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A REVITALIZAÇÃO URBANA E AS VIAGENS A PÉ: UMA PROPOSTA DE
PROCEDIMENTO AUXILIAR NA ANÁLISE DE PROJETOS
Denise Beer Frenkel
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA DE TRANSPORTES.
Aprovada por:
______________________________________________
Prof. Licinio da Silva Portugal, D. Sc.
______________________________________________
Prof. Ronaldo Balassiano, Ph. D.
______________________________________________
Prof. Paulo César Marques da Silva, PhD
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
OUTUBRO DE 2008
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ii
FRENKEL, DENISE BEER
A Revitalização Urbana e as Viagens a Pé:
Uma Proposta de Procedimento Auxiliar na
Análise de Projetos [Rio de Janeiro] 2008
XVII, 295 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia de Transportes, 2008)
Dissertação - Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Modo a Pé.
2. Revitalização Urbana
3. Mobilidade.
4. Pedestres
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )
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iii
DEDICATÓRIA
Para você Felipe,
meu companheiro,
meu complemento, meu apoio,
meu incentivo,
meu amor
iv
AGRADECIMENTOS
A Jaime e Fernando, meus filhos, exemplos em que me espelho.
A David e Sara Schechter, incansáveis na dedicação incondicional como pais, avós e
sogros.
A Paulo
z’l
e Rachel que sempre me acolheram como filha.
Aos meus irmãos Renato, Sergio, à minha irmã Lucia, aos meus cunhados Júnior e Ari,
às minhas cunhadas Lucia, Rosana e Eliane, aos meus sobrinhos Allan e Kevin às
minhas sobrinhas Karin, Ilana, Fabiana, Beatriz, Paula, Carolina e Sabrina, por
formarem esta fascinante grande família.
Ao meu professor orientador Licinio da Silva Portugal, minha eterna gratidão pelos
conhecimentos compartilhados, preciosas sugestões, disponibilidade e atenção dedicada.
Aos membros da Banca Examinadora, Prof. Ronaldo Balassiano, pelas contribuições
desde o Projeto de Pesquisa da Dissertação até o fechamento do trabalho e o Prof. Paulo
Cesar Marques da Silva que plantou, no início da década passada, a semente do
conhecimento e do gosto pela a Engenharia de Tráfego.
Ao PET, Programa de Engenharia de Transportes da COPPE/UFRJ, pela grande
oportunidade de somar novos conhecimentos e vencer este desafio intelectual.
Ao Professores do PET, cujos ensinamentos e troca foram imprescindíveis para a
construção deste trabalho.
Aos funcionários do PET, atenciosos indiscriminadamente, fizeram nossa passagem
pelo Programa mais fácil. Em especial, Dona Helena, Jane e Reinaldo.
Aos amigos do PET, em especial ao Dinís, disponibilidade e espírito de equipe.
Aos meus amigos da CET-RIO. Minha gratidão pela a qual não teria iniciado e
terminado este desafio, em especial a Modesto Rodrigues Fernandes Filho, Marcello
Marinho Berenger Vianna, Virginia Maria Canton Bastos, Juliana Lucas Barroso, pela
amizade, incentivo, contribuição, opinião e por me auxiliar sempre que precisei.
v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
A REVITALIZAÇÃO URBANA E AS VIAGENS A PÉ: UMA PROPOSTA DE
PROCEDIMENTO AUXILIAR NA ANÁLISE DE PROJETOS
Denise Beer Frenkel
Outubro/2008
Orientador: Licinio da Silva Portugal
Programa: Engenharia de Transportes
A evolução tecnológica bem como as transformações econômicas e sociais
afetam a estrutura urbana e o uso do solo. As cidades se modificam e por vezes surgem
áreas degradas e abandonadas, propícias a intervenções que as requalifiquem. O espaço
público é destacado e os pedestres são reconhecidos como relevantes neste processo de
revitalização urbana e no sistema de transporte. Técnicos enfrentam o desafio de
contextualizar o Modo a e direcionar os projetos de revitalização urbana às soluções
mais adequadas. A presente dissertação procura apresenta um procedimento aplicável
como ferramenta auxiliar no desenvolvimento e análise de projetos urbanos sustentáveis
que abraçam estratégias de fomento do Modo a Pé. O procedimento proposto visa
identificar e prever os deslocamentos dos pedestres na rede viária, considerando os
pólos geradores de viagens a pé – PGV a existentes e os principais atributos
intervenientes a este modal, identificando e hierarquizando as rotas dentro da localidade
de estudo. A partir da análise da qualidade da infra-estrutura ofertada aos pedestres, é
possível direcional o projeto viário e de urbanismo.
vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)
THE URBAN REVITALIZATION PROJECT AND
PEDESTRIAN TRAVEL: A
PROPOSITION OF A SUPPORTING PROCEDURE IN PROJECT ANALYSIS
Denise Beer Frenkel
October/2008
Advisor: Licinio da Silva Portugal
Department: Transport Engineering
The technological revolution, as well as the economical and social
transformations, affects the urban structure and the land use. The cities have modified
themselves and, for times, abandoned and degraded areas happen to appear and are
proper to receiving interventions which would qualify them once again. The public
space receives attention and the pedestrians are recognized as relevant to this urban
revitalization project and to the transportation system. Technicians face the challenge of
contextualizing the walking and directing the urban revitalization projects to the most
proper solutions. The proposed procedure is applicable to the development of
sustainable urban development projects which embrace strategies to foment the
pedestrian trips. The procedure seeks to identify and predict the moves of the
pedestrians in the street networks, considering the existing pedestrian trips generating
poles and the main attributes intervenient to this modal, identifying and putting into a
hierarchy the routes inside the local of study. Through the infra-structure offered to the
pedestrians it is possible to direct the project.
vii
ÍNDICE
I INTRODUÇÃO
1
I.1 Contexto do Problema
1
I.2 Objetivo e Justificativa
4
I.3 Estrutura da Dissertação
6
II
PRINCÍPIOS QUE REGEM A REVITALIZAÇÃO URBANA E OS
PEDESTRES, QUESTÕES INERENTES AO MODO A PÉ
9
II.1 A Revitalização Urbana
10
II.2 O Desenho Urbano
16
II.3
Conceitos de Revitalização Urbana
19
II.3.1
Renovação Urbana
23
II.3.2
Reabilitação Urbana
23
II.3.3
Requalificação Urbana
24
II.4
O Modo a Pé e sua Contextualização como Modo de Transportes
24
II.5
Caracterização dos Pedestres
30
II.6
Áreas Urbanas Propícias aos Deslocamentos a Pé
40
II.6.1
Características que Influenciam às Áreas Fomentadoras do Modo a Pé
44
II.6.2
Fatores do Meio Físico Urbano Intervenientes à Caminhada
48
II.6.3
Componentes Viários do Modo a Pé
53
II.7
Acidentes envolvendo Pedestres
63
II.8
As Travessias para Pedestres
68
II.9
Acesso dos Pedestres ao Transporte Público
71
II.10
Análise da Qualidade dos Espaços Urbanos
73
II.11
Avaliação da Demanda para o Modo a Pé
81
II.11.1
Levantamento de Dados e Pesquisas Relativos ao Modo a Pé
83
II.11.2
Técnicas de Avaliação da Demanda de Pedestres
87
II.11.3
Modelagem
91
II.12
Planos e Estratégias para o Desenvolvimento do Modo a Pé
92
II.13
Propostas de Desenho Urbano Fomentadores da Caminhada
101
II.13.1
Áreas Exclusivas para Pedestres
101
II.13.2
Moderação do Tráfego ou Traffic Calming
101
viii
II.13.3
Zonas Residenciais
103
II.13.4
Smart Growth
104
II.14
Rotas Seguras Para Escolas
104
II.15 Síntese
106
III OS PROJETOS DE REVITALIZAÇÃO URBANA – A PRÁTICA
107
III.1 O Ambiente Urbano Sustentável
108
III.2
Gestão Urbana Sustentável
112
III.3
Políticas de Mobilidade Urbana Sustentável
114
III.4
Estratégias para Elaboração de Planos de Revitalização
121
III.4.1
Modelo Europeu
122
III.4.2
Modelo Norte-Americano
124
III.4.3
Modelos Brasileiros
125
III.5 Melhoria da Qualidade dos Espaços Urbanos A Prática da
Revitalização Urbana
127
III.5.1
Projetos Internacionais
129
III.6
Políticas e Projetos de Revitalização Urbana – Experiência Nacional
143
III.7
Políticas e Projetos de Revitalização Urbana – Experiência Carioca
147
III.8 Síntese
154
IV PROCEDIMENTO PROPOSTO
157
IV.1
O Desenvolvimento de Projetos Urbanos
157
IV.2
Estrutura do Procedimento Proposto
160
IV.2.1
Fase 1 – Caracterização da Área de Estudo
162
IV.2.1.1
Planejamento Urbanístico
163
IV.2.1.2
Planejamento de Transportes
164
IV.2.1.3
Caracterização da Área de Estudo
165
IV.2.2 Fase 2 Caracterização e Delimitação das áreas de Influência dos
PGV a PÉ
166
IV.2.2.1
Seleção, Classificação e Hierarquização dos PGV a PÉ
167
IV.2.2.2
Delimitação das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
170
IV.2.3
Fase 3 Caracterização da Demanda de Pedestres e da Infra-Estrutura
Viária Disponível para o Modo a Pé
172
IV.2.3.1
Subfase 1: Obtenção do Mapa de Estudo das através dos Atributos do
Meio Físico Urbano Intervenientes aos Deslocamentos a Pé
173
ix
IV.2.3.2
Subfase 2: Elaboração do Mapa de Estudo de Demanda de Pedestres
179
IV.2.3.3
Subfase 3: Confecção do Mapa de Qualidade da Infra-Estrutura
Ofertada Destinada ao Modo a Pé
181
IV.2.4
Fase 4 – Diretrizes de Proposta de Projeto Fomentador do Modo a Pé
186
IV.3 Síntese
189
V APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PROPOSTO
191
V.1 Fase 1 – Planejamento Urbanístico e de Transporte para Área de
Estudo e sua Caracterização
194
V.1.1
Caracterização da Área de Estudo
194
V.1.2
Planejamento Urbanístico
200
V.1.3
Planejamento de Transportes
202
V.2 Fase 2 Caracterização e Delimitação das Áreas de Influência dos
PGV a PÉ
206
V.2.1
Seleção e Classificação dos PGV a PÉ
206
V.2.2
Delimitação das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
207
V.3 Fase 3 Caracterização da Demanda de Pedestres e da Infra-Estrutura
Viária Disponível para o Modo a Pé
209
V.3.1 Obtenção do Mapa de Estudo das através dos Atributos do Meio
Físico Urbano Intervenientes aos Deslocamentos a Pé
209
V.3.2 Mapa Classificatório das Rotas de Pedestre Segundo a Previsão de
Demanda dos PGV a PÉ
216
V.3.3 Confecção do Mapa de Qualidade da Infra-Estrutura Ofertada
Destinada ao Modo a Pé
221
V.3.4 Possíveis Avaliações Particularizando Cenários, Atividades ou
Períodos
229
V.4 Fase 4 Diretrizes de Proposta de Projeto Fomentadoras do Modo a
232
V.4.1 Análise Geral dos Mapas Obtidos na Aplicação do Procedimento
Proposto
233
V.4.2 Sugestões do PRI para Diretrizes de Projetos que Fomentem o Modo a
e Comparação com os Resultados Obtidos na Aplicação do
Procedimento Proposto
235
V.4.3
Diretrizes de Projeto
238
V.5 Síntese
241
VI CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
242
x
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
250
ANEXOS
272
A Planilha 1a - Avaliação das Variáveis Indicadoras dos Atributos
Intervenientes ao Modo a Representativos da Área de Estudo em
São Cristóvão
272
A Planilha 1b - Avaliação das Variáveis Indicadoras dos Atributos
Intervenientes ao Modo a Representativos da Área de Estudo em
São Cristóvão (cont.)
276
A Planilha 2 - Somatório Final dos Atributos do Meio Físico
Intervenientes ao Modo a Representativos da Área de Estudo em
São Cristóvão
281
B Planilha 3 – Áreas de Influência dos PGV a PÉ sobre os Segmentos de
Via
284
C Planilha 4 – Índice da Qualidade das Calçadas - IQC 291
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura II.1 Dimensões de intervenção da Revitalização Urbana. Fonte:
ISCTE/CET (2005)
21
Figura II.2 Esquema ilustrativo de diversas pessoas com deficiências
variadas ou com a mobilidade reduzida e/ou comprometida.
Fonte: MCIDADES (2006)
34
Figura II.3 Diagrama de Relação entre as dimensões que Influenciam o
Modo a Pé. Fonte: SCONIVO (2008)
40
Figura II.4 Zonas da calçada segundo o LTNZ (2005)
54
Figura II.5 Largura Total da Calçada e Largura do Passeio. Fonte: TRB
(2000)
56
Figura II.6 Principais implementos construídos na pista de rolamento
facilitadores da travessia de pedestre
61
Figura II.7 Efeito da Velocidade de Colisão na Probabilidade de Morte do
Pedestre. Fonte: PASANEN (2002)
64
Figura II.8 Esquematização da Ocorrência dos Tipos de Atropelamentos
mais Comuns. Fonte: NJDOT (1999)
66
Figura II.9 Estrutura de Fomento do Modo a Proposta para a Cidade de
Sacramento, EUA. Fonte: RIDGWAY (2007)
95
Figura III.1 Representação Esquemática do Problema Ambiental Urbano.
Fonte: ESTEVES (2003)
109
Figura III.2 Estratégias Direcionadas à Política Transporte Sustentável da
União Européia. Fonte: eu (2003), adaptado
115
Figura III.3 Área aterrada de Canary na Isle of Dogs Docklands, Londres.
Fonte: Britannica (2008)
131
Figura III.4 Maquete do projeto Lehrter Stadtkwartier Berlim. Fonte:
Fonte: www.ak-berlin.de (2008)
132
Figura III.5 Ilustração do Projeto para a Arena de Ostabahnhof Berlim.
Fonte: Kapella (2008)
132
Figura III.6 Área de Gleisdreieck Berlim Vista aérea e Detalhe da
Vegetação. Fonte: http://www.berlin-gleisdreieck.de/(2008)
133
Figura III.7
Armazéns do Puerto Madero e Espaços Públicos Adaptados à
Caminhada – Buenos Aires. Fonte: Puerto Madero (2008)
138
Figura III.8
Intervenções Física do Plano de Ordenamento Territorial em
Bogotá. Fonte: ONG Por el País que Queremos (2008)
141
Figura III.9
Projeto Passeio Urbano da Avenida El Povoado. Fonte:
Prefeitura de Medellín (2008)
142
Figura III.10
Projeto Urbano Integral Requalificação das Calçadas de
Tugúrio em Medellín. Fonte: Prefeitura de Medellín (2008)
143
xii
Figura III.11
Estação de Docas do Porto de Belém. Fonte:
http://www.belem.pa.gov.br (2008)
144
Figura III.12
Situação Atual dos Calçadões Instalados na Área Central de São
Paulo. Fonte: Associação Viva O Centro (2000)
146
Figura III. 13
Situação Proposta pela Associação Viva o Centro. Fonte:
Associação Viva O Centro (2000)
147
Figura III.14
Rio Cidade Rio Branco
151
Figura III.15-
Plano de Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro.
Fonte: PCRJ/IPP (2003)
153
Figura IV.1
Estrutura para Desenvolvimento de Projetos de Revitalização
Urbana, Adaptada a Partir do Processo de Sugerido pelo ITE
(2006) para Projetos de Fomento ao Modo a Pé
159
Figura IV.2
Estrutura do Procedimento para Identificação dos
Deslocamentos a Pé na Rede Viária
162
Figura IV.3
Esboço das sobreposições das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
da Área em Estudo
179
Figura IV.4
Destaque das Áreas de Influências das Escolas, em Laranja
181
Figura V.1
Área selecionada para aplicação do Procedimento no Bairro de
São Cristóvão
193
Figura V.2
Área de Aplicação do Procedimento em Relação a VII
RA-
Região Administrativa
de São Cristóvão
195
Figura V.3
Sistema Viário da Área em Estudo. Fonte: CET-RIO (2008)
198
Figura V.4
Hierarquização do Sistema Viário. Fonte: CET-RIO (2008)
199
Figura V.5
Área do PRI. Fonte: BOURZAI et al. (2006)
201
Figura V.6
Proposição do PRI para Rotas de Pedestre. Fonte: BOURZAI et
al. (2006)
205
Figura V.7
Reformulação do Sistema Viário. Fonte: PCRJ/IPP (2006)
205
Figura V.8
Cobertura por Transporte Público na Área em Estudo
211
Figura V.9
Padrão do Sistema Viário – Psv da Área em Estudo
212
Figura V.10
Mapa com a Classificação dos Segmentos Viários Quanto à
Propensão de Utilização pelos Pedestres Segundo os Atributos
do Meio Físico
215
Figura V.11
As Áreas de Influência dos PGV a com Diferentes
Atividades que Carregam Diferentes Tipos e Demandas de
Pedestres
217
Figura V.12
Diferentes Tipos de PVG a Localizados na Região Próxima à
Entrada do Jardim Zoológico
218
Figura V.13
Mapa de Classificação das Rotas para Pedestres Segundo as
Áreas de Influência dos PGV a PÉ sobre os Segmentos de Via
220
xiii
Figura V.14
Classificação das Calçadas da Região de Estudo Através do IQC
– Índice de Qualidade das Calçadas
222
Figura V.15
Avaliação do Indicador de Atratividade Visual por Calçada
224
Figura V.16
Avaliação do Indicador de Largura Efetiva por Calçada
225
Figura V.17
Avaliação do Indicador de Manutenção por Calçada
226
Figura V.18
Avaliação do Indicador de Segurança por Calçada
227
Figura V.19
Avaliação do Indicador de Seguridade por Calçada
228
Figura V.20
Mapa de Classificação das Rotas para Pedestres Segundo as
Áreas de Influência das Escolas sobre os Segmentos de Via
230
Figura V.21
Mapa de Classificação das Rotas para Pedestres Segundo as
Áreas de Influência das Atividades de Lazer e Turismo nos Fins
de Semana
231
xiv
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico II.1 Diretrizes para Instalação de Faixas para Pedestres em
Interseções ou no Meio da Quadra, Sem Nenhum Tipo de
Controle de Tráfego. Fonte: MACEDO e SORATINI (2006),
adaptado de ITE (2001)
69
Gráfico II.2 Seleção do Dispositivo para Pedestres Segundo Volume de
Pedestres e Brechas de Atravessamento. Fonte: MACEDO e
SORATINI (2006), adaptado de MUTDC (1988)
70
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela II.1
Atributos de Algumas Modalidades de Transporte. Fonte:
MELO (2005), adaptado de VTPI (2004)
29
Tabela II.2
Hierarquia dos Usuários dos Sistemas de Transportes. Fonte:
LTNZ (2005)
29
Tabela II.3
Habilidades Físicas dos Pedestres de Acordo com suas
Características. Fonte: LTNZ (2005), adaptado
32
Tabela II.4
Características Gerais dos Pedestres por Faixa Etária. Fonte:
GDOT (2003)
33
Tabela II.5
Distâncias Médias e Respectivas Velocidades Percorridas pelos
Pedestres Norte-Americanos Segundo o Motivo da Viagem.
Fonte: NJDOT (1999)
36
Tabela II.6
Distância Máxima para Equipamentos Urbanos no
Planejamento de Rotas de Pedestres. Fonte: PRINZ apud
GONDIM (2001)
37
Tabela II.7
Tendências Gerais Predominantes de Comportamento de
Pedestres. Fonte: MAGALHÃES et al. (2004), adaptado
38
Tabela II.8
Propósitos da Viagem a Pé, Características Comportamentais e
Ambientais. Fonte: MAGALHÃES et al. (2004), adaptado
39
Tabela II.9
Variáveis das Dimensões Intervenientes na Escolha pelo Modo
a Pé. Fonte: SCOVINO (2008)
40
Tabela II.10
Estratégias de Abordagem para o Fomento de Modo a Pé.
Fonte: LTNZ (2005)
43
Tabela II.11
Características Incentivadoras ao Modo a os 5C. Fonte:
LTNZ (2005)
45
Tabela II.12a
Questões que Dificultam o Incentivo ao Modo a Pé. Fonte:
LTNZ (2005)
46
Tabela II.12b
Questões que Dificultam o Incentivo ao Modo a Pé. Fonte:
LTNZ (2005)
47
Tabela II.13
Zonas de Usos das Calçadas. Fonte: LTNZ (2005) e ITE (2006)
54
Tabela II.14
Critério para Determinação do Nível de Serviço Segundo o
Fluxo Médio de Pedestres para Calçadas. Fonte: TRB (2000)
56
Tabela II.15
Padrões Recomendados para Desnível da Calçada. Fonte:
GONDIM (2001)
57
Tabela II.16
Medidas Mínimas das Faixas de Utilização das Calçadas para
Garantia do Conforto da Circulação de Pedestres. GONDIM
(2001)
57
xvi
Tabela II.17
Larguras Mínimas Recomendadas das Zonas das Calçadas.
Fonte: ITE (2006)
58
Tabela II.18
Medidas Mínimas Recomendadas para Calçadas. Fonte:
GONDIM (2001)
58
Tabela II.19
Potenciais efeitos dos Implementos Facilitadores para Travessia
de Pedestres Construídos na Pista de Rolamento
62
Tabela II.20
Nível de Serviço de Travessia não Semaforizada. Fonte: TRB
(2000)
70
Tabela II.21 Critérios Recomendados para Instalação de Travessia
Semaforizada. Fonte: MACEDO e SORATINI (2006),
adaptado de: MUTDC (1988).
71
Tabela II.22 Critérios Recomendados para Instalação de Travessia de
Pedestres Semaforizada. Fonte: DENATRAN (1984)
71
Tabela II.23
Faixas de Índice de Qualidade (IQC) e Nível de Serviço (NS).
Fonte: FERREIRA & SANCHES (2001)
77
Tabela II.24
Plano de Avaliação da AUSTROADS para Determinação do
NS para Pedestres. Fonte: GALLIN (2001)
79
Tabela II.25
Escala de Pontos da AUSTROADS para Determinação do N. S.
para Pedestres. Fonte: GALLIN (2001), adaptado
79
Tabela II.26
Avaliação Ambiental. Fonte: FONTES et al. (2005b)
81
Tabela II.27
Comparação entre Abordagens para Estimar o Volume de
Pedestres. Fonte: GREENE-ROESEL et al. (2007)
82
Tabela II.28
Hierarquia nas Soluções em Corredores de Tráfego Voltadas
aos Pedestres
96
Tabela II.29
Função e Responsabilidades no Desenvolvimento de Projetos
de Transporte Proposto pelo ITE
100
Tabela II.30
Medidas de Moderação de Tráfego de Classificadas por
Categoria. Fonte: KRAUS (1997)
102
Tabela III.1 Medidas para Fomento do Modo a Segundo o White
Paper”. Fonte: RYLEY (2008)
118
Tabela III.2 Etapas de Desenvolvimento do Programa Rio Cidade. Fonte:
MEDINA (2004)
150
Tabela III.3 Principais Elementos Característicos dos Projetos de
Revitalização Urbana Selecionados para o Estudo da Prática
155
Tabela IV.1 Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais 168
Tabela IV.2 Distâncias Médias e Máximas Percorridas a Segundo
Motivo de Viagem ou Equipamento Urbano . Fontes:
(NDJDOT, 1999) e PRINTZ (1980)
171
Tabela IV.3 Atributos Intervenientes ao Modo a Segundo a Densidade
Urbana
174
xvii
Tabela IV.4 Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Segundo o Uso do Solo 174
Tabela IV.5 Atributos Intervenientes ao Modo a Segundo a Qualidade
dos Espaços
175
Tabela IV.6 Atributos Intervenientes ao Modo a Segundo o Desenho das
Vias
176
Tabela IV.7 Atributos Intervenientes ao Modo a Segundo a
Disponibilidade de Transporte Público
177
Tabela IV.8 Atributos Intervenientes ao Modal Selecionados, a serem
Analisados no Procedimento Proposto
178
Tabela IV.9 Classificação do Segmento Viário quanto à Propensão de
Utilização pelos Pedestres conforme os Atributos do Meio
Físico
179
Tabela IV.10 Classificação da Infra-Estrutura destinada ao Modo a Pé,
conforme a Demanda de Fluxo de Pedestre
180
Tabela IV.11a Sistema de Pontuação para os Indicadores de Qualidade das
Calçadas Existentes Ofertadas aos Pedestres. Fonte:
FERREIRA & SANCHES (2001), adaptado
183
Tabela IV.11b Sistema de Pontuação para os Indicadores de Qualidade das
Calçadas Existentes Ofertadas aos Pedestres (cont.). Fonte:
FERREIRA & SANCHES (2001), adaptado
184
Tabela IV.12 Ponderação dos Indicadores de Qualidade das Calçadas. Fonte:
FERREIRA & SANCHES (2001)
185
Tabela IV.13 Faixas de Índice de Qualidade (IQC) e Níveis de Serviço (NS)
Fonte: FERREIRA & SANCHES (2001)
185
Tabela IV.14a Deficiências Comuns em Rotas para o Modo a e Possíveis
Soluções Mitigadoras
188
Tabela IV.14b Deficiências Comuns em Rotas para o Modo a e Possíveis
Soluções Mitigadoras (cont.)
189
Tabela V.1 Divisão Modal das Viagens Realizadas na VII Região
Administrativa São Cristóvão. Fonte: PDTU/RMRJ
Pesquisa O/D 2003 – SECTRAN (2005)
192
Tabela V.2 Evolução Populacional. Fonte: Armazém de Dados
IPP/SMU/PMRJ (2008)
196
Tabela V.3a Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais 207
Tabela V.3b Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais (cont.) 208
Tabela V.4 Atributos Intervenientes ao Modo a Representativos da Área
de Estudo
214
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
I.1. Contexto do Problema
As cidades brasileiras, no século passado, sofreram profundas transformações oriundas
dos fluxos migratórios e da dinamização das atividades econômicas, que aceleraram o
crescimento da população urbana. Este processo iniciou-se na Região Sudeste na década
de 50 e atingiu as demais regiões na cada de 70. A Região Sudeste, na década de 80,
apresentava uma população urbana 4,8 vezes maior do que a rural. Em 1991, este índice
passa para 7,3 vezes e em 2000 atinge 9,5 vezes (IBGE, 2001).
Os números do Censo Demográfico 2000 do IBGE confirmaram a tendência crescente
de aumento da urbanização no Brasil, que passou de 75,59% em 1991, para 81,23% em
2000, alcançando os padrões dos países europeus, da América do Norte e do Japão, com
taxas superiores a 75,00% (IBGE, 2001). A Região Metropolitana do Rio de Janeiro,
com 10,8 milhões de habitantes em 2000, absorve 6,4% de toda a população brasileira
(169,590 milhões).
Verifica-se que as transformações econômicas e sociais ocorridas no Brasil geraram
concentração de riquezas e espalhamento de bolsões de pobreza nas cidades. Formaram-
se vazios urbanos, áreas tornaram-se degradadas e obsoletas (BAHIA, 2000). Surge a
necessidade de capacitar estas áreas e torná-las competitivas e articuladas com as
demais regiões da cidade.
Segundo PORTAS (2000), essas áreas podem não estar literalmente vazias, mas
desvalorizadas e com potencialidade de reutilização para outros destinos. A dinâmica de
sua transformação em oportunidades de renovação funcional e/ou ambiental está no
ganho do aproveitamento das infra-estruturas e acessibilidades instaladas. O
reaproveitamento dos vazios deve estar em conformidade com o planejamento
estratégico de reestruturação do território urbano ou metropolitano, para que a
requalificação tenha efeitos positivos de contaminação no entorno do território.
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O atual processo de revitalização, segundo ASCHER (1994) apud FREITAS (2003),
baseia-se em modificação de paradigmas do desenvolvimento urbano. A infra-estrutura,
o marketing, as estratégias, a legislação e a qualidade de vida passam por elementos de
diferenciação na busca de novos investimentos na cidade.
As ações de revitalização partem do poder público. O estado pode assumir um papel de
promotor ou facilitador destas intervenções urbanas, que dependem dos conceitos e
paradigmas que alicerçam as ações governamentais. O projeto urbano deve conter
elementos que visem à integração dos tecidos urbanos e sociais fragmentados e
propiciar intercâmbios, identificando e criando marcos e pontos nodais, de forma a
melhorar a imagem urbana (SILVA, 1999 apud FREITAS, 2003).
A melhoria dos espaços urbanos deve ser orientada para a sustentabilidade. A
compreensão de como as ações aplicadas à cidade afetam o meio ambiente, a população
e a economia é básica para estruturar os objetivos a serem alcançados e ações a serem
implantadas.
O reaproveitamento do vazio urbano, quando resultado de negociação das obrigações e
benefícios, cria as condições necessárias e suficientes para a consolidação de projetos
concretizáveis. O “estado local” deve encabeçar o processo de planejamento e
negociação, orientando a iniciativa e o investimento privado para as áreas de interesse
coletivo, oferecendo em troca garantias de edificabilidade, fiscais e outras, de modo que
a rentabilidade gere oportunidades e interesses de ambas as partes (PORTAS, 2000).
A dinâmica de distribuição das atividades na cidade e a movimentação de pessoas (e
mercadorias) estão vinculadas ao sistema de transportes e suas diversas modalidades.
Segundo RAIA JR (2000), a acessibilidade resulta da interação entre o uso do solo e o
transporte, que são mutuamente dependentes. A facilidade de deslocamento é um
atributo da acessibilidade e esta afeta o uso do solo. Por sua vez, as atividades resultam
em padrões de viagens, expressos como fluxos na rede de transportes, afetando o
sistema de transportes.
De acordo com o MCIDADES (2005), a oferta de acessibilidade é determinada pelo
desenvolvimento socioeconômico, e quando são enfatizados o transporte público e o
transporte não motorizado significa uma orientação para a inclusão social,
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racionalização dos investimentos públicos e redução das externalidades negativas
produzidas pelo transporte motorizado, como congestionamentos, poluição e acidentes.
O uso abusivo do automóvel na circulação urbana causa o espraiamento da cidade e a
fragmentação do uso do solo. Segundo CARVALHO (2006), observa-se a
predominância de política de incentivo ao uso do automóvel, mesmo quando existe um
alto número de viagens realizadas a pé. Na Região Metropolitana de São Paulo em
1997, 60% das pessoas com renda familiar de a2 salários mínimos realizavam seus
deslocamentos a pé (GOMIDE, 2003).
Conforme aponta a pesquisa de distribuição de viagens por modo principal realizada
entre 2002 e 2003 pelo Plano Diretor de Transporte Urbano PDTU/RMRJ
(SECTRAN, 2005), na Região Metropolitana do Rio de Janeiro RMRJ, as viagens a
representam 33,85% dos deslocamentos diários de sua população, as viagens por
ônibus municipal e intermunicipal representam 33,08%, enquanto as viagens por
automóveis representam 14,89% (considerados motoristas e caronas).
A renda é importante fator no índice de mobilidade e na escolha modal do indivíduo. O
PDTU/RMRJ apresenta a taxa de mobilidade total de 1,77 viagens por habitante/dia,
envolvendo todos os modos inclusive os não motorizados (a e bicicleta). A pesquisa
realizada pelo ITRANS (2004) revela a baixa mobilidade da população mais pobre da
RMRJ (com renda mensal de até 3 salários mínimos), com 0,85 viagem por dia por
pessoa acima de 10 anos de idade, sendo que 80% dos deslocamentos são feitos por
ônibus ou caminhadas. Uma baixa mobilidade representa a privação no acesso a
atividades básicas, como trabalho, educação, saúde, entre outros.
A locomoção a permite acesso às atividades. O caminhar traz benefícios à saúde e à
qualidade de vida. Deslocar-se sem o uso do transporte motorizado pode também
beneficiar a comunidade, como economia nos custos do transporte, redução dos
impactos ambientais e maior eqüidade no acesso às atividades.
Entretanto, apesar dos seus benefícios, as viagens são consideradas em uma segunda
relevância, e a qualidade dos espaços para os pedestres recebe pouca ou nenhuma
atenção do poder público (CARVALHO, 2006). Em relação ao planejamento de
transporte, menor ainda são as atenções com o modo a pé. Segundo VASCONCELLOS
(1998), conseguir apoio político para viabilizar a distribuição do espaço público e de
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circulação, que garanta a mobilidade das pessoas e não apenas dos veículos é um grande
desafio.
Priorizar políticas públicas que favoreçam o deslocamento não motorizado e o
transporte coletivo, inclusive os portadores de necessidades especiais e idosos, é
fortalecer a eqüidade social, combater a pobreza e incluir os desfavorecidos (GOMIDE,
2003, MELO, 2005). Nas áreas de ocupação da população de baixa renda, é comum que
a população realize longas caminhadas para acessar o transporte coletivo ou para
alcançar diretamente a atividade desejada (MCIDADES, 2005).
A qualificação dos espaços públicos para a caminhada demonstra a valorização da
mobilidade do cidadão. Portanto, projetos que visem à construção e melhorias de
espaços para os pedestres, com a valorização dos principais eixos de locomoção e à
segurança, tornam–se essenciais para o desenvolvimento sustentável das cidades.
I.2. Objetivo e Justificativa
O objetivo deste trabalho é desenvolver um procedimento que vise à identificação das
rotas mais propícias aos pedestres na rede viária, de acordo com a previsão de sua
demanda e que se avaliem as condições qualitativas da infra-estrutura disponível. Para
tanto, consideram-se as características de porte e tipo dos pólos geradores de viagens a
pé, os principais atributos do meio físico urbano intervenientes ao modo a e os
indicadores de qualidade das calçadas, para apontar e hierarquizar as rotas dentro da
localidade de estudo. Espera-se que o procedimento possa auxiliar na elaboração de
projetos de revitalização urbana, promovendo este modal e destacando a importância
das viagens a pé nos deslocamentos diários.
Os atributos a serem selecionados e aplicados devem ser aqueles que facilitem as
viagens a pé, promovam a segurança, qualifiquem os espaços públicos e contribuam
com a conexão entre os sistemas de transportes ofertados na região de estudo.
Assim, a dissertação trabalha a interseção entre os projetos urbanos voltados à
revitalização de espaços degradados e o sistema de transporte, com o foco nos
pedestres.
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A escolha de áreas urbanas degradadas surge a partir da necessidade de recuperação e
requalificação destas áreas. Técnicos se deparam com a tarefa de desenvolver e/ou
avaliar projetos urbanos com os usos do solo consolidados e a dinâmica da cidade em
funcionamento. A partir da compreensão da importância do modo a para o acesso às
atividades locais, busca-se a melhorar o direcionamento dos projetos urbanísticos nas
questões de transporte ligadas, principalmente, aos deslocamentos a pé.
Verifica-se que apesar da existência de diversas pesquisas científicas em relação aos
pedestres, pouco se estudou sobre a inserção deste modal nos projetos urbanos de
revitalização. Não se encontrou nenhum procedimento que busque organizar e estruturar
trabalhos neste sentido.
Espera-se assim, que a proposta do procedimento desenvolvida ao longo desta
dissertação seja uma ferramenta útil aos técnicos e acadêmicos da área, contribuindo
com a Engenharia de Tráfego e Transportes, no alcance de cidades mais sustentáveis.
Para aplicação do procedimento proposto, escolheu-se São Cristóvão, antigo bairro da
Cidade do Rio de Janeiro, localizado próximo à área central da cidade, que apresenta
problemas de degradação e declínio urbano.
As prefeituras do Rio de Janeiro e de Paris, em parceria, escolheram a Região
Administrativa de São Cristóvão para o desenvolvimento de estudos e análises, cuja
meta é a revitalização da área e os objetivos são: a reabilitação das moradias
deterioradas, revigoramento dos equipamentos e espaços públicos, urbanização de
favelas. São abordadas as questões de acessibilidade, de acesso aos serviços urbanos, de
desenvolvimento sócio-econômico e comunitário e estudos de melhoria dos transportes
(BOURZAI et al., 2006).
O plano de reestruturação para São Cristóvão procura reorganizar a rede viária,
redimensionando as ruas e praças em prol dos pedestres e do transporte coletivo, de
modo a melhorar a conexão da região à Cidade, valorizar o bairro e proteger o grande
patrimônio histórico e ambiental ali instalado (BOUZAI et. al, 2006).
Segundo a pesquisa de origem-destino do PDTU/RMRJ, 21,4% das viagens diárias são
realizadas a na Região Administrativa de São Cristóvão (SECTRAN, 2005). Deste
total, as viagens internas a São Cristóvão representam 28,6%, sendo que 63% dos
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deslocamentos internos são realizados pelo o modo não motorizado (bicicletas e a pé), o
que ressalta a sua importância.
Assim sendo, verifica-se que a região de São Cristóvão congrega tanto a questão do
interesse pela revitalização urbana, como a importância do modo a nos
deslocamentos diários de seus moradores, sendo considerada uma boa região para
aplicação em campo do procedimento proposto.
I.3. Estrutura da Dissertação
A dissertação será estruturada em seis capítulos, após o Capítulo I, introdutório, o
Capítulo II apresenta o levantamento bibliográfico que contextualiza a cidade, que se
encontra em constante evolução, e que exige de seus planejadores e governantes
estratégias de intervenção que a reestruture e a renove, de modo a torná-la adequada às
novas necessidades. Nesta dinâmica, é ressaltada a importância do modo a como
meio de transporte e estruturador das relações do homem com o ambiente urbano.
O Capítulo III busca, com base nas atuais políticas que almejam alcançar ambientes
sustentáveis através de gestões urbanas, o conhecimento da prática em relação à
abordagem dos pedestres nos projetos de revitalização urbana das grandes cidades.
O Capítulo III inicia-se com pesquisa em relação aos princípios que norteiam o
desenvolvimento sustentável e a mobilidade urbana. Desta forma foi possível viabilizar
a pesquisa documental, sobretudo com auxílio da Internet, e selecionar exemplos de
projetos de revitalização urbana que possibilitasse avaliação do tratamento dedicado aos
pedestres, de acordo com as informações disponíveis em cada projeto.
Buscaram-se exemplos de projetos no âmbito internacional, de países desenvolvidos de
continentes variados e de países em desenvolvimento da América do Sul; intervenções
de domínio nacional e os da Prefeitura do Rio de Janeiro.
A estrutura do procedimento proposto a ser aplicado em áreas objeto de projetos de
revitalização urbana é apresentada no Capítulo IV. O procedimento procura, a partir da
caracterização dos pólos geradores de viagens a PGV a PÉ, em relação ao tipo e
porte, e da identificação das rotas mais favoráveis a estes deslocamentos, de acordo com
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os atributos intervenientes ao modo a pé, apontar e hierarquizar as principais calçadas,
conforme volume de pedestre estimado. A qualidade da infra-estrutura ofertada é
analisada por indicadores, o que possibilita ressaltar os fatores e os trechos mais críticos
e avaliar as potenciais restrições à demanda de pedestre estimada.
A proposição de diretrizes de projeto é embasada no atendimento e no fomento das
necessidades dos pedestres.
O Capítulo V foi dedicado à aplicação do procedimento proposto em campo. O Bairro
de São Cristóvão foi o selecionado para a verificação de sua adequabilidade, da
necessidade de ajustes e apontar aprimoramentos. O Bairro vem sendo matéria de
estudos e de desenvolvimento de projetos de revitalização urbana, dentro do
planejamento estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Procurou-se avaliar os resultados alcançados de duas formas. A primeira, verificando-se
os resultados obtidos, consegue representar a situação existente de acordo com o
observado em campo, através dos mapas classificatórios de propensão de utilização
pelos pedestres dos segmentos viários conforme os atributos do meio físico, das rotas
para segundo as áreas de influência dos PGV a e dos indicadores de qualidade das
calçadas.
Na segunda análise, compararam-se os resultados apontados pelos mapas com as
proposições feitas pelo escritório francês, apresentado por BOURZAI et al. (2006) para
a área de estudo, no que tange os pedestres. Os resultados encontrados foram
expressivos e interessantes.
Encerra-se o estudo com o Capítulo VI, onde se encontram as conclusões e
recomendações, além de proposição de novos temas a serem investigados em pesquisas
futuras que envolvam este instigante tema.
Por fim, encontram-se as referências bibliográficas, bastante abrangentes, tendo em
vista a necessidade de se compreender, desde as questões ligadas à dinâmica das cidades
e dos projetos que permitem sua constante adequação de uma forma sustentável, até as
características comportamentais e de escolha dos pedestres e as demais abordagens
intrínsecas ao modo a pé.
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Nos anexos encontram-se as planilhas com os resultados dos levantamentos de campo
para cada segmento de via ou calçada, no que se refere aos atributos do meio físico, às
áreas de influências dos PGV a identificados e dos indicadores de qualidade das
calçadas.
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CAPÍTULO
II
PRINCÍPIOS QUE REGEM A REVITALIZAÇÃO URBANA E OS
PEDESTRES, QUESTÕES INERENTES AO MODO A PÉ
Com o intuito de aproveitar a oportunidade de intervenção no espaço público carreada
pelos projetos de revitalização em prol das viagens a pé, verifica-se a necessidade de se
aprofundar os conhecimentos, tanto em relação às matérias que regem a revitalização
urbana, como às complexas questões envolvem os pedestres.
Assim, Capítulo II é iniciado com a apresentação dos fatores que levam à necessidade
de elaboração de projetos de revitalização urbana em determinada área da cidade, os
novos paradigmas e diretrizes que conduzem estes projetos, a importância do desenho
para obtenção de intervenções que visem à qualidade física ambiental para o bem estar
da sociedade, e os processos que a revitalização urbana procura integrar em função das
estruturas urbanas, das parcerias dos recursos disponíveis.
Após é incluído uma robusta revisão bibliográfica em relação aos pedestres; sua
contextualização como modo de transporte e como ocorre esta opção de locomoção
dentro dos modais oferecidos em determinada localidade; a caracterização e
comportamento dos pedestres; os fatores intervenientes e fomentadores do modo a pé;
os acidentes que envolvem os caminhantes; as metodologias análise da adequação dos
espaços públicos no que se referem aos deslocamentos pé; as formas de caracterizar e
estimar a demanda de pedestres; e por fim, os planos e estratégias para o
desenvolvimento deste modal de transporte.
Desta forma, na busca de soluções mais sustentáveis para a cidade, pretendem-se traçar
um amplo cenário em que se possam desenvolver os trabalhos da dissertação, o que
envolve os conhecimentos técnico-científicos em relação aos projetos de revitalização
urbana e os sistemas de transporte, com o foco nos espaços públicos e o fomento do
modo a pé.
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II.1. A Revitalização Urbana
No início do capitalismo industrial, a cidade ocidental moderna é o local de produção e
reprodução do capital e serve como substrato para a vida social, acumulando e
concentrando parcelas significativas da população (SANT’ANNA, 2003).
A organização da cidade se através da regulação do mercado e da intervenção do
Estado que constrói as infra-estruturas. As forças produtivas atuam na regulação do
mercado e do Estado e determinam o padrão e a localização dos assentamentos, criando
diferenciações no espaço urbano (LEMME, 2002).
Com o crescimento demográfico, as cidades se modificam. As antigas estruturas são
fragmentadas devido às transformações econômicas e sociais. Abrem-se novas vias de
circulação de pessoas e mercadorias. Surgem os zoneamentos dos espaços urbanos e as
suas especializações por setores, com áreas de negócio e áreas residenciais. A indústria
se direciona para os arredores e as classes médias e operárias movem-se para os
subúrbios, explodindo os limites das cidades (LEMME, 2002).
Após a II Guerra Mundial, programas de intervenções públicas e renovação urbana são
aplicados para a recuperação de centros urbanos atingidos. Novos planos e projetos são
desenvolvidos segundo os paradigmas da Arquitetura Moderna (DEL RIO, 2004).
Busca-se uma cidade nova e moderna, que sirva e potencialize o “novo homem da era
da máquina”. Este modelo, conforme LEMME (2002), se caracteriza por dispor de
grandes espaços abertos permeados de verde. A estrutura da cidade se em zonas
especializadas, de acordo com funções: moradia, trabalho, cultura e lazer, criando-se
auto-estradas para a circulação. Nesta época já há preocupação com a cidade espetáculo,
valorizando a impressão visual e a estética, com criação de edifícios-tipo distribuídos
pelo espaço geometricamente ordenado, o que corresponde ao funcionalismo e ao
racionalismo associados “a lógica da produção industrial”.
Conforme DEL RIO (2004), este tipo de ideologia e a forma de atuação das políticas
públicas implicariam no esvaziamento das áreas centrais, com suas deteriorações físicas,
econômicas e sociais. Os mais abastados se instalam no subúrbio, induzindo o comércio
e as atividades culturais a migrarem com o seu público, abandonando as áreas centrais
para os grupos menos favorecidos.
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Nas décadas de 50 e 60, grandes intervenções do poder público buscam a renovação das
áreas centrais que favoreçam o mercado imobiliário e financeiro. Entretanto,
importantes questões são desconsideradas, como as redes sociais já estabelecidas, a
integração e inter-relação das atividades humanas e o patrimônio histórico, que são
vistos de forma simplista (DEL RIO, 2004).
Surgem as primeiras críticas e protestos sobre a qualidade do meio ambiente urbano
produzido, o que resulta na necessidade de se repensar do ponto de vista urbanístico.
DEL RIO (2004) interliga este repensar à contribuição dos novos campos do
conhecimento, como a informática, o fortalecimento das Ciências Sociais, da
Macroeconomia e da educação básica, facilitando a compreensão das complexidades do
processo de desenvolvimento urbano e possibilitando a elaboração de intervenções mais
adequadas à qualidade físico-ambiental.
A partir dos meados dos anos 1970, emerge uma nova etapa do sistema capitalista,
marcada por novas transformações tecnológicas, aumento da importância do setor
terciário, intensificação do comércio em escala global, reorganização territorial das
atividades produtivas. A modificação do modelo de produção, mais flexível, articulado
e ágil, sobretudo das fábricas e dos portos, resultou na obsolescência e abandono de
grandes áreas fabris e portuárias, impactando o espaço urbano (SOUZA, 2006). Estas
mudanças foram acompanhadas pelo fenômeno do desemprego, exclusão social e crise
financeira do Estado (SILVA, 2004).
O quadro de decadência estimula formulação de novas práticas de gestão urbana que
serão bastante difundidas nas décadas seguintes. SILVA (2004) aponta os dois
componentes principais aplicados nesta nova gestão: a adoção de comportamentos e
estratégias originários do setor empresarial e o aumento de protagonistas, inclusive com
grande participação de atores não governamentais nos novos sistemas políticos.
LEMME (2002) compara este planejamento estratégico das cidades como um
“transgênico” que sai da empresa e vai para a esfera pública.
Segundo SEGRE (2005), a perda atual do valor do espaço público advém de alguns
fatores, como:
Locais com tendência à fratura urbana;
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Intervenções extremamente audaciosas, que acabam por destoar e o se integram
ao local;
Sub-urbanização como opção de fuga do Centro;
Presença dos carros e das vias de circulação rápida;
Esvaziamento, abandono e deteriorização das infra-estruturas e dos espaços públicos
tradicionais;
Os grandes empreendimentos que substituem as atividades tradicionais dos espaços
públicos, como supermercados, shoppings, entre outros.
Os diversos programas de renovação urbana das décadas de 1980 e 1990 são
influenciados pela agenda política dos governos nacionais ou locais e pela crise do
financiamento público, que resultam na estreita vinculação aos critérios de rentabilidade
ao setor privado (COMPANS, 2004).
Conforme FREITAS (2003), as cidades sempre se destacam em razão das funções
econômicas que desempenham. Com as atuais modificações da economia e da
sociedade, elas sofrem processos de esvaziamento, degradação ou perda de significado
histórico (COMPANS, 2004). As áreas degradadas, obsoletas, subutilizadas e com
modelos de produção considerados ultrapassados tornam-se alvos de propostas e ações
requalificadoras, dentro de um conceito de reabilitação urbana, que procura formar
novas centralidades irradiadoras de efeitos positivos, em termos de crescimento
econômico e social para outros pontos da cidade (FREITAS, 2003). Transformações são
realizadas na procura de espaços que atendam o mercado e a sua nova organização de
produção. É fundamental capacitar as cidades de modo a reestruturar e renovar estas
áreas para o mercado.
Os paradigmas do “Novo Urbanismo” espalham-se por diversos países. Os projetos de
revitalização urbana seguem o padrão do “empresariamento urbano” e do planejamento
estratégico. Parceiras entre o poder público e a iniciativa privada são cruciais. Esforços
são empreendidos para que as cidades tornem competitivas (LEMME, 2002). A
formação das alianças entre coalizões políticas dos atores sociais em determinado
espaço urbano se dá através de parcerias público-privadas.
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Segundo BOTELHO (2005): “A necessidade de atrair fluxos de capital que, em tese,
garantiriam a sobrevivência e o crescimento das cidades, faz com que muitas delas
adquiram o “pacote” de tecnologias gerenciais do urbano”.
BORJA (2004) afirma que o elemento central do urbanismo atual é “fazer da cidade um
lugar de intercâmbio”. O espaço público deve ser ordenado, desenvolvido e gerido
através da criação de âmbito de segurança, proximidades nas relações e “o bom
ambiente”, voltado ao cidadão e à qualidade do entorno.
Conforme HARVEY (1996), práticas de política urbana local, com suporte de recursos
de instâncias administrativas mais elevadas têm papel facilitador na transformação, com
bases mais flexíveis, abertas geograficamente e com gestão de mercado.
A permeabilidade da gestão urbana pelos interesses do setor privado fomenta os
projetos de revitalização. a consolidação de diversas nomenclaturas, com algumas
diferenciações, entre elas, conforme a localidade, como: o “projeto urbano”
desenvolvido na França e Itália, que prega a superação das práticas urbanas
modernistas; o conceito de “planejamento estratégico” introduzido pelos espanhóis, com
grande influência na América Latina; o conceito de “governança urbana”, originária na
Grã Bretanha, com foco nas transformações das estruturas governamentais e na busca
de novos arranjos institucionais, que envolve o setor privado e a valorização das
políticas urbanas locais (SILVA, 2004).
A parceria público-privada encontra argumentos para sua legitimação na escassez de
recursos públicos. Segundo XIMENES (2004), esta associação entre a sociedade civil,
bastante representada pelo setor empresarial, e o poder público é uma forma de captar
os recursos, aperfeiçoá-los e promover a coesão necessária para o desenvolvimento
econômico. Esta coesão adquire sentido com a participação popular, com a interferência
e controle das políticas públicas pelas populações das cidades.
As transformações econômicas, o acirramento da competição entre as localidades, a
adoção de práticas empresariais pelas administrações locais, a transferências de
atribuições das instâncias superiores, a permeabilidade da gestão urbana aos interesses
do setor privado possibilitam a implantação de novas políticas urbanas e o
desenvolvimento de um novo instrumento teórico que procura interpretar e discutir as
novas tendências (SILVA, 2004).
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Surgem as cidades globais com uma nova gica: adensamento dos centros comerciais,
financeiros e de serviços especializados, o que promove um distanciamento social, pois
são criados postos técnicos e administrativos de alta remuneração e, ao mesmo tempo,
são gerados postos não qualificados de baixa remuneração. Cresce a taxa de
desemprego, especialmente nas zonas industriais tradicionais. As organizações dos
trabalhadores são enfraquecidas, levando à perda de conquistas sociais e o aumento do
trabalho informal. Erguem-se prédios de luxo, centros comerciais, hotéis e restaurantes
sofisticados, contrapondo-se à decadência dos bairros populares, provocando o aumento
das diferenças regionais e o agravamento das questões urbanas (LEMME, 2002).
A economia globalizada, na busca de investimentos do setor privado e inserção de
fluxos econômicos, faz com que administrações municipais adotem estratégias
competitivas para atrair empresas, turistas e investidores. Contribui também, para que as
políticas urbanas sejam desenvolvidas, apoiadas em técnicas de gestão empresarial,
como o planejamento estratégico e o marketing (COMPANS, 2004). Surge o conceito,
em diversos países, de city marketing ou marketing urbano: a promoção da cidade
mediante a construção e a divulgação de uma imagem “de marca” positiva e sólida,
capaz de facilitar a venda de seus “produtos”, que são as mercadorias: recursos humanos
e serviços.
BORJA (1996) defende este papel “mercadotécnico” da cidade e para obtenção do
sucesso de “venda”. A imagem da cidade adquire vital importância através da
valorização da arquitetura e dos monumentos culturais e simbólicos. As melhorias
urbanas e seu embelezamento atraem visitantes, turistas, convenções e investidores.
LEMME (2002) complementa: “para os governos locais, o marketing das cidades
significa a tentativa de chamar investimentos, gerar empregos e aumentar a arrecadação
de impostos”.
Neste contexto, VAINER (2001) através do questionamento do que será vendido” na
cidade, expõem a necessidade de enfatizar o localismo e seus atributos, de acordo com
seus consumidores. A cidade sai de uma forma passiva e ganha uma identidade de
maior atuação. Age como grandes empreendedores na busca de novos investimentos e
tecnologia, e acolhimento de empresas multinacionais.
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Como fator diferenciador e fortalecedor do marketing urbano a valorização do que é
entendido como cultura local. O patrimônio histórico e artístico tem sua importância
destacada, assim como as manifestações populares, de forma a enriquecer a identidade
local. Surgem novas construções de caráter monumental e as edificações históricas são
recuperadas, contribuindo com a imagem positiva da cidade (BOTELHO, 2005). A
“espetacularização” da vida urbana se dá através da oferta da infra-estrutura e de uma
melhor qualidade em termos de acessibilidade, segurança e serviços turísticos e da
realização de eventos culturais e esportivos (BORJA, 1996, COMPANS, 2004).
Conforme DIAS (2005), as urbanizações calcadas em cidades-espetáculos possuem
alcance limitado. Em muitos casos chegam até onde o poder financeiro consegue
enxergar dividendos, não atendendo aos problemas sociais urbanos, nos locais em que
não previsão de lucros. A nova base conceitual requer o conhecimento da
composição da sociedade e de seu comportamento, a cidade deve ser planejada em
função de seus cidadãos e não o reverso (RAPORPORT, 2007).
O resgate da importância estratégica do local como centro de gestão global nos campos
da produtividade econômica, competitividade, integração sócio-cultural, representação
política e cidadã da cidade são apontadas por CASTELLS (1997) como novos desafios
a serem enfrentados. A busca da eficiência, eqüidade e transparência das ações baseiam-
se em uma gestão integrada e articulada entre parceria governamental e da sociedade, de
modo a alcançar novas formas de planejamento e gestão para a mobilização de recursos.
Conforme FREITAS (2003), os paradigmas atuais adotados no planejamento urbano
incluem modelos e imagens ideais de outros países. Sua aplicação deve ser cuidadosa,
pois as características sócio-culturais, políticas, econômicas, bem como o processo de
desenvolvimento urbano, podem ser muito diferentes da realidade local, onde se
pretende adotá-los.
As políticas culturais articuladas às políticas urbanas geram processos de renovação
urbana que se empenham em vender a marca da cidade, muitas vezes em detrimento das
necessidades da própria população local, ao privilegiar o turismo ou favorecer a
“gentrificação” (VAZ & JACQUES, 2001).
Entende-se como “gentrificação” o processo de segregação sócio-espacial, motivado
pela modificação na ocupação, em que as antigas populações são substituídas por
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outras, em geral de maior poder aquisitivo, com a redefinição dos usos do entorno
(DUARTE, 2005). Este é um fenômeno contemporâneo que surge através da
recuperação das áreas centrais e pode ser aquecido quando é alvo de projeto urbanístico
de revitalização e ocorrem efeitos da especulação imobiliária (XIMENES, 2004).
VAINER (2001) indaga sobre o destino daqueles indivíduos que não têm capacidade
financeira para “adquirir” a cidade, que está voltada a um produto de elite.
XIMENES (2004) constata, em sua pesquisa, que as intervenções renovadoras ou
revitalizantes, em geral, têm levado à alteração do perfil dos residentes locais, pois a
lógica do acesso aos bens e serviços é condicionada à capacidade de pagamento. Na
questão da gentrificação”, o papel do Estado é extremamente relevante na adoção de
aparatos regulatórios de cunho amplamente social (DUARTE, 2005, XIMENES, 2004).
As intervenções urbanas devem validar o novo urbanismo com seus atributos de
segurança, justiça social e democrática. Os projetos de revitalização urbana devem
respeitar o ambiente construído e a estimular a permanência da população moradora.
II.2. O Desenho Urbano
Os espaços públicos das cidades permitem a interação entre pessoas, o ambiente natural
e o ambiente construído, em um processo contínuo de elaboração, produção e
modificação. O tratamento destinado à cidade provoca reações, opiniões e sentimentos,
tais como aceitação, conforto, aconchego ou rejeição e ultraje, o que contribui para a
formação da memória de seus cidadãos (GRAVER, 2001).
Conforme CUTHBERT (2005), o desenvolvimento urbano deve ser compreendido,
tendo em vista as atuais demandas e aspirações de uma cidade, com o seu sistema de
produção; suas necessidades de provisão de bem estar social, saúde e moradias e as
limitações que a realidade impõe. O Desenho Urbano conecta e articula as práticas da
Arquitetura, do Urbanismo e da Engenharia ao desenvolvimento social.
Neste sentido, deve-se procurar estabelecer um vínculo entre o entendimento dos
valores sociais, econômicos e políticos que incidem nas cidades. Segundo VILLOTA
(2001), o Desenho Urbano deve apontar as potencialidades e converter limitações em
17
oportunidades para aproveitar e promover o contato social, a vitalidade comercial e a
eficiência da cidade. Devem-se conjugar interesses e vontades daqueles que atuam na
cidade, como os setores públicos e privados, comunidades organizadas e usuários.
No processo de planejamento, elaboração de projeto e gerenciamento do meio urbano é
necessário compreender as complexidades que envolvem o desenvolvimento urbano, de
modo a se conseguir elaborar possibilidades de intervenções que visem à qualidade
físico-ambiental das cidades. Assim, no Desenho Urbano, soma-se às análises da
Arquitetura e Urbanismo outras disciplinas, como Psicologia Ambiental (percepção
urbana e comportamento), Geografia (morfologia urbana), Engenharia, Engenharia de
Transportes (sistema viário e seus usuários, inclusive pedestres), Ciências Sociais e
Política, História, Paisagismo, Planejamento, Administração de Imóveis, Micro-
economia, e tantas outras (DEL RIO, 2004), e são aprofundadas as seguintes temáticas:
Interpretação de valores e necessidades comportamentais individuais e em grupo;
Identificação de qualidade físico-espacial;
Desenvolvimento de técnicas operacionais do ambiente urbano;
Resolução dos problemas interdisciplinares;
Técnicas e controle do desenvolvimento do meio ambiente construído;
Desenvolvimento de meios de implantação.
LYNCH (1981) apud DEL RIO (2004) lista os principais atributos que o Desenho
Urbano deve perseguir para a obtenção de ambientes urbanos de qualidade:
Vitalidade: o que apóia as funções humanas vitais, ligadas ao bem estar físico;
Senso: como o meio urbano é percebido, compreendido e estruturado mentalmente e
em termos espaciais e temporais;
Congruência: capacidade da forma e dos espaços apoiarem os comportamentos e as
atividades sociais e do individuo.
Acesso: possibilidade de alcançar outras pessoas e lugares no ambiente;
Controle: grau de controle da produção, do uso e da gerência do ambiente urbano;
Eficiência: relação custo benefício de criar e manter o ambiente urbano;
Justiça: forma pela a qual os benefícios ambientais são distribuídos à população.
Segundo BENTLEY et al. (1985) apud DEL RIO (2004), o desenho urbano deve
responder às necessidades da população, oferecendo permeabilidade (capacidade de
permitir a integração e acessibilidade), propriedade visual (apropriação das simbologias
18
existentes) e robustez (capacidade de responder bem a diferentes usos). As análise e
atuação devem estar sob a ótica do usuário, a forma como ele percebe, sente,
compreende, utiliza e se apropria da cidade, seus elementos e suas atividades sociais, o
que faz surgir o “sentido do lugar”, descrito pela qualidade físico-ambiental dos espaços
urbanos.
Conforme VILLOTA (2001), o Desenho Urbano lida com a dimensão físico-espacial
das cidades como conjunto de sistemas interdependentes, enfatizando as relações entre
os espaços concebidos e considerando as práticas sociais. A escala local dos projetos, a
morfologia urbana proposta, a interdisciplinaridade das análises, a ênfase dos elementos
culturais e a participação da comunidade em torno das discussões são as principais
características do Desenho Urbano.
DEL RIO (2004) define critérios de qualidade do Desenho Urbano:
Uso do Solo: variedade e mistura de funções, se possível com utilização 24 horas
por dia, com densidade compatível com o espaço disponível, trazendo a maior
vitalidade possível;
Configuração Espacial: relaciona o novo conjunto edificado ao existente, através
da morfologia e volumes edificados;
Circulação Viária de Estacionamento: sendo a circulação viária um dos elementos
mais poderosos para a estruturação urbana e de democratização da cidade, deve ser
definidora da acessibilidade ao sistema viário, aos transportes coletivos. Buscam-se
soluções conciliadoras de modo permitir o desenvolvimento social e econômico da
área;
Espaços Livres: possui importância social (local de encontros), cultura (eventos),
funcional (circulação) e lazer;
Percursos dos Pedestres: fornecem suporte e vitalidade aos espaços urbanos,
integram os sistemas interdependentes com as atividades sociais e econômicas,
elemento do sistema de circulação e transporte público e devem ser reforçados pelo
projeto dos espaços livres e atividades de apoio;
Atividades de apoio: dão conteúdo, coerência e vitalidade aos espaços urbanos.
Devem se organizar a partir de nós de atividades, integrando o ambiente;
Mobiliário Urbano: são os elementos complementares, de fácil compreensão e uso,
devem compor o espaço urbano e terem propriedades ergonômicas.
19
De acordo com CLAVIER (2001), a concepção do espaço público deve ser em função
do usuário e enfatizar a sua essência social, a vocação para o encontro, o contato e o
intercâmbio, fazendo a cidade nascer e crescer. O Desenho Urbano qualifica o ambiente
de uma forma funcional e agradável, adaptando-o a seus usuários, conforme suas
necessidades e seus sentimentos, de modo a converter as vias para o convívio e uso das
pessoas.
CHIRINOS (2001) acrescenta ainda, que “a qualidade de vida de uma cidade é
diretamente proporcional a sua capacidade de oferecer ruas como espaços públicos
habitáveis, e não como simples vias de circulação”. O cidadão urbano deve usufruir sua
cidade, encontrar a sua disposição espaços públicos que o estimule a caminhar e
desfrutar do que lhe é oferecido.
Como foi exposto, o tratamento da cidade deve ser coerente com o seu usuário,
integrando-se os elementos físico-ambientais com qualidade, desde as calçadas, quadras
e lotes, até o tratamento como um todo, considerando-se as relações entre bairros, o
crescimento e expansão das cidades.
O Desenho Urbano coloca o espaço público como elemento central, e este é o espaço
destinado aos pedestres. Assim, entende-se a importância e a inter-relação do Desenho
Urbano com o uso do território e as perspectivas das pessoas que caminham pela cidade.
II.3. Conceitos de Revitalização Urbana
Conforme PORTAS (1996) apud VAZ & JACQUES (2001), a reestruturação ou
revitalização funcional (atividades e redes de serviço) dos tecidos urbanizados busca,
através de conjunto de programas e projetos públicos ou iniciativas privadas, a
recuperação e/ou reabilitação arquitetônica edilícia e dos espaços públicos para a sua
reapropriação social e cultural.
Segundo CASTELLS & BORJA (1996) apud XIMENES (2004), os projetos de
revitalização urbana, normalmente, requerem três pré-requisitos:
Sensação de crise aguda pela conscientização da globalização da economia;
Negociação entre os atores urbanos, públicos e privados, e a geração de lideranças
locais;
20
Vontade conjunta e consenso público para que a cidade avance física,
economicamente e sócio-culturalmente.
Conforme ISCTE/CET (2005), pesquisas desenvolvidas por diversos autores em
diferentes países revelam que o processo de declínio urbano inclui desde fatores
demográficos e sociais (ascensão da classe média, envelhecimento da população,
conflito de classes, (i)migração, desemprego) a fatores físicos (obsolescência do
edificado, expansão suburbana, espaços devolutos, construção de novos eixos viários ou
grandes equipamentos) ou mudanças estruturais (grandes alterações nas cidades
tradicionalmente industriais ou portuárias, decadência do comércio, entre outros).
