Download PDF
ads:
unesp
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Desenho Industrial
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
A Aplicação do design ergonômico aliado à semiautomatização de funções,
como forma de redução de inconvenientes posturais em operadores de uma
estação de corte de chapas de madeira.
Alexander Pereira Martins
Bauru, 2008
S.P. - Brasil
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Dissertação apresentada no Programa de Pós-Graduação em Desenho
Industrial, na área de concentração “Projeto de Produto”, linha de pesquisa
“Ergonomia”, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Bauru,
como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenho
Industrial.
Orientador: Prof. Dr. Abílio Garcia dos Santos Filho
ads:
Agradecimentos
Agradeço à minha família, pela compreensão e incentivo nos momentos difíceis.
À Paula, pela dedicação e carinho durante mais uma conquista pessoal.
Ao Prof. Dr. Abílio, pelo incentivo e troca de experiências, durante a orientação deste
trabalho.
Aos colegas do Curso de Mestrado, os quais merecem meus agradecimentos pela ajuda
e incentivo.
“Ninguém poderá predizer a que
alturas você poderá alcançar.
Nem mesmo você saberá até
que estenda suas asas”.
Resumo
Os trabalhadores em marcenarias, de maneira geral, estão expostos a diversos riscos
para a sua integridade física e psicológica. Existe um elevado risco de acidentes, podendo
levar ao afastamento do trabalhador por períodos de tempo consideráveis, o que, além de
prejudicar o funcionário, implica em prejuízos para as empresas, ocasionados pela
indisponibilidade de mão-de-obra qualificada para substituir o acidentado, interferindo, assim,
nos prazos de entrega dos produtos e levando conseqüentemente ao afastamento da clientela.
O objetivo desta pesquisa é identificar os inconvenientes relacionados às posturas
adotadas pelos operadores da atividade da célula de produção responsável pelo corte de
painéis de madeira, descrevendo os sintomas músculo-esqueléticos correlacionados, através
da aplicação da análise ergonômica, propondo melhorias baseadas nos resultados desta
análise, quantificando-as. Como metodologia utilizou-se a aplicação do protocolo avaliação
ergonômica, contendo o diagrama de desconforto de CORLLET & BISHOP, a realização da
análise ergonômica da atividade e a aplicação do método OWAS. Como resultado dos
métodos aplicados verificou-se os pontos necessários para a aplicação da ergonomia corretiva,
bem como os resultados oriundos das implantações das melhorias efetuadas.
Palavras-Chave:
- Ergonomia, Análise Ergonômica, Posto de Trabalho
Abstract
The workers in carpentry, in general, are exposed to various risks to their physical and
psychological integrity. There is a high risk of accidents, leading to the expulsion of the
worker for considerable periods, which, in addition to harming the official, results in losses
for businesses, caused by the unavailability of labor-qualified to replace the bumpy,
interfering, so in the time of delivery and consequently leading to the expulsion of customers.
The objective of this research is identifying the problems related to the posture adopted by
operators of the activity of the cell responsible for the production of wood cutting boards,
describing the skeletal muscle-related symptoms by applying ergonomic analysis and propose
improvements based on the results of this analysis , quantifying them. Methodology was used
as the application of ergonomic assessment protocol, containing the diagram of discomfort of
CORLLET & BISHOP, the analysis of ergonomic activity and the method Owas. As a result
of the methods it was found the points necessary for the implementation of corrective
ergonomics as well as the results from the deployment of the improvements made.
Keywords:
- Ergonomics, Ergonomics Analysis, production cells.
Sumário
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 Proposta desta pesquisa e justificativa 2
1.2 Objetivos 2
1.2.1 Geral 4
1.2.2 Específicos 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5
2.1 A legislação para as indústrias moveleiras no Brasil 6
2.1.1 O Cenário Nacional Moveleiro 6
2.2 Organização do trabalho 8
2.2.1 Melhoria das condições de trabalho 10
2.2.2 Postura Corporal 10
2.2.3 Posturas Adotadas no Trabalho 12
2.2.4 Biomecânica Ocupacional 13
2.2.5 Fadiga 13
2.3. Intervenção ergonômica 15
2.4 Metodologias a serem aplicadas na pesquisa 15
2.4.1 Aplicação de protocolo de avaliação postural e Diagrama
desconforto de Corllet & Bishop 15
2.4.2 Método Ovaco Working Analysing Sistem – OWAS 17
3. ANÁLISE DA ATIVIDADE 22
3.1 Descrição da tarefa 23
4. METOLOGIA 30
4.1 Sujeitos 31
4.1.2 Local da Pesquisa 31
4.1.3 Material 31
4.1.4 Método 31
4.2 Aplicação dos métodos 32
4.2.1 Aplicação do protocolo de entrevistas e diagrama de
desconforto de Corllet & Bishop 33
4.2.2 Análise da ergonômica do processo de corte 33
4.2.3 Aplicação do método Ovaco Working Analysing Sistem
OWAS 34
5. RESULTADOS 35
5.1 Resultados verificados com a aplicação do protocolo de
entrevistas e diagrama de desconforto de Corllet & Bishop 36
5.2 Resultados verificados durante a análise da ergonômica do
processo de corte 42
5.2.1 Sub-Atividade: Seleção e puxamento 42
5.2.2 Sub-Atividade: Puxamento 42
5.2.3 Sub-Atividade: Transferência (Empurramento) 42
5.2.4 Sub-Atividade: Posicionamento para o 1º corte 43
5.2.5 Sub-Atividade: 1º Corte 43
5.2.6 Sub-Atividade: Empurramento (Operadores 1 e 2) Puxamento
(Operadores 3 e 4)
43
5.2.7 Sub-Atividade: Posicionamento para o 2º corte 43
5.2.8 Sub-Atividade: 2º Corte 43
5.2.9 Sub-Atividade: Transferência (Empurramento) 43
5.2.10 Sub-Atividade: Formação do pacote acabado 43
5.3 Resultados verificados com a aplicação do método OWAS 44
6. ANÁLISE E PROPOSIÇÕES DE MELHORIAS
BASEADAS NOS RESULTADOS
61
6.1. Desenvolvimento das melhorias 61
6.1.1. Mesa de recepção 61
6.1.2 Mesa de entrada, transferência e saída 62
6.1.3 Deslocador automático 65
7. RESULTADOS DAS MELHORIAS IMPLANTADAS 68
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71
Lista de Figuras
Figura 1 – Estação de corte de chapas de madeira 3
Figura 2 – Início da estação de corte de chapas de madeira 3
Figura 3 - Diagrama de CORLLET & BISHOP (1976). 15
Figura 4 - Múltiplas regiões de desconforto apontadas no diagrama 15
Figura 5 - Telas do software iniciais e de cadastramento do software para utilização 17
Figura 6 - Tela de cadastramento de cadastramento dos dados de pesquisa 17
Figura 7 - Posições das costas, braços e pernas categorizadas pelo Método OWAS 18
Figura 8 - Tela de identificação das atividades exercidas pelo trabalhador 10
Figura 9 - Tela de identificação de combinações de posições e pontuações 20
Figura 10 - Tela de identificação do comportamento de cada uma das posturas 20
Figura 11 – Pacote de chapas de madeira reconstituída acabado 22
Figura 12 – Perfil característico do corte da serra 23
Figura 13 - Chapa de madeira reconstituída, contendo suas principais dimensões 23
Figura 14 – Disposição da célula de produção 24
Figura 15 – Formação de pacotes para serra 24
Figura 16 – Puxamento e início do empurramento do pacote de chapas 25
Figura 17 – Empurramento e posicionamento do pacote para o primeiro corte 25
Figura 18 – Empurramento e posicionamento do pacote para o primeiro corte 26
Figura 19 – Sentido de corte da serra 26
Figura 20 – Empurramento e posicionamento do pacote para o segundo corte 27
Figura 21 – Empurramento e posicionamento do pacote para o segundo corte 28
Figura 22 – Formação de pacotes e inspeção do segundo corte 28
Figura 23 – Formação de pacotes e inspeção do segundo corte 29
Figura 24 – Retirada do pacote pela empilhadeira 29
Figura 25 – Cronômetro utilizado para a análise das sub-atividades 34
Figura 26 - Tempo médio gasto por cada atividade 34
Figura 27 - Valores médios calculados para análise da atividade 35
Figura 28 – Apontamento das regiões de desconforto durante o primeiro período 36
Figura 29 – Apontamento das regiões de desconforto durante o segundo período 36
Figura 30 – Apontamento geral das regiões de desconforto 37
Figura 31 – Apontamento geral (em percentual) das regiões de desconforto 37
Figura 32 – Operador puxando o pacote (Esforço nos braços, ombro direito e flexão dos
joelhos) 38
Figura 33 – Operador deslocando o pacote (Esforço no ante-braço, ombro direito e
perna direita e rotação da coluna) 38
Figura 34 – Operador formando o pacote (Esforço nos braços, ombro direito, perna
esquerda e costas torcidas) 39
Figura 35 – Operador alinhando o pacote (Esforço nos braços, costas, perna direita e
flexão do joelho esquerdo) 39
Figura 36 – Região inferior das costas, compreendendo os pontos 04 e 05 do diagrama 40
Figura 37 – Região inferior das costas e ombro direito, compreendendo os pontos 04, 05
e 07 do diagrama 40
Figura 38 – Região da coxa, joelho e ombro direitos compreendendo os pontos 17 e 18
e 07 do diagrama 41
Figura 39 – Região do pescoço, ante-braço e ombro direitos compreendendo os pontos
02, 07, 09 e 10 41
Figura 40 - Fases analisadas no software Win-OWAS 44
Figura 41 – Resultados verificados, de acordo com a respectiva categoria 46
Figura 42 – Resultados verificados, de acordo com a região do corpo e categorias 46
Figura 43 - Operador adotando a postura descrita como 3133 47
Figura 44 – Gráfico da sub-atividade de puxamento 49
Figura 45 – Gráfico da sub-atividade de puxamento 49
Figura 46 – Gráfico da sub-atividade de puxamento 50
Figura 47 – Gráfico da sub-atividade de puxamento 50
Figura 48 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas 51
Figura 49 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas 51
Figura 50 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas 52
Figura 51 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas 52
Figura 52 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas 53
Figura 53 – Sub-atividade de empurramento do pacote 53
Figura 54 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas 54
Figura 55 – Operador 2 efetuando o puxamento do pacote de chapas 54
Figura 56 – Posturas verificadas na fase de alinhamento de pacotes 55
Figura 57 – Gráfico das posturas verificadas na fase de alinhamento de pacotes 55
Figura 58 – Operador 1 desempenhando a atividade de alinhamento de pacote 56
Figura 59 – Operador 2 desempenhando a atividade de alinhamento de pacote 56
Figura 60 – Descrição das posturas da atividade de empurramento 57
Figura 61 – Gráfico de análise do software Owas para a atividade de empurramento 57
Figura 62 – Operador 2 desempenhando a atividade de empurramento de chapas 58
Figura 63 – Descrição das posturas da atividade de puxamento 59
Figura 64 – Descrição das posturas da atividade de puxamento 59
Figura 65 – Operadores 3 e 4 levantando e puxando o pacote para a mesa de pacotes 60
Figura 66 – Operadores 3 e 4 efetuando o puxamento do pacote para a mesa de
formação 60
Figura 67 - Mesa com reativação do sistema hidráulico 62
Figura 68 - Mesa transferidora de esferas 63
Figura 69 - Mesa transferidora de esferas 63
Figura 70 – Estudo tridimensional do equipamento 64
Figura 71 – Estudo tridimensional do equipamento 64
Figura 72 – Mecanismo empurrador 65
Figura 73 – Batedor da transferidora de esferas 66
Figura 74 – Pedais de acionamento da mesa 66
Figura 78 – Acionador, tipo pedal 67
Figura 79 – Acionador, tipo botoneira 67
Figura 80 – Identificação das sub-atividades após a melhoria do posto de trabalho 69
BANCA DE AVALIAÇÃO
TITULARES
____________________________________________________________
Prof. Dr. Abílio Garcia dos Santos Filho
Orientador – DEM - UNESP
____________________________________________________________
Prof. Dr. João Eduardo Guarneti dos Santos
DEM - UNESP
____________________________________________________________
Prof. Dr. Alberto De Vitta
USC – Universidade do Sagrado Coração
SUPLENTES
____________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Gonzaga Campos Porto
DEE - UNESP
____________________________________________________________
Prof. Dr. César Antunes de Freitas
FOB - USP
1. INTRODUÇÃO
Desde o seu surgimento, a máquina pouco a pouco tem substituído o homem na
execução de variadas atividades (IIDA, 2005). Com o avanço tecnológico, ela vem
desempenhando tarefas, com inúmeros aspectos para alcance do padrão produtivo pré-
estabelecido, com precisão e qualidade. Na indústria, durante a distribuição do trabalho entre
homem e máquina, esta acaba ficando em muitos casos com 100% dessa distribuição. Se por
um lado, nos países socioeconomicamente desenvolvidos, essa distribuição não acarreta num
impacto de desemprego considerável, em países subdesenvolvidos, é preciso muitos estudos
para que a importação tecnológica não crie dependência de tecnologia estrangeira e
conseqüências graves, na distribuição de renda e aumente o nível de desemprego. Os
trabalhadores em marcenarias, de maneira geral, estão expostos a diversos riscos para a sua
integridade física e psicológica. Existe um elevado risco de acidentes, podendo levar ao
afastamento do trabalhador por períodos de tempo consideráveis, o que, além de prejudicar o
funcionário, implica em prejuízos para as empresas, ocasionados pela indisponibilidade de
mão-de-obra qualificada para substituir o acidentado, interferindo, assim, nos prazos de
entrega dos produtos e levando conseqüentemente ao afastamento da clientela. Uma visão do
ambiente de trabalho facilita a compreensão das dificuldades, desconfortos, insatisfações e a
ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais (Grandjean, 1982).
Através destas definições, podemos afirmar que todo o trabalho deve oferecer
condições de ser realizado, isto é, o trabalhador não pode exercer rotinas que prejudiquem
suas condições de vida profissional e social, seja ela por excesso de peso, atividade de risco
ou insalubre. Ele deve ser possível de ser exercido sem trazer malefício ao longo do tempo.
De acordo com Hendrick (1993), a ergonomia singularmente, pode ser definida como o
desenvolvimento e aplicação da tecnologia de interface do sistema homem-máquina. As
novas exigências organizacionais, referentes a uma administração através de colaboradores
(ao invés de empregados), onde os trabalhos são realizados em times e a produção é otimizada
em células de produção, que impõem uma maior capacitação e diversidade na capacitação
profissional. Em resumo, com relação às doenças profissionais existe uma relação direta de
causa e efeito entre o fator de risco no trabalho e a doença. Ao contrário, nos casos ligados à
profissão, o fator de risco no trabalho é somente um fator entre outros.
A afirmação acima, embora verdadeira, esbarra em dois pontos básicos: o
desconhecimento do empregador e do empregado sobre a Ergonomia e a falta de capital
disponível para investir em consultorias ou programas que possibilitem o acesso ao
conhecimento sobre a Ergonomia.
A ausência de um método de fácil implantação, com o envolvimento dos trabalhadores e
apresentado em uma linguagem simples e acessível completa esse quadro.
Desse modo, o desenvolvimento de um método que possibilite implantar esses conceitos
em pequenas empresas industriais, com baixos investimentos por parte dos empresários e com
ganhos nas condições de trabalho, através de melhorias aplicadas ao ambiente de trabalho,
atende às necessidades de todos os atores da sociedade organizada.
As condições de trabalho na pequena indústria podem ser melhoradas substancialmente
com a utilização dos princípios da Ergonomia, através de pequenas melhorias, com
investimentos relativamente baixos, quando se trata de um retorno em curto prazo.
Durante a aplicação das metodologias utilizadas neste trabalho, foram verificados dois
acidentes na célula de produção em questão, onde um relacionou-se ao deslocamento da
clavícula e o outro à prensagem de dois dedos do operador. Dentro deste contexto, objetivo
desta pesquisa foi identificar inconvenientes posturais relacionados à tarefas efetuadas pelos
operadores da estação de corte de papel, no que tange aos membros superiores e implantar
melhorias através da semiautomatização de funções, propiciando um melhor desempenho de
sua atividade. Com o envolvimento dos operadores durante o desenvolvimento de propostas
de melhorias, acreditamos que os resultados alcançados ofereceram uma melhor condição de
operação do equipamento, tendo como conseqüência o aumento da satisfação do desempenho
das funções, podendo garantir o aumento da produtividade, como resultado secundário.
1.1 Proposta desta pesquisa e justificativa
O tema abordado neste trabalho foi a aplicação do design ergonômico, em caráter
multidisciplinar, alinhado à engenharia, com enfoque na melhoria das condições de trabalho
dos operadores de uma célula de produção, denominada estação de corte longitudinal de
pacotes de chapa de madeira. A execução das atividades é exercida por dez trabalhadores
(cinco por turno de trabalho) que exercem funções que necessitam de uso de atividade física
constante. Através de análise e convívio com este posto de trabalho, embasamos esta proposta
de melhoria. Acreditamos que por conhecer todos os operadores desta célula de produção, os
mesmos nos possibilitaram a apresentação de propostas de melhorias, bem como boa
aceitação na apresentação e participação das metodologias aplicadas. A Figuras 1 e 2
demonstram a disposição da estação de corte, bem como suas principais disposições.
Figura 1 – Estação de corte de chapas
Figura 2 – Início da estação de corte de chapas de madeira
Durante a observação deste posto de trabalho, foram analisadas inúmeras funções
desempenhadas por cada operador nesta célula, as quais nos propiciaram apontar inúmeros
inconvenientes ergonômicos, no que tange à posturas inadequadas e concentração de esforços.
Através destas observações buscamos quantificar tais inconvenientes e aplicar algumas
metodologias com o intuito de nos auxiliar na proposição de melhorias. A realização de
pesquisas relacionadas às melhorias de postos de trabalho demonstrou que a maioria das
melhorias implantadas nestas empresas representa investimentos de pequeno porte que
resultam em melhores condições de trabalho e maior produtividade. Muitas equipes de
engenharia trabalham com conceitos da administração científica e em virtude de não
conhecerem ou não aplicarem métodos de estudos de postos de trabalho, acabam adquirindo
equipamentos sem uma prévia avaliação e estudo do posto de trabalho.
A prática também demonstrou que quando participação dos trabalhadores, através
da apresentação de idéias e sugestões, os resultados de qualquer programa que se pretenda
implantar são melhores, pois evita o desperdício de tempo, demonstrando aos próprios
trabalhadores os ganhos que as mudanças propostas proporcionarão.
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
O objetivo geral desta pesquisa foi identificar os inconvenientes relacionados às
posturas adotadas pelos operadores da atividade da célula de produção responsável pelo corte
de painéis de madeira, descrevendo os sintomas músculo-esqueléticos correlacionados,
através da aplicação da análise ergonômica, propondo melhorias baseadas nos resultados dos
métodos aplicados.
1.2.2 Específicos
Como objetivos específicos foram definidos os seguintes tópicos:
Possibilitar a aplicação dos conceitos de Ergonomia na empresa em questão, promovendo
a alavancagem e ampliação do estudo ergonômico;
Promover a participação do trabalhador na realização de melhorias das condições de
trabalho;
Propor a implantação de melhorias das condições de trabalho na pequena célula de
produção industrial;
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para Iida (2005), as possibilidades da contribuição do estudo ergonômico estão sob um
foco de análise de sistemas que se preocupa com a interação geral de um grupo de trabalho
utilizando uma ou mais equipamentos e partindo de aspectos mais gerais, como a distribuição
de tarefas entre o trabalhador e a máquina, e sob uma abrangência de análise de postos de
trabalho que estuda uma parte do sistema onde atua o trabalhador, onde é feita a análise da
tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador e de suas exigências físicas e psicológicas.
Entre as contribuições, segundo o autor, a ergonomia é classificada em a) ergonomia
de concepção, desenvolvida durante o início do desenvolvimento de um posto de trabalho,
prevendo anteriormente as situações que possam causar constrangimento postural; b)
ergonomia corretiva, voltada a oferecer melhoria de postos de trabalhos com deficiência ou
mal elaborados; e c) ergonomia de conscientização, que conscientiza o trabalhador, através de
cursos de treinamento e freqüentes reciclagens, ensinando-o a trabalhar de forma segura,
reconhecendo os riscos do ambiente de trabalho, sabendo exatamente qual providência deve
ser tomada.
Atualmente a ergonomia está difundida globalmente, existindo atualmente inúmeros
centros de pesquisa e desenvolvimento, voltados a difundirem os resultados e a evolução do
estudo ergonômico, com diversos eventos científicos, contribuindo para reduzir o sofrimento
dos trabalhadores e melhorar a produtividade e as condições de vida em geral.
No Brasil, a Ergonomia é regulamentada pela Norma Regulamentadora 17 (NR-17)
do Ministério do Trabalho e Emprego, onde sua atual redação foi estabelecida pela Portaria
3.751, de 23 de Novembro de 1990. Esta Norma tem como objetivo estabelecer parâmetros
que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, visando a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho
eficientes dos trabalhadores no ambiente do seu trabalho (BRASIL, 2002).
Desde sua origem até os conceitos mais atuais, a ergonomia vem sendo abordada por
diversos autores com diferentes enfoques: uns prevencionistas, outros intervencionistas e
tantos outros mesclando esta abordagem.
No setor moveleiro verifica-se que a aplicação da análise ergonômica ainda é pouco
difundida. É algo que acontece em muitos outros setores industriais que, embora sejam bem
providos de tecnologia, quando se trata da melhoria dos postos de trabalho, possuem
deficiência para aplicação de estudos ou desconhecem os benefícios que a melhoria de um
posto de trabalho pode ofertar para o aumento da produção e melhoria da satisfação pela
atividade exercida pelos profissionais que atuam nestes setores.
2.1 A legislação para as indústrias moveleiras no Brasil
No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego, baseado em estudos específicos,
normatiza índices que possibilitam executar o trabalho com maior conforto e segurança
propiciando maior saúde, satisfação, qualidade e eficiência ao trabalhador. As penalidades
para as empresas que não se adeqüam a essas normas vão desde a interdição até ao
fechamento da empresa, além do pagamento de multas (BRASIL, 1998).
Na maioria das vezes, quando se compara o ambiente de trabalho, das marcenarias,
com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, verifica-se que em
muitos casos existem diversas inadequações podendo afetar muito a saúde e a segurança do
trabalhador. A falta de informação dos funcionários e dos proprietários, as necessidades
constantes de aumento de produtividade e de redução de custos e as rápidas e constantes
mudanças na Legislação são as principais causas da falta de adequação às normas (Silva,
1999). O que se pode verificar é que em muitos casos, com apenas a aplicação de melhorias
com baixo custo de implantação, esses inconvenientes poderiam ser eliminados ou
amenizados, o que comprova o grande campo de aplicação e difusão das metodologias
estudadas e aplicadas no meio científico.
2.1.1 O Cenário Nacional Moveleiro
Segundo Santi (2000), a industrialização do mobiliário brasileiro teve suas origens em
1875 pela produção de artesãos, sendo a maioria italiana. Essas empresas se caracterizavam
pela estrutura familiar, com pequenas oficinas de produção artesanal, geradas pelo grande
aumento do fluxo imigratório no final do século XIX e início do século XX.
No séculos passados, os móveis eram produzidos com madeira maciça e quase sempre
sob medida, encomendados por consumidores brasileiros. A partir de 1936, houve um
desenvolvimento significativo das empresas moveleiras no Brasil. Atualmente o cenário
nacional moveleiro conseguiu através do avanço da tecnologia alcançar padrões de classe
mundial, evoluindo no desenvolvimento de novos produtos, alcançando o mercado externo.
2.2 Organização do trabalho
Atualmente, em função de inúmeras pesquisas e implantação de metodologias
organizacionais, muitas empresas estão incorporando em sua política de qualidade a
organização de trabalho, com o intuito de alavancar seus padrões produtivos. Segundo FARIA
(1984, p.15) destaca que a “matéria sobre organização do trabalho ou simplesmente
organização, consagrada como parte inseparável da administração, que possui conotação mais
abrangente, tem sido tratada sob diferentes denominações ao longo do período de sua
sistematização”. O autor cita que foram utilizadas diversas denominações para exprimir os
conhecimentos e suas aplicações sobre organização do trabalho:
a) Organização científica do trabalho, organização das indústrias, racionalização do
trabalho, organização racional do trabalho.
b) Racionalização, como o modo lógico de proceder em organização do trabalho ou o
emprego de idéias e experiências comprovadas para criar métodos mais rápidos, mais
simples e de menor custo.
c) Ergologia, ou ciência do trabalho, que apesar da exatidão semântica e da forma
terminológica comum à ciência, a palavra não teve aceitação universal para designar a
organização do trabalho.
d) Organização e Métodos, como o estudo da estrutura e do funcionamento dos serviços
públicos, particularmente da simplificação da organização e dos seus métodos de
trabalho.
