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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
ADIÇÃO DE AMORTECIMENTO ESTRUTURAL USANDO MATERIAIS
VISCOELÁSTICOS
Dissertação submetida à
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
para a obtenção do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA
Área de Concentração: Vibrações e Acústica
ANDRÉ DE OLIVEIRA
Florianópolis, março de 2006
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ADIÇÃO DE AMORTECIMENTO ESTRUTURAL USANDO MATERIAIS
VISCOELÁSTICOS
ANDRÉ DE OLIVEIRA
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de:
MESTRE EM ENGENHARIA
Especialidade Engenharia Mecânica, Área de concentração Vibrações e
Acústica, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação.
____________________________
Prof. José Antônio Bellini da Cunha Neto, Dr.
Coordenador
____________________________
Prof. Arcanjo Lenzi, Ph.D.
Orientador
Banca Examinadora
____________________________
Prof. Roberto Jordan, Dr. Eng.
____________________________
Prof. Lauro Cesar Nicolazzi, Dr.Eng.
____________________________
Prof. Marcelo Krajnc Alves, PhD.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente ao Senhor Jesus pelo Espírito, pela Palavra, Pela
Igreja, pela Visão e pela Sua Parousia. Agradeço também aos irmãos da Igreja em
Florianópolis por tudo, foram meu universo no início deste trabalho. Agradeço aos
Irmãos da Igreja em Curitiba, pela compreensão na conclusão desta dissertação,
pelo suprimento e pela co-participação nas tribulações no reino e na
perseverança.
Agradeço ao professor Arcanjo Lenzi, que além dos seus ensinamentos e
dedicação, mostra-se sempre uma pessoa espetacular. Bom é ter tido a
oportunidade de tornar-me seu companheiro. “Grande chefe”!
Agradeço aos meus amigos do LVA: Andrezinho, Thiago, Zmi, Cláudio,
Celso, Renato, Alisson, Marquinho, Faísca, Aline e Parú. Reservo um
agradecimento especial ao Olavo, por dividir a sala, por dividir as aulas, pelos
almoços, pelas risadas, pelas vezes que aprontamos com todos, especialmente
com o Parú. Agradeço ao Olavo pelas ajudas, por sempre ter paciência de ouvir
meus raciocínios e se alegrar comigo em tudo. Que Deus o recompense!
Não posso deixar de agradecer o apoio da EMBRACO, pelos equipamentos
e pelos amigos Otávio, Edson, James,Everton, Márcio e o Dropa. Sou muito grato
ao Buba pelo início.
Ao Departamento de Engenharia Mecânica.
Agradeço aos caros amigos da TMT, que me ajudaram muito nestes últimos
dias: Fernando, Poletto, Débora, Teló, André, Clovis, Claudinei e David.
4
Chego agora aos agradecimentos extraordinários. Sou absolutamente grato
aos meus pais (Papi e Mami) por todo o apoio, pela preocupação e por apostarem
sempre em mim. Agradeço pelo amor incondicional. Agradeço finalmente, à
Dezinha, meu amor, meu coração. Agradeço por estar sempre comigo, em todos
os momentos, em todas as fases, em todas as horas, em tudo. Agradeço a ela
pelo apoio incondicional, por entender, por amar.
“e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os
mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.” 1Tes. 1:10.
“a fim de que seja o vosso coração confirmado com em santidade, isento de culpa,
na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os
seus santos.” 1Tes. 3:13.
“O próprio Deus da paz vos santifique por completo; e o vosso espírito, alma e
corpo sejam conservados inteiros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.” 1Tes. 5:23-24.
5
Sumário
Lista de Símbolos _________________________________________________7
Lista de Figuras __________________________________________________10
Lista de Tabelas__________________________________________________14
Resumo_________________________________________________________15
Abstract ________________________________________________________16
1 Introdução ___________________________________________________18
2 Revisão Bibliográfica __________________________________________24
2.1 Amortecimento_________________________________________________24
2.2 Mecanismos Externos de Amortecimento___________________________26
2.2.1 Radiação Acústica___________________________________________________ 26
2.2.2 Dissipação por Bombeamento__________________________________________ 30
2.2.3 Dissipação por Atrito _________________________________________________ 35
2.3 Mecanismos Internos de Amortecimento em Metais __________________35
2.3.1 Defeitos Pontuais ___________________________________________________ 37
2.3.2 Amortecimento em Contorno de Grão____________________________________ 38
2.3.3 Termoelasticidade ___________________________________________________ 38
2.3.4 Amortecimento por Correntes de Eddy (ou correntes parasitas) _______________ 40
2.3.5 Mecanismos de Amortecimento Associados às Discordâncias em Metais ________ 40
2.4 Mecanismos de Amortecimento em Materiais Viscoelásticos __________45
2.5 Adição de Amortecimento por Materiais Viscoelásticos _______________51
2.6 Outros Mecanismos de Amortecimento ____________________________64
2.6.1 Ligas de Alto Amortecimento___________________________________________ 65
2.6.2 Alumínio Poroso FOAMINAL (IFAM) _____________________________________ 66
2.6.3 Materiais Compósitos ________________________________________________ 67
2.6.4 Compostos Poliméricos com materiais magnéticos Ni-Mn-Ga _________________ 68
2.7 Tabelas com valores típicos de Fatores de Amortecimento ____________71
2.7.1 Fatores de Amortecimento em Metais____________________________________ 71
2.7.2 Fatores de Amortecimento para Polímeros, Elastômeros e Viscoelásticos _______ 72
2.7.3 Fatores de Amortecimento para Materiais Cerâmicos _______________________ 72
2.7.4 Fatores de Amortecimento em Carcaças de Compressores___________________ 72
2.8 Discussão Final ________________________________________________73
3 Medição do Fator de Amortecimento em Chapas de Aço ____________75
3.1 Determinação do Amortecimento _________________________________76
3.1.1 Método do Decaimento de Vibrações ____________________________________ 76
3.1.2 Método da Banda de Meia Potência _____________________________________ 77
3.1.3 Medições de Fator de Amortecimento____________________________________ 78
4 Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche _______________87
4.1 Métodos Numéricos para Modelagem de Vigas Sanduíche ____________87
4.2 Utilização de Softwares Comerciais para os Modelos de Placas Sanduíche
90
6
4.2.1 LMS SYSNOISE Versão 5.6 - VIOLINS __________________________________ 90
4.2.2 ANSYS Versão 9.0 __________________________________________________ 95
4.3 Validação Experimental dos Modelos Numéricos ___________________101
4.3.1 Experimento ______________________________________________________ 102
4.3.2 Modelo de Elementos finitos __________________________________________ 106
4.3.3 Simulações Numéricas – Variação de percentual de área coberta e posição do
revestimento em vigas de metal. _____________________________________________ 112
5 Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche __________122
5.1 Vigas Sanduíche ______________________________________________122
5.2 Amortecimento em Viga de Aço com diferentes Tratamentos de
Amortecimento _____________________________________________________130
6 Testes de Ruído de Compressores com fitas de Material Viscoelástico na
Carcaça. _______________________________________________________146
6.1 Fitas de Material Viscoelásticos__________________________________147
6.2 Redução de ruído em compressor RSNPAX com Fitas AA____________147
6.3 Redução de ruído em compressor RSNPAX com Fitas BA____________150
6.4 Redução de Ruído em Compressores RSNPAX e RSNPAY ___________152
7 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros _________________158
7.1 Conclusões___________________________________________________158
7.2 Sugestões para Trabalhos Futuros _______________________________160
8 Referências Bibliográficas ____________________________________161
7
ν
Lista de Símbolos
W Energia perdida por ciclo
V Pico de energia potencial
η
Fator de amortecimento
p Pressão sonora
a
ρ
Densidade do meio
a
c
Velocidade do som no meio
a
k Número de onda
a
λ
Comprimento de onda do som
ω
Freqüência
f
k Número de onda de uma onda flexural
f
c
Velocidade da onda de flexão
f
λ
Comprimento da onda de flexão
acústico
η
Fator de amortecimento acústico
ρ Densidade
rad
σ
Eficiência de radiação
h Espessura
Pe Queda de pressão por bombeamento
(,)Wxy
Movimento do painel
Fluxo através do vazamento
L
S
Área de vazamento
8
bombeamento
η
Fator de perda de bombeamento
D Energia por unidade de volume por ciclo de carregamento absorvida
Σ Tensão no material
ε Deformação do material
s
Tempo de relaxação térmica
p
C
δ
Calor específico por unidade de volume e
K Condutividade térmica do material
r
Tensão de relaxação
T
α
Coeficiente de expansão térmica
T
E
Módulo de Young a temperatura constante
T Temperatura absoluta
A Massa efetiva por unidade de comprimento
Y Deslocamento de discordância medida da posição de equilíbrio
B Constante de amortecimento viscoso
C Tensão no material
B Vetor de Burgers
N
L Comprimento médio de um loop de discordâncias entre dois pontos
C
L
Comprimento médio de discordâncias fixadas entre duas impurezas
E Módulo de Elasticidade
G
Módulo de Cisalhamento
σ
Tensão,
τ
Tensão cisalhante
9
ε
Deformação linear
φ
Deformação de cisalhamento
Ψ Diferença de fase
G Módulo de cisalhamento
H Espessuras
D Distância entre os planos neutros da viga composta
K (EH) Rigidez extensional
φ
Ângulo flexural da placa base
ψ
Deformação cisalhante da camada média
g Parâmetro de cisalhamento
η Fator de amortecimento da viga composta
β Fator de perda da camada média
ν Coeficiente de Poisson
ξ Coeficiente de amortecimento
T
60
Tempo de reverberação
f
n
Freqüência natural
U, V Vetores de amplitude de deslocamento
F Vetor de amplitude de carregamento
M Matriz de massa
C Matriz de amortecimento
K Matriz de rigidez
10
Lista de Figuras
Figura 1.1 Compressor em corte. ...................................................................... 19
Figura 2.1 Frentes de onda de uma onda acústica plana gerada por uma onda de
flexão na placa. (MEAD, D. J., Passive Vibration Control, John Wiley & Sons,
Chichester, UK, 1998).................................................................................... 28
Figura 2.2 Mecanismos de Bombeamento (NASHIF, D. A., JONES, D. I. G.,
HENDERSON, J. P., Vibration Damping, John Wiley & Sons, Inc. New York,
1985).............................................................................................................. 31
Figura 2.3 Viga fixada à placa. (MAIDANIK, G., Energy Dissipation Associated with
Gas-Pumping in Structural Joints, The Journal of Acoustical Society of
America, Vol. 40 Number 5, pp. 1064-1072, 1966). ....................................... 32
Figura 2.4 Experimento de Fox e Whitton. (FOX, M. J. H., WHITTON, P. N., The
Damping of Structural Vibration by Thing Gas Films, Journal of Sound and
Vibration, Vol. 73 (2), pp. 279-295, 1980). ..................................................... 34
Figura 2.5 Laço histerético não-linear típico. (LAZAN, B. J., Damping of Materials
and Members in Structural Mechanics, First Edition, Pergamon Press,
England, 1968)............................................................................................... 36
Figura 2.6 Posições dos átomos em torno de uma discordância. (CALLISTER, W.
D. JR, Materials Science and Engineering an Introduction, Fourth Edition,
Wiley & Sons, Inc., 1997)............................................................................... 41
Figura 2.7 Deslocamento de Discordância Y.(GRANATO, A. V., Internal Friction
Studies of Dislocations, American Society for Testing and Materials, Sixty
Seventh Annual Meeting, pp. 89-109, 1964).................................................. 42
Figura 2.8 Movimentos de discordâncias. (GRANATO, A. V., Internal Friction
Studies of Dislocations, American Society for Testing and Materials, Sixty
Seventh Annual Meeting, pp. 89-109, 1964).................................................. 43
Figura 2.9 Deformação associada com movimentos de discordâncias no modelo
de corda vibrante. (LAZAN, B. J., Damping of Materials and Members in
Structural Mechanics, First Edition, Pergamon Press, England, 1968) .......... 44
Figura 2.10 Cadeias moleculares em materiais viscoelásticos. (FERRY, J. D.,
Viscoelastic Properties of Polymers, Third Edition, John Wiley & Sons, Inc.
New York, 1980) ............................................................................................ 45
Figura 2.11 Relação entre a tensão e a deformação para um sólido elástico
sem dissipação. (JONES, D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley
& Sons, LTD, Chichester, 2001)..................................................................... 46
Figura 2.12 Relação entre a tensão e a deformação para um sólido
viscoelástico. (JONES, D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley &
Sons, LTD, Chichester, 2001) ........................................................................ 46
Figura 2.13 Comportamento de materiais viscoelásticos. (JONES, D.I.G,
Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)50
Figura 2.14 Placa sanduíche – esquema de espessuras e planos neutros. ......... 52
11
Figura 2.15 Elemento de uma placa composta em vibração flexural (ROSS, D.,
UNGAR, E. E., KERWIN, E. M. Jr., Damping of Flexural Vibrations by Means
of Viscoelastic Laminae, Structural Damping, ASME, New York, 1959) ........ 52
Figura 2.16 Revestimento de material viscoelástico de camada livre. (JONES,
D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester,
2001).............................................................................................................. 57
Figura 2.17 Variação do fator de amortecimento com a razão de espessuras H
2
/H
1
.
(JONES, D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD,
Chichester, 2001)........................................................................................... 58
Figura 2.18 Efeito do aumento do módulo elástico do material viscoelástico no
fator de amortecimento de uma chapa sanduíche. ........................................ 63
Figura 2.19 Efeito do aumento da espessura do material viscoelástico no fator de
amortecimento de uma chapa sanduíche. ..................................................... 63
Figura 2.20 Efeito do aumento do fator de amortecimento do material viscoelástico
no fator de amortecimento de uma chapa sanduíche. ................................... 64
Figura 2.21 Fator de amortecimento modal para o Sonoston™. (JONES, D.I.G,
Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)65
Figura 2.22 Microestrutura do FOAMINAL. ........................................................... 66
Figura 2.23 Comparativo do potencial de amortecimento do FOAMINAL e outros
materiais. (Cortesia: IFAM FHG).................................................................... 66
Figura 2.24 Coeficiente de absorção acústica do alumínio poroso versus o
alumínio fornecido. (Cortesia: IFAM FHG) ..................................................... 67
Figura 2.25 Materiais Compósitos. (NASHIF, D. A., JONES, D. I. G.,
HENDERSON, J. P., Vibration Damping, John Wiley & Sons, Inc. New York,
1985).............................................................................................................. 67
Figura 2.26 Diagrama esquemático de um plano atômico com maclas ou twin
boundaries. (CALLISTER, W. D. JR, Materials Science and Engineering an
Introduction, Fourth Edition, Wiley & Sons, Inc., 1997) .................................. 68
Figura 2.27 Comparativo entre curvas de histerese para Poliuretano e Poliuretano
com 20% de Ni-Mn-Ga composto. (FEUCHTWANGER, J., MICHAEL, S.,
JUANG, J., BONO, D., O’HANDLEY, R. C., ALLEN, S. M., JENKINS, C.,
Energy Absorption in Ni-Mn-Ga-polymer Composites, Journal of Applied
Physics, Vol. 93, Number 10, 2003.).............................................................. 69
Figura 3.1 Diagrama esquemático da medição por decaimento de vibrações. ..... 77
Figura 3.2 Método da banda de meia potência. .................................................... 78
Figura 3.3 Tiras laminadas. De cima para baixo chapa de 3 mm, chapa de 2,5 mm
e chapa de 2,0 mm. ....................................................................................... 79
Figura 3.4 Fios de linha suspendendo a chapa nas linhas nodais de um dos modos
de vibração..................................................................................................... 80
Figura 3.5 Detalhe do posicionamento do microfone para evitar efeitos do
movimento de corpo rígido da placa nas medições de pressão sonora......... 80
Figura 3.6 Impactação das chapas de aço............................................................ 81
Figura 3.7 Sinal de decaimento de vibração para uma chapa......................... 82
Figura 3.8 Sinal de decaimento em LOG LOG e resultados fornecido para um
modo da placa................................................................................................ 82
Figura 3.9 Efeito da redução de espessura no fator de amortecimento. ............... 86
12
Figura 4.1 Placa sanduíche: modelo de elementos finitos. (BALMES, E., GERMES,
S., Tools for Viscoelastic Damping Treatment Design. Application to an
Automotive Floor Panel, ISMA 2002) ............................................................. 88
Figura 4.2 Conectividade dos elementos do modelo de elementos finitos de uma
viga sanduíche. (BALMES, E., GERMES, S., Tools for Viscoelastic Damping
Treatment Design. Application to an Automotive Floor Panel, ISMA 2002.) .. 89
Figura 4.3 Modelo de elementos finitos para uma viga sanduíche típico do
software VIOLINS. ......................................................................................... 93
Figura 4.4 Comparação entre os resultados obtidos para uma chapa de aço
modelada por elementos de casca clássicos e por elementos sólido-casca,
disponíveis no pacote VIOLINS. .................................................................... 94
Figura 4.5 Resposta de uma viga sanduíche obtida por ANSYS e VIOLINS. ....... 96
Figura 4.6 Topologia do elemento SOLSH190...................................................... 98
Figura 4.7 Comparativo entre elementos para uma análise estática linear com
espessura normalizada (t/L- espessura sobre largura – 0.001). .................... 98
Figura 4.8 Modelo de elementos finitos para viga sanduíche – ANSYS 9.0. ...... 100
Figura 4.9 Comparativo final entre modelos de elementos finitos: VIOLINS vs.
ANSYS 9.0................................................................................................... 101
Figura 4.10 Diagrama de blocos do experimento................................................ 102
Figura 4.11 Experimento de Impactação para validação. ................................... 103
Figura 4.12 Detalhe da impactação e da incidência do feixe de laser................. 104
Figura 4.13 Posições de impactação e de medição das respostas..................... 104
Figura 4.14 Efeito do acelerômetro na resposta da viga sanduíche.................... 105
Figura 4.15 Viga Sanduíche – Modelo de elementos finitos. .............................. 107
Figura 4.16 Condições de Contorno – Carga F e Engaste na extremidade. ....... 107
Figura 4.17 Camadas da viga sanduíche no modelo de Elementos Finitos........ 108
Figura 4.18 Orientação da viga nos eixos coordenados. .................................... 109
Figura 4.19 Comparativo experimental-numérico para o ponto 1........................ 110
Figura 4.20 Comparativo experimental-numérico para o ponto 2........................ 110
Figura 4.21 Comparativo experimental-numérico para o ponto 3........................ 111
Figura 4.22 Aumento do percentual de área de revestimento............................. 113
Figura 4.23 Efeito do aumento percentual da área de cobertura na resposta da
viga............................................................................................................... 114
Figura 4.24 Variação da posição do revestimento. ............................................. 115
Figura 4.25 Efeito do deslocamento do revestimento na placa de aço. .............. 115
Figura 4.26 Cisalhamento do material viscoelástico. .......................................... 116
Figura 4.27 Aumento descontínuo de área de revestimento em posições de
interesse....................................................................................................... 117
Figura 4.28 Revestimento descontínuo da viga base.......................................... 117
Figura 4.29 Revestimento em porções discretas 0-700 Hz................................. 118
Figura 4.30 Revestimento em porções discretas 700-1700 Hz........................... 118
Figura 4.31 Comparativo de aplicação de revestimento para 60% de cobertura.119
Figura 4.32 Eficiência do tratamento em porções definidas da viga. .................. 120
Figura 5.1 Engaste da viga e posicionamento dos transdutores......................... 123
Figura 5.2 Posicionamento do conjunto no forno e posição dos termopares. ..... 124
Figura 5.3 Experimento em andamento. ............................................................. 125
Figura 5.4 Detalhe dos Equipamentos. ............................................................... 125
13
Figura 5.5 Resposta da Viga PCX9 para várias temperaturas............................ 126
Figura 5.6 Resposta para a viga base que compõe o sanduíche PCX9. ............ 127
Figura 5.7 Comparativo entre a resposta da viga base e as respostas da viga
sanduíche..................................................................................................... 128
Figura 5.8 Solenóide de impactação com transdutor de força. ........................... 131
Figura 5.9 Detalhe da posição do acelerômetro.................................................. 132
Figura 5.10 Diagrama do experimento. ............................................................... 133
Figura 5.11 Foto da medição............................................................................... 133
Figura 5.12 Viga sanduíche formada pela aderência da fita de tratamento à viga
base. ............................................................................................................ 134
Figura 5.13 Fator de amortecimento normalizado em função da freqüência a
20°C. ............................................................................................................ 135
Figura 5.14 Fator de amortecimento normalizado em função da freqüência a
60°C. ............................................................................................................ 136
Figura 5.15 Fatores de perda para o primeiro modo da viga – 250 Hz. .............. 137
Figura 5.16 Fatores de perda para o segundo modo da viga – 500 Hz. ............. 138
Figura 5.17 Fatores de perda para o terceiro modo da viga – 800 Hz. ............... 138
Figura 5.18 Fatores de perda para o quarto modo da viga – 1200 Hz................ 139
Figura 5.19 Fatores de perda para o quinto modo da viga – 1700 Hz. ............... 139
Figura 5.20 Fatores de perda para o sexto modo da viga – 2200 Hz.................. 140
Figura 5.21 Fatores de perda para o sétimo modo da viga – 2900 Hz................ 140
Figura 5.22 Fatores de perda para o oitavo modo da viga – 3600 Hz................. 141
Figura 5.23 Fatores de perda para o nono modo da viga – 4500 Hz. ................. 141
Figura 5.24 Fatores de perda para o décimo modo da viga – 5400 Hz............... 142
Figura 5.25 Fatores de perda para o undécimo modo da viga – 6400 Hz........... 142
Figura 5.26 Fatores de perda para o duodécimo modo da viga – 7500 Hz......... 143
Figura 5.27 Fatores de perda para o décimo terceiro modo da viga – 8600 Hz.. 143
Figura 5.28 Fatores de perda para o décimo quarto modo da viga – 9800 Hz. .. 144
Figura 6.1 Estágios de revestimento da carcaça................................................. 148
Figura 6.2 Fator amortecimento em função da freqüência, medido na tampa do
compressor. ................................................................................................. 151
Figura 6.3 Gráfico do amortecimento em função da freqüência, medido no fundo
do compressor. ............................................................................................ 151
Figura 6.4 Primeiro e Segundo modos laterais da carcaça do compressor
RSNPAX. ..................................................................................................... 153
Figura 6.5 Terceiro modo da lateral do compressor RSNPAX. ........................... 154
Figura 6.6 Primeiros modos da tampa e do fundo do compressor RSNPAX. ..... 154
Figura 6.7 Redução da potência sonora em dBA com o aumento gradativo do
amortecimento do sistema para o compressor RSNPAX............................. 155
Figura 6.8 Modo lateral para do compressor RSNPAY. ...................................... 156
Figura 6.9 Redução da potência sonora em dBA com o aumento gradativo do
amortecimento do sistema para o compressor RSNPAY............................. 157
14
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 Fatores de Amortecimento: mecanismo de bombeamento. ................ 33
Tabela 2.2 Influência da pressão no mecanismo de bombeamento. .................... 35
Tabela 2.3 Perda de energia para variados compostos poliméricos e magnéticos70
Tabela 2.4 Fatores de amortecimento para diversos metais................................. 71
Tabela 2.5 Fatores de amortecimento para alguns materiais poliméricos ............ 72
Tabela 2.6 Fatores de amortecimento para alguns materiais cerâmicos .............. 72
Tabela 2.7 Valores típicos para fatores de amortecimento em carcaças de
compressores herméticos. ............................................................................. 72
Tabela 3.1 Resultados de fatores de perda modais para as chapas de 3 mm
de espessura. ............................................................................................... 83
Tabela 3.2 Resultados de fatores de perda modais para as chapas de 2,5 mm
de espessura. ............................................................................................... 83
Tabela 3.3 Resultados de fatores de perda modais para as chapas de 2 mm de
espessura....................................................................................................... 84
Tabela 3.4 Resultados de fatores de perda modais para a chapa de 2,5mm de
espessura tratada termicamente.................................................................... 84
Tabela 3.5 Valores médios modais para os fatores de amortecimento das chapas.
