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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ- UNIVALI
ARIANI RAQUEL NECKEL PRUX STACKE
A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO EM EMPRESAS
AGLOMERADAS TERRITORIALMENTE COMO FONTE DE
COMPETITIVIDADE, Urubici SC.
Balneário Camboriú - SC
2008
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1
ARIANI RAQUEL NECKEL PRUX STACKE
A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO EM EMPRESAS
AGLOMERADAS TERRITORIALMENTE COMO FONTE DE
COMPETITIVIDADE, Urubici SC.
Dissertação de Mestrado apresentada como
requisito para obtenção do título de Mestre em
Turismo e Hotelaria na Universidade do Vale
do Itajaí, Programa de Mestrado Acadêmico,
Curso de Pós-graduação Stricto Sensu em
Turismo e Hotelaria.
Orientador: Prof. Doutor Valmir Emil Hoffmann
Balneário Camboriú – SC
2008
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2
ARIANI RAQUEL NECKEL PRUX STACKE
A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO EM EMPRESAS AGLOMERADAS
TERRITORIALMENTE COMO FONTE DE COMPETITIVIDADE, Urubici SC.
Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de Mestre Turismo e
Hotelaria e aprovado pelo Programa de Mestrado Acadêmicos, do Curso de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí,
Centro de Educação de Balneário Camboriú.
Área de Concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria
Balneário Camboriú, de junho de 2008.
Prof. Dr. Valmir Emil Hoffmann
Orientador
Prof.ª Dr.ª Sara Joana Gadotti dos Anjos
Profª Drª Sieglinde Kindl da Cunha
3
Dedico este trabalho a uma pessoa muito
especial, ao meu amado esposo Lucas, pelo
seu infinito e maravilhoso amor. Agradeço
por todos os momentos que esteve ao meu
lado, apoiando e dando-me forças nos
momentos mais difíceis. Te amo muito.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por tudo o que Ele tem feito em minha vida.
Aos meus segundos educadores, Carlos e Amélia Kruguer, por terem
mostrado o caminho até Deus, pois, certamente, se hoje estou aqui foi porque Ele
permitiu.
A todos os colegas da UNIDAVI, que apoiaram e possibilitaram a
realização deste trabalho. Em especial ao Reitor, Professor Viegand Eger, Professor
Ilson Paulo Ramos Blogoslawski e Professora Niladir Butzke.
Aos meus alunos do Curso de Turismo, que são o estímulo de minha
caminhada, agradeço por terem permitido a docência em minha vida.
Ao meu orientador Professor Valmir Emil Hoffmann que, de forma
competente e muito paciente, conseguiu transferir seu vasto conhecimento.
As amigas Elenara Viera de Viera, Fabiela Andrighi, Juliana Francisco e
Lionara Arnt que, das mais variadas formas, me auxiliaram neste processo de
“construção” do conhecimento, meu muito obrigada.
A toda a comunidade de Urubici que, com muito carinho, me recebeu.
A toda minha família, em especial a minha mãe, Celina, que, com amor e
paciência, suportou todas as minhas angustias, ansiedades e medos, amparando-
me sempre e incentivando-me incansavelmente.
Ao meu querido esposo Lucas, por estar sempre ao meu lado, apoiando
todas as minhas decisões e, principalmente, por me compreender e me amar tanto.
5
RESUMO
Nesta dissertação, o conhecimento é visto como um recurso estratégico transferido
entre empresas aglomeradas territorialmente. Esta transferência pode acontecer por
meio de um conjunto de interações entre atores pertencentes ao aglomerado, ou
através de instituições de suporte, cooperação entre firmas, relações sociais e
outros. Dentro da aglomeração territorial, o compartilhamento e/ou acesso aos
recursos pode ser fonte de vantagem competitiva para as empresas ali inseridas em
relação às empresas de fora. Assim, este estudo analisa a transferência de
conhecimento entre as empresas aglomeradas territorialmente e sua relação com a
competitividade do destino turístico de Urubici, em Santa Catarina. A pesquisa teve
caráter exploratório descritivo, averiguando-se quarenta e nove atores sociais, entre
empresas, entidades e poder público. Foram analisados: o acesso aos recursos, a
importância das instituições de suporte e como acontece a transferência de
conhecimento. Nos dados coletados, tratados como instrumental estatístico
descritivo, utilizou-se da análise univariada. Enquanto resultado, conclui-se que:
para as entidades e poder público, o acesso aos recursos é mais evidente. As
empresas possuem acesso apenas através das relações sociais com os
concorrentes. Ademais, suscita-se que a transferência de conhecimento se de
distintas maneiras, mais especificamente através dos encontros periódicos
realizados entre as empresas turísticas. Conclui-se, também, que no aglomerado
intercâmbio de informações entre as empresas turísticas.
Palavras-chave: Competitividade, Recursos, Transferência de Conhecimento.
6
ABSTRACT
In this dissertation, knowledge is seen as a strategic resource, which is transferred
among companies that form part of territorial clusters. This transfer can only take
place through interaction between the members of the cluster, or through support
institutions, cooperation between companies, social relations, or other means. Within
a territorial cluster, sharing of and/or access to the resources may be a source of
competitive advantage for the participant companies over companies outside the
cluster. This study therefore analyzes the transfer of knowledge between territorially
clustered companies, and its relation to the competitiveness of the tourism
destination of Urubici in Santa Catarina. The research is exploratory and descriptive
in nature, involving interviews with forty-nine social players, including companies,
entities and public administration. The following were analyzed: access to the
resources, the importance of the support institutions, and how the transfer of
knowledge occurs. The data collected were used as a descriptive statistical tool,
through univariate analysis. The study concluded that: for the public entities and
authorities, access to the resources is more evident. Private companies only have
access through social relations with their competitors. It was also observed that the
transfer of knowledge occurs in different ways, more specifically, through regular
meetings among tourism companies. It also concludes that information exchange
does take place among tourism companies within the cluster.
Keywords: Competitiveness, Resources, Transfer of Knowledge.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Forças que dirigem a concorrência na indústria........................................26
Figura 2 – Determinantes da vantagem nacional.......................................................27
Figura 3 – Modelo da competitividade das destinações.............................................36
Figura 4 – Principais benefícios de uma rede ............................................................41
Figura 5 – Aspectos relevantes para a formação de um cluster.................................48
Figura 6 – Espiral do conhecimento...........................................................................59
Figura 7 – Transferência de conhecimento................................................................64
Figura 8 – Fluxograma metodológico.........................................................................77
Figura 9 – Mapa de localização de Urubici ................................................................79
Figura 10 – Atrativos turísticos de Urubici..................................................................87
Figura 11 – Dendograma obtido da análise de cluster.............................................105
8
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Demanda turística dos últimos sete anos................................................84
Gráfico 2 – Segmento da empresa versus ano de fundação .....................................89
Gráfico 3 – Segmento da empresa versus tipo de gestão..........................................90
Gráfico 4 – Segmento da empresa versus escolaridade............................................91
Gráfico 5 – Quantos empregados na alta temporada.................................................92
Gráfico 6 – Quantos empregados na baixa temporada..............................................92
Gráfico 7 – Cooperação entre sua empresa e as demais ........................................113
Gráfico 8 – Confianças entre sua empresa e as demais..........................................113
Gráfico 9 – Comunicação entre sua empresa e as demais ET ................................114
Gráfico 10 – Custos da empresa..............................................................................115
Gráfico 11 – Faturamento da empresa.....................................................................115
Gráfico 12 – Conhecimento sobre o turista..............................................................116
Gráfico 13 – Número de turista na cidade................................................................117
Gráfico 14 – Treinamento de pessoal ......................................................................118
Gráfico 15 – Número anual de postos de trabalho nas empresas............................118
Gráfico 16 – Salários pagos pela sua empresa........................................................119
Gráfico 17 – Gastos do turista na cidade .................................................................120
Gráfico 18 – Permanência do turista na cidade........................................................120
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Síntese das características dos recursos................................................32
Quadro 2 – Abordagens da competitividade ..............................................................37
Quadro 3 – Síntese de diferentes teorias e autores sobre redes...............................39
Quadro 4 – Característica e tipologia das redes ........................................................43
Quadro 5 – Principais traços de abordagens .............................................................46
Quadro 6 – Características de diferentes termos para aglomeração.........................50
Quadro 7 – Classificação dos atores sociais no turismo............................................51
Quadro 8 – Tipos de conhecimento ...........................................................................57
Quadro 9 – Geração do conhecimento ......................................................................60
Quadro 10 – Definição operacional dos termos da pesquisa.....................................68
Quadro 11 Objetivos específicos, variáveis e indicadores para instrumento da
pesquisa.....................................................................................................................72
Quadro 12 – Descrição do destino turístico ...............................................................81
Quadro 13 – Atrativos turísticos de Urubici................................................................86
Quadro 14 – Definição de atores................................................................................88
Quadro 15 – Indicadores da competitividade e sua relação com a transferência de
conhecimento...........................................................................................................111
10
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
APLs – Arranjos Produtivos Locais
DI – Distrito Industrial
EMBRATUR – Instituto Brasileiros de Turismo
ET – Empresas Turísticas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMT – Organização Mundial do Turismo
PMES – Pequenas e Médias Empresas
RBV – Resource-based-View
SANTUR – Santa Catariana Turismo S.A.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Amostra da pesquisa e participantes........................................................70
Tabela 2 – Coeficiente de correlação.........................................................................74
Tabela 3 Estimativa dos meios de hospedagem dos meses de janeiro e
fevereiro de 2008 .......................................................................................................83
Tabela 4 – Estimativa dos mercados emissores nacionais dos meses de janeiro e
fevereiro de 2008 .......................................................................................................84
Tabela 5 Estimativa das principais atividades turísticas dos meses de janeiro e
fevereiro de 2008 .......................................................................................................86
Tabela 6 – Classificação do porte da empresa, segundo número de funcionários. ...93
Tabela 7 – Correlação das variáveis estudadas para análise das relações...............95
Tabela 8 – Análise dos componentes principais ........................................................96
Tabela 9 – Estatística descritiva do acesso aos recursos..........................................98
Tabela 10 – Estatística descritiva da importância das instituições de suporte
presentes na destinação ..........................................................................................100
Tabela 11 Estatística descritiva da transferência de conhecimento a partir das
relações entre empresas..........................................................................................103
Tabela 12 – Escores fatoriais...................................................................................106
Tabela 13 Valores médios dos grupos, obtidos a partir da análise de clusters,
em relação aos fatores. Representado pelas setas entre parênteses, entende-se
superior (), igual () ou inferior () relacionado ao novo valor médio....................107
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................14
1.1 Objetivos da pesquisa .....................................................................................17
1.1.1 Objetivo geral ..................................................................................................17
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................18
1.2 Justificativa.......................................................................................................18
1.2.1 Resumo do Capítulo 1 - Introdução.................................................................21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................23
2.1 Competitividade ...............................................................................................23
2.1.1 Teorias conceituais sobre competitividade......................................................23
2.1.2 Avaliação da competitividade exógena ...........................................................25
2.1.2 Avaliação da competitividade endógena.........................................................27
2.1.2.1 Definição dos recursos.................................................................................29
2.1.2.2 Características dos recursos........................................................................30
2.1.3 Competitividade nas destinações turísticas.....................................................33
2.2 Redes interorganizacionais.............................................................................38
2.2.1 Tipologias e classificações..............................................................................42
2.2.2 Aglomerações territoriais.................................................................................44
2.2.2.1 Aglomerações territoriais no turismo............................................................47
2.2.3 Aglomerações territoriais e recursos...............................................................51
2.3 Transferência de conhecimento .....................................................................54
2.3.1 Criação do conhecimento................................................................................56
2.3.1 Transferência de conhecimento como fonte de competitividade.....................61
2.4 Resumo do capítulo.........................................................................................64
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .........................................................................67
3.1 Abordagem da pesquisa e definição operacional dos termos.....................67
3.2 Coleta de dados................................................................................................68
3.3 Instrumento de levantamento de dados: variáveis e indicadores ...............70
3.4 Tratamento, análise e interpretação dos dados............................................74
3.5 Resumo – aspectos metodológicos ...............................................................76
4 RESULTADOS......................................................................................................78
4.1 Contextualização do destino turístico............................................................78
13
4.2 Caracterização dos atores sociais do turismo local.....................................88
4.3 Análise das relações da empresa e a transferência de conhecimento .......93
4.3.1 Acesso aos recursos.......................................................................................97
4.3.2 Importância das instituições de suporte ........................................................100
4.3.3 Transferência de conhecimento....................................................................102
4.4 Análise dos indicadores da competitividade turística do destino.............109
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................122
REFERÊNCIAS.......................................................................................................128
LISTA DE APÊNDICES..........................................................................................143
14
1 INTRODUÇÃO
A busca por competitividade tem sido a tônica predominante de inúmeras
discussões nesta década. Para Fensterseifer e Wilk (2003) significativo número
de estudos nesta área, e estes têm buscado compreender os fatores que
influenciam as variações de performance e competitividade entre as firmas,
indústrias, regiões e, por extensão, entre as nações.
Esses estudos podem ser vistos a partir de duas vertentes. A primeira
prioriza a análise do ambiente externo, através dos estudos realizados por Porter
(1986, 1989). Prahalad e Hamel (1990), Barney (1991) e Espino-Rodriguez e Gil-
Padilha (2005) associam a competitividade aos recursos internos acumulados pelas
organizações, conformando a segunda vertente. Apesar de os estudos de Porter
(1986, 1989) serem discutidos neste trabalho, será dado maior ênfase aos recursos
utilizados pelas organizações e as relações interorganizacionias, ou seja, a segunda
vertente. Nesta compreensão, o trabalho aqui proposto mostra o conhecimento
como um recurso e sua geração da vantagem competitiva, entre empresas que
estão aglomeradas territorialmente.
Podemos perceber que nos estudos de Porter (1986), o autor enfatiza a
obtenção da vantagem competitiva ao posicionamento da empresa. Para isso é
necessário que ela encontre uma posição onde seja possível se defender contra as
forças ou influências que podem mitigar seus resultados. Em seguida, o mesmo
autor (PORTER, 1989) analisa a competitividade através dos determinantes de uma
nação. Neste modelo, o diamante representa o sistema e nele encontram-se os
determinantes, que criam o contexto no qual as empresas de um País nascem e
competem. O objetivo principal deste modelo está na interação e combinação destes
determinantes. Nesta perspectiva, a vantagem competitiva é vista de forma exógena.
Enquanto a Visão Baseada em Recursos (Resource Based View RBV)
analisa de forma endógena, explicando a vantagem competitiva principalmente a
partir dos fatores internos às firmas (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991),
reconhecendo as características idiossincráticas das organizações. Esta visão teve
início com Penrose em 1959 (PENROSE, 1959). A partir de então, diversos estudos
surgiram, contrariando de certa forma o que Porter (1986) defendia como maneira de
se atingir a competitividade. Para Forte, Moreira e Moura (2006), a visão baseada
15
em recursos tornou-se uma das perspectivas contemporâneas dominantes na
pesquisa de conteúdo estratégico.
De acordo com Barney (1991), o fator principal da RBV está nos recursos
desenvolvidos e controlados pelas empresas, que determinam a obtenção ou não da
vantagem competitiva. Estes recursos são descritos como todos os ativos tangíveis
ou intangíveis ligados às empresas (BARNEY, 1991). Neste sentido, a vantagem
competitiva pode surgir do próprio poder de mercado que a empresa gera pelos
recursos que ela possui.
Outros estudos analisam a competitividade através das relações
organizacionais que as empresas, onde estão inseridas, desenvolvem. O primeiro a
elucidar tal assunto foi Alfred Marshall. Para o autor, a concentração geográfica
transformava a economia de uma região (MARSHALL, 1982
1
). Mais tarde Porter
(1999) publica o termo cluster, que segundo o autor remete à noção de
aglomerações geográficas de empresas similares, relacionadas ou complementares
entre si, evidenciando o conceito pioneiro de Marshall (1982).
Dentro da aglomeração territorial, o compartilhamento e/ou acesso aos
recursos também podem ser fonte de vantagem competitiva para as empresas ali
inseridas em relação às empresas de fora (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991;
PETERAF, 1993). Neste contexto, pode-se destacar o conhecimento, que também é
visto como um recurso estratégico (PRAHALAD; HAMEL, 1990; GRANT, 1996). Na
visão de Casarroto e Pires (1998), o conhecimento é a mercadoria do futuro, mas
será relevante onde existirem fluxos por meio de conexões, que neste caso são
determinados pelas redes de empresas. Ainda para Prahalad e Hamel (1990), a
habilidade de criar e utilizar o conhecimento é vista como uma importante fonte de
sustentabilidade da vantagem competitiva.
São diversas possibilidades de acontecer a transferência do
conhecimento em uma aglomeração territorial. Entre elas podemos destacar: o
intercâmbio existente entre os principais atores presentes em uma aglomeração; a
cooperação; a interação existente entre os trabalhadores (BRUSCO, 1993); a
reputação (TECCE; PISANO; SCHUEN, 1997); as relações sócio-culturais
(HOFFMANN, 2002); as instituições de suporte (BRUSCO, 1993) e a mobilidade de
mão-de-obra (COHEN; LEVINTHAL, 1990), todas estas possibilidades auxiliarão no
1
Em 1920 Marshall publicou suas idéias no livro Princípios da Economia, no entanto, para este
estudo foi utilizado a edição de 1982.
16
acesso e/ou compartilhamento do conhecimento.
Toda a perspectiva aqui apresentada é estudada através do setor
turístico. Sabe-se, no entanto, que o emprego desta atividade como área de
pesquisa conectada ao relacionamento interorganizacional em contexto de
aglomeração ainda é muito recente. Os autores Dwyer e Kim (2003) descrevem
sobre a gestão da destinação como uma fonte geradora da vantagem competitiva.
No Brasil, alguns trabalhos encontrados que se aproximam do tema são de Costa
(2005), Andrighi (2007), Viera de Viera (2007), mas sem ter o foco preciso no tema
proposto neste estudo. Podemos encontrar estudos que analisam o acesso aos
recursos e a transferência de conhecimento, porém, o embasamento se dá em
outras áreas da indústria e não na atividade turística. Entre eles destaca-se os
estudos de Priestley [s.d], que analisa especificamente a transferência de
conhecimento entre redes interorganizacionais. Lindelof e Lofsten (2004) estudam
empresas baseadas em tecnologias, e têm como objetivo descrever a proximidade
como um recurso para a base da vantagem competitiva.
No Brasil, mais especificamente, vários estudos relacionados ao tema.
Autores como Balestrin, Vargas e Fayard (2005) buscam compreender como ocorre
a dinâmica de criação de conhecimento da rede de cooperação entre pequenas e
médias empresas da Associação Gaúcha de Indústria do Vestuário, no Estado do
Rio Grande do Sul. Hoffmann e Bandeira-de-Mello (2006) avaliam a inovação entre
empresas aglomeradas territorialmente como resultado da transferência de
conhecimento inter-organizacional, isto na indústria de revestimento cerâmico e
empresas de vestuário.
Assim, permite-se inferir que os temas: recursos, conhecimento,
aglomeração territorial, rede e outros vêm sendo analisados através de diversos
estudos e em vários setores. No entanto, a análise que aqui se propõem realizar não
encontrou registros de estudos similares.
Diante dessa perspectiva teórica apresentada é gerado o problema da
pesquisa: Como acontece a transferência de conhecimento entre empresas
aglomeradas territorialmente e qual sua relação com o destino turístico de
Urubici em Santa Catarina?
O destino escolhido para o estudo, pertence à Microrregião dos Campos
17
de Lages, e está incluso na Rota do Caminho da Neve
2
em Santa Catarina. O
Município se encontra a uma distância de 167 km de Florianópolis
3
, ficando no ponto
mais elevado do Estado de Santa Catarina e é o único lugar do Estado que neva
todos os anos. Urubici tem um potencial turístico representado por atrativos
diferenciados (SANTUR, 2006), que ainda está em desenvolvimento, mas é
destaque devido à quantidade de atrativos naturais que fazem dele um dos pólos de
ecoturismo do Estado.
Dando segmento, apresenta-se a organização desta dissertação que está
estruturada em cinco capítulos. O primeiro intitulado de introdução trata de
contextualizar o tema da pesquisa, bem como delinear os objetivos gerais,
específicos e a justificativa. O capítulo dois retrata o referencial teórico, que foi
elaborado a partir de temas que buscam fundamentar o estudo, são eles:
Competitividade; Redes, Aglomerações Territoriais e Transferência de
Conhecimento. No capítulo três são descritos os aspectos metodológicos,
envolvendo a escolha do método, técnica, etapas da coleta de dados e por fim como
foram feitos o tratamento e análise dos dados. O capítulo quatro apresenta os
resultados obtidos através da coleta de dados e o último capítulo descreve a
conclusão, limitações e recomendações sobre este estudo.
1.1 Objetivos da pesquisa
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a transferência de conhecimento entre empresas aglomeradas
territorialmente e sua relação na competitividade do destino turístico de Urubici – SC.
2
SERRA Catarinense. Urubici: Gestão municipal: aspectos físicos e geográficos. Disponível em:
<http://www.serracatarinense.com/urubici/gestao>. Acesso em: 13 mar. 2007.
3
URUBICI. Disponível em: <http://www.urubici.com.br>. Acesso em: 13 mar. 2007.
18
1.1.2 Objetivos específicos
a) Analisar o acesso aos recursos disponibilizados na destinação turística
pelos setores envolvidos.
b) Verificar a importância das instituições de suporte presentes na
destinação turística.
c) Verificar a transferência de conhecimento a partir das relações entre
empresas.
d) Verificar os indicadores de competitividade e sua relação com
transferência de conhecimento.
1.2 Justificativa
É possível perceber que os estudos que tratam das relações
interorganizacionais têm crescido, seja através da denominação de aglomeração,
cluster, redes de empresas, redes interorganizacionais, distritos industriais, arranjos
produtivos locais, entre outros. Todos buscam discutir formas de trocas entre
empresas e/ou instituições de suporte como mecanismo para obtenção da vantagem
competitiva.
Alfred Marshall (1982) descrevia que indústrias aglomeradas
territorialmente adquirem vantagens, tornando-se mais eficientes e competitivas.
Desde então, vários estudos foram feitos evidenciando a importância das relações
interorganizacionais. Entre eles estão os estudo de Porter (1999). Para o autor as
empresas concentradas geograficamente ganham alguma vantagem competitiva.
Esta vantagem segundo Balestrin, Vargas e Fayard (2005) pode ser ocasionada
através da transferência de recursos existentes entre as empresas que estão
aglomeradas territorialmente. Peteraf e Shankley (1997) advogam que a proximidade
contribui para uma interação mais freqüente e uma maior troca de informações,
facilitando a criação de relações entre empresas e instituições. Este relacionamento,
segundo Claro, Claro e Hagelaar (2002) envolve o compartilhamento de informações
e recursos. Nesta mesma linha Powell (1990), declarava que dentro de uma rede
19
de empresas os atores trocam e/ou compartilham produtos, tecnologias e serviços
(GULATI, 1998).
Neste entendimento, infere-se que os estudos relacionados ao tema
aglomeração territorial e suas terminologias, contribuem para a vantagem
competitiva da empresa e do próprio aglomerado, e uma das causas para tal
perspectiva é a troca e ou compartilhamento de recursos existentes no mesmo.
Isto também pode ser constatado mais especificamente no estudo de
Hoffmann, Molina-Morales e Martinez-Fernández (2005), os autores buscaram
analisar a idéia de que em uma rede de empresas existem recursos estratégicos que
possibilitam a criação da vantagem competitiva para seus membros. Como
conclusão foi possível perceber que existem recursos que podem contribuir para a
construção da vantagem competitiva das empresas aglomeradas, em particular,
nesta análise, os recursos que trouxeram resultados positivos foram; o papel das
instituições, e por corolário, sua presença; e as relações sociais.
estudos que atribuem a vantagem competitiva de uma aglomeração
territorial à transferência do conhecimento. Para Mamberg e Power (2005), o
conhecimento é tido como a base da competitividade e os clusters é que vão auxiliar
as empresas a trocarem, adquirirem e gerarem novo conhecimento. Pois, segundo
Canina, Enz e Harrison (2005) o conhecimento é facilmente transferido quando os
competidores estão bem próximos. Esta facilidade pode ser justificada através do
estudo de Priestley [s.d], ao descrever que a interação entre os atores econômicos,
sócio-culturais, políticos e institucional, em determinadas localizações, elevam o
conhecimento e a habilidade dos atores em modificar seus comportamentos
encontrando novas soluções em respostas as mudanças.
Por fim, a habilidade de criar e utilizar este recurso é uma importante fonte
de vantagem competitiva para as empresas (PRAHALAD; HAMEL, 1990; GRANT,
1996). Diante desta perspectiva, o conhecimento pode ser considerado um dos
principais benefícios da proximidade (ROSÁRIO, 2007). Ressaltando mais uma vez
a importância deste estudo.
A transferência de conhecimento como fator de competitividade entre
empresas aglomeradas territorialmente será analisada na atividade turística. Um dos
motivos que possibilita esta análise é que o turismo afronta os mesmos desafios dos
setores industriais tradicionais. Caracteriza-se por ser uma atividade multifacetada
em virtude da grande variedade de segmentos afins e do tamanho das empresas.
20
Por isso se conecta com diversos segmentos da economia, ensejando um ambiente
favorável à formação de redes interorganizacionais (GARRIDO, 2006). Ainda no
entendimento de Garrido (2006), a formação de redes no turismo, possibilita vários
benefícios, entre eles está a troca de informação, a cooperação, a construção de
padrões de comunicação e confiança e o aumento da competitividade no mercado
global.
Outro motivo que justifica esta análise é que a atividade turística tem
crescido rapidamente. Desde a 2ª Guerra Mundial o turismo tem se destacado
devido aos avanços na tecnologia e melhorias nos padrões de vida percebidos em
uma grande parte do mundo (HUYBERS; BENNETT, 2003). Desde então, o turismo
tem sido visto como uma atividade, com todos os requisitos para estar à frente da
economia desse novo milênio (RUSCHMANN; SOLHA, 2006). A atividade tende a
crescer ainda mais, pois segundo o relatório que apresenta as metas do Plano
Nacional de Turismo 2007/2010, o Governo prevê uma série de estímulos ao
investimento privado que deverão impactar, de forma positiva, no desenvolvimento
do turismo.
No entanto, conforme declarado, são poucos os estudos relacionados
ao foco da atividade turística, ou seja, analisar como ocorre a transferência de
conhecimento entre empresas aglomeradas territorialmente e como isto pode gerar a
competitividade do destino turístico. O único estudo encontrado que possui foco
similar é o de Andrighi (2007) que verificou a relação entre a cooperação das
relações interorganizacionais e a competitividade na destinação turística de
Urubici/SC.
Por conseguinte, ainda justifica-se o objetivo de estudo aqui proposto de
acordo com a percepção que a pesquisadora tem em relação ao crescimento do
turismo em Urubici S/C. Apesar dos gestores desta atividade no município não
possuírem estudos que comprovam a evolução do turismo, pode-se aferir que nos
últimos anos houve incremento da atividade através da abertura de novos
empreendimentos turísticos e hoteleiros, a constante procura de turistas e o
aumento de estratégias promocionais.
Outro fator que leva a esta análise, é a proximidade dos atores sociais,
que no destino os empreendimentos analisados estão localizados geograficamente
próximos, e segundo Marshall (1982), essa aproximação pode facilitar a
transferência de conhecimento.
21
De acordo com o que foi exposto, a justificativa desta pesquisa está
centrada em cinco eixos de argumentação, sendo dois de alcance geral, dois de
alcance específico do turismo e o último baseado no destino turístico em estudo: 1. a
importância das relações interorganizacionais; 2. estudos que demonstram que a
vantagem competitiva de empresas aglomeradas territorialmente está ligada com a
transferência de recursos; 3. necessidades de estudos no turismo; 4. escassez de
literaturas acadêmicas sobre competitividade, recursos e transferência de
conhecimento relacionado com a atividade turística; e 5. o turismo em Urubici/SC,
encontra-se em ascensão, necessitando de estudos.
Importa ainda acrescentar que o destino turístico aqui analisado vem
sendo estudado por pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI,
mais especificamente por um professor e alunos do Programa de Mestrado
Acadêmico, do curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Turismo e Hotelaria do
Grupo de estudos de Organização em Turismo e Hotelaria. O primeiro estudo foi
realizado por Andrighi (2007), que analisou a destinação turística através da ótica
das redes interorganizacionais, e em seguida este trabalho trará continuidade aos
estudos propostos.
Por fim, a justificativa deste estudo perpessa pela transferência de
conhecimento entre as empresas aglomeradas territorialmente no destino turístico
de Urubici/SC, o que refletirá na competitividade do destino.
1.2.1 Resumo do Capítulo 1 - Introdução
Os principais aspectos apresentados neste capítulo foram:
a) contextualização teórica visando a criação do problema da pesquisa;
b) aplicação da estrutura organizacional do trabalho;
c) descrição dos objetivos gerais e específicos;
d) apresentação da justificativa.
A construção deste trabalho parte de uma análise teórica em relação aos
estudos que envolvem os temas: competitividade; competitividade na atividade
turística; redes e aglomerações territoriais; conhecimento e como acontece a
22
transferência deste entre empresas aglomeradas territorialmente. Permitindo fazer
um recorte preciso relacionado aos temas de maior relevância no construto do
problema desta pesquisa.
Em seguida este capítulo apresenta o objetivo geral e os objetivos
específicos. Quanto ao objetivo geral, o trabalho visa; analisar a transferência de
conhecimento entre empresas aglomeradas territorialmente e sua relação na
competitividade do destino turístico de Urubici S/C. Para auxiliar no alcance da
resposta do objetivo geral, foram descritos três objetivos específicos.
Ao final, apresenta-se a justificativa deste estudo. O embasamento foi
feito a partir de pesquisas de diversos autores que encontram, na transferência de
conhecimento entre empresas aglomeradas territorialmente, a vantagem
competitiva. Outros aspectos como: necessidade de estudos na área do turismo;
escassez de literaturas acadêmicas sobre competitividade; recursos e transferência
de conhecimento em turismo e desenvolvimento do turismo no destino escolhido;
auxiliam nesta justificativa.
23
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com o objetivo de referenciar os principais conceitos a cerca do que será
pesquisado, este capítulo foi estruturado em três partes. Inicialmente aborda-se o
tema competitividade, apresentando modelos para sua avaliação, recursos como
fonte geradora da competitividade em empresas e competitividade em destinações
turísticas. Em seguida serão apresentadas questões sobre redes, aglomerações
territoriais e recursos e aglomerações territoriais no turismo. O capítulo finaliza-se
com uma discussão acerca do arcabouço teórico sobre conhecimento, como
acontece a transferência deste conhecimento entre empresas aglomeradas
territorialmente e como esta transferência pode gerar competitividade para estas
empresas.
