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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
A INFLUÊNCIA DA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL DE ALTA
EFICÁCIA NA EVOLUÇÃO DA TUBERCULOSE (TB) EM
DUAS UNIDADES DE SAÚDE DE REFERÊNCIA PARA TB E
AIDS NO RIO DE JANEIRO
Ana Paula Gomes dos Santos
Rio de Janeiro
2008
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Ana Paula Gomes dos Santos
A INFLUÊNCIA DA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL DE ALTA
EFICÁCIA NA EVOLUÇÃO DA TUBERCULOSE (TB) EM
DUAS UNIDADES DE SAÚDE DE REFERÊNCIA PARA TB E
AIDS NO RIO DE JANEIRO
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Clínica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Clínica Médica (Pneumologia)
Orientadores: Profª. Fernanda Carvalho de Queiroz Mello
Profª. Sônia Regina Lambert Passos
Rio de Janeiro
2008
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Santos, Ana Paula Gomes dos
A influência da terapia anti-retroviral de alta eficácia na evolução da
tuberculose (TB) em duas unidades de saúde de referência para TB e AIDS
no Rio de Janeiro / Ana Paula Gomes dos Santos – Rio de Janeiro: UFRJ /
Faculdade de Medicina, 2008.
124 f. : il. ; 31 cm
Orientadores: Fernanda Carvalho de Queiroz Mello e Sônia Regina
Lambert Passos
Dissertação (mestrado) -- UFRJ, Faculdade de Medicina, Programa
de Pós-graduação em Clínica Médica, 2008.
Referências bibliográficas: f. 95-104
1. Tuberculose - quimioterapia. 2. Tuberculose epidemiologia.
3. Síndrome de Imunodeficiência Adquirida
- quimioterapia.
4. Antituberculosos – uso terapêutico. 5. Terapia anti-retroviral de alta
atividade – efeitos adversos. 6. Resultado de tratamento. 7. Estudos de
coortes. 8. Brasil – epidemiologia. 9. Pneumologia - Tese. I. Mello, Fernanda
Carvalho de Queiroz. II. Passos, Sônia Regina Lambert. III. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-
graduação em Clínica Médica. IV. tulo.
Folha de aprovação
Ana Paula Gomes dos Santos
A INFLUÊNCIA DA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL DE ALTA
EFICÁCIA NA EVOLUÇÃO DA TUBERCULOSE (TB) EM
DUAS UNIDADES DE SAÚDE DE REFERÊNCIA PARA TB E
AIDS NO RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro, ______ de _________________ de 2008
_______________________________________________________
Afrânio Lineu Kritski, PhD, Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________________________
Guilherme Werneck, PhD, Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________________________
Valéria Cavalcante Rolla, PhD, Fundação Oswaldo Cruz
Aos meus pais. Eles sim são os verdadeiros
mestres. Mestres da vida!
Agradecimentos
A Deus, em primeiro lugar sempre. A Ele, todas as honras e glórias por esta e
todas as outras vitórias da minha vida: as que já passaram e as que estão por vir.
Aos meus pais, primeiros e eternos mestres, que durante minha infância foram
na frente, abrindo o caminho; na juventude caminharam ao lado “soprando”
conselhos e orientações no meu ouvido; e agora, adulta, vão atrás de mim, seja
para empurrar se eu fraquejar, seja para segurar se eu cair.
Aos meus familiares, em especial minha irmã, meu cunhado e meus amados
sobrinhos, de quem muitas vezes tive que abdicar de suas companhias para me
dedicar à construção deste trabalho.
Às minhas orientadoras, Profª. Fernanda Carvalho Queiroz Mello e Profª.
Sônia Regina Lambert Passos, sempre presentes, me passando segurança e
fazendo com que eu enxergasse meu potencial.
Aos amigos que conquistei no decorrer da vida e que me deram força para
seguir em frente quando pensei em parar.
Ao Prof. Afrânio Lineu Kritski, exemplo de pesquisador e profissionalismo,
pelo empenho na conquista de subsídios para a produção de conhecimento
científico.
Aos membros da banca de qualificação do projeto: Prof. Gilvan R. Muzy de
Souza, Profª. Valéria Cavalcante Rolla e Prof. Guilherme Werneck, cujas
sugestões foram de grande importância para este estudo.
Não poderia deixar de agradecer à algumas pessoas que foram essenciais para
que este projeto fosse concluído: Zoelete Brito Nunes, Lígia Mayumi Kiktada e
Alexandre Staviack – passamos horas e horas revisando prontuários durante
meses de calor insuportável na sala do Arquivo Médico do HUCFF; João Cláudio
Arnaldo Alves – responsável pela construção do banco de dados e pelo meu
primeiro contato com o SPSS®; Patrícia Brolo – que tão gentilmente organizou os
prontuários do programa de TB-HIV da Fiocruz; Profª. Regina Barbosa Moreira,
Prof. Luiz Antônio Alves de Lima e Drª. Maria de Fátima Melo – que autorizaram
o acesso aos dados do laboratório; Jonathan Golub e coordenadores do projeto
International Clinical Operational Health Research Training Award
(ICOHRTA) – importantes incentivadores da busca por conhecimento.
Após esses três anos, olho para trás e reconheço que apesar das fases de
desespero, este momento vitorioso final vale como recompensa. Eu não teria
conseguido sem vocês. Muito obrigada!
Sumário:
Resumo 8
Abstract 9
Lista de abreviaturas 10
Lista de figuras 12
Lista de quadros 13
Lista de tabelas 14
1.Introdução 16
2. Revisão da literatura 19
2.1. Epidemiologia 19
2.2. Interações imunopatogênicas TB-HIV 21
2.3. Apresentação clínica da tuberculose em pacientes HIV
soropositivos 24
2.4. Tratamento 26
2.4.1. Tratamento da tuberculose 26
2.4.2. Tratamento da AIDS 28
2.4.3. Tratamento da tuberculose ativa em pacientes infectados
pelo HIV 30
3. Justificativa 46
4. Objetivos 47
4.1. Objetivos gerais 47
4.2. Objetivos específicos 47
5. Sujeitos e métodos 49
5.1. Delineamento do estudo 49
5.2. Locais do estudo 49
5.3. População de referência 50
5.4. População do estudo 50
5.5. Critérios de elegibilidade 50
5.5.1. Critérios de inclusão 50
5.5.2. Critérios de exclusão 51
5.6. Coleta de dados 51
5.7. Definições operacionais das variáveis de interesse 52
5.8. Análise estatística 56
5.9. Aspectos éticos 58
5.10. Financiamento 59
6. Resultados 60
6.1. Forma clínica de apresentação da TB de acordo com a terapia
ARV 66
6.2. Eventos adversos de acordo com a terapia anti-retroviral 69
6.3. Desfechos do tratamento da TB de acordo com a terapia ARV 76
6.4. Análise de sobrevida dos tempos até evento adverso e óbito 78
7. Discussão 87
7.1. Forma clínica de apresentação da tuberculose 89
7.2. Eventos adversos 90
7.3. Desfecho da tuberculose 93
7.4. Tempo até eventos adversos e óbito 93
8. Conclusões 96
Referências bibliográficas 97
Anexo 1 - Instrumento de coleta de dados 107
Anexo 2 - Documento de aprovação do estudo pelo Comitê de Ética
em Pesquisa 122
Anexo 3 – Publicações em Congressos 123
Resumo
A tuberculose (TB) é um problema da saúde pública em todo o mundo e a
pandemia da infecção pelo HIV/AIDS foi a grande responsável pelo aumento da
morbidade e mortalidade em pacientes com TB e HIV soropositivos. Com o
advento dos anti-retrovirais de alta eficácia (HAART), estes indicadores
epidemiológicos apresentaram uma melhora significativa, entretanto existem
problemas relacionados à co-administração dos medicamentos anti-TB e do
esquema HAART conseqüentes à ocorrência de interações medicamentosas e
possíveis eventos adversos.
Objetivos: Descrever a freqüência das formas clínicas, dos eventos adversos, da
cura da tuberculose ativa e descrever o tempo em dias até o óbito no seguimento
de um ano após o diagnóstico de TB entre os pacientes infectados pelo HIV
segundo o tipo de tratamento anti-retroviral oferecido, no período de 1995 a 2003.
Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo realizado em dois hospitais de
referência no Rio de Janeiro, Brasil, no qual foram analisados os prontuários de
pacientes com tuberculose ativa e AIDS entre 01/01/95 e 31/12/03 e tratados para
TB com esquemas I, II ou IR.
Resultados: O uso do esquema HAART mostrou-se como protetor para forma
disseminada da TB (OR 0,40; IC 95% 0,20 – 0,83). Os eventos adversos foram
mais freqüentes naqueles que usaram HAART (OR 2,92; IC 95% 1,78 – 4,78),
entretanto quando o medicamento usado para compor o HAART foi o efavirenz,
não foi demonstrada associação significativa quando comparado ao grupo sem
uso de anti-retroviral (OR 1,62; IC 95% 0,89 – 2,97). Além disso, o HAART
composto por ritonavir e saquinavir apresentou maior risco para desenvolvimento
de eventos adversos (HR 10,80; p < 0,0001), bem como menor tempo até a
ocorrência dos eventos (mediana de 59 dias). O uso do esquema HAART também
esteve associado com a cura da TB (OR 4,69; IC 95% 2,50 – 8,78). A análise de
sobrevida revelou que os pacientes em uso de HAART morreram menos ao final
de um ano, independente do medicamento utilizado para compor o esquema (HR
0,15; IC 95% 0,07 – 0,32).
Conclusão: O estudo revelou os benefícios do esquema HAART nas formas de
apresentação bem como nos desfechos do tratamento da TB com maior freqüência
de cura e maior tempo até evolução para o óbito. Apesar da associação do
esquema HAART com a ocorrência de eventos adversos, o efavirenz revelou-se
como o medicamento mais seguro para compor a terapia com HAART ao ser
associado ao tratamento anti-TB com esquema contendo rifampicina nos
pacientes com TB ativa e infectados pelo HIV.
Abstract
Tuberculosis (TB) is a major public health problem worldwide and the pandemy
of HIV/AIDS turned the morbidity and mortality higher. With the advent of the
highly active antiretroviral therapy (HAART) these epidemiological indicators
improved but there are problems related to the co-administration of anti-TB
drugs and HAART due to drug interactions and consequently adverse events.
Outcomes: Describe the frequencies of clinical presentation, occurrence of
adverse events, cure of active tuberculosis and time in days until death in a
follow-up of one year after TB diagnosis between patients infected by HIV
according the antiretroviral therapy used between 1995 and 2003.
Methodology: Retrospective cohort study conducted in two reference in Rio de
Janeiro, Brazil, where the medical records of patients with active tuberculosis
and AIDS treated between 01/01/95 and 12/31/03 for TB with schemes I, II or IR
were reviewed.
Results: HAART use was identified as a protective factor for disseminated TB
(OR 0.40; CI 95% 0.20 – 0.83). The occurrence of adverse events was more
frequent on those who used HAART (OR 2.92; CI 95% 1.78 - 4.78), but when the
drug used to compose HAART was efavirenz, there was not statistically
significant association when compared to those not on antiretroviral therapy (OR
1.62; CI 95% 0.89 – 2.97). Besides that, HAART composed by ritonavir and
saquinavir presented a higher risk for adverse events and less time in days for
occurrence of these events (median of 59 days). HAART was associated with cure
of TB (OR 4.69; CI 95% 2.50 - 8.78). Survival analysis showed that patients on
HAART died less by the end of a year, independently of the drug used to compose
HAART (HR 0.15; CI 95% 0.07 – 0.32).
Conclusion: This study showed the benefits of HAART on the clinic presentation
and on TB treatment outcomes as well, with more cure and more time until death.
Although the association of HAART with adverse events, efavirenz showed to be
the safest drug to compose HAART when used concomitant with anti-TB therapy
based on rifampin in patients with active TB and infected by HIV.
Lista de abreviaturas:
3TC: Lamivudina
AIDS: Acquired Immunodeficiency Syndrome ou Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida
AM: Amicacina
ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AP 3.1: Área programática 3.1
ARV: Anti-retroviral
ART: Terapia anti-retroviral
ATS: American Thoracic Society ou Sociedade Americana de Doenças do Tórax
AUC: Area under curve ou área sob a curva
AZT: Zidovudina
CDC: Centers of Disease Control and Prevention ou Centro de Controle e
Prevenção de Doenças
CEP: Comitê de Ética em Pesquisa
CLZ: Clofazimina
CRT: Centro de Referência em Tuberculose
CYP 3A4: Citocromo P450 isoenzima 3A4
d4T: Estavudina
ddC: Zalcitabina
ddI: Didanosina
DOT: Directly Observed Therapy ou tratamento diretamente observado
E: Etambutol
EA: Eventos adversos
E-I: Esquema I
E-II: Esquema II
E-III: Esquema III
E-IR: Esquema I-reforçado
ELISA: Enzime Linked Immnoassay ou teste da imunoadsorção ligado à enzima
Et: Etionamida
Fiocruz: Fundação Oswaldo Cruz
H: Isoniazida
HAART: Highly Active Antiretroviral Therapy ou tratamento anti-retroviral
altamente eficaz
HIV: Human Immunodeficiency Virus ou vírus da imunodeficiência humana
HR: Hazard ratio
HUCFF: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
IC: Intervalo de confiança
ICOHRTA: International Clinical Operational Health Research Training Award
IDT: Instituto de Doenças do Tórax
Ig: Imunoglobulina
IIQ: Intervalo interquartil
Il: Interleucina
IP: Inibidores de protease
IPEC: Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas
ITRN: Inibidores da transcriptase reversa análogos do nucleosídeo
ITRNN: Inibidores da transcriptase reversa não análogos do nucleosídeo
LBA: Lavado broncoalveolar
MCP1: Proteína quimiotática monocítica 1
Mtb: Mycobacterium tuberculosis
NK: Natural killer
OFX: Ofloxacina
OMS: Organização Mundial de Saúde
OR: Odds ratio ou razão das chances
PCTH: Programa de Controle de Tuberculose Hospitalar
R: Rifampicina
RR: Risco relativo
S: Estreptomicina
SBPT: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
SES/RJ: Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro
Sinan: Sistema de Informação de Agravos de Notificação
TB: Tuberculose
TBMR: Tuberculose multi-droga resistente
Th1 e Th2: linfócitos T- helper 1 e T-helper 2
TNF-α: Fator de necrose tumoral-α
TRZ: Terizidona
UNAIDS: Joint United Nations Programme on HIV/AIDS ou Programa das
Nações Unidas contra HIV/AIDS
UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Z: Pirazinamida
Lista de figuras
Figura 1 - Fluxograma dos participantes do estudo 61
Figura 2 - Distribuição por ano dos 549 casos de TB tratados no
HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz, de acordo com a terapia anti-
retroviral utilizada, no período de 01/01/1995 a 31/12/2003 64
Figura 3 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão
de Cox para a ocorrência de eventos adversos durante o tratamento
para TB com esquema RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa
e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/ Fiocruz entre
01/01/1995 e 31/12/2003 80
Figura 4 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão
de Cox do tempo até a ocorrência de evento adverso durante o
tratamento para TB com esquema RHZ/RHZE, segundo o esquema
anti-retroviral em pacientes com TB ativa e AIDS tratados no
HUCFF-IDT/UFRJ e no IPEC/ Fiocruz entre 01/01/1995 e
31/12/2003 82
Figura 5 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão
de Cox para o tempo em dias até o óbito após início do tratamento
para TB com esquema RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS,
segundo o tratamento anti-retroviral recebido no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003 84
Figura 6 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão
de Cox para o tempo em dias para o óbito após início do tratamento
para TB com esquema RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS
tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e
31/12/2003, de acordo com o esquema anti-retroviral estratificado 86
Lista de quadros
Quadro 1 - Recomendações terapêuticas para pacientes HIV 41
soropositivos com tuberculose
Lista de tabelas
Tabela 1 - Distribuição dos casos de TB ativa em pacientes infectados
por HIV de acordo com o ano e núcleo de tratamento para tuberculose 62
Tabela 2 - Dados sócio-demográficos e clínicos de pacientes com
TB ativa e AIDS acompanhados no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz, entre 01/01/1995 e 31/12/2003 63
Tabela 3 - Freqüência dos tratamentos para tuberculose e AIDS nos
pacientes com TB ativa infectados pelo HIV tratados no
HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz no período de 01/01/1995 a
31/12/2003 64
Tabela 4 - Análise multivariada das características associadas com
as formas de apresentação clínica de TB em pacientes com TB
ativa e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz, no
período de 01/01/1995 a 31/12/2003 pelo modelo de regressão
logística multinomial 68
Tabela 5 - Análise bivariada dos fatores associados com a ocorrência
de eventos adversos durante o tratamento para TB com RHZ/RHZE
no período de 01/01/1995 à 31/12/2003 no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz 70
Tabela 6 - Análise multivariada por regressão logística dos fatores
associados à ocorrência de eventos adversos durante o tratamento
para TB com esquemas RHZ/RHZE, em pacientes com TB ativa e AIDS
tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz, no período de
01/01/1995 a 31/12/2003 71
Tabela 7 - Análise bivariada dos eventos adversos mais freqüentes
durante o tratamento para TB com os esquemas RHZ/RHZE segundo
o esquema ARV utilizado em pacientes com a TB ativa e AIDS
tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e
31/12/2003 73
Tabela 8 - Análise multivariada por regressão logística das
características associadas com a conduta descontinuidade
permanente para eventos adversos ocorridos durante o tratamento
para TB com os esquemas RHZ/RHZE nos pacientes com
TB ativa e AIDS acompanhados no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003 76
Tabela 9 - Distribuição dos desfechos dos episódios de tuberculose
de acordo com o tratamento anti-retroviral utilizado em paciente
com a TB ativa e AIDS tratados com esquema RHZ/RHZE
no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz no período de 01/01/1995
a 31/12/2003 77
Tabela 10 - Análise multivariada por regressão logística dos fatores
associados à cura de TB em pacientes tratados com esquemas
RHZ/RHZE no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz no período de
01/01/1995 a 31/12/2003 78
Tabela 11 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão
de Cox com hazard ratio dos esquemas anti-retrovirais associados
à ocorrência de eventos adversos durante o tratamento para
tuberculose com esquemas RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa
e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e
31/12/2003 79
Tabela 12 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão
de Cox com hazard ratio dos esquemas anti-retrovirais associados
à ocorrência de eventos adversos durante o tratamento para
tuberculose com esquemas RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa
e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e
31/12/2003 81
Tabela 13 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão
de Cox dos fatores associados ao óbito durante o tratamento para
tuberculose com esquemas RHZ/RHZE em pacientes com TB
ativa e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995
e 31/12/2003 83
Tabela 14 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão
de Cox dos fatores associados ao óbito durante o tratamento para
tuberculose com esquemas RHZ/RHZE em pacientes com TB
ativa e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995
e 31/12/2003 85
16
1. Introdução:
A tuberculose (TB) persiste como um grave problema de saúde pública em
todo mundo. Apesar da instituição de programas de controle de tuberculose
facilitar o acesso ao tratamento eficaz e gratuito, o número de casos continua
aumentando.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgada em 2007
sobre a incidência e mortalidade global em 2005 foi de 136/100.000 habitantes e
24/100.000 habitantes, respectivamente. No Brasil, dados do mesmo ano
revelaram uma incidência de 60/100.000 habitantes (OMS, 2007). No estado do
Rio de Janeiro o coeficiente de incidência registrado em 2005 foi de 99/100.000 e
o coeficiente de mortalidade de 6,13 (SES/RJ, 2007).
