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entendimento) e de sua dimensão psicológica (o eu das vivências individuais), a
consciência possui também uma dimensão ética” (Idem, p. 131 – grifo da autora).
A vida psíquica envolve a consciência como sentimento de identidade formado a
partir das vivências, da forma como cada um interpreta os acontecimentos à sua volta. Da
percepção de que se vive um determinado tempo e espaço na história da humanidade, no
qual o tempo individual é composto por um passado retido na memória, um presente
percebido pela atenção e um futuro imaginado e pensado.
Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria
identidade: é o eu. O eu é o centro ou a unidade de todos os nossos estados
psíquicos e corporais, ou aquela percepção que permite a alguém dizer “meu
corpo”, “minha razão”, “minhas lembranças”. A consciência psicológica é
formada por nossas vivencias, isto é, pela maneira como sentimos e
compreendemos o que se passa em nosso corpo e no mundo que nos rodeia,
assim como o que se passa em nosso interior. É a maneira individual e própria
com que cada um de nós percebe, imagina, lembra, opina, deseja, age, ama e
odeia, sente prazer e dor, toma posição diante das coisas e dos outros, decide, age,
sente-se feliz ou infeliz. O eu é a consciência de si como ponto de identidade e de
permanência de um fluxo temporal interior que retém o passado na memória.
Percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo
pensamento (Idem, p. 130).
A vida moral envolve a consciência de que a pessoa é dotada de vontade livre e de
responsabilidades. É a capacidade de agir dentro das normas estabelecidas na sociedade em
que se vive de acordo com a cultura que a comanda. É saber se relacionar com as pessoas
na família, nas amizades, no trabalho, na comunidade religiosa, na organização empresarial,
enfim, em todas as relações que envolvem a vida privada. A consciência moral é a pessoa.
Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a capacidade livre e racional para
escolher, deliberar e agir conforme valores, normas e regras que dizem respeito
ao bem e ao mal, ao justo e ao injusto, à virtude e ao vício. É a pessoa, dotada de
vontade livre e de responsabilidade. É a capacidade de alguém para compreender
e interpretar sua própria situação e condição (física, mental, social, cultural,
histórica), viver na companhia de outros segundo as normas e os valores morais
definidos por sua sociedade, agir tendo em vista fins escolhidos por deliberação e
decisão próprias, comportar-se segundo o que julgar o melhor para si e para os
outros e, quando necessário, contrapor-se e opor-se aos valores estabelecidos, em
nome de outros considerados mais adequados à liberdade e à responsabilidade. É
a consciência de si como exercício racional e afetivo da liberdade e da
responsabilidade, em vista da vida feliz e justa (Idem, p. 131 - grifo da autora).
A vida política envolve a consciência das relações na esfera pública, das relações
sociais regidas pelas leis que determinam os direitos e deveres daqueles que convivem
socialmente. Daqueles que estão inseridos na teia das relações sociais. A consciência
política é o cidadão.