2.1 Competitividade
2.1.1 Teorias conceituais sobre competitividade
A partir dos anos 70, diversas correntes do pensamento econômico
abordaram a questão da competitividade com foco na vantagem competitiva,
utilizando diferentes conceitos (VASCONCELOS; CYRINO, 2000). Diante desta
compreensão, serão apresentadas de forma simplificada, algumas destas definições.
Outras serão posteriormente detalhadas de forma mais contextualizada, por serem
consideradas mais interessantes e importantes para a discussão deste estudo.
Conforme observado por Costa (2005), o conceito de competitividade
pode ser entendido sob diversos enfoques, seja de uma empresa, grupos de
empresas, regiões países ou blocos. Na compreensão de Llorens (2001), com o
passar do tempo, o conceito atribuído à competitividade o está mais associado
apenas a uma empresa, podendo abranger a competitividade sistêmica, em que a
energia do conjunto é mais forte que as ações isoladas. Deste modo a
competitividade surge através do relacionamento entre os diversos atores sociais.
24
Nesta perspectiva Esser et al. (1994, p. 12) definem competitividade sistêmica como
“o produto da interação complexa e dinâmica entre quatro níveis econômicos e
sociais de um sistema nacional”. Ainda, segundo os mesmos autores, estes níveis
são classificados como: nível micro, que são as empresas que simultaneamente
buscam flexibilidade e rapidez na reação. Nível meso representa o Estado e os
atores sociais que desenvolvem políticas de apoio especifico. Nível macro, exerce
pressões sobre as empresas, mediante exigência de desempenho. Nível meta, que
se estrutura através de padrões básicos de organização jurídica, política e
econômica, suficiente capacidade social de organização e integração, e por fim a
capacidade dos atores para integração estratégica (ESSER, et al., 1994). Este
conceito pode ser atribuído tanto a estudo nacional quanto a local (MEYER-
STAMER, 2001). No entanto, a competitiva surge através da participação e da
interação complexa e dinâmica entre os diversos atores (ESSER, et al., 1994,
MEYER-STAMER, 2001).
Sob outra égide, Porter (1999) suscita que a competitividade pode ser
definida como a capacidade de uma empresa ser bem sucedida em mercados que
tenham concorrência. Ou seja, ao contrário da visão sistêmica, Porter (1999)
descreve que o posicionamento da empresa é o fator que determina o sucesso ou o
fracasso do cenário competitivo. Ainda, segundo Porter (1986), para que a indústria
possa criar uma posição defensável a longo prazo e superar seus concorrentes, o
autor aponta a existência de três estratégias genéricas, 1. liderança em custo; 2.
diferenciação; e 3. enfoque. A liderança total em custo será alcançada pela empresa
através de um conjunto de políticas funcionais orientadas para este objetivo, para
isto é necessário controlar os gastos das empresas. A vantagem competitiva através
da diferenciação é alcançada quando a empresa cria um produto ou serviço único no
segmento em que atua. A empresa também pode focar suas estratégias em um
determinado segmento de mercado e/ou fornecedor. Estas estratégias, segundo
Wright et al. (2000 apud ZILBERT et al., 2006) podem ser utilizadas por qualquer
tipo de unidade de negócio e por qualquer empresa. Mas para que as estratégias
sejam colocadas em prática com sucesso, são necessários diferentes recursos e
habilidades por parte da empresa, exigindo diferentes arranjos organizacionais,
procedimentos de controle e sistemas criativos.
No tocante a teoria de Barney (1991), a vantagem competitiva, baseada
em recursos, busca examinar a ligação entre as características internas da empresa
25
e a performance da mesma. Ou ainda quando ela implementa estratégias que
exploram suas forças internas, aproveitando as oportunidades em seu ambiente e
quando elas neutralizam ameaças externas e evitam fraquezas internas. Logo, a
base da vantagem competitiva nesta perspectiva reside no acesso e/ou controle de
recursos que possuem características, como serem raros, valiosos, imperfeitamente
imitáveis e/ou insubstituíveis (WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1991).
A seguir a competitividade é apresentada a partir de duas perspectivas,
como um atributo de posicionamento exterior a organização e através da
performance superior como um fenômeno decorrente de características internas da
organização, o que iremos chamar de competitividade exógena e endógena,
possibilitando assim, uma visão integrativa para esta análise.
2.1.2 Avaliação da competitividade exógena
Para medir a competitividade, alguns modelos serão apresentados a
seguir, entre eles estão os modelos: as cinco forças de Porter (1986) e o modelo do
diamante (PORTER, 1989). Para avaliação das destinações turísticas será dado
maior destaque ao modelo de Dwyer e Kim (2003), possibilitando uma análise
exógena sobre competitividade, que esta perspectiva parte do enfoque da
ocupação de posições privilegiadas de mercado. Deste modo, todos os modelos
aqui apresentados buscam descrever a vantagem competitiva de uma empresa
através do ambiente externo.
O primeiro modelo apresentado é de Porter (1986). Neste, o autor indica
cinco forças que determinam a dinâmica da competição em uma indústria, o elas:
ameaça de novos entrantes; poder de negociação dos compradores; ameaça de
produtos ou serviços substitutos; poder de negociação dos fornecedores; a
rivalidade entre as empresas existentes.
26
Figura 1 – Forças que dirigem a concorrência na indústria
Fonte: PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da
concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986, p. 23.
Nesse contexto, o objetivo estratégico da empresa é encontrar uma
posição no setor para melhor se defender destas forças ou influenciá-las a seu favor,
neste entendimento, a indústria irá influenciar a posição dos concorrentes, assim
como pressionar os movimentos estratégicos e o grau em que os interesses poderão
entrar em conflito. De acordo com o autor (PORTER, 1986), a rentabilidade da
indústria, será determinada através do conjunto destas cinco forças. Assim é
necessário pesquisar com profundidade e analisar as fontes de cada uma (ZILBERT
et al., 2006).
Em seguida, Porter (1986) desenvolveu o modelo chamado de
“diamante”. Em seu livro, A Vantagem Competitiva das Nações, neste mesmo
trabalho, o autor apresenta a definição de cluster e aglomeração, assuntos que
serão explorados mais adiante. Para o autor a competitividade é sinônimo de
produtividade, assim a sobrevivência de uma empresa estaria atrelada ao alcance
de altos níveis de produção. Por este prisma, o objetivo do “diamante” é mostrar
como os determinantes individuais se combinam num sistema dinâmico (PORTER,
1989). O diamante representa o sistema, cujos determinantes são; estratégias,
estrutura e rivalidade das empresas, condições da demanda, indústria correlata e de
ENTRADAS
POTENCIAIS
COMPRADORES
SUBSTITUTOS
FORNECEDORES
CONCORRENTES
NA INDÚSTRIA
Rivalidade entre as
Empresas Existentes
Ameaça de novos entrantes
Poder de negociação dos
compradores
Ameaça de produtos ou
serviços substitutos
Poder de negociação
dos fornecedores
27
apoio e condições de fatores. As ligações entre as indústrias são apresentadas
através dos grupos.
Figura 2 – Determinantes da vantagem nacional
Fonte: PORTER, Michael E. A vantagem competitiva das nações. Rio do Janeiro: Campus,
1989, p. 88.
O autor (PORTER, 1989) salienta que os países obtêm sucesso na
competição quando dispõem de vantagens no diamante. Apesar desse modelo ter
sido feito para a análise de um país, ele pode ser aplicado para cidades e regiões,
caracterizando-se um instrumento útil para o diagnóstico de um território (MEYER-
STAMER, 2001). Para isto cada atributo recebe um tratamento pertinente às
concentrações em estudo, obtendo um olhar mais crítico a respeito da leitura
convencional (THOMAZI, 2006).
2.1.2 Avaliação da competitividade endógena
A análise da competitividade de uma empresa vista através de seus
Recursos (Resource Based View RBV) surgiu nas décadas de 80 e 90
Estratégia, Estrutura
e Rivalidade das
Empresas.
Indústrias Correlatas
e de Apoio.
Condições de
Fatores
Condições da
Demanda
28
(WERNERFELT, 1984; BARNEY, 1990; PHAHALAD; HAMEL, 1990; PETERAF,
1993), questionando assim os estudos de Porter (1986), já que a Visão Baseada nos
Recursos – VBR propõe que a fonte da vantagem competitiva encontra-se nos
recursos desenvolvidos pela firma, e secundariamente na estrutura na qual elas
atuam.
No entanto, estudos que evidenciam seu início a partir de Penrose em
1959 (MORCILLO et al., 2001). Desde então, Penrose (1959) definia uma
empresa como um conjunto de recursos produtivos, de natureza física ou tangível e
de natureza humana. A autora enfatiza ainda que o crescimento da empresa não
depende tanto da demanda, mas da utilização de seus recursos (PENROSE, 1959).
Nesta compreensão, o que irá importar para uma empresa é a dotação ou acesso a
determinados recursos e não sua posição nas relações de poder com as outras
forças competitivas. Ao analisar a empresa com base em seus recursos, Wernerfelt
(1984) descreve que esta análise poderá: a) trazer um novo olhar sobre a posição
estratégica, diferente da análise do produto; b) ajudar a identificar tipos de recursos
que geram maior rentabilidade; c) auxiliar na escolha entre explorar mais os recursos
existentes ou aquisição de novos; d) as aquisições passam a ser vistas através da
compra de um feixe de recursos.
Para Forte, Moreira e Moura (2006), a Visão Baseada em Recursos reúne
um conjunto de reflexões em torno dos condicionantes do desempenho competitivo
ou da vantagem competitiva a partir de fatores internos à empresa, relacionados às
suas características próprias, por meio dos recursos e capacidades adquiridas e
construídas ao longo do tempo.
Nesta perspectiva, uma empresa obtém vantagem competitiva
sustentável, quando ela implementa alguma estratégia que crie valor único e que
não esteja sendo simultaneamente implementada por nenhum outro competidor real
ou potencial, paralelamente a incapacidade destes de duplicar os benefícios desta
estratégia (BARNEY, 1991). Assim, o que irá determinar uma posição competitiva
será a utilização única destes recursos e o relacionamento existente entre eles
(PENROSE, 1959).
29
2.1.2.1 Definição dos recursos
Wernefelt (1984), conhecida por ser a pioneira em desenvolver as idéias
de Penrose, descreve que um recurso pode ser entendido como qualquer coisa que
possa ser pensado como fraquezas e forças de uma dada firma, como: marcas,
saber-fazer, habilidades dos empregados, contatos comerciais, equipamentos,
eficiência de procedimentos, capital, dentre outros.
para Teece, Pisano e Schuen (1997), um recurso é descrito como um
ativo específico da empresa, sendo este, difícil ou até impossível de ser imitado por
outras empresas. Quanto a sua classificação, os autores determinam a existência de
sete tipos de recursos: tecnológicos, complementares, financeiros, reputacionais,
estruturais, institucionais e de mercado.
Dando segmento a definição de recursos, Barney (1991) suscita que
recursos podem ser todos os ativos tangíveis ou intangíveis ligados à empresa.
Devendo estar na forma de bens atrativos, processos organizacionais, informações,
conhecimento e outros. Salienta-se que o construto deste estudo se dará diante da
definição proposta por Barney (1991). Como conseguinte Barney (1991), divide os
recursos em:
a) recurso de capital físico: inclui a tecnologia física usada em uma firma,
os equipamentos, o acesso à matéria prima e sua situação geográfica;
b) recurso de capital humano: inclui o treinamento, a experiência, a
inteligência, os relacionamentos e as decisões, etc.;
c) recurso de capital organizacional: inclui o planejamento formal e
informal, o controle, o sistema de coordenação, e as relações informais
entre os grupos dentro da firma e entre uma firma em seu ambiente.
É importante considerar que nem todos os recursos o estrategicamente
relevantes. Ou seja, alguns podem apenas prevenir, outros dirigir e outros podem
não ter nenhum impacto para traçar certa estratégia da firma (BARNEY, 1991). Um
recurso estratégico pode ser definido como aquele que traz vantagem competitiva,
através da implantação de uma estratégia de criação de valor que não está sendo
simultaneamente empregada por nenhuma outra empresa. Uma última contribuição
entende que os recursos podem ser definidos como qualquer tipo de bem que a
empresa tenha acesso de maneira exclusiva ou não, com o qual pode gerar outros
30
bens através da interação entre eles em qualquer tempo (BARNEY, 1991).
Como mencionado uma firma pode ser considerada um feixe de
recursos (WERNEFELT, 1984), ou ainda como um conjunto de competências e
capacidades (PRAHALAD; HAMEL, 1990). Essas capacidades podem ser definidas
como um conjunto de habilidades e tecnologias que permite oferecer um
determinado benefício ao seu cliente, neste entendimento a capacidade pode ser
compreendida como competências essenciais para a conquista de mercados e
sobrevivências futuras (PRAHALAD; HAMEL, 1990). Segundo os mesmos autores,
para serem essenciais, as competências devem responder a três importantes
critérios: uma competência central deve ser versátil e proporcionar acesso a uma
ampla variedade de mercados; oferecer reais benefícios aos consumidores; ser
difícil de imitar e prover acesso a diferentes mercados (PRAHALAD; HAMEL, 1990).
Todavia, neste estudo, a abordagem para empresas a ser considerada será a
descrita por Wernefelt (1984).
Dando segmento, outra definição existente para recursos, parte de
estudos desenvolvidos por Teece, Pisano e Schuen (1997). Os autores descrevem
como capacidades dinâmicas da empresa, que podem ser classificadas como a
habilidade de alcançar novas formas de vantagem competitiva. Devido às mudanças
constantes no mercado, os autores defendem que as capacidades dinâmicas
possibilitaram às firmas integrar, constituir e reconfigurar suas capacidades internas
e externas para poderem acompanhar as mudanças do ambiente (TEECE; PISANO;
SCHUEN, 1997).
2.1.2.2 Características dos recursos
A partir da suposição de que os recursos podem ser heterogêneos e
imóveis, Barney (1991) propõem que os recursos da firma tenham quatro atributos,
que irão definir se a empresa terá ou não vantagem competitiva sustentável:
a) recursos valiosos;
b) recursos raros;
c) recursos imperfeitamente imitáveis;
d) recursos insubstituíveis.
31
Segundo Barney (1991), um recurso é dito valioso, quando capacita uma
firma a conceber ou implementar estratégias que melhoram sua eficiência ou
eficácia, é aquele que explora as oportunidades e neutraliza as ameaças do
ambiente da firma. Um recurso é considerado raro quando outras empresas,
competidoras ou potenciais não possuírem o mesmo recurso. Para este recurso ser
considerado como estratégico, a vantagem competitiva de uma empresa não pode
se basear em recursos que são abundantes no mercado e por tanto, acessíveis aos
competidores, que estes poderiam dispor destes recursos com facilidade e dessa
forma desaparecer a vantagem da empresa. Para Barney (1991), os recursos
valorosos possuídos por varias empresas não podem ser fonte de vantagem
competitiva sustentável, que segundo o autor se um recurso valoroso em
particular é possuído por um grande número de empresas, então cada uma dessas
empresas tem a capacidade de explorar tais recursos da mesma forma
implementando, portanto, estratégias comuns, que não provêem a nenhuma dessas
vantagens competitivas (BARNEY, 1991). O terceiro quesito a ser preenchido por
recursos tipificados como fonte de vantagem competitiva sustentável é que os
recursos de firmas devem ser imperfeitamente imitáveis para uma combinação de
três razões: (a) a capacidade de uma firma obter um recurso, é dependente sobre
condições históricas raras, (b) o elo entre os recursos possuídos por uma firma tem
vantagem competitiva apoiada é causalmente ambíguo, ou (c) o recurso gerado em
uma vantagem da firma é socialmente complexo. O quarto e último requisito,
descrito pelo autor, é o recurso insubstituíveis, são aqueles que exercem um tipo
de função que não pode ser executada por nenhum outro recurso. Na visão de
Hoffmann (2002), esta característica talvez seja a mais difícil, que a capacidade
humana está sempre buscando alternativas aos desafios que lhes são impostos
(BARNEY, 1991).
Esses atributos dos recursos da firma são indicadores da
heterogeneidade e da imobilidade. Portanto, é a parametrização da importância
destes, que são geradores da vantagem competitiva (BARNEY, 1991; PETERAF,
1993). Mas, a vantagem só será competitiva a longo prazo, ou sustentável, quando a
firma implementa uma estratégia de criação de valor que não seja implementada por
nenhum concorrente atual ou potencial, e quando estas outras empresas sejam
incapazes de duplicar os benefícios destas estratégias (BARNEY, 1991).
Com base na descrição de Barney (1991), e demais literaturas que
32
abordam a competitividade através dos recursos existentes na empresa, Hoffmann
(2002) apresenta uma síntese destas características, conforme quadro 1.
Autor
Característica
Barney (1986;
1991)
Grant (1991) Amit;
Schoemaker
(1993)
Peteraf (1993)
Hunt (1995)
Raridade
Raro - Escasso Heterogêneo Heterogêneo
Valor
Imitação
Valioso
Imperfeito
Imitável
Durável
Transparência
Imperfeita
Durável
Não imitável
Heterogêneo
Não imitável
-
Sustentabilidade
Insubstituível Reprodução
Imperfeita
Insubstituível Insubstituível -
Mobilidade
- Transparência
Imperfeita
Inegociável Imitabilidade
Imperfeita
Mobilidade ou
negociação
imperfeita
Quadro 1 – Síntese das características dos recursos
Fonte: HOFFMANN, V. E.. Los factores competitivos de la empresa a partir de la perspectiva de
los distritos industriales. Un estudio de la industria cerámica de revestimento
brasileña. Zaragoza, 2002.
Ora aqui apresentado, é fato descrever que as empresas não podem
esperar obter vantagem competitiva sustentável se os recursos empregados estão
disponíveis a todas as empresas ou possuem alta mobilidade. Assim, conclui-se que
a vantagem competitiva não depende apenas da posição dos recursos existentes na
firma, mas também da interação entre eles. Outro aspecto importante dos recursos
para a geração da vantagem competitiva, é que os recursos são idiossincráticos, ou
seja, um recurso pode ter uma determinada característica em um contexto para uma
empresa e pode não significar o mesmo para outra, ou para outra empresa em um
mesmo contexto (BARNEY, 1991). Peteraf (1993) traduz a idiossincrasia com base
na imobilidade ou a mobilidade perfeita dos recursos, estes dizem respeito à
condição de recursos não comercializáveis ou, mesmo que sejam comercializados
por outra empresa, eles teriam mais valor para a empresa que inicialmente utilizou o
recurso.
Diante do contexto apresentado e do objetivo a ser alcançado neste
estudo, suscita-se que a definição de recursos a ser adotada será a de Barney
(1991), que o autor parte da premissa de que para a obtenção da vantagem
competitiva devem ser considerados os recursos internos e as capacidades da
empresa. Assim, o que irá importar para a aglomeração territorial analisada é a
33
dotação ou acesso aos recursos e não sua posição nas relações de poder com as
outras forças competitivas (PENROSE, 1959; BARNEY, 1991).
A alteração com relaçao a Barney (1991), refere-se a ter como obetivo de
estudo a aglomeração, tal como feito anteriormente por Hoffmann (2002).
2.1.3 Competitividade nas destinações turísticas
Para alguns estudiosos a vantagem competitiva também pode ser
estudada com base na vantagem comparativa. Neste entendimento, Coyne (1986)
advoga que a competitividadeexiste quandocomparação. Em uma destinação
turística, a vantagem comparativa está relacionada à herança de recursos, como
clima, cenário, fauna, flora etc., enquanto, a vantagem competitiva está relacionada
à infra-estrutura criada para o turismo, como hotéis, atrações, transportes,
empresas, qualidade no gerenciamento, habilidade dos trabalhadores e outros
(DWYER; KIM, 2003).
No estudo de Poggi, Borges e Ruschmann (2004), os autores buscaram
identificar se a vantagem comparativa de Águas de São Pedro (SP) influi na
competitividade do mercado turístico. Para aquele estudo, os autores utilizaram o
modelo de Hassan (2000), que atribui a competitividade a quatro determinantes;
vantagem comparativa, orientação da demanda, estrutura da indústria e
comprometimento ambiental (POGGI BORGES; RUSCHMANN, 2004). Sob este
prisma, Hassan (2000, p. 240) descreve que a competitividade pode ser avaliada
através da “habilidade do destino para criar e agregar valor aos produtos que
sustentam seus recursos enquanto mantém o posicionamento frente aos seus
concorrentes”. Assim, Poggi, Borges e Ruschmann (2004) consideram que conhecer
os determinantes de uma destinação torna-se cada vez mais decisivo. Por fim, os
autores associaram a vantagem competitiva ao uso sustentável do meio ambiente,
“a competitividade sustentável requer equilíbrio entre crescimento orientado e
comprometimento ambiental” (POGGI; BORGES; RUSCHMANN, 2004, p. 224),
enquanto Dias (2003) descreve que a competitividade depende do conjunto de
experiências turísticas que se satisfaz nos mais diversos serviços turísticos. E,
segundo o mesmo autor, este conjunto de boas experiências irá acontecer se
34
houver cooperação entre o setor público e o privado.
Neste trabalho a cooperação é importante para a competitividade do
aglomerado estudado, que a análise parte de um aglomerado no qual pressupõe
que transferência de recursos, mais especificamente a transferência de
conhecimento. E ela não se resume aquela destacada por Dias (2003), e sim se
amplia interorganizacionalmente.
Segundo Leiper (2003), a cooperação entre empresas turísticas cria
sinergias que podem se materializar na forma de ganhos de produtividade e esta
cooperação pode acontecer, segundo o autor, através de alianças estratégicas. Em
seguida, Leiper (2003) descreve algumas ações cooperativas existentes entre estas
empresas: estabelecimentos de conjuntos de políticas de preços e divulgações;
acordos sobre a mão-de-obra e empregos, esquemas de treinamentos comuns,
canais de trocas de informação, participação em associações e outros.
Para Porter (1999), a vantagem competitiva duradoura depende cada vez
mais de fatores locais. Ao citar a atividade turística o autor descreve como exemplo
a satisfação do turista, sendo que ela depende não apenas do apelo da atração
primária do local, mas também da qualidade e eficiência de empresas correlatas
(hotéis, restaurantes, centros comerciais e meios de transportes). De acordo com a
colocação de Porter (1999), com o crescimento da atividade turística e o aumento da
concorrência, pode-se inferir que as organizações e as instituições buscam cooperar
mais entre si, o que ocasiona a diminuição das incertezas e auxilia na busca de
oportunidades frente ao mercado em que atuam. Neste entendimento, Amato Neto
(2000) contribui para esta perspectiva, quando aponta que a cooperação
empresarial pode viabilizar o atendimento de uma série de necessidades da
empresa, necessidades essas que seriam de difícil satisfação nos casos em que as
empresas atuassem isoladamente.
Muitos autores defendem o conceito de competitividade na atividade
turística a partir dos aspectos valorizados pelos turistas, entre eles estão Dwyer e
Kim (2003), que deixam claro ao afirmar que a competitividade das destinações
consiste na habilidade de prover produtos e serviços melhores do que aqueles
oferecidos pelas outras destinações nos aspectos que o turista valoriza. Sob outra
égide o conceito de competitividade de Malecki (2002), também pode ser descrito,
que o autor faz uma abordagem de competitividade para localidades, regiões e
nações, assim, a competitividade refere-se à habilidade da economia local e da
35
sociedade em prover um padrão elevado de vida, para os seus moradores.
Para Riveiro e Caldera [s.d], a vantagem competitiva faz referência a
capacidade de um destino turístico em utilizar seus recurso de forma eficiente a
médio e longo prazo, os autores ainda declaram que a competitividade turística é um
conceito bastante complexo que combina vários elementos, que podem ser
observados ou não, e que em muitas ocasiões não são fáceis de medir, sendo
necessário então, a utilização de vários indicadores de competitividade. Ainda
conforme os autores supracitados, não existe um único conjunto de indicadores, que
pode ser aplicado a todos os destinos turísticos sem exceção e a qualquer momento,
este depende de características do destino a ser analisado, assim, alguns
indicadores serão mais relevantes e outros serão praticamente irrelevantes.
Em seguida, o modelo que está sendo apresentado (Figura 3) foi
desenvolvido por Dwyer e Kim (2003), e tem como propósito estabelecer um grupo
de indicadores associados que permita identificar as forças e fraquezas relativas à
destinação turística que poderá ser usado pela indústria e governo no incremento do
número de turistas, o que pode expandir a atividade, gerar impactos econômicos e
melhorar a qualidade de vidas dos residentes.
Por conseguinte, pode-se compreender que a noção de competitividade
está associada a três grupos principais (DWYER; KIM, 2003):
a) vantagem comparativa e perspectivas de competitividade sobre o
preço;
b) perspectiva de estratégia de gerenciamento; e
c) perspectiva histórica e sociocultural.
Essas abordagens podem ser segmentadas em uma visão macro,
discutindo dado País como um todo, ou um ponto de vista micro, tratando da
situação de cada organização (DWYER; KIM, 2003).
36
Figura 3 – Modelo da competitividade das destinações
Fonte: DWYER, Larry e KIM, Chulwon. Destination Competitiveness: determinants and indicators.
Current issnes in tourism, v. 6, n. 5, p. 369-90, 2003, p. 378.
O modelo é sistêmico e apresenta diferentes elementos interligados e
responsáveis por alguma dimensão da competitividade da destinação. Os recursos
são divididos em dois tipos; os herdados que podem ser classificado como naturais
(montanhas, lagos, rios e praias) e os culturais (gastronomia, artesanato, cultura e
crenças). As condições situacionais são descritas como as forças no ambiente
externo que impactam na competitividade da destinação. Enquanto o gerenciamento
da destinação está relacionado com aqueles que podem elevar a atratividade dos
recursos e melhor adaptar os obstáculos impostos pelas condições situacionais
(DWYER; KIM, 2003).
Há também uma “caixa
4
”, separada para a demanda. Esta categoria,
segundo Dwyer e Kim (2003), possui três elementos principais da demanda turística:
percepção; consciência; e preferência. A caixa da competitividade da destinação
está conectada aos vários determinantes da competitividade e a uma caixa
4
Termo utilizado pelos autores Dwyer e Kim (2003).
Condições
situacionais
Demanda
Indicadores
da
competitivi
dade
destinação
Indicadores
da
qualidade
de vida
Governo Indústria
Recursos
Criados
Recursos
suporte
RECURSOS
Recursos
facilitadores
Natural
Herdado
Gerenciamento da destinação
Prosperidade
Sócio-
econômica
Competitivi
dade das
destinações
37
representando a prosperidade socioeconômica. Os indicadores da prosperidade
socioeconômicos são a chave para as variáveis macroeconômicas, incluindo o nível
de produtividade da economia, probabilidade e renda per capita (DWYER; KIM,
2003). Por fim, pode-se argüir que o modelo exposto reconhece a competitividade
como um objetivo intermediário para o alcance do fim maior que consiste na
prosperidade regional e nacional, propondo um conjunto de variáveis que os autores
supõem ser adequado para medir a competitividade de qualquer destinação. Assim,
este modelo pode ser utilizado para comparar a performance de diferentes
destinações em todo o mundo a respeito de competitividade (DWER; KIM, 2003).
Neste trabalho foram apresentados modelos diferentes que servem para
analisar a competitividade; a abordagem de Porter (1986, 1989); a visão baseada
em recursos (BARNEY, 1991) e por último, o modelo de competitividade das
destinações (DWYER; KIM, 2003). Buscando demonstrar os modelos de forma
simplificada, abaixo propõe-se um quadro (Quadro 2) resumido das principais
ênfases de cada uma das abordagens, possibilitando uma melhor visualização.
Abordagem Objetivo Característica
Modelo de Porter (1986) Analisar a competição de
uma indústria
A competitividade da empresa es
associada ao posicionamento da
mesma no mercado
Modelo de Porter (1989) Verificar a competição de um
país, cidades e regiões.
Determinantes da vantagem
nacional
Visão Baseada em Recursos A competitividade vista
através dos recursos que a
empresa possui
Os recursos internos da empresa,
seu acesso e utilização é que vão
determinar a competitividade da
empresa.
Dwyer, Kim (2003) Modelo para verificar a
competição de uma
destinação turística
uma gama de indicadores de
competitividade que serve para
avaliar um destino turístico. Os
indicadores aparecem relacionados
em função do quadrante a que
pertencem.
Quadro 2 – Abordagens da competitividade
Fonte: Porter (1986, 1989); Wernefelt (1984); Barney (1991); Dwyer e Kim (2003).
Cabe aqui ressaltar que a competitividade será analisada através da
classificação proposta por Barney (1991), portanto através dos recursos que a
empresa obtém, seu acesso e sua utilização. Para tanto Barney (1991) define os
recursos como todos os ativos tangíveis e intangíveis ligados a empresa. E o recurso
conhecimento, aqui estudado, é entendido como um ativo intangível que pode ser
transferido através de inúmeras formas, sendo estas descritas posteriormente.
38
2.2 Redes interorganizacionais
Esta seção apresenta os conceitos, tipologias e classificações de redes e
redes interorganizacionais. Casarroto e Pires (1998, p. 20) declaram: “se o
conhecimento será a grande mercadoria do futuro, terá valor onde existem fluxos
por meio de conexões, como por exemplo, as redes de pequenas empresas”. Tendo
como base esta afirmação e o objetivo deste estudo, se faz necessário esta análise.
E como o destino estudado se caracteriza como um aglomerado, serão
apresentados conceitos de aglomerações territoriais, aglomerações territoriais no
turismo e por último os recursos compartilhados entre empresas aglomeradas,
possibilitando, ao final, uma linha comum entre os termos utilizados.
O tema rede tem ganhado importância tanto no meio acadêmico, quanto
no mercado. Pode-se evidenciar isto através dos estudos de Amato Neto (2000),
para o autor a formação e o desenvolvimento de redes de empresas vêm ganhando
relevância o para as economias de vários países industrializados, como Itália,
Japão e Alemanha, como também para os chamados países emergentes, ou de
economias em desenvolvimento, México, Chile, Argentina e o próprio Brasil.
Hoffmann e Bandeira-de-Mello (2006), também analisaram o fenômeno
interorganizacional e com isto descrevem que desde o ano 2000, o assunto vem
registrando uma média de quatro trabalhos em periódicos nacionais A (Qualis).
Com a popularização do tema, diversas definições e significados foram
surgindo. O termo rede hoje é crescentemente utilizado nas mais diversas áreas de
estudos, entre elas estão; a biologia, as ciências exatas, as áreas de
telecomunicações e eletrônica, as ciências ambientais, a economia e a
administração (SABINO, 2006). E no campo da literatura de economia industrial as
redes constituem uma forma organizacional de interação entre os diversos autores
(LASTRES; CASSIOLATO, 2005).
Através da bibliografia analisada para a realização deste trabalho,
algumas abordagens são apresentadas. A título de ilustração fez-se uma divisão
entre autores brasileiros e de outros países, contendo também a descrição destas
perspectivas teóricas (Quadro 3).