A principal causa para o aumento do número de casos de TB nas décadas 80-
90 do século passado foi a pandemia do HIV/AIDS (vírus da imunodeficiência
humana / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), o que resultou no aumento
da morbidade e mortalidade mundialmente (Aerts, 2004; Jones, 2000).
A infecção por HIV é considerada o fator de risco mais potente para a
progressão da primoinfecção ou infecção latente por TB para doença ativa
(Dlodlo, 2005; Kwara, 2005). Além disso, foi observado um grande impacto na
incidência de formas graves, na necessidade de hospitalização, e no aumento da
mortalidade por TB (Aerts, 2004).
17
Em pacientes infectados por HIV o risco cumulativo de desenvolvimento de
TB é de 50% durante toda a vida, comparado a 5% – 10% entre os não infectados
pelo HIV (Sharma, 2005).
No Brasil, estima-se que a prevalência de pacientes HIV positivos em casos
incidentes de TB seja de 14% (OMS, 2007).
A interação entre as infecções por TB e HIV é sinérgica e bidirecional. A
imunidade celular mediada por linfócitos T helper 1 (Th1) é a principal forma de
defesa contra Mycobacterium tuberculosis (Mtb). A infecção pelo HIV afeta
primariamente os componentes da imunidade celular, facilitando a reativação
endógena ou a disseminação do processo infeccioso, resultando em um maior
número de casos de TB extrapulmonar e disseminada (Sharma, 2005).
Por outro lado, a infecção por HIV é acelerada pelo efeito do Mtb, com
aumento progressivo da viremia do HIV e queda acentuada dos linfócitos T CD4.
Com isso, o risco de morte torna-se maior nestes pacientes. Também já foi
observado em alguns estudos que, nos pacientes com tuberculose ativa infectados
pelo HIV, os sítios de infecção por TB atuam como epicentros de replicação do
HIV (Nakata, 1997; Sharma, 2005; Toossi, 2001).
Com o advento do tratamento com anti-retrovirais de alta eficácia (HAART),
a mortalidade por infecções oportunistas relacionadas à AIDS teve uma queda
significativa, sendo o mesmo esperado também para os casos de TB. Entretanto, a
combinação dos tratamentos das duas infecções é complexa, pelas complicações
potenciais, tais como interação medicamentosa, eventos adversos, não adesão ao
tratamento, má absorção das drogas, entre outras. Existe, também, o risco de
18
desenvolvimento de reação paradoxal, definida como piora clínica e/ou
radiológica da TB na ausência de resistências às drogas, associação com outras
doenças oportunistas ou má adesão ao tratamento, associada com a restauração da
imunidade, particularmente freqüente e grave em pacientes soropositivos para o
HIV (ATS, 2003; Dheda, 2004).
Até o momento, são escassas as informações sobre tuberculose, sua forma de
apresentação, resultados e tolerabilidade ao tratamento concomitante em países
com elevada prevalência de tuberculose e AIDS, após a instituição do HAART na
terapêutica de pacientes portadores de HIV. Por ser o Brasil um país com alta
prevalência de ambas as infecções e com programas de distribuição gratuita
destes medicamentos de forma ampla e universal, justifica-se este estudo para
elucidação de questões práticas na condução clínica dos pacientes com TB e
infectados pelo HIV na rede de saúde do país.
19
2. Revisão da literatura
2.1. Epidemiologia:
Segundo a Organização Mundial de Saúde, foram notificados
aproximadamente 5 milhões de casos de TB mundialmente em 2005, sendo que
2,4 milhões eram bacilíferos (OMS, 2007).
O Brasil ocupa o décimo quinto lugar no ranking da OMS dos 22 países que
detém 80% dos casos de TB. Dados liberados em 2007 revelam uma incidência de
60/100.000 habitantes em 2005, sendo a incidência de casos bacilíferos de
26/100.000 habitantes e mortalidade de 7,5/100.000 habitantes neste mesmo ano
(OMS, 2007).
O estado do Rio de Janeiro é o que apresenta a mais alta taxa de incidência de
TB no Brasil, sendo notificados em média 17.000 casos por ano. Os últimos dados
epidemiológicos liberados são referentes a 2005, com uma incidência registrada
de 99/100.000 habitantes e um coeficiente de mortalidade de 6,13. No mesmo
período, o município do Rio de Janeiro teve uma incidência de 114/100.000
habitantes (SES/RJ, 2007).
Desde que o HIV foi identificado já foram registrados mais de 30 milhões de
indivíduos soropositivos, sendo que desses, 11 milhões estavam co-infectados
com M. tuberculosis, 68% na África sub-saariana, 22% no sudeste da Ásia, 4% na
América e no Caribe (Aaron, 2004). Em 2006 foram registradas no Brasil taxas de
incidência e mortalidade relacionadas ao HIV de 17,5/100.000 habitantes e
5,1/100.000 habitantes, respectivamente. (Ministério da Saúde, 2007).
20
Até o fim de 2006 haviam sido notificados 67.494 casos confirmados de AIDS
no estado do Rio de Janeiro. Neste ano, a taxa de incidência registrada no estado
foi de 30,1/100.000 habitantes e a de mortalidade de 9,1/100.000 habitantes
(Ministério da Saúde, 2007).
Em 2005, no Brasil, entre os pacientes com tuberculose, 43% foram testados
com sorologia anti-HIV e entre esses, 14% obtiveram resultado positivo (OMS,
2007). No estado do Rio de Janeiro, em 2003, a sorologia anti-HIV foi solicitada
em 65,6% dos casos de TB notificados, destes 11,2% apresentaram resultado
positivo (SES/RJ, 2005).
Um estudo realizado no município do Rio de Janeiro com pacientes com TB
ativa atendidos em unidades primárias de saúde revelou que, no ano de 1991, 4%
dos casos estavam infectados com HIV, passando a 10% em 1996. Em hospitais
gerais esta taxa atingia 25% - 35% (Kritski, 1998).
A progressão da tuberculose como doença oportunista e definidora de AIDS no
município do Rio de Janeiro pode ser observada no estudo de Soares e col (2006),
o qual revela que a partir de 2001 a TB tornou-se a segunda doença mais
frequentemente observada no momento da notificação de caso de AIDS, ficando à
frente da pneumocistose e da toxoplasmose. Nos países em desenvolvimento, a
tuberculose á a principal doença oportunista (Santoro-Lopes, 2002), o que pode
incrementar a cadeia de transmissão da doença nos casos pulmonares bacilíferos,
inclusive para pacientes não imunocomprometidos, como discutido no estudo de
Corbett e col (2003). No entanto, a infecção pelo HIV, isoladamente, não aumenta
21
o risco de transmissão da tuberculose para contatos, como descrito na metanálise
de Cruciani e col (2001).
De acordo com Santo e col (2006), entre 1999 e 2001, no estado do Rio de
Janeiro, nos óbitos em que a TB foi considerada causa associada, a principal
causa básica de morte foi a doença pelo vírus da imunodeficiência humana, com
percentagens de 55,3% em 1999, 62,5% em 2000 e 60,7% em 2001. Em
Campinas, no período entre 1993 e 2000, 55% dos óbitos em pacientes com TB
estavam relacionados com o HIV, entretanto, foi observada uma queda no número
de óbitos no período de 1997-2000, em decorrência da importante diminuição da
comorbidade tuberculose-AIDS, o que foi atribuído ao advento do HAART
(Oliveira, 2004). Além disso, atribui-se à política do Ministério da Saúde de
distribuição gratuita dos anti-retrovirais em larga escala, a qual atingiu 170.000
pessoas até setembro de 2005, a queda significativa no número de internações por
AIDS no país (Ministério da Saúde, 2005).
2.2. Interações imunopatogênicas TB-HIV:
A imunidade adquirida celular desempenha papel fundamental no controle da
TB, sendo o linfócito CD4 Th1 a célula efetora mais importante (Sharma, 2005).
Por outro lado, as principais células do hospedeiro infectadas pelo HIV são
aquelas que apresentam a molécula CD4 em sua superfície, pois ela atua como
mediador da invasão celular. Deste modo as células mais atingidas são aquelas
responsáveis para imunidade celular, predominantemente linfócitos T CD4 ou T-
helper e macrófagos (Pantaleo 1993 e 1995).
22
No alvéolo, Mtb é fagocitado pelo macrófago o qual secreta interleucinas (Il) 1
e 2, que irão sensibilizar o linfócito CD4 Th1 e os linfócitos natural killer (NK) a
secretar interferon γ. Este ativará os próprios macrófagos a produzirem radicais de
oxigênio e nitrogênio, responsáveis pela destruição ou inibição do crescimento do
Mtb, bem como o fator de necrose tumoral α (TNF-α) que desempenha papel
fundamental na formação do granuloma. Os macrófagos também produzem Il-12
que estimula a produção de mais linfócitos CD4 Th1 (Rosemberg, 2002;
Schluger, 1998).
Aproximadamente de 20 a 40 dias após o controle da infecção, os linfócitos
CD4 Th1 iniciam a produção de Il-4, responsáveis pela resposta linfocitária do
tipo Th2, com o objetivo de inibir os mecanismos da imunidade celular e
controlar o processo, ajudando na resolução da inflamação. Quando surge algum
sinal de que o bacilo vai prevalecer sobre os macrófagos, a própria Il-2 estimula
os linfócitos CD8, os quais são citotóxicos, e que induzem à apoptose ou morte
celular programada. Nos casos em que o predomínio da resposta é de linfócitos
CD4 Th2, ocorre a produção de Il-4, Il-5 e Il-10, envolvidas na produção de IgE,
no recrutamento de eosinófilos e na inibição de linfócitos Th1 e NK, com
conseqüente imunidade lesiva e evolução para a doença (Dunlap, 2000; Hopewell,
2005; Ministério da Saúde, 2002; Schluger, 1998).
Quando os linfócitos dos pacientes HIV positivos com tuberculose são
expostos ao Mtb in vitro, eles produzem menos interferon γ, mas valores
semelhantes de Il-4 e Il-10, comparados aos linfócitos de pacientes HIV negativos
com tuberculose. Esses achados sugerem que a redução da resposta dos linfócitos
23
Th1 contribua para a suceptibilidade à tuberculose nos casos de HIV/AIDS
(Havlir, 1999).
Um estudo publicado em 1996 por Law e col demonstrou que o lavado
broncoalveolar (LBA) de pacientes HIV positivos com TB apresentou um
percentual reduzido da subpopulação de linfócitos T CD4 e um aumento no
percentual de linfócitos T CD8. Dessa forma, a falência no recrutamento e
ativação das células inflamatórias a partir dos linfócitos CD4 limitaria uma
resposta imunológica eficaz.
A infecção por Mtb estimula a replicação e disseminação do HIV através da
deficiência no controle de produção de citocinas, quemoquinas e seus receptores.
Além disso, a concentração das quemoquinas inibidoras do HIV fica reduzida
durante a TB e nos sítios de replicação da micobactéria (Toossi, 2003). Nos
locais de infecção ativa por TB, os macrófagos infectados por Mtb expressam
TNF-α, Il-1 e Il-6, que juntos com a proteína quimiotática monocítica-1 (MCP1)
ativam a replicação do HIV. Além disso, a ativação da imunidade local também
favorece a diferenciação de monócitos em células dendríticas, facilitando a
transmissão do HIV aos linfócitos T CD4 e disseminação da doença (Havlir,
1999; Sharma, 2005).
Em 1996, Goletti e col conduziram um estudo de coorte prospectivo que
revelou que a carga viral dos pacientes com AIDS aumentou em até 160 vezes
durante a fase aguda da tuberculose, comparada com valores anteriores ao início
da doença tuberculosa. O estudo também sugeriu que este aumento na replicação
viral é uma conseqüência da ativação de células CD4 dependente do antígeno.
24
Isto é, a tuberculose estimula uma maior produção de células CD4 as quais são
mais suscetíveis à replicação viral quando recentemente infectadas pelo HIV.
Todos esses eventos resultam em aumento da carga viral e diminuição dos
níveis de linfócitos T CD4, favorecendo o desenvolvimento de infecções
oportunistas e aumentando a letalidade. Desse modo, além de ser um marcador de
imunossupressão nos pacientes com AIDS, a tuberculose pode atuar como cofator
para acelerar o curso clínico da infecção por HIV (Whalen, 1995).
Um estudo prospectivo publicado por Badri e col (2001) sugeriu a associação
entre progressão da infecção por HIV e tuberculose, com risco relativo de morte
de 1,9 (IC 95% 1,16 – 3,10; p=0,01) entre os pacientes com TB e AIDS.
2.3. Apresentação clínica da tuberculose em pacientes HIV soropositivos:
A tuberculose pode acontecer durante todo o curso da infecção por HIV, sendo
que a apresentação clínica dependerá do grau de imunossupressão. Nas fases
precoces da infecção por HIV, quando o sistema imunológico está relativamente
intacto, com níveis de CD4 acima de 200 células /mm
3
ou linfócitos totais acima
de 1000 células/mm
3
, a tuberculose pulmonar é a mais comum. Nesses pacientes,
as manifestações clínicas e radiológicas serão semelhantes aos pacientes HIV
soronegativos, com baciloscopias do escarro frequentemente positivas e
radiografias do tórax com infiltrados nos lobos superiores, podendo apresentar
cavitação (Sharma, 2005).
Conforme o grau de imunossupressão progride (CD4 abaixo de 200 células
/mm
3
ou linfócitos totais abaixo de 1000 células/mm
3
), as formas
25
extrapulmonares tornam-se mais comuns, assim como as formas disseminadas.
Nesses pacientes os achados clínicos e radiológicos se assemelham aos casos de
tuberculose primária com acometimento pulmonar dos lobos inferiores,
linfonodomegalia intratorácica, ausência de cavitação ou até mesmo com aspecto
radiológico dentro da normalidade (Greenberg, 1994). As baciloscopias raramente
são positivas. As formas extrapulmonares mais comuns são ganglionar, pleural,
meníngea e abdominal (Havlir, 1999; Kritski, 2005; Rachid 2005; Sharma, 2005).
Nas fases avançadas de imunossupressão o diagnóstico da TB é dificultado por
inúmeras razões: baciloscopias do escarro frequentemente negativas,
manifestações radiológicas atípicas, maior prevalência das formas
extrapulmonares (locais de difícil acesso para coleta de material e habitualmente
paucibacilares) e semelhança com outras doenças oportunistas. Tudo isso
contribui para o atraso no início do tratamento, favorecendo a disseminação da
doença e aumento da letalidade. Entretanto, a abordagem diagnóstica é
semelhante aos casos de suspeição de pacientes HIV soronegativos, a não ser pela
maior freqüência com que são utilizados métodos invasivos (Sharma, 2005). De
acordo com as II Diretrizes Brasileiras para Tuberculose publicadas em 2004,
todos os pacientes HIV positivos devem ser submetidos à radiografia do tórax e
cultura de espécime para identificação da micobactéria e teste de sensibilidade aos
antimicrobianos (SBPT, 2004).
Durante o tratamento para tuberculose, e principalmente naqueles que fazem
tratamento anti-retroviral, uma das reações mais temidas é a síndrome
inflamatória de reconstituição imunológica ou reação paradoxal, caracterizada
26
pela piora clínica com ressurgimento de febre, volumosas linfonodomegalias e
piora radiológica. Esse fenômeno está associado com a restauração da imunidade
e acredita-se que seja mais freqüente em pacientes em uso de HAART. Contudo,
não existe nenhum teste diagnóstico que confirme a síndrome e torna-se muito
importante a exclusão de TB resistente ou outras doenças oportunistas tais como
linfoma, sarcoma de Kaposi e reações de hipersensibilidade medicamentosa
(Fernandes, 2002; Mclleron, 2007; Schluger, 2002).
A infecção pelo HIV isoladamente não é um fator predisponente para
tuberculose multi-droga resistente (ATS 2003; Spellman, 1998). Apesar disto,
alguns fatores aumentam a chance de isolamento de cepas resistentes em
pacientes com a TB ativa infectados pelo HIV tais como: aumento da
susceptibilidade à TB, portanto maior risco de adoecimento após exposição a caso
de TB resistente; maior número de visitas aos hospitais, o que facilita a infecção
por germes resistentes; uso de múltiplas drogas predispondo a não adesão ao
tratamento; má absorção das drogas e interações medicamentosas (Sharma, 2005).
2.4. Tratamento:
2.4.1. Tratamento da tuberculose:
Desde 1979, o Ministério da Saúde do Brasil preconiza dois esquemas de
tratamento para tuberculose: 1) primeira linha, para os virgens de tratamento,
composto por dois meses de rifampicina (R), isoniazida (H) e pirazinamida (Z) e
quatro meses de RH, chamado de esquema I (E-I); 2) segunda linha, ou esquema
III (E-III), indicado para pacientes com falência ou intolerância ao E-I, composto
27
por três meses de estreptomicina (S), etambutol (E), etionamida (Et) e
pirazinamida seguido de nove meses de E e Et. Para os casos de TB no SNC
estaria indicado um esquema especial, chamado esquema II (E-II), com dois
meses de RHZ e sete meses de RH. Em 1995, foi proposto o acréscimo do
etambutol ao E-I, criando o esquema I reforçado ou E-IR, para os casos de retorno
após-abandono ou recidiva após cura (Ministério da Saúde/FUNASA, 2002;
SBPT, 2004).
Para os casos de TBMR - definida como demonstração laboratorial de
resistência do Mycobacterium tuberculosis a pelo menos dois medicamentos:
isoniazida e rifampicina (ATS 2003) - foi validado um esquema alternativo com a
associação de cinco drogas: amicacina (AM), ofloxacina (OFX), terizidona
(TRZ), etambutol (E) e clofazimina (CLZ), com duração de 18 meses (SBPT,
2004).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o esquema I possui uma eficácia
de 89%, com efetividade de 83%, considerando uma taxa de abandono de 12%
(SBPT, 2004) e por isso é considerado de primeira linha.
Os principais regimes de tratamento da TB são o auto-administrado e o
tratamento diretamente observado (DOT). Neste último, o paciente ingere
medicamentos diariamente ou de forma intermitente, duas ou três vezes por
semana, porém numa dosagem aumentada (ATS, 2003, SBPT, 2004).
Na maioria dos pacientes o tratamento anti-TB recomendado é bem tolerado e
o paciente não apresenta qualquer evento adverso relevante. Quando estes
ocorrem, os fatores relacionados com os eventos geralmente estão relacionados
28
com dose, horário de administração da medicação, idade, estado nutricional,
alcoolismo, condição de função hepática, renal e infecção pelo HIV (Ministério
da Saúde, 2002).
Os eventos adversos (EA) mais comuns relacionados ao esquema RHZ são
intolerância gástrica, alterações cutâneas – prurido, acne e exantema localizado –,
icterícia, artralgias, parestesias, cefaléia, ansiedade, euforia e insônia. Eles
ocorrem em cerca de 5% - 20% dos casos e não implicam em modificação
imediata do esquema proposto, por isso são chamados eventos menores, e devem
ser monitorados e tratados com sintomáticos. Os eventos maiores, mais graves,
ocorrem em 3% - 8% dos casos e resultam em suspensão ou alteração do
tratamento anti-TB. Estes incluem rash cutâneo difuso, nefrite intersticial,
hipoacusia, vertigem/nistagmo, convulsão/encefalopatia, neurite ótica, púrpura e
hepatotoxicidade (Ministério da Saúde, 2002; Kritski, 2005).
