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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
DENSIDADES DE ESTOCAGEM PARA SISTEMA
INTENSIVO COM RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA NA
CRIAÇÃO DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei
(BOONE, 1931)
Orlando Couto Junior
Orientador: Prof. Dr. Julio Vicente Lombardi
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca – APTA - SAA, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo
de Mestre em Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Setembro - 2007
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
DENSIDADES DE ESTOCAGEM PARA SISTEMA
INTENSIVO COM RECIRCULAÇÃO DE ÁGUA NA
CRIAÇÃO DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei
(BOONE, 1931)
Orlando Couto Junior
Orientador: Prof. Dr. Julio Vicente Lombardi
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca do
Instituto de Pesca – APTA - SAA, como
parte dos requisitos para obtenção do titulo
de Mestre em Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Setembro – 2007
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação. Instituto de Pesca, São Paulo
693.3 Couto Junior, Orlando
Densidades de Estocagem para Sistema Intensivo com Recirculação de Água na
Criação do Camarão Litopenaeus vannamei (BOONE, 1931), São Paulo, Brasil /
Orlando Couto Junior – 2007
Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesca, Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento. - São Paulo, 2007.
Orientador: Julio Vicente Lombardi
Bibliografia f39 - 46
1. Camarão, Litopenaeus vannamei, sistema de recirculação, filtro biológico,
densidades de estocagem
C871d
Dedico esse trabalho à minha esposa Patricia
da Silva Sessa pela paciência, apoio e carinho
destinados nestes dois anos de trabalho, e aos
meus pais Orlando Couto e Neide de Almeida
Couto por todo carinho e atenção dedicados a
mim.
i
“Um dia é preciso parar de sonhar e, de algum modo, partir”.
Amir Klink, 1992
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Julio Vicente Lombardi pela orientação desta pesquisa, pelo
profissionalismo demonstrado ao longo dos trabalhos, pelas valiosas
sugestões que contribuíram para a minha formação científica, pela
paciência e amizade construída ao longo deste trabalho.
Ao Instituto de Pesca pela iniciativa de realizar o curso de Mestrado.
À Universidade Santa Cecília (UNISANTA) pela fundamental ajuda através
da concessão de uma bolsa de aperfeiçoamento, durante o período do
curso.
À Marina D. Rosa, na pessoa da Lirian que possibilitou a realização deste
experimento e o apoio logístico a todo projeto.
Ao Prof. Roberto Patella pelo incentivo e apoio durante a realização do
projeto, bem como para o desenvolvimento de minha carreira acadêmica.
Ao amigo Prof. Msc. João Marcos Miragaia Schmiegelow um grande
colaborador e incentivador para a realização deste mestrado.
Ao amigo Prof. Dr. Roberto Borges pela ajuda na reta final e sua valiosa
colaboração nesta pesquisa.
Ao amigo Prof Fábio Giordano pelo incentivo e apoio nesses anos todos
para a realização do mestrado.
Aos alunos do curso de Ciências Biológicas que participaram de todo o
processo de campo ao longo de 2006: mais uma vez muito obrigado.
iii
Aos amigos biólogos João Alberto, Lucilene Mendes e aos monitores do IX
Simpósio de Biologia Marinha, que entenderam minhas ausências durante o
ano de 2006.
A bióloga Laís Macedo Cordeiro pela ajuda na elaboração do esquema do
sistema de tanque e filtro.
Ao corpo de professores, em especial ao Prof. Cyro Ottoni, e aos
funcionários da Unisanta que contribuíram para a realização de todos os
créditos durante o ano letivo.
Aos meus amigos mestrandos, pois dividimos vários momentos de alegrias
durante o curso.
Aos meus familiares, que sempre apoiaram meu desenvolvimento
profissional.
A todos que, de alguma maneira, contribuíram para a realização desta
etapa em minha carreira profissional.
iv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 01
2. REVISÃO DE LITERATURA 05
2.1 Panorama da Aqüicultura Mundial e Nacional 05
2.2 Histórico da Carcinicultura no Brasil 07
2.2.1 Primeira Etapa 07
2.2.2 Segunda Etapa 08
2.2.3 Terceira Etapa 08
2.3 Sistemas de Cultivos adotados na Carcinicultura 09
2.3.1 Sistema Tradicional (Semi Intensivo) 09
2.3.2 Sistemas Alternativos 10
2.3.2.1 Tanques Rede 10
2.3.2.2.Sistemas Fechados com Recirculação de Água 11
2.4 Qualidade da Água em Sistemas de Cultivo 12
2.4.1 Oxigênio Dissolvido 12
2.4.2 pH 13
2.4.3 Amônia 14
2.4.4 Nitrito e Nitrato 15
2.4.5 Salinidade 16
2.4.6 Temperatura 17
3. METODOLOGIA 18
3.1 Caracterização do local de realização do experimento 18
3.2 Estrutura física 19
3.3 Aclimatação dos Organismos 23
3.4 Delineamento experimental 23
3.5 Alimentação 24
3.6 Tomada de Dados biométricos de Sobrevivência 25
3.7 Monitoramento das Variáveis Hidrológicas 26
3.8 Tratamento Estatístico dos Dados 27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 28
5 CONCLUSÕES 38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
v
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1
Densidades de estocagem utilizadas no
experimento com L.vannamei
23
Tabela 2
Variáveis físicas e químicas monitoradas durante o
experimento – Fase 01
29
Tabela 3
Variáveis físicas e químicas monitoradas durante o
experimento – Fase 02
29
Tabela 4
Médias do peso final para a Fase 01(90 dias de
cultivo em sistema fechado com L. vannamei)
32
Tabela 5
Médias do peso final para a Fase 02 (90 dias de
cultivo em sistema fechado com L. vannamei)
33
Tabela 6
Valores de sobrevivência (%) obtida no
experimento (cultivo em sistema fechado com L.
vannamei)
37
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1
Bateria de tanques experimentais 19
Figura 2
Vista dos tanques experimentais com cobertura de
tela de nylon
20
Figura 3
Disposição das telas de nylon “surfaces” dentro dos
tanques experimentais
20
Figura 4
Estufa tipo “green-house” construída para abrigo
dos tanques experimentais
21
Figura 5
Configuração esquemática do sistema de filtração
biológica
22
Figura 6
Vista do filtro biológico em funcionamento 22
Figura 7
Contagem das pós-larvas 24
Figura 8
Cobertura e “surfaces” afastadas durante os
procedimentos de biometrias
25
Figura 9
Tomada de peso de camarões de forma agrupada 26
Figura 10
Tomada de peso de camarões de forma individual 26
Figura 11
Efeito da densidade de estocagem sobre o
crescimento de L. vannamei em sistema de
recirculação fechada
34
Figura 12
Efeito da densidade de estocagem sobre o
crescimento de L. vannamei em sistema de
recirculação fechada
35
vii
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo testar o cultivo de camarões Litopenaeus
vannamei, em sistema intensivo, contendo recirculação e filtração biológica da
água. O experimento foi dividido em duas etapas: Fase 01 (temperaturas
amenas) e Fase 02 (temperaturas mais elevadas), com 90 dias de duração
para cada etapa. Antes da realização dos testes com densidades de
estocagem, uma fase preliminar de aclimatação foi realizada, consistindo na
manutenção de 5000 pós-larvas (PL
11
), em um tanque berçário de 310 litros,
por um período de 15 dias. Após esse período de adaptação, as pós-larvas
foram transferidas para os tanques experimentais, contendo 100 litros de água
do mar, respeitando-se as densidades de estocagem experimentais de 500,
1000 e 2000 camarões/m
3
(Fase 01) e 1000, 2000 e 4000 camarões/m
3
(Fase
02). O experimento foi conduzido com 4 réplicas simultâneas para cada
densidade testada. Os organismos foram alimentados com ração comercial
peletizada (40% de proteína bruta), oferecida três vezes ao dia, com base na
proporção corporal. O dados de crescimento em peso foram registrados
quinzenalmente e, ao final dos 90 dias, os índices de sobrevivência foram
calculados. Os resultados da primeira fase revelaram pesos médios finais de
0,70g – 0,90g - 0,80g e sobrevivências de 82,00% – 71,25% - 71,62%,
respectivamente para as densidades de 500 - 1000 - 2000 camarões/m
3
. Na
segunda fase, os resultados foram os seguintes: pesos médios finais de 1,37g
– 1,38g – 1,16g e sobrevivências de 64,00% – 71,37% – 60,56%,
respectivamente para as densidades de 1000 - 2000 - 4000 camarões/m
3
. Em
conclusão, o uso de filtração biológica mostrou ser eficiente para a manutenção
da boa qualidade da água no sistema de recirculação. Além disso, a densidade
de 4000 camarões/m
3
pareceu ser a mais adequada para a produção de
camarões de pequeno porte, nas mesmas condições do presente estudo,
levando-se em consideração os dados de crescimento, sobrevivência e número
de organismos teoricamente produzidos.
Palavras-chaves: Camarão, Litopenaeus vannamei, sistema de recirculação,
filtro biológico, densidades de estocagem
viii
ABSTRACT
The aim of the presente study was to test rearing the shrimp Litopenaues
vannamei, in closed system, with recirculation and biological filtration of water.
The experiment were carried out in two phases: Phase 01 (lower temperatures),
and Phase 02 (higher temperatures), during the period of 90 days for each
phase. Before testing stocking densities, a previous phase was developed for
acclimation shrimp, consisting of keeping 5000 postlarvae (PL
11
) in a nursery
tank of 310 liters, for a period of 15 days. Afterwards, postlarvae were
transferred for experimental tanks, with 100 liters of sea water, according to
experimental stoking densities of 500, 1000 and 2000 shimp/m
3
(Phase 01),
and 1000, 2000 and 4000 shimp/m
3
(Phase 02). The experiment was carried
out with 4 simultaneous replicates for each treatment of stocking density.
Shrimp were fed with commercail pellets (40% crude protein), supplied three
times a day, based on body proportion. Data of body weight were registered
every fortnight, and survivals were calculated at the end of the 90 days. The
results of the first phase showed final mean weights of 0.70g – 0.90g – 0.80g,
and survivals of 82.00% – 71.25% - 71.62%, for the stocking densities of 500 -
1000 - 2000 shrimp/m
3
, respectively. For the second phase, results were as
follow: final mean weights of 1.37g – 1.38g – 1.16g, and survivals of 64.00% –
71.37% – 60.56%, for the stocking densities of 1000 - 2000 - 4000 shrimp/m
3
,
respectively. In conclusion, the use of biological filtration showed being efficient
for the maintenance of good quality of water inside the recirculation system. In
addition, the stocking density of 4000 shrimp/m
3
seemed to be more suitable for
producing small shrimp, in the same conditions of the present study, taking into
account data of weight, survival and number of organisms theoretically
produced.
Key-words: shrimp, Litopenaeus vannamei, recirculating system, biological
filter, stocking densities
ix
1. INTRODUÇÃO
Aqüicultura é o processo de produção, em cativeiro, de organismos que
dependem da água para a realização total ou parcial de seu ciclo de vida, em
qualquer estágio de desenvolvimento. De acordo com a FAO (Food and
Agriculture Organization), três fatores caracterizam essa atividade: o organismo
produzido é aqüícola, existe um manejo visando à produção e a criação possui
um proprietário, isto é, não é um bem coletivo como são as populações
exploradas pela pesca (RANA, 1997). Nos últimos anos, essa atividade
adquiriu considerável crescimento nos países do 3º mundo, merecendo
especial destaque os empreendimentos que se dedicam ao cultivo de
camarões (carcinicultura).