39
PERSPECTIVAS
TEÓRICAS
CONCEITOS AUTORES
5
Outros países
Cadeia dinâmica Os principais componetes podem ser agrupados e
reagrupados visando responder às complexas e mutantes
condições competitivas.
Miles e Snow
(1986)
Rede local É considerada como o que há de intermediário entre uma
simples empresa e o mercado, isto é, duas ou mais empresas
as quais, através da intensidade de sua interação, constituem
um subconjunto de um (ou vários) mercado(s).
Thorelli (1986)
Redes estratégicas Acordos de longo prazo, com propósitos claros, entre
empresas distintas, mas relacionadas, permitindo a elas
sustentar a vantagem competitiva em relação às que estão
fora da rede. São formadas por empresas e organizações de
suporte.
Jarilho (1988)
Redes A rede é um conjunto complexo de inter-relações que
dinamizam as competências das unidades envolvidas,
focadas em objetivos comuns ou complementares,
sustentando a vantagem competitiva.
Powell (1990)
Distrito Industrial Conglomerado de empresas, com uma relação particular
entre estas. Não um centro de decisões estratégicas,
possuindo um equilíbrio entre cooperação e competência.
Becattini (1990);
Brusco (1993)
Grupos estratégicos Refere-se a agrupações de empresas ou subestruturas dentro
de uma indústria.
Peteraf e
Shankley (1997)
Alianças São descritos como acordos voluntários entre empresas
envolvendo a troca e ou compartilhamento de produtos,
tecnologias e serviços.
Gulati (1998)
Cluster São empresas de grande, médio e pequeno porte,
intensamente articuladas que formam um ambiente de
negócios, prevalecendo relações de confiança entre as
diferentes partes envolvidas.
Porter (1999)
Redes
Inteorganizacinais
Conjunto de relacionamentos de forma vertical e horizontal
com outras organizações.
Gulati; Nohria e
Zaheer (2000)
No Brasil
Redes de pequenas e
médias empresas
O modelo propõem duas alternativas de redes; rede flexível e
rede topdow (ou modelo japonês).
Cassaroto Filho e
Pires (1998)
Redes de cooperação
São descritas como métodos organizacionais de atividades
econômicas, através de coordenação e/ou cooperação inter-
firmas.
Amato Neto
(2000); Carrão
(2004)
Redes sociais As redes sociais fornecem às empresas um conjunto de
recursos próprios, em forma de canais de acesso a
conhecimentos e oportunidades.
Molina-Morales e
Hoffmann (2002)
Redes de
aprendizado
É descrita como um pool social de conhecimentos e
informações, que são compartilhadas pelos atores envolvidos
na rede e que geram fortes externalidades positivas.
Teixeira e Guerra
(2002)
Redes
interorganizacionais
Atuação de empresas de forma associada e conjunta,
buscam obter vantagem competitiva a medida que tornam
mais eficientes suas operações e estratégias.
Cândido (2002);
Balestrin e Fayard
(2003)
Redes horizontais É formado por PMEs, que estão geograficamente próximas,
operando em um segmento específico de mercado. As PMEs
possuem relações horizontais e cooperativas e sua
coordenação parte de mínimos instrumentos contratuais que
garantem regras básicas de governança.
Balestrin e Vargas
(2004)
Redes de empresas São estruturas caracterizadas por acordos que visam a
obtenção da vantagem competitiva.
Hoffmann; Molina-
Morales e
Fernández-
Martinez (2004)
Quadro 3 – Síntese de diferentes teorias e autores sobre redes
Fonte: dados obtidos pela autora.
5
Neste quadro serão citados apenas alguns dos pesquisadores do tema rede, por ser inviável colocar
todos os estudiosos.
40
Dentre as principais definições de rede, pode-se destacar Thorelli (1986),
onde uma rede de empresa é descrita como o que de intermediário entre uma
simples empresa e o mercado. Ela pode ainda ser descrita como acordos de longo
prazo com objetivos comuns entre empresas independentes, possibilitando obter a
vantagem competitiva (JARILLO, 1988). Ademais, todas as nomenclaturas utilizadas
para definir rede possuem características em comum. Para Costa (2005), rede seria
o comportamento associativista de empresas que buscam a obtenção de vantagens
competitivas no mercado, otimizando a utilização de recursos, capacidades e
conhecimentos para que se possa melhor competir no mercado externo.
O propósito central da formação de rede entre empresas é reunir atributos
que permitam uma adequação ao ambiente competitivo em uma única estrutura,
sustentada por ações uniformizadas, porém descentralizadas, que possibilitem
ganhos de escala sem perder flexibilidade por parte das empresas associadas
(VERSCHOORE; BALESTRIN, 2006). Hoffmann, Molina-Morales e Fernández-
Martinez (2004) descrevem alguns atributos que levam a empresa a formar uma
rede, como a complexidade de certos produtos e/ou serviços, a troca de
conhecimento, aprendizagem organizacional e a disseminação da informação,
demanda por rapidez de respostas, confiança, cooperação e a defesa contra
incertezas.
Powell (1990), descrevia os benefícios das redes, e vai além quando
enfatiza que o objetivo de uma rede não é somente a redução de custos, mas a
redução da incerteza, a confiabilidade e a responsabilidade, também sendo estes
os interesses que motivam os participantes.
Através do trabalho de Ebers e Jarillo (1998), algumas vantagens
competitivas geradas pelas redes são descritas, como:
a) aprendizagem tua, permitindo o desenvolvimento de produtos de
maneira mais rápida em relação às empresas que estão fora da rede, o
que pode gerar a vantagem do pioneirismo;
b) co-especialização, onde cada membro da rede irá explorar diferentes
nichos de mercado;
c) a economia de tempo e custo, através do fluxo de informação e
recursos;
d) acordos de fornecimento ou esforços de pesquisa em conjunto que
tende a levar a economia de escala e;
41
e) barreiras de entrada ao mercado, que podem gerar a vantagem
competitiva para as empresas que fazem parte da rede.
Dando segmento ao aspecto competitividade em redes, o trabalho de
Verschoore e Balestrin (2006) apresenta cinco fatores representativos a esta
competitividade das empresas que fazem parte de uma rede:
a) ganhos de escala e poder de mercado: os autores associam o
crescimento do número de atores da rede, ou seja, de empresas com a
capacidade da rede obter ganhos de escala e de poder de mercado;
b) provisões de soluções: as empresas de pequeno porte podem
solucionar seus problemas, a partir da rede onde está inserida.
Também oferecer treinamentos e consultorias com o objetivo de
encontrar soluções coletivas;
c) aprendizagem e inovação: a aprendizagem pode acontecer através da
interação entre os atores, do desenvolvimento de competência,
habilidades coletivas e por meio de processos conjuntos;
d) redução de custos e riscos: os participantes da rede dividem os riscos e
os custos de determinadas ações e investimentos, e
e) relações sociais: o acúmulo de confiança existente em uma rede e o
capital social potencializa a capacidade individual e coletiva através de
práticas colaborativas.
Com base no que foi descrito acima, a figura 4 apresenta de forma
simplificada os benefícios gerados pelas redes.
Figura 4 – Principais benefícios de uma rede
Fonte: Jarilho (1988); Becattini (1990); Powell (1990); Brusco (1993); Trigilia (1993); Ebers; Jarillo
(1998); Gulati (1998); Cândido (2002); Molina-Morales; Hoffmann (2002); Teixeira; Guerra
(2002); Balestrin; Fayard (2003); Hoffmann; Molina-Morales; Martinez-Fernández. (2004);
Verschoore; Balestrin (2006).
Principais
benefícios de
uma rede
- Obtenção e sustentação da vantagem competitiva;
- Cooperação entre os atores;
- Compartilhamento de produtos, tecnologias e serviços;
- Confiança;
- Disseminação de informação;
- Acesso e compartilhamento de conhecimentos;
- Ganhos de escala;
- Provisões de soluções;
- Aprendizagem mútua;
- Redução de custos;
- Acesso a novos mercados.
42
Apesar dos diversos benefícios listados, Jones, Hesterley e Borgartti
(1997) advertem que é necessário existir adaptação às demandas dos produtos, alta
coordenação para integrar diversos especialistas em tarefas complexas e, por fim,
altas necessidades de salvaguarda para integrar os interesses das partes em trocas
customizadas. Outra possível desvantagem é listada por Ebers e Jarillo (1998),
quando os autores argumentam que distintas maneiras de governar a rede podem
trazer resultados diferentes, o que pode impedir a inovação e a aprendizagem na
rede.
2.2.1 Tipologias e classificações
Ao abordar as tipologias existentes de rede interorganizacional, vale
salientar que existem diversos estudos nesta área, que apresentam tipos
diferenciados, neste trabalho serão apenas descritas algumas destas tipologias.
Andrighi (2007), como exposto por Pavlovich (2003), declara que grande parte das
tipologias encontradas nas literaturas e trabalhos científicos refletem a dinâmica
própria de um determinado tipo de rede, não considerando sua evolução histórica e
também não ponderando o fenômeno como um todo.
Para vários pesquisadores, a configuração em rede representa uma
opção para a competitividade, sobretudo para as PMEs (Pequenas e Médias
Empresas) (BALESTRIN; FAYARD, 2003). Isto por que as PMEs acabam se
relacionando à limitação de tamanho e estrutura, e assim, buscam conquistar
coletivamente condições de sobrevivência e desenvolvimento (CÂNDIDO; ABREU,
2000). Com base na colocação feita, e tendo em vista que o estudo aqui proposto
analisa PMEs, o modelo apresentado é a tipologia de Casarotto Filho e Pires (1998),
que analisam pequenas e médias empresas no contexto de rede. O modelo é
dividido em rede flexível e rede top down (ou modelo japonês).
No caso da rede top down, a pequena empresa pode tornar-se
fornecedora de uma empresa chamada “mãe”. Assim, as demais empresas ficam
dependentes das estratégias realizadas pela empresa “mãe”, possuindo pouca ou
43
até nenhuma flexibilidade ou poder de influenciar nos destinos de rede. O modelo
chamado pelos autores de rede flexível tem sido o sustentáculo de economias
altamente desenvolvidas como a da região Emilia Romagna, na Itália. Neste modelo
as empresas se unem por um consórcio, seus objetivos podem ser amplos ou até
mesmo restritos, esse consórcio acaba simulando a administração de uma grande
empresa, mas tem muito mais flexibilidade, comparada com a rede top down
(CASAROTTO FILHO; PIRES, 1998).
O segundo modelo, apresenta a tipologia para classificação de rede
desenvolvida por Hoffmann, Molina-Morales e Martinez-Férnandez (2004). O
objetivo de apresentar tal tipologia parte que a mesma foi objeto de estudo no
trabalho de Andrighi (2007), a autora analisou a destinação de Urubici sob esta
égide.
Assim esta tipologia considera empresas de maior e menor porte como
uma diversificação de dimensões de rede. Esta proposta está baseada em quatro
indicadores (Quadro 4); direcionalidade; localização; formalização; poder. Para esta
definição os autores se basearam em pesquisas bibliográficas e dois trabalhos
empíricos. Também houve a aplicação desta tipologia em três redes da indústria de
cerâmica de revestimento, duas no Brasil e uma na Espanha, como resultado
verificou-se que dentro de uma mesma indústria, e até dentro de um país, as redes
podem ser estruturas singulares e similares ao mesmo tempo.
INDICADORES TIPOLOGIA
Direcionalidade Vertical
Horizontal
Localização Dispersa
Aglomerada
Formalização Base contratual formal
Base não contratual
Poder Orbital
Não orbital
Quadro 4 – Característica e tipologia das redes
Fonte: HOFFMANN, V. E.; MOLINA-MORALES, F. X.; MARTINEZ, T. Redes de
empresas: uma proposta para sua classificação. In.: Encontro ANPAD, n. XXVIII,
2004, Curitiba. Anais... Curitiba: 2004, p. 5.
O indicador direcionalidade é dividido em redes verticais e redes
horizontais. As redes verticais são constituídas por empresas distintas, que buscam
44
alcançar a especialização, tendo como fim o alcance da eficiência coletiva. as
redes horizontais, são constituídas por empresas que competem pelos mesmos
produtos e/ou mercados, e o propósito destas redes é obter ganhos através desta
união.
No indicador localização, Hoffmann, Molina-Morales e Martinez-
Férnandez (2004) subdividem em redes dispersas ou aglomeradas. Podem ser
citadas como exemplo de redes dispersas as franquias, que interagem através de
um processo complexo de logística, que estão geograficamente distantes. As
redes aglomeradas territorialmente podem ir além de relações comerciais e estarem
configuradas com outras organizações de suporte, como universidades, centros de
tecnologia e instituições governamentais. Dessa forma, sua configuração poderá
envolver relações interpessoais, interorganizacionais, intergovernamentais e
intersetoriais (INOJOSA, 1999).
Em termos de formalização, podem ser estruturas formalizadas, através
de uma base contratual formal, ou serem redes informais, ou seja, base não
contratual. O último indicador, poder, está subdividido em orbital e não orbital. A rede
orbital possui um centro de poder, as demais empresas atuam ao redor. A rede não
orbital, é aquela onde cada parte tem a mesma capacidade de tomada de decisão,
as empresas trabalham de maneira cooperada (HOFFMANN; MOLINA-MORALES;
MARTINEZ-FERNÁNDEZ, 2004).
Por fim, algumas características das redes podem ser citadas; relatividade
nos papéis dos atores organizacionais, interação, interdependência das partes,
complementaridade, especialização das atividades das empresas e competitividade
entre as redes (HOFFMANN, 2002; HOFFMANN; MOLINA-MORALES; MARTINEZ-
FERNÁNDEZ, 2004).
2.2.2 Aglomerações territoriais
Os estudos relacionados à aglomeração e seus diversos termos, como
Cluster (PORTER, 1999), Distrito Industrial (BECATTINI, 1990; BRUSCO, 1993),
Redes (THORELLI, 1986; POWELL, 1990; JARILLO, 1988; HOFFMANN; MOLINA-
MORALES; MARTINEZ-FERNÁNDEZ, 2004), Arranjos Produtivos Locais
45
(LASTRES; CASSIOLATO, 2005) entre outros, buscam analisar a competitividade
através do tipo de organização industrial.
Apesar de este estudo reconhecer e apresentar os diversos conceitos
relacionados aos temas aglomeração e redes, o mesmo manterá sua linha sobre
aglomeração territorial e redes interorganizacionais. O primeiro termo justifica-se sob
a perspectiva de que empresas e instituições próximas territorialmente podem gerar
afinidades e interações (PORTER, 1999). Nestas interações é possível haver a
transferência de conhecimento, seja ele tácito ou explícito. Enquanto, que, redes
interorganizacionais permeiam as características de empresas aglomeradas
territorialmente e a transferência de recursos em busca da competitividade do
mesmo.
As primeiras considerações a respeito desta temática remontam aos
estudos do economista inglês Alfred Marshal, do início do século passado. Ele
considerava que a concentração de organizações em uma determinada localidade
podia gerar ganhos de escala, transformando a economia de uma região e tornando
as empresas mais eficientes e competitivas (MARSHAL, 1982).
Uma outra abordagem sobre a localização a ser considerada neste
trabalho é o cluster. Para Porter (1999, p. 211-212), um cluster pode ser definido
como “um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-
relacionadas de determinado setor e instituições correlatas, vinculadas por
elementos comuns e complementares”. São de modo geral de pequeno porte,
aglomerados espaciais e setorialmente, existindo entre eles uma rede de
relacionamento, de tal forma que resulte na aquisição de alguma vantagem
competitiva para cada empresa e para o grupo todo. As empresas aglomeradas
territorialmente obtêm ganhos em eficiência coletiva e que raramente, os produtores
separados poderiam obter (AMATO NETO, 2000). Nesta compreensão, a
proximidade geográfica possibilita o acesso a conhecimentos e capacitações, mão-
de-obra, matérias-primas e equipamentos, dentre outros (LASTRES; CASSIOLATO,
2005).
Os distritos industriais (DI) podem ser descritos como um conglomerado
de empresas com uma relação particular entre si, ou ainda como um conjunto de
empresas que produzem algo que é homogêneo de alguma maneira, adotando
posições distintas frente ao mercado (BRUSCO, 1993; TRIGILLA, 1993). Possuem
características como a proximidade entre os atores, a obtenção de mão-de-obra
46
qualificada e especializada, existência de fornecedores locais de insumos e bens
intermediários. Segundo Brusco (1993), num DI não há um centro de decisões
estratégicas. Uma característica que, de acordo com Brusco (1993), seria importante
destacar é o equilíbrio existente entre cooperação e competência.
Para Latres e Cassiolato (2005), um Arranjo Produtivo Local - APL é
facilmente desenvolvido em ambientes propícios à interação, à cooperação e à
confiança entre os atores. Outra definição dos autores reporta-se aos Sistemas
Produtivos e Inovativos Locais - SPILs, que são vistos como conjuntos de atores
econômicos, políticos e sociais, localizados no mesmo território, desenvolvem
atividades correlatas e possui um forte vínculo de produção, interação, cooperação e
aprendizagem.
Baseado no trabalho de Latres e Cassiolato (2005), que apresentam
diversos enfoques para ressaltar a importância da articulação de empresa e atores
quanto à dimensão territorial, serão apresentadas (Quadro 5) as principais
convergências e diferenças de aglomerações produtivas.
ABORDAGEM CONVERGÊNCIAS E DIFEREAS
Cadeia Produtiva Refere-se a um conjunto de etapas, pelas quais passam e vão sendo
transformados e transferidos os diversos insumos em ciclos de
produção, distribuição e comercialização de bens e serviços.
Cada conjunto de atores possui responsabilidades diferenciadas do
processo produtivo.
Não há restrição em relação ao território de localização.
Cluster São empresas aglomeradas territorialmente e que possuem
características similares.
A concorrência em algumas concepções é mais valorizada do que a
cooperação como fator de dinamismo.
A inovação também é reconhecida em algumas abordagens, porém de
maneira simplificada.
Os clusters não contemplam organizações de suporte.
Distrito Industrial São empresas aglomeradas territorialmente, que possuem alto grau de
especialização e interdependência, seja de caráter horizontal, ou vertical.
Milieu Inovador O foco está no ambiente social que favorece a inovação e não nas
atividades produtivas.
Pólos, parques
científicos e
tecnológicos
São áreas ligadas a centros de ensino, pesquisa e desenvolvimento
(P&D), com uma infraestrutura capaz de abrigar empresas de base
tecnológica.
Rede de Empresas É definido a partir de um conjunto de articulações entre empresas.
Envolve a realização de transações e/ou intercâmbio de informações e
conhecimentos entre os atores.
Não implica necessariamente em proximidade espacial de seus
integrantes.
Quadro 5 – Principais traços de abordagens
Fonte: LASTRES, Helena M. M.; CASSIOLATO, José E.. Mobilizando conhecimentos para
desenvolver arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais de micro e pequenas
empresas no Brasil. Rede de pesquisa em sistemas produtivos e inovativos locais. 2005.
Disponível em: <http://www.redesit.ie.ufrj.br>. Acesso em: 30 jul. 2007, p.12.
47
2.2.2.1 Aglomerações territoriais no turismo
No segmento turístico nota-se que existe uma tendência atual de teóricos,
chamados de progressistas do turismo, substituindo a expressão destinação turística
pelo conceito de cluster. Constata-se também que os poucos estudos que envolvem
esta atividade, na perspectiva de modelos multiorganizacionais, reportam-se a
cluster.
Enquanto definição de aglomeração turística é possível utilizarmos a de
Porter (1991, p. 211), mesmo que o autor não trabalhe especificamente este setor,
para ele um aglomerado é: “[...] um agrupamento geograficamente concentrado de
empresas inter-relacionadas, instituições correlatas numa determinada área
vinculadas por elementos comuns e complementares”.
No turismo a maioria dos produtos “se concentram em âmbitos
geográficos bem definidos, onde se desenvolvem atividades que constituem o
processo de produção” (BENI, 2004, p. 154). Para Mamberti e Braga (2004), o
espaço geográfico é uma das mais importantes especificidades da prática social do
turismo.
Nesta compreensão, Petrocchi (2001) declara que a atividade turística
cresce ao redor de atrativos turísticos, sejam em cenários naturais, históricos,
urbanos, culturais ou de lazer, acabam por construir aglomerações geográficas de
empresas, muitas vezes de forma natural.
Para um melhor entendimento, cluster será baseado na concentração de
empresas e instituições (TOLEDO; VALDES; POLLERO, 2003). Para Lage (2003, p.
169), este conceito pode ser definido como “destacado diferencial turístico, dotado
de equipamentos e serviços de qualidade, com excelência gerencial e concentrada
em espaço geográfico limitado”. Para Toledo, Valdes e Pollero (2003), um cluster
turístico é formado por empresas independentes, unidas informalmente e que
buscam oferecer aos clientes diferentes vantagens, tendo como propósito final
alcançar de forma conjunta à vantagem competitiva (CRAVENS; PIEREY, 1994
apud TOLEDO; VALDES; POLLERO, 2003).
Sabe-se que a idéia de cluster surgiu quando os mercados começaram a
competir em escala mundial, no turismo este conceito surgiu para transpor a idéia
48
de pólo turístico (TOLEDO; VALDES; POLLERO, 2003). Ainda, segundo os autores,
as empresas se agregam com um objetivo comum e procuram: a) ser um
conglomerado multisetorial de empresas e organizações integradas; b) buscar
produzir uma massa crítica que agregue valor à oferta; c) estar localizados em local
geográfico com uma fonte especial para a competitividade; d) ser típicos e
diferenciados; e) estar acima dos interesses nacionais e regionais; e f) alcançar as
vantagens competitivas por seus conhecimentos e relações em âmbito melhor que
os competidores globais (TOLEDO; VALDES; POLLERO, 2003).
Ao estudar os modelos multiorganizacionais no turismo, Garrido (2006)
lista alguns dos benefícios da formação de um cluster, conforme demonstra a figura
5.
Figura 5 – Aspectos relevantes para a formação de um cluster
Fonte: adaptado de GARRIDO, Inez M. D. A.. Modelos multiorganizacionias no turismo: cadeias,
Clusters e redes. In: RUSCHMANN, Doris V. de M.; SOLHA, Karina T. (orgs). Planejamento
turístico. Barueri, SP: Manole, 2006.
A autora ainda cita as redes interorganizacionais como importante papel
na gestão da atividade turística, pois auxilia nas interconexões dos destinos com os
principais agentes promotores e distribuidores do produto turístico nas regiões
emissoras de visitantes (GARRIDO, 2006).
Outro estudo a ser destacado é de Silva (2004), que analisa a rede de
cooperação entre pequenas empresas do setor turístico. Para o autor, o aumento ou
a perda da competitividade depende da intensidade do relacionamento com outros
Aspectos relevantes para a formação de um cluster na atividade turística
- o setor é
formado por grandes, médias e pequenas empresas heterogêneas que,
precisam atuar em cooperação para atingir o propósito final que é o aperfeiçoamento
do produto turístico;
-
devido ao crescimento, criação de novos produtos, padronização e aperfeiçoamento
do produto turístico no mundo inteiro, surge a necessidade de acompanhar a vantagem
competitiva, que através do modelo de cluster pode ser estrutura e monitorada;
-
tanto a cooperação quanto a competição são binômios importantes no turismo que
dentro de um cluster podem ser favorecidos;
- proporciona ganhos de produtividade e melhoria da qualidade;
-
as economias externas, existentes nos modelos de aglomerados econômicos, podem
ser o diferencial para determinados destinos e/ou produtos turísticos;
- o turi
smo envolve diversas atividades profissionais, a formação de cluster pode
beneficiar na promoção, ajustamento e na cooperação destas atividades.
49
agentes sociais, o que leva à existência da cooperação interempresarial. Enquanto
consideração final, Silva (2004) afirma que o relacionamento com as instituições de
apoio é fundamental para o processo de desenvolvimento e fortalecimento da
atividade turística, gerando a vantagem competitiva ao destino.
Apesar de serem poucos os estudos relacionados a aglomerações
territoriais no turismo, acredita-se ser pertinente esta análise, que a atividade
envolve amplas relações intersetoriais, o que também pode ser justificado através do
estudo de Mamberti e Braga (2004), que analisaram os arranjos produtivos turísticos
e desenvolvimento local. Como conclusão, os autores descrevem que uma APL
devidamente estruturada na atividade turística, intensifica e fortalece a interação
entre as empresas e as instituições envolvidas, gerando uma otimização no uso das
vantagens competitivas (MAMBERTI; BRAGA 2004).
Podemos citar dois trabalhos realizados no Brasil que analisam as redes
no contexto da atividade turística e um que aborda o tema clusters. O primeiro é de
Costa (2005), que analisou comparativamente as relações de rede de pequenas e
médias empresas turísticas e os perfis de competitividade turística de São Francisco
do Sul e Laguna em Santa Catarina. Também buscou descrever as destinações em
estudo, os atores sociais locais do turismo e seus serviços prestados para o turismo
nas destinações. Caracterizou as relações de rede e levantou indicadores de micro e
macro competitividade turística de cada destinação. Enquanto resultado, a autora
concluiu que não há elementos suficientes para que se possa afirmar a existência de
redes de pequenas e dias empresas turísticas em nenhuma das duas
destinações turísticas.
O outro trabalho é de Andrighi (2007), que também estudou a destinação
turística de Urubici/SC, o objetivo foi analisar a destinação a partir da ótica das redes
interorganizacionais e suas contribuições para a competitividade dessa destinação.
O estudo descreveu a destinação turística e os atores sociais locais, caracterizou as
relações de rede interorganizacional entre as organizações turísticas, caracterizou o
recurso cooperação existente e por último identificou a percepção do desempenho
competitivo dos atores turísticos e da destinação. A pesquisa apontou que não
indícios suficientes para determinar a existência de uma rede interorganizacional no
destino de Urubici. A autora ainda descreve que a destinação turística é aglomerada
geograficamente, apesar de não ser percebida assim, ou seja, os atores sociais
acreditam que as empresas não estão aglomeradas territorialmente. Por fim, apesar
50
da pesquisa não ter apontado a existência de rede, observa-se que existam
construtos de cooperação, comunicação e confiança, necessários para o
desenvolvimento de uma rede interorganizacional entre os atores sociais do turismo
(ANDRIGHI, 2007).
o trabalho de Lins (2000), faz uma abordagem para o cluster, o autor
analisou se o destino turístico de Florianópolis é um cluster turístico. Para tanto, a
característica evidenciada é que os clusters turísticos devem possuir elevada
intensidade de cooperação entre os atores que os integram e ainda deve haver uma
interdependência dos agentes. De acordo com a análise realizada no estudo, o autor
suscita que elementos que sustentam alguma associação com a idéia de cluster,
porém, devido alguns fatores não pode-se afirmar sua existência.
Diante da teoria apresentada sobre aglomeração territorial, o quadro 6
apresenta, de forma resumida, as principais abordagens aqui exploradas:
ABORDAGENS CARACTERÍSTICAS AUTORES
Aglomeração Proximidade territorial de atores econômicos,
políticos e sociais.
Latres e Cassiolato
(2005)
Cluster São empresas de grande, médio e pequeno porte,
intensamente articuladas que formam um ambiente
de negócios, prevalecendo relações de confiança
entre as diferentes partes envolvidas.
Porter (1999)
Distrito Industrial Caracteriza-se por ser um conglomerado de
empresas, com uma relação particular entre estas.
Não há um centro de decisões estratégicas,
possuindo um equilíbrio entre cooperação e
competência.
Brusco (1993)
Arranjos Produtivos
Locais - APL
Sistemas Produtivos e
Inovativos Locais–
SPILs
Representam redes de empresas ligadas pela
mesma cadeia produtiva, fortemente independente
e intensamente articulada.
Ressalta a importância do aprendizado e da
capacitação envolvendo empresas e diferentes
conjuntos de atores.
Cassiolato e Latres
(2005)
Redes
Interorganizacionais
São arranjos interorganizacionais, baseado na
articulação formal e/ou informal de empresas que
buscam construir a vantagem competitiva.
Thorelli (1986);
Powell (1990); Jarillo
(1988); Hoffmann,
Moliana-Morales e
Martinez-Fernádez
(2004)
Quadro 6 – Características de diferentes termos para aglomeração
Fonte: elaboração própria.
Contudo, neste estudo, será utilizado o tema aglomeração territorial e
redes interorganizacionais, conforme já evidenciado, para análise do destino turístico
51
de Urubici/SC. que o mesmo remete a empresas que estão próximas
geograficamente na aglomeração, existe a relação de atores econômicos, políticos e
sociais, o que permite analisar a relação entre esses atores e a existência de
transferência de conhecimento. Entende-se como atores turísticos, aqueles
descritos por Selin e Beason (1991), e que estão declarados no quadro 7:
SETOR PRIVADO SETOR PÚBLICO ENTIDADES
Meios de hospedagem,
restaurantes, bares e similares,
entretenimento, e receptivo
turístico, etc.
Órgãos: municipal, Estadual.
regional e federal do turismo.
ONGs de fomento ao turismo,
associações de classe ligadas
ao turismo, Conventions e
Visitors Bureau, associações
empresariais e outros.
Quadro 7 – Classificação dos atores sociais no turismo
Fonte: baseado em SELIN, S.; BEASON, K. Interorganizational relations in tourismo. Annals of
tourism Research. v. 18, n. 4, p. 639-652, 1991.
Outros fatores que justificam este recorte conceitual é o fato de esta
análise estar sendo feita através do setor turístico, que as empresas nesta área
dependem umas das outras. Segundo Porter (1999), a satisfação do turista depende
não apenas da atração primária, mas também da qualidade e eficiência de empresas
correlatas. Sabe-se que os membros de uma aglomeração territorial são
mutuamente dependentes e o bom desempenho de um pode aumentar o sucesso
dos demais (PORTER, 1999).
Ainda cabe aqui evidenciar que o estudo de Andrighi (2007) destacou que
a destinação turística de Urubici é aglomerada territorialmente, e que apesar de não
ter constatado a existência de uma rede interorganizacional, a indícios de construtos,
como cooperação, comunicação e confiança, que levam ao desenvolvimento de uma
rede interorganizacional.
2.2.3 Aglomerações territoriais e recursos
Vários estudos destacam a aglomeração territorial como um fator
importante para o compartilhamento ou a geração dos recursos (POWELL, 1990;
EBERS; JARILLO, 1988; AMATO NETO, 2000; FENSTERSEIFER; WILK, 2003;
52
SONG; WONG; CHON, 2003; LASTRES; CASSIOLATO, 2005; HOFFMANN;
MOLINA-MORALES; MARTINEZ–FERNÁNDEZ, 2005).
Powell (1990) descreve que o propósito do relacionamento entre
empresas é que um dos integrantes (parceiros), é dependente dos recursos
controlados por outro, assim haverá ganhos recíprocos através da reunião destes
recursos. Para Song, Wong e Chon (2003), nos ambientes fechados onde exista
aliança estratégica entre os atores, terá uma partilha de recursos, com o objetivo
geral de conquistar o combinado, bem como os objetivos individuais de cada
empresa.
No trabalho de Hoffmann, Molina-Morales e Martinez-Fernández (2005),
os autores descrevem que os recursos existentes em um distrito industrial são
coletivos com relação às empresas nele inseridas, mas serão privados com relação
às empresas de fora. Este recurso que está sendo compartilhado pelas empresas
aglomeradas vai gerar vantagem competitiva se o acesso e/ou controle do
recurso for superior em seu interior, em relação às empresas externas (HOFFMANN;
MOLINA-MORALES; MARTINEZ–FERNÁNDEZ 2005).
Todavia, um dos fatores necessários para o compartilhamento de
determinados recursos é a existência da cooperação entre as empresas. Para tanto,
alguns estudos advertem para tal necessidade. Para Costa (2005) a proximidade
física entre os agentes (empresas) permite que os laços de confiança e cooperação
fiquem mais estreitos. Ainda de acordo com Costa (2005), a cooperação
interempresarial pode viabilizar o atendimento de uma série de necessidades entre
os agentes, o que possibilita o compartilhamento da qualificação de mão-de-obra, da
compra de matérias primas e serviços especializados. Assim, em um distrito
industrial, a capacidade e o conhecimento técnico aumentam devido à interação
entre os trabalhadores (BRUSCO, 1993), o que favorece a troca de conhecimento.
Segundo Lastres e Cassiolato (2005), dentro de um APL, a cooperação
pode ocorrer por meio de:
a) intercâmbio sistemático de informações produtivas, tecnológicas e
mercadológicas, através dos fornecedores, clientes, concorrentes e
outros;
b) interação de vários tipos, envolvendo empresas e outras organizações,
podendo ocorrer através de programas comuns de treinamento,
realização de evento/feiras, cursos, seminários, entre outros;
53
c) integração de competências, por meio da realização de projetos
conjuntos, incluindo desde melhoria de produtos e processos, entre
empresas e destas com outras organizações até a pesquisa e o
desenvolvimento propriamente dito (LASTRES; CASSIOLATO, 2005).
Além da cooperação, existem outros recursos que podem ser
compartilhados entre empresas aglomeradas territorialmente. A seguir, serão
descritos alguns destes recursos e a definição de autores que exploram este
assunto. Ressalta-se que mais adiante será dada maior ênfase ao recurso
conhecimento.
Como foco deste estudo, o conhecimento, segundo Molina-Morales,
López-Navarro e Guia-Julve (2001), pode ser compartilhado entre as empresas que
formam o aglomerado de distintas maneiras, podendo acontecer através das
interações fora da empresa que permite a contínua transmissão de idéias, ou
através da mobilidade de mão-de-obra. Neste prisma, os funcionários, ao trocarem
de empresa, acabam levando o conhecimento tácito adquirido na empresa onde até
então trabalhavam. Por último os autores descrevem os contatos densos e fortes
existentes dentro de um aglomerado (MOLINA-MORALES; LÓPEZ-NAVARRO;
GUIA-JULVE, 2001), sendo estes necessários para a confiança entre os atores e
conseqüentemente para a troca de conhecimento.
Outro recurso, que pode ser transferido e principalmente pode auxiliar na
transferência de conhecimento, é a reputação das empresas. Neste entendimento,
Teece, Pisano e Schuen (1997) suscitam que a reputação é tida como um recurso.
Dentro de um aglomerado, este recurso pode reduzir o comportamento de incertezas
entre as empresas e ainda fornecer informações a respeito da confiabilidade
(JONES; HESTERLEY; BORGARTTI 1997). Nesta compreensão, quando a
reputação for positiva, ela poderá implicar na redução do comportamento
oportunista, o que pode facilitar as relações entre as empresas existentes no
aglomerado. Para Powell (1990), a reputação leva algum tempo para ser construída,
mas pode ser rapidamente destruída perante outras empresas.
As relações interorganizacionais, por sua vez, também podem gerar o
compartilhamento de recursos. Para os autores Claro, Claro e Hagelaar (2002), elas
são mantidas e exploradas através de contatos sociais e eventos que envolvem
motivos até então implicítos, como troca de informações e experiências. Outro
vínculo dentro do aglomerado reportar-se às instituições de suporte, que oferecem
54
serviços de apoio específico às empresas sem caráter financeiro (BRUSCO, 1993),
e que também podem gerar outros recursos. Elas atuam como repositores para o
conhecimento e oportunidades a respeito de inovação (MOLINA-MORALES;
HOFFMANN, 2002).
No estudo de Hoffmann e Molina Morales (2003), os autores buscaram
desenvolver um modelo para avaliar a competitividade industrial em aglomerações
territoriais. Assim, com base na localização das empresas estudadas, os autores
descreveram algumas vantagens, entre elas estão a transferência e o acesso ao
conhecimento e à informação existente localmente.
Dando segmento, apresenta-se a inovação, que também pode ser vista
como um recurso, podendo ser descrita como a criação de um novo valor
substancial para os clientes e para as empresas. Ela pode ocorrer através de
mudanças criativas de uma ou mais dimensões do negócio (SAWHNEY; WOLCOTT;
ARRONIZ, 2006), e pode fornecer três benefícios para as empresas aglomeradas, o
compartilhamento do conhecimento, a complementaridade e a escala (AHUJA, 2000
apud BALESTRIN; VARGAS; FAYARD, 2005).
A seguir será analisado o recurso conhecimento, seus conceitos,
classificações e especificamente como ele, quando transferido entre empresas
aglomeradas territorialmente, pode gerar a vantagem competitiva para as empresas
pertencentes a este aglomerado.
2.3 Transferência de conhecimento
Nesta parte do trabalho, serão delineados os principais aportes teóricos
que envolvem o tema Conhecimento. Inicialmente discuti-se a geração do
conhecimento para em seguida contextualizar como acontece à sua transferência.
Por último, a análise se dará com base na transferência de conhecimento como
fonte de competitividade em aglomerações territoriais.
Para as empresas japonesas, a criação do conhecimento tornou-se a
chave para a inovação (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Segundo Drucker (2002, p.
17), o conhecimento “foi sempre um bem privado. Quase da noite para o dia tornou-
se um bem público”. Passou de um simples recurso para ser o único significativo.
55
Afirma-se que, especificamente para este estudo, o conhecimento é visto como um
importante recurso estratégico, mas, não como o único significativo.
O interesse por este assunto, na academia e nas organizações, pode ser
justificado quando a sociedade percebeu que a produção intelectual conseguia gerar
mais riqueza, quando comparada com a produção industrial. Isto também se justifica
nas palavras de Nonaka (1997), ao afirmar que a única fonte garantida de vantagem
competitiva duradoura é o conhecimento. Assim como Nonaka, outros estudiosos
associam a vantagem competitiva com a criação e principalmente a gestão do
conhecimento dentro de uma empresa. Para Prahalad e Hamel (1990) e Grant
(1996), a habilidade de criar e utilizar este recurso é uma importante fonte de
sustentabilidade de vantagem competitiva para as empresas. Na definição de
competência organizacional, Prahalad e Hamel (1990) descrevem como a
combinação dos conhecimentos estão presentes tanto nas habilidades individuais
como nas unidades organizacionais, assim essas competências, segundo os autores
supracitados, são fontes potencias de vantagem competitiva. Para Tofler (1990),
uma empresa moderna deve enfatizar o conhecimento em sua essencialidade, não
como um suporte para o financeiro, mas, como uma importante ferramenta de
controle no mercado competitivo.
Todavia, para o conhecimento ser fonte de vantagem competitiva é
necessário saber gerenciá-lo (PRAHALAD; HAMEL, 1990). Terra (2000), argumenta
que a gestão do conhecimento está intrísecamente ligada à capacidade de utilizar e
combinar as fontes de conhecimento organizacional para o desenvolvimento de
competências e capacidades inovadoras. A gestão do conhecimento empresarial
envolve sua geração, codificação, coordenação e a transferência, estando ele na
forma tácita ou explícita na organização (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).
Neste entendimento, Davenport, DeLong e Beers (1999) elaboraram um
conjunto de regras para que as empresas possam se guiar e obter sucesso na
gestão do conhecimento:
a) o projeto deve ser de toda a organização e não apenas de um
indivíduo;
b) é necessário que seja desenvolvido uma definição do que seja
conhecimento;
c) o conhecimento deve ser visto por todos como um estoque e fluxo;
d) o conhecimento está dentro e fora das pessoas;
56
e) todos os formatos de conhecimento devem ter a mesma importância;
f) contextualizar o conhecimento;
g) incentivar o aprendizado e a criatividade;
h) reconhecer a importância da experimentação;
i) reconhecer e se importar, da mesma maneira, com a interface humana
e tecnologica, e
j) saber mensurar, tanto quantitativamente, quanto qualitativamente, as
iniciativas de conhecimento realizadas.
No trabalho de Carletto, Francisco e Carvalho (2006), os autores
concluíram que a implantação da gestão do conhecimento trouxe impactos em toda
organização, entre os impactos, cita-se a criação de um ambiente de aprendizagem,
o estabelecimento de um sistema de colaboração que contribui para a geração de
mais oportunidades de construção e disseminação do conhecimento, e também a
transferência e compartilhamento das informações.
2.3.1 Criação do conhecimento
O conhecimento pode ser definido de diversas formas, Probst; Raub e
Romhardt (2002, p. 29), o definem como: “o conjunto total incluindo cognição e
habilidades que os indivíduos utilizam para resolver problemas”. Enquanto,
Davenport e Prusak (1998), o consideram como uma mistura de experiências,
valores, informações contextuais e percepções, na qual proporciona uma estrutura
para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Para Nonaka
e Takeuchi (1997, p. 63), a definição remete-se à função de uma atitude “[...] que ao
contrário da informação, o conhecimento diz respeito a crenças e compromissos”.
Também vale aqui definir informação, já que difere de conhecimento. Para
Senge (1999), a informação refere-se aos dados que o receptor procura para uma
determinada situação. Enquanto o conhecimento constitui-se em uma forma de
representação da informação que é mais agregada, mais estável e dependente de
contextos específicos (SILVA, 2005). Neste entendimento, os autores Cohen e
Levinthal (1990) advertem que o conhecimento pré-existente permitirá uma melhor
57
assimilação da informação.
O conhecimento pode ser encontrado fora do indivíduo, podendo ser
estocado, manipulado e transferido por meio das Tecnologias da Informação e
Comunicação as chamadas TICs (BALESTRIN; VARGAS; FAYARD, 2005), o
conhecimento novo sempre teinicío no indivíduo (NONAKA, 1997). É neste ponto
que se concentra a atividade central de uma empresa criadora de conhecimento,
pois ela terá que transformar este conhecimento pessoal do indivíduo em
conhecimento organizacional (NONAKA, 1997).
Contudo, existem três tipos de conhecimento: humano, social e
estruturado. O conhecimento humano é constituído pelo saber-fazer, é manifestado
pelas habilidades do indivíduo; o conhecimento social está presente nas relações
entre indivíduos e grupos; e o conhecimento estruturado refere-se às rotinas, regras,
processos e sistemas organizacionais (DELONG; FAHEY, 2000 apud BALESTRIN,
2005). para Nonaka e Takeuchi (1997), existem apenas dois tipos de
conhecimento: o humano, tácito e explícito. Para um melhor entendimento suas
anuãncias são descritas no quadro 8.
CONHECIMENTO TÁCITO CONHECIMENTO EXPLÍCITO
Subjetivo Objetivo
Conhecimento da experiência – corpo
Conhecimento simultâneo – aqui e agora
Conhecimento análogo – prática
Conhecimento da racionalidade – mente
Conhecimento seqüencial – lá e então
Conhecimento digital – teoria
Quadro 8 – Tipos de conhecimento
Fonte: adaptado de NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka. Criação do conhecimento na Empresa.
Tradução de: Ana Beatriz Rodrigues, Priscila Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
No entender dos autores, o conhecimento tácito, também conhecido como
implícito, é algo difícilmente visível e exprimível, são as habilidades informais do ser
humano que também podem ser sintetizadas no termo saber-fazer. Enquanto o
explícito é algo que pode ser expresso em palavras e números, e é facilmente
comunicado e compartilhado sob a forma de dados (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Através da interação destes conhecimentos, que a dinâmica da criação do
conhecimento empresarial será constituida, ou seja, as condições favoráveis para a
criação de conhecimento nas organizações são, desenvolvidas a partir do todo
SECI 1. Socialização; 2. Externalização; 3. Combinação; 4. Internalização. Nonaka
58
e Takeuchi (1997) explicam cada modo de conversão do conhecimento:
a) socialização: conversão de conhecimento tácito em conhecimento
tácito. Parte-se do pressuposto que o indivíduo pode adquirir o
conhecimento tácito de outros indivíduos sem utilizar a linguagem. A
partir do processo de compartilhamento de experiências é criado o
conhecimento tácito;
b) externalização: conversão de conhecimento tácito em conhecimento
explicíto. É expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos e
hipóteses, pode ser provocado pelo diálogo ou pela reflexão coletiva;
c) combinação: conversão de conhecimento explícito em conhecimento
explícito. Envolve a combinação de diferentes conjuntos de
conhecimento explícito, ocorre na relação entre indivíduos, podendo
ser através de um documento, reuniões, conversas por telefone ou
meios de comunicação eletrônicos;
d) internalização: conversão de conhecimento explícito em conhecimento
tácito. Para esta conversão é necessário a verbalização e diagramação
do conhecimento sob a forma de documentos e/ou histórias orais, é
quando as experiências são socializadas e externalizadas e assim
tornam-se ativos valiosos.
Esses quatros modos de conversão do conhecimento coexistem em
dinâmica interação, que segundo Nonaka e Takeuchi (1997), seria a espiral do
conhecimento organizacional, conforme demonstra a figura 6.
59
Tácito Tácito
Socialização – compartilhamento de
sentimentos, emoções, experiências e
modelos mentais.
Externalização – através do diálogo,
indivíduos compatilham experiência e
habilidades e convertem em termos e
conceitos comuns.
Internalização o conhecimento criado é
internalizado em forma de novos conceitos
e práticas de trabalho.
Combinação – um novo conhecimento
explícito gerado às bases do
conhecimento existente na organização.
Explícito Explícito
Figura 6 – Espiral do conhecimento
Fonte: NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka. Criação do conhecimento na Empresa. Tradução
de: Ana Beatriz Rodrigues, Priscila Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
A socialização parte do conhecimento tácito para o explícito indo
novamente para o tácito. Neste entendimento, entende-se que o conhecimento
inicia-se no individuo (tácito), passando para o explícito, e podendo ser passado a
outros indivíduos, quando, então, pode ser agregado a outros conhecimentos de
forma tácita, e assim sucessivamente.
Sob outro prisma, o que segue mostrará as possíveis formas de
transferência deste conhecimento. Sabe-se que o conhecimento pode ser tanto
tácito como explicito (NONAKA; TAKEUCHI, 1997), definição adotada para está
análise. Para Balestrin e Fayard (2003), uma rede não pode criar conhecimento, mas
pode proporcionar um espaço de relações positivas e construtivas entre atores
pertencentes à rede. Sabe-se que o conhecimento pode ser acessado pela empresa
de distintas maneiras, internamente a empresa poderá obter, através de
observações informais, realização de um benchmarking, ou através de alianças e
joint-ventures. Já as fontes externas são as representadas pelas próprias empresas,
sendo elas competidoras, ou não, através de instituições de ensinos e órgãos
governamentais.
Novamente à luz da teoria de Nonaka e Takeuchi (1997), os autores
desenvolveram um modelo chamado de Dimensão Ontológica que retrata a criação
do conhecimento organizacional. O conhecimento nasce no âmbito individual e
sobe, o que será ampliado para comunidades de interação (indivíduo, grupo,
Explícito
Tácito
Explícito
Tácito
60
organização e inter-organização) a chegar ao compartilhamento entre
organizações, ou seja, o que seria possível em empresas aglomeradas
territorialmente. Mas, para isto os autores supracitados certificam-se que é
necessário instituir um ambiente apropriado para a criação e o acúmulo de
conhecimento em nível individual e de grupo e citam cinco condições:
a) intenção: alcance das metas organizacionais, através do estimulo ao
compromisso de seus funcionários;
b) autonomia: os membros da organização devem agir de forma
autônoma conforme as circunstâncias;
c) flutuação e caos criativo: se as organizações adotam uma atitude
aberta em relação aos sinais ambientais, podem explorar a
ambigüidade, a redundância ou os ruídos desses sinais para aprimorar
seu próprio sistema de conhecimento;
d) redundância: disponibilidades de informações que transcendem as
exigências operacionais imediatas dos membros das organizações;
e) variedade de requisitos: combinação de informações de forma
diferente, flexível e rápida em todos os níveis da organização
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Balestrin (2005), ao estudar o modelo de Nonaka e Takeuchi (1997),
relata que os atores inseridos em uma rede interorganizacional não podem criar
conhecimentos, mas podem proporcionar situações de relações positivas e
construtivas entre eles e o ambiente onde estão inseridos.
Partindo da literatura analisada segue o quadro 9 demonstrando as
distintas formas da geração do conhecimento:
CRIAÇÃO INTERNA AQUISIÇÃO EXTERNA
- Socialização
- Externalização
- Combinação
- Internalização
- Alianças
- Instituições de apoio
- Universidades
- Órgãos governamentais
- Outras empresas
Quadro 9 – Geração do conhecimento
Fonte: Nonaka; Takeuchi (1997); Grant (2001); Hoffmann (2002); Balestrin; Fayard
(2003); Silva (2005).
61
2.3.1 Transferência de conhecimento como fonte de competitividade
A transferência de conhecimento, como fonte de competitividade em
aglomerações territoriais, foi estudada por vários autores. Eles analisaram o
compartilhamento de recursos, com a configuração de empresas aglomeradas
territorialmente, seja na ótica de rede, distritos indústrias, arranjos produtivos locais,
entre outros (HAKANSSON; SNEHOTA, 1989; POWELL 1998, CLARO; CLARO;
HAGELAAR, 2002). Outros pesquisadores analisaram especificamente a
transferência de conhecimento (PRAHALAD; HAMEL, 1990; NONAKA; TAKEUCHI,
1997; HOFFMANN, 2002; BALESTRIN; FAYARD, 2003; BALESTRIN, 2005;
HOFFMANN; MARTINEZ-FERNÁNDEZ, 2005; MAMBERG; POWER, 2005;
HOFFMANN; BANDEIRA-DE-MELLO; MOLINA-MORALES, 2006). Com base
nesses estudos, percebe-se que o conhecimento pode ser transferido entre as
empresas aglomeradas através de um conjunto de interações entre os principais
atores da rede.
Na obra de Hakansson e Snehota (1989), foi observado que, pelo fato de
empresas pertencentes à rede possuírem naturezas distintas, a interdependência no
relacionamento se torna mais forte. É através deste relacionamento, que cada
empresa ganha acesso aos recursos das demais. Os mesmos autores ainda
observam que a um determinado grau, as empresas poderão mobilizar e usar os
recursos controlados por outros atores da rede. Além da dependência dos recursos
citados, os benefícios também serão gerados a todas as empresas pertencentes
na rede (POWELL, 1990). Hoffmann e Martinez-Fernández (2005) fazem uma
abordagem relacionada com os distritos industriais e afirmam que um dos pontos
primordiais nos distritos é a existência de recursos, que são coletivos com relação às
empresas neles inseridas, mas são privados com relação às empresas de fora.
Em 1982, Marshall descrevia que uma das vantagens das empresas
estarem aglomeradas territorialmente era que “se um lança uma idéia nova, ela é
imediatamente adotada por outros, que a combinam com sugestões próprias e,
assim, essa idéia se torna uma fonte de outras idéias novas” (MARSHALL, 1982, p.
234). Para Balestrin e Fayard (2003), uma rede tem a capacidade de acumular uma
grande quantidade de informações dos mais diversos tipos, o acesso destas
informações se dá através da inter-relação de seus membros.
62
No entender de Miles e Snow (1986), para um bom funcionamento das
redes, é essencial que haja um processo de comunicação eficiente entre os atores.
Este bom relacionamento vai gerar a confiança, e isto irá determinar a redução dos
custos de transação (JARILLO, 1988), ou então, a redução do comportamento
oportunista entre os atores (FOSS; KOCH, 1996), que para Foss e Koch (1996), a
confiança é descrita como um tipo de expectativa que alivia o medo de um parceiro.
Mas, esta confiança é gerada ao longo do tempo, fazendo com que as trocas que
ocorrem entre as empresas (atores) sejam através de ações recíprocas e
preferencialmente de suporte mútuo (POWELL, 1990), o que irá facilitar a
transferência do conhecimento entre os atores.
Outro fator que pode afetar o grau de confiança existente entre as
empresas, segundo Ring e Van de Vem (1992), é a reputação das mesmas. Para
Tecce, Pisano e Shuen (1997), ela estaria ligada às informações que uma empresa
tem de outra. Estas informações, quando positivas, podem desencorajar as ações
oportunistas e facilitar o desenvolvimento de confiança entre os parceiros.
Ao estudar como as empresas em cluster criam conhecimento, Malmberg
e Power (2005) analisam três formas: primeiro que o conhecimento em cluster é
criado através de várias formas de interação colaborativa interorganizacional local,
podendo ser feita através da interação entre os atores para negócios ou também em
links de cooperação e parceria entre as empresas e institutos de desenvolvimento.
Ou também através da competição elevada e rivalidade intensificada. Diante deste
contexto, para Malmberg e Power (2005), a rivalidade é uma chave que de fato
direciona as forças dos empresários, e é uma ferramenta útil. Por último, os autores
declaram que o conhecimento pode ser criado através da mobilidade local e
sociabilidade dos indivíduos.
Brusco (1993) enfatiza a existência de instituições dentro dos distritos
industriais. Assim, segundo Hoffmann (2002), a transferência poderá acontecer
através destas instituições, na forma de relações sócio-culturais e da cooperação,
isto nos leva a analisar o papel e a importância das instituições dentro do
aglomerado, antes, torna-se necessários defini-las. Instituições podem ser descritas
como associações empresariais, instituições de tecnologia, agências
governamentais, fontes públicas e privadas de financiamento. Possuem um papel de
suma importância para as empresas, pois de acordo com Molina-Morales, Hoffmann
(2002), elas geram alguns benefícios:
63
a) podem conectar com redes externas, com o objetivo de trazer novas
idéias e conceitos;
b) como intermediários, facilitam o valor líquido para as empresas
compilando e disseminando conhecimento o que reduzirá os custos de
pesquisa;
c) fornecem serviço de apoio específico e outros recursos;
d) atuam como repositórios para o conhecimento e oportunidade a
respeito de inovações;
e) compilam e disseminam idéias sobre capacidades e rotinas;
f) são intermediários para intercâmbio entre parceiros potenciais que
possuem interesses complementares e transferência de informação,
mas que não estão conectados; e
g) criam valor para as empresas.
A demais, e seguindo a afirmação de Cohen e Levinthal (1990), a
mobilidade interna de o-de-obra também é vista como uma forma de
transferência de conhecimento, portanto, parte-se do princípio que se o funcionário
sair da empresa e buscar uma outra do mesmo setor, levará consigo o
conhecimento tácito. Para Molina (2001), a experiência prévia de um funcionário que
trabalha na região e no mesmo segmento da indústria é muito positiva e permitirá
que este funcionário, inicie suas atividades de maneira rápida e sem a necessidade
de adaptações. Funcionários altamente qualificados também poderão obter acesso a
conhecimentos externos, seja através de pesquisas, participação em eventos, entre
outros (COHEN; LEVINTHAL, 1990).
No estudo de Hoffmann e Bandeira-de-Melo (2006), os autores avaliaram
a competitividade a partir da disponibilidade de recursos por parte de redes de
empresas aglomeradas territorialmente, e comprovaram que a mobilidade de mão-
de-obra é um facilitador da transferência de conhecimento. Enquanto resultado da
pesquisa, os autores descrevem que a experiência prévia e o deslocamento interno
de mão-de-obra auxiliam no processo de transferência destes recursos.
Para Malmberg e Power (2005), a mobilidade das pessoas chaves entre
as empresas e também entre as instituições e o setor econômico é o mecanismo
crucial para a difusão do conhecimento. Vale salientar que o acesso e/ou controle
aos recursos existentes dentro do aglomerado, deve ser superior em relação às
64
empresas que não fazem parte do aglomerado (HOFFMANN; MARTINEZ-
FRENÁNDEZ, 2005).
Por fim, e com base no que foi exposto, a figura 7 apresenta os principais
meios de acesso para a transferência de conhecimento entre empresas
aglomeradas territorialmente.
Figura 7 – Transferência de conhecimento
Fonte: Cohen; Levinthal (1990); Powell (1990); Ring; Van de Ven (1992); Nonaka; Takeuchi
(1997); Grant (2001); Hoffmann (2002); Balestrin et al. (2003; 2005).
Mais especificamente neste estudo, a transferência de conhecimento foi
observada através da cooperação entre as empresas, instituições de suporte, inter-
relações dos membros, inovação e informação. Essas variáveis foram utilizadas,
pois segundo os autores Cohen e Levinthal (1990); Powell (1990); Ring e Van de
Ven (1992); Nonaka e Takeuchi (1997); Grant (2001); Hoffmann (2002) e Balestrin et
al. (2003; 2005), elas facilitam a transferência de conhecimento entre empresas
aglomeradas territorialmente.
2.4 Resumo do capítulo
Neste capítulo, foram diversos os assuntos analisados e que tiveram
como premissa, buscar as principais abordagens dos temas e conseqüentemente
auxiliar no construto desta dissertação.
A competitividade foi vista sob duas vertentes. Primeiramente foram
analisados os estudos de Porter (1986, 1989), que apresentam modelos de
Como acontece a
transferência de
conhecimento
- Cooperação entre as empresas;
- Mobilidade de mão-de-obra;
- Instituições de suporte;
- Inter-relações dos membros;
- Alianças estratégicas;
- Inovação;
- Pesquisas;
- Reputação;
- Tecnologias de Informação e Comunicação.
65
avaliações da competitividade a partir de questões externas à organização, ou seja,
de forma exógena. A segunda análise partiu de estudos relacionados a questões
endógenas a empresa, onde foi visto que são os recursos utilizados por elas que
vão determinar sua competitividade.
Segundo Barney (1991), uma empresa obterá vantagem competitiva
sustentável, quando ela implementar alguma estratégia que crie valor único e que
não esteja sendo simultaneamente implementada por nenhum outro competidor,
paralelamente a incapacidade destes de duplicar os benefícios destas estratégias.
Para descrição da competitividade nas destinações turísticas, foi dado
destaque ao modelo de Dwyer e Kim (2003), o mesmo propõe estabelecer um grupo
de indicadores associados que permitirão identificar forças e fraquezas relativas à
destinação turística.
Outro assunto aqui abordado foram as inúmeras definições encontradas
para descrever as relações das empresas que estão localizadas próximas,
Aglomerações (CASSIOLATO; LASTRES, 2005), Cluster (PORTER, 1999), Distritos
Industriais (BRUSCO, 1993), Arranjos Produtivos Locais (CASSIOLATO; LASTRES,
2005), Redes Interorganizacionais (THORELLI, 1986) e outros. No entanto, a ênfase
para este estudo parte de duas concepções: redes interorganizacionais e
aglomerações territoriais. De acordo com Andrighi (2007), o destino turístico em
questão pode ser definido como um aglomerado territorial e possui características
para a construção de uma rede interorganizacional.
A revisão literária também possibilitou analisar o conhecimento como um
importante recurso estratégico. Ou ainda, perceber que muitos autores defendem
que ele tornou-se, para as empresas, o mais importante e significativo recurso. Para
tanto, também é necessário saber gerenciá-lo, assim o conhecimento será fonte
de vantagem competitiva para a empresa (PRAHALAD; HAMEL, 1990). Outra
questão é sua classificação, a luz da teoria de Nonaka e Takeuchi (1997). É possível
perceber duas classificações para o conhecimento, a primeira é o conhecimento
tácito, ou seja, o conhecimento humano, ele é objetivo e por isso é algo dificilmente
visível, representa experiências pessoais e envolve valores intangíveis. o
segundo, o explícito, é o conhecimento dito como objetivo e pode ser expresso em
palavras e números sendo facilmente compartilhado entre as pessoas. Portanto,
será através da interação destes conhecimentos que surgirá o conhecimento
empresarial.
66
Por conseguinte, na perspectiva de um aglomerado, o conhecimento pode
ser transferido de diversas maneiras. Entre elas estão as interações sociais
ocorridas no aglomerado, também pode ocorrer com a presença de instituições de
suporte existentes, com a mobilidade de mão-de-obra, com a cooperação entre as
empresas, e outros. O conhecimento obtido e transferido entre as empresas
aglomeradas territorialmente, segundo pesquisadores aqui estudados, pode gerar a
vantagem competitiva para as empresas que ali estão inseridas em relação às
empresas que não estão (PRAHALAD; HAMEL, 1990; GRANT, 1996, NONAKA;
TAKEUCHI, 1997).
67
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo, são apresentados os passos da metodologia utilizados na
elaboração da pesquisa. Para tanto, será descrita a abordagem da pesquisa, a
definição operacional dos termos utilizados, o objeto de análise, a coleta de dados, o
instrumento utilizado no levantamento de dados, os indicadores utilizados para o
construto do trabalho e por fim, como foi feito o tratamento e análise dos dados.
3.1 Abordagem da pesquisa e definição operacional dos termos
A pesquisa empregada é de caráter exploratória descritiva. Segundo
Malhotra (2006), a pesquisa exploratória muitas vezes é utilizada como ponto de
partida de toda a concepção de pesquisa, além de explorar problemas específicos
ela pode prover critérios e maior compreensão. a pesquisa descritiva, de acordo
com Richardson (1999, p. 71), é utilizada “quando o pesquisador deseja obter
melhor entendimento do comportamento de diversos fatores e elementos que
influem sobre determinado fenômeno”.
O método é quantitativo, pois os dados foram quantificados, e para um
melhor julgamento utilizou-se análise estatística (MALHOTRA, 2006). Em acordo
com o objetivo proposto em meio ao universo que será analisado, esse método se
apresenta como a melhor estratégia para a obtenção precisa dos resultados, sem
distorções ou possibilidades da má interpretação de análise (SCHLÜTER, 2003).
No quadro 10, são apresentadas as definições empregadas neste estudo,
elaboradas a partir da literatura. Para Schlüter (2003), estas definições são
chamadas de quadro teórico e cumprem várias funções dentro da pesquisa, pois
possibilitam a compreensão e análise do que se deseja estudar, ou ainda, auxiliam
na compreensão da realidade observada (MARCONI; LAKATOS, 2003).
68
TERMOS
OPERACIONAIS
DEFINIÇÕES ADOTADAS AUTOR
Destinação Turística É considerada uma localidade, região ou ainda
um país, que recebe turistas, para passar um
período curto.
Dias (2005)
Aglomeração territorial Agrupamento geograficamente concentrado de
empresas inter-relacionadas, instituições
correlatas numa determinada área vinculadas
por elementos comuns e complementares.
Porter (1991)
RBV É a ligação entre as características internas da
empresa e a performance da mesma.
Barney (1991)
Competitividade
baseada em recursos
Está ligada ao acesso e/ou controle de
recursos que possuem características, como,
serem raros, valiosos, imperfeitamente
imitáveis e/ou insubstituíveis.
Barney (1991)
Conhecimento Uma mistura fluída de experiência
condensada, valores e inspiração
experimentados, que proporciona uma
estrutura para avaliação e incorporação de
novas experiências e informações.
Davenport e Prusak
(1998)
Aglomeração territorial Marshall (1982)
Comunicação entre os atores sociais Miles e Snow (1986)
Informação institucional Tecce, Pisano e
Schuen (1997)
Interação entre os atores Malmberg e Power
(2005)
Instituições de suporte Brusco (1993)
Transferência de
Conhecimento
Mobilidade de mão-de-obra Cohen e Levinthal
(1990)
Quadro 10 – Definição operacional dos termos da pesquisa
Fonte: elaboração própria com base nos autores acima citados.
3.2 Coleta de dados
A pesquisa foi realizada em duas etapas. A primeira, construída a partir
de dados secundários. Para Malhotra (2006), os dados secundários auxiliam na
identificação do problema, formulam uma concepção da pesquisa mais adequada e
interpretam os dados primários com mais critério. Estes dados foram recolhidos de
bibliografias, periódicos, visitas em sítios eletrônicos e material promocional do
destino em questão. O período de coleta aconteceu entre os meses de março de
2006 e agosto de 2007. Nesta primeira etapa, também foi realizada uma entrevista
dirigida à titular da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo (ver Apêndice D). O
objetivo foi buscar informações sobre a atividade turística, e foi encaminhado, por
correio eletrônico, um questionário com perguntas abertas e posteriormente foi
respondido e devolvido. Em 2008, a pesquisadora entrou, novamente, em contato
69
com a Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo, a fim de buscar dados faltantes
na entrevista, como o número de turistas do ano de 2007.
Salienta-se ainda que, em reunião com a comunidade de Urubici no dia
20 de novembro de 2007, onde a mestranda Fabiela Andrighi apresentou o sumário
executivo da sua dissertação, foi proposto aos participantes, que para a verificação
dos indicadores de competitividade e sua relação com transferência de
conhecimento (objetivo específico 4), a pesquisadora estaria encaminhando por
correio eletrônico a solicitação de novas informações, como o faturamento descrito
nos últimos anos, o número de leitos ocupados e outros. Como no momento todos
concordaram, o correio eletrônico com as devidas solicitações foi encaminhado aos
gestores dos empreendimentos turísticos. Porém, dentre estes, apenas um
empreendimento devolveu as questões respondidas, assim, esta hipótese foi
novamente descartada para a análise.
A segunda etapa caracteriza-se a partir de dados primários coletados no
próprio destino através de um questionário na forma de levantamento ou survey.
Segundo Malhotra (2006), este método é muito utilizado em pesquisas sociais.
Dentre as vantagens da utilização de survey está a facilidade em sua aplicação, os
dados possuem certa confiabilidade e apresentam as respostas limitadas à
alternativas impostas (MALHOTRA, 2006).
No que tange aos dados coletados, este trabalho analisa dados
existentes, que foram coletados por duas pesquisadoras em dois momentos, 02 e 03
de setembro de 2006 e retornaram no dia 24 de março de 2007 para coletar dados
que ainda faltavam, devido a viagens e/ou outros compromissos dos entrevistados.
Os questionários foram feitos diretamente com os gestores dos três setores
analisados: 1) setor privado; 2) setor público; e 3) entidades. A composição da
população a ser entrevistada foi feita a partir de uma lista fornecida pela Secretaria
da Indústria, Comércio e Turismo de Urubici/ SC (2006). Nela, estavam descritos os
nomes e endereços dos atores envolvidos com a atividade turística.
A lista fornecida continha 45 (quarenta e cinco) atores do setor privado,
05 (cinco) do setor público e 04 (quatro) atores representando as entidades. O
universo da pesquisa caracterizou-se pelo:
a) setor privado: empreendimentos turísticos e hoteleiros que tem como
fim o atendimento aos turistas, bem como agências de viagens, turismo
receptivo, restaurantes, bares e similares;
70
b) setor público: Secretaria de Turismo, Epagri, Prefeitura Municipal,
Câmara de Vereadores, entre outros;
c) entidades: são as organizações da sociedade civil, sem fins lucrativos
envolvidos com a atividade turística do destino estudado.
Através de lista, optou-se um por um levantamento censitário, assim
foram verificados todos os elementos que envolvem a população (MALHOTRA,
2006). Na tabela 1 são apresentados os números de atores conforme seu segmento,
e uma comparação entre a amostra e os respondentes.
Tabela 1
Amostra da pesquisa e participantes
ENTIDADES SETOR PÚBLICO SETOR PRIVADO TOTAL
Censo 4 5 45 54
Participantes 3 6 40 49
Fonte: elaboração própria, com base nos dados da Secretaria Municipal da Indústria, Comércio e
Turismo (2007).
O questionário, realizado na unidade da Universidade do Planalto Serrano
da cidade de Lages/SC, existente no município de Uribici, foi descartado por ser
considerado viesado. A funcionária que respondeu também trabalha na prefeitura de
Urubici. A diferença existente na tabela, em relação ao censo e os participantes do
setor privado, se justifica pela pesquisadora não ter encontrado os atores nas visitas
e também por não serem localizados posteriormente. Quanto ao setor público, foram
seis os participantes. O secretário da Indústria Comércio e Turismo do município
solicitou a realização de mais um questionário com 1(um) funcionário mais antigo,
que ele acompanha a atividade turística desde o início.
Nesse entendimento, pode-se suscitar que a pesquisa teve uma
representação de 90,74% de respondentes em relação ao universo.
3.3 Instrumento de levantamento de dados: variáveis e indicadores
O questionário elaborado por Hoffmann (2005), utilizado para atender à
71
necessidade de operacionalização deste estudo, continha sessenta questões. Não
houve necessidade de adaptação que o objetivo inicial também seria “analisar a
transferência de conhecimento entre empresas aglomeradas territorialmente”.
Tanto os dados como o instrumento da pesquisa utilizados, serviram para
dois estudos distintos; primeiro apresentado por Andrighi (2007), que verificou a
relação entre a cooperação das redes interorganizacionais e a competitividade na
destinação turística de Urubici/SC. E segundo, para este trabalho. Dentre as
sessenta perguntas que constitui o questionário, quarenta delas foram utilizadas
para esta análise. Foram elaboradas duas versões (Apêndices A e B); a primeira
utilizada para as organizações do setor privado e a segunda aos setores; público e
entidades. O que difere os dois instrumentos é a forma de tratamento utilizado para
o estudo. Salienta-se que nos Apêndices, as questões descritas na cor escura foram
utilizadas neste estudo.
As seis primeiras questões referem-se à caracterização dos atores. Em
seguida o instrumento utilizado analisa a forma que acontece a transferência de
conhecimento no aglomerado e por último as questões auxiliam na análise da
competitividade.
De acordo com Dencker (1998), o pesquisador deve determinar quais
serão as variáveis a serem estudadas, definir a correlação existente entre elas e a
forma de tratamento que será dado a cada uma das variáveis consideradas. Nesse
entendimento, o Quadro 11 apresenta os objetivos específicos, variáveis e
indicadores, questões relacionadas com o objetivo e o instrumento da pesquisa,
buscando verificar a compatibilidade entre os mesmos.
72
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
VARIÁVEIS E
INDICADORES
AUTORES
6
QUESTÕES INSTRUMENTO DE
PESQUISA
1. Analisar o acesso
aos recursos
disponibilizados na
destinação turística
pelos setores
envolvidos.
Acesso aos
Recursos
- disponibilidade;
- utilização;
- relacionamento
Powell (1990);
Barney (1992);
Brusco (1993);
Tecce, Pisano e
Shuen (1997);
Molina-Morales,
López-Navarro e
Guia-Julve
(2001);
Song e Chon
(2003).
E5, E6, E15,
E16, E37.
Questionário com
questões fechadas.
Escalas intervalares
e nominais. Escalas
de diferencial
semântico e de
freqüência de 7
pontos.
2. Verificar a
importância das
instituições de
suporte presentes
na destinação
turística.
Instituições
- importância
- instituições de
suporte
Brusco (1993);
Priestley [s.d];
Esser et al
(1994);
Meyer-Stamer
(2001);
Molina-Morales e
Hoffmann (2002).
E14, E17d,
E17b, E17h.
Questionário com
questões fechadas.
Escalas intervalares
e nominais. Escalas
de diferencial
semântico e de
freqüência de 7
pontos.
3. Verificar a
transferência de
conhecimento a
partir das relações
entre empresas.
Transferência de
Conhecimento
- relação
- localização;
- facilidade e
intercâmbio de
informações;
- disponibilidade e
acesso a
informações.
Marshall (1982);
Prahalad e
Hamel (1990);
Nonaka e
Takeuchi (1997);
Hoffmann (2002);
Balestrin (2005);
Hoffmann e
Martinez-
Fernández
(2005);
Manberg e Power
(2005).
E11, E21,
E22, H27,
E18.
Questionário com
questões fechadas.
Escalas intervalares
e nominais. Escalas
de diferencial
semântico e de
freqüência de 7
pontos.
4. Verificar os
indicadores de
competitividade e
sua relação com
transferência de
conhecimento.
Competitividade
- cooperação,
confiança e
comunicação entre
as empresas;
- número de
turistas,
conhecimento da
empresas sobre os
turistas, gasto e
permanência do
turista no destino;
- postos de
trabalho,
treinamento e
salários pagos.
Wernerfelt
(1984);
Prahalad e
Hamel (1990);
Barney (1991);
Espino-
Rodriguez e Gil-
Padilha (2005);
Riveiro e Caldera
[s.d].
Questão 3
H35, H36,
H37, H38,
H39, H40,
H41, H42,
H43, H44,
H45, H46.
Questionário com
questões fechadas.
Escalas nominais.
Quadro 11 – Objetivos específicos, variáveis e indicadores para instrumento da pesquisa
Fonte: dados obtidos pela autora.
6
Autores pesquisados que trabalham as variáveis e indicadores elencados para o instrumento da
pesquisa e que foram analisados para o construto deste trabalho.
73
Para a análise de cluster, foram determinadas as seguintes variáveis
categóricas:
a) segmento da empresa;
b) ano de fundação;
c) escolaridade do gestor do empreendimento;
d) tipo de gestão, e
e) integrante da Pouserra.
O instrumento de pesquisa apresentou escalas nominais e intervalares. A
utilização “envolve a criação de um continuum no qual se localizam os objetos
medidos” (MALHOTRA, 2006, p. 244). As escalas nominais, segundo Malhotra
(2006), são definidas quando os números servem apenas como rótulos para
identificar e classificar objetos. Na escala intervalar os números utilizados servem
para pontuar e classificar objetos. Assim, as distâncias medidas em números
referem-se às características que se busca analisar, havendo um intervalo
constante, ou igual, entre os valores (MALHOTRA, 2006).
A escala intervalar utilizada, também chamada de escala monádicas ou
métricas, foi não-comparativa, pois, os objetos são escalonados de forma
independente dos outros no conjunto de estímulos (MALHOTRA, 2006). A
classificação é por diferencial semântico, foi utilizada a escala de 7(sete) pontos,
cujos extremos estão associados a rótulos bipolares de concordância, sendo 1(um)
para o menor grau e 7 (sete) para o maior grau de concordância. Esta escala foi
empregada visando atenuar uma das críticas que se faz à escala de cinco pontos,
reduzindo a probabilidade de escalas intermediárias de 20% para, cerca de, 14%
(HOFFMANN, 2002). Para o objetivo específico quatro, que visa analisar a
competitividade do destino, foi utilizada a escala de medição de atitudes de três
pontos: diminuiu, constante e aumentou.
Em agosto de 2006, foi aplicado o pré-teste a um representante de cada
setor. O objetivo era identificar e eliminar problemas potenciais (MALHOTRA, 2006)
no instrumento de pesquisa. A composição dos respondentes foi sugerida por
conveniência, buscando um ator de cada setor que, segundo Malhotra (2006), os
entrevistados no pré-teste devem ser semelhantes aos entrevistados da pesquisa
real. A aplicação foi realizada por um pesquisador que, de forma atenta, observou
todos os questionamentos e dificuldades descritas pelos entrevistados, em seguida,
74
foram feitos os ajustes necessários para posterior aplicação.
3.4 Tratamento, análise e interpretação dos dados
Conforme mencionado, a coleta de dados se deu através de um
questionário pré-estruturado. No entanto, salienta-se que alguns questionários não
foram respondidos em sua totalidade. Oito empresas deixaram um total de
dezesseis perguntas em branco. Três entidades não responderam, ao todo, quatro
questões. Nestas foi colocado o valor da mediana, para se aproveitar a informação e
não eliminar o questionário.
Diante das informações coletadas e para o tratamento e análise dos
dados optou-se, pelo aporte metodológico quantitativo. Para tanto, a pesquisa
contou com o auxílio de dois softwares; Statiscal Package for Social Science (SPSS)
versão 13.5 e Statistica 6.0, o que possibilitou alcançar o objetivo.
Para categorização dos atores sociais, representados pelas primeiras
questões do instrumento, foi realizada uma análise univariada (análise descritiva
com base nas freqüências) e bivariada.
Posteriormente, houve a verificação da correlação entre as variáveis
através da análise do coeficiente de correlação de Pearson. O valor foi determinado
a partir do grau de associação entre duas ou mais variáveis. O coeficiente de
correlação é um valor compreendido entre –1 < r < 1 (BISQUERRA; CASTELLÁ-
SARRIEDA; MARTÍNEZ, 2004). A interpretação é dada conforme tabela 2 a seguir:
Tabela 2 – Coeficiente de correlação
COEFICIENTE
INTERPRETAÇÃO
R = 1
Correlação perfeita
0,80< r <1
Muito alta
0,60< r < 0,80
Alta
0,40 < r <0,60
Moderada
0,20 < r < 0,40
Baixa
0 < r < 0,20
Muito baixa
r = 0
Nula
Fonte: BISUERRA, Rafael; CASTELLÁ-SARRIEDA, Jorge C.; MARTÍNEZ, Francesc.
Introdução à estatística: enfoque informático com o pacote estatístico SPSS. Porto
Alegre: Artmed, 2004, p. 147.
75
O passo seguinte foi a execução da análise fatorial. Para esta, foi utilizado
o método de extração de componentes principais, o que auxiliou para determinar o
número de fatores. Essa cnica, segundo Hair et al. (2005), consiste na análise das
interrelações entre um grande número de variáveis em termos de suas dimensões
inerentes comuns (fatores). Durante a extração dos fatores foi aplicado o método de
rotação Varimax, que, de acordo com Hair et al. (2005), é um processo que
transforma uma complexa matriz de fatores em outra de simples interpretação, ou
seja, uma matriz rodada que permite uma análise de relação entre os fatores e as
variáveis. Para a extração do número de fatores foi utilizado o critério de Kaiser, que
propõe considerar apenas os autovalores superiores a 1 (um), demonstrando que
esses seriam os valores estatisticamente significativos. O valor de carregamento
para o fator foi definido com base em Hair et al. (2005), sendo igual ou superior a
0,5.
Por conseguinte, foi realizada a estatística descritiva das variáveis, que
auxiliou na identificação e distribuição dos valores: média, moda, mediana e desvio
padrão. Como havia grande disparidade entre os números de respondentes dos
setores analisados, decidiu-se comparar os resultados do setor privado com o
público. Para análise comparativa foi empregada a análise de medidas paramétricas
de contraste (Teste t), o que possibilitou verificar a significância das diferenças entre
as médias. Para Malhotra (2006), o teste t baseia-se na estatística de t de Student e
é utilizado quando a amostra é pequena. O intervalo de confiança empregado foi de
95%. A partir de então, foi analisada a significância do Teste t, assumindo que, para
valores abaixo de 0,05, possa ser considerada significante a diferença. Segundo
Malhotra (2006), este é o valor tipicamente utilizado.
Dando segmento, foi feita a análise de cluster, buscando classificar
grupos relativamente homogêneos (MALHOTRA, 2006). Para Hair et al. (2005, p.
384), esta análise é o nome dado “para um grupo de técnicas multivariadas cuja
finalidade primária é agregar objetos com base nas características que eles
possuem”. O cluster foi implementado com o método de Ward, intervalos de
Distâncias Eucledianas. O dendrograma, também chamado de gráfico em árvore, é
utilizado para a apresentação dos resultados. As linhas verticais representam
clusters unidos, enquanto a posição da reta na escala indica as distâncias as quais
os clusters foram unidos (MALHOTRA, 2006).
76
Por fim, e para verificação dos indicadores da competitividade e sua
relação com a transferência de conhecimento no intervalo de cinco anos (2001 à
2006), foi realizada a análise descritiva com base nas freqüências: diminuiu,
constante e aumentou.
3.5 Resumo – aspectos metodológicos
As principais abordagens descritas neste capítulo foram:
a) abordagem da pesquisa;
b) definição operacional dos termos;
c) justificativa da escolha do destino;
d) descrição da coleta de dados;
e) variáveis, indicadores e instrumentos de pesquisa de acordo com os
objetivos do trabalho;
f) métodos previstos para o tratamento e análise dos dados.
Para melhor compreender a operacionalidade metodológica deste
trabalho, utiliza-se o fluxograma que segue:
77
Figura 8 – Fluxograma metodológico
Fonte: dados obtidos pela autora.
Definição do tema da
pesquisa
Dados
Secundários
Pesquisa Documental
Pesquisa Bibliográfica
Justificativa
e Objetivos
Definição do referencial
teórico
1. Competitividade/ Recursos
2. Redes de empresas/
Aglomerações territoriais
3. Conhecimento/ Transferência
Definição dos atores
Instrumento da coleta de dados
Verificação do banco de dados – Urubici - SC
Dados
Primários
Tratamento e análise dos dados
Resultados
DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
Conclusões e
Recomendações
78
4 RESULTADOS
Neste capítulo serão demonstrados os resultados da pesquisa, atendendo
o que foi proposto no objetivo geral e nos objetivos específicos. Inicialmente foi feita
a descrição do Município de Urubici, ressaltando seus aspectos voltados para a
atividade turística, estes realizados através de pesquisas em sítios eletrônicos,
material promocional e entrevistas feitas na Secretaria de Indústria, Comércio e
Turismo da cidade. Posteriormente, com base na pesquisa de campo, foi realizada a
caracterização dos atores sociais. A terceira parte verifica as relações entre as
empresas, buscando demonstrar como acontece a transferência de conhecimento
entre os atores sociais do destino turístico de Urubici. Ao final, foram analisados os
indicadores de competitividade.
4.1 Contextualização do destino turístico
Urubici é conhecida como uma “terra presenteada pela mãe natureza,
com uma visão que cativa e uma paisagem deslumbrante” (SERRA CATARINENSE,
2007), é assim que a maioria dos sítios eletrônicos e materiais promocionais iniciam
a apresentação do município. Diante das belezas aqui evidenciadas, Urubici tornou-
se um destino turístico em potencial e com grandes perspectivas de ser analisado.
Quanto a sua história, conta-se que no final do século passado alguns
moradores de Portugal, que vieram ao Brasil, escolheram o Planalto Serrano para a
formação de novos núcleos de povoamento. Assim, sua colonização está formada
por imigrantes portugueses, italianos, alemães letães e africanos (SECRETARIA...,
2007). Ainda, segundo a Zili (2007), no ano de 1915 foi instalada a vila de Urubici,
na época pertencente a cidade de São Joaquim. Sua emancipação deu-se em 06 de
dezembro de 1956, através da Lei nº 274 (SANTA CATARINA, 2007).
São várias as versões encontradas para a nomenclatura Urubici, uma
delas descreve que o nome é oriundo da língua Tupi e vem do vocábulo Y-roy-yby-
sy, que significa “A terra mãe da água gelada”, na língua dos índios Xokleng, o
nome quer dizer “Gralha Azul”. Outra versão conta que a expedição dos pioneiros
79
Manoel Saturninio de Souza Oliveira e JoSaturninio de Oliveira era acompanhada
de indígenas e um deles, ao avistar uma ave típica da região, teria exclamado ao
colega indígena que se chamava Bici: “Olhe ali um Uru Bici”, ficando então o nome
de Urubici. Ou ainda, que a mesma expedição avistou um rio denominado Urubici,
que mais tarde deu origem ao nome do município (SECRETARIA..., 2007).
Quanto à sua localização, Urubici pertence a Serra Catarinense, está a
110 km de Lages e 161Km de Florianópolis (figura 9). O mesmo faz parte do
Planalto Serrano do Estado, pertencendo à Meso-Região Serrana e à Micro-Região
dos Campos de Lages. Integra a Associação dos Municípios da Região Serrana -
AMURES, que é um órgão do Governo Estadual. Possui, como área de abrangência
seis localidades: Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Bom Rufino, São Joaquim,
Urubici e Urupema (ZILI, 2007).
PRINCIPAIS DISTÂNCIAS
PRINCIPAIS DISTÂNCIAS
São Joaquim – 60Km
Lages – 110km
Criciúma – 130km
Tubarão – 117Km
Florianopolis – 161Km
Porto Alegre (via BR116) – 467Km
Curitiba (via BR 116) – 450Km
São Paulo (via BR 116) – 872Km
Figura 9 – Mapa de localização de Urubici
Fonte: URUBICI. Disponível em: <http://www.urubici.com.br>. Acesso em: 13 mar. 2007.
O município possui uma área de 1.019km² e está dividido entre 10.5km²
de área urbana e 992.5Km² de área rural. Sua altitude é de 980m. no Morro da
Igreja, onde está localizada a Base da Aeronáutica, sua altitude é de 1822m
(URUBICI, 2007). O clima pode ser mesotérmico úmido ou subtropical, com
temperaturas médias de 10,9º C. Durante o inverno, quando acontecem quedas
bruscas de temperaturas, as mesmas podem chegar a 0
o
C ou até graus negativos.
As geadas são freqüentes em todo o município e esporadicamente neva nas áreas
80
mais elevadas (SANTA CATARINA, 2007).
A vegetação primária existente na região divide-se em duas formações.
As matas de araucárias e os pinhais, denominadas de Floresta Ambrófila Mista. Os
campos localizam-se nas áreas do Planalto Basáltico acima de 900 metros de
altitude. Em Urubici está o Parque Nacional de São Joaquim
7
, que possui
aproximadamente 70% de área do município.
Nos recursos hidrográficos estão as bacias do Rio Canoas e do Rio Lava
Tudo (SANTA CATARINA, 2007), com precipitação pluviométrica anual entre 1.300
e 1.700 milímetros. De acordo com a Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo
(2007) existem, em Urubici, setenta e oito cascatas, muitas delas permitem aos
visitantes a realização do turismo de aventura.
Segundo o Correio Eletrônico do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (2008):
a) a população do município é de 10.252 habitantes. Sendo que,
aproximadamente de 60% vive na zona urbana e 40% no meio rural;
b) quanto a infra-estrutura disponível no município, 90% da população
possui energia elétrica, fornecida e gerada pelas Centrais Elétrica de
Santa Catarina S.A (Celesc);
c) todos os domicílios são abastecidos com água tratada pela Companhia
Catarinense de água e Saneamento (Casan) e apenas 1% tem acesso
a saneamento;
d) quanto ao índice de alfabetização, 95% dos habitantes são
alfabetizados; e
e) a média de renda anual da população é de dois salários mínimos.
De acordo com os dados da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo
de Urubici (2007), o acesso ao município se através de rodovias estaduais: SC
430, pavimentada, que liga o município à BR 282 em Bom Retiro, São Joaquim e
Bom Jardim da Serra. A rodovia SC 439, não pavimentada, desce a serra chegando
ao município de Grão Pará, faz ligação com a BR 101 no município de Tubarão que
leva ao Rio Rufino.
7
É uma unidade de conservação brasileira, criada em 06/07/1961 pelo decreto Nº. 50.922 e possui
uma área total de 49.300 ha.
81
URUBICI
Data da fundação 06 de dezembro de 1956
Localização Serra Catarinense
Área 1.019 Km²
Colonização Portuguesa, alemã, italiana, letã e africana
Habitantes 10.252
Clima Mesotérmico ou subtropical
Vegetação Floresta Ambrófila Mista e Campos
Altitude média 980 metros
Altitude Morro da Igreja 1822m
2
Latitude 28º 00’ 48’’ Sul
Longitude 49º 35’ 22’’ Oeste
Topografia Planalto
Quadro 12 – Descrição do destino turístico
Fonte: adaptado de Andrighi (2007) e baseado nos dados coletados na Secretaria
da Indústria e Comércio e Turismo de Urubici (2007) e IBGE (2008).
Quanto a estrutura municipal, Urubici é composta por dez secretarias
8
. Ao
que tange à atividade turística, o órgão responsável é a Secretaria da Indústria,
Comércio e Turismo. Tem como objetivo desenvolver a atividade turística e integra
todos os segmentos desta atividade, a fim de beneficiar os munícipes e turistas.
Ainda, visa à valorização da cultura local e do meio ambiente, pensando sempre na
sustentabilidade do mesmo. O município não possui Conselho Municipal de Turismo
e nem o Fundo de Turismo. Já o Plano Diretor está sendo refeito (LIMA, 2008).
Existem, no município, três sindicatos: Rural de Urubici, dos Funcionários
Públicos Municipais e o dos Trabalhadores Rurais. São ao todo três ONGs; Instituto
Serrano de Conservação da Natureza, Organização Protetora das Águas Nascentes
OPAN e a Associação Protetora das Montanhas e Araucárias AMPA, todas
buscam preservar o meio ambiente. (SECRETARIA..., 2007).
Segundo os dados obtidos na Secretaria da Indústria, Comércio e
Turismo de Urubici (2007), as atividades econômicas são desenvolvidas pela:
agricultura, pecuária, fruticultura, piscicultura, apicultura, turismo, serviços,
extrativismo e o comércio. O município é considerado o maior produtor de hortaliças
do Estado, destaca pela produção de grãos (milho e feijão). Caracteriza-se pelo
potencial de sua bacia leiteira e rebanho de corte. A fruticultura é evidenciada
através da maçã, considerada um dos melhores (SECRETARIA..., 2007) do Estado
de Santa Catarina. A Secretaria da Agricultura oferece cursos de incentivo e
8
Secretaria Geral. Secretaria da Educação, Cultura e Desporto. Secretaria da Agricultura e Meio
Ambiente. Secretaria da Saúde Pública. Secretaria do Desenvolvimento Comunitário. Secretaria de
Transportes e Obras. Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo. Secretaria da Assessoria Jurídica.
Secretaria do Planejamento. Secretaria de Imprensa e Comunicação Social.
82
aprendizagem a produção artesanal de doces, queijos, conservas e embutidos
muitos destes são vendidos em casas de artesanato e produtos coloniais na cidade.
Quanto às indústrias existentes, o número ainda é pouco, sendo estas de
pequeno e médio porte, como ervateira, queijaria, apicultura, piscicultura e
marcenarias. O comércio, voltado aos moradores, é considerado deficiente em
relação a variedade de produtos, horários de atendimento e qualificação dos
funcionários. Os ramos de atividade são diversificados, neles se destacam:
supermercados, lojas de eletrodomésticos, esportes, material de construção, loja de
tecido, calçados e confecções, frutas e verduras. O município conta com uma
agência do correio e quatro agências bancárias.
Urubici oferece infra-estrutura para esporte e lazer. Possui um ginásio em
uso e outro em construção, um Centro de Tradições Gaúchas (CTG), salões
comunitários e a Associação de Funcionários do BESC.
Em se tratando da atividade turística, segundo Souza (2005), o turismo
começou a ser explorado no município no ano de 1995, até então, a economia
girava em torno da agricultura, pecuária e exploração da madeira. A infra-estrutura
para atender o turista iniciou entre os anos de 1992 e 1996, durante este período
foram implantados: o posto de informações turísticas, a ampliação da capacidade
para hospedagem e o setor gastronômico.
De acordo com a listagem da Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo
(2006), que serviu como base para esta pesquisa, estavam inventariados, até o ano
de 2006, 24 meios de hospedagem, sendo 23 pousadas e 01 hotel com capacidade
para 573 leitos. Na área da alimentação são 19 estabelecimentos com capacidade
para atender 947 pessoas simultaneamente. O destino também conta com 02
agências de receptivo turístico. Nota-se que a maioria das pousadas encontram-se
próximas uma das outras. Quanto ao valor da diária, elas variam de acordo com a
especificação da pousada e a temporada. Chegam de R$ 50,00 na baixa temporada
e à R$200,00 em alguns meios de hospedagem. Na tabela 3, pode-se perceber uma
estimativa dos meios de hospedagem utilizados pelos turistas nos meses de janeiro
e fevereiro de 2008.
83
Tabela 3 – Estimativa dos meios de hospedagem dos meses de janeiro e fevereiro de 2008
MEIOS DE HOSPEDAGEM UTILIZADOS JANEIRO – FEVEREIRO 2008
Hotel 37,01%
Pousada 27,06%
Casa de amigos ou parentes 26,61%
Casa própria 6,21%
Camping 1,77%
Casa ou apartamento de aluguel 0,88%
Hospedaria, pensão, dormitório 0,46%
Albergues 0%
Total 100,00%
Fonte: SANTUR. Gerência de Planejamento. Pesquisa mercadológica: estudo da demanda turística
do município de Urubici. Sinopse 2008. Jan./Fev./Mar. 2008. Convênio: Santur/Prefeitura
Municipal, p. 12.
Apesar de as pousadas serem a maioria no destino, nota-se que o hotel é
o meio de hospedagem mais utilizado. Vale ainda apontar que o destino possui
apenas um hotel, localizado no centro da cidade. Acrescenta-se ainda que, o
período de maior demanda é os meses de junho a agosto (inverno), potencializados
pelas férias escolares. Assim, o período de coleta das informações (janeiro e
fevereiro) pode ter viesado esses resultados.
Com base nos dados da Central de Informações ao Turista - CIT, é
possível descrever o mero de turistas que visitam Urubici. No entanto, de acordo
com a CIT, apenas de 5% a 10% dos visitantes buscam informações na central, que
são registradas em um livro, feito pelo próprio visitante, constando o nome do turista,
cidade, Estado, país de origem e acompanhantes. No gráfico 1, é possível perceber
o número de visitantes dos últimos sete anos, nota-se que no ano de 2004, mais
turistas procuraram o destino, sendo, este, o dobro do ano de 2001. Após este ano
houve queda nos números. No ano de 2008, especificamente nos meses de janeiro
e fevereiro, houve um movimento estimado de turistas, chegando a 7.303 (SANTUR,
2008), isso em apenas dois mês.