2.4.2. Tratamento da AIDS:
A zidovudina (AZT) foi o primeiro fármaco anti-retroviral (ARV) liberado
para uso clínico, menos de cinco anos após a identificação do HIV. Entre 1987 e
1994, somente os inibidores da transcriptase reversa análogos do nucleosídeo
(ITRN) encontravam-se disponíveis para uso. Estes incluíam, além do AZT, a
didanosina (ddI), a zalcitabina (ddC), a estavudina (d4T), a lamivudina (3TC) e o
abacavir. A partir de 1995 a terapia combinada revolucionou a conduta
terapêutica dos pacientes infectados pelo HIV através da comprovação de sua
superioridade em relação à monoterapia com AZT. A partir de 1996 foram
29
introduzidos na prática clínica os novos ARV: primeiro os da classe dos
inibidores de protease (IP) e em seguida os inibidores da transcriptase reversa não
análogos do nucleosídeo (ITRNN). São denominados IP os seguintes fámacos:
saquinavir, indinavir, ritonavir, nelfinavir, amprenavir, lopinavir, atazanavir e fos-
amprenavir. Os ITRNN são: nevirapina, delavirdina e efavirenz. A partir da
liberação para uso destes novos e potentes fármacos, foram instituídos esquemas
com três ou mais drogas, que incluíam os IP e/ou ITRNN, ao que se denominou
terapia anti-retroviral de alta eficácia (HAART) (Pozniac, 1999; Rachid, 2005).
A terapia anti-retroviral de alta eficácia promove uma queda na carga viral
maior que 90 % ainda nas primeiras semanas de tratamento. Como conseqüência,
alguns parâmetros laboratoriais são observados, entre os quais os mais
importantes são: restauração quantitativa da imunidade celular, normalização do
fenótipo celular e recuperação funcional da imunidade celular (Lawn, 2005).
Uma nova classe de anti-retrovirais, os inibidores de fusão, até o momento
representada por um único medicamento disponível na prática clínica, o
enfuvirtide, passou a ser disponibilizada para terapia de resgate. Devido à
característica de administração subcutânea, necessidade de duas aplicações ao dia,
efeitos adversos locais, fugaz efetividade se utilizado em monoterapia e alto
custo, esta droga só pode ser indicada em esquema de resgate sugerido pela
genotipagem (Ministério da Saúde, 2006).
O surgimento do HAART para os pacientes portadores do HIV/AIDS
modificou a história da doença em termos da prevenção de infecções oportunistas
e de queda na mortalidade por AIDS. Um estudo publicado por Grabar e col em
30
2000 avaliou o efeito do HAART na progressão da imunodeficiência em termos
de resposta imunológica e virológica e na ocorrência de doenças definidoras de
AIDS. Foram avaliados 2236 pacientes que iniciaram tratamento com esquema
HAART. Destes, 47,5% foram considerados respondedores completos, isto é,
obtiveram resposta virológica e imunológica. Os pacientes considerados não
respondedores apresentaram um risco relativo de progressão clínica da infecção
pelo HIV de 3,38 (IC 95% 2,28 – 5,02). Kitchen e col (2001) também concluíram
que as respostas virológica e imunológica combinadas após a instituição do
HAART são excelentes preditores clínicos em pacientes com AIDS.
Um estudo experimental in vitro realizado por Foudraine e col (1999) revelou
que a inibição da replicação viral do HIV com conseqüente reconstituição da
imunidade mediada por linfócitos T CD4 promovida pelo HAART promove uma
significativa resposta linfoproliferativa específica contra micobactérias.
2.4.3. Tratamento da TB em pacientes infectados pelo HIV:
No Brasil, o tratamento para tuberculose dos pacientes infectados por HIV não
difere daquele preconizado para pacientes não infectados, sendo, portanto
recomendados os mesmos medicamentos e esquemas posológicos, com a mesma
duração (Ministério da Saúde, 2002).
A freqüência de eventos adversos ao esquema de tratamento anti-TB em
pacientes com AIDS é maior, com sua ocorrência variando entre 18% - 37%. A
maioria das reações é leve e auto-limitada. Entretanto, a hepatotoxicidade, evento
31
adverso maior e grave, é identificada com maior freqüência (Small, 1991;
Johnson, 2000).
Quando o esquema I é utilizado para o tratamento da TB na forma auto-
administrada as taxas de cura são semelhantes entre os pacientes infectados (83%)
ou não pelo HIV (84%) (Domoua, 1998). Nos casos de DOT, estas taxas chegam
a 95% nos dois grupos (Burman, 2001). As taxas de falência variam entre 0 e 6%,
estando associadas à não adesão ao tratamento para TB e à resistência primária
aos antimicrobianos anti-TB (Jones, 1994). A recidiva por TB varia entre 0 e
15%, dependendo se o esquema medicamentoso utilizado contém rifampicina ou
não, do grau de imunodeficiência do indivíduo e da prevalência de TB na região
estudada. A recidiva por reativação endógena é maior nos primeiros seis meses
após o término do tratamento. Após este período a recidiva por reinfecção
exógena é mais freqüente (Sonnenberg, 2001). De acordo com Lopez-Cortes e col
(2005), a recidiva de TB nestes pacientes estaria relacionada com o tempo de
tratamento e com as respostas virológica e imunológica à terapia ARV. A duração
do tratamento também foi considerada o principal fator associado com a recidiva
de TB por Korenromp e col (2003).
Um estudo recente realizado na cidade de Ribeirão Preto (SP) avaliou o
resultado terapêutico da tuberculose em pacientes infectados pelo HIV entre 1998
e 2003. Independente do esquema medicamentoso utilizado tanto para TB quanto
para HIV, a média de cura alcançada foi de 52%, de abandono de 11% e de óbito
de 32% (Nogueira, 2006).
32
Até o ano 2000, o tratamento ARV dos pacientes co-infectados com TB era
baseado na monoterapia ou no tratamento combinado com ITRN associado ao
tratamento anti-TB, sem haver qualquer interação medicamentosa entre os
esquemas, mas com maior morbi-mortalidade durante o tratamento
tuberculostático e com menor benefício em relação aos pacientes com outras
infecções. Com o advento do tratamento com anti-retrovirais potentes, a
mortalidade por infecções oportunistas relacionadas à AIDS teve uma queda
significativa, inclusive nos casos de tuberculose (Dheda, 2004). No estudo
descritivo realizado por Oliveira e col (2004) em Campinas (SP), foi observada
uma marcante redução do número de óbitos em pacientes tratados para TB a partir
de 1997, fato que poderia estar relacionado com utilização de HAART entre os
pacientes com TB infectados com o HIV.
Os benefícios específicos relacionados à tuberculose após o advento do
HAART estão bem documentados na África do Sul e em outras áreas endêmicas,
inclusive no Brasil, com redução de cerca de 80% na incidência de TB
relacionado ao HIV (Badri, 2002; Girardi, 2001 e 2004; Jones, 2000; Kirk, 2000;
Lawn, 2005; Miranda, 2007; Santoro-Lopes, 2002).
Os benefícios da terapia ARV de alta eficácia também podem ser observados
nos desfechos do tratamento de TB, nas taxas de sobrevida e no seguimento do
tratamento para AIDS.
Leonard e col (2002) e Tseng e col (2001) sugeriram aumento significativo nas
taxas de sobrevida dos pacientes com TB ativa e AIDS associado ao uso de
HAART. Segundo Girardi e col (2001) 80% dos pacientes tratados na era
33
HAART contra 65% na era pré HAART permaneceram vivos no primeiro ano
após o diagnóstico de TB (p = 0,02). Dheda e col (2002) demonstraram que o
risco de morte durante o período de seguimento após o diagnóstico de TB foi
reduzido em cerca de 60% nos pacientes tratados após o advento do HAART (HR
0,40; IC 95% 0,19 – 0,84; p = 0,014). Lacerda (2002) também publicou em sua
dissertação de mestrado os efeitos da terapia ARV de alta eficácia nas taxas de
cura e na sobrevida (HR 0,17; p= 0,005).
No estudo publicado em 2007 por Nahid e col, foi observado que o uso de
HAART durante o tratamento para TB promoveu uma queda na mortalidade
quando comparado aos pacientes infectados pelo HIV sem uso de qualquer ARV
ou tratados com esquema ARV não HAART (RR 0,36, IC 95% 0,14 – 0,91, p =
0,01). Além disso, os pacientes tratados com HAART apresentaram uma
negativação tanto na baciloscopia quanto na cultura de escarro mais rápida
quando comparados com os pacientes sem uso de HAART (média 3,5 versus 5,9
sermanas, p = 0,01; e média 5,1 versus 8,7 semanas, p = 0,003, respectivamente)
Ainda neste estudo, os pacientes infectados pelo HIV tiveram uma maior
freqüência de eventos adversos quando comparados aos não infectados ou com
status sorológico desconhecido (21.3 % versus 12.4%, p = 0,002), entretanto o
HAART não foi identificado como fator de risco para as manifestações adversas.
O estudo de Breen e col (2006) teve por objetivo demonstrar que em pacientes
tratados adequadamente para TB e AIDS, a ocorrência da tuberculose ativa não
influenciava na resposta virológica. Para isso foram comparados pacientes apenas
com AIDS, pacientes apenas com tuberculose e pacientes com TB ativa e AIDS.
34
Entre os pacientes apenas com AIDS tratados com HAART 12% dos casos
apresentaram falência virológica, enquanto 13% dos pacientes com tuberculose e
AIDS tratados com HAART e esquema anti-TB com rifampicina apresentaram
falência virológica (p=0,84). Segundo os autores do estudo, também não houve
diferença significativa em termos percentuais quando foi avaliado o desfecho da
TB. Neste caso, 3% dos pacientes com TB e infectados pelo HIV apresentaram
recidiva da TB, enquanto 1% dos pacientes apenas com TB voltou a apresentar a
doença em um seguimento de 2 anos.
A resposta ao tratamento da tuberculose ativa e da AIDS concomitante
também foi analisada por Dean e col (2002). Os dados deste artigo revelaram que
a ocorrência de doenças oportunistas nos pacientes com TB e HIV foi mais
freqüente entre indivíduos que não usaram HAART (24,5% versus 3,5%, RR =
0,14, p < 0,0001). Além disso, o tratamento conjunto resultou em significante
redução da carga viral (p = 0,005). Entretanto, apesar dos benefícios encontrados,
a ocorrência de eventos adversos foi freqüente (54%), necessitando de
descontinuidade da terapia para TB ou HIV em 34% dos casos. Os EA mais
comuns foram parestesia, rash cutâneo e intolerância gastrointestinal.
No trabalho de Hung e col (2003) a conclusão foi que o tratamento
concomitante da tuberculose e da AIDS não alterou as respostas imunológica e
virológica quando a terapêtica foi baseada no uso do HAART.
Embora o HAART reduza de modo significativo e progressivo o risco de TB,
ele não atinge os mesmo níveis de pacientes não infectados pelo HIV, conforme
publicado por grupos da América do Norte e Europa. Contudo, pode ser
35
observado com os resultados que o nível de imunossupressão ao iniciar o
HAART, bem como a resposta imunológica e virológica a este tratamento são
importantes fatores determinantes do risco de TB em pacientes com AIDS (The
Antiretroviral Therapy Cohort Colaboration, 2005).
A despeito da redução dramática na incidência de TB em pacientes tratados
com HAART já ser bem estabelecida, a incidência de tuberculose ativa
permanece maior em pacientes infectados pelo HIV tratados com HAART quando
comparados com pacientes HIV negativos, conforme demonstrado por Badri e col
(2002). Em estudo realizado na África e publicado em 2005 foi observado que o
risco de desenvolvimento de tuberculose ativa após o início de HAART foi
significativamente maior em pacientes com história prévia de TB (HR 4,64, IC
95% 1,29 – 16,62, p = 0,02). Esses resultados poderiam ter implicações na
questão de quimioprofilaxia secundária e novos estudos seriam necessários para
definição deste ponto, conforme sugerido pelos autores do trabalho (Seyler,
2005).
O tratamento de ambas as doenças é indispensável para os pacientes com TB
ativa e AIDS. No entanto, a concomitância do HAART com a terapia anti-TB
pode ser prejudicada pela interação medicamentosa entre as drogas, sobreposição
de eventos adversos e alto número de medicamentos ingeridos facilitando má
absorção e má adesão ao tratamento, como já citado no estudo de Dean e col
(2002) e Nahid e col (2007). Existe também o risco de desenvolvimento de reação
paradoxal conseqüente à restauração da imunidade celular neste grupo de
36
pacientes, manifestada como uma exacerbação dos sinais e sintomas da
tuberculose (Kunimoto, 1999).
Entre os tratamentos para TB e AIDS, a mais importante interação
medicamentosa que ocorre é aquela entre a rifampicina e os anti-retrovirais da
classe dos IP e ITRNN. Estes medicamentos são metabolizados principalmente
pelo citocromo P450 isoenzima 3A4 (CYP 3A4). As rifamicinas induzem a
expressão desta isoenzima no fígado e intestino, reduzindo as concentrações dos
ARV quando administrados em conjunto. Além disso, a rifampicina aumenta a
atividade da glicoproteína-P, um transportador multi-droga, que contribui para a
eliminação dos IP. Desta forma, a redução da concentração dos IP e ITRNN
durante o tratamento concorrente com rifamicinas pode ser associada à falência
do tratamento ARV e ao surgimento de cepas virais resistentes (Burman, 1999;
Kwara, 2005; Piscitelli, 1996). Além disso, os IP retardam o metabolismo da
rifampicina, resultando em aumento do nível sérico desta droga com conseqüente
possibilidade de toxicidade (CDC, 1996).
A rifampicina reduz a área sob a curva (AUC) de concentração sérica do
efavirenz em 22-26%, e da nevirapina em 31%. A significância clínica desta
redução não está bem estabelecida. Alguns estudos sugerem o aumento na dose
do efavirenz de 600 para 800 mg diários quando co-administrado com a
rifampicina, outros estudos indicam a manutenção da dose habitual (Brennan-
Benson, 2005; Friedland, 2006; Lopez-Cortes, 2002 e 2006; Manosuthi, 2005 e
2006; Pedral-Sampaio, 2004).
37
Na Espanha, Oliva e col realizaram um estudo com pacientes com TB em uso
do esquema I e tratamento ARV incluindo nevirapina. Os resultados revelaram
que os níveis séricos de nevirapina atingiram uma concentração inibitória mínima
adequada, o que foi comprovado pela boa resposta virológica e imunológica
observada nestes pacientes. Os eventos adversos observados com o tratamento
concomitante não foram maiores do que os observados quando os medicamentos
foram usados separadamente (Oliva, 2003). Contudo, são insuficientes os dados
farmacocinéticos, de segurança e eficácia da associação nevirapina-rifampicina,
de modo a recomendar o seu uso rotineiro em pacientes com AIDS e em
tratamento anti-TB baseado em R, a não ser que outros esquemas não estejam
disponíveis (Mclleron, 2007).
Os inibidores de protease tem sua AUC reduzida em cerca de 35-92% quando
co-administrados com a rifampicina. Entre os IP disponíveis no mercado, dados
farmacocinéticos permitem o uso de saquinavir ou lopinavir/ritonavir associados
com dose extra de ritonavir, com derivados da rifampicina durante o tratamento
para tuberculose (Dlodlo, 2005; Havlir, 1999, Kwara, 2005; Piscitelli, 1996;
Posniak, 1999, Sharma 2005, Veldkamp, 1999). Contudo, um estudo evidenciou
uma interação significativa entre saquinavir, ritonavir e rifampicina, com redução
importante nas concentrações plasmáticas dos IP (Ribera, 2007).
Na Espanha, um estudo piloto não randomizado avaliou a co-administração de
rifampicina e ritonavir em pacientes com TB. Todos os pacientes eram tratados
com esquema I e a terapia ARV era composta por dois ITRN associado ao
ritonavir. Todos os pacientes que completaram o tratamento para tuberculose
38
receberam alta por cura e houve significativa redução na carga viral e aumento na
contagem de linfócitos CD4. Também não foram observados eventos adversos
sérios relacionados à rifampicina ou ao ritonavir (Moreno, 2001).
Em 2006, Rolla e col, conduziram um estudo para avaliar os dados
farmacocinéticos e a tolerabilidade na associação de esquemas ARV contendo
ritonavir/saquinavir e esquemas anti-TB contendo rifampicina. Os resultados
revelaram que 14 dos 20 pacientes apresentaram eventos adversos graus 3 ou 4
após o início do tratamento ARV. Entre os eventos considerados graves, os mais
freqüentes foram: hepatite, náuseas e vômitos. Entretanto, entre aqueles que
toleraram o tratamento concomitante, todos demonstraram resposta virológica e
imunológica significativa. Os autores concluíram que a associação
ritonavir/saquinavir não foi bem tolerada em pacientes com TB ativa e HIV
virgens de tratamento ARV, contudo, este esquema pode ser muito útil naqueles
pacientes que aceitaram bem o tratamento.
Também em 2006, Gray e col concluíram sobre a falta de dados que
comprovassem a segurança do uso concomitante de rifampicina com a associação
ritonavir + saquinavir, baseado na carta divulgada pela empresa farmacêutica
Roche®, que revelava resultados de um estudo onde 39,3% dos pacientes que
vinham em uso desta associação apresentou toxicidade hepatocelular significante
(Dear Health Care Provider letter, 2005).
Segundo as recomendações terapêuticas preconizadas pelo Ministério da
Saúde do Brasil para pacientes HIV positivos com tuberculose revistas em 2006,
os esquemas utilizados para tratamento da tuberculose nestes pacientes devem
39
incluir rifampicina (normalmente são os mesmos utilizados para pacientes HIV
negativos) e os esquemas ARV devem conter drogas que não tenham significativa
redução de seus níveis séricos pelo uso concomitante de R.
De acordo com o consenso, para pacientes com contagem CD4 acima de 200
células/ml, carga viral abaixo de 100000 cópias/ml e sem história prévia de falha
terapêutica ou resistência aos ITRN, surge como opção de tratamento a associação
de rifampicina à esquema contendo três ITRN. As associações ARV contendo
dois ITRN associados ao efavirenz constituem a primeira opção de escolha para
pacientes em uso de rifampicina. Nos casos de contra-indicação ao uso do
efavirenz (gestação, intolerância ou resistência) não existe opção terapêutica ideal
para o tratamento concomitante das duas infecções. O uso da nevirapina é uma
alternativa, no entanto, seus níveis sérios podem ser reduzidos por aumento de sua
metabolização hepática, além do risco aumentado de hepatotoxicidade. O uso de
IP com adição de ritonavir para potencializar os medicamentos desta classe, antes
recomendado mundialmente, deixou de sê-lo pelos consensos norte americano e
britânico de 2005, baseado na escassez de dados sobre sua eficácia e segurança.
Apesar disto, o subcomitê brasileiro de tratamento de TB ativa em paciente HIV
soropositivos optou em manter este esquema como alternativa para pacientes sem
outras opções de terapia ARV, para os quais o uso de IP seja considerado
essencial e urgente. (Ministério da Saúde, 2006).