....................................................................................................................... 85
Tabela 4.1 Instrumentação para o experimento.................................................. 102
Tabela 4.2 Especificação das vigas sanduíche. (Fonte: MSC) ........................... 105
Tabela 4.3 Erros percentuais devido ao efeito de massa do acelerômetro. 106
Tabela 4.4 Coordenadas dos pontos de excitação (força) e dos pontos de medição
(resposta)..................................................................................................... 109
Tabela 4.5 Resumo comparativo: Revestimento contínuo e descontínuo........... 120
Tabela 4.6 Resumo comparativo: Revestimento 60% vs. 48% de cobertura...... 121
Tabela 4.7 Resumo comparativo: Razão de área de cobertura. ......................... 121
Tabela 5.1 Lista de Instrumentação. ................................................................... 123
Tabela 5.2 Fatores de amortecimento e freqüências centrais de banda da viga
sanduíche..................................................................................................... 129
Tabela 5.3 Freqüências naturais da viga base de 0,55mm................................. 129
Tabela 5.4 Fitas de revestimento formadas por metal e material viscoelástico... 134
Tabela 6.1 Redução de ruído irradiado (dBA) – tratamento AA. ......................... 149
Tabela 6.2 Redução de Ruído Irradiado em dB – tratamento com fita BA.......... 152
15
Resumo
A carcaça de um compressor hermético é o principal irradiador das
vibrações internas do compressor. Todos os caminhos de transmissão de
vibrações têm como fronteira final a carcaça do compressor. Assim, todo o ruído
resultante é irradiado pela carcaça. O aumento do amortecimento estrutural é um
importante aliado para a redução do ruído irradiado por uma superfície. Uma das
principais maneiras de se aumentar amortecimento em uma superfície radiante é o
uso de materiais de alto amortecimento.
A maneira utilizada neste trabalho para introduzir amortecimento estrutural
foi a utilização de materiais viscoelásticos em configuração sanduíche. Através de
procedimentos experimentais e modelos de elementos finitos foi determinada uma
metodologia para redução de ruído por meio da aplicação de tais materiais de
amortecimento.
16
Abstract
Hermetic compressor’s shell is the main radiator of the noise and vibration
inner to the compressor. All compressors’ transmission paths reach a final frontier
in the shell. For that reason all resulting noise is radiated by the shell surface.
Structural damping increasing is an important ally for surface radiated noise
reduction. One of the main techniques to increase structural damping is the use of
high damping materials.
This work made use of viscoelastic sandwich materials for structural
damping increasing in compressor shells. By means of experimental and finite
element procedures the final issue of this work was a methodology for noise
reduction due to the application of such damping materials.
17
Capítulo 1 - Introdução
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
18
CAPÍTULO 1
1 Introdução
O crescente avanço nas pesquisas em compressores herméticos mostra
uma incessante busca no sentido de conferir ao compressor, qualidade suficiente
para atender às necessidades do mercado internacional. Estas necessidades, que
podem ser definidas melhor como exigências do consumidor e estão
compreendidas nos seguintes grupos: segurança, confiabilidade, durabilidade,
eficiência, custo e baixos níveis de vibrações e ruído. Atualmente as pesquisas em
compressores herméticos estão direcionadas para os seguintes objetivos –
eficiência energética e redução de ruído e vibrações.
Ruídos gerados em refrigeradores domésticos, refrigeradores comerciais,
balcões frigoríficos, máquinas de refrigerantes, condicionadores de ar, freezers e
outros sistemas que utilizam compressores herméticos tornaram-se parâmetros
muito cruciais na escolha de tais sistemas pelos clientes. Assim sistemas mais
silenciosos são preferidos pelos consumidores, uma vez que o ruído gerado se
torna uma fonte de desconforto e stress.
Certamente a eficiência energética do compressor é também um parâmetro
crucial de compra dos consumidores. Compressores com maior eficiência
possuem maior desempenho e menor consumo de energia.
Capítulo 1 - Introdução
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
19
O LVA, Laboratório de Vibrações e Acústica da Universidade Federal de
Santa Catarina, há vários anos, tem desenvolvido estudos de fontes de ruído e
vibrações em compressores herméticos e caminhos de transmissão da energia
sonora e vibratória para a carcaça [22], [23]. A Figura 1.1 Mostra o esquema de
um compressor hermético em corte.
Figura 1.1 Compressor em corte.
Os compressores herméticos são geralmente constituídos de um conjunto
interno, que contém um motor elétrico e um compressor alternativo de único
pistão, ligado à carcaça através de uma suspensão de quatro molas inferiores,
parcialmente mergulhadas em lâmina de óleo lubrificante, e através do tubo de
descarga.
Capítulo 1 - Introdução
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
20
Para um compressor hermético as principais fontes internas de ruído e
vibrações são [22], [23] e [27]:
¾ Compressão do gás no interior do cilindro:
as variações de pressão
no cilindro excitam o conjunto moto-compressor gerando vibrações
no sistema.
¾ Forças eletromagnéticas no estator:
o fluxo magnético no motor
elétrico produz excitações magnéticas que geram vibrações no
conjunto moto-compressor.
¾ Folgas internas:
as folgas entre as partes móveis do compressor,
encontradas principalmente no conjunto pistão-biela-eixo, provocam
impactos que geram vibração no bloco do compressor.
¾ Vibrações transmitidas pelo sistema de descarga:
com a abertura da
válvula de descarga, o sistema de descarga é submetido a uma
excitação do tipo pulsante com conteúdo de freqüência concentrado
na freqüência de vibração do eixo.
¾ Vibrações transmitidas pelo óleo lubrificante:
os movimentos das
espiras das molas de suspensão e o contado da fiação de cobre do
estator, imersos no óleo de lubrificação, transmitem vibrações à
carcaça.
¾ Pulsação do gás no muffler (filtro acústico) de sucção:
a pulsação do
gás no sistema de sucção excita acusticamente a massa de gás que
ocupa o espaço entre a carcaça e o conjunto moto-compressor,
denominada de cavidade.
Capítulo 1 - Introdução
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
21
Além de se conhecer as fontes de ruído e vibrações é também muito
importante identificar os principais caminhos de transmissão de ruído no
compressor. Os principais caminhos de transmissão estão listados abaixo [22],
[23] e [27]:
¾ Molas da suspensão que transmitem as vibrações do sistema moto-
compressor para a carcaça;
¾ Cavidade, que transmite a pulsação do filtro acústico (muffler) de
sucção e a radiação sonora do conjunto moto-compressor para a
carcaça através do campo acústico nela formado.
¾ Tubo de descarga que transmite as vibrações do bloco para a
carcaça.
¾ Irradiação dos componentes para carcaça.
¾ Óleo de lubrificação.
A carcaça do compressor é o único radiador de ruído para o meio externo.
Todos os caminhos de transmissão de ruído e vibrações convergem para a
carcaça, que é excitada por forças concentradas (molas da suspensão e tubo de
descarga) e por forças distribuídas que correspondem à pressão do campo
acústico formado na cavidade. Por causa dessa característica torna-se necessário
definir o comportamento da carcaça visando minimizar a absorção da energia
sonora e maximizar a dissipação de energia vibratória através do amortecimento
estrutural e da simetria da carcaça. É importante adicionar amortecimento
estrutural à carcaça porque o material com o qual é fabricada (aço), por si só não
é capaz de absorver significativamente as energias acústica e vibratória.
Capítulo 1 - Introdução
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
22
O objetivo desta dissertação consiste em encontrar a melhor maneira de se
conferir ao material da carcaça, ou à carcaça em si, capacidade dissipativa
superior à sua condição atual através do estudo do amortecimento da carcaça,
mecanismos dissipativos e materiais de alta capacidade de amortecimento.
Também é estudada a aplicação destes materiais em compressores herméticos.
Após realizar uma investigação minuciosa sobre mecanismos de amortecimento
em metais e outros materiais o mecanismo selecionado para o estudo desta
dissertação foi o mecanismo de dissipação por meio de materiais viscoelásticos
em configuração sanduíche. O multilayer aderido à carcaça resulta em aumento
do amortecimento estrutural o que diminui a energia sonora radiada.
O Capítulo 2 desta dissertação apresenta uma revisão bibliográfica
detalhada sobre o fenômeno de amortecimento, incluindo mecanismos de
amortecimento em metais e outros materiais. Neste Capítulo também pode ser
encontrada uma tabela com valores de fator amortecimento, conceito que será
introduzido neste mesmo Capítulo, para vários materiais.
O Capítulo 3 descreve um estudo experimental que mostra o efeito da
deformação plástica no fator de amortecimento em metais.
No Capítulo 4 será detalhado o procedimento matemático em Elementos
Finitos utilizados para modelar o comportamento vibro-acústico de materiais
viscoelásticos sanduiche. A parte final do Capítulo 4 é dedicada à validação
experimental do modelo numérico. Neste mesmo Capítulo há uma breve
discussão sobre softwares comerciais utilizados para modelar a viga sanduíche.
No Capítulo 5 são apresentadas metodologias experimentais para
medições de amortecimento em vigas sanduíche. As medições são realizadas
Capítulo 1 - Introdução
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
23
fazendo uso de vários materiais de amortecimento a partir de amostras enviadas
por fornecedores. Os efeitos dos parâmetros freqüência e temperatura são
abordados experimentalmente no Capítulo.
O Capítulo 6 descreve a aplicação da tecnologia desenvolvida em carcaças
de compressores herméticos produzidos pela EMBRACO, S.A., mostrando na
prática todo o potencial da utilização destes materiais.
Finalmente no Capítulo 7 são apresentadas as conclusões e sugestões
para trabalhos futuros.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
24
CAPÍTULO 2
2 Revisão Bibliográfica
Este Capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre amortecimento em
sistemas mecânicos e mecanismos de amortecimento. Finalmente o foco desta
seção é o amortecimento que ocorre em materiais viscoelásticos e em materiais
viscoelásticos em configuração sanduíche.
2.1 Amortecimento
Crandall [1] define o amortecimento como a retirada de energia de um
sistema vibrante, que pode ser transmitida para fora do sistema através de
mecanismos de radiação ou pode ser dissipada internamente no sistema.
Vibrações resultam da contínua e repetitiva conversão da energia cinética em
potencial e vice-versa. Para um sistema vibrante livre a perda de energia devida
ao amortecimento provoca o decaimento de vibrações.
O fator de perda η, também conhecido como fator de amortecimento, é
definido como a razão entre a energia dissipada por radiano e o pico de energia
potencial (ou a máxima quantidade de energia armazenada durante o ciclo)
conforme a expressão [1]:
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
25
η
π
=
2
W
V
(2.1)
onde:
W é a energia perdida por ciclo,
V é o pico de energia potencial,
η
é o fator de amortecimento.
O fator de amortecimento
η
quantifica o amortecimento de um sistema
mecânico bem como a dissipação interna de fluidos, metais, polímeros, materiais
viscoelásticos entre outros.
Há um grande número de mecanismos de dissipação que ocorrem
internamente a um elemento de material quando este é deformado ciclicamente.
Todos esses mecanismos estão associados com reconstituições ou reconstruções
internas da microestrutura e/ou da macroestrutura, com efeitos em escala da
ordem do retículo do cristal até efeitos em escala molecular. Há também efeitos
magnéticos e térmicos. Todos os materiais dissipam energia quando submetidos a
esforços cíclicos.
As seções seguintes dedicam-se à revisão dos mecanismos de
amortecimento presentes em sistemas físicos e avaliar o potencial destes
mecanismos para o incremento do amortecimento estrutural da carcaça de um
compressor hermético.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
26
2.2 Mecanismos Externos de Amortecimento
Os mecanismos externos de dissipação são aqueles que não são inerentes
ao material do sistema mecânico, e sim devidos ao meio que circunda o sistema
vibrante ou ainda, por atrito de Coulomb.
Os mecanismos externos de amortecimento abordados neste trabalho são:
radiação acústica, dissipação por bombeamento, dissipação por atrito de Coulomb
e amortecimento em juntas.
2.2.1 Radiação Acústica
Nashif [2] descreve que a resposta de uma estrutura sempre está
relacionada com o meio em que ela se encontra, ou seja, há sempre um
acoplamento com o fluido, ou meio, que a circunda. O meio mais comum é o ar,
mas outros meios podem estar circundando o sistema mecânico como óleo, outros
gases, água ou outros líquidos. Esse acoplamento pode fazer variar as
características da resposta do sistema. Em alguns casos esta variação pode ser
muito importante em termos de emissão de ruído e, ocasionalmente, alterar as
freqüências e modos naturais de vibração. O efeito de amortecimento do meio
depende de muitos fatores incluindo densidade, velocidade do som no meio,
massa e rigidez características da estrutura.
A configuração mais simples de superfície radiante é uma placa infinita
imersa em um meio de densidade
ρ
a
, vibrando com uma velocidade uniforme
==
0
(,,)
iwt
pp p
v v xyt v e
[3]. Para um meio infinito a onda acústica radiada é uma
onda plana com superfícies de frentes de onda paralelas com a amplitude
0
p
v
.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
27
ω
=
0
(,,,) ()
it
pxyzt p ze
ρ
ω
=
0
(,,,) exp[( )]
aap a
pxyzt cv i t kz
Considerando um sistema de eixos cartesianos no qual x e y representam o
plano da placa e z o eixo perpendicular a este mesmo plano, a pressão sonora no
meio é definida por:
(2.2)
(2.3)
onde
ρ
a
é a densidade do meio,
a
c é a velocidade do som no meio,
a
k é o número de onda
ω
a
c
,
ω
é a freqüência, em rad/s.
Mead [3] mostra que a pressão local está em fase com a velocidade local,
sendo proporcional e oposta a ela, constituindo uma força de amortecimento de
ρ
0aap
cv
por unidade de área. A quantidade
ρ
aa
c é a impedância característica do
meio e está diretamente relacionada ao amortecimento acústico.
A placa da Figura 2.1 considera uma onda plana de flexão que se propaga
ao longo da placa, na direção x, com velocidade
=
0
(,) exp[( )]
pp f
vxt v iwtkx, onde
f
k
é o número de onda (
ω
f
c
) de uma onda flexural e
f
c
é a velocidade da onda de
flexão.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
28
Ocorre radiação desde que a freqüência exceda a freqüência de
coincidência da placa. A direção de propagação é inclinada à superfície em um
ângulo
θ
.
Figura 2.1 Frentes de onda de uma onda acústica plana gerada por uma onda de flexão na
placa. (MEAD, D. J., Passive Vibration Control, John Wiley & Sons, Chichester, UK, 1998).
Da Figura 2.1 pode-se observar que:
O comprimento de onda é:
(2.4)
e o número de onda acústico é:
(2.5)
Assim:
ω
ω
==,
f
af
a
kk
cc
e
θ
=cos
f
a
c
c
.
A condição para que exista radiação sonora em uma placa infinita é que
cos 1
θ
< ,ou seja, somente para freqüências maiores que a freqüência acústica de
coincidência ocorre a radiação. Abaixo desta freqüência a placa não consegue
irradiar energia sonora, não sendo, portanto, acusticamente amortecida.
λ
λθ
=
cos
af
θ
=
cos
af
kk
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
29
ρ
=
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
0
2
(,,,)
1
f
aap
a
cv
pxyzt
c
c
ρθω
ρθρ
η
σ
πρ ωρ ρ
=⋅ = =
2
0
22
00
cosec ( )
cosec
1
2()2 ()
aa p
aa aa
acústico rad
pp p pp
cv
cc
vh h vh
Quando ocorre a radiação a velocidade acústica de partícula é unicamente
na direção de propagação
θ
. A pressão de amortecimento na placa é definida por
[3]:
(2.6)
Em freqüências próximas à freqüência de coincidência
f
a
cc
e a
superfície de pressão torna-se muito grande. Utilizando-se o conceito de fator de
amortecimento introduzido na Equação 2.1, onde o fator de perda é a razão entre
a energia dissipada por ciclo e a máxima energia da placa, o fator de
amortecimento acústico
η
acústico
pode ser definido como [3]:
(2.7)
onde
ρ
p
é a densidade da placa,
h é a espessura da placa,
ρ
p
h é a massa da placa por unidade de área,
σ
rad
é a eficiência de radiação.
Clarkson, B. L. e Brown, T. K. [4] estudaram o fenômeno de dissipação
acústica em uma chapa de alumínio e quantificaram os fatores de amortecimento
do material da placa e o fator de amortecimento acústico. Uma placa de alumínio
de área 0,4005 m
2
, perímetro, 2,68 m e espessura 0,00164 m, em uma câmara
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
30
reverberante de 3m de diâmetro, foi montada em uma estrutura de 2,55 m por
1,80 m. A chapa de alumínio foi excitada por um shaker em ar e em vácuo. O fator
de perda η estrutural da chapa obtido nas duas condições de atmosfera, ar e em
vácuo, foi praticamente o mesmo e da ordem de 1x10
-3
a 1x10
-2
de 0 a 2200 Hz.
Em altas freqüências foram obtidas diferenças, ainda que pequenas, no fator de
perda da estrutura imersa em ar com relação aos resultados obtidos no vácuo.
Estas diferenças podem ser explicadas pelo acoplamento da estrutura com o
meio. Quanto maior a densidade do meio maior a perda por radiação. Da mesma
forma, quanto maior a freqüência mais se torna efetiva a perda por irradiação
acústica. Nestas condições, portanto, a resposta da placa de alumínio é afetada,
ainda que em pequena magnitude pelo meio que a envolve. O fator de perda
η
acústico
devido ao mecanismo de radiação acústica medido é da ordem de 1x10
-4
a
1x10
-3
, praticamente 100 vezes menor que o fator de perda estrutural da chapa.
2.2.2 Dissipação por Bombeamento
Nashif [2] aborda o fenômeno de dissipação por bombeamento de forma
linear. Tal abordagem é bem simplificada e não pode ser diretamente estendida a
todos os fenômenos de engenharia, mas pode dar uma idéia do mecanismo de
dissipação e a dependência de alguns parâmetros.
A Figura 2.2 mostra uma estrutura com uma camada de ar limitada por
duas superfícies. Se a estrutura é excitada e passa a vibrar, a camada de ar sofre
compressões e rarefações alternadas devido ao movimento relativo do painel
inferior, resultando em um incremento de pressão
ω
it
Pe que é proporcional a
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
31
este movimento relativo, dado principalmente pelo movimento do painel,
ω
(, )
it
Wxye .
Figura 2.2 Mecanismos de Bombeamento (NASHIF, D. A., JONES, D. I. G., HENDERSON, J. P.,
Vibration Damping, John Wiley & Sons, Inc. New York, 1985).
Se o ar retido entre as superfícies é totalmente encapsulado não ocorre
dissipação de energia. Se houverem, entretanto, quaisquer vazamentos o
incremento de pressão passa a ser
ω
ε
+
it
Pe
, onde
ε
é o ângulo de fase resultante
das perdas através do vazamento. Para um escoamento laminar, assumindo
compressão adiabática (
γ
=pV cte), p sendo a pressão instantânea e
V
o volume
instantâneo, e ainda que a taxa de fluxo
ν
através da área de vazamento
L
S
é
proporcional a
P
em cada instante
ω
ν
α
=∆
it
Pe . A constante de
proporcionalidade
α
depende dos caminhos do fluxo nos vazamentos e não pode
ser diretamente calculada.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
32
Nashif mostra que o amortecimento resultante é proporcional a
ω
2
1
, o que
implica que para altas freqüências o mecanismo se torna menos eficiente.
Maidanik [5] Apresentou uma análise de amortecimento por bombeamento
de gás em um sistema placa-viga, unido em vários pontos (rebites, parafusos ou
pontos de solda). Neste sistema os gradientes de pressão são resultantes dos
movimentos flexurais entre as superfícies adjacentes da placa e da viga. Os
parâmetros da dinâmica do sistema foram determinados estatisticamente
possibilitando a simplificação da análise. A Figura 2.3 ilustra o sistema viga-placa
estudado. Maidanik mostra que o amortecimento por bombeamento de gás é
função da freqüência de vibração, da freqüência crítica da placa, da pressão
ambiente, da impedância da placa, da razão da área da viga pela área da placa,
largura da viga e da distância de separação entre a viga e a placa.
Figura 2.3 Viga fixada à placa. (MAIDANIK, G., Energy Dissipation Associated with Gas-
Pumping in Structural Joints, The Journal of Acoustical Society of America, Vol. 40 Number
5, pp. 1064-1072, 1966).
Maidanik [5] apresentou resultados de um experimento realizado em uma
placa de alumínio (1,6 x 508 x 356) mm, à qual estava fixada uma viga de alumínio
de (6,35 x 25,4 x 432) mm, unida por parafusos espaçados 76 mm. O conjunto foi
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
33
colocado em uma câmara de vácuo na qual a pressão variava de 760mmHg (1
atm) até 1 mmHg. O fatores de perda
η
bombeamento
foram obtidos para várias
pressões e para freqüências variando até 10 kHz. O fluido utilizado foi o ar. Os
resultados apresentados na tabela 2.1 mostram a magnitude do fator de perda do
mecanismo de bombeamento.
Tabela 2.1 Fatores de Amortecimento: mecanismo de bombeamento.
Em uma abordagem não tão estatística, Fox e Whitton [6] trabalharam o
mesmo mecanismo de maneira mais detalhada. Estudaram o mecanismo de
dissipação por bombeamento partindo da teoria de filmes finos a partir da
Equação clássica de Reynolds. “Finos” significam que a espessura da camada de
gás é muito menor que as suas outras dimensões e ainda muito menor que o
comprimento de onda do som no fluido na freqüência de interesse. Sob essa
condição pode-se considerar que a pressão não varia na seção transversal da
camada de fluido. Unidos à teoria dos filmes finos, uma Equação para interação
fluido-estrutura foi apresentada considerando também os efeitos térmicos.