“Organização do trabalho é um instrumento (do étimo grego organon) complexo e
heterogêneo que é apropriado à natureza do trabalho cooperativo e que se torna
indispensável para a coordenação do trabalho dividido e, afinal, para a consecução dos
objetivos de interesse do empreendimento”. (FARIA,1984, p.18).
O autor afirma ainda que a Organização do Trabalho abrange uma vasta gama de
conhecimentos como a ciência social e humana, ciências exatas, lógica, tecnologia, axiologia,
com o objetivo de fornecer as condições mais favoráveis à satisfação, à saúde e à
produtividade do homem no desempenho de seu trabalho.
IIDA (1990) destaca que o trabalho já foi considerado como castigo e por vezes realmente
o era, pelas condições inadequadas a que o trabalhador estava submetido, como: um ambiente
sujo, escuro, barulhento, por vezes perigoso e insalubre. Postos de trabalho improvisados e
uma jornada excessiva ocasionavam freqüentes acidentes. A transformação do trabalho
“tripallium” (castigo) para uma fonte de prazer e auto-relização demanda uma análise das
fontes de insatisfação dos trabalhadores.
Nas atividades diárias é de suma importância a forma como o trabalho é realizado e
programado, pois quando as aptidões e habilidades do trabalhador não estão adequadas ao
tipo de trabalho, ou quando os horários de trabalho não permitem um tempo adequado para o
descanso e o lazer, surgem problemas muito sérios para o trabalhador e também para a
empresa, tomando
o trabalho nesta situação o conceito de “tripallium”.
IIDA (2005) apresenta como fontes de insatisfação e objetos de visão do
trabalho como “castigo” os seguintes pontos:
Ambiente físico: posto de trabalho, iluminação, temperatura, ruídos e
vibrações;
Ambiente psicossocial: sentimentos de segurança e estima, oportunidades de
progresso profissional, percepção da imagem da empresa, aspectos intrínsecos do
trabalho, relacionamento com colegas e superiores e benefícios recebidos da
organização;
Remuneração: este item está ligado às questões de justiça salarial, é comprovado
que as reclamações com relação a salário aparecem com maior freqüência quando
associadas a questões do ambiente físico ou psicossocial;
Jornada de trabalho: com a evolução tecnológica uma tendência histórica de
redução da jornada de trabalho. Haja vista que em países menos desenvolvidos,
onde o desenvolvimento tecnológico é mais modesto os níveis de jornada de
trabalho são maiores. Há estudos que demonstram que os trabalhadores que são
obrigados a trabalhar em uma carga horária além das 8 horas diárias procuram
reduzir suas atividades durante o horário normal para compensar um
prolongamento no horário adicional. Basicamente o volume produzido não é o
mesmo correspondente a carga horária normal, ficando a produtividade abaixo da
esperada;
Organização: há uma tendência na humanização do trabalho, promovendo um
trabalho mais participativo e inter-relacionado, onde se busca a satisfação pessoal e
auto-realização.
2.2.1 Melhoria das condições de trabalho
CHIAVENATO (1999) destaca em seus estudos que Taylor e seus seguidores
defendiam que, não apenas as questões salariais e o método de trabalho influenciavam na
eficiência do trabalhador, mas também outras questões relacionadas ao trabalho
influenciavam neste sentido. As situações mais acentuadas, segundo o autor, residiam na
adequação das ferramentas de trabalho, estudos dos métodos e processo, do layout das
máquinas e equipamentos, o ambiente físico (iluminação, ruído, calor, etc) e os equipamentos
e acessórios, que passam a reduzir e/ou eliminar inconvenientes.
Ainda segundo o autor, com a Administração Científica as condições do ambiente de
trabalho melhoram significativamente somente quando as mesmas estão ligadas diretamente à
melhoria do produto ou aumento da produção do mesmo.
PALMER (1976, p.2) destaca que “muitas melhorias nas condições de trabalho foram
resultantes de estudos de psicólogos industriais e fisiólogos durante e após a I Grande Guerra
Mundial, mas que somente após a II Guerra Mundial é que houve possibilidade de uma
contribuição mais ampla da Ergonomia com o envolvimento de outras áreas do
conhecimento”.
Conforme afirma IIDA (2005):
“A Ergonomia difundiu-se em praticamente todos os países do mundo. Existem muitas
instituições de ensino e pesquisa atuando na área e anualmente se realizam muitos eventos de
caráter nacional e internacional para a apresentação e discussão do caráter das pesquisas.
Contudo o acervo de conhecimentos disponíveis em Ergonomia, se fossem dominados e
aplicados pela sociedade, certamente daria uma contribuição importante para reduzir o
sofrimento dos trabalhadores e melhorar a produtividade e as condições de vida em geral”.
2.2.2 Postura Corporal
Muitos são os pesquisadores dedicados ao estudo da postura corporal. De acordo com
Smith e Lehmkuhl (1997), “postura é um termo definido como uma posição ou atitude do
corpo, a disposição relativa das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma
maneira característica de sustentar o próprio corpo”. O corpo pode assumir muitas posturas
consideradas confortáveis por longos períodos e realizarem as mesmas tarefas. Quando ocorre
um desconforto postural por contração muscular contínua, tensão ligamentar, compressão
ligamentar ou oclusão circulatória, normalmente procura-se acomodar o corpo em uma nova
atitude postural. Quando não se alteram as habituais posições, podem ocorrer lesões teciduais,
limitação de movimentos, deformidades ou encurtamentos musculares restringindo as
atividades de vida diária sejam elas em postura sentada, em pé ou deitada.
Em ergonomia, os impactos do meio externo sobre o indivíduo podem ser físicos ou
mentais e avalia as exigências sobre o corpo humano, como a carga física (no sistema
músculo-esquelético, sistema cardiovascular, sistema respiratório, intensidade física de
trabalho, etc.), carga sensorial (estímulos táteis, sonoros, visuais, visuais), carga mental
(informações a serem processadas) ou emocionais (psicossociais). As exigências de trabalho
podem levar à sensação de cansaço sendo este o principal sintoma da fadiga que pode
instalar-se por meio de sobrecarga de trabalho.
O trabalhador pode assumir um número variável de posturas durante sua jornada de
trabalho. A ergonomia aplica métodos de avaliação postural, com o objetivo de avaliar as
posturas adotadas em suas atividades, para uma adaptação das condições de trabalho ao
trabalhador. Entre os métodos utilizados na análise ergonômica do trabalho, destaca-se o
Método de Avaliação Postural denominado OWAS, que serviu de instrumento de análise
nesta pesquisa. Kendall (1995), definiu postura como “o arranjo característico que cada
indivíduo encontra para sustentar o seu corpo e utilizá-lo na vida diária, envolvendo uma
quantidade mínima de esforço e sobrecarga, conduzindo à eficiência máxima do corpo”. A
grande interação entre as musculaturas estática e dinâmica é evidenciada entre os vários
autores, quando se referem a qualquer atividade corporal, onde a postura dinâmica está
associada a execução de tarefas numa soma de vários movimentos articulares que permitem
realizar as atividades de trabalho, enquanto que a postura estática associa-se à manutenção do
tônus dando base necessária à estabilização das estruturas centrais do corpo (escápulas,
coluna vertebral e pelve).
Para a Academia Americana de Ortopedia citada em 1983 por Knoplich, “postura é
um arranjo relativo das partes do corpo e, como critério de boa postura, o equilíbrio entre suas
estruturas de suporte (músculos e ossos), que as protegem contra uma agressão por trauma
direto ou deformidade progressiva por alterações estruturais. Já a má postura é aquela onde
falha no relacionamento das rias partes do corpo, induzindo ao aumento de agressão às
estruturas de suporte produzindo um desequilíbrio nas bases de suporte corporal”. Postura
inadequada exigirá maiores forças internas para a execução de uma tarefa e postura correta
promove boas condições biomecânicas, o que leva um maior rendimento com relação à
energia localizada. O autor descreve que a postura estática exige, geralmente baixos níveis de
tensão muscular e o estado prolongado de contração muscular produz compressão dos vasos
sangüíneos, reduzindo o fluxo de sangue e o fornecimento de oxigênio, o que leva ao
desconforto e à dor muscular, provocando fadiga mais rapidamente que a postura dinâmica.
Os membros inferiores formam a base sólida e estável da estrutura corporal na postura
em pé, constituindo a plataforma de apoio. Sua posição é que condicionam a forma, a
dimensão e a orientação da base de sustentação, cujas variações são elementos capitais na
estática do corpo humano, sobretudo, sua estabilidade. Enquanto o tronco é o elemento móvel
que desloca o centro de gravidade, controlado pela musculatura tônica; e a cabeça e o pescoço
controlam a coordenação do conjunto, onde a cabeça impera a verticalidade dela própria e a
horizontalidade do olhar.
2.2.3 Posturas Adotadas no Trabalho
Todo indivíduo ao exercer uma determinada atividade exerce um tipo de postura, e
mesmo o intencionalmente, procura utilizar-se de uma postura que lhe seja o mais
confortável possível.
Algumas questões pessoais também estão ligadas diretamente ligadas a postura a ser
adotada, como trabalhar próximo ou no limite físico com sinais de fadiga, dar continuidade
às atividades mesmo com dor na musculatura postural e treinamento inadequado sobre a
prevenção dos distúrbios posturais.
Wisner (1997) afirma que a carga está presente em todos os tipos de atividades, sejam
laborais ou não, podendo ser classificada sob os aspectos físico, cognitivo e psíquico.
Van Doorn (1995) estudou o número registrado ao “Social Security Program of
Nethrland” por uma pesquisa realizada ao longo de treze anos, onde observou um grande
número de profissionais com acometimento da coluna vertebral, em especial da região
lombar.
2.2.4 Biomecânica Ocupacional
Desde o início, de acordo com Baú (2002), a fisiologia do trabalho envolvia a relação
do profissional com o tipo de atividade a ser exercida pelo mesmo em seu trabalho, partindo
desde então da definição básica do termo trabalho: aplicação de um determinada força a uma
carga através de uma certa distância. Desde este período o estudo relacionado à resistência do
trabalhador era considerado, bem como a biomecânica. O estudo dessas condições de trabalho
foi ao longo do tempo, se aprimorando e, na atualidade, os estudiosos nesta área utilizam a
biomecânica para melhor e quantificar essas forças e cargas.
A biomecânica ocupacional é uma ciência multidisciplinar que requer a combinação
dos conhecimentos das ciências físicas e de engenharia, bem como das ciências biológicas e
comportamentais aplicadas ao indivíduo realizando suas atividades no seu ambiente de
trabalho (BAÚ, 2002).
A biomecânica ocupacional se divide basicamente em cinco áreas: critérios de seleção
de pessoal e treinamento, diretrizes para projetos de ferramentas manuais, diretrizes para o
projeto de layout do local de trabalho e dos controles de máquinas, diretrizes para o projeto de
trabalho na posição sentada, e limites para o levantamento manual de peso (CHAFIN;
ANDERSSON; MARTIN, 2001). Estes, contudo, são critérios principais, sendo que qualquer
relação entre os movimentos e às posições executadas pelo indivíduo em sua jornada de
trabalho, alia-se às questões voltadas à biomecânica.
Portanto, a biomecânica ocupacional estuda as interfaces entre o trabalho e o homem
sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueléticos envolvidos na sua atividade e as
suas conseqüências, analisando basicamente as posturas corporais e a aplicação das forças
inerentes ao trabalho. Alguns postos de trabalho, como mobiliários, máquinas e ferramentas,
fabricados de forma inadequada provocam tensões musculares, fadiga e dores, segundo Iida
(1990); portanto, as características dos postos de trabalho podem impor ao trabalhador
posturas inadequadas, com um determinado ritmo repetitivo ou de trabalho muscular estático.
2.2.5 Fadiga
GRANDJEAN (1998) relata que o conceito de fadiga não é muito claro, até porque a
palavra é utilizada em uma multiplicidade de expressões, sendo, no entanto compreendida de
uma maneira geral como uma diminuição da capacidade de trabalho e uma perda de
motivação para qualquer atividade.
Vale destacar que duas formas ficam claramente distintos quando se trata de fadiga: a
muscular e a generalizada.
Quanto às formas de fadiga, podemos encontrar na literatura: a fadiga gerada pela
exigência do aparelho visual, a fadiga provocada pela exigência física de todo o organismo, a
fadiga do trabalho mental, a fadiga produzida pela exigência exclusiva das funções
psicomotoras, a fadiga gerada pela monotonia do trabalho ou do ambiente, a fadiga crônica, a
fadiga circadiana ou nictemérica que é gerada pelo ritmo biológico do ciclo de dia e noite,
responsável pelo sono. (GRANDJEAN, 1998).
Segundo o mesmo autor, a fadiga muscular é um acontecimento doloroso, agudo, que
ocorre de maneira localizada fazendo com que a pessoa acometida perceba que sua
musculatura está sobrecarregada. A fadiga generalizada, no entanto, é um estado subjetivo de
cansaço: ocorre uma perda de vontade tanto para o trabalho físico quanto mental. A sensação
de cansaço se compara a outras necessidades humanas, como beber ou comer. A parte
negativa se quando o ser humano pela sua própria vontade (imposto pelo trabalho ou não)
não se o direito ao descanso. Estas duas formas de fadiga estão baseadas em fenômenos
fisiológicos completamente diferentes.
IIDA (2005) cita que as causas da fadiga são de natureza muito variada. No caso da
atividade profissional, pode-se observar como causadores de fadiga: intensidade e duração do
trabalho físico e mental, doenças e dores, alimentação (fatores fisiológicos), ambiente de
trabalho como o clima, iluminação, ruído (fatores ambientais), ritmo noite/dia,
responsabilidades, ansiedades ou conflitos, mudanças organizacionais, monotonia, falta de
motivação, relacionamento horizontal e vertical (fatores psicológicos).
Os sintomas mais comuns são: sensações subjetivas de fadiga, sonolência, lassidão e
falta de disposição para o trabalho, dificuldades para pensar, diminuição da atenção, lentidão
e amortecimento das percepções, diminuição da força de vontade, perdas de produtividade em
atividades físicas e mentais.
Estas sensações podem aumentar conduzindo à fadiga crônica ou clínica, cujos
sintomas podem evoluir para a depressão, irritabilidade, indisposição geral para o trabalho e
uma predisposição a doenças (dores de cabeça, dos aparelhos internos, insônia, perturbações
cardiovasculares, etc). Os resultados para as organizações serão o aumento do absenteísmo,
diminuição da produtividade, aumento da rotatividade profissional e problemas de
relacionamento interpessoal (GRANDJEAN, 1998).
IIDA (2005) entende que a fadiga conduz à negligência dos fatores de segurança e da
qualidade, uma vez que o trabalhador busca simplificar ao máximo sua tarefa, eliminando
tudo aquilo que julgar não essencial, aumentando substancialmente o número de erros e
acidentes de trabalho.
2.3. Intervenção ergonômica
O conceito de intervenção ergonômica é hoje um termo internacional, utilizado
habitualmente pelo profissional que trabalha com a ergonomia. Verifica-se que através da
mesma o profissional consegue melhorar consideravelmente as condições de trabalho.
Constata-se também que através do estudo da macroergonomia o pesquisador consegue
analisar um posto de trabalho de forma multidisciplinar, enfocando em resultados que
beneficiam a organização do trabalho e em muitas vezes como conseqüência o aumento da
produtividade.
2.4 Metodologias para análise de atividades e postos de trabalho
Atualmente existem várias metodologias aplicadas para análise ergonômica. Dentre
elas os métodos RULA, Diagrama desconforto de Corllet & Bishop e Ovaco Working
Analysing Sistem OWAS têm sido utilizados com grande intensificação no cenário
nacional. Para esta pesquisa decidiu-se aplicar os métodos Ovaco Working Analysing Sistem
– OWAS e Diagrama desconforto de Corllet & Bishop, devido a sua facilidade de aplicação e
alcance expressivo de resultados.
2.4.1 Aplicação de protocolo de avaliação postural e Diagrama desconforto de
Corllet & Bishop
A aplicação do protocolo (Vide apêndice), juntamente com o diagrama de desconforto
de CORLETT & BISHOP (1976), nos propiciou uma melhor caracterização do profissional,
através do levantamento estatístico, o que influencia consideravelmente na elaboração dos
requisitos de projeto. Este protocolo consiste em possibilitar o pesquisador conhecer o perfil
de cada profissional, bem como o levantamento antropométrico. Juntamente com o diagrama
de desconforto de Corllet & Bischop, o pesquisador tem a possibilidade de efetuar um
mapeamento estatístico e obter do operador considerações e opiniões pessoais, o que acarreta
na possibilidade de resultados consideráveis durante a proposição de melhorias. A Figura 3
mostra o Diagrama de desconforto e a sua apresentação, onde são apontados os dados
verificados.
Figura 3 - Diagrama de CORLLET & BISHOP (1976).
Após o operador informar a região de desconforto, o pesquisador efetua o
apontamento da mesma no diagrama. Este apontamento pode ser somente em uma região ou
em regiões sucessivas, dependendo do tipo de postura e esforço realizado durante a jornada de
trabalho. A Figura 4 mostra um apontamento informado por um operador, que contempla
múltiplas regiões de desconforto.
Figura 4 - Múltiplas regiões de desconforto apontadas no diagrama
Região apontada pelo operador
2.4.2 Método Ovaco Working Analysing Sistem – OWAS
Este método foi desenvolvido na Finlândia em 1977, pelos pesquisadores finlandeses
Karku, Kansi e Kurionka, na avaliação de posturas de trabalho numa indústria siderúrgica,
para Ovaco Oy Company conjuntamente com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional,
derivando a nomenclatura Ovaco Working Posture Analysing System, onde analisaram
através de levantamento fotográfico as posturas adquiridas pelos operários. Este método foi
desenvolvido visando as seguintes premissas:
a) Simplicidade para poder ser usado por pessoal sem treinamento em
Ergonomia;
b) simplificação sem respostas ambíguas;
c) possibilidades para corrigir o enfoque ergonômico simplificando e de
continuidade com incorporação às tarefas de rotina existentes.
Segundo Santos (1997), os pesquisadores analisaram por meio fotográfico o reparo e
troca da proteção refratária dos conversores para fabricação de aços especiais em que as
posturas requeridas pelo trabalho eram constrangedoras para os operários, e categorizaram
setenta e duas posturas típicas que resultaram de diferentes combinações das seguintes
posições:
Dígito 1 Costas (4 posições típicas): ereta, inclinada para frente ou para trás, torcida
ou inclinada para os lados, inclinada e torcida ou inclinada para frente e para os lados;
Dígito 2 Braços (3 posições típicas): ambos os braços abaixo do nível dos ombros,
um braço ao nível dos ombros ou abaixo, ambos os braços no nível dos ombros ou acima;
• Dígito 3 – Pernas (7 posições típicas): sentado, de pé com ambas pernas esticadas, de
pé com peso em uma das pernas esticadas, de pé ou agachado com ambos os joelhos
dobrados, de ou agachado com um dos joelhos dobrados, ajoelhado em um ou ambos os
joelhos, andando ou se movendo;
Dígito 4 Levantamento de Carga ou uso de Força (3 posições típicas): peso ou
força necessária menor que 10 kg, peso ou força necessária acima de 10 kg e menor que 20
kg, peso ou força necessária maior que 20 kg;
Dígito 5 e 6 Fase do Trabalho: dois dígitos são reservados para fase da atividade
variando de 00 a 99, selecionados a partir da subdivisão de tarefas.
A Figura 5 mostra as telas do software iniciais e de cadastramento do software para
utilização.
Figura 5 - Telas do software iniciais e de cadastramento do software para utilização
Logo após se abrir a tela inicial do software, cadastra os dados de pesquisa, para
manter a sua coletânea de resultados. A Figura 6 mostra a tela citada.
Figura 6 - Tela de cadastramento de cadastramento dos dados de pesquisa
Na Figura 7, pode-se verificar as posições das costas, braços e pernas categorizadas
pelo Método OWAS.
Figura 7 – Posição das costas, braços e pernas utilizados no método OWAS
Fonte: Adaptado de Karku; Kansi e Kurionka (1977).
O método dispõe de programa para computador denominado “Win-OWAS” que
automatiza o processo e apresenta ferramentas gráficas que auxiliam na visualização e
análise. Este software é disponível gratuitamente e pode ser adquirido através do endereço na
internet http://www.turva.me.tut.fi/owas da Tempere University of Technology Tempere
Finland.
De acordo com Wilson e Corlett (1995), foram efetuadas mais de trinta e seis mil
observações em cinqüenta e duas atividades para testar o método, durante dois anos. A
aplicação deste método levou a melhorias das condições de trabalho e contribuíram de forma
relevante para remodelação de linhas de produção, permitindo a identificação e a solução de
vários problemas, pendentes há muito tempo neste setor.
No método OWAS a atividade pode ser subdividida em várias fases e posteriormente
categorizada para a análise das posturas no trabalho. Na análise das atividades aquelas que
exigem levantamento manual de cargas são identificadas e categorizadas de acordo com o
sacrifício imposto ao trabalhador, embora não seja este o enfoque principal do método. Não
são considerados aspectos como vibração e dispêndio energético. Posteriormente as posturas
são analisadas e mapeadas a partir da observação dos registros fotográficos e filmagens do
indivíduo em uma situação de trabalho.
As fases selecionadas para análise são aquelas que o observador considera de maior
constrangimento para o trabalhador. O registro deve ser realizado através de filmagens
acompanhadas de observações diretas, estimando a freqüência e a duração de tempo durante
as posturas adotadas em intervalos variáveis ou constantes despendido em cada postura. Na
Figura 8, são mostradas as atividades desenvolvidas e atividades exercidas pelo trabalhador
no Sistema de Análise Win-OWAS.
Figura 8 - Tela de identificação das atividades exercidas pelo trabalhador
A combinação das posições das costas, braços, pernas e utilização de força no Método
OWAS recebe uma pontuação que poderá se incluída no sistema (Figura 9), o qual permite
categorizar níveis de ação para medidas corretivas visando a promoção da saúde ocupacional.
O primeiro dígito do código indica a posição das costas, o segundo, posição dos braços, o
terceiro, das pernas, o quarto indica levantamento de carga ou uso de força e o quinto e sexto,
a fase de trabalho. A partir dos dados introduzidos, ocorre o processamento das informações
como os resultados de cada uma das posturas analisadas por categoria, permitindo análise de
adaptação para medidas corretivas a serem aplicadas.
Figura 9 - Tela de identificação de combinações de posições e pontuações
A Figura 10 demonstra o software de forma gráfica, com comportamento de cada uma
das posturas analisadas para cada atividade, permitindo visualizar com rapidez qual é o estado
final da análise realizada.
Figura 10 - Tela de identificação do comportamento de cada uma das posturas
De acordo com Heinsalmi citado em Corlett (1986), as posturas foram divididas em
quatro categorias de ação:
Posturas consideradas normais sem utilização particular do sistema músculo-
esquelético onde não são necessárias medidas corretivas;
Posturas com pouca utilização do sistema músculo-esquelético (há pouco estresse que
não necessidade imediata de mudança, porém são necessárias medidas corretivas em um
futuro próximo);
Posturas com alguma utilização do sistema músculo-esquelético (o método de trabalho
deverá ser mudado assim que possível);
Posturas com utilização extrema do sistema músculo-esquelético (deve-se tomar
medidas imediatas para mudança de postura).
Após as metodologias serem verificadas e estudadas, decidimos por aplicá-las. Para
isso, efetuamos a análise da atividade, que consiste em conhecer melhor as sub-tarefas
exercidas por cada operador e analisar antropometricamente os indivíduos em questão.
3. ANÁLISE DA ATIVIDADE
Como foi descrito anteriormente, a célula de produção, denominada de estação de
corte longitudinal de pacotes de chapa de madeira tem o objetivo de serrar pacotes de madeira
reconstituída. A Figura 11 mostra produto final (pacote de chapas) formado.
Figura 11 – Pacote de chapas de madeira reconstituída acabado
Este equipamento foi adquirido de outra unidade de produção e através de análise dos
manuais deste equipamento, constatamos que o mesmo não fora concebido para esta
característica de produção, mais sim para uma produção inferior, onde somente uma chapa era
posicionada para corte, como mostra a Figura 12.
Figura 12 – Perfil característico do corte da serra
A execução das atividades é exercida por dez trabalhadores, atuando cinco por turno
de oito horas e meia de trabalho, exercendo funções que necessitam do uso de atividade física
constante. Através de análise e convívio com este posto de trabalho, embasamos esta proposta
de melhoria e acreditamos que por conhecer todos os operadores desta célula de produção, os
mesmos nos possibilitaram a apresentação de propostas de melhorias, bem como boa
aceitação na apresentação e participação das metodologias aplicadas.
3.1 Descrição da tarefa
Para compreensão da atividade desempenhada pelos trabalhadores, decidimos efetuar
um levantamento descritivo das operações efetuadas. Nesta célula, o operador efetua a
formação do pacote de chapas a ser serrado, que é constituído por sete chapas, com dimensões
de 2750 x 1830mm x 7mm de espessura. Cada pacote tem o peso médio de 320 kg. A Figura
13 demonstra o desenho da chapa e as suas principais dimensões.
Figura 13 - Chapa de madeira reconstituída, contendo suas principais dimensões
O Abastecimento da matéria-prima (pacote de chapas sem corte das bordas com
aproximadamente 185 chapas) é efetuado por uma empilhadeira, que alimenta uma mesa fixa,
para que o operador efetue a seleção do pacote. Após a seleção o operador efetua a formação
do pacote, que compõe sete chapas com sete milímetros de espessura cada uma. As Figuras
14 e 15 demonstram a disposição da estação de corte e a fase de formação de pacotes.
Figura 14 – Disposição da célula de produção
Figura 15 – Formação de pacotes para serra
Constatou-se nesta etapa que ambos operadores efetuavam um esforço ao elevarem o
pacote de chapas para a mesa de seleção. Evidenciamos problemas de postura e sobrecarga
nos membros superiores e inferiores durante esta atividade. Após transferido o pacote, os dois
operadores desempenham a segunda atividade, que é puxar e empurrar o pacote,
posicionamento a sua lateral no batente e alinhando o mesmo para a primeira etapa de corte.
Verificamos que esta operação é muito complexa, pois os dois precisam efetuar juntos o
puxamento da chapa, necessitando exercer força para empurrar o pacote em seguida. As
Figuras 16 e 17 mostram esta atividade.
Figura 16 – Puxamento e início do empurramento do pacote de chapas
Figura 17 – Empurramento e posicionamento do pacote para o primeiro corte
Durante a etapa de posicionamento, verificou-se a dificuldade dos operadores para
deslocarem os pacotes, ocasionado pelo peso. Observou-se que para se posicionar
corretamente o pacote, ambos operadores necessitam trabalhar em conjunto, onde um dos
operadores encosta o pacote na guia lateral e o operador 2 inclina-se para manipular o
empurrador mecânico, efetuando a rotação do corpo para exercer uma força maior. A Figura
18 evidencia as observações verificadas.
Figura 18 – Empurramento e posicionamento do pacote para o primeiro corte
Com o pacote posicionado na marca de referência e apoiado no batente lateral,
garantindo a correta posição, o primeiro corte é efetuado. O operador 1 aciona manualmente o
painel de comando da serra de forma a habilitá-la para o deslocamento da serra. Este corte
consiste na uniformização do topo das chapas que estão empilhadas, formando o pacote. A
Figura 19 mostra o sentido de corte da serra.
Figura 19 – Sentido de corte da serra
Sentido de corte da serra
Após se efetuar o primeiro corte de topo, o pacote agora é empurrado pelos operadores
1 e 2 e puxado pelos operadores 3 e 4. Todos os quatro operadores exercem uma postura
inadequada ao efetuarem esta operação, devido à flexão da coluna e a sobrecarga nos
membros superiores e inferiores. Os operadores 1 e 2 empurram o pacote de chapas até que os
operadores 3 e 4 tenham acesso à parte frontal do pacote, que passa sobre o barramento, onde
a serra percorre. Em seguida, os operadores 3 e 4 puxam o pacote, de forma que o mesmo
fique com o segundo topo próximo ao barramento. Com o pacote aproximado, ambos
operadores posicionam o pacote no apoio lateral e na marca de referência, de forma que o
segundo corte esteja em condições de ser efetuado. As Figuras 20 e 21 mostra os operador 3
posicionando a chapa para que o segundo corte seja efetuado.
Figura 20 – Empurramento e posicionamento do pacote para o segundo corte
Figura 21 – Empurramento e posicionamento do pacote para o segundo corte
Ao se verificar o correto posicionamento para o segundo corte, o operador 1 aciona a
serra, para que o segundo corte seja efetuado. Com o fim do segundo corte, os operadores 3 e
4 deslocam o pacote, transferindo-o para a mesa de formação de pacotes. Esta etapa é
efetuada em conjunto, onde o operador 4 puxa o pacote, enquanto o operador 3 o puxa em
direção à mesa de formação. Na mesa formação, a região onde foi efetuado o segundo corte é
inspecionada. Logo em seguida, os dois operadores transferem as chapas para a mesa de
pacotes acabados, transferindo as chapas através do levantamento.A Figuras 22 e 23 mostram
estas duas etapas.
Figura 22 – Formação de pacotes e inspeção do segundo corte
Figura 23 – Formação de pacotes e inspeção do segundo corte
Após o pacote formado, os operadores 3 e 4 efetuam a contagem de chapas, enfitam o mesmo
e o disponibiliza para ser transportador pela empilhadeira. A Figura 24 mostra o pacote sendo
retirado da mesa.
Figura 24 – Retirada do pacote pela empilhadeira
4. MATERIAL E MÉTODO
Após o levantamento das etapas do processo de corte de pacotes, verificou-se através
da análise bibliográfica e estipulou-se quais seriam os métodos a serem aplicados nesta
pesquisa. Este trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva, onde a coleta de dados será
efetuada através de estudo de caso, numa estação de corte de chapas de madeira, onde
trabalham dez sujeitos, os quais tiveram suas atividades descritas e analisadas.
4.1 Sujeitos
Nesta abordagem foram analisados 10 jovens adultos, com idades entre 19 e 30 anos,
todos do gênero masculino. Todos os profissionais são funcionários contratados da empresa
em que trabalham e desempenham suas atividades numa jornada mensal de aproximadamente
190 horas, trabalhando cerca de oito horas e meia por dia, com 1 hora de almoço, que é
ofertado pela empresa. A partir da aplicação dos métodos, foram identificados as principais
posturas adotadas pelos operadores, bem como os principais inconvenientes observados
durante as atividades da célula de produção em questão.
4.1.2 Local da Pesquisa
A pesquisa se realizada na região de Bauru (região centro-oeste paulista), numa
empresa que efetua corte de chapas de madeira com o objetivo comercial.
4.1.3 Material
Foram utilizados como materiais para a obtenção dos resultados:
Máquina fotográfica
Filmadora
Cronômetro
Protocolo de coleta de dados
Protocolo contendo o diagrama de desconforto de Corllet & Bishop;
Softwares utilizados para análise estatística:
Microsoft Excel
Microsoft Project
Software utilizado para análise ergonômica
Win Owas
4.1.4 Método
Foram utilizados como método de coleta de dados:
- Diagrama de desconforto de Corllet & Bishop e levantamento antropométrico;
- Análise da ergonômica da atividade;
- Aplicação do Método OWAS, com o intuito de analisar os operadores deste posto de
trabalho;
4.2 Aplicação dos métodos
Preliminarmente, efetuou-se uma análise da operação de corte, através de análise e
pesquisas sobre o processo como um todo. Conseguiu-se elaborar uma boa pesquisa após
obter-se maior conhecimento sobre o processo, através de visualizações, de filmagens e
aquisição de artigos técnicos e procedimentos operacionais, relatando as fases do processo de
plantio e suas respectivas atividades. Conseguiu-se registrar e analisar em campo as
atividades desenvolvidas por esses operadores, bem como comprovar, de uma forma geral, a
falta de alternativas para a aquisição de proposições de melhorias, levando-se em conta o
design ergonômico, devido ao desconhecimento das metodologias propostas. Verifica-se que
a grande maioria das empresas que executam a implantação de equipamentos, sejam eles
novos ou usados, não levam em conta as questões antropométricas, o que aumenta a
possibilidade do aumento de problemas de saúde ocupacional, na criação de um novo posto
de trabalho.
4.2.1 Aplicação do protocolo de entrevistas e diagrama de desconforto de Corllet
& Bishop
Como relatamos anteriormente, através da aplicação de protocolos de avaliação,
juntamente com o diagrama de desconforto de Corllet & Bischop, o pesquisador tem a
possibilidade de efetuar um mapeamento estatístico e obter do operador considerações e
opiniões pessoais, o que acarreta na possibilidade de resultados consideráveis durante a
proposição de melhorias. A pesquisa e aplicação da metodologia foram aplicadas em dois
períodos, onde o primeiro se situou entre os meses de fevereiro e abril do ano de 2006 e foi
composta por dez operadores. Todos os operadores trabalharam nesta célula de produção por
um período aproximado de três anos sendo transferidos para uma outra linha de produção em
virtude da ampliação da fábrica. Com a transferência dos antigos operadores, estes outros
foram treinados pelos outros operadores que foram promovidos, com o intuito de os
substituírem. No segundo período, a aplicação da metodologia escolhida foi aplicada entre os
meses de outubro e dezembro do ano de 2006. Durante a etapa de aplicação do protocolo,
verificamos os dados antropométricos mais consideráveis para esta pesquisa e efetuamos uma
coleta de dados voltada às características sociais de cada indivíduo. Todos os operadores
identificaram quais eram os maiores problemas apresentados pelo equipamento e quais eram
regiões de desconforto geradas durante ou após a atividade de trabalho. Verificou-se também
os dados antropométricos de todos os operadores, para que se pudesse efetuar um estudo
posterior. As medidas principais efetuadas foram: comprimento do ante-braço, altura do solo
ao joelho, altura dos ombros ao cotovelo, da cabeça ao cotovelo e do solo à cintura.
4.2.2 Análise ergonômica do processo de corte
Foram selecionadas as variáveis mais verificadas e apontadas nas entrevistas com os
operadores, tomando-se como prioridade os estudos quanto aos membros superiores e à
flexão da coluna vertebral. Estas verificações foram observadas através do tratamento de
dados coletados, oriundos da aplicação do protocolo de entrevista, que contempla também o
diagrama de desconforto de Corllet & Bishop (vide resultados), para coleta dos dados em
campo para logo após se efetuar a análise do processo de corte. Analisou-se cerca de 100
ciclos de trabalho e registrou-se as sub-atividades exercidas pelos operados, bem como as
respectivas posturas verificadas.
4.2.3 Aplicação do método Ovaco Working Analysing Sistem – OWAS
Após se efetuar a análise preliminar das posturas, através da observação do posto de
trabalho dos operadores durante as atividades, para se efetuar os cortes de topo dos pacotes,
efetuou-se as observações em quatro horários diferentes, cada uma efetuada em um dia. Este
trabalho teve a duração de duas semanas. O levantamento em campo foi realizado em meados
do ano de 2006. A visita constante no local de trabalho e o bom conhecimento sobre sistemas
operacionais, possibilitaram a interação com os operadores e uma melhor focalização dos
aspectos a serem abordados através de um protocolo de avaliação. Com ele, foi possível
estabelecer uma análise estatística que ajudaram na elaboração dos requisitos de projeto.
As posturas analisadas são divididas em categorias automaticamente pelo software, em
função da descrição das posições indicadas. São indicadas as posições das costas, dos braços,
das pernas e o carregamento em quilos.
Cada categoria verificada relaciona-se à recomendações, que são:
Categoria 1: Sem necessidade de medidas corretivas;
Categoria 2: Modificação das posturas verificadas num futuro próximo. As
posturas que se enquadram nesta categoria são transições entre as categorias 1 e 3.
Desta forma estão presentes em quase toda a seqüência de posturas e se
apresentam freqüentemente quando as costas estão eretas e ocorre um arqueamento
das pernas, com esforços moderados. Pode ser encontrada em quase todas as
combinações entre costas, braços, pernas e esforço moderado.
Categoria 3: Deve-se verificar a possibilidade da mudança de trabalho assim que
possível. Semelhantemente a categoria 2, trata- se também de uma transição,
porém, um pouco mais grave. Também está relacionada a muitas combinações de
costas, pernas, braços, com maiores esforços. Sendo que esta categoria não ocorre
quando as costas estão eretas, excetuando-se apenas, quando as pernas estão
arqueadas e o esforço é maior que 30 kg. Esta categoria não ocorre se as pernas
estiverem eretas e o esforço for de no máximo 10kg, independente da posição das
costas e dos braços.
Categoria 4: Deve-se anular imediatamente os inconvenientes posturais
verificados. Nesta categoria enquadram-se as posturas que flexionam ou torcem as
costas, e flexionam as pernas. Nesta situação a posição dos braços e os graus de
esforços chegam a ser irrelevantes. Enquadram-se nesta categoria a postura onde
as costas estão torcidas e curvas quando o esforço ultrapassa a 30kg. Se andando, a
posição dos braços é irrelevante, com as pernas erguidas, os braços abaixo dos
ombros torna apostura menos crítica. Porém, se sentado, deve-se evitar esforços.