Ainda segundo o consenso brasileiro, considerando-se que a terapia anti-
retroviral não é uma emergência médica, sugere-se aguardar a estabilização do
quadro clínico após o início do tratamento anti-tuberculose (cerca de 30 a 60
40
dias), para, então, realizar a avaliação da contagem de linfócitos T-CD4+ e da
quantificação de carga viral e, eventualmente, a indicação da terapia anti-
retroviral. Para a escolha do esquema ARV, deve-se sempre avaliar o risco de
intolerância e toxicidade, e capacidade de adesão do paciente ao tratamento,
considerando a possibilidade de utilizar esquemas menos complexos ou mesmo
adiar o início da terapia anti-retroviral naqueles com quadro de imunodeficiência
menos grave. Não sendo possível utilizar esquemas anti-retrovirais compatíveis
com rifampicina, a opção é escolher um esquema alternativo para pacientes
intolerantes à rifampicina conforme recomendações da Coordenação Nacional de
Pneumologia Sanitária/Ministério da Saúde (Ministério da Saúde, 2006), cientes
de que esquemas anti-TB que não incluem rifampicina fornecem resultados
piores, principalmente para pacientes em fase avançada de imunossupressão pelo
HIV, conforme publicado no estudo de O`Donnel e col (2002).
41
Quadro 1 - Recomendações terapêuticas para pacientes HIV soropositivos com
tuberculose (Ministério da Saúde, 2006)
Situação Recomendação
Paciente virgem de tratamento para
TB
Tratar TB por seis meses com E-I
recomendado pelo Ministério da Saúde.
Após a estabilidade clínica
*
, determinar
contagem de linfócitos T CD4+ e carga
viral para avaliar necessidade de TARV.
Caso indicada
**
TARV:2 ITRN + Efavirenz
ou 3 ITRN
***.
Meningoencefalite tuberculosa
Tratar TB por nove meses, com E-II
recomendado pelo Ministério da Saúde.
Iniciar ou substituir a TARV por esquemas
compatíveis com uso concomitante de
rifampicina, conforme as orientações
acima.
Retratamento para TB
Tratar TB por seis meses, com E-IR
recomendado pelo Ministério da Saúde.
Iniciar ou substituir a TARV por esquemas
compatíveis com uso concomitante de
rifampicina, conforme as orientações
acima.
Falha ao tratamento para TB
Tratar TB por 12 meses, com E-III
recomendado pelo Ministério da Saúde.
Iniciar ou substituir TARV pelo esquema
considerado mais adequado do ponto de
vista imunológico e virológico.
TB multidroga-resistente
Encaminhar aos serviços de referência em
tuberculose, para avaliação de especialista
e uso de esquemas especiais.
* A tuberculose freqüentemente promove elevação da carga viral e diminuição da contagem de
células T-CD4+ em pacientes HIV+, daí a recomendação de aguardar 30 a 60 dias para a avaliação
imunológica e virológica.
**A terapia anti-retroviral (TARV) está indicada para todos os pacientes sintomáticos em relação
ao HIV ou que tenham contagem de linfócitos T-CD4+ abaixo de 200 células/mm
3
. Para
assintomáticos com contagem de linfócitos T-CD4+ entre 200 e 350 células/mm
3
, considerar
início da TARV, ponderando risco de evolução da infecção pelo HIV (particularmente se carga
viral acima de 100.000 cópias/ml), risco de toxicidade e capacidade de adesão relacionados a
ambos tratamentos. Considerar adiamento do início da TARV em casos de imunodeficiência
menos graves.
***Terapia alternativa: indicada para CV <100000 cópias/ml, CD4 > 200 células/mm
3
e ausência
de falha ou resistência a ITRN.
42
Alguns princípios básicos para o tratamento de TB ativa e AIDS já estão
estabelecidos, tais como: 1) a terapia anti-TB é prioritária sobre a anti-retroviral;
2) nos pacientes que já estão em uso de HAART, a terapia ARV deve ser mantida
com as modificações necessárias para que os esquemas anti-TB eficazes sejam
realizados; 3) nos pacientes que não estão em HAART, o inicio do esquema ARV
deve ser decidido após avaliação do risco de progressão da AIDS e morte a curto
prazo, baseado nos valores de CD4 e localização da doença tuberculosa (Sharma,
2005).
É questionável o início da terapia ARV durante o tratamento para tuberculose.
Vários estudos demonstram que somente a terapia anti-TB poderia influenciar na
evolução da infecção pelo HIV, com aumento dos valores de CD4 e queda na
carga viral. Entretanto, estudos recentes demonstraram que níveis séricos
persistentemente elevados de TNF-α apesar da morte bacilar na fase inicial da
terapia anti-TB poderiam ser responsáveis pela falência na queda da carga viral.
Desta forma, a terapia ARV seria de fundamental importância desde o início da
terapia anti-TB e usados em conjunto, HAART e tratamento para tuberculose
reduziriam a morbi-mortalidade nos paciente com TB ativa e AIDS (Kwara,
2005).
A American Thoracic Society (ATS) junto com o Center of Diseases Control
and Prevention (CDC) e a Infectious Diseases Society of America sugerem que o
início da terapia ARV deve ser atrasado em quatro a oito semanas após o início do
tratamento anti-TB, permitindo uma melhor avaliação sobre os eventos adversos
43
das drogas, redução na gravidade de reações paradoxais e dificuldade de adesão
aos tratamentos (Burman, 2001; Kwara, 2005; Sharma, 2005).
Os consensos atuais preconizam que em pacientes em fase avançada de
imunossupressão ou com CD4 abaixo de 100 células/mm
3
, o início do HAART
deve ser realizado o mais rápido possível. Em pacientes com CD4 entre 100 e 200
células/mm
3
, está indicado aguardar de quatro a oito semanas após o início do
tratamento pata tuberculose visando minimizar os potencias eventos adversos
associados com a terapia concorrente. Ao contrário de outras infecções
oportunistas, a tuberculose não é um marcador de progressão da infecção pelo
HIV, podendo ocorrer em qualquer fase da infecção. Nos casos de pacientes com
CD4 acima de 200 células/mm
3
e assintomáticos o início do HAART deve ser
avaliado baseado nos sintomas e outras condições definidoras de AIDS, valor de
CD4 e queda dos seus valores e avaliação quanto às interações medicamentosas e
possibilidade de toxicidade (OMS, 2005).
Após todas as publicações mostrando a importância do HAART como
estratégia no controle da co-infecção Mtb-HIV, surge como preocupação que
apenas uma terapia ARV potente seria insuficiente no controle da pandemia.
Entre as razões que justificam esta preocupação, Lawn e col (2006) ressaltaram
que: (1) apesar da redução do risco de TB ser marcante durante tratamento com
HAART, ela é incompleta; (2) a terapia com HAART normalmente é iniciada em
casos avançados de imunossupressão, o que estaria associado com alto risco de
TB antes e durante a fase precoce do uso da terapia; (3) a cobertura ao uso de
HAART ainda é pequena nos países com elevada prevalência de tuberculose e
44
AIDS; e (4) a expectativa de vida aumentada dos pacientes em uso de HAART
aumenta o período no qual estes pacientes podem desenvolver TB e tornar-se
transmissores da doença.
Em 2003 Williams e Dye concluíram que as condições pelas quais a terapia
ARV pode prevenir uma fração significativa de casos de TB são rígidas:
tratamento ARV precoce no curso da infecção pelo HIV, associado com alta
cobertura e adesão ao tratamento. Ainda de acordo com o estudo, nenhum dos
países em desenvolvimento com alta prevalência da co-infecção Mtb-HIV
conseguiria cumprir essas necessidades, com a exceção do Brasil (Williams,
2003). Seguindo essa linha, de acordo com Corbett e col (2003), o Brasil é o
único país com um grande número de casos de TB e infecção pelo HIV e uma
política de acesso universal ao HAART, com conseqüente potencial de reduzir o
risco de tuberculose relacionada à AIDS.
O sucesso no controle da pandemia estaria relacionado com a associação das
equipes de tratamento, seja relacionado à AIDS, seja relacionado à tuberculose.
Somente implementando programas combinados de diagnóstico, tratamento e
prevenção das duas doenças, com apoio financeiro e humano, poderíamos
alcançar os benefícios esperados no controle da co-infecção Mtb-HIV (De Cock,
2005).
Um recente estudo realizado a fim de buscar estratégias para o controle da TB
em países com alta prevalência de AIDS revelou que somente o acesso à terapia
ARV eficaz teria um grande impacto a longo prazo no controle da tuberculose.
Contudo, para isso, seria necessário um grande investimento financeiro. Desta
45
forma, a prioridade seria concentrar esforços na cura e detecção precoce da TB, o
que seria possível e custo-efetivo dentro dos orçamentos voltados para este fim
(Currie, 2005).
46
3. Justificativa:
O advento do HAART mudou a história natural da co-infecção Mtb-HIV a
partir do momento que melhorou a resposta imunológica do paciente infectado
tornando-o capaz de reagir à primoinfecção e à reativação endógena. Além disso,
a apresentação clínica da tuberculose nesses pacientes assemelha-se ao indivíduo
não infectado pelo HIV, com menor número de casos extrapulmonares e
disseminados da doença, facilitando o diagnóstico mais rápido e o início precoce
do tratamento anti-TB, e diminuindo, assim, a cadeia de transmissão da
tuberculose. Entretanto a interação dos tratamentos para as duas infecções com os
fármacos mais potentes torna-se problemática por todas as razões já expostas.
Apesar dos muitos benefícios já comprovados do esquema HAART na co-
infecção Mtb-HIV, sabe-se pouco sobre a freqüência e intensidade de eventos
adversos neste grupo de pacientes.
Outro ponto pouco conhecido diz respeito à freqüência de desfechos ao
tratamento da TB em pacientes virgens de tratamento ARV e naqueles submetidos
à ART com HAART ou esquema não HAART em locais com alta prevalência das
duas infecções.
Informações sobre eficácia, tolerabilidade e freqüência de desfechos favoráveis
ao tratamento anti-TB quando associados ao esquema HAART são de grande
importância para o manejo custo efetivo da co-infecção Mtb-HIV e justificam este
estudo.
47
4. Objetivos
4.1. Objetivo geral:
Descrever a freqüência das formas clínicas, dos eventos adversos e dos
desfechos do tratamento de tuberculose ativa entre os pacientes infectados pelo
HIV e tratados com esquemas anti-TB I, II ou IR, atendidos em duas Unidades de
Referência do Rio de Janeiro segundo o tipo de tratamento ARV oferecido, no
período de 1995 a 2003.
4.2. Objetivos específicos:
1. Descrever e comparar a freqüência das formas clínicas de TB ativa de acordo
com a conduta terapêutica para a infecção pelo HIV utilizada nos três meses que
antecederam o diagnóstico de tuberculose (sem ARV, HAART ou não HAART);
2. Descrever e comparar a freqüência, a intensidade e o tempo para a ocorrência
de eventos adversos identificados durante o tratamento da tuberculose com
esquemas I, II ou IR de acordo com a conduta terapêutica para a infecção pelo
HIV utilizada (sem ARV, HAART ou não HAART);
3. Descrever e comparar a freqüência de cura da TB após tratamento com
esquemas I, II ou IR, segundo o tipo de conduta terapêutica oferecida para a
infecção pelo HIV (sem ARV, HAART ou não HAART);
48
4. Comparar o tempo em dias até o óbito nos doze meses subseqüentes ao início
dos esquemas anti-TB I, II ou IR, segundo o tipo de conduta terapêutica oferecida
para a infecção pelo HIV (sem ARV, HAART ou não HAART).
49
5. Sujeitos e métodos:
5.1. Delineamento do estudo:
Estudo analítico tipo coorte retrospectiva, no qual foram analisados os
prontuários de pacientes notificados com diagnóstico de tuberculose e HIV/AIDS
entre 1º janeiro de 1995 e 31 de dezembro de 2003.
5.2. Locais do estudo:
O estudo foi realizado em duas unidades de referência para o tratamento de
tuberculose ativa e AIDS no Rio de Janeiro, região sudeste do Brasil.
O Complexo Hospitalar - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
(HUCFF) e Instituto de Doenças do Tórax (IDT) - da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), é um hospital geral com 471 leitos, que propicia
atendimento para pacientes internados e ambulatoriais. Não há atendimento
pediátrico nem de obstetrícia. É um hospital considerado de referência para o HIV
desde o início da epidemia no Brasil e, desde outubro de 1998, passou a contar
com as atividades do Programa de Controle de Tuberculose Hospitalar (PCTH). O
hospital fica localizado na Ilha do Fundão, zona norte do município do Rio de
Janeiro e pertence à área programática 3.1 (AP-3.1).
O Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC), da Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), possui um hospital localizado em Manguinhos, região norte do
Rio de Janeiro, especializado em doenças infecciosas e parasitárias, responsável
50
pelo atendimento de pacientes ambulatoriais e internados. Dispõe de 30 leitos
para internação. Também não há atendimento pediátrico ou de obstetrícia. A
partir de 2000 foi instalado um Centro de Referência em Tuberculose (CRT),
onde são realizados os atendimentos aos pacientes com TB e AIDS desta
instituição.
5.3. População de referência:
Todos os pacientes notificados como portadores da infecção pelo HIV e/ou
AIDS e com tuberculose ativa no período de 01/01/1995 a 31/12/2003 em uma
grande metrópole.
5.4. População do estudo:
Todos os pacientes notificados como portadores da infecção pelo HIV e/ou
AIDS e com tuberculose ativa no período de 01/01/1995 a 31/12/2003 em duas
Unidades de Referência para AIDS no Rio de Janeiro: HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz.
5.5. Critérios de elegibilidade
5.5.1. Critérios de inclusão:
TB ativa e infecção pelo HIV confirmadas segundo as definições do
Ministério da Saúde (2002) e CDC (1999), respectivamente;
Idade superior a 15 anos.
51
5.5.2. Critérios de exclusão:
Cultura com crescimento de micobactéria não tuberculosa;
Diagnóstico de probabilidade de TB não confirmado pela evolução
clínica;
Diagnóstico de TBMR primária;
Não recuperação de prontuários ou ausência de informações necessárias
para o estudo;
Transferência de casos para outras unidades de saúde durante o tratamento
para TB para os objetivos relacionados aos eventos adversos e aos
desfechos de tratamento da TB;
Utilização de esquema anti-TB inicial diferente dos esquemas I, II ou IR
para o objetivo relacionado aos eventos adversos;
Utilização de esquema anti-TB definitivo diferente dos esquemas I, II ou
IR para o objetivo relacionado aos desfechos de tratamento de TB.
5.6. Coleta de dados:
Foi utilizado um instrumento de coleta de dados contendo 195 perguntas
fechadas sobre as variáveis sócio-demográficas, clínicas (TB e HIV), de
tratamento e desfecho dos casos de TB (Anexo 1).
Os prontuários das instituições já citadas foram revistos por um aluno, duas
enfermeiras e a autora do trabalho, todos treinados para a coleta das informações
através do instrumento de coleta de dados em formato Teleform®. Este
gerenciador automático de documentos é um software que possibilitou a geração
52
de um banco de dados em SPSS Windows 11.0 a partir da leitura do instrumento
por scanner.
O controle de qualidade do preenchimento foi realizado por um membro da
equipe de coleta de dados (APGS).
5.7. Definições operacionais das variáveis de interesse:
Infecção pelo HIV: reatividade ao teste ELISA confirmada posteriormente
com uma segunda amostra de soro pelo teste Western-Blot ou de
Imunofluorescência, na ausência de sinais e sintomas associados à AIDS (CDC,
1999).
AIDS: presença de infecção pelo HIV associado a um conjunto de sinais e
sintomas relacionados à AIDS, ou com pelo menos uma enfermidade indicativa
de AIDS como referido pelos critérios CDC ou de Caracas e com contagem de
linfócitos T CD4 inferior a 200 células/mm
3
ou que apresenta contagem de
linfócitos totais inferior a 1000 células/mm
3
ou 14% (CDC, 1999).
HAART: Esquema ARV contendo dois ITRN associado com IP ou ITRNN
(Carpenter, 1998). Para o objetivo de avaliação das formas de apresentação
clínica da TB o esquema HAART deveria ter sido utilizado regularmente por pelo
menos três meses antes do diagnóstico de TB. Para os objetivos relacionados aos
eventos adversos considerou-se o uso concomitante de HAART durante o
tratamento para TB. Para o objetivo relacionado ao desfecho de TB os pacientes
deveriam estar em uso da medicação por pelo menos três meses durante o
tratamento para TB. O esquema HAART também foi analisado de acordo com os
53
medicamentos ARV utilizados para compô-lo: ritonavir + saquinavir, efavirenz e
outras possíveis associações entre ITRN e IP ou ITRNN.
Não-HAART: Esquema ARV composto apenas por ITRN (Carpenter, 1998).
Para o objetivo de avaliação das formas de apresentação clínica da TB o esquema
não-HAART deveria ter sido utilizado por pelo menos três meses antes do
diagnóstico de TB. Para os objetivos relacionados aos eventos adversos
considerou-se o uso concomitante de HAART durante o tratamento para TB. Para
os objetivos cura e óbito relacionados à TB os pacientes deveriam estar em uso da
medicação por pelo menos três meses durante o tratamento para TB.
Sem ARV: Grupo de pacientes que não preencheram os critérios para serem
incluídos nas variáveis HAART e não HAART acima definidas.
Tuberculose pulmonar: doença ativa no pulmão diagnosticada através de
material respiratório com: duas baciloscopias diretas positivas ou uma
baciloscopia direta positiva e cultura para micobactérias positiva ou uma
baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de TB (opacidades
e/ou cavitação de parede espessa em segmentos posteriores dos lobos superiores
ou segmentos superiores dos lobos inferiores) ou duas ou mais baciloscopias
diretas negativas e cultura positiva ou através de critérios de probabilidade que se
confirmaram pela evolução clínica posterior excluindo-se outras doenças
oportunistas que poderiam explicar o quadro clínico (Ministério da
Saúde/FUNASA, 2002).
Tuberculose pleural: acometimento pleural pelo bacilo da tuberculose
confirmada através de baciloscopia ou cultura para Mycobacterium tuberculosis
54
positiva no líquido pleural ou fragmento de pleura, ou através de análise
histopatológica mostrando granuloma. A extensão pleural do bacilo ocorre a partir
do foco pulmonar da TB primária. Estudos sugerem que o parênquima pulmonar
encontra-se acometido em praticamente todos os casos e por este motivo alguns
autores sugerem que esta forma de doença seja chamada de TB pleuro-pulmonar.
Para efeitos deste estudo, a TB pleural foi agrupada junto com a forma pulmonar.
Tuberculose extrapulmonar: doença ativa fora do pulmão que se confirmou
através de baciloscopia ou cultura para Mycobacterium tuberculosis positiva no
material em questão coletado, ou através de análise histopatológica mostrando
granuloma, ou ainda pelo quadro clínico e laboratorial compatível com TB
(Ministério da Saúde/FUNASA, 2002).
Tuberculose disseminada: Paciente com lesão pulmonar associada à outra
extrapulmonar (exceto pleural) ou duas lesões extrapulmonares (Ministério da
Saúde, 2002).
Tratamento anti-TB inicial: tratamento com RHZ/RHZE inicialmente
prescrito para TB, o qual pode ter sido mantido por todo o curso do tratamento ou
substituído por outro esquema por algum motivo. Esta variável foi utilizada para a
análise do objetivo relacionado aos eventos adversos.
