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O ver e o fazer dos mosaicos
no espaço da arquitetura e da
cidade
Stella Marina Rodrigues
Orientador:
Prof. Dr. Bruno Roberto Padovano
Dissertação de Mestrado
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Universidade de São Paulo
São Paulo, 2007
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Resumo
Este estudo visa o reconhecimento do valor artístico
dos mosaicos e da importância do espaço onde estão
inseridos. Para isso foram enfocadas as questões do ver
mosaicos, que implica seu entendimento como objetos
compostos de diversas partes, e do fazer mosaicos, que
abrange as questões técnicas de projeto e execução. O
espaço é apresentado como elemento essencial na hora de
ver mosaicos, visto que os mosaicos transformam o espaço e,
também, no sentido contrário, o espaço transforma o
mosaico. Na questão de fazer mosaicos, na fase do projeto,
exige-se um estudo do espaço em que ele será aplicado. Este
trabalho inclui uma amostra de mosaicos de pastilha de vidro
em seu espaço na cidade e em edifícios com fotos e
ilustrações, visando transportar o leitor para esses espaços, e
para os pontos de vista de um mosaicista e de um artista
plástico, que projeta murais para espaços públicos.
Abstract
This study aims at the recognition of the artistic value of
mosaics and of the importance of the space into which they
are introduced. To achieve this purpose, focus is directed at
issues relating to the seeing of mosaics - which implies their
being understood as objects composed of diverse parts - and
of the making mosaics, which involves technical questions
having to do with project and execution. The space is
presented as an essential element at the moment in which the
mosaic is seen - once the mosaic transforms the space - as
well as, in the contrary sense, the space transforms the
mosaic. The problem of making mosaics in the project phase
demands a study of the space in which it will be applied. This
work includes a sample of glass tile mosaics in their space in
the city and building, with photos and illustrations, aiming
transporting the reader into these spaces, and into the point of
view not only of the mosaicist, but also of the plastic artist,
who projects murals onto public spaces.
Sumário
Introdução ..............................................................................1
1. Ver mosaicos ..................................................................7
1.1. Definição de mosaico ..............................................7
1.2. Etimologia..............................................................11
1.3. Origens..................................................................13
1.4. Aplicações dos mosaicos ......................................16
1.4.1. Mosaico artístico (independente)...........................20
1.4.2. Mosaico sendo arquitetura ....................................20
1.4.3. Mosaico decorativo na arquitetura.........................22
1.4.4. Mosaico decorativo em objetos .............................23
1.4.5. Mosaico para comunicação visual.........................26
1.4.6. Mosaico digital.......................................................27
1.4.7. Mosaico em performances ....................................32
2. Fazer mosaicos.............................................................34
2.1. Métodos de colocação...........................................34
2.1.1. Colocação direta....................................................35
2.1.2. Colocação indireta.................................................35
2.2. Sistemas de colocação..........................................37
2.2.1. Opus tesselatum – obra tesselada ........................37
2.2.2. Opus vermiculatum – obra vermiculada ................39
2.2.3. Opus sectile – obra marchetada............................41
2.3. Execução do painel ...............................................42
2.3.1. Projeto ...................................................................42
2.3.2. Preparação do cartão ............................................46
2.3.3. Estudo cromático...................................................47
2.3.4. Corte das pastilhas................................................48
2.3.5. Colocação das pastilhas........................................49
2.3.6. Colagem das pastilhas no papel...........................51
2.3.7. Colocação do mosaico no painel...........................51
2.3.8. Retirada do papel e finalização .............................52
2.3.9. Considerações sobre a execução do painel..........53
2.4. Execução do mural................................................54
2.4.1. Projeto ...................................................................54
2.4.2. Preparação do cartão ............................................55
2.4.3. Estudo cromático...................................................56
2.4.4. Corte das pastilhas................................................56
2.4.5. Colocação das pastilhas.......................................57
2.4.6. Colagem das pastilhas no papel............................58
2.4.7. Colocação do mosaico na parede .........................58
2.4.8. Retirada do papel e finalização .............................59
2.4.9. Considerações sobre a execução do mural...........60
2.5. O fazer mosaicos por Sérgio Secches...................61
2.5.1. Perfil de Sérgio Secches .......................................62
2.5.2. Participação em concursos....................................63
2.5.3. Faculdade de arquitetura.......................................64
2.5.4. Primeiros trabalhos................................................65
2.5.5. Serafino Faro........................................................67
2.5.6. Empresa de mosaicos ...........................................68
2.5.7. Mosaicos decorativos ............................................68
2.5.8. Mosaicos de outros artistas...................................69
2.5.9. Cores no mosaico..................................................70
2.5.10. O mosaico em seu contexto ..................................70
2.5.11. Mosaicos em painéis móveis.................................71
2.5.12. Senso comum........................................................72
2.5.13. Picasso no painel e Dalí no banheiro ....................73
2.5.14. O que é mosaico ...................................................74
3. Espaço dos mosaicos..................................................75
3.1. Claudio Tozzi e o espaço do mosaico ...................76
3.1.1. O projeto................................................................76
3.1.2. O espaço ...............................................................77
3.1.3. O trabalho interdisciplinar......................................78
3.1.4. Questões da construção........................................79
3.1.5. O material..............................................................79
3.1.6. O processo de reprodução da imagem .................80
3.2. Teatro Cultura Artística..........................................82
3.3. Residência Michel Abujamra .................................85
3.4. Hotel Jaraguá ........................................................88
3.5. Residência Olívio Gomes ......................................92
3.6. Centro Empresarial Itaúsa.....................................96
3.7. Edifício Montreal..................................................100
3.8. Edifício Califórnia.................................................104
3.9. Edifício Triângulo.................................................107
3.10. Residência na Rua Filadelfo Azevedo.................112
3.11. Estação Sé ..........................................................115
3.12. SESC Consolação...............................................119
3.13. Estação Consolação............................................122
3.14. Estação Santo André...........................................126
3.15. Cultura Inglesa ....................................................129
3.16. Seguradora Porto Seguro....................................134
3.17. Centro Cultural Dragão do Mar............................138
3.18. Novotel ................................................................142
3.19. Terminal de ônibus de Santo Amaro ...................147
3.20. Centro Empresarial Itaúsa 2................................151
3.21. Edifício Exclusive.................................................156
3.22. Forum Trabalhista ...............................................160
Considerações finais.........................................................164
Bibliografia.........................................................................171
Lista de figuras ..................................................................180
1
Introdução
Comece pelo começo e prossiga até
chegar ao fim: então pare.
- Lewis Carroll
1
Esta dissertação trata dos mosaicos no espaço da
arquitetura e da cidade abordando as questões de ver e fazer
mosaicos. Mosaicos estão presentes no espaço de diversas
formas, entre elas, como murais e painéis artísticos na
arquitetura. É conhecida a importância da conjunção entre
artes plásticas e arquitetura. Os murais têm como intenção
interagir com os transeuntes e o espaço urbano.
Apesar de o espaço da obra de arte ser importante
para o seu entendimento, a grande maioria dos seus registros
1
Durante o julgamento do Valete de copas, acusado de roubar as tortas
da Rainha, o Coelho Branco pergunta por onde deveria começar a ler uma
carta, supostamente de autoria do Valete, e o Rei responde com esta
citação. CARROLL, Lewis. Alice no País das Maravilhas, Lisboa:
Publicações Dom Quixote, 2000.
Introdução
2
fotográficos limita-se a retratar a obra, esquecendo o seu
espaço. O observador dessas imagens fica sem uma noção
mínima de como é o espaço desta obra, qual é o seu
tamanho e como é a sua interação com as pessoas.
São Paulo concentra uma quantidade notável de
murais feitos em mosaico de pastilha vítrica. A presença dos
artistas Alex Flemming, Bramante Buffoni, Candido Portinari,
Cláudio Tozzi, Clóvis Graciano, Emiliano Di Cavalcanti,
Herson Roitman, Odiléa Toscano, Tomie Ohtake e Vik Muniz
na produção destes mosaicos torna São Paulo uma
importante referência no Brasil.
Um fator motivador para escrever sobre mosaicos no
espaço da arquitetura e da cidade foi a necessidade de
reconhecimento do valor artístico dos mosaicos. Não é raro ir
a um lugar onde se encontra um mosaico com um
reconhecido valor artístico e sua presença ser desconhecida
pelas pessoas que o vêem diariamente. As vezes o descaso
é constatado pela disposição de elementos que obstruem a
visão do mosaico, em casos mais graves, mosaicos de
Introdução
3
reconhecido valor artístico chegam a ser depredados ou até
completamente destruídos.
A falta desse reconhecimento também acarreta
dificuldades para os ateliês oferecerem mosaicos artísticos ao
público. São elas: a aceitação muito pequena no mercado das
artes, o que dificulta a venda de painéis em mosaico do
mesmo modo que são vendidas pinturas em tela e o fato de a
mesma técnica ser aplicada a trabalhos artesanais, o que faz
com que haja uma tendência de generalização, fazendo com
que mosaicos de todo tipo sejam vistos como artesanato. O
custo elevado do material e o logo tempo empregado também
aumentam essa dificuldade.
O interesse pelo tema tem também um caráter pessoal,
que se intensificou com a experiência da autora como
participante do concurso Prêmio Quota de Arte, que escolheu
o mural do Edifício Exclusive, realizado em 2002, em São
Paulo, para o qual apresentou o projeto de mosaico
Bromélias, selecionado entre os trabalhos escolhidos para a
última etapa (foram 506 inscritos). O projeto vencedor foi o
Introdução
4
mural de Cláudio Tozzi, executado em 2003, que é citado,
mais adiante, neste trabalho.
Esta dissertação está dividida em três capítulos, Ver
mosaicos, Fazer mosaicos e Espaço dos mosaicos.
O primeiro capítulo, Ver mosaicos, serve como uma
apresentação dos mosaicos, inclui as definições, tanto no
sentido literal, que é o que se aborda aqui, quanto os outros
usos, as origens e uma classificação do tipo de aplicação
pelo tipo de objeto e seu uso.
No capítulo seguinte aborda-se uma breve explicação
de como são feitos mosaicos, seguida de uma demonstração
detalhada da execução de dois mosaicos. O primeiro, Laços,
painel móvel de 105x80cm, foi feito especialmente para
demonstrar a técnica neste trabalho e o segundo é um
mosaico de Claudio Tozzi de grandes proporções para a
parede externa de uma capela.
Se fosse apenas para demonstrar a aplicação de uma
técnica para fazer mosaicos, bastaria registrar a execução
Introdução
5
de um dos mosaicos. Porém, aqui o fazer não se restringe
ao trabalho manual, como acontece em diversas
publicações. Ao fazer um mosaico é preciso estar pensando
em seu espaço com relação ao observador, por isso o fazer
abrange também o trabalho mental.
Para encerrar o segundo capítulo, a autora incluiu as
questões levantadas em conversas com o artista plástico
Claudio Tozzi, autor de diversos mosaicos, e com Sérgio
Secches, mosaicista.
No terceiro capítulo mostramos alguns trabalhos em
mosaico de doze artistas representativos feitos em pastilhas
de vidro no espaço da arquitetura e da cidade. A maioria
destes trabalhos está concentrada na cidade de São Paulo,
mas também foram incluídos três em outras cidades, um de
Roberto Burle Marx, em São José dos Campos, SP, cidade
muito próxima de São Paulo, outro de Alex Flemming, em
Santo André, cidade da Grande São Paulo, e outro de
Aldemir Martins em Fortaleza, CE. Este último foi executado
em um ateliê na Grande São Paulo, uma vez que o artista
Introdução
6
vivia em São Paulo. Os trabalhos estão em ordem
cronológica.
Para entender melhor como os murais e painéis em
mosaico participam do espaço da arquitetura e da cidade,
além de fotografias, são apresentados desenhos onde são
destacadas as linhas principais dos espaços retratados. Na
maior parte dos desenhos também são representadas
pessoas, as quais, além de servirem como escalas
humanas, ajudam-nos a perceber como é sua interação com
os mosaicos em seu espaço.
7
1. Ver mosaicos
Sou essência, sou imagem
Sou colagem
Sou moderno, sou arcaico
Sou mosaico
- Marcelo Quintanilha
2
1.1. Definição de mosaico
O mosaico pode ser definido como uma composição de
diversas peças sobre uma superfície. A seguir estão algumas
definições encontradas em fontes diversas.
“Embutido de pequenas pedras, ou outras peças
de cores, que pela sua disposição aparentam
desenho.”
(Dicionário Aurélio)
2
Mosaico. Marcelo Quintanilha. Mosaico. Faixa 1, Casa da Canção
Produções Artísticas e Páginas do Mar Publicidade e Edições Musicais,
2005.
Ver mosaicos
8
“Mosaico é a composição plástica que consiste
em pequenas peças de pedra, vidro e cerâmica, de
várias cores, coladas sobre uma superfície.”
(Enciclopédia Barsa)
“Entende-se por mosaico uma composição
decorativa em duas ou mais cores, feita com pequenos
cubos, ou pedrinhas de forma irregular, que podem ser
de pedra natural, terracota, cerâmica, massa vidrosa
ou mármore, fixados sobre uma superfície estável, por
meio de cimento, argamassa, estuque ou outras
composições plásticas colantes.”
(Mucci. A arte do mosaico)
As peças e as superfícies de um mosaico podem ser
de materiais e formas variados, até mesmo pedaços de papel
colados sobre outro papel, porém, o uso da pedra é bastante
significativo e, por isso, é sempre salientado quando são
apresentadas as definições de mosaico. Porém, é bom
ressaltar que o significado essencial de mosaico está no tipo
de composição e não no material. A enciclopédia on-line
Wikipédia assim expressa:
Ver mosaicos
9
“São exemplos de mosaico o calçadão de
Copacabana, a disposição dos pisos e azulejos de uma
casa, até mesmo algumas gravuras do artista holandês
M. C. Escher que tratam do preenchimento do plano.
3
As gravuras/mosaico de Escher (1898-1972) são
formadas por figuras de animais e pessoas baseadas em
padrões geométricos inspirados nos mosaicos que ele
conheceu durante suas duas visitas, em 1922 e 1936, a
Alhambra, um complexo de palácio e fortificações dos séculos
XIII e XIV, feitas durante as invasões árabes à província de
Granada, no sul da Espanha. Os mosaicos dos árabes não
apresentam desenhos figurativos, apenas geométricos,
devido à proibição deste tipo de representação pela religião
muçulmana. Escher escreveu em seu diário durante a
primeira viagem:
“Era espantosamente oriental. O estranho para
mim era a grande fartura de decoração, e a grande
beleza digna e simples do todo. Aqueles árabes eram
3
WIKIPÉDIA. http://pt.wikipedia.org/wiki/mosaico. Acesso em: 27 nov.
2006.
Figura
1
Desenho de M. C. Escher com pássaros, onde é
possível observar o padrão geométrico. (Fonte:
www.mcescher.com)
Ver mosaicos
10
aristocratas, como não mais são encontrados hoje. A
coisa estranha da decoração moura é a total ausência
de qualquer forma humana ou animal – até, quase, a
forma de qualquer planta. Talvez isso seja uma força e
uma fraqueza ao mesmo tempo.”
4
Logo após sua segunda visita a Alhambra, Escher
criou um sistema que servia como um guia para fazer
divisões regulares do plano, o que resultou em seus diversos
mosaicos gráficos.
Existem outros usos para a palavra mosaico. Em
matemática, mosaico é o estudo do preenchimento do plano
com figuras geométricas, sendo utilizado para estudar
conceitos de área e ângulos, por exemplo.
A palavra mosaico também é amplamente utilizada em
um sentido figurado significando um trabalho, intelectual ou
manual, composto de diversas partes distintas.
4
LOCHER, J.L., Escher – the complete graphic work. Holanda: Thomes
and Hudson, 1992.
Ver mosaicos
11
Em muitas publicações e anúncios publicitários,
revestimentos lisos de pastilhas de vidro são apresentados
como mosaico. Este emprego da palavra mosaico, de acordo
com as definições de dicionários e enciclopédias, não está
errado, visto que as pastilhas de vidro apresentam pequenas
variações de cores. Porém, o mosaico resultante não é fruto
de um trabalho mental, em que o artista toma uma decisão
para a colocação de cada pastilha que o compõe.
Se entendemos que a essência de um mosaico está no
modo em que ele é feito, é impossível entender como tal os
mosaicos que são criados pelo acaso, pela natureza e por
máquinas. Por isso, para esta dissertação, vamos considerar
as definições de mosaico existentes, porém, limitando-as aos
mosaicos criados por pessoas.
1.2. Etimologia
Existem diferentes definições para a origem da palavra
mosaico, poderia ter vindo do latim medieval musaicus, de
musa, ou do grego mouseîn, tendo o mesmo significado.
Ver mosaicos
12
Existe também a possibilidade de a palavra mosaico ter
sofrido uma confusão meramente formal com mwoaïxoc, que
seria relativo a Moisés, porém esta origem é considerada
improvável.
5
A palavra mosaico é de origem grega e provém
da forma antiga Mov
σ
aïxov (mosaicon) que significa
“paciente, digna das Musas”.
Paciente, porque requer muita paciência e muita
atenção para executa-la.
Digna das Musas, porque se trata de um
trabalho de rara beleza, feito com materiais que duram
séculos e por isso tem um sentido de eternidade, isto
é, de divino. ”
6
As musas são divindades da mitologia grega. Após a
vitória dos Olímpicos sobre os Titãs, havia sido solicitado a
Zeus que ele criasse divindades que fossem capazes de
5
MACHADO, José Pedro. Dicionário Etimológico da língua portuguesa.
Lisboa, Editorial Confluência, 1959.
6
Mucci, Alfredo. A arte do mosaico – compêndio histórico-técnico da arte
musiva. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1962. p. 15.
Ver mosaicos
13
cantar ao mesmo nível deste mérito. Zeus passou, então,
nove noites consecutivas com Mnemósine, deusa da
memória, e, um ano depois, nasceram Calíope, Clio, Érato,
Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia, as
nove musas. Elas cantavam e dançavam para o deleite das
outras divindades. Música e museu também pertencem à
mesma família etimológica de musa, música é o que
concerne às musas e museu é onde residem as musas.
1.3. Origens
Não existe um consenso sobre onde e quando se
originaram os primeiros mosaicos. É certo que o mosaico já
tem mais de 5000 anos de existência. Por esta dissertação
tratar de mosaicos dos séculos XX e XXI, esta discussão não
cabe aqui. É interessante observar como as origens dos
mosaicos influenciaram os mosaicos que vieram a seguir e
qual foi a motivação para tantas civilizações terem feito seus
mosaicos e para estarem presentes até os dias de hoje.
Ver mosaicos
14
Antonie – Chrysostome Quatremère de Quincy,
arqueólogo e escritor francês, supõe que o mosaico tenha
começado com a pavimentação de ruas com pedras porque a
partir daí começou-se a fazer composições de pedras com
cores diferentes. Estas composições se tornaram cada vez
mais decorativas e cada vez mais elaboradas, até obterem
valor artístico.
A pedra, mesmo não trabalhada, carrega uma
significação simbólica originada nas civilizações primitivas
que as consideravam moradas de espíritos e deuses. O
emprego da pedra como lápides e objetos de veneração
religiosa pode ser entendido como uma forma primitiva de
escultura, em que é atribuído à pedra um valor expressivo
maior do que aquele que é encontrado na natureza.
7
Na
opinião de Mucci
8
, era natural que o homem um dia tivesse
vontade de transformar pintura em pedra.
7
JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira, 1964.
8
Mucci, Alfredo. A arte do mosaico – compêndio histórico-técnico da arte
musiva. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1962. p. 19.
Ver mosaicos
15
"Mas, aprofundando-nos um pouco mais nesta
opinião puramente técnica, podemos chegar à hipótese
lógica que, da necessidade de transformar a pedra em
pintura tenha nascido a idéia da composição musiva,
isso é, à reconstrução artística de uma nova pedra, por
meio de um conjunto ilimitado de várias pedras, à
criação de uma policromia nova, ordenada pela mente
do homem, formada pelas várias cromias líticas
existentes na natureza, enfim, uma pedra feita de
outras pedras, nova de forma, de aspecto, de cor,
inexistente na ordem normal da natureza, mas sendo
sua parte integrante.”
No que se refere especificamente aos mosaicos de
pastilha de vidro, é indispensável citar os bizantinos. Nos
mosaicos bizantinos eram utilizadas tesselas de pastas
vítreas ou esmaltes, "smalti". A fabricação do material se
dava por compressão da pasta de vidro misturado com
corante entre duas placas de mármore. Depois de
solidificada, a lâmina de vidro de cerca de um centímetro de
espessura era cortada com abrasivos ou martelinho em
cubinhos. Hoje em dia este mesmo tipo de material é
Ver mosaicos
16
produzido industrialmente em formato padrão de 2x2cm e
espessura de 5 mm, além de outras dimensões e formas.
Os bizantinos também utilizavam tesselas de ouro,
“smalti-oro”, que eram produzidas de modo similar, ou seja,
sobre uma lâmina de vidro feita sem corante era colada com
goma uma folha de ouro, que, depois, voltava ao forno com
mais uma camada de vidro sobre a mesma para fixar, sendo
posteriormente cortados os cubinhos.
1.4. Aplicações dos mosaicos
As superfícies às quais os mosaicos se aplicam podem
ser variadas, desde objetos até edifícios.
Na arquitetura, o mosaico além de se manifestar como
arte ou ornamento, também desempenha o papel de
revestimento. A relação dos mosaicos com a arquitetura é
muito próxima, a arquitetura serve como suporte para o
mosaico enquanto o mosaico também é um material da
arquitetura.
Figura
2
Mosaico de pastilha cerâmica de Paulo
Werneck
na
Igreja da
Pampulha
. (Foto de José Carlos Rodrigues)
Ver mosaicos
17
O arquiteto Oscar Niemeyer (1907-) procura definir o
espaço da obra de arte durante o processo projetual. A Igreja
de São Francisco de Assis
9
, uma de suas obras, tem um
mosaico de pastilha cerâmica de Paulo Werneck (1907-1987)
aplicado sobre uma superfície curva, apresentando curvas
brancas e azuis livres sobre o fundo azul-claro.
A relação entre a obra de arte e o espaço da
arquitetura é antiga; no século II a.C., o artista Sosos de
Pérgamo executou alguns dos mosaicos figurativos mais
antigos dos quais se tem conhecimento, entre eles, Quarto
por varrer, que mostra as sobras de um banquete espalhadas
pelo chão. Esta composição, apesar de ter um tema
despojado, ainda apresenta uma rigidez semelhante à dos
mosaicos com temas geométricos, visto que os elementos
estão dispostos de uma maneira organizada. Houve um
cuidado em reproduzir as sombras dos objetos para obter um
resultado mais próximo da realidade.
10
9
Também conhecida como Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte,
construída em 1945 e restaurada em 2005. No mesmo local também está
um painel de azulejos de Candido Portinari (1903-1962).
10
CHARBONNEAUX, Jean; MARTIN, Roland; VILLARD, François. Grèce
hellénistique: 330-50 av. J.-C. Paris: Éditions Gallimard, 1987.
Figura
3
Quarto por varrer, de Sosos de Pérgamo, II a.C.
Ver mosaicos
18
Antigamente, pintura, escultura e arquitetura não
tinham limites definidos entre si. A divisão entre arte e
arquitetura ocorreu no século XVIII, com o método das belas
artes, isolando cada arte em seu sistema disciplinar. Com
essa especialização e com a ascensão da arquitetura
moderna, o trabalho do arquiteto passou a ser cada vez mais
relacionado com os elementos construtivos. Por isso, ao
falarmos de mosaicos artísticos na arquitetura, tem-se a
impressão de que estamos falando sobre ‘arte na arquitetura’,
o que seria um erro por arquitetura ser arte. Na verdade,
estamos falando sobre a síntese das artes, que se dá quando
pintura e escultura (ou mosaicos artísticos) tornam-se parte
de uma composição arquitetônica.
De acordo com o arquiteto Jose Luis Sert, existem três
modos de combinar pintura e escultura com arquitetura. O
primeiro é quando o arquiteto também é o escultor e o pintor
e, por isso a relação é de uma aproximação integral, como
ocorria na Renascença e na Art Nouveau. O segundo é a
aplicação destes elementos como ornamento, neste caso o
artista não é independente, pois deverá seguir a
determinação do arquiteto. E o terceiro é o de independência
Ver mosaicos
19
das partes, onde o artista plástico e o arquiteto se expressam
no mesmo local.
11
Tendo por base esses três tipos de combinação,
podem-se classificar os mosaicos pelo tipo de aplicação como
artística (independente), a própria arquitetura e decorativo na
arquitetura. Além destas, devem ser acrescentadas mais
quatro tipos de aplicação, decorativa em objetos, para
comunicação visual, os mosaicos digitais e, por último, os
mosaicos em performances.
Nesta classificação, não é definido se o trabalho em
mosaico é ou não de boa qualidade, embora, em alguns
casos, haja uma predisposição do observador em julgar a
qualidade do trabalho pelo tipo de aplicação. Em alguns
casos, um mesmo mosaico pode encaixar-se nas
características de mais de uma aplicação.
11
MELO, Magda M. “Síntese das artes na arquitetura de Oscar
Niemeyer”. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, (24): 121-130,
set. 2003.
Ver mosaicos
20
1.4.1. Mosaico artístico (independente)
Aplicado em murais, painéis e esculturas, estes
trabalhos são executados com o artista pensando ou não no
local onde ele estará aplicado. Quando isso é pensado, o
mosaico não é uma obra que utiliza a arquitetura como
suporte, mas sim um elemento em harmonia com a
arquitetura. Os murais e painéis artísticos trazem consigo a
expressão livre do artista e, por isso, podem ser analisados
tanto no espaço da arquitetura e da cidade, quanto
isoladamente.
1.4.2. Mosaico sendo arquitetura
Em alguns casos o mosaico não pode ser observado
de forma isolada da arquitetura, como acontece com os
murais em mosaico, que, se fossem retirados da arquitetura,
esta continuaria existindo e, também, o oposto. Isso acontece
quando o mosaico é mais do que um elemento que compõe
uma obra, mas a obra em si é um mosaico, ou por ser
Figura
4
Mosaico aplicado no Parque Güell, de Antoni
Gaudí. (Fonte: ZERBST, Rainer. Gaudí 1852 - 1926: Antoni
Gaudí Cornet - Uma vida na arquitectura. Japão: Taschen,
1985.)
Ver mosaicos
21
composta predominantemente de mosaicos, ou por
apresentar diversos elementos distintos.
O exemplo de arquitetura de mosaico mais conhecido
é a obra de Antoni Gaudí. É inquestionável o valor artístico de
sua arquitetura, mas os mosaicos que a compõem só têm
esse valor quando observados no espaço da arquitetura.
Outro exemplo é a obra de Friedensreich
Hundertwasser, que utilizou mosaicos nas paredes, nos pisos
e até no telhado,
como o fez no telhado da Igreja de Santa
Bárbara em Bärnbach, composto por telhas de seis cores
diferentes. Hudertwasser também utilizava janelas com
tamanhos e cores diferentes, colocadas em alturas diferentes
em uma mesma fachada, segundo ele, “para que o
observador tenha a impressão de que as janelas estivessem
dançando por vontade própria, sem qualquer consideração
com os ambientes internos”
12
, compondo um mosaico de
janelas, como o da Casa Hundertwasser, em Viena.
12
HUNDERTWASSER, Friedensreich. For a more human architecture in
harmony with nature – Hundertwasser architecture. Alemanha: Taschen,
1997.
Figura
5
Mosaico de
janelas no edifício
residencial Hundertwasser
House, Viena, 1983-1986.
(Fonte:
www.kunsthauswien.com/e
nglish/hundertwasser.htm)
Figura
6
Mosaico
de
telhas na Igreja de Santa
Bárbara em Bärnbach,
1984-1988. (Fonte:
www.kunsthauswien.com/e
nglish/hundertwasser.htm
Ver mosaicos
22
Tanto na obra de Gaudi quanto na de Hundertwasser,
os operários também chegaram a participar ativamente na
criação de mosaicos; segundo Hundertwasser, o trabalho de
assentar ladrilhos um ao lado do outro é um trabalho
escravagista.
1.4.3. Mosaico decorativo na arquitetura
Assim como o mosaico da arquitetura de mosaicos, o
mosaico decorativo na arquitetura, se observado
isoladamente, também não tem significado algum, porém, ao
contrário do mosaico sendo arquitetura, o mosaico decorativo
não é um elemento fundamental, mas um elemento
acrescentado à arquitetura com o papel de ornamento. Mas
diferentemente dos mosaicos artísticos, os mosaicos
decorativos são condicionados ao projeto de arquitetura, o
que restringe a criação do mosaicista.
Nesta classificação estão os degradês, barras e
desenhos. Este tipo de mosaico é bastante procurado nos
ateliês de mosaico principalmente para cozinhas, banheiros e
Figura
7
Mosaico decorativo em piscina
com o tema golfinhos. (Fonte: arquivo da
Mosaico Objeto de Arte, fotos de Sérgio
Secches)
Ver mosaicos
23
piscinas. Segundo Sérgio Secches
13
, normalmente, este vem
a ser um tipo de trabalho monótono e repetitivo que não
permite ao mosaicista usar sua criatividade, visto que,
normalmente, o cliente encomenda o mosaico apresentando
um determinado desenho e exige que seja idêntico ao
desenho apresentado, sem permitir adaptações que poderiam
até melhorar o resultado do trabalho; isto normalmente é
permitido pelos artistas plásticos.
1.4.4. Mosaico decorativo em objetos
Ao falar sobre mosaicos aplicados em objetos,
lembram-se aqueles que se encontram em bandejas, porta-
retratos, caixas, espelhos, tampos de mesa etc. Este tipo de
aplicação muitas vezes é visto com maus olhos pelos artistas
e arquitetos que trabalham com mosaicos nas aplicações
acima discriminadas porque estariam contribuindo para
desprestigiar o valor dos mosaicos artísticos e dos mosaicos
decorativos de boa qualidade por estarem fortemente
inseridos no contexto do “faça você mesmo”.
13
Sérgio Secches, mosaicista, em entrevista à autora, ago/2005
Figura
8
Mesa com tampo em mosaico
.
(Fonte: arquivo da
Mosaico Objeto de Arte, foto de Sérgio Secches)
Ver mosaicos
24
As características do material utilizado são um atrativo
para os artistas de fim de semana porque o brilho e as cores
das tesselas são vistas como suficientes para garantir o bom
resultado final do trabalho. Esta constatação pode ser
verificada ao observar diversas publicações que estimulam o
leigo a executar mosaicos, como nesta citação vista em
reportagem de revista de decoração de 1958:
“Tradicionalmente os mosaicos são feitos com
pedaços de vidro e pastilhas de cerâmica. Suas cores
brilhantes como pedraria, seus dourados e prateados
bastam para revelar a alma artística do amador.
14
Também para decoração e vestuário, existe um tipo de
mosaico feito com pedaços de tecidos que, juntados a outros,
formam um único tecido; este trabalho manual é chamado de
14
“Como tornar-se um mosaicista – Mosaicos que você pode fazer para
embelezar o seu lar: Balcão para cozinha, banheiro. Piso de cozinha ou
banheiro. Base de lareira. Topo de lareira. Parede de banheiro. Parapeito
de janela. Jardineira. Boxe de chuveiro. Parede de lavatório. Jardineira de
janela. Moldura para espelho”. Casa e Jardim, (42): 62-70, mai. 1958. A
reportagem apresenta o passo a passo para o leitor executar seu próprio
mosaico.
Ver mosaicos
25
patchwork. Basicamente, existem dois tipos de patchwork, um
composto de partes idênticas, com a mesma forma e
tamanho, e outro composto de quadrados que são feitos com
diferentes desenhos que, unidos, resultam em outras formas.
15
Devemos lembrar que a aplicação de mosaicos em
objetos não vem a ser uma exclusividade para objetos nos
tempos atuais. Os faraós usavam roupas feiras com técnica
similar ao patchwork Os artistas pré-colombianos já
aplicavam mosaicos em diversos objetos. Os astecas
utilizavam pedras como turquesa e ametista, conchas e
madrepérola para revestir máscaras e outros objetos com
mosaico. Os índios de todo continente americano, incluindo
os brasileiros, também confeccionavam mosaicos utilizando
plumas. Ainda hoje, os índios norte-americanos confeccionam
mosaicos de miçangas que passam por barbantes,
compondo, como bordados, mosaicos que são aplicados
principalmente no vestuário.
15
COLTON, Virginia (ed.). Complete guide to needlework. Estados
Unidos da América: The Readr’s Digest Associaion, 1979.
Figura
9
Patchwork, mosaico f
eito com
pedaços de tecido. (Fonte:
www.wikipedia.org/
Figura
10
Mosaico de miçangas feito por índios
dos EUA. (Foto da autora)
Ver mosaicos
26
1.4.5. Mosaico para comunicação visual
Ainda que o mosaico esteja aplicado à arquitetura,
pode ocorrer de ele estar presente para outro fim que não
artístico ou decorativo. Existem algumas diferenças entre
arquitetura e programação visual que devem ser
consideradas ao analisar um mosaico. Enquanto a arquitetura
lida com a articulação do espaço, a programação visual visa
estruturar informações, objetivando divulgar mensagens.
16
Mosaicos podem manifestar-se como design gráfico na
escala da arquitetura como logotipos e revestimento usados
conforme o padrão de identidade visual de empresas. Apesar
de o mosaico ter uma característica de algo durador, estes
mosaicos, devido a sua função, assumem um caráter efêmero
pelo fato de o comércio constantemente renovar seu
mobiliário e seus revestimentos.
O projeto para a rede de lojas O Boticário elaborado
pelo arquiteto Manoel Roberto Alves de Lima, em 1998, é um
16
BONSIEPE, Gui. Design: do material ao digital. Florianópolis:
FIESC/IEL, 1997. pp. 113-114
Ver mosaicos
27
exemplo deste tipo de aplicação; segundo Lima, a opção pelo
revestimento em mosaico de vidro se deu porque o cliente
pretendia utilizar materiais que fossem identificados pelos
consumidores como nacionais.
17
Foi criado um padrão de
revestimento com o fundo verde e algumas pastilhas brancas,
vermelhas, azul-escuros e verde-claros. Esses mosaicos
foram aplicados nas paredes externas, nos puxadores das
portas e no mobiliário das lojas. Além disso, o desenho do
mosaico foi reproduzido em material promocional impresso
das lojas e no site da internet.
1.4.6. Mosaico digital
As imagens digitais são compostas por pixels
(aglutinação de Picture e Element). Um pixel é o menor
elemento que pode ser exibido em um dispositivo que exibe
imagens, como um monitor.
17
Arquiteto Manoel Roberto Alves de Lima em entrevista à autora,
mai/2006.
Figura
11
Mosaico padrão das lojas
O
Boticário
. (Foto da autora)
Figura
12
Detalhe do
site
do
O Boticário
.
(Fonte: www.boticario.com.br)
Ver mosaicos
28
O tamanho, a forma e as cores do pixel variam de
acordo com o dispositivo, podendo ou não ser visíveis.
Quando os pixels são visíveis, em geral enxergamos pontos
ou quadrados. Por ser o elemento mínimo, cada pixel pode
ter apenas uma cor. Em um monitor colorido, cada pixel é
composto de três pontos com as cores verde, vermelho e
azul. Cada ponto pode exibir 256 tonalidades diferentes
dessas cores. Combinadas as diferentes tonalidades nos três
pontos, neste dispositivo, o pixel pode ter 16 milhões de cores
diferentes. Quanto maior a quantidade de pixels em uma
determinada superfície, melhor a resolução da imagem.
Apesar de todas as imagens exibidas nestes
dispositivos serem compostas por pequenos elementos, não
seria correto classificar todas elas como mosaicos, visto que
muitas delas têm como origem desenhos e fotografias que
passaram por um processo de digitalização ou apresentam
elementos gerados pela própria máquina, o que não é
característica do processo de execução de um mosaico.
A pixel art consiste em criar desenhos editados
manualmente no computador, pixel por pixel; este é um
Ver mosaicos
29
trabalho de paciência e concentração, assim como o modo de
trabalho do mosaicista tradicional. Para não descaracterizar
este tipo de trabalho manual, os artistas puristas utilizam o
mínimo de recursos disponíveis para edição de imagens e
condenam o uso de ferramentas que geram pixels
automaticamente, como as usadas para criar formas
geométricas e texturas.
Acredita-se que o conceito da pixel art teve início na
década de 70, aliado à necessidade de criar imagens para
dispositivos de exibição de imagens que, na época, tinham
baixa resolução
18
. O emprego mais conhecido da pixel art é
em video game, onde também é conferido movimento às
imagens, mas com o aumento da resolução das imagens e o
uso de gráficos tridimensionais, ela perdeu um pouco desse
campo.
Em 1996, foi lançado pela fábrica de brinquedos e
produtora de animações japonesa Bandai o animal de
18
O termo pixel art só veio a ser empregado pela primeira vez em 1982
por Adele Goldbert e Robert Flegal em uma publicação do Palo Alto
Research Center.
Ver mosaicos
30
estimação virtual Tamagotchi, criado por Aki Maita. Febre nos
anos 90, o Tamagotchi vive na tela de um minicomputador em
forma de ovo que tem botões para o usuário interagir com o
animal, alimentando-o e brincando com ele. Os Tamagotchis
foram desenhados com um mínimo de pixels, suficientes para
representar cada personagem no minidispositivo.
Figura
13
Personagens Tamagotchi ao lado de suas versões
com pixels aparentes. (Fonte: www.tamagotchi.com)
Figura
14
Animal de estimação virtual Tamagotchi em seu
dispositivo. (Fonte: www.tamagotchi.com)
Ver mosaicos
31
A pixel arte no presente início do século XXI é bastante
encontrada em dispositivos pequenos como telefones
celulares, além de contar com vários artistas e apreciadores
que divulgam desenhos na internet.
Os dispositivos de exibição da imagem em pixels não
se resumem a aparelhos eletrônicos; o dispositivo pode ser a
própria arquitetura, como em mosaicos feitos com as luzes
das salas de um edifício. Entre outros exemplos, foi exibido,
em setembro de 2000, por este meio, na fachada do edifício
das Nações Unidas, um agradecimento à cidade, a Cidade de
Nova Iorque, por ter sediado o Millennium Summit, evento
das Nacões Unidas que recebeu cerca de 150 chefes de
estado.
Figura
15
Mosaico de luzes no edifício sede
das
Nações Unidas. (Foto de Evan Schneider, fonte:
www.un.org)
Figura
16
Vista da cidad
e de Nova Iorque com o mosaico das
Nações Unidas. (Foto de Eskinder Debebe, fonte: www.un.org)
Ver mosaicos
32
1.4.7. Mosaico em performances
Por definição, performance é uma ação desenvolvida
por artistas plásticos que, em geral, resulta em um trabalho
documentado através de fotos o vídeos.
19
Mosaicos humanos que têm como peças os corpos de
várias pessoas, ou objetos coloridos que são segurados por
pessoas em posições planejadas para formar um desenho,
podem ser classificados como tal.
Em 2004, o educador ambiental americano John
Quigley organizou um mosaico com cerca de mil pessoas em
Miami Beach, a partir de um desenho de Picasso contendo
uma mensagem sobre liberdade de expressão e direitos
humanos. Quigley já organizou dezenas de mosaicos
humanos, todos com a intenção de unir as comunidades para
comunicar mensagens importantes para o bem comum.
19
MORAIS, Frederico. Panorama das Artes Plásticas, séculos XIX e XX.
São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1991. p. 159.
Figura
17
Mosaico
humano de John Quigley
em Miami Beach. (Foto de
Peter Andrew Bosch, fonte:
http://www.scvhistory.com/
scvhistory/signal/newsmak
er/sg020104.htm)
Figura
18
Detalhe de
mosaico humano. (Foto de
Peter Andrew Bosch, fonte:
http://www.scvhistory.com/
scvhistory/signal/newsmak
er/sg020104.htm)
Ver mosaicos
33
Mosaicos em performances também são comuns em
eventos esportivos, onde várias pessoas manipulam placas
coloridas na arquibancada formando desenhos. Assim como
o mosaico digital, o mosaico humano também permite
animações, podendo ser combinado com dança.
34
2. Fazer mosaicos
Drls? Faço meu amor em vidrotil
nossos coitos são de modernfold
até que a lança de interflex
vipax nos separe
em clavilux
camabel camabel o vale ecoa
sobre o vazio de ondalit
a noite asfáltica
plkx
- Carlos Drummond de Andrade
2.1. Métodos de colocação
Os métodos de colocação são relacionados ao lugar
onde se dá a execução do mosaico, diretamente no local
onde ficará definitivamente, ou sobre uma superfície
provisória para, depois, ser colocado sobre a definitiva. Os
métodos de colocação são o direto e o indireto.
Fazer mosaicos
35
2.1.1. Colocação direta
As peças do mosaico são colocadas diretamente sobre
o suporte definitivo que já se encontra com argamassa ou
cola, sendo posteriormente aplicado o rejunte. Este método é
o mais simples de todos, porém não permite que as tesselas
já aderidas sejam mudadas de lugar com facilidade. Para a
colocação direta, é recomendado o uso de argamassa com
secagem lenta.
2.1.2. Colocação indireta
O mosaico é montado sobre uma superfície provisória
e posteriormente aplicado à superfície definitiva. O mosaico
chega à superfície definitiva colado em papel; as placas de
papel com os pedaços do mosaico são colocadas sobre a
argamassa e, depois que a argamassa está suficientemente
seca, o papel é descolado da superfície com água e feito o
rejunte.
Fazer mosaicos
36
Existem dois modos para preparar um mosaico para a
colocação indireta:
O primeiro consiste em executar o mosaico sobre uma
superfície onde as tesselas não sejam aderidas, permitindo
que o trabalho seja feito em mais tempo e que possam ser
feitas alterações até que a composição esteja pronta. Ao final
todas as peças são coladas a um papel colocado sobre o
trabalho pronto;
O segundo consiste em montar o mosaico colando as
tesselas com a face que deverá ficar aparente diretamente
sobre o papel; para executar esse tipo de mosaico é preciso
usar peças que tenham a mesma cor na frente e no verso,
que vem a ser o caso das pastilhas de vidro, para permitir a
visualização e também é preciso montar o mosaico invertido,
como um espelho, para que seja aplicado na posição correta.
Fazer mosaicos
37
2.2. Sistemas de colocação
Os sistemas de colocação se referem ao modo em que
as peças dos mosaicos são dispostas, o tipo de corte e a
posição. Os três sistemas listados a seguir são os básicos
que podem ser identificados em qualquer mosaico.
Os sistemas estão exemplificados com mosaicos que
apresentam apenas o respectivo sistema de colocação
mencionado. Porém, é muito comum um mesmo mosaico
apresentar mais de um sistema de colocação, principalmente
para diferenciar a figura e o fundo.
2.2.1. Opus tesselatum – obra tesselada
Utilizam-se tesselas quadradas, uniformes, do mesmo
tamanho, e com cores diferentes. Este sistema é bastante
utilizado em composições de motivos geométricos, visto que
a forma da disposição das tesselas acompanha a forma das
próprias tesselas. Por ser simples e por dispensar o corte das
Figura
19
Mosaico do
Edifício Verona.
(Foto da autora)
Fazer mosaicos
38
pastilhas, este sistema implica uma demanda menor de
tempo para a execução.
O mosaico do Edifício Verona
20
é um bom exemplo
para ilustrar uma obra tesselada porque podemos observar
facilmente que o desenho, bastante rígido, está condicionado
à malha regular que, por sua vez, está condicionada à forma
das pastilhas. Neste mosaico, o quadrado se impõe
permitindo apenas a representação de formas derivadas da
repetição do quadrado dentro de uma malha regular.
Um mosaico com esta mesma configuração também
pode, de perto, exibir essa mesma rigidez e, de longe,
mostrar traços em diagonais, curvos e com formas livres.
Nestes casos as pastilhas aparecem do mesmo modo que os
pixels ao serem vistos em uma imagem digitalizada. O
mosaico de Heinz Kuhn no Edifício Santa Rosa de Lima
21
,
20
Mosaico de pastilha de vidro de 1,5x3,6m (aprox.), de autor
desconhecido, de 1959, implantado no Edifício Verona, Rua Tenente
Otávio Gomes, 22, São Paulo, SP, em parede externa na esquina com a
Rua Tamandaré.
21
Mosaico de pastilha cerâmica em dois painéis de 4,6x8,4m e
4,6x10,9m, de 1962, implantado no Edifício Santa Rosa de Lima, Rua
Aureliano Coutinho, 382, São Paulo, SP, na parede do pavimento terreo.
Figura
20
Detalhe do mosaico do Edifício
Santa Rosa de Lima. (Foto da autora)
Figura
21
Mosaico de pastilha cerâmica do Edifício
Santa
Rosa de Lima, de Heinz Kuhn. (Foto da autora)
Fazer mosaicos
39
visto de longe, é uma composição solta e tem essa
característica.
2.2.2. Opus vermiculatum – obra vermiculada
As tesselas, que antes eram quadrados perfeitos, são
cortadas em formas irregulares, e dispostas de forma
irregular, fazendo curvas, como minhoca.
“A experiência pessoal nos demonstra que tais
irregularidades não causam, de maneira alguma, um
efeito ruim; ao contrário, aumentam a naturalidade,
estimulam nosso interesse e, sobretudo, reforçam o
caráter pinturesco do conjunto.”
A afirmação acima é de Camillo Sitte, ao falar sobre a
irregularidade das praças antigas
22
, porém, também pode ser
aplicada ao mosaico com tesselas irregulares.
22
SITTE, Camillo. A construção das cidades segundo seus princípios
artísticos. São Paulo: Editora Ática, 1992. p. 63.
Fazer mosaicos
40
Sitte acrescenta que, em muitos casos, para os olhos
do observador menos atento, uma praça com uma forma
irregular é um quadrado ou retângulo perfeito. O mesmo
ocorre com os mosaicos. Ao olharmos o painel do mosaicista
Sérgio Secches, em um primeiro momento, parece que a
composição é feita com diversos quadrados, mas este painel
foi executado com todas as pastilhas que ao sair da fábrica
eram quadradas, cortadas manualmente uma a uma, para
formar um mosaico com uma curva tão natural quanto uma
pincelada sobre uma tela.
As tesselas são cortadas em formas irregulares que
viabilizam a execução de composições figurativas mais
detalhadas e precisas. Alguns autores enfatizam que este tipo
de mosaico é feito com peças pequenas, porém a questão do
tamanho das peças não deve ser relacionada à escala de
medida, mas a distância em que se encontra o observador.
Figura
22
Painel em mosaico de pastilha de vidro de
Sérgio Secches
. (Foto da autora)
Fazer mosaicos
41
2.2.3. Opus sectile – obra marchetada
Também conhecido como mosaico florentino, as peças
que compõem o mosaico, na maior parte das vezes, placas
de pedra, como mármores e granitos de cores variadas, são
cortadas de uma maneira que resulta em um trabalho do tipo
marchetado.
Este não é um sistema que pode ser utilizado na
execução de um mosaico de pastilhas, porém pode ser
executado com chapas de vidro cortadas de modo a formar
um desenho, as quais, depois, são coloridas e coladas
através da técnica fusing, que é utilizada para fundir chapas
de vidro em altas temperaturas. Esta técnica também permite
colorir o vidro utilizando corantes com propriedades químicas
parecidas com as do vidro e usar fôrmas para transformar as
chapas em outros objetos.
23
23
Gustavo Benini, vidreiro, em depoimento à autora, set/2006.
Figura
23
Peça em mosaico de lâminas de vidro fundidas
de Gustavo Benini. (Foto da autora)
Fazer mosaicos
42
2.3. Execução do painel
2.3.1. Projeto
Em um projeto de mural é fundamental pensar no lugar
onde ele é implantado. Para manter o foco apenas no
mosaico, nesta primeira experiência, foi evitada a
interatividade da arquitetura com o mosaico. A opção foi por
um painel sem moldura, um mosaico avulso, uma obra
autônoma.
Os critérios para o projeto foram a viabilidade de
execução e a inclusão de elementos que poderiam ser
valorizados em um mosaico. Houve também uma busca por
leveza e simplicidade.
Uma idéia foi executar em escala menor o mosaico
Bromélias. Bromélias é um projeto para um mural em
mosaico de vidro de 600m², que a autora fez em 2002 para o
Figura
24
Projeto do
mosaico
Bromélias.
(Fonte: arquivo
pessoal)
Fazer mosaicos
43
concurso Prêmio Quota de Arte
24
, o qual foi planejado para
ocupar toda a fachada de um edifício comercial.
Ele foi projetado para ser uma obra marchetada. Na
proposta original, lâminas de vidro que seriam aplicadas
sobre uma caixilharia, as quais seriam recortadas em
tamanhos grandes que chegariam até dois metros.
Nesta composição, as cores foram privilegiadas, elas
são poucas, oito, e estão dispostas em espaços bem
determinados, sem misturas. Se executado em pastilhas de
vidro, o mosaico resultante teria vários planos
monocromáticos.
Como originalmente foi proposto como uma obra
marchetada com 600m², o projeto precisaria ser adaptado
para as mudanças de material e de tamanho. Adaptações
como essas são comuns, principalmente quando um mosaico
24
Concurso para a escolha do mosaico no Edifício Exclusive, na Avenida
Angélica, 2016; os jurados Enock Sacramento, Fábio Magalhães e Jacob
Klintovitz selecionaram o projeto apresentado como um dos finalistas do
concurso. Atualmente, no endereço citado, encontra-se o mosaico em
pastilhas de vidro premiado de Cláudio Tozzi.
Fazer mosaicos
44
reproduz uma pintura ou uma fotografia. Porém, outro fator
determinou a opção por não executar uma adaptação deste
projeto. Este projeto foi feito para um espaço determinado,
tendo uma proposta para aquele espaço. Se ele fosse
apresentado em um painel, a mensagem que ele comunica
seria perdida.
Abandonada a idéia de executar um projeto de
mosaico já existente, a autora passou a procurar um desafio.
Era estimulante pensar em uma idéia que não fosse óbvia
para um mosaico. Um bom desafio seria o de fazer uso de
linhas curvas utilizando o material reto. Representar
simbolicamente, através da curva, a natureza fazendo uso de
um material industrializado com forma quadrada.
Segundo Gaudí, as linhas retas pertencem ao homem
e as linhas curvas pertencem a Deus. De forma mais radical,
Hundertwasser dizia que a linha reta é a ferramenta do diabo.
Lembrando que a curva é formada pelos pontos de retas que
a tangenciam, cada ponto da curva também pertence ao
homem (ou ao diabo). Podemos interpretar cada peça de um
Fazer mosaicos
45
mosaico como sendo um desses pontos, por isso procuramos
dispor as pastilhas de modo a tangenciar as curvas.
O projeto do mosaico partiria de um painel, Fondling,
que a autora havia executado em acrílico com essas
características e com um tema que valoriza essas curvas.
Executar este trabalho em mosaico seria interessante, porém
houve uma dificuldade pelo fato de que esta proposta, apesar
de simples, poderia implicar em uma execução difícil. A pouca
variedade de cor exigiria um estudo mais aprofundado e,
talvez, até mais habilidade. Na pintura a autora havia
resolvido essa questão, criando uma textura, mas não
conseguiu resolver como se faria isso em mosaico. Levando
em conta esta dificuldade, este projeto foi adiado, dando lugar
a uma outra proposta contendo uma maior variedade de
cores.
A solução foi pintar outro painel, desta vez já visando a
adaptação para um projeto de mosaico. Assim como
Fondling, Laços foi feito usando a técnica de pintura em tela.
Mas, desta vez já haviam sido avaliados os prós e os contras
do projeto anterior, o que levou às seguintes diretrizes:
Figura
25
Fondling
, A.S.T.
180x60cm, 2005. (Foto da
autora)
Fazer mosaicos
46
O tema e a utilização da linha curva permaneceriam
iguais;
Muitas cores seriam utilizadas;
O projeto incluiria um degradê, elemento que pode ser
explorado em mosaicos.
Este trabalho foi executado de forma semelhante ao
Fondling, desta vez com o fundo verde e as linhas brancas.
As outras cores foram introduzidas sobrepostas a todo o
desenho, tendo cores mais claras no alto que foram sendo
substituídas por outras mais escuras no caminho da parte
mais baixa.
2.3.2. Preparação do cartão
O cartão é o desenho em tamanho real a partir o qual é
montado o mosaico.
25
O cartão de Laços foi feito de uma
fotografia do painel original. A partir da fotografia foi feita uma
fotocópia ampliada para as dimensões desejadas. Para
25
CHAVARRIA, Joaquim. O Mosaico. Lisboa: Editorial Estampa, 1998.
p. 157
Figura
26
Laços
,
A.S.T. 100x80cm, 2006
.
(Foto da autora)
Fazer mosaicos
47
permitir a visualização dos dois, lado a lado, a opção foi por
executar o mosaico com as mesmas dimensões do trabalho
original.
Durante o processo, o cartão sofreu uma pequena
distorção em comparação ao painel original, passando de
100x80cm para 105x80cm. O fato de ter proposto um
mosaico fora de um contexto de espaço permitiu executá-lo
neste formato.
2.3.3. Estudo cromático
Foi feita a opção de utilizar cores próximas às da obra
original. Diversas pastilhas foram colocadas sobre a fotografia
de Laços para observar quais eram as cores mais próximas.
Foram escolhidas 18 cores a serem utilizadas repetidas
vezes, mas durante o trabalho, conforme a conveniência,
seria acrescentado o uso de outras cores. Entre todas, a mais
utilizada foi a verde.
Figura
27
Pastilhas utilizadas na composição do mosaico
Laços
. (Foto da autora)
Fazer mosaicos
48
Para facilitar a visualização das cores, também foi
utilizado um recurso de computador que simula um mosaico,
apresentando o desenho com quadrados com as cores
determinadas separadas de modo que é possível visualizar
individualmente grupos de pastilhas de cores diferentes que,
juntas, resultam numa impressão de outras cores.
2.3.4. Corte das pastilhas
O instrumento para cortar as
pastilhas é a torquês; existe uma
torquês específica para cortar
pastilhas de vidro que tem a ponta
de metal duro (o mesmo material
presente em brocas e serras
circulares,
que é importante para
que as pastilhas não estilhassem
ao serem cortadas) e uma mola
para que não se tenha o trabalho
de abrir a torquês novamente a
Figura
28
Imagem simulando um mosaico através de recurso
de edição de imagem em computador. (Fonte: arquivo
pessoal)
Figura
29
Torquês para
corte de pastilhas de vidro.
(Foto da autora)
Fazer mosaicos
49
cada corte.
O padrão utilizado neste mosaico é de pastilhas
cortadas em quatro partes; elas têm 2x2cm e se transformam
em quadradinhos irregulares de aproximadamente 1x1cm.
Para executar este mosaico, foram utilizadas pastilhas
previamente cortadas, porém muitas foram novamente
cortadas durante a execução para adquirir a forma que se
encaixa melhor.
2.3.5. Colocação das pastilhas
A colocação das pastilhas foi feita pelo método indireto
sobre o cartão. Tendo em mãos uma fotografia da pintura
para seguir as cores originais, as pastilhas foram dispostas
seguindo as curvas, elemento priorizado no desenho. A
colocação começou com as pastilhas com cores claras que
compõem as curvas e, em seguida, foram dispostas,
seguindo o mesmo andamento, as pastilhas que compõem o
fundo com cores escuras.
Figura
30
Seq
ü
ência
de colocação das
pastilhas em uma
parte do mosaico
Laços. (Fotos da
autora)
Fazer mosaicos
50
Apesar de estar executando um mosaico a partir de
uma pintura, a autora não pensou em momento algum que
estaria fazendo uma reprodução. Dentro dos limites das
linhas e das cores, ainda sobrava bastante espaço para a
criação. Durante a execução, a autora visou expressar-se
tirando partido da técnica do mosaico, tendo em mente a idéia
de que seria possível conferir diferentes elementos a Laços.
A parte final desta etapa foi a substituição de algumas
pastilhas por outras de diferentes cores. Foram trocadas
algumas pastilhas escuras e substituídas por outras claras e o
oposto, para clarear e escurecer algumas áreas, e também
foram acrescentadas pastilhas azuis e vermelhas que são
mais chamativas e vibrantes. Por causa dessas
características, essas foram dispostas em pequena
quantidade e com certa distância entre elas. Nesta etapa, a
fotografia não foi seguida tanto quando nas anteriores, pois o
objetivo não era fazer uma reprodução em mosaico de uma
pintura, mas sim mostrar o que pode ser feito em mosaico e
aproveitar melhor as características do material para valorizar
a obra final.
Fazer mosaicos
51
2.3.6. Colagem das pastilhas no papel
Esta etapa consiste em passar cola no papel e colocá-
lo sobre o mosaico.
Já com a cola seca, a placa de papel com pastilhas foi
virada (papel para baixo e a face traseira das pastilhas para
cima) e aquelas peças que eventualmente soltaram-se do
papel foram novamente coladas.
Por se tratar de um mosaico de pequena dimensão e por não
haver necessidade de transportá-lo para outro local para a
aplicação na superfície definitiva, optou-se por não cortar o
papel com o mosaico em placas separadas. Normalmente ele
é cortado em placas de cerca de 30x30cm.
2.3.7. Colocação do mosaico no painel
A argamassa foi aplicada à superfície definitiva e a
placa de papel com o mosaico foi colocada sobre a superfície.
Figura
31
Colagem do papel sobre o mosaico.
(Foto de Rute Bevilaqua)
Figura
32
Colocação do mosaico sobre sua
superfície definitiva. (Foto de Rute Bevilaqua)
Fazer mosaicos
52
Para este mosaico, foi feita a opção por nivelar a superfície
apenas pressionando-o sobre a massa com as mãos, o que
resultou em uma superfície irregular.
A argamassa utilizada é específica para pastilhas de
vidro. Ela é utilizada também como rejunte, Foi utilizada a cor
cinza-escuro.
2.3.8. Retirada do papel e finalização
O papel foi retirado depois que a argamassa já estava
seca. Para isso bastou molhar a superfície do mosaico para
soltar o papel.
Depois de retirado o papel, ainda foi necessário limpar
bem a superfície para retirar o excesso de cola e argamassa.
A argamassa teve de ser novamente aplicada em partes onde
faltou rejunte e para fixar algumas pastilhas que se soltaram
durante a retirada do papel.
Figura
33
Superfície do mosaico sendo
molhada para soltar a cola. (Foto de Rute
Bevilaqua)
Figura
34
Retirada do papel. (Foto de Rute
Bevilaqua)
Fazer mosaicos
53
O mosaico de 105x80cm ficou com aproximadamente
8500 peças e o painel com cerca de 20 kg.
2.3.9. Considerações sobre a execução do painel
Ao fazer uma composição em mosaico, são seguidas
regras. No caso deste, tanto as pastilhas das linhas, como as
do fundo, seguiram as linhas. Porém, essas regras não foram
seguidas de modo mecânico, e sim com um espírito criativo.
Para cada pastilha colocada, houve um processo de decisão
da cor e da forma a ser utilizada.
Sendo criativos, seguimos regras, e quebramos
parâmetros
26
. Em diversos momentos foi preciso buscar
novas soluções, quando a geometria não permitia soluções
com pastilhas cortadas em forma quadrada, por exemplo, e,
também, quando foi trabalhada a parte de contrastes
26
Seguir regras e quebrar parâmetros foi a lição básica da disciplina O
Processo Criativo dos professores Dr. Carlos Alberto Inácio Alexandre e
Dra. Cibele Haddad Taralli, cursada no 2
o
Semestre de 2004.
Figura
35
Painel em mosaico
Laços
finalizado. (Foto da
autora)
Fazer mosaicos
54
inserindo-se pastilhas de cores diferentes daquelas
preestabelecidas em algumas áreas.
2.4. Execução do mural
2.4.1. Projeto
O projeto deste mural em mosaico foi feito pelo artista
plástico Claudio Tozzi e executado por uma equipe
coordenada pelo mosaicista Sérgio Secches para uma capela
na UNIFIEO, em Osasco, SP, projetada por Bruno Padovano.
A composição conta com diversos eixos na horizontal,
vertical e diagonal que são visíveis pelo seu preenchimento
com diversos tons de azul. As cruzes são evidenciadas pelo
preenchimento com tons mais escuros e pela disposição no
centro das superfícies e outra no encontro de duas
superfícies. Percebe-se claramente uma intenção de explorar
a tridimensionalidade pela integração dos planos.
Figura
36
Capela antes da implantação do mosaico.
(Foto da autora)
Figura
37
Projeto do mosaico da capela. (imagem cedida
pelo artista)
Fazer mosaicos
55
Apesar de o projeto contar com um elemento de
grande força simbólica, e mesmo com uma escala também
grande, a cruz não aparece como um elemento opressor.
Essa sutileza foi possível pela multiplicação deste mesmo
elemento.
Foi feito um estudo de como ficaria o mosaico
aplicando-o à fachada da capela em um programa de edição
de imagens.
2.4.2. Preparação do cartão
O cartão foi riscado manualmente sobre a bancada de
trabalho no ateliê. Por não haver espaço físico suficiente para
a montagem de todo o mural, ele foi dividido em quatro
partes. Todo o processo de execução do mosaico foi repetido
a cada vez que uma das partes do trabalho estava pronta.
Figura
38
Fotomontagem prevendo a aplicação do mosaico
na capela. (Imagem cedida pelo artista)
Fazer mosaicos
56
2.4.3. Estudo cromático
Cada área do desenho tinha determinados tons de
azul. Pastilhas de cores variadas foram divididas em grupos.
Cada grupo de cores estaria em uma área determinada do
desenho. No caso de um trabalho em equipe é importante ter
isso bem definido para que haja uma uniformidade de todo o
trabalho executado.
2.4.4. Corte das pastilhas
Para este mosaico, a maioria das pastilhas não
chegariam a ser cortadas e os cortes nas áreas onde passam
diagonais, para serem precisos, teriam de ser feitos durante a
colocação das pastilhas. Por isso, não haveria motivo, nem
meios, para cortá-las antecipadamente.
Fazer mosaicos
57
2.4.5. Colocação das pastilhas
A colocação das pastilhas foi feita pelo método indireto
no ateliê. Por se tratar de um mosaico de grandes dimensões
que vão além do espaço físico do ateliê, esta etapa foi
realizada três vezes, sendo cada uma das três faces do
mosaico realizada a cada vez. Secches teve o cuidado de
começar a execução pela face menos aparente, voltada ao
fundo do terreno, e deixar por último a da frente da capela.
O trabalho foi realizado pela equipe de mosaicistas que
foi orientada a dispor as pastilhas de acordo com as áreas de
cor determinadas. Outra orientação de Secches foi que as
pastilhas nos eixos horizontais e verticais não fossem
perfeitamente alinhadas, o que deixaria o mosaico com um
aspecto mais próximo ao desenho.
Ao terminar de executar a primeira face do mural, o
artista autor do projeto foi ao ateliê para verificar e aprovar o
trabalho executado até então.
Figura
39
Mosaicistas trabalhando na colocação
das pastilhas. (Fotos da autora)
Fazer mosaicos
58
Para visualizar o mosaico a uma maior distância é
preciso subir uma escada.
2.4.6. Colagem das pastilhas no papel
O processo de colagem das pastilhas no papel foi igual
ao do painel, com a diferença de que, após colado, todo o
mosaico foi cuidadosamente cortado em placas numeradas
de cerca de 40x40cm, as quais foram então embaladas e
transportadas para o local da aplicação.
2.4.7. Colocação do mosaico na parede
Para diminuir o tempo de execução, a colocação do
mosaico na superfície definitiva foi iniciada enquanto outras
partes do mosaico eram feitas no ateliê. O colocador tinha em
mãos um esquema com a numeração mostrando a posição
de cada placa, também numerada, a ser colocada.
Figura
40
Claudio Tozzi
(na escada) e Sérgio
Secches visualizando o
mosaico. (Foto da autora)
Figura
41
Colagem das pastilhas no
papel. (Foto de Sérgio
Secches)
Fazer mosaicos
59
A argamassa específica para pastilhas de vidro
utilizada era cinza-claro, a mesma massa seria utilizada
também para o rejunte. Assim como é feito em assentamento
de cerâmica, a argamassa era colocada sobre a parede para
depois ser aplicado o mosaico.
Sobre a argamassa, as placas com as partes do
mosaico foram colocadas nos lugares determinados sendo
novamente encaixadas umas às outras, como em uma
montagem de um quebra-cabeça.
2.4.8. Retirada do papel e finalização
Ao contrário do painel, em que a retirada do papel se
deu com a argamassa completamente seca, na execução do
mural, durante a retirada do papel a argamassa não estava
completamente seca, ela estava firme o suficiente para
permitir a retirada do papel e mole o suficiente para permitir
pequenos deslocamentos das pastilhas. Isso é importante
porque é preciso que o colocador visualize o espaço entre as
pastilhas para que possa perceber se o espaço entre as
Figura
42
Colocação. (Foto da autora)
Figura
43
Retirada do papel
. (Foto da autora)
Fazer mosaicos
60
placas colocadas ficou igual ao espaço para o rejunte entre
as demais pastilhas do mosaico e para que possa fazer os
ajustes necessários para que o recorte das placas não seja
visível no trabalho pronto.
Além da colocação das placas do mosaico pelo método
indireto, coube ao colocador a aplicação de algumas pastilhas
pelo método direto em uma pequena área que não foi
preenchida pelo mosaico trazido do ateliê e outras pequenas
correções. Depois o mosaico foi rejuntado e lavado.
2.4.9. Considerações sobre a execução do mural
Durante todo o processo acompanhado pela autora, o
que mais lhe chamou a atenção foi o fato de que, desde o
projeto, até a execução, o mosaico não é tratado como uma
obra de arte a ser aplicada à arquitetura, mas como projeto
de arquitetura na fase de projeto e como construção durante
a execução.
Figura
44
Capela com o mosaico finalizado.
(Foto de
Claudio Tozzi)
Fazer mosaicos
61
Assim como em um projeto de arquitetura, o mural foi
pensado em função do próprio edifício, do seu uso e do seu
entorno, e, durante a execução, o mosaico era tratado como
material de construção, o que, de fato, também vem a ser.
2.5. O fazer mosaicos por Sérgio Secches
Para encerrar este capítulo, aqui estão destacados
alguns pontos levantados em conversa com o mosaicista
Sérgio Secches. Nesta conversa, Secches falou sobre seu
“caminho das pedrinhas”, desde sua formação, até as suas
considerações sobre as questões da expressão artística do
mosaico, passando por seus primeiros trabalhos e sua
experiência administrando um ateliê de mosaicos e
executando, em mosaico, trabalhos de artistas consagrados.
A entrevista foi conduzida pela autora no dia 24 de janeiro de
2007, no ateliê de Secches, e contou com a participação da
Fazer mosaicos
62
jornalista Montserrat Bevilaqua
27
, convidada para facilitar a
dinâmica e fluidez da conversa.
2.5.1. Perfil de Sérgio Secches
Sérgio Secches nasceu em São José do Rio Preto em
1962. Formado arquiteto pela Universidade Braz Cubas, há
12 anos tem seu próprio ateliê de mosaicos, Mosaico Objeto
de Arte. Vive e trabalha em São Bernardo do Campo.
Entre os mosaicos executados por equipes
coordenadas por Secches, citados nesta dissertação, estão o
de Aldemir Martins, no Centro Cultural Dragão do Mar; Alex
Flemming, na Estação Santo André; Claudio Tozzi, na Cultura
Inglesa, Edifício Exclusive, Novotel e Fórum Trabalhista;
Herton Roitman, na Seguradora Porto Seguro; e Tomie
Ohtake, na Estação Consolação. Além destes, Secches
executou mosaicos dos artistas Adriana Banfi, Antonio
27
Montserrat Bevilaqua (1967-) é jornalista com experiência em jornalismo
político, econômico e de cidades, e assessoria de imprensa. Trabalhou na
Folha da Manhã (Folha de S. Paulo), Diário Popular, Diário do Grande
ABC, assessoria de imprensa da Câmara de Santo André, Prefeituras de
Mauá, Diadema e São Paulo e Instituto São Paulo de Políticas Públicas.
Fazer mosaicos
63
Henrique Amaral, Gregório Gruber, Leda Catunda, Marcia
Rothstein, Rubens Matuck, Silvio Oppenheim, Tomie Ohtake
e Yara Tupynambá.
28
2.5.2. Participação em concursos
Em 1995, Secches foi o vencedor do concurso "Murais
Artísticos", promovido pelos Correios de São Paulo, trabalho
composto de dois mosaicos na agência dos correios situada à
Alameda Santos, 2224, que foram executados pelo Mosaico
Objeto de Arte.
Em 1991 executou um trabalho vencedor de concurso
para uma praça em Santo André - projeto painéis de rua - na
Praça 4º Centenário, um painel em pintura com tinta
automotiva em chapa galvanizada que teve algumas pastilhas
aplicadas, dando textura.
28
Adriana Banfi, Antonio Henrique Amaral, Claudio Tozzi, Herton
Roitman, Rubens Matuck e Tomie Ohtake tiveram seus mosaicos
executados pela Moasico Objeto de Arte. Os demais pela Vidrotil, sendo
que Claudio Tozzi e Tomie Ohtake tiveram trabalhos executados tanto
pela mosaico.
Figura
45
Mosaico de Sérgio Secches, vencedor do
concurso promovido pelos Correios. (Foto de Sérgio
Secches)
Figura
46
Mosaico de Sérgio Secches, vencedor do
concurso promovido pelos Correios. (Foto de Sérgio
Secches)
Fazer mosaicos
64
Em 1983 participou do 6º Salão de São Bernardo do
Campo e foi ganhador do Prêmio Aquisição da prefeitura de
São Bernardo do Campo. Sua obra Projeção de um menino
em um quadro contraditório é uma pintura com várias
texturas, dando uma tridimensionalidade, que retrata um
menininho de pijama olhando uma porta aberta com olhar
apreensivo. Secches estudava pintura de forma autodidata.
2.5.3. Faculdade de arquitetura
Em 1979, Secches optou por estudar Arquitetura
porque achava que era uma profissão a qual iria se adaptar
devido ao seu gosto por desenho. Gostou do curso, mas
achava que as correntes mais fortes da Arquitetura tinham
falhas na parte estética, humana, e na forma de projetar, pois
a Arquitetura devia utilizar a estética em benefício das
pessoas, no sentido humano, e não de poder do capital. Ele
questionava a arquitetura como veículo de comunicação.
O estudante achava que os materiais de construção
eram demasiadamente monocromáticos, que havia muito
Fazer mosaicos
65
cinza no concreto armado. Seguia-se uma corrente que
procurava explorar os materiais naturais, mostrar a beleza da
estrutura e dos materiais empregados, mas Secches sentia
falta de materiais mais coloridos.
Um dia, ao passar pela Estação do metrô, deparou-
se com o mosaico Colcha de Retalhos, de Claudio Tozzi, e,
segundo Secches, este foi um momento de muita alegria ao
ver que existia um material de construção com todas aquelas
cores, aplicado de uma forma diferente e que era uma obra
de arte.
2.5.4. Primeiros trabalhos
Secches começou a trabalhar durante meio período na
Vidrotil, em 1985, o único lugar onde se executavam
mosaicos naquela época, ficando aí até 2001, mantendo
paralelamente seu trabalho em escritório de Arquitetura e em
seu próprio ateliê de mosaico.
Fazer mosaicos
66
Apesar de, nos anos 50, a Vidrotil ter executado
mosaicos de Di Cavalcanti e Portinari, por um período
passaram a ser raras as encomendas de mosaicos artísticos.
Ele estava lá exatamente em um momento que começaram a
aparecer em maior quantidade esses trabalhos artísticos.
Os mosaicos artísticos tinham regras de construção
muito rígidas: as pastilhas deveriam ser quase sempre de
1x1
29
ou 2x2, nunca misturadas, definia-se uma cor para cada
área, não havendo espaço para mistura de cor, e os
desenhos deveriam ser dispostos de forma radial, e eles se
fecharem no centro, encerrando-se nele mesmo, e em torno
das figuras se fazia uma aura de pastilhas. Secches achava
que essas regras não tinham sentido. Segundo ele, “A beleza
não tem regra, a beleza está na expressão.”
Secches percebeu que as pastilhas podiam ser
trabalhadas como se fossem tinta, que era possível explorar o
expressionismo no trabalho e até mesmo baratear a
execução do mosaico artístico, ao empregar, também, as
pastilhas com formatos diversos e construção diferente, e
29
As pastilhas padrão de 2x2cm cortadas em quatro partes de 1x1cm.
Fazer mosaicos
67
fazendo um trabalho de qualidade.
2.5.5. Serafino Faro
Secches chegou a fazer curso com o pintor e
mosaicista Serafino Faro (1915-2003) que foi mosaicista na
Vidrotil e ministrava curso em São Paulo no Conservatório
Marcelo Tupinambá. Segundo Secches, Faro era um
excelente colorista, “coisa de gênio, as cores vibrando”.
Faro era italiano, estudou Artes na Academia São
Lucas em Roma, freqüentou o ateliê de mosaico do Vaticano
e mudou-se para São Paulo em 1949.
30
Ele foi responsável
pela execução de Colcha de Retalhos, de Claudio Tozzi, na
Estação Sé do metrô, em 1979.
30
COELHO, Isabel Ruas Pereira. Painéis em mosaico na arquitetura
moderna paulista. – 1945-1964 São Paulo: dissertação de mestrado.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,
2000. p. 217.
Fazer mosaicos
68
2.5.6. Empresa de mosaicos
Em 1994, Secches abriu seu próprio ateliê de mosaico,
Mosaico Objeto de Arte. Normalmente o ateliê conta com
cinco funcionárias, este número varia conforme o volume de
trabalho. Secches supervisiona e orienta a equipe no que se
refere à forma e cor na execução dos mosaicos.
Além do trabalho com mosaicos, ele precisa
administrar a empresa. Não existe uma regulamentação
específica para ateliês com funcionários, nem incentivos
fiscais pelo fato de a empresa realizar trabalhos de arte. Para
Secches, manter uma empresa como esta é difícil, mas, ao
mesmo tempo, desenvolver trabalhos junto a artistas e
arquitetos, e ter seu trabalho reconhecido, é gratificante.
2.5.7. Mosaicos decorativos
Como empresa, Secches também trabalha com
mosaicos decorativos, barras de piscina, faixas, degradês,
tartarugas e golfinhos, e trabalhos abstratos simples. Pelo
Fazer mosaicos
69
volume de trabalho, não seria possível manter a empresa
apenas com os mosaicos artísticos.
Para Secches, a maioria das pessoas não vê o
mosaico como arte, mas como decoração. Em uma tentativa
de notabilizar o mosaico como arte, “comunicar algo que não
seja só enfeitar uma parede”, Secches costuma mostrar a
esses clientes a possibilidade de fazer um mosaico artístico,
mostrando, como exemplos, trabalhos de artistas que ele tem
como referência, como Henri Matisse, Paul Cézzane, Aldemir
Martins e Claudio Tozzi, e oferecendo-lhes a possibilidade de
encomendar um trabalho nessa linha.
2.5.8. Mosaicos de outros artistas
Secches procura fazer uma leitura do trabalho de outro
artista, do ritmo, da expressão, do conceito, para aplicar em
mosaico. Às vezes, para acentuar a expressão da obra,
chega a alterar a forma ou a cor, adaptando a expressão do
artista à técnica do mosaico e à disponibilidade de cores.
Segundo Secches, a obra do artista pode ganhar mais
Fazer mosaicos
70
expressão com a interação com o espaço e com o público; o
mosaico é um meio para isso.
2.5.9. Cores no mosaico
Para Secches, mosaico é uma técnica pontilhista em
que o artista tem de ter noção de mistura de cor, trabalhando
com a síntese aditiva da cor que consiste em criar uma cor
resultante ao misturar outras.
Em um painel que Secches mostrou em seu ateliê, o
violeta entre o azul e o vermelho é uma cor resultante, uma
cor que não existe, à distância o mosaico é como se
misturasse a tinta.
2.5.10. O mosaico em seu contexto
Ao ser perguntado como é um bom projeto de mosaico,
Secches respondeu que o mais importante é que o mosaico
seja muito bem pensado para ser inserido em seu contexto,
Figura
47
Painel em mosaico com pastilhas azuis e
vermelhas de Sérgio Secches. (Foto da autora)
Fazer mosaicos
71
em seu espaço, visto que deverá ficar naquele espaço, visto
pelas pessoas, por tempo indeterminado.
Secches citou como artistas que têm trabalhos ideais
para mosaico Aldemir Martins, Tomie Ohtake, Herton
Roitman, pela sua excelente compreensão do espaço, e
Claudio Tozzi, que visa a integração com o edifício, o qual
também tem essa compreensão do espaço por ser arquiteto,
além de ter uma preocupação plástica.
2.5.11. Mosaicos em painéis móveis
Secches desenvolveu uma técnica para executar
mosaicos em painéis móveis, painéis autônomos, assim como
quadros ou esculturas, que não estão vinculados ao corpo da
obra do edifício. Para ele, a vantagem do painel é que o
artista fica livre da encomenda, portanto livre para
desenvolver uma linguagem própria, seu próprio estilo.
A solução de mosaico em painéis móveis também
pode ser interessante para o cliente, quando ele quer ter a
possibilidade de poder levar o mosaico consigo, se mudar de
Fazer mosaicos
72
endereço, como foi o caso do mosaico de Herton Roitman
que Secches executou para a Seguradora Porto Seguro.
O trabalho em painéis móveis está gerando um
conceito novo, enquanto as pessoas ainda estão
acostumadas ao mosaico na construção e entendem o
mosaico como uma coisa pesada. Para Secches, esses
trabalhos ainda enfrentam um preconceito de não serem
vistos como obra de arte com uma aura tão valiosa quanto
uma pintura ou escultura. Ele está procurando passar uma
imagem mais leve nesses trabalhos para acabar com o
esteriótipo de o mosaico ser um trabalho pesado.
2.5.12. Senso comum
Secches acha que não está na essência das pessoas a
vontade de encomendar mosaicos, e, quando está, é uma
coisa mais colorista, de decoração, para enfeitar ou dar
destaque a uma parede.
Fazer mosaicos
73
Quando se trata de um trabalho artístico, se o artista é
alguém já reconhecido, o trabalho não será mais julgado, já
se sabe que é um trabalho de arte. Em geral, os artistas que
projetam os mosaicos artísticos são escolhidos por concursos
ou são convidados. É difícil alguém procurar o ateliê para
fazer um trabalho de arte.
2.5.13. Picasso no painel e Dalí no banheiro
Um dos painéis móveis de Secches é o Retrato de
Marie-Thérèse, de Pablo Picasso, que não é entendido pelo
mosaicista como uma cópia, mas como uma releitura que
pode redimensionar a importância do trabalho original,
provocando uma experiência nova.
No dia da entrevista um Dalí estava sendo executado
para o banheiro de uma residência. Montserrat Bevilaqua
perguntou se dava mesmo para pôr um Dalí no banheiro.
Secches respondeu que numa sala de banho de grandes
dimensões “pode até ficar legal”, e que em um banheiro com
duas privadas, o que é surrealista, até combina. Ele riu e
Figura
48
Painel baseado no
Retrato de Marie
Thérèse
, de
Picasso, executado em pastilha de vidro por Sérgio Secches.
(Foto da autora)
Fazer mosaicos
74
complementou que leu em uma reportagem que Dalí tinha um
vaso sanitário de ouro em seu banheiro e, ao ser questionado
sobre isso, respondeu que sonhava que todas as pessoas
usassem uma privada de ouro.
2.5.14. O que é mosaico
Nas palavras de Secches: Mosaico é dinâmica, vigor, é
uma necessidade; a minha doença é o vigor nas coisas,
talvez seja meu problema, e eu acho que o mosaico passa
isso, é a antidegradação, tem esse lado meio rebelde, o
Gaudi é uma rebeldia.”
75
3. Espaço dos mosaicos
O espaço é azul e pássaros voam através dele.
- Werner Heisenberg
31
Abre-se este capítulo com considerações do artista
plástico Claudio Tozzi, autor de diversos obras em mosaico
relacionados ao espaço da arquitetura e da cidade.
A seguir apresenta-se uma amostra de mosaicos
levantados majoritariamente em São Paulo, além de mais
alguns relevantes em outras cidades. A seleção dos mosaicos
foi feita pelo material, portanto o período deste estudo
abrange um pouco mais de cinqüenta anos, começando com
os mosaicos modernos do fim da década de 40 e indo até os
31
O físico Werner Heisenberg fez essa definição coerente, mas
extremamente simplista de espaço durante uma conversa com um colega
para alertá-lo que definir o espaço usando conceitos muito abstratos e
sendo demasiadamente pretencioso é perigoso. FERRIS, Timothy. The
whole shebang. New York: Simon & Schuster, 1997. p. 320.
Espaço dos mosaicos
76
mosaicos atuais. Os mosaicos levantados estão ordenados
cronologicamente.
3.1. Claudio Tozzi e o espaço do mosaico
O artista plástico Claudio Tozzi é autor de diversas
intervenções artísticas em espaços públicos. Ele recebeu a
autora no dia 28 de janeiro de 2007 para uma conversa sobre
a obra de arte no espaço da cidade e da arquitetura, focando
a questão do mosaico.
3.1.1. O projeto
Ao ser perguntado sobre como é o processo de um
artista para fazer um projeto para um mosaico, Tozzi
respondeu que a primeira coisa a pensar é o espaço, seja da
cidade ou do edifício, em que ele estará situado, e a segunda
em questões específicas de sua construção.
Espaço dos mosaicos
77
3.1.2. O espaço
Pensar o espaço consiste em estudar a sua leitura
visual. Como em qualquer outro projeto de programação
visual, é preciso estudar a relação do projeto com a escala e
o entorno, que incluem a luz, as cores do ambiente e a
questão da visão do observador, o que exige conhecimento
do ângulo visual e das distâncias. Segundo Tozzi:
Do ponto de vista arquitetônico, a problemática de
definição do espaço é central a todas as considerações
técnicas e se constitui na questão essencial para focar o
valor estrutural do edifício e do espaço construído. O
espaço da arquitetura seria então aquele propriamente
"definido" que determina e resolve a complexidade
"dentro e fora" e que atribui uma categoria autônoma,
estrutural e poética, ao ambiente humano. Define e
redefine contemporaneamente o espaço e o lugar,
Espaço dos mosaicos
78
através da construção e simbiose com o ambiente e o
contexto urbanístico.
32
3.1.3. O trabalho interdisciplinar
O processo de projeto de um mural é o mesmo das
soluções do arquiteto, por isso, dependendo de sua
formação, alguns artistas plásticos encontram dificuldades
para adequar sua obra ao espaço da cidade ou da
arquitetura. Tozzi afirma que este é um trabalho conjunto:
É necessário que o designer, o arquiteto e o
artista plástico se integrem num processo de trabalho
interdisciplinar. E sua formação deve ser ampla em
informações tecnológicas e conhecimento dos valores
32
TOZZI, Cláudio José. O processo de construção da imagem e sua
aplicação, relação com o espaço urbano: arte no lugar da arquitetura no
fazer de um artista plástico/ arquiteto. São Paulo: tese de doutoramento.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,
2001.
Espaço dos mosaicos
79
humanos, abrangendo questões que extrapolam o ato
de criar ou de projetar um objeto isolado.
33
3.1.4. Questões da construção
Com relação à construção, Tozzi citou a questão da
dilatação dos materiais, vidro e concreto, serem diferentes e o
caso de uma empena muito grande de um prédio exigir juntas
de dilatação, as quais podem estar incorporadas no desenho
do mosaico.
3.1.5. O material
O trabalho de Claudio Tozzi tem uma coerência com o
mosaico por dois fatores. Um é porque o material, pastilha de
vidro, é adequado para fazer arte em espaço público, por sua
resistência e facilidade de manutenção. O outro é pela
33
KIYOMURA, Leila; GIOVANNETTI, Bruno (Org.). Claudio Tozzi. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo e Imprensa Oficial do
Estado, 2005. p. 203.
Espaço dos mosaicos
80
coerência do mosaico com sua pintura que tem uma série de
retículas e sobreposições de tons com a mesma cor.
3.1.6. O processo de reprodução da imagem
Como professor, Tozzi discutiu em aula
34
a questão do
processo de reprodução da imagem onde existe uma relação
de mão dupla: fazemos o projeto (desenho), começamos o
processo de produção (reprodução do desenho), percebemos
variações de textura e cor no objeto resultante, voltamos ao
projeto para fazer as adaptações que podemos vir a achar
necessárias e repetimos o processo, tantas vezes quanto
forem necessárias, até chegar ao objeto final. O objeto
finalizado pode ter incorporado mais ou menos as alterações,
de acordo com a vontade do artista e das possibilidades do
mecanismo de produção.
34
Programação Visual / Linguagens – Imagem Multiplicável do Módulo à
Estrutura. Disciplina do 1º ano de Arquitetura e Urbanismo em que a
autora participou como monitora no segundo semestre de 2006.
Espaço dos mosaicos
81
Ao ser questionado sobre esse processo
especificamente no caso dos seus mosaicos, Tozzi
respondeu que, ao transformar seus desenhos em mosaicos,
também ocorrem surpresas e deu como exemplo o mosaico
da Avenida Angélica, São Paulo, que foi projetado prevendo
cerca de 30 tons de azul, mas, na hora de executar, foi
constatado que havia no mercado cerca de 16 ou 18 tons. Por
isso, o projeto teve de ser adaptado pelo artista; ele foi
redimensionado em função do processo de produção da
imagem em mosaico.
Espaço dos mosaicos
82
3.2. Teatro Cultura Artística
Emiliano Di Cavalcanti
Figura
49
Teatro Cultura Artística. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
83
A obra de Di Cavalcanti, escolhida através de
concurso, (do qual também participou Roberto Burle Marx
com uma proposta abstrata) demonstra um compromisso com
sua integração com a arquitetura e com a cidade.
Suas figuras evidenciam o que se passa no interior do
edifício e sua disposição segue a simetria do próprio edifício e
o mural parece mais leve, uma vez que abaixo dele está uma
caixilharia envidraçada.
A percepção deste mural foi comprometida devido à
construção de edifícios que obstruíram completamente a sua
visão a distância. Sendo visto apenas por partes, entre as
copas das árvores, por aqueles que transitam pela calçada
oposta.
Figura
50
Teatro Cultura Artística. (Foto da Autora)
Espaço dos mosaicos
84
Autor: Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976).
Arquiteto: Rino Levi.
Endereço: Rua Nestor Pestana, 196, São Paulo, SP.
Implantação: Ocupa todo o piso superior da fachada do
edifício.
Uso do edifício: teatro.
Data: projeto 1942, execução 1947/49.
Tema: Figurativo – artistas.
Dimensões: 8x48m.
Assinatura: canto inferior direito
Transcrição da assinatura: E DI CAVALCANTI (abaixo da
assinatura do artista, consta também: “EXECUÇÃO SA
DECORAÇÕES EDIS”).
Data da avaliação: jan/2005.
Figura
51
Alegoria às Artes
.
(Reprodução a partir de foto antiga)
Espaço dos mosaicos
85
3.3. Residência Michel Abujamra
Clóvis Graciano
Figura
52
Residência Michel Abujamra. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
86
O mosaico reveste toda a parede no piso inferior de
uma casa que tem a maior parte de seu volume suspenso. O
piso superior é um grande bloco, apoiado apenas em pilotis e
algumas paredes.
A parede do piso inferior, sem uma intervenção, faria o
grande volume acima dela aparentar mais pesado, anulando
a leveza sugerida pelos pilotis. A composição figurativa com o
fundo azul representando o céu sugere a continuidade do
espaço aberto. Ao mesmo tempo, as figuras parecem
suportar a casa elevada, os cavalos estão sobre um piso que
é sugerido pelo desenho como um chão de pedra bastante
sólido. E os próprios cavalos são animais que também nos
remetem à idéia de solidez.
Figura
53
Residência Michel Abujamra.
(Foto
da autora)
Espaço dos mosaicos
87
Autor: Clóvis Graciano (1907-1987).
Título: Cavalos.
Arquiteto: Oswaldo Corrêa Gonçalves.
Endereço: Rua Tremembé, 6, São Paulo, SP.
Implantação: duas paredes externas, fachada e garagem.
Uso do edifício: residência.
Data: 1951.
Tema: cavalos.
Dimensões: os dois têm 3x4m.
Data da avaliação: jun/2006.
Figura
54
Mosaico Cavalos de Clóvis Graciano. (Fotos da autora)
Espaço dos mosaicos
88
3.4. Hotel Jarag
Emiliano Di Cavalcanti
Figura
55
Hotel Jaraguá. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
89
O Hotel Jaraguá, inaugurado cinqüenta anos antes, na
ocasião do quarto centenário de São Paulo, foi reinaugurado
no novo endereço em 24 de janeiro de 2004 como uma das
obras que integravam as ações de revitalização do centro de
São Paulo.
35
Este mosaico, que foi restaurado para a inauguração
do hotel, é um dos trabalhos mais bem conservados da região
central de São Paulo, o qual chama atenção também pelo
fato de ser iluminado durante a noite. Percebe-se no local o
empenho em conservar bem o edifício e suas obras de arte.
(no interior há uma pintura mural de Clóvis Graciano).
Mais conhecido como Estadão, antigamente o edifício
abrigava a sede de um jornal. O mural está localizado
centralizado na esquina, no nível da rua. Ele mostra os
trabalhadores da imprensa fazendo a redação, a impressão e
a distribuição do jornal. Assim como no mural do Teatro
Cultura Artística, também de Di Cavalcanti, havia no projeto a
35
Notícia publicada na internet no dia 24 de janeiro de 2004: Antigo Hotel
Jaraguá é reinaugurado no centro – Terra – SP 450 anos:
http://sp450anos.terra.com.br/interna/0,,OI259644-EI2551,00.html
Figura
56
Hotel Jaraguá. (Foto da
autora)
Espaço dos mosaicos
90
intenção de comunicar ao transeunte o que se passava no
interior do edifício.
As figuras em tamanho maior nos extremos,
trabalhadores distribuindo o jornal, e menor no centro,
trabalhadores fazendo o jornal, além de darem simetria ao
desenho, sugerem uma perspectiva que acompanha a parede
curva que se encontra acima do mural.
Assim como muitas outras obras do mesmo período,
apesar de esta tratar-se de uma composição rica em
detalhes, não há mistura de cor nas áreas delimitadas.
Figura
57
Detalhe do mosaico de Di Cavalcanti no Hotel
Jaraguá. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
91
Autor: Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976).
Arquitetos: Jacques Pilon e Adolf Franz Heep.
Endereço: Rua Major Quedinho, 28, São Paulo, SP.
Implantação: na esquina das ruas Major Quedinho e
Martins Fontes, numa parede externa.
Uso do edifício: Hotel Jaraguá, originalmente, Edifício “O
Estado de São Paulo”.
Data: projeto 1946, execução 1952.
Tema: Figurativo - trabalhadores da imprensa.
Dimensões: 2,70 x 9,5m.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: E DI CAVALCANTI.
Data da avaliação: jan/2005.
Figura
58
Mosaico de Di Cavalcanti no Hotel
Jaraguá. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
92
3.5. Residência Olívio Gomes
Roberto Burle Marx
Figura
59
Residência Olívio Gomes. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
93
Projetada por Rino Levi e Roberto de Cerqueira César,
a residência Olívio Gomes, em São José dos Campos, não
tem contato com a rua. Por isso, a fachada privilegiada da
casa fica voltada para os fundos, onde há um lago e um
jardim exuberante com projeto de paisagismo de Roberto
Burle Marx. Na ocasião, a obra foi apresentada na Bienal de
Arquitetura em São Paulo (1951), e foi amplamente
divulgada.
Atualmente a propriedade, que, além da residência,
abrigava a Tecelagem Parahyba, pertence à Cidade de São
José dos Campos que a transformou em um parque. A casa
permanece fechada durante a maior parte do tempo,
abrigando, ocasionalmente, uma exposição, mas pode ser
contemplada pelos freqüentadores do parque.
Sobre pilotis, a casa parece flutuar sobre a paisagem,
por pouco, não se percebe que existe uma grande sala de
jogos no piso inferior. Ali estão os mosaicos do paisagista.
Eles estão nas duas faces da mesma parede, na face
externa, voltada para o jardim, um mosaico vermelho com um
pouco de azul, e na interna, voltada para a sala de jogos,
Figura
60
Residência Olívio Gomes e jardim.
(Foto de
Michael Moran. Fonte: ADAMS, William Howard. Roberto
Burle Marx: The unnatural art of the garden. New York: The
Museum of Modern Art, 1991.)
Espaço dos mosaicos
94
outro, azul com um pouco de vermelho. Eles parecem
completamente soltos, porque esta parede não tem contato
com as outras paredes da casa. Quase toda a parede é
cercada por vidro pelos lados e por cima, até o teto, e parte
dela se projeta além da sala de jogos.
Figura
61
Mosaico voltado
ao jardim
da Residência Olívio
Gomes.
(Foto da autora)
Figura
62
Mosaico voltado
à sala de jogos
da Residência
Olívio Gomes. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
95
Autor Roberto Burle Marx (1909-1994).
Arquiteto: Rino Levi e Roberto de Cerqueira César.
Endereço: Parque Municipal Roberto Burle Marx, Av.
Olivio Gomes, s/n°, São José dos Campos, SP.
Implantação: dois murais implantados em uma mesma
parede da casa, um interno, na sala de jogos, outro externo,
voltado ao jardim.
Uso do edifício: originalmente residência, atualmente
permanece a maior parte do tempo sem uso.
Data: mosaico sem data registrada, mas a casa teve seu
projeto em 1949 e construção em 1951/53.
Tema: abstrato geométrico.
Dimensões: dois mosaicos com 2,24x12,67m.
Assinatura: canto inferior direito do mural interno.
Transcrição da assinatura: ROBERTO BURLE MARX.
Data da avaliação: abr/2006.
Figura
63
Mosaico de Roberto Burle Marx na sala de jogos da
Residência Olívio Gomes. (Foto da autora)
Figura
64
Mosaico de Roberto
Burle Marx na parede externa da Residência Olívio Gomes. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
96
3.6. Centro Empresarial Itaúsa
Cândido Portinari
Figura
65
Ambiente com mosaico d
e
Portinari no Centro Empresarial Itaúsa. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
97
Os Bandeirantes de Cândido Portinari é um caso raro
de mosaico que muda de endereço. Depois de pouco mais de
cinqüenta anos em uma parede do restaurante do Hotel
Comodoro, no Centro de São Paulo, em 2004 o mosaico foi
retirado, transformado em um painel avulso, restaurado,
exposto no espaço cultural da BM&F e, finalmente, mas não
se pode dizer se definitivamente, foi colocado em uma parede
da Torre de Vidro do Centro Empresarial Itaúsa.
Retirar um mosaico de um lugar é muito dispendioso,
só compensando se tiver um valor muito alto, como no caso
deste, avaliado na ocasião da retirada em 2 milhões de reais.
O painel avulso compreende não só o mosaico, mas também
a própria parede que foi retirada do hotel; ele tem
250x765cm, 15cm de espessura e cerca de 800kg.
Anteriormente, no hotel, o mosaico ocupava toda a
parede, do piso ao teto, e estava ao alcance das mãos dos
freqüentadores do pequeno restaurante com capacidade para
cinqüenta pessoas. Atualmente, na parede acima de cinco
elevadores, em um ambiente amplo e com farta iluminação
Figura
66
Mosaico de Portinari no ambiente amplo
ond
e está instalado atualmente. (Foto da autora)
Figura
67
Mosaico em seu espaço original. (Fonte:
www.hotelcomodoro.com.br/convsala.htm
Espaço dos mosaicos
98
natural, nem parece ser tão pesado quanto aparenta em
registro da época em que estava no restaurante.
No período vespertino, a luz natural que penetra o
ambiente através da cobertura é refletida diretamente para os
olhos do observador no piso dos elevadores, prejudicando a
visualização das cores, mas o mosaico pode ser observado
sem essa distorção de cima para baixo pelo seu lado
esquerdo.
Figura
68
Mosaico de Portinari visto a partir de um
piso superior. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
99
Autor: Cândido Portinari (19031962).
Título: Os Bandeirantes.
Superintendência de Arquitetura do Grupo Itaú em
parceria com Aflalo & Gasperini.
Endereço: Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100,
São Paulo, SP.
Implantação: parede acima dos elevadores.
Uso do edifício: edifício administrativo de banco.
Data: 1953.
Tema: bandeirantes.
Dimensões: 250x765cm
Assinatura: canto inferior direito
Transcrição da assinatura: PORTINARI
Data da avaliação: dez/2006.
Figura
69
Mosaico
Os Bandeirantes
de Cândido Portinari. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
100
3.7. Edifício Montreal
Emiliano Di Cavalcanti
Figura
70
Vista a partir de um dos acessos do Edifício Montreal. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
101
O edifício residencial Montreal, de Oscar Niemeyer,
situado em um cruzamento, é caracterizado pelas curvas,
desde a fachada que acompanha a curva da esquina até as
paredes internas. A composição de três mosaicos com
poucas cores, azul, vermelho, branco e preto, está integrada
ao edifício com as formas sinuosas fluindo pelo espaço
determinado por paredes também sinuosas.
Onde o mosaico termina, o revestimento de pastilhas
cinzas, fundo do desenho, continua em praticamente todo o
ambiente como material de construção. Tudo isso mantém
uma unidade. Ao observar o ambiente em uma fotografia
antiga, foi contatado que o piso original também era revestido
com pastilhas, mas não foi possível identificar a sua cor.
Nesta obra de Di Cavalcanti, é possível perceber
claramente que não só o mosaico pode transformar o espaço,
mas o espaço também pode transformar o mosaico. Para
quem circula no Edifício Montreal, parece que existem três
mosaicos diferentes, porém, o da parede interna e o do
acesso pela Avenida Cásper Líbero são idênticos. Como os
três não podem ser vistos simultaneamente, e a forma das
Figura
71
Edifício Montreal. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
102
paredes onde estão aplicados varia (uma côncava e outra
convexa), isso dificilmente é percebido. A própria autora só
veio a constatar que dois deles são idênticos ao olhar as
fotografias dos três, lado a lado.
Maria Cecília França Lourenço descreveu os dois
mosaicos sem citar que são idênticos, primeiro o da escada
da Avenida Cásper Libero: “Trabalha com formas sinuosas
em expansão (...) em que a composição foi realizada
acompanhando o percurso do observador (...).” e o outro: “No
saguão as formas são mais horizontalizadas, como numa
pausa, o que contrasta com as entradas, onde parecem
ritmadas pelo vento, pela luz e pelo mover-se de quem
passa.”
36
36
LOURENÇO, Maria Cecília França. Operários da Modernidade. São
Paulo: Hucitec/Edusp, 1995. p. 270.
Figura
72
Escada de acesso
ao Edifício Montreal pela Av.
Ipiranga. (Foto da autora)
Figura
73
Área interna do Edifício
M
ontreal. (Foto da
autora)
Espaço dos mosaicos
103
Autor: Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976).
Arquiteto: Oscar Niemeyer.
Endereço: Avenida Ipiranga, 1284, São Paulo, SP.
Implantação: são três mosaicos, sobre paredes curvas,
dois deles instalados acima das escadas de acesso e um no
interior.
Uso do edifício: residencial.
Data: 1954.
Tema: abstrato.
Dimensões: diversas.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: E DI CAVALCANTI.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: jan/2005.
Figura
74
Mosaico acima da escada da Av.
Ipiranga. (Foto de Peter Caplan)
Figura
75
Mosaico acima da escada da Av.
Cásper Líbero. (Foto de Peter Caplan)
Figura
76
Mosaico na parede interna do Edifício
Montreal. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
104
3.8. Edifício Califórnia
Cândido Portinari
Figur
a
77
Galeria do Edifício Califórnia. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
105
Esta obra é bastante polêmica, até o próprio Portinari
não a considerava importante, como foi relatado por Isabel
Ruas, que teve a oportunidade de entrevistar o arquiteto
Carlos Lemos em maio de 2000:
37
Conta Lemos que Portinari tinha sido
encarregado de fazer o cartão de um painel em
mosaico para o Califórnia, projeto de Oscar Niemeyer.
Teria recebido 50% do pagamento e estava sem tempo
para fazer o trabalho. O edifício já em fase de
acabamento e o cartão para o painel não chegava.
Carlos Lemos, arquiteto coordenador do escritório de
Niemeyer em São Paulo, foi então ao Rio de Janeiro
para solicitar de Portinari a realização do trabalho. O
artista não teve dúvida - fez naquele mesmo momento
um desenho simplificado e esquemático para o painel,
que entregou a Lemos, recusando o pagamento dos
restantes 50%.
37
COELHO, Isabel Ruas Pereira. Painéis em mosaico na arquitetura
moderna paulista. – 1945-1964 São Paulo: dissertação de mestrado.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,
2000. p. 113.
Figura
78
Edifício Califórnia. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
106
Autor: Cândido Portinari
(19031962).
Arquiteto: Oscar Niemeyer.
Endereço: Rua Barão de
Itapetininga, 255, São Paulo,
SP.
Implantação: Parede
interna, na galeria, no
pavimento térreo.
Uso do edifício: comercial
com escritórios e lojas.
Data: 1954.
Tema: abstrato.
Dimensões: 600x3000cm
Assinatura: canto inferior
direito.
Transcrição da assinatura:
PORTINARI.
Data da avaliação:
jan/2005.
Figura 79 - Mosaico de Portinari no Edifício Califórnia. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
107
3.9. Edifício Triângulo
Emiliano Di Cavalcanti
Figura
80
A
cesso do Edifício Triângulo.
(Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
108
No Edifício Triângulo, projetado por Oscar Niemeyer,
estão dois mosaicos, um interno, acima da escada de acesso
que desce e outro na face externa do edifício, parte junto à
rua e parte junto à escada. Ambos estão em uma mesma
parede curva.
Mais uma vez os trabalhadores estão retratados em
mosaico por Di Cavalcanti. No interior do edifício eles
aparecem trabalhando e os que estão junto à calçada são
retratados descansando, como se tivessem mesmo se
encostado na parede num momento de folga.
O mosaico de Di Cavalcanti deixa a obra de Niemeyer
mais fluida. Maria Cecília França Lourenço descreve a visão
desta obra pelo transeunte:
“Valorizando a obra arquitetônica, captando o
andante, Di Cavalcanti faz um mosaico na parede
externa e que se desenvolve em direção ao interior do
edifício; da rua se vê a composição; ao se aproximar
Figura
81
Mosaico posiciona
do acima da escada. (Foto
da autora)
Espaço dos mosaicos
109
da porta, imediatamente outra, da parte interna,
desponta, dando sensação seqüencial às duas.”
38
O Edifício Triângulo tem a planta triangular, e está
sozinho cercado pelas ruas Quintino Bocaiúva, José Bonifácio
e Rua direita, no centro de São Paulo. Pela escala do edifício
e seu entorno, não seria errado considerar que, na prática, o
edifício está localizado no cruzamento das três ruas.
Segundo Kevin Lynch, o cruzamento é um elemento de
grande importância na cidade porque é o lugar onde as
pessoas decidem por qual via seguirão e por isso elas ficam
mais atentas aos elementos do local.
39
Isso significa que o
Edifício Triângulo é um foco e, portanto, seria esperado que o
mosaico de Di Cavalcanti estivesse em evidência. Porém, não
é isso o que se verifica.
No mosaico, foram usadas poucas cores, dois tons de
azul sobre fundo branco, o que dá uma leveza condizente
38
LOURENÇO, Maria Cecília França. Operários da Modernidade. São
Paulo: Hucitec/Edusp, 1995.
39
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Lisboa: Edições 70.
Figura
82
Esquema com Edifício Triângulo em
vermelho e as ruas que o cercam em azul.
Espaço dos mosaicos
110
com o vidro que reveste todo o Ed. Triângulo. Infelizmente, o
mosaico não fica em evidência por causa do ruído visual do
comércio no entorno que se impõe com cores chamativas.
Além disso, existe como agravante o fato de que o
mosaico da parte externa do edifício está muito
malconservado. Esse estado de abandono faz parecer que as
mercadorias nas lojas são mais importantes do que a obra de
arte no espaço da cidade.
Figura
83
Edifício Triângulo. (Foto da autora)
Figura
84
Acesso do Edifício Triângulo. (Foto
da autora)
Espaço dos mosaicos
111
Autor: Emiliano Di Cavalcanti.
Arquiteto: Oscar Niemeyer.
Endereço: Rua José Bonifácio, 24, São Paulo, SP.
Implantação: são dois murais, um está implantado ao lado
direito da entrada do edifício e outro na parede acima da
escada que desce já dentro do edifício.
Uso do edifício: comercial com escritórios e lojas
Data: 1955.
Tema: figurativo – trabalhadores do café.
Dimensões: 4,5x2,7m (aprox.).
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: E DI CAVALCANTI.
Data da avaliação: jan/2005.
Figura
85
Mosaico de Di Cavalcanti na parte interna do
Edifício Triângulo. (Foto da autora)
Figura
86
Mosaico de Di Cavalcanti na parte externa do
Edifício Triângulo. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
112
3.10. Residência na Rua Filadelfo Azevedo
Bramante Buffoni
Figura
87
Residência na Rua Filadelfo Azevedo. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
113
Este mosaico tem um efeito monumental por sua
escala, ocupando, aproximadamente, a metade da área da
fachada da casa. A própria casa faz um papel de moldura
para a obra de Buffoni, lembrando a moldura de cortinas
definindo o espaço de uma encenação de teatro.
Sua forma quadrada está completamente de acordo
com o contexto, mas, se observada isoladamente, a obra
perde sua monumentalidade e sua harmonia.
Foram utilizadas poucas cores colocadas
uniformemente sobre cada parte delimitada do desenho. A
composição em mosaico aparenta uma enorme colagem
devido à ausência de linhas e, também porque as formas são
simples.
Figura
88
Detalhe mostrando os
bailarinos. (Foto da autora)
Figura
89
Anúncio da fábrica de pastilhas de vidro Vidrotil
mostrando mosaico de Buffoni. (Fonte: Revista Casa e Jardim
nº 46, set./out.
1958)
Espaço dos mosaicos
114
Autor: Bramante Buffoni (1890-
1965).
Arquiteto: Eduardo Corona.
Endereço: Rua Filadelfo Azevedo,
76, São Paulo, SP.
Implantação: parede externa.
Uso do edifício: residência.
Data: não encontrada, mas existe
registro da existência do mosaico em
1958.
Tema: bailarinos.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Buffoni.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: nov/2005.
Figura
90
Mosaico de Bram
a
nte Buffoni na Rua Filadelfo Azevedo. (foto da autora)
Espaço dos mosaicos
115
3.11. Estação Sé
Claudio Tozzi
Figura
91
Acesso
n
orte da Estação Sé do metrô. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
116
Na Estação Sé do metrô, Colcha de Retalhos se
destaca em um local predominantemente cinza pela sua
vibração cromática. É um mosaico de um mosaico. Para
quem passa apressado, a informação é a imagem do mosaico
de retalhos, e, para quem pára à sua frente, além de ser um
estímulo para a visão, é um estímulo para o tato, pois se
encontra ao alcance das mãos.
O mosaico de pastilhas de 1x1cm foi executado pela
equipe coordenada por Serafino Faro, no ateliê da Vidrotil.
Em entrevista a Fabio Magalhães
40
, no dia 8 de
fevereiro de 2006, Claudio Tozzi falou como se deu a opção
por executar Colcha de Retalhos no local:
Para o painel na estação Sé do metrô, preparei
a partir da curadoria da Radha Abramo, três projetos:
um astronauta, um trabalho com estrutura semelhante
a uma colcha de retalhos e um desenho com a silhueta
dos transeuntes, fundindo as imagens de quem passa,
40
MAGALHÃES, Fabio, Claudio Tozzi. São Paulo: Ed. Lazuli e
Companhia Editora Nacional, 2007. (no prelo).
Figura
92
Detalhe de
Clocha de Retalhos
. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
117
com o painel. Fizemos uma pesquisa, mostrando três
maquetes, e achei que o público iria gostar mais do
painel das silhuetas. No entanto o público escolheu o
painel que está lá que é baseado na colcha de
retalhos. Uma identificação do público com uma peça
que ele mesmo produz: as colchas de retalhos feitas
com restos de tecidos, nas periferias da cidade.
Figura
93
Estação Sé. (Foto da autora)
Figura
94
Estação Sé. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
118
Autor: Claudio Tozzi (1944-).
Título: Colcha de Retalhos.
Endereço: Estação Sé do metrô, São Paulo, SP.
Implantação: Parede interna do acesso norte.
Uso do edifício: estação de metrô.
Data: 1979.
Dimensões: 3x10,5m.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Clau Tozzi.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: jan/2005.
Figura
95
Colcha de Retalhos
. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
119
3.12. SESC Consolação
Claudio Tozzi
Figura
96
Mosaico de Claudio Tozzi no SESC
Consolação
. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
120
O mosaico de Claudio Tozzi na unidade do SESC está
escondido em uma sala no 6º andar, onde ocorrem os
ensaios de teatro do Grupo Macunaíma de Antunes Filho.
A composição horizontal com faixas verticais encontra-
se compreendida entre o teto e o piso do mezanino. A parte
superior do painel não chega a tocar o teto. Ele enfatiza não
só o seu próprio plano, mas, também os dois planos
horizontais.
Figura
97
Mosaico de Claudio Tozzi no SESC Consolação.
(Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
121
Autor: Claudio Tozzi.
Endereço: Rua Dr. Vila Nova, 245, São Paulo, SP.
Implantação: parede de mezanino em uma sala fechada.
Uso do edifício: espaço cultural e recreativo.
Data: 1980.
Tema: abstrato.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Clau Tozzi.
Data da avaliação: dez/2006.
Figura
98
Projeto cromático do painel do SESC Consolação. (Fonte:
TOZZI, Cláudio José.
O processo de construção da imagem e
sua aplicação, relação com o espaço urbano: arte no lugar da arquitetura no fazer de um artista plástico/ arquiteto. São Paulo: tese de
doutoramento. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2001.)
Espaço dos mosaicos
122
3.13. Estação Consolação
Tomie Ohtake
Figura
99
Plataforma de embarque da Estação Con
solação do
m
etrô. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
123
Quatro Estações é uma série de quatro painéis
dispostos ao longo da parede oposta à plataforma de
embarque da Estação Consolação do metrô. O cinza do
concreto aparente predomina no local e as curvas parecem
acentuar a sensação de que é um subterrâneo.
O mesmo desenho é repetido em quatro painéis com
quatro cores diferentes. Eles estão fixados em placas planas,
predominantemente horizontais, sobre uma parede curva e
não estão encostados na parede. A seqüência sugere ora o
movimento do trem, ora o movimento das pessoas que
caminham ao longo da plataforma. O movimento só existe
com o tempo, e parece que neste local o tempo flui
rapidamente.
Enquanto isso, para aqueles que estão parados,
aguardando o trem, os detalhes das misturas de cores das
pastilhas podem ser percebidos e, de tão vibrantes, também
afetam a dimensão do tempo, “diminuindo” o tempo de
espera.
Figura
100
Seq
ü
ê
ncia mostrando painel de
Tomie Ohtake visto de dentro do trem e logo após
desembarcar. (Fotos da autora)
Espaço dos mosaicos
124
Figura
101
Plataforma
de embarque. (Fotos da
autora)
Figura
102
Vista dos quatro painéis acompanhando toda a extensão da plataforma de
embarque. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
125
Autora: Tomie Ohtake.
Título: Quatro estações.
Endereço: Estação Consolação do metrô, São
Paulo, SP.
Implantação: Parede interna em frente à
plataforma de embarque.
Uso do edifício: estação de metrô.
Data: 1991.
Tema: abstrato.
Dimensões: Quatro painéis de 200x1540cm.
Assinatura: canto inferior direito, em todos.
Transcrição da assinatura: Tomie 91.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: jun/2006.
Figura
103
Projeto dos quatro painéis de
Quatro Estações
. (Fonte: ARTE
NO METRÔ. São Paulo: Companhia
do
Metropolitano de São Paulo, 1994.)
Espaço dos mosaicos
126
3.14. Estação Santo André
Alex Flemming
Figura
104
Es
tação Santo André da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
127
Um conjunto de dois mosaicos de Alex Flemming
ocupa duas paredes da Estação Santo André da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos. Ambos retratam duas
cabeças de perfil. Chama a atenção o andamento das
pastilhas que sugere músculos e tridimensionalidade e
movimento.
A fachada de vidro da estação deveria ser favorável
para a visualização da obra, mas isso não foi verificado pela
autora, ainda que, segundo Sérgio Secches
41
, a situação
chegou a ser pior, com vendedores ambulantes e película
escura aplicada em todos os vidros, obstruindo
completamente a visão.
Este é o único trabalho em mosaico de Flemming, que
acha este trabalho, apesar de não ser uma de suas obras
mais conhecidas, muito importante por causa da sua
pesquisa sobre o material e a técnica.
42
Ele afirmou também
que gostaria de fazer mais mosaicos.
41
Mosaicista que executou este trabalho, em conversa com a autora,
jan/2007.
42
Alex Flemming em conversa com a autora, jan/2007.
Figura
105
Detalhe do mosaico de Flemming.
(Foto da autora)
Figura
106
Fachada de vidro da Est
ação Santo
André, através da qual é possível ver o mosaico.
(Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
128
Alex Flemming (1954-).
Endereço: Estação Santo André da Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos, Santo André, SP.
Implantação: Duas paredes internas, uma delas junto à
bilheteria.
Uso do edifício: estação ferroviária.
Data: 1992.
Tema: cabeças.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: ALEX FLEMMING.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: dez/2006.
Figura
107
Mosaicos de Alex Flemming da Estação Santo André. (Fotos da autora)
Espaço dos mosaicos
129
3.15. Cultura Inglesa
Claudio Tozzi
Figura
108
Ilustração do ambiente com o mosaico
Pastelão
na Cultura Inglesa.
(Ilustração da
autora)
Espaço dos mosaicos
130
Ao entrar na Unidade Mooca da Cultura Inglesa,
passa-se por uma recepção e segue-se um corredor que dá
acesso às demais dependências da escola. Vê-se o mosaico
multicolorido Pastelão ao fundo, logo que se começa a
caminhar pelo corredor, mas não o se vê por completo,
estimulando a curiosidade de vê-lo por inteiro e indicando a
quem caminha que aquele ambiente lá adiante deve-se abrir.
Ao chegar ao fim do corredor vê-se o mosaico em um
ambiente bem iluminado, também de circulação, onde se
encontra uma abertura para o pavimento superior, uma
escada de meta, e, ao lado do mosaico, a sala de multimídia
que é separada por vidro.
Sendo visto de frente por quem chega ao ambiente, o
mosaico Pastelão está em evidência. A escada no centro do
ambiente obstrui parcialmente a visão do mosaico, mas não o
desvaloriza ao fundo. Parece que o mosaico de cores
intensas tem o que poderia ser agressivo cortado pela escada
que tornou a disposição do mosaico leve e despretensiosa,
provando que a obra de arte não precisa estar presente na
arquitetura como um objeto de ostentação para destacar-se.
Figura
109
Mosaico
Pastelão
visto a partir do corredor.
(Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
131
O mosaico foi executado com pastilhas cortadas em
tamanho 1x1cm. Nos planos preenchidos com cores variadas,
estão pastilhas de vários tons de cada cor que preenche cada
área, conferindo ao mosaico uma vibração cromática. Esse
recurso também foi utilizado no fundo, pastilhas azul-claras
misturadas às cinzas. Os planos são bem delimitados com
linhas pretas, mas a presença de algumas pastilhas azuis
torna a linha preta mais leve e mais próxima à linha preta do
artista que não é contínua, mas composta por pontos, assim
como seus planos.
Além do azul diluído em todo o mosaico, os elementos
de metal, escada e esquadrias, presentes no ambiente,
também são azuis, conferindo uma unidade à obra de arte
junto à arquitetura.
Figura
110
Mo
s
a
ico ocupand
o todo o plano da parede que
é cont
in
uada apenas por vidro. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
132
Figura
111
Detalhe do mosaico
Pastelão
, onde é possível
observar as pastilhas azuis nas linhas e no fundo. (Foto da
autora)
Figura 112 - Pastelão. Acrílico sobre tela colada em madeira
recortada, 107x145cm, 1985. (Fonte: KLINTOWITZ, Jacob.
Claudio Tozzi: o universo construindo a imagem. Brasil:
Valoart, 1989)
Espaço dos mosaicos
133
Autor: Claudio Tozzi.
Título: Pastelão.
Endereço: Rua do Oratório,
232, São Paulo, SP.
Implantação: Área de
circulação junto à sala de
multimídia.
Uso do edifício: escola de
inglês.
Data: 1995.
Tema: tortas em movimento.
Assinatura: canto inferior
direito.
Transcrição da assinatura:
Clau Tozzi.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: jan/2007.
Figura
113
M
osaico
Pastelão
. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
134
3.16. Seguradora Porto Seguro
Herton Roitman
Figura
114
Mosaicos de Herton Roitman na S
eguradora Porto Seguro. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
135
Os mosaicos de Herton Roitman na Seguradora Porto
Seguro estão em três painéis e uma escultura dispostos ao
longo da parede, logo na entrada do edifício, ao lado de uma
rampa. A execução dos mosaicos em painéis deveu-se à
vontade do cliente poder, caso saia daquele endereço um dia,
levar o mosaico consigo. Porém, percebe-se claramente, pela
disposição dos painéis, que aquele conjunto foi planejado
para o local.
Os três painéis e a escultura são divididos, em alturas
variadas, por uma linha horizontal, e estão dispostos de modo
que essa linha mantenha o mesmo nível, embora a altura da
base e do topo das peças varie. Essa disposição garante a
unidade do conjunto, preso a essa linha, e ao mesmo tempo
permite a variedade de formas e tamanhos, o que torna o
conjunto mais leve e estimulante. Por se tratar de uma área
de circulação, esta solução está de acordo com a sucessão
de surpresas que Gordon Cullen defende e define como visão
serial.
43
Se as peças estivessem alinhadas pelo topo e pela
base, a tendência seria o conjunto tornar-se monótono.
43
CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa: Edições 70, 1996. p. 11.
Figura
115
Vista geral dos mosaicos na Porto
Seguro. (Foto da autora)
Figura
116
Detalhe do primeiro painel, da esquerda
para a direita. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
136
A escultura, último elemento visto por quem sobe a
rampa, também é presa à parede assim como os painéis.
Além de participar dando movimento, ela também tem a
função de “esconder” o equipamento de combate a incêndio.
Figura
117
Escultura
vista pelo
lado direito. (Foto da autora)
Figura
118
Escultura vista de
frente. (Foto da autora)
Figura
119
Escultura vista pelo
lado esquerdo e os três painéis.
(Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
137
Autor: Herton Roitman (1943-).
Endereço: Av. Rio Branco, 1489, São Paulo, SP.
Implantação: Parede interna junto à rampa.
Uso do edifício: seguradora.
Data: 1995/96.
Tema: abstrato.
Dimensões: (da esquerda para a direita) uma escultura
3x0,7x0,4m e três painéis, 2,5x2,5m, 3x1m e 3x4,8m.
Assinatura: canto inferior direito de todos os objetos
(também consta a assinatura do ateliê de mosaicos “MOA” no
canto inferior esquerdo do primeiro e segundo painel e na
face posterior da escultura).
Transcrição da assinatura: na escultura e no segundo
painel HR 96, no primeiro painel H Roitman 96 e no terceiro
painel H Roitman 95.
Execução: Mosaico Objeto de Arte.
Data da avaliação: dez/2006.
Figura
120
Escultura.
(Foto da
autora)
Figura
121
Segundo painel,
da esquerda
para a direita
(Foto da autora.)
Figura
122
Primeiro
painel. (Foto
da autora)
Figura
123
Terceiro
painel. (Foto
da autora)
Espaço dos mosaicos
138
3.17. Centro Cultural Dragão do Mar
Aldemir Martins
Figura
124
Anfiteatro do Cent
ro Cultural Dragão do Mar. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
139
O mural encontra-se na parede externa de um
anfiteatro no Centro Cultural Dragão do Mar em Fortaleza,
CE. A parede é curva e fica no fundo do palco voltado para
uma grande praça. O tema é figurativo, o mural apresenta
uma paisagem com elementos do Ceará, a terra natal de
Aldemir Martins, como o mar com a jangada, mandacarus,
peixes, cajus e outras frutas.
Por ter grandes dimensões, ser horizontal e retratar
uma paisagem, ele dá uma sensação de profundidade, como
se a enorme superfície que está ali não fosse uma barreira,
mas um espaço aberto que vai muito além, mais
precisamente, até o horizonte que aparece na figura.
A rampa permite o acesso do observador junto ao
mural, possibilitando a visão de detalhes que ficam no nível
da vista, como os mandacarus, os cajus, o peixe e a
assinatura. Esses elementos em escala menor do que o
restante da composição estimula o olhar de perto e o toque.
O público é motivado a ver de perto o mural que viu de longe
e ele passa a perceber os elementos básicos do mosaico, as
Figura
125
Detalhe do mosaico. (Foto de Rosa Cecília
Teixeira)
Espaço dos mosaicos
140
pastilhas, com suas cores muito variadas, o brilho do vidro, a
textura e o andamento.
Figura
126
Detalhe do mosaico, (Foto da autora)
Figura
127
Detalhe do mosa
ico junto à rampa. (Foto de Rosa
Cecília Teixeira)
Espaço dos mosaicos
141
Autor: Aldemir Martins (1922-2006)
Arquitetos: Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo
Endereço: Praça Almirante Saldanha, Fortaleza, CE.
Implantação: Parede externa de um anfiteatro em uma
praça.
Uso do edifício: anfiteatro.
Data: 1998.
Tema: Figurativo – elementos da região.
Dimensões: 7x27m (aprox.).
Assinatura: canto inferior esquerdo.
Transcrição da assinatura: Ademir Martins 98
Execução: Vidrotil.
Data de avaliação: out / 2005.
Figura
128
Mosaico de Aldemir Martins do Centro Cultural Dragão do Mar. (Foto de Rosa Cecília Teixeira)
Espaço dos mosaicos
142
3.18. Novotel
Claudio Tozzi
Figura
129
Área de circulação do Novotel. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
143
O Novotel conta com dois mosaicos de Claudio Tozzi:
o primeiro, que retrata bandeirantes, está em uma área de
circulação, executado em 2000; o segundo, com palmeiras,
junto à piscina, em 2001.
Como mosaico, o dos bandeirantes é muito rico pelos
seus detalhes, e, principalmente pela composição das cores,
mas se encontra em um local com iluminação, tanto a natural,
quanto a artificial, precária, o que dificulta sua visualização.
Já o que retrata palmeiras encontra-se em uma
situação bastante favorável, com farta luz natural. Em uma
parede que, sem uma intervenção, pareceria perto demais da
piscina, o mosaico dá uma continuidade à sua superfície azul
de água se estendendo até a linha do horizonte, também de
água no desenho, criando paisagem em um plano
completamente integrada ao espaço diante dele. Além da
própria composição, o degradê foi um recurso decisivo para
conferir profundidade ao painel.
Figura
130
Detalhe do mosaico retratando bandeirantes do
Novotel. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
144
Figura
131
Piscina do Novotel. (Foto da autora)
Figura
132
Detalhe do mosaico junto à piscina do Novotel. (Foto
da autora)
Espaço dos mosaicos
145
Autor: Claudio Tozzi (1944-).
Endereço: Av. Zaki Narchi, 500, São Paulo, SP.
Implantação: Parede interna em área de
circulação.
Uso do edifício: hotel.
Data: 2000.
Tema: bandeirantes.
Dimensões: três painéis de175x470cm.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Clau Tozzi.
Execução: Mosaico Objeto de Arte.
Data da avaliação: jan/2007.
Figura
133
Os três painéis de Claudio Tozzi com tema de bandeirantes no
Novotel. (Fotos de Peter Caplan)
Espaço dos mosaicos
146
Autor: Claudio Tozzi (1944-).
Endereço: Av. Zaki Narchi, 500, São Paulo, SP.
Implantação: parede junto à piscina.
Uso do edifício: hotel.
Data: 2001.
Tema: palmeiras.
Dimensões: 320x850 cm.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Clau Tozzi.
Execução: Mosaico Objeto de Arte.
Data da avaliação: jan/2007.
Figura
134
Mosaico de Claudio Tozzi junto à piscina do Novotel. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
147
3.19. Terminal de ônibus de Santo Amaro
Odiléa Toscano
Figura
135
Terminal de ônibus da Estação Santo Amaro. (Ilustração
da autora
Espaço dos mosaicos
148
Na ocasião da visita ao terminal de ônibus integrado à
estação ferroviária Santo Amaro, o espaço encontrado pela
autora ainda era o de um terminal de ônibus a ser
inaugurado, sem ônibus e sem passageiros. O espaço do
terminal, fechado por uma vedação transparente sustentada
por uma estrutura metálica, permite uma boa iluminação
natural e a sensação de leveza e amplitude.
O mosaico de Odiléa Toscano também agrega os
elementos de luminosidade, leveza e amplitude. A
luminosidade está no próprio material (algumas pastilhas
mais brilhantes foram fabricadas especialmente para este
mural) e no fundo branco, que, além disso, contribui para a
amplitude. A leveza está evidente pelo fato de, apesar de o
mosaico estar no nível do chão, as figuras, linhas, superfícies
e volumes, estarem acima dele, como se flutuassem. Deste
modo, mesmo os volumes mais massiços ganham leveza.
Também há uma percepção de tridimensionalidade dos
volumes que varia de acordo com a posição do observador.
Essa diferença é percebida durante o caminhar como uma
transformação das formas.
Figura
136
Terminal de ônibus da Es
tação Santo Amaro. (Foto
da autora)
Espaço dos mosaicos
149
A artista acompanhou de perto a execução do mosaico
para garantir que as cores, os traços e a disposição das
pastilhas estivessem de acordo com seu projeto, como, por
exemplo, as linhas finas que foram feitas com pastilhas
cortadas ao meio. Ela escreveu sobre este trabalho:
44
Foram trabalhadas séries de formas, com
ênfase para a linha, as superfícies e os volumes. As
seqüências estabelecem um diálogo entre esses três
elementos geométricos. A variedade de cores
disponíveis permitiu a necessária vibração que requer
o desenho, que se desenvolve sobre o branco intenso,
de textura rica, conferida pelo próprio material. A
pastilha prateada foi fabricada especialmente para este
projeto, preenchendo plenamente as intenções
almejadas.
Reafirmando o que se disse acima, a relação
figura/fundo fica bastante enfatizada, tanto pelo
desenho como pela cor, traduzida pelo material e pelo
suporte branco.
44
Em carta enviada à autora no dia 1º de fevereiro de 2007.
Figura
137
Detalhe do mosaico onde é possív
el vi
sualiz
ar os
elementos superfície, linha e volume. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
150
Autora: Odiléa Toscano (1934-).
Arquiteto: João Walter Toscano.
Implantação: Parede dentro do terminal.
Uso do edifício: terminal de ônibus urbano.
Data: 2002.
Tema: abstrato geométrico.
Dimensões: 2,4x32m.
Assinatura: canto inferior esquerdo.
Transcrição da assinatura: ODILÉA 2002.
Execução: Vidrotil.
Data de avaliação: out/2006.
Figura
138
Mosaico de Odiléa Toscano no terminal de ônibus de Santo Amaro. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
151
3.20. Centro Empresarial Itaúsa 2
Vik Muniz
Figura
139
Ilustração da passagem subterrânea no Centro Empresarial Itaúsa.
(Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
152
O mosaico de Vik Muniz encontra-se em uma
passagem subterrânea entre dois edifícios do Centro
Empresarial Itaúsa. Está em uma parede de 24m de
comprimento por 7,9m de altura junto a uma rampa. Para
quem está na rampa, não é possível observar o mosaico a
uma distância maior do que 4m. Só é possível observá-lo a
uma distância um pouco maior a partir de uma de suas
extremidades.
Uma fotografia de uma multidão feita de chocolate foi
reproduzida em mosaico com bastante fidelidade. As
pastilhas utilizadas são de cores que vão do bege-claro ao
marrom-escuro, passando por tons de caramelo e alguns
toques de preto e vermelho e o fundo branco.
A colocação das pastilhas seguiu o sistema de obra
tesselada com as pastilhas alinhadas perfeitamente tanto na
vertical quanto na horizontal. Um dos motivos desta opção foi
para viabilizar a execução do mosaico em menos tempo, e
esta opção também estava de acordo com a idéia do artista
de fazer imagens do modo mais grosso possível para que as
Figura
140
Mosaico de Vik Muniz visto da extremidade
superior da rampa. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
153
pessoas se percam na trama. O artista também apontou que
esse mosaico ganhou um efeito de pixels.
45
O artista descreve esta obra como uma equação entre
o figurativo e o abstrato; o figurativo são os rostos que se
percebem e o abstrato é a multidão fundida ao fundo que
aparece como manchas. Devido ao pequeno espaço que não
permite a observação do mosaico à distância, e ao fato de
estar em uma área de circulação, mesmo os rostos mais
bem-definidos chegam a não serem vistos pelas pessoas que
passam por ali diariamente.
A arquiteta Ane Leite que trabalha no local declarou
não ter percebido, de imediato, um rosto pela primeira vez,
mas, depois, ao logo dos dias, foi percebendo outros rostos.
A obra é descoberta aos poucos, a cada passagem rápida.
Nessas descobertas está a dimensão cinética da obra.
45
Vic Muniz falou sobre sua obra no documentário Ilusões fotográficas de
Vik Muniz. Dir. Cacá Vicalvi e Zezo Cintra. Documenta Video Brasil. São
Paulo
Figura
141
Mosaico vis
to da extremi
dade inferior da rampa.
(Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
154
Figura
142
Detalhe do mosaico. Visto de perto não
se pode
identificar o desenho. (Foto da autora)
Figura
143
Detalhe d
o mosaico. A uma distância um pouco
maior é possível identificar um rosto. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
155
Autor: Vik Muniz (1961-).
Título: Multidão.
Arquitetos: Superintendência de Arquitetura do Grupo Itaú
em parceria com Aflalo & Gasperini.
Endereço: Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100,
São Paulo, SP.
Implantação: parede junto à rampa no subsolo.
Uso do edifício: escritórios.
Data: 2002/2003.
Tema: multidão.
Dimensões: 7,9 x 24m.
Assinatura: não é assinado.
Execução: Vidrotil.
Data da avaliação: dez/2006.
Figura
144
Obra d
e
Vik Muniz em chocolate que deu origem ao mosaico. (Fonte:
www.arcoweb.com.br/empresas/vidrotil/boletim6.asp
, foto de divulgação)
Espaço dos mosaicos
156
3.21. Edifício Exclusive
Claudio Tozzi
Figura
145
Edifí
cio
Exclusive na
Avenida Angélica.
(ilustração da
autora)
Espaço dos mosaicos
157
O mosaico do Edifício Exclusive na Avenida Angélica
foi escolhido por meio de um concurso realizado em 2002 e
teve como jurados Enock Sacramento, Fábio Magalhães e
Jacob Klintowitz.
Sobre esse mosaico, Claudio Tozzi disse em entrevista
a Fábio Magalhães:
46
O painel da Av. Angélica no Edifício Exclusive,
perto da Rua Goiás foi pensado em função de criar um
invólucro para a fachada e parte das laterais do prédio.
A Solução do projeto foi dada em função de integrar a
fachada do prédio ao referencial cromático já existente
em seu entorno. Seria a criação de um marco, de um
edifício-signo, que ao se integrar no espaço já
existente daria uma identidade visual específica para o
edifício. Escolhi a cor azul, por ser a mais adequada a
criar um diálogo com o espaço existente. O projeto foi
o vencedor de um concurso onde participaram cerca
de 500 projetos. Trabalhei com pastilhas de vidro
46
MAGALHÃES, Fábio, Claudio Tozzi. São Paulo: Ed. Lazuli e
Companhia Editora Nacional, 2007. (no prelo).
Figura
146
Mosaico de
Claudio Tozzi no
Edifício Exclusive.
(Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
158
fundido, em 16 tonalidades de azul. A mistura das
tonalidades possibilitou a criação de efeitos visuais e
matizes que dão uma sutil vibração cromática ao
conjunto.
Figura
147
Avenida
Angélica
.
(Foto da autora)
Figura
148
Avenida Angélica. (Foto da autora)
Espaço dos mosaicos
159
Autor: Claudio Tozzi
Endereço: Av. Angélica, 2016, São Paulo, SP.
Implantação: toda a fachada acima do andar térreo e parte
das laterais do edifício.
Uso do edifício: comercial, escritórios.
Data: 2003.
Tema: abstrato.
Dimensões: 600m².
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Clau Tozzi.
Execução: Mosaico Objeto de Arte e Oficina do Mosaico.
Data da avaliação: jun/2006.
Figura
149
Perspectiva ilustrando projeto do
mural do Ed. Exclusive.
Espaço dos mosaicos
160
3.22. Fórum Trabalhista
Claudio Tozzi
Figura
150
Entrada do auditório do
Fórum T
rabalhista. (Ilustração da autora)
Espaço dos mosaicos
161
O Fórum Trabalhista Ruy Barbosa ocupa um edifício
de grandes proporções, projetado pelo arquiteto Décio Tozzi.
Devido a isso, um mosaico com o tamanho do que foi
executado no local só teria um peso se fosse colocado em um
ponto onde não fosse desfavorecido pela escala.
Os três painéis em mosaico de Claudio Tozzi
encontram-se na entrada do auditório, separados pelas
portas, no subsolo, onde se encerram as rampas. É uma área
com o pé direito baixo e a disposição dos painéis se estende
por todo o plano horizontal. As rampas são um elemento
marcante que percorre toda a extensão vertical do edifício.
O tema parafusos pareceu bastante adequado ao local
por estar ligado à idéia de trabalho. Assim como Colcha de
Retalhos e os mosaicos do Novotel, este também foi
executado com pastilhas cortadas em 1x1cm, uma boa
solução para mosaicos que também podem ser vistos de
perto.
Figura
151
Interior do
Fórum
Trabalhista. (Foto de
Cristiano Mascaro, arquivo de Claudio Tozzi)
Espaço dos mosaicos
162
Figura
152
Composição de mo
sa
ico vista
por entre as rampas. (Foto da autora)
Figura
153
Projeto dos painéis do
Fórum
Trabalhista. (Fonte: arquivo do Claudio Tozzi)
Espaço dos mosaicos
163
Autor: Claudio Tozzi(1944-).
Arquiteto: Décio Tozzi
Endereço: Av. Marquês de São Vicente,
235, São Paulo, SP.
Implantação: no subsolo, na entrada do
auditório.
Uso do edifício: fórum.
Data: 2004.
Tema: parafusos.
Dimensões: respectivamente, 1200xm,
1900xm e 1200xm.
Assinatura: canto inferior direito.
Transcrição da assinatura: Clau Tozzi.
Execução: Mosaico Objeto de Arte.
Data da avaliação: jan/2007.
Figura
154
Mosaicos
de Claudio Tozzi no
Fórum Trabalhista.
(Fotos da autora)
164
Considerações finais
Nós adoramos o caos porque
amamos produzir a ordem.
- M. C. Escher
O capítulo 1, Ver mosaicos, serviu como um primeiro
passo para o leitor se familiarizar com o tema mosaicos. Nele
refletiu-se mais a fundo sobre o que é um mosaico e os mais
diferentes tipos de aplicação. Viu-se que existem mais
mosaicos do que normalmente se imagina e que existe uma
tendência natural das pessoas de ordenar pequenas partes
de tudo (pedras, pastilhas, idéias, pixels, retalhos etc).
Embora esta dissertação trate mais profundamente dos
mosaicos no espaço da arquitetura e da cidade, os exemplos
de aplicação de mosaicos apresentados no capítulo 1 vão
além desses espaços por mostrar também exemplos de
Considerações finais
165
mosaicos que podem ser encontrados em outros lugares,
desde o vestuário até o visor de um celular.
Viu-se que o conceito de mosaico pode ser muito
amplo, por isso, foram excluídos exemplos de mosaicos que
não são criados pelo homem, como os que são criados pela
natureza, que poderiam ser representados pela espiga de
milho e pelo casco de tartaruga, pois, para serem criados,
não solicitaram esforço mental de nenhuma pessoa.
Fazer mosaicos é uma ação natural do ser humano.
Por alguma obra do acaso, exatamente no dia em que a
autora estava começando a escrever estas considerações
finais, havia deixado algumas pastilhas de vidro despejadas
sobre a mesa. Seu avô de 86 anos, assim que as viu, sentou-
se e, com toda disposição e paciência, manipulou as pastilhas
formando palavras. Ele estava criando uma composição
ordenada e, ao mesmo tempo, comprovando, diante dos
olhos da autora, esta afirmação.
A experiência que a autora teve no desenvolvimento
deste trabalho foi de grande valia para entender o mosaico
Considerações finais
166
fundamentalmente como trabalho mental. Isso já é sabido,
mas as experiências de exercitar sua visão procurando
perceber as diversas formas de feitura e aplicação de
mosaicos, de fazer o seu próprio painel e de acompanhar a
execução de um mural, levaram-na a absorver essa noção
pela vivência.
Apesar de já ter tido uma experiência anterior como
muralista, tendo projetado um mosaico de grandes dimensões
para o espaço público, ainda lhe faltava uma experiência
como mosaicista, trabalhando na parte da sua execução. A
experiência de fazer um painel em mosaico para esta
dissertação foi fundamental.
Fazer o mosaico Laços, documentado no capítulo 2, foi
como fazer uma escultura e uma pintura ao mesmo tempo. A
pintura por causa da composição cromática e a escultura pelo
fato de o senso do tato estar muito presente na descoberta de
sutilezas como as diferentes durezas de pastilhas. Ao cortá-
las, percebe-se claramente que mesmo que as peças tenham
apenas 3mm de espessura está-se manipulando objetos
tridimensionais.
Considerações finais
167
A entrevista de Sérgio Secches foi praticamente um
mergulho na emoção, na paixão do artista. Conduzida pela
autora que elaborou as perguntas mais relacionadas ao
trabalho, contou também com a participação da jornalista
Montserrat Bevilaqua que, com sua experiência em
entrevistas, foi decisiva para deixar o entrevistado à vontade
para falar abertamente, permitindo o registro de sua visão da
arte, da interação do mosaico com o espaço e as dificuldades
e alegrias que encontrou e encontra em sua trajetória de
mosaicista.
Já a entrevista de Claudio Tozzi foi mais pelo lado
racional, pois o artista expressou-se com muita clareza e
objetividade, condizentes com sua atribuição como professor
universitário.
Com as entrevistas prontas, houve a constatação de
que uma está complementando a outra. O ponto em comum
salientado nas duas entrevistas, e que vale ressaltar aqui
novamente, foi que pensar o projeto do mosaico para o seu
espaço é fundamental.
Considerações finais
168
Sobre os mosaicos no espaço da arquitetura e da
cidade, apresentados no capítulo 3, aparentemente os
artistas de 50 e 60, trabalhando junto aos arquitetos, tinham
uma preocupação maior com a interação do mural com a
arquitetura, enquanto os da virada do século, ainda que não
abandonando esse enfoque, parecem estar concentrando-se
mais no fazer do mosaico e em sua expressão individual.
Nesta virada de século, também se constata que os
mosaicos não são, necessariamente, projetados com uma
intenção de que permaneçam presos aos locais onde estão
instalados. Muitos trabalhos estão sendo executados em
painéis que podem, eventualmente, ser removidos, como o
caso dos painéis da Tomie Ohtake, no metrô, e de Herton
Roitman, na Porto Seguro, além de trabalhos mais antigos
que são cuidadosamente removidos de superfícies que,
supunha-se, seriam definitivas, como o caso do mosaico de
Portinari retirado do Hotel Comodoro.
Os artistas dos anos 50 e 60 exploravam mais temas
relacionados com a função dos edifícios do que os artistas da
atualidade, predominando temas figurativos e didáticos. Os
Considerações finais
169
arquitetos modernos acreditavam que a funcionalidade era
algo de extrema importância, isso indica que muitos murais
modernos, como os de Di Cavalcanti, tinham a função de
comunicar o que acontecia no edifício.
Foi observado que nos mosaicos dos anos 80, 90 e
século XXI a mistura de pastilhas com diferentes cores é mais
explorada, conferindo a esses mosaicos um efeito mais
vibrante do que dos mosaicos de 50 e 60. Também pode ser
observado que a disposição das pastilhas dos mosaicos
recentes está mais solta do que as dos mosaicos anteriores.
Aparenta que a intenção, ao montar um mosaico, nas
décadas de 50 e 60, era mais de preencher as cores
reproduzindo o desenho do artista do que explorar as
possibilidades que a técnica oferecia para expressar como
mosaico e não apenas como reprodução de figura.
Ao longo do levantamento, ficou cada vez mais
evidente a importância da iluminação no ambiente onde está
instalado o mosaico em pastilha de vidro. Por se tratar de um
material bastante brilhante, quando a iluminação não é difusa,
alguns pontos do mosaico refletem os pontos de luz,
Considerações finais
170
impedindo que o mosaico seja visto por inteiro. Os ambientes
externos e internos com iluminação natural, em geral, são os
mais favoráveis.
Reunindo tudo o que está apresentado nesta
dissertação, percebe-se que o mosaico é extremamente
flexível, permitindo as mais diversas aplicações, pelas mais
diferentes pessoas, nos mais diferentes lugares, nas mais
diferentes épocas.
Depois de mergulhar no tema ao longo deste trabalho,
a sensação é de que se vê mosaicos em tudo, ou que tudo é
mosaico. E a pergunta que fica é: Será que o espaço
quadridimensional de Minkowski é, na verdade, um
imensurável mosaico de mosaicos?
171
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Cintra. Documenta Video Brasil. São Paulo, 2003.
180
Lista de figuras
Figura 1 - Desenho de M. C. Escher com pássaros, onde
é possível observar o padrão geométrico. (Fonte:
www.mcescher.com) ........................................................9
Figura 2 – Mosaico de pastilha cerâmica de Paulo
Werneck na Igreja da Pampulha. (Foto de José Carlos
Rodrigues)......................................................................16
Figura 3 - Quarto por varrer, de Sosos de Pérgamo, II a.C...17
Figura 4 - Mosaico aplicado no Parque Güell, de Antoni
Gaudí. (Fonte: ZERBST, Rainer. Gaudí 1852 - 1926:
Antoni Gaudí Cornet - Uma vida na arquitectura.
Japão: Taschen, 1985.)..................................................20
Figura 5 - Mosaico de janelas no edifício residencial
Hundertwasser House, Viena, 1983-1986. (Fonte:
www.kunsthauswien.com/english/hundertwasser.htm) ..21
Figura 6 - Mosaico de telhas na Igreja de Santa Bárbara
em Bärnbach, 1984-1988. (Fonte:
www.kunsthauswien.com/english/hundertwasser.htm) ..21
Figura 7 - Mosaico decorativo em piscina com o tema
golfinhos. (Fonte: arquivo da Mosaico Objeto de Arte,
fotos de Sérgio Secches) ...............................................22
Figura 8 - Mesa com tampo em mosaico. (Fonte: arquivo
da Mosaico Objeto de Arte, foto de Sérgio Secches).....23
Figura 9 – Patchwork, mosaico feito com pedaços de
tecido. (Fonte: www.wikipedia.org/)................................25
Figura 10 - Mosaico de miçangas feito por índios dos EUA.
(Foto da autora)..............................................................25
Figura 11 - Mosaico padrão das lojas O Boticário. (Foto da
autora) ............................................................................27
181
Figura 12 - Detalhe do site do O Boticário. (Fonte:
www.boticario.com.br) ....................................................27
Figura 13 - Personagens Tamagotchi ao lado de suas
versões com pixels aparentes. (Fonte:
www.tamagotchi.com) ....................................................30
Figura 14 - Animal de estimação virtual Tamagotchi em
seu dispositivo. (Fonte: www.tamagotchi.com)...............30
Figura 15 - Mosaico de luzes no edifício sede das Nações
Unidas. (Foto de Evan Schneider, fonte: www.un.org)..31
Figura 16 - Vista da cidade de Nova Iorque com o mosaico
das Nações Unidas. (Foto de Eskinder Debebe, fonte:
www.un.org) ...................................................................31
Figura 17 - Mosaico humano de John Quigley em Miami
Beach. (Foto de Peter Andrew Bosch, fonte:
http://www.scvhistory.com/scvhistory/signal/newsmake
r/sg020104.htm) .............................................................32
Figura 18 - Detalhe de mosaico humano. (Foto de Peter
Andrew Bosch, fonte:
http://www.scvhistory.com/scvhistory/signal/newsmake
r/sg020104.htm) .............................................................32
Figura 19 - Mosaico do Edifício Verona. (Foto da autora) .....37
Figura 20 - Detalhe do mosaico do Edifício Santa Rosa de
Lima. (Foto da autora) ....................................................38
Figura 21 - Mosaico de pastilha cerâmica do Edifício Santa
Rosa de Lima, de Heinz Kuhn. (Foto da autora) ............38
Figura 22 - Painel em mosaico de pastilha de vidro de
Sérgio Secches. (Foto da autora)...................................40
Figura 23 - Peça em mosaico de lâminas de vidro fundidas
de Gustavo Benini. (Foto da autora)...............................41
Figura 24 - Projeto do mosaico Bromélias. (Fonte: arquivo
pessoal)..........................................................................42
182
Figura 25 - Fondling, A.S.T. 180x60cm, 2005. (Foto da
autora) ............................................................................45
Figura 26 - Laços, A.S.T. 100x80cm, 2006. (Foto da
autora) ............................................................................46
Figura 27 - Pastilhas utilizadas na composição do mosaico
Laços. (Foto da autora) ..................................................47
Figura 28 - Imagem simulando um mosaico através de
recurso de edição de imagem em computador. (Fonte:
arquivo pessoal) .............................................................48
Figura 29 - Torquês para corte de pastilhas de vidro. (Foto
da autora) .......................................................................48
Figura 30 - Seqüência de colocação das pastilhas em uma
parte do mosaico Laços. (Fotos da autora) ....................49
Figura 31 - Colagem do papel sobre o mosaico. (Foto de
Rute Bevilaqua)..............................................................51
Figura 32 - Colocação do mosaico sobre sua superfície
definitiva. (Foto de Rute Bevilaqua)................................51
Figura 33 - Superfície do mosaico sendo molhada para
soltar a cola. (Foto de Rute Bevilaqua) ..........................52
Figura 34 - Retirada do papel. (Foto de Rute Bevilaqua) ......52
Figura 35 - Painel em mosaico Laços finalizado. (Foto da
autora) ............................................................................53
Figura 36 - Capela antes da implantação do mosaico.
(Foto da autora)..............................................................54
Figura 37 - Projeto do mosaico da capela. (imagem cedida
pelo artista).....................................................................54
Figura 38 - Fotomontagem prevendo a aplicação do
mosaico na capela. (Imagem cedida pelo artista) ..........55
Figura 39 - Mosaicistas trabalhando na colocação das
pastilhas. (Fotos da autora)............................................57
Figura 40 - Claudio Tozzi (na escada) e Sérgio Secches
visualizando o mosaico. (Foto da autora).......................58
183
Figura 41 – Colagem das pastilhas no papel. (Foto de
Sérgio Secches) .............................................................58
Figura 42 - Colocação. (Foto da autora)................................59
Figura 43 - Retirada do papel. (Foto da autora) ....................59
Figura 44 - Capela com o mosaico finalizado. (Foto de
Claudio Tozzi).................................................................60
Figura 45 - Mosaico de Sérgio Secches, vencedor do
concurso promovido pelos Correios. (Foto de Sérgio
Secches) ........................................................................63
Figura 46 - Mosaico de Sérgio Secches, vencedor do
concurso promovido pelos Correios. (Foto de Sérgio
Secches) ........................................................................63
Figura 47 - Painel em mosaico com pastilhas azuis e
vermelhas de Sérgio Secches. (Foto da autora) ............70
Figura 48 - Painel baseado no Retrato de Marie-Thérèse,
de Picasso, executado em pastilha de vidro por Sérgio
Secches. (Foto da autora) ..............................................73
Figura 49 - Teatro Cultura Artística. (Ilustração da autora)....82
Figura 50 - Teatro Cultura Artística. (Foto da Autora)............83
Figura 51 - Alegoria às Artes. (Reprodução a partir de foto
antiga) ............................................................................84
Figura 52 - Residência Michel Abujamra. (Ilustração da
autora) ............................................................................85
Figura 53 - Residência Michel Abujamra. (Foto da autora) ...86
Figura 54 - Mosaico Cavalos de Clóvis Graciano. (Fotos da
autora) ............................................................................87
Figura 55 - Hotel Jaraguá. (Ilustração da autora) ..................88
Figura 56 - Hotel Jaraguá. (Foto da autora) ..........................89
Figura 57 - Detalhe do mosaico de Di Cavalcanti no Hotel
Jaraguá. (Foto da autora)...............................................90
Figura 58 - Mosaico de Di Cavalcanti no Hotel Jaraguá.
(Foto da autora)..............................................................91
184
Figura 59 - Residência Olívio Gomes. (Ilustração da
autora) ............................................................................92
Figura 60 - Residência Olívio Gomes e jardim. (Foto de
Michael Moran. Fonte: ADAMS, William Howard.
Roberto Burle Marx: The unnatural art of the garden.
New York: The Museum of Modern Art, 1991.) ..............93
Figura 61 - Mosaico voltado ao jardim da Residência Olívio
Gomes. (Foto da autora) ................................................94
Figura 62 - Mosaico voltado à sala de jogos da Residência
Olívio Gomes. (Foto da autora) ......................................94
Figura 63 - Mosaico de Roberto Burle Marx na sala de
jogos da Residência Olívio Gomes. (Foto da autora).....95
Figura 64 - Mosaico de Roberto Burle Marx na parede
externa da Residência Olívio Gomes. (Foto da autora)..95
Figura 65 - Ambiente com mosaico de Portinari no Centro
Empresarial Itaúsa. (Ilustração da autora)......................96
Figura 66 - Mosaico de Portinari no ambiente amplo onde
está instalado atualmente. (Foto da autora) ...................97
Figura 67 - Mosaico em seu espaço original. (Fonte:
www.hotelcomodoro.com.br/convsala.htm)....................97
Figura 68 – Mosaico de Portinari visto a partir de um piso
superior. (Foto da autora)...............................................98
Figura 69 - Mosaico Os Bandeirantes de Cândido Portinari.
(Foto da autora)..............................................................99
Figura 70 - Vista a partir de um dos acessos do Edifício
Montreal. (Ilustração da autora)....................................100
Figura 71 - Edifício Montreal. (Foto da autora) ....................101
Figura 72 - Escada de acesso ao Edifício Montreal pela
Av. Ipiranga. (Foto da autora).......................................102
Figura 73 - Área interna do Edifício Montreal. (Foto da
autora) ..........................................................................102
185
Figura 74 - Mosaico acima da escada da Av. Ipiranga.
(Foto de Peter Caplan) .................................................103
Figura 75 - Mosaico acima da escada da Av. Cásper
Líbero. (Foto de Peter Caplan).....................................103
Figura 76 - Mosaico na parede interna do Edifício
Montreal. (Foto da autora)............................................103
Figura 77 - Galeria do Edifício Califórnia. (Ilustração da
autora) ..........................................................................104
Figura 78 - Edifício Califórnia. (Foto da autora)...................105
Figura 79 - Mosaico de Portinari no Edifício Califórnia.
(Foto da autora)............................................................106
Figura 80 – Acesso do Edifício Triângulo. (Ilustração da
autora) ..........................................................................107
Figura 81 - Mosaico posicionado acima da escada. (Foto
da autora) .....................................................................108
Figura 82 - Esquema com Edifício Triângulo em vermelho
e as ruas que o cercam em azul...................................109
Figura 83 - Edifício Triângulo. (Foto da autora) ...................110
Figura 84 - Acesso do Edifício Triângulo. (Foto da autora) .110
Figura 85 - Mosaico de Di Cavalcanti na parte interna do
Edifício Triângulo. (Foto da autora) ..............................111
Figura 86 - Mosaico de Di Cavalcanti na parte externa do
Edifício Triângulo. (Foto da autora) ..............................111
Figura 87 - Residência na Rua Filadelfo Azevedo.
(Ilustração da autora) ...................................................112
Figura 88 - Detalhe mostrando os bailarinos. (Foto da
autora) ..........................................................................113
Figura 89 – Anúncio da fábrica de pastilhas de vidro
Vidrotil mostrando mosaico de Buffoni. (Fonte: Revista
Casa e Jardim nº 46, set./out. 1958) ............................113
Figura 90 - Mosaico de Bramante Buffoni na Rua Filadelfo
Azevedo. (foto da autora) .............................................114
186
Figura 91 - Acesso norte da Estação Sé do metrô.
(Ilustração da autora) ...................................................115
Figura 92 - Detalhe de Clocha de Retalhos. (Foto da
autora) ..........................................................................116
Figura 93 - Estação Sé. (Foto da autora) ............................117
Figura 94 - Estação Sé. (Foto da autora) ............................117
Figura 95 - Colcha de Retalhos. (Foto da autora) ...............118
Figura 96 - Mosaico de Claudio Tozzi no SESC
Consolação. (Ilustração da autora)...............................119
Figura 97 - Mosaico de Claudio Tozzi no SESC
Consolação. (Foto da autora).......................................120
Figura 98 – Projeto cromático do painel do SESC
Consolação. (Fonte: TOZZI, Cláudio José. O processo
de construção da imagem e sua aplicação, relação
com o espaço urbano: arte no lugar da arquitetura no
fazer de um artista plástico/ arquiteto. São Paulo: tese
de doutoramento. Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2001.).......121
Figura 99 - Plataforma de embarque da Estação
Consolação do metrô. (Ilustração da autora) ...............122
Figura 100 – Seqüência mostrando painel de Tomie
Ohtake visto de dentro do trem e logo após
desembarcar. (Fotos da autora) ...................................123
Figura 101 - Plataforma de embarque. (Fotos da autora)....124
Figura 102 - Vista dos quatro painéis acompanhando toda
a extensão da plataforma de embarque. (Foto da
autora) ..........................................................................124
Figura 103 - Projeto dos quatro painéis de Quatro
Estações. (Fonte: ARTE NO METRÔ. São Paulo:
Companhia do Metropolitano de São Paulo, 1994.).....125
Figura 104 - Estação Santo André da Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos. (Ilustração da autora)...........126
187
Figura 105 - Detalhe do mosaico de Flemming. (Foto da
autora) ..........................................................................127
Figura 106 - Fachada de vidro da Estação Santo André,
através da qual é possível ver o mosaico. (Foto da
autora) ..........................................................................127
Figura 107 - Mosaicos de Alex Flemming da Estação
Santo André. (Fotos da autora) ....................................128
Figura 108 – Ilustração do ambiente com o mosaico
Pastelão na Cultura Inglesa. (Ilustração da autora)......129
Figura 109 - Mosaico Pastelão visto a partir do corredor.
(Foto da autora)............................................................130
Figura 110 - Mosaico ocupando todo o plano da parede
que é continuada apenas por vidro. (Foto da autora)...131
Figura 111 - Detalhe do mosaico Pastelão, onde é possível
observar as pastilhas azuis nas linhas e no fundo.
(Foto da autora)............................................................132
Figura 112 - Pastelão. Acrílico sobre tela colada em
madeira recortada, 107x145cm, 1985. (Fonte:
KLINTOWITZ, Jacob. Claudio Tozzi: o universo
construindo a imagem. Brasil: Valoart, 1989)...............132
Figura 113 - Mosaico Pastelão. (Foto da autora) ................133
Figura 114 - Mosaicos de Herton Roitman na Seguradora
Porto Seguro. (Ilustração da autora) ............................134
Figura 115 - Vista geral dos mosaicos na Porto Seguro.
(Foto da autora)............................................................135
Figura 116 - Detalhe do primeiro painel, da esquerda para
a direita. (Foto da autora) .............................................135
Figura 117 - Escultura vista pelo lado direito. (Foto da
autora) ..........................................................................136
Figura 118 - Escultura vista de frente. (Foto da autora) ......136
Figura 119 - Escultura vista pelo lado esquerdo e os três
painéis. (Foto da autora) ..............................................136
188
Figura 120 - Escultura. (Foto da autora)..............................137
Figura 121 - Segundo painel, da esquerda para a direita
(Foto da autora.)...........................................................137
Figura 122 - Primeiro painel. (Foto da autora).....................137
Figura 123 - Terceiro painel. (Foto da autora) .....................137
Figura 124 – Anfiteatro do Centro Cultural Dragão do Mar.
(Ilustração da autora) ...................................................138
Figura 125 - Detalhe do mosaico. (Foto de Rosa Cecília
Teixeira) .......................................................................139
Figura 126 - Detalhe do mosaico, (Foto da autora) .............140
Figura 127 – Detalhe do mosaico junto à rampa. (Foto de
Rosa Cecília Teixeira) ..................................................140
Figura 128 - Mosaico de Aldemir Martins do Centro
Cultural Dragão do Mar. (Foto de Rosa Cecília
Teixeira) .......................................................................141
Figura 129 - Área de circulação do Novotel. (Ilustração da
autora) ..........................................................................142
Figura 130 - Detalhe do mosaico retratando bandeirantes
do Novotel. (Foto da autora).........................................143
Figura 131 - Piscina do Novotel. (Foto da autora) ...............144
Figura 132 - Detalhe do mosaico junto à piscina do
Novotel. (Foto da autora)..............................................144
Figura 133 - Os três painéis de Claudio Tozzi com tema de
bandeirantes no Novotel. (Fotos de Peter Caplan).......145
Figura 134 - Mosaico de Claudio Tozzi junto à piscina do
Novotel. (Foto da autora)..............................................146
Figura 135 - Terminal de ônibus da Estação Santo Amaro.
(Ilustração da autora) ...................................................147
Figura 136 - Terminal de ônibus da Estação Santo Amaro.
(Foto da autora)............................................................148
189
Figura 137 - Detalhe do mosaico onde é possível visualizar
os elementos superfície, linha e volume. (Foto da
autora) ..........................................................................149
Figura 138 - Mosaico de Odiléa Toscano no terminal de
ônibus de Santo Amaro. (Foto da autora) ....................150
Figura 139 - Ilustração da passagem subterrânea no
Centro Empresarial Itaúsa. (Ilustração da autora)........151
Figura 140 - Mosaico de Vik Muniz visto da extremidade
superior da rampa. (Foto da autora).............................152
Figura 141 - Mosaico visto da extremidade inferior da
rampa. (Foto da autora)................................................153
Figura 142 - Detalhe do mosaico. Visto de perto não se
pode identificar o desenho. (Foto da autora)................154
Figura 143 - Detalhe do mosaico. A uma distância um
pouco maior é possível identificar um rosto. (Foto da
autora) ..........................................................................154
Figura 144 - Obra de Vik Muniz em chocolate que deu
origem ao mosaico. (Fonte:
www.arcoweb.com.br/empresas/vidrotil/boletim6.asp,
foto de divulgação) .......................................................155
Figura 145 - Edifício Exclusive na Avenida Angélica.
(ilustração da autora)....................................................156
Figura 146 - Mosaico de Claudio Tozzi no Edifício
Exclusive. (Foto da autora)...........................................157
Figura 147 - Avenida Angélica. (Foto da autora) .................158
Figura 148 - Avenida Angélica. (Foto da autora) .................158
Figura 149 - Perspectiva ilustrando projeto do mural do Ed.
Exclusive. .....................................................................159
Figura 150 - Entrada do auditório do Fórum Trabalhista.
(Ilustração da autora) ...................................................160
Figura 151 - Interior do Fórum Trabalhista. (Foto de
Cristiano Mascaro, arquivo de Claudio Tozzi) ..............161
190
Figura 152 - Composição de mosaico vista por entre as
rampas. (Foto da autora)..............................................162
Figura 153 - Projeto dos painéis do Fórum Trabalhista.
(Fonte: arquivo do Claudio Tozzi).................................162
Figura 154 - Mosaicos de Claudio Tozzi no Fórum
Trabalhista. (Fotos da autora) ......................................163
Figura 155 - Detalhe de painel de Herton Roitman na
Seguradora Porto Seguro. (Foto da autora) .................191
191
Figura
155
Detalhe de
p
ainel de Herton Roitman na
S
eguradora Porto Seguro. (Foto da
autora)
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