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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
ASPECTOS BIOLÓGICOS DA RAIA-PRETA,
Pteroplatytrygon violacea, CAPTURADA PELOS
ATUNEIROS DE SÃO PAULO NO SUDESTE-SUL DO
BRASIL (2006-08)
César Corat Ribeiro-Prado
Orientador: Alberto Ferreira de Amorim
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca – APTA - SAA, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo
de Mestre em Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Agosto – 2008
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
ASPECTOS BIOLÓGICOS DA RAIA-PRETA,
Pteroplatytrygon violacea, CAPTURADA PELOS
ATUNEIROS DE SÃO PAULO NO SUDESTE-SUL DO
BRASIL (2006-08)
César Corat Ribeiro-Prado
Orientador: Alberto Ferreira de Amorim
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca – APTA - SAA, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo
de Mestre em Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Agosto - 2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação. Instituto de Pesca, São Paulo
P896a Ribeiro-Prado, César Corat
Aspectos biológicos da raia-preta, Pteroplatytrygon
violacea, capturada pelos atuneiros de São Paulo no
Sudeste-Sul do Brasil (2006-08). – São Paulo, 2008
xi, 62f. ; il. ; graf. ; tab.
.
Dissertação (mestrado) apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do Instituto de
Pesca – APTA - Secretaria de Agricultura e
Abastecimento.
Orientador: Alberto Ferreira Amorim
1. Pteroplatytrygon violacea. 2. Pesca Incidental-Raia-
Brasil. 3. Raia-preta. I. Amorim, Alberto Ferreira. II. Título.
CDD 597.35
,
,
Dedicatória
Dedico este trabalho a todas as pessoas que participaram neste
trabalho, entre eles, meu orientador, pesquisadores, pescadores, estagiários,
familiares. Os 223 espécimes e 7 embriões capturados pela pesca comercial e
analisados neste trabalho, embora extraídos da natureza, contribuíram para o
objetivo de propor idéias para a harmonia entre homem e o meio ambiente.
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais e avós, Mauro, Magali, Yolanda e Henriqueta, pelo
amor, paciência, dedicação e apoio em todas as horas.
À Juliana, pelo amor dedicado, embora muitas vezes de longe, mas sempre
presente, pois sozinho e sem seu carinho eu jamais alcançaria esse
objetivo. Também pelas horas dedicadas à realização da biometria e
elaboração das planilhas, pois toda essa cumplicidade aproximou ainda
mais nossos caminhos.
Ao meu orientador, Dr. Alberto Ferreira de Amorim, por me mostrar o
caminho de um bom trabalho e de uma vida simples, porém, plena.
Também por todas as caronas e amizade sincera, e à Cristina Amorim
pelas correções nas traduções.
Á banca examinadora, Dr. Carlos Alberto Arfelli, Dr. Manoel Mateus Bueno
Gonzalez, Dra. Patrícia Charvet-Almeida e Dr. Evandro Severino Rodrigues,
pelas sugestões preciosas, amizade e consideração.
A todos os estagiários do Instituto de Pesca, rbara, Caio, Carina, Lígia,
Natália Della Fina, Natália Piva, Roberta, e da PUC-Campinas, os quais
muitas vezes colaboraram com as amostragens e me fizeram aprender com
minhas falhas.
A profa. Dra. Luiza Ishikawa Ferreira pela amizade, apoio, pelas preciosas
sugestões e disponibilidade do laboratório de Zoologia da PUC-Campinas.
Aos professores Ms. Cláudia Eiko Yoshida (Associação Mata Ciliar),
Luciane Kern Junqueira (Puc-Campinas), Mithitaka Soma (Instituto Butantã)
e Issao Kameyama (Puc-Campinas) pelas excepcionais aulas, conselhos,
amizade e pelos preciosos ensinamentos durante a graduação que
carregarei comigo.
Aos pescadores Almir, Sandro, Alemão, Kachimba, Dedé, Dirceu e Jorge,
pelas amostras.
A Dra. Maria Cristina Oddone Franco, pela atenção e pelas fotos,
referências, correções e preciosas sugestões e parcerias nos futuros
trabalhos decorrentes dessa dissertação.
Ao ilustre pesquisador que desviou os cerca de 1.500 espécimes de raias-
pretas trazidos pelos pescadores para este trabalho, os quais infelizmente
morreram em vão, mas mesmo lamentando muito, agradeço por me ensinar
a ver até onde a ambição humana pode chegar.
Às empresas de pesca de Santos Imaipesca Ind. Com. Pescados
(Sr.
Maeda) e de Guarujá Ita Fish Trans. Com. Pescados Ltda. (Sr. Fernando).
ii
A todas as raias que me deixaram cicatrizes devido ao manuseio dos
espinhos, os quais me sugeriram idéias sobre futuros trabalhos e
mostraram que merecem todo o respeito.
Ao Instituto de Pesca de São Paulo Agência Paulista de Tecnologia do
Agronegócio, Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e Governo do
Estado de São Paulo, pela oportunidade de desenvolver o presente trabalho
nessa importante referência de pesquisas no Brasil e no exterior.
A Deus por tornar dessa existência um eterno aprendizado. Muito obrigado,
Pai!
iii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS......................................................................................... ii
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS..................................................... iv
ÍNDICE DE TABELAS, FIGURAS E ANEXOS................................................. vi
RESUMO............................................................................................................ x
ABSTRACT....................................................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 1
1.1 Revisão de Literatura................................................................................ 3
1.1.1. Dieta........................................................................................................ 3
1.1.2. Anomalia................................................................................................. 4
1.1.3. Distribuição............................................................................................ 6
1.1.4. Reprodução............................................................................................ 6
2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 10
2.1. Biometria e Pesagem............................................................................... 11
2.2. Dieta.......................................................................................................... 14
2.3. Anomalia....................................................................................................14
2.4. Distribuição.............................................................................................. 14
2.5. Reprodução.............................................................................................. 15
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 17
3.1. Identificação............................................................................................. 17
3.2. Biometria e Pesagem............................................................................... 17
3.3. Dieta.......................................................................................................... 22
3.4. Anomalia................................................................................................... 27
3.5. Captura Incidental e Distribuição........................................................... 33
3.6. Reprodução.............................................................................................. 41
4. CONCLUSÃO............................................................................................... 53
5. REFERÊNCIAS........................................................................................... 55
6. ANEXOS...................................................................................................... 62
i
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
IGS: Índice Gonadossomático
IHS: Índice Hepatossomático
IUCN: International Union for Conservation of Nature (em português, UICN:
União Internacional para Conservação da Natureza)
Ld: Largura do disco
Pf: Peso do fígado
Pg: Peso das gônadas
Pt: Peso total
ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS
Tabelas
Tabela 1. Porcentagem média da biometria de macho (m) e fêmea (f) de raia-
preta.................................................................................................................. 18
Tabela 2. Distribuição de macho e fêmea no agrupamento costeiro e oceânico,
utilizando-se os seguintes parâmetros: Índice gonadossomático: IGS, Peso das
gônadas: Pg, Largura do disco: Ld, e Peso total: Pt......................................... 41
Tabela 3.
Primeira maturação gonadal em machos de P. violacea, onde N:
número amostral, e L
50
Médio, corresponde ao comprimento da largura do
disco (cm)......................................................................................................... 42
Figuras
Figura 1. Vista dorsal (a), ventral (b) e lateral (c) de Pteroplatytrygon violacea,
retirado de CAVALIERE em 1955, apud, MOLLET et al., (1997)....................... 8
Figura 2. Área de pesca da frota espinheleira de Santos, SP, retirado de
AMORIM et al. (1998)....................................................................................... 10
Figura 3. Desembarque de Pteroplatytrygon violacea (seta) no terminal
pesqueiro da Ita Fish, Guarujá, SP................................................................... 11
Figura 4. Extremidade da cauda de Pteroplatytrygon violacea, onde a região
mais clara foi utilizada como indicativo de validade do comprimento total....... 12
Figura 5. Análise de Pteroplatytrygon violacea no laboratório do Instituto de
Pesca, Santos, SP............................................................................................ 13
Figura 6. Relação peso-comprimento para fêmeas de Pteroplatytrygon
violacea, onde Pt: Peso total (g) e Ld: Largura do disco (cm).......................... 19
Figura 7. Relação peso-comprimento para machos de Pteroplatytrygon
violacea, onde Pt: Peso total (g) e Ld: Largura do disco (cm).......................... 20
Figura 8. Distribuição de freqüência de comprimento em fêmea, de
Pteroplatytrygon violacea, comparado com dados de FROSELLEDO et al.
(2006)................................................................................................................ 21
Figura 9. Distribuição de freqüência de comprimento em macho, de
Pteroplatytrygon violacea, comparado com dados de FROSELLEDO et al.