Tratamento anti-TB definitivo: tratamento com RHZ/RHZE utilizado como o
principal para tratar a TB, seja ele o inicial ou o substituto, o qual pode ter sido
mantido por todo o curso de tratamento ou até que o paciente tenha morrido ou
abandonado. Esta variável foi utilizada para avaliar o desfecho ao tratamento de
tuberculose.
55
Alcoolismo: uso de bebidas alcoólicas de forma rotineira conforme descrito
nos prontuários revisados. Por ser um estudo retrospectivo baseado em análise de
prontuários não foi realizada a classificação segundo os critérios de Cage.
Evento adverso: qualquer manifestação adversa que ocorra no decorrer do
tratamento para tuberculose e potencialmente atribuível às drogas em uso.
Descontinuidade parcial: interrupção provisória (entre 5 e 60 dias) do
tratamento de tuberculose provocado pela ocorrência de eventos adversos não
intensos o suficiente para impedir o retorno do esquema anti-TB.
Descontinuidade permanente: interrupção definitiva do tratamento para
tuberculose provocado pela ocorrência de evento adverso que contra-indicava o
retorno do esquema anti-TB. Os eventos adversos que motivaram esta conduta
foram considerados graves.
Hepatite: para a história patológica pregressa, a hepatite foi definida como
diagnóstico de hepatite viral B ou C antes ou durante o tratamento para TB. Os
casos de hepatite como manifestação de eventos adversos foram definidos como
aumento de enzimas hepáticas acima de três vezes o valor normal (Ministério da
Saúde / FUNASA, 2002).
Cura: desfecho de tratamento para tuberculose confirmada através de duas
baciloscopias negativas e pela evolução clínica e radiológica favorável,
demonstrada por ganho ponderal, desaparecimento dos sinais e/ou sintomas
relacionados à tuberculose e com melhora radiológica (Ministério da Saúde,
2002).
56
Falência terapêutica: persistência da baciloscopia positiva do material ao final
do tratamento ou positividade inicial seguida de negativação e nova positividade
por dois meses consecutivos a partir do quarto mês, ou ainda casos que no início
do tratamento são fortemente positivos e mantém essa situação até o quarto mês
(Ministério da Saúde/FUNASA, 2002). Nestes casos não foram realizados os
testes de sensibilidade para identificar casos de TBMR secundária.
Abandono: Não comparecimento à unidade de saúde por mais de 60 dias
depois de ter iniciado o tratamento para TB e de ter utilizado os medicamentos
por pelo menos 30 dias (Kristki, 2005).
Óbito: desfecho ocorrido em vigência do tratamento para tuberculose, exceto
aqueles por causas externas.
Recidiva: Novo diagnóstico de tuberculose, pulmonar ou extrapulmonar,
diagnosticado até dois anos após o final do tratamento anti-TB.
Transferência: Encaminhamento para outra unidade de saúde para completar o
tratamento anti-TB. A transferência deve ter sido processada por documento que
informa sobre o diagnóstico e tratamento realizado até aquele momento
(Ministério da Saúde/FUNASA, 2002).
5.8. Análise estatística:
Através da análise univariada foram descritas as freqüências das características
sócio-demográficas e clínicas de todos os pacientes com TB ativa e AIDS. Para
análise descritiva de variáveis contínuas foram utilizadas como medidas de
57
tendência central e dispersão os valores de mediana e intervalo interquartil (IIQ),
respectivamente.
A seguir, através da análise bivariada foram investigadas diferenças
proporcionais nas freqüências das formas clínicas de TB, da ocorrência e
intensidade de eventos adversos e dos desfechos (cura ou não cura), segundo o
tipo de conduta terapêutica utilizada para a infecção pelo HIV (sem ARV,
HAART ou não HAART). A análise também foi realizada após a categorização
do esquema HAART de acordo com as associações de medicamentos utilizados
para compô-lo (ritonavir + saquinavir, efavirenz e outras associações).
Para a avaliação das diferenças proporcionais entre as variáveis categóricas foi
utilizado o teste chi-quadrado ou o teste exato de Fisher, quando apropriado. As
variáveis contínuas idade e linfócitos totais foram categorizadas considerando os
pontos de corte de 35 anos e 1000 células/mm³, respectivamente. Foi escolhida
como de referência a categoria sem ARV da variável esquema terapêutico para a
infecção pelo HIV.
As variáveis dependentes relativas à forma de apresentação clínica da TB, à
ocorrência de eventos adversos e ao desfecho cura de TB foram analisadas através
de modelos de regressão multivariada como descrito a seguir. As variáveis que se
mostraram significativas na análise bivariada foram selecionadas para entrar no
modelo de regressão logística para ajuste dos fatores de confundimento. O nível
de significância utilizado para que a variável fosse introduzida na análise
multivariada foi de p < 0,20. Também foram selecionadas para entrar no modelo
as variáveis que mostravam relevância clínica na literatura. O melhor modelo
58
explicativo foi escolhido utilizando-se a estatística Likelihood ratio e pelo método
de seleção backward, permanecendo no modelo final apenas as variáveis
significativas ao nível de 5%. Para a avaliação da forma clínica, foi utilizado o
modelo logístico multinomial, sendo a categoria de referência a forma pulmonar,
e para a avaliação dos eventos adversos e do desfecho clínico do tratamento anti-
TB foi utilizada a regressão multivariada logística.
A magnitude das associações entre a exposição ou não ao tratamento com
esquema HAART e à forma clínica da TB, à ocorrência ou não de eventos
adversos e ao desfecho cura do tratamento de TB foi estimada através da odds
ratio (OR) com respectivos intervalos de 95% de confiança (IC).
Os tempos em dias para ocorrência de eventos adversos e do óbito foram
comparados através de análise de sobrevida utilizando-se os métodos de Kaplan-
Meyer e o modelo de regressão de Cox foi utilizado para o ajuste dos fatores de
confundimento que estivessem associados aos desfechos de interesse. A
magnitude das associações foi estimada através da hazard ratio (HR) com
respectivos IC de 95%.
5.9. Aspectos éticos:
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do HUCFF/UFRJ e
aprovado em julho de 2002 sob o número 047/02 (Anexo 2).
59
5.10. Financiamento:
Esta pesquisa foi financiada pelo Ministério da Saúde do Brasil – Programa de
AIDS e pelo projeto International Clinical Operational Health Research Training
Award (ICOHRTA) 5 U2R TW006883-02.
60
6. Resultados
Com vistas a identificar todos os pacientes que preenchiam os critérios de
elegibilidade foram utilizadas as seguintes estratégias: no HUCFF-IDT os casos
foram extraídos na base de dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de
Notificação) e da lista da farmácia do HUCFF-IDT, da qual foram selecionados
os pacientes que receberam medicamentos para tuberculose e AIDS de forma
concomitante. No IPEC, os casos foram identificados a partir da lista do
ambulatório de pacientes com TB ativa e AIDS, que coincidiam com a lista do
Sinan. Dos 698 casos cadastrados, 78 eram inelegíveis por erros de notificação ao
Sinan. Seiscentos e dezoito casos foram incluídos no estudo. Os critérios de
exclusão foram obedecidos segundo o fluxograma abaixo (figura 1).
Para efeitos deste estudo foi definido como caso cada episódio de tuberculose,
portanto, o paciente pode ter contribuído mais de uma vez com o trabalho de
acordo com o número de vezes que adoeceu por TB no período determinado.
61
Figura 1 - Fluxograma dos participantes do estudo
20 casos não
HIV
1 caso MNTB
5 casos TBMR
28 casos sem
informações
35 casos TB não
confirmados
14 casos
transferidos
428 casos
(Desfechos da TB)
65 casos com
interrupção do
esquema I/II/IR
493 casos
(Eventos adversos)
42 casos não uso
do esquema I/II/IR
549 casos
(Forma de TB)
3 casos fora do
período de estudo
55 casos de TB
latente
698 casos notificados
com TB ativa e HIV +
62
Quinhentos e quarenta e nove casos foram confirmados como portadores de
TB ativa e AIDS, destes, 402 casos (73,2%) pertenciam ao núcleo do Complexo
Hospitalar HUCFF-IDT e 147 (26,8%) foram acompanhados no IPEC. A
distribuição de casos de tuberculose por ano pode ser observada na tabela 1.
Tabela 1 - Distribuição dos casos de TB ativa em pacientes infectados pelo HIV
de acordo com o ano e núcleo de tratamento para tuberculose
HUCFF-IDT/UFRJ¹ IPEC/Fiocruz² Total
1995 59 2 61
1996 49 0 49
1997 35 1 36
1998 64 5 69
1999 34 4 38
2000 47 26 73
2001 33 38 71
2002 39 43 82
2003 42 28 70
Total 402 147 549
1. Complexo Hospitalar Hospital Universitário Clementino Fraga Filho-Instituto de Doenças do
Tórax/Universidade Federal do Rio de Janeiro
2. Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas/Fundação Oswaldo Cruz
Do total de casos analisados, 388 (70,7%) eram do sexo masculino. A idade
variou entre 18 e 77 anos, com média de 35 anos e mediana de 34 anos (IIQ 29 –
40 anos). A maioria era não branca, não casada, cursou até o antigo primeiro grau
e tinha renda mensal menor do que três salários mínimos (tabela 2).
63
Tabela 2 - Dados sócio-demográficos e clínicos de pacientes com TB ativa e
AIDS acompanhados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz, entre 01/01/1995 e
31/12/2003 (n= 549)
n %
Sexo
Masculino
Feminino
388
161
70,7
29,3
Idade
Até 35 anos
Maior 35 anos
317
232
57,7
42,3
Cor
Não branca
Branca
Sem dados
273
249
27
49,7
45,4
4,9
Situação conjugal
Casado
Não casado
Sem dados
202
338
9
36,8
61,6
1,6
Escolaridade
Até 1° grau completo
Maior 1° grau completo
Sem dados
321
208
40
58,5
37,9
3,6
Renda
3 salários mínimos
> 3 salários mínimos
Sem dados
234
87
228
42,6
15,8
41,6
Tabagismo
Sim
Não
Sem dados
252
223
74
45,9
40,6
13,5
Alcoolismo
Sim
Não
Sem dados
122
362
65
22,2
65,9
11,9
Tuberculose prévia 124 22,6
Comorbidades
Hepatite
Neoplasia
Insuficiência renal
Uso de imunossupressor
Diabetes mellitus
65
16
10
10
5
11,8
2,9
1,8
1,8
0,9
64
Dos 549 casos, 379 (69%) não vinham em uso de qualquer medicação anti-
retroviral antes do diagnóstico de TB, 61 (11,1%) vinham em uso de terapia ARV
não HAART e 109 (19,9%) estavam usando HAART. Observa-se na figura 2, que
a partir de 1998 aumentou o número de pacientes em uso de esquema HAART
com concomitante redução daqueles em uso de esquema não HAART.
Figura 2 - Distribuição por ano dos 549 casos de tuberculose tratados no HUCFF-
IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz, de acordo com a terapia anti-retroviral utilizada, no
período de 01/01/1995 a 31/12/2003
Número de
casos
0
10
20
30
40
50
60
1995 1997 1999 2001 2003
Sem ARV
o HAART
HAART
Ano de diagnóstico da tuberculose
Após o diagnóstico de tuberculose, 168 pacientes (30,6%) foram mantidos
sem uso de qualquer ARV, 158 pacientes (28,8%) foram tratados com esquema
não HAART e 223 casos (40,6%) usaram HAART como terapia anti-retroviral.
65
Entre os 549 casos de TB ativa em pacientes com AIDS, apresentaram a forma
clínica pulmonar 237 pacientes (43,2%), sendo 13 (5,5%) com comprometimento
pleural, extrapulmonar 141 (25,7%) e disseminada 171 (31,1%) pacientes. As
em uso de RHZ 379
apresentações extrapulmonares mais freqüentes foram: ganglionar (196/549 –
36%), hepatoesplênica (25/549 – 4,5%), meningoencefálica (17/549 – 3%),
pericárdica (11/549 – 2%) e intestinal (9/549 – 1,6%). Outras apresentações
clínicas foram: genital (4/549 – 0,7%), ocular (3/549 – 0,5%), renal (3/549 –
0,5%), óssea (3/549 – 0,5%) e cutânea (2/549 – 0,3%).
Inicialmente 441 entre os 549 pacientes (80,3%) foram tratados com esquema
RHZ e 65 (11,8%) com esquema RHZE. Devido à ocorrência de eventos adversos
ou de resistência aos antimicrobianos, se mantiveram
pacientes (69%) e de RHZE 60 casos (10,9%). O DOT foi utilizado como regime
de tratamento para TB em apenas 11 casos. Os esquemas de tratamento utilizados
para TB, bem como a descrição do tratamento anti-retroviral antes e durante a TB
podem ser observados na tabela 3.
66
Tabela 3 - Freqüência dos tratamentos para tuberculose e AIDS nos pacientes com
B ativa infectados pelo HIV tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz no
eríodo de 01/01/1995 a 31/12/2003 (n=549)
T
p
Tratamentos n %
Esquema ARV¹ antes TB²
HAART³
Não HAART
109
61
379
19,9
11,1
69,0 Sem ARV
Esquema ARV durante TB
T
Sem ARV 168 30,6
HAART
Não HAAR
223
158
40,6
28,8
Esquema anti-TB inicial
SEEZ
6 1,1
0,2
RHZ
4
RHZE
5
6
SEO
7
Outros
441
65
1
36
80,3
11,8
6,6
Esquema anti-TB definitivo
RHZ
RHZE
SEEZ
379
18
0,9
3,3 SEO
Outros
60
5
87
69,0
10,9
15,8
: anti-retroviral
erculose
: Highly active antiretroviral therapy ou tera ti-retroviral de alta eficácia
4. RHZ: Rifampicina + isoniazida + pirazinamida
5. RHZE: Rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol
+ etionamida + etambutol + pirazinamida
na + etambutol + ofloxacin
6.1. Forma clínica de apresentação da TB de acordo com a terapia ARV:
Na análise bivariada, os esquemas ARV utilizados regularmente nos três meses
s de
1. ARV
2. TB: Tub
3. HAART pi ana
6. SEEZ: estreptomicina
7. SEO: estreptomici
que antecederam o diagnóstico de TB não estiveram associados com as forma
67
apresentação pulmonar ou extrapulmonar. Para as formas disseminadas, o
esquema HAART revelou-se como fator protetor com OR 0,44 (IC 95% 0,26 –
0,74), cuja significância estatística permaneceu na análise multivariada (OR 0,40;
IC 95% 0,20 – 0,83).
Idade menor que 35 anos (OR 1,79; IC 95% 1,04 – 3,10) bem como a cor não
branca (OR 1,96; IC 95% 1,15 – 3,36) foram identificados como fatores
independentemente associados à forma disseminada. O alcoolismo foi
identificado como fator protetor independente para o desenvolvimento das formas
extrapulmonar (OR 0,48; IC 95% 0,24 – 0,90) e disseminada (OR 0,42; IC 95%
0,22 – 0,80). Os núcleos de origem não estiveram associados com as formas de
apresentação de TB. As características demográficas e clínicas associadas com as
formas de apresentação de TB categorizadas em pulmonar (categoria de
referência), extrapulmonar e disseminada podem ser observadas na tabela 4.
68
Tabela 4 - Análise multivariada das características associadas com as formas de
presentação clínica de TB em pacientes com TB ativa e AIDS tratados no
UCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz, no período de 01/01/1995 a 31/12/2003 pelo
(IC 95%)
a
H
modelo de regressão logística multinomial
Características OR
Extrapulmonar
(n=103)
Disseminada
(n=108)
Esquema ARV¹
HAART²
Não HAART
Sem ARV
0,98 (0,53 – 1,83)
0,59 (0,24 – 1,45)
0,40 (0,20 – 0,83)
0,69 (0,30 – 1,58)
1 1
Sexo
Masculino
Feminino
0,59 (0,32 – 1,06)
1
1,41 (0,75 – 2,63)
1
Idade
s Até 35 ano
Maior 35 a
nos
1,24 (0,74 – 2,12)
1
1,79 (1,04 – 3,10)
1
Cor
Não branca
Branca
1,68 (0,98 – 2,89)
1
1,96 (1,15 – 3,36)
1
Alcoolismo
Sim
Não
0,47 (0,24 – 0,90)
1
0,42 (0,22 – 0,80)
1
Linfócitos (céls/mm³)
000
r 1000
Até 1
Maio
0,58 (0,34 – 1,01)
1
1,51 (0,87 – 2,61)
1
Núcleo de origem
HUCFF-IDT
IPEC
1,46 (0,79 – 2,69)
1
1,41 (0,76 – 2,63)
1
1 ti-retroviral
2. HAART: Highly active antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
. ARV: An
69
6.2. Eventos adversos de acordo com a terapia anti-retroviral:
os adversos em
O uso de HAART esteve associado com a ocorrência de event
geral (99/188 - 52,7%), quando comparado ao grupo sem tratamento anti-
retroviral (44/144 - 30,5%) (OR 2,53; IC 95% 1,60 - 3,99) e o percentual de
eventos adversos concomitante ao uso de ARV não HAART (57/139 - 41%) não
diferiu de forma estatisticamente significativa do grupo sem tratamento anti-
retroviral (OR 1,58; IC 95% 0,97 – 2,58) (tabela 5).
70
Tabela 5 - Análise bivariada dos fatores associados com a ocorrência de eventos
dversos durante o tratamento para TB com RHZ/RHZE no período de
Fatores n (%) OR (IC 95%) p valor
a
01/01/1995 à 31/12/2003 no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz
Esquema ARV
T
99 (52,7)
57 (41,0)
2,53 (1,60 – 3,99)
1,58 (0,97 – 2,58)
< 0,0001
0,07
HAAR
Não HAART
Sem ARV 44 (30,5) 1
Sexo
Masculino
Feminino 68 (46,6)
0,78 (0,53 – 1,16) 0,23
132 (40,6)
1
Idade
Até 35 anos
r 35 anos 76 (37,6)
1,42 (0,98 – 2,06) 0,07
Maio
124 (46,1)
1
Alcoolismo
Sim
Não
50 (45,9)
129 (42,7)
1,14 (0,73 – 1,76) 0,57
1
TB prévia
161 (43,9)
0,79 (0,49 – 1,25) 0,31 Sim
Não
35 (38,0)
HPP hepatite
172 (41,4)
1,41 (0,81 – 2,47) 0,22 Sim
Não
28 (50,0)
1
HPP diabetes
198 (42,4)
1,36 (0,19 – 9,73) 0,76 Sim
Não
2 (50,0)
1
HPP neoplasia
194 (42,4)
1,17 (0,39 – 3,52) 0,78 Sim
Não
6 (46,2)
1
HPP imunossupressão
195 (42,1)
2,29 (0,54 – 9,70) 0,25 Sim
Não
5 (62,5)
1
HPP insuficiência renal
194 (41,8)
8,35 (1,0 – 69,9) 0,02 Sim
Não
6 (85,7)
1
núcleo de origem não foi identificado como fator de risco para a ocorrência
de eventos adversos e por isso não foi incluído na análise multivariada (OR 0,92;
IC95% 0,61 – 1,38).
