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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ANÁLISE E OTIMIZAÇÃO DE EVAPORADORES DE FLUXO
ACELERADO APLICADOS A REFRIGERAÇÃO DOMÉSTICA
Dissertação submetida à
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
para obtenção do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA
PAULO JOSÉ WALTRICH
Florianópolis, Setembro de 2008.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
ANÁLISE E OTIMIZAÇÃO DE EVAPORADORES DE FLUXO
ACELERADO APLICADOS A REFRIGERAÇÃO DOMÉSTICA
PAULO JOSÉ WALTRICH
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA
ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECÂNICA
Área de Concentração de Engenharia e Ciências Térmicas
sendo aprovada em sua forma final.
_____________________________________________________
Prof. Jader Riso Barbosa Junior - Orientador
_____________________________________________________
Prof. Cláudio Melo – Co-orientador
_____________________________________________________
Prof. Eduardo Alberto Fancello - Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Prof. António Fábio Carvalho da Silva - Presidente
_____________________________________________________
Prof. Júlio César Passos
_____________________________________________________
Prof. César José Deschamps
“A felicidade não é um estágio da vida a ser alcançado, e sim, um breve
momento de alegria quando atingidos nossos objetivos e desejos.”
Do filme “The pursuit of Happyness
ii
Aos meus pais, Darci e Paulo,
e aos meus irmãos, Gierri e Maicon,
pelo amor, constante incentivo e aprendizado que sempre tive com as suas presenças.
A Ticiana e Família
pelo amor e presença nas horas difíceis.
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus professores, em especial, a Jader Riso Barbosa Junior, pelo imenso
comprometimento e imensurável contribuição na orientação deste trabalho e na
minha formação tanto profissional quanto pessoal, se portando muitas vezes não só
como orientador, mas também como um amigo, a Cláudio Melo, pela experiência e
conhecimentos transmitidos ao longo desse trabalho, a Christian Johann Losso
Hermes pela co-orientação, visão crítica e conhecimentos transmitidos;
Aos colegas do POLO, em especial, a Joel Boeng pela amizade, competência e
comprometimento na realização das suas atividades, a Robson Olímpio Piucco pela
amizade, valorosas discussões e contribuições especialmente nas atividades
experimentais, a Diogo Lôndero da Silva pela amizade e conhecimentos prestados
principalmente nas estimativas das análises das incertezas experimentais, a Luiz
Gustavo Pereira pelo suporte na construção da bancada experimental e no
processamento dos dados, a João Ernesto Schreiner, Guilherme Borges Ribeiro,
Rovanir Baungartner, Thiago Dutra e André Morriensen pela amizade, discussões e
contribuições, a Giovani Adão Rodrigues, Israel Machado, Taffarel Schveitzer
Souza e Rodrigues Stahelin pelo apoio técnico;
A todos os demais professores e integrantes do POLO pela companhia, conhecimentos
prestados e apoio na realização deste trabalho e em minha formação acadêmica;
Aos membros da Banca Examinadora, pela disposição em avaliar este trabalho;
Ao corpo docente e ao próprio Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica
pelos imensos conhecimentos técnicos a mim transmitidos e a oportunidade da
realização deste trabalho;
Ao CNPq e a Whirlpool S.A. – Unidade Multibrás, pelo financiamento deste trabalho;
E a todos aqueles que ajudaram de alguma, que sabem a quem me refiro, muito obrigado!
SUMÁRIO
LISTA DE SÍMBOLOS viii
RESUMO xi
ABSTRACT xii
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Motivação...................................................................................................................4
1.2. Objetivos.....................................................................................................................7
1.3. Estrutura da Dissertação.............................................................................................9
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 11
2.1. Trocadores de Calor Compactos Tubo-Aleta ...........................................................11
2.2. Modelos Matemáticos de Refrigeradores Domésticos.............................................15
2.3. Metodologias de Otimização de Sistemas de Refrigeração......................................16
2.4. Escopo do Trabalho..................................................................................................19
3. EVAPORADOR DE FLUXO ACELERADO (EFA) 21
3.1. Aspectos Gerais........................................................................................................21
3.1.1. Equações Básicas para Trocadores de Calor: Transferência de calor .................................. 21
3.1.2. Equações Básicas para Trocadores de Calor: Queda de Pressão.......................................... 27
3.1.3. Conceito do Evaporador de Fluxo Acelerado ...................................................................... 31
3.2. Análise Experimental ...............................................................................................32
3.2.1. Lei de formação dos tubos e Confecção dos protótipos.......................................................33
3.2.2. Aparato Experimental .......................................................................................................... 40
3.2.3. Resultados experimentais..................................................................................................... 57
3.2.4. Conclusões Parciais..............................................................................................................65
3.3. Modelo Matemático do EFA....................................................................................66
3.3.1. Queda de pressão ................................................................................................................. 69
vi Sumário
3.3.2. Transferência de calor ..........................................................................................................85
3.3.3. Validação do Modelo Matemático .......................................................................................90
4. MODELO MATEMÁTICO DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO 97
4.1. Aspectos Gerais........................................................................................................ 97
4.2. Sub-Modelo do Compressor .................................................................................... 98
4.3. Sub-Modelo do Condensador................................................................................. 103
4.4. Sub-modelo do Trocador de calor Tubo capilar – Linha de Sucção...................... 105
4.5. Sub-modelo do Gabinete........................................................................................ 107
4.5.1. Modelo de Carga Térmica..................................................................................................109
4.5.2. Modelo de circulação interna de ar ....................................................................................112
4.6. Integração dos Componentes do Sistema............................................................... 114
5. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO (PEC) 117
5.1. Aspectos Gerais...................................................................................................... 117
5.2. Formulação dos PEC Lambda e Kappa ................................................................. 118
5.2.1. PEC Lambda (Λ)................................................................................................................118
5.2.2. PEC Kappa (K)...................................................................................................................120
5.3. Método de Otimização........................................................................................... 122
5.4. Implementação Computacional.............................................................................. 127
5.4.1. Aspectos gerais...................................................................................................................127
5.4.2. Acoplamento entre os códigos EES e modeFRONTIER....................................................127
5.4.3. Interface Gráfica do código de Simulação .........................................................................128
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 131
6.1. Avaliação do Desempenho dos EFA ..................................................................... 131
6.1.1. Potência de bombeamento em função da transferência de calor ........................................131
6.1.2. Efeito do by-pass sobre a transferência de calor e a queda de pressão...............................135
6.1.3. Conclusões Parciais............................................................................................................139
6.2. Validação do Modelo do Sistema de Refrigeração................................................ 140
6.2.1. Trabalho experimental........................................................................................................140
Sumário vii
6.2.2.
Resultados .......................................................................................................................... 142
6.2.3. Conclusões Parciais............................................................................................................145
6.3. Otimização e Utilização dos PEC...........................................................................146
6.3.1. Restrições e limites das variáveis de otimização................................................................ 146
6.3.2. Resultados do processo de Otimização .............................................................................. 148
6.3.3. Conclusões Parciais............................................................................................................155
6.4. Análises de Sensibilidade.......................................................................................156
6.4.1. Conclusões Parciais............................................................................................................157
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 159
7.1. Conclusões Finais...................................................................................................159
7.2. Sugestões para Trabalhos Futuros..........................................................................161
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 163
APÊNDICE I - Cálculo da eficiência de aleta 167
APÊNDICE II - Desenhos, dimensões e relações geométricas dos efa 169
APÊNDICE III - Calibração do medidor de fluxo de massa 173
APÊNDICE IV - Análises das incertezas experimentais 177
APÊNDICE V - Testes de fluxo de calor reverso 181
APÊNDICE VI - Caracterização experimental da circulação interna de ar e do ventilador 185
APÊNDICE VII - Instrumentação e modificações no refrigerador 191
APÊNDICE VIII - Câmara e procedimento de testes de validação 197
APÊNDICE IX - Resultados experimentais dos testes de validação 201
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolos Gerais
Símbolo Descrição Unidades
A
Área de troca [m
2
]
A
c
Área mínima de passagem da seção transversal [m
2
]
c
p
Calor específico a pressão constante [J/kgK]
COP
Coeficiente de performance [adimensional]
C$
Custo [adimensional]
d
Diâmetro do tubo [m]
D
h
Diâmetro hidráulico [m]
F
s
Espaçamento entre aleta [m]
F
t
Espessura de aleta [m]
g
&
Geração de calor [W]
G
Velocidade mássica [kg/m
2
s]
h
Coeficiente de transferência de calor [W/m
2
K]
H
Altura da seção transversal do evaporador [m]
H
1
Altura da seção transversal de saída [m]
H
2
Altura da seção transversal de entrada [m]
k
Condutividade térmica [W/mK]
K
Fator de perda de carga [adimensional]
L
Comprimento do evaporador [m]
m
&
Fluxo de massa [kg/s]
p
Pressão [Pa]
P
l
Espaçamento longitudinal dos tubos [m]
P
t
Espaçamento Transversal dos tubos [m]
ix Lista de Símbolos
Q
&
Transferência de calor [W]
R
Resistência ao escoamento [1/ms]
t
Tempo [s]
T
Temperatura [K]
UA
Condutância térmica global [W/K]
V
Velocidade [m/s]
V
&
Vazão volumétrica [m
3
/s]
W
Largura do evaporador [m]
W
&
Potência consumida [W]
Índices
Símbolo Descrição
α
Ar
ad
Adimensionalizado
b
Bombeamento
bp
By-pass
c
Condensador, contração
cg
Compartimento do congelador
e
Entrada, evaporador, expansão
f
aleta
fr
Frontal
i
Interno
k
Volume de controle genérico
m
Médio
ml
Média logarítmica
o
Externo
r
Compartimento do refrigerador
s
Saída
Lista de Símbolos x
t
Total, tubos, feixe de tubos
v
Ventilador
VC
Volume de controle
w
Água, parede
Símbolos Gregos
Símbolo Descrição Unidades
δ
Espessura [m]
η
o
Eficiência da superfície [adimensional]
η
f
Eficiência de aleta [adimensional]
θ
Ângulo do EFA [rad]
μ
Viscosidade do fluido [Pa s]
ρ
Massa específica [kg/m³]
σ
Razão de área [adimensional]
τ
Tensão de cisalhamento [kg/ms
2
]
Grupamentos Adimensionais
Símbolo Descrição Relação
f
Fator de atrito
)2/)(/(
2
ρ
GDL
P
f
h
Δ
=
j
Fator de Colburn
3/2
Pr
p
Gc
h
j =
Nu
Número de Nusselt
k
hL
Nu =
Pr
Número de Prandtl
k
c
p
μ
=Pr
Re
Número de Reynolds
μ
ρ
Vd
=Re
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma análise teórica e experimental de trocadores de
calor tubo-aleta aplicados a refrigeração doméstica. O desempenho de um conceito alternativo
de evaporador, o chamado Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA), foi investigado
sistematicamente. Neste evaporador, a área de seção transversal do lado do ar diminui com a
distância da região de entrada, causando a aceleração do escoamento e promovendo um
aumento no coeficiente de transferência de calor do lado ar. Um estudo de otimização também
foi realizado com o objetivo de obter uma configuração otimizada para o EFA aplicado a um
refrigerador doméstico.
Uma bancada experimental foi construída para avaliar a perda de carga e a
transferência de calor em 15 protótipos de evaporadores, em função da vazão, da razão da
seção transversal entre a entrada e a saída, do número de aletas e do comprimento do trocador.
O aparato experimental é constituído de um túnel de vento e de um circuito de água para
circulação interna dentro dos tubos.
Um modelo de evaporador que simula o comportamento termo-hidráulico do lado ar
também foi desenvolvido. Este modelo divide o evaporador em regiões (volumes de controle)
e em geometrias elementares (tubos e aletas), para fazer uso das informações de geometrias
mais simples disponíveis na literatura e, assim, modelar os fenômenos que ocorrem neste
componente. Um modelo simplificado de um refrigerador doméstico (duas portas, ‘frost-
free’) também foi elaborado para avaliar o impacto global da utilização de um determinado
evaporador no sistema de refrigeração. Os resultados numéricos dos modelos do evaporador e
do sistema de refrigeração foram validados através da comparação com dados experimentais,
verificando-se uma razoável concordância de ±15%.
Através dos estudos de otimização verificou-se que o conceito do EFA apresenta um
grande potencial para a aplicação em refrigeradores domésticos, já que todas as configurações
dos evaporadores obtidos pela otimização apresentaram alguma aceleração. Com a utilização
de um EFA, foi possível constatar reduções de massa do evaporador de até 40%, com uma
redução no COP do sistema de apenas 1%.
ABSTRACT
A theoretical and experimental analysis of tube-fin evaporators utilized in household
top-mount ‘no-frost’ refrigerators is carried out in the present dissertation. The performance
of an alternative evaporator concept, the so-called Accelerated Flow Evaporator (AFE) is
systematically investigated. In this evaporator, the air-side cross sectional area decreases with
the distance from the air flow inlet causing the air flow to accelerate and promote an
enhancement of the air-side heat transfer coefficient. This heat transfer enhancement allows a
reduction of the heat exchanger volume and hence its material cost. An optimization analysis
is also carried out to identify an optimized configuration of the AFE utilized in household
refrigerators.
An experimental apparatus was constructed to measure the air-side pressure drop and
the heat transfer in 15 evaporators prototypes as a function of the air flow rate, the ratio of the
outlet and inlet cross-section area and the number of fins. The test facility consists of an open
wind tunnel connected to a water loop.
A mathematical model which simulates the air-side thermal-hydraulic behavior of the
evaporator was also developed. The modeling approach consists of dividing the evaporator
into n control volumes in the direction of the air flow. The tube pitches, fin density and inlet
and outlet cross-sectional areas can be set independently for each control volume. A
mathematical model for the refrigeration system was also developed to take into account the
overall impact on the system performance due to a change in the configuration of the
evaporator. The agreement between the models and the experimental results is within ±15%.
The optimization results have shown that the AFE concept presents a significant
potential for household refrigeration applications, since all configurations obtained from the
optimization runs contained evaporators with some acceleration. When the AFE concept was
employed, the mass of the evaporator could be reduced by as much as 40%, with an
associated COP reduction of only 1%.
1. INTRODUÇÃO
Pode-se definir a refrigeração como a arte de resfriar corpos sólidos ou fluidos para
temperaturas abaixo das disponíveis no ambiente, num determinado tempo e local (Gosney,
1982). Esta importante área da engenharia vem sendo aprimorada através dos séculos para
atender às diversas necessidades geradas com a evolução do estilo de vida da humanidade. No
dias atuais, é praticamente impossível dissociar as atividades da sociedade moderna dos
benefícios proporcionados pelas tecnologias de refrigeração, seja no resfriamento e
conservação de alimentos, no conforto térmico e climatização de ambientes, medicina ou na
melhoria do desempenho de dispositivos eletrônicos.
Dentre os segmentos da indústria de refrigeração, a refrigeração doméstica
(refrigeradores e freezers) é um dos setores de mais fundamental importância econômica. Em
escala mundial, estima-se que existam mais de um bilhão de refrigeradores domésticos em
operação nos dias de hoje (Coulomb, 2006). Por conseqüência da grande quantidade de
equipamentos em funcionamento e pela baixa eficiência termodinâmica dos mesmos (cerca de
15% da eficiência de Carnot), os refrigeradores domésticos têm um impacto relevante no
consumo de energia elétrica. Por conseqüência, pode-se verificar também a importância
destes sistemas do ponto de vista ambiental, já que a geração de energia elétrica tem um
impacto direto sobre a deterioração do meio ambiente.
Dentre os refrigeradores existentes no mercado, o refrigerador do tipo no-frost (ou
frost-free) de duas portas representa uma porção importante (40%) dos aparelhos vendidos
atualmente. A principal diferença entre o refrigerador
no-frost e os convencionais diz respeito
ao tipo de evaporador utilizado e ao método de circulação do ar no interior dos
compartimentos. Nos refrigeradores no-frost são utilizados trocadores de calor tubo-aleta
(Figura 1.1) e a circulação de ar é realizada por meio de um ventilador (convecção forçada).
Já nos refrigeradores convencionais, são utilizados evaporadores de placa (os chamados roll-
bond
) e a circulação do ar nos compartimentos é governada pela convecção natural (Figura
1.2).
2 Introdução
R
efrigerado
r
P
orta
Tubo Capila
Congelador
Ventilado
r
P
orta
D
uto de retorno
D
uto de insuflamento
P
lenum
Compresso
r
Condensado
r
Direção do escoamento
D
uto de retorno
Figura 1.1 – Evaporador padrão e uma vista lateral do circuito de ar de um refrigerador no-frost.
Refrigerador
Porta
Tubo Capilar
Evaporador
Roll-Bond
Porta
Compressor
Evaporador
Roll-Bond
Condensador
Congelador
Movimentão do
ar por convecção
natural
Movimentação do ar
por convecção natural
Trocador de Calor TC-LS
Formão de Gelo
sobre o Evaporador
Figura 1.2 – Formação de gelo sobre um evaporador roll-bond e uma vista lateral da circulação de ar em um
refrigerador convencional.
Nos refrigeradores, o evaporador está acoplado aos outros componentes do sistema de
refrigeração como ilustrado na Figura 1.3. O sistema de refrigeração utilizado em refrigeração
doméstica é normalmente baseado no princípio de compressão mecânica de vapor, embora
uma pequena fração dos sistemas utilize os princípios termoelétrico ou de absorção.
Introdução 3
Figura 1.3 – Esquema de um sistema de refrigeração aplicado a um refrigerador doméstico no-frost (Hermes,
2006).
A refrigeração obtida por ciclos de compressão mecânica de vapor consiste em se
retirar calor (a uma taxa
e
Q
&
) de um determinado ambiente por meio de um evaporador onde
ocorre a evaporação de um fluido volátil (refrigerante). No ciclo de refrigeração padrão, o
fluido refrigerante deixa o evaporador no estado de vapor saturado e é comprimido por um
compressor mediante a realização de trabalho a uma taxa líquida
k
W
&
. O refrigerante deixa o
compressor a uma alta pressão e temperatura (no estado de vapor superaquecido) e vai para o
condensador, onde se condensa, rejeitando calor ao ambiente externo (a uma taxa
c
Q
&
) a uma
pressão constante. Então, o fluido se encaminha para o dispositivo de expansão, onde tem a
sua pressão reduzida em um processo aproximadamente isentálpico. Neste ponto, o
refrigerante está a uma baixa pressão e temperatura, e se dirige ao evaporador fechando o
ciclo. As transformações de estado do fluido refrigerante ao longo de um ciclo padrão são
mostradas no diagrama p-h da Figura 1.4.
4 Introdução
Q
c
Q
e
W
c
W
c
1
2
3
4
Enta
l
p
i
a
Pressão
Figura 1.4 – Diagrama p-h de um ciclo padrão de refrigeração por compressão a vapor.
O desempenho dos sistemas de refrigeração é usualmente avaliado com referência ao
coeficiente de performance (COP), definido como,
k
e
W
Q
COP
&
&
=
(1.1)
onde
e
Q
&
é a taxa de transferência de calor do evaporador (capacidade de refrigeração) e
k
W
&
é
a potência consumida pelo compressor.
Dentre os componentes do sistema de refrigeração, o evaporador exerce um papel
fundamental no desempenho do refrigerador, uma vez que tem influência direta sobre o
espaço interno e a remoção de calor dos compartimentos. Devido a esta importância no
desempenho do sistema de refrigeração, melhorias na eficiência deste componente podem
influir significativamente no desempenho global do sistema, reduzindo as irreversibilidades
externas e refletindo numa diminuição considerável do consumo de energia.
1.1. Motivação
A desvantagem dos refrigeradores convencionais em relação aos no-frost é a presença
da formação de gelo na superfície do evaporador, que se forma em contato direto com os
alimentos a serem refrigerados no compartimento do congelador. Nos refrigeradores no-frost
o ar é resfriado em um compartimento interno, separado do ambiente do congelador, não
apresentando contato com os alimentos, mas exigindo um espaço exclusivo para a
Introdução 5
acomodação do evaporador e dos dutos de ar. Assim, os refrigeradores no-frost exigem um
custo adicional e um compartimento maior para o evaporador do que os refrigeradores
convencionais, diminuindo o volume útil dos compartimentos do congelador e refrigerador e,
ainda, aumentando o custo final do produto. Pode-se afirmar, então, que melhorias no
desempenho do evaporador têm um impacto positivo tanto no custo quanto no aumento do
espaço interno do refrigerador.
No interior dos compartimentos refrigerados, o ar é utilizado como fluido de trabalho
para resfriar os alimentos, já que este fluido se encontra no ambiente externo e interno, e não
interfere de maneira significativa na conservação dos alimentos. O ar então retira calor dos
produtos estocados e cede calor ao circular no lado externo do evaporador, que por sua vez é
transferido ao fluido refrigerante que se evapora no lado interno. Assim, pode-se verificar a
existência do escoamento de dois fluidos de trabalho distintos no evaporador: ar e fluido
refrigerante.
Como a resistência térmica do lado do ar é significativamente maior do que a do lado
do escoamento interno, o grande desafio do projeto de evaporadores tubo-aleta aplicados a
refrigeração doméstica é a obtenção de um aumento significativo na efetividade da troca de
calor do lado do ar. Este ganho em efetividade pode ser alcançado pelo aumento da área de
troca (com ou sem um aumento do volume do trocador) ou pelo aumento do coeficiente de
transferência de calor do lado do ar. Ao contrário do que geralmente se busca nos trabalhos
encontrados na literatura sobre trocadores de calor, onde o foco é a intensificação da
transferência de calor por meio de uma alteração no projeto das aletas (geradores de vórtice,
aletas ventiladas, etc.), o presente trabalho enfoca na análise da intensificação da transferência
de calor por meio da aceleração do fluxo de ar, mantendo fixo o tipo de aleta utilizado.
Cur e Anselmino (1992) propuseram um conceito alternativo de evaporadores tubo-
aleta para aplicações de refrigeração doméstica, o Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA
1
). A
principal idéia por trás deste conceito é a redução do tamanho do evaporador (e, com isso, a
redução de massa de alumínio) através da intensificação local da transferência de calor. Esta
intensificação é obtida por meio de uma redução progressiva (neste caso, linear) da área da
seção transversal ao escoamento do ar, o que resulta em um aumento da velocidade da
corrente e, conseqüentemente, do número de Reynolds local. A principal desvantagem do
EFA é um aumento intrínseco das componentes reversível e irreversível da queda de pressão
1
A abreviação EFA será usada tanto no singular para “Evaporador de Fluxo Acelerado” quanto para o
plural “Evaporadores de Fluxo Acelerado” ao longo de toda dissertação.
6 Introdução
ao longo do escoamento de ar. A Figura 1.5 ilustra de forma qualitativa as curvas do
coeficiente global de transferência de calor local (U(VC
n
)) e da queda de pressão total (Δp
T
(z))
acumulada ao longo do trocador, os quais são definidos, respectivamente, por,
5,4,3,2,1,
)()(
)(
)( =
ΔΔ
Δ
= n
VCTVCA
VCQ
VCU
nmln
n
n
&
(1.2)
()
Lzdz
dz
dp
zp
z
T
<<=Δ
0,
0
(1.3)
onde )(
n
VCQ
&
Δ , )(
n
VCAΔ e )(
nml
VCTΔ representam, respectivamente, a taxa de troca de
calor, a área de troca e a média logarítmica da diferença de temperaturas para cada volume de
controle hipotético. Estes parâmetros serão descritos com maiores detalhes no Capítulo 3.
Coeficiente de Transferência de Calor
Queda de Pressão
0
L
VC
1
VC
2
VC
3
VC
4
VC
5
z
Coeficiente de Transferência de Calor
Queda de Pressão
0
L
VC
1
VC
2
VC
3
VC
4
VC
5
z
(a) (b)
Figura 1.5 – Intensificação da transferência de calor e perda de carga do escoamento de ar ao atravessar (a) um
evaporador convencional e (b) um EFA, em função da posição z.
Pode-se perceber na Figura 1.5a que o coeficiente de transferência de calor externo é
praticamente constante ao longo do trocador convencional, já que a geometria, velocidade e
padrão de escoamento são praticamente os mesmos entre os volumes de controle. Entretanto,
no EFA (Figura 1.5b), o coeficiente de transferência de calor aumenta ao longo do
evaporador, em função da aceleração do escoamento, e conseqüentemente do número de
Reynolds. Contudo, como desvantagem, o aumento do número de Reynolds causa um
acréscimo considerável na queda de pressão do escoamento do ar ao atravessar o trocador,
quando comparado com o evaporador convencional.
Introdução 7
Outro ponto a ser considerado é a redução da área de troca de calor resultante do corte
das aletas e diminuição do número de fileiras de tubos. Para que o EFA seja atrativo em
comparação com a configuração original, o aumento do coeficiente de transferência de calor
deve ser tal que compense, termodinamicamente ou economicamente, o efeito da redução da
área de troca na capacidade de refrigeração e no consumo de energia do refrigerador.
Até o presente momento, não há na literatura um estudo sistemático desse tipo de
evaporador. Deste modo, os potenciais benefícios da redução de volume e os reais efeitos do
aumento da queda de pressão do lado do ar ainda não puderam ser amplamente quantificados.
Fica evidente, então, a necessidade de um estudo sistemático a respeito de evaporadores de
fluxo acelerado, visando tanto disponibilizar informações experimentais quanto analisar o real
benefício de sua aplicação na refrigeração doméstica. Uma análise quantitativa sobre o
potencial do conceito do EFA ficará mais bem evidenciada quando forem apresentadas, no
Capítulo 3, as principais equações que regem o escoamento e a transferência de calor neste
dispositivo.
1.2. Objetivos
Dada a importância da refrigeração doméstica e, mais especificamente, dos
evaporadores aplicados aos refrigeradores, fica claro que o estudo destes trocadores de calor
pode trazer grandes benefícios tanto para a indústria fabricante de refrigeradores, quanto para
a economia do país, já que reduções significativas de energia e custo de produção podem ser
alcançadas através do aumento do desempenho dos evaporadores.
Visando estes benefícios, o objetivo principal do presente trabalho é realizar um
estudo teórico e experimental sobre o conceito do EFA para, por fim, disponibilizar uma
metodologia computacional de projeto e de otimização de evaporadores no-frost aplicados a
refrigeradores domésticos. De posse desta metodologia, deseja-se também entender o
comportamento da eficiência do sistema de refrigeração em função dos parâmetros
geométricos do EFA, com o objetivo de se alcançar o máximo desempenho do sistema para
este tipo de evaporador.
Além dos objetivos principais citados acima, foram traçados ainda os seguintes
objetivos específicos:
i.
Avaliar experimentalmente as características termo-hidráulicas do EFA, com o
intuito de preencher a lacuna de informações experimentais disponíveis na
literatura a respeito deste conceito;
8 Introdução
ii. Conceber e implementar computacionalmente uma “lei de formação (ou
configuração) dos tubos”, de maneira a padronizar o posicionamento dos tubos
no EFA em função de suas características geométricas, como o comprimento e
as dimensões das seções de entrada e saída;
iii.
Desenvolver e validar um modelo matemático para avaliar a transferência de
calor e queda de pressão em evaporadores no-frost, incluindo também o
conceito do EFA;
iv.
Desenvolver um modelo que avalie a vazão de ar dentro dos compartimentos
refrigerados, em função da curva característica vazão versus perda de carga do
sistema acoplado do ventilador-evaporador com o circuito de circulação interna
de ar do refrigerador;
v.
Desenvolver funções objetivo para avaliação de desempenho de trocadores de
calor e sistemas de refrigeração para serem utilizadas nos processos de
otimização;
vi.
Realizar análises de otimização variando além de características do
evaporador, alterações em outros componentes do sistema de refrigeração,
como por exemplo, no ventilador e no compressor.
Para alcançar os objetivos traçados, foi escolhido como produto de estudo um
refrigerador Brastemp BRM-49, como mostra a Figura 1.6. Este refrigerador é do tipo no-
frost duas portas, com um volume interno útil de 460 litros divididos entre os compartimentos
do congelador e refrigerador. A circulação interna de ar é fornecida por um ventilador axial
que está presente no compartimento do evaporador. Um damper termomecânico com posição
ajustável que, em conjunto com o ventilador, controlam a vazão que circula no interior do
refrigerador.
Introdução 9
Figura 1.6 – Refrigerador ‘no-frost’ estudado (Fonte: www.brastemp.com.br).
1.3. Estrutura da Dissertação
A presente dissertação foi estruturada em cinco partes básicas: i) revisão bibliográfica,
ii) análise experimental e teórica do EFA e do sistema de refrigeração; iii) estudo e
implementação da metodologia de otimização, iv) análises dos resultados e v) conclusões
finais. Estas partes básicas foram organizadas ao longo do texto em 7 capítulos.
O Capítulo 1 diz respeito à presente introdução. No Capítulo 2 é realizada uma revisão
bibliográfica, que faz um apanhado geral sobre os trabalhos que tratam sobre evaporadores
no-frost, modelos matemáticos de sistemas de refrigeração e metodologias de otimização que
serviram de fundamentação para o estudo e análises dos resultados aqui gerados.
No Capítulo 3 são apresentadas as equações básicas e detalhes do conceito do EFA,
juntamente com as análises experimentais (nas quais estão descritas a confecção dos
protótipos e a bancada experimental), modelo matemático do EFA e a sua validação.
No Capítulo 4 é abordado o modelo do sistema de refrigeração e seus sub-modelos
matemáticos. São descritas as equações que regem os principais fenômenos físicos em cada
componente e também é apresentada a integração física e matemática entre eles.
No Capítulo 5 é feita uma discussão a respeito da metodologia e dos critérios de
otimização aplicados ao EFA acoplado ao sistema de refrigeração. Ainda neste capítulo, é
10 Introdução
descrita a implementação computacional dos modelos matemáticos do EFA, do sistema de
refrigeração e dos procedimentos de otimização.
No Capítulo 6, primeiramente, são apresentados os resultados de análise do EFA
individualmente. Em seguida, são apresentados os resultados de validação do modelo
matemático em relação aos dados experimentais para o modelo do EFA acoplado ao sistema
de refrigeração. Tendo sido validado este modelo, são então realizadas as análises e
discussões dos resultados obtidos através da metodologia de otimização.
Finalmente, no Capítulo 7, apresentam-se as conclusões do presente estudo e
recomendações para trabalhos futuros.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O presente estudo compreende a análise teórica, experimental e de otimização de
evaporadores no-frost aplicados a refrigeração doméstica, mais especificamente, de
evaporadores de fluxo acelerado (EFA) utilizados em refrigeradores domésticos. Um foco
maior é dado na pesquisa de trabalhos que se dedicam a trocadores de calor, já que o objetivo
principal do presente estudo é desenvolver uma metodologia de avaliação de evaporadores
no-frost e EFA. Em segundo plano, foi realizada uma pesquisa na literatura por estudos
relacionados à modelagem e otimização de sistemas de refrigeração.
A revisão da literatura foi então dividida em três tópicos principais: i) trocadores de
calor tubo-aleta e no-frost, ii) modelos teóricos de refrigeradores domésticos e iii) estudos de
otimização de sistemas de refrigeração. Nas próximas seções serão apresentadas as
informações acerca dos trabalhos mais relevantes encontrados para cada um dos tópicos
citados.
2.1. Trocadores de Calor Compactos Tubo-Aleta
Estes tipos de trocadores têm como característica principal uma grande área de troca
externa, quando comparada com a área interna. Geralmente, trocadores de calor tubo-aleta são
classificados como compactos por possuírem elevada área da superfície de troca por unidade
de volume (> 700 m
2
/m
3
, segundo Shah e Sekulic, 2003), pelo fato de a resistência térmica
dominante normalmente se encontrar no lado externo (que geralmente tem o ar como fluido
de trabalho). Comparativamente, os trocadores de calor usados como evaporadores nos
refrigeradores no-frost não possuem alta densidade de área de aletas do lado do ar (elas são
mais espaçadas) devido à formação de gelo nas superfícies externas dos mesmos quando em
operação.
Uma grande quantidade de trabalhos experimentais sobre transferência de calor e
perda de carga do lado do ar em trocadores de calor compactos tubo-aleta se encontra
disponível na literatura. Revisões desses trabalhos e de correlações para o fator j
2
de Colburn
2
O fator j de Colburn é uma representação adimensional do coeficiente de transferência de calor, e será
apresentado no Capítulo 3.
12 Revisão Bibliográfica
e o fator de atrito f
3
são apresentadas por Shah e Sekulic (2003), Jacobi et al. (2001) e Webb e
Kim (2005).
O estudo de Jacobi et al. (2001) faz um apanhado geral sobre o estado da arte de
trocadores de calor tubo-aletados aplicados à refrigeração doméstica e condicionamento de ar.
Os autores realizaram uma extensa revisão bibliográfica em busca de correlações
experimentais para o fator de atrito f e fator j de Colburn para trocadores com tubos circulares
e tubos achatados, sob condições secas, molhadas e com formação de gelo. Dentre os estudos
pesquisados por Jacobi et al. (2001), se destacam os trabalhos de Gray e Webb (1986) e Wang
e Chang (1998) para avaliação da transferência de calor, e Wang et al. (1996) para o cálculo
da perda de carga em feixes de tubos aletados.
Segundo Jacobi et al. (2001), o trabalho de Gray e Webb (1986) é o estudo mais
freqüentemente citado em pesquisas acerca de trocadores de calor tubo-aleta plana. Contudo,
Wang e Chang (1998) realizaram algumas alterações e atualizações nas correlações de Gray e
Webb (1986), fornecendo uma maior generalidade para o cálculo da transferência de calor
através da ampliação das faixas de parâmetros geométricos utilizados. Logo, o presente
estudo selecionou o trabalho de Wang e Chang (1998) como a base para a avaliação da
transferência de calor em feixe de tubos aletados.
Wang e Chang (1998) realizaram testes experimentais com 11 amostras de trocadores
tubo-aleta para avaliação da troca de calor e da perda de carga, variando os seguintes
parâmetros geométricos: espaçamento entre as aletas, diâmetro dos tubos e espaçamentos
longitudinal e transversal dos tubos. Essas amostras foram testadas também com um
revestimento hidrofílico, para verificar o comportamento termo-hidráulico do trocador sob
presença de água sobre os tubos e aletas no lado do ar. Segundo os autores, este tipo de
revestimento tem o objetivo de reduzir o ângulo de contato e drenar a água que pode se
acumular sobre a superfície das aletas. Em algumas aplicações, quando a temperatura da
superfície é menor que a temperatura de orvalho do ar, há condensação de água na forma de
gotas sob as superfícies das aletas, bloqueando a passagem do ar e aumentando assim a perda
de carga. Analisando os resultados experimentais, Wang e Chang concluíram que superfícies
com revestimento hidrofílico não têm influência significativa sobre a transferência de calor
sob condições secas. Estes autores também propuseram modificações nas correlações de j de
3
O fator de atrito f é uma representação adimensional da perda de carga, e será apresentado no Capítulo
3.
Revisão Bibliográfica 13
Colburn obtidas por Gray e Weeb (1986), mostrando uma boa concordância tanto com os
dados por eles gerados quanto com os originais de Gray e Webb (1986).
Wang et al. (1996) realizaram ensaios experimentais em túnel de vento com 15
amostras de trocadores de calor de diferentes geometrias, incluindo número de fileiras de
tubos, espaçamento e espessura das aletas. Dos resultados, os autores concluíram que o
espaçamento entre as aletas não afeta de forma significativa a transferência de calor na faixa
testada. Também foi observado que o número de fileiras de tubos não acarretava grandes
mudanças sobre o fator de atrito e que a espessura das aletas não tinha efeito sobre o
coeficiente de troca de calor e fator de atrito. Como o trabalho de Wang e Chang (1998) não
fornecia uma correlação para perda de carga, o trabalho de Wang et al. (1996) foi selecionado
como base para a avaliação deste parâmetro no presente trabalho.
Embora Wang et al. (1996) tenham concluído que o espaçamento entre as aletas não
tem efeito sobre o fator de atrito, Jacobi et al. (2001) discutem a existência de algumas
discrepâncias entre alguns resultados na literatura devido a variações geométricas e incertezas
experimentais. Contudo, na grande maioria dos trabalhos é verificado que o fator de atrito é
mais elevado para menores espaçamentos entre aletas e que o fator j de Colburn é
independente deste espaçamento.
No contexto dos evaporadores empregados em refrigeradores no-frost, observa-se
carência de trabalhos na literatura a respeito do seu comportamento termo-hidráulico. Karatas
et al. (1996) conduziram um estudo experimental da transferência de calor e perda de carga
em evaporadores no-frost. Foram investigados quatro tipos diferentes de evaporadores para
refrigeração doméstica, testados para condições de distribuição uniforme e não-uniforme de
temperatura e velocidade do ar na entrada do trocador. Correlações para f e j foram geradas
em função do número de Reynolds (G
max
d
o
/ μ
a
) entre 300 a 1000, e do fator de aletamento
(definido como a razão entre a área externa total sobre a área dos tubos), entre 1 e 6. Os
autores concluíram que o coeficiente de transferência de calor é fortemente afetado pelo fator
de aletamento, que aumenta com a diminuição do fator de aletamento. Estes autores
observaram também que o fator de atrito se eleva para maiores valores de espaçamento de
aleta.
Lee et al. (2002) investigaram o comportamento da transferência de calor do lado do
ar para três tipos diferentes de configurações de evaporadores no-frost (aletas planas discretas,
aletas planas contínuas e aletas em forma de espinhos (‘spine-fin’). Apesar do pequeno
comprimento e da reduzida área de troca, o evaporador com esta última configuração de aletas
exibiu o melhor desempenho termo-hidráulico sob condições ‘secas’. Os autores propuseram
14 Revisão Bibliográfica
correlações para o coeficiente de transferência de calor em função do número de Reynolds do
escoamento do ar (G
max
d
o
/ μ
a
). As faixas de aplicação das correlações não foram indicadas e
a perda de carga não foi apresentada para nenhum dos três evaporadores testados. Apesar
disso, foi mencionado que a perda de carga para as aletas de espinhos foi menor do que as
observadas para a aletas planas discretas e contínuas.
Melo et al. (2006) realizaram testes in-situ de evaporadores em um refrigerador real
em operação. Três evaporadores praticamente idênticos foram testados com diferentes
configurações de escoamento do lado do refrigerante (contra-corrente, correntes contrárias e
dois passes). Conforme esperado, o arranjo das correntes não exibiu qualquer efeito sobre o
desempenho para graus de superaquecimento na saída do evaporador menores do que 5°C. O
melhor desempenho do sistema para um superaquecimento na saída do evaporador igual a
10°C foi observado para o evaporador de correntes contrárias.
Barbosa et al. (2006) apresentaram resultados experimentais de condutância térmica
global, perda de carga, fator j de Colburn e fator de atrito para oito evaporadores no-frost com
diferentes valores de número e espaçamento entre aletas e número de fileiras de tubos.
Correlações para j e f foram propostas em função do número de Reynolds (G
max
d
o
/ μ
a
), do
fator de aletamento e do número de fileiras de tubos. Os autores verificaram que, para uma
área externa equivalente, evaporadores com menor comprimento apresentam uma melhor
relação custo-benefício entre a perda de carga e a transferência de calor, indicando que as
últimas fileiras de tubos têm uma contribuição menos efetiva para a troca de calor e exercem
ainda uma influencia negativa sobre a perda de carga.
Yang et al. (2006) propuseram um modelo matemático a fim de estimar o
comportamento da formação de gelo em trocadores de calor tubo-aleta. O modelo proposto
foi validado contra dados experimentais para espessura de gelo formada, quantidade de gelo
acumulada e taxa de transferência de calor. Apesar do presente trabalho não abranger o estudo
da formação de gelo em trocadores de calor, o estudo de Yang et al. (2006) serviu como
referência importante para a metodologia de cálculo da transferência de calor e da queda de
pressão desenvolvidas para o EFA sob condições ‘secas’. Esta metodologia consiste em
dividir o trocador de calor em volumes de controle unidimensionais ao longo do escoamento
do ar, nos quais as contribuições individuais dos tubos e das aletas para a transferência de
calor e perda de carga são avaliadas isoladamente. Tal abordagem, entretanto, não é devida
única e originalmente a Yang et al. (2006). Rich (1973) em seu estudo experimental de
trocadores tubo-aleta com aletas planas, propuseram que a força de atrito fosse dividida em
Revisão Bibliográfica 15
uma parcela referente ao escoamento ao redor dos tubos e outra referente ao escoamento
sobre as aletas.
2.2. Modelos Matemáticos de Refrigeradores Domésticos
Gonçalves (2004) propôs uma metodologia numérica para análise térmica de
refrigeradores domésticos. Os componentes do refrigerador foram modelados com base nas
equações fundamentais de conservação da massa e energia para volumes de controle na forma
integral. Informações do refrigerador obtidas experimentalmente foram utilizadas como dados
de entrada, a fim de simplificar e complementar os modelos teóricos. A modelagem desses
componentes forneceu um conjunto de equações (muitas delas não-lineares) que foram
resolvidas utilizando o software EES – Engineering Equation Solver (Klein, 2007), que obtém
a solução das equações algébricas através de uma variante do método de Newton-Rapson. Os
resultados de simulação foram validados contra ensaios experimentais, obtendo uma faixa de
desvio de ±5°C para as temperaturas internas e ±10% para a potência consumida pelo
compressor.
Hermes (2006) desenvolveu uma metodologia para a simulação computacional do
comportamento dinâmico (regime transiente) de refrigeradores domésticos com
movimentação forçada de ar. Modelos específicos para cada um dos componentes do
refrigerador foram elaborados: evaporador, condensador, trocador de calor tubo capilar –
linha de sucção, compressor e compartimentos refrigerados. Todos os modelos apresentados
foram comparados contra dados experimentais e forneceram uma boa concordância. Segundo
o autor, o modelo de simulação do refrigerador é capaz de simular um transiente de partida de
12 horas de um refrigerador doméstico em apenas 30 minutos, ou seja, 24 vezes mais rápido
que o ensaio experimental. Entretanto, tal abordagem ainda é computacionalmente custosa
para ser empregada em uma análise de otimização do sistema de refrigeração e de seus
componentes. Uma estimativa do tempo computacional pode ser obtida multiplicando-se o
tempo de simulação (em torno de 30 minutos) por 2000 (que é em média do número de
simulação que devem ser feitas na obtenção de um ponto de otimização), totalizando 41 dias.
Pereira et al. (2007) propuseram uma metodologia semi-empírica para computar o
consumo de energia de um refrigerador no-frost em regime permanente. Os modelos dos
componentes do refrigerador foram desenvolvidos com base nas equações de conservação da
massa e energia na forma integral. Informações experimentais dos componentes são utilizadas
como dados de entrada para complementar e simplificar os modelos dos componentes do
refrigerador. A metodologia proposta por estes autores é muito semelhante àquela apresentada
16 Revisão Bibliográfica
por Gonçalves (2004). Porém, Pereira et al. (2007) aprimoraram a análise de modo a permitir
o cômputo do consumo de energia do refrigerador, grandeza associada ao comportamento
cíclico do sistema de refrigeração. A metodologia foi validada contra evidências
experimentais obtidas para 16 refrigeradores distintos, com todas as predições para o consumo
de energia situando-se numa faixa de erro entre +5% e -15%. Algumas análises foram
realizadas variando características construtivas de alguns componentes, obtendo impactos
sobre o consumo de energia exibidos na Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Impacto no consumo de energia em função das alterações no sistema de refrigeração segundo o
estudo de Pereira et al. (2007).
