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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E
SISTEMAS
LEANDRO PEREIRA DOS SANTOS
ANÁLISE DA OTIMIZAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO DE PRODUÇÃO PARA TRÁS EM
SISTEMAS MONO-ESTÁGIO POR COLÔNIA DE FORMIGAS E SUA COMPARAÇÃO
COM BRANCH AND BOUND.
CURITIBA
2008
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2
LEANDRO PEREIRA DOS SANTOS
ANÁLISE DA OTIMIZAÇÃO DA PROGRAMAÇÃO DE PRODUÇÃO PARA TRÁS EM
SISTEMAS MONO-ESTÁGIO POR COLÔNIA DE FORMIGAS E SUA COMPARAÇÃO
COM BRANCH AND BOUND.
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção e Sistemas da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Engenharia de
Produção e Sistemas.
Orientador: Prof. Dr. Guilherme Ernani Vieira
Curitiba
2008
II
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3
Para minha esposa Renilda, que sempre esteve
presente nos momentos mais difíceis.
E para minha filha Heloísa, que além de compreender
os momentos de ausência de seu pai,
foi sua maior incentivadora.
III
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem Ele nada neste mundo seria possível.
Aos meus pais, que sempre me conscientizaram sobre a importância da educação.
A todos os outros meus familiares, que sempre me incentivaram.
Ao meu orientador Professor Dr. Guilherme Ernani Vieira, pelo apoio e orientações.
Aos professores do PPGEPS, pelos ensinamentos transmitidos ao longo do projeto.
A PUC-PR, que ofereceu toda a estrutura necessária para o desenvolvimento do
trabalho.
Aos meus amigos, pela paciência e descontração.
Ao Brasil, país onde nasci e que gostaria de alguma forma ajudar com os ensinamentos
e experiências que adquiri.
IV
5
RESUMO
O potencial da manufatura como fator preponderante no desempenho competitivo de
uma empresa é cada vez mais nítido no mundo corporativo. Inserido nesse contexto
está à programação de produção que, abordando as decisões de curto prazo, tem
como principal objetivo atribuir a cada recurso (máquina ou linha de produção) um
determinado número de tarefas e seqüenciá-las para que a produção seja a mais
eficiente e econômica (“otimizada”) possível. Atingir este objetivo configura-se numa
tarefa árdua e complexa, pois as regiões de busca, compostas por várias possíveis
soluções para o problema, são extremamente grandes, o que pode inviabilizar a
utilização de técnicas exatas. Por isso, em muitos casos, renuncia-se a uma solução
ótima propriamente dita em troca de soluções boas, mas que sejam viáveis no que se
refere ao tempo (custo) computacional. Em várias situações industriais, a aplicação das
chamadas técnicas heurísticas e metaheurísticas podem ser apropriadas. Nesse
sentido, este trabalho tem como objetivo implementar e analisar a metaheurística
conhecida como Ant Colony Optimization (ACO) na solução de problemas de
otimização da programação de produção para trás (backward scheduling), em sistemas
produtivos compostos de apenas um estágio de processamento, recursos paralelos e
roteiros flexíveis. Para analisar a aplicabilidade dessa técnica, é feita uma comparação
com a técnica de otimização branch and bound. Os indicadores utilizados para medir a
qualidade das respostas são obtidos através do comprimento do programa (makespan)
e em termos do tempo (custo) de processamento. Os resultados mostram que o ACO é
uma técnica eficiente na resolução do problema de programação de produção proposto.
Palavras-chave: Otimização. Técnicas heurísticas. Programação de produção. Colônia
de formigas.
V
6
ABSTRACT
The potential of manufacturing as a predominant factor in the competitive performance
of a company is increasingly clearer in the corporate world. Production scheduling is part
of this context. It addresses the short-term decisions, which main objectives are to
allocate a number of tasks to resources (machines or production lines) and sequence
them as efficient and economic as possible ("optimized"). Achieving this goal is a
complex and arduous task, due to the large search space, made of innumerous possible
solutions, which prevents the use of more accurate techniques. Therefore, in many
cases, one renounces the search for an optimal solution in exchange for good answers
that are reachable in acceptable computer time. In many industrial situations, the
application of techniques called heuristics and metaheuristics may be more appropriate.
This work implements and analyzes a metaheuristic known as Ant Colony Optimization
(ACO) applied to solve production scheduling problems in manufacturing scenarios of
only one processing phase (single operation), parallel resources, flexible routings and
backward scheduling. To study the applicability of this technique, a comparison with
branch-and-bound optimization is performed. The indicators used to measure response
quality is given in terms of maximum completion times and computer processing time
(effort). The results show that ACO is an efficient technique to solve the proposed
production scheduling problem.
Key-words: Optimization. Heuristics techniques. Production scheduling. Ant colony.
VI
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Modelo de sistema de produção..........................................................................19
Figura 2: Hierarquia do planejamento da produção............................................................24
Figura 3: Problema de seqüenciamento de máquinas paralelas. .......................................27
Figura 4: Problema de seqüenciamento de uma máquina..................................................27
Figura 5: Problema de seqüenciamento de um job shop....................................................28
Figura 6: Problema de seqüenciamento de um flow shop. .................................................29
Figura 7: Evolução do comportamento das formigas..........................................................42
Figura 9: Grafo Ant System para 3 jobs e 2 máquinas. .....................................................63
Figura 10: Problema de programação de produção com um estágio de processamento,
recursos paralelos e roteiros flexíveis. ...............................................................................66
Figura 11: Grafo de um problema de programação de produção com um estágio de
processamento, recursos paralelos e roteiros flexíveis. .....................................................68
Figura 12: Grafo solução problema de programação de produção.....................................70
Figura 13: Possível solução para a instância do problema de programação de produção.71
Figura 14: Fluxograma geral do software. ..........................................................................76
Figura 15: Fluxograma do processo de programação das operações................................78
Figura 16: Fluxograma do processo de atualização de feromônio. ....................................79
VII
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados para uma instância do problema de programação de produção. ........70
Tabela 2 : Sinais para os efeitos do planejamento 2
2
. ...................................................58
Tabela 3: Experimento 2
6
utilizado.................................................................................83
Tabela 4: Cenários para análise do experimento 2
k
.......................................................85
Tabela 5: Tabela ANOVA para os experimentos 2
6
. ......................................................86
Tabela 6: Tabela resumo dos resultados do experimento 2
k
. ........................................87
Tabela 7: Velocidade de produção para cada produto em cada roteiro.........................90
Tabela 8: Quantidade de cada produto em cada ordem de produção. ..........................91
Tabela 9: Cenários para realização dos testes de eficiência do ACO............................91
Tabela 10: Resultados do makespan para os cenários estudados. ...............................92
Tabela 11: Tempo computacional para obtenção dos resultados da Tabela 11. ...........93
Tabela 12: Teste F para variâncias do makespan..........................................................94
Tabela 13: Teste F para variâncias do tempo computacional. .......................................94
Tabela 14: Testes t para o makespan. ...........................................................................95
Tabela 15: Teste t para o tempo computacional. ...........................................................96
Tabela 16: Resumo dos resultados da análise da eficiência do ACO............................97
VIII
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AC = Ant Colony (Colônia de Formigas)
ACO = Ant Colony Optimization (Otimização por Colônia de Formigas)
ACS = Ant Colony System (Sistema de Colônia de Formigas)
ANOVA = Analysis of variance (Análise de Variância)
BB = Branch-and-bound
BT = Busca Tabu (TS = Tabu Search)
DOE = Design of experiments (Projeto de experimentos)
EV = Evaporação
GA = Genetic Algorithm (Algoritmo Genético)
GL = Graus de liberdade
JIT = Just in time
MRP = Material Requirements Planning (Planejamento das Necessidades de Materiais)
NF = Número de formigas
NP-hard = Não polinomial árduo
NVF = Número de viagens das formigas
OP = Ordem de produção
QAP = Quantidade adicionada de feromônio
QPI = Quantidade de feromônio inicial
AS = Simulated Annealing (Tempera Simulada)
SS = Soma de quadrados
SQ = Soma quadrática das respostas
TSP = Travelling Salesman Problem (Problema do Caixeiro Viajante)
VMR = Valorização da melhor resposta
IX
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 12
1.1 Objetivos do trabalho........................................................................................................... 14
1.2 Metodologia utilizada........................................................................................................... 15
1.3 Organização do trabalho..................................................................................................... 17
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................. 18
2.1 Sistemas de produção......................................................................................................... 18
2.2 Classificação dos sistemas de produção ......................................................................... 19
2.3 Programação da produção ................................................................................................. 23
2.3.1 Hierarquia no planejamento da produção..................................................................... 23
2.3.2 Definição formal do problema de programação.......................................................... 30
2.4 Métodos para solução de problemas de otimização ...................................................... 32
2.4.1 Algoritmo genético ........................................................................................................... 37
2.4.2 Têmpera simulada ............................................................................................................ 38
2.4.3 Busca tabu ........................................................................................................................ 39
2.5 A metaheurística ACO......................................................................................................... 40
2.5.1 A inspiração biológica ...................................................................................................... 41
2.5.2 Diferenças e semelhanças entre formigas reais e artificiais...................................... 42
2.5.3 Formulação matemática para a metaheurística ACO................................................. 44
2.5.4 Alguns trabalhos aplicando ACO na programação de produção.............................. 49
2.6 Algumas técnicas estatisticas utilizadas........................................................................... 56
2.6.1 O experimento 2
k
.............................................................................................................. 56
2.6.2 O teste F, o teste t e a análise de variância ................................................................. 59
3 IMPLEMENTANDO ACO NA PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO ................................ 61
3.1 Estrutura básica do ACO aplicado ao problema de programação da produção para
trás................................................................................................ ......... .......................................61
3.2 Modelagem ACO para o problema proposto ................................................................ 64
3.3 O pseudocódigo ACO para o problema proposto........................................................... 66
3.4 Estrutura do software implementado ................................................................................ 74
X
11
4 PLANEJAMENTO, REALIZAÇÃO E ANÁLISE DOS EXPERIMENTOS........................ 81
4.1 Análise da influência das variáveis de configuração do ACO....................................... 81
4.1.1 O experimento 2
k
adotado na fase de análise da influência das variáveis de
configuração do ACO................................................................................................................. 81
4.2 Análise da eficiência da metaheurística ACO ................................................................. 88
4.2.1 O teste F para as 2 variáveis de resposta .................................................................... 93
4.2.2 O teste t para as 2 variáveis de resposta ..................................................................... 95
5 CONCLUSÕES........................................................................................................................ 99
5.1 Limitações da pesquisa e sugestões para trabalhos futuros ...................................... 101
REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 103
XI
12
1 INTRODUÇÃO
A conjuntura econômica mundial globalizada exige que a competitividade das
organizações esteja em crescente evolução. Cada vez mais as empresas precisam
adaptar continuamente seus sistemas produtivos e de gestão, buscando sempre obter
aumentos significativos em relação à sua produtividade. Neste sentido, Moura Jr. (1996)
enfatiza o potencial da manufatura em influir decisivamente no desempenho competitivo
de uma empresa e cita como exemplo o sucesso alcançado pelas empresas japonesas,
obtido através da alta qualidade e dos baixos preços de seus produtos, na conquista de
mercados antes dominados por empresas ocidentais. Esses resultados, segundo o
autor, são conseqüência, acima de tudo, do alto desempenho em seus sistemas de
manufatura.
Inserida no escopo da manufatura, encontra-se a programação da produção,
que dentro do planejamento hierárquico da produção aborda as decisões de curto prazo
e que, de acordo com Corrêa & Corrêa (2004), “consiste em alocar no tempo as
atividades, obedecendo ao seqüenciamento definido e ao conjunto de restrições
considerado”. Devido a sua grande importância, esta matéria tem sido objeto de
investigação de vários estudos e também será o deste trabalho.
Partindo-se do princípio de que a programação da produção tem como principal
objetivo atribuir a cada recurso (máquina ou linha de fabricação) determinadas tarefas e
seqüenciá-las de forma que indicadores de gestão sejam otimizados, incluindo na
maioria dos casos a produção, pode-se incontestavelmente afirmar que a busca
constante por melhorias neste processo traz ganhos significativos às empresas. Assim,
programar a produção de forma adequada nada mais é do que extrair o melhor
resultado possível dos recursos disponíveis, reduzindo com isso os custos de produção
e ao mesmo tempo atendendo os clientes de forma rápida e eficiente
Porém, a solução desta difícil equação, principalmente em casos reais, nos quais
a disponibilidade de recursos é limitada e as restrições são imensas, se traduz muitas
vezes em uma tarefa árdua, e técnicas adequadas são necessárias. Garey & Johnson
(1979) classificam os problemas de programação de produção como NP-hard, o que,
13
pela teoria da complexidade, dificulta a obtenção de uma solução ótima através de
algoritmos exatos. A dificuldade na utilização de cnicas exatas para a solução de tais
problemas abre espaço para o uso dos chamados métodos aproximados. Esses
métodos, conhecidos como heurísticas e metaheurísticas, procuram encontrar soluções
aceitáveis, que eventualmente podem ser ótimas, com um tempo de processamento
dos dados drasticamente menor.
A literatura sobre as várias metaheurísticas existentes é vasta e demonstra, de
forma bastante convincente, que os resultados que estas podem trazer atendem as
necessidades dos problemas propostos. Neste trabalho, a metaheurística, conhecida
como Ant Colony Optimization (Otimização por Colônia de Formigas - ACO), será
estudada mais profundamente, sobretudo no que diz respeito a sua utilização na
resolução de problemas de programação da produção.
Para que se possa realizar uma avaliação de um determinado programa de
produção, critérios para a análise da qualidade deste programa devem ser definidos.
Makespan (tempo total de produção), tempo de fluxo da ordem de fabricação,
pontualidade, porcentagem de utilização dos recursos, entre outros são alguns dos
indicadores mais utilizados na literatura (REIS, 1996). Neste trabalho específico, a
qualidade dos programas de produção gerados seanalisada através dos makespans
obtidos. Além disso, o tempo de processamento para a geração dos programas de
produção será consisderado para a verificação da viabilidade da técnica proposta.
Desse modo, o presente trabalho busca responder as seguintes perguntas: 1) A
metaheurística ACO é uma técnica viável para a solução de problemas de
otimização da programação de produção para trás em sistemas mono-estágio?
2) Quão eficiente é esta técnica se comparada com a técnica branch and bound?
14
1.1 Objetivos do trabalho
Este estudo pretende, de forma geral, verificar se a metaheurística ACO é uma
técnica viável para a resolução de problemas de otimização da programação de
produção para trás em sistemas produtivos compostos de apenas um estágio de
processamento, recursos paralelos e com velocidade de produção diferente, além de
roteiros flexíveis para os produtos. Para isso, sua eficiência será comparada com a de
outra técnica baseada em branch-and-bound, através de uma comparação com
respeito à qualidade da resposta e ao tempo computacional das duas técnicas.
Como objetivos específicos deste trabalho, apresentam-se os seguintes pontos:
Obter maior conhecimento sobre problemas de otimização;
Compreender e analisar as várias faces de um problema de programação de
produção, tanto no que diz respeito a sua complexidade bem como aos
métodos utilizados para sua solução;
Obter conhecimento sobre as características gerais de técnicas heurísticas e
metaheurísticas em relação a sua aplicabilidade e às formas de
funcionamento;
Entender em detalhes a estratégia de funcionamento da técnica ACO,
inclusive suas limitações;
Compreender os aspectos envolvidos na elaboração de um protótipo
(software) que funciona fundamentado em uma inteligência baseada na
técnica ACO.
15
1.2 Metodologia utilizada
Considerando-se o propósito deste trabalho, a caracterização quanto a sua
metodologia pode ser definida como uma pesquisa aplicada, quantitativa e descritiva.
Pode ser classificado como uma pesquisa aplicada, pois se destina a gerar
conhecimento para uma aplicação prática, buscando a solução de um problema de
programação de produção.
É uma pesquisa quantitativa porque busca, através de indicadores numéricos,
mensurar a qualidade de um programa de produção. Objetiva ainda avaliar a
metaheurística ACO como técnica de solução de problemas de otimização da
programação de um caso específico, utilizando para isso métodos quantitativos de
medição e comparação.
Finalizando a classificação da pesquisa, pode-se, do ponto de vista dos
procedimentos adotados, classificá-la como pesquisa descritiva, pois visa descobrir a
existência de associações entre variáveis e ainda objetiva conhecer e interpretar a
realidade sem nela interferir para modificá-la.
Para todo trabalho de pesquisa que envolva a realização de experimentos, sendo
um experimento definido como
(...) um teste ou uma série de testes nos quais são feitas mudanças propositais
nas variáveis da entrada de um processo ou sistema de forma que possam ser
observadas e identificadas as razões para mudanças na resposta de saída.
(Calegare, 2001).
Assim, deve-se definir a melhor forma de condução ou a melhor forma de realização
dos experimentos, garantindo que estes possam ser reproduzidos sob condições
controladas, o que promove aos resultados obtidos a confiabilidade necessária para os
projetos de pesquisa. Dessa forma, é necessário um planejamento ou delineamento
dos experimentos.
O planejamento dos experimentos deste trabalho foi realizado, portanto, com
dois objetivos distintos:
16
Determinar quais variáveis controláveis (parâmetros de entrada) que mais
influem na qualidade da solução. Essa análise é feita em uma etapa
preliminar, que oferece a oportunidade de determinar o desempenho relativo
dos diversos parâmetros do algoritmo, face ao problema considerado;
Verificar se o ACO é eficiente para a resolução do problema proposto. Nesta
fase de experimentos finais, o comportamento e o desempenho do modelo
são avaliados por comparação direta, utilizando-se alguns cenários
diferentes, comparando-se seus resultados com os de outra técnica bastante
utilizada na literatura para a resolução de problemas otimização na área de
pesquisa operacional, e que por ser uma técnica exata, tem como principal
atributo encontrar a solução ótima para o problema. Esta é a técnica branch
and bound.
Para que esses objetivos sejam atingidos, Montgomery (1991) indica um
procedimento composto de sete etapas para o planejamento experimental e a análise
dos resultados e que serão adotados neste projeto.
1. Reconhecimento e definição do problema;
2. Escolha das variáveis e das faixas de valores que essas variáveis serão
avaliadas;
3. Escolha adequada da variável de resposta, de modo a garantir a objetividade
da análise dos resultados;
4. Delineamento dos experimentos;
5. Execução dos experimentos;
6. Análise dos resultados;
7. Elaboração de conclusões e recomendações.
A etapa 1 é realizada no capítulo 2, onde o problema é definido e revisado com
base na literatura sobre o assunto. As etapas 2 e 3 estão presentes no capítulo 3, em
que são escolhidas as variáveis de influência no sistema bem como a variável de
17
resposta. Os valores das variáveis de influência são definidos no capítulo 4, que contém
também as etapas 4, 5 e 6 do procedimento. A etapa 7 está contemplada no capítulo 5.
O delineamento dos experimentos para a análise quanto a influências das
variáveis de configuração do sistema na qualidade das respostas para o problema
proposto é feito através do experimento 2
k
, que é a execução do algoritmo com todas
as combinações possíveis entre essas variáveis. Com os resultados desta primeira
parte dos experimentos, através da análise de variância, as primeiras conclusões
podem ser tiradas.
O experimento 2
k
, além de ser necessário para verificação sobre quais variáveis
de configuração têm influência na variável de resposta, também mostra quais os níveis
ideais para as variáveis de configuração no intuito de otimizar o valor da variável de
resposta. Com essa configuração indicada pelo experimento 2
k
, são feitas simulações
em diferentes cenários de programação, e testes estatísticos são realizados para
comparação da eficiência da metaheurística ACO com a técnica branch and bound,
buscando verificar a eficiência da primeira.
1.3 Organização do trabalho
O capítulo 2 apresenta uma revisão sobre os assuntos centrais discutidos na
pesquisa, a partir de trabalhos que têm usado técnicas heurísticas e metaheurísticas
para a resolução de problemas complexos da mesma família do estudado neste
trabalho. Demonstra ainda o método de funcionamento da metaheurística ACO,
explicando detalhadamente sua lógica de atuação. O capítulo 3 demonstra de que
forma a técnica foi aplicada na resolução do problema de programação de produção
bem como a estruturação do protótipo utilizado no trabalho. No capítulo 4 é feita uma
demonstração de como foram realizados os experimentos, além da análise dos
resultados; tendo sempre como objetivo verificar a influência das variáveis de
configuração na qualidade da solução gerada e a viabilidade do algoritmo
implementado. No capítulo 5 apresenta-se uma síntese do trabalho, contemplando os
objetivos e resultados obtidos com a pesquisa.
18
2 REVISÃO DA LITERATURA
A aplicação de uma determinada técnica para a resolução de problemas
complexos passa primeiramente pelo entendimento da problemática abordada pela
pesquisa e também pela evolução no tempo no que diz respeito à utilização dessa
técnica. Dessa forma, este capítulo tem como objetivo fazer uma revisão sobre
conceitos envolvidos na questão da programação da produção, bem como de
conhecimentos que precedem este assunto. Faz-se uma revisão de temas, como os
sistemas de produção e suas classificações, a programação de produção
propriamente dita, heurísticas e metaheurísticas aplicadas à resolução de problemas
de otimização, e uma análise mais profunda e abrangente sobre a metaheurística ACO.
2.1 Sistemas de produção
De forma básica, o significado da palavra “sistema” pode ser descrita como uma
inter-relação de partes, elementos ou unidades que fazem funcionar uma estrutura
organizada. Nessa mesma linha, pode-se definir “produção” como ato, ou efeito de
produzir, criar, gerar, elaborar, realizar”. Aquilo que é produzido ou fabricado pelo
homem e, especialmente, por seu trabalho associado ao capital e à técnica.
Para uma definição mais técnica do que é um sistema de produção, pode-se citar
Riggs (1970) que, citado por Russomano (1998), afirma ser “(...) um processo planejado
pelo qual elementos são transformados em produtos úteis, ou seja, um procedimento
organizado para se conseguir a conversão de insumos em produtos acabados”.
Na Figura 1 é mostrado esquematicamente, de forma genérica e simplificada, o
que é um sistema de produção.
19
Ambiente
Recursos a
serem
transformados
Recursos de
transformação
PROCESSO DE
TRANSFORMAÇÃO
Bens e Serviços
Entradas
Saídas
Fonte: Slack et al. (1997)
Figura 1: Modelo de sistema de produção
Verifica-se então que um sistema de produção é uma estrutura que, de forma
organizada, utiliza os recursos de produção para transformar outros recursos, por
exemplo, matérias-primas em produtos finais.
2.2 Classificação dos sistemas de produção
A classificação dos sistemas de produção é importante ao permitir discriminar
grupos de técnicas de programação de produção para cada tipo particular de sistema, o
que racionaliza a escolha e a tomada de decisão sobre qual delas adotar em
determinada circunstância.
As diferentes formas de classificação dos sistemas produtivos ajudam a
entender o nível de complexidade necessário para a execução do
planejamento e controle das atividades produtivas. O grau de
padronização dos produtos, os tipos de operações necessárias e a
natureza dos produtos são fatores determinantes para a definição das
atividades do PCP (TUBINO, 1997).
A literatura disponível revela diversas formas de classificação dos sistemas de
produção. Moreira (1998) descreve brevemente os elementos e interações de um
sistema de produção e apresenta duas classificações para esses sistemas:
20
Classificação tradicional: agrupa os sistemas de produção em função do fluxo do
produto:
a) Sistema de produção contínua, ou de fluxo em linha, cujo processo é
focalizado no produto, apresentando uma seqüência linear em sua
produção. Os produtos seguem uma seqüência prevista com uma alta
eficiência e acentuada inflexibilidade. Apresenta-se de duas formas:
produção em massa (linha de montagem) e processamento contínuo
(indústrias de processo);
b) Sistema de produção intermitente, cujo foco está no processo,
apresentando uma produção feita em lotes ou por encomenda. O produto
flui de forma irregular de um centro de trabalho a outro, e o equipamento é
do tipo genérico, adaptando-se às características das diversas operações
que estejam sendo feitas no produto. Esse sistema apresenta a flexibilidade
como vantagem fundamental, mesmo perdendo em volume de produção em
relação ao sistema contínuo;
c) Sistema de produção de grandes projetos sem repetição: é aquele no qual
não existe um fluxo do produto ou de produção e constitui-se em geral num
único produto, seguindo uma seqüência de tarefas ao longo do tempo e,
normalmente, de longa duração.
Classificação cruzada de Schroeder: considera duas dimensões. De um lado, a
dimensão tipo de fluxo do produto de maneira semelhante à classificação
tradicional. De outro, a dimensão tipo de atendimento ao consumidor, na qual
existem duas classes:
a) Sistemas orientados para estoque: o produto é fabricado e estocado antes
da demanda efetiva do consumidor;
b) Sistemas orientados para a encomenda: as operações são relacionadas a
um cliente em particular.
De forma um pouco mais ampla, Tubino (1997) identifica três critérios para
classificar os sistemas de produção:
21
Pelo grau de padronização;
a) sistemas que produzem itens padronizados: bens ou serviços que apresentam
alto grau de uniformidade e são produzidos em grande escala.
b) sistemas que produzem itens sob medida: bens ou serviços desenvolvidos
para um cliente específico.
Pelo tipo de operação;
a) processos contínuos: envolvem a produção de bens ou serviços que não
podem ser identificados individualmente.
b) processos discretos: envolvem a produção de bens ou serviços que podem
ser isolados. Estes podem ser subdivididos em processos repetitivos em massa,
que é a produção em grande escala de produtos padronizados; em processos
repetitivos em lote, que é a produção em lotes de um volume médio de bens ou
serviços padronizados; e processos por projeto, os quais buscam o atendimento
de uma necessidade específica dos clientes.
Pela natureza do produto;
a) Manufatura de bens: quando o produto fabricado é tangível.
b) Prestador de serviços: quando o produto gerado é intangível.
Dessa forma, o autor resume as principais características em relação à
classificação dos sistemas de produção na tabela 1.
Contínuo
Repetivido
em Massa
Repetitivo
em Lotes
Projeto
Volume do Produção
Alto Alto Médio Baixo
Variedade de produtos
Pequena Média Grande Pequena
Flexibilidade
Baixa Média Alta Alta
Qualificação da MOD
Baixa Média Alta Alta
Layout
Por Produto Por Produto Por Processo Por Processo
Capacidade ociosa
Baixa Baixa Média Alta
Lead Times
Baixo Baixo Médio Alto
Fluxo de informações
Baixo Médio Alto Alto
Produtos
Contínuos Em Lotes Em Lotes Unitário
Fonte: Tubino (1997)
Quadro 1: Características dos sistemas de produção
22
Gaither & Frazier (2001) propõem que, ao se programar a manufatura, ela seja
dividia em manufatura focalizada no produto e manufatura focalizada no processo.
Para os autores, existem dois tipos gerais de produção focalizada no produto: em lote e
contínua.
A produção em lote muitas vezes é chamada de flow shop, porque os
produtos fluem ao longo de roteiros lineares diretos. Lotes grandes de
diversos produtos padronizados são produzidos no mesmo sistema de
produção. Uma vez que os produtos são produzidos em lotes, o sistema
de produção deve ser modificado quando um produto diferente deve ser
produzido. Muitos fabricantes de produtos discretos utilizam esse tipo de
produção. Na produção contínua, alguns produtos altamente
padronizados são produzidos continuamente em volumes muito
grandes, e são raras as preparações de máquinas. (GAITHER e
FRAZIER, 2001).
Na manufatura focalizada no processo, ainda de acordo com Gaither; Frazier
(2001), a qual é comumente chamada de job shop, existe uma grande variedade de
tarefas a serem processadas e conseqüentemente várias escolhas de roteiros. Os
centros de trabalhos são organizados em torno de tipos de funções, e as tarefas são
processadas em lotes. Os autores citam algumas características que fazem de um job
shop um problema complexo para se obter um programa. O primeiro, como produzem
sob pedidos, atrasos na produção afetam diretamente os clientes. Outro aspecto é que,
como os lotes de produção são geralmente pequenos, várias preparações de quinas
devem ser feitas. Em um ambiente job shop,
Trabalhadores e máquinas são tão flexíveis que são capazes de ser
atribuídos e reatribuídos a muitos pedidos diferentes. Nesse ambiente
flexível, variável e mutável, os programas devem ser específicos e
detalhados em cada centro de trabalho para trazer ordem a uma
situação potencialmente agitada. (GAITHER e FRAZIER, 2001).
Essas o as classificações dos sistemas de produção mais freqüentemente
citados na literatura que trata de problemas relacionados à programação da produção,
e que, de uma forma ou de outra, ajudam a entender o contexto desse tipo de
problema.
23
Assimilado então esse item, a próxima seção busca o entendimento do que trata
a programação da produção, mostrando de forma mais detalhada seu relacionamento
direto com o tipo de sistema de produção a ser aplicado.
2.3 Programação da produção
Os problemas de programação da produção estão inseridos em um contexto em
que se submetem a uma lógica de processamento e de hierarquia das decisões a
serem tomadas para responder as demandas de cada fase do processo. Entender esse
contexto é fundamental para a clara definição do escopo do trabalho. Pensando nisso,
esta seção buscará, através da análise da literatura existente sobre o assunto,
esclarecer tais situações e mostrar em quais ambientes de produção se enquadram os
problemas abordados.
2.3.1 Hierarquia no planejamento da produção
Um dos conceitos centrais na discussão sobre gestão da produção é o conceito
de planejamento da produção. Isso porque as decisões, após serem tomadas,
decorrem algum tempo até que se concretizem em ações concretas. Portanto, é
necessário que se tenha uma visão do que vai ocorrer no futuro, para que as decisões
tomadas tenham os efeitos desejados posteriormente, e isso é conseguido através do
planejamento.
O processo de planejamento é continuado, de maneira que a cada momento
deve-se ter uma noção do presente e uma projeção do futuro para que possíveis
problemas sejam antecipados. À medida que o tempo passa, e se tendo como meta um
horizonte de planejamento que atenda a necessidade da empresa, essa projeção do
futuro deve ser atualizada com os novos dados que surgem a cada momento.
Porém, em uma mesma empresa, diferentes decisões são tomadas. Existem
decisões que envolvem uma quantidade moderada de recursos. Estas podem ser
tomadas de uma forma mais rápida. Entretanto, existem decisões que envolvem altos
24
investimentos e que definem o direcionamento da empresa. Obviamente, estas
necessitam de maior tempo de discussão e, por isso, levam maior tempo para serem
tomadas. Por essas razões é que surge a hierarquia do planejamento da produção, que
divide as decisões referentes ao processo produtivo em tempos adequados para sua
execução (TUBINO, 1997); (GAITHER e FRAZIER, 2001).
A forma esquemática da hierarquia de decisões do processo de planejamento da
produção é ilustrada na Figura 2.
Fonte: Tubino (1997)
Figura 2: Hierarquia do planejamento da produção
Para Tubino (1997), o planejamento estratégico consiste em estabelecer um
plano de produção em longo prazo, no qual se deve fazer uma comparação entre o que
se estima vender e a capacidade produtiva prevista. Caso essa capacidade não esteja
adequada a esta previsão de demanda, ela pode ser incrementada ou reduzida.
Para Rebouças (1988), o planejamento e a tomada de decisões neste nível
tendem a ser em longo prazo, sendo de responsabilidade da mais alta cúpula da
empresa, estabelecendo o rumo a ser tomado por esta, visando a obter o melhor
resultado possível da relação empresa-meio ambiente.
Planejamento estratégico da
produção
Plano de produção
Planejamento mestre da produção
Plano-mestre de produção
Programação da produção
Programa de produção
25
Com base no planejamento estratégico da produção, o planejamento mestre da
produção é elaborado, e deve desmembrar o plano de produção em programas mais
detalhados em médio prazo.
O planejamento mestre da produção coordena a demanda do mercado
com os recursos internos da empresa de forma a programar taxas
adequadas de produtos finais, principalmente aqueles que têm sua
demanda independente (CORRÊA e CORRÊA, 2004).
Os autores colocam ainda alguns objetivos finais para esta parte do
planejamento, tais como a maximização do serviço ao cliente, minimização de estoques
e o máximo aproveitamento dos recursos produtivos.
Para Tubino (1997), o planejamento mestre da produção é responsável por fazer
a conexão entre o planejamento estratégico da produção e as atividades operacionais
da produção, separando os planos produtivos estratégicos de longo prazo em planos
específicos de produtos acabados para o médio prazo, direcionando as etapas de
programação e execução das atividades.
Russomano (1998) afirma que “o Plano Mestre da Produção é a determinação
antecipada do programa de produção em médio prazo dos vários produtos que a
empresa produz”. E dessa forma, utilizando os dados de estimativa de vendas, carteira
de pedidos, disponibilidade de material, capacidade disponível, etc., estabelece com
antecedência a melhor estratégia de produção a ser adotada pela empresa.
O último nível da hierarquia é o da programação da produção, que tem como
primeiro objetivo satisfazer as metas de produção especificadas no nível anterior, que é
o plano-mestre. Nesta parte, as tomadas de decisões são dadas no curto prazo e são
em geral realizadas no dia-a-dia da empresa, cobrindo prazos de até algumas semanas
(MOREIRA, 1998).
No intuito de definir exatamente em que consiste a programação da produção,
Palomino (2001) afirma que,
(...) consiste basicamente em determinar o tempo de início e término de
cada ordem de produção para dar cumprimento aos compromissos
estabelecidos no Plano Mestre de Produção. Tal determinação é
26
conseqüência de: a) uma correta distribuição das operações necessárias
aos diversos centros de trabalho (alocação de carga) e b) a
determinação da ordem na quais as operações serão executadas
(seqüenciamento). Estas duas questões geralmente estão sujeitas a
dois tipos de restrições que são: o número de máquinas disponíveis no
sistema, e as restrições tecnológicas que determinam a ordem na qual
as tarefas (jobs) devem ser realizadas. Uma tarefa, no caso de um
sistema de manufatura, representa um conjunto de operações
necessárias para produzir um produto acabado. (PALOMINO, 2001).
Corrêa e Corrêa (2004) afirmam que a “programação de operações consiste em
alocar no tempo as atividades, obedecendo ao seqüenciamento definido e ao conjunto
de restrições considerado”.
De forma resumida, pode-se dizer que na programação da produção é elaborado
um cronograma detalhado que indica onde serão processadas as operações dos
produtos de acordo com os recursos disponíveis, e o momento em que o
processamento desses produtos deve começar e terminar (CARVALHO, 2003).
Analisando a problemática do seqüenciamento de produção, Blazewicz et al.
(1996) mostram uma classificação e organização desses problemas baseados em três
propriedades: características das máquinas, características das operações e recursos,
e o critério de otimização do problema. Nesta classificação, dois conceitos são
importantes: o conceito de operação, ou tarefa, e o conceito de job. Uma tarefa
representa uma operação elementar que, para ser realizada, necessita de certo número
de unidades de tempo e/ou recursos. Um job representa uma seqüência conhecida de
uma ou mais tarefas, as quais compõem a seqüência tecnológica de fabricação de cada
produto. Assim, num contexto de manufatura de produtos, um job pode representar a
fabricação de um produto ou de um lote de uma família de produtos, que possuem a
mesma seqüência tecnológica de fabricação.
Com base nessas propriedades, o autor define que, segundo as características
das máquinas, os problemas podem ser classificados:
Para máquinas paralelas, conforme ilustrado na figura 3, na qual se destacam os
problemas:
- Com máquinas idênticas, que é o caso no em que todas as quinas possuem a
mesma velocidade;
27
- Com máquinas diferentes, caso no qual cada máquina possui uma determinada
velocidade.
job
1
Produto
1
job
2
Produto
2
job
n
Produto
n
Máq. 1
Máq. 2
Máq. 3
Máq. 4
Máq. 5
Máq. 6
Máq. 7
Máq. 8
Fonte: Bustamante (2007)
Figura 3: Problema de seqüenciamento de máquinas paralelas
Para máquinas especializadas, que executam um único tipo de tarefa, destacam-
se os problemas de:
- U ma quina: quando todas as tarefas são executadas em apenas uma máquina,
conforme demonstrado na Figura 4. Neste caso particular, o conceito de tarefa
coincide com o conceito de job, pois cada tarefa é independente de qualquer outra
tarefa.
job
1
Produto
1
job
2
Produto
2
job
n
Produto
n
Máq. 1
Fonte: Bustamante (2007)
Figura 4: Problema de seqüenciamento de uma máquina
28
- Job shop e flow shop. A definição formal de um problema tanto de job shop como
de flow shop é praticamente a mesma. A diferença dos dois problemas está mais
ligada às restrições que cada um apresenta.
A explicação de um problema de job shop pode ser mostrada da seguinte forma:
quando um conjunto de máquinas executa tarefas sobre um conjunto de jobs, conforme
a Figura 5, sendo cada job fabricado por uma seqüência própria de operações (tarefas).
(BUSTAMANTE, 2007).
job
1
Produto
1
job
2
Produto
2
job
n
Produto
n
Máq. 1
Máq. 3
Máq. 2
Máq. 2
Máq.1
Máq. 3
Máq. 2
Máq.3
Fonte: Bustamante (2007)
Figura 5: Problema de seqüenciamento de um job shop
As restrições que devem ser respeitadas são:
Operações não podem ser interrompidas e cada quina pode processar
apenas uma operação de cada vez;
Cada job só pode ser processado em uma única máquina de cada vez;
Cada job é fabricado por uma seqüência conhecida de operações;
Não existe restrição de precedência entre operações de diferentes jobs;
Não existe qualquer relação de precedência entre as operações executadas por
uma mesma máquina;
Nem todos os J jobs passam pelas M máquinas.
Quando um conjunto de máquinas executa tarefas sobre um conjunto de jobs,
sendo que todos os jobs possuem a mesma seqüência de operações (tarefas) sobre as
máquinas, tem-se então um problema flow shop, conforme apresentado
esquematicamente na Figura 6 (BUSTAMANTE, 2007).
29
job
1
Produto
1
job
2
Produto
2
job
n
Produto
n
Máq. 1 Máq. 2 Máq.3
Fonte: Bustamante (2007)
Figura 6: Problema de seqüenciamento de um flow shop
Observa-se então que o flow shop nada mais é do que um caso especial do job
shop e, deste modo, os modelos desenvolvidos para resolver problemas de job shop
resolvem, conseqüentemente, os problemas flow shop.
Quanto às restrições desse problema, deve-se diferenciar em relação ao job
shop apenas que:
Cada job é executado por uma seqüência conhecida de operações sendo
a mesma para todos os jobs.
Todos os jobs passam necessariamente por todas as máquinas.
O critério de otimização difere em cada situação prática de acordo com os
objetivos da empresa. Partindo-se do princípio que a tarefa da programação da
produção é alocar no tempo o processamento de um conjunto de ordens, em uma
seqüência adequada e em um determinado recurso de forma a otimizar algum indicador
de qualidade desta programação, alguns indicadores são mais freqüentemente
utilizados. O makespam, apesar de o ser o único existente, é o mais conhecido e
amplamente encontrado na literatura (RODAMMER e WHITE, 1988). A soma dos
tempos de fluxo e a soma dos tempos de espera são alguns dos critérios também
utilizados, e que são baseados nos tempos de fim das operações (REIS, 1996).
As características do processo produtivo também impõem restrições ao problema
de seqüenciamento, que devem ser respeitadas. O tempo de preparação de máquina
para cada troca de produto é uma restrição específica para cada caso. Existem ainda
30
as restrições que são comuns à maioria dos problemas, como a de que a cada instante
uma determinada tarefa só pode ser executada por no máximo uma máquina.
2.3.2 Definição formal do problema de programação
Ao se tratar de otimização combinatorial, o problema da programação de
produção é considerado como dos mais difíceis de serem resolvidos. Isso porque as
várias possibilidades existentes de soluções elevam em demasia a complexidade do
problema, sendo considerado na literatura como um problema NP-hard (GAREY e
JOHNSON, 1979). Essa complexidade é ainda mais visível em casos reais, nos quais a
combinação de vários objetivos e restrições aumentam exponencialmente o espaço de
busca, e encontrar um programa que seja ótimo se torna muito difícil.
A definição formal do problema de programação de produção que é mostrado
nesta seção é encontrada de forma parecida nos trabalhos de Allahverdi (2006),
Pradhan (2006), Udomsakdigool (2005), Reis (1996), entre outros.
O problema de programação da produção em geral é posto do seguinte modo:
Há um conjunto de M máquinas, em que M = {m
1
, m
2
, ..., m
M
}.
Há um conjunto de N jobs, onde J = {J
1
, J
2
, ..., J
N
}.
Cada job J
consiste em um conjunto de K
operações, onde J
j
= {o
1j
, o
2j
, ..., o
kj
}.
Cada operação de um determinado job J está relacionada com uma máquina do
conjunto M. Então, J
j
= {o
1j
(m), o
2j
(m), ..., o
kj
(m)}. Aqui também se define o
conceito de relação de precedência entre as operações. Quando se coloca que o
conjunto das operações de um determinado job J é dado por J
j
= {o
1j
(m), o
2j
(m),
..., o
kj
(m)}, assume-se que será feito primeiramente a operação o
1j
(m). Em
seguida, será executada a operação o
2j
(m), ou seja, necessariamente após a
operação o
1j
(m). E assim sucessivamente.
A cada operação o
kj
associa-se um tempo de início da operação, denotado por
s
kj
. Neste trabalho, é considerado ainda que a operações são não-preemptivas,
ou seja, quando começadas, não podem ter seu processamento encerrado antes
que este esteja completo.
31
A cada operação o
kj
associa-se um tempo de término da operação, denotado por
t
kj
.
Para cada operação o
kj
uma duração, ou tempo de processamento, denotado
por p
kj
, onde p
kj =
t
kj
s
kj
. A cada operação está associado ainda um tempo de set
up, que invariavelmente está relacionado com a seqüência da operação no
programa. Neste trabalho, será assumido que este tempo é o mesmo para
qualquer seqüência definida, o que possibilita então considerar que este tempo
pode ser incluído no tempo total de processamento da operação.
Alguns parâmetros, úteis para traduzir critérios de programação, são derivados
dos anteriores e podem assim ser demonstrados:
Para cada job J, tem-se:
Tempo de fim, ou completion time, C
j
.
Tempo de fluxo, ou flow time, F
j
= C
j
r
j
(soma dos tempos de espera e
processamento).
Atraso absoluto, ou tardiness, A
j
= max {C
j
d
j
,0}.
A tarefa da programação de produção nada mais é do que encontrar uma
seqüência de processamento para todas as operações de todos os jobs. O que se quer
então é definir em qual máquina cada job J será processado e a seqüência das
operações nestas máquinas. Quando cada máquina tiver sua seqüência definida, o
programa de produção está pronto. Nesse caso, cada máquina M terá também seu
tempo de término, ou completion time, denotado por C
m
. Obviamente, esse valor é igual
ao tempo de término da última operação a ser processada por esta máquina (t
kj
(m)).
Cada critério corresponde a uma função custo que, para cada programa
particular, terá um valor. Quanto menor esse valor, de melhor qualidade é o programa
gerado. A procura do melhor programa para uma dada instância de determinado
problema de programação traduzir-se-á na procura do programa cujos parâmetros
originam o menor valor da função custo.
Esta parte do trabalho tinha como objetivo descrever, de modo formal, o
problema de programação da produção. Com base neste entendimento, a próxima
32
seção procura demonstrar então os métodos utilizados para resolução deste tipo de
problema, ou seja, problemas de otimização.
2.4 Métodos para solução de problemas de otimização
O conceito de otimização está diretamente relacionado com a obtenção do
melhor resultado possível de determinada tarefa ou processo. Este melhor resultado
pode estar explícito em diversos tipos de indicadores, podendo ser adotado a
combinação de vários deles.
O método utilizado para a obtenção desse melhor resultado está relacionado ao
tipo de problema em questão. Um dos métodos para encontrar a solução ótima para um
problema de scheduling é o de usar um algoritmo que procura determinar o programa
ótimo de uma forma exata, e que conseqüentemente apresenta a melhor solução.
Contudo, a complexidade revela-se um obstáculo com este tipo de algoritmo, salvo em
casos em que se introduzam simplificações que, não raro, são tão drásticas que se
afasta do problema real. Em face disto, passou-se a dar maior atenção e importância a
métodos aproximados, ou heurísticos, que não garantem a melhor solução, porém são
viáveis para aplicações a casos reais de grande complexidade.
Os métodos de busca por soluções denominados exatos são aqueles que
sempre encontram a melhor solução para o problema, desde que ela exista. Desse
ponto de vista, o problema de scheduling pode ser considerado como um problema de
otimização combinatória sujeito a restrições, em que se procura uma maneira de
designar recursos, seqüenciar e temporizar tarefas. Exemplos de trabalhos nesta área
são: Luche e Morabito (2004), que realizam um estudo de caso em uma empresa da
indústria de grãos eletrofundidos, com o objetivo de aumentar a produtividade e
melhorar o nível de serviço aos clientes, por meio da aplicação de modelos de
programação linear inteira mista; Alle (2003), que utiliza técnicas de programação
matemática mista inteira para programação da produção de plantas químicas
contínuas; Miranda (2001), que faz a utilização de métodos de programação
matemática para otimização da programação de produção de misturas de produtos na
33
indústria de petróleo; e Haddad (2006), o qual analisa a integração da programação
matemática com ERP para resolver problemas de capacidade na programação de
produção. A grande vantagem dessas técnicas é a garantia da solução ótima. No
entanto, o que as torna inviáveis é seu custo computacional, principalmente em
problemas complexos, como são os de job shop e flow shop.
A dificuldade da abordagem exata dos problemas de programação está na
explosão combinatória do espaço de busca quando se adiciona uma variável. Segundo
Cormen et al. (2001), um problema pode ou não ter um algoritmo exato para sua
solução. Mesmo que exista este algoritmo, ele pode não encontrar a solução ótima em
tempo hábil, ou seja, ele pode ser inviável.
Graves (1981) reconhece que “(...) um distanciamento entre teoria e prática
do scheduling da produção (...)” e que “(...) o desenvolvimento de melhores algoritmos e
heurísticas é essencial para que a teoria do scheduling possa continuar a melhorar a
prática do scheduling”. O mesmo autor afirmava ainda haver uma grande necessidade
“(...) de modelos de scheduling mais realísticos e de uma melhor compreensão da
dinâmica inerente ao ambiente de scheduling”.
Ainda, segundo Dorn (1994), três tipos de problemas com os modelos
analíticos / formais referidos :
- Os algoritmos são complexos em demasia para aplicações do
mundo real;
- Os modelos exigem o conhecimento exato de durações e restrições
técnicas;
- O esforço necessário para formalizar um novo problema é
considerável.
Diante disso, tem-se verificado nas últimas décadas o surgimento de um
conjunto de técnicas e algoritmos muito eficientes, mas que não garantem a solução
ótima do problema. Estas técnicas são denominadas de heurísticas (GOLDBARG e
LUNA, 2000).
Uma heurística é uma técnica que busca alcançar uma boa solução
utilizando um esforço computacional considerado razoável, sendo capaz
34
de garantir a viabilidade ou a otimalidade da solução encontrada ou
ainda, em muitos casos, ambas, especialmente nas ocasiões em que
essa busca partir de uma solução viável próxima ao ótimo (GOLDBARG
e LUNA, 2000).
Conforme sustenta Reeves (1993), sendo as heurísticas em geral mais flexíveis
e capazes de tratar funções objetivo e/ou constrangimentos mais complicados, tornam
possível terem-se modelos exatos ou pelo menos muito mais aproximados do problema
real.
as metaheurísticas nada mais são do que subdivisões das heurísticas e,
segundo Romero e Mantovani (2004), “(...) representa uma evolução em relação aos
algoritmos heurísticos clássicos”.
A distinção, que aqui se deve fazer, é que uma metaheurística possui grande
abrangência, podendo ser aplicada a vários problemas de otimização combinatória.
Como exemplo de metaheurísticas pode-se citar: ACO (Ant Colony Optimization), GA
(Genetic Algorithm), AS (Simulated Annealing) e TS (Tabu Search). a heurística é a
instanciação de uma metaheurística, ou seja, a aplicação da metaheurística em um
problema específico de otimização. Por exemplo, Dorigo et al. (1991), denominou Ant
System a heurística ACO aplicada à resolução do Problema do Caixeiro Viajante.
Entretanto, essa heurística ganhou dimensões de metaheurística quando Dorigo et
al. (1999) a flexibilizou para tal.
De acordo com Romero e Mantovani (2004), a idéia fundamental de uma
metaheurística é visitar apenas um conjunto reduzido do espaço de busca, em que esta
visita deve ser feita de forma eficiente para que seja encontrada uma solução ótima ou
quase ótima. Portanto, uma metaheurística é uma estratégia que especifica a forma em
que devem ser realizadas as transições através do espaço de busca partindo-se de um
ponto inicial ou de um conjunto deles. “Assim, a diferença entre as metaheurísticas é a
estratégia usada por cada uma delas.”
As heurísticas modernas (metaheurísticas) têm despertado crescente interesse
na área de pesquisa operacional, devido aos resultados positivos encontrados em
relação aos objetivos especificados, o que as torna uma alternativa cada vez mais
35
interessante. Alguns exemplos de metaheurísticas em diferentes áreas de atuação
científica são descritos na seqüência.
Soares (2006), utilizando uma técnica de inteligência artificial (IA) conhecida
como Algoritmo Genético, busca a otimização para o complexo problema de
planejamento mestre de produção. Por meio da heurística, busca maximizar o nível de
atendimento ao cliente e a utilização dos recursos existentes, e ao mesmo tempo,
busca minimizar os níveis de estoque e a utilização de recursos extras, como
contratações, horas extras, etc.
Um algoritmo, nomeado pelo autor Progressive Bottlenec Improvement (PBI), foi
utilizado por Phandis et al. (2003) como técnica heurística para resolver um problema
de scheduling. O trabalho apresenta o desenvolvimento de um algoritmo com
inteligência PBI para a solução de um problema do tipo flow shop, com máquinas
paralelas, e tem como objetivo obter uma programação que minimize o makespan. A
heurística PBI é desenvolvida em duas fases. Na primeira é gerada uma seqüência
inicial que identifica os estágios gargalos (bottleneck); na segunda fase a seqüência
obtida na primeira é refinada baseada em certas características existentes. O trabalho
mostra uma heurística simples que pode produzir soluções satisfatórias.
A análise do uso de têmpera simulada (Simulated Annealing) é feita por Ribas
(2003), com o intuito de otimizar o planejamento mestre de produção. A heurística é
uma cnica de IA de busca baseada no fenômeno físico da têmpera. O autor faz uma
abordagem multiobjetivo na qual utiliza o algoritmo para tentar otimizar alguns objetivos:
nível de atendimento ao cliente, estoques, tempos de trocas, horas extras, quantidade
de estoques abaixo do nível de segurança e utilização dos recursos. O trabalho conclui
que a técnica heurística sugerida (têmpera simulada) é uma ferramenta eficiente na
busca de resultados mínimos de funções objetivo, provando assim a aplicabilidade
dessa técnica ao problema de planejamento mestre de produção.
Mazzucco Jr. (1999) propôs e investigou a potencialidade de um método híbrido
baseado na combinação de SA e AG em problemas de programação da produção em
sistemas job shop. Os testes realizados com o algoritmo desenvolvido utilizaram um
benchmark bastante usado na literatura sobre o assunto.
36
Buzzo e Moccellin (2000) fizeram um estudo de um método heurístico híbrido
utilizando AG e SA para um problema de programação da produção em sistemas flow
shop permutacional. O trabalho tem como principal objetivo analisar se a técnica híbrida
é mais eficiente para resolver o problema em comparação como qualquer um dos
métodos puros utilizadas isoladamente. O indicador de desempenho empregado para a
comparação também é o makespan. Depois de desenvolver e testar 200 algoritmos
híbridos, combinando-se diferentes operadores de cruzamento, temperaturas iniciais e
parcelas da vizinhança analisada, o trabalho chega à conclusão que o método híbrido
pode ser desenvolvido de maneira que agregue as características vantajosas dos
métodos metaheurísticos puros.
Através de uma arquitetura multiagente, baseada em Times Assícronos (A-
Teams), Passos e Fonseca (2005) propõem a utilização cooperativa e sinérgica dos
seguintes algoritmos: Busca Tabu, AG, Beam-Search e heurística Cheap-NEH. A
estratégia do trabalho busca resolver problemas de seqüenciamento da produção em
sistemas job e flow shops, com limitação na oferta de recursos de uso compartilhado. O
objetivo é seqüenciar as operações minimizando o tempo total de produção
(makespan), respeitando as restrições do problema. O trabalho conclui que os
algoritmos cooperam entre si apresentando resultados no que se refere à qualidade de
solução e desempenho computacional superiores aos obtidos em trabalhos anteriores
com os algoritmos utilizados isoladamente.
Campos Jr. (2000) realizou um estudo de caso em uma empresa do ramo de
autopeças para a aplicação de AG para a solução de problemas de escalonamento.
Vários experimentos e diversos escalonamentos em ambiente real foram obtidos e
comparados com aqueles obtidos manualmente; melhorias não na qualidade do
escalonamento gerado foram sentidas, como também melhorias no tempo de trabalho
demandado para a obtenção do escalonamento.
Castro (2001) aplicou AG para a solução de problemas de programação de
produção em uma refinaria de petróleo, em um sistema de produção e armazenamento
do gás liquefeito de petróleo. Além de uma solução eficaz para o problema de
programação da produção, o trabalho demonstrou que o algoritmo consegue também
37
um aumento do horizonte de programação e a possibilidade de avaliação de soluções
alternativas.
Colin e Shimizu (2000) aplicam um algoritmo que é a generalização do algoritmo
de programação sugerido por Garey et al. (1988) e, através de uma estrutura
computacional denominada fila de prioridade, buscam otimizar a programação de
produção com penalidades distintas entre adiantamento e atraso, para o problema de
uma única máquina. O objetivo é minimizar a soma das diferenças (adiantamentos ou
atrasos) penalizadas das ordens. Os resultados demonstram que se ganha tempo de
processamento.
A seguir estão descritas, e mostradas resumidamente, a estratégia de atuação
de algumas das metaheurísticas mais utilizadas na literatura.
2.4.1 Algoritmo genético
Esta estratégia de busca de soluções ótimas está baseada em um fenômeno
biológico e foi introduzida por Holland (1975) e posteriormente Goldberg (1989). Faz
uso de uma analogia com o fenômeno natural da evolução dos organismos vivos. A
idéia dos AGs é a de simular o desenvolvimento de uma população de indivíduos de
uma espécie com características cada vez melhores, ou mais desejáveis, em face de
uma seleção natural. Essas características são determinadas ao nível genético pelo
modo como são combinados os cromossomos dos progenitores.
O objetivo deste algoritmo é explorar o espaço de busca na determinação de
melhores soluções, permitindo que os indivíduos na população evoluam com o tempo.
Cada passo do algoritmo no tempo, na escala evolutiva, é chamado de geração.
Seguindo as idéias de Gauthier (1993), Goldber (1989) e Tanese (1989), o algoritmo
executa continuamente o seguinte laço principal, partindo de uma geração inicial,
normalmente criada aleatoriamente:
1 avalia cada cromossomo da população através do cálculo de sua aptidão,
utilizando a função de avaliação (etapa de avaliação);
38
2 seleciona indivíduos que produzirão descendentes para a próxima geração,
em virtude dos seus desempenhos apurados no passo anterior (etapa de seleção);
3 – gera descendentes através da aplicação das operações de cruzamento,
crossover e mutação sobre os cromossomos selecionados no passo anterior, criando a
próxima geração (etapa de reprodução);
4 se o critério de parada for satisfeito, termina e retorna o melhor cromossomo
até então gerado, senão volta ao passo 1.
Reeves (1993) relata aplicações dos algoritmos genéticos ao scheduling, em
especial ao problema de flow shop. Neste caso, foram feitas comparações do
desempenho do AG implementado com a de uma heurística tipo AS. Concluiu-se que
havia uma equiparação dos dois métodos em geral, mas uma performance crescente
do AG à medida que a dimensão do problema aumentava.
2.4.2 mpera simulada
Têmpera simulada é considerado um tipo de algoritmo conhecido como de busca
local. Ele se constitui em um método de obtenção de soluções eficazes para problemas
de otimização de difíceis resoluções. Desde sua introdução como método de otimização
combinatorial, este é amplamente utilizado em diversas áreas, tais como projeto de
circuitos integrados auxiliado por computador, processamento de imagem, redes
neurais, etc. (MAZZUCCO JUNIOR, 1999).
O método têmpera simulada faz uso de uma analogia da Termodinâmica
Estatística, no que diz respeito ao fenômeno da mudança de estado de energia de um
sólido quando submetido a um processo de arrefecimento até convergir para um estado
final (estado este que depende do modo como é feito o arrefecimento) (KIRKPATRICK,
1983), (LAARHOVEN, 1988), (AARTS, 1989).
Reis (1996) descreve a seqüência do algoritmo como segue. Num problema de
otimização, um estado sólido corresponde a uma solução do problema, o nível de
energia do sólido ao valor da função objetivo para uma solução e a temperatura a um
parâmetro de controle que varia (diminui) em cada interação, servindo como um
39
contador de interações. O estado final corresponde à solução encontrada. O método
começa com uma solução sub-ótima do problema e para certo valor do parâmetro de
controle. Em cada interação esse parâmetro permanece constante. É escolhida,
aleatoriamente, uma solução vizinha da solução atual, que será aceita como solução
atual se o seu custo for menor. Caso contrário, a solução escolhida pode mesmo assim
ser aceita se um valor aleatoriamente gerado for menor que o valor da função de
probabilidade. Isso é repetido um número determinado de vezes na mesma interação,
após o que o parâmetro de controle é decrementado, repetindo-se em seguida um novo
ciclo até que o parâmetro de controle seja zero.
Dowsland (1993) descreve resumidamente aplicações com sucesso do algoritmo
têmpera simulada à sequenciação no problema de flow shop: Ogbu (1990), Ogbu
(1991) e Osman (1989).
2.4.3 Busca tabu
O todo busca tabu combina um algoritmo determinístico de avance interativo
com a possibilidade de aceitar soluções que incrementem o custo. Dessa maneira, a
busca é dirigida fora dos ótimos locais, e outras partes do espaço de soluções podem
ser exploradas. À semelhança da têmpera simulada, também este todo faz uso da
noção de vizinhança e de uma analogia com um fenômeno natural que é, no caso, o
uso de uma forma de memória (GLOVER, 1993).
Para que a busca seja guiada a não se encaminhar para soluções localmente
ótimas, usa-se uma estrutura de memória designada por lista tabu, que contém em
cada momento um número de soluções proibidas determinadas por uma história relativa
a um número de interações anteriores. Alternativamente, a lista tabu pode memorizar,
não as próprias soluções proibidas, mas os movimentos no espaço de soluções que
levam a elas. (GLOVER, 1986), (HANSEN, 1986) e (GLOVER, 1993).
No todo de busca tabu, em cada interação passa-se da solução atual para
uma na vizinhança que não esteja da lista tabu e que melhore o valor da função
objetivo ou a que menos o piora, se não houver nenhuma melhor do que a atual. Ainda
40
assim, existe um critério que determina se um movimento é admissível apesar de estar
na lista tabu. Podem existir, no contexto deste método, estratégias de intensificação,
para concentrar a procura em regiões do espaço de soluções mais promissoras ou de
diversificação, para conduzi-las a regiões não exploradas (GLOVER, 1986), (HANSEN,
1986) e (GLOVER, 1993).
Glover (1993) descreve resumidamente várias aplicações com sucesso do busca
tabu a variados problemas de scheduling.
A próxima seção se ocupará de explicar mais detalhadamente a estratégia de
funcionamento da heurística que será utilizada neste trabalho, que tem como objetivo
principal otimizar a programação da produção em um sistema de produção específico.
Ao se entender a concepção geral do ACO, poder-se-á então estruturar o problema
mais formalmente para a sua resolução.
2.5 A metaheurística ACO
Os métodos de otimização baseados nos princípios de grupos de criaturas que,
através de atividades exercidas de forma cooperativa, conseguem encontrar soluções
eficazes para problemas complexos, têm recebido crescente interesse nas últimas
décadas, em virtude da sua eficiência na resolução destes problemas. Esta parte do
capítulo tem como objetivo apresentar em linhas gerais a forma de estruturação e
funcionamento de um desses métodos, conhecido como ACO.
Dorigo et al. (1999) fizeram a heurística Ant System tomar a forma de uma
metaheurística, denominada Ant Colony Optimization, ou Otimização por Colônia de
Formigas. Nesta metaheurística, uma colônia de formigas artificiais coopera entre si
com o objetivo de encontrar boas soluções para problemas de otimização discreta. A
essência da metaheurística ACO é a cooperação entre os agentes, no caso as
formigas, na varredura do espaço de busca pela solução ótima.
41
2.5.1 A inspiração biológica
Algoritmos de colônia de formigas foram inspirados na observação de colônia de
formigas reais. Esses insetos sociais vivem em colônias e seu comportamento é
direcionado muito mais pela sobrevivência da colônia do que de cada individuo. As
formigas reais são capazes de encontrar o caminho mais curto para uma fonte de
alimento do formigueiro sem a utilização de dados visuais. Descobriu-se então que o
meio usado entre os indivíduos para trocar informações relacionadas com o caminho
mais curto a ser seguido, consiste no odor de feromônio.
Enquanto se movimentam, as formigas depositam no solo, em quantidade
variável, algum feromônio sobre a trilha, marcando o caminho com o odor dessa
substância. Uma formiga encontrando uma trilha previamente marcada com o cheiro
pode decidir com maior probabilidade seguir esta trilha, reforçando o odor com seu
próprio feromônio. No entanto, uma formiga que se movimentando sozinha, escolhe o
caminho de forma aleatória. Dessa maneira, a maioria das formigas tende a seguir o
odor, que se torna mais intenso e mais propenso a ser seguido. então um
comportamento coletivo do tipo auto-catalítico, em que a probabilidade de uma formiga
escolher um determinado caminho aumenta com o número de formigas que escolheu
previamente o mesmo caminho (DORIGO, 1991).
Coelho (2003) descreve de forma resumida a estratégia de trabalho das formigas
da seguinte maneira:
Primeiro, quando as formigas chegam a um ponto de decisão em que
elas têm que decidir mover-se à direita ou à esquerda, as formigas
selecionam aleatoriamente o próximo caminho e depositam feromônio
no solo, sem ter a noção de qual é a melhor escolha. Depois de um
pequeno período de tempo a diferença entre a quantidade de feromônio
entre dois caminhos é suficientemente grande que influencia a decisão
de novas formigas que estão no impasse da nova tomada de decisão
por qual caminho seguir. Neste caso, as novas formigas escolhem o
caminho com maior quantidade de feromônio (COELHO, 2003).
Uma evolução do comportamento cooperativo das formigas - de sua
movimentação do ninho ou formigueiro (nest) até o alimento (food) - baseada na
42
atualização do feromônio, segundo Krink et al. (2002), citado por Coelho (2003), é
apresentada na figura 7.
1. Movimentação inicial em direção ao alimento 2. Uma formiga acha o alimento 3. Uma formiga está voltando, enquanto a outra
está se movimentando em direção ao alimento
4. Uma formiga chegou ao formigueiro e outra 5. Uma formiga chegou ao fomigueiro e outra 6. Outras formigas começam a seguir o feromônio
saiu em direção ao alimento saiu em direção o alimento depositado pela primeira formiga
7. Várias formigas começam a se movimentar em 8. Um caminho começa a ter um depósito de 9. A maioria das fomigas começam a seguir o
direção ao formigueiro feromônio mais acentuado que o outro melhor caminho (mais feromônio)
10. A colônia de formigas tende a seguir o caminho
com mais feromônio depositado
Fonte: Krink et al. (2002)
Figura 7: Evolução do comportamento das formigas
2.5.2 Diferenças e semelhanças entre formigas reais e artificiais
Como dito na seção anterior, a maioria das idéias utilizadas na metaheurística
ACO provém do mundo real, ou seja, ocorre realmente nas colônias de formigas. As
43
características que conferem tal semelhança entre o natural e o artificial são, segundo
Dorigo et al. (1999):
Ambos os sistemas são constituídos por múltiplos agentes cooperando entre si.
Ambos os sistemas utilizam um fator de cooperação, através do qual acontece a
sinergia entre os agentes (feromônio).
Os agentes dividem a mesma função em ambos os universos: o de busca de
menor caminho entre uma origem e um destino.
O comportamento estocástico e local dos agentes na busca por soluções.
Porém, existem diferenças entre os dois universos que precisam ser expostas, e
que são importantes para o funcionamento da metaheurística. Segundo Dorigo et al.
(1999), essas diferenças são:
As formigas artificiais possuem movimentação discreta, sendo que seus
movimentos consistem em origens e destinos discretos.
As formigas artificiais possuem memória, para que não haja sobreposição de
movimentos já executados.
O depósito de feromônio no mundo artificial ocorre com base na qualidade da
solução encontrada.
Como a ACO consiste em um metaheurística, ela pode possuir artifícios para
otimizar ainda mais a busca por soluções. Tais recursos podem ser:
- Lookahead, que consiste em analisar não apenas a próxima vizinhança de
movimentos, como também as vizinhanças subseqüentes.
- Otimizações locais, na qual um agente ataca o problema localmente antes de
decidir por qual caminho seguir. Essas otimizações locais recuperam uma
seqüência de passos a seguir.
- Backtracking, ou seja, otimizações em caminhos escolhidos, a fim de
melhorar a rota até então designada.
As considerações que estão sendo feitas nesta parte do trabalho sobre a
metaheurística ACO foram retiradas de Dorigo et al. (1999), que apresentam ainda
algumas idéias que precisam ser entendidas para que se possa aplicar a técnica.
44
A proposta da metaheurística é de um grupo de agentes inteligentes artificiais, as
formigas, que compartilham informações através de um meio comum, o espaço de
busca de soluções. Para haver cooperação, são necessárias algumas formigas no
ambiente, pois assim sinergia entre o meio e as formigas. Para a otimização
propriamente dita, é necessário um sistema com número adequado de formigas.
A construção de uma solução ocorre mediante a escolha, seguindo uma função
probabilística do melhor vizinho determinado por tal função. Esta função, estocástica, é
uma busca local guiada pela (a) memória interna de cada formiga, (b) feromônio,
disponível através do sistema como um todo nas informações locais conhecidas a priori.
Cada agente possui um estado interno para armazenagem relacionado ao seu
passado, utilizada para construir a solução final. Este estado interno é geralmente
utilizado no cálculo da competitividade da solução. Ao encontrar sua solução, a formiga
morre, ou seja, o agente inteligente é removido do sistema. Sua contribuição para o
mesmo é constituída pala memória deixada para o grupo (feromônio), bem como pela
solução encontrada, caso esta seja melhor do que as encontradas até então.
2.5.3 Formulação matemática para a metaheurística ACO
A formulação matemática e o algoritmo básico apresentado a seguir para a
metaheurística ACO foi baseado em Dorigo et al. (1991). O autor utiliza-se do Problema
do Caixeiro Viajante (Travelling Salesman Problem, TSP), para construir uma heurística
baseada no comportamento de formigas.
O Travelling Salesman Problem consiste em um conjunto de localidades a serem
visitadas, obrigatoriamente, apenas uma vez, por um agente qualquer que, após um
ciclo, deve voltar a sua posição de origem. O objetivo é encontrar o caminho mais curto
que contenha um tour por todas as cidades. Uma instância do TSP pode ser
representada pelo grafo valorado G(V,E), onde V representa o número de vértices
(localidades) e E consiste no número de arestas (estradas) do grafo, cada aresta com
45
seu respectivo custo, (caminho, distância). Esta distância é denotada por
ij
d
, que indica
a distância entre a cidade
i
e
j
(
(
)
(
)
[
]
2/1
22
YjYiXjXid
ij
+=
).
Seja
),...,1)(( nitb
i
=
o número de formigas na cidade
i
no tempo
t
e seja
=
=
n
i
i
tbm
1
)(
(2.1)
o número total de formigas.
Cada formiga tem as seguintes características:
(i) Escolhe a próxima cidade a ser visitada com uma probabilidade que é função da
distância e da quantidade de feromônio existente na aresta que conecta as duas
cidades.
(ii) Para forçar as formigas a realizarem um roteiro factível, transições para cidade
visitadas são descartadas até que um tour seja completado.
(iii) Quando é completado um circuito cada formiga deposita uma certa quantidade
de feromônio sobre cada aresta (
j
i
,
) visitada.
Seja
)(t
ij
τ
a intensidade de feromônio na aresta (
j
i
,
) no tempo
t
. Cada formiga
no tempo
t
escolhe a próxima cidade para onde irá no tempo 1
+
t . Definindo uma
interação do ACO como sendo os
n
movimentos realizados pelas
m
formigas no
intervalo ( 1,
+
tt ), então as
n
interações de cada uma das formigas formam um ciclo, ou
seja, cada formiga realizou um tour passando por todas as cidades. Em todos estes
pontos a intensidade de feromônio é atualizada segundo a fórmula:
ijijij
tnt
τρττ
+=+ )()(
(2.2)
em que
ρ
é um coeficiente onde (
ρ
1 ) que representa a evaporação do feromônio
entre os tempos
t
e
n
t
+
e
=
=
m
k
k
ijij
1
ττ
onde
k
ij
τ
é a quantidade por unidade de
comprimento de feromônio depositada na aresta (
j
i
,
) pela ksima formiga entre os
46
tempos
t
e
n
t
+
. O coeficiente
ρ
deve ser ajustado em um valor menor que 1 para
evitar acúmulo ilimitado de substância. Normalmente a intensidade do odor no tempo 0,
)0(
ij
τ
é ajustada como uma constante inteira positiva
c
.
A regra para satisfazer a restrição de que uma formiga visite
n
diferentes
cidades, é associar a cada formiga um lista, chamada lista tabu, que armazena as
cidades visitadas e proíbe a formiga de visitá-las novamente antes que o tour tenha
sido completado. Quando um tour é completado, a lista tabu é utilizada para calcular a
solução atual da formiga (isto é, a distância do caminho percorrido). Defini-se tabu
k
o
vetor que cresce dinamicamente e que contém a lista tabu da k-ésima formiga, e tabu(s)
a s-ésima cidade visitada pela formiga k no corrente tour.
Chamando-se de visibilidade
ij
η
a quantidade
ij
d
1
, defini-se então a
probabilidade de transição da cidade
i
para a cidade
j
pela k-ésima formiga como:
=
0
].[)]([
].[)]([
)(
k
ikik
ijij
k
ij
Permitidok
t
t
t
p
β
α
βα
ητ
ητ
(2.3)
em que
}
{
kk
tabuNPermitido
=
e
α
e
β
o parâmetros que controlam a importância
relativa do odor de feromônio versus a visibilidade. Desta forma, a probabilidade de
transição é uma combinação entre visibilidade e intensidade do odor de feromônio no
tempo
t
.
Segundo Dorigo (1991), existem diferentes formas de computar o valor
)1,( +
tt
k
ij
τ
. Uma delas é denominada pelo autor de Ant-cycle que é calculada
segundo a equação:
se
k
Permitidoj
caso contrário
47
=
0
)(
k
k
ij
L
Q
t
τ
(2.4)
em que Q é uma constante e
k
L
é o comprimento do caminho percorrido pela k-ésima
formiga.
Com o que foi explanado, pode-se criar um fluxograma básico do algoritmo ACO
para que se tenha uma visão mais clara da estratégia, conforme ilustrado na Figura 8.
se a k-ésima formiga passa pela aresta
(
j
i
,
) em seu tour entre os tempos ( 1,
+
tt )
caso contrário
48
Posiciona formigas
nas cidades
Atribuir
ij
τ
para cada
aresta
Toda formiga se
movimento de i para
j
Início
Inserir cidade de
partida de cada
formiga em sua lista
tabu
Lista tabu
está
cheia?
Atualiza o tour
mais curto
encontrado
Calcula
k
k
ij
L
Q
t = )(
τ
se
),( ji ao tour
descrito por tabu
k
Atualizar
)1,()(.)1( ++=+ tttt
k
ij
ijij
τ
τρτ
NC = NC + 1 (NC:
número de ciclos)
NC<NC
max
sem
comporta-
mento de
estagnação?
Imprime menor tour
Fim
Não
Esvazia
lista tabu
Não
Sim
Sim
Fonte: Dorigo et al. (1991)
Figura 8: Fluxograma do algoritmo ACO
49
Este é um fluxograma básico ilustrativo da técnica ACO. Dependendo do
problema a ser tratado, podem ser propostas outras funções principalmente para a
probabilidade de movimento das formigas e atualização do cheiro das trilhas.
2.5.4 Alguns trabalhos aplicando ACO na programação de produção
A metaheurística ACO, apesar de ser relativamente nova, tem sido objeto de
estudo freqüente no meio acadêmico, sendo aplicada para a resolução de vários
problemas de otimização. O problema da programação de produção tem sido também
bastante utilizado como ambiente para a aplicação desta metaheurística.
Nesta seção serão apresentadas algumas pesquisas realizadas neste sentido,
confirmando a boa qualidade dos resultados encontrados por esta cnica ao ser
utilizada na resolução de problemas de programação de produção.
Chiu e Chang (2008) propõe um método de duas fases, baseado em AC, para a
otimização de problemas de programação de um Job Shop Flexível. Na primeira fase, o
AC é utilizado primeiramente para determinar em qual máquina uma determinada
operação será executada. Logo após, é feito o seqüenciamento destas operações em
cada máquina. Na segunda fase do método proposto, pesos diferentes para os critérios
adotados para formar a função objetivo são adotados. Os critérios são os seguintes:
tempo total de trabalho das quinas, carga máxima de todas as máquinas e
makespan. Os resultados dos experimentos realizados em três cenários diferentes e
comparados com outras técnicas demonstram que o método proposto correspondeu
com as expectativas dos autores, apresentando resultados satisfatórios.
Liao e Liao (2008), apresentam um algoritmo baseado em AC, para a otimização
de um problema de programação da produção em um cenário bastante específico,
denominado manufatura ágil (agile manufacturing). Neste sistema de manufatura,
existem duas fases: usinagem e montagem. Na fase da usinagem, há uma única
máquina utilizada para realizar todas as operações. Na fase da montagem, existem
várias estações de montagem idênticas para a realização ou produção dos itens. Os
autores fazem um comparativo da técnica baseada em AC com um outro algoritmo
50
baseado em Branch-and-bound. Os experimentos demonstram que, principalmente no
que diz respeito a custo computacional, os resultados são melhores no algoritmo que
utiliza AC.
Shyu et al. (2008) propõe uma aplicação do ACO para um problema de
programação de produção do tipo flows shop, com duas máquinas. O objetivo é a
composição de um programa que minimize a soma do tempo total necessário para a
produção de todos os jobs. Os autores formulam de forma gráfica o problema de flow
shop, e demonstram matematicamente a equivalência entre as duas formas de expor o
problema. Da mesma forma, é demonstrado de que maneira o ACO pode ser utilizado
para a resolução do problema proposto. No problema abordado, um conjunto de N jobs
devem ser processados em 2 máquinas, ou seja, cada job possui duas operações.
Cada operação requer um tempo de preparação, que é pré-determinada e não depende
da seqüência a ser seguida. Uma rie de experimentos computacionais é executada
para a verificação da eficiência do algoritmo, utilizando-se para esta verificação então, a
comparação com trabalhos anteriores a respeito do mesmo problema. Os resultados
numéricos do trabalho mostram que a cnica adotada melhora os resultados
anteriormente encontrados.
Rajendran e Ziegler (2004) tem como propósito a utilização e análise de dois
algoritmos baseados em ACO para resolução de problemas de programação de
produção, em sistemas de produção do tipo flow shop, utilizando-se para isto a
comparação do tempo total de fluxo dos jobs encontrado com outros trabalhos
existentes e que tratam do mesmo assunto. O primeiro algoritmo é baseado em idéias
existentes sobre a utilização da metaheurística ACO e o segundo algoritmo é um
desenvolvimento próprio dos autores. Os autores avaliam os resultados dos algoritmos
implementados, comparando seus resultados numéricos com os resultados das
melhores heurísticas reportados por Liu e Reeves (2001), e Rajendran e Ziegler (2004)
de 90 benchmarks de problemas de flow shop, que o extraídos de Taillard (1993).
Logo após a demonstração formal do problema de flow shop permutacional, a
metaheurística ACO é explanada e adaptada a resolução deste tipo de problema. Os
resultados do trabalho mostram que o algoritmo baseado em ACO tem seus resultados
51
com uma qualidade superior em relação às heurísticas reportadas em estudos
passados e que foram considerados no trabalho para comparação.
Figlali et al. (2007) chama a atenção para a importância de uma combinação
adequada entre os parâmetros de controle do algoritmo, para que melhores qualidades
de soluções sejam encontradas. Mostra que na maioria dos trabalhos, os parâmetros
de controle o determinados por alguns experimentos iniciais não sistemáticos e a
interação entre estes parâmetros não são levados em consideração. O estudo se
propõe então a utilizar-se da técnica de delineamento de experimentos para a definição
de parâmetros para um algoritmo ACS utilizado em problemas de programação em
sistemas de produção do tipo Job Shop. Os efeitos e as interações dos parâmetros são
interpretados com base nos resultados dos experimentos computacionais. O trabalho
faz uma descrição detalhada da estratégia de funcionamento do algoritmo ACS, dando
especial atenção aos parâmetros de controle deste algoritmo, que este é o principal
foco da pesquisa. Depois disto, um delineamento de experimentos é realizado. Os
experimentos computacionais são realizados e uma análise dos dados é feita. A
principal conclusão é que nenhuma interação entre os parâmetros de controle do
algoritmo ACS trazem efeitos significantes sobre o valor do makespan.
Yagmahan e Yenisey (2007) argumentam que a maioria dos estudos sobre flow
shop focam apenas na minimização do makespan, apesar de existir outros importantes
critérios a serem otimizados. Por isso, o trabalho tem como objetivo considerar o
problema de programação de flows shop como um problema multiobjetivo, e propõe o
estudo e a análise mais especificamente da avaliação não apenas dos resultados do
makespan, mas também do tempo total de fluxo do jobs e do tempo de parada das
máquinas. Além disso, os autores propõem a utilização de um algoritmo baseado em
ACO para a solução deste problema multiobjetivo de flow shop. Para verificação dos
resultados apresentados pelo algoritmo implementado, comparações com a heurística
(NEH) proposta por Nawaz, Enscore e Ham (1983) e também com a heurística (HC),
proposta por Ho e Chang (1991). Os experimentos computacionais permitiram aos
autores concluirem que o algoritmo criado, baseado em ACO, apresenta melhores
52
resultados que os algoritmos NEH e HC comparando-se tanto os critérios
individualmente quanto quando comparado o resultado da função multiobjetivo.
Merkle e Middendorf (2000) criaram um algoritmo, baseado em ACO, para
solução de um problema de programação de produção de uma única máquina. A
diferença entre trabalhos anteriores é que há uma nova forma das formigas se guiarem
pelo odor do feromônio. Neste algoritmo, o que os agentes levam em consideração é o
somatório do feromônio em determinada aresta. Isto permite que elas façam um exame
do feromônio utilizado por suas parceiras, o que lhes permite tomar decisões de forma
mais adiantada. O trabalho traz um detalhamento de como esta estratégia é aplicada ao
problema de programação de uma única máquina, realiza os experimentos
computacionais, analisa seus resultados e finalmente concluí que o algoritmo
desenvolvido apresente relevantes avanços em relação aos trabalhos pesquisados.
Bauer et al. (1999) realizaram um trabalho que tem como objetivo a aplicação da
técnica ACO para a resolução de um problema de programação de produção com uma
máquina. O critério adotado para verificação da eficiência do algoritmo criado foi o
de minimização do tempo total de atraso de todas as ordens. No procedimento,
adotado em outros trabalhos, os autores integram o Modified Due Date (MDD). Dessa
forma, os jobs são programados de forma interativa. Assim, depois que um trabalho é
programado, todos os trabalhos não-programados restantes são classificados outra vez
em ordem ascendente, porém de acordo com as datas desejadas modificadas. O job
que tiver a data desejada mais baixa modificada é adicionado à segunda seqüência
gerada.
Van der Zwaan e Marques (1999) realizam uma pesquisa que tem como objetivo
a aplicação do algoritmo ACS em um problema de programação de produção de um job
shop. Além disto, buscam obter um ajuste apropriado dos parâmetros de controle do
algoritmo, para que uma qualidade eficaz das soluções seja alcançada. Os autores
separam o espaço de busca dos melhores valores para os parâmetros em dois sub-
espaços. O primeiro contendo os parâmetros de transição (α e β). O segundo, contendo
a constante de evaporação do feromônio e o número de formigas. Ao observar as
simulações realizadas para os problemas, os autores sugerem que os parâmetros de
53
concentração de feromônio e a quantidade inicial desta substância, têm pouca
importância no desempenho do algoritmo. Segundo os autores, os experimentos
realizados com a pesquisa permitem afirmar que, para os problemas tratados e que tem
estudos anteriores possibilitando assim comparações entre os resultados, os
parâmetros α e β determinam a taxa de convergência para uma solução satisfatória. O
parâmetro constante de evaporação também se mostrou importante, pois se bem
ajustada, ela pode guiar a pesquisa para espaços de melhor solução, fazendo com que
o algoritmo não acabe por apresentar soluções ótimas locais. De forma geral, o trabalho
mostra que o algoritmo com os parâmetros ajustados, converge satisfatoriamente para
soluções satisfatórias para o problema de job shop.
Lin e Lu (2004) realizam um trabalho que tem como objetivo não somente a
utilização do algoritmo ACO para a solução de um problema de programação da
produção, mas também propor a inclusão de duas novas características inspiradas em
formigas reais; e assim desenvolver um novo algoritmo baseado em ACO que possa
melhorar a qualidade das soluções. O algoritmo desenvolvido é aplicado em dois
problemas de flow shop. No primeiro, o objetivo é minimizar a somatória do tempo total
de operação de cada job. No segundo, o objetivo é minimizar a somatória do tempo
total de operação de cada job e também minimizar o makespan. A primeira nova
característica proposta pelos autores é a inclusão de um novo tipo de feromônio no
cálculo da probabilidade de uma formiga ir de i para j. Este novo feromônio ditará a
importância de um job j em relação a uma posição l na programação. A outra nova
característica proposta pelos autores á a inclusão de um critério de dominância,
semelhante ao usado em técnicas branch-and-bound, o que aplicado na técnica ACO,
não permitiriam que as formigas desperdiçassem tempo em caminhos não promissores.
Os resultados numéricos do trabalho mostram que o novo algoritmo ACO desenvolvido
se mostra mais eficiente em relação ao algoritmo genérico ACO, principalmente em
problemas de grande escala.
Pradhan e Lam (2006) têm como objetivo a comparação entre dois algoritmos,
um baseado em AG e outro baseado em ACO, para minimização do makespan durante
uma triagem de estresse ambiental (environmental stress screening - ESS). Esta
54
triagem tem como propósito estimular a ocorrência de falhas nos produtos quando
submetidos a tais estresses. O problema consiste então em definir a melhor
combinação dos jobs que cabem em uma câmara do ESS em um determinado tempo,
para que o tempo total de processamento dos testes seja mínimo. Os resultados
numéricos encontrados com os experimentos computacionais, que continham diferentes
tamanhos de grupos (câmaras), mostram que ambos os algoritmos obtêm resultados
próximo do ótimo em grupos de 10, 20 e 40 jobs. Para grupos maiores, de 80 e 100
jobs, os resultados mostram que o algoritmo baseado em AG tem um custo
computacional menor que o algoritmo baseado em ACO. Contudo, este último
apresenta soluções mais consistentes em termos de qualidade em relação ao primeiro.
Merkle e Middendorf (2005) têm como objetivo a aplicação de um algoritmo
baseado em ACO para a solução de um problema permutacional de programação. O
problema se refere à programação de produção em uma única máquina, em que o
indicador usado para a medição da eficiência do algoritmo é a soma do total dos
adiantamentos e do total dos atrasos. Para isto, os autores propõem uma mudança em
relação ao ACO tradicional. No novo algoritmo, cada formiga determina de forma
aleatória o próximo lugar a ser visitado, ou seja, em qual seqüência o job vai ser
processado na programação. Os autores defendem que este procedimento tem como
vantagem o fato de cada lugar ter a mesma probabilidade de ser escolhido primeiro
para se alocar o job. Após a demonstração formal de como o procedimento é
executado, testes e experimentos computacionais são executados, e a conclusão é que
uma combinação entre o ACO tradicional e o novo ACO proposto no trabalho, trazem
resultados satisfatórios em comparação a problemas em que foi aplicado apenas o
ACO tradicional.
Ying e Liao (2003) propõem a utilização de uma abordagem fundamentada em
ACS para a resolução de problemas de programação da produção, porém com um foco
maior para a verificação da robustez da técnica. O problema tratado é o de uma
máquina única em que o critério de verificação utilizado para verificação da qualidade
do algoritmo é o atraso total médio dos jobs. Os parâmetros listados e analisados pelos
autores para verificação da robustez do algoritmo implementado, e que foram testados
55
em experimentos computacionais foram o desvio padrão médio das soluções
encontradas em relação às soluções ótimas, o desvio padrão máximo, o número de
interações para encontrar a solução ótima e o tempo computacional médio. Os
resultados numéricos mostram que as soluções encontradas por essa abordagem são
bastante consistentes, com probabilidades pequenas de que as soluções encontradas
por essa técnica sejam ruins.
Ying e Lin (2006) têm como objetivo em sua pesquisa, aplicar uma abordagem
baseado em ACS para resolução de um problema de programação da produção. O
problema considerado é o de um flow shop híbrido com multi-estágios e com múltiplos
processadores de tarefas, ou seja, um problema em que cada estágio tem mais de um
processador, sendo eles idênticos e paralelos, com a mesma função, flexibilizando
então a programação da produção. O critério de verificação utilizado para as análises é
o makespan. Os experimentos computacionais realizados permitem aos autores
concluir que o algoritmo proposto, fundamentado em ACS, oferece significativas
melhorias em termos de resultados, se comparados com outros algoritmos,
fundamentados em BT e AG, presentes na literatura mais relevante.
Agrawal e Tiwari (2006) realizaram um trabalho que tem como problema a ser
estudado um modelo misto estocástico de balanceamento de linha de desmontagem
em forma de “U” e seqüenciamento da produção nesta linha. Para tal, os autores
propõem uma abordagem colaborativa fundamentado em colônia de formigas. A
característica que distingui este novo algoritmo proposto dos anteriores é a manutenção
de duas colônias de formigas paralelas, que identificam suas seqüências de forma
independente uma da outra, mas que utilizam a informação obtida de forma
colaborativa para guiar seus passos futuros. Delineamento de experimentos e análise
de variância foi aplicado aos resultados obtidos com o algoritmo implementado e
mostraram que o novo algoritmo apresenta soluções consistentes e melhores do que o
algoritmo tradicional ACO.
56
2.6 Algumas técnicas estatísticas utilizadas
Para a realização dos experimentos, bem como para a análise dos resultados
obtidos, algumas técnicas estatísticas o necessárias. Uma breve revisão sobre as
mesmas é realizada nesta seção.
2.6.1 O experimento 2
k
Montgomery; Runger (2004) afirmam que quando se quer avaliar rios fatores,
um experimento fatorial deve ser utilizado. Num experimento fatorial todas as
combinações possíveis dos níveis dos fatores são investigadas. Um caso particular dos
experimentos fatoriais, bastante utilizados em trabalhos de pesquisa, é o planejamento
fatorial onde k fatores o analisados com somente dois níveis. Este caso é chamado
de planejamento fatorial 2
k
.
O nível mais simples de um planejamento 2
k
é o planejamento 2
2
, que
corresponde a duas variáveis controláveis, A e B, com dois níveis possíveis, nível alto
denotado por “+” e nível baixo denotado por “-”. Este tipo de planejamento pode ser
representado geometricamente por um quadrado, mostrado na Figura 9. Tem-se então
2
2
possibilidades de corridas ou combinações de tratamento.
Alto
(+) b ab A B
- -
+ -
B - +
+ +
Baixo
(-) (1) a
Baixo A Alto
(-) (+)
Tratamento
(1)
a
b
ab
Montgomery; Runger (2004)
Figura 9: Fatorial 2
2
57
Para representar as combinações de tratamento geralmente são utilizadas séries
de letras minúsculas. Se uma letra estiver presente, o fator correspondente é corrido em
nível alto naquela combinação de tratamentos. Se ela estiver ausente é corrido com
nível baixo. A combinação de tratamentos com todos os fatores em nível baixo é
representada por (1). Para o exemplo da Figura 9 os efeitos de interesse para o
planejamento 2
2
são os efeitos principais A e B com fator de interação de segunda
ordem AB. Para estimar o efeito principal do fator A, deve-se fazer a média das
observações do lado direito do quadrado na Figura 9, estando a em nível alto e subtrair
a média das observações do lado esquerdo do quadrado, estando A em nível baixo,
conforme equação:
[ ]
)1(
2
1
2
)1(
2
+=
+
+
==
+
baba
n
n
b
n
aba
yyA
AA
(2.5)
Onde
n
é o número de observações.
De modo análogo, o efeito principal de B é encontrado calculando a média das
observações no topo do quadrado, estando B em nível alto e subtraindo a média das
observações na parte inferior do quadrado, estando B em nível baixo:
[ ]
)1(
2
1
2
)1(
2
+=
+
+
==
+
aabb
n
n
a
n
abb
yyB
BB
(2.6)
Para calcular o valor da interação de segunda ordem AB calcula-se a diferença
entre as médias das diagonais do quadrado representado na Figura 9, conforma
equação:
[ ]
baab
n
n
ba
n
ab
AB +=
+
+
= )1(
2
1
2
2
)1(
(2.7)
As grandezas entre colchetes nas equações 2.5, 2.6 e 2.7 são denominadas de
contrastes. Assim, por exemplo, o contraste A é:
58
)1(= babContraste
A
(2.8)
Nestas equações os coeficientes dos contrastes são sempre +1 ou -1. Para
determinar o sinal de cada combinação de tratamentos para um contraste em particular
utilizam-se tabelas como a do exemplo representado na Tabela 1.
Combinação de
Tratamentos I A B AB
(1) + - - -
a + + - -
b + - + -
ab + + + +
Efeito Fatorial
Tabela 1: Sinais para os efeitos do planejamento 2
2
Deve-se aqui destacar o fato de a coluna de sinais AB se obtida a partir do
produto das colunas A e B. Para gerar o contraste utilizando a Tabela 1, basta
multiplicar os sinais na coluna apropriada pelas combinações de tratamentos e somá-
las. Por exemplo, para o contraste AB:
[
]
[
]
[
]
[
]
baababbaContraste
AB
+=++= )1()1(
(2.9)
De acordo com Ribas (2003), a partir do contraste pode-se estimar o valor do
efeito de determinado fator através da equação:
)(
2
2
1
p
k
p
Contraste
n
Efeito
=
(2.10)
Onde:
n
é o número de observações registradas;
59
k
é o número de fatores, parâmetros, variáveis;
P
é o parâmetro cujo efeito se deseja;
2.6.2 O teste F, o teste t e a análise de variância
Segundo Lapponi (2005), “O teste de hipóteses da diferença das médias de duas
populações é freqüentemente utilizado para determinar se é ou não razoável concluir
que as médias das duas populações são diferentes”. Segundo o autor, as premissas
iniciais do teste de hipóteses para diferenças entre médias podem ser apresentadas da
seguinte forma:
duas populações diferentes independentes, denominadas
1
X
e
2
X
, com
médias µ
1
e µ
2
e variâncias σ
1
2
e σ
2
2
, sendo que ambas as populações medem
a mesma variável.
Uma amostra aleatória é extraída de cada população. As duas amostras têm
tamanhos n
1
e n
2
e médias
1
X
e
2
X
.
A diferença das duas médias
21
XX
é uma nova variável aleatória maior do
que zero se
21
XX >
, e menor do que zero se
21
XX <
.
Na distribuição de freqüências da diferença das médias
21
XX
:
O valor esperado, ou média, de
21
XX
é igual à diferença das médias das
populações,
2121
)(
µµ
=XXE
.
A variância de
21
XX
é igual a
2121
222
XXXX
σσσ
+=
, pois as variáveis são
independentes.
As hipóteses do teste a ser aplicado têm a seguinte forma:
0:
210
=
µµ
H
0:
211
µµ
H
60
Lapponi (2005) afirma ainda que, se o mero de amostras retiradas das
populações é grande (n > 30), o teste de hipótese a ser utilizado deve ser o teste Z. Se
o tamanho das amostras for pequeno, que é o caso deste trabalho, o teste a ser
realizado deve ser o teste t. Porém, para que o teste t seja aplicado, deve-se antes
verificar se as variâncias das duas amostras são diferentes ou o. Para isto, utiliza-se
o teste F, que é um teste de hipóteses utilizado para verificar se as variâncias de duas
populações com distribuição normal são diferentes, ou para verificar qual das duas
populações com distribuição normal tem mais variabilidade.
De acordo com Lapponi (2005), a Análise de Variância (ANOVA) é um
procedimento de teste de hipótese utilizado para comparar as médias de mais de dois
tratamentos ou populações.
Ainda segundo Lapponi (2005), o objetivo da análise de variância é avaliar se as
diferenças observadas entre as médias das amostras são estatisticamente diferentes.
Para isto, a variabilidade total das amostras é dividida em duas partes ou fontes de
variabilidade, em que a primeira parte dessa variabilidade é proveniente das
populações serem diferentes, chamada variabilidade entre. Quanto maior for à
variabilidade entre, mais forte é a evidência de as médias das populações serem
diferentes. A segunda parte de variabilidade é causada pelas diferenças dentro de cada
amostra, denominada variabilidade dentro. Quanto maior for a variabilidade dentro,
maior será a dificuldade para concluir se as médias das populações são diferentes.
O teste de hipótese da análise de vari6ancia é estabelecido como:
A hipótese nula H
0
afirma que as k populações tem a mesma média.
A hipótese alternativa H
1
afirma que nem todas as médias das k populações são
iguais.
A distribuição F conduzirá a decisão de aceitar ou rejeitar a hipótese nula,
comparando o F observado (F
0
), calculado com a expressão:
F
0
=
S
S
w
b
dentroVariância
entreVariância
2
2
_
_
=
(2.11)
61
com o F crítico (F
c
), correspondente ao nível de significância α adotado.
O F
0
mede a variabilidade entre por unidade de variabilidade dentro, ou quantas
vezes a variabilidade das médias das amostras é maior do que a variabilidade amostral.
Se F
0
> Fc, rejeita-se a hipótese de nulidade H
0
, ou seja, existem evidências de
diferença significativa entre pelo menos um par de médias das populações, ao nível α
de significância escolhido. Caso contrário, não se rejeita a hipótese de nulidade H
0
, ou
seja, não evidências de diferença significativa entre as populações ao nível α de
significância escolhido.
3 IMPLEMENTANDO ACO NA PROGRAMAÇÃO DA PRODUÇÃO
A explanação sobre a metodologia utilizada no trabalho, que foi realizada na
seção 1.2, afirmava que se deve fazer uma escolha adequada da variável de resposta,
de modo a garantir a objetividade da análise dos resultados. Com os conceitos
relativos à definição formal do que é um problema de programação de produção, da
metodologia de funcionamento da metaheurística ACO e também de como esta técnica
tem sido aplicada para a resolução de problemas de programação de produção, pode-
se então partir para um maior entendimento e aprofundamento sobre o problema
específico desta pesquisa, para que este objetivo seja atendido. Assim, a presente
seção tem o objetivo de demonstrar como a metaheurística ACO será estruturada para
sua utilização no problema estudado no trabalho; formular um pseudocódigo para o
algoritmo e também explanar brevemente o funcionamento do software utilizado para a
realização dos experimentos, e que se utiliza da inteligência da metaheurística ACO.
3.1 Estrutura básica do ACO aplicado ao problema de programação da
produção para trás
Com base em Dorigo et al. (1996), Ventresca e Ombuki (2004) e Mazzucco Jr.
(1999), a representação do problema de programação de produção pode ser feita
através de um grafo disjuntivo. Este grafo pode ser definido como ),,( EAVQ
=
, onde V
é o conjunto dos vértices do grafo, que corresponde ao conjunto das operações a
62
serem programadas, e que aqui é representado por O. São adicionadas ainda ao
conjunto V
duas operações fictícias simbolizadas com 0 e 1
+
N , ou seja
}1,,0{
+
=
NOV
.
O conjunto
A
é formado pelos arcos que conectam operações consecutivas do
mesmo job, os arcos que conectam a operação 0 à primeira operação real de cada job
e a última operação de cada um deles à operação 1
+
N . O conjunto
A
pode ser então
expresso da seguinte maneira (MAZZUCCO Jr.,1999),
(
)
{
}
(
)
{
OwwwvOwvwvA = /,0,,/,
e não existe
}
wvOv /
(
)
{
OvNv + /1,
e não existe
}
wvOw /
Finalmente, o conjunto
E
é formado pelas arestas que conectam duas
operações a serem realizadas pela mesma máquina, que pode ser expresso como
{
}
{
}
wv
MMwvE
=
=
/,
,
(MAZZUCCO Jr.,1999).
Cada arco é possuidor de um par de números
}
{
ijij
ητ
,
, que são respectivamente
a concentração de feromônio e a visibilidade. Este último podendo ser considerado
como o tempo de processamento da operação no nó j.
A Figura 10 é um grafo representativo de um problema de programação de
produção. Nele, as operações numeradas com 1, 3 e 5 são executadas por uma
mesma máquina m
1
. Cada uma dessas operações pertence a um determinado job, J
1
,
J
2
e J
3
respectivamente. Da mesma forma, pode-se afirmar que as operações 2, 4 e 6
são executadas pela mesma máquina m
2
e pertencem aos jobs J
1
, J
2
e J
3
respectivamente. As operações inicial e final, rotuladas em 0 e N+1, respectivamente
são fictícias, ou seja, não são executadas, porém encontram-se na seqüência de
operações de todos os jobs. Elas existem apenas para que o grafo, por ser orientado,
tenha uma operação inicial e final, mas como não possuem um tempo de
processamento, não influenciam na programação.
63
m
1
m
2
1=
O
11
(1)
2=
O
21
(2)
3=
O
12
(1)
4=
O
22
(2)
5=
O
13
(1)
6=
O
23
(2)
0
1
3
5
2
4
6
N+1
Fonte: Dorigo et al. (1996)
Figura 10: Grafo Ant System para 3 jobs e 2 máquinas
Os nós numeradas de 1 a 6 representam as operações a serem agendadas.
Cada operação desta possui um número índice, que representa a operação e a que job
ésta pertence. O número entre parênteses ao lado diz em qual máquina a operação tem
que ser processada. O vértice 1 por exemplo, corresponde a operação O
11
(1). Isto quer
dizer que esta é a operação 1 (primeira operação) do job 1 e deve ser processado na
máquina 1. O vértice 2 corresponde a operação O
21
(2)
,
e isto quer dizer que esta é a
operação 2 (segunda operação) pertence ao job 1 e que deve ser processado na
máquina 2. E isto acontece com todos os vértices, que correspondem cada qual a uma
determinada operação,.
Um conjunto de orientações de todas as arestas do grafo da figura 10
transforma-o em um grafo orientado, que representa uma das soluções possíveis do
problema modelado. Da mesma forma, um conjunto de orientações de todas as arestas
do grafo, define, para cada máquina em M, uma ordenação ou permutação das
operações por ela processadas.
No exemplo da Figura 10, supondo-se que uma solução possível para o
problema ilustrado seja
(
)
1,6,3,5,2,4,1,0 += N
π
. Isso quer dizer que na máquina 1 (m
1
),
serão processadas nesta ordem os jobs J
1
, J
3
e J
2
. E na máquina 2 (m
2
) serão
processados nesta ordem, os jobs J
2
, J
1
e J
3
.
Na utilização do ACO para a resolução de um problema de programação de
produção, o que se busca de forma resumida, é que um conjunto de agentes, no caso
formigas, saia do seu ninho, aqui representado pelo vértice inicial, e até a fonte de
64
comida, aqui representada pelo vértice final do grafo, passando por todos os vértices,
que representa no caso da programação de produção, agendar todas as operações.
No início do processo, cada formiga é equipada com 3 listas: G, que contém os
nós que não foram visitados. S, que contém os nós que podem ser visitados na próxima
interação; e tabu, contendo os nós já visitados. Inicialmente, todas as formigas se
encontram na origem do grafo e possuem em suas listas assim:
G
k
= {O
11
, O
22
, O
31
, O
12
, O
21
, O
31
}
S
k
= {O
11
, O
22,
O
31
}
tabu
k
= {}
O processo fica em interação até que G
k
= Ø. No final, a ordem dos nós
percorridos é dado pela seqüência da lista tabu, e é a solução proposta pela formiga k.
3.2 Modelagem ACO para o problema proposto
O problema considerado nesta pesquisa consiste na otimização da programação
de um sistema produtivo composto de apenas um estágio de processamento, recursos
paralelos e roteiros flexíveis.
Afirmar que determinado sistema produtivo possui somente um estágio de
processamento significa dizer que uma unidade de qualquer produto considerado terá
apenas uma operação, ou seja, passará por somente um estágio de processamento, ou
mesmo, que passará por apenas uma máquina. Dito de outra forma, cada job J é
formado por apenas uma operação, sendo J
j
= {o
1j
}. então um conjunto de N jobs,
onde J = {J
1
, J
2
, ..., J
N
} a ser programados.
O sistema produtivo tratado aqui é caracterizado também por possuir recursos
paralelos, ou seja, o único estágio do processo produtivo é composto por mais de uma
máquina ou recursos produtivos, de forma mais geral. um conjunto de M máquinas
ou recursos onde M = {m
1
, m
2
, ..., m
M
}. Cabe acrescentar ainda que as quinas são
diferentes, apresentando uma velocidade de produção diferente para o mesmo produto.
65
Outra característica importante do sistema produtivo considerado, e que é
totalmente complementar às duas características citadas anteriormente, é que os
produtos possuem roteiros flexíveis. Isso quer dizer que um determinado produto possui
mais de um roteiro a ser seguido. Cada job J pode ser processado em qualquer uma
das M máquinas, ou seja, cada job J possui um roteiro flexível. Esquematicamente, J
1
=
{RF
1
}, J
2
= {RF
2
} e J
N
= {RF
N
}, onde RF
1
é o roteiro flexível do job 1, RF
2
é o roteiro
flexível do job 2, e RF
N
é o roteiro flexível do job N. Cada roteiro flexível é composto por
um conjunto de operações similares. Esquematicamente, RF
1
= {o
11
(1), o
11
(2), o
11
(M),},
RF
2
= {o
12
(1), o
12
(2), o
12
(M),}, e RF
N
= {o
1N
(1), o
1N
(2), o
1N
(M),}, onde o
11
(1) representa a
operação 1 (única) do job 1 na máquina 1, o
12
(1) representa a operação 1 (única) do job
2 na máquina 1, e o
1N
(1) representa a operação 1 (única) do job N na máquina 1.
Adicionalmente, o problema proposto possui um sistema de programação de
produção backward, ou para trás. Neste sentido, cada job J possui uma data que
precisa estar disponível no estoque, e esta data será sempre respeitada. O problema
consiste então em ordenar todas as operações a serem executadas de forma a
minimizar o tempo total para a execução de todas as operações e ainda, respeitar a
data limite de entrega de todos os jobs.
O tempo de preparação da máquina, ou tempo de setup, será considerado como
fixo para todos os produtos independentemente da máquina na qual o mesmo se
produzido. Isto equivale a dizer que este tempo não influência a qualidade da
programação, já que é o mesmo independente da seqüência da programação.
E como característica final do problema, deve-se citar que o indicador
responsável por mostrar o quão satisfatória é a solução do programa de produção
gerado será o makespan, que representa o comprimento do programa de produção.
Dizendo de outra forma, é o tempo de fim do último job programado menos o tempo de
início do primeiro job programado. Outra forma de ser calculado o makespan é através
do tempo de fim da última operação a ser processada na última máquina a terminar sua
seqüência menos o tempo de início da primeira máquina a começar sua seqüência.
De forma resumida, o problema proposto neste trabalho consiste em definir a
programação de produção em um sistema de produção com um estágio de
66
processamento, máquinas paralelas e diferentes, produtos com roteiros flexíveis,
programação backward, tempos de setup fixos e que terá como indicador de qualidade
da programação gerada o makespan.
O problema proposto é mostrado esquematicamente na Figura 11.
Como exemplo de casos reais em que o sistema de produção proposto se
enquadra, têm-se as fábricas de resinas com mais de um reator, fábricas de papel
decorativo, onde se têm várias linhas de impressão, plantas de produção de painéis de
madeira, em que se pode encontrar mais de uma linha de produção e linhas de
revestimento de painéis de madeira.
job 1
Produto1
job
2
Produto2
job N
Produto
n
Máq. 1
Máq. 2
Máq. M
Figura 11: Problema de programação de produção com um estágio de processamento,
recursos paralelos e roteiros flexíveis
3.3 O pseudocódigo ACO para o problema proposto
O processo de criação de um programa de produção, que parte da necessidade
de execução de determinadas operações em certo número de recursos (máquinas ou
linhas de produção) exige, principalmente em casos complexos, a utilização de um
software, capaz de realizar tal tarefa. Este software, configurado para atender tipos
específicos de sistemas de produção, utiliza-se de determinada técnica ou inteligência
para a realização desta.
67
Para que a inteligência seja utilizada para a resolução do problema de
programação tratado neste trabalho, algumas considerações precisam ser feitas. A
primeira é que o problema de programação da produção para ser resolvido com a
metaheurística ACO precisa ser transformado em um grafo. A Figura 12 traz uma
representação em forma de grafo do problema proposto. Este grafo contém os nós
inicial e final, que para temos de programação de produção são fictícios. Todos os
outros nós correspondem a operações a ser programadas. As arestas correspondem ao
tempo ou duração da operação a ser agendada, sendo esta a operação que se
encontra no final da aresta. As operações estão divididas em grupos, que representam
o roteiro flexível de cada job. Não existem arestas ligando as operações do mesmo
grupo, ou seja, do mesmo job, pois estas são operações similares, o que significa dizer
que quando qualquer uma dessas operações for programada, as outras deste mesmo
grupo serão eliminadas. Porém, existem as arestas não direcionadas que ligam os
grupos de operações, que indicam que todos os jobs precisam ser programados, mas
que não existe nenhuma restrição quanto a este seqüênciamento.
68
RF
1
RF
2
RF
3
O
11
(M)
O
12
(1)
O
12
(2)
O
12
(M)
Nest
Food
O
1N
(1)
O
1N
(2)
O
1N
(M)
O
11
(1)
O
11
(2)
Figura 12: Grafo de um problema de programação de produção com um estágio de
processamento, recursos paralelos e roteiros flexíveis
No problema proposto, cada job possui um roteiro flexível, o que quer dizer que o
roteiro de cada job permite que o mesmo seja processado em qualquer um dos
recursos existentes. Cada recurso corresponde a um roteiro para o job em questão. No
69
caso particular deste trabalho, cada roteiro é composto de apenas uma operação, ou
seja, uma operação é equivalente a um roteiro.
Dessa forma, pode-se dizer que cada roteiro flexível possui um conjunto de
operações similares, ou seja, se uma destas operações for á escolhida, as outras deste
mesmo roteiro flexível são eliminadas. Quando determinado job é designado a ser
processado em determinado recurso, o mesmo foi designado a seguir este roteiro. As
outras operações referentes aos demais roteiros que o job poderia ter seguido são
eliminadas.
Supondo um cenário composto de 6 jobs (J
1
, J
2
, J
3
, J
4
, J
5
, J
6
) e três máquinas
(m
1
, m
2
e m
3
). O sistema é formado por apenas um estágio de processamento, o que
significa dizer que cada job deverá passar por apenas uma das máquinas. Então, o J
1,
por exemplo, possui o roteiro flexível (RF
1
), que é composto por três operações
similares. Pode seguir pelo roteiro 1 (equivalente a m
1
), pode seguir pelo roteiro 2
(equivalente a m
2
), ou pode seguir pelo roteiro 3 (equivalente a m
3
). Esquematicamente:
J
1
= {O
11
(1), O
11
(2), O
11
(3)}, onde O
11
(1) representa a operação 1 do job 1 na quina
1, O
11
(2) a operação 1 do job 1 na máquina 2, e O
11
(3) a operação 1 do job 1 na
máquina 3, lembrando que quando o J
1
é designado a ser processado em qualquer
uma destas máquinas, ou seja, “escolhe” qualquer uma destas três operações, as
outras duas são eliminadas. A lógica serve para todos os jobs.
Modelando o problema em forma de grafo, tem-se que cada job (J
n
) possui um
roteiro flexível (RF
N
). Cada roteiro deste job corresponde a uma operação deste job e é
representado por um no. Estes nós são “virtuais” pois somente serão confirmados
quando o job é designado para determinada quina, ou seja, escolhe um destes nós,
sendo os outros pertencentes ao mesmo roteiro flexível eliminados.
As formigas saem então do ninho (Nest) com o objetivo de chegar à comida
(Food). Porém, antes disto, todos os jobs precisam ser programados, o que significa
dizer que uma formiga ao sair no Nest, antes de chegar ao Food, tem que agendar pelo
menos uma operação de cada roteiro flexível.
Uma instância deste problema é mostrada a seguir juntamente com uma das
possíveis soluções. Os dados do problema são mostrados na Tabela 2.
70
Quantidade
Máquina 1
Máquina 2
Máquina 3
(unidades)
(unidades/hora)
(unidades/hora)
(unidades/hora)
Job
1
610 10 17 21
Job
2
990 16 19 11
Job
3
1580 18 13 7
Job
4
350 12 14 18
Job
5 480 13 9 19
Job
6 730 15 11 16
Velocidade
Tabela 2: Para uma instância do problema de programação de produção
RF
1
RF
4
RF
2
RF
5
RF
3
RF
6
O
12
(3)
Nest
Nest
O
13
(1)
O
11
(2)
O
14
(3)
O
15
(1)
O
16
(2)
Figura 13: Grafo solução problema de programação de produção
71
Parte-se da premissa de que é necessário programar 6 jobs (OPs) em 3
máquinas com velocidades de produção diferentes. Cada job é formado por uma
quantidade de determinado produto. Como os tempos de setups são fixos, pode-se
considerar que os mesmos estão inclusos nas velocidades de produção. O objetivo é
minimizar-se o makespan.
Supondo que a formiga que encontrou a melhor solução para o problema
proposto seja a que fez o caminho indicado no grafo da Figura 13 {Nest, O
13
(1), O
12
(3),
O
15
(1), O
16
(2), O
11
(2), O
14
(3), Food}. Isto que dizer que esta formiga agendou
primeiramente a operação do job 3 na máquina 1, a operação do job 2 na máquina 3, a
operação do job 5 na máquina 1, a operação do job 6 na máquina 2, a operação do job
1 na quina 2 e finalmente a operação do job 4 na máquina 3. O makespan para esta
solução seria 5,7 dias, conforme mostrado na Figura 14.
Job 5
Máquina 1
Job 1 Job 6
Máquina 2
Máquina 3
Dias
Job 3
Job 2Job 4
5,7
4,9
4,3
Figura 14: Possível solução para a instância do problema de programação de
produção.
O exemplo mostrado anteriormente é muito simples e poderia ter sido feito até
sem a utilização de uma inteligência mais avançada. Porém, o mesmo serve apenas
como exercício para o entendimento do problema, que tem na solução a seguinte
explicação: na máquina 1 serão produzidos os jobs 3 e 5. O job 3 é programado
primeiro, lembrando que a programação é backward, porque a formiga passa primeiro
72
pela operação do RF3, correspondente ao job 3, e depois passa pela operação do
RF5, correspondente ao job 5.
Esta lógica está traduzida em um pseudo-código para o algoritmo da
metaheurística ACO utilizada, que é mostrado no Quadro 2. Basicamente este pseudo-
código consiste em um procedimento geral que mantém o algoritmo em execução até
que critérios de parada sejam satisfeitos. Esse procedimento geral contem
procedimentos específicos para cada função do algoritmo.
O primeiro procedimento específico é responsável por criar o sistema, o que
consiste de forma geral a ler os dados de entrada, correspondentes as variáveis de
configuração do sistema.
O segundo procedimento específico é o responsável pela movimentação das
formigas e é onde se encontra a essência da inteligência da metaheurística ACO. Isto
porque na decisão de cada formiga sobre qual operação deve ser a próxima a ser
programada se encontra o ponto fundamental que vai determinar se o programa de
produção tem qualidade satisfatória ou não. Como esta decisão leva em consideração o
tempo de processamento da operação a ser programada e a quantidade de feromônio
existente na aresta que liga a operação que acaba de ser programada pela formiga e a
próxima operação a ser programada, este procedimento se configura num
procedimento de fundamental importância para a eficiência do algoritmo.
O terceiro procedimento específico do algoritmo é o que analisa a solução
encontrada por cada formiga e determina a quantidade de feromônio que deve ser
depositado no caminho percorrido por cada uma. Como isto vai influenciar na
probabilidade de outras formigas também seguirem por este caminho, este
procedimento também se mostra determinante para a qualidade das respostas geradas.
O último procedimento específico do algoritmo corresponde ao momento em que
a cada viagem que chega ao fim de cada formiga, o feromônio do sistema como um
todo é evaporado em certa proporção.
Cada destacar ainda que cada um destes procedimentos são formados por
procedimentos internos a cada um deles e que aqui são demonstrados apenas de
forma geral para que fique entendida a lógica de funcionamento do algoritmo.
73
___________________________________________________________________
procedimento Ant_Colony_Optimization
procedimento cria_sistema; (dados de entrada)
fim procedimento
enquanto critério_de_término_não_satisfeito (Formigas e viagens)
agendar_operações
movimenta_formigas;
analisar_solução;
evapora_feromônio_sistema;
fim agendar_operações
fim enquanto
procedimento movimenta_formigas
enquanto Lista_nós_factíveis Ø
para k de 1 até W faça
movimenta_k_de_i_para_j (com probabilidade
ij
k
P )
tira_ o
1j
(m)_de_ Lista_nós_factíveis
coloca_ o
1j
(m)_em_Lista_tabu
k
fim para
fim enquanto
fim procedimento
procedimento analisar_solução
para k de 1 até W faça
calcular_custo_solução_corrente_através_tabu
k
se solução_corrente = melhor_solução
convergência ++;
se convergência > 20
feromônio_todas_arestas = 1;
convergência = 0;
fim se
fim se
se solução_corrente < melhor_solução
melhor_solução = solução_corrente;
Atualiza_feromônio_arestas_solução_corrente; (importância)
fim se
se solução_corrente < 1,05 * melhor_solução
Atualiza_feromônio_arestas_solução_corrente; (0,95*importância)
fim se
fim para
fim procedimento
procedimento evapora_feromônio_sistema
se Lista_nós_factíveis = Ø
Atualiza_feromônio_sistema_iminuindo_evaporação
fim se
fim procedimento
fim procedimento
____________________________________________________________________
Quadro 2: Algoritmo ACO para o problema proposto
74
Foi com esta estrutura que foi criado o software utilizado para as análises dos
resultados do presente trabalho.
3.4 Estrutura do software implementado
O software implementado tem como objetivo testar de forma mais real,
utilizando-se para isto simulações de problemas de programação de produção, a
eficiência da metaheurística ACO mais especificamente em um ambiente composto de
um sistema de produção com um estágio de processamento, máquinas paralelas e com
velocidades diferentes, produtos com roteiros flexíveis, programação backward, tempos
de setup fixos e que tem como indicador de qualidade da programação gerada o
makespan.
Para cada cenário a ser simulado, que se fazer uma série de configurações
do software. Primeiramente realiza-se o cadastro dos produtos, recursos, roteiros e
ordens das ordens de produção a serem programadas. A partir daí, os valores das
variáveis controláveis do processo são inseridos e o algoritmo pode ser executado.
Para que haja um entendimento sobre as variáveis controláveis do algoritmo e
principalmente o que elas significam, uma revisão da estratégia de funcionamento da
metaheurística ACO deve ser feita.
Uma determinada quantidade de formigas sai do seu ninho com destino a fonte
de comida. Existem vários caminhos a ser seguidos por estas formigas, e aqui se supõe
que em todos estes caminhos existe uma quantidade inicial de feromônio, substância
esta utilizada pelas formigas para se comunicarem a respeito do menor caminho a ser
seguido. Cada formiga fará um determinado número de viagens do ninho até a fonte de
comida. Em cada uma destas viagens, as formigas depositam no caminho que
acabaram de realizar uma determinada quantidade de feromônio. Esta quantidade se
uma quantidade padrão caso o caminho percorrido pela formiga não apresente
melhorias em relação ao melhor existente até o momento ou receberá uma
quantidade maior de feromônio caso o caminho percorrido pela formiga em questão
seja mais curto do que o existente até então. Além disso,que se adicionar ainda que
75
a quantidade de feromônio existente em todos os caminhos é constantemente
diminuída, devido à evaporação da substância.
Com isso em mente, podem-se definir então quais serão as variáveis
controláveis do algoritmo, que estão sendo consideradas neste trabalho. São elas:
Valorização da melhor resposta (VMR). Esta variável indica por qual valor a
quantidade padrão de feromônio depositada pela formiga deve ser
multiplicada e posteriormente adicionada ao caminho percorrido por esta
formiga, caso este caminho encontrado seja mais curto do que o existente até
o momento.
Número de formigas (NF). É a quantidade de formigas que farão o trajeto do
ninho até a fonte de comida.
Quantidade de feromônio inicial (QPI). É a quantidade de feromônio que
existe em todos os caminhos antes que as formigas comecem a realizar suas
viagens.
Quantidade adicionada de feromônio (QAP). É a quantidade padrão de
feromônio que cada formiga depositará no caminho que acaba de percorrer
cada vez que a mesma chegue na fonte de comida.
Número de viagens de cada formiga (NVF). É o número de vezes que cada
formiga fará o trajeto entre o ninho e a fonte de comida.
Percentual de evaporação (EV). É a quantidade de feromônio que é perdida
por cada caminho á medida que o tempo passa.
Após a inserção destes dados, o software pode ser executado.
A lógica básica de funcionamento do software pode ser verificada na Figura 15,
que consiste de forma resumida a ler os dados de entrada, criar o sistema, o que
consiste em criar as formigas com suas respectivas listas tabus e lista de nós factíveis,
e criar os grafos para cada formiga, com seus respectivos nós e arestas. Enquanto o
critério de rmino, que está baseado no número de formigas e o número de viagens
que cada formiga deve fazer, não é atingido, a parte mais importante do algoritmo é
realizada - a programação das operações - e que tem sua lógica descrita de modo
resumido na Figura 16.
76
NF - Número Formigas
NVF - Número Viagens Formigas
QPI - Quantidade Feromônio Inicial
QAP - Quantidade Adicionada Feromônio
VMR - Valorização Melhor resposta
EV - Evaporação
Criar o sistema
Início
Ler dados de entrada
(parâmetros de
configuração)
Fim
Critério de
parada
satisfeito?
Programar
Operações
Figura 15: Fluxograma geral do software
O procedimento de programar operações é onde a inteligência do algoritmo é
colocada em prática, ao por em interação todos os dados de entrada do sistema.
Basicamente o que se está propondo com a técnica ACO é utilizar a inteligência
de uma colônia de formigas, que conseguem encontrar caminhos curtos entre seu
ninho e a fonte de comida através de comunicação entre os agentes. O objetivo
principal ao utilizar esta técnica para a resolução de problemas de programação de
produção é utilizar esta comunicação a fim de alocar cada ordem de produção em
determinada máquina e definir a seqüência de fabricação dessas ordens, para que o
sim
não
77
tempo total para a conclusão do programa de produção gerado seja mínimo. A lógica
consiste então em cada formiga sair do ninho e ir programando todas as ordens de
produção do sistema até chegar à comida. Cada ordem de produção é escolhida para
ser a próxima a ser agendada com uma probabilidade, a qual depende do tempo de
processamento desta ordem e da informação quanto a quantidade de feromônio
existente na aresta que liga a operação que acaba de ser agendada pela formiga e a
próxima que a mesma vai agendar. Esta informação depende tanto da quantidade de
feromônio depositada por outras formigas que agendaram esta operação e também de
quanto feromônio já foi evaporado nesta aresta.
Como a quantidade de feromônio depositada no caminho que a formiga
percorreu ocorre quando a mesma chega na comida, o que equivale dizer que
ocorre quando a formiga tem uma solução para o problema, verifica-se que na primeira
viagem de todas as formigas a informação quanto a concentração de feromônio nas
arestas não vai interferir nas decisões das formigas, que a quantidade inicial de
feromônio é a mesma em todos as arestas.
Quando todas as formigas chegam à comida, uma certa quantidade de
feromônio será depositada em seu caminho, e obedece a critérios que dependem da
solução encontrada. Esta lógica está mostrada na Figura 17. Quando todas as formigas
tiverem completado todas as suas viagens, o algoritmo chegou ao seu final.
78
Todas as formigas
programam sua
primeira operação
Evapora feromônio do
sistema
As formigas
chegaram a
comida?
Atualiza lista de nós
(operações) factíves
Todas as formigas
agendam sua próxima
operação
Analisar solução
atual encontrada e
atualizar feromônio
Formigas
realizaram
todas as
viagens ?
Atualiza probabilidade
das operações factíveis
Início
Programar
Operações
Fim Programar
Operações
Figura 16: Fluxograma do processo de programação das operações
não
sim
não
sim
79
Início Atualizar
Feromônio
Solução atual
encontrada é melhor
do que a solução
armazenada?
Atualiza feromônio do
caminho desta solução
com importância máxia.
Atualiza feromônio do
caminho desta solução com
importância 5% menor do que
a máxia.
Atualiza feromônio do
caminho desta solução com
importância mínima.
Solução atual
encontrada
é melhor
do que a solução
armazenada*1,05?
Solução atual
encontrada é igual a
solução armazenada?
Há convergência?
Atualiza todos os
edges do
sistema com valor 1.
Fim Atualizar Feromônio
Figura 17: Fluxograma do processo de atualização de feromônio
Como foi dito, quando cada formiga chega ao ninho, a mesma deposita uma
quantidade de feromônio no caminho que realizou. Esta quantidade de feromônio vai
depender única e exclusivamente da qualidade da solução obtida. O que se quer com
sim
não
sim
não
não
sim
sim
não
80
isto é fazer com que as formigas que tenha conseguido caminhos menores, ou
qualidades melhores de soluções, passem as informações relativas a este caminho
para ajudar as outras formigas. Isto é feito com um depósito adicional de feromônio
neste caminho, o que aumenta a probabilidade das outras formigas também optarem
por este caminho.
Em relação ao critério de quanto feromônio depositar, a lógica depende de dois
dados de entrada, a valorização da melhor resposta e quantidade de feromônio
depositada. Se a solução encontrada é melhor ou igual a melhor solução até o
momento, a o depósito de feromônio no caminho será o produto das duas variáveis de
entrada. Se for apenas 5% pior do que a melhor resposta até o momento, terá um
depósito de feromônio neste caminho 5% menor do que a do caso anterior. E
finalmente se a resposta for mais do que 5% pior do que a melhor resposta a o
momento, este caminho receberá uma quantidade mínima de feromônio, ou apenas
uma vez a quantidade de feromônio depositada. Além disso, para que não haja uma
convergência prematura para uma solução qualquer, o sistema utiliza um contador para
contabilizar a quantidade de soluções iguais a melhor solução até o momento. Quando
este número chega a 20, todo o sistema é atualizado com a quantidade inicial de
feromônio. O valor 20 para este “gatilho” foi determinado ao longo da implementação e
testes com o software, por ser um nível que garante que as respostas o podem ser
melhoras a partir daí e também não trazem grande custo no que diz respeito ao custo
computacional para a técnica.
Esta é a descrição básica do software implementado, e que foi utilizado para a
realização dos experimentos, que são explicados mais detalhadamente na próxima
seção.
81
4 Planejamento, realização e análise dos experimentos
Como explicado na seção 1.2, este trabalho pode ser classificado como
experimental, pois o procedimento técnico baseia-se em simulações e análise da
influência de certas variáveis de configuração sobre os cenários específicos de
produção.
Neste sentido, o objetivo principal da fase experimental deste trabalho da
pesquisa é avaliar na prática a aplicação da metaheurística ACO na resolução de um
problema de programação de produção para trás, em um sistema produtivo mono-
estágio, recursos paralelos e roteiros flexíveis.
As seções seguintes têm o objetivo de explanar como os experimentos foram
realizados, bem como realizar as análises para cada objetivo proposto, que são
primeiramente verificar a influência das variáveis de configuração do ACO na qualidade
da solução do problema; e, em um segundo momento, analisar a eficiência do algoritmo
baseado em ACO na resolução do problema estudado neste trabalho.
4.1 Análise da influência das variáveis de configuração do ACO
O objetivo desta primeira análise é observar se alterações no valor das variáveis
ou parâmetros de configuração do sistema trazem alterações no desempenho do
algoritmo, afetando dessa forma a qualidade da solução e o tempo computacional
necessário para a obtenção desta solução. Para a realização desta análise foi utilizado
o experimentos 2
k
onde são avaliadas todas as combinações dos dois níveis de cada
variável de configuração do sistema.
4.1.1 O experimento 2
k
adotado na fase de análise da influência das variáveis de
configuração do ACO
As variáveis de configuração do ACO que estão sendo analisadas neste trabalho
quanto a sua influência na qualidade da solução do problema proposto são: valorização
82
da melhor resposta (VMR), número de formigas (NF), quantidade de feromônio inicial
do sistema (QPI), quantidade adicionada de feromônio ao encontrar-se as soluções
(QAP), número de viagens de cada formiga (NVF) e percentual de evaporação (EV),
totalizando seis variáveis. Para isto, o feitas simulações com dois níveis de valores
para cada uma destas variáveis, sendo uma quantidade mínima e uma quantidade
máxima.
No experimento fatorial 2
k
são realizados ensaios para todas as combinações
possíveis dos dois níveis das 6 variáveis. Para cada cenário tem-se então 2
6
= 64
resultados para o problema. Pode-se definir o delineamento dos experimentos 2
6
conforme representado na Tabela 3, onde o sinal “+” representa o nível mais elevado
para a variável, e “–” o nível menor.
83
Combinações de
Tratamentos
1 (1) - - - - - -
2 A + - - - - -
3 B - + - - - -
4 AB + + - - - -
5 C - - + - - -
6 AC + - + - - -
7 BC - + + - - -
8 ABC + + + - - -
9 D - - - + - -
10 AD + - - + - -
11 BD - + - + - -
12 ABD + + - + - -
13 CD - - + + - -
14 ACD + - + + - -
15 BCD - + + + - -
16 ABCD + + + + - -
17 E - - - - + -
18 AE + - - - + -
19 BE - + - - + -
20 ABE + + - - + -
21 DE - - + - + -
22 ACE + - + - + -
23 BCE - + + - + -
24 ABCE + + + - + -
25 DE - - - + + -
26 ADE + - - + + -
27 BDE - + - + + -
28 ABDE + + - + + -
29 CDE - - + + + -
30 ACDE + - + + + -
31 BCDE - + + + + -
32 ABCDE + + + + + -
33 F - - - - - +
34 AF + - - - - +
35 BF - + - - - +
36 ABF + + - - - +
37 CF - - + - - +
38 ACF + - + - - +
39 BCF - + + - - +
40 ABCF + + + - - +
41 DF - - - + - +
42 ADF + - - + - +
43 BDF - + - + - +
44 ABDF + + - + - +
45 CDF - - + + - +
46 ACDF + - + + - +
47 BCDF - + + + - +
48 ABCDF + + + + - +
49 EF - - - - + +
50 AEF + - - - + +
51 BEF - + - - + +
52 ABEF + + - - + +
53 CEF - - + - + +
54 ACEF + - + - + +
55 BCEF - + + - + +
56 ABCEF + + + - + +
57 DEF - - - + + +
58 ADEF + - - + + +
59 BDEF - + - + + +
60 ABDEF + + - + + +
61 CDEF - - + + + +
62 ACDEF + - + + + +
63 BCDEF - + + + + +
64 ABCDEF + + + + + +
FA B C D E
Tabela 3: Experimento 2
6
utilizado
84
A outra parte da etapa de planejamento dos experimentos é a definição do
número de experimentos necessários para que haja uma confiabilidade estatística
satisfatória.
De acordo com Dally et al. (1993), o uso da distribuição t de Student é a mais
apropriada quando se tem pequenas amostras. Como a distribuição t depende do
tamanho da amostra n, o valor de t pode ser usado para estimar n de tal forma que se
obtenha uma estimativa da média da amostra para uma dada confiança. Para
determinar o tamanho da amostra para o primeiro objetivo, que é o de analisar a
influência das variáveis controláveis na qualidade das soluções, utilizou-se a seguinte
equação:
2
*
=
µ
p
S
tn
(4.1)
Onde:
:
t
valor obtido pela distribuição
t
de Student para a confiança desejada;
:S
desvio padrão;
:
p
precisão;
:
µ
média;
:
n
tamanho da amostra.
O procedimento para encontrar o tamanho da amostra é interativo, onde
primeiramente determina-se um valor para
n
e verifica-se se
t
atende a confiança
desejada. Se não atender, realizam-se novos ensaios, recalcula-se a média e o desvio
padrão repetindo-se o procedimento até a convergência de
n
.
Para os cenários estudados estabeleceu-se a confiança de 95% e precisão de
mais ou menos 1%. Para tanto, obteve-se através do procedimento interativo o número
de 16 amostras.
As configurações adotadas para os níveis baixo e alto dos parâmetros de
configuração do ACO, bem como cenários referentes ao número de ordens a serem
85
programadas e o número de recursos disponíveis estão descritos na Tabela 4. Tais
configurações foram adotadas para a análise da influência desses parâmetros na
qualidade da solução para o problema.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
Mínimo
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
Máximo
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
Mínimo
20
20
20
20
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
Máximo
50
50
50
50
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Mínimo
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Máximo
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
Mínimo
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
Máximo
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Mínimo
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
60
Máximo
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
Mínimo
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Máximo
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
5
Cerios
E QAP
C NVF
B EV
A VMR
F NF
D QPI
6 6 6 6 10
Número de
quinas
3 3 3 3
20 30 45
10 10
Número de
ordens
15 20 30 45 15 20 30 45 15 20 30 45 15
10 10 10 10 10
Tabela 4: Dados para análise do experimento 2
k
Após o término do delineamento dos experimentos, os testes foram realizados.
Para a análise dos resultados obtidos com estes experimentos, foi utilizada a técnica
estatística Análise de Variância para verificar se valores diferentes para as variáveis de
configuração do sistema trariam alguma alteração para a variável que indica a
qualidade da resposta.
A combinação de todos os parâmetros de configuração do sistema apresenta 64
resultados para cada cenário de produção. A análise é feita então com os resultados
dos 16 cenários, ou seja, com as 1.024 (64x16) respostas obtidas. A Tabela 5
corresponde ao quadro ANOVA, que é o quadro padrão para que se faça a análise de
variância, para os resultados dos cenários mostrados na Tabela 4.
86
parâmetro SS GL MS Fo Fcritico
A 315,30 1 315,30 96,51 4
B 19,74 1 19,74 6,04 4
C 72,01 1 72,01 22,04 4
D 35,27 1 35,27 10,79 4
E 17,39 1 17,39 5,32 4
F 9,03 1 9,03 2,76 4
ERRO 186,22 57 3,27
T 533,96 63
ANOVA
Tabela 5: Tabela ANOVA para os experimentos 2
6
Pela análise da Tabela 5, e com base na teoria sobre análise de variância, pode-
se concluir que as variáveis (parâmetros) A, B, C, D e E tem influência sobre os
resultados do problema.
O parâmetro A corresponde a variável valorização da melhor resposta, que pode
influenciar na qualidade da resposta, pois se seu valor for muito pequeno, não será
depositado uma quantidade suficiente de feromônio nos melhores caminhos, o que não
aumentaria a probabilidade de outras formigas seguirem por este mesmo caminho. Da
mesma forma, se este parâmetro receber um valor muito alto, pode fazer com que
todas as formigas apresentem convergência para um determinado caminho muito cedo,
impossibilitando o sistema de encontrar melhores soluções.
O parâmetro B corresponde à variável evaporação, que determina qual a
quantidade de feromônio que os caminhos perdem com o passar do tempo. Maior
quantidade de substância evaporada em determinado tempo pode ser importante para
que uma solução de mínimo local não seja a escolhida.
O parâmetro C corresponde ao número de viagens que cada formiga deve fazer.
Esta influencia na qualidade da solução, pois o feromônio - seja ele multiplicado pelo
valor de valorização caso o caminho percorrido seja o menor, ou uma quantidade
padrão caso não seja - só é depositado quando as formigas fazem uma viagem
completa.
A importância do parâmetro D, que se refere a quantidade de feromônio inicial do
sistema na qualidade das respostas, é percebida ao compará-las com a quantidade de
feromônio adicionado pelas formigas a cada final de viagem. Se a quantidade de
87
feromônio inicial é muito grande e a de feromônio adicionado for muito pequena, por
mais que esta última tenha sua quantidade multiplicada por uma determinada
valorização, em termos proporcionais este aumento vai ser pequeno, e pode não
aumentar significativamente a probabilidade de que as outras formigas optem por este
caminho.
De modo análogo ao parâmetro D, o parâmetro E, que corresponde a quantidade
de feromônio adicionada pelas formigas no final de cada viagem, influência diretamente
a qualidade das respostas, pois dependendo desta quantidade, a probabilidade de que
outras formigas optem por este caminho pode variar drasticamente.
Finalmente, o parâmetro F, que corresponde ao número de formigas do sistema,
não se apresentou significativa ao se analisar sua influência na qualidade das respostas
do problema. Isto porque o feromônio é adicionado nos caminhos percorridos pelas
formigas apenas no final de suas viagens. O que quer dizer que se houver um número
muito grande de formigas mas com cada uma delas fazendo um pequeno número de
viagens, a comunicação entre as formigas não vai ser significativa. A variável F é
classificada então como não significante, isso quer dizer que não se pode afirmar, como
o nível de significância adotado e com o número de experimentos realizados, que
variações nesta variável trará alterações na variável de resposta.
Fo Fcritico Avaliação
A VMR 96,51 4 Significante
B EV 6,04 4 Significante
C NVF 22,04 4 Significante
D QPI 10,79 4 Significante
E QAP 5,32 4 Significante
F NF 2,76 4 Não Significante
Parâmetro
Tabela 6: Tabela resumo dos resultados do experimento 2
k
A Tabela 6 traz um resumo dessa análise, mostrando quais variáveis se
mostraram significantes ou não ao ser realizado o experimento 2
k
proposto.
A análise dos experimentos realizados nesta parte do trabalho serviu para
verificar a influência dos parâmetros de configuração do sistema na qualidade das
respostas para o problema proposto. Isto porque se verificou a lógica de inteligência da
88
técnica ACO, que tem como principal estratégia, o uso da informação entre os agentes,
no caso as formigas, para que encontrem o menor caminho do ninho a a fonte de
comida, utilizando para isto uma estratégia que consiste em adicionar certa quantidade
de feromônio nos caminhos percorridos. Dessa forma, todas as variáveis, que de uma
forma ou de outra influenciam nesta quantidade de feromônio adicionada em cada
caminho, se mostram significativas na análise de sua influência na qualidade das
respostas.
4.2 Análise da eficiência da metaheurística ACO
Com a análise referente à influência das variáveis de controle sobre a qualidade
das respostas para o problema proposto, novos experimentos foram realizados para a
verificação da eficiência da técnica proposta (ACO) na resolução de problemas de
programação de produção adotados neste trabalho.
Para testar a eficiência do uso da metaheurística ACO na otimização da
programação de produção em sistemas produtivos semelhantes ao adotado neste
trabalho, foram realizados testes comparativos da solução gerada pela metaheurística
ACO com soluções obtidas através do método de otimização branch and bound,
através de um software já implementado por Vieira (2008).
Os parâmetros de configuração para do sistema utilizados para os testes
comparativos foram determinados também conforme metodologia proposta por
Montgomery & Runger (2004), e que consiste basicamente em escolher o nível da
variável em que a soma das médias das respostas seja maior. Os parâmetros utilizados
foram os seguintes:
VMR = 5
NF = 50
QPI = 10
QAP = 50
NVF = 100
EV = 5
89
Como mostrado na seção 4.1, o parâmetro referente ao número de formigas do
sistema não se mostrou significante. Ainda segundo Montgomery & Runger (2004),
nestes casos deve-se optar por um nível do parâmetro que otimize a economia, a
operacionalidade ou algum outro fator técnico preponderante ao se executar o
algoritmo. A única alteração realizada foi neste parâmetro, para o qual se utilizou como
valor o número 10, o que diminui o tempo computacional necessário para se chegar a
resposta, e não altera a qualidade da mesma, que esta variável não se mostrou
significante na realização do experimento 2
k
.
Para a realização desta segunda fase dos experimentos, foi considerado um
sistema produtivo que tivesse a possibilidade de produção de 20 ítens, ou seja, haviam
cadastrado no software 20 produtos. Ao todo foram realizados os experimentos para 9
cenários diferentes, onde nos 3 primeiros cada produto tinha um conjunto de roteiros
flexíveis composto de 5 roteiros (máquinas ou recursos), numerados de I a V. Nos
outros 6 cenários, foi considerado que cada produto poderia passar por 10 roteiros
(máquinas ou recursos) diferentes, numerados de I a X.
O sistema produtivo que está sendo utilizado nesta pesquisa, conforme
explicado, é formado por apenas um estágio de processamento (mono-estágio). Isto
quer dizer que os produtos passam por apenas 1 máquina (recurso). Este sistema
possui máquinas paralelas, ou roteiros flexíveis, o que quer dizer que um produto pode
passar por qualquer uma das máquinas do sistema. Estas máquinas são diferentes, ou
possuem velocidades de produção diferentes. As velocidades para os 20 produtos
considerados em cada roteiro (máquina ou recurso) estão mostradas na Tabela 7, e
foram atribuídos de forma intencional para que pudesse representar da melhor forma
possível casos reais onde a velocidade de produção de diferentes produtos em
diferentes máquinas são realmente diferentes.
Quando considerado um cenário com 5 máquinas e um determinado produto A, o
mesmo poderia passar pelas máquinas I, II, III, IV ou V. As velocidades de produção
em cada máquina são 5, 6, 7, 8 e 9 unidades/hora respectivamente. Quando
considerado um cenário com 10 máquinas, o produto A poderia passar pelas máquinas
I, II, III, IV, V, VI, VII, VII, IX ou X. As velocidades de produção são respectivamente
90
para cada quina 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 unidades/hora. Isto tudo está
definido na Tabela 7.
I II III IV V VI VII VIII IX X
Produto A 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Produto B 7 6 5 6 7 8 9 10 11 12
Produto C 17 15 13 11 9 7 5 7 9 11
Produto D 9 8 7 6 5 6 7 8 9 10
Produto E 7 5 7 9 11 13 15 17 19 21
Produto F 10 9 8 7 6 5 6 7 8 9
Produto G 8 7 6 5 7 9 11 13 15 17
Produto H 12 11 10 9 8 7 6 5 6 7
Produto I 21 19 17 15 13 11 9 7 5 7
Produto J 27 25 23 21 19 17 15 13 11 9
Produto K 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5
Produto L 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10
Produto M 29 27 25 23 21 19 17 15 13 11
Produto N 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6
Produto O 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9
Produto P 6 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Produto Q 11 9 7 5 7 9 11 13 15 17
Produto R 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Produto S 7 6 5 6 7 8 9 10 11 12
Produto T 9 8 7 6 5 6 7 8 9 10
Roteiros (máquinas)
Velocidade de Produção (unidades/hora)
Tabela 7: Velocidade de produção para cada produto em cada roteiro
Sobre as características dos cenários utilizados para a análise quanto à
eficiência do ACO para o problema proposto, foi mostrado então que o mesmo
consiste de um sistema que há 20 produtos cadastrados. Existem 9 cenários diferentes,
nos quais 3 primeiros cada produto pode passar por 5 máquinas diferentes, e nos
outros 6 cenários, cada produto pode passar por 10 máquinas diferentes.
Cada um dos 9 cenários possui uma quantidade de OPs (ordens de produção) a
serem programadas. Aqui, cada OP corresponde a um Job que determina certa
quantidade de um produto a ser produzido. Nesta parte do trabalho foi considerado que
cada cenário seria caracterizado por possuir 20, 40, 60, 80, 100 ou 120 OPs.
91
A Tabela 8 mostra a quantidade de cada produto a ser produzido em cada OP
para cada cenário.
Job
Quant.
Job
Quant.
Job
Quant.
Job
Quant.
Job
Quant.
Job
Quant.
Produto A 1 220 21 730 41 110 61 110 81 700 101 700
Produto B 2 150 22 560 42 300 62 75 82 530 102 530
Produto C 3 450 23 580 43 225 63 225 83 550 103 550
Produto D 4 370 24 370 44 740 64 185 84 340 104 340
Produto E 5 890 25 960 45 445 65 445 85 930 105 930
Produto F 6 450 26 790 46 900 66 225 86 760 106 760
Produto G 7 670 27 450 47 335 67 335 87 420 107 420
Produto H 8 1.350 28 645 48 675 68 675 88 615 108 615
Produto I 9 850 29 375 49 425 69 425 89 345 109 345
Produto J 10 760 30 490 50 1.520 70 380 90 460 110 460
Produto K 11 490 31 760 51 245 71 245 91 730 111 730
Produto L 12 375 32 850 52 750 72 188 92 820 112 820
Produto M 13 645 33 1.350 53 323 73 323 93 1.320 113 1.320
Produto N 14 450 34 670 54 900 74 225 94 640 114 640
Produto O 15 790 35 450 55 395 75 395 95 420 115 420
Produto P 16 960 36 890 56 480 76 480 96 860 116 860
Produto Q 17 370 37 370 57 740 77 185 97 340 117 340
Produto R 18 580 38 450 58 290 78 290 98 420 118 420
Produto S 19 560 39 150 59 280 79 280 99 120 119 120
Produto T 20 730 40 220 60 365 80 365 100 190 120 190
100 OPs (Jobs )
120 OPs
(Jobs)
20 OPs (
Jobs
)
40 OPs (Jobs )
60 OPs (
Jobs
)
80 OPs (
Jobs
)
Tabela 8: Quantidade de cada produto em cada ordem de produção
De forma resumida, para a análise da eficiência da técnica ACO, os cenários
adotados são os mostrados na Tabela 9.
Número de
Número de Jobs
Cenário Máquinas OPs
1 5 20
2 5 40
3 5 60
4 10 20
5 10 40
6 10 60
7 10 80
8 10 100
9 10 120
Tabela 9: Cenários para realização dos testes de eficiência do ACO
92
Os indicadores de desempenho da qualidade das soluções geradas foram o
mínimo makespan e o tempo computacional necessário para se chegar a solução. A
metodologia utilizada para a análise comparativa das duas técnicas foi o Teste de
Hipótese com duas amostras, utilizando o teste de hipótese para diferença entre duas
médias e teste de hipótese para diferença entre duas variâncias.
As Tabelas 10 e 11 mostram os resultados obtidos com os experimentos dos
cenários mostrados na Tabela 9, onde na coluna intitulada BB estão os resultados para
a técnica branch-and-bound e na coluna intitulada ACO estão os resultados para a
técnica implementada neste trabalho.
BB ACO
1 14,01 13,29
2 25,51 26,33
3 38,24 38,26
4 10,84 11,30
5 18,26 19,05
6 24,37 29,20
7 36,41 38,36
8 40,72 43,81
9 56,89 62,39
Função Objetivo (Makespan)
Cenário
Métodos
Tabela 10: Resultados do makespan para os cenários estudados
93
BB ACO
1 1 14
2 3 56
3 14 93
4 547 28
5 1.298 112
6 3.254 186
7 8.620 357
8 19.865 800
9 23.838 2.867
Cenário
Métodos
Tempo Computacional (segundos)
Tabela 11: Tempo computacional para obtenção dos resultados da Tabela 9
Primeiramente, foi aplicado o teste F para os resultados das duas variáveis de
resposta estudadas, função objetivo (makespan) e tempo computacional. Com isto,
pode-se verificar se as variâncias entre as duas técnicas, levando-se em consideração
as duas variáveis, eram significativamente diferentes, para daí sim aplicar o teste t, para
verificar se a diferença entre as médias dos resultados das duas variáveis são
diferentes, podendo-se então tirar conclusões sobre a eficiência da cnica ACO na
otimização da programação de produção para o caso estudado.
4.2.1 O teste F para as 2 variáveis de resposta
O teste F foi executado para verificação quanto à diferença das variâncias das
duas amostras, tanto nas respostas da função objetivo (makespan), quanto ao tempo
computacional necessário para obter estas respostas. Para isto, utilizou-se a ferramenta
Análise de dados do Microsoft Excel 2007, mais especificamente a função Teste F:
duas amostras para variâncias, com um nível de significância α=5%.
A Tabela 12 representa o resultado para o teste F relativo a análise das
variâncias dos resultados do makespan das duas técnicas a serem comparadas.
94
Teste-F: duas amostras para variâncias do
makespan
BB ACO
Média 29,47 31,33
Variância 219,61 265,60
Observações 9 9
gl 8 8
F 0,83
P(F<=f) uni-caudal 0,40
F crítico uni-caudal 0,29
Tabela 12: Teste F para variâncias do makespan
Como o F
o
> Fc, (0,83 > 0,29) a hipótese nula, que pressupõe que as variâncias
das duas amostras o iguais, não deve ser aceita, ou seja, evidência de que
diferença entre as variâncias é significativa.
A Tabela 13 representa o resultado para o teste F relativo a análise das
variâncias do tempo computacional gasto para a obtenção dos resultados para cada
cenário e para cada técnica.
Teste-F: duas amostras para variâncias do tempo computacional
BB ACO
Média 6.382 501
Variância 85.393.845 848.108
Observações 9 9
gl 8 8
F 100,69
P(F<=f) uni-caudal 0,00
F crítico uni-caudal 3,44
Tabela 13: Teste F para variâncias do tempo computacional
Como o F
o
>Fc, (100,69 > 3,44) a hipótese nula, que pressupõe que as variâncias
das duas amostras são iguais, não deve ser aceita, ou seja, evidência de que a
diferença entre as variâncias é significativa relativa ao tempo computacional.
95
4.2.2 O teste t para as 2 variáveis de resposta
Os resultados do teste F para as duas variáveis de resposta mostraram que nos
dois casos as variâncias entre as amostras são diferentes. Isto indica que o teste t para
análise da diferença entre as médias dos resultados das duas variáveis estudadas deve
ser o teste t para duas amostras presumindo variâncias diferentes.
O teste t foi executado para verificação quanto à diferença entre as médias das
duas amostras, tanto nas respostas da função objetivo (Makespan), quanto ao tempo
computacional necessário para obter estas respostas. Para isto, utilizou-se a ferramenta
Análise de dados do Microsoft Excel 2007, mais especificamente a função Teste t: duas
amostras presumindo variâncias diferentes, com um nível de significância α=5%.
A Tabela 14 representa os resultados do testes t para os dados referentes ao
makespan das duas técnicas comparadas.
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias diferentes para o
makespan
BB ACO
Média 29,47 31,33
Variância 219,61 265,60
Observações 9 9
Hipótese da diferença de média 0
gl 16
Stat t -0,25
P(T<=t) uni-caudal 0,40
t crítico uni-caudal 1,75
P(T<=t) bi-caudal 0,80
t crítico bi-caudal 2,12
Tabela 14: Testes t para o makespan
No caso da comparação das dias dos resultados relativos ao makespan nas
duas técnicas, a hipótese nula deve ser aceita, pois o p-value = 40%, que é maior do
que o nível de significância adotado de 5%. Isto quer dizer que a diferença entre as
médias não é significante.
96
Os resultados do testes t para os dados referentes ao tempo computacional das
duas técnicas comparadas é apresentado na Tabela 15.
Teste-t: duas amostras presumindo variâncias diferentes para o tempo computacional
BB ACO
Média 6.382 501
Variância 85.393.845 848.108
Observações 9 9
Hipótese da diferença de média 0
gl 8
Stat t 1,900
P(T<=t) uni-caudal 0,047
t crítico uni-caudal 1,860
P(T<=t) bi-caudal 0,094
t crítico bi-caudal 2,306
Tabela 15: Teste t para o tempo computacional
No caso da comparação das médias dos resultados relativos ao tempo
computacional nas duas técnicas, a hipótese nula deve ser rejeitada, pois o p-value =
4,7%, que é menor do que o nível de significância adotado de 5%. Isto quer dizer que a
diferença entre as médias é significante.
97
Cenário BB ACO BB ACO
1 14,01 13,29 1 14
2 25,51 26,33 3 56
3 38,24 38,26 14 93
4 10,84 11,30 547 28
5 18,26 19,05 1.298 112
6 24,37 29,20 3.254 186
7 36,41 38,36 8.620 357
8 40,72 43,81 19.865 800
9 56,89 62,39 23.838 2.867
Fo Fc Fo Fc
Teste F 0,83 0,29 100,69 3,44
t α t α
Teste t 40,0% 5,0% 4,7% 5,0%
Makespan
Tempo Computacional (s)
Makespan
Tempo Computacional (s)
Makespan
Tempo Computacional (s)
Tabela 16: Resumo dos resultados da análise da eficiência do ACO
Com base em todos os experimentos realizados nesta parte do trabalho, a
Tabela 16, que é um resumo de todas as tabelas apresentadas nesta seção, traz um
resumo dos resultados encontrados o que é necessário para as principais conclusões
do trabalho.
Os objetivos que nortearam esta pesquisa estavam suportados por duas
questões básicas, que foi primeiramente verificar se a metaheurística ACO é uma
técnica viável para a solução de problemas de otimização da programação de produção
para trás em sistemas produtivos mono-estágio, com recursos paralelos e velocidades
de produção diferentes, e com roteiros flexíveis para os produtos. A outra questão
básica da pesquisa, e que foi necessária também para responder a primeira questão,
buscou verificar através de uma comparação direta com a técnica branch and bound, se
a metaheurística ACO é eficiente ao levar-se em consideração a qualidade do
programa de produção gerado, medido pelo makespan, e também em relação ao tempo
computacional necessário para a geração destes programas de produção.
98
As questões centrais da pesquisa são então respondidas na medida em que os
resultados dos testes realizados demonstram que a metaheuística ACO é uma técnica
viável para a programação de produção em ambientes similares ao proposto, através
da demonstração de forma comparativa que a meaheurística ACO é eficiente ao ser
comparada com a técnica branch and bound no que diz respeito à qualidade do
programa gerado, concluindo que estatisticamente não pode-se afirmar que os
programas tem makespans diferentes, e demonstrando também que em termos de
custo computacional, a metaheurística ACO é superior se comparada com a técnica
branch and bound.
99
5 CONCLUSÕES
O objetivo principal deste trabalho foi verificar se a técnica conhecida como Ant
Colony Optimization (ACO) é eficiente na otimização da programação de produção.
Para isso, uma análise das variáveis de configuração da metaheurística quanto a sua
influência na variação da qualidade da resposta do problema foi necessária e também
foi objetivo de estudo deste trabalho.
Para a realização destas análises, um aprofundamento teórico sobre os assuntos
ligados direta ou indiretamente ao tema foram feitos através da revisão da literatura
sobre o assunto, no qual se discutiu desde a classificação dos sistemas de produção, a
problemática da programação de produção passando pela sua definição formal,
algumas técnicas utilizadas na resolução de problemas de programação de produção, e
uma discussão mais aprofundada no que diz respeito a metaheurística propriamente
dita.
Realizou-se também uma discussão de como a técnica ACO tem sido aplicada
na resolução de problemas de programação de produção e uma modelagem para o
problema proposto, que consiste em programar a produção em um sistema produtiva
mono-estágio, com máquinas paralelas e com velocidades diferentes, e roteiros
flexíveis para dos os jobs.
Para a verificação da influência das variáveis controláveis do processo na
qualidade da resposta do problema, foi realizado um experimento 2
k
, e logo após uma
análise de variância com os resultados obtidos. Na análise da eficiência da técnica ACO
para resolver problemas de programação de produção em um sistema de produção
equivalente ao estudo neste trabalho, foi realizado o teste de hipótese, teste t.
Com a análise de variância dos resultados a partir do experimento 2
k
, foi possível
concluir que as seguintes variáveis se mostraram significantes quanto à influência na
qualidade das respostas para o problema tratado: valorização da melhor resposta
(VMR), evaporação (EV), quantidade de feromônio inicial (QPI), quantidade de
feromônio adicionado (QAP) e número de viagens das formigas (NVF). Isto corresponde
em termos estatísticos a ter um F observado maior do que o F crítico com um grau de
100
confiança de 95%. A única variável, entre as estudadas, que não se mostrou
significante foi a referente ao número de formigas do sistema (NF), pois apresentou um
F observado menor do que o F crítico com um grau de confiança de 95%.
Esta primeira parte dos experimentos foi necessária primeiramente para verificar
quais variáveis de configuração do sistema influenciam na qualidade da resposta do
algoritmo; também para a definição de qual nível seria o ideal para ser utilizada por
cada variável na segunda fase dos experimentos, que nesta o objetivo foi analisar a
eficiência da metaheurística ACO. Dessa forma, quanto melhor fosse o resultado, mais
eficiente se mostraria a técnica, e para isso, a escolha do nível ideal para as variáveis
de configuração é fundamental.
Para análise quanto à eficiência da técnica ACO foi feita, tanto para a qualidade
da resposta para o problema, quanto ao tempo computacional gasto para se chegar a
esta resposta, uma comparação com a técnica branch and bound, através de um
software já implementado.
Com este direcionamento, foi realizado o teste t, que é um teste de hipótese para
verificar se a diferença entre as médias dos resultados das duas técnicas, tanto no que
diz respeito a qualidade da resposta (makespan) quanto ao tempo computacional
necessário para obter esta resposta. Após a realização do teste t, pode-se concluir que
a diferença entre as médias das respostas para o problema proposto não eram
significativas, ou seja, com os testes realizados, não se pode afirmar que diferença
entre a média dos resultados das duas técnicas.
Isso permite concluir que, levando-se em consideração a forma de
implementação utilizada no trabalho, as variáveis de configuração bem como seu níveis
da metaheurística ACO e, ainda, o cenário de produção em que a esta foi aplicada, a
técnica ACO é eficiente na otimização da programação de produção se comparada com
a técnica branch and bound.
Quanto ao tempo computacional, o teste t indicou ainda que a técnica ACO é
mais adequada para a resolução do problema de otimização da programação de
produção para trás, em sistemas produtivos compostos de apenas um estágio de
processamento, com recursos paralelos e roteiros flexíveis, principalmente nos casos
101
em que o número de recursos e o número de jobs é grande. O teste de hipótese
mostrou que diferença entre as médias das respostas das duas técnicas e numa
comparação direta pode-se verificar claramente que o tempo necessário para se chegar
a resposta para o problema aumenta em proporção muito maior na técnica branch and
bound do que na técnica ACO na medida que a complexidade do problema também
aumenta.
5.1 Limitações da pesquisa e sugestões para trabalhos futuros
As conclusões desta pesquisa limitam-se apenas ao problema nela abordado,
que é o de programar a produção em um sistema de produção mono-estágio, com
máquinas paralelas e com velocidades diferentes, e roteiros flexíveis para todos os
jobs. Do mesmo modo, há que se destacar que a técnica ACO tem sido implementada
de diferentes formas para a resolução de diferentes problemas, o que limita as
conclusões deste trabalho apenas para implementações equivalentes as que aqui
foram feitas, principalmente no que diz respeito aos parâmetros controláveis adotados,
seus níveis e a lógica de funcionamento do algoritmo.
Para pesquisas futuras, sistemas produtivos com as características iguais ao
estudado aqui, porém com mais de um estágio de processamento, poderiam ser
colocados como problema para a técnica ACO pudesse resolvê-los. Isto poderia ser
feito através primeiramente do cadastro de mais recursos, que seriam utilizados em
fazes subseqüentes, uma definição no algoritmo que indique que cada produto deve
passa por mais de um recurso, em quais recursos deve passar e finalmente em qual
seqüência deve passar. Um ambiente de programação para frente também poderia ser
estudado, o que implicaria apenas em não definir uma data para que as ordens estejam
prontas, mas sim uma data inicial para que todas as ordens possam começar a ser
produzidas. Implementações diferentes do ACO para o mesmo cenário também
poderiam ser testadas e comparadas, podendo ser alterado o fato, por exemplo, de a
evaporação poder ocorrer em cada movimento das formigas, e não somente quanto
chegam a fonte de comida, bem como diferentes variáveis da metaheurística poderiam
102
ser adicionadas e testadas para diferentes níveis de valores. Além disso, um estudo
que levasse em consideração uma função multiobjetivo, ou seja, outros objetivos a
serem maximizados além do makespan, tais como atraso médio na entrega dos
pedidos, tempo médio de fluxo das ordens e nível de ocupação dos recursos também
trariam avanços em relação ao presente estudo.
103
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