A qualidade, tanto física quanto ambiental, tem como conseqüência imediata o
abandono da atividade terciária e a perda gradativa da funcionalidade. A fragmentação e
desarticulação dos espaços urbanos surgem do seguinte modo (SARASA, 2005):
Áreas vazias: aquelas onde praticamente não existem edificações, sem utilização,
carecem de interesse econômico;
Áreas mal formadas: integram amplos espaços da cidade e sofrem um profundo
processo de deteriorização como conseqüência de sua antigüidade, o que
pontecializa o abandono por classes sociais mais ricas. São áreas que necessitam de
urgente recuperação. Possuem elementos representativos da cidade, como catedrais,
igrejas, arquiteturas civis e militares. São áreas propícias à formação de novo pólo
de crescimento da cidade;
Áreas obsoletas: zona histórica da cidade que perdeu sua funcionalidade, como
instalações portuárias, fabris e militares. São espaços que podem ser devolvidos à
cidade e integrar-se à dinâmica urbana, com o desenvolvimento de atividades mais
adequadas ao local.
Segundo SOUZA (2006), o “modelo de requalificação urbana” apresentado por
BORJAS & CASTELLS em 1996 baseia-se em três escalas diferentes, grande,
intermediária e local:
O grande projeto supõe uma gestão completa, desde a programação das operações,
concepção dos projetos, financiamento, coordenação dos atores, até a execução das
obras, comercialização e manutenção da área requalificada. Visa um salto
21
qualitativo quanto à acessibilidade e mobilidade do espaço urbano e à geração e
reconversão de centralidade.
Na escala intermediária estão os projetos de revitalização de áreas degradadas,
através de ação especializada em regiões com características de centralidade e
possuidoras de uma infra-estrutura mínima.
A escala local, caracterizada por intervenções pontuais, fornece alicerce para as duas
anteriores, criando pontos fortes de visibilidade e acessibilidade. Podem ser ruas,
praças ou edificações de caráter simbólico.
Nos processos de revitalização urbana, a Comunidade Européia procura integrar as
intervenções nas funções urbanas, os parceiros e os recursos. Para tanto, alicerça-se em
um planejamento estratégico capaz de reconhecer, manter ou introduzir valores
acumulativos e sinergéticos, relacionando e promovendo os vínculos entre territórios,
atividades e pessoas, como mostra a Figura II.1, ISCTE/CET (2005)
Figura II.1- Dimensões de intervenção da Revitalização Urbana
Fonte: ISCTE/CET (2005)
Verifica-se pela interação dos fluxos da Figura II.1, que a revitalização urbana deve
intervir na melhoria da qualidade do ambiente urbano, nas condições sócio-econômicas
e na vida das localidades. Esta intervenção deve ser coordenada e adaptada aos recursos
existentes, públicos e privados, e terem as entidades e a população como co-autores do
processo de revitalização ISCTE/CET (2005).
22
PORTAS (1996) apud DOMINGUES (1999) sugere o aproveitamento de
oportunidades, como um evento especial, a candidatura da cidade à sede de feiras,
encontros ou competições esportivas, ou mesmo uma catástrofe para a participação de
programas emergenciais. Propõe objetivo a serem atingidos por projeto de revitalização
urbana:
Renovação extensiva ao espaço público, às infra-estruturas e ao equipamento
público;
Busca da melhoria da acessibilidade para o espaço, principalmente no que se refere
aos eixos viários e nós;
Renovação das atividades como promotora da reabilitação de uma área;
Formação de centralidades, com uso misto do solo e o reforço da imagem;
Avaliação de parques temáticos que promovam atração para a cidade.
A União Européia - EU, através de seus países membros, trabalha no desenvolvimento
de políticas públicas de intervenção urbanas que permitem às cidades a promoção de
seus objetivos relacionados à coesão social, econômica e territorial. Busca o
desenvolvimento econômico, a melhoria do meio ambiente e luta contra a exclusão
social, através do aumento da produtividade e competitividade e da modernização dos
setores público e privado.
A EU entende que o espaço não é propriedade do Estado, embora regulamentado por
ele, e que a entrada dos interesses privados nas operações de revitalização potencializa o
processo. Os programas de revitalização devem capacitar a rentabilidade de recursos
privados e harmonizá-los com os interesses dos diversos atores sociais, de forma a gerar
uma capacidade construtiva dos projetos e acionar sinergias (CCE, 1996).
A perspectiva integrada e sustentável do desenvolvimento das cidades, segundo a
Comunidade Européia (ISCTE/CET, 2005), promove a “cidade coerente” e contempla
as seguintes dimensões:
Coerência social: equilíbrio, envolvimento, riqueza multicultural, relação entre
gerações, identidade social, fluxos e mobilidade, equipamentos e serviços;
Coerência econômica: globalização e regionalização, vantagens competitivas,
desenvolvimento de redes de cidades, diversidade econômica;
Coerência ambiental: cidades saudáveis, natureza, paisagem e espaços livres
urbanos e energia.
23
A revitalização urbana deve ser entendida como um conceito capaz de levantar os
problemas e articular as diferentes dimensões do território, de acordo com a visão da
“cidade coerente”, e intervir de forma articulada e contínua, preocupada com a coesão
territorial. A revitalização urbana exige uma abordagem preventiva, e o apenas
reparadora.
II.3.1. Renovação Urbana
A renovação urbana é marcada pela idéia de demolição do edificado e, geralmente, pela
substituição por novas construções com características morfológicas e tipológicas, com
novas atividades adaptadas ao processo de mudança (VAZ & JACQUES, 2001,
ISCTE/CET, 2005). Esta estratégia foi aplicada em diversos países, como França, EUA,
Portugal.
A idéia de remoção atinge, sobretudo, as intervenções de larga escala de transformação
integral que amplia a mudança estrutural e abrange três dimensões:
Morfológica: forma da cidade e da paisagem;
Funcional: base econômica e das funções associadas que podem desaparecer ou ser
substituídas;
Social: geralmente são substituídos os residentes ou visitantes por outros com
diferentes níveis de rendimento, instrução e estilo de vida.
Podem-se citar cidades que sofreram este processo de intervenção urbana mais
recentemente: as cidades de Berlim, após a reunificação ocorrida na década de 90,
Barcelona, Londres.
II.3.2. Reabilitação Urbana
A reabilitação não busca a destruição do tecido existente, mas sua habilitação através da
adequação do tecido urbano degradado, enfatizando o caráter residencial das edificações
construídas. São intervenções no edificado e na paisagem urbana. Há a redescoberta do
patrimônio arquitetônico e a tomada da consciência da importância do estoque das
edificações existentes (VAZ & JACQUES, 2001).
Em relação ao edificado, procura-se conferir um caráter de “habitabilidade”,
qualificação das construções e implantação de equipamentos complementares. Esta
24
intervenção pode implicar em um conjunto de ações como: demolição de alguns
edifícios, restauração de outros e construção de novos.
Quanto à paisagem urbana, atuam-se no melhoramento do espaço público, com
elementos de visibilidade, e nos espaços de transição e complementares às residências.
É um processo que se preocupa com o patrimônio histórico-arquitetônico e com a
manutenção da população nos centros das cidades.
A Comunidade Européia considera a revitalização urbana dos cleos históricos das
cidades como um dos “pilares na economia de uso e ocupação do solo, na rentabilização
do espaço construído e na dotação de bens de utilidade pública de equipamentos e infra-
estrutura” (ISCTE/CET, 2005). Este processo de desenvolvimento urbano é entendido
como sustentável, pois é capaz de gerar empregos nas áreas de conservação e turismo e
de receitas para as cidades.
II.3.3. Requalificação Urbana
A requalificação urbana tem caráter mobilizador, acelerador e estratégico. Está voltado
para o estabelecimento de novos padrões de organização e utilização dos territórios e
melhoria no desempenho econômico local (ISCTE/CET, 2005).
Procura melhorar a condição de vida das populações, promover a construção e a
recuperação dos equipamentos e infra-estrutura existentes, valorizar os espaços
públicos, com o desenvolvimento de atividades econômicas e culturais com alto valor
financeiro e de centralidade e dinamizar a sociedade e a economia.
São encontradas experiências de requalificação urbana nas cidades de Ranstaad
(Holanda), Barcelona (antes e depois dos Jogos Olímpicos), Bilbao, Londres, entre
outras.
II.4. O Modo a Pé e sua Contextualização como Modo de Transportes
O andar a é uma atividade básica e a forma mais simples de locomoção humana
(LTNZ, 2005). Com exceção dos portadores com deficiência ou outras limitações, como
idade ou problemas de saúde, todos são capazes de exercer esta atividade, e todos, em
25
algum momento, desempenham o papel de pedestres (MCIDADES, 2004,
VASCONCELLOS, 2005).
Quase todo deslocamento inicia e termina com o modo a pé, seja por caminhada, ou
para integrar com outro modal, como o andar até o ponto de ônibus ou a estação de
trem, ou atravessar um estacionamento (GDOT, 2003). Segundo CLIFTON & KRIZEK
(2004), 87% das viagens realizadas para acessar o Metrô na região de Baltimore, EUA,
são realizadas por pedestres.
Mas o andar a é freqüentemente ignorado no planejamento de transportes, pois esta
forma de deslocamento não é percebida com o mesmo grau de importância dos outros
modais de transporte (LTNZ, 2005), talvez em decorrência da baixa tecnologia
empregada, que implica em baixos custos de investimentos, e não produzindo efeitos
econômicos mais impactantes (RIETVELD, 2000).
Nos países em desenvolvimento, o transporte não motorizado é dominante, pois boa
parte de seus cidadãos não tem acesso ao transporte motorizado. Pesquisas na África,
Ásia e América Latina mostram que o andar a é o principal meio de transporte nas
áreas pobres. As taxas de viagens a das cidades da América Latina, Europa Central e
Oriental estão entre 20% a 40% do total de viagens (WBCSD, 2001).
O modo mais utilizado para percorrer pequenas distâncias são os deslocamentos a pé.
No entanto, longas caminhadas são comuns em regiões mais pobres. Do total das
viagens realizadas nas cidades brasileiras, pelo menos um terço é feita por esta
modalidade (GONDIM, 2001). Medidas que visem promover a mobilidade e
acessibilidade dos pedestres contribuem com o desenvolvimento sustentável, a justiça e
a eqüidade social.
Segundo VASCONCELLOS (2005), a extensão média dos deslocamentos a nas
cidades brasileiras é de 1 km, percorrido em 15 minutos (velocidade média de 4 km/h).
O pedestre tem baixo índice de priorização no sistema de tráfego das cidades, quando
comparado com o motorista, tanto em termos de espaço, como facilidade e segurança.
Na maior parte das vezes, os semáforos são temporizados para tornar o tráfego de
veículos mais eficientes em detrimento das condições e necessidades dos pedestres
(FONTES et al., 2005).
26
“Apesar de a infra-estrutura de passeios públicos serem relativamente barata, a maioria
das cidades brasileiras não se preocupa em acomodar os pedestres nas calçadas com o
mesmo empenho em que se preocupa em acomodar os veículos nas vias.”
(MCIDADES, 2004).
Os passeios públicos, planejados para servir aos pedestres em seus deslocamentos e que,
juntamente com os logradouros públicos e canteiros, constituem elementos que tornam
as cidades mais amigáveis para o caminhar, vão sendo cedidos, a cada dia para a
ampliação do viário e construção de estacionamentos, ou são simplesmente invadidos
por veículos e pelo comércio informal, impossibilitando o uso de acordo com sua
destinação primordial (MCIDADES, 2004).
Uma parcela da população, sobretudo a de baixa renda e com dificuldades físicas, não
consegue usufruir rotineiramente do transporte motorizado, pois o acesso é dificultoso
ou impossibilidade financeira para arcar com os custos envolvidos. Muitas vezes, a
locomoção a às atividades desejadas torna-se a única opção de acesso do indivíduo
(ITRANS, 2004,
MELO, 2005).
Logo, o investimento nas calçadas é uma ação igualitária e requalifica o espaço público
(MCIDADES, 2004).
Pesquisas decenais de origem e destino realizadas em São Paulo mostram um aumento
constante no modo a pé, apesar de terem sido considerados como viagem aapenas os
deslocamentos com distâncias superiores a 500 metros. Em 1997 o modal contribuía
com 34% de todos os deslocamentos, em 2002, o índice chegou a quase 38%, com o
aumento de cerca de 4 milhões de viagens a pé dia (JUNQUEIRA FILHO, 2005).
Conforme o UKDT (2003), o caminhar possui diferentes propósitos e é capaz de
auxiliar outras atividades no seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, tais como:
Saúde
Turismo
Preservação do patrimônio histórico e cultural
Sustentável urbana
Desenho urbano
Desenvolvimento e planejamento urbano
Revitalização e requalificação de áreas urbanas
27
Inclusão social
Lazer
Desenvolvimento econômico
Prevenção de acidentes
Assim, destaca-se a importância do modo a como elemento chave para o
balanceamento do sistema de transportes, pois além de ser vital para as famílias de
baixa renda, permite a integração e complementação de todos os outros meios de
transporte (LTNZ, 2005).
O modo a deve ser incrementado e incentivado pelos planejadores de transporte
através do gerenciamento da mobilidade, com o objetivo de melhorar a desempenho do
sistema de transportes (LITMAN, 2004a).
LITMAN (2004a) lista os benefícios que a mudança de escolha do modo de viagem, do
motorizado para o não motorizado, pode gerar:
Redução do congestionamento do tráfego;
Redução dos problemas de estacionamento;
Economia de custo com instalações de estacionamento;
Redução de risco de acidente;
Incremento na população de saúde e de atividade física;
Redução da poluição do ar e de ruído;
Oferecimento suporte às estratégias de desenvolvimento sustentável;
Redução do consumo de energia;
Incremento do emprego local devido à redução das despesas de locomoção;
Desenvolvimento local voltado ao convívio e coesão social e melhoria ambiental, o
que possibilita às comunidades a valorização das relações humanas;
Melhoria do desenho urbano.
Logo, caminhar é uma forma de transporte, e por este aspecto deve ser considerado
como transporte público e transporte privado.
Apesar de seu valor, freqüentemente, o caminhar não é entendido e integrado ao sistema
de transportes, sendo renegado a uma segunda escala de importância, ou até mesmo
ignorado no processo de planejamento. Os problemas decorrentes da inexistência de
planejamento ou o desrespeito a ele refletem na legislação e na condição de infra-
28
estrutura existente, criando uma série de entraves na acessibilidade e na mobilidade das
pessoas (MELO & MOREIRA, 2005).
De maneira geral, acessibilidade é a maior ou menor facilidade de se atingir bens de
consumo desejado, serviços e atividades, sendo determinante na distribuição das
atividades em uma área e depende das características geográficas, políticas e sócio-
econômicas. Uma das funções da via é possibilitar o deslocamento entre dois pontos no
espaço e permitir o acesso ao local de destino (VTPI, 2004).
Planejadores de transporte necessitam incorporar os deslocamentos a nos estudos de
geração de viagem, pois o melhor conhecimento das condições de realização destas
viagens poderá incentivar o modo a através de projetos de desenho urbano e de
planejamento de uso do solo, com a oferta de um ambiente amigável aos pedestres, ou
até mesmo desencorajá-lo em locais que se mostram inadequados (AGRAWAL &
SCHIMEK, 2007).
Cada sistema de transporte possui diferentes atributos. A escolha do modo de transporte
a ser utilizado depende tanto da capacidade, disponibilidade e pontecialidade do
indivíduo, representados pelas limitações físicas, econômicas e temporais, quanto da
eficiência do sistema de transporte que conecta os locais (JONES 1981, apud MELO,
2005).
A Tabela II.1 mostra a comparação dos atributos de algumas modalidades de
transportes. Podem-se perceber as interações existentes entre a densidade de uso do
solo, distâncias a serem percorridas, características necessárias do indivíduo e a
necessidade de disponibilidade de infra-estrutura. Quanto ao pedestre, o uso do solo
mais intenso e a proximidade das atividades dos locais de origem dos indivíduos
favorecem ao modo a pé; seu baixo custo é fator importante para as camadas sociais de
baixa renda.
29
Tabela II.1 - Atributos de Algumas Modalidades de Transporte
Modo
Veloci-
dade
Custo
para o
Usuário
Habilidade
Requerida do
Usuário
Uso do Solo
Facilidades
Requeridas
Pedestre Baixa Baixo Física Agrupado Calçadas
Bicicleta Média Baixo Física
Densidade
média
Ciclovias/ vias
Transporte Público Média Médio Mínima Agrupado Vias/trilhos
Integração Ônibus x
Trem
Alta Médio Mínima Indiferente Vias/trilhos
Transporte Aéreo
Comercial
Muito
Alta
Alto Mínima Indiferente Aeroportos
Motocicleta Média Médio Possuir Licença Densidade média
Vias
Táxi Alta Alto Mínima Indiferente Vias
Automóvel Privado
Alta Alto Possuir Licença Indiferente Vias
Transporte
Alternativo
Média Médio Mínima Indiferente Vias
Automóvel
Compartilhado
Alta Alto Possuir Licença Indiferente Vias
Telecomunicações Variada
Variado
Operar
Equipamento
Indiferente Equipamento
Serviços de Entrega
Variada
Médio Disponibilidade
Densidade
média
Vias
Fonte: MELO (2005), adaptado de VTPI (2004)
A circulação simultânea dos diferentes modos de transporte requer um tratamento
urbanístico e arquitetônico mais elevado, com planejamento urbano e de transportes,
apoio político e legislativo (MELO & MOREIRA, 2005). O ambiente agregador das
diversas alternativas de transporte e suas diferentes características passa pela
implantação ou adequação da infra-estrutura que promova a acessibilidade e a
mobilidade em prol da qualidade dos serviços oferecidos aos usuários.
Tabela II.2 – Hierarquia dos Usuários dos Sistemas de Transportes
-
Pessoas com deficiência de mobilidade e partes sensoriais Mais importante
-
Pedestres
-
Ciclistas
-
Passageiros de Transporte Público
-
Motociclistas
-
Veículos comerciais
-
Veículos particulares Menos Importante
Fonte: LTNZ (2005)
Em um contexto de valorização do modo a pé, verifica-se a necessidade de tratar todos
os usuários do sistema de transportes de uma forma holística (LTNZ, 2005). Para tanto,
30
é importante considerar as características locais e ter compromisso com a
hierarquização dos usuários do sistema segundo a escala apresentada na Tabela II.2.
Qualquer projeto urbanístico e/ou de transportes impacta os diferentes grupos de
usuários. É necessário identificar quais os grupos que serão mais beneficiados e sua
posição na hierarquia do sistema de transportes ofertado na região, quais são as
interações entre os modais afetados e avaliar o custo e benefício para cada grupo.
Projetos com desenho urbano fundamentado no incentivo às caminhadas são essenciais
para a revitalização de áreas de bairro. Serão reservados locais para as crianças
brincarem em segurança, os moradores irem às compras e o com centro comercial mais
atrativo. O incremento do número de pessoas que circulam pelas ruas detém o
vandalismo e a criminalização local.
Segundo o Reino Unido, o tratamento das rotas de caminhada requer um conhecimento
específico e é avaliado por alguns estudiosos da área de transporte como um campo
novo de trabalho. Logo, é necessário o apoio de profissionais treinados para o
tratamento das questões ligadas ao modo a pé (DfL, 2004).
II.5. Caracterização dos Pedestres
Os pedestres são considerados os usuários mais vulneráveis do sistema de transportes.
MELO (2005) caracteriza o pedestre como todos aqueles que se deslocam no espaço
público utilizando a própria força como meio de propulsão. Acrescenta ainda que, de
acordo com o Código de Trânsito Brasileiro - CTB (BRASIL – MIN. JUSTIÇA, 1997),
o ciclista desmontado é considerado como pedestre, mas não quando está pedalando,
pois consegue atingir velocidades suficientes para compartilhar espaços com modais
motorizados.
Segundo GONDIM (2001), crianças, adultos e idosos, na qualidade de pedestres,
possuem agilidade e percepção diferentes. Conforme o VTPI (2007), os pedestres
podem realizar seus deslocamentos carregando objetos, praticando exercícios,
passeando com crianças, caminhando com animais de estimação, utilizando skates,
patins, patinetes, empurrando carrinhos de bebê ou outro pequeno veículo.
31
Conforme MELO (2005) e FONTES et al. (2005), os pedestres são caracterizados por
sua grande liberdade de movimentos, pela sua imprevisibilidade e possibilidade de
escolher um trajeto próprio, que nem sempre é decidido de forma racional.
Decisões são tomadas quando se anda, como mudar sua rota para olhar algo que
chamou atenção ou encontrar alguém, atravessar em local irregular, realizar paradas não
previstas. Muitas destas decisões são tomadas de forma inconsciente (RONALD, 2007).
A compreensão de que os pedestres são compostos por uma diversidade de usuários,
com distintas características físicas e psicológicas, comportamentos e necessidades, é
essencial para o planejamento do sistema de transportes e desenvolvimento de projetos
urbanos adequados. As características físicas contemplam as dimensões físicas humanas
e a análise do processo de caminhada. As características psicológicas abordam a
percepção do espaço urbano em que o pedestre se insere (FONTES et al., 2005).
Assim, adotar a diferenciação de áreas, de acordo com as características locais e de seus
usuários, fortalece a identidade comunitária e possibilita que a destinação de
investimentos públicos seja aplicada em projetos com maior sustentabilidade.
A preservação ou ampliação de áreas de circulação para pedestres é uma forma de
promover a eqüidade social, através de ações que tornam uma determinada localidade
mais justa ao atingir positivamente sua população.
Os pedestres são formados por uma diversidade de grupos e refletem a população local.
Crianças, idosos, pessoas com problemas de locomoção, visão e audição possuem
características próprias. Suas velocidades médias de deslocamento variam conforme
altura, firmeza, aparelhos de apoio, percepção e julgamento, afetando a habilidade de
locomoção, conforme mostra a Tabela II.3 (LTNZ, 2005).
32
Tabela II.3 – Habilidades Físicas dos Pedestres de Acordo com suas Características
Característica Afeta Conseqüência / Necessidade
Altura
Linha de Visão Maior altura
maior capacidade de
enxergar além dos obstáculos e tornar-
se
mais conspícuo às outras pessoas
Velocidade
Habilidade em escapar
rapidamente de situação
perigosa
Maior velocidade
mais
oportunidades de travessias
Resistência
Extensão dos
deslocamentos
Menor resistência
necessidade de
áreas de apoio
Visão
Percepção do meio
ambiente e tolerância ao
ofuscamento
Leitura da sinalização
Detecção do meio-fio e cruzamento
Riscos nos deslocamentos
Percepção tátil do pavimento
Julgamento em relação ao tráfego
Atenção e
Cognição
Tempo requerido de
decisão
Habilidade de leitura e
compreensão da
sinalização
Sinalização de indicação
Refúgios
Uso de simbologias
Tolerância às
adversidades
ambientais
Preferência por abrigos e
áreas sombreadas
Localização e exposição das rotas
Estabilidade e
Equilíbrio
Potencial para o
reequilíbrio
Provisão de degraus e patamares
Altura de meio-fio
Declividade longitudinal e transversal
Segurança
Disposição para utilização
de toda a via
Iluminação
Vigilância
Separação de tráfego
Densidade de pedestres
Velocidade veicular
Destreza e
Coordenação
Motora
Capacidade no
acionamento de
mecanismos
Ativar botoeiras para travessia
Acuidade no
julgamento de
velocidade e
distância
Oportunidades de
movimentos de travessia
Previsão de facilidades para travessia
Dificuldade de
localização de
direção do som
Pistas auditivas em relação
ao tráfego
Necessidade de reforço de informação
visual
Energia dissipada
para realização do
movimento
Velocidade do
deslocamento
Distância de travessia
Tempo de deslocamento
Qualidade de pavimentação do passeio
Fonte: LTNZ (2005), adaptado.
Segundo GDOT (2003), baseado na pesquisa Washington State Bicycle Transportation
and Pedestrian Walkways Plan de 1994, a Tabela II.4 mostra a evolução das
características básicas dos pedestres, de acordo com a faixa etária, o que requer atenção
de diferentes elementos de projeto.
33
Tabela II.4 – Características Gerais dos Pedestres por Faixa Etária
Faixa Etária
(anos)
Características
0 - 4
Aprendendo a caminhar
Requer constante supervisão de responsável
Início do desenvolvimento da visão periférica e noção de
profundidade.
5 -12
Aumento da independência, mas ainda requer supervisão durante a
caminhada
Pouca percepção de profundidade
Propensão em chocar-se com elementos no caminho ou iniciar uma
corrida
13 -18
Senso de invulnerabilidade
Propensão em chocar-se com elementos no caminho
19 - 40 Percepção totalmente formada do ambiente e do tráfego
41 – 65 Diminuição dos reflexos
+ 65
Dificuldade na realização das travessias
Empobrecimento da visão
Dificuldade de escutar o veículo se aproximando
Alta taxa de mortalidade
Fonte: GDOT (2003)
Além das características observadas na Tabela II.4, outros condicionantes afetam a
locomoção, nos espaços urbanos, de pessoas que possuem algumas limitações na
mobilidade decorrentes da alteração em sua estrutura física, sensorial, orgânica ou
mental (compreensão), tanto de caráter definitivo, quanto temporário. As dificuldades,
limitações e impedimentos vão desde o simples deslocamento até a mais complexa
utilização do espaço (MCIDADES, 2006a).
Conforme SANT’ANNA (2006), o envelhecimento impõe uma série de restrições à
mobilidade. A caminhada é importante meio dos idosos realizarem seus deslocamentos.
O envelhecimento não impede que o indivíduo possa levar uma vida saudável
exercendo suas atividades, porém mudanças significativas que os afetam, como a
diminuição da visão e da audição, rigidez no pescoço, lentidão dos movimentos e menor
equilíbrio, decorre no aumento do tempo da caminhada e de reação a estímulos.
Segundo o censo do IBGE de 2000, 14,5% da população brasileira (mais de 26,5
milhões de pessoas) apresentam algum tipo de deficiência; outros 8,5% são idosos. Em
2015, é previsto que 15% da população tenham mais que 60 anos de idade. Estes dois
grupos caracterizam a parcela de pessoas com necessidade de atenção especial quanto à
garantia de seus diretos de mobilidade e cidadania (MCIDADES, 2006a).
34
Figura II.2 - Esquema Ilustrativo de Diversos Tipos de Pessoas com Deficiências
Variadas ou com a Mobilidade Reduzida e/ou Comprometida.
Fonte: MCIDADES (2006a)
SANT’ANNA et al. (2002) destacam algumas barreiras à mobilidade da população
idosa brasileira, expondo-os a riscos de acidentes:
35
Os tempos semáforos o consideram o desempenho dos idosos na realização das
travessias, problema agravado devido à hostilidade do trânsito em algumas cidades.
O idoso tende a iniciar a travessia somente após certificar-se da parada dos veículos,
acabando por restringir ainda mais o tempo de travessia;
Calçadas irregulares, esburacadas, desniveladas, diferentes alturas de meio-fio,
ocupadas por veículos estacionados irregularmente, mobiliário urbano mal
posicionado, oferecem riscos de queda;
Pistas em mão dupla, com mais de uma faixa de tráfego por sentido, sem canteiro
central ou ilha de refúgio oferecem riscos de atropelamentos.
Para que as pessoas com deficiência de locomoção, conforme ilustrado na Figura II.2,
possam realizar suas caminhadas com autonomia e tranqüilidade, alguns elementos
auxiliares são essenciais. GDOT (2003) e FERREIRA et al. (2006) listam algumas
destas facilidades:
Piso sem ressaltos, não escorregadio e sem obstruções;
Piso tátil;
Declividade máxima da calçada de 1:20 (comprimento) e da seção da via, no local
de travessia 1:50 (rampas 1:12);
Meio-fio rebaixado ou rampa para pedestres;
Arborização e sombreamentos;
Adoção de técnicas de moderação de tráfego;
Redução das distâncias de travessia (utilização de calçadas estendidas);
Tempo semafórico ajustado para a velocidade de caminhada baixa (aumento do
tempo de verde para pedestres);
Disponibilidade de refúgios nas travessias;
Sinalização conspícua e de fácil leitura, (considerar a capacidade de leitura de 18
metros de distância);
Facilidade para acionar botoeira nas travessias;
Mensagens ou sinais auditáveis;
Corrimão;
Segundo SILVA & LARA (2006), os deslocamentos cotidianos dos pedestres tendem a
uma constante no que se refere ao percurso e ao tempo, apresentando poucas variações
de movimento. As pessoas procuram estabelecer rotinas de percursos diários, realizando
36
certo padrão de movimento, decidindo o alcance ou a extensão dos possíveis destinos e
o modo de como atingi-los para a realização de suas atividades diárias.
Conforme RONALD (2007), os pedestres geralmente escolhem os caminhos mais
curtos, mas crianças e mulheres, freqüentemente, escolhem rotas mais complexas, de
acordo com a atratividade e construções existentes.
A Tabela II.5 relaciona as distâncias médias de deslocamento, segundo o motivo da
viagem e respectivas velocidades, de acordo com a pesquisa realizada em 1992, sobre o
comportamento dos norte-americanos em seus deslocamentos a pé.
Tabela II.5 - Distâncias Médias e Respectivas Velocidades Percorridas pelos
Pedestres Norte-Americanos Segundo o Motivo da Viagem
Motivo
Divisão
(%)
Distância Média
da Viagem a Pé
(m)
Tempo de
Viagem
(min.)
Velocidade
(m/seg)
Ir ou retornar do trabalho 5,0 500 8,3 1,0
Assuntos de trabalho 6,4 1000 15 1,1
Compras 9,2 300 10,1 0,5
Com familiares / assuntos
pessoais
5,3 300 7,7 0,7
Escola / igreja 32 600 10,6 1,0
Médico / dentista 5,6 1000 19,4 0,9
Recreação 0,5 1000 19,8 1,0
Visita a amigos / parentes 3,4 160 7,2 0,3
Encontro social / lazer 17 800 11,8 1,1
Outros 15 800 12,5 1,1
Total 100
Fonte: NJDOT (1999)
Conforme DAAMAN & HOGENDOORN (2005) e RONALD (2007), a velocidade de
deslocamento de caminhada é afetada pelas características:
do pedestre: idade, gênero e condições físicas;
da viagem: propósito, familiaridade com a rota, distância e transporte de carga;
da rota: largura, declividade, pavimentação, abrigos e proteções, atratividade,
densidade de pedestres, iluminação, atrasos nas travessias, entre outros;
do meio-ambiente: condições climáticas.
Para o cálculo da velocidade média efetiva de caminhada, o método indicado pelo TRB
(2000) no HCM -Highway Capacity Manual, baseia-se na razão entre o comprimento
37
total do percurso e o tempo para a realização do deslocamento, incluindo o tempo de
parada para aguardo de formação de brechas ou do tempo de verde para travessias.
A velocidade média de caminhadas pode variar entre 0,8 m/s a 1,8m/s (2,9 km/h a 6,5
km/h). Um homem saudável caminha a média de 1,2 m/s (4,3 km/h), enquanto um idoso
se locomove entre 0,9 m/s a 1,0m/s (3,2 km/h a 3,6 km/h) (SFDT, 1999).
Segundo o TRB (2000), a proporção de idosos no fluxo de pedestres afeta a velocidade
média e o nível de serviço da caminhada. Numa proporção entre 0 a 20% de idosos,
pode-se considerar uma velocidade de 1,2 m/s; para proporções entre 20 e 30%, 1,0 m/s.
Caso haja incremento no percentual de idosos, diminuir 0,1 m/s na velocidade média de
caminhada a cada 10% acrescido.
PRINZ (1980) apud GONDIM (2001) apresenta na Tabela II.6 as distâncias máximas
que os pedestres estão dispostos a caminhar de acordo com o tipo de atividade.
Tabela II.6 - Distância Máxima para Equipamentos Urbanos no Planejamento de
Rotas de Pedestres
Destino Distância Máxima (m)
Jardim infantil e escola primária 600
Escola secundária 1000
Compras diárias 600
Compras semanais 1000
Instalações para a terceira idade 600
Garagens de transporte público 600
Estação 1000
Campo de jogos 500 a 1000
Instalações esportivas na cidade 1000 a 1500
Local de trabalho 1000 a 1500
Fonte: PRINZ (1980) apud GONDIM (2001)
A aceitação das distâncias de caminhada depende das condições geográficas, climáticas
e do padrão de uso do solo. As distâncias de viagens a pé também são influenciadas pela
condição do tempo, hora do dia e propósito da viagem. Em estudos norte-americanos,
verifica-se uma maior disposição para longas caminhadas quando seu propósito é
recreativo ou esportivo (GDOT, 2003).
No caso brasileiro, este perfil é alterado, pois segundo dados da ANTP relativos ao ano
2.000, 44% das viagens nas Regiões Metropolitanas foram pelo modo a pé. Constata-se
38
que uma grande parcela da população desloca-se a pé, principalmente os mais pobres, o
que limita o seu raio alcance físico dos equipamentos sociais e oportunidades de
trabalho, ficando restrito à sua capacidade diária de caminhada (MCIDADES, 2006a,
ITRANS, 2004).
Jovens e crianças com hábitos regulares de andar atingem uma maior consciência de
segurança de tráfego, adquirem maior segurança em si, reduzem o risco de engordarem
(sobrepeso), além de logicamente, não contribuírem com o aumento de viagens
motorizadas (KERR et al., 2007).
Tabela II.7 – Tendências Gerais Predominantes de Comportamento de Pedestres
Tendência Características Exemplos
Menor
Dispêndio de
Energia
(Conveniência)
Preferência por trajetos mais
curtos
Preferência por ações mais fáceis,
convenientes e menos cansativas
Procura do menor esforço e
maior benefício
Não utilização de passarelas
(preferência de rampas às escadas)
Travessia fora da faixa ou na diagonal
Trajetória
retilínea, menor
distância
Andar em linha reta para o ponto
de destino
Pouca tolerância a acréscimos de
percurso
Permanência na trajetória
evitando sair dela
Não utilização de passarela
Travessia de pista em diagonal
Atravessar canteiros mesmo que não
existam caminhos
Vetor de
Direção
Desloca-se preferencialmente na
direção da linha reta imaginária,
que liga a origem ao destino do
deslocamento
Caminhar junto ao meio-fio, quando o
foco de interesse está no outro lado da
rua
Numa bifurcação, optar por aquela
que leva na direção do destino
desejado
Movimento
Contínuo
Pouca tolerância à espera
Desejo de manter em movimento
no sentido do destino
Andar ao longo da via, atravessando
fora da faixa de pedestres quando
surge uma oportunidade
Desobediência à sinalização
semafórica
Comportamento
e Reflexos
Condicionados
Repetir ou desenvolver ações
habituais de maneira autômata
Desatenção
Tomar erroneamente uma direção
oposta em local habitual
Observância de
Continuidade
Seguir elementos contínuos ou
mesmo ritmados no sentido do
deslocamento
Preferência por pisos contínuos e
regulares
Andar na pista de veículos e ciclovias
dado à continuidade e ao piso
Preferência por espaços livres de
obstáculos
Observância de
Elementos
Referenciais
Utilização de marcos na
paisagem para se locomover e se
orientar
Usar edificações, placas de
sinalização, espaços abertos, árvores,
entre outros, como referência
Fonte: MAGALHÃES et al. (2004), adaptado
39
Estudos comportamentais revelam tendências gerais referentes à dimensão do andar
como meio de transporte, relacionadas às atividades dos pedestres e ao objetivo da
caminhada. Segundo MAGALHÃES et al. (2004), a Tabela II.7 procura descrever as
tendências comportamentais dos pedestres e a Tabela II.8 correlaciona o propósito da
caminhada com os comportamentos, estímulos externos e expectativas ambientais.
Tabela II.8 – Propósitos da Viagem a Pé, Características Comportamentais e
Ambientais
Atitude Objetivo
Característica do
Comportamento
Suscetibilidade a
Estímulos
Externos
Expectativas
Ambientais
Pressa
Sair de um
ponto e
chegar a
outro o
mais rápido
possível
Andar acelerado
Pouca cortesia
com as pessoas
que
compartilham o
mesmo espaço
Olhar fixo à
frente
Pouca
percepção do
entorno
Percebe apenas
os elementos à
frente
Caminho livre de
obstáculos
Piso regular
Ambiente
previsível
Isolamento
introspecção
Refletir e
dedicar
atenção a si
Olhar desatento
Andar lento
Atitude
reflexiva
Desconexão
com o ambiente
Decréscimo da
importância do
ambiente de
acordo com a
capacidade de
concentração
Lugares calmos
Interação
convivência
Encontrar
pessoas,
socializar-
se
Intimidade com
o ambiente
Olhar amistoso
Pára conversar
Aberto aos
estímulos do
ambiente,
percebendo o
seu entorno
Concentração de
pessoas
Possibilidade de
contatos e
surpresas
Exercício
condicionamento
físico/recreação
Exercitar-
se e relaxar
Marcha rápida
ou corrida
Olhar voltado
para frente
Aberto aos
estímulos do
ambiente,
percebendo o
seu entorno
Espaço agradável,
arejado,
iluminado e
arborizado
Boa pavimentação
Alerta
reconhecimento
Conhecer
ou
reconhecer
o ambiente
Olhar atento
Sem foco
definido (ver
tudo)
Aberto a
acontecimentos,
nada escapa a
sua percepção
Busca de
referências
Possibilidade de
melhorar o
ambiente
Fonte: MAGALHÃES et al. (2004), adaptado
A analise das tabelas II.7 e II.8 permite perceber a importância de se conhecer as
características e propósitos dos usuários que utilizaram os espaços públicos para a
adequada elaboração de projetos urbanísticos, o que possibilita adaptá-los às
expectativas de seus usuários.
40
II.6. Áreas Urbanas Propícias aos Deslocamentos a Pé
A opção individual de realizar os deslocamentos a é influenciada por diferentes
fatores, agrupados por AMANCIO & SANCHES (2005) em quatro dimensões:
características do indivíduo, do meio físico urbano, das viagens e do modo de
transporte. SCOVINO (2008) aprofunda-se na identificação das variáveis de cada
dimensão, conforme Tabela II.9 e apresenta na Figura II.3 o diagrama de
relacionamento destas dimensões na escolha pelo modo a pé.
Figura II.3 - Diagrama de Relação entre as Dimensões que Influenciam o Modo a Pé
Fonte: SCOVINO (2008)
Tabela II.9 – Variáveis das Dimensões Intervenientes na Escolha pelo Modo a Pé
Dimensão Variáveis
Característica de
Indivíduo
Gênero Disponibilidade de automóvel
Idade Nº de pessoas na família
Renda Lugar de residência
Ocupação Estilo de vida Fatores culturais
Meio físico
urbano
Densidade de ocupação
Diversidade do uso do solo
Desenho das vias
Viagens
Modo Velocidade Período do dia
Distância Motivo
Transporte
Acessibilidade Tempo Confiabilidade
Freqüência Custo Comunicação
Conforto Segurança Informação
Oferta Conveniência Tipo de veículo
Fonte: SCOVINO (2008)
41
A qualidade do ambiente propício ao pedestre é um dos fatores importantes a ser
considerado em projetos de revitalização urbana. O indivíduo, ao optar por realizar seus
deslocamentos através de caminhadas, pondera se a via possui atributos que atendam a
seus interesses e necessidades.
Enquanto os motoristas podem controlar o clima, o ruído e a poluição do ar através dos
equipamentos disponíveis em seus automóveis, os pedestres apenas conseguem se
adaptar às condições urbanas de circulação eles oferecidas (SARKAR, 2003).
De acordo com NUNES (1991), os caminhos escolhidos pelos pedestres são
influenciados por componentes como eficiência, custo, tempo, menor esforço, qualidade
estética, entre outros. Ainda ressalta que os caminhantes possuem diferentes maneiras
de perceber a cidade. Em função das baixas velocidades, os pedestres têm mais
consciência dos lugares, sendo capazes de usar suas potencialidades sensoriais,
aumentando a complexidade de informações do meio ambiente, ao poder parar e
observar detalhadamente, utilizando as diferentes modalidades sensoriais.
Para o sucesso dos projetos destinados à melhoria das condições do modo a pé, é
essencial reconhecer as necessidades dos pedestres. A abordagem adotada deverá ser
simultaneamente, de longo alcance e flexível para todos os elementos e características
facilitadoras da caminhada (GDOT, 2003).
A lógica do movimento em grande parte é resultado do nível de apreensão e
entendimento que os indivíduos possuem da estrutura física do ambiente urbano e da
distribuição espacial das atividades, conferindo à rede urbana um importante elemento
de influência dos movimentos e na localização das atividades (SILVA & LARA, 2006).
Conforme GONDIM (2001), a rede de calçadas segue atrelada a de veículos na
organização espacial da cidade, o que forma as quadras, ou acompanha os recursos
naturais como: cursos d’água (rios, lagoas) e encostas. Esta configuração faz com que o
sistema de pedestre seja interrompido pelo tráfego motorizado a cada interseção. A
autora destaca ainda, a capacidade dos pedestres em sobrepor as dificuldades
encontradas em seu trajeto, e considera positivamente a maleabilidade da circulação
perante outras modalidades de transporte.
42
A heterogeneidade dos pedestres dificulta descrever um simples tipo de usuário, cujas
características passa refletir todo o ambiente propício ao modo a pé. A vulnerabilidade e
a falta de mobilidade devem ser consideradas com cuidado, conforme se observa na
Figura II.2.
Segundo ALAYO (2002), o uso do solo, a rede viária e as características do meio
urbano são fatores que influenciam no fomento do modo a pé. O uso misto do solo e
maiores densidades são determinantes aos pedestres. Uma rede viária densa oferece
maior conectividade e, conseqüentemente, maiores opções de rotas. Dentro de um raio
de 800 m pode-se chegar a 50 km de rotas a pé. As características do meio urbano
influenciam onde e como as pessoas caminham. Rotas confortáveis podem encorajar
mais viagens a pé, com o vencimento de maiores distâncias. Muitos fatores são
incluídos nesta categoria, como a qualidade do meio ambiente, tratamento paisagístico e
a percepção de segurança.
Conforme o DETR (2000), quando se pensa na melhoria do acesso das pessoas às suas
rotas de caminhada, no que se refere às calçadas, travessias e acesso ao transporte
público, devem-se considerar todos os tipos de pedestres que irão utilizá-los, o que
inclui:
Cadeirantes e usuários de algum suporte auxiliar para o andar, como muletas;
Cegos e surdos;
Pessoas empurrando carrinhos;
Todos os outros tipos, com sua diversidade de idades e habilidades.
Nas áreas urbanas, a circulação de pessoas deve ser feita de forma segregada em relação
aos veículos, de modo protegê-las de atropelamentos. Existem situações em que
pedestres e veículos motorizados compartilham o mesmo piso, como travessia de vias,
acesso a garagens, o que caracteriza um potencial perigo de acidentes.
Segundo UKDT (2003), o planejamento adequado, políticas de uso do solo e o
desenvolvimento de atividades econômicas que podem favorecer e incrementar o modo
a pé, a partir das seguintes estratégias:
Incentivos à melhoria do comércio local;
43
Conservar na área central os prédios blicos, como postos de saúde, hospitais,
serviços públicos, instalações governamentais, propiciando acessibilidade aos
deslocamentos a pé a ao transporte público;
Os novos projetos de lojas e escritórios deverão prever suas entradas principais
voltadas diretamente para a rua e evitar grandes estacionamentos com longos
caminhos a percorrer até chegar às edificações;
Novas áreas residenciais deverão prever uma boa estrutura comercial, que atenda às
necessidades diárias de seus moradores (escola, farmácia, banco, lojas, padarias,
entre outros), de modo que se desloquem a pé.
Alguns tipos de uso do solo são potencialmente geradores de fluxo de pedestres e
devem ser interligados através de calçadas (ITE, 1998, NJDOT, 1999), tais como:
Áreas residenciais
Escolas
Áreas comerciais
Área Central de Bairro
Estações e terminais de transportes públicos
Pontos Turísticos
Tabela II.10 – Estratégias de Abordagem para o Fomento de Modo a
Uso do Solo e
Transportes
Larga diversidade de uso do solo (comércio, escritórios, serviços,
entretenimento, serviços públicos), dentro de uma mesma região
Bons serviços de transporte públicos oferecidos aos moradores
Oferta de estacionamento e estímulo que se estacione e percorra a
região a pé
As novas áreas urbanizadas devem prefigurar a rede viária em forma
de grelha, com calçadas em ambos os lados, evitando-se cul-de-sac
Alta densidade de uso de solo, principalmente em áreas de integração
de transportes
Infra-estrutura
para pedestres
Previsão de uma boa mobilidade em toda a rede
Controle de velocidade veicular
Em áreas com alta densidade de pedestres, a velocidade do tráfego
deverá ser determinada pelos pedestres, ou que proporcione uma
separação segura entre eles
Poder Público
Deve haver uma estratégia clara e articulada, com dados atualizados
para o fomento do modo a pé
Previsão de cursos de atualização dos técnicos, cujo interesse volta-se
às necessidades do pedestre
Pesquisas junto aos pedestres a aos especialistas para retorno das
necessidades e melhorias na infra-estrutura do modo a pé
Fonte: LTNZ (2005)
44
A Tabela II.10 apresenta algumas outras questões que produzem impactos positivos no
modo a pé para obtenção das melhores rotas para pedestres.
O estudo de LEE & MOUDON (2006) demonstra uma significativa diferença
comportamental dos pedestres quando se compara um destino isolado e uma
aglomeração de atividades, sendo possível associar o agrupamento de atividades à
caminhada.
A seguir, são desenvolvidas diferentes abordagens que envolvem as áreas urbanas
fomentadoras do modo a pé. Iniciam-se com as características qualitativas destas áreas,
os fatores que influenciam o ato de caminhar, os componentes da rede viária destinados
aos pedestres, os acidentes, as travessias, e, finalmente, é citados algumas propostas
para análise qualitativa dos espaços urbanos, como via para de deslocamento a pé.
II.6.1. Características que Influenciam as Áreas Fomentadoras do Modo a Pé
A percepção de conforto dos pedestres pode variar culturalmente e socialmente. Estudos
de escolha de rotas apoiadas no meio ambiente mostram preferência por rotas em
ambiente qualificado (SARKAR, 2003).
A rede para pedestre deve apresentar os requisitos básicos e permitir a circulação
confortável a todos que desejam caminhar, em qualquer condição sica. Citando
BARTON (1995) apud GONDIM (2001): “a facilidade e a qualificação das rotas são
fatores significativos e determinantes na opção pelo hábito de caminhar, devendo o
sistema de rotas de um bairro irradiar de um centro, por linhas de percurso em que não
haja pontos de intimidação ou de riscos, em direção aos locais de serviços, compras e
atividades de lazer”.
RAMSAY (1995) apud GONDIM (2001) afirma que em áreas consolidadas, em que se
deseja constituir sistema de rotas contínuas para pedestres, é preciso verificar a
existência de vias adaptáveis a um circuito de circulação a pé. Para tanto, lista os
requisitos básicos para propiciar capacidade e fluidez, tanto para o transporte
motorizado quanto para o não motorizado:
Disponibilidade: o sistema dever ser acessível a todos os usuários;
Facilidade: as rotas e superfícies não devem apresentar barreiras para nenhum
grupo significativo;
45
Segurança: o sistema deve estar adequado para a utilização dos pedestres, na
perspectiva de segurança quanto ao tráfego e quanto a sua própria pessoa;
Economia: os pedestres devem ser resguardados de congestionamentos e atrasos
devido à falta de capacidade do passeio ou à obstrução por veículos;
Conforto: os usuários devem ser protegidos de condições penosas ou climáticas,
sempre que possível;
Amenidade: todo esforço possível deve ser realizado no planejamento, design,
construção e gerência para prover ambiental aprazível.
O LTNZ (2005) aponta cinco elementos básicos conhecidos com os 5C, que devem ser
respeitados na área que se pretende qualificá-la como “caminhável”, obtendo-se assim,
um ambiente urbano considerado propício ao modo a pé, apresentado na Tabela II.11:
Tabela II.11 – Características Incentivadoras ao Modo a Pé – os 5C
Característica
Definição Benefício
Conectividade
Toda a rede, com suas diversas
rotas devem ser interligadas, de
modo propiciar o recobrimento de
toda a área e possibilitar que toda
extensão do deslocamento, da
origem ao destino, possa ser feito a
Pessoas são encorajadas a
caminhar de um ponto a outro
sem maiores obstáculos ou perigo
Convivência
O caminhar deve ser uma atividade
aprazível e possibilitar interação
com outras pessoas, com o meio
ambiente e com os outros modais
de transporte
As rotas para pedestres devem ser
amigáveis, atrativas e receptivas
aos seus usuários
Conspicuidade
As rotas de caminhada e os
espaços públicos convidativos, que
fazem os pedestres se sentirem
seguros ao caminharem
As rotas devem ser iluminadas,
visíveis e vigiadas em toda a sua
extensão, além de bem delimitada
e sinalizada
Conforto
As rotas devem atender às
necessidades de todos os tipos de
pedestres e proporcionar boas
ligações com o transporte público
Uma boa qualidade de passeio,
com suporte de projeto
arquitetônico e paisagístico,
previsão de abrigos e áreas de
descanso, traz conforto aos
caminhantes
Conveniência
As rotas de caminhada devem ser
consideradas complementares às
outras modalidades de transportes
Como caminhar é uma escolha
modal, as rotas devem ser
estudadas dentro do planejamento
de transportes, proporcionando a
maior eficiência possível
Fonte: LTNZ (2005)
46
Segundo SARKAR (2003), existem três tipos de conforto: o físico, o psicológico e o
fisiológico, que se inter-relacionam. A satisfação completa depende destes três
componentes. O conforto físico representa o esforço da atividade; o conforto
psicológico liga-se à satisfação mental na utilização do sistema de circulação; enquanto
o conforto fisiológico está associado às condições estressantes impostas à caminhada.
O pedestre necessita ter informações sobre qual a rua que está andando e conhecer o
trajeto a percorrer. Logo, UKDT (2003) considera que uma boa informação é essencial.
Todas as ruas devem ter seu nome sinalizado. Placas de orientação com mapas do tipo
“você está aqui” e a indicação dos pontos principais são muito úteis.
Existem vários fatores que desestimulam o caminhar. O reconhecimento destes fatores é
um importante passo para determinação das necessidades de projetos (GDOT, 2003). A
Tabela II.12a e II.12b, elaborado a partir de LTNZ (2005), apresenta o levantamento
destes fatores, subdivididos em questões ambientais, pessoais e institucionais, os quais
devem ser tratados de forma a serem eliminados ou minimizados, com o objetivo de
melhor qualificar as áreas destinadas aos pedestres.
Tabela II.12a – Questões que Dificultam o Incentivo ao Modo a Pé
Questões Ambientais
Falta de calçada ou calçada com obstáculos
Baixa qualidade da pavimentação
Falta de manutenção da calçada: deficiência de limpeza, com presença de lixo,
detritos e excrementos
Aumento das distâncias devido à existência de barreiras, passarelas e passagens
subterrâneas
Falta de continuidade das rotas
Incerteza de que toda a rota está acessível
Falta de segurança nas travessias
Iluminação insuficiente
Velocidade de tráfego veicular elevada
Falta de áreas de descanso
Poluição sonora e do ar
Ausência de rotas diretas entre a origem e o destino das viagens
Vias fechadas, com tratamento como áreas privativas
Falta de sombreamento de árvores
Ausência de abrigos para proteção climática
Falta de atratividade nas rotas
47
Tabela II.12b – Questões que Dificultam o Incentivo ao Modo a Pé (cont.)
Questões
Pessoais
Escassez de tempo para realização da viagem a pé
Falta de confiança na infra-estrutura disponível para a caminhada
Desconhecimento das rotas e das distâncias de caminhada
Percepção da segurança local, de riscos de furtos e assaltos devido à falta de
vigilância
Percepção a um status social mais elevado em relação à posse de um carro
Percepção de desrespeito dos motoristas frente aos pedestres
Questões Institucionais
Políticas de planejamento e uso do solo que resultam em grandes distâncias de
deslocamento
Prioridade para outros modos de transportes.
Pouca troca de conhecimento e experiência entre os profissionais envolvidos nos
projetos urbanísticos quanto ao favorecimento do modo a pé
Tolerância quanto às obstruções dos passeios
Dificuldade em mensurar o volume de aumento de pedestres, decorrentes das
intervenções a serem executadas
Dificuldade de justificar implantação de novas estruturas destinadas aos
pedestres por critérios econômicos tradicionais
Falta de pesquisas voltadas ao modo a pé
Recursos insuficientes para aplicação nas estruturas destinadas aos pedestres
Fonte: LTNZ (2005)
Existe uma interação entre todos os fatores citados nas tabelas II.11 e II.12. Uma visão
conjunta contribuirá no incremento dos benefícios a serem atingidos.
Conforme o DfL (2004), o Reino Unido considera as questões ligadas à segurança
pessoal como a maior barreira do modo a pé, principalmente ao entardecer e durante a
noite, e destaca três fatores que propiciam a sensação de segurança:
O ambiente deve ser legível. Os pedestres precisam entender o que se passa ao seu
redor e o que há à frente, sentindo-se seguro em prosseguir pelo caminho;
Os pedestres devem ser visíveis a outros (vigilância natural);
Os pedestres necessitam se sentir capazes de escapar ou desviar de um local caso se
sintam em uma situação ameaçadora.
Assim, é importante que as rotas urbanas ofereçam:
Iluminação adequada;
Ampla visibilidade para os pedestres;
A máxima flexibilidade na escolha das rotas;
Boa sinalização.
48
Evitar a existência de locais que possam ser utilizados como esconderijo, como
desalinho das construções e os vãos.
A iluminação do ambiente urbano possui papel relevante para a diminuição de acidentes
com pedestre, visto que, segundo o NJDOT (1999), os faróis dos veículos não possuem
o alcance suficiente para que o motorista, durante o período noturno, detecte um
pedestre atravessando a rua e pare a tempo, principalmente se estiver trafegando com a
velocidade superior a 65 km/h. Assim, é indicado o reforço de iluminação nos seguintes
pontos:
Interseções, locais de mudança de alinhamento e travessias;
Pontos de ônibus, estações ou locais de transferências ou integrações com outros
meios de transporte;
Áreas de grande geração de pedestres;
Estacionamento;
Refúgios (toda a ilha construída);
Qualquer local em que for detectado problema de visibilidade noturna que leve ao
conflito entre pedestres e veículos.
II.6.2. Fatores do Meio Físico Urbano Intervenientes à Caminhada
Segundo ZAMPIERI et al. (2005), existem diversos fatores considerados pelo pedestre
na escolha de seu caminho, que nem sempre é o mais rápido, por exemplo, quando opta
pela passagem de um local mais agradável ou por uma loja de sua preferência. Mas de
todo modo, as características configuracionais do espaço urbano e a qualidade das
calçadas possuem importante peso em sua decisão.
A forma urbana afeta o número de viagens e pode ser um fator atrativo para o modo a
(VTPI, 2007). Isto ocorre conforme as diferentes áreas são conectadas e suas
instalações estruturadas. Entretanto, segundo AMÂNCIO & SANCHES (2005) e LEE
& MOUDON (2006), percebe-se a falta de teorias e o delinear claro de como mensurar
matematicamente os ambientes urbanos e como estes afetam o modo a pé.
Segundo o NJDOT (1999), uma tendência de desenvolvimento do desenho urbano
em padrões de uma rede viária mais compacta e interligada, com incentivo ao comércio
de rua, dentro da vizinhança, de modo a estimular as compras a nestas áreas, pois
oferecem pequenas distâncias de locomoção. São regiões cujo tratamento com
49
moderação de tráfego resolve o problema de segurança em relação aos veículos
motorizados.
Conforme o VTPI (2007), a adoção de projetos com um adequado desenho urbano
podem resultar na mudança do comportamento de motoristas, ciclistas e pedestres,
reduzindo a dominação do tráfego motorizado. Também facilita e assegura o acesso de
pessoas às suas atividades através da caminhada.
Como grande parte das viagens inicia ou terminam em residências, a localização de
novas moradias e ligação ao transporte público através de rotas qualificadas em relação
aos pedestres é particularmente importante. Assim, a prioridade em possuir um veículo
particular poderá ser reduzida, diminuindo a dependência veicular nos deslocamentos.
Apesar das viagens a pé realizadas nas cidades brasileiras possuírem importância na
distribuição da escolha modal, chegando em muitos casos a representar um terço do
total de viagens (SECTRAN, 2005), muitas vezes, o caminhar é inseguro, intranqüilo,
desconfortável. As calçadas são mal estruturadas e mal conservadas e as disputas entre
pedestres, ciclistas, vendedores ambulantes e veículos desestimulam o andar pé
(AMÂNCIO, 2005, MELO, 2005,
CARVALHO, 2006). Algumas pesquisas relacionam
os transportes não motorizados com os fatores de influência na decisão de realização de
deslocamentos no modo a pé.
Segundo AMÂNCIO (2005), pesquisas sugerem que a presença de características no
ambiente físico da cidade está diretamente relacionada a um aumento no número de
viagens. Variáveis que relacionam o uso do solo, densidade urbana e o desenho das vias
conseguem avaliar a acessibilidade de um bairro.
A Síntaxe Espacial (SILVA & LARA, 2006), apresenta-se como método de análise
topológica entre os espaços. Considerado bastante difundido e de simples aplicação,
permite o estabelecimento de correlações entre os movimentos dos pedestres e o arranjo
espacial (ZAMPIERI et al., 2005).
ZAMPIERI et al. (2005) atribuem à parte edificada do sistema urbano como atratores de
pessoas. A configuração deste sistema pode afetar o movimento das pessoas, logo o
fluxo de pedestre é influenciado pela parte edificada (atividades) e pelo sistema
configuracional do espaço.
50
LEE & MOUDON (2006) encontraram a maior significância que correlaciona a forma
urbana e o uso do solo à caminhada, os fatores de destino (tipo de atividade), distância,
densidade e rota.
Conforme a pesquisa, KERR et al. (2007), a forma urbana afeta o comportamento dos
adolescentes e crianças, em relação ao caminhar, da mesma forma que os adultos. Morar
em locais amigáveis ao modo a pé, com espaços destinados à recreação e uma boa rede
de rotas e densidade de interseções, é incentivador para que os jovens desenvolvam o
hábito de caminhar. Isto contradiz alguns estudos que defendem locais providos de cul-
de-sacs como área para práticas de atividades recreativas.
O estudo também aponta uma associação positiva entre o numero de viagens a e a
população de baixa renda. A falta de acesso ao carro particular cria a necessidade da
realização dos deslocamentos a pé, sendo estas áreas potencialmente beneficiadas pelos
projetos fomentadores do modo a pé, oferecendo acesso ao comércio e às outras
instalações existentes.
AMÂNCIO (2005) agrupou as variáveis que caracterizam a forma urbana em 5
categorias: densidade urbana, qualidade dos espaços para pedestres, diversidade de uso
do solo, desenho das vias e disponibilidade de transporte coletivo. Não se observou
pesquisa em relação à variável renda (áreas favelizadas).
Densidade Urbana
Locais de alta densidade populacional estão associados à maior concentração de
atividades residenciais e comerciais, o que possibilita a realização de viagens a para
acesso das atividades diárias. Medidas de densidades mais utilizadas:
Densidade Populacional Bruta relação entre o número de habitantes e a área total
da região em estudo. Medida em habitantes/ha;
Densidade Populacional Liquida - relação entre o número de habitantes e a área
edificada da região em estudo; isto é, excluem-se as áreas de vias, parques e áreas
não edificáveis. Medida em habitantes/ha;
Densidade Residencial - relação entre o número de residências e a área ocupada para
uso residencial na região em estudo. Medida em residências/ha;
Densidade de Ocupação - relação entre a área construída e a área da região em
estudo. Medida adimensional.
51
Qualidade dos Espaços para Pedestres
% de quadras com calçadas;
% de quadras com arborização;
% de quadras com iluminação e a distância média entre postes de iluminação;
% de interseções com semáforos e com semáforos para pedestres;
Largura média das calçadas;
Declividade média das vias.
Diversidade de Uso do Solo
Índice de Entropia avalia o equilíbrio na distribuição de áreas construídas nas
diferentes categorias de uso do solo em uma determinada região e pode-se verificar
o espalhamento da diversidade de uso do solo. O índice de entropia varia entre 0 e 1.
Zero significa a homogeneidade, com apenas um tipo de uso do solo e 1 representa a
heterogeneidade, a área de estudo é ocupada por percentuais iguais de todos os usos
considerados. O índice de entropia para um setor dentro da área de estudo é obtido
através da relação entre o somatório das parcelas de área construída ocupada por
cada tipo de uso de solo no setor e o número de categorias de uso do solo
consideradas.
Desenho das Vias
Permeabilidade para pedestres;
- Índice de permeabilidade para pedestres em função da distância de viagem no
bairro ou setor obtido através da relação entre a distância direta, em linha reta,
entre a origem e o destino da viagem e a distância real (caminho mais curto) a
origem e o destino da viagem no bairro ou setor. O índice varia entre 0 e 1, onde
1 representa o ambiente perfeitamente adequado ao pedestre, possibilitando a
realização da viagem na menor distância possível.
- Índice de permeabilidade para pedestres em função do tempo de viagem – obtido
através da relação entre o tempo gasto de caminhada tomado como base o
caminho mais curto da origem ao destino e o tempo de caminhada em linha reta
entre a origem e o destino. Esta variável incorpora os tempos de espera dos
pedestres nos cruzamentos ao longo do percurso.
52
Tamanho médio das quadras - quadras de comprimento entre 100 e 200 m são
consideradas padrão, distâncias menores são promotoras de caminhadas e
apresentam melhor conectividade das vias;
Densidade de quadras relação entre o número de quadras por unidade de áreas (ha
ou km
2
);
% de cul-de-sac;
Número de quadras/ha;
Densidade de interseções - relação entre o número interseções por unidade de áreas
(ha ou km
2
), quanto maior o índice, melhor é a conectividade;
Densidade de vias relação entre o comprimento médio linear das vias por unidade
de área (ha ou km
2
), quanto mais alto o valor melhor é a conectividade;
% interseções em cruz;
% interseções em T;
Padrão do Sistema Viário relação entre o mero de interseções em cruz e o
número total de interseções. O índice varia de 0 a 1, e quanto mais se aproximar de
1, mais a configuração do sistema viário se aproxima do padrão grelha;
Número de interseções / km de vias;
Declive médio das vias;
Largura média das vias;
% da área da zona ocupada pelo sistema viário;
Número de segmentos de via / número de interseções;
% de interseções conectadas relação entre o número de interseções de vias pelo
número total de interseções de vias mais o número de cul-de-sac. Quanto maior o
percentual, maior a conectividade. Valores superiores a 70% representam um
sistema com boa conectividade.
Disponibilidade de Transporte Coletivo
Freqüência – número de viagens por dia de cada linha que serve à zona, desde que a
linha possua mais do que um ponto de parada no interior da zona;
Cobertura relação entre o número de pontos de paradas de ônibus de cada linha
que serve à zona (incluindo os que margeiam a zona) e a área da zona;
Capacidade é o número de lugares afetados por linha de ônibus, multiplicado pela
distância percorrida na zona em relação à população total da zona;
53
Locais que favoreçam as caminhadas e que existe a presença de transporte público
mostram uma redução de usuários de transporte individual motorizado em até 8% nas
viagens diárias, em cada residência (HOLTZCLAW, 1994 apud AMÂNCIO, 2005).
AMANCIO & SANCHES (2005) apresentam análise da influência das características
da forma urbana sobre a opção pelo modo a pé, em comparação com o uso do
automóvel nas cidades brasileiras de médio porte.
FONTES et al. (2006a) compararam os atributos físicos urbanos, como conexões, usos
do solo, topografia, segurança, largura da via, tipo e distância de travessia, volume de
tráfego; com as zonas de maior número de acidentes na Cidade de Braga, Portugal, e
verificaram a correlação direta entre os quatro últimos atributos e os atropelamentos.
II.6.3. Componentes Viários do Modo a Pé
As pessoas reinavam sobre a rua. Ao chegarem os “novos sujeitos urbanos”, providos
por veículos tracionados por animais ou por motores, ocorreu a ocupação das laterais
das ruas pelo ato de caminhar, levando a uma necessidade generalizada de construção
de calçadas em todas as cidades ditas modernas (JUNQUEIRA FILHO, 2005).
RIDGWAY (2007) destaca a importância da melhoria da padronização dos desenhos
viários que atendam às necessidades dos caminhantes em seus deslocamentos, tornando
as cidades mais amigáveis aos pedestres.
O espaço de circulação de pessoas, veículos e animais são definidos como via pelo CTB
(BRASIL MIN. JUSTIÇA, 1997) e é composto pela pista de rolamento, calçada,
acostamento, ilha e canteiro central. GONDIM (2001) inclui também os
estacionamentos e as ciclovias.
Calçadas
Segundo o LTNZ (2005), a calçada é a parte via ou do espaço público destinado aos
pedestres. Bons desenhos de calçadas encorajam o caminhar e reduz o risco de acidente.
