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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA FISIOLÓGICA DE
GIRINOS DE RÃ-TOURO (Rana catesbeiana)
SUBMETIDOS AOS MECANISMOS ESTRESSORES DE
CAPTURA, HIPÓXIA E TRANSPORTE
Guilherme Casoni da Rocha
Orientador: Cláudia Maris Ferreira Mostério
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca – APTA - SAA, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo
de Mestre em Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Outubro - 2007
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA FISIOLÓGICA DE
GIRINOS DE RÃ-TOURO (Rana catesbeiana)
SUBMETIDOS AOS MECANISMOS ESTRESSORES DE
CAPTURA, HIPÓXIA E TRANSPORTE
Guilherme Casoni da Rocha
Orientador: Cláudia Maris Ferreira Mostério
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca – APTA - SAA, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo
de Mestre em Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Outubro - 2007
Dedico aos meus pais, Ivete e José por tudo
o que fizeram por mim até hoje e por serem
responsáveis pela minha formação, aos meus
irmãos Gustavo e Mariana, à minha avó
Maria, ao meu avô Elvino (in memoriun),
aos meus avós João e Ana Auta, à minha
namorada Adriana, ao meu amigão” Ozzy
e ao meu primo Gabriel Kimbão.
AGRADECIMENTOS
À Dra. Cláudia Maris Ferreira Mostério, pela oportunidade, orientação,
paciência e dedicação.
À Dra. Adriana Sacioto Marcantonio pelo auxílio na condução do experimento
no Ranário Experimental do Setor de Aqüicultura do Pólo Regional do Vale do Paraíba.
À Dra. Marta Verardino de Stéfani, da Unesp, Jaboticabal-SP, pelo fornecimento
dos girinos utilizados no experimento.
Aos amigos Patrícia, Antonio, Fernanda, Danielle e Sílvia.
À Flávia e à Tathiane, estagiárias do Pólo Regional do Vale do Paraíba, pelo
auxílio nas análises.
Ao Djanil, do Ranário Experimental de Pindamonhangaba, pela dedicação e
colaboração.
Ao Márcio do Ranário da Unesp Jaboticabal-SP, pelo auxílio.
Aos motoristas do Instituto de Pesca, especialmente ao João batista, pela grande
colaboração.
À Margareth e à Sônia da Gênese, pelo empréstimo dos equipamentos e apoio
técnico.
Ao Dr. Antenor da Unasp pela colaboração nas análises laboratoriais.
Ao Marcelo, estatístico, que auxiliou na interpretação dos resultados.
A todos aqueles que de alguma forma colaboraram para a realização deste
trabalho.
Ao Instituto de Pesca, lo Regional do Vale do Paraíba, Caunesp e Unasp pelo
auxílio e colaboração.
À FAPESP pela bolsa e financiamento do projeto.
SUMÀRIO
Índice de Tabelas e Figuras..............................................................................iii
Resumo.............................................................................................................viii
Abstract...............................................................................................................ix
1 - Introdução......................................................................................................1
1.1 - Revisão Bibliográfica...................................................................................3
1.1.1 - Sangue de anfíbios..................................................................................3
1.1.2 - Estresse...................................................................................................5
1.1.3 - Estresse em anfíbios..............................................................................10
1.1.4 - Hipóxia...................................................................................................12
1.1.5 - Transporte..............................................................................................13
1.2 - Justificativa e Objetivos.............................................................................15
2 - Material e Métodos.......................................................................................17
2.1 - Experimento 1 - Captura e Hipóxia...........................................................18
2.1.1 - Amostragem Biológica e Local de Experimentação...............................18
2.1.2 - Alimentação e Manejo............................................................................19
2.1.3 - Tratamentos ..........................................................................................19
2.1.4 - Coleta de Sangue..................................................................................22
2.1.5 - Avaliação dos Parâmetros Fisiológicos (cortisol e glicose)...................23
2.1.6 - Avaliação dos Parâmetros Hematológicos............................................25
2.2 - Experimento 2 - Transporte......................................................................28
2.2.1 - Procedimentos Experimentais ..............................................................28
ii
2.2.2 - Coleta de Sangue..................................................................................28
2.3 - Análise dos Resultados.............................................................................29
3 - Resultados e Discussão...............................................................................30
3.1 - Experimento 1 - Captura e Hipóxia...........................................................31
3.1.1 - Dados Biológicos e Variações Ambientais.............................................31
3.1.2 - Análise de Cortisol.................................................................................32
3.1.3 - Análise de Glicemia...............................................................................38
3.1.4 - Parâmetros Hematológicos....................................................................42
3.2 - Experimento 2 - Transporte......................................................................48
3.3 - Considerações Finais................................................................................50
4 - Conclusões..................................................................................................54
5 - Referências Bibliográficas............................................................................56
6 - Anexos ........................................................................................................69
iii
Índice de Figuras e Tabelas
FIGURA 1 - Girino de rã-touro (Rana catesbeiana) utilizado na experimentação
.....................................................................................................18
FIGURA 2 -Tanques de polipropileno (500 litros) adaptados com sistema
hidráulico para entrada e escoamento da água em fluxo contínuo
(A). Estufa agrícola coberta com polietileno e tela sombrite 50%
(B).................................................................................................19
FIGURA 3 - Esquema do delineamento amostral dos tanques contendo girinos
de R. catesbeiana, submetidos aos mecanismos estressores de
captura e hipóxia...........................................................................21
FIGURA 4 - Bandejas plásticas utilizadas para exposição aérea dos animais
.....................................................................................................22
FIGURA 5 - Material e Equipamentos utilizados para leitura de placas de Elisa e
glicemia, kit de cortisol e agitador (A), lavadora (B) e leitora placas
de Elisa (C); kit de glicemia (D), banho Maria (E) e
espectrofotômetro para leitura de glicemia (F)...............................25
FIGURA 6 - Câmara de Neubauer (A), esquema do retículo (B) para a contagem
de glóbulos vermelhos (R) e leucócitos (W); detalhe do retículo
central (C); microhematócrito e leitor (D), centrífuga de hematócrito
(E); cianometahemoglobina (F), centrífuga de tubos (G) e
espectrofotômetro para leitura da hemoglobina (H); confecção das
extensões sangüíneas (I), esquema do procedimento da Contagem
iv
Diferencial e Total de Leucócitos e Total de Trombócitos
(J)....................................................................................................27
FIGURA 7 - Valores de cortisol plasmático (ng/mL) nos distintos tratamentos e
coletas realizadas durante a experimentação com girinos de R.
catesbeiana. O gráfico é expresso em Box-plot onde as barras
representam as medianas, as bases e os topos dos retângulos 25
e 75% da amostra, respectivamente .............................................34
FIGURA 8 - Valores de cortisol plasmático (ng/mL) obtidos a partir de animais
que foram privados (H) ou não (N) de oxigênio nas coletas
realizadas durante a experimentação com girinos de R.
catesbeiana. O gráfico é expresso em Box-plot onde as barras
representam as medianas, as bases e os topos dos retângulos 25
e 75% da amostra, respectivamente............................................. 35
FIGURA 9 - Valores de glicose plasmática (mg/dL) nos distintos tratamentos e
coletas realizadas durante a experimentação com girinos de R.
catesbeiana. O gráfico é expresso em Box-plot onde as barras
representam as medianas, as bases e os topos dos retângulos 25
e 75% da amostra, respectivamente..............................................39
FIGURA 10 - Valores de glicose plasmática (mg/dL) obtidos a partir de animais
que foram privados (H) ou não (N) de oxigênio nas coletas
realizadas durante a experimentação com girinos de R.
catesbeiana. O gráfico é expresso em Box-plot onde as barras
representam as medianas, as bases e os topos dos retângulos 25
e 75% da amostra, respectivamente...........................................40
v
FIGURA 11 - Valores médios (X) e erro padrão da média (EPM) dos parâmetros
hematológicos de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos
aos efeitos estressores de captura e hipóxia. T1 captura
individual com puçá; T2 captura em massa com puçá e T3
captura por escoamento. (N) Normóxia coleta de sangue
imediata; (H) Hipóxia – coleta de sangue após 15 minutos de
exposição ao ar; Lf% - porcentagem de linfócitos; Nt% -
porcentagem de neutrófilos; Lf abs - número absoluto de linfócitos
e Nt abs - número absoluto de neutrófilos.....................................44
FIGURA 12 - Valores médios (X) e erro padrão da média (EPM) dos parâmetros
hematológicos de girinos de rã-touro, R. catesbeiana,
submetidos aos efeitos estressores de captura e hipóxia. T1
captura individual com puçá; T2 captura em massa com puçá e
T3 captura por escoamento. (N) Normóxia coleta de sangue
imediata; (H) Hipóxia coleta de sangue após 15 minutos de
exposição ao ar; Bs% - porcentagem de basófilos; Es% -
porcentagem de eosinófilos; Bs abs - número absoluto de
basófilos e Es abs - número absoluto de
eosinófilos.................................................................................. 45
FIGURA 13 - Valores médios (X) e desvio padrão da média (EPM) da
quantificação de cortisol plasmático (ng/mL) de girinos de rã-
touro, R. catesbeiana, submetidos ao efeito estressor de
transporte. AN - antes do transporte; 0T - momento zero após
transporte; 15T - 15 minutos após transporte; 30T - 30 minutos
após transporte; 45T - 45 minutos após transporte; 60T - 60
minutos após transporte; 90T - 90 minutos após transporte; 24T
- 24 horas após transporte.......................................................49
vi
TABELA 1 - Valores médios e desvio padrão da temperatura da água, oxigênio
dissolvido, pH e condutividade elétrica, obtidos nos tanques
durante realização do experimento................................................31
TABELA 2 - Valores médios (x) de cortisol plasmático (ng/mL) e desvio padrão
(DP) de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos aos
mecanismos estressores de captura e hipóxia, nos diferentes
tratamentos e períodos de coleta..................................................33
TABELA 3 - Análise de Variância (ANOVA) realizada com resultados da
quantificação de cortisol plasmático em girinos de rã-touro....... 33
TABELA 4 - Valores dios (X) de glicose plasmática (mg/dL) e desvio padrão
(DP) de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos aos efeitos
estressores de captura e hipóxia, nos diferentes tempos de
coleta..............................................................................................38
TABELA 5 - Valores de F e P dos resultados estatísticos obtidos pela análise de
variância (ANOVA) nos distintos tratamentos, coletas e animais
que foram ou não privados de oxigênio........................................ 38
TABELA 6 - Valores médios (X) de glicose plasmática de anuros do gênero
Rana........................................................................................... 41
TABELA 7 - Valores dios (X) e erro padrão da dia (EPM) dos parâmetros
hematológicos (Ht, Hb e Er) de girinos de rã-touro, R. catesbeiana,
submetidos aos efeitos estressores de captura e hipóxia............ 42
vii
TABELA 8 - Valores dios (X) e erro padrão da média (EPM) dos os índices
hematimétricos absolutos (VCM, HCM e CHCM) de girinos de rã-
touro, R. catesbeiana, submetidos aos efeitos estressores de
captura e hipóxia.......................................................................... 43
TABELA 9 - Valores médios (X) e erro padrão (EPM) de parâmetros
hematológicos de rã-touro, R. catesbeiana............................. 47
TABELA 10 - Valores médios (X) de cortisol plasmático (ng/mL) e desvio
padrão (DP) de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos
ao mecanismo estressor de transporte, nos diferentes tempos
de coleta ................................................................................. 48
viii
Resumo
A avaliação dos parâmetros fisiológicos de anfíbios anuros permite que,
através de seus resultados, sejam diagnosticados problemas de manejo que
podem ser oriundos de efeitos estressores de diversas origens. Este trabalho
teve como objetivo utilizar os marcadores biológicos de cortisol, glicemia e
dados hematológicos (número de eritrócitos (Er), hematócrito (Ht), taxa de
hemoglobina (Hb), contagem total e diferencial dos leucócitos e os índices
hematimétricos absolutos: VCM, HCM e CHCM), para avaliar a resposta de
girinos de rã-touro (Rana catesbeiana), no estágio de pró-metamorfose, aos
mecanismos estressores de captura, hipóxia e transporte. No experimento
os animais foram submetidos a três tratamentos: estresse por captura
individual com puçá; estresse por captura em massa com puçá e estresse por
captura por escoamento, que o os manejos tradicionalmente empregados na
criação de rãs (ranicultura). Cada tratamento foi conduzido com três réplicas
simultâneas, dispostas de maneira aleatória, e de cada réplica foram
analisados 4 organismos (2 normóxia coleta imediata de sangue, e 2 hipóxia
coleta de sangue após exposição aérea por 15 minutos). Foram realizadas
duas coletas com intervalo de 5 dias. Para avaliar o estresse causado por
transporte colocaram-se os girinos em sacos plásticos com água que foram
transportados por um período de 4 horas. Após a chegada, os animais foram
aclimatados e divididos em aquários (1girino/L) de acordo com os diferentes
tempos a serem testados. Os tempos definidos para as coletas de sangue
(grupos) foram: M0 (coleta de sangue antes do transporte), 0T, 15, 30, 45, 60,
90 minutos e 24 horas após a chegada dos animais. Nos experimentos de
captura, hipoxia e transporte a análise estatistica demostrou não haver
diferenças significativas entre os parâmetros avaliados quando comparou-se os
tratamentos e a exposição ou não ao ar (hipóxia e normóxia). Os dados médios
variaram de 2,1 a 5,0 ng/mL de cortisol plasmático; 49,3 a 104,3 mg/dL de
glicose plasmática; Er: 49,66 ± 5,01 10
4
/mm
3
; Ht: 30,22± 3,41 %; Hb: 5,79 ±
0,36 g/100 mL; VCM: 732,10 ± 238,69 fL; HCM: 147,87 ± 47,52 pg/cel; CHCM:
18,88 ± 1,47 %; Lf: 91,85 ± 1,40 % ; Nt: 1,36 ± 0,94 % ; Bs: 5,18 ± 1,17 %; Es:
1,65 ± 0,50 % e Mn: não detectados. Atraves destes resultados pode-se
concluir que os marcadores biologicos de estresse utilizados (cortisol e glicose)
não foram alterados pelos manejos de captura testados, pela exposiçao aerea
e pelo procedimento de transporte. Recomenda-se que outros marcadores
sejam testados para quantificar o estresse causado por estas situaçoes.
Palavras-chave: rã, estresse, cortisol, glicose, hipóxia, transporte
ix
Abstract
The evaluation of physiological parameters of anuran amphibians allows the
diagnosis of problems in their culture that can be due to stressor effects of
diverse origin. The aim of this work was to utilize the biological markers plasma
cortisol and glucose levels and hematological parameters (erythrocyte number
(Er), hematocrit (Ht), hemoglobin level (Hb), total and differential leukocyte
count and the RBC indices: MCV, MCH and MCHC), to evaluate the response
of bullfrog tadpoles (Rana catesbeiana), in the stage of pro-metamorphosis, to
stressor conditions of capture, hypoxia and transport. On the first part to
evaluate capture and hypoxia’s stressor, the animals were submitted the three
treatments: stress due to individual capture with a hand net; stress due to batch
capture with a hand net; and stress due to capture by emptying, traditional
handling methods used l in raising bullfrogs (frog farming). Each treatment was
carried out in triplicate in a random manner, and 4 organisms were analyzed for
each replicate (2 animals were sampled on normoxia blood collected
immediately, and 2 animals were sampled on hypoxia – blood collected after 15
min exposure to air). Two samplings were performed with an interval of 5 days.
On the second part to evaluate transport’s stressor tadpoles were placed into
the plastic bags with water and carried out for 4 hours. After the arrival, the
animals had been acclimatized and distributed in aquariums (1 tadpole L
-1
) in
accordance with the different blood collection times to be tested: M0 (collection
of blood before the transport), 0T (immediately collection after arrived), 15, 30,
45, 60, 90 minutes and 24 hours after arrived. In the capture, hipoxia and
transport experiment the statistic analisys demostrated that were no differences.
The means for the physiological parameters varied of 2,1 a 5,0 ng mL
-1
for
plasma cortisol and 49,3 a 104,3 mg dL
-1
for plasma glucose, while the
hematological parameters were as follows: RBC, 49.66 ± 5.01 10
4
/mm
3
; Ht,
30.22± 3.41 %; Hb, 5.79 ± 0.36 g 100 mL
-1
; MCV, 732.10 ± 238.69 fL; MCH,
147.87 ± 47.52 pg/cell; MCHC, 18.88 ± 1.47 %; Lf: 91.85 ± 1.40 % ; Nt, 1.36 ±
0.94 % ; Bs, 5.18 ± 1.17 %; Es, 1.65 ± 0.50 %; and Mn, not detected. Through
of these results can be concluded that the biological markers of stress used
(cortisol and glucose) had not been modified by the tested handling of capture,
for air exposition until 15 minutes and for the transport procedure. One sends
regards that other markers are tested to quantify stress for these situations.
Key words: frog, stress, cortisol, glucose, hypoxia, transport
1 - INTRODUÇÃO
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
2
A maior parte da carne de consumida no mundo é ainda proveniente
de caça, com conseqüente diminuição dos estoques naturais. Devido à
consciência ecológica atual e pressão de ambientalistas foram desenvolvidas
leis para proteger as espécies ameaçadas (TEIXEIRA et al., 2001). O controle
sobre a caça incentivou o consumo de carne provinda de animais criados em
cativeiro, e um dos favorecidos com esse consumo e pioneiro na tecnologia de
criação de rãs em cativeiro é o Brasil (FONTANELLO, 1994).
Segundo FERREIRA et al. (2002) a ranicultura no Brasil tem como
principal espécie de criação a rã-touro (Rana catesbeiana). Outras espécies,
nativas de nosso país, como a rã-pimenta, a rã-manteiga e a paulistinha,
também podem ser criadas, mas em comparação à rã-touro apresentam um
menor desempenho produtivo (baixa prolificidade), maiores dificuldades
técnicas (poucos estudos) e burocráticas (grande número de autorizações).
Praticamente toda a produção brasileira (400 ton/ano) é consumida pelo
mercado interno, apenas uma pequena parcela é exportada, tendo como
principal mercado os EUA (TEIXEIRA et al., 2001; FERREIRA et al., 2003).
Popularmente conhecida como rã-touro, a espécie R. catesbeiana,
natural do Canadá, após excelente adaptação ao clima predominante existente
no Brasil e aos diferentes manejos físicos e alimentares, foi adotada
nacionalmente pela ranicultura comercial. Os fatores predominantes desta
escolha foram suas características zootécnicas, tais como: rusticidade
(facilidade de manejo), precocidade (crescimento rápido) e prolificidade (alto
número de ovos por postura) e o fato de raramente serem acometidas por
patologias causadoras de morte em caráter epidêmico (FONTANELLO, 1994;
FERREIRA et al., 2002).
Ainda de acordo com os autores anteriormente citados, a produção e
desenvolvimento dessa espécie no Brasil apresentam-se superior a do seu
país de origem (EUA), ou seja, em média não ultrapassam sete meses de
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
3
duração para as fases de girino e engorda. Em algumas regiões da América do
Norte, este mesmo desempenho chega a durar cerca de quatro anos.
Com base nessas informações entendemos que estudos relacionados à
fisiologia de R. catesbeiana o necessários para dar subsídios às pesquisas
que produzam informações importantes e úteis, tanto para o meio acadêmico,
quanto para profissionais que trabalham com o cultivo comercial dessa
espécie.
1.1 - Revisão Bibliográfica
1.1.1 - Sangue dos Anfíbios
O sangue dos anfíbios é composto por plasma e elementos figurados
conhecidos como eritrócitos, leucócitos e trombócitos (DUELLMAN e TRUEB,
1986). Nos anfíbios anuros a volemia é de aproximadamente 9% do seu peso
corporal (WILSON, 1989), e existe uma diferenciação hematológica conforme o
sexo, espécie, fases da metamorfose, estado nutricional, estação sazonal e
temperatura (HARRIS, 1972). Em anfíbios, na fase larval, o eritrócito mede
aproximadamente 14 por 23 mm com 400.000 ou mais por mm
3
de sangue. São
células elípticas, achatadas e nucleadas (DUELLMAN e TRUEB, 1986).
Especificamente em rãs-touro os eritrócitos de girinos apresentam uma
vida mais curta do que a dos adultos; e durante a metamorfose, são capturados
por macrófagos do fígado e baço para serem destruídos (HASEBE et al.,
1999). Segundo DUELLMAN e TRUEB (1986) existem diferenças morfológicas
entre os glóbulos vermelhos de formas adultas e larvais de anuros.
Singularmente, os eritrócitos dos girinos são maiores que os de rãs
metamorfoseadas. Um dos fatores que contribui para esse processo é o fato
dessas células em girinos possuírem maior quantidade de retículo
endoplasmático. A seqüência de amadurecimento destes eritrócitos ocorre da
seguinte forma: eritróide precursor ou rubrócito ® eritroblasto ® eritroblasto
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
4
policromático ® reticulócito ® eritrócito normocromático (TURNER, 1988).
Segundo FORMAN e JUST (1976), o tempo de vida dos eritrócitos de girinos
de R. catesbeiana é de aproximadamente 100 dias. A hemoglobina (pigmento
respiratório) contida nos glóbulos vermelhos desta espécie semi-aquática tem
menor afinidade pelo oxigênio que em outras espécies (aquáticas) como
Necturus sp (HILL, 1980). O clima (mudanças estacionais), por sua vez,
provoca respostas de acomodação cardio–respiratória nos anfíbios (BICEGO e
BRANCO, 1999). A concentração de hemoglobina diminui durante a letargia
invernal e a hipóxia resultante induz hipotermia, provavelmente como
mecanismo de defesa (HILL, 1980).
DUELLMAN e TRUEB (1986) e TURNER (1988) citam que são
encontrados cerca de 7.000 leucócitos por mm
3
, divididos nas seguintes
categorias:
Linfócitos - com núcleo redondo, cromatina densa e citoplasma basofílico;
mais numerosos no sangue periférico de girinos do que de rãs adultas.
Neutrófilos são as células de defesa primária e possuem núcleo quase
sempre segmentado.
Basófilos - também comumente encontrado no sangue periférico de
anuros larvais, inclusive em R. catesbeiana, mostram núcleo sem
segmentação e citoplasma com exuberantes grânulos basofílicos.
Eosinófilos - apresentam cleo segmentado e numerosos grânulos
ovalados ou esféricos, fracamente acidófilos no citoplasma.
Monócitos - raramente encontrados, possuem um núcleo que ocupa
quase que totalmente a célula, possuindo um citoplasma levemente
vacuolado e fracamente basofílico.
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
5
Os anuros possuem ainda trombócitos nucleados, com função
semelhante às plaquetas dos mamíferos.
É observando quali e quantitativamente estes elementos que se pode ter
idéia do estado de saúde dos animais, refletindo através de seu aumento ou
diminuição, problemas nutricionais (carências por alimentação inadequada em
quantidade e/ou qualidade), má absorção intestinal, parasitoses, infecções,
inflamações, estresse, distúrbios metabólicos, intoxicações, desidratações,
hipóxia e outras anomalias (RANZANI-PAIVA e SILVA SOUZA, 2004; COPPO
et al., 2005).
As variáveis da série vermelha, eritrograma, são de grande valia na
identificação de processos anemiantes (MAHONEY e McNULTY, 1992),
enquanto o leucograma pode ser empregado como auxílio no diagnóstico dos
processos infecciosos (RANZANI-PAIVA e EIRAS, 1992) e outros estados de
desequilíbrio homeostático.
Assim, o sangue constitui-se em uma excelente ferramenta biológica
dentro da patologia, e o estudo de sua morfologia e bioquímica pode fornecer
subsídios essenciais para elucidação do comportamento de diversos
hormônios, entre eles, aqueles ligados ao estresse (TEIXEIRA, 2007).
1.1.2 - Estresse
O estresse pode ser definido como uma condição na qual o equilíbrio
dinâmico do organismo do animal (homeostase) é quebrado, como resultado
de ações de um estímulo intrínseco e/ou extrínseco, chamado estressor
(PICKERING, 1981). Animais submetidos a condições estressantes sofrem
adaptações à quebra da homeostase (ADAMS, 1990). Mudanças fisiológicas
compensatórias e/ou adaptativas foram observadas por BONGA (1997) quando
os animais têm sua homeostase ameaçada.
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
6
Segundo relato de VAL et al. (2004) os estressores podem ser de origem
química, física, biológica ou mesmo do manejo dos animais. Diversos fatores
podem levar a uma resposta fisiológica de estresse, como por exemplo,
temperatura e qualidade da água, idade, condições fisiológicas, fatores sociais,
características herdáveis ou adquiridas, linhagem e espécies diferentes,
mudanças abruptas ou extremas no ambiente físico, interações sociais
(predação, parasitismo, competição intensiva por alimento, espaço ou parceiros
sexuais) e interferência humana (incluindo o manejo) (BONGA, 1997). Esses
fatores individualmente ou em conjunto podem oferecer estresse ao sistema
fisiológico dos animais (ADAMS, 1990).
A resposta ao estresse em organismos aquáticos tem a participação do
sistema nervoso (nervos simpáticos e células cromafins) e do sistema
endócrino (eixo hipotálamo-hipófise-celulas inter-renais) e, segundo SUMPTER
(1993) e BONGA (1997) podem ser divididos em três etapas. Na etapa
ocorre a ativação dos centros cerebrais, o que culmina em uma intensa
liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e corticóides
(principalmente cortisol). Na 2ª etapa há ações imediatas e efeitos destes
hormônios que foram liberados no sangue e nos tecidos como, por exemplo,
aumento dos batimentos cardíacos, consumo de oxigênio, alterações na
glicemia, no hematócrito e no número de leucócitos. A etapa é caracterizada
por ser um estágio de exaustão, que causa a queda de desempenho e a
diminuição da resistência a doenças e conseqüente contaminação dos animais
por bactérias e fungos oportunistas podendo levá-los à morte (IRWIN et al.,
1999; GOMES et al., 2003).
Corroborando os autores citados acima, MOBERG (2000) propõe um
modelo de resposta do animal ao estresse. Esse modelo sugere que a resposta
biológica ao estresse se a partir de três estágios gerais: reconhecimento
de um estímulo estressante; a defesa biológica contra o estímulo
estressante e 3º, as conseqüências das respostas ao estresse.
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
7
A principal função do eixo que forma a resposta ao estresse em
mamíferos (eixo hipotálamo glândulas pituitárias supra-renais (adrenais)), e
em particular a resposta adrenocortical ao estresse agudo, é reduzir o impacto
causado pelo agente estressor ao animal e esta redução é feita através de
respostas comportamentais ou fisiológicas (BALM, 1999).
3
Nos vertebrados, uma resposta clássica ao estresse agudo é a liberação
de uma classe de hormônios, os glicocorticóides (principalmente cortisol).
Estes hormônios promovem mudanças fisiológicas e comportamentais tais
como uma rápida produção de glicose e a cessação provisória da reprodução
(SAPOLSKY et al., 2000).
De acordo com GOMES et al. (2003) e SUMPTER (1993) o cortisol
plasmático e a glicose são os marcadores biológicos mais utilizados e
apresentam uma boa resposta na avaliação de estresse.
O cortisol ou hidrocortisona é um glicocorticóide que está relacionado ao
metabolismo alimentar, as inflamações e ao estresse. Seu efeito mais
importante é estimular a conversão das proteínas em glicose e seu
armazenamento sob forma de glicogênio. Sua liberação ocorre quando o
estimulo estressor e este estímulo leva à ativação da tríade CRH ACTH
Cortisol. O CRH (Hormônio Liberador de Corticotropina) é produzido e liberado
pelo hipotálamo, após sua liberação, atua sobre a glândula pituitária anterior,
estimulando a produção e liberação de ACTH (Corticotropina), o efeito que o
ACTH vai gerar sobre o córtex adrenal é a liberação de cortisol. O controle da
liberação de cortisol é realizado principalmente através de feedback negativo
(podendo ser um feedback de alça curta ou de alça longa), mas também possui
outras formas de regulação tais como: ciclo circadiano (diários),
ultracircadianos (dentro de um mesmo dia), estágios do sono, variação
sazonal, etapas de desenvolvimento (fetal, neonatal, puberal, etc.) e estresse
(VOET et al., 2000; GUYTON e HALL, 2002; HICKMAN et al., 2003).
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
8
As mudanças nas funções biológicas durante o estresse culminam em
uma troca de recursos biológicos, como por exemplo, a energia que seria
utilizada no crescimento do animal jovem vai ser utilizada no combate ao
estresse. Essa mudança na função biológica durante o estresse é definida por
MOBERG (1996) como “custo biológico de estresse”. Quando o estresse é
muito intenso, o custo biológico é significativo, e diante de um custo
significativo o animal pode apresentar os estágios pré-patológicos e
patológicos.
O cortisol exerce efeito em diversas funções do organismo, dentre elas
estão os efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras e
processos inflamatórios. Segundo SUMPTER (1993) existem muitas
conseqüências de uma elevada taxa do mesmo, e apenas uma parte delas é
conhecida, portanto, representam uma luz para guiar as pesquisas. Algumas
dessas conseqüências em vertebrados (CELIS, 1998) são:
Músculos – níveis basais de cortisol são necessários para manter a
contratilidade e o trabalho máximo do sculo esquelético e do
cardíaco. O excesso provoca atrofia e fraqueza por causa do consumo
protéico.
Ossos o principal efeito do cortisol é diminuir a formação óssea, em
casos de excesso, uma grande redução da massa óssea e redução
do crescimento.
Tecidos Conjuntivos - torna a pele e a parede capilar mais delgada e em
conseqüência pode haver o rompimento facilmente.
Sistema Vascular o cortisol é necessário para a manutenção da
pressão sangüínea normal e consequentemente alterações nos níveis
deste hormônio prejudicam a manutenção deste processo.
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
9
Rins o cortisol aumenta a filtração glomerular. Também é essencial
para a rápida excreção de uma carga de água.
Sistema Nervoso Central - ele modula de algum modo às funções de
percepção e de emoção. Sua falta ou excesso prejudica esses
processos. O excesso de cortisol interfere no sono normal.
A glicose é um composto orgânico, e tem como principal função
biológica servir de substrato energético para as células. A glicose também
participa da composição das glicoproteínas, dos glicopeptídos e glicolipídios
que desempenham funções estruturais e funcionais. Alguns destes compostos
são: colágeno da membrana basal, mucopolissacarídios, mielina das células
nervosas, hormônios e receptores hormonais (BERG et al., 2004).
Na forma de glicogênio, a glicose é armazenada no fígado e músculos
após a ocorrência da glicogênese (conversão de glicose em glicogênio). Em
situações que os níveis de cortisol estão altos, ocorre a gliconeogênese, ou
seja, as células hepáticas convertem proteínas e glicerol em glicose (FEDER e
BURGGREN, 1992; SCHMIDT-NIELSEN, 2002). O aumento (causado pelas
catecolaminas) e a manutenção do aumento (causado pelo cortisol) da glicemia
são importantes para proporcionar energia para a fuga ou enfrentamento de
uma situação adversa (BONGA, 1997) e segundo MOMMSEN et al. (1999)
para a resposta secundária ao estresse.
A glicose tem sido utilizada também para determinar o estresse por
hipóxia que estudos demonstram que há um rápido aumento da glicose
quando o animal é submetido a hipóxia, como no caso de peixes (BARTON e
IWAMA, 1991; MCDONALD e MILLIGAN, 1992; RANDALL e PERRY, 1992;
ARENDS et al., 1999).
Em relação à manutenção dos níveis glicêmicos o cortisol é um
antagonista da insulina. O cortisol inibe a captação de glicose estimulada pela
insulina nos tecidos musculares e adiposos e bloqueia o efeito supressor da
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
10
insulina sobre a produção hepática de glicose. Os dois hormônios (cortisol e
insulina) favorecem o armazenamento hepático de glicogênio. O antagonismo
ocorre em relação à expressão dos genes para enzima gliconeogênica
(fosfoenolpiruvato carboxiquinase) e para a enzima de liberação da glicose
(glicose-6-fosfatase) e em consequência desses fatores, o cortisol favorece a
secreção de glicose pelo fígado enquanto a insulina a inibe. O resultado final
da exposição prolongada a excesso do cortisol consiste em elevação da
concentração plasmática e um aumento compensador dos níveis plasmáticos
de insulina. (HILL e WYSE, 1989; GUYTON e HALL, 2002).
1.1.3 - Estresse em Anfíbios
Em qualquer sistema de criação é inevitável o estresse aos animais e do
mesmo modo ocorre na aqüicultura. Geralmente as conseqüências são a
reduções do crescimento e ganho de peso, do desempenho reprodutivo e da
resistência a patógenos (IWAMA, 1993).
No que se refere ao estresse em anfíbios como a R. catesbeiana, não
existem muitos relatos científicos a este respeito, mas variações fisiológicas
como estas provavelmente também ocorrem com esta classe de animais.
Nos trabalhos experimentais de observação comportamental, realizados
por DUELLMAN e TRUEB (1986) relatou-se que rãs são animais que
facilmente se estressam.
Segundo FERREIRA et al. (2001) o estresse pode ser a causa de um
dos principais problemas da ranicultura, as patologias. Os agentes estressores
neste caso podem ser resultantes de sistemas de criação não apropriados,
manejos inadequados (físico, profilático, sanitário e alimentar), alterações
ambientais como temperatura e luminosidade, problemas na qualidade física e
química da água, bem como presença de outros animais, pessoas, dentre
outros.
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
11
Nas diversas fases de desenvolvimento das rãs, são observadas
características em conseqüência da exposição a fatores estressantes. Em
girinos destaca-se a falta de apetite, apatia e nado desnorteado, entre outras
características. Na fase de pré-engorda e engorda os animais se empilham nos
cantos das baias, saltam de forma irregular, nas áreas úmidas são observados
excesso de pele, por vezes foi observado muco na forma de espuma. No
período reprodutivo, fêmeas estressadas abortam e produzem gritos
característicos enquanto os machos deixam de coaxar. Neste período os
animais tendem a ficarem escondidos tanto embaixo da água, quanto nos
abrigos (LIMA e AGOSTINHO, 1992; FERREIRA et al., 2001).
Os corticóides ou corticosteróides regulam processos metabólicos nos
anfíbios e se elevam em resposta à estresses agudos como manipulação e/ou
confinamento (LICHT et al., 1983; ZERANI et al., 1991).
O efeito do cortisol em relação aos hormônios tireoidianos é dependente
do estágio de desenvolvimento do girino e também muda durante a
metamorfose. Na pré-metamorfose uma inibição da tireóide e na pró-
metamorfose um estimulo. No clímax o efeito estimulador do cortisol sob a
tireóide diminui e o cortisol contribui para o declínio de tiroxina (T4) no plasma
dos girinos (WRIGHT et al., 1999).
Alguns dos momentos em que esses hormônios atuam são: na
regulação hormonal da metamorfose, antagonizando com as mudanças
induzidas pelos hormônios tireoidianos durante alguns estágios do
desenvolvimento, e mais tarde junto com os níveis elevados desses hormônios
aceleram a metamorfose (HAYES et al., 1993; KIKUYAMA et al., 1993;
WRIGHT et al., 1994); o crescimento dos membros em girinos de R.
catesbeiana é inibido pelo cortisol, assim como por outros corticóides, e
estimulado mais tarde na metamorfose quando os corticóides sinergizam com
níveis do clímax ou próximo aos níveis do clímax de T4 (WRIGHT et al., 1994).
O cortisol em sinergia com hormônios tireoidianos induz a queratinização da
pele das larvas (MILLER, 1996). Os glicocorticóides induzem apoptoses em
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
12
linfócitos larvais para efetuar uma reorganização do sistema imune dos girinos
na metamorfose (ROLLINS-SMITH et al., 1997).
O desenvolvimento, comportamento, e a morfologia de girinos podem
ser alterados em função de respostas às circunstâncias ambientais. Por
exemplo, o retardo do desenvolvimento de girinos na presença de concorrentes
(espaço e alimento) e a alteração do comportamento e da morfologia da cauda
na presença de predadores (BERVEN e CHADRA, 1988; SCOTT, 1990;
SMITH e VAN BUSKIRK, 1995; MCCOLLUM e VAN BUSKIRK, 1996).
Exemplos de alterações fisiológicas em função de circunstâncias
ambientais puderam ser observados por DENVER (1998) quando as taxas de
corticosteronas aumentaram em girinos de Scaphiopus hammondii quando o
nível da água em que os animais eram mantidos diminuiu. Da mesma forma
GLENNEMEIER e DENVER (2002) observaram estas alterações em Rana
pipiens quando os girinos foram expostos á concorrentes de intra-espécie.
Esses estudos demonstram a corticosterona como sendo um potencial
mediador fisiológico de respostas de girinos a variações em seus ambientes.
1.1.4 - Hipóxia
A hipóxia pode ser definida como a diminuição da pressão de oxigênio
(PO
2
) disponível, diferente do termo anóxia que significa “sem oxigênio”
(SWENSON e REECE, 1993).
Quatro tipos de hipóxia são descritos pelos autores citados acima:
- Hipóxia ambiental: o sangue arterial é insuficientemente saturado com
oxigênio por causa de uma PO
2
baixa no ambiente onde
se respira.
- Hipóxia anêmica: há um decréscimo no volume de oxigênio do sangue por
causa da diminuição do funcionamento da hemoglobina.
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
13
- Hipóxia estagnante ou hipóxia isquêmica: o fluxo de sangue está diminuído,
seja no corpo todo ou somente em
um tecido.
- Hipóxia histotóxica: as células são incapazes de utilizar o oxigênio que é
fornecido.
Observou-se que os peixes sofrem ajustes hematológicos a hipóxia tais
como: aumento do hematócrito (Ht), hemoglobina (Hb) e células vermelhas no
sangue (VAL et al., 1990; VAL e ALMEIDA VAL, 1995; VAL, 2000). Estes
valores resultam no aumento da capacidade de captar O
2
nas brânquias e
maior conteúdo de O
2
no sangue em peixes expostos a hipóxia (WEBER et al.,
1975; JENSEN et al., 1993). A utilização de variáveis hematológicas com Hb e
Ht pode indicar respostas dos peixes frente a situações de estresse como, por
exemplo, a hipóxia ambiental (DETHLOFF e BAIMAIER, 2001).
1.1.5 - Transporte
O transporte gera um conjunto de agentes estressores aos organismos
aquáticos que podem causar injúrias aos animais, tais como: manipulação
direta, vigorosa atividade muscular (o que pode diminuir o oxigênio das
células), exposição à baixa qualidade de água durante o transporte e a
movimentação constante das embalagens (MCDONALD e MILLIGAN, 1997;
BARTON et al., 1998).
O transporte é de extrema severidade aos animais como foi constatado
em matrinxãs (Brycon cephalus) em estudo realizado por INOUE (2003) que
observou uma excessiva perda de muco e escamas e agressões entre os
peixes durante o transporte.
Durante o transporte, o principal precursor do estresse é a abrasão
mecânica causada pelo inevitável contato entre os animais quando a
densidade é elevada (ROSS e ROSS, 1999).
Guilherme Casoni da Rocha Introdução
Dissertação
14
GOMES (2002) cita que embora o transporte seja uma das operações
mais importantes da aqüicultura, pouca atenção tem sido dada ao assunto no
Brasil. O transporte como prática de manejo em piscicultura intensiva pode ter
duração variada dependendo da finalidade. Os peixes vivos são transportados
para diversos destinos, incluindo a indústria e os estabelecimentos voltados à
pesca esportiva, no caso de peixes adultos, e estabelecimentos de criação de
engorda, no caso de larvas e juvenis. Em todos os casos, os animais devem
chegar apresentando boas condições fisiológicas para satisfazer os critérios
exigidos pelo comprador (URBINATI e CARNEIRO, 2004).
KUBITZA (1997) descreve como sendo comum a mortalidade de peixes
devido à manipulação e ao transporte. Estes procedimentos rotineiros na
aqüicultura podem ser uma fonte importante de estresse á muitas espécies
(WEIRICH e TOMASSO, 1993; CARNEIRO e URBINATI, 2001). A resposta
dos peixes é parecida com a dos vertebrados terrestres, tendo como principal
característica à liberação de adrenalina e cortisol em um primeiro instante,
seguida por um quadro de hiperglicemia, diminuição de íons no sangue e
aumento dos níveis de água nos tecidos, assim como aumento da taxa
metabólica em peixes de água doce (MAZEAUD et al., 1977; EDDY, 1981).
Esse aumento da taxa metabólica é induzido por duas necessidades dos
animais, a primeira é uma requisição por uma demanda maior de energia para
lidar com o distúrbio, e a segunda é para corrigir o desequilibro iônico que
acompanha essa maior liberação de energia (BARTON e IWAMA, 1991).
Os efeitos deste tipo de estresse agudo prejudicam o desempenho dos
animais trazendo alterações no sistema imune, na osmoregulação, no
metabolismo e na reprodução (PICKERING, 1981; BONGA, 1997; IWAMA et
al., 1997).
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15
1.2 - Justificativa e Objetivos
Diante do fato de que o Brasil é um produtor potencial de carne de rã em
cativeiro, existe a necessidade de se adequar ao máximo o confinamento às
necessidades dos animais.
RIBEIRO FILHO (1998) afirma que problemas de manejo, deficiência
alimentar, instalações inadequadas, qualidade da água e doenças
provocadas por fungos causa a morte de girinos. Este acontecimento nesta
fase interfere negativamente na criação e pode ser decisivo no insucesso de
um empreendimento comercial (CASTRO e PINTO, 2000).
Com base nestas e outras bibliografias consultadas, que se referem à
produtividade dos ranários comerciais, entende-se que seria de grande
importância o estudo da resposta de girinos de rã touro (R. catesbeiana),
submetidos a tipos comuns de estresse que acontecem neste segmento da
aqüicultura (hipóxia, captura e transporte).
Uma das maneiras de alcançar esse objetivo e conseqüentemente maior
produção é conhecer os mecanismos de combate ao estresse e suas respostas
biológicas, que são importantes para a manutenção da saúde e bem-estar dos
animais.
Para tanto, analisou-se os seguintes marcadores biológicos:
ü Cortisol
ü Glicemia
ü Respostas hematológicas (Er, Ht, Hb, contagem total e diferencial dos
leucócitos, total de trombócitos e os índices hematimétricos absolutos:
VCM, HCM e CHCM)
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Dissertação
16
Através da mensuração destes marcadores biológicos pretendeu-se
avaliar o nível de estresse desenvolvido pelos animais diante de estressores
como hipóxia, diferentes métodos de captura e transporte.
2 – MATERIAL E MÉTODOS
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Dissertação
18
2.1 - Experimento 1 – Captura e Hipóxia
2.1.1 - Amostragem Biológica e Local de Experimentação
Foram utilizados 2.700 girinos de rã-touro, R. catesbeiana (Figura 1), no
estágio 31 a 39 de GOSNER (1960), pró-metamorfose, dos quais 72 foram
amostrados para a coleta de sangue. Os animais foram provenientes do
Ranário Experimental do Centro de Aqüicultura da UNESP de Jaboticabal
(CAUNESP).
FIGURA 1 - Girino de rã-touro (Rana catesbeiana) utilizado na experimentação
Os animais foram aclimatados por 7 dias em tanques de polipropileno
(500 litros), na densidade de 1 girino/litro no Ranário Experimental do Pólo
Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do
Paraíba, em Pindamonhangaba-SP (PRDTAVP). Tais tanques contendo 300
girinos cada, foram acondicionados sob proteção de uma estufa agrícola, tendo
sua superfície coberta com plástico polietileno e suas laterais com sombrite
50% (Figura 2).
Guilherme Casoni da Rocha Material e Métodos
Dissertação
19
.
FIGURA 2 - Tanques de polipropileno (500 litros) adaptados com sistema hidráulico
para entrada e escoamento da água em fluxo contínuo (A). Estufa
agrícola coberta com polietileno e tela sombrite 50% (B)
2.1.2 - Alimentação e Manejo
Os animais foram alimentados com ração comercial marca Polinutri
®
(45% de proteína bruta, 6% FB e 9% EE), uma vez ao dia, na quantidade de
1% do peso vivo. A água dos tanques foi trocada, em sua totalidade, várias
vezes ao dia (sistema de fluxo contínuo). A temperatura ambiente, a umidade
relativa do ar e os parâmetros físicos e químicos da água (temperatura,
condutividade elétrica, pH, oxigênio) foram monitorados diariamente. A amônia
total e o nitrito foram medidos semanalmente com o uso de kit MERCK
®
, e a
amônia não ionizada (NH
3
) foi estimada através de fórmula (APHA, 1998). Os
eventuais animais mortos durante o período de experimentação foram retirados
diariamente dos tanques (período da manhã) para que não prejudicassem a
qualidade da água.
2.1.3 - Tratamentos
O experimento teve como controle, dados obtidos do sangue de animais
(n = 10) que não sofreram nenhum tipo de tratamento. Foram retirados do
tanque e imediatamente houve a coleta de sangue, este procedimento ocorreu
em Jaboticabal antes mesmo do transporte dos animais à Pindamonhangaba.
A
B
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Dissertação
20
Os tratamentos conduzidos foram: estresse por captura individual com
puçá (Tratamento 1); estresse por captura em massa com puçá (Tratamento 2)
e, estresse por captura por escoamento (Tratamento 3), que são os manejos
tradicionalmente empregados na ranicultura. Cada tratamento foi conduzido
com três réplicas simultâneas, ordenadas de maneira aleatória
1
.
Após o período de aclimatação os animais foram sorteados para compor
os tratamentos de forma que cada tanque (réplica) abrigou 300 girinos. De
cada réplica foram analisados 4 indivíduos (2 normóxia coleta imediata de
sangue, e 2 hipóxia coleta de sangue após 15 minutos de exposição aérea).
Foram realizadas duas coletas com intervalo de 5 dias entre as mesmas
(totalizando 72 girinos em todo o experimento). Após serem submetidos aos
mecanismos estressores e antes da coleta de sangue os animais voltaram à
água por 30 minutos (Figura 3).
O tempo de 15 minutos para hipóxia foi escolhido após realização de
testes preliminares. Após este período fora da água os animais não
sobreviviam quando retornavam ao meio aquático (Figura 4, Anexo 2).
1
Puçá utilizado no tratamento 1 = 15 x 12 cm
Puçá utilizado no tratamento 2 = 30 x 24 cm
Cano de escoamento do tratamento 3 = 2 polegadas
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Dissertação
21
FIGURA 3 - Esquema do delineamento amostral dos tanques contendo girinos de R.
catesbeiana, submetidos aos mecanismos estressores de captura e
hipóxia
Normoxia
Hipóxia
Normoxia
Hipóxia
Normoxia
Hipóxia
2 2 2 2 2 2
12 animais
Tanque
A
Tanque
B
Tanque
C
Tratamento 1 (T1)
Captura individual com
puçá
Normoxia
Hipóxia
Normoxia
Hipóxia
Normoxia
Hipóxia
2 2 2 2 2 2
12 animais
Tanque
A
Tanque
B
Tanque
C
Tratamento 2 (T2)
Captura em massa com
puçá
Normoxia
Hipóxia
Normoxia
Hipóxia
Normoxia
Hipóxia
2 2 2 2 2 2
12 animais
Tanqu
e A
Tanqu
e B
Tanqu
e C
Tratamento 3 (T3)
Captura por escoamento
Guilherme Casoni da Rocha Material e Métodos
Dissertação
22
FIGURA 4 – Bandejas plásticas utilizadas para exposição aérea dos animais
2.1.4 - Coleta de sangue
Para a coleta de sangue os animais eram retirados dos tanques e
submetidos a hipóxia em bandejas plásticas secas por 15 minutos (Figura 4) e,
em seguida, retornavam a água por mais 30 minutos. Os animais em normóxia
tinham o sangue coletado logo após a captura. Independente do método de
captura (individual com puçá, em massa com puçá ou por escoamento) o
procedimento após a saída do tanque era o mesmo. Uma alíquota de sangue
foi retirada por punção do vaso caudal com auxílio de agulhas descartáveis e
micropipetas com ponteiras heparinizadas. As coletas foram realizadas sempre
no período da manhã, respeitando-se o ritmo circadiano dos animais. O sangue
foi utilizado imediatamente após a coleta para a realização da avaliação dos
parâmetros hematológicos, o restante foi armazenado em microtubos de
polipropileno heparinizados e mantido sob resfriamento a a centrifugação
para a obtenção do plasma para a realização dos testes de quantificação de
cortisol e glicose.
Guilherme Casoni da Rocha Material e Métodos
Dissertação
23
2.1.5 - Avaliação dos Parâmetros Fisiológicos
As alíquotas de sangue (cerca de 100 mL/animal) utilizadas para as
análises fisiológicas de dosagem dos marcadores biológicos foram
centrifugadas a 5.000 rpm, por 5 minutos para a obtenção do plasma que foi
congelado (-20 ºC) até a realização das análises. Parte do plasma obtido foi
destinada aos testes para determinação do cortisol plasmático através do
método Elisa (Active – Cortisol EIA DSL10 – Diagnostic System Labs USA) e, a
outra parte, foi destinada aos testes de glicemia, determinados com kit
LABTEST
®
.
Cortisol
O procedimento seguiu o princípio básico do imunoensaio enzimático,
onde existe competição entre um antígeno o marcado e um antígeno
marcado com enzima por um número fixo de sítios de ligação no anticorpo. A
quantidade de antígeno marcado com enzima ligada ao anticorpo é
inversamente proporcional à concentração da substância não marcada que
está sendo analisada na amostra. O material não ligado é removido por
decantação e lavagem das cavidades (Princípio do Ensaio).
Inicialmente foi aguardado até que todos os reagentes e amostras
atingissem a temperatura ambiente (aprox. 25
o
C). Preparou-se então a
Solução de Conjugado Enzimático diluindo o Concentrado de Conjugado com o
Diluente de Conjugado (1 parte de Concentrado: 50 partes de Diluente). Em
seguida pipetou-se 25 mL de Padrões, Controles e Amostras nas cavidades
apropriadas e adicionou 100 mL de Solução de Conjugado Enzimático diluído a
cada cavidade utilizando um dispensador semi-automático. Bateu-se
suavemente no suporte de cavidades por 5-10 segundos. Adicionaram-se
ainda 100 mL de Anti-soro de Cortisol a cada cavidade utilizando dispensador
semi-automático.
Guilherme Casoni da Rocha Material e Métodos
Dissertação
24
Após um período de incubação à temperatura ambiente (aprox. 25
o
C)
por um período de 45 minutos com auxílio de agitador ajustado para 500-700
rpm, aspirou-se e lavou-se cada cavidade 5 vezes com a solução de lavagem
diluída utilizando uma lavadora de microplacas semi-automática e em seguida
drenou-se a placa invertendo-a sobre material absorvente. Adicionou-se então
100 mL de Solução de Cromógeno TMB a cada cavidade, incubando
novamente as cavidades por mais 10 a 15 minutos à temperatura ambiente no
mesmo agitador.
Por final adicionou-se 100 mL de Solução de Interrupção a cada
cavidade, agitou-se suavemente com as mãos por 5-10 segundos e realizou-se
a leitura de absorbância da solução presente nas cavidades (30 minutos)
utilizando-se um leitor de microplacas ajustado para 450nm (Figura 5).
O resultado foi expresso em mg/dL e posteriormente transformado em
ng/mL.
Glicose
Da mesma forma aguardou-se até que todos os reagentes e amostras
atingissem a temperatura ambiente (aprox. 25
o
C). Tomou-se então um tubo
como “branco”, um como “padrão” e outros como “teste”. No branco foi
adicionado 1,0 mL do “Reagente 1”, no “padrão” foi adicionado 1 mL de
“Reagente 1” mais 10,0 mL de “Solução Padrão”, e nos tubos testes foram
adicionados 1,0 mL de “Reagente 1” mais 10,0 mL de soro.
Misturou-se vigorosamente o conteúdo dos tubos e em seguida estes
foram levados para o banho-maria a 37
o
C, durante 15 minutos, tomando-se o
cuidado de manter o nível da água acima do conteúdo dos tubos. Após o
tempo de incubação procedeu-se à leitura em absorbância das amostras em
espectrofotômetro a 505 nm acertando o zero com o branco (Figura 5). A
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Dissertação
25
glicose foi estimada pela fórmula: Glicose (mg/dL) = absorbância do teste x
100/absorbância do padrão.
FIGURA 5 - Material e Equipamentos utilizados para leitura de placas de Elisa e
glicemia, kit de cortisol e agitador (A), lavadora (B) e leitora placas de
Elisa (C); kit de glicemia (D), banho Maria (E) e espectrofotômetro para
leitura de glicemia(F)
2.1.6 - Avaliação dos Parâmetros Hematológicos
Os parâmetros hematológicos avaliados e a metodologia seguiram as
recomendações internacionais, a saber: número total de eritrócitos (Er),
contados em câmera de Neubauer, utilizando-se a solução de Hayem como
diluente; hematócrito (Ht), pelo método do microhematócrito, segundo
GOLDENFARB et al. (1971); hemoglobina (Hb), pelo método da
cianometahemoglobina, segundo COLLIER (1944); contagem total e diferencial
D
E
F
A
B
C
c
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Dissertação
26
dos leucócitos e total de trombócitos, em extensões sangüíneas coradas por
método de ROSENFELD (1947). Ainda, com os resultados do número de
eritrócitos, hematócrito e taxa de hemoglobina foram calculados os índices
hematimétricos absolutos: Volume Corpuscular Médio (VCM = Ht x 10/Er em
fentonlitros), Hemoglobina Corpuscular Média (HCM = Hb x 100/Er em
picogramas/célula), e Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média
(CHCM = Hb x 100/Ht em gramas/dL), segundo WINTROBE (1934). A
metodologia utilizada nestas análises encontra-se descrita no Anexo 1 e o
material utilizado pode ser visualizado na Figura 6.
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Dissertação
27
FIGURA 6 - Câmara de Neubauer (A), esquema do retículo (B) para a contagem de
glóbulos vermelhos (R) e leucócitos (W); detalhe do retículo central (C);
microhematócrito e leitor (D), centrífuga de hematócrito (E);
cianometahemoglobina (F), centrífuga de tubos (G) e espectrofotômetro
para leitura da hemoglobina (H); confecção das extensões sangüíneas
(I), esquema do procedimento da Contagem Diferencial e Total de
Leucócitos e Total de Trombócitos (J)
A
B
C
D
E
F G H
J
I
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Dissertação
28
2.2 - Experimento 2 - Transporte
2.2.1 - Procedimentos Experimentais
Foram utilizados girinos de rã-touro, R. catesbeiana, no estágio de pró-
metamorfose, estágio 31 a 39 da tabela de GOSNER (1960), provenientes do
Ranário Experimental do Centro de Aqüicultura da UNESP de Jaboticabal
(CAUNESP).
Inicialmente coletou-se sangue de 9 girinos logo após a retirada dos
animais dos tanques (momento zero). Em seguida os animais foram
acondicionados em sacos plásticos de polietileno (1,00 X 0,60 m) na densidade
de 3 girinos/litro, preenchidos com 2/3 de água oriunda de caixas d’água de
abastecimento do setor de aqüicultura e 1/3 de oxigênio. Estes sacos foram
transportados de carro de Jaboticabal a São Paulo, em uma viagem com
duração de 4 horas. Todo o procedimento (captura, embalagem e transporte)
teve a duração de 6 horas (02:00 às 08:00h). Após a chegada, os animais
foram aclimatados e divididos em aquários (1girino/L) de acordo com os
diferentes tempos a serem testados. Os tempos definidos para as coletas de
sangue (grupos) foram: 15, 30, 45, 60, 90 minutos e 24 horas após a chegada
dos animais do ponto de partida.
2.2.2 - Coleta de sangue
A coleta de sangue foi realizada no Laboratório de Patologia de
Organismos Aquáticos do Instituto de Pesca em São Paulo. Dez animais de
cada grupo foram retirados dos aquários, respeitando-se os tempos amostrais.
De cada indivíduo extraiu-se uma alíquota que foi armazenada em microtubos
de polipropileno heparinizados e mantidos sob resfriamento até a centrifugação
para a obtenção do plasma e realização dos testes de quantificação de cortisol,
que seguiram a mesma metodologia descrita anteriormente.
Guilherme Casoni da Rocha Material e Métodos
Dissertação
29
2.3 - Análise dos Resultados
Para verificar as diferenças entre os resultados dos dados das variações
ambientais, dos parâmetros fisiológicos e hematológicos e dos diferentes
tratamentos, foi realizada a análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de
Tukey. Os resultados foram considerados significativos quando p< 0,05 (ZAR,
1996).
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
31
3.1 - Experimento 1 - Captura e Hipóxia
3.1.1 - Dados biológicos e variações ambientais
Durante toda a experimentação a mortalidade foi mínima representando
1,57% dos animais (41 dos 2.700 girinos). Os organismos utilizados nas
coletas apresentaram peso médio de 9,5 ± 1,05 g e comprimento médio de
11,96 ± 1,31 cm.
Em relação à temperatura ambiente, podemos observar, com termômetros
de xima e mínima, uma variação de 17,0 a 35,9 ºC e a umidade relativa do
ar, apresentou média de 75%.
Os resultados referentes ao monitoramento dos parâmetros físicos e
químicos da água não apresentaram diferença estatisticamente significativa
entre os tanques dos diversos tratamentos, que pudessem interferir na
experimentação. Esses resultados estão dispostos na Tabela 1.
TABELA 1 - Valores médios e desvio padrão da temperatura da água, oxigênio
dissolvido, pH e condutividade elétrica, obtidos nos tanques durante
realização do experimento
T O. D. pH C. E.
T1
24,03 ± 0,70 3,18 ± 0,89 6,85 ± 0,12 54,97 ± 4,48
T2
23,98 ± 0,78 3,09 ± 0,83 6,89 ± 0,17 55,03 ± 4,07
T3
24,07 ± 0,79 3,31± 0,81 6,86 ± 0,10 53,71 ± 3,55
T1 - tratamento 1 (captura individual com puçá)
T2 - tratamento 2 (captura em massa com puçá)
T3 - tratamento 3 (captura por escoamento)
T - temperatura (ºC); O.D. - oxigênio dissolvido (mg/L); pH – potencial hidrogeniônico e
C.E. - condutividade elétrica (µS/cm)
Os parâmetros medidos semanalmente apresentaram resultados
semelhantes (sem diferença estatisticamente significante), em todos os
tanques independentemente do tratamento aplicado aos animais. A análise da
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Dissertação
32
amônia total teve como resultado médio 0,05 mg/L, enquanto nitrito não foi
detectado em nenhum dos tanques. Com os resultados de amônia total,
temperatura e pH estimou-se a amônia não ionozável (NH
3
) que apresentou
resultado médio de 0,19 mg/L.
A presença de altas quantidades de amônia seria extremamente maléfica
aos animais do experimento, tendo em vista que, ela se transforma em nitrito e
em nitrato por ação de bactérias nitrificantes. Esse processo de transformação:
amônia (NH
3
- tóxica) - nitrito (NO
2
- xico) - nitrato (NO
3
- tóxico somente em
altas quantidades) é uma das causas mais comuns de mortalidade em tanques
de girinos (FERREIRA, 2003).
Os parâmetros físicos e químicos da água apresentados durante o
presente experimento satisfazem os padrões mínimos exigidos para criação de
organismos aquáticos, exceto o baixo nível de oxigênio dissolvido, que
segundo SAMPLE (1994) não deveria ser (para piscicultura) inferior a 5 mg/L,
fato que, aparentemente, não causou mortalidade nos tanques experimentais.
3.1.2 - Análise de Cortisol
Os valores médios de cortisol plasmático do grupo controle e dos
diferentes tratamentos durante a 1ª e 2ª coleta encontram-se na Tabela 2.
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Dissertação
33
TABELA 2 - Valores médios (X) de cortisol plasmático (ng/mL) e desvio padrão (DP) de
girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos aos mecanismos
estressores de captura e hipóxia, nos diferentes tratamentos e períodos de
coleta (n = 82)
T1 T2 T3
Coleta
N H N H N H
Controle
2,20 ± 0,50
3,00 ± 2,70
3,20 ± 1,90
3,80 ± 2,20
3,30 ± 1,30
2,50 ± 1,10
3,71 ± 1,46
2,35 ± 1,20
3,60 ± 1,20
5,00 ± 2,30
2,50 ± 2,20
3,10 ± 1,60
2,14 ± 1,32
T1 – captura individual com puçá; T2 – captura em massa com puçá e T3 – captura por
escoamento
(N) Normóxia coleta de sangue imediata; (H) Hipóxia coleta de sangue após 15
minutos de exposição ao ar
Não foi constatada diferença estatisticamente significativa entre os
distintos tratamentos testados, na 1ª e coleta (Tabela 3). Quando os dados
foram ordenados (estabelecimento de postos) estas diferenças significativas
não foram evidenciadas (Figuras 7 e 8).
TABELA 3 Análise de Variância (ANOVA) realizada com resultados da
quantificação de cortisol plasmático em girinos de rã-touro.
Fonte de
Variação
Grau de
Liberdade
Soma dos
Quadrados
Quadrado Médio
Tratamentos
5 19,964 3,327
Residuais
50 140,64 2,813
Total
56 160,61
F = 1,183
p = 0,330
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Dissertação
34
FIGURA 7 - Valores de cortisol plasmático (ng/mL) nos distintos tratamentos e
coletas realizadas durante a experimentação com girinos de R.
catesbeiana. O gráfico é expresso em Box-plot onde as barras
representam as medianas, as bases e os topos dos retângulos 25 e
75% da amostra, respectivamente
T1 - tratamento 1 (captura individual com puçá)
T2 - tratamento 2 (captura em massa com puçá)
T3 - tratamento 3 (captura por escoamento)
Nível de Cortisol (ng/mL)
0 2 4 6
T1 T2 T3 T1 T2 T3
1ª coleta 2ª coleta
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Dissertação
35
FIGURA 8 - Valores de cortisol plasmático (ng/mL) obtidos a partir de animais que
foram privados (H) ou não (N) de oxigênio nas coletas realizadas
durante a experimentação com girinos de R. catesbeiana. O gráfico é
expresso em Box-plot onde as barras representam as medianas, as
bases e os topos dos retângulos 25 e 75% da amostra,
respectivamente
Nível de Cortisol (ng/mL)
Condição dos animais
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Dissertação
36
O cortisol é um hormônio necessário para a sobrevivência de
organismos estressados (HILL e WYSE, 1989). GUYTON e HALL (2002)
afirmam que estresses significativos estimulam acentuadamente a tríade de
liberação seqüencial de hormônio liberador de corticotropina (CRH), hormônio
adrenocorticotrópico (ACTH) e cortisol. Fisiologicamente o CRH liberado no
hipotálamo estimula a produção de ACTH, que por sua vez estimula a liberação
de cortisol no córtex-supra-renal. No presente trabalho, valores de cortisol
obtidos não evidenciaram quaisquer diferenças entre os três métodos de
manejo testados, (captura individual com puçá, captura em massa com puçá ou
captura por escoamento). Em outras palavras, sob este ponto de vista, todos
estes métodos poderiam ser utilizados sem causar substanciais alterações na
concentração de cortisol circulante e, conseqüentes danos à saúde dos girinos
de R. catesbeiana. Como o método de captura por escoamento é mais rápido e
eficiente ele seria o mais indicado para as criações comerciais de rãs.
Na literatura, encontram-se valores de cortisol com grande variação, fato
que pode ser atribuído a eventos que afetam a liberação do mesmo pelo
organismo, tais como o estágio de desenvolvimento e maturação sexual,
estação do ano, temperatura, ritmo circadiano e o método utilizado para a
coleta do plasma (PANKHURST e SHARPLES, 1992; IWAMA, 1993).
Os valores médios de cortisol plasmático para girinos de rã-touro obtidos
durante esta experimentação variaram de 2,1 a 5,0 ng/mL, mais altos dos que os
encontrados por WRIGHT et al. (2003) que variam de 0,8 a 1,08 ng/mL.
Provavelmente nossos resultados foram influenciados pela baixa quantidade de
oxigênio dissolvido nos tanques, e os reportados pelos autores acima, são
provenientes de experimentos realizados em laboratório, com fotoperíodo e
condições físicas e químicas da água controladas, além de suas determinações
terem sido feitas por radioimunoensaio. os valores detectados por KRUG et
al. (1983) variaram de 12 e 22,3 ng/mL, no período de pró-metamorfose e
clímax, respectivamente. Entretanto, eles reportaram incertezas qualitativas
sobre o material mensurado denominando estas substâncias quantificadas de
“material cortisol-like”.
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37
BARTON e IWAMA (1991) atestam que o padrão de resposta do cortisol,
na maioria das espécies de peixes, após distúrbios agudos consiste em rápida
elevação (minutos) seguida de declínio lento (horas ou dias). Além dos
diferentes tipos de captura testados neste estudo, o mecanismo estressor
empregado foi, 15 minutos de hipóxia, seguido de 30 minutos de repouso na
água, antes da extração de sangue, com a intenção de seguir-se o modelo
padrão de liberação de cortisol em vertebrados, que é de 30 minutos após o
evento estressor (BARCELLOS et al., 2000; SLOMAN et al., 2001). Contudo,
este tempo para a amostragem não foi suficiente para evidenciar uma elevação
nos valores plasmáticos deste hormônio, sugerindo que estudos adicionais com
quantificações em série temporal de cortisol em R. catesbeiana fossem
realizados.
Com base nesta necessidade TEIXEIRA (2007) trabalhando com girinos da
mesma espécie e fase de desenvolvimento, quantificou os valores de cortisol
plasmático em diferentes tempos (0, 15, 30, 45, 60, 90 minutos), após exposição
aérea de 15 minutos. Seus resultados indicaram não haver diferenças
estaticamente significativas entre os valores de cortisol encontrados, sendo que
o valor médio desse hormônio obtido nessa experimentação foi de 3,38 ng/mL.
Entretanto, estudos realizados com peixes (Oncorhynchus mykiss)
submetidos a estresse por exposição ao ar durante 30 segundos e com coleta
de sangue 30 minutos após este procedimento, evidenciaram que os níveis de
cortisol foram significantemente maiores nos animais que foram expostos ao ar
quando comparados aos níveis dos indivíduos não expostos (SLOMAN et al.,
2001). BARCELLOS et al. (2000) observaram que exemplares de Rhamdia
quelen submetidos a procedimentos de captura e transferência de tanque,
apresentaram um pico de cortisol uma hora após o procedimento. POTTINGER
(1998) em seus estudos simulou distúrbios naturais que ocorrem durante a
pesca (captura e exposição aérea) de Cyprinus carpio, provocando aumento
nos níveis plasmáticos de cortisol e retorno aos valores basais 24 horas mais
tarde.
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38
3.1.3 – Análise da Glicemia
Os valores de glicemia dos diferentes tratamentos durante s 1ª e 2ª
coleta encontram-se na Tabela 4.
TABELA 4 - Valores médios (X) de glicose plasmática (mg/dL) e desvio padrão (DP) de
girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos aos efeitos estressores de
captura e hipóxia, nos diferentes tempos de coleta
T1 T2 T3
Coleta
N H N H N H
67,67 ± 24,16
99,80 ± 19,46
62,00 ± 30,82
55,80 ± 42,58
68,50 ± 43,04
49,33 ± 7,61
80,00 ± 34,42
92,40 ± 19,71
56,67 ± 32,72
89,00 ± 17,35
104,33 ± 22,30
87,33 ± 35,35
T1 –captura individual com puçá; T2 captura em massa com puçá e T3 captura por
escoamento(N) Normóxia coleta de sangue imediata; (H) Hipóxia coleta de sangue
após 15 minutos de exposição ao ar
Assim como nos resultados das determinações de cortisol não foram
constatadas diferenças estatisticamente significativas entre os distintos
tratamentos testados, entre os dados da 1ª e coleta (Tabela 5). Quando os
dados foram ordenados (estabelecimento de postos) estas diferenças não
evidenciadas (Figura 9 e 10).
TABELA 5 - Valores de significância (F e P) dos resultados estatísticos obtidos pela
análise de variância (ANOVA) nos distintos tratamentos, coletas e
animais que foram ou não privados de oxigênio
F p
Tratamentos 1ª coleta
1,73 0,16
Tratamentos 2ª coleta
0,93 0,48
1ª coleta e 2ª coleta
1,52 0,20
Normóxia e Hipóxia
1,03 0,44
p – nível de significância
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Dissertação
39
FIGURA 9 - Valores de glicose plasmática (mg/dL) nos distintos tratamentos e
coletas realizadas durante a experimentação com girinos de R.
catesbeiana. O gráfico é expresso em Box-plot onde as barras
representam as medianas, as bases e os topos dos retângulos 25 e
75% da amostra, respectivamente
T1 - tratamento 1 (captura individual com puçá)
T2 - tratamento 2 (captura em massa com puçá)
T3 - tratamento 3 (captura por escoamento)
Nível de Glicose (mg/dL)
20 40 60 80 100 120
T1 T2 T3 T1 T2 T3
1ª coleta 2ª coleta
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Dissertação
40
FIGURA 10 - Valores de glicose plasmática (mg/dL) obtidos a partir de animais que
foram privados (H) ou não (N) de oxigênio nas coletas realizadas
durante a experimentação com girinos de R. catesbeiana. O gráfico
é expresso em Box-plot onde as barras representam as medianas,
as bases e os topos dos retângulos 25 e 75% da amostra,
respectivamente
Nível de Glicose (mg/dL)
20 40 60 80 100 120
Condição dos animais
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41
WIJAYAN et al. (1991; 1994) afirmam que a elevação da glicemia em
peixes, como resposta ao estresse, deve-se a ação das catecolaminas que
estimulam a glicogenólise, enquanto que a manutenção destes altos níveis de
glicemia é mantida pelo cortisol, que age após a adrenalina.
A hiperglicemia é, em geral, observada em animais expostos a algum
tipo de estímulo adverso (POTTINGER et al., 1999). Entretanto, da mesma
maneira que o cortisol, não se sabe ao certo em quanto tempo ocorreria um
pico de glicose, após um estímulo de estresse, para R. catesbeiana.
Os valores médios encontrados para este parâmetro na literatura são
bem distintos e encontram-se resumidos na Tabela 6.
TABELA 6 - Valores médios (X) de glicose plasmática de anuros do gênero Rana
Autor / Espécie Variação de glicemia
Presente trabalho / R. catesbeiana 49,33 a 104,33 mg/dL
SMITH (1954) / R. temporaria
38 ± 1,4 mg%
WRIGHT (1959) / R. catesbeiana 13,51 mg%
BYRNE e WHITE (1975) / R. catesbeiana 40 e 50 mg%
HUTCHISON e TURKEY (1975) / R. pipiens
24,5 ± 3,0 mg%
WANG e CHANG (1994) / R. catesbeiana 20 a 64 mg/dL
STÉFANI (1996) / R. catesbeiana 48,97 a 55,86 mg%
COPPO et al., 2005 / R. catesbeiana
50 ± 12 mg/dL
TEIXEIRA 2007 / R. catesbeiana 9,31 a 30,87 mg/dL
Segundo HERMAN (1977) as diferenças nos níveis de glicose
sangüínea, entre as espécies, podem ser atribuídas às diferenças de manejo,
procedimento de amostragem e/ou método analítico utilizado. A mesma
hipótese pode ser aplicada aos distintos valores encontrados dentro da espécie
em estudo, devendo-se levar em consideração ainda, a questão do estágio de
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Dissertação
42
desenvolvimento (girino X rã adulta) e a presença ou não de um estímulo
estressor.
3.1.4 - Parâmetros hematológicos
Os resultados dos parâmetros hematológicos (Ht, Hb e Er) obtidos nas
duas coletas estão descritos na Tabela 7. Com os resultados do número de
eritrócitos, hematócrito e taxa de hemoglobina foram calculados os índices
hematimétricos absolutos: Volume Corpuscular Médio (VCM = Ht x 10/Er em
fentonlitros), Hemoglobina Corpuscular Média (HCM = Hb x 100/Er em
picogramas/célula), e Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média
(CHCM = Hb x 100/Ht em gramas/dL) (Tabela 8).
TABELA 7 - Valores médios (X) e erro padrão da média (EPM) dos parâmetros
hematológicos (Ht, Hb e Er) de girinos de rã-touro, R. catesbeiana,
submetidos aos efeitos estressores de captura e hipóxia
Ht Hb Er
X ± EPM X ± EPM X ± EPM
1ª coleta
T1 (N) 22,70±6,03 6,52±0,45 44,42±3,38
T1(H) 29,70±1,69 5,43±0,37 55,00±7,07
T2 (N) 33,82±2,88 6,25±0,45 53,00±4,05
T2(H) 30,15±2,56 5,76±0,38 55,50±8,62
T3(N) 32,74±1,71 6,17±0,32 46,92±12,6
T3(H) 25,94±2,66 5,40±0,04 46,92±5,33
2ª coleta
T1 (N) 34,83±0,96 5,75±0,29 50,33±6,69
T1(H) 32,13±0,76 5,35±0,36 44,33±9,79
T2 (N) 30,78±2,19 5,65±0,46 58,17±11,4
T2(H) 32,18±2,13 5,92±0,42 42,25±12,2
T3(N) 28,60±4,23 5,62±0,53 48,17±7,60
T3(H) 29,03±1,96 5,70±0,36 50,92±6,59
F
1,06
NS
0,55
NS
0,33
NS
Ht - hematócrito (%); Hb taxa de hemoglobina (g/100 mL); Er número de eritrócitos
(10
4
/mm
3
)
T1- Tratamento 1 – captura individual com puçá; T2- Tratamento 2 – captura em massa
com puçá; T3- Tratamento 3 – captura por escoamento
(N) Normóxia - coleta de sangue imediata; (H) Hipóxia coleta de sangue no tempo de
15 minutos de exposição ao ar
NS
– não significativo
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Dissertação
43
TABELA 8 - Valores médios (X) e erro padrão da média (EPM) dos os índices
hematimétricos absolutos (VCM, HCM e CHCM) de girinos de rã-touro,
R. catesbeiana, submetidos aos efeitos estressores de captura e hipóxia
VCM HCM CHCM
X ± EPM X ± EPM X ± EPM
1ª coleta
T1 (N) 529,04±156,24 152,94±10,38 19,69±0,42
T1(H) 564,18±94,40 102,35±7,70 19,39±2,28
T2 (N) 658,55±85,42 120,41±14,09 17,75±0,28
T2(H) 573,94±36,59 110,59±8,38 19,89±1,82
T3(N) 988,56±248,27 242,77±51,17 19,32±0,15
T3(H) 599,14±80,27 130,81±18,17 21,86±2,27
2ª coleta
T1 (N) 694,69±55,99 106,62±7,13 16,99±1,00
T1(H) 1158,61±402,04 197,17±71,46 16,62±1,05
T2 (N) 750,37±278,25 150,38±50,29 18,44±2,36
T2(H) 1273,65±365,5 220,44±72,30 17,84±1,00
T3(N) 757,87±236,79 133,10±29,46 20,13±2,27
T3(H) 651,14±129,14 106,90±15,20 18,67±0,74
F
0,93
NS
0,97
NS
0,53
NS
VCM- volume corpuscular médio (ft); HCM hemoglobina corpuscular média (pg/cel);
CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular média (%)
T1- Tratamento 1 – captura individual com puçá; T2- Tratamento 2 – captura em massa
com puçá; T3- Tratamento 3 – captura por escoamento
(N) Normóxia - coleta de sangue imediata; (H) Hipóxia – coleta de sangue no tempo de
15 minutos de exposição ao ar
NS
– não significativo
Após a análise de variância não foram evidenciadas diferenças
significativas entre os parâmetros hematológicos dos animais submetidos ao
estresse dos distintos tratamentos testados, da 1ª e 2ª coletas e entre os
animais que foram ou não privados de oxigênio.
Os resultados da contagem diferencial de leucócitos (linfócitos,
neutrófilos, basófilos, eosinófilos e monócitos) realizada nas extensões
sangüíneas em microscópio de luz são representados pelas Figuras 11 e 12.
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Dissertação
44
FIGURA 11 - Valores médios (X) e erro padrão da média (EPM) dos parâmetros
hematológicos de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos aos
efeitos estressores de captura e hipóxia. T1 –captura individual com
puçá; T2 captura em massa com puçá e T3 captura por
escoamento. (N) Normóxia coleta de sangue imediata; (H) Hipóxia
– coleta de sangue após 15 minutos de exposição ao ar; Lf% -
porcentagem de linfócitos; Nt% - porcentagem de neutrófilos; Lf abs -
número absoluto de linfócitos e Nt abs - número absoluto de
neutrófilos
Linfócitos
84
86
88
90
92
94
96
N
T1
H N
T2
H N
T3
H
Tratamentos
Lf %
-5000
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Lf Abs
Lf % 1ª coleta Lf % 2ª coleta
Lf Abs 1ª coleta Lf Abs 2ª coleta
Neutfilos
-1
0
1
2
3
4
5
N H N H N H
T1 T2 T3
Tratamentos
Nt %
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Nt Abs
Nt % 1ª coleta Nt % 2ª coleta
Nt Abs 1ª coleta Nt Abs 2ª coleta
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Dissertação
45
FIGURA 12 - Valores médios (X) e erro padrão da média (EPM) dos parâmetros
hematológicos de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos aos
efeitos estressores de captura e hipóxia. T1 –captura individual com
puçá; T2 captura em massa com puçá e T3 captura por
escoamento. (N) Normóxia coleta de sangue imediata; (H) Hipóxia
coleta de sangue após 15 minutos de exposição ao ar; Bs% -
porcentagem de basófilos; Es% - porcentagem de eosinófilos; Bs abs
- número absoluto de basófilos e Es abs - número absoluto de
eosinófilos
A análise de variância não evidenciou diferenças significativas entre os
parâmetros hematológicos dos animais submetidos ao estresse dos distintos
tratamentos testados, da e coletas e entre os animais que foram ou o
privados de oxigênio.
Trabalhos na mesma linha realizados por PICKERING et al. (1982)
utilizando truta (Salmo trutta) e ELLSAESSER e CLEM (1986) utilizando catfish
(Ictalurus punctalus), também não observaram diferenças significativas quanto
ao número de eritrócitos e demais parâmetros hematológicos. Entretanto,
KEBUS et al. (1992) e IWAMA (1993) afirmam que a imunodeficiência
resultante da resposta ao estresse apresenta correlação negativa com a
elevação do cortisol plasmático, levando a diminuição do número de linfócitos
circulantes. Ainda, PICKERING et al. (1982) observaram que um simples
Basófilos
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
N H N H N H
T1 T2 T3
Tratamentos
Bs %
0
500
1000
1500
2000
Bs Abs
Bs % 1ª coleta Bs % 2ª coleta
Bs Abs 1ª coleta Bs Abs 2ª coleta
Eosinófilos
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
N H N H N H
T1 T2 T3
Tratamentos
Es %
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Es Abs
Es % 1ª coleta Es % coleta
Es Abs 1ª coleta Es Abs 2ª coleta
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
46
estresse de manejo de 2 animais causou linfopenia em Salmo trutta após 8
horas e que foram necessárias 72 horas para recuperação aos níveis basais.
FERREIRA (2002) e MARCANTÔNIO (2005) relatam que os leucócitos
mais abundantes no sangue de girinos de R. catesbeiana são os linfócitos.
Este mesmo resultado foi encontrado no presente trabalho: Lf = 91,85 ± 0,57%.
Os demais leucócitos quantificados foram: NT = 1,36 ± 0,38 %; Bs = 5,18 ±
0,48 % e Es = 1,65 ± 0,20 %, não foram detectados monócitos. Os resultados
obtidos na contagem de leucócitos estão muito próximos aos de FERREIRA
(2002): Lf = 88,0 ± 1,4%; NT = 3,8 ± 0,9%; Bs = 5,8 ± 0,7%; Es = 2,0 ± 0,3% e
Mn = 0,4 ± 0,1% e também se assemelham com os de FRANÇA (2007) que
trabalhou com imagos recém metamorfoseados: Lf = 82,64 ± 2,86%; Nt = 8,61
± 1,98%; Bs = 6,38 ± 1,45%; Es = 1,82 ± 0,41% e Mn = 0,56 ± 0,24%.
Para efeitos comparativos os resultados de FRANÇA (2007), DIAS
(2006) e COPPO (2003) relatando valores médios encontrados em indivíduos
de R. catesbeiana em diferentes estágios de desenvolvimento são
apresentados na Tabela 9.
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
47
TABELA 9 - Valores médios (X) e erro padrão (EPM) de parâmetros hematológicos de
rã-touro, R. catesbeiana
AUTOR/ESTÁGIO DE
DESENVOLVIMENTO
PARÂMETRO HEMATOLÓGICO
Ht Hb Er VCM HCM CHCM
PRESENTE
TRABALHO (girino)
30,22 ±
1,39
5,92 ±
0,15
49,66 ±
2,05
732,1 ±
97,44
147,87 ±
19,40
18,88 ±
0,60
COPPO (2003)
(adulto)
30,10 6,80 ±
1,48
42,00 709,00 157,00 23,30
DIAS (2006) (adulto)
30,17 ±
1,92
9,73 ±
0,34
47,67 ±
8,96
713,59 ±
9,46
234,77 ±
0,33
32,72 ±
1,72
FRANÇA (2007)
(girino)
15,94 ±
1,87
3,20 ±
0,43
29,53 ±
6,02
584,5 ±
87,4
117,0 ± 14,0
20,23 ±
2,93
FRANÇA (2007)
(imago)
19,76 ±
1,93
5,33 ±
0,25
28,38 ±
3,09
688,2 ±
49,9
191,24 ±
10,0
28,01 ±
2,80
TEIXEIRA (2007)
(girino)
18,33 ±
2,51
3,67 ±
0,49
25,43 ±
3,68
816,05 ±
111,71
158,89 ±
23,99
22,81 ±
3,76
Ht - hematócrito (%); Hb – taxa de hemoglobina (g/100 mL); Er número de eritrócitos
(10
4
/mm
3
); VCM volume corpuscular médio (fL); HCM hemoglobina corpuscular
média (pg/cel); CHCM – concentração de hemoglobina corpuscular média (%)
Comparando-se os valores de hematócrito e hemoglobina encontrados
no presente trabalho (Ht = 30,22 ± 1,39 % e Hb = ± 0,15 g/dL) com o de outros
trabalhos podemos observar que nossos valores são semelhantes aos
encontrados por CATHERS (1997) e COPPO (2003) em R. catesbeiana (Ht =
22,00 ± 5,00 % e Hb = 4,7±0,9 g/dL) e (Ht = 30,10 % e Hb = 6,80 ± 1,48 g/dL)
respectivamente. Quando comparamos nossos resultados com outras
espécies, Rana tigrina (Ht = 19,5 31,8 % e Hb = 3,87–6,22 g/dL) estudado
por SINGH (1978) e Bufo sp. (Ht = 36 44 %) por COPPO (2001) também
apresentam resultados próximos.
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
48
TEIXEIRA (2007) trabalhando com girinos da mesma espécie e do
mesmo estágio de desenvolvimento, e submetendo estes organismos ao
estresse por densidade (1, 5 e 10 girinos/L) e hipóxia, reportou uma redução no
número de linfócitos, neutrófilos e eosinófilos aos 12 dias de experimentação,
mas sem prejuízo à saúde dos animais.
Mesmo não tendo sido modificada pelos mecanismos estressores
testados as informações coletadas são valiosas para análise e composição dos
valores hematológicos basais, ou considerados normais, para organismos
desta espécie. Trata-se de um ponto de partida para futuras comparações com
animais submetidos a condições adversas. Entretanto, a partir destes dados
pouco se pode inferir sobre animais em situação de estresse, pois trabalhos
nesta linha de pesquisa ainda são escassos.
3.2 - Experimento 2- Transporte
Os valores médios de cortisol plasmático dos animais submetidos ao
estresse causados por transporte (4 horas), nos diferentes tempos de coleta
estão apresentados na Tabela 10 e na Figura 13.
TABELA 10 Valores médios (X) de cortisol plasmático (ng/mL) e desvio padrão (DP)
de girinos de rã-touro, R. catesbeiana, submetidos ao mecanismo
estressor de transporte, nos diferentes tempos de coleta
MZ 0T 15T 30T 45T 60T 90T 24h
Cortisol
(ng/mL)
3,71 ±
1,46
2,67 ±
1,40
4,71 ±
2,15
4,53 ±
2,45
2,95 ±
1,29
2,35 ±
2,40
2,89 ±
0,45
2,29 ±
0,59
MZ- antes do transporte; 0T- momento zero após transporte; 15T- 15 minutos após
transporte; 30T- 30 minutos após transporte; 45T- 45 minutos após transporte; 60T- 60
minutos após transporte; 90T- 90 minutos após transporte; 24T- 24 horas após
transporte
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
49
0
FIGURA 13 - Valores médios (X) e desvio padrão da média (EPM) da
quantificação de cortisol plasmático (ng/mL) de girinos de
rã-touro, R. catesbeiana, submetidos ao efeito estressor
de transporte. MZ - antes do transporte; 0T - momento
zero após transporte; 15T - 15 minutos após transporte;
30T - 30 minutos após transporte; 45T - 45 minutos após
transporte; 60T - 60 minutos após transporte; 90T - 90
minutos após transporte; 24T - 24 horas após transporte
A análise estatística indicou não haver diferenças significativas nos
valores de cortisol plasmático dos animais expostos ao estresse por transporte
nos diferentes tempos de coleta, nem mesmo quando comparados aos de
animais que não sofreram esse tipo de estresse.
Apesar de o transporte representar um grande problema à piscicultura,
onde são observadas alterações na liberação de cortisol e glicose (ARENDS et
al., 1999; GOMES et al., 2003; BRANDÂO et al., 2006), esse fato não ocorreu
com girinos de rã–touro, submetidos a esta situação de estresse neste último
experimento.
Singularmente, para estes organismos é provável que, as diferenças
entre a os parâmetros físicos e químicos da água (pH, condutividade elétrica,
alcalinidade e dureza total, amônia, nitrito, nitrato, fósforo, cloretos, ferro, entre
outros), do ponto de origem e o destino, e condições inadequadas de
0
2
4
6
8
MZ
0
15
30
45
60
90
24h
Tempo
Cortisol (ng/mL)
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
50
aclimatação representem maiores prejuízos aos animais do que o próprio
transporte (FERREIRA, 2003).
Dados de qualidade de água de ranários comerciais analisadas por este
mesmo autor demonstram que girinos de rã-touro são mais resistentes do que
a maioria dos peixes, em relação às condições da água em que vivem. Essa
condição fisiológica faz com que alguns anfíbios sejam conhecidos como
"homebodies", termo que faz referência à grande capacidade adaptativa
desses animais a condições adversas (SCHUYTEMA et al., 1991; BUENO-
GUIMARÃES, 1999 e FERREIRA, 2002). Essa capacidade de adaptação foi
observada no decorrer dos experimentos, durante todo o tempo em que os
animais foram mantidos nos tanques de polipropileno no Ranário Experimental,
pois o nível de oxigênio dissolvido da água (3,20 ± 0,20 mg/L) foi abaixo do
recomendado (5,00 mg/L) para criação de organismos aquáticos e não foi
observada mortalidade.
3.3 - Considerações Finais
A maior parte dos anfíbios e répteis reage aos agentes estressores com
um aumento dos níveis dos hormônios corticosteróides no plasma (LANCE,
1990; GUILLETTE JR. et al., 1995; TYRRELL e CREE, 1998). Contudo, uma
variação de reações ao mesmo estímulo pode ocorrer em relação ao tipo de
resposta, às taxas apresentadas e ao tempo de duração dessas respostas.
Essas variações da ativação adrenocortical demonstram uma sensibilidade
diferente no eixo hipotálamo glândulas pituitárias supra-renais (adrenais)
aos estressores e são denominadas modulação adrenocortical (WINGFIELD e
ROMERO, 2001).
Diferenças fisiológicas entre indivíduos, sexo, idade, estado reprodutivo,
doenças, status social podem interferir na modulação adrenocortical dos
animais (GRASSMEN e HESS, 1992; DUNLAP e SCHALL, 1995; KNAPP e
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
51
MOORE, 1996). O efeito do estresse pode variar também de acordo com a
carga genética do animal.
Variações de temperatura, umidade (diferentes nas estações do ano),
disponibilidade de alimento, qualidade da água, e condições gerais podem
resultar em diferenças na modulação adrenocortical em populações distintas de
uma mesma espécie (DUNLAP e WINGFIELD, 1995; MOORE e JESSOP,
2003). Em relação à minimização dos efeitos das variantes acima citadas,
desenvolveu-se o experimento do presente estudo, sob a proteção de uma
estufa agrícola, tendo sua superfície coberta com plástico polietileno e suas
laterais com sombrite, a fim de evitar grandes variações de temperatura e
umidade relativa do ar. Não houve diferenças na oferta de alimento entre os
tanques, e a qualidade da água se manteve semelhante entre todos os
tratamentos e suas réplicas. Dessa forma, tentou-se reduzir alguns dos fatores
ambientais que poderiam interferir nos resultados.
Variações significativas nos valores de cortisol e glicose, que foram
observados em outros estudos com organismos aquáticos (peixes), não foram
observadas neste trabalho, o que seria esperado como reações frente às
situações estressantes de captura, hipóxia e transporte.
Estes estímulos estressores foram testados em outros trabalhos
(BARTON e IWAMA, 1991; WIJAYAN et al. 1991; 1994; BARCELLOS et al.,
2000; SLOMAN et al., 2001), e os animais submetidos a eles apresentaram
diferenças significativas em relação aos parâmetros analisados, mostrando-os
eficientes em provocar estresse com conseqüente liberação de cortisol seguido
de hiperglicemia. Em girinos de R. catesbeiana nenhum experimento testando
estes estressores havia sido realizado. A maior parte das conclusões relativas
à modulação adrenocortical nestes organismos são baseados em observações
comportamentais (DUELLMAN e TRUEB, 1986; LIMA e AGOSTINHO, 1992;
FERREIRA et al., 2001) e, por esse motivo, utilizou-se outras classes de
vertebrados (peixes, répteis), além de outras espécies de anfíbios para
comparação de resultados.
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
52
Uma possível causa para a falta de aumento dos parâmetros testados
seria uma opção fisiológica do organismo (“recurso”) que ao invés de promover
uma resposta adrenocortical imediata, mantém os níveis hormonais estáveis,
como no exemplo estudado por JESSOP et al. (1999; 2000) com tartarugas
verdes (Chelonia mydas); e VALVERDE et al. (1999a), que observou em
tartarugas marinhas (Lepidochelys olivacea) em período reprodutivo essa falta
de resposta. Os animais em período de desova morriam sem apresentar
respostas adrenocorticais ao agente estressor a que estavam sendo
submetidos (superaquecimento). Uma resposta adrenocortical imediata iria
promover sua sobrevivência naquele momento, mas provavelmente iria
prejudicar a reprodução, e por esse motivo a resposta adrenocortical foi inibida
não permitindo uma maior sobrevida ao animal, mas permitindo que ele
pudesse reproduzir-se mesmo na presença do superaquecimento (VALVERDE
et al., 1999b).
Ainda, VALVERDE et al. (1999a; 1999b) verificaram que tartarugas
verde-oliva (Lepidochelys olivacea) apresentaram uma resposta adrenocortical
baixa quando o agente estressor foi a captura e exibiram níveis muito altos de
corticosterona quando foram expostas a um desafio com ACTH evidenciando
rotas fisiológicas distintas para estas situações.
Os girinos do experimento não apresentaram a resposta adrenocortical
clássica, talvez em função dos prejuízos que essas respostas poderiam lhe
trazer durante o desenvolvimento, que os produtos desta resposta
interfeririam diretamente nos processos de crescimento e metamorfose, como
citado anteriormente.
Um exemplo da atuação fisiológica do estresse em anfíbios é a
possibilidade de alterações na formação cutânea dos girinos, tendo em vista
que, os corticóides atuam em antagonismo com os hormônios tireoidianos nos
estágios larvais iniciais, mas depois sinergizam com estes mesmos hormônios
na aceleração da metamorfose e em especial na queratinização, e nas últimas
fases, na diferenciação da pele dos girinos (MILLER, 1996). Outras ações que
Guilherme Casoni da Rocha Resultados e Discussão
Dissertação
53
se destacam e que poderiam sofrer interferência dos produtos do estresse
seriam: a capacidade dos glicocorticóides destes animais em induzir apoptose
em linfócitos larvais durante a reorganização do sistema imune próximo à
metamorfose (ROLLINS–SMITH et al., 1997) e o fato de terem sua
metamorfose adiantada em casos de estresse causados por privação de
alimento e grande manipulação (ROSENKILDE, 1985). Este último processo
também apresenta relação direta com o custo benefício e a produtividade das
criações comerciais.
4 – CONCLUSÕES
Guilherme Casoni da Rocha Conclusões
Dissertação
55
De acordo com os resultados do presente trabalho pode-se concluir que:
A quantificação de cortisol plasmático por Elisa (DSL10) é apropriada
para anuros da espécie Rana catesbeiana.
Os marcadores biológicos de estresse avaliados (cortisol, glicemia e
parâmetros hematológicos) não apresentaram alterações estatisticamente
significativas em seus valores, tanto para o estresse provocado por captura e
hipóxia quanto por transporte, o que seria esperado para outras classes de
organismos aquáticos.
Entretanto, deve-se ressaltar, que o fato de não haver diferenças
significativas nos parâmetros avaliados pode indicar: que os estímulos
estressores testados não foram adequados para elevar os valores plasmáticos
dos marcadores biológicos (cortisol e glicose), ou talvez que o padrão de
resposta a estes estímulos estejam expressos tissularmente (cortisol tecidual),
pois o aumento extremo do hormônio cortisol ou em outro nível hormonal
(corticosterona) interfere diretamente na metamorfose destes animais.
Devido à falta de pesquisas definindo quais os níveis basais de cortisol e
glicose nas diferentes fases de vida de girinos de R. catesbeiana, o presente
trabalho contribui também neste sentido, sendo importante para futuras
comparações. Ratifica-se que outros estudos mensurando estes e outros
marcadores biológicos devam ser realizados para complementar as
informações sobre estresse ligado ao manejo físico em criações comerciais de
rã-touro.
6 – REFERÊNCIAS
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Dissertação
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6 – ANEXO
Guilherme Casoni da Rocha Anexo
Dissertação
70
Anexo 1
Contagem de Eritrócitos (Er)
O método utilizado para a contagem dos eritrócitos foi o visual, em
câmara hematimétrica de Neubauer. Esta câmara consiste em uma lâmina
retangular de vidro espesso contendo dois retículos na porção central,
separados longitudinalmente por um sulco profundo sobre a lâmina.
Transversalmente, quatro sulcos limitam três plataformas. A central, onde estão
os retículos, encontram-se deprimida 0,1mm em relação às laterais, dando a
profundidade da câmara, limitada superiormente por uma lamínula especial
adaptada firmemente sobre as plataformas laterais. O retículo, na câmara
melhorada de Neubauer, é um quadrado de 3mm de lado e 9mm
2
de
superfície, dividido em 9 áreas de 1mm
2
, exceto quatro laterais e o da área
central, está dividida em 25 quadrados de 1/25mm
2
, sendo cada um destes
subdividido em dezesseis quadradinhos de 1/400mm
2
totalizando 400
quadradinhos e 0,1mm
3
na área central.
Inicialmente foram colocados 400 µL do diluente Hayen em tubo
eppendorf. A este conteúdo foram adicionados 2 µL de sangue, resultando em
uma diluição final de 1:200. Em seguida agitou-se por dois minutos e, então,
com auxilio de micropipeta, preencheu-se cada retículo da câmara de
Neubauer. A contagem foi feita no aumento de 40x. Após a contagem em cada
retículo, foi calculada a média do número de células e o resultado foi expresso
em nº células x 10
4
/mm
3
de sangue.
Obs. Solução de Hayen
0,6 g de bicloreto de mercúrio
5,0 g de sulfato de sódio
1,0 g de cloreto de sódio
200,0 mL de água destilada
Guilherme Casoni da Rocha Anexo
Dissertação
71
٭Conservar em geladeira a 4ºC
Determinação do Hematócrito (Ht)
A determinação do hematócrito (Ht) foi feita através da técnica de
microhematócrito, segundo GOLDENFARB et al. (1971). Foi preenchido um
tubo capilar com sangue, em seguida vedado em uma das extremidades com
massa de modelar e levado à centrífuga a 12.500 rpm, durante cinco minutos.
Na centrifugação, os eritrócitos foram compactados na parte inferior do tubo e
mostrados o volume por eles ocupado em relação ao sangue total. A seguir, foi
feita a leitura com auxílio do cartão padrão. O resultado foi dado em
porcentagem ou volume.
Determinação da Taxa de Hemoglobina (Hb)
A determinação da taxa da hemoglobina (Hb) é uma dos meios mais
simples e usual como indicador de anemias e foi realizada pelo método da
cianometahemoglobina, segundo COLLIER (1944). Com pipeta automática
foram colocados 5 mL de cianometahemoglobina em tubo de ensaio e em
seguida adicionou-se 20 µL de sangue. Depois de homogeneizado, aguardou-
se por um período de 15 minutos. A amostra foi então levada à centrífuga a
3.500 rpm, durante 5 minutos. Em seguida, a amostra foi colocada em cubetas
de cristal e levada ao espectrofotômetro (a 540 nm), para ser realizada a
leitura. O aparelho foi previamente calibrado com solução padrão (branco). O
valor encontrado em transmitância foi transformado em absorbância pela
seguinte fórmula:
2-logX x fator de correção, onde:
X= valor encontrado por espectrofotometria
Fator de correção= 40,86 previamente calculado pela curva de
calibração
O resultado final foi dado em g/dL
Guilherme Casoni da Rocha Anexo
Dissertação
72
Índices Hematimétricos Absolutos
Em hematologia existem três índices hematimétricos absolutos que
servem para avaliar e classificar morfologicamente o sangue dos animais em
geral. Com os valores do número de eritrócitos, hematócrito e taxa de
hemoglobina foram calculados os seguintes índices hematimétricos, segundo
WINTROBE (1934):
- Volume Corpuscular Médio (VCM) permite avaliar o volume dos
eritrócitos;
VCM = Hematócrito x 10 = fL
nº Eritrócitos
Hemoglobina Corpuscular Média (HCM) permite medir o peso da
hemoglobina existente nos eritrócitos;
HCM = taxa de hemoglobina x 10 = pg/célula
nº Eritrócitos
Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) permite
medir o peso da hemoglobina em100 ml de sangue;
CHCM = Taxa de hemoglobina x 100 = %
Hematócrito
Obs. Solução de Cianometahemoglobina
0,2 g de fericianeto de potássio
1,0 mg de bicarbonato de sódio
0,05 g de cianeto de potássio
1000,0 mL de água destilada
Guilherme Casoni da Rocha Anexo
Dissertação
73
٭Conservar em geladeira a 4ºC
Confecção das extensões sangüíneas
Para cada animal foram feitas duas lâminas de extensões sangüíneas.
Previamente, as lâminas foram lavadas com água e sabão, enxaguadas com
água e colocadas em álcool/éter (1:1). Procedeu-se em seguida a secagem
dessas lâminas com papel absorvente.
As primeiras alíquotas de sangue destinadas à avaliação dos
parâmetros hematológicos foram colocadas em uma das extremidades da
lâmina, em seguida com outra lâmina, com os cantos recortados, colocada em
frente à gotícula e em ângulo de 45
o
sobre a lâmina inferior, fez-se um
movimento para frente de modo a deslizar e espalhar a gotícula de sangue
(Figura 5). Depois de prontas, as extensões foram coradas com o corante de
ROSENFELD (1947), sendo cobertas por 10 gotas deste corante, ficando de
três a cinco minutos em repouso. Em seguida, foi colocada a mesma
quantidade de água destilada e homogeneizado com um bastão. Após 10
minutos as lâminas foram lavadas com água corrente, e secas a temperatura
ambiente.
Contagem Total de Leucócitos (CTL) e Contagem Total de Trombócitos
(CTT)
A Contagem Total de Leucócitos (CTL) e a Contagem Total de
Trombócitos (CTT) foi realizada nas extensões sanguíneas, em microscópio de
luz comum, com objetiva de imersão (100x) onde foram contadas 2.000 células
(englobando eritrócitos, leucócitos e trombócitos) das quais marcou-se a
quantidade de leucócitos e trombócitos. A contagem foi feita em todo o corpo
da extensão, movimentando-se a lâmina em “zig-zag”, contando um campo e
em seguida o campo aleatório seguinte. Através de uma regra de três,
Guilherme Casoni da Rocha Anexo
Dissertação
74
considerando-se o número total de células contado na câmara de Neubauer,
calculou-se o número total de leucócitos e de trombócitos. A partir deste
cálculo, calculou-se os valores absolutos de cada leucócito, baseado em sua
porcentagem (HRUEB e SMITH, 1998).
Contagem Diferencial de Leucócitos (CDL)
A Contagem Diferencial de Leucócitos (CDL) foi realizada nas extensões
sanguíneas em microscópio de luz comum, com objetiva de imersão (100X)
onde foram contados 200 leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos,
linfócitos e monócitos) dos quais marcou-se a proporção existente entre as
distintas variedades de leucócitos. A contagem foi feita em todo o corpo da
extensão, movimentando-se a lâmina em “zig-zag”, contando um campo e em
seguida o campo logo seguinte. O número de cada elemento foi expresso em
porcentagem, obtendo-se, desta forma, o valor relativo. O valor absoluto foi
calculado por uma regra de três, partindo-se da contagem total de leucócitos e
do valor relativo de cada elemento.
Obs. Corante Rosenfeld
A técnica de coloração ROSENFELD (1947) é uma mistura de corantes:
0,97 g Giemsa em pó
0,53 g May-Grünwald em pó
1.000 mL Metanol
Obs. Solução de heparina:
1,0 mL de solução de heparina (5.000 UI) ( Liquemini
®
)
50,0 mL de solução salina 0,7%
٭ Conservar em geladeira a 4ºC
Guilherme Casoni da Rocha Anexo
Dissertação
75
Anexo 2
Ensaios Preliminares para determinação do tempo da exposição aérea
Segundo BARCELLOS et al. (2000) 60 segundos de hipóxia são
suficientes para a liberação de cortisol em tilápia do Nilo (Oreochromis
niloticus), organismos cuja respiração dá-se por via branquial. Para girinos de
R. catesbeiana que além da respiração branquial apresentam 30% de
respiração cutânea, houve a necessidade de se trabalhar com um intervalo
maior. Este intervalo de tempo foi definido a partir de testes preliminares
realizados pela equipe de trabalho, onde se avaliou a sobrevivência e
performance dos animais (grupos de 10 girinos) submetidos a hipóxia em
intervalos de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 minutos. Cada grupo de animal era
colocado sobre uma superfície úmida (plástico com uma lâmina d’água) e seca
(folha de papel). Após os intervalos de tempo pré-estabelecidos, os animais
eram reconduzidos aos aquários para recuperação. Observou-se que os girinos
colocados em superfície seca quando submetidos a 5 minutos de hipóxia
não mais respondiam quando recolocados na água, ou seja, apresentavam-se
moribundos e/ou com movimentos natatórios lentos. Quanto aos animais
colocados em superfície úmida a recuperação passou a o ocorrer a partir de
20 minutos de hipóxia, com óbito de 70% após 1 hora de recuperação.
Baseado nos resultados deste ensaio estabeleceu-se 15 minutos de hipóxia
para os girinos a serem testados, acreditando-se que este intervalo seja
suficiente para a liberação de cortisol mediante o estímulo agudo estabelecido,
e posterior recuperação do animal para a retirada de sangue e processamento
das análises.
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