O experimento determinou o amortecimento dos primeiros modos de
vibração para uma placa fina mantida a uma pequena distância de uma placa bem
mais espessa conforme mostra a Figura 2.4.
frequência 1kHz 4kHz 2kHz 6,3kHz 10kHz
η
bombeamento
1,50E-03 9,00E-03 3,00E-02 5,00E-03 3,00E-03
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
34
Figura 2.4 Experimento de Fox e Whitton. (FOX, M. J. H., WHITTON, P. N., The Damping of
Structural Vibration by Thing Gas Films, Journal of Sound and Vibration, Vol. 73 (2), pp. 279-295,
1980).
Uma placa de aço de 3 mm foi montada em uma placa base, também de
aço, com 10 mm de espessura. A folga, ou espaço, entre as chapas foi mantida
por espaçadores com diferentes espessuras. Para reduzir a perda de energia do
sistema, as placas foram suspensas por dois fios finos. A vibração da chapa foi
medida por um acelerômetro ENDEVCO 2222B. A força dinâmica foi aplicada por
um shaker monitorado por um transdutor de força B&K 8200.
A faixa de freqüência de medição estendeu-se de 50 Hz a 350 Hz. Os
experimentos foram conduzidos em ambiente de pressão variando de 0,01 bar a
20 bar, e também variando as espessuras dos espaçamentos para explorar a
dependência destas variáveis. Os resultados obtidos para o fator de perda
η
bombeamento
são da ordem de 10
-2
.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
35
Para o primeiro e o segundo modos da chapa com espaçadores os
resultados para o fator do amortecimento são respectivamente,
2
1
7.10
bombeamento
η
=
e
2
2
9.10
bombeamento
η
=
.
O valor da pressão tem grande influência no mecanismo. A tabela 2.2
abaixo mostra os valores de
η
bombeamento
com espaçadores de 0,25mm.
Tabela 2.2 Influência da pressão no mecanismo de bombeamento.
2.2.3 Dissipação por Atrito
O último mecanismo externo de dissipação a ser abordado é o mecanismo
da dissipação por atrito de Coulomb. Jones [7] mostra que quando duas
superfícies em contato deslizam uma sobre a outra as forças de interação são
extremamente complexas já que resultam de um número extremamente grande de
picos e vales microscópicos. A fricção pode ser usada como amortecimento em
sistemas mecânicos e podem ser bastante efetivos, especialmente em altas
temperaturas, onde outros mecanismos não são efetivos ou desejáveis.
2.3 Mecanismos Internos de Amortecimento em Metais
Os mecanismos internos de dissipação são aqueles que ocorrem no interior
dos materiais. Esta seção dedica-se especificamente aos meios de dissipação de
pressão (bar) 1 10 18
η
bombeamento
7,00E-02 7,50E-02 8,00E-02
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
36
energia no interior de materiais metálicos com o objetivo de se avaliar o potencial
dos mecanismos de amortecimento para aplicação em compressores herméticos.
Para facilitar a compreensão dos mecanismos dissipativos é necessário
definir-se o amortecimento em termos de laços de histerese. Nenhum material,
compósito, ou mesmo uma estrutura se comporta de maneira perfeitamente
elástica. Essa afirmação vale mesmo quando níveis muito baixos de tensão são
aplicados. Lazan [8] afirma que a inelasticidade presente em todos os tipos de
carregamento manifesta-se através de uma grande variedade de mecanismos de
dissipação de energia. Assim, em todos os casos, materiais ou sistemas
mecânicos que dissipam energia sob carga cíclica, evidenciam um fenômeno em
comum: a curva cíclica de tensão-deformação forma um laço de histerese. A área
entre dois ramos da curva histerética é proporcional à energia dissipada.
A Figura 2.5 mostra uma curva típica de histerese. A área hachurada em
cada caso representa a energia dissipada pelo amortecimento. Portanto, esta
propriedade ou capacidade de dissipação de energia, é definida como
amortecimento.
Figura 2.5 Laço histerético não-linear típico. (LAZAN, B. J., Damping of Materials and Members
in Structural Mechanics, First Edition, Pergamon Press, England, 1968)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
37
A energia de amortecimento absorvida internamente é geralmente
dissipada sob a forma de calor. Algumas vezes, entretanto, uma pequena parcela
dessa energia pode ser absorvida internamente devido às mudanças estruturais
que surgem do nível de energia do sistema.
Define-se Energia de Amortecimento pela expressão:
(2.8)
Onde D é a energia por unidade de volume por ciclo de carregamento absorvida
por um material macroscopicamente uniforme;
σ
ε
e
são, respectivamente, a
tensão e a deformação no interior do material.
2.3.1 Defeitos Pontuais
A teoria geral para defeitos pontuais foi trabalhada por Nowik [9] do ponto
de vista termodinâmico. O mais simples dos defeitos pontuais é a vacância, que é
a ausência de um átomo no retículo. Outro defeito pontual encontrado em metais é
o átomo intersticial, que ocupa, no retículo, um lugar de proporções reduzidas e
que normalmente não é ocupado. Tais átomos nos interstícios dos metais
introduzem distorções substancialmente maiores que a posição intersticial em que
estão localizados. O terceiro tipo mais comum de defeitos pontuais é a solução
sólida substitucional que ocorre quando átomos de um soluto (elemento de liga)
são adicionados ao material de base de modo que é mantida a estrutura cristalina
sem a formação de novas estruturas [10]. As ligas metálicas, formadas por um
material base de elementos de liga, são o melhor exemplo desse tipo de defeito.
σ
ε
=
Dd
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
38
Um par de impurezas, um par de vacâncias, ou uma impureza associada a
uma vacância, inevitavelmente diminuem a simetria local da rede cristalina
tornando-se possíveis fontes de comportamento anelástico por ocuparem as
posições cristalográficas equivalentes ou sítios do cristal.
2.3.2 Amortecimento em Contorno de Grão
Por estar em um estado relativamente desordenado contornos de grão
apresentam propriedades semelhantes a substancias viscosas. A energia unitária
dissipada no contorno de grão sob tensões cisalhantes e deformações cíclicas é
normalmente maior que a energia dissipada no interior do grão. A fricção interna
associada com o cisalhamento no contorno de grão depende das propriedades de
relaxação do contorno de grão (função da temperatura) e da taxa de deformação
(freqüência).
Miles e Leak [11] mostraram que para o ferro de alta pureza o pico de
amortecimento decresce linearmente com o aumento do diâmetro do grão. Os
resultados desse estudo indicaram que para o mesmo tamanho de grão o
aumento do teor de carbono incorre em aumento do fator de amortecimento.
2.3.3 Termoelasticidade
Sob o ponto de vista macroscópico, quando um material (tipicamente a
prata) é tencionado não uniformemente e rapidamente, são produzidas diferenças
locais de temperatura que dependem dos níveis locais de tensão e do material.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
39
Estes gradientes de temperatura tendem a promover fluxo de calor a menos que a
tensão seja rapidamente aliviada, extinguindo os gradientes. Em vibrações de alta
freqüência, onde o período de oscilação é muito menor que o tempo necessário
para ocorrer o fluxo de calor, o processo permanece adiabático e reversível. Assim
o fluxo térmico é insignificante e o amortecimento é pequeno.
Em baixas freqüências o processo é isotérmico e reversível e novamente
resulta em baixa dissipação de energia. Se o período do carregamento é
comparável ao período necessário para que haja fluxo de calor através dos
gradientes de temperatura produzidos (de um lado de uma viga para outro, por
exemplo) ocorre conversão irreversível da energia mecânica em calor, resultando
em amortecimento.
A expressão para o amortecimento, baseada na diferença de temperatura
dos lados comprimidos e tracionados da barra resultando no fluxo térmico através
da espessura
d da barra, de acordo com [8] é:
(2.9)
Na Equação acima:
s
τ
é o tempo de relaxação térmica
2
p
C
d
K
δ
π
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
i
; onde
p
C
δ
é o calor específico por
unidade de volume e
K
a condutividade térmica do material,
r
é a tensão de
relaxação
2
TT
p
ET
C
α
δ
;
T
α
é o coeficiente de expansão térmica,
T
E o módulo de
Young a temperatura constante e
T a temperatura absoluta e
ω
é a freqüência de
vibração.
ωτ
η
ω
τ
=∆
+
22
1
s
r
s
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
40
Correntes térmicas também existem em escala microscópica para materiais
policristalinos. Cristais individuais agregados possuem propriedades térmicas e
mecânicas anisotrópicas. Os grãos da vizinhança possuem orientações diferentes
e por isso possuem propriedades térmicas e mecânicas diferentes nas direções
das tensões principais no material. Assim, gradientes locais de temperaturas são
produzidos mesmo quando o carregamento aplicado macroscopicamente é do tipo
tração axial uniforme. Em materiais sob carregamento cíclico a microanisotropia
pode causar micro-correntes térmicas através dos contornos de grão resultando
em dissipação de energia.
2.3.4 Amortecimento por Correntes de Eddy (ou correntes parasitas)
Este mecanismo de dissipação baseia-se no acoplamento dos campos
magnéticos e propriedades mecânicas de materiais ferromagnéticos. As correntes
de
Eddy produzem amortecimento tanto em escala macroscópica como
microscópica. O amortecimento gerado por este mecanismo é geralmente muito
pequeno, de ordem inferior a 10
-4
, comparado a outros mecanismos de
amortecimento e por isso é geralmente desprezado.
2.3.5 Mecanismos de Amortecimento Associados às Discordâncias em
Metais
Discordâncias são defeitos lineares e unidimensionais em metais em torno
dos quais alguns átomos estão desalinhados. A região em torno da discordância
sofre distorções localizadas. Átomos localizados acima da discordância são
comprimidos enquanto que os átomos abaixo tendem a separar-se, refletindo em
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
41
uma leve curvatura para os planos verticais de átomos que fletem em torno do
novo plano de átomos presentes, como mostra a Figura 2.6.
Figura 2.6 Posições dos átomos em torno de uma discordância. (CALLISTER, W. D. JR,
Materials Science and Engineering an Introduction, Fourth Edition, Wiley & Sons, Inc., 1997)
A base para os efeitos de fricção interna por discordâncias é que o
movimento das discordâncias contribui para a deformação total sofrida por um
material que está sob carregamento. Granato [12] mostra que para uma dada
tensão aplicada, um sólido contendo discordâncias possui deformação total maior
que um cristal perfeito. Assim o módulo elástico desse material aparenta ser
menor. Sob carregamento cíclico, o componente da deformação associado à
discordância pode ficar fora de fase com a tensão aplicada, resultando em
amortecimento histerético.
Um modelo proposto por Koehler [13] e desenvolvido por Granato e Lucke
[14], usando uma analogia entre uma corda vibrante em um meio viscoso e
oscilações de discordâncias, tem sido usado para a maior parte das
particularidades deste mecanismo. O modelo baseia-se no fato de que uma
discordância possui massa efetiva por unidade de comprimento e uma tensão
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
42
efetiva. A Equação do movimento para pequenas oscilações de uma discordância
pode ser escrita como:
(2.10)
Os índices subscritos indicam diferenciação,
A é a massa efetiva por
unidade de comprimento,
Y o deslocamento de discordância medida da posição
de equilíbrio como indicado na Figura 2.7;
B é a constante de amortecimento
viscoso,
C a tensão no material, b o vetor de Burgers (expressa a magnitude e a
magnitude da distorção da estrutura associada a uma discordância),
σ
a tensão
aplicada,
t o tempo e
x
a coordenada ao longo da discordância.
Figura 2.7 Deslocamento de Discordância Y.(GRANATO, A. V., Internal Friction Studies of
Dislocations, American Society for Testing and Materials, Sixty Seventh Annual Meeting, pp.
89-109, 1964)
Em baixas freqüências o deslocamento das discordâncias é limitado por
forças de tensão e em altas freqüências limitado por forças viscosas.
A solução para a Equação 2.10, cujas condições de contorno são
(0)Y e
() 0Yl = , onde as extremidades fixas estão em
0
e
l
, fornece o deslocamento
Y
da discordância como função da freqüência
ω
da tensão aplicada ()
σ
ω
.
σ
+
−=
tt t xx
AY BY CY b
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
43
A dependência do amortecimento com a amplitude de deslocamento é
interpretada, no modelo de corda vibrante, como resultado da separação da
discordância em pontos fixação fracos, assim que o nível de tensões aumenta.
Este processo pode ser entendido através da Figura 2.8.
Figura 2.8 Movimentos de discordâncias. (GRANATO, A. V., Internal Friction Studies of
Dislocations, American Society for Testing and Materials, Sixty Seventh Annual Meeting, pp.
89-109, 1964)
É suposto que as discordâncias são fixadas em nós da rede de
discordâncias e também por impurezas. O comprimento médio de um
loop de
discordâncias entre dois pontos da rede é
N
L
e o comprimento médio de
discordâncias fixadas entre duas impurezas é
C
L . As Figuras 2.8(a) a 2.8(g)
mostram como as discordâncias se encurvam com o aumento da tensão. Se as
discordâncias permanecem ancoradas nas fixações é observado amortecimento
linear (proporcional à área ocupada pela discordância). Quando as discordâncias
deixam os pontos de fixação, efeitos não lineares são produzidos. A Figura 2.9,
que é a curva de tensão-deformação da discordância da Figura 2.8, ajuda a
entender estes efeitos não lineares. Com o aumento da tensão os loops
C
L
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
44
encurvam-se e a curva de relaxação é dada por o-b-c. A Figura 2.8(d) mostra
graficamente o processo. Esta relação linear continua até que a tensão de ruptura
com a ancoragem e neste ponto ocorre um grande aumento na deformação sem
incremento de tensão, representado pela linha c-d. Quando a tensão é revertida
os
loops
N
L
contraem ao longo de um caminho diferente no diagrama tensão-
deformação, representada pela linha d-o, formando um
looping de histerese (área
hachurada o-c-d-o).
Figura 2.9 Deformação associada com movimentos de discordâncias no modelo de corda
vibrante. (LAZAN, B. J., Damping of Materials and Members in Structural Mechanics, First
Edition, Pergamon Press, England, 1968)
Em geral, em materiais reais, existe mais do que apenas um comprimento
C
L . Assim o looping de maior comprimento quebra primeiro, então o próximo mais
longo rompe-se, e assim sucessivamente. Como conseqüência disso a curva
tensão-deformação é geralmente mais suave. A curva real está mostrada pela
linha tracejada na Figura 2.9.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
45
2.4 Mecanismos de Amortecimento em Materiais Viscoelásticos
Materiais viscoelásticos são materiais poliméricos formados por longas
cadeias moleculares conforme a Figura 2.10. Os átomos de carbono unem-se
fortemente e podem ser ramificados de modo que as longas cadeias possuam
ligações fortes ou fracas de acordo com a composição e o processo de
polimerização. O amortecimento é gerado devido à relaxação e recuperação da
rede polimérica depois de deformado.
Figura 2.10
Cadeias moleculares em materiais viscoelásticos. (FERRY, J. D., Viscoelastic
Properties of Polymers, Third Edition, John Wiley & Sons, Inc. New York, 1980)
Para um material sólido ideal e linear as relações entre tensão e
deformação são lineares e simples, da forma:
(2.11)
(2.12)
E
= módulo de Elasticidade (ou de Young),
G = módulo de Cisalhamento,
σ
= tensão,
τ
= tensão cisalhante,
σ
ε
=
E
τ
φ
=
G
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
46
ε
= deformação linear.
φ
= deformação de cisalhamento.
Neste caso quando o material for submetido a um carregamento cíclico a
deformação está em fase com a tensão conforme a Figura 2.11.
Figura 2.11 Relação entre a tensão e a deformação para um sólido elástico sem dissipação.
(JONES, D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)
Do ponto de vista do comportamento dos materiais viscoelásticos, para o
mesmo carregamento, o histórico temporal das deformações e o histórico temporal
das tensões são ambos harmônicos, mas existe uma diferença de fase entre a
deformação e a tensão correspondente, como mostrado na Figura 2.12.
Figura 2.12 Relação entre a tensão e a deformação para um sólido viscoelástico. (JONES,
D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
47
τ
τωψψτωψψτωψψ
=−+=+
00 0
[( ) ] ( )cos cos( )
t
sen t sen t t sen
ττ
φ
τψφ ψ
φφω
=+
00
00
()
cos ( )
t
dt
tsen
dt
τ
τω
=
0
()
t
sen t
φ
φωψ
=
0
()sen t
η
φ
τφ
ω
=+
Gd
G
dt
η
ε
σε
ω
=+
Ed
E
dt
ω
ω
ωω
== +exp( ) cos( ) ( )
it
it e t isenit
Para o sólido viscoelástico, a diferença de fase
ψ
implica que um termo
dependente da velocidade existe na relação tensão-deformação tal que:
(2.13)
(2.14)
(2.15)
(2.16)
Fazendo:
00
G
τ
φ
=
e tan
η
ψ
= tem-se a seguinte relação:
(2.17)
Analogamente:
(2.18)
O segundo termo de ambas as Equações representa as características de
dissipação de energia do material sob excitações harmônicas e envolve a taxa de
variação da deformação com o tempo.
Uma vez que nem sempre as excitações e as respostas do material são
harmônicas torna-se conveniente representar as Equações 2.13 e 2.14 em termos
de funções exponenciais complexas, da seguinte forma:
(2.19)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
48
[
]
ω
ω
=cos( ) Re exp( )tit
[
]
ω
ω
=( ) Im exp( )sen t i t
ω
τ
ηφ
ω
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
1Gi
ω
σ
ηε
ω
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
1Ei
(
)
τ
ηφ
=+1Gi
(
)
σ
ηε
=+1Ei
(
)
ηη
=+=+=+
12
1EE i EiE E E
(
)
ηη
=+=+=+
12
1GG i GiG G G
(2.20)
(2.21)
Nas Equações 2.20 e 2.21, Re representa a parte real do número complexo
e Im representa a parte imaginária.
Se a deformação for representada por
0
exp( )it
φ
φω
= e, a taxa de deformação definida como it
ω
, as Equações 2.18 e
2.19 tornam-se:
(2.22)
(2.23)
Assumindo
ω
positivo para qualquer tempo as Equações reduzem-se a:
(2.24)
(2.25)
Assim o módulo de elasticidade complexo e o módulo de cisalhamento
complexo ficam, respectivamente:
(2.26)
(2.27)
1
E e
1
G são os chamados Módulos de Armazenamento e representam a
energia armazenada e restituída por ciclo para deformações lineares e cisalhante.
2
E
e
2
G
são os chamados módulos de perda e representam a energia dissipada
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
49
ou perdida por ciclo de deformações linear e cisalhante. Finalmente
η
é o fator de
amortecimento para materiais viscoelásticos.
Como mencionado anteriormente, o amortecimento em materiais
viscoelásticos advém da relaxação e recuperação da rede polimérica após
deformada e existe uma forte dependência do fator de amortecimento com a
freqüência e com a temperatura [2]. Materiais viscoelásticos possuem
propriedades diferentes e peculiares de acordo com a temperatura. A região vítrea
é aquela que o material apresenta-se no estado mais rígido; a região de transição
é a interface entre a região vítrea e a região na qual as propriedades do material
viscoelástico assemelham-se às propriedades de borracha. Esta última é
encontrada na literatura pelo termo “
rubbery like” ou “rubbery state”, ou seja, tal
como borracha. No texto essa região é denominada “região ou estado de
borracha”. Novamente, o efeito da temperatura no material, está relacionado com
a região vítrea, de transição e de borracha. Em altas temperaturas o material é
macio e apresenta mobilidade suficiente para que a deformação acompanhe uma
tensão aplicada sem apreciável diferença de fase, desta forma o amortecimento é
pequeno; o material é dito em estado de borracha (
rubbery state). Em baixas
temperaturas o material é rígido, imóvel, com tendência à fragilidade, e
relativamente não amortecido, comportando-se como vítreo. Em temperaturas
intermediárias o módulo de elasticidade toma um valor intermediário e o fator de
amortecimento é máximo. Neste estado tem-se a transição.
Quanto à dependência com a freqüência, o material apresenta
comportamento semelhante. Em baixas freqüências há mobilidade suficiente para
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
50
a deformação acompanhar a tensão, em altas freqüências o material oferece
maior rigidez e em freqüências intermediárias o material apresenta o maior fator
de amortecimento devido à transição, como mostrado na Figura 2.13.
Figura 2.13 Comportamento de materiais viscoelásticos. (JONES, D.I.G, Viscoelastic Vibration
Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)
Esse comportamento do material pode ser explicado com base na interação
das longas cadeias moleculares. Em baixas temperaturas as moléculas estão
relativamente inativas e se mantêm juntas resultando em alta rigidez, e por causa
do movimento relativo reduzido entre elas há pouco atrito intermolecular, e,
portanto baixo amortecimento. Em altas temperaturas as moléculas se tornam
ativas e se movem facilmente resultando em baixa rigidez. Por causa da baixa
interação entre elas há uma baixa dissipação de energia devido à fricção
intermolecular. Em temperaturas intermediárias o movimento relativo e interação
entre as moléculas resultam em módulo de rigidez intermediário e máximo fator de
amortecimento.
Em altas freqüências a inércia das moléculas resulta em pouco movimento
relativo e em baixa dissipação. Para baixas freqüências há boa mobilidade
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
51
suficiente nas cadeias para que a deformação acompanhe a tensão com baixa
interação entre as moléculas e pouca dissipação. Analogamente à temperatura,
em freqüências intermediárias tem-se inércia de moléculas intermediária,
resultando em módulo baixo e máximo amortecimento.
2.5 Adição de Amortecimento por Materiais Viscoelásticos
A utilização de materiais viscoelásticos em placas para controle de ruído e
vibrações se dá, essencialmente, pelo tratamento das superfícies, revestindo-as
com uma lâmina de material.
A redução do ruído irradiado resultante da aplicação de um tratamento com
material de amortecimento é uma função do tipo da estrutura, natureza da
vibração e a efetividade do tratamento. O amortecimento, em geral, é mais efetivo
quando a radiação envolve ressonâncias mecânicas de baixa ordem, como é o
caso das carcaças de compressores herméticos.
Basicamente, há duas classes de tratamentos de amortecimento por
materiais viscoelásticos: aqueles nos quais, predomina a deformação extensional
da camada de amortecimento, e aqueles nos quais, a deformação da camada de
tratamento é predominantemente cisalhante. A deformação extensional ocorre em
tratamentos que consistem na simples aplicação de uma camada de viscoelástico
a uma superfície plana enquanto que o amortecimento por cisalhamento ocorre
quando o material de amortecimento é usado entre a placa a ser amortecida e
uma camada de cobertura relativamente rígida.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
52
Ross, Kerwin e Ungar [17] mostraram que a configuração mais simples
capaz de reproduzir tanto amortecimento devido à deformação extensional como
amortecimento devido ao cisalhamento é a placa composta por três camadas. A
Figura 2.14 mostra uma típica configuração de uma placa multicamadas. Assume-
se que as camadas adicionadas participam do mesmo movimento flexural, e que a
camada média é submetida a um movimento cisalhante imposto.