As calçadas são caracterizadas pelo espaço entre o meio-fio e a divisa frontal dos lotes
ou edificações (testadas) e devem conter, sempre que possível, quatro áreas distintas,
conforme apresenta a Tabela II.13 e Figura II.4:
54
Tabela II.13 – Zonas de Usos das Calçadas
Área Definição
Meio-fio
É a área de transição entre a pista de rolamento e a área de serviço e
oferece distância para abertura das portas dos veículos
Define o limite do ambiente do pedestre
Previne que a água da pista corra para a calçada
Detém os veículos
Proporciona uma acuidade tátil aos pedestres
Produz diferença de nível entre a pista e a calçada
Área de
Serviço
Destinado à instalação de postes, colunas, tampões, parquímetros,
entre outros
Utilizado para arborização e paisagismo
Cria e proteção separação entre o tráfego motorizado e os pedestres
Reduz o impacto que a passagem de veículos provoca nos pedestres
Passeio
Local destinado à locomoção dos pedestres
Deve estar sempre livre de obstáculos, tanto horizontais como
verticais
Testada
ou
Fachada
Área entre o passeio e a divisa do terreno (ou parte frontal da
edificação)
Oferece distância mínima entre as paredes, muros e cercas
Área reservada ao acesso das edificações, instalação de vitrines,
protegendo os pedestres da movimentação de entrada e saída das
propriedades ou de pessoas apreciando vitrines
Quando conveniente e com largura suficiente, pode ser utilizado para
extensão das atividades realizadas dentro das edificações (exemplo:
mesas de cafeteria)
Fonte: LTNZ (2005) e ITE (2006)
Meio-fio
Área de Serviço
Passeio
Testada ou
fachada
Figura II.4 – Zonas da calçada segundo
Fonte: LTNZ (2005)
Pista
Testada do terreno
55
Nas calçadas, além da circulação de pessoas, há a instalação do mobiliário urbano,
como: sinalização vertical, vegetação, entre outros fins. Os acessos de veículos
motorizados às garagens normalmente são feitos pelas calçadas, também são utilizadas
para carga e descarga e área de embarque, desembarque e espera pelos passageiros de
transportes coletivos, como ônibus, táxis e vans.
Similar ao apresentado na Figura II.4, MELO (2005) divide a calçada em passeio e faixa
utilitária, e nesta última é incluída a faixa de serviço. A parte da calçada destinada à
circulação de pedestres é definida como passeio. A faixa utilitária deve receber o
mobiliário urbano posicionado no mínimo a 0,50m do meio-fio, formando uma faixa
livre denominada como faixa de serviço.
A faixa de serviço, desimpedida, facilita o acesso dos pedestres à calçada, o embarque e
desembarque na parada e estacionamento de veículos junto ao meio-fio e se destina a
faixa de utilização do subsolo para passagem de dutos de distribuição de redes de
fiação.
O mobiliário urbano é constituído por artefatos implantados no espaço público da
cidade, de natureza utilitária ou de interesse urbanístico, paisagístico, simbólico ou
cultural (IBAM, 1996), como bancas de jornal, telefones públicos, abrigos de ônibus,
lixeiras, suporte para placas de sinalização, totens, bicicletários, postes, entre outros
(IPP, 2007) e deve ser instalado na faixa utilitária da calçada.
Os pedestres tendem a manter certa distância dos obstáculos existentes em uma calçada.
A Figura II.5, retirada do TRB (2000), representa uma calçada com diversos exemplos
de interferências e obstruções que diminuem a largura efetiva de passeio.
56
Figura II.5 – Largura Total da Calçada e Largura do Passeio.
Fonte: TRB (2000)
Para estudos de capacidade, o TRB (2000) adota para calçadas um conceito similar ao
nível de serviço empregado para a classificação das vias. No caso das calçadas, são
avaliadas as condições do pedestre de escolher a própria velocidade de caminhar, sua
facilidade de ultrapassagem e de evitar conflitos com outros pedestres.
Tabela II.14 – Critério para Determinação do Nível de Serviço Segundo o Fluxo
Médio de Pedestres para Calçadas
NS Ocupação (m
2
/p)
Fluxo (p/min/m)
Velocidade (m/s)
V/C
A > 5,6 16 >1,3 0,21
B >3,7-5,6 >16-23 >1,27-1,30 >0,21-0,31
C >2,2-3,7 >23-33 >1,22-1,27 >0,31-0,44
D >1,4-2,2 >33-49 >1,14-1,22 >0,44-0,65
E >0,75-1,4 >49-75 >0,75-1,14 >0,65-1,0
F 0,75 variável 0,75 variável
Fonte: TRB (2000)
A Tabela II.14 apresenta os níveis de serviço de acordo com o espaço ocupado por
pedestre, o fluxo e a velocidade de caminhada e a taxa entre o volume e a capacidade
(V/C). Segundo o TRB (2000), a capacidade máxima de uma calçada é de 75 p/min/m e
o fluxo deve ser medido segundo a largura efetiva do passeio, conforme apresentado na
Figura II.5.
Largura total da calçada
Largura do
passeio
Árvore
Canteiro
Parede Edificação
Divisa do terreno
Vitrine
Meio
-
fio
57
Conforme GONDIM (2001), a altura do meio-fio oferece diferentes faixas de conforto,
apresentado a Tabela II.15, e é importante para a inserção de rampas de acesso para
portadores de deficiência. Deve ter declividade máxima de 8%, ABNT (1997).
Tabela II.15: Padrões Recomendados para Desnível da Calçada
Desnível da Calçada (m)
Padrão de Conforto
0,10 Mínimo recomendável
0,125 a 0,13 Ideal
0,15 Máximo recomendável
0,18 Máximo admissível
Fonte: GONDIM (2001)
Quando restrições de alguma natureza no sistema de rotas, o projeto deve buscar o
equilíbrio entre os elementos idealizados para a calçada. O ITE (2006) recomenda que
se liste de uma forma ordenada os elementos, de acordo com a priorização de projeto, o
que auxiliará no alcance dos objetivos pretendidos. Os elementos ou seções típicas de
projeto poderão ser escolhidos ou desenvolvidos para as condições ótimas, para situação
predominante, para funções mínimas e mínimo absoluto.
Segundo o ITE (2006), em condições de restrição, pode ser tentador diminuir a largura
do passeio para menos de 1,50 m. Arborização e mobiliário urbano são elementos
importantes e devem ser acomodados na zona de serviço, sem invadir a zona de passeio.
A Tabela II.16, baseada nos manuais de PRINZ (1980) e TRB (1994) apud GONDIM
(2001), apresenta as larguras mínimas de calçadas por utilização.
Tabela II.16 - Medidas Mínimas das Faixas de Utilização das Calçadas para
Garantia do Conforto da Circulação de Pedestres
Faixa de Utilização das Calçadas Largura Mínima
Faixa de passeio para passagem simultânea de dois pedestres 1,50 m
Faixa de mobiliário urbano para a colocação de árvores e postes 0,75 m
Faixa de distanciamento das edificações 0,45 m
Faixa de mobiliário urbano com lixeiras e telefones públicos 1,00 m
Faixa de mobiliário urbano com pontos de ônibus sem abrigos 2,00 m
Faixa de mobiliário urbano com pontos de ônibus com abrigos 2,90 m
Faixa para acomodação de baia de ônibus 3,00 m
Fonte: GONDIM (2001)
58
A Tabela II.17 traz as recomendações de larguras mínimas por zonas da calçada
segundo o ITE (2006). Verifica-se que estas são mais confortáveis que as do NJDOT
(1999).
Tabela II.17 - Larguras Mínimas Recomendadas das Zonas das Calçadas
Zonas da Calçada Dimensão Mínima (m)
Área Residencial
Meio-fio + área de serviço 0,90
Passeio 1,50
Testada 0,30
Mínimo Total da Calçada 2,70
Área Comercial
Meio-fio + área de serviço 1,20
Passeio 1,80
Testada 0,60
Mínimo Total da Calçada 3,50
Fonte: ITE (2006)
Pode-se acrescentar à Tabela II.16, de acordo com MELO (2005), a faixa de serviço
recomenda de 0,50 metros, distância entre o meio-fio e o mobiliário urbano.
GONDIM (2001) no desenvolvimento de sua pesquisa, apoiada em legislações urbanas
de diversas capitais brasileiras, recomenda, através da Tabela II.18, as larguras mínimas
de calçadas de acordo com a hierarquização viária:
Tabela II.18 - Medidas Mínimas Recomendadas para Calçadas
Elementos da Infra-Estrutura Largura Mínima
Calçada em via local 2,70 m
Calçada em via 3,95 m
Calçada em via 4,85 m
Calçada em via 7,85 m
Canteiro central sem permissão para retorno de veículos 2,50 m
Canteiro central em via litorânea sem permissão para
retorno de veículos
2,80 m
Canteiro central com permissão para retorno de veículos
de pequeno porte
5,00 m
Fonte: GONDIM (2001)
Quanto aos pontos de ônibus, estes podem se apresentar como parada simples ou em
baia, construída avançando 3,0 m no alinhamento das calçadas, em um comprimento
que pode variar entre 45,0 m a 57,0 m, de modo a facilitar as manobras dos ônibus e que
parem fora da faixa de tráfego. A calçada capaz de receber baia de ônibus deve ter no
59
mínimo 5,5 m de largura; e para instalação de ponto de ônibus, deve ter no mínimo 2,0
m de largura. Se houver abrigo, é recomendado acréscimo de mais 0,90 m além da
largura do abrigo para a passagem de pedestres (GONDIM, 2001).
Em interseções semaforizadas, quanto aos trechos de esquina das calçadas, o TRB
(2000) destaca dois usos distintos que deverão ser acomodados: os pedestres que
chegam e aguardam o seu tempo de verde para realizar a travessia, e os que estão
atravessando a pista e necessitam continuar seus trajetos. A área de esquina deverá ter
seu espaço suficiente para atender todas as demandas dos pedestres, inclusive espaço
para construção das rampas de pedestres.
Rampas e Degraus
Utilizados em locais de grande declividade. Devem ser projetados para vencer pequenas
distâncias. Podem representar uma barreira para os pedestres devido ao esforço
adicional requerido, e cria risco para aqueles com a visão prejudicada. Entretanto, em
certas circunstâncias, as rampas e degraus são as únicas opções para vencer grandes
mudanças de níveis.
Rampas fornecem uma melhor acessibilidade, pois é favorável a todos os tipos de
pedestres. Mas, existem casos, que tecnicamente, devido a limitações impostas, é
possível vencer o desnível através de degraus.
Entradas de Veículos
Conforme o ITE (1998), são locais, ao longo das calçadas, destinados ao acesso de
veículos aos lotes. Possuem o meio-fio rebaixado. São consideradas áreas de risco para
os pedestres, pois, apesar de serem áreas de calçadas, são compartilhadas com veículos
e freqüentemente não possuem uma pavimentação diferenciada, não chamando a
atenção dos pedestres da possível movimentação veicular no local. Crianças, devido à
baixa estatura, são as mais vulneráveis.
Faixas Compartilhadas
Segundo o LTNZ (2005) é possível criar boas soluções de compartilhamento entre
pedestres e ciclistas quando o volume de ambos são relativamente baixo. Sua vantagem
é o custo mais baixo de implantação e ocupação de uma área menor.
60
Rampas nas Travessias de Pedestres
É a parte rampeada da calçada que tem a função de levar os pedestres ao mesmo nível
da pista de rolamento (LTNZ, 2005). Inicialmente, idealizado para facilitar a locomoção
de cadeirantes, as rampas de pedestres têm se demonstrado de grande benefício para
toda a população nas áreas de travessias (NJDOT, 1999).
Implementos Facilitadores da Travessia de Pedestres
Estes elementos são largamente encontrados nos manuais internacionais (ITE, 1998,
MARC, 1998, SFDT, 1999, NJDOT, 1999, FHWA, 2000, DfL, 2004, LTNZ 2005),
cuja principal função é auxiliar a travessia, sendo importante ferramenta do direito de
acesso universal. São exemplificados por:
Refúgios: ilhas alongadas de pequenas dimensões construídas entre as pistas de
rolamento, propiciando travessia em duas etapas;
Canteiro central: construído ao longo da pista de rolamento, possibilita a realização
da travessia em duas etapas;
Alargamento de calçadas: área estendida da calçada, que se projeta ao limite da área
do estacionamento, proporcionando um estreitamento na via e conseqüente
diminuição da extensão da travessia;
Platô: elevação da seção da pista de rolamento na altura do meio-fio, o que obriga
ao motorista a reduzir sua velocidade e permiti uma travessia mais confortável dos
pedestres. São geralmente instaladas em vias locais, mas em algumas situações,
também, em vias coletoras;
Faixa de pedestre;
Sinalização com botoeira: semáforos com acionamento manual dos pedestres
quando irão realizar suas travessias;
Sinalização semaforizada com fase específica para o pedestre.
O NJDOT (1999) indica a construção de canteiros centrais ou refúgios quando a largura
da travessia for superior a 18m.
O alargamento das calçadas também facilita o acúmulo dos pedestres que aguardam sua
oportunidade de realização da travessia sem atrapalhar aqueles que seguem pela
calçada. Este artifício também pode ser aplicado nos pontos de ônibus, permitindo a
instalação de abrigos sem atrapalhar o fluxo de pedestre.
61
Alguns destes implementos auxiliares à travessia de pedestres são construídos na pista
de rolamento, como é exemplificado pela Figura II.6.
Refúgio
Fonte: SFDT (1999)
Canteiro Central
Fonte: MARC (1998)
Calçadas alargadas
Fonte: FHWA (2000)
Platô
Fonte: LTNZ (2005)
Passeio livre
Fonte: Otsego Concil (2000)
Rampa para pedestre e refúgio
Fonte: Otsego Concil (2000)
Figura II.6 - Principais Implementos Construídos na Pista de Rolamento
Facilitadores da Travessia de Pedestre.
LTNZ (2005) analisou os benefícios e possíveis problemas que estes elementos podem
gerar no sistema viário. A Tabela II.19 apresenta a compilação desta análise.
Canteiro central
62
Tabela II.19 – Potenciais efeitos dos Implementos Facilitadores para Travessia de
Pedestres Construídos na Pista de Rolamento
Implementos Auxiliares para Travessia de Pedestres
Refúgio
Canteiro
Central
Alargamento
de calçadas
Platô
Benefícios
Reduz a distância de travessia X X X
Reduz o tempo de espera para realização da travessia X X
Facilita o julgamento do pedestre quanto à distância de travessia X X X
Separa a travessia por sentido de tráfego X X
Reduz a velocidade veicular X X X
Garante a priorização da travessia dos pedestres X
Reduz o número de movimento veicular conflitante X X
Pedestres tornam-se mais visíveis aos motoristas X X X
Melhora o campo de visão para os pedestres X X X
Cria área de acúmulo de espera para realizar a travessia sem
atrapalhar a passagem de outros pedestres
X X X
Cria um melhor espaço para instalação de rampas de travessia X
Dispõe de área para tratamento paisagístico e/ou instalação de
mobiliário urbano (não deve prejudicar a visibilidade)
X X
Boa visibilidade do elemento aos motoristas X
Cria a possibilidade de construção de retornos X
Barateia a construção de retornos X
Delimita áreas de estacionamento X
Elimina diferenças de níveis nas rotas de pedestres X
Possíveis Problemas
Pode criar falsa sensação de segurança aos pedestres X
Restringe de acesso dos veículos aos lotes X X
Os ciclistas podem ser forçados a trafegarem muito próximos do
fluxo veicular devido ao trecho da via estreitada
X X X
Acúmulo de água (drenagem) X X X X
A área disponível para acúmulo de pedestres ser pequeno X
Risco de acidente se a sinalização não estiver bem visível ao
motorista
X X X
Largura remanescente da pista de rolamento insuficiente ao volume
de tráfego veicular
X X X
Inadequado aos itinerários de ônibus X
Provoca desconforto aos ocupantes dos veículos X
Os pedestres ficam mais vulneráveis junto a retornos X
Velocidade veicular pode tender a aumentar X
Reduz a oferta de estacionamento X
Necessidade de instalação de piso tátil para indicar o ponto de
travessia aos deficientes visuais
X X X X
Produção de ruído devido ao tipo de pavimento X
Pode criar restrição de manobras nos movimentos veiculares X
É aplicável somente em locais onde, efetivamente, o motorista tem
condições de reduzir a velocidade veicular
X
Deficientes visuais podem não perceber que estão em áreas de
travessia
X
Deve ser instalado com um grupo de outros componentes, dentro de
um esquema de tratamento de área
X
63
II.7. Acidentes Envolvendo Pedestres
O pedestre caracteriza-se pela maior vulnerabilidade aos acidentes, agravado pela
flexibilidade de seus trajetos e elevada freqüência de viagens. Entretanto, a Engenharia
de Tráfego despende maior atenção ao veículo, oferecendo baixo índice de prioridade
aos caminhantes, se comparados aos motoristas (FONTES et al., 2006a, ARAUJO,
1999).
Os pedestres se expõem e se sensibilizam aos fatores ambientais, tais como o efeito do
clima, grade, iluminação e riscos associados ao tráfego de veículos e não possuem
ferramentas para controlá-los. Devido às diferenças de velocidade a percepção do meio
ambiente do pedestre é incompatível com a dos motoristas (NUNES, 1991).
Conforme o NJDOT (1999), os acidentes envolvendo os pedestres normalmente
ocorrem devido a problemas de desenho urbano, de controle de tráfego e
comportamento inadequado por parte dos motoristas e/ou dos pedestres. Vias de
maiores velocidades são as mais perigosas aos pedestres.
Pesquisa coordenada pela ANTP Associação Nacional dos Transportes Públicos, no
Hospital das Clínicas, em São Paulo, constatou que 19,2% dos acidentados de trânsito
internados eram oriundos de ato acidental não causado por automóveis, e sim, ao
caminharem pelos passeios públicos, calçadas e lugares de circulação de pedestres e
ciclistas (JUNQUEIRA FILHO, 2005).
O MCIDADES (2004b) atribui aos índices de acidentes de trânsito do Brasil,
considerados como uns dos mais altos do mundo, a incompatibilidade entre o ambiente
construído das cidades, o comportamento dos motoristas e o grande movimento de
pedestres que se deslocam sob condições impróprias e inseguras.
Grande parte destes acidentes ocorre em vias de maior velocidade, com as seguintes
características (ZEGEER, 1998):
Área tipo: áreas urbanas;
Localização tipo: varia conforme a idade, para os mais novos, predominância de
acidentes fora da interseção. Quanto mais aumenta a idade, eleva-se a ocorrência nas
áreas de cruzamento, até atingir uma igualdade, para o grupo etário dos 45 a 65
anos. Já para os idosos, com mais de 65 anos, a maioria dos acidentes se nos
64
cruzamentos, devido suas limitações psicomotoras. Esta situação agrava-se nas
interseções com intenso volume de tráfego;
Velocidade: devido à correlação direta entre a velocidade dos veículos e a distância
necessária de frenagem e a baixa resistência biológica do homem aos impactos,
confirma-se esta relação entre a velocidade e a gravidade dos acidentes.
Altas velocidades é um importante fator na causa da mortalidade de pedestres. Quanto
maior a velocidade, maior a probabilidade da ocorrência de fatalidade. Conforme
mostra a Figura II.7, velocidade veicular de 65 km/h apresenta 85% de probabilidade de
morte, comparada com 50 km/h, que cai para 45% e apenas 5% para a velocidade de
35 km/h.
Figura II.7 – Efeito da velocidade de Colisão na Probabilidade de Morte do Pedestre
Fonte: PASANEN (2002)
FONTES et al. (2006a) citam a idade, a ingestão de álcool e o descuido do pedestre ou
do motorista como importantes fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes
que envolvam pedestres. A maioria dos acidentes ocorre de manhã cedo, no final da
tarde e princípio da noite, sendo que no período da noite são mais mortais.
Idosos e jovens possuem risco maior de sofrerem acidentes, sobretudo se tiverem mais
de 75 anos ou menos de 4 anos de idade; pois, os mais novos não estão totalmente
formados física e psiquicamente para se protegerem de alguns riscos, e os mais velhos
já não possuem as capacidades psicomotoras e reflexivas desejáveis (DfL, 2004).
Segundo GDOT (2003), estudos norte-americanos comprovam o declínio do número de
mortes de pedestres em acidentes de trânsito naquele país (de 17% em 1975 para 11%
Velocidade de Colisão (Km/h)
Probabilidad
e de Morte
65
em 2000). Esta diminuição do percentual de mortes de pedestres é atribuída à
implantação de projetos baseados em um bom desenho urbano e que focam a melhoria
da segurança.
A identificação das áreas onde ocorrem os maiores números de atropelamentos é
considerada pelo GDOT (2003) como ponto de partida para prover segurança aos
pedestres, e devem ser priorizadas. Estas áreas podem ser mapeadas e analisadas
utilizando diversas tecnologias, inclusive sistemas de informação geográficas (GIS).
Estudo de Atropelamentos no Estado da Flórida, EUA
Segundo pesquisa referente a atropelamentos, realizada no Estado da Florida em 1992,
EUA, foram descritas as principais formas de atropelamentos e respectivos percentuais
(NJDOT, 1999):
Ocorrido no meio do quarteirão, na primeira metade da travessia. O pedestre surge
repentinamente, não possibilitando tempo de reação do motorista (24%);
Idem ao anterior, mas o atropelamento ocorre na segunda metade da travessia
(10%);
Ocorrido no meio do quarteirão, o pedestre se lança na pista para realizar a
travessia. Não havia maiores problemas de visibilidade do motorista (8%);
Ocorrido na interseção. O pedestre surge repentinamente, não possibilitando tempo
de reação do motorista (13%);
Atropelamento ocorre durante giros na interseção ou mudança de faixa de fluxo. O
motorista atento às manobras não percebe o pedestre, que vem por uma direção
diferente (4%);
Atropelamento ocorre durante giros na interseção, mas não há relato mais detalhado
(5%);
Atropelamento em pista de múltiplas faixas. Motoristas das faixas anteriores param
para o pedestre atravessar, mas ele fica encoberto pelos veículos parados,
impedindo a visibilidade do motorista da faixa mais distante, que não percebe a sua
presença e o atropela (3%);
Parada de ônibus: pedestre atravessa na frente do ônibus, que o encobre, não
possibilitando a visão do motorista que o atropela (2%);
66
Caminhão de vendas estacionado na rua. Os próprios compradores são atropelados,
pois são encobertos pelo caminhão ou se lançam para atravessar sem maiores
cuidados (2%);
Atropelamento de pessoas que estão socorrendo na via um carro quebrado (1%);
Acidente entre veículos que acaba atingindo o pedestre (3%);
Pedestres andando próximo ao meio-fio, na pista de rolamento (1%);
Outros (23%).
Alguns tipos comuns de atropelamentos em áreas urbanas apresentados pelo NJDOT
(1999) são exemplificados na Figura II.8.
Figura II.8 - Esquematização da Ocorrência dos Tipos de Atropelamentos mais Comuns
Fonte: NJDOT (1999)
Estudo de Atropelamentos na Cidade de Madrid, Espanha
Em 2005 foi realizado pelo Instituto MAPFRE (2005), em Madrid, Espanha, um amplo
estudo sobre acidentes envolvendo pedestres na zona urbana da cidade. Seu objetivo foi
Travessia por múltiplas faixas de
Travessia no meio do quarteirão, en
tre
Travessia na frente do ônibus parado no
Travessia em interseções com giros
Correr para atravessar na
Pedestres andando na pista de
67
conhecer as situações do envolvimento do pedestre, o motivo e as principais vias em
que ocorreram as colisões.
Pesquisaram-se as percepções, tanto do pedestre como a do condutor quanto aos:
Elementos da via: rotas para pedestres, calçadas, localização dos estacionamentos
impedindo a visibilidade, falta de elementos auxiliares à travessia, mobiliário
urbano, velocidade de tráfego, falta de semáforos, tempos semafóricos e sinalização;
Comportamento do pedestre: travessia fora da faixa, em desacordo com o tempo
semafórico, atravessar na frente ou atrás de ônibus, atravessar confiando no sinal
sem verificar se os carros pararam, não olhar para os dois lados da travessia, e
confiar no passo de outro pedestre para a realização da travessia;
Comportamento do condutor: estacionamento sobre a calçada, estacionamentos
irregulares, como fila dupla ou nas linhas de desejo de atravessamento dos
pedestres, direção desatenta, desrespeito aos pedestres, velocidade excessiva e
avanço de sinal.
As conclusões do estudo indicaram que do total de mortes decorrentes de acidente de
tráfego, 38% eram pedestres. Que as infrações mais comuns são a de não utilização das
faixas de pedestres para realização das travessias e o desrespeito aos limites de
velocidade por parte dos motoristas.
Os elementos associados aos atropelamentos em Madrid foram: a existência de
semáforos sem a fase específica para pedestres, os pontos de parada de ônibus, na
proximidade dos acessos ao Metrô e acessos às garagens. A pesquisa confirmou que as
percepções dos condutores e pedestres, quanto à periculosidade do entorno urbano são
muito próximas das análises estatísticas dos acidentes, mas que os motoristas possuem
uma consciência desta periculosidade maior do que os pedestres.
Logo, o MAPFRE (2005) recomenda que, ao desenhar as rotas para pedestres, é
necessário considerar determinados fatores críticos, como a largura da via, a velocidade
média do tráfego e adotar nos itinerários, elementos que diminuam a periculosidade
para os pedestres.
Para elaboração de projetos viários com base no tratamento de acidentes envolvendo
pedestres, RIDGWAY (2007) sugere que sejam desenvolvidos em quatro etapas,
conforme adotado na Cidade de São Francisco, CA, EUA:
68
a. Levantamento dos locais onde os atropelamentos são mais freqüentes;
b. Preparo do diagrama de colisão detalhado, iniciando por locais identificados com os
maiores números de atropelamento;
c. Visita ao local por grupo de técnicos formado por engenheiro de tráfego, de
manutenção de planejamento e policial;
d. Preparo de relatório com justificativas da causa de acidente e o tratamento que a
área vem recebendo e proposta de solução para a implantação.
II.8. As Travessias para Pedestres
Os pedestres, em seus trajetos, se deparam com a necessidade atravessar vias. Estas
travessias podem ser em nível ou desnível, por passarelas ou passagens subterrâneas.
Estas últimas proporcionam a segregação entre pedestres e veículos, mas trazem o
aumento de percurso e, como são construídas em rampas ou escadas, dificultam o uso
por pessoas de reduzidas capacidades motoras (FONTES, 2005). Entretanto, as
travessias em nível expõem os pedestres a maiores riscos de acidentes.
Conforme MÂCEDO & SORATINI (2006), as travessias em nível podem ser
localizadas em interseções com algum tipo de controle de tráfego, como semáforos ou
sinalização tipo “PARE”, em interseções sem nenhum tipo de controle ou entre
interseções (no meio de quadras).
A análise das travessias localizadas em interseção possui maior complexidade devido os
diversos fluxos e movimentos veiculares e de pedestres. Pode ser ainda mais
complicada se não houver controle semafórico, pois envolve a capacidade de
julgamento e aceitação pelos pedestres das brechas formadas no fluxo veicular (TRB,
2000), além da inserção do fluxo de pedestres que está finalizando a travessia junto aos
que estão caminhando pela calçada.
MACEDO & SORATINI (2006) levantaram alguns critérios para implantação de
travessias regidas por demarcações de faixa ou por semáforos. Dentre os trabalhos
pesquisados, destacam-se o desenvolvido nos EUA por ZEGEER & CHAPEL, citado
pelo Institute of Transportation Engineers – ITE em 2001, conforme o Gráfico II.1.
69
As curvas contidas no Gráfico II.1 definem a necessidade de instalação de faixas de
pedestres sem utilização de controle semafórico, em interseções ou entre quadras, a
partir de volumes médios de pedestres que atravessam a via nas 4 horas de pico, o
volume médio diário, o tipo de pedestres, características da via. De acordo como o
referido estudo, o local também deve atender os seguintes critérios:
Velocidade limite da via de 70km/h;
Distância de visibilidade adequada;
Iluminação da faixa adequada;
Mínima sinalização conflitante com a atenção dos motoristas;
Extensão mínima da quadra de 180m para faixas entre interseções.
Gráfico II.1 - Diretrizes para Instalação de Faixas para Pedestres em Interseções
ou no Meio da Quadra, Sem Nenhum Tipo de Controle de Tráfego.
Fonte: MACEDO & SORATINI (2006), adaptado de ITE (2001)
MACEDO & SORATINI (2006) também apontam a metodologia de MUTCD
Manual on Uniform Traffic Control Devices for Canada, publicado pela Transportation
Association of Canada em 1988, que se baseia em 5 etapas de trabalho:
Cálculo do número de pedestres adultos equivalentes – EAU (Equivalent Adult
Units), onde o número de crianças e portadores dificuldade de locomoção possui
peso 2 e o de idosos peso 1,5.
Levantamento do número de oportunidades de atravessamento dos pedestres por
hora (brechas seguras entre veículos).
Ajustamento do EAU em função da população da cidade.
-------- locais com predominância
de pedestres jovens, idosos ou
portadores de necessidades
especiais.
_____ outros locais
70
Seleção do dispositivo para o controle do tráfego, conforme Gráfico II. 2.
Análise histórica dos locais em estudo em relação aos acidentes.
Número de Pedestres por Hora (EAU)
População da cidade (habitantes)
Semáforo para
Pedestre
Menor
10.000
10.000 a
250.000
Acima
250.000
55 55 60
35 35 40
Travessia Especial
15 15 20
0
60 90 120
Nº de brechas entre Veículos / Hora
Gráfico II.2 - Seleção do Dispositivo para Pedestres Segundo Volume de
Pedestres e Brechas de Atravessamento.
Fonte: MACEDO & SORATINI (2006), adaptado de MUTDC (1988)
O Gráfico II.2 aponta o tipo de travessia a ser adotada, de acordo com os critérios da
metodologia canadense. As travessias especiais são aquelas que vão receber um
tratamento diferenciado que engloba materiais de pavimentação de diferentes cores ou
texturas, sinalização luminosa de alerta, etc.
Conforme o TRB (2000), o pedestre possui pequena tolerância de espera para a
formação de brecha e tende a assumir riscos para a realização de travessia em interseção
não semaforizada. A Tabela II.20 relaciona o NS da travessia de acordo com o tempo
médio de espera do pedestre e a probabilidade do mesmo assumir um comportamento
de risco.
Tabela II.20 - Nível de Serviço de Travessia não Semaforizada
NS Tempo Médio Espera /
Pedestre
Probabilidade de Comportamento de
Risco
A < 5
Baixo
B 5 –10
C >10 –20
Moderado
D > 20 - 30
E > 30 – 45 Alto
F > 45 Muito Alto
Fonte: TRB (2000)
71
Em relação a semáforos para pedestres entre interseções, o MUTDC recomenda sua
instalação, conforme Tabela II.21.
Tabela II.21 – Critérios Recomendados para Instalação de Travessia Semaforizada
Operação da Via
Volume Médio para as 8 horas de Maior Movimento Veicular
Atravessamentos (p/hora) Veículos/hora
Fluxo Livre 120 290
Fluxo Interrompido
240 575
Fonte: MACEDO & SORATINI (2006), adaptado de MUTDC (1988)
No Brasil, o Manual de Semáforos do DENATRAN (1984) recomenda a instalação de
semáforos para travessia de pedestres de acordo com o volume de pedestres e de
veículos, cujos critérios são apresentados na a Tabela II.22.
Tabela II.22 – Critérios Recomendados para Instalação de Travessia de Pedestres
Semaforizada
Operação da Via
Volume Veicular Total
(veic/h)
Volume Atravessamento
(Pedestres/h)
Mão única 1000 250
Mão dupla sem canteiro central
ou com canteiro < 1,0 m
600 250
Mão dupla com canteiro central
> 1,0 m
1000 250
Fonte: DENATRAN (1984)
O NJDOT (1999) não indica a instalação de travessias semaforizadas entre interseções
com distâncias inferiores a 120 metros das esquinas. Em casos específicos, onde é
detectado um comportamento de pedestres em que esta distância não é atendida, antes
de adotar o controle da travessia por semáforo, o manual recomenda verificar se a
adoção de algum tipo de redutor de velocidade veicular no trecho propiciará uma
travessia segura para o local.
II.9. Acesso dos Pedestres ao Transporte Público
Segundo o GDOT (2003), a melhoria e expansão do acesso ao transporte público são
complementares e promovem o modo a pé. Boas paradas de ônibus e agradáveis
caminhadas até o acesso às estações, onde as pessoas se sintam confortáveis, seguras e
informadas, facilitam a escolha por estes modais para vencerem maiores distâncias.
72
Os pontos de parada são chamados por CARVALHO (2005) de “pontos-chaves” que
garantem o acesso à cadeia de transporte e os deslocamentos contínuos. GDOT (2003)
sugere critérios que contribuem para a melhoria dos pontos de parada:
Oferecer calçadas adequadas e adaptadas ao desenho de acessibilidade universal,
com no mínimo 1,50 m de largura de passeio. Conforme a Tabela II.16, as larguras
mínimas devem estar entre 2,0 m e 2,90 m se possuírem mobiliário urbano, com ou
sem abrigo e 3,0 m com baia para ônibus;
Ser instalado em áreas seguras, abertas, convidativas, iluminadas e de fácil acesso;
As travessias próximas devem ser sinalizadas e controladas de acordo com as
condições de tráfego, permitindo o acesso seguro e sem grandes esperas;
Oferecer nas calçadas área de espera para os passageiros separada da circulação, de
modo a não obstruir as rotas dos pedestres;
Pontos próximos às estações de trem ou terminais devem ser visíveis, de forma que
os pedestres percebam claramente a rota a seguir;
A área adjacente aos pontos deve estar livre de obstáculos;
Os abrigos devem permitir aos motoristas a total visibilidade dos passageiros;
Os passageiros, no ponto de parada, devem ter a visibilidade da via e serem visíveis
para aumentar a sensação de segurança;
A pavimentação deve ter boa manutenção e texturas para facilitar o entendimento
dos usuários;
Posicionar estrategicamente os pontos de parada, de forma minimizar as travessias e
as distâncias a serem percorridas, principalmente em área de integração modal;
Atentar para possíveis conflitos na instalação de baias de ônibus com o modal
cicloviário.
CARVALHO (2005) aponta a necessidade de construção de baias em vias expressas e
de alta velocidade e dotar o ponto de parada de informações sobre as linhas de ônibus
que param no local e outras pertinentes aos usuários.
A coordenação entre agências de transporte público, órgãos de trânsito, planejadores de
transporte e urbanistas é essencial para o desenvolvimento de projetos adequados, que
facilite o acesso dos pedestres ao transporte público.
73
II.10. Análise da Qualidade dos Espaços Urbanos
Segundo AGUIAR (2003), encontra-se na literatura diversos trabalhos que procuram
descrever qualitativamente ou quantitativamente os espaços públicos destinados aos
pedestres. Foram desenvolvidas diferentes metodologias que visam compreender e
analisar estas questões. Em sua dissertação, AGUIAR (2003) selecionou cinco dessas
metodologias e procurou avaliar sua adequação, aplicabilidade e adaptação à realidade
das cidades brasileiras. Para tanto, buscou métodos com maior facilidade de utilização,
baixos custos e menores impedimentos técnicos. A seguir, de forma sumaria, são
descritas, por autor, as cinco metodologias:
FRUIN (1971) desenvolveu procedimento de avaliação de projetos de espaços
destinados aos pedestres com base no conceito de capacidade. A partir de
fotografias, eram avaliadas as concentrações de pessoas trafegando e as restrições de
velocidade. Os níveis de serviços NS (“A” a F”) foram estabelecidos de acordo
com a área oferecida por pedestre, sendo “A” > 3,25 m
2
/p e “F”< 0,46 m
2
/ped.
MORI & TSUKAGUCHI (1987) aplicaram dois tipos de pesquisas no Japão, uma
em áreas centrais de cidades com tráfego de pedestre elevado, utilizando indicadores
de densidade de pedestres e largura de calçadas; e a outra, em áreas de concentração
mais baixa, que avaliou o comportamento e a percepção dos caminhantes.
Utilizaram fotografias para a primeira etapa, obtendo-se uma relação entre fluxo e
velocidade de pedestre. Quanto à segunda, consideraram as características físicas
das calçadas, como: largura total da via e das calçadas, largura efetiva e tipo de
separação da calçada em relação à caixa de rolamento, taxa de obstáculos e de verde
das calçadas, fluxos de veículos e pedestres e o número de veículos estacionados na
via. Chegou a um modelo de avaliação global de calçada em função da largura
efetiva, taxa de verde e tipo de calçada.
KHISTY (1995) elaborou metodologia de avaliação de forma qualitativa dos
espaços destinados a pedestres através da aplicação de critérios de atratividade
(sensações de prazer, satisfação e interesse provocado pelo meio ambiente),
conforto (proteção contra intempéries, condições de superfície, limpeza, odor,
barulho, vibração, densidade de pessoas), continuidade e conectividade do
sistema, conveniência (caminhos não sinuosos, pouca declividade, rebaixo no
74
meio-fio, sinalização de indicação e mapas de atividades), segurança (fatores que
induzem os conflitos entre pedestres e veículos, com separação no tempo e espaço),
seguridade (visão sem obstrução, boa iluminação, vigilância, presença de outros
pedestres e nível de atividades da rua) e coerência do sistema (imagem mental e
seletividade que auxiliam a percepção e entendimento do tempo e espaço),
denominadas como Medidas de Desempenho (MD).
SARKAR (1995) apresentou um método cujo objetivo é tornar as calçadas e
interseções urbanas mais seguras para os grupos considerados vulneráveis (idosos,
crianças e pessoas com dificuldades de locomoção). O método baseia-se em duas
avaliações distintas, utilizando os NS “A” a F”. A primeira avaliação considera a
segurança em relação à separação entre as modalidades de tráfego (pedestres,
bicicletas, transporte coletivo e automóveis). Para a segunda avaliação foram
desenvolvidos os seguintes critérios:
Eliminação dos conflitos e obstáculos nas calçadas e nas interseções;
Verificação dos elementos visuais psicológicos utilizados para a modificação
do comportamento de motoristas e ciclistas que visem à segurança dos
pedestres;
Eliminação da possibilidade de queda dos pedestres;
Princípios de planejamento e projetos que melhorem a seguridade.
DIXON (1996) sugeriu uma proposta de escala de pontos para a avaliação dos NS
dos espaços destinados a pedestres, conforme os seguintes critérios:
Infra-estrutura disponível
- Infra-estrutura de calçadas dominante calçadas contínuas em ambos os
lados ou em um lado, descontínuas ou inexistentes;
- Calçadas livres de obstáculos, com largura efetiva mínima de 1,53m ou
maior que 1,53m;
- Calçada isolada da via ou alternativa paralela à via.
Conflitos entre pedestres e veículos motorizados
- Menos que 22 entradas de veículos a cada 1,61km, considerando as vias
transversais e acessos de veículos;
- Atraso nos sinais com tempo menor que 40 segundos;
- Dispositivo de redução de conflitos com pedestres nas conversões;
- Largura dos cruzamentos inferior a 18,30 metros;
75
- Velocidade veicular limitada a 56 km/h;
- Existência de canteiro central ao longo da via.
Amenidades ao longo da via
- Faixa ajardinada junto à guia com largura 1 metro;
- Iluminação adequada a pedestres e bancos junto a centros de comércio,
escolas, pontos de ônibus, etc.;
- Arborização para sombreamento.
Manutenção, no que se referem à qualidade do pavimento, em termos de
existência de fissuras, remendos, ondulações, buracos, raízes de árvores,
excesso de vegetação, água empoçada, etc.
Acessibilidade ao transporte coletivo: existência de calçadas em ambos os
lados do ponto de ônibus.
FERREIRA & SANCHES (1998): são autores brasileiros que propuseram uma
metodologia que caracteriza o NS das calçadas considerando os aspectos ambientais
obtidos através de indicadores de qualidade determinados pela percepção dos
pedestres, tais como: atratividade visual (atributos visuais), conforto (piso que
facilita a movimentação de pedestres), continuidade (trechos de calçadas sem
interrupções e larguras adequadas para o fluxo de pedestres), segurança (grau de
conflito entre pedestres e veículos) e seguridade (grau de vulnerabilidade dos
pedestres a assaltos e violências).
AGUIAR (2003), após aplicar as cinco metodologias em estudo de caso na Cidade de
São Luis – MA, concluiu que:
A aplicação dos diferentes procedimentos foi realizada sem grandes dificuldades;
Apesar das diferenças entre procedimentos e da definição dos indicadores de
qualidade, a avaliação foi praticamente a mesma na área de estudo;
A análise individual dos indicadores foi capaz de apontar os problemas enfrentados
pelos pedestres;
A metodologia considerada a mais completa foi a de KHISTY (1995), mas a mais
simples de aplicar foi a de SARKAR (1995).
ARAÚJO (1999) também se preocupa com a aplicabilidade e a adaptação da
metodologia de KHISTY (1995) para a realidade brasileira. Em sua dissertação, utiliza
76
as Medidas de Desempenho - MD e propõe a adaptação desta metodologia para
travessias em cruzamentos semaforizados.
SARKAR (2003) propõe avaliação do conforto proporcionado pelo ambiente urbano,
através de estimação do nível de serviço de “A” a “F”, considerando:
Conforto físico: adequação das calçadas, continuidade das rotas, implementos para
os portadores de necessidades especiais, ausência de obstáculos, tipo de superfície,
áreas de descanso e proteção contra intempéries;
Conforto psicológico: oportunidade de escolha da velocidade desejada,
oportunidade de participação de diferentes tipos de pedestres;
Conforto fisiológico: barulho, poluição.
ZAMPIERI et al. (2005, 2007) também utilizaram o Método de KHISTY para avaliação
das calçadas localizadas na zona central na Cidade de Santa Maria, RS. Foram coletados
os fluxos pedonais e através de mapa digitalizado, montou-se a rede viária, com as
edificações caracterizadas pela área e tipo de uso. Em relação às calçadas, para obter o
nível de serviço, escolheram-se cinco medidas de desempenho (MD) preconizadas por
KHISTY: atratividade, conforto, manutenção, segurança e seguridade. Para a avaliação
das MD utilizou-se aplicação de entrevistas por questionário onde foram comparadas,
duas a duas. As respostas foram analisadas com auxílio de modelos de redes neurais
artificiais de modo satisfatório, segundo os autores. Como conclusão, todas as variáveis
selecionadas apresentaram importância na explicação do fluxo de pedestre, “deixando
claro que tanto a configuração espacial, quanto às condições das calçadas têm relação
direta com o fluxo de pedestre". Também foi possível concluir que as edificações
funcionam de maneira a ampliar o fluxo de pedestre, e que as renovações urbanas que
passam por melhorias das calçadas atraem um maior fluxo de pedestres.
FONTES et al. (2006b) apresentam avaliação das ruas de pedestres implantadas na
cidade paulista de Bauru, com ênfase nos aspectos físicos, funcionais e
comportamentais. O diagnóstico das condições locais apoiou-se no levantamento do uso
do solo (quantidade e tipos de estabelecimento comercial), quantificação do mobiliário
urbano, estado de conservação dos equipamentos e piso, barreiras arquitetônicas aos
portadores de necessidades especiais, poluição visual e pesquisa junto aos usuários para
identificação e priorização dos problemas. Com o resultado das pesquisas, foi possível
77
propor diretrizes de intervenção contributivas à qualidade dos espaços públicos para um
processo de revitalização na área central daquela cidade.
Método de FERREIRA & SANCHES
Na mesma linha de pesquisa, FERREIRA & SANCHES (2001) desenvolveram uma
metodologia para avaliação das calçadas através do IQC - Índice da Qualidade da
Calçada. Foram estabelecidas etapas de trabalho:
a. Avaliação cnica dos espaços com base no IQC: são avaliados os atributos de
segurança, manutenção, largura efetiva, seguridade e atratividade visual. Para
facilitar a pontuação de cada um dos atributos, que pode varia de 1 a 5, sendo 1 o
pior e 5 melhor. Os autores padronizaram os cinco diferentes cenários
correspondentes a cada pontuação e para cada atributo. As calçadas, ao serem
comparadas com os cenários, são avaliadas e pontuadas.
b. Ponderação dos atributos de acordo com a percepção dos usuários (peso de
importância atribuído a cada indicador). O peso foi obtido através de entrevistas a
pedestres na Cidade de São Carlos, SP, onde a metodologia empregada foi:
Manutenção - 0,33
Segurança - 0,21
Seguridade - 0,20
Largura efetiva - 0,17
Atratividade - 0,10
c. Avaliação final do ambiente para pedestres: o nível de serviço foi estabelecido
conforme o valor encontrado do IQC, que é calculado pelo somatório dos pontos dos
atributos avaliados na primeira etapa, multiplicados pelo respectivo fator de
ponderação obtido na segunda etapa. A Tabela II.23 apresenta o nível de serviço
correspondente ao IQC.
Tabela II.23 - Faixas de Índice de Qualidade (IQC) e Nível de Serviço (NS)
IQC Condição NS
5 Excelente A
4,0 a 4,9 Ótimo B
3,0 a 3,9 Bom C
2,0 a 2,9 Regular D
1,0 a 1,9 Ruim E
0,0 a 0,9 Péssimo F
Fonte: FERREIRA & SANCHES (2001)
78
Os resultados apresentados pelo IQC permitem avaliar tecnicamente os atributos
ambientais percebidos pelos pedestres, de acordo com a importância relativa do ponto
de vista do usuário.
Método Australiano
A Austrália utiliza um método específico de avaliação do nível de serviço para o modo
a pé estabelecido pela AUSTROADS. Conforme GALLIN (2001), esse método foi
desenvolvido com a participação abrangente de especialistas e interessados e encontra-
se apurado e testado. Através de uma série de elementos com pesos pré-estabelecidos,
são avaliados e recebem pontos, conforme apresentado nas Tabelas II.24 e II.25. Assim,
é possível calcular o grau de desenvolvimento da infra-estrutura destinada aos pedestres,
de acordo com mobilidade, o conforto e a segurança oferecida. O método baseia-se na
analise de três categorias, denominadas de: Fatores de Desenho, Fatores Locais e os
Fatores dos Usuários. Essas categorias são subdivididas em onze elementos:
Largura Passeio: largura efetiva destinada aos pedestres;
Qualidade da superfície: descreve a qualidade do revestimento do passeio. A
excelência significa um passeio contínuo, liso, mas não escorregadio, resistente, sem
buraco, rachaduras e intrusão de vegetação;
Obstáculos: é medido pelo numero de obstruções existente no passeio;
Travessias: avalia-se o tipo, o número de travessias tratadas e o tempo de atraso.
Inclui os elementos auxiliares de travessia (canteiro, refúgio), travessias sinalizadas,
semaforizadas, passarelas e passagens subterrâneas;
Elementos de suporte: são os elementos que auxiliam o pedestre no seu
deslocamento, como piso tátil, piso com cores contrastantes, rampas de meio-fio,
áreas de descanso, sinalização, entre outros;
Conectividade: A excelência significa calçadas com ligações lógicas, diretas e
acessíveis entre a origem e destino;
Estrutura da calçada: avalia o ambiente da calçada e a de satisfação ao caminhar;
Conflito com veículo: número de conflitos com veículos, incluindo o número de
entradas de garagens e de interseções;
Volume de pedestre: média volumétrica diária de pedestres, contada ou estimada;
Passeio com outros usuários: estima o percentual dos vários tipos de grupos que
utilizam o passeio, como ciclistas;
Segurança pessoal: avalia a iluminação e a visibilidade da redondeza.
79
Tabela II.24 – Plano de Avaliação da AUSTROADS para Determinação do NS
para Pedestres
Categoria
Elimina Peso 0 ponto 1 ponto 2 pontos 3 pontos 4 pontos
Fatores
de
Desenho
Largura
Passeio
4
sem
passeio
0-1m 1,1–1,5m 1,6-2,0m > 2,0m
Qualidade
superfície
5
muito ruim ruim razoável bom excelente
Obstáculo 3 > 21/km 11-21/km 5-10/km 1-4/km 0
Travessia
4
nenhum
tratamento
pouco
tratamento
tratamen-
to razoável
maioria
adequa-
das
todas
adequa-
das
Elemento
de suporte
2
não existe poucos razoável bom excelente
Fatores
Locais
Conectivi-
dade
4
não existe ruim razoável boa excelente
Estrutura
da calçada 2
não existe 0-1m com
pouca
estrutura
1,0-2,0m
estrutura
razoável
2,0-3,0m
boa
estrutura
3,0m
local
prazeroso
Conflito
com
veículo
3
> 25
pontos/km
16-25
pontos/km
10-15
pontos/
km
1-10
pontos/
km
sem
conflito
Fatores
dos
Usuários
Volume
pedestre
3
> 350 / dia 226-350 /
dia
151-225 /
dia
81-150 /
dia
< 80 / dia
Passeio
com outros
usuários
4
< 30%
utilizado
por
pedestre
30-49%
utilizado
por
pedestre
50-79%
utilizado
por
pedestre
>80%
utilizado
por
pedestre
apenas
pedestres
Segurança
pessoal
4
insuficien-
te
ruim razoável bom excelente
Fonte: GALLIN (2001)
A pontuação final é obtida, de acordo com a Tabela II.24, pelo somatório de todos os
pontos recebidos de cada elemento multiplicado pelo respectivo peso. Com auxílio da
Tabela II.25 obtêm-se o nível de serviços da infra-estrutura destinada aos pedestres.
Tabela II.25 – Escala de Pontos da AUSTROADS para Determinação do NS para
Pedestres
NS Pontuação Condições da Infra-Estrutura para Pedestres
A > 131 Ideal
B 101-131 Boa
C 69-100 Básica
D 37-68 Pobre
E <37 Insuficiente
Fonte: GALLIN (2001), adaptado
80
Método Português
FONTES et al. (2005b) aplicaram na Cidade de Braga, Portugal, uma metodologia para
avaliação do desenho urbano para os deslocamentos a pé. Os autores buscaram
metodologias na literatura técnico-científico e adaptaram à realidade portuguesa.
Procuraram analisar o ambiente urbano através da avaliação dos elementos físicos e
ambientais.
A avaliação física abrange:
Passeios: adotada a recomendada pelo TRB (2000), com necessidade de construir a
base de dados contendo o fluxo de pedestres, largura da calçada, mobiliário urbano e
tipo de zona;
Esquinas com semáforos: também adotado o recomendado pelo TRB (2000),
avaliado os dados de fluxo de pedestres que realizam a travessia e aqueles que
circulam pelas as esquinas. Os dados necessários além do fluxo de pedestres são
relativas à geometria da zona de travessia e dos tempos semafóricos.
A avaliação ambiental abrange:
Facilidade de travessias: onde são analisados a largura da via, a distância e o tipo
de travessia, e o volume de tráfego de automóvel;
Conexões: onde é analisada a estrutura da rede urbana;
Usos urbanos: considera-se quanto maior a diversificação dos usos, maior a
intensidade urbana, provocando uma maior animação e segurança;
Topografia: considera-se 6% como a declividade máxima recomendada para o
acesso universal, e 8% como limite máximo permitido;
Segurança: avaliado de acordo com a segregação existente entre os pedestres e o
tráfego veicular.
A Tabela II.26 apresenta os indicadores para a avaliação ambiental, de acordo com o
nível de serviço estabelecido por FONTES et al. (2005b):
81
Tabela II.26- Avaliação Ambiental
Nível de Serviço A B C
Pontuação 3 2 1
Largura da Via 1 faixa de tráfego 2 faixas de tráfego 3 faixas de tráfego
Distância entre
travessias
< 100 m 100 m a 200 m > 200 m
Tipo de travessia Superfície Subterrânea Passarela
Hierarquia Viária Local Coletora Arterial
Conexões < 100 m 100 m a 200 m > 200 m
Usos Urbanos misto habitação Sem uso
Topografia < 4% 4 a 8,3 % > 8,3%
Segurança Caminhar por passeio
afastado dos veículos
Caminhar em passeio
junto dos veículos
Andar na via
Fonte: FONTES et al. (2005b)
Com base nas avaliações físicas e ambientais e auxílio de uma ferramenta de sistema de
informações geográficas, o método permite uma visão global das condições oferecidas
pela Cidade de Braga para o caminhar.
II.11. Avaliação da Demanda para o Modo a Pé
Caracterizar e estimar o volume de pedestres em determinada área é importante para
prover o local de uma infra-estrutura adequada. Áreas residenciais, comerciais, com
concentração de escritórios e serviços, centros turísticos, estabelecimentos educacionais
ou integração modal são caracterizados por gerarem grande número de viagens a
(DETR, 2000). Também é importante ser capaz de estimar a demanda latente, que
poderá acrescentar o número de viagens a após modificações ambientais, do uso do
solo ou de remoções de barreiras para o pedestre (LTNZ, 2005).
O planejamento e os projetos urbanos devem apoiar-se em dados locais, capazes de
identificar os problemas, prever a demanda e priorizar as áreas de intervenção. Os dados
primários de pesquisa são classificados pelo BTS (2000) como:
Caracterização dos usuários e motivo de viagem;
Pesquisas comportamentais, como preferências, necessidades e atividades;
Pesquisas de caracterização dos usuários e motivação de viagens;
Características da infra-estrutura viária, sobre tudo, a destinada aos pedestres;
Dados de acidentes;
Gastos com projeto (orçamentos) e financiamentos.
82
Segundo SRINIVAS et al. (2006), a geração de viagens de pedestres é definida pelo
número de viagens geradas devido às atividades relativas aos pedestres, e são
produzidas ou atraídas dependendo da proximidade e características do uso do solo.
Devido à flexibilidade e o dinamismo dos movimentos dos pedestres, pesquisas que
envolvem o modo a são muito mais complexas do que as realizadas com veículos
motorizados. Mesmo em países como os EUA, não um sistema para estimativa de
pedestres em áreas abrangentes (GREENE-ROESEL et al., 2007).
GREENE-ROESEL et al. (2007) abordam três formas de estimar o volume de pedestres
em grandes áreas: por modo direto, através de amostragens realizadas em segmentos de
rotas, obtida por observação direta; por pesquisas, que são capazes de detalhar
características e preferências das viagens e dos pedestres; e por métodos de modelagem,
que se calibrados e testados, são ferramentas poderosas na estimativa do volume de
pedestres. A Tabela II.27 apresenta vantagens e desvantagens de cada método, sendo
possível selecioná-lo de acordo com os objetivos, dados disponíveis e amplitude de
estudo.
Tabela II.27 – Comparação entre Abordagens para Estimar o Volume de Pedestres
Método Vantagens Desvantagens
Amostra
Direta
Baseado no real
Todos os tipos de pedestres
devem ser considerados na
amostra
Volumes de pedestres são
específicos
Se bem estruturado, pode ser
aplicado a qualquer área
geográfica
Dificuldade de formular a amostra
Necessários muitos pesquisadores
Não são obtidos dados
demográficos, de atitudes,
informações de distância ou tempo
de percurso
Pesquisa
Podem-se obter dados
demográficos, de viagens
domiciliares, de distâncias e
de tempo de percurso
As pesquisas são adaptáveis
As viagens a pé são
subconsideradas nas pesquisas
As pesquisas são reportadas a
adultos
São custosas devido suas
abrangências
Modelagem
Dinâmica e flexível.
Fornece considerável
quantidade de informações
Baixo custo
Diferentes modelos podem ser
necessários para diferentes áreas
As saídas de dados podem ser
limitadas para o dimensionamento
da demanda de pedestres
Fonte: GREENE-ROESEL et al. (2007)
83
II.11.1. Levantamento de Dados e Pesquisas Relativos ao Modo a Pé
As pesquisas de transporte possuem grande interesse na compreensão das relações
existentes entre o uso do solo, a forma urbana e a escolha de deslocamento,
principalmente quando aplicadas à geração de viagens ao modo a pé (CLIFTON &
KRIZEK, 2004).
Trata-se de uma ampla categoria de dados que procuram responder os questionamentos
relativos a quem viaja, como, onde, quando, com quem e por que; e dimensionados em
volume (fluxo), tempo e área geográfica, e inclui origem e destino, extensão do
deslocamento, modo, número de viagens, rotas, hora do dia e dia da semana; além de
dados sócio-econômicos, como idade, gênero, renda, estrutura familiar e outras
características de vida (BTS, 2000, CLIFTON & KRIZEK, 2004).
Os dados podem ser obtidos de forma agregada ou desagregada, conforme a sua
disponibilidade em censos, pesquisas domiciliares de viagens, outras pesquisas e
estudos locais.
As contagens de pessoas e veículos são aplicadas de forma distintas, em estudos de
tendência de utilização do modal, análise de acidentes, avaliação do nível de serviço,
identificação e priorização de melhorias e calibração dos modelos de demanda. O BTS
(2000) ressalta a inexistência de uma base de dados americana de monitoramento e
promoção do modo a pé, em moldes similares, como é feito, sistematicamente, como os
veículos motorizados.
Dados Censitários
Os dados censitários são disponíveis de forma agregada e largamente aplicados no
planejamento de transporte. Entretanto, para os estudos do modo a pé, o BTS (2000)
destaca suas limitações:
Normalmente, são incluídas apenas viagens de ida e volta do trabalho, o que
representa, na realidade norte-americana, a quarta parte do total dos deslocamentos,
não conseguindo capturar o total das viagens;
Como as viagens a pé o influenciadas por condições climáticas, e as respostas são
relacionadas nos hábitos da semana anterior, elas podem sofrer influências de difícil
detecção;
84
O censo é realizado com a periodicidade decenal, não sendo útil para aplicação em
estudos de tendência de curto período;
O censo não é estruturado para a coleta de dados relativos aos modais não
motorizados.
Pesquisas Metropolitanas Domiciliares de Viagens
Diversas regiões metropolitanas realizam pesquisas domiciliares periódicas, com coleta
de dados sobre origem/destino, tempo, modo, propósito, custo, o que permite o
desenvolvimento e calibração de modelos utilizados no planejamento de transporte,
como escolha modal, previsão do modo a pé, compartilhado com os demais modais. O
BTS (2000) destaca as limitações que estas pesquisas podem sofrer na aplicação de
estudos locais, como:
A pesquisa é realizada com base em extração de uma amostra geral, representativa
de todos os tipos de modais oferecidos na região em estudo. Quando analisado
especificamente o modo a pé, pode resultar em uma amostra tão pequena que não
produzirá uma grandeza amostral estatisticamente significativa para a utilização das
variáveis pesquisadas;
Viagens de propósito recreativo (exercício físico) não são incluídas;
Viagens a pé, particularmente as viagens curtas ou de acesso a outro modal são
comumente sub-consideradas;
Informações de padrão de viagens infantis são limitadas e nem todas as viagens
realizadas são anotadas.
A desconsideração do modo a como meio de integração a outros modais de
transporte é tão evidente, que estudos realizados na Holanda elevou a participação do
modo a pé de 18% a 59% do total das viagens, quando considerado os deslocamentos de
acesso a outros modais (RIETVELD, 2000).
Pesquisas Locais
As pesquisas locais são realizadas por órgãos locais, municipais, metropolitanos ou por
universidades. O escopo e sua abrangência estão limitados ao seu propósito, orçamento
e nível tecnológico disponível. Entretanto, estas pesquisas podem produzir informações
úteis para o planejamento local. Também podem ser aproveitadas em outras áreas,
conforme o estudo; neste caso, é importante que as informações estejam bem
85
especificadas e delimitadas na situação de pesquisa, de modo possibilitar a averiguação
de sua aplicabilidade (BTS, 2000).
Segundo o BTS (2000), a maior barreira da aplicação de pesquisas de previsão de
demanda está nos custos. O desenvolvimento de novas tecnologias de contagem,
utilizando imagens de deo e sensores de infravermelho; de metodologias de pesquisa
com o amostral específico para pedestres; melhoria dos questionários aplicados;
monitoração de viagens através da utilização de tecnologias de sistemas de
posicionamento global (GPS) e os transportes inteligentes (ITS), que são aplicáveis em
pesquisas que abordam os pedestres, podem melhorar o estado da prática para a
previsão de demanda dos pedestres.
SHOVAL (2008) obtém resultados positivos no estudo do fluxo de pedestres utilizando
tecnologia de GPS junto aos turistas da Cidade Velha de Akko, Israel. PARKER &
SCHOFFER (2006) utilizam tecnologia de fotos aéreas digitais e mapas digitais para
estudos de ambientes favoráveis a pedestres na Cidade Illinois, EUA e concluem que o
estudo das variáveis escolhidas por estes instrumentos é de fácil obtenção e produzem
dados acurados.
Pesquisas Relativas a Preferências, Necessidades e Atitudes
São pesquisas desenvolvidas apoiadas em questionários, que procuram estabelecer um
padrão de desejo dos pedestres relativo à infra-estrutura, no que diz respeito à melhoria,
conveniência, segurança e sensações que uma determinada área oferece aos pedestres
em suas caminhadas. São pesquisas que abordam preferências, escolhas e
comportamentos.
Conforme o BTS (2000), existem fortes evidências que as pesquisas de preferências são
transferíveis de uma área para outra, não sendo necessário que sejam realizadas em
todas as cidades e áreas metropolitanas. Ressalta ainda que devido a diferenças sócio-
econômicas, uso do solo e clima, pode ser necessário a realização de calibração.
Implementos de infra-estrutura para pedestres
Os dados de infra-estrutura devem ser geograficamente referenciados, o que inclui a
simples utilização de um mapa até sofisticados softwares de sistemas de informações
geográficas (GIS), capazes de prover uma variedade de análises de dados de natureza
86
geográficas. Estes dados podem descrever e localizar a infra-estrutura disponível, seus
implementos, de forma inventariada. É uma ferramenta importante para o planejamento,
com potencial para identificação das deficiências existentes e priorização dos
melhoramentos. É utilizado nos estudos de acidente e de previsão de demanda.
Pesquisas de Acidentes
Os dados de acidentes são relativos à localização, números e atributos das pessoas e
veículos envolvidos, às características do local, ao tipo de lesão ou fatalidade e a fatores
contributivos. Dados de segurança de tráfego, segurança pessoal e criminalidade são
relevantes às viagens de pedestres.
Conforme SRINIVAS et al. (2006), algumas pesquisas de acidentes com pedestres
avaliam o tempo de caminhada e o número de travessias, como dado de exposição ao
risco. Também se pode relacionar o desenho urbano (tamanho de quadras, continuidade
dos passeios e estacionamentos) e as viagens de pedestres em locais de uso misto de
solo com densidade média.
O termo exposição ao risco aplicado ao pedestre é definido como o índice de contato
dos pedestres ao tráfego veicular com potencial perigo (RAFORD & RAGLAND,
2003). Logo a exposição ao risco se distingue do risco, pois esse é considerado
isoladamente, e o primeiro a relação entre o volume de pedestres, os acidentes e o
volume veicular.
RAFORD & RAGLAND (2003), através da modelagem da sintaxe espacial,
desenvolveram estudos relacionados à exposição de risco considerando as rotas,
densidade populacional censitária, calibração do modelo através de contagens, dados
censitários de empregos. Foram utilizados software com base GIS para os estudos como
TIGER, que fornece os dados de modelagem e da rede viária para os pedestres, e o
SWITRS, que possibilita os estudos relacionados com os acidentes. Os autores
destacaram ainda, a necessidade de introduzir a interação do volume veicular e da
velocidade no incremento à exposição ao risco.
LTNZ (2005) considera que os métodos existentes de previsão de viagens a
apresentam limitação e não produzem robustez suficiente. Apesar desta dificuldade, é
possível desenvolver procedimentos que auxiliem na identificação de áreas
87
potencialmente atrativas aos pedestres, e estimar quais os melhoramentos com
potencialidade de atração de novos usuários.
Para a avaliação da demanda atual, LTNZ (2005) sugere a aplicação de pesquisas
diretas às pessoas circulando em determinada área. As contagens podem ser manuais ou
automáticas, com auxílio de imagens de vídeo ou sensores de infravermelho. Estes
últimos, geralmente são mais dispendiosos, entretanto, com auxílio de um software
específico, é possível obter uma boa quantidade de dados de qualidade e de forma
contínua.
As contagens manuais facilitam captar algumas características do fluxo de pedestre,
como faixa etária, existência de portadores de deficiência, atrasos aceitáveis, observação
de calçadas mais utilizadas e locais preferenciais de travessias, conflitos de pedestres
com outros modais, formação de pelotões, entre outros.
