Download PDF
ads:
LUIGI BROLLO
ASSOCIAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA COM O
DIABETES MELLITUS E A SÍNDROME METABÓLICA
EM NIPO-BRASILEIROS
Tese apresentada à Universidade Federal de
São Paulo - Escola Paulista de Medicina para
obtenção do título de Doutor em Ciências.
São Paulo
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
LUIGI BROLLO
ASSOCIAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA COM O
DIABETES MELLITUS E A SÍNDROME METABÓLICA
EM NIPO-BRASILEIROS
Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de
Doutor em Ciências.
Orientador: Prof. Dr. Rui Manuel dos Santos Póvoa
Co-orientadora: Prof. Dra. Maria Teresa Nogueira Bombig
SÃO PAULO
2008
ads:
Brollo, Luigi
Associação do eletrocardiograma com o diabetes mellitus e a
síndrome metabólica em nipo-brasileiros./Luigi Brollo. -- São Paulo, 2008.
xv, 58.f.
Dissertação (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo.
Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em
Cardiologia.
Relationship between electrocardiogram with diabetes mellitus
and metabolic syndrome in Japanese-Brazilians.
1. nipo-brasileiros. 2. síndrome metabólica. 3. diabetes mellitus.
4. necrose miocárdica. 5. hipertrofia ventricular esquerda.
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE MEDICINA
DISCIPLINA DE CARDIOLOGIA
Chefe do Departamento de Medicina: Prof. Dr. Angelo Amato Vincenzo de Paola
Coordenador do Curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Valdir Ambrósio Moises
iv
LUIGI BROLLO
ASSOCIAÇÃO DO ELETROCARDIOGRAMA COM O
DIABETES MELLITUS E A SÍNDROME METABÓLICA
EM NIPO-BRASILEIROS
Presidente da banca: Prof. Dr. Rui Manuel dos Santos Póvoa
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Prof. Dr.
Suplentes
Prof. Dr.
Prof. Dr.
v
D
EDICATÓRIA
Com todo amor e admiração aos meus pais Maria e Giuseppe,
e meu querido filho Luiz Augusto, que devem estar sorrindo em algum
lugar...
Aos meus sogros Wanda e Álvaro pelo carinho e amor.
E especialmente à minha esposa Sonia e minha filha querida Liliana,
pelo amor, estímulo e paciência.
Com todo amor..
vi
A
GRADECIMENTOS
E
SPECIAIS
Ao orientador e amigo Prof. Dr. Rui Manuel dos Santos Póvoa
por ter acreditado e confiado em mim. Obrigada pela paciência... Ao longo
da confecção deste trabalho descobri um grande profissional e amigo.
À co-orientadora e amiga Dra. Maria Teresa Nogueira Bombig
Pela sua orientação, apoio e incentivo constantes.
vii
A
GRADECIMENTOS
Disciplina de Cardiologia – Universidade Federal de São Paulo:
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos de Camargo Carvalho, Professor Titular da
Disciplina de Cardiologia do Departamento de Medicina da Universidade Federal de
São Paulo - Escola Paulista de Medicina, Chefe da Disciplina de Cardiologia, pelo
exemplo de dedicação.
Ao Prof. Dr. Angelo Amato V. de Paola, Professor Titular da Disciplina de
Cardiologia do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo -
Escola Paulista de Medicina, Chefe do Departamento de Medicina pelo apoio constante
e dedicação ao trabalho desenvolvido nestes últimos anos.
Ao Prof. Dr. Valdir Ambrósio Moises, Chefe da Pós-Graduação em
Cardiologia, Disciplina de Cardiologia, Departamento de Medicina da Universidade
Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina.
Ao Prof. Dr. Japy Angelini de Oliveira Filho, Prof. Dr. Orlando Campos
Filho, Prof. Dr. Nabil Mitre, Prof. Dr. Nelson Kasinski, Dr. Edson Stefanini, Dra.
Yoná Afonso Francisco, Dr Bráulio Luna Filho, Dr. Francisco Helfeinstein
Fonseca, Dra. Cristina de Oliveira Izar, Dr. José Marcos Thalenberg, Dra. Amélia
Hirai, Dra. Helena Harima pelos ensinamentos científicos e exemplos de brilhantismo
profissional durante o curso de pós-graduação.
Ao Dr. Carlos Manoel Monteiro, Dr. Cleber Mazzaro, Dra. Maria Auxiliadora
Santos, Dra. Maria Hannelore Acevedo, Dr. Sérgio Brandão, Dr. William Costa,
Enfermeira Fabiane Rosa Rezende pós-graduandos da Disciplina de Cardiologia do
Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de
Medicina, pela amizade, companheirismo e apoio.
viii
Às secretárias da Disciplina de Cardiologia Edileuza da Silva Cunha e Maria
Cristina Almeida, Vânia Faria Sabino, Maria de Lourdes Oliveira, Solange
Generoso pela amizade e paciência.
Aos amigos do Ambulario de Hipertensão da Disciplina de Cardiologia: Mônica,
Darce, Ana, Cristina, Teresa, Altamira, Simone, Edson, Cleide pela disposição, boa
vontade e amizade.
A todos os colegas da Pós-Graduação em Cardiologia, pelo apoio e incentivo.
Aos membros do JBDSG (Japanese-Brazilian Diabetes Study Group):
AT Hirai, K Osiro, LJ Franco, LC Iochida, M Iunes (in memorian), SRG Ferreira, SGA
Gimeno (Depto. de Medicina Preventiva, UNIFESP, São Paulo, SP); LK Matsumura,
RS Moisés (Depto. de Medicina Interna, UNIFESP, São Paulo, SP); N Barros Jr.
(Depto. de Cirurgia, UNIFESP, São Paulo, SP); DDG Lerario (Depto. de Medicina,
Disciplina de Endocrinologia, UNIFESP, São Paulo, SP); M Kikuchi (Universidade de
São Paulo, SP); MA Cardoso (Depto. de Epidemiologia e Saúde Pública, Faculdade de
Medicina de São José de Rio Preto, São Paulo); N Tomita (Faculdade de Odontologia,
Universidade de São Paulo, Bauru, SP); R Chaim (Faculdade de Nutrição,
Universidade Sagrado Coração, Bauru, SP); K Wakisaka (Centro de Estudos Nipo-
Brasileiros, São Paulo, SP).
Este trabalho contou com o apoio da FAPESP, (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo).
ix
“Va far te a tesi”
(Vá fazer a tua tese – dialeto vêneto)
(Maria Brollo)
x
S
UMÁRIO
Dedicatória
Agradecimentos
Lista de figuras
Lista de quadros
Lista de
Lista de abreviaturas, símbolos e expressões
Resu
mo
1. INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
2. Revisão da literatura
2.1 Síndrome Metabólica
2.2 Diabetes Mellitus
2.3 Hipertrofia Miocárdica
2.4 O Eletrocardiograma
3. MÉTODOS
3 1
Método Estatístico
4. RESULTADOS
5. DISCUSSÃO
6. CONCLUSÕES
7. REFERÊNCIAS
Abstract
v
vi
xi
xii
xiii
xiv
xv
1
3
4
10
15
19
23
28
31
32
37
44
46
xi
L
ISTA DE
F
IGURAS
Figura 1.
Vapor KASATO MARU
8
Figura 2.
Fisiopatologia do Diabetes Mellitus não Insulino Dependente
16
xii
L
ISTA DE
Q
UADROS
Quadro1.
Componentes da Síndrome Metabólica segundo a NCEP-ATPIII e I
Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome
Metabólica
11
Quadro 2.
Cririos diagnósticos para síndrome metabólica conforme a IDF e a
IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da
Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade
Brasileira de Cardiologia
14
Quadro 3.
Interpretação clínica dos valores de glicemia
15
Quadro 4.
Sistema de pontos e escore de Romhilt-Estes para Hipertrofia
Ventricular Esquerda
22
Quadro 5.
Sensibilidade e especificidade dos diversos critérios
eletrocardiográficos para Hipertrofia Ventricular Esquerda
23
Quadro 6.
Classificações utilizadas pelo Código de Minnesota
25
Quadro 7.
Ondas Q e QS
26
xiii
L
ISTA DE
T
ABELAS
Tabela 1.
Características demográficas, clínicas e eletrocardiográficas dos 1042
nipo-brasileiros.
34
Tabela 2.
Relação de diabetes mellitus (DM) com a presença de necrose
miocárdica e HVE ao ECG, (população nipo-brasileira).
34
Tabela 3.
Relação de diabetes mellitus (DM) com a presença de necrose
miocárdica e HVE ao ECG, (população issei e nissei).
35
Tabela 4.
Relação de síndrome metabólica (SM) com a presença de necrose
miocárdica e HVE ao ECG, (população nipo-brasileira)
35
Tabela 5.
Relação de síndrome metabólica (SM) com a presença de necrose
miocárdica e HVE ao ECG, (população issei e nissei).
36
xiv
L
ISTA DE ABREVIATURAS
,
SÍMBOLOS E EXPRESSÕES
A.C.: Antes de Cristo
HVE: Hipertrofia Ventricular Esquerda
DM: Diabetes Mellitus
SM: Síndrome Metabólica
ECG: Eletrocardiograma
g: Grama
mm: Milímetros
cm: Centímetros
dl: Decilitros
DP: Desvio padrão
Hg: Mercúrio
IMC: Índice de massa corpórea
IDF: International Diabetes Federation, (Federação Internacional de Diabetes)
QRS: Complexo de ondas eletrocardiográficas, equivalente à despolarização
ventricular
Q-Qs: Deflexão negativa no início do complexo QRS, equivalente a necrose miocárdica
ST-T: Complexo de ondas eletrocardiográficas equivalente à repolarização ventricular
HDL-Colesterol: partículas de colesterol de alta densidade
LDL-Colesterol: partículas de colesterol de leve densidade
VLDL-Colesterol: partículas de colesterol de muito leve densidade
Issei: nipo-brasileiros de primeira geração (nascidos no Japão)
Nissei: nipo-brasileiros de segunda geração (nascidos no Brasil)
xv
R
ESUMO
Objetivo: Analisar a presença de necrose miocárdica e hipertrofia ventricular esquerda
(HVE) pelo ECG e sua relação com DM e SM em população de nipo-brasileiros.
Métodos: Estudo transversal que avaliou 1042 nipo-brasileiros acima de 30 anos, 202
nascidos no Japão (isseis) e 840 nascidos no Brasil (nisseis), provenientes da segunda
fase do estudo Japanese-Brazilian Diabetes Study Group iniciado em 2000. A SM foi
definida pelos critérios da NCEP-ATP III modificados para os japoneses. A presença de
DM e SM se associou ao encontro de necrose miocárdica pelo critério de Minnesota e
de HVE pelo critério de Perugia no ECG. Utilizou-se o método estatístico do qui-
quadrado e t pareado para rejeição da hipótese de nulidade. Resultados. Dos 1042
participantes 35,3% tinham DM (38,6% entre os isseis e 34,5% nos nisseis); 51,8%
tinham SM (59,4% nos isseis e 50,0% nos nisseis). A presença de zona inativa nos
isseis diabéticos não foi estatisticamente significante quando comparada com os não
diabéticos, porém entre os nisseis diabéticos a zona inativa estava presente em 7,5%.
Houve correlação estatisticamente significante entre a SM e HVE nos isseis e nisseis.
Conclusões: Distúrbios metabólicos tiveram alta prevalência em nipo-brasileiros com
correlações significantes com necrose e hipertrofia pelo ECG.
1. INTRODUÇÃO
2
Populões têm migrado continuamente ao longo da história, com impactos
variáveis na interação desses grupos nas novas sociedades. Na primeira metade do
século passado um número expressivo de japoneses aportou ao Brasil, tornando-se hoje
a principal comunidade nipônica fora do Japão (cerca de 1.300.000 pessoas), com 65%
vivendo no estado de São Paulo (Ferreira et al., 1995).
A migração japonesa para as Américas (Estados Unidos e Brasil) provocou
mudanças importantes nos hábitos alimentares nesse grupo com maior consumo de
proteínas, gorduras e carboidratos não complexos, redução da atividade física e elevação
dos níveis de estresse. Este processo foi chamado de ocidentalização (Marmot, Syme,
1976; Reed et al., 1982; Hara et al., 1994; Hara et al., 1996; Ueshima et al., 2003;
Nakanishi et al., 2004; Freire et al., 2005; Sartorelli et al., 2005; Bertolino et al., 2006).
A ocidentalização trouxe conseqüências à saúde tais como os aumentos das taxas
de diabetes mellitus tipo 2 (DM 2) acima dos valores encontrados no Japão e tamm no
Brasil, da resistência à insulina e conseqüente elevação da insulinemia
e da incidência de
síndrome metabólica (SM) (Malerbi, Franco, 1992; Hara et al., 1994; Iunes et al., 1994;
Franco, 1996; Nakanishi et al., 2004).
Takeuchi et al. (2005), utilizando os critérios da NCEP-ATP III modificados para
japoneses (cintura abdominal normal inferior a 90cm para mulheres e 85cm para
homens) encontraram uma incidência de 25,3% de SM em japoneses do sexo masculino
residentes em Hokkaido, Japão (Matsuzawa et al., 2002; Matsuzawa, 2005).
Rosembaum et al. (2005), utilizando os critérios da NCEP-ATP III para asiáticos (90cm e
85cm para homens e mulheres respectivamente), encontraram 56,8% de SM (três vezes
a encontrada na população americana) e aumento da obesidade abdominal em nipo-
brasileiros de primeira (isseis) e segunda (nisseis) geração vivendo na cidade de Bauru,
São Paulo. Outros autores tamm observaram grande incidência de mortalidade
cardiovascular nos diabéticos e intolerantes à glicose nesta mesma população (Ford et
al., 2002; Gimeno et al., 2005).
Estudos epidemiológicos que utilizaram o eletrocardiograma (ECG) para a
investigação da presença de hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE), como o GUSTO IV
mostraram a importância desse diagnóstico como preditor de síndrome coronariana
aguda. Os estudos RIFLE Pooling Project e o NIPPON DATA80 enfatizaram a
importância das ondas “q” de necrose miocárdica também como marcadores de risco de
doenças cardiovasculares, em especial doenças isquêmicas (Menotti, Seccareccia, 1997;
Horibe et al., 2005; Westerhout et al., 2007).
3
1.1 Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de distúrbios metabólicos como
diabetes mellitus e síndrome metabólica em duas gerações de nipo-brasileiros e sua
relação com a hipertrofia ventricular esquerda e a necrose miocárdica diagnosticados
pelo eletrocardiograma.
4
2. Revisão da Literatura
5
A espécie humana sempre esteve à procura de inovações, idéias para melhorar
seu bem estar, sua riqueza.
O século XVIII foi marcado, na Inglaterra, pela mudança na forma de trabalho,
com a substituição do antigo método artesanal pela linha de produção que resultou no
aumento da oferta de produtos, gerando maior riqueza para o país, chamada de
Revolão Industrial. Essa industrialização alcançou os Estados Unidos na segunda
metade do século XIX. A maior oferta de empregos gerados pelas indústrias atraiu as
populações para as cidades, tornando o estilo de vida mais sedentário.