Quanto a queda do número de turista entre 2004 e 2005 não existem
estudos que retratam o motivo. Um fator que pode ser tomado como conseqüência,
e conforme declarado na pesquisa, é que esses dados são coletados apenas na
Central de Informação turística. Assim na medida em que o destino fica conhecido,
pode acontecer de as pessoas não pararem mais na CIT, o que influencia a não
contagem destes. E isso pode ser considerado uma limitação na gestão do destino,
pois desta forma não é possível ter o número correto de turistas que visitam Urubici.
84
Média Anual de Turistas
7.119
10.685
12.988
14.062
11.672 11.705
11.005
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Seqüência2
Gráfico 1 – Demanda turística dos últimos sete anos
Fonte: elaboração própria com base na SECRETARIA Municipal da Indústria, Comércio e
Turismo de Urubici. Tabela de fluxo de turistas. Urubici, 2008.
Entre os principais mercados emissores da demanda turística, estão os
Estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro,
além de Países como Alemanha, Estados Unidos, França, Holanda e Argentina. De
acordo com a Santur (2008), é possível perceber, nos meses de janeiro e fevereiro
do ano de 2008, quais foram os principais mercados emissores nacionais (Tabela 4).
Tabela 4 – Estimativa dos mercados emissores nacionais dos meses de janeiro e fevereiro de
2008
PRINCIPAIS MERCADOS EMISSORES NACIONAIS JANEIRO – FEVEREIRO 2008
Santa Catarina 71,63%
Paraná 9,77%
Rio Grande do Sul 6,98%
São Paulo 6,05%
Rio de Janeiro 2,79%
Fonte: SANTUR. Gerência de Planejamento. Pesquisa mercadológica: estudo da demanda turística
do município de Urubici. Sinopse 2008. Jan./Fev./Mar. 2008. Convênio: Santur/Prefeitura
Municipal, p. 10.
Os turistas que procuram Urubici permanecem no destino, em média, três
dias, e o principal objetivo da visita é conhecer as belezas naturais (Tabela 4) e as
atividades desenvolvidas na natureza. O frio também chama a atenção dos
visitantes. Diante destas informações, na alta temporada, 60% dos meios de
85
hospedagem estão ocupados (SECRETARIA..., 2007).
O turismo do município conta com a, Associação das Pousadas e Hotéis
de Urubici POUSERRA, fundada em 2001. Que objetiva a interação entre o poder
público e privado para a promoção e o desenvolvimento do turismo. Ao todo haviam
14 empreendimentos associados, entre eles os meios de hospedagem, restaurantes
e agências de turismo. O encontro, entre os associados, acontece segundo o
presidente da Pouserra (2006), uma vez por mês, no estabelecimento de um
associado, os objetivos dessas reuniões são: discutir as dificuldades encontradas,
decidir sobre materiais promocionais e outros. Com isto a cooperação, troca de
informação e o espírito de coletividade são desenvolvidos e preservados pelos
associados (POUSERRA, 2006). Fato este que auxilia na transferência de
conhecimento entre as empresas pertencentes a Pouserra.
Como principal atrativo turístico do destino analisado, estão as belezas
naturais, o frio e as atividades desenvolvidas na natureza. No cenário nacional
destaca-se, como um dos los de Ecoturismo mais promissores do Estado de
Santa Catarina (URUBICI, 2007). Como opção, pode visitar atrativos culturais e
históricos, conforme demonstra o Quadro 13.
Outro segmento da atividade turística que ganha destaque é o
Agroturismo, junto com o projeto Acolhido da Colônia, o mesmo foi lançado,
oficialmente, no dia 30 de novembro de 2007. Integram o circuito nove propriedades
rurais, oferecendo atrativos naturais, alimentação típica serrana, hospedagem
colonial, produção de vime, vinho, hortaliças, frutas e pinhão. Outra atração é o
passeio de “trator consciente” (grifo do autor), movido a óleo de cozinha reciclado,
além de muitas histórias. Essas propriedades estão localizadas no eixo Leste-Oeste
do município. (BOLETIM..., 2008).
Dois roteiros turísticos fazem parte do destino de Urubici. Roteiro Serra
Mar e Caminhos da Neve, o último leva este nome, devido ao frio intenso do inverno,
as constantes geadas e a possibilidade de neve (SECRETARIA..., 2007). Como
ponto forte no turismo, estão a diversidade de paisagens, a hotelaria e a
gastronomia. Enquanto pontos fracos, destacam-se as precariedades dos acessos
aos atrativos e a falta de comunicação até à área rural (SECRETARIA..., 2007).
Deste modo, estão relacionados no quadro 13 o que se entende como
atrativos turísticos de Urubici SC.
86
ATRATIVOS NATURAIS ATRATIVOS HISTÓRICOS ATRATIVOS CULTURAIS
Cachoeira do Avencal
Cachoeira Rio dos Bugres
Cascata Véu de Noiva
Caverna Rio dos Bugres
Gruta Nossa Senhora de
Lourdes
Morro da Cruz
Morro Pelado
Morro da Igreja
Morro do Campestre
Morro do Oderdeng
Pedra Furada
Mirante Serra do Corvo Branco
Inscrições Rupestres
Igreja Matriz Nossa Senhora
Mãe dos Homens
Fenahort - Festa Nacional das
Hortaliças
Campeonato de Pesca da Truta
em Rio
Enduro das Neves
Etapas dos Campeonatos
Nacionais e Estadual de
Motocross
Torneio de Laço
Bailes Gauchescos
Feiras de Gado
Quadro 13 – Atrativos turísticos de Urubici
Fonte: elaboração própria com base na Secretaria Municipal da Indústria, Comercio e Turismo de
Urubici (2007).
De acordo com os dados coletados na Santur (2008), é possível mostrar
quais as principais atividades turísticas desenvolvidas pelos turistas nos meses de
janeiro e fevereiro do ano de 2008, conforme apresentadas na tabela 5.
Tabela 5 – Estimativa das principais atividades turísticas dos meses de janeiro e fevereiro de
2008
ATRATIVOS JANEIRO – FEVEREIRO 2008
Atrativos naturais 56,82%
Manifestações populares 17,27%
Atrativos históricos, culturais 15,45%
Tratamento de saúde 5,91%
Compras 2,27%
Visita a amigos- parentes 0,91%
Entretenimento 0,91%
Religião – peregrinação 0,46%
Total 100,00%
Fonte: SANTUR. Gerência de Planejamento. Pesquisa mercadológica: estudo da demanda turística
do município de Urubici. Sinopse 2008. Jan./Fev./Mar. 2008. Convênio: Santur/Prefeitura
Municipal, p. 15.
Com base nos dados demonstrados nesta seção, conclui-se que a
natureza é o principal atrativo de Urubici. As cachoeiras, grutas, morros e outros
tornam-se os lugares mais visitados. Na figura 10 são apresentados os atrativos
turísticos, bem como os equipamentos de serviços e apoio ao turista do município,
conforme classificação feita pela Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo (2007).
87
Figura 10 – Atrativos turísticos de Urubici
Fonte: Material promocional recebido da Secretaria Municipal da Indústria, Comércio e Turismo de Urubici (2007).
87
88
4.2 Caracterização dos atores sociais do turismo local
A categorização dos atores sociais envolvidos na atividade turística do
município de Urubici deu-se através do censo realizado no destino. Sabe-se que a
participação de diferentes atores tende a oportunizar diversos benefícios, entre eles
está a competitividade de uma região (ESSER et al., 1994; EBER; JARILLO, 1998),
ou ainda a partilha de recursos com o objetivo de conquistar o que foi combinado
pelos atores (SONG; WONG; CHON, 2003). O quadro 14 apresenta os setores com
os respectivos atores sociais.
SETOR DESCRIÇÃO
Entidades Associação de Pousadas e Hotéis de Urubici – POUSERRA, Câmara de
Dirigentes Lojistas, Sindicato de Trabalhadores Rurais e Universidade do
Planalto Serrano.
Poder Público Câmara de vereadores, Epagri, Prefeitura, Secretaria de
Desenvolvimento Regional e Secretaria Municipal de Indústria, Comércio
e Turismo de Urubici.
Poder Privado Empresas do setor turístico, segundo definição operacional adotada, de
hospedagem, receptivos locais, alimentação e suvenirs.
Quadro 14 – Definição de atores
Fonte: dados obtidos pela autora.
A fim de caracterizar a população dos atores sociais entrevistados,
constata-se que dos 49 respondentes 81,63% (40 pessoas) constituem o setor
privado, enquanto 12,24% (06 pessoas) do setor público e 6,12% (03 pessoas)
representam as entidades, ressalta-se novamente que houve um respondente a
mais do setor público. Ainda, com base na pesquisa, infere-se que os
empreendimentos turísticos e hoteleiros do destino dividem-se entre: hotéis,
pousadas, restaurantes, receptivos turísticos e entretenimento.
No gráfico 2 é possível analisar o segmento da empresa com base no ano
de sua fundação.
89
Média
Variância Desvio Padrão
Gráfico 2 – Segmento da empresa versus ano de fundação
Fonte: dados obtidos pela autora
Pode-se argüir que 85% das organizações estão concentradas no
intervalo de 10 anos. Verifica-se, portanto, que 36 organizações abriram as portas
entre os anos de 1990 a 2006. Antes de 1950 tem-se apenas a existência de uma
pousada e no ano de 1970, duas décadas após, verifica-se a abertura de um
restaurante. Quanto ao setor público verifica-se que também pode ser considerado
recente. Neste entendimento, Souza (2005) relata que o turismo passou a ser
explorado no ano de 1995 e a preocupação em criar e receber o turista surgiu entre
os anos de 1992. Neste mesmo período, segundo Souza (2005), surgiu a
preocupação da instalação de um outro serviço, que continua atualmente, a
sinalização da cidade e dos pontos turísticos. Ou seja, que a organização do setor
se deu junto com a abertura de novos empreendimentos.
90
Média
Variância Desvio Padrão
Gráfico 3 – Segmento da empresa versus tipo de gestão
Fonte: dados obtidos pela autora.
Com relação ao segmento da empresa e o tipo de gestão, nota-se que a
gestão familiar é quase predominante. Assim, 92,5% das organizações possuem
gestão familiar, isto traz à tona a realidade dos empreendimentos turísticos de
Urubici, que a maioria das pousadas foram feitas a partir do momento em que os
filhos começaram a sair de casa e assim os seus quartos passaram a ser alugados.
Com a vinda do turismo para a cidade, muitas casas acabaram tornando-se
pousadas.
Apenas 2,5% das organizações possuem o tipo de gestão mista, ou seja,
além da família um profissional atuando na pousada. Enquanto 5,0%, descrevem
ter a gestão profissional, sendo estes, dois restaurantes.
Legenda: 1- Familiar 3 – Mista 5 – Profissional
91
Média
Variância Desvio Padrão
Gráfico 4 – Segmento da empresa versus escolaridade
Fonte: dados obtidos pela autora.
A partir do gráfico 4, observa-se que nas pousadas, seus gestores, em
sua maioria, possuem apenas o grau. No gráfico anterior podemos notar que as
pousadas são geridas de forma familiar, o que culmina com a descrição do gráfico 4.
Em sua totalidade, o poder público e as entidades são as que possuem a menor
escolaridade, ficando entre o 1
o
e grau, apenas uma pessoa do poder público
possui pós-graduação.
Legenda: 1- 1
o
grau 2- 2
o
grau 3- 3
o
grau 4- Pós-Graduação
92
Média
Variância Desvio Padrão
Média
Variância Desvio Padrão
Gráfico 5
Quantos empregados na alta temporada
Fonte: dados obtidos pela autora.
Gráfico 6 – Quantos empregados na baixa temporada
Fonte: dados obtidos pela autora.
93
Nota-se que nos gráficos 5 e 6, as entidades e o poder público mantêm o
número médio de postos de trabalho durante a baixa e a alta temporada. Apenas a
Secretaria de Estado e Desenvolvimento Regional da Microrregião de São Joaquim,
apresentou um número superior a 19 empregados. Salienta-se que este é um órgão
do Governo do Estado e possui como área de abrangência seis municípios,
conforme mencionado. No entanto, muitas organizações não possuem
empregado, tanto na baixa como na alta temporada. Tomamos como exemplo
algumas pousadas, que são geridas pela própria família, não contratam
funcionários para nenhum tipo de serviço. Portanto, existe uma oscilação apenas na
hotelaria da baixa para a alta temporada.
De acordo com o SEBRAE (2008), a empresa é classificada conforme o
número de funcionários. Seguindo esta classificação, constata-se que nas
organizações aqui analisadas há um predomínio de micro-empresas (ME) conforme
Tabela 6.
Tabela 6 – Classificação do porte da empresa, segundo número de funcionários.
Porte e Setor Comércio e Serviços Quantidade de funcionários
nas organizações de Urubici na
alta temporada
Microempresas Até 9 empregados 36
Empresas de pequeno porte De 10 a 49 4
Médias empresas De 50 a 99 -
Grandes empresas De 100 ou mais -
Fonte: elaboração própria com base nos dados do SEBRAE (2008).
4.3 Análise das relações da empresa e a transferência de conhecimento
Na seqüência é apresentada a análise das respostas individuais das
questões selecionadas para verificar a transferência de conhecimento entre as
empresas aglomeradas territorialmente.
Conforme descrito por Hair et al., (2005), o primeiro passo a ser
desenvolvido em uma análise fatorial é a matriz de correlação. Para esta análise
utilizou-se a correlação de Pearson (p < 0,05). Verificou-se que as questões em
94
destaque apresentam associações com outras variáveis e algumas com intensidade
de relacionamento moderado. Infere-se ainda que todas as questões possuem
correlação com uma ou mais questões. Parece particularmente importante observar
que as questões E17b (Q17) e E14 (Q19) têm maior intensidade (640), as questões
referem-se à importância das empresas turísticas e das instituições de pesquisa e
ensino para o turismo de Urubici S/C. Nota-se que uma relação, pois as
instituições de ensino e pesquisa para o turismo existem para suprir uma demanda
das empresas, como qualificação da mão-de-obra, treinamentos, pesquisa sobre os
turistas, entre outros.
Em seguida, apresentam-se as questões E21(Q13) e E22(Q14) com nível
de significância alto (p<0,01). Estas referem-se à existência de intercâmbio de
informação relacionados a produtos/serviços e mercados e clientes entre as
empresas turísticas. Diante da necessidade de trocar informações/conhecimento
sobre os produtos e serviços turísticos, surge também a troca em relação a
mercados e clientes.
Ainda, verifica-se que na tabela 7 as questões E5 (sua empresa tem
acesso privilegiado a recursos), E11 (existe facilidade de transferência informal de
inovações e conhecimento entre as ET
9
do município) e a questão E6 (é fácil
estabelecer relações sociais com os concorrentes), são as questões com o maior
número de correlações. Entretanto, a questão E13, que trata do acesso da empresa
a canais informais de comunicação a respeito de temas sobre atividade turística, não
possui nenhuma correlação com nível de significância.
9
ET: leia-se Empresas Turísticas.
95
Tabela 7 – Correlação das variáveis estudadas para análise das relações
E5
Q7
E1
Q8
E11
Q11
E13
Q12
E21
Q13
E22
Q14
E6
Q15
E17d
Q16
E17b
Q17
E17h
Q18
E14
Q19
E15
Q20
E16
Q21
H27
Q22
E37
Q25
E17G
Q26
E18
Q27
E5
Q7
1
E1
Q8
,299*
1
E11
Q11
,102 ,322 1
E13
Q12
,099 ,078 ,053 1
E21
Q13
,190 ,262
,398**
,162 1
E22
Q14
,021 ,177
,354*
,034
,599**
1
E6
Q15
,401**
,255
,485*
-,044
,418** ,390**
1
E17d
Q16
,212 -,016 ,271 ,037 ,168
,312* ,303*
1
E17b
Q17
-,062 -,108 ,186 ,248 ,048 ,237 ,261
,577**
1
E17h
Q18
,126 ,076 ,178 ,026 -,011 ,113
,332* ,367** ,386**
1
E14
Q19
-,017 ,057 ,216 ,082 ,164 ,350
,289* ,462** ,640** ,459**
1
E15
Q20
,353* ,419** ,319*
,090 ,259 ,071
,348*
,263 ,220 ,089 ,116 1
E16
Q21
,305*
,216 ,081 -,054 ,194 -,051
,351*
,057 ,027 ,104 -,002
,049**
1
H27
Q22
,321*
,202
,410**
,025
,383** ,430** ,308*
,228 ,118 ,121 ,161
,387**
,208 1
E37
Q25
,505**
,041
,328*
-,185
,287*
,187
,480**
,214 ,125 ,259 ,252
,327* ,299* ,391**
1
E17g
Q26
,300*
-,051 ,124 ,013
,329* ,318*
,207
,311*
-,039 ,277 ,048 ,102 ,249 ,100
,315*
1
E18
Q27
,385**
,232
,452**
,074
,313* ,385** ,421** ,408**
,132 ,121 ,043 ,178 ,099 ,181 ,231
,483**
1
* Correlação com nível de significância de 0,05.
** Correlação com nível de significância de 0.01.
Fonte: dados obtidos pela autora.
95
96
Para a determinação do número de fatores, utilizou-se a análise dos
componentes principais. No entendimento de Hair et al., (2005, p. 32), o objetivo
desta análise é “encontrar um meio de condensar a informação contida em um
número de variáveis originais em um conjunto menor de variáveis estatísticas
(fatores) com uma perda mínima de informação”. Ainda, seguindo a definição de Hair
et al., (2005), foi definido o valor de carregamento igual ou superior a 0,5, sendo que
apenas dois fatores obtiveram esta carga, os demais tiveram carga fatorial entre 0,6
e 0,8 o que também é recomendado por Hair et al. (2005), conforme demonstra a
Tabela 8.
Tabela 8
Análise dos componentes principais
Fator Fator Fator
E.5 (Var7) 0,718525 -0,027192 0,179474
E1 (Var8) 0,373094 -0,177422 0,356451
E11 (Var11) 0,203769 0,173966 0,637898
E13 (Var12) -0,149453 0,114349 0,181934
E21 (Var13) 0,139986 -0,034159 0,788478
E22 (Var14) -0,135486 0,219779 0,819408
E6 (Var15) 0,505880 0,306776 0,463260
E17d (Var16) 0,136365 0,697596 0,279400
E17b (Var17) -0,054675 0,862453 0,073489
E17h (Var18) 0,232192 0,671370 -0,012925
E14 (Var19) -0,028833 0,806436 0,166149
E15 (Var20) 0,676785 0,130696 0,175535
E16 (Var21) 0,742117 -0,003714 -0,034890
H27(Var22) 0,355920 0,101323 0,496451
E37 (Var25) 0,635103 0,241093 0,215452
E17g (Var26) 0,278612 0,105998 0,380271
E18 (Var27) 0,230987 0,099589 0,625029
Expl.Var 2,759321 2,657321 3,078435
Prp.Totl
0,162313 0,156313 0,181084
Fonte: dados obtidos pela autora.
Diante desse contexto, detectaram-se três fatores que correspondem por
50% da variância total, o que pode ser considerado adequado. As variáveis E1, E13
e E17g não tiveram carregamento dentro desse parâmetro, em nenhum dos três
fatores, diante disto as variáveis foram excluídas. Neste sentido, observa-se que as
questões E5, E6, E15, E16, E37 correspondem ao fator 1 - (ACESS) pertencem as
variáveis ligadas ao acesso dos recursos, como conhecimento, tecnologia, mão de
obra e outros. Também verifica as relações sociais existentes entre os concorrentes
97
e o relacionamento entre as instituições e as entidades, a disponibilidade de serviços
de P&D e a utilização de serviços de instituições de pesquisa. As questões E17d,
E17b, E17h e E14 agrupam o fator 2, que analisa a importância das instituições
(INST), estes verificam a importância do governo, das empresas turísticas, das
associações e sindicatos e das instituições de pesquisa e ensino. No fator 3, as
questões agrupadas foram, E11, E21, E22, H27 e E18, que visam verificar a
transferência do conhecimento (TRANS). Foram utilizadas as variáveis, facilidade de
transferência informal de inovações e conhecimento, se existe intercâmbio de
informações entre as empresas turísticas e se as organizações turísticas fazem
encontros periódicos.
4.3.1 Acesso aos recursos
Os recursos são vistos como sendo todos os ativos tangíveis ou
intangíveis ligados à empresa (BARNEY, 1992). Conforme literatura revisada, são
várias as formas existentes que auxiliam no acesso aos recursos (POWELL, 1990;
BRUSCO, 1993; TEECE; PISANO; SCHUEN, 1997; MOLINA-MORALES; LÓPEZ-
NAVARRO; GUIA-JULVE, 2001; SONG; WONG; CHON, 2003).
Os recursos não existem apenas no âmbito da empresa, mas também na
aglomeração, nesta concepção Molina-Morales; López-Navarro; Guia-Julve (2001)
descrevem que um recurso pode ser compartilhado entre as empresas que formam
o aglomerado, podendo acontecer através das interações fora delas. Assim, a
vantagem competitiva de uma empresa, segundo Barney (1991), será obtida diante
dos recursos que ela tem, seu acesso e sua utilização, e se tratanto de uma
aglomeração, o acesso pode se dar aos recursos nela existentes.
O primeiro objetivo específico visou analisar o acesso aos recursos
disponibilizados na destinação turística pelos setores envolvidos. Os resultados
podem ser observados na tabela 9.
98
Tabela 9 – Estatística descritiva do acesso aos recursos
Empresas Entidades e Poder Público Indicadores
Média Moda
Mediana
DP Média
Moda
Mediana
DP Teste t
E5 - Sua empresa tem
acesso privilegiado a
recursos
3,35 1 e 4 3,50 1,833
4,78 6 6 1,986
,043*
E6 - Facilidade de
estabelecer relações
sociais com os
concorrentes
4,73 5 5 1,710
6,33 7 7 1 ,009*
E15 - Serviços e apoio
a P & D estão
disponíveis para sua
empresa por parte das
instituições e
associações
3,48 1 3,48 1,961
5 6 6 2,179
,044*
E16 - Utiliza serviços
de instituições de
pesquisa e
desenvolvimento ao
turismo
3,35 1 3 2,214
5,11 4 5 1,453
,009*
E37 - Um dos pontos
fortes é o
relacionamento
existente entre as
instituições e
entidades
3,65 1 3 2,131
4,11 4 e 5 4 1,764
,549
Fonte: dados obtidos pela autora.
* p<0,05
Ao verificar a tabela 9, é notável que tanto as empresas, entidades e
poder público possuem facilidade de estabelecer relações sociais com seus
concorrentes, que as médias mais altas são atribuídas a esta questão e o desvio-
padrão de ambos os setores foi inferior aos demais. Quando comparados, infere-se
que as entidades e o poder público atribuem uma média superior a das empresas.
Por outro lado, no setor privado, as médias mais baixas se concentram em duas
questões: E5 (acesso privilegiado a recursos) e E16 (utiliza serviços de instituições
de pesquisa e desenvolvimento ao turismo).
Para Brusco (1993), as instituições de suporte oferecem serviços de apoio
específico às empresas sem caráter financeiro podendo também gerarem outros
recursos. Contudo, em Urubici isto não é visto, porque a maioria das empresas
descreve não utilizar tal serviço. Destaca-se ainda, que a questão E16 possui o
desvio-padrão mais alto, o que reflete a não homogeneidade das respostas.
Todavia, nas entidades e setor público, a questão E37 possui a média mais baixa,
com mediana 4 e 5, ou seja, diante da escala utilizada ela se encontra no centro,
99
entre o discordo totalmente e o concordo totalmente.
Para uma resposta mais clara, foi realizado teste t visando concluir quais
são os indicadores aqui estudados que apresentam um p< 0,05, isto é, significativo.
Verifica-se que apenas o indicador E37 não é significativo, pois o valor de p>0,05.
Para esta questão, ambos os setores atribuíram médias baixas, demonstrando não
concordarem que um dos pontos fortes é o relacionamento existente entre
instituições e entidades. Todos os demais podem ser considerados significativos.
Assim, é possível descrever que os setores não atribuem à mesma importância ao
acesso aos recursos, disponibilidade de serviços, utilização de serviços ofertados
pelas instituições de pesquisa e desenvolvimento ao turismo e ainda à facilidade de
estabelecer relações sociais com os concorrentes.
De acordo com a literatura revisada, sabe-se que o compartilhamento
e/ou o acesso aos recursos pode ser fonte de vantagem competitiva para as
empresas inseridas na aglomeração territorial (WERNERFELT, 1984; BARNEY,
1991; PETERAF, 1993). Particularmente em Urubici, o acesso aos recursos é
declarado pelas entidades e o poder público, pois este, quando comparado às
empresas, creditam maior facilidade na obtenção de recursos existentes no
aglomerado. De forma geral, verifica-se, que o acesso aos recursos ainda é restrito,
mas pode-se suscitar que a relação social entre os concorrentes é uma das
maneiras que as empresas, entidades e poder público têm de acessar os recursos
existentes no destino turístico. Nesta perspectiva, é possível acrescentar que o
aumento ou a perda da competitividade depende da intensidade do relacionamento
com outros agentes sociais (SILVA, 2004). O que especificamente nesta análise
pode ser visto como um fator positivo.
Ainda, observa-se que para as empresas inseridas no destino são muitas
as contribuições aferidas, quando estas decidem analisar o acesso aos recursos.
Para Wernerfelt (1984), esta análise poderá: a) trazer um novo olhar sobre a posição
estratégica, diferente da análise do produto; b) ajudar a identificar tipos de recursos
que geram maior rentabilidade; c) auxiliar na escolha entre explorar mais os recursos
existentes ou aquisição de novos; d) as aquisições passam a ser vistas através da
compra de um feixe de recursos. Dentre estas, em Urubici, destaca-se a letra a, por
ser tratar de uma aglomeração territorial e não de um produto específico de uma
empresa. Também a letra c, que diante da análise verificou-se alguns recursos
que necessitam ser mais explorados, como por exemplo, o serviços de instituições e
100
o relacionamento entre os setores.
4.3.2 Importância das instituições de suporte
Diante da teoria apresentada, percebe-se que as instituições são
essenciais devido a sua capacidade de prestar serviços de maneira mais focada e a
preços mais baixos. Outro argumento levantado é a habilidade que as instituições
têm de captar externamente e internalizar, nas aglomerações, informações
relevantes (BRUSCO, 1993).
O segundo objetivo específico propõe verificar a importância das
instituições de suporte presentes na destinação turística.
Tabela 10 Estatística descritiva da importância das instituições de suporte presentes na
destinação
Empresas Entidades e Poder Público Indicadores
Média
Moda Mediana DP Média
Moda
Mediana
DP Teste t
E14 - As instituições de
pesquisa e ensino são
importantes para o
turismo
6,13 7 7 1,488
5,67 6 6 1,118
,390
E17d O governo é
importante para o
turismo da cidade
5,08 7 6 2,235
7 7 7 000
,000*
E17b - As ET são
importantes para o
turismo da cidade
6,43 7 7 1,059
6,78 7 7 ,667
,346
E17h – As associações e
sindicatos são
importantes para o
turismo
5,53 7 7 1,853
6,56 7 7 1,014
,
031*
Fonte: dados obtidos pela autora.
* p<0,05
A questão E17b se destaca no setor privado. Nela é visto que as
empresas turísticas são importantes para a cidade de Urubici S/C, ao contrário das
entidades e poder público, pois neste a média mais alta foi para a questão E17d,
onde é declarado que o Governo é importante para o turismo da cidade, obtendo a
unanimidade dos respondentes. Em contrapartida, para as empresas, esta questão
101
possui a média mais baixa e o desvio padrão mais alto. Isto demonstra certo grau de
discrepância entre os atores, pois para si, o próprio setor é o mais importante para o
desenvolvimento da atividade turística no destino. Apesar disto, o quadro
demonstrou alta concordância, visto que a maioria das medianas está no número 7,
ou seja, nas questões analisadas os atores sociais concordam totalmente com o
enunciado, principalmente as entidades e setor público.
Este objetivo é importante para a análise no aglomerado, pois de acordo
com Porter (1999), os membros de uma aglomeração são mutuamente dependentes
e o bom desempenho de um pode aumentar o sucesso dos demais. Assim, é
necessário que, empresas e instituições de suporte, percebam a importância destas
para o fomento da atividade, que um destino turístico é formado por diversos
setores, que, unidos informalmente e, em conjunto, buscam oferecer aos clientes
diferentes vantagens (TOLEDO; VALDES; POLLERO, 2003). E, portanto isto pode
ser apontado em Urubici, pois tanto setor público quanto o privado declaram
percebem a importância das demais empresas.
Aplicando-se o teste t, verifica-se que os setores não concordam quanto à
importância do Governo para o turismo da cidade, visto que o valor de t foi
significativo (p=,000). Isto é claramente percebido na análise, pois o setor público
declara ser o mais importante e o privado diz ser o menos importante. Enquanto as
médias atribuídas às empresas turísticas e às instituições de pesquisa e ensino não
obtiveram uma significância na comparação das amostras, logo o nível de
significância foi maior que 0,05.
Para Priestley [s.d], a interação entre os atores econômicos, sócio-
culturais, políticos e institucionais, elevam o conhecimento e a habilidade dos atores
em modificar seus comportamentos, encontrando novas soluções em respostas às
mudanças. Esta declaração torna-se importante, pois esta pesquisa verifica a
transferência de conhecimento na destinação, e, como visto aqui os atores são
reconhecidos no aglomerado em estudo o que irá facilitar a transferência do
conhecimento. Ainda, segundo Esser et al. (1994) e Meyer-Stamer (2001), a
competitividade surge através da participação e da interação complexa e dinâmica
entre os diversos atores. Mais especificamente no turismo, a competitividade
depende do conjunto de experiências turísticas que se satisfaz nos mais diversos
serviços e, este conjunto de boas experiências irá acontecer, se houver
cooperação entre o setor público e o privado (DIAS, 2003).
102
Apesar da discrepância entre as respostas dos setores, este objetivo
alcançou médias superiores, demonstrando a importância dos diversos setores
turísticos do destino. Na tabela 7 foi possível observar a correlação entre as
instituições de suporte e variáveis pertinentes a transferência de conhecimento,
compreende-se então, que essa relação e interação existem. Esta afirmação vai ao
encontro da declaração de Brusco (1993). Para o autor, as instituições de suporte
podem gerar recursos dentro de um aglomerado, e oferecerer serviços de apoio
específico às empresas, pois atuam como repositores de conhecimento (MOLINA-
MORALES; HOFFMANN, 2002). Ademais, infere-se que as instituições de suporte
são importantes para o desenvolvimento da atividade turística, particularmente em
Urubici.