II.11.2. Técnicas de Avaliação da Demanda de Pedestres
Conforme SCHWARTZ (1999), LTNZ (2005), LTNZ (2007) e GREENE-ROESEL et
al. (2007), existem diversas formas de abordagem relativa à avaliação da demanda de
pedestres, atual e futura, caracterizadas a seguir:
Previsão da Demanda Atual de Pedestres
Dados de Acidentes
Descrição: análise de dados para identificação dos locais de acidentes;
Aplicações: útil como primeiro passo no estudo de melhoria das rotas de pedestres;
Benefícios: simplicidade, disponibilidade, bons resultados nos estudos de medidas
de segurança;
Limitações: bancos de dados de baixa qualidade podem não identificar todos os
pontos inseguros.
Planos de Transporte
Descrição: utilização de zoneamento de uso do solo para identificação de áreas
geradoras e atratoras de viagens a pé;
Aplicações: na identificação da origem e destino das viagens a pé;
88
Benefícios: obtêm informações de uso do solo, áreas de crescimento, planos de
desenvolvimento. Identifica os pontos significativos de origem e destino das viagens
a pé;
Limitações: não fornece informações do número de pedestres ou rotas. Pode ter alto
custo dependendo o grau de precisão requerido.
Inventário da Infra-Estrutura
Descrição: identifica a localização da infra-estrutura destinada aos pedestres;
Aplicações: a base inventariada pode ter diversas aplicações. As informações
importantes são úteis para o entendimento da área;
Benefícios: fácil compreensão e carregamento;
Limitações: a coleta e manipulação de dados podem ser custosas. Pode refletir o
antigo volume de pedestres, não o presente. Assume que a infra-estrutura é ofertada
de forma adequada, para suprir as necessidades, não por outras razões.
Pesquisas de Viagens
Descrição: as informações do modo a são obtidas através de pesquisas
conduzidas por planejadores e projetistas de transporte;
Aplicações: refletem os padrões nacionais ou regionais, não os locais;
Benefícios: mínimo custo quando é disponibilizada pelos órgãos competentes.
não é aplicável nos locais onde este tipo de pesquisa não se encontra disponível;
Limitações: Não é capaz de identificar as rotas.
Censo
Descrição: inclui informações de viagens para o trabalho e localização das
residências e postos de trabalho;
Aplicações: obtenção de dados demográficos. Aplicável em mapeamentos;
Benefícios: mínimo custo. Oferece benefícios limitados, mas pode ser aproveitoso
na complementação de outras técnicas;
Limitações: não fornece dados relativos a outras viagens. Não identifica rotas.
Reflete a realidade de apenas um dia. Não inclui os deslocamentos a pé de crianças e
idosos.
89
Previsão da Demanda Futura de Pedestres
Estudo em Condições Similares
Descrição: são realizadas pesquisas antes e depois da implantação de determinada
melhoria e assume-se que o resultado obtido será o mesmo em outras localidades;
Aplicações: são úteis para a monitoração. É necessária a construção de banco de
dados;
Benefícios: simples, de fácil compreensão e aplicação;
Limitações: dificuldade de encontrar locais similares (inclusive condições
ambientais e sociais). Os resultados podem não refletir todas as particularidades
locais. As estimativas podem ser grosseiras.
Comportamento Agregado
Descrição: modelos e equações são desenvolvidos com base no conhecimento das
características observadas da população e do pedestre;
Aplicações: em grandes áreas de estudo, mas pode ter custos elevados quando
comparados a outras técnicas. Aplicável na identificação de fatores que influenciam
a caminhada;
Benefícios: as equações podem ser adaptadas a novas informações;
Limitações: os modelos devem ser validados antes da aplicação. Alguns dados
podem não estar disponíveis. Dados agregados não consideram os valores
individuais. Podem não ser transferível entre diferentes áreas.
Esboço de Projeto
Descrição: o emprego de regressões para a previsão do número de viagens a em
função de fatores físicos, uso do solo e outros indicadores de geração de viagens
(estacionamento, transporte público, entre outros);
Aplicações: bom modo de estimar o potencial de pedestres. Deve ser aplicado com
foco nas viagens a pé;
Benefícios: simples de entender. Boa aplicação quando os dados são existentes ou
de fácil obtenção. Pode ser aplicado em corredores específicos. Boa acuidade
quando aplicado em locais com altas densidades demográficas;
Limitações: algumas questões que afetam o caminhar podem não ser consideradas.
Não considera a demanda latente. Necessária validação para aplicação em locais
específicos. Utilização de dados agregados, não considerando os fatores individuais.
90
Escolha Discreta
Descrição: previsão da decisão individual na escolha do modo a e da rota de
caminhada;
Aplicações: aplicável na maior parte das pesquisas, mas pode ser muito dispendiosa;
Benefícios: com base em dados locais, o resultado pode ser bastante acurado. Bom
para isolar o efeito algum fator específico. Considera as decisões individuais;
Limitações: requer uma extensa quantidade de dados e especialistas em
modelagem. Apresenta dificuldade na transferência entre áreas geográficas
diferenciadas.
Modelagem de Viagens
Descrição: tradicional modelo de quatro etapas;
Aplicações: pode, efetivamente, modelar as viagens a pé. A aplicação em pequenas
áreas e pequenos projetos é muito custosa;
Benefícios: modelo capaz de adaptação. Considerada uma ferramenta poderosa;
Limitações: necessidade de ampla base de dados. Requer a utilização de software
especializado e especialistas de alto grau.
Sintaxe Espacial
Descrição: Avalia através da divisão da rede em segmentos;
Aplicações: em redes urbanas. Apropriado para estimativa de volumes;
Benefícios: Bom detalhamento, razoável acuidade. Necessita de dados limitados.
Pode ser calibrado através de contagem de pedestres;
Limitações: Requer GIS. Deve ser testado.
Micro-simulação
Descrição: modela o comportamento de pedestres em espaços confinados;
Aplicações: interseções ou em vias individuais;
Benefícios: alta acuidade. Detalhado. Permite visualização do fluxo de pedestres;
Limitações: complexo, requer extensa quantidade de dados. Requer software
especializado e especialista.
91
II.11.3. Modelagem
A modelagem procura representar um determinado fenômeno de forma simplificada, de
modo possibilitar a realização de observações e obtenção de conclusões. No caso de
fluxo de pedestre, é necessário entender o mecanismo da escolha das rotas e seu
comportamento na realização das viagens (ANTONINI et al., 2006).
Segundo RONALD (2007), várias abordagens podem ser utilizadas na modelagem do
comportamento do pedestre, desde simples equações matemáticas, que consideram as
atratividades e características das áreas, até complexos modelos matemáticos.
Os movimentos dos pedestres são mais flexíveis devido sua natureza, de significativa
interação com o meio ambiente e com os outros agentes do meio urbano. A tomada de
decisão do pedestre é individual e autômato, por vezes, inconsciente, o que dificulta sua
explicação e mensuração (RONALD, 2007).
Diversas variáveis influenciam a modelagem do complexo comportamento dos
pedestres, como:
Modo de chegada ou saída do nó: transporte público, táxi, auto ou a pé;
Variáveis pessoais: tempo disponível, habilidade ou dificuldades físicas, fadiga,
deficiência, conforto, preparo físico;
Proposição da viagem: trabalho, negócios, compras, lazer, educação, encontros,
exercícios, entre outros;
Rotas: tipo de pavimento, sinalização, proteção às intempéries e sombreamento,
interesses, ambiência, entre outros;
Carregamentos do uso do solo: escritórios, residências, indústrias, lojas, escolas,
cinemas, órgãos públicos, entre outros.
ZAMPIERI et al. (2007) agrupam as principais modelagens de fluxo de pedestres em:
Modelos de simulação: aplicado em situações de confinamento ou emergência.
Baseiam-se na escolha de rotas mínimas. São modelos de alta acuidade e são
capazes de apresentarem informações detalhadas sobre os movimentos dos
pedestres, mas requerem softwares especializados e grande quantidade de dados
(GREENE-ROESEL et al., 2007);
Modelos de base física: carrega uma analogia aos fenômenos físicos de alguns
gases e fluidos. Não consideram as características físicas e comportamentais
92
específicas dos pedestres. Metodologia de difícil aplicação e uso limitado. Pode ser
aplicado em locais de média e alta densidade de pedestres, em estudos que lidam
com a relação entre a velocidade e densidade (ANTONINI et al., 2006);
Modelos de nível de serviço: avaliam a qualidade das calçadas de acordo com a
percepção dos pedestres, o que possibilita projetar e suprir as necessidades dos
caminhantes;
Modelos configuracionais: consideram os fluxos de pedestres como resultado das
relações sociais na utilização do espaço urbano. A sintaxe espacial, que avalia as
características do tecido urbano é um exemplo muito aplicado neste modelo;
Modelos multiagentes: procuram ressaltar a interação entre pessoas, de acordo com
a característica de classes de pedestres. O modelo apresenta dificuldade na validação
dos resultados.
A modelagem dos movimentos dos pedestres, segundo HARNEY (2002), também
podem ser divididas em macroscópica e microscópica. A modelagem macroscópica foca
o sistema como um todo, enquanto a microscópica estuda o comportamento e as
decisões de forma individual e o seu efeito sobre os outros pedestres e sobre o sistema.
Existem algumas modelagens que combinam os dois modelos.
HARNEY (2002) considera as técnicas macroscópicas como clássicas e cita
representantes os modelos de regressão, sintaxe espacial e modelos de simulação.
DESYLLAS et al. (2003) apresentam a modelagem baseada na análise de regressão
múltipla aplicada à Cidade de Londres considerando os seguintes componentes:
capacidade da via, da calçada, uso do solo, configuração da rede viária e acessibilidade
do transporte público.
II.12. Planos e Estratégias para o Desenvolvimento do Modo a Pé
Embora diversas localidades desenvolvam estratégias de melhoria do modo a pé, para a
maioria das cidades este é um terreno recente ou até mesmo inexplorado. Os primeiros
planos adotados datam de cerca de 10 anos. Nos últimos 5 anos, houve grande avanço e
inovações neste sentido (RIDGWAY, 2007).
93
Em muitos casos o planejamento do modo a é desenvolvido em conjunto com o
sistema voltado às bicicletas. Entretanto, o comportamento e as características dos
ciclistas e dos pedestres freqüentemente se diferem, logo é desejável que as estratégias
propostas sejam planejadas cuidadosamente, respeitando suas diferenças, mas que
possibilite a complementaridade entre os modais (NJDOT, 1999).
Nos projetos de fomento ao transporte a pé, busca-se ir além do que a da ligação entre
dois pontos. Para os ambientes serem considerados amigáveis aos pedestres, as pessoas
para alcançarem os locais de suas atividades devem sentir prazer ao se locomover,
encontrar e interagir com outras pessoas ou simplesmente sentar, observar e apreciar o
ambiente ao redor. Segundo a UKDT (2003), este é um legado social que a autoridade
local deve buscar e oferecer a seus cidadãos.
Entender o potencial de crescimento em um centro urbano envolve a análise de cenários
futuros e sua relação à sustentabilidade. Este terreno de estudos desafia os projetistas.
CURTIS (2008) argumenta que o sucesso de implantação de bons projetos depende de
um forte sistema de planejamento regional, uma agência nacional que estruture,
organize e integre o uso do solo e o transporte público, e um planejamento estratégico
produzido e apoiado pela comunidade regional e local.
É difícil se sentir bem em um local em que a vizinhança esteja negligenciada, com mal
estado de conservação das calçadas, com buracos, obstruções, pichações e vegetação
descuidada. Transformar áreas abandonadas em ruas com qualidade para os pedestres
provê à localidade uma importância simbólica de regeneração e de renovação, fazendo
com que todos carreguem consigo esta elevação de espírito UKDT (2003).
A experiência norte-americana mostra que é possível desenvolver desenhos urbanos
seguros e convenientes que permitam uma coexistência entre pedestres e veículos. Para
tanto, abordagens operacionais e de projetos, que minimizam os conflitos e impedâncias
dos veículos sobre os pedestres e que enfatizem os desejos dos pedestres quanto à
acessibilidade, à segurança, à conectividade e ao conforto devem ser considerados antes
dos movimentos veiculares (ZEGEER, 1998).
Conforme o NJDOT (1999), o Estado de New Jersey, EUA, ciente da importância dos
modais não motorizados para o sistema de transporte daquele estado, quanto a sua
sustentabilidade, eficiência econômica e energética e impactos ambientais, estabeleceu a
94
meta a ser alcançada por suas cidades: duplicar o número total de viagens realizadas a
ou de bicicleta e reduzir em 10% o número de acidentes envolvendo estes modais.
Para tanto, todos, moradores e visitantes serão aptos a caminharem ou andarem de
bicicletas, transformando ambas as atividades em rotina nos sistemas de transportes e na
vivência da população como modo de lazer.
A avaliação de custo-benefício em investimento de projetos é empregada com
freqüência para a liberação de verbas públicas em diversos países. SŒLENSMINDE
(2004) afirma que a avaliação dos impactos dos projetos cujos objetivos são a melhoria
da segurança e da mobilidade dos transportes não motorizados é de difícil mensuração.
Existe uma grande dificuldade na avaliação monetária dos impactos produzidos no
benefício à saúde, propensão de substituição do transporte motorizado pelo não
motorizado com o aumento da demanda destes últimos modais, redução das
externalidades e do custo dos estacionamentos.
Em seu estudo aplicado na Noruega, SŒLENSMINDE (2004) selecionou as seguintes
componentes para a avaliação de custo/benefício:
Benefício:
Aumento da segurança dos pedestres e ciclistas atuais;
Aumento da segurança dos pedestres e ciclistas futuros;
Redução do custo do transporte escolar;
Redução do custo de tratamento de doenças brandas;
Redução do custo de tratamento de doenças severas;
Redução do custo das externalidades (poluição e ruído);
Redução no custo dos estacionamentos
Custo:
Custo das obras;
Custo de manutenção;
Taxa de custo orçamentário – 20%.
O esquema de abordagens para incentivo do modo a pé, apresentado na Figura II.9, foi
preparado para adoção em projetos na Cidade de Sacramento, EUA.
95
Figura II.9 – Estrutura de Fomento do Modo a Pé Proposta para a Cidade de
Sacramento, EUA
Fonte: RIDGWAY (2007)
A estrutura esquematizada na Figura II.9 sugere três abordagens complementares para o
fomento do modo a pé. A primeira refere-se à educação, que promove os benefícios do
caminhar junto à população e junto aos órgãos governamentais, de modo ser melhor
compreendido e apoiado. A segunda é intrínseca ao desenvolvimento do projeto, que
deve oferecer as propriedades do bom desenho urbano. A última refere-se à Engenharia
de Tráfego, com o gerenciamento da velocidade veicular e operação das travessias,
propiciando a segurança necessária aos pedestres na realização de seus deslocamentos.
O LTNZ (2005) propõe as seguintes abordagens de estratégia nacional, para tornar as
áreas urbanas mais atrativas ao modo a pé:
Encorajar as ações de valorização da caminhada dentro de uma abordagem do
transporte terrestre;
Expandir a base de conhecimento para o tratamento do modo a pé;
Encorajar a colaboração e a coordenação dos esforços aplicados aos tópicos
desenvolvidos sobre este modal;
Encorajar o planejamento, desenvolvimento e o desenho urbano que apóiem à
caminhada;
96
Encorajar percepções positivas da caminhada como modo de transporte;
Apoiar os indivíduos na mudança de suas escolhas de viagens;
Diminuir o número de acidentes envolvendo pedestres;
Lidar com as preocupações referentes ao crime e a segurança pessoal nas áreas de
caminhada.
O IHT (2000) hierarquiza, conforme a Tabela II.28, as soluções a serem aplicadas em
corredores de tráfego para o fomento ao pedestre em áreas urbanas:
Tabela II.28 – Hierarquia nas Soluções em Corredores de Tráfego Voltadas aos
Pedestres
-
Redução do volume de tráfego na faixa adjacente às calçadas 1ª Consideração
-
Redução da velocidade do tráfego na faixa adjacente às calçadas
-
Realocação no corredor dos espaços destinados aos pedestres
-
Alinhamento das rampas de pedestres nos cruzamentos
- Melhorias das rotas de pedestres, respeitando suas linhas de
desejos
- Estabelecimento de novos alinhamentos de meio-fio ou
instalação de grades de separação
Última
Consideração
Os planos locais para desenvolvimento do modo a devem observar as características
da área que afetam o comportamento da população e as necessidades específicas dos
pedestres. As autoridades locais devem dar suporte para os planos e estabelecer
claramente os objetivos a serem alcançados, as prioridades, o cronograma de
implantação e o monitoramento das ações. Destacam-se as seguintes questões a serem
focadas (LITMAN, 2004a, LTNZ, 2005):
Melhoria da acessibilidade para todos os pedestres e estabelecimento de redes
conectadas;
Melhoria da acessibilidade para algum tipo específico de pedestre;
Identificação e resolução dos problemas com os acidentes;
Melhoria da ligação com o transporte público;
Tratamento das travessias de pedestres;
Elevação da consciência comunitária quanto à importância do modo a pé.
A área de abrangência do plano deve ser perfeitamente delimitada, e serão obtidos
dados relativos a:
Geografia da área;
97
Limites e competências administrativas;
Escala de desenvolvimento das atividades dos pedestres;
Tipos de pedestres.
Com a meta de expansão do modo a pé, Prefeitura de Londres estabeleceu um plano de
ação para que a capital inglesa se transforme em uma das cidades européias mais
“caminháveis” até o ano de 2015. O DfL (2004) define como ambientes “caminháveis”
aqueles, nos quais os pedestres se sentem seguros e permitem o acesso aos locais
desejados por meio de uma caminhada agradável.
Para alcançar seus objetivos, a prefeitura londrina busca o suporte de projetos de
revitalização dos espaços públicos e a criação de um ambiente urbano de alta qualidade,
que valorize e faça dos deslocamentos a pé uma atividade prazerosa (DfL, 2004).
Este é um novo desafio, que demanda uma participação multidisciplinar (CURTIS,
2008), com o envolvimento do setor de planejamento dos transportes, da engenharia de
tráfego, da área médica, do turismo e das questões relativas ao bem estar, inclusão
social, prevenção de crimes, da comunidade e o desenho urbano. Envolve diferentes
trabalhos, em conjunto com uma série de atividades, que abrange a identificação das
necessidades de seus moradores e das dificuldades de implantação das soluções e
debates das propostas com os interessados. Segundo o DfL (2004), esta forma de
atuação, permite desenvolver um plano de ação robusto e participativo.
O plano estabelece seis objetivos principais a serem alcançados:
a. Melhorar a coordenação do plano de desenvolvimento do modo a pé, de modo a
aprofundar o seu desenvolvimento e garantir sua implantação e o alcance de seus
objetivos.
Desta forma procura-se melhorar a aplicação dos investimentos e evitar a
interrupção do plano. As oportunidades deverão ser identificadas e integradas em
planos de trabalhos ou incorporadas em programas de tratamento de áreas urbanas
ou melhoria do espaço público.
b. Promoção do ato de caminhar através da educação, informação ao público, material
publicitário e campanhas de marketing.
A criação de uma cultura propícia à caminhada ajudará a sobrepor as barreiras
psicológicas e promoverá um futuro mais sustentável. A população deve ser educada
98
a reconhecer o andar como uma opção de locomoção para realização de suas
viagens diárias.
c. Melhorar a qualidade das rotas para pedestres, através da reformulação e orientações
técnicas de projetos de desenho urbano, apoiados nos princípios básicos do bom
desenho (5C – Tabela II.11).
d. Melhorar a integração com os demais modais de transporte, orientando as
autoridades locais neste sentido e adotando medidas incentivadoras, o que requer o
aumento na segurança e melhoria das informações e da sinalização nas áreas
próximas aos terminais, estações e ponto de ônibus.
e. Melhorar a segurança em relação à engenharia de tráfego e do ambiente urbano.
As ações deverão voltar-se para a adoção de baixas velocidades em zonas
residenciais, priorização para os ônibus, implantação de blocos semafóricos de
pedestres nas interseções semaforizadas, desenvolvimento de programas de rotas
seguras para as escolas e uma boa iluminação das vias.
f. Monitoração dos passos concretizados na aplicação do plano de ação e realização de
avaliações periódicas através de pesquisas.
Devem ser previstos recursos financeiros para garantir que todos os estudos e pesquisas
necessárias para elaboração de manuais e que todos sejam desenvolvidos de forma a
acompanharem cronologicamente as ações.
O DfL (2004) afirma que para o sucesso do referido plano é necessário o envolvimento
da autoridade local. Assim, torna-se possível atender aos objetivos específicos, priorizar
e adaptar as ações de acordo com as condições locais. Para tanto, deve-se:
Estabelecer ações integradas ao plano de transporte local e os meios de transportes
ofertados;
Garantir a participação das organizações locais;
Oferecer o suporte técnico necessário à autoridade local na questão do modo a pé;
Coesão das ações da autoridade local;
Considerar o modo a pé, tanto como uma forma de deslocamento, como uma
proposta de lazer;
Desenvolver de um plano de rotas que forme uma rede viária e que ligue o centro de
bairro, os espaços públicos abertos e as estações de transporte público.
99
Conforme o ITE (2006), existem inúmeros projetos de transporte que não conseguem
ser implantados totalmente, ou que, ao longo de seu curso, necessitam de ajuda e
modificação para alcançar seus objetivos. Este importante problema pode ser justificado
como resultado de algumas ocorrências, como:
Surgimento de incompatibilidade entre o projeto e a situação local;
Impactos rejeitados pela comunidade;
Mobilidade enfatizada sem considerar os valores comunitários;
Falta de conhecimento e de participação dos envolvidos no planejamento e
desenvolvimento de projeto.
Os departamentos de transportes norte-americanos definem que um bom projeto deve:
Balancear a segurança, a mobilidade e os objetivos ambientais locais;
Envolver desde o início e sempre, a esfera pública e todos os outros participantes
interessados no processo;
O grupo de trabalho deve ser interdisciplinar;
Todos os meios de transportes devem ser envolvidos,
Adoção de padrão de desenho flexível, e;
Incorporação de questões estéticas no desenho.
O alcance da mobilidade sustentável nos projetos urbanos requer novas práticas de
planejamento (modelos e ferramentas), novos especialistas, novas habilidades e
conhecimento dos desenvolvedores de projetos (CURTIS, 2008). E ainda, EGGER
(2006) considera como um indicador de sustentabilidade o planejamento integrado,
desenvolvido numa visão multidisciplinar e o envolvimento dos interessados na
deliberação das estratégias da cidade. A robustez do planejamento depende desta
conexão e pode ser concretizada através de consultas públicas e atendimento nas
agências locais.
A abordagem interdisciplinar e integrada do planejamento urbano e de transporte e
durante o desenvolvimento do desenho possibilita a incorporação do ponto de vista de
diferentes envolvidos no processo, como a comunidade, os órgãos públicos e os
projetistas. As alternativas a serem propostas passam a contemplar múltiplos objetivos
(ITE, 2006).
100
Assim, o ITE (2006), listou os principais envolvidos nos projetos de transportes e
respectivas responsabilidades, indicadas na Tabela II.29.
Tabela II.29 – Função e Responsabilidades no Desenvolvimento de Projetos de
Transporte Proposto pelo ITE
Função Responsabilidade
Planejador de
transporte
Desenvolve e evolui os planos de transporte a longo prazo
Auxilia à comunidade no estabelecimento de suas metas e objetivos
Desenvolve e estuda conceitos alternativos e impactos viários para os
principais corredores de tráfego
Engenheiro de
transporte
Levanta as necessidades e propõe projetos de transporte
Propõe os conceitos viários iniciais e detalha os projetos, conforme
evolução
Identifica parâmetros, controles, restrições e dificuldades de projeto
Trabalha com o público, os interessados e a equipe interdisciplinar de
projeto para buscar soluções aos desafios de desenho
Prepara os planos iniciais e finais de projeto de engenharia
Planejador de Uso do
Solo
Desenvolve plano de uso do solo a longo prazo
Auxilia a comunidade em estabelecer a visão de vizinhança que se
pretende alcançar e traça os objetivos para tal
Através de uma equipe interdisciplinar, estabelece e identifica o
contexto de trabalho
Formular uma política de uso de solo que afete positivamente o
sistema de transporte, sobretudo os principais corredores
Projetistas:
Arquitetos
Urbanistas
Paisagistas
Desenham todos os elementos envolvidos nas vias de tráfego:
construções, espaços públicos, paisagismo e mobiliário urbano
Trabalham com o público, os interessados e a equipe interdisciplinar
de projeto para buscar soluções aos desafios de desenho
Participantes:
Legislativo
Executivo
Desenvolvedores
Agências locais,
regionais e estaduais
Cidadão
Representam a liderança local e regional
Procuram mecanismos de financiamento e recursos
Possuem autoridade para aprovação dos planos e projetos
Trabalham próximos do público geral, de modo que o projeto seja
entendido, aprovado e aceito pela comunidade
A gestão de projetos contida na Tabela II.29 minimiza os problemas e atrasos,
garantindo o envolvimento dos participantes, a identificação dos valores e das principais
questões comunitárias, permitindo a procura de soluções alternativas às necessidades
levantadas da forma mais abrangente possível (ITE, 2006). Este é um processo
construído em base consensual, mediante as melhores possibilidades de solução e que
respeita e promove a comunidade local, perante seus próprios resultados.
Segundo o ITE (2006), a comunidade local deve expressar seu interesse em melhorar o
ambiente urbano em prol do modo a pé, para que o projeto de transporte a ser
desenvolvido seja apoiado por toda a vizinhança. um incremento do número de
101
cidades norte-americanas que reconhecem o valor desta abordagem e abraçam o
desenho urbano, o uso do solo e o planejamento de transporte usando técnicas do novo
urbanismo e “smart growth”.
II.13. Propostas de Desenho Urbano Fomentadores da Caminhada
II.13.1. Áreas Exclusivas para Pedestres
Muitas áreas exclusivas para pedestres são criadas a partir do fechamento de ruas para
veículos motorizados. O fechamento pode ocorrer parcialmente ou totalmente. Estas
áreas propiciam ótimas condições de liberdade de movimento e de segurança. Sua
instalação é conveniente onde uma grande concentração de pedestres e de comércio,
ou uso misto do solo e se detecta uma situação de muito conflito entre pedestres e
veículos (LTNZ, 2005). Entretanto, ZEGEER (1998) constata alguns problemas para a
circulação veicular e para alguns comerciantes da área.
Sua implantação reflete positivamente no espaço urbano, pois melhora a estética local, a
qualidade do ar, diminui o nível de ruídos, reduz o congestionamento de pedestres,
incrementa o convívio social e facilita o acesso às lojas (LTNZ, 2005).
As áreas devem oferecer uma variedade de atividades comerciais, apresentar uma
imagem econômica e atrativa. Conforme PELÁEZ & SALAS (2004) e LITMAN
(2004b), os comerciantes podem, inicialmente, se opor a este tipo de projeto, supondo
que a eliminação dos automóveis causa prejuízos econômicos e vandalismo, mas
verifica-se, ao contrário, o aumento da clientela e das vendas, e assim, uma tendência de
melhoria do comercio. É conveniente que as atividades exercidas dentro das edificações
possam sair para o espaço externo e que funcione durante o dia e a noite.
II.13.2. Moderação do Tráfego ou Traffic Calming
Conforme CUPOLILLO (2006), “a moderação de tráfego tem como objetivo melhorar a
qualidade ambiental das vias com a redução dos riscos de acidentes e dos níveis de
ruído e poluição, obtidos mediante o controle do volume e da velocidade, através de
intervenções físicas na estrutura viária e da ênfase na sinalização”.
102
A Tabela II.30 apresenta, a partir da pesquisa de KRAUS (1997) as medidas de
moderação de tráfego classificadas em cinco categorias, de acordo com sua
característica.
Tabela II.30 – Medidas de Moderação de Tráfego de Classificadas por Categoria
Categoria
Característica Medida
Alterações
Verticais
Utiliza materiais variados
e o objetivo principal é a
redução da velocidade
veicular
Lombadas de seção arredondadas
Lombadas de seção retas - platôs
Almofadas
Áreas elevadas
Sonorizadores
Alterações
Horizontais
Alterações no meio fio e
calçadas com o objetivo
de reduzir a velocidade
veicular e ganhar espaços
para pedestres e
paisagismo
Prolongamento das calçadas
Construção de baias de estacionamento
Quebra de linearidade das vias, com a
construção de chicanas
Alteração
nas vias
Tratamento com o
estreitamento da caixa de
rolamento,
proporcionando maior
conforto e segurança
Prolongamento das calçadas
Demarcação das áreas de estacionamento
Construção de ilhas e canteiros
Construção de ciclovias ou ciclofaixas
Construção de faixas exclusivas para
ônibus
Arborização
Medidas de
Gerencia-
mento de
Tráfego
Utilizadas em conjunto
para alcançar a mudança
desejada de
comportamento dos
usuários da via
Fechamento de vias
Rotatórias e mini-rotatórias
Alteração de pavimento
Tratamento das entradas para veículos
Portais
Criação de espaços compartilhados
Sinalização de vertical, horizontal e
eletrônica
Iluminação
Mobiliário Urbano
Limite de
velocidade
Deve ser assegurado o comprimento do limite de velocidade estabelecido
através da implantação das medidas de moderação de tráfego
Fonte: KRAUS (1997)
O Traffic Calming ou Moderação do Tráfego é uma técnica largamente utilizada em
áreas urbanas, que obriga os motoristas a reduzirem suas velocidades. São medidas
associadas às ruas locais, mas podem ser adaptadas às vias de hierarquia superior
quando há situação de grande perigo aos pedestres (NJDOT, 1999).
103
Conforme o SFDT (1999), as técnicas de moderação de tráfego requerem desvios
horizontais ou verticais dos eixos da caixa de rolamento, propiciando um efeito
psicológico nos motoristas, de forma a induzir a redução voluntária na velocidade
veicular.
A aplicação da Moderação do Tráfego em uma determinada área deve ser a mais
variada possível, apropriada às condições locais. Deve-se sinalizar aos motoristas sua
aproximação, sua entrada e a sua saída de uma área tratada (LTNZ, 2005). Igualmente, é
possível criar benefícios para o modo a pé, como (DfL, 2004):
O aumento do tempo de percurso dos veículos, o que reduz o tráfego de passagem;
As baixas velocidades melhoram a ambiência local e traz um sentido de segurança
para toda a vizinhança;
Em caso de atropelamentos, os ferimentos serão mais leves.
Entretanto, alguns elementos de moderação de tráfego podem trazer problemas de
passagem de veículos de emergência, limpeza urbana, ônibus (escolar), entre outros.
Esta é uma questão que os projetistas devem-se sempre estar atentos (DfL, 2004).
Conforme MEDINA (2004), além de reduzir a velocidade, as intervenções demandam
uma requalificação urbana à medida que não representam intervenções físicas nas
áreas de circulação de pedestres e veículos, mas buscam essencialmente, modificar as
características de tráfego das áreas a que se destinam, resultando numa maneira calma
de dirigir e propiciando segurança.
II.13.3. Zonas Residenciais
São tratamentos em áreas residenciais abalizados na moderação de tráfego, cujo
desenho urbanístico contempla grandes espaços públicos para os moradores e pedestres,
reduzindo ao máximo as áreas para os automóveis (DfL, 2004).
Não há limitação física entre as calçadas e a caixa de rolamento, deste modo, os
veículos trafegam com velocidades mínimas, menor que 16 km/h (LTNZ, 2005).
Este tipo de tratamento não suporta fluxo veicular superior a 100 veíc/h, IHIE (2002).
Logo, devido ao seu alto grau de restrição, a implantação deste tipo de tratamento
requer uma ampla participação dos moradores do local.
104
II.13.4. Smart Growth
Método de planejamento que estimula o desenvolvimento econômico, comunitário e
ambiental da localidade. O smart growth procura alcançar simultaneamente as
seguintes questões (LITMAN, 2004a):
Saúde: desenvolvimento balanceado que oferece um ambiente limpo e protegido,
preservando o habitat natural. Os espaços urbanos são revitalizados. A água e a
qualidade do ar são protegidas;
Economia e trabalho: são criadas oportunidades de trabalho com a melhoria da
região, aproveitando as oportunidades de serviço e os atrativos locais, criando uma
comunidade competitiva;
Fortalecimento da vizinhança: diversas opções de moradias permite que as
pessoas possam escolher o tipo de residência que melhor lhes cabem, o que mantém
e realça os valores de vizinhança e cria um senso comunitário;
Opções de transporte: permite escolha do modo de locomoção, como o andar a
ou de bicicleta, de transporte público ou de veículo.
II.14. Rotas Seguras Para Escolas
Rotas seguras para as escolas são estratégias adotadas por diversos países que procuram
incentivar as crianças a utilizarem os modais não motorizados no trajeto casa-escola.
São adotadas uma série de medidas educacionais e de Engenharia de Tráfego, de forma
a propiciar maior segurança nos deslocamentos dos estudantes.
Os planos de segurança de rotas escolares devem envolver os alunos, os pais, os
professores, a direção da escola, os órgãos públicos e a legislação. GDOT (2003) sugere
que os planos contenham mapas indicativos das rotas mais seguras para o caminhar dos
estudantes, e que as informações sejam trabalhas em conjunto com os pais e alunos,
identificando os pontos inseguros e as ações a implantação de ações remediadoras.
GDOT (2003) aponta elementos na vizinhança escolar que cria uma zona amigável para
os deslocamentos a pé:
Toda a região deve ser equipada de calçadas e ciclovias (ou ciclofaixas). As
calçadas devem ser construídas atendendo os requisitos da mobilidade universal;
105
As paradas de transporte público devem ser ligadas por um trajeto o mais direto
possível à entrada da escola;
Quando possível, separar as áreas de embarque e desembarque dos ônibus escolares
e dos automóveis, para minimizar a área de turbulência e conflitos;
As áreas destinadas ao deslocamento a devem estar claramente delimitadas e
diferenciadas dos outros modos de transportes, utilizando-se faixas coloridas,
pavimentos texturizados, sinalizações, entre outros;
A restrição de estacionamentos pode estimular as viagens a pé à escola;
Direcionar os estudantes para os locais corretos de travessia através de sinalização,
de barreiras, entre outros;
Aplicação de elementos de traffic calming para a diminuição da velocidade veicular;
Desobstrução da área, permitindo que os estudantes sejam visíveis em seus trajetos.
Em relação às travessias dos escolares, segundo o ITE (1984), o local de instalação e a
escolha do tipo apropriado de controle devem ser cuidadosamente estudados,
principalmente quando se trata de áreas escolares e destaca os principais elementos a
serem considerados:
Volume de tráfego elevado e a prática de altas velocidades;
Inventariado dos equipamentos de controle de tráfego;
Adequação das brechas de travessia no fluxo de tráfego;
Volume e idade das crianças que realizam a travessia;
Adequação da distância de visibilidade;
Estatística de acidentes;
Localização da escola e sua relação com o uso do solo da vizinhança.
Segundo FARIA (2002), apesar das necessidades apontadas de se conhecer as
características dos deslocamentos casa-escola das crianças e adolescentes, não foi
encontrados na literatura brasileira qualquer pesquisa que detalhasse estes
deslocamentos.
106
II.15. Síntese
As novas práticas de gestão urbana, induzidas pela globalização das cidades, apontam
para a necessidade de reestruturação das regiões degradadas, obsoletas e esvaziadas, de
forma a renovar e reintegrar estas áreas à cidade.
Alicerçada por um bom planejamento estratégico, estas áreas devem ser valorizadas e
ressaltadas o potencial de produção de riquezas econômicas, sociais e culturais, através
de ações eficientes, eqüinânimes e transparentes, na gestão das funções urbanas, das
parcerias publica-privadas e dos recursos aplicados, acompanhado de uma larga
discussão com os envolvidos e atingidos, na busca de uma solução consensual.
O espaço público, quando requalificado e revitalizado, exerce o papel agregador do
ambiente, de coesão e intercâmbio voltado ao cidadão. Os pedestres usufruem destes
benefícios de forma mais próxima.
Se incrementado e incentivado pelos planejadores através do gerenciamento da
mobilidade, o modo a poderá gerar inúmeros benefícios, com a redução dos efeitos
negativos e o desdobramento dos positivos na sustentabilidade urbana.
Entretanto o modo a é freqüentemente desconsiderado pelos planejadores de
transportes.
A acessibilidade às atividades dinamiza a região onde estão instaladas. Sendo as
distâncias de deslocamento para atingir estas atividades compatíveis aos esforços de
caminhada, esta deverá era incentivada e integrada ao sistema de transportes. Mas o
deslocamento a depende das características do indivíduo, da viagem, do meio físico
urbano, do sistema de transporte ofertado e da qualidade da infra-estrutura oferecida aos
pedestres.
Logo, é essencial que os desenhos urbanos portem os atributos que atendam as
necessidades do modo a pé.
A seguir serão discutidas as questões que envolvem a mobilidade sustentável nos
projetos de revitalização urbana e as práticas adotadas neste tipo de enfoque nos países
desenvolvidos, em desenvolvimento e no Brasil.
107
CAPÍTULO III
OS PROJETOS DE REVITALIZAÇÃO URBANA – A PRÁTICA
Neste capítulo são apresentadas as práticas adotadas em projetos ou programas de
revitalização urbana. Inicia-se com uma pesquisa teórica em relação aos princípios do
desenvolvimento sustentável que devem nortear não somente os projetos de
revitalização urbana, e sim referenciar qualquer ação de intervenção.
Após, são comentados os programas internacionais e nacionais de apoio ao
desenvolvimento e implantação dos projetos. São inúmeros programas internacionais
existentes, como os da ONU, Comunidade Européia, Banco Mundial e BID. Também
há os nacionais, como os do BNDES e CAIXA.
O Modelo da Comunidade Européia é destacado, pois, conforme ROCHA et al. (2006),
consegue tratar os problemas em centros urbanos de forma mais abrangente, consistente
e padronizada no emprego de soluções, o que permite estabelecer um referencial
contextual. A larga experiência européia nos processos de revitalização urbana, o debate
entre nações e intra-nação na busca de soluções que respeitem as especificidades locais
e a conscientização da necessidade de estudos contínuos, com objetivo de
aprimoramento constante das ações podem ser tomados como exemplo de
procedimento.
Finalmente, são descritas as experiências de práticas urbanas internacionais e nacionais.
Relatam-se os fatores iniciais que acarretaram o surgimento da área degradada ou vazia
e o processo e/ou diretriz de revitalização adotada. Sempre que possível, conforme as
informações adquiridas durante a pesquisa, verificam-se qual a abordagem ou
tratamento reservados aos espaços públicos e aos pedestres.
A Tabela III.3, apresentada no final do capítulo, contêm o quadro ntese que
proporciona uma visão geral das práticas selecionadas, com ênfase àquelas
fomentadoras do modo a pé.
Buscou-se diversificar os exemplos em relação ao tipo de intervenção ou motivação e
localização do redor do mundo. Para tanto, utilizou-se o auxílio da Internet em grande
parte dos casos.
108
III.1. O Ambiente Urbano Sustentável
O Relatório “Nosso Futuro Comum” da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (WCED, 1987) e o da ECO-92 (UNCED, 1992) apontam para a
necessidade de transformação da forma de utilização dos recursos disponíveis para
satisfazer as necessidades humanas, sem comprometer as gerações futuras no alcance da
sustentabilidade. O impacto global da humanidade é diferenciado em função do número
de sua população e do seu comportamento coletivo. O comprometimento das
necessidades das gerações futuras é determinado pelas modificações atuais que se ajusta
a uma expectativa de desenvolvimento (CAMPOS & RAMOS, 2005, EGGER, 2006).
O desenvolvimento sustentável envolve o desafio de empregar uma perspectiva holística
na política urbana, o que inclui a preocupação com a qualidade de vida de seus
habitantes nas dimensões econômica, social e ética do bem estar. O crescimento deve
ser de forma eqüinânime no presente, prevenir contra a pobreza e oferecer um ambiente
igual ou melhor do que o atual às gerações futuras. O desenvolvimento deve limitar-se à
capacidade de carga dos sistemas naturais (CCE, 1996, WBCSD, 2001, CURTIS,
2008). A avaliação de um ambiente urbano deve considerar a qualidade de vida de seus
habitantes, a inserção do espaço no ambiente social e global, a interação dos cidadãos
com as demais espécies (fauna e flora) e os fluxos de utilização de recursos naturais e
produção de resíduos (ESTEVES, 2003, LITMAN, 2005).
O ambiente urbano enfrenta desafios em relação à sustentabilidade, em atingir o
equilíbrio limite de crescimento, utilizando melhor os recursos disponíveis e reduzindo
os impactos ambientais, tais como a poluição do ar, solo, água e outros aspectos que
atingem os habitantes, como intrusão visual e a segregação urbana (MEGA, 1996).
Segundo a CCE (1996), as cidades são simultaneamente uma ameaça para o ambiente
natural e um importante recurso por direito próprio. O desafio da sustentabilidade
urbana consiste em resolver tanto os problemas que existem nas próprias cidades, como
os causados por elas.
A história, cultura, base econômica, clima, geografia e ideologia política são apenas
algumas variáveis que se manifestam no modelo de sustentabilidade de uma cidade
(CAMPOS & RAMOS, 2005, EGGER, 2006).
109
As cidades devem perseguir uma gestão sustentável, onde as atividades gerem rendas e
recursos e que, aplicados no ambiente urbano, resulte em qualidade de vida a seus
habitantes, conforme esquematizado na Figura III.1 (ESTEVES, 2003).
Ambiente Urbano
Qualidade de Vida
Forças Econômicas
(Produção e Consumo)
Sustentabilidade Sustentabilidade
Impactos
Resíduos
Energia
Matérias Primas
Amenidades
Recursos
Humanos
Território
Figura III.1 – Representação Esquemática do Problema Ambiental Urbano
Fonte: ESTEVES (2003)
Pode-se exemplificar a aplicação do esquema da Figura III.1 na questão dos transportes
em relação ao ambiente urbano. Os veículos “consomem” o território, emitem
poluentes, aumentam os conflitos e riscos à circulação, principalmente aos pedestres.
Transformam o local de encontros e interação entre cidadãos em simples local de
passagem, afetam a paisagem e reduzem os estoques de amenidades (ESTEVES, 2003).
Conforme CCE (1996), para facilitar a transferência de conhecimento e das melhores
práticas são criadas redes, formais ou informais, em diversos níveis (local, regional,
nacional ou internacional), com apoio de governos e outras organizações internacionais.
Estas redes atuam como catalisadoras para cooperação entre cidades e podem exercer
pressões.
Diferentes organizações mundiais formulam estratégias, programas e fóruns de
discussão sobre a promoção da sustentabilidade, desde uma escala global, até a
realidade local, como exemplificados a seguir. Procuram definir os quadros de ação, as
condições institucionais necessárias e os meios de execução, inclusive financeiro, para
abraçarem as boas práticas do desenvolvimento sustentável.
110
Programas desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas ONU, como
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PNUMA, que realiza ações
catalisadoras para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento
sustentável; Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos UN-
HABITAT, que estimula a promoção de intercâmbio de conhecimentos
especializados entre cidades de diferentes regiões do mundo; Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, que busca soluções próprias para os
desafios de desenvolvimento de cada país aonde atua, através do combate à pobreza
e à exclusão social, da conservação ambiental e uso sustentável de recursos naturais,
inclusive de energias alternativas e limpas (ONU, 2008).
Fórum Urbano Mundial e Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e
Desenvolvimento CNUAD: estabelece um plano de intervenção global e enuncia
iniciativas específicas, através da “Declaração do Rio Carta da Terra” (1992) e a
“Agenda 21”, que aborda além do ambiente físico, o comércio mundial, a pobreza, a
evolução demográfica, a saúde, a cooperação e coordenação internacional (CCE,
1996).
URBAN: programa desenvolvido pela Comissão Européia, busca o
desenvolvimento equilibrado das cidades européias. Trabalha com estratégias de
recuperação e revitalização das cidades e seus centros históricos, com ações
dirigidas a melhoria do ambiente urbano e da sociedade, tanto no convívio social,
como na criação de empregos. É apoiado por financiamento do FEDER Fundo
Europeu pra Desenvolvimento Regional e FSE – Fundo Social Europeu (CCE,
2002, SARASA, 2005).
Banco Mundial: auxilia países em desenvolvimento a reduzir a pobreza e melhorar a
qualidade de vida das pessoas por meio de empréstimos e experiência técnica
aplicada a projetos em diversas áreas, como a construção de escolas, hospitais e
estradas (BANCO MUNDIAL, 2008).
Banco Interamericano de Desenvolvimento BID: apóia os países membros da
América Latina e do Caribe na formulação de políticas de desenvolvimento, oferece
financiamento e assistência técnica visando o crescimento econômico sustentável, à
111
maior igualdade social e redução da pobreza, à modernização do estado e à
promoção do livre comércio e da integração regional (BID, 2008).
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES: oferece seus
programas de crédito, destacando-se o Programa de Infra-Estrutura para a
Mobilidade Urbana - Pró-Mob e Programa de Dinamização Regional PDR
(BNDES, 2008). No âmbito da prioridade para o desenvolvimento urbano, o
BNDES apoia técnica e financeiramente projetos de estruturação, requalificação e
revitalização urbana e social, dentro do conceito de sustentabilidade. Segundo o
BNDES (2003), os projetos urbanos devem valorizar os espaços públicos (praças e
calçadas), preservar o patrimônio ambiental, privilegiar a circulação de pedestres e
ciclistas, através da adoção de melhorias físicas e recuperação dos equipamentos
urbanos e medidas de moderação de tráfego.
Caixa Econômica Federal CAIXA: seus Programas de Desenvolvimento Urbano,
como Pró-Transporte, Monumenta/BID, Mobilidade Urbana, Revitalização de Áreas
Centrais, entre outros, procuram promover a melhoria da qualidade de vida,
intermediando recursos e negócios (CAIXA, 2008).
O Brasil é um país participativo de diversos programas internacionais e apresenta
programas de aplicação interna como os da CAIXA e BNDES.
A sustentabilidade ambiental está estritamente relacionada à justiça social. Deve
perseguir uma distribuição eqüitativa da riqueza, pois são os pobres os que mais sofrem
com os problemas urbanos e são aqueles que menos têm condições para resolvê-los. Os
mais ricos adquirem mais bens, viajam mais, acarretando o maior consumo de recursos
naturais e energéticos e o incremento da produção de resíduos.
A solidariedade social é um princípio importante para a sustentabilidade e deve ser
empregada na mudança para um comportamento mais sustentável. “A fim de
assegurarem uma boa qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental, as cidades têm
de oferecer às pessoas a opção de viverem de uma forma sustentável” (CCE, 1996).
112
III.2. Gestão Urbana Sustentável
Conforme a CCE (1996), a formulação de políticas públicas para uma gestão
sustentável das cidades deve buscar:
A resolução dos problemas em todas as escalas de espaço, de modo evitar que se
desloquem para outras escalas ou localidades;
O apoio à consecução de metas voltadas ao bem estar sócio-econômico e torná-las
mais eficientes;
A promoção dos processos participativos, de forma a alcançar legitimidade nas
soluções adotadas;
Influenciar a mudança positiva de posicionamento em diferenças esferas (vertical) e
agentes no processo político (horizontal) e setores de atividades;
Encontrar maneiras de atingir simultaneamente diferentes objetivos dentro de um
mesmo projeto, com o suporte de um processo dinâmico.
A avaliação das políticas de sustentabilidade deve estar associada não somente às
melhorias alcançadas, mas também aos transtornos sociais, ambientais e econômicos
impostos (WBCSD, 2001). Deste modo, as avaliações apóiam-se em dois tipos de
indicadores, aqueles que devem ser reduzidos e aqueles que devem ser incrementados,
principalmente os associados à mobilidade.
A CCE (1996) destaca os principais aspectos que esta abordagem de gestão deve conter:
Colaboração e parceria;
Integração política;
Mecanismos de mercado;
Gestão da informação avaliação e acompanhamento.
Devido à complexidade desta abordagem, a resolução de grande parte dos problemas
não é trivial e podem ser definidos de diferentes formas. Cada aspecto implica em um
tipo de solução, como por exemplo, a questão de trânsito de uma cidade. Logo, quanto
mais ampla a estratégia para a definição do problema, maior a probabilidade de se
encontrar uma solução abrangente e minimizar o perigo de que os problemas não sejam
resolvidos ou que sejam deslocados.
113
A criação de ambientes urbanos que propiciem uma boa qualidade de vida é um desafio
que todos os governos enfrentam e é diferenciado conforme a localidade, contexto
econômico e cultural, na busca de soluções criativas e estáveis (ROCHA et al., 2006).
Segundo a CCE (1996), o papel dos especialistas e técnicos é particularmente
importante no que se refere à integração política, bem como a disponibilização de
informações a diferentes níveis e setores, adequando-as conforme os grupos etários,
profissionais, ocupacionais e étnicos. Assim, é possível a participação de todos os
grupos sociais para uma abordagem de natureza consensual na resolução dos problemas
urbanos.
“Mudar os padrões de comportamento é uma questão muito complexa, já que implica
em largar velhos hábitos, ganhar novos hábitos e aderir a estes últimos. Alterar os
valores individuais existentes e o estilo de vida será provavelmente a tarefa mais
difícil.” (CCE, 1996). O envolvimento dos grupos de interesse é parte importante do
processo de gestão integrada do ambiente urbano, pois promove a igualdade e habilita
os grupos desfavorecidos a se ajudarem, oferecendo a todos a oportunidade de
compartilharem os benefícios e as responsabilidades, participando plenamente da vida
econômica, social, cultural e política. A participação depende de mecanismos
facilitadores, como:
Desenvolver soluções a partir das bases, em vez de impor programas pré-definidos;
Relacionar as questões de sustentabilidade aos aspectos da vida local;
Usar terminologia familiar ao público;
Destacar os problemas e as diferenças de cada tipo de solução;
Promover a participação do público ao longo de todo o processo, por meio de
abertura e transparência;
Sensibilizar os envolvidos através de ações específicas, como ensino, atividades
populares, publicidade e marketing.
As ações em todas as três esferas devem ser empreendidas através de estratégias
político-administrativas. O planejamento deve atuar na sustentabilidade urbana, em
diferentes enfoques, que enfatize a eqüidade entre e intra gerações, nos aspectos social,
geográfico e governamental, de modo minimizar as desigualdades entre diferentes
comunidades; que proteja o meio ambiente e respeite os seus limites; que minimize o
uso dos recursos não-renováveis; que aporte vitalidade e diversidade econômica; que
114
traga autoconfiança por parte da comunidade e o bem-estar individual, satisfazendo as
necessidades básicas da população.
III.3. Políticas de Mobilidade Urbana Sustentável
Segundo CAMPOS & RAMOS (2005), a mobilidade sustentável está compreendida nas
formas de gestão urbana sustentável. Deve buscar o equilíbrio entre as possibilidades de
deslocamento e facilitar o acesso às diversas atividades de uma região, com a redução
do consumo de energia e poluição ambiental e na melhoria da eficiência dos recursos
associados aos meios de transporte. O Gerenciamento da mobilidade procura adequar a
movimentação dos diferentes fluxos em uma rede de transportes através de soluções
democráticas, flexíveis, econômicas e ambientalmente corretas. Procura atender a
demanda por viagens com uma oferta de infra-estrutura de transportes adequada
(BALASIANO & REAL, 2001).
Segundo MCIDADES (2004b e c), a política urbana de mobilidade sustentável
brasileira deve ter comprometimento com o “acesso amplo e democrático ao espaço
urbano, de forma segura, socialmente inclusiva e ambientalmente sustentável, através da
priorização dos modos não motorizados e coletivos e transporte”. Deve trabalhar
princípios de cidadania, conhecimentos, habilidades e atividades favoráveis à
locomoção.
As políticas de transportes da União Européia (EU, 2003) estão inseridas no conceito de
sustentabilidade, e visam:
Um sistema de transportes eficiente;
Proteção do meio ambiente;
Redução do consumo de energia;
Melhoria da qualidade de vida e da economia em geral.
As estratégias gerais e específicas abraçadas pela EU podem ser retratadas de acordo
com o esquema a apresentado na Figura III.2.
115
Figura III.2 – Estratégias Direcionadas à Política Transporte Sustentável da União
Européia
Fonte: EU (2003), adaptado
O WOLFRAM (2004) destaca elementos chaves a serem perseguidos por uma
estratégia de desenvolvimento urbano voltado à sustentabilidade:
Promoção da redução da necessidade de viajar, do uso do automóvel e de veículos
comerciais;
Incentivo aos modos alternativos de transporte e melhoria da utilização e operação
da rede viária;
Interligação das estratégias adotadas para o setor de transportes com os demais
setores inter-relacionados, tais como: saúde, educação, questões sociais e
desenvolvimento econômico;
Integração das estratégias aos instrumentos políticos utilizados, envolvendo:
Controle do uso do automóvel (pedágios urbanos, cobrança de estacionamento,
restrições ao uso do automóvel);
Melhorias da operação do transporte público (redução de tarifas, melhora do
nível de serviço, confiabilidade e qualidade do sistema);
116
Promoção do adensamento e mixagem de uso do solo;
Melhoramento da estrutura hierárquica viária e utilização de medidas como
traffic calming;
Utilização da tecnologia da informação;
Incentivo à bicicleta e à caminhada;
Campanhas de conscientização pública para apoio das estratégias adotadas;
Melhoria no gerenciamento dos transportes de carga.
Adotar políticas de transporte mais sustentáveis e menos agressivas ao meio ambiente,
implica em novos desafios de gestão de tráfego (EU, 2003). Enquanto a gestão de
tráfego tradicional está voltada ao desenvolvimento e aplicação de medidas que
aperfeiçoe a eficiência da infra-estrutura de transportes, o direcionamento à
sustentabilidade requer a promoção eficiente da mobilização de pessoas e bens, com o
incentivo da transferência da realização dos deslocamentos para o transporte público e o
não motorizado.
A sustentabilidade dos transportes reflete a compreensão de que todas as modalidades
são úteis. Muitas vezes o cidadão realiza seus deslocamentos a pé, tantas outras,
necessitam vencer maiores distâncias e de forma mais rápida (ASCHER, 2003). Torna-
se necessário a busca de um modelo balanceado, com uma visão que considere todos os
modos de transportes em conjunto, e que cada um possa contribuir da melhor forma, de
acordo com suas características (LITMAN & BURWELL, 2006).
Logo, os vários modos de transporte deverão se aperfeiçoados, organizados e
integrados, o que envolve estabelecer objetivos comuns em termos de prosperidade
econômica, garantia da mobilidade demandada, qualidade de vida e proteção ambiental
(CCE, 2007).
O WOLFRAM (2004) sugere o estabelecimento de uma estrutura seqüencial básica das
medidas a serem implantadas e um acerto financeiro que, no decorrer do tempo, as
medidas adotadas passam a ser autofinanciáveis e que os gastos elevados com a infra-
estrutura sejam desencorajados.
Várias cidades adotam estratégias que envolvem a melhoria do transporte não
motorizado e público e restrição de viagens de automóveis em locais congestionados.
Estas melhorias não perseguem, necessariamente, rapidez e deslocamentos mais
117
extensos, e a busca de modos mais rápidos e mais novos, mas calca-se em conforto,
segurança, economia e redução da necessidade do número de viagens (LITMAN &
BURWELL, 2006). Nesta direção, pode-se exemplificar a cidade australiana de
PERTH, que adotou em seu planejamento estratégico a integração do uso do solo e
transporte para atingir uma mobilidade mais sustentável, baseado no transporte público
e nas caminhadas, retirando a importância dos veículos particulares.
A cidade de PERTH é estruturada em policentros urbanos, servidos por vias arteriais e
por uma estação ou ponto de parada de transporte público. Os policentros possuem raio
de influência alcançáveis a distância de uma caminhada, aonde são ofertadas atividades
focadas nas atividades diárias e possuem densidade habitacional entre média a alta. Vias
paralelas promovem uma estrutura de transporte de alcance metropolitano. Este
exemplo pode ser encontrado em cidades holandesas, e também em Copenhagen,
Dinamarca (CURTIS, 2008).
O planejamento do transporte sustentável requer a mudança de paradigmas. A sociedade
deve estar preparada para atender às mudanças, o que envolve compreensão, aceitação e
adaptação da população. Sob pena de ineficiência e insustentabilidade, as mudanças
deverão estar adaptadas às características de cada tipo de sociedade, onde pesam as
considerações das condições do desenvolvimento urbano e social local (HAYNES et al.,
2005, EGGER, 2006).
Em geral, as pessoas tendem a preferir soluções tecnológicas às comportamentais, pois,
quanto às últimas, uma percepção da perda de liberdade e conforto. Do ponto de
vista individual, dirigir um carro pode ser considerado mais conveniente, independente,
flexível, confortável, rápido, seguro e privativo. Também pode envolver questões de
status, prazer, modo de se auto-expressar, o controle uma máquina possante,
principalmente com os atuais apelos tecnológicos da indústria automobilística (STEG &
GIFFORD, 2005).
Assim, as estratégias de mobilidade sustentável podem conflitar com os interesses
pessoais a curto prazo e na dificuldade significativa de adaptação dos cidadãos a um
novo estilo de vida. STEG & GIFFORD (2005) recomendam que a promoção da
melhora da qualidade de vida seja inserida nas estratégias, que poderá ser estabelecida
através de indicadores. A comparação dos indicadores que representam a qualidade de
118
vida atual e um cenário futuro proposto facilita ao cidadão o entendimento e a
visualização das mudanças plausíveis.
LITMAN & BURWELL (2006) consideram que a participação cidadã resulta em
decisões mais acuradas, capaz de refletir os valores comunitários e contribuir para que
as ações sejam mais igualitárias, por permitir a grupos desfavoráveis maior
envolvimento, criando maior apoio público para as políticas que requerem mudanças
comportamentais ou sacrifícios. É necessário que os órgãos públicos de transportes
sejam preparados para o debate de seus projetos com a população. Esta prática, além de
requerer recursos, tanto de tempo, como financeiro, deve-se estar atento a pressões que
podem surgir da elite ou ativistas com algum um interesse específico.
Um dos temas tratados no White Paper Um Novo Acordo para o Transporte: Melhor
para Todos(DfT, 1998), produzido pelo governo inglês foi a redução das necessidades
de viagens e incentivo à mudança para modos de transporte mais sustentáveis como as
viagens a pé e de bicicleta, através de políticas de transporte a serem adotadas por
autoridades locais, (RYLEY, 2008). São citadas como iniciativas as políticas de rotas
seguras para escola, utilização de combustíveis menos poluentes, o acesso ao transporte
público a pé e o dia sem carro.
O plano integrado de transporte proposto no White Paperprevê as seguintes medidas
apresentadas na Tabela III.1 (RYLEY, 2008):
Tabela III.1 – Medidas para Fomento do Modo a Pé Segundo o “White Paper
Categorias Medidas de Melhoramento para o Modo a Pé
Planejamento
Incentivos ao uso misto do solo, ao desenvolvimento de projetos que
ofereça segurança, conveniência e atratividade para o caminhar
Restrição do
Tráfego
Tratamento a área nos pontos em que a caminhada é prejudicada
Tratamento de “traffic calming” próximo às escolas e áreas residências
Instalações
Redimensionamento dos espaços das vias a favor do pedestre
Criação de áreas “pedestrianizadas”
Fornecer rotas diretas, conectadas e amigáveis aos pedestres
Melhoria da manutenção e limpeza das calçadas
Melhoria das travessias
Redução do tempo de espera dos pedestres nas travessias semaforizadas
Fonte: RYLEY (2008)
Segundo o MCIDADES (2004b), a Política Nacional de Mobilidade Urbana PNMU,
como se pode verificar, acompanha a tendência mundial e baseia-se:
119
No desenvolvimento urbano e econômico, por meio da promoção, integração,
racionalização das ações entre os órgãos públicos de transporte e do espaço
urbano, reduzindo as “deseconomias” de circulação e oferecendo um transporte
público eficiente e de qualidade;
No fortalecimento institucional do planejamento e gestão local da mobilidade
urbana;
Na gestão democrática e participativa das cidades, capaz de promover a inclusão
social e espacial, através da valorização dos pedestres e ciclistas e do acesso aos
transportes públicos;
Na integração e comprometimento das políticas de transporte, circulação,
habitação e uso do solo;
No fomento de parcerias público privadas em projetos que diminuam as carências
no sistema de transporte e melhorem a qualidade de vida.
Das 30 diretrizes estabelecidas pelo PNMU, pode-se destacar:
Priorização dos pedestres, ciclistas, passageiros de transporte coletivo, pessoas
com deficiências, portadoras de necessidades especiais e idosos no uso do espaço
público de circulação;
Promoção da ampla participação cidadã, garantindo o efetivo controle social nas
políticas públicas de mobilidade urbana;
Combate à segregação urbana;
Promoção das populações de baixa renda ao acesso de serviços de transporte
coletivo;
Promoção e difusão de sistemas de informação e indicadores de mobilidade
urbana;
Incentivo e difusão de medidas de moderação de tráfego e do uso sustentável e
racional do transporte motorizado individual;
Apoio aos planos diretores que gestem políticas favorecedoras à localização de
atividades, de forma a reduzir a necessidade de deslocamentos motorizados;
Promoção de políticas públicas de reabilitação das áreas centrais com ações de
valorização do transporte coletivo e o não motorizado;
Promoção e capacitação dos agentes públicos no desenvolvimento institucional
dos setores ligados à mobilidade;
120
Apoio e incentivo à formulação de planos e mecanismos municipais de adaptação
do sistema viário e de transporte aos projetos de pólos geradores de tráfego, de
modo a mitigarem seus efeitos negativos.
Conforme o MCIDADES (2006b e 2007), foram lançados vários programas nacionais
de apoio financeiro para a implantação de projetos desenvolvidos nas esferas estadual,
municipal ou distrital, como:
“Apoio à Elaboração de Planos de Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais”, cujas
principais diretrizes são:
Promoção da melhoria da qualidade de vida da população e usuários da
área;
Reabilitação urbana e edilícia;
Redução do déficit habitacional por meio da ocupação dos vazios
urbanos e edilícios;
Inclusão social da população por meio da melhoria das condições de
acesso à moradia, ao trabalho e aos serviços públicos locais;
Atração de novos contingentes populacionais de diversos segmentos
sociais;
Participação da sociedade nas decisões acompanhamento e controle dos
planos de reabilitação e gestão democrática e compartilhada.
“Apoio a Projetos de Infra-Estrutura e Requalificação de Espaços de Uso Público
em Áreas Centrais”, com as principais diretrizes norteadoras:
Apoio à elaboração de projetos para a melhoria e requalificação do
mobiliário urbano, espaços públicos e equipamentos comunitários em
áreas centrais degradadas;
Apoio à execução de obras de urbanização, construção e melhoria dos
equipamentos públicos e mobiliário urbano e acessibilidade urbana;
Todos os projetos que envolvam pavimentação deverão prever a
execução de calçadas e passeios para pedestres e atender as necessidades
de acessibilidade universal;
Participação da sociedade nas decisões, no acompanhamento e controle
dos planos de reabilitação em uma gestão democrática e compartilhada.
“Apoio a Projetos de Sistemas de Circulação Não Motorizadas”, por meio de:
121
Implantação de passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, sinalização,
promovendo e priorizando a integração destes modos de transportes com
os sistemas de transporte coletivo, através de soluções de acessibilidade
universal, com segurança e conforto, como implantação de faixas de
pedestres, rebaixamento de meios-fios, remoção de barreiras
arquitetônicas, entre outras;
Priorização dos projetos que beneficiem o deslocamento de população de
baixa renda e promovam a inclusão social por meio de uma rede de
circulação não motorizada, que atendam ao desenvolvimento físico-
territorial, fomentem a qualidade de vida e preservem o meio ambiente;
Os estudos devem apresentar metas de redução do número de acidentes,
de poluição e de consumo de combustíveis.
A partir das metas de sustentabilidade urbana e adoção de políticas públicas voltadas à
mobilidade urbana sustentável, é possível traçar objetivos estratégicos e planos de ação
para direcionar o desenvolvimento da cidade, melhorando a qualidade de vida de seus
habitantes e o ambiente em que ela se insere.
Os planos de revitalização urbana têm o papel facilitador, desde a elaboração de um
plano estratégico, até a concretização das ações e apoio financeiro.
III.4. Estratégias para Elaboração de Planos de Revitalização
Verifica-se a existência de programas de revitalização urbana, tanto nos países
desenvolvidos como nos em desenvolvimento. Esses programas estabelecem certos
tipos de modelos de abordagem que procuram respeitar e valorizar as especificidades
locais, como suas possibilidades econômicas, características sócio-culturais, perfil
geográfico, patrimônio histórico e utilizá-las a favor do progresso e bem estar da
população para o alcance da sustentabilidade.
ROCHA et al. (2006) constatam que as políticas voltadas ao desenvolvimento urbano
em países da América do Sul são carentes de uniformidade, coerência em suas diretrizes
e de um planejamento cuidadoso. Entretanto, algumas soluções conseguem servir de
122
referências para diferentes ambientes, com dinâmica cultural similar. Pode-se
exemplificar como o caso de Bogotá, Medellín, Buenos Aires, Belém e Rio de Janeiro.