Figura 2.14 Placa sanduíche – esquema de espessuras e planos neutros.
O plano neutro da viga composta é deslocado de um valor
D
do centro da
viga original ou base devido à adição do tratamento. A superfície neutra da seção
composta é o plano de referência no qual a deformação extensional é zero.
Figura 2.15 Elemento de uma placa composta em vibração flexural (ROSS, D., UNGAR, E. E.,
KERWIN, E. M. Jr., Damping of Flexural Vibrations by Means of Viscoelastic Laminae,
Structural Damping, ASME, New York, 1959)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
53
()()
ψ
φ
⎡⎤
−−+
⎢⎥
⎣⎦
2
21 3 31 2
2
K
HDKHDH
ψ
φ
⎛⎞
+−+
⎜⎟
⎝⎠
=
++
2
221 331 3 2
123
2
K
KH KH K H
D
KKK
=
2
2
32
G
g
KHp
Considerando-se o elemento de viga composta da Figura 2.15 podem-se
obter as seguintes relações:
()()
2
22 2
22
2
3
12 2
1232 1221 331
12 12 12 12
H
HH H
BK K K K KD KH D KH D
ψ
φ
=+ + ++ +
(2.28)
onde
123
,,KK K
, são as rigidez extensionais de uma unidade de comprimento por
unidade de largura das camadas 1, 2 e 3 respectivamente, e que
()
i
i
KEH=
,
123 2131
,,, ,HHHH H, são as espessuras mostradas na Figura 2.16,
D é a distância entre o plano neutro da viga composta e o plano neutro da
viga original,
(2.29)
φ
é o ângulo flexural da placa base,
ψ
é a deformação cisalhante da camada média mostrada em termos
angulares.
Denomina-se parâmetro de cisalhamento g a relação:
(2.30)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
54
()
()
⎛⎞
−+ +
⎜⎟
⎝⎠
=
++ ++
31
221 221 331
2
1123
2
2
H
K H KH KH g
D
K
KgKKK
Onde
2
G é o Módulo de Cisalhamento da camada 2 e p Éé o número de
onda.
Substituindo 2.30 em 2.28 e 2.29 obtém-se:
(2.31)
(2.32)
Para a maioria dos tratamentos superficiais dissipativos (os quais fazem
uso de um material viscoelástico) é comum encontrar-se que a rigidez extensional
da camada adjacente à placa base (camada 2) é muito pequena quando
comparada ao valor da rigidez placa base (camada 1), e a rigidez da camada de
constrição (camada 3) de um quarto a um quinto do valor da rigidez da placa a ser
amortecida. Deste modo para
21
KK e
22
31
KK Equações 2.29, 2.31 e 2.32
reduzem-se a:
(2.33)
(2.34)
(2.35)
(
)
()
ψ
φ
+−
=
++ ++
131 2 31 21
2
2
1123
2
KH K H H
H
K
KgKKK
()
=
++
331
113
gK H
D
KgKK
()
ψ
φ
=
∂++
131
2
113
KH
H
KgKK
()
⎡⎤
=+ ++ +
⎢⎥
++
⎣⎦
22
22
2
3131
12
12 213
113
12 12 12
HgKH
HH
BK K H K
KgKK
()
⎡⎤
⎛⎞
++
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎢⎥
++
⎢⎥
⎢⎥
⎣⎦
2
21
121321
231
113
2
2
H
KHgKH
KH
KgKK
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
55
Nesta última Equação, primeiro termo representa a rigidez à flexão da placa
base. A segunda parcela representa a contribuição da camada media que seria
observada se não houvesse cisalhamento, ou seja, sem a presença da camada
constritiva. O terceiro termo é a rigidez flexural da camada superior incluindo a
contribuição do cisalhamento da camada média, mas desconsiderando-se o efeito
da rigidez extensional desta camada. O último termo representa a interação da
rigidez extensional e da rigidez cisalhante da camada média.
O fator de amortecimento
η
da placa composta pode agora ser
determinado substituindo-se os módulos de elasticidade complexos apropriados,
bem como encontrando os componentes real e imaginário da rigidez flexural.
Utilizando a notação
i
η
para o fator de perda do módulo Young da i-ésima camada
e
β
para o fator de perda do módulo de cisalhamento da camada média, as várias
parcelas complexas podem ser definidas por:
(2.36)
(2.37)
(2.38)
(2.39)
Considerando que
33 1
KK
η
<< e
2
η
β
=
, e representando as dimensões e a
rigidez das placas normalizadas pelas propriedades da placa base, obtendo os
parâmetros relativos, da seguinte forma:
(
)
22 2
1KK i
η
=+
(
)
33 3
1KK i
η
=+
(
)
(
)
33
1gK gK i
β
=+
()
33
2
33
1
1
11
ig
gg i i
ii
β
ηβ β η
ηη
⎛⎞
+
==++
⎜⎟
++
⎝⎠
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
56
Ainda
(2.40)
(2.41)
(2.42)
(2.43)
γ
e
'
γ
são parâmetros de amortecimento por cisalhamento,
é um parâmetro que governa a importância da rigidez extensional de uma
camada sob cisalhamento.
Finalmente, o amortecimento da placa composta é dado por:
(2.44)
onde
(2.45)
(2.46)
(2.47)
(2.48)
11
;;
ii
ii
HK
hk
HK
==
221
331
2
kh
gk h
⎛⎞
∈≡
⎜⎟
⎝⎠
()
(
)
(
)
(
)
2 2
222
233 3
1121 11gkg k
γη βη β
+≡++ + ++ + +
(
)
(
)
2
22
3
11gk
β
++
(
)
(
)
'2 2
33
11 1 1gk
γη β
+≡+ + + +
()
234
1
1
AAA
A
η
=++
()
(
)
(
)
()
2
22 2 '
1 2 21 2 3 3 3 31
112 1 12 11Akhhkh gkh
γ
γ
⎡⎤
=+ + + + + +
⎣⎦
()
() ( )
(
)
2
22 2 2
222 21 2 33121 3
12 1 24 1 1Ak hh gkhhk
ηγ β
⎡⎤
=++ ++
⎣⎦
() ()
(
)
2
2222
3333 31
11211Akh gh
ηγ β
⎡⎤
=+++
⎣⎦
(
)
(
)
22
43313
12 1 1Agkh
η
=+
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
57
Esta é a Equação geral para o problema da aplicação de tratamento de
amortecimento, incluindo amortecimento extensional das camadas e o
amortecimento cisalhante da camada média. Os termos negativos são importantes
para caracterizar os efeitos de interação.
Considere-se agora apenas amortecimento por deformação extensional.
Amortecimento exclusivamente extensional quando o material viscoelástico não é
constrito por uma camada rígida além da placa base. Isso é obtido mais
comumente com a utilização de uma única camada homogênea de material de
recobrimento sobre a placa original. A Figura 2.16 mostra esta configuração,
também chamada de configuração de camada livre:
Figura 2.16 Revestimento de material viscoelástico de camada livre. (JONES, D.I.G,
Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)
Na prática o amortecimento extensional é muito inferior ao amortecimento
devido ao cisalhamento da camada intermediária de material viscoelástico, ou
seja, se torna importante apenas quando o amortecimento por cisalhamento é
desprezível ou inexistente. Para esta configuração a expressão para o fator de
perda é dado por:
(2.49)
()
[]
()()
2
22
2212 2
22
2
2221 2 22
12 1
112 11
khh k
kkh k kh
η
η
⎡⎤
++
⎣⎦
=
++++
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
58
onde
2
η
η
é o quociente entre o fator de perda da placa base pelo fator de perda
da camada de material viscoelástico.
A Figura 2.17 mostra o gráfico desta função representado em função da
espessura relativa da camada de amortecimento,
2
2
1
H
h
H
=
, e da razão dos
módulos de elasticidade das mesmas camadas,
2
2
1
E
e
E
=
.
Figura 2.17 Variação do fator de amortecimento com a razão de espessuras H
2
/H
1
. (JONES,
D.I.G, Viscoelastic Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)
Fica claro, pela Figura 2.17, a forte dependência do fator de amortecimento
com a espessura do material viscoelástico. O aumento da efetividade do
tratamento fica extremamente condicionado à quantidade, ou espessura, do
material adicionado. Pode-se ainda inferir que quanto maior a rigidez do material
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
59
de tratamento maior a efetividade do mecanismo de amortecimento. Normalmente,
quanto maior a rigidez do material adicionado menor a mobilidade das cadeias
moleculares e, conseqüentemente, menor a dissipação de energia.
Sempre que há uma camada superior, rígida, como um tipo de camada
constritora (
constraining layer) aplicada ao material de amortecimento o
amortecimento cisalhante excede o amortecimento extensional. A esta
configuração dá-se o nome de configuração sanduíche. Na verdade, quaisquer
tratamentos que impliquem em amortecimento por cisalhamento são efetivamente
mais eficientes do que aqueles que utilizam amortecimento extensional.
Para facilitar os cálculos é muito útil definir-se um parâmetro geométrico
que dependa exclusivamente das espessuras e rigidez das camadas. O fator
geométrico é definido como:
(2.50)
A relação geral do fator de amortecimento por cisalhamento em
configuração sanduíche, em função do parâmetro geométrico e do parâmetro de
cisalhamento definido na Equação 2.50, pode ser escrita como:
(2.51)
onde
2
η
é o fator de perda para a camada de amortecimento cisalhante
Na prática o fator
221
331
2
kh
gk h
⎛⎞
∈≡
⎜⎟
⎝⎠
1
<
< e a expressão finalmente reduz-se a:
()
()
2
331
222
322 22133
12
11 12
kh
Y
kkhkhkh
+++ +
(
)
(
)
()( ) ()
()
()
23
2
22
323
11
12 1 1 1 1 1 1
Ygk
YkY gk
η
η
η
−∈ +
=
⎡⎤
++ + ++ + +
⎣⎦
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
60
(2.52)
O tratamento mais utilizado é o de fitas de amortecimento. A fita de
amortecimento constitui-se de uma viga cuja camada constritora (
constraining
layer
) relativamente fina e de uma fina camada de amortecimento, geralmente um
adesivo, que forma a configuração sanduíche quando aderida ao substrato ou
placa base. Para este caso o parâmetro geométrico pode ser expresso como:
(2.53)
onde
3
3
1
E
e
E
= que é a razão dos módulos de Young da camada rígida constritora
pelo módulo de Young da placa base, também definido anteriormente como o
módulo de elasticidade relativo ou normalizado.
Na maioria dos casos as dimensões da fita satisfazem a inEquação
23
0.05 2 0.15hh<+< , reduzindo o parâmetro geométrico a
33
3.5Yeh
=
.
As Equações acima constituem as importantes Equações RKU,
desenvolvidas por Donald Ross, Erick E. Ungar e Edward M. Kerwin Jr [17].
Kerwin [18], individualmente, estudou o fenômeno de amortecimento em
ondas de flexão por camada de viscoelástico em camada constrita, abordando o
problema do ponto de vista da propagação de ondas de flexão em barras
amortecidas. Tal análise aproxima-se muito da apresentada acima.
Ao estudarem-se ondas de flexão em barras algumas hipóteses são feitas
[18]: (a) Os comprimentos das ondas de flexão, das ondas longitudinais e das
ondas cisalhantes são grandes quando comparadas à espessura da placa. (b) A
(
)
[]
()
[]
()
()
23
2
22
323
1
12 1 1 1 1
Yg k
Yk Y gk
η
η
η
+
=
++ + ++ + +
()
33 2 3
33
3(142)
1
eh h h
Y
eh
++
=
+
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
61
inclinação do plano neutro da placa composta é pequeno. Como resultado de (a),
tem-se que a distorção de um elemento de barra é assumida como “rigidez
controlada” e é determinada por forças e momentos atuando neste elemento. Para
a barra composta por três camadas uma conseqüência especial do que foi
assumido a priori é que apenas a camada intermediária (camada 2) é submetida
ao cisalhamento. As camadas 1 e 3 estão submetidas exclusivamente à flexão
pura. A hipótese (b) implica que as distâncias medidas ao longo da superfície
neutra da barra são aproximadamente iguais.
Substituindo-se o parâmetro geométrico bem como o parâmetro de
cisalhamento na Equação 2.52, e ainda utilizando as dimensões e características
de rigidez não como parâmetros relativos, a relação equivalente para o
amortecimento da camada sanduíche pode ser então representada por:
(2.54)
sendo:
η
o fator de amortecimento da placa sanduíche,
2
η
o fator de amortecimento do material da camada intermediária
(viscoelástico),
i
H
são as distâncias mostradas na Figura 2.20,
()
i
i
KEH=
é a rigidez extensional das camadas por unidade de
comprimento,
()
()
(
)
()
()()
()()
()()
22 2
31 1 3 1
22
2
2
31 1 3 1
31
31
12 1
12 1
111
11
HHKKg g
HHKKg g
KKg g
KKg g
η
η
⎡⎤
+
⎣⎦
=
⎡⎤
⎧⎫
⎡⎤
+
⎪⎪
⎣⎦
⎢⎥
+++
⎨⎬
⎢⎥
++
⎪⎪
⎩⎭
⎣⎦
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
62
E é o módulo de elasticidade das camadas
g
é o parâmetro de cisalhamento
Para pequenos valores de
31
KK e
31
EE
=
pode-se fazer a seguinte
simplificação:
(2.55)
onde
0
g é o parâmetro de cisalhamento baseado no número de onda de flexão
para a placa sem revestimento.
Para pequenos
31
KK,
0
g tende a 0.5 e o erro associado à substituição de
g por
0
g
resulta em erro nulo [18].
Para obter o efeito da variação de algumas propriedades do material
viscoelástico pode-se resolver a Equação 2.54 utilizando a simplificação acima.
Fazendo uso de uma placa base de Alumínio (
1
E =70GPa, H
1
=2,5 10
-3
m) e
uma placa constritora de Aço (
3
E =210GPa, H
2
=0,245 10
-3
m), e tomando o
material sanduíche como o ISD112 da 3M [19], os resultados da variação do
módulo de elasticidade E
2
, da espessura da camada de viscoelástico H
2
e do fator
de amortecimento
2
η
estão apresentados nas Figuras 2.18, 2.19 e 2.20.
3
0
1
112
1
21
K
g
gg
Kg
⎛⎞
=+
⎜⎟
+
⎝⎠
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
63
Figura 2.18 Efeito do aumento do módulo elástico do material viscoelástico no fator de
amortecimento de uma chapa sanduíche.
Figura 2.19 Efeito do aumento da espessura do material viscoelástico no fator de
amortecimento de uma chapa sanduíche.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
64
Figura 2.20 Efeito do aumento do fator de amortecimento do material viscoelástico no fator
de amortecimento de uma chapa sanduíche.
2.6 Outros Mecanismos de Amortecimento
Além dos mecanismos descritos anteriormente, outras tecnologias podem
ser empregadas para o aumento do amortecimento estrutural de placas de aço.
Estes mecanismos estão descritos nesta seção com menor riqueza de detalhes,
mesmo que sejam aplicáveis na indústria de compressores. Embora seja possível
fazer uso destas técnicas o custo elevado, a escassez de fornecedores, e a
limitação do potencial de amortecimento foram os critérios considerados na
decisão da não utilização dos mesmos.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
65
2.6.1 Ligas de Alto Amortecimento
Algumas ligas que têm sido desenvolvidas de modo que possuem
estruturas atômicas específicas e que possuem elevado amortecimento.
Geralmente o aumento do amortecimento por meio destas ligas ocorre a expensas
de rigidez, tensão máxima, durabilidade, resistência à corrosão, custo,
usinabilidade e estabilidade. Devido às características não-lineares destas ligas o
amortecimento ocorre apenas nas freqüências naturais. As propriedades de
amortecimento destes sistemas são altamente afetadas pela temperatura. A
Figura mostra o amortecimento modal da liga de cobre-magnésio (Sonoston™)
em função da deformação ε e da temperatura.
Figura 2.21 Fator de amortecimento modal para o Sonoston™. (JONES, D.I.G, Viscoelastic
Vibration Damping, John Wiley & Sons, LTD, Chichester, 2001)
Os elementos de liga mais comuns em ligas de amortecimento são Al, Cr,
Mn e Si. O custo de uma chapa de aço contendo esses elementos de liga a um
teor suficiente para aumentar o fator de amortecimento da carcaça torna o
caminho impraticável.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
66
2.6.2 Alumínio Poroso FOAMINAL (IFAM)
O alumínio poroso FOAMINAL foi desenvolvido pelo IFAM FHG (Institut
Fertigungstechnik Materialforschung). Consiste em poros induzidos por gás em
alumínio fundido de modos que os níveis dos poros são macroscópicos. Essa
estrutura confere ao material bons potencias dissipativos de vibração e maiores
ainda potenciais de absorção acústica. A Figura 2.21 mostra a microestrutura em
escala real.
Figura 2.22 Microestrutura do FOAMINAL.
Figura 2.23 Comparativo do potencial de amortecimento do FOAMINAL e outros materiais.
(Cortesia: IFAM FHG)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
67
Figura 2.24 Coeficiente de absorção acústica do alumínio poroso versus o alumínio
fornecido. (Cortesia: IFAM FHG)
2.6.3 Materiais Compósitos
Materiais compósitos são formados pela combinação de dois ou mais
materiais em nível macroscópico de modo que as fibras de um material estão
embebidas uniformemente e direcionalmente na matriz de outro material.
Exemplos típicos são as fibras de boro em alumínio ou titânio e as fibras de
carbono em matriz de epóxi. Evidentemente o fenômeno do amortecimento é
devido ao atrito entre as duas fases do material quando submetido a um
carregamento cíclico.
Figura 2.25 Materiais Compósitos. (NASHIF, D. A., JONES, D. I. G., HENDERSON, J. P.,
Vibration Damping, John Wiley & Sons, Inc. New York, 1985)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
68
2.6.4 Compostos Poliméricos com materiais magnéticos Ni-Mn-Ga
Ligas ferromagnéticas de memória (Ferromagnetic Shape Memory Alloys
FSMAs) são uma nova classe de materiais dissipativos. Tais materiais apresentam
deformações superiores a 10% induzidas por campos magnéticos. A elongação
nos FSMAs não é causada pela magnetização mas sim pelo movimento das
maclas (twin boundaries).
Maclas são um tipo especial de contorno de grão através da qual há uma
simetria específica, ou seja, átomos em um lado do contorno estão localizados em
posições exatamente correspondentes aos átomos do outro lado do contorno,
como uma imagem formada por espelho. A Figura 2.25 abaixo ilustra um plano
com maclas.
Figura 2.26 Diagrama esquemático de um plano atômico com maclas ou twin boundaries.
(CALLISTER, W. D. JR, Materials Science and Engineering an Introduction, Fourth Edition,
Wiley & Sons, Inc., 1997)
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
69
O movimento das maclas é um processo termodinamicamente irreversível.
Isso significa que a energia entregue ao sistema para mover as discordâncias é
dissipado sob a forma de calor. Esse mecanismo de perda de energia é muito útil
para dissipação de energia vibracional em sistemas. Materiais com elevada
magneto-estricção têm sido aplicados para adição de amortecimento estrutural e
sistemas mecânicos [20,21].
Ligas de Ni-Mn-Ga são extremamente frágeis e não podem suportar
tensões significativas, o que torna esses cristais inutilizáveis para amortecimento
de vibrações. Entretanto, pequenas partículas desse cristal mergulhadas em uma
matriz polimérica, formam um compósito que combina as propriedades
dissipativas do material magnético com as propriedades do polímero, resultando
num conjunto que se comporta muito melhor sob tensão.
Figura 2.27 Comparativo entre curvas de histerese para Poliuretano e Poliuretano com 20%
de Ni-Mn-Ga composto. (FEUCHTWANGER, J., MICHAEL, S., JUANG, J., BONO, D.,
O’HANDLEY, R. C., ALLEN, S. M., JENKINS, C., Energy Absorption in Ni-Mn-Ga-polymer
Composites, Journal of Applied Physics, Vol. 93, Number 10, 2003.)
A Figura 2.26 evidencia que a dissipação de energia para o poliuretano com
20% de Ni-Mn-Ga é superior à dissipação do poliuretano. A área interna à curva
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
70
tensão deformação é visivelmente maior para o composto polimérico com FSMAs.
A forma do laço de histerese da curva relativa ao composto polimérico sugere que
ocorre um “amolecimento” do composto quando a tensão atinge um valor típico
para o movimento das twin boundaries no ferromagnético Ni-Mn-Ga. O aumento
da rigidez nos extremos da curva de histerese indica que o movimento das twin
boundaries nas partículas ativas já havia se completado.
A Tabela 2.3 mostra a razão de perda de energia para alguns compostos
aplicados no controle de vibrações. A perda de energia é calculada a partir área
interna à curva tensão-deformação do material.
Tabela 2.3 Perda de energia para variados compostos poliméricos e magnéticos
Matriz do Compósito Particulado
Perda de Energia
(%)
Kalex poliuretano controlado nenhum 3,6
Kalex poliuretano controlado 20% em volume de Fe 10,8
Kalex poliuretano 20% em volume de Ni-Mn-Ga moído 15,2
Lord poliuretano 20% em volume de Ni-Mn-Ga eletroerodido 24
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
71
2.7 Tabelas com valores típicos de Fatores de Amortecimento
As tabelas seguintes formam uma compilação de fatores de amortecimento,
para vários materiais e estruturas, reunidos durante a revisão bibliográfica deste
trabalho.
2.7.1 Fatores de Amortecimento em Metais
Tabela 2.4 Fatores de amortecimento para diversos metais.
Metal Especificão
fator de perda
(η)
Puro, 30°C , encruado
5.10
-5
Puro, 30°C , recozido
2.10
-5
Monocristalino
1.10
-3
Poroso (Fraunhofer FHG)
4.10
-1
Be
Liga
1,5.10
-2
Bi
Fornecido
3.10
-3
Cr
Fornecido
3.10
-3
Cu
Fornecido
2.10
-2
Au
Fornecido
5.10
-2
Puro, resfriado, aquecido
e seco em H
2
, envelhecido
5.10
-2
Fornecido
1.10
-4
Liga com carbono
1.10
-3
0,5%Mn 0,04%C
3 tratamentos térmicos 1.10
-2
1020
1.10
-2
1045
2.10
-3
1,14%Mn
2.10
-2
40%Co
7.10
-2
Aço Inox
13%Cr
1,5.10
-2
Fe 5%Cr 0,2%C 0,5% Mn
1,5.10
-2
Fe(CrNiMo)
1,1.10
-2
FeCr
1.10
-3
Sonoston
3.10
-2
Vermicular
9.10
-2
Cinzento
9.10
-2
Mg
Fornecido
1.10
-1
Fornecido
2.10
-2
Puríssimo
2.10
-1
Ni
Fornecido
2.10
-2
nio
Fornecido 2.10
-1
Fe
Al
Aço Carbono
Pb
Ligas
Ligas de Alto
Amortecimento
FoFo
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
72
Cerâmico fator de perda
(
η
)
Alumina
3.10
-5
Al2O3
6.10
-2
Concreto
2,4.10
-2
vidro
1.10
-3
Compressores fator de perda
(
η
)
Chapa
7,1.10
-4
Tampa
1,21.10
-3
Corpo liso
1,27.10
-3
Corpo e Tampa
7,98.10
-4
Carcaça Completa com tampa
5,57.10
-4
Carcaça Completa sem tampa
7,24.10
-4
Carcaça sem Kit com óleo
9,48.10
-4
Carcaça sem Kit sem óleo
8.10
-4
Compressor Completo
3,5.10
-3
2.7.2 Fatores de Amortecimento para Polímeros, Elastômeros e
Viscoelásticos
Tabela 2.5 Fatores de amortecimento para alguns materiais poliméricos
2.7.3 Fatores de Amortecimento para Materiais Cerâmicos
Tabela 2.6 Fatores de amortecimento para alguns materiais cerâmicos
2.7.4 Fatores de Amortecimento em Carcaças de Compressores
Tabela 2.7 Valores típicos para fatores de amortecimento em carcaças de compressores
herméticos.
Polímeros, Elastômeros e Viscoelásticos
Baquelite
LD-400 viscoelástico
PCX-9 (MSC)
Buna
Borracha Butílica
PMMA
PS
ISD112 (3M)
0,1
>2
0,5 a 2,0
fator de
p
erda
(η )
1,8.10
-2
1,5
1,2
0,1 a 0,8
0,5 a 2,0
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
73
2.8 Discussão Final
A revisão bibliográfica apresentada mostra um estudo minucioso sobre
mecanismos de amortecimento em diversos materiais e também mecanismos
dissipativos causados por fenômenos externos aos materiais. O objetivo de todo
esse esforço foi determinar qual material ou técnica que melhor se aplica ao
controle de ruído de compressores herméticos para introduzir amortecimento
estrutural à carcaça com a finalidade de redução do ruído irradiado.
Modificar a liga do material da carcaça ou o meio que o envolve tornar-se-ia
um processo caro, e na questão do meio externo, impraticável. Fazer uso dos
mecanismos de bombeamento ou atrito somente resultaria em adição de
componentes à carcaça, tornando-a mais complexa, encarecendo o produto,
tornando inviável essa técnica. Ainda assim o potencial de amortecimento destas
técnicas é muito inferior a outros possíveis.
Utilizar materiais cerâmicos ou revestimentos compósitos reforçados por
fibras também tornaria o processo complexo. No caso dos materiais compósitos
também há a questão do fornecimento de um material altamente especializado.
Uma fonte muito promissora de amortecimento seria o uso de um composto
polimérico no qual estão dispersas partículas de materiais ferromagnéticos cuja
presença de maclas na microestrutura aumenta significativamente o
amortecimento do composto. Acontece que esta tecnologia é relativamente nova e
haveria também a necessidade de se desenvolver fornecedores especializados.
Os materiais viscoelásticos mostraram-se mais adequados para aplicação
em carcaças de compressores herméticos devido ao fator de amortecimento
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
74
elevado. Tais materiais quando aplicados como um sanduíche tem seu potencial
de amortecimento dramaticamente amplificado. Fornecedores nacionais e
internacionais estão desenvolvendo rapidamente produtos de excelente qualidade.
A disponibilidade de uma ampla gama de materiais para diferentes faixas de
temperatura, para diferentes aplicações e para diferentes condições ambientes é
um dos fatores mais importantes. Dois fornecedores desses materiais enviaram
todas as amostras necessárias para um estudo experimental completo. Ainda tais
materiais são facilmente aderidos à carcaça de um compressor hermético nas
etapas finais da fabricação e não possuem nenhuma degradação quando
expostos ao óleo do compressor ou às suas condições de funcionamento. Todas
estas qualidades resultaram na decisão por se estudar de forma analítica,
experimental e numérica a aplicação de materiais viscoelásticos em configuração
sanduíche para a redução do ruído irradiado pela carcaça de um compressor
hermético fazendo uso do aumento de amortecimento estrutural conferido pelo
mecanismo.
O presente trabalho será abordado em etapas distintas: a abordagem
experimental e os modelos numéricos em elementos finitos. Na abordagem
experimental, resultados relativos às carcaças dos compressores serão
apresentados. A análise numérica foi totalmente restringida aos modelos de vigas
e placas bem como a validação experimental dos modelos de elementos finitos.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
75
CAPÍTULO 3
3 Medição do Fator de Amortecimento em Chapas de
Aço
Antecedendo qualquer tentativa de aumento de amortecimento estrutural da
carcaça de compressores herméticos faz-se necessária a análise do
amortecimento já existente nas carcaças de compressores herméticos. O primeiro
trabalho realizado neste sentido mostrou resultados de medições de fatores de
perda para diversos componentes que possuem efeito ou interação com a
carcaça: tampa, corpo, solda, óleo, kit moto-compressor, molas, batentes,
isoladores [22, 23].
Esta seção dedica-se à apresentação dos resultados de medições de fator
de amortecimento do material da carcaça antes de ser conformado, ou seja, tiras
de material foram cortadas a partir de chapas que seriam estampadas. Estas vigas
sofreram deformações plásticas controladas e tratamentos térmicos para alteração
de microestrutura numa tentativa de detecção de possíveis caminhos para se
introduzir amortecimento estrutural.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
76
A priori é apresentada uma revisão sobre medições de amortecimento, e na
seqüência, uma descrição completa do experimento realizado para obtenção dos
fatores de amortecimento para as tiras de metal.
3.1 Determinação do Amortecimento
Neste trabalho dois métodos de determinação de amortecimento foram
utilizados nas medições de fatores de perda, o método da banda de meia-potência
e o método do decaimento de vibrações. Para a medição do fator de
amortecimento das chapas foi utilizado o método do decaimento e para os demais
experimentos deste trabalho foi utilizado o método da banda de meia-potência.
3.1.1 Método do Decaimento de Vibrações
Este método requer que haja uma estrutura vibrando livremente em um
único modo [24], [25]. Em um sistema linear as amplitudes das vibrações livres
decaem exponencialmente. Quanto maior o amortecimento mais rápido é o
decaimento das vibrações. Utilizando o tempo de reverberação estrutural,
60
T , do
sistema dinâmico para um sistema em vibrações livres e amortecidas onde o
amortecimento é definido pelo coeficiente de amortecimento
ξ
, onde
2
η
ξ
=
(Figura 3.1). O tempo de reverberação
60
T
representa o tempo, em segundos,
para que a energia vibratória decaia 60 dB.
(3.1)
(3.2)
0
x(t)=X
d
n
t
it
ee
ξω
ω
()
1
2
1
dn
ω
ωξ
=−
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
77
onde
d
ω
é a freqüência natural amortecida e
n
ω
é a freqüência natural não
amortecida. O termo
d
t
e
ξ
ω
representa o envelope do decaimento da resposta do
sistema com o tempo. O decremento da energia do sistema é definido por
2
d
t
e
ξ
ω
.
Fazendo uso do conceito do tempo de reverberação obtém-se:
(3.3)
(3.4)
Figura 3.1 Diagrama esquemático da medição por decaimento de vibrações.
3.1.2 Método da Banda de Meia Potência
O método da banda de meia potência ou método de largura de banda
consiste em medir a largura de banda dos picos de ressonância no espectro da
2
d
t
e
ξω
60
2,2
n
fT
η
=
Sistem
a
Excita
ç
ão
Transdutor
A
nalisador
PC
Processamento
()Xt
ii
|()|dB X t
ii
60
1, 1
n
fT
ξ
60
2,2
n
fT
η
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
78
resposta a 3dB abaixo do pico da ressonância [24], [25]. A 3dB abaixo do pico
(Figura 3.2) tem-se a metade da energia do sistema. A freqüência
n
f
é a
freqüência de um modo do sistema. O método de banda de meia potência
associa o aumento da largura de banda com o aumento do amortecimento modal.
Figura 3.2 Método da banda de meia potência.
O fator de amortecimento
η
é determinado através da seguinte Equação:
(3.5)
3.1.3 Medições de Fator de Amortecimento
A partir de uma chapa de aço 1008 de carcaça de compressores
herméticos de 3mm de espessura, foram cortadas tiras de 300mm de
comprimento por 30mm de largura. Uma vez que a carcaça estampada pode
apresentar variações de até 1mm na espessura as tiras foram laminadas de modo
(
)
21
2
n
ff
f
η
=
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
79
a obterem-se tiras de metal de 3mm, 2,5mm e 2mm de espessura. Três chapas de
cada espessura foram utilizadas para determinação do fator de amortecimento.
Por fim uma chapa de 2,5mm de espessura foi submetida a um tratamento
térmico de têmpera e revenido para alívio de tensões e aumento do tamanho de
grão para avaliar o impacto do tratamento térmico no fator de amortecimento de
uma chapa de aço. O tratamento térmico consistiu em temperar as chapas a
650ºC por 24 horas e revenir em banho de óleo.
Figura 3.3 Tiras laminadas. De cima para baixo chapa de 3 mm, chapa de 2,5 mm e chapa de
2,0 mm.
3.1.3.1 Experimento
As tiras de aço foram suspensas por fios finos presos no teto de uma
câmara semi-anecóica. A excitação foi gerada pelo impacto de um pequeno
martelo. Os fios de linha estavam posicionados em linhas nodais de vibração para
evitar introdução de alterações no comportamento vibracional das tiras e o
comprimento utilizado foi definido de modo a não introduzir amortecimento no
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
80
sistema. As linhas nodais foram determinadas a partir de uma análise analítica
anterior ao experimento.
Figura 3.4 Fios de linha suspendendo a chapa nas linhas nodais de um dos modos de
vibração.
Para não adicionar massa ao sistema não foi usado um acelerômetro e sim
um microfone que adquiria um sinal sonoro correspondente às vibrações da barra.
O microfone estava posicionado com um certo off-set da placa para que o
movimento do ar adjacente à tira de aço não interferisse nas medições da pressão
sonora.
Figura 3.5 Detalhe do posicionamento do microfone para evitar efeitos do movimento de
corpo rígido da placa nas medições de pressão sonora.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
81
O ambiente semi-anecóico foi utilizado para que nenhum ruído externo
interferisse no sinal de decaimento da pressão sonora.
Foram usados um microfone B&K 4189 com pré-amplificador B&K
2671 e um analisador digital B&K Pulse para a aquisição e processamento do
sinal. Por meio de filtros de freqüência as medições foram realizadas modo a
modo para os primeiros cinco modos de cada chapa.
Figura 3.6 Impactação das chapas de aço.
O fator de perda foi obtido a partir do pós-processamento dos sinais
medidos por meio do experimento descrito. O método utilizado foi o método do
decaimento de vibrações conforme descrito na seção 3.1.1 e ilustrado
esquematicamente na Figura 3.1. Para a obtenção dos fatores de perda uma
rotina foi criada em Mathcad que transformava o sinal de decaimento em um
gráfico LOGxLOG calculando o fator de perda
ξ
através da Equação 3.3, como
mostram as Figuras 3.7 e 3.8. Finalmente o fator de amortecimento
2
η
ξ
= é
fornecido.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
82
Figura 3.7 Sinal de decaimento de vibração para uma chapa.
Figura 3.8 Sinal de decaimento em LOG LOG e resultados fornecido para um modo da placa.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
83
Banda de medição (Hz) Decaimento (dB) Frequência natural (Hz) η
modo 1 180 12,2 182,3 1,81E-04
modo 2 500 11,1 502,6 1,53E-04
modo 3 980 11,2 986 1,19E-04
modo 4 1630 17,8 1632 1,26E-04
modo 5 2430 29,4 2438 2,85E-04
modo 1 178 18,4 180,4 3,15E-04
modo 2 490 23,5 498,2 2,65E-04
modo 3 980 19,0 977,5 1,91E-04
modo 4 1630 18,2 1628 1,45E-04
modo 5 2430 21,4 2418 2,39E-04
modo 1 178 17,5 181 3,13E-04
modo 2 495 17,7 499,1 2,02E-04
modo 3 990 26,5 979,8 3,58E-04
modo 4 1630 14,5 1621 1,20E-04
modo 5 2436 34,2 2423 2,64E-04
Chapa 1Chapa 2Chapa 3
Resultados para as chapas de 3,0 mm de espessura
Banda de medição (Hz) Decaimento (dB) Frequência natural (Hz) η
modo 1 105 22,58 107,9 7,46E-04
modo 2 294 4,694 296,7 1,64E-04
modo 3 585 29,22 582,5 5,45E-04
modo 4 955 22,89 963 4,53E-04
modo 5 1230 10,93 1240,3 2,01E-04
modo 1 112 21,25 110,3 5,48E-04
modo 2 298 16,66 301,1 4,22E-04
modo 3 580 24,38 590,8 5,73E-04
modo 4 970 19,65 979,2 5,11E-04
modo 5 1290 17,11 1301,3 3,06E-04
modo 1 110 25,47 108,3 6,89E-04
modo 2 300 7,414 298,5 1,60E-04
modo 3 580 25,04 583,5 5,13E-04
modo 4 964 25,92 968,5 5,84E-04
modo 5 1260 11,88 1251,3 3,69E-04
Resultados para as chapas de 2,5 mm de espessura
Chapa 1Chapa 2Chapa 3
3.1.3.2 Resultados
Tabela 3.1 Resultados de fatores de perda modais para as chapas de 3 mm de espessura.
Tabela 3.2
Resultados de fatores de perda modais para as chapas de 2,5 mm de espessura.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
84
Banda de medição (Hz) Decaimento (dB) Frequência natural (Hz) η
modo 1 62 16,28 63,4 9,62E-04
modo 2 171 23,58 171 8,57E-04
modo 3 332 23,98 332 7,56E-04
modo 4 540 17,36 540 6,18E-04
modo 5 810 28,7 810 8,40E-04
modo 1 63 17,46 63 9,85E-04
modo 2 173 15,05 180 1,11E-03
modo 3 340 27,58 174 2,05E-03
modo 4 550 27,31 330 9,39E-04
modo 5 833 31,26 550 8,89E-04
modo 1 63 20,4 63 1,11E-03
modo 2 173 20,99 173 7,90E-04
modo 3 340 10,97 340 1,01E-03
modo 4 550 19,01 550 5,87E-04
modo 5 833 20,95 833 4,34E-04
Resultados para as chapas de 2,0 mm de espessura
Chapa 1Chapa 2Chapa 3
Banda de medição (Hz) Decaimento (dB) Frequência natural (Hz) η
modo 1 111 18,054 109,4 1,98E-04
modo 3 594 13,859 593,4 9,37E-05
Resultados para as chapas de 2,5 mm de espessura tratada termicamente
Tabela 3.3 Resultados de fatores de perda modais para as chapas de 2 mm de espessura.
As Tabelas 3.1 a 3.3 mostram os resultados obtidos para cada modo de
cada uma das chapas nas três espessuras.
A deformação plástica introduz discordâncias no material da carcaça.
Quanto maior o número de discordâncias no metal maior será a dissipação da
energia devido à própria vibração das discordâncias segundo o modelo de corda
vibrante apresentado na seção 2.3.5. Isso explica o aumento evidente do fator de
perda para as chapas de aço com a redução de espessura para cada modo de
vibração.
Tabela 3.4 Resultados de fatores de perda modais para a chapa de 2,5mm de espessura
tratada termicamente.
A tabela 3.4 mostra os resultados dos fatores de perda para a chapa de
2,5mm que foi tratada termicamente para alívio de tensões e aumento do contorno
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
85
Fatores de Amortecimento Médios das Chapas
Espessura (mm) 1 2 3 4 5
3 mm 2,70E-04 2,06E-04 2,23E-04 1,30E-04 2,62E-04
2,5 mm 6,61E-04 2,49E-04 5,44E-04 5,16E-04 2,92E-04
2,0 mm 1,02E-03 1,02E-03 1,27E-03 7,15E-04 7,21E-04
Modo de vibração
de grão. Não apenas isso, mas o número de discordâncias é drasticamente
reduzido quando o aço é submetido a tal tratamento. Os resultados deixam em
evidência que o aumento do contorno de grão resulta em uma diminuição do fator
de perda. Esta informação está totalmente de acordo com o que foi descrito na
seção 2.3.2. A seção 2.3.5 mostra que quanto maior o número de discordâncias
presentes em um metal maior será a energia vibratória dissipada. Neste caso,
como o número de discordâncias foi reduzido, a dissipação de energia por este
mecanismo também foi reduzida.
Comparando os resultados com os da Tabela 3.3 pode-se perceber que o
tratamento térmico fez com que o amortecimento para o primeiro modo fosse
reduzido aproximadamente três vezes. O terceiro modo, entretanto, sofreu uma
redução de aproximadamente cinco vezes. No sentido inverso seria necessário
que o metal passasse por um tratamento que reduzisse o tamanho de grão para
que o seu amortecimento interno aumente.
A Tabela 3.5 mostra os valores de fator de perda η médio para cada modo
de vibração das chapas. Por meio desta Tabela pode-se perceber qual o impacto
da deformação plástica, introduzida pela redução da espessura, no fator de
amortecimento do material da carcaça.
Tabela 3.5 Valores médios modais para os fatores de amortecimento das chapas.
Capítulo 3 – Medição de Fator de Amortecimento em Chapas de Aço
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
86
0,0E+00
2,0E-04
4,0E-04
6,0E-04
8,0E-04
1,0E-03
1,2E-03
1,4E-03
Fator de Amortecimento
12345
Modo de Vibração
Efeito da Deformação Plástica no Amortecimento
3 mm 2,5 mm 2,0 mm
A Figura 3.9 mostra de forma gráfica o efeito da redução da espessura das
chapas de aço na dissipação interna de energia do metal.
Figura 3.9 Efeito da redução de espessura no fator de amortecimento.
Os fatores de perda máximos obtidos neste estudo são da ordem de 10
-3
.
Um fator de perda dessa ordem não é eficiente para a redução esperada no ruído
irradiado pela carcaça de um compressor hermético. Deve-se ressaltar que um
corpo ou tampa de compressor conformados não possuem a redução na
espessura em todo o seu volume e sim em algumas regiões formadas por raios de
arredondamento na matriz de estampagem. Um tratamento térmico em carcaças é
totalmente inviável tanto pelo preço como pelo pequeno efeito que este processo
agrega no amortecimento do metal. Isso mais uma vez impulsiona a utilização dos
revestimentos de amortecimento, cuja eficiência dissipativa, é bastante elevada.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
87
CAPÍTULO 4
4 Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Este Capítulo aborda o modelamento de vigas sanduíche por elementos
finitos. Inicialmente uma breve discussão sobre modelagem de vigas sanduíche
formadas por três camadas de materiais (metal, viscoelástico e metal) formando
uma estrutura de camada constrita é apresentada. Em segundo lugar, a proposta
de utilização de dois softwares comerciais disponíveis no mercado, será avaliada
de modo a apresentar um caminho de simulação que não implique na
necessidade de desenvolvimento específico para esta finalidade. Por fim a
validação dos dados obtidos numericamente através de uma análise experimental
de vigas sanduíche mostra a qualidade dos modelos matemáticos utilizados neste
trabalho.
4.1 Métodos Numéricos para Modelagem de Vigas Sanduíche
A modelagem de estruturas sanduíche ligadas por um material viscoelástico
de baixo módulo de elasticidade não é um assunto simples. Modelos de placas
compostas não podem ser usados porque falham na representação de fortes
variações nas deformações planas ao longo da espessura [29]. Uma das técnicas
utilizadas consiste em modelar a estrutura sanduíche usando elementos clássicos
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
88
para camadas rígidas e um elemento viscoelástico normalizado para o material
viscoelástico. Para modelar tais estruturas utiliza-se o emprego de elementos de
casca (shells) de maiores ordens com a conexão dos nós com múltiplos elementos
de rigidez elevada [32]. O desenvolvimento de um elemento especial pode ser
muito caro quando se trata de softwares comerciais e nem sempre representam
com fidelidade o comportamento do material.
Finalmente combina-as a primeira e a terceira estratégia usando elementos
clássicos e a utilização de múltiplas conexões [31] assim como mostra a Figura
4.1.
Figura 4.1 Placa sanduíche: modelo de elementos finitos. (BALMES, E., GERMES, S., Tools
for Viscoelastic Damping Treatment Design. Application to an Automotive Floor Panel, ISMA
2002)
Para as camadas rígidas é preferível a utilização de elementos de casca
clássicos, como o quad4, (elemento de quatro nós), por exemplo, porque as
formulações para elementos de volume são sensíveis ao travamento, ou locking,
no cisalhamento quando se utilizam maiores razões de aspecto (dimensões do
elemento amplas comparadas com a espessura).
As camadas macias tornam necessário o uso de elementos de volume,
hexa8 (elemento sólido de oito nós), por exemplo, pois elementos de casca não
podem representar corretamente o elevado cisalhamento através da espessura.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
89
Para aplicações deste interesse, onde o núcleo é muito mais macio que as
extremidades, a energia no material viscoelástico é quase que exclusivamente
associada à deformação por cisalhamento. Assim o elemento apresenta
travamento (locking), mas esse travamento não tem impacto significativo na
resposta da estrutura nesta aplicação [30].
A Figura 4.1 mostra ainda que para a aplicação desta filosofia de
modelagem é necessário que haja um off-set entre os elementos de casca e os
elementos de volume. A conectividade precisa ser garantida por conexões rígidas
entre os nós dos elementos. A Figura 4.2 esclarece este princípio.
Figura 4.2 Conectividade dos elementos do modelo de elementos finitos de uma viga
sanduíche. (BALMES, E., GERMES, S., Tools for Viscoelastic Damping Treatment Design.
Application to an Automotive Floor Panel, ISMA 2002.)
Este tipo de aproximação duplica o número de graus de liberdade que seria
utilizado para a formulação clássica para cascas finas o que precisa ser
compensado por técnicas de redução [33].
É preciso introduzir no modelo a forte dependência do módulo de
elasticidade do material viscoelástico com a freqüência e com a temperatura. Tal
comportamento de viscoelasticidade linear pode ser representado por:
(4.1)
1
( , ) ( )[1 ( )]
TT
ET E i
ω
ωα η ωα
=
+
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
90
onde
E é o módulo de elasticidade complexo devido à viscoelasticidade linear,
1
E o módulo de armazenamento,
η
o fator de amortecimento,
T
α
o fator de temperatura,
ω
a freqüência.
Essa é, portanto, a forma clássica de modelagem de uma viga sanduíche
por elementos finitos.
4.2 Utilização de Softwares Comerciais para os Modelos de
Placas Sanduíche
Esta seção apresenta modelos desenvolvidos para dois softwares
comerciais disponíveis e comparações entre os resultados. Os dois softwares
usados foram o LMS SYSNOISE VIOLINS e o ANSYS.
4.2.1 LMS SYSNOISE Versão 5.6 - VIOLINS
O pacote VIOLINS (VIbration Of Layered INsulation Systems) está presente
no software Sysnoise da LMS [34]. A versão utilizada para o projeto foi a versão
5.6. O VIOLINS é utilizado para a simulação vibro-acústica de sistemas em
multicamadas, nos domínios do tempo e da freqüência.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
91
.. .
.. .
00
0
uu uw uu uw
u
TT
ww
w
uw ww uw ww
MM KK
F
UU U
C
W
F
MM K K
WW
⎛⎞ ⎛⎞
⎡⎤
⎛⎞
⎡⎤
⎛⎞
⎜⎟ ⎜⎟
++ =
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
⎢⎥
⎜⎟ ⎜⎟
⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠
⎣⎦
⎝⎠
⎣⎦
⎝⎠ ⎝⎠
O modelo de elementos finitos se baseia em uma formulação de
deslocamento mista (u-w) que depende das seguintes interpolações [35, 36 e 37]:
(4.2)
(4.3)
onde
u
N e
w
N são as matrizes de funções de interpolação enquanto que U e W
são os vetores de deslocamentos nodais.
Uma aproximação convencional de Galerkin resulta em Equações de
equilíbrio dinâmico na forma:
(4.4)
As submatrizes do sistema global acima (massa, amortecimento e rigidez)
são descritas pelas seguintes relações:
(4.5)
(4.6)
(4.7)
(4.8)
(4.9)
(4.10)
(4.11)
,()
uuu
uNU LNUBU
ε
== =
,( )
T
wv w w
wNW NWBW
ε
=∇=
T
uu u u
V
MNNdV
ρ
=
T
uw u f w
V
MNNdV
ρ
=
(/)
T
ww w f w
V
MN NdV
ρα
=Ω
(/)
T
ww w w
V
CNRNdV=Ω
2
()
TT
uu u p p u
V
KBDQIIBdV
α
=+
T
uw u p u
V
KBQIBdV
α
=
T
ww w w
V
KBQBdV=
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
92
2
()
uu ww ww ww
ZKicCM
ωωω
=+
(4.12)
(4.13)
sendo
_
_
T
o vetor de carga, que pode assumir a forma de tração na superfície e de
pressão no fluido
_
_
π
:
No domínio do tempo a solução para a Equação está baseada no método
de integração de Newmark.
Para a solução no domínio da freqüência (assumindo dependência no
tempo na forma
it
e
ω
) a Equação 4.4 toma uma forma alternativa que envolve os
vetores de amplitude de deslocamento
~
U
e
~
W , e vetores de amplitudes de carga
~
u
F
e
~
w
F
.
(4.14)
As submatrizes do novo sistema são:
(4.15)
(4.16)
(4.17)
Uma discretização completa 3D é requerida para os modelos. Essa
formulação híbrida e refinada permite a simulação de camadas finas e espessas
__
T
T
uu
S
FNTdS=
__
T
ww
S
FNdS
π
π
=
~
~
~
~
() ()
() ()
uu uw
u
wu ww
w
ZZ
F
U
ZZ
W
F
ωω
ωω
⎛⎞
⎛⎞
⎡⎤
⎜⎟
⎜⎟
=
⎢⎥
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎣⎦
⎝⎠
⎝⎠
2
()
uu uu uu
ZKM
ωω
=−
2
()
uw uw uw
ZKM
ωω
=−
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
93
usando elementos de volume. Ainda, a formulação por deslocamentos assegura a
compatibilidade direta dos modelos e mantém a simetria do sistema de Equações
global. Um procedimento necessário após a construção do modelo é definir cada
uma das camadas da viga como
Layers para que o código interprete a interação
entre os três materiais.
Do ponto de vista prático de modelamento, o VIOLINS possui um elemento
híbrido
solid-shell (ou sólido-casca), que permite modelar as placas rígidas de um
sanduíche de modo que não é necessária a utilização do off-set entre as três (ou
mais) camadas do sanduíche como mostra a Figura 4.2 da seção 4.1.
Tal elemento híbrido possui a topologia de um elemento de volume, mas
seu comportamento é similar a um elemento de casca, cujos graus de liberdade
rotacionais são derivados da diferença entre os graus de liberdade translacionais
do topo e da base do sólido fino, que representa a casca.
O modelo, portanto, é construído como três camadas de elementos sólidos
hexa8 (sólidos de oito nós), contudo as camadas rígidas, que representam a placa
base de metal e a camada constritora de metal são assinaladas como elementos
solid-shell. A Figura 4.3 ilustra o modelo de elementos finitos de uma viga
sanduíche.
Figura 4.3 Modelo de elementos finitos para uma viga sanduíche típico do software VIOLINS.
Metal
Metal
Viscolástico
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
94
A utilização dos elementos híbridos fornece resultados de simulação muito
próximos aos resultados obtidos quando utilizados elementos de casca. A
veracidade deste fato pode ser comprovada comparando-se dois modelos de viga,
geometricamente idênticos, diferindo unicamente no tipo de elementos da malha.
A Figura 4.4 mostra um comparativo entre a simulação de uma chapa de aço
modelada utilizando-se elementos clássicos tipo
shell e elementos tipo solid-shell.
Figura 4.4 Comparação entre os resultados obtidos para uma chapa de aço modelada por
elementos de casca clássicos e por elementos sólido-casca, disponíveis no pacote VIOLINS.
Para modelar o material viscoelástico foi utilizado um elemento clássico de
oito nós (hexa8) e as propriedades foram definidas a partir da parte real e da parte
imaginária do módulo de elasticidade. A parte real do módulo de elasticidade é o
módulo de armazenamento e a parte complexa, o módulo de perda de acordo com
a relação
EEiE
η
=+
. A densidade do material viscoelástico também é um dado
de entrada para esta análise.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
95
4.2.2 ANSYS Versão 9.0
A parte inicial do desenvolvimento deste trabalho de dissertação, foi com o
uso do software ANSYS versão 8.0. Devido à complexidade dos modelos de
amortecimento implementados em seu código foi encontrada uma dificuldade
maior para a modelagem das vigas sanduíche. Outra dificuldade era a análise
obrigatória no domínio do tempo deste para este tipo de estrutura implicando em
maior tempo de processamento. Assim os resultados deveriam ser transformados
individualmente por uma FFT, o que implicava em acréscimo do tempo de pós-
processamento.
Para a solução de problemas que incluem amortecimento o software
ANSYS (qualquer versão) disponibiliza dois métodos: o método
Full e o método da
superposição modal.
O método
full consiste na resolução da Equação de movimento de maneira
acoplada, tanto em análises harmônicas, como em análises transientes [38]. O
método
full utiliza-se da resolução da seguinte Equação, em coordenadas nodais:
(4.18)
que é a Equação de movimento sendo
{
}
x
o vetor de resposta, em função da
matriz de excitações
{
}
F
e das matrizes de massa
[
]
M
, amortecimento
[]
C
e
rigidez
[
]
K
.
O método da superposição modal representa a resposta da estrutura como
a combinação linear dos autovetores do sistema. Assim, pelo uso de coordenadas
generalizadas, é necessário realizar, primeiramente, uma análise modal da
{}
[] [] []
{}
FMxCxKx
⎧⎫ ⎧⎫
=++
⎨⎬ ⎨⎬
⎩⎭ ⎩⎭
ii i
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
96
estrutura para obter os autovetores do sistema mecânico e, finalmente, resolver as
Equações para obter a resposta final do sistema linear. A resposta
{
}
x
é
assumida como sendo a combinação linear dos
n
modos de vibração
{
}
φ
através
da solução para os coeficientes modais
y
.
(4.19)
Outra dificuldade encontrada na utilização da versão 8.0 do ANSYS foi a
complexidade da conexão dos elementos de casca (
shell) usados para representa
as placas metálicas com os elementos de volume (
solid) utilizados para
representar o material viscoelástico de acordo com os conceitos do início deste
Capítulo. Os resultados obtidos nas simulações utilizando-se essa versão eram
muito inferiores quando comparados com os resultados obtidos pelo VIOLINS. A
Figura 4.5 mostra a diferença entre os resultados obtidos pelo ANSYS e pelo LMS
SYSNOISE VIOLINS para o mesmo modelo de uma viga sanduíche.
Figura 4.5 Resposta de uma viga sanduíche obtida por ANSYS e VIOLINS.
{} {}
1
n
ii
i
x
y
φ
=
=
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
97
A diferença encontrada nos resultados pode ser explicada pela conexão
inadequada entre os dois tipos de elemento uma vez que o número de graus de
liberdade por nó é diferente para os elementos de casca e de volume. Para um
elemento de casca cada nó possui seis graus de liberdade, ou seja, três
translacionais e três graus de liberdade rotacionais. O elemento de volume,
entretanto, possui apenas três graus de liberdade por nó. Assim cada nó de um
elemento clássico de volume possui três graus de liberdade translacionais, isto é,
sem rotações.
A versão 9.0 do ANSYS trouxe novas ferramentas e novas possibilidades
de aplicação surgiram para o modelo de vigas sanduíche. O interesse em utilizar-
se o ANSYS, a despeito das dificuldades, foi principalmente a facilidade da
implementação de uma rotina de otimização para posicionamento de uma amostra
de material viscoelástico em uma superfície metálica. A documentação do ANSYS
é também mais completa quando comparada a documentação do VIOLINS. Ainda
a possibilidade da programação em APDL (ANSYS PARAMETRIC DESIGN
LANGUAGE) tornou-se um fator importante para o uso do software ANSYS,
facilmente aplicada para desenvolver processos de otimização.
A principal vantagem da versão 9.0 do ANSYS foi a introdução de um
elemento similar ao elemento híbrido presente no VIOLINS. O novo elemento é o
SOLSH190 que reúne a topologia de um elemento sólido com todos os graus de
liberdade (translacionais e rotacionais) de um elemento de casca (
shell) [39].
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
98
Figura 4.6 Topologia do elemento SOLSH190.
Este novo elemento garante a conectividade dos elementos de casca e
elementos sólidos. Isso elimina a necessidade da utilização de vínculos rígidos
entre as três camadas de uma placa sanduíche. A questão das diferentes
espessuras de um elemento de casca também está resolvida para esse elemento,
uma vez uma ampla gama de espessuras pode ser utilizada, podendo representar
também deformações na espessura.
A Figura 4.7 mostra o efeito do refino de malha na convergência da solução
para uma placa de aço, em função da deflexão máxima normalizada para três
tipos de elementos, dentre eles o elemento SOLSH190.
Figura 4.7 Comparativo entre elementos para uma análise estática linear com espessura
normalizada (t/L- espessura sobre largura – 0.001).
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
99
A discretização necessária para a utilização dos elementos solidshell é da
mesma ordem de um elemento de casca para elevadas deformações e análises
de não linearidade (SHELL 181).
Ao contrário da aplicação do elemento híbrido do VIOLINS a modelagem
com elementos SOLSH190 é complexa. Muitos cuidados precisam ser tomados
com a orientação dos elementos segundo coordenadas globais e coordenadas do
próprio elemento, conectividade entre os nós e ordenamento dos nós.
Além do novo elemento a Análise Harmônica com propriedades
dependentes da freqüência é uma grande vantagem [40]. Os modelos de vigas
sanduíche não precisam mais ser resolvidos no domínio do tempo com uma
excitação impulsiva. A resolução direta no domínio da freqüência tanto em
coordenadas nodais (método
full) quanto em coordenadas generalizadas (método
da superposição modal) apresenta uma grande redução no tempo de
processamento dos modelos. Outra melhoria deste tipo de análise é a
possibilidade da entrada de propriedades como módulo de elasticidade complexo ,
em função da freqüência e da temperatura, como uma tabela, facilitando a
representação do material viscoelástico.
A Figura 4.8 mostra a configuração do modelo de elementos finitos para
uma viga sanduíche modelada da forma idêntica àquela realizada com VIOLINS,
ou seja, elementos híbridos sólido-casca (
solid-shell) para os materiais rígidos e
elementos sólidos clássicos (HEXA8) para o material viscoelástico.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
100
Figura 4.8 Modelo de elementos finitos para viga sanduíche – ANSYS 9.0.
As novas facilidades desta versão do ANSYS para a aplicação desejada
resultaram em resultados melhores que os apresentados na Figura 4.5. Entretanto
os resultados da resposta da viga sanduíche ainda apresentaram uma qualidade
inferior aos resultados obtidos pelo SYSNOISE VIOLINS. A avaliação desta
qualidade está baseada na correlação dos valores numéricos com valores
experimentais que será descrita na próxima seção. A comparação entre os
resultados da simulação do mesmo modelo de viga sanduíche utilizando VIOLINS
e ANSYS 9.0 está apresentada na Figura 4.9.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
101
Figura 4.9 Comparativo final entre modelos de elementos finitos: VIOLINS vs. ANSYS 9.0.
A Figura 4.9 mostra a diferença entre os resultados obtidos para os
deslocamentos de uma viga sanduíche fornecidos por ambos os softwares
comerciais. Observa-se uma discordância da ordem de 10% nos valores das
freqüências de ressonância calculadas pelos dois softwares, para modelos
similares. A próxima seção dedica-se à validação experimental dos modelos
numéricos resolvidos por meio do software SYSNOISE VIOLINS 5.6.
4.3 Validação Experimental dos Modelos Numéricos
Após o estudo detalhado das maneiras de se fazer um modelo numérico
detalhado um estudo experimental pode mostrar a real qualidade dos resultados
obtidos pelo método de elementos finitos. Para validar os resultados obtidos
através da análise numérica, um experimento foi projetado, conforme descrito a
seguir.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
102
4.3.1 Experimento
O experimento consistiu em impactar a viga sanduíche que estava
engastada em uma base rígida para obter as respostas de aceleração. O impacto
foi realizado por um martelo de impacto com um transdutor de força piezoelétrico.
Havia restrições para a massa do martelo, pois a energia fornecida ao sistema
precisava ser suficiente para excitar os modos de vibração sem introduzir
deformações permanentes ou amplitudes excessivas de vibração, uma vez que as
vigas testadas eram finas (0,55mm de espessura). As respostas da viga foram
obtidas por um acelerômetro, em primeira instância, e por um Vibrômetro a laser,
em segunda instância, para reduzir o efeito de massa, adicionada pelo
acelerômetro na viga. A Tabela 4.1 contém a lista de equipamentos utilizados no
experimento.
Tabela 4.1 Instrumentação para o experimento.
Figura 4.10 Diagrama de blocos do experimento.
Equipamentos
Martelo de Impacto B&K 8203
Acelerômetro B&K 439X
Vibrômetro Ometron VH3000
Analisador LMS SCADAS III
Software de processameto LMS Testlab 4
Modelo
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
103
A Figura 4.10 mostra o diagrama de blocos do experimento para validação
numérica. A viga sanduíche engastada é excitada perto em um ponto próximo ao
engaste para que a energia introduzida no sistema não resulte em amplitudes
excessivas de movimento. A resposta da viga é medida, ou por acelerômetro ou
vibrômetro laser, em vários pontos ao longo da viga. Os sinais são aquisitados e
medidos pelo analisador em comunicação com um PC. As FRFs (Funções
Resposta em Freqüência) das vigas são obtidas a partir de cinco medições, ou
seja, cinco médias para cada ponto de medição da aceleração.
As Figuras 4.11 a 4.13 mostram detalhes do experimento realizado. O
engaste constitui-se de uma massa de aço com uma peça móvel presa por
parafusos para garantir o engaste da viga. A estrutura parafusada foi desenhada
para que pudesse realizar medições em vigas de diferentes espessuras.
Figura 4.11 Experimento de Impactação para validação.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
104
1
250 mm
50 mm 50 mm
25 mm
Ponto de impacto
Pontos de medição
23
Figura 4.12 Detalhe da impactação e da incidência do feixe de laser.
Figura 4.13 Posições de impactação e de medição das respostas.
O material sanduíche utilizado, um multilayer de três camadas, para estudo
foi fornecido pela MSC (Material Sciences Corporation). As propriedades do
sanduíche estão listados na Tabela 4.2.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
105
Tabela 4.2 Especificação das vigas sanduíche. (Fonte: MSC)
A utilização do laser para medir as respostas da viga sanduíche ao invés de
um acelerômetro foi de grande importância para a qualidade do sinal de resposta
medido nesta viga. Uma vez que a espessura da viga é bem reduzida, qualquer
adição de massa no sistema, pelo posicionamento de um acelerômetro, afeta a
resposta da viga. Como este experimento visava obter uma validação do modelo
de elementos finitos o efeito da medição com um acelerômetro foi analisado a
priori. A adição da massa do acelerômetro desloca as freqüências da viga para
valores menores e também introduz amortecimento à estrutura.
Figura 4.14 Efeito do acelerômetro na resposta da viga sanduíche.
Camadas Material Dimensões Espessura E ρ ην
Base
Aço 1020 250x20x1,1mm 0,55mm 210GPa
7850 kg/m
3
1.10
-3
0,3
Viscoelástico
PCX-9 250x20x1,1mm 25µm 40GPa
997 kg/m
3
0,8
0,3
Cobertura
Aço 1020 250x20x1,1mm 0,55mm 210GPa
7850 kg/m
3
1.10
-3
0,3
Viga
1,1mm
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
106
Tabela 4.3 Erros percentuais devido ao efeito de massa do acelerômetro.
Embora os erros percentuais na resposta da viga decorrentes da medição
com acelerômetro sejam inferiores a 5% até o quarto modo da viga, esse efeito de
massa deve ser considerado no modelo de elementos finitos se a opção
experimental for a utilização de um acelerômetro.
Os resultados experimentais considerados para a validação do modelo
numérico não levam em conta a adição de massa porque os valores experimentais
utilizados são provenientes de medições com o vibrômetro a laser.
4.3.2 Modelo de Elementos finitos
Com base no experimento descrito foram criados modelos de elementos
finitos para simular as vigas sanduíches testadas. O modelo consiste em uma viga
engastada com uma força aplicada na posição equivalente ao ponto de aplicação
da carga na viga do experimento. O software utilizado para estas simulações foi o
LMS SYSNOISE VIOLINS 5.6, conforme descrito na seção 4.2.
A Figura 4.16 ilustra as condições de contorno aplicadas no modelo de
elementos finitos. Na extremidade correspondente ao engaste da viga, nos
experimentos foram aplicadas condições de engaste, ou seja, todos os
Modo de Vibração
Erro em Frequência
(%)
Erro em Amplitude
(%)
1,12 1,05
3,54 3,76
3,58 3,90
2,67 4,86
Efeito do Acelerômetro na Resposta da Viga Sanduíche
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
107
F
deslocamentos nulos nas direções, x, y e z. A força F aplicada é uma carga
unitária variando em todas as freqüências de interesse. O carregamento foi
aplicado a 25mm da extremidade engastada, conforme mostra a Figura 4.15.
Figura 4.15 Viga Sanduíche – Modelo de elementos finitos.
Figura 4.16 Condições de Contorno – Carga F e Engaste na extremidade.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
108
Figura 4.17 Camadas da viga sanduíche no modelo de Elementos Finitos.
As propriedades necessárias para a simulação das vigas sanduíche,
módulo de elasticidade (E), densidade (ρ), coeficiente de Poisson (ν) e fator de
amortecimento (η) estão listadas na Tabela 4.2. Como visto anteriormente, as
propriedades do material viscoelástico variam fortemente com a freqüência e com
a temperatura. As propriedades de materiais viscoelásticos são fornecidas em
nomogramas, que são curvas de fator de perda e módulo elástico, em função da
freqüência e da temperatura. A MSC, entretanto, prefere manter em sigilo as
propriedades dos seus laminados e forneceu apenas valores pontuais para
amortecimento e módulo de Young, conforme mostra a Tabela 4.2. Para os
modelos apresentados nesta seção foi feita a aproximação de que o fator de perda
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
109
xyz
Ponto 1 250 10 1,1
Ponto 2 200 10 1,1
Ponto 3 150 10 1,1
Força 25 10 1,1
Coordenadas (mm)
Ponto de Medição
fosse constante para a freqüência analisada. O módulo elástico, por hipótese, foi
também suposto constante.
A validação do modelo numérico consiste na comparação das curvas de
resposta em freqüência para as três posições medidas na viga, com as curvas de
resposta em freqüência obtidas nos nós da malha de elementos finitos. As
coordenadas dos nós no modelo de elementos finitos eram correspondents às
mesmas posições geométricas dos pontos experimentais. A Figura 4.18 mostra a
viga em estudo orientada pelos eixos cartesianos. O eixo z é perpendicular ao
plano da folha e define a espessura da viga. Os eixos x e y definem,
respectivamente, o comprimento e a largura da viga. Os resultados obtidos estão
mostrados na seqüência.
Figura 4.18 Orientação da viga nos eixos coordenados.
Tabela 4.4 Coordenadas dos pontos de excitação (força) e dos pontos de medição
(resposta).
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
110
Figura 4.19 Comparativo experimental-numérico para o ponto 1.
Figura 4.20 Comparativo experimental-numérico para o ponto 2.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
111
Figura 4.21 Comparativo experimental-numérico para o ponto 3.
Pela concordância dos resultados apresentados acima fica evidenciado que
o modelo de elementos finitos possui confiabilidade suficiente para modelar vigas
sanduíche. As pequenas diferenças encontradas, principalmente no ponto 1, são
devidas primeiramente ao conhecimento parcial do comportamento do fator de
perda e do módulo e elasticidade do material viscoelástico. A aproximação dos
valores por um único valor destas propriedades teve um impacto, ainda que
pequeno, nos resultados do modelo numérico. Os resultados dos modelos
numéricos tendem a melhorar se houver disponibilidade de nomogramas
completos das propriedades dos materiais viscoelásticos. Tais nomogramas
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
112
representam as curvas do fator de perda e do módulo de elasticidade variando
com a freqüência e com a temperatura.
Obtida a validação, podem então ser feitos vários modelos em elementos
finitos variando-se propriedades de materiais, espessuras, tamanhos e distribuição
de revestimento para conhecer melhor o potencial de aplicação dos multilayers em
sistemas mecânicos. Com um modelo validado uma carcaça de compressor
completa pode ser modelada. A carcaça pode ser modelada como uma estrutura
sanduíche completa, ou podem ser determinados posições e tamanhos de
revestimentos ótimos, para aumento máximo de amortecimento e redução de
ruído a um custo mínimo.
4.3.3 Simulações Numéricas – Variação de percentual de área coberta
e posição do revestimento em vigas de metal.
Valendo-se do fato de o modelo de elementos finitos apresentarem
resultados coerentes, fato provado com a validação experimental, é possível
realizar alguns estudos variando-se posicionamento e dimensões dos
revestimentos sobre materiais metálicos para compreender e comprovar alguns
conceitos. Essas informações constituem o conhecimento inicial para
implementação de uma rotina de otimização de tamanho, quantidade e posição de
amostras em uma dada superfície que venha a receber o tratamento.
O estudo apresentado nesta seção refere-se à variação da área de
cobertura de uma chapa de aço por um revestimento sanduíche, bem como a
posição de um revestimento em uma viga. Ainda combinando-se os efeitos do
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
113
aumento da área de revestimento com o posicionamento das amostras pode-se
obter uma configuração pré-otimizada. Os modelos em consideração nesta seção
utilizam-se dos mesmos materiais das vigas utilizadas para a validação, entretanto
as dimensões da viga são 20x125x2,5 mm, as espessuras das vigas de metal são
de 1 mm e a espessura do material viscoelástico 0,5 mm.
4.3.3.1 Aumento Progressivo da Área de Cobertura
O primeiro caso estudado foi o efeito do percentual da área coberta no
amortecimento de uma viga de aço. Partindo-se de uma viga de aço sem
revestimento, cujas dimensões são as mesmas da placa base descrita na Tabela
4.2, foi acrescentado revestimento de uma fita de material viscoelástico de modo a
formar uma configuração sanduíche até chegar-se na cobertura total do aço
(Figura 4.22). Os aumentos subseqüentes foram de 10% de área de revestimento.
Figura 4.22 Aumento do percentual de área de revestimento.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
114
Resultados para o primeiro caso foram esperados, quanto maior o aumento
da área do revestimento maior o amortecimento da estrutura. Um aumento
contínuo da área de revestimento além de aumentar a capacidade dissipativa da
viga também resulta em aumento na rigidez da placa composta (Figura 4.23).
Figura 4.23 Efeito do aumento percentual da área de cobertura na resposta da viga.
4.3.3.2 Alteração da Posição do Revestimento
Em segundo lugar várias simulações foram realizadas variando-se apenas
a posição de uma pequena porção do revestimento em uma viga de aço com as
mesmas características da viga anterior (Figura 4.24). Neste caso não houve
aumento da área de cobertura apenas variação no posicionamento do material de
amortecimento. O revestimento utilizado foi uma fita de 20 mm de largura por 25
mm de espessura cuja posição variou-se em passos de 12,5 mm.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
115
Figura 4.24 Variação da posição do revestimento.
Quanto à variação da posição do revestimento na viga, os resultados estão
apresentados na Figura 4.25.
Figura 4.25 Efeito do deslocamento do revestimento na placa de aço.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
116
O gráfico acima mostra que os efeitos de um único revestimento de 20 mm
de largura por 12,5 mm de comprimento são pequenos. Como a eficiência do
tratamento com material de amortecimento está relacionada ao grau de
cisalhamento a que o material viscoelástico está submetido, a capacidade de
amortecimento de uma porção isolada em uma superfície é maior se houver a
coincidência de sua posição com uma região de inflexão na viga. Isso quer dizer
que se houver a intenção de se amortecer determinado modo de uma estrutura, e
a única maneira é a utilização de um revestimento posicionado, este revestimento
precisa ocupar uma posição de máximo momento fletor, onde a flexão é maior,
para que seja mais efetivo. A Figura 4.26 mostra o material sob cisalhamento.
Figura 4.26 Cisalhamento do material viscoelástico.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
117
4.3.3.3 Revestimento Descontínuo da Viga
Em terceiro lugar, a partir de resultados obtidos com os dois casos
anteriores, verifica-se o efeito do aumento de área recoberta de maneira
descontínua e em posições específicas da placa de aço com várias amostras de
20x25mm de revestimento.
Figura 4.27 Aumento descontínuo de área de revestimento em posições de interesse.
Figura 4.28 Revestimento descontínuo da viga base.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
118
As Figuras 4.29 e 4.30 mostram os resultados para um revestimento como
a Figura 4.28. Seis porções de revestimento são distribuídas na viga base de
modo a atuar no modo de 1650 Hz. Duas condições foram simuladas, distribuindo
amostras de 25 mm de comprimento e 20 mm de comprimento, de modo que a
área revestida por ambos fosse de 60% e 48%, respectivamente.
Figura 4.29 Revestimento em porções discretas 0-700 Hz.
Figura 4.30 Revestimento em porções discretas 700-1700 Hz.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
119
O aumento da área de revestimento é sempre benéfico para o aumento do
amortecimento. Entretanto para a mesmo percentual de área coberta a dissipação
é maior com o revestimento contínuo do que o descontínuo. Uma maior porção
contínua do revestimento incorre em maior cisalhamento da camada de
amortecimento resultando na maior dissipação da viga (Figura 4.31).
Figura 4.31 Comparativo de aplicação de revestimento para 60% de cobertura.
Ainda que a cobertura contínua seja preferível em termos de amortecimento
o revestimento descontínuo apresenta também resultados muito bons quando o
posicionamento das coberturas estão em regiões de máxima flexão. A Figura 4.32
mostra a eficiência do tratamento em relação a uma viga de aço sem cobertura.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
120
modo
η Área
contínua
η Área
descontínua
Diferença
2
0,06 0,03
1,83
3
0,10 0,03
2,98
4
0,11 0,03
3,39
5
0,09 0,05
1,96
6
0,11 0,08
1,45
Comparativo de Revestimento
Figura 4.32 Eficiência do tratamento em porções definidas da viga.
As Tabelas 4.5, 4.6 e 4.7 apresentam um resumo comparativo dos
resultados obtidos. A Tabela 4.4 compara os fatores de amortecimento modais
para 60% de revestimento contínuo e descontínuo. As tabelas 4.5 e 4.6 comparam
os fatores de perda em função da razão de áreas (aumento da área) para
revestimentos discreto e contínuo respectivamente.
Tabela 4.5 Resumo comparativo: Revestimento contínuo e descontínuo.
Capítulo 4 – Modelos de Elementos Finitos para Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
121
modo Razão de Área ∆η
2
1,25
1,10
3
1,25
1,11
4
1,25
1,42
5
1,25
1,21
6
1,25
1,72
7
1,25
1,44
Revestimento Descontínuo
modo Razão de Área ∆η Razão de Área ∆η
1 2 1,88 5 2,05
2 2 1,05 5 0,93
3 2 1,60 5 8,08
4 2 1,60 5 11,36
5 2 1,60 5 9,18
6 2 2,90 5 15,52
Revestimento Contínuo
Tabela 4.6 Resumo comparativo: Revestimento 60% vs. 48% de cobertura.
Tabela 4.7 Resumo comparativo: Razão de área de cobertura.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
122
CAPÍTULO 5
5 Medição de Fator de Amortecimento em Vigas
Sanduíche
Este Capítulo descreve dois experimentos realizados em vigas sanduíche
para conhecer o efeito da temperatura no material viscoelástico, com o objetivo de
conhecer o comportamento das vigas sanduíche com diversos materiais e
determinar suas propriedades.
Os dois experimentos contemplados nesta seção são experimentos
análogos, sendo a diferença entre eles a força de excitação da viga. O
experimento final usa uma viga de aço de maior espessura e avalia o
comportamento de materiais diferentes aderidos à mesma.
5.1 Vigas Sanduíche
Em essência o experimento consistiu em excitar a viga sanduíche por meio
de um transdutor de não contato indutivo e medir as respostas da viga por meio de
um transdutor de não contato capacitivo. Este experimento é denominado pela
ASTM E 756-98 de Método da Viga Vibrante. A viga foi engastada em uma base
de massa com uma haste rígida para posicionamento dos transdutores (Figura
5.1). O conjunto inteiro foi colocado em um forno para tornar possíveis as
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
123
Transdutor capacitivo B&K MM0004
Transdutor magnético B&K MM0002
Analisador Digital B&K Pulse 4 canais
Power Amplifier B&K 2706
Forno Elétrico Fanem Orion
Lista de Instrumentação
variações de temperatura para medição da resposta da viga. As temperaturas do
forno foram variadas de 25°C até 68°C numa faixa de freqüência de 0 a 2 kHz.
O principal objetivo deste experimento era verificar a sensibilidade dos
resultados em função da variação de temperatura. O experimento foi projetado
seguindo as recomendações da norma ASTM E 756-98
“Standard Test Method for
Measuring Vibration-Damping Properties of Materials
, que utiliza o método da
viga vibrante.
Tabela 5.1 Lista de Instrumentação.
Figura 5.1 Engaste da viga e posicionamento dos transdutores.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
124
Para que os cálculos da norma sejam válidos as camadas de metal, base e
constritora precisam ser de mesma espessura. Assim, foram testadas vigas de
0,55 mm de espessura para determinação das propriedades. As dimensões das
vigas testadas eram de 20x280 mm garantindo um comprimento livre após o
engaste de 250 mm, em conformidade com a norma. Vigas de espessuras
diferenciadas dos materiais metálicos também foram submetidas ao experimento
para avaliar a resposta em freqüência destas vigas em várias temperaturas. As
Figuras 5.2 a 5.4, apresentadas na seqüência, ilustram o experimento realizado.
Figura 5.2 Posicionamento do conjunto no forno e posição dos termopares.
O critério utilizado para estabilização da temperatura considerava a
homogeneização das leituras dos termopares do forno e da base. Quando ambos
os termopares, do forno e o da base, registraram um mesmo valor, foi atingida a
estabilização. A estabilização de temperatura demorou em torno de duas horas
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
125
por patamar. Isso tornou o experimento demorado, mas com bastante
confiabilidade quanto à temperatura da viga.
Figura 5.3 Experimento em andamento.
Figura 5.4 Detalhe dos Equipamentos.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
126
As medições foram realizadas até 2000 Hz devido à limitação do excitador
magnético MM0002. Dificuldades quanto às distâncias dos transdutores em
relação à viga foram constantes durante os experimentos. Para temperaturas
maiores que 45°C os resultados das medições tornaram-se muito discrepantes.
Para freqüências maiores que 1000 Hz as respostas da viga sanduíche foram de
difícil leitura devido ao elevado amortecimento dos modos naturais. Assim os
resultados apresentados estão na faixa de 10 Hz a 1k Hz.
Figura 5.5 Resposta da Viga PCX9 para várias temperaturas.
A Figura 5.5 mostra a influência da temperatura na resposta da viga
sanduíche. À medida que a temperatura se aproxima da temperatura na qual o
fator de amortecimento do material viscoelástico é máximo, os modos da viga
apresentam maior amortecimento. Para temperaturas superiores a 45°C a
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
127
resposta da viga apresentou níveis mais elevados embora o amortecimento dos
modos fosse maior. Não se pode garantir que para essa condição a força tenha
sido mantida constante, principalmente pela distância da viga ao transdutor.
Menores amplitudes de deslocamento, devidas ao elevado amortecimento,
resultaram em uma condição de excitação diferente, gerando uma diferença de
potencial residual. Isso explica o deslocamento de toda a curva de resposta para
níveis maiores. A Figura 5.5 mostra ainda que o maior amortecimento medido
corretamente foi em 44,8°C. Portanto o comportamento do material da viga é
realmente suscetível à variação da temperatura. A resposta da viga base, isto é,
sem tratamento de amortecimento está apresentada na Figura 5.6.
Figura 5.6 Resposta para a viga base que compõe o sanduíche PCX9.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
128
Figura 5.7 Comparativo entre a resposta da viga base e as respostas da viga sanduíche.
A Figura 5.7 mostra o efeito do amortecimento obtido tratando-se uma
chapa base de 250x20x0,55mm formando uma viga sanduíche de 250x20x1,1mm.
Fica claro que a maior atenuação das vibrações da viga ocorre quando o
sanduíche está submetido a uma temperatura próxima de 45°C onde praticamente
são neutralizados os modos naturais cujas freqüências são superiores a 500 Hz.
O procedimento para obtenção das propriedades do material da viga
sanduíche para obtenção do nomograma depende da determinação das
freqüências naturais de cada modo das vigas base e sanduíche e dos fatores de
perda da viga sanduíche pelo método banda de meia potência, aplicado às curvas
medidas. O fator de perda da viga sem revestimento é assumido como zero para
os cálculos da ASTM-E756-98. Uma vez que o procedimento matemático descrito
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
129
Freqüência central (Hz)
16 89 250 486 796
Fator de perda η
- 0,017 0,023 0,022 0,031
Freqüência central (Hz)
14 86 237 451 -
Fator de perda η
- 0,045 0,058 0,085 -
Freqüência central (Hz)
16 85 231 432 -
Fator de perda η
0,082 0,053 0,081 0,119 -
Freqüência central (Hz)
14 83 223 414 -
Fator de perda η
0,081 0,062 0,095 0,145 -
Freqüência central (Hz)
13 27 81 215 -
Fator de perda η
0,116 0,068 0,074 0,078 -
Freqüência central (Hz)
16 32 78 207 -
Fator de perda η
0,036 0,018 0,080 0,107 -
Freqüência central (Hz)
16 77 197 354 -
Fator de perda η
- 0,068 0,102 - -
Freqüência central (Hz)
11 120 198 577 -
Fator de perda η
0,099 0,006 - - -
PCX9 68°C
Fatores de Perda e Freqüências Obtidos
PCX9 29°C
PCX9 36°C
PCX9 39,6°C
PCX9 44,8°C
PCX9 54,6°C
PCX9 59°C
PCX9 64,9°C
Modo
10º 11º
Freqüencia(Hz)
7 43 124 171 245 257 411 489 514 611 848
Freqüencias Naturais para a Base de Aço (Hz)
nesta norma baseia-se na superposição modal o primeiro modo da viga não pode
ser determinado.
Tabela 5.2 Fatores de amortecimento e freqüências centrais de banda da viga sanduíche.
A Tabela 5.2 mostra os valores para os fatores de perda e para as
freqüências centrais de banda obtidas aplicando-se o método da banda de meia
potência. A qualidade do experimento não possibilitou a determinação exata dos
fatores de perda. Isso pode ser detectado nos campos onde não foi possível a
determinação de um fator de amortecimento preciso, representados pelos traços.
A Tabela 5.3 mostra os valores de freqüências naturais obtidas a partir da
curva de resposta em freqüência da viga base do material sanduíche, sem que
houvesse qualquer revestimento de amortecimento.
Tabela 5.3 Freqüências naturais da viga base de 0,55mm.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
130
O experimento acima, embora insuficiente para a determinação das
propriedades do material viscoelástico, mostrou a grande dependência do fator de
perda do material viscoelástico com a freqüência e temperatura. Os motivos que
limitaram o experimento foram a limitada faixa de freqüência, a deficiência do
engaste para a viga base incorrendo em deformação plástica concentrada da
mesma e dificuldades na estabilização da temperatura. Para a determinação das
propriedades do material, os testes deveriam ser conduzidos em temperaturas a
partir de -20°C, e obter as curvas de freqüência reduzida para E e η.
5.2 Amortecimento em Viga de Aço com diferentes Tratamentos
de Amortecimento
A partir dos conceitos obtidos com a realização do experimento descrito na
seção 5.1, um novo experimento foi projetado para avaliar efeitos de diferentes
materiais de amortecimento em uma viga de aço. O novo experimento teve como
objetivo corrigir algumas limitações do experimento original, aumentando o
controle da excitação e da temperatura, bem como a utilização de uma faixa de
freqüência de medição adaptada aos novos transdutores. Também a espessura
da viga base utilizada foi maior para eliminar os efeitos da deformação plástica
localizada devido ao engaste e também para obter uma resposta mais consistente.
À semelhança do Capítulo 5 vários materiais foram aplicados em uma placa
de aço única, variando a temperatura do forno no qual a viga foi posicionada até
80°C. O maior controle nas medições possibilitou a avaliação de cada tratamento
em função da freqüência e da temperatura na qual a viga foi submetida.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
131
Solenóide de
Acionamento
Transdutor de
Força
Logicamente, o objetivo deste trabalho, foi determinar qual material poderia ser
aplicado em uma carcaça de compressor operando dentro destas faixas de
temperatura e freqüência.
A viga base utilizada foi uma viga de aço 1008 cujas dimensões escolhidas
foram maiores que as vigas utilizadas anteriormente para conferir rigidez da viga
no engaste e maior repetibilidade aos resultados. Assim a viga utilizada para as
novas medições era de 400x20x3mm. Portanto, a espessura da viga é quase seis
vezes maior que as vigas base utilizadas anteriormente.
Uma grande diferença deste experimento em relação ao anterior está nos
transdutores utilizados. A excitação foi proporcionada por um dispositivo com uma
bobina solenóide e um êmbolo equipado com um transdutor de força PCB208C02,
na sua extremidade. O acionamento da bobina solenóide foi realizado por meio de
um chaveador que, quando acionado, puxa o embolo para trás. Assim, quando o
chaveador é desligado uma mola empurra o êmbolo com o transdutor de força
sobre a viga, garantindo sempre a mesma força impulsiva sobre o sistema.
Figura 5.8 Solenóide de impactação com transdutor de força.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
132
Acelerômetro
A resposta da viga foi obtida na extremidade mais afastada do engaste por
meio de um acelerômetro ENDEVCO de 1g, conforme mostra a Figura 5.9. Uma
vez que a massa da viga é muito superior às vigas utilizadas anteriormente o
efeito de massa do acelerômetro é desprezível.
Figura 5.9 Detalhe da posição do acelerômetro.
O conceito deste experimento é a obtenção da função de resposta em
freqüência por meio do sinal de aceleração pelo sinal de força. O solenóide aciona
a impactação e o transdutor de força obtém o sinal de excitação. A viga vibra nos
modos naturais e a aceleração é medida na outra extremidade por um
acelerômetro. Os sinais são aquisitados por um analisador digital e o
processamento é feito por meio de um computador. A viga encontra-se engastada
por meio da base de engaste utilizada nos experimentos em vigas descritos nesta
dissertação. Novamente o conjunto foi posicionado em um forno.
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
133
Figura 5.10 Diagrama do experimento.
Figura 5.11 Foto da medição.
Os seguintes materiais foram utilizados para o revestimento da viga de aço
base para determinação do amortecimento:
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
134
Tabela 5.4 Fitas de revestimento formadas por metal e material viscoelástico.
As fitas foram coladas em uma das superfícies livres da viga. Superfície
tratada foi a oposta à superfície onde foi colado o acelerômetro.
Figura 5.12 Viga sanduíche formada pela aderência da fita de tratamento à viga base.
Novamente, dois termopares posicionados, um no forno e outro na base
metálica, foram utilizados para o controle de temperatura sendo que a
homogeneização das duas temperaturas medidas foram adotadas como critério de
Viga Base
Fita de
amortecimento
metal viscoelástico
Viscoelástico
Fabricante Fita Metal Viscoelástico
Espessura do
Viscoelástico
A
AA Aço AX 0,05mm
A
AB Aço AY 0,05mm
A
AC Aço AZ 0,05mm
B
BA Alumínio BX -
B
BB Alumínio BY 0,13mm
B
BC Aço mola BZ 0,13mm
B
BC Alumínio BZ 0,13mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
135
estabilização. A variação de temperatura foi feita em intervalos de 10°C de 20ºC a
80°C.
A faixa de freqüência de medição foi ampliada para 13kHz uma vez que os
transdutores utilizados permitiam esta variação sem que houvesse perda de
qualidade das respostas da viga sanduíche, nem com as altas freqüências nem
com as elevadas temperaturas. A temperatura de 80ºC é mais representativa no
que se refere à temperatura de uma carcaça de compressor em operação.
Os resultados apresentados na seqüência novamente são mostrados de
forma normalizada como a razão amortecimento da viga sanduíche pelo fator de
perda da viga de base, assim como será apresentado no Capítulo 6, com maiores
detalhes. Os fatores de perda para este experimento foram determinados pelo
método do decaimento.
Figura 5.13 Fator de amortecimento normalizado em função da freqüência a 20°C.
Efeito da Adição da Fita Viscoelástica em Função da Freqüência
Temperatura Ambiente
1
10
100
1000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000
Freqüência (HZ)
Amortecimento normalizado (log)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
136
A Figura 5.13 mostra que os maiores fatores de perda a 20°C para a maior
faixa de freqüência foram obtidos com a aplicação das fitas AB e BC com aço
mola e alumínio. Estas três fitas seriam selecionadas definitivamente se a
aplicação operar em temperaturas em torno da temperatura ambiente. No faixa de
freqüência até 6 kHz os fatores de amortecimentos foram de 49, 25 e 22 vezes
maior que o fator de perda da viga base para a mesma temperatura com as três
fitas, respectivamente. Já na faixa até 10 kHz os valores ultrapassaram os da viga
base em 120, 54 e 39 vezes, para as fitas aplicadas.
Figura 5.14 Fator de amortecimento normalizado em função da freqüência a 60°C.
Para temperaturas em torno de 60°C (Figura 5.14) os maiores fatores de
perda atingidos para a viga sanduíche formada também foram para os três
Efeito da Adição da Fita Viscoelástica em Função da Freqüência
Temperatura 60ºC
1
10
100
1000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000
Freqüência (HZ)
Amortecimento normalizado (log)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
137
materiais mostrados na Figura 5.13. A diferença é que o material com maior fator
de perda para a faixa de freqüência foi o BC com aço mola, seguido pelo mesmo
viscoelástico BC com aço alumínio como metal de constrição. O terceiro material
em termos de fator de perda foi o AB. Para esta temperatura, entretanto, os
valores dos fatores de amortecimento foram da ordem de 50 vezes maiores que o
valor de referência.
A maneira com que foi conduzido esse experimento, em termos de
excitação e resposta, permitiu a caracterização de 16 modos para as vigas
sanduíches, em uma faixa de temperaturas de 20°C a 80°C. Os resultados para os
modos das vigas para os diferentes tipos de tratamento de amortecimento estão
apresentados nos gráficos abaixo.
Figura 5.15 Fatores de perda para o primeiro modo da viga – 250 Hz.
Amortecimento do 1º Modo de Vibração da Viga (~250Hz)
0
1
2
3
4
5
6
7
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
138
Figura 5.16 Fatores de perda para o segundo modo da viga – 500 Hz.
Figura 5.17 Fatores de perda para o terceiro modo da viga – 800 Hz.
Amortecimento do 2º Modo de Vibração da Viga (~500Hz)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Amortecimento do 3º Modo de Vibração da Viga (~800Hz)
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
5
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
139
Figura 5.18 Fatores de perda para o quarto modo da viga – 1200 Hz.
Figura 5.19 Fatores de perda para o quinto modo da viga – 1700 Hz.
Amortecimento do 4º Modo de Vibração da Viga (~1200Hz)
0
1
2
3
4
5
6
7
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Amortecimento do 5º Modo de Vibração da Viga (~1700Hz)
0
1
2
3
4
5
6
7
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
140
Figura 5.20 Fatores de perda para o sexto modo da viga – 2200 Hz.
Figura 5.21 Fatores de perda para o sétimo modo da viga – 2900 Hz.
