicos considerados inéditos e complexos pelo
grupo Volvo, trouxe consigo a inserção dos conhecimentos
ligados à ergonimia de concepção nas preocupações da equipe
que trabalhou no projeto da nova fábrica (MARX, 1992, p. 41).
O objetivo do Sindicato era garantir empregos com qualidade no trabalho a
ser desenvolvido na nova planta.. Derivou daí o comprometimento com a qualidade
de vida no ambiente de trabalho e fora dele, plenamente identificado no modelo
Volvo de produção.
Na Volvo, os trabalhadores, organizados através de sindicatos
fortes, manifestavam insatisfação com as práticas da produção
em massa, o que levou a empresa a testar alternativas para a
organização do trabalho no chão-de-fábrica, de modo que este
se tornasse menos repetitivo, com maior conteúdo e, portanto,
com maior significado e motivação para o trabalhador. [...]
elimina-se totalmente a linha de montagem, e o automóvel é
montado por uma equipe de oito a dez pessoas em um único
local, para onde convergem os seus materiais, peças, etc. As
pessoas têm conhecimento do processo de montagem de todo
o automóvel e executam esse trabalho com um mínimo de
repetição das tarefas (CLETO, 2002, p. 39).
O sindicato estabeleceu quatro condições consideradas fundamentais para o
funcionamento adequado da planta fabril: montagem dos veículos estacionaria, sem
esteira móvel ou rolante; ritmo de trabalho não fixado pelas máquinas; ciclo de
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 81
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
trabalho com um máximo de 20 minutos cada um e; processo de montagem dos
veículos não excedendo 60% do tempo de trabalho, exigência que não foi
efetivamente atendida.
Tais pressões, aliadas às características econômicas e sociais
vigentes na Suécia, parecem agora ser responsáveis por uma
onda de inovações e aprofundamentos de plantas calcadas em
trabalho em grupo, autonomia crescente dos trabalhadores e
aplicações diferenciadas de recursos de informática e
automação, embora tais plantas ainda tenham boa parte de seu
funcionamento baseado fundamentalmente em trabalho
humano (MARX, 1992, p.37).
Os pesquisadores e consultores acadêmicos atuaram em três áreas, onde
com seus conhecimentos e habilidades, contribuíram para o desenvolvimento e
implantação da planta fabril de Uddevalla. A primeira destas áreas foi o
desenvolvimento de estratégias de treinamento e preparação dos trabalhadores
apara atuarem no novo processo de produção. A segunda área foi a logística, onde
se estabeleceu um sistema que atenderia a necessidades das seis fábricas
instaladas em Uddevalla, ligadas e atendidas por um único depósito central de
componentes. O sistema deveria ser, segundo Marx (1992), o mais próximo possível
do just-in-time, desenvolvido e difundido pela Toyota, no Japão. A terceira área que
os acadêmicos e consultores deveriam responder era a elaboração do projeto de um
sistema de informações integrado, para controle de todo o processo.
No caso de Uddevalla, desenvolveram-se novos sistemas de
classificação e codificação dos componentes de cada produto,
tendo-se como pano de fundo a idéia de um atlas geográfico
com diversos níveis de detalhamento das informações: um
trabalhador pode intuir sobre o código dessa peça através do
conhecimento adquirido sobre a função de cada
peça/componente (e vice-versa), em diferentes níveis de
agregação, ou seja, desde uma porca até, por exemplo, um
sistema de freios (MARX, 1992, p.42).
A planta industrial da Volvo em Uddevalla iniciou as suas operações na
primavera de 1988 (primeiro semestre no hemisfério norte). O planejamento dos
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 82
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
recursos humanos foi uma constante preocupação no planejamento geral da
produção da indústria. A preocupação com o conforto (ergonomia) e a saúde
(salubridade) dos operários na linha de montagem foi integral. Por situar-se em um
mercado de trabalho complexo, a Volvo adequou-se a dois fatores fundamentais:
internacionalização da produção, e a democratização da vida no trabalho. Uddevalla
foi projetada considerando a presença de seres humanos atuando em meio à
tecnologia e equipamentos avançados, advindo assim à denominação sócio-técnica,
que também poderia ser atribuída ao modelo que se desenvolveu. A Volvo teve por
objetivo criar condições para tornar tanto operários como ambiente produtivo mais
saudáveis:
Além desses aspectos, existe toda uma infra-estrutura de
apoio. Cada grupo de trabalho possui salas espaçosas
equipadas com cozinha, banheiro, chuveiros e a um
computador. A planta é iluminada com luz natural e os
ambientes são extremamente limpos.
Antes de iniciar o trabalho, cada novo operário passa por um
período de treina mento de quatro meses seguidos
posteriormente de mais três períodos de aperfeiçoamento.
Espera-se que, ao final de dezesseis meses, ele seja capaz de
montar total mente um automóvel.
Uma característica interessante é que 45% da mão-de-obra é
feminina, o que é causa e conseqüência de várias alterações
no sistema de produção (CLETO, 2002, p. 39).
A experiência da Volvo causou grande impacto, com alguma repercussão
internacional, pois atribuía ao homem um papel preponderante dentro do ambiente
fabril no processo de produção. Os modelos de produção em vigor até então, com
maior ou menor influencia junto às indústrias, não propiciavam ao estabelecimento
de boas condições de trabalho.
Seta experiência obteve uma repercussão extremamente
grande, não só nos meios acadêmicos interessados na questão
da organização do trabalho e ergonomia, como também nos
meios empresariais e sindicais. Essa notabilidade pode ser
explicada pelo fato de que a industria automobilística sempre
foi conhecida como um tipo de planta onde as operações
repetitivas e as más condições de trabalho foram, quase
sempre, a regra (MARX, 1992, p.37).
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 83
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A organização do trabalho foi baseada em grupos. De simples montadores de
partes de veículos, os trabalhadores de Uddevalla foram transformados em
construtores de um automóvel completo, dominando todas as etapas de sua
produção. Cada equipe montava um veículo inteiro, em cerca de duas horas. As
principais características inovadoras, que podem ser identificadas no modelo Volvo
de produção, podem ser resumidas nos seguintes pontos: funcionamento de seis
plantas fabris, idênticas e interligadas, operadas por equipes de no máximo dês
operários; cada equipe executa a montagem e o s testes de seu produto acabado,
em sua totalidade; o sistema de trabalho conjuga trabalho manual, transporte,
armazenamento e comunicação controlados por uma rede informatizada; a própria
equipe é responsável pela qualidade e reparos nos produtos defeituosos; a maior
parte dos trabalhadores não possuía experiência no setor automobilístico; todo o
processo de elaboração do projeto contou com a participação do sindicato de
trabalhadores local e nacional.
QUADRO 7 – CONSTRUÇÃO DO MODELO VOLVO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL
AÇÕES CONJUNTAS VOLVO/GOVERNO
SUECO/SINDICATOS/SOCIEDADE ORGANIZADA
RESULTADO
Identificação dos Elementos
pré-existentes
Construção do Paradigma
Produtivo
Mão-de-obra Qualificada
Política Social-Democrata
(Valorização do ser humano)
Necessidade de Combate ao
Desemprego
Desenvolvimento Tecnológico
Especificidades do Mercado
Europeu
Redução
Tecnológica
Observação
contínua e
melhorias no
sistema
MODELO VOLVO
DE PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
As fábricas da Volvo possuíam níveis elevados de absenteísmo ao trabalho.
Existia também um significativo índice de rotação de trabalhadores e pedidos de
demissão (turnover), percebidos durante as décadas de 1970 e 1980, era isso que o
novo modelo produtivo deveria também procurar diminuir.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 84
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Altas taxas de turnover, absenteísmo crônico e utilização de
mão-de-obra estrangeira são de muito tempo marcas do
mercado de trabalho sueco. Desde a metade dos anos 80, os
jovens suecos passaram a rejeitar empregos que refletissem
conceitos tayloristas. Isto está ligado não só aos constantes
esforços de reestruturação do trabalho como ao fato de a
Suécia ter o mais alto índice de uso de robôs entre todos os
países industrializados. Por outro lado, o país tem uma longa
tradição social-democrata e os sindicatos têm posição
extremamente forte. Assim, o processo de inovações na Volvo
tem sido dirigido pela empresa, mas com participação ou
acordo dos sindicatos (CLETO, 2002, p. 39).
O objetivo do modelo desenvolvido pela Volvo, a exemplo dos outros modelos
existentes, era procurar aumentar a capacidade produtiva, reduzindo custos e
produzindo cada vez mais com qualidade superior. Em Uddevalla, foram
combinados aspectos relacionados com a produção manual, quase artesanal, em
consonância com uma automação altamente aplicada e tecnologicamente superior.
Ocorreram condições para a existência de alta flexibilização tanto em nível de
produto, como em nível de processo de produção. O treinamento, a reeducação e a
qualificação dos operários que se habilitaram e acostumaram a fabricar variados
produtos competitivos e de qualidade elevada, completou o processo. A combinação
de tecnologia avançada, preocupação e comprometimento social possibilitaram
ainda, a redução da intensidade do controle do capital em uma organização
empresarial flexível e criativa.
Wood Jr. (1992) afirma ser possível estabelecer duas imagens do cérebro e,
metaforicamente, aplicá-las ao modelo produtivo que foi implementado pela Volvo.
Pode-se, assim, estabelecer uma ligação entre estas características cerebrais e a
efetiva aplicação dos princípios decorrentes dela ao mundo organizacional: A
imagem da organização empresarial como um sistema de processamento de
informações; a imagem da organização empresarial como um sistema holográfico.
No processamento de informações, as organizações não atuavam de forma
totalmente racional, pois as pessoas que compõem as organizações, exercem
funções especificas, possuindo níveis diferenciados de acesso às redes de
informações, constituindo um fator que as tornava limitadas. Cada funcionário
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 85
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
desempenhava funções especificas na organização e na produção. Desta forma,
faltava a cada membro da organização um conhecimento maior e uma compreensão
mais ampla da totalidade do processo produtivo do qual faziam parte. A alienação
dos operários em relação à produção, resultado do sistema taylorista/fordista,
prejudica o desempenho organizacional. Como então, aprender e produzir novo
conhecimento visto que não havia entendimento sobre onde utilizá-lo?
O processamento de informações e o processo de aprendizado são pilares do
sistema Volvo. Para que as organizações tornem-se inteligentes dependerá em
grande parte da sua capacidade em aprender, bem como da forma como serão
programadas para que atuem como cérebros humanos. Indicando este caminho,
quatro princípios foram desenvolvidos a partir dos conceitos de “aprendizado” e
também “aprendizado do aprendizado” (Single-loops e Double loops,
respectivamente). Wood Jr. (1992) aponta que uma organização atuando como um
cérebro deverá possuir necessariamente estes quatro princípios: capacidade de
sentir ou monitorar o ambiente e o processo de produção; relacionamento das
informações colhidas com normas predefinidas; detecção das variações no
processo; início da correção no processo.
A metáfora da organização como um sistema holográfico transmite uma
imagem com uma série de conexões, a exemplo dos neurônios interconectados no
tecido cerebral. Cada um deles representa uma função específica, com comunicação
e troca mútua de informações:
[...] cada componente tem funções específicas e generalista
com grande possibilidade de intercambiabilidade. O controle
e execução não são centralizados. O córtex, o cerebelo e o
mesencéfalo são simultaneamente independentes e
intersubstituíveis em termos de função. O grau de
conectividade é alto, geralmente maior que o necessário, mais
fundamental em momentos específicos. É esta redundância o
vetor de flexibilidade que possibilita ações probabilísticas e a
capacidade de inovação (WOOD JR., 1992, p. 16).
Um modelo produtivo, este que se proponha a reproduzir as características
holográficas do cérebro, deve obrigatoriamente seguir quatro princípios
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 86
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
fundamentais, conforme estabelecido por
Oderich e Techemayer (2006)
: fazer o todo
em cada parte ou etapa da produção; criar conexões (conectividade) entre as etapas
e dotando-as de redundância; promover especialização de funções ao mesmo
tempo em que se difunde um conhecimento generalista sobre a totalidade do
processo de produção, de maneira simultânea; capacitar para a auto-organização
dos trabalhadores. O administrador deve assumir a postura de um regente de
orquestra, que conduz cada uma das partes da produção de maneira harmoniosa ao
conjunto produtivo. Produzir-se-ia, assim, um rendimento e um resultado otimizado.
Em uma orquestra existe um alto grau de especialização e qualificação individual,
cada músico, fazendo sua parte, trabalha em conjunto com outros detentores de
especialidades diferentes. Todos possuem um objetivo comum claramente definido.
Deve-se dotar a organização ao máximo possível de flexibilidade, de maneira
criativa, capacitada para ter condições de inovar e se auto-organizar.
O aprendizado do aprendizado é um ponto fundamental, pois
evita que um excesso de flexibilidade leve ao caos. Permite,
igualmente, ao sistema, guiar-se em relação às normas e
valores existentes (WOOD JR, 1992, p. 16).
Ao visualizar-se a organização empresarial como um cérebro ou holograma, é
estabelecida uma fronteira além da racionalidade instrumental presente nas análises
mais comuns. Uma ação capaz de redirecionar o gerenciamento e a administração
organizacional.
A fábrica de Uddevalla foi fechada em 1992, como parte de um acordo de
fusão não concretizado com a indústria francesa de automóveis Renault, conforme
registrado por Santos (2003). Em 1996, a Volvo reabriu a planta e, em 2003 ela
produzia automóveis de luxo em pequena escala, não mais pertencendo ao Volvo
Group. Apesar da elevada qualidade de sua produção e da importância que
representou em termos de paradigmas organizacionais para a indústria
contemporânea, era a produtividade a principal deficiência de Uddevalla. A baixa
produção da planta chocava-se com os problemas de competitividade enfrentados
pelo Volvo Group e com as exigências do mercado internacional naquele momento,
fatores que não desqualificam a utilização deste processo inovador.
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 87
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Os engenheiros e sindicalistas envolvidos com o projeto
consideram que ainda não é possível avaliar os resultados de
performance da planta pelo fato de que ainda se considera que
ela está em fase de implantação (MARX, 1992, p.40).
Este é um aspecto importante que deve ser considerado profundamente em
relação ao fechamento da planta de Uddevalla, o pouco tempo de funcionamento e a
não readequação dos processos. Os engenheiros e sindicalistas opinaram pouco
antes do anuncio do fechamento. O projeto da planta começou a ser discutido em
1986, implantado efetivamente em 1989 e encerrado sem maiores explicações em
1992. A fábrica vinha aumentando gradativamente a sua produção em torno de 50%
a cada ano. Caminhava a passos contínuos para uma melhoria considerável de sua
produtividade aliada a suas condições sofisticadas de trabalho.
Ainda que as plantas de Kalmar e Uddevalla tenham sido
fechadas no início dos anos 90, a utilização dos princípios da
produção em docas continua a ocorrer na Suécia e, fora dela,
aqueles princípios vem despertando o interesse de outras
empresas em todo o mundo (LOMBARDI, 1997, p.70).
O encerramento das atividades originais da fábrica de Uddevalla, chegou a
ser apontado por alguns como o fracasso desse modelo, considerado utópico.
Guerreiro Ramos (1983), atribui uma conotação positiva ao termo utopia,
considerando-o como uma visão das mais diversas possibilidades disfarçadas sob a
cobertura de uma aparente realidade. Para este autor, a utopia constitui-se em um
instrumento que é denominado por estudiosos como “Dialética Antecipatória”. Ele
também faz uso da Teoria das Possibilidades, um conceito apreendido em Marx
Weber, que utiliza a possibilidade ao procurar apresentar explicações mais
satisfatórias par aos eventos e situações. Segundo Guerreiro Ramos (1983), Weber
faz uso das possibilidades ao formular seus tipos ideais. A imaginação do cientista
social deve ser treinada para a ocorrência de possibilidades. No caso de Uddevalla,
considerando a ponderação de Guerreiro Ramos (1983) havia uma possibilidade de
pleno sucesso do projeto original, caso contrário não o teriam colocado em
Capítulo 2 Marco Referencial Teórico 88
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
funcionamento. Ajustes poderiam ter sido efetuados da mesma forma que o Modelo
Volvo de produção Industrial foi reduzido e implantado por outras empresas.
Segundo Marx (1992), a planta de Uddevalla influenciou na Suécia o grupo Saab-
Scania, que adotou muitos dos procedimentos e princípios de Uddevalla em sua
fábricas.
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 89
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
3 METODOLOGIA E MÉTODOS
Levando-se em consideração sua natureza científica e os objetivos que foram
estabelecidos, é necessário que se determinem as bases metodológicas que
fundamentam e embasam esta dissertação.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
O presente trabalho, decorrente de uma pesquisa etnográfica, pode ser
classificado da seguinte forma:
Pesquisa Exploratória, em função de sua natureza e;
Pesquisa Qualitativa, por sua abordagem do problema.
3.1.1 PESQUISA EXPLORATÓRIA
As pesquisas exploratórias possuem como sua principal finalidade procurar
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, conforme colocado por Gil
(1999). A pesquisa exploratória auxilia na construção de problemas mais precisos e
no estabelecimento de hipóteses melhor estruturadas para a condução de estudos e
pesquisas.
A pesquisa exploratória proporciona ao pesquisador, segundo Vieira (2002),
uma maior familiaridade com problema em estudo. É um trabalho que objetiva tornar
o problema da pesquisa menos complexo e mais explicito.
A pesquisa exploratória utiliza métodos bastante amplos e
versáteis. Os métodos empregados compreendem:
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 90
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
levantamentos em fontes secundárias (bibliográficas,
documentais, etc), levantamentos de experiências, estudos de
caso selecionados e observação informal [a olho nu ou
mecânico] (VIEIRA, 2002, p.65).
O objetivo deste procedimento metodológico é conhecer as variáveis do
estudo, suas representações e principalmente o contexto onde o estudo ocorre, pois
se pressupõe que o comportamento humano é melhor compreendido no contexto
em que ocorre.
Nessa concepção, esse estudo tem um sentido geral diverso
do aplicado à maioria dos estudos: é realizado durante a fase
de planejamento da pesquisa, como se fosse uma sub-
pesquisa e de destina a obter informação do Universo de
Respostas de modo a refletir verdadeiramente as
características da realidade. (...) A pesquisa exploratória,
permitindo o controle dos efeitos desvirtuadores da percepção
do pesquisador, permite que a realidade seja percebida tal
como ela é, e não como o pesquisador pensa que seja.
Enquanto, segundo as concepções tradicionais, a pesquisa
exploratória tem por finalidade o refinamento dos dados da
pesquisa e o desenvolvimento e apuro das hipóteses, nesta
nova concepção é realizada com a finalidade precípua de
corrigir o viés do pesquisador e, assim, aumentar o grau de
objetividade da própria pesquisa, tornando-a mais consentânea
com a realidade (PIOVESAN, 1995, p.321).
Desta forma, percebe-se que a pesquisa exploratória possibilita ao pesquisador
descobrir novos enfoques, percepções da realidade e também novas terminologias.
Com o desenvolvimento da pesquisa exploratória os resultados obtidos acabam
contribuindo com a modificação do modo de pensar do próprio pesquisador. De
maneira progressiva, o pesquisador ajusta sua capacidade de percepção à realidade
que está estudando, assim consegue controlar seu viés pessoal, distanciando-se e
não se envolvendo com seu objeto de pesquisa.
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 91
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
3.1.2 PESQUISA QUALITATIVA
O entendimento das transformações ocorridas ao longo do processo histórico
evolutivo do ser humano centra-se no entendimento de fenômenos que foram se
somando e produziram em seu conjunto as mudanças que contemporaneamente se
fazem sentir. Giovinazzo (2006) coloca que nas pesquisas qualitativas o pesquisador
procura o entendimento e a compreensão dos fenômenos que por ele vão sendo
identificados. O pesquisador consegue a partir deste processo de compreensão
situar-se e assim produzir uma melhor interpretação dos fenômenos e das
transformações que está estudando.