Segundo PELÁEZ & SALAS (2004), as cidades dos países em desenvolvimento devem
fugir dos modelos urbanos dos países ricos, principalmente o americano, que teve sua
evolução calcada em função da mobilidade dos automóveis. Nas cidades latino-
americanas é possível encontrar características em comum, como:
Problema de pobreza extrema;
Altas taxas de crescimento populacional;
Altas densidades habitacionais;
Problemas agudos de desigualdade e exclusão social;
Baixos níveis de motorização;
Invernos amenos;
Vínculos familiares e comunitários mais extreitos.
Assim, com realidades diferentes, como Bogotá e Medellín que serão vistas a diante,
são mostradas soluções adaptadas à abordagem de projeto que enfrentam três desafios: a
terra, com os problemas de favelização, a falta de acesso à infra-estrutura básica e as
ocupações irregulares; o transporte, com uma infra-estrutura adaptada à realidade local
e acessível a seus moradores; e o espaço blico e o incentivo ao modo a pé, que são
transformados em espaços adequados para caminhar e para o lazer.
II.4.1. Modelo Europeu
De acordo com o ISTE/CET (2005), o modelo europeu de estratégia de revitalização
inicia com o “cenário de chegada”; isto é, a imagem do que se pretende para a área após
o processo de revitalização (horizonte de 10 a 20 anos). Baseado nesta formulação se
estabelece a estratégia de alcance das metas, valores e forma de abordagem a adotar, a
partir dos recursos (humanos, logísticos, temporais e financeiros) e da situação atual.
O plano estratégico deve conter alguns elementos:
A relação entre a estratégia para a área a ser revitalizada e as estratégias existentes
nas outras esferas (municipal, regional e nacional);
Os valores chaves e princípios gerais para todos os objetivos e ações, que devem
ser mensuráveis e coerentes entre si;
A definição de abordagens e métodos empregados para atingir os objetivos;
123
A clarificação dos compromissos, responsabilidades e recursos de todos os atores
envolvidos na aplicação do processo;
Descrição geral do processo, com cronograma, programas operacionais, projetos e
ações pormenorizadas.
O ISTE/CET (2005) destaca os principais problemas nos programas de requalificação
sócio-urbanísticos europeus:
Dificuldade de coordenação, de definição de prioridades e das
complementaridades no alcance de sinergias entre municípios, estados e esferas
superiores;
Descontinuidades de lideranças dos projetos e do processo de intervenção;
Excesso de burocracia, ocorrendo atrasos, principalmente em relação aos
programas de intervenção social;
Rigidez excessiva que impeça as adaptações dos programas à realidade
encontrada;
Defasagem entre o projeto e a realidade, na etapa de implantação;
Intervenções casuísticas que resultam em respostas desarticuladas e pouco
eficazes;
Desarticulação e desintegração entre as intervenções materiais (recuperação do
espaço físico, equipamentos construídos), e os valores imateriais (apoio /
dinamização social);
Falta de sustentabilidade do projeto e das ações, dificultando o seu funcionamento
para além da vigência do programa.
A equipe de projeto deve ser composta por um coordenador, uma equipe técnica local
multidisciplinar e por especialistas, cujas principais funções competências são:
Executar as ações definidas pelo projeto, mobilizando parecerias e recursos;
Identificar necessidades, rever e ajustar os objetivos e as ações;
Detalhar periodicamente o plano de trabalho e sua concretização;
Detalhar e adaptar o projeto executivo, garantindo a participação continuada do
público alvo e as instituições parceiras;
Desenvolver mecanismos que aprofundem o trabalho interdisciplinar para que a
concretização das diferentes tarefas nas diversas competências.
124
O coordenador de projeto deve adotar mecanismos de gestão do processo de
revitalização que facilitem a mobilização plural dos atores envolvidos, a fim de
promover abordagens e intervenções integradas, tanto na instância técnica, de modo que
as ações possam ser concretizadas com sucesso e de forma coerente; como, sempre que
possível, entre as dimensões física, social, cultural, ambiental e econômica, baseado no
conhecimento compartilhado e multidisciplinar.
II.4.2. Modelo Norte-Americano
O ITE (2006) propõe um procedimento para aplicação em projetos de requalificação das
cidades específico para o desenvolvimento do modo a pé, através de projetos urbanos
denominado de Context Sensitive Solutions – CSS.
Trata-se de um processo de quatro etapas principais que visa valorizar os deslocamentos
a e oferecer um ambiente amigável aos pedestres. De uma forma simplificada, estas
quatro etapas são:
1º. Planejamento de transporte de amplo alcance: dedicado ao estudo da rede de
transporte, sua conectividade e os principais deslocamentos. Propõe o seu
desenvolvimento em conjunto com o órgão de urbanismo local, de forma a
identificar as oportunidades e lugares que possam receber os projetos de incentivo às
viagens a dentro do planejamento de urbano. Os estudos poderão provocar uma
reclassificação hierárquica da rede viária.
2º. Desenvolvimento conceitual do projeto: os conceitos emergem da relação entre a
rede viária, características da zona urbana, circunstância de projeto, valores locais e
objetivos a serem alcançados. Nesta etapa, a partir do perfeito entendimento do
conceito do projeto, os elementos de projeto são selecionados e priorizados, com o
auxílio de uma equipe multidisciplinar. Podem-se definir seções básicas de desenho,
de acordo com algumas características condicionantes do local.
3º. Planejamento de Projeto e Análise de Alternativas: é a etapa de desenvolvimento
e avaliação de alternativas de projetos. Aplicam-se as técnicas recomendadas de
desenho e apropriadas às especializadas de cada local. Após os debates entre as
equipes de projetos (visão multidisciplinar), é definida a linha de desenho para o seu
desenvolvimento final.
125
4º. Projeto Básico e Projeto Executivo: elaboração dos projetos até a sua aprovação
final e caminhamento para a execução. Com o projeto desenvolvido, parte-se para a
viabilização de sua implantação. Finalizada as obras, inicia-se a operação e
manutenção, que continuam por toda a vida da obra.
II.4.3. Modelos Brasileiros
Dentre os principais programas brasileiros de revitalização urbana, serão destacados o
PRI e o MONUMENTA, que são modelos específicos do tema em estudo, de larga
utilização no território nacional, com alguns exemplos práticos aplicados na Cidade do
Rio de Janeiro.
Programa Cidade Brasil Metodologia do Perímetro de Reabilitação Urbana
Integrada – PRI
Este programa, desenvolvido pela CAIXA (2006) procura realizar ações efetivas na
questão habitacional em cidades que buscam viabilizar a implantação do Programa de
Revitalização de Áreas Centrais.
O PRI é firmado através de convênio entre a prefeitura municipal, a CAIXA, o estado,
órgãos federais envolvidos e complementados, conforme for o caso, por entidades
interessadas (moradores, proprietários, comerciantes, setor imobiliário, entre outros).
Deve conter o prazo e a área de operação, descrição das ações e respectivo cronograma
e recurso financeiro, o compromisso de cada parceiro com a modalidade de implantação
e forma de acompanhamento da operação (CAIXA, 2006).
Conforme estipulado no PRI, deve ser estabelecido:
Um comitê diretor: supostamente presidido pelo prefeito, com o papel de
validação política de forma global do projeto, de intercambiar e reger as ações em
andamento;
A equipe técnica de projeto: formada por técnicos de diversas secretarias
municipais e representantes das entidades envolvidas, com as seguintes
atribuições:
Desenvolver estudo operacional;
Coordenar a implantação das ações de iniciativa pública e privada;
Buscar recursos e soluções para implantação;
126
Organizar reuniões periódicas;
Realizar todo o trabalho de campo, tabulações de dados e diagnósticos.
A entidade organizadora: responsável pela implantação operacional do PRI, com
sede na área de intervenção. É a interlocutora entre os órgãos públicos, os
moradores e os investidores. É composta por uma equipe multidisciplinar
(urbanistas, arquitetos, técnicos, especialistas jurídicos, financeiros, trabalhador
social, entre outros).
O estudo chamado pela CAIXA (2006) de “Pre-Operacional” deve conter os objetivos
do PRI, em termos quantitativos, qualitativos e os recursos necessários para sua
execução. Deve fornecer as características gerais da área, como a localização na cidade,
projetos em andamento, a infra-estrutura existente, o patrimônio construído detalhado,
regulamentação urbanística, uso do solo, características sócio-econômicas da população
e avaliação dos serviços de transporte, tráfego e parqueamento.
A proposta do Comitê Diretor deve conter:
Objetivos: quantitativos e usos dos prédios a ser reabilitados;
Incentivos e subsídios para o equilíbrio financeiro;
Recursos para os trabalhos sociais;
Intervenções públicas para o melhoramento do bairro: reforma dos espaços
públicos, parqueamento, equipamento e serviços.
Programa MONUMENTA
Segundo o MONUMENTA (2008), esse programa objetiva a recuperação do patrimônio
histórico cultural urbano em conjunto com o desenvolvimento econômico e social.
Busca o equilíbrio sustentável com geração de recursos provenientes de atividades
desenvolvidas na localidade, de modo permitir a manutenção e conservação dos imóveis
da área de projeto. O programa procura transformar as áreas abrangidas em pólos
culturais e turísticos, geradora de empregos. É financiado pelo BID, executado pelo
Ministério da Cultura – MinC e apoiado pela UNESCO.
Para a implantação do Programa MONUMENTA é realizado convênio entre MinC, a
prefeitura ou estado, onde são estabelecidos as atribuições, os valores e os cronogramas
das partes. São formadas equipes técnicas compostas por representantes municipais ou
127
estaduais, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e recebem
orientações do MinC.
São financiadas obras de restauro e conservação do patrimônio histórico e infra-
estrutura urbana, inclusive melhoria das ruas, calçadas, iluminação, paisagismo,
mobiliário urbano, estacionamento, sinalização histórica, programação visual e
pequenas obras de drenagem e sistema de água e esgoto (MONUMENTA, 2008).
III.5. Melhoria da Qualidade dos Espaços Urbanos A Prática da Revitalização
Urbana
Avançando a pesquisa, com o intuito de ilustrar e entender o processo de revitalização
urbana em diferentes cidades, serão descritas, de forma sucinta, e conforme informações
obtidas, a prática internacional e nacional.
Na seleção de projetos, buscaram-se diferentes realidades locais e motivações que
resultaram na obsolescência urbana. É notória a unanimidade no tratamento do espaço
público e a preocupação específica com os pedestres, confirmando a importância da
pesquisa e sua correlação ao tema da dissertação.
Os problemas físicos, tais como abandono, deterioração e poluição nas cidades
contribuem para agravar os problemas sociais. As ruas e edifícios influenciam a relação
entre o cidadão e a cidade. Constituem o espaço físico no qual a sociedade e sua cultura
se desenvolvem, provocando o reconhecimento simbólico de sua cidade.
Nos sistemas sociais sustentáveis, a revitalização urbana torna-se uma questão de
qualidade de vida e de oportunidade para a criação de empregos e redução da exclusão
social (BRAKARZ, 2002). É necessário que o poder público, direta ou indiretamente,
intervenha em áreas urbanas com o objetivo de inversão do processo de decadência
econômica, social e física destas áreas, quando as forças de mercado por si só já não são
suficientes para reverter o período de declínio (CCE, 1996, BOHORQUEZ, 2002,
ROJAS, 2004, XIMENES, 2004, CE, 2007).
128
A regeneração urbana pode envolver a reabilitação da estrutura existente, o
reaproveitamento de edificações e reutilização do solo urbano, o que envolve solos
abandonados ou poluídos.
A existência de grandes bolsões de pobreza nas cidades repercute negativamente em sua
economia, reduz seu atrativo para instalação de negócios e diminui sua competitividade
frente às outras cidades (BRAKARZ, 2002).
A reciclagem de terrenos e/ou edificações redundantes, abandonados ou poluídos é vista
como parte da solução de sustentabilidade com a reutilização de recursos, e oferece a
oportunidade de restabelecimento ou instalação de novos fluxos, como água, energia,
saneamento, vias para pedestres, ciclistas e transporte público (CCE, 1996).
Logo, o processo de revitalização urbana, com a reabilitação e renovação de áreas
devem integrar-se a uma abordagem holística do planejamento, que envolva e inter-
relacione políticas urbanas de transporte e a qualidade ambiental, com estratégias
consoantes do potencial geoespacial, econômico e social, às oportunidades e problemas
urbanos e os recursos disponíveis.
A CCE (1996) destaca a importância da oportunidade e a necessidade de reestruturar a
acessibilidade das áreas de revitalização, com oferta de novos itinerários para o
transporte público e a criação de rotas para os pedestres e ciclistas. Deve-se então,
analisar a utilização futura da área recuperada e os deslocamentos internos e externos à
área, garantindo ligações às estruturas e aos serviços (DOMINGUES, 1999, PCRJ &
COHIDRO, 2002, MONUMENTA/BID, 2003, SEGRE, 2005, SOUZA, 2006,
BUSTAMANTE, 2007, RAPORPORT, 2007, BOHIGAS, 2007).
Quanto a projetos de revitalização de centros históricos, as atividades de lazer e turismo
e suas expansões exercem pressão sobre a conservação do patrimônio cultural, valores
históricos, econômicos, demográficos e sociais. As comunidades locais se vêem
conflitadas e obrigadas a se adaptarem aos impactos externos e aos padrões culturais
importados (SARASA, 2005).
A adaptabilidade das novas estruturas (e infra-estruturas) pode evitar e reduzir os
impactos negativos. Os espaços públicos deverão ser ofertados, entretanto, a
comunidade local e suas áreas o turísticas não poderão ser abandonadas neste
129
processo, evitando-se uma urbanização disfuncional, a degradação e a perda da
identidade e laços afetivos entre o cidadão e sua cidade (CCE, 1996).
A identidade da cidade deve ser mantida nos programas de revitalização e a morfologia
urbana enriquecida graças à melhoria dos espaços públicos abertos e o reconhecimento
do patrimônio cultural, integrando-os aos tecidos urbanos.
O processo de revitalização urbana é uma oportunidade de correção das deficiências
locais, de preencher as lacunas do tecido urbano, permitindo a melhoria e a criação de
novas redes de infra-estrutura e prestação de serviços aos moradores locais. Deve trazer
a comunidade para a participação nas decisões de melhorias com objetivo de alcançar a
sustentabilidade e melhores condições de vida.
II.5.1. Projetos Internacionais
A prática internacional de projetos voltados à revitalização urbana está representada
neste trabalho por exemplos de países ricos, como Inglaterra, Alemanha, Austrália e
Estados Unidos. Estes projetos possuem diferentes portes e motivações.
Em relação aos países em desenvolvimento, foram selecionados os da América Latina:
Argentina, Colômbia e Bolívia, tendo em vista a aproximação geográfica e histórica,
problemas sociais e econômicos, como existência de bolsões de pobreza nas cidades e,
sobretudo, a importância de seus projetos e das soluções adotadas.
No caso argentino, o interesse maior foi o projeto de revitalização portuária portenha.
Processo similar ocorrido em Londres nas décadas de 1980 e 1990, pode ser encontrado
em Belém do Pará e na inclusão deste tipo de processo no Plano Estratégico da Cidade
do Rio de Janeiro, com o projeto desenvolvido para a revitalização do Porto do Rio, mas
que ainda não se encontra implantado.
Londres - Docklands
Nos anos da década de 1960, o fechamento gradativo das indústrias e estaleiros da
construção naval e a evolução tecnológica aplicada às atividades portuárias levaram a
um processo de esvaziamento e abandono de extensas áreas que serviam de apoio
portuário. Este fenômeno pôde ser sentido de uma forma global. Geralmente, os antigos
portos situam-se nas regiões centrais das cidades, o que potencializa e favorece as
130
condições de revitalização, devido à localização, à infra-estrutura instalada, à
oportunidade de implantação de novas atividades citadinas e o aporte de nova infra-
estrutura urbanística (GUERRA, 2005).
Segundo COMPANS (2004), no caso de Docklands de Londres, em 1981 foi criada a
London Docklands Development Corporation LDDC. A estratégia de revitalização da
região baseou-se na mistura dos usos residencial, comercial e de serviços, privilegiando
as atividades de ponta, atrativas aos grandes grupos financeiros e de telecomunicação, e
apartamentos de luxo, de modo a captar recursos de investidores privados (SOUZA,
2006). A ocupação de Docklands foi um grande sucesso do ponto de vista comercial, e
em seis anos a área portuária londrina foi completamente transformada.
O projeto de Docklands foi elaborado durante o período de governo neoliberal. Os
mecanismos de ação privada movida pela busca de lucros imediatos, incompatível com
a temporalidade urbana, que necessita de planejamento e ações com visão a longo
prazo, obrigaram o governo a aportar largos recursos, em conjunto com a iniciativa
privada, na construção a posteriori de um sistema de transporte coletivo, composto por
trem leve sobre trilho VLT, metrô, novas avenidas, pontes e passarelas (COMPANS,
2004, GUERRA, 2005).
Conforme GUERRA (2005), em uma primeira fase, as intervenções foram negligentes
com o patrimônio industrial e com a paisagem aquática, avançando com aterros na
conquista de terrenos para incorporações imobiliárias, como mostra a Figura III.3. Em
um segundo momento, houve “correção da rota, com preservação e adequação dos
antigos galpões e armazéns, e a inteira utilização das docas como suporte paisagístico e
simbólico da área”.
O exemplo de transformação relatado por TAIT (2003) ocorre nos meados da década de
1990, quando se desenvolveu, numa área de docas denominada de West Silvertown, um
projeto urbanístico residencial, empregando princípios de desenho urbano, com
características de desenvolvimento local, promoção das relações sociais e coesão
comunitária. A área possui uso de solo misto e diferentes padrões de habitação.
131
Figura III.3 - Área Aterrada de Canary na Isle of DogsDocklands, Londres
Fonte: Britannica (2008)
Berlim
Segundo NEFS (2006), em geral, a partir da década de 1950, as orlas ferroviárias
urbanas entram em decadência devido à alteração da matriz de transportes adotada por
cada nação. Modificações tecnológicas e a transferência sistemática dos pátios centrais
de manobras e oficinas para áreas periféricas resultam no surgimento de vazios urbanos,
localizados em áreas centrais, com grande valor arquitetônico e ambiental e potencial
construtivo, o que oferece oportunidade de transformação das áreas em novos pólos
econômicos e culturais.
A revitalização das orlas ferroviárias, normalmente, é menor que as transformações de
áreas portuárias, mas podem abrigar programas de mesmo porte. No caso da ferrovia,
muitas vezes, a estação não perdeu sua função e continua sendo local de muito
movimento de pessoas.
Desde o início da década de 1990, com a queda do muro, a municipalidade de Berlim
preocupa-se com a reintegração entre o lado ocidental e oriental da cidade. NEFS
(2006) destaca três projetos de intervenção na orla ferroviária berlinense, que compõem
o audacioso programa de reconstrução da imagem da cidade que valoriza os nós de
transportes entre a Europa Ocidental e a Oriental e como centros culturais e de
negócios.
Área de Lehrter Stadtkwartier: trata-se de projeto de ocupação dos vazios da nova
estação central de Berlim, aonde se cruzam linhas de trem de alta velocidade, de
alcance internacional. Considerada uma importante área, próxima aos ministérios e
132
o Congresso Alemão, com previsão de construção de uma conexão com o Aeroporto
Schönefeld.
O projeto apresentado em maquete na Figura III.4 abrange uma área de 42 ha e
prevê, na parte sul, a construção de 145.000 m
2
, distribuídos em 18% de residências,
4% de comércio e 78% de escritórios.
Figura III.4 - Maquete do Projeto Lehrter Stadtkwartier – Berlim
Fonte: www.ak-berlin.de (2008)
Área de Ostabahnhof: o terreno de 21 ha pertence a um empreendedor da área de
entretenimento e o projeto prevê a construção de uma arena esportiva para eventos
de grande porte, conforme a ilustração da Figura III.5. O uso urbano da área ao
redor do estádio será reservado a habitações, escritório, comércio e gastronomia. Em
2006 as obras da arena foram iniciadas.
Figura III.5 – Ilustração do Projeto para a Arena de Ostabahnhof – Berlim
Fonte: Kapella (2008)
Área de Gleisdreieck: localizada em uma região de 62 ha é servida por trem e metrô,
conforme Figura III.6. Na área existe um grande parque surgido pelo crescimento de
vegetação sobre os trilhos abandonados. Para o local é prevista a utilização de
133
alguns galpões para a instalação de anexos do Museu Tecnológico, além da criação
de um novo pólo comercial e de escritórios. Também serão criados outros pólos de
uso misto com o papel de integração dos vazios urbanos aos bairros vizinhos. Os
moradores locais fazem esforços para que o parque seja preservado, junto com os
antigos trilhos, pontes e viadutos históricos recobertos pela vegetação,
transformando a área efetivamente em atração turística, com trilhas ecológicas.
Figura III.6 - Área de Gleisdreieck – Berlim – Vista aérea e Detalhe da Vegetação
Fonte: http://www.berlin-gleisdreieck.de/(2008)
Adelaide
O governo da Cidade de Adelaide, Austrália, com o propósito de direcionar o
planejamento urbano da área central da cidade em direção a uma cidade que ofereça
mais oportunidades aos deslocamentos a e valorização de seus espaços públicos,
desenvolveu estudo sob consultoria do escritório de Jan Gehl (ACC, 2002).
A metodologia aplicada obedeceu às seguintes etapas:
Mapeamento dos quarteirões de maior uso de pedestres e verificação da adequação
de sua abrangência e possibilidade de expansão;
Mapeamento das praças públicas, com a verificação da qualidade estética, urbana e
recreativa oferecidas, e se o potencial destas áreas está explorado;
Estudo das larguras das vias e a possibilidade de inclusão em rotas exclusivas dos
modais não motorizados e de faixas exclusivas para o transporte público;
Estudo das conexões e qualidade das rotas para pedestres, verificação das conexões,
clareza das ligações, principalmente com as estações, praças, mercado central,
shopping e outros pontos de destaque da cidade. Verificação das conexões visuais,
134
qualidade do pavimento e do mobiliário urbano disponível. Levantamento da
necessidade de criação de novas rotas;
Levantamento e mapeamento do tráfego de passagem;
Levantamento e mapeamento do número de vagas de estacionamento de automóveis
e dos acessos às garagens (a alta disponibilidade de vagas de estacionamento
contribui com a dependência do automóvel e as inúmeras entradas de garagem
interrompem os deslocamentos a pé);
Levantamento das condições de caminhada:
- Tempo de espera de travessia o estudo apontou atrasos máximos de 16% do
tempo total de caminhada, considerado adequado para o modo;
- Número de interrupções (travessias, entradas de garagens, mudanças de níveis,
barreiras);
- Desvios nas rotas devido a obstáculos, como mobiliário urbano, abrigos de ponto
de ônibus, árvores, entre outros;
- Giros veiculares livres à direita, oferecendo situações inseguras aos pedestres.
Levantamento e as condições das rotas para ciclistas;
Levantamento e mapeamento da qualidade da parte frontal das edificações e de
existência de vitrines, consideradas importantes para a ambiência das ruas centrais.
A metodologia estabelece classificação das fachadas entre “A” a “E”, sendo “A” as
que possuem vitrines abertas e atrativas e “E” com paredes fechadas, sem qualquer
atratividade (considera-se que boas entradas, transparências para o interior das
edificações e belas vitrines tornem as ruas mais convidativas, amigáveis e a com
sensação de segurança);
Levantamento e mapeamento das atrações noturnas, especificando o tipo de uso;
Levantamento das áreas “pedestranizadas”, sua conexão com o resto da cidade,
intensidade de uso de uso e qualidade ambiental ofertada aos pedestres;
Levantamento da qualidade da ligação da área estudada à área recreativa localizada
às margens do Rio Torrens (devido às edificações, não ligação visual e as rotas
para pedestres entre as duas áreas foram consideradas pobres).
Como conclusão do estudo, recomendou-se:
Criação de uma conexão significativa entre o centro e a margem do Rio Torrens,
encorajando os passeios a pé;
135
Preservação dos parques e construção de alamedas no seu interior como recursos
naturais para caminhadas;
Redução do tráfego de passagem, com a construção de um anel rodoviário que
redirecione o tráfego. Adoção de técnicas de traffic calming na área central, onde
necessário;
Ampliação da linha de ônibus circular gratuita que atende a área central de
Adelaide, de modo a encorajar a migração do auto particular para os outros modais
de transporte;
Ampliação e melhoria das rotas de pedestre, sobretudo nas conexões norte-sul;
Reorganização da hierarquia viária, de forma possibilitar a redução do número de
faixas veiculares, criação de faixas exclusivas para ônibus, criação de ciclovias e
alargamento de calçadas;
Melhoria das rotas para pedestres e eliminação das interrupções desnecessárias;
Estímulo aos pequenos comerciantes a manterem vitrines e boas entradas em suas
lojas;
Estímulo a habitações no Centro;
Melhoria da iluminação pública, tanto para a segurança como para destaques
arquitetônicos;
Criação de um perfil de design para o mobiliário urbano.
São Francisco – EUA
O projeto desenvolvido para o eixo viário San José/Guerrero, Cidade de São Francisco,
EUA, surge após pressão da comunidade para que a localidade fosse requalificada, de
modo oferecer um ambiente voltado aos moradores, não aos carros, e que todos
pudessem usufruir espaços públicos caminhando (PPS, 2006). Para a concretização do
projeto, foi necessária a adoção de legislação específica, que possibilitou as profundas
mudanças hierárquicas e geométricas das vias. O desenvolvimento do projeto realizou-
se com consulta a especialistas e a participação comunitária.
San José/Guerrero foi construída na década de 1950, como um importante corredor de
tráfego para a Cidade de São Francisco. Com o passar dos anos, o corredor passou a
apresentar sérios problemas de altas velocidades; elevado volume de tráfego;
indefinição de áreas de calçadas e entradas de garagens, com longos trechos de meio-fio
rebaixado; calçadas estreitas e raios de curvas nas interseções facilitadores aos giros
136
veiculares, dificultando os deslocamentos dos pedestres; caixas de rolamento largas,
tornando o ambiente árido e aberto e dificultando as travessias; falta de rampas de
travessias para pedestres.
O eixo viário foi divido em três zonas de projeto, conforme o uso do solo. A área norte
recebeu um tratamento estritamente residencial, a parte central foi tratada levando-se em
consideração sua característica comercial e a parte sul, onde está instalada a estação
terminal de um dos sistemas de transporte público que serve à cidade, foi preparada para
receber o grande fluxo de pedestres.
Na área residencial, o canteiro central e as calçadas foram alargados, elementos de
traffic calming, de paisagismo foram aplicados para diminuição da velocidade.
Sinalização específica e portal de entrada reforçaram a informação de mudança de
velocidade. O limite entre as áreas residencial e a comercial recebeu uma grande praça,
construída na interseção entre as ruas Guerrero e San José, tornando a última sem saída.
Na área comercial foi permitida a instalação de mesas nas calçadas para cafeterias. Para
a área junto à estação terminal foi criado um estacionamento adicional de veículos.
Todas as travessias de pedestres foram tratadas e uma nova praça foi construída. Previu-
se ciclovia em toda a área.
Este projeto conseguiu atingir os objetivos estabelecidos e marcar os seus ambientes
para a cidade de São Francisco. Foi considerado como modelo futuro para o
planejamento comunitário, tendo em vista os bons e eficientes resultados alcançados
(PPS, 2006).
Buenos Aires – Projeto de Renovação Urbana Puerto Madeira
O governo argentino realizou a maior intervenção de revitalização urbana em uma
cidade latino-americana nos anos 1990, com a renovação e reutilização das antigas
instalações do Puerto Madero, localizado ao longo do centro da Cidade de Buenos
Aires. Em 1989 foi criada a Corporación Antiguo Puerto Madero para viabilizar as
intervenções, dinamizar as articulações políticas e solucionar tecnicamente os projetos,
o que permitiu destravar os múltiplos conflitos de interesse, por trata-se de uma das
áreas mais valiosas do território argentino (LIERNUR, 2004).
137
Conforme SEGRE (2005), o plano estratégico para o porto foi desenvolvido por acordo
de cooperação entre as prefeituras de Barcelona e Buenos Aires. A revitalização urbana,
baseada nos modelos ingleses de intervenção nas áreas portuárias, como Dockland de
Londres e Liverpool, estava associada a uma política de rentabilidade econômica, de
marketing e da concorrência entre as cidades globais.
O plano estratégico estabelece que, das áreas edificadas, 55% serão para uso terciário,
37,3% para residências (com alta e média densidade de ocupação), 3,3% para o
comércio, 4,4% para equipamentos públicos. 60 hectares foram destinados a áreas
verdes (praças e parques) e calçadas. Atualmente, estão estabelecidos diversos
escritórios, empresas multinacionais, hotéis, universidades e prédios públicos. Sua
população em 2005 era de 5.666 moradores e de 28.777 empregos (PUERTO
MADERO, 2008).
As principais estratégias estabelecidas para o Projeto de Puerto Madero são (ROJAS et
al., 2004):
Vinculação e acessibilidade: as vias de acesso consolidaram como continuação
natural dos corredores urbanos, permitindo a integração com o resto da rede viária
urbana;
Recuperação dos valores histórico-ambientais: a incorporação do porto pela Cidade
resgata a história e o valor patrimonial industrial de seus diques, silos, galpões e
passeios. A criação de parques que incrementam a zona verde da cidade;
Expansão e consolidação: incorporação de múltiplos usos do solo com o uso do
pano de água: uso náutico, turístico e de entretenimento, recuperando os padrões
portenhos de urbanidade, com a criação de uma imagem que se identifique com a
cidade existente;
Gestão: projeto concebido em etapas que permitem sua adequação aos mercados e
ao ritmo do fluxo de investimentos previstos a longo prazo.
A transformação ofereceu uma notável qualidade ambiental e oportunidade de tratar a
orla do Rio Prata em peça estruturante para o sistema verde da cidade, vinculada às ruas
e calçadas, conforme Figura III.7, que mostra os armazéns de Puerto Madero
reformados com os passeios, e ao fundo, a ponte de pedestres, para o aproveitamento
dos pedestres e integração com a Reserva Ecológica. A cidade passou a usufruir desta
nova área, sobretudo em relação aos espaços públicos de escala metropolitana,
138
considerado por LIERNUR (2004) de qualidade excepcional. Segundo SEGRE (2005),
o empreendimento evitou também que a camada mais rica abandonasse a cidade,
criando uma nova centralidade no subúrbio de Buenos Aires.
Figura III.7 - Armazéns e Espaço Público do Puerto Madero Fomentadores da
Caminhada – Buenos Aires
Fonte: Puerto Madero (2008)
Quanto à questão específica do tratamento do modo a pé, conforme RAPORPORT
(2007), do ponto de vista de acessibilidade universal os espaços públicos tornaram-se
itens destacado na agenda local portenha, respaldado no “Plano Nacional de
Acessibilidade” de 2003. Foram estabelecidos três programas distintos:
Buenos Aires 10: que busca a melhoria da qualidade de vida da cidade, através de
intervenções urbanas, transporte, trânsito e arquitetura, melhorando o calçamento,
integrando e construindo rotas para pedestres, com rampas para facilitar as
travessias de pessoas com mobilidade reduzida e o acesso ao Metrô.
Pacto de Mobilidade: com objetivo de fomentar o deslocamento a pé, visa à
implantação de abrigos nos pontos de ônibus, painéis informativos e melhoria das
travessias de pedestres. Este plano, por falta de prazos e do estabelecimento de
medidas concretas, ainda não iniciou sua implantação.
Ata de compromisso com a cultura: busca a acessibilidade no interior dos prédios de
atividades culturais.
RAPORPORT (2007) constata que a melhoria da acessibilidade de modo universal e a
valorização das viagens a pé não implicam, necessariamente, em grandes obras ou
grandes modificações no planejamento urbano.
Bogotá
139
Segundo SEGRE (2005), a imagem urbana de Bogotá, capital da Colômbia, está em
processo de regaste através de projetos de qualificação de seu espaço público. O Plano
de Ordenamento Territorial, desenvolvido para aplicação nesta primeira década do
milênio, propõe a organização de cinco novas centralidades distritais, cuja estratégia é:
Priorização e organização do transporte público;
Criação de infra-estruturas nas áreas pobres;
Inserção de novos equipamentos culturais;
Definição de um sistema verde;
Reintegração do pedestre à vida urbana;
Revitalização do centro tradicional esvaziado.
O mega projeto elaborado pelo governo municipal entre 1998-2000 para a diminuição
da pobreza e inclusão social, prevê a pavimentação de 110 km de vias locais, construção
de 2300 km de sistema de drenagem, 6 hospitais, 51 escolas, 50 parques, 4 bibliotecas
públicas, deslocamento de 2000 famílias que moram em área de risco e legalização de
450 assentamentos SKINNER (2004).
Conforme BOHÓRQUEZ (2002), o projeto Proycto Tercer Milenio, selecionado como
exemplo de boas práticas pela Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Madrid
Universidad Politécnica de Madrid, como “Cidade para um Futuro mais Sustentável”,
desenvolvido em 1998 pela Prefeitura Municipal de Bogotá, parte integrante do Plano
de Ordenamento Territorial, procura impulsionar a recuperação urbana e social das
partes mais degradada da cidade. Considerado um núcleo comercial da cidade, o local
apresentava altos índices de delinqüência e criminalidade. O projeto prevê a promoção
da urbanização com a criação de uma grande área verde que introduza a novos usos e
consolide uma melhor a qualidade de vida dos seus 10.000 habitantes.
O Projeto possui os seguintes objetivos (BOHÓRQUEZ, 2002):
Regenerar o Centro de Bogotá e construir um parque metropolitano;
Promover a inserção de seus habitantes através de programas de infra-estrutura
urbana, empregos, fomento da capacitação profissional, para a melhoria da
qualidade de vida;
Criação do conselho legal para resolução de problemas entre proprietários e
arrendatários, que acelere os processos de regularização de propriedade.
140
Segundo o Instituto de Desarollo - IDU (2007), o trabalho de recuperação urbana de
Bogotá se baseia no seguinte plano de ordenamento territorial:
Recuperação do espaço público representativo;
Construção de passeios, canteiros centrais, praças e jardins;
Geração de espaços para pedestres lineares, calçadas, alamedas e “pedestrialização”
de ruas;
Integração de espaços naturais com a cidade construída;
Melhoramento e construção dos espaços para pedestres adjacentes aos edifícios
públicos.
Em relação ao gerenciamento da mobilidade, Bogotá restringiu o uso do automóvel em
várias vias arteriais da cidade e implantou um sistema de transporte público de
qualidade conhecido como “Transmilênio”. Com a recuperação dos espaços públicos,
oferta de atividades de lazer, valorização do pedestre, criação de ciclovias e áreas
verdes, restrição da oferta de estacionamento, aumento do preço da gasolina e proibição
do uso do automóvel em algumas vias, houve a indução significativa de transferência
dos usuários do carro particular (ROCHA et al., 2006).
O forte melhoramento dos espaços públicos alcançados pelo projeto do Transmilênio”
contribuiu também não para a melhoria dos espaços privados, como para a
valorização e toda sua área de influência, transformando as cercanias em áreas mais
atrativas e possibilitando o surgimento de novas centralidades urbanas
(BUSTAMANTE, 2007).
Este foi o primeiro programa de atuação integral de renovação urbana em Bogotá de
execução pública. Foram criadas zonas verdes no centro numa área de abrangência de
602 prédios, onde 65% destes foram demolidos para abrir o espaço público. As
empresas desfrutam agora de um ambiente urbano mais adequado e infra-estrutura
apropriada.
As fotografias da Figura III.8 mostram a melhoria da qualidade ambiental alcançada
pela Cidade de Bogotá, fruto do Plano de Ordenamento Territorial e das intervenções
urbanística.
141
Alameda Calle 10 Alameda el Porvenir
Alameda Bosa Calle 85
Candelaria La Nueva Alameda el Porvenir
Transmilenio Carrera 11
Figura III.8 – Intervenções Física do Plano de Ordenamento Territorial em Bogotá
Fonte: ONG Por el País que Queremos (2008)
Medellín
Medellín, segunda mais importante cidade colombiana, sofre com sérios problemas
sociais e desordem urbana. Segundo BOHIGAS (2007), 40% da população vivem nos
chamados tugúrios, guetos similares à favela.
142
A Prefeitura Municipal desenvolveu alguns planos estratégicos para o ordenamento e
desenvolvimento da cidade baseado na reconstrução urbanística, como:
Projeto Passeio Urbano da Avenida El Povoado
Figura III.9 - Projeto Passeio Urbano da Avenida El Povoado
Fonte: Prefeitura de Medellín (2008)
A Avenida de El Povoado, como pode ser vista na Figura III.9, é um importante ponto
de referência para a cidade, que apresentava problemas de congestionamento, de
irregularidade da caixa de rolamento, estacionamento sobre a calçada e desprezo pelos
pedestres e espaço público, acarretando na deterioração da qualidade de vida da cidade.
O projeto propõe o melhoramento das condições de mobilidade e conservação do meio
ambiente, através da recuperação do espaço público, ofertando melhores espaços para
os pedestres e áreas de recreação.
O projeto, em fase de implantação, prevê o redimensionamento e uniformização da
caixa de rolamento veicular, com três faixas de tráfego por sentido, o que possibilitou a
criação de calçadas confortáveis, de qualidade, com desenho uniforme que busca gerar
uma nova identidade para ao local. As calçadas são concebidas como um ambiente
agradável para o caminhar. Recebem projeto paisagístico arrojado, arborizado e
sombreado, com mobiliário urbano e utilização de materiais modernos, texturizados e
coloridos.
Projeto Urbano Integral
A estratégia baseia-se na construção, no miolo da comunidade, de um centro de
atividade coletiva, de importância arquitetônica. É composto por uma praça ou parque
143
com instalação de um equipamento multifuncional, (escola, biblioteca, centro cívico),
para onde converge o transporte público, criando uma centralidade de utilização quase
obrigatória, de modo a produzir uma coesão social até então inexistente.
Para diminuir os a problemas de acessibilidade, pois alguns tugúrios localizam-se em
encostas íngremes, foram adotadas soluções alternativas, como um sistema de teleférico
com cabines (metro-cable). Por vezes as centralidades são interligadas através de pontes
de pedestres que vencem vales profundos para unir as comunidades vizinhas e
incentivar a utilização dos espaços públicos, o que fortalece a integração e a
dinamização social (BOHIGAS, 2007).
A Figura III.10 apresenta a intervenção urbanística de requalificação do espaço público
e calçadas dos tugúrios em Medellín.
Figura III.10 - Projeto Urbano Integral – Requalificação das Calçadas de Tugúrio
em Medellín
Fonte: Prefeitura de Medellín (2008)
III.6. Políticas e Projetos de Revitalização Urbana – Experiência Nacional
Projetos de revitalização urbana em São Paulo e Belém são apresentados como
exemplos de experiência nacional. A revitalização da área portuária de Belém,
considerada um sucesso, refletiu tão positivamente que possibilitou a congregação da
revitalização do centro histórico da cidade com o apoio do Programa
MONUMENTA/BID. Já São Paulo, no caminho inverso de outras cidades que buscam a
ampliação das áreas “pedestrianizadas”, está reformulando suas áreas, motivado pela
desordem pública e dificuldades econômicas do setor comercial localizado no interior
destas áreas.
144
Belém
O porto de Belém teve seu auge com a comercialização da borracha no fim do Séc.
XVIII. Com o declínio do ciclo da borracha e a perda da importância econômica da
região, o porto entra em decadência e seus belos galpões ingleses são abandonados. O
governo do Estado do Pará, nos anos 1990, na busca de políticas urbanas que reestruture
e dinamize o perfil sócio-econômico da região, desenvolve o projeto de revitalização
territorial da orla fluvial, denominado Estação de Docas (XIMENES, 2004).
O programa além de recuperar os galpões antigos, urbanizou de extensas áreas livres,
correspondentes a 72% do total do projeto. O programa incorporou galerias comerciais,
espaços culturais e lazer, conforme mostra a Figura III.11. Atualmente, o espaço é
gerenciado pela Empresa Pará 2000, associação de direito privado, sem fins lucrativos e
de interesse coletivo (SOUZA, 2006).
O Plano Estratégico da Cidade determina que, além da requalificação da orla fluvial,
exaltando os atributos culturais (culinária, música e patrimônio construído) e naturais
(rios, matas e fauna), voltados ao mercado turístico, o centro histórico seja alvo de
programa de reabilitação (XIMENES, 2004).
Figura III.11 - Estação de Docas do Porto de Belém
Fonte: http://www.belem.pa.gov.br (2008)
O patrimônio construído do centro da cidade de Belém possui notável valor fundiário,
histórico e cultural, com razoável infra-estrutura e boa acessibilidade (XIMENES,
2007). Estes atributos configuram como elementos para o desenvolvimento de projetos
de revitalização do centro histórico, denominado de Feliz Lusitânia”, que é atendido
pelo Programa de Reabilitação de Áreas Centrais da CAIXA e MONUMENTA/BID
(CORRÊA et al., 2004). O projeto busca a produção da democratização do espaço
145
público, aproveitamento urbanístico e paisagístico da área (XIMENES, 2004,
TRINDADE JR & AMARAL, 2006).
São Paulo
Como exemplo de “projeto de revitalização urbana” de áreas centrais é apresentado a
“Proposta de Revisão dos Calçadões do Centroe a discussão que envolve o projeto
para a Cidade de São Paulo. Trata-se de proposta desenvolvida pela associação
paulistana “Viva O Centro”, com abordagem aposta às soluções até então selecionadas
neste trabalho.
A área central de São Paulo recebe além do sistema viário, 294 linhas de ônibus 7
estações de metrô e estações de trem, o que reforça o seu caráter polarizador. A
ausência de articulação entre os terminais e estações impõe travessias diárias de 2
milhões de pessoas na área (VIVA O CENTRO, 2000).
Em 1976, devido ao intenso tráfego de veículos e os conseqüentes impactos ambientais
justificaram a criação os calçadões na área central, que hoje chegam a mais de 7 km de
área “pedestranizada”.
Conforme VIVA O CENTRO (2005), como a área de calçadão é muito extensa, é
permitido, em horários próprios (noturno e manhãs de sábado) e mediante o pagamento
de pedágio, a entrada de veículos de carga para abastecer o comercio, o que danifica a
pavimentação destinada aos pedestres. Como não calhas de circulação, a falta de
delimitação da área de circulação veicular causa transtornos aos caminhantes e danos ao
mobiliário urbano. A população também é obrigada a percorrer longas extensões para
chegar a alguma condução ou ao estacionamento.
Conforme ANELLI (2005), os calçadões denotam um processo de degradação, devido à
remoção de seus componentes de mobiliário urbano e o péssimo serviço de manutenção.
A área vem sofrendo um processo de esvaziamento, com a desocupação dos edifícios de
escritório e de residências. Entretanto, o comércio popular ocupa as lojas térreas com
bastante vigor, voltado principalmente aos passageiros de transporte coletivo em
trânsito no deslocamento entre estações e terminais.
Segundo a Organização VIVA O CENTRO (2000), a área Central de São Paulo é
servida de um conjunto de espaços públicos de diversas características, como praças,
146
jardins, largos, passagens, escadarias, calçadões e galerias, matéria prima para a
elaboração de projetos potencializadores de valores urbanos”. A associação entende que
a intervenção dos espaços públicos deve possuir as seguintes diretrizes:
Articulação dos espaços públicos enquanto rede;
Conquista de espaços privados e sua conversão em espaços públicos, com utilização
de ligações internas às quadras, ampliando os espaços de circulação de pedestres;
Criação de um circuito intermediário entre as áreas de pedestres e o sistema viário,
que permita o acesso de veículos próximo às atividades instaladas nas áreas
“pedestranizadas”.
A associação reconhece que, apesar dos problemas de manutenção da área, a população
percebe os calçadões como uma importante conquista para os pedestres. Com o intuito
de reverter este processo de esvaziamento, ela propõe a abertura de alguns calçadões ao
tráfego de veículos com implantação de leito carroçável, com velocidade máxima de 40
km/h. O projeto prevê a utilização de desenhos e materiais adequados, que estabeleça
com clareza as áreas privativas de circulação dos pedestres. A área não seria
descaracterizada como prioritária aos pedestres.
Legenda
Distância percorridas a pé de um ponto acessível por veículo particular
0 – 25 m
25- 50 m
Áreas
“pedestrianizadas”
50 – 75 m
75 – 100 m
Acima de 100m
F
igura III.12 - Situação Atual dos Calçadões Instalados na Área Central de São
Paulo
147
Figura III. 13 - Situação Proposta pela Associação Viva o Centro
Fonte: Associação Viva O Centro (2000)
O projeto baseia-se na diminuição de percursos que os pedestres são sujeitados para
alcançar um modal motorizado. A Figura III.12 apresenta o mapa da área de calçadões
no Centro de São Paulo com problemas de degradação e esvaziamento urbano e as
distâncias que os pedestres são obrigados a percorrer para alcançarem o transporte
público por ônibus ou veículo particular. A Figura III.13 mostra a proposta do “Viva o
Centro” de abertura de alguns calçadões para o veículo motorizado de forma a diminuir
as distâncias de caminhada.
Atendendo as reivindicações de ONGs e comerciantes, em 2006, alguns calçadões
apontados na proposta da VIVA O CENTRO (2000) foram abertos ao tráfego de
veículos após obras de adequação realizada pela Prefeitura de São Paulo. A segunda
fase de liberação ocorreu em 2007, facilitando o acesso ao Theatro Municipal e ao
Centro Cultural Banco do Brasil. a previsão de uma nova etapa de reabertura ao
tráfego, sem data definida (PSP, 2007).
III.7. Políticas e Projetos de Revitalização Urbana – Experiência Carioca
Considerando os projetos urbanos desenvolvidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro
desde a última década, inseridos no Planejamento Estratégico da Cidade no esforço de
preparar a cidade para o desafio da competição globalizada, revitalização dos espaços
148
públicos, melhoria da acessibilidade e infra-estrutura, readequação das atividades e o
reforço das centralidades, são analisados, sucintamente, os projetos de revitalização
urbana para a área central da Cidade do Rio de Janeiro: Rio Cidade, destacando-se o da
Av. Rio Branco, O Binário do Porto e a Praça Tiradentes.
Sempre que possível, para cada projeto, é fornecido um breve histórico do local, as
principais propostas, os objetivos do projeto e uma análise síntese de como os pedestres
foram tratados e se houve algum resultado prático alcançado pela implantação do
projeto, quando houve sua execução.
Projeto Rio Cidade
O Projeto Rio Cidade, da Prefeitura do Rio de Janeiro, busca reforçar os centros de
bairros da cidade através de ações localizadas que revitalize e requalifique a área,
revertendo o processo de degradação de suas ruas e calçadas e insegurança para o
pedestre, e resgatando a identidade do cidadão carioca referente ao espaço urbano da
Cidade (DOMINGUES, 1999).
Segundo TARDIN (2000), com objetivo de promover a requalificação da imagem do
Rio de Janeiro como cidade global, que estimula a convivência social e vocação
cultural, a Prefeitura do Rio de Janeiro lançou no ano de 1996 o concurso público de
propostas metodológicas para o desenvolvimento do Projeto Rio Cidade. Inspirado no
modelo de Barcelona, o Projeto Rio Cidade procurou recuperar as principais avenidas
da cidade e adequar os espaços públicos (DOMINGUES, 1999).
O projeto de caráter plural e heterogêneo envolveu diversos bairros da cidade e baseou-
se no princípio da recuperação do lugar, enfatizando o sentimento de permanência das
pessoas residentes ou freqüentadoras do local. Foram priorizados os percursos do
pedestre em harmonia com o trânsito de veículos. Procurou a participação cidadã para a
legitimação dos projetos, sendo considerado um diferencial em relação a outros projetos
já realizados na cidade (TARDIN, 2000).
Conforme IPLANRIO (1994a), foram escolhidos, para o desenvolvimento do projeto,
bairros consolidados, através de suas principais avenidas, eixo de comércio e do sistema
viário, de modo a transformá-las em âncoras na estrutura urbana, capazes de
impulsionar o desenvolvimento de áreas vizinhas, mesmo dentro do próprio bairro.
149
Os bairros selecionados para receberem obras de requalificação foram: Ilha do
Governador, Bonsucesso, Campo Grande, Av. Suburbana (atual Dom Hélder Câmara),
Pavuna, Madureira, Taquara, Méier, Vila Isabel, Centro, Catete, Tijuca, Laranjeiras,
Botafogo, Copacabana, Ipanema e Leblon.
Segundo IPLANRIO (1994b), o projeto foi desenvolvido por escritórios de arquitetura
vencedores de concurso público, cuja metodologia utilizada para a escolha foi os que
apresentaram a melhor proposta nos seguintes aspectos:
Condições de uso da via pela população, considerando a vocação da área e os
pedestres;
Condições de tráfego, do transporte e da infra-estrutura viária, inclusive calçadas;
Condições de iluminação pública, quanto à segurança e valorização do comércio;
Recomendações sobre o uso inadequado do solo em relação à proposta de
revitalização;
Recomendações sobre o funcionamento do comércio em horário noturno e
realocação do comércio ambulante.
Segundo DOMINGUES (1999), da variedade formal das soluções adotadas, pode-se
verificar a incorporação do conceito de acessibilidade universal, melhoria do sistema
viário e circulação de pedestres, com a melhoria das condições viárias, atenção para a
questão de segurança, minimização dos conflitos e valorização do pedestre, o que
demandou, muitas vezes, o aumento do passeio frente ao espaço até então reservado ao
automóvel.
Houve valorização do tratamento estético e funcional do espaço público e o respeito aos
setores de uso das calçadas (passeio, área de serviço e meio-fio). O mobiliário urbano
privilegiou os aspectos funcionais, estéticos e custo de manutenção e sinalização, com
forte potencial visual e simbólico de valorização do espaço.
MEDINA (2004) apresenta na Tabela III.2 as etapas de desenvolvimento do Programa
Rio Cidade.
150
Tabela III.2 – Etapas de Desenvolvimento do Programa Rio Cidade
Etapas Procedimento
Participação Popular
Palestras para a comunidade
Exposição dos programas
Escolha dos Bairros
Corredores viários
Identificação da área de intervenção
Stands de Divulgação
Serviços par sugestão e reclamações
Interferências Consulta a órgãos públicos e concessionárias
Projeto Executivo
Desenho Urbano
Comunicação Visual
Sinalização
Mobiliário urbano
Paisagismo
Fonte: MEDINA (2004)
MEDINA (2004) considera como intervenção ao projeto as consultas realizadas aos
órgãos públicos como a CET-Rio, e as concessionárias, que por vezes influenciaram, de
acordo com suas especialidades e atribuições, em modificações de projeto.
O Programa Rio Cidade incluiu a divulgação dos projetos nos próprios canteiros de
obras durante todo o período de execução, com interação entre os representantes de
bairro, moradores, onde foram tratados os problemas do impacto das obras.
Projeto Rio Cidade – Av. Rio Branco
No Projeto Rio Cidade Rio Branco, destaca-se o principal objetivo de ordenamento da
circulação de pedestres e veículos, localizando racionalmente o mobiliário urbano, de
forma a desimpedir ao máximo as calçadas. As calçadas é a estrutura central do projeto
Rio Cidade Centro, como elemento definidor do espaço. A idéia foi o tratamento
homogêneo do piso e eliminação das barreiras existentes, como bancas de jornal e
telefones públicos, que inicialmente seriam deslocados para as esquinas, em ilhas de
serviço, entretanto, sua concretização não foi possível (TARDIN, 2000).
Atualmente, conforme TARDIN (2000), verifica-se, como mostra a Figura III.14, que o
projeto possui todas as características de um bom desenho em relação aos
recomendados por autores tradicionais. Mas pode-se observar certo abandono do
espaço, tanto pelas pessoas, como do poder público, em relação à manutenção e às
regras de gerenciamento da avenida.
151
O projeto foi desenvolvido sob a orientação normativa da acessibilidade universal e
adotou medidas de traffic calming, com construção de platôs nas vias transversais onde
os pedestres possuem prioridade de locomoção.
Figura III.14 – Rio Cidade Rio Branco
Binário do Porto – Plano de Recuperação e Revitalização da Região Portuária do Rio
A Prefeitura do Rio de Janeiro, nos primeiros anos da década de 2000, iniciou o
desenvolvimento de um amplo projeto de recuperação e renovação de áreas degradadas
da região portuária da Cidade do Rio de Janeiro. O projeto busca, simultaneamente, a
preservação e valorização da memória da cidade, com a readequação das edificações e
requalificação dos espaços públicos, norteados pelo desenvolvimento sustentável e
melhor qualidade de vida da população (PCRJ, 2002a).
O Porto do Rio sofreu com os impactos das transformações tecnológicas e da
segregação da linha férrea. A transferência de parte de sua operação para mais ao norte
da Cidade, tornou disponível a área da Gamboa para aplicação de estratégias de
revitalização urbana (SOUZA, 2006).
A área do Porto é tratada como um espaço estratégico de desenvolvimento para a
promoção econômica, social e cultural da cidade, e deverá tornar-se atrativa para novos
empreendimentos privados, tanto na área de serviços, comércio, cultura e lazer, como
para moradias, tornando o Centro como referência histórica/cultural e fortalecendo sua
vocação de centro de negócios e difusão tecnológica (PCRJ, 2003).
152
Dentre os diversos objetivos estabelecidos pelo Plano, destaca-se a recuperação das
condições ambientais, com a previsão de implantação de novos parques e áreas verdes,
reurbanização das ruas principais, com a adequação de infra-estrutura, melhoria da
circulação de veículos e pedestres, através da criação de novas vias e ciclovias,
construção de estacionamento subterrâneo na Praça Mauá, implantação de linhas de
bonde, tipo VLT (PCRJ, 2002b).
O plano, ilustrado pela Figura III.15, é fundamentado por (PCRJ, 2002b):
Reestruturação viária: criação de um novo eixo viário longitudinal, que percorrerá
os bairos da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, e ligará a Praça Mauá a São Cristóvão
denominado de Binário do Porto. Tem uma atribuição articuladora de integração
dos eixos transversais, que se encontram interrompidos e isolados entre si, o que
propicia a consolidação dos tecidos urbanos, através dos sistemas modais não
motorizados e motorizados;
Reformulação do sistema de transportes que possibilite a comunicação do conjunto
com o Centro, através de implantação de bonde moderno, racionalização das linhas
de ônibus, reformulação e melhoria no acesso aos terminais rodoviários;
Projetos complementares de reurbanização das regiões da área de abrangência,
como:
- Ruas Sacadura Cabral e Livramento;
- Morros da Saúde e Gamboa;
- Morro da Conceição;
- Praça Mauá, Av. Rodrigues Alves;
- Vila Olímpica da Gamboa;
- Ruas Pedro Alves, Santo Cristo e Reforma do Túnel Ferroviário;
- Morro do Pinto, Ruas Nabuco de Freitas, da América, Senador Pompeu e
adjacências.
153
Figura III.15 – Plano de Revitalização da Região Portuária do Rio de Janeiro
Fonte: PCRJ/IPP (2003)
Atualmente, o projeto do Binário do Porto e todos os projetos complementares de
reurbanização encontram-se desenvolvidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Foi
agregada a construção da Cidade do Samba, e em conseqüência, implantação de uma
pequena parte do Binário do Porto. A Vila Olímpica da Gamboa também foi construída,
embora, o projeto de urbanização tenha sido implantado parcialmente.
Praça Tiradentes
O Projeto de Revitalização da Praça Tiradentes, do Programa MONUMENTA em
parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, foi desenvolvido sob coordenação da
Secretaria Municipal das Culturas - SMC, com auxílio do Instituto Pereira Passos IPP
e diversos outros órgãos municipais (SILVEIRA, 2006), inclusive com a participação da
Companhia de Engenharia de Tráfego - CET-RIO nas questões ligadas ao tráfego.
Segundo a SMC (2004), o projeto pauta-se na reabilitação sustentável daquela região
histórica do Centro da Cidade. Busca o desenvolvimento econômico, social e cultural,
154
através da recuperação dos edifícios históricos e do espaço público. O projeto pretende
reverter o processo de decadência da área com medidas relacionadas aos transportes, ao
tráfego, principalmente de veículos motorizados, tratamento paisagístico, mobiliário
urbano, pavimentação, calçamento, iluminação pública e drenagem.
Conforme (MONUMENTA/BID, 2003), o projeto adota as seguintes medidas de gestão
de mobilidade:
Reorientação da hierarquia viária, com a reclassificação de algumas vias de entorno,
passando de coletora para local, com a retirada da circulação de algumas linhas de
ônibus e desvio de itinerário;
Estreitamento da caixa de rolamento de algumas vias para o alargamento de
calçadas;
Tratamento de calçadas com marcações e rebaixos para atender aos requisitos de
acessibilidade universal;
Adoção de iluminação pública diferenciada para o sistema viário, para os pedestres
e para os monumentos;
Utilização de medidas moderadoras de tráfego, como platôs;
“Pedestrianização” de trecho da Praça Tiradentes;
Retirada de pontos terminais de ônibus e deslocamentos de itinerários para outros
eixos viários. Estudo de substituição da modalidade ônibus por bonde de tecnologia
VLT;
Redução e ordenamento das vagas de estacionamento ofertadas, de modo a melhorar
a circulação de pedestres.
III.8. Síntese
As soluções de projetos de revitalização urbana adotadas nos países desenvolvidos,
como os europeus, norte-americano ou australiano, buscam estratégias exeqüíveis. São
sensibilizadas pelos problemas do desperdício de áreas urbanas mal aproveitadas;
disponibilidade de recursos sociais, ambientais e financeiros e pela alta taxa de
motorização de suas populações. Buscam o aproveitamento global das estratégias
estabelecidas, com uma implantação sistemática, progressiva, participativa, muitas
vezes com grandes aportes de recursos, quando se fazem necessários.
155
Verifica-se que, mesmo em países em desenvolvimento, com sérios problemas sociais,
ambientais e orçamentários, é possível desenvolver e implantar soluções criativas e de
menor custo e que evidencia a adoção de soluções sustentáveis, independente do estágio
de desenvolvimento econômico de cada região.
A Tabela III.3 apresenta o quadro síntese que procura destacar algumas características
dos projetos de revitalização urbana selecionados neste estudo e proporcionar uma
comparação entre eles e a parte teórica da pesquisa.
Tabela III.3 – Principais Elementos Característicos dos Projetos de Revitalização
Urbana Selecionados para o Estudo da Prática
Características de Projeto
Internacional
Nacio-
nal
Carioca
Londres
Berlim
Adelaide
São Francisco
Buenos Aires
Bogotá
Medellín
Belém
São Paulo
Porto do Rio
Rio Cidade
Praça Tiradentes
Motivo
Área obsoleta e
abandonada
X X X X X
Renovação de área
central
X X X X X X X X X X
Centro histórico X X X X X
Áreas de bolsões de
pobreza
X X X
Porte
Grande abrangência X X X X X X X
Abrangência local X X X X X
Principais Estratégias Aplicadas
Plano Estratégico X X X X X X X X
Promoção de uso misto X X X X X
Requalificação do
espaço público
X X X X X X X X X X X X
Fomento ao modo a pé
X X X X X X X X X X X X
Reorganização da
hierarquia viária
X X X X X X X X X
Medidas de redução e
moderação do tráfego
X X X X X X
Ampliação do transporte
público
X X X X X
Inserção de
Equipamentos culturais
X X X X X X X X
Recursos
Criação de corporação
para administração do
empreendimento
X X X X X X
Financiamento público X X X X X X
156
Independentemente do motivo ou porte da intervenção, todos os projetos utilizaram
estratégias de requalificação do espaço público e fomento ao modo a pé. Também se
destacam as estratégias de ampliação do transporte público, reorganização da
hierarquização viária e medidas de redução e moderação do tráfego. Todas implicam no
gerenciamento da mobilidade de forma sustentável e incentivo aos pedestres.
Confirmam-se a importância e validade de se aprofundar os estudos científicos relativos
ao modo a pé, essenciais para a valorização do ambiente urbano sustentável, na
qualificação das cidades numa economia globalizada e na qualidade de vida de seus
cidadãos.
157
CAPÍTULO IV
PROCEDIMENTO PROPOSTO
A busca de soluções para as cidades no que tange a programas e projetos de
revitalização de áreas em declínio, vazias ou degradadas, dentre as questões envolvidas,
pode-se destacar o problema da acessibilidade e dos deslocamentos.
O presente trabalho coloca em foco as viagens a como importante modo de
transporte e a sua inclusão sistemática nos estudos e projetos urbanos na busca de um
ambiente mais amigável e seguro aos pedestres, e com boa acessibilidade ao transporte
público.
Espera-se assim avançar na direção de um maior equilíbrio entre os modos de
transporte, fomentando os deslocamentos a e elevando a consciência, tanto da
comunidade local como dos técnicos e tomadores de decisão envolvidos, quanto às
resoluções adotadas, voltadas à mobilidade sustentável.
Nesse capítulo se proposto um procedimento de análise configuracional, que
possibilite auxiliar o desenvolvimento de projetos de revitalização urbana com ênfase
nos deslocamentos a pé. Baseia-se na hierarquização de rotas de pedestres, a partir do
seu carregamento e a qualificação dos espaços urbanos. O carregamento é estimado de
acordo com a distribuição dos pólos geradores de viagens a PGV a existentes
e/ou a serem implantados, em conformidade com o planejamento para a área, e os
fatores intervenientes à caminhada. A qualificação dos espaços é avaliada através de
métodos disponíveis na literatura.
IV.1. O Desenvolvimento de Projetos Urbanos
A necessidade de adequação das cidades, de maneira a oferecer um ambiente mais
sustentável, capaz de atender às necessidades de seus cidadãos no seu pleno
desenvolvimento, com acesso às atividades e proporcionar uma melhor qualidade de
158
vida, é uma realidade global, indistinta da localização ou dimensão da área urbana
(ESTEVES, 2003).
O planejamento de políticas públicas no âmbito federal, estadual e, sobretudo,
municipal, deve convergir a um processo de estabelecimento e construção de metas e
estratégias, no sentido de obter o cenário urbano futuro sustentável desejado pelos
cidadãos.
Os planos para o desenvolvimento urbano sustentável passam necessariamente por
estratégias de melhoramento do modo a pé. Esta abordagem, muitas vezes, parte de uma
estratégia nacional até chegar a sua efetiva aplicação em planos locais (NJDOT 1999,
DfL, 2004, ISTE/CET, 2005, LTNZ, 2005, ITE, 2006). Trata-se de um processo de
ampla abrangência, com início no planejamento, estabelecimento das metas e
indicadores, desenvolvimento de projetos, levantamento de recursos, implantação do
projeto e manutenção de sua operação ao longo dos anos.
Técnicos se deparam com a difícil tarefa de desenvolver e/ou avaliar projetos urbanos,
aplicados em locais com o uso do solo consolidado, a dinâmica da cidade em
funcionamento e ações políticas nem sempre ajustadas a um ambiente urbano
sustentável.
O Capítulo III descreve modelos nacionais e internacionais que abordam estratégias e
planejamento para o desenvolvimento de programas de revitalização urbana. A estrutura
proposta pelo ITE (2006), de projetos urbanos denominado de Context Sensitive
Solutions CSS, para emprego na requalificação das cidades, específica para o
desenvolvimento do modo a pé, é apresentada de forma simplificada na Figura IV.1,
sendo adaptável e aplicável à realidade brasileira.
159
Figura IV.1 – Estrutura para Desenvolvimento de Projetos de Revitalização
Urbana, Adaptada a Partir do Processo de Sugerido pelo ITE (2006) para Projetos
de Fomento ao Modo a Pé
Na procura de ferramentas compatíveis com as realidades municipais, verifica-se que o
procedimento aqui proposto pode auxiliar a etapa de desenvolvimento de projeto, de
modo a conectar a primeira fase de planejamento e definição de conceitos, com a fase
posterior, quando o desenho é detalhado no projeto básico e no executivo, preparando-o
para sua implantação.
Espera-se assim, com o enfoque conceitual do planejamento urbano e de transportes,
que o procedimento proposto auxilie os técnicos engajados no desenvolvimento de
projetos urbanos, oferecendo aos cidadãos uma cidade prazerosa ao caminhar, com a
implantação de um desenho holístico, que equilibre de forma mais sustentável as
diferentes necessidades de deslocamento da área a ser revitalizada.
PROCEDIMENTO
PROCEDIMENTO
160
IV.2. Estrutura do Procedimento Proposto
Como visto, o procedimento proposto deve ser entendido como etapa de trabalho
subseqüente ao planejamento para a área urbana a ser revitalizada. Um bom
planejamento é embasado em conceitos e objetivos concretos que abrangem as
importantes questões levantadas pelos atores envolvidos e pela comunidade (Dfl, 2004,
LITMAN, 2004a, ITE, 2006, CURTIS, 2008).