(2006)................................................................................................................ 21
i
Figura 10. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de Pteroplatytrygon violacea................................ 23
Figura 11. Freqüência de ocorrência de itens alimentares do conteúdo
estomacal de Pteroplatytrygon violacea........................................................... 23
Figura 12. Freqüência de ocorrência de itens alimentares agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea
.. 24
Figura 13. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares agrupados em
crustáceos, peixes e moluscos, de mea, em área oceânica de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 25
Figura 14. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de fêmea, em área costeira de Pteroplatytrygon
violacea............................................................................................................. 25
Figura 15. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares, agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de macho, em área oceânica de Pteroplatytrygon
violacea............................................................................................................. 26
Figura 16. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares, agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de macho, em área costeira de Pteroplatytrygon
violacea............................................................................................................. 27
Figura 17. Anomalia, com ausência da nadadeira pélvica e pterigopódio
esquerdo, de Pteroplatytrygon violacea. A seta indica o local da anomalia..... 28
Figura 18. Radiografia da anomalia, com ausência da nadadeira pélvica e
pterigopódio esquerdo, de Pteroplatytrygon violacea. A seta indica o local da
anomalia........................................................................................................... 29
Figura 19. Radiografia da anomalia da região dos pterigopódios de
Pteroplatytrygon violacea: A) indica a cintura pélvica (única); B) propterígio
direito; B’: propterígio esquerdo e C: metapterígio direito................................ 30
Figura 20. Anomalia no focinho em fêmea de Pteroplatytrygon violacea, com
seta indicativa................................................................................................... 31
Figura 21. Anomalia no focinho em fêmea de Pteroplatytrygon violácea, com
seta indicativa (ampliação)............................................................................... 32
Figura 22. Anomalia na nadadeira peitoral em embrião de Pteroplatytrygon
violacea, com seta indicativa............................................................................ 33
Figura 23. Distribuição de freqüência mensal de macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 36
Figura 24. Distribuição de freqüência sazonal de macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 36
vi
i
Figura 25. Proporção sexual trimestral de Pteroplatytrygon violácea comparado
com dados de FROSELLEDO et al. (2006)...................................................... 37
Figura 26. Distribuição de macho e fêmea em diferentes profundidades de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 39
Figura 27. Áreas de captura de Pteroplatytrygon violacea no Oceano Atlântico
Sul Ocidental. (A) espécimes de áreas consideradas oceânicas e (B)
espécimes costeiros, onde Preta, presente trabalho; Amarela, fêmea prenhe
em fevereiro/91; Azul, fêmea prenhe em abril/02; e Vermelho, fêmea prenhe
em março/08 (presente trabalho)...................................................................... 40
Figura 28. Índice gonadossomático médio mensal em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 43
Figura 29. Índice gonadossomático médio sazonal em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 44
Figura 30. Índice hepatossomático médio mensal em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 45
Figura 31. Índice hepatossomático médio trimestral em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.................................................................................. 45
Figura 32. Marcas de cópula na superfície ventral, próximo à cloaca em um
macho adulto de Pteroplatytrygon violácea, com seta indicativa..................... 46
Figura 33. Marcas de cópula superfície dorsal, próximo aos espiráculos em
fêmea adulta de Pteroplatytrygon violacea....................................................... 47
Figura 34. Marca de pula na superfície ventral, na nadadeira peitoral em
fêmea adulta de Pteroplatytrygon violacea....................................................... 47
Figura 35. Fêmea prenhe de Pteroplatytrygon violacea capturada em maio de
2008.................................................................................................................. 49
Figura 36. Útero esquerdo da fêmea prenhe de Pteroplatytrygon violácea, com
seta indicativa................................................................................................... 50
Figura 37. Sete embriões (quatro fêmeas e três machos) encontrados em
Pteroplatytrygon violacea. A seta aponta um macho com anomalia................ 51
viii
Anexos
Anexo 1. Modelo da ficha biométrica, adaptado de LAST E STEVENS (1994),
onde: a) comprimento total (Ct); b) Largura do disco (Ld); c) Distância do
focinho à margem posterior da nadadeira peitoral (Dpt); d) Distância do focinho
à margem posterior da nadadeira pélvica (Dpv); e) Distância do focinho à
origem da cloaca (Dc); f) Distância do focinho à origem da narina (Dn); g)
Distância do focinho à origem da boca (Db); e h) Comprimento do clásper (Cc).
.......................................................................................................................... 61
Anexo 2. Modelo da ficha de entrevista utilizada no desembarque................. 62
i
x
RESUMO
Uma das característica comuns à classe Chondrichthyes, a qual abrange
tubarões, raias e quimeras, é a maturação sexual tardia e baixa fecundidade,
que os torna sensíveis à mortalidade causada pela pesca. A raia-preta,
Pteroplatytrygon violacea Bonaparte, 1832, é uma espécie de raia epipelágica,
que pertence à família Dasyatidae é considerada cosmopolita É uma espécie
vivípara aplacentária, onde o embrião se alimenta através do saco vitelínico e
de trofonematas. Estudos envolvendo a espécie são escassos, e a espécie é
freqüentemente capturada incidentalmente pela frota atuneira de espinhel
pelágico e descartadas por não apresentarem interesse comercial, estando
presente na Lista Vermelha da UICN. Foram levantados alguns aspectos
relacionados à biologia-pesqueira da raia-preta com o objetivo de subsidiar
órgãos governamentais e o governamentais para auxiliar na criação de
medidas de conservação, devido à captura incidental freqüente. No período de
agosto de 2006 a março de 2008 foram obtidos 223 espécimes de raia-preta,
solicitadas aos pescadores da frota de espinhel pelágico de São Paulo, que
atuam no sudeste e sul do Brasil. Foram realizados a biometria, pesagem,
análise de estômagos através da freqüência de ocorrência, e de gônadas
através dos índices gonadossomáticos e hepatossomáticos e entrevistas com
os pescadores para a obtenção de dados pesqueiros. A captura incidental da
espécie aumentou desde o final dos anos 1990 devido à re-implementação de
um estropo metálico no petrecho de pesca, próximo ao anzol, onde espécies
de cações podem ser capturadas, bem como as raias, pois anteriormente à
utilização desse estropo, os cações e demais peixes com dentes cortantes se
livravam da linha do anzol facilmente. Os dados biométricos dos espécimes
mostraram-se equivalentes quando comparados com outros trabalhos, assim
como a relação peso-comprimento, que apresentou forte correlação para
ambos os sexos. As classes de comprimento mais freqüentes foram de 50 a 54
centímetros para as fêmeas e de 40 a 44 cm para os machos. O grupo de
presas mais freqüente na dieta da espécie foi o Mollusca, e o item mais
freqüente foi Loligo sp., presente em 32% dos estômagos com algum conteúdo.
As fêmeas capturadas mais próximas da costa alimentaram-se
predominantemente de crustáceos, e em áreas oceânicas de moluscos,
enquanto os machos apresentaram uma dieta mais heterogênea em ambas as
áreas, sendo Mollusca predominante. Tais diferenças podem estar
relacionadas à profundidade onde os espécimes se encontraram, sendo que os
machos se encontraram em maiores e fêmeas em menores profundidades.
Foram observadas anomalias em 1,3% do total de espécimes amostrados. O
período de cópula foi observado entre setembro e novembro, com o início do
desenvolvimento das gônadas nas fêmeas e marcas de mordidas, e a época
de nascimento entre janeiro e abril, onde foram observados aumentos nos
índices gonadossomático e hepatossomático, além da captura de uma fêmea
prenhe com sete embriões em março de 2008. A captura incidental da espécie
pode estar afetando sua população, pois áreas de pesca coincidem com áreas
de cópula e nascimento, sendo necessário estudar medidas que visem diminuir
a pressão pesqueira nessas áreas, como novas técnicas de pesca.
Palavras-chave: Dasyatidae, Pteroplatytrygon violacea, captura incidental.
x
ABSTRACT
One of the main characteristics of the Chondrichthyes class, that comprises
sharks, batoids and chimaeras, is the longevity, late sexual maturity and low
fecundity. The pelagic stingray, Pteroplatytrygon violacea (Bonaparte, 1832), is
epipelagic. It belongs to the Dasyatidae family and is considered cosmopolitan.
It is a viviparous species without placenta, so the embryos receive their food
through the yolk sac and by trofonemata. The species is incidentally caught in
abundance by longline fleet and discarded because there is no commercial
value. It is included in IUCN Red List as “least concer”. This article analyses the
fishery biology aspects of pelagic stingray in order to provide the governamental
and non-governamental organizations information on the abundance of
incidental catches, that requires conservation measures. A total of 223
specimens of pelagic stingrays were donated by fishermen from the longliner
commercial fleet, that operates in the south and southeast of Brazil from August
2006 to March 2008. The study comprised biometry, weighing, stomach
analysis through occurrence frequency, gonads through the gonadosomatic and
hepatosomatic indexes and interviews with fishermen to obtain fisheries data.
The incidental catch of the species increased in late 90s, due to the
implementation of a metalic strop near the hook in the fishing gear, that
permitted the catch of blue shark and other fish that usually cut the line with
their strong teeth. The biometric data of the specimens is similar to the obtained
in other papers, as well as the length-weight relationship, that presented strong
correlation for both sexes. The most frequent length classes were 50-54
centimeters for females and 40-44 cm for males. The most frequent group of
preys in the diet of the species in the oceanic area was the Mollusca, and the
most frequent item was Loligo sp., present in 32% of the stomaches with some
contents. The females in the coastal zone fed predominantly on crustaceans,
and Mollusca in the oceanic areas, while the males presented a more
hetereogenic diet in both areas, and the Mollusca is predominant. Those
differences can be related to the depths where the specimens are, and it was
observed that the males were found in deeper areas than the females.
Anomalies were observed in 1.3% of the total of specimens observed. The
copulation and the beginning of gonadal development occurred from August to
December. The birth season occurred from January to April, when
gonadosomatic and hepatosomatic indexes increases were observed. Also a
gravid female with seven embryos was caught in March 2008. The incidental
catch of the species can be affecting its population, because the fishing areas
coincide with the copulation and nursery areas. So it is necessary to study
measures to decrease the fisheries pressure in those areas, as well as new
fishing techniques.