A pesquisa qualitativa surgiu no interior da Sociologia e em especial da
Antropologia, de forma promissora, passou nos últimos trinta anos ganhar um
espaço cada vez maior no campo das ciências sociais. Áreas como a Psicologia,
Educação e Administração de Empresas, entre tantas outras, tem feito uso cada vez
maior deste tipo de procedimento cientifico, e podem ser considerados como sendo
dados de natureza qualitativa, os seguintes resultados, conforme relacionado por
Dias (2002): descrições detalhadas de fenômenos, comportamentos; citações diretas
de pessoas sobre suas experiências; trechos de documentos, registros,
correspondências; gravações ou transcrições de entrevistas e discursos; dados com
maior riqueza de detalhes e profundidade; interações entre indivíduos, grupos e
organizações.
Os métodos qualitativos são indicados quando o fenômeno em questão e em
estudo seja considerado complexo e possua uma natureza social, conforme Dias
(2002). O fenômeno não deve ainda ser inclinado à quantificação ou mesmo
mensuração numérica ou estatística. Os métodos qualitativos são utilizados pelo
pesquisador para que este tenha a sua percepção e conseqüente entendimento
sobre os contextos histórico, social e cultural aumentados. O pesquisador torna-se
assim um intérprete da realidade. O aumento dessa percepção contextual deve ser
considerado importante para que seja possível atingir os objetivos da pesquisa e a
confirmação das hipóteses.
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 92
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A pesquisa qualitativa é utilizada para detectar a presença ou não de algum
fenômeno. Segundo Giovinazzo (2006), ela recebe este nome porque, em
contraposição à pesquisa quantitativa, os seus dados são coletados e processados
de forma diferente desta. Sua preocupação está em detectar as transformações
sociais, culturais e históricas. Estas mudanças são percebidas de maneira abstrata,
sem maiores possibilidades de uma quantificação mais numérica ou exata. Os
resultados deste modelo metodológico apresentam-se de forma mais abstrata
necessitando de análise e interpretação apuradas.
O método qualitativo tem se mostrado extremamente útil para a afirmação de
conceitos e objetivos a serem atingidos nos trabalhos de pesquisa, bem como para
sugestionar variáveis que necessitem, em maior profundidade, tornar-se alvo de
melhores análises. Para Giovinazzo (2006), os métodos qualitativos apresentam
uma mistura de procedimentos racionais e intuitivos que permitem uma melhor
compreensão dos fenômenos, permitindo a imersão do pesquisador no contexto,
além de uma perspectiva interpretativa para a condução do trabalho de pesquisa.
Como características importantes da pesquisa qualitativa, Neves (1996)
enumera um conjunto que considera essencial para identificar uma pesquisa deste
tipo e natureza. Destacam-se:
1. o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental;
2. o caráter descritivo;
3. o significado que as pessoas dão às coisas e á vida como preocupação do
investigador;
4. enfoque indutivo.
A intuição, que é um atributo importante ao pesquisador, para Martins (2004)
não é um dom simplesmente natural e espontâneo. A intuição científica é resultante
da formação teórica profunda do pesquisador e pela condução de exercícios práticos
por meio deste.
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 93
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
3.2 MÉTODOS
O método utilizado para a efetivação deste trabalho de pesquisa foi o de
história de vida.
3.2.1 HISTÓRIA DE VIDA
A pesquisa de natureza qualitativa preocupa-se com os indivíduos e com seus
ambientes, sendo eles considerados conjuntamente em sua complexidade. Assim
procura-se entender o indivíduo que atua em um ambiente, relacionando-se com
outros indivíduos, construindo um determinado contexto, conhecendo-se a sua
história, sua versão dos acontecimentos e de sua existência. Atuando assim o
pesquisador compreenderá de maneira mais dinâmica a natureza da sua existência
e de suas ações. A história de vida apresenta-se, portanto, como uma das
modalidades de estudo utilizada dentro da pesquisa de natureza qualitativa.
Neste trabalho considerar-se-á a história de vida como sendo um relato de vida
em que, segundo Spindola (2003), aquilo que realmente interessa ao pesquisador é
o ponto de vista do entrevistado (pesquisado). O objetivo da história de vida é
apreender e procurar compreender a vida conforme ela venha a ser apresentada,
relatada e interpretada pelo próprio ator dos acontecimentos ou fenômenos
relatados.
Com a aplicação desta modalidade de trabalho, o pesquisador é despido de
sua autoridade de dono exclusivo do saber e colocado na condição de ouvinte e de
observador da realidade relatada. O pesquisador passa desta forma a ouvir o que o
entrevistado tem a lhe dizer sobre suas experiências de vida, suas construções, seu
imaginário e aquilo tudo que julga importante sobre a sua vida. Porém, apesar de
ser um relato individualizado, a história de vida permite que se adquira um
conhecimento que sirva para caracterizar, de forma coletiva, as práticas sociais e o
contexto cultural e histórico de um grupo muito maior:
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 94
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Toda entrevista individual traz à luz direta ou indiretamente
uma quantidade de valores, definições e atitudes do grupo ao
qual o indivíduo pertence. O todo de história de vida,
portanto, procura apreender os elementos gerais contidos nas
entrevistas das pessoas, não objetivando, contudo, analisar
suas particularidades históricas ou psicodinâmicas Nesse
sentido, histórias de vida, por mais particulares que sejam, são
sempre relatos de práticas sociais: das formas com que o
indivíduo se insere e atua no mundo e no grupo do qual ele faz
parte (SPINDOLA, 2003, p.121).
O método de história de vida permite que o momento relatado pelo individuo
se destaque dos outros vividos por ele pode ser considerado essencialmente
histórico, uma vez que faz referência a fatos, acontecimentos, experiências e
fenômenos que são detentores de uma duração temporal. Assim sendo, o relato é
dinâmico, pois permite que sejam analisadas as estruturas de relacionamento
sociais a ele pertinentes, bem como os processos de mudança a ele ligados. O
relato pode ser apresentado como uma experiência dialética, pois a teoria e a prática
são constantemente colocados em confronto com os fatos reprisados pela memória,
ainda mais que, com o transcorrer do tempo, o indivíduo pode vir a refletir e analisar
o teor e o conteúdo de suas ações.
A narrativa permite ao individuo que ele faça uma reflexão sobre a natureza
da verdade dos acontecimentos que ele esteja reproduzindo ao pesquisador. Cabe
ao pesquisador analisar a profundidade e a veracidade dos fatos que estejam sendo
relatados, em conformidade com o método histórico. O grau de reflexão ou
consciência do individuo sobre seus atos pode ser levado em conta e deve servir
para auxiliar na avaliação do seu grau de envolvimento no fenômeno estudado. Por
reflexão ou consciência, pode-se, segundo Franco (2006) entender:
Reflexão pode ser considerada como processo através do qual
o homem considera suas próprias ações. Na filosofia
contemporânea o termo é usado como sinônimo de
consciência. [...] a ação de introspecção pela qual o
pensamento volta-se a si mesmo, examinando a natureza de
sua própria atividade e estabelecendo os princípios que a
fundamentam. Caracteriza assim a consciência crítica, isto é, a
consciência na medida em que examina sua própria
constituição, seus próprios pressupostos. [...] a imersão
consciente do homem no mundo de sua experiência, portanto
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 95
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
no mundo de seus valores, significados, representações,
processo esse repleto de emocionalidade que coloca o ser em
contato com seus contornos cio-históricos. Adentrar nesse
universo, construído historicamente, requer cuidados e espaços
especiais, requer uma ação orientada que se organiza em
movimentos dialéticos entre história e futuro.
O pesquisador através da história de vida, em relação com o presente, deve
procurar captar o impacto das transformações vivenciadas no passado. Ele precisa
adentrar na história para que, com seu conhecimento acumulado e sua percepção,
produza a devida ligação entre os diversos fatos e experiências relatadas. Deve-se
levar em conta que, segundo Spindola (2003), as histórias de vida não falam
sozinhas, sendo necessário, desta forma, que sejam colocadas nos seus respectivos
contextos onde se desenvolveram e puderam adquirir sentido. Assim, os relatos
estarão transmitindo o conhecimento que lhes é pertinente e o pesquisador poderá
lhes dar forma e avaliar todo o conjunto de significações da vida cotidiana.
3.2.2 ENTREVISTAS
É por meio de entrevistas que se torna possível realizar pesquisas como as
“histórias de vida”, conforme exposto por Minayo (2007). As entrevistas constituem
uma técnica de coleta de dados não documentados, de acordo com Matallo e Pádua
(2004). Estes autores colocaram que certas limitações da técnica de entrevistas
devem ser devidamente consideradas, em especial o fato de que alguns dos
entrevistados podem não repassar todas as informações buscadas pelo
entrevistador. Isto pode ocorrer de forma deliberada ou mesmo em decorrência de
falhas no procedimento de condução das entrevistas. Um outro ponto igualmente
considerado centra-se no entrevistador que, despreparado, pode vir a avaliar de
forma distorcida os dados coletados.
Como vantagens, que superam em grau de importância as suas limitações, a
entrevista possibilita que os dados coletados possam ser analisados de forma
qualitativa e quantitativamente. Outro ponto importante, segundo Matallo e Pádua
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 96
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
(2004), é que a entrevista pode ser utilizada em qualquer segmento populacional,
auferindo eficiência na obtenção de dados referentes ao comportamento humano.
A entrevista como fonte de informação pode nos fornecer
dados secundários e primários de duas naturezas: (a) os
primeiros dizem respeito a fatos que o pesquisador poderia
conseguir por meio de outras fontes como censos, estatísticas,
registros civis, documentos, atestados de óbitos e outros; (b) os
segundos que são objetos principais da investigação
qualitativa referem-se a informações diretamente construídas
no diálogo com o indivíduo entrevistado e tratam da reflexão do
próprio sujeito sobre a realidade que vivencia (MINAYO, 2007,
p.65).
Os dados que são obtidos desta última forma denominam-se de subjetivos e
podem ser obtidos por meio da contribuição de indivíduos, pois se constituem em
uma representação da realidade, segundo Minayo (2007). Eles podem ser: crenças,
idéias, formas de pensamento, sentimentos, condutas, projeções do futuro,
idealizações do passado, entre outros.
A entrevista permite uma interação maior entre o pesquisador e os sujeitos
pesquisados, fator que, segundo Minayo (2007) é essencial quando se trata de uma
pesquisa qualitativa e é uma técnica privilegiada de comunicação.
Entrevista, tomada no sentido amplo de comunicação verbal, e
no sentido restrito de coleta de informações sobre determinado
tema cientifico é a estratégia mais usada no processo de
trabalho de campo. Entrevista é acima de tudo uma conversa a
dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do
entrevistador (MINAYO, 2007, p.64).
O objetivo da técnica de comunicação é construir informações que sejam
pertinentes ao objeto de pesquisa e ao ritmo de trabalho desenvolvido pelo
pesquisador, porém uma entrevista é uma conversa que possui uma finalidade,
caracterizada pela sua forma de organização. Minayo (2007) elaborou a seguinte
classificação para as entrevistas:
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 97
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
a) sondagem de opinião: quando é elaborada por meio de um questionário
estruturado, com respostas condicionadas pelo pesquisador;
b) semi-estruturada: quando combina perguntas fechadas e abertas, permitindo
que se discorra sobre o tema, não se fixando necessariamente à questão
formulada;
c) aberta ou em profundidade: o entrevistado fala livremente sobre um tema,
as perguntas procuram aprofundar a reflexão;
d) focalizada: destinada à elucidação de um problema especifico;
e) projetiva: utiliza-se de estímulos visuais ou sonoros, para que o entrevistado
discorra sobre isso.
Este trabalho utilizou a entrevista semi-estruturada, julgando-a ser mais
adequada à natureza dos objetivos que foram propostos. Boni e Quaresma (2005)
consideraram este modelo de entrevista, procurando destacar as suas vantagens.
As entrevistas semi-estruturadas combinam perguntas abertas
e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer
sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto
de questões previamente definidas, mas ele o faz em um
contexto muito semelhante ao de uma conversa informal. O
entrevistador deve ficar atento para dirigir, no momento que
achar oportuno, a discussão para o assunto que o interessa
fazendo perguntas adicionais para elucidar questões que não
ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista,
caso o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha dificuldades
com ele. Esse tipo de entrevista é muito utilizado quando se
deseja delimitar o volume das informações, obtendo assim um
direcionamento maior para o tema, intervindo a fim de que os
objetivos sejam alcançados (BONI e QUARESMA, 2005, p.75).
A vantagem dos tipos de entrevistas semi-estruturadas e aberta, reside no
fato que possibilitam produzir uma melhor amostra da população que se pretende
estudar. Segundo Boni e Quaresma (2005), muitas pessoas apresentam dificuldades
em responder questionamentos por escrito. Com ambos os tipos de entrevistas,
pode-se trabalhar com mesmo com depoentes que não saibam ler ou escrever. Os
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 98
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
autores colocam ainda que é possível a correção dos informantes quanto a enganos,
uma situação um tanto que mais difícil quando se trata de um questionário escrito.
As técnicas de entrevista aberta e semi-estruturada possibilitam uma maior
profundidade em determinados assuntos, uma vez que é bastante flexível quanto a
sua duração. O contato entre pesquisador e depoente permite uma melhor interação
entre ambos, possibilitando a ocorrência de respostas espontâneas. A proximidade
auferida permite ao pesquisador que aborde assuntos ou temas mais complexos e
delicados. Boni e Quaresma (2005) colocam que quanto menos a entrevista for
estruturada, maior será a troca de informações e a interação pesquisador e
depoente:
Desse modo, este tipo de entrevista colabora muito na
investigação dos aspectos afetivos e valorativos dos
informantes que determinam significados pessoais de suas
atitudes e comportamentos. As respostas espontâneas dos
entrevistados e a maior liberdade que estes têm podem fazer
surgir questões inesperadas ao entrevistador que poderão ser
de grande utilidade em sua pesquisa (BONI e QUARESMA,
2005, p.75).
O envolvimento entre entrevistado e entrevistador é considerado fundamental
por Minayo (2007), ao contrário do que alguns cientistas poderiam supor. Para a
autora, essa atitude não é uma falha ou risco à subjetividade, mas uma forma de
aprofundar a investigação e a objetividade do procedimento de pesquisa.
Em geral os melhores trabalhadores de campo são os mais
simpáticos e que melhor se relacionam com os entrevistados. A
inter-relação, que contempla o afetivo, o existencial, o contexto
do dia-a-dia, as experiências e a linguagem do senso comum
no ato da entrevista é condição sine qua non do êxito da
pesquisa qualitativa (MINAYO, 2007, p.68).
A qualidade da entrevista e de seus resultados efetivos decorre do
planejamento da mesma. Boni e Quaresma (2005) colocam que a situação em que é
realizada a entrevista corrobora para seu efetivo sucesso. Logo o pesquisador deve
criar empatia e procurar ganhar a confiança do depoente:
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 99
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
A entrevista deve proporcionar ao pesquisado bem-estar
para que ele possa falar sem constrangimento de sua vida e
de seus problemas e quando isso ocorre surgem discursos
extraordinários. [...] O pesquisador deve levar em conta que
no momento da entrevista ele estará convivendo com
sentimentos, afetos pessoais, fragilidades, por isso todo
respeito à pessoa pesquisada. O pesquisador não pode
esquecer que cada um dos pesquisados faz parte de uma
singularidade, cada um deles têm uma história de vida
diferente, têm uma existência singular (BONI e QUARESMA,
2005, p.77).
O registro fidedigno do que foi conversado, perguntado e respondido durante
a entrevista é o mais importante dos procedimentos, que se espera seja realizado.
Minayo (2007) coloca que dentre todos os instrumentos de garantia da
fidedignidade, o mais prático é a gravação da entrevista, seja por meios magnéticos
ou eletrônicos, utilizando-se do armazenamento de som ou imagem. Destaca-se que
a gravação de imagens (filmagens) deve levar em conta o grau de abertura e
concordância do depoente.
É necessário ressaltar que qualquer tentativa de assegurar o
registro em toda a sua integridade precisa do consentimento
dos interlocutores. Em geral, o pesquisador de campo não
costuma ter dificuldade na apresentação desses instrumentos e
na consecução da licença dos entrevistados para utilizá-los.
Ocorrem restrições e oposições, no entanto, quando o tema da
fala é espinhoso, controverso ou polêmico e coloca em risco a
pessoa e sua reputação. Nesse caso o pesquisador deve
anotar tudo com suas próprias palavras, tentando manter
fidedignidade ao sentido conferido pelo interlocutor. É obvio
que tudo deve ser mantido no anonimato, pois um pesquisador
social não é um repórter e não precisa identificar seu
informante diretamente e, sim, a partir de atributos gerais que
designem seu lugar social (MINAYO, 2007, p.69).
Uma entrevista não é um simples diálogo, ou mesmo uma conversa, mas um
procedimento científico e como tal deve ser trabalhado, conforme auferido de
Tompson (1992). Para esse autor, o objetivo do entrevistador é fazer o depoente
falar sobre seus conhecimentos ou vivências, mantendo-se em segundo plano,
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 100
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
apenas conduzindo o procedimento. Ele recomenda que após ser encerrado o
procedimento, o pesquisador faça o mais rápido possível o registro sobre o contexto
em que se deu a entrevista, possibilitando uma melhor análise sobre o conteúdo da
mesma.
3.3 SUJEITOS QUE COMPUSERAM A AMOSTRA
Foi buscada no cenário produtivo industrial uma empresa que permitisse o
teste da hipótese prevista neste trabalho. Buscava-se evidenciar as conexões entre
os modelos de homem de Alberto Guerreiro Ramos e os paradigmas produtivos
industriais.
A empresa selecionada e que permitiu a efetivação desta pesquisa é uma
indústria do setor de alimentos, detentora de certificações e selos de qualidade
nacionais e internacionais. O alto grau de desenvolvimento e aplicação tecnológica
no desenvolvimento e produção, auferidos junto à empresa foi devidamente
considerado e desejado. Obtida a autorização para a pesquisa, foi assumido o
compromisso de sigilo quanto à identificação da empresa e dos depoentes,
procurando-se desta forma auferir maior isenção e autenticidade das informações
levantadas. Protegidos pelo anonimato, os depoentes puderam falar de maneira
menos impositiva, demonstrando um profundo detalhamento de suas atividades
cotidianas. A transcrição integral das entrevistas pode ser auferida na parte referente
aos anexos, reproduzidos ao final do trabalho.
O grupo de entrevistados, todos atuando na linha de produção da indústria, foi
composto de cinco funcionários com diferentes tempos de permanência na empresa.
Buscou-se esta quantidade por ser considerada adequada ao método de história de
vida.
O grupo de funcionários, bastante heterogêneo quanto ao seu tempo de
trabalho na empresa, foi selecionado tendo como referencial seu setor de trabalho. A
linha de produção em que atuam utiliza-se dos mais avançados equipamentos e
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 101
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
procedimentos técnico-produtivos em termos nacionais ou mesmo mundiais, em seu
ramo de atividade.
3.4 COLETA DE DADOS
A coleta dos dados necessários foi conduzida por meio de entrevistas
gravadas semi-estruturadas e conversas entre o pesquisador e o depoente.
Colocada uma determinada situação, o depoente discorria sobre o que sabia
daquilo, suas impressões e entendimento. Para melhor delimitar o contexto a ser
estudado, foi elaborado um roteiro com algumas questões pertinentes à pesquisa
que poderiam ser utilizadas.
Não era objetivo, ao estabelecer-se o roteiro (Anexo A), conduzir plenamente
todas as entrevistas, padronizando-as. Sua função especifica era servir como um
ordenador dos elementos de ligação entre os diversos pontos relacionados ao
objetivo do trabalho, permitindo posteriormente uma melhor tabulação dos dados.
As informações obtidas por meio das entrevistas foram analisadas e
organizadas cronologicamente, permitindo um relato histórico reflexivo e único sobre
a evolução dos procedimentos produtivos, organizacionais e dos modelos de homem
exigidos dentro da empresa. O estabelecimento desse relato histórico e evolutivo
permitiu a identificação de características dos modelos de homem e suas
correlações com os paradigmas produtivos, como segue no próximo capítulo.