Dentre as atividades de maricultura, a carcinicultura marinha ou cultivo
de camarões vem se expandindo de forma bastante acelerada em diversos
países litorâneos do Ocidente e do Oriente. Os camarões são responsáveis
pelo maior volume financeiro no comércio internacional de frutos do mar.
Atualmente, cerca de 30% de todo camarão consumido mundialmente é
cultivado e esse produto já domina, aproximadamente, 50% do comércio dos
maiores países consumidores, EUA e Japão (WAINBERG, 2000). Existem
mais de 250 espécies de camarões no mundo, mas somente 12 são
cultiváveis, todas da família Peneidae (JORY,2003). A espécie Litopenaeus
vannamei é a mais utilizada em operações de cultivo, em todo o mundo, desde
a década de 90.
A carcinicultura marinha vem sendo realizada em mais de 60 países.
Porém, a maior parte da produção concentra-se em apenas 15 nações da Ásia
e da América Latina. Desde 1992, 12 países vêm contribuindo com 95% da
produção de camarões. As maiores nações produtoras são Equador, Taiwan,
Indonésia, China e Tailândia. A Tailândia, nesses últimos anos, consagrou-se
como líder de produção mundial de camarões (JORY, 2003). Na última década,
a estimativa de produção anual do cultivo de camarões em países como
Taiwan, Filipinas, Indonésia e Tailândia foi de 20.000, 40.000, 80.000 e
220.000 toneladas, respectivamente (HONGKEO, 1997).
Entre 1975 e 1985 a produção mundial de camarões cresceu 300% e,
entre 1985 e 1995, esse crescimento foi de 250%. Na década situada entre
1995 a 2005 esperava-se um incremento de 200% no crescimento da produção
mundial (ROSEMBERRY, 2001). No entanto, segundo dados da FAO (2007), o
crescimento mundial para a produção de camarões, para o referido período, foi
de 101,82%, ficando bem abaixo das projeções estimadas anteriormente. Essa
desaceleração no crescimento pode ter sido influenciada, dentre outros fatores,
pelas limitações sobre as expansões das áreas ocupadas pela atividade.
No Brasil, a produção de camarão marinho foi iniciada na década de 70,
na região Nordeste, com a introdução da espécie exótica Marsupenaeus
japonicus. A carcinicultura brasileira, porém, começou a adquirir caráter tecno-
empresarial apenas no final da década de 80 (ROCHA, 1998). De acordo com
esse mesmo autor, as improvisações praticadas, até então, começaram a
ceder espaço ao profissionalismo e ao planejamento. GESTEIRA & PAIVA
(2003) destacaram, no ano de 2002, uma produção nacional de 60.128 t de
camarões cultivados, sendo a região do nordeste responsável por 96,5 %
dessa produção. Tal panorama já colocava, naquela ocasião, a carcinicultura
como uma das atividades mais expressivas na movimentação do mercado de
produtos oriundos da aqüicultura no Brasil.
2
Segundo LOMBARDI et al. (2006), o cultivo de camarões apresentava-
se em expansão nos últimos anos, especialmente em áreas tropicais. Estes
autores destacam o risco que essa atividade oferece, quando praticada sob o
sistema tradicional, pois muitas vezes, ocupa áreas costeiras, o que pode gerar
impactos ambientais, como destruição de extensas áreas de manguezais.
Conseqüentemente, a expansão da indústria dos camarões sofre suas
limitações.
Pesquisadores de diversas partes do mundo buscam a utilização de
estruturas e metodologias alternativas para o cultivo de camarões (VAN WYK,
1999; WASIELESKY, 2000 e LOMBARDI et al. 2006). Isso se deve,
principalmente, à diminuição da disponibilidade de áreas continentais, elevação
do custo da terra, redução dos custos operacionais, necessidade de
desenvolvimento de sistemas geradores de renda para as populações menos
favorecidas das zonas litorâneas e necessidade de minimização dos impactos
da carcinicultura sobre o meio ambiente.
BERVERIGE & MUIR (1996) apontam os sistemas de tanques-rede e
gaiolas como excelentes alternativas para a criação de organismos aquáticos,
dispensando a ocupação dos solos. Esse sistema já foi parcialmente testado
em diversos países com algumas espécies de camarões com interesse
comercial. (LI & CHEN 1987; AVAULT JR, 1988; SINHA & SENGUPTA, 1992;
ANGELL, 1993; RODRIGUEZ et al., 1993; SRIKRISHNADHAS &
SUNDARARAJ, 1993; SHAMUGAM et al., 1995; STUCK et al., 1996;
LOMBARDI et al. 2006).
Os cultivos em tanques-rede aparecem como uma alternativa para o
ingresso de pequenos produtores na carcinicultura, já que tais sistemas de
produção reduzem investimentos necessários para a implantação de unidades
de cultivo, aproveitam bem os recursos naturais dos ecossistemas costeiros,
não implicam em movimentação de terra, desmatamento ou abertura de
canais, permitem a economia de energia com a renovação de água e
possibilitam a obtenção de margens compensadoras de lucro. Todavia, o
3
sucesso deste tipo de tecnologia ainda depende do desenvolvimento de novas
pesquisas sobre o manejo mias adequado para esta alternativa de cultivo.
O sistema fechado, com recirculação de água, é outra alternativa
tecnológica estudada mais recentemente, a título de sugestão para o
desenvolvimento da carcinicultura em regiões que possuem carência de áreas
para a prática dessa atividade, em sistema tradicional, ou em tanques-rede. A
estrutura mais testada, até então, inclui tanques de alvenaria tipo “raceways”,
cobertos com estufa tipo “green-house” (VAN WYK,1999).
Para MCABEE et al., (2003), uma alternativa para minimizar a emissão
de efluente reside na utilização de cultivos onde se recircula, total ou
parcialmente, a água, através de biofiltros, a fim de se reduzir os níveis de
amônia decorrentes das fezes e dos resíduos de alimento.
Dentre os estudos sobre o sistema intensivo de produção de camarões,
destacam-se aqueles realizados por MOSS (1994), VAN RIJIN (1996),
KONGKEO (1997), BARBIERI (1998), VAN WYK (1999), HAMPER et al.
(2001), SAMOCHA et al. (2001), LIN et al. (2002), WEIRICH et al. (2002),
MCABEE et al. (2003), SEVILLA et al. (2004), BROWDY et al. (2005), LIANG et
al. (2005), GANDY et al. (2006) e ZARAIN et al. (2006).
O objetivo do presente estudo foi desenvolver uma tecnologia alternativa
para o cultivo de camarões, baseada em sistema fechado, com recirculação de
água e filtração biológica, a fim de estipular alguns parâmetros de manejo,
especialmente no tocante às densidades de estocagem mais adequadas.
4
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Panorama da Aqüicultura Mundial e Nacional
Segundo dados publicados pela Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura FAO (2007), no ano de 2005 foram produzidas
aproximadamente 140 milhões de toneladas de pescados no mundo (oriundas
tanto da pesca quanto da aqüicultura). A aqüicultura contribuiu com mais de 48
milhões de toneladas.
O desenvolvimento da aqüicultura exerce papel fundamental no
crescimento da produção mundial de pescados e, em conseqüência, na
produção de alimentos com alto nível protéico. A produção aqüícola brasileira,
entre 2000 e 2001, cresceu cerca de 19%, ou o equivalente a 16,6% em
receitas geradas (BORGHETTI et al., 2003).
Os peixes constituem o grupo mais importante da aqüicultura mundial,
sendo responsáveis por 52,5% da produção aqüícola. Os cultivos de algas,
entretanto, que já contribuíram com mais de 34% da produção, hoje
representam apenas 20% do total produzido; o restante é dividido entre
moluscos (24%) e crustáceos (4%) (VALENTI et al., 2000).
5
A produção de crustáceos alcançou um montante de 1.227.055t, na
década de 1990 a 2001, o que correspondeu a um aumento de 20% na
produção mundial (BORGUETTI, 2003). De acordo com informação da FAO
em 2007, a captura mundial de camarões marinhos foi de 2.843.020 toneladas,
enquanto que a produção mundial por aqüicultura foi de 1.292.476 toneladas.
Segundo BORGHETTI et al. (2003) a década de 90 foi de grandes
avanços para a aqüicultura mundial e especialmente para o Brasil. Foi nessa
década, por exemplo, que os cultivos do camarão branco do Pacifico,
Litopenaeus vannamei se popularizaram no país, fazendo com que a
carcinicultura se tornasse a modalidade de cultivo mais lucrativa da aqüicultura
nacional. No mesmo período, as capturas pesqueiras sofreram redução de
1,4%.
Segundo VALENTI et al. (2000) e BORGUETTI et al. (2003), o Brasil,
progressivamente, ganha posições no ranking internacional. Em 2001 ocupava
a 19ª posição em produção e a 13ª em receitas geradas. Essa colocação
representava um evidente progresso, mas o país ainda produzia menos que
lugares com condições climáticas ou disponibilidade de áreas e de água muito
menores, como, por exemplo, Nova Zelândia, Egito, Reino Unido e Canadá,
entre outros.
Segundo VALENTI et al. (2000), na década de 90, houve um amplo
domínio da região Sul na produção aqüícola brasileira. Apesar do clima menos
favorável que o existente em outras regiões, os três Estados do Sul produziram
o equivalente a 49,1% da produção nacional, seguida pelos Estados da Região
Nordeste (com 22,9%) e da Região Sudeste (18,9%). Já nas regiões Centro-
Oeste e Norte, a atividade esteve menos desenvolvida.
Pelo menos 64 espécies de organismos aquáticos são utilizadas,
comercial ou experimentalmente, na aqüicultura brasileira. Os peixes
6
constituem maioria absoluta em termos de número de ocorrência (51 espécies
cultivadas), seguidos pelos crustáceos (5), moluscos (4), répteis (2), anfíbios
(1) e algas (1) (VALENTI et al., 2000).
Durante o período de 1990 a 2001, o grupo que apresentou a maior taxa
de variação relativa de crescimento foi o dos moluscos (11.848%), seguido dos
crustáceos (1.457%), anfíbios e répteis (1.216%) e peixes (777%).
(BORGHETTI et al., 2003). De acordo com estes mesmos autores, a produção
e geração de receitas, a partir de 1996, revelaram que ocorreu um crescimento
gradativo para todos os grupos cultivados, com destaque para os cultivos de
crustáceos (basicamente camarões marinhos). Ainda com relação à criação de
crustáceos, houve um crescimento de mais de 20% nos últimos cinco anos da
década de 80, embora tenha ocorrido uma retração de cerca de 10% entre
1990-1996, devido, principalmente, às doenças virais e uma série de
problemas ambientais.
Dentre os crustáceos produzidos no mundo, o predomínio absoluto
recaiu sobre os camarões marinhos, com 64% (1,2 milhões de toneladas) da
produção. Em uma escala bem menor, estão os crustáceos de água doce
(principalmente lagostins e camarões), com 25,9% (514,4 mil toneladas) e os
caranguejos, que representam 8,3% (164,2 mil toneladas) da produção total
(BORGHETTI et al., 2003).
2.2. Histórico da Carcinicultura no Brasil
A evolução da carcinicultura no Brasil foi dividida em três etapas
segundo o Ministério da Agricultura e do abastecimento (MERCADO DA
PESCA, 2005).
2.2.1. Primeira etapa
O Brasil ensaiou seus primeiros passos na aqüicultura na década de 70,
com expectativa bastante promissora, em função da extensa costa marítima e
7
da grande variedade de espécies nativas. Entretanto, a prática do cultivo de
camarão, em termos empresariais, somente teve início nos anos 80, com o uso
da espécie exótica Marsupenaeus japonicus.
Em meados dessa década, ressentindo-se de pesquisas que
possibilitassem o alcance de uma produtividade economicamente aceitável e
ante a inaptidão dessa espécie às baixas salinidades, a carcinicultura brasileira
redirecionou seus objetivos para as espécies nativas Farfantepenaeus subtilis,
Litopenaeus schmitti, Farfantepenaeus brasiliensis e Farfantepenaeus
paulensis. Todavia, a baixa produtividade e a pouca lucratividade dessas
espécies provocaram a desativação e a reconversão, à salinas, de diversas
fazendas na região Nordeste. No Rio Grande do Norte, a área de cultivo foi
reduzida de 1000 ha para menos de 100 ha.
2.2.2. Segunda etapa
A segunda etapa iniciou-se no começo de 1993, quando foi decisiva a
opção pelo cultivo da espécie Litopenaeus vannamei. Esta espécie exótica
possuía capacidade de adaptação às mais variadas condições locais de cultivo,
o que contribuiu para elevá-la à categoria de principal espécie da carcinicultura
brasileira. O domínio do ciclo reprodutivo e da produção de pós-larvas resultou
em auto-suficiência e regularização de sua oferta, consolidou a tecnologia de
formação de plantéis em cativeiro e relegou ao passado a dependência das
importações, que constituíam veículos de introdução de doenças e que
ocasionavam irregularidades na oferta de pós-larvas, com reflexos negativos
no desempenho global da atividade.
Em contrapartida, a qualidade do alimento balanceado, que em passado
recente, representou um fator limitante para o aumento da produtividade dos
viveiros, hoje já revela uma sensível melhora. Com efeito, a melhor qualidade
das rações comerciais apresentava-se como decisiva para o crescente
aumento de produtividade dos empreendimentos camaroneiros nacionais, cuja
maioria já usa a tecnologia das bandejas-comedouros fixas, beneficiando-se da
significativa redução da quantidade de ração ofertada em relação ao peso final
dos camarões, além dos acréscimos nos ganhos social e ambiental.
8
2.2.3. Terceira etapa
A terceira etapa é aquela em que o país se encontra atualmente, após a
consolidação da tecnologia de reprodução e engorda, o alcance da auto-
suficiência na produção de pós-larvas, a oferta de uma ração de qualidade e o
despertar do setor produtivo para a importância da qualidade do produto final.
Essas condições projetam a carcinicultura marinha em direção ao
mercado externo, cujas condições de demanda e preço são altamente
favoráveis, com um potencial extraordinário de geração de divisas para o
desenvolvimento do país. A firme tendência de consolidação do setor em
condições técnica e economicamente viáveis e altamente lucrativas permite
vislumbrar, em curto prazo, a possibilidade de o Brasil se tornar um dos
principais produtores mundiais de camarão marinho cultivado, especialmente
quando os setores público e privado se unem em prol do desenvolvimento
sustentável do setor.
A carcinicultura ocupa áreas muito maiores por propriedade que a
piscicultura, desenvolvida primordialmente na Região Sul. Os sete Estados
(RN, CE, BA, PE, PB, PI e SE) que apresentaram as maiores áreas médias
cultivadas por propriedade são da Região Nordeste (VALENTI et al., 2000).
De acordo com SOUZA FILHO et al. (2003), aproximadamente 96% da
produção brasileira de camarão está concentrada na Região Nordeste; a
Região Sul representa 3% do total, impulsionada principalmente pelo Estado de
Santa Catarina.
2.3. Sistemas de cultivo adotados na carcinicultura
2.3.1 sistema tradicional (semi-intensivo)
De acordo com ANDREATTA & BELTRAME (2004), no sistema semi-
intensivo os viveiros possuem área de 1,0 a 10,0 ha. O uso de alimento artificial
(ração) é fundamental; no entanto, a produtividade natural ainda desempenha
um papel preponderante na alimentação dos camarões. Além disso, o uso de
9
aeradores é essencial para manter os níveis ideais de oxigênio dissolvido e as
taxas de renovação de água são bastante altas, variando de 5% a 20% por dia.
Os autores postulam que a densidade de estocagem nesse sistema varia de 6
a 20 camarões/m
2
. A produção pode variar de acordo com o número de
camarões e do aporte tecnológico aplicado e é possível que chegue a mais de
10 toneladas por ha/ano.
Para esse sistema, é necessária a construção de canais de
abastecimento e de escoamento de água. Os tanques possuem fundo e
paredes de terra e seu tamanho depende, basicamente, do formato e das
inclinações do terreno (ANDREATTA & BELTRAME, 2004). O investimento
inicial, considerado médio, exige pouca mão-de-obra especializada (ARANA,
2004).
2.3.2. Sistemas alternativos (intensivos)
2.3.2.1. Tanques-rede
A denominação de tanques-rede é empregada na aqüicultura com uso
de materiais que se comportem como uma rede na hora da colheita.
Geralmente são usadas redes de multifilamento de poliamida, sendo a malha
com ou sem nó. Outros materiais comumente usados e bastante resistentes
são as telas de aço galvanizado, revestidos de PVC, ou as telas de aço
inoxidável, trançadas no formato de alambrado, podendo apresentar
comportamento retrátil, como uma rede, dependendo da orientação em que
forem arrumadas na confecção dos tanques-rede. As suas laterais e o fundo
são constituídos por redes especiais, para promover a permanente renovação
da água (MENEZES & CAMIS, 2002).
Nesse tipo de estrutura, podemos destacar alguns trabalhos
desenvolvidos, como os de nutrição (MELO, 2003) e de desenvolvimento de
tecnologia de cultivo (LOMBARDI el al., 2002). Como o L. vannamei é uma
espécie exótica, esse sistema não é muito utilizado para fins comerciais no
10
Brasil. Pode-se citar, como exemplo, a existência de um único empreendimento
na Bahia e outro no estado do Rio de Janeiro.
2.3.2.2. Sistemas fechados, com recirculação de água
Esse modelo, nos últimos anos, vem ganhando destaque por permitir um
tratamento de água adequado, e por reduzir muito o impacto ao meio ambiente.
Segundo OGLE & LOTZ (2001) e VAN WYK et al. (2002), o sistema de
recirculação é composto por muitos detalhes estruturais: tanque para cultivo,
filtro para remoção dos sólidos, filtro biológico, sistema de aeração, bombas,
sistema de distribuição de água e sistema de drenagem. Segundo este último
autor, o sistema estrutural deverá estar bem dimensionado para garantir a
manutenção de uma boa qualidade da água durante o cultivo. Neste aspecto, a
eficiência dos filtros biológicos exerce grande influência no sucesso da
operação.
As vantagens dos sistemas de recirculação de água são as diminuições
dos efluentes lançados em ambientais naturais. Segundo ZELAYA et al. (2001),
o estudo mostra que as características químicas da água, após a passagem
nos filtros biológicos, melhoram muito quanto à concentração de amônia e
valores de pH.
A filtração biológica é o processo pelo qual se possibilita a conversão da
amônia, primeiramente, em nitrito e, em seguida, em nitrato. Esse processo
também chamado nitrificação, é feito em um biofiltro. Tal estrutura geralmente
constituída de um substrato sólido poroso (cascalho de conchas, seixos
rolados, etc.) contido em um recipiente, recebe a circulação da água
proveniente dos tanques de cultivo, proporcionando, em seguida, o retorno da
mesma, livre da contaminação por elementos nitrogenados. O bom
funcionamento desse sistema está diretamente relacionado ao correto
dimensionamento do biofiltro e à facilidade de sua manutenção (VAN WYK,
2002).
11
Dentre os estudos focados no sistema intensivo destacam-se aqueles
realizados por MOSS (1994), VAN RIJIN (1996), KONGKEO (1997), BARBIERI
(1998), VAN WYK (1999), HAMPER et al. (2001), SAMOCHA et al. (2001), LYN
(2002), WEIRICH et al. (2002), MCABEE et al. (2003), SEVILLA et al. (2004),
BROWDY et al. (2005), LIANG et al. (2005), e ZARAIN et al. (2006). Dos
estudos realizados sobre o uso de filtros biológicos em sistemas intensivos de
recirculação, destacam-se aqueles realizados por WANG (1990), JONES et al.
(2002), TACON et al. (2002), JIMÉNEZ et al. (2003), LIN et al. (2003),
MARTINEZ-CORDOVA et al. (2003), SCARPA et al. (2006) EBELING et al.
(2007). Outras abordagens sobre a qualidade da água neste tipo de sistema
foram feitas por ARGUE et al. (2001), ZELAYA et al. (2001), BOYD et al.
(2002), SEVILLA et al. (2004), JUNIOR et al. (2005), CAMPOS et al. (2007),
GÓMEZ-JIMENEZ et al. (2005), BARAJAS et al. (2006), e para nutrição:
CUZON et al. (2004), D’ABRAMO et al. (2006) e SANTOS et al. (2007).
2.4. Qualidade da água em sistemas de cultivo
Diversas variáveis recebem recomendação para o monitoramento da
qualidade da água nas operações de cultivo. A seguir, são descritas aquelas de
maior importância:
2.4.1. Oxigênio Dissolvido
O oxigênio dissolvido é a variável mais importante da aqüicultura, razão
pela qual se faz necessário saber dos fatores que afetam a concentração de
oxigênio na água (BOYD, 2002).
De acordo com KUBTIZA (2003), em uma produção intensiva com
recirculação de água é necessária uma aeração ininterrupta durante todo o
período de cultivo ou nas fases de alta biomassa e de elevadas taxas de
alimentação. Podem-se identificar os consumidores principais de oxigênio
12
como a biomassa, a matéria orgânica (DBO) e o biofiltro, sendo que cada um
destes apresenta funções influenciadas por fatores físicos e biológicos.
Segundo BOYD (2002), concentrações abaixo de 1mg/L podem ser letais,
se a exposição durar mais de que poucas horas. Já nas concentrações entre 1
e 5 mg/L, o crescimento será lento, se a exposição for contínua. Este mesmo
autor afirma que concentrações acima de 5 mg/L constituem as melhores
condições para o bom crescimento e, valores acima do citado, normalmente
não ocasionam problemas, porém podem ser prejudiciais, se as condições de
supersaturação persistirem em toda a extensão do volume do viveiro.
Segundo RIBEIRO (2001), o oxigênio é o gás mais importante para os
organismos aquáticos. Dentro do ecossistema aquático esse gás é consumido
através da decomposição de matéria orgânica e oxidação de íons metálicos,
como ferro e manganês. A concentração de O
2
dissolvido na água varia
continuamente durante o dia, devido aos processos físicos, químicos e
biológicos.
Os fatores que afetam a solubilidade do oxigênio na água são temperatura,
pressão atmosférica e salinidade. A dissolução do oxigênio na água se
relaciona de forma inversa com a temperatura e a salinidade e de forma direta
com a pressão atmosférica (RIBEIRO, 2001).
2.4.2. pH
O termo pH se refere à concentração de íons de hidrogênio na água,
indicando quão ácida ou básica ela está. Para propósitos práticos, a água que
tem pH 7 não é considerada ácida nem básica, mas neutra. A escala do pH
varia de 0 a 14, sendo que quanto mais se distancia do número 7, para cima ou
para baixo, a água será mais básica ou mais ácida, respectivamente
(BOYD,2002).
13
Valores muito baixos de pH, além de estressarem os camarões
aumentam a incidência de animais com a casca mole (“soft shell”) (BARBIERI,
2001). Segundo VAN WYK (2002), os valores de pH na faixa de 7 a 9 são
considerados normais para o cultivo de camarões. O camarão L. vannamei
suporta variações de pH muito maiores que isso, (KUBTIZA, 2003). Para BOYD
(2002), a faixa de pH para um crescimento ideal de camarões está entre 6 a 9.
Em viveiros de criação, no sistema tradicional, esses valores podem sofrer
variações bruscas ao longo do dia, como conseqüência do metabolismo da
comunidade fitoplanctônica. As águas salobras e estuarinas, usadas no
abastecimento das fazendas de camarões, porém, são geralmente bem
tamponadas, o que faz com que o pH raramente fique inferior a 6,5 ou supere
9,0.
2.4.3. Amônia
O principal produto e excreção dos organismos aquáticos é a amônia,
composto resultante do catabolismo das proteínas (CAMPBELL, 1973). De
acordo com WHIURMANN & WORKER (1948), a forma não ionizada (NH
3
) é a
mais tóxica para os organismos aquáticos.
A amônia entra no sistema através do metabolismo dos camarões e pela
degradação da ração não consumida. Por isso, recomenda-se a retirada do
material sólido da água e a limpeza do filtro de sólidos, periodicamente,
evitando-se o início da decomposição desse material orgânico (KUBITZA,
2003).
A amônia é encontrada na água na forma de NH
3
(amônia) e de NH
4
(íon
amônio). O primeiro é altamente tóxico, pois consegue se difundir através das
membranas celulares nas brânquias de peixes e camarões, ocorrendo no
tanque de acordo com o pH e a temperatura. O segundo íon, amônio,
apresenta maior tamanho molecular, pela presença de um íon hidrogênio a
mais do que a amônia, além de possuir carga em sua molécula, características
14
que fazem com que essa forma de amônia não consiga atravessar as
membranas celulares por simples difusão, sendo assim, pouco tóxica aos
camarões e peixes (KUBITZA, 2003).
Para um bom desempenho do sistema intensivo, é necessária a
manutenção de valores baixos na concentração de amônia, para que não haja
limitação do crescimento dos camarões (LIN et al., 2002).
Segundo JIANG YU & ZHOU (2004), valores elevados de concentração
de amônia podem contribuir para a baixa no sistema de imunidade, reduzindo
as chances de sobrevivência dos camarões.
2.4.4. Nitrito e Nitrato
O nitrito (NO
2
-
) é a forma ionizada do ácido nitroso (HNO
2
). A reação de
ionização desse composto, segundo COLT & ARMSTRONG (1981), se
expressa como segue:
HNO
2
H
+
+ NO
2
-
Segundo BOYD (1979), o nitrito é um composto intermediário do
processo de nitrificação, em que a amônia é transformada (oxidada) por
bactérias nitrossomonas :
NH
4
+
+ 3 O
2
NO
2
-
+ H
2
O + 2H
+
2
O nitrato (NO
3
-
) é resultante de um processo de oxidação que ocorre a
partir do nitrito, realizado por bactérias do gênero nitrobacter:
NO
2
-
+ ½ O
2
NO
3
-
O nitrito pode ser estressante para os peixes na concentração de 0,1
ppm (KUBITZA, 2003). Com uma concentração de 0,5 ppm, é possível que o
sangue adquira uma cor chocolate, conhecida como doença do sangue
marrom. Essa mudança se deve, provavelmente, à concentração de ácido
nitroso que oxida o íon ferroso da hemoglobina, formando a metahemoglobina,
15
que não é capaz de transportar o oxigênio, e, por isso, mata os peixes por
asfixia.
A toxidez por nitrito não se configura como um problema tão sério para
os camarões como é para os peixes, devido ao fato de que o sangue dos
camarões contém hemocianina, ao invés da hemoglobina, como pigmento
transportador de oxigênio. Outro fator importante é que a água nos viveiros de
cultivo de camarões marinhos geralmente contém altas concentrações de íons
cloreto, que competem com o nitrito pelos receptores localizados nas células
branquiais, reduzindo a absorção do nitrito (KUBITZA, 2003).
2.4.5. Salinidade
A salinidade é definida como a concentração total de íons dissolvidos na
água. Freqüentemente, expressa-se em miligramas por litro (mg/L). Entretanto,
na aqüicultura, é mais conveniente expressá-la em partes por mil (ppt ou 0/00)
(BOYD, 2002).
O camarão-branco, Litopenaeus vannamei, se desenvolve melhor em
salinidades entre 15 e 25ppt, porém, apresenta uma grande tolerância às
variações desse parâmetro. Em alguns locais, inclusive, já se cultiva esse
camarão até em água completamente doce. Mas, para que isso seja viável, os
animais devem passar por um processo de redução gradual da salinidade
(aclimatação), de modo que seu organismo consiga promover um equilíbrio
osmótico. Isso não significa, porém, que a variação de salinidade, em alguns
casos específicos, não possa vir a prejudicar os cultivos. Por exemplo, se a
redução da salinidade ocorrer rapidamente e estiver associada a valores
reduzidos de pH, os camarões podem ser negativamente afetados (BARBIERI
& NETO, 2001).
O processo de muda (ecdise) em salinidades extremas (maiores que
48ppt ou menores que 5ppt) leva mais tempo e consome mais energia para
16
regularizar a concentração osmótica da hemolinfa. Esse aumento do período
entre mudas prejudica o armazenamento de reservas energéticas e
nutricionais, além de proporcionar uma maior exposição do animal a
predadores e ao canibalismo (BARBIERI, 2001).
2.4.6. Temperatura
Espécies cultivadas em águas tropicais crescem melhor em
temperaturas de 25ºC a 32ºC. A temperatura possui um pronunciado efeito nos
processos químicos e biológicos. Em geral, o ritmo das reações químicas e
biológicas dobra com cada 10ºC de aumento de temperatura na água. Isso
significa, que organismos aquáticos, num ambiente de 30º C, usam até duas
vezes mais a quantidade de oxigênio dissolvido consumida no mesmo
ambiente de 20º C (BOYD, 2002).
17
3. METODOLOGIA
3.1. Caracterização do local de realização do experimento
O experimento foi realizado na Marina D. Rosa, no litoral Sul do Estado
de São Paulo, município de São Vicente (Latitude S 23º 57’ 35’’ – Longitude W
46º 23’ 15’’).
O clima local, segundo a classificação de Koppen, enquadra-se nas
categorias AF, clima tropical úmido, sem estação seca, sendo a temperatura
média do mês mais quente superior a 18º C, categoria esta que domina toda a
região do Litoral Paulista. Ao mesmo tempo, o clima local também pode ser
considerado CFA, clima mesotérmico úmido sem estiagem, em que a
temperatura média do mês mais quente é superior a 22º C, apresentando, no
mês mais seco, precipitações pluviométricas superiores a 30 mm.
A região está abaixo do Trópico de Capricórnio. Com isso, a temperatura
possui um regime com bruscas variações, chegando a apresentar máximas de
38,5º C e mínimas inferiores a 10º C.
As chuvas ocorrem com maiores intensidades nos meses de janeiro a
março, com variações entre 2.000 e 2.500 mm anuais. A região classifica-se
18
como "Muito Chuvosa”, o que faz com que a umidade relativa seja bastante
elevada, apresentando médias anuais superiores a 80%. Nela predominam os
ventos Sul e Sudeste, atribuídos aos efeitos da brisa marítima. Os ventos de
Noroeste são os menos freqüentes.
3.2. Estrutura física
No experimento, foram utilizados 13 tanques de PVC, divididos em 1
tanque para berçário e 12 tanques para testes com as densidades de
estocagem (Figura 1). O tanque berçário possuía 310 litros de capacidade, com
diâmetro total de 1,2m e profundidade de 90 cm. Os tanques experimentais
possuíam 150 litros de capacidade, com diâmetro de 0,8m com profundidade
de 55 cm. O volume de água utilizado nos tanques experimentais foi
estabelecido em 100 litros. Os tanques experimentais permaneceram
freqüentemente cobertos com telas de nylon (Figura 2), que serviam para evitar
o escape dos camarões e a entrada de organismos indesejáveis, como
caranguejos. Tiras retangulares de telas de nylon foram, ainda, fixadas
verticalmente dentro dos tanques experimentais, para que os organismos
pudessem utilizá-las como substrato complementar na coluna d’água (Figura
3).
Figura 1 – Bateria de tanques experimentais
19
Figura 2 – Vista dos tanques experimentais com cobertura de tela de nylon
Figura 3 – Disposição das telas de nylon “surfaces” dentro dos tanques
experimentais
A área total destinada para o experimento foi de 70 m
2
, da qual se
ocupou 27m
2
com a instalação de uma estufa tipo “green house” para
cobertura dos tanques-experimentais (Figura 4). A estufa foi construída
próxima a uma área de manguezal, entre dois bosques de bambu e um galpão
de embarcações. Isso se deu para proteção contra os ventos que atingem a
região com a entrada de frentes frias e com a pretensão de evitar altas
oscilações de temperatura dentro dos tanques.
20
Figura 4 – Estufa tipo “green-house” construída para abrigo dos tanques
experimentais
Um aparato de filtração biológica (Figuras 5 e 6) foi acoplado a cada
tanque, como o objetivo de promover a redução dos elementos nitrogenados
produzidos a partir de excretas metabólicos dos organismos. Construiu-se o
elemento filtrante de cascalho de conchas, cujo volume foi estabelecido em
25% do volume de água dos tanques experimentais. A passagem de água pelo
sistema se estabeleceu em valores médios de 0,05 Litros/s.
21
g
f
e
d
c
a
Figura 5 – Configuração esquemática do sistema de filtração biológica a)
entrada de água no filtro; b) filtro; c) mangueira; d) saída de
água do filtro (retorno para o tanque); e) tanque; f) bomba
submersa; g) região do cascalho no interior do filtro.
Figura 6 – Vista do filtro biológico em funcionamento
22
3.3. Aclimatação dos organismos
Pós-larvas de Litopenaeus vannamei (PL
11
- 0,003g de peso médio
inicial) foram compradas do laboratório de larvicultura Aquatec, localizado em
Canguaretama-RN. A remessa das pós-larvas foi dividida em dois lotes de
5.000 unidades a fim de desenvolver, separadamente, as duas fases que
integraram o presente estudo (vide item 3.4). Ao chegarem ao local do
experimento, os organismos seguiram um protocolo de aclimatação dentro do
tanque berçário, que consistiu na mistura gradativa da água de origem com a
água de destino. Esse processo teve a duração de 01h30minh e promoveu a
equalização das variáveis de temperatura, salinidade, pH e oxigênio dissolvido.
Após esse procedimento inicial, os organismos permaneceram no
tanque berçários por um período de 15 dias para que pudessem se adaptar às
condições de manejo experimental, principalmente no tocante à qualidade de
água e ao tipo de alimento. Forneceu-se ração peletizada PL 40-GUABI
®
(40%
de proteína bruta) aos organismos, em três porções diárias. A quantidade de
alimento foi inicialmente estabelecida "ad libitum" e regulada de acordo com as
sobras observadas na ocasião das sifonagens diárias realizadas para limpeza
do fundo do tanque.
3.4. Delineamento experimental
O experimento foi desenvolvido em duas fases: Fase 01- “temperaturas
amenas” (23/06 a 18/09/2006) e Fase 02 – “temperaturas mais elevadas”
(19/09 a 20/12/06). Três tratamentos experimentais (densidades de estocagem)
foram testados em ambas as fases (Tabela 01). Quatro réplicas foram
conduzidas simultaneamente para cada tratamento, totalizando 12 tanques
experimentais em cada fase.
23
Tabela 01 – Densidades de estocagem utilizadas no experimento com L