O
71
O uso de HAART permaneceu associado de forma independente à ocorrência
de eventos adversos em geral mesmo quando controlado para sexo, idade,
alcoolismo, história prévia de hepatite, neoplasia, diabetes, uso de
ocorrência de eventos adversos durante o tratamento para TB com esquemas
m TB ativa e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz, no período de 01/01/1995 a 31/12/2003 (n= 411)
Fatores n (%) OR ajustada (IC 95%) p valor
imunossupressor e insuficiência renal. Além do uso de HAART, idade menor que
35 anos também foi identificada como fator associado ao desenvolvimento de
eventos adversos (tabela 6).
Tabela 6 - Análise multivariada por regressão logística dos fatores associados à
RHZ/RHZE, em pacientes co
Esquema ARV¹
HAART²
Não HAART
Sem ARV
90 (56,3)
50 (41,3)
39 (30,0)
2,92 (1,78 – 4,78)
1,64 (0,97 – 2,78)
1
< 0,0001
0,06
Idade
Até 35 anos
Maior 35 anos
112 (47,9) 1,51 (1,00 – 2,28) 0,05
67 (37,9)
1
HPP³ insuficiência
nal
6 (85,7)
6,59 (0,76 – 56,78)
0,09
re
Sim
Não
173 (42,8)
1
1 ti-retroviral
2 antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
3 ca pregressa
as associações de medicamentos que compõem o esquema
quinavir (77,3%), 27 dos 48 pacientes que usaram HAART – Outros (56,3%) e
38 dos 98 pacientes que vinham em uso de HAART – efavirenz (38,8%). Foi
. ARV: An
. HAART: Highly active
. HPP: História patológi
Considerando
HAART, apresentaram EA: 34 dos 44 pacientes em uso da associação ritonavir +
sa
72
realizada a análise bivariada seguida da multivariada por regressão logística,
controlando para sexo, idade, alcoolismo e história prévia de hepatite, neoplasia,
diabetes, uso de imunossupressor e insuficiência renal. O grupo em uso
concomitante de RTV com SQV teve uma chance nove vezes maior (OR 9,11, IC
95% 3,79 – 21,91) de eventos adversos em geral, o grupo HAART - Outros uma
chance duas vezes e meia maior (OR 2.55, IC 95% 1,22 – 5,30), enquanto o
esquema HAART contendo efavirenz não mostrou diferença estatística
significativa (OR 1,62, IC 95% 0,89 – 2,97), considerando o grupo sem anti-
retroviral como referência. A idade menor que 35 anos também permaneceu como
fator associado à ocorrência de eventos adversos (OR 1,64, IC95% 1,07 – 2,51).
Entre os 200 casos que apresentaram eventos adversos, os mais relevantes
foram: náuseas/vômitos (65 – 32,5%), hepatite (53 – 26,5%), parestesia (33 –
16,5%), rash cutâneo (23 – 11,5%), icterícia (18 – 9%), prurido (18 – 9%) e
artralgia (16 – 8%). A análise bivariada das associações entre os eventos adversos
e as condutas terapêuticas utilizadas para a infecção pelo HIV pode se observada
na tabela 7.
73
Tabela 7 - Análise bivariada dos eventos adversos mais freqüentes durante o
atamento para TB com os esquemas RHZ/RHZE segundo o esquema ARV
tilizado em pacientes com TB ativa e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e
EC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003
Evento
adverso
Esquema n (%) OR (IC 95%)
tr
u
IP
Artralgia HAART
Não HAART
Sem ARV
12 (6,3)
2 (1,3)
2 (1,3)
5,03 (1,11 – 22,82)
1,01 (0,14 – 7,29)
1
Hepatite HAART 28 (1
Não HAAR
4,7)
10 (6,7)
15 (9,9)
1,57 (0,80 – 3,06)
0,65 (0,28 – 1,50) T
Sem ARV
1
Icterícia HAART
Não HAART
Sem ARV
6 (3,1)
6 (4,0)
6 (3,9)
0,79 (0,25 – 2,50)
1,01 (0,32 – 3,22)
1
Náuseas e
vômitos
HAART
Não HAART
Sem ARV
33 (17,3)
20 (13,3)
12 (7,9)
2,44 (1,21 – 4,90)
1,79 (0,84 – 3,82)
1
Parestesia
HAART
Não HAART
Sem ARV
18 (9,4)
12 (8,0)
3 (2,0)
5,16 (1,49 – 17,85)
4.31 (1,19 – 15,60)
1
Prurido
HAART
Não HAART
Sem ARV
10 (5,2)
3 (2,0)
5 (3,3)
1,62 (0,54 – 4,86)
0,60 (0,14 – 2,56)
1
Rash
cutâneo
HAART
Não HAART
Sem ARV
17 (8,9)
4 (2,7)
2 (1,3)
7,33 (1,67 – 32,23)
2,05 (0,37 – 11,39)
1
de HA e-se a
ito, parestesia e rash cutâneo quando controlado para idade, sexo e
lcoolismo (dados não apresentados).
O uso ART mantev ssociado à ocorrência de artralgia,
náuseas/vôm
a
74
O esquema HAART esteve associado na análise bivariada com a necessidade
de tratamento sintomático ou descontinuidade parcial do tratamento anti-TB (OR
2.12, IC 95% 1,18 - 3,80). O resultado permaneceu mesmo quando ajustado para
s (8/51 –
cientes que não usaram ARV (6,6%).
uando controlado para sexo, idade,
sexo, idade, situação conjugal, história prévia de hepatite e insuficiência renal
(OR 2,05; IC 95% 1,13 – 3,68), enquanto o esquema não HAART não apresentou
associação com significância estatística (OR 1,49; IC 95% 0,78 – 2,87).
Em 51 pacientes, foi necessária a descontinuidade permanente do tratamento
anti-TB, de forma que os EA foram considerados graves. Hepatite foi a
manifestação mais freqüente (24/51 – 47,1%), seguido de náuseas/vômito
15,7%) e rash cutâneo (6/51 – 11,8%). Os outros EA graves manifestaram-se
como: icterícia (5/51 – 9,8%), prurido (4/51 – 7,8%), parestesia (2/51 – 3,9%) e
artralgia (1/51 – 2,0%). Em 44 casos os eventos adversos foram atribuídos ao
tratamento para TB e em 7 casos os medicamentos ARV foram considerados
como o fator causador. Nenhum dos casos de evento adverso grave evoluiu para o
óbito.
Entre os 191 pacientes em uso de HAART, 33 apresentaram EA grave
(17,3%), comparado a 8 entre 150 pacientes do grupo sem ARV (5,3%) e 10 dos
152 pa
Na análise bivariada, o uso de HAART esteve associado com a necessidade de
descontinuidade permanente do tratamento anti-TB (OR 2,96, IC 95% 1,41 –
6,23). A associação permaneceu mesmo q
contagem de linfócitos e história prévia de uso de imunossupressor. O uso de
75
ARV não HAART não apresentou associação estatística significativa com EA
graves (OR 0,48; IC 95% 0,13 – 1,75) (tabela 8).
Quando os medicamentos utilizados para compor o HAART foram analisados
separadamente, apresentaram EA grave: 13 dos 49 que usaram HAART – Outros
(26,5%), 7 pacientes dos 44 que usaram RTV + SQV (15,9%) e 13 pacientes entre
os 100 que usaram HAART – EFZ (13%). Apenas HAART – Outros (OR 4,22;
IC 95% 1,44 – 12,34) esteve associado de forma estatisticamente significativa
com a ocorrência de eventos adversos graves que levaram à descontinuidade
permanente do tratamento anti-TB, enquanto HAART – RTV + SQV (OR 3,07;
IC 95% 0,92 – 10,32) e HAART EFZ (OR 2,11; IC 95% 0,78 – 5,68) não
apresentaram associação estatística significativa, mesmo quando ajustado para
sexo, idade, contagem de linfócitos e história prévia de uso de imunossupressor.
76
Tabela 8 - Análise multivariada por regressão logística das características
ssociadas com a conduta descontinuidade permanente para eventos adversos
corridos durante o tratamento para TB com os esquemas RHZ/RHZE nos
acientes com TB ativa e AIDS acompanhados no HUCFF-IDT/UFRJ e
a
o
p
IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003 (n= 363)
Características n (%) OR ajustada (IC 95%) p valor
Esquema ARV¹
HAART²
33 (17,3)
2,89 (1,20 – 6
Não HAART 8 (5,3)
10 (6,6)
,99)
0,48 (0,13 – 1,75)
0,02
0,27
Sem ARV
1
Sexo
Masculino
Feminino
26 (7,6)
25(16,7)
0,44 (0,21 – 0,88)
1
0,02
HPP³
imunossupressão
Não 48 (9,9)
5,58 (1,20 – 26,00)
1
0,03 Sim
3 (30,0)
1
2 T: Highly active an therapy de alta eficá
3 istória patológica p
.3. Desfechos do tratamento de TB de acordo com o esquema ARV:
De acordo com a definição dos possíveis desfechos do episódio de tuberculose
ntes que
. ARV: Anti-retroviral
. HAAR tiretroviral ou terapia anti-retroviral cia
. HPP: H regressa
6
proposto pelo MS, foi observada a maior freqüência de cura nos pacie
vinham em uso de esquema HAART como terapia anti-retroviral, bem como um
menor número de óbitos e abandono neste grupo de pacientes (tabela 9).
77
Tabela 9 - Distribuição dos desfechos dos episódios de tuberculose de acordo com
tratamento anti-retroviral utilizado em paciente com TB ativa e AIDS tratados
om esquema RHZ/RHZE no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz no período de
o
c
01/01/1995 a 31/12/2003 (n=428)
Esquema
ARV¹
Cura
n (%)
Óbito
n (%)
Abandono
n (%)
Falência
n (%)
HAART² 110 (73,3) 14 (9,3) 21 (14,0) 5 (3,3)
Não HAART 100 (69,9) 21 (14,3) 21 (14,7) 1 (0,7)
Sem ARV 53 (39,3) 43 (31,9) 38 (28,1) 1 (0,7)
1 retroviral
2 acti al ther ia anti alta efic
AART
o terapia anti-retroviral foi cerca de quatro vezes maior comparada aos que
. ARV: Anti-
. HAART: Highly ve antiretrovir apy ou terap -retroviral de ácia
A chance de cura da TB entre os pacientes que vinham em uso de H
com
não usavam ARV (OR 4,25, IC 95% 2,58 – 7,02), e três vezes maior no grupo que
usava esquema não HAART (OR 3,60; IC 95% 2,19 – 5,91). Ambos os esquemas
permaneceram diretamente associados à cura quando ajustados para possíveis
fatores de confundimento como: sexo, idade, situação conjugal, contagem sérica
de linfócitos e núcleo de origem. A contagem sérica de linfócitos abaixo de 1000
céls/mm³ esteve inversamente associada com este desfecho (tabela 10).
78
Tabela 10 - Análise multivariada por regressão logística dos fatores associados à
cura de TB em pacientes tratados com esquemas RHZ/RHZE no HUCFF-
IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz no período de 01/01/1995 a 31/12/2003 (n= 306)
Fatores n (%) OR ajustada IC 95%
Esquema ARV¹
HAART²
Não HAART
Sem ARV
86 (75,4)
2,50 – 8,78
67 (67,0)
40 (43,5)
4,69
3,19
1
1,71 – 5,95
1
Situação conjugal
85 (69,1)
108 (59,0)
1,70 1,01 – 2,86 Casado
Não casado
1
1
Linfócitos (céls/mm³)
86 (53,1)
107 (74,3)
0,33 0,20 – 0,57 Até 1000
Maior 1000
1
1
1 ti-retroviral
2. HAART: Highly active antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
Entre os 428 pacientes tratados de forma definitiva com esquemas
.4. Análise de sobrevida dos tempos até evento adverso e óbito:
mais precoce
. ARV: An
RHZ/RHZE, apenas 15 (3,5%) apresentaram recidiva da doença em dois anos,
sendo que 2 eram do grupo sem ARV, 6 usavam esquema não HAART e 7
vinham em uso de HAART.
6
Os pacientes em uso de HAART apresentaram eventos adversos
(mediana de 90 dias e IIQ 26 - 180 dias) em relação aos pacientes que vinham em
uso de esquema não HAART (mediana 180 dias e IIQ 90 – 270 dias) ou sem
qualquer ARV (mediana 90 dias e IIQ 90 – 180 dias). Quando realizada a análise
de regressão de Cox ajustada para as variáveis sexo, idade, alcoolismo e história
79
prévia de comorbidades (hepatite, neoplasia, uso de imunossupressor, diabetes
mellitus e/ou insuficiência renal), foi observada associação significativa entre uso
de qualquer esquema ARV e ocorrência de EA conforme pode ser observado na
tabela 11. O risco para ocorrência de eventos adversos foi maior entre os
pacientes que usaram esquema HAART. Na figura 3 observamos as curvas de
sobrevida ajustada para a ocorrência de eventos adversos.
Tabela 11 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão de Cox com
hazard ratio dos esquemas anti-retrovirais associados à ocorrência de eventos
adversos durante o tratamento para tuberculose com esquemas RHZ/RHZE em
pacientes com TB ativa e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre
01/01/1995 e 31/12/2003 (n=429)
Esquema ARV¹ Hazard ratio (IC 95%) p valor
HAART²
Não HAART
Sem ARV
5,61 (3,04 – 10,34)
2,64 (1,36 – 5,12)
1
< 0,0001
0,004
1. ARV: Anti-retroviral
2. HAART: Highly active antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
80
Figura 3 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão de Cox para a
ocorrência de eventos adversos durante o tratamento para TB com esquema
RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/ Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003
Tempo em dias para início EA
4003002001000
Sobrevida cumulativa
1.1
1.0
.9
.8
.7
.6
.5
.4
.3
Esquema ARV
Sem ARV
Não HAART
HAART
Estratificando-se esta análise do tempo em dias até a ocorrência de eventos
adversos segundo os medicamentos ARV utilizados para compor o esquema
HAART, observou-se a ocorrência mais precoce de eventos adversos com o uso
de HAART - RTV + SQV (mediana 59 dias e IIQ 16 – 180 dias), quando
comparado ao HAART - Outros (mediana 90 dias e IIQ 37 – 191 dias) e ao
HAART - EFV (mediana 90 dias e IIQ 25 – 180 dias). A análise de regressão de
Cox mostrou um risco para ocorrência de EA cerca de dez vezes maior entre os
que usaram RTV + SQV quando comparado ao pacientes que não usavam ARV
quando ajustado para sexo, idade, alcoolismo e história de comorbidades. O uso
81
de HAART – Outros e HAART – EFZ também estiveram associados com
ocorrência de eventos adversos, entretanto, entre os que usaram esquema
HAART, o risco foi menor quando o medicamento usado para compô-lo foi o
EFZ (tabela 12).
Tabela 12 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão de Cox com
hazard ratio dos esquemas anti-retrovirais associados à ocorrência de eventos
adversos durante o tratamento para tuberculose com esquemas RHZ/RHZE em
pacientes com TB ativa e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre
01/01/1995 e 31/12/2003 (n=429)
Esquema ARV¹ Hazard ratio (IC 95%) p valor
Ritonavir + Saquinavir
Outros
Efavirenz
Não HAART²
Sem ARV
10,38 (5,25 – 20,52)
4,48 (2,16 – 9,31)
3,92 (1,98 – 7,76)
2,53 (1,31 – 4,92)
1
< 0,0001
< 0,0001
< 0,0001
0,006
1. ARV: Anti-retroviral
2. HAART: Highly active antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
82
Figura 4 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão de Cox do
tempo até a ocorrência de evento adverso durante o tratamento para TB com
esquema RHZ/RHZE, segundo o esquema anti-retroviral em pacientes com TB
ativa e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e no IPEC/ Fiocruz entre 01/01/1995
e 31/12/2003
Tempo em dias para início EA
4003002001000
Sobrevida cumulativa
1.2
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
Esquema ARV
Sem ARV
Não HAART
HAART - EFZ
HAART - RTV + SQV
HAART - Outros
Pacientes que não fizeram uso de ARV evoluíram para o óbito em um tempo
mais curto (mediana de 14 dias e IIQ 6 – 83 dias) após o início de tratamento para
TB quando comparado àqueles que vinham em uso de esquema ARV não
HAART (mediana de 42 dias e IIQ 8 – 160 dias) ou àqueles que usavam esquema
HAART (mediana de 115 dias e IIQ 33 – 289 dias).
Quando realizado o modelo de regressão de Cox para o tempo em dias até o
óbito, controlado para sexo, idade, contagem sérica de linfócitos, condição
radiológica no diagnóstico de TB e história prévia de hepatite, o uso de HAART
apresentou uma HR de 0,15. O uso de esquema ARV não HAART também foi
83
identificado como protetor para o óbito. Ao final de um ano, cerca de 92 dos 135
pacientes (68%) sem tratamento para AIDS permaneceram vivos, comparado a
136 dos 150 pacientes que usavam HAART (91%) e 122 dos 143 casos em uso de
esquema não HAART (85%) (figura 5).
Tabela 13 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão de Cox dos
fatores associados ao óbito durante o tratamento para tuberculose com esquemas
RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003 (n=260)
Fatores Hazard ratio (IC 95%) p valor
Esquema ARV¹
HAART²
Não HAART
Sem ARV
0,15 (0,07 – 0,32)
0,29 (0,15 – 0,55)
1
< 0,0001
< 0,0001
Sexo
Masculino
Feminino
0,52 (0,30 – 0,90)
1
0,02
Linfócitos (céls/mm³)
Até 1000
Maior que 1000
3,35 (1,78 – 6,29)
1
< 0,0001
1. ARV: Anti-retroviral
2. HAART: Highly active antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
84
Figura 5 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão de Cox para o
tempo em dias ate o óbito após início do tratamento para TB com esquema
RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS, segundo o tratamento anti-
retroviral recebido no HUCFF-IDT/UFRJ e IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e
31/12/2003
Tempo em dias para óbito
4003002001000
Sobrevida cumulativa
1.1
1.0
.9
.8
.7
.6
.5
Esquema ARV
Sem ARV
Não HAART
HAART
Também foi realizada a análise de sobrevida ajustada para o tempo em dias
para o óbito de acordo com o esquema ARV estratificado. Para este fim, entraram
no modelo as mesmas possíveis variáveis confundidoras analisadas com o
esquema HAART generalizado. A análise revelou que os pacientes sem ARV
permaneceram com maior mortalidade (42 óbitos / 134 pacientes - 32%) em
relação aos pacientes tratados com algum esquema anti-retroviral ao final de um
ano. Entre esses, os pacientes tratados com esquemas HAART contendo EFZ,
RTV + SQV ou outros apresentaram letalidade menor (6 óbitos / 83 pacientes –
7,2%, 4 óbitos / 39 pacientes – 10,3% e 5 óbitos / 29 pacientes – 17,2%,
85
respectivamente) e mais uniforme ao longo de um ano, conforme pode ser
observado na figura 6. O uso de esquema HAART, independente da droga
utilizada para compô-lo, foi identificado como fator de proteção para o óbito
(tabela 14). O sexo masculino e a contagem sérica de linfócitos abaixo de 1000
céls/mm³ permaneceram como fatores de proteção e risco, respectivamente.
Tabela 14 – Análise de sobrevida através do modelo de regressão de Cox dos
fatores associados ao óbito durante o tratamento para tuberculose com esquemas
RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003 (n=260)
Fatores Hazard ratio (IC 95%) p valor
Esquema ARV¹
Ritonavir + Saquinavir
Outros
Efavirenz
Não HAART
Sem ARV
0,16 (0,04 – 0,69)
0,19 (0,04 – 0,80)
0,16 (0,07 – 0,40)
0,29 (0,15 – 0,56)
1
0,01
0,02
< 0,0001
< 0,0001
Sexo
Masculino
Feminino
0,51 (0,29 – 0,88)
1
0,02
Linfócitos (céls/mm³)
Até 1000
Maior que 1000
3,37 (1,79 – 6,34)
1
< 0,0001
1. ARV: Anti-retroviral
2. HAART: Highly active antiretroviral therapy ou terapia anti-retroviral de alta eficácia
86
Figura 6 - Curvas de sobrevida ajustadas pelo modelo de regressão de Cox para o
tempo em dias para o óbito após início do tratamento para TB com esquema
RHZ/RHZE em pacientes com TB ativa e AIDS tratados no HUCFF-IDT/UFRJ e
IPEC/Fiocruz entre 01/01/1995 e 31/12/2003, de acordo com o esquema anti-
retroviral estratificado
Tempo em dias para óbito
4003002001000
Sobrevida cumulativa
1.1
1.0
.9
.8
.7
.6
.5
Esquema ARV
Sem ARV
Não HAART
HAART - EFZ
HAART - RTV + SQV
HAART - Outros
87
7. Discussão
A co-infecção Mtb-HIV, considerada uma pandemia nos dias atuais, teve sua
história natural modificada a partir da introdução dos medicamentos do esquema
HAART como terapia anti-retroviral (Aerts, 2004; Dheda, 2004; Jones, 2000).
A forma de apresentação clínica, gravidade e mortalidade relacionadas à TB
em pacientes infectados pelo HIV passaram por grandes mudanças com a
introdução deste potente tratamento para AIDS (Badri, 2002; Girardi, 2001 e
2004; Jones, 2000; Kirk, 2000; Lawn, 2005; Santoro-Lopes, 2002). Contudo, é
conhecida a limitação dos tratamentos conjuntos para TB e AIDS no que diz
respeito à interação medicamentosa entre a rifampicina e alguns ARV que
compõem o esquema HAART, principalmente os da classe dos IP, com maior
freqüência de eventos adversos (Dean, 2002).
Para atingir os objetivos deste estudo foram estudados os pacientes tratados
para TB ativa em um intervalo de oito anos (1995 a 2003), representativo de um
período da história da AIDS, abrangendo desde a época em que a terapêutica para
a infecção retroviral era baseada nos ITRN até a transição para a era HAART.
A distribuição dos casos de tuberculose por ano apresentou algumas variações
ao longo do período analisado, com picos em 1998 e 2000, que podem ser devidas
à época de instalação dos programas específicos para diagnóstico e tratamento de
TB no HUCFF-IDT e no IPEC, respectivamente.
Em relação aos aspectos epidemiológicos dos pacientes com TB ativa
infectados pelo HIV, a predominância do sexo masculino em nossa amostra
88
(70,7%) é similar a de Nogueira e col (2006) (76%), bem como a média de 35
anos de idade, refletindo o grande acometimento de adultos jovens pela pandemia.
O predomínio no período estudado do grupo de pacientes que não fazia uso de
ARV pode demonstrar o papel da TB como um importante evento definidor de
AIDS no Rio de Janeiro, atualmente mais comum que pneumocitose e
toxoplasmose, como documentado por Soares e col (2006).
A partir de 1998, ocorreu a redução progressiva do uso da terapia não HAART
com aumento do emprego do esquema HAART, quando o sistema público de
saúde disponibilizou o tratamento de forma gratuita e em larga escala para toda a
população.
Este trabalho apresenta algumas limitações características dos estudos
retrospectivos baseados em análise de prontuários tais como os viéses de
informação. Muitos dados não puderam ser coletados ou não se encontravam
precisamente relatados nos prontuários. Os dados sobre alcoolismo foram
coletados com base nos relatos de prontuários. Estas informações podem ter
sofrido algum tipo de distorção no momento da coleta ou do registro no
prontuário, levando à classificação errônea dos participantes do estudo em termos
de exposição. Alguns exames complementares, entre eles os exames
microbiológicos, exames radiológicos, a contagem de linfócitos T CD4 e carga
viral não se encontravam disponíveis para todos os pacientes, e, quando
realizados, seus resultados nem sempre se encaixavam nos períodos corretos para
a análise. Os registros destes dados de maneira incompleta nos prontuários foi
responsável pelo alto número de dados faltantes para as variáveis contagem sérica
89
de linfócitos T CD4 e carga viral. Dessa forma, para a avaliação imunológica dos
pacientes foi utilizada a contagem sérica de linfócitos totais. Entretanto, alguns
estudos sugerem que a contagem de linfócitos totais possa ser utilizada como
alternativa à contagem de linfócitos T CD4 para acompanhamento de pacientes
HIV soropositivos em países em desenvolvimento (Badri, 2003; Bedell, 2003;
Liu, 2007; Mahajan, 2004).
Por ter sido uma análise conduzida em dois hospitais de referência, onde a
gravidade e complexidade dos pacientes são maiores, os resultados aqui
apresentados devem ser analisados com cautela ao serem extrapolados para os
indivíduos oriundos da rede primária de assistência.
7.1. Forma clínica de apresentação da tuberculose:
Existem poucos dados publicados na literatura sobre a influência do HAART
na forma de apresentação clínica da TB. Os trabalhos já existentes indicam que a
imunodeficiência promovida pelo HIV resulta em formas extrapulmonares e
disseminadas da tuberculose (Aerts, 2004; Lawn, 2005; Sharma, 2005), além de
manifestações radiológicas atípicas na apresentação pulmonar (Greenberg, 1994).
Na era HAART foi observado um aumento na freqüência das manifestações
radiológicas pulmonares típicas, bem como uma resposta imunológica mais eficaz
com conseqüente aumento da sobrevida (Girardi, 2001). Seria esperado também
uma redução das formas extrapulmonares e disseminadas da TB nos pacientes em
uso de HAART, entretanto, o trabalho conduzido por Girardi e col (2001), que
procurou comprovar esta hipótese não apresentou tamanho amostral suficiente.
90
Na nossa amostra, identificamos o esquema HAART como fator protetor para as
formas disseminadas de apresentação da TB em relação à formas pulmonares
mesmo quando ajustado para possíveis fatores de confundimento.
O alcoolismo, muitas vezes associado à desnutrição, com conseqüente prejuízo
da imunidade celular, pode ser um fator de risco para TB, assim como foi
demonstrado por Mattos e col (2006) e Pelaquin e col (2007). Em nossa amostra,
o alcoolismo foi identificado como fator protetor para as formas extrapulmonares
e disseminadas da TB. Entretanto, estes resultados em particular devem ser
analisados com cautela, um vez que a variável alcoolismo pode ter sido
comprometida pela forma de registro nos prontuários, como já previamente
discutido.
7.2. Eventos adversos:
Dados publicados em 1991 por Small e col já revelavam uma maior freqüência
de eventos adversos nos pacientes com TB ativa e AIDS, entretanto este trabalho
não fez menção ao tratamento anti-retroviral utilizado em conjunto à terapêutica
anti-TB.
Em nosso estudo, apesar do benefício relacionado à redução das formas graves
de apresentação da TB, o uso de esquema HAART foi identificado como fator
associado à ocorrência de eventos adversos como já estabelecido por publicações
prévias (Burman 1999 e 2001; Dlodlo, 2005; Kwara, 2005; Piscitelli, 1996; Rolla
2006).
91
Nosso resultado não corrobora os dados publicados por Nahid e col (2007), no
qual o uso de HAART não foi identificado como fator de risco para a ocorrência
de eventos adversos quando usado durante o tratamento para TB, apesar de os
pacientes infectados pelo HIV terem uma freqüência maior de eventos adversos.
Os resultados, criticados pelos próprios autores, podem estar relacionados com o
baixo número de pacientes em uso de HAART na casuística daquele artigo (32
pacientes – 12,1% da amostra).
Quando o grupo HAART foi subdividido, o esquema contendo efavirenz não
se revelou como fator de risco independente e associado de forma estatisticamente
significativa com a ocorrência de eventos adversos. Por outro lado, o uso de
ritonavir + saquinavir mostrou-se como fator de risco importante.
As complexas interações medicamentosas existentes entre as rifamicinas e os
medicamentos da classe dos IP justificam as manifestações adversas durante seu
uso concomitante (Burman, 1999). E apesar de permanecerem como indicação de
terapia ARV durante o tratamento para TB pelo sub-comitê brasileiro, a
associação RTV + SQV foi proscrita pelos consensos norte- americano e britânico
pela escassez de dados sobre sua eficácia e segurança (Ministério da Saúde,
2006).
A empresa farmacêutica Roche® publicou uma carta onde considerou incerta a
segurança anteriormente atribuída ao uso associado de rifampicina com IP (Dear
Health Care Provider letter, 2005) e Rolla e col (2006) mostraram alta prevalência
de intolerância gastro-intestinal à associação R e RTV + SQV em pacientes
infectados pelo HIV. Moreno e col (2001), por sua vez, não encontraram eventos
92
adversos graves relacionados à associação R e RTV, entretanto, este foi um
estudo piloto, com apenas 18 pacientes.
Quando analisada a co-administração de R e ITRNN, o estudo de Oliva e col
(2003) revelaram elevada taxa de eventos adversos (25%) quando usada esta
associação, contudo, foi um estudo pequeno, com apenas 36 pacientes incluídos, e
o ITRNN utilizado foi a nevirapina. Entretanto, a associação de rifampicina com
efavirenz durante o tratamento da TB ativa em pacientes com AIDS mostrou-se
segura nos estudos de Friedland e col (2006) e Patel e col (2004).
Ainda que sejam conhecidas interações medicamentosas e a possibilidade de
toxicidade pelo tratamento conjunto entre os esquemas anti-TB e ITRNN
(Burman, 1999 e 2001, Kwara, 2005), esta associação mostra-se mais segura,
principalmente quando usado o efavirenz, como evidenciado neste estudo.
De modo geral, da mesma forma que o esquema HAART foi identificado
como fator isolado associado à ocorrência de eventos adversos, também o
identificamos associado à necessidade de condutas terapêuticas para tais eventos,
necessitando seja de tratamento medicamentoso ou descontinuidade parcial do
esquema anti-TB nos casos mais leves, até descontinuidade permanente dos
medicamentos nos casos mais graves. No estudo de Rolla e col (2006), de 20
pacientes que iniciaram o estudo, 14 tiveram que interromper o uso das
medicações conseqüentes aos eventos adversos.
93
7.3. Desfecho da tuberculose:
Os resultados aqui apresentados identificaram a importância da terapêutica
ARV seja HAART ou não HAART nos desfechos positivos ao tratamento de
tuberculose, aumentando a freqüência de cura e reduzindo as taxas de óbito.
Dados revelam que a eficácia e efetividade do esquema RHZ/RHZE no
tratamento para TB é elevada independente do status HIV do indivíduo (Burman,
2001; Domoua, 1998; SBPT, 2004). Contudo, este estudo revelou que quando
tratados para a infecção pelo HIV seja com esquema HAART ou não, as taxas de
cura aumentaram. Este fato pode estar relacionado com a restauração da
imunidade TB-específica associada ao tratamento anti-retroviral nos pacientes
infectados pelo HIV (Havlir, 1999; Lawn, 2005).
O status imunológico, em nosso caso avaliado através da contagem sérica de
linfócitos totais, também mostrou-se associado com desfecho ao tratamento para
TB, revelando que os indivíduos menos imunodeprimidos tem maior chance de
cura.
O número reduzido de recidivas de TB entre os pacientes não permitiu a
realização de uma análise apropriada da sua associação com o HAART, o que
também ocorreu no estudo de Nahid e col (2007).
Entretanto, esta associação foi
documentada por Lopez-Cortes e col (2005).
7.4. Tempo até eventos adversos e óbito:
Os resultados deste estudo revelam que entre os pacientes que apresentaram
eventos adversos, a ocorrência destes foi mais precoce e freqüente entre os
94
pacientes que vinham em uso de terapia anti-retroviral HAART ou não HAART.
Os resultados ficam mais expressivos quando realizada categorização do esquema
HAART de acordo com a droga utilizada para compô-lo, mostrando a forte
associação de RTV + SQV com eventos adversos.
Apesar da conhecida relação entre uso de HAART e EA durante o
tratamento para TB, nenhum dos artigos revistos para a construção deste trabalho
realizou análise de sobrevida buscando a relação entre tempo para ocorrência de
EA e esquema ARV. Apenas Small e col (1991) mostraram que 60% dos eventos
adversos ocorrem no primeiro mês de tratamento da TB em pacientes com AIDS,
porém não foram fornecidas informações a respeito da terapia ARV nestes
pacientes. No estudo de Dean e col (2002), onde 93,2% dos pacientes com TB
ativa e AIDS estavam em uso de terapêtica anti-TB baseado em rifamicinas, a
maioria dos eventos adversos ocorreu nos dois primeiros meses de tratamento. Os
eventos mais comuns foram parestesia, rash cutâneo e intolerância gastro-
intestinal. Estas manifestações também estavam entre as mais freqüentes
apresentadas neste estudo.
Estas informações podem implicar no tempo de início da terapia ARV durante
o tratamento para TB, pois a ocorrência de eventos adversos pode contribuir na
adesão ao uso das medicações, conforme sugerido por Burman e col (2001) e
Kwara e col (2005).
Também foi identificada a importância do HAART na sobrevida dos pacientes
após o diagnóstico de TB, com cerca de 95% dos pacientes permanecendo vivos
ao final de um ano. O benefício permaneceu mesmo após a categorização de
95
acordo com o medicamento utilizado para compor o HAART. Os dados são
semelhantes aos publicados por Girardi e col (2001), onde a taxa de sobrevida
entre os que usavam HAART foi de 80% em um seguimento de um ano após a
tuberculose. Leonard e col (2002) também mostraram um aumento nas taxas de
sobrevida em um ano, porém poucos pacientes usaram HAART em sua amostra,
impossibilitando uma análise fiel sobre o benefício da terapia anti-retroviral
eficaz. Lacerda (2002) documentou em sua dissertação de mestrado resultados
similares sobre o efeito do HAART na sobrevida dos pacientes após o diagnóstico
de TB, com HR 0,06 (IC 95% 0,02 – 0,21). Em 2004, Dedha e col identificaram
que o uso de HAART reduziu a ocorrência de outras infecções oportunistas e o
risco de morte em um período de dois anos após o tratamento para TB.
Além dos benefícios associados ao desfecho da TB, já foi comprovado que o
uso de HAART está associado com respostas imunológica e virológica à ART
(Dean, 2002; Hung 2003; Breen 2006), entretanto não foi objetivo deste estudo o
seguimento de pacientes de uma coorte de HIV, mas sim do efeito do HAART na
evolução da TB em infectados pelo HIV.
96
8. Conclusões
1. O uso de HAART foi identificado como um dos fatores protetores para o
desenvolvimento de formas disseminadas e, portanto, mais graves da TB.
2. Apesar do benefício encontrado, o esquema também foi identificado como
fator de risco para ocorrência de eventos adversos, bem como está associado com
a necessidade de descontinuidade parcial ou permanente do tratamento anti-TB, o
que pode influenciar na efetividade deste. Entretanto, o uso de efavirenz não
esteve associado de forma estatisticamente significativa com as manifestações
adversas, ao contrário da associação RTV + SQV.
3. A utilização de qualquer terapia ARV teve influência nos desfechos
positivos do tratamento para tuberculose, com aumento das taxas de cura e
redução de óbito. Entretanto, o esquema HAART esteve associado com taxas de
sobrevidas maiores.
97
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107
Anexo 1
TB-HIV
Nome
Endereço Residência
Bairro
Cidade
CEP
-
Estado
Telefone
-
Profissão
Local de Trabalho
Data de Nascimento
/ /
Nat
Núcleo de Origem
HUCFF IPEC Emílio Ribas CRT-AIDS
Número do Prontuário
Data
/ /
Ocupação
Referência
Última procedência (última cidade / estado onde morou)
Histórico Social
Sexo
(1-M 2-F)
Morador de Rua
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Acompanhamento psiquiátrico
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Mora em asilo ou lar para idoso
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Esteve encarcerado
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Homo / Bissexual
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Relação sexual sem preservativo
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Resp:
1-Casado/Acompanhado
2-Não Casado
9-S.D.
Situação Conjugal
1-Sem renda
2- Até 3 S.M.
3- > 3 a 5 S.M.
4- > de 5 S.M.
9-S.D.
Renda Familiar
1-Alvenaria
2-Madeira
3-Outros
9-S.D.
Situação Habitacional
1
-Branca
2
-Negra
3
-Índio
4
-Parda
5
-Outra
9
-S.D.
Cor
Saneamento Básico
1-Sim
2-Não
9-S.D.
Grau e Instrução:
1-Analfabeto
2-1º Grau Incompleto
3-1º Grau Completo
4-2º Grau Incompleto
5-2º Grau Completo
6-3º Grau Incompleto
7-3º Grau Completo
9-S.D.
108
Você fuma atualmente?
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Número do Prontuário
Alcoolismo
Tabagismo
Você já fumou?
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Alcoolismo?
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Uso de drogas
Uso de drogas injetáveis?
Quais ?
Maconha Cocaína Heroína Crack Êxtase LSD SD
Outras drogas:
História Patológica Pregressa
Uso de drogas não injetáveis?
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
01-Alergia
02-Câncer
03-Doenças Cardiaca
04-Hipertenção arterial sitemica
05-Diabetes Mellius
06-Hepatites
07-Outra doença hepática
08-Outra doença digestiva / Úlcera
09-DST
10-DPOC
11-Hanseniase
1
2-Doença Renal
1
3-Silicose
1
4-Cirurgia
1
5-Artrite / Gota
1
6-Leucemia / Linfoma
1
7-Doenças Neurológicas
1
8-Terapia com imunossupresores
1
9-Doença que interferem na absorção intestinal
2
0-Colagenose
21-Outros
9
9-SD
109
Sinais e Sintomas
Sinais Sintomas de Tuberculose
Data Inicial
/ /
Descreva Outros
Observação
Sinais e Sintomas
Data Inicial
/ /
Descreva Outros
Observação
Número do Prontuário
25-Dor Abdominal
26-Constipação
27-Diarréia
2
8-Alteração genitourinário
2
9-Disúria
3
0-Polaciúria
3
1-Noctúria
3
2-Artralgia
3
3-Mialgia
3
4-Rasth
3
5-Linfadenomegalia
3
6-Outros
01-Insonia
02-Cefaléia
03-Convulsões
04-Parestesia
05-Tremores
06-Redução da acuidade visual
07-Dor ocular
08-Odinofagia
09-Rouquidão
10-Emagrecimento >10% peso habitual
11-Febre
12-Calafrios
13-Sudorese
14-Fraqueza
15-Anorexia
1
6-Dispnéia
1
7-Dispnéia aos esforços
1
8-Dispnéia de repouso
1
9-Tosse
2
0-Escarro purulento
2
1-Hemoptóicos/Hemoptise
2
2-Dor Torácica
2
3-Náusea
2
4-Vômitos
Sinais e Sintomas
Data Inicial
/ /
Descreva Outros
Observação
Sinais e Sintomas
Data Inicial
/ /
Descreva Outros
Observação
110
Outro Local
Forma Clínica de Tuberculose
Data do Diagnóstico de TB
/ /
Pulmonar
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Extra-Pulmonar
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Local
Disseminada
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
É contactante de TB pulmonar
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Quanto tempo
1
- < 6 meses
2- 7 - 12 meses
3
- 13 - 24 meses
4
- > 25 meses
5- Não se aplica
9
- S.D.
Contactante reside no mesmo domicilio?
(1-Sim 2-Não 3-Não se aplica 9-S.D.)
Vacinação com BCG
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Observações
Tratamento
p
révio
p
ara Tuberculose
Data
/ /
Profilaxia primária
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Descreva Profilaxia
Tratamento Prévio para TB
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Número do Prontuário
Desfecho
1
-Cura
2
-Abandono
3
-Mudança de Diagnóstico
4
-Falência
5
-Outros
6
-Não se aplica
Há quanto tempo?
1
-< 12 meses
2
-12-24 meses
3
-> 24 meses
5
-Não se aplica
9-S.D.
Forma Clínica
1-Pulmonar
2-Pleural
3-EP
4-Disseminada
5-Pleuro-pulmonar
6-Não se aplica
Tratamento Prévio
1
-RHZ
2
-RHZE
3
-SEEZ
4
-SEO
5
-Outros
6-Não se aplica
9
-S.D.
Tempo de Usos (meses)
Uso Regular
1-Sim 3-Não se aplica
2-Não 9-S.D.
P
PD
Data
/ /
PPD
1-Reator
2-Não reator
3-Não se aplica.
9-S.D.
Resultado (mm)
01-Ganglionar
02-Pleural
03-Miliar
04-Laríngea
05-Ocular
06-Renal
07-Cutânea
08-Testículo
09-Intestinal
10-Óssea
11-Meningoencefalite
12-Ginecológica
13-Cerebral
14-Nasal
15-Pericárdia
16-Mucosa
17-Oral
18-hepatoesplênica
PPD
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
111
Tratamento
p
ara Tuberculose
Número do Prontuário
Término do TTB
/ /
E
specificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
Indicação de Tratamento
4
- Confirmado por bacteriologia
5
- Confirmado por histopatologia
6
- Confirmado por histo/bacteriologia
1- Empírico radiológico
2- Empírico clínico
3- Empírico clínico/radiológico
DOT
(1-Sim 2-Não)
Término do TTB
/ /
E
specificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
Término do TTB
/ /
Especificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
Término do TTB
/ /
Especificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
112
Tratamento para Tuberculose
(
continuação)
Número do Prontuário
Término do TTB
/ /
E
specificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
Término do TTB
/ /
E
specificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
Término do TTB
/ /
E
specificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
Término do TTB
/ /
E
specificar doses
R
H
Z
E
S
O
Outras drogas
/
Início do TTB
/ /
Et
Outras drogas
/
113
H
IV / AIDS
Data da Sorologia
/ /
HIV Positivo
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Critério do diagnóstico de AIDS
(
1-CD4 2-DO 3-CD4+DO 4-CV)
Fatores de risco
p
ara infecção
p
elo HIV e HBV
Uso de drogas IV
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Transfusão sangüinea
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Data da Trasfusão
/ /
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Relações sexuais sabidamente com HIV+
Paciente Hemofilico
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Acidente de trabalho em prof. de saúde
(1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Transmissão Vertical
(
1-Sim 2-Não 9-S.D.)
Número do Prontuário
Doenças definidoras de AIDS
CD4 no diagnóstico de AIDS
Data do exame
/ /
CV no diagnóstico de AIDS
Data do exame
/ /
01-Câncer cervical invasivo
02-Candidíase de esôfago, traquéia, brônquios ou pulmão
03-CMV exceto em fígado, baço, linfonodos; retinite
04-Coccidioidomicose extrapulmonar
05-Criptococose extrapulmonar
06-Criptosporidiose com diarréia por mais de um mês
07-Demência associada ao HIV: incapacidade cognitiva e/ou outras disfunções que interfiram com
a atividade profissional ou cotidiana
08-Herpes simples com úlcera mucocutânea por mais de um mês ou bronquite, pneumonite, esofagite
09-Histoplasmose extrapulmonar
10-Isoporíase com diarréia por mais de um mês
11-Leucoencefalopatia multifocal progressiva
12-Linfoma: de Burkitt, imunoblástico, primário do SNC
13-Mycobacterium avium, disseminado
14-Mycobacterium tuberculosis, pulmonar, extrapulmonar
15-Pneumonia bacteriana recorrente (= 2 episódios em 12 meses)
16-Pneumonia por Pneumocystis carinii
17-Sarcoma de Kaposi em paciente abaixo de 60 anos (ou acima de 60 anos)
18-Septicemia recorrente por Salmonella (não-tifóide)
19-Síndrome consumptiva associada ao HIV: perda ponderal involuntária superior a 10% do peso e
diarréia crônica (duas ou mais deposições de fezes amolecidas por dia, durante 30 dias ou
mais) ou fraqueza crônica e febre de origem obscura documentada = 30 dias
20-Toxoplasmose de órgão interno
21-SD
114
Tratamento
p
ara Aids
Uso regular de outros medicamentos?
Data
/ /
A
ntiretrovirais - Esquema Terapeutico
(
exceto ARV e tuberculostáticos)
Data do Início
/ /
Data Final
/ /
Data
/ /
Inicial do esquema
Final do esquema
Número do Prontuário
Uso regular de outros medicamentos?
Data
/ /
A
ntiretrovirais - Esquema Terapeutico
(
exceto ARV e tuberculostáticos)
Data do Início
/ /
Data Final
/ /
Data
/ /
Inicial do esquema
Final do esquema
Uso regular de outros medicamentos?
Data
/ /
A
ntiretrovirais - Esquema Terapeutico
(
exceto ARV e tuberculostáticos)
Data do Início
/ /
Data Final
/ /
Data
/ /
Inicial do esquema
Final do esquema
Uso regular de outros medicamentos?
Data
/ /
A
ntiretrovirais - Esquema Terapeutico
(
exceto ARV e tuberculostáticos)
Data do Início
/ /
Data Final
/ /
Data
/ /
Inicial do esquema
Final do esquema
Uso regular de outros medicamentos?
Data
/ /
A
ntiretrovirais - Esquema Terapeutico
(
exceto ARV e tuberculostáticos)
Data do Início
/ /
Data Final
/ /
Data
/ /
Inicial do esquema
Final do esquema
1
3-EFZ (Stocrin)
1
4-DLV (Rescriptor)
15-LOP (Kaletra)
1
6-T20 (Zerit)
1
7-BMS (Atazanavir)
1
8-TDF (Viread)
0
7-SQV (Invirase)
0
8-RTV (Norvir)
0
9-IDV (Crixivan)
1
0-NFV (Viracept)
1
1-Amprenavir (Agenerase)
1
2-NVP(Viramune)
01-AZT (Retrovir)
02-DDI (Videx)
03-DDC (Hivid)
04-D4T (Zerit)
05-3TC (Epivir)
06-Abacavir (Ziagenavir)
115
E
vento Adverso
Observação (outro envento adverso não listado)
Data
/ /
Data
/ /
I
nicial do evento
Final do evento
C
lassificação
Evolução Conduta
1-Recuperado
2-Presente sem Tratamento
3-Presente com Tratamento
4-Não se aplica
9-S.D.
1
-Nenhuma
2-Tratamento/Descontinuidade parcial
3
-Descontinuidade permanente
4
-Não se aplica
9
-S.D.
01-Acidose lática
02-Anemia
03-Artralgia
04-Cefaléia
05-Convulsão
06-Diarréia
07-Dislipidemia
08-Esteatose hepática
09-Hepatite
10-Hiperuricemia
11-Hipoacusia
12-Icterícia
13-Insônia
14-Insuficiência renal
15-Leucopenia
1
6-Lipodistrofia
1
7-Mialgia
1
8-Miosite
1
9-Mudanças de humor
2
0-Náuseas e vômitos
2
1-Nefrolitíase
2
2-Neurite ótica
2
3-Nistagmo
2
4-Parestesia
2
5-Pesadelos
2
6-Prurido
2
7-Rash cutâneo
2
8-Trombocitopenia
2
9-Vertigem
3
0-Outros
Evento
Droga suspeita
E
vento Adverso
Observação (outro envento adverso não listado)
C
lassificação
Evolução Conduta
1-Sim 2-Não 9-S.D.
Houve Evento:
Data
/ /
Data
/ /
I
nicial do evento
Final do evento
Evento
Droga suspeita
1-Sim 2-Não 9-S.D.
Houve Evento:
1-Recuperado
2-Presente sem Tratamento
3-Presente com Tratamento
4-Não se aplica
9-S.D.
Número do Prontuário
1
-Nenhuma
2-Tratamento/Descontinuidade parcial
3
-Descontinuidade permanente
4
-Não se aplica
9
-S.D.
116
Número do Prontuário
A
desão ao tratamento de TB.
Tomou remédio todos os dias
1-Não
2-Sim
9-S.D.
Faltou Consulta?
1
-Não
2
-Sim
9
-S.D.
Finalização de E
p
isódio de TB.
Observação
1-Cura comprovada
2-Cura não comprovada
3-Falência Terapeutica
4-Abandono
Finalização
Data da Última consulta
/ /
5
-Óbito por TB
6
-Óbito por HIV
7
-Óbito por outra causa
8-Recidiva (em 2 anos)
9-Transferência
117
L
eucócitos / mm
Número do Prontuário
Data
/ /
3
Linfócitos
Data
/ /
Linfócitos
Data
/ /
Linfócitos
Data
/ /
Linfócitos
C
D4, C
V
Data
/ /
CV
CD4
Data
/ /
Data
/ /
CV
CD4
Data
/ /
Data
/ /
CV
CD4
Data
/ /
Data
/ /
CV
CD4
Data
/ /
118
Bacteriolo
g
ia e Anatomia
p
atoló
g
ica
Número do Prontuário
Data
/ /
Material
01-Escarro
02-Sangue
03-Biópsia de Pericárdio
04-Líquido Pleural
05-Escarro induzido
06-Lavado brônquico
07-Lavado brôncoalveolar
Outros materiais
BAAR
1- -
2- +
3- ++
Especifique diag.
H
istopatológico
Especifique número de
C
olônias
Descreva mais de um
M
icobactérias isoladas
0
8-Biópsia bronquica
0
9-Biópsia pleural
1
0-Biópsia ganglionar
1
1-Saliva
1
2-Aspirado de medula
Ó
ssea
1
3-Biópsia de medula
Ó
ssea
1
4-Biópsia de pele
1
5-Outras
4- +++
5- ++++
6- Não se aplica
9-SD
R
1-Sensível
2-Resistente
3-Não testada
4-Não se aplica
9-SD
I
P
E
S
ET
Resultado TSA
Histopatologia
1-Ausência granuloma
2-Granuloma s/ necrose
3-Granuloma c/ necrose
4-Granuloma c/ necrose e células gigante
5-Infiltrado mononuclear
6-Processo inflamatório inespecifico
7-Outros diagnóstico (especifique)
8-Não realizado
9-SD
Wade
1
-Positivo
2
-Negativo
3
-Não realizou
4-Não se aplica
9
-SD
08-M.Xenopi
09-M.Abcessus
10-M.Chelonae
11-M.Fortuitum
12-M.Mucogenicum
13-M.Smegmatis
14-Mais de uma micob. isolada
99-Sem informação
01-M.Avium complex
02-M.Kansasi
03-M.Marinum
04-M.Haemophilum
05-M.Malmoense
06-M.Simiae
07-M.Szulagai
Outros Micobactérias
Cultura
1- Negativo
2- < 20 colônias (especifique)
3- +(20-100 colônias)
4-++(100-200 colônias)
5-+++ (confluentes)
6-Contaminada
7-Não realizado
8-Material insuficiente
9-SD
1
-M. Tuberculosis
2
-Não se aplica
3
-Outras micobactérias
9
-SD
Identificação
119
R
adiolo
g
ia Tórax
Número do Prontuário
Data
/ /
1-Normal
2-Anormal
3-Não se aplica
9-S.D.
Resultado
RX
1-Sim
2-Não
A
lteração Localização Lobar
Hemi-Localização
Observações (outros)
Se Anormal:
01-Linfonodomegalia hilar
02-Linfonodomegalia mediastinal
03-Derrame Pleural
04-Infiltrado difuso
05-Miliar
06-Cavitação
01-Superior
02-Médio
03-Inferior
04-Não se aplica
99-S.D.
01-Direito
02-Esquerdo
03-Bilateral
04-Não se aplica
99-S.D.
0
7-Infiltrado micronodular
0
8-Infiltrado reticulonodular
0
9-Consolidação
1
0-Traves de fibrose
1
1-Nódulo residual
1
2-Outros
Hemi-Localização
L
ocalização Lobar
A
lteração
120
Número do Prontuário
Data
/ /
1-Normal
2-Anormal
3-Não se aplica
9-S.D.
Resultado
TC
1-Sim
2-Não
A
lteração Localização Lobar
Hemi-Localização
Observações (outros)
Se Anormal:
01-Linfonodomegalia hilar
02-Linfonodomegalia mediastinal
03-Derrame Pleural
04-Infiltrado difuso
05-Miliar
06-Cavitação
01-Superior
02-Médio
03-Inferior
04-Não se aplica
99-S.D.
01-Direito
02-Esquerdo
03-Bilateral
04-Não se aplica
99-S.D.
0
7-Infiltrado micronodular
0
8-Infiltrado reticulonodular
0
9-Consolidação
1
0-Traves de fibrose
1
1-Nódulo residual
1
2-Outros
Hemi-Localização
L
ocalização Lobar
A
lteração
R
adiolo
g
ia Tórax
121
Número do Prontuário
Outros exames radioló
g
icos
Data
/ /
1-Tórax
2-Abdome
3-Outros
4-Não se aplica
Local
USG
1-Sim
2-Não
1-Derrame pleural
2
-Hepatoesplenomegalia
3
-Linfonodomegalia
4
-Outros
5-Não se aplica
9
-S.D.
Resultados
Se Outros:
Especifique:
Outros exames:
Especifique:
122
Anexo 2
123
Anexo 3
1° Congresso do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho 1978 - 2008
TERAPIA ANTIRETROVIRAL DE ALTA EFICÁCIA (HAART) NA CO-INFECÇÃO
TUBERCULOSE (TB)-HIV: SEGURANÇA E EFEITO NA SOBREVIDA APÓS
DIAGNÓSTICO DE TB.
Santos APG
1
, Kritski AL
1
, Rolla VC
2
, Golub J
3
, Passos SRL & Mello FCQ
1
.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
1
– FIOCRUZ
2
-Johns Hopkins University
3
Introdução:o advento do HAART contribuiu para mudar o prognóstico da infecção pelo
HIV, mas o tratamento conjunto da co-infecção TB-HIV ainda é um desafio pelas
interações medicamentosas e possíveis eventos adversos (EA). Objetivo: avaliar as
alternativas de manejo farmacológico conjunto da infecção TB-HIV na ocorrência de EA
e na letalidade após o diagnóstico de TB. Métodos: estudo de coorte retrospectivo
realizado no Complexo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF)-
Instituto de Doenças do Tórax (IDT) e no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas
da FIOCRUZ,com a análise de 549 prontuários de pacientes tratados para TB com
esquemas I ou IR entre 01/01/95 e 31/12/03.Os pacientes foram categorizados de acordo
com a terapia anti-retroviral (ARV) utilizada concomitantemente:HAART,não HAART
ou nenhum ARV. O HAART foi avaliado de acordo com a sua composição. Foi realizada
análise bivariada seguida de análise multivariada por regressão logística para controle de
fatores de confundimento associados à EA. A análise de sobrevida foi realizada pelos
métodos de Kaplan Meyer e modelo de Cox. Resultados:uso de HAART-
ritonavir+saquinavir e HAART-outros estiveram associados de forma independente com
a ocorrência de EA quando comparados ao não uso de ARV(OR 9,11;IC 95% 3,79-21,91
e OR 2,55;IC 95% 1,22-5,30,respectivamente), esta associação não foi observada com
uso de HAART- efavirenz (EFZ) (OR 1,62;IC 95% 0,89-2,97). A análise de sobrevida
de um ano de seguimento após o diagnóstico de TB revelou um efeito protetor do
HAART para óbito (HR 0,17; IC 95% 0,07-0,33), independente da droga utilizada para
compô-lo. Conclusões: o esquema HAART, independente da sua composição, teve efeito
protetor para o desfecho óbito após o diagnóstico de TB. Apesar da ocorrência de EA
com o uso de HAART- EFZ, este esquema revelou-se como o mais seguro ao ser
associado ao esquema anti-TB com rifampicina. Supported by ICOHRTA 5 U2R
TW006883-02 e Ministério da Saúde-Br
124
Anexo 3
American Thoracic Society International Conference 2008
Title: Effect of Highly Active Antiretroviral Therapy (HAART) on Tuberculosis
(TB) Outcome in Patients with TB-HIV Co-infection in two Reference Hospitals,
Rio de Janeiro,Brazil
A.P. Santos, MD
1
, A. Staviaca, MD
1
, J. Golub, PhD
2
, R. Chaisson, MD
2
, V.C. Rolla, PhD
3
,
A. Kritski, PhD
1
, S.L. Passos, PhD
3
and F.Q. Mello, PhD
1
.
1
Federal University of Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil;
2
Johns Hopkins University, Baltimore, Maryland,
United States and
3
Evandro Chagas Clinical Research Institute, Rio de Janeiro, RJ, Brazil.
TB
s mortality rate became higher with the HIV/AIDS pandemy. Antiretroviral (ARV)
therapy contributed to lower this rate, but adverse events (AE) due to concomitant
treatment is a clinical challenge. Objective: to evaluate the effect of HAART on TB
survival and AE occurrence. Methods: a retrospective cohort study. Clinical data were
collected from 549 patients treated with rifampin (R),isoniazid (H),pyrazinamide (Z) or
RHZethambutol(E) between 01/01/95 and 12/31/03.Patients were categorized into
three groups: HAART, ARV not HAART or no ARV therapy. HAART was also evaluated
regarding its composition. Bivariate analysis was followed by logistic regression to
control for possible confounders and survival analysis was performed using Kaplan-Meier
method and Cox model. Results: HAART group developed AE more often (56.3%) than
no ARV group (30%) (OR 2.92; 95%CI 1.78-4.78), but specifically HAART with efavirenz
(EFZ) did not presented a statistically significant difference (p=0.11). Survival analysis
performed with a follow up of one year after TB diagnosis showed that ARV treatment
(HAART or not HAART) presented a protective effect on mortality (HR 0.15, 95%CI
0.07-0.32 and HR 0.29,95%CI 0.15-0.55,respectively),which persisted with HAART
stratification (Ritonavir + Saquinavir
RTV+SQV or EFZ). There was no difference in
time until death for cases treated with RTV+SQV or EFZ but an earlier occurrence of AE
in RTV+SQV group. This study confirmed the benefits of HAART on TB patients
survival
and suggested HAART with EFZ as the safest alternative for these cases.
Funded By: Brazil's Ministry of Health – AIDS Program; ICOHRTA 5 U2R TW006883-
02;Rede-TB/CNPq Process n°480269/2003-3
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