Amortecimento do 6º Modo de Vibração da Viga (~2200Hz)
0
1
2
3
4
5
6
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Amortecimento do 7º Modo de Vibração da Viga (~2900Hz)
0
1
2
3
4
5
6
viga base 20°C20304050607080
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
141
Figura 5.22 Fatores de perda para o oitavo modo da viga – 3600 Hz.
Figura 5.23 Fatores de perda para o nono modo da viga – 4500 Hz.
Amortecimento do 8º Modo de Vibração da Viga (~3600Hz)
0
1
2
3
4
5
6
viga base 20°C20304050607080
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Amortecimento do 9º Modo de Vibração da Viga (~4500Hz)
0
1
2
3
4
5
6
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
142
Figura 5.24 Fatores de perda para o décimo modo da viga – 5400 Hz.
Figura 5.25 Fatores de perda para o undécimo modo da viga – 6400 Hz.
Amortecimento do 10º Modo de Vibração da Viga (~5400Hz)
0
1
2
3
4
5
6
7
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Amortecimento do 11º Modo de Vibração da Viga (~6400Hz)
0
1
2
3
4
5
6
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
143
Figura 5.26 Fatores de perda para o duodécimo modo da viga – 7500 Hz.
Figura 5.27 Fatores de perda para o décimo terceiro modo da viga – 8600 Hz.
Amortecimento do 12º Modo de Vibração da Viga (~7500Hz)
0
1
2
3
4
5
6
7
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Amortecimento do 13º Modo de Vibração da Viga (~8600Hz)
0
1
2
3
4
5
6
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
144
Figura 5.28 Fatores de perda para o décimo quarto modo da viga – 9800 Hz.
Os dados apresentados, embora repetitivos, mostram que o melhor material
viscoelástico dentre os disponíveis foi o BC tanto com a utilização de aço mola
como alumínio para o metal constritor. O BC com aço mola foi aplicado na carcaça
dos compressores resultando nos menores níveis de ruído irradiado. O Capítulo 6
mostra os efeitos da aplicação destes materiais em compressores. Tais resultados
são justificados pelo alto potencial de amortecimento desse material em
temperaturas semelhantes a da carcaça de um compressor hermético em
operação. O princípio da redução de ruído por aumento de amortecimento
estrutural foi novamente justificado e solidificado.
Para sistemas cuja fronteira com o tratamento superficial que operem em
temperaturas próximas a 25°C o melhor material em termos de fator de dissipação
Amortecimento do 14º Modo de Vibração da Viga (~9800Hz)
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
viga base 20°C 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura (ºC)
Amortecimento (%)
AC
BC+Aço Mola 0,5mm
BA
AA
AB
BC+Alumínio 0,5mm
Capítulo 5 – Medição de Fator de Amortecimento em Vigas Sanduíche
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
145
seria o AB. Tal material seria o material recomendado para atenuação de ruído se
a temperatura a que estiver submetido o material viscoelástico estiver bem
definida neste intervalo.
Os resultados acima também mostram que para um sistema que operasse
em uma ampla faixa de temperatura o material viscoelástico que melhor se
aplicaria a esta operação seria novamente o material BC.
Ainda que os fatores de amortecimento sejam realmente efetivos para os
materiais deste experimento, ainda é necessário, buscar um material de
amortecimento cujo pico de fator de perda estivesse entre o intervalo de 60°C a
70°C, para a aplicação final em um compressor hermético. Mesmo tendo obtido
resultados expressivos para o ruído nestes compressores, fato mostrado no
Capítulo 6 deste trabalho, ainda pode-se cultivar a expectativa de resultados ainda
maiores de atenuação quando da aplicação de materiais processados para
trabalhar em altas temperaturas.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
146
CAPÍTULO 6
6 Testes de Ruído de Compressores com fitas de
Material Viscoelástico na Carcaça.
Este trabalho foi conduzido em duas etapas distintas. A primeira foi destinada
ao desenvolvimento de um procedimento ou modelo de elementos finitos que
pudesse simular com a maior precisão um material em configuração sanduíche. A
segunda frente, com um caráter inteiramente experimental, foi destinada à
avaliação do efeito da adição de fitas de material viscoelástico em carcaças de
compressor, no amortecimento estrutural e, consequentemente, no ruído irradiado.
As fitas de material viscoelástico utilizadas eram formadas por um metal
recobertas com um material viscoelástico que, aderidas à carcaça de um
compressor, formam revestimentos sanduíche. Os dois tópicos acima citados
contribuem gerando conhecimento sobre a aplicação deste procedimento de
adição de amortecimento estrutural até então não aplicado na indústria de
compressores, tanto na parte experimental quanto numérica. O conhecimento
gerado nos modelos de elementos finitos pode ser aplicado à simulação de um
compressor integralmente virtual, de modo a se conhecer a priori, o
comportamento otimizado do novo compressor.
Esta porção é focada na descrição dos procedimentos experimentais e
resultados da aplicação das fitas de material viscoelástico na carcaça de
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
147
compressores herméticos. Os resultados apresentados desta seção serão
apresentados em termos de valores .
Os resultados de redução de ruído irradiado serão apresentados da forma
mais fiel possível para evidenciar o potencial da tecnologia. Os valores absolutos
do ruído irradiado em dB não serão apresentados porém os valores de redução de
ruído por banda do espectro e no nível global serão apresentados tal como
obtidos.
6.1 Fitas de Material Viscoelásticos
As fitas de material viscoelástico são tiras finas de metal com uma ou mais
faces revestidas por uma resina ou cola viscoelástica. A aplicação dessas fitas em
sistemas mecânicos se dá pela simples aderência da face com resina na
superfície destes sistemas.
6.2 Redução de ruído em compressor RSNPAX com Fitas AA
Este experimento foi o primeiro experimento conduzido para avaliar a
redução do ruído irradiado mediante o aumento de amortecimento da carcaça. O
experimento consistiu em medir o fator de perda da carcaça do compressor
hermético, fora de funcionamento, cujas vibrações foram excitadas através de
impactação. Os valores de amortecimento foram computados pelo método da
banda de meia potência. Após a medição do fator de perda o compressor foi
colocado em uma sala de testes especial cujo tratamento das paredes se
aproxima de um ambiente anecóico para medição do ruído irradiado.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
148
Em seguida foram aderidas fitas de material viscoelástico na tampa, e no
fundo do compressor. Novamente foram realizadas as medições de fator de perda
e potência sonora do compressor. Este procedimento foi repetido quatro vezes
para a tampa e quatro vezes para o fundo de modo que a configuração final
apresentou quatro tiras na tampa e quatro tiras no fundo da carcaça, umas sobre
as outras.
Figura 6.1 Estágios de revestimento da carcaça.
As fitas coladas na tampa do compressor eram tiras de 30x140mm e as
fitas coladas no fundo do compressor eram tiras de 30x160mm. Os resultados
para a fita AA estão mostrados na Tabela 6.1. Os resultados estão apresentados
em parâmetros relativos, ou seja, em função dos valores iniciais de fator de
amortecimento e ruído irradiado no compressor de referência.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
149
Tabela 6.1 Redução de ruído irradiado (dBA) – tratamento AA.
Os resultados estão apresentados em duas seções na tabela.
Primeiramente apenas os valores para a carcaça com tratamento de
amortecimento na tampa são apresentados e, em seguida, valores para
tratamento unicamente no fundo do compressor. O fator de amortecimento está
apresentado como a razão dos fatores de perda medidos pelo valor do fator
medido em um compressor sem nenhum amortecimento adicional. Os valores de
redução de ruído estão apresentados ao lado dos fatores de perda para todas
quatro freqüências de medição.
Pode-se perceber a tendência da diminuição do ruído irradiado à medida
que se aumenta o amortecimento estrutural. Na prática, para este compressor,
dobrando-se o amortecimento, para algumas freqüências, pode-se reduzir o ruído
irradiado nesta freqüência de forma significativa. Os resultados também mostram
que o tratamento na tampa do compressor foi mais efetivo que o tratamento no
fundo do compressor.
É importante ressaltar que o compressor operava em uma temperatura em
torno de 60°C e o material viscoelástico não apresentava pico no fator de
amortecimento para esta temperatura (de acordo com o fabricante). Ou seja o
η/η
ref
Redução
(dbA)
η/η
ref
Redução
(dbA)
η/η
ref
Redução
(dbA)
η/η
ref
Redução
(dbA)
2 Fitas na tampa
1,4 A 2,3 H 2,9 P 2,3 W
3 Fitas na tampa
1,5 B 3,2 I 3,9 Q 2,1 X
4 Fitas na tampa
1,2 C 2,1 J 3,8 R 3,1 Y
1 Fitas no fundo
0,9 D 1,1 L 1,0 S 1,9 Z
2 Fitas no fundo
1,1 E 1,0 M 1,1 T 2,4 a
3 Fitas no fundo
1,5 F 1,5 N 1,4 U 2,2 b
4 Fitas no fundo
1,5 G 1,1 O 1,4 V 2,6 c
Atenuação de ruído em dbA para tratamento na carcaça do compressor
2500 Hz 3150 Hz 4000 Hz 6300 Hz
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
150
máximo amortecimento para este material não era em 60°C. É importante
mencionar que, como primeiro experimento, foi possível perceber que, mesmo
utilizando um tratamento para uma faixa de temperatura diferente da faixa de
máxima capacidade de dissipação, os valores níveis de pressão sonora sofreram
reduções da ordem de até 3dB para algumas bandas de freqüência.
Para o material AA apenas uma fita no fundo ou na tampa não é suficiente
para que haja redução significativa no ruído irradiado. A direção aponta para a
busca de um material mais dissipativo nesta temperatura ou de um experimento
mais controlado, pois alguns valores de nível de pressão sonora aumentaram
mesmo com a adição do amortecimento na carcaça.
Ainda assim embora o amortecimento total seja bem pequeno, a simples
adição deste tipo de material mostrou resultados expressivos de redução de ruído
para algumas bandas de freqüência.
6.3 Redução de ruído em compressor RSNPAX com Fitas BA
Utilizando-se da mesma metodologia da seção 6.2 o comportamento do
ruído irradiado para o mesmo compressor foi avaliado pela aplicação de um
material de amortecimento diferente. Segundo os catálogos do fabricante, este
material possui as melhores propriedades dissipativas na faixa de temperatura de
0 a 60°C sem, contudo, revelar a faixa cujo pico de amortecimento é máximo.
Para a carcaça foram utilizadas tiras de 25x125 mm na tampa e no fundo.
Foram utilizadas até cinco fitas na tampa enquanto, no fundo da carcaça, foram
utilizadas até três fitas. A Figura 6.1 mostra, de forma esquemática, como é feita a
aderência do material na carcaça.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
151
Amortecimento Medido na Tampa
0
1
2
3
4
5
6
7
2500 3150 4000 6300 8000
Bandas com Amortecimento em 1/3 Oitavas
Amortecimento Normalizado pelo
Amortecimento sem Adição de Fita
4 Fitas na Tampa
3 Fitas no Fundo
4 Tampa + 3 Fundo
Amortecimento Medido no Fundo
0
1
2
3
4
5
6
7
2500 4000 5000 6300 8000
Bandas com Amortecimento em 1/3 Oitavas
Amortecimento Normalizado pelo
Amortecimento sem Adição de Fita
4 Fitas na Tampa
3 Fitas no Fundo
4 Tampa + 3 Fundo
Figura 6.2 Fator amortecimento em função da freqüência, medido na tampa do compressor.
Novamente, o amortecimento encontra-se normalizado em relação ao valor
do fator de perda, medido pelo método da banda de meia potência, para um
compressor sem adição de qualquer tratamento dissipativo.
Figura 6.3 Gráfico do amortecimento em função da freqüência, medido no fundo do
compressor.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
152
A seguir serão apresentados os valores de potência sonora para todas as
condições de amortecimento descritas. Os valores de potência estão mostrados
de forma normalizada pelo valor de referência. Os compressores foram
submetidos a duas condições distintas, a condição de
checkpoint, (cujas
condições são -23,3ºC na evaporação, e 54,4°C na condensação) e de sistema (-
27ºC na evaporação e 42ºC na condensação).
Tabela 6.2 Redução de Ruído Irradiado em dB – tratamento com fita BA
Os resultados para este experimento mostram que nas faixas de 3150 Hz e
6300 Hz, os efeitos de amortecimento das fitas do fabricante B adicionadas à
tampa, foram muito próximos aos da fita do fabricante A, ou seja, uma redução de
significativa foi atingida com um aumento de amortecimento de duas a três vezes
no amortecimento original da carcaça.
6.4 Redução de Ruído em Compressores RSNPAX e RSNPAY
Este experimento medição da redução do ruído irradiado por meio de
adição de amortecimento foi muito mais detalhado e controlado do que os dois
anteriores. Antes de colar qualquer das fitas no compressor uma análise modal
completa nos compressores RSNPAX e RSNPAY foi realizada. A análise modal foi
Checkpoint
(-23,3ºC/+54,4ºC)
2000
(Hz)
2500
(Hz)
3150
(Hz)
4000
(Hz)
5000
(Hz)
6300
(Hz)
8000
(Hz)
10000
(Hz)
Global
4 fitas na tampa 20 10 30 100 130 10 -30 120
A
3 fitas no fundo 30 300 150 80 -30 200 -350 70
B
4 tampa 3 fundo 60 10 260 130 140 170 110 260
C
Sistema
(-27ºC/+42ºC)
2000
(Hz)
2500
(Hz)
3150
(Hz)
4000
(Hz)
5000
(Hz)
6300
(Hz)
8000
(Hz)
10000
(Hz)
Global
4 fitas na tampa 30 10 110 10 50 -110 -60 60
D
3 fitas no fundo -20 630 200 160 -50 90 80 90
E
4 tampa 3 fundo 160 460 230 360 140 490 130 270
F
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
153
realizada para se determinar as freqüências naturais do compressor e também os
modos de vibração.
O amortecimento do compressor a cada alteração foi medido pelo método
do decaimento descrito no Capítulo 3. A taxa de decaimento foi medida em cinco
pontos do compressor de modo que o fator de perda resultante foi uma média dos
decaimentos dos cinco pontos de mapeamento do compressor. Cinco
acelerômetros posicionados ao longo da estrutura do compressor em todas as
direções mediram o sinal de decaimento, enquanto que a energia era introduzida
no compressor por meio de um martelo de impacto.
A análise modal do compressor RSNPAX revelou três modos de vibração
na lateral da carcaça e dois modos na tampa e no fundo do compressor.
Figura 6.4 Primeiro e Segundo modos laterais da carcaça do compressor RSNPAX.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
154
Figura 6.5 Terceiro modo da lateral do compressor RSNPAX.
Figura 6.6 Primeiros modos da tampa e do fundo do compressor RSNPAX.
Seis tiras de 140x25mm foram coladas nas laterais do compressor, quatro
fitas na tampa de 200x25mm e quatro fitas de 100x25mm no fundo do
compressor.
Os resultados serão apresentados novamente em função de um
amortecimento normalizado que consiste na razão de amortecimento do fator de
perda à medida que eram adicionadas as fitas na lateral, na tampa e no fundo,
pelo fator de amortecimento do compressor sem nenhuma adição de
amortecimento. Os níveis de ruído apresentados são valores reais multiplicados
por um fator constante de modo a mascarar os níveis reais de ruído irradiado,
protegendo informações sigilosas. Entretanto, mesmo com a multiplicação dos
níveis de potência sonora por esse fator constante a diferença de níveis de
potência sonora irradiados é integralmente representativa, ou seja, os resultados
mostram a redução real de ruído no compressor.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
155
Evolução do Ruído em Função do Amortecimento - RSNPAX
20,50
22,50
24,50
26,50
28,50
30,50
32,50
34,50
36,50
0,90 1,10 1,30 1,50 1,70 1,90 2,10 2,30 2,50 2,70
A
mortecimento Fator de Perda
η/η
0
Potência Sonora Por Banda(dBA)
36,30
36,60
36,90
37,20
37,50
37,80
38,10
38,40
38,70
39,00
Ruído Total (2500-10000Hz) SWL (dBA)
2500 3150 4000 5000 6300 8000 Total
Figura 6.7 Redução da potência sonora em dBA com o aumento gradativo do amortecimento
do sistema para o compressor RSNPAX.
A Figura 6.7 mostra o benefício em termos de redução de potência sonora
irradiada pelo compressor RSNPAX devido ao aumento gradativo de
amortecimento. A maior redução foi de 2,08 dB no ruído total irradiado pelo
compressor quando o amortecimento total do sistema atingiu um valor 2,1 vezes
maior que o amortecimento do compressor na condição de referência, isto é, sem
nenhum tratamento dissipativo. Leiam-se as reduções no ruído total na escala da
direita, enquanto que para cada banda na escala da esquerda. As reduções na
potencia sonora irradiada em cada banda de 1/3 de oitava também são evidentes,
principalmente para as bandas de 2500 Hz e 3150 Hz. Lembrando que apenas as
diferenças são representativas dos valores reais de ruído irradiado pelo RSNPAX,
e não os valores dos níveis.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
156
A análise modal do compressor RSNPAY vários modos na lateral, no fundo
e na tampa nas freqüências de interesse. Para esta carcaça muitos dos modos
estão acoplados: fundo-tampa, fundo-lateral e lateral-tampa. Assim, não foi
possível atacar especificamente cada modo, mas sim um comportamento global
de vibração do compressor. Os resultados apresentam a mesma tendência dos
resultados apresentados para o compressor RSNPAX.
Figura 6.8 Modo lateral para do compressor RSNPAY.
Foram adicionadas duas fitas AD de 230x25mm na lateral esquerda do
compressor, duas fitas de 170x25mm na lateral direita do compressor, quatro fitas
de 140x25mm na tampa do compressor e quatro fitas de 140x25mm no fundo do
compressor.
Os resultados obtidos nos testes para o compressor RSNPAY mostram que
uma razão de amortecimento de 2,16 (amortecimento final 2,16 vezes maior que o
amortecimento do compressor sem nenhuma adição de qualquer material
dissipativo), causa uma redução considerável no ruído global do compressor.
Capítulo 6 – Testes de Ruído de Compressores com Fitas de Material Viscoelástico na Carcaça
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
157
Evolução do Ruído em Função do Amortecimento - RSNPAY
19,50
21,50
23,50
25,50
27,50
29,50
31,50
33,50
35,50
37,50
39,50
41,50
0,90 1,10 1,30 1,50 1,70 1,90 2,10 2,30 2,50
Amortecimento Fator de Perda
η/η
0
Potência Sonora por Banda (dBA)
37,00
37,50
38,00
38,50
39,00
39,50
40,00
40,50
41,00
41,50
42,00
42,50
43,00
Ruído Total (2500-10000Hz) SWL (dBA)
2500 3150 4000 5000 6300 8000 Total
Figura 6.9 Redução da potência sonora em dBA com o aumento gradativo do amortecimento
do sistema para o compressor RSNPAY.
A Figura 6.9 também mostra a eficiência do tratamento com materiais
viscoelásticos no compressor RSNPAY.
Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
158
CAPÍTULO 7
7 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
7.1 Conclusões
A presente dissertação abordou a aplicação de materiais de elevado
amortecimento, para aumento de amortecimento estrutural em carcaças, com a
finalidade da redução do ruído irradiado.
Como já esclarecido no Capítulo 1, a carcaça do compressor, é o principal
irradiador de ruído para o meio externo. Tal ruído é apresentado como sendo
devido às vibrações internas ao ambiente hermético limitado pela carcaça.
A justificativa para a adição do material viscoelástico em configuração
sanduíche está baseada nos Capítulos 2 e 3. No Capítulo 2 a avaliação dos
diversos mecanismos de amortecimento, bem como seus potenciais, aponta para
a utilização dos materiais viscoelásticos em configuração sanduíche. O Capítulo 3,
através de uma análise experimental de amortecimento em chapas de aço,
mostrou que o material da carcaça, por si só, não apresenta propriedades
dissipativas que resultem em significativa redução no ruído irradiado.
O Capítulo 4, pela avaliação detalhada dos métodos de simulação de
materiais multicamadas, apresentou um modelo numérico, experimentalmente
validado para vigas sanduíche. Por meio deste uma série de possíveis
Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
159
configurações de revestimento de uma viga foi simulada para compreensão dos
fenômenos dissipativos em um material viscoelástico, avaliando área, posição e
continuidade do revestimento.
Os Capítulos 5 e 6 mostraram, por meio de abordagens experimentais, os
efeitos da freqüência e da temperatura no comportamento de amortecimento de
um material viscoelástico sanduíche, e a redução de ruído irradiado pela devida
aplicação de um material de amortecimento em carcaças de compressores. O
Capítulo 5 mostra uma série de experimentos em vigas revestidas enquanto que o
Capítulo 6 mostra experimentos em compressores herméticos.
As medições de amortecimento em vigas sanduíche mostraram a
necessidade de se ter um experimento bem controlado e bem projetado para que
se possa, efetivamente, obter a resposta da viga com qualidade, monitorando a
excitação para obter uma resposta com qualidade. Os efeitos da freqüência e
temperatura no comportamento dos materiais de revestimento mostram a
necessidade de se planejar a aplicação deste tipo de procedimento para controle
de ruído. A temperatura de operação, as superfícies com maiores deflexões, as
freqüências de interesse, as propriedades do material viscoelástico precisam ser
conhecidas. Uma avaliação inicial inadequada pode resultar em pequena
eficiência do material dissipativo.
A aplicação do procedimento de aumento de amortecimento estrutural em
carcaças, com materiais viscoelásticos em configuração sanduíche, mostrou-se
muito eficiente para a redução do ruído irradiado em compressores. Valores
realmente significativos de redução de ruído foram obtidos. O volume de
Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Adição de Amortecimento Estrutural Usando Materiais Viscoelásticos
160
experimentos conduzidos neste sentido resultou sempre numa redução de ruído,
mesmo que a quantidade de material aplicada fosse pequena.
Ainda assim, um material mais apropriado para esta aplicação, em termos
de faixa de freqüência e temperatura, possibilita uma redução ainda maior dos
níveis de ruído.
Cada vez mais a utilização de materiais viscoelásticos, para redução de
ruído e vibrações, vem se diversificando. Tal aplicação já atingiu a indústria
aeronáutica, a indústria de turbinas e turbo-compressores, automotiva, a indústria
de computadores e eletrônicos, a indústria de compressores herméticos, motores
de cortadores de grama e removedores de neve, entre tantas outras.
7.2 Sugestões para Trabalhos Futuros
Como sugestões para trabalhos futuros ficam: (1) a obtenção das
propriedades do material composto multicamada e das propriedades do material
viscoelástico para maior precisão dos modelos de elementos finitos; (2) a
obtenção de um modelo analítico e numérico que modele uma viga simples
utilizando as propriedades de uma viga multicamadas equivalente, acompanhado
de uma validação experimental. Por fim (3) a utilização de técnicas de otimização
para a determinação da posição e da geometria ótima de revestimento, que possa
resultar na máxima redução de ruído com uma mínima quantidade de material de
revestimento.
Capítulo 8 – Referências Bibliográficas
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