Alteração no Componente Objetivo Impacto no Consumo de Energia
Redução de uma fileira do evaporador Redução de custo Aumento de 0,5%
Aumento de uma fileira no condensador Redução no consumo Redução de 3,3%
Alteração do deslocamento volumétrico
para 5,09 cm
3
Redução no consumo Redução de 2,9%
Segundo os autores, todas essas alterações combinadas proporcionam uma redução de
consumo de energia superior a 5%. Estes resultados mostram que reduções significativas tanto
de custo quanto em consumo de energia podem ser obtidas somente modificando parâmetros
construtivos dos componentes, justificando ainda mais o objetivo do presente trabalho.
O trabalho de Pereira et al. (2007) foi aqui utilizado como modelo base para simular o
comportamento do refrigerador em estudo. Este trabalho foi selecionado por avaliar de
maneira razoável o comportamento de um refrigerador no-frost em regime permanente,
incorporando o cálculo do consumo de energia (que é uma característica cíclica) e ainda ter
um baixíssimo custo computacional (em torno de 10 segundos).
2.3. Metodologias de Otimização de Sistemas de Refrigeração
Stewart (2003) desenvolveu um modelo termo-hidráulico para condensadores
acoplado ao modelo de um sistema de refrigeração (aplicação em condicionamento de ar). Em
seu trabalho, foi aplicada uma metodologia de otimização para obtenção de 14 parâmetros de
projeto tendo como função objetivo o próprio COP do sistema. Nesta metodologia, foi
implementado computacionalmente um código do sistema de refrigeração na plataforma EES
(Klein, 2007) acoplado a um programa em Visual Basic (comercializado pela Microsoft),
utilizando um algoritmo de otimização disponível no EES (Simplex Search Method). Seus
Revisão Bibliográfica 17
resultados mostraram que aumentando a área frontal e reduzindo o diâmetro do tubo, a
eficiência do sistema de refrigeração é aumentada para um mesmo valor de custo do
condensador, o mesmo acontecendo para aletas cada vez mais finas, até que a integridade
estrutural destas comece a ser comprometida.
Gomes (2006) realizou uma análise comparativa do desempenho termodinâmico de
compressores alternativos, de pistão rolante e scroll aplicados à refrigeração doméstica. Os
modelos para cada um dos compressores estudados foram baseados em uma abordagem
integral, resultando em um conjunto de equações diferenciais ordinárias que descrevem as
variações das propriedades termodinâmicas do fluido refrigerante ao longo do processo de
compressão. Entretanto, o ponto de interesse neste trabalho se refere à metodologia de
otimização utilizada. O autor desenvolveu uma metodologia de otimização, acoplada aos
modelos de simulação, que permitiu a determinação dos parâmetros construtivos de cada um
dos compressores, de modo a se obter um máximo desempenho do compressor para uma
determinada faixa de capacidade e fluido refrigerante. Esta metodologia consiste em acoplar
os modelos matemáticos dos compressores (escrita na linguagem FORTRAN) a um código
computacional especializado em otimização multi-objetiva, chamado modeFRONTIER 3.1.0
(Multi-Objetctive Optimization and Design Environment), comercializado pela Esteco (2005).
Este código tem como principais características fornecer vários algoritmos de otimização, ser
facilmente acoplado a outros códigos computacionais e fornecer boas ferramentas de pós-
processamento, como gráficos bi e tridimensionais em tempo real durante o processo de
otimização. Por estes motivos, a metodologia de otimização de Gomes (2006) foi aqui
utilizada como base nas análises de otimização aplicadas.
Geralmente, em otimização, é necessária a definição de funções objetivo, que servem
como critérios de comparação entre duas configurações ou sistemas diferentes (vários autores
na literatura, principalmente na área de trocadores de calor, têm utilizado a sigla PEC, do
inglês P
erformance Evaluation Criteria, para se referir a essas funções objetivo). Através da
manipulação das equações que regem os fenômenos físicos e que contém os parâmetros
geométricos destes dispositivos, diferentes PEC podem ser formulados, agrupando de maneira
fisicamente consistente os vários parâmetros do problema, de modo a reduzir o número de
variáveis independentes do projeto. Os PEC associados a trocadores de calor podem ser
classificados quanto aos tipos de escoamentos envolvidos (PEC monofásicos ou bifásicos –
Webb e Kim, 2005), ou também quanto aos princípios termodinâmicos envolvidos nas
análises (PEC baseados na primeira ou segunda lei da termodinâmica - Yilmaz et al., 2005).
18 Revisão Bibliográfica
Yilmaz et al. (2005) apresentam um panorama geral dos PEC baseados na primeira lei
da termodinâmica disponíveis atualmente na literatura. Aproximadamente 100 PEC são
mostrados e revisados. Os autores fizeram várias comparações e relataram que muitos deles
inclusive são relacionados entre si. Algumas recomendações foram sugeridas no sentido de se
determinar quais parâmetros devem ser levadas em consideração na seleção dos PEC. Os
seguintes aspetos foram recomendados:
Tipo de escoamento: monofásico ou bifásico;
Tipos de superfícies a serem comparadas (fatores que são intrínsecos a cada
tipo de superfície): resistência térmica das paredes e incrustações, configuração
dos tubos e adição de elementos sobre a superfície, como geradores de
vórtices;
Restrições: Parâmetros que podem ser mantidos fixos durante a análise,
dependendo da aplicação de interesse, como: vazão, carga térmica, perda de
carga, potência de bombeamento e limites dimensionais;
Função objetivo: referente ao objetivo principal que se deseja atingir, como
obter uma máxima troca de calor para uma mínima potência de bombeamento
ou para um mínimo volume de trocador;
Tipo do trocador de calor: trocador tubular, compacto, de placas, regeneradores
entre outros. Este aspecto é importante já que alguns PEC são desenvolvidos
somente para alguns trocadores específicos;
Considerações sobre o custo podem ser adicionadas.
Todos os PEC revisados por Yilmaz et al. (2005) são referentes somente a trocadores de
calor, não abrangendo nenhum outro componente do sistema.
Pira et al. (2000) realizaram um trabalho de otimização de trocadores de calor
aplicados a sistemas de condicionamento de ar. Uma análise de otimização de vários
parâmetros geométricos e termodinâmicos do evaporador e do condensador foram realizadas,
para quatro categorias de PEC. Dois dos critérios adotados levam em conta somente
parâmetros geométricos dos trocadores de calor, sendo portanto mais indicados nas análises
comparativas entre trocadores individualmente. Estes critérios normalmente se mostram
ineficazes na caracterização do comportamento ótimo do sistema. Assim, os outros dois
critérios levaram em conta o impacto da alteração da geometria do condensador e do
evaporador sobre a eficiência do sistema, e puderam ser mais bem utilizados como uma
Revisão Bibliográfica 19
ferramenta de projeto para o sistema e/ou trocadores de calor. Maiores detalhes a respeito dos
critérios de avaliação de desempenho utilizados por Pira et al. (2000) serão apresentados na
seção 5.1.
2.4. Escopo do Trabalho
A revisão bibliográfica revelou uma ausência de estudos sistemáticos sobre o EFA e
também uma escassez de trabalhos a respeito de evaporadores e refrigeradores no-frost.
Análises de otimização de sistemas que envolvam este tipo de evaporador também são raras
na literatura aberta. Logo, o presente trabalho visa levantar informações teóricas e
experimentais e desenvolver metodologias de cálculo, tanto termo-hidráulico de trocadores de
calor do tipo EFA quanto de otimização de sistemas de refrigeração, que possam vir a fazer
uso de evaporadores no-frost convencionais ou baseados no conceito do EFA.
3. EVAPORADOR DE FLUXO ACELERADO (EFA)
3.1. Aspectos Gerais
Trocadores de calor são dispositivos usados para efetuar a troca térmica entre dois
fluidos a temperaturas diferentes. Tal processo é comum na engenharia, sendo abundantes os
exemplos de aplicação e os tipos de trocadores de calor encontrados em condicionamento de
ar, na produção ou recuperação de energia, na refrigeração e em diversas outras aplicações
(Shah e Sekulic, 2003).
Existe uma grande variedade de tipos de trocadores de calor, tanto no que diz respeito
à disposição do escoamento quanto à geometria e à forma construtiva. O tipo de trocador aqui
estudado é um trocador ar-líquido (ou ar-mistura bifásica) de tubos circulares e aletas planas
contínuas e descontínuas dispostas do lado do ar (comumente chamado de trocador tubo-
aleta).
O objetivo deste capítulo é apresentar as equações básicas que regem os principais
fenômenos em trocadores de calor, o conceito do EFA, a análise experimental e o modelo
matemático desenvolvido para o EFA.
3.1.1. Equações Básicas para Trocadores de Calor: Transferência de calor
Equação de Balanço de Energia
Considere o problema fundamental da transferência entre duas correntes a
temperaturas distintas, escoando no mesmo sentido
4
e separadas por uma parede (Figura 3.1).
Admite-se regime permanente, variações das energias cinética e potencial desprezíveis,
ausência de mudança de fase e calores específicos constantes. Os balanços de energia em
volumes de controle infinitesimais em cada corrente fornecem (Kakaç e Liu, 2002),
4
A análise para um trocador de correntes com sentidos opostos é análoga e, por brevidade, não será
apresentada aqui. Maiores detalhes podem ser encontrados em Kakaç e Liu (2002) e Incropera e DeWitt
(1992).
22 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
()
()
()
+=
f
p
q
p
fq
cmcm
QTTd
&&
&
11
δ
(3.1)
onde
m
&
é a vazão em massa, c
p
é o calor específico a pressão constante e Q
&
δ
é a taxa de
transferência de calor. Os sub-índices q e f se referem aos fluidos quente e frio,
respectivamente.
dQ
Fronteira Sólida
e s
AA + dA
f
T
q
T
qq
dTT
+
ff
dTT
+
Isolamento
ss
ffpf
Tcmi
,)(,
&
ee
ffpf
Tcmi
,)(,
&
ee
qqpq
Tcmi
,)(,
&
ss
qqpq
Tcmi
,)(,
&
Figura 3.1 – Balanço global de energia para os fluidos quente e frio para um trocador de calor de dois fluidos.
A taxa de transferência de calor e a diferença entre as temperaturas das correntes se
relacionam através da Lei de Resfriamento,
(
)
dATTUQ
fq
=
&
δ
(3.2)
onde U é o coeficiente global de transferência de calor. Admitindo que U seja constante ao
longo do trocador, tem-se que, mediante a eliminação de Q
&
δ
das Eqs. (3.1) e (3.2),
(
)
()
()()
+=
Δ
Δ
A
f
p
q
p
T
T
fq
fq
dA
cmcm
U
TT
TTd
s
e
0
11
&&
(3.3)
onde os sub-índices e e s se referem à entrada e à saída das correntes paralelas,
respectivamente. Integrando a equação acima e substituindo os balanços de energia em cada
corrente dados por,
()
()
sqeq
q
p
TT
Q
cm
,,
=
&
&
(3.4)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 23
()
()
efsf
f
p
TT
Q
cm
,,
=
&
&
(3.5)
tem-se que (Kakaç e Liu, 2002),
()
se
se
TT
TT
UAQ
ΔΔ
Δ
Δ
=
ln
&
(3.6)
onde o terceiro fator do lado direito do sinal é a média logarítmica da diferença de
temperaturas, na qual as diferenças de temperaturas na entrada e saída do trocador de calor
são dadas por (ver Figura 3.2),
efeqe
TTT
,,
=
Δ
(3.7)
sfsqs
TTT
,,
=
Δ
(3.8)
eq
T
,
sq
T
,
ef
T
,
sf
T
,
distânciaouáreadetroca
(
)
fq
TT
Figura 3.2 – Balanço global de energia para os fluidos quente e frio para um trocador de calor de dois fluidos.
Em um evaporador onde a perda de carga do lado do refrigerante é desprezível e em
que os estados do refrigerante na entrada e na saída são de líquido e vapor saturado, é justo
assumir que T
f,e
= T
f,s
= T
f
. Nesse caso, tanto a análise térmica de um trocador de correntes
paralelas (Eq. 3.6) ou opostas se reduz a,
()
=
fsq
feq
sqeq
TT
TT
TTUAQ
,
,
,,
ln
&
(3.9)
24 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Coeficiente Global de Transferência de Calor
Uma parte essencial da análise de um trocador de calor é a determinação do
coeficiente global de transferência de calor, U. Este coeficiente é definido em termos da
resistência térmica total à transferência de calor entre os dois fluidos, a qual engloba as
resistências devidas à condução pela parede que separam as correntes e à convecção entre as
correntes e às faces da parede em contato com os fluidos. Um parâmetro que pode se tornar
importante no cálculo da resistência térmica total é o fator de incrustação (fouling factor
R’’
f
) que, dependendo da aplicação, pode contribuir consideravelmente para a deterioração da
transferência de calor em um trocador. Um tipo de incrustação recorrente em evaporadores
no-frost, que poderia ser considerado como uma incrustação intermitente, é a formação de
geada na superfície externa. Além disso, outro parâmetro de grande relevância é a presença de
aletas nas superfícies expostas a uma ou a ambas as correntes. A presença das aletas aumenta
a área superficial e, conseqüentemente, diminui a resistência térmica convectiva. Assim,
levando em conta a presença de todos os parâmetros citados, a condutância térmica global,
UA, pode ser calculada por,
qo
qf
qo
w
fo
ff
fo
T
A
R
hA
R
A
R
hA
R
UA )(
''
)(
1
)(
''
)(
11
,,
ηηηη
++++==
(3.10)
onde
w
R se refere à resistência térmica condutiva da fronteira sólida (parede) entre os dois
fluidos,
A diz respeito à área de troca de calor (interna ou externa), h é o coeficiente de
transferência de calor e
o
η
é a eficiência da superfície, definida como um fator de correção da
não-uniformidade da distribuição de temperaturas na superfície devido à presença das aletas.
Outro parâmetro que pode ser importante em trocadores tubo-aleta é a resistência
térmica de contato entre os tubos e as aletas. Tal efeito é minimizado quando as últimas são
soldadas ou brazadas aos tubos. Contudo, em alguns tipos de trocadores de calor, os processos
de fabricação e montagem inviabilizam esta medida, dificultando a quantificação da
resistência térmica de contato. Nesse caso, o efeito da resistência térmica de contato não é
computado isoladamente e, numa abordagem experimental, acaba sendo incorporado à
resistência térmica devido à convecção sobre a superfície aletada.
Em evaporadores de sistemas de refrigeração doméstica, os fatores de incrustação são
normalmente desprezíveis (e a formação de geada na superfície externa não é considerada em
cálculos de projeto). Metais de alta condutividade térmica, como alumínio e cobre, são usados
na fabricação dos tubos e aletas. Desse modo,
o
η
~ 1 (já que para os trocadores aqui estudados
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 25
os valores de eficiência das superfícies variam entre 0,9 e 0,98),
R
w
~ 0, e a Eq. (3.10) pode
ser simplificada na forma,
qf
T
hAhA
R
)(
1
)(
1
+
(3.11)
As ordens de grandeza dos coeficientes de convecção dos lados interno (
f) e externo
(
q) de um evaporador podem ser avaliadas a partir dos valores típicos apresentados na Tabela
3.1. Assim,
32143421
ExternoLado
q
InternoLado
f
T
AA
R
100
1
000.10
1
+
(3.12)
Tabela 3.1 – Ordem de magnitude do coeficiente de transferência de calor (Kakaç e Liu, 2002).
Fluido
h, W/(m
2
K)
Gases (convecção natural) 3-25
Gases (convecção forçada) 25-250
Líquidos (convecção natural) 50-1000
Líquidos (convecção forçada) 100-20.000
A Eq. (3.12) compara as resistências térmicas do lado externo (ar) e interno (líquido)
do evaporador. É evidente que melhorias na transferência de calor destes trocadores devem
ser realizadas no lado externo
, já que um decréscimo de 10% na resistência térmica do lado
externo é equivalente a uma redução de 100% no lado interno, para uma relação entre as áreas
internas e externas da ordem de 10 (A
q
/A
f
= 10). Esta equação também mostra que uma
redução significativa da resistência térmica do lado externo pode ser obtida se a área de troca
externa for aumentada. Entretanto, um acréscimo de área significa um aumento no custo
material e de potência de bombeamento do ar, uma vez que a impedância ao escoamento do
lado do ar aumenta sensivelmente com a área externa (para um volume fixo).
Logo, a partir deste ponto no presente trabalho, os efeitos de transferência de calor e
perda de carga serão considerados somente para o lado externo do evaporador, levando em
conta somente a temperatura do fluido interno (suposta constante ao longo do evaporador). A
temperatura da superfície da parede externa dos tubos do trocador é calculada aplicando-se
26 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
uma correção à temperatura do escoamento interno, proporcional à resistência térmica
combinada (em série) da convecção interna e da condução na parede do tubo. Nos
experimentos do presente trabalho, esta correção é pequena (da ordem de 0,2
o
C) devido às
baixas resistências térmicas da convecção interna e da parede do tubo.
Levando em conta somente a resistência externa, e admitindo que o coeficiente de
transferência de calor seja constante, a Eq. (3.9) pode ser escrita na forma,
()
=
wsq
weq
sqeqo
TT
TT
TThAQ
,
,
,,
ln
η
&
(3.13)
onde h é o coeficiente de transferência de calor do lado externo e A é a área de troca do lado
externo. T
w
e T
q
são as temperaturas da parede e do fluido quente (externo), e os sub-índices e
e s denotam entrada e saída, respectivamente. O termo entre colchetes é a média logarítmica
da diferença de temperaturas para um trocador de calor com uma corrente de capacidade
térmica infinita (Kakaç e Liu, 2002).
Em função da eficiência da aleta, a eficiência da superfície é dada por (Kakaç e Liu,
2002),
)1(1
f
f
o
A
A
ηη
=
(3.14)
onde
f
A é a área superficial das aletas e
f
η
é a eficiência de uma aleta. No presente estudo,
os trocadores de calor possuem aletas planas e contínuas, cujas eficiências são calculadas a
partir do método empregado por Perotin e Clodic (2003), apresentado no Apêndice I.
Usualmente, na análise de trocadores de calor compactos, o coeficiente de
transferência de calor para superfícies estendidas é adimensionalizado com base no fator j de
Colburn, definido por,
3/23/2
3/1
PrPrSt
PrRe
Nu
p
Gc
h
j ===
(3.15)
onde St, Pr e c
p
são, respectivamente, os números e Stanton e de Prandtl e o calor específico
do fluido do lado externo. G
c
é o fluxo de massa definido por,
c
A
m
VG
&
==
max
ρ
(3.16)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 27
onde
m
&
é a vazão em massa total do fluido e A
c
é a mínima área livre de passagem na seção
transversal do canal externo.
3.1.2. Equações Básicas para Trocadores de Calor: Queda de Pressão
No projeto de trocadores de calor com apenas líquidos como fluidos de trabalho, uma
precisa caracterização da perda de carga das correntes não costuma ser importante, devido à
baixa potência requerida para bombear fluidos com alta densidade. Entretanto, em trocadores
envolvendo gases, a determinação da perda de carga é tão importante quanto às características
referentes à transferência de calor. A equação que define a potência de bombeamento é dada
por,
bb
b
pmpV
W
ρηη
Δ
=
Δ
=
&
&
&
(3.17)
onde
ρ, V
&
,
m
&
e pΔ são, respectivamente, a densidade, a vazão volumétrica, a vazão em
massa e a queda de pressão do escoamento.
b
η
é o rendimento da bomba/ventilador cuja
função é bombear o fluido.
O perfil da pressão ao longo de um trocador de calor (canais de placas) é mostrado na
Figura 3.3. A partir do diagrama, é possível verificar que a variação de pressão do fluido ao
atravessar o trocador pode ser dividida em três parcelas (Kays e London, 1984): i) entrada, ii)
saída e iii) região central. A combinação destas três parcelas fornece a queda de pressão total,
dada pela seguinte relação,
sbbaaetotal
pppp
Δ
Δ
+
Δ
=
Δ
(3.18)
Regiões de entrada e saída
A região de entrada é compreendida entre os pontos e e a da Figura 3.3 e sua variação
de pressão consiste na contribuição de duas parcelas: 1) variação reversível devida à mudança
de seção (efeito Bernoulli) e 2) irreversível devida à contração repentina. Na região de
entrada, existe uma redução de pressão e, em seguida, uma recuperação devida à formação da
vena-contracta. Já na região de saída, pode ser observada uma recuperação da pressão devida
ao aumento da área de seção transversal, o que diminui a velocidade do escoamento, e
conseqüentemente, aumenta a pressão.
28 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Escoamento
de Ar
e
ab
s
p
x
)
e-a
)
a-b
)
s-2
)
total
dx
dp
44443444421
Central Região
4434421
Entrada
43421
Saída
Figura 3.3 – Diagrama da variação de pressão e as componentes do escoamento ao longo de um trocador de
calor.
Considerando o escoamento incompressível e assumindo se tratar de um pequeno
trecho, onde a variação de temperatura não altera de maneira significativa a densidade, da
equação de Bernoulli pode ser obtida a parcela reversível por,
()
=
=
2
222
1
222
a
eaeea
e
rev
ae
V
VVVV
pp
ρ
ρ
(3.19)
onde
e
ρ
é a densidade na entrada do trocador. Da equação da continuidade tem-se que,
σρρ
==
a
e
aaceeefre
V
V
VAVA
,,
(3.20)
onde
σ
é a razão entre área mínima de escoamento e a área frontal (A
c
/A
fr
). Substituindo a
Eq. (3.20) e a (3.16) na Eq. (3.19), tem-se a parcela reversível dada por,
()
()
2
2
1
2
σ
ρ
=
e
rev
ae
G
pp
(3.21)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 29
Já a parcela irreversível é conseqüência da separação do escoamento e do escoamento
secundário que produzem variações irreversíveis de pressão, as quais podem ser estimadas
pelo fator de contração repentina
K
c
, dado pela seguinte expressão,
()
e
c
ae
c
irrev
ae
G
K
V
Kpp
ρ
ρ
22
2
2
==
(3.22)
O coeficiente
K
c
pode ser obtido de livros-texto sobre Mecânica dos Fluidos (Fox e
McDonald, 1995), onde os coeficientes determinados experimentalmente são apresentados
para várias geometrias em função do número de Reynolds.
Somando as Eq. (3.21) e (3.22) chega-se à queda de pressão relativa à região de
entrada, dada pela seguinte relação,
()
c
e
ae
K
G
p +=Δ
2
2
1
2
σ
ρ
(3.23)
Fazendo uma análise semelhante para a região de saída (entre os pontos
b e s), obtém-
se,
()()
s
e
es
sb
K
G
K
G
p
ρ
ρ
σ
ρ
σ
ρ
exp
2
2
exp
2
2
1
2
1
2
==Δ
(3.24)
Região central
A queda de pressão nesta região (entre os pontos a e b) consiste também de dois
termos: 1) devido à fricção do fluido e 2) relativos a possíveis contrações e expansões internas
através desta região.
Aplicando a segunda lei de Newton no volume de controle infinitesimal da Figura 3.4,
chega-se a,
PdxAdx
dx
dp
ppA
AG
dx
dx
d
AG
wcc
c
c
τ
ρρρ
+=
+
2
2
11
(3.25)
onde, no contexto de um trocador de calor tubo-aletas,
w
τ
contempla a tensão de
cisalhamento na parede e o arrasto de forma.
P é o perímetro molhado da superfície em
contato com o fluido.
30 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
dx
ρ
c
AG
Vm
2
max
=
&
+
dx
dx
d
AG
c
ρρ
11
2
Pdx
w
τ
Pdx
w
τ
c
Adx
dx
dp
p
+
c
pA
Figura 3.4 – Balanço de quantidade de movimento no volume infinitesimal dx da Figura 3.3.
O fator de atrito de Fanning, f , é a tensão de cisalhamento adimensionalizada pela
pressão dinâmica do escoamento,
ρ
τ
ρ
τ
2/
2/
22
max
G
V
f
ww
==
(3.26)
Substituindo a equação anterior na Eq. (3.25) e rearranjando-a, obtém-se,
c
A
PfG
dx
d
G
dx
dp
ρρ
2
1
2
2
+
=
(3.27)
Pode-se definir o diâmetro hidráulico como sendo,
A
LA
P
A
D
cc
h
4
4
==
(3.28)
onde A é a área da superfície em contato com o fluido.
Usando d(1/ρ) = - (1/ρ
2
)dρ e integrando a Eq. (3.27) entre x = 0 (onde ρ = ρ
e
e p = p
a
)
e x = L (onde ρ = ρ
s
e p = p
b
), chega-se à queda de pressão total da região central,
+
==Δ
m
e
hs
e
e
baba
D
L
f
G
ppp
ρ
ρ
ρ
ρ
ρ
14
12
2
2
(3.29)
onde (1/ρ)
m
= v
m
é o volume específico médio ao longo do trocador, que pode ser
representado por (para pequenas mudanças de pressão),
+=
+
==
=
se
se
m
m
m
L
m
vv
v
dx
L
ρρρρρρ
11
2
1
2
1111
0
(3.30)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 31
Queda de Pressão Total
A queda de pressão total no trocador de calor de tubos aletados é obtida através da
substituição das Eqs. (3.23), (3.24) e (3.29) na Eq.(3.18), fornecendo,
() ()
+
++=Δ
44434442143421
43421
4434421
saída
exp
2
atrito
inércia
entrada
2
2
1
4
121
2
s
e
sb
m
e
hs
e
cae
e
total
K
D
L
fK
G
p
ρ
ρ
σ
ρ
ρ
ρ
ρ
σ
ρ
(3.31)
Geralmente, nesses trocadores de calor, as parcelas irreversíveis da queda de pressão
devidas à entrada e à saída do trocador são da mesma ordem de magnitude, sendo
incorporadas no fator de atrito f, que é normalmente obtido experimentalmente. A partir desta
simplificação (ou seja, K
c
= K
exp
= 0), tem-se que,
()
++=Δ
4434421
43421
inércia
2
saída e entrada atrito,
2
11
2
s
e
m
e
ce
total
A
A
f
G
p
ρ
ρ
σ
ρ
ρ
ρ
(3.32)
3.1.3. Conceito do Evaporador de Fluxo Acelerado
A intensificação da transferência de calor no Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) é
uma conseqüência do aumento da velocidade do ar ao longo do trocador em função da
conservação da massa. Trocadores de calor tubo-aleta convencionais (dentre eles os
evaporadores no-frost) têm a dimensão da seção transversal ao escoamento do lado do ar
constante em função da distância à seção de entrada. No EFA, esta dimensão (mais
especificamente, a altura H da Figura 3.5) diminui gradativamente com a distância,
acelerando assim o fluxo de ar. De acordo com a conservação da massa, à medida que a seção
de passagem se torna mais estreita, a velocidade do ar aumenta e, pelo efeito Bernoulli, a
pressão diminui. Desta forma, em conseqüência do aumento da velocidade do fluxo de ar (ou
seja, do número de Reynolds local), espera-se também que o coeficiente de transferência de
calor local entre o ar e as superfícies do trocador, h, aumente. Assim, o intuito do EFA é
compensar a redução da área da superfície de troca de calor através de um aumento de h. A
geometria típica e os parâmetros geométricos do EFA são apresentados na Figura 3.5.
A relação que define a variação da dimensão H da seção transversal ao fluxo de ar no
EFA é dada por,
32 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
z
L
HH
HzH
)(
)(
21
2
+=
(3.33)
‘Bends’
e
1
z
dz
θ
DireçãodoEscoamento
H
2
(z)
H
1
(z)
Figura 3.5 – Nomenclatura dos parâmetros geométricos do EFA.
Entretanto, a aceleração sofrida pelo escoamento que atravessa o EFA promove um
aumento na perda de carga do lado do ar. Logo, fica evidente a importância de um estudo
sistemático dos parâmetros geométricos do EFA para identificar uma geometria que seja
benéfica à transferência de calor, mas que não penalize de maneira excessiva a queda de
pressão. Este estudo, conduzido pela primeira vez no presente trabalho, foi divido em duas
partes: i) análise experimental e ii) modelo analítico, as quais são descritas nas seções a
seguir.
3.2. Análise Experimental
Não há na literatura aberta nenhuma avaliação experimental sistemática de trocadores
de calor de fluxo acelerado, de sorte que um estudo experimental avaliando os efeitos da
variação de algumas características geométricas e termo-hidráulicas teve de ser realizada.
Para a execução destes experimentos foi construída uma bancada experimental e foram
testados 14 protótipos de EFA, com diferentes espaçamentos de aletas, altura de seção
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 33
transversal de saída (dimensão
H) e comprimento (dimensão L). A seguir, na Seção 3.2.1. ,
será descrito o projeto e a confecção dos protótipos e, na seqüência, na Seção 3.2.2. , será
apresentada a descrição da bancada, procedimentos e os resultados experimentais.
3.2.1. Lei de formação dos tubos e Confecção dos protótipos
Para dar início à confecção dos protótipos, foi necessário definir as configurações e os
parâmetros geométricos a serem avaliados. Os seguintes parâmetros foram definidos como os
mais importantes para a análise experimental:
i.
Número de aletas (2, 30 e 60 aletas)
5
;
ii.
Altura da seção transversal de saída (H
2
/H
1
=1, 1/2 e 1/5).
Outro parâmetro importante é a disposição geométrica dos tubos (arranjo alinhado ou
desencontrado, e os valores dos espaçamentos longitudinal e transversal) devido à sua forte
influência no padrão do escoamento do ar e, conseqüentemente, na transferência de calor.
Como o EFA é um novo conceito, não se tinha disponível uma geometria de referência
para a disposição dos tubos (por exemplo, um evaporador já comercializado em um produto).
Foi necessário então desenvolver uma “lei de formação” para ser seguida no momento do
posicionamento dos tubos nos protótipos. Sem uma regra para a disposição dos tubos, o
posicionamento relativo dos mesmos poderia diferir significativamente para as diferentes
configurações das aletas (
H
2
/H
1
=1, 1/2 e 1/5) e não seria possível isolar o real papel da
aceleração do escoamento na transferência de calor. Claramente, a “lei de formação” deve se
aplicar tanto aos evaporadores convencionais quanto aos EFA. Devido a questões construtivas
e de geometria, algumas restrições devem ser seguidas no processo de posicionamento dos
tubos, como segue:
i.
Ser aplicável a evaporadores com: H
2
/H
1
= 1, H
2
/H
1
= 1/2 e H
2
/H
1
= 1/5 (Figura
3.6) e a outras configurações intermediárias, ou seja, para valores de
H
2
/H
1
= 1/3,
por exemplo;
ii.
Os conectores curvos de 180º que interligam os tubos (“bends”) devem ter
dimensões idênticas em todo o trocador de calor. Nos protótipos do presente
trabalho, esta dimensão é de 21 mm (ver Figura 3.5);
5
As aletas presentes nos trocadores com apenas duas aletas têm a única finalidade de dar rigidez
estrutural para os tubos, não sendo adicionada com o objetivo de aumentar a área de troca de calor.
34 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
iii. A razão entre a área da aleta e a área da seção transversal dos tubos é constante,
independente do valor de
H
2
/H
1
.
EFA Reto EFA 1/2 EFA 1/5
Figura 3.6 – Formato das aletas para H
1
/ H
2
= 1, 1/2 e 1/5, respectivamente.
A partir das restrições citadas, uma rotina de posicionamento foi desenvolvida, e pode
ser obtida com os seguintes passos (ver Figura 3.7):
1º Passo- Posicionar o primeiro tubo no canto onde as duas arestas da aleta
formam um ângulo reto, deixando uma distância mínima entre a borda da aleta e o
contorno do tubo (
Canal), conforme mostra a Figura 3.7. A largura escolhida para o
Canal deve ser tal que o canal resultante junto à aresta L da aleta tenha uma largura
semelhante ao canal formado em relação à aresta
H
2
;
2º Passo- Traçar linhas (P) com um ângulo α (onde α = 60° + θ ) em relação à
horizontal (ver Figura 3.7), paralelas e igualmente espaçadas de
e
1
(onde e
1
é definido
pelo comprimento do
Bend). Uma destas linhas deve cruzar o centro do primeiro tubo
adicionado. Estas medidas irão fazer com que os tubos fiquem dispostos de maneira
desencontrada em relação ao escoamento, já que este tipo de disposição torna a
transferência de calor em feixe de tubos mais eficiente;
3º Passo - Com as linhas P desenhadas, adicionar tubos horizontalmente em
direção da aresta
L’, espaçados de e
1
até que o diâmetro de ação d
1
toque ou ultrapasse
a aresta da aleta (ver Figura 3.7). O diâmetro de ação do tubo (
d
1
) é definido por,
tubo
dd 2
1
=
(3.34)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 35
O tubo que toca ou ultrapassa a aresta é eliminado;
4º Passo – O tubo anterior àquele que tocou ou ultrapassou a aresta da aleta no
3º Passo é dito como o último tubo válido da 1ª linha (ver Figura 3.7). Os próximos
tubos são então adicionados segundo os seguintes sub-passos:
i) Após o
último tubo válido da linha anterior, o 1º tubo da linha é adicionado
sobre uma linha
P. Este tubo é ligado ao tubo anterior pelo Bend, ou seja, espaçado de
e
1
do tubo anterior;
ii) O próximo tubo desta nova linha deve ser adicionado na posição horizontal
e seguir na mesma direção que estavam sendo inseridos os tubos da linha anterior (no
caso do exemplo da Figura 3.7 na primeira linha o último tubo foi inserido na direção
da aresta
L’, logo, os tubos da segunda linha foram adicionados nessa direção até que
fosse alcançado a aresta
L’ na segunda linha). Porém, se este novo tubo for adicionado
e o seu diâmetro de ação tocar ou ultrapassar a aresta, deve-se inverter a direção e
inserir os próximos tubos nesta nova direção. Quando o diâmetro de ação tocar ou
ultrapassar a aresta deve-se então passar para uma linha acima;
iii) Ao avançar para uma nova linha, deve-se retornar para sub-passo (i). Este
último procedimento se repete até que não seja possível alcançar nenhuma das linhas
P sem que o diâmetro de ação alcance as arestas da aleta.
5º Passo – A partir do último tubo válido do 4ºPasso, o novo tubo é inserido na
direção vertical e em seguida, usando o
Bend como um braço de alavanca, o tubo é
rotacionado até que o diâmetro de ação toque a aresta. O tubo deve ser rotacionado na
direção oposta a direção que o tubo anterior foi adicionado. Os tubos são então
inseridos conforme este procedimento até que não seja possível nenhuma outra
posição que o diâmetro de ação não ultrapasse as arestas da aleta;
36 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
e
1
e
1
e
1
L
H
2
C
a
n
a
l
Canal
1º Passo 2º Passo 3º Passo
Tubo Eliminado
Aleta
4º Passo
5º Passo Configuração Final
L'
L
L'
Tubos Eliminados
Último tubo
válido da 1ª
linha
Último tubo
válido da
2ª linha
Último
tubo válido
da 3ª linha
Último tubo
válido para
o 4º passo
L
L'
Último tubo
válido para
o 4º passo
L
L'
H
2
Bend
Ø d
1
e
1
PPP P
L L' L L'
PPP P
PPP P
Figura 3.7 – Procedimento de posicionamento dos tubos segundo a “lei de formação” desenvolvida.
Tendo definido as configurações geométricas dos trocadores (Figura 3.8), foi possível
realizar a confecção dos protótipos. Os desenhos dos EFAs, com suas respectivas cotas, são
apresentados no Apêndice II. A rotina de posicionamento também foi implementada
computacionalmente através de um algoritmo, para que fosse possível determinar a posição
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 37
dos tubos para valores de
H
1
intermediários aos construídos nos protótipos. Uma interface
gráfica, que fornece o desenho da aleta com os respectivos tubos foi desenvolvida com base
neste algoritmo, e será ilustrada na Seção 5.4.3.
EFA Reto EFA ½ EFA 1/5
Figura 3.8 – Configuração final dos tubos com H
1
/ H
2
= 1, 1/2 e 1/5, respectivamente.
Foram testados 15 evaporadores, dos quais 14 eram protótipos confeccionados
exclusivamente para os experimentos e o outro era um evaporador idêntico ao utilizado no
refrigerador em estudo (aqui chamado de Original 52 aletas). A Tabela 3.2 mostra 12
evaporadores apenas, já que exemplares idênticos aos protótipos #2 (Reto 30 aletas), #4 (EFA
½ 60 aletas) e #8 (EFA 1/5 30 aletas) foram confeccionados para se avaliar a repetibilidade
com relação à construção dos mesmos. Dois evaporadores, #10 e #11 (
L = 38,4 mm e 46 e 60
aletas, respectivamente), de seção transversal constante (ou seja, retos), foram confeccionados
com o intuito de se analisar o efeito da altura na transferência de calor.
Ao contrário dos outros exemplares da família dos EFA, o trocador Original 52 aletas
apresenta aletas descontínuas (cujo comprimento é igual a 36 mm) que abrangem duas fileiras
consecutivas de tubos. O espaçamento entre as aletas é variável com relação à direção do
escoamento do ar, sendo maior na seção de entrada e menor na de saída (ver Figura 3.9). No
trocador em questão, o espaçamento entre as aletas é de 15 mm para as aletas que tomam a
primeira e a segunda fileiras de tubos, de 10 para terceira e quarta fileiras e 5 mm para os
pares de fileiras subseqüentes (ou seja, da quinta e sexta até a nona e décima fileiras).
38 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Aletas contínuas
Aletas descontínuasEspaçamento entre aletas variável
Espaçamento entre aletas constante
Evaporador Original
Evaporador EFA
Figura 3.9 – Algumas das diferenças geométricas entre os evaporadores Original e EFA.
Todos os protótipos foram confeccionados com tubos de cobre com diâmetro externo
de 8,8 mm. As aletas foram fabricadas em alumínio com 0,25 mm de espessura, exceto as
aletas de base ou estruturais (ou seja, aquelas posicionadas em ambas as extremidades), que
têm espessura de 1 mm. O processo de montagem das aletas sobre os tubos foi realizado pela
empresa Whirlpool SA com uma matriz para montagem das aletas e uma bomba hidráulica
para expansão dos tubos.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 39
Tabela 3.2 – Protótipos e principais parâmetros dos EFA’s.
Nomenclatura
do evaporador
H
2
(mm)
N° de
aletas
N° de tubos
Área total
(m
2
)
Espaçam.
aletas (mm)
Massa total
(kg)
59,5 60 20 1,40 5,2 1,242
59,5 30 20 0,78 10,3 1,030
59,5 2 20 0,18 310,0 0,823
29,75 60 15 1,05 5,2 0,884
29,75 30 15 0,59 10,3 0,843
29,75 2 15 0,14 310,0 0,585
11,9 57 12 0,79 5,5 0,734
11,9 30 12 0,48 10,3 0,643
11,9 2 12 0,12 310,0 0,522
59,5 60 4 0,34 5,5 0,374
59,5 46 4 0,27 6,7 0,338
59,5 52
*
20 0,99 6,5
**
0,846
*
Número médio de aletas.
**
Espaçamento médio entre as aletas
E
E
v
v
a
a
p
p
#
#
1
1
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E
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A
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6
0
0
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2
2
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t
o
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3
0
0
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E
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p
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#
3
3
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A
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R
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2
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v
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p
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#
4
4
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2
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6
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0
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5
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2
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7
7
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8
8
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0
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p
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#
9
9
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F
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2
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0
0
M
M
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i
n
n
i
i
R
R
e
e
t
t
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o
6
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0
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E
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v
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a
p
p
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#
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1
1
M
M
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n
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t
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o
o
4
4
6
6
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v
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a
p
p
#
#
1
1
2
2
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O
r
r
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i
g
g
i
i
n
n
a
a
l
l
5
5
2
2
40 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
3.2.2. Aparato Experimental
Uma bancada experimental foi construída com a finalidade de se obter o
comportamento da queda de pressão e a transferência de calor dos protótipos dos EFA e dos
demais trocadores analisados. O aparato experimental foi projetado segundo as normas
ASHRAE 41.2 (1987), ASHRAE 37 (1988) e ASHRAE 51 (1999). A Figura 3.10 mostra os
principais componentes deste aparato, montado no laboratório de testes. A Figura 3.11
apresenta um evaporador montado e instrumentado na seção de testes pronto para ser testado.
A bancada consiste basicamente de um túnel de vento aberto (circuito de ar), acoplado a um
circuito de água que controla a vazão e temperatura da água, que circula dentro do trocador de
calor. A concepção, descrição dos circuitos de água e ar, sistemas de aquisição e controle,
procedimentos de testes e os limites de operação da bancada, serão apresentados a seguir.
Figura 3.10 – Bancada experimental para evaporadores no-frost e EFA.
Figura 3.11 – Evaporador montado e instrumentado na seção de testes.
Túnel de Vento
Circuito de Água
Seção de Testes
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 41
Escolha do Conceito do Aparato Experimental
Dos trabalhos analisados na revisão bibliográfica, os trabalhos de Melo et al. (2006) e
Lee
et al. (2002) foram utilizados como base para a concepção da bancada experimental.
Ambos os trabalhos testaram evaporadores semelhantes, porém com estratégias diferentes.
Melo
et al. (2006) realizaram testes in-situ, ou seja, no próprio refrigerador em condições
reais de operação. Já Lee
et al. (2002), optaram por um calorímetro de túnel de vento, onde as
condições de operação (apesar de diferentes das condições reais do refrigerador) podem ser
mais bem controladas e os parâmetros medidos com maior precisão. A bancada utilizada por
Lee
et al. (2002) é esquematizada na Figura 3.12.
Banho
Termosti co
Banho
Termosti co
Fluxímetro
Trocadode Cal o r
Mediçãode
Temperaturana
saídadoar
Isolamentormico(EspumadePo liestireno‐ 80mm)
PlacadeAcrílico
Tela
Entrada
doAr
Misturador
dear
Tela
SeçãodeTe s te
Mediçãode Temper atur anaentradadoar
Bocais
Saídado
Ar
Manôme troDifere ncial
Túne l de
Vento
Figura 3.12 – Esquema do aparato experimental utilizado por Lee et al (2002).
No presente trabalho, o mesmo princípio de funcionamento (túnel de vento de circuito
aberto) é utilizado. Contudo, baseado nas recomendações das normas ASHRAE (1987, 1988,
1999), foram redesenhadas as dimensões e o posicionamento das medições de temperatura e
tomadas de pressão, como apresentado na Figura 3.13.