Key words: Dasyatidae, Pteroplatytrygon violacea, incidental catches.
xi
1. INTRODUÇÃO
Os peixes cartilaginosos pertencem à Classe Chondrichthyes, grupo
mais antigo de vertebrados com mandíbula, que inclui cerca de 1.200 espécies
viventes de tubarões, raias e quimeras (HAMLETT, 2005), e surgiram
aproximadamente 400 milhões de anos. Os Chondrichthyes encontram-se
divididos em duas subclasses: Holocephali, que inclui as quimeras e
Elasmobranchii, que inclui os tubarões e raias (WOURMS E DEMSKI, 1993).
Os elasmobrânquios são, em geral, classificados como K-estrategistas
por apresentarem um extenso período reprodutivo e maturação sexual tardia
(WOURMS, 1977; ODUM, 1988). Segundo BATISTA (1987), ainda que as
populações de espécies vivíparas apresentem fecundidade mais baixa que as
espécies ovíparas, também a própria limitação da cavidade abdominal de
reter um maior número de embriões (WOURMS, 1977).
A raia-preta, Pteroplatytrygon violacea (BONAPARTE, 1832), pertence à
família Dasyatidae é considerada cosmopolita, e ocorre em áreas tropicais e
subtropicais do Oceano Atlântico, Pacífico, Índico e Mar Mediterrâneo
(WILSON e BECKETT, 1970; SADOWSKY e AMORIM, 1977; LAMILLA et al.,
1995; MENNI et al., 1995; MCKINNELL e SEKI, 1998; BENSON et al., 2001;
CHAPMAN, 2001; MCEACHRAN e CARVALHO, 2002; BROMHEAD et al.,
2003; DÁVALOS-DEHULLU e GONZÁLEZ-NAVARRO, 2003; LETOURNEUR
et al., 2004; FIP, 2004; DOMINGO et al., 2005; FRANCIS et al. 2005; MOLINA
et al., 2005; WARD e MYERS, 2005; FROSELLEDO et al., 2006).
A espécie foi primeiramente registrada no Atlântico Sul (SADOWSKY e
AMORIM, 1977) com base na captura de uma fêmea de 54,8 cm e de um
macho de 42,1 cm (largura do disco), adultos, na área 20°53’S - 21°36’S e
37°16’W - 46°44’W. Esses exemplares foram obtidos durante viagem de
pesquisa em janeiro de 1977.
Pteroplatytrygon violacea é uma espécie epipelágica, encontrada em
águas tropicais quentes, geralmente nos primeiros 100 metros de
profundidade, ocorrendo ocasionalmente até 240 metros (MCEACHRAM e
CARVALHO, 2002). O tamanho ximo observado foi de 80 cm de largura do
disco e aproximadamente 190 cm de comprimento total (SERENA, 2005). É
uma espécie vivípara aplacentária, onde o embrião se alimenta através do saco
vitelínico e de trofonemata, extensões do epitélio uterino rico em nutrientes,
que os embriões ingerem e absorvem. Nos machos, a primeira maturação
gonadal ocorre na largura do disco próximo de 48 cm, e nas fêmeas a primeira
maturação ocorre entre 40 e 50 cm de largura do disco. A cópula ocorre na
primavera e o nascimento ocorre no fim do verão, gerando cinco a seis
neonatos, com aproximadamente sete centímetros de largura do disco
(MCEACHRAM e CARVALHO, 2002). Sua dieta inclui lulas, celenterados,
cnidários, crustáceos, e peixes pelágicos. Quanto à coloração, apresenta na
superfície dorsal a cor roxa, do azul-acinzentado ao roxo escuro; na superfície
ventral a cor azul ao roxo-acinzentado brilhante (MCEACHRAM e CARVALHO,
2002; SERENA, 2005).
Estudos envolvendo a espécie em questão têm focado somente alguns
aspectos da dentição (BOURDON e MOLLET, 1999), locomoção
(ROSENBERGER, 2001), dieta (VASKE JR. et al., 1995; VASKE JR., 1997;
DÁVALOS-DEHULLU e GONZÁLEZ-NAVARRO, 2003), reprodução (RÊGO et
al., 2007), dinâmica de população (MOLLET e CAILLIET, 2002), e de
conservação (ROSENBERGER, 2001; MOLLET e CAILLIET, 2002; PEACH e
ROUSE, 2004; DOMINGO et al., 2005; SCHWARTZ, 2005; IUCN, 2007).
A captura da raia-preta como fauna acompanhante da pesca atuneira
foi considerada de ocorrência rara (SADOWSKY e AMORIM, 1977).
A espécie foi incluída na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da
IUCN (2007), na categoria "Menos Preocupante" (Least concern), onde seu
status de conservação deve ser monitorado, devido ao intenso esforço de
pesca nas áreas que as raias ocorrem, pois seu status de conservação pode
ser alterado para "Espécie Ameaçada" caso continuem sendo pescadas e as
descartadas mortas no mar (CHAPMAN, 2001; SERENA, 2005; IUCN, 2007).
Foram tratados aspectos biológicos da raia-preta, Pteroplatytrygon
violácea, como distribuição, dieta, tamanho da primeira maturação sexual, ciclo
reprodutivo, época de cópula e de nascimento, objetivando subsidiar órgãos
governamentais e não governamentais na criação de medidas de conservação.
Constatou-se que a espécie é capturada incidentalmente, em grande
quantidade e descartada morta, na pesca atuneira no sudeste e sul do Brasil.
Neste trabalho, inclui-se também estudo sobre a presença de anomalias.
1.2. Revisão de Literatura
1.2.1. Dieta
A literatura relativa à dieta da raia preta, Pteroplatytrygon violacea, é
escassa. De acordo com VASKE JR et al. (1995), no nordeste do Brasil, a raia-
preta apresenta uma nítida preferência por crustáceos da ordem Amphipoda,
família Hiperiidae, principalmente Phronima atlantica e Phrosina semilunata,
além de outros crustáceos, poliquetas da família Alciopidae e teleósteos.
VASKE JR (1997) descreveu 13 taxa encontrados no conteúdo
estomacal da espécie no Oceano Atlântico central e sul, próximo à região
nordeste do Brasil, onde os itens mais importantes foram os peixes da classe
Actinopterygii (principalmente Sardinella brasiliensis, ocorrendo em 13% dos
estômagos analisados), ordem Amphipoda (Phronima atlantica e Phrosina
semilunata), urocordados do subfilo Tunicata, peixes da família Diodontidae,
moluscos da classe Cephalopoda (principalmente Japetella sp.), crustáceos
das ordens Decapoda e Stomatopoda juvenis, crustáceos megalopae,
decápodas Heterocarpus empifer, Ordem Cephalopoda da família
Ommastrephidae.
3
DÁVALOS-DEHULLU e GONZÁLEZ-NAVARRO (2003) encontrou no
conteúdo estomacal de um espécime de raia-preta no golfo da Califórnia,
México, uma “cavalinha” (Scomber japonicus)
1.2.2. Anomalia
Existem relatos sobre deformidades em peixes desde o século XVI,
quando foi primeiramente descrito um caso de xipofagia (um embrião com duas
cabeças) com malformações nas nadadeiras peitorais em Cyprinus carpio
(PASTORE e PRATO, 1989). Por muito tempo, muitos espécimes com
deformidades foram nomeados como pertencentes a novos gêneros ou
espécies (LUER e KAJIURA, 2008).
Anomalias em elasmobrânquios não são comumente reportadas, como
acontece com peixes teleósteos, talvez devido ao baixo valor comercial da
maioria das espécies e na dificuldade de obter espécimes para estudos
(HOENING e WALSH, 1983). Possíveis causas de deformidades são
desconhecidas, mas podem ser originadas do stress assimétrico da coluna
vertebral, parasitas, artrites, injúrias, doenças, tumores localizados e
nutrição (HEUPEL et al., 1999).
Anomalias dificilmente o acompanhadas de resposta inflamatória
(HEUPEL et al., 1999). BALEBONA et al. (1993) relata a ocorrência da bactéria
Vibrio sp. em Sparus aurata, mas acredita-se que a bactéria não esteja
relacionada com as malformações. LOM et al. (1991) considerou o parasita
Myxobolus sandrae como causa da compressão e lordose na coluna vertebral
de Perca fluviatilis. Em peixes teleósteos, uma das causas de deformidades
está relacionada com a deficiência da vitamina C, gerando lordoses e
escolioses da coluna vertebral, assim como deformidades no condrocrânio e
mandíbula (HEUPEL et al., 1999).
Malformações que afetam os embriões consistem principalmente no
desenvolvimento incompleto do neurocrânio no local referente aos arcos
branquiais e aberrações de vértebras e colunas vertebrais (PASTORE e
PRATO, 1989) e podem ser consideradas congênitas ou acidentais, onde a
primeira é a mais comummente reportada (AMORIM, 1992).
Anomalias congênitas ocorrem com certa freqüência, mas dificilmente
chegam ao conhecimento científico, pois os organismos apresentam mínimas
chances de sobrevivência (GUDGER, 1933; AMORIM, 1992), podendo ser
relacionadas com falta de pigmentação ou albinismo (BOTTARO et al., 2005;
SAÏDI et al., 2006), deformidades no condrocrânio (HOENING e WALSH,
1983), na coluna vertebral (escolioses e lordoses) e nas vértebras (compressão
e fusão) (PASTORE e PRATO, 1989; AMORIM, 1992; MANCINI et al., 2006).
SAZIMA et al. (2002) relatou a ocorrência de anéis plásticos de tampa
de garrafas em Rhizoprionodon lalandii jovens. Esse anel geralmente se
prende próximo às brânquias, dificultando a circulação da água para a
respiração, além de gerar deformações no condrocrânio e coluna vertebral com
o crescimento dos espécimes, quando este não leva ao estrangulamento.
AMORIM (1992) também relatou a ocorrência de anomalias acidentais
próximos às brânquias em Prionace glauca e Isurus oxyrinchus, onde o
primeiro apresentou uma fita plástica, utilizada para prender caixas e o
segundo uma bolsa com alça, apresentando algas, cracas e cirripédios no
ferimento exposto.
1.2.3. Distribuição
A ocorrência de P. violacea no Oceano Atlântico Sul Ocidental foi
primeiramente registrada por SADOWSKY e AMORIM (1977), onde dois
espécimes foram capturados por barco operando com espinhel tradicional
(ARFELLI, 1996). Posteriormente, essa espécie foi assinalada por MENNI et al.
5
(1995), AMORIM et al. (1998), DOMINGO et al. (2005) e FROSELLEDO et al.
(2006); segundo MOLINA et al. (2005) a espécie também ocorreu no Oceano
Atlântico Oriental.
MCEACHRAN e CARVALHO (2002) relataram a ocorrência da P.
violácea no Oceano Atlântico Central, e segundo WILSON e BECKETT (1970)
ela está distribuída entre as latitudes 46°N e 36°S.
No Oceano Pacífico Sul, LAMILLA et al. (1995), CHAPMAN (2001),
LAMILLA e SAEZ (2003), FRANCIS et al. (2005) e FIP (2004) relataram sua
presença; e MCKINNELL e SEKI (1998), BENSON et al. (2001), DÁVALOS-
DEHULLU e GONZÁLEZ-NAVARRO (2003) e WARD e MYERS (2005) no
Oceano Pacífico Norte.
A ocorrência da P. violacea no Oceano Índico foi descrita por LAST e
STEVENS (1994), BROMHEAD et al. (2003) e LETOURNEUR et al. (2004).
A P. violacea está também está presente no Mar Mediterrâneo, de
acordo com SERENA (2005).
1.2.4. Reprodução
Os elasmobrânquios, que apresentam um extenso período reprodutivo e
maturação sexual tardia estão adaptados apenas a uma baixa mortalidade,
como a causada pela pesca (WOURMS, 1977; BATISTA, 1987).
Os ciclos reprodutivos da maioria dos elasmobrânquios geralmente são
difíceis de determinar durante alguns estágios de gestação devido ao
agrupamento dos animais em populações, ao isolamento geográfico e ao
hábito migratório que algumas espécies podem apresentar (HOLDEN, 1974).
Existem basicamente três tipos de ciclos reprodutivos, 1) ativas durante
todo o ano; 2) um ciclo parcialmente anual, mas com um ou dois picos, e 3) um
6
ciclo anual ou bienal bem definido (WOURMS, 1977). Entre as espécies da
família Dasyatidae, LEWIS (1982) descreveu que um aumento proporcional
de peso e diminuição do número de espermatozóides nos meses após a cópula
(inverno) e durante a primavera e verão, época reprodutiva, os testículos
alcançam maior tamanho em Dasyatis sabina.
JOHNSON e SNELSON JR (1996) observaram que, em Dasyatis
sabina, o ovário e útero esquerdo são os únicos funcionais, e não ocorre
desenvolvimento de ovócitos no ovário direito e também não há
desenvolvimento de embriões no útero direito. Ovários esquerdos maduros
contém, em média, 7 ovócitos e geralmente, embriões fêmeas tendem a serem
maiores que embriões machos.
Cavaliere (1955) apud MOLLET et al. (1997) descreveu primeiramente a
forma embrionária de P. violacea detalhadamente, onde o embrião apresentava
1,5 cm de largura de disco e 4,8 cm de comprimento total (Figura 1).
Figura 1. Vista dorsal (a), ventral (b) e lateral (c) de Pteroplatytrygon violacea,
retirado de CAVALIERE (1955) apud, MOLLET et al., (1997).
Estudos relativos à histologia em P. violacea foram descritos por
CECÍLIO e ISHIKAWA-FERREIRA (2008), onde relatam a presença de
folículos contendo espermatozóides dispostos perifericamente ao folículo
seminífero nos machos, e glândulas secretoras em forma de túbulos na
8
membrana mucosa, talvez com a função de secreção de nutrientes nas
fêmeas, fato já descrito por CAVALIERE (1955) apud MOLLET et al. (1997).
MOLLET et al. (1997) relataram o nascimento de raias-preta em cativeiro
no Monterrey Bay Aquarium sugerindo a possibilidade de armazenamento de
esperma pelas fêmeas, na glândula nidamental ou oviducal.
Estudos relatam que as os ciclos reprodutivos da espécie variam da
primavera e verão ao outono e inverno no hemisfério Norte (MOLLET et al.,
1996) e entre primavera e verão no hemisfério Sul, próximos à costa (AMORIM
et al., 1998 e ODDONE, comunicação pessoal).
9
2. MATERIAL E MÉTODOS
Foram solicitados espécimes de raia-preta Pteroplatytrygon violacea aos
pescadores da frota de espinhel pelágico de São Paulo, que atuam no sudeste
e sul do Brasil (Figura 2). Essas frotas estão sediadas em Guarujá (Ita Fish
Transportes e Comércio de Pescados) e Santos, no Terminal Pesqueiro Púbico
de Santos (Imaipesca Indústria e Comércio de Pescados e Quebra Mar)
(Figura 3).
Figura 2. Área de pesca da frota espinheleira de Santos, SP, retirado de
AMORIM et al. (1998).
10
Figura 3. Desembarque de Pteroplatytrygon violacea (seta) no terminal
pesqueiro da Ita Fish, Guarujá, SP.
Foram obtidos 223 espécimes de raia-preta no período compreendido
entre agosto de 2006 e março de 2008. A identificação dos indivíduos foi
realizada segundo BIGELOW e SCHOEDER (1962) e LAST e STEVENS
(1994). O material coletado foi conservado na embarcação em gelo picado,
sendo que geralmente, as viagens duraram cerca de 20 dias.
2.1. Biometria e Pesagem
A biometria dos espécimes, baseada em FIGUEIREDO e MENEZES
(1977) e LAST e STEVENS (1994), foi realizada no laboratório do Instituto de
Pesca, na cidade de Santos. Devido à dificuldade de receber a raia-preta com
a cauda inteira, utilizou-se como padrão a medida da largura do disco (Ld).
11
Foram utilizadas as seguintes mensurações: A) Distância do focinho até
o final da cauda (Comprimento total-Ct); B) Largura do disco (Ld); C) Distância
do focinho à margem posterior da nadadeira peitoral (Dpt); D) Distância do
focinho à margem posterior da nadadeira pélvica (Dpv); E) Distância do focinho
à origem da cloaca (Dc); F) Distância do focinho à origem da narina (Dn); G)
Distância do focinho à origem da boca (Db); e H) Comprimento do clásper (Cc),
(Figura 5 e Anexo 1). Obteve-se a porcentagem dessas medidas em relação à
largura do disco, uma vez que o comprimento total era impreciso ou impossível
de se obter, devido à perda da extremidade da cauda (Figura 4).
Figura 4. Extremidade da cauda de Pteroplatytrygon violacea, onde a região
mais clara foi utilizada como indicativo de validade do comprimento total.
Figura 5. Análise de Pteroplatytrygon violacea no laboratório do Instituto de
Pesca, Santos, SP.
Os pesos foram obtidos com balanças de precisão de 1 g (para
estruturas pequenas, até 1.000 g) e de 10 g (estruturas maiores, a partir de
1.000 g).
Para a determinação da relação matemática entre o peso e a largura do
disco foram examinados 223 exemplares, durante o período de agosto de 2006
a março de 2008, onde foram utilizadas as variáveis de peso total (Pt) X largura
do disco (Ld), através do software Microsoft Excel 2003
®
. Foram efetuadas
regressões não-lineares para o ajuste das curvas.
Foram calculadas as distribuições de freqüência mensal e trimestral de
espécimes amostrados por sexo e freqüência de classes de comprimentos
(com intervalos de 5 cm, de 25 29 a 80 85 cm).
2.2. Dieta
Os estômagos foram retirados e identificados com o número da amostra
e conservados em frasco contendo solução 10% de formalina para posterior
análise, utilizando-se lupa (10-50x), onde o conteúdo foi identificado segundo
FIGUEIREDO e MENEZES (1978; 1980), MENEZES e FIGUEIREDO (1980;
1985) para peixes, PINEDA et al. (2002) para moluscos e THOMAS (1993)
para crustáceos.
Apresentou-se uma análise nos grupos peixes, moluscos e crustáceos,
por sexo e área através da freqüência de ocorrência segundo MUTO et al.
(2001).
2.3. Anomalias
Os espécimes que apresentaram anomalias foram comparados com a
literatura, sendo que um desses espécimes foi analisado através de
radiografias de 7,5 MHz de transdução, segundo metodologia estabelecida por
STETTER (2004) e interpretadas segundo ROMER e PARSONS (1985),
HEUPEL et al. (1999) e MANCINI et al. (2006).
2.4. Distribuição
No momento de desembarque, foram realizadas entrevistas com
mestres e pescadores das embarcações, no período de agosto de 2006 a
março de 2008, obtendo-se dados pesqueiros, como área e profundidade onde
a raia-preta foi pescada, quantidade capturada estimada, inclusive o número
aproximado daquelas que não foram embarcadas (Anexo 2).
2.5. Reprodução
Foram calculadas e analisadas a razão sexual por mês e por trimestre, e
a distribuição de freqüência entre macho e fêmea, e a relação à profundidade.
Em relação aos tamanhos da primeira maturação sexual, nos machos foi
realizado através da observação em relação à rigidez do clásper (esquerdo),
onde os indivíduos que apresentavam o clásper com a estrutura calcificada
(rígido) foram considerados adultos. Para a medição do clásper, foi
considerada a distância entre a extremidade distal do clásper e o ponto de
flexão próximo à nadadeira pélvica e cloaca (CAPAPÉ, 1993). Nas meas, foi
considerado como tamanho de primeira maturação sexual aquele no qual o
indivíduo apresentava o útero esquerdo mais desenvolvido em relação ao
direito (CAPAPÉ, 1993).
A fecundidade uterina foi calculada através da contagem de embriões
presentes nas fêmeas amostradas.
Foram calculados e analisadas as médias mensais e trimestrais dos
Índices Gonadossomático (IGS) e Hepatossomático (IHS) segundo CAPAPÉ
(1980), onde peso das gônadas (Pg) inclui o peso dos ovários e úteros, e
testículos e epidídimos, em gramas; o peso do fígado (Pf) e o peso total (Pt),
em gramas.
IGS = Pg x 100
Pt
IHS = Pf x 100
Pt
Foram observados marcas de mordidas de raias (Gonzalez,
comunicação pessoal) e a presença de scutella dérmica (CAPAPÉ, 1976), para
15
inferir a época de cópula e início do desenvolvimento das gônadas femininas,
respectivamente (SNELSON JR et al., 1997; MANIRE e RASMUSSEN, 1997)
16
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Biometria e Pesagem
Os dados referentes à biometria (porcentagem, em relação à largura do
disco) foram comparados com os de MENNI et al. (1995), no nordeste do
Brasil, e DOMINGO et al. (2006), no sudeste e sul do Brasil e Uruguai (Tabela
1). Observou-se semelhança entre o presente trabalho e os citados para a
maioria das medidas analisadas, mostrando-se que a proporção dessas
medidas na espécie varia pouco. Medidas como a distância do focinho à
origem da boca, distância do focinho à origem da narina e distância do focinho
à origem da cloaca foram praticamente iguais.
Tabela 1. Comparação de aspectos biométricos de P. violacea obtidos neste
estudo, com dados de Domingo et al. (2005) e Menni et al. (1995).
Medida
Amostras
Presente trabalho
Média da Porcentagem da
n=160 (m) e 63 (f)
Domingo et al.,
2005
Largura do Disco
n=7 (m) e 1 (f)
Menni et al.,
1995
n=1 (f)
Distância Focinho-
Origem da Boca (%)
14,4 (m)
13,5 (f)
15,3 (m)
13,5 (f)
-
13,2 (f)
Distância Focinho-
Origem da Narina (%)
10,4 (m)
9,9 (f)
11,2 (m)
10,0 (f)
-
9,3 (f)
Distância Focinho-
Origem da Cloaca (%)
65,9 (m)
66,8 (f)
66,3 (m)
72,2 (f)
-
71,0 (f)
Distância Focinho-
Margem Posterior da
Nadadeira Pélvica (%)
80,2 (m)
81,2 (f)
70,9 (m)
69,4 (f)
-
-
Distância Focinho-
Margem Posterior da
Nadadeira Peitoral (%)
75,0 (m)
75,9 (f)
-
-
-
58,0 (f)
Algumas diferenças, como a distância focinho à margem posterior da
nadadeira lvica e distância focinho-margem posterior da nadadeira peitoral
podem ser observadas, provavelmente devido ao número de amostras
analisadas, onde os trabalhos comparados apresentaram uma pequena
amostragem quando comparada ao presente trabalho, além das diferenças nas
técnicas de mensuração, pois algumas medidas não se encontram em um
mesmo plano, oferecendo margem à diferenças entre trabalhos.
Estabeleceu-se relações com as variáveis peso total (Pt) e largura do
disco (Ld). Foram efetuadas regressões para as fêmeas Pt = 0,0093Ld
3,2254
e
R
2
=0,9339 (N = 63) (Figura 6); e para os machos Pt = 0,0542Ld
2,7716
e
R
2
=0,8241 (N = 160) (Figura 7). Segundo FERRARI e SCHWINGEL (2008),
variações nas correlações podem estar relacionadas com a desidratação dos
Média da Porcentagem da Largura do Disco
espécimes submetidos a um longo período de refrigeração (normalmente em
gelo picado) nas embarcações.
Figura 6. Relação peso-comprimento para fêmeas de Pteroplatytrygon
violacea, onde Pt: Peso total (g) e Ld: Largura do disco (cm).
Relação Peso-Comprimento - Fêmea
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Comprimento (Largura do Disco)
Peso Total
LN Pt = 3,2254LN Ld - 4,6724
R2 = 0,9339
6,50
7,00
7,50
8,00
8,50
9,00
9,50
3,50 3,70 3,90 4,10 4,30
LN Ld
19
Figura 7. Relação peso-comprimento para machos de Pteroplatytrygon
violacea, onde Pt: Peso total (g) e Ld: Largura do disco (cm).
A distribuição de freqüências de Largura de disco encontrada neste
trabalho, foi comparada com FROSELLEDO et al. (2006), onde foi possível
observar grande semelhança entre os dados amostrados, em relação à fêmea
(Figuras 8) e macho (Figura 9), sendo que as classes de comprimento mais
freqüentes para ambos os trabalhos foram de 50 55 cm para fêmea e de 45
50 cm para macho.
Relão Peso-comprimento - Macho
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
35 40 45 50 55 60
Comprimento (Largura do Disco)
Peso Total
LN Pt = 2,7716LN Ld -
2,9148
R
2
= 0,8241
7,00
7,20
7,40
7,60
7,80
8,00
8,20
8,40
3,50 3,70 3,90 4,10
LN Ld
20
Distribuição de freqüências de comprimento em meas
de
P. violacea
0
10
20
30
40
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Classes de comprimento
% de indivíduos
Presente trabalho Froselledo et al. (2006)
Figura 8. Distribuição de freqüência de comprimento em fêmea, de
Pteroplatytrygon violacea, comparado com dados de FROSELLEDO et al.
(2006).
Distribuição de freqüências de comprimento em machos de P.
violacea
0
10
20
30
40
50
60
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
Classes de comprimento
% de indivíduos
Presente trabalho Froselledo et al. (2006)
Figura 9. Distribuição de freqüência de comprimento em macho, de
Pteroplatytrygon violacea, comparado com dados de FROSELLEDO et al.
(2006).
21
As classes de comprimento que apresentaram diferenças entre os
trabalhos foram, principalmente, a de 60 cm para a fêmea, onde o presente
trabalho apresentou 6% de fêmea nessa classe e FROSELLEDO et al. (2006)
encontrou aproximadamente 12%. Para o macho, as classes de comprimento
de 40 45 cm e de 50 55 cm representaram 34% e 6%, respectivamente, das
amostragens, enquanto FROSELLEDO et al. (2006) encontrou nessas classes
de comprimento aproximadamente 15% e 27 % de sua amostragem. Uma das
prováveis causas dessa diferença seja o número de espécimes, onde o
presente trabalho amostrou 223 espécimes e FROSELLEDO et al. (2006)
amostrou 1.317 espécimes, obtendo maior precisão nos dados.
3.3. Dieta
O conteúdo estomacal dos espécimes analisados revelou que os
organismos do filo Mollusca (principalmente Loligo spp.) foram mais freqüentes
na dieta de P. violacea, seguido por Actinopterygii (peixes ósseos) e crustáceos
(Figura 10 e 11). Nas análises, quando encontrados partes de lulas utilizadas
como isca, as quais apresentavam características distintas, não foram
consideradas como item da dieta.
Freqüência de ocorrência dos grupos de presas na dieta de P. violacea
32%
15%
43%
10%
Actinopterygii Mollusca
Crustacea Material Orgânico Digerido
Figura 10
. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares agrupados em
crustáceo, peixe e molusco.
Material Orgânico
Digerido
42%
Peixes N/I
13%
Sardinella
brasiliensis
2%
Loligo sp. 1
30%
Mollusca N/I
1%
Crustacea N/I
7%
Isopoda
3%
Loligo sp. 2
2%
Figura 11.
Freqüência de ocorrência de itens alimentares do conteúdo
estomacal.
Houve pouca diferença na dieta de machos e fêmeas, porém, foram
encontrados crustáceos praticamente apenas nos machos (Figura 12),
provavelmente devido ao local onde a maioria dos machos foram capturados,
mais distantes da costa e em locais de maiores profundidades em relação às
fêmeas.
Freqüência de Ocorrência dos grupos de presas entre os
sexos de P. violacea
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Mollusca Actinopterygii Crustacea Matéria Orgânica
Digerida
grupo de presas
% F.O.
fêmea macho
Figura 12.
Freqüência de ocorrência de itens alimentares agrupados em
crustáceo, peixe e molusco, de macho e fêmea.
Nas fêmeas capturadas em áreas oceânicas, todos os estômagos com
algum item identificado pertenciam ao filo Mollusca (Figura 13), e nas fêmeas
costeiras foram encontrados somente espécimes da classe Crustacea (Figura
14).
Frequência de Ocorrência dos Ítens Alimentares: Fêmea Ocnica
Mollusca
n=4
67%
Maria
Ornica
Digerida
n=2
33%
Figura 13
. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares agrupados em
crustáceos, peixes e moluscos, de fêmea, em área oceânica de
Pteroplatytrygon violacea
.
Frequência de Ocorrência dos Ítens Alimentares:
Fêmea Costeira
Maria
Ornica
Digerida
n=8
80%
Crustacea
n=2
20%
Figura 14
. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de fêmea, em área costeira de
Pteroplatytrygon
violacea
.
25
Os machos oceânicos apresentaram algumas semelhanças em relação
aos machos costeiros, diferindo apenas em relação à alimentação por peixes
ter sido mais freqüente nas amostragens oceânicas, e os crustáceos foram
mais freqüentes nos espécimes mais costeiros, sendo os itens do filo Mollusca
os mais freqüentes em ambos os locais (Figura 15 e 16).
Freqncia de Ocorncia dos Ítens Alimentares: Macho Ocnico
Mollusca
n=6
46%
Actinopterygii
n=4
31%
Crustacea
n=2
15%
Matéria
Ornica
Digerida
n=1
8%
Figura 15
. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares, agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de macho, em área oceânica de
Pteroplatytrygon
violacea
.
26
Frequência de Ocorrência dos Ítens Alimentares: Machos Costeiro
Crustacea
n=5
15%
Actinopterygii
n=3
9%
Mollusca
n=11
33%
Matéria
Ornica
Digerida
n=14
43%
Figura 16
. Freqüência de ocorrência dos itens alimentares, agrupados em
crustáceo, peixe e molusco de macho, em área costeira de
Pteroplatytrygon
violacea
.
Houve semelhanças na dieta entre os sexos, onde tanto fêmea quanto
macho oceânico apresentaram organismos do filo Mollusca como grupo
predominante de presas ingeridas. Nos espécimes costeiros, ambos os sexos
apresentaram quantidades consideráveis de crustáceos ingeridos, sendo
predominante na fêmea. Tais semelhanças provavelmente estão ligadas à
disponibilidade de recursos em cada área. As diferenças entre os sexos podem
estar relacionadas à diferença de profundidade que cada sexo ocupa. VASKE
JR (1997) relata que a diferença no formato das mandíbulas entre machos e
fêmeas podem ser devidos a diferenças na dieta, uma vez que amea
apresenta os dentes de forma arredondada e os machos apresentam a
dentição pontiaguda, mas em seu trabalho não encontrou tais diferenças na
dieta, mas que no presente trabalho pode estar relacionado, pois a
amostragem obtida no presente trabalho foi maior do que a obtida pelo autor.
3.4. Anomalia
Foi encontrado um total de três espécimes com anomalias durante o
período de amostragem, representando 1,3% da amostragem obtida no
presente trabalho. Em comparação ao estudo de 1.300 exemplares de
Rioraja
agassizii
onde o índice de anomalias esteve em torno de 2 a 3% (comunicação
pessoal da Dra. Maria Crisitna Oddone Franco, Seap em 08/07/2008). Em
junho de 2007, em 32°40'S 30°40'W, foi observado um macho com o clásper
esquerdo ausente, além da nadadeira pélvica (Figura 17), porém, com os
testículos apresentavam-se desenvolvidos normalmente, como nos demais
espécimes sem anomalias, e o clásper direito rígido, portanto adulto, medindo
11,5 cm.
Figura 17.
Anomalia, com ausência da nadadeira pélvica e pterigopódio
esquerdo, de
Pteroplatytrygon violacea
. A seta indica o local da anomalia.
Esse espécime foi submetido à radiografia para a observação do
sistema esquelético, onde pterigopódio (clásper), cintura pélvica, propterígio e
metapterígio encontravam-se normalmente desenvolvidos no lado direito. No
lado esquerdo, além da ausência do pterigopódio e nadadeira lvica,
possíveis de serem observados externamente, nota-se a presença da cintura
pélvica e do propterígio, estando ausente somente as estruturas metapterígio e
pterigopódio, indicando que se trata de uma anomalia, embora não haja
evidências o suficiente para afirmar que a anomalia foi congênita ou acidental
(Figuras 18 e 19).
Figura 18.
Radiografia da anomalia, com ausência da nadadeira pélvica e
pterigopódio esquerdo, de
Pteroplatytrygon violacea
. A seta indica o local da
anomalia.
Figura 19
. Radiografia da anomalia da região dos pterigopódios de
Pteroplatytrygon violácea
: A) cintura pélvica (única); B) propterígio direito; B’:
propterígio esquerdo e C: metapterígio direito.
Outro espécime amostrado com anomalia foi uma fêmea capturada em
29°30’S 410’W, que apresentou uma separação entre condrocrânio da
nadadeira peitoral direita, da ponta do focinho até próximo ao espiráculo direito
(Figuras 20 e 21). O local onde houve a anomalia não apresentava quaisquer
sinais de corte incidental, nem de parasitas, também não sendo possível
afirmar a origem da anomalia, porém LUER e KAJIURA (2008) afirmam que
geralmente a união das nadadeiras peitorais ao corpo são de origem
30
embriológica, considerada portanto congênita. Importante denotar que o
espécime, apesar apresentar a injúria, sua capacidade de locomoção e
forrageio provavelmente não foram significantemente afetadas.
Figura 20
. Anomalia no focinho em fêmea de
Pteroplatytrygon violacea
, com
seta indicativa.
31
Figura 21.
Anomalia no focinho em fêmea de
Pteroplatytrygon violacea
, com
seta indicativa (ampliação).
Um dos embriões amostrados também apresentou anomalia semelhante
ao espécime das Figuras 20 e 21, onde há uma separação da nadadeira
peitoral, mas neste espécime, a separação foi desde a margem inferior
(próximo à nadadeira pélvica), até próximo à cintura escapular (Figura 22).
formação que afeta o embrião geralmente é congênita (AMORIM, 1992, LUER
e KAJIURA, 2008) e apresentam mínimas chances de sobrevivência
(GUDGER, 1933; AMORIM, 1992), mas havendo a fusão nos estágios finais de
desenvolvimento das nadadeiras que não impeça a natação alimentação, o
espécime apresenta chance de sobreviver. A fêmea que apresentou tal
embrião foi capturada em 25°00’S 42°00’W (LUER e KAJIURA, 2008).
32
Figura 22.
Anomalia na nadadeira peitoral em embrião macho de
Pteroplatytrygon violácea
, com seta indicativa.
Uma das causas responsáveis por anomalias, segundo LOM
et al
.
(1981) são parasitas, que causam a compressão e lordose na coluna vertebral,
como
Myxobolus sandrae
ou relacionada com a deficiência da vitamina C
(HEUPEL
et al
., 1999). Anomalia acidental pode estar relacionada com a
influência antrópica. GUDGER (1933) relata a ocorrência de malformação no
espinho e cauda de
Dasyatis hastata
, que provavelmente sobrevive após sofrer
injúrias provocadas por pescadores, os quais habitualmente cortam a cauda e
espinho quando pescadas, a fim de livrar o anzol sem sofrerem danos, mas
não impedem o espécime de sobreviver, pois os locais injuriados estavam
cicatrizados.
33
3.5.1. Captura Incidental e Distribuição
Conhecida como raia-preta,
P. violacea
vem sendo abundantemente
capturada com o espinhel superficial (20 a 40 m de profundidade) no sudeste e
sul do Brasil, juntamente com os atuns e espécies afins (RIBEIRO-PRADO e
AMORIM, 2008). Anteriormente, sua captura era bastante rara (SADOWSKY e
AMORIM, 1977, AMORIM
et al.
1998) quando o equipamento utilizado era o
espinhel tradicional (50 a 150 m de profundidade) visando à captura de atuns.
Nessa época utilizava-se um “estropo” confeccionado em aço, ligando o anzol
à linha “do cabo de anzol”. Em 1994, quando a frota atuneira sofreu alterações
no petrecho de pesca, horário de lançamento, isca e a introdução do atrator
light stick
a fim de direcionar o esforço de pesca para a produção de
espadarte (ARFELLI, 1996), a captura de cações diminuiu e a raia-preta
continuou baixa. A diminuição da captura de cações foi devido à pesca estar
direcionada ao espadarte. Dentre as várias alterações citadas o estropo de
nylon
permitiu a liberação dos peixes de dentes, principalmente os cações. A
partir de 1998 algumas embarcações voltaram para a captura dos cações,
principalmente o azul,
Prionace glauca
e como fauna acompanhante, foram
capturadas grandes quantidades de raia-preta. A principal alteração ocorrida
consistiu novamente na inclusão do “estropo” de aço. Essa mudança garantiu
novamente o aumento nas capturas de cações e também da raia-preta.
Atualmente, os atuneiros de São Paulo pescam utilizando anzóis tipo “j”,
e segundo HAZIN (comunicação pessoal), a utilização do anzol circular, além
de aumentar a captura de albacoras, uma das espécies-alvo dos atuneiros,
apresenta uma maior proporção de peixes vivos no momento do recolhimento
do espinhel, sendo que ficam presos mais externamente, na boca, facilitando
sua retirada. Os anzóis tipo “j”, são ingeridos pelos animais e comumente
fixam-se profundamente no trato digestivo. Tal alternativa de manejo, de fácil
implementação, reduziria as capturas da fauna acompanhante, inclusive na
captura de raias-pretas (
P. violacea
), espécie para a qual o índice de captura
com o anzol circular é cerca de 6 vezes menor do que com o anzol “j”,
contribuindo com a conservação da espécie.
34
De acordo com os pescadores,
Pteroplatytrygon violacea
está sempre
presente nas pescarias de espinhel pelágico onde os alvos são espadartes,
atuns e cações. O total de
P. violacea
amostrado representa apenas uma
pequena parte do total capturado. As raias são descartadas ainda vivas,
embora os pescadores provoquem injúrias nos animais, a fim de recuperar o
anzol.
Considerando a frota pesqueira dirigida ao espadarte com grandes
capturas de tubarões no Atlântico a sua captura incidental e conseqüente
mortalidade pode ser elevada, causando provavelmente diminuição em sua
população. Novas técnicas de pesca, como a do “cardume associado” testada
no sul do Brasil (SCHROEDER e CASTELLO, 2007) podem diminuir a pesca
de espécies sem valor comercial, contudo, a viabilidade econômica desse tipo
de pesca deve ser aprimorado para tornar-se comum, necessitando-se de mais
estudos sobre o assunto, embora mostre-se uma alternativa ecologicamente
viável. Estudos mostram que, para algumas espécies de raias, com a
diminuição das populações devido à pressão exercida pela pesca, podem se
refugiar para águas mais profundas, limitando o declínio das populações
(DULVY e REYNOLDS, 2002).
Analisando-se a distribuição de freqüência mensal e trimestral por sexo
(Figuras 23 e 24) e a proporção entre os sexos (Figura 25) nota-se que a
proporção sexual apresentou variações ao longo do período amostrado, onde o
primeiro trimestre (verão) e o segundo (outono) apresentam as menores
amostragens de fêmeas, e nos meses da primavera (outubro, novembro e
dezembro) e verão (janeiro, fevereiro e março) o número de indivíduos
amostrados de ambos os sexos foi mais próximo.
35
Distribuição mensal de freqüência entre os sexos
de
P. violacea
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
ago/
0
6
s
et/06
o
ut
/
06
nov/06
dez/
06
jan/
07
f
ev/
07
m
ar/
07
a
br
/07
m
ai
/
07
jun/
07
j
ul
/
0
7
ag
o/0
7
s
et
/07
o
ut
/
0
7
nov/07
de
z/07
jan/
0
8
fev/08
m
ar/
08
s/ano
número de indivíduos
Fêmea Macho
Figura 23.
Distribuição de freqüência mensal de macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea
.
Distribuição sazonal de freqüência entre os sexos
de
P. violacea
0%
20%
40%
60%
80%
100%
verão outono inverno primavera
trimestre
% indivíduos
Fêmea Macho
Figura 24.
Distribuição de freqüência sazonal de macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea
.
36
A proporção entre macho e fêmea foi de 1,8:1 durante o inverno e a
primavera, 4,6:1 no verão e 6:1 no outono. Comparando-se os resultados de
FROSELLEDO
et al
. (2006) com os do presente trabalho, observou-se
similaridade no inverno, primavera e verão, porém, no outono foi observada
uma proporção ainda maior que a observada durante o verão, podendo indicar
que, para os indivíduos capturados na área amostrada, o período de migração
das fêmeas seja mais longo (Figura 25), uma vez que períodos com
proporções semelhantes indicam a época de cópula, e os períodos com
menores proporções indicam época de migração das fêmeas para as áreas de
parto (FROSELLEDO
et al.
, 2006), sendo que entre os 223 espécimes
amostrados, 160 eram machos (72%) e 63 eram fêmeas (28%).
Proporção sexual de P. violacea
4,6:1
6:1
1,8:1
1,8:1
3,9:1
1:1
1,3:1
1,5:1
0
1
2
3
4
5
6
7
Inverno Primavera Verão Outono
Trimestre
macho:fêmea
Dados do presente trabalho Froselledo et al. (2006)
Figura 25
. Proporção sexual trimestral de
Pteroplatytrygon violacea
comparado
com dados de FROSELLEDO
et al.
(2006).
37
FROSELLEDO
et al
. (2006) sugere que inverno e primavera sejam as
épocas de encontro entre macho e fêmea para a cópula, e durante o verão
ocorra uma migração das fêmeas para áreas de parto. MAZZOLENI (2002)
relata que durante o inverno, não são pescadas raias-pretas próximas à costa
utilizando-se espinhel. Tal fato pode ter ocorrido devido ao inverno ser a época
de encontro para a cópula, onde as raias-pretas provavelmente encontram-se
em área oceânica. No presente trabalho, as proporções foram semelhantes ao
de FROSELLEDO
et al
. (2006) nos meses de inverno, primavera e verão,
porém nos meses de outono, foi observada uma proporção ainda maior que a
encontrada no verão, podendo indicar que, para os indivíduos capturados na
área amostrada, o período de migração das fêmeas seja mais longo.
Segundo MOLLET
et al
. (1996), o período de gestação na espécie dura
cerca de três meses, o que indicaria que fêmeas fecundadas na primavera
migram para parir no verão. Mas de acordo com os dados amostrados, pode
estar ocorrendo cópula também no verão, pois a proporção de machos no
outono é ainda maior que no verão, onde fêmeas ainda estariam migrando para
áreas de parto. AMORIM
et al.
(1998) relatou a captura de uma fêmea com
embriões em fevereiro de 1991 e ODDONE (comunicação pessoal) relatou
uma fêmea com embriões no sul do Brasil em abril de 2002 (outono), dados
que reforçam a hipótese de que a época de nascimento se estenda desde o
verão até o início do outono na área estudada.
Sobre a distribuição de macho e fêmea em diferentes profundidades, os
mestres das embarcações relataram que o aparelho de pesca de espinhel
pelágico opera próximo aos 20 metros de profundidade, mas ocasionalmente
pode chegar até 150 metros (quando pescam atuns, que ocorrem em uma
profundidade maior que a meca (espadarte) e cações. Com isso, foi possível
observar algum tipo de segregação sexual, pois na amostragem onde o
aparelho de pesca operou mais próximo à superfície, foi embarcada maior
quantidade de fêmea, e o macho foi mais freqüente quando o aparelho de
pesca operou em maior profundidade (Figura 26).
38
Distribuição da freqüência de capturas entre os sexos de
P.
violacea
em relão à profundidade do aparelho de pesca
0
20
40
60
80
100
30 70 150
Profundidade do aparelho de pesca (m)
% de indivíduos
Fêmea Macho
Figura 26.
Proporção de macho e fêmea em diferentes profundidades de
Pteroplatytrygon violacea
.
Durante o mês de agosto de 2007 foram capturadas 11 fêmeas e 10
machos com o aparelho de pesca operando na profundidade entre 70 e 80
metros, sugerindo que essa seja a profundidade que ocorra o encontro entre
macho e fêmea para a cópula.
Através das entrevistas com os mestres das embarcações, foram
obtidas as áreas onde as raias-pretas foram capturadas (Figura 27). As
marcações coloridas indicam locais onde foram capturadas fêmeas prenhes,
sendo que a marca vermelha indica a fêmea capturada no presente trabalho
em 25°00’S 42°00’W com sete embriões. A marca amarela indica a fêmea
relatada por AMORIM
et al.
(1998) capturada em 42°59’S 433’W, e a marca
azul indica a fêmea prenha relatada por ODDONE (comunicação pessoal)
capturada em 28°46’S 48°40’W, adicionando novos locais à literatura.
39
Figura 27
. Áreas de captura de
Pteroplatytrygon violacea
no Oceano Atlântico
Sul Ocidental.
(A)
espécimes de áreas consideradas oceânicas e
(B)
espécimes costeiros, onde
Preta
, presente trabalho;
Amarela
, fêmea prenhe
em fevereiro/91;
Azul
, fêmea prenhe em abril/02; e
Vermelho
, fêmea prenhe
em março/08 (presente trabalho).
É possível observar a existência de dois “agrupamentos”, um, mais
oceânico e outro considerado como costeiro (Tabela 2).
A
B
40
Tabela 2.
Machos e fêmeas agrupados em “capturados próximos à costa” e
“capturados em área oceânica”, utilizando-se os seguintes parâmetros: Índice
gonadossomático: IGS, Peso das gônadas: Pg, Largura do disco: Ld, e Peso
total: Pt.
% Jovem % Adulto Pg Ld Pt
Fêmea
Costeira 11 89 1,4 53,4 3.793
Oceânica
20
80
1,0
50,9
3.133
Macho
Costeiro 11 89 0,6 45,7 2.282
Oceânico
6
94
0,6
45,2
2.152
3.6. Reprodução
De acordo com a Tabela 3, os machos apresentam a primeira maturação
sexual aos 43 cm de largura de disco e 10,4 cm de comprimento de clásper
(tamanho em que 50% dos machos encontram-se maduros). Para as fêmeas, o
tamanho da primeira maturação gonadal foi aos 46 cm de largura do disco,
embora sejam necessários análises histológicas para determinar com maior
precisão tal afirmação.
41
Tabela 3.
Primeira maturação sexual em machos de
Pteroplatytrygon violacea
,
onde N: número amostral, e Ld
50
Médio, corresponde à da largura do disco
(cm).
Comprimento do
Clásper (cm)
N
Clásper rígido
Clásper não rígido
L
50
Médio
9,5-10,3
11
0%
100%
41,5
10,4
4
50%
50%
43
10,5-15,0
145
100%
0%
46,0
As fêmeas variaram de 36,5 cm de largura de disco e 1.081 g a 68,5 cm
de largura de disco e 7.780 g de peso total e os machos variaram de 37,0 cm
de largura de disco e 1.260 g a 55 cm de largura de disco e 3.570 g de peso
total. Tal variação é considerada normal na espécie e nas raias da família
Dasyatidae (CAPAPÉ, 1974; CAPAPÉ, 1976; CAPAPÉ, 1980; CAPAPÉ, 1993;
DOMINGO
et al.
, 2005; FROSELLEDO
et al.
, 2006).
As dias trimestrais do índice gonadossomático expressam mais
claramente as variações, onde sua média foi notavelmente maior durante o
verão, tanto para machos quanto para fêmeas. Entre as fêmeas, no período de
outono, uma grande diminuição do índice gonadossomático, com valores
próximos aos encontrados durante o inverno, e na primavera, é possível
observar um aumento do índice, sendo provavelmente o período de cópula.
Com o aumento no índice (relacionado ao aumento de peso das gônadas
relativo peso total) durante o verão, essa época é a mais provável de
nascimento (Figuras 28 e 29).
A única fecundidade foi de uma fêmea prenhe, a qual apresentou 7
embriões, sendo um número maior do que a registrada por AMORIM
et al
.
(1998) e ODDONE (Comunicação pessoal), que amostraram três e dois
embriões, respectivamente, somente no útero esquerdo.
42
Para os machos, o índice gonadossomático variou pouco em
comparação com as fêmeas, apresentando os maiores valores durante o
outono.
Índice Gonadossomático de
P. violacea
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
ago/
0
6
se
t/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
ju
n/07
ju
l/07
ago/
0
7
se
t/07
ou
t
/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
s/ano
dia IGS
Fêmea IGS Macho IGS
Figura 28.
Índice gonadossomático médio mensal em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.
43
Índice Gonadossomático de
P. violacea
0
1
2
3
4
Outono Inverno Primavera Veo
Trimestre
Média IGS
Fêmea IGS Macho IGS
Figura 29
. Índice gonadossomático médio em machos e fêmeas de
Pteroplatytrygon violacea.
Portanto, é provável que o período reprodutivo da espécie na área
estudada ocorra nos meses de setembro a março.
Foram calculadas as médias mensais e trimestrais do índice
hepatossomático (Figuras 30 e 31). Assim como o índice gonadossomático, o
índice hepatossomático FOI mais expressivo quando analisado por trimestre,
onde ocorreu um aumento contínuo do outono ao verão, tanto para machos
quanto para fêmeas, indicando que o acúmulo de energia no fígado inicia logo
após o final do período reprodutivo e chega aos menores valores no outono,
quando começa o processo de recuperação das gônadas e preparação para o
próximo ciclo reprodutivo. Os dados mensais (Figura 30), é possível observar
nas fêmeas o aumento do Índice Hepatossomático ocorrendo antes do
aumento do índice gonadossomático, que inicia em setembro.
44
Índice Hepatossomático de
P. violacea
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
a
go/06
s
et/06
out
/06
nov/06
d
ez
/06
jan
/07
fev/07
m
a
r/07
abr/07
mai/07
jun/07
j
ul/0
7
a
go/07
s
et/07
out
/07
nov/07
d
ez
/07
jan
/08
fev/08
m
a
r/08
Mês/ano
Média IHS
Fêmea IHS Macho IHS
Figura 30
. Índice hepatossomático médio mensal em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.
Índice Hepatossomático de
P. violacea
0
2
4
6
8
10
12
14
Outono Inverno Primavera Veo
Trimestre
Média IHS
Fêmea IHS Macho IHS
Figura 31
. Índice hepatossomático médio trimestral em macho e fêmea de
Pteroplatytrygon violacea.
45
Foram observadas marcas de mordidas, na superfície dorsal da grande
maioria de machos e fêmeas durante os meses de setembro, outubro e
novembro de 2007 (Figura 32, 33 e 34), podendo indicar que a cópula ocorra
durante esse período (GONZALEZ, comunicação pessoal).
Figura 32.
Marcas de cópula na superfície ventral, próximo à cloaca em um
macho adulto de
Pteroplatytrygon violacea
, com seta indicativa.
46
Figura 33.
Marcas de cópula superfície dorsal, próximo aos espiráculos em
fêmea adulta de
Pteroplatytrygon violacea.
Figura 34
. Marca de cópula na superfície ventral, na nadadeira peitoral em
fêmea adulta de
Pteroplatytrygon violacea.
47
Nas áreas mais costeiras foram encontrados maior número de fêmeas
adultas, de maior tamanho e peso, além de apresentarem as gônadas mais
desenvolvidas, e em relação aos machos, as variações foram mínimas. É
possível que as fêmeas migrem para as áreas mais costeiras e elevações para
parir, fato também relatado por MOLLET
et al
. (1996), e após o parto, migrem
para as áreas mais oceânicas.
Foi encontrada uma fêmea prenhe em 20 de março de 2008, medindo
67,0 cm de largura do disco e 9.020 g de peso total (Figura 35). O espécime
apresentou o útero esquerdo desenvolvido (Figura 36) com 7 embriões (4
fêmeas e 3 machos) pouco pigmentados medindo entre 7,0 e 8,5 cm de largura
de disco e pesando entre 7,0 e 15 g de peso total (Figura 37). Tal fato confirma
a ocorrência de nascimentos no final do verão no Oceano Atlântico Sul
Ocidental.
48
Figura 35.
Fêmea prenhe de
Pteroplatytrygon violacea
capturada em maio de
2008.
49
Figura 36
. Útero esquerdo da fêmea prenhe de
Pteroplatytrygon violacea
, com
seta indicativa.
50
Figura 37
. 7 embriões (quatro fêmeas e três machos) encontrados em
Pteroplatytrygon violacea
. A seta aponta um macho com anomalia.
O período de gestação sugerido por MOLLET
et al
. (1996), de 2 a 3
meses, mostra-se válido, pois 3 meses após ter encontrado espécimes com
marcas de cópula (setembro a novembro). MOLLET
et al.
(1996) ainda sugere
que as fêmeas da espécie consigam armazenar os espermatozóides na
glândula oviducal por até um ano, o que tornaria possível a ocorrência de
nascimentos fora desse período, mas não foi observado no decorrer do
trabalho e nem na literatura referente ao local estudado.
Dados sobre o ciclo reprodutivo de
P. violacea
do Pacífico Norte
Ocidental mostram que, em cativeiro, ocorrem nascimentos entre os meses de
outubro e março, mas provavelmente haja diferentes parâmetros reprodutivos
para a espécie nos Oceanos Pacífico e Atlântico e Mar Mediterrâneo (MOLLET
et al.
, 1996). No Oceano Pafico Norte Ocidental, MOLLET
et al.
(1996)
propõem que a população de raias-pretas
P. violacea
, parem em águas
mornas, durante o inverno fora da costa da América Central e depois migram
para maiores latitudes.
51
No Mar Mediterrâneo, o parto ocorre entre os meses de agosto e
outubro, e no Oceano Atlântico Norte Ocidental entre os meses de agosto e
setembro. No Oceano Pacífico Norte Ocidental, no mês de novembro, durante
o inverno e longe da costa e no Oceano Pacífico Oriental, entre os meses de
novembro e março (MOLLET
et al.
, 1996).
No Oceano Atlântico Sul, AMORIM
et al.
(1998) relata a ocorrência de
uma fêmea com três embriões capturada próximo à costa do Estado de o
Paulo no mês de fevereiro de 1991. A média do comprimento total dos
embriões foi de 26,4 cm e a média da largura do disco foi de 8,8 cm,
apresentando pouca pigmentação, com uma coloração branca amarelada.
ODDONE (comunicação pessoal) relatou uma fêmea com dois embriões
que apresentavam coloração escura, próxima a do adulto, medindo 15 cm de
largura de disco, capturada em abril de 2002 em 28°46’S e 48°40’W, no sul do
Brasil próximo à costa.
Com a ocorrência de uma fêmea com embriões no presente trabalho,
capturada no mês de março, com o relato de AMORIM
et al.
(1998) sobre a
captura de uma fêmea com embriões no mês de fevereiro, de ODDONE
(comunicação pessoal) sobre a captura de fêmeas com embriões no mês de
abril e da fêmea capturada no presente trabalho com embriões em março, é
possível afirmar que o período de nascimento da espécie no oceano Atlântico
sul ocidental ocorre entre os meses de janeiro e abril.
52
4. CONCLUSÃO
As raias-pretas,
Pteroplatytrygon violacea
, estão sendo capturadas
incidentalmente em grande quantidade pelos atuneiros de São Paulo, podendo
levar a diminuição de sua população.
Machos e fêmeas alimentam-se de diferentes itens, provavelmente por
ocuparem diferentes profundidades na coluna d’água, sendo que houve maior
disponibilidade de Mollusca nas áreas mais distantes da costa, e de Crustacea
em áreas mais costeiras como recurso alimentar da espécie.
As anomalias observadas, sendo acidentais ou congênitas,
aparentemente não significam necessariamente que o organismo não tenha
chances de sobreviver, ocorrendo em 1,3% dos espécimes amostrados.
No Oceano Atlântico Sul Ocidental, aparentemente o período de cópula
analisado foi entre os meses de setembro e novembro. O período de gestação
foi entre o final do inverno e primavera e a época de nascimento foi durante o
verão e início do outono, entre os meses de janeiro e abril.
A pesca atuneira, que captura incidentalmente a
P. violacea
em grande
quantidade no Oceano Atlântico Sul Ocidental, pode estar afetando sua
população, pois uma das áreas de pesca coincide com a área de cópula e
nascimento, em áreas próximas à costa, sendo que para a diminuição da
mortalidade de raias-pretas pela pesca, sugere-se medidas como a utilização
do anzol circular (HAZIN, comunicação pessoal) e novas técnicas de pesca
mais seletivas, como a do cardume associado, ainda em processo de
desenvolvimento (SCHROEDER e CASTELLO, 2007).
53
5. REFERÊNCIAS
AMORIM, A. F. 1992.
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60
6. ANEXOS
Anexo 1.
Modelo da ficha de biometria, adaptado de Last e Stevens (1994),
onde
a
: comprimento total (Ct);
b
: Largura do disco (Ld);
c
: Distância do focinho
à margem posterior da nadadeira peitoral (Dpt);
d
: Distância do focinho à
margem posterior da nadadeira pélvica (Dpv);
e
: Distância do focinho à origem
da cloaca (Dc);
f
: Distância do focinho à origem da narina (Dn);
g
: Distância do
focinho à origem da boca (Db);
h
: Comprimento do clásper (Cc).
Anexo 2.
Modelo da ficha utilizada para entrevistas nos desembarques.
62
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