3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
Por ser este um trabalho de pesquisa qualitativa, a técnica de análise utilizada
é a “análise de conteúdo” das entrevistas. Esse procedimento é discutido e
apresentado por Gomes (2007), o qual coloca que a análise de conteúdo torna
necessário a ponderação sobre alguns pontos:
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 102
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
1. a análise de conteúdo dentro de uma pesquisa de caráter qualitativo não
possui como finalidade contar opiniões ou pessoas. Seu obejtivo é explorar o
conjunto das opiniões e das representações sociais relacionadas ao tema
investigado;
2. a análise de conteúdo deve ter por propósito ultrapassar o que foi descrito
pelo depoente, fazendo uma decomposição das informações obtidas,
buscando-se as interrelaçoes entre as diversas partes ou categorias em que o
conteúdo foi dividido. Deve-se buscar com isso a compreensão e o
entendimento que se encontra além do que foi descrito e analisado. A
interpretação é o ponto de partida e de chegada do trabalho;
3. a análise de conteúdo é o momento em que o pesquisador procura concluir o
seu trabalho, fundamentando-se no material levantado, articulando-o com os
objetivos da pesquisa e ao seu marco referencial teórico. É uma etapa final do
processo de pesquisa.
Não existe uma delimitação nítida o suficiente sobre o momento em que se
ocorre a coleta das informações e quando se inicia o seu processo de análise e
interpretação, segundo colocado por Costa (2007). Para ele é importante apenas
que se verifique a qualidade e a suficiência do material levantado e disponível à
efetivação dos objetivos do trabalho de pesquisa.
O procedimento de análise de conteúdo teve seu aparecimento registrado por
volta do início do século XIX. Priorizava, conforme Costa (2007), um máximo de rigor
científico e cientificidade à descrição dos comportamentos, enxergados como uma
reação aos mais diversos estímulos. Era uma técnica de pesquisa voltada à
descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo coletado ou auferido. Essa
técnica, segundo o autor, tornou-se conhecida através de pesquisas nos Estados
Unidos da América, que versavam sobre a imprensa.
A utilização da análise de conteúdo é bastante diversificada. Gomes (2007)
menciona as seguintes situações: análise das obras de um escritor buscando
identificar seu estilo literário e personalidade; análise dos depoimentos de
espectadores de um programa, espetáculo ou leitores de um jornal para determinar
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 103
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
seus efeitos; análise dos depoimentos de representantes de um segmento um grupo
social visando conhecer seu universo vocabular.
O quadro a seguir apresenta as possibilidades de utilização da análise de
conteúdo e sua aplicação:
QUADRO 8 – CAMPOS DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO
Exemplos em relação ao número de pessoas implicadas na
comunicação
CÓDIGO E
SUPORTE
1 pessoa
(monólogo)
2 pessoas
(diálogo)
Grupo restrito
Comunicação
de massa
Lingüístico –
escrito
Agenda, diário
Cartas,
trabalhos
escolares
Notas e
documentos
Jornais, livros,
cartazes
Lingüístico – oral
Delírios,
sonhos,
histórias
Entrevistas e
conversas
Entrevistas e
conversas
Discurso.
Palestra,
programas de
rádio e tv
Iconográfico
(sinais, imagens,
filmes fotografia)
Rabiscos,
sonho,
desenhos
Comunicação
utilizando
imagens
Comunicação
utilizando imagens
Cartazes,
quadros,
imagens
publicitárias
Outros códigos
semióticos
(Comportamentos,
música e objetos)
Tiquetes,
coleções,
dança
Comunicações
verbais
(vestuário,
posturas)
Comunicações não
verbais
(vestuário,posturas)
Monumentos,
sinais urbanos,
comportamentos
institucionais
Fonte: Adaptação de GOMES (2007, p.85).
Os procedimentos metodológicos da análise de conteúdo, segundo a
perspectiva qualitativa, podem ser os seguintes: categorização, inferência, descrição
e interpretação. Gomes (2007) coloca que a ocorrência desses procedimentos não é
seqüencial. O mais usual, segundo o autor, é proceder da seguinte forma:
(a) decompor o material a ser analisado em partes (o que vai
depender da unidade de registro e da unidade de contexto que
escolhemos); (b) distribuir as partes em categorias; (c) fazer
uma descrição do resultado da categorização (expondo os
achados encontrados na análise); (c) fazer uma descrição do
resultado da categorização (expondo os achados encontrados
na análise); (d) fazer inferências dos resultados (lançando-se
mão de premissas aceitas pelos pesquisadores); (e) interpretar
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 104
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
os resultados obtidos com auxilio da fundamentação teórica
adotada (GOMES, 2007, p.88).
Porém, destaca-se que a análise de conteúdo o segue necessariamente,
em seu conjunto, a seqüência colocada anteriormente. Os procedimentos auferidos
pelo pesquisador dependem dos seus propósitos relativos à pesquisa, referentes
aos objetivos almejados, à natureza dos materiais levantados e disponíveis e por fim
a sua perspectiva teórica.
Por categorização entende-se a divisão dos dados obtidos com as entrevistas
e identificados pela análise de conteúdo, em categorias ou grupos que permitam sua
melhor compreensão. É uma operação de classificação dos elementos que formam
o conjunto dos resultados obtidos pela pesquisa. Para Gomes (2007), a
categorização pode também ser previamente realizada, atitude que exige um
conhecimento teórico profundo e sólido por parte do pesquisador que deverá
encontrar um procedimento que permita uma classificação adequada a sua análise.
Esta classificação pode emergir também, a partir da análise do material de pesquisa.
A categorização é um procedimento que se propõe a seguir rumo à
objetividade no procedimento de analise. Gomes (2007) coloca que é importante a
garantia da homogeneidade das categorias ou classes. Assim, as categorias devem
ser construídas partindo-se dos mesmos princípios usados para todo o procedimento
de categorização. Todo o conjunto do material a ser analisado deve
necessariamente ser submetido aos mesmos e idênticos critérios.
Além da homogeneidade, em uma categorização, as categorias devem ser,
segundo Gomes (2007):
a) exaustivas, abarcando todo o material analisado;
b) exclusivas, isto é, um mesmo material não deve ser classificado em mais de
uma categoria;
c) concretas, ou seja, não podem ser expressas em termos abstratos;
d) adequadas, adaptanado-se aos conteúdos e objetivos almejados.
Capítulo 3 Metodologia e Métodos 105
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
As categorias podem ser construídas segundo diversos critérios: temáticos,
sintáticos, léxicos e expressivos.
Por fim, a análise de conteúdos exige uma sólida base teórica do
pesquisador. Quando o pesquisador atingir a elaboração de uma síntese entre as
questões da pesquisa, os resultados obtidos com a análise do material levantado,
inferências conduzidas e perspectiva teórica adotada, chegar-se-á a uma
interpretação considerável.
Capítulo 4 Resultados e Análises 106
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
4 RESULTADOS E ANÁLISES
Este capítulo centra-se na discussão das entrevistas com trabalhadores de
uma indústria do setor de alimentos que, atuante 40 anos, evoluiu de um modelo
produtivo tradicional para um outro mais sofisticado, quer seja no aspecto produtivo
industrial quer no organizacional e administrativo. Pretende-se preservar anônima a
empresa para que ocorra uma melhor discussão dos resultados obtidos.
Cabe ressaltar que o acesso à planta e aos trabalhadores foi devidamente
autorizada pela direção da empresa, que se absteve de qualquer ingerência,
preservando-se apenas o direito de ter acesso ao trabalho de pesquisa quando de
sua conclusão e apresentação.
A indústria em questão apresentou um grau elevado de evolução em seus
princípios produtivos e organizacionais, atingindo um elevado grau de sofisticação
em suas atividades.
4.1 ENTREVISTAS: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram escolhidos aleatoriamente cinco trabalhadores vinculados à empresa,
sendo que todos ainda atuam diretamente na produção, entrando na empresa em
diferentes momentos(de 1986 até 2005).
As entrevistas objetivaram identificar nas falas dos trabalhadores
determinados aspectos que caracterizem os paradigmas produtivos e também outros
que levem a identificação dos modelos de homem de Alberto Guerreiro Ramos,
dentro de determinadas situações. Procurou-se, sendo fiel ao método de história de
vida, deixar que os entrevistados falassem espontaneamente sobre suas atividades
laborais e pessoais, porém procurou-se encaminhar a conversa, conforme o modelo
Capítulo 4 Resultados e Análises 107
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
pré-estruturado de entrevistas, buscando situações especificas onde os aspectos
que se procuram tornar evidentes pudessem ser conhecidos.
A entrevista ateve-se aos aspectos relacionados à seleção para o trabalho,
treinamento para a função, trabalho e responsabilidade sobre a produção, qualidade,
adequação de processos produtivos e preocupação ambiental. A análise das
entrevistas seguirá, portanto, essa ordem.
Dividiu-se a evolução histórica da empresa em dois períodos com
peculiaridades bastante distintas: o primeiro na década de 1980 e anteriores; o
segundo, na década de 1990 após o início da aplicação e desenvolvimento dos
programas de qualidade em 1992, ano em que ocorreu a implantação do programa
5S. Apesar de ser uma certificação e um programa voluntário de qualidade, visando
ao combate ao desperdício, lançaram-se bases para a conscientização dos
funcionários e administração. A partir da implantação do 5S, a empresa buscou
adequar-se e conquistou diversas certificações nacionais e internacionais na área de
qualidade, entre as quais destacam-se:
BRC - Norma para venda no mercado Britânico. Foi criada pela rede
varejista da Inglaterra visando a garantia da qualidade e a segurança dos
alimentos.
HACCP - Norma que demostra a preocupação em garantir a segurança
alimentar dos alimentos, minimizando os riscos de contaminação física,
química e microbiológica nos produtos da indústria.
ISO 14.001:2004 Norma que aponta a preocupação da empresa com a
preservação do meio ambiente, com minimização dos impactos ambientais
decorrentes de sua atividade industrial e atua na melhoria de sua
sustentabilidade ambiental, minimizando o consumo de recursos naturais.
ISO 9.001:2000 Norma que mostra a empresa prezar os conceitos para
garantia da qualidade de seus produtos e serviços.
Norma 18.001:1999 - Norma que ressalta a preocupação da empresa em
garantir a segurança e a saúde dos colaboradores, terceirizados e
prestadores de serviço nos limites da mesma.
Capítulo 4 Resultados e Análises 108
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
PQC - Selo de qualidade do café torrado e moído no mercado interno para
garantia da qualidade e segurança alimentar do café TM.
Selo Fairtrade - Venda para o mercado fair trade de produtos considerados
"justos" do ponto de vista comercial, ambiental e social.
Selo Halal - Norma para venda de produtos nos países de cultura Islâmica.
Garante a qualidade e a segurança dos produtos de acordo com o critério
da religião islâmica desses países.
Selo Kosher - Fundamental para a venda no mercado de alimentos Kosher
israelense
USDA - Norma para venda de produtos orgânicos no mercado americano.
4.1.1 CATEGORIZAÇÃO
Para uma melhor análise das informações coletadas, optou-se por categorizar
os conteúdos das falas, procurando na fragmentação dos testemunhos encontrar
pontos de intersecção e convergência das experiências dos depoentes.
As categorias que foram estabelecidas tomaram por base os aspectos
relacionados aos paradigmas produtivos: Ford, Toyota e Volvo. Atendo-se aos
objetivos deste trabalho, procurou-se vincular às especificidades produtivas, a
identificação dos modelos de homem de Alberto Guerreiro Ramos: operacional,
reativo e parentético. Destaca-se que apesar da evidente vinculação entre o
paradigma fordista e o modelo de homem operacional ser quase que automática, o
mesmo não ocorre com os paradigmas e modelos seguintes. Não há uma vinculação
mecânica e automática, sendo possível identificar a existência dos diversos modelos
de homem ainda contemporaneamente e nos diversos paradigmas produtivos. O
que se apresenta é uma identificação maior ou conexão de um modelo de homem
com um paradigma produtivo. Dessa forma, as categorias assim foram
denominadas:
indústria tradicional rígida;
Capítulo 4 Resultados e Análises 109
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
indústria moderna flexível;
indústria sofisticada, flexível-criativa.
4.1.2 INDÚSTRIA TRADICIONAL RÍGIDA
Os aspectos relacionados ao paradigma fordista podem ser relacionados
quando se identificam nas falas dos depoentes, informações referentes às formas
como se conduzia a produção no período anterior à implantação dos programas de
qualidade (1992). A fala do depoente 01 (Anexo 01) é bastante significativa ao
apontar esse aspecto:
Quando a gente era auxiliar, auxiliar é assim você sempre tava
auxiliando onde estava precisando [...] Então o que acontecia a
pessoa era contratada pra trabalha junto com aquele operador
entendeu. Então ali o conhecimento que você ia ter ali é com
aquele operador. Ai às vezes no caso do operador se você ia
trabalha com outro, ele falava não é assim que funciona ta mais
por que não é assim o outro me ensino daquele jeito. Então eu
aprendi daquele jeito, entendeu! Como que é ai as idéias não
batiam uma coisa com a outra (DEPOIMENTO 01).
A ausência de um operador causava um sério dano à seqüência da linha de
produção da empresa. Quando ocorria a falta de um operador específico, era
comum não existir naquele turno de trabalho outro que soubesse realizar suas
funções. Conforme o depoente 02 (Anexo 02), a empresa contornava isso muitas
vezes buscando em casa outro operador que estivesse de folga, ou mesmo acabado
seu turno.
Antigamente eles buscavam o operador que tava de folga,
agora não. Agora como a gente sabe vários setores, a
gente mesmo (DEPOIMENTO 02).
Percebe-se que não havia uma troca de funções, o funcionário trabalhava
apenas naquilo para o que havia sido contratado. Suas atribuições eram apenas
Capítulo 4 Resultados e Análises 110
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
operar a máquina, conforme o modelo de homem idealizado por Guerreiro Ramos. O
funcionário apenas conduzia a máquina conforme haviam lhe determinado. Uma
confirmação dessa condição é passada pelos depoentes quando afirmam sobre os
procedimentos executados quando da ocorrência de um problema em máquina,
quando havia a necessidade de realizar o serviço de manutenção. Pelo que colocam
os depoentes, o operador não possuía autonomia nem para fazer a identificação do
problema: apenas comunicava que o equipamento não estava funcionando.
A pessoa [encarregado] mostrava a empresa, mas era assim
rápido, em questão meia hora te mostrava a brica. E voltava
ao setor porque era que você vai trabalhá (DEPOIMENTO
01).
Este aspecto reforça a imagem fordiana desse período na empresa em
questão. Relaciona-se com a rigidez identificada na execução das funções na linha
de produção. Nos dizeres dos depoentes, cada um operava sua máquina e tinha sua
função especifica e única. A linha de produção era estática, no que se referia ao
papel dos operadores.
Antigamente, quando você entrava em uma fábrica fazia
aquele serviço o resto da vida, se tivesse que colocar ele na
outra ponta aqui ele não sabia, não tinha treinamento pra esse
tipo de coisa. (DEPOIMENTO 03)
O operador não era responsável pela qualidade do que produzia, pelo menos
pela verificação detalhada daquilo que estava produzindo com a mesma, sendo
verificada no final do processo. Quando eram encontrados problemas na qualidade,
o trabalho precisava ser refeito, gerando esse resserviço custos e desperdícios de
tempo e matéria prima. O operador sozinho não tinha autonomia para interromper a
linha de produção. Em caso de necessidade, tinha que se comunicar com chefes,
supervisores e assim sucessivamente.
Quando ocorria quebra do equipamento, esperava-se a chegada do
responsável pela manutenção, sem maiores preocupações com a natureza do
Capítulo 4 Resultados e Análises 111
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
defeito por parte do operador. Tornou-se evidente, nestes dizeres, a caracterização
do homem operacional e do fordismo como modelo produtivo e organizacional.
Antes quebrava o equipamento você, ligava pro mecânico, o
mecânico sabe quando vinha à informação era entre você
e ele mesmo daí daqui a pouco chegava o teu supervisor e
perguntava o que aconteceu, eu não to sabendo de nada. Hoje
a informação ta mais evoluída entendeu. (DEPOIMENTO 01)
A não autonomia do operador retrata os fundamentos da teoria administrativa
de Taylor, separando a empresa em trabalhadores (blue-collars) e administradores
(white-collars).
No período anterior à implementação dos programas de qualidade, a seleção
dos candidatos a emprego era bastante simples: normalmente indicava-se o
candidato, por um amigo ou parente funcionário, procedimento que reforça a
imagem de um paradigma fordiano e um modelo de homem operacional. O
candidato fazia um cadastro, conduzia-se uma entrevista bastante simples, conforme
explicitado pelos depoentes. Uma vez aprovado, o candidato era empregado pela
empresa. A escolaridade exigida girava também em torno de padrões mínimos. A
empresa sempre possuiu uma procura considerada grande por candidatos a vagas
de trabalho. O depoente 01 colocou sobre a época em que entrou para o quadro da
empresa, no ano de 1985:
Mas que a seleção quando eu entrei aqui. Na época nós
entramos aproximadamente oito pessoas aqui dentro. Na
época tinha sete homens e uma mulher, entendeu.
A concorrência era grande porque a empresa, quando falava
nela, a empresa era muito cogitada aqui na cidade. O povo
falava que a empresa era isso e aquilo, é aquilo e tal vamos
trabalhar então, você chegava à portaria era cheio de gente
era repleto de pessoas querendo entrar aqui e consegui um
emprego aqui dentro, porque a empresa era muito visada
(DEPOIMENTO 01).
Quanto ao processo de seleção dos funcionários, quando se candidatavam ao
emprego, era no primeiro período ausente de critérios mais rigorosos. Buscava-se
Capítulo 4 Resultados e Análises 112
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
um homem operacional, adequado a suas funções. Os entrevistados foram
unânimes em afirmar que sempre existiu um grande número de pessoas
interessadas em trabalhar na empresa, reflexo segundo alguns deles da erradicação
da cafeicultura na região, provocando a migração de grandes contingentes de
trabalhadores do campo para a cidade. As aglomerações urbanas cresceram
enormemente com esse novo contingente populacional oriundo da zona rural, das
fazendas que, a partir de 1975, mudaram seu perfil produtivo, mecanizando-se. O
emprego na indústria, com carteira assinada apresentava-se como uma alternativa
segura a todos, especialmente na indústria objeto da pesquisa.
Teste não foi feito não, foi mais entrevista não é igual a esta
em que a gente esta conversando no momento. Foi feito à
entrevista perguntado o que você gostaria de fazer? Quanto
você queria ganhar? E grau de escolaridade e mais nada, era
mais simples. (DEPOIMENTO 01)
O próprio nível de escolaridade exigido era o mínimo. Buscava-se um homem
que apenas operasse a máquina. O depoente 04 (D-04) lembrou essa questão, cujo
conteúdo ouviu falar por funcionários mais antigos da empresa, “[...] pelo que eu sei,
a escolaridade era mais baixa, o nível de escolaridade era bem inferior a que tem
hoje” (Depoimento 04).
Uma vez contratado, o funcionário era encaminhado diretamente à produção.
As mudanças de setor ocorriam quando a empresa achasse necessário. A
transferência não significava ainda neste período uma maior flexibilidade produtiva,
mas apenas uma readequação de pessoal à linha de produção, muitas vezes
significando um novo aprendizado, mas as funções eram estáticas e repetivas.
Fui direto para a produção, mais daí a gente começava em um
setor como auxiliar depois conforme ia precisar em outro
setor ai a gente era transferido para outro setor entendeu?
(DEPOIMENTO 01)
Na função de auxiliar, o operador acabava tomando contato com diversas
funções, mas isso era apenas temporário.
Capítulo 4 Resultados e Análises 113
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Ás vezes você, por exemplo, trabalha em uma máquina hoje ta
eu tenho um auxiliar uma pessoa que trabalha comigo. Um
auxiliar, nesse caso o auxiliar não veio, então o que é que
acontece eu estou trabalhando meio serviço, estou precisando
de alguém pra me ajudar. Então nesse caso ai eles pegariam
uma outra pessoa de um outro setor para me auxiliar
entendeu? Então quando a gente quando era auxiliar você não
tinha um lugar específico você tinha o seu mais quando alguém
saía de férias tinha que ficar alguém pra suprir o teu lugar
então pegava uma pessoa de outro lugar pra ficar ali.
(DEPOIMENTO 01)
O ponto referente ao treinamento especifico para o desempenho da função,
versa sobre o seguinte: uma vez admitido, no período anterior aos programas de
qualidade, o funcionário era conduzido ao seu posto de trabalho, à máquina que iria
operar. O treinamento consistia, segundo os depoentes, em aprender rapidamente a
operar a máquina em questão. Normalmente admitido como auxiliar de produção, o
novo funcionário era instruído por um outro operador, mais experiente. As
informações eram repassadas de maneira incompleta, pois o operador mais antigo
retinha consigo a maior parte do conhecimento e da sua experiência naquela função.
Restava ao funcionário neófito ir trabalhando e assimilando os erros e acertos,
formando sua própria experiência na condução de sua parte no processo produtivo.
Não, na época não existia assim um treinamento específico,
entendeu o próprio operador aprendia operar a máquina, o
próprio operador. que aprendia do jeito dele se ele souber
como se diz ele era operador da máquina, que ele tinha o
limite dele opera, dele ensina, ele não era tão todo
transparente, entendeu. Então chegava em certo ponto e
falava assim, olha negócio é o seguinte você vai aprender a
fazer isso é isso. E se como é que é aquilo lá? Como que é
aquilo lá, não aquilo quem faz sou eu. Não tinha, não tinha
liberdade total (DEPOIMENTO 01).
Esta situação acontecia segundo opinião dos depoentes em diversos motivos
que puderam aventar pelo não comprometimento como resultado produtivo da
empresa, pela falta de espírito de equipe e, principalmente, pelo sentimento de
Capítulo 4 Resultados e Análises 114
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
propriedade que os trabalhadores mais antigos possuíam em relação ao seu
conhecimento, adquirido com base no trabalho e na experiência produtiva.
O pessoal fala que antigamente o operador mais antigo não
gostava de passar porque tinha medo de perder o lugar para o
mais novo mais agora não tem isso o, a gente usa o
profissionalismo. No caso meu, eu sou, eu treino as pessoas.
(Depoimento 02).
O funcionário imaginava-se revestido de poder e importância, julgando que
desta forma tornar-se-ia insubstituível, uma peça essencial às engrenagens da
máquina industrial, garantindo a efetividade de seu emprego. Evidenciam-se nesta
situação muitas características das empresas que adotavam o paradigma fordista de
produção industrial, bem como se apresentam fatores que levam à identificação do
modelo de homem operacional, conforme idealizado por Guerreiro Ramos (1984).
4.1.3 INDÚSTRIA MODERNA FLEXÍVEL
Os programas de qualidade implantados no Brasil em fins da década de 1980
e início dos anos 1990 representam à transposição dos princípios que norteavam o
Modelo Toyota de Produção Industrial, para a realidade das indústrias nacionais.
Pelo teor dos depoimentos, a indústria objeto da pesquisa deve ter sido uma das
pioneiras deste movimento no Brasil. Não era objetivo deste trabalho o
aprofundamento no teor dos programas de qualidade, sua eficácia ou não por esta
empresa. Com o desenvolvimento de programas de qualidade, especificamente a
partir de 1992, a empresa pesquisada deixou de lado aspectos profundamente
fordistas, como a rigidez das funções na linha de produção, a falta de autonomia dos
operadores e o treinamento.
Com a implantação dos programas de qualidade, a partir da década de 1990,
foi possível identificar nas entrevistas, as evidências da implantação e efetivação do
Modelo Toyota de Produção. O modelo de homem transforma-se rapidamente,
evoluindo para o modelo reativo de Guerreiro Ramos (1984), sendo possível já
Capítulo 4 Resultados e Análises 115
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
enxergar algumas nuances relativas ao estabelecimento do modelo de homem
parentético. Essa mudança organizacional possibilitou o estabelecimento de uma
cultura na empresa, conforme verificado nos depoimentos.
Em 1992, a empresa implantou o programa 5S, um programa voluntário de
qualidade, que serviu de fundamento à efetivação de diversos outros. O programa
5S criou efetivamente uma mentalidade nos funcionários voltada à preocupação com
a qualidade e o combate ao desperdício. O depoente 02 (D-02) coloca que quando
passou a trabalhar na empresa, em 1993, esta se encontrava com esse programa
em andamento.
É pegamos o 5S, porque o 5S exige não é limpeza exige
muito mais do que isso. Enquanto alguém cuidando do produto
a gente cuida também do ambiente, pra passar no setor da
gente do jeito que tem que ser (Depoimento 02).
Os programas de qualidade e a preocupação com a qualidade total são uma
das características mais evidentes do paradigma toyotista. Conforme o depoente 01
(D-01), o programa 5S ajudou também a desenvolver uma consciência ambiental
tanto na empresa como em seus colaboradores. A busca por certificações
ambientais exigidas pelo mercado nacional e internacional criou as condições mais
sofisticadas de coleta, tratamento e destinação de resíduos.
Não, hoje é diferente, porque hoje já tem o tratamento de
resíduo aqui na fábrica. Antes não tinha, antes o lixo que era
gerado você jogava tudo dentro de um tambor, ou então dentro
da própria fábrica você encontrava o lixo jogado, entendeu
como que é hoje não hoje tem a área reservada identificada
certinho, foi quando surgiu o 5S, porque antes não existia o
5S, o povo foi se conscientizando, a firma começou a se
organizar, porque não era organizada. Hoje o lixo é tudo
separado, tem os recipientes pronto pra cada um deles. O
pessoal da limpeza faz a coleta separada do jeito que ta lá, ai
leva pro tratamento de resíduos pra ver o que vai aproveita o
que não vai, o que vai descartar o que não vai, então ai já é
outra área (DEPOIMENTO 01).
Capítulo 4 Resultados e Análises 116
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Essa condição é reforçada pelo depoente 02 (D-02), no que diz respeito aos
procedimentos de limpeza e manejo de resíduos que desenvolveram:
O que eu vejo falar é que antigamente o negócio era assim,
eles se preocupava mais mesmo é com o produto, com a
produção, eu não posso afirmar porque eu não vi, mas não era
do jeito que é hoje. Hoje é difícil o senhor ver um papelzinho
jogado no chão, têm as vezes você vê um, mais é uma pessoa
que as vezes não se conscientizo, mais é pelo menos tudo
jogado no lixo adequado e a água é tratada embaixo, o
senhor sabe né, tem tratamento de água tudo é tratado antes
de jogar (DEPOENTE 02).
A organização passou a incentivar o quadro de funcionários a procurar se
aperfeiçoar cada vez mais, e a aprofundar seus conhecimentos. Exemplo disso é a
colocação do depoente 04 (D-04):
Não hoje existem muitos operadores que estão estudando
curso de tecnologia ou fazem por fora no SENAI [Serviço
Nacional de aprendizagem Industrial] pra ter um certo
conhecimento mais devido a segurança do trabalho hoje em
daí não pode estar executando qualquer tipo de serviço. [...]
tem até um programa que a empresa libera, antes do
término do horário de trabalho, para o pessoal ta se
deslocando pra poder estudar (DEPOIMENTO 04).
A adoção de normas e programas de qualidade, aliada àquilo que os
depoentes chamam de “evolução dos tempos”, fez com que o processo de seleção
se tornasse sofisticado. A seleção passou a exigir testes psicológicos, de aptidão às
funções e a escolaridade exigida passou a ser no mínimo o Ensino Médio (antigo
Segundo Grau).
Demonstra isso que a empresa, adotando normas de qualidade
internacionais, precisou exigir mais conhecimento formal e capacidade cultural de
seus funcionários, caracterizando também uma mudança significativa no modelo de
homem ideal e suas funções produtivas.
Capítulo 4 Resultados e Análises 117
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Na época que eu fiz a ficha em 1993, tinha tinha 300
pessoas mais ou menos concorrendo. [...] Primeiro foi teste
com questões de matemática, português e depois quem foi
selecionado, teve uma entrevista. O segundo grau passou a
ser exigido de uns tempos pra isso passo a ser exigido de
uns anos pra quando a empresa começou a usar os ISO,
ISO 1901, ISSO 14.000 etc. Então a empresa que tem ISO, os
funcionários têm que ter um grau de escolaridade, então no
caso o 2º grau (DEPOIMENTO 01).
Seus funcionários, a partir dessa mudança, seriam denominados
“colaboradores”. Indagado sobre ser um colaborador, todos responderam que era
assim que se consideravam, pois colaboram com os objetivos da empresa e com
seus interesses; essa, por sua vez, lhe proporciona as condições para atingir e
desenvolver os seus, trabalhar e viver com qualidade.
Com as mudanças do segundo período, o funcionário, denominado e
assumidamente colaborador, passa, ao ser admitido, por um treinamento mais longo
e detalhado. O funcionário agora se intera da realidade da empresa, seu mercado,
missão, etc. É-lhe transmitido o conhecimento sobre as atividades da empresa, o
setor onde esse colaborador irá atuar, e sobre todas as etapas que lhe são
concernentes. Quando chega à linha de produção, o novo colaborador é
acompanhado por um funcionário mais experiente, que procura dirimir as duvidas
sobre a efetivação de seu trabalho, um acompanhamento constante. O depoente 01
(D-01) assim explicou como funciona agora, no período da qualidade, o tratamento
junto ao novo funcionário ou colaborador que inicia na empresa:
Primeiramente ele vai passar por um sistema de integração,
uns cursos que tem ali embaixo que as pessoas explicam
como que é a brica tudo depois. [...]hoje esta mais
evoluído nessa parte. Hoje tem as pessoas do treinamento ai
então elas tem ai uns dois dias praticamente pra mostra para
pessoa como que é, como que funciona entendeu. As vezes
até até começa a trabalhar na função no mesmo dia, mas ai
mesmo assim ele tem que passa pela integração
(DEPOIMENTO 01).
Indagado sobre o repasse dos conhecimentos ao novo colaborador, e se esse
repasse era completo, o depoente 01 (D-01) respondeu que sim, destacando que
Capítulo 4 Resultados e Análises 118
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
este repasse era total. Do sucesso do novo colaborador depende o sucesso da
empresa, do produto e dos demais funcionários. O novo colaborador recebe desta
forma todo o conhecimento necessário e o treinamento específico para
desempenhar corretamente as suas funções e outras que lhe couberem.
Hoje em dia a gente tem um procedimento é todo
automatizado a gente tem um sistema de informática em toda
a fábrica todo setor tem um computador, todas as pessoas tem
o acesso àquela página da internet e tal, ali está os
procedimentos de operação de todos os equipamentos que
esses procedimentos foram todos desenvolvidos através dos
operadores, então toda área tem operador que ele é operador
e é também o instrutor do PGMO como no meu caso, no meu
caso desde quando foi (DEPOIMENTO 01).
Sobre este programa Programa de Movimentação de Mão-de-Obra (PGMO),
o depoente continuou sua explanação:
Programa de Movimentação de Mão-de-Obra, então esse
PGMO quando foi desenvolvido foi feito vários operador de
cada setor, foi feito vários cursos na empresa em cima do
PGMO: o que era como era desenvolvido; como que seria
esse procedimento implantado na brica. Então esses
operadores eles já foram inscrito como instrutor educador do
PGMO então quer dizer o que, que em cada setor hoje tudo
bem se tiver dois ou três operador ali não vou dizer que todos
os três são educador, não às vezes um deles são, um deles é
o educador do PGMO, porque ele tem toda liberdade pra
chega no auxiliar, uma pessoa que não conhece nada esse
aqui vai trabalha contigo e como ele não sabe nada você vai
passa todo conhecimento pra ele em cima dos procedimentos
que tem seguindo as regras de segurança e tudo junto
(DEPOIMENTO 01).
O depoente 02 (D-02) destacou a importância do PGMO, comparando a
situação atual com aquela vivenciada no passado, quando o operador retinha para si
o conhecimento necessário ao perfeito desempenho de suas funções.
Isso eu sou, eu passo o que tem que passo mesmo, eu passo
até assim, eu procuro passar pra pessoa que ta aprendendo
Capítulo 4 Resultados e Análises 119
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
até, ir além daquilo pra quando ele fica no meu lugar ele ir,
bem, sabe. [...]
Quanto ao operador antigamente ele sabia, agora não
agora mudou a gente sabe vários, porque quando precisar
procura-se o lugar que esteja mais tranqüilo.
O operador sai um do lugar mais tranqüilo e vai para o lugar
que ta faltando outro lá [...]
É assim o treinamento pra gente mudar de setor, tipo assim eu
saio de um setor e vou aprende em outro setor o operador que
ta lá operando vários anos ou que é operador não
precisa ser vários anos, pode ser dois, três, quatro anos
ele ensina a gente, mas pra ele ensina ele teve um
treinamento aqui dentro da empresa (DEPOIMENTO 02).
Essa transferência de funções e de setor não é feita de uma maneira simples
e mecânica. Conforme o depoente 03 (D-03), existe todo um procedimento
elaborado que deve ser seguido detalhadamente. Esse procedimento envolve desde
os encarregados dos setores até os psicólogos da empresa.
É o seguinte a gente passa tempo em um setor dai a gente
adquiri experiência a gente passa pra outro setor. [...] Eles dão
treinamento sim, tipo assim a gente começa em outro setor
sempre tem uma conversa antes com a psicóloga com o
supervisor (DEPOIMENTO 03).
Criou-se, dessa maneira, uma cultura organizacional de trabalho em equipe,
somada a uma responsabilidade compartilhada pelo desempenho e qualidade da
empresa.
Hoje esta, o grupo esta mais evoluído, antes o! Antes era
mais separado. Hoje não! Hoje tem fazer, tem! Então tem que
envolver quem? Operador, mecânico e supervisor, é! Então
vamos envolver esse povo, esse pessoal (DEPOIMENTO 01).
A operação das máquinas e da linha de produção tornou-se mais dinâmica
com a implantação do rodízio de funções fazendo com que cada um dos
colaboradores se familiarize e aprenda a desempenhar todas as tarefas pertinentes
à atividade de produção. A qualidade da produção e do ambiente de trabalho tornou-
se responsabilidade conjugada e compartilhada. Ao perceber um problema, o
Capítulo 4 Resultados e Análises 120
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
operador possui autonomia para interroper a linha de produção, até que o problema
seja sanado.
Outro aspecto importante do paradigma toyotista que pode ser identificado é o
que diz respeito ao controle de qualidade da produção. No paradigma anterior, o
controle de qualidade realizava-se em um setor específico, geralmente no final da
linha de produção, e cujos encarregados apontavam erros falhas e resserviços
necessários.
A preocupação com a qualidade é colocada como uma necessidade
constante do ambiente produtivo, atitude requerida de todos os envolvidos na
produção. Na empresa pesquisada isso pode ser identificado na fala do depoente 01
(D-01).
Hoje a gente controla o equipamento o produto que esta
entrando através da carta de controle porque todos os
produtos tem uma forma de acabamento do produto, cliente
que é diferente, às vezes a especificação do produto é
diferente então tem que trabalha em cima daquela forma,
daquela forma que foi desenvolvida ta acontece de na frente
ter todo o processo posterior é diferente do anterior. Acontece
algum problema no produto aqui você deixa passar você não
constata ninguém entendeu quando ai vai chega ao processo
posterior com certeza vai dar problema ai você consegue
produzir, mas produz com dificuldade. Então não se você
detectou um problema antes você tem que envolver o
supervisor chega nele fala com ele explica pra ele o que ta
acontecendo pra ele esta ciente ou interrompe o processo
separa aquele produto (DEPOIMENTO 01).
Esta preocupação com a qualidade é também compartilhada pelos depoentes
01 (D-01) e 02 (D-02) que afirmaram o seguinte:
Hoje é o seguinte, em parte de problema no equipamento, a
gente mesmo identifica você percebe quando a máquina não
ta normal, parte de ruídos quando o motor está super
aquecendo então você percebe que o primeiro passo você
tem que envolve a manutenção, liga pra manutenção a
manutenção ta ciente e liga para o supervisor para o
supervisor está ciente do que esta acontecendo, então tem
que ter mais informações (DEPOIMENTO 01).
Capítulo 4 Resultados e Análises 121
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
É quando o produto no meu setor lá não ta chegando de
acordo do jeito que tem que deve vir, a gente que trabalha a
gente sabe se isso esta normal.
Ai a gente liga para o operador que ta passando pra gente e
fala olha ta mandando quente e tem que vim frio, ta mandando
quente, daí ele vai ver o que ta acontecendo se o resfriador
deu problema ou ta mandando muito sujo, ele vai ver se o
filtro não está furado.
[...] quando ele não identifica lá, porque às vezes fura um filtro
lá, não tem como ele saber que furo, eu vou ver lá embaixo
como é que se sujar muito meu filtro lá, ai eu ligo pra ele e digo
que tem alguma coisa errada ai ele vai ver se o filtro não ta
furado (DEPOIMENTO 02).
O operador possui autonomia para identificar o problema, conforme colocado
pelo depoente 04 (D-04):
Ele [o operador] faz primeiro um diagnóstico, digamos assim
ele faz um controle de qualidade inicial, mas na frente ainda
tem o setor de controle de qualidade que faz um teste mais
apurado (DEPOIMENTO 04).
Essa autonomia não torna a manutenção da indústria desnecessária, ela é
mais uma auxiliar da manutenção, colaborando com a parada da produção, evitando
assim maiores desperdícios. O depoente 02 coloca que nem sempre o operador
consegue fazer o conserto da máquina, mas é capaz de identificá-lo.
É se for um problema na máquina a gente que é operador
sabe o que que é, ... agora se é um problema elétrico, ou um
problema de entupimento a gente tem que chama o
eletricista ou o mecânico pra ele vim mexer porque as vezes
ele tem a chave que, o eletricista ele que pode mexer
mesmo agora o mecânico nem sempre a gente tem no setor a
chave que ele tem. (DEPOIMENTO 02)
Quanto à parada na produção, o depoente 02 coloca como importante à
manutenção da própria qualidade da indústria, seu nome, marca e produtos:
Pode, pode com certeza porque ali você vai envolvendo a
qualidade do produto, hoje a gente ta trabalhando muito em
cima da qualidade, antes não, antes do jeito que vinha ia. Hoje
Capítulo 4 Resultados e Análises 122
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
a qualidade é o principal entendeu você faz o produto, mais
tem que garanti que ele vai chega 100% (DEPOIMENTO
02).
O homem reativo é perceptível nestes procedimentos produtivos. A busca do
comprometimento dos colaboradores com a qualidade e produtividade da empresa
fez emergir esse modelo de homem. A preocupação dos funcionários com os
destinos da produção e da empresa evidenciam comportamentos reativos.
4.1.4 INDÚSTRIA SOFISTICADA FLEXÍVEL-CRIATIVA
A indústria pesquisada possui uma linha de produção flexível, porém
contínua, não trabalhando com células de produção, típicas do paradigma volvista.
Mesmo assim podem ser identificados alguns procedimentos que evidenciam um
avanço rumo a esse paradigma, ainda que de maneira involuntária.
A preocupação com a inovação e a melhoria constante é um desses
procedimentos, sendo esse um principio dos programas de qualidade típico do
paradigma toyotista. Os depoimentos puderam identificar essa preocupação, na
realização de plenárias periódicas, onde podem ser apresentadas propostas de
inovação:
Todo ano, a gente tem uma plenária, que é a apresentado as
melhores são várias a gente seleciona umas 50 a 100 e
passa na plenária que é melhoramento continuo que é para
sua máquina é que nem senhor falo o operador acha que se
ele muda um negocinho vai produzir mais vai melhora o
rendimento da máquina e eles aceita sim eles fazem se
precisa muda eles mudam. (DEPOIMENTO 02)
Esse incentivo acontece para que os procedimentos produtivos estejam
sempre adequados a realidade do mercado. O depoente 01 (D-01) destaca tal
condição:
Capítulo 4 Resultados e Análises 123
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Assim a gente nunca fica pra trás porque o que hoje você tem
em mãos amanhã está superado. Então tem que estar
sempre ali adequado com o mundo não é! (DEPOIMENTO 01).
Um outro ponto importante é a adaptação de equipamentos à realidade
produtiva da empresa. Apesar de ser uma atividade considerada até comum, o
processo de redução tecnológica e produtiva foi plenamente desenvolvido em
Uddevalla, na Suécia. Era bastante comum nas indústrias fordistas a encomenda de
equipamentos específicos para uma função e a sua plena desativação ou
substituição, quando não mais tivesse serventia.
A respeito da redução ou readaptação de equipamentos, implantação de
inovações a realidade produtiva da empresa, os depoentes colocaram o seguinte:
É o que geralmente mais acontece, porque a máquina vem,
vem estipulada para aquele determinado limite, então ali o
próprio operador ele constata que se você fizer um ajustinho
aqui, um ajustinho ali, e tal você vai consegui a melhor
eficiência, entendeu, eu creio que hoje a fábrica escom os
mesmos equipamentos, quer dizer o todos porque ela
cresceu, mais a parte dela mais antiga são os mesmos
equipamentos só que estão sendo reajustados.
[...] você vai reajustando pra você consegui uma melhor
produtividade daquele equipamento um desempenho maior
(DEPOIMENTO 01).
Ainda sobre as modificações e inovações que frequentemente acontecem, o
depoente 02 (D-02) afirmou que tudo deve funcionar conforme a realidade e as
necessidades da fábrica:
Pelo menos no setor que eu trabalho antes de comprar mesmo
a máquina paga, ela é testada vários meses pra ver se ela
trabalha de acordo com a necessidade da fábrica.
(DEPOIMENTO 02)
Quando uma parte da linha de produção da indústria funcionava em outra
cidade e foi transferida para sua sede, segundo o depoente 03 (D-03), diversas
modificações tiveram de ser conduzidas nos equipamentos.
Capítulo 4 Resultados e Análises 124
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Então no meu setor é o seguinte como faz pouco tempo que
eu estou lá, a gente ouve que quando era em outra cidade,
ela era de um jeito daí quando veio pra ela teve que ser,
modificada do jeito que tem que ser. (DEPOIMENTO 03)
A capacidade exigida, do ser para propor inovações ou conduzir adaptações,
é a capacidade de raciocínio crítico. Ele deve ser capaz de analisar a realidade que
o cerca, tirar suas conclusões e propor as inovações. O espírito inovador é um
espírito parentético.
No tocante ao Modelo de Produção especificamente, alguns outros matizes
indicam características volvistas, mesmo que de forma involuntária, decorrente da
evolução produtiva e dos programas e normas de qualidade internacionais que ali
são adotados. Destacam-se, nesse sentido, o espírito de trabalho em equipe, o alto
grau de tecnologia aplicado ao processo produtivo, preocupação individual e coletiva
com a qualidade e seu aprimoramento, além da preocupação da empresa com a
qualidade de vida de seus colaboradores, seja ela laboral ou pessoal. A principal
evidência volvista e parentética é a presença prática de um espírito de grupo e a
importante consciência critica da necessidade de sua efetivação.
Uma característica parentética plenamente identificável evidencia-se na
afirmação de todos os entrevistados, com maior ou menos grau de entusiasmo, de
que o ambiente de trabalho, com a nova organização, é voltada à qualidade e sua
busca constante. Segundo eles, o ambiente tornou-se muito mais agradável, sendo
prazeroso trabalhar ali.
Como já colocado, a natureza da pesquisa não permitiu aprofundar, ainda, em
aspectos mais específicos, como é a qualidade de vida dos colaboradores, a
preocupação ambiental, os programas de qualidade efetivados pela empresa
pesquisada, motorers das transformações apontadas. Foi possível, porém,
evidenciar o desenvolvimento de qualidades parentéticas nestes
funcionários/colaboradores, como o conhecimento de toda a planta fabril da
empresa, domínio sobre as etapas desenvolvidas na linha de produção, natureza do
produto e do mercado ao qual se destina, comprometimento e responsabilidade no
tocante à qualidade, tudo aliado ao desenvolvimento de um senso critico e analítico
Capítulo 4 Resultados e Análises 125
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
que lhes permite atuar produtivamente neste meio. A principal evidência parentética,
porém, foi o entusiasmo e o prazer com que descreveram suas funções, sua vida e
seu pensamento.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 126
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 CONCLUSÕES
O trabalho de pesquisa possibilitou a confirmação da hipótese que se levantou,
ou seja, existem conexões, apontadas a seguir, que podem ser auferidas entre os
paradigmas produtivos industriais e os modelos de homem idealizados por Alberto
Guerreiro Ramos. Tal afirmação respalda-se necessariamente no cumprimento dos
objetivos propostos, que foram plenamente considerados no desenvolvimento deste
trabalho, tanto em sua parte teórica como na sua verificação empírica.
O homem produziu as revoluções tecnológicas sentidas ao longo da história e
seu comportamento sofreu alterações, progressões e regressões, com a mesma
intensidade com que as mudanças tecnológicas e produtivas se fizeram perceber.
Em cada um do diversos momentos produtivos, foi possível imaginar um modelo de
homem ideal, possuindo características e vivenciando especificidades próprias de
seu tempo. Cada modelo de homem, a exemplo dos modelos produtivos, apresentou
características provenientes dos modelos anteriores e trouxe em seu âmago as
raízes do modelo seguinte em um processo dinâmico. As características de cada
modelo de homem puderam assim ser reconhecidas em maior ou menor medida nos
modelos anteriores e posteriores.
que se procurar ater ao caráter analítico e normativo dos modelos de
homem de Guerreiro Ramos. O sociólogo destacou que seus modelos eram
paradigmáticos de comportamentos e condutas sócio-econômicas e para concebê-
los baseou-se na construção de tipos-ideais, no sentido que lhes foi atribuído por
Max Weber. Desta forma, Guerreiro Ramos ponderou que não esperava
especificamente que situações pontuais existentes na vida social coincidissem com
os diversos tipos ideais, sejam modelos de homem, sociedade ou desenvolvimento.
Guerreiro Ramos demonstra, assim, um respeito acadêmico pela individualidade e
capacidade de discernimento e escolha de cada ser humano. Um idêntico respeito é
demonstrado pelo contexto e conjuntura vivenciado em cada sociedade e situação
histórica. O autor valoriza a singularidade humana, cujo desenvolvimento não
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 127
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
poderia ser construído com base em um igualitarismo teórico, que se apresentaria
forçosamente autoritário. Seus modelos de homem priorizam a capacidade do ser
humano em desenvolver sua racionalidade e refletir sobre a realidade do mundo,
conhecendo suas dimensões, compreendendo-o e atuando racionalmente em sua
transformação e adequação. Os modelos de homem de Guerreiro Ramos partem da
generalidade social para buscar compreender as condições em que ocorre o
estabelecimento da singularidade humana, procurando encontrar, identificar e
trabalhar os fatores que levaram a sua sofisticação.
O homem passou por um profundo processo evolutivo, que atingiu os
diversos aspectos da sua existência. Houve momentos em que estas mudanças se
intensificaram, acelerando seu ritmo e despertando maiores atenções e momentos
de estabilidade quando estas transformações se solidificam lançando bases para
futuras evoluções. O homem é o personagem dessas mudanças, seu ator e autor
conforme as necessidades e especificidades de seu tempo. O ser humano não é um
ser abstrato, fora da realidade de seu contexto, ele é o resultado da sua própria
ação, das interações percebidas no mundo e na vida em sociedade.
A condição do ser humano, como um objeto de pesquisa e análise, foi
demonstrada por Guerreiro Ramos (1984) que evidenciou três modelos de homem
idealizados como portadores do comportamento necessário à plena efetivação dos
diversos modelos produtivos percebidos no século XX. Os modelos apontados são o
do homem operacional, o do homem reativo e o do homem parentético, sendo este
último portador de especial atenção em virtude de suas características especiais.
O modelo Ford de produção exigiu um modelo de homem ideal, com o
comportamento e mentalidade moldada adequadamente às necessidades da linha
de produção estática e rígida. O homem operacional era apto apenas a conduzir a
máquina e por ela ser conduzido, em operações previamente ordenadas,
adequando-se às exigências desse paradigma produtivo. O homem operacional é
considerado como uma peça recambiável dentro da indústria fordista, concebida
como se fosse uma máquina, rigidamente controlado no desempenho das práticas
produtivas pelas técnicas organizacionais de Taylor. A passividade característica
deste modelo de homem advinha do principio de intercambiabilidade dos
componentes de uma máquina, cujo modelo de funcionamento influenciou
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 128
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
profundamente a organização administrativa das empresas de cunho fordiano. A
organização como dito, assemelhava-se em sua concepção a uma máquina, o
homem enxergado como um dos muitos de seus componentes, intercambiável e
substituível. Tal fato pode ser auferido empiricamente, quando foram entrevistados
os funcionários da empresa estudada e foi verificado que ela, no período anterior à
assimilação dos programas de qualidade em 1992, era uma indústria tradicional e
rígida. A vinculação da empresa neste período ao paradigma fordiano é evidente,
em especial pela rigidez, o que pode ser verificado na execução das atividades na
linha de produção. Evidencia-se também a vinculação ao modelo operacional de
homem, pois requeria-se apenas de cada indivíduo que conduzisse sua máquina e
exercesse uma função apenas, de maneira específica.
A imagem do homem operacional é reforçada na organização pesquisada,
pois como se constatou nos depoimentos, não havia uma troca efetiva de funções
entre os funcionários. Cada qual operava apenas sua máquina, não possuindo
autonomia dentro da linha de produção, muito menos pela verificação da qualidade
do que produziam.
O comportamento operacional laboral reflete-se profundamente em seu
comportamento social. Não se estranharia vincular a passividade encontrada no
homem operacional e melhor vivenciada na década de 1930, à proliferação de
regimes e idéias políticas autoritárias e também de grupos políticos que se
colocavam como os detentores do saber e das condições ideais para tomar as
decisões e conduzir os destinos de toda uma sociedade. Muitas destas doutrinas
revestiam-se de aspectos que se pretendiam ver como científicos.
O homem operacional é percebido, conforme explicitado por Begazo (2003),
como um trabalhador plenamente passivo diante do processo produtivo
necessitando de que lhe seja dito constantemente e demonstrado aquilo que deve
ser produzido ou realizado na organização onde atua. Evidenciando-se como um
mero operador de máquinas, não lhe é necessário ou permitido entender os
mecanismos da totalidade do meio produtivo em que atua. O homem operacional
necessita ser treinado e supervisionado e a sua motivação advém de recompensas
materiais ou econômicas. A melhoria da sua qualidade de vida laboral ou social não
é cogitada, pois a sua opinião sobre o ambiente produtivo não é considerada.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 129
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Empiricamente foi possível constatar que na organização estudada, no período em
que operava como uma industria tradicional rígida, dentro da plenitude do paradigma
fordiano ao qual se vinculava, não existia uma preocupação com um nível
educacional mais elevado entre os funcionários. Buscava-se nela justamente um
homem que operasse a máquina. O treinamento dos funcionários era reduzido à
operação que não passava de um aprendizado rápido, condizente ao modelo de
homem que se adequava ao paradigma produtivo rígido (Ford). Havia uma retenção
das experiências laborais de cada operador, dificilmente compartilhada ou
socializada no ambiente produtivo. Esta retenção foi a forma que cada trabalhador
procurou utilizar para permanecer essencial à organização e tornar-se uma peça
insubstituível na máquina fordista que era a indústria tradicional rígida.
Com a crise do modelo Ford, a partir da década de 1970, o modelo ideal de
homem exigido pelo meio produtivo passou a ser mais complexo, assimilando os
novos processos e contextos surgidos, o que não significa um abandono pontual das
práticas até então desenvolvidas. A crise do sistema Ford não significa seu imediato
abandono, mas a aceleração da busca por mudanças em sua estrutura, afim de que
sua produtividade seja acentuada. Com as necessidades de flexibilização da
produção percebidas ao longo daquela década, a difusão do Modelo Toyota de
Produção foi ampliada. Novas capacidades tiveram de ser desenvolvidas nos
homens. A partir de então, evidencia-se no meio produtivo a figura do homem
reativo.
O Modelo Toyota concebe e compreende a organização empresarial como
um “organismo vivo”, onde o ser humano não é mais um simples componente
mecânico. O homem torna-se uma peça vital, sem o qual a organização não
sobreviverá de maneira satisfatória, atingindo seus objetivos. O homem reativo
possui uma visão muito mais sofisticada sobre a natureza de sua motivação laboral,
e busca não apenas recompensas materiais, mas também qualidade de vida e de
trabalho. O homem reativo preocupa-se com o ambiente social externo ou contextual
da organização, sendo esta encarada como um sistema aberto e passível de
mudanças. Não desconsidera a importância dos valores pessoais e sociais, dos
sentimentos e das suas atitudes sobre a efetivação do processo produtivo. A
preocupação com a qualidade, presente no modelo Toyota, fez com a melhoria da
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 130
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
qualidade de vida dos trabalhadores fosse considerável, em relação aos modelos
anteriores. Critérios de higiene, organização e ergonomia passaram a fazer parte do
cotidiano dos trabalhadores. A organização e a valorização da capacidade do
homem passou a refletir-se em sua vida social e pessoal. A vinculação da empresa
estudada ao paradigma toyotista, conforme auferido, inicia-se a partir de 1992, ano
em que foi implantado nesta organização o programa 5S, utilizado como uma
ferramenta para a conscientização dos funcionários quanto à sua participação e co-
responsabilidade na qualidade da produção. A partir deste momento, a organização
passou a incentivar os funcionários, doravante considerados colaboradores, a se
aperfeiçoar e a aprofundar seus conhecimentos educacionais bem como saberes
relacionados às suas atividades produtivas. O colaborador passou a ser admitido na
organização após um processo de seleção e treinamento melhor elaborado e mais
profundo.
A organização estudada desenvolveu uma cultura organizacional de trabalho
em equipe, à qual somou-se um sentimento de co-responsabilidade pelo
desempenho e pela qualidade da produção. Esta reponsabilidade individual pela
qualidade é um dos mais importantes aspectos do paradigma toyotista, ligada à
autonomia dos operadores na linha de produção. Percebe-se nestes aspectos
toyotistas diversos a presença do homem reativo guerreiriano, em especial na
preocupação com os destinos da produção e da própria organização empresarial a
qual pertencem.
Estudiosos humanistas entendiam que o sistema de produção industrial e as
organizações empresariais funcionavam de maneira independente. O objetivo da
administração era dar suporte e apoio aos objetivos finais e específicos da
organização, gerando uma organização mais preocupada com os seres humanos
que a constituem. Os homens tornaram-se mais conscientes das suas condições,
implicados e comprometidos com os objetivos das organizações em que atuavam.
eram perceptiveis nos Estados Unidos da América, na década de 1970,
evidências sobre o estabelecimento do homem parentético. Reflexo das condições
sociais, produtivas e culturais comuns às sociedades com um grau ou estágio maior
de desenvolvimento.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 131
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
O conceito de homem parentético apresentado por Guerreiro Ramos se
diferencia dos diversos modelos anteriores. Para ele, esse homem possui uma
consciência ou capacidade crítica-analítica bastante desenvolvida em relação a sua
existência e aos fatores relacionados. O homem parentético possui percepções
sobre as suas ações do dia-a-dia, superando os limites impostos aos modelos
anteriores que paralelamente continuam a existir em diversos meios. Guerreiro
Ramos colocou que o homem parentético consegue abstrair-se do fluxo cotidiano da
existência, sendo capaz de avaliá-la como se fosse um expectador. Essa
capacidade permite que ele tome distância do meio que lhe é familiar e tome
atitudes como se fosse um estranho em seu meio social, maximizando sua
compreensão desse contexto. Pode-se afirmar que o homem parentético analisa as
situações, ponderando e sopesando-as de maneira extremamente racional, sua
percepção do mundo é mais sofisticada que a dos anteriores; o conhecimento e a
informação lhe são importantes para que possa compreender a realidade do mundo.
Age como um cientista ao realizar seu experimento. O comportamento parentético
define-se, portanto, como a capacidade psicológica do homem em afastar-se das
circunstâncias externas e internas que influenciam suas opiniões e seu senso critico.
Isentando-se de envolvimento, o homem parentético pode analisar de forma
aguçada as situações em que se envolve, observando-as à luz da razão e de seus
conhecimentos.
A isenção necessária ao homem parentético é construída com base no
conhecimento amplo e específico sobre as diversas situações. A busca pelo
conhecimento e pelo aprendizado é primordial ao estabelecimento de uma situação
parentética. Rompendo provisoriamente com os vínculos que o ligam à sociedade ou
às organizações, o homem parentético pode livremente criticá-las, resultando assim
melhorias significativas e avanços em sua realidade. Igual isenção em receber deve
possuir a sociedade ou instituição analisada. O objetivo da crítica parentética é
corrigir descontinuidades e fomentar o desenvolvimento pleno. O homem parentético
é racional e se empenha continuadamente na atualização de suas capacidades e
potencialidades.
A referência ao Modelo Volvo de Produção Industrial e sua efetiva aplicação
na planta fabril de Uddevalla, com a sua conseqüente vinculação ao conceito de
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 132
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
homem parentético, pode ser estabelecida em referência ao fato de que, nesta
fábrica, os suecos colocaram em prática um modelo de produção industrial que
enxergava a organização como um cérebro. Uma organização cerebral é capaz de
aprender continuadamente, aumentando seu conhecimento com as novas situações
e exigências do ambiente produtivo e do mercado, exigindo dos homens e mulheres
que nela atuavam comportamentos parentéticos, evidenciados conforme o modelo
analítico de Guerreiro Ramos. Mesmo sendo uma planta localizada em um ponto
específico, os procedimentos desenvolvidos e os comportamentos gerados pela
Volvo, em Uddevalla, produziram percepções e análises no mundo acadêmico e
interesse corporativo. As organizações e corporações contemporâneas possuem
aspirações e necessidades semelhantes às evidenciadas em Uddevalla. Guerreiro
Ramos destacou as especificidades do homem parentético que possui qualidades
que existiam apenas de forma residual nos estágios anteriores de desenvolvimento
da humanidade, e que tendem, a partir desse momento a tornarem-se universais na
sociedade industrializadas mais avançadas. Destaca o autor ainda que tais padrões
de comportamento, anteriormente, somente eram encontrados em pessoas
excepcionais como Sócrates, Bacon e Maquiavel, que possuíam a capacidade
psicológica de diferenciar a individualidade do mundo em que existiam. Esta
capacidade tornava-os capazes de perceber suas sociedades como arranjos
precários.
A organização pesquisada apresentou alguns matizes que permitiram a
vinculação de algumas de suas práticas ao paradigma volvista, decorrentes
provavelmente da assimilação de novos processos produtivos, de novas e
avançadas técnicas e tecnologias e, principalmente, dos mercados consumidores
sofisticados com os quais mantém relação com suas normas rígidas de qualidade
adotadas. Podem ser desta forma enumerados:
espírito de trabalho em equipe;
elevado grau técnico e tecnológico aplicado aos processos de produção;
preocupação individual e coletiva com a qualidade produtiva e sua
constante melhoria e adequação às exigências de mercado;
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 133
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
preocupação organizacional com a qualidade de vida pessoal e
operacional dos colaboradores;
presença de um espírito de grupo vinculado a consciência critica de sua
necessidade;
entusiasmo com o ambiente da industria, considerado mais prazeroso
para o desenvolvimento do trabalho.
O homem parentético traduz os resultados da soma de diversos
comportamentos muito existentes, porém singulares em meio à sociedade, agora
pluralizados e essenciais. Repercute o conceito de homem parentético ainda, a
efemeridade atual de atitudes antes consideradas importantes para as atividades
produtivas. A necessidade de comportamentos parentéticos justifica-se por ser o
mundo contemporâneo pleno de turbulência, com ambientes que muito rapidamente
se transformam, característica que torna necessária a existência de organizações
flexíveis, ágeis e capazes de operar mudanças estruturais de maneira rápida e
eficaz, ou seja, empresas capazes de entender o mercado e responder
pontualmente a sociedade consumidora. Deve ser lembrada a comparação de uma
organização empresarial ideal com uma banda de jazz, na qual é possível identificar
tanto aspectos do comportamento parentético como características inerentes ao
modo de produção sócio-técnico implementado pela Volvo em Uddevalla. Nesta
forma musical, que surgiu no século XX, utilizam-se escalas africanas conjugadas
com harmonias européias. O maestro tem sua importância substituída pelo domínio
do senso comum e pelo pequeno porte do grupo. A produção musical é
profundamente marcada pelo prevalecimento de padrões, porém são preservados
espaços para a improvisação tanto individual como coletiva. Os músicos são
valorizados e destacam-se especialmente pelo prazer da execução das músicas e
de sua apresentação.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 134
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
QUADRO 9 – MODELOS DE HOMEM DE ALBERTO GUERREIRO RAMOS
Conexões
Modelo de
Homem
Características Básicas
Paradigmas
Produtivos
Modelo de
Sociedade
PRODUÇÃO
OPERACIONAL
É passivo diante do ambiente
produtivo.