Como método de pesquisa em campo, interagiu-se com o profissional de forma a se
atentar à obtenção dos dados de forma mais autêntica possível. Fotografou-se as etapas do
processo e cronometrou-se os tempos e perfis dos operadores, a fim de obter-se um bom
material de registro da atividade desenvolvida no local, para efetuarmos uma correta análise
da tarefa.
Em cada dia, observou-se durante duas horas os operadores, com o intuito de se
estipular o tempo médio de cada sub-tarefa, caracterizando respectivamente cada postura
adotada, de acordo com o a função de operação. No primeiro período analisou-se a atividade
entre 8 e 10 hs da manhã e no segundo, entre 9:30 e 11:00. No segundo analisou-se o processo
de corte a tarde, entre os horários de 13:00 e 15:00 horas e no último período, entre os
horários de 14:30 e 16:30 horas. Para esta etapa, utilizou-se um prontuário confeccionado
previamente e um cronômetro para se analisar o tempo total do ciclo de operação.
Deste período de observações foram utilizados cerca de 200 ciclos para serem
utilizados nas observações utilizando o método Owas, que foram verificadas apenas oito
sub-atividades significativas durante o processo de corte. Nestes 200 ciclos foram verificados
cada sub-atividade e as posturas intermediárias, as quais foram comparadas com as posturas
que foram observadas preliminarmente, durante a visita do posto de trabalho.
Através do cálculo estatístico dos tempos conseguiu-se estipular o período médio
gasto em cada atividade. Utilizou-se o software Microsoft Excel para se tabular os valores e
assim efetuar rapidamente a análise estatística dos tempos das sub-tarefas. Os dados coletados
foram planilhados e exportados para o software Microsoft Project, que possibilita a
verificação gráfica das sub-atividades, identificando qual operador é responsável pela mesma.
As Figuras 25 e 26 mostram o cronômetro utilizado para a verificação das sub-atividades e a
apresentação dos dados coletados, a ordem de cada sub-atividade ou tarefa e o tempo médio
gasto por cada atividade.
Figura 25 – Cronômetro utilizado para a análise das sub-atividades
Figura 26 - Tempo médio gasto por cada atividade
As sub-atividades analisadas no método Owas foram:
Seleção e puxamento
Puxamento
Transferência (Empurramento)
Posicionamento para o 1º corte
Empurramento e Puxamento
Posicionamento para o 2º corte
Transferência (Empurramento)
Formação do pacote acabado
5. RESULTADOS
Através dos métodos aplicados, foram conseguidos resultados que propiciaram efetuar
a elaboração dos requisitos das proposições de melhoria, com o intuito de as apresentarmos de
forma viável e fundamentada. Os dados a serem observados a seguir foram utilizados durante
a elaboração das propostas de melhorias e requisitos dos projetos de melhoria
5.1 Resultados verificados com a aplicação do protocolo de entrevistas e
diagrama de desconforto de Corllet & Bishop
Com a aplicação do levantamento antropométrico, foi possível se verificar dados que
foram de suma importância para a proposição de melhorias. Através dos registros verificados
mediante a aplicação do protocolo de avaliação, coletou-se os valores médios da estatura e
massa corpórea dos operadores da célula de produção. A estatura média verificada foi de
1,75m e 74 kg. A Figura 27 mostra os demais valores médios calculados durante a análise da
atividade.
Figura 27 - valores médios calculados para análise da atividade
Foi verificado também que todos operadores possuem o nível médio concluídoe não
são fumantes. Durante a aplicação do protocolo de Corllet & Bishop, foram analisados os
dados apontados por cada operador. Como foi citado anteriormente, esta metodologia foi
aplicada em dois períodos, onde o primeiro se situou entre os meses de fevereiro e abril do
ano de 2006 e no segundo, a aplicação da metodologia escolhida foi aplicada entre os meses
de outubro e dezembro do ano de 2006. Em ambos períodos foram verificadas 11 regiões de
desconforto durante a aplicação do protocolo. A Figura 28 mostra os resultados verificados no
primeiro período e a Figura 29 exibe os resultados da segunda análise.
Figura 28 – Apontamento das regiões de desconforto durante o primeiro período
Figura 29 – Apontamento das regiões de desconforto durante o segundo período
Observa-se que em ambos os períodos, as regiões de maior desconforto verificadas durante a
aplicação do protocolo de avaliação são as regiões das costas, ombro, ante-braços e coxas.
Para se analisar melhor as regiões de desconforto, efetuou-se a somatória de operadores
participantes e elaborou-se um novo gráfico totalizador, que complementa a análise,
mostrando-nos em percentual, cada região apontada.
Através da Figura acima podemos concluir que as regiões de maior indicação são as
regiões mais exigidas durante toda a atividade ou as que mais sofrem variações ou flexões,
devido ao grande peso do pacote (cerca de 320 kg). Através das Figuras 31, 32 e 33, 34 e 35
pode-se compreender melhor a relação entre as regiões de desconforto apresentadas e algumas
posturas de grande influência para este apontamento.
Figura 31 – Apontamento geral (em percentual) das regiões de desconforto
Figura 32 – Operador puxando o pacote (Esforço nos braços, ombro direito e flexão
dos joelhos)
Figura 33 – Operador deslocando o pacote (Esforço no ante-braço, ombro direito e
perna direita e rotação da coluna)
Figura 34 – Operador formando o pacote (Esforço nos braços, ombro direito, perna
esquerda e costas torcidas)
Figura 35 – Operador alinhando o pacote (Esforço nos braços, costas torcidas, perna
direita e flexão do joelho esquerdo)
Estas regiões verificadas foram apontadas juntamente, onde ao ser relacionadas nas
entrevistas e no protocolo, consegui-se selecionar as regiões mais computadas. As Figuras 36,
37, 38 e 39 apresentam as regiões mais apontadas simultaneamente pelos operadores durante
a análise.
Figura 36 – Região inferior das costas, compreendendo os pontos 04 e 05 do diagrama
Figura 37 – Região inferior das costas e ombro direito, compreendendo os pontos 04,
05 e 07 do diagrama
Figura 38 – Região da coxa, joelho e ombro direitos compreendendo os pontos 17 e 18
e 07 do diagrama
Figura 39 – Região do pescoço, ante-braço e ombro direitos compreendendo os pontos
02, 07, 09 e 10.
Após aplicarmos o protocolo de avaliação, efetuamos a análise ergonômica da
atividade, compreendendo no estudo de cada sub-atividade de operação o levantamento
fotográfico e cronometragem dos tempos despendidos. Analisou-se cerca de 100 ciclos de
trabalho e registrou-se as sub-atividades exercidas pelos operados, bem como as respectivas
posturas verificadas.
5.2 Resultados verificados durante a aplicação da análise em campo
Nesta etapa, foram efetuadas também as dimensões das mesas do equipamento, para
uma eventual modificação baseada nos valores obtidos. Nesta etapa foi realizada a análise das
sub-atividades desempenhadas pelos operadores, verificando as principais posturas adotadas
pelos operadores da célula de produção. Os inconvenientes foram verificados através de
levantamento fotográfico e filmagem no local. Durante esta análise, em relação a cada sub-
atividade foram verificados os seguintes inconvenientes posturais:
5.2.1 Sub-Atividade: Seleção e puxamento
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1 e 2
Operador 1 Rotação da coluna, rotação dos braços (ambos abaixo dos ombros) com perna
direita curvada.
Operador 2 Rotação da coluna, rotação dos braços (ambos abaixo dos ombros) e joelho
esquerdo flexionado.
5.2.2 Sub-Atividade: Puxamento
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1 e 2
Operador 1 Flexão da coluna, braços esticados, distribuição de peso no joelho e coxa
direitos.
Operador 2 Flexão da coluna, braços esticados, distribuição de peso no joelho esquerdo
mais acentuada.
5.2.3 Sub-Atividade: Transferência (Empurramento)
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1 e 2
Operador 1 Costas curvadas e torcidas, braços esticados, distribuição de peso nos joelhos
não uniforme, pulso e ante-braços flexionados.
Operador 2 Costas curvadas e torcidas, braços esticados, distribuição de peso nos joelhos
não uniforme, pulso e ante-braços flexionados.
5.2.4 Sub-Atividade: Posicionamento para o 1º corte
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1 e 2
Operador 1 – Costas curvadas e torcidas, braços esticados, joelhos e coxas flexionados, pulso
e ante-braços flexionados.
Operador 2 Costas curvadas e flexionadas, braços esticados, distribuição de peso nos
joelhos, pulso e ante-braços flexionados.
5.2.5 Sub-Atividade: 1º Corte
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1
Operador 1 – Nenhum inconveniente postural foi verificado
5.2.6 Sub-Atividade: Empurramento (Operadores 1 e 2) Puxamento (Operadores
3 e 4)
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1, 2, 3 e 4
Operador 1 Costas curvadas e torcidas, braços esticados, distribuição de peso nos joelhos,
pulso e ante-braços flexionados.
Operador 2 Costas curvadas e torcidas, braços esticados, distribuição de peso no joelhos,
pulso e ante-braços flexionados.
Operador 3 – Flexão da coluna, braços esticados, excesso de distribuição de peso no joelho e
coxa direitos.
Operador 4 Flexão da coluna, braços esticados, excesso de distribuição de peso no joelho
esquerdo.
5.2.7 Sub-Atividade: Posicionamento para o 2º corte
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 3 e 4
Operador 3 – Costas curvadas e torcidas, braços esticados, joelhos e coxas flexionados, pulso
e ante-braços flexionados.
Operador 4 Costas curvadas e flexionadas, braços esticados, distribuição de peso nos
joelhos, pulso e ante-braços flexionados.
5.2.8 Sub-Atividade: 2º Corte
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 1
Operador 1 – Nenhum inconveniente postural foi verificado
5.2.9 Sub-Atividade: Transferência (Empurramento)
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 3 e 4
Operador 3 Costas curvadas e torcidas, braços esticados, distribuição de peso no joelho
esquerdo, pulso e ante-braços flexionados.
Operador 4 Costas curvadas e torcidas, braços esticados, distribuição de peso no joelho
direito, pulso e ante-braços flexionados.
5.2.10 Sub-Atividade: Formação do pacote acabado
Operadores responsáveis pela sub-atividade: Operadores 3 e 4
Operador 3 Costas curvadas, braços esticados abaixo dos ombros, excesso de distribuição
de peso nos membros inferiores devido ao levantamento de peso (cerca de 40 quilos mal
distribuídos).
Operador 4 Costas curvadas, braços esticados abaixo dos ombros, excesso de distribuição
de peso nos membros inferiores devido ao levantamento de peso (cerca de 40 quilos mal
distribuídos).
5.3 Resultados verificados com a aplicação do método OWAS
Através da aplicação do método OWAS verificou-se resultados importantíssimos para
a realização de melhorias na célula de produção. Analisou-se as posturas, as quais foram
dividas pelas sub-atividades do processo de corte. As sub-atividades analisadas foram
definidas de forma a possibilitar uma classificação de inconvenientes conforme as fases de
trabalho. A Figura 40 mostra as fases analisadas no software Win-OWAS.
Figura 40 - Fases analisadas no software Win-OWAS.
A Figuras 41 e 42 mostram os resultados verificados através da metodologia,
distribuídos de acordo com a categoria.
Figura 41 – Resultados verificados, de acordo com a respectiva categoria
Figura 42 – Resultados verificados, de acordo com a região do corpo e categorias
Através da aplicação da metodologia, verificou-se que a maioria das posturas
verificadas, num total de 108 (53%), foram posicionadas na categoria 3, seguindo-se de 30%
na categoria 2 e 17% na categoria 1. A postura com maior incidência foi a postura
denominada de 3133, cuja descrição pode ser feita como o operador adotando uma postura
com ambos os braços abaixo dos ombros, com as costas torcidas, mantendo-se em pé, com o
peso do corpo em uma das pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg. Esta
postura embora classificada na categoria 2, pode ser verificada como um significativo
indicador postural, pois podemos relacioná-la com os resultados do diagrama de desconforto
postural, onde houve predominância indicação de dores na região das costas. A Figura 43
mostra o operador adotando a postura descrita. Nota-se que sua postura exige a concentração
de força e devido à sua posição, algumas regiões tendem a sofrer a maior concentração de
esforço.
