77
que enfatiza a necessidade de um processo de leitura que
compreenda as correlações e justaposições presentes na tessitura
do mesmo. As montagens dão ao texto miramariano o seu sentido
de novidade e descoberta constantes, sentido este, que é
reconstituído na imaginação visual do leitor, no momento mesmo
em que este recria o universo de relações presentes no texto.
Aliado a estas descobertas, e ao processo de justaposição de
imagens, tivemos também a oportunidade de analisar o sentido de
sua prosa telegráfica, fragmentária e sintética, conforme anunciada
no pseudo-prefácio apresentado por Machado Penumbra, bem
como o processo de construção metonímico, que prefigurará a
justificativa de se tratar de uma prosa cubista. Conforme
analisamos, este caráter telegráfico depreendeu-se justamente por
causa das constantes omissões de ordem gramatical, fato que
ocasionou uma linguagem, que conforme observou Jakobson,
participa de um modo de criação próximo da afasia, em que o
falante se comunica por contigüidade, assim, na obra oswaldiana, o
processo metonímico ganha espaço, caracterizando o texto,
justamente por relações parte-todo, caricaturizando, muitas vezes,
suas personagens. Esta linguagem caricatural e geométrica, aliada
a um quadro de justaposições e simultaneidades é que darão o