42 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
1250400300
500
SCREEN
Dimensions in milimeters
800 100
TEMPERATURE
MEASUREMENT
EVAPORATOR
200400400300
500
100
SCREEN
T EMP ERAT URE
ME ASUREME NT
NOZZLE
SCRE EN
WATER BATH
FLOWMETER
4350
DI F FERE NTI A L
MANOMETER
Banho
Termostático
Medição de
Temperatura
Medição de
Temperatura
Evaporador
Medição de
Temperatura
Transdutor de
Pressão Diferencial
Tela Bocais
Tela
Tela
Ventilador
800
C
o
n
d
i
c
i
o
n
a
d
o
r
d
e
A
r
Sala de Testes
Fluxímetro
100
Circuito de Água Sistema de medição de
Vazão
Sistema de Controle de
Temperatura Ambiente
Seção de Teste
Isolamento
Térmico
Sistema de
Bombeamento de Ar
Bomba
Reservatório
de Água
Trocadores
Dimensões em milímetros
Figura 3.13 – Diagrama esquemático mostrando a bancada e suas principais dimensões e o circuito do ar no
laboratório de testes.
A seguir serão descritos em detalhes cada um dos sistemas que compõem o aparato
experimental.
Circuito de Ar
O túnel de vento de ciclo aberto é o elemento principal do circuito de ar, o qual é
composto por cinco sistemas básicos: i) sistema de controle de temperatura ambiente; ii)
sistema de bombeamento de ar; iii) seção de teste; iv) sistema de medição de vazão de ar e v)
isolamento térmico. Estes componentes estão dispostos conforme apresentado na Figura 3.13.
O
sistema de controle da temperatura ambiente compreende um condicionador de ar
do tipo
split de 17100 Btu (5 kW) de fabricação Cônsul (modelo CBI180BBNA), um
microcontrolador de chaveamento (Eurotherm, modelo 2016e) e um temporizador (DIGImec,
modelo DTE-1). Originalmente, o condicionador de ar já disponibilizava um controle de
temperatura, porém, sua banda de controle variava em torno de ± 2°C. Esta banda de controle
não era pequena o suficiente para se atingir condições de teste estáveis. Como os testes
realizados seriam em regime permanente, variações de temperatura desta magnitude
exerceriam uma influência significativa na temperatura de entrada do ar no túnel de vento.
Como o túnel de vento é de circuito aberto, a temperatura do ar na entrada do túnel é a própria
temperatura ambiente do laboratório. Assim, de forma a se manter uma banda de variação da
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 43
temperatura ambiente inferior a ±0,5°C, um sistema externo de controle da temperatura
acoplado ao condicionador de ar teve de ser desenvolvido.
Para realizar o controle externo, o sensor de temperatura original do condicionador de
ar, que se encarregava de ligar e desligar o compressor, foi desconectado. No lugar deste
sensor, foi conectado um microcontrolador que, ao invés do sensor original, disponibiliza um
ajuste variável da banda de controle.
Um temporizador também teve de ser acoplado ao sistema, para garantir que o
compressor não partisse antes que as pressões dentro dos componentes do sistema de
refrigeração estivessem equalizadas. Caso isso ocorresse, a potência consumida pelo
compressor seria muito elevada e também a vida útil do mesmo seria reduzida drasticamente,
já que o compressor teria que partir contra altas pressões. Foi realizado um teste e verificado
que as pressões dentro do sistema de refrigeração do condicionador de ar se estabilizavam em
torno de 60 segundos, intervalo de tempo este configurado no temporizador para garantir que
o compressor só realizasse a partida após a equalização das pressões.
A distribuição das temperaturas no interior do laboratório foi medida por 9 termopares
do tipo T. Como o microcontrolador possuía apenas um único canal de medição de
temperatura, foi realizada uma média física das 9 medições, isto é, todos os terminais de
constantan foram conectados no terminal negativo e os de cobre no terminal positivo. Após a
implementação do sistema de controle de temperatura ambiente a variação da temperatura da
sala passou de ± 2°C para ± 0,4°C.
O
sistema de bombeamento de ar é composto por um banco de 2 trocadores de calor
(tubos de cobre e aletas de alumínio, com espaçamento de aleta de 5 mm, área frontal de
0,084 m
2
e 500 mm de comprimento), um reservatório de água de 5 litros, uma bomba de
água de 17W (Askoll, modelo CB602440), um circuito de dutos isolados termicamente por
uma manta elastomérica de 6 mm de espessura, um ventilador radial de velocidade variável de
51 W (EBM Papst, modelo G1G144-AE13-50), uma fonte de alimentação para o ventilador
(fonte de tensão variável MCE, modelo 3001) e um bocal divergente com uma tela e feltro na
saída. A Figura 3.14 mostra um diagrama esquemático deste sistema.
O ar ambiente, a uma temperatura controlada, passa pelo banco de trocadores de calor,
cuja função é evitar que a temperatura do ar que entra no túnel de vento sofra variações
significativas. A adição deste sistema de estabilização é um controle de temperatura adicional
que visa reduzir ainda mais a banda de variação da temperatura ambiente obtida com o
controle de temperatura descrito anteriormente.
44 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Ventilador Radial
Trocadores de
calor
Ar proveniente da
sala de testes
Ar na entrada do
túnel de vento
Reservatório
de água
Bomba
Tela + Feltro
Manta
Elastomérica
Figura 3.14 – Diagrama esquemático do sistema de bombeamento de ar.
Água proveniente do reservatório, mantida à temperatura ambiente, circula pelos
trocadores de calor. Como a capacidade térmica da água é bem maior do que a do ar,
eventuais mudanças bruscas de temperatura do ar ambiente devido à banda de controle não
afetam de maneira significativa a temperatura do reservatório de água. Desta forma, ao passar
pelo banco de trocadores, o ar cede ou recebe calor e tende a ficar à mesma temperatura da
água, ou seja, com uma variação de temperatura menor do que aquela devido à banda de
controle. Com a adição deste sistema, a banda de controle foi reduzida de ± 0,4°C para
valores dentro dos níveis de incerteza dos termopares (ou seja, da ordem de ± 0,2°C).
Após passar pelo banco de trocadores, o ar é encaminhado através do circuito de dutos
termicamente isolados para o ventilador radial onde, por meio de uma variação da tensão da
fonte de alimentação, é possível variar a vazão de ar que passa pelo túnel de vento. Depois de
passar pelo ventilador, o ar atravessa uma seção divergente cuja finalidade é orientar e
uniformizar o escoamento de ar na entrada da seção de testes. A faixa de operação da vazão
de ar fornecida pelo sistema de bombeamento é de 10 a 110 m
3
/h. Ao sair do bocal
divergente, o ar adentra a seção de testes.
A
seção de testes é composta por um compartimento para acomodar os trocadores de
calor e pelas tomadas de temperatura e de pressão. O compartimento foi construído em
poliuretano e montado de maneira a acomodar trocadores de calor de diferentes tamanhos. A
sua principal finalidade é isolar termicamente do ambiente externo o trocador a ser testado e
garantir que todo fluxo de ar fornecido pelo ventilador passe
pelo trocador de calor (ou seja,
impedindo vazamentos).
As tomadas de temperatura foram realizadas com termopares do tipo T, soldados com
estanho dentro de massas térmicas de cobre (Figura 3.15) que evitam a oscilação excessiva da
temperatura durante a medição. Foram colocados 3 pontos de medição a montante e 3 a
jusante do trocador a ser testado, conforme mostra a Figura 3.16.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 45
Para as medições de pressão, foram construídas duas tomadas, uma a montante e outra
a jusante. As tomadas de pressão foram realizadas com tubos de PVC de 10 mm de diâmetro,
com cinco furos de 1 mm de diâmetro, espaçados entre si de 50 mm entre si na direção
transversal ao escoamento (Figura 3.17). Os tubos de PVC são conectados aos terminais de
um transdutor de pressão diferencial (DRUCK LXP1010). A precisão do transdutor é de
±0,25 Pa (± 0,5% do fundo de escala), onde o fundo de escala do instrumento é de 49,5 Pa.
Massa térmica
de cobre
Estanho de junção
do termopar
Termopar
tipo T
10 mm
10 mm
5 mm
Figura 3.15 – Corte lateral das tomadas de temperatura.
P
a
r
e
d
e
d
o
T
ú
n
e
l
d
e
V
e
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t
o
I
s
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t
o
d
a
S
e
ç
ã
o
d
e
T
e
s
t
e
Tomadas de
Temperatura do Ar
Transdutor de
Pressão Diferencial
Tomadas de
Pressão
Saída do Ar
Entrada do Ar
Evaporador
Tomadas de
Temperatura
da Água
Saída de Água
Entrada de Água
75mm 75mm 75mm
7
5
m
m
Figura 3.16 – Vista superior em corte da seção de testes ilustrando as tomadas de temperatura e pressão.
46 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Direção do
escoamento de ar
1 mm
Corte de uma vista Lateral
Tubo de pvc Ø10 mm
Corte de uma vista Frontal
Parede do túnel de vento
Isolamento da seção de testes
5
0
m
m
5
0
m
m
50mm50mm
5
0
m
m
50mm
Figura 3.17 – Montagem das tomadas de pressão na seção de teste do túnel de vento.
O sistema de medição de vazão de ar é composto por uma placa de bocais, um
transdutor de pressão e por duas telas com feltro. Após atravessar a seção de testes, o ar
encontra uma tela perfurada (com furos de diâmetro igual a 3 mm) junto de um feltro cuja
finalidade é uniformizar a temperatura e a velocidade na entrada do sistema de medição de
vazão. Em seguida, o ar passa por uma placa de 5 bocais de alumínio (Helander Metal) com
diâmetros variando de 19,05 mm a 31,75 mm. A montante e a jusante dos bocais são
posicionadas tomadas de pressão semelhantes às da Figura 3.17. As tomadas de pressão são
então conectadas a um transdutor de pressão diferencial (DRUCK LXP1510), cuja precisão é
de ±5 Pa (± 0,5% do fundo de escala), onde o fundo de escala do instrumento é de 995 Pa.
Outro componente de fundamental importância para o circuito de ar é o
isolamento
térmico
. Este tem a função de isolar termicamente, do ambiente externo, o fluxo de ar entre os
pontos de medição de temperatura a montante e a jusante da seção de testes. Como um dos
parâmetros de interesse dos testes é a capacidade de transferência de calor inferida por um
balanço de energia no fluxo de ar, é de suma importância minimizar a perda de calor para o
meio externo e estimá-la de forma precisa esta perda. Com o intuito de se obter um
isolamento eficaz, as paredes do túnel de vento foram construídas com uma camada dupla de
chapas de aço galvanizado de 10 mm de espessura preenchida com lã de rocha (
k = 0,045
W/m.K), conforme mostra a Figura 3.18.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 47
Direção do
escoamento de ar
Corte de uma vista lateral do túnel de vento
Lã de rocha
Chapas de
aço Interna
Lã de rocha
Chapas de
aço Externa
Chapa de
União
= 100mm10 mm
Figura 3.18 – Isolamento térmico do túnel de vento
Para verificar se a espessura do isolamento térmico estipulada no projeto do túnel de
vento (
δ
T
= 100 mm) era adequada, foi admitida a seguinte condição de operação crítica:
- Temperatura interna (
i
T ): 40°C
- Temperatura externa (
o
T ): 20°C
- Coeficiente de convecção interna (
i
h ): 15 W/m
2
K
- Coeficiente de convecção externa (
o
h ): 5 W/m
2
K
- Área da superfície de troca (admitida como a área superficial interna calculada com
base no perímetro na saída da seção de testes,
A): 2,1 m
2
A taxa de transferência de calor pelas paredes do túnel de vento devido ao isolamento
(
w
Q
&
) pode ser estimada através da seguinte equação:
)(
oiw
TTUAQ =
&
(3.35)
O coeficiente
U pode ser determinado fazendo uma análise de ordem de grandeza a
partir das condições descritas acima. Desta análise, pode-se verificar que a resistência térmica
dominante é devida ao preenchimento de lã de rocha (10 vezes maior que a convecção interna
e 50 vezes que a externa). Logo, é possível escrever a seguinte expressão,
48 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
T
o
T
i
k
hkh
U
δ
δ
++
11
1
(3.36)
Os seguintes valores foram então obtidos das Eqs. (3.35) e (3.36), chegando em,
KmWU
2
/45,0
(3.37)
WQ
w
9=
&
(3.38)
Como a capacidade de transferência de calor dos evaporadores se mantém, em média,
em torno de 120 W para os experimentos aqui apresentados, chega-se a uma perda percentual
de calor dada por,
%5,7
120
9
[%] ==
w
Q
&
(3.39)
A princípio, admitiu-se este valor como apropriado para os requisitos de projeto, já
que esta perda de calor pode ser de certa maneira corrigida por meio do procedimento descrito
acima. No entanto, após a construção do túnel, percebeu-se a existência de uma perda de calor
maior do que aquela estimada pela análise da condução unidimensional pelo revestimento de
lã de rocha. Esta perda de calor podia ser verificada quando se comparava a transferência de
calor o obtida pelo lado da água e do ar.
Após uma análise mais detalhada, observou-se que a fuga de calor poderia ocorrer nas
emendas entre as chapas internas e externas, promovendo um ‘efeito aleta’. Assim, foi
necessária a adição de uma camada de isolamento de poliuretano (espessura de 10 mm) na
parte interna de todo o túnel, conforme mostra a Figura 3.19. Após a colocação da camada
extra de isolamento, alcançou-se uma redução de 50% da perda de calor, ou seja, a perda foi
reduzida para valores em torno de 4,5 W para condições de operação mais críticas.
Em face da reduzida altura da seção transversal da seção de testes (60 mm), não se
observou estratificação significativa de temperatura na direção vertical. Logo, as três tomadas
a montante e as três a jusante, posicionadas numa mesma altura no centro da secção
transversal, foram suficientes para se obter medidas representativas da temperatura do ar.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 49
Direção do
escoamento de ar
Corte de uma vista lateral do túnel de vento
Lã de rocha
Chapas de
aço Interna
Lã de rocha
Chapas de
o Externa
Chapa de
União
Isolamento
Adicional
Figura 3.19 – Implementação do isolamento térmico adicional
Circuito de Água
O circuito de água é composto por 6 componentes: i) um banho termostático, ii) uma
bomba, iii) um evaporador, iv) um filtro, v) um medidor de fluxo de massa e vi) duas sondas
de medição de temperatura. Um
by-pass após a descarga da bomba permite realizar a
substituição ou a manutenção do evaporador sem a necessidade do desligamento do circuito
de água. A Figura 3.20 mostra a disposição dos componentes.
Fluxímetro
TipoCoriollis
Evaporador
Filtro
BanhoTermostático
MotorBomba
ByPass
Sondas
Figura 3.20 – Diagrama do circuito de água.
50 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
O banho termostático (MICROQUÍMICA, modelo MQBTCA-100) controla a
temperatura da água, a qual é enviada ao evaporador por meio de uma bomba de rotação
variável (Procon, modelo 113E025F31BC100) acionada por um motor elétrico (WEG,
modelo IP 55 - Carcaça 63). O motor é controlado por um inversor de freqüência (WEG,
modelo CFW090003T3848PSZ) que permite variar a rotação da bomba entre 100 e 1200
RPM, fornecendo uma vazão de 0,01 /min a 5,00 /min. Em seguida, a água passa por um
filtro (Cuno, modelo 1BR) que evita a passagem de impurezas pelo medidor de fluxo de
massa (MicroMotion, modelo RFT9712). Este instrumento trabalha na faixa de 0 - 350 kg/h
(±0,72 kg/h) (a calibração e o cálculo da incerteza deste equipamento estão apresentados no
Apêndice III). A montante e a jusante do evaporador foram instalados dois termopares de
sonda do tipo T, com incerteza de medição de ±0,1°C (o valor de incerteza aqui apresentado é
fruto de análises de incertezas e calibrações previamente realizadas em outros experimentos
que utilizaram estes mesmos tipos de termopares e em condições semelhantes – Silva, 2008).
A montagem das sondas foi realizada como apresentado na Figura 3.21.
Figura 3.21 – Montagem das sondas de imersão (Gonçalves, 2004).
Sistemas de Aquisição e Controle
O sistema de aquisição é composto por uma unidade de aquisição (Agilent/HP, modelo
34980A) com uma placa multiplexadora de 40 canais. Esta unidade é conectada a um
microcomputador (Pentium 4, 3 GHz) via cabo USB. Na placa multiplexadora é realizada a
leitura dos sinais tensão de 27 termopares, 2 transdutores de pressão e do medidor de fluxo de
massa. Como estes dois últimos têm sinal de saída na forma de corrente, foram adicionados
resistores em série com o circuito de cada um destes equipamentos para que se pudesse
realizar a leitura do sinal de tensão.
Para realizar medições de temperatura com termopares, é necessário conhecer a
temperatura de uma junta de referência. Um bloco isotérmico (caixa metálica com um
Escoamento de
Água
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 51
isolamento interno e externo de 5 mm de espessura de poliuretano) foi construído contendo
todas as juntas dos termopares. Três termistores igualmente espaçados entre si foram também
inseridos dentro do bloco. Os termistores têm a função de obter a temperatura dentro do bloco
isotérmico, a qual é utilizada como referência nas medições de temperatura dos termopares.
Os procedimentos de calibração dos termopares estão descritos no relatório de calibração
EMBRACO (2002).
O controle de todo aparato experimental foi realizado por um painel de controle que
permite acesso a todos os comandos de acionamento e controle dos equipamentos elétricos do
túnel e do circuito de água. Um diagrama elétrico do painel de controle é apresentado na
Figura 3.22.
O acionamento de todos os equipamentos acontece de forma manual por meio de
chaves e contactoras. O sistema de proteção é igual para todos os componentes e baseia-se na
utilização de fusíveis e de uma chave de emergência localizada num ponto de fácil acesso no
painel de comando (Figura 3.23).
Procedimento de Testes
O procedimento experimental se inicia com a montagem e instrumentação do
evaporador na seção de testes (Figura 3.11). O aparato experimental é ligado e a temperatura
de entrada da água é ajustada no banho termostático. A vazão de ar é ajustada, bem como a
temperatura de entrada do ar, através do sistema de controle de temperatura ambiente. A
vazão de água é ajustada de modo que uma diferença de aproximadamente 4,0°C seja
estabelecida entre as temperaturas de entrada e saída do evaporador. Por volta de 50 a 80
minutos – dependendo dos valores de vazão de água e ar – são necessários para alcançar
regime permanente. O critério adotado para verificar se a condição de regime permanente foi
alcançada se baseia em um ajuste linear de todos os pontos de medição durante um intervalo
de 30 minutos (Figura 3.24), na forma,
btatf
+
=
)(
(3.40)
Caso o módulo da diferença entre o ponto inicial e cada ponto do intervalo seja menor
do que três desvios-padrão (Eq. (3.41)), o teste é considerado estável.
DPtftf
oend
<
3)()(
(3.41)
52 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
S
T
R
54
SR
35
CR
37
ST
61
FT
34
T
39
SV
33
CV
41
29
65
25
49
64
63
N
48
26
50
22
Motor Bomba
DMMB
CMB
SEM
30
04
02
01
03
05
06
NACG
DMC
07
SG
32
CG
43
SB
31
CB
45
DMMB
08
11
NACMB
62
SMB
47
60
09
10
28
27
24
51
52
55
56
NACV
FFV
FV
DMB
14
17
DMMB
13
16
18
NACB
58
12
21
B
59
19
FR
80
15
+
-
V
23
NACR
R
57
53
PID
Legenda
R, S, e T - Barramento de
alimentação
NA - Contato normalmente aberto
das contactoras
CG - Contactora geral
CMB - Contactora do motor da
bomba
CB - Contactora do banho
termostático
CV - Contactora do ventilador
CR - Contactora da resistência
elétrica
DMC - Disjuntor Motor do comando
DMMB - Disjuntor Motor do motor
da bomba
DMB - Disjuntor Motor do banho
termostático
SEM - Chave de emergência
SMB - Chave do motor da bomba
SB - Chave do banho termostático
SG - Chave geral
SV - Chave do ventilador
ST - Chave da turbina
SR - Chave da resistência elétrica
FT - Fusível da turbina
FR - Fusível da resistência elétrica
T - Turbina
B - Banho termostático
R - Resistência elétrica
V - Ventilador
FV - Fonte do ventilador
FFV - Fusível da fonte do ventilador
PID - Controlador do PID
Figura 3.22 – Diagrama elétrico da instalação dos equipamentos do aparato experimental.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 53
Figura 3.23 – Painel de Controle.
0 400 800 1200 1600
31,6
31,7
31,8
31,9
32,0
32,1
Time [s]
Water Inlet Temperature [ºC]
f(t) = a.t + b
f(t
end
)
f(t
0
)
Tempo[s]
Temperaturadeentradadaágua[°C]
0 400 800 1200 1600
31,6
31,7
31,8
31,9
32,0
32,1
Time [s]
Water Inlet Temperature [ºC]
f(t) = a.t + b
f(t
end
)
f(t
0
)
Tempo[s]
Temperaturadeentradadaágua[°C]
Figura 3.24 – Ajuste linear para verificação do critério de regime permanente.
A transferência de calor no evaporador é calculada com base no balanço de energia
mostrado na Figura 3.25.
54 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Corte de uma vista lateral do túnel de vento
corra
Q
,
&
Entrada da
seção de teste
Evaporador
Sda da são
de teste
iwwp
Tcm
,
,),(
&
owwp
Tcm
,
,),(
&
iaap
Tcm
,
,),(
&
oaap
Tcm
,
,),(
&
evapaap
Tcm
,
,),(
&
Sda do
Evaporador
V.C.
T
a
x
ia
T
,
evapa
T
,
oa
T
,
Figura 3.25 – Balanço de energia no evaporador entre os lados da água e do ar e perfil de temperatura do lado do
ar ao atravessar a seção de testes.
Do balanço de energia da figura anterior, podemos escrever as seguintes expressões
para a troca de calor do lado da água e do ar,
)(
,, owiwpwww
TTcVQ
w
=
&
&
ρ
(3.42)
corraiaoapaaa
QTTcVQ
a
,,,
)(
&
&
&
+=
ρ
(3.43)
onde
corra
Q
,
&
é obtida da Eq. (3.35), substituindo T
i
por T
a,o
.
A taxa de transferência de calor calculada com base nas correntes de ar e de água (Eqs.
(3.42) e (3.43)) são comparadas e um desvio relativo menor que ±5% entre os resultados
assegura a confiabilidade (por exemplo, ausência de vazamentos de ar e fuga de calor) das
medições da taxa de transferência de calor do lado do ar.
Depois de verificada a montagem e a medição adequada da transferência de calor do
lado do ar, o procedimento de obtenção das medições finais da taxa de transferência de calor e
queda de pressão é iniciado. Neste procedimento, a vazão de água pelos tubos é aumentada,
de modo que a diferença entre a temperatura da entrada e da saída da água seja de
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 55
aproximadamente 0,5°C. Com isso, é possível admitir que capacidade térmica do fluxo de
água seja infinitamente maior do que a da corrente de ar, o que aproxima a situação real do
caso especial em que não há distinção entre os arranjos em contra-corrente e em correntes
paralelas. Desta forma, as Eqs. (3.13) e (3.14), juntamente com o balanço de energia do lado
do ar, podem ser utilizadas para calcular a taxa de transferência de calor, Q
&
, e o coeficiente
de transferência de calor externo, h.
Após o aumento da vazão de água, o ensaio passa novamente pela verificação do
critério de estabilização mencionado anteriormente e as medidas referentes ao intervalo de 30
minutos são gravadas. Apenas os dados referentes ao ensaio com variação de 0,5°C entre as
temperaturas de entrada e saída da água são utilizados na análise de dados, já que os dados
referentes aos testes com a diferença de 4,0°C apenas fazem parte do procedimento
experimental para verificação da montagem e de uma medição adequada.
Análise de Dados
São três os parâmetros de interesse dos ensaios experimentais: a condutância térmica
do lado do ar, hA
o
η
, a taxa de transferência de calor, Q
&
, e a queda de pressão, todos em
função da vazão de ar.
Nos presentes experimentos, a taxa de transferência de calor foi obtida da Eq. (3.43).
Alguns autores (Karatas et al., 2000) e a própria norma ASHRAE 33 (2000) recomendam que
a taxa de transferência de calor seja avaliada a partir de uma média aritmética entre aquelas
calculadas por meio de balanços de energia nos lados do ar e da água. Porém, uma vez que
aqui a incerteza experimental associada à diferença de temperatura do lado da água é muito
alta (a diferença de temperatura imposta nos testes é apenas 5 vezes maior que a incerteza de
medição da sonda de temperatura), esta contribuiria significativamente para elevar as
incertezas de medição. Logo, optou-se por utilizar, no presente trabalho, somente o balanço de
energia do lado do ar, onde os valores de c
p,a
e ρ
a
são avaliados na temperatura média
aritmética entre a entrada e a saída do fluxo de ar.
A condutância térmica do lado do ar, hA
o
η
, é avaliada a partir da Eq. (3.13), na forma,
)(
)]/()ln[(
,,
,,
iaoa
oawiawa
o
TT
TTTTQ
hA
=
&
η
(3.44)
56 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
onde T
w
é a média aritmética entre a temperatura da água na entrada e na saída do evaporador,
corrigida para incluir o pequeno efeito da resistência térmica combinada da condução pela
parede do tubo e da convecção (escoamento interno).
De acordo com a norma ASHRAE 51 (1999), a vazão de ar, em [m
3
/h], pode ser
calculada em função da diferença de pressão medida nos bocais (
b
P
Δ
, em [Pa]), fornecida
pela seguinte expressão,
)1(
2
3600
4
,
βρ
Δ
=
ib
b
bda
P
YACV
&
(3.45)
onde
ib,
ρ
é a densidade do ar na entrada, em [kg/m
3
], e A
b
é soma das áreas de saída dos
bocais, em [m
2
]. β é a relação de contração do túnel em relação aos bocais, C
d
é o coeficiente
de descarga e Y é o coeficiente de expansão dos bocais, obtidos por,
T
eq
D
d
=
β
(3.46)
a
a
d
C
Re
6,134
Re
006,7
9986,0 +=
(3.47)
[]
)1)(71,0548,0(1
4
αβ
+=Y
(3.48)
onde
T
D é o diâmetro hidráulico do túnel e d
eq
(=
π
/4
b
A ) é o diâmetro equivalente dos
bocais. α e Re
a
são calculados por,
batm
atm
PP
P
Δ+
=
α
(3.49)
bibeqd
ba
a
pYdC Δ=
,
,
60
1097
Re
ρ
μ
(3.50)
A queda de pressão do lado do ar através do evaporador,
evap
P
Δ
, é obtida diretamente a
partir da medição do transdutor de pressão do evaporador, em função da vazão de ar.
As incertezas médias experimentais para a condutância térmica global do lado do ar,
transferência de calor pelo lado do ar, pelo lado da água e para a queda de pressão são
apresentadas na Tabela 3.3.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 57
Tabela 3.3 – Estimativa das incertezas médias para os principais resultados experimentais.
Variável
hA
o
η
a
Q
&
)5,0( CQ
w
°
&
)0,4( CQ
w
°
&
e
PΔ
%
7 5 30 9 20
A metodologia aplicada na estimativa das incertezas está apresentada no Apêndice IV.
Limites Operacionais da Bancada
Os limites de operação do aparato experimental são os seguintes:
Transferência de calor: 50 – 300 W
Faixa de vazão de ar: 17 – 112 m
3
/h
Faixa de vazão mássica de água: 0 – 350 kg/h
Temperatura máxima de trabalho do lado água: 60°C;
Temperatura mínima de trabalho do lado da água: 5°C acima da ambiente;
Temperatura de trabalho do lado do ar: de 20°C a 25°C.
Os limites dimensionais para da seção de teste para teste de trocadores de calor são
ilustrados na Figura 3.26.
Parâmetro Valor Máximo
(mm)
Altura 60
Comprimento 450
Largura 500
Figura 3.26 – Descrição das dimensões dos limites dimensionais da seção de teste.
3.2.3. Resultados experimentais
Os 15 protótipos descritos no item 3.2.1 foram testados para uma faixa de vazão de ar
entre 34 a 102 m
3
/h. Foram realizados cinco ensaios por evaporador, para valores de vazão
58 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
igualmente distribuídos dentro da faixa citada, com a temperatura do ar na entrada variando
entre 20,5 e 28,1 °C e a temperatura média da água aproximadamente igual a 36 °C. Ao todo,
foram obtidos 73 pontos experimentais.
Na Figura 3.27 são apresentados os resultados para a condutância térmica do lado do
ar. Percebe-se que, em geral, os trocadores com maiores áreas de troca exibem os maiores
valores deste parâmetro. O maior valor de
η
o
hA foi alcançado pelo evaporador Original 52
aletas, embora este não apresente a maior área de troca. Este resultado se deve provavelmente
à presença das resistências de degelo (que só existem no evaporador Original 52 aletas), as
quais restringem a passagem do escoamento pelas folgas e induzem um maior fluxo de ar pelo
feixe central de tubos (Figura 3.28), aumentando sensivelmente a troca de calor. A ausência
destas resistências nos EFA deixa dois canais laterais (ou de by-pass), de pequena impedância
ao escoamento de ar, o que faz reduzir a vazão de ar pelo feixe e, conseqüentemente, a troca
de calor. Outro fator que contribui para a intensificação da transferência de calor no trocador
Original é a presença de aletas descontínuas (ver Figura 3.9) que, por forçarem
periodicamente o desenvolvimento das camadas-limite, aumentam a troca de calor.
20 40 60 80 100 12
0
0
20
40
60
Vazão
[
m
3
/
h
]
η
o
hA [W/K]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
Evap. #10 - Mini 60Evap. #10 - Mini 60
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
Figura 3.27 – Resultados experimentais para a condutância térmica global do lado do ar.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 59
(a) (b)
Figura 3.28 – Perfis de velocidade (magnitude do vetor) para os evaporadores (a) Original e (b) EFA Reto,
obtidos a partir de simulações em CFD
6
.
Na Figura 3.29 são exibidos os resultados do coeficiente de transferência de calor do
lado do ar, calculados a partir da divisão dos resultados experimentais de
η
o
hA pela área
superficial de cada um dos evaporadores testados. Nestes resultados, admite-se que a
eficiência da superfície é igual à unidade para todos os trocadores. O coeficiente de
transferência de calor se mostrou maior para os evaporadores sem aletas e diminui com o
acréscimo da área de troca. Isto acontece provavelmente porque as aletas, de certa forma,
uniformizam o escoamento do ar e quebram as grandes estruturas tridimensionais do
escoamento, as quais promovem uma maior transferência de quantidade de movimento e de
calor. Para um mesmo valor de espaçamento entre aletas, os trocadores com maior nível de
aceleração (EFA 1/5 e 1/2) exibiram maiores valores para o coeficiente de transferência de
calor, o que demonstra uma influência da aceleração dos EFA sobre a troca térmica.
Entretanto, para as amostras com maiores número de aletas, esse efeito não se mostrou tão
evidente. Acredita-se que este efeito se deva à influência da vazão de ar pelos canais de by-
pass nos EFA, efeito este que será explorado com maiores detalhes na Seção 6.1.2.
Na Figura 3.30 são apresentadas ainda comparações entre os protótipos de mesma
configuração, com o objetivo de avaliar potenciais discrepâncias decorrentes de variações na
fabricação ou na montagem dos trocadores na seção de teste (repetibilidade). Como pode ser
visto na figura, não foi obtida nenhuma variação significativa, já que os resultados foram
reproduzidos dentro da faixa de incerteza de medição experimental.
6
CFD vem da sigla em inglês Computational Fluid Dynamics
Resistência de degelo
Direção do
escoamento
60 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
20 40 60 80 100 12
0
0
20
40
60
80
100
Vazão
[
m
3
/
h
]
h [W/m
2
K]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
Evap. #10 - Mini 60Evap. #10 - Mini 60
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
Figura 3.29 – Coeficiente de transferência de calor experimental.
20 40 60 80 100 12
0
0
10
20
30
40
50
Vazão
[
m
3
/
h
]
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #2 - Reto 30 - RepetibilidadeEvap. #2 - Reto 30 - Repetibilidade
Evap. #4 - 1/2 60 - RepetibilidadeEvap. #4 - 1/2 60 - Repetibilidade
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #8 - 1/5 30 - RepetibilidadeEvap. #8 - 1/5 30 - Repetibilidade
η
o
h
A
[W
/
K]
Figura 3.30 – Verificação da repetibilidade do UA entre alguns dos protótipos testados.
A Figura 3.31 mostra uma comparação da queda de pressão em todos os evaporadores
testados. Como era de se esperar, os EFA com maior nível de aceleração (1/5 e 1/2) foram os
que apresentaram os maiores valores deste parâmetro. Nestes resultados, destaca-se o fato de
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 61
o EFA 1/5 2 (sem aletas) apresentar uma queda de pressão maior do que aquela do EFA 1/5
30. Como o EFA 1/5 30 possui maior número de aletas (ou seja, maior área de contato com o
ar do que o EFA 1/5 2), esperar-se-ia que a sua queda de pressão fosse maior. Uma possível
explicação para este inesperado resultado pode ser atribuído ao fato que a maior queda de
pressão no EFA 1/5 2 seja devida à existência de um escoamento secundário (devido à grande
redução da seção transversal) (Schlichting, 1968), o qual contribui para um aumento das
perdas por atrito. Com o aumento gradativo do número de aletas, o escoamento se torna mais
organizado (já que o escomento secundário é suprimido) e as perdas são reduzidas (como no
caso do EFA 1/5 30). Este comportamento é, entretanto, limitado pelo número de aletas que,
ao aumentarem além de um determinado limite (neste caso, entre 30 e 60), provocam um
aumento mais acentuado da queda de pressão.
Embora a redução da seção transversal também ocorra no EFA 1/2 2, esta é menor em
intensidade, de forma que a influência do número de aletas na redução da queda de pressão
não é observada nos dados experimentais. Embora se tenha especulado algumas explicações
acerca dos resultados citados acima, um estudo mais detalhado deve ser realizado para
confirmar ou buscar maiores detalhes a respeito dos resultados obtidos.
20 40 60 80 100 12
0
0
20
40
60
80
Vazão
[
m
3
/
h
]
Queda de Pressão [Pa]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
Evap. #10 - Mini 60Evap. #10 - Mini 60
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
Figura 3.31 – Queda de pressão experimental dos evaporadores testados.
Na Figura 3.32 são apresentados os resultados de repetibilidade para a queda de
pressão do lado do ar. Os resultados mostram uma pequena divergência entre os valores
obtidos para o EFA 1/5 30 aletas. Este desvio pode ser atribuído a variações na montagem da
62 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
seção de testes, já que para as velocidades mais altas encontradas nos EFA 1/5, qualquer
variação geométrica na seção de teste pode resultar em algumas unidades de variação de
pressão. Outras operações de montagens e desmontagem foram realizadas e verificou-se que
os testes se apresentaram sempre entre os dois resultados mostrados na Figura 3.32. O valor
final para a queda de pressão foi assumida como sendo uma média entre estes dois resultados,
tendo sido ensaiadas mais de uma vez todas as amostras do EFA 1/5.
20 40 60 80 100 12
0
0
20
40
60
80
Vazão
[
m
3
/
h
]
Queda de Pressão [Pa]
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
Evap. #2 - Reto 30 - RepetibilidadeEvap. #2 - Reto 30 - Repetibilidade
Evap. #4 - 1/2 60 - RepetibilidadeEvap. #4 - 1/2 60 - Repetibilidade
Evap. #8 - 1/5 57 - RepetibilidadeEvap. #8 - 1/5 57 - Repetibilidade
Evap. #8 - 1/5 30 - RepetibilidadeEvap. #8 - 1/5 30 - Repetibilidade
Evap. #9 - 1/5 1 - RepetibilidadeEvap. #9 - 1/5 1 - Repetibilidade
Figura 3.32 – Verificação da repetibilidade da queda de pressão.
Como nos EFA existe uma aceleração significativa do escoamento, uma parcela da
variação de pressão mostrada nas figuras acima pode ser recuperada, já que uma parte da
queda de pressão é devida a perdas irreversíveis (atrito) e outra a perdas reversíveis
(aceleração).
A parcela devida somente a fricção pode ser obtida (depois de já descontadas as
perdas localizadas de entrada e saída) pela combinação das equações da conservação da massa
e quantidade de movimento do escoamento atravessando um incremento de volume de
comprimento dz (Figura 3.33), como segue,
{
{
321
aceleração
fricção
f
total
VdVdpdp
ρ
=
(3.51)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 63
z
dz
θ
H
H -dH
H
2
H
1
L
Figura 3.33 – Ângulo θ em um incremento de comprimento dz no EFA.
Como,
V
A
m
c
a
ρ
=
&
(3.52)
+=
c
a
c
a
f
A
m
d
A
m
dpdp
ρ
&&
(3.53)
Assumindo que ρ ρ
m
= constante, tem-se que,
+=
ccm
a
f
A
d
A
m
dpdp
1
2
ρ
&
(3.54)
Como,
c
c
c
dA
A
A
d
2
1
)1(
1
=
(3.55)
c
cm
a
f
dA
A
m
dpdp
3
2
ρ
&
=
(3.56)
Sabendo que dA
c
é conhecida a priori para o EFA,
dz
dz
dA
dz
dz
dA
c
c
(3.57)
Como A
c
= WH, da Figura 3.33 temos que dH/dz = -W tanθ,
64 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
θ
tanW
dz
dH
W
dz
dA
c
==
(3.58)
Assim,
dzW
A
m
dpdp
cm
a
f
θ
ρ
tan
3
2
&
+=
(3.59)
Integrando a equação anterior de 0 a L,
+Δ=
L
cm
a
f
p
p
dzW
A
m
pdp
s
e
0
3
2
tan
θ
ρ
&
(3.60)
Como A
c
= WH e θ é constante, tem-se,
+Δ=
L
m
a
fes
zH
dz
W
m
ppp
0
32
2
)(
tan
)(
ρ
θ
&
(3.61)
Como H(z) = H
2
– (H
2
– H
1
)z/L = H
2
– z tanθ, pode-se avaliar a integral da Eq. (3.61)
por,
2
2
2
2
2
0
0
2
2
3
2
0
3
)tan(2
)tan2(
)tan(tan2
1
)tan(
1
)(
LHH
LHL
zH
dz
zHzH
dz
L
LL
θ
θ
θθθ
=
=
=
(3.62)
Substituindo o resultado da Eq. (3.62) na (3.61), tem-se que,
2
2
2
2
2
2
2
)tan(2
)tan2(
tan
)(
LHH
LHL
W
m
ppp
m
a
fes
θ
θ
ρ
θ
+Δ=
&
(3.63)
Assim, a queda de pressão devida somente ao atrito pode ser dada por,
{
4444434444421
&
43421
Aceleração
m
a
Total
se
Atrito
f
LHH
LHL
W
m
ppp
2
2
2
2
2
2
2
)tan(2
)tan2(
tan
)(
θ
θ
ρ
θ
=Δ
(3.64)
A Figura 3.34 mostra os resultados utilizando a Eq. (3.64). Observa-se que o efeito da
aceleração sobre a queda de pressão foi significativo apenas para os EFA 1/5, onde uma
redução em torno de 37% da variação de pressão é atingida depois de descontado o efeito da
aceleração. Vale a pena ressaltar que, na prática, uma parcela do termo de aceleração pode ser
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 65
recuperada com a expansão na saída do evaporador. Entretanto, nos experimentos, a seção de
testes foi concebida de forma que a dimensão H
2
fosse mantida por uma distância de 0,2 m a
partir da seção de saída do trocador.
20 40 60 80 100 12
0
0
20
40
60
80
Vazão
[
m
3
/
h
]
Queda de Pressão [Pa]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
Evap. #10 - Mini 60Evap. #10 - Mini 60
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
Figura 3.34 – Queda de pressão sem o efeito da aceleração do escoamento.
3.2.4. Conclusões Parciais
Nesta seção foram apresentados os resultados experimentais para a queda de pressão e
para a transferência de calor para várias configurações dos EFA. Pôde ser verificado que o
efeito de aceleração é significativo no coeficiente de transferência de calor, porém, a área de
troca se mostrou o fator predominante para a determinação da condutância térmica do lado do
ar. Comprovou-se também o efeito positivo sobre a transferência de calor da presença das
resistências de degelo no evaporador Original.
A queda de pressão se mostrou sensivelmente mais elevada nos EFA 1/2 e 1/5. O
efeito de variação de pressão decorrente da aceleração se mostrou significativo somente nos
EFA 1/5.
Da necessidade de se realizar uma otimização da configuração de EFA mais adequada
para operação em um refrigerador doméstico, surgiu a motivação para o desenvolvimento de
um modelo matemático para predizer o comportamento da transferência de calor e da queda
66 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
de pressão do lado do ar. Como será mostrado a seguir, o modelo teórico do evaporador foi
desenvolvido para ser incorporado ao código de simulação do sistema de refrigeração. Por
este motivo, ele precisa ser de fácil implementação e, naturalmente, apresentar boa
concordância com os dados experimentais.
3.3. Modelo Matemático do EFA
Uma metodologia de cálculo foi desenvolvida com o intuito de se obter a queda de
pressão e a transferência de calor em função da geometria e das condições de operação do
trocador de calor. Nos estágios iniciais do desenvolvimento do modelo, buscou-se a
elaboração de correlações semi-empíricas para os fatores j e f médios que fossem simples e
pudessem ser escritas em função de parâmetros adimensionais como o número de Reynolds e
parâmetros geométricos como o espaçamento entre aletas e a razão entre as alturas das seções
de entrada e de saída do escoamento do ar. Entretanto, tal abordagem não foi bem sucedida,
principalmente, pela dificuldade em estabelecer uma escala de comprimento característica em
um escoamento de seção transversal variável. Desse modo, foi impossível construir
correlações simples de perda de carga e transferência de calor que reproduzissem os dados
experimentais das três configurações de EFA (e que fossem válidas para configurações
intermediárias a serem avaliadas durante o exercício de otimização).
Baseada no trabalho de Yang et al. (2006), a abordagem bem-sucedida na avaliação
dos EFA do presente trabalho consiste em dividir o evaporador em volumes de controle (VC)
na direção do escoamento (Figura 3.35), e calcular a transferência de calor e a queda de
pressão em cada VC como se este fosse um trocador de calor independente. Como nos EFA a
velocidade e o número de Reynolds locais mudam ao longo do escoamento do ar, tal
abordagem tem mais flexibilidade do que as correlações médias (ou seja, um único VC), já
que também possibilita a avaliação da variação da densidade de aletas na direção do
escoamento (arranjo normalmente encontrado em evaporadores no-frost devido à maior
propensão à formação de geada na entrada do evaporador). Assim, de modo a calcular a
transferência de calor e a queda de pressão totais, as equações de conservação da massa,
quantidade de movimento e energia devem ser integradas ao longo de cada VC e a
transferência de calor e a queda de pressão somadas desde a seção de entrada até a de saída.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 67
D
ireção do escoamento
Entrada do Evaporador
T
ar, entrada
P
ar, entrada
T
ar, saída
P
ar, saída
V. C . 1
V. C . 2
V. C . n
...