Figura 43 - Operador adotando a postura descrita como 3133
Além da postura 3133 verificou-se outras posturas e variações freqüentemente adotadas, a
saber:
Postura 3123: Costas torcidas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé apoiado
sobre as pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 1);
Postura 1133: Costas retas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé apoiado em
uma das pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 1);
Postura 3223: Costas torcidas, um dos braços acima dos ombros, em pé apoiado sobre
as pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 1);
Postura 3233: Costas torcidas, um dos braços acima dos ombros, em pé apoiado sobre
uma das pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 2);
Postura 2123: Costas curvadas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé apoiado
sobre as pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 3);
Postura 4133: Costas curvadas e torcidas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé
apoiado sobre as pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria
3);
Postura 2133: Costas curvadas, ambos os braços abaixo dos ombros, o peso do corpo
em uma das pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 3);
Postura 2223: Costas curvadas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé apoiado
sobre as pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 3);
Postura 4133: Costas curvadas e torcidas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé
apoiado uma das pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria
3);
Postura 2222: Costas retas, ambos os braços abaixo dos ombros, em pé apoiado sobre
as pernas e com um carregamento de peso maior que 20 kg (categoria 2).
Nas Figura 44 e 45 observa-se os resultados verificados na sub-atividade de seleção e
puxamento. Pode-se verificar que esta sub-atividade exige que o operador efetue o
levantamento do pacote e o encaminhe para a outra mesa, onde o mesmo é puxado até o
cabeçote de serramento. A Figura 45 mostra o operador transferindo o pacote. Observa-se que
o mesmo desempenha esta atividade de forma a exercer severas posturas, rotacionando sua
coluna, mantedo-a torcida durante a transferência.
Figura 44 – Gráfico da sub-atividade de puxamento
Figura 45 – Gráfico da sub-atividade de puxamento
Na sub-atividade de puxamento o operadores 1 e 2 exercem as posturas 3123, 3133,
2223, 2123 e 2133. Estas posturas relacionam-se à torção da coluna e ligeira curvatura da
mesma, esforço nos ombros, joelhos e membros superiores. O peso do pacote foi verificado
como o principal agravante da atividade, exigindo do operador um esforço brusco durante o
puxamento do pacote. As Figuras 46 e 47 mostram os dados verificados na sub-atividade de
puxamento.
Figura 46 – Gráfico da sub-atividade de puxamento
Figura 47 – Gráfico da sub-atividade de puxamento
A Figura 48 mostra o operador puxando o pacote de chapas de madeira reconstituída.
Durante as observações verificou-se que a concentração do peso durante o puxamento é
destinada em somente um dos membros superiores (direito), o que aumenta a dificuldade e os
inconvenientes posturais. A torção da coluna vertebral é um dos fatores mais agravantes
verificados durante a observação.
Figura 48 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Durante a análise das posturas adotadas pelo operador 2 para efetuar puxamento do
pacote de chapas de madeira reconstituída, verificou-se que a concentração do peso durante o
puxamento também é concentrada em somente um dos membros superiores, o que aumenta a
dificuldade e os inconvenientes posturais. A torção da coluna vertebral também é um dos
fatores mais agravantes verificados durante a observação, além da sustentação do seu peso de
uma forma não equilibrada, o que pode ocasionar uma série de acidentes. As Figura 49 mostra
o operador 2 efetuando o puxamento do pacote.
Figura 49 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Durante a execução da sub-atividade de empurramento do pacote, em sua freqüência o
operadores 1 e 2 têm a predominância de curvamento das costas, concentração de força nos
antebraços e distribuição do seu peso de forma não uniforme, durante o empurramento do
peso. As Figuras 50, 51, 52, 53, 54 e 55 mostram os resultados obtidos durante observações e
aplicação do método Owas. Verificou-se que os principais inconvenientes foram a torção e a
curvatura das costas, concentração de esforço na coxa direita e joelho direito e antebraços
exercendo força.
Figura 50 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Figura 51 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Figura 52 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Figura 53 – Sub-atividade de empurramento do pacote
Figura 54 – Operador 1 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Figura 55 – Operador 2 efetuando o puxamento do pacote de chapas
Após se analisar a sub-atividade de puxamento, efetuou-se a análise da sub-atividade
de alinhamento do pacote. Esta atividade exige dos operadores da célula de produção a
adoção de algumas posturas que possuem sérios inconvenientes ergonômicos. Ao
desempenharem o alinhamento, os operadores necessitam curvar as costas e concentrarem o
impacto proveniente do alinhamento na guia durante o deslocamento do peso do pacote. As
Figuras 56 e 57 mostram os dados coletados e analisados através da aplicação do método
Owas.
Figura 56 – Posturas verificadas na fase de alinhamento de pacotes
Figura 57 – Gráfico das posturas verificadas na fase de alinhamento de pacotes
As Figuras 58 e 59 mostram os operadores 1 e 2 efetuando a operação de alinhamento
de pacotes. Pode-se verificar a concentração do apoio em somente uma das pernas durante o
deslocamento do pacote e a curvatura da coluna, seguido de uma ligeira torção durante a fase
de alinhamento.
Figura 58 – Operador 1 desempenhando a atividade de alinhamento de pacote
Figura 59 – Operador 2 desempenhando a atividade de alinhamento de pacote
Após o pacote ter sido alinhado, o mesmo é submetido ao corte frontal, efetuado por
uma serra com deslocamento automático. Em seguida, o pacote é empurrado pelos operadores
1 e 2 e puxado pelos operadores 3 e 4. A operação de empurramento é caracterizada como
uma atividade que exige do operador posturas que causam inconvenientes ergonômicos, como
a curvatura das costas e apoio do corpo em somente uma das pernas, devido à baixa altura da
mesa e à necessidade de esforços bruscos durante a tarefa. As Figuras 60 e 61 mostram os
dados analisados através do software Owas.
Figura 60 – Descrição das posturas da atividade de empurramento
Figura 61 – Gráfico de análise do software Owas para a atividade de empurramento
A Figura 62 mostra o operador 2 efetuando a atividade de empurramento para o
segundo corte de chapas. Através da Figura podemos observar o apoio do corpo em somente
uma das pernas e a torção da coluna do operador. Verifica-se também que na região dos
ombros há uma concentração de absorção de força, verificada o que ocasiona nos operadores
muitas dores após a jornada de trabalho.
Figura 62 – Operador 2 desempenhando a atividade de empurramento de chapas
Durante a atividade de puxamento do pacote, verificou-se que os operadores 3 e 4
necessitam efetuar esforços, puxando e levantando o pacote. Para tanto, necessitam adotar
posturas que causam inconvenientes posturais, como torção da coluna, além de esforço
constante nos membros superiores. A Figuras 63 e 64 mostram os operadores 3 e 4
desempenhando a atividade de puxamento.
Figura 63 – Descrição das posturas da atividade de puxamento
Figura 64 – Descrição das posturas da atividade de puxamento
As Figuras 65 e 66 mostram respectivamente os operadores 3 e 4 puxando o pacote e
levantando o mesmo para a mesa de formação de pacotes acabados. Verificou-se pelas
observações a torção da coluna e a sobrecarga de peso transportado, podendo ocasionar uma
série de inconvenientes que podem trazer problemas relacionados à saúde ocupacional.
Figura 65 – Operadores 3 e 4 levantando e puxando o pacote para a mesa de pacotes
Figura 66 – Operadores 3 e 4 efetuando o puxamento do pacote para a mesa de formação
6. ANÁLISE E PROPOSIÇÕES DE MELHORIAS BASEADAS NOS
RESULTADOS
Baseando-se nos na análise dos resultados verificados através da aplicação dos
métodos aplicados verificou-se que os inconvenientes são oriundos de uma implantação
da célula de produção em questão. Através de estudos, propõe-se que através de algumas
melhorias nesta célula, pode-se diminuir ou eliminar os principais inconvenientes observados.
Para a proposição de melhorias, estipulou-se como os principais requisitos:
Possibilitar a regulagem de altura da mesa de recepção;
Reduzir ou eliminar as cargas observadas durante a atividade de empurramento e
puxamento;
Propor uma melhor organização da célula de produção;
Não eliminar nenhum posto de trabalho;
No caso da criação de atuadores, considerar a simplificação dos seus sistemas de
controle e acionamento.
6.1. Desenvolvimento das melhorias
Baseando-se na necessidade de análise do funcionamento do método atual utilizado
pelos operadores na estação de corte, nos resultados da aplicação dos métodos de análise
ergonômica e dos requisitos estipulados para a elaboração das melhorias na célula de
produção, foram estudadas melhorias para o sistema, a saber:
6.1.1. Mesa de recepção
Após o pacote ser retirado da mesa hidráulica, o mesmo é transferido para a mesa de
recepção. Em sua utilização atual, o operador retira uma quantidade de chapas para a
transferência. Durante esta etapa os operadores desempenham uma das posturas mais
prejudiciais, devido à mesa não possuir ajuste de altura. Com o intuito de melhorar a
manipulação destes pacotes, propôs-se desenvolver a implantação de uma mesa hidráulica,
destinada a auxiliar na correta acomodação das chapas e ajustar a altura correspondente ao
consumo de chapas em cada ciclo. A mesa citada já era existente, mas seu acionamento estava
desativado. Efetuou-se a recuperação da mesma, no que tange ao seu sistema hidráulico,
adequando-a no layout. Para o acionamento da mesa, foi colocado um acionador por pedal,
simplificando a atividade. A Figura 67 mostra o pacote de chapas sendo colocado na mesa
hidráulica.
Figura 67 - Mesa com reativação do sistema hidráulico
O funcionamento da mesa hidráulica passou possibilitar a regulagem constante da
altura do pacote, diminuindo os inconvenientes posturais.
6.1.2 Mesa de entrada, transferência e saída
Com o intuito de se efetuar a transferência do pacote com a eliminação dos
inconvenientes, foram desenvolvidas algumas alternativas de melhoria, das quais se escolheu
a mesa transferidora de esferas, cujo princípio de funcionamento é o de emitir ar comprimido
na câmara interna da mesa, fazendo com que as esferas desempenhem a função de sustentação
da carga.
A Figura 68 e 69 mostram o princípio de funcionamento da mesa transferidora de
esferas.
Pedal
Figura 68 - Mesa transferidora de esferas
Figura 69 - Mesa transferidora de esferas
Através deste mecanismo o operador consegue manipular o pacote de chapas de forma
mais facilitada, reduzindo a força despendida para esta manipulação, durante a execução desta
atividade e estudou-se a diferença de altura entre a mesa a mesa hidráulica e a mesa de
transferência. Durante a fase de estudo estudou-se através da modelagem tridimensional,
verificando o melhor posicionamento e altura entre os mecanismos. Esta prática possibilitou
que as melhorias a serem efetuadas pudessem ser confeccionadas, reduzindo o tempo a ser
despendido com adaptações, pois estes estudos propiciaram a avaliação da área de aplicação e
áreas de interferência. As Figuras 70 e 71 mostram o estudo tridimensional do mecanismo.
Figura 71 – Mesa transferidora de esferas
Figura 70 – Estudo tridimensional do equipamento
Figura 71 – Estudo tridimensional do equipamento
Através deste mecanismo o operador consegue manipular de forma mais facilitada o
pacote de chapas, reduzindo a necessidade de emprego de força ao retirar o pacote do ponto
de inércia.
6.1.3 Deslocador automático
Após a implantação destas mesas verificou-se que para a redução de inconvenientes
posturais desta célula seria necessário a inserção de um conjunto empurrador entre a mesa de
transferência e mesa de preparação para o primeiro corte. O conjunto viabilizado foi
desenvolvido de forma a eliminar a necessidade de empurramento do pacote para o primeiro
corte. Ao se analisar esta sub-atividade, constatou-se que durante o desempenho da mesma foi
observado que com a implantação desta melhoria, reduzir-se-ia tais verificações. O conjunto
empurrador desenvolvido tem como princípio de funcionamento um mecanismo acionado por
um motoredutor com capacidade de frenagem. O dispositivo é tracionado a um componente
acionador, fixo a uma corrente de rolos. Este dispositivo facilita a ação de posicionamento das
chapas, reduzindo a força utilizada pelos operadores durante a atividade, tendo como a
principal função a eliminação da necessidade de levantamento de carga, fator que ocasiona
problemas relacionados à coluna dos operadores. As Figuras 72 e 73 mostram a melhoria
implantada.
Figura 72 – Mecanismo empurrador
Figura 73 – Batedor da transferidora de esferas
Acoplável a este empurrador, adequou-se o volante de tração existente, que possibilita
o operador efetuar o alinhamento do pacote com precisão. Através do controle de pedal o
operador pode efetuar o acionamento do empurrador, que desloca o pacote. O mesmo tem o
seu curso finalizado ao acionar o fim-de-curso eletromecânico. A Figura 74 mostra o
mecanismo tracionador do sistema.
Figura 74 – Pedais de acionamento da mesa
Outra melhoria implantada na célula de produção foi o estudo dos dispositivos de
acionamento dos itens semiautomatizados. Para acionamento da mesa hidráulica efetuou-se a
colocação do mecanismo acionador com característica mecânica, tipo pedal, o que garante a
fácil utilização do sistema, não atrapalhando a produção, possibilitando o correto
posicionamento da altura desejada. Instalou-se também um dispositivo de acionamento e
controle por botoneiras, responsável por acionar o conjunto empurrador. Este dispositivo
possibilita a liberação do freio do motoredutor, acionando a corrente de tração do mecanismo
acoplado ao sistema. Ao se acionar novamente o botão, o mecanismo tem a sua rotação
invertida, possibilitando o conjunto à sua posição inicial. As Figuras 78 e 79 mostram os
mecanismos de acionamento implantados.
Figura 78 – Acionador, tipo pedal
Figura 79 – Acionador, tipo botoneira
7. RESULTADOS DAS MELHORIAS IMPLANTADAS
Efetuando-se uma comparação entre as melhorias implantadas e a situação anterior,
verificou-se que houve resultados substancias em algumas das sub-atividades existentes. Com
a utilização dos resultados dos métodos aplicados, consegue-se observar estas melhorias. A
Tabela 1 mostra a comparação efetuada.
Antes Após efetuação das melhorias
Atividade Descrição / Inconvenientes Descrição / Inconvenientes
Seleção e
Transferência
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada por levantamento de peso e
deslocamento. Costas curvadas e torcidas,
esforço no joelho esquerdo, ombros e
antebraços.
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada por deslocamento. Costas curvadas,
esforço no joelho esquerdo, ombro direito e antebraço
direito.
Empurramento
Atividade desempenhada por um operador.
Caracterizada por levantamento de peso e
deslocamento. Costas curvadas e torcidas,
esforço no joelho esquerdo, ombros e
antebraços e coxa esquerda.
Atividade desempenhada por empurrador
automático. O operador que empurrava o pacote,
agora efetua o acionamento do empurrador por meio
de botoneira. Um outro operador efetua a retirada do
refilo.
Puxamento
Atividade desempenhada por um operador.
Caracterizada por deslocamento. Costas
curvadas, esforço nos joelhos, ombros,
antebraços e coxa esquerda.
Atividade eliminada. Este operador passa a participar
somente do alinhamento e acionamento do conjunto
da serra.
Alinhamento
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada pelo deslocamento do pacote.
Esforço nos joelhos, ombros e parte inferior da
coluna.
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada pelo deslocamento do pacote. Esta
operação foi facilitada devido à inserção da mesa de
esferas. Esforço nos antebraços.
Empurramento
2
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada pelo deslocamento do pacote.
Costas curvadas e torcidas, esforço nos
joelhos, ombros e antebraços e coxas.
Atividade desempenhada por empurrador
automático. O operador que empurrava o pacote,
agora efetua o acionamento do empurrador por meio
de botoneira. Um outro operador efetua a retirada do
refilo.
Puxamento 2
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada pelo empurramento e
deslocamento do pacote. Costas curvadas e
torcidas, esforço nos joelhos, ombros, coxas e
antebraços e coxas.
Atividade eliminada. Estes operadores passam a
participar somente do alinhamento, retirada do refilo,
transferência do pacote acabado e alinhamento do
pacote formado.
Transferência
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada por levantamento e
deslocamento do pacote. Esforço nos joelhos,
ombros, antebraços e parte inferior das costas.
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada pelo deslocamento do pacote. Esta
operação foi facilitada devido à inserção da mesa de
esferas e regulagem da mesa de transferência na
saída. Esforço nos antebraços.
Alinhamento
Atividade desempenhada por dois operadores.
Caracterizada pelo deslocamento do pacote.
Esforço nos joelhos, parte inferior da coluna e
antebraços.
Esta operação foi facilitada devido à regulagem da
mesa de transferência que possibilitou a melhor
formação do pacote. Esforço nos antebraços e costas,
porém não acentuados como anteriormente.
Tabela 1 – Comparação entre sub-atividades da célula de produção
Verificou-se também que em função das melhorias efetuadas, conseguiu-se como
resultado secundário o aumento significativo da produção. Este resultado foi atribuído em
função da incorporação do deslocador automático que eliminou de empurramento e
puxamento do pacote para o primeiro corte. A Figura 80 e Tabela 2 mostram os resultados
observados.
Figura 80 – Identificação das sub-atividades após a melhoria do posto de trabalho
Antes
Após efetuação
das melhorias
Descrição Valor Valor
Dias
trabalhados
26 dias / mês 26 dias / mês
de
turnos
diários
2 turnos de trabalho 2 turnos de trabalho
Ciclos
diários do
processo
Aproximadamente 600
ciclos diários
Aproximadamente
700 ciclos diários
Ciclos
Mensais do
processos
Aproximadamente
15600 ciclos diários
Aproximadamente
18200 ciclos diários
Produção
mensal
109.200 chapas / mês 127.400 chapas / mês
Tabela 2 – Comparação entre características de produção
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir Verificou-se que a necessidade de se puxar e efetuar o empurramento dos
pacotes foram as sub-atividades que mais exigem dos operadores a concentração de esforço,
induzindo-os aos mais variados tipos de inconvenientes posturais. Através da aplicação do
método OWAS, constatou-se que a necessidade de posturas que exigem a adoção de torção e
curvatura das costas, com cargas superiores a 20 kg, caracterizam posturas das categorias 3 e
4, recomendando a implantação de melhorias imediatamente. Através dos métodos aplicados
obteve-se uma visão global dos inconvenientes encontrados na célula de produção, no que
tange às posturas adotadas durante cada sub-atividade desempenhada. A aplicação de estudos
preliminares por meio da modelagem tridimensional, caracterizando as dimensões reais do
posto de trabalho, vinculadas aos valores antropométricos obtidos viabilizou a rapidez na
execução e instalação das melhorias. Através do planejamento das melhorias,
acompanhamento no local e participação durante a implantação, obteve-se resultados
satisfatórios no que se refere às adequações. Constatou-se que através da realização do
trabalho multidisciplinar conseguiu-se utilizar corretamente a disposição dos sistemas de
acionamento, simplificando a execução das atividades. A aplicação do protocolo de avaliação
nos possibilitou relacionar as regiões de desconforto apontadas com as posturas adotadas,
além possibilitar o apontamento do tipo de postura em cada sub-atividade desempenhada.
Verificou-se que a participação dos operadores durante a proposição de melhorias é de
suma importância, que os mesmos propõem melhorias plausíveis Às condições à saúde
ocupacional. A introdução da mesa de esferas possibilitou uma redução significativa de
esforço dos operadores ao desempenharem duas atividades no que se refere a sub-atividades
de posicionamento minucioso do pacote e ao deslocamento do mesmo efetuado em parceria
pelos operadores da célula de produção.
Comparando os resultados apresentados com outras análises de postos de trabalho que
utilizaram os mesmos métodos, verificou-se que a aplicação do método OWAS aliada à
aplicação de um protocolo de avaliação com o intuito de se obter informações quanto às
regiões de desconforto, possibilita o pesquisador relacionar estas regiões às posturas mais
comumente observadas, garantindo a identificação dos pontos que necessitam de intervenções
e melhorias. Contudo, verifica-se que embora a maioria dos pesquisadores efetuam a
proposição de melhorias nos pontos de trabalho, nem todos têm a possibilidade de participar
do processo de aplicação destas intervenções e efetuarem a comparação dos resultados
alcançados através de uma aplicação posterior dos métodos utilizados anteriormente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do trabalho: ergonomia, legislação, reabilitação. Curitiba:
Clãdosilva, 2002.
BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. - 23. ed. Atual.- São Paulo: Saraiva, 1998.
193p. Legislação brasileira.
______. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria nº 3.751, de 23 de novembro de
1990. Altera a NR 17. Brasília: MTE, 1990.
______. Ministério do Trabalho e do Emprego. Manual de aplicação da NR 17: trabalho
seguro e saudável. Brasília: MTE, 1994.
______. Ministério do Trabalho e do Emprego. NR 17. Norma Regulamentadora que
visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo
de conforto, segurança e desempenho eficiente. Brasília: MTE, 1988.
CHAFIN, B.; ANDERSSON, G. B. J.; MARTIN, B. J. Biomecânica ocupacional. Belo
Horizonte: Ergo, 2001.
CORLETT, E.N. MADELEY, S.J. MANENICA, I. Posture Targetting: A Technique for
Recording Working Postures. Ergonomics, 3(22): p. 357-366. 1979.
CORLETT, N.; WILSON, J.; MANENICA, I. The Ergonomics of Working Postures.
London and Philadelphia: Taylor & Francis, 1986.
GRANDJEAN, E. Fitting the task to the man - an ergonomic approach. London: Taylor &
Francis, 1982. 379p.
HENDRICK, H.W. Macroergonomics: a new approach for improving productivity,
safety and quality of work life. In II Congresso Latino Americano e VI Seminário
Brasileiro de Ergonomia, Florianópolis, 1993. Anais. Florianópolis, v.1, P39-58.
Florianópolis, 1993.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 1990.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. edição revista e ampliada. São Paulo:
Edgard Blücher, 2005.
KARHU, O.; KANSI, P.; KUORINKA, I. Correcting working postures in industry: A
practical method for analysis. Journal of Applied Ergonomics. Helsinki, Finland, 1977,
v.8.4: 199-201.
KENDALL, P.F.; McCREARY E. K.; PROVANCE P.G. Músculos Provas e Funções. São
Paulo: Manole, 1995.
PALMER, Colin. Ergonomia. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1976, 207
p.
SANTOS, N.; DUTRA, A. R. A. Introdução à Ergonomia. Programa São Paulo
Alpargatas de Ergonomia. Módulo 1. UFSC, Departamento de EPS Florianópolis, SC,
2001.
SANTOS, N.; FIALHO, F. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Curitiba.
Gênesis, 1997.
SELL, I. Qualidade de vida e condições de trabalho. In: Medicina básica do trabalho.
Curitiba: Gênesis, v. IV, pp.158-175, 1995.
SEN,R.N. Application of ergonomics to industrially developing countries. Ergonomics.27
(10): 1021 – 1032, 1984.
SILVA, K.R. Análise de fatores ergonômicos em marcenarias do município de Viçosa.
Minas Gerais. Viçosa: UFV, 1999. 97p. Dissertação Mestrado.
SMITH, L. K.; WEISS, E.L.; LEHMKUHL, L.D. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. São
Paulo: Manole, 1997.
SOBRINHO, O. S. Temas de Ciências Sociais: In: Medicina básica do trabalho. Curitiba:
Gênesis, v. III, pp.601-602, 1995.
VAN DOORN, J.W. Low Back Disability among Self-employed Dentists, Veterinarians,
Physicians and Physical Therapists in the Netherlands. A Resprective Study over a 13-
year period. Acta Orthopedica Scandinava, 66 (supl. 263): p. 1-64. 1995.
WILSON, J.; CORLETT, N. Evaluation of Human Work: A Practical Ergonomic
Methodology. London: Taylor e Francis, p.1119. 1995.
WISNER A. Por dentro do trabalho-ergonomia: método & técnica. São Paulo:
FTD/Oboré; 1987.
APÊNDICES
Questionário e Protocolo de avaliação
MESTRANDO: Alexander Pereira Martins
ORIENTADOR: Prof. Dr. Abílio dos Santos Filho
A – DADOS PESSOAIS
1. Identificação:____________________________________________________
2. Idade: _______________
3. Estado Civil: ____________________________________________________
4. Escolaridade: ___________________________________________________
5. Qualificação profissional:__________________________________________
6. Peso: ______________
7. Altura: _____________
8. Você pratica alguma atividade física e/ou de lazer regularmente?
Sim Qual atividade?________________________________________
B Não Porquê não? ____________________________________________
9. Há quanto tempo você trabalha na empresa? __________________________
10. Há quanto tempo você executa esta atividade?
______________________________________________________________
11. Há quanto tempo você trabalha neste setor? ___________________
12. Antes de trabalhar neste setor, você trabalhou em algum outro setor ?
Sim
Não
12.1 Se sim, em qual e por quanto tempo? ___________________________
12.2 E em qual função?_________________________________________
13.Você é:
Destro Sinistro Ambidestro
14.Qual sua carga horária e seu horário de trabalho? _______
15. Qual a sua opinião sobre o seu local de trabalho?
16. Você tem sentido incômodos, como dores e/ou desconfortos nos períodos em que realiza seu
trabalho? Se sim, identifique com um X as principais regiões onde sente dor ou desconforto.
17. Você tem sentido incômodos, como dores e/ou desconfortos após a jornada de trabalho? Se
sim, identifique com um X as principais regiões onde sente dor ou desconforto.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo