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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico
Faculdade de Odontologia
William Meirelles Frossard
Análise Comparativa entre o Gap Marginal e a Estabilidade Dimensional de Quatro
Sistemas Cerâmicos antes e após o Ciclo da Cocção da Cerâmica
Rio de Janeiro
2008
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2
William Meirelles Frossard
Análise Comparativa entre o Gap Marginal e a Estabilidade Dimensional de Quatro
Sistemas Cerâmicos antes e após o Ciclo da Cocção da Cerâmica
Tese apresentada, como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor, ao programa de Pro-
grama de Pós-Graduação em Odontologia, da Uni-
versidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de con-
centração: Periodontia.
Orientador: David Felix Balassiano
Rio de Janeiro
2008
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3
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBB
F938 Frossard, William Meirelles.
Análise comparativa entre o gap marginal e a estabilidade dimensional de quatro siste-
mas cerâmicos antes e após o ciclo da cocção da cerâmica / William Meirelles Frossard. –
2008.
103 f.
Orientador: David Felix Balassiano.
Tese (doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia.
1. Prótese dentária. 2. Ligas metalo-cerâmicas. 3. Alumina. 4. Óxido de zircônio. I. Ba-
lassiano, David Felix. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Odonto-
logia. III. Título.
CDU
616.314
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese.
________________________________________________ ______________________
Assinatura Data
4
William Meirelles Frossard
Análise Comparativa entre o Gap Marginal e a Estabilidade Dimensional de Quatro
Sistemas Cerâmicos antes e após o Ciclo da Cocção da Cerâmica
Tese apresentada, como requisito parcial
para obtenção do título de Doutor, ao programa
de Programa de Pós-Graduação em Odontologia,
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Á-
rea de concentração: Periodontia.
Aprovado em_________________________________________________
Prof. (Orientador) David Felix Balassiano_________________________
Banca examinadora
_________________________________________________________
Prof.
_________________________________________________________
Prof.
_________________________________________________________
Prof.
_________________________________________________________
Prof.
_________________________________________________________
Prof.
Rio de Janeiro
2008
5
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Willian e Jardilisa, primeiros incentivadores, meus exemplos de vida
A minha esposa Claudia, companheira dedicada e incansável de todas as horas
Aos meus filhos Bianca e Rafael, constante estímulo do meu progresso de vida
6
AGRADECIMENTOS
Ao Professor David Felix Balassiano, meu Orientador e amigo de todas as horas, por toda a
atenção, reconhecendo o incomparável Mestre que é, revelado no vasto conhecimento odonto-
lógico que possui e no imenso esforço em transmitir o muito que sabe aos seus alunos, entre
os quais me incluo, com muita honra.
À Dra. Juliana Aguilar, colaboradora competente e insuperável, pela presteza e contribuição,
sem o qual seria impossível a apresentação deste trabalho.
Aos colegas da disciplina de Prótese Fixa da UERJ, Ângela Maria Vidal Moreira, Arthur Bes-
sone da Cruz Ferreira, Laura Maria de Oliveira Sotello e Olívia Albertina da Silva Fraga, aos
quais devo muito dos meus passos nesta Universidade, aqui registro as grandes figuras huma-
nas que existem nos profissionais exemplares que são.
Aos professores colaboradores do Curso de Especialização de Prótese, Alexandre Teixeira,
Glauco Velloso, Marina Almeida e Sandro Bon, que muito contribuem para um trabalho res-
peitado e pela importância de realizá-lo em equipe.
Aos colegas do Centro de Odontologia Integrada, Dr. Luis Filipe Meirelles Frossard, Dra.
Magali Ribeiro, Dr. Marcos Frossard, Dr. Mario Groisman, Dr. Otávio Machado, Dra. Teresa
Meirelles, pelo agradável convívio durante esses anos, e pelo suporte dado a minha vida pro-
fissional.
À Isabela Castro Mendes, parceira de sempre, pela amizade aliada à oportunidade ímpar de
dia a dia comprovar o seu crescimento profissional, minha gratidão e admiração.
A toda equipe do Laboratório Cilso de Oliveira, e em particular ao Cilso, Marcelo e Sidney,
pela ajuda neste trabalho, pela integridade e pelo profissionalismo de sempre.
À Fernanda Cristina F. da Silva e Márcia Ribeiro, suporte das minhas mãos, meu agradeci-
mento pelo profissionalismo, eficiência e afeto repartidos dia a dia.
7
Ao Dr. Rogério Mussel pela gentileza, disponibilidade e oportunidade de poder incluir seu
nome no trabalho estatístico de comprovação desta pesquisa.
Ao Dr. Ricardo Fischer, pela amizade, generosidade, equilíbrio, competência, minha eterna
gratidão.
Ao Dr. Orlando Luís Dutra Meirelles, grande amigo, com quem sempre posso contar, meu
muito obrigado, pelo apoio e estímulo indispensáveis para a confecção deste trabalho.
Aos meus alunos, que me instigaram a estudar mais nos desafios constantes do processo ensi-
no-aprendizagem lembrando-me sempre de que todos somos alunos, todos somos professo-
res...
E ainda àqueles que, direta ou indiretamente, tenham contribuído para a realização desse tra-
balho.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Easy Abutment 4.3 select aparafusado sobre análogo de implante fixado em
um dispositivo quadrangular de resina ...................................
51
Figura 2 - Copings de ouro DegudentU.................................................................... 52
Figura 3 - Coping de ouro posicionado sobre o núcleo............................................. 52
Figura 4 - Imagem virtual do escaneamento do abutment........................................ 53
Figura 5 - Marcação dos pontos na linha de término cervical................................... 53
Figura 6 - Marcação da linha de término cervical do abutment................................ 53
Figura 7 - Copings Procera de óxido de alumina...................................................... 54
Figura 8 - Copings Procera de óxido de zircônia...................................................... 54
Figura 9 - Copings em Tilite Star.............................................................................. 55
Figura 10 - Espécime posicionado no projetor de perfil através de um contraponto.. 55
Figura 11 - Bloco padrão de alinhamento................................................................... 56
Figura 12 - Projetor de Perfil Deltronic DV 114 – USA (Aumento de 20X).............. 57
Figura 13 - Medição do coping de ouro...................................................................... 58
Figura 14 - Medição do coping de óxido de zircônia.................................................. 54
Figura 15 - Seqüência para padronização de confecção das coroas: enceramento, confec-
ção da muralha de silicone e o espaço obtido para a aplicação da cerâmi-
ca....................................................................................................
59
Figura 16 - Cerâmica aplicada sobre os copings de zircônia antes do ciclo da cocção da
cerâmica....................................................................................................
60
Figura 17 - Espécimes posicionados no forno para início do ciclo da cocção da cerâmi-
ca....................................................................................................
60
Figura 18 - Coroas de óxido de zircônia após a cocção da cerâmica......................... 61
Figura 19 - Coroa de óxido de zircônia posicionada no projetor de perfil para realização
das medições.............................................................................................
62
Figura 20 - Espécime posicionado para medição horizontal....................................... 63
Figura 21 - Gráfico em barras (média ± DP) dos valores do gap marginal (µm) nos grupos
de estudo antes e depois da cocção da cerâmica. Símbolos alfabéticos diferen-
tes sobre as barras denotam diferença estatística significativa
(p<0,05).......................................................................................................
67
Figura 22 - Gráfico em barras (média ± DP) do diâmetro cervical (mm) nos grupos de es-
tudo antes e depois da cocção da cerâmica. Estão indicados os grupos que dife-
rem estatisticamente (p0,05): * do respectivo grupo antes da coc-
ção...........................................................................................................
70
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Média do gap marginal dos copings antes da aplicação da cerâmica
(µm)..........................................................................................................
64
Tabela 2 - Média do gap marginal dos copings depois da aplicação da cerâmica
(µm)..........................................................................................................
65
Tabela 3 - Cálculo da estatística descritiva do gap marginal (µm) nos grupos de
estudo antes da cocção da cerâmica. Número de amostras (N), desvio
padrão (DP), coeficiente de variação (CV), valores mínimo (Mín) e má-
ximo (Máx), diferenças significativa (S) e não significativa (NS)
(diferenças entre os grupos testadas pela ANOVA oneway, seguido do
teste de comparações múltiplas de Newman-Keuls, considerando que os
grupos diferem estatisticamente quando p0,05).................................
65
Tabela 4 - Cálculo da estatística descritiva do gap marginal nos grupos de estudo
depois da cocção da cerâmica. Número de amostras (N), desvio padrão
(DP), coeficiente de variação (CV), valores mínimo (Mín) e máximo
(Máx), diferenças significativa (S) e não significativa (NS), versus (vs)
(diferenças entre os grupos testadas pela ANOVA oneway, seguido do
teste de comparações múltiplas de Newman-Keuls, considerando que os
grupos diferem estatisticamente quando p0,05).................................
66
Tabela 5 -
Média das medições horizontais dos copings antes da aplicação
da cerâmica (mm).....................................................................................
68
Tabela 6 -
Média das medições horizontais dos copings depois da aplicação
da cerâmica (mm).....................................................................................
68
Tabela 7 - Análise das diferenças dos diâmetros cervicais (mm) entre os grupos
estudados, antes (1H) e depois (2H) da cocção da cerâmica sobre os co-
pings. Diferença significativa (S), versus (vs) (diferenças testadas pelo
Teste t pareado, considerando que os grupos diferem estatisticamente
quando p0,05)..............................................................
69
10
RESUMO
FROSSARD, William Meirelles. Análise comparativa entre o Gap marginal e a estabilidade
dimensional de quatro sistemas cerâmicos antes e após o ciclo de cocção da cerâmica. 2008.
103 f. Tese (Doutorado em Periodontia) – Faculdade de Odontologia, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise comparativa entre o gap margi-
nal e a estabilidade dimensional de quatro sistemas cerâmicos distintos: metalocerâmica com
a utilização de uma liga alternativa à base de níquel, cromo, molibdênio e titânio (TiliteStar,
Talladium EUA), coroa cerâmica de óxido de alumina (Procera AllCeram, NobelBiocare Sué-
cia) e coroa cerâmica de óxido de zircônia (Procera AllZircon, NobelBiocare Suécia) antes e
após o ciclo de cocção da cerâmica, tendo como grupo controle coroa em metalocerâmica
com utilização de uma liga preciosa (Degudent U, Dentsply EUA). Quarenta coroas, dez co-
roas de cada sistema cerâmico, foram realizadas diretamente sobre um abutment pré-fabricado
4.3 select (Easy Abutment, NobelBiocare), apresentando 5 mm de altura, com inclinação axial
de 6˚ e um término em chanfro com 0.5 mm de largura, que foi aparafusado através de um
torquímetro, sobre um análogo de um implante (4.3 replace select, NobelBiocare) fixado em
um dispositivo quadrangular de resina acrílica. Os espécimes foram analisados em um proje-
tor de perfil (Deltronic DV 114 – USA) com aumento de 20 X. Para a realização das medidas
do gap marginal, o dispositivo de medição foi focado na interface entre o coping e o término
do preparo, exatamente no meio de cada face. Para as medições da estabilidade dimensional
foi utilizado como referência, a parte mais próxima da margem cervical do coping em cada
face. As medições foram realizadas antes e após a aplicação da cerâmica sobre os respectivos
copings. Os resultados apurados e submetidos à análise estatística (ANOVA, Teste de Com-
paração Múltipla Newman-Keuls e Teste t pareado), permitiram ao Autor concluir que: 1-
Todos os sistemas cerâmicos avaliados apresentaram valores de gap marginal dentro dos limi-
tes aceitos clinicamente descritos na literatura consultada; 2- Dentre os sistemas avaliados, o
óxido de zircônia foi o que apresentou a menor média de gap marginal, antes e depois da coc-
ção da cerâmica (estatisticamente significante para as ligas metálicas e não significante para o
óxido de alumina). O óxido de alumina, antes e depois da cocção da cerâmica, apresentou u-
ma média menor do gap marginal que a liga áurica (não significante estatisticamente) e apre-
sentou um melhor resultado do que a liga de Ni-Cr-Mo-Ti (estatisticamente significante). A
liga áurica obteve uma média menor de gap marginal do que a liga alternativa
(estatisticamente significante antes da cocção e não significante depois da cocção da cerâmi-
ca); 3- Todos os sistemas avaliados não apresentaram mudanças significativas no gap margi-
nal após o ciclo de cocção da cerâmica; 4- Através das medições horizontais, foi possível
constatar que todos os sistemas avaliados apresentaram alterações dimensionais após o ciclo
de cocção da cerâmica.
Palavras chave: gap marginal, metalocerâmica, óxido de alumina, óxido de zircônia.
11
ABSTRACT
The objective of this paper was to carry out a comparative analysis between
marginal gap and dimensional stability in four distinct ceramic systems: metalloceramics,
with the use of an alternative nickel-based alloy, chromium, molybdenium and titanium
(TiliteStar, Talladium USA), aluminum oxide ceramics crown (Procera AllCeram, NobelBio-
care, Sweden) and zirconium oxide ceramics crown (Procera AllZircon, NobelBiocare, Swe-
den) before and after the ceramic firing cycle, the crown control group being in metalloceram-
ics with the use of a precious metal alloy (Degudent U, Dentsply USA). Forty crowns, ten
crowns from each ceramic system, were directly placed on a pre-manufactured 4.3 select
abutment (Easy Abutment, NobelBiocare), 5 mm in height, with a 6
o
axial inclination and the
finishing line is composed of a chanfer with 0.5 mm-width, that was screwed by torque
wrench, over an implant analog (4.3 replace select, NobelBiocare) set on a square-shaped de-
vice made of acrylic resin. The specimens were increased 20X and analyzed using a profile
projector (Deltronic DV 114 USA). In order to measure up the marginal gap, the measuring
device was focused on the interface between the coping and the edge of the preparation, right
in the middle of each side. For measuring dimensional stability, the point used as reference
was closest to the cervical end of the coping on each side. The measurements were taken be-
fore and after the application of ceramics on the respective copings. The results were verified
and submitted to statistical analysis (ANOVA, Newman-Keuls Multiple Comparison Test and
paired T test, allowing the Author to conclude that: 1-All the ceramic systems assessed
showed marginal gap amounts that are within the clinically accepted limits described in the
literature consulted; 2- Among all the systems evaluated, zirconium oxide was that which
showed the lowest marginal gap average, before and after the ceramic firing cycle
(statistically significant to metallic alloy and statistically insignificant to aluminum oxide).
Aluminum oxide, before and after the ceramic firing cycle, displayed a lower gap average in
comparison with gold alloy (statistically insignificant) and the alternative alloy (statistically
significant). The gold alloy evidenced a lower gap measure when compared to the alternative
alloy (statistically significant before the ceramic firing cycle and statistically insignificant af-
ter the ceramic firing cycle); 3- None of the systems assessed presented any significant
change in marginal gap after the ceramic firing cycle; 4-Horizontal measurement taking made
it possible to positively establish that all the systems assessed displayed dimensional changes
after the ceramic firing cycle.
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................
13
1
REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................
16
1.1
Coroas metalocerâmicas.................................................................................
16
1.1.1 Considerações gerais......................................................................................... 16
1.1.2 Aspectos gerais sobre adaptação marginal
........................................................ 20
1.1.3 Adaptação marginal e sua relação com os tipos de términos
............................ 25
1.1.4 Adaptação marginal e sua relação com os tipos de ligas................................... 28
1.1.5 Adaptação marginal e sua relação com o ciclo de cocção da porcelana........... 31
1.2
Coroas em óxido de alumina..........................................................................
39
1.2.1 Considerações Gerais........................................................................................ 39
1.2.2 Adaptação marginal.......................................................................................... 40
1.3
Coroas em óxido de zircônia..........................................................................
44
1.3.1 Considerações gerais......................................................................................... 44
1.3.2 Adaptação marginal........................................................................................... 47
2
MATERIAIS E MÉTODOS .........................................................................
50
2.1
Materiais.........................................................................................................
50
2.2
Métodos............................................................................................................
51
3
RESULTADOS...............................................................................................
64
3.1
Gap marginal dos sistemas cerâmicos antes e após a aplicação da cerâmi-
ca............................................................................................................
64
3.2
Alterações dimensionais dos sistemas cerâmicos antes e após a aplicação
da cerâmica......................................................................................................
68
4
DISCUSSÃO...................................................................................................
71
5
CONCLUSÃO................................................................................................
79
REFERÊNCIAS.............................................................................................
ANEXO - Tabelas realizadas e fornecidas pela Pontifícia Universidade Cató-
lica do Rio de Janeiro referentes aos resultados obtidos das medições dos co-
pings........................................................................................................
80
88
13
INTRODUÇÃO
O conceito de estética, tão fortemente cultuado nas últimas décadas pela sociedade,
tem se refletido na Odontologia através da exigência dos pacientes em tratamentos restaurado-
res compatíveis com a aparência dos dentes naturais. Esse fato, aliado ao desejo dos profissio-
nais em buscar melhores soluções restauradoras, tem motivado o aperfeiçoamento tecnológico
e biomecânico dos materiais dentários.
A metalocerâmica é ainda, o sistema de prótese mais utilizado nas modalidades de rea-
bilitação oral principalmente porque consegue combinar a estética natural da porcelana com a
resistência, durabilidade e vedamento marginal da estrutura metálica.
Sua versatilidade faz com que essa técnica possa ser indicada em elementos unitários
anteriores e posteriores, em próteses fixas pequenas e extensas, em combinações de prótese
fixas e removíveis e também em prótese sobre implantes.
As ligas preciosas comumente utilizadas para esse tipo de trabalho contêm alta porcen-
tagem de ouro, platina e paládio. Nessas ligas, são adicionadas pequenas quantidades de me-
tais não-preciosos, responsáveis pela formação de uma camada fina de óxidos, útil para a uni-
ão interface metal-porcelana, além de aumentar a dureza da liga.
Com o alto custo do ouro no final da década de 70, ocorreu o desenvolvimento de li-
gas que continham pouco ouro ou não o possuíam. No entanto, existiram problemas inerentes
a essas ligas alternativas que apresentaram desvantagens tais como, formação excessiva de
óxidos, dificuldade no acabamento e polimento e compatibilidade biológica questionável.
Além disso, o berílio, adicionado a algumas ligas alternativas para controlar a forma-
ção de óxidos, é carcinogênico, podendo apresentar riscos aos profissionais de laboratório en-
volvidos na elaboração desses trabalhos.
Existe também uma porcentagem da população que apresenta hipersensibilidade a li-
gas, tanto nobres quanto não-nobres utilizadas nas restaurações metalocerâmicas, como o pa-
ládio e o níquel, o que inviabiliza o uso desse sistema nessas pessoas.
Associados a essa situação, as subestruturas metálicas tendem a ser problemáticas em
termos de uma estética ideal. A cor do metal precisa ser bloqueada, mascarada e isto é difícil
nas áreas de pouca espessura de porcelana. Além disso, a translucidez da restauração é forte-
mente reduzida.
14
Para contornar esses problemas foram desenvolvidos, nos últimos anos, materiais cerâ-
micos que funcionam como o coping de metal nas metalocerâmicas, oferecendo biocompati-
bilidade, resistência e estética.
A partir do final da década de 80, surgiram muitos sistemas de cerâmica pura produzi-
dos por diversos fabricantes, variando em sua composição e método de confecção.
Um desses sistemas é o Procera, que foi desenvolvido por Andersson e Odén (1993)
através de um esforço cooperativo entre a NobelBiocare Ab, Goteborg, e SandvikHardMateri-
als AB, Stockholm, Suécia. O sistema Procera é baseado na tecnologia CAD/CAM
(Computer-Assisted Design – ComputerAssisted-Manufacture).
Desenvolvido também através do sistema CAD/CAM, a cerâmica de óxido de zircônia
é o mais recente e promissor material disponível no mercado. A Zircônia é um material com
excelente biocompatibilidade, que apresenta uma série de vantagens: baixa condutibilidade
térmica e menor colonização bacteriana em relação a outras cerâmicas (RAIGRODSKI, 2003;
RIOMONDINI ET AL., 2002). É uma estrutura cristalina tetragonal parcialmente estabilizada
pelo óxido de ítrio e tem a capacidade de quando submetida a forças se transformar numa fase
monoclínica, aumentando de volume, evitando a propagação de trincas, além de possuir alta
resistência flexural (> 1000Mpa) (CHRISTELL ET AL., 1988; SADAN; BLATZ; LANG,
2005).
Adaptação marginal é um dos critérios importantes usados na avaliação clinica de u-
ma restauração protética, independente do material utilizado. A presença de uma discrepância
marginal em restaurações expõe o agente cimentante ao meio bucal.
Quanto maior a discrepância marginal e subseqüente exposição do agente cimentante
aos fluidos orais, mais rápido é a taxa de dissolução do cimento. A microinfiltração resultante
permite a percolação de alimento, resíduos orais, e outras substâncias que são potencialmente
irritantes à vitalidade pulpar. A longevidade do dente pode ser comprometida, não somente
por cárie, mas também por doença periodontal (FELTON et al., 1991; ROSENSTIEL;
LAND; FUJIMOTO, 2002).
Os desajustes na adaptação marginal de coroas metalocerâmicas têm sido um fator
constantemente observado na rotina clínica, principalmente durante sua fase laboratorial, ou
seja, durante o ciclo térmico da porcelana.
A etiologia da distorção da estrutura metálica durante a fase de cocção da porcelana
tem sido foco de extensos estudos, e alguns fatores identificados, tais como: diferente contra-
ção térmica na união metal-porcelana, tipo de liga e tipo de acabamento de margem.
15
Entretanto, poucos estudos foram encontrados examinando o efeito da aplicação da
cerâmica na discrepância marginal das coroas totalmente cerâmicas.
O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise comparativa entre o gap marginal e a
alteração dimensional de quatro sistemas cerâmicos distintos: metalocerâmica com a utiliza-
ção de uma liga alternativa à base de níquel, cromo, molibdênio e titânio (TiliteStar, Talladi-
um EUA), coroa cerâmica de óxido de alumina (Procera AllCeram, NobelBiocare Suécia) e
coroa cerâmica de óxido de zircônia (Procera AllZircon, NobelBiocare Suécia) antes e após a
aplicação da cerâmica, tendo como grupo controle coroa em metalocerâmica com utilização
de uma liga preciosa (Degudent U, Dentsply EUA).
16
1 REVISÃO DA LITERATURA
1.1 Coroas em Metalocerâmica
1.1.1 Considerações Gerais
Dehoff et al. (1994) tiveram como propósito medir o comportamento da diminuição de
tensão de três tipos de opaco e três tipos de porcelana de recobrimento quando submetidas a
elevadas temperaturas. Foram confeccionados, para cada tipo de porcelana, seis espécimes de
11 mm de diâmetro e 22 de comprimento. Os espécimes foram testados sob compressão, em
um forno aquecido acoplado a uma máquina de testes, em cinco temperaturas diferentes com
variação de + 1ºC. Foi verificado que a diminuição de tensão é muito mais rápida nas tempe-
raturas mais altas, como indicado pela redução do tempo com o aumento da temperatura. Das
porcelanas avaliadas, estatisticamente, apenas três tipos (dois opacos e uma de recobrimento)
demonstraram sofrer influência da temperatura, o que levou os autores a concluir que são ne-
cessários mais estudos sobre as propriedades de diminuição de tensões das porcelanas, para
poder identificar a melhor combinação entre os tipos de metal e porcelana, que resultará em
redução potencial de insucessos.
Chai e Stein (1995) fizeram uma pesquisa com o objetivo de determinar quando o titâ-
nio pode ser usado para reproduzir restaurações de múltiplos elementos. Para viabilizar o es-
tudo construíram um modelo metálico simulando dois preparos de coroa total e um pôntico.
Setenta infra-estruturas de titânio foram feitas e avaliadas segundo as seguintes variáveis:
densidade da infra-estrutura, isto é, porosidade, por meio de inspeção radiográfica de quatro
tipos diferentes de sprues; precisão da adaptação marginal sob diferentes temperaturas de coc-
ção, medida por um microscópio preso a uma plataforma que permite a movimentação nos
sentidos horizontal e vertical. O grupo controle consistiu de dez infra-estruturas em liga de
ouro-paládio. Os resultados revelaram que a porosidade foi menor quando foram utilizados
sprues individuais. Foi notado também que temperaturas de cocção de porcelana mais baixas,
como de 910ºC e 920ºC exibiram menores gaps marginais do que a temperatura de 930ºC.
Por fim, concluíram que próteses parciais fixas de três elementos podem ser feitas em titânio
sob condições controladas. Os autores ainda sugeriram que as estruturas em titânio sejam ana-
lisadas radiograficamente, para verificar presença de porosidades, antes do uso clínico. A alta
qualidade do revestimento e a programação apropriada da temperatura parecem ser os fatores
mais críticos para se obter um bom resultado na confecção de copings em titânio.
17
Rake et al. (1995) compararam as forças de união entre três tipos de ligas metalocerâ-
micas (Au-Pt-Pd, Au-Pd livre de Ag e Ni-Cr) e uma porcelana para coroas metalocerâmicas,
quando duas técnicas diferentes para aplicação de opaco foram utilizadas: uma na qual apenas
uma camada de opaco é aplicada e outra em que uma fina camada é cocçãoda, seguida por
uma segunda camada de opaco. Além disso, o opaco foi aplicado na superfície dos espécimes
das ligas de Au-Pd livre de Ag, sendo uma oxidada e a outra não oxidada. Todas as ligas fo-
ram preparadas de acordo com a recomendação do fabricante, antes da aplicação do opaco. A
deformação sofrida por cada espécime e a eventual falha da porcelana, foi registrada numa
curva de tensões e, a partir da análise desta, foi concluído que: não houve diferenças estatisti-
camente consideráveis entre as duas técnicas de aplicação de opaco, para as ligas de Au-Pt-Pd
e Ni-Cr; as duas técnicas de aplicação de opaco mostraram resultados melhores sobre a liga de
ouro-paládio livre de prata oxidada, quando comparada à não oxidada; quando a camada de
oxidação foi removida da liga de Au-Pd livre de Ag, a técnica em que se aplicavam duas ca-
madas de opaco foi a que apresentou melhor resultado, comparada a técnica de uma camada;
quando as relações de força de união foram comparadas dentro de cada técnica de aplicação
de opaco, a liga de Au-Pt-Pd obteve melhor resultado, seguida da liga de Au-Pd livre de Ag
com camada oxidada, depois a liga de Au-Pd livre de Ag sem camada oxidada e por último a
liga de Ni-Cr, em ambas as técnicas.
Wang e Fenton (1996) realizaram uma revisão de literatura relacionada ao uso de titâ-
nio em prótese, onde estudaram as propriedades do titânio, tais como: corrosão intra-oral, téc-
nicas para confecção de infra-estrutura em titânio (fundição e fresagem), precisão de adapta-
ção, o uso do material para confecção de armações metálicas para próteses parciais removí-
veis, adesão à porcelana, soldagem e resultados clínicos. Os resultados mostraram que o titâ-
nio é um material biocompatível e econômico; a aplicação de titânio em próteses parciais re-
movíveis ainda está em estágio de desenvolvimento; no que concerne a confecção de copings
por meio de fundição, adesão à porcelana e soldagem, alguns artigos relataram que problemas
associados a estes itens ainda precisam ser resolvidos. Os autores concluíram que o uso de
titânio em prótese ainda é baixo devido à falta de estudos longitudinais sobre o seu sucesso
clínico e são necessários mais pesquisas e experimentos clínicos comparando o titânio aos
materiais existentes.
Chai et al. (1997) em um estudo longitudinal, verificaram se haveria diferenças entre a
superfície e cor, forma anatômica e integridade marginal de coroas e próteses parciais fixas
em metalocerâmica confeccionadas em Procera AllTitan (NobelBiocare), após um mês de
instalação e reavaliadas após um ano. Outros fatores estudados foram a resposta dos tecidos
18
moles ao redor das restaurações e o nível de inserção gengival. Foram selecionados 114 paci-
entes (48 homens e 66 mulheres) das seis principais universidades dos Estados Unidos, com
idade entre 18 e 85 anos, que receberam 126 restaurações (55 na maxila e 71 na mandíbula).
Do total de 179 dentes, 73 foram coroas unitárias e 53 foram próteses parciais fixas de três
elementos. As restaurações foram analisadas após a cimentação. Não houve diferenças estatis-
ticamente significativas nos dados para superfície e cor (p = 0,68), forma anatômica (p > 0,99)
e integridade marginal (p = 0,57) das unidades em Procera, entre os períodos de um mês e um
ao. Apenas quatro restaurações (3,4%) no período de um mês e cinco (4,5%), no período de
um ano não foram aceitáveis, seguindo os critérios avaliados. No período de um mês, 114 tra-
balhos em Procera (96,6%) foram considerados satisfatórios, enquanto após um ano este nú-
mero foi para 107 restaurações (95,5%).
Berg (1997) teve como objetivo avaliar a opinião dos dentistas à respeito do comporta-
mento clínico e de alguns outros aspectos associados ao uso da restauração à base de titânio,
através de um questionário. Para a pesquisa, foram selecionados setenta e dois profissionais
cadastrados no único laboratório da Noruega que produz o tipo de restauração em questão e
que tenham requisitado trabalhos em titânio desde 1988. Apenas sessenta e quatro questioná-
rios foram respondidos completamente. Através de análise estatística, o autor chegou à con-
clusão de que as restaurações com infra-estrutura em titânio representaram uma alternativa
útil às restaurações feitas com as ligas convencionais devido ao seu comportamento clínico
satisfatório; O autor relatou também que a vantagem principal do titânio é o seu custo mais
baixo comparado às restaurações metalocerâmicas em ligas nobres, porém pode haver alguns
problemas relacionados aos aspectos técnicos e estéticos, como por exemplo, fratura da porce-
lana.
Walter et al. (1999) realizaram um estudo randomizado, com o propósito de comparar
a performance clínica à longo prazo de restaurações parciais fixas em metalocerâmica com
infra-estruturas em titânio e em ligas com alto teor de ouro. No período de um ano, quarenta e
sete pacientes receberam vinte e duas próteses em titânio e vinte e cinco em liga áurica (grupo
controle), sendo uma prótese parcial fixa por paciente. As infra-estruturas de titânio foram
fabricadas através do sistema Procera. A cerâmica de recobrimento utilizada para os copings
em titânio foi Ducerantin (Ducera, Alemanha), enquanto para os copings à base de ouro, a
liga utilizada foi a Degudent U (Degussa, Alemanha) e a porcelana de cobertura foi Vita
VMK 68 (Vita, Alemanha). Uma vez cimentadas, as restaurações foram avaliadas após duas
semanas, um, dois e três anos. Apenas uma prótese parcial fixa teve que ser removida devido
ao insucesso (grupo do titânio). Dos quarenta e sete pacientes, somente dezenove (40%) fo-
19
ram acompanhados por sessenta e um meses ou mais. Não houve falha no grupo controle. Es-
tatisticamente, não houve diferença entre os grupos para as coroas, porém houve diferença
significativa quando comparados os pônticos (p = 0,015). Concluíram que a cerâmica aplicada
sobre infra-estrutura de titânio deve ser limitada a somente uma coroa, devido ao maior risco
de fratura da porcelana apoiada sobre infra-estrutura de titânio na região de pôntico, pelo me-
nos no que se refere aos materiais aplicados neste estudo.
Walton (1999) relatou, em um estudo longitudinal, relatar as características clínicas e
os resultados de 688 coroas metalocerâmicas unitárias cimentadas em 239 pacientes por um
especialista em prótese dentária no período de Janeiro de 1984 até Dezembro de 1992. As téc-
nicas clínicas e laboratoriais foram padronizadas, isto é: término em chanfro ou lâmina de fa-
ca, exceto na face vestibular, em que o término variava de acordo com a necessidade estética;
confecção de sulcos e caixas no intuito de aumentar a resistência da restauração. Todos os tra-
balhos foram realizados em liga preciosa, pelo mesmo laboratório. Os pacientes foram reava-
liados pelo autor no período de Junho a Dezembro de 1993. A revisão clínica cobriu 87% das
coroas, sendo que 52% delas estão em função por 5 a 10 anos, enquanto 48%, estão a menos
de 5 anos; do total de coroas, 67% foram cimentadas sobre dentes vitais e 94% tiveram um
bom prognóstico durante a reavaliação. A taxa de reparos e insucessos nas restaurações com 5
à 10 anos foi de apenas 3%. Neste mesmo grupo, esta taxa foi maior nos dentes não-vitais
(5%) do que nos vitais (1%) e dentes anteriores foram mais submetidos à retratamento do que
os posteriores. O retratamento para as 25 coroas ocorreu dentro de 66 meses após cimentação.
A fratura dental foi responsável por 56% dos retratamentos, enquanto lesões de cárie e perda
de retenção foram por 24%. Apenas 2% dos dentes vitais sofreram tratamento endodôntico
antes do período de reavaliação. O autor concluiu que coroas unitárias metalocerâmicas pos-
suem expectativa de sucesso clínico por mais de 10 anos, se for seguido o protocolo por ele
aplicado.
Reitemeier et al. (2006), avaliaram o comportamento clínico de coroas metalocerâmi-
cas cimentadas por dez profissionais. Noventa e cinco pacientes receberam duas coroas totais
cada, totalizando 190 restaurações, com término em chanfro. O laboratório de prótese e a liga
a ser utilizada foram selecionados randomizadamente. Quatro ligas nobres foram usadas: De-
gudent H, Biocclus 4, Deva 4 e Degupal G (todas Degudent). Foi utilizada para recobrimento,
porcelana feldspática (Duceram, Degudent). As reavaliações dos trabalhos foram realizadas
duas semanas depois e anualmente. Após sete anos, as taxas de sucesso foram: 95,5%, em re-
lação a qualquer tipo de remoção; 99,5%, quando avaliada remoção por motivo de falha na
cerâmica de recobrimento; 92,4%, em relação a qualquer outro tipo de complicação na coroa
20
metalocerâmica. Os resultados reforçaram as afirmações prévias de que coroas metalocerâmi-
cas apresentam um bom desempenho clínica.
1.1.2 Aspectos gerais sobre adaptação marginal
Christensen (1966) em um estudo clínico, relatou que o limite máximo de uma discre-
pância marginal de uma restauração bem adaptada clinicamente oscilou entre 2-51 µm para
os términos supra-gengivais e 34-119 µm para os subgengivais.
American Dental Association (1971) especificação número oito, declara que a espes-
sura da película do cimento para uma coroa não deve ser mais que 25 µm quando for usado
um agente cimentante tipo I, ou 40 µm com um agente cimentante tipo II.
McLean e Von Fraunhofer (1971) em um acompanhamento clínico de 5 anos, exami-
naram mais de 1000 restaurações,e concluíram que a abertura marginal de 120 µm pode ser
considerada como o máximo de abertura aceito clinicamente.
Valderhaug e Birkeland (1976) em um estudo clínico correlacionaram a discrepância
da adaptação marginal de restaurações com aumento da retenção de placa e redução da saúde
gengival, indicado pelo elevado índice de placa, um alto índice gengival, e aumento da pro-
fundidade da bolsa.
Holmes et al. (1989) relataram que na literatura especializada, existe uma grande vari-
edade de terminologias e definições de adaptação de uma restauração sobre o elemento dentá-
rio. Portanto, sugeriram em seu estudo, terminologias padronizadas para descrever a desadap-
tação marginal e as técnicas utilizadas para a realização das medidas. Segundo os autores, em-
bora a adaptação seja mais facilmente definida nos termos de desadaptação, há muitas posi-
ções diferentes entre um dente e uma restauração onde as medidas podem ser feitas, tais como
pontos ao longo da superfície interna, na margem, ou na superfície externa do coping. A partir
daí a nomenclatura sugerida foi definida como gap interno (superfície interna do coping até a
parede axial do dente), gap marginal (mesma que a anterior, porém na margem), discrepância
marginal vertical (desadaptação vertical marginal paralela ao trajeto de tração do coping), dis-
crepância marginal horizontal (desadaptação horizontal marginal perpendicular ao trajeto de
tração do coping), sobrecontorno marginal (distância perpendicular da abertura marginal até a
margem do coping), subcontorno marginal (distância perpendicular da abertura marginal até o
ângulo cavo-superficial do dente), discrepância marginal absoluta (combinação angular da
abertura marginal até o sobrecontorno ou subcontorno; caso eles não existam, torna-se igual à
abertura marginal) e discrepância de assentamento (distância perpendicular ao trajeto de tra-
21
ção do coping, medida através de pontos arbitrários na superfície externa do coping e do den-
te, afastado da margem). Para os autores, a melhor terminologia é a discrepância marginal ab-
soluta, uma vez que esta será sempre a maior medida de erro marginal, refletindo toda a desa-
daptação naquele ponto.
Andersson et al. (1989) descreveram uma nova técnica para a fabricação de coroas de
titânio e relataram, num estudo longitudinal de um ano, o comportamento dessas coroas. A
técnica consiste em produzir infra-estrutura em titânio puro através de fresagem e cobri-lo
com resina composta (Isosit em 90% e Dentacolor em 10%). Em 1986, 205 coroas unitárias
foram confeccionadas para 149 pacientes. Os preparos foram realizados seguindo os mesmos
princípios de um preparo para metalocerâmica. As coroas foram avaliadas de acordo com os
seguintes critérios: superfície e cor, forma anatômica, integridade marginal, índice de sangra-
mento e índice de inserção gengival. Um ano depois, 192 coroas foram analisadas em 137 pa-
cientes. Cinco coroas tiveram que ser substituídas devido a fratura da resina (Isosit). Os resul-
tados obtidos foram: superfície e cor, 181 excelente ou satisfatória (96,8%); forma anatômica,
185 excelente ou satisfatória (98,9%); integridade marginal, 186 excelente ou satisfatória
(99,5%); o índice de sangramento foi similar ao dos dentes do grupo controle; para o índice de
inserção gengival, as observações são de acordo com o número das margens da coroa avalia-
das como o grau dois. Os resultados mostraram-se satisfatórios para os autores, porém, con-
cluíram que um ano de observação é pouco tempo para ter uma avaliação mais apurada do
comportamento desse tipo de trabalho.
Bergman et al. (1990) deram continuidade ao estudo anterior e publicaram um acom-
panhamento de 2 anos do comportamento das coroas. A metodologia utilizada foi a mesma
descrita no trabalho anterior. Desta vez, 177 coroas foram reavaliadas em 124 pacientes. De-
vido a fratura do recobrimento de coroas revestidas com Isosit, cinco coroas tiveram que ser
substituídas (totalizando 10 desde o início do estudo), indicando que este material é incompa-
tível com o titânio. Porém, as coroas recobertas com Dentacolor apresentaram resultados sa-
tisfatórios. As modificações na superfície e cor e na forma anatômica indicaram que o Isosit é
menos apropriado para aplicação do que o Dentacolor. A adaptação marginal das coroas após
dois anos permaneceu satisfatória. Pequenas mudanças foram notadas no índice de sangra-
mento e no índice de inserção gengival neste período.
Sorensen (1990), após revisar e comparar os métodos para medir adaptação marginal,
relatou, em seu estudo, um método padronizado para determinar a adaptação marginal das co-
roas metalocerâmicas. Foram confeccionadas dez coroas sobre troquéis simulando um preparo
de um incisivo central superior com término em ombro reto de 90º, com 1,5 mm de redução
22
axial e 2 mm de incisal. As coroas foram cimentadas sobre os troquéis e seccionadas nos sen-
tidos mésio-distal e vestíbulo-lingual para determinar discrepâncias marginais verticais e hori-
zontais. As medidas foram obtidas através de análise fotográfica, por três observadores. Para
os sete sistemas de coroas analisados, a variação de precisão, entre os observadores, da discre-
pância marginal horizontal foi de 10 µm e da vertical foi de 9 µm. O autor concluiu que este
método serve para comparar vários sistemas em outras pesquisas.
Felton et al. (1991) realizaram um trabalho randomizado com o objetivo de determinar
se a relação entre a adaptação marginal do coping e a saúde dos tecidos periodontais poderia
ser demonstrada quantitativamente. Foram selecionadas quarenta e duas restaurações em vinte
e nove pacientes entre 39 e 71 anos de idade que obedecessem aos seguintes critérios: possuí-
rem coroas ou próteses parciais fixas confeccionadas na Universidade da Carolina do Norte,
que estivessem em função por no mínimo quatro anos e com término em chanfro subgengival.
Foram registrados índices periodontais, volume de fluido intra-sulcular e profundidade de bol-
sa periodontal para todos os elementos do estudo. Os elementos avaliados foram fotografados
por um microscópio eletrônico de varredura para medir as discrepâncias marginais na interfa-
ce dente/restauração. Os resultados mostraram que não houve correlação significativa entre a
discrepância marginal (0,16 + 0,13mm) e profundidade de bolsa periodontal (2,4 + 0,9mm).
Entretanto, houve forte correlação (p < 0,001) entre discrepância marginal e índice gengival
(2 + 0,8) e entre discrepância marginal e volume de fluido intra-sulcular (49,9 + 31,1). Foi
concluído que um aumento na discrepância marginal entre o coping e o preparo acarreta num
aumento da inflamação gengival medida pelo índice periodontal e o volume de fluido intra-
sulcular.
Jacobs e Windeler (1991) investigaram o grau de solubilidade do cimento de fosfato
de zinco e sua relação com a adaptação marginal. O estudo foi dividido em duas fases. Na pri-
meira, foi avaliada a solubilidade do cimento de fosfato de zinco num ambiente estático, en-
quanto na segunda, em um ambiente dinâmico. Os espécimes do estudo eram constituídos de
dois discos de quartzo com o cimento interposto. Foram construídos trinta e dois espécimes,
divididos em quatro grupos de oito, sendo cada um com uma abertura marginal diferente (25
µm, 50 µm, 75 µm e 150 µm), para a primeira fase. Na segunda fase, cada grupo possuía cin-
co espécimes. As medidas foram realizadas, a partir de fotografias, através de um sistema de
análise digital. Na primeira fase, a solubilidade do cimento não foi estatisticamente diferente
quando analisados os grupos com desadaptação marginal de 25 µm, 50 µm e 75 µm. Já o gru-
po com gap de 150 µm, mostrou um pequeno, porém significante, aumento de solubilidade do
cimento. Na segunda fase, os grupos de 25 µm, 50 µm e 75 µm não apresentaram diferença
23
estatisticamente significante no grau de solubilidade do cimento. Contudo, o grupo de 150 µm
apresentou aumento significativo do grau de solubilidade. Os resultados das duas etapas não
puderam ser comparados porque foram usadas diferentes metodologias para cada fase.
Sutherland, Ritsco e Budd (1998), pesquisaram com o propósito de determinar a média
da discrepância de adaptação marginal de restaurações metalocerâmicas fabricadas com cilin-
dros de ouro CeraOne e cimentadas sobre os abutments dos implantes. A metodologia utiliza-
da consistiu em encaixar quinze cilindros de ouro CeraOne (NobelBiocare) e abutments com
1mm de colar conectados aos implantes em blocos de resina acrílica. A partir daí, foram feitas
mensurações das discrepâncias marginais nos cilindros de ouro, nos cilindros de ouro revesti-
dos por porcelana, nas coroas metalocerâmicas antes e após a cimentação. Os dados foram
obtidos utilizando um estereomicroscópio equipado com uma vídeo câmera ligada ao compu-
tador. A análise comparativa entre os grupos foi feita pelo Hotelling’s T² test (p < 0,05). As
médias de discrepâncias marginais foram: cilindros de ouro, 7,56 + 2,73µm; nos cilindros de
ouro revestidos por porcelana, 6,21 + 1,34 µm; coroas metalocerâmicas 11,06 + 3,21 µm; co-
roas metalocerâmicas cimentadas com fosfato de zinco, 31,47 + 6,65µm. Os autores concluí-
ram que: a média de desadaptação das margens das coroas cimentadas foi consideravelmente
maior do que as exibidas pelos demais grupos (p < 0,01); coroas metalocerâmicas CeraOne
fabricadas com cilindros de ouro exibiram uma média de 11,06 µm antes de serem cimentadas
e de 31,47 µm após cimentação; comparadas às coroas CeraOne fabricadas com copings cerâ-
micos, as coroas CeraOne fabricadas com cilindros de ouro podem resultar em uma menor
discrepância marginal média.
Groten et al. (2000) realizaram um estudo in vitro para determinar empiricamente o
número mínimo de medidas de gaps nas margens de uma coroa unitária para produzir resulta-
dos relevantes clinicamente. Foram confeccionadas dez coroas cerâmicas sobre um troquel
mestre, preparado simulando um incisivo central superior. As coroas foram assentadas sobre o
troquel sem cimentação e suas margens foram analisadas por um microscópio eletrônico de
varredura. As medidas foram realizadas em distâncias de 100µm de acordo com três defini-
ções diferentes de gap marginal: a primeira iniciava-se na margem externa da coroa até a me-
nor distância perpendicular do preparo; a segunda, na margem externa da coroa até a margem
mais externa do preparo; a terceira, do ponto na margem externa da coroa em que se encontra
o defeito na superfície da cerâmica de recobrimento até a margem mais externa do preparo. O
número inicial de medidas por coroa (n = 230) foi reduzido através de aproximações randomi-
zadas e sistemáticas para determinar o impacto na qualidade dos resultados. Nos dados que se
referiam a primeira definição de gap, a redução de 230 para 50 medições causou uma varia-
24
ção de menos de +5 µm na média. Os autores concluíram que aproximadamente 50 medições
nas margens da coroa produzem informações clinicamente relevantes e estimativas consisten-
tes para o tamanho do gap; o impacto total no erro de medida estava em uma escala de +8
µm; o limite de 50 não dependia do tamanho do gap marginal e foi independente de as coroas
serem cimentadas ou não; o número de 50 medições por coroa, realizadas de forma randomi-
zada, utilizou metade do tempo necessário para medir os 200 locais por coroa.
Mejia e Tobon (2000) avaliaram se uma técnica de pós-soldagem afeta o ajuste margi-
nal de uma prótese parcial fixa de três elementos. Foram confeccionadas, sobre uma base, du-
as estruturas simulando preparos com término em ombro de 45º e com 1 mm de largura. So-
bre os mesmos foram construídos dois copings em cera e, entre ambos, colocada uma barra
plástica de 3 mm de diâmetro e 12 mm de comprimento. A barra foi seccionada, originando
um espaço de 0,5 mm para posterior soldagem. A estrutura foi fundida em liga à base de alto
teor de paládio e passou por um tratamento térmico para simular a aplicação de porcelana. Os
copings foram levados novamente ao modelo dos preparos e unidos com resina. Mediu-se a
adaptação marginal em todas as faces. Após a soldagem, repetiu-se o processo de medição. A
média de desadaptação marginal dos dois copings antes da soldagem foi de 45,9 µm e depois
deste procedimento foi de 48,3 µm, o que está abaixo do padrão estabelecido pala ADA (50
µm). Além disso, concluíram que a diferença de adaptação marginal de uma restauração feita
a partir da técnica de soldagem preconizada neste estudo, com utilização de liga nobre, não
possuiu significância estatística.
Rosenstiel, Land e Fujimoto (2002) afirmaram que a junção marginal entre a restaura-
ção cimentada e o dente é sempre um local potencial para cáries recorrentes por causa da dis-
solução do agente cimentante e da rugosidade inerente. Quanto mais precisamente a restaura-
ção estiver adaptada ao dente, menor será a chance de cáries recorrentes ou doenças periodon-
tais.
Limkangwalmongkol, Chiche e Blatz (2007) compararam a precisão da adaptação
marginal de coroas metalocerâmicas entre dois tipos de junção de término diferentes: na vesti-
bular, término em porcelana e na lingual, término em metal, em lâmina de faca. Para tal, trinta
e dois pré-molares humanos extraídos foram preparados, por um único profissional, com re-
dução oclusal de 2,0 mm, redução axial de 1,2-1,5 mm, convergência das paredes axiais de 6º
e ângulos arredondados. Todos os dentes receberam aplicação de cerâmica, sendo a margem
vestibular em porcelana apenas e a lingual, em colar metálico, o qual serviria como grupo
controle. Os copings foram fundidos em liga semipreciosa (Au 2%, Pd 77%, outros elementos
21% - Stability). Foram utilizados dois tipos de cerâmica diferentes: uma para a margem ves-
25
tibular (Shofu, Kyoto, Japão) e outra para recobrimento (Vita VMK 95, Alemanha). A aplica-
ção de porcelana dos trabalhos foi realizada por um técnico somente, que seguiu as recomen-
dações do fabricante. A adaptação marginal foi medida, com um perfilômetro, três vezes para
cada ponto nas faces vestibular e lingual e obteve-se uma média. O tamanho médio do gap
das margens cerâmicas foi de 27,93 + 15,84 µm, já o do colar metálico foi de 42,43 + 24,12
µm. A diferença foi estatisticamente significante (p = 0,045), podendo-se concluir que a preci-
são das coroas metalocêramicas é consideravelmente melhor com a margem em porcelana do
que em metal, considerando-se as os tipos de porcelana e liga investigadas.
1.1.3 Adaptação marginal e sua relação com os tipos de términos
Belser, MacEntee e Richter (1985) compararam, in vivo, a adaptação marginal de três
términos de coroas metalocerâmicas. Foram selecionados vinte e sete pacientes para o estudo,
totalizando trinta e seis coroa metalocerâmicas. Os dentes foram preparados por dois protesis-
tas experientes e os tipos de término foram escolhidos randomizadamente, sendo o grupo A
em ombro biselado com a borda da coroa em metal (0,5 mm de espessura), o grupo B em om-
bro com borda metálica (0,2 mm de espessura) e o grupo C em ombro cerâmico. Na superfície
lingual de todas as coroas o término foi em chanfro. Os copings foram confeccionados em
liga preciosa (Jelenko “O”). As coroas foram moldadas antes e após cimentação e os troquéis,
em resina epóxi, foram examinados por um microscópio eletrônico de varredura, para avaliar
a adaptação marginal. Não houve diferença estatística entre os três grupos em um nível de 95-
% de segurança. As margens do grupo A antes e após cimentação (18 µm e 30 µm, respecti-
vamente) ficaram mais adaptadas do que as do grupo C (33 µm e 46 µm, respectivamente).
Após cimentação, a adaptação dos grupos B e C foi similar (45 µm e 46 µm, respectivamen-
te). Os autores concluíram que, clinicamente, é possível produzir margens em cerâmica com
desadaptação menor do que 50 µm em coroas metalocerâmicas.
Weaver, Johnson e Bales (1991) avaliaram os efeitos variáveis da cimentação na adap-
tação marginal de coroas metalocerâmicas e de coroas cerâmicas fundidas Dicor e Cerestore.
O preparo em ombro foi utilizado para coroas cerâmicas, e um biselcavo-superficial foi prepa-
rado para coroas metalocerâmicas. Dez coroas de cada material foram feitas seguindo o mes-
mo padrão de tamanho a partir de um modelo mestre e a adaptação marginal foi observada
através de um microscópio mensurador. Trinta coroas foram cimentadas com cimento de fos-
fato de zinco e utilizadas uma força estática e digital recomendada para prevenir fraturas du-
rante a cimentação. Os autores concluíram que a adaptação marginal não melhorou com o pre-
26
paro em bisel, nem com aumento da força de assentamento. A melhor adaptação foi registrada
nas coroas Cerestore.
Mitchell, Pintado e Douglas (2001) compararam, em um estudo in vitro não destruti-
vo, a adaptação marginal de quatro tipos de coroa total utilizando um perfilômetro. Quarenta e
oito pré-molares humanos foram divididos randomizadamente em quatro grupos e receberam
preparos para coroa total. São eles: grupo BA - liga de união (bonding alloy) com término em
chanfro; grupo G - liga de ouro com término em chanfro; PC - porcelana com chanfro; PS -
porcelana com término em ombro. Todos os preparos tiveram convergência axial de 5º e linha
de término posicionada na junção amelocementária. As coroas foram assentadas, porém não
cimentadas. A discrepância marginal absoluta (vertical e horizontal) da borda do término do
preparo até a borda da coroas foram medidas, na face mesial e distal dos pré-molares. A análi-
se estatística dos resultados revelou que houve diferenças significantes entre os tipos de coroa
para todos os parâmetros analisados, exceto no referente à discrepância vertical da borda da
coroa. Para a distância vertical da borda da coroa, a ordem das discrepâncias marginais do
maior para o menor foi: PS, BA, G e PC (p < 0,05). Já para os demais parâmetros, a ordem foi
a seguinte: grupo PC, G, BA e PS. O efeito da morfologia da superfície do elemento dentário
(mesial e distal) não foi significativo, exceto pela discrepância vertical da borda da coroa (p <
0,05). Os autores concluíram que o perfilômetro é um método não destrutivo e apurado para
avaliar a discrepância marginal absoluta de diferentes tipos de coroas e que a adaptação mar-
ginal varia continuamente na circunferência de cada coroa, fazendo com que, muitas vezes a
checagem da adaptação de uma coroa clinicamente se torne um processo árduo e subjetivo.
Buso, Neisser e Bottino (2004) avaliaram a adaptação marginal de copings eletrofor-
mados com dois tipos de término cervical. Dois modelos em aço inox padronizados foram
confeccionados, simulando um preparo de coroa total em um incisivo lateral superior, sendo
um com término em chanfro e outro em ombro arredondado. A partir destes modelos, foram
reproduzidos troquéis em gesso especial, sobre os quais foram construídos os copings eletro-
formados. As medidas de cada coping foram obtidas com um microscópio óptico. Os valores
médios encontrados para chanfro largo e ombro arredondado foram 29,77 µm e 26,77 µm,
respectivamente. Os autores concluíram que não houve diferença estatisticamente significati-
va entre os tipos de término durante a confecção pelo sistema de eletrodeposição.
Gassino et al. (2004) verificaram a adaptação marginal de coroas metalocerâmicas de
um estudo prévio e coroas feitas sob medida através de um novo método de verificação exter-
na de 360º. Quatorze coroas totais foram avaliadas, sendo oito feitas sob medida e seis do ou-
tro experimento. As oito coroas feitas sob medida foram confeccionadas por técnicos diferen-
27
tes, com materiais diferentes (três metalocerâmicas, duas veneers, uma em liga áureo-
galvânica e duas em cerâmica pura), formas diferentes (dois incisivos, três pré-molares e três
molares) e términos distintos (quatro em chanfro, dois em ombro de 90º e dois em ombro bi-
selado). Já as seis coroas do outro experimento (ombro de 135º), foram escolhidas, de forma
randomizada, sendo duas em liga nobre, duas eletroformadas e duas em liga composta
(composite alloy). A adaptação marginal das quatorze restaurações foi analisada microscopi-
camente por um dispositivo mecânico com um software acoplado para medir os gaps margi-
nais. Uma restauração feita sob medida e uma do experimento foram reavaliadas para deter-
minar o número mínimo de medidas de gaps requerido para produzir resultados significativos
para a análise da desadaptação. Os resultados mostraram que a precisão obtida com as coroas
do experimento (média de 10 a 46 µm) foi diferente da obtida com as feitas sob medida
(média de 35 a 98 µm); O número mínimo de medidas requerido para produzir um valor mé-
dio da amostra dentro de 5µm, calculado sobre 360 medidas, era 18 para as do experimento e
90 para coroas feitas sob medida. Diferenças na adaptação entre os dois tipos de espécimes
mostraram que os resultados das coroas do outro experimento nem sempre foram obtidos na
prática clínica. As medições das margens das coroas do outro experimento, em menos de 18
pontos, provocaram equívocos.
Shiratsuchi et al. (2006) avaliaram a influência de três tipos de término de preparos
para coroas totais na adaptação marginal de copings galvanizados e coroas metalocerâmicas.
Três troquéis em aço foram preparados, no formato de coroa total, simulando um incisivo
central superior (8 mm de altura, 7 mm de largura e 6º de convergência axial) com três dife-
rentes tipos de término: ombro, ombro arredondado e chanfro largo. Foram fabricadas para
cada grupo, oito coroas totais galvanizadas padronizadas. A espessura de todos os copings foi
de 200 µm. Sobre eles foi aplicada porcelana feldspática (VMK95; VITA Alemanha) com
auxílio de um guia padronizado, totalizando cinco ciclos de cocção. Um único examinador foi
responsável por realizar todas as medições antes e depois da aplicação de porcelana. As dis-
crepâncias marginais foram medidas em 60 pontos para cada espécime ao longo da margem,
nas quatro faces (vestibular, palatina, mesial e distal) com 15 pontos em cada uma, através de
um microscópio a laser, antes e após aplicação de cerâmica. Diferenças significantes foram
achadas na discrepância marginal entre os copings galvanizados e as coroas metalocerâmicas
em todos os grupos. A escala mais baixa da discrepância marginal média (p < 0,5) nas quatro
faces, antes e após a cocção, ocorreu no término em chanfro largo (17,64- 21,78 µm e 23,96-
25,72 µm, respectivamente). Já a escala mais alta foi observada no término em ombro (38,13-
49,89 µm e 73,87- 89,44 µm, respectivamente). Em todas as situações, a discrepância margi-
28
nal após o procedimento de cocção foi significativamente maior do que nos procedimentos
antes da cocção (p < 0,02). Os autores concluíram que a adaptação marginal de copings gal-
vanizados e restaurações metalocerâmicas foi significativamente afetada pela linha de término
(p < 0.001) e consideravelmente diminuída depois da aplicação de porcelana. Porém, os resul-
tados de discrepância obtidos para todos os espécimes estudados foram clinicamente aceitá-
veis.
1.1.4 Adaptação marginal e sua relação com os tipos de ligas
Byrne et al. (1986) avaliaram a precisão da adaptação do coping, o polimento da su-
perfície e adaptação marginal de quatro ligas de elevado teor de paládio livres de prata e com-
pararam os resultados com os dados de uma liga do Au-Pd-Pt (grupo controle) e de uma liga
de metal não precioso (Ni-Cr). Foram confeccionados 10 copings de cada grupo de liga, os
quais foram posteriormente seccionados para avaliar tanto a adaptação marginal quanto a axi-
al. A lisura da superfície e a aspereza marginal foram verificadas com o auxílio de um mi-
croscópio eletrônico de varredura. Os resultados da pesquisa mostraram que a precisão dos
copings à base de ligas de alto teor de Paládio livres de Prata foi equivalente a de Au-Pd-Pt. A
desadaptação marginal foi consideravelmente menor do que 50 µm para todas as ligas avalia-
das.
Blackman, Baez e Barghi (1992) mediram a forma e precisão de copings em titânio
99,5% quimicamente puro. Os copings foram confeccionados a partir de dois troqueis metáli-
cos: um representando um incisivo central superior e outro, um pré-molar superior. Vinte co-
pings com inclinação de 45º no término da face vestibular e de 90º na face palatina foram
construídos pela técnica indireta de acordo com as recomendações do fabricante. Todos os
trabalhos foram cimentados com cimento de fosfato de zinco sob 15 Kg de carga. Os conjun-
tos troquel-coping foram embebidos em resina e, posteriormente, seccionados longitudinal-
mente. As medidas obtidas contaram com o auxílio de um microscópio com ampliação de
50x. Através da análise estatística ANOVA, foi concluído que: copings em titânio puro po-
dem ser produzidos e cimentados com adaptação aceitável referente ao eixo axial, pois apro-
ximadamente 0,05 mm foram registrados para os términos em 45º e 90º; nas medidas realiza-
das no plano do término horizontal, os copings não recobriram completamente o término em
45º, ficando com uma média maior do que 0,05 mm, enquanto os de 90º mantiveram-se den-
tro do padrão de 0,05 mm no plano horizontal. Os autores concluíram que são necessárias ino-
vações tecnológicas no que concerne o método de confecção dos padrões de cera, método de
29
fundição e tipos de revestimentos refratários para tornar a adaptação dos copings em titânio
mais satisfatória. Em relação aos defeitos de superfície ou à aspereza das superfícies margi-
nais, términos em 45º apresentaram-se melhores do que os de 90º. Recomendaram também
que mais estudos referentes à aplicação clínica do titânio sejam realizados..
Karlsson (1993) avaliou a adaptação marginal de coroas em titânio Procera tanto in
vitro quanto in vivo. Foram confeccionadas doze coroas (oito em pré-molares, três em incisi-
vos e uma em canino) para pacientes em tratamento na Universidade de Göteborg, com térmi-
no em chanfro e margens supra-gengivais sempre que possível. Os trabalhos foram realizados
de acordo com a técnica padronizada para confecção de coroas em titânio Procera. Foram cri-
adas réplicas para cada coroa. Desta forma, enquanto as coroas eram assentadas sobre os tro-
quéis, as réplicas eram sobre os dentes. Todas as restaurações tiveram o silicone (President,
Coltene) como substituto para o cimento. Após a presa do material, as películas foram anali-
sadas por um projetor de perfil em três diferentes regiões: margem, parede axial e superfície
oclusal. Através dos resultados obtidos, concluíram que a adaptação marginal foi significati-
vamente melhor do que a axial e a oclusal; as coroas tiveram melhor adaptação sobre os tro-
quéis do que sobre os dentes e a discrepância marginal foi de aproximadamente 60 µm in vi-
tro e de 70 µm in vivo.
Harris e Wicken (1994) realizaram uma pesquisa com o propósito de comparar a adap-
tação de copings de titânio confeccionados por erosão, pelo sistema Procera, com copings em
ouro feitos para um mesmo preparo. Para tal, um primeiro molar inferior foi preparado para
ser usado como troquel mestre, atendendo aos seguintes critérios: total convergência das pare-
des de 10º; chanfro vestibular com profundidade de 1,5mm; demais faces com profundidade
de 0,5 mm; altura de aproximadamente 6,5mm. Foram confeccionadas vinte réplicas, sobre as
quais foram feitos os copings encerados. Um polivinilsiloxano de baixa viscosidade foi sele-
cionado para substituir o cimento de fosfato de zinco. As películas de filme foram seccionadas
tanto no sentido vestíbulo lingual quanto mésio distal, as medidas foram realizadas três vezes
em cada região e uma média dos valores foi encontrada. A partir dos resultados obtidos, con-
cluíram que: as películas de silicone dos copings feitos por erosão e dos feitos à base de ouro
não possuem espessura uniforme; a média de espessura das películas em todas as regiões mar-
ginais dos copings em titânio confeccionados por erosão foi maior do que nas regiões corres-
pondentes dos copings em ouro.
Jemt (1995) mediu a adaptação das próteses sobre implantes soldadas em titânio e o
correspondente troquel padronizado, antes da instalação sobre os implantes e comparou os
resultados obtidos com a adaptação de estruturas em liga a base de ouro em modelos que si-
30
mulavam a mesma situação. Foram selecionados trinta pacientes, que receberam próteses fi-
xas seguindo o protocolo Bränemark na mandíbula, e mediram a precisão por meio da técnica
fotogramétrica. Os pacientes foram divididos em três grupos de dez e cada um recebeu um
tipo de prótese fabricada sobre um modelo mestre: o primeiro grupo recebeu próteses fixas
sobre implantes com estrutura em liga de ouro (tipo III); o segundo e o terceiro, com estrutura
em titânio, sendo técnicas diferentes de confecção (no terceiro grupo, a solda foi orientada
verticalmente nos pontos de junção, em vez de horizontalmente, como realizado no segundo).
Foram tomadas medidas em três dimensões da relação entre as próteses e o modelo mestre,
antes da inserção nos implantes, pela técnica fotogramétrica, na qual as fotos tiradas eram a-
nalisadas no computador. Distorção média do ponto central do cilindro de ouro para a estrutu-
ra do molde padronizado foi de 42 µm (desvio padrão = 8). A distorção média correspondente
para os dois tipos de estrutura em titânio foi 43 (desvio padrão =16) e 36 (desvio padrão =10)
mícrons respectivamente. Menor distorção foi observada no sentido vertical para todos os três
grupos. Nenhum dos diferentes tipos de estrutura metálica mostrou melhor adaptação margi-
nal significativa (p > 0,05), mas a estrutura de titânio do segundo grupo foi a que apresentou
maior distorção.
Bessimo, Jeger e Guggeenheim (1997) realizaram um estudo in vitro com o propósito
de avaliar a precisão da adaptação marginal ao redor de infra-estruturas de titânio para coroas
metalocerâmicas, através de um sistema de computação digitalizada, o qual permite que o
dente preparado seja escaneado em três dimensões. O experimento consistiu em uma base de
resina acrílica com 14 dentes extraídos (quatro incisivos, dois caninos, quatro pré-molares e
quatro molares), que foram preparados com término em ombro. A adaptação marginal dos
copings em titânio foi determinada por um microscópio eletrônico de varredura. Quatro espé-
cimes foram excluídos do experimento devido ao grande número de problemas, como racha-
duras, na região de término, impossibilitando a mensuração. A média de adaptação marginal
para cada coroa variou de 21.2 +
14,6 µm a 81.6 + 25,1 µm. O valor médio para todas as res-
taurações foi de 47.0 +
31,5 µm. A porcentagem de gaps marginais menores do que 60µm foi
de 68,3%. Somente 6,8% dos valores excederam 100µm. As discrepâncias maiores do que
100µm foram atribuídas à lascas no titânio durante o processo de confecção. As coroas reali-
zadas através do sistema de computação digitalizada (DCS) parecem fornecer adaptação mar-
ginal comparável àquela de coroas convencionalmente fabricadas.
Wolf et al. (1998) avaliaram o titânio como uma alternativa às ligas de ouro para con-
fecção de inlays e onlays. Em um estudo randomizado, cinqüenta e quatro pacientes recebe-
ram noventa e nove restaurações em titânio e cinqüenta e seis, receberam noventa e seis res-
31
taurações em liga de ouro (grupo controle). Todos os trabalhos foram realizados pelo mesmo
técnico laboratorial. As restaurações foram cimentadas com cimento de fosfato de zinco e a
integridade marginal, avaliada duas semanas depois. Com o auxílio de um microscópio, me-
diu-se o gap marginal e, posteriormente realizou-se a análise estatística para as duas amostras.
Os resultados revelaram que a liga áurica foi mais precisa do que a de titânio, pois a média do
maior gap marginal foi de 72 + 18 µm para o titânio e de 64 + 18 µm para a liga de ouro. Em-
bora os resultados demonstrem que a liga áurica possibilita maior adaptação marginal, os da-
dos da pesquisa justificam o uso de titânio como alternativa para inlays e onlays.
1.1.5 Adaptação marginal e sua relação com o ciclo de cocção da porcelana
Shillingburg, Hobo e Fisher (1973) relataram que adaptação marginal após os diversos
ciclos de cocção da cerâmica é dependente do tipo de desenho da margem do preparo. Os re-
sultados de seu estudo mostraram que linhas de terminação em ombro, com bisel e sem bisel,
produziram menor distorção de coroas metalocerâmica em ligas áureas do que os términos em
chanfro biselados e não biselados.
Faucher e Nicholls (1980) mediram discrepância marginal nas faces mesio-distal e ves-
tibulo-lingual e constataram que as coroas com término em ombro com e sem bisel apresenta-
ram menor distorção, durante os ciclos de cocção da cerâmica que os términos em chanfro.
Buchanan, Svare e Turner (1981) determinaram a distorção marginal em coroas meta-
locerâmicas, em dois tipos de liga, depois de submetidas a sucessivas cocçãos. Sobre um mo-
delo padrão simulando um preparo com 6,75 mm de altura, ângulo de convergência de 10º e
término em ombro com largura de 0,75 mm, foram confeccionados dezesseis copings, sendo
oito em liga preciosa (Jelenko“O”) e oito em liga a base de Ni-Cr (Jelbon). Apenas metade da
superfície axial foi revestida com porcelana (Biobond). As medidas foram realizadas em três
regiões (adjacente a superfície de porcelana, adjacente a superfície metálica e na junção entre
ambas), após o condicionamento metálico, aplicação do opaco, aplicação da porcelana e gla-
ze. O condicionamento metálico gerou desadaptação nas margens das duas ligas pesquisadas,
porém esta foi oito vezes maior na liga não preciosa, comparada à preciosa. As subseqüentes
cocçãos da porcelana, quando comparadas ao condicionamento do metal, apresentaram ten-
dência de aumentar e depois diminuir o gap marginal. Não houve relação entre as alterações
na adaptação marginal e proximidade da porcelana. Os autores concluíram que segmentos das
margens das restaurações com porcelana aplicada não modificam mais do que aqueles sem
32
porcelana. A grande distorção para as ligas não preciosas foi atribuída a formação de uma ca-
mada de óxido na superfície interna dos copings.
Bridger e Nicholls (1981) avaliaram próteses parciais fixas em metalocerâmica duran-
te o ciclo de cocção, para saber se há distorção na infra-estrutura curva de uma prótese fixa
anterior extensa, se ela ocorre somente no metal ou na combinação entre metal e porcelana,
em qual fase do ciclo de cocção há maior distorção, qual a importância clínica dessa distorção
e qual o grau de reversibilidade desta distorção após a remoção química da porcelana. Para
tal, foi confeccionado um troquel mestre, representando uma prótese fixa anterior de seis ele-
mentos, sobre um manequim, do qual foram retirados os incisivos centrais para simular os
elementos perdidos. Foram feitos preparos de coroa total nos incisivos laterais e caninos, com
término em ombro com bisel de 0,5 mm. Foram construídas dez infra-estruturas, das quais
sete sofreram aplicação de cerâmica e três serviram como grupo controle. A infra-estrutura foi
fundida em peça única. As junções interproximais ficaram com 2mm de largura e 3mm de
altura. A espessura dos copings foi de 0,4mm. As medidas foram realizadas após fundição,
degaseificação, aplicação de opaco, primeira aplicação de porcelana, segunda aplicação de
porcelana, glaze e remoção química da porcelana. As maiores distorções ocorreram entre a
fundição e a degaseificação e entre a fundição e o glaze. A porção anterior da prótese parcial
fixa distorceu em direção à vestibular numa média de 50 µm e sua forma de arco fechou uma
média de 27 µm. Após a remoção da cerâmica, estes valores foram respectivamente de 23 µm
e 1 µm. Concluíram que houve distorção na infra-estrutura curva de uma prótese fixa anterior
extensa durante o ciclo de cocção. A distorção resultou de alterações no metal e de contração
da porcelana durante a cocção. As maiores distorções ocorreram nas fases de degaseificação e
glaze. A distorção devido à cocção de porcelana foi reversível quando a mesma foi removida.
Hamaguchi, Cacciatore e Tueller (1982) investigaram nas coroas metalocerâmicas, se
há distorção marginal clinicamente significativa devido à cocção da porcelana e se a forma do
término do preparo é significativa para prevenir distorção marginal. Foram feitos quatros mo-
delos de preparos simulando um incisivo superior sendo, um com término em chanfro, um em
chanfro biselado, um em ombro e outro em ombro biselado. Os copings foram construídos em
dois tipos de liga: ouro (Jelenko “O”,Jelenko) e ouro branco (Ceramco). As medidas foram
feitas na face vestibular, utilizando um microscópio eletrônico de varredura, antes da aplica-
ção da porcelana, após o glaze e após remoção da porcelana do copings. Os autores concluí-
ram que nenhuma mudança significativa ocorreu, com as variáveis avaliadas.
Dederich et al. (1984) determinaram se copings confeccionados em três ligas não pre-
ciosas (Biobond, Unitbond e Triumph) possuíam o mesmo comportamento do metal não pre-
33
cioso (Ni-Cr, Jelbon) testado por Buchanan, Svare, Turner (1981), utilizando a mesma meto-
dologia. As medidas foram registradas com o auxílio de um microscópio. Os resultados mos-
traram diferenças estatisticamente significativas na adaptação marginal das ligas usadas (p >
0,2) e dos ciclos de cocção (p > 0,2). Não houve diferença significativa na adaptação marginal
relacionada à aplicação de porcelana, à interação entre liga e porcelana ou interação entre os
ciclos de cocção e a liga ou porcelana. A desadaptação marginal foi menor para a liga Bio-
bond do que para Unitbond e Triumph. A diferença entre Biobond e Unitbond foi de 22 µm e
entre Biobond e Triumph foi de 20 µm. As alterações observadas no primeiro ciclo de cocção
foram maiores do que nas cocçãos subseqüentes. Concluíram que as três ligas não preciosas
apresentaram mudanças similares na adaptação marginal, durante os ciclos de cocção, quando
comparadas com o metal do trabalho de Buchanan, Svare e Turner (1981). Entretanto a mag-
nitude da distorção marginal foi significativamente menor.
Wanserski et al. (1986) mediram a adaptação marginal das coroas metalocerâmicas
com ombro cerâmico e as mudanças na adaptação marginal dos copings metálicos durante a
aplicação da porcelana. Foram confeccionados dois troquéis em liga de níquel-cromo, simu-
lando um preparo num incisivo superior, comrmino em ombro com 1mm de largura. Sobre
estes, foram confeccionados nove copings (Olympia, Jelenko) com 0,5mm de espessura na
vestibular e com margem reduzida para permitir 0,5 mm de espessura em porcelana
(VitaShoulderPorcelain, Alemanha). Os copings foram degaseificados e foi aplicado opaco
sobre os mesmos. Cada coroa sofreu três cocçãos para construir o ombro cerâmico. Então,
houve aplicação da cerâmica de recobrimento e glaze. As medidas foram realizadas em quatro
estágios: fabricação do coping metálico; degaseificação, opacificação e aplicação da porcela-
na de ombro; aplicação da porcelana de recobrimento e glaze. A discrepância marginal média
da margem em cerâmica na fase do glaze foi de 10 a 20 µm e a dos copings metálicos na mes-
ma fase foi de 8 a 37 µm. Ocorreram mais variações de adaptação marginal, nas etapas de fa-
bricação, nas margens metálicas do que na cerâmica. Foi concluído que coroas metalocerâmi-
cas com ombro cerâmico são clinicamente aceitáveis.
Bassanta e Muench (1987) verificaram a influência da oxidação ocorrida durante a a-
plicação de porcelana e sua subseqüente remoção pelo jateamento na adaptação das próteses
metalocerâmicas. Foram fundidas, sobre um modelo padronizado, infra-estruturas para próte-
ses parciais fixas de quatro elementos (sendo dois pônticos intermediários) em quatro ligas de
metais nobres (Gold Cerâmica, Negro Gato; H. F. G. Extradura, Ourovião;Ouro Cerâmico,
Zanardo; Degudent Universal) e em quatro a base de níquel-cromo (Litecast, Durabond, U.T.
K. Unibond e Biobond). Antes da aplicação de porcelana, as ligas áuricas sofreram degaseifi-
34
cação. A cerâmica usada foi a VitaV.M.K.68. O jateamento foi realizado após a ultima cocção
da porcelana. As alterações dimensionais no sentido vertical foram verificadas por um paquí-
metro, em todas as faces. As ligas em Ni-Cr apresentaram maior desajuste após a aplicação da
porcelana. Os desajustes encontrados após aplicação da porcelana foram eliminados com o
jateamento, permitindo que as próteses voltassem a ter adaptação semelhante àquela que ti-
nham antes da aplicação.
Richter-Snapp et al. (1988) examinaram a adaptação marginal das restaurações meta-
locerâmicas em relação à três variáveis: tipo de término do preparo, tipo de liga e proximida-
de da porcelana do término cervical. Para tal, foram confeccionados dois modelos de troquél:
um com término em ombro biselado e outro com término em plano inclinado de 45º. Sobre os
preparos, foram construídos dois grupos de copings. Metade de cada grupo foi feita à base de
liga nobre (Cameo,Jelenko) e a outra metade em liga a base de Ni- Cr- Be (Rexillium III,).
Sobre os copings foi aplicada porcelana. Após cada ciclo de cocção (antes da degaseificação,
após degaseificação, após aplicação do opaco, após aplicação da porcelana de corpo e do gla-
ze) foram realizadas as medidas com auxílio de microscópio. Nenhuma das discrepâncias ob-
servadas foi estatisticamente significante, assim como não houve influência significativa das
variáveis consideradas. Logo, concluíram que as variáveis analisadas e suas combinações não
afetaram a adaptação final das restaurações metalocerâmicas.
Campbell e Pelletier (1992) compararam três grupos de copings para coroas metaloce-
râmicas. Todos possuíam paredes axiais de 0,4 mm de espessura, diferenciando-se pela largu-
ra do colar metálico, a qual era de 0,1, 0,4 e 0,8 mm para os grupos 1, 2 e 3, respectivamente.
A liga utilizada foi de Au-Pd (Olympia, Jelenko). Os copings foram tratados com óxido de
alumínio e submetidos às etapas de aplicação da porcelana. Os resultados dos seus estudos
mostraram que todos os copings sofreram distorções térmicas, sendo que a mesma ocorreu
durante a primeira cocção da liga, ou seja, na oxidação (14, 16 e 12 µm para 0,1, 0,4 e 0,8
mm, respectivamente); não houve distorções significativas decorrentes das aplicações de opa-
co, de cerâmica de corpo ou do glaze; não houve diferença significante de adaptação entre os
três grupos, porém o grupo 3 (0,8 mm) sofreu distorção consideravelmente menor do que os
demais grupos em dois dos dez lados medidos na margem vestibular.
Em outro estudo, Campbell e Pelletier (1992) analisaram a etiologia da distorção tér-
mica das coroas metalocerâmicas, utilizando a mesma metodologia de seu trabalho anterior.
Os copings possuíam as mesmas medidas daqueles previamente mencionados e foram dividi-
dos em sete grupos de oito unidades, onde cada grupo recebeu um tipo de tratamento específi-
co. Os resultados mostraram que: toda distorção significativa ocorreu durante a oxidação
35
(primeira etapa de cocção). Os copings que sofreram tratamento frio da superfície (ajustes uti-
lizando instrumentos apropriados) e posterior oxidação foram os que apresentaram maior dis-
torção. Foi observada considerável redução da distorção quando a primeira etapa de cocção
precedia o tratamento frio da superfície. Os autores concluíram que a causa primária da distor-
ção térmica é a liberação de tensões nos copings, associada ao efeito sinérgico do tratamento
frio; o tratamento térmico dos copings resulta em redução da distorção na cocção da liga; o
tratamento frio da superfície e cocção após oxidação inicial não proporcionam nenhuma dis-
torção adicional.
Gemalmaz e Alkumru (1993) observaram a distorção marginal de copings em Pd-Cu
durante a cocção da porcelana. Foi construído um modelo em metal simulando um preparo
num incisivo central superior, com 7 mm de altura, ângulo de convergência de 6º e término
em ombro, com espessura de 1,3 mm na vestibular e 1mm nas demais faces. Cinco copings
foram confeccionados em liga de Pd-Cu, com 0,5 mm de espessura. Com o auxílio de um mi-
croscópio eletrônico de varredura, foram realizadas medidas nas faces vestibular e lingual nas
seguintes etapas: antes da degaseificação, após degaseificação, aplicação de opaco, aplicação
de porcelana e glaze. A média de gap marginal após degaseificação foi significantemente
maior do que nas demais etapas. Não houve diferença estatística relacionada a adaptação mar-
ginal e proximidade da porcelana. Foi observado também que a porcelana contaminou a su-
perfície interna dos copings. Os autores concluíram que: há distorção em copings fabricados
Pd-Cu durante a cocção a porcelana; a distorção primária ocorre na degaseificação; é inevitá-
vel a contaminação interna dos copings pela cerâmica e isto altera a adaptação marginal dos
trabalhos; é necessário um método para remover estas partículas de porcelana da superfície
interna dos copings.
Leong et al. (1994) compararam as discrepâncias marginais em várias etapas da fabri-
cação de coroas metalocerâmicas fresadas em titânio (Procera), com coroas metalocerâmicas
fundidas em titânio e restaurações metalocerâmicas com liga preciosa, como grupo controle.
O estudo foi realizado através de dezoito troquéis em gesso tipo IV, fabricados a partir de um
modelo metálico, simulando o preparo de um pré-molar inferior, com término em chanfro. Os
troquéis foram divididos em três grupos de acordo com o tipo de coroa a ser fabricada
(Procera, infra-estrutura fundida em titânio e infra-estrutura em liga preciosa). Nos dois pri-
meiros grupos, os copings foram recobertos por porcelanas de baixo ponto de fusão, de acor-
do com a recomendação dos respectivos fabricantes. Já no grupo controle, foi utilizada cerâ-
mica convencional. As medidas de adaptação marginal foram tomadas nas seguintes etapas:
antes do condicionamento metálico, depois da degaseificação ou cocção do agente adesivo
36
para os copings de titânio, após aplicação do opaco, após aplicação da corpo da cerâmica e
depois da aplicação do glaze. Os resultados foram obtidos através de um microscópio preso a
uma plataforma que permite a movimentação nos sentidos horizontal e vertical. Foi observado
que o grupo controle obteve a menor média de desadaptação marginal (25 µm), e que este da-
do foi estatisticamente significante quando comparado às coroas fresadas (54 µm) e às meta-
locerâmicas com coping em titânio (60 µm). Entre os dois tipos de coroas com base em titânio
não houve diferença significativa. Os resultados em todos os trabalhos são clinicamente acei-
táveis, ou seja, menores do que 120 µm. A maior parte das discrepâncias marginais resultou
da fabricação dos copings metálicos. A aplicação de porcelana não causou alterações signifi-
cativas na integridade marginal.
Valderrama et al. (1995) compararam a adaptação marginal e interna de coroas de titâ-
nio Procera com coroas metalocerâmicas com liga de (Au-Pt-Pd), e o efeito da aplicação de
cerâmica na adaptação desses dois tipos de coroas. Um padrão de cera de infra-estrutura para
coroa metalocerâmica foi fabricado com espessura total de 0,5 mm, sendo 2,0 mm na região
do colar lingual. Foram confeccionados vinte copings para cada tipo de material, dos quais
metade recebeu aplicação de porcelana. Todos os copings com ou sem cerâmica foram cimen-
tados com cimento de fosfato de zinco e posteriormente, seccionados em dois planos: diago-
nal e vestíbulo-lingual. A análise foi realizada com o auxílio de um microscópio calibrado a 1
mm. A partir dos resultados, concluíram que não há diferença significativa de desadaptação
marginal entre as coroas metalocerâmicas de liga de Au-Pt-Pd (média de 47 µm + 17 µm) e as
de infra-estrutura em titânio (média de 61 µm +
34 µm); no ponto de maior aproximação mar-
ginal também não houve diferença significativa entre as de liga de Au-Pt-Pd (média de 35µm)
e as de titânio (média de 31 µm); a porcelana aplicada não provocou alterações consideráveis
na adaptação marginal dos dois tipos de coroas; a adaptação interna na região do chanfro foi
melhor nas coroas à base de Au-Pt-Pd (28 µm em média) do que nas de titânio (50 µm em
média); a adaptação interna no ponto médio da parede axial teve melhor resultado nas coroas
à base de Au-Pt-Pd (média de 39 µm) do que nas de titânio (média de 51 µm); não houve alte-
rações significantes em relação à adaptação interna na ponta da cúspide nas coroas de Au-Pt-
Pd (média de 39µm) e nas de titânio (média de 28 µm); na fossa central, a adaptação interna
foi consideravelmente melhor nas coroas à base de Au-Pt-Pd (103 µm em média) do que nas
de titânio (134 µm em média); todos os copings de titânio exibiram alguma aspereza marginal
após a confecção e mesmo após uma tentativa de remover as asperezas usando pontas carbide,
vinte das quarenta seções das coroas mostraram algum resquício de asperezas (26µm).
37
Gemalmaz e Alkumru (1995) examinaram as modificações na adaptação marginal o-
corridas durante a confecção de coroas metalocerâmicas. As investigações foram feitas com o
auxílio de um microscópio eletrônico de varredura, em relação aos efeitos dos ciclos de coc-
ção da cerâmica, e secundariamente foram determinados os efeitos dos tipos de liga usadas
(Ni-Cr e Pd-Cu), dos términos dos preparos (ombro e chanfro), aplicação da porcelana e pro-
ximidade de porcelana das margens. Foram comparadas as medidas obtidas nas seguintes eta-
pas de confecção: antes da degaseificação, após à degaseificação, após à aplicação do opaco,
após a aplicação do corpo da cerâmica e após o glaze. Os autores concluíram que os valores
mais altos de alterações da adaptação marginal corresponderam ao processo de degaseifica-
ção; os copings de liga não preciosa (Ni-Cr) apresentaram desadaptação marginal significati-
vamente menor do que os de liga preciosa (Pd-Cu); as modificações marginais ocorreram in-
dependentemente do término do preparo e da proximidade da porcelana.
Campbell et al. (1995) confeccionaram copings padronizados de Au-Pd (Olympia, Je-
lenko) e os dividiram em três grupos: no primeiro grupo, os copings foram submetidos ao tra-
tamento frio antes da oxidação (primeiro ciclo de cocção); no segundo, os copings foram oxi-
dados antes do tratamento da superfície; já no terceiro grupo, foram incluídos novamente no
revestimento, submetidos à 1038º C por 20 minutos, e posteriormente receberam o tratamento
dos copings do primeiro grupo. Após análise das medidas obtidas, relataram que os efeitos do
tratamento térmico contribuem para desadaptação marginal, sendo os maiores valores atribuí-
dos ao primeiro ciclo térmico (oxidação); o tratamento da superfície antes da oxidação acarre-
ta em maior desadaptação do que nos outros grupos; a realização de um ciclo térmico antes do
condicionamento frio da superfície da liga, assim como a nova inclusão do coping para trata-
mento térmico, resultou em uma melhoria substancial da adaptação marginal dos copings; o
tratamento frio da superfície e subseqüente cocção não contribuem para perda adicional de
adaptação marginal desde que sejam feitos após um tratamento térmico inicial.
Gemalmaz et al. (1996) investigaram a distorção de próteses parciais fixas de três ele-
mentos em metalocerâmica ocorrida durante o condicionamento do metal e o ciclo de cocção
da porcelana e examinaram se a distorção pôde ser controlada colocando os copings em um
revestimento e realizando um tratamento térmico prévio. Foi construído um modelo mestre
simulando uma ponte de três elementos, tendo o primeiro molar inferior como pôntico, com
preparos em coroa total com término em chanfro, utilizando liga de Ni-Cr (Wirolloy, Bego).
Foram confeccionados vinte padrões de cera com espessura de 0,4 mm e a área de conexão
com o pôntico de 3 mm de diâmetro. Metade das infra-estruturas foi fundida em liga de níquel
-cromo (Wirolloy, Bego) e a outra metade em cobre-paládio (Begopal, Bego). Cinco estrutu-
38
ras de cada grupo foram selecionadas de forma randomizada para servir como grupo controle.
Os espécimes restantes foram incluídos em revestimento para avaliar se haveria redução da
deformação. A distorção dos dois tipos de infra-estrutura (grupos controle e grupos em reves-
timento para testes) foi medida pelas médias dos ajustes internos e de medidas lineares hori-
zontais do comprimento das estruturas. Concluíram que todas as infra-estruturas para próteses
metalocerâmicas sofreram distorção durante o ciclo térmico; não houve diferença estatistica-
mente significante de distorção entre os tipos de liga; as alterações de adaptação registradas
nas paredes axiais dos retentores foram relativamente baixas quando comparadas com a dis-
torção das margens; apesar do processo de inclusão em revestimento não ter sido efetivo em
todos os casos, houve uma efetiva redução na distorção das áreas marginais dos trabalhos in-
cluídos em revestimento, nas ligas a base de Cu-Pd.
Pettenò et al. (2000), em um estudo randomizado, compararam a adaptação marginal
de coroas metalocerâmicas de três diferentes materiais usados na infra-estrutura: a liga com
alto teor de ouro (86% Au e 12% Pt), a liga composta por capilaridade (Sistema Captek) e co-
pings de ouro galvanizados (AGC). A pesquisa se deu a partir da confecção de setenta e cinco
troquéis padronizados, divididos em três grupos de vinte e cinco, sobre os quais foram confec-
cionados copings com as ligas a serem investigadas. Todas as infra-estruturas tinham 0,2 mm
de espessura. A adaptação foi medida em oito pontos diferentes através de um estereomicros-
cópio com 200X de aumento, antes e após a aplicação de porcelana. Os resultados levaram os
autores a concluírem que: a aplicação de cerâmica afeta a adaptação marginal de coroas dos
sistemas testados; as coroas metalocerâmicas feitas com liga com alto teor de ouro (31 +
20
µm) e com ouro galvanizado (32 +
14 µm) apresentaram melhor adaptação após a aplicação
da cerâmica, do que as ligas do Sistema Captek (68 +
24 µm); os valores marginais médios
para todos os três materiais estavam dentro dos limites de aceitação clínica de 70 µm, preconi-
zado por Christensen, Gavelis, Demond, Löfstrom, Fransson e Valderrama.
39
1.2 Coroas de óxido de alumina
1.2.1 Considerações Gerais
Odén et al. (1998) realizaram um avaliação clínica de 5 anos, utilizando os critérios da
California Dental Association, de 100 coroas Procera Allceram realizadas em 58 pacientes
com o objetivo de avaliar a performance clínica das coroas. As coroas envolveram tanto regi-
ão anterior quanto posterior dos arcos dentais. Noventa e sete coroas foram acompanhadas ao
final destes 5 anos, das quais, 3 apresentaram fratura envolvendo tanto a porcelana de cober-
tura quanto o coping, 2 com fratura apenas na porcelana de cobertura e 1 descimentação, sen-
do recolocada. As demais avaliadas apresentaram excelente ou aceitável integridade marginal,
forma anatômica, superfície e cor. Os autores concluíram que este tipo de trabalho totalmente
cerâmico pode ser usado tanto para a área anterior quanto para a área posterior, que necessi-
tem coroas unitárias.
Odman e Andersson (2001) em um acompanhamento de 5 a 10,5 anos, realizaram um
estudo multicêntrico, com o objetivo de observar o comportamento clínico de coroas Procera
AllCeram. Doze profissionais de nove clínicas distintas realizaram 87 coroas em 50 pacientes.
Foram utilizados os critérios da Califórnia Dental Association para avaliar integridade margi-
nal e estética. O índice cumulativo de sucesso foi de 97,7% e 92,2% respectivamente. Seis
coroas apresentaram fratura (7%) e cinco tiveram que ser refeitas. Integridade marginal foi
considerada excelente ou aceitável em 92% das coroas. Índice de sangramento foi mais fre-
qüente nas coroas Procera (39%) do que nos dentes contralaterais (27%). Necessidade de tra-
tamento endodôntico foi pequena, 2% das coroas e os pacientes relataram satisfação com a
estética do trabalho. Os autores relataram que os resultados se mostraram semelhantes a ou-
tros estudos similares que utilizaram coroas à base de óxido de alumina e metalocerâmicas e
concluíram que as coroas Procera AllCeram possuem um bom prognóstico também para as
coroas posteriores.
Fradeani et al. (2005), em um estudo prospectivo, avaliaram a performance clínica de
205 coroas Procera AllCeram, em três diferentes clínicas, avaliadas num período mínimo de
seis meses e máximo de sessenta meses, com média de 23,52 meses. Consideraram falha
quando a coroa tinha que ser refeita, quando apresentava falhas nos preceitos estéticos ou fun-
cionais. Após observarem um índice de sucesso de 96,7% (100% para coroas anteriores e
95,15% para coroas posteriores) concluíram que essa modalidade de tratamento apresenta um
bom prognóstico para dentes posteriores e excelente para dentes anteriores.
40
Walter et al. (2007) realizaram um acompanhamento clínico de 6 anos em 70 pacientes
com o objetivo de avaliar a performance clínica das coroas Procera Allceram. Confecciona-
ram 61 coroas unitárias anteriores e 46 posteriores, todas cimentadas com cimento de ionôme-
ro de vidro. Seis coroas tiveram que ser removidas por apresentarem fraturas irreparáveis. Ob-
servaram que a sobrevida das coroas (que não precisaram ser removidas) foi de 94,3%, sendo
96,7% para coroas anteriores e 91,3% para as posteriores. Concluíram que esse tipo de traba-
lho apresenta bom prognóstico tanto para coroas anteriores quanto para coroas posteriores.
Zitzmann et al. (2007), avaliaram 135 coroas Procera Allceram realizadas em 39 paci-
entes num período de 1997 a 2005, dos quais 103 na região posterior e 32 na região anterior.
Observaram um índice de sucesso de 100% na região anterior e 98,8% na região posterior (1
fratura de coroa) e concluíram que esse tipo de trabalho se mostrou previsível para utilização
tanto para áreas anteriores quanto para áreas posteriores.
1.2.2 Adaptação Marginal
Pera et al.(1994) avaliaram a estabilidade dimensional durante o ciclo de cocção da
cerâmica sobre o In-Ceram alumina e a influência do tipo de término do preparo dental na a-
daptação marginal. Um esteriomicroscópio foi usado para medir o espaço entre a margem da
restauração e o preparo dental. Três tipos de término de preparo dental foram estatisticamente
comparados e revelaram adequada estabilidade dimensional durante o ciclo de cocção da por-
celana e glaze. A melhor adaptação marginal foi registrada para as coroas fabricadas com tér-
mino em chanfro ou ombro de 50-graus.
Rinke et al. (1995) em um estudo in vitro, examinaram a adaptação marginal e a força
de fratura de coroas In-Ceram fabricadas com técnica convencional e com a estrutura fresada
(sistema Celay) em dentes anteriores e posteriores. Observaram que as coroas anteriores (com
números médios de 32,5 µm para técnica convencional e 38 µm para unidades com estrutura
fresadas) tiveram significativamente menores gaps em relação às coroas de pré-molares (que
tiveram uma média de abertura marginal de 45 µm para ambas as técnicas). O estudo indicou
que as coroas com estrutura fresada In-Ceram (Sistema Celay) apresentaram adaptação de
margens aceitáveis clinicamente, resistência à fratura e um menor tempo de fabricação labora-
torial.
Groten, Girthofer e Probster (1997), através de microscópio ótico e microscopia de
varredura avaliaram a adaptação marginal de 10 coroas fresadas InCeram (sistema Celay) nos
diferentes estágios de fabricação: após fresagem do coping, infiltração do vidro e aplicação da
41
cerâmica. Os resultados mostraram que as etapas de confecção da coroa não influenciaram na
discrepância marginal.
Sulaiman et al. (1997) compararam a adaptação marginal in vitro de três sistemas de
coroas totalmente cerâmicos (In-Ceram, Procera e IPS Empress). Todos os sistemas de coroas
foram significativamente diferentes um do outro (p = 0,05). In-Ceram exibiu a maior discre-
pância marginal (161 µm), seguido pelo Procera (83 µm) e o IPS- Empress (63 µm). Não e-
xistiu diferença significativa entre as várias fases da fabricação da coroa: fabricação do nú-
cleo, aplicação da porcelana de cobertura, e glazeamento. As margens vestibulares e linguais
exibiram significativamente maior discrepância marginal que as margens distais e mesiais.
May et al. (1998) em um trabalho in vitro, mediram a precisão da adaptação de coroas
Procera AllCeram fabricadas com a tecnologia CAD/CAM realizados sobre troquéis metáli-
cos. Foram utilizados cinco primeiros pré-molares e primeiro molares superiores preparados
para coroa total. Os preparos foram padronizados com ângulo de convergência de dez graus,
chanfro marginal de 1,3 a 1,5 mm na circunferência e redução axial de 2.0 mm. As coroas fo-
ram cimentadas com material de moldagem ( silicone leve) e videografia a laser foi usada pa-
ra medir a dimensão do gap entre a coroa e o troquel na abertura marginal, parede axial e pon-
ta de cúspide. As dimensões médias do gap na abertura marginal, adaptação interna e precisão
de adaptação foram abaixo de 70 µm, o que levaram os autores a concluírem que esse tipo de
metodologia pode ser usado clinicamente com sucesso.
Shearer, Gough e Setchel (1999) em um trabalho in vitro, avaliaram a adaptação mar-
ginal de copings e coroas In-Ceram, nos diversos ciclos de cocção da cerâmica comparando
dois tipos de término cervical, chanfro e ombro. Realizaram 120 coroas, utilizando duas técni-
cas de avaliação: secção direta dos espécimes e outra cimentando com silicone de adição. Os
resultados mostraram uma abertura marginal de 1 a 63 µm com média de 19 µm. Não houve
diferença significativa entre os dois tipos de término avaliados. A adição de cerâmica nos co-
pings e os repetidos ciclos de cocção para a construção das coroas não alteraram a adaptação
marginal.
Boening et al. (2000) através de um estudo in vivo, mediram a precisão da adaptação
de coroas Procera AllCeram em dentes posteriores e anteriores. A adaptação clínica de 80 co-
roas anteriores e posteriores foram analisadas por uma técnica que utilizou base leve do silico-
ne de condensação para preencher o espaço entre a coroa e o dente, que foi posteriormente
estabilizada com base pesada do silicone. Após a remoção desse material da coroa, estas fo-
ram fragmentadas, e medidas através de um microscópio ótico. As médias de abertura margi-
nal foram entre 80 e 95 µm para dentes anteriores e entre 90 e 145 µm para dentes posteriores.
42
Os autores concluíram que a precisão da adaptação encontrada no sistema Procera AllCeram
foi comparável a outros sistemas convencionais.
Suarez et al. (2003) realizaram um estudo in vitro onde compararam a adaptação mar-
ginal de 20 coroas Procera AllCeram variando dois tipos de término cervical: chanfro e chan-
fro arredondado. Os resultados mostraram que não houve diferença na adaptação marginal
entre os dois términos avaliados e o gap marginal ficou dentro de padrões clínicos aceitáveis.
Albert e El-Mowafy (2004) avaliaram in vitro, a adaptação marginal e microinfiltra-
ção presente em 40 coroas Procera Allceram e 40 coroas em metalocerâmica cimentadas com
quatro tipos diferentes de cimento: fosfato de zinco, ionômero de vidro, ionômero de vidro
modificado por resina e cimento resinoso. Os espécimes foram submetidos à termociclagem e
posteriormente seccionados. Foi utilizado um escore de 5 pontos para avaliar microinfiltração
e a adaptação marginal foi observada através de um microscópio mensurador com aumento
de 30 vezes. Os autores constataram que as coroas cimentadas com fosfato de zinco apresen-
taram a maior porcentagem de microinfiltração e a menor aconteceu com as coroas cimenta-
das com cimento resinoso, tanto para as coroas Procera quanto para as coroas em metalocerâ-
mica. A média de abertura marginal foi de 54 µm para as coroas Procera e 29 µm para as co-
roas em metalocerâmica.
Quintas, Oliveira e Bottino (2004) em um estudo in vitro, realizaram 180 coroas, divi-
didas em 18 grupos de 10 e avaliaram o efeito de diferentes términos de preparo(chanfro e
chanfro largo), diferentes técnicas de confecção de coroas totalmente cerâmicas (Procera, Em-
pressII e InCeram alumina) e tipos de cimento (fosfato de zinco, ionômero de vidro modifica-
do por resina e resinoso), na discrepância marginal vertical. Os resultados levaram os autores
a concluírem que a técnica de confecção das coroas cerâmicas foi o único fator que influen-
ciou na discrepância marginal vertical, quando esse fator foi considerado separadamente. A-
pós a cimentação, os copings de Procera alumina apresentaram a menor discrepância para to-
das as condições testadas.
Balkaya et al. (2005) identificaram que embora as restaurações totalmente cerâmicas
sejam extensamente utilizadas, existe uma falta de informações sobre o efeito do ciclo de coc-
ção da porcelana e glaze na adaptação dessas restaurações. Nesse estudo, os autores examina-
ram esse fator em três tipos de coroas totalmente cerâmicas. Fabricaram dez coroas padroni-
zadas de três sistemas totalmente cerâmicos fabricados em um troquel metálico: In-Ceram
convencional, In-Ceram com coping fresado (Sistema Celay) e coroas feldspáticas fresadas
(Vitablocs;VitaZahnfabrik). As medições foram realizadas através de um projetor de perfil
com 20X de aumento, no plano horizontal e vertical. Os resultados mostraram que: não houve
43
diferença significativa nos valores de discrepância marginal entre os 3 sistemas de coroas to-
talmente cerâmicas , exceto no plano horizontal (p < 0,05) , onde houve diferença entre os
dois sistemas de In-Ceram avaliados; a maior discrepância marginal ocorreu durante o ciclo
de cocção da cerâmica (p < 0,05); o sistema convencional e o sistema Celay das coroas InCe-
ram mostraram deformações mediais nas superfícies labial e palatal que pode causar desloca-
mento oclusal das coroas e as medidas de discrepância marginal nos três sistemas testados
ficaram entre 2 e 120 µm, valores relatados na literatura, como aceitáveis clinicamente.
Bindl e Mormann (2005) realizaram um trabalho in vitro onde compararam a adapta-
ção marginal e interna entre dois sistemas de confecção de coroas totalmente cerâmicas: pelo
método convencional (InCeram Zircônia e EmpressII) e através do sistema CAD/CAM
(Cerecin Lab, DCS, Decim e Procera). Foram realizadas doze coroas padronizadas para cada
sistema avaliado, as quais foram cimentadas com Panavia 21 TC, aplicando força de 50 N.
Através de microscopia eletrônica de varredura com aumento de 120X, oito pontos de refe-
rência foram utilizados para observar a adaptação marginal e onze para adaptação interna. Os
resultados mostraram que a discrepância marginal das coroas Procera (17+16 µm), Decim
(23+17 µm) e In Ceram Zircônia (25+18 µm) não apresentaram diferenças estatisticamente
significativas entre si (p > 0.05), porém foram significativamente menores que as coroas Ce-
rec in Lab (43+23 µm) e Empress II (44+23 µm). O sistema DCS (33+20 µm) não apresentou
diferenças em relação aos demais sistemas (p > 0,05). Os autores concluíram que a adaptação
de copings cerâmicos produzidos pela técnica CAD/CAM é similar aos produzidos técnicas
convencionais.
Kokubo et al (2005) em um estudo in vivo, avaliaram a discrepância marginal e interna
de 90 coroas Procera Allceram utilizando silicone como material de cimentação. Os materiais
obtidos, primeiramente, foram seccionados buco-lingualmente e posteriormente mesio-
distalmente e 16 pontos de referência foram utilizados para realizar as medições através de
um Projetor de Perfil com 10X de aumento. Os resultados mostraram que a média de discre-
pância marginal das coroas Procera ficaram dento dos limites aceitos clinicamente.
1.3 Coroas em óxido de zircônia
1.3.1
Considerações Gerais
Segundo Christel et al.(1989), a propagação de trincas na cerâmica Y-TZP gera um
estresse mecânico que induz a transformação, no local, da fase tetragonal para a monoclínica
44
da zircônia. Essa transformação está associada a um aumento localizado no volume, de 3 a
5%, resultando num estresse compressivo que se opõe a abertura das trincas, aumentando a
energia necessária para o crescimento dessas. Essa propriedade física da Y-TZP é conhecida
como transformation toughening, e é o mecanismo responsável pela alta dureza e resistência
desse material.
Harmand et al. (1995) relataram, em seu estudo in vitro, a ausência de efeitos tóxicos
das cerâmicas de óxido de zircônia, em fibroblastos e osteoblastos humanos.
Luthardt, Sandkuhl e Reitz (1999) compararam a resistência à fratura de copings de
óxido de zircônia (Precident DCS-System com espessura variando entre 0,2 e 0,6 mm) e de
óxido de alumina (Procera AllCeram com 0,6mm de espessura), com e sem aplicação da cerâ-
mica de cobertura. Os espécimes foram cimentados com cimento fosfato de zinco em modelos
de metal (elementos 11 e 13), e foram submetidas a cargas de velocidade 1mm/min. e com
ângulo de 30º, pelo equipamento de testes. Mediante os resultados, eles observaram que a di-
ferença dos valores de resistência à fratura, entre a zircônia e a alumina, não alcançou o valor
esperado. Segundo os autores, isso pode ser explicado pela redução da espessura do coping de
zircônia, assim como, danos causados pela fabricação.
Rimondini et al. (2002) avaliaram a colonização bacteriana de abutments de cerâmi-
ca de óxido de zircônia estabilizada por ítrio e de titânio. Os materiais usados foram 3 tipos
de discos: 2 de cerâmica de óxido de zircônia estabilizada por ítrio, sendo que um altamente
polido, e 1 de titânio. Eles foram testados in vitro com as seguintes bactérias: Streptococ-
cusmutans, S. sanguis, Actinomycesviscosus, A. naeslundii e Porphyromonasgingivalis. E,
com os resultados obtidos, chegaram as seguintes conclusões: A cerâmica zircônia é um ma-
terial adequado para fabricação de abutments, com um baixo potencial de colonização bac-
teriana; o alto polimento da cerâmica zircônia não parece oferecer nenhuma vantagem em
relação à cerâmica não altamente polida em termos de colonização bacteriana; a prevalência
de coccus, curtos filamentosos e a ausência de longos filamentosos na superfície da cerâmi-
ca sugere a formação de uma placa imatura; algumas células epiteliais encontradas na su-
perfície das cerâmicas (Y-TZP) sugeriram que esse material seja capaz de intensificar a for-
mação do epitélio juncional, apesar dessa hipótese não ter sido testada.
Raigrodski (2003) relatou, em seu artigo, a possibilidade de se colocar o término cer-
vical do preparo das restaurações metal-free, numa posição mais favorável, quando compara-
do com as restaurações metalocerâmicas. O término cervical das restaurações metal-free pode
ser colocado ligeiramente abaixo (0,5mm) ou ao nível da gengiva marginal livre sem compro-
meter a estética. O término colocado ao nível da gengiva marginal livre promove saúde dos
45
tecidos de suporte e facilidade nos procedimentos de moldagem. Mencionou ainda a vanta-
gem da radiopacidade da cerâmica Y-TZP, semelhante ao metal, enquanto os demais sistemas
cerâmicos apresentam radiopacidade semelhante à dentina,. Essa propriedade permite a avali-
ação radiográfica da infra-estrutura de Y-TZP em termos de integridade marginal durante sua
prova e manutenção, e facilidade em termos da remoção do excesso do cimento. Além disso,
autor escreveu que, em relação a outros sistemas cerâmicos para próteses parciais fixas, o sis-
tema Y-TZP apresenta a possibilidade de um conector com dimensões menores, de 9 mm²,
adequado para determinadas regiões protéticas. O autor também falou sobre o desenho do pre-
paro, comentando ser similar ao preparo para as restaurações metalocerâmicas, porém com
algumas especificações: para coroas e próteses parciais fixas anteriores, redução de 1,5 a 2
mm da incisal, 1 a 1,5 mm da face lingual e vestibular; para coroas e próteses parciais fixas
posteriores, redução de 1,5 a 2 mm na oclusal e 1 a 2 mm na face axial; mínimo de 4º de con-
vergência no preparo para permitir uma adequada leitura do scanner; todos os ângulos devem
ser arredondados e o término cervical pode ser em chanfro ou ombro arredondado.
Little e Graham (2004) mencionaram que o preparo para uma restauração de zircônia é
semelhante ao preparo de uma restauração metalocerâmica, devido a sua resistência: 1 mm de
chanfro ou ombro arredondado no término cervical; 1,5mm de redução na fase vestibular e 2
mm de redução oclusal. A única exceção é que o bisel marginal é contra-indicado no preparo
de restaurações de zircônia porque não oferece uma redução uniforme adequada, comprome-
tendo sua resistência. Além disso, a infra-estrutura de zircônia pode possuir uma espessura de
0,4 mm, que é mais fina do que os demais sistemas cerâmicos, por causa da sua maior resis-
tência.
Num estudo in vitro, Potiket, Chiche e Finger (2004) compararam a resistência à fratu-
ra de coroas cerâmicas produzidas com copings de óxido de alumina (Procera AllCeram) de
0,4 mm e 0,6 mm e copings de óxido de zircônia (Procera AllZirkon) de 0,6 mm, utilizando
coroas metalocerâmicas como controle. Todas as restaurações foram tratadas com agente sila-
no (Clearfil SE Bond), cimentadas com cimento resinoso com monômero fosfatados (Panavia
21) em dentes humanos extraídos (incisivo central superior) e colocadas numa solução salina
por 7 dias. A resistência à fratura foi avaliada numa máquina universal de testes com uma ve-
locidade de 2 mm por minuto e um ângulo de 30º com o longo eixo dos dentes. Não houve
diferença significativa na resistência à fratura de dentes restaurados com as coroas cerâmicas
testadas e a coroa metalocerâmica.
Raigrodski (2004) afirmou, em seu artigo, que os sistemas cerâmicos Y-TZP possu-
em uma baixa condutibilidade térmica, o que diminui a sensibilidade dentária e o potencial
46
de irritação pulpar. Além disso, as restaurações totalmente cerâmicas eliminam o problema
de algumas pessoas em relação à hipersensibilidade a ligas, tanto nobres quanto não-nobres
utilizadas em restaurações metalocerâmicas, como o paládio e o níquel.
Suttor (2004) afirmou, em seu artigo, que a cerâmica de óxido de zircônia só pode
ser fabricada mediante a tecnologia CAD/CAM porque o tempo necessário para fresar ma-
nualmente uma infra-estrutura de Y-TZP seria muito longo e economicamente inviável.
Nesse mesmo estudo, o autor escreveu que a ausência da matriz vítrea também influência na
estabilidade da cerâmica, porque o vidro reage com a água e, conseqüentemente, a água da
saliva, levando a corrosão mecânica e acelerando o crescimento das trincas do material sub-
metido a cargas.
Em um estudo in vivo realizado por Scarano (2004), foi avaliada a adesão de bacté-
rias a discos de óxido de zircônia usando como controle discos de titânio. Foi observado que
os discos testados apresentaram significativamente menos adesão bacteriana quando compa-
rada com os discos de titânio, mostrando um baixo potencial de colonização bacteriana dos
discos de óxido de zircônia.
Numa revisão de literatura sobre as propriedades e indicações de diferentes materiais
utilizados para restaurações totalmente cerâmicas, Raigrodski (2005), afirmou que a zircônia
tem a capacidade de mascarar dentes descoloridos e núcleos metálicos.
Sadan, Blatz e Lang (2005) escreveram um artigo sobre as indicações clínicas de co-
pings densamente sinterizados de alumina (com 0.6mm), e de zircônia, afirmando que em ca-
sos com cargas oclusais altas o material de escolha é a zircônia devido a sua maior resistência
flexural (1000MPa) quando comparado com a alumina (670 +/- 30MPa). No mesmo estudo,
os autores relataram que, durante a prova da infra-estrutura na boca, o desgaste deve ser feito
no dente ou núcleo ao invés de ser feito no coping, por acreditarem que esse desgaste manual
na superfície interna do coping pode induzir a formação de trincas e diminuir a resistência da
restauração. Os autores afirmaram também que devido à alta resistência flexural dessas res-
taurações faz com que não haja a necessidade da cimentação resinosa como artifício para au-
mentar sua resistência, assim como ocorre nas cerâmicas feldspáticas. Porém, se a cimentação
resinosa for feita, o protocolo que eles recomendam é o jateamento com óxido de alumínio,
seguido da aplicação de um silano e da utilização de um cimento resinoso, ambos modificados
com monômeros fosfatados. Afirmaram, ainda, que a aplicação de ácido fosfórico a 35% por
5 a 15 segundos é um meio simples e efetivo para limpar a superfície interna da restauração
antes do uso de cimentos convencionais, como o fosfato de zinco, ionômero de vidro ou ionô-
mero modificado com resina. Segundo os autores, o ácido fosfórico não é capaz de modificar
47
a superfície dessas cerâmicas, mas limpam a superfície de diversos contaminantes mais efici-
entemente do que o álcool ou a acetona.
Segundo Touati (2005), devido à sua opacidade, as restaurações de zircônia são parti-
cularmente importantes para mascarar remanescentes dentários descoloridos e núcleos metáli-
cos em regiões estéticas. Afirmou, ainda, que as restaurações de zircônia são uma melhor op-
ção de tratamento quando comparadas com as restaurações convencionais metalocerâmicas,
porque possui melhor estética, apesar dessas últimas possuírem um custo menor e uma fabri-
cação mais simples.
1.3.2 Adaptação Marginal
Luthardt, Sandkuhl e Reitz (1999) analisaram a discrepância vertical, usando escanea-
mento por microscópio eletrônico (SEM), de copings de cerâmica de óxido de alumina
(Procera) e de óxido de zircônia (DCS-Precident System). E concluíram, com esse estudo, que
a precisão da adaptação dos copings cerâmicos de zircônia e de alumina é excelente.
Em seu estudo, Tinschert et al.(2001) avaliaram a adaptação marginal de próteses par-
ciais fixas (PPFs) utilizando infra-estrutura cerâmica de DC-Zirkon, fabricadas pelo sistema
Precident DCS, e In-Ceram Zircônia, com 3, 4 e 5 elementos. A adaptação marginal das infra-
estruturas foi analisada nos padrões de modelos em aço e medida por escaneamento do mi-
croscópio eletrônico. Foram obtidas as seguintes médias dos resultados: a discrepância margi-
nal (distância da superfície interna da margem da coroa até a linha do término cervical) ficou
entre 60,5 e 74,0 µm; o gap marginal (distância vertical da superfície interna da restauração
até o a superfície do dente perto da linha do término cervical) entre 42,9 e 46,3 µm; a discre-
pância vertical (distância vertical da margem de coroa até a linha do término cervical) entre
20,9 e 48,0 µm; a discrepância horizontal (distância horizontal da superfície externa da mar-
gem da coroa até a linha do término cervical) entre 42,0 e 58,8 µm. Com base no conceito de
100µm como limite clínico aceitável, os resultados desse estudo concluíram que o nível da
adaptação marginal de próteses parciais fixas de DC-Zirkon e In-Ceram Zircônia fabricadas
com o sistema Precident DCS encontram-se dentro das exigências clínicas.
Takahashi e Gunne (2003) realizaram um estudo para comparar a precisão da adapta-
ção entre o abutment do implante e o cilindro da infra-estrutura fabricado com duas técnicas
diferentes: sistema Procera, que utiliza a nova tecnologia CAD/CAM na fresagem da infra-
estrutura; e através da fundição de uma liga de ouro, envolvendo os procedimentos de encera-
mento e fundição. Dentro das limitações do estudo, foi demonstrado que a adaptação da infra-
48
estrutura, fabricada através do sistema CAD/CAM, foi significativamente melhor do que da
infra-estrutura fabricada através da fundição de uma liga de ouro.
Coli e Karlsson (2004) realizaram um estudo in vitro para determinar a adaptação mar-
ginal e interna de copings de zircônia fabricados com a técnica CAD/CAM (Denzir). Foram
confeccionados 20 copings, os quais foram cimentados com silicone de adição sobre um tro-
quel de gesso. Após a polimerização do material de impressão, os copings foram removidos, e
a fina camada de silicone representando o espaço interno das restaurações, foi estabilizada
com silicone pesado e posteriormente seccionados e medidos através de microscópio ótico as
discrepâncias oclusais, axiais e marginais Os resultados mostraram uma média de discrepân-
cia marginal de 50 µm com medidas de 0 a 115 µm.
Reich et al. (2005) compararam a adaptação marginal e interna de próteses parciais
fixas de três elementos totalmente cerâmica com o mesmo tipo de trabalho em metalocerâmi-
ca. Oito infra-estruturas foram fabricadas usando Digident CAD/CAM system (DIGI), outras
oito usando o Cerec Inlab system (INLA), blocos de Vita In-Ceram Zircônia foram usados em
ambos os grupos. E o terceiro grupo foi fabricado utilizando blocos de Y-TZP através do La-
va system (LAVA). Todas as infra-estruturas foram cobertas com cerâmica de cobertura e,
seis próteses parciais fixas metalocerâmicas com três elementos foram usadas como controle.
A avaliação da adaptação usou a técnica da réplica com silicone de consistência leve estabili-
zado por um silicone pesado. As réplicas foram examinadas no microscópio eletrônico e a
média dos valores encontrados foi 75 µm para DIGI, 65µm para LAVA e INLA e 54 µm para
o grupo controle. Somente o DIGI obteve uma média de valores significativamente diferente
das próteses em metalocerâmicas e dentro dos limites desse estudo, os resultados sugeriram
que a adaptação de próteses parciais fixas fabricadas pelo sistema CAD/CAM é satisfatória
para o uso clínico.
A proposta do estudo de Bindl e Mormann (2005) foi avaliar a adaptação marginal e
interna de copings cerâmicos fabricados pela técnica convencional: Slip-cast (In-Ceram Zir-
conia) e cera perdida (EmpressII) e pela técnica CAD/CAM (CerecInLab, DCS, Decim e Pro-
cera). Foi observado que a adaptação de copings cerâmicos produzidos pela técnica CAD/
CAM é similar aos produzidos técnicas convencionais.
49
Ao Professor David Felix Balassiano, meu Orientador e amigo de todas as horas, por toda a
atenção, reconhecendo o incomparável Mestre que é, revelado no vasto conhecimento odon-
tológico que possui e no imenso esforço em transmitir o muito que sabe aos seus alunos, en-
tre os quais me incluo, com muita honra.
À Dra. Juliana Aguilar, colaboradora competente e insuperável, pela presteza e contribuição,
sem o qual seria impossível a apresentação deste trabalho.
Aos colegas da disciplina de Prótese Fixa da UERJ, Ângela Maria Vidal Moreira, Arthur
Bessone da Cruz Ferreira, Laura Maria de Oliveira Sotello e Olívia Albertina da Silva Fraga,
aos quais devo muito dos meus passos nesta Universidade, aqui registro as grandes figuras
humanas que existem nos profissionais exemplares que são.
Aos professores colaboradores do Curso de Especialização de Prótese, Alexandre Teixeira,
Glauco Velloso, Marina Almeida e Sandro Bon, que muito contribuem para um trabalho re-
speitado e pela importância de realizá-lo em equipe.
Aos colegas do Centro de Odontologia Integrada, Dr. Luis Filipe Meirelles Frossard, Dra.
Magali Ribeiro, Dr. Marcos Frossard, Dr. Mario Groisman, Dr. Otávio Machado, Dra.
Teresa Meirelles, pelo agradável convívio durante esses anos, e pelo suporte dado a minha
vida profissional.
50
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
Easy abutment 4.3 select (NobelBiocare, EUA)
Análogo de implante 4.3 replace select (NobelBiocare, EUA)
Torquímetro (NobelBiocare, EUA)
Coping plástico para enceramento - Lab Casquete Plastic 4.3 mm easy abutment –
(NobelBiocare)
Resina acrílica
Dez copings em liga preciosa de Au-Pt-Pd (Degudent U, Dentsply)
Dez copings em liga não preciosa a base de Ni-Cr-Mo-Ti (TiliteStar, Talladium, EUA)
Dez copings de óxido de alumina Procera (NobelBiocare, EUA)
Dez copings de óxido de zircônia Procera (NobelBiocare, EUA)
Scanner Procera mod.50
Cera para escultura em esferas (Schuler dental ULM Alemanha)
Revestimento à base de quartzo e feldspato (Talladium micro-fine 1700 – Talladium)
Jato de Oxido de alumínio 50 µm (Bioxid-Techimitalia)
Ultrassom (Microlimp-Sismed)
Broca de carbeto de tungstênio (carbide)
Silicone (Zetalabor – Zermack)
Forno (Ney Centurion Q50, EUA)
Cerâmica Noritake EX-3 (Noritake, Japão)
Cerâmica Duceram Kiss (Degudent , Alemanha)
Cerâmica Nobel Rondo Alumina (NobelBiocare, EUA)
Cerâmica Nobel Rondo Zircônia (NobelBiocare, EUA)
Pedra (Shoffu)
Projetor de Perfil (Deltronic DV 114, EUA)
2.2 Métodos
51
Quarenta coroas, dez coroas de cada sistema cerâmico (metalocerâmica em liga pre-
ciosa, metalocerâmica em liga não preciosa, Procera Alumina e Procera Zircônia) foram ava-
liadas. Todas as coroas foram realizadas diretamente sobre um abutment pré-fabricado 4.3
select (Easy Abutment, NobelBiocare), apresentando 5 mm de altura, com inclinação axial de
6˚ e um término em chanfro com 0,5 mm de largura, foi aparafusado através de um torquíme-
tro com um torque de 35 N, conforme orientação do fabricante, sobre um análogo de um im-
plante (4.3 replace select, NobelBiocare) fixado em um dispositivo quadrangular de resina
acrílica, onde cada face foi nomeada com uma letra: V,M,L e D (Fig. 1).
Figura 1- Easy Abutment 4.3 select aparafusado sobre análogo de implante fixado em
um dispositivo quadrangular de resina.
Vinte copings metálicos foram realizados, dez em liga preciosa de Au-Pt-Pd
(Degudent U, Dentsply) e dez em liga não preciosa a base de níquel, cromo, molibdênio e titâ-
nio (TiliteStar, Talladium) foram obtidos através da técnica de cera perdida. Os padrões foram
encerados (cera para escultura em esferas Schuler dental ULM Alemanha) diretamente sobre
o abutment, utilizando um coping plástico (Lab Casquete Plastic 4.3 mm easy abutment - No-
belBiocare) de modo que ficaram padronizadas, com espessura de 0,6 mm em forma de cilin-
dro. Conforme especificações do fabricante foram incluídas em revestimento à base de quart-
zo e feldspato (Talladium micro-fine 1700 – Talladium) e fundidas com a técnica de indução a
uma temperatura de 1350
o
C, a liga preciosa, e 1329
o
C, o Tilite. Após desinclusão, as peças
foram limpas com o intuito de remover resíduos do revestimento com o jato de óxido de alu-
mínio (120 micras - pressão 60 libras). Foi verificada a adaptação das fundições e ajustes fo-
ram feitos com broca de carbeto de tungstênio (carbide) para remover as irregularidades inter-
52
nas até o perfeito assentamento da peça ao abutment. Em seguida as peças foram limpas atra-
vés de escovação com água corrente e com álcool isopropílico (Figs. 2 e 3).
Figura 2 - Copings de ouro Degudent U Figura 3 - Coping de ouro
Posicionado posicionado sobre o núcleo
Tecnologia CAD/CAM, através do sistema Procera (NobelBiocare), foi utilizada para
realizar os dez copings de óxido de alumina e dez de óxido de zircônia. Foi realizado duplo
escaneamento, ou seja, do abutment e do enceramento, este realizado da mesma maneira que
foi feito para as coroas metálicas. Conforme a técnica orientada pelo fabricante, o abutment
foi montado na plataforma giratória do scanner digital acoplado ao computador. Este começa
a girar e a haste do scanner com uma ponta de safira encosta no abutment em um ângulo de
45º. A cada ângulo de rotação 360 pontos são registrados. A cada rotação completa, a ponta
do scanner se eleva em 200 µm e outra rotação é realizada registrando novos pontos e assim
sucessivamente até todo o preparo ser digitalizado. Para uma digitalização precisa e completa
cerca de 50.000 pontos são requeridos. Após a digitalização, o coping foi desenhado no com-
putador. A linha de término foi refinada manualmente com um intervalo de 10º em torno da
linha de término do preparo. Após isso, a informação foi transmitida via internet para Nobel-
Biocare em Gotemburgo, na Suécia, onde os copings de alumina e zircônia foram produzidos
( Figs. 4, 5 e 6)
53
Figura 4 - Imagem virtual do escaneamento do abutment
Figura 5 - Marcação dos pontos Figura 6 - Marcação da linha de
na linha de término cervical término cervical do abutment
54
Figura 7 - Dez copings Procera de óxido de alumina
Figura 8 - Dez copings Procera de óxido de zircônia
Todos os copings, metálicos e cerâmicos, apresentaram 0,6 mm de espessura e recebe-
ram uma numeração. Foram também analisados e revisados e os que apresentaram algum tipo
de defeito ou desadaptação, visto a olho nu, foram excluídos e novos copings foram obtidos
(Fig.9)
55
Figura 9 - Dez copings em Tilite Star
Foi realizado na face vestibular um desgaste no abutment, de modo que quando os co-
pings eram posicionados sobre o preparo, tivessem apenas um eixo de inserção. Para o correto
assentamento desses copings sobre o abutment, os espécimes foram colocados em um contra-
ponto, com uma força constante, para que durante as medições não houvesse nenhum tipo de
deslocamento. (Fig. 10).
Figura 10 - Espécime posicionado no projetor de perfil através de um contraponto
56
As medições para a avaliação do gap marginal foram realizadas no sentido vertical,
utilizando quatro pontos de referência, exatamente no meio de cada face. Para isso foi utiliza-
do o bloco padrão de alinhamento, tangenciando a face do bloco com o cubo, de modo que
ficasse paralelo e dessa maneira o mesmo ponto de referência pudesse ser utilizado para todas
as medições. Esse procedimento foi repetido, de modo que cada face fosse medida três vezes
em cada ponto de referência, perfazendo um total de doze medições, em cada amostra. O mes-
mo procedimento foi repetido no sentido horizontal, onde os copings também foram medidos
(Fig. 11).
Figura 11 - Bloco padrão de alinhamento posicionado
Os espécimes foram analisados em um projetor de perfil (Deltronic DV 114 – EUA)
com aumento de 20X. O projetor de perfil é um dispositivo de medição e inspeção que au-
menta e projeta a imagem do espécime em uma tela, o foco é realizado no plano z, e a medi-
ção pode ser realizada no plano vertical (x) e no plano horizontal (y) (Fig. 12)
57
Figura 12 - Projetor de Perfil Deltronic DV 114 , EUA (Aumento de 20X)
Para a realização das medidas do gap marginal, o dispositivo de medição foi focado na
interface entre o coping e o término do preparo. Para as medições no sentido horizontal foi
utilizada como referência, a parte mais próxima da margem cervical do coping em cada face
(Figs. 13 e 14).
58
Figura 13 - Medição do coping de ouro
Figura 14 - Medição do coping de óxido de zircônia
59
Após as medições, os copings foram encaminhados ao laboratório de prótese para o recobri-
mento com a cerâmica. Para que houvesse uma padronização na aplicação da cerâmica, todas
as peças foram construídas a partir de um enceramento no formato de cilindro com cerca de 1
mm de espessura, sobre o qual, foi construído uma guia de silicone (Zetalabor – Zermack)
para que fosse usado como referência para a construção de todas as coroas, afim de evitar
possíveis variáveis, e foram realizadas pelo mesmo técnico de laboratório (Fig. 15).
Figura 15 - Seqüência para padronização de confecção das coroas: enceramento,
confecção da muralha de silicone e o espaço obtido para a aplicação da cerâmica
Foi utilizada a cerâmica Nobel Rondo Alumina (NobelBiocare) para a aplicação sobre
os copings de alumina e Nobel Rondo Zircônia (NobelBiocare) para os de zircônia. O ciclo da
cocção da porcelana foi realizado seguindo os seguintes passos: aplicação de dentina e esmal-
te a uma temperatura de 910˚ por 1 minuto com vácuo. O forno utilizado foi o Ney Centurion
Q50, EUA (Figs. 16, 17 e 18).
60
Figura 16 - Cerâmica aplicada sobre os copings de zircônia antes do ciclo da cocção
da cerâmica
Figura 17 - Espécimes posicionados no forno para início do
61
Figura 18 - Coroas de óxido de zircônia após a cocção da cerâmica
Para os copings em liga não preciosa (Tilite Star – Talladium) foi utilizada a cerâmica
Noritake EX-3, indicada pelo fabricante para compatibilizar com o coeficiente de expansão
térmica da liga. Foi obedecida a seqüência descrita a seguir:
Fase 1 : Oxidação do coping. O metal foi colocado no forno de porcelana à 540
o
C .
Sob o vácuo total a temperatura foi aumentada a 55
o
C por minuto até atingir 975
o
C. Ao atin-
gir esta temperatura, o vácuo foi retirado e a peça removida imediatamente do forno. A super-
fície do metal exibiu um oxido azul dourado.
Fase 2: Preparo do metal : usinagem com pedra (Shoffu)
Fase 3 :Limpeza: ultrassom (Microlimp-Sismed) com água destilada por 10 min
Fase 4: Jato de Oxido de alumínio 50 µm (Bioxid-Techimitalia)
Fase 5: Limpeza: ultrassom com água destilada por 10 min
Fase 6:Oxidação como descrito na fase 1
Fase 7: Aplicação da primeira camada de opaco (washbacke) PO-Neutral a 1010
o
C
com vácuo.
Fase 8: Aplicação da segunda camada de opaco a 980˚ com vácuo
Fase 9: Aplicação da camada de dentina e esmalte a 930˚com vácuo
Os copings de liga preciosa (Degudent U) receberam a porcelana de cobertura Duce-
ram Kiss (Degudent – Alemanha) na seguinte seqüência:
Fase 1: Oxidação do coping: o metal foi colocado no forno de porcelana à 540
o
C .
Sem vácuo a temperatura foi aumentada a 55
o
C por minuto até atingir 980
o
C.
62
Fase 2 : Preparo do metal : usinagem com pedra (Shoffu)
Fase 3 : Limpeza: ultrassom (Microlimp-Sismed) com água destilada por 10 mins.
Fase 4: Jato de Oxido de alumínio 50 µm (Bioxid-Techimitalia)
Fase 5: Limpeza: ultrassom com água destilada por 10 mins.
Fase 6: Oxidação como descrito na fase 1:
Fase 7: Aplicação da primeira camada de opaco (washbacke) PO-Neutral 950˚
Fase 8 :Aplicação da segunda camada de opaco PO- 930˚
Fase 9: Aplicação da cerâmica(dentina e esmalte)
Todas as peças, após a aplicação da cerâmica, foram jateadas internamente com óxido
de alumínio 50 µm (2,8 bar por segundos numa distância de 10 mm) com o objetivo de retirar
todo o tipo de impureza interna.
Para possibilitar uma visualização das medições a porcelana não foi aplicada em uma
área de aproximadamente de 0,5 mm de largura na margem de todos os copings. Após esta
fase os espécimes foram novamente posicionados no projetor de perfil para serem feitas novas
medições, seguindo a mesma metodologia descrita anteriormente (Figs. 19 e 20).
Figura 19 - Coroa de óxido de zircônia posicionada no projetor de perfil
para realização das medições
63
Figura 20 - Espécime posicionado para medição horizontal
Com a utilização desta técnica, 960 medições foram realizadas nos plano ho-
rizontal e 960 no vertical (40 espécimes x 4 pontos x 3 vezes x 2 processos de confecção). To-
das as medidas foram feitas pelo mesmo operador.
Foi calculada a estatística descritiva dos grupos. Em função dos dados serem
paramétricos e de distribuição semelhante à normal, as diferenças entre os grupos estudados
foram testadas pela ANOVA one way, seguido do teste de comparações múltiplas de Newman
-Keuls. Na análise das diferenças dos diâmetros cervicais os dados mostram-se dependentes e
pareados (antes e depois da cocção da cerâmica), assim, foi aplicado o teste “t” pareado. O
índice de significância α = 0,05 foi considerado estatisticamente significativo (GLANTZ,
1992). Esta análise foi realizada com auxílio dos programas Excel e GraphPad Prism versão
4.00 para Windows.
64
3 RESULTADOS
Os resultados apurados constam das tabelas e anexo e foram analisados estatisticamen-
te, utilizando os métodos ANOVA, Teste de Comparação Múltipla Newman-Keuls e Teste t
pareado.
3.1 Gap marginal dos sistemas cerâmicos antes e após a aplicação da cerâmica
Os resultados do gap marginal dos sistemas cerâmicos estão representados nas tabelas
de 1 a 4 e na figura 21.
Dentre os sistemas avaliados, o óxido de zircônia foi o que apresentou a menor média
de gap marginal, antes e depois da cocção da cerâmica (estatisticamente significante para as
ligas metálicas e não significante para o óxido de alumina). O óxido de alumina, antes e de-
pois da cocção da cerâmica, apresentou uma média menor do gap marginal que a liga áurica
(não significante estatisticamente) e apresentou um melhor resultado do que a liga de Ni-Cr-
Mo-Ti (estatisticamente significante). A liga áurica obteve uma média menor de gap marginal
do que a liga alternativa (estatisticamente significante antes da cocção e não significante de-
pois da cocção da cerâmica).
Todos os sistemas avaliados não apresentaram mudanças significativas no gap margi-
nal após o ciclo de cocção da cerâmica
Tabela 1 - Média do gap marginal dos copings antes da aplicação da cerâmica (µm)
65
Tabela 2 - Média do gap marginal dos copings depois da aplicação da cerâmica (µm)
Tabela 3 - Cálculo da estatística descritiva do gap margi-
nal (µm) nos grupos de estudo antes da queima da cerâ-
mica. Número de amostras (N), desvio padrão (DP), coe-
ficiente de variação (CV), valores mínimo (Mín) e máxi-
mo (Máx), diferenças significativa (S) e não significativa
(NS) (diferenças entre os grupos testadas pela ANOVA
oneway, seguido do teste de comparações múltiplas de
Newman-Keuls, considerando que os grupos diferem es-
tatisticamente quando p0,05).
66
Tabela 4 - Cálculo da estatística descritiva do gap mar-
ginal nos grupos de estudo depois da queima da
cerâmica. Número de amostras (N), desvio padrão (DP),
coeficiente de variação (CV), valores mínimo (Mín) e
máximo (Máx), diferenças significativa (S) e não signifi-
cativa (NS), versus (vs) (diferenças entre os grupos
testadas pela ANOVA oneway, seguido do teste de com-
parações múltiplas de Newman-Keuls, considerando que
os grupos diferem estatisticamente quando p0,05).
67
Figura 21 – Gráfico em barras (média ± DP) dos valores do gap marginal (µm) nos grupos de
estudo antes e depois da queima da cerâmica. Símbolos alfabéticos diferentes sobre as barras
denotam diferença estatística significativa (p<0,05).
68
3.2 Alterações dimensionais dos sistemas cerâmicos antes e após a aplicação da cerâmica
Os resultados das alterações dimensionais dos sistemas cerâmicos estão representados
nas tabelas de 5 a 7 e na figura 22.
Através das medições horizontais, foi possível constatar que todos os sistemas avalia-
dos apresentaram alterações dimensionais, estatisticamente significante, após o ciclo de coc-
ção da cerâmica.
Tabela 5 - Média das medições horizontais dos copings antes da aplicação da cerâmica (mm)
69
Tabela 7 - Análise das diferenças dos diâmetros
cervicais (mm) entre os grupos estudados, antes
(1H) e depois (2H) da queima da cerâmica sobre
os copings. Diferença significativa (S), versus
(vs) (diferenças testadas pelo Teste t pareado,
considerando que os grupos diferem estatistica-
mente quando p0,05).
70
Figura 22 - Gráfico em barras (média ± DP)
do diâmetro cervical (mm) nos grupos de es-
tudo antes e depois da queima da cerâmica.
Estão indicados os grupos que diferem estatis-
ticamente (p0,05): * do respectivo grupo
antes da queima.
71
4 DISCUSSÃO
Para a realização deste estudo, um abutment metálico pré-fabricado (Easy Abutment –
NobelBiocare) foi utilizado. Para medir a adaptação marginal, vários investigadores utiliza-
ram em seus estudos modelos metálicos (BUCHANAN; SVARE; TURNER, 1981; RINK;
HULS; JAHN, 1995; WANSERSKI et al., 1986) ou resina acrílica (PERA et al., 1994). As
vantagens de utilizar um troquel metálico é a possibilidade de padronizar o preparo e também,
durante os processos de confecção e medição das coroas, este não apresentar nenhum tipo de
desgaste, o que poderia apresentar variáveis significantes no resultado final.
A técnica de die-spacer apresenta diferenças específicas para cada sistema e pode afe-
tar na adaptação da coroa. Weaver et al. (1991) mostrou que a quantidade de material aplica-
do sobre o troquel, formando um relevo, é um fator que pode influenciar a adaptação. Assim
sendo, não foi utilizado die-spacer na obtenção dos copings.
No presente estudo as coroas não foram cimentadas sobre o abutment. Quando a coroa
e o preparo são cobertos pelo material de cimentação, muitas vezes uma precisa avaliação do
ponto de referência avaliado pode ser dificultada (BALKAYA; CINAR; PAMUK, 2005). Ou-
tro aspecto, é que os procedimentos de cimentação afetam a adaptação marginal, devido à vis-
cosidade dos diferentes cimentos, assim como as forças de assentamento utilizadas em cada
trabalho (BELSER; MCENTEE; RICHTER, 1985).
Algumas condições são necessárias para a realização das medições para avaliação de
discrepância marginal em espécimes não seccionáveis: as medidas devem ser repetidas para
aumentar a confiabilidade; a restauração e o troquel devem ser reposicionados em localiza-
ções idênticas e os pontos de medição devem ser precisos e bem definidos.
A técnica de medição utilizada no trabalho aqui apresentado, foi semelhante a metodo-
logia descrita por Balkaya, Cinar e Pamuk (2005) que utilizaram um projetor de perfil com 20
vezes de aumento e Pera et al. (1994) e Sulaiman et al. (1997) que utilizaram quatro pontos de
referência , exatamente no meio de cada face.
Para que isso fosse possível, o abutment pré-fabricado foi aparafusado em um análogo,
que foi fixado em uma base quadrangular de acrílico de modo que pudesse ser fixado no pro-
jetor de perfil. Foi utilizado o bloco padrão de alinhamento, tangenciando a face do bloco com
o cubo, de modo que ficasse completamente paralelo e dessa maneira o mesmo ponto de refe-
rência pudesse ser utilizado para todas as medições, antes e após a aplicação da cerâmica.
Esse procedimento foi repetido, de modo que cada face foi medida três vezes em cada ponto
72
de referência, perfazendo um total de doze medições em cada espécime. O mesmo procedi-
mento foi repetido no sentido horizontal, onde os copings também foram medidos.
Durante as medições realizadas com o objetivo de medir um possível gap em cada
face da coroa, o ponto de referência avaliado de cada espécime foi a interface entre o coping e
o término cervical do abutment. Se esse ponto, por acaso, é “contaminado” pela cerâmica,
isso de alguma maneira pode interferir no completo assentamento da coroa, influenciando nos
resultados. Similarmente, contaminação lateral na margem irá aumentar a distância, já que as
medidas horizontais foram realizadas usando como ponto de referência a parte mais externa e
cervical dos copings com o objetivo de observar uma possível alteração volumétrica destes,
após o ciclo de cocção da cerâmica. Portanto, porcelana não foi aplicada numa área de aproxi-
madamente 0,5 mm na área cervical dos copings (BALKAYA; CINAR; PAMUK, 2005).
Neste estudo, o termo gap marginal foi definido de acordo com Holmes et al.(1989) ou
seja, distância vertical da superfície interna da restauração até a superfície do dente na linha
de término cervical. O sobrecontorno e o subcontorno das margens da coroa não foram avalia-
dos neste estudo.
No que diz respeito a longevidade das restaurações intra-orais, assim como saúde gen-
gival na área de dentes restaurados, adaptação marginal é um fator crítico. A presença de dis-
crepância marginal em uma restauração expõe o cimento ao meio oral. Quanto maior a discre-
pância, maior exposição do cimento aos fluidos orais, e conseqüentemente, mais rápido será
sua solubilidade (JACOBS; WINDELER, 1991). Estudos consultados mostraram correlação
entre discrepância marginal de restaurações com aumento da retenção de placa e aumento de
profundidade de bolsa (FELTON et al., 1991; ROSENSTIEL; LAND; FUJIMOTO, 2002;
VALDERHAUG; BIRKELAND, 1976).
Vários trabalhos na literatura investigaram a adaptação de coroas totalmente cerâmi-
cas, em metalocerâmica e outros tipos de coroas. Os resultados mostraram que as coroas total-
mente cerâmicas podem ser comparadas com as metalocerâmicas (WEAVER; JOHNSON;
BALES, 1991) e coroas totais em ouro (HOLMES et al., 1992).No trabalho aqui avaliado, as
coroas de metalocerâmica em liga preciosa serviram de grupo controle. Os valores do gap
marginal de cada sistema cerâmico, antes e após a aplicação da cerâmica, foram avaliados e
comparados com os resultados de outros estudos (BOENING et al., 2000; GROTEN, 2000;
PERA et al., 1994; RINK; HULS; JAHN, 1995; SHEARER; GOUCH; SETCHEL, 1996) e
com o que é consenso dentro da literatura uma restauração possuir uma abertura marginal
clinicamente aceitável.
73
Christensen em 1966 relatou que os valores para uma restauração subgengival clinica-
mente aceitável foram de 34 a 119 µm e supragengival de 2 a 51 µm. McLean e Fraunhofer
(1971) afirmaram que o limite de abertura marginal clinicamente aceitável deveria ser de 120
µm. Em estudos in vitro da adaptação de coroas Procera AllCeram revelaram valores de 83
µm (SULAIMAN et al., 1997), 63 µm (MAY, 1998), 38 µm (SUÁREZ et al., 2003), 54 µm
(ALBERT; EL-MOWAFY, 2004) e in vivo 80-95 µm para dentes anteriores e 90-145 µm pa-
ra dentes posteriores (BOENING et al., 2000) e 117,9 µm para dentes anteriores, 101,6 µm
para pré-molares e 117,4 µm para molares (KOKUBO et al., 2005).No presente estudo, a mé-
dia dos valores do gap marginal, em ordem decrescente foi de 37 µm para as ligas de Ni-Cr-
Mo-Ti, 23 µm para as ligas áuricas, 16 µm para óxido de Alumina e 8 µm para óxido de zir-
cônia. Portanto, todos os sistemas avaliados ficaram dentro dos limites clinicamente aceitá-
veis.
Foi observado que os copings de óxido de zircônia obtiveram a menor média de gap
marginal e este dado foi estatisticamente significante quando comparado com os copings me-
tálicos, porém não houve diferença estatística com os copings de óxido de alumina. Estes,
apresentaram um resultado melhor em relação à liga alternativa (estatisticamente significan-
te) e apesar de também apresentarem uma média menor (16 µm) que as ligas áuricas (23
µm) , estatisticamente não foi significativo.
A média de abertura marginal tende a refletir a magnitude da abertura marginal de to-
da a coroa. Entretanto a adaptação marginal de uma coroa individual pode variar muito. Desta
forma, a média de várias medições de abertura marginal pode disfarçar aberturas locais gran-
des e com isso, levar a conclusões incorretas. Entretanto, o uso de um modelo metálico, line-
ar, ao invés de um dente natural, provavelmente faz com que essa variação diminua.
Em relação às ligas utilizadas e sua relação com adaptação marginal, na literatura con-
sultada, vários trabalhos mostraram um bom desempenho das ligas de titânio (BESSIMO; JE-
GER; GUGGEENHEIM, 1997; BLACKMAN; BAEZ; BARGHI, 1992; HARRIS; WIC-
KENS, 1994; KARLSSON, 1993; WOLF et al., 1998), podendo ser uma boa alternativa para
as ligas áuricas.
O ciclo da cocção da cerâmica e sua influência sobre a adaptação marginal devem me-
recer considerações diferentes para cada sistema cerâmico.
Na literatura consultada, vários autores relataram que a adaptação inicial das coroas
em metalocerâmica se deteriora durante o ciclo de cocção da cerâmica (BASSANTA; MU-
ENCH, 1987; BUCHAMAN; SVARE; TURNER, 1981; BRIDGER; NICHOLLS, 1981;
CAMPBELL; PELLETIER, 1992a; DEDERICH et al., 1984; FAUCHER; NICHOLLS, 1980;
74
GEMALMAZ; ALKUMRU, 1993; PETTENÒ et al., 2000; SHILLINGBURG; HOBO; FI-
SHER, 1980). Porém existe controvérsia em relação aos fatores que podem levar a esse desa-
juste.
Gemalmaz et al. (1996) relataram que as hipóteses são várias: inadequada contração
térmica entre metal e porcelana; fluidez plástica e deformação do metal sob altas temperatu-
ras; contaminação da fundição reduzindo a temperatura de fusão causando crescimento granu-
lar do metal; formação de uma camada de óxido na superfície interna do coping; redução da
resiliência do metal em virtude da rigidez da porcelana; liberação de tensões resultante da so-
lidificação da fundição; inadequado suporte da estrutura metálica durante a cocção da cerâmi-
ca; contaminação da superfície interna do coping com partículas de porcelana e desenho do
preparo e da subestrutura metálica.
Campbell e Pelletier (1992b) enumeraram os fatores que podem explicar essas diferen-
tes hipóteses: a geometria complexa tridimensional da forma das coroas; a inclusão de variá-
veis de fundição; a falha em identificar e isolar as variáveis envolvidas na distorção do ciclo
térmico (por exemplo, tratamento frio); falha na medição da deformação do metal diretamente
(assentamento marginal); imprecisões das técnicas de medições e estatística inadequada.
Faucher e Nicholls (1980) e Shillingburg, Hobo e Fisher (1980) relataram menor dis-
torção nas terminações em ombro em comparação com o chanfro, dos copings em liga precio-
sa. Por outro lado, os resultados descritos por Gemalmaz e Alkumuru (1995) e Hamaguchi,
Caccciatore e Tueller (1982) mostraram não haver diferença entre os términos avaliados
(ombro e chanfro). Shiratsuchi et al (2006) depois de analisarem a discrepância marginal em
copings galvanizados e coroas em metalocerâmica em ombro, ombro arredondado e chanfro
largo, antes e após a cocção da cerâmica, constataram o melhor resultado nesse último. Buso,
Neisser e Bottino (2004) concluíram que não houve diferença significativa entre chanfro largo
e ombro arredondado para a confecção de coroas em metalocerâmica pelo sistema de eletro-
deposição.
Em relação às coroas totalmente cerâmicas, Quintas, Oliveira e Bottino (2004) e Sua-
rez et al. (2003) compararam esses dois tipos de término (chanfro e ombro), e concluíram que
a adaptação marginal das coroas avaliadas apresentaram resultados semelhantes.
A comparação entre diferentes términos cervicais não foi o objetivo no presente traba-
lho. Foi utilizado um abutment pré-fabricado 4.3 select (Easy Abutment, NobelBiocare), apre-
sentando 5 mm de altura, com inclinação axial de 6˚ e um término em chanfro com 0,5 mm de
largura, terminação preconizada tanto para as coroas metalocerâmicas quanto para as coroas
75
cerâmicas (BELSER; MACENTEE; RICHTER, 1985; LITTLE; GRAHAM, 2004; QUIN-
TAS; OLIVEIRA; BOTTINO, 2004).
Outros pesquisadores associaram essa distorção marginal em relação ao tipo de liga.
Bassanta e Muench (1987), Buchanan, Svare e Turner (1981) e Gemalmaz e Alkumru (1995)
relataram uma maior distorção das ligas não preciosas (Ni-Cr) em comparação às ligas áuri-
cas, relacionado a uma maior formação de uma camada de óxidos internamente nos copings.
Dederich et al. (1984) examinaram esse fenômeno em três ligas não preciosas e constataram
uma grande amplitude nos valores de precisão de adaptação marginal. Entretanto nos achados
de Richter –Snapp et al. (1988) não houve diferença entre as ligas avaliadas (Ni-Cr-Be e Au-
Pd), assim como Leong et al (1994) (ProceraAllTitan, titânio e ouro) e Valderrama et al
(1995) (Procera AllTitan e ouro).
Vários trabalhos mostraram que a maior distorção ocorre durante a inicial oxidação do
metal, ou seja, antes da aplicação da porcelana (BRIDGER; NICHOLLS, 1981; BUCHA-
NAN; SVARE; TURNER, 1981; CAMPBELL; PELLETIER, 1992a; CAMPBELL et al.,
1995; DEDERICH et al., 1984; FAUCHER; NICHOLLS, 1980; GEMALMAZ; ALKUMRU,
1993), embora segundo esses autores pequenas mudanças continuam ocorrendo nas fases sub-
seqüentes de aquecimento e aplicação da cerâmica.
Os trabalhos de Campbell et al. (1995), Campbell e Pelletier (1992a) e Gemalmaz e
Alkumru (1993), mostraram que o tratamento frio da superfície e subseqüente cocção não
contribuem para perda adicional de adaptação marginal desde que sejam feitos após um trata-
mento térmico inicial. Esses autores relataram que o tratamento a frio do metal (através de
brocas) resultam em um acúmulo de energia de deformação na superfície do metal, e uma
subseqüente termociclagem permite a liberação dessa energia acumulada, que pode levar a
distorção.
Todos os copings realizados nessa pesquisa passaram pelo tratamento térmico
(oxidação) antes do tratamento frio, como preconizado pelos autores citados anteriormente.
Entretanto, não foi o objetivo do Autor mostrar a desadaptação das coroas nas diversas
fases da cocção da cerâmica. Os valores descritos na literatura da alteração da adaptação, po-
sitivo ou negativo, foram relativamente pequenos, com valores máximos de deslocamento em
torno de 30 µm (GEMALMAZ et al.,1996; RICHTER-SNAPP, 1988). Porém se for conside-
rado todas as variáveis clínicas, como película do cimento, com os gaps resultantes da confec-
ção dos copings, poderemos ter como resultado discrepâncias marginais além do limite clínico
aceitável.
76
No trabalho aqui realizado, simulando a situação clínica, após o recobrimento com a
cerâmica, os copings foram jateados, antes das medições.
Apos análise estatística (teste t pareado), foi constatado que não houve diferença signi-
ficante do gap marginal antes e após a aplicação da cerâmica, para as ligas metálicas.
Os resultados aqui obtidos, para as ligas metálicas, foram similares aos obtidos por
Bassanta e Muench (1987), Hamaguchi, Cacciatore e Tueller (1982), e Ritcher-Snapp (1988),
que afirmaram que a discrepância marginal que ocorreu nas próteses pela aplicação da cerâ-
mica, não foi significante.
No entanto, em relação às medidas horizontais dos copings metálicos, após análise es-
tatística (teste t pareado) foi possível constatar alterações dimensionais significantes destes,
após a aplicação da cerâmica.
Talvez possa ser considerado que a liga alternativa (TiliteStar, Talladium) usada nessa
pesquisa apresente características semelhantes às ligas de níquel-cromo descritas na literatura,
já que sua composição descrita pelo fabricante contém de 60-76% de níquel, 12-21% de cro-
mo, 4-12% de molibdênio e apenas 4-6% de titânio. Essa liga, segundo o fabricante, foi apro-
vada pela FDA (Federal Dental Association), foi submetida a extensivos testes em universi-
dades, sendo realizadas mais de 100 milhões de restaurações. Entretanto na literatura consul-
tada, não conseguimos encontrar nenhum trabalho relacionado a essa liga específica. São ne-
cessários estudos mais amplos para a confirmação das características físicas e biológicas para
seu uso a nível clínico.
Na literatura consultada, em relação ao comportamento clínico das coroas Procera
AllCeram, foi observado excelente resultado (FRADEANI et al., 2005; ODÉN et al., 1998;
ODMAN; ANDERSSON, 2001; WALTER et al., 2006; ZITZMANN et al., 2007). Porém, foi
encontrado um número pequeno de trabalhos que compararam a adaptação marginal das coro-
as totalmente cerâmicas em óxido de alumina e sua relação com o ciclo da cocção da porcela-
na.
Pera et al. (1994) e Shearer, Gough e Setchel (1996) constataram estabilidade dimensi-
onal adequada das coroas In-Ceram durante o ciclo da cocção da cerâmica. Segundo Pera et
al. (1994) a melhor adaptação foi observada com a terminação em chanfro e ombro 50˚ em
relação ao ombro reto. Entretanto Shearer, Gouch e Setchel (1996) não observaram diferença
entre os términos avaliados (chanfro e ombro).
Sulaiman et al. (1997) também observaram estabilidade dimensional nos ciclos de coc-
ção da cerâmica em três sistemas distintos e constataram uma melhor adaptação do sistema
Empress (63 µm), seguido do Procera (83µm) e por último o In-Ceram (161µm).
77
No entanto, Balkaya et al. (2005) compararam três sistemas distintos e observaram
diferenças nas medições horizontais durante o ciclo de cocção da cerâmica nos sistemas In-
Ceram convencional e In-Ceram com coping fresado (Celay).
As medições horizontais realizadas nesta pesquisa dos copings de óxido de alumina,
antes e após a aplicação da cerâmica, submetidas a análise estatística, revelou que houve mu-
danças significativas, resultados estes, coerentes com os achados de Balkaya et al. (2005)
Porém, em relação ao gap marginal após a aplicação da cerâmica, foi possível consta-
tar que não houve alteração significante.
Em relação à cerâmica de óxido de zircônia, de acordo com a literatura consultada po-
de ser considerado que é um sistema novo e extremamente promissor. Pela sua alta resistên-
cia flexural (1000 MPa) , possui indicação para suportar forças oclusais altas (SADAN;
BLATZ; LANG, 2005; TOUATI,2005)e apresenta também a possibilidade de realizar conec-
tores para próteses parciais fixas com dimensões menores, em torno de 9 mm
(RAIGRODSKI,2003). Entretanto, Potiket, Chiche e Finger (2004) compararam a resistência
à fratura de copings cimentados Procera AllCeram (0,4 e 0,6 mm), Procera AllZirkon (0,6
mm) e metalocerâmica e não observaram diferenças significativas.
Além disso, esse sistema apresenta excelente biocompatibilidade (HARMAND et al.,
1995; RAIGRODSKI, 2003; RAIGRODSKI,2004; RIMONDINI et al., 2002; SCARANO,
2004) e apesar da sua radiopacidade, não interfere em uma estética adequada, sendo uma boa
indicação para mascarar dentes escurecidos e manchados (LITTLE; GRAHAM, 2004; RAI-
GRODSKI, 2005; TOUATI, 2005).
Nenhum trabalho foi encontrado na literatura consultada, comparando a adaptação
marginal das coroas em óxido de zircônia nas diversas fases de cocção da cerâmica.
As medições horizontais realizadas nesta pesquisa dos copings de óxido de zircônia,
antes e após a aplicação da cerâmica, submetidas à análise estatística, revelaram que altera-
ções dimensionais significativas ocorreram.
Porém, em relação ao gap marginal após a aplicação da cerâmica, foi possível consta-
tar que não houve alteração significante.
Neste trabalho, não foi possível relacionar a alteração dimensional dos espécimes ava-
liados após a cocção da cerâmica, com aumento do gap marginal.
Apesar dos resultados das medições horizontais após o ciclo da cocção da cerâmica
terem mostrado alterações significativas, não foi o objetivo do presente estudo, avaliar a sua
relevância clínica. Portanto, estudos complementares são necessários.
78
Os métodos para medir adaptação marginal são: visão do corte transversal; visão direta
da coroa no modelo; técnica de impressão da réplica e exame clínico (SORENSEN,1990). A
técnica do corte transversal tem sido usada para medir adaptação marginal de inlays cimenta-
das, coroas em metalocerâmicas e coroas totalmente cerâmicas. A visão direta no modelo, é
uma técnica não destrutiva e é freqüentemente usada para medir a distorção durante o proces-
so de confecção da restauração (BALKAYA; CINAR; PAMUK, 2005).
As diferenças entre os resultados apurados pelo Autor em relação aos encontrados na
literatura consultada estão possivelmente relacionadas aos diferentes métodos utilizados para
medir adaptação marginal, localização e número de medições, tipo de microscópio e magnitu-
de de aumento, tipo de desenho utilizado para troquel para a realização da medição e o fato
das coroas serem cimentadas ou não.
79
5 CONCLUSÕES
Os resultados apurados e submetidos à análise estatística levaram o Autor às seguintes conclu-
sões:
1- Todos os sistemas cerâmicos avaliados apresentaram valores de gap marginal dentro
dos limites aceitos clinicamente descritos na literatura consultada.
2- Dentre os sistemas avaliados, o óxido de zircônia foi o que apresentou a menor média
de gap marginal, antes e depois da cocção da cerâmica (estatisticamente significante
para as ligas metálicas e não significante para o óxido de alumina). O óxido de alumi-
na, antes e depois da cocção da cerâmica, apresentou uma média menor do gap margi-
nal que a liga áurica (não significante estatisticamente) e apresentou um melhor resul-
tado do que a liga de Ni-Cr-Mo-Ti (estatisticamente significante). A liga áurica obteve
uma média menor de gap marginal do que a liga alternativa (estatisticamente signifi-
cante antes da cocção e não significante depois da cocção da cerâmica).
3- Todos os sistemas avaliados não apresentaram mudanças significativas no gap margi-
nal após o ciclo de cocção da cerâmica.
4- Através das medições horizontais, foi possível constatar que todos os sistemas avalia-
dos apresentaram alterações dimensionais após o ciclo de cocção da cerâmica.
80
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87
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Esta tese foi elaborada de acordo com o roteiro para apresentações das teses e dissertações da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007.
88
ANEXO – Tabelas realizadas e fornecidas pela Pontifície Universidade Católica do Rio de
Janeiro referentes aos resultados obtidos das medições dos copings
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91
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