Segundo LTNZ (2005), a estratégia para projetos de fortalecimento do modo a deve
estar contida no plano geral de desenvolvimento local, de modo que se consiga obter
detalhes significativos das questões particulares, como características específicas do
local e dificuldades que afetem os pedestres. Deve procurar o equilíbrio entre
mobilidade e segurança, desenvolvimento local e ambiental.
O envolvimento desde cedo dos interessados no processo de revitalização, permite uma
abordagem interdisciplinar e o alcance de um projeto consensual; isto é, que contenha
os diversos pontos de vista. Assim, é possível encontrar soluções compatíveis com o
desejo da comunidade e com o equilíbrio do planejamento estratégico, levando a uma
aceitação conjunta em prol da valorização do modo a pé (LTNZ, 2005, ITE, 2006).
Na busca de direcionar os esforços aplicados em projeto de revitalização urbana que
vise incentivar os deslocamentos a pé, propõe-se um procedimento que, a partir das
características da rede viária existente e dos pólos geradores de viagens a instalados
na área de estudo, propicie soluções qualificadoras da área e fomentadoras do modo a
pé.
O procedimento desenvolvido parte de uma consideração em relação às dificuldades de
trabalho que as equipes técnicas possam vir a enfrentar, principalmente no âmbito de
alguns órgãos públicos.
Por vezes não há disponibilidade ou acesso de sofisticados softwares especializados na
área de transporte, que auxilie a previsão e modelagem da geração de viagens,
especificamente, as a pé. Estes softwares também necessitam de especialistas e grande
quantidade de dados para sua manipulação, calibração e análise dos resultados, como
detalhado no Capítulo II, no item de “Avaliação da Demanda para o Modo a pé”.
161
Estas questões desafiadoras incentivam a procura de uma abordagem do problema de
previsão da geração de viagens a pé, de identificação de rotas e da estimativa das faixas
de carregamento destas rotas de uma forma mais simples, com auxílio de ferramentas
computacionais facilmente disponíveis, como planilha eletrônica e software de desenho
técnico, o que possibilita um amplo acesso ao procedimento.
Entretanto, a utilização softwares
mais especializados, capazes de processamentos
georeferenciados, agiliza a análise dos resultados.
Verificou-se a disponibilidade na literatura técnico-científica de diversos procedimentos
e metodologias, como: ITE (1998), MARC (1998), NJDOT (1999), DETR (2000),
UKDT (2003), DfT (2004), FHWA (2004), LTNZ (2005), FHWA (2006), ITE (2006),
LTNZ (2007), que possibilitam a análise e qualificação do ambiente urbano propício ao
modo a pé.
O procedimento proposto, apresentado na Figura IV.2, procura utilizar um ferramental
computacional mais acessível e inserir, em suas etapas de trabalho, as metodologias
disponíveis, comprovadas cientificamente através de outras pesquisas, formando um
contexto mais prático para a sua aplicação. Embora se busque métodos simples, estes
não devem prejudicar os resultados finais.
162
Estrutura do Procedimento para Identificação dos Deslocamentos dos Pedestres na Rede Viária, segundo os
PGVs a PÉ e os Atributos Intervenientes ao Modo a Pé
Fase 2Fase 3Fase 4
Fase 1
Caracterização da
Área de Estudo
Planejamento
Urbanístico
Espaços públicos a
serem valorizados
no projeto urbano
Avaliação da Demanda de
Pedestres na Rede Viária
“Hieraquirzação” das calçadas e
travessias e estimativa dos fluxos
de pedestres – Mapa da Demanda
Comparação entre os mapas de Demanda e Qualidade da Infra-Estrutura de
Pedestres Ofertada em relação ao ambiente propício ao modo a pé almejado para a
revitalização da área de estudo
Pólos Geradores de Viagens a
Planejamento de
Tráfego e Transportes
Avaliação da Rede Viária
Existente para Pedestres
Mapas de Qualidade da Infra-
Estrutura Ofertada Destinada ao
Modo a Pé
Diretrizes para Desenvolvimento do Projeto
Urbanístico
Figura IV.2 – Estrutura do Procedimento para Identificação dos Deslocamentos a
Pé na Rede Viária
O procedimento proposto é estruturado em quatro fases inter-relacionadas, conforme
apresenta a Figura IV.2. Estas fases estabelecem a uma seqüência lógica de trabalho e
são subdivididas em etapas, apresentadas a seguir:
IV.2.1. Fase 1 – Caracterização da Área de Estudo
Trata-se da fase inicial dos trabalhos e é dedicada à coleta de dados e de informações.
Procura-se formar um inventário da área de estudo que possibilite subsidiar as fases
subseqüentes do procedimento proposto.
Toda área alvo de desenvolvimento de projeto de revitalização urbana deve refletir o
planejamento estratégico local. Os objetivos a serem perseguidos ao longo de todas as
etapas de projeto devem ter sido definidos por uma equipe multidisciplinar que estudou
a área, levantou seus problemas e propôs um plano de ação, escutando e debatendo com
a comunidade local.
163
Os fundamentos e os objetivos estabelecidos pelos planejadores urbanos e de
transportes, comprometidos com as necessidades que envolvem o deslocamento dos
pedestres, devem ser a base conceitual para os projetos de revitalização urbana (LTNZ,
2005 e ITE, 2006). Espera-se assim, que o desenvolvimento de projeto urbano que
efetivamente considere o modo a como uma modalidade de transporte, e procure
estabelecer um equilíbrio entre as outras modalidades.
IV.2.1.1. Planejamento Urbanístico
O planejamento urbano, preocupado em aproximar a grandeza da cidade ao homem e
suas necessidades de interação social e com o meio ambiente, procura trabalhar os
espaços públicos, no sentido de tornar as vias mais acolhedoras aos pedestres e valorizar
as zonas ambientais residenciais (VILLOTA, 2001, DEL RIO, 2004, BORJA, 2004,
LITMAN, 2004b, RAPORPORT, 2007).
Os técnicos envolvidos no desenvolvimento de projetos que visam melhorar o ambiente
para os pedestres, conforme o procedimento proposto, deverão conhecer e ter perfeita
compreensão da análise e do diagnóstico do local e das diretrizes de projeto
estabelecidos na etapa de planejamento e conceituação. É essencial que a proposta de
intervenção urbanística para a requalificação da área em estudo busque uma coesão
entre o Desenho Urbano e a Engenharia de Tráfego, e que possibilite uma melhor
atuação nas questões relacionadas às necessidades dos pedestres dentro da rede viária.
Não se pretende aprofundar a forma de elaboração do diagnóstico urbanístico, mas ele
deverá ser realizado a partir de um trabalho abrangente e participativo, tanto em relação
ao conjunto de técnicos de diferentes disciplinas, como do poder público e do cidadão
(DfL, 2004, ITE, 2006). O entendimento de sua importância é fundamental para que o
estudo em relação aos pedestres possa trazer uma coerência, racionalidade e integração
ao projeto de revitalização proposto para a área de intervenção.
O diagnóstico urbanístico e dados morfológicos apontam as áreas de crescimento da
região, os traçados projetados que exercerão o papel de ordenação de espaço, a melhoria
de circulação e a acessibilidade pretendida, e podem fornecer as tipologias dos
elementos urbanos, o inventário levantado, com a categorização por uso e por domínio
(público ou privado), dos lotes, edificações e praças (DEL RIO, 2004).
164
Assim, com base nas informações e dados coletados, é possível apontar dentro da área
de estudo, os setores internos com identidade própria, como centros comerciais ou
residenciais; identificar os principais percursos que propiciam a acessibilidade à região,
e destacar os principais nós; isto é, os locais de importância estratégica e os marcos que
sobressaem na paisagem e formam as referências dos usuários.
IV.2.1.2. Planejamento de Transportes
Os aspectos de oferta e de demanda de transportes e do sistema viário geralmente são
descritos na etapa de planejamento, onde podem ser obtidos os itinerários dos modais de
transportes públicos que servem à área. Mapas com traçados dos itinerários, localização
das estações, terminais e pontos de paradas e levantamento do fluxo de passageiros em
cada um destes pontos facilitam a compreensão das informações obtidas.
Para trabalhar com as questões de tráfego, é necessário obter-se: o mapa da rede viária,
contendo a hierarquização viária, os sentidos de circulação das vias, a geometria
(inclusive largura das calçadas, faixas de rolamento, ciclo faixas/ciclovias e canteiros),
grade, contagens dos fluxos de pedestres e veículos, da sinalização semafórica
(especificando o posicionamento dos blocos veiculares e de pedestres), principais
pontos de travessia de pedestres, destacando-se a existência de passagens em desnível.
Os dados de acidentes também são relevantes.
Observa-se que, para o alcance dos melhores resultados na valorização do ambiente
urbano, é importante que na etapa de planejamento de transportes e tráfego, problemas
relativos ao serviço de transporte público e hierarquização viária e outros pertinentes,
tenham sido analisados e que ações tenham sido estipuladas e que convirjam para o
fomento do modo a pé. Quando no planejamento de transportes para a área não enfatiza
os deslocamentos a pé, o procedimento proposto deverá apontar na etapa de diretrizes
(Fase 4) a revisão deste planejamento.
Assim, procura-se ofertar aos moradores, trabalhadores e outros usuários da região em
estudo um serviço de transporte público adequado. Quanto ao tráfego, os projetos
devem respeitar a hierarquização viária e buscar a retirada do tráfego de passagem de
ruas locais, dando oportunidade para o melhor aproveitamento dos espaços viários, de
acordo com cada demanda, oferecendo melhores calçadas aos pedestres, dimensionando
165
a faixa de rolamento para os veículos motorizados e possibilitando a introdução de um
novo modal (como bicicletas), quando for o caso.
IV.2.1.3. Caracterização da Área de Estudo
De uma forma inicial aos trabalhos, a área de estudo deverá ser delimitada e
contextualizada em relação à cidade onde se insere, através da definição ou obtenção
dos
seguintes elementos:
Delimitação geográfica da área;
Uso do solo local;
Abrangência administrativa;
Imposições legislativas;
Objetivos estabelecidos na Etapa de Planejamento;
Escala de atividade dos pedestres.
Destacam-se os dados da área de estudo que forneçam informações relativas a:
Acidentes com pedestres;
Pesquisas de tráfego;
Pesquisas de origem e destino, com a divisão modal;
Dados sócio-econômicos;
Uso do solo;
Transporte público, com rotas e freqüência.
Segundo o LTNZ (2005), de forma a compreender como os pedestres utilizam a rede
viária disponível, uma substancial quantidade de informações pode ser obtida em
campo. Através de observações é possível levantar e/ou confirmar: as principais viagens
de origem e destino, a existência de infra-estrutura para pedestres, os tipos de pedestres
presentes nas rotas, as áreas mais utilizadas pelos pedestres, as condições das calçadas, a
existência de rotas informais (atalhos em canteiros), a existência de áreas de riscos e
barreiras, o tipo e localização das paradas de transporte público, a sinalização e outros
componentes notáveis.
As informações e os desejos da comunidade devem estar disponíveis na etapa de
planejamento, ou podem ser obtidos pelos canais de comunicação entre o público geral
e as entidades municipais que respondem pela área de estudo (Região Administrativa,
166
Subprefeitura, entre outros), com destaque àquela responsável pelo tráfego e transporte
local.
Caso sejam detectados, nesta primeira fase de trabalho, problemas de informações ou
entendimento em relação ao planejamento urbano ou de transportes (etapa anterior ao
início do procedimento), estes deverão ser questionados, de modo que no final do
procedimento, na Fase 4, as diretrizes de projeto possam realmente contribuir com um
projeto final que atenda as expectativas traçadas.
IV.2.2. Fase 2 Caracterização e Delimitação das áreas de Influência dos PGV a
Conforme KNEIB (2004), a geração de viagens corresponde ao movimento de pessoas,
tanto as atraídas, como as produzidas, oriundas do desenvolvimento de alguma
atividade em um determinado espaço. Envolve um processo decisório individual como:
origem, destino, modo, entre outros.
A lógica do movimento, em grande parte, é resultado do nível de apreensão e
entendimento que as pessoas possuem da estrutura física, captada pelas propriedades
espaciais e pela distribuição das atividades urbanas, que resultam em padrões de
movimentos de passagem entre a origem e o destino (SILVA & LARA, 2006).
As atividades necessitam de rede viária para serem alcançadas. No caso dos pedestres,
este alcance limita-se às condições físicas humanas para vencer as distâncias, que se
diferenciam, conforme as características dos usuários da atividade, o que se entende
como limite das áreas de influência dos pólos geradores de viagens a (NJDOT, 1999,
DAAMAN & HOGENDOORN, 2005, SCOVINO, 2008).
Nesta Fase 2 serão concentrados esforços de identificação e avaliação das áreas,
estruturas e empreendimentos geradores de viagens a pé, chamados de PGV a PÉ.
Apoiado nas abordagens conceituais, destacado a de PORTUGAL & GOLDNER
(2003), o presente trabalho define os PGV a como aquelas localidades onde são
desenvolvidas atividades de diversas naturezas, com capacidade de atraírem
contingentes significativos de viagens a pé. O perfil e o volume das viagens a pé
geradas variam de acordo com o tipo de atividade, porte e a localização do PGV a PÉ.
167
As atividades podem se desenvolver em uma única edificação, como uma escola, ou ser
considerado a formação de um conjunto delas, como o centro de comércio de um bairro.
Segundo ANDRADE (2005), os modelos de produção de viagens dos PGV trabalham
com padrões específicos e se referenciam ao tipo (atividade a ser desenvolvida ou uso
do solo) e ao porte.
Diferentes atividades produzem padrões de viagens distintos, como escola, escritórios,
supermercados, praças públicas e, para uma mesma atividade, quanto maior o seu porte,
maior a probabilidade de geração de viagens (PORTUGAL & GOLDNER, 2003).
O propósito do deslocamento a pé tem papel significativo na escolha da rota e na
conduta do pedestre; isto é uma criança que vai à escola possui uma percepção e
comporta-se de uma forma diferenciada daqueles que se dirigem ao trabalho. Pessoas
mais velhas ou muito jovens tendem a caminhar mais lentamente do que outros grupos
(GDOT, 2003, MAGALHÃES et al., 2004, FONTES et al., 2005, LTNZ, 2005,
SANT’ANNA, 2006)
Deste modo, verifica-se que os PGV a PÉ, conforme o seu tipo e porte, podem
potencializar o padrão de comportamento de seus usuários, trazendo necessidades
específicas de projeto de infra-estrutura urbana, de modo atender as características
típicas destes usuários.
IV.2.2.1. Seleção, Classificação e Hierarquização dos PGV a PÉ
Seguindo a estrutura do procedimento, os PGV a deverão ser identificados e
classificados em relação a seu tipo e porte.
Como mencionado, são diversos os tipos de PGV a como escolas, supermercados,
comércio, shoppings, estações e terminais, conjunto residenciais, hotéis, posto de saúde,
hospital, estádios, clubes, ginásios, parques e quaisquer outras atividades pertinentes.
Quanto ao porte, podem ser classificados, de acordo com o seu potencial de atração de
viagens a pé, em categorias, como de grande, médio ou pequeno porte.
Depois de catalogados, os PGV a instalados na área de estudo serão localizados na
rede viária hierarquizada com a indicação da respectiva classificação. Como
instrumento de trabalho, sugere-se a montagem de um quadro classificatório,
168
exemplificado pela Tabela IV.1, onde os dados relevantes dos PGV a poderão ser
estruturados, facilitando a compreensão do porte e das características dos pedestres
gerados por cada um deles.
Tabela IV.1 – Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais
Tipo de
PGV
Unidade de
Estudo
Porte
(
*
)
Característica
dos Pedestres
Horário de
Destaque
Pequeno
Médio Grande
Escola nº alunos
Comércio m
2
área
ocupada
Escritório m
2
área
ocupada
Estação nº de
passageiros
Supermer-
cado
m
2
área
ocupada
Residênci-
as
nº de
residências
Posto de
saúde
nº de
atendimentos
Estádio Capacidade
Clube m
2
área
ocupada
Parque m
2
área
ocupada
Ponto
turístico
nº de visitantes
Museu nº de visitantes
(
*
)
O porte do PGV a PÉ está condicionado à ordem de grandeza do volume de pedestre
gerado
Conhecer o tipo de PGV a PÉ capacita o técnico a caracterizar o caminhante gerado,
com suas peculiaridades comportamentais. Esta caracterização é importante, pois de
acordo com o objetivo do deslocamento, os pedestres possuem atitudes diferenciadas,
como crianças indo à escola, pessoas se deslocando para o trabalho, consumidores em
áreas comerciais (GDOT, 2003, MAGALHÃES et al., 2004, KEER et al., 2007).
A idéia é estabelecer o porte do PGV a PÉ, de acordo com sua capacidade de geração de
viagens a pé e conseqüente ocupação da infra-estrutura destinada aos pedestres. Para
tanto, com base nas definições de nível de serviço estabelecido pelo TRB (2000), no
HCM, e as larguras mínimas de calçada encontradas nas pesquisas, considerou-se:
169
O fluxo de referência de pedestre para o nível de serviço “A” para pequeno porte
(até 16 ped/min), “B” de médio porte (entre 16 a 23 ped/min) e “C” ou acima
(geração superior a 23 ped/min), para os PGV a PÉ de grande porte.
A largura mínima efetiva de calçada de 1,50m, apoiado nos critérios técnicos
estabelecidos (LTNZ, 2005, MELO, 2005, GODIN, 2001, NJDOT, 1999).
Assim, para classificação quanto ao porte, no procedimento proposto, será considerada a
ocupação pelos pedestres gerados em uma calçada de largura mínima recomendável
(1,50 m) e o fluxo estimado gerado pelo PGV a PÉ.
Grande porte a geração de viagens na hora de pico ocupa a calçada o equivalente
ou superior ao Nível de Serviço “C”
1,50 m x 23 ped/min/m 34 ped/min ou 2040 ped/h
Médio porte a geração de viagens na hora de pico ocupa a calçada entre os níveis
de serviço “B” e “C”
1,50 m x 16 ped/min/m 24 ped/min e < 34 ped/min ou
1440 ped/h e < 2040 ped/h
Pequeno porte a geração de viagens na hora de pico ocupa a calçada o equivalente
ao Nível de Serviço “A”
1,50 m x 16 ped/min/m 24 ped/min ou 1440 ped/h
O Quadro Síntese dos PGV a Locais, Tabela IV.1, sugere uma unidade de estudo
para cada tipo de PGV a PÉ, que poderá ser modificada a critério da facilidade de
obtenção de dados. Verifica-se, conforme a revisão bibliográfica, a pequena
disponibilidade de material que estabeleça modelos de geração de viagens a pé, o que
acarreta em dificuldade na obtenção de informações que levem à estimativa da grandeza
da geração de pedestres. Logo, considera-se a necessidade de também trabalhar com
levantamento in loco, nas entradas dos empreendimentos.
A partir do referido quadro síntese é possível ordenar os PGV a por capacidade de
geração de fluxo viagens a pé, caracterizar o tipo de pedestres gerado e estimar os
horários de maior carregamento.
170
Tratamento próprio deverá ser dado às escolas. Devido ao comportamento característico
e as limitações que os estudantes possuem, as rotas escolares devem ser valorizadas e
cuidados especiais relativos à segurança viária e de tráfego deverão ser adotadas.
IV.2.2.2. Delimitação das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
Conforme SILVA et al. (2006), a delimitação da área de influência é uma fase
elementar nos estudos dos PGV, pois estabelece a área de geração de viagens e de
impactos no sistema viário e de transportes produzidos pelo PGV, o que possibilita
detectar os possíveis trechos críticos e permitir o melhor planejamento da área de
abrangência.
Segundo GRANDO (1986), a área de influência de um PGV é dividida em três
categorias: primária, secundária e terciária. Os limites destas categorias podem ser
determinados por fatores como tempo, distância de viagens, barreiras físicas,
acessibilidade, entre outros, e variam entre autores (AMÂNCIO & GUIMARÃES,
2007).
AMÂNCIO & GUIMARÃES (2007) desenvolveram estudo de área de influência para
as viagens a atraídas por shopping center em um raio de 3.000 m, com traçados de
isocotas a cada 500 m, e assim, procuraram entender o comportamento dos pedestres e
estabelecer as três categorias de influência para o modo a pé.
Para o procedimento proposto, será adotada uma simplificação: observando-se que as
distâncias de deslocamento médias e máximas variam entre 300 a 1500 m, segundo o
motivo da viagem, contidas nas pesquisas de NJDOT (1999) sobre o comportamento
dos norte-americanos e de PRINTZ (1980), apresentada na Tabela IV.2, todas as
viagens a pé são entendidas como primárias. Assim, será considerado que toda a área de
influência de um PGV a PÉ terá a mesma probabilidade de atrair viagens.
Verifica-se a falta de pesquisas nacionais relativas ao detalhamento do padrão das
viagens a que possibilite obter as distâncias médias e máximas de caminhada, por
motivo de viagem e o raio de alcance por tipo de atividade. A área de influência
definida no procedimento proposto, para cada tipo de PGV a PÉ, é o equivalente às
distâncias demonstradas na Tabela IV.2, o que corresponde a padrões internacionais de
deslocamento a pé.
171
Os limites da área de influência são estabelecidos em planta, através de isócotas
correspondentes à capacidade de caminhada do usuário característico de cada tipo de
PGV a PÉ, o que possibilita verificar quais são as principais linhas de desejo dos
caminhantes gerados.
Tabela IV.2 - Distâncias Médias e Máximas Percorridas a Pé Segundo Motivo de
Viagem ou Equipamento Urbano
Motivo / Equipamento Urbano
Distância de Viagem a Pé (m)
NJDOT
(Média)
PRINZ
(Máxima)
Ir ou retornar do trabalho 500 1000 a 1500
Assuntos de trabalho 1000
Escola primária / jardim infantil 600 600
Escola secundária - 1000
Compras 300 600 a 1000
Igreja 600 -
Médico / dentista 1000 -
Estacionamento Transporte Público - 600
Estação - 1000
Recreação 1000
Instalações Esportivas 1000 a 1500
Lazer 800
Fontes: NDJDOT (1999) e PRINTZ (1980)
Atenção especial deverá ser dispensada aos espaços públicos destacados no projeto
urbanístico, pois no processo de requalificação de uma área, estes espaços, no seu papel
estruturante, poderão aflorar como PGV a PÉ.
Com auxílio do Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais e estabelecidos as áreas de
influência de cada um, pode-se identificar as principais vias que comunicam os
diferentes pólos, o que possibilita destacar a rede viária disponível aos pedestres, de
acordo com suas linhas de desejo.
A estimativa da grandeza do fluxo das viagens a pode ser obtida por vários atributos,
como densidade populacional, qualidade da infra-estrutura viária e de transportes
ofertadas, diversidade de uso do solo e facilidades que incentivam o caminhar
(ZAMPIERI et al., 2005, AMÂNCIO, 2005, VTPI, 2007, SCOVINO, 2008). Assim,
parte-se para a Fase 3 do procedimento proposto.
172
IV.2.3. Fase 3 Caracterização da Demanda de Pedestres e da Infra-Estrutura
Viária Disponível para o Modo a Pé
A terceira fase do procedimento proposto procura confrontar a demanda de pedestres da
área de estudo à oferta de infra-estrutura viária destinada aos caminhantes.
Até a conclusão da segunda fase do procedimento, os PGV a de interesse, atuais e
futuros (dados do planejamento), são catalogados. São localizados, classificados por
natureza e porte e suas áreas de áreas de influência estabelecidas. Os fluxos de pedestres
gerados por cada PGV a se encontram caracterizados (crianças, trabalhadores,
esportistas, idosos, residentes, entre outros).
Prossegue-se então, para a previsão das rotas a serem escolhidas pelos pedestres e a
grandeza total deste fluxo, considerando algumas das dimensões que influenciam os
deslocamentos a (AMANCIO & SANCHES,2005a, SCOVINO, 2008). Dentre os
fatores intervenientes, o procedimento propõe que se trabalhe com aqueles que
caracterizam o meio ambiente urbano e a infra-estrutura destinada aos pedestres.
Para a previsão das rotas a serem escolhidas pelos pedestres, estudos nacionais e
internacionais avaliam os fatores de influência na escolha dos trajetos a e procuram
estabelecer, entre diversos segmentos de vias, aquelas mais propícias ao modo a
(ITE, 1998, NJDOT, 1999, DETR, 2000, ALAYO, 2002, UKDT, 2003, SARKAR,
2003, AGUIAR, 2003, DfL, 2004, LTNZ, 2005, ZAMPIERI et al., 2005, AMÂNCIO &
SANCHES, 2005, MELO, 2005, CARVALHO, 2006, LEE & MOUDON, 2006,
FONTES et al. 2006, LTNZ, 2007).
Estes atributos intervenientes aos deslocamentos a são selecionados e avaliados por
conceitos ou notas e ponderados, conforme a importância sugerida pelo método
aplicado(FERREIRA & SANCHES, 2001, GALLIN, 2001, FONTES et al., 2005b,
AMÂNCIO, 2005). Este tipo de ferramenta é útil para que se consiga destacar e
hierarquizar os segmentos de vias em relação ao comportamento dos pedestres em suas
preferências.
A ordem de grandeza do porte do carregamento das rotas de pedestre será determinada
pelo somatório dos fluxos de cada PGV a PÉ, dentro de sua área de influência, e a partir
173
da consideração que estes fluxos tenderão a utilizar os segmentos mais favoráveis aos
caminhantes.
Desta forma, será possível comparar a demanda estimada de pedestres para a área a ser
revitalizada com a infra-estrutura existente. Esta infra-estrutura deverá ser avaliada
quanto às qualidades ofertadas ao modo a para que seja possível apontar onde há
deficiências de infra-estrutura e como melhorá-las, preparando o estudo para avançar a
quarta e última fase: as diretrizes de projeto.
IV.2.3.1. Subfase 1: Obtenção do Mapa Classificatório dos Segmentos de Vias
Através dos Atributos do Meio Físico Urbano Intervenientes aos
Deslocamentos a Pé
Para a compreensão das relações entre o uso do solo, a forma urbana e a escolha de
deslocamento direcionada ao desenvolvimento de projetos, o ideal é conhecer os dados
dos fluxos de pedestres da área em estudo. Estes dados podem ser obtidos conforme a
sua disponibilidade em pesquisas domiciliares de viagens, pesquisas de campo e estudos
locais (BTS, 2000).
Esta etapa do procedimento busca avaliar os segmentos de vias, de acordo com seus
atributos do meio físico que melhor propicie as viagens a pé.
São diversas as variáveis obtidas na revisão bibliográfica que podem ser aplicadas para
relacionar a forma urbana à facilidade de realização das viagens a pé.
Podem-se organizar os diferentes tipos de atributos intervenientes ao modo a
segundo a densidade urbana, qualidade dos espaços, desenho das vias, uso do solo e
disponibilidade do transporte público.
As tabelas IV.3. a IV.7 procuram apresentar as principais variáveis pesquisadas na
literatura capazes de mensurar os atributos intervenientes ao modo a pé, o que facilita o
entendimento das relações entre as variáveis e o fluxo de pedestre. Esta compreensão
facilita a seleção das variáveis na obtenção de dados de pesquisa de campo. Destacam-
se as seguintes variáveis apontadas pelos autores: (1) AMÂNCIO (2005), (2) FONTES
& RAMOS (2005) e (3) GALLIN (2001).
174
Tabela IV.3 – Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Segundo a Densidade Urbana
Variável a ser Medida Autor
Formulação
Comportamento da
variável relação ao
fluxo de pedestre
Densidade Populacional
Bruta -DPb (hab/ha)
1
DPb = P/A
(4.1)
DPb
Pedestres
P = população (hab)
A = área total (ha)
Densidade Populacional
Líquida - DPl (hab/ha)
1
DPl = P/Al
(4.2)
DPl
Pedestres
P = população (hab)
Al = área líquida (ha) (excluem vias,
rios, parques, áreas não edificáveis)
Densidade de Ocupação
- DOc
1
DOc = Ac/A
(4.3)
DOc
Pedestres
Ac = área construída (ha)
A = área total (ha)
Tabela
IV.4 – Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Segundo o Uso do Solo
Variável a ser
Medida
Autor
Formulação
Comportamento da
variável relação ao
fluxo de pedestres
Índice de Entropia
- IE
1
IEi
=
-
J
(Pji*lnPji)
J=1 lnj
(4.14)
IE
Pedestres
Pji = parcela da área construída ocupada
pelo uso do solo j no setor i
J = numero de categorias de uso do solo
consideradas
Hierarquia viária 3
Local – 3 pontos
Coletora – 2 pontos
Arterial –1 ponto
-
Usos urbanos 3
Uso misto – 3 pontos
Habitação – 2 pontos
Sem uso –1 ponto
-
175
Tabela IV.5 – Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Segundo a Qualidade dos Espaços
Variável a ser Medida Autor
Formulação
Comportamento da
variável relação ao
fluxo de pedestres ou
peso estabelecido
% de quadras com
calçadas
1
nº de quadras com calçadas /
nº de quadras
(4.5)
%
Pedestres
% de quadras
arborizadas
1
nº de quadras arborizadas /
nº de quadras
(4.6)
%
Pedestres
% de quadras com
iluminação
1
nº de quadras com iluminação
/ nº de quadras
(4.7)
%
Pedestres
% de interseções com
semáforos
1
nº de interseções com
semáforos / nº de interseções
(4.8)
%
Pedestres
% de interseções com
semáforos para
pedestres
1
nº de interseções com
semáforos para pedestres / nº
de interseções
(4.9)
%
Pedestres
Qualidade da superfície 2
Varia de 0 a 4 pontos, sendo 0 muito
ruim e 4 excelente.
Peso 5
(entre 1 a 5)
Obstáculos no passeio 2
> 21/km – 0 ponto
11 - 21/km – 1 ponto
5 - 10/km – 2 pontos
1 - 4/km – 3pontos
0/km – 4 pontos
Peso 3
(entre 1 a 5)
Travessias 2
0 ponto – nenhum tratamento
1 ponto – pouco tratamento
2 pontos – tratamento razoável
3 pontos – maioria tratada
4 pontos – todas tratadas
Peso 4
(entre 1 a 5)
Elementos de suporte 2
Varia de 0, quando não há
elementos, a 4 pontos, considerado
excelente.
Peso 2
(entre 1 a 5)
Passeio dividido com
outros usuários
2
< 30% – 0 ponto
30 a 49% de pedestres – 1 ponto
50 a 79% de pedestres – 2 pontos
> 80% de pedestres – 3pontos
apenas pedestres – 4 pontos
Peso 4
(entre 1 a 5)
Segurança pública 2
Varia de 0, quando não é muito
ruim, a 4 pontos, considerado
excelente.
Peso 4
(entre 1 a 5)
Distância entre
travessias
3
< 100 m – 3 pontos
100 a 200 m – 2 pontos
> 200 m –1 ponto
-
Tipo de travessia 3
superfície – 3 pontos
subterrânea – 2 pontos
passarela –1 ponto
-
Segurança 3
Caminhar afastado dos vculos – 3 pontos
Caminhar em passeio junto aos veículos – 2 pontos
Caminhar na rua –1 ponto
176
Tabela IV.6 – Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Segundo o Desenho das Vias
Variável a ser Medida Autor
Formulação
Comportamento da
variável relação ao
fluxo de pedestres ou
peso estabelecido
Índice de
Permeabilidade - IP
1
IP = dd/dr
(4.10)
IP
Pedestres
dd = distância em linha reta entre a
origem e o destino da viagem
dr = distância real de caminhada
Tamanho médio das
quadras - Tmq
1
Entre 100 e 200 m são mais
propícias às caminhadas
Tmq
Pedestres
Índice de Conectividade
- IC
1
IC = V
seg
/ i
(4.11)
IC ideal
2,5
1,2 a 1,4 é aceitável
V
seg
= nº de segmentos de via
i = nº de interseções ou cul de sac
Densidade de
Interseções - Di
1
Di = i / A
(4.12)
Di
Pedestres
i = nº de interseções ou cul de sac
A = área total (ha)
Padrão do Sistema
Viário - Psv
1
Psv = i “+” / i
(4.13)
Psv
Pedestres
i “+” = nº de interseções em cruz
i = nº de interseções ou cul de sac
Largura do Passeio 2
0 ponto – não existe passeio
1 ponto – 0 a 1,0 m
2 pontos – 1,1 a 1,5 m
3 pontos – 1,6 a 2,0 m
4 pontos – > 2,0 m
Peso 4
(entre 1 a 5)
Largura da Calçada 2
0 ponto – não existe calçada
1 ponto – 0 a 1,0 m
2 pontos – 1,0 a 2,0 m
3 pontos – 2,0 a 3,0 m
4 pontos – > 3,0 m
Peso 2
(entre 1 a 5)
Conectividade (ligação
origem / destino)
2
Varia de 0, quando não existe, a 4
pontos, considerado excelente.
Peso 4
(entre 1 a 5)
Conflito com vculos 2
> 25/km – 0 ponto
16 - 25/km – 1 ponto
10 - 15/km – 2 pontos
1 - 10/km – 3pontos
0conflitos – 4 pontos
Peso 3
(entre 1 a 5)
Largura da via 3
1 faixa de tráfego – 3 pontos
2 faixas de tráfego – 2 pontos
3 faixas de tráfego –1 ponto
-
Conexões 3
< 100 m – 3 pontos
100 a 200 m – 2 pontos
> 200 m –1 ponto
-
Topografia (grade) 3
< 4% – 3 pontos
4 a 8,3% – 2 pontos
> 8,3% –1 ponto
-
177
Tabela IV.7 – Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Segundo a Disponibilidade
de Transporte Público
Variável a ser
Medida
Autor
Formulação
Comportamento da
variável relação ao
fluxo de pedestres
Freqüência - F 1
F = nº viagem por dia de cada linha que
serve à zona
F
Pedestres
Cobertura - Cb 1
Cb = p / A
(4.15)
Cb
Pedestres
p= nº de paradas
A = área total (ha)
Capacidade - C 1
C = Lof * km / P
(4.16)
C
Pedestres
Lof = nº de lugares ofertados pelos
transportes públicos
Km = distância percorrida
P = população (hab)
Devido à grande quantidade de atributos, devem ser selecionados os que melhor
representam as variáveis indicadoras de facilidade para as caminhadas. Esta escolha
simplifica os trabalhos, entretanto seu resultado não poderá implicar na perda de
consistência das informações a serem obtidas. Segundo AMÂNCIO & SANCHES
(2005), informações sobre alguns atributos que influenciam a escolha do modo a não
são facilmente disponíveis, e que os estudos aplicados à realidade brasileira devem ser
ainda mais aprofundados. Assim, para o desenvolvimento do presente procedimento, a
escolha dos atributos pesa a simplicidade de obtenção e manipulação dos dados.
Os métodos estudados na revisão bibliográfica apresentam uma seleção de diferentes
atributos que recebem pontuações que expressam a qualidade da variável avaliada.
FERREIRA & SANCHES (2001) e GALLIN (2001) aplicaram pontuações entre 1 a 5 e
FONTES & RAMOS, (2005), 1 a 3. Sobre a pontuação, FERREIRA & SANCHES
(2001) ainda consideraram uma ponderação específica relativa ao local de estudo,
GALLIN (2001) utilizou pesos entre 2 a 5 sobre cada variável e FONTES & RAMOS
(2005) não utilizaram recursos de ponderação sobre as variáveis.
Para o presente procedimento, são sugeridas as variáveis selecionadas, apresentadas na
Tabela
IV.8 para a identificação de áreas ou segmentos de vias facilitadoras para o
deslocamento a pé. Similar ao estudo da Cidade de Braga, Portugal (FONTES &
RAMOS, 2005), a avaliação será realizada aplicando as pontuações 1, 2 e 3 às variáveis
selecionadas, representativas de cada atributo.
178
Tabela
IV.8 – Atributos Intervenientes ao Modal Selecionados, a serem Analisados
no Procedimento Proposto
Atributo Item Variável
Pontuação
3 2 1
Densidade
Urbana
(1)
Nº de pavimentos
residenciais
construídos
> 4 2 - 4 0 - 1
Qualidade
dos
Espaços
(2)
Qualidade da
superfície
Calçada tratada
com elementos
urbanísticos
Calçada
pavimentada
Sem calçada
ou calçada
sem pavimento
(3) Travessias
Todas tratadas
conforme o
necessário
Algum
tratamento
Nenhum
tratamento
(4) Iluminação
Iluminação
voltada aos
pedestres
Iluminação
do ambiente
Sem
iluminação
Desenho
das
Vias
(5)
Padrão do Sistema
Viário – Psv (4.13)
> 0,90
Entre 0,6 a
0,9
< 0,6
(6) Largura da calçada > 2,5 m 1,5 a 2,5 m 0 – 1,4m
(7) Largura da via
1 faixa de
tráfego
2 faixas de
tráfego
3 faixas de
tráfego
(8) Conexões < 100 m 100 a 200 m > 200m
(9) Topografia < 4% 4 a 8,3 % > 8,3%
Uso do
Solo
(10) Hierarquia Local Coletora Arterial
(11) Uso Urbano misto habitação Sem uso
Transporte
Público
(12) Cobertura < 100 m 100 a 200 m > 200m
Verifica-se a utilização de variáveis representativas dos atributos de fácil compreensão e
obtenção, que dependem apenas de levantamento em campo, no caso dos dados não
estarem disponíveis na etapa de planejamento.
No processo de escolha, todos os atributos foram contemplados, sendo em maior
número os referentes ao desenho urbano. Espera-se assim, retratar as implicações e
dificuldades de intervenção em uma área construída, que pode envolver a necessidade
de realização de grandes obras, se for necessário, para obter uma substancial
modificação deste atributo.
Os segmentos de vias serão avaliados em ambos os lados (calçadas). Para os pontos
totais, será somada a pontuação obtida por cada uma das 12 variáveis, considerando
cada lado do segmento de via, conforme a Tabela
IV.8.
179
Assim, o máximo de pontos possível será de 72 pontos (12 variáveis x 3 pontos x 2
lados), e o mínimo será 24 pontos. Com o total de pontos obtidos, os segmentos de vias
serão classificados de acordo com a Tabela
IV.9.
Tabela
IV.9 – Classificação do Segmento Viário quanto à Propensão de Utilização
pelos Pedestres conforme os Atributos do Meio Físico
Propensão Somatório da Pontuação
Excelente 62 a 72
Boa 53 a 61
Regular 44 a 52
Ruim 35 a 43
Péssima 24 a 34
Com a classificação da propensão dos pedestres em utilizar a infra-estrutura viária
disponível, é possível cartografar o sistema viário, obtendo-se uma visão global da área
em estudo.
IV.2.3.2. Subfase 2: Elaboração do Mapa de Estudo de Demanda de Pedestres
A partir da localização em mapa dos PGV a catalogados, cujas características estão
disponíveis no Quadro ntese, e da delimitação de suas áreas de áreas de influência, é
possível mapear as diversas áreas de influências, cada qual representando a estimativa
do fluxo e características do caminhante, conforme o PGV a de origem. A
sobreposição destas áreas de influências forma “manchas” de pedestres, a partir das
quais serão estimados os fluxos de pedestres, exemplificado pela Figura IV.3. As
manchas mais densas representam áreas de maior fluxo de pedestres.
Figura IV.3 – Esboço das Sobreposições das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
Mapeadas na Área de Estudo
180
A previsão final da demanda de pedestres no sistema viário será obtida através do
somatório das estimativas de fluxos que tendem a utilizar as mesmas rotas no sistema
viário. Assim, é possível hierarquizar as calçadas e travessias conforme a grandeza total
de fluxo de pedestre estimado.
Ressalta-se que devido às pequenas distâncias que envolvem os deslocamentos a pé, que
variam entre 300 a 1000 m (1500 m para eventos esportivos); e que estas distâncias
baseiam em pesquisas internacionais, o que pode não retratar a realidade brasileira, não
foram consideradas sub-áreas de influências, com pesos diferenciados de acordo com a
proximidade do PGV. Verificação se esta consideração trará resultados mais
representativos em relação à realidade local é uma sugestão para futuras avaliações.
Considerando as viagens primárias da área de influência de cada PGV a que incidem
sobre cada seguimento de rotas, a previsão de demanda das rotas será o somatório deste
carregamento.
A hierarquização das calçadas e travessias obedece à grandeza total de fluxo de pedestre
estimado. Esta classificação é definida, embasada no TRB (2000), tomando-se os veis
de serviço “A”, B” e “C” como referências, de acordo com o apresentado na Tabela
IV.10.
Tabela
IV.10 – Classificação da Infra-Estrutura Destinada ao Modo a Pé,
conforme a Demanda de Fluxo de Pedestre
Classificação
Somatório da Pontuação
ped/min/m ped/h/m
Terciária < 24 < 1400
Secundária 24 a 34 1400 a 2000
Principal > 34 > 2000
Devido indisponibilidade na literatura pesquisada de modelos de geração de viagens a
por tipo de atividade, sugere-se o artifício de equiparação do porte dos PGV a
grande, médio e pequeno às pontuações 3, 2 e 1, respectivamente.
Com o somatório de todas as pontuações relativas aos portes de cada PGV a
incidentes sobre cada seguimento de rota, é possível normatizar os resultados e
categorizar os segmentos de rotas em três faixas eqüidistantes de carregamento: alto,
médio e baixo e chegar à hierarquia final das rotas, conforme a demanda de pedestre.
181
Novamente volta-se à cartografia, onde, através de rotas legendadas é possível
visualizar a classificação de demanda de pedestres de cada segmento da infra-estrutura
destinada ao modo a pé, obtendo-se o Mapa de Estudo de Demanda de Pedestres.
Devido à diferença de comportamento dos escolares, as rotas de escolas poderão ser
destacadas para estudos mais específicos, como ilustra a Figura IV.4.
Outros PGV a com características julgadas peculiares e relevantes, merecedores de
tratamento diferenciados, poderão, do mesmo modo, ser salientados no Mapa de Estudo
de Demanda de Pedestres.
Figura IV.4 – Destaque das Áreas de Influências das Escolas, em Laranja
IV.2.3.3. Subfase 3: Confecção do Mapa de Qualidade da Infra-Estrutura
Ofertada Destinada ao Modo a Pé
Esta subfase do procedimento proposto objetiva avaliar as qualidades ofertadas pela
infra-estrutura viária existente na área de estudo.
São escolhidos para avaliação fatores que facilitem o caminhar e que serão comparados
com os objetivos a serem alcançados, propostos pela etapa de planejamento, tendo como
foco o ambiente ideal para o modo a pé.
As diferenças entre o existente e o que se pretende atingir no projeto de revitalização
urbana, pressuposto atender às necessidades dos pedestres, terão suas diretrizes
apontadas na última fase do procedimento.
182
Conforme a revisão bibliográfica, diversas metodologias procuram medir
qualitativamente os espaços públicos destinados à locomoção dos pedestres. AGUIAR
(2003) aplicou as metodologias de FRUIN (1971), MORI & TSUKAGUCHI (1987),
KHISTY (1995), SAKAR (1995), DIXON (1996) e FERREIRA & SANCHES (2001)
na análise das calçadas da Cidade de São Luiz do Maranhão.
Apesar da diferença conceitual entre alguns indicadores de qualidade das metodologias
selecionadas, a autora considerou os resultados obtidos praticamente os mesmos, tanto
na análise parcial como na global dos ambientes destinados aos pedestres.
Segundo o BTS (2000), as pesquisas locais podem ser aproveitadas em outras áreas para
a avaliação dos segmentos viários existentes destinados aos pedestres, de acordo com o
estudo e o conteúdo das informações.
Logo, considerou-se para o procedimento proposto a aplicação dos mesmos indicadores
de qualidade contidos na metodologia de FERREIRA & SANCHES (2001) como uma
boa forma de qualificar as calçadas do ponto de vista de infra-estrutura para o modo a
pé.
Conforme descrito no Capitulo II, item II.10 “Análise da Qualidade dos Espaços
Urbanos”, a metodologia de FERREIRA & SANCHES (2001) avalia os atributos de
segurança, manutenção, largura efetiva da calçada, seguridade (ou segurança pública) e
atratividade visual, através da padronização de cinco diferentes cenários que recebem
pontuações de 1 a 5, sendo 1 o pior e 5 melhor, e prevê a ponderação dos atributos de
acordo com a percepção dos usuários.
As tabelas IV.11a e IV.11b estabelecem a pontuação correspondente para cada um dos
atributos.
A Tabela
IV.12 apresenta a ponderação para cada um dos indicadores sugerida na
metodologia citada.
183
Tabela
IV.11a – Sistema de Pontuação para os Indicadores de Qualidade das
Calçadas Existentes Ofertadas aos Pedestres
Indicador Descrição do Cenário Pontos
Manutenção
Pavimento em condições excelentes, utilização de material
apropriado e aparência de manutenção constante
5
Pavimento da calçada em boas condições, material apropriado,
irregularidades e defeitos recuperados
4
Pavimento da calçada em condições aceitáveis, material impróprio
para a superfície porque se torna escorregadio quando molhado
3
Pavimento em condições ruins, superfície apresentado rachaduras,
desníveis e falta de manutenção
2
Calçada não pavimentada, superfície em terra ou grama que
dificulta a caminhada, principalmente em condições de tempo
chuvoso
1
Calçada inexistente. Apesar de demarcada, a calçada não apresenta
nenhuma condição de uso, pois se encontra coberta por mato e
restos de construção
0
Segurança
Nenhum conflito previsto entre pedestres e veículos. Área exclusiva
para pedestres com restrição ao tráfego de veículos
5
Nenhum conflito previsto entre pedestres e veículos. Área para
pedestres protegida do fluxo de veículos por canteiros, com guias de
15 cm de altura
4
Nenhum conflito previsto entre pedestres e veículos. Área para
pedestres totalmente separada do fluxo de veículos por guias de 15
cm de altura
3
Possibilidade de conflito. Área para pedestres separada do fluxo de
veículos por guias rebaixadas, para acesso de veículos, em vários
pontos
2
Possibilidade de conflito. Área para pedestres separada do fluxo de
veículos por guias rebaixadas, para acesso de veículos, em grandes
extensões
1
Grande possibilidade de conflito entre pedestres e veículos.
Não existe área reservada para pedestres que disputam a faixa de
rolamento com os veículos
0
184
Tabela
IV.11b– Sistema de Pontuação para os Indicadores de Qualidade das
Calçadas Existentes Ofertadas aos Pedestres (cont.)
Indicador
Descrição do Cenário Pontos
Seguridade
(Segurança
Pública)
Seguridade é garantida pela boa configuração da paisagem urbana,
pela presença usual de outros pedestres e por policiamento constante
5
Seguridade é garantida pela configuração da paisagem urbana,
presença de pedestres, policiamento eventual e pela boa iluminação
4
Seguridade é garantida mais pela presença de outros pedestres, do
que pela configuração da paisagem urbana
3
Seguridade é prejudicada pela configuração inadequada da paisagem
urbana. Veículos estacionados, vegetação alta e pouca iluminação
pesam negativamente
2
Seguridade é ruim devido à grande densidade de pedestres e
ambulantes, fatos que favorecem o assédio e a ação de pessoas mal
intencionadas
1
Seguridade é totalmente prejudicada pela péssima configuração da
paisagem urbana. Locais abertos (terrenos baldios) mal iluminados e
sem policiamento
0
Largura
Efetiva
Faixa de circulação de pedestres livre, com largura superior a 2,0m,
sem quaisquer obstruções visuais ao longo de sua implantação
5
Faixa de circulação de pedestre livre de obstáculos, com largura em
torno de 2,0m, satisfatória para acomodar o fluxo de pedestres
4
Faixa de circulação de pedestre com pequena obstrução devida à
instalação de equipamentos urbanos, porém com largura suficiente
para acomodar o fluxo
3
Faixa de circulação de pedestre reduzida, largura inferior a 1,2m,
devido à presença de tapumes, mesas de bar, cartazes, etc.
2
Faixa de circulação de pedestre bastante reduzida, largura inferior a
0,7m, devido à ocupação por outros usos, como bancas de jornal,
ambulantes, etc.
1
Faixa de pedestre totalmente obstruída. Os pedestres são obrigados a
caminhar pelo leito da rua
0
Atrativida-
de Visual
Ambiente projetado com espaço de vivência, agradável e bem
cuidado. Calçadas ao lodo de parques, praças, bosques, etc.
5
Ambiente agradável, com configuração do espaço exterior composto
por residências com muros baixos e jardins e lojas com vitrines
atraentes
4
Ambiente com configuração do espaço exterior composto por
construções de uso residencial com muros altos e comercial, sem
vitrines e sem atrações
3
Ambiente pouco atraente, com configuração do espaço exterior
composto por construções de uso comercial de grande porte
(atacadista)
2
Ambiente com configuração do espaço exterior sem nenhuma
preocupação com aspectos visuais e estéticos. Constrões sem
acesso para as calçadas
1
Ambiente inóspito para os pedestres. Configuração do espaço exterior
desagradável com a presença de lixo e entulho acumulado sobre a
calçada
0
Fonte: FERREIRA & SANCHES (2001), adaptado
185
As calçadas da área de revitalização são avaliadas e pontuadas de acordo com cada
atributo da Tabela IV.11. Aplica-se a ponderação para cada um dos indicadores
sugeridos por FERREIRA & SANCHES (2001), de acordo com a Tabela
IV.12.
Tabela
IV.12 – Ponderação dos Indicadores de Qualidade das Calçadas
Atributo Peso
Manutenção 0,33
Segurança 0,21
Seguridade (Segurança Pública)
0,20
Largura Efetiva 0,17
Atratividade Visual 0,10
Fonte: FERREIRA & SANCHES (2001)
O somatório ponderado dos cinco atributos avaliados varia entre 0 e 5 pontos e permite
estabelecer o nível de serviço da calçada correspondente ao índice de qualidade,
apresentado na Tabela
IV.13.
Tabela IV.13. – Faixas de Índice de Qualidade (IQC) e Níveis de Serviço (NS)
IQC Condição NS
5 Excelente A
4,0 a 4,9 Ótimo B
3,0 a 3,9 Bom C
2,0 a 2,9 Regular D
1,0 a 1,9 Ruim E
0,0 a 0,9 Péssimo F
Fonte: FERREIRA & SANCHES (2001)
Mapa com a classificação do IQC pode ser desenhado, o que possibilita a visualização
das condições de cada segmento de rota. Pode-se também, preparar mapas temáticos,
por tipo de atributo pesquisado em campo.
Logo, a comparação entre o “Mapa de Classificação dos Segmentos de Rotas Segundo
Atributos do Meio Físico Urbano Intervenientes aos Deslocamentos a Pé”, o “Mapa de
Classificação dos Segmentos de Rotas Segundo a Demanda dos PGV a PÉ” e o “Mapa
de Qualidade da Infra-Estrutura Ofertada Destinada ao Modo a pé”, indica os locais da
infra-estrutura viária que podem ser melhorados, de acordo com a sua relevância em
relação à demanda de pedestres. É possível comparar os atributos qualificadores das
rotas para pedestres com o ideal de projeto, obtendo-se o quanto cada segmento de via
poderá ser melhorado.
186
IV.2.4. Fase 4 – Diretrizes de Proposta de Projeto Fomentador do Modo a Pé
A última fase do procedimento proposto está ligada ao aperfeiçoamento do sistema
viário, de forma a melhor atender às necessidades dos pedestres em consonância com as
proposições de revitalização urbana para a área de estudo.
Buscar-se-á direcionar o projeto viário e de urbanismo, através de diretrizes de projeto,
de forma a oferecer uma infra-estrutura de circulação o mais segura possível e que
estabeleça um equilíbrio entre os modais de transportes que utilizam a área a ser
revitalizada.
A comparação entre os mapas classificatórios dos segmentos de rotas segundo os
atributos intervenientes do meio físico urbano ao modo a pé, o de carregamento da
demanda dos PGV a e o de qualidade da infra-estrutura ofertada aos pedestres,
nortearão as análises e auxiliarão na identificação de problemas, como:
Relativos ao conforto, segurança, continuidade/conectividade das calçadas:
largura efetiva das caçadas; interferência e obstruções das rotas; localização e
adequação das travessias; tipo e estado da pavimentação; excesso de velocidade
veicular; disponibilidade de mobiliário urbano; iluminação e segurança pública;
Especificidade do tipo de usuário: como escolares portadores de deficiência,
caminhadas recreativas, entre outros; de modo a atender o direito à mobilidade
universal, contemplando assim, crianças, idosos e portadores de necessidades
especiais;
Atendimento e conexões com o transporte público: é conveniente que toda a área
seja servida por transporte público. Os pontos de parada deverão ser distribuídos
com distâncias que permitam o alcance de toda a área por caminhada. Deverá ser
verificada a localização dos pontos no que se refere à conectividade com as rotas de
pedestres, à segurança na realização de travessias, à possibilidade de instalação de
abrigos adequados, à visada entre motorista e passageiro e vice-versa, às
interferências, junto ao ponto no aguardo da condução ou que não atrapalhe a saída
dos passageiros e prever construção de baias de ônibus em vias de hierarquia
superior;
Identificação de zonas residenciais: tratamento como zonas amigáveis aos
pedestres, com utilização de elementos redutores de velocidade e tratamento
paisagístico acolhedor aos pedestres;
187
Identificação de rotas escolares: que poderá ser útil não somente em projetos
específicos que busque a melhoria das rotas, no tocante às necessidades especificas
dos escolares em suas caminhadas, como também na inserção das escolas e da
comunidade nos programas para a educação para o trânsito.
Caso haja indicação pelos órgãos de transporte de pontos de acidente que necessitem de
tratamento ou levantado a existência de alguma rota especifica de portadores de
necessidades especiais, que demanda um trabalho particular, estes deverão ter diretrizes
específicas a serem ressaltadas nas diretrizes de projeto.
Todas as travessias deverão ter atenção destacada, no que se refere ao posicionamento e
tratamento, no que tange o tipo de controle (sem controle, ou regidas por simples
demarcações de faixas ou ainda, por controle semafórico).
Para tanto poderá ser adotado o estabelecido pelo Manual de Semáforos do
DENATRAN (1984), ou outros critérios conforme a literatura internacional, como
MUTDC (1988), FHWA (2003), GDOT (2003), LTNZ (2007) ou NCHRP (2007), este
último, específico para projetos que lidem com portadores de necessidades especiais.
Sugere-se a avaliação quanto à adequação na distribuição espacial nas rotas de pedestres
e a necessidade de implantação de elementos auxiliares, como canteiros, refúgios, platôs
ilhas, entre outros. Os especialistas em Engenharia de Tráfego avaliarão o tipo de
controle adotado e no caso do projeto semafórico, determinarão sua estrutura e
dimensionamento dos ciclos.
Podem-se encontrar problemas de diferentes dimensões e porte de intervenção para
solução, desde os que requerem simples atuações de adequação de calçadas como
retirada de obstáculos, melhoria do pavimento das calçadas, construção de rampas para
pedestres, até os mais complexos, como calçadas estreitas para sua demanda, que
requerem alargamentos em vias de fluxo de tráfego veicular pesado, que provavelmente
precisará de obras de maior monta, desvios de tráfego e modificação da hierarquização
viária. As tabelas
IV.14a e IV.14b apresentam algumas medidas típicas a serem
consideradas, conforme o problema apresentado:
188
Tabela
IV.14a – Deficiências Comuns em Rotas para o Modo a Pé e Possíveis
Soluções Mitigadoras
Deficiência Medidas Mitigadoras
Manutenção
Falta de
pavimentação,
pavimentação
escorregadia ou
rachada
Previsão ou recomposição da pavimentação utilizando
materiais apropriados e piso tátil para os deficientes
visuais
Construção de rampas para deficientes físicos em todas as
travessias e esquinas
Tratamento quanto às raízes das árvores que provocam
rachaduras nas calçadas
Capacidade
Largura efetiva
inferior a 1,50 m ou
inadequada à
demanda de
pedestres,
oferecendo baixos
níveis de serviço
aos caminhantes
Aumento da largura da calçada com estreitamento da caixa
de rolamento
Retirada de obstáculos instalados no passeio
Reorganização dos mobiliários que deverão estar
instalados na faixa de serviço da calçada
Reorganização das permissões de instalação de mesas e
cadeiras junto a cafés e bares nas calçadas
Verificação da dimensão dos jardins e das árvores. Em
calçadas estreitas, com necessidade de sombreamento, as
golas das árvores podem ser deslocadas para uma extensão
alargada da calçada, junto à área de estacionamento
Segurança
Conflito entre
pedestres e veículos
devido a travessias
inadequadas,
veículos sobre as
calçadas ou
velocidade
incompatível com a
ambiência para os
pedestres
Criação de áreas exclusivas para pedestres
Verificação se as travessias atendem as rotas para os
pedestres e se seu controle está adequado
Verificação do ciclo e das repartições semafóricas
Implementação de elementos facilitadores de travessia
(ilhamentos, canteiro central, refúgios)
Calçada estendida sobre o estacionamento junto às
travessias, onde for possível
Elevação da guia do meio-fio (mas sempre prevendo
rampas nas travessias e nas esquinas)
Implantação de medidas moderadoras de tráfego, seguindo
as técnicas de traffic calming
Implantação de controladores de velocidade
Seguridade
Áreas desertas, com
baixa iluminação
pública, baixo
policiamento, baixa
visualização do
entorno (segurança
natural)
Melhoria da iluminação, com implantação de focos
voltados para a calçada
Incentivos urbanos para abertura de lojas comerciais, e se
possível, com boas vitrines e com utilização de parte das
calçadas para mesas de café ou bar
Reforço no policiamento
189
Tabela
IV.14b – Deficiências Comuns em Rotas para o Modo a Pé e Possíveis
Soluções Mitigadoras (cont.)
Deficiência Medidas Mitigadoras
Atratividade
Ambiente inóspito,
sem informações e
atratividades, sem
sombreamento
Tratamento urbanístico e paisagístico
Implantação de sinalização para pedestres
Implantação de mobiliário urbano
Conveniência
O transporte público
não atende a toda
área, não há abrigos
de ônibus
Modificação dos itinerários
Instalação de abrigos de ônibus aonde for possível
Instalação de maior número de paradas de ônibus
Verificação da necessidade de instalação de travessias de
pedestres próximas aos pontos de ônibus
As rotas escolares, como mencionado, serão destacadas e tratadas conforme a
necessidade dos estudantes. Sugerem-se que além da implantação do projeto, outras
ações, principalmente as de cunho educacional, sejam adotadas junto aos escolares.
Encerra-se o procedimento com a elaboração de uma listagem de propostas a serem
inseridas no projeto de revitalização urbana, que servirá como orientação de
detalhamento para os arquitetos, engenheiros e demais técnicos envolvidos no projeto.
Por fim, conforme indicado pelo ITE (2006), pode-se sugerir uma padronização do
desenho urbano, de acordo com a verba disponível para a execução de projeto. Serão
desenvolvidas diversas seções típicas, contendo os detalhes de mobiliário urbano,
larguras mínimas de calçadas e caixa de rolamento, de acordo com a hierarquia viária,
demanda de pedestre e uso do solo. Para tanto, é essencial a realização de um trabalho
em conjunto entre os engenheiros de tráfego, urbanistas e projetistas, seguindo as
recomendações na procura ao atendimento das expectativas do planejamento urbano e
dos usuários que utilizarão a área a ser requalificada.
IV.3. Síntese
Guiado pela estrutura proposta pelo ITE (2006), no que se refere aos projetos
denominados de CSS - Context Sensitive Solutions, de emprego específico a projetos de
fomento ao modo a pé, buscou-se uma abordagem que envolvesse dimensões
190
representativas das interferências espaciais e a distribuição das atividades na dinâmica
da movimentação dos pedestres no espaço urbano.
O procedimento proposto é entendido como uma ferramenta auxiliar de trabalho, que
permite sua aplicação na elaboração de estudos e proposições de diretrizes de projeto,
capaz de acolher as metas, os conceitos e os objetivos que o planejamento urbano e de
transporte fixam para a área de revitalização. Aborda as dimensões e respectivos
atributos do meio físico urbano, uso do solo e infra-estrutura ofertada ao modo a pé, de
forma a estimar e caracterizar a demanda de pedestres por segmento de rota e compará-
la com a oferta de circulação disponível aos caminhantes.
Através da avaliação dos mapas representativos da demanda e da qualidade das calçadas
ofertadas, é possível identificar os problemas, hierarquizá-los e propor diretrizes de
projeto, com o objetivo de oferecer o melhor ambiente possível para os pedestres.
Prosseguem-se os estudos com a aplicação de procedimento proposto no Bairro de São
Cristóvão, situado na Cidade do Rio de Janeiro.
191
CAPÍTULO V
APLICAÇÃO DO PROCEDIMENTO PROPOSTO
Para o estudo de caso escolheu-se o Bairro de São Cristóvão, Cidade do Rio de Janeiro.
Com a aplicação, espera-se obter resultados capazes de aprimorar e validar o
procedimento proposto e que sirva de guia para usos futuros.
Conforme a PCRJ/IPP (2006), o Bairro de São Cristóvão, com suas instalações urbanas
obsoletas, sofre esvaziamento, acelerada degradação e conseqüente desvalorização da
área. O quadro apresentado causa grave deseconomia, pois os pesados investimentos
realizados outrora tendem a ser mal utilizados ou abandonados. Este fenômeno,
abordado no Capítulo III, pode ser observado em diversos centros históricos e em várias
metrópoles, provocando uma piora gradativa na qualidade da ocupação da região.
Este é um grande problema urbano mundial que as cidades enfrentam e buscam reverter
através de programas de revitalização. Nesta linha a Prefeitura do Rio de Janeiro realiza
estudos no sentido de melhorar as condições urbanísticas, ambientais e de infra-
estrutura viária do seu centro. O Bairro de São Cristóvão está inserido no Plano de
Reabilitação Integrada – PRI, que propõe uma ampla requalificação da área.
Segundo BOURZAI et al.(2006), o PRI de São Cristóvão pode ser entendido como um
vasto programa que integra intervenções de várias naturezas como:
Projetos de drenagem de pontos críticos;
Projetos de reestruturação da rede viária e de circulação;
Monitoramento ambiental;
Requalificação da Quinta da Boa Vista;
Projetos de reurbanização de ruas e praças e;
Projetos de reabilitação de imóveis para uso residencial e cultural.
No tocante especificamente às questões de circulação e transporte, foi desenvolvido em
conjunto com a CET-RIO extenso estudo dos problemas de circulação, no que tange ao
transporte motorizado. Apontam-se diversas intervenções na rede viária, conforme
apresenta o Estudo de Viabilidade Técnica para a Implantação de Mudanças no
192
Sistema Viário da VII Administração Regional e Adjacências” (PCRJ/IPP & OFICINA,
2007).
Os dados do PDTU/RMRJ apresentados na Tabela V.1, mostram a divisão modal do
total de viagens e das viagens internas referentes à Região
Administrativa de São
Cristóvão – VII RA (PCRJ/IPP & OFICINA, 2007).
Tabela V.1 – Divisão Modal das Viagens Realizadas na VII Região Administrativa
– São Cristóvão
Modo de Transporte Nº Viagens % Viagens Internas %
Público 133.975
63,0
15.397
7,2
Individual 31.894
15,0
6.935
3,3
Não motorizado
A pé 45.460
21,4
38.361
18,0
Bicicleta 1.200
0,6
Total 212.529
100,0
60.693
28,6
Fonte: PDTU/RMRJ – Pesquisa O/D 2003 – SECTRAN (2005)
Pode-se destacar a importância do sistema modal não motorizado para as viagens
internas à Região Administrativa, caracterizando-se como o principal modo de
locomoção da população dentro da área.
Foram realizados pelos órgãos da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e seus
consultores estudos abrangentes, que incluíram pesquisas de campo, como: pesquisas de
origem-destino veicular, contagens volumétricas classificadas veiculares e levantamento
do perfil semanal de tráfego. Com os dados levantados e utilizando-se avançado
software, simulou-se o comportamento do tráfego em diversos cenários, em estudos
comparativos, do antes e depois, de acordo com as propostas de modificações
esboçadas. É possível verificar que, apesar do profundo esforço, pouca atenção se deu
ao transporte não motorizado, sobretudo aos pedestres, embora se constate a expressiva
importância deste modo na composição das viagens realizadas na área, como aponta a
Tabela V.1.
A propriedade da escolha do Bairro de São Cristóvão para a aplicação do procedimento
proposto é justificada, pois se trata de um bairro de importância histórica para a Cidade
do Rio de Janeiro, com graves problemas urbanos e foco atual de estudos urbanísticos
por parte dos órgãos públicos, na procura de rever este quadro instalado. Acrescenta-se,
193
ainda, a expressividade dos deslocamentos a pé para a realização das viagens no interior
do bairro.
Para a aplicação do procedimento, foi destacada uma área de 1200 m x 1800 m no
coração do Bairro de São Cristóvão, delimitada, conforme a Figura V.1. Ao se
estabelecer a área de estudo, houve a preocupação quanto à inclusão dos principais
pontos de interesse urbanístico reconhecidos pelo PRI: a estação metro-ferroviária, as
maiores áreas de comércio, as escolas públicas mais importantes e as áreas residenciais
antigas, ainda bastante presente no bairro.
Figura V.1 – Área Selecionada para Aplicação do Procedimento no Bairro de São
Cristóvão
A área abrange uma variedade de tipos de pólos geradores de viagens a pé, como:
residencial, comercial, turístico e lazer (Quinta da Boa Vista e Pavilhão de São
Cristóvão), o que possibilita trabalhar com um rico uso do solo.
Também, escolheu-se uma região que se caracteriza por distintos atributos do meio
físico, como: o relevo, formado por partes planas e baixas e por morros; a
194
hierarquização viária, com vias locais, coletoras e arteriais; as zonas ambientais
distintas, sendo possível demarcar as áreas residenciais e a área central de bairro; o
serviço de transporte público; e regiões com tratamento recente de urbanização, como o
Campo de São Cristóvão, contrapondo-se com outras bastante antigas.
Por questões de segurança na época da realização das pesquisas em campo, procurou-se
deixar as áreas de favelas fora da área de estudo.
V.1. Fase 1 – Planejamento Urbanístico e de Transporte para Área de Estudo e sua
Caracterização
Historicamente, a região de São Cristóvão fez parte da sesmaria dos jesuítas na época
do Brasil Colônia. No Período Imperial, Sec. XIX, sediou residências de nobres,
firmando-se como uma das áreas mais aristocráticas da Cidade, o que gerou profundas
transformações no bairro. No Sec. XX passou a abrigar indústrias, o que retirou sua
característica essencialmente residencial (PCRJ/IPP, 2006).
A industrialização impactou significativamente o bairro, tendo como conseqüência o
esvaziamento da população residente. Conforme PCRJ/IPP (2006), este fenômeno pode
ser compreendido dentro da dinâmica demográfica mais geral da cidade. A diminuição
da população residente ao longo das últimas décadas (80 e 90) não é específica de São
Cristóvão, mas de toda a área central e da parte sul da cidade, resultado de um intenso
fluxo migratório, com significativa transferência de população para a Zona Oeste e um
expressivo crescimento da população residente em favelas.
Atualmente, o bairro atravessa uma fase de declínio, tanto em termos populacionais,
como ambientais e econômicos (BARANDIER, 2004), o que configura a situação de
degradação urbanística e paisagística em diversos trechos.
V.1.1. Caracterização da Área de Estudo
A VII RA- Região Administrativa de São Cristóvão integra a Área de Planejamento AP-
1 do Município de Rio de Janeiro. É formada pelos bairros de Benfica, Mangueira,
Vasco da Gama e São Cristóvão, conforme Figura V.2.
195
Figura V.2 – Área de Aplicação do Procedimento em Relação a VII RA- Região
Administrativa de São Cristóvão
Quanto ao seu relevo, a Região de São Cristóvão apresenta áreas planas e de cotas
baixas, e alguns morros dispersos com altitudes baixas e médias. Estes morros
encontram-se quase totalmente ocupados e são visíveis em meio à massa construída.
Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Cultural
Segundo o PCRJ/IPP (2006), o bairro possui um patrimônio histórico, arquitetônico e
cultural significativo, uma estrutura econômica com capacidade de geração de
empregos, uma situação geográfica privilegiada em relação ao Centro e aos principais
eixos viários que atravessam a cidade.
Existem na área de estudo e adjacências variadas instituições e empresas. BARANDIER
(2004) as classifica em sete grupos: áreas militares; áreas ocupadas por órgãos públicos;
áreas ocupadas por concessionárias de água e esgoto, luz; gás e telefone; importantes
estabelecimentos e instituições de ensino e de saúde, empresas privadas de grande
influência na área; e equipamentos cultuais e de lazer.
196
Destacam-se órgãos públicos instalados no edifício de grande porte no alto da Rua
Fonseca Teles, elemento referencial local e o tradicional Colégio Pedro II, além de
outras escolas cujos prédios são, inclusive, tombados: Escola Municipal Floriano
Peixoto; Escola Municipal Gonçalves Dias; Escola Municipal Nilo Peçanha.
População
A VII RA São Cristóvão, assim como toda a AP1, perdeu população residente nas duas
últimas décadas, conforme pode se observado na Tabela V.2:
Tabela V.2 – Evolução Populacional
Evolução da População Residente
Região
1980 1990 2000
Incremento Total
(%)
Total Total Total
Pop
(*)
Favela
%
Favela
80 - 90 90 - 00
Cidade 5.090.790
5.480.778
5.857.904
1.092.783
18,65
7,66
6,88
AP1 338.531
303.695
268.280
77.245
28,79
-10,29
-11,66
VII RA 86.542
80.360
70.945
28.125
39,64
-7,14
-11,72
São
Cristóvão
51.083
42.958
38.334
10.133
30,59
-15,91
-10,76
Fonte: Armazém de Dados IPP/SMU/PMRJ (2008)
(*)
Os dados referentes às favelas, por bairro, estão disponíveis a partir de 2000
Observa-se que além da perda expressiva de população nos últimos 20 anos, o
percentual de pessoas moradoras em áreas de favelas é bastante elevado (30,59%). É um
bairro de urbanização antiga, inclusive nas áreas de cotas mais altas. O convívio de São
Cristóvão com o desinteresse da construção civil, o fechamento e abandono de galpões
industriais e a retração do comércio e dos serviços oferecidos agrava o problema de
perda de população (BARANDIER, 2004).
Áreas Verdes
Conforme PCRJ/IPP (2006), a Região Administrativa de São Cristóvão é servida de
parques, praças e largos, formando uma cobertura verde de aproximadamente 565 mil
m2, cerca de 7,5% de sua superfície. Devido à presença da Quinta da Boa Vista e do
Jardim Zoológico, os bairros de São Cristóvão e Vasco da Gama proporcionam o
melhor índice de áreas verdes por habitante – 17,1 m
2
/hab, e também há a maior
concentração de ruas arborizadas.
197
Transporte e Sistema Viário
Em relação ao transporte público, a região é servida por ônibus municipais e
intermunicipais, trem, metrô, táxis e van. Existem algumas linhas municipais
provenientes das Zonas Norte e Sul da cidade que fazem ponto final na região e outras
que partem do Centro e cruzam a área em direção às Zonas Norte e Oeste.
O sistema viário é limitado por vias estruturais ou arteriais da cidade, como Av. Brasil,
Av. Francisco Bicalho, Linha Vermelha, Av. Castelo Branco (Radial Oeste), Av.
Visconde de Niterói. Estas ligações, devido ao intenso fluxo de tráfego de veículos,
impactam significativamente São Cristóvão, com vias sendo utilizadas pelo tráfego de
passagem. Estes problemas são abordados mais detalhadamente no item V.1.3 -
Planejamento de Transportes.
As figuras V.3 e V.4 apresentam, respectivamente, o sistema viário da área em estudo,
com destaque, em vermelho, das áreas de travessia de pedestre semaforizadas, e a
hierarquização do sistema viário, conforme dados da CET-RIO.
A região é servida por vias arteriais secundárias, coletoras e locais. A ligação dos
bairros da Tijuca e adjacências à Linha Vermelha é realizada pelo Campo de São
Cristóvão, cortando todo o bairro.
A Rua São Luiz Gonzaga possui grande carregamento de tráfego, inclusive de ônibus. É
classificada como coletora e exerce a função de ligação entre os bairros de São
Cristóvão e Benfica e o acesso à Av. Brasil.
198
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Av Radial Oeste
Faixa de pedestre
Limite área de estudo
Sentido do fluxo de veículos
Figura V.3 - Sistema Viário da Área em Estudo
Fonte: CET-RIO (2008)
199
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Figura V.4 - Hierarquização do Sistema Viário
Fonte: CET-RIO (2008)
200
V.1.2. Planejamento Urbanístico
Conforme BOUZAI et al. (2006), o Bairro de São Cristóvão, através do convênio entre
as prefeituras do Rio de Janeiro e Paris, França, foi objeto de estudos e elaboração de
planejamento estratégico que propicie uma dinâmica de revitalização sustentável.
Trabalhou-se numa abordagem multidisciplinar, com uma visão sociológica,
participativa e com parcerias público-privadas, na procura do desenvolvimento do
potencial local que agregasse e envolvesse os interessados, criando uma dinâmica global
e coerência no conjunto. Buscou-se a reabilitação de moradias antigas, a proteção do
patrimônio urbano, a busca de novas ferramentas e métodos de reestruturação urbana e
o desenvolvimento sócio-econômico.
Para preparação do projeto urbano, uniram-se a equipe técnica francesa e as secretarias
municipais de Urbanismo, Transporte, Habitação, Patrimônio e Meio Ambiente da
Cidade do Rio de Janeiro, além da Secretaria de Transportes do Estado e o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.
Em janeiro de 2006 foi aprovado o Plano de Reabilitação Integrada - PRI de São
Cristóvão pelo Prefeito da Cidade com os objetivos de transformar a imagem dos
bairros e resgatar a dinâmica social, cultural e econômica da área.
A Figura V.5 demonstra o esboço da área de abrangência do PRI. Em verde são
destacadas as principais vias e em azul, as áreas de suporte ambiental. O PRI ampara-se
na valorização região, de forma incentivar a construção de novas moradias (BOUZAI et
al., 2006).
Para o retorno das funções residenciais, comerciais e industriais em abandono, e a
estimulação de investimentos imobiliários, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
PCRJ elaborou novas normas de uso e ocupação do solo, contidas no PEU - Projeto de
Estruturação Urbana de São Cristóvão, regulamentado pela Lei Complementar
Municipal n.º 73 (CMRJ, 2004).
201
Figura V.5 – Área do PRI de São Cristóvão
Fonte: BOURZAI et al. (2006)
Segundo BOUZAI et al. (2006), a meta do PRI é a requalificação do espaço urbano, a
melhoria da qualidade ambiental, estímulo a novas habitações, conservação do
patrimônio cultural, melhoria da acessibilidade e da mobilidade e desenvolvimento
sócio-econômico. Devem ser alcançados através dos seguintes objetivos:
Mudança da imagem e percepção do bairro junto aos seus moradores, aos cariocas e
atores econômicos;
Produção de unidades habitacionais destinadas à classe média, através de
investimentos de construtoras e incorporadoras e moradias de baixa renda;
Reestruturação urbana com melhores acessos ao bairro, melhoria da circulação
viária e do transporte público;
Integração urbana e social das favelas;
Desenvolvimento de programas educacionais, culturais e sócio-econômico;
Valorização dos grandes equipamentos públicos e proteção do patrimônio
construído;
Desenvolvimento de uma política ambiental que reduza as fontes poluidoras e
enchentes, valorizando o patrimônio natural e hidrogeológico da área.
202
O PRI de São Cristóvão destaca os seguintes elementos urbanos, alguns de importância
simbólica:
Jardim Zoológico;
Museu do Primeiro Império Casa Marquesa de Santos e Museu Conde de
Linhares;
Quinta da Boa Vista que abriga o Museu Nacional;
Observatório Nacional;
Os Estádios do Maracanã e São Januário do Vasco da Gama;
A proximidade com a UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro e as duas
estações, de trem e metrô;
Pavilhão de Tradições Nordestinas;
CADEG – Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara;
O premiado conjunto habitacional Mendes de Morais (Pedregulho);
Ruas São Luiz Gonzaga, São Cristóvão e Ceará.
O PRI de São Cristóvão assinala a necessidade de modificar a rede viária, com o
alargamento de calçadas e a integração das estações metrô/trem, para que seja viável
redimensionar as ruas e praças, a favor dos pedestres e do transporte coletivo.
A implantação de um corredor verde de alta qualidade na área da Quinta da Boa Vista e
arredores é entendida como uma necessidade para valorizar e permitir a criação de
espaços públicos e áreas atrativas às novas edificações.
V.1.3. Planejamento de Transportes
São Cristóvão caracteriza-se por sua localização privilegiada, próximo ao Centro da
Cidade. É limitado por eixos viários principais que permitem a ligação aos bairros da
Zona Sul, Zona Norte e subúrbios e até mesmo com municípios vizinhos que compõem
a Região Metropolitana. O bairro também oferece acesso direto ao metrô e ao trem.
Ainda que as facilidades em relação à acessibilidade existam, observa-se um
funcionamento insatisfatório quanto aos deslocamentos internos dos bairros que
compõem a VII RA. A rede viária é originária da época imperial e conta com uma
circulação interna pouco expressiva e aquém das necessidades. As articulações entre os
eixos viários periféricos com o interior dos bairros são considerados insuficientes
(PCRJ/IPP & OFICINA, 2007).
203
O sistema de transporte público por ônibus cruza a região, sobrecarregando
principalmente suas vias internas, sobretudo a Rua São Luiz Gonzaga. Algumas linhas
de ônibus municipais e intermunicipais utilizam, em menor escala, a Linha Vermelha,
as avenidas Visconde de Niterói e Francisco Eugênio.
O sistema metro-ferroviário limita o bairro ao sul, dificultando a integração de o
Cristóvão com os bairros da Tijuca, Praça da Bandeira, Maracanã e Vila Isabel. Devido
à localização longínqua em relação ao centro do bairro, são necessários grandes
deslocamentos a para que os moradores acessem as estações, pois não são oferecidas
linhas de integração rodoviária entre o interior do bairro e a estação metro-ferroviária.
O posicionamento de São Cristóvão junto à chegada do maior fluxo metropolitano de
viagens à Cidade e o acesso direto pelo Campo de São Cristóvão à Linha Vermelha,
localizado na área central do bairro, trazem impactos negativos significativos.
A rede viária de São Cristóvão assume fluxos de passagem pendulares entre a Av.
Brasil, Linha Vermelha e as regiões da Tijuca, Maracanã, Méier, sobrecarregando o
bairro, com constantes engarrafamentos nas poucas vias de ligação, com problemas
ambientais de poluição sonora e atmosférica. Esta situação impõe dificuldades a seus
moradores na realização de viagens, inclusive as internas (PCRJ/IPP & OFICINA,
2007).
Ações Previstas pelo PRI no que se Refere ao Tráfego e Transporte
Neste sentido, o PRI destaca em seu planejamento os seguintes objetivos em relação aos
problemas de tráfego e transporte (PCRJ/IPP, 2006):
Acessibilidade e Mobilidade: melhoria dos sistemas de transportes e das
circulações de pedestres e veículos na busca da facilitação dos deslocamentos
internos e melhoramento da permeabilidade da região e sua articulação com os
bairros de outras regiões adjacentes.
Infra-Estrutura de Transportes: reformulação do sistema de transportes da
Região Administrativa de São Cristóvão, o que inclui a implantação de sistema
cicloviário e de transportes de média capacidade com a integração com os demais
modais de viagens.
204
Para a melhoria da circulação veicular interna e priorização dos pedestres são previstas
as seguintes ações:
Incorporação nas propostas de projetos de requalificação do espaço urbano as
necessidades dos deslocamentos dos pedestres;
Redefinição da estrutura viária com a criação de novas ligações externas que
permitam reformular os principais percursos. Busca-se a retirada do tráfego de
passagem das vias internas para facilitar os deslocamentos internos e de minimizar
as externalidades negativas geradas;
Desenvolvimento e detalhamento da proposta apresentada pela CET-RIO,
priorizando-se as áreas envolvidas na reformulação do sistema viário;
Estudo da rearticulação das ruas Ceará e São Cristóvão, visando à recomposição da
primeira via histórica de acesso à região;
Identificação de eixos e vias para implantação de sistema cicloviário e que seja
articulado com o sistema proposto para a Região Portuária;
Levantamento das linhas de ônibus existentes em São Cristóvão e desenvolvimento
de propostas dos novos percursos necessários;
Indicação de trajetos para linhas de sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT),
ou outro sistema de transporte urbano de média capacidade, a ser implantado na
região, articulado ao sistema proposto para a Área Central.
A Figura V.6 procura ilustrar a proposição do PRI no que se refere às rotas de pedestres.
As linhas tracejadas em verde representam os principais fluxos de pedestres que deverão
receber atenção de projeto. As linhas cheias vermelhas apontam sugestões de abertura
de novas rotas de pedestres, possibilitando novas ligações transversais entre a área
Norte da Quinta da Boa Vista/Jardim Zoológico e a Rua São Luiz Gonzaga. As linhas
tracejadas de amarela e preto, que aparecem junto ao Campo de São Cristóvão e a oeste
do Jardim Zoológico, apontam a proposta da construção de duas novas vias que
facilitarão a reorganização do sistema viário.
205
Figura V.6 – Proposição do PRI para Rotas de Pedestre
Fonte: BOURZAI et al. (2006)
A Figura V.7 apresenta a proposição da CET-RIO para uma nova circulação viária. O
projeto visa retirar o maior número possível do tráfego de passagem do centro do bairro,
o que possibilita a maior flexibilidade no desenvolvimento de projetos de intervenções
nos espaços públicos e que acalmem o tráfego nas áreas residenciais. São previstas
modificações no Largo da Cancela, no Campo de São Cristóvão, na Av. Pedro II, na
Rua São Cristóvão, na Av. Francisco Eugênio, entre outras (PCRJ/IPP, 2006).
Figura V.7 - Reformulação do Sistema Viário
Fonte: PCRJ/IPP (2006)
Campo de
São Cristóvão
Quinta da Boa Vista Jardim Zoológico
Rua São Luiz
Gonzaga
206
Segundo BOUZAI et al. (2006), o repensar da rede viária, com o redimensionamento
das ruas e praças em prol dos pedestres e do transporte coletivo, melhorando a conexão
da região à Cidade, valorizará o bairro e protegerá o grande patrimônio histórico e
ambiental ali instalado.
Com todas as informações coletadas e conhecendo-se o que os órgãos públicos e a
sociedade civil pretendem para a área de estudo, é possível partir para a Fase 2 do
procedimento proposto.
V.2. Fase 2 – Caracterização e Delimitação das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
Esta fase do procedimento proposto procura identificar os PGV a instalados na área
de estudo, classificá-los de acordo com a atividade desenvolvida e com o respectivo
porte, conforme seu potencial de atração / geração de viagens a pé. A partir da
classificação é possível traçar a área de influência de cada PGV a PÉ.
V.2.1. Seleção e Classificação dos PGV a PÉ
A partir das informações obtidas na fase anterior e com base em visitas a campo, os
PGV a foram identificados e selecionados. Em algumas áreas comerciais, as lojas
contíguas, que exercem papel de micro pólo, cuja aglomeração de atividades naquele
ponto possa ser considerada agregada, foram apontadas como um único PGV a PÉ.
Além das áreas comerciais, foram incluídas como PGV a PÉ todas as escolas, hospitais
e postos de saúde, os prédios de escritórios de maior importância, supermercado, as
principais igrejas ou centros de culto, os clubes, os pontos turísticos da região e a
estação metro-ferroviária de São Cristóvão, perfazendo um total de 45
empreendimentos geradores de viagens a pé.
Com auxílio do Quadro Síntese, catalogaram-se os PGV a PÉ, numerando-os e
especificando o tipo de atividade com a respectiva área de influência, facilitando sua
identificação em mapa da área de estudo.
207
V.2.2. Delimitação das Áreas de Influência dos PGV a PÉ
Devido à indisponibilidade na literatura técnica-científica de modelos de geração de
viagens a de acordo com a atividade desenvolvida pelo empreendimento, para a
classificação do porte do PGV a PÉ, foram feitos levantamentos observacionais
expeditos do fluxo de pedestres nos acessos de cada PGV a PÉ selecionado.
De acordo com o estabelecido no procedimento proposto no Capítulo IV, item IV.2.2.1
“Seleção, Classificação e Hierarquização dos PGV a PÉ”, foram considerados os fluxos
de até 24 ped/min, como de pequeno porte; entre 24 e 33 ped/min de médio porte e
acima de 33 ped/min. Para as áreas comerciais, a observação ocorreu considerando o
somatório dos fluxos produzidos pelo somatório das lojas que compõem o aglomerado.
A geração do fluxo de pedestres de todos os PGV a PÉ foi observada pelo menos três
vezes, em horários alternados, durante a manhã, o entre pico e à tarde, o que permitiu
sua classificação, conforme apresentam as Tabelas V.3a e b, que compõem o Quadro
Síntese dos PGV a PÉ Locais.
Tabela V.3a - Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais
Nome Localização Tipo
Área
Influência
Porte
Peq
Med
Gr
1
Estação Metro/Trem
B. de Gusmão Estação 1000
3
2
Quinta R. Gal. H. Gomes
Recreação 800
1
3
H Quinta D'or R. Alm. Baltazar Médico 1000
1
4
E M Nilo Peçanha Av. Pedro II Escola 600
3
5
Comércio - 1 R. São Cristóvão Comércio 600
1
6
UERJ/SMO Fonseca Teles Escritório 500
2
7
Colégio S Cristóvão
Fonseca Teles Escola 600
3
8
E M Portugal Av. Exercito Escola 600
3
9
Quinta/Zoo R. Sem Nome Recreação 800
1
10
Central Emprego Chave de Faria Trabalho 1000
2
11
Cl Dr Aloan Chave de Faria Médico 1000
1
12
Shopping Hermes S. L. Gonzaga Comércio 600
2
13
Comércio - 1 S L Gonzaga Comércio 600
1
14
Comércio - 2 S L Gonzaga Comércio 600
2
15
Comércio - 1 S Januário Comércio 600
1
16
Comércio - 2 S Januário Comércio 600
1
17
I Univ Reino Deus S Januário Igreja 600
3
18
Comércio - 3 S L Gonzaga Comércio 600
1
19
Comércio - 4 S L Gonzaga Comércio 600
2
208
Tabela V.3b - Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais (cont.)
Nome Localização Tipo
Área
Influência
Porte
20
Escr Banco Itaú S L Gonzaga Escritório 500
2
21
Comércio - 5 S L Gonzaga Comércio 600
2
22
Comércio - 1 Fonseca Teles Comércio 600
1
23
Posto M Saúde S. L. Gonzaga dico 1000
2
24
Colégio Pedro II C. S. Cristóvão Escola 600
3
25
E M Gonçalves
Dias
C. S. Cristóvão
Escola 600
3
26
Pavilhão S
Cristóvão
C. S. Cristóvão
Recreação 800
1
27
Escr SBT/Caçula C. S. Cristóvão Escritório 500
1
28
Supermercado S L Gonzaga Comércio 600
3
29
Comércio - 1 Gal Argolo Comércio 600
1
30
Comércio - 1 Cp S Cristóvão Comércio 600
1
31
Escola Cp S Cristóvão Escola 600
3
32
Escr SMO Cp S Cristóvão Escritório 500
2
33
Igreja Cp. S Cristóvão Igreja 600
3
34
Comércio - 2 R Cristóvão Comércio 600
2
35a
Comércio - 1 Figueira de Melo Comércio 600
1
35b
Comércio - 2 Figueira de Melo Comércio 600
1
36
Comércio - 1 Escobar Comércio 600
2
37
Comércio - 2 Escobar Comércio 600
1
38
EMOP Cp. S Cristóvão Escritório 500
3
39
Clube S Cristóvão G. J. Cristino Recreação 800
1
40
Escr SBT G. J. Cristino Escritório 600
1
41
H Inst da Mulher G. J. Cristino Médico 1000
1
42
Clube Vasco Gama S. Januário Recreação 1500
2
43
E M Floriano
Peixoto Pça. Argentina Escola 600
3
44
E E Olavo Bilac Pça. Argentina Escola 600
3
Com os PGV a PÉ identificados, selecionados e classificados, é possível avançar para a
terceira fase do procedimento proposto.
209
V.3. Fase 3 – Caracterização da Demanda de Pedestres e da Infra-Estrutura Viária
Disponível para o Modo a Pé
Esta fase do trabalho pode ser desenvolvida com auxílio de software de GIS ou, caso
não haja disponibilidade, é possível trabalhar com um software de desenho técnico, tipo
CAD. O presente trabalho retirou da base cadastral da Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro PCRJ elementos como ruas, meios-fios, calçadas, cotas de nível, edificações
com suas numerações.
A área de aplicação do procedimento proposto foi mapeada. Para a identificação da
estrutura viária existente, utilizou-se o artifício de numeração das vias em múltiplos de
10 e de seus segmentos de via seguindo uma seqüência de posicionamento.
Foram adotadas duas formas distintas de numeração para caracterizar os subconjuntos
de vias: os segmentos de vias e as calçadas. Para os segmentos de vias, foi mantida a
dezena que indica a via, acompanhado de uma letra, obedecendo à ordem alfabética (rua
10, segmentos 10a, 10b, 10c). Para a identificação de calçadas, foi conservada a dezena
de identificação da via, acrescido do numeral par para o lado par da rua e ímpar para o
lado oposto, seguindo uma lógica seqüencial de fácil entendimento (rua 10, calçadas 11,
12, 13, 14).
V.3.1. Obtenção do Mapa de Estudo das Através dos Atributos do Meio Físico
Urbano Intervenientes aos Deslocamentos a Pé
Baseados nos atributos intervenientes ao modo a selecionados no capítulo anterior
(Tabela IV.8), foram realizados os levantamentos em campo. Com o auxílio de uma
planilha eletrônica as rotas destinadas aos pedestres foram classificadas e cartografadas,
obtendo-se o mapa apresentado na Figura V.10 “Mapa com a Classificação dos
Segmentos Viários Quanto à Propensão de Utilização pelos Pedestres Segundo os
Atributos do Meio Físico”.
Alguns dos dados necessários para a avaliação e pontuação foram obtidos através do
cadastro viário da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da CET-RIO, como os
relativos ao desenho das vias e sua hierarquização. Os atributos de densidade urbana,
qualidade dos espaços, uso do solo foram levantados em campo.
210
O atributo de transporte público exigiu duas etapas, o levantamento em campo dos
pontos de ônibus e a marcação de sua área de influência em mapa, conforme Figura V.8.
Pode-se verificar que quase toda a área é atendida por transporte público, quando
considerado a área de influência com o raio de 200 m. Mas existem algumas áreas fora
deste alcance, que a modificação de itinerário de linha(s) de ônibus poderá melhorar a
abrangência do transporte público na região, diminuindo as distâncias de caminhada da
população.
Para o cálculo da variável que identifica o “Padrão do Sistema Viário - Psv”,
quadriculou-se a área a cada 300 m, distância que representa os pequenos
deslocamentos a pé, e calculou-se a taxa de cada quadrículo, conforme a Figura V.9.
211
Figura V.8 – Cobertura por Transporte Público na Área em Estudo
212
Figura V.9. - Padrão do Sistema Viário – Psv da Área em Estudo
213
Ao se avaliar os Psv calculados para a área, foi possível verificar que a pontuação
sugerida por AMÂNCIO (2005) é muito conservadora; isto é, exige que o local tenha
altas taxas de conexão (90%) para receber pontuação 3, a pontuação 2 varia entre 0,9 e
0,6 e abaixo de 0,6 pontuação 1. Como a área de estudo possui baixa conectividade
oriunda da topografia acidentada e a baixa densidade de rede viária, a conexão máxima
encontrada foi de 0,67. Para permitir uma melhor comparação entre os quadrículos,
constatou-se que a adoção de novas faixas de pontuação representaria melhor esta
característica da área em estudo.
Logo, as novas faixas de pontuação adotadas para o Psv são:
0,67 3 pontos
< 0,67 até 0,40 2 pontos
0,40 1 ponto
Também foi preciso reavaliar as faixas de pontuações da variável referente à topografia
sugerida por GALLIN (2001). Procurou-se retratar melhor as características de São
Cristóvão, onde as áreas realmente mais planas recebem uma pontuação maior, os
declives suaves já passam para a classificação intermediária, e os maiores grades,
logicamente, recebem a pontuação menor.
Assim, se estabeleceu a seguinte correlação dos pontos:
Grades 2,5 % 3 pontos
2,5 % a 5,0% 2 pontos
5,0 % 1 ponto
A possibilidade de modificar-se os limites de classes dos atributos selecionados e que,
pela revisão bibliográfica, não estejam bem adequados às condições de estudo é
entendida como positiva, mostrando a flexibilidade deste tipo de abordagem. O
ajustamento permite a apuração dos resultados e a melhoria da classificação dos
seguimentos de vias segundo os atributos do meio físico.
Deste modo, a Tabela V.4 apresenta as pontuações finais adotadas para a avaliação dos
atributos intervenientes ao modo a segundo o meio físico urbano aplicado em São
Cristóvão.
214
Tabela V.4 – Atributos Intervenientes ao Modo a Pé Representativos da Área de
Estudo
Atributo Variável
Pontuação
3 2 1
Densidade
Urbana
Nº de pavimentos
residenciais construídos
> 4 2 - 4 0 - 1
Qualidade
dos
Espaços
Qualidade da superfície
Calçada tratada
com elementos
urbanísticos
Calçada
pavimentada
Sem calçada ou
calçada sem
pavimento
Travessias
Todas tratadas
conforme o
necessário
Algum
tratamento
Nenhum
tratamento
Iluminação
Iluminação voltada
aos pedestres
Iluminação do
ambiente
Sem iluminação
Desenho
das
Vias
Padrão do Sistema
Viário – Psv (4.13)
0,67
0,67 entre
0,40
0,40
Largura da calçada > 2,5 m 1,5 a 2,5 m 0 – 1,4m
Largura da via 1 faixa de tráfego
2 faixas de
tráfego
3 faixas de
tráfego
Conexões < 100 m 100 a 200 m > 200m
Topografia 2,5 % 2,5 % a 5,0% 5,0 %
Uso do
Solo
Hierarquia Local Coletora Arterial
Uso Urbano Misto Habitação Sem uso
Transporte
Público
Cobertura < 100 m 100 a 200 m > 200m
Com os levantamentos realizados, foram atribuídos pontos a cada variável interveniente
do modo a e lançados no banco de dados. Com o somatório dos pontos de cada
trecho, foi possível classificar os segmentos viários de acordo com a propensão de
utilização pelos pedestres, apontado na Tabela IV.9 do Capítulo IV.
As Planilhas 1a, 1b contêm a avaliação das variáveis levantadas por segmento de via e a
Planilha 2 o somatório dos pontos dos segmentos que compõem o trecho para a
classificação final. Todas as planilhas encontram-se no Anexo A.
A Figura V.10 apresenta o mapa com os resultados obtidos, com a classificação dos
segmentos viários de acordo com a propensão de utilização pelos pedestres, conforme
os atributos do meio físico.
215
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27
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Legenda de Classificação
dos Segmentos Viários quanto
aos
Atributos do Meio Físico Urbano
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PGV a PÉ
Regular
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Legenda:
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Figura V.10 – Mapa com a Classificação dos Segmentos Viários Quanto à
Propensão de Utilização pelos Pedestres Segundo os Atributos do Meio Físico
216
Percebe-se, pela Figura V.10, que toda a área de estudo tem potencial para o fomento do
modo a pé. Nenhum segmento de via é classificado como ruim ou péssimo, segundo os
critérios estabelecidos.
Toda a área é considerada como boa ou regular. É interessante verificar como a
classificação não se mostrou tendenciosa para algum atributo específico; isto é, vias de
mesma hierarquia viária apresentam classificações distintas, o mesmo ocorre com a
topografia, ou com qualquer um dos outros atributos utilizados na obtenção do Mapa
de Propensão de Utilização pelos Pedestres dos Segmentos Viários Segundo os
Atributos do Meio Físico”.
V.3.2. Mapa Classificatório das Rotas de Pedestre Segundo a Previsão de
Demanda dos PGV a PÉ
Para a previsão de demanda das rotas de pedestres, é necessário localizar os PGV a PÉ
no mapa dos segmentos de via e traçar isocota de raio igual à área de influência
estabelecida no Quadro Síntese dos PGV a PÉ Locais, conforme Figura V.11.
A área de influência de um PGV a atinge diversos segmentos de via com o seu
carregamento (de acordo com o tipo e o porte). Um segmento de via pode sofrer a
influência de diferentes PGV a PÉ, com diversificados tipos de usuário, trazendo para o
segmento um misto de indivíduos, cada qual com características e comportamentos que,
como visto na revisão bibliográfica, está relacionado com o tipo de atividade
desenvolvida no PGV a PÉ.
217
Figura V.11. – As Áreas de Influência dos PGV a PÉ com Diferentes Atividades
que Carregam Diferentes Tipos e Demandas de Pedestres
218
Pode-se exemplificar a dinâmica urbana através da área destacada na Figura V.12. Na
observação dos segmentos de via próximos à Quinta da Boa Vista, verifica-se: entrada de
um grande parque, museu e Jardim Zoológico junto à Rua Catalão, com pessoas buscando
seu lazer de forma descontraída; escola no início da Av. do Exército, com crianças de
maturidade e características próprias de sua faixa etária; escritório na Rua Chaves de Farias,
com trabalhadores concentrados em suas atividades; clinica médica que atende a indivíduos
doentes, todos potenciais pedestres de uma mesma área de abrangência.
Figura V.12 – Diferentes Tipos de PVG a PÉ Localizados na Região Próxima à
Entrada do Jardim Zoológico
Entender o comportamento dos pedestres através destas manchas de influência permite
sensibilizar os técnicos que procuram melhorar a ambiência urbana. Esta complexidade
de atuações em um mesmo segmento de via é interessante do ponto de vista de projeto,
de forma a construir soluções que melhor se aproxime desta mixagem de pessoas, com
seus comportamentos e necessidades.
Quanto à previsão de demanda, de modo a hierarquizar as rotas de pedestres com base
no mapa das áreas de influência sobre os segmentos de via, com o auxílio de uma
planilha eletrônica, foi possível distinguir todos os PGV a que alcançam um
determinado segmento de via. Para caracterizar o porte, e o conseqüente carregamento
219
na rota, foi considerado, conforme previsto no procedimento, pontuações 1, 2 e 3 para
os PGV a PÉ de pequeno, médio e grande porte, respectivamente.
Foi possível realizar o somatório dos pontos relativos aos PGV a incidentes sobre
cada segmento de via, e em seguida, normalizá-los, como apresenta a Planilha 3 no
Anexo B.
O somatório dos carregamentos variou entre 6 e 69 pontos. A classificação normatizada
das rotas, segundo da previsão de carregamento, por faixa de pontos, para o caso em
estudo foi:
baixo 6 a 26 pontos
médio 27 a 48 pontos
alto 49 a 69 pontos
A Figura V.13 apresenta a classificação dos segmentos de via segundo a previsão de
demanda, de acordo com a área de influência dos PGV a PÉ.
220
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Figura V.13 – Mapa de Classificação das Rotas para Pedestres Segundo as Áreas
de Influência dos PGV a PÉ sobre os Segmentos de Via
221
Ao se analisar a hierarquização das rotas para pedestres conforme a previsão de
demanda dos PGV a PÉ, foi possível concluir que a classificação obtida acompanha as
densidades de pedestres observadas nas áreas de estudo durante os levantamentos de
campo.
Entretanto, algumas áreas apontadas com alto carregamento, como as ruas Lopes Ferraz,
da Liberdade, Paula e Silva, Cadete Ulisses Veiga, Antônio Henrique de Noronha e
Travessa Filgueiras não apresentaram grandes carregamentos nas observações de
campo. Pode-se explicar o ocorrido, ao se observar o mapa “Classificação dos
Segmentos Viários Quanto à Propensão de Utilização pelos Pedestres Segundo os
Atributos do Meio Físico”, estas vias são classificadas como “regular”, o que justifica a
recusa dos pedestres em utilizar estas vias como passagem.
A Travessa Filgueiras, e ruas Paula e Silva e Antônio Henrique de Noronha são
classificada como “boa” rota para pedestres, mas as observações de campo revelaram
um baixo fluxo de pedestres, apesar de estarem sob a influência de diversos PGV a PÉ,
o que pode ser justificado por suas posições transversais e baixa conectividade, não
sendo um caminho natural para os pedestres.
Assim, comprova-se a importância da complementaridade de informações quando se
cruzam as informações contidas nos dois mapas (Previsão de Demanda de Pedestres
Segundo as Áreas de Influência dos PGV a e o de Propensão de Utilização pelos
Pedestres dos Segmentos Viários Segundo os Atributos de Meio Físico).
V.3.3. Confecção do Mapa de Qualidade da Infra-Estrutura Ofertada Destinada
ao Modo a Pé
Para confecção do mapa de Índice de Qualidade das Calçadas IQC bastou levantar de
cada calçada da área de estudo os indicadores estabelecidos pelo Método de FERREIRA
& SANCHES (2001).
As pontuações atribuídas a cada indicador, segundo a avaliação obtida nos
levantamentos de campo, foram introduzidas em planilha eletrônica por segmento de
calçada. Com o somatório ponderado dos indicadores, seguindo os pesos indicados por
FERREIRA & SANCHES (2001), foi possível classificar as calçadas de acordo com o
estabelecido pela metodologia.
222
A classificação qualitativa por calçada é apresentada na Planilha 4 do Anexo C e pela
Figura V.14.
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Figura V.14 – Classificação das Calçadas da Região de Estudo Através do IQC –
Índice de Qualidade das Calçadas
223
Pode-se verificar que a área apresenta qualidades de calçadas diversificadas, tendendo
para o regular.
A aplicação deste tipo de análise está voltada à detecção dos problemas de infra-
estrutura destinados ao modo a e auxiliar no avanço em relação à formulação das
diretrizes de projeto.
Ao analisar o mapa, verificaram-se dificuldades de obtenção de informações mais
conclusivas, até se pode apontar pouca consistência em algumas delas, como, por
exemplo, a Rua São Luiz Gonzaga. Alguns trechos das calçadas da Rua São Luiz
Gonzaga são consideradas como “boas”, mas em campo, são visíveis os problemas de
largura efetiva do passeio. Assim, verificou-se a conveniência na analise isolada dos
indicadores estabelecidos por FERREIRA & SANCHES (2001). Deste modo, procurou-
se obter uma visão particular e detalhada de cada um dos atributos avaliados.
As Figuras V.15, V.16, V.17, V.18 e V.19 apresentam os mapas das calçadas avaliadas
separadamente pelos indicadores da metodologia de FERREIRA & SANCHES (2001).
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Figura V.19 – Avaliação do Indicador de Seguridade por Calçada
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V.3.4. Possíveis Avaliações Particularizando Cenários, Atividades ou Períodos
Na procura de explorar melhor as possibilidades de estudo que esta fase do
procedimento proposto pode oferecer, foram destacadas duas situações: uma em relação
a projetos de rotas seguras para as escolas, e a segunda, atividades de fins de semana,
um dos focos de projeto de revitalização proposto para o Bairro de São Cristóvão,
segundo o PRI.
Foram confeccionados os mapas de demanda dos dois temas destacados, onde foram
consideradas as áreas de influência das atividades de interesse; isto é, para as rotas
escolares, as escolas; para o fim de semana, as atividades de lazer e turísticas, conforme
apresentam as Figuras V.20 e V.21, respectivamente.
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Quinta da Boa Vista
Jardim
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Baixo
PGV a PÉ
Médio
Alto
Carregamento:
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Limite da área de
Influência do
PGV a PÉ
Figura V.21 - Mapa de Classificação das Rotas para Pedestres Segundo as Áreas
de Influência das Atividades de Lazer e Turismo nos Fins de Semana
232
É interessante observar como a previsão de demanda flutua, e como é possível trabalhar
com estas manchas de áreas de influência, ou com o isolamento de um tipo de
específico de usuário de interesse, facilitando a compreensão dos movimentos dos
pedestres na área de estudo. Estes subsídios possibilitam particularização e a melhora da
qualidade das análises e permite traçar um determinado direcionamento do projeto.
Pode-se observar que entre todas as etapas de trabalho, a Fase 3 é a mais complexa e
trabalhosa. Entretanto, verifica-se que a seleção de cenários, com isolamento de algum
tipo PGV a e respectiva área de influência é possível, fácil e útil, concluindo-se que
o procedimento proposto possui qualidades de flexibilidade e adequação, de acordo com
o foco do estudo, o que lhe agrega valor.
Todo trabalho de levantamento e manipulação de dados permite aos técnicos
diretamente envolvidos no estudo se sensibilizar com as peculiaridades locais e alcançar
uma profunda compreensão em relação aos PGV a existentes na área, no que se
refere às atividades, portes e especificidades, aos atributos urbanos que intervêm na
escolha de rotas pelos pedestres e à qualidade das calçadas oferecidas a estes
caminhantes.
Com este conjunto de conhecimento é possível avançar para a Fase 4 do procedimento
proposto de forma mais segura e propor diretrizes de projeto capazes de alcançar as
metas e os objetivos estabelecidos na fase de planejamento.
V.4. Fase 4 – Diretrizes de Proposta de Projeto Fomentadoras do Modo a Pé
As fases anteriores contribuíram com informações denotadoras da área em estudo. Com
auxílio dos mapas confeccionados, é possível indicar os locais de maior concentração de
pedestres, suas principais características de acordo com o tipo de PGV a PÉ, os locais
de maior tendência à escolha para a realização de caminhada determinados pelos
atributos físicos da área de estudo, e a qualidade das calçadas disponíveis.
Em prosseguimento, nessa última fase, os resultados são analisados e propostas
diretrizes de projeto são sugeridas através da realização da seguinte seqüência de
trabalho:
a) Avaliação dos resultados obtidos com a aplicação do procedimento;
233
b) Avaliação das propostas do PRI no que se refere ao modo a pé e comparação com os
resultados obtidos no procedimento;
c) Sugestões para as diretrizes de projeto.
V.4.1. Análise Geral dos Mapas Obtidos na Aplicação do Procedimento Proposto
A Figura V.10, “Mapa de Classificação dos Segmentos Viários Quanto à Propensão de
Utilização pelos Pedestres Segundo os Atributos do Meio Físico”, indica um equilíbrio
entre os seguimentos classificados como “bons” e “regulares” em toda a área de estudo,
sem caracterizar uma concentração de segmentos da mesma classe em uma determinada
região. Não foram apontados segmentos ruins ou péssimos.
Logo, pode-se interpretar que a área de estudo representa um local bastante propício aos
pedestres. Ações voltadas a valorizar o modo a certamente trarão reflexos positivos
de valorização da área e bem estar da população local. O desenvolvimento de projetos
direcionados à mobilidade sustentável fará emergir todo o potencial da localidade para o
caminhar.
Os investimentos que promovam as viagens a em uma abordagem equilibrada com
os outros sistemas modais poderão ser justificados com o auxílio dos resultados da
aplicação do procedimento, visto que, conforme LENSMINDE (2004), a avaliação
de custo-benefício da mobilidade dos transportes não motorizados é de difícil
mensuração.
A Figura V.13, “Mapa de Classificação de Rotas para Pedestres Segundo as Áreas de
Influência dos PGV a PÉ”, é capaz de nortear a priorização das áreas de projetos,
obedecendo à lógica da demanda.
Nota-se que a região central concentra a maior demanda de pedestres, onde se destaca
como foco central a ligação entre o Largo da Cancela até ao Campo de São Cristóvão,
espraiando de forma radial, até atingir o limite norte da Quinta da Boa Vista, a parte
superior da Rua Fonseca Teles, boa parte do Campo de São Cristóvão e a Rua São
Januário.
As ruas São Cristóvão e Figueira de Melo são providas de calçadas largas e comércio
local, entretanto, apresentam rotas de pedestres com carregamento “médio” devido a
234
menor concentração de PGV a PÉ. A observação em campo confirma esta classificação
ao comparar a densidade de pedestres entre esta região e do Largo da Cancela.
Na região sul do mapa encontra-se a área de menor densidade de construções e pessoas
circulando. A classificação de demanda “baixa” para as rotas de pedestres justifica-se. É
interessante notar que a estação metro-ferroriária está localizada nesta região sul. Para
os pedestres alcançarem o Largo da Cancela ou ao Campo de São Cristóvão são
necessárias caminhadas de 1500 m e 2000 m, respectivamente. Verifica-se a
necessidade de melhorar a conexão entre a estação e a região central, seja oferecendo
integração por intermédio de uma linha de transporte público, ou pela melhoria das rotas
de pedestres que contornam a Quinta da Boa Vista, classificadas como “regular” pelo
mapa de atributos do meio físico (Figura V.10).
Toda a região central da área de estudo poderá ser melhorada. As intervenções que
busquem uma classificação de excelência atingirão positivamente a grande demanda dos
caminhantes. Os projetos a serem desenvolvidos para a região norte atenderão a área
com concentração de residências unifamiliares.
A região destacada pela Figura V.12, localizada logo acima do Jardim Zoológico (PGV
a PÉ 9 Quadro Síntese Tabela V.3a) apresenta um misto de segmentos com alto e
médio carregamento e, de mesmo modo, em relação aos seus atributos físicos. Com sua
proximidade em relação, tanto da entrada do Jardim Zoológico, que nos fins de semana
e feriados os pedestres possuem características específicas, diferenciadas dos do dia de
semana, é interessante um estudo particular para melhor entender as diferentes
demandas locais, considerando os usuários de dias de semana e os de finais de semana.
De modo a nortear os projetos, os mapas das Figuras V.15 – Atratividade Visual, V.16 –
Largura Efetiva, V.17 - Manutenção, V.18 - Segurança e V.19 Seguridade
possibilitam uma fácil leitura entre o que há de pior e de melhor em termos de qualidade
de cada calçada, conforme os atributos estudados, auxiliando no desenvolvimento de
diretrizes para cada indicador analisado em campo.
Locais podem, por exemplo, como o entorno da Quinta da Boa Vista, apresentar
atratividade excelente, mas péssima largura efetiva (devido às árvores centenárias que
ocupam toda a calçada) e uma manutenção ruim.
235
Ou, no Largo da Cancela / Rua São Luiz Gonzaga, locais simbólicos onde se localiza
um dos principais núcleos comercias do bairro, se obtêm misto de classificações dos
atributos em uma mesma região, com trechos de atratividade visual indo do “excelente”
ao “ruim”, largura efetiva do “ótimo” ao “ruim”, manutenção “ruim e “bom”;
segurança entre o “regular” e o “ruim” e seguridade, do “ótimo” ao “ruim”. Percebe-se a
falta de uniformidade e de identificação de um ambiente adequado ao modo a pé, numa
das mais importantes áreas de demanda de pedestres, o que pode mostrar a priorização
de ações que tornem a via mais segura e conveniente.
A Figura V.20 destaca o mapa classificatório de demanda de pedestres segundo as rotas
escolares. Novamente a região central da área de estudo adquire importância nos
deslocamentos dos escolares a pé. A relevância deste mapa é ressaltada na aplicação de
uma política específica no tratamento de rotas seguras para os escolares.
Assim, devem ser desenvolvidos estudos e projetos direcionados a melhorar as rotas em
termos de segurança, conforto, conveniência aos estudantes, os locais adequados de
travessia, a aplicação de elementos de traffic calming para a diminuição da velocidade
veicular e a desobstrução da área, permitindo que os estudantes sejam visíveis em seus
trajetos. As rotas devem estar claramente delimitadas e sinalizadas.
O mesmo ocorre quando são destacados os PGV a de fins de semana, com suas
demandas voltadas ao lazer, conforme Figura V.21. A observação do mapa permite
apontar as principais rotas de ligação, tanto entre o transporte público e as áreas de
lazer, como a ligação entre cada um dos PGV a apontados para este fim. Com
auxílio dos mapas classificatórios dos atributos qualitativos das calçadas, Figuras V.15 a
V.19, é possível estabelecer as adequações de calçadas que se façam necessárias.
V.4.2. Sugestões do PRI para Diretrizes de Projetos que Fomentem o Modo a e
Comparação com os Resultados Obtidos na Aplicação do Procedimento
Proposto
A Figura V.6 apresenta o esboço do planejamento elaborado pelo PRI para
desenvolvimento de projeto que reestruture a Rua São Luiz Gonzaga (BORZAI et al.,
2006). Verifica-se a marcação, em pontilhado verde, as principais rotas de pedestres, o
pontilhado preto e amarelo indica a sugestão de abertura de duas novas vias. Os círculos
vermelhos destacam quatro nós, denominados como pólos urbanos.
236
Uma das novas vias indica a ligação do Campo de São Cristóvão diretamente ao Largo
da Cancela, o que permitirá o reordenamento viário local e o alargamento das calçadas
da Rua São Luiz Gonzaga, no trecho entre o Campo de São Cristóvão e o Largo da
Cancela. A segunda via prevista localiza-se nos fundos do Jardim Zoológico/Quinta da
Boa Vista. Será uma via local, com caixa de rolamento estreita e calçadas confortáveis.
Prevê-se o favorecimento, essencialmente aos pedestres, entre o trecho sul do bairro e a
Rua São Luiz Gonzaga, permitindo o caminhar em todo o entorno da Quinta da Boa
Vista.
O Campo de São Cristóvão, na região próxima à Rua São Luiz Gonzaga, de acordo com
as Figuras V.10 e V.13, apresenta “alto” carregamento de pedestres e atributos
“regulares” quanto ao meio físico. Conforme Figura V.14, o IQC das calçadas junto às
edificações está classificado de “regular” a “ruim”, o que indica a necessidade de
intervenção. As calçadas no entorno do Pavilhão estão classificadas como “boas”, pois
sofreram recentes obras urbanísticas.
A Rua São Luiz Gonzaga possui “alto” carregamento de pedestres e “bons” atributos
físicos, entretanto o IQC entre a Rua da Emancipação e o Largo da Cancela é
classificado como regular, sendo avaliado positivamente apenas nos indicadores de
atratividade visual e seguridade.
É possível observar no PRI a valorização da Quinta da Boa Vista e a importância
atribuída à conexão dessa área à Rua São Luiz Gonzaga e ao Campo de São Cristóvão,
onde se concentram as principais atividades do bairro. As vias transversais existentes,
como as ruas Chaves de Farias, Dom Meinrado e a Av. do Exército assumem
importante papel para os pedestres como rotas de ligação.
Os mapas classificatórios demonstram ligações da Av. do Exército e as ruas Dom
Meinrado e parte da Chave de Farias com “alto” carregamento a pé. Os atributos físicos
variam entre o “bom” e o “regular”, mas a indicação do IQC como “regular” aponta
necessidade de se melhorar as condições ambientais favorecedoras do modo a pé.
No PRI indicações, em vermelho, de novas aberturas transversais, que permitiriam a
formação de novas quadras na Rua São Luiz Gonzaga. Estas novas rotas melhorariam as
conexões e a permeabilidade da rede viária (o índice do Padrão do Sistema Viário – Psv,
237
na região, passaria de 0,13%, considerado ruim, passaria para 0,77%, mais adequado),
facilitando a integração da área acima da Quinta da Boa Vista com o centro do bairro.
O PRI prevê conexões diretas entre a Av. Rotary Internacional através de três vias: Av.
do Exército e ruas Antonio Henrique de Noronha e Cadete Ulisses Veiga. Devido à
existência de uma barreira, que forma um desnível com mais de 25 metros no final das
duas últimas ruas em relação à Av. Rotary Internacional, impedimento físico para a
concretização desta sugestão de projeto. É interessante destacar (já comentado na Fase
3), que o “Mapa de Demanda Segundo Áreas de Influência dos PGV a Pé” também
classifica estas vias com alto carregamento de pedestres, e o “Mapa de Propensão de
Utilização pelos Pedestres dos Segmentos Viários Segundo os Atributos do Meio
Físico” classifica estes trechos como “regular” a “bom”. O que demonstra a necessidade
de uma análise cuidadosa em relação às reais possibilidades executivas.
O PRI destaca quatro núcleos merecedores de atenção como pólos urbanísticos: a Praça
Argentina, a interseção da Rua da Emancipação com a Rua São Luis Gonzaga, o Largo
da Cancela e a interseção da Rua São Luiz Gonzaga com o Campo de São Cristóvão e
Rua Fonseca Teles.
Dos quatro núcleos citados, apenas os segmentos de via da Praça Argentina são
classificados com uma demanda de pedestres “média”, os outros três são classificados
como “alta”. Quanto aos atributos do meio físico, são classificados como “bom”,
excetuando o segmento da Rua São Luiz Gonzaga, junto ao Campo de São Cristóvão,
classificado como “regular”. O PRI ressalta este problema e direciona o projeto com a
abertura da nova via entre o Campo de São Cristóvão e o Largo da Cancela, o que
permitirá projetar calçadas mais largas e adequadas ao centro comercial de bairro.
É interessante destacar a importância desta análise, em que as diretrizes sugeridas pelo
PRI podem ser avaliadas através dos mapas classificatórios, obtendo-se uma
complementaridade de informações, o que possibilita a melhor compreensão das
questões levantadas pelo PRI e ratifica a relevância das diretrizes traçadas como
elementos norteadores dos projetos.
Verifica-se também a gratificante convergência das diretrizes do PRI e as informações
retiradas dos mapas, resultados do procedimento proposto.
238
V.4.3. Diretrizes de Projeto
Como princípio básico, todas as calçadas deverão contemplar soluções de acessibilidade
universal, como rampas e meio-fio rebaixado junto às travessias, além de piso tátil e
pavimentação adequada.
Todas as travessias deverão ser analisadas por especialistas quanto ao tipo adequado de
controle e a necessidade de implementos facilitadores para as travessias de pedestres.
Sempre que possível, deverão ser utilizadas soluções que incorporem a redução das
larguras de travessias e a melhor visibilidade, tanto dos pedestres em relação aos
veículos, como dos motoristas em relação aos pedestres.
Como se pôde verificar no subitem anterior, diversas diretrizes a serem elencadas,
norteadoras de projeto, já foram lançadas pelo PRI, facilitando, em particular, esta etapa
do procedimento no caso específico desta aplicação.
Observa-se a convergência dos resultados apontados pelos mapas classificatórios,
Figuras V.10, V.13 e V.14, que se relacionam com as demandas de pedestres, os
atributos físicos urbanos fomentadores do modo a e a qualidade das calçadas
existentes, o IQC. O último mapa foi desdobrado nas figuras V.15, V.16, V.17, V.18 e
V.19, de acordo com os indicadores de qualidade utilizados na obtenção do IQC.
Quinta da Boa Vista
A região da Quinta da Boa Vista possui um papel estruturador na visão da revitalização
urbana abordada pelo PRI, com uma função atrativa para novos empreendimentos
imobiliários. O grande parque para contemplação e a imensa área verde servirá de apoio
como ambiental.
Para esta área, além da complementação das calçadas no entorno da Quinta, com a
abertura da nova via nos fundos do Jardim Zoológico, sugerida pelo PRI, a retirada do
tráfego de passagem que liga o Bairro da Tijuca e adjacências à Linha Vermelha, pelo
Campo de São Cristóvão, será bastante benéfica. Estudos da PCRJ/IPP & OFICINAS
(2007) também apontam soluções neste sentido. A redução do tráfego permitirá
desenvolvimento de projeto que caracterize melhor a área como residencial e de lazer,
valorizando o modo a pé com implantação de calçadas confortáveis, seguras e atrativas.
239
A existência da estação metro-ferroviária agrega mais importância a este projeto. As
travessias deverão ser reforçadas, e o estudo de um sistema de transporte público
complementar, que ligue a estação com o interior do bairro deverá ser desenvolvido.
Esta região também possui uma importância diferenciada para os fins de semana, que
deverá ser considerado em projeto os fluxos dos visitantes do Jardim Zoológico e do
parque, que serão beneficiados com a recuperação geral da área.
Rua São Luis Gonzaga e Adjacências
Esta rua foi bastante avaliada, com sugestões do PRI e estudos da PCRJ/IPP &
OFICINAS (2007) quanto à retirada do tráfego de passagem para as vias periféricas ao
bairro, o que permitirá a formação de uma melhor ambiência urbana neste eixo vital de
São Cristóvão. As diretrizes de projeto devem procurar ressaltar e valorizar a importante
característica comercial para a área, em conjunto com as estratégias de mobilidade
sustentável.
Logo, a ligação da área da Quinta da Boa vista, com previsão de adensamento
residencial como o centro de bairro é essencial para o fomento do modo a pé. A
avaliação dos mapas mostra que esta é uma área carente em qualidade de infra-estrutura
para os pedestres, e que os projetos deverão abordar as questões que melhorem a largura
efetiva, a segurança, a seguridade e a atratividade.
Área Residencial na Região Norte
Esta é uma área de casas antigas, com carregamento de pedestres de suas calçadas de
“baixo” a “médio”, conforme apresentado na Figura V.13. As vias de hierarquia local,
apontadas na Figura V.4 poderão receber tratamento, com limites de velocidade
reduzidos e implantação de soluções de traffic calming. A preservação desta área como
zona residência será um atrativo local, que acrescentará valores ambientais a seus
moradores.
240
Rua São Cristóvão
É interessante perceber que esta área possui largas calçadas, com uma manutenção
“boa” e “boa atratividade visual, principalmente no trecho entre a Rua Figueira de
Melo e a Fonseca Teles, com a classificação do IQC como “ótimo”. Tendo em vista a
classificação desta via como “médio” tanto em relação ao carregamento de pedestres
como de atributos físicos, esta seria a região de menor prioridade para a implantação de
novos projetos.
Pontos de ônibus
Conforme apresenta a Figura V.8, a área é toda bem servida por ônibus. Recomenda-se
a realização de levantamento específico de cada ponto de ônibus, verificando-se sua
adequação, existência de entraves, tanto no acesso ao veículo, quanto nas questões de
visibilidade passageiro/veículo e motorista/veículo.
Sempre que possível, os elementos urbanos que funcionem como barreiras deverão ser
retirados. Caso não seja viável, procurar-se-á deslocar o próprio ponto de ônibus. A
instalação de abrigos é recomendável, desde que não afetem a largura mínima efetiva da
calçada, impedindo a passagem de pedestres ao longo do passeio. As travessias de
pedestres junto aos pontos deverão ser verificados quanto sua adequação.
Rotas Escolares
É possível melhorar as rotas dos escolares, principalmente aquelas com maiores
carregamentos, conforme apresentado pela Figura V.20. É necessária a verificação da
adequação das travessias considerando sua realização por crianças que caminham em
velocidades inferiores a dos adultos. A redução de limites de velocidades em vias locais
é recomendável. O reforço de sinalização de área escolar é outra diretriz que deverá ser
abraçada em conjunto com as anteriores.
O envolvimento dos educadores, dos escolares, dos responsáveis e dos especialistas em
Engenharia de Tráfego nos projetos de promoção do trajeto casa-escola realizados a
trará benefícios aos moradores locais o desenvolvimento de uma sensação de
pertinência, de ligação pessoal ao bairro e valorização como cidadão.
241
V.5. Síntese
O procedimento proposto é aplicado no Bairro de São Cristóvão. Este local escolhido
mostrou-se adequado para o desenvolvimento das quatro Fases que compõem o
procedimento.
Quanto à Fase 1, são consideradas as informações de planejamento urbano e de
transportes obtidas na PCRJ e no PRI para entendimento do cenário futuro pretendido
para o bairro com o projeto de revitalização. A Fase 2 é alimentada por diversos tipos e
portes de PGV a PÉ, o que possibilita a melhor compreensão da interveniência do uso
do solo na caracterização e dinâmica dos fluxos de pedestres gerados. A Fase 3 se
mostra muito interessante e maleável. Apresenta a possibilidade de adaptação dos
atributos, das variáveis e dos indicadores às características locais e às pretendidas
atingir pelo planejamento.
Além das informações e observações de campo, o aproveitamento das diretrizes
contidas no PRI é uma valorosa base comparativa dos resultados obtidos, oriundos da
análise entre os mapas de demanda e de oferta do modo pé.
Pode-se concluir na Fase 4 que o procedimento proposto é uma ferramenta de grande
potencial, capaz de produzir ricas informações no que se refere às dimensões do meio
físico urbano, do uso do solo e da infra-estrutura, da dinâmica e características dos
pedestres que se movimentam na área de estudo.
Assim, avançou para o último capítulo, o das conclusões e recomendações.
242
CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As cidades se modificam ao longo do tempo devido a fatores sociais, econômicos,
tecnológicos, entre outros, o que possibilita o surgimento de áreas consideradas
problemáticas, obsoletas, degradadas e esvaziadas. Surge a necessidade de aplicação de
políticas urbanas de reestruturação e renovação destas áreas. Esforços devem ser
direcionados a um planejamento estratégico que propicie o crescimento social,
econômico e ambiental, com a aplicação de uma gestão sustentável.
Verifica-se que a gestão urbana sustentável deve buscar estratégias político-
administrativas que partem do governo e alcance a colaboração e a parceria dos
interessados, tanto dos investidores, como da população, obtendo-se uma integração
política das ações, o respeito aos mecanismos de mercado e aos aspectos da vida local.
As ações procuram perseguir a eqüidade social, geográfica e governamental; valorizar e
proteger o meio ambiente; vitalizar e diversificar a economia local no alcance do bem-
estar da população.
Os princípios da mobilidade sustentável estão inseridos na gestão urbana sustentável. A
rede de transportes deve atender a demanda de viagens com a oferta de uma infra-
estrutura viária segura, balanceada e que respeite os diferentes fluxos da rede. Os
modais não motorizados e coletivos de transporte permitem um amplo acesso da
sociedade ao espaço público e às atividades, reduzem as externalidades e combatem à
segregação urbana.
A pesquisa realizada aponta diversos modelos de programas de revitalização urbana
adotada em diferentes países. Nos países da América do Sul, alguns projetos de
revitalização destacados baseiam-se em ações direcionadas a enfrentar os problemas de
pobreza e de adensamento habitacional em favelas, como Bogotá e Medellín. Procuram
oferecer uma infra-estrutura viária acessível aos moradores e incentivar o modo a pé,
com a transformação de espaços adequados à caminhada e ao lazer. Neste sentido,
também o apresentados os projetos desenvolvidos para as cidades de Buenos Aires,
Belém e do Rio de Janeiro, que se preocuparam em resgatar os valores urbanísticos de
áreas portuárias em desuso.
243
Os modelos de revitalização dos países ricos pesquisados, como Inglaterra, Alemanha,
Austrália e Estados Unidos se diferenciaram quanto à motivação das intervenções,
sendo encontrada a renovação de área central, de área histórica e de área degradada. As
obras assumem diferentes portes e variadas origens de recursos financeiros.
Entretanto, todos os projetos de revitalização urbana pesquisados, sejam aplicados em
países ricos ou com menor disponibilidade de recursos, tiveram como estratégia de
destaque a requalificação do espaço público e o fomento ao modo a pé.
Assim, é possível concluir que os deslocamentos são considerados vitais à organização
das cidades. Paradoxalmente, são encontrados na literatura técnico-científica registros
que apontem a dificuldade de elevar o modo a pé a um patamar de importância similar a
outros modais de transportes.
Foi possível citar inúmeras referências bibliográficas que discursam sobre o pedestre,
suas características, comportamentos, fatores que influenciam a opção pelos
deslocamentos a e escolha das rotas, os componentes da infra-estrutura necessários
ao modo a pé, bem como sua avaliação qualitativa e quantitativa, problemas de
acidentes e de impedimento à caminhada.
Todavia, apesar da existência de diversas publicações que reforcem os planos e
estratégias para o desenvolvimento do modo a pé, muito pouco foi encontrado a respeito
da relação entre as atividades instaladas em determinada área, a geração de viagens a
por estas atividades e da forma que as características do meio físico urbano influenciam
na tomada de decisão da escolha de determinada rota pelos pedestres. Nenhum modelo
matemático de previsão de fluxos pedestres foi encontrado. Foram publicados estudos
capazes de alocar e modelar os fluxos de pedestres nas vias urbanas utilizando
sofisticados softwares de micro simulação, baseados modelos de regressão, sintaxe
espacial e modelos de simulação (HARNEY, 2002, DESYLLAS et al., 2003,
ANTONINI et al., 2006, GREENE-ROESEL et al., 2007, ZAMPIERI et al., 2007).
Pode-se constatar que esta é uma nova área de estudo que instiga e desafia os
projetistas.
Pode-se perceber a riqueza que é o ambiente urbano no que se refere à interação entre os
diferentes tipos de pedestres, cada qual com suas características de desenvoltura no
caminhar e atitudes diferenciadas, motivadas pelo objetivo do deslocamento realizado.
244
Atender a necessidade deste universo e ofertar rotas seguras, confortáveis e atrativas,
que tornem as viagens a pé mais prazerosas, oferecendo a mais alta conectividade
possível e o menor número de interferências, deve ser perseguido nos projetos de
intervenção urbana.
O procedimento proposto procura trabalhar uma sistemática que lide com as viagens de
pedestres geradas pelos PGV a PÉ e sua distribuição pelos segmentos do sistema viário.
Como na revisão bibliográfica não foi encontrado modelos de geração de viagens a
por tipo de atividade, considerou-se que a estimativa do volume de pedestres poderia ser
realizada através da sobreposição da área de influência de cada PGV a PÉ, de acordo
com seu o tipo e capacidade de geração de viagens. Deste modo, segmentos de vias sob
a influência do maior número de PGV a PÉ, considerando o seu porte, terão maior
probabilidade de receberem uma maior demanda de pedestres.
No entanto, pesquisas assinalam que os atributos físicos de uma determinada localidade
influenciam a escolha da rota de caminhada. Assim, o procedimento direciona a
levantamentos em campo dos PGV a PÉ, classificando-os por tipo e porte, e dos
atributos intervenientes ao modo a pé, o que possibilita a confecção de mapas que
auxiliam a visualização da classificação das rotas para pedestres, segundo a área de
influência dos PGV a sobre o segmento de via e a classificação destes mesmos
segmentos em relação à propensão de utilização pelos pedestres segundo os atributos do
meio físico.
A avaliação visual dos mapas, diante da lógica: onde há uma maior propensão de
pessoas caminharem, devido aos atributos físicos locais, e onde maior tendência de
existirem pessoas, devido à sobreposição da área de influência, permite apontar as rotas
mais importantes no que se refere à demanda de pedestres.
A análise da oferta da infra-estrutura para o modo a na área de estudo foi
desenvolvida com base na avaliação qualitativa das calçadas. Através de levantamentos
de campo avaliaram-se as condições de manutenção, largura efetiva, atributo visual,
seguridade e segurança de cada uma das calçadas que compõem o sistema viário local e
confeccionaram-se mapas para cada um dos atributos.
245
Com o conjunto de mapas que representam a demanda e caracterizam qualitativamente
a oferta das calçadas, foi possível propor diretrizes de projeto e hierarquizar as
intervenções.
A região selecionada para a aplicação do procedimento foi uma área de 2.160.000 m
2
,
que abrangeu o centro comercial do Bairro de São Cristóvão, Cidade do Rio de Janeiro.
A conveniência da escolha do local pôde ser concluída por dois motivos principais.
Primeiramente, a região oferece a oportunidade de trabalhar com uma diversidade de
tipos de PGV a PÉ, no caso, oito tipos de atividades diferentes, e com todas as variáveis
representativas dos atributos intervenientes do modo a pé, apontadas no procedimento
proposto. Logo, a preocupação em relação à perda de consistência de informações
indicadas na montagem do procedimento pôde ser testada. Neste caso, os resultados
obtidos na aplicação do procedimento foram comparados com as observações de campo.
A segunda motivação foi derivada dos estudos apresentados pela Prefeitura de Paris,
França, que idealizou condutas de intervenção urbanísticas direcionadas ao modo a pé.
Foi sugerida a abertura de novas vias e indicado as principais rotas de pedestres para a
área. Entendeu-se como oportuno comparar os resultados obtidos a partir da aplicação
do procedimento com as orientações contidas na proposta francesa.
Vale ressaltar que o limite de área de estudo apresentou-se adequado, além de conter
todo o montante de informações necessárias, possibilitou que todo o levantamento fosse
realizado a pé.
Através dos levantamentos de dados e da formatação de banco de dados que os vinculou
aos trechos posicionados em mapas da área, foi possível obter os resultados esperados;
isto é, confeccionar os mapas classificatórios das rotas de pedestres segundo a área de
influência dos PGV a PÉ, da propensão de utilização destas rotas segundo os atributos
do meio físico e dos indicadores de qualidade das calçadas.
Ao longo deste processo de formulação do procedimento proposto e de sua aplicação e
durante a confecção dos mapas, averiguou-se a necessidade de realização de algumas
adequações, como:
Medidas do Padrão do Sistema Viário PSV: os limites apresentados na literatura
não permitiam faixas de pontuação que diferenciasse a área. Esta ocorrência deveu-
246
se à baixa conectividade da área. A adoção de novas faixas permitiu tornar o
atributo sensível em relação à rede viária existente.
Medidas de Grade: similar ao problema ocorrido com o Psv, as faixas sugeridas na
revisão bibliográfica apresentou grades muito elevados, não condizentes com as
condições de relevo de São Cristóvão, mesmo considerando os morros existentes na
área de estudo. Os limites de pontuação deste atributo também sofreram adaptação
às condições locais.
Foi considerada a mesma probabilidade de geração de viagens por um PGV a PÉ em
qualquer ponto de sua área de influência.
Para caracterizar e diferenciar os portes dos PGV a PÉ, acompanhando o raciocínio
de outros estudos apresentados na revisão bibliográfica, adotou-se a pontuação de 1,
2 e 3 que representa respectivamente os portes pequeno, médio e grande. Este
artifício possibilitou caracterizar e atribuir pesos em relação ao porte dos PGV a PÉ.
No item V.4.3 “Confecção do Mapa de Qualidade da Infra-Estrutura Ofertada
Destinada ao Modo a pé” foi possível averiguar que o simples mapa do IQC
Índice de Qualidade das Calçadas, proposto por FERREIRA & SANCHES (2001)
não se mostrou muito eficaz para a análise de quais dos atributos classificadores da
calçada são necessários melhorar e quais se encontram adequados. Desta forma,
foram elaborados mapas para cada um dos indicadores que compõem o IQC, o que
indicou muito mais ilustrativo que o mapa inicial.
Os resultados obtidos com a análise dos mapas mostraram-se satisfatórios como o
esperado, pois com a utilização da análise configuracional, através dos atributos do
meio físico urbano, do carregamento estimado de acordo com o tipo e porte dos PGV a
existentes na área de estudo e a qualificação da infra-estrutura destinada aos
pedestres, foi possível apontar as regiões de maiores demandas de pedestres, as mais
propícias aos deslocamentos a e as áreas aquelas que apresentam deficiências na
qualidade de suas calçadas.
As comparações entre os resultados obtidos na aplicação do procedimento com as
proposições do escritório francês foram convergentes, confirmando importância das
247
rotas mencionadas por BOURZAI et al. (2006) e destacadas na Figura V.6, o que pode
ser considerado positivamente significante, ratificando o procedimento proposto,
Pode-se afirmar que, embora o procedimento proponha simplificações, como a
uniformidade de atração dos PGVs a dentro de sua área de influência ou em relação
à representação do porte e conseqüente geração de viagens valorizada por pesos, o
procedimento proposto alcançou o preconizado.
O procedimento proposto foi capaz de indicar os seguimentos de via de maior demanda
e com maior propensão de utilização pelos pedestres, possibilitando a representação
gráfica da demanda. Os mapas dos indicadores de qualidade das calçadas representam a
oferta da infra-estrutura para o modo a pé e suas necessidades de melhorias.
Através da análise dos mapas foi possível traçar diversas diretrizes de projeto que
fomentem o modo a pé e que convirja para as diretrizes estabelecidas pelo planejamento
urbano e de transportes.
A possibilidade de aplicar o procedimento para um determinado estudo, como aplicação
às políticas e projetos voltados à segurança de rotas escolares, ou estudos de melhoria
urbanística para o turismo ou atividades de fim de semana, também se mostrou viável e
adequado.
A possibilidade de separar tipos específicos de PGV a para estudos que se fizerem
necessários demonstra a maleabilidade do procedimento proposto, o que lhe agrega
maior valor.
O levantamento dos diversos dados in loco permite que o técnico responsável, por esta
tarefa, se sensibilize e compreenda melhor o funcionamento da dinâmica do local de
estudo do ponto de vista do pedestre, o que pode contribuir para facilitar a análise dos
mapas e detecção de imperfeições ou incongruências que podem ocorrer.
A partir dos resultados iniciais ora apresentados, verifica-se que a aplicação de futuros
esforços para o aprimoramento do procedimento proposto será válido.
248
Neste sentido, sugere-se:
Desenvolvimento de pesquisas nacionais que estabeleçam a distância da área de
influência de acordo com a atividade desenvolvida pelo PGV a PÉ, de modo a
conhecer o comportamento brasileiro em relação às distâncias de viagens a por
motivo de deslocamento.
Desenvolvimento de pesquisas que verifiquem as relações entre a geração de
viagens a a distância do PGV dentro de sua área de influência. Examinar a
viabilidade de se determinar sub-áreas com maior potencial de atrair viagens de
acordo com a proximidade do PGV, verificando se os resultados alcançados
refletiriam melhor a realidade de cada tipo de PGV a PÉ.
Desenvolvimento de pesquisas e os modelos e taxas de geração de viagens por tipo
de PGV a PÉ e determinação dos horários de pico de cada atividade.
Melhoria dos critérios de seleção dos atributos intervenientes do meio físico,
conforme as características da área de estudo. É conveniente lembrar que para a
aplicação dos atributos selecionados, procurou-se um local em que todos pudessem
ser testados, como no caso de São Cristóvão. Em uma aplicação futura do
procedimento, uma área pode não ser representativa pelos atributos selecionados.
Os indicadores de qualidade das calçadas também poderão ser selecionados
embasados nas diretrizes do planejamento urbano e de transporte. Este trabalho
deverá refletir os planos de desenvolvimento local e os objetivos estabelecidos e
estar coeso com a população atendida pelo projeto.
Juntar ao procedimento estudos de travessias de pedestres, no que se refere a sua
adequação em relação ao tipo e volume de demanda e de tráfego, de modo apontar a
necessidade de novas implantações ou modificação da forma de operação das
travessias.
Da mesma forma, o transporte público deverá ser analisado, quanto à adequação da
distribuição dos pontos de paradas e sua localização na área de estudo.
249
Como contribuição às pesquisas científicas e técnicas, também é possível salientar a
importância da formulação da definição do termo PGV a PÉ, pois permite que se volte a
atenção para o modo a pé, não somente nos estudos de revitalização urbana, como
também no ele deve ser destacado nos estudos dos impactos viários.
250
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271
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PREFEITURA DE BOGOTÁ (2008), http://www.idu.gov.co. Acesso em 08/08/2008.
272
ANEXO A
Planilha 1a - Avaliação das Variáveis Indicadoras dos Atributos Intervenientes ao
Modo a Pé Representativos da Área de Estudo em São Cristóvão
Hierarqui-
zação
Largura da
Calçada
Largura da
Via
Conexões Topografia
Logradouro Via Trecho
Tipo Pts
m Pts Faixa
Pts m Pts
Declividade Pts
R. Teixeira
Júnior
10
11 L 3 1,55 2 1 3 121,0 2 0,39% 3
13 3 3,61 3 3 88,2 3 0,53% 3
12 3 3,78 3 3 118,9 2 0,40% 3
14
3 5 3
3 88,7 3 0,53% 3
R. Gen. José
Cristino
20
21 L 3 3 3 1 3 88,0 3 5,32% 1
23 3 2,77 3 3 48,2 3 1,49% 3
25 3 2,83 3 3 193,6 2 3,32% 2
22 3 2,17 2 3 86,8 3 5,39% 1
24 3 2,32 2 3 212,1 1 3,03% 2
R. Sen.
Alencar
30
31 C 2 2,36 2 1 3 192,6 2 2,37% 2
33 2 5,04 3 3 137,1 2 0,05% 3
32 2 2,22 2 3 40,1 3 5,10% 1
34 2 3,48 3 3 183,6 2 1,37% 3
36 2 4,17 3 3 132,7 2 0,05% 3
R. Carneiro
de Campos
40
41 L 3 3,7 3 1 3 46,9 3 9,58% 1
43 3 2,2 2 3 165,1 2 5,38% 1
42 3 3,57 3 3 166,7 2 5,34% 1
R. da
Liberdade
60
61 L 3 2,01 2 1 3 72,1 3 12,61% 1
63 3 0,7 1 3 148,3 2 2,09% 3
62 3 3,49 3 3 80,2 3 11,35% 1
64 3 0,97 1 3 157,3 2 1,97% 3
R. Gen.
Bruce
70
71 C 2 3,56 3 1 3 166,1 2 0,08% 3
73 L 3 2,95 3 3 133,6 2 1,76% 3
75 L 3 258 3 3 180,8 2 0,07% 3
77 L 3 3,34 3 3 109,9 2 5,99% 1
79 L 3 2,05 2 3 142,2 2 0,62% 3
72 C 2 2,24 2 3 160,2 2 0,09% 3
74 L 3 2,97 3 3 440,8 1 0,53% 3
76 L 3 2,86 2 3 141,5 2 0,62% 3
R. São Luiz
Gonzaga
80
81 C 2 2,77 3 4 1 262,2 1 2,11% 3
83 2 1,88 2 1 62,2 3 1,88% 3
85 2 2,05 2 1 138,5 2 1,26% 3
82 2 3,83 3 1 33,5 3 6,16% 1
84 2 4 3 1 215,8 1 1,35% 3
86 2 3,97 3 1 249,5 1 1,02% 3
Campo de
São
Cristóvão
90
91 AS 1 3,31 3 3 1 469,4 1 0,75% 3
93 1 2,09 2 1 120,2 2 1,21% 3
92 1 1,9 2 1 130,8 2 0,44% 3
94 1 1,77 2 1 193,5 2 0,35% 3
96 1 3 3 1 79,8 3 0,51% 3
98 1 9,2 3 1 139,5 2 0,14% 3
R. Piraúba 100
101 L 3 3 3 1 3 140,9 2 5,00% 1
102 3 3,4 3 3 126,8 2 5,55% 1
273
Hierarqui
-
zação
La
rgura da
Calçada
Largura da
Via
Conexões Topografia
Logradouro Via Trecho Tipo Pts
m Pts Faixa
Pts m Pts
Declividade Pts
R. Souza
Valente
110
111 L 3 4,86 3 1 3 121,1 2 1,54% 3
112 3 2,06 2 3 118,8 2 1,56% 3
R. Antônio
Henrique de
Noronha
120
121 L 3 4,54 3 1 3 71,9 3 0,78% 3
123 3 4,75 3 3 156,7 2 1,10% 3
122 3 4,65 3 3 74,0 3 0,76% 3
124 3 2,77 3 3 83,7 3 1,72% 3
126 3 3,13 3 3 65,3 3 0,43% 3
R. Lopes
Ferraz
130
131 L 3 2,84 3 1 3 443,6 1 5,45% 1
132 3 2,51 3 3 424,6 1 5,70% 1
R. Cadete
Ulisses Veiga
140
141 L 3 2,61 3 1 3 216,4 1 6,71% 1
142 3 2,97 3 3 62,4 3 16,24% 1
144 3 3,29 3 3 146,9 2 3,34% 2
R. Mineira 150
151 L 3 1,72 2 1 3 42,6 3 7,69% 1
153 3 2,19 2 3 214,5 3 7,49% 1
152 3 1,54 2 3 254,7 1 8,38% 1
R. Santa
Genoveva
160
161 L 3 1,57 2 1 3 141,7 2 3,27% 2
162 3 0,77 1 3 50,8 3 5,45% 1
164 3 1,44 1 3 165,4 2 1,13% 3
R. Euclides
Cunha
170
171 L 3 3,47 3 1 3 349,4 1 2,84% 2
172 3 2,49 3 3 352,1 1 2,82% 2
R. Gerontia 180
181 L 3 1,79 2 1 3 161,4 2 1,91% 3
182 3 1,95 2 3 88 3 3,50% 2
R. Santa
Pastora
190
191 L 3 2,15 2 1 3 95,5 3 6,05% 1
192 3 1,85 2 3 95,1 3 6,07% 1
R. Lutécia 200
201 L 3 1,37 2 1 3 113,3 2 5,08% 1
202 3 1,47 2 3 126,4 2 4,57% 2
R. Três de
Janeiro
210
211 L 3 1,53 2 1 3 154,1 2 1,09% 3
212 3 2,18 2 3 150,3 2 1,12% 3
Av. Rotary
Internacional
220
221 AS 1 2,38 2 2 2 563, 1 0,28% 3
222 1 3,23 3 2 398,1 1 0,40% 3
224 1 12,02
3 2 128,6 2 3,37% 2
Av. Pedro II 230
231 AS 1 2,46 2 6 1 151,2 2 1,07% 3
233 1 4,53 3 1 110,8 2 0,54% 3
232 AS 1 5,12 3 1 145,6 2 1,11% 3
234 1 4,96 3 1 127 2 0,47% 3
Av. Almirante
Baltazar
240
241 AS 1 3,17 3 2 2 97,9 3 2,15% 3
243 1 1,53 2 2 431,2 1 0,84% 3
242 1 5,43 3 2 322,6 1 0,44% 3
R. José
Eugênio
250
251 C 2 3,16 3 1 3 118,6 2 1,56% 3
252 2 3,83 3 3 141,3 2 1,31% 3
R. Sabino
Vieira
260
261 L 3 2,43 2 1 3 29,7 3 0,37% 3
263 3 2,25 2 3 38,3 3 0,34% 3
265 3 3,25 3 3 82,3 3 0,15% 3
262 3 3,24 3 3 156,6 2 0,08% 3
R. Catalão 270
271 L 3 3,4 3 1 3 94,5 3 4,87% 2
272 3 1,88 2 3 93,3 3 4,94% 2
R. Bela 280
281 C 2 2,43 2 1 3 126,2 2 0,87% 3
282 2 7,97 3 3 127 2 0,87% 3
274
Hierar
qui
-
zação
Largura da
Calçada
Largura da
Via
Conexões Topografia
Logradouro Via Trecho Tipo Pts
m Pts Faixa
Pts m Pts
Declividade Pts
R. Escobar 290
291 AS 1 16,52
3 2 2 338,7 1 0,12% 3
293 1 4,5 3 2 158,9 2 0,07% 3
292 1 3,42 3 2 209,4 1 0,01% 3
294 1 3,73 3 2 107,5 2 0,32% 3
296 1 2,24 2 2 46,1 3 0,26% 3
298 1 2,78 3 2 121,1 2 0,09% 3
R. Figueira
de Melo
300
301 C 2 6,02 3 2 2 141,4 2 9,63% 1
303 2 4,96 3 2 127,9 2 0,23% 3
305 2 2,11 2 2 97,4 3 1,68% 3
302 2 3,57 3 2 161,2 2 8,44% 1
304 2 3,43 3 2 199 2 0,67% 3
Travessa Ida 310
311 L 3 1,37 1 1 3 120,9 2 2,45% 2
312 3 1,71 2 3 120,1 2 2,46% 2
R. Leonor
Porto
320
321 L 3 1,46 1 1 3 136,4 2 4,48% 2
322 3 3,62 3 3 137,5 3 4,44% 2
Rua A e
Rua B
330
331 L 3 1,6 2 1 3 61,9 3 2,66% 2
333 3 1,51 2 3 57,1 3 0,00% 3
332 3 1,17 1 3 61,8 3 2,67% 2
334 3 1,62 2 3 56,5 3 0,00% 3
R. Frolick 340
341 L 3 2,24 2 1 3 135,0 2 8,03% 1
343 3 2,07 2 3 187,5 2 14,75% 1
342 3 2,01 2 3 312,5 1 2,72% 2
R. Faria
Braga
350
351 L 3 1,92 2 1 3 43,2 3 9,49% 1
353 3 1,56 2 3 109,6 3 6,30% 1
352 3 1,79 2 3 117,7 2 9,35% 1
R. Esberard 360
361 L 3 1,45 1 1 3 154,2 2 3,61% 2
362 3 2,59 3 3 151,9 2 3,66% 2
R. General
Argolo
370
372 AS 1 4,27 3 2 2 123,7 2 5,31% 1
374 L 3 4,38 3 2 179,1 2 5,59% 1
376 L 3 4,52 3 2 159,1 2 6,30% 1
378 C 2 3,1 3 2 161,6 2 1,55% 3
372-2 AS 1 10 3 2 84,6 3 4,04% 2
371 L 3 3,82 3 2 215 1 2,41% 2
373 C 2 4,22 3 2 347,3 1 4,86% 2
375 AS 1 3,14 3 2 267,3 1 1,28% 3
R. São
Januário
380
381 C 2 3,31 3 2 2 223,8 1 1,56% 3
383 2 2,72 3 2 463,3 1 0,92% 3
382 2 2,72 3 2 126 2 1,50% 3
384 2 1,7 2 2 397,5 1 1,07% 3
386 2 2,42 2 2 161,8 2 0,09% 3
R. Coronel
Cabrita
390
391 C 2 3,6 3 2 2 280,1 1 1,26% 3
393 2 2,2 2 2 117 2 2,12% 2
392 2 2,97 3 2 196,7 2 6,06% 1
394 2 2,07 2 2 131,6
2 6,38% 1
396 2 1,45 1 2 105,4 2 5,79% 1
R. da
Emancipação
400
401 C 2 2,65 3 2 2 145,7 2 8,38% 1
402 2 3,05 3 2 128,4 2 9,52% 1
275
Hierarqui
-
zação
Largura da
Calçada
Largura da
Via
Conexões Topografia
Logradouro Via Trecho Tipo Pts
m Pts Faixa
Pts m Pts
Declividade Pts
R. Fonseca
Teles
410
411 C 2 1,77 2 2 2 116,9 2 7,11% 1
413 2 2,03 2 2 73,4 3 6,24% 1
415 2 6,94 3 2 56,7 3 0,25% 3
417 2 3,51 3 2 26,9 3 6,67% 1
419 2 1,74 2 2 353,1 1 4,89% 2
412 2 2,4 2 2 102,6 2 5,84% 1
414 2 1,88 2 2 96,1 3 6,24% 1
416 2 4,3 3 2 423,4 1 4,08% 2
Travessa
Filgueiras
420
421 L 3 1,84 2 1 3 92,4 3 7,10% 1
422 3 1,52 2 3 93,3 3 7,03% 1
R. João
Ricardo
430
431 L 3 2,45 2 2 2 101,4 2 5,20% 1
433 3 1,71 2 2 60,5 3 10,02% 1
435 3 2,22 2 2 74,8 3 9,66% 1
432 3 1,63 2 2 84,1 3 6,27% 1
434 3 1,99 2 2 54,9 3 11,05% 1
436 3 2,18 2 2 73,0 3 9,90% 1
R. Dom
Meinrado
440
441 C 2 3,34 3 2 2 250,2 1 0,43% 3
442 2 2,68 3 2 178,6 2 0,60% 3
444 2 10 3 2 90,8 3 1,42% 3
R. Chaves
Faria
450
451 C 2 2,21 2 2 2 119,1 2 0,64% 3
453 2 1,66 2 2 123,2 2 4,56% 2
455 2 1,69 2 2 48,1 3 16,18% 1
452 2 1,95 2 2 305,8 1 4,67% 2
R. São
Cristóvão
460
461 C 2 4,42 3 3 1 249,6 1 0,04% 3
463 2 3,12 3 1 88,0 3 1,04% 3
465 2 4,74 3 1 74,7 3 0,19% 3
467 2 4,04 3 1 61,7 3 0,85% 3
469 2 3,48 3 1 119,2 2 0,25% 3
462 2 10,84
3 1 239,7 1 0,04% 3
464 2 4,4 3 1 154,5 2 0,69% 3
466 2 3,9 3 1 126,1 2 0,26% 3
468 2 4,02 3 1 95,1 3 0,32% 3
R. Gal.
Herculano
Gomes
470
471 AS 1 11,51
3 4 1 224,1 1 0,32% 3
472 1 3,1 3 1 533,5 1 0,52% 3
R. do Parque
480
481 L 3 1,86 2 1 3 63,9 3 6,23% 1
483 3 1,5 2 3 79,9 3 4,98% 2
482 3 2,2 2 3 138,6 2 2,87% 2
Av. do
Exército
490
491 AS 1 3,71 3 3 1 63,0 3 1,73% 3
493 1 4,06 3 1 87,4 3 13,64% 1
495 1 3,96 3 1 225,2 1 2,80% 2
492 1 4,74 3 1 160,0 2 1,86% 3
494 1 4,02 3 1 220,3 1 2,86% 2
R. Paula e
Silva
500
501 L 3 3,12 3 1 3 136,2 2 0,73% 3
502 3 3,64 3 3 131,4 2 0,75% 3
R. Sem
Nome
510
513 L 3 3,05 3 2 2 150,7
3 1,74% 3
514 3 2,07 2 2 126,3 2 2,07% 3
276
Hierarqui
-
zação
Largura da
Calçada
Largura da
Via
Conexões Topografia
Logradouro Via Trecho Tipo Pts
m Pts Faixa
Pts m Pts
Declividade Pts
Pça.
Argentina
520
521 L 3 4,95 3 1 3 53,9 3 4,84% 2
522 3 11,36
3 3 63,5 3 4,10% 2
524 3 5,24 3 3 38,9 3 6,71% 2
Largo da
Cancela
530
C 2 4,44 3 3 1 30,1 3 3,89% 2
Largo Pedro
Lobianco
540
540 C 2 5,36 3 3 1 71,4 3 2,24% 3
Largo do
Vianna
550
551 C 2 2,71 3 2 2 27,9 3 8,62% 1
552 2 1,76 2 2 38,4 3 6,26% 1
Praça Pedro
II
560
561 AS 1 6,71 3 4 1 55,3 3 0,25% 3
563 1 3,13 3 1 48,9 3 0,29% 3
562 1 6,05 3 1 16,4 3 0,85% 3
564 1 1,96 2 1 15,3 3 0,92% 3
566 1 4,35 3 1 19,3 3 0,73% 3
R. Severo 570
571 L 3 2,3 2 1 3 31,2 3 7,24% 1
573 3 0,84 1 3 28,6 3 7,90% 1
572 3 0,84 1 3 80 3 2,83% 2
Travessa F.
de Melo
580
581 L 3 0,65 1 1 3 42,5 3 0,00% 3
582 3 1,21 1 3 44,1 3 0,00% 3
Pavilhão de
São
Cristóvão
590
591 AS 1 5,98 3 2
2 146,5 2 2,70% 2
593 1 6,51 3 2 2 270,1 1 0,88% 3
595 1 3,68 3 2 2 85,5 3 9,73% 1
597 1 16,81
3 2 2 85,5 3 0,58% 3
599 1 6,63 3 2 2 97,2 3 3,80% 2
595 1 6,31 3 2 2 135,2 2 0,70% 3
594 1 46,67
3 2 2 211,8 1 0,32% 3
Planilha 1b - Avaliação das Variáveis Indicadoras dos Atributos Intervenientes ao
Modo a Pé Representativos da Área de Estudo em São Cristóvão (cont.)
Trecho
PSV
Q. da
Superfície
Traves-
sias
Ilumi-
nação
Nº de Pav.
Residenciais
Uso
urbano
Cobertura
(Transportes)
TOTAL
Valor Pts
Pts Pts Pts Pts Pts Pts
11 0,43 2 2 1 1 2 3 3 27
13 0,43 2 2 1 2 1 3 3 27
12 0,43 2 2 1 2 2 3 3 28
14 0,43 2 2 1 1 1 3 3 26
21 0,43 2 2 1 2 1 3 3 25
23 0,14 1 2 1 2 1 3 2 25
25 0,14 1 2 1 2 3 3 1 25
22 0,43 2 2 1 1 1 3 3 23
24 0,14 1 2 1 1 2 3 2 22
31 0,43 2 2 1 2 1 3 1 22
33 0,43 2 2 2 2 1 3 2 25
32 0,14 1 2 1 1 2 3 1 23
34 0,43 2 2 1 1 1 3 1 23
36 0,43 2 2 2 1 1 3 2 25
41 0,5 2 2 1 2 1 2 1 22
277
Trecho
PSV
Q. da
Superfície
Traves
-
sias
Ilumi
-
nação
Nº de Pav.
Residenciais
Uso
urbano
Cobertura
(Transportes)
TOTAL
Valor Pts
Pts Pts Pts Pts Pts Pts
42 0,5 2 2 1 2 1 3 2 23
43 0,5 2 2 1 2 1 3 2 23
61 0,5 2 2 1 1 1 2 3 23
63 0,5 2 2 1 2 1 2 3 24
62 0,5 2 2 1 2 2 2 3 26
64 0,5 2 2 1 2 1 2 3 25
71 0,2 1 2 1 2 2 3 2 26
73 0,2 1 2 1 2 1 3 2 24
75 0,2 1 2 1 2 1 2 2 22
77 0,43 2 2 1 2 2 2 1 23
79 0,43 2 2 1 2 1 3 2 25
72 0,2 1 2 1 1 1 3 2 22
74 0,2 1 2 1 1 1 3 2 21
76 0,43 2 2 1 1 1 3 1 22
81 0,67 3 2 1 2 2 3 3 25
83 0,67 3 2 2 2 1 3 3 26
85 0,67 3 2 2 1 1 3 3 24
82 0,67 3 2 1 2 1 3 3 22
84 0,67 3 2 1 2 1 3 3 22
86 0,67 3 2 2 2 1 3 3 23
91 0,5 2 2 3 3 1 3 3 24
93 0,6 2 2 1 1 1 3 3 21
92 0,33 1 2 1 2 1 3 3 21
94 0,323 1 2 2 2 2 3 3 26
96 0,43 2 2 1 2 1 3 2 24
98 0,43 2 2 2 2 2 3 3 27
101 0,5 2 2 1 2 2 3 2 25
102 0,5 2 2 1 2 1 3 2 23
111 0,09 1 2 1 2 1 3 2 24
112 0,09 1 2 1 2 2 3 2 26
121 0,67 3 2 1 1 1 2 3 26
123 0,67 3 2 1 2 1 2 3 26
122 0,67 3 2 1 1 2 2 3 28
124 0,67 3 2 1 1 1 2 3 26
126 0,67 3 2 1 1 2 2 3 28
131 0,5 2 2 1 1 1 2 1 19
132 0,5 2 2 1 2 1 2 1 20
141 0,29 1 1 1 2 1 2 2 19
142 0,29 1 2 1 2 1 2 2 22
144 0,29 1 2 1 1 1 2 2 21
151 0,13 1 2 1 2 2 2 3 25
153 0,13 1 2 1 2 1 2 1 21
152 0,13 1 2 1 2 1 2 2 20
161 0,25 1 2 1 3 1 2 3 24
162 0,25 1 2 1 3 1 2 3 24
164 0,25 1 2 1 3 1 2 3 25
171 0,25 1 2 1 1 2 3 2 23
278
Trecho
PSV
Q. da
Superfície
Traves
-
sias
Ilumi
-
nação
Nº de Pav.
Residenciais
Uso
urbano
Cobertura
(Transportes)
TOTAL
Valor Pts
Pts Pts Pts Pts Pts Pts
172 0,25 1 2 1 2 2 3 2 24
181 0,25 1 2 1 3 1 2 3 25
182 0,25 1 2 1 3 1 2 3 25
191 0,25 1 2 1 3 1 2 3 24
192 0,25 1 2 1 3 1 2 3 24
201 0,25 1 2 1 3 1 2 2 22
202 0,25 1 2 1 3 1 2 2 21
211 0,25 1 2 1 3 1 2 2 22
212 0,25 1 2 1 3 1 2 2 22
221 0,29 1 2 1 2 1 3 3 21
222 0,29 1 2 1 2 1 3 3 21
224 0,29 1 2 1 2 1 3 1 19
231 0,5 2 2 1 2 1 3 1 20
233 0,5 2 2 2 2 1 3 1 21
232 0,5 2 2 2 2 1 3 1 21
234 0,5 2 2 2 2 1 3 2 22
241 0,5 2 2 2 2 1 3 3 26
243 0,5 2 2 1 2 1 3 3 23
242 0,5 2 2 1 1 1 3 2 22
251 0 1 2 2 2 1 3 2 25
252 0 1 2 2 2 2 3 2 27
261 0,13 1 2 1 2 1 2 2 24
263 0,13 1 2 1 2 1 2 2 24
265 0,67 3 2 1 2 2 2 3 29
262 0,67 3 2 1 2 1 2 3 25
271 0,67 3 2 1 2 1 2 2 24
272 0,67 3 2 1 1 1 2 2 22
281 0,43 2 2 2 2 2 3 2 26
282 0,43 2 2 2 2 1 3 2 24
291 0,6 2 2 1 1 1 3 3 21
293 0,6 2 2 1 1 1 3 3 22
292 0,6 2 2 1 2 1 3 3 22
294 0,6 2 2 1 2 1 3 2 23
296 0,6 2 2 1 1 1 3 3 24
298 0,6 2 2 1 2 1 3 3 24
301 0,6 2 2 1 2 1 3 3 22
303 0,6 2 2 1 2 1 3 3 24
305 0,6 2 2 2 2 1 3 3 27
302 0,6 2 2 1 2 1 3 3 23
304 0,6 2 2 2 2 1 3 3 26
311 0,09 1 2 1 2 1 2 2 22
312 0,09 1 2 1 2 1 2 2 22
321 0,43 2 2 1 1 2 3 3 26
322 0,43 2 2 1 1 2 2 3 26
331 0,09 1 2 1 2 2 2 3 26
333 0,09 1 2 1 2 1 2 3 25
279
Trecho
PSV
Q. da
Superfície
Traves
-
sias
Ilumi
-
nação
Nº de Pav.
Residenciais
Uso
urbano
Cobertura
(Transportes)
TOTAL
Valor Pts
Pts Pts Pts Pts Pts Pts
332 0,09 1 2 1 2 1 2 3 24
334 0,09 1 2 1 2 2 2 3 27
341 0,09 1 2 1 2 1 2 2 21
343 0,09 1 2 1 2 1 2 2 21
342 0,09 1 2 1 2 1 2 2 21
351 0,09 1 2 1 2 2 2 2 24
353 0,09 1 2 1 2 2 2 2 24
352 0,09 1 2 1 2 2 2 2 21
361 0,33 1 2 1 2 2 3 3 26
362 0,33 1 2 1 2 2 3 3 26
372 0,43 2 2 1 2 2 2 3 23
374 0,4 2 2 1 2 2 2 3 22
376 0,2 1 2 1 2 2 2 2 22
378 0,2 1 2 1 2 2 3 2 24
372-2 0,5 2 2 1 2 1 3 3 23
371 0,43 2 2 1 2 2 2 3 23
373 0,2 1 2 1 2 2 3 3 23
375 0,2 1 2 1 2 2 3 3 24
381 0,43 2 2 1 2 2 3 3 25
383 0,67 3 2 2 2 2 3 3 27
382 0,43 2 2 1 1 1 2 3 22
384 0,5 1 2 2 1 1 3 3 22
386 0,67 3 2 1 1 1 3 3 24
391 0,43 2 2 1 2 2 3 3 25
393 0,5 2 2 2 2 2 2 2 24
392 0,43 2 2 1 2 2 3 3 24
394 0,5 2 2 1 2 2 3 2 23
396 0,5 2 2 2 2 2 3 2 24
401 0,5 2 2 2 2 2 3 3 25
402 0,5 2 2 2 2 2 3 3 25
411 0,67 3 2 2 2 1 3 3 24
413 0,5 2 2 1 2 1 2 2 21
415 0,13 1 2 2 2 1 3 1 23
417 0,13 1 2 2 2 1 3 1 21
419 0,13 1 2 2 2 2 3 2 23
412 0,5 2 2 2 2 1 3 3 24
414 0,5 2 2 1 2 1 2 2 22
416 0,13 1 2 2 1 2 3 1 22
421 0,67 3 2 1 2 2 3 3 28
422 0,67 3 2 1 2 1 3 3 26
431 0,67 3 2 1 1 1 3 3 23
433 0,67 3 2 1 2 2 2 3 26
435 0,29 1 2 1 2 2 2 2 23
432 0,67 3 2 2 2 1 3 3 25
434 0,67 3 2 1 1 1 2 3 22
436 0,29 1 2 1 2 2 2 2 22
441 0,67 3 2 2 2 1 3 3 25
280
Trecho
PSV
Q. da
Superfície
Traves
-
sias
Ilumi
-
nação
Nº de Pav.
Residenciais
Uso
urbano
Cobertura
(Transportes)
TOTAL
Valor Pts
Pts Pts Pts Pts Pts Pts
442 0,67 3 2 2 1 1 3 3 25
444 0,67 3 2 1 1 1 3 3 25
451 0,67 3 2 1 1 1 3 1 22
453 0,13 1 2 1 2 1 3 2 21
455 0,13 1 2 1 1 1 3 3 21
452 0,13 1 2 1 2 1 3 2 20
461 0,25 1 2 2 2 3 3 3 26
463 0,25 1 2 1 2 1 3 3 23
465 0,25 1 2 2 2 1 3 2 23
467 0,5 2 2 1 2 1 3 1 22
469 0,5 2 2 2 2 1 3 2 23
462 0,25 1 2 2 1 3 3 3 25
464 0,25 1 2 2 1 1 3 3 21
466 0,5 2 2 2 1 1 3 2 21
468 0,5 2 2 2 2 1 3 3 26
471 0 1 2 2 2 1 3 3 23
472 0 1 2 2 2 1 3 2 22
481 0,13 1 2 1 2 1 2 2 20
483 0,13 1 2 1 2 2 3 2 24
482 0,13 1 2 1 2 2 2 2 22
491 0,67 3 2 2 1 2 3 3 26
493 0,67 3 2 2 2 1 3 3 23
495 0,67 3 2 2 2 2 3 3 26
492 0,67 3 2 2 1 1 3 3 25
494 0,67 3 2 2 1 1 3 3 23
501 0,67 3 2 1 1 2 2 2 26
502 0,67 3 2 1 2 2 2 2 27
513 0,67 3 2 1 1 1 3 2 25
514 0,67 3 2 1 2 1 3 2 25
521 0,5 2 2 1 2 2 3 3 27
522 0,5 2 2 2 2 3 3 2 29
524 0,5 2 2 1 2 2 3 2 26
530 0,67 3
3 14
540 0,67 3 2 2 2 1 1 1 21
551 0,14 1 2 1 2 2 3 1 21
552 0,14 1 2 1 1 1 3 1 18
561 0,5 2 2 2 2 1 3 1 22
563 0,5 2 2 1 2 1 3 1 21
562 0,5 2 2 2 2 1 3 1 24
564 0,5 2 2 2 2 1 3 1 24
566 0,5 2 2 2 2 2 3 1 26
571 0,25 1 2 1 3 1 2 2 23
573 0,25 1 2 1 3 1 2 3 24
572 0,25 1 2 1 3 1 2 3 23
581 0,09 1 2 1 3 2 2 3 26
582 0,09 1 1 1 3 2 2 3 25
281
Trecho
PSV
Q. da
Superfície
Traves
-
sias
Ilumi
-
nação
Nº de Pav.
Residenciais
Uso
urbano
Cobertura
(Transportes)
TOTAL
Valor Pts
Pts Pts Pts Pts Pts Pts
591 0,33 1 2 2 2 1 3 3 22
593 0,6 2 2 2 2 1 3 3 23
595 0,6 2 2 2 2 1 3 3 23
597 0,6 2 2 2 2 1 3 3 25
599 0,6 2 2 2 2 1 3 3 23
595 0,33 1 2 2 2 1 3 3 22
594 0,33 1 2 2 2 1 3 3 21
Planilha 2 - Somatório Final dos Atributos do Meio Físico Intervenientes ao Modo
a Pé Representativos da Área de Estudo em São Cristóvão
Via Trecho
Total
Trecho
Segmento
da via
Total
Segmento
Via Trecho
Total
Trecho
Segmento
da via
Total
Segmento
10
11 26 10a 53
80
81 24 80a 46
13 26 10b 51 83 25 80b 45
12 27 85 23 80c 47
14 25 82 22 80d 45
20
21 25 20a 48 84 21 80e 42
23 25 20b 48 86 22
25 26 20c 49
90
91 23 590a
22 23 93 20 590b
24 23 92 21 590c
30
31 22 30a 46 94 26 590d
33 24 30b 44 96 23 590e
32 24 30c 48 98 26 590f
34 22 590e
36 24
100
101 25 100a 48
40
41 21 40a 42 102 23
43 23 40b 46
110
111 24 110a 50
42 23 112 26
50
51 0
120
121 25 120a 52
52 0 123 25 120b 50
60
61 22 60a 47 122 27 120c 52
63 23 60b 47 124 25
62 25 126 27
64 24
130
131 19 130a 39
70
71 26 70a 48 132 20
73 24 70b 45
140
141 20 140a 42
75 22 70c 43 142 22 140b 42
77 23 70d 44 144 22
79 24 70e 45
150
151 25 150a 45
72 22 153 21 150b 41
74 21 152 20
76 21
282
Via Trecho
Total
Trecho
Segmento
da via
Total
Segmento
Via Trecho
Total
Trecho
Segmento
da via
Total
Segmento
160
161 25 160a 51
330
331 27 330a 52
162 26 160b 50 333 25 330b
164 25 332 25
170
171 24 170a 49 334 27
172 25
340
341 22 340a 44
180
181 25 180a 51 343 21 340b 43
182 26 342 22
190
191 25 190a 50
350
351 24 350a 49
192 25 353 25 350b 46
200
201 23 200a 44 352 21
202 21
360
361 25 360a 50
210
211 22 210a 44 362 25
212 22
370
372 22 370a 45
220
221 21 220a 42 374 22 370b 45
222 21 220b 41 376 21 370c 44
224 20 378 23 370d 47
230
231 19 230a 39 372-2 22 370e 46
233 20 230b 41 371 23
232 20 373 23
234 21 375 24
240
241 25 240a 47
380
381 24 380a 45
243 22 240b 47 383 26 380b 46
242 21 240c 43 382 21 380c 48
250
251 25 250a 52 384 22 380d 49
252 27 386 23
260
261 24 260a 48
390
391 24 390a 48
263 24 260b 51 393 24 390b 47
265 27 392 24 390c 48
262 24 394 23
270
271 23 270a 44 396 24
272 21
400
401 24 400a 48
280
281 25 280a 48 402 24
282 23
410
411 24 410a 48
290
291 20 290a 41 413 21 410b 43
293 21 290b 42 415 23 410c 45
292 21 290c 43 417 23 410d 45
294 22 290d 44 419 23 410e 45
296 23 412 24
298 23 414 22
300
301 21 300a 43 416 22
303 23 300b 48
420
421 28 420a 54
305 26 300c 51 422 26
302 22
430
431 23 430a 48
304 25 433 25 430b 46
310
311 23 310a 46 435 23 430c 45
312 23 432 25
320
321 25 320a 50 434 21
322 25 436 22
283
Via Trecho
Total
Trecho
Segmento
da via
Total
Segmento
Via Trecho
Total
Trecho
Segmento
da via
Total
Segmento
440
441 24 440a 48
510
513 24 510a 48
442 24 440b 48 514 24
444 24
520
521 26 520a 53
450
451 21 450a 41 522 28
453 21 450b 41 524 25
455 21 450c 41
530
0
452 20
540
540 20
460
461 26 460a 51
550
551 21 550a 40
463 23 460b 44 552 19
465 23 460c 44
560
561 21
467 21 460d 41 563 20
469 22 460e 47 562 23
462 25 564 23
464 21 566 25
466 20
570
571 24 570a 48
468 25 573 25 570b 49
470
471 23 470a 45 572 24
472 22
580
581 25 580a 49
480
481 21 480a 44 582 24
483 24 480b 45
590
591 23 590a 46
482 23 593 23 590b 46
490
491 25 490a 49 595 23 590c 45
493 22 490b 46 597 25 590d 45
495 26 490c 49 599 24 590e 47
492 24 592 22 590f 43
494 23 594 21 590g 46
500
501 25 500a 51
502 26
284
ANEXO B
Planilha 3 – Áreas de Influência dos PGV a PÉ sobre os Segmentos de Via
PGV
Segmentos de Via
10a
10b
20a
20b
20c 30a 30b
30c 40a
40b 60a
60b 70a
70b
70c 70d
70e
1
2
3
4
5
6
7
3 3
8
3 3
9
1
1 1 1 1 1 1
10 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
11 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
12
2
2 2 2 2 2
13
1 1
1 1 1 1 1 1 1
14
2 2 2
2 2 2 2 2 2 2
15
1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
16
1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
17
3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
18
1 1 1 1 1
19
2 2 2 2 2
20
2 2 2 2 2
21
2 2 2 2 2
22
1 1 1 1 1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24
3 3
3 3 3 3 3
25
3 3
3 3 3 3 3
26
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
27
1
1 1 1
28
3 3
3 3 3 3 3 3 3
29
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
30
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
31
3 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
32
2 2 2 2 2
2 2 2 2 2
33
3 3 3 3 3
3 3 3 3 3
34
35a
35b
36
2
2 2
37
1 1 1 1 1
1 1 1 1
38
3
3 3 3
3 3 3
39 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1
41 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
42 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
43
3 3
3 3 3 3
44
3 3
3 3 3 3
Total 10 10 36 42 29 25 31 34 32 35 49 49 49 49 51 38 31
Leg
285
PGVº
Segmentos de Via
80a 80b 80c 80d 80e 100 110 120a
120b
120c
130 140a
140b
150a
150b
1
3
3 3 3 3 3 3 3 3
2
1 1
1 1 1 1
3
1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
4
3
3 3 3 3 3 3 3 3
5
1
1 1 1 1 1 1 1 1
6
2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2
7 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
8 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
9 1 1 1 1 1 1
1 1 1
1 1
10 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2
11 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
12 2 2 2 2
2
13 1 1 1 1 1 1
1 1 1
1 1 1 1
14 2 2 2 2 2 2
2 2 2
2 2 2 2
15 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
16 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
17 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
18 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
19 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2
20 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2
21 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2
22 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24
3 3 3 3 3 3
3 3 3
3
3
25
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
26 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
27
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
28 3 3 3 3 3
3 3
3 3 3 3 3
29 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1
1
30 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1
1
31 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3
32
2 2 2
33
3
1
34
2 2 2
2 2 2
2
2
35a
1 1 1 1
1 1 1
1
1
35b
1 1
1
1
1
36
2 2 2
2
37
1
38
39 1 1 1 1 1 1
1
40
41 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
42 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2
43 3 3 3 3 3
44 3 3 3 3 3
Total 49 55 58 62 67 63 28 57 61 58 59 55 57 49 51
Legenda
286
PGVº
Segmentos de Via
220a
220b
230a
230b
240a
240b
240c
250a
260a
260b
270a
280a
290a
290b
290c
290d
1 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
2 1 1 1 1 1 1 1 1
3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
4 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3
5 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1
6 2 2 2
2
2 2
7 3 3 3
3 3 3
8 3 3
3 3 3
9 1 1
10 2 2 2
2 2 2
11 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1
12
13 1
14 2
15 1
16 1
17 3
18 1 1
1 1 1
19 2 2
2 2 2
20 2
2 2 2
21 2 2 1 1
2 2 2
2 2 2
22 1 1 1 1
1 1 1
1 1 1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24 3 3
3 3
3 3 3 3
25
3
3 3 3 3
26 1 1 1 1
1 1
1 1 1 1
27
1 1 1 1
28 3
3 3 3
29 1
1
1
1 1 1 1
30
1
1 1 1 1 1 1
31
3
3 3 3 3 3
32
2 2 2 2 2
33
3 3 3 3 3
34 2
2 2
2
2 2 2
35a
1 1
1 1 1 1
35b 1
1 1
1
1 1 1
36
2 2 2 2
37
1 1 1 1 1
38
1 3 3 3 3
39
1
1 1 1
40
41 1
1 1 1
1 1 1 1
42
2 2 2 2 2 2 2 2 2
43
44
Total
51 36 26 19 14 14 15 13 42 36 32 24 35 38 38 23
Leg
287
PGVº
Segmentos de Via
300a
300b
300c
310 320 330a
330b
340a
340b
350a
350b
360 370a
370b
370c
1
3
3 3
2
1
1 1
3 1 1 1 1
1 1 1 1 1
4
3 3 3
3 3 3 3 3 3
5 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
6
2 2 2 2 2 2
7 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
3
8
3
9
1
1 1
1
1 1
10 2
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
11 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
12
2 2
13
1
1 1
14
2
2 2
15
1
1 1 1 1
16
1
1 1 1 1
17
3
3 3 3 3
18
1
1
1
19 2
2
2
2
20
2
2
2
21 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2 2
2
22 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3
25 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3
26 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
27 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
28
3
3 3 3 3
29 1
1 1 1
1 1 1 1 1
1 1
30 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1
31 3 3
3 3 3
3 3 3 3 3
3 3
32 2 2
2 2
2
2
2 2
33 3
3 3
3
3
3 3
34 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
35a 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
35b 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
36 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
37 1 1
1 1
1
1 1 1 1
38 3
3
3
39 1
1
1 1 1 1
40
1
1 1 1 1
41 1 1
1 1
1 1 1 1
42 2
2
2 2 2 2
43
3
3 3
44
3
3 3
Total 47 35 26 40 56 37 38 43 37 41 41 64 20 42 62
Leg
288
PGV
Segmentos de Via
370d
370e
380a
380b
380c
380d
390a
390b
390c
400 410a
410b
410c
410d
410e
1
3 3 3 3 3
2
1 1 1 1
3
1
1
1 1 1 1 1
4
3 3 3 3 3
5
1 1 1 1 1
6 2 2
2
2 2 2 2 2
7 3 3
3 3
3 3 3 3 3 3
8 3 3
3 3
3 3 3 3 3 3
9 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
10 2 2
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
11 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
12 2
2 2 2
2 2 2
13 1 1
1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
14 2 2 2 2 2 2
2 2 2 2 2 2 2
15 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
16 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
17 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3
18 1 1
1 1
1 1 1 1 1
19 2 2
2 2
2 2 2 2 2
20 2 2
2 2
2 2 2 2 2
21 2 2
2 2
2 2 2 2 2 2
22 1 1
1 1
1 1 1 1 1 1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24 3 3
3
3 3 3 3 3
25 3 3
3
3 3 3 3 3
26 1 1
1 1 1
1 1 1 1 1 1
27 1 1
1 1 1 1 1
28 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
29 1
1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
30 1
1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
31 3
3 3 3 3
3 3 3 3 3 3
32 2
2 2
2
33 3 3
34
2 2 2 2 2
35a
1
1 1 1 1 1
35b
1 1 1 1
36
2
2 2
2
37 1 1
38
39 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
40 1
1 1 1
1 1 1
41 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
42 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
43 3 3
3 3 3 3 3
44 3 3
3 3 3 3 3
Total
65 59 21 36 52 60 20 32 29 43 65 64 60 60 41
Leg
289
PGV
Segmentos de Via
420 430a
430b
430c
440a
440b
450a
450b
450c
460a
460b
460c
460d
460e
470
1 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3
3
2
1
1
1 1 1
1
3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
4 3 3 3 3
3 3 3 3 3
5 1 1 1 1
1 1 1 1 1
6
2 2 2 2 2 2
2 2 2
2
7
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3
8
3 3 3 3 3 3 3 3
3
9 1 1 1 1 1 1 1 1 1
10 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
11 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
12
2 2
2 2 2 2 2
13
1 1 1 1 1 1 1 1
14
2 2 2 2 2 2 2 2
15
1 1 1 1 1 1 1 1
16
1 1 1 1 1 1 1 1
17
3 3 3 3 3 3 3 3
18 1 1 1 1 1 1 1 1 1
19 2 2 2 2 2 2 2 2 2
20 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
21 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
22 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24 3 3 3 3 3 3 3
3 3 3
25 3 3 3 3 3
3
3 3 3
26 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1
27 1
1
28 3 3 3 3 3 3 3 3 3
29 1 1 1 1 1 1 1 1 1
30 1 1 1 1 1 1 1 1
31 3 3 3 3 3
3
32 2
33
34
2 2 2 2
35a 1
1 1 1
35b
1 1 1 1
36
2 2
37
38
39 1 1 1
1
1 1
40
41 1 1 1 1 1 1 1 1 1
42 2 2 2 2 2 2 2 2 2
43 3 3 3 3 3 3 3 3 3
44 3 3 3 3 3 3 3 3 3
Total
51 65 65 63 61 55 58 46 44 37 37 32 15 6 15
Leg
290
PGV
Segmentos de Via
480a
480b
490a
490b
490c
500 510 520 590a
590b
590c
590d
590e
590f 590g
1 3 3 3 3 3 3 1
2 1 1
1
1
3 1 1 1 1 1 1 1
1
1
4 3 3 3 3 3
5 1 1 1 1
1
6 2 2 2 2 2 2 2
2
2 2
7 3 3 3 3 3 3 3
3
3 3
3 3
8 3 3 3 3 3 3 3
3
3 3
9 1 1
1 1 1
1 1
1 1 1
10 2 2
2 2 2
2 2
2 2 2 2 2
11 1 1
1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
12
2 2 2
2
13 1
1 1 1 1 1 1 1
1 1 1
14 2
2 2 2 2 2 2 2
2 2 2
15 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1
16 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1
17 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3 3 3 3
18 1 1 1 1 1
1
1
1 1 1
19 2 2 2 2 2
2
2
2 2 2 2
20 2 2 2 2 2
2
2
2 2 2
21 2 2 2 2 2
2
2 2 2 2 2 2 2
22 1 1 1 1 1
1
1 1 1 1 1 1 1
23 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
24 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3
25 3 3 3 3 3
3 3 3 3 3 3 3
26 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1
27
1 1
1 1 1 1 1 1 1
28 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3 3
29 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
30
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
31
3 3 3
3 3 3 3 3 3 3 3
32
2
2 2 2 2 2 2 2
33
3 3 3 3 3 3 3
34 2
2 2
35a 1
1
1 1 1 1 1 1 1
35b 1
1 1
36
2 2 2 2 2 2 2
37
1 1 1 1 1 1 1
38
3 3 3 3 3 3
39
1 1
1 1 1 1 1 1 1 1
40
1 1 1
41
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
42
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
43
3 3 3 3 3
3 3
44
3 3 3 3 3
3 3
Total 54 48 63 66 64 42 43 28 67 38 40 48 52 69 66
Leg
291
ANEXO C
PLANILHA 4 – INDICE DA QUALIDADE DAS CALÇADAS - IQC
Logradouro Via Trecho
Segu-
rança
Manu-
tenção
Largura
efetiva
Seguri-
dade
Atrativida
de visual
Total
Classifi-
cação
R. Teixeira
Júnior
10
11 1 2 5 3 3 2,62 D
13 1 2 1 2 1 1,54 E
12 2 2 1 3 3 2,15 D
14 1 2 1 2 1 1,54 E
R. Gen. José
Cristino
20
21 3 2 2 2 1 2,13 D
23 1 2 1 3 3 1,94 E
25 2 2 2 2 3 2,12 D
22 3 2 2 2 3 2,33 D
24 2 2 2 2 3 2,12 D
R. Sen.
Alencar
30
31 1 2 1 2 1 1,54 E
33 1 2 1 3 2 1,84 E
32 3 4 4 3 3 3,53 C
34 3 2 3 2 3 2,5 D
36 2 3 3 3 3 2,82 D
R. Carneiro
de Campos
40
41 3 2 2 2 5 2,53 D
43 3 2 1 2 1 1,96 E
42 3 2 1 2 1 1,96 E
R. da
Liberdade
60
61 0 2 0 2 1 1,16 E
63 0 0 0 2 3 0,7 F
62 1 2 0 2 1 1,37 E
64 0 0 0 2 3 0,7 F
R. Gen.
Bruce
70
71 2 4 4 3 3 3,32 C
73 3 2 2 3 3 2,53 D
75 2 2 2 0 1 1,52 E
77 2 2 1 2 2 1,85 E
79 3 2 1 2 1 1,96 E
72 2 4 3 3 3 3,15 C
74 3 2 1 0 1 1,56 E
76 1 2 2 2 1 1,71 E
R. São Luiz
Gonzaga
80
81 2 2 2 3 2 2,22 D
83 2 2 1 3 3 2,15 D
85 3 4 1 4 4 3,32 C
82 3 3 3 3 3 3,03 C
84 2 2 2 2 3 2,12 D
86 3 4 1 4 4 3,32 C
Campo de
São
Cristóvão
90
91 3 2 1 4 5 2,76 D
93 3 3 2 2 1 2,46 D
92 1 1 2 2 3 1,58 E
94 3 3 2 3 4 2,96 D
96 2 2 3 3 3 2,49 D
98 2 3 4 3 3 2,99 D
R. Piraúba 100
101 2 4 3 3 4 3,25 C
102 2 4 3 3 4 3,25 C
R. Souza
Valente
110
111 3 2 3 3 2 2,6 D
112 3 2 1 3 2 2,26 D
292
Logradouro Via Trecho
Segu-
rança
Manu-
tenção
Largura
efetiva
Seguri-
dade
Atrativida
de visual
Total
Classifi-
cação
R. Antônio
Henrique de
Noronha
120
121 2 2 2 2 3 2,12 D
123 2 4 2 2 3 2,78 D
122 2 2 2 2 3 2,12 D
124 2 4 2 2 3 2,78 D
126 2 5 2 2 3 3,11 C
R. Lopes
Ferraz
130
131 2 2 2 4 5 2,72 D
132 2 2 2 4 5 2,72 D
R. Cadete
Ulisses Veiga
140
141 3 1 2 0 1 1,4 E
142 3 2 2 2 3 2,33 D
144 2 2 2 3 4 2,42 D
R. Mineira 150
151 4 5 4 2 3 3,87 C
153 0 2 0 2 5 1,56 E
152 0 2 0 0 1 0,76 F
R. Santa
Genoveva
160
161 3 4 1 5 5 3,62 C
162 3 4 1 5 5 3,62 C
164 3 4 1 5 5 3,62 C
R. Euclides
Cunha
170
171 2 2 1 2 3 1,95 E
172 2 4 4 2 3 3,12 C
R. Gerontia 180
181 3 4 1 5 5 3,62 C
182 3 4 1 5 5 3,62 C
R. Santa
Pastora
190
191 3 4 1 5 5 3,62 C
192 3 4 1 5 5 3,62 C
R. Lutécia 200
201 3 4 1 5 5 3,62 C
202 3 4 1 5 5 3,62 C
R. Três de
Janeiro
210
211 3 4 1 5 5 3,62 C
212 3 4 1 5 5 3,62 C
Av. Rotary
Internacional
220
221 3 4 4 2 5 3,53 C
222 3 2 1 0 5 1,96 E
224 3 1 4 2 5 2,54 D
Av. Pedro II 230
231 4 4 2 4 5 3,8 C
233 3 2 4 3 4 2,97 D
232 4 4 4 4 5 4,14 B
234 3 2 4 3 4 2,97 D
Av. Almirante
Baltazar
240
241 1 1 2 3 2 1,68 E
243 2 2 2 3 2 2,22 D
242 2 2 2 3 2 2,22 D
R. José
Eugênio
250
251 2 0 2 2 0 1,16 E
252 1 2 2 2 3 1,91 E
R. Sabino
Vieira
260
261 3 2 2 3 3 2,53 D
263 3 2 2 3 3 2,53 D
265 3 4 2 3 3 3,19 C
262 1 4 2 3 1 2,57 D
R. Catalão 270
271 3 3 2 3 3 2,86 D
272 3 2 2 3 3 2,53 D
R. Bela 280
281 1 2 2 3 2 2,01 D
282 2 2 1 3 2 2,05 D
293
Logradouro Via Trecho
Segu
-
rança
Manu
-
tenção
Largura
efetiva
Seguri
-
dade
Atrativida
de visual
Total
Classifi
-
cação
R. Escobar 290
291 0 3 1 0 0 1,16 E
293 1 2 2 2 2 1,81 E
292 3 4 1 2 1 2,62 D
294 2 2 3 3 2 2,39 D
296 2 2 2 3 1 2,12 D
298 1 2 2 2 2 1,81 E
R. Figueira
de Melo
300
301 1 2 2 2 1 1,71 E
303 1 2 2 2 1 1,71 E
305 1 2 2 2 1 1,71 E
302 1 2 2 2 1 1,71 E
304 1 2 2 2 1 1,71 E
Travessa Ida 310
311 0 2 0 3 3 1,56 E
312 2 0 1 3 3 1,49 E
R. Leonor
Porto
320
321 2 3 1 3 3 2,48 D
322 2 3 1 3 3 2,48 D
Rua A e Rua
B
330
331 5 2 0 3 4 2,71 D
333 5 2 0 3 3 2,61 D
332 5 2 0 3 4 2,71 D
334 5 2 0 3 3 2,61 D
R. Frolick 340
341 2 2 1 3 4 2,25 D
343 2 2 1 3 4 2,25 D
342 2 2 1 3 4 2,25 D
R. Faria
Braga
350
351 5 2 1 3 3 2,78 D
353 5 2 1 3 3 2,78 D
352 5 2 1 3 3 2,78 D
R. Esberard 360
361 2 2 1 3 1 1,95 E
362 3 3 2 3 1 2,66 D
R. General
Argolo
370
372 3 2 3 2 3 2,5 D
374 3 2 4 2 3 2,67 D
376 3 2 4 2 3 2,67 D
378 3 2 2 2 3 2,33 D
372-2 1 4 1 3 1 2,4 D
371 3 2 3 2 3 2,5 D
373 2 2 2 2 2 2,02 D
375 2 2 2 3 3 2,32 D
R. São
Januário
380
381 2 2 3 3 3 2,49 D
383 2 3 1 2 2 2,18 D
382 2 2 3 3 3 2,49 D
384 2 2 2 3 3 2,32 D
386 2 2 2 3 3 2,32 D
R. Coronel
Cabrita
390
391 1 2 2 2 3 1,91 E
393 2 2 2 2 3 2,12 D
392 2 2 1 2 3 1,95 E
394 2 2 1 2 3 1,95 E
396 2 2 2 2 3 2,12 D
R. da
Emancipação
400
401 3 2 3 3 3 2,7 D
402 3 2 2 3 3 2,53 D
294
Logradouro Via Trecho
Segu
-
rança
Manu
-
tenção
Largura
efetiva
Seguri
-
dade
Atrativida
de visual
Total
Classifi
-
cação
R. Fonseca
Teles
410
411 3 4 2 3 4 3,29 C
413 3 4 2 3 3 3,19 C
415 1 4 1 3 1 2,4 D
417 1 4 1 3 1 2,4 D
419 2 2 1 2 3 1,95 E
412 3 4 2 3 4 3,29 C
414 3 4 2 3 3 3,19 C
416 2 2 1 2 3 1,95 E
Travessa
Filgueiras
420
421 2 2 1 2 3 1,95 E
422 1 4 1 2 1 2,2 D
R. João
Ricardo
430
431 1 4 1 3 1 2,4 D
433 3 3 2 3 1 2,66 D
435 3 2 1 3 1 2,16 D
432 3 4 1 3 1 2,82 D
434 3 2 1 3 1 2,16 D
436 3 4 1 3 1 2,82 D
R. Dom
Meinrado
440
441 3 2 2 2 5 2,53 D
442 3 2 2 3 3 2,53 D
444 3 1 2 2 5 2,2 D
R. Chaves
Faria
450
451 2 4 1 3 1 2,61 D
453 2 2 1 3 4 2,25 D
455 3 4 1 3 3 3,02 C
452 2 4 1 3 3 2,81 D
R. São
Cristóvão
460
461 2 4 5 3 3 3,49 C
463 2 4 2 3 3 2,98 D
465 2 4 2 3 3 2,98 D
467 3 4 4 4 4 3,83 C
469 3 3 2 3 3 2,86 D
462 2 4 5 3 3 3,49 C
464 1 4 2 3 3 2,77 D
466 3 3 2 3 3 2,86 D
468 3 3 2 3 3 2,86 D
R. Gal.
Herculano
Gomes
470
471 3 5 4 4 5 4,26 B
472 3 2 0 0 5 1,79 E
R. do Parque
480
481 0 2 0 2 1 1,16 E
483 0 2 0 2 1 1,16 E
482 2 2 0 2 3 1,78 E
Av. do
Exército
490
491 2 2 2 3 3 2,32 D
493 2 2 2 3 3 2,32 D
495 3 1 3 3 5 2,57 D
492 2 2 2 3 3 2,32 D
494 3 1 3 3 5 2,57 D
R. Paula e
Silva
500
501 2 2 1 3 3 2,15 D
502 2 2 2 3 3 2,32 D
R. Sem
Nome
513 3 4 4 4 5 3,93 C
514 3 1 2 3 5 2,4 D
Pça.
Argentina
520
521 1 2 2 2 3 1,91 E
522 2 2 2 2 4 2,22 D
524 3 2 4 4 4 3,17 C
295
Logradouro Via Trecho
Segu
-
rança
Manu
-
tenção
Largura
efetiva
Seguri
-
dade
Atrativida
de visual
Total
Classifi
-
cação
Largo Pedro
Lobianco
540
540 3 5 5 4 5 4,43 B
Largo do
Vianna
550
551 2 2 1 2 3 1,95 E
552 1 3 4 2 3 2,58 D
Praça Pedro
II
560
561 1 4 4 4 3 3,31 C
563 2 4 4 4 3 3,52 C
562 3 4 4 4 3 3,73 C
564 1 4 4 4 3 3,31 C
566 2 4 4 4 3 3,52 C
R. Severo 570
571 3 4 1 5 5 3,62 C
573 3 4 1 5 5 3,62 C
572 3 4 1 5 5 3,62 C
Travessa F.
de Melo
580
581 5 1 1 3 4 2,55 D
582 5 1 1 3 4 2,55 D
Pavilhão de
São
Cristóvão
590 590 2 5 3 4 5 3,88 C
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