4.3.3 Transferência de conhecimento
Diante da literatura estudada, é possível suscitar que o conhecimento
pode ser transferido entre as empresas aglomeradas através de um conjunto de
interação por meio dos principais atores da rede (PRAHALAD; HAMEL, 1990;
NONAKA; TAKEUCHI, 1997; HOFFMANN, 2002; BALESTRIN, 2005; HOFFMANN;
MARTINEZ-FERNÁNDEZ, 2005; MAMBERG; POWER, 2005). Nessa compreensão,
a organização não pode criar conhecimento, sem a iniciativa do indivíduo e a
interação que ocorre dentro do grupo. O conhecimento pode ser amplificado ou
cristalizado em nível de grupo, através de discussões, compartilhamento de
experiências e observação (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Neste contexto, a tabela 11 descreve o terceiro objetivo específico, onde
buscou-se verificar a transferência de conhecimento a partir das relações entre as
empresas, com base na análise descritiva.
103
Tabela 11 Estatística descritiva da transferência de conhecimento a partir das relações entre
empresas
Empresas Entidades e Poder Público Indicadores
Média
Moda
Mediana
DP Média Moda Mediana
DP Teste t
E11 Existe
transferência informal
de inovação e
conhecimento entre
ET
4,30 5 4,50 1,843
5,56 5 5 1,333
,060*
E18 - Existe a
disponibilidade de
informações
institucionais de
produtos e serviços
3,23 1 2,224 2,224
5,56 5 e 6 6 1,236
,000*
E21 - Intercâmbio de
informações de
produtos e serviços
entre ET
4,10 4 4 1,516
4,56 3 e 6 5 1,810
,435
E22 - Intercâmbio de
informações de
mercados e clientes
entre ET
4,05 4 4 1,739
5,33 5 e 7 5 1,581
,048*
H27 As
organizações
turísticas locais
fazem encontros
periódicos
4,35 7 5 2,119
5,33 5 e 6 5 1
,047*
Fonte: dados obtidos pela autora.
p<0,05
No tocante ao objetivo específico 3, infere-se que as empresas transferem
o conhecimento através de relações sociais como por exemplo, encontros
periódicos. No entanto, esta mesma questão possui um desvio padrão alto (2,119).
Outra variável destacada nas empresas é a E11. Nela verifica-se a existência de
transferência informal de inovação e conhecimento entre as ET. Para as entidades e
poder público a média mais alta se concentra em duas questões E11(5,56) e
E18(5,56). Enquanto para o setor privado, a existência de informações institucionais
(E18) não está explícita, sendo que a média mais baixa das empresas foi de 3,23
(desvio-padrão 2,224). Contudo, a questão E21 apresenta uma dia baixa para
ambos os setores. Isto demonstra que se intercâmbio de informações de
mercados e clientes entre as empresas turísticas do destino, ela não é muito
divulgada ou ainda é insuficiente.
Dando seqüência ao proposto na metodologia, foi observado pelo teste t
de comparação entre as médias, que apenas as questões E11 e E21 não são
significativas (p> 0,05). Enquanto as médias das questões E22, H27 e E18, quando
104
feita a comparação das amostras, podem ser consideradas significativas.
Principalmente, ao serem questionadas sobre a existência de disponibilidade de
informações institucionais de produtos e serviços (E18), que o valor de p(=,000),
mostrando serem significativas as diferenças entre os setores.
Tomando os dados dos setores de forma agregada, verifica-se a
existência de intercâmbio de informações de mercado, clientes e informações
institucionais de produtos e serviços, que são distribuídas entre as empresas, bem
como a participação das organizações turísticas locais em encontros periódicos.
Diante da teoria, infere-se que o conhecimento pode ser compartilhado entre as
empresas que formam o aglomerado de distintas maneiras, podendo acontecer
através das interações fora da empresa que permite a contínua transmissão de
idéias (MOLINA–MORALES; LÓPEZ-NAVARRO; GUIA-JULVE, 2001). Em Urubici,
esta interação acontece através dos encontros periódicos entre as organizações
turísticas locais, possibilitando a transferência de conhecimento.
Desde 1925, Marshall (1982, p. 234) declarava que uma das vantagens
das empresas estarem aglomeradas territorialmente era que “se um lança uma idéia
nova, ela é imediatamente adotada por outros, que a combinam com sugestões
próprias e, assim, essa idéia se torna uma fonte de outras idéias novas”. Mais
especificamente, Claro, Claro e Hagelaar (2002) advogam que os recursos podem
ser transferidos através de contatos sociais e eventos que envolvam motivos até
então implicítos, como troca de informações e experiências. O que foi apresentado
em Urubici, na maioria dos indicadores. Com base na declaração, suscita-se que em
Urubici há evidência de transferência de conhecimento, destacando os encontros
realizados pelas empresas turísticas e também o intercâmdio de informações, isto
visto através das empresas. Contudo o setor público aponta várias interações que
permitem a transferência de conhecimento, como destaque está a disponibilidade de
informações institucionais de produtos e serviços. Os dados também demonstram
que a transferência de conhecimento tende a acontecer dentro dos próprios setores
e não entre setores. Pois os indicadores que refletiam à relação entre poder público
e privado obtiveram medianas baixas, ou seja, diante da escala utilizada ela se
encontra entre o discordo totalmente e o concordo.
Para complementar a apreciação dos resultados foi agregada a análise do
tipo cluster. De acordo com Malhotra (2006), essa é uma técnica usada para
classificar grupos relativamente homogêneos, onde são sugeridos pelos dados e
105
não definidos a priori. Ainda, segundo o autor, os escores fatoriais obtidos na análise
“podem ser usados no lugar das variáveis originais na análise multivariada
subseqüente” (MALHOTRA, 2006, p. 556). Assim, a partir dos escores fatoriais
previamente determinados e com o auxílio do software Statistica, foi realizada a
análise de Clusters que está representado no dendograma da Figura 11.
A análise de cluster foi implementada com o método de Ward, Intervalos
Distâncias Eucledianas. No método Ward, para cada cluster, calculam-se as médias
de todas as variáveis e a distância euclediana é descrita como a raiz quadrada das
diferenças dos valores para cada variável (MALHOTRA, 2006). Portanto, a análise
de cluster apresenta uma nova ordem entre os respondentes de modo a formar
grupos. O corte para obtenção dos grupos foi feito em 20 (linkage Distance). Com
isso, obteu-se um número menor de grupos, ao todo foram quatro, sendo que estes
mantêm certa homogeneidade entre os escores fatoriais e os fatores.
Tree Diagram for 40 Cases
Ward`s method
Euclidean distances
C_22
C_12
C_37
C_39
C_28
C_19
C_6
C_20
C_11
C_23
C_13
C_33
C_10
C_27
C_17
C_32
C_34
C_14
C_15
C_16
C_7
C_40
C_26
C_25
C_8
C_4
C_38
C_5
C_18
C_9
C_2
C_36
C_31
C_30
C_29
C_24
C_21
C_3
C_35
C_1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Linkage Distance
Figura 11 – Dendograma obtido da análise de cluster
Fonte: acervo da autora.
106
Tabela 12 – Escores fatoriais
CASO FATOR 1
(ACESS)
FATOR 2
(INST)
FATOR 3
(TRANS)
R22
-1,79171
1,78512
0,79297
R12
-2,38505
0,82371
0,13334
R37
-1,35695
-0,12412
-1,08973
R39
-0,76545
-0,23868
-0,20550
R28
-0,99114
0,26165
-1,03621
R19
-1,19874
0,77083
-1,45382
R6
-1,42598
0,96658
-2,16206
R20
0,05162
-0,17460
-1,07566
R11
0,15849
-0,33243
-0,43728
R23
-0,47204
-0,70622
1,64001
R13
-0,78610
-0,74460
1,66865
R33
-0,37282
-0,99497
0,41451
R10
-0,37082
-0,81500
-0,69955
R27
-0,79712
0,34361
1,47411
R17
-0,16342
-0,14902
1,66846
R32
-0,02939
-1,11292
-0,03256
R34
0,41229
-0,88177
-0,60990
R14
0,03769
-0,14782
0,38813
R15
-0,84589
-0,26093
-0,26825
R16
-0,04116
-0,01457
-1,29676
R7
-0,60443
-0,32219
-0,18204
R40
0,39215
1,42667
0,35834
R26
-0,58782
0,55619
0,50597
R25
0,42188
0,23814
0,15410
R8
-0,81465
-0,91333
1,41873
R4
-0,30780
-1,09497
0,50266
R38
0,93546
-1,01058
0,53813
R5
0,37747
-0,98472
-0,15946
R18
1,25667
-1,23132
-1,18483
R9
0,51113
-1,20875
-0,63991
R2
1,28079
-1,68775
-0,30056
R36
1,05828
-0,28835
1,22795
R31
0,87538
-0,89138
0,73007
R30
2,17067
1,69939
1,29706
R29
0,51323
1,22046
0,47368
R24
0,55334
1,33951
0,38604
R21
0,65053
1,54293
0,32695
R3
1,34433
-0,25204
-2,20057
R35
1,54224
1,72550
-0,47969
R1
1,56481
1,88275
-0,58552
Fonte: dados obtidos pela autora.
Na tabela 12, os grupos são apresentados em suas especificidades, com
base nas questões representadas pelos respectivos fatores a partir da soma das
médias. Observou-se o valor obtido nesta média, sendo superior, igual ou inferior ao
novo valor médio, calculado sob o seguinte aspecto: 4 vezes o número de variáveis
agrupadas. O que possibilitou uma análise frente à percepção de cada grupo sobre
o fator, conforme demonstra-se na tabela 13.
107
Tabela 13 – Valores médios dos grupos, obtidos a partir da análise de clusters, em relação aos
fatores. Representado pelas setas entre parênteses, entende-se superior (), igual
() ou inferior () relacionado ao novo valor médio.
F1
ACESS
F2
INST
F3
TRANS
Valor de parâmetro
20 16 20
Grupo 1 (7 casos) 29,71 () 26,57 () 26,42 ()
Grupo 2 (19 casos) 18,42 () 24,63 () 22 ()
Grupo 3 (5 casos) 10,4 () 26,6 () 12,4 ()
Grupo 4 (9 casos) 14,66 () 15,44 () 15,11()
Fonte: dados obtidos pela autora.
Ao verificar os grupos com base nas variáveis descritas na metodologia
pode-se inferir que não houve grandes diferenças entre eles. A seguir serão
descritas algumas especificidades de cada um. O Apêndice C apresenta os grupos
de forma detalhada, incluindo a porcentagem de cada grupo em cada questão.
Diante do que está sendo apresentado na tabela 13, infere-se, que o
grupo 1, que possui ao todo 7 casos, foi o único a ponderar todos os valores acima
da média, este se porta de maneira positiva em relação aos fatores aqui elencados.
Quanto a suas particularidades, destaca-se que apenas um dos atores possui até o
grau, 48,86% tem o grau e ainda 28,57% possui pós-graduação. No entanto, a
gestão das empresas é 100% familiar, destes, 71,43% foram inaugurados entre o
ano de 2000 e 2006 e 71,43% são pousadas.
O grupo 2 possui 19 casos. Este, por sua vez, atribuiu duas médias altas
para o F2(INST) e o F3(TRANS). Como característica, destaca-se que apenas um
empreendimento é gerido de forma profissional, os demais possuem o tipo de gestão
familiar. Neste grupo encontram-se três tipos de empreendimentos, sendo: 63,16%
pousadas, 31,58% restaurantes e 5,26% empresas receptivas. Apenas 15,79% das
empresas integram a associação - POUSERRA, este foi o grupo com o menor índice
de participação na associação. Dos empreendimentos, 78,94% dos gestores, têm o
2ª grau e o 3ª grau completo.
O grupo 3 com cinco casos, respondeu, com valor superior a média,
apenas ao fator 2 (INST). Quanto as suas especificidades aponta-se que, é
diversificado e possui o menor número de pousadas, apenas 20%, em contrapartida
tem o maior número de hotéis (40%). Também apresenta os empreendimentos mais
novos, 80% destes, foram inaugurados entre os anos de 2003 e 2005, corroborando
108
com o primeiro grupo, a gestão é 100% familiar. O que se destaca é a participação
de 40% dos empreendimentos na associação do município POUSERRA, sendo o
que possui o maior índice de associados.
O grupo 4 com 9 casos, destaca-se por ter a maior diversidade de
estabelecimentos e por concentrar a maioria dos restaurantes, com 55,56%. Outra
característica importante é a participação de uma empresa de entretenimento, o
grupo quatro foi o único grupo a ponderar esta participação, os demais
empreendimentos que fazem parte são hotéis e pousadas. Assim, verifica-se vários
ramos da atividade turística inseridas neste grupo. Também é caracterizado por
possuir as empresas mais antigas, 33,33% delas foram inauguradas no intervalo de
1988 a 1989. A maioria dos gestores, 55,56% possui o grau completo e 22,22%
são pós-graduados. Esta variável possibilita suscitar que é o grupo com a maior
porcentagem de gestores com escolaridade superior. Quanto à gestão do
empreendimento, apresenta-se de três formas: familiar, profissional e mista, sendo o
único com este aspecto, infere-se ainda que ele obteve, nos três fatores e em sua
totalidade, valores abaixo da média.
Quanto ao fator 1(ACESS), este recebeu apenas uma resposta superior
ao valor médio do primeiro grupo. O que demonstra certa divergência entre os
grupos. As variáveis analisadas buscaram verificar se existia e como era o acesso
aos recursos dentro do destino. Diante da literatura estudada, entende-se que uma
das maneiras de empresas obterem ou transferirem os recursos é através do
relacionamento. Para Powell (1990), o propósito do relacionamento entre as
empresas é que um dos integrantes (parceiros) seja dependente dos recursos
controlados por outro, assim haveria ganhos recíprocos através da reunião destes.
Na análise descritiva, apenas uma variavél recebeu respostas favoráveis (facilidade
de estabelecer relações sociais com seus concorrentes), o que, de certa forma vem
ao encontro da percepção dos grupos aqui verificados e leva a conclusão de que
este indicador não é fortemente visto no aglomerado, que apenas um único grupo
atribuiu valor acima da média.
O fator 2 (INST), recebeu respostas superiores aos demais, onde os
atores sociais percebem a importância das instituições de pesquisa, do governo, das
empresas e das associações e sindicatos no destino turístico. Esta percepção é
positiva que, conforme Brusco (1993), as instituições possuem um papel
importante e, segundo Silva (2004), o relacionamento existente entre as instituições
109
de apoio é fundamental para o processo de desenvolvimento e fortalecimento da
atividade turística, o que pode gerar, muitas vezes, a vantagem competitiva do
destino. E as instituições atuarem como repositores para o conhecimento (MOLINA-
MORALES; HOFFMANN, 2002). Este fator também obteve alto grau de
concordância na análise descritiva, ressaltando mais uma vez a precepção positiva
dos gestores quanto ao aspecto.
O fator 3(TRANS), obteve dois grupos com respostas superiores ao valor
da média. Neste, o propósito era verificar a transferência de conhecimento a partir
das relações entre empresas. Para tanto, as variáveis observadas eram: a relação, a
localização das empresas, o intercâmbio de informações, a disponibilidade e o
acesso às informações, neste, 65% dos casos são válidos, e existem indícios de
transferência de conhecimento. Quanto à localização aqui evidenciada, Balestrin e
Fayard (2003) descrevem que em uma rede as empresas possuem a capacidade de
acumular uma grande quantidade de informações dos mais diversos tipos, o acesso
a estas informações se através da inter-relação de seus membros. Ou ainda, que
a proximidade geográfica possibilita o acesso a conhecimentos e capacitações, mão-
de-obra, matérias-primas e equipamentos, dentre outros (LASTRES; CASSIOLATO,
2005). Este indicativo de transferência também foi comprovado na análise descritiva.
Isto é importante para este estudo, pois conforme descrevem Mamberti e Braga
(2004), o espaço geográfico é uma das mais importantes especificidades da prática
social do turismo.
Pode-se inferir que, apesar de ainda não ser totalmente perceptível pelos
gestores, fortes indícios de transferência de conhecimento entre os atores
turísticos locais.
4.4 Análise dos indicadores da competitividade turística do destino
Para a verificação dos dados referentes ao objetivo 4, que busca analisar
e apresentar os indicadores de competitividade das organizações turísticas e destino
turístico de Urubici, foi retirado a análise de um dos atores sociais do setor privado,
já que este não respondeu às questões relacionadas ao objetivo.
De acordo com Riveiro e Caldera [s.d], a competitividade turística é um
110
conceito bastante complexo combinando vários elementos, que podem ou não, ser
observados e, em muitas ocasiões, não são fáceis de se medir, sendo, por isso,
necessário a utilização de vários indicadores de competitividade. Ainda, conforme
esses autores, não existe um único conjunto de indicadores que pode ser aplicado a
todos os destinos turísticos sem exceção e a qualquer momento, este depende de
características do destino a ser analisado. Assim, alguns indicadores serão mais
relevantes e outros serão praticamente irrisórios.
Nesta compreensão, os indicadores analisados foram: cooperação,
confiança e comunicação, verificados através das relações interorganizacionais,
onde um recurso pode ser entendido como todos os ativos tangíveis ou intangíveis,
devendo estar na forma de bens atrativos, processos organizacionais, informações,
conhecimento e outros (BARNEY, 1991), os indicadores interorganizacionais serão
analisados como tal.
Os indicadores: faturamento das organizações, custos, conhecimento
sobre o turista, treinamento da mão-de-obra, número médio de postos de trabalho,
salários pagos, demanda turística, gastos dos turistas e a permanência destes em
Urubici, foram analisados sob a perspectiva da organização, buscando descrever a
competitividade do destino turístico de Urubici.
Para Forte, Moreira e Moura (2006), a Visão Baseada em Recursos reúne
um conjunto de reflexões em torno dos condicionantes do desempenho competitivo
ou da vantagem competitiva a partir de fatores internos à empresa, relacionados as
suas características próprias, por meio dos recursos e capacidades adquiridas e
construídas ao longo do tempo. Portanto, os dados coletados referem-se ao período
de 2001 a 2006.
111
Indicador Privado Entidade
Público
H.35 Cooperação entre sua empresa e demais ET Aumentou
(23) *
Aumentou
(9) *
H.36 Confiança entre sua empresa e demais ET Aumentou
(21) *
Aumentou
(8) *
H.37 Comunicação entre sua empresa e demais ET Aumentou
(18) *
Aumentou
(7) *
H.38 Faturamento Aumentou
(22) *
Constante
(5) *
H.39 Custo Aumentou
(23) *
Aumentou
(6) *
H.40 Conhecimento sobre o turista Aumentou
(33) *
Aumentou
(6) *
H.41 Treinamento de pessoal Aumentou
(22) *
Constante
(5) *
H.42 Número médio anual de postos de trabalho na sua
empresa
Constante
(23) *
Aumentou
(5) *
H.43 Salários pagos pela sua empresa Aumentou
(23) *
Aumentou
(8) *
H.44 Número de turistas na cidade Aumentou
(31) *
Aumentou
(8) *
H.45 Gastos do turista na cidade Aumentou
(28) *
Aumentou
(7) *
H.46 Permanência do turista na cidade
Aumentou
(21) *
Aumentou
(7) *
Quadro 15 Indicadores da competitividade e sua relação com a transferência de
conhecimento
Fonte: dados obtidos pela autora.
* Número de respondentes
Analisando o quadro 15, verifica-se que a maioria dos quesitos analisados
tiveram aumento, tanto na perspectiva do setor privado quanto das entidades e
poder público. Ao se verificar os indicadores da competitividade, sob a égide das
relações interorganizacionais: cooperação, confiança e comunicação, em um
período de cinco anos (2001 a 2006), é possível descrever que a cooperação da
empresa com demais empresas turísticas foi o indicador que obteve o maior
aumento, com 57,5% dos atores do setor privado e 100% da entidade e setor
público. Enquanto, o indicador confiança recebeu 52,5% das respostas (aumentou)
do setor privado e 88,9% das entidades e setor público. A comunicação ficou em
último, entre os indicadores interorganizacionais, sendo que 45% do setor privado e
77,8% do setor público e entidades declaram ter aumentado.
Como os atores sociais pontuaram haver aumento nos indicadores, pode-
se inferir, no quesito relação interorganizacional, que o destino está propício à
transferência de conhecimeto, pois, segundo a literarura revisada, a competitividade
112
surge através da interação complexa e dinâmica entre diferentes atores; Estado,
empresas, instituições e a capacidade da organização de uma sociedade (ESSER et
al., 1994). Neste entendimento, Malmberg e Power (2005) analisam três formas para
a criação do conhecimento, entre elas os autores descrevem a necessidade da
interação colaborativa interorganizacional local. Isto pode acontecer através da
cooperação e parceria entre as empresas e institutos de desenvolvimento. Por
conseguinte, Hoffmann (2002) advoga que a transferência de conhecimento poderá
acontecer através da existência da cooperação entre empresas e instituições.
Segundo Leiper (2003), a cooperação entre empresas turísticas cria sinergias que
podem se materializar na forma de ganhos de produtividade para as empresas
inseridas na aglomeração territorial. Já Miles e Snow (1986) descrevem que para um
bom funcionamento das redes é essencial que haja um processo de comunicação
eficiente entre os atores, o que conseqüentemente vai gerar a confiança entre eles
(JARILLO, 1988). Esta confiança é gerada aos poucos, fazendo com que as trocas,
que ocorrem entre as empresas, sejam feitas através de ações recíprocas
(POWELL, 1990), o que irá facilitar a transferência de conhecimento entre os atores.
Dando segmento e diante dos indicadores da organização de turismo
local, verifica-se que houve aumento em quase todas as categorias. A de maior
representação foi a questão H40 (conhecimento sobre o turista), 82,50% dos atores
do setor privado e 75% do setor público e entidades aferiram que houve aumento.
Isto pode ser justificado através das pesquisas que a Central de Informações ao
Turista – CIT vem realizando desde o ano de 2001. Vale aqui destacar que a
SANTUR (2008) também iniciou, no ano de 2008, pesquisas que demonstram quem
são os turistas das principais cidades do Estado de Santa Catarina, estando Urubici
entre elas. A questão H44 (número de turistas na cidade) apresentou considerável
aumento no setor privado (77,5%), no setor público e entidades (100%). Na
avaliação, as questões H38 (faturamento da empresa) e H41(treinamento dos
funcionários) ficaram próximas ao constante, infere-se que o aumento foi pouco
significativo.
Na seqüência, as respostas obtidas para cada indicador são verificadas
através da comparação entre os segmentos.
113
Gráfico 7 – Cooperação entre sua empresa e as demais
Fonte: dados obtidos pela autora.
Gráfico 8 – Confianças entre sua empresa e as demais
Fonte: dados obtidos pela autora.
114
Gráfico 9 – Comunicação entre sua empresa e as demais ET
Fonte: dados obtidos pela autora.
Na leitura dos Gráficos 07, 08 e 09, o segmento entretenimento descreve
ter diminuído todos os indicadores (cooperação, confiança e comunicação). Quanto
às pousadas, foi o segmento que mais percebeu o aumento. Para a cooperação da
empresa com as demais empresas turísticas, este segmento esclarece que houve
aumento. Para a confiança, uma divisão entre as respostas, com predominância
no quesito aumentou; e na comunicação as respostas ficam divididas entre
“aumentou” e “constante”. as entidades e poder público descrevem que a
cooperação aumentou nestes cinco anos. Esta mesma análise das entidades é
entendida no indicador confiança, diferentemente do poder público que divide suas
respostas entre “aumentou” e “diminuiu”. Para o poder público, a comunicação entre
o setor e demais empresas aumentou. As entidades diferem argumentando que ela
continua igual, ou seja, constante. O segmento restaurante mantém suas respostas
em aumentou” e “constante” para os três indicadores, no entanto, há sempre
predominância para o aumento. Nesta direção, tanto para os indicadores
interorganizacionais, quanto aos da empresa percebe-se o aumento.
115
Gráfico 10 – Custos da empresa
Fonte: dados obtidos pela autora.
Gráfico 11 – Faturamento da empresa
Fonte: dados obtidos pela autora.
116
Quanto aos custos operacionais e o faturamento das empresas de
Urubici, entende-se que, para o segmento entretenimento, houve aumento tanto dos
custos como para o seu faturamento. O poder público declara que houve mais
aumento para os custos, enquanto que o faturamento se manteve. Nas entidades é
visto que o custo de sua manutenção e seu faturamento se mantém. Nota-se que
houve significativo aumento no faturamento dos restaurantes. Enquanto as
pousadas descrevem certa semelhança para os indicadores, sendo que o custo foi o
indicador com o maior índice de aumento, e o seu faturamento obteve significativas
respostas para o “constante” e o “diminuiu”.
Gráfico 12 – Conhecimento sobre o turista
Fonte: dados obtidos pela autora.
117
Gráfico 13 – Número de turista na cidade
Fonte: dados obtidos pela autora.
Para as pousadas, tanto o conhecimento e o número de turistas na cidade
aumentou. Os restaurantes mantiveram suas respostas para os indicadores entre
“aumentou” e “constante”, sendo que o “aumentou” aferiu mais respostas. O poder
público, quando comparado os indicadores, declara maior aumento para o número
de turistas na cidade de Urubici nos anos de 2001 a 2006. As entidades mantêm
respostas no “aumentou” e no “constante”, todavia, o indicador número de turistas
teve o maior aumento. O entretenimento e o receptivo turístico mantiveram,
declarados, que os dois indicadores aumentaram, sendo que o receptivo obteve
100% das respostas.
118
Gráfico 14 – Treinamento de pessoal
Fonte: dados obtidos pela autora.
Gráfico 15 – Número anual de postos de trabalho nas empresas
Fonte: dados obtidos pela autora.
119
Gráfico 16 – Salários pagos pela sua empresa
Fonte: dados obtidos pela autora.
Quanto aos indicadores listados; treinamento de pessoal e número anual
de trabalhos e salários pagos, verifica-se que, no indicador treinamento, nenhum
segmento atribuiu diminuição. Ao contrário para os segmentos: entretenimento,
pousadas, hotéis, restaurantes e poder público, houve mais aumento durante estes
cinco anos (2001 a 2006). Quando questionados sobre o número anual de trabalho,
constata-se que alguns setores declaram continuar com o mesmo número. Isto é
fato, pois a maioria dos empreendimentos é gerida pela própria família e não
possuem empregados. O indicador, salários pagos aos funcionários, obteve
aumento nestes últimos anos, mas verifica-se que algumas entidades descrevem ter
diminuído.
120
Gráfico 17 – Gastos do turista na cidade
Fonte: dados obtidos pela autora.
Gráfico 18 – Permanência do turista na cidade
Fonte: dados obtidos pela autora.
121
A respeito dos indicadores: gastos e permanência do turista na cidade, os
segmentos posicionaram-se pelo aumento. No entanto, nota-se que o indicador
permanência dos turistas obteve, das pousadas, certa divergência, sendo que este
encontra-se entre o aumento e o constante. Os restaurantes possuem a mesma
percepção dos gestores das pousadas, pois atribui uma pontuação semelhante.
De forma geral, é possível apontar que houve aumento na maioria dos
indicadores, particularmente na cooperação, confiança e comunicação, isto é
importante em uma aglomeração territorial, pois, segundo Porter (1999), os
membros de uma aglomeração são dependentes uns dos outros. Sendo assim, o
aumento ou a perda da competitividade depende da intensidade do relacionamento
com outros agentes sociais (SILVA, 2004). Será através deste relacionamento, que
cada empresa ganhará acesso aos recursos das demais (HAKANSSON; SNEHOTA,
1989), o que pode ser favorável para a transferência de conhecimento.
122
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta dissertação teve por objetivo, analisar a transferência de
conhecimento entre empresas aglomeradas territorialmente e a relação com a
competitividade do destino turístico da cidade de Urubici, em Santa Catarina. Foram
verificados aspectos da destinação, caracterizados os atores sociais e,
conseqüentemente, a análise dos objetivos específicos.
No capítulo, Fundamentação Teórica, observou-se conceitos, definições e
estudos sobre competitividade exógena e endógena, redes interorganizacionais,
aglomerações territoriais, criação e geração do conhecimento e, finalmente, como
acontece a transferência de conhecimento entre empresas aglomeradas
territorialmente. Como conclusão, descreve-se que são vários os estudos
relacionados à competitividade, porém poucos trabalham o setor turístico. Todavia,
acredita-se que a definição adotada por Barney (1991) é indicada para a análise no
turismo. Pois, é possível perceber que a vantagem competitiva faz referência à
capacidade de um destino turístico em utilizar seus recursos de forma eficiente
(RIVEIRO; CALDERA [s.d]), sendo que os membros de uma aglomeração são
mutuamente dependentes e o bom desempenho de um pode aumentar o sucesso
dos demais (PORTER, 1999). Constata-se, ainda, a oportunidade que os destinos
têm em compartilhar seus recursos para obtenção da vantagem competitiva, frente a
outros que não fazem parte do aglomerado.
Outro fator que auxilia na justificativa é a necessidade de o destino
incorporar recursos, dentro da aglomeração territorial para a melhoria da oferta
turística, são eles: cooperação, confiança, conhecimento, inovação e outros. Suscita-
se que o turismo possui características similares a outras indústrias tradicionais o
que possibilita esta inferência.
A Metodologia teve caráter exploratório descritivo. Ao todo, foram
entrevistados quarenta e nove atores sociais do turismo local. Para a verificação dos
dados, foi realizada a análise descritiva com base nas freqüências e bivariada,
também empregou-se a análise de medidas paramétricas de contraste (Teste t), o
que possibilitou verificar a significância das diferenças entre as médias. Por fim, fez-
se a análise de Cluster, para discernir grupos distintos e suas particularidades.
O estudo buscou verificar um destino turístico. Ao estudar a destinação
123
turística de Urubici, Andrighi (2007), concluiu que a cidade possui construtos de uma
rede interorganizacional e que mesmo os atores não percebendo, podem defini-la
como uma aglomeração territorial. Ao considerar os escritos de Lins (2002), onde o
autor declara que os Clusters turísticos devem possuir elevada intensidade de
cooperação entre os atores que os integram, verifica-se que, na apresentação dos
resultados, a variável cooperação entre os atores sociais obteve aumento.
Compreende-se também, que Urubici pode ser entendido como uma destinação
aglomerada territorialmente.
Buscou-se averiguar como o recurso, conhecimento, é transferido entre
os atores sociais do destino, e através dos indicadores de competitividade analisar a
relação com a transferência de conhecimento. Neste entendimento, Prahalad e
Hamel (1990) e Grant (1996) compreendem que a habilidade de criar e utilizar este
recurso é uma importante fonte de sustentabilidade de vantagem competitiva.