Figura 3.35 – Divisão do evaporador em volumes de controle.
Uma particularidade dos evaporadores ‘no-frost’, também presente nos protótipos
avaliados neste trabalho, é a existência de uma elevada fração de by-pass. Tal parâmetro é
definido como a razão entre a vazão de ar pelos canais laterais e a vazão de ar total (feixe
tubular mais canais laterais). A necessidade de espaço físico para acomodação das resistências
de degelo faz com que os canais laterais sejam mais largos, oferecendo pouca resistência ao
escoamento do ar.
Simulações numéricas do escoamento no EFA utilizando programas comerciais de
CFD (Barbosa et al., 2008) (Figura 3.36) , mostraram que grande parte da vazão de ar (em
torno de 60%) passa pelos canais de by-pass, evitando o contato direto com os tubos..
Conseqüentemente, a transferência de calor é consideravelmente prejudicada, já que os tubos
promovem uma maior mistura, aumentando a troca térmica. Além disso, a diferença de
temperatura entre as superfícies sólidas (aletas) e o escoamento no by-pass é menor do que no
feixe de tubos. Tendo em vista a presença do by-pass, o modelo do evaporador foi divido em
4 regiões: i) entrada, ii) feixe de tubos-aletado, iii) by-pass e iv) saída, como ilustra a Figura
3.36.
68 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Rego do
‘By-pass’
Região de
Saída
Região de
Entrada
Região do feixe de tubos
aletado
Figura 3.36 – Distribuição de velocidades (magnitude do vetor – m/s) do escoamento.
Após o evaporador ter sido dividido em volumes de controle e regiões, algumas
hipóteses simplificativas foram assumidas para se escrever as equações de conservação em
cada volume de controle:
i.
Escoamento em regime permanente;
ii.
Forças de corpo desprezíveis;
iii.
A temperatura da superfície dos tubos foi considerada constante e igual em
todos os volumes de controle;
iv.
Tanto os coeficientes de transferência de calor quanto os fatores de atrito são
considerados constantes dentro do volume de controle;
v.
Não existe fluxo de massa atravessando as fronteiras entre as regiões do by-
pass e do feixe de tubos em um mesmo volume de controle;
vi.
As propriedades físicas são consideradas uniformes em cada volume de
controle.
A partir das hipóteses citadas, a seguir, são formuladas as metodologias de cálculo da
queda de pressão e da transferência de calor nos EFA.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 69
3.3.1. Queda de pressão
Para a avaliação da queda de pressão e da vazão em massa que atravessa cada região
do evaporador, foi desenvolvido um modelo baseado na analogia com circuitos elétricos
proposta por Tinker (Tinker, 1951; Hewitt et al., 1994), como apresenta a Figura 3.37. Como
citado anteriormente, a divisão em regiões exige que o modelo avalie o escoamento nos canais
de by-pass e no feixe tubular de forma separada.
A analogia entre o escoamento no trocador de calor e circuitos elétricos permite a
seguinte associação entre os parâmetros de cada circuito:
i.
A vazão em massa (
a
m
&
) representa a corrente elétrica (i);
ii.
A diferença de pressão (Δp) representa a diferença de potencial elétrico, isto é, a
força motriz do fluxo de ar;
iii.
A resistência elétrica pode ser interpretada como todos os termos que aparecem
multiplicando a vazão em massa, como mostra a Eq. (3.65). Como a queda de
pressão depende do fluxo de massa (ou da velocidade, já que
a
m
&
= ρVA), é
sempre possível escrever a variação de pressão na seguinte forma,
aPelétrica
mRpiRV
&
Δ
=
Δ
=Δ
(3.65)
e
e'
eaeapa
Tcm
,,
,)(
&
',',
,)(
eaeapa
Tcm
&
s' s
',',
,)(
sasapa
Tcm
&
sasapa
Tcm
,,
,)(
&
eP
R
,
Δ
sP
R
,
Δ
tP
R
,
Δ
bpP
R
,
Δ
bpP
R
,
Δ
',,
,)(
eatapa
Tcm
&
',,
,)(
eabpapa
Tcm
&
',,
,)(
eabpapa
Tcm
&
Figura 3.37 – Representação esquemática do modelo do escoamento no evaporador por analogia com circuitos
elétricos.
Nas regiões de entrada e saída, a vazão em massa é a vazão total de ar (
a
m
&
). Baseado
na Eq. (3.65), as variações de pressão nestas regiões são dadas pelas seguintes expressões,
aePee
mRp
&
,' Δ
=
Δ
(3.66)
70 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
asPss
mRp
&
,' Δ
=
Δ
(3.67)
onde
eP
R
,Δ
e
sP
R
,Δ
são, respectivamente, as resistências ao escoamento na entrada e na saída.
Entre os pontos e’ e s’, o fluxo de massa total se divide em três parcelas: i) duas
regiões de by-pass e ii) uma região de feixe de tubos aletados. A quantidade de massa que
atravessa cada uma dessas regiões depende da restrição ao escoamento em cada uma delas.
Assim, pela equação da conservação da massa, tem-se a seguinte expressão,
bpataa
mmm
,,
2
&&&
+
=
(3.68)
onde
ta
m
,
&
e
bpa
m
,
&
são, respectivamente, as vazões em massa que atravessam o feixe de tubos e
os canais de by-pass.
Como pode ser observado na Figura 3.37, tanto o feixe de tubos quanto o by-pass
estão submetidos à mesma diferença de pressão. Logo, com base na Eq. (3.65), pode-se
escrever as seguintes equações,
tatPse
mRp
,,''
&
Δ
=
Δ
(3.69)
bpabpPse
mRp
,,''
&
Δ
=
Δ
(3.70)
onde
tP
R
,Δ
e
bpP
R
,Δ
são, respectivamente, as resistências ao escoamento do feixe de tubos e do
by-pass.
É fácil verificar que as Eqs. (3.66)-(3.70) formam um sistema não-linear de 5 equações
e 5 incógnitas (
'ee
p
Δ ,
ss
p
Δ
'
,
'' se
p
Δ ,
ta
m
,
&
e
bpa
m
,
&
). Após a solução deste sistema, é possível
combinar as Eqs. (3.66), (3.67), (3.69) e (3.70), para obter a queda de pressão total do
evaporador através da seguinte expressão,
ssseeeseEFA
ppppp
Δ
+
Δ
+
Δ
=Δ=Δ
''''
(3.71)
As resistências ao escoamento nas regiões em questão não são consideradas incógnitas
no sistema de equações, apesar de dependerem das propriedades termofísicas, da geometria e
da velocidade do ar, a qual não é conhecida em todos os pontos a priori. Para obter a solução
do modelo aqui proposto, as condições na entrada de fluxo de massa, temperatura, pressão de
ar e temperatura na superfície dos tubos devem ser conhecidas, já que o modelo calcula as
variáveis de cada volume de controle baseado no ponto anterior.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 71
Resistência ao escoamento nas regiões de entrada e saída
Os comprimentos das regiões de entrada e saída são definidos a partir da mínima
distância entre o tubo mais próximo e o início (entrada) ou fim (saída) da aleta. A Figura 3.38
mostra uma representação esquemática das divisões supracitadas. Nas regiões de entrada e
saída, o escoamento é submetido a uma contração repentina e a uma expansão repentina,
respectivamente. Em ambas as regiões, existem dois efeitos para a variação de pressão: perda
de carga localizada e atrito sobre as aletas. No primeiro, a variação de pressão se dá devido a
uma mudança repentina de área gerando uma aceleração ou uma desaceleração. No segundo,
a perda é devida à camada-limite sobre a aleta plana.
Vista Lateral do Evaporador
Vista Superior
Aletas
Entrada Saída
Tubos
Comprimento da
região de entrada
Repentina
contração
Repentina
expansão
Comprimento da
região de saída
.
i
L
.
o
L
Figura 3.38 – Regiões de entrada e saída do modelo do evaporador em uma vista lateral e superior e os tipos de
escoamentos.
A variação de pressão devida à perda localizada pode ser obtida pela equação da
conservação da energia (Fox e McDonald, 1995), através das seguintes expressões,
72 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
2
'
2
'
2
=
Δ
e
ee
c
a
ee
A
AV
K
p
ρ
(3.72)
2
'
2
exp
'
2
=
Δ
s
ss
a
ss
A
AV
K
p
ρ
(3.73)
onde K
c
e K
exp
são, respectivamente, os coeficientes de perda de carga localizada para
contração e expansão repentinas. Estes coeficientes são funções da razão de áreas, como
mostra a Figura 3.39. A velocidade utilizada no cálculo dos coeficientes é sempre a de maior
módulo, ou seja, na contração utiliza-se V
e’
e, na expansão, V
s’
. As equações referentes às
áreas A
e
, A
e’
, A
s
e A
s’
são apresentadas no Apêndice II.
Figura 3.39 – Variação dos coeficientes de perda de carga localizada para uma contração e expansão repentina,
em função da razão de áreas (Fox e McDonald, 1995).
As variações de pressão devidas ao atrito com as paredes das aletas na entrada e na
saída foram desprezadas. Isto se deve ao pequeno comprimento das aletas, em ambas as
regiões, que torna insignificante esta parcela (~ 0,01 Pa) frente às de contração ou expansão
(~ 2 Pa).
Como citado anteriormente, as equações referentes à variação de pressão em cada
região pode ser escrita na forma da Eq. (3.65). Dessa forma, as Eqs. (3.72) e (3.73) podem ser
escritas na forma,
()
a
R
ae
ac
eea
ae
c
ee
m
A
mK
AV
A
K
p
eP
&
43421
&
,
2
'
2
2
'
'
22
Δ
==Δ
ρ
ρ
ρ
(3.74)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 73
()
a
R
as
a
ssa
as
ss
m
A
mK
AV
A
K
p
sP
&
43421
&
,
2
'
exp
2
2
'
exp
'
22
Δ
==Δ
ρ
ρ
ρ
(3.75)
Resistência ao escoamento na região de feixe de tubos aletados
Esta região é compreendida pelas linhas tangentes aos tubos mais externos do feixe,
como mostra a Figura 3.40. Nesta região, o escoamento em cada volume de controle pode ser
modelado a partir de correlações disponíveis na literatura para a perda de carga e a
transferência de calor em feixes de tubos aletados. Das referências consultadas na revisão
bibliográfica, a correlação que melhor se adequou à geometria dos evaporadores aqui
estudados foi a correlação de fator de atrito f de Wang et al. (1996). Esta correlação avalia o
fator de atrito para um feixe de tubos circulares aletados, com aletas planas e contínuas em
condições secas, para as seguintes características:
Diâmetro externo, d
o
: 10,5 mm;
Espaçamento entre as aletas, F
s
: 1,77 a 3,21 mm;
Número de tubos na direção do escoamento (arranjo de tubos desencontrados),
N: 2 a 6;
Espaçamento transversal entre os tubos, P
t
: 25,4 mm;
Espaçamento longitudinal entre os tubos, P
l
: 22,0 mm;
Faixa do número de Reynolds baseado no diâmetro externo e na velocidade
máxima (ou seja, na mínima área de seção transversal –
o
d
Re = G
max
d
o
/μ
a
):
800 a 7500.
A correlação de Wang
et al. (1996) é dada pela seguinte expressão,
197,0
0935,0
104,0
418,0
Re039,1
=
o
s
o
f
d
d
F
N
d
f
o
δ
(3.76)
onde
δ
f
é a espessura da aleta.
74 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Vista Lateral do Evaporador
Vista Superior
Aletas
Feixe de tubos aletados
Tubo
.
s
F
.
tubos
L
Figura 3.40 – Regiões do feixe de tubos aletados do evaporador em vistas lateral e superior.
A rigor, devido à variação da seção transversal ao longo do escoamento, a correlação
não pode ser aplicada diretamente no EFA, já que a velocidade do ar aumenta
significativamente ao atravessar o feixe de tubos. Isto impossibilitaria o cálculo de um
número de Reynolds representativo para todo o evaporador. Outro empecilho seria a
existência de aletas descontínuas e com densidade variável (aletas/m) ao longo do trocador.
Entretanto, a aplicação da divisão em volumes de controle e a integração das equações de
conservação em cada volume contornam ambos os problemas, sendo possível então a
utilização da correlação após a execução destes procedimentos.
Na utilização da estratégia de modelagem citada, tanto a pressão quanto a temperatura
são consideradas homogêneas e uniformes na entrada de cada volume de controle. A divisão
da vazão em massa total apresentada pelo sistema de equações (3.66)-(3.70) é realizada (e
atualizada) em cada volume de controle, sendo possível haver um aumento ou redução do
fluxo que atravessa o feixe de tubos ou o
by-pass ao longo do evaporador. Porém, o transporte
de massa entre regiões não ocorre no interior de um volume de controle (Figura 3.41). Os
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 75
trocadores do presente estudo foram divididos de maneira que os volumes de controle
apresentassem um comprimento de aproximadamente 40 mm (o que, para os EFA, fornece 5
volumes de controle, e, para o EFA Mini, apenas um volume de controle).
V.C. 1
V.C. 2
...
V.C. n
tT
R
,
1
Δ
bpT
R
,
1
Δ
bpT
R
,
1
Δ
tT
R
,
2
Δ
bpT
R
,
2
Δ
bpT
R
,
2
Δ
tT
n
R
,
Δ
bpT
n
R
,
Δ
bpT
n
R
,
Δ
',,
,)(
iaTAapa
Tcm
&
',,
,)(
iapassbyapa
Tcm
&
',,
,)(
iapassbyapa
Tcm
&
aletadotuboP
R
Δ
,
passbyP
R
Δ
,
passbyP
R
Δ
,
e
e'
eaeapa
Tcm
,,
,)(
&
',',
,)(
eaeapa
Tcm
&
s' s
',',
,)(
sasapa
Tcm
&
sasapa
Tcm
,,
,)(
&
1 2 s'
teaapa
Tcm
,,
1
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
1
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
1
),(
&
teaapa
Tcm
,,
2
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
2
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
2
),(
&
teaapa
n
Tcm
,,
),(
&
bpeaapa
n
Tcm
,,
),(
&
bpeaapa
n
Tcm
,,
),(
&
e'
Figura 3.41 – Analogia com circuito elétrico aplicada a cada volume de controle dentro da região do feixe de
tubos aletados.
Da Eq. (3.68) e da Figura 3.41 pode-se escrever que,
bpVCtVCa
mmm
,,
2
&&&
+
=
(3.77)
Conforme ilustra a Figura 3.42, a aplicação da Segunda Lei de Newton ao escoamento
na região do feixe de tubos de um volume de controle fornece (Fox e McDonald, 1995; Shah
e Sekulic, 2003),
76 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Fluido (Ar)
.
.
.
VC
L
Volume de Controle
z
x
θ
Feixe de Tubos
tubosVC
F
,
Δ
VC
H
)(
1
VC
H
)(
2
etVCtVC
im
),(
,,
&
stVCtVC
im
),(
,,
&
',
),,(
eaata
Tpm
&
',
),,(
saata
Tpm
&
c
tVC
tVC
A
p
p
Δ
Δ
+
,
2
,
,
tVCcctVC
VAAp
,,
,,
Δ+
tVCtVCctVCtVC
VVApp
,,,,
,,
Δ+Δ+
Figura 3.42 – Volume de controle da região de feixe de tubos aletados utilizado no modelo do EFA.
()
()
=Δ
Δ
+Δ+Δ++Δ
c
tVC
tVCctVCtVCcctVCtVC
A
p
pAppAApF
2
,
,,,,,
tVCtVCtVCtVCtVC
VmVVm
,,,,,
)(
&&
Δ
+
(3.78)
Rearranjando e simplificando a equação anterior, obtém-se,
tVC
c
tVC
tVC
c
tVC
V
A
m
F
A
p
,
,
,,
1
Δ+Δ=Δ
&
(3.79)
onde
A
c
é área mínima de passagem do ar através do feixe de tubos no volume de controle,
definida no Apêndice II.
tVC
F
,
Δ
é a força devida ao atrito no volume de controle. Este termo
pode ser escrito pela seguinte expressão,
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 77
tttVC
AF
Δ
=
Δ
τ
,
(3.80)
onde
t
AΔ é a área de contato entre o feixe de tubos aletados e o escoamento de ar no volume
de controle.
t
τ
se refere à tensão de cisalhamento média atuando na área de contato entre o
feixe de tubos e o ar, sendo obtida por (Shah e Sekulic, 2003),
ρ
τ
2
2
ct
t
Gf
=
(3.81)
onde
f
t
é o fator de atrito de Fanning, calculado aqui a partir da correlação de Wang et al.
(1996) para um feixe de tubos com aletas planas.
G
c
é a velocidade mássica definida por,
c
tVC
c
A
m
G
,
&
=
(3.82)
Substituindo a Eq. (3.80) na (3.79), tem-se,
tVC
c
tVC
c
tt
tVC
V
A
m
A
A
p
,
,
,
Δ+
Δ
=Δ
&
τ
(3.83)
Os dois termos do lado direito da equação acima são contribuições para a queda de
pressão devidos a dois efeitos: atrito e aceleração do escoamento. Avaliando o termo de
aceleração através da equação da continuidade, tem-se que,
0)(
,,,,
=
Δ
+
Δ
+
Δ
=Δ
ρ
ρ
ρ
ρ
ctVCctVCtVCctVCc
AVAVVAVA
(3.84)
c
c
tVCtVC
tVC
A
A
VV
V ΔΔ=Δ
,,
,
ρ
ρ
(3.85)
Da equação de estado tem-se a seguinte relação,
RT
p
=
ρ
(3.86)
Logo,
tVCtVC
T
RT
p
p
RT
,
2
,
1
ΔΔ=Δ
ρ
(3.87)
Substituindo a Eq. (3.87) na (3.85) vem que,
78 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
c
c
tVC
tVCtVC
tVC
tVC
A
A
V
T
RT
p
p
RT
V
V Δ
ΔΔ=Δ
,
,
2
,
,
,
1
ρ
(3.88)
Substituindo a equação anterior na Eq. (3.83),
Δ
ΔΔ+
Δ
=Δ
c
c
tVC
tVCtVC
tVC
c
tVC
c
tt
tVC
A
A
V
T
RT
p
p
RT
V
A
m
A
A
p
,
,
2
,
,,
,
1
ρ
τ
&
(3.89)
A variação de temperatura
tVC
T
,
Δ pode ser obtida através do balanço de energia do
escoamento do ar no volume de controle, dada por,
tVCtVCtVC
imQ
,,,
Δ=Δ
&
&
(3.90)
onde
tVC
Q
,
&
Δ
é a transferência de calor e
tVC
i
,
Δ
é a variação de entalpia.
tVC
Q
,
&
Δ
é fornecida pela
seguinte relação,
tttVC
AqQ Δ
=Δ
,
&
(3.91)
e
tVC
i
,
Δ , no caso do ar, pode ser calculada por,
tVC
tVC
ptVC
Tci
,
,
,
Δ
=Δ
(3.92)
onde
tVC
p
c
,
é o calor específico do ar avaliado na temperatura média do volume de controle
(
T
m
= (T
VC,t,e
+ T
VC,t,s
)/2).
Logo, fazendo um balanço de energia no volume de controle da Figura 3.42, tem-se
que,
tttVC
tVC
ptVC
AqTcm
Δ
=
Δ
,
,
,
&
(3.93)
onde, pela lei de resfriamento, é possível escrever,
)(
wtot
TThq
=
η
(3.94)
Assim,
[]
twto
tVC
pa
tVC
ATTh
cm
T Δ=Δ )(
1
,
,
η
&
(3.95)
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 79
onde
t
h é o coeficiente de transferência de calor entre o ar e o feixe de tubos aletados, T
w
é a
temperatura da superfície externa do tubo e
T é a temperatura local do ar no volume de
controle, a qual é função da posição
z.
Substituindo a Eq. (3.95) na (3.89), onde
p = ρRT, chega-se à seguinte forma,
c
c
tVCtVC
t
w
tVC
p
tVCto
t
c
tVC
c
tVCtVC
A
A
Vm
A
T
T
c
Vh
A
p
pA
Vm
ΔΔ
+=Δ
2
,,
,
,
,
,,
1
1
1
&&
η
τ
(3.96)
Para realizar uma integração da equação acima no volume de controle, é necessário
fazer algumas hipóteses simplificativas adicionais, como segue:
i.
As áreas de tubos e aletas são uniformemente distribuídas ao longo do volume
de controle, fornecendo,
VC
tt
L
z
AA
Δ
=Δ
(3.97)
onde
t
A é a área de contato entre o feixe de tubos aletados e o escoamento de
ar (definida no Apêndice II),
z é a distância ao longo do trocador e L
VC
é o
comprimento do volume de controle;
ii.
c
AΔ é conhecida a priori,
z
dz
dA
z
z
A
c
c
Δ
Δ
Δ
Δ
(3.98)
e pode ser calculada através da seguinte aproximação para a área da seção
transversal,
θθ
tantan W
dz
dA
dz
dH
dz
dH
W
dz
dA
cc
===
(3.99)
zWA
c
Δ
=
Δ
θ
tan
(3.100)
iii.
Os termos
c
tVCtVC
A
Vm
,,
&
,
c
t
A
τ
e
tVC
pc
tVCto
cA
Vh
,
,
η
são constantes e avaliados através de
seus valores médios no volume de controle.
Dessa forma, a integração da Eq. (3.96) é dada por,
80 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
+=
VCVCstVC
etVC
L
w
VC
tVC
pc
ttVCto
L
VCc
tt
p
p
c
tVCtVC
dz
T
T
LcA
AVh
dz
LA
A
dp
pA
Vm
0
,
,
0
,,
11
,,
,,
η
τ
&
+
VC
L
c
tVCtVC
dz
A
WVm
0
2
,,
tan
θ
&
(3.101)
Para obter a solução da equação anterior, é necessário conhecer o perfil de temperatura
T e o coeficiente de transferência de calor
t
h , que serão apresentados na Seção 3.3.2. Como
será mostrado, o perfil de temperaturas no volume de controle pode ser escrito na forma,
22,,
)1()( KTKTzT
wetVC
+
=
(3.102)
onde
K
2
= 1 - exp(-K
1
z/L
VC
) e onde K
1
é dado pela relação,
tVC
ptVC
tto
cm
Ah
K
,
,
1
&
η
=
(3.103)
Avaliando então a integral
VC
L
w
dz
T
T
0
1
da Eq. (3.101) tem-se,
+=
)exp(1ln1
1
,,,,1
0
K
T
T
T
T
K
L
dz
T
T
etVC
w
etVC
wVC
L
w
VC
(3.104)
Retornando à Eq. (3.102), é fácil verificar que o argumento do logaritmo natural da
equação anterior é igual a
T(L
VC
)/T
VC,t,e
= T
VC,t,s
/T
VC,t,e
, logo,
=
etVC
stVC
VC
L
w
T
T
K
L
dz
T
T
VC
,,
,,
1
0
ln1
(3.105)
Substituindo a equação anterior e integrando os outros temos do lado direito na Eq.
(3.101), tem-se,
+=
etVC
stVC
tVC
pc
ttVCto
c
tt
p
p
c
tVCtVC
T
T
KcA
AVh
A
A
dp
pA
Vm
stVC
etVC
,,
,,
1
,
,,,
ln1
,,
,,
η
τ
&
2
,,
tan
c
VCtVCtVC
A
LWVm
θ
&
+
(3.106)
Avaliando agora a integral da pressão tem-se,
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 81
)(ln1
,,
,
,,,,,
,
,
eVCeVC
eVC
sVC
c
tVCtVC
p
p
c
tVCtVC
pp
p
p
A
Vm
dp
pA
Vm
sVC
eVC
+
=
&&
(3.107)
Substituindo então as Eq. (3.107) na Eq. (3.106) tem-se,
+=Δ=
eVC
sVC
etVC
stVC
c
tVCtVC
c
tt
VCsVCeVC
p
p
T
T
A
Vm
A
A
ppp
,
,
,,
,,,,
,,
lnln)(
&
τ
2
,,
tan
c
VCtVCtVC
A
LWVm
θ
&
+
(3.108)
As Eqs. (3.102) e (3.108) fornecem os valores de
T
VC,s
e p
VC s
(temperatura e pressão
na saída do VC). Note que a Eq. (3.102) depende da solução da Eq. (3.108) (já que o fluxo de
massa depende da pressão) e que esta última deve ser resolvida iterativamente por conta do
último termo do lado direito da equação. Na Eq. (3.108), o primeiro termo do lado direito
representa a queda de pressão devida ao atrito (parcela irreversível), enquanto que o segundo
termo é devido à variação da massa específica do ar com a pressão e com a temperatura. O
terceiro termo, por sua vez, representa a queda de pressão resultante da aceleração do
escoamento (efeito Bernoulli).
Em termos da resistência ao escoamento no feixe de tubos, a Eq. (3.108) pode ser
escrita na forma,
++=
Δ
eVC
sVC
etVC
stVC
c
tVC
c
VCtVC
tVCc
tt
tP
VC
p
p
T
T
cA
V
A
LWV
mA
A
R
,
,
,,
,,,
2
,
,
,
lnln
tan
θ
τ
&
(3.109)
A queda de pressão total, que engloba toda região do feixe de tubos aletados do
evaporador, é dada pela seguinte expressão,
tVC
n
VC
tP
VC
se
mRp
,
1
,''
&
=
Δ
=Δ
(3.110)
onde
n é o número de volumes de controle.
Resistência ao escoamento da região do by-pass
Esta região é compreendida entre as arestas das aletas do evaporador e as linhas
paralelas a estas arestas, que tangenciam os tubos mais próximos e as regiões de entrada ou
saída, como apresentado na Figura 3.43.
82 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Vista Lateral do Evaporador
Vista Superior
By-pass
.
s
F
.
.
.
tubos
L
bp
H
bp
H
Figura 3.43 – Regiões do by-pass em uma vista lateral e superior.
O escoamento nesta região é admitido como o de camada limite sobre uma placa
plana. Além disso, como o número de Reynolds baseado no comprimento do evaporador,
L,
fica, em todos os casos investigados, bem abaixo do valor crítico para transição à turbulência
(Re
L,c
= 5 x 10
5
), o regime é suposto laminar. A hipótese de escoamento em camada limite na
região do by-pass pode ser justificada pelos resultados mostrados na Figura 3.44, onde a
espessura da camada limite adimensional, δ
*
, é dada por,
2/
*
s
h
F
δ
δ
=
(3.111)
em que
δ
h
)Re/5(
x
x é a espessura da camada limite hidrodinâmica para o escoamento
laminar em placa plana. A figura mostra doze casos extremos (dois valores de número de
aletas, 30 e 60, e duas vazões, 34 e 102 m
3
/h, para os três tipos de trocadores estudados), onde
apenas 5 apresentaram valores de δ
*
iguais a 1 para x < L/2 (~ 0,096 m), ou seja, para 7 dos
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 83
12 casos avaliados o comprimento da região de desenvolvimento hidrodinâmico supera a
metade do comprimento do evaporador.
0 0,03 0,06 0,09 0,12 0,15 0,18
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
x [m]
δ
*
Reto 60 - 34 m
3
/hReto 60 - 34 m
3
/h
Reto 60 - 102 m
3
/hReto 60 - 102 m
3
/h
Reto 30 - 34 m
3
/hReto 30 - 34 m
3
/h
Reto 30 - 102 m
3
/hReto 30 - 102 m
3
/h
1/2 60 - 34 m
3
/h1/2 60 - 34 m
3
/h
1/2 60 - 102 m
3
/h1/2 60 - 102 m
3
/h
1/2 30 - 34 m
3
/h1/2 30 - 34 m
3
/h
1/2 30 - 102 m
3
/h1/2 30 - 102 m
3
/h
1/5 60 - 34 m
3
/h1/5 60 - 34 m
3
/h
1/5 60 - 102 m
3
/h1/5 60 - 102 m
3
/h
1/5 30 - 34 m
3
/h1/5 30 - 34 m
3
/h
1/5 30 - 102 m
3
/h1/5 30 - 102 m
3
/h
Figura 3.44 – Estimativa da espessura da camada limite ao longo do canal do by-pass.
A escolha do modelo de camada limite para descrever o escoamento na região do by-
pass
pode ser mais adequada (em comparação, por exemplo, com o modelo de escoamento
plenamente desenvolvido em um canal) em casos em que as aletas são descontínuas. Nestas
situações, espera-se que as camadas limites se renovem periodicamente em função da falta de
continuidade das superfícies estendidas na direção do escoamento principal (ver Figura 3.9).
Como a divisão do fluxo de massa entre as regiões do
by-pass e do feixe de tubos
(Eqs. (3.66)-(3.70)) é realizada em cada volume de controle, a posição e o comprimento das
regiões devem ser os mesmos, como mostra a Figura 3.45. Pode-se verificar na figura que
existem dois canais em um mesmo volume de controle, onde um deles pode apresentar um
comprimento maior do que o outro. Entretanto, por simplicidade, foi considerado um mesmo
comprimento (médio) para os canais.
De acordo com o modelo de resistências, a diferença de pressão a que estão
submetidas cada região do volume de controle (feixe de tubos e
by-pass) é a mesma. Porém, a
84 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
solução da equação que avalia a variação de pressão no by-pass é necessária para que se possa
obter a parcela do fluxo de massa que atravessa cada uma das regiões.
Fluido (Ar)
.
.
.
VC
L
Volume de Controle
z
x
θ
By-pass
VCbp
H
)(
VCbp
H
)(
bpVC
F
,
Δ
c
bpVC
bpVC
A
p
p
Δ
Δ
+
,
2
,
,
bpVCcbpVC
VAp
,,
,,
bpVCbpVCcbpVCbpVC
VVApp
,,,,
,,
Δ+Δ+
ebpVCbpVCbpVC
ipm
),,(
,,,
&
sbpVCbpVCbpVC
ipm
),,(
,,,
&
',,
),,(
ebpaabpa
Tpm
&
',,
),,(
sbpaabpa
Tpm
&
Figura 3.45 – Volume de controle da região do by-pass utilizado no modelo do EFA.
A metodologia aplicada para obter a resistência ao escoamento na região do by-pass é
a mesma utilizada na avaliação do feixe de tubos. Dentro da região do by-pass, nos volumes
de controle, não existe variação da área de passagem do escoamento, ou seja, 0
,
=Δ
bpc
A .
Logo, a Eq. (3.96) pode ser escrita para o
by-pass com a seguinte forma,
bp
w
VC
p
bpVCbpf
bp
bpc
VC
bpc
bpVCbpVC
A
T
T
c
Vh
A
p
pA
Vm
Δ
+=Δ
1
1
1
,
,,
,,
η
τ
&
(3.112)
onde
bpc
A
,
é a área de passagem do ar pelo canal (descrito no Apêndice II),
bp
h é o coeficiente
de transferência de calor do
by-pass,
f
η
é a eficiência da aleta e
bp
A
Δ
é a área de contato
entre o fluido (ar) e as aletas da região do
by-pass de cada volume de controle. Este termo
pode ser definido da mesma maneira que a Eq. (3.80). Logo, tem-se que,
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 85
VC
bpbp
L
z
AA
Δ
=Δ
(3.113)
onde
bp
A
é a área de contato entre as aletas do by-pass e o escoamento de ar (definida no
Apêndice II).
Substituindo a equação anterior e fazendo as mesmas considerações em relação aos
termos médios da região do feixe de tubos do volume de controle, através da integração da
Eq.(3.112), chega-se à seguinte equação,
+=Δ=
eVC
sVC
ebpVC
bpVC
bpt
bpVCbpVC
bpt
bpbp
VCsVCeVC
p
p
T
T
A
mV
A
A
ppp
,
,
,,
,
,
,,
,
,,
lnln)(
&
τ
(3.114)
Conforme apontado anteriormente (Figura 3.44), realizando uma análise da espessura
da camada limite hidrodinâmica, a relação para a tensão de cisalhamento na parede pode ser
assumida como para um escoamento laminar sobre uma placa plana (Fox e McDonald, 1995),
2
Re
328,1
2
,bpVC
L
bp
V
VC
ρ
τ
=
(3.115)
Assim, a queda de pressão total acumulada em todos os volumes de controle para a
região do
by-pass é obtida pela seguinte expressão,
bpVC
n
VC
bpP
VC
se
mRp
,
1
,''
&
=
Δ
=Δ
(3.116)
onde,
+=
Δ
eVC
sVC
ebpVC
sbpVC
bpt
bpVC
bpVCbpt
bpbp
bpP
VC
p
p
T
T
A
V
mA
A
R
,
,
,,
,,
,
,
,,
,
lnln
&
τ
(3.117)
Finalmente, de posse das Eq. (3.77), (3.110) e (3.116), é possível obter
'' se
p
Δ e as
vazões de ar em cada região dos volumes de controle, para em seguida utilizar a Eq. (3.71) e
obter a queda de pressão total do evaporador.
3.3.2. Transferência de calor
Para a obtenção da transferência de calor no EFA, foi feita uma análise semelhante à
realizada para a queda de pressão. Entretanto, como pode ser visto na Figura 3.46, para a troca
86 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
de calor, o evaporador foi divido apenas nas regiões do feixe de tubos e by-pass, uma vez que
as regiões de entrada e saída descritas anteriormente têm um comprimento muito pequeno,
onde a troca térmica é suposta pouco significativa.
V.C. 1
V.C. 2
...
V.C. n
tT
R
,
1
Δ
bpT
R
,
1
Δ
bpT
R
,
1
Δ
tT
R
,
2
Δ
bpT
R
,
2
Δ
bpT
R
,
2
Δ
tT
n
R
,
Δ
bpT
n
R
,
Δ
bpT
n
R
,
Δ
',,
,)(
iaTAapa
Tcm
&
',,
,)(
iapassbyapa
Tcm
&
',,
,)(
iapassbyapa
Tcm
&
aletadotuboP
R
Δ
,
passbyP
R
Δ
,
passbyP
R
Δ
,
e
e'
eaeapa
Tcm
,,
,)(
&
s
sasapa
Tcm
,,
,)(
&
1 2
s'
teaapa
Tcm
,,
1
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
1
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
1
),(
&
teaapa
Tcm
,,
2
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
2
),(
&
bpeaapa
Tcm
,,
2
),(
&
teaapa
n
Tcm
,,
),(
&
bpeaapa
n
Tcm
,,
),(
&
bpeaapa
n
Tcm
,,
),(
&
Figura 3.46 – Circuito térmico do modelo do evaporador.
Aplicando um balanço de energia em um dos volumes de controle da figura, para as
regiões do feixe de tubos e by-pass, pode-se escrever que,
)(
,,,,,, stVCetVC
VC
ptVCtVC
TTcmQ =
&
&
(3.118)
)(
,,,,,, sbpVCebpVC
VC
pbpVCbpVC
TTcmQ =
&
&
(3.119)
A taxa de transferência de calor total é dada por,
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 87
()
=
+=
n
VC
bpVCtVCe
QQQ
1
,,
2
&&&
(3.120)
Note que para obter a solução da equação anterior é necessário conhecer a parcela do
fluxo de massa de cada região e a temperatura de entrada e saída de cada volume de controle.
A vazão em massa é obtida da solução das equações da queda de pressão apresentadas na
seção anterior. Assumindo continuidade entre as temperaturas de volumes de controle
adjacentes, tem-se que,
stnVCetnVC
TT
,,1,, ==
=
(3.121)
sbpnVCebpnVC
TT
,,1,, ==
=
(3.122)
A temperatura no ponto
s da Figura 3.46 é obtida a partir do conceito de temperatura
média de mistura,
(
)
()
bpVCtVC
sbpVCbpVCstVCtVC
mnVC
mm
TmTm
T
,,
,,,,,,
,
2
2
&&
&&
+
+
=
=
(3.123)
Os perfis de temperatura do ar no feixe de tubos e no
by-pass são obtidos a partir da
integração da equação da energia em cada volume de controle, conforme será descrito a
seguir.
Região do Feixe de Tubos Aletados
Realizando um balanço de energia em um dos volumes de controle da Figura 3.46,
assumindo as mesmas hipóteses simplificativas referentes às propriedades médias no volume
de controle e procedendo similarmente como nas Eqs. (3.90)-(3.95), esta última equação pode
ser expressa pela seguinte relação,
z
Lcm
Ah
TT
T
VC
VC
ptVC
tto
w
tVC
Δ=
Δ
,
,
)(
&
η
(3.124)
Integrando desde a entrada do volume de controle até uma posição genérica, tem-se
que,
88 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
Δ=
z
VC
VC
ptVC
tto
zT
T
w
z
Lcm
Ah
TT
dT
eVC
0
,
)(
,
)(
&
η
(3.125)
Resolvendo a integral acima, chega-se a,
=
VC
VC
ptVC
tto
wiVC
w
Lcm
zAh
TT
TzT
,,
exp
)(
&
η
(3.126)
ou, na forma da Eq. (3.102),
22,
)1()( KTKTzT
weVC
+
=
(3.127)
onde
K
2
é calculado a partir da constante K
1
definida na Eq. (3.103),
Na saída do volume de controle, onde
z = L
VC
, a Eq. (3.127) pode ser escrita na forma,
22,,,
)1( KTKTT
weVCstVC
+
=
(3.128)
onde
K
2
= 1 - exp(-K
1
).
Para se calcular o perfil de temperatura desta região, é necessário determinar o
coeficiente de transferência de calor,
t
h . A correlação que melhor se adequou aos
evaporadores estudados no presente trabalho foi a proposta por Wang e Chang (1998). Esta
correlação avalia o fator de Colburn
j para um feixe de tubos circulares com aletas planas e
contínuas em condições secas, para as seguintes faixas de variação dos parâmetros:
Diâmetro externo, d
o
: 7 a 19,51 mm;
Espaçamento entre as aletas, F
s
: 1,07 a 8,51 mm;
Número de tubos na direção do escoamento (arranjo de tubos desencontrados),
N: 1 a 8;
Espaçamento transversal entre os tubos, P
t
: 25,4 mm;
Espaçamento longitudinal entre os tubos, P
l
: 22,0 mm;
Faixa do número de Reynolds baseado no diâmetro externo e na velocidade
máxima (ou seja, na mínima área de seção transversal –
o
d
Re = ρV
max
d
o
/μ):
300 a 8000.
A correlação para feixes com até 4 fileiras de tubos é dada pela seguinte expressão,
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 89
0312,0502,0
328,0
4
Re14,0
=
o
s
l
t
d
d
F
P
P
j
o
(3.129)
Caso o feixe de tubos contenha mais do que 4 fileiras, deve-se utilizar a seguinte
correlação,
)4(607,0
031,0
092,0
4
4
Re24,2991,0
N
d
N
N
j
j
o
=
(3.130)
A partir da definição do fator de Colburn
j, o coeficiente de transferência de calor é
dado por,
3/2
,
Pr
tVC
pc
t
cjG
h =
(3.131)
Região do By-pass
O procedimento para se obter o perfil de temperatura na região do by-pass difere
daquele aplicado ao feixe de tubos somente no que se refere à eficiência térmica da superfície.
Como no
by-pass não há tubos, a eficiência da superfície é a própria eficiência da aleta, η
f
.
Logo, o perfil de temperatura para o
by-pass é dado por,
22,,,
')'1( KTKTT
weVCsbpVC
+
=
(3.132)
onde
K’
2
= 1 - exp(-K’
1
), e K’
1
é dado por,
bpVC
pbpVC
bpbpf
cm
Ah
K
,
,
1
'
&
η
=
(3.133)
Mantendo a analogia com a queda de pressão na região do
by-pass, assume-se que o
escoamento do ar nesta região é em regime laminar sobre uma placa plana. Desta forma,
bp
h é
dado pela seguinte correlação para o número de Nusselt (Incropera e DeWitt, 1992),
3
,
PrRe664,0
LlamL
Nu =
(3.134)
onde
L
Re é o número de Reynolds baseado no comprimento da superfície (
L
Re = ρVL
VC
/μ).
Em termos do número de Nusselt,
bp
h é definido por,
90 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
VC
L
bp
L
kNu
h =
(3.135)
onde
k é a condutividade térmica do fluido.
Finalmente, tendo definido os perfis de temperatura nas regiões do feixe de tubos
aletados e do
by-pass, é possível calcular a troca de calor nos EFA através da Eq. (3.120).
3.3.3. Validação do Modelo Matemático
De forma a validar o modelo para uma posterior análise de otimização do sistema de
refrigeração utilizando o conceito do EFA, as predições da queda de pressão e da
transferência de calor foram comparadas com os resultados dos 39 ensaios experimentais. Da
Figura 3.47 à Figura 3.49 são apresentadas as comparações dos resultados do modelo com os
dados experimentais em função da vazão de ar. Como pode ser observado, o modelo
apresentou uma boa concordância para a maioria dos trocadores tanto para a transferência de
calor quanto para a queda de pressão. No geral, observa-se uma melhor concordância na faixa
de vazões de ar entre 30 a 50 m
3
/h, onde normalmente operam os trocadores encontrados em
refrigeradores
no-frost. O maior desvio entre as predições e o experimento foi observado para
a queda de pressão do evaporador Original 52 aletas, uma vez que a presença das resistências
de degelo não foi considerada pelo modelo, modificando as características termo-hidráulicas
do escoamento pelo
by-pass neste trocador.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 91
30 50 70 90 11
0
80
120
160
200
Vazão
[
m
3
/h
]
Transferência de Calor [W]
Experimental - Evap. #1Experimental - Evap. #1
ModeloModel o
30 50 70 90 11
0
0
5
10
15
Vazão
[
m
3
/h
]
Queda de Pressão [Pa]
Experimental - Evap. #1Experimental - Evap. #1
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
60
90
120
150
Transferência de Calor [W]
Vazão
[
m
3
/h
]
Experimental - Evap. #2Experimental - Evap. #2
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
0
2
4
6
8
10
Queda de Pressão [Pa]
Vazão
[
m
3
/h
]
Experimental - Evap. #2Experimental - Evap. #2
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
100
175
250
325
Experimental - Evap. #4Experimental - Evap. #4
ModeloModelo
Vazão
[
m
3
/h
]
Transferência de Calor [W]
30 50 70 90 11
0
0
10
20
30
40
Vazão [m
3
/h]
Queda de Pressão [Pa]
Experimental - Evap. #4Experimental - Evap. #4
ModeloModelo
Figura 3.47 – Comparação do modelo com dados experimentais de transferência de calor e queda de pressão
para os EFA Reto e 1/2.
92 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
30 50 70 90 11
0
75
125
175
225
Vazão
[
m
3
/h
]
Transferência de Calor [W]
Experimental - Evap. #5Experimental - Evap. #5
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
0
10
20
30
Vazão
[
m
3
/
h
]
Queda de Pressão [Pa]
Experimental - Evap. #5Experimental - Evap. #5
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
100
140
180
220
260
T
r
ansfe
r
ência de Calo
r
[W]
Vazão
[
m
3
/h
]
Experimental - Evap. #7Experimental - Evap. #7
ModeloModelo
30 50 70 9
0
10
30
50
70
Queda de Pressão [Pa]
Vazão
[
m
3
/h
]
Experimental - Evap. #7Experimental - Evap. #7
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
60
90
120
150
180
Vazão
[
m
3
/h
]
Transferência de Calor [W]
Experimental - Evap. #8Experimental - Evap. #8
ModeloModelo
30 50 70 90 11
0
0
20
40
60
Vazão [m
3
/h]
Queda de Pressão [Pa]
Experimental - Evap. #8Experimental - Evap. #8
ModeloModelo
Figura 3.48 – Comparação do modelo com dados experimentais de transferência de calor e queda de pressão
para os EFA 1/2 e 1/5.
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 93
30 50 70 90 11
0
60
80
100
120
140
Experimental - Evap. #11Experimental - Evap. #11
ModeloModelo
Vazão
[
m
3
/h
]
Transferência de Calor [W]
30 50 70 90 11
0
0
1
2
3
Queda de Pressão [Pa]
Vazão
[
m
3
/h
]
Experimental - Evap. #11Experimental - Evap. #11
ModeloModelo
30 60 90 12
0
30
50
70
90
110
Vazão
[
m
3
/h
]
Transferência de Calor [W]
Experimental - Evap. #12Experimental - Evap. #12
ModeloModelo
30 60 90 12
0
0
5
10
15
20
25
Queda de Pressão [Pa]
Vazão
[
m
3
/h
]
Experimental - Evap. #12Experimental - Evap. #12
ModeloModelo
Figura 3.49 – Comparação do modelo com dados experimentais de transferência de calor e queda de pressão
para o EFA Mini e Original.
A Figura 3.50 e a Figura 3.51 apresentam uma comparação geral entre os resultados
do modelo e os pontos experimentais. No que se refere à transferência de calor, todos os
pontos experimentais foram preditos com uma incerteza inferior a
±10%. Com relação à
queda de pressão, um maior espalhamento foi observado, sem, entretanto, uma tendência
bem-definida. Ainda assim, a maioria dos pontos experimentais (28 no total) foi corroborada
com uma incerteza igual ou menor do que
±10%. Do ponto de vista da generalidade do
modelo, tais resultados podem ser considerados satisfatórios, já que o procedimento de
cálculo não fez uso de qualquer ajuste baseado no presente experimento para efetuar a
regressão dos dados. Pelo contrário, optou-se pela utilização de correlações disponíveis na
literatura para trocadores de calor tubo-aleta.
94 Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA)
0 70 140 210 280 35
0
0
70
140
210
280
350
Transferência de Calor
(
Ex
p
erimental
)
[
W
]
Transferência de Calor (Modelo) [W]
+10%
-10%
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
Figura 3.50 – Resultados de validação da troca de calor do Modelo versus Experimental.
0 20 40 60 8
0
0
20
40
60
80
Queda de Pressão
(
Experimental
)
[Pa]
Queda de Pressão (Modelo) [Pa]
+35%
-35%
-10%
+10%
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
Figura 3.51 – Resultados de validação da queda de pressão do evaporador Modelo versus Experimental.
No contexto dos refrigeradores no-frost, os resultados do modelo para a transferência
de calor são mais importantes do que aqueles para a queda de pressão no evaporador. A razão
Evaporador de Fluxo Acelerado (EFA) 95
para isto é o fato da queda de pressão no evaporador ser pequena em relação à queda de
pressão experimentada pelo ar ao circular pelo sistema de distribuição e pelos próprios
gabinetes. Em outras palavras, a queda de pressão no evaporador contribui de forma modesta
(tipicamente 15%) para a determinação do ponto de operação e, conseqüentemente, a vazão
volumétrica de ar produzida pelo ventilador.
Desta forma, uma validação para a queda de pressão foi realizada também com base
na queda de pressão total (evaporador + circuito de ar interno do refrigerador), conforme
mostra a Figura 3.52. Neste gráfico, a queda de pressão total experimental é dada pela soma
da queda de pressão no evaporador e no sistema
sem o evaporador (ambas determinadas
experimentalmente), enquanto a queda de pressão calculada é a soma da queda de pressão no
evaporador fornecida pelo modelo e a queda de pressão no sistema
sem o evaporador. Como
pode ser visto, a incerteza da queda de pressão total é reduzida a aproximadamente
±10%.
Assim, mesmo que o modelo do evaporador não reproduza a queda de pressão de maneira
precisa, o erro envolvido não exibe um impacto significativo sobre a queda de pressão total,
não acarretando, conseqüentemente, desvios significativos no cálculo da vazão de ar pelo o
evaporador e pelos compartimentos.
0 20 40 60 80 10
0
0
20
40
60
80
100
Queda de Pressão Total
(
Ex
p
erimental
)
[
Pa
]
Queda de Pressão Total (Modelo) [Pa]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #11 - Mini 46Evap. #11 - Mini 46
Evap. #12 - Original 52Evap. #12 - Original 52
+10%
-10%
Figura 3.52 – Resultados de validação da queda de pressão total do Modelo versus Experimental.
4. MODELO MATEMÁTICO DO SISTEMA DE
REFRIGERAÇÃO
4.1. Aspectos Gerais
Em sistemas de refrigeração por compressão mecânica, os componentes se encontram
interconectados e, conseqüentemente, qualquer alteração em um dos componentes pode afetar
o desempenho dos outros componentes individualmente e do próprio sistema como um todo.
A rigor, conforme demonstrado em alguns estudos (Pira
et al., 2000), não necessariamente,
uma melhoria no desempenho
individual (ou seja, isolado do sistema) de um dos
componentes se reflete em um melhor desempenho do sistema como um todo. Portanto, de
modo a se mensurar o impacto da alteração da configuração geométrica do evaporador sobre
o desempenho do sistema, um modelo integrado dos componentes do sistema de refrigeração
foi implementado computacionalmente.
Refrigeradores domésticos operam em regime transiente, uma vez que, na maioria dos
casos, o controle da capacidade de refrigeração é efetuado pela ciclagem (liga-desliga) do
compressor. A modelação transiente de um sistema de refrigeração é uma tarefa complexa,
que envolve a solução de equações diferenciais não-lineares e acopladas, de modo a resolver o
comportamento em função do tempo dos componentes do sistema de refrigeração e a
transferência de calor transiente nos gabinetes do refrigerador (Hermes, 2006).
Em algumas situações, entretanto, resultados satisfatórios podem ser alcançados
aproximando o comportamento do refrigerador por uma sucessão de ciclos em que, durante os
períodos em que o compressor permanece ligado, o sistema se comporta como se em regime
permanente. Uma vantagem desta abordagem simplificada sobre a modelação transiente
completa é o menor tempo computacional. Como um dos focos do presente estudo é a
realização de uma otimização, o tempo computacional é um parâmetro importante, já que em
torno de 2000 simulações são necessárias à obtenção de uma configuração ótima. Logo, um
aumento de alguns segundos no tempo computacional relativo a uma dada configuração pode
resultar em mais alguns dias para a obtenção do resultado final de otimização.
A formulação matemática do modelo do sistema de refrigeração aplicada neste
trabalho segue, em linhas gerais, a metodologia proposta por Pereira
et al. (2007). O
refrigerador foi dividido em cinco sub-modelos: compressor, trocadores de calor
(condensador e evaporador), dispositivo de expansão (trocador de calor tubo capilar – linha de
98 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
sucção) e gabinetes (refrigerador e congelador). Os sub-modelos foram baseados em
metodologias semi-empíricas, que consistem em utilizar uma abordagem teórica baseada nos
princípios fundamentais da conservação da massa, quantidade de movimento e energia,
complementadas por relações experimentais. Cada um desses sub-modelos será descrito a
seguir neste capítulo, exceto pelo modelo do evaporador que já foi descrito detalhadamente no
Capítulo 3. A Figura 4.1 mostra a notação a ser utilizada, juntamente com os componentes do
sistema de refrigeração.
No presente estudo, ensaios experimentais foram necessários somente para
caracterizar a transferência de calor e a perda de carga nos gabinetes, uma vez que sub-
modelos para os demais componentes já se encontravam disponíveis na literatura (Pereira
et
al.
2007, Hermes e Melo 2007, Hermes 2006 e Gonçalves 2004).
Por fim, ensaios experimentais para caracterizar o desempenho energético do
refrigerador foram conduzidos em uma câmara com temperatura controlada a fim de validar o
modelo do sistema de refrigeração. Depois de verificada a confiabilidade do modelo
matemático, foi possível realizar a análise de otimização do evaporador e de seu impacto
sobre o desempenho do sistema de refrigeração (a ser apresentada no Capítulo 5).
Figura 4.1 – Diagrama esquemático do sistema e acoplamento entre os sub-modelos do refrigerador (Pereira et
al., 2007).
4.2. Sub-Modelo do Compressor
O modelo de um compressor alternativo foi adotado no presente estudo, já que este é o
tipo mais amplamente empregado em refrigeração doméstica. O mecanismo de compressão é
baseado no movimento alternativo de um pistão no interior de um cilindro de compressão;
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 99
movimento este gerado por um motor elétrico. O compressor tem duas funções principais no
sistema de refrigeração: aumentar a pressão (e, conseqüentemente, a temperatura de saturação
correspondente) e bombear o fluido refrigerante. A Figura 4.2 mostra um diagrama
esquemático do mecanismo do compressor e o balanço de energia no sub-modelo do
compressor. Deste balanço de energia se obtém a entalpia do fluido na descarga deste
componente,
h
2
, dada pela seguinte expressão,
.
Deslocamento Volumétrico,
.
Espaço de Volume Morto,
Câmara de descarga
Câmara de sucção
Pistão
Volume do Cilindro
Manivela
Biela
Linha de Sucção
Linha de Descarga
k
V
N
ck
Phvw
,,,
22
k
W
&
k
Q
&
1 2
c
V
ek
phvw
,,,
11
Figura 4.2 – Volume de controle do balanço de energia no compressor.
k
kk
w
QW
hh
)(
12
&
&
+=
(4.1)
onde
h
1
e h
2
são as entalpias do ponto 1 e do ponto 2 (entrada e saída do compressor,
respectivamente),
w
k
é o fluxo de massa,
k
W
&
é a potência total consumida pelo compressor e
k
Q
&
é o calor rejeitado para o ambiente pela carcaça do compressor.
O fluxo de massa é obtido admitindo a existência de uma eficiência volumétrica
(Gosney, 1982). Deste conceito, a seguinte equação pode ser obtida,
v
k
v
NV
w
η
1
=
(4.2)
onde
V
k
é o volume deslocado pelo pistão, N é a rotação do compressor, v
1
é o volume
específico do fluido refrigerante na admissão e
η
v
é a eficiência volumétrica do compressor. A
100 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
eficiência volumétrica é obtida considerando que o compressor tem razão de volume morto
c=V
c
/V
k
(onde V
c
é o volume residual após cada ciclo do pistão), e realiza um processo
isentrópico. Assim, a eficiência volumétrica pode ser descrita pela seguinte equação,
k
v
cc
/1
1 Π+=
η
(4.3)
onde
П é a razão de compressão (p
c
/p
e
) e k é o expoente isentrópico (para um gás ideal
k=c
p
/c
v
). Substituindo a Eq. (4.3) na Eq. (4.2) tem-se,
1
/1
)1(
v
NcVNV
w
k
kk
Π+
=
(4.4)
Dessa forma, a equação anterior pode ser escrita como,
1
/1
)1(
v
BA
w
k
Π+
=
(4.5)
onde
A=V
k
N e B=V
k
Nc, os quais podem ser obtidos a partir de uma regressão de dados
experimentais de fluxo de massa em função das temperaturas de condensação e evaporação.
Estes dados são disponibilizados pelos catálogos dos fabricantes de compressores para cada
modelo de compressor. Hermes (2006) verificou que os dados do fabricante apresentam uma
boa coerência com dados experimentais realizados em calorímetro. No presente trabalho,
foram utilizados três compressores fabricados pela EMBRACO
7
(Comp
1
, Comp
2
e Comp
3
),
para 220V/60Hz, usando R134a como fluido de trabalho. Como pode ser verificado na Figura
4.3, o modelo semi-empírico para o cálculo do fluxo de massa se ajusta bem aos dados
fornecidos pelo catálogo do fabricante, exibindo uma faixa de desvio em torno de ±5% de
concordância. Os valores obtidos do ajuste para os coeficientes
A e B da Eq. (4.5), utilizando
o método dos mínimos quadrados, foram os seguintes:
Comp
1
: A=0,0003461 e B=0,000009157;
Comp
2
: A=0,0003202 e B=0,000009537;
Comp
3
: A=0,0003059 e B=0,000008532.
7
Nomes fictícios para os modelos dos compressores foram adotados por razões de confidencialidade
industrial.
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 101
O fluxo de massa de refrigerante aqui calculado é considerado como o mesmo que
atravessa todos os componentes do sistema de refrigeração, por se tratar de um ciclo fechado
e sem ramificações.
0 3 6 9 1
2
0
3
6
9
12
Fluxo de massa do fabricante
[
k
g
/h
]
Fluxo de massa calculado [kg/h]
Comp
2
Comp
2
Comp
1
Comp
1
Comp
3
Comp
3
-5%
+5%
Figura 4.3 – Comparação entre o fluxo de massa fornecido pelo fabricante e o calculado pelo modelo semi-
empírico.
A potência de compressão é obtida também por meio de um ajuste dos dados
fornecidos pelo fabricante. Esta potência se relaciona linearmente com a potência de
compressão isentrópica segundo a seguinte relação,
skk
DWCW
,
+
=
(4.6)
onde
W
k,s
é a potência de compressão isentrópica, que pode ser obtida pela seguinte expressão
(Gosney, 1982),
)1(
1
/1
1,
Π
=
kk
esk
k
k
pwvW
(4.7)
Realizando um ajuste de mínimos quadrados na Eq. (4.6), com base nos dados de
potência em função das temperaturas de condensação e evaporação fornecidas pelo fabricante,
foram obtidos os seguintes valores para os coeficientes:
Comp
1
: C = 16,19 e D = 1,648;
102 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
Comp
2
: C= 46,88 e D= 1,323;
Comp
3
: C= 33,92 D= 1,181.
A Figura 4.4 mostra que a concordância entre potência fornecida pelo fabricante e a
calculada pelo ajuste é da ordem de ±5%.
0 70 140 210 280 35
0
0
70
140
210
280
350
Potência do fabricante
[
W
]
Potência calculada [W]
-5%
+5%
Comp
2
Comp
2
Comp
1
Comp
1
Comp
3
Comp
3
Figura 4.4 – Comparação entre a potência fornecida pelo fabricante e a calculada pelo modelo semi-empírico.
O calor rejeitado pela carcaça do compressor
k
Q
&
poder ser correlacionado através da
lei de resfriamento envolvendo uma condutância térmica global
UA
k
, que é dada pela seguinte
expressão,
)(
2 ambkk
TTUAQ =
&
(4.8)
onde
T
2
e T
amb
são as temperaturas do gás na descarga do compressor e no ambiente externo,
respectivamente. Segundo Pereira
et al. (2007), um valor típico para a condutância global do
compressor é 2 W/K.
De posse do calor rejeitado pelo compressor, da potência de compressão e do fluxo de
massa, é possível então calcular a entalpia
h
2
pela Eq. (4.1). É importante ressaltar que a
solução da Eq. (4.1) é obtida resolvendo simultaneamente a Eq. (4.8), já que a temperatura
T
2
depende da entalpia
h
2
,
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 103
),,(
22 c
phFluidofT
=
(4.9)
4.3. Sub-Modelo do Condensador
O condensador utilizado neste trabalho é um trocador de calor do tipo arame-sobre-
tubo
, confeccionado em aço, amplamente usado em refrigeração doméstica por seu baixo
custo e robustez. O escoamento do ar através destes tipos de condensadores pode ser por
convecção natural ou forcada. Para baixas capacidades de refrigeração, como é o caso dos
refrigeradores avaliados no presente trabalho, são utilizados condensadores por convecção
natural. O condensador é posicionado na parte traseira do refrigerador, com os arames (que
funcionam como superfícies estendidas) alinhados verticalmente, a uma distância de 35 mm
da parede externa do gabinete. A Figura 4.5 mostra uma representação esquemática deste
trocador e a nomenclatura dos parâmetros geométricos, assim como as variáveis envolvidas
no balanço de energia do sub-modelo deste componente.
.
.
c
Q
&
.
.
.
t
d
w
d
.
.
W
H
w
H
ck
phvw
,,,
22
ck
phvw
,,,
33
w
P
t
P
Figura 4.5 – Variáveis envolvidas no balanço de energia e dimensões do condensador arame-sobre-tubo.
As regiões superaquecidas e sub-resfriadas que ocorrem normalmente no condensador
não foram consideradas, ou seja, a temperatura do fluido que escoa dentro do condensador foi
considerada como constante ao longo de todo condensador. Esta hipótese foi assumida para
104 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
simplificar o modelo referente ao condensador, porque caso fossem modeladas também as
regiões superaquecida e sub-resfriada um maior tempo computacional seria exigido para obter
a transferência de calor neste componente, e conseqüentemente, um alto tempo computacional
poderia ser exigido para realizar as análises de otimização utilizando o modelo matemático do
sistema de refrigeração.
Logo, do balanço de energia no condensador como ilustra a Figura 4.5, se obtém a
seguinte expressão,
k
c
w
Q
hh
&
=
23
(4.10)
A taxa de transferência de calor do condensador para o ambiente pode ser obtida pela
seguinte equação,
)(
ambccc
TTUAQ =
&
(4.11)
onde
T
c
e T
amb
são as temperaturas de condensação e do ambiente externo, respectivamente, e
UA
c
é a condutância térmica global do condensador. UA
c
foi obtido através da correlação
proposta por Hermes e Melo (2007), a qual é função da geometria do condensador e das
temperaturas
T
c
e T
amb
. Esta correlação foi obtida a partir de 72 testes experimentais para 24
condensadores de diferentes geometrias, com valores de diâmetro externo do tubo entre 4,8 e
6,2 mm, número de linhas de tubos entre 13 e 25 e número de pares de arames entre 10 e 90.
Os testes foram realizados com uma diferença de temperatura entre a superfície externa dos
tubos do condensador e o ambiente entre 3,6 e 36,1 °C.
A correlação de Hermes e Melo (2007) é baseada no
Teorema dos Pi de Buckingham
através da seguinte expressão,
Tradc
AhUA
08,0
4
49,0
3
28,0
2
60,0
1
68,5
ππππ
=
(4.12)
onde
h
rad
é o coeficiente de transferência de calor de radiação, A
T
é a área superficial externa
de troca, o termo
π
1
é uma relação entre as áreas das superfícies de tubos e arames, π
2
e π
3
relacionam os espaçamentos entre tubos e arames, enquanto
π
4
envolve a diferença de
temperaturas, que é a força motriz para o escoamento do ar (empuxo). Estes grupos
dimensionais são dados pelas seguintes equações,
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 105
filme
ambc
t
ww
t
tt
wt
w
T
TT
d
dp
d
dp
AA
A
=
=
+
=
+
=
4321
;;;
ππππ
(4.13)
onde
A
w
e A
t
são as áreas superficiais dos arames e tubos, respectivamente, e T
filme
(=(T
c
+T
amb
)/2) é a temperatura de filme do escoamento de ar sobre o condensador. A Tabela 4.1
apresenta os valores dos parâmetros geométricos para o condensador utilizado no presente
trabalho.
Tabela 4.1 – Valores dos parâmetros geométricos do condensador utilizado.
Parâmetro Geométrico Valor [m]
Altura do condensador, H 1,3
Comprimento do arame, H
w
1,35
Largura do condensador, W 0,45
Diâmetro do tubo, d
t
0,0048
Diâmetro do arame, d
w
0,0015
Espaçamento entre os tubos, P
t
0,05
Espaçamento entre os arames, P
w
0,005
4.4. Sub-modelo do Trocador de calor Tubo capilar – Linha de Sucção
Tubos capilares são amplamente utilizados como dispositivos de expansão em
refrigeradores domésticos por suas características de baixo custo e simplicidade em
comparação com outros tipos de dispositivo de expansão. Construtivamente, os tubos
capilares possuem elevada razão de aspecto, com diâmetro interno em torno de 0,6 mm e
comprimento da ordem de 3 m.
A principal função do dispositivo de expansão é reduzir a pressão do fluido entre o
condensador e evaporador, o que, no tubo capilar, é alcançado por meio do atrito e da
aceleração do fluido refrigerante, com mudança de fase. Com o intuito de aumentar a
capacidade de refrigeração e garantir a entrada de vapor superaquecido no compressor
(evitando assim o chamado golpe de líquido e outros efeitos indesejáveis decorrentes da
entrada de líquido no compressor), o tubo capilar é geralmente montado na forma de um
trocador de calor em contra corrente com a linha de sucção (Figura 4.6).
106 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
.
.
hex
L
.
.
c
d
.
l
c
d
5
1
4
3
Linha de Sucção Isolamento
Tubo Capilar
ek
phw
,,
1
ek
phw
,,
5
ck
phw
,,
3
ek
phw
,,
4
e
L
e
L
Figura 4.6 – Diagrama esquemático do trocador de calor tubo capilar – linha de sucção.
O escoamento através de tubos capilares conectados à linha de sucção é de grande
complexidade, envolvendo escoamentos bifásicos, compressíveis e com transferência de
calor. Na literatura, há diversos modelos e correlações para o cálculo do escoamento e para o
dimensionamento de tubos capilares adiabáticos e não-adiabáticos (Hermes, 2006). As
abordagens mais precisas geralmente envolvem a integração de equações diferenciais ao
longo do comprimento do capilar, o que confere à solução um custo computacional
relativamente elevado.
No presente estudo, em virtude da simplicidade exigida pelo modelo a ser usado na
otimização, optou-se por uma metodologia que contornasse a necessidade de se resolver o
escoamento no capilar e, ao mesmo tempo, evitasse a necessidade de se especificar a carga de
fluido refrigerante no sistema. Esta última é uma das tarefas mais complexas da modelagem
de sistemas de refrigeração, uma vez que requer o conhecimento das frações volumétricas de
líquido e vapor no sistema, a fim de se realizar o inventário de massa de refrigerante
(Gonçalves, 2004). A metodologia, a ser descrita em detalhes na Seção 4.6, consiste em
prescrever um sub-resfriamento na saída do condensador e um superaquecimento na entrada
do compressor. Assim, é possível obter a geometria do capilar
a posteriori, por meio de
correlações experimentais que fornecem o diâmetro do capilar,
D
c
, em função das pressões de
evaporação e condensação, temperaturas e alguns parâmetros geométricos do capilar, como o
comprimento do tubo capilar.
Para se obter a entalpia no ponto 4, ou seja, na entrada do evaporador, realiza-se um
balanço de energia conforme mostra a Figura 4.6, obtendo a seguinte expressão,
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 107
1534
hhhh
+
=
(4.14)
Neste balanço de energia foi considerado que o fluxo de massa é o mesmo nas duas correntes
e que o trocador de calor esta isolado do ambiente externo.
A temperatura no ponto 1,
T
1
, pode ser calculada a partir da efetividade do trocador de
calor,
ε, que obedece a relação,
)(
5351
TTTT
+
=
ε
(4.15)
Para um refrigerador similar ao aqui analisado, Gonçalves (2004) mostrou, através de vários
dados experimentais, que o valor da efetividade pode ser considerado constante e igual a
0,875. Este valor foi definido para comprimento e diâmetro do tubo capilar constantes,
variando apenas o fluxo de massa do fluido refrigerante (mesmas considerações aplicadas no
presente modelo).
4.5. Sub-modelo do Gabinete
O gabinete de um refrigerador doméstico compreende os compartimentos do
refrigerador e do congelador. A principal função do gabinete é isolar termicamente os
compartimentos do ambiente externo. Para tanto, as paredes do gabinete são compostas por
três camadas: uma chapa de aço externa (
δ
o
), um preenchimento de poliuretano expansível
(
δ
p
) e uma chapa plástica interna (δ
i
) com espessura igual a 1, 100 e 3 mm, respectivamente.
A Figura 4.7 mostra um diagrama esquemático dos compartimentos do refrigerador, com as
principais variáveis envolvidas.
A circulação de ar interna nos compartimentos pode ser por convecção natural ou
forçada. Nos refrigeradores com circulação por convecção natural, o evaporador é de placa
plana (conhecido também como
roll-bond), normalmente posicionado na parte superior de
cada compartimento. Um inconveniente deste tipo de evaporador, conforme apontado
anteriormente, é a formação de gelo nas paredes internas dos gabinetes. Já nos refrigeradores
em que a circulação de ar é por convecção forçada (conhecidos tamm por
frost-free ou no-
frost
), o movimento do ar é gerado por um ventilador acoplado ao evaporador. Tais
refrigeradores utilizam geralmente evaporadores posicionados em um compartimento no
fundo do ambiente do congelador (Figura 4.7).
108 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
Porta
Gaxeta
Ventilador,
V.C. Evaporador
Plenum
Porta
Damper
V.C Refrigerador
V. C. Congelador
inr
Tm
,
&
rr
Tm
,
&
cgcg
Tm
,
&
incg
Tm
,
&
cg
Q
&
r
Q
&
ine
Tm
,
&
cr
Q
&
r
g
&
cg
g
&
v
g
&
t
Q
&
rte
Tm
,
&
Isolamento
Ambiente
Interno
Ambiente
Externo
Chapa
Plástica
Poliuretano Chapa Aço
pi o
Figura 4.7 – Componentes do gabinete e principais variáveis envolvidas.
O controle de temperatura do compartimento do congelador de refrigeradores no-frost
é realizado através de termostatos, enquanto no compartimento do refrigerador, esse controle
é feito através de um regulador da passagem de ar, ou
damper. Os termostatos verificam as
temperaturas e realizam o comando de “liga-desliga” do compressor, fazendo com que as
temperaturas dos compartimentos se mantenham dentro da faixa desejada. Já o
damper
controla a vazão de ar em circulação entre os compartimentos do congelador e do
refrigerador. Desta forma, ele exerce também influência direta na temperatura do ambiente do
refrigerador.
Os dispositivos de controle acima descritos são importantes durante a operação
transiente do sistema, pois controlam as temperaturas durante as variações de carga térmica.
Porém, no produto do presente estudo, todos os termostatos foram desativados e o
damper foi
fixado na posição 100% aberto, já que era de interesse somente o comportamento em regime
permanente. Para uma posição do
damper fixa, a relação de vazão de ar entre os
compartimentos,
φ
, pode ser escrita pela expressão,
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 109
r
cg
m
m
&
&
=
φ
(4.16)
onde
cg
m
&
e
r
m
&
representam, respectivamente, os fluxos de massa de ar que atravessam os
compartimentos do congelador e do refrigerador.
4.5.1. Modelo de Carga Térmica
Para se determinar a capacidade de refrigeração,
c
Q
&
, (ou seja, a quantidade de calor
que o evaporador precisa retirar dos compartimentos por unidade de tempo para mantê-los nas
temperaturas
T
cg
e T
r
) é necessário estimar a carga térmica, ou seja, a quantidade de calor
absorvida pelas paredes do gabinete e também a energia interna gerada por unidade de tempo
por alguns componentes, como o ventilador ou a resistência de degelo. Para tanto, foi
utilizada a metodologia desenvolvida por Gonçalves (2004) para o cálculo da carga térmica.
Esta metodologia, descrita abaixo em detalhes, é baseada em balanços de massa e energia nos
compartimentos e faz uso de condutâncias térmica globais dos compartimentos obtidas
experimentalmente.
Efetuando balanços de massa e energia no volume de controle (VC) do evaporador
(ver Figura 4.7), obtemos,
rcge
mmm
&&&
+
=
(4.17)
tinprinpcgvrprcgpcg
QTcmTcmgTcmTcm
&
&&&&&
++=++ )()()()(
(4.18)
Aplicando-se um balanço de energia para os compartimentos superior (congelador) e
inferior (refrigerador), chega-se em,
cgpcgcgcrcginpcg
TcmgQQTcm )()(
&&
&&
&
=+++
(4.19)
cgrprrrinpr
QTcmgQTcm
&
&&
&
&
+=++ )()(
(4.20)
onde
cg
g
&
,
r
g
&
e
e
g
&
são as potências elétricas dissipadas no congelador, refrigerador e no
compartimento do evaporador, respectivamente.
cg
g
&
e
r
g
&
são referentes às resistências
colocadas dentro de cada compartimento para realizar o controle da temperatura desses
ambientes, já que os termostatos foram desativados e o sistema de refrigeração se mantinha
110 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
sempre ligado (regime permanente). Os parâmetros
cg
Q
&
,
r
Q
&
e
cg
Q
&
são obtidos a partir das
seguintes equações,
)(
cgrcrcr
TTUAQ =
&
(4.21)
)(
rambrr
TTUAQ =
&
(4.22)
)(
cgambcgcg
TTUAQ =
&
(4.23)
onde
UA
cg
, UA
r
e UA
cr
são as condutâncias térmicas globais referente aos compartimentos do
congelador, refrigerador e do
mullion (travessa que separa os dois compartimentos),
respectivamente.
Dividindo por
e
m
&
, substituindo as Eqs. (4.21)-(4.23) e (4.16) e rearranjando as Eqs.
(4.18)-(4.20), é possível eliminar a temperatura de insuflamento,
T
in
, obtendo as seguintes
expressões,
cr
cgr
cg
ambcg
tvcg
R
TT
R
TT
Qgg
)()(
)(
=+
&
&&
φ
(4.24)
r
ambr
cr
cgr
tvr
R
TT
R
TT
Qgg
)(
)(
))(1(
=+
&
&&
φ
(4.25)
onde,
cr
in
pe
cr
UAcm
R
+
=
&
)(
1
2
φφ
(4.26)
r
r
UA
R
1
=
(4.27)
cg
cg
UA
R
1
=
(4.28)
As condutâncias térmicas dos compartimentos foram obtidas experimentalmente
aplicando-se a metodologia proposta por Gonçalves (2004). No Apêndice V são mostrados os
procedimentos e os resultados experimentais para a obtenção destas condutâncias globais. Os
valores experimentais obtidos para estes parâmetros foram:
UA
cg
= 0,52 W/K, UA
r
= 1,25
W/K e
UA
cr
= 0,105 W/K.
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 111
O modelo de carga térmica foi usado de duas maneiras distintas no presente trabalho:
i.
Para obter os resultados de validação, a carga térmica (
t
Q
&
) é igualada à
capacidade de refrigeração do evaporador (
e
Q
&
), obtida do modelo do
evaporador pela Eq. (3.120). Assim, no sistema de 2 equações (4.24) e
(4.25) as duas incógnitas são
T
cg
e T
r
, e são conhecidos
amb
T ,
cg
g
&
,
r
g
&
e
v
g
&
.
e
m
&
é calculado com base no modelo de circulação de ar interna a ser descrito a
seguir no item 4.5.2. Já a variável
φ
foi obtida experimentalmente, sendo igual
0,8 (o experimento referente a este parâmetro é descrito no Apêndice VI);
ii.
Quando se deseja prescrever as temperaturas dos compartimentos do
congelador (
T
cg
) e do refrigerador (T
r
), as incógnitas do sistema de equações do
modelo de carga térmica passam a ser
φ
e
t
Q
&
. Este procedimento foi utilizado
nas análises de otimização do sistema de refrigeração, já que o interesse neste
caso é calcular o desempenho do sistema em função das temperaturas de
projeto dos compartimentos, onde a carga térmica não necessariamente é igual
à capacidade de refrigeração. Esta metodologia é descrita por Pereira
et al.
(2007) e através dela é possível também calcular o consumo de energia
considerando o regime cíclico periódico do refrigerador (assumindo que
durante o período de compressor ligado tanto a carga térmica quanto a
capacidade de refrigeração não variam no tempo). Desta forma, tem-se,
e
t
ciclo
ligado
Q
Q
t
t
&
&
=
τ
(4.29)
)(73,0
vk
WWCE
&&
+
τ
(4.30)
onde
t
ligado
e t
ciclo
representam, respectivamente, o tempo do
compressor/ventilador ligado e o tempo de um ciclo completo do refrigerador.
τ é a fração de funcionamento e CE é o consumo de energia do refrigerador em
kWh/mês.
A temperatura de retorno
T
rt
na entrada do evaporador também deve ser determinada,
já que esta é usada como variável de entrada no modelo do evaporador. Esta temperatura pode
ser obtida através de uma regra de mistura na entrada do compartimento do evaporador,
fornecendo,
112 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
rcgrt
TTT )1(
φ
φ
+
=
(4.31)
4.5.2. Modelo de circulação interna de ar
Para a obtenção da transferência de calor e da queda de pressão no evaporador e da
carga térmica do gabinete, é necessário conhecer vazão de ar que circula pelo evaporador e
compartimentos do gabinete. Para este fim, foi desenvolvido um modelo de circulação de ar
interna que fornece a vazão total que passa pelo evaporador e pelos compartimentos do
refrigerador e congelador.
O ponto de operação e a vazão em um conjunto
ventilador-sistema são obtidos
igualando as curvas de diferença de pressão imposta pelo ventilador e de queda de pressão
(impedância) do circuito do ar, ambas em função da vazão (Figura 4.8).
Vazão
Vazão de operação
de trabalho
Ponto de operação
Curva característica do sistema
Curva característica do ventilador
P
Δ
P
Δ
Figura 4.8 – Ponto de operação do conjunto ventilador-sistema.
A curva característica do sistema é obtida a partir da combinação de todas as
resistências ao escoamento associadas a cada componente do circuito do ar pelos gabinetes.
Em gabinetes de um só compartimento, é comum modelar o sistema a partir de uma
associação de resistências em série. Entretanto, em refrigeradores de dois compartimentos, as
vazões de ar pelo refrigerador e pelo congelador são diferentes (devido a diferentes
impedâncias entre os dois compartimentos), sendo uma associação de resistências em paralelo
mais realista. O circuito elétrico equivalente proposto no presente trabalho é mostrado na
Figura 4.9.
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 113
Ventilador
Evaporador
Congelador
Refrigerador
e
m
&
r
m
&
cg
m
&
e
m
&
t
p
Δ
e
p
Δ
eq
p
Δ
Figura 4.9 – Esquema da circulação interna de ar dentro do gabinete e analogia com circuito elétrico.
A analogia com circuitos elétricos permite escrever as seguintes equações,
eqet
ppp
Δ
+
Δ
=
Δ
(4.32)
n
tntttt
VaVaVaaVfp
&&&&
++++==Δ ...)(
2
210
(4.33)
2
cgcgcgeq
VIp
&
ρ
=Δ
(4.34)
onde,
ρ
m
V
&
&
=
(4.35)
As Eqs. (4.32)-(4.34), juntamente com as Eqs. (4.16) e (4.17) formam um sistema de 5
equações e 5 incógnitas (
t
pΔ ,
eq
p
Δ
,
t
V
&
,
cg
V
&
e
r
V
&
).
cg
ρ
é determinado com base na
temperatura do compartimento do congelador.
e
p
Δ
é obtido do modelo do evaporador
descrito no Capítulo 3. Os coeficientes do polinômio da Eq. (4.33) e o coeficiente de queda de
pressão
cg
I foram obtidos experimentalmente, sendo os procedimentos descritos no Apêndice
VI. Para os ventiladores axiais utilizados em refrigeradores domésticos, observou-se que um
polinômio de 3º grau correlaciona satisfatoriamente a curva experimental do ventilador. Para
os dois ventiladores testados, os seguintes valores foram obtidos para os coeficientes (Eq.
4.33):
Original: a
o
= 33,9; a
1
= 0,014; a
2
= -0,0033, a
3
= 0,000029;
DC 24V: a
o
= 39,2; a
1
= -0,41; a
2
= 0,0081, a
3
= -0,000089.
114 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
O valor do coeficiente de queda de pressão obtido experimentalmente (Eq. (4.34)) foi
cg
I = 176921, onde a vazão volumétrica é em m
3
/s e a queda de pressão em Pa.
4.6. Integração dos Componentes do Sistema
A simulação do sistema de refrigeração depende da solução do sub-modelo de cada
componente apresentado neste capítulo. O acoplamento entre cada um dos sub-modelos em
termos das variáveis do problema (ou seja, das condições de contorno para cada um dos
componentes) é ilustrado na Figura 4.10. As entalpias são transmitidas de um componente
para o outro através fluxo de massa de refrigerante. Este fluxo de massa é definido pelo
modelo do compressor, e é assumido constante e uniforme para todos os componentes do
ciclo. O mesmo pode ser observado para o circuito do ar, onde o fluxo de massa é definido no
modelo de circulação interna.
Condensador
Compressor
Evaporador
Carga
Térmica
Trocador de Calor
TC – LS
e
P
e
P
c
P
c
P
2
h
3
h
4
h
1
h
Circulação
Interna de Ar
Gabinete
arrt
VT
&
,
ei
PT
Δ
,
ar
V
&
cgr
TT
,
Refrigerante
Ar
k
m
&
k
m
&
k
m
&
amb
T
Ambiente
Figura 4.10 – Acoplamento entre os componentes do sistema de refrigeração.
Para se obter a solução do modelo do sistema, é preciso determinar as pressões de
evaporação e de condensação. Em uma abordagem tradicional (Gonçalves, 2004), as pressões
Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração 115
são obtidas a partir de duas relações de fechamento adicionais fornecidas pelos balanços de
massa a seguir,
0'
=
kk
mm
&&
(4.36)
0
=
n
n
MM
(4.37)
onde
k
m
&
e
k
m'
&
são, respectivamente, a vazão mássica deslocada pelo compressor e a vazão
mássica que atravessa o tubo capilar.
M é a massa de refrigerante do sistema (carga) e M
n
é a
massa de refrigerante contida em cada componente do ciclo de refrigeração.
A solução dessas equações exige um alto custo computacional e, normalmente,
apresenta sérios problemas de convergência, por serem as Eqs. (4.36) e (4.37) funções
implícitas e fortemente não-lineares das pressões de condensação e de evaporação
(Gonçalves, 2004). Assim, a fim de contornar estes problemas, conforme proposto por Pereira
et al. (2007), são prescritos graus de sub-resfriamento no condensador e superaquecimento no
evaporador, de modo que as pressões/temperaturas de evaporação e condensação possam ser
calculadas diretamente através das seguintes equações,
)(
sup5
TTpp
sate
Δ
=
(4.38)
)(
3 subsatc
TTpp
Δ
+
=
(4.39)
Este procedimento, denominado Sub-resfriamento – Superaquecimento (
Sup-Sub), não
só elimina os problemas numéricos mencionados, como também aproxima a análise numérica
da condição de projeto de sistemas de refrigeração. Assim, tanto o tubo capilar como a carga
de refrigerante são ajustados
a posteriori para que o sistema opere com os graus de
superaquecimento e sub-resfriamento pré-determinados, preferencialmente próximos de zero.
Assim, o diagrama de acoplamento entre os componentes da figura anterior pode ser
alterado, como mostra a Figura 4.11. Como pode ser visto, dadas as temperaturas
T
3
e T
5
para
o sub-modelo
Sub-Sup, é possível calcular as pressões de evaporação e condensação pelas
Eqs. (4.38) e (4.39) (matematicamente, estas equações substituem as Eqs. (4.36) e (4.37)).
Com isso, estas pressões são utilizadas simultaneamente na solução de todos outros sub-
modelos do ciclo do refrigerante, a qual é realizada com o uso do código computacional EES
Engineering Equation Solver (Klein, 2007).
116 Modelo Matemático do Sistema de Refrigeração
Condensador
Compressor
Evaporador
Carga
Térmica
Trocador de Calor
TC – LS
e
P
c
P
c
P
2
h
3
h
4
h
1
h
Circulação
Interna de Ar
Gabinete
arrt
VT
&
,
ei
PT
Δ
,
ar
V
&
cgr
TT
,
Refrigerante
Ar
k
m
&
k
m
&
k
m
&
Sub-Sup
e
P
5
T
3
T
amb
T
Ambiente
Figura 4.11 – Acoplamento entre os componentes com a prescrição dos graus de sub-resfriamento e
superaquecimento.
5. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
(PEC)
5.1. Aspectos Gerais
Em linhas gerais, o uso de critérios de avaliação de desempenho (PEC
8
) está associado
a procedimentos de otimização nos quais se escolhe uma variável do problema a ser
maximizada ou minimizada (a função objetivo) mediante a manutenção de uma ou mais
variáveis fixas (as restrições). A meta principal da realização deste procedimento de
otimização em sistemas de refrigeração é um aumento do desempenho de um componente em
particular (do trocador de calor, por exemplo) ou, mais importante, do sistema como um todo.
Obviamente, quanto mais informações acerca dos parâmetros do problema forem
incorporadas ao procedimento de otimização, maiores serão as chances de o procedimento ser
bem-sucedido, isto é, de que um verdadeiro máximo global da função objetivo seja calculado.
Tradicionalmente, quando empregados no nível do componente, os PEC são usados
para comparações entre diferentes trocadores (ou diferentes configurações de superfícies de
troca, como aletas planas, aletas descontínuas etc.) (Shah e Sekulic, 2003; Yilmaz et al., 2005;
Webb e Kim, 2005). Por exemplo, no caso de um evaporador, a função objetivo pode ser a
capacidade de refrigeração (variável maximizada) e o parâmetro a ser mantido fixo (restrição)
pode ser a área frontal ou a potência de bombeamento. Entretanto, os PEC também podem ser
empregados na otimização dos parâmetros geométricos de uma dada configuração de
superfície de troca (diâmetro de tubos, espaçamento entre aletas, espaçamento entre tubos
etc.) para uma dada aplicação. Por exemplo, nesse caso, a função objetivo a ser minimizada
pode ser o volume de material do trocador para uma dada capacidade de transferência de calor
(restrição).
Os critérios de avaliação de desempenho (PEC) usados neste trabalho foram
formulados com base em variáveis adimensionais. O uso de variáveis adimensionais fornece
uma generalidade e maior facilidade na comparação, análise dos resultados e
dimensionamento de trocadores de calor (Pira
et al., 2000). Especificamente, o objetivo da
8
O termo PEC vem da sigla em inglês Performance Evaluation Criteria e será usado ao longo do texto
por ser um termo comumente usado nos trabalhos da literatura sobre trocadores de calor.
118 Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC)
presente análise pode ser resumido da seguinte forma: para temperaturas nos compartimentos
refrigerados fixadas em -18 ° no congelador e 5 °C no refrigerador (restrições), deseja-se
encontrar uma determinada a dimensão
H
1
da seção transversal de saída, o número de aletas
(
N
f
) e o comprimento (L) de um EFA que forneçam um menor volume para o trocador
(conseqüentemente, uma menor massa de material), menor custo ou menor consumo de
energia do refrigerador (objetivos).
Na busca por uma função objetivo que compreendesse a otimização em diversos níveis
(desde o componente até o sistema como um todo), foram utilizadas as três definições de PEC
formuladas por Pira
et al. (2000). São elas,
i.
Transferência de calor por unidade de potência de bombeamento do ar no
evaporador (“PEC
θ”);
ii.
Transferência de calor por unidade de potência de compressão mais
bombeamento do ar no evaporador (“PEC ”);
iii.
O próprio COP do sistema (“PEC COP
sistema
”).
É possível notar que, nas formulações acima, o nível de abrangência da função
objetivo aumenta gradativamente, começando por uma simples relação entre a transferência
de calor e a queda de pressão do lado do ar no evaporador. Em seguida, são incorporadas
características do sistema, como a potência do compressor. Finalmente, no último nível (que,
em última análise, trata da otimização do sistema com base na Primeira Lei da
Termodinâmica), são avaliados todos os componentes simultaneamente. Neste caso, o “PEC
COP
sistema
” avalia o desempenho global, levando em consideração os parâmetros de todos os
componentes.
Conforme mencionado anteriormente, na determinação das relações dos PEC, são
necessárias especificações de algumas restrições, que são obtidas normalmente a partir das
restrições de projeto de um determinado sistema e aplicação. Um maior detalhamento sobre a
definição e aplicação dos PEC citados acima é fornecido no trabalho de Pira
et al. (2000).
5.2. Formulação dos PEC Lambda e Kappa
5.2.1. PEC Lambda (Λ)
Um dos principais focos do presente trabalho é a redução da massa de alumínio do
evaporador. De modo a incorporar este objetivo no processo de otimização, é proposta uma
Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC) 119
nova classe (ou família) de PEC, denominada “
PEC Λ”. Estes PEC são definidos com base
nas relações propostas por Pira et al. (2000), e são expressos da seguinte maneira,
EFAad
M
,
)(
Θ
=ΘΛ
(5.1)
EFAad
M
,
)(
Ω
=ΩΛ
(5.2)
onde os PEC de Pira et al. (2000) são dados por,
1#
#
,
,
EFA
nEFA
EFAad
kp
e
p
e
M
M
Me
WW
Q
W
Q
=
+
=Ω=Θ
&&
&
&
&
(5.3)
e,
M
EFA#1
e M
EFA#n
são as massas do EFA #1 (Reto 60 aletas) e de um EFA #n, onde n se
refere a um EFA qualquer para o qual 1/5 <
H
1
/H
2
< 1. As expressões para cálculo da massa
do EFA são fornecidas no Apêndice I.
Esta nova família de PEC visa a obtenção de uma máxima eficiência do evaporador
para uma mínima massa total de aletas e tubos, uma vez que se acredita que para o EFA seja
possível obter uma taxa de transferência de calor da mesma ordem de grandeza que a do
evaporador convencional (EFA #1) com um menor volume de trocador por meio da
aceleração do escoamento.
Assim, fazendo uma busca por um ótimo das funções PEC Λ, é possível obter uma
geometria ideal para uma máxima eficiência do EFA, onde as variáveis independentes desta
otimização são as dimensões geométricas do EFA. As Eqs. (5.1) e (5.2) mostram o conceito
do PEC Λ aplicado aos PEC definidos por Pira
et al. (2000) para o primeiro e segundo níveis
de generalidade (análise individual do componente). Entretanto, Pira
et al. (2000) observaram
que a otimização de um componente analisado separadamente nem sempre é seguida de uma
melhora no desempenho do sistema como um todo.
Logo, é proposto também, no nível do sistema, um PEC Λ que englobe todos os
componentes simultaneamente, dado pela seguinte relação,
EFAad
sistema
M
COP
COP
,
)( =Λ
(5.4)
onde,
120 Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC)
kp
pe
sistema
WW
WQ
COP
&&
&
&
+
=
(5.5)
Através do PEC Λ, pode ser adicionado também um fator de correção relativo ao custo
do material (
F
custo
) das aletas em relação aos tubos. Adicionar uma correção à variável que
tem um menor peso no custo total do evaporador, torna a análise mais realista do ponto de
vista de custo real de fabricação,
tubosadaletasadcusto
sistema
MMF
COP
,,
+
=Λ
(5.6)
onde
M
ad,aletas
e M
ad,tubos
são, respectivamente, as massas adimensionalizadas das aletas e dos
tubos do EFA, dadas pelas equações,
tubosEFA
tubosnEFA
tubosad
aletasEFA
aletasnEFA
aletasad
M
M
Me
M
M
M
,1#
,#
,
,1#
,#
,
==
(5.7)
5.2.2. PEC Kappa (K)
Por se tratarem de razões entre grandezas absolutas, os PEC descritos anteriormente
podem levar a resultados que, mesmo sendo ótimos do ponto de vista relativo, podem ser
inadequados com relação aos valores absolutos dos parâmetros que os compõem. Em outras
palavras, tais PEC não levam em consideração se os valores do numerador ou do
denominador são “ruins”, uma vez que julgam apenas a relação entre eles. Isto pode fazer
com que a otimização conduza a um resultado pouco realista no contexto da aplicação do
sistema de refrigeração. Para ilustrar a explicação anterior, considere o seguinte exemplo para
o
PEC Λ(COP) (Eq. (5.4)):
Em um sistema de refrigeração X com um evaporador A, tem-se: COP
sistema
= 3
e
EFAad
M
,
= 1. Logo, PEC Λ = 3;
Para o mesmo sistema X com um evaporador B, tem-se: COP
sistema
= 1 e
EFAad
M
,
= 1/3. Logo, PEC Λ também igual a 3;
Portanto, para uma mesma redução percentual no numerador e denominador, tem-se
um mesmo valor de PEC, ainda que o valor de
COP
sistema
seja extremamente baixo. No caso
do exemplo,
COP
sistema
foi reduzido em 300%, porém, como a massa foi reduzida na mesma
proporção, foi obtido um mesmo valor de PEC. Assim, é possível concluir que a avaliação
Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC) 121
conferida pelos PEC anteriores pode levar a resultados, ainda que ótimos, incompletos e
insatisfatórios do ponto de vista prático.
A fim de contornar este problema, foi desenvolvido um PEC que avalia com a mesma
importância o numerador e o denominador. Além disso, o critério avalia a posição em que
cada um desses parâmetros se encontra com relação aos seus valores máximos ou mínimos,
dentro do domínio das possíveis soluções. Este PEC, chamado aqui de
Κappa (K), obedece à
seguinte relação,
ad
ad
M
COP
COP =Κ
)(
(5.8)
onde,
1#,
#,
min,max,
min,#,
sistema
nsistema
sistemasistema
sistemansistema
ad
COP
COP
COPCOP
COPCOP
COP +
=
(5.9)
(
)
(
)
()()
()
n
EFAad
EFAadEFAad
EFAad
n
EFAad
ad
M
MM
MM
M
#
,
min
,
max
,
min
,
#
,
+
=
(5.10)
Os sub-índices
max e min se referem, respectivamente, aos valores máximos e mínimos
possíveis de
COP
sistema
e
EFAad
M
,
para um determinado sistema de refrigeração. A obtenção
destes valores é realizada a partir de uma maximização e minimização tanto do
COP
sistema
quanto da
EFAad
M
,
, separadamente, variando as variáveis de otimização (H
2
, N
f
e L
t
).
Cabe salientar também a importância do segundo termo do lado direito nas Eqs. (5.9) e
(5.10). A inserção deste número é feita para (i) evitar os problemas citados anteriormente a
respeito do PEC Λ, e (ii) impedir que a Eq. (5.10) forneça um valor igual a zero, levando o
valor de PEC K para o infinito.
Para ilustrar aplicação do PEC K, é utilizado o mesmo exemplo descrito
anteriormente. Para aquele caso, tinha-se, para um evaporador
A, COP
sistema
igual a 3 e
EFAad
M
,
igual a 1 e, para o evaporador B, COP
sistema
igual a 1 e
EFAad
M
,
igual a 1/3.
Realizando a verificação dos valores máximo e mínimo de PEC K para este sistema
hipotético, tem-se, por exemplo:
min,sistema
COP = 0,5,
max,sistema
COP = 5,
(
)
min
,
EFAad
M = 0,1 e
(
)
max
,
EFAad
M
= 1
. Aplicando estes valores à Eq. (5.8), obtém-se,
PEC K(COP) = 0,78 para o evaporador A;
122 Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC)
PEC K(COP) = 0,75 para o evaporador B.
Nota-se aqui que, pelo fato de o evaporador
A exibir um COP mais próximo do
máximo e a sua massa não se encontrar tão distante do mínimo, este trocador fornece um PEC
K com maior valor. Pode-se dizer então que este PEC fornece uma análise mais realista, já
que se deseja um máximo COP e uma mínima massa, desde que estes parâmetros não estejam
tão longe de seus pontos de ótimo individuais.
A metodologia utilizada no PEC K não se restringe apenas à Eq. (5.8), isto é, não é
aplicada apenas para a relação entre o COP e a massa do evaporador. Essa metodologia
aplica-se a quaisquer parâmetros de interesse dos componentes individuais ou do próprio
sistema de refrigeração, desde que o parâmetro a ser maximizado seja colocado no numerador
e aquele a ser minimizado, no denominador. Por exemplo, ao aplicar esta metodologia aos
PEC Λ das Eqs. (5.1) e (5.2), obtém-se,
ad
ad
M
Θ
=ΘΚ )(
(5.11)
ad
ad
M
Ω
=ΩΚ )(
(5.12)
onde,
1#
#
minmax
min#
Θ
Θ
+
ΘΘ
Θ
Θ
=Θ
nn
ad
(5.13)
1#
#
minmax
min#
Ω
Ω
+
ΩΩ
Ω
Ω
=Ω
nn
ad
(5.14)
5.3. Método de Otimização
A fim de avaliar os PEC apresentados acima para as várias configurações possíveis do
EFA no sistema de refrigeração, foi necessário utilizar um código computacional dedicado a
análises de otimização. A metodologia aplicada aqui se baseia no trabalho de Gomes (2006),
que uma análise comparativa de compressores aplicados a refrigeração doméstica. Como no
trabalho de Gomes, foi utilizado o código de otimização modeFRONTIER 3.1.0 (
Multi-
Objective Optimization and Design Environment
) (Esteco, 2005), o qual foi acoplado ao
Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC) 123
código de simulação do sistema de refrigeração, com o objetivo de obter os valores ótimos
dos PEC descritos.
Em geral, os algoritmos de otimização visam a maximização ou a minimização de uma
função objetivo simples (única) ou composta (múltipla), satisfazendo as restrições impostas
pelo problema e que representam as condições do modelo. Antes de escolher um algoritmo de
otimização, é necessário caracterizar o problema a ser resolvido através dos seguintes
parâmetros (Gomes, 2006):
i.
Função objetivo: representa a grandeza a ser otimizada (valor mínimo ou
máximo) e será função das variáveis de projeto escolhidas. A função objetivo é
dita simples quando se tem apenas um objetivo ou composta (ou multi-critério,
multi-objetivo) quando se deseja otimizar vários objetivos de uma só vez;
ii.
Variáveis de projeto: são os parâmetros do problema que podem ser alterados
para otimizar a função objetivo, como, por exemplo, as características geométricas
do evaporador que definem o valor do COP do sistema de refrigeração.
iii.
Restrições: são as limitações impostas para se obter a solução otimizada. Por
exemplo, a escolha de uma determinada faixa de temperatura dos compartimentos
refrigerados ou de COP. Neste caso, ao se desejar otimizar um PEC qualquer para
uma faixa de -16°C <
T
cg
< - 20°C para o congelador e 4°C < T
r
< 6°C para o
refrigerador, encontra-se dois limites laterais para duas restrições distintas. A
otimização acima ou abaixo destas faixas é imposta por uma restrição de
desigualdade. Por outro lado, a otimização para uma temperatura específica (por
exemplo,
T
cg
= -18°C e T
r
= 5°C) é alcançada através de uma restrição de
igualdade. As restrições podem ser ainda do tipo global ou local, ou seja, podem
ser definidas para uma região específica do domínio de interesse (local) ou para
todo o domínio (global).
iv.
Domínio: são os limites mínimos e máximos impostos para as variáveis de projeto
a partir dos quais se deseja otimizar a função objetivo. Dentro do domínio existem
regiões que podem não ser contempladas pelas restrições, denominadas inviáveis.
A região do domínio onde as restrições são contempladas e em que, portanto, a
solução é possível, é denominada domínio viável.
Com base nas definições acima, é possível definir as funções objetivo como sendo os
PEC descritos anteriormente. Os PEC propostos neste trabalho visam na sua grande maioria
maximizar o desempenho do sistema e minimizar a massa (isto é, o custo) de um de seus
124 Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC)
componentes. Pode-se dizer, então, que as análises têm por objetivo fornecer o melhor
sistema do ponto de vista de desempenho, com um mínimo custo, para um determinado
conjunto de condições de contorno do sistema de refrigeração, de seus componentes e suas
respectivas características geométricas.
Entretanto, é importante ressaltar que os resultados são influenciados diretamente pela
precisão das metodologias de simulação, não sendo, a rigor, exatos. Embora mesmo sem uma
precisão adequada do ponto de vista absoluto, os resultados de otimização podem, ainda
assim, ser úteis, já que podem mostrar a tendência do comportamento do sistema ótimo.
Como os PEC dependem de uma gama de parâmetros, tanto termodinâmicos quanto
geométricos, é interessante classificá-los com base na seguinte relação funcional,
PEC =
f (características geométricas, condições do sistema, fluido refrigerante,
características físicas e termodinâmicas dos componentes)
Alguns dos parâmetros da relação acima são variáveis de projeto e outros são
restrições. As variáveis de projeto podem ser identificadas por:
i.
Características geométricas do evaporador: dimensão de saída (H
1
), número
de aletas (
N
f
) e comprimento (L);
ii.
Características construtivas dos componentes: três tipos de compressores
(EMBRACO, modelos:
Comp
1
, Comp
2
e Comp
3
e dois tipos de ventiladores
(Original e DC24V).
Já as restrições foram tidas como sendo:
i.
Condições do sistema: temperatura dos compartimentos refrigerados -
congelador igual a -18°C e refrigerador igual a 5°C, temperatura ambiente
igual a 32°C, sub-resfriamento no condensador de 2°C e superaquecimento no
evaporador de 1°C;
ii.
Fluido refrigerante: R134a;
iii.
Área frontal da entrada do evaporador: H
2
= 59,5 mm e W = 307 mm (ver
Figura 3.5).
O domínio de soluções é definido por todos os resultados obtidos com a variação dos
parâmetros projeto. Assim, para a variação dos três compressores, dois ventiladores e a
variação das características geométricas do evaporador, qualquer valor de PEC alcançado é
válido.
Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC) 125
Após a caracterização do problema a ser resolvido, é necessário definir o algoritmo de
otimização a ser empregado. A seguir, será apresentada uma breve descrição do algoritmo
aqui utilizado.
O código modeFRONTIER fornece uma variedade de algoritmos de otimização
disponíveis na literatura. Segundo Gomes (2006), a busca por um algoritmo de otimização
deve ser baseada em duas características básicas, descritas graficamente na Figura 5.1: i)
robustez (capacidade de encontrar o ponto de ótimo global) e ii) precisão (capacidade de
encontrar o verdadeiro valor do ponto de ótimo). Outro fator, tão importante quanto os citados
acima, é o tempo de convergência do algoritmo de otimização. Este deve ser o mais reduzido
possível para que, quando associado ao tempo computacional inerente ao código de simulação
do sistema de refrigeração, não torne proibitivo o custo computacional da otimização.
Máximo Local
NÃO ROBUSTO
f(x)
x
x
mín
x
máx
Máximo Global
ROBUSTO
Ponto Encontrado
Ponto Encontrado
f(x)
x
x
mín
x
máx
Máximo REA
L
x
1
x
2
Pouco
PRECISO
PRECISO
Pontos Encontrados:
x
1
,
x
2
(a) Robustez. (b) Precisão.
Figura 5.1 – Características de um algoritmo de otimização (Gomes, 2006).
Analisando as três características acima citadas e a descrição dos algoritmos existentes
no código modeFRONTIER (Gomes, 2006), optou-se no presente trabalho pelo uso do
Algoritmo Genético. Este algoritmo tem a vantagem de ser bem mais robusto que os demais
disponíveis, porém, com a desvantagem de exigir um tempo computacional mais elevado.
Como o tempo de simulação do código do sistema de refrigeração é extremamente baixo (em
torno de 12 segundos por caso), a utilização do algoritmo genético não acarretaria tempos
computacionais proibitivos. Outro problema decorrente do uso do algoritmo genético seria a
obtenção de convergência para a grande variação dos dados de entrada gerados por este
algoritmo. Como o algoritmo genético faz variações aleatórias das variáveis de entrada, o
código de simulação do sistema deve ser robusto o suficiente para produzir resultados
convergidos para todas as combinações dos parâmetros de entrada. Tal robustez foi verificada
após a realização de alguns testes, permitindo a utilização do algoritmo genético.
126 Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC)
A metodologia de otimização utilizada pelo algoritmo genético é baseada no processo
de seleção natural das espécies. Com base na Figura 5.2, os passos do algoritmo genético
podem ser colocados da seguinte forma geral (Gomes, 2006):
i.
Uma população inicial é criada (indivíduos A, B, C, D e E);
ii.
Os indivíduos da família inicial são avaliados quanto à aptidão, ou seja, aqueles
que apresentam respostas à função objetiva (
z(A), z(B), z(C), z(D) e z(E)) mais
adequadas com relação ao objetivo da otimização, são selecionados como os
mais aptos. No exemplo, estes são os indivíduos com os maiores valores de
z(h);
iii.
Os operadores genéticos são aplicados na nova família (geração de G por cross-
over
e F por mutação);
iv.
A nova família é avaliada quanto à aptidão e, em seguida, o mesmo
procedimento de (iii) é repetido até determinar os pontos mais próximos da
região de ótimo.
A
B
C
D
E
Família Inicial
ABCDE
F
H
I
G
L
Mais Aptos
DE
Família
DEFG
Mais Aptos
EG
J
Família
EGHI
Mais Aptos
HI
Elite
LI
Família
HILJ
Operadores
Genéticos
Algoritmo Genético
Variáveis de Projeto:
h = [x,y]
Função Objetivo:
z (h)
Objetivo:
Maximizar z
Exemplo Problema de Otimização
Cross-over
G
Mutação
F
Cross-over
I
Mutação
H
Cross-over
L
Mutação
J
Figura 5.2 – Exemplo de utilização do algoritmo genético (Gomes, 2006).
O número de indivíduos que deve permanecer nas famílias geradas ao longo do
processo é um parâmetro definido pelo usuário. Por outro lado, indivíduos gerados que sejam
duplicados dentro de cada família são eliminados.
A convergência do processo de otimização pode se basear em dois critérios: 1) nível
de variação da função resposta ou 2) número máximo de gerações. O programa
modeFRONTIER disponibiliza apenas a segunda opção. Neste caso é necessário testar o
Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC) 127
número razoável de gerações a ser configurada, uma vez que a configuração de um número
reduzido pode levar a uma falsa convergência. Por outro lado, um número elevado pode
acarretar em um processo com um alto tempo computacional.
No presente trabalho foram realizados testes variando o número de gerações entre 40 e
60. Após a análise dos dados, nenhuma modificação no resultado foi verificada. Logo, foi
concluído que 40 gerações era um número suficiente para se obter a convergência do ótimo
real.
5.4. Implementação Computacional
5.4.1. Aspectos gerais
O sistema de equações dos modelos matemáticos do sistema de refrigeração é
composto por equações algébricas não-lineares. No presente trabalho, foi utilizado o
software
EES -
Engineering Equation Solver (Klein, 2007) para resolver tais equações a partir do
Método de Newton-Raphson. Este código também fornece funções internas que permitem
calcular as propriedades termofísicas de fluidos e sólidos, construir gráficos etc. Entretanto,
no que diz respeito ao procedimento de otimização, este código não fornece subrotinas de
otimização muito robustas, sendo necessário então a utilização do código modeFRONTIER
nas análises de otimização.
5.4.2. Acoplamento entre os códigos EES e modeFRONTIER
Um acoplamento entre o EES e o código de otimização modeFRONTIER teve de ser
realizado, já que as sub-rotinas de otimização disponíveis no primeiro não eram tão robustas e
precisas quanto aquelas implementadas no segundo, muito mais específico para este fim. A
fim de contornar alguns problemas computacionais, um código escrito na linguagem
FORTRAN também teve de ser implementado, cuja função era realizar a leitura e escrita dos
dados de entrada e saída do EES, para que, na seqüência, fossem utilizados pelo
modeFRONTIER.
À medida que o processo de otimização evolui, o algoritmo genético interage com as
variáveis de projeto, na busca de um ponto de ótimo para um determinado PEC. Com isso, as
variáveis de projeto são alteradas dentro das faixas impostas. A Figura 5.3 mostra o
fluxograma que representa a interação entre os códigos nas plataformas EES, FORTRAN e
modeFRONTIER, assim como a metodologia de otimização aplicada.
128 Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC)
O tempo computacional médio para a obtenção de cada ponto de otimização foi de
aproximadamente duas horas para as simulações apenas com variações geométricas do
evaporador. Para as simulações variando também o compressor e o ventilador, o tempo foi de
aproximadamente 4 horas (Intel Core 2 1,8 GHz).
Algoritmo de Otimização
(modeFRONTIER)
Mudança nas Variáveis
de Projeto
Variáveis de Projeto:
i. Dados Geométricos do Evaporador
ii. Tipo de Compressor
iii. Tipo de Ventilador
Leitura dos Dados de Entrada
e Escrita no Arquivo
de Entrada do EES
(Fortran)
Metodologia Numérica
de Simulação do Sistema
de Refrigeração
(EES)
Leitura dos Dados de Saída (PEC)
e Escrita no Arquivo
de Entrada do modeFRONTIER
(Fortran)
Atende a Condição
de Ótimo?
o
Determinado o Sistema Otimizado
Sim
Valores Iniciais para as
Variáveis de Projeto
Figura 5.3 – Fluxograma da metodologia de otimização e acoplamento entre os códigos do EES, FORTRAN e
modeFRONTIER.
5.4.3. Interface Gráfica do código de Simulação
Com a finalidade de facilitar a utilização por outros usuários e a visualização da
configuração ótima dos tubos na aleta do EFA, uma interface gráfica foi desenvolvida. A
interface foi construída na plataforma EES, que possibilita de maneira fácil a entrada dos
dados do código de simulação do sistema de refrigeração e a visualização dos resultados e do
Critérios de Avaliação de Desempenho (PEC) 129
gráfico que mostra o posicionamento dos tubos na aleta. A Figura 5.4 ilustra a visualização da
interface gráfica criada.
Figura 5.4 – Interface gráfica de visualização da configuração do EFA e resultados do código de simulação do
sistema de refrigeração.
Através da implementação computacional do algoritmo da lei de formação de tubos
exposto no item 3.2.1. os valores das posições dos tubos na aleta são fornecidos. Os tubos são
então desenhados nas respectivas posições. Além da visualização da configuração do
evaporador, são fornecidos também os valores do COP, da potência consumida, da vazão total
de ar e da temperatura de cada compartimento refrigerado.
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tendo sido descritas as metodologias empregadas para a simulação do modelo do
EFA, do sistema de refrigeração e o procedimento de otimização, o presente capítulo
apresenta os principais resultados das análises, validação e otimização dos modelos de
simulação.
Primeiramente são apresentados os resultados de avaliação dos EFA através do
modelo matemático desenvolvido, a fim de estudar o comportamento do evaporador
isoladamente. Em seguida, são mostrados os resultados de validação experimental da
metodologia de simulação numérica do sistema de refrigeração. Depois de verificada a
qualidade dos resultados, são discutidos os resultados das configurações ótimas do EFA
acoplado ao sistema de refrigeração, obtidas da metodologia de otimização. Os resultados de
otimização são apresentados começando pelas funções de PEC de níveis mais inferiores (que
avaliam apenas os componentes individualmente) avançando até as mais abrangentes (que
tratam do refrigerador como um todo). Na seqüência, são apresentadas também análises de
sensibilidade do comportamento do custo em função da modificação dos componentes do
sistema de refrigeração.
6.1. Avaliação do Desempenho dos EFA
6.1.1. Potência de bombeamento em função da transferência de calor
A relação de dependência entre a taxa de transferência de calor (capacidade de
refrigeração) e a potência de bombeamento do ar pelo ventilador é uma das mais importantes
variáveis envolvidas no projeto de refrigeradores
no-frost. Desta forma, a escolha de uma
configuração de evaporador para uma determinada aplicação passa pela avaliação do
comportamento destas grandezas em função da vazão de ar e das características geométricas
do evaporador para uma dada condição de operação (temperaturas internas e UA dos
compartimentos, temperatura do ambiente externo).
Ao analisar
isoladamente o evaporador, é natural que seja escolhida uma configuração
que apresente a melhor relação custo-benefício, ou seja, a mais baixa potência de
bombeamento para uma dada capacidade de refrigeração. A ligação entre estes dois
parâmetros é feita por intermédio da vazão de ar, conforme ilustra a Figura 6.1. Para uma
132 Resultados e Discussões
dada configuração geométrica do trocador de calor, a capacidade de refrigeração estipulada no
projeto será alcançada com um determinado fluxo de ar. Este, por sua vez, produz uma queda
de pressão ao longo do trocador, cuja potência de bombeamento associada é dada por:
PVW
p
Δ=
&&
(6.1)
Escolha do valor de
capacidade
Calculo da vazão para
a capacidade dada
Calculo da queda
de pressão para
a vazão calculada
Calculo da potência
de bombeamento
para a vazão e
queda de pressão
calculadas
Q
&
P
Δ
V
&
p
W
&
Determinação da faixa
de capacidade de
interesse
Figura 6.1 – Procedimento utilizado para obtenção de curvas de potência de bombeamento em função da
capacidade de refrigeração para trocadores de calor.
Utilizando a metodologia de cálculo da transferência de calor e da queda de pressão
apresentada no Capítulo 3, é possível traçar o comportamento da potência de bombeamento
em função da capacidade de refrigeração para os EFA (Figura 6.2). Conforme observado, a
potência de bombeamento aumenta exponencialmente com a capacidade, em função de dois
efeitos principais: (i) a redução da área total de transferência de calor (tubos mais aletas) do
lado do ar e (ii) a redução da seção de passagem devido à geometria dos EFA (1/2 e 1/5). O
segundo efeito demonstra maior importância do que o primeiro, em virtude do aumento da
queda de pressão com o quadrado da velocidade, que aumenta linearmente com a distância. O
primeiro efeito tem impacto mais significativo sobre a transferência de calor (e,
conseqüentemente, sobre a capacidade de refrigeração), entretanto, sua influência é
potencializada pelo segundo.
Resultados e Discussões 133
60 90 120 150
0
3
6
9
12
15
Ca
p
acidade
[
W
]
Potência de Bombeamento [W]
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Reto 30EFA Reto 30
EFA 1/2 60EFA 1/2 60
EFA 1/2 30EFA 1/2 30
EFA 1/5 60EFA 1/5 60
EFA 1/5 30EFA 1/5 30
Figura 6.2 – Potência de bombeamento em função da capacidade para os EFA.
A análise comparativa apresentada acima se restringiu à variação da seção transversal
(aceleração do escoamento) e do número de aletas. Entretanto, através do modelo
computacional do trocador de calor, é possível avaliar o efeito de outros parâmetros
geométricos pouco investigados durante os ensaios experimentais dos protótipos, como, por
exemplo, o comprimento do evaporador. A Figura 6.3 apresenta uma avaliação dos efeitos da
redução da seção transversal e do comprimento do evaporador, mantendo fixo o espaçamento
entre as aletas. Na configuração
Mini, o comprimento do evaporador é de 10 cm, ou seja, 9,2
cm mais curto que os protótipos EFA avaliados experimentalmente.
Como pode ser verificado, o comportamento é semelhante ao da Figura 6.2, onde o
EFA Reto 60 aletas ainda fornece uma menor potência de bombeamento em relação a todos
os outros trocadores analisados. Entretanto, em comparação com o trocador
Mini Reto 60
aletas, a diferença entre as potências de bombeamento destes trocadores é bastante pequena,
principalmente para baixas capacidades de refrigeração. Tal comportamento, também
observado na Figura 6.2, indica que para baixas capacidades (onde menores valores de vazão
são necessários) os trocadores de calor do tipo EFA e Mini podem ser alternativas viáveis, já
que representam uma redução significativa (até 50%) do volume de material do trocador.
134 Resultados e Discussões
60 90 120 150
0
3
6
9
12
15
Ca
p
acidade
[
W
]
Potência de Bombeamento [W]
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Reto Mini 60EFA Reto Mini 60
EFA 1/2 60EFA 1/2 60
EFA 1/2 Mini 60EFA 1/2 Mini 60
EFA 1/5 60EFA 1/5 60
EFA 1/5 Mini 60EFA 1/5 Mini 60
Figura 6.3 – Potência de bombeamento em função da capacidade para os EFA e Mini.
Um comentário adicional pode ser efetuado a respeito da utilização de outros critérios
de avaliação de desempenho
individuais no contexto do presente trabalho. Alguns autores
(Kays e London, 1984; Pira et al., 2000; Shah e Sekulic, 2003; Webb e Kim, 2005) apontam a
utilização do parâmetro
j/f como um critério de avaliação de desempenho (PEC) de trocadores
de calor. Conforme descrito na Seção 5.2.2. , dependendo dos tipos de restrição impostas,
alguns PEC não avaliam de maneira completa o desempenho destes componentes, por
considerarem apenas a razão e não as magnitudes dos parâmetros envolvidos em sua
definição.
Para se utilizar o PEC
j/f de uma forma adequada, é necessário que a capacidade de
refrigeração e a queda de pressão sejam mantidas fixas (restrições). Desse modo, é possível
encontrar, por exemplo, o tipo de trocador (ou a configuração de aletas) que fornece uma
mínima área frontal, ou seja, um trocador mais compacto. No presente trabalho, o PEC
j/f não
é utilizado no contexto da análise
isolada porque as restrições impostas neste nível da
avaliação são de natureza geométrica. Assim, os valores de
j/f resultantes podem conduzir a
uma falsa interpretação do que se espera de uma configuração ótima para uma dada aplicação.
Por exemplo, se para o mesmo número de Reynolds o trocador de calor
A tem j
A
= 1 e f
A
=
0,5
e o trocador B tem j
B
= 0,12 e f
B
= 0,05, obtém-se para o trocador A um PEC (j/f)
A
= 2 e
para o trocador
B temos um PEC (j/f)
B
= 2,4. Nesse caso, poder-se-ia afirmar que o trocador
Resultados e Discussões 135
de calor
B possui um desempenho superior ao trocador A, já que o seu PEC j/f é superior.
Entretanto, como o trocador
B exibiu um fator j de Colburn muito baixo, este necessitaria de
uma vazão extremamente elevada (e conseqüentemente uma alta queda de pressão e uma alta
potência de bombeamento) para fornecer a mesma troca de calor que o trocador
A forneceria
com uma vazão bem inferior. Uma comparação entre os critérios de
j/f e de potência de
bombeamento em função da capacidade é apresentada na Figura 6.4 para duas configurações
bastante distintas (EFA Reto 60 e EFA
Mini 46), onde se percebe a limitação do primeiro
critério em descrever adequadamente a relação custo-benefício de interesse para um
evaporador de refrigeração doméstica.
60 90 120 150
0,4
0,7
1
1,3
Ca
p
acidade
[
W
]
j/f
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Mini 46EFA Mini 46
60 90 120 150
0
1
2
3
4
Ca
p
acidade
[
W
]
Potência de Bombeamento [W]
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Mini 46EFA Mini 46
(a) (b)
Figura 6.4 – Resultados obtidos utilizando (a) o PEC j/f e a (b) potência de bombeamento em função da
capacidade de refrigeração.
6.1.2. Efeito do by-pass sobre a transferência de calor e a queda de pressão
Conforme evidenciado no Capítulo 3, a presença dos canais de by-pass nos
evaporadores aqui estudados exerce uma influência negativa em relação à transferência de
calor por fazer com que apenas uma fração da vazão total troque calor diretamente com feixe
de tubos. A fração da vazão que passa pelo
by-pass tem sua troca térmica reduzida em
conseqüência de um menor grau de mistura do fluido e de uma diferença de temperatura
reduzida entre o ar e a superfície do evaporador nesta região. Tal efeito, conseqüentemente,
contribui para uma redução da efetividade do trocador de calor.
A Figura 6.5 mostra as previsões do modelo para o comportamento da fração de
by-
pass
(definida como a razão entre a vazão mássica pelo by-pass e a vazão mássica total) em
função da vazão total para as configurações de EFA testadas experimentalmente. Como pode
ser visto, frações de
by-pass significativas (da ordem de 50 a 70%) são observadas nos
136 Resultados e Discussões
trocadores testados. A fração de by-pass associada com os EFA 1/5 são as maiores, o que
pode vir a explicar o coeficiente de transferência de calor mais baixo em comparação ao
protótipo EFA 1/2 60 (ver Figura 3.29). As frações de by-pass dos EFA Reto 60 e EFA Reto
30 são maiores do que as dos protótipos EFA 1/2 30 e EFA 1/2 60, possivelmente porque a
largura dos canais de
by-pass é maior nos EFA Retos (8 mm) do que nos EFA 1/2 (4,5 mm).
30 50 70 90 110
50
60
70
80
Vazão
[
m
3
/
h
]
Frão pelo By-pass [%]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #7 - 1/5 60Evap. #7 - 1/5 60
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Figura 6.5 – Comportamento da fração de by-pass obtida pelo modelo para os EFA.
Dadas as altas frações de by-pass obtidas com o modelo para as geometrias dos
protótipos de EFA testados, uma análise de sensibilidade com relação ao canal do
by-pass foi
realizada com o objetivo de se verificar o comportamento da transferência de calor (Figura
6.6) e da queda de pressão (Figura 6.7) em função da variação da dimensão do
by-pass (H
bp
)
para uma mesma vazão (51 m
3
/h). As dimensões originais dos protótipos são mostradas nas
figuras.
Resultados e Discussões 137
0,002 0,004 0,006 0,008 0,01
90
120
150
180
Dimensão do By-pass, H
bp
[m]
Transferência de Calor [W]
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Reto 30EFA Reto 30
EFA 1/2 60EFA 1/2 60
EFA 1/2 30EFA 1/2 30
EFA 1/5 60EFA 1/5 60
EFA 1/5 30EFA 1/5 30
Dimeno original dos protótipos
Figura 6.6 – Transferência de calor em função da variação da dimensão do by-pass, para vazão de 51 m
3
/h.
0,002 0,004 0,006 0,008 0,01
0
10
20
30
40
Dimensão do By-pass, H
bp
[m]
Queda de Pressão [Pa]
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Reto 30EFA Reto 30
EFA 1/2 60EFA 1/2 60
EFA 1/2 30EFA 1/2 30
EFA 1/5 60EFA 1/5 60
EFA 1/5 30EFA 1/5 30
Dimeno original dos protótipos
Figura 6.7 – Queda de pressão em função da variação da dimensão do by-pass, para vazão de 51 m
3
/h.
Como pode ser visto nas figuras acima, tanto a transferência de calor quanto a queda
de pressão aumentam com a redução da dimensão do
by-pass para todos os evaporadores em
138 Resultados e Discussões
toda faixa de vazão. Porém, o aumento da queda de pressão é bem mais significativo para
valores menores de
H
bp
em relação aos trocadores com menor dimensão da seção transversal
de saída (EFA 1/2 e 1/5).
Tendo verificado o comportamento da transferência de calor e da queda de pressão em
função da dimensão do
by-pass para uma vazão prescrita, surge a necessidade de se avaliar
também a variação da potência de bombeamento em função da dimensão do
by-pass para uma
capacidade fixa (100 W). Observa-se na Figura 6.8 que as potências de bombeamento para os
EFA Retos 60 e 30 aletas se mantêm aproximadamente constantes e abaixo daquelas dos
outros evaporadores avaliados, para toda faixa de dimensão do
by-pass. Outra comparação
interessante pode ser feita entre os EFA 1/2 30 e 60 aletas, que apresentam tendências
distintas em função do aumento da dimensão do canal do
by-pass. Enquanto o trocador com
maior área externa tem sua potência de bombeamento reduzida devido a uma diminuição da
queda de pressão, o EFA 1/2 30 aletas experimenta um aumento da potência de bombeamento
em virtude de um aumento excessivo da vazão de ar requerida para produzir uma capacidade
de 100 W. Uma tendência semelhante, porém mais acentuada, pode ser observada com
relação aos EFA 1/5 30 e 60 aletas.
0,002 0,004 0,006 0,008 0,01
0
1
2
3
4
5
6
7
Dimensão do By-pass, H
bp
[m]
Potência de Bombeamento [W]
EFA Reto 60EFA Reto 60
EFA Reto 30EFA Reto 30
EFA 1/2 60EFA 1/2 60
EFA 1/2 30EFA 1/2 30
EFA 1/5 60EFA 1/5 60
EFA 1/5 30EFA 1/5 30
Dimensão original dos protótipos
Figura 6.8 – Potência de bombeamento em função da variação da dimensão do by-pass, para uma capacidade de
100 W.
Resultados e Discussões 139
Ao comparar o EFA 1/2 60 aletas e o EFA Reto 30 aletas para a capacidade
intermediária de 100 W, é possível identificar uma vantagem do primeiro em relação ao
segundo no que diz respeito ao volume de material do trocador. O EFA 1/2 60 apresenta uma
potência de bombeamento apenas 0,5 W maior com um volume de material em torno de 20%
menor do que o EFA Reto 30. Este último resultado reflete aqueles mostrados acima nas
Figura 6.2 e Figura 6.3 e é, de certo modo, válido para qualquer valor da dimensão do
by-
pass
.
6.1.3. Conclusões Parciais
Com base nas avaliações do trocador isolado do sistema realizadas até o momento,
considerando a potência de bombeamento para uma dada capacidade de refrigeração o critério
de avaliação de desempenho mais adequado, chega-se à conclusão de que a configuração EFA
Reto 60 aletas é a melhor de todas as configurações testadas.
Isso não significa, entretanto, que as demais configurações sejam inviáveis. Para
baixas capacidades, ou quando o volume de material for um parâmetro decisivo,
configurações com alta densidade de aletas, porém de volume de material reduzido (como o
EFA 1/2 60 ou
Mini 60), podem ser mais vantajosas do que a EFA Reto 60 ou a Original, já
que apresentam potências de bombeamento, para uma dada capacidade, bastante próximas da
configuração ótima.
Outro ponto interessante avaliado na seção anterior é o comportamento dos EFA com
a variação da dimensão do
by-pass. Pôde-se verificar que a alteração deste parâmetro exerce
um impacto significativo sobre a transferência de calor e a queda de pressão, principalmente
para os EFA 1/2 e 1/5.
Visando a realização de análises de otimização mais abrangentes, a seguir, são
apresentados os resultados de validação do modelo do EFA acoplado ao código de simulação
do sistema de refrigeração. Desse modo, confere-se um grau de confiabilidade aos estudos de
otimização do refrigerador considerando a interação entre todos os componentes
simultaneamente, a serem apresentados na Seção 6.3.
140 Resultados e Discussões
6.2. Validação do Modelo do Sistema de Refrigeração
6.2.1. Trabalho experimental
Conforme descrito anteriormente, o refrigerador em estudo é do tipo no-frost com dois
compartimentos, somando um total de 460 litros de volume interno. No produto original, a
capacidade de refrigeração é controlada por um termostato eletrônico, que liga e desliga o
compressor com base na temperatura do congelador. A temperatura do refrigerador, por sua
vez, é controlada por um
damper termomecânico, que varia a vazão de ar insuflada neste
compartimento. O sistema de refrigeração original utiliza HFC-134a como fluido refrigerante,
com uma carga nominal de 130 gramas.
O refrigerador testado no presente trabalho sofreu algumas alterações antes de se
iniciar os testes, já que o produto original foi projetado para funcionar em regime transiente, e
o objetivo aqui era avaliar seu comportamento em regime permanente. As seguintes alterações
foram realizadas:
i.
O termostato que controlava o compressor foi desconectado. Assim, o
compressor podia ser controlado externamente e mantido sempre ligado,
independente das temperaturas dos compartimentos;
ii.
O damper foi fixado em sua abertura máxima. A função principal deste
dispositivo é o controle da temperatura do compartimento do refrigerador,
quando na presença de oscilações de carga térmica. Como em regime
permanente não há oscilações de carga térmica, a atuação do
damper é
desnecessária;
iii.
O Tubo de Aquecimento do Flange (TAF) foi eliminado. Assim, o
condensador foi conectado diretamente a uma válvula de agulha posicionada a
montante do tubo capilar. A principal finalidade do TAF é aquecer as paredes
do refrigerador de maneira a evitar a condensação de umidade externa
(“sudação”) sobre as superfícies externas do produto. Este aquecimento
poderia interferir na carga térmica estimada pelo modelo, já que a obtenção do
coeficiente global de transferência de calor do gabinete foi realizada com o
refrigerador desligado;
iv.
A carga de refrigerante, juntamente com a abertura da válvula de agulha na
entrada do tubo capilar, foram ajustadas de maneira a fornecer o sub-
resfriamento e o superaquecimento desejados, já que o modelo de simulação do
Resultados e Discussões 141
sistema (SUB-SUP) exige a imposição destes dois parâmetros. Uma descrição
mais detalhada sobre a instalação da válvula auxiliar e dos procedimentos de
carga é apresentada nos Apêndices VII e VIII, respectivamente.
v.
Ambas as portas do refrigerador foram lacradas com cola de silicone, para
evitar a infiltração de umidade, já que se desejava realizar os testes de
validação sem a formação de gelo sobre o evaporador. Este mesmo
procedimento já tinha sido realizado nos testes de obtenção da condutância
térmica global do gabinete, não alterando assim o seu valor.
Os resultados da simulação numérica do sistema foram validados a partir da
comparação com dados de 8 ensaios experimentais realizados a uma temperatura ambiente
média de 32°C e temperaturas internas dos compartimentos variáveis (de -28 à -17°C para o
congelador e -11 a 9,2°C para o refrigerador). A carga de fluido refrigerante no sistema de
refrigeração (em torno de 130g) foi ajustada de forma a obter níveis de sub-resfriamento e
superaquecimento desejáveis, isto é, maiores que 1°C, já que valores abaixo deste dificultam a
sua medição, dada a incerteza experimental de ±0,2°C. Em todos os testes, o sub-resfriamento
e superaquecimento foram mantidos em torno de 3°C e 2°C, respectivamente.
As tabelas contendo os dados referentes aos testes de validação são apresentadas no
Apêndice IX. Para avaliação experimental dos parâmetros de interesse, o refrigerador foi
devidamente instrumentado com 48 pontos de medição de temperatura, dois pontos de
medição pressão absoluta e um ponto de medição pressão diferencial no compartimento do
evaporador. Maiores detalhes sobre a instrumentação do refrigerador são apresentados no
Apêndice VII. Depois de instrumentado, o refrigerador foi colocado em uma câmara de testes,
com temperatura e umidade controladas. A câmara de testes também dispunha de transdutores
de potência para as medições das potências das resistências elétricas, ventilador e compressor.
O sistema de aquisição de dados disponibilizado na câmara de testes foi utilizado na leitura
dos pontos de medição. Uma descrição mais detalhada da câmara e do procedimento de testes
é apresentada no Apêndice VIII.
Os ensaios experimentais do refrigerador foram realizados com três evaporadores
distintos: Original 52 aletas, EFA Reto 30 aletas e EFA 1/5 30 aletas. Para cada evaporador
foram feitos dois testes em regime permanente: i) para avaliação das temperaturas mínimas
atingidas nos compartimentos e ii) para temperaturas de projeto (-18°C no congelador e 5°C
no refrigerador).
142 Resultados e Discussões
6.2.2. Resultados
O coeficiente de performance (COP) experimental é definido a partir da seguinte
expressão,
exp,exp,
exp,exp,
exp,
pk
pe
sistema
WW
WQ
COP
&&
&
&
+
=
(6.2)
onde as potências do compressor e do ventilador são medidas diretamente através dos
transdutores de potência. Para se determinar experimentalmente a capacidade de refrigeração,
efetua-se o seguinte balanço de energia no volume de controle mostrado na Figura 6.9
(Gonçalves et al., 2007),
)(
31expexp,
hhwQ
e
=
&
(6.3)
Q
m
m
Evaporador
Condensador
Compressor
Trocador de calor
tubo capilar -
linha de sucção
Tubo capilar
Volume de controle
4
5
1
2
3
e
w
exp
w
exp
Figura 6.9 – Balanço de energia para obtenção da capacidade de refrigeração do sistema (Gonçalves et al.,
2007).
onde fluxo de massa de refrigerante experimental,
exp
w
, é obtido através da Eq. (4.5) com as
pressões de sucção e descarga medidas experimentalmente. Cabe salientar que a escolha do
volume de controle da figura contorna a dificuldade de se avaliar a capacidade de refrigeração
a partir de uma medição direta do efeito refrigerante específico, (
h
5
h
4
). Tal medição é
complicada, já que a entalpia na entrada do evaporador depende de uma medição direta do
título de vapor naquele ponto.
A Tabela 6.1 apresenta os resultados de validação experimental dos principais
parâmetros do modelo. A partir da tabela, também foram elaborados gráficos para
Resultados e Discussões 143
visualização dos desvios associados aos parâmetros em cada teste, apresentados na Figura
6.10 e na Figura 6.11.
Tabela 6.1 – Resultados de validação do modelo matemático do sistema de refrigeração.
Teste
(Evaporador-
Condição)
Dados
T
congelador
[°C]
T
refrigerador
[°C]
W
compressor
[W]
P
sucção
[bar]
P
descarga
[bar]
COP
sistema
[-]
Modelo
-31,3 -12,5 93,3 0,60 10,9 1,06
Experimental
-28,3 -10,4 104,7 0,65 11,6 1,05
#1
(Original 52-
Temp. Mínima)
Desvio -3,0°C -2,1°C -10,9% -8,6% -6,4% 1,4%
Modelo
-20,0 4,4 127,1 0,86 12,4 1,21
Experimental
-19,8 5,2 135,6 0,94 13,4 1,25
#2
(Original 52-
Temp. Projeto)
Desvio -0,2°C -0,8°C -6,3% -9,1% -7,0% -3,4%
Modelo
-19,7 4,9 128,8 0,87 12,6 1,20
Experimental
-19,3 5,6 141,5 1,0 14,5 1,19
#3
(Original 52-
Temp. Projeto)
Desvio -0,4°C -0,7°C -9,0% -12,8% -13,0% 0,8%
Modelo
-19,9 4,3 127,5 0,86 12,3 1,20
Experimental
-20,9 3,9 137,5 0,95 13,2 1,22
#4
(Original 52-
Temp. Projeto)
Desvio 1,0°C 0,4°C -7,2% -9,9% -6,8% -1,6%
Modelo
-30,0 -11,6 92,8 0,59 10,8 1,04
Experimental
-27 -11,4 109,0 0,70 12,0 0,98
#5
(EFA Reto 30-
Temp. Mínima)
Desvio -3,0°C -0,2°C -14,9% -15,4% -9,8% 6,1%
Modelo
-19,1 3,6 123,0 0,83 12,2 1,17
Experimental
-20,3 4,7 133,1 0,92 13,3 1,19
#6
(EFA Reto 30-
Temp. Projeto)
Desvio 1,2°C -1,1°C -7,6% -10,7% -8,4% -1,7%
Modelo
-23,7 7,3 106,0 0,69 11,6 1,11
Experimental
-17,5 9,2 121,1 0,83 13,4 1,06
#7
(EFA 1/5 30-
Temp. Mínima)
Desvio -6,2°C -1,9°C -12,5% -16,9% -13,3% 4,8%
Modelo
-28,7 -8,9 90,3 0,58 10,9 1,04
Experimental
-22,5 -5,8 105,0 0,68 12,3 0,98
#8
(EFA 1/5 30 -
Temp. Projeto)
Desvio -6,2°C -3,1°C -14,0% -15,6% -11,5% 5,7%
144 Resultados e Discussões
-20
-15
-10
-5
0
5
10
Teste
Erro Relativo [%]
#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8
W
compressor
W
compressor
P
sucção
P
sucção
P
descarga
P
descarga
COP
sistema
COP
sistema
Figura 6.10 – Comparação dos resultados experimentais com o modelo matemático para o COP
sistema
, pressões
de sucção e descarga e potência de compressão.
-9
-6
-3
0
3
Teste
Erro [°C]
#1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8
T
refrigerador
T
refrigerador
T
congelador
T
congelador
Figura 6.11 – Comparação dos resultados experimentais com o modelo matemático para as temperaturas dos
compartimentos.
Resultados e Discussões 145
De uma forma geral, os resultados do modelo conseguiram prever, com erros
aceitáveis, o comportamento das variáveis durante a operação em regime permanente. Na
Figura 6.10 pode-se verificar que o desvio das pressões de sucção e descarga e da potência do
compressor se mantiveram na faixa de +10% a -15%. O desvio da variável
COP
sistema
foi em
torno de ±5%. Já para as temperaturas do congelador e do refrigerador, a Figura 6.11 mostra
que 14 pontos (87,5%) ficaram dentro da faixa de erro de +1°C a – 3°C.
É importante esclarecer que os testes #7 e 8# (os quais apresentaram os piores
resultados) foram realizados após uma danificação do compartimento do evaporador. Esta
danificação foi devida à instalação inadequada de uma resistência de degelo posicionada logo
abaixo do evaporador. Conforme mencionado anteriormente, os protótipos de EFA foram
confeccionados sem as resistências de degelo. Porém, a adição destas resistências era
necessária no procedimento de validação para remover a formação de geada a partir da
umidade residual dentro do refrigerador. Logo, foi instalada uma resistência logo abaixo do
evaporador, com uma potência maior do que a convencional. Como o compartimento do
evaporador não foi projetado para suportar uma fonte de calor tão alta e concentrada naquela
região, houve um derretimento de algumas partes plásticas e das paredes do gabinete. Este
derretimento pode ter modificado a vazão de ar e a condutância global daquele compartimento
(
UA
cg
) devido tanto ao ressecamento dos materiais das paredes quanto aos reparos realizados
posteriormente. Esta danificação é considerada a causa mais provável para a grande diferença
entre os valores experimental e calculado da temperatura do compartimento do congelador
para os testes #7 e #8, já que todos os outros pontos se mantiveram na faixa entre +1°C e –
3°C.
No plano de trabalho original, pretendia-se, após os ensaios #7 e #8, realizar também
testes de validação com o EFA 1/2 30. Entretanto, após o incidente que acarretou a
danificação do gabinete, constatou-se que o modelo matemático do gabinete já não se
aplicava de maneira tão fidedigna ao produto danificado. Mesmo assim, os trocadores
testados até aquele momento foram tidos como suficientes para a validação do modelo
matemático, já que representavam valores extremos de seção transversal ao escoamento do ar
(EFA Reto e EFA1/5). Logo, supõe-se que o modelo matemático do sistema de refrigeração
seja válido para os outros EFA com valores intermediários de seção transversal.
6.2.3. Conclusões Parciais
Tendo avaliado os resultados dos ensaios de validação, é possível concluir que o
modelo matemático do sistema de refrigeração reproduz de maneira satisfatória os dados
146 Resultados e Discussões
obtidos experimentalmente. Uma parcela significativa dos pontos (94%) apresentou erros na
faixa de ±15% para a predição das pressões de sucção e descarga, potência do compressor e
COP
sistema
. A concordância entre os resultados do modelo e os dados experimentais para as
temperaturas dos compartimentos também foi satisfatória, pois 87,5% das medições das
temperaturas dos compartimentos do congelador e do refrigerador foram previstas com
desvios de +1°C a -3°C. Uma justificativa para esta dispersão na medição das temperaturas se
deve ao próprio procedimento para a determinação das mesmas. As temperaturas dos
compartimentos são avaliadas através da média das medições em pontos discretos dentro dos
compartimentos (6 pontos para o refrigerador e 3 para o congelador), sendo que alguns testes
apresentam estratificações de temperatura ao longo da altura do compartimento do
refrigerador de até 4°C.
6.3. Otimização e Utilização dos PEC
6.3.1. Restrições e limites das variáveis de otimização
Na realização das análises de otimização, tão importante quanto a escolha da função
objetivo, é a estipulação das restrições, ou seja, das variáveis que são mantidas fixas no
decorrer da análise. Nesta análise, as restrições foram escolhidas segundo condições
geralmente aplicadas em projeto de refrigeradores, e são mostradas na Tabela 6.2.
Como o objetivo da análise é a busca por uma configuração geométrica ótima de
evaporador, é preciso estabelecer os limites de variação das variáveis de otimização. A Tabela
6.3 ilustra a faixa de variação dos parâmetros geométricos do evaporador, que foram baseados
nos próprios valores limite dos protótipos testados, o que garante a validade do modelo de
simulação do EFA. A Tabela 6.4 apresenta os fabricantes e os modelos dos componentes do
sistema de refrigeração que também foram avaliados em alguns casos. O ventilador e
compressor foram selecionados pela capacidade/vazão semelhantes às exigidas para este
modelo de refrigerador.
Resultados e Discussões 147
Tabela 6.2 – Restrições utilizadas nos processos de otimização.
Parâmetro Restrição
Temperaturas dos compartimentos T
congelador
= -18,0
o
C e T
refrigerador
= 5,0
o
C.
Temperatura ambiente T
ambiente
= 32,0
o
C.
Sub-resfriamento e superaquecimento ΔT
sub
= 2°C e ΔT
sup
= 1°C.
Fluido refrigerante HFC-134a.
Características geométricas do evaporador
Área frontal = 0,0178 m
2
Diâmetro externo do tubo = 0,088 m
Espessura de aleta = 0,0025 m
Material: Alumínio.
Tabela 6.3 – Faixa de variação das características geométricas do evaporador.
Mínimo Parâmetro Máximo
11,9 H
2
[mm] 59,45
30 N
f
[aletas] 60
100 L [mm] 192
Tabela 6.4 – Modelos dos componentes utilizados no processo de otimização.
Componente (Fabricante) Modelo Capacidade/Vazão Nominal
Compressor (EMBRACO) Comp
1
(original), Comp
2
e Comp
3
180 – 230 W
Ventilador Original e DC 24V 17 – 51 m
3
/h
Tendo definido as restrições e variáveis de otimização, é possível então realizar o
processo de otimização. Os resultados de otimização foram avaliados inicialmente para o
PEC
Λ(Θ)
com o intuito de verificar a diferença nos resultados em relação aos critérios de níveis
superiores:
COP, PEC Λ() e Λ(COP). Em seguida, foram feitas as análises do PEC K, a fim
de também avaliar as diferenças entre os resultados para o
PEC Λ e o PEC K. Nestes casos
iniciais, o compressor e ventilador foram mantidos fixos, ou seja, os mesmos modelos
utilizados no refrigerador original (compressor
Comp
1
e ventilador Original). O compressor e
o ventilador foram considerados variáveis de otimização (juntamente com as características
geométricas do evaporador) somente na última análise, isto é, a da função objetivo
PEC
K(COP)
.
148 Resultados e Discussões
6.3.2. Resultados do processo de Otimização
A Tabela 6.5 mostra os resultados de otimização obtidos para o PEC Λ(Θ). Esta
função objetivo visa a maximização da relação entre a transferência de calor e a potência de
bombeamento do ventilador.
Tabela 6.5 – Resultados de otimização para PEC Λ(Θ) e a respectiva configuração dos tubos sobre a aleta.
Parâmetro Resultado
Formato da aleta e posicionamento
dos tubos
PEC Λ(Θ) [-] 59,87
COP
sistema
[-] 0,95
H
2
[m] 0,0119
N
f
[aletas] 53
L [m] 0,100
Q
e
[W] 99,6
ΔP
e
[Pa] 2,5
W
p
[W] 5,7
W
k
[W] 93,6
τ [-] 0,66
CE [kWh/mês] 45,1
M
ad
[kg] 0,29
00,020,04 0,06
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0,175
0,2
y [ m]
z [m]
O PEC Λ(Θ) leva em consideração o volume de material do evaporador em seu
denominador. Dessa forma, além da razão entre a capacidade de refrigeração e a potência de
bombeamento, a massa de alumínio do trocador também é utilizada como parâmetro na busca
pela configuração ótima. Conforme observado na análise do evaporador
isolado do sistema
(Seção 6.1), para uma capacidade de refrigeração intermediária (100 W), trocadores mais
compactos como o EFA 1/2 60 e o
Mini 60 apresentavam alguma vantagem com relação à
configuração EFA Reto 60. Tal vantagem existia justamente porque estes evaporadores eram
Resultados e Discussões 149
capazes de produzir a mesma capacidade de refrigeração com um volume de material
drasticamente reduzido e uma potência de bombeamento apenas ligeiramente maior.
No contexto do evaporador
acoplado ao sistema, esta tendência é corroborada pelo
PEC Λ(Θ) que, com a liberdade de variar simultaneamente os parâmetros geométricos (como
o comprimento do evaporador e a altura da seção transversal da saída) mas submetido às
restrições da Tabela 6.2 encontra um ponto de ótimo em que a capacidade de refrigeração é
intermediária e as dimensões do evaporador são reduzidas.
A Tabela 6.6 apresenta os resultados para o
PEC Λ(), que visa a maximização da
relação entre a transferência de calor no evaporador e a potência consumida pelo ventilador e
pelo compressor.
Tabela 6.6 – Resultados de otimização para PEC Λ() e a respectiva configuração da aleta e dos tubos.
Parâmetro Resultado
Formato da aleta e posicionamento
dos tubos
PEC Λ() [-] 2,90
COP
sistema
[-] 0,85
H
2
[m] 0,0119
N
f
[aletas] 30
L [m] 0,115
Q
e
[W] 77,9
ΔP
e
[Pa] 1,5
W
p
[W] 5,7
W
k
[W] 79,2
τ [-] 0,84
CE [kWh/mês] 48,8
M
ad
[kg] 0,27
00,020,04 0,06
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0,175
0,2
y [ m]
z [m]
Os resultados da Tabela 6.6 mostram que a otimização para o PEC Λ() resultou em
um trocador com um comprimento levemente maior (0,115m), mas com um menor número de
150 Resultados e Discussões
aletas em comparação com a otimização do PEC Λ(Θ). Estas modificações são um reflexo da
inclusão da potência do compressor na função objetivo. No
PEC Λ(Θ), o evaporador foi
balanceado entre uma mínima massa (fornecendo um comprimento reduzido) e uma máxima
transferência de calor (apresentado um número de aletas mais elevado). Sem sofrer influência
da potência de compressão, o
PEC Λ(Θ) ainda apresentou um maior valor desta variável. O
consumo de energia, entretanto, é maior no
PEC Λ() por causa da capacidade de
refrigeração mais baixa. Para uma mesma carga térmica e uma capacidade menor, a fração de
funcionamento,
τ, deve aumentar de modo a manter a condição de temperaturas dos
compartimentos. Mesmo assim, o
PEC Λ() exibiu uma redução na massa do trocador de
quase de 7,5% quando comparado ao valor obtido com o
PEC Λ(Θ).
Cabe salientar que as análises de otimização feitas para os
PEC Λ(Θ) e Λ() foram
obtidas simulando todo sistema de refrigeração (obedecendo as restrições da Tabela 6.2) e não
somente o evaporador e o compressor (como realizado por Pira
et al. (2000)), já que é
essencial que as aferições entre os vários PEC sejam feitas para uma mesma base de
comparação.
A Tabela 6.7 ilustra os resultados de otimização obtidos para o COP
sistema
. Observa-se
para este PEC um menor consumo de energia. Contudo, a configuração ótima de evaporador
possui um volume de material maior, já que a massa de material não é contemplada pela
função objetivo.
Resultados e Discussões 151
Tabela 6.7 – Resultados de otimização para COP
sistema
e a respectiva configuração da aleta e dos tubos.
Parâmetro Resultado
Formato da aleta e posicionamento
dos tubos
COP
sistema
[-] 1,03
H
2
[m] 0,043
N
f
[aletas] 60
L [m] 0,192
Q
e
[W] 125,9
ΔP
e
[Pa] 2,0
W
p
[W] 5,7
W
k
[W] 110,8
τ [-] 0,52
CE [kWh/mês] 42,2
M
ad
[kg] 0,92
00,020,04 0,06
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0,175
0,2
y [ m]
z [m]
A Tabela 6.8 mostra os resultados para o PEC Λ(COP), que leva em consideração a
massa do trocador no processo otimização do refrigerador. Os dados da Tabela 6.8 mostram
que a consideração da massa do evaporador faz novamente o trocador apresentar um
comprimento de 0,100 m, como já tinha sido obtido nas análises
isoladas do componente.
Comparando os resultados obtidos com o PEC
COP
sistema
e com o PEC Λ(COP) percebe-se
uma redução em torno de 350% na massa do evaporador às custas de um aumento de 11% no
consumo de energia. É importante destacar que, mesmo para a área de troca bastante reduzida
obtida para o evaporador desta última análise, as restrições de temperaturas nos
compartimentos estão sendo atendidas, ou seja, mesmo com um tamanho menor, este trocador
apresenta uma área de troca suficiente para retirar a carga térmica requerida. Conforme
identificado anteriormente, para uma mesma carga térmica e com uma menor área de troca no
evaporador, o sistema tem que diminuir a temperatura de evaporação e aumentar o tempo de
compressor ligado (fração de funcionamento), aumentando assim o consumo de energia.
152 Resultados e Discussões
Entretanto, os resultados mostram que é possível obter uma acentuada redução da área de
troca sem um acréscimo muito elevado no consumo de energia.
Tabela 6.8 – Resultados de otimização para PEC Λ(COP) e a respectiva configuração da aleta e dos tubos.
Parâmetro Resultado
Formato da aleta e posicionamento
dos tubos
PEC Λ(COP
sistema
) [-]
3,41
COP
sistema
[-] 0,89
H
2
[m] 0,0129
N
f
[aletas] 30
L [m] 0,100
Q
e
[W] 85,7
ΔP
e
[Pa] 1,9
W
p
[W] 5,7
W
k
[W] 84,4
τ [-] 0,77
CE [kWh/mês] 47,3
M
ad
[kg] 0,26
00,020,04 0,0
6
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0,175
0,2
y
[
m
]
z [m]
Tendo analisado os resultados dos PEC Λ e COP, a Tabela 6.9 apresenta os dados
referentes ao
PEC K(COP) que, além de avaliar somente a razão entre as variáveis que
compõem a função objetivo, prioriza o valor absoluto destas variáveis dentro das faixas de
valores possíveis, conforme descrito na Seção 5.2.2.
Quando comparado aos outros PEC, o
PEC K(COP) foi o que apresentou o melhor
balanceamento entre a massa do evaporador e o consumo de energia. Por exemplo, em
comparação com o
COP
sistema
, o PEC K(COP) exibiu um aumento de 7,5% no consumo de
energia, enquanto o
PEC Λ(COP) apresentou um acréscimo de 12%. Neste caso, o volume de
material do trocador calculado pelo
PEC K(COP) é apenas 7% maior do que aquele obtido
Resultados e Discussões 153
pelo
PEC Λ(COP). Assim, é possível concluir que o PEC K(COP) forneceu a análise de
otimização mais razoável entre todos os PEC avaliados aqui.
Tabela 6.9 – Resultados de otimização para PEC K(COP) e a respectiva configuração da aleta e dos tubos.
Parâmetro Resultado
Formato da aleta e posicionamento
dos tubos
PEC K(COP
sistema
) [-]
4,35
COP
sistema
[-] 0,94
H
2
[m] 0,0245
N
f
[aletas] 39
L [m] 0,100
Q
e
[W] 97,3
ΔP
e
[Pa] 1,4
W
p
[W] 5,7
W
k
[W] 92,2
τ [-] 0,68
CE [kWh/mês] 45,4
M
ad
[kg] 0,28
00,020,04 0,0
6
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0,175
0,2
y
[
m
]
z [m]
Tendo verificado que o PEC K (COP) é a melhor função objetivo a ser empregada,
adicionam-se, a partir de agora, as variáveis de otimização secundárias, como diferentes tipos
de compressor e de ventilador, visando analisar as alterações no custo final do refrigerador em
função da alteração de vários componentes simultaneamente. Desta forma, a função objetivo a
ser avaliada leva em conta o
COP e o custo final do refrigerador, o qual é suposto depender,
para fins comparativos, apenas do custo do evaporador, do compressor e do ventilador. A
função objetivo envolvendo a variável custo foi formulada por meio da seguinte expressão,
ad
ad
C
COP
Custo
$
)(
=Κ
(6.4)
154 Resultados e Discussões
onde COP
ad
foi definido na Eq. (5.9) e,
$
$$
$$
$
minmax
min#
C
CC
CC
C
n
ad
+
=
(6.5)
onde
max
$C e
min
$C são, respectivamente, os valores máximo e mínimo da soma dos custos
individuais do evaporador, compressor e ventilador.
C$ foi definido como,
1#
#
$
Custo
Custo
C
n
=
(6.6)
onde
n
Custo
#
é a soma dos custos em uma configuração contendo uma combinação qualquer
dos componentes e
1#
Custo é um custo de referência, ou seja, da combinação EFA Reto 60 +
compressor (
Comp
1
) e ventilador (Original).
A Tabela 6.10 apresenta os resultados da otimização do custo do refrigerador
utilizando como função objetivo a Eq. (6.4). Os resultados desta análise mostram que é
possível obter uma redução no consumo de energia de 1 kWh/mês, com um custo 10% menor
do que a configuração original, apenas com a alteração do ventilador e um pequeno aumento
no número de aletas do evaporador. Nesta configuração, o número de aletas atingiu o limite
superior (60), provavelmente devido ao custo mais reduzido das aletas em relação ao custo
total. Assim, para fornecer uma maior troca de calor, que aumentasse também o
COP, um
maior número de aletas foi obtido em relação ao valor fornecido pelo
PEC K(COP).
Resultados e Discussões 155
Tabela 6.10 – Resultados de otimização para PEC K(Custo) e a respectiva configuração da aleta e dos tubos.
Parâmetro Resultado
Formato da aleta e posicionamento
dos tubos
C$
ad
[-] 1,77
C$ [-] 0,9
COP
sistema
[-] 0,98
H
2
[m] 0,0245
N
f
[aletas] 60
L [m] 0,100
Q
e
[W] 106,7
ΔP
e
[Pa] 1,6
W
p
[W] 5,29
W
k
[W] 98,4
Compressor [Modelo] Comp
1
Ventilador [Modelo] DC 24V
τ [-] 0,60
CE [kWh/mês] 43,9
M
ad
[kg] 0,32
00,020,04 0,06
0
0,025
0,05
0,075
0,1
0,125
0,15
0,175
0,2
y
[m]
z [m]
6.3.3. Conclusões Parciais
Das funções objetivo propostas no Capítulo 5. , o PEC K demonstrou grande potencial
para avaliar de maneira balanceada os fatores de interesse na otimização dos EFA no sistema
de refrigeração: melhor desempenho e menor volume de material. Logo, a partir deste PEC,
obteve-se a melhor configuração do EFA com os seguintes parâmetros geométricos:
H
2
=
0,0245 m,
N
f
= 39 aletas e L
t
= 0,100 m.
Como a implementação bem-sucedida do
PEC K, este foi utilizado então para a
obtenção da combinação ótima da geometria do evaporador para cada tipo de compressor e de
ventilador, levando em consideração seus custos. Desta análise, a melhor configuração obtida
foi:
H
2
= 0,0245 m, N
f
= 60 aletas, L
t
= 0,100 m, modelo do compressor = Comp
1
e modelo do
ventilador = DC 24V.
156 Resultados e Discussões
A análise de custos realizada no presente trabalho, entretanto, não tem como objetivo
central determinar a melhor configuração para o refrigerador em estudo, mas sim mostrar a
potencialidade da ferramenta de otimização aqui proposta para que, em desenvolvimentos
futuros, o usuário seja capaz de analisar um banco de dados com uma grande quantidade de
componentes disponíveis.
6.4. Análises de Sensibilidade
A partir da configuração do evaporador obtido para o COP
sistema
, foram construídas
curvas de sensibilidade que auxiliam na visualização do comportamento das variáveis de
otimização separadamente. Estas curvas são úteis em algumas situações onde o interesse não
é exclusivamente o ótimo global, mas eventualmente uma outra configuração próxima do
ótimo, seja por razões de viabilidade técnica ou econômica.
A Figura 6.12 apresenta a variação do
COP
sistema
e da razão de custo do evaporador (já
que o tipo do compressor e do ventilador foram mantidos fixos – ver Eq. (6.6)),
C$, em
função das variáveis de otimização
H
2
, N
f
e L
t
.
A configuração EFA Reto exibiu o pior desempenho para toda a faixa de altura de
seção de saída analisada, segundo a Figura 6.12a. Observa-se também que para
H
2
= 0,043
(60 aletas) pode-se obter um aumento no
COP de 3% e ainda uma redução na massa de 7%.
Adicionalmente, para valores de
COP apenas 1% menor do que o valor ótimo, para um valor
de
H
2
em torno de 0,0225 m, verifica-se uma redução na massa do trocador de quase 40%, A
Figura 6.12b mostra que o número de aletas influencia de forma quase linear tanto o
COP
quanto o custo, com uma queda ligeiramente mais acentuada no
COP para valores mais
baixos de número de aletas. Assim, é possível afirmar que reduzindo o número de aletas
obtém-se uma redução quase proporcional no custo do evaporador. Analisando os extremos
da faixa do número de aletas, observa-se uma redução em torno de 10% no custo para uma
redução de apenas 3% no
COP, para um menor número de aletas (30). Da Figura 6.12c
observa-se ainda que para um comprimento um pouco menor do que o ótimo (
L
t
= 0,170 m)
obtém-se praticamente o mesmo
COP para uma redução de custo em torno de 25%.
Diminuindo ainda mais o comprimento do evaporador verifica-se que o
COP apresenta uma
redução de menos de 1% para um decréscimo no custo de quase 45%.
Resultados e Discussões 157
0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
1,01
1,02
1,03
1,04
0,6
0,7
0,8
0,9
1
H
2
[m]
COP
sistema
[-]
COPCOP
C$C$
C$ [-]
N
f
= 60 aletas
L
t
= 0,192 m
30 35 40 45 50 55 60
1
1,01
1,02
1,03
1,04
0,8
0,85
0,9
0,95
N
f
[aletas]
COP
sistema
[-]
COPCOP
C$C$
C$
[
-
]
H
2
= 0,0430 m
L
t
= 0,192 m
(a) (b)
0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2
0,94
0,96
0,98
1
1,02
1,04
0,4
0,6
0,8
1
L
t
[m]
COP
sistema
[-]
COPCOP
C$C$
C$
[
-
]
N
f
= 60 aletas
H
2
= 0,0430 m
(c)
Figura 6.12 – Variação de COP
sistema
e razão de custo do evaporador em função de H
2
, N
f
e L
t
, a partir dos
resultados de otimização da função COP
sistema
.
6.4.1. Conclusões Parciais
Analisando as curvas de sensibilidade foi possível observar que mesmo fora do ótimo
global, grandes reduções de custo do evaporador podem ser alcançadas, impactando em
pequenas reduções do
COP em relação ao ponto de ótimo global. Estas análises podem ser de
grande importância quando, por exemplo, na presença de formação de geada sobre o
evaporador, é necessário aumentar o espaçamento entre as aletas ou a área de seção
transversal de saída.
Foi possível verificar que grandes alterações na geometria do evaporador não
impactaram de maneira muito significativa no
COP, mostrando que grandes reduções de custo
neste componente podem ser alcançadas sem penalizar o desempenho do sistema. Notam-se
também algumas descontinuidades no comportamento do
COP e custo. Estas
descontinuidades nas curvas em função das variáveis
H
2
e L
t
são conseqüências das adições
ou retiradas dos tubos (segundo a lei de formação dos tubos), o que não acontece com a
158 Resultados e Discussões
variação do número de aletas, já que o número de aletas não altera o posicionamento dos
tubos.
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA
TRABALHOS FUTUROS
7.1. Conclusões Finais
O presente trabalho considerou um estudo teórico e experimental de evaporadores de
fluxo acelerado (EFA) aplicados a refrigeradores domésticos. Com o objetivo de obter dados
sobre a transferência de calor e a queda de pressão nestes trocadores, ensaios experimentais
com 14 protótipos de EFA e 1 evaporador “
no-frost” foram realizados, o que representa uma
adição significativa ao escasso montante de dados disponíveis na literatura. Com base nos
testes experimentais e em análises em CFD (Barbosa
et al., 2008) foi desenvolvido um
modelo teórico para o EFA, a partir das equações fundamentais de conservação de massa,
quantidade de movimento e energia. Os resultados do modelo foram comparados com 39
pontos experimentais, que foram reproduzidos com erros relativos de ± 10% tanto para a
queda de pressão total do sistema (evaporador + circuito de ar interno do refrigerador) quanto
para a transferência de calor.
Conforme o esperado, a configuração EFA 1/5 60 aletas apresentou a maior queda de
pressão. Ainda com relação aos dados experimentais, foi possível verificar que o EFA 1/5 30
aletas forneceu uma queda de pressão menor do que o EFA 1/5 2 aletas. Tal resultado pode
ser atribuído ao fato de que a adição de algumas aletas propicia uma organização do
escoamento, reprimindo a formação de grandes estruturas tridimensionais. Porém, ao
aumentar o número de aletas além de um dado limite, o atrito viscoso entre o ar e a superfície
das aletas torna-se importante, aumentando assim a queda de pressão. Outro resultado
interessante relacionado à queda de pressão foi a verificação de a parcela reversível da queda
de pressão é significativa apenas para os EFA 1/5, onde este efeito contribui para cerca de
20% da queda de pressão total.
Os resultados experimentais mostraram que a condutância térmica do lado do ar (
ηhA)
tem como fator dominante a área de troca, sendo que a aceleração do escoamento demonstrou
ser de importância secundária. Quando avaliado isoladamente, observou-se que o coeficiente
de transferência de calor (
h) dos evaporadores sem aleta são superiores aos dos trocadores
com aletas. Foi observado que o efeito da aceleração é mais pronunciado nos evaporadores
sem aleta, o que se deve provavelmente à presença do
by-pass, já que a redução do número de
160 Conclusões e Recomendações Para Trabalhos Futuros
aletas faz com que o escoamento atravesse mais pelo feixe de tubos do que pelos canais do
by-pass.
De posse do modelo matemático do EFA, foi possível realizar análises de desempenho
do evaporador isolado do sistema. Verificou-se que, quando a potência de bombeamento é
avaliada em função da transferência de calor, o evaporador que apresenta o melhor
desempenho é o EFA Reto 60 aletas. Entretanto, principalmente para baixos valores de
capacidade de refrigeração, seu desempenho não é tão superior a configurações com menor
volume de material, como o EFA 1/2 60 e o Mini 60. Isto leva a crer que, ao se considerar o
custo do trocador, estas configurações possam ser capazes de apresentar alguma vantagem em
relação à configuração original.
O tamanho do
by-pass também se mostrou um parâmetro importante. Através da
variação deste parâmetro, pode-se observar que o EFA 1/2 60 mostra uma potência de
bombeamento para uma mesma capacidade de refrigeração semelhante ao EFA Reto 30 e 60,
quando o tamanho do
by-pass é aumentado de 0,0045 m para 0,008 m no EFA 1/2 60.
Na seqüência, o modelo do EFA foi acoplado ao código de simulação de um
refrigerador “
no-frost”, baseado no trabalho de Pereira et al. (2006). O modelo de simulação
acoplado foi validado com base em dados de 8 testes experimentais, onde foram monitorados
os principais parâmetros do refrigerador: temperaturas dos compartimentos do congelador e
refrigerador, potência consumida pelo compressor, COP e pressões de sucção e descarga. Os
desvios entre os dados experimentais e as previsões do modelo computacional ficaram na
faixa de ±3°C para as temperaturas internas do congelador e refrigerador, e ±15% para a
potência de compressão, COP e para as pressões de sucção e descarga.
Uma interface gráfica foi desenvolvida com o intuito de facilitar a utilização do código
de simulação por outros usuários. Este aplicativo possibilita a entrada da geometria do
trocador, temperatura ambiente e fluido refrigerante, de forma a fornecer como resposta o
formato da aleta e o posicionamento dos tubos no evaporador, consumo de energia,
temperatura e vazão do ar nos compartimentos refrigerados.
Após a validação do código de simulação do refrigerador, uma metodologia baseada
no trabalho de Gomes (2006) foi aplicada nas análises de otimização do sistema de
refrigeração. Primeiramente, nestas análises, foram variados somente alguns parâmetros
geométricos do evaporador, como o número de aletas, o comprimento do evaporador e a área
da seção transversal de saída do EFA. Os resultados para a função objetivo que avalia o
máximo COP para uma menor massa do evaporador (
PEC K(COP)) mostram que o melhor
sistema é obtido com a seguinte configuração de evaporador:
H
2
= 0,0245 m, N
f
= 39 aletas e
Conclusões e Recomendações Para Trabalhos Futuros 161
L
t
= 0,100 m. Quando levando em conta também os custos do evaporador, do ventilador e do
compressor, a melhor configuração obtida foi:
H
2
= 0,0245 m, N
f
= 60 aletas e L
t
= 0,100 m.
Estes resultados mostraram que o conceito do EFA possui um grande potencial de aplicação
em refrigeradores domésticos, já que todos os resultados das análises de otimização
apresentaram algum nível de inclinação no formato da aleta do evaporador.
Outro aspecto importante foi a constatação de uma variação não muito significativa do
COP do sistema em função das variáveis geométricas do evaporador. A partir do ponto ótimo,
verificou-se uma variação do COP do sistema de apenas 10% entre os valores máximo e
mínimo, mostrando a grande potencialidade de reduções de custo através somente de
modificações na geometria do evaporador.
7.2. Sugestões para Trabalhos Futuros
A fim de tornar o presente trabalho mais abrangente, são sugeridas as seguintes
recomendações:
Modelar a formação de geada sobre a superfície do evaporador. Tal estudo
tornará possível a verificação do impacto sobre a queda de pressão e
capacidade de refrigeração, já que no evaporador a formação de geada tem uma
influência direta na redução da vazão de ar e na degradação do coeficiente de
transferência de calor;
Modelar o escoamento interno do fluido refrigerante no evaporador, a fim de
obter os efeitos do superaquecimento sobre o desempenho global do sistema de
refrigeração;
Desenvolver um modelo simplificado para o gabinete do refrigerador,
dispensando assim a necessidade de experimentos de fluxo reverso para cada
tipo de gabinete utilizado;
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Apêndice I - Cálculo da Eficiência de Aleta
Para o cálculo do coeficiente de transferência de calor global (h) da superfície externa
de trocadores de calor tubo-aleta, é necessário antes utilizar um método para obter a eficiência
da superfície das aletas. Esta eficiência pode ser definida por (Kakaç e Liu, 2002),
)1(1
f
f
o
A
A
ηη
=
(I.1)
onde
f
A é a área superficial das aletas e
f
η
é a eficiência da aleta ao redor de um único tubo,
a qual (para uma aleta circular) é obtida pela seguinte expressão (Perotin e Clodic, 2003),
ϕ
ϕ
η
mr
mr
f
)tanh(
=
(I.2)
onde
r é o raio do tubo, φ é um parâmetro para eficiência de aleta circular e m é um parâmetro
padrão para superfícies estendidas definido por,
ff
k
h
m
δ
2
=
(I.3)
onde
k
f
e δ
f
representam, respectivamente, a condutividade térmica e a espessura da aleta.
Para trocadores de calor com aletas planas e contínuas, com múltiplas filas e arranjo
desencontrado, a aleta pode ser dividida em células hexagonais como mostra a Figura I.1.
Direção do
escoamento
Figura I.1 – Parâmetros geométricos para células hexagonais para arranjo desencontrado do feixe de tubos
aletados.
168 Cálculo da Eficiência de Aleta
Alguns estudos (Kern e Kraus, 1972, Pira et al. 2000, etc.) utilizam a solução exata da
eficiência de aletas planas circulares para obter
f
η
, porém, esta solução depende de funções
de Bessel. A fim de evitar a resolução destas funções e diminuir os erros entre soluções
analíticas e aproximadas (desenvolvida por Schmidt, 1945), Perotin e Clodic (2003)
realizaram comparações entre ambas as soluções e propuseram uma expressão modificada
para o calculo de
f
η
, que pode ser aplicada para aletas planas com células hexagonais,
através da utilização de um raio equivalente a aletas circulares (
r
eq
). A expressão modificada
para
f
η
é dada pela seguinte equação,
)1,0cos(
)tanh(
ϕ
ϕ
ϕ
η
eq
eq
eq
f
mr
mr
mr
=
(I.4)
onde,
++
=
r
r
r
rrrm
r
r
eqeq
r
r
eqeq
eq
ln3,026,0
5,2
)(
3,011
3,0
12
1
5,1
ϕ
(I.5)
O raio equivalente é obtido por,
3,027,1 =
t
lt
eq
X
X
r
X
r
r
(I.6)
onde,
2
2
22
1
l
t
l
P
P
X +
=
(I.7)
2/,2/
tttllt
PXsenãoPPsePX
=
<=
(I.8)
Apêndice II - Desenhos, Dimensões e Relações
Geométricas dos EFA
Aqui são apresentados primeiramente os desenhos técnicos e as cotas dos protótipos
confeccionados para a análise experimental. Na seqüência são descritas as relações
geométricas utilizadas nos modelos e análises realizadas com os EFA.
II.1. Vistas e cotas dos protótipos dos EFA
Figura II.1 – Desenho técnico e cotas para os EFA Reto 1, 30 e 60 aletas.
Figura II.2 – Desenho técnico e cotas para os EFA 1/2 1, 30 e 60 aletas.
170 Desenhos, Dimensões e Relações Geométricas dos EFA
Figura II.3 – Desenho técnico e cotas para os EFA 1/5 1, 30 e 60 aletas.
II.2. Relações Geométricas dos EFA
No desenvolvimento do modelo matemático do EFA foram utilizadas várias definições
de áreas. Estão definições são dadas pelas seguintes relações:
Áreas de entrada e saída do evaporador:
{
entradadefrontalárea
i
WHA
1
=
(II.1)
43421
aletasdasfrontalárea
ftii
NHFAA
1'
=
(II.2)
321
saídadefrontalárea
o
WHA
2
=
(II.3)
43421
aletasdasfrontalárea
ftoo
NHFAA
2'
=
(II.4)
Área mínima de passagem pelo feixe de tubos aletados e do by-pass:
[
]
444344421444344421321
43421
tubosdosfrontalárea
ffoott
aletasdasfrontalárea
ftbp
passbydofrontalárea
bp
frontalárea
c
NdWdNNHzHWHWzHA
δδ
=
,
)2)((2)(
(II.5)
onde,
Desenhos, Dimensões e Relações Geométricas dos EFA 171
(
)
(
)
2
)(
21
VCVC
HH
zH
+
=
(II.6)
Área mínima de passagem do by-pass:
43421321
aletasdasfrontalárea
ftbp
passbydofrontalárea
bpbpc
NHWHA
δ
=
,
(II.7)
Área de contato do ar com a superfície do feixe de tubos aletados:
()
()
()
4444444444444434444444444444421
aletasdaserficialárea
t
o
fVCbprtfVCfVC
VC
ft
N
d
NLHANNLNLHNA
sup
2
2
1
2
4
22)tan(2
=
πθ
444344421
tubosdoserficialárea
VCtffo
NNWd
sup
,
)(
δ
π
+
(II.8)
Área de contato do ar com o by-pass:
fVCbpbp
NLHA 2=
(II.9)
Massa do evaporador:
fte
MMM
+
=
(II.10)
onde
M
t
e M
f
representam, respectivamente, as massas do tubos e das aletas, e podem ser
calculadas pelas expressões,
)(
4
22
iottt
ddWNM =
π
ρ
(II.11)
+
=
42
)(
2
12
o
t
t
ffff
d
N
LHH
NM
πδρ
(II.12)
Apêndice III - Calibração do Medidor de Fluxo de
Massa
III.1. Procedimento Experimental
Na realização do balanço de energia do lado da água, era necessária a obtenção do
valor do fluxo de massa de água que circulava por este circuito. Foi utilizado então um
medidor de fluxo de massa do tipo
Coriolis (fabricante MicroMotion). Como este
equipamento já apresentava um tempo de uso razoável e o valor do fluxo de massa era uma
variável importante no balanço de energia, optou-se por fazer uma calibração do mesmo, com
o intuito de aferir e corrigir possíveis variações nas medições do fluxo de massa.
Este equipamento envia um sinal linear em corrente (4 a 20mA) em função do fluxo de
massa que atravessa o instrumento. A fim de realizar a medição em tensão (
DT), uma
resistência elétrica de valor conhecido (neste caso de 249,14 ) foi adicionada em série no
circuito elétrico do sistema de medição.
O procedimento utilizado para realizar a calibração é relativamente simples, fazendo
uso de um béquer, uma balança (Marte, modelo AS2000C e incerteza ±0,005g) e um
cronômetro:
1)
O fluxímetro primeiramente é montado de acordo como este será usado
posteriormente nos ensaios com os evaporadores;
2)
O béquer é limpo e colocado sobre a balança para obter a tara;
3)
Liga-se a circulação de água, seleciona-se uma rotação na bomba e espera-se
(em torno de 10 minutos) para o sistema entrar em regime permanente;
4)
Determina-se o instante em que a medição da tensão referente ao fluxímetro
está variando em uma faixa inferior a 5% do valor medido. Em seguida, inicia-
se a coleta de água com o béquer simultaneamente com o início da contagem
com o cronômetro;
5)
A água é coletada até que o béquer se encha. Neste instante, o béquer é retirado
e é parado o cronômetro.
6)
O béquer é pesado na balança e é registrada a massa de água.
174 Calibração do Medidor de Fluxo de Massa
7) Retorna-se ao passo 3, seleciona-se uma nova rotação, repetindo os passos 3-6
até cobrir toda a faixa de medição desejada.
De posse do tempo decorrido
t, em [s], e da massa de água m
w
, em [kg], é possível
obter a vazão em massa pela seguinte relação,
t
m
m
w
w
=
&
(III.1)
que é correlacionado com a tensão medida durante o intervalo de tempo em que era coletada a
água. O banho termostático mantinha a água a uma temperatura de 35±0,5°C.
III.2. Resultados
A Tabela III.1 mostra os dados e a Figura III.1 o ajuste linear referentes às medições
obtidas do processo de calibração. O ajuste linear forneceu a seguinte equação,
DT842,6969,320 -
+=
w
m
&
(III.2)
Tabela III.1 – Resultados da calibração do fluxímetro.
Rotação da
bomba
Peso Tempo Tempo Tensão Fluxo de massa
[RPM] [g] [s] [h] [V] [kg/h]
100 1155 189,1 0,0517 1,32 22,35
200 1368 92,6 0,0253 1,77 54,05
300 1178 51,0 0,0139 2,21 84,49
400 1586 51,2 0,0140 2,62 113,42
500 1642 42,3 0,0116 3,03 142,04
600 1437 31,1 0,0085 3,41 169,33
700 1679 31,2 0,0085 3,79 196,83
800 1869 30,5 0,0083 4,17 224,28
900 1751 25,3 0,0069 4,61 252,91
1000 1486 19,6 0,0053 4,98 277,91
1100 1363 16,5 0,0045 5,36 302,89
III.3. Estimativa da Incerteza da Calibração
A incerteza devida ao processo de calibração foi estimada através da seguinte
expressão,
22
aocal
uuu +=
(III.3)
Calibração do Medidor de Fluxo de Massa 175
onde
u
o
é a incerteza padrão das observações e é calculada através do máximo desvio padrão
verificado durante o processo de calibração, para um determinado ponto de fluxo de massa
medido.
11,52 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5
0
50
100
150
200
250
300
350
Tensão
[
V
]
Fluxo de massa [kg/h]
Vazão experimentalVazão experimental
Ajuste LinearAjuste Linear
Figura III.1 – Comparação e ajuste linear da calibração do medidor de fluxo de massa.
u
a
é a incerteza devido ao ajuste da curva de calibração, que é obtida fazendo uso dos
valores de fluxo de massa medidos (
o
V
&
) e do fluxo de massa ajustado (Eq. III.2) para cada
ponto de fluxo de massa medido, aplicados na seguinte equação,
)1(
)(
2
GPN
VV
u
ajusteo
a
+
=
&&
(III.4)
onde
N é o número de pontos de calibração e GP é o grau do polinômio ajustado. Utilizando-
se o procedimento citado, o valor de
u
a
obtido foi de 0,406 kg/h.
O máximo desvio padrão verificado para o processo de calibração foi de 0,597 kg/h.
Aplicando então este valor na Eq. (III.3) obtemos
u
cal
= 0,72 kg/h.
Apêndice IV - Análises das Incertezas Experimentais
IV.1. Metodologia
As incertezas experimentais das variáveis foram estimadas segundo as recomendações
do guia INMETRO (2003) e no trabalho de Silva (2008). Estas estimativas foram avaliadas
baseadas no cálculo da média (
q ) e desvio padrão (DP), para então se obter a incerteza
expandida (
U). Estes parâmetros são dados pelas seguintes equações,
=
=
n
i
i
q
n
q
1
1
(IV.1)
1
)(
2
=
n
qq
DP
i
(IV.2)
22
so
uukU +=
(IV.3)
onde
n é o número total de pontos medidos, i se refere a um dos pontos medidos, k é o
coeficiente de Student (assumido igual a 2 para 95% de probabilidade em todos os cálculos),
u
s
é a incerteza inerente ao sistema de medição (por exemplo, incertezas fornecidas pelo
fabricante ou por calibrações realizadas) e
u
o
é a incerteza padrão das observações.
A incerteza padrão das observações (
u
o
) das variáveis medidas foi divida em dois
tipos:
i.
Variáveis medidas diretamente: são obtidas da medição direta por um
instrumento de medição, não sendo utilizada nenhuma outra medição
experimental no seu cálculo. Na avaliação das incertezas padrões deste tipo as
variáveis experimentais foram classificadas ainda em dois grupos (Silva,
2008): a) invariável no tempo e b) variável no tempo. A Figura IV.1 apresenta
um exemplo típico do comportamento destes dois grupos.
178 Análises das Incertezas Experimentais
0 5 10 15 20 25 3
0
3,85
3,9
3,95
4
4,05
4,1
Tempo [min]
Δ
P
evap
[Pa]
0 5 10 15 20 25 3
0
22,1
22,15
22,2
22,25
22,3
Tempo [min]
Temperatura [°C]
(a) invariável no tempo (b) variável no tempo
Figura IV.1 – Exemplo do comportamento de parâmetros (a) invariáveis e (b) variáveis no tempo.
Para o grupo das invariáveis no tempo, a incerteza padrão é obtida por,
n
DP
u
m
=
(IV.4)
Já para o grupo das
variáveis no tempo a incerteza padrão é dada por,
DPu
m
=
(IV.5)
ii.
Variáveis medidas indiretamente: são variáveis que necessitam de duas ou
mais medições experimentais para determinar um único parâmetro de interesse,
como por exemplo, a incerteza padrão da medição da temperatura na entrada
da seção de teste do evaporador, que é uma média da medição experimental de
três termopares. No cálculo deste tipo de incerteza foi utilizada a chamada lei
da propagação das incertezas, que é dada por,
=
==
N
i
i
i
mN
xu
x
y
yuxxxfy
1
2
21
)()(),...,,(
(IV.6)
Caso as grandezas independentes da equação anterior sejam correlacionadas
(isto é, a alteração em uma implique na modificação de outra e exista uma
correlação estatística entre estas) a incerteza padrão passa a ser calculada por,
Análises das Incertezas Experimentais 179
),()()(2)()(
1
1
11
2
ji
N
i
N
i
N
ij
ji
ji
i
i
m
xxrxuxu
x
y
x
y
xu
x
y
yu
∑∑
=
=+=
+
=
(IV.7)
onde
r(x
i
,x
j
) é o coeficiente de correlação das grandezas associadas x
i
e x
j
.
Tendo sido descrito a metodologia utilizada na avaliação das incertezas, a seguir são
apresentados algumas das estimativas das incertezas expandidas para as principais grandezas
medidas dos ensaios experimentais para os evaporadores testados.
IV.2. Resultados das Estimativas para os testes dos EFA
30 50 70 90 11
0
3
6
9
12
15
Vazao
[
m
3
/h
]
u(UA) [%]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
30 50 70 90 11
0
3
4
5
6
7
8
Vazao
[
m
3
/h
]
u(Q
ar
) [%]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
(a) (b)
30 50 70 90 11
0
20
25
30
35
40
45
50
Vazao
[
m
3
/h
]
u(Q
w
) [%]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
30 50 70 90 11
0
0
20
40
60
80
Vazao
[
m
3
/h
]
u(
Δ
P
e
) [%]
Evap. #1 - Reto 60Evap. #1 - Reto 60
Evap. #2 - Reto 30Evap. #2 - Reto 30
Evap. #3 - Reto 2Evap. #3 - Reto 2
Evap. #4 - 1/2 60Evap. #4 - 1/2 60
Evap. #5 - 1/2 30Evap. #5 - 1/2 30
Evap. #6 - 1/2 2Evap. #6 - 1/2 2
Evap. #7 - 1/5 57Evap. #7 - 1/5 57
Evap. #8 - 1/5 30Evap. #8 - 1/5 30
Evap. #9 - 1/5 2Evap. #9 - 1/5 2
(c) (d)
Figura IV.2 – Incertezas experimentais percentuais para (a) condutância térmica, (b) troca de calor do ar, (c)
troca de calor da água (0,5°C) e (d) perda de carga do evaporador do lado do ar.
Apêndice V - Testes de Fluxo de Calor Reverso
Neste apêndice são apresentados os procedimentos e os resultados experimentais
obtidos dos testes de fluxo de calor reverso. Estes testes experimentais se fazem necessários já
que o desenvolvimento de um modelo para o cálculo da carga térmica do gabinete depende
das suas características construtivas (que muitas vezes apresentam uma geometria complexa e
propriedades físicas não uniformes), transferência de calor pela gaxeta e efeitos de condução
de calor multidimensional.
Os testes de fluxo de calor reverso consistem em dissipar taxas de transferência de
calor conhecidas dentro dos compartimentos do refrigerador, mantendo a temperatura externa
menor do que a interna. Assim, o calor é transferido de dentro para fora do gabinete,
fornecendo um fluxo reverso de calor, quando comparado com o refrigerador em
funcionamento.
Realizando balanços de massa e energia, e conhecendo as temperaturas, potências
dissipadas e a vazão nos compartimentos, é possível obter os valores de condutância térmica
global (
UA), levando em consideração todas as características geométricas e propriedades
físicas do gabinete. O modelo do experimento é baseado nos balanços de massa e energia
descritos na seção 4.5.1.
V.1. Procedimento Experimental
O refrigerador é posicionado na câmara de testes de acordo com as distâncias padrões
citadas na Seção VIII.2. Após o refrigerador ter sido posicionado e os cabos de alimentação e
instrumentação terem sidos conectados, o sistema de controle de temperatura da câmara é
ligado. As quantidades de calor conhecidas são fornecidas pela resistência de degelo do
evaporador, dissipação de calor do ventilador (~7W) e pelas resistências adicionadas nos
compartimentos (como ilustrado na Seção VII.1). Estas são então ajustadas juntamente com a
temperatura ambiente da câmara de maneira que, a diferença entre as temperaturas internas e
externas sejam próximas as diferenças de quando o refrigerador está ligado. Por exemplo, nos
testes de fluxo reverso realizados no presente trabalho, a temperatura ambiente foi
configurada para se manter em 15°C, enquanto as temperaturas internas do gabinete se
mativeram próximas de 60°C, fornecendo uma diferença de temperatura de 45°C. Esta
diferença de temperatura é aproximadamente igual àquela existente no refrigerador em
182 Testes de Fluxo de Calor Reverso
funcionamento, onde as temperaturas médias internas ficam em torno de -15°C, enquanto a
externa é de 32°C (diferença de 45°C).
Com as potências e a temperatura ambiente ajustadas, aguarda-se até que o processo
de transferência de calor no refrigerador entre em regime permanente, ou seja, até que as
temperaturas, tanto internas quanto externas, apresentem uma variação inferior a 0,2°C
durante um intervalo de 30 minutos. Alcançado este critério, todas as medições de
temperatura e potência são gravadas no microcomputador do sistema de aquisição da câmara
para um intervalo de 1 hora, com uma taxa de aquisição de 1 ponto a cada 5 segundos.
V.2. Análise de Dados e Resultados
Os ensaios experimentais foram realizados para duas condições: i) alternando a
dissipação de calor dentro dos compartimentos do evaporador, congelador e refrigerador e ii)
todas as resistências ligadas com temperaturas iguais em todos os compartimentos. Isto
porque se desejava que o ajuste experimental fosse válido para todas as condições de carga
térmica possíveis. Os resultados para todas as condições testadas estão apresentados na Tabela
V.1.
Tabela V.1 – Resultados para os testes de fluxo de calor reverso do refrigerador.
Teste T
cg
[C°] T
r
[C°]
T
amb
[C°]
cg
g
&
[W]
r
g
&
[W]
e
g
&
[W]
v
g
&
[W]
1 63,19 62,09 16,92 13,08 54,9 8,86 6,3
2 50,65 42,21 16,77 15,18 15,26 11,33 6,3
3 49,05 43,8 15,96 20,09 25,02 0 6,3
4 45,98 43,21 16,78 0 24,82 15,72 6,3
5 49,1 34,54 16,48 20,09 0 13 6,3
A partir dos balanços de massa e energia dentro dos compartimentos do evaporador
congelador e refrigerador (convém notar que aqui os fluxos de calor têm direção oposta aos
empregados na Seção 4.5.1. ), chega-se às seguintes equações,
cr
rcg
cg
ambcg
vecg
R
TT
R
TT
ggg
)()(
)(
+
=++
&&&
φ
(V.9)
cr
cgr
r
ambr
ver
R
TT
R
TT
ggg
)(
)(
))(1(
+
=++
&&&
φ
(V.10)
onde,
Testes de Fluxo de Calor Reverso 183
cg
cg
UA
R
1
=
(V.11)
r
r
UA
R
1
=
(V.12)
crpe
cr
UAcm
R
+
=
&
)(
1
2
φφ
(V.13)
e
g
&
, T e R representam, respectivamente, a potência dissipada, a temperatura e a resistência
térmica das paredes. Os sub-índices
cg, r, cr, e e v representam, respectivamente, o
congelador, o refrigerador, o evaporador e o ventilador.
Como
UA
cr
se refere à transferência de calor que ocorre na parede entre os
compartimentos do congelador e refrigerador, e esta tem a aproximadamente a mesma
espessura porém com 1/5 da área do congelador,
UA
cr
foi definido pela seguinte relação,
5
cg
cr
UA
UA =
(V.14)
A partir dos resultados dos ensaios experimentais, foi empregado o método dos
mínimos quadrados para regredir os parâmetros
φ
,
e
m
&
, UA
cg
e UA
r
, já que todas as outras
variáveis foram medidas experimentalmente. Do emprego deste método, obteve-se os
resultados mostrados pela Tabela V.2.
Tabela V.2 – Resultados obtidos do método dos mínimos quadrados usando os dados experimentais.
Variável Unidade Valor
φ
[-] 0,85
e
m
&
[kg/s] 0,0105
UA
cg
[W/m
2
K] 0,52
UA
r
[W/m
2
K] 1,25
Os resultados aqui obtidos para
φ
, e
e
m
&
podem ser comparados os mesmos
parâmetros medidos na caracterização de circulação interna de ar (Apêndice VI). Os
resultados lá obtidos forneceram um valor de 0,8 para a variável
φ
, mostrando um desvio de
apenas 6% em relação ao valor aqui obtido. Isto, de certa forma valida, a qualidade do ajuste
experimental realizado para as condutâncias globais, já que outro procedimento experimental
completamente diferente forneceu um resultado semelhante para um parâmetro em comum.
Entretanto, quando uma comparação é feita para
e
m
&
, verifica-se um desvio considerável (-
184 Testes de Fluxo de Calor Reverso
35,7%). Porém, este desvio excessivo pode ser atribuído a instrumentação adicionada
posteriormente aos ensaios de circulação interna de ar e principalmente a grande diferença de
temperatura que o ventilador do refrigerador estava sujeito. Tanto as propriedades
termodinâmicas do ar (como viscosidade e densidade) quanto a eficiência do motor elétrico
do ventilador podem sofrer alterações significativas para altas variações de temperaturas. Para
os testes de circulação interna de ar, as temperaturas do ar e do ambiente do ventilador
ficaram em torno de 25°C. Já para os testes de fluxo de calor reverso, essa temperatura foi
mantida em torno de 60°C, apresentando assim uma diferença de 35°C.
Apêndice VI - Caracterização Experimental da Circulação
Interna de Ar e do Ventilador
Neste apêndice são descritos a montagem, o procedimento e os resultados dos ensaios
experimentais da vazão no compartimento do congelador e do refrigerador e suas respectivas
quedas de pressão em função da vazão de ar. A finalidade dos ensaios era obter as
impedâncias (resistência ao escoamento) em função da vazão de ar para ambos os
compartimentos, e também a relação de vazão que circulam entre estes dois compartimentos.
Após caracterizado a circulação interna foi obtida também a curva característica do
ventilador (queda de pressão vs. vazão), que representa a vazão que um determinado
ventilador fornece quando submetido a uma determinada diferença de pressão.
VI.1. Circulação Interna de Ar
Instrumentação e Montagem
Com o objetivo de determinar a variação de perda de carga e as vazões de ar que
circulam em cada compartimento refrigerado, foram feitos testes com o refrigerador acoplado
a um túnel de vento. A Figura VI.1 mostra um esquema do acoplamento realizado entre
refrigerador e o túnel de vento e o posicionamento dos pontos de medição de pressão.
Os pontos de medição de foram realizados através de mangueiras de PVC flexível com
4,5 mm de diâmetro e furos de 1 mm de diâmetro em linha reta e espaçados entre si por 50
mm (como apresentado na seção 3.2.2. ). Estas foram posicionadas circundando os dutos nos
pontos 1-4 da Figura VI.1. As mangueiras foram posicionadas de forma que o escoamento de
ar fosse perpendicular aos furos de maneira que fosse obtida somente a parcela da pressão
estática do escoamento.
O
damper foi fixado para ser manter sempre na posição de abertura máxima e o
sistema de refrigeração foi mantido desligado em todos os testes aqui realizados. O mesmo
túnel de vento utilizado nos testes com os evaporadores (Seção 3.2.2. ) foi empregado para a
medição da vazão de ar que passa pelo refrigerador.
186 Caracterização Experimental da Circulação Interna de Ar
Ventilador do
Evaporador
Damper
Ventilador
Auxiliar
Túnel de Vento
Refrigerador
Congelador
t
V
&
r
V
&
1
3
4
2
cg
V
&
Pontos de medição de Pressão
Figura VI.1 – Esquema do acoplamento do refrigerador ao túnel de vento para medição da vazão total.
A vazão no compartimento do refrigerador varia em torno de 8 m
3
/h e no congelador
42 m
3
/h. No entanto, com o túnel de vento disponível não era possível realizar medições
precisas de vazão para valores abaixo de 12 m
3
/h. Assim, foram realizados testes para a vazão
total (~ 51 m
3
/h) e para o compartimento do congelador, sendo que a vazão do refrigerador foi
obtida através da subtração das duas anteriores.
Os testes de circulação de ar interna foram divididos em duas etapas: i) medição da
vazão total e ii) medição da vazão do congelador.
Procedimental Experimental
Os instrumentos de medição são ligados dez minutos antes da execução dos testes para
estabilização dos equipamentos eletrônicos. Em seguida, os transdutores de pressão
diferencial são “zerados” para a condição em que não há escoamento no refrigerador e/ou no
túnel de vento. Na medição da diferença de pressão dos pontos medidos foram utilizados os
mesmos transdutores de pressão dos ensaios dos evaporadores descritos na seção 3.2.2.
Na medição da vazão total, foram seguidos os passos abaixo:
1)
Inicialmente o ventilador do refrigerador é ligado na sua tensão nominal (220
V e 60 Hz).
Caracterização Experimental da Circulação Interna de Ar 187
2)
Em seguida o ventilador auxiliar é ligado e sua vazão é ajustada até que as
pressões nos pontos 1 e 2 se igualem às dos pontos 3 e 4 (Figura VI.1).
Igualando estes pontos de pressão, pode-se desprezar a perda de carga imposta
pelo túnel de vento e os pontos inicial e final do circuito de ar ficam sujeitos ao
mesmo valor de pressão.
3)
Repetem-se os passos 1-2 para tensão de 140 e 178 V.
Para a medição de vazão do congelador, utilizou-se o mesmo procedimento descrito
acima, porém neste ensaio, foi utilizado o esquema da Figura VI.2 e, no passo 2, as pressões a
serem igualadas são os pontos 1 e 2.
Resultados
A Tabela VI.1 mostra os resultados das vazões obtidas para as determinadas tensões
impostas ao ventilador do evaporador. A fração de vazão (
φ
=
cg
V
&
/
t
V
&
) foi calculada através
da divisão da vazão de ar que atravessa apenas o congelador (
cg
V
&
) pela vazão total (
t
V
&
=
cg
V
&
+
r
V
&
).
Tabela VI.1 – Valores da vazão em função da tensão do ventilador do refrigerador.
Tensão do ventilador do
evaporador [V]
Vazão do congelador,
cg
V
&
[m
3
/h]
Vazão total,
t
V
&
[m
3
/h]
Fração de vazão,
φ
[-]
140 24,7 30,6 0,81
178 49,2 60,6 0,81
220 68,8 86,6 0,79
Como pode ser verificado na Tabela IV.1, o valor de fração de vazão não varia
significativamente na faixa de vazão de interesse. Logo, foi concluído que a fração de vazão
não varia dentro desta faixa e pôde ser assumido um valor fixo médio de
φ
= 0,80.
Para a obtenção da impedância do congelador,
I
cg
, foi utilizado o mesmo procedimento
experimental da medição da vazão do congelador. Os resulatdos obtidos são mostrados na
Tabela IV.2. A partir dos dados da tabela foi ajustado um valor para
I
cg
que representasse o
comportamento da perda de carga do congelador em função da vazão, dada pela seguinte
relação,
cgarcgcg
VIP
&
ρ
=Δ
(VI.1)
188 Caracterização Experimental da Circulação Interna de Ar
Ventilador do
Evaporador
Damper
Ventilador
Auxiliar
Túnel de Vento
Refrigerador
Congelador
1
2
cg
V
&
cg
V
&
Figura VI.2 – Esquema do acoplamento refrigerador-túnel de vento para medição da vazão do congelador.
Tabela VI.2 – Valores da vazão e perda de carga do congelador.
Vazão do congelador,
cg
V
&
[m
3
/h]
Perda de carga,
cg
P
Δ
[Pa]
0,004 0,0
0,008 4,2
0,011 13,6
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,01
2
0
5
10
15
20
25
30
35
V
c
g
[m
3
/s]
Δ
P
cg
[Pa]
I
cg
= 176921
Δ
P = I
cg
ρ
V
cg
Δ
P = I
cg
ρ
V
cg
Figura VI.2 – Ajuste da impedância do congelador em relação aos dados experimentais.
Caracterização Experimental da Circulação Interna de Ar 189
VI.2. Ventilador
Instrumentação e Montagem
A montagem e instrumentação para medição da vazão e queda de pressão no
ventilador segue os mesmo detalhes referentes as tomadas de pressão citadas na seção
anterior, e são dispostas conforme ilustradas na Figura VI.3.
Ventilador do Evaporador
Ventilador Auxiliar
Túnel de Vento
1
2
t
V
&
t
V
&
Figura VI.3 – Esquema do acoplamento ventilador-túnel de vento para medição da vazão e queda de pressão.
Procedimento Experimental para Medição de Vazão
O procedimento experimental é semelhante ao realizado para vazão do refrigerador:
1)
Aciona-se o ventilador do evaporador, com o túnel de vento fechado em sua
saída, e após alcançar regime permanente (variação de pressão menor que 0,5
Pa), se obtém a máxima variação de pressão para a mínima vazão;
2)
Em seguida, o ventilador auxiliar é ligado e a sua rotação é ajustada até que a
diferença de pressão entre os pontos 1 e 2 seja menor que 0,5 Pa. Assim se
obtém a máxima vazão para a mínima variação de pressão;
3) Na seqüência, a rotação do ventilador auxiliar é reduzida de maneira a se obter
pontos intermediários de vazão.
O passo 3 é então repetido tantas vezes quanto necessário para obter todos os pontos
de vazão/queda de pressão no intervalo desejado.
Resultados
A Tabela VI.2 e a Figura VI.4 apresentam os resultados obtidos para os testes de
vazão/ queda de pressão para o ventilador do evaporador. Porém, nenhum polinômio se
ajustou adequadamente à curva característica completa do ventilador Original. A fim de
190 Caracterização Experimental da Circulação Interna de Ar
contornar esse problema, foi utilizada da curva deste ventilador somente a faixa de vazão de
interesse (entre 0 a 80 m
3
/h), já que se sabia a priori que este ventilador não iria alcançar
níveis de vazão superiores a 80 m
3
/h quando em funcionamento no refrigerador em estudo. Os
polinômios obtidos para perda de carga (em Pa) em função da vazão (em m
3
/h) obedecem a
seguinte relação,
3
3
2
210 tttt
VaVaVaaP
&&&
+++=Δ
(VI.2)
onde,
Original:
a
o
= 33,9; a
1
= 0,014; a
2
= -0,0033, a
3
= 0,000029;
DC 24V:
a
o
= 39,2; a
1
= -0,41; a
2
= 0,0081, a
3
= -0,000089.
Foi obtida também uma eficiência média para os ventiladores Original e DC 24V de
3,47% e 8,54%, respectivamente.
Tabela VI.2 – Resultados para perda de carga em função da vazão do ventilador.
Original DC 24V
Rotação
[RPM]
Δp
ventilador
[Pa]
Vazão
[m
3
/h]
Rotação
[RPM]
Δp
ventilador
[Pa]
Vazão
[m
3
/h]
2445 33,9 2445 3090 7,0 85,8
2752 33,3 2752 3234 21,2 68,6
2911 31,6 2911 3023 26,5 51,8
3011 29,7 3011 2973 30,7 34,9
3094 28,7 3094 2896 34,7 17,3
3031 33,0 3031 2828 38,2 0,8
2960 14,4 2960
2991 7,3 2991
04080 120
0
10
20
30
40
Vazão [m
3
/h]
Δ
P [Pa]
Experimental - OriginalExperimental - Original
Melhor polinômio ajustado - OriginalMelhor polinômio ajustado - Original
Experimental - DC 24VExperimental - DC 24V
Ajuste polinomial - DC 24VAjuste polinomial - DC 24V
02040 60 80
28
30
32
34
36
Vazão [m
3
/h]
Δ
P [Pa]
ExperimentalExperimental
Ajuste polinomialAjuste polinomial
(a)Curva completa (b)Faixa de interesse do ventilador Original
Figura VI.4 – Diferença de pressão em função da vazão experimental dos ventiladores.
Apêndice VII - Instrumentação e Modificações no
Refrigerador
VII.1. Instrumentação
O refrigerador em estudo foi instrumentado com 48 pontos de medição de temperatura
com o objetivo de identificar o comportamento térmico das superfícies internas e externas,
dos ambientes dos compartimentos refrigerados e dos componentes do sistema de
refrigeração. Na realização destas medições foram utilizados termopares do Tipo T, que
apresentam uma incerteza de medição de ±0,2°C, segundo o procedimento de calibração
(EMBRACO, 2002). Os termopares também foram cobertos por uma fita metálica para evitar
a radiação das resistências adicionadas dentro dos compartimentos (Figura VII.1). Dois
transdutores de pressão foram posicionados na entrada e na saída do compressor, a fim de
medir as pressões de sucção e descarga. Para medição da pressão de sucção foi utilizado um
transdutor tipo
strain-gauge (fabricante HBM), com uma faixa de trabalho de 0-10bar, com
uma incerteza de ±0,02 bar. Já para a medição da pressão de descarga foi usado o mesmo tipo
de transdutor e do mesmo fabricante, porém, para uma faixa de 0-20bar e incerteza de
±0,04bar. Um transdutor de pressão diferencial também foi instalado para medir a perda de
carga do ar entre os pontos de entrada e saída do evaporador, dentro do seu compartimento no
refrigerador. Este era um transdutor de fabricação Druck (modelo LXP1010), com uma faixa
de medição de 0-20Pa, com incerteza de medição de 0,5% do fundo de escala (±0,1Pa). Além
da resistência de degelo presente no evaporador original do refrigerador, outras duas foram
adicionadas: 1) uma resistência de silicone de 100W no congelador e 2) uma de 50W no
refrigerador (Figura VII.1). A adição destas resistências foi necessária para realizar os testes
experimentais de fluxo reverso (para obter o coeficiente global de transferência de calor do
gabinete) e para se alcançar as temperaturas de projeto em ambos os compartimentos. As
resistências foram posicionadas de forma a fornecer a menor estratificação de temperatura
possível.
Como os termostatos de controle foram desconectados, a obtenção de uma
determinada temperatura em regime permanente era feita ajustando o valor da potência
liberada pelas resistências de maneira a atingir as temperaturas desejadas. A Figura VII.2
ilustra mais detalhadamente a posição das resistências e dos pontos de medição de
temperatura e pressão absoluta e diferencial.
192 Instrumentação e Modificações no Refrigerador
(a)Compartimento do congelador (b)Compartimento do refrigerador
Figura VII.1 – Cobertura dos termopares nos compartimentos e distribuição das resistências.
TC
TC
TC
gE
gC
TR
TR
TR
TR
TR
TR
gR
TE
TE
TE
Ponto de medição de
temp. do ar
Ponto de medição de
temp. de superfície
Refrigerador
Porta
Refrig erador
Tubo Capilar
Congelador
Evaporador
No-Frost
Ventilador CA
Porta
Congelador
Duto de retorno do refrigerador
Duto de ret orno do congelador
Duto de insuflamento
Plenum
Compressor
Hermético
Alternativ o
Trocador de Calor TC -LS
Fil tro Secador
Linha de Descarga
Linha de Sucção
Condensador
Arame -sobre -Tubo
Resistência
Evaporador
Condensador
Compressor
Tubo Capilar
Transdutor de
Pressão
Vistas Laterais Vista Frontal
Ponto de medição de temp.
do ar com massa térmica
Figura VII.2 – Posicionamento das resistências e dos pontos de medição de temperatura e pressão.
Resistências
Termopares
Instrumentação e Modificações no Refrigerador 193
VII.2. Modificações no Refrigerador
Algumas modificações foram necessárias para realizar o controle adequado do
refrigerador e atender os requisitos que exigiam o código de simulação. O controle eletrônico
do refrigerador foi desligado, sendo que a operação do compressor, ventilador e das
resistências ficava por conta do operador do ensaio, feito através do painel elétrico da câmara
de testes. Assim, o funcionamento de toda a parte elétrica do refrigerador era feita
remotamente.
O condensador foi substituído por um maior em relação ao original. Isto porque se
necessitava alcançar certo nível de sub-resfriamento, já que o código de simulação exigia esta
condição. Porém, mais tarde depois de alguns testes preliminares, verificou-se que a adição de
um condensador maior não forneceu ainda sub-resfriamento, sendo necessária a instalação de
uma válvula, para se obter esta condição.
Uma válvula de agulha de fabricação da
Nupro/Swagelok, modelo S Series, orifício de
passagem com diâmetro de 0,81 mm, foi instalada no refrigerador. O objetivo desta era
controlar o nível de sub-resfriamento no condensador, e também conseqüentemente, a pressão
de evaporação. O ajuste da abertura da válvula aumenta a diferença entre a pressão de
condensação e pressão de evaporação, além de reduzir o fluxo de massa refrigerante pelo
dispositivo de expansão. Um diagrama esquemático da posição da instalação válvula de
agulha é mostrado na Figura VII.3.
Todas as prateleiras e gavetas foram retiradas dos compartimentos refrigerados, para
evitar problemas de circulação interna de ar e estratificação de temperatura, já que não se
estava interessado em analisar a distribuição de vazão e temperatura entre as prateleiras e
gavetas do produto original, e sim, realizar somente a validação do modelo de simulação do
refrigerador simplificado.
Toda a fiação, de termopares e elétrica, foi passada por furos de 10 mm de diâmetro
feitos na lateral do refrigerador. Estes furos, após a passagem da fiação, foram preenchidos
com poliuretano para evitar a infiltração de umidade e calor.
No compartimento do evaporador foram realizadas duas modificações: i) a instalação
de mangueiras para medição da queda de pressão no evaporador e ii) um isolamento adicional
para acomodar os EFA.
Para verificar se a queda de pressão no evaporador estava se elevando
demasiadamente em conseqüência da formação de gelo, duas mangueiras foram instaladas a
montante e a jusante do evaporador (Figura VII.4). Estas mangueiras se tratavam de tubos de
194 Instrumentação e Modificações no Refrigerador
PVC flexível com 4,5 mm de diâmetro, e furos de 1 mm de diâmetro em linha reta e
espaçados entre si por 50 mm. Os furos foram feitos na região da mangueira que se
encontrava dentro do compartimento do evaporador. As mangueiras atravessavam a parede do
congelador através de dois furos de 15 mm de diâmetro. Depois de instaladas as mangueiras,
os furos foram preenchidos com poliuretano e cola de silicone.
Para os EFA, foi necessária a adição de um isolamento adicional para acomodar estes
tipos de trocadores no compartimento do evaporador, já que o trocador original do
refrigerador tem um formato retangular e os EFA apresentam um formato trapezoidal. Caso
não fosse instalado este isolamento adicional, a vazão de ar não iria percorre toda a extensão
do trocador, reduzindo significativamente a troca de calor neste componente.
Figura VII.3 – Sistema refrigeração modificado (Gonçalves, 2004).
Instrumentação e Modificações no Refrigerador 195
Porta
Gaxeta
Ventilador
Transdutor de
Pressão
Diferencial
Mangueiras de
Medição de
Pressão
Evaporador
Isolamento
Adicional dos
EFA
Retorno do
Congelador
Insuflamento do
Refrigerador
Retorno do
Refrigerador
Plenum
Insuflamento
do Congelador
Porta
Isolamento do
Gabinete
Figura VII.4 – Corte lateral do gabinete com as modificações para acomodação e medição da perda de carga dos
EFA implementados no refrigerador.
Apêndice VIII - Câmara e Procedimento de Testes de
Validação
VIII.1. Câmara de Testes
Na realização dos ensaios de validação do refrigerador foi necessária a utilização de
uma câmara de testes. Esta tinha a finalidade de controlar a temperatura e as velocidades do ar
ambiente. Este aparato também disponibilizava um sistema de aquisição de dados para a
realização das medições das temperaturas, pressões, potências e outros sinais de natureza
elétrica.
A temperatura ambiente é controlada através de um sistema composto por quatro
equipamentos principais: um evaporador de um sistema de condicionamento de ar, um
damper, um ventilador e uma bancada de resistências. A Figura VIII.1 mostra o caminho que
o ar percorre dentro da câmara e como os componentes estão arranjados.
Figura VIII.1 – Diagrama esquemático da câmara de testes (Hermes, 2006).
Com a finalidade de controlar a temperatura ambiente, o ar é circulado através de um
ventilador, como mostra a figura. O sistema de refrigeração é mantido sempre ligado, de
forma que o evaporador retira calor continuamente do ar. Como o ar é resfriado pelo
evaporador, as resistências são controladas por um microcontrolador PID (
Proporcional-
I
ntegral-Derivativo) de maneira a liberar potência (pelo controle da corrente elétrica) para que
198 Câmara e Procedimento de Testes de Validação
estas aqueçam o ar e o mantenham na temperatura desejada. Três termopares do Tipo T são
posicionados dentro da câmara, e juntos mandam um sinal para controlador PID, que libera
potência para as resistências conforme a necessidade, para manter a temperatura no valor
configurado no controlador. Já o
damper tem o objetivo de auxiliar no ajuste vazão que passa
pelo evaporador, para ajustar o controle de temperatura e vazão de ar dentro da câmara. Telas
homegenizadoras foram adicionadas no teto e no piso a fim de distribuir de maneira uniforme
dentro de todo o interior da câmara. Através destes controles a temperatura ambiente é
mantida na faixa de ±0,5°C e o ar a velocidades inferiores a 0,25 m/s.
As leituras das medições experimentais foram realizadas através de um sistema de
aquisição HP75000 de 112 canais. Mais detalhes podem ser obtidos em Gonçalves (2004) e
Hermes (2006). Quatro transdutores de potência também foram utilizados na medição das
potências consumidas pelo compressor, resistências de degelo e dos compartimentos do
congelador e refrigerador. Estes transdutores tinham uma faixa de medição de 0-80W, 0-
400W, 0-12000W, fabricante YOKOGAWA e incerteza de medição 0,5% do fundo de escala.
VIII.2. Procedimento dos Testes de Validação
Inicialmente o refrigerador é posicionado dentro da câmara de testes respeitando as
distâncias padrões das paredes (Figura VIII.2). Em seguida, os cabos de alimentação e os
termopares são conectados a um painel que se encontra no mesmo ambiente interno dentro da
câmara. É realizado então a evacuação de uma célula de carga de fluido refrigerante. O nível
de vácuo é tido como suficiente quando a pressão dentro da célula atingir um valor de 2,5
mbar. Uma carga inicial de fluido refrigerante (HFC-134a) é inserida na célula em vácuo, que
em seguida, é conectada ao sistema de refrigeração do refrigerador. A carga inicial para todos
os testes de validação foi de 90g. Com o refrigerador posicionado e a célula de carga e os
cabos conectados, a bomba de vácuo é conectada então ao sistema de refrigeração do
refrigerador, para retirar o máximo possível da umidade e ar de dentro de todos os
componentes do sistema. Depois que a pressão dentro do sistema de refrigeração atinge um
valor de 2,5 mbar, deixa-se a bomba de vácuo funcionar por mais 2 horas antes de desligá-la.
Refrigerador
1
0
0
m
m
300mm
350mm
Altura
2100mm
Figura VIII.2 – Vista superior do posicionamento padrão do refrigerador dentro da câmara de testes.
Câmara e Procedimento de Testes de Validação 199
Após a evacuação do sistema, a válvula de agulha é posicionada na abertura máxima.
O compressor do refrigerador é ligado e a carga de refrigerante é liberada para dentro do
sistema. Após 1 hora, é verificado o valor da pressão e temperatura na saída do evaporador e
condensador, para observar se a carga inicial e o ajuste da válvula de agulha forneceram
superaquecimento e sub-resfriamento. Normalmente, a carga inicial não fornece nível de
superaquecimento se sub-resfriamento, sendo necessária a adição de mais fluido refrigerante
dentro do sistema. São feitas adições de 5g de fluido refrigerante até que se atinja um nível
desejado de superaquecimento (em torno de 2°C).
O sub-resfriamento é alcançado regulando a válvula de agulha até um valor desejável
(em torno de 3°C).
Atingidos os níveis exigidos de superaquecimento e sub-resfriamento, aguarda-se até
que todos os parâmetros medidos entrem em regime permanente. O critério para esta condição
é definido com base nas temperaturas e pressões:
Temperaturas: não exibir uma variação maior que 0,5°C num intervalo de 30
minutos;
Demais variáveis medidas: não exibir uma variação maior que 5% num
intervalo de 30 minutos.
Depois de se atingir o regime permanente, as medições de todas as variáveis são
gravadas no microcomputador do sistema de aquisição, para um intervalo de 2 horas, com
uma taxa de aquisição de 1 ponto a cada 5 segundos.
Os testes de validação foram realizados para duas condições de temperatura dentro dos
compartimentos refrigerados: i) temperaturas mínimas e ii) temperaturas de projeto. O
procedimento apresentado nesta seção descreve os passos necessários para atingir a condição
de temperatura mínima dentro dos compartimentos. O procedimento para obter a condição de
temperatura de projeto é idêntico ao anterior. A única diferença é que as potências das
resistências do congelador e do refrigerador devem ser ajustadas de maneira que o calor
liberado por elas seja tal que as temperaturas internas dentro dos compartimentos se
aproximem das temperaturas padrão de projeto: -18°C para o congelador e 5°C para o
refrigerador. As potências a serem impostas foram sempre estimadas pelo código de
simulação do refrigerador, economizando um tempo razoável no ajuste dessas potências, já
que não se conhece de antemão um valor aproximado das potências para fornecer as
temperaturas de projeto.
Apêndice IX - Resultados Experimentais dos Testes de
Validação
Tabela IX.1– Resultados de validação para o sistema de refrigeração com o evaporador Original 52.
Teste
Variável Unidade
#1 - Temp.
Mínimas
#2 - Temp.
de Projeto
#3 - Temp.
de Projeto
#4 - Temp.
de Projeto
Temperatura do compartimento do
Refrigerador
[°C] -10,3 5,2 5,6 3,9
Temperatura do compartimento do
Congelador
[°C] -28,3 -19,8 -19,3 -20,9
Temperatura ambiente da Câmara [°C] 33,1 33,3 33,4 32,8
Potência dissipada no compartimento
do Refrigerador
[W] 0 40,4 40,9 40,5
Potência dissipada no compartimento
do Congelador
[W] 0 40,3 40,4 40,4
Potência consumida pelo Compressor [W] 104,7 135,6 141,5 137,5
Temperatura do fluido refrigerante na
Entrada do Evaporador
[°C] -33,7 -25,8 -24,7 -25,5
Temperatura do fluido refrigerante na
Saída do Evaporador
[°C] -31,0 -21,7 -22,5 -24,1
Temperatura do fluido refrigerante na
Saída do Condensador
[°C] 41,5 44,4 48,7 46,2
Pressão do fluido refrigerante na
Sucção do Compressor
[bar] 0,65 0,94 1,0 0,96
Pressão do fluido refrigerante na
Descarga do Compressor
[bar] 11,6 13,4 14,5 13,2
Diferença de pressão do ar entre a
entrada e saída do Evaporador
[Pa] 6,1 5,9 5,6 4,8
Temperatura do fluido refrigerante na
Entrada do Compressor
[°C] 52,8 52,9 56,1 52,1
202 Resultados Experimentais dos Testes de Validação
Tabela IX.2 – Resultados de validação para o sistema de refrigeração com o evaporador EFA Reto 30.
Teste
Variável Unidade
#5 - Temp.
Mínimas
#6 - Temp.
de Projeto
Temperatura do compartimento do Refrigerador [°C]
-11,4 4,7
Temperatura do compartimento do Congelador [°C]
-27,0 -20,3
Temperatura ambiente da Câmara [°C]
33,1 33,4
Potência dissipada no compartimento do Refrigerador [W]
0 34,2
Potência dissipada no compartimento do Congelador [W]
0 35,8
Potência consumida pelo Compressor [W]
109,0 133,1
Temperatura do fluido refrigerante na Entrada do Evaporador [°C]
-31,5 -25,9
Temperatura do fluido refrigerante na Saída do Evaporador [°C]
-29,3 -23,9
Temperatura do fluido refrigerante na Saída do Condensador [°C]
44,9 48,1
Pressão do fluido refrigerante na Sucção do Compressor [bar]
0,70 0,92
Pressão do fluido refrigerante na Descarga do Compressor [bar]
12,0 13,3
Diferença de pressão do ar entre a entrada e saída do
Evaporador
[Pa]
1,9 1,7
Temperatura do fluido refrigerante na Entrada do
Compressor
[°C]
57,2 55,4
Resultados Experimentais dos Testes de Validação 203
Tabela IX.3 – Resultados de validação para o sistema de refrigeração com o evaporador EFA 1/5 30.
Teste
Variável Unidade
#7 - Temp.
Mínimas
#8 - Temp.
de Projeto
Temperatura do compartimento do Refrigerador [°C]
-5,8 9,2
Temperatura do compartimento do Congelador [°C]
-22,5 -17,5
Temperatura ambiente da Câmara [°C]
33,7 33,9
Potência dissipada no compartimento do Refrigerador [W]
0 45,8
Potência dissipada no compartimento do Congelador [W]
0 0
Potência consumida pelo Compressor [W]
105,0 121,1
Temperatura do fluido refrigerante na Entrada do Evaporador [°C]
-32,0 -27,9
Temperatura do fluido refrigerante na Saída do Evaporador [°C]
-28,2 -23,5
Temperatura do fluido refrigerante na Saída do Condensador [°C]
43,6 46,7
Pressão do fluido refrigerante na Sucção do Compressor [bar]
0,68 0,83
Pressão do fluido refrigerante na Descarga do Compressor [bar]
12,3 13,4
Diferença de pressão do ar entre a entrada e saída do
Evaporador
[Pa]
10,8
8,3
Temperatura do fluido refrigerante na Entrada do
Compressor
[°C]
56,1
56,6
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