É motivado por recompensas
materiais.
É um repetidor de procedimentos.
Desvincula o trabalho do prazer.
Modelo Ford
Organização
como máquina
REATIVO
Melhor ajustado ao ambiente
produtivo.
Importa-se com sua qualidade de
vida.
Não vincula sua vida particular ao
ambiente produtivo.
Não consegue dissociar-se da
realidade que o cerca.
Trabalha em equipe.
Modelo Toyota
Organização
como um
organismo vivo
PARENTÉTICO
Dissocia-se da realidade em que
encontra-se vinculado.
Possui capacidade critica, o que o
torna capaz de analisar a realidade.
Associa ambiente produtivo e
qualidade de vida.
Valoriza seus sentimentos
pessoais.
Modelo Volvo
Organização
como um
cérebro
CONHECIMENTO
Fonte: Adaptação de Ramos (1984).
Para operar a organizações da “Sociedade do Conhecimento”, são
necessários indivíduos que sejam capazes de pensar e refletir. Detentores de uma
consciência racional que os torna capazes de criticar e receber críticas, os indivíduos
deverão buscar alternativas e soluções para os problemas identificados no ambiente
produtivo. Um comportamento organizacional destes trará reflexos à sociedade, que
tenderá a se tornar cada vez mais sofisticada. Surgirão novos problemas que
assumirão aspectos e formas bastante diferenciados daqueles que, no passado
atormentavam a sociedade e as organizações, exigindo a ação dos homens
parentéticos.
Capítulo 5 Conclusões e Recomendações 135
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Sugere-se que, no futuro, a temática desta pesquisa tenha prosseguimento e,
dentro do possível, atenha-se aos seguintes pontos:
1. aprofundar o estudo no que se refere ao estabelecimento do conceito de
homem parentético e a construção da racionalidade;
2. aprofundar a exploração das características do paradigma produtivo
representado pelo modelo Volvo, visando oferecer novas perspectivas e e
estabelecendo as bases de sua influencia e aplicação no ambiente produtivo
brasileiro;
3. desenvolver procedimentos que permitam adaptar os paradigmas produtivos
à realidade de segmentos econômicos específicos, não somente industriais;
4. propor um instrumento que permita auxiliar no estabelecimento de condições
econômicas, culturais e sociais, em uma determinada sociedade, que
possibilite idealizar suas possibilidades de desenvolvimento industrial e
sofisticação.
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Anexo A Título do Anexo A 152
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
APÊNDICE A ROTEIRO DE ENTREVISTAS (SEMI-ESTRUTURADO)
ROTEIRO DE ENTREVISTAS
Serão omitidos os nomes dos funcionários, o setor e a atividade poderão ser generalizados para
dificultar a sua identificação.
01) Qual foi sua função na empresa?
- Qual seu setor?.
02) Como ocorreu sua seleção para o emprego?
- Como o senhor foi empregado?
- Havia concorrência?
03) Descreva a sua rotina de trabalho?
- Como é o seu trabalho?
04) Há um chefe, encarregado ou supervisor para seu setor?
- Basicamente quais são as funções e as tarefas desse chefe?
05) Quantas pessoas trabalham em seu setor?
- Quantos são os funcionários da empresa?
- Existem funcionários terceirizados? Quais são as suas funções?
06) Qual é a formação escolar dos funcionários da sua empresa?
- Qual é a escolaridade exigida para se trabalhar na empresa?
- Há necessidade de treinamento específico para exercer sua função ou outras
funções na empresa?
- Quem fornece o treinamento quando necessário?
- Existem funcionários com formação técnica? Qual?
- A empresa incentiva o estudo formal dos funcionários?
- Existe incentivo para que estudem em cursos regulares? Quais são esses cursos?
07) O funcionário desempenha apenas uma função?
- O que o funcionário desempenha além de sua função especifica?
- Existe uma divisão das funções entre os funcionários?
08) Quais são os serviços realizados pela empresa?
- Todos eles são realizados na empresa?
- Quais são os serviços feitos por outras empresas?
- Isto é freqüente?
- Quais são estas empresas?
Anexo A Título do Anexo A 153
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
- Por que esses serviços não são realizados na própria empresa ou com seus
próprios recursos?
09) Quando ocorrem problemas:
- Quais são os procedimentos executados?
- Quem é comunicado sobre o problema?
- Quem resolve ou soluciona o problema?
- O operador possui alguma autonomia para solucionar o problema? Qual é o grau
dessa autonomia?
- Era possível solucionar os problemas dentro da oficina?
- A quem se recorria quando isso não era possível?
10) De que forma ou formas, é realizado o controle da qualidade sobre os serviços
realizados?
- Quem é o responsável? Existe um setor especifico para isso?
- Em que consistia o procedimento de controle da qualidade?
- Havia uma supervisão sobre este trabalho?
11) Foi criada alguma inovação, equipamento ou melhoria nos procedimentos realizados
na empresa?
- Qual?
- Há incentivos para a inovação? Quais?
12) Algum procedimento teve de ser adaptado a realidade do local de trabalho ou à
produção da empresa?
- Por que isso ocorreu?
- Como isso ocorreu?
- Em que consistiu essa adaptação?
13) Quais foram as mudanças mais significativas que ocorreram nos procedimento
durante seu período de trabalho?
14) Existe produção de resíduos sólidos ou líquidos (lixo) em decorrências do trabalho da
oficina?
- O que são esses resíduos?
- Como esses resíduos são tratados?
- Qual a destinação desses resíduos?
Anexo A Título do Anexo A 154
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
ANEXO 1 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 01 (D-01)
Entrevista – Depoente 01
Entrevista tomada em 12 de Setembro de 2007, no
ambiente da Indústria Pesquisada. Entrevistado
Depoente 01 (D-01), funcionário da empresa.
Entrevistador Professor Roberto Bondarik.
Objetivo: coletar dados para subsidiar trabalho de
dissertação de mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Ponta Grossa.
1 – Entrevistador: Que setor que é o seu aqui na empresa?
Depoente 01: Hoje eu trabalho na área de produção, na parte do greco e greco 1.
2 – Entrevistador: Faz tempo que o senhor trabalha aqui ou não?
Depoente 01: Está indo pra 23 anos.
3 Entrevistador: Quando você foi empregado aqui tinha muita concorrência pra entra aqui
como é foi à seleção? Você lembra ou não?
Depoente 01: Na época, na época sim. A concorrência tinha concorrência não!
Mas só que a seleção quando eu entrei aqui. Na época nós entramos aproximadamente oito pessoas
aqui dentro. Na época tinha sete homens e uma mulher, entendeu.
A concorrência era grande porque a empresa, quando falava nela, a empresa era muito cogitada aqui
na cidade. O povo falava que a empresa era isso e aquilo, é aquilo e tal vamos trabalhar então,
você chegava à portaria era cheio de gente era repleto de pessoas querendo entrar aqui e consegui
um emprego aqui dentro, porque a empresa era muito visada.
4 – Entrevistador: E como é que, lembra como foi à seleção? Se foi feito algum teste?
Depoente 01: Não teste não foi feito não, foi só mais entrevista não é igual a esta em que a gente
esta conversando no momento. Foi feito à entrevista perguntado o que você gostaria de fazer?
Quanto você queria ganhar? E grau de escolaridade e mais nada, era mais simples.
5- Entrevistador: Havia exigência de escolaridade? No caso qual era o grau de escolaridade
exigido aqui pra trabalhar? E Hoje pede-se qual nível normalmente?
Anexo A Título do Anexo A 155
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 01: Na época não tinha, hoje tem, mas na época não tinha. Hoje pede no mínimo 2º grau
6 Entrevistador: E em que função que você foi empregado? Você no caso foi direto pra a
produção?
Depoente 01: Fui direto pra produção, mais daí a gente começava em um setor como auxiliar
depois conforme ia precisar em outro setor ai a gente era transferido para outro setor entendeu.
7 Entrevistador: E o treinamento para trabalhar a própria empresa que deu ou vocês tiveram
que fazer fora ou alguma coisa assim?
Depoente 01: Não na época não existia sim um treinamento específico entendeu o próprio operador
aprendia operar a máquina, o próprio operador. Só que aprendia do jeito dele se ele souber como se
diz ele era operador da máquina, que ele tinha o limite dele opera, dele ensina, ele não era tão
todo transparente, entendeu. Então chegava em certo ponto e falava assim, olha negócio é o
seguinte você vai aprender a fazer isso é isso. E se como é que é aquilo lá? Como que é aquilo lá,
não aquilo lá quem faz sou eu. Não tinha, não tinha liberdade total.
9 – Entrevistador: Era segurança para o emprego dele?
Depoente 01: Exatamente ele preservava o conhecimento pra ele.
10 – Entrevistador: Comportamento considerado normal para a época.
11 – Entrevistador: E no caso hoje em dia vocês fazem um treinamento até mais geral ou não?
Depoente 01: hoje é geral, hoje a gente chega no setor.
12 Entrevistador: E o funcionário que chega novo hoje aqui? Como é o procedimento com
ele?
Depoente 01: Novo, primeiramente ele vai passar por um sistema de integração, uns cursos que tem
ali embaixo que as pessoas explicam como que é a fábrica tudo aí depois.
13 – Entrevistador: Antes existia este procedimento?
Depoente 01: Antes tinha mais a pessoa mostrava mais era assim rápido, em questão meia hora te
mostrava a fábrica. E voltava porque era lá que você vai trabalha.
Hoje não, hoje ta mais evoluído nessa parte. Hoje tem as pessoas do treinamento ai então elas tem ai
uns dois dias praticamente pra mostra para pessoa como que é, como que funciona entendeu.
14 Entrevistador: Então dois dias antes para o novo funcionário pegar na máquina? Vai dois
dias para isso?
Depoente 01: Ou às vezes acomeça, até começa, mais ai mesmo assim ele tem que passa pela
integração.
15 Entrevistador: E no caso da função que você desempenha ou desempenhava antes, você
tinha uma função específica só ou variava mudava de setor, de serviço, de máquina?
Anexo A Título do Anexo A 156
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 01: Quando a gente era auxiliar, auxiliar é assim você sempre tava auxiliando onde tava
precisando.
16 – Entrevistador: Mais era só o mesmo tipo de máquina mesmo tipo de serviço?
Depoente 01: Não às vezes não, às vezes você, por exemplo, trabalha em uma máquina hoje ta eu
tenho um auxiliar uma pessoa que trabalha comigo. Um auxiliar, nesse caso o auxiliar não veio, então
o que é que acontece eu estou trabalhando meio serviço, estou precisando de alguém pra me ajudar.
Então nesse caso ai eles pegariam uma outra pessoa de um outro setor para me auxiliar entendeu?
Então quando a gente quando era auxiliar você não tinha um lugar específico você tinha o seu mais
quando alguém saía de férias tinha que fica alguém pra suprir o teu lugar então pegava uma pessoa
de outro lugar pra ficar ali
17 – Entrevistador: Daí hoje em dia como é que é?
Depoente 01: Hoje é o seguinte cada setor tem seu auxiliar específico. Nada impede que falte um
num lugar ele vai auxilia mais só que ele não tem toda liberdade que ele teria no setor dele entendeu.
Porque atrás disso tem o operador. O operador ta ali pra te orienta, ele vai ta te orientando até onde
você pode mexer. Porque não é todos, porque no grau de operação, o é todos os lugares que
auxiliar pode mexer se ele não tiver um específico conhecimento. Então hoje a gente trabalha assim
um setor que necessita de auxiliar é aquele auxiliar se no caso falte vai busca o auxiliar que ta
faltando e que tenha um conhecimento ali.
18 Entrevistador: No caso como é que é que funcionava antes? Tinha muito funcionário com
formação técnica mesmo pra atua ou nem tinha ficha de curso na época?
Depoente 01: Não, não tinha pelo seguinte hoje. Antes se tava precisando de uma pessoa pra
trabalha naquele setor. Então o que acontecia a pessoa era contratada pra trabalha junto com aquele
operador entendeu. Então ali o conhecimento que você ia ter ali é com aquele operador. Ai às vezes
no caso do operador se você ia trabalha com outro, ele falava não é assim que funciona ta mais por
que não é assim o outro me ensino daquele jeito então eu aprendi daquele jeito entendeu como que é
ai as idéias não batia uma coisa com a outra.
19 Entrevistador: Então na prática tinha uma divisão de função entre os funcionários
mesmo?
Depoente 01: Divisão do conhecimento porque a função você pegava você fazia que você não
sabia se tava fazendo certo ou errado entendeu porque às vezes você virava a alavanca para um
lado um lado e dava a volta total. Ou trabalha com três quarto, entendeu como que é, sendo que no
final daria o mesmo resultado só que não era o correto.
20 Entrevistador: E hoje em dia como é que é esse negócio do conhecimento? O pessoal
restringe o conhecimento ou normalmente repassa mais?
Depoente 01: Não hoje em dia a gente tem um procedimento é todo (inaudível) a gente tem um
sistema de informática em toda a fábrica todo setor tem um computador, todas as pessoas tem o
Anexo A Título do Anexo A 157
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
acesso àquela página da internet e tal (inaudível) ali está os procedimentos de operação de todos os
equipamentos que esses procedimentos foram todos desenvolvidos através dos operadores, então
toda área tem operador que ele é operador e é também o instrutor do PGMO como no meu caso, no
meu caso desde quando foi.
21 – Entrevistador: PGMO no caso é o que?
Depoente 01: Programa de Movimentação de Mão-de-Obra, então esse PGMO quando foi
desenvolvido foi feito vários operador de cada setor, foi feito vários cursos na empresa em cima do
PGMO: o que era como era desenvolvido; como que seria esse procedimento implantado na fábrica.
Então esses operadores eles foram inscrito como instrutor educador do PGMO então quer dizer
o que, que em cada setor hoje tudo bem se tiver dois ou três operador ali não vou dizer que todos os
três são educador, não às vezes um deles são, um deles é o educador do PGMO, porque ele tem
toda liberdade pra chega no auxiliar, uma pessoa que não conhece nada esse aqui vai trabalha
contigo e como ele não sabe nada você vai passa todo conhecimento pra ele em cima dos
procedimentos que tem seguindo as regras de segurança e tudo junto.
22 Entrevistador: E no caso dos serviços terceirizados sem entrar em detalhes do serviço
que a pessoa faz sempre existiu, quando o senhor entrou aqui existiu ou era tudo feito pela
empresa a empresa fazia tudo?
Depoente 01: Na época era uma parte terceirizada que era a parte da limpeza ai depois extinguiu
passo tudo pra empresa.
23 – Entrevistador: Daí hoje vocês tem empresa terceirizada?
Depoente 01: hoje tem hoje a parte da segurança que envolve a portaria e os guardas, o restaurante
também é terceirizado antes não era a parte a limpeza ai dentro, e tem uma parte que é terceirizado
que é a parte embalamento, a embalagem, porque ai pessoal que entra ali é tudo contratado e
temporário não todos os mais antigos eles são efetivos alguns que estão entrando hoje que são tudo
temporário.
24 Entrevistador: E tem uma coisa que é importante pra mim. Quando o senhor esta na área
de produção e tem algum problema com a máquina ou não ta produzindo de maneira correta?
Como que era antigamente? Ocorreu um problema que procedimento vocês faziam? Você
avisava alguém, procurava solucionar o problema, tinha autonomia pra consertar aquele
problema ou tinha que esperar alguém pra avaliar, pra ver o que havia acontecido?
Depoente 01: Antes não havia autonomia.
25 Entrevistador: Tem o problema vocês identificavam o esperava o controle de qualidade
identificar?
Depoente 01: Não hoje é o seguinte, em parte de problema no equipamento, a gente mesmo
identifica você percebe quando a máquina o ta normal, parte de ruídos quando o motor está super
aquecendo então você percebe que o primeiro passo você tem que envolve a manutenção, liga
Anexo A Título do Anexo A 158
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
pra manutenção a manutenção ta ciente e liga para o supervisor para o supervisor está ciente do que
esta acontecendo, então tem que mais informações.
26 – Entrevistador: E antes como que era esse procedimento?
Depoente 01: antes quebrava o equipamento você, ligava pro mecânico, o mecânico sabe quando
vinha à informação era entre você e ele mesmo daí daqui a pouco chegava o teu supervisor e
perguntava o que aconteceu, eu não to sabendo de nada. Hoje a informação ta mais evoluída
entendeu.
Hoje esta, o grupo esta mais evoluído, antes não! Antes era mais separado. Hoje não! Hoje tem fazer,
tem! Então tem que envolver quem? Operador, mecânico e supervisor, é! Então vamos envolver esse
povo, esse pessoal.
27 Entrevistador: No caso de controle de qualidade do que esta sendo produzido o próprio
operador começa a controlar?
Depoente 01: Antigamente era assim, hoje a gente controla o equipamento o produto que ta
entrando através da carta de controle porque todos os produtos tem uma forma do produto, cliente
que é diferente, às vezes a especificação do produto é diferente então tem que trabalha em cima
daquela forma, daquela forma que foi desenvolvida ta acontece de na frente ter todo o processo
posterior é diferente do anterior. Acontece algum problema no produto aqui você deixa passar você
não constata ninguém entendeu quando ai vai chega ao processo posterior com certeza vai dar
problema ai você consegue produzir, mas produz com dificuldade. Então não se você detectou um
problema antes você tem que envolver o supervisor chega nele fala com ele explica pra ele o que
ta acontecendo pra ele esta ciente ou interrompe o processo separa aquele produto.
28 – Entrevistador: Vocês podem interromper o processo?
Depoente 01: Pode, pode com certeza porque ali você vai ta envolvendo a qualidade do produto,
hoje a gente ta trabalhando muito em cima da qualidade, antes não, antes do jeito que vinha ia. Hoje
a qualidade é o principal entendeu você faz o produto, mais tem que garanti que ele vai chega
100%.
29 – Entrevistador: Antes não tinha essa preocupação? A qualidade ficava lá na frente?
Depoente 01: Exatamente, que nem aquele ditado (inaudível) ta beleza entendeu como é negócio
hoje não hoje é mais rigoroso, porque a gente trabalha em cima da qualidade
30 – Entrevistador: Em até por final, sem até especificar o que foi feito, vocês tem incentivo pra
inovar, inovação, procedimentos inovadores às vezes de equipamentos?
Depoente 01: Exatamente, assim a gente nunca fica pra trás porque o que hoje você tem em mãos
amanhã já está superado. Então tem que ta sempre ali adequado com o mundo não é!
Anexo A Título do Anexo A 159
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
31 Entrevistador: E chegou a ter o caso de vocês terem que adapta um equipamento,
alguma técnica, algum sistema? Ter que adaptar, pegar ele pronto de fora da empresa e ter
que adaptar a realidade e as necessidades aqui da empresa?
Depoente 01: É o que geralmente mais acontece, porque a máquina vem, vem estipulada para
aquele determinado limite, então ali o próprio operador ele constata que se você fizer um ajustinho
aqui, um ajustinho ali, e tal você vai consegui a melhor eficiência, entendeu, eu creio que hoje a
fábrica está com os mesmos equipamentos, quer dizer não todos porque ela cresceu, mais a parte
dela mais antiga são os mesmos equipamentos só que estão sendo reajustados.
32 – Entrevistador: Com um sistema moderno?
Depoente 01: exatamente você vai reajustando pra você consegui uma melhor produtividade daquele
equipamento um desempenho maior.
33 Entrevistador: Então daí por fim pra gente encerrar vocês tem produção de resíduos
sólidos líquidos lixo no setor de vocês?
Depoente 01: Não sai.
34 Entrevistador: E hoje em dia vocês têm uma preocupação com esse lixo coisa que não
tinha, não existia antes, ou se antes era diferente, ou hoje é diferente do que era antes?
Depoente 01: Não hoje é diferente porque hoje tem o tratamento de resíduo aqui na fábrica, antes
não tinha antes o lixo que era gerado você jogava tudo dentro de um tambor, ou então dentro da
própria fábrica você encontrava o lixo jogado, entendeu como que é hoje não hoje tem a área
reservada identificada certinho, foi quando surgiu o 5S, porque antes não existia o 5S, o povo foi se
conscientizando, a firma começou a se organizar, porque não era organizada hoje o lixo é tudo
separado, tem lá os recipientes pronto pra cada um deles. O pessoal da limpeza faz a coleta
separada do jeito que ta lá, ai leva pro tratamento de resíduos pra ver o que vai aproveita o que não
vai, o que vai descartar o que não vai, então ai já é outra área.
35 Entrevistador: Bom eu vou ter que ir parando! Acho que para o que eu estou querendo
fazer já esta bom senão dava pra conversa mais tempo.
Depoente 01: É a conversa vai
36 Entrevistador: Eu tenho que pegar sua data de nascimento e daí o ano que você entrou
aqui na Empresa?
Depoente 01: Eu entrei em 22 de março de 1985 e nasci 22 de dezembro de 1963.
Anexo A Título do Anexo A 160
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
ANEXO 2 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 02 (D-02)
Entrevista – Depoente 02
Entrevista tomada em 12 de Setembro de 2007, no
ambiente da Indústria Pesquisada. Entrevistado
Depoente 02 (D-02), funcionário da empresa.
Entrevistador Professor Roberto Bondarik.
Objetivo: coletar dados para subsidiar trabalho de
dissertação de mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Ponta Grossa.
1 – Entrevistador: A sua data de nascimento?
Depoente 02: Eu nasci em 03 de dezembro de 1971
2 – Entrevistador: Você começou a trabalha quando aqui na empresa?
Depoente 02: 06 de dezembro de 1993
3 – Entrevistador: O setor seu aqui é o de produção?
Depoente 02: É produção, desde quando eu entrei, desde o 1º dia
4 – Entrevistador: Na época que você entrou aqui tinha muita concorrência muita gente
querendo trabalha, funcionário essas coisas ou não?
Depoente 02: Concorrência não, a procura era grande.
5 – Entrevistador: A procura era grande não é? E continua ainda?
Depoente 02: É continua ainda... Agora a concorrência eu não sei informar não
6 – Entrevistador: Daí vocês tiveram uma seleção?
Depoente 02: Isso teve. Na época que eu fiz a 1ª ficha minha tinha 300 pessoas mais ou menos
7 – Entrevistador: E como é que foi a seleção foi entrevista, a prova como é que foi?
Depoente 02: É primeiro foi teste assim matemática, português e depois quem foi selecionado, teve
uma entrevista.
8 – Entrevistador: Tinha alguma exigência de escolaridade já naquela época ou não?
Anexo A Título do Anexo A 161
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 02: Não pediam pra gente trazer o histórico escolar da gente.
9 – Entrevistador: O que tivesse?
Depoente 02: É o que tivesse
10 – Entrevistador: Mas não era exigido tipo você não tem 2º grau, você não vai pode trabalha?
Depoente 02: Não isso passo a ser exigido de uns anos pra quando a empresa começou a usar
os ISO, ISO 1901, ISSO 14.000 etc.
11 – Entrevistador: Conheço estas certificações quase que todas.
Depoente 02: Então a empresa que tem ISO, os funcionários têm que ter um grau de escolaridade,
então no caso o 2º grau.
12 Entrevistador: No caso no setor que o senhor trabalha produção, o senhor opera
máquinas?
Depoente 02: Opero
13 Entrevistador: Nesse setor o funcionário faz uma função só ele opera uma máquina só,
sempre aquela mesma máquina, sempre a mesma coisa?
Depoente 02: Não no setor que eu trabalho são várias máquinas. que o sistema de opera é o
mesmo assim, o que a máquina faz é a mesma coisa que uma várias máquinas uma diferente da
outra.
14 Entrevistador: Mas no caso supondo que no seu setor tenha um serviço um pouco
diferente daquele que você faz. Se precisar você acaba tendo que, se precisa substituir aquele
setor vocês estão preparados pra isso?
Depoente 02: Estamos sim, no caso meu eu passei por um, dois, três, quatro setores já
15 – Entrevistador: E no caso também. Vocês tem uma divisão de função?
D: Tem
16 – Entrevistador: No caso um é preparado pra substitui a função do outro se precisa?
Depoente 02: Antigamente eles buscavam o operador que tava de folga, agora não. Agora como a
gente já sabe já vários setores a gente mesmo...
17 – Entrevistador: Então tinha que buscar o operador fora, porque só ele sabia usar a
máquina?
Depoente 02: É ele sabia, agora não agora mudou a gente sabe vários, porque no se precisar o
lugar que ta mais tranqüilo sai um do lugar mais tranqüilo e vai para o lugar que ta faltando outro lá
18 Entrevistador: E no caso vocês tiveram que fazer um treinamento pra vocês entrarem
aqui?
Anexo A Título do Anexo A 162
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 02: É a gente teve que fazer um treinamento.
19 Entrevistador: E o treinamento quem que oferecia?. Quem que dava o treinamento é o
próprio pessoal do setor ou não?
Depoente 02: É assim o treinamento pra gente muda de setor, tipo assim eu saiu de um setor e vou
aprende em outro setor o operador que ta operando vários anos ou que é operador não
precisa ser vários anos, pode ser dois, três, quatro anos ele ensina a gente, mas pra ele ensina
ele teve um treinamento aqui dentro da Iguaçu
20 – Entrevistador: E logo que você entrou aqui o pessoal que ia passava o treinamento vocês
sentiam que eles passavam todas as informações, você dominava todo o conhecimento, pra
opera aquela máquina?
Depoente 02: Passava, sim, passava.
21 – Entrevistador: Passava e não tinha aquela coisa do cara segurar uma parte pra ele?
Depoente 02: Isso ai o pessoal fala que antigamente o operador mais antigo não gostava de passar
porque tinha medo de perder o lugar para o mais novo mais agora não tem isso não, a gente usa o
profissionalismo no caso meu eu sou educador, eu treino as pessoas.
22 – Entrevistador: Então o senhor é educador?
Depoente 02: Isso eu sou, eu passo o que tem que passo mesmo, eu passo até assim, eu procuro
passar pra pessoa que ta aprendendo até, ir além daquilo pra quando ele fica no meu lugar ele ir
bem sabe.
23 – Entrevistador: E no caso a empresa ela incentiva o estudo formal dos funcionários?
Depoente 02: Isso incentiva, incentiva sim.
24 – Entrevistador: Curso regular?
Depoente 02: Isso quem trabalha tem um horário pra escola, pode sair.
25 Entrevistador: No caso de terceirização você chegou a pegar aqui, aliás tem alguma
empresa que faça alguma desempenhasse alguma função na área de produção aqui
terceirizada em alguma época ou não?
Depoente 02: Como assim?
26 Entrevistador: No setor de produção, teve alguma época que veio ou teve alguma
empresa terceirizada que foi contratada pra faze aquilo lá?
Depoente 02: Não, na área de produção não.
27 – Entrevistador: Nunca?
Depoente 02: Nunca só a gente mesmo
28 – Entrevistador: São terceirizados que setores que existem hoje aqui ?
Anexo A Título do Anexo A 163
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 02: Terceirizado é a área de limpeza, não a manutenção.
29 – Entrevistador: Segurança?
Depoente 02: Não segurança é da empresa mesmo
30 – Entrevistador: Não estou falando de segurança me expressei mal é vigilância no portão?
Depoente 02: É isso?
31 – Entrevistador: Portaria é terceirizada?
Depoente 02: É portaria é terceirizada
32 Entrevistador: E no caso quando você tem um problema na linha de produção de
repente tem algum problema lá, algum defeito na máquina ou o produto não esta saindo bem
feito que procedimento vocês, fazem? É comunicado?
Depoente 02: É quando o produto no meu setor não ta chegando de acordo do jeito que tem que
vim, a gente que trabalha a gente sabe se ta normal. Ai a gente liga para o operador que ta passando
pra gente e fala - olha ta mandando quente e tem que vim frio, ta mandando quente - daí ele vai ver
o que ta acontecendo se o resfriador deu problema ou ta mandando muito sujo, ele vai ver se o
filtro não está furado.
33 – Entrevistador: Isso quando ele não conserta lá não identifica lá não é ?
Depoente 02: Isso quando ele não identifica lá, porque às vezes fura um filtro lá, não tem como ele
saber que furo, eu vou ver embaixo como é que se sujar muito meu filtro lá, ai eu ligo pra ele e oh
tem alguma coisa errada ai ele vai ver se o filtro não ta furado.
34 Entrevistador: E antes como é que era esse negócio antigamente quando vocês o esse
problema de qualidade e tudo mais ?
Depoente 02: não mais aqui desde a época que eu trabalho aqui sempre foi assim.
35 – Entrevistador: É sempre foi assim?
Depoente 02: Sempre foi controlado
36 – Entrevistador: Você entrou aqui em que ano?
Depoente 02: 1993
37 – Entrevistador: Já pegou a fase de qualidade?
Depoente 02: É já pegamos o 5S, porque o 5S exige não é só limpeza exige (inaudível) mais alguém
cuidando do produto a gente cuida, pra passar no setor da gente do jeito que tem que ser.
38 Entrevistador: E normalmente quando tem algum defeito algum problema vocês
conseguem solucionar dentro lá mesmo?
Anexo A Título do Anexo A 164
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 02: É se for um problema na máquina a gente que é operador a gente sabe o que que é,
agora se é um problema elétrico, ou um problema de entupimento a gente tem que chama o
eletricista ou o mecânico pra ele vim mexer porque as vezes ele tem a chave que, o eletricista
ele que pode mexer mesmo agora o mecânico nem sempre a gente tem no setor a chave que ele
tem.
39 Entrevistador: Ta certo. E no caso de inovação você tem incentivo pra inovar criar as
vezes até uma técnica nova, um procedimento novo esses tipo de coisa é conversado com
vocês, vocês tem esse tipo de incentivo ou não ?
Depoente 02: Mas como assim?
40 Entrevistador: Inovar as vezes você tem uma máquina que ta funcionando de uma certa
maneira e você acha se modificasse tal coisa nela ela iria funcionar melhor ?
Depoente 02: ah isso ai é o que a gente mais tem aqui é chamada a plenária, as melhorias
continuas.
41 – Entrevistador: É isso mesmo é que eu não usei a palavra adequada.
Depoente 02: Todo ano a gente tem uma plenária, que é a apresentado as melhores são várias a
gente seleciona umas 50 a 100 e passa na plenária que é melhoramento continuo que é para sua
máquina é que nem senhor falo o operador acha que se ele muda um negocinho vai produzir mais vai
melhora o rendimento da máquina e eles aceita sim eles fazem se precisa muda eles mudam.
42 Entrevistador: Dentro dessa linha teve algum procedimento, a técnica como você utiliza a
máquina, ou mesmo a máquina que teve que se adaptar a realidade da fábrica pra algum tipo
de produto, não precisa especifica esse tipo de coisa, já teve esse tipo de procedimento ?
Depoente 02: não tem, tem assim porque as vezes pelo menos no setor que eu trabalho antes de
comprar mesmo a máquina paga, ela é testada vários meses pra ver se ela trabalha de acordo com a
necessidade da fábrica.
43 Entrevistador: Mais aconteceu de vocês pegarem uma máquina e chega aqui tem que
adapta ela modifica alguma coisa nela ou até usar de uma maneira diferente daquilo que ela foi
feito?
Depoente 02: Não, tem pelo menos tem uma centrifuga lá onde eu trabalho, a centrifuga tem
algumas modificações nela pra ela faze ela trabalha de acordo mesmo.
44 – Entrevistador: No caso de produção de resíduo sólido, de lixo, como é que funciona? Que
tipo de lixo ou resíduos que vocês produzem ali ou como ele é tratado como que é o
procedimento é separado?
Depoente 02: É todo setor tem os tamborzinho neh de plástico, de papel, de não reciclável, de
orgânico
45 – Entrevistador: Ai seleciona?
Anexo A Título do Anexo A 165
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 02: É a gente seleciona tudo, metal.
46 – Entrevistador: Antes não tinha, você entrou em 1993 já tinha esse procedimento?
Depoente 02: já tinha porque a gente usa o 5S
47 – Entrevistador: É já tava naquela época?
48 – Entrevistador: O pessoal mais antigo eles contam tinha esse tipo de preocupação ou não?
Depoente 02: O que eu vejo fala é que antigamente o negócio era assim, eles se preocupava mais
mesmo é com o produto, com a produção, eu não posso afirmar porque eu não vi mais não era do
jeito que é hoje. Hoje é difícil o senhor ver um papelzinho jogado no chão, têm as vezes você vê um,
mais é uma pessoa que as vezes não se conscientizo, mais é pelo menos tudo jogado no lixo
adequado e a água é tratada embaixo, o senhor sabe, tem tratamento de água tudo é tratado
antes de jogar.
49 – Entrevistador: E no caso vocês são bem incentivados pra participar disso não é?
Depoente 02: Somos, somos sim, eu em particular estou satisfeito
50 Entrevistador: Então esta certo seu eu acho que é suficiente da para encerrarmos a
entrevista.
Anexo A Título do Anexo A 166
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
ANEXO 3 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 03 (D-03)
Entrevista – Depoente 03
Entrevista tomada em 12 de Setembro de 2007, no
ambiente da Indústria Pesquisada. Entrevistado
Depoente 03 (D-03), funcionário da empresa.
Entrevistador Professor Roberto Bondarik.
Objetivo: coletar dados para subsidiar trabalho de
dissertação de mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Ponta Grossa.
1 – Entrevistador: Você tem 29 anos neh ?
Depoente 03: Vinte e nove!
2 – Entrevistador: O setor que você trabalha aqui na Iguaçu é setor de produção neh?
Depoente 03: É produção sim!
3 Entrevistador: Você me disse que entro aqui faz cinco anos e meio. Na época que você
entro tinha muita concorrência com os funcionários que pretendia arruma emprego aqui?
Depoente 03: É isso sempre teve.
4 Entrevistador: Então acho que é comum aqui desde que abriu e como é que foi a seleção de
emprego aqui teve alguma exigência de escolaridade ou alguma coisa ?
Depoente 03: Olha eles exigiu o 2º grau, quem não tivesse não podia concorrer
5 – Entrevistador: E que tipo de seleção que foi feita?
Depoente 03: Do que você fala?
6 – Entrevistador: o tipo de teste pra entrar.
Depoente 03: Então a psicóloga passo pra gente um teste de psicotécnico que fala passo um teste
de com mais ou menos matemática um “testesinho” pra gente de português.
7 – Entrevistador: Isso pra testa a escolaridade, entendimento e outras coisas ?
Anexo A Título do Anexo A 167
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 03: Pra ver a reação da gente neh.
8 Entrevistador: No caso o tipo, como você trabalha na produção você faz só um tipo de
função que você desempenha ali, opera só a mesma máquina ou muda as vezes de função, de
serviço de trabalho de função?
Depoente 03: É o seguinte a gente passa tempo em um setor dai a gente adquiri experiência a gente
passa pra outro setor que ali a gente opera uma máquina que a noite, quando esta no
horário das 23:00 as 7:00, no caso de muita emergência que usa durante o dia na (inaudível) na
câmera fria
9 Entrevistador: E no caso se você precisar fazer outra função você ta preparado pra isso?
Tem esse treinamento pra isso, treinam isso é preparado pra fazer esse tipo de coisa ?
Depoente 03: Eles dão treinamento sim, tipo assim a gente começa em outro setor sempre tem uma
conversa antes com a psicóloga com o supervisor.
10 Entrevistador: Supondo chegar um dia aqui e faltou um operador, tem que operar uma
determinada e máquina faltou um operador por um motivo qualquer, o seu setor é outro
você tem condições de substitui ele naquele setor lá?
Depoente 03: Então no meu caso eu ainda não tenho o porque faz um ano e pouco que estou
trabalhando lá.
11 – Entrevistador: E no caso naquele setor que você já passo você teria condições?
Depoente 03: Não, teria e seria tranqüilo
12 Entrevistador: Eu faço esse tipo de perguntas porque antigamente, quando você entrava
em uma fábrica fazia aquele serviço o resto da vida, se tivesse que colocar ele na outra ponta
da produção, aqui ele não sabia, não tinha treinamento pra esse tipo de coisa
13 Entrevistador: E no caso da área de formação vocês tem incentivo pra estudar para
procurar formação formal, regular, dentro ou fora da empresa até?
Depoente 03: Rapaz eles mandam e-mail pra gente mas dentro aqui da empresa não é tanto neh
mas eles mandam e-mail tipo assim sempre quando tem um curso lá no CEFET
14 Entrevistador: Eles podem incentivar a empresa na medida do possível. E no caso de
serviço terceirizado o setor de vocês aqui tem alguma empresa terceirizada que trabalha junto
ou não?
Depoente 03: Tem isso ai é certo mais só na parte de limpeza e (inaudível)
15 – Entrevistador: E na área de produção mesmo?
Depoente 03: Na produção não
16 – Entrevistador: A na produção não há terceirização?
Anexo A Título do Anexo A 168
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 03: No setor onde eu estou não.
17 Entrevistador: Ta certo, no caso quando você tem um problema no setor seu uma
máquina deixa de funcionar ou o café não ta saindo como deveria sair ou não ta chegando do
jeito que deveria chegar, que procedimento vocês fazem é comunicado o problema para
quem?
Depoente 03: Então primeiramente a gente tenta resolver o problema neh se for do nosso alcance
assim.
18 – Entrevistador: Vocês tem autonomia pra consertar?
D: A gente tem, mas se for fora daquilo que a gente ta treinado a fazer a gente pede, liga para o
supervisor
19 Entrevistador: Mas no caso vocês tem autonomia se tiver um problema pra identifica o
problema parar a produção se precisar?
Depoente 03: Parar a gente pode parar desde que o supervisor esteja sabendo a gente tem que
passa pra ele antes de parar
20 Entrevistador: Você avisa diretamente a ele vou parar, deu problema aqui estou
parando”. Vocês tem autonomia pra parar supondo que você não tem o supervisor na hora
supondo um motivo qualquer o supervisor não pode atende vocês poderia parar ?
Depoente 03: Não a gente pode desde que a gente esteja habituado (inaudível)
21 – Entrevistador: É tem coisa que a gente não sabe! No caso do controle de qualidade o café
que ta saindo ou chegando vocês tem autonomia também pra ver se esta dentro da qualidade
exigida ou não?
Depoente 03: Então aqui é o seguinte: no final de produção nossa ele passa pelo túnel, depois
passa é coletado uma amostra assim, daí eles tira cor, tira densidade, umidade, ai passa mas
depois de lá passa para outro.
22 Entrevistador: Mais uma outra coisa tem até haver com a pergunta interior se você ver
que esta tendo algum problema lá você pode tentar corrigir?
Depoente 03: Você fala no produto?
23 – Entrevistador: É no próprio produto!
Depoente 03: não, pode e no caso quem faz essa análise é o pessoal do túnel neh, então o túnel liga
lá no (inaudível) onde é feito (inaudível)
24 Entrevistador: Eu lembro um dia que eu vi esse túnel o funcionário com um casacão,
não sei se esta usando ainda?
Depoente 03: Não a gente usa essa roupa aqui olha, essa roupa aqui é normal
Anexo A Título do Anexo A 169
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
25 – Entrevistador: Lá dentro nos 40ºnegativos
Depoente 03: Dentro! É isso mesmo. Lá tem que usa mesmo senão usar não agüenta mesmo.
26 – Entrevistador: No caso deixa eu ver o que mais aqui, vocês são incentivados pra inovar as
vezes algum equipamento que você acha que ele poderia ser usado de uma maneira melhor
ou poderia ser transformado vocês tem esse tipo de incentivo esses tipos de coisa ou não?
Depoente 03: Eles sempre comentam com a gente, sempre quando a gente entra em (inaudível) vai
mudar de setor, eles fala que o mais que ele quer é que renova.
27 – Entrevistador: Esta certo! É para incentivar vocês?
Depoente 03: É eles estão incentivando sempre
28 Entrevistador: E dentro desse processo de melhorias de inovação e tudo mais teve o
caso não precisa especifica o que foi feito, mas teve o caso de vocês receberem uma
máquina ou equipamento ou até alguma técnica que vocês tiveram que adaptar pra realidade
do produto aqui da empresa?
Depoente 03: Uma máquina nova?
29 Entrevistador: É pegar uma máquina nova ou um equipamento ou um componente novo
dela?
Depoente 03: Então no meu setor é o seguinte como faz pouco tempo que eu estou lá, a gente
ouve que quando era em Campinas ela era de um jeito daí quando veio pra ela teve que ser,
modificada do jeito que tem que ser.
30 Entrevistador: Do jeito que funcionava a empresa do jeito que funcionava a Iguaçu, então
acabou acontecendo. E por fim para encerrarmos, no caso de produção de lixo líquido ou
sólido o que acontece é recolhido separado?
Depoente 03: É recolhido mais tem outra empresa que faz o serviço a transporte de papelão, de
plástico, a gente leva até a caçamba e eles levam até a central de resíduos.
31 Entrevistador:: E no caso do resíduo orgânico parece que é dado outro destino a ele? É
levado em outro lugar?
Depoente 03: É levado sim e daí é dado outro procedimento e não quero entrar em detalhe não, mas
usado como adubo e é um negócio mais complicado.
32 – Entrevistador: E daí então é encaminhado pra reciclagem ou coisa assim?
Depoente 03: então como ele serve de adubo ai levam para um deposito. É adubo mesmo que eles
falam, ai os fazendeiros pegam e usam na lavoura.
33 Entrevistador: E no caso lixo aqui dentro lixo comum do dia-a-dia o pessoal também é
incentivado a colocar no lugar certo?
Anexo A Título do Anexo A 170
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 03: Tem, tem lá olha lá jogar papel plástico
34 – Entrevistador: Então envolve a empresa toda?
Depoente 03: A empresa toda
35 Entrevistador: Esta certo! Eu acho que pra nós aqui ta bom, eu não precisava de coisa
muito mais especifica. O que você passou pra mim esta bom! Muito obrigado por sua
colaboração.
Anexo A Título do Anexo A 171
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
ANEXO 4 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 04 (D-04)
Entrevista – Depoente 04
Entrevista tomada em 25 de Setembro de 2007.
Entrevistado Depoente 04 (D-04), funcionário da
empresa. Entrevistador Professor Roberto
Bondarik.
Objetivo: coletar dados para subsidiar trabalho de
dissertação de mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Ponta Grossa.
1 Entrevistador: Quando você foi empregado? Quando tempo faz que você trabalha na
empresa?
Depoente 03: Eu entrei pela primeira vez em 97, eu sai em 2000 e retornei em 2003.
2 - Entrevistador: E está até hoje. Quando você entro na empresa havia muita
concorrência, muita gente procurando, disputa pela vaga?
Depoente 03: Tinha bastante, porque já havia o curso técnico no CEFET, então já tinha um pouco de
concorrência, eu comecei fazendo estágio na realidade.
3 - Entrevistador: E no caso como foi a seleção para o trabalho? Como é que foi você fez uma
ficha, uma inscrição?
Depoente 03: Eu fiz uma ficha depois fui chamado pra fazer o teste seletivo, que eram umas
provinhas e entrevista com a psicóloga.
4 - Entrevistador: E na época que você fez que você entrou era exigido alguma escolaridade
específica ou não?
Depoente 03: Ah já teria que ter o curso técnico pra essa função, pra exercer teria que ter o
certificado de técnico.
5 - Entrevistador: Técnico então seria que ter o grau completo praticamente? Eu sei que a
empresa no período desenvolveu um programa de qualidade a partir do ano de 1992, e antes
Anexo A Título do Anexo A 172
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
desse período os funcionários mais antigos eles comentam como que eram a escolaridade
naquela época se era exigida ou não?
Depoente 03: Pelo que eu sei a escolaridade era mais baixa, o nível de escolaridade era bem inferior
a que tem hoje neh
6 - Entrevistador: E no caso a empresa incentiva os funcionários a estudarem a se capacitar?
Depoente 03: Incentiva, incentiva tem até um programa lá que a empresa libera, antes do término do
horário de trabalho, para o pessoal ta se deslocando pra pode estudar.
7 - Entrevistador: Ta certo, e no caso quando a função que você exerce na empresa você
apenas você que faz esse serviço, ou existem mais pessoas que estariam habilitadas pra
desempenhar esse trabalho?
Depoente 03: Não tem mais pessoas que exercem a mesma função, mesmo porque pelo tamanho
da empresa uma pessoa somente não daria conta de fazer tudo sozinha.
8 - Entrevistador: E no caso vocês estão preparados pra desempenha até uma outra função
que não seja essa específica de vocês ou não?
Depoente 03: Várias pessoas exerce, normalmente ela exerce pela necessidade de estar executando
o serviço mais rápido então além da elétrica que eu exerço, eu faço automação e instrumentação
9- Entrevistador: Então pode se dizer que o funcionário desempenha mais de uma função
não apenas uma função especifica?
Depoente 03: Com certeza
10 - Entrevistador: No período anterior a esses programas de qualidade isso era comum ou não
cada um fazia a mesma função e pronto e acabo aquilo?
Depoente 03: Não que eu sei antigamente cada um fazia uma função e precisava de outra pessoa
pra executando outro tipo de serviço.
11 - Entrevistador: E no caso quando ocorre, quando ocorre problemas lá, problemas de
manutenção ou as vezes até problema com a própria produção, quem ta executando a
produção ele tem autonomia pra parar a linha de produção ou não?
Depoente 03: Normalmente eles sugerem que avaliam a situação e passam para o supervisor de
turno, o supervisor de turno da produção ele que fica responsável e libera ou não a parada, mais
com antecedência tudo é possível.
12 - Entrevistador: Tem flexibilidade?
Depoente 03: Tem flexibilidade.
13 - Entrevistador: E no passado como que era isso, alguém comenta como que era no
passado tinha essa autonomia ou quando parava ou quebrava o operador ele tinha, ele podia
identificar o problema ou ele tinha que esperar alguém vim pra fazer isso?
Anexo A Título do Anexo A 173
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 03: Normalmente ele chamava alguém de imediato
14 - Entrevistador: Então não tinha?
Depoente 03: Não
15 - Entrevistador: Deixa eu ver o que mais aqui. No caso de controle de qualidade pelo que
você sabe o operador ele controla a qualidade do que ele ta produzindo ou ele deixa pra um
setor especifico?
Depoente 03: Não, ele faz primeiro um (inaudível), digamos assim ele faz um controle de
qualidade inicial.
16 - Entrevistador: No passado isso acontecia ou não?
Depoente 03: Já existia.
17 - Entrevistador: ah sim já existia. No caso ainda no que diz respeito ao equipamentos vocês
tem incentivo pra inovação pra criar equipamento novo procedimentos novo, técnica nova ou
não?
Depoente 03: Ah sim, conforme a gente vai descobrindo melhorias a gente tem uma certa autonomia
pelo menos sugerindo inicialmente, sendo aprovado a gente executa.
18 - Entrevistador: Então existe esse incentivo da empresa. É comum ocorrer adaptação de
algum equipamento que vem de um, de algum, equipamento novo que tenha que se adaptar a
realidade da fábrica?
Depoente 03: Existe, existe equipamento que eles chegam e na realidade não funciona exatamente
como a gente queria.
19 - Entrevistador: Como foi projetado? Ta certo. E no que diz respeito a produção de resíduos
lixo ou qualquer outro material que seja descartável qual é o procedimento que é feito?
Depoente 03: Hoje nos temos uma coleta seletiva e esses materiais são encaminhados pra uma
central de
20 - Entrevistador: No passado como que era isso alguém comenta, alguém fala?
Depoente 03: Que eu sei é que não existia essa central, não tinha um controle tão bom, quanto tem
hoje mais existia uma certa coleta seletiva, mas talvez não igual hoje, com certeza neh não é igual
hoje.
21 - Entrevistador: É comum em outros setores os funcionários eles estarem habilitados pra
desempenharem outras funções?
Depoente 03: Não é comum.
22 - Entrevistador: Não é comum?
Anexo A Título do Anexo A 174
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 03: Não hoje existem muitos operadores que estão estudando curso de tecnologia ou
fazem por fora no SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para ter um certo
conhecimento mais devido a segurança do trabalho hoje em daí não pode estar executando qualquer
tipo de serviço
23 - Entrevistador: Mais dentro do setor dele ele pode, ele estaria preparado pra fazer mais de
uma função.
Depoente 03: Sim
24 - Entrevistador: Eu acho que é suficiente, lhe agradeço por prestar esta entrevista.
Anexo A Título do Anexo A 175
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
ANEXO 5 – ENTREVISTA COM DEPOENTE NÚMERO 05 (D-05)
Entrevista – Depoente 05
Entrevista tomada em 28 de Setembro de 2007.
Entrevistado Depoente 05 (D-05), funcionário da
empresa. Entrevistador Professor Roberto
Bondarik.
Objetivo: coletar dados para subsidiar trabalho de
dissertação de mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Campus Ponta Grossa.
1 – Entrevistador: Teu setor lá na empresa é de produção, você trabalha na área de produção?
Depoente 05: Isso
Depoente 05: É eu deixei meu currículo lá no RH, ai depois de seis meses, fui chamado pra seleção,
pra seleção na área de embalagem, era temporário pra três meses, fiz a seleção na época eram 27
pessoas para três vagas, consegui passa, daí fiquei três meses temporário trabalhando em
revezamento de turno mas que como era pra embalagem o supervisor acho melhor eu ir pra
(inaudível), que era uma área de operação já, daí passa os três meses fui efetivado e estou até
hoje.
2 – Entrevistador: Você trabalha lá a quanto tempo já?
Depoente 05: cinco anos
3 – Entrevistador: Você entrou em 2003?
Depoente 05: Final de 2002
4 Entrevistador: Final de 2002. Basicamente qual é a tua função, como eu poderia dizer qual
é a sua função lá na empresa qual é o seu trabalho?
Depoente 05: Hoje atualmente eu estou como operador de produção, na área de (inaudível), ai todo
o processo de equipamento lavagem, o setor tem que fazer eu sou um operador pleno e hoje minha
função é essa, hoje eu estou treinando uma pessoa pra ficar no meu lugar porque eu vou estar
saindo do setor de produção e estou indo para o setor de manutenção.
5 – Entrevistador: Como que é esse treinamento pra pessoa?
Anexo A Título do Anexo A 176
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
Depoente 05: A pessoa vem para o seu setor, com o sistema de PGMO de mão de obra e como
eu vou sair do meu setor são três pessoas no meu setor, como eu vou sair daí tem que ir outra
pessoa pra me substituir, daí no caso essa pessoa veio agora já, eu estou acompanhando essa
pessoa, passando tudo que eu sei pra ela, pra em breve eu estar saindo do setor, e ela estar
assumindo a responsabilidade minha
6 Entrevistador: Esse repasse de conhecimento é sem restrição? Você passa praticamente
tudo que você sabe, e incentivado pela empresa, passar tudo que você sabe?
Depoente 05: Isso é incentivado pela empresa tudo que você sabe, tudo de macete, tudo que você
aprendeu de experiência, alguma coisa é incentivado a passar.
7 Entrevistador: E pelo que os funcionários mais antigos falam na empresa isso acontecia
sempre ou não, antigamente as pessoas passavam tudo o que sabiam ou seguravam um
pouco do conhecimento pra ela?
Depoente 05: Olha eu trabalhei com pessoas experientes, com pessoas com mais de 25, 30 anos de
empresa, eles mesmo falam que na época deles as pessoas tinham medo de passar as informações
para os novatos, porque eles achavam que passando a informação para o novato, ele ia
assumindo seu lugar, e ia ser mandando embora, e isso pelo que eu vi de uns 10 anos pra cá, que
começou entra as pessoas novas, começou a muda essa idéia que tinha ficado e hoje já é
totalmente diferente, hoje pode ser notado que pra pegar uma pessoa nova de empresa ou uma
pessoa de 25, 30 anos de empresa tem a mesma qualidade
8 Entrevistador: Ah certo. Então isso foi depois da implantação dos programas de
qualidade neh?
Depoente 05: Isso.
9 – Entrevistador: No setor como você falo vocês trabalham em quantos lá?
Depoente 05: no todo são 3 pessoas
10 – Entrevistador: E todos eles fazem a mesma função?
Depoente 05: Isso todos fazem a mesma função.
11 – Entrevistador: Supondo que alguém tenha que faltar algum dia os outros dois são
capazes de suprir?
Depoente 05: São
12 Entrevistador: Ah certo. E qual é a formação escolar dos funcionários do setor, como
geral da empresa como a do seu setor, qual é a escolaridade exigida pra trabalhar na
empresa?
Depoente 05: No caso no meu setor 2º grau
Anexo A Título do Anexo A 177
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
13 – Entrevistador: E antes, antes desse programa de qualidade havia uma exigência de
escolaridade ou não alguém fala alguma coisa?
Depoente 05: Olha aqui tem pessoas com a 4ª série do primário que conseguiu entrar lá.
14 – Entrevistador: Então não havia exigência
Depoente 05: o, não havia, daí foram pedindo pra fazer o ginásio, depois foi pedindo pra
fazer o 2º grau e hoje a empresa...
15 – Entrevistador: A empresa deu condições pra fazer esses cursos?
Depoente 05: Deu condições, eu mesmo, no caso pra fazer a faculdade aqui eu sou liberado
quando eu faço turno no horário da tarde eu tenho liberação eu posso trabalha até as 7:00 da noite, e
fazer o curso aqui, eles incentivam você estudar.
16 – Entrevistador: ah então tem um incentivo.
Depoente 05: Isso tem incentivo.
17 Entrevistador: E cada funcionário ele desempenha apenas uma função ou não na linha de
produção ou ele é preparado pra desempenhar a função que for necessária ele pode operar
vários equipamentos.
Depoente 05: Com certeza, o que a empresa vê na pessoa é cada vez aprendendo mais, não operar
determinado equipamento, aprendeu aquele equipamento vai partindo pra outro equipamento,
porque na falta de uma pessoa que opera aquele outro equipamento você vai suprir ele. Você esta
fazendo o que eles chamam lá de rodízio neh
18 – Entrevistador: ah sim rodízio de mão de obra.
Depoente 05: Isso rodízio de mão de obra
19 – Entrevistador: E quando ocorre um problema lá no seu setor, com máquina ou com algum
problema na produção, a máquina que quebra ou a matéria prima que para de chegar, ou de
repente, começa a produzir com defeito, com problema, qual o procedimento executado,
alguém é comunicado sobre isso daí ou vocês tem autonomia pra mexer, pra tentar solucionar
o problema, até identifica o problema, ou para pode passar pra alguém?
Depoente 05: É primeiramente a gente identificar o problema, tenta identificar o problema e é
comunicado a supervisão, no caso o chefe imediato nosso para estar tomando as decisões que
devem ser tomadas, ou até mesmo as manutenções, as pequenas manutenções eu mesmo a gente
mesmo solicita a manutenção, ai depois é comunicado o que esta sendo feito e o
acompanhamento.
20 – Entrevistador: Vocês tem autonomia pra solucionar o problema ou não?
Depoente 05: Depende do problema nós podemos solucionar.
Anexo A Título do Anexo A 178
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
21 Entrevistador: Deixa eu ver o que mais, na maioria das vezes é possível solucionar o
problema dentro da própria empresa ou as vezes tem que contratar alguma empresa fora? E: A
maior parte é lá dentro
Depoente 05: É tem pessoas capacitadas para estar solucionando, o que está acontecendo mais
agora é a Iguaçu esta terceirizando alguns tipos de serviços. Por exemplo automação veio uma
empresa de fora especializada nisso e faz pra Iguaçu, tem pessoas que acompanham, esta
dando uma manutenção, só em extrema necessidade mesmo que é (inaudível).
22 – Entrevistador: Só em extrema necessidade. É no que diz respeito ao controle de qualidade
da empresa, quem que é, vocês são responsáveis pelo controle da qualidade de produção
vocês são responsáveis pela produção por aquilo que vocês produzem ou vocês tem que
esperar alguém vistoriar essa qualidade lá na frente?
Depoente 05: Não. Nós somos responsáveis, nós fazemos o controle, a gente tem também que ter o
bom senso. Você que não tá saindo uma coisa bem feita, tem que comunicar falar o que tá
acontecendo, para o negócio não ir pra frente, porque se você deixar o produto ir pra frente ele vai
pegar lá e vai acaba voltando em você, já é, já tem o bom senso de
23 Entrevistador: E no caso vocês tem autonomia pra parar a linha de produção se for o
caso?
Depoente 05: Temos, temos sim
24– Entrevistador: Ah certo.
Depoente 05: Se não tiver 100% a gente tem que parar, ir parando a produção e comunicando a
supervisão falando olha não tem mais condição de trabalhar
25 Entrevistador: E pelos funcionários mais antigos da empresa fala isso acontecia, antes
ou não do programa de qualidade?
Depoente 05: Dizem segundo eles que eram assim complicado, que chefe era chefe, peão era
peão.
26 – Entrevistador: Não havia envolvimento.
Depoente 05: Não tinha esse envolvimento, toda pessoa que trabalha comigo fala que o
encarregado que passava a ordem pra ele não tinha nenhuma comunicação com supervisor, era tudo
assim tinha uma hierarquia que tinha que ser seguido.
27 – Entrevistador: Não havia um contato entre chão da fábrica e topo da fábrica.
Depoente 05: É não havia era tudo uma hierarquia que tinha que ser seguido, hoje não, hoje em
qualquer momento você pode conversando com o gerente com o diretor, ele pode chegar no meu
setor e perguntar alguma coisa como vai a produção e tudo, dizem que antigamente não existia isso
se você quisesse falar com a pessoa tinha que tá passando...
Anexo A Título do Anexo A 179
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
28 – Entrevistador: passando de um por um até chegar. E no caso o que diz respeito a
inovação vocês tem algum incentivo lá pra inovar, pra tentar inovar modificar, alterar o serviço
o setor que você trabalha ou não, tem muito incentivo pra inovação pra melhorar?
Depoente 05: nós trabalhamos em cima de (inaudível), uma empresa japonesa.
29 – Entrevistador: é um método?
Depoente 05: é um método de melhoras, sempre é incentivado e todo ano tem as plenárias, em que
são apresentadas os novos (inaudível) ai todos os operários são incentivados, quem tem alguma
idéia ou alguma melhoria de processo e pra estar ajudando o pessoal pra...
30 – Entrevistador: E vocês são incentivados a participar dessa plenária
D: Isso a gente é, a gente vai, é incentivado, todo mundo é convidado eles incentivam sim
31 – Entrevistador: Todo mundo assiste todo mundo ouve?
Depoente 05: Olha depende muito como no caso da produção que trabalha 24 horas, talvez naquele
dia não tem como você liberar 100% das pessoas.
32 – Entrevistador: Mais sempre tem um grupo?
Depoente 05: Sempre, sempre tem um grupo assistindo e outro trabalhando
33 Entrevistador: E no caso vocês tiveram que adaptar algum equipamento algum
(inaudível) que veio pronto pra indústria e vocês tiveram que adaptar aqui pra realidade de
vocês ou não?
Depoente 05: Já. tivemos experiência com um equipamento que veio para o nosso setor, dois
anos atrás, pra eles era o melhor do mundo daí chego Iguaçu, não foi da teve que adaptar daí foi
trocado, por que estava na garantia, foi trocado várias peças que estavam na garantia, na verdade
70% do equipamento foi trocado, então teve que fazer muitas adaptações no equipamento pra ele
trabalhar de acordo com que a Iguaçu pede.
34 – Entrevistador: De acordo com que a empresa precisa.
Depoente 05: Isso de acordo com que a empresa precisa
35 – Entrevistador: De acordo com que a empresa precisa
36 Entrevistador: E por fim como tem sido o tratamento de resíduo sólido de lixo lá, existi
conscientização pra preservação do meio ambiente, existe separação de resíduo sólido ou
resíduo líquido, existe também programas de manejos desses resíduos?
Depoente 05: Existe. No caso existe a coleta seletiva, que é separado o papel, do vidro, metal, no
caso o que é reciclável é reaproveitado, tem uma empresa que faz esse reaproveitamento mandando
pra uma empresa terceirizada para estar usando esses materiais. Tem os resíduos sólidos lá, no caso
sobra muita borra a borra de café, essa borra é levado para o que chamamos de adubo e é
Anexo A Título do Anexo A 180
PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
repassado para o agricultores estar colocando no café, que é o adubo orgânico, e é controlado
também tipo vazamento essas coisas, é conscientizado a estar monitorando para não acontecer isso.
37 Entrevistador: Deixa eu ver o que mais, acho que bom pra gente. Lhe agradeço pela
atenção e por responder a esta entrevista.
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