O padrão alimentar foi mudando, progressivamente, ao longo de décadas. O
organismo, fisiologicamente, havia se adaptado às dificuldades da subsistência, nas
assim chamadas épocas de carestia, gastando de forma econômica suas reservas
calóricas. Ao longo da evolução, a maior oferta de alimentos nem sempre associado ao
seu valor nutricional, como o observado na sociedade moderna ocidental possibilitou o
aumento da incidência de obesidade. O organismo humano, antes habituado à privação
ao longo de milhares de anos, não alterou a programação o Thriftygene, o gene da
parcimônia. Neel, em 1962, propôs que a energia captada pela alimentação seria
transformada em gordura ao invés de glicogênio nos músculos, provavelmente
relacionado com presença de resistência à insulina (Eriksson et al., 2003).
A abundância de oportunidades de trabalho e de alimentos foi encontrada no Novo
Mundo, assim no último século populações de diversas partes do mundo migraram,
especialmente para os Estados Unidos, assimilando padrões alimentares diferentes dos
seus hábitos tradicionais. Essa dieta caracterizada pelo alto consumo de carnes
vermelhas, carnes processadas, batatas fritas, ingestão diária de alimentos gordurosos,
grãos refinados, refrigerantes, doces e pobres em fibras constituiriam a dieta ocidental,
altamente facilitadora para o desenvolvimento do diabetes mellitus (DM) tipo 2 (van
Dam et al., 2002; Sullivan et al., 2005).
Goel et al. em 2004, observaram que imigrantes de qualquer origem, após 15 anos
de permanência nos Estados Unidos chegavam a dobrar sua prevalência de obesidade,
desenvolvida pela absorção de novos padrões alimentares e aumento do sedentarismo.
Carter et al. em 1996, estudando a presença de diabetes mellitus em minorias nos
Estados Unidos encontraram um excesso em méxico-americanos, hispânicos, negros,
índios ndios Pimas no Arizona), americanos de origem asiática, com especial atenção
para os nipo-americanos em Seattle. O processo de ocidentalização dos hábitos de
vida tem levado ao aparecimento do diabetes mellitus em diversas populações ao redor
6
do mundo: povos do Pacifico Sul tem alta prevalência de diabetes, o mesmo ocorrendo
entre os aborígines australianos e entre os índios Pimas nos Estados Unidos
(Tukuitonga, 1990; O'Dea K, 1991).
Os Pimas o um povo indígena que se desenvolveu na região da Sierra Madre,
México, e por volta de 300 A.C. uma grande parte deles emigrou para os vales dos rios
Gila e Salt, no Arizona. No final do século XIX a população de brancos nessa região
aumentou, mudanças culturais e econômicas ocorreram desencadeando uma alta
prevalência de obesidade, síndrome metabólica (SM) e especialmente diabetes mellitus
entre os índios, as quais estão entre as mais altas do mundo, e que se acredita seja
devido a um componente genético (Knowler et al., 1991; Charles et al., 1997).
Williams et al. (2001), acompanharam 575 índios Pimas durante 6,2 anos, três
grupos com dietas distintas foram seguidos: o primeiro cuja alimentação era a
tradicional indígena, composta de grãos, melões, legumes, fibras, carboidratos
complexos e caça do deserto, o segundo alimentava-se pela dieta ocidental rica em
gorduras, carne vermelha ou processada e carboidratos refinados e o terceiro uma
mistura das duas. Encontrou ao final uma incidência de diabetes de 25, 63 e 35 por
1000 respectivamente.
Schulz et al. (2006), compararam índios Pimas residentes no Arizona com Pimas
residentes no México, na mesma região de montanhas da Sierra Madre (com material
genético comum entre as duas populações) e mexicanos, também vivendo na mesma
região, com o mesmo tipo de atividade física e alimentação. Encontrou-se prevalência
de DM de 2,6% entre os mexicanos, 6,9% nos Pimas mexicanos e 38% nos Pimas
americanos. O número de obesos também era inferior nos índios mexicanos em
relação aos índios americanos e o nível de atividade física maior entre os Pimas
mexicanos. A conclusão de Schulz et al. foi que a mudança de estilo de vida,
compatível com a chamada ocidentalização, tem um papel relevante nessa epidemia de
diabetes.
No final do século XIX os japoneses iniciaram uma emigração, aportando
inicialmente nas ilhas do Havaí e posteriormente nos Estados Unidos, mais
especificamente na sua costa oeste. Essa mudança não foi somente de países, mas
principalmente de hábitos, ainda que de forma progressiva (inicialmente nas ilhas e
depois no continente) mudaram tipo de alimentação, reduziram a atividade física e
apresentaram mais índices de estresse; em suma, foram “ocidentalizados”.
7
Estudos epidemiológicos relativos à prevalência de doenças coronarianas em
japoneses vivendo no Japão, Havaí e Califórnia foram realizados, encontrando-se
valores respectivamente crescentes, chamando a atenção sobre influências da
aculturação (Marmot et al., 1975; Marmot, Syme, 1976). O estudo Honolulu Heart
Program, 1971-1979 sugeriu que doenças coronarianas presentes nos nipo-americanos
no Havaí estivessem relacionadas com o processo de ocidentalização (Reed et al.,
1982).
Uma análise da prevalência de diabetes mellitus em nipo-americanos vivendo no
Havaí, e japoneses vivendo em Hiroshima mostrou ser maior entre os habitantes no
Havaí, além de diferenças na atividade física e da qualidade alimentar (Kawate et al.,
1979).
Em 1987, Fujimoto et al. em um estudo com filhos de japoneses (nisseis) vivendo
em Seattle, Estados Unidos descreveram a prevalência de 20% de diabéticos e 36% de
intolerantes à glicose, enquanto em quio a prevalência de diabetes era 5%. Leonetti
et al. (1989), sugeriram que a prevalência de DM naquela população seria pelo
processo de ocidentalização. Dois estudos de Hara et al. (1994; 1996), reafirmavam a
influência da mudança de hábitos alimentares e redução da atividade física como
facilitadores para o desenvolvimento de DM em nipo-americanos vivendo no Havaí e
Los Angeles.
Fujimoto durante a 59
a
Sessão Cientifica Anual da ADA em San Diego, Estados
Unidos, ocorrida em 1999, afirmou que era muito plausível a existência de um defeito
genético nas lulas beta-pancreáticas entre os nipo-americanos, e que sob condições
ambientais desfavoráveis facilitaria o desenvolvimento do DM. Em 2000 seu grupo, da
Universidade de Washington em Seattle, reafirmou essa idéia (Fujimoto et al., 2000).
Em 18 de Junho de 1908 o navio KASATO MARU chegou ao porto de Santos, São
Paulo, Brasil trazendo os primeiros 781 imigrantes japoneses, cujo destino principal era
as fazendas de café no Estado de São Paulo. (Figura 1 mostra a foto do navio atracado
nas docas de Santos). Após o bloqueio americano às imigrações em 1921 e a queda da
Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929 houve um aumento progressivo da
imigração japonesa ao Brasil. Atualmente o Brasil tem a maior população de japoneses
fora do Japão, a maioria deles vivendo no Estado de São Paulo.
8
Figura 1. Vapor KASATO MARU que trouxe o primeiro grupo de 781 japoneses ao Brasil. (Cartão
postal. Ano 1908. Autor desconhecido.)
9
Estudo realizado na cidade de São Paulo entre 1979-1981 mostrou que o diabetes
mellitus era a doença de base mais prevalente relacionada na mortalidade dos
japoneses nascidos no Japão (issei) (Gotlieb, 1990).
A cidade de Bauru, no estado de São Paulo, começou a ser colonizada por
japoneses em 1914, evoluiu com uma população expressiva e não miscigenada de
nipo-brasileiros e pela sua facilidade estratégica foi objeto de múltiplos estudos sobre
diabetes nessa população (DIABETES MELLITUS E DOENÇAS ASSOCIADAS EM
NIPO-BRASILEIROS, 2004).
Franco, em 1996 apontou para a alta prevalência de DM entre os nipo-brasileiros
de Bauru, 1,5 a 2 vezes à da populão brasileira e semelhante aos encontrados em
Seattle, porém 5 vezes mais que a prevalência do Japão. Ferreira et al. em 1996,
estudando a prevalência da intolerância à glicose entre os nipo-brasileiros desse
mesmo grupo obteve resultados significantes, 1,3 vezes a média brasileira (Malerbi,
Franco, 1992; Iunes et al., 1994).
O estudo da qualidade alimentar em Bauru mostrou resultados semelhantes aos
encontrados nos Estados Unidos, a quantidade ácidos graxos trans era muito acima
dos recomendados pela OMS; e os elevados níveis de gordura animal encontrados
favoreciam maior prevalência de síndrome metabólica (Freire et al., 2005; Bertolino et
al., 2006). Sartorelli et al. em 2005, encontraram aumento do consumo de sucos, pão
branco e arroz sem casca entre os nipo-brasileiros de Bauru.
Takeuchi et al. (2005), estudando a prevalência de SM em japoneses nas cidades
de Tanno e Sobetsu, Japão, utilizando os critérios da NCEP-ATP III com valores de
cintura modificados para japoneses (mulheres 90 cm, homens 85 cm) encontraram
valores de 25,3% entre os homens.
Rosembaum et al. (2005), estudando a população de nipo-brasileiros de Bauru e
utilizando os mesmos critérios da NCEP-ATP III, porém com valores de circunferência
abdominal adaptados para asiáticos não japoneses (mulheres 85 cm, homens 90
cm) encontraram uma prevalência de 56,8% de ndrome metabólica, quase três vezes
o da população americana, (Ford et al., 2002)
Estudo realizado por Schwingel et al. em 2007, comparou japoneses vivendo no
Japão com nipo-brasileiros vivendo no Japão e no Brasil, e encontraram uma
prevalência de componentes da síndrome metabólica de 21,4%, 25,3% e 37,5%,
respectivamente sugerindo que a cultura do ambiente onde viviam era a responsável
pela diversidade de resultados.
10
2.1 Síndrome Metabólica
A obesidade, especificamente a obesidade abdominal, está associada à
resistência dos efeitos da insulina sobre a glicose periférica, utilização dos ácidos
graxos livres e levando ao desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2.
A resistência à insulina ocorre em pacientes com intolerância à glicose, diabéticos
ou mesmo em pacientes com obesidade abdominal e sem excesso de peso corporal.
Para manter o equilíbrio glicêmico o pâncreas libera mais insulina e quando a célula
beta pancreática atinge seu limite de produção ocorre a hiperglicemia com o aumento
concomitante de ácidos graxos livres (Reaven, 1988).
O estado de resistência à insulina com aumento da insulinemia é a ponte de
ligação entre o diabetes mellitus e a ocorrência da hipertensão arterial. Essa resistência
ocorre de forma mais intensa nos músculos periféricos correlacionando-se
positivamente com os valores da pressão arterial, através da retenção de sódio, da
hiperatividade simpática, proliferão da musculatura arterial lisa e transporte iônico
transmembrana alterado. A hiperinsulinemia esta associada à elevação dos
triglicérides, das lipoproteínas de densidade intermediária e baixa, caracterizando um
perfil aterogênico, além de alterações na parede arterial com formação de placas
lipídicas e aumento do colágeno, bem como aumento da atividade inflamatória vascular
(DeFronzo, Ferrarini, 1991; Koh et al., 2005).
A ocorrência conjunta dessas anormalidades metabólicas: obesidade abdominal,
hiperglicemia, hipertensão arterial e dislipidemia levam ao desenvolvimento do DM e de
doenças cardiovasculares, sendo chamada de síndrome metabólica, conforme descrito
inicialmente por Reaven e Chen em1988.
A primeira definição para os critérios diagnósticos dessa síndrome remonta a 1998
elaborada pela Organização Mundial de Saúde (WHO), prontamente seguido pelo
Grupo Europeu para o Estudo da Resistência à Insulina (EGIR) em 1999 (Balkau,
Charles, 1999). Em 2001 o The Third Report of The National Cholesterol Education
Program (NCEP)-ATPIII desenvolveu seus critérios que seriam amplamente utilizados,
que seria adotada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome
Metabólica em 2005 (Grundy et al., 2001;Oliveira et al., 2005). Quadro 1.
11
Quadro 1. Componentes da Síndrome Metabólica segundo a NCEP-ATPIII (2001), e da
I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica.
Componentes Níveis
Obesidade abdominal por meio da
circunferência abdominal
Homens > 102 cm
Mulheres > 88 cm
Triglicerídeos
150 mg/dL
HDL Colesterol
Homens < 40 mg/dL
Mulheres < 50 mg/dL
Pressão arterial
130 mmHg ou ≥85 mmHg
Glicemia de jejum
110 mg/dL
A presença de três ou mais critérios fazem o diagnóstico Síndrome Metabólica
A presença de diabetes mellitus não exclui o diagnostico de Síndrome Metabólica.
Em 2003 a Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos criou os seus
critérios. Em 2005 a American Heart Association e o National Heart, Lung, and Blood
Institute Scientific Statement elaboraram uma revisão dos critérios da NCEP-ATPIII de
2001 com o valor de corte da glicemia de jejum acima de 100mg/dl (Grundy et al.,
2005). Além dos demais valores de corte aceitavam-se como critérios a presença do
uso de medicamentos para o tratamento da dislipidemia, da hipertensão e da
hiperglicemia. Ainda em 2005 a Federação Internacional de Diabetes (IDF), propôs
seus critérios, onde há a obrigatoriedade do aumento da circunferência abdominal
levando-se em consideração critérios raciais (Alberti et al., 2005).
É interessante notar que os valores para asiáticos são diferentes dos japoneses,
os valores estipulados de superior a 85 cm para homens e a 90 cm para mulheres,
partem da correlação com a tomografia abdominal, que corresponde a 100cm² de
gordura visceral (Matsuzawa, 2005). Portanto valores anormais de cintura associados a
dois dos critérios da NCEP-ATPIII atualizada é a nova definição de SM da IDF, que foi
adotada pela IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do
12
Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (Bertolami et
al.,2007). Quadro 2.
Quadro 2. Critérios diagnósticos para síndrome metabólica conforme a IDF e a IV Diretriz
Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento de
Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Critério Definição
Obesidade abdominal
Homens
Brancos de origem européia
e negros
94 cm
Sul-asiáticos, ameríndios e
Chineses
90 cm
Japoneses 85 cm
Mulheres
Brancas de origem européia,
negras, sul-asiáticas,
ameríndias e chinesas
80 cm
Japonesas 90 cm
TG
150 mg/dL ou
tratamento para
hipertrigliceridemia
HDL-colesterol
Homens < 40 mg/dL
Mulheres < 50 mg/dL
Pressão arterial sistêmica
Sistólica
130 mm Hg ou
tratamento para HAS
Diastólica
85 mm Hg ou
tratamento para HAS
Glicemia de jejum
100 mg/dL ou
tratamento para DM
O diagnóstico de síndrome metabólica inclui a presença de obesidade abdominal, como
condição essencial, e dois ou mais dos critérios acima.
13
A prevalência da síndrome metabólica está em constante elevação. O estudo
NHANES III que avaliou 8814 adultos entre 1988 e 1994, e utilizou os critérios de 2001
da NCEP-ATP III encontrou uma prevalência de 22% (Ford et al., 2002). Os resultados
do NHANES entre 1999 e 2002, sempre com os critérios da NCEP-ATP III de 2001,
mostraram que o envelhecimento dessa populão aumentava a presença da SM,
agora a prevalência era de 34,5% (Ford et al., 2004). Utilizando critérios da IDF, Ford
em 2005, encontrou SM em 39% de adultos americanos.