De forma simplificada, apresenta-se o destino turístico, localizado na
Serra Catarinense e participante da Associação dos Municípios da Região Serrana
(AMURES). O órgão responsável, especificamente ao se tratar da atividade turística,
é a Secretaria da Indústria, Comércio e Turismo. Segundo Souza (2005), a infra-
estrutura para atender o turista iniciou entre os anos de 1992 e 1996, durante este
período foi implantado: posto de informações turísticas, ampliação da capacidade de
hospedagem, setor gastronômico e Associação das pousadas de Urubici
(POUSERRA).
A pousada é o meio de hospedagem mais comum. Em 2006, quando
foram inventariados os empreendimentos turísticos, o destino possuía vinte e quatro
delas. Sabe-se também que a maioria dos turistas é oriunda do Estado de Santa
Catarina (SANTUR, 2008). As belezas naturais e o inverno intenso destacam-se
como principais atrativos, o que proporciona ao município um sobressalto a ser um
dos pólos de Ecoturismo mais promissores do Estado (URUBICI, 2007).
No que tange os Resultados da categorização dos atores sociais, pode-se
inferir que 85% das organizações estão concentradas no intervalo de 10 anos. Nos
empreendimentos, a gestão familiar é predominante, em outros não registro de
funcionários. Nota-se que tanto as entidades quanto o poder público, mantêm o
número dio de postos de trabalho durante a baixa e a alta temporada, apenas na
hotelaria oscilação do número de funcionários, conforme a época. Seguindo a
definição do Sebrae (2008), constata-se que em algumas organizações analisadas
124
há um predomínio de Micro-Empresas (ME), possuindo até nove empregados.
Ademais, serão apresentadas as conclusões que permeiam os objetivos
específicos. Quanto ao acesso aos recursos disponibilizados na destinação turística
pelos envolvidos, verifica-se que os setores a ponderar valores acima de média
foram entidades e poder público. As empresas destacam-se pela facilidade de
estabelecer relações sociais com os concorrentes e apesar de instituições
oferecerem serviços de apoio específico e muitas vezes de forma gratuita
(BRUSCO, 1993), este serviço, em Urubici, é pouco utilizado. Por conseguinte, nota-
se que o relacionamento entre entidades e instituições não pode ser considerado um
ponto forte. No entanto, para a transferência de conhecimento, o bom
relacionamento é importante, a partir dele que a confiança é gerada e,
conseqüentemente, o comportamento oportunista entre os atores, reduzido
(JARILLO, 1988; FOSS; KOCH, 1996), o que facilitará acesso aos recursos.
Portanto em Urubici, existem apenas evidências de acesso aos recursos, conforme
descrito no indicador relação entre os concorrentes. que em Urubici este
indicador apontou ser o mais importante, o que corrobora com a afirmação de
Molina-Morales e Hoffmann (2002). Para os autores, a aglomeração geográfica
facilita a criação de relações entre as empresas e favorece a troca de conhecimento.
Através deste relacionamento, cada empresa, pertencente ao aglomerado, ganha
acesso aos recursos das demais (HAKANSSON; SNEHOTA, 1989).
Ao verificar a importância das instituições de suporte na destinação
turística, nota-se que todas as variáveis receberam médias acima do ponto central
da escala, tendendo à concordância. Neste objetivo percebe-se a importância dos
diversos setores turísticos do destino. Isto parece positivo para Urubici, pois de
acordo com Silva (2002), as instituições de apoio são fundamentais para o processo
de desenvolvimento e fortalecimento da atividade turística, o que pode gerar
vantagem competitiva ao destino.
No tocante aos resultados descritos nos dois objetivos acima, constata-se
certa divergência. No primeiro, as empresas descrevem ser mais cil estabelecer
relações sociais com concorrentes do que com instituições e entidades. Quando
questionados sobre a importância de diversos segmentos, incluindo-as, a média que
foi atribuída é superior. Nota-se, neste quesito, um contra-senso nas respostas do
setor privado, que percebe a importância, mas descreve que a relação entre eles é
um ponto fraco. Outro fator é a percepção que as empresas têm em relação às
125
instituições e associações, elas declaram ser importante, no entanto descrevem que
os serviços como P&D não estão disponíveis. Isto deve ser observado pelos
gestores, pois o serviço está sendo realizado, mas as empresas não têm acesso. Ao
analisar especificamente a criação do conhecimento em uma aglomeração territorial,
Malmberg e Power (2005) advogam que a parceria entre empresas e institutos de
desenvolvimento é um fator importante.
Quanto à transferência de conhecimento, a partir das relações entre
empresas, os resultados demonstram que o setor privado elucidou maior importância
aos encontros periódicos entre as organizações turísticas e em segundo para a
transferência informal de inovação e conhecimento entre as empresas.
Corroborando com o primeiro objetivo específico, as médias mais altas foram
atribuídas pela entidade e poder público, mas a percepção destes não difere muito,
pois também atribuíram médias altas para a transferência informal de inovação e
conhecimento entre as ET, e para a existência da disponibilidade de informações
institucionais de produtos e serviços. Em Urubici, mais especificamente neste
objetivo, verifica-se fortes indícios de transferência de conhecimento, que a
maioria das variáveis ficaram entre 4 e 5. Aponta-se, portanto, que o destino
transfere o recurso, conhecimento, através dos encontros periódicos e que, para o
poder público, existe transferência informal de inovação e conhecimento, bem como
a disponibilidade de informações institucionais.
Ao comparar os dados dos objetivos específicos 1 e 3, verifica-se que os
atores creditam maior facilidade à transferência de conhecimento do que ao acesso
aos recursos. Ora, entede-se então que os atores sociais do destino não visualizam
o conhecimento como um recurso.
Como conclusão da análise do tipo cluster, constata-se que, dos quatro
grupos apresentados, apenas um aferiu valor superior ao da média para todos os
fatores. Demonstrando portar-se de maneira positiva, este grupo é constituído, em
sua maioria, por pousadas e a gestão do empreendimento é familiar, a maioria das
empresas foi inaugurada no intervalo de seis anos (2000 a 2006). Em contrapartida
o grupo a não ponderar nenhum valor acima da média foi o grupo 4 com nove casos,
suas especificidades se concentram na diversidades de segmentos existentes neste
grupo, sendo que 55,56% são restaurantes e possui os empreendimentos mais
antigos, sendo os únicos a possuir vários tipos de gestão (familiar, profissional e
mista). Infere-se, no entanto, que foram poucas as diferenças encontradas entre os
126
grupos, o que dificultou esta análise.
Quanto aos fatores, compreende-se que apenas o Fator 1(ACESS) o
obteve um número expressivo de valores acima da média, pois teve apenas 17,50%
dos casos. o F2(INST) recebeu o maior número de médias superiores e a maior
quantidade de casos que percebem positivamente este fator, 77,50%, concordando
com o que foi elucidado anteriormente, onde foi descrito que os atores creditam
importância às instituições de suporte. Para Porter (1999), as empresas e
instituições próximas podem gerar afinidades e interações e nestas, é possível haver
a transferência de conhecimento. O segundo fator a receber valores acima da média
foi o F3 (TRANS), com 65% dos casos, isso significa que fortes indícios de
transferência de conhecimento no aglomerado. Compreende-se então, que o
conhecimento obtido e transferido entre as empresas aglomeradas territorialmente,
pode gerar vantagem competitiva para as empresas, ali inseridas, em relação
aquelas que não estão (PRAHALAD; HAMEL, 1990; GRANT, 1996, NONAKA;
TAKEUCHI, 1997).
Por fim, ao verificar os índices de competitividade turística, calculados no
intervalo de cinco anos (2001 a 2006) e comparados aos setores privado e público,
infere-se que nos indicadores atribuídos às relações sociais, a cooperação
apresentou os mais altos índices de crescimento em ambos os setores. Por segundo
ficou a confiança e por fim a comunicação. O poder blico percebe o aumento em
dois indicadores, atribuindo 100% das suas respostas. Quanto aos indicadores das
organizações, o maior aumento atribuído pelo setor privado, retrata o conhecimento
sobre o turista e o número destes no destino. O setor público, também declara
aumento para o número de turistas e, diferentemente do privado, diz ter aumentado
os salários pagos aos funcionários.
De maneira mais específica e buscando conectar os pilares conceituais
deste estudo, entendidos como recurso, importância das instituições, conhecimento
e competitividade da destinação turística, suscita-se que na aglomeração territorial
aqui analisada são verificados indícios de acesso a recursos, principalmente através
das relações sociais entre os concorrentes. Mas, diante do que foi analisado, este
objetivo demonstrou ser o mais prejudicado.
As instituições de suporte são importantes para o aglomerado, e devido a
isto, constata-se que a possibilidade de haver transferência de conhecimento fica
mais evidente.
127
Por conseguinte, o conhecimento é passado através de encontros e os
atores percebem fortemente a transferência informal de inovação entre as empresas
turísticas, sem a participação do setor público. Enquanto o poder público, descreve
não haver intercâmbio de informações de produtos e serviços entre ET. Nas demais
variáveis, este setor percebe a transferência de conhecimento. Por último, verifica-se
que a maioria dos indicadores, da micro e macro competitividade, obtiveram
aumento nos últimos cinco anos (2001 a 2006), sendo que alguns, como
cooperação, confiança e comunicação facilitam a transferência de conhecimento.
Diante das divergências encontradas entre o setor privado e público,
compreende-se que a relação existente é deficiente. Cada um demonstrou ter
melhor acesso e comunicação com os atores do seu próprio setor.
Este estudo apresenta algumas limitações, entre elas, a falta de
indicadores oficiais em relação aos dados de turismo, emprego e renda, a própria
indisponibilidade de muitos gestores em atender às solicitações feitas quanto ao
envio de dados concretos do faturamento dos últimos anos, o número de leitos
ocupados, entre outros. Estas informações auxiliariam na análise dos indicadores e
dos atores envolvidos. A dificuldade em encontrar estudos, que analisam a
transferência de recursos e mais especificamente o conhecimento entre empresas
turísticas, foi um limitador.
Recomenda-se uma análise qualitativa dos dados aqui coletados, pois,
certamente alguns destes necessitam de uma verificação mais profunda quanto
alguns dos fenômenos aqui descobertos. Ainda, para um futuro estudo recomenda-
se outros indicadores na avaliação da competitividade, como por exemplo, um
enfoque mais social, ambiental e/ou cultural, como apresentado por Dwyer e Kim
(2003). Também é necessário dar continuidade ao estudo, pois o tema transferência
de conhecimento e geração de vantagem competitiva necessita ser mais explorado.
128
REFERÊNCIAS
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143
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE A - Questionário Empresas ........................................................ 144
APÊNDICE B - Questionário setor público e entidades ................................ 148
APÊNDICE C - Estatística descritiva ............................................................. 151
APÊNDICE D - Questionário para levantamento de dados ............................ 152
144
ANDICE A - Questionário Empresas
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
LEVANTAMENTO DE DADOS – EMPRESAS
Caro respondente este questionário é parte da dissertação de mestrado de turismo e
hotelaria das mestrandas Fabiela Andrighi e Ariani R. N. P. Stacke orientadas pelo
Professor Dr. Valmir Emil Hoffmann. O trabalho tem como objetivo analisar a
destinação turística de Urubici a partir da ótica das redes interorganizacionais. O
pesquisador está à disposição para auxilia-lo (a) no caso de dúvidas. Contamos com
a sua colaboração e desde já agradecemos.
1.1 Razão Social:................................................................... Nome de fantasia:...............
1.2 Segmento da empresa:
( ) 1. Hotel ( ) 2. Pousada ( ) 3. Restaurante ( ) 4. Receptivo Turístico ( ) 5. Entretenimento
1.3 Ano de fundação: .......................................
1.4 Nome e cargo da pessoa que responde o questionário: ...............................................
1.5 Escolaridade Completa: ( ) 1
o
. Grau ( ) 2
o
. Grau ( ) 3
o
. Grau ( ) Pós-graduação
1.6 Tipo de gestão: ( ) Familiar ( ) Profissional ( ) Mista
1.7 Quantos empregados a empresa possui na alta temporada? ................................
1.8 Quantos empregados a empresa possui na baixa temporada? ................................
02. Atributos e Contextos
Instrução: Marcar na escala de 1
a 7 sua concordância com as sentenças: sendo 1
para discordância total e 7 para concordância total.
Legenda
Q Sentenças 1 2 3 4 5 6 7
E.5 Sua empresa tem acesso privilegiado a recursos - como
conhecimento, tecnologia, mão de obra entre outros por estar
localizada em Urubici.
1 2 3 4 5 6 7
H.6 Sua empresa realiza ações cooperativas com outras
organizações turísticas locais para a gestão do turismo na cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.1 Sua empresa utiliza conhecimentos e tecnologias desenvolvidas
por concorrentes locais.
1 2 3 4 5 6 7
E.9 Ao contratar um novo funcionário operacional, sua empresa
busca dar preferência por colaboradores que tenham alguma
1 2 3 4 5 6 7
145
experiência anterior em empresas turísticas.
E.10 Seus funcionários, ao deixarem a empresa, buscam outras
empresas do setor turístico para continuar as atividades
profissionais.
1 2 3 4 5 6 7
E.7 Sua empresa aceita acordos de cooperação com instituições,
associações, fornecedores e competidores.
1 2 3 4 5 6 7
H.7 Existe alto nível de cooperação entre as organizações turísticas
locais.
1 2 3 4 5 6 7
H.8 Existe alto nível de competição entre as organizações turísticas
locais.
1 2 3 4 5 6 7
H.9 As organizações turísticas locais demonstram confiança umas
nas outras
1 2 3 4 5 6 7
E.11 Existe facilidade de transferência INFORMAL de inovações e
conhecimentos entre as empresas turísticas do município.
1 2 3 4 5 6 7
E.13 Sua empresa tem acesso a canais INFORMAIS de comunicação
a respeito de temas sobre as atividades turísticas (reuniões,
palestras, conferências, apresentações, encontros festivos etc.).
1 2 3 4 5 6 7
E.21 Existe intercâmbio de informações relacionadas a produtos e
serviços entre as empresas turísticas do município.
1 2 3 4 5 6 7
E.22 Existe intercâmbio de informações relacionados a mercados e
clientes entre as empresas turísticas do município.
1 2 3 4 5 6 7
E.6 É fácil estabelecer relações sociais com os concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7
H.11 As organizações turísticas locais que oferecem o mesmo serviço
competem pelo mesmo público
1 2 3 4 5 6 7
H.12 As organizações turísticas locais que oferecem o mesmo serviço
cooperam na gestão turística da cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.17.d
O governo é importante para o turismo da cidade. 1 2 3 4 5 6 7
E.17.b
As empresas turísticas são importantes para o turismo da cidade. 1 2 3 4 5 6 7
E.17.h
As associações e sindicatos são importantes para o turismo da
cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.14 As instituições de pesquisa e ensino são importantes para o
turismo na cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.15 Serviços e apoio à pesquisa e desenvolvimento (P&D) estão
disponíveis para sua empresa por parte das instituições e
associações empresariais.
1 2 3 4 5 6 7
E.16 Sua empresa utiliza os serviços de instituições de pesquisa e
desenvolvimento ao turismo.
1 2 3 4 5 6 7
H.18 Faço negócios apenas com base em confiança. 1 2 3 4 5 6 7
H.19 Existem mais acordos informais entre as organizações turísticas
locais do que formais.
1 2 3 4 5 6 7
H.20 As organizações turísticas locais estão fisicamente próximas. 1 2 3 4 5 6 7
H.21 As organizações turísticas locais têm o mesmo poder de decisão
na gestão turística.
1 2 3 4 5 6 7
H.22 Para as novas organizações turísticas locais, as chances de
participação nas decisões locais são iguais às organizações
estabelecidas.
1 2 3 4 5 6 7
H.23 Existe cooperação entre as empresas turísticas privadas. 1 2 3 4 5 6 7
H.24 Existe cooperação entre empresas turísticas privadas e o governo
local.
1 2 3 4 5 6 7
H.25 Existe cooperação entre empresas turísticas privadas e
associações/sindicatos locais.
1 2 3 4 5 6 7
H.26 Existe cooperação entre empresa turísticas privadas e instituições
de ensino, pesquisa e treinamento.
1 2 3 4 5 6 7
H.27 As organizações turísticas locais fazem encontros periódicos. 1 2 3 4 5 6 7
H.28 As organizações turísticas locais promovem divulgação turística
da cidade em conjunto
1 2 3 4 5 6 7
H.29 As organizações turísticas locais fazem compras ou vendas em
conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
H.30 As organizações turísticas locais promovem eventos para atrair 1 2 3 4 5 6 7
146
mais turistas.
H.31 As organizações turísticas locais fazem treinamentos de seus
colaboradores em conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
H.32 As organizações turísticas locais implantam projetos de infra-
estrutura turística em conjunto
1 2 3 4 5 6 7
H.33 As organizações turísticas locais tomam decisões de longo prazo
em conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
H.34 As organizações turísticas locais contratam pesquisa e
consultorias em conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
E.28 A reputação positiva de empresas da região onde sua empresa
está localizada tem um efeito positivo sobre sua empresa.
1 2 3 4 5 6 7
E.29 A reputação negativa de empresas da região onde sua empresa
está localizada tem um efeito negativo sobre sua empresa.
1 2 3 4 5 6 7
E.37 Um dos pontos fortes que sua empresa tem de estar localizada
no município de Urubici é o relacionamento existente entre as
instituições e entidades (CDL, ACIU etc.)
1 2 3 4 5 6 7
E.17.g
Existe no município de Urubici a disponibilidade de linhas de
financiamento específicas para empresas do setor turístico.
1 2 3 4 5 6 7
E.18 Existe DISPONIBILIDADE de informações institucionais de
produtos e serviços.
E.19 A informação institucional existente a respeito de mercados e
produtos é útil e importante.
1 2 3 4 5 6 7
Instrução: Com base nos últimos 5 anos (2001-2005), responda assinalando o que
melhor completa as frases:
H.35
A cooperação entre sua empresa e as demais organizações
turísticas locais...
Diminuiu Constante
Aumentou
H.36
A confiança entre sua empresa e as demais organizações
turísticas locais...
Diminuiu Constante
Aumentou
H.37
A comunicação da sua empresa com as demais
organizações turísticas locais...
Diminuiu Constante
Aumentou
H.38
O faturamento da sua empresa... Diminuiu Constante
Aumentou
H.39
O custo da sua empresa... Diminuiu Constante
Aumentou
H.40
O conhecimento da sua empresa sobre o turista da cidade... Diminuiu Constante
Aumentou
H.41
O treinamento do pessoal da sua empresa... Diminuiu Constante
Aumentou
H.42
O número médio anual de postos de trabalho na sua
empresa...
Diminuiu Constante
Aumentou
H.43
Os salários pagos pela sua empresa... Diminuiu Constante
Aumentou
H.44
O número de turistas na cidade... Diminuiu Constante
Aumentou
H.45
O gasto dos turistas na cidade... Diminuiu Constante
Aumentou
H.46
A permanência dos turistas na cidade... Diminuiu Constante
Aumentou
03. Quais são as pousadas, hotéis, restaurantes e agências de turismo com quem
você mais se relaciona?
3.1
1 2 3 4 5 6 7
3.2
1 2 3 4 5 6 7
3.3
1 2 3 4 5 6 7
3.4
1 2 3 4 5 6 7
3.5
1 2 3 4 5 6 7
147
04. Quais são as associações, sindicatos e instituições públicas com quem você
mais se relaciona?
4.1
1 2 3 4 5 6 7
4.2
1 2 3 4 5 6 7
4.3
1 2 3 4 5 6 7
148
ANDICE B - Questionário setor público e entidades
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
LEVANTAMENTO DE DADOS – ENTIDADES E SETOR PÚBLICO
Caro respondente este questionário é parte da dissertação de mestrado de turismo e
hotelaria das mestrandas Fabiela Andrighi e Ariani R. N. P. Stacke orientadas pelo
Professor Dr. Valmir Emil Hoffmann. O trabalho tem como objetivo analisar a
destinação turística de Urubici a partir da ótica das redes interorganizacionais. O
pesquisador está à disposição para auxilia-lo (a) no caso de dúvidas. Contamos com
a sua colaboração e desde já agradecemos.
1.1 Razão Social:...................................................................... Nome de fantasia:...............
1.2 Ano de fundação: .......................................
1.3 Nome e cargo da pessoa que responde o questionário: ...............................................
1.4 Escolaridade Completa: ( ) 1
o
. Grau ( ) 2
o
. Grau ( ) 3
o
. Grau ( ) Pós-graduação
1.5 Quantos empregados a organização possui na alta temporada? ................................
1.6 Quantos empregados a organização possui na baixa temporada? ................................
02. Atributos e Contextos
Instrução: Marcar na escala de 1
a 7 sua concordância com as sentenças: sendo 1
para discordância total e 7 para concordância total.
Legenda
Q Sentenças 1 2 3 4 5 6 7
E.5 As empresas turísticas têm acesso privilegiado a recursos como
conhecimento, tecnologia, mão de obra entre outros por estar
localizada em Urubici.
1 2 3 4 5 6 7
H.6 A organização da qual participo realiza ações cooperativas com
outras organizações turísticas locais para a gestão do turismo na
cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.1 A organização da qual participo utiliza conhecimentos e
tecnologias desenvolvidas por concorrentes locais.
1 2 3 4 5 6 7
E.9 Ao contratar um novo funcionário operacional, a organização da
qual participo busca dar preferência por colaboradores que
tenham alguma experiência anterior em outras organizações
turísticas.
1 2 3 4 5 6 7
E.10 Os funcionários, ao deixarem a organização, buscam outras
organizações do setor turístico para continuar as atividades
profissionais.
1 2 3 4 5 6 7
E.7 A organização da qual participo aceita acordos de cooperação
com instituições, associações e empresas.
1 2 3 4 5 6 7
H.7 Existe alto nível de cooperação entre as organizações turísticas
locais.
1 2 3 4 5 6 7
149
H.8 Existe alto nível de competição entre as organizações turísticas
locais.
1 2 3 4 5 6 7
H.9 As organizações turísticas locais demonstram confiança umas
nas outras
1 2 3 4 5 6 7
E.11 Existe facilidade de transferência INFORMAL de inovações e
conhecimentos entre as empresas turísticas do município.
1 2 3 4 5 6 7
E.13 A organização da qual participo tem acesso a canais INFORMAIS
de comunicação a respeito de temas sobre as atividades
turísticas (reuniões, palestras, conferências, apresentações,
encontros festivos etc.).
1 2 3 4 5 6 7
E.21 Existe intercâmbio de informações relacionadas a produtos e
serviços entre as empresas turísticas do município.
1 2 3 4 5 6 7
E.22 Existe intercâmbio de informações relacionados a mercados e
clientes entre as empresas turísticas do município.
1 2 3 4 5 6 7
E.6 É fácil estabelecer relações sociais com os concorrentes. 1 2 3 4 5 6 7
H.11 As organizações turísticas locais que oferecem o mesmo serviço
competem pelo mesmo público
1 2 3 4 5 6 7
H.12 As organizações turísticas locais que oferecem o mesmo serviço
cooperam na gestão turística da cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.17.d
O governo é importante para o turismo da cidade. 1 2 3 4 5 6 7
E.17.b
As empresas turísticas são importantes para o turismo da cidade. 1 2 3 4 5 6 7
E.17.h
As associações e sindicatos são importantes para o turismo da
cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.14 As instituições de pesquisa e ensino são importantes para o
turismo na cidade.
1 2 3 4 5 6 7
E.15 A organização da qual participo disponibiliza serviços e apoio à
pesquisa e desenvolvimento (P&D) para as empresa turísticas do
município.
1 2 3 4 5 6 7
E.16 A organização da qual participo utiliza os serviços de instituições
de pesquisa e desenvolvimento ao turismo.
1 2 3 4 5 6 7
H.18 A organização da qual participo faz negócios apenas com base
em confiança.
1 2 3 4 5 6 7
H.19 Existem mais acordos informais entre as organizações turísticas
locais do que formais.
1 2 3 4 5 6 7
H.20 As organizações turísticas locais estão fisicamente próximas. 1 2 3 4 5 6 7
H.21 As organizações turísticas locais têm o mesmo poder de decisão
na gestão turística.
1 2 3 4 5 6 7
H.22 Para as novas organizações turísticas locais, as chances de
participação nas decisões locais são iguais às organizações
estabelecidas.
1 2 3 4 5 6 7
H.23 Existe cooperação entre as empresas turísticas privadas. 1 2 3 4 5 6 7
H.24 Existe cooperação entre empresas turísticas privadas e o governo
local.
1 2 3 4 5 6 7
H.25 Existe cooperação entre empresas turísticas privadas e
associações/sindicatos locais.
1 2 3 4 5 6 7
H.26 Existe cooperação entre empresa turísticas privadas e instituições
de ensino, pesquisa e treinamento.
1 2 3 4 5 6 7
H.27 As organizações turísticas locais fazem encontros periódicos. 1 2 3 4 5 6 7
H.28 As organizações turísticas locais promovem divulgação turística
da cidade em conjunto
1 2 3 4 5 6 7
H.29 As organizações turísticas locais fazem compras ou vendas em
conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
H.30 As organizações turísticas locais promovem eventos para atrair
mais turistas.
1 2 3 4 5 6 7
H.31 As organizações turísticas locais fazem treinamentos de seus
colaboradores em conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
H.32 As organizações turísticas locais implantam projetos de infra-
estrutura turística em conjunto
1 2 3 4 5 6 7
H.33 As organizações turísticas locais tomam decisões de longo prazo 1 2 3 4 5 6 7
150
em conjunto.
H.34 As organizações turísticas locais contratam pesquisa e
consultorias em conjunto.
1 2 3 4 5 6 7
E.28 A reputação positiva de empresas do município tem um efeito
positivo sobre as demais empresas turísticas.
1 2 3 4 5 6 7
E.29 A reputação negativa de empresas do município tem um efeito
negativo sobre as demais empresas turísticas.
1 2 3 4 5 6 7
E.37 As empresas turísticas do município podem considerar como
ponto forte o relacionamento existente entre as instituições e
entidades (CDL, ACIU etc.)
1 2 3 4 5 6 7
E.17.g
Existe no município de Urubici a disponibilidade de linhas de
financiamento específicas para empresas do setor turístico.
1 2 3 4 5 6 7
E.18 Existe DISPONIBILIDADE de informações institucionais de
produtos e serviços.
1 2 3 4 5 6 7
E.19 A informação institucional existente a respeito de mercados e
produtos é útil e importante.
1 2 3 4 5 6 7
Instrução: Com base nos últimos 5 anos (2001-2005), responda assinalando o que
melhor completa as frases:
2.25
A cooperação entre sua instituição e as demais organizações
turísticas locais...
Diminuiu
Constante
Aumentou
2.26
A confiança entre sua instituição e as demais organizações
turísticas locais...
Diminuiu
Constante
Aumentou
2.27
A comunicação da sua instituição com as demais organizações
turísticas locais...
Diminuiu
Constante
Aumentou
2.28
O faturamento das empresas turísticas locais... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.29
Os custos das empresas turísticas locais... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.30
O conhecimento da sua instituição sobre o turista da cidade... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.31
O treinamento do pessoal da sua instituição... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.32
O número médio anual de postos de trabalho na sua
instituição...
Diminuiu
Constante
Aumentou
2.33
Os salários pagos pela sua instituição... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.34
O número de turistas na cidade... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.35
O gasto dos turistas na cidade... Diminuiu
Constante
Aumentou
2.36
A permanência dos turistas na cidade... Diminuiu
Constante
Aumentou
03. Quais são as pousadas, hotéis, restaurantes e agências de turismo com quem
você mais se relaciona?
3.1
1 2 3 4 5 6 7
3.2
1 2 3 4 5 6 7
3.3
1 2 3 4 5 6 7
3.4
1 2 3 4 5 6 7
3.5
1 2 3 4 5 6 7
04. Quais são as associações, sindicatos e instituições públicas com quem você
mais se relaciona?
4.1
1 2 3 4 5 6 7
4.2
1 2 3 4 5 6 7
4.3
1 2 3 4 5 6 7
151
ANDICE C - Estatística descritiva
Questão
Grupo 1
(7 casos)
Grupo 2
(19 casos)
Grupo 3
(5 casos)
Grupo 4
(9 casos)
Segmento da
empresa
Pousadas –
71,43%
Restaurante
14,29%
Receptivo –
14,29%
Pousada –
63,16%
Restaurante
31,58%
Receptivo –
5,26%
Pousada – 20%
Restaurante
40%
Hotel – 40%
Pousada – 22,22%
Restaurante
55,56%
Hotel – 11,11%
Entretenimento –
11,11%
Ano de fundação
1997 a 1999 –
28,57%
2000 a 2006 –
71,43%
1946 a 1997 –
21,05%
2000 a 2006 –
78,95%
1987 – 20%
2003 a 2005 –
80%
1988 a 1999 –
33,33%
2001 a 2005 –
66,67%
Escolaridade
1º Grau – 14,29%
2º Grau – 48,86%
3º Grau – 14,29%
Pós-graduação
28,57%
1º Grau – 15,79%
2º Grau – 57,89%
3º Grau – 21,05%
Pós-graduação
5,26%
2º Grau – 40%
3º Grau – 60%
2º Grau – 22,22%
3º Grau – 55,56%
Pós-graduação
22,22%
Tipo de gestão
Familiar – 100% Familiar –
94,74%
Profissional –
5,26%
Familiar – 100% Familiar – 100%
Profissional –
11,11%
Mista – 11,11%
Associação de
pousadas
POUSERRA –
28,57%
POUSERRA –
15,79%
POUSERRA –
40%
POUSERRA –
22,22%
Fonte: elaboração própria a partir da pesquisa de campo
152
ANDICE D – Questionário para levantamento de dados
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria
LEVANTAMENTO DE DADOS
Caro respondente, este questionário é parte da dissertação de mestrado de turismo
e hotelaria das mestrandas Fabiela Andrighi e Ariani Neckel orientadas pelo
Professor Dr. Valmir Emil Hoffmann. O trabalho tem como objetivo analisar a
destinação turística de Urubici a partir da ótica das redes interorganizacionais. O
pesquisador está à disposição para auxiliá-lo (a) no caso de dúvidas. Contamos com
a sua colaboração e desde já agradecemos.
1. Qual é a estrutura municipal (quantas secretarias e forma de funcionamento)?
2. Qual é a estrutura de saneamento? (qual é a empresa responsável, qual o
percentual da população beneficiada...)
3. Quantos e quais são as entidades de classe e as organizações não
governamentais?
4. Qual são as atividades econômicas do município? Qual a principal?
5. Quais são as indústrias instaladas no município? (porte, ramo de atividade)
6. No comércio, quais o as empresas presentes no município? (porte, ramo de
atividade)
7. Referente aos serviços, qual a estrutura disponível em Urubici? (bancos,
empresas de transporte...)
8. Qual é a estrutura viária e em que situação se encontra?
9. Qual a estrutura de esporte e lazer disponível no município?
10. O que apresenta o plano diretor no que se refere ao turismo?
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