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pedido da turma para ser orientador daquela disciplina.
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No início do 2° semestre
daquele ano fui convidado pelos professores Paulo Amaral e Marta Lagreca, que
lecionavam Projeto de Arquitetura VII e VIII e Projeto de Urbanismo I e II, para ser
monitor destas disciplinas. Permaneci no cargo até o 1° semestre de 2001 e fui
contratado como professor daquela instituição a convite do Prof. Gameiro.
No 2° semestre daquele ano assumia, juntamente com os professores Renata
Piazzalunga e Alexandre Loureiro, a disciplina de Projeto de Arquitetura B, uma
experiência nova visto que nunca havia lecionado para alunos iniciantes no curso –
esta disciplina é dada aos alunos do segundo semestre do curso e é o primeiro
contato com o projeto do edifício na sua vida acadêmica.
Isso ocorre considerando que no primeiro semestre as questões levantadas na
disciplina de projeto buscam dar uma visão geral sobre arquitetura para nivelar o
conhecimento dos alunos – e depois seria minha primeira experiência como professor
responsável por uma disciplina.
Ao elaborar o curso e seu conteúdo programático, resolvemos trabalhar sobre o tema
da “casa”, experiência vivida por todos os alunos e tema discutível por diversos
autores, assim como o tema possibilita o debate sobre vários aspectos: a cultura, a
forma de abrigo, tecnologia, etc.
Neste sentido, o tema “casa” é escolhido como fio condutor da análise de um objeto
arquitetônico, onde uma infinidade de arquitetos por todo o mundo trabalha sobre um
programa de necessidades extremamente simples e básico que, ao longo do tempo,
admite a variação infinita.
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Presente desde que o homem deixou as cavernas, a casa é um dos registros mais
importantes da história humana e o termômetro mais confiável das tendências e das
questões da arquitetura, num determinado espaço e tempo. Passado, presente e
futuro da arquitetura estão na casa.
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Verifica-se que este tema – a casa – vem sofrendo um processo de transformação
espacial e conceitual na forma de habitar; refletir sobre a casa, a velha máquina de
morar
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é, para o arquiteto, um exercício delicioso e infinito. Estas transformações
são, e sempre foram, causadas devido a estrutura familiar brasileira, que ao longo
destes cinco séculos refletem no espaço físico de morar.
Enfim, casas-grandes, casas térreas, sobrados, palacetes, vilas, apartamentos,
conjuntos habitacionais, condomínios horizontais e verticais, flats – várias formas de
morar, porém todas guardando inter-relações semelhantes, mesmo com o passar do
tempo, deixando entrever que a sociedade brasileira tem uma face.
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A partir destes
preceitos elaboramos um curso onde o estudante de arquitetura poderia discutir o
tema sob um olhar crítico sobre o espaço, num processo de desmontagem, pesquisa,
descobertas e conclusões sobre o objeto estudado.
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. Em 1998 a disciplina de TGI - 9° e 10° semestre, era composto pelos professores Elisabete França,
Marcelo Suzuki, Cleber Machado, Emmanuel dos Santos e Júlio Strelec.
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. Principalmente se considerarmos as peculiaridades dos locais de clima, cultura e tecnologia.
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. BISELLI, Mario. A casa, tema universal, permite testar, experimentar, subverter. Revista
Projeto/Design, n° 219, abril de 1998, p. 85.
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. “A casa é uma máquina de morar”, Le Corbusier .
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. VERÍSSIMO, Francisco Salvador, BITTAR, William Seba Mallmann. 500 anos da casa no Brasil.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2° edição, 1999, p. 28.