Fatores genéticos e adquiridos podem influenciar a sensibilidade à insulina. A
síndrome da resistência à insulina e o diabetes tipo 2 são de origem poligênicos e
podem envolver polimorfismos em vários genes que codificam as proteínas envolvidas
nas vias de sinalização, na excreção e no metabolismo intermediário da insulina (Stern,
2000).
O diabetes mellitus tipo 2 é uma das doenças mais prevalentes da atualidade,
sendo responsável por expressivo aumento na taxa de morbidade e mortalidade da
população geral. Apesar da controvérsia sobre qual seria a lesão primária no diabetes,
Taylor et al. (1994) sugeriram que as fases iniciais da doença seriam caracterizadas
mais pelo predomínio da resistência à insulina. Nas fases intermediárias coexistiriam
resistência e deficiência, e nas fases mais avançadas predominaria a deficiência.
A obesidade visceral e o aumento da gordura intra-abdominal antecedem o
desenvolvimento da resistência à insulina. Por sua vez, a resistência aumentada à
insulina é precursora de dois eventos distintos (Brunzell, 1999)
1) Aumento da atividade da lipase hepática, responsável pela hidrólise dos
triglicérides e fosfolípides das partículas de LDL e de HDL. Esse aumento do
catabolismo e remodelação dessas duas classes de lipoproteínas leva a formação de
partículas de LDL pequenas e densas e redução da HDL2-colesterol, uma subclasse de
partículas da HDL grandes e flutuantes.
As LDL pequenas e densas são mais aterogênicas devido à sua menor depuração
por receptores específicos, determinando maior permanência na circulação e
possibilidades de alterações oxidativas e participação na formação do ateroma (Holvoet
et al., 2004).
2) Aumento da produção de apolipoproteinas B, correspondendo ao aumento das
concentrões das lipoproteínas aterogênicas (VLDL, LDL e IDL). Am disso, o maior
tempo de circulação das lipoproteínas na ndrome metabólica tamm se associa a
14
redução do HDL-C por aumento das trocas de triglicérides e colesterol entre as
lipoproteínas.
Essas anormalidades podem ocorrer apesar dos veis normais de LDL-colesterol
(Brunzell el al., 2002).
Estudos epidemiológicos prospectivos mostraram que os marcadores inflamatórios
predizem o desenvolvimento de eventos cardíacos. Dentre estes marcadores, o mais
promissor foi a proteína C reativa ultra-sensível (PCR-us). Alguns estudos indicam que
o risco relativo para doença coronariana associado aos quartis extremos de PCR-us
varia entre dois e cinco, após ajuste para múltiplos fatores de risco coronariano (Ridker,
2003). Estas alterações inflamatórias estão presentes nos principais processos
causadores da doença coronariana: disfunção endotelial, determinando vasoconstrição,
formação da placa aterosclerótica, ruptura e trombose (Libby, 2003).
Pickup e Crook em 1998, descreveram que indivíduos com DM e SM
apresentavam níveis mais elevados dos marcadores inflamatórios comparados aos
indivíduos com diabetes sem SM. Os dados observacionais do estudo Atherosclerosis
Risk in Communities (ARIC) mostraram múltiplas correlações entre esses marcadores e
os componentes da SM (Schmidt et al., 1999). O estudo "The Insulin Resistance
Atherosclerosis Study” (IRAS) em 2000, mostrou um aumento dos níveis de PCR-us na
presença de um número crescente dos componentes da SM (Festa et al., 2000).
A mortalidade e morbidade relacionada aos diferentes fatores de risco
cardiovascular, como diabetes, hipertensão, dislipidemia e obesidade que o os
principais componentes da SM têm sido examinadas (Chen et al., 1999; Young-Hyman
et al., 2001). A presença da SM está associada ao risco aumentado de doença
coronária, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. Tal risco é
crescente quanto maior o número dos componentes dandrome (Isomaa et al., 2001).
O estudo realizado por Lakka et al. em 2002, mostrou um aumento da mortalidade
cardiovascular de 2,9 a 4 vezes maior nos portadores da SM utilizando a classificação
da NCEP-ATPIII e de 2,6 a 3 vezes utilizando os critérios da OMS.
Ballantyne et al. (2008), estudando a população do estudo ARIC, encontraram que
a síndrome metabólica, bem como qualquer de seus componentes têm valor preditivo
elevado para doenças cardiovasculares, doenças coronarianas, carotídeas, acidente
vascular cerebral e diabetes. McNeill et al. (2005), ainda no estudo ARIC
acompanharam 12089
negros e brancos de meia idade durante 11 anos e encontraram
15
incidência 1,5 a 2 vezes de doenças coronarianas entre os portadores de síndrome
metabólica.
2.2 Diabetes Mellitus
A obesidade, a resistência à insulina, redução da secreção de insulina pelas
células beta pancreáticas com conseqüente aumento da produção endógena de glicose
caracterizam o diabetes mellitus tipo 2 (Harris, 1989).
Apesar da heterogeneidade da origem do diabetes sabemos que a idade es
intimamente ligada ao seu aparecimento, associando-se a outras patologias como
hipertensão, dislipidemias com conseqüente elevação de doenças cardiovasculares
(Reaven, 1988).
Diabéticos tipo 2 têm mais risco de desenvolver doenças cardiovasculares da
mesma forma que não diabéticos com doença cardiovascular conhecida (Haffner et al.,
1998). Esta idéia tem sustentação pelo perfil lipídico anormal e altamente aterogênico:
triglicérides elevados, HDL-colesterol baixo, LDL-colesterol com partículas pequenas e
densas, e norteou diversas diretrizes para prevenção de aterosclerose (McIntosh et al.,
2002; Canadian Diabetes Association Clinical Practice Guidelines Expert Committee,
2003; Alberti et al, 2005; Bertolami et al.,2007). Figura 2.
A prevalência do diabetes mellitus tipo 2 no ocidente é ao redor de 3% , com
incremento etário alcançando após os 60 anos valores entre 10-20% (Harris et al.,
1987). O estudo de Mokdad et al. (2003), mostrou prevalência geral de 7,9% entre
americanos, porém elevando para 15,1% após os 60 anos. Ainda nos Estados Unidos
foi encontrada maior incidência entre os negros, hispânicos, méxico-americanos, índios,
além de descendentes de asticos e havaianos (Shai et al,2006).
No Brasil a taxa de prevalência é de cerca 8%, com valores de 2,7% entre 30-59
anos de idade e 17,4% entre 60-69 anos (Malerbi, Franco, 1992; Tambascia et al,
2007).
Fazem parte do diagnóstico do diabetes os sintomas clássicos: sede e fome
excessiva, poliúria e perda de peso. São utilizados ainda os valores de glicemia de
jejum >126mg/dl ou de glicemia 200mg/dl 2 horas após sobrecarga de 75g de glicose
16
por via oral, valores abaixo desses números são interpretados como normais ou pré-
diabetes. Quadro 3.
O desenvolvimento de diabetes mellitus tem um forte componente hereditário.
Gêmeos monozigóticos têm mostrado concordância ao redor de 80% contra 20% dos
dizigóticos (Granner, O’Brien, 1992). Quando os pais têm a patologia, 80% dos filhos
desenvolvem resistência a insulina (Martin et al., 1992). Grupos étnicos vivendo no
mesmo ambiente com alta prevalência de diabetes tipo 2 têm apoiado esse raciocínio.
Nas famílias com alta prevalência de diabetes tipo 2, alguns estudos sugerem a
presença de um locus diabetogênico próximo a D7S527 e DTS527 no cromossomo 7q
(Carter et al., 1996).
Também presente no desenvolvimento do diabetes é o aumento da pró-insulina
com redução da sua clivagem e conseente formação da insulina (Kahn & Halban,
1997). Polimorfismos, como os presentes no gene TCF7L2, podem reduzir a liberação
de insulina, e outros agindo nos receptores de insulina ou no seu substrato poderiam
predispor ao desenvolvimento do diabetes
Quadro 3. Interpretação clínica dos valores de glicemia.
Concentração de glicose mg/dl Interpretação clínica
Jejum
<100 normal
100-125 hiperglicemia/ pré-diabetes
126 diabetes mellitus
2 horas após ingestão de 75g de glicose
<140 normal
140-199 intolerância à glicose/ pré-diabetes
200 diabetes mellitus
Rodbard et al, 2007. AACE Diabetes Mellitus Guidelines
.
A maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 apresenta dois defeitos
fisiopatológicos básicos:
17
1- Incapacidade dos tecidos musculares, adiposo e hepático em responder à ação
da insulina, ou seja, existe uma diminuição da sensibilidade à ação da insulina
(resistência à insulina com conseqüente diminuição na captação da glicose e síntese de
glicogênio pela via não oxidativa no músculo esquelético e aumento da produção
hepática da glicose). Polimorfismos relacionados à resposta da glicogênio-sintetase
têm sido observados em populações na Finlândia, Japão e França (Groop et al., 1993)
2- Incapacidade das lulas beta pancreáticas em compensar adequadamente
este estado de resistência à insulina, com deficiência na produção da insulina, e
conseqüente elevação da glicemia, esta por sua vez desempenha um papel tóxico nas
células beta pancreáticas reduzindo a expressão gênica da insulina (Moran et al.,
1997). Por outro lado o controle glicêmico precoce as preserva por longo tempo (Li et
al., 2004).
Prematuridade, alto ou baixo peso ao nascer m sido apresentados como fatores
predisponentes ao desenvolvimento do diabetes (Harder et al., 2007; Hovi et al., 2007).
18
Patofisiologia do Diabetes Mellitus Não Insulino Dependente
Expressão de defeito genético na glicogênese em músculo esquelético
Expressão de defeito genético na glicogênese em músculo esquelético
GM Mediado por insulina / PHG normal
GM Mediado por insulina / PHG normal
Glicemia discretamente
aumentada
Glicemia discretamente
aumentada
Hiperinsulinemia
Hiperinsulinemia
TTGN
TTGN
Obesidade
AGL
Obesidade
AGL
Expressão de defeito genético de célula β
Expressão de defeito genético de célula β
Resposta insulínica à glicose
Insulina plasmática de jejum
Resposta insulínica à glicose
Insulina plasmática de jejum
Resistência insulina
metabólica
Resistência insulina
metabólica
PHG de jejum normal
PHG de jejum normal
GM mediado por
insulina
GM mediado por
insulina
Glicose plasmática pós-prandial
Glicose plasmática pós-prandial
IG
IG
Redução da função das células β
(toxicidade da glicose)
Redução da função das células β
(toxicidade da glicose)
Redução da ação insulínica
(resistência insulínica metabólica)
Redução da ação insulínica
(resistência insulínica metabólica)
PHG /  GM mediada por insulina
PHG /  GM mediada por insulina
Hiperglicemia de jejum = Diabetes
Hiperglicemia de jejum = Diabetes
EstágioI –TTGNEstágioI –TTGN
EstágioII -IGEstágioII -IGEstágioIII - DMNIDEstágioIII - DMNID
Aterogênese
Lipogênese
Figura 2. Fisiopatologia do diabetes mellitus não insulino-dependente segundo Beck-
Nielsen e Groop, J Clin Invest. 1994;94:1714-21. GM = glicogênio muscular. PHG =
produção hepática de glicose. TTGN = teste de tolerância à glicose normal. AGL = ácidos
graxos livres. IG = intolerância à glicose.
19
2.3 Hipertrofia Miocárdica
Pontos em comum entre a síndrome metabólica e o diabetes mellitus o os
desfechos cardiovasculares, em especial as doenças coronarianas. Componentes da
síndrome metabólica como obesidade, hipertensão arterial têm sido associados à
hipertrofia miocárdica (Hammond et al., 1986; Levy et al., 1988). Diabéticos também
apresentam associação com hipertrofia miocárdica, sendo esta um forte preditor de
risco para morbimortalidade cardiovascular (Kannel et al., 1969; Casale et al., 1986;
Levy et al., 1989; Levy et al., 1990; de Kreutzenberg et al., 2000).
Estudos epidemiológicos utilizando-se do eletrocardiograma (ECG) ou do
ecocardiograma mostraram que a prevalência de hipertrofia ventricular esquerda (HVE)
aumenta com a idade, variando de 15%-20% em adultos até 49% naqueles acima dos
70 anos (Levy et al., 1988; Levy et al., 1990).
Conceitualmente a HVE é caracterizada como aumento da massa ventricular
esquerda, com etiopatogenia extremamente diversificada, porém sem dúvida a
hipertensão arterial é seu maior determinante (Kannel et al., 1969; Hammond et al.,
1988; Levy et al., 1988).
A presença e as dimensões da HVE podem ser avaliadas por meio de diversas
maneiras: peso do ventrículo esquerdo na necropsia, ECG, ecocardiograma e mais
recentemente pela ressonância nuclear magnética. Estudos populacionais têm utilizado
com mais freqüência o ecocardiograma e o ECG para o diagnóstico de HVE, porém na
prática diária, sem dúvida o ECG é o mais utilizado, e o diagnóstico de hipertrofia
quando presente é fator de risco importante para mortalidade e morbidade
cardiovascular (Kannel et al., 1969; Okin et al., 2004).
A sensibilidade do ecocardiograma é maior que a do ECG no diagnóstico da HVE,
mostrando-a mais precocemente que no ECG (Levy et al., 1990). O Framinghan Heart
Study mostrou que 3% de sua população geral e 5% dos hipertensos eram
diagnosticados por esse método aumentando para 15% em pacientes normotensos
quando utilizado o ecocardiograma (Kannel et al., 1969; Savage et al., 1979; Levy et al.,
1988).
Casiglia em 1996, no estudo CASTEL (The Cardiovascular Study in the Elderly)
também mostrou sensibilidade menor no diagnóstico da HVE ao ECG em relação ao
ecocardiograma.
20
A avaliação da massa de ventrículo esquerdo, contudo tem apresentado variões
entre os diversos autores, oscilando entre 110g e 150g/m² nos homens e de 96g a
120g/m² entre as mulheres (Devereux et al., 1984; Levy et al., 1987; Lang et al., 2005).
A presença da HVE está associada a risco de três a quatro vezes para acidente
vascular cerebral, duas a três vezes para doença arterial coronária e três vezes para a
incidência de doença arterial periférica (Verdecchia et al., 2001). Arritmias ventriculares,
fibrilação atrial e morte bita são freqüentes em pacientes com HVE (Frolich et al.,
1992; Messerli, Soria, 1992).
O diagnóstico de HVE pelo ECG, apesar de sua baixa sensibilidade em discriminar
a hipertrofia, reflete o risco de aumento de morbidade e mortalidade cardiovascular e a
regressão eletrocardiográfica da mesma reflete-se na regressão proporcional de
eventos cardiovasculares (De Bacquer et al., 1998; Verdecchia et al., 1998; Sundström
et al., 2001; Okin et al., 2004).
O diagnóstico eletrocardiográfico da HVE relaciona-se com a espessura e
tamanho do ventrículo esquerdo, potenciais elétricos da despolarização ventricular,
duração do QRS, desvio do eixo elétrico para a esquerda, tamanho do átrio esquerdo e
anormalidades do ST-T tipo “strain” (infradesnivelamento do segmento ST de ao menos
1mm, com convexidade para cima e onda T negativa) em precordiais e periféricas
esquerdas (Miller et al., 1987; Roman et al., 1987; Vries et al., 1996).
Diversos cririos têm procurado definir a HVE. O cririo clássico de Sokolow e
Lyon data de 1949, e o diagnóstico é dado pela soma da amplitude da onda S na
derivação V
1
com a onda R na derivação V
5
ou V
6
(sempre a maior), quando maior que
35 mm o diagnostico de HVE é feito (Critério de Sokolow-Lyon). Romhilt e Estes (1968),
propuseram um critério utilizando um sistema de pontos e escores encontrados no ECG
(Escore de pontos de Romhilt-Estes). Quadro 4.
Casale et al. em 1986, na Universidade de Cornell elaboraram um critério
utilizando valores de voltagem, diferentes entre os sexos: a soma da onda R em aVL
com a onda S em V
3
quando maior que 28 mm nos homens e 20 mm nas mulheres
confirmaria a hipertrofia ventricular esquerda, posteriormente Em 1987, Casale et al.
incorporaram a duração média do QRS (Cornell duração), quando o produto amplitude
versus duração for maior que 2,4 mm/m.segundo a HVE está presente. (Okin et al.,
1995).
Ainda assim o desempenho do ECG na detecção da HVE permanecia baixa.
Schilacci et al. (1994), no estudo PIUMA (Progetto Ipertensione Umbria Monitoraggio
21
Ambulatoriale) desenvolveu um novo critério chamado de Escore de Perugia,
incorporando o escore de pontos de Romhilt-Estes, o padrão “strain” do segmento ST-T
e o Cornell voltagem modificado (positivo em homens se >24 mm e >20 mm nas
mulheres). Durante esse estudo, o escore foi comparado com outros cririos
diagnósticos eletrocardiográficos existentes na literatura quanto ao valor prognostico
para eventos cardiovasculares, inclusive mortalidade, mostrando clara superioridade.
(Verdecchia et al., 1998)
Mazzaro et al. (2008), estudando 1204 pacientes hipertensos, e correlacionando o
ECG com os achados de ecocardiograma encontraram sensibilidades e especificidades
diferentes entre os diversos critérios para o diagnostico da HVE. Quadro 5.
22
Quadro 4. Sistema de pontos e escore de Romhilt-Estes para hipertrofia ventricular
esquerda.
1. Voltagem
3 pontos
Onda R ou S nas derivações dos membros 20 mm
Onda S em V
1
, V
2
, ou V
3
30 mm
Onda R em V
4
, V
5
ou V
6
30 mm
2. Segmento S-T e onda T com padrão “strain”
Sem uso de digital 3 pontos
Em uso de digital 1 pontos
3. Desvio do eixo do QRS para esquerda -30º
2 pontos
4. Duração do QRS 0,09 segundos
1 ponto
5. Aumento do Átrio Esquerdo (Sinal de Morris)
3 pontos
Onda P em V
1
>1mm de profundidade e duração
>0,04 segundos. (na ausência de estenose mitral)
6. Deflexão intrinsecóide em V
5
e V
6
0,05 segundos*
1 ponto
Interpretação
Hipertrofia Ventricular Esquerda 5 pontos
Provável Hipertrofia Ventricular Esquerda 4 pontos
*Deflexão intrinsecóide é definida como sendo o intervalo entre o inicio do complexo QRS e
pico da onda R.
23
Quadro 5. Sensibilidade e especificidade dos diversos critérios eletrocardiográficos para
hipertrofia ventricular esquerda.
Critério Sensibilidade % Especificidade %
Sokolow-Lyon
13,4 96,8
SV
1
+ RV
5-6
35 mm
Cornell – Voltagem
18,8 96,8
RaVL + SV
3
>28 mm Homens, >20 mm Mulheres
Cornell - Duração
22,2 96
(>2,4mm/m.segundo)
Romhilt-Estes 5 pontos
16,3 95,8
Escore de Perugia
38,6 89,6
Romhilt-Estes, ST-T “strain”,
Cornell modificado:
(homens >24 mm, mulheres >20 mm)
2.4 O Eletrocardiograma
O eletrocardiograma (ECG) tem sido utilizado em estudos populacionais nos
últimos cinqüenta anos devido ao valor prognóstico de suas anormalidades, seu baixo
custo, boa portabilidade e reprodução especialmente quando interpretado segundo
critérios e códigos bem definidos.
O estudo ARIC (Atherosclerosis in Communities Study) avaliou os preditores
eletrocardiográficos para insuficncia cardíaca em milhares de pessoas de diversas
cidades americanas. Outro grande estudo populacional, o RIFLE Pooling Project (Risk
Factors and Life Expectancy) acompanhou 22553 homens e mulheres italianos
(assintomáticos e com mais de 30 anos) durante 6 anos e observou que a presença de
anormalidades no ECG inicial associavam-se com significativa mortalidade por doenças
cardiovasculares, sugerindo alta prevalência de doença cardíaca silenciosa (Menotti,
Seccareccia, 1997; Rautaharju et al., 2007). Neste estudo a presença de ondas “qs” de
necrose foi o mais forte preditor de eventos fatais. Da mesma forma o estudo The
NIPPON DATA80 Research Group realizado em japoneses, observou que pacientes
24
com ondas qs” anormais ao ECG apresentavam alto risco para mortalidade de todas
as causas (Horibe et al., 2005).
Muitos outros estudos utilizaram o ECG. Podemos citar o NIPPON DATA90
Research Group estudando hipertrofia em 6688 japoneses, o estudo de DeBaquer et al.
em 1998, com 9954 pacientes verificando o valor prognóstico do ECG na doença
coronariana, e o Heinz Nixdorf Recall Study Investigators que correlacionou o escore de
cálcio com anormalidades eletrocardiográficas em 4814 pessoas (Nakamura et al.,
2006; Möhlenkamp et al., 2008).
Podemos citar ainda os monumentais GUSTO IV ACS (Global Utilization of
STrategies to Open occluded arteries) entre as mulheres, e o NHANES II (Second
National Health and Nutrition Examination Survey Mortality Study) (Westerhout et al.,
2007; Brown et al., 2000).
O escore de Perugia ilustra bem os critérios para o diagnóstico de hipertrofia
miocárdica.
Inúmeros estudos têm utilizado o digo de Minnesota, introduzido em 1960 por
Blackburn et al. e revisto em 1982 por Prineas et al.. O Código tem a vantagem de
classificar as anormalidades eletrocardiográficas de forma rígida e objetiva, permitindo
sua reprodutibilidade e aplicações em populações de diversas raças como os estudos
RIFLE, o NIPPON DATA90 e o estudo de Jimenez-Corona et al. em 2006, entre os
índios Pimas, independentemente de observações individuais e subjetivas (Menotti,
Seccareccia, 1997; Nakamura et al., 2006). Quadro 6.
A aplicação “necrose miocárdica” compreende o códigos de inicial 1, o subgrupo
1-1-x (x: 1-7), o código 1-2-y (y: 1-8) e o código 1-3-z (z:1-6), os códigos têm uma
importância hierárquica, o código 1-1 tem mais significância que o 1-2 e este mais que
o 1-3 para definição de necrose miocárdica. Quadro 7.
25
Quadro 6. Classificações utilizadas pelo Código de Minnesota.
Código de Minnesota anormalidades eletrocardiográficas
1-1-1 . . . . 1-3-6 Ondas Q
2-1 . . . . . .2-5 Desvios do eixo deQRS
3-1 . . . . . .3-3 Grande amplitude de ondas R
4-1-1 . . . . 4-4 Depressão do segmento ST e da junção STJ
5-1 . . . . . .5-4 Itens da onda T
6-1 . . . . . .6-8 Transtornos da condução A-V
7-1-1 . . . . 7-8 Transtornos da condução Ventricular
8-1-1 . . . . 8-9 Arritmias
9-1 . . . . . .9-8-2 Miscelânea incluindo elevação do segmento ST (9-2)
Códigos 1, 4, 5 e 9-2 (elevação de ST) são agrupados por derivações, resultando
em três subclassificações: antero lateral, posterior (inferior) e anterior.
26
Quadro 7. Ondas Q e QS
(continua)
(Não codificar na presença de WPW código 6-4-1.) Para classificar como onda Q ou QS, a
deflexão deve ser de pelo menos 0.1mv (1 mm em amplitude).
Região Antero lateral (derivações DI, aVL, V6)
1-1-1 Q/R, razão de amplitude: 1/3, duração de Q 0.03 segundos nas derivações DI ou V6.
1-1-2 Q, duração 0.04 segundos nas derivações DI ou V6.
1-1-3 Q, duração 0.04 segundos, mais a amplitude de R 3 mm na derivação aVL.
1-2-1 Q/R, razão de amplitude 1/3, mais a duração de Q 0.02 segundos, nas derivações DI
ou V6 < 0.03 segundos.
1-2-2 Q, duração 0.03 segundos e <0.04 segundos nas derivações DI ou V6.
1-2-3 QS na derivação DI.o codificar na presença de 7-1-1.
1-2-8 Onda R inicial 2 mm em V5-V6 (na ausência dos códigos 3-2, 7-1-1, 7-2-1 ou 7-3),
(todos os complexos QRS devem ter um R >2 mm em V5).
1-3-1 Q/R, razão de amplitude 1/5 e <1/3, mais duração de Q 0.02 segundos e <0.03
segundos nas derivações DI ou V6.
1-3-3 Q, duração 0.03 segundos e <0.04 segundos, mais amplitude de R 3 mm na derivação
aVL.
Região Posterior (inferior) (derivações DII, DIII, aVF)
1-1-1 Q/R, razão de amplitude: 1/3, duração de Q 0.03 segundos na derivação DII.
1-1-2 Q, duração 0.04 segundos na derivação DII.
1-1-4 Q, duração 0.05 segundos na derivação DIII, mais amplitude da onda Q 1.0 mm na
maioria dos complexos na derivação aVF.
1-1-5 Q, duração 0.05 segundos na derivação aVF.
1-2-1 Q/R, razão de amplitude: 1/3, mais duração de Q 0.02 segundos e <0.03 segundos na
derivação DII.
1-2-2 Q, duração 0.03 segundos e <0.04 segundos na derivação DII.
1-2-3 QS na derivação II. Não codificar na presença de 7-1-1
1-2-4 Q, duração 0.04 segundos e <0.05 segundos na derivação DIII, mais amplitude de onda
Q 1.0 mm na maioria dos complexos em aVF.
1-2-5 Q, duração 0.04 segundos e <0.05 segundos na derivação aVF.
1-2-6 Q, amplitude 5.0 mm nas derivações DIII ou aVF.
1-3-1 Q/R, razão de amplitude 1/5 e <1/3, mais duração de Q 0.02 segundos e <0.03
segundos na derivação DII.
27
(conclusão)
1-3-4 Q, duração 0.03 segundos e <0.04 segundos na derivação DIII, mais amplitude de onda
Q 1.0 mm na maioria dos complexos em aVF.
1-3-5 Q, duração 0.03 segundos e <0.04 segundos na derivação aVF.
1-3-6 QS nas derivações DIII e aVF. (Não codificar na presença de 7-1-1.).
Região Anterior (derivações V1, V2, V3, V4, V5)
1-1-1 Q/R, razão de amplitude: 1/3, duração de Q 0.03 segundos em qualquer das
derivações V2, V3, V4, V5.
1-1-2 Q, duração 0.04 segundos em qualquer das derivações V1, V2, V3, V4, V5.
1-1-6 QS quando a onda R é inicial nas derivações adjacentes à direita no tórax em qualquer
das derivações V2, V3, V4, V5, V6.
1-1-7 QS em todas as derivações V1-V4 ou V1-V5.
1-2-1 Q/R, razão de amplitude 1/3, mais duração de Q 0.02 segundos e <0.03 segundos em
qualquer das derivações V2, V3, V4, V5.
1-2-2 Q, duração 0.03 segundos e <0.04 segundos em qualquer das derivações V2, V3, V4,
V5.
1-2-7 QS em todas as derivações V1, V2, e V3. (o codificar na presença de 7-1-1).
1-2-8 Onda R inicial 2.0 mm (na ausência dos digos 3-2, 7-1-1, 7-2-1, ou 7-3), entre as
derivações V2 e V3, V3 e V4, ou V4 e V5. (Todos os complexos QRS nas derivações
imediatamente direita no tórax devem ter R inicial >2 mm).
1-3-1 Q/R, razão de amplitude 1/5 e <1/3 mais duração de Q 0.02 e <0.03 segundos em
qualquer das seguintes derivações V2, V3, V4, V5.
1-3-2 QS nas derivações V1 e V2. (Não codificar na presença de 3-1 ou 7-1-1). A soma
algébrica da maior QRS positivo com o maior negativo deve ser zero ou negativa em DI e
positiva em DII.
(Não codificar na presença de 6-4-1, 7-1-1, 7-2-1 ou 7-4.)
São consideradas anormalidades menores os códigos: 1-2-8; 1-3-1 até 1-3-6.
28
3. Métodos
29
Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética da UNIFESP, com o consentimento
escrito dos participantes. Esta investigação incluiu pacientes da segunda fase do
Japanese-Brazilian Diabetes Study Group (JBDSG), iniciado em 1993, observando-se a
prevalência de DM em uma população não miscigenada de nipo-brasileiros vivendo na
cidade de Bauru. No ano 2000 foram recrutados 1042 nipo-brasileiros, 202 isseis
(primeira geração, nascidos no Japão) e 840 nisseis (segunda geração, nascidos no
Brasil) com idade superior a 30 anos.
Entrevistadores treinados realizaram visitas domiciliares aplicando questionários
padronizados, obtendo dados de sexo, idade, geração, tabagismo, escolaridade,
atividade física e bitos alimentares. Após a entrevista os pacientes foram
encaminhados ao Hospital de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo
em Bauru, onde foram realizados os exames clínicos e laboratoriais.
O peso corporal foi obtido através de balança digital da marca Filizola (São Paulo,
Brasil) com capacidade de 200kg e precisão de 200g, com os pacientes utilizando
roupas leves e sem sapatos. A estatura foi medida de forma direta, estadiômetro
acoplado à parede, paciente ereto e sem sapatos.
O índice de massa corporal (IMC) foi obtido pela razão do peso (em kg) e o
quadrado da altura (em cm). A circunferência abdominal foi obtida com o uso de fita
métrica não extensível, na altura da cicatriz umbilical, utilizaram-se como parâmetros de
obesidade abdominal os valores modificados para japoneses: maior ou igual a 90 cm
em mulheres e maior ou igual a 85 cm em homens.
As medidas de pressão arterial foram realizadas com a utilização de um aparelho
automático da marca Omron (Tóquio, Japão), modelo HEM-712C com manguitos
adequados à circunferência braquial, como paciente em repouso foram feitas três
aferições da pressão arterial sendo considerada a média das duas últimas e expresso
em mm de mercúrio (mmHg). Foram considerados hipertensos aqueles cujos valores
eram maior ou igual a 135mmHg para pressão sistólica e maior ou igual a 85mmHg
para pressão diastólica.
As amostras de sangue foram coletadas com jejum de dez horas, os lípides foram
medidos com a utilização de métodos enzimáticos, a presença de dislipidemia foi
definida com valores de triglicérides 150mg/dl ou de HDL-colesterol <40mg/dl em
mulheres e <50mg/dl em homens. A glicemia plasmática teve seus valores obtidos com
o uso de kit colorimétrico pelo método da glicose-oxidase.
30
Foram considerados diabéticos aqueles com glicemia de jejum acima de 126mg/dl
ou 200mg/dl, 2 horas após sobrecarga de 75g de glicose (KGMM WHO
CONSULATION-1998).
A síndrome metabólica foi definida pelos critérios do NCEP-ATP III de 2001
adotados pela I Diretriz de Síndrome Metabólica-SBC com valores de circunferência
abdominal modificada para japoneses (90cm em mulheres e 85cm em homens).
O ECG de 12 derivações foi realizado com paciente em repouso utilizando-se um
eletrocardiógrafo da marca ESAOTEBIOMEDICA (Florea, Itália), modelo P 80.
A necrose miocárdica (“qs”) no ECG foi definida pelo código de Minnesota
(códigos: 1-1-1 até 1-2-7, exceto 1-2-6), a HVE pelo escore de Perugia: o escore de
pontos de Romhilt-Estes mais o padrão strain do segmento ST-T e mais o Cornell
voltagem modificado (positivo em homens se >24 mm e >20 mm nas mulheres)
31
3.1 Método Estatístico
Os subgrupos de diabéticos e os portadores de síndrome metabólica de cada
geração foram associados com a presença de zonas eletricamente inativas e de HVE
ao ECG, e analisados comparativamente pelo método estatístico do qui-quadrado.
Considerou-se nível de significância p <0,05, para rejeição da hipótese de
nulidade.
Para a análise das idades utilizou-se o teste t o pareado, considerando-se o
nível de significância de p <0,05, para rejeição da hipótese de nulidade
32
4. RESULTADOS
33
Foi estudada uma população de 1042 pacientes; sendo 202 (19,3%) isseis
(primeira geração) e 840 (89,7%) nisseis (segunda geração). Eram 561 mulheres
(53,9%) e 481 (46,1%) homens. Entre os isseis 104 eram homens (51,3%) e 98
mulheres (48,7%) e entre os nisseis 373 eram homens (44,4%) e 467 (55,6%)
mulheres, p= 0,086. Nesta população, a idade média foi de 57 (±12,4) anos, sendo que
os isseis obviamente eram mais velhos, 69,7(±9,0) anos, e os nisseis 54 11,1) anos,
p= 0,001. Tabela 1.
Foram considerados diabéticos pelos critérios definidos anteriormente 368 (35,3%)
indivíduos; 78 (38,6%) isseis e 290 (34,5%) nisseis, p= 0,312. Utilizando-se os critérios
da NCEP-ATP III modificado para a população japonesa, a SM esteve presente em 540
dos participantes, representando 51,8% do total. Entre os isseis havia 120 (59,4%) com
SM e entre os nisseis 420 (50,0%), p= 0,020.
Analisando-se os eletrocardiogramas dos 1042 participantes pudemos constatar a
presença de ondas “qs” de necrose miocárdica em 54 (5,1%) participantes, sendo 16
(7,9%) entre os isseis e 38 (4,5%) nos nisseis, p= 0,078. Pelo índice de Perugia, a HVE
foi constatada em 110 (10,5%) dos nipo-brasileiros, 25 (12,3%) eram do grupo dos
isseis e 85 (10,1%) eram nisseis, p= 0,359. Tabela 1.
Como afirmado acima as ondas qs” de necrose estavam presentes em 54
participantes do estudo, 29 (7,8%) eram diabéticos enquanto apenas 25 (3,7%) dos não
diabéticos as apresentavam. p= 0,003. Entre os isseis diabéticos, a necrose ocorreu em
sete pessoas (12,8%) e entre os o diabéticos em nove (7,2%), p= 0,66. Nos nisseis
diabéticos a prevalência de necrose miocárdica era de 7,5%, correspondendo a 22
pacientes, nos não diabéticos era 2,2% (16 pessoas), p=0,0018.
A HVE esteve presente em 48 (13%) diabéticos e em 62 (9,2%) nos o
diabéticos, p= 0,04. Entre os isseis a HVE ocorreu em 12 (15,3%) diabéticos e em 13
(10,4%) não diabéticos, p= 0,30, e nos nisseis em 37 (12,7%) dos diabéticos e em 48
(8,7%) dos não diabéticos, p= 0,06. Tabelas 2 e 3.
No grupo dos 540 portadores de SM constatou-se a ocorrência de ondas “qsde
necrose em 31 (5,7%) pacientes, em contrapartida entre aqueles sem SM havia 23
(4,6%) pacientes, p= 0,16. Entre os isseis com “qs” no ECG, 11 pacientes (9,1%)
tinham SM contra a presença de cinco pacientes (6,1%) sem síndrome metabólica, p=
0,40. Nos 420 nisseis com SM a necrose miocárdica esteve presente em 21
eletrocardiogramas (5,0%), na ausência da síndrome metabólica isto aconteceu em 17
ECGs (4,0%), p= 0,49.
34
A hipertrofia ventricular esquerda foi encontrada em 13,3% dos 540 pacientes com
SM, correspondendo a 72 pessoas, na ausência da síndrome metabólica a HVE
ocorreu em 7,6% (38 pessoas), p= 0,0001. Nos isseis com SM a hipertrofia ventricular
foi encontrada em 16 portadores da síndrome (13,3%) e em nove entre os sem SM
(10,9%), p= 0,58. No grupo dos nisseis a coincidência de SM e HVE foi de 13,3% (56
pessoas) e na ausência da síndrome metabólica era de 6,9% (29 pessoas), p= 0,0018.
Tabelas 4 e 5.
Tabela 1. Características demográficas, clínicas e eletrocardiográficas dos 1042 nipo-
brasileiros.
Características Demográficas Issei (n=202) Nissei (n=840) p
Idade (anos) média±DP
69,7(±9,0) 54,0(±11,1) 0,001
Sexo n%
Masculino
Feminino
104(51,3)
98(48,7)
373(44,4)
467(55,6)
0,086
Diabetes n%
78(38,6) 290(34,5) 0,312
Síndrome Metabólica n (%) 120(59,4) 420(50,0) 0,020
Necrose Miocárdica ao ECG n (%) 16(7,9) 38(4,5) 0,078
HVE (critério de Perugia) n (%) 25(12,3) 85(10,1) 0,359
Issei: japoneses, primeira geração (nascidos no Japão). Nissei: nipo-brasileiros de segunda
geração (nascidos no Brasil). HVE: hipertrofia miordica. p<0,05.
Tabela 2. Relação de diabetes mellitus (DM) com a presença de necrose miocárdica e
HVE ao ECG, (população nipo-brasileira).
ECG Total (n=1042)
DM+ DM
p
n (%)
368(35,3) 674(64,7)
Necrose n (%)
29(7,8) 25(3,7) 0,003
HVE n (%)
48(13,0) 62(9,2) 0,04
DM+: presença de diabetes mellitus. DM---: ausência de diabetes. p<0,05.
35
Tabela 3. Relação de diabetes mellitus (DM) com a presença de necrose miocárdica e
HVE ao ECG, (população issei e nissei).
ECG Issei (n=202) Nissei (n=840)
DM+ DM p DM+ DM-- p
n (%)
78(38,6) 124(61,4)
290(34,5) 550(65,5)
Necrose n (%)
7(12,8) 9(7,2) 0,66 22(7,5) 16(2,2) 0,0018
HVE n (%)
12(15,3) 13(10,4) 0,30 37(12,7) 48(8,7) 0,06
Issei: japoneses, primeira geração (nascidos no Japão). Nissei: nipo-brasileiros de segunda
geração (nascidos no Brasil). DM+: presença de diabetes mellitus. DM---: ausência de diabetes.
p<0,05.
Tabela 4. Relação de síndrome metabólica (SM) com a presença de necrose miocárdica e
HVE ao ECG, (população nipo-brasileira)
ECG Total (n=1042)
SM+ SM-- p
n (%)
540(51,8) 502(48,2)
Necrose n (%)
31(5,7) 23(4,6) 0,16
HVE n (%)
72(13,3) 38(7,6) 0,0001
SM+: presença de síndrome metabólica. SM---: ausência de síndrome metabólica. HVE
hipertrofia ventricular esquerda. p<0,05.
36
Tabela 5. Relação de síndrome metabólica (SM) com a presença de necrose miocárdica e
HVE ao ECG, (população issei e nissei).
ECG
Issei
(n= 202)
Nissei
(n= 840)
SM+ SM-- p SM+ SM-- p
N (%)
120(59,4) 82(40,6)
420(50,0%) 420(50,0%)
Necrose n (%)
11(9,1) 5(6,1) 0,40 21(5,0) 17(4,0) 0,49
HVE n (%)
16(13,3) 9(10,9) 0,58 56(13,3) 29(6,9) 0,0018
Issei: japoneses, primeira geração (nascidos no Japão). Nissei: nipo-brasileiros de segunda
geração (nascidos no Brasil). SM+: presença de síndrome metabólica. SM---: ausência de
síndrome metabólica. HVE hipertrofia ventricular esquerda. p<0,05
37
5. DISCUSSÃO
38
Estudos populacionais que possam identificar fatores de risco cardiovascular têm
grande importância, porém na grande maioria o realizados em populações
heterogêneas (Brown et al., 2000; Rautaharju et al., 2007). Estudos em grupos
homogêneos m a grande virtude de mostrar seus pontos fortes e os fracos na
manutenção da saúde ou no desenvolvimento de determinadas patologias (Takeuchi et
al., 2005; Jimenez-Corona et al., 2006). Mais importância ainda quando essas
populações estão sob novas culturas e ambientes (Tukuitonga, 1990; Knowler et al.,
1991, O'Dea, 1991; Carter et al., 1996; Franco, 1996, Charles et al., 1997; Schulz et al.,
2006).
O estudo de grupos migrantes para culturas diferentes, como a ocidental, e a sua
assimilação têm despertado paixões. Migrações ocorrendo entre habitantes do mesmo
país, que durante séculos viveram isolados e com a chegada dos colonizadores
europeus tiveram seus hábitos progressivamente modificados. Exemplo característico
destas transformações são os índios Pimas nos Estados Unidos. Outras vezes com
migrantes de outros países para esta cultura ocidental tal como têm ocorrido com os
hispânicos, os mexicanos, os asiáticos especialmente japoneses nos Estados Unidos
provocando o surgimento de distúrbios metabólicos (Carter et al., 1996).
O Brasil, como outros países do Novo Mundo, recebeu grandes levas de
imigrantes, e os japoneses, após os afro-descendentes, constituem a maior população
de não europeus, com o início de sua chegada há 100 anos. Reconhecer os novos
fatores de risco que essa ocidentalização provocou, e suas conseqüências
cardiovasculares tornaram-se imperativas.
Estudos populacionais com mero elevado de participantes envolvem um grande
orçamento: gastos com pessoal especializado, e logística adequada. Além disso, os
métodos diagnósticos são ilimitados, pois a engenharia nos oferece novidades
diariamente, as quais têm custo elevado, e, portanto é necessário buscar exames de
baixo custo, práticos e com boa informação.
O eletrocardiograma é uma dessas ferramentas práticas, baratas, de fácil
interpretação e com capacidade de estratificação de riscos cardiovasculares em
grandes populações. Alterações como presença de ondas “qs” de necrose e hipertrofia
miocárdica eso entre as alterações preditivas para mortalidade cardiovascular. O
estudo RIFLE Pooling Project (Risk Factors and Life Expectancy) mostrou que ondas
39
“qs” no ECG eram preditoras muito fortes para eventos fatais decorrentes de doenças
cardiovasculares e coronarianas (Menotti, Seccareccia, 1997).
Knutsen et al em 1988, já mostravam no Honolulu Heart Program que alterações
eletrocardiográficas como ondas qs”, ou hipertrofia miocárdica eram preditores
independentes para doenças coronarianas fatais ou o, além de acidentes vasculares
cerebrais (Knutsen et al., 1988; Knutsen et al., 1988-a). Da mesma forma Machado et
al. em 2006, no estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities Study) afirmaram
que a presença de hipertrofia ventricular esquerda no ECG aumentava a chance de
doença coronariana entre 2,31 a 6,50 vezes (Machado et al., 2006).
Por sua vez De Bacquer et al. no seu estudo belga de 1998, observaram que
alterações isquêmicas como “ST-T, qs” e HVE eram preditores mais fortes que diabetes
mellitus, hipertensão arterial, dislipidemia, sexo, tabagismo ou obesidade para
mortalidade cardiovascular ou coronariana.
No estudo de Busselton, na Austrália, com 2119 pessoas a presença de ondas “q
e qs” foram significantes para o aumento na mortalidade cardiovascular após 13 anos
de acompanhamento (Cullen et al., 1982). Ainda com o auxilio do ECG, Rautaharju et
al. em 2007, no estudo ARIC (Atherosclerosis in Communities Study) onde foram
acompanhadas 13555 pessoas, observaram que alterações eletrocardiográficas tais
como HVE e ondas de necrose miocárdica eram preditores importantes de insuficiência
cardíaca. Brown et al. em 2000, no NHANES II (Second National Health and Nutrition
Examination Survey Mortality Study 1976-1992), observaram que a presença de HVE
ao ECG, independentemente de hipertensão e após 16,8 anos de acompanhamento,
estava intimamente associada a mortes por doenças cardiovasculares e coronarianas.
Os mesmos achados foram encontrados por Nakamura et al. (2006), no estudo japonês
NIPPON DATA 90, e antecipadamente Horibe et al. em 2005, no NIPPON DATA80
havia descrito que a presença de ondasq-qs” no ECG prediziam um excesso de
mortes por todas as causas após 19 anos.
Outros estudos populacionais como o GUSTO IV ACS (Global Utilization of
Strategies to Open Occluded Arteries) de 2007 estudando 7443 mulheres encontrou
resultados que indicavam que a HVE era um fator de risco importante para síndrome
coronariana aguda (Westerhout et al, 2007). Jimenez-Corona et al. (2006), com suas
observações sobre os índios Pima mostraram que alterações eletrocardiográficas eram
preditoras para mortalidade por doenças cardiovasculares e isquêmicas.
40
O presente estudo não teve a pretensão de comparar as duas gerações de nipo-
brasileiros, uma vez que estas são impossíveis de serem pareadas devido aos fatores
idade, gênero e número. Todavia é importante afirmar que a associação de diabetes e
necrose no eletrocardiograma avaliado nessas duas gerações foi mais intensa no grupo
dos nisseis, certamente mais ocidentalizados que seus pais. Os isseis, apesar de
apresentarem tamm altos índices de diabetes, não apresentaram associação
significativa com necrose no ECG. Em nossa opinião devido ao número baixo de
participantes e à idade média mais elevada dessa geração, poderíamos assim dizer
que os isseis estudados seriam os “sobreviventes” de patologias cardiovasculares ou
outras que acometeram essa geração de nipo-brasileiros.
Entre os isseis a presença das ondas qs” no ECG foi de 12,8% no grupo com
diabetes mellitus e de 7,2% no grupo não diabético. Esta diferea não foi
estatisticamente significativamente. Entretanto no grupo dos nisseis a prevalência da
necrose ao eletrocardiograma foi maior que três vezes a encontrada entre os não
diabéticos (7,5% versus 2,2%). As ondas “qs” no ECG são marcadores com alta
sensibilidade e especificidade mesmo na evolução temporal da doença isquêmica. O
desaparecimento destes marcadores eletrocardiográficos com o tempo é infrequente, e
quando ocorre em geral revela que o processo necrótico foi pequeno, permitindo uma
remodelação miocárdica pouco expressiva, dando oportunidades que as hipertrofias
compensatórias minimizem os vetores de necrose.
A ocidentalização dos nipo-brasileiros com mudanças de seus hábitos alimentares
e de vida, associadas aos fatores intrínsecos dessa população, provocou elevação da
glicemia, da obesidade abdominal, da pressão arterial e dislipidemia caracterizando a
síndrome metabólica. O Tanno and Sobetsu Study realizado em japoneses no Japão,
estudou 808 homens, submeteu-os aos critérios da NCEP-ATP III para definição de
SM, porém com valores de corte para cintura de 85cm, encontrando 25,3% de
prevalência de síndrome metabólica, menos da metade do encontrado na nossa
população (Takeuchi et al., 2005).
Na nossa casuística, a síndrome metabólica esteve presente em mais da metade
da população estudada. No grupo dos isseis foram de 59,4% e nos nisseis de 50,0%,
valores diferentes com significância estatística. Evidentemente que esta diferença para
mais nos isseis está relacionada com a faixa etária mais elevada (média de 69,7 anos
versus 54,0 anos). Sabe-se que a síndrome metabólica e o diabetes mellitus têm
41
aumento da prevalência com o incremento da idade (Ford et al., 2004; Reaven, 1988;
Malerbi, Franco, 1992; Tambascia et al.,2007).
Rosembaum et al. em 2005, apresentaram um estudo da mesma população de
nipo-brasileiros de Bauru, e com os critérios da NCEP-ATP III, não modificados para
japoneses, encontrou uma prevalência de 47,4% de SM, não deixando dúvidas quanto
à elevada presença da síndrome.
Salaroli et al. em 2007, estudaram a prevalência de SM em uma população
randomizada de 1663 pessoas em Vitória, Espírito Santo, e encontraram a prevalência
de 29,8%, valores bastante inferiores aos encontrados na amostra de Bauru. Estudos
nutricionais realizados nesta população de nipo-brasileiros encontraram uma correlação
positiva entre o consumo de carne vermelha e síndrome metabólica, coincidindo com
as observações de Fujimoto et al. (2000) em nipo-americanos em Seattle. (Damo et
al., 2006). Na análise dos resultados do estudo ARIC (Atherosclerosis Risk in
Communities) de 2008 foi encontrado que a assimilação da dieta “ocidental”,
especialmente carnes vermelhas incrementava a prevalência da SM (Lutsey et al.,
2008).
A ocidentalização associada a fatores hereditários tem uma importância
expressiva no desenvolvimento da SM em nipo-descendentes, como foi observado por
alguns grupos, sendo a obesidade abdominal fator determinante para o
desenvolvimento de hipertensão e de síndrome metabólica (Hayashi et al., 2003; Austin
et al., 2004; Tong et al., 2007).
Apesar de estudos, como o ARIC, mostrarem risco elevado entre pacientes com
SM de apresentar doenças cardiovasculares, em nosso material os componentes deste
estudo que apresentavam síndrome metabólica não tiveram associação significativa
com necrose miocárdica passível de ser observada no ECG (McNeill et al., 2005). Esta
ausência de correlação foi observada tanto nos grupos isseis quanto nos nisseis.
Evidentemente que no grupo issei, com idades mais avançadas, o processo isquêmico
do coração tenha feito uma eliminação seletiva destes pacientes, sendo os restantes os
sobreviventes. Além disso, na época do estudo epidemiológico em Bauru, aqueles
pacientes com glicemia acima de 126 mg/dl eram rotulados como diabéticos, e para
serem alocados no grupo de ndrome metabólica ter glicemia acima de 110 mg/dl era
apenas um dos cinco critérios de definição (NCEP-ATP III, 2001).
As alterações eletrocardiográficas sugestivas de necrose miocárdica encontradas
em um número mais expressivo da população com DM em relação à com SM, coincide
42
com a percepção de Ballantyne et al. em 2008, que estudaram 15792 norte-americanos
de ambos os sexos e concluíram que a síndrome metabólica e seus componentes são
preditores de doenças cardiovasculares e diabetes, enfatizando o estudo que síndrome
metabólica é um antecessor do diabetes mellitus, e a prevalência de doenças
cardiovasculares é maior entre os diabéticos.
A hipertrofia miocárdica esta associada aos componentes da síndrome metabólica,
como resistência à insulina, hipertensão arterial e obesidade central. No estudo de
Ferrara et al. (2007), em 340 hipertensos a HVE era mais prevalente nos portadores da
SM do que nos sem SM. Em outro estudo de 2007 realizado por Shin et al. mostrou que
a hipertrofia ventricular esquerda estava associada à presença de obesidade central e à
síndrome metabólica, a associação de SM com HVE também foi observada, agora em
pacientes não diabéticos por Grandi et al. em 2006.
Diversos estudos, em destaque o Bogalusa Heart Study em 1999 e o de Davis et
al. em 2002, encontraram relação significativa entre níveis de insulina e hipertrofia
ventricular esquerda em adolescentes e jovens (Urbina et al., 1999).
No presente estudo, encontramos correlação estatisticamente significante entre a
presença de HVE e a SM. Na população geral de nipo-brasileiros, o grupo com SM
apresentava 13,3% de HVE, em contraste com o grupo sem síndrome metabólica cuja
prevalência de HVE era 7,6%.
Quando avaliamos separadamente esta população em isseis e nisseis, verificamos
que só no grupo da segunda geração (nisseis) houve significância estatística entre HVE
e a SM.
Entre os isseis encontramos mais pessoas com SM e HVE no ECG, do que
naqueles sem SM, porém neste grupo uma eliminação seletiva tamm deve ter
ocorrido reduzindo sua real prevalência (Verdecchia et al., 1998; Verdecchia et al.,
2000; Morrison et al., 2007; Verdecchia et al., 2007;). Mazzaro et al. em 2008,
analisando hipertensos brasileiros em tratamento ambulatorial, encontrou melhor
especificidade e sensibilidade, entre os diversos critérios para diagnosticar HVE o
escore de Perugia.
Estes valores na prevalência da HVE detectada pelo ECG estão em muito
subestimados. No inicio dos estudos de Framingham a prevalência da hipertrofia
ventricular esquerda pelo ECG era de 2,9% nos homens e 1,5% entre as mulheres.
Com o advento do ecocardiograma verificou-se que esta prevalência era sensivelmente
maior (14,2% nos homens e 17,6% nas mulheres) (Levy et al., 1990).
43
Entretanto esta limitação do eletrocardiograma como ferramenta na detecção da
hipertrofia ventricular esquerda é um aspecto menor, visto que a reprodutibilidade
temporal, o baixo custo, a aplicabilidade em grandes populações tornam o método mais
adequado para a função destino epidemiológico.
O diagnóstico de hipertrofia ventricular esquerda reveste-se de grande importância
pelo valor prognóstico que ela carrega para mortes por doenças cardiovasculares,
isquêmicas ou não, como pudemos observar em estudos observacionais como o
GUSTO IV ACS (Global Utilization of Strategies to Open Occluded Arteries) e o
NHANES II (Second National Health and Nutritional Examination Survey Mortality
Study). No estudo GUSTO IV ACS entre 7443 pacientes, a HVE foi encontrada em 8%
(73,4% mulheres), e esse pacientes tinham maior mortalidade em um ano, após o
epidio de síndrome coronariana aguda (Westerhout et al., 2007). No NHANES II após
16,8 anos de acompanhamento concluiu-se ser a HVE forte preditor para mortes de
origem cardiovascular (Brown et al., 2000).
Liao et al. em 1995, acompanharam por cinco anos 1089 pacientes submetidos à
angiografia, e encontrando menor sobrevida naqueles com HVE comparadamente com
pacientes com aum vaso obstruído, e comparável aos com doenças de múltiplos
vasos.
Acompanhamento de idosos por dez anos no Bronx Longitudinal Aging Study
mostrou má evolução por doenças cardiovasculares quando a HVE estava presente no
ECG de entrada, a mesma característica preditora da hipertrofia ventricular esquerda
para doenças isquêmicas e cardiovasculares foi encontrado no MRFIT (Kahan et al.,
1996; Prineas et al., 2001). Verdecchia et al. em 2001, encontraram um excesso de
risco para acidentes vasculares encefálicos ou transtornos isquêmicos transitórios
quando a HVE era diagnosticada, seja pelo ecocardiograma ou pelo ECG.
O presente trabalho mostra de forma objetiva que a presença de diabetes mellitus
e síndrome metabólica na população de nipo-brasileiros de primeira e segunda
geração, e de forma semelhante ao que acontece entre os nipo-americanos,
apresentam-se de forma muito agressiva, com alta prevalência de necrose miocárdica e
hipertrofia ventricular esquerda. O eletrocardiograma foi a ferramenta utilizada para o
diagnostico das ondas qs de necrose miocárdica e HVE, tal qual o observado na
quase totalidade dos estudos com grandes coortes.
44
6. CONCLUSÕES
45
O presente estudo, realizado na população de nipo-brasileiros de Bauru, permite
as seguintes conclusões:
1. O diabetes mellitus e a síndrome metabólica têm alta prevalência em nipo-brasileiros
(35,3% de DM e 51,8% de SM).
2. A presença de necrose miocárdica pelo eletrocardiograma teve associação positiva e
estatisticamente significante com o diabetes mellitus
3. A presença de hipertrofia ventricular esquerda no eletrocardiograma, pelo escore de
Perugia teve associação positiva e significante com a SM.
4. A presença de “qs” de necrose assim como a hipertrofia ventricular esquerda, pelo
eletrocardiograma, foram mais prevalentes e com significância estatística entre os
nisseis portadores de diabetes mellitus e sínfrome metabólica respectivamente.
46
7. REFERÊNCIAS
47
Alberti KG, Zimmet P, Shaw J; IDF Epidemiology Task Force Consensus Group. The
metabolic syndrome a new worldwide definition. Lancet. 2005;366(9491):1059-62.
Austin MA, Edwards KL, McNeely MJ, Chandler WL, Leonetti DL, Talmud PJ, et al.
Heritability of multivariate factors of the metabolic syndrome in nondiabetic Japanese
americans. Diabetes. 2004;53(4):1166-9.
Balkau B, Charles MA. Comment on the provisional report from the WHO consultation.
European Group for the Study of Insulin Resistance (EGIR). Diabet Med.
1999;16(5):442-3.
Ballantyne CM, Hoogeveen RC, McNeill AM, Heiss G, Schmidt MI, Duncan BB,
et al.
Metabolic syndrome risk for cardiovascular disease and diabetes in the ARIC study. Int
J Obes (Lond). 2008;32 (Suppl 2):S21-4.
Beck-Nielsen H, Groop LC. Metabolic and genetic characterization of prediabetic states.
Sequence of events leading to non-insulin-dependent diabetes mellitus. J Clin Invest.
1994;94(5):1714-21.
Bertolami MC, Caramelli B, Fonseca FAH, Sposito AC, Rassi AJ, Afiune NA, et al. IV
Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose do Departamento
de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol.
2007,88(Suppl I).
Bertolino CN, Castro TG, Sartorelli DS, Ferreira SRG, Cardoso MA The Japanese-
Brazilians Diabetes Study Group Influência do consumo alimentar de ácidos graxos
trans no perfil de lipídios séricos em nipo-brasileiros de Bauru, São Paulo, Brasil. Cad
Saúde Pública. 2006;22(2):357-64.
Blackburn H, Keys A, Simonson E, Rautaharju P, Punsar S. The electrocardiogram in
population studies. A classification system. Circulation. 1960;21:1160–75.
Brown DW, Giles WH, Croft JB. Left ventricular hypertrtophy as a predictor of coronary
heart disease mortality and the effect of hypertension. Am Heart J. 2000;140(6):848-56.
Brunzell JD, Hokanson JE. Dyslipidemia of central obesity and insulin resistance.
Diabetes Care. 1999;22 (Suppl 3):C10-3.
Brunzell JD. Dyslipidemia of the metabolic syndrome. In: Eckel R, editor. Obesity:
Mechanisms and Clinical Management. New York: Lippincott Williams & Wilkins; 2002.
p. 378-98.
Canadian Diabetes Association Clinical Practice Guidelines Expert Committee.
Canadian Diabetes Association 2003 Clinical Practice Guidelines for the Prevention and
Management of Diabetes in Canada. Canadian Journal of Diabetes. 2003; 27(Suppl
2):S58-65.
Carter JS, Pugh JÁ, Monterrosa A. Non-insulin-dependent diabetes mellitus in minorities
in the United States. Ann Intern Med. 1996;125(3):221-32.
48
Casale PN, Devereux RB, Alonso DR, Campo E, Kligfield P. Improved sex-specific
criteria of left ventricular hypertrophy for clinical and computer interpretation of
electrocardiograms: validation with autopsy findings. Circulation. 1987;75(3):565-72. P
Casale PN, Devereux RB, Milner M, Zullo G, Harshfield GA, Pickering TG et al. Value of
echocardiographic measurement of left ventricular mass in predicting cardiovascular
morbid events in hypertensive men. Ann Intern Med. 1986;105(2):173-8.
Casiglia E, Maniati G, Daskalakis C, Colangeli G, Tramontin P, Ginocchio G et al. Left
ventricular hypertrophy in the elderly; unreability of ECG criteria in 477subjects aged 65
years or more. The CArdiovascular STudy in the ELderly (CASTEL). Cardiology.
1996;87(5):429-35.
Charles MA, Eschwège E, Bennett PH. Non-insulin-dependent diabetes in populations
at risk: the Pima Indians. Diabetes Metab. 1997;23(Suppl 4):6-9.
Chen W, Srinivasan SR, Elkasabany A, Berenson GS. Cardiovascular risk factors
clustering features of onsulin resisttance syndrome (Syndrome X) in a biracial (Black-
White) population of children, adolescents, and young adults: the Bogalusa Heart Study.
Am J Epidemiol. 1999;150(7):667-74.
Cullen K, Stenhouse NS, Wearne KL, Cumpston GN. Electrocardiograms and 13 year
cardiovascular mortality in Busselton study. Br Heart J. 1982;47(3):209-12.
Damo R, Castro TG, Cardoso MA, Gimeno SG, Ferreira SR; Japanese-Brazilian
Diabetes Study Group. Dietary intakes associated with metabolic syndrome in a cohort
of Japanese ancestry. Br J Nutr. 2006;96(3):532-8.
Davis CL, Kapuku G, Snieder H, Kumar M, Treiber FA. Insulin resistance syndrome and
left ventricular mass in healthy young people. Am J Med Sci. 2002;324(2):72-5.
De Bacquer D, De Backer G, Kornitzer M, Blackburn H. Prognostic value of ECG
findings for total, cardiovascular disease, and coronary heart disease death in men and
women. Heart. 1998;80(6):570-7.
de Kreutzenberg SV, Avogaro A, Tiengo A, Del Prato S. Left ventricular mass in type 2
diabetes mellitus. A study employing a simple ECG index: the Cornell voltage. J
Endocrinol Invest. 2000;23(3):139-44.
de Vries SO, Heesen WF, Beltman FW, Kroese AH, May JF, Smit AJ et al. Prediction of
the left ventricular mass from the electrocardiogram in systemic hypertension. Am J
Cardiol. 1996;77(11):974-8.
DeFronzo RA and Ferrarini E. Insulin resistance. A multifaceted syndrome responsible
for NIDDM, obesity, hypertension, dislipidemia, and atheroclerotic cardivascular
disease. Diabetes Care. 1991;14(3):173-94.
49
Devereux RB, Lutas EM, Casale PN, Kligfield P, Eisenberg RR, Hammond IW et al.
Standardization of M-mode echocardiographic left ventricular anatomic measurement. J
Am Coll Cardiol, 1984;4(6):1222-1230
DIABETES MELLITUS E DOENÇAS ASSOCIADAS EM NIPO-BRASILEIROS.
Departamento de Medicina Preventiva – Escola Paulista de Medicina – UNIFESP.
Green Forest do Brasil Editora. 2004.
Eriksson JG, Forsen TJ, Osmond C, Barker DJ. Pathways of infant and childhood
growth that lead to type 2 diabetes. Diabetes Care. 2003 Nov;26(11):3006-10.
Ferrara LA, Guida L, Ferrara F, De Luca G, Staiano L, Celentano A et al. Cardiac
structure and function and arterial circulation in hypertensive patients with and without
metabolic syndrome. J Hum Hypertens. 2007;21(9):729-35.
Ferreira SRG, Iunes M, Franco LJ, Iochida LC, Hirai A, Vivolo MA, the Japanese-
Brazilian Diabetes Study Group. Disturbances of glucose and lipid metabolism in first
and second generation Japanese-Brazilians. Diabetes Res Clin Prac. 1996;34
(Suppl):S59-63.
Festa A, D' Agostino Jr. R, Howard G, Mykkanen L, Tracy RP, Haffner SM. Chronic
subclinical inflammation as pat of the insulin resistance syndrome: the Insulin
Resistance Atherosclerosis Study (IRAS). Circulation. 2000;102(1):42-47.
Ford ES, Giles WH, Dietz WH. Prevalence of the metabolic syndrome among US adults:
findings from the third National Health and Nutritional Examination Survey. JAMA.
2002;287(3):356-9.
Ford ES, Giles WH, Mokdad AH. Increasing prevalence of the metabolic syndrome
among U.S. adults. Diabetes Care. 2004;27(10):2444-9.
Ford ES. Prevalence of the Metabolic Syndrome Defined by the International Diabetes
Federation Among Adults in the U.S.. Diabetes Care. 2005.28(11):2745-9.
Franco LJ. Diabetes in Japanese-Brazilians--influence of the acculturation process.
Diabetes Res Clin Pract. 1996;34(Suppl):S51-7.
Freire RD, Cardoso AM, Gimeno SGA, Ferreira SRG for the Japanese-Brazilian
Diabetes Study Group. Dietary Fat Is Associated With Metabolic Syndrome in
Japanese-Brazilians. Diabetes Care. 2005;28(7):1779-85.
Frohlich ED, Apstein C, Chobanian AV, et al. The heart in hypertension. N Engl J Med.
1992; 327(14): 998-08.
Fujimoto WY, Bergstrom RW, Boyko EJ, Chen K, Kahn SE, Leonetti DL et al. Type 2
diabetes and the metabolic syndrome in Japanese Americans. Diabetes Res Clin Pract.
2000;50(Suppl 2):S73-6.
50
Fujimoto WY, Leonetti DL, Kinyoun JL, Newell-Morris L, Shuman WP, Stolov WC et al.
Prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance among second-
generation Japanese-American men. Diabetes. 1987;36(6):721-9.
Fujimoto WY. Nature,nurture, and the metabolic epidemiology of diabetes – the saga of
Japanese in America (Lecture June 20). 59
th
Annual Scientific Sessions of ADA, San
Diego, Ca, 1999.
Goel MS, McCarthy EP, Phillips RS, Wee CC. Obesity among US immigrant subgroups
by duration of residence. JAMA. 2004;292(23):2860-7.
Gotlieb SLD. Mortalidade em migrantes Japoneses residentes no município de São
Paulo.Brasil. Rev Saúde Pública. 1990;24:453-67.
Grandi AM, Maresca AM, Giudici E, Laurita E, Marchesi C, Solbiati F et al. Metabolic
syndrome and morphofunctional characteristics of the left ventricle in clinically
hypertensive nondiabetic subjets. Am J Hypertns. 2006;19(2):199-205.
Granner DK, O’Brien RM. Molecular Phisiology and Genetics in NIDDM. Importance of
metabolic staging. Diabetes Care. 1992;15(3):369-88.
Groop LC, Kankuri M, Schalin-Jäntti C, Ekstrand A, Nikula-Ijäs P, Widén E et al.
Association between polymorphism of the glycogen synthase gene and non-insulin-
dependent diabetes mellitus. N Engl J Med. 1993;328(15):10-4.
Grundy SM, Becker D, Clark LT, Cooper RS, Denke MA, Howard J, et al. National
Cholesterol Education Program: Executive summary of the third report of the National
Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and
Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA.
2001;285(19):2486-97.
Grundy SM, Cleeman JI, Daniels SR, Donato KA, Eckel RH, Franklin BA et al. American
Heart Association; National Heart, Lung, and Blood Institute. Diagnosis and
management of the metabolic syndrome: an American Heart Association/National Heart,
Lung, and Blood Institute Scientific Statement. Circulation. 2005;112(17):2735-52.
Haffner SM, Lehto S, Rönnemaa T, Pyorala K, Laakso M. Mortality from coronary heart
disease in subjects with type 2 diabetes and in nondiabetic subjects with and without
prior myocardial infarction. N Engl J Med. 1998;339(4):229-34.
Hammond IW, Devereux RB, Alderman MH, Lutas EM, Spitzer MC, Crowley JS et al.
The prevalence and correlates of echocardiography left ventricular hypertrophy among
employed patients with uncomplicated hypertension. J Am Coll Cardiol. 1986;7(3):639-
50.
Hara H, Egusa G, Yamakido M, Kawate R. The high prevalence of diabetes mellitus and
hyperinsulinemia among the Japanese-Americans living in Hawaii and Los Angeles.
Diabetes Res Clin Pract. 1994;24(Suppl):S37-42.
51
Hara H, Egusa G, Yamakido M. Incidence of non-insulin-dependent diabetes mellitus
and its risk factors in Japanese-Americans living in Hawaii and Los Angeles. Diabet
Med. 1996;13(9 Suppl 6):S133-42.
Harder T, Rodekamp E, Schellong K, Dudenhausen JW, Plagemann A. Birth weight and
subsequent risk of type 2 diabetes: a meta-analysis. Am J Epidemiol. 2007;165(8):849-
57.
Harris MI, Hadden WC, Knowler WC, Bennett PH. Prevalence of diabetes and impaired
glucose tolerance and plasma glucose levels in U.S. population aged 20-74 yr.
Diabetes. 1987;36(4):523-34.
Harris MI. Impaired glucose tolerance in the U.S. population. Diabetes Care.
1989;12(7):464-74.
Hayashi T, Boyko EJ, Leonetti DL, McNeely MJ, Newell-Morris L, Kahn SE et al.
Visceral adiposity and the prevalence of hypertension in Japanese Americans.
Circulation. 2003;108(14):1718-23.
Holvoet P, Kritchevsky SB, Tracy RP, Mertens A, Rubin SM, Butler J et al. The
metabolic syndrome, circulating oxidized LDL, and risk of myocardial infarction in well-
functioning elderly people in the health, aging, and body composition cohort. Diabetes.
2004;53(4):1068-73.
Horibe H, Kasagi F, Kagaya M, Matsutani Y, Okayama A, Ueshima H; The NIPPON
DATA80 Research Group; Working Group of Electrocardiographic Coding for the
National Survey of Circulatory Disorders, 1980. A nineteen-year cohort study on the
relationship of electrocardiographic findings to all cause mortality among subjects in the
national survey on circulatory disorders, NIPPON DATA80. J Epidemiol.
2005;15(4):125-34.
Hovi P, Andersson S, Eriksson JG, Järvenpää AL, Strang-Karlsson S, Mäkitie O et al.
Glucose regulation in young adults with very low birth weight. N Engl J Med.
2007;356(20):2053-63.
Isomaa B, Almgren P, Tuomi T, Forsén B, Lahti K, Nissén M et al. Cardiovascular
morbidity and mortality associated with the metabolic syndrome. Diabetes Care.
2001;24(4):683-9.
Iunes M, Franco LJ, Wakisaka K, Iochida LC, Osiro K, Hirai AT et al. Self-reported
prevalence of non-insulindependent diabetes mellitus in first (Issei) and second (Nissei)
generation of Japanese-Brazilians over 40 years of age. Diabetes Res Clin Pract.
1994;24(Suppl):S53-7.
Jimenez-Corona A, Nelson RG, Sievers ML, Knowler WC, Hanson RL, Bennett PH.
Electrocardiographic abnormalities predict deaths from cardiovascular disease and
ischemic heart disease in Pima Indians with type 2 diabetes. Am Heart J.
2006;151(5):1080-6.
52
Kahn S, Frishman WH, Weissman S, Ooi WL, Aronson M. Left ventricular hypertrophy
on electrocardiogram: prognostic implications from a 10-year cohort study of older
subjects: a report from the Bronx Longitudinal Aging Study. J Am Geriatr Soc.
1996;44(5):524-9.
Kahn SE, Halban PA. Release of incompletely processed proinsulin is the cause of the
disproportionate proinsulinemia of NIDDM. Diabetes. 1997;46(11):1725-32.
Kannel WB, Gordon T, Offutt D. Left ventricular hypertrophy by electrocardiogram:
prevalence, incidence and mortality in Framinghan Study. Ann Intern Med.
1969;71(1):89-105.
Kawate R, Yamakido M, Nishimoto Y, Bennett PH, Hamman RF, Knowler WC. Diabetes
mellitus and its vascular complications in Japanese migrants on the Island of Hawaii.
Diabetes Care. 1979;2(2):161-70.
Knowler WC, Pettitt DJ, Saad MF, Charles MA, Nelson RG, Howard BV et al. Obesity in
the Pima Indians: its magnitude and relationship with diabetes. Am J Clin Nutr.
1991;53(Suppl 6):S1543-51.
Knutsen R, Knutsen SF, Curb JD, Reed DM, Kautz JA, Yano K. Predictive value of
resting electrocardiograms for 12-year incidence of stroke in the Honolulu Heart
Program. Stroke. 1988;19(5):555-9.
Knutsen R, Knutsen SF, Curb JD, Reed DM, Kautz JA, Yano K. The predictive value of
resting electrocardiograms for 12-year incidence of coronary heart disease in the
Honolulu Heart Program. J Clin Epidemiol. 1988;41(3):293-302.(a)
Koh KK, Han SH, Quon MJ. Inflamatory markers and the metabolic syndrome: insights
from therapeutic interventions. JACC. 2005;46(11):1978-85.
Lakka HM, Laaksonen DE, Lakka TA, Niskanen LK, Kumpusalo E, Tuomilehto J et al.
The metabolic syndrome and total and cardiovascular disease mortality in middle-aged
men. JAMA. 2002;288(21):2709-16.
Lang RM, Bierig M, Devereux RB, Flachskampf FA, Foster E, Pellikka PA
et al.
Recommendations for chamber quantification: a report from the American of Society
Echocardiography's guidelines and standards committee and the chamber quantification
writing group, developed in conjunction with the European Association of
Echocardiography, a branch of the European Society of Cardiology. J Am Soc
Echocardiogr. 2005;18(12):1440-63.
Leonetti DL, Fujimoto WY, Wahl PW. Early-life background and the development of non-
insulin-dependent diabetes mellitus. Am J Phys Anthropol. 1989;79(3):345-55.
Levy D, Anderson KM, Savage DD, Kannel WB, Christiansen JC, Castelli WP.
Echocardiographically detected left ventricular hypertrophy: Prevalence and risk factors.
The Framingham Heart Study. Ann Intern Med. 1988;108(1):7-13.
53
Levy D, Garrison RJ, Savage DD, Kannel WB, Castelli WP. Left ventricular mass and
incidence of coronary heart disease in an elderly cohort. Ann Intern Med.
1989;110(2):101-7.
Levy D, Garrison RJ, Savage DD, Kannel WB, Castelli WP. Prognostic implications of
echocardiographically determined left ventricular mass in the Framingham Heart Study.
N Engl Med. 1990;322(22):1561-6.
Levy D, Labib SB, Anderson KM, Christiansen JC, Kannel WB, Castelli WP.
Determinants of sensitivity and specificity of electrocardiographic criteria for left
ventricular hypertrophy. Circulation. 1990;81(3):815-20.
Levy D, Savage DD, Garrison RJ, Anderson KM, Kannel WB, Castelli WP.
Echocardiographic criteria for left ventricular hypertrophy: The Framingham Heart Study.
Am J Cardiol. 1987;59(9):956-60.
Li Y, Xu W, Liao Z, Yao B, Chen X, Huang Z
et al. Induction of long-term glycemic
control in newly diagnosed type 2 diabetic patients is associated with improvement of
beta-cell function Diabetes Care. 2004;27(11):2597-602.
Liao Y, Cooper RS, McGee DL, Mensah GA, Ghali JK. The relative effects of left
ventricular hypertrophy, coronary artery disease, and ventricular dysfunction on survival
among black adults. JAMA. 1995;273(20):1592-7.
Libby P. Vascular biology of atherosclerosis:overview and state of the art. Am J Cardiol.
2003;91(3A):3A-6A.
Lutsey PL, Steffen LM, Stevens J. Dietary intake and the development of the metabolic
syndrome: the Atherosclerosis Risk in Communities study. Circulation. 2008;117(6):754-
61.
Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and
impaired glucose tolerance in urban Brazilian population aged 30-69 years The Brazilian
Cooperative Group on the Study of Diabetes Prevalence. Diabetes Care.
1992;15(11):1509-16.
Marmot MG and Syme SL. Acculturation and coronary heart disease in Japanese-
Americans. Am J Epidemiol. 1976;104(3):225-47.
Marmot MG, Syme SL, Kagan A, Kato H, Cohen JB, Belsky J.Epidemiologic studies of
coronary heart disease and stroke in Japanese men living in Japan, Hawaii and
California: prevalence of coronary and hypertensive heart disease and associated risk
factors. Am J Epidemiol. 1975;102(6):514-25.
Martin BC, Warram JH, Krolewski AS, Bergman RN, Soeldner JS, Khan CR. Role of
glucose and insulin resistance in development of type 2 diabetes mellitus: results of a
25-year follow-up study. Lancet. 1992;340(8825):925-9.
54
Matsuzawa Y, Nakamura T, Takahashi M, Ryo M, Inoue S, Ikeda Y et al. Examination
Committee of Criteria for 'Obesity Disease' in Japan; Japan Society for the Study of
Obesity. New criteria for 'obesity disease' in Japan. Circ J. 2002;66(11):987-92.
Matsuzawa Y. Metabolic syndrome--definition and diagnostic criteria in Japan. J
Atheroscler Thromb. 2005;12(6):301.
Matsuzawa Y. Metabolic Syndrome-Definition and Diagnostic Criteria in Japan. J Jpn
Soc Int Méd. 2005;94:188−203.
Mazzaro C do L, Costa F de A, Bombig MT, Luna Filho B, de Paola AA, Carvalho AC et
al. Ventricular mass and electrocardiographic criteria of hypertrophy: evaluation of new
score. Arq Bras Cardiol. 2008;90(4):227-31.
McIntosh A, Hutchinson A, Feder G. Clinical guidelines and evidence review for Type 2
diabetes: Lipids Management. Sheffield: SCHARR, University of Sheffield. 2002.
McNeill AM, Rosamond WD, Girman CJ, Golden SH, Schmidt MI, East HE et al. The
metabolic syndrome and 11-year risk of incident cardiovascular disease in the
atherosclerosis risk in communities study. Diabetes Care. 2005;28(2):385-90.
Menotti A, Seccareccia F. Electrocardiographic Minnesota code findings predicting
short-term mortality in asymptomatic subjets. The Italian RIFLE Pooling Project (Risk
Factors and Life Expectancy). G Ital Cardiol. 1997;27(1):40-9.
Messerli FH, Soria F. Hypertension, left ventricular hypertrophy, ventricular ectopy, and
sudden death. Am J Med. 1992;93(2A):S21-6.
Miller DH, Eisenberg RR, Kligfield PD, Devereux RB, Casale PN, Phillips MC.
Eletrocardiographic recognition of left atrial enlargement. J Eletrocardiol. 1987;16(1):15-
21.
Möhlenkamp S, Schmermund A, Lehmann N, Roggenbuck U, Dragano N, Stang A,
Moebus S
et al. Heinz Nixdorf Recall Study Investigators. Subclinical coronary
atherosclerosis and resting ECG abnormalities in an unselected general population.
Atherosclerosis. 2008;196(2):786-94.
Mokdad AH, Ford ES, Bowman BA, Dietz WH, Vinicor F, Bales VS et al. Prevalence of
obesity, diabetes, and obesity-related health risk factors, 2001 JAMA. 2003;289(1):76-9.
Moran A, Zhang HJ, Olson LK, Harmon JS, Poitout V, Robertson RP. Differentiation of
glucose toxicity from beta cell exhaustion during the evolution of defective insulin gene
expression in the pancreatic islet cell line, HIT-T15 J Clin Invest. 1997;99(3):534-9.
Morrison I, Clark E, Macfarlane PW. Evaluation of the electrocardiographic criteria for
left ventricular hypertrophy. Anadolu Kardiyol Derg. 2007;7 (Suppl 1):159-63.
55
Nakamura K, Okamura T, Hayakawa T, Kadowaki T, Kita Y, Okayama A et al. NIPPON
DATA90 Research Group. Electrocardiogram screening for left high R-wave predicts
cardiovascular death in a Japanese community-based population: NIPPON DATA90.
Hypertens Res. 2006;29(5):353-60.
Nakanishi S, Okubo M, Yoneda M, Jitsuiki K, Yamane K, Kohno N. A comparison
between Japanese-Americans living in Hawaii and Los Angeles and native Japanese:
the impact of lifestyle westernization on diabetes mellitus. Biomed Pharmacother
2004;58(10):572-7.
Neel V. In Diabetes Mellitus: a “thrifty” genotype rendered detrimental by progress? Am
J Hum Genet, 1962;14:353-62.
O'Dea K. Westernization, insulin resistance and diabetes in Australian aborigines. Med J
Aust. 1991;155(4):258-64.
Okin PM, Devereux RB, Jern S, Kjeldsen SE, Julius S, Nieminen MS et al. LIFE Study
Investigators. Regression of electrocardiographic left ventricular hypertrophy during
antihypertensive treatment and the prediction of major cardiovascular events. JAMA.
2004;292(19):2343-9.
Okin PM, Devereux RB, Nieminen MS, Jern S, Oikarinen L, Viitasalo M et al. LIFE
Study Investigators. Electrocardiographic strain pattern and prediction of cardiovascular
morbidity and mortality in hypertensive patients. Hypertension. 2004;44(1):48-54.
Okin PM, Roman MJ, Devereux RB, Kligfield P. Electrocardiographic identification of
increase left ventricular mass by simple voltage-duration products. J Am Coll Cardiol.
1995;23:417-23.
Oliveira JEP, Sanjulianni AF, Negrão CE, Forti AC, Mancini MC, Nogueira AR, et al. I
Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, Arq. Bras.
Cardiol, 2005,84,(Suppl I)
Pickup JC and Crook MA. Is type II diabetes mellitus a disease of the innate immune
system? Diabetologia.. 1998 ;41(10):1241-8.
Prineas RJ, Crowe RS, Blackburn H. The Minnesota Code manual of
electrocardiographic findings. Bristol: John Wright, 1982.
Prineas RJ, Rautaharju PM, Grandits G, Crow R. MRFIT Research Group. Independent
risk for cardiovascular disease predicted by modified continuous score
electrocardiographic criteria for 6-year incidence and regression of left ventricular
hypertrophy among clinically disease free men: 16-year follow-up for the multiple risk
factor intervention trial. J Electrocardiol. 2001;34(2):91-101.
Rautaharju PM, Prineas RJ, Wood J, Zhang ZM, Crow R, Heiss G. Electrocardiographic
predictors of new-onset heart failure in men and in women free of coronary heart
56
disease (from the Atherosclerosis in Communities [ARIC] Study). Am J Cardiol.
2007;100(9):1437-41.
Reaven GM and Chen YD. Role of abnormal free fatty acid metabolism in the
development of non-insulin-dependent diabetes mellitus. Am J Med. 1988;85(5A):106-
12.
Reaven GM. Banting lecture 1988. Role of insulin resistance in human disease.
Diabetes. 1988;37(12):1595-607.
Reed D, McGee D, Cohen J, Yano K, Syme SL, Feinleib M. Acculturation and coronary
heart disease among Japanese men in Hawaii. Am J Epidemiol. 1982;115(6):894-905.
Ridker PM. Clinical application of C-reative protein for cardiovascular disease detection
and prevention. Circulation. 2003;107(3):363-369.
Rodbard HW, Blonde L, Braithwaite SS, Brett EM, Rhoda H, Cobin RH, et al.
AACE
Diabetes Mellitus Guidelines, Endocr Pract. 2007;13(Suppl 1).
Roman MJ, Kligfield R, Devereux RB et al. Geometric and functional correlates of
electrocardiographic repolarization and voltage abnormalities in aortic regurgitation an
limb leads. J Am Coll Cardiol. 1987;9(3):500-8.
Romhilt DW, Estes EH Jr. A point-score system for the ECG diagnosis of left ventricular
hypertrophy. Am Heart J. 1968;75(6):752-8.
Rosembaum P, Gimeno SGA, Sanudo A, Franco LJ, Ferreira SRG for the Japanese-
Brazilian Diabetes Study Group. Analysis of criteria for metabolic syndrome in
population-based study of Japanese-Brazilians. Diabetes Obes Metab. 2005;7(4):352-9.
Salaroli LB, Barbosa GC, Mill JG, Molina MC. Prevalence of metabolic syndrome in
population-based study, Vitória, ES-Brazil. Arq Bras Endocrinol Metabol.
2007;51(7):1143-52.
Sartorelli DS, Freire RD, Ferreira, Cardoso MA for the Japanese-Brazilian Diabetes
Study Group. Dietary Fiber and Glucose Tolerance in Japanese-Brazilians. Diabetes
Care. 2005;28(9):2240-42.
Savage DD, Drayer JI, Henry WL, Mathews EC Jr, Ware JH, Gardin JM et al.
Echocardiographic assessment of cardiac anatomy and function in hypertensive
subjects. Circulation. 1979;59(4):623-32.
Schillaci G, Verdecchia P, Borgioni C, Ciucci A, Guerrieri M, Zampi I et al. Improved
electrocardiographic diagnosis of left ventricular hypertrophy. Am J Cardiol.
1994;74(7):714-19.
Schmidt MI, Duncan BB, Sharrett AR, Lindberg G, Savage PJ, Offenbacher S
et al.
Markers of inflammation and prediction of diabetes mellitus in adults (Atherosclerosis
Risk in Communities Study): a cohort study. Lancet. 1999;353:1649-1652.
57
Schulz LO, Bennett PH, Ravussin E, Kidd JR, Kidd KK, Esparza J et al. Effects of
traditional and western environments on prevalence of type 2 diabetes in Pima Indians
in Mexico and the U.S. Diabetes Care. 2006;29(8):1866-71.
Schwingel A, Nakata Y, Ito LS, Chodzko-Zajko WJ, Shigematsu R, Erb CT et al. A
comparison of the prevalence of the metabolic syndrome and its components among
native Japanese and Japanese Brazilians residing in Japan and Brazil. Eur J
Cardiovasc Prev Rehabil. 2007;14(4):508-14.
Shai I, Jiang R, Manson JE, Stampfer MJ, Willett WC, Colditz GA, Hu FB Ethnicity,
obesity, and risk of type 2 diabetes in women: a 20-year follow-up study. Diabetes
Care. 2006 Jul;29(7):1585-90.
Shin J, Lee JU, Kim KS, Kim SG, Kim JH, Lim HK et al. Influence of abdominal
circumference on the inappropriateness of left ventricular mass and diastolic function in
non-obese patients. J Cardiol. 2007;49(6):323-9.
Sokolow M, Lyon TP. – The ventricular complex in left ventricular hypertrophy as
obtained by unipolar precordial and limb leads. Am Heart J. 1949;37(2):161-86.
Stern MP. Strategies and prospects for finding insulin resistance genes. J Clin Invest.
2000;106(3):323-27.
Sullivan PW, Morrato EH, Ghushchyan V, Wyatt HR, Hill JO. Obesity, inactivity, and the
prevalence of diabetes and diabetes-related cardiovascular comorbidities in the U.S.,
2000-2002. Diabetes Care. 2005;28(7):1599-603.
Sundström J, Lind L, Arnlöv J, Zethelius B, Andrén B, Lithell HO et al.
Echocardiographic and electrocardiographic diagnoses of left ventricular hypertrophy
predict mortality independently of each other in a population of elderly men. Circulation.
2001;103(19):2346-51.
Takeuchi H, Saitoh S, Takagi S, Ohnishi H, Ohhata J, Isobe T et al. Metabolic syndrome
and cardiac disease in Japanese men: applicability of the concept of metabolic
syndrome defined by the National Cholesterol Education Program-Adult Treatment
Panel III to Japanese men--the Tanno and Sobetsu Study. Hypertens Res.
2005;28(3):203-8.
Tambascia MA,Gomes MB,Dib AS, Lerário AC,Malerbi D,Geloneze BN, et al.
Tratamento e Acompanhamento do Diabetes Mellitus Diretrizes da Sociedade Brasileira
de Diabetes-2007.
Taylor SI, Accili D, Imai Y. Insulin resistance or insulin deficiency: which is the primary
cause of NIDDM. Diabetes. 1994;43(6):735-40.
Tong J, Boyko EJ, Utzschneider KM, McNeely MJ, Hayashi T, Carr DB
et al.
Intra-
abdominal fat accumulation predicts the development of the metabolic syndrome in non-
diabetic Japanese-Americans. Diabetologia. 2007;50(6):1156-60.
58
Tukuitonga CF. Progress of impaired glucose tolerance to diabetes mellitus among
Niueans. N Z Med J. 1990;103(894):351-3.
Ueshima H, Okayama A, Saitoh S, Nakagawa H, Rodriguez B, Sakata K et al.
INTERLIPID Research Group. J Hum Hypertens 2003;17(9):631-9.
Urbina EM, Gidding SS, Bao W, Elkasabany A, Berenson GS. Association of fasting
blood sugar level, insulin level, and obesity with left ventricular mass in healthy children
and adolescents: The Bogalusa Heart Study. Am Heart J. 1999;138(1 Pt 1):122-7.
van Dam RM, Rimm EB, Willett WC, Stampfer MJ, Hu FB. Dietary patterns and risk for
type 2 diabetes mellitus in U.S. men. Ann Intern Med. 2002;136(3):201-9.
Verdecchia P, Dovellini EV, Gorini M, Gozzelino G, Lucci D, Milletich A et al.
Comparison of electrocardiographic criteria for diagnosis of left ventricular hypertrophy
in hypertension: the MAVI study. Ital Heart J. 2000;1(3):207-15.
Verdecchia P, Porcellati C, Reboldi G, Gattobigio R, Borgioni C, Pearson TA et al. Left
ventricular hypertrophy as an independent predictor of acute cerebrovascular events in
essential hypertension. Circulation. 2001;104(17):2039-44.
Verdecchia P, Reboldi G, Angeli F, Avanzini F, de Simone G, Pede S et al. HEART
Survey Study Group. Prognostic value of serial electrocardiographic voltage and
repolarization changes in essential hypertension: the HEART Survey study. Am J
Hypertens. 2007;20(9):997-1004.
Verdecchia P, Schillaci G, Borgioni C, Ciucci A, Gattobigio R, Zampi I et al. Prognostic
significance of serial changes in left ventricular mass in essential hypertension.
Circulation 1998;97(1):48-54.
Verdecchia P, Schillaci G, Borgioni C, Ciucci A, Gattobigio R, Zampi I et al. Prognostic
value of a new electrocardiographic method for diagnosis of left ventricular hypertrophy
in essential hypertension. .J Am Coll Cardiol 1998;31(2):383-90.
Westerhout CM, Lauer MS, James S, Fu Y, Wallentin L, Armstrong PW; GUSTO IV
ACS Investigators. Electrocardiographic left ventricular hypertrophy in GUSTO IV: an
important risk marker of mortality in women. Eur Heart J. 2007;28(17);2064-9.
Williams DE, Knowler WC, Smith CJ, Hanson RL, Roumain J, Saremi A et al. The effect
of Indian or Anglo dietary preference on the incidence of diabetes in Pima Indians.
Diabetes Care. 2001;24(5):811-6.
Young-Hyman D, Schlundt DG, Herman L, De Luca F, Counts D. Evaluation of the
insulin resistance syndrome in 5 to 10 year old overweigh/obese African American
children. Diabetes Care. 2001;24(8):1359-64.
ABSTRACT
Objective: To analyze the presence of myocardial necrosis and left ventricular
hypertrophy (LVH) using ECG and their relationship with DM and MS in a population of
Japanese-Brazilians. Methods: Transversal study which evaluated 1042 Japanese-
Brazilians over 30 years old, 202 born in Japan (isei) and 840 born in Brazil (nisei) from
the second phase of the Japanese-Brazilian Diabetes Study Group initiated in 2000. MS
was defined according to the NCEP-ATP III criteria modified for the Japanese. DM and
MS were associated with the presence of myocardial necrosis according to the
Minnesota criterion and of LVH according the Perugia criterion in ECG. The statistic chi
square method was used to reject the null hypothesis. Results: Of the 1042 participants
35.3% had DM (38.6% of the isseis and 34.5% of the nisseis); 51.8% had MS (59.4% of
the isei and 50.0% of the nisei). The presence of an inactive zone in the diabetic isei
was not statistically significant when compared to the non diabetic, but among the
diabetic nisei the inactive zone was present in 7.5%. There was a statistically significant
correlation between MS and LVH in isei and nisei. Conclusion: Metabolic disorders
presented a high prevalence in Japanese-Brazilians with significant correlations with
necrosis and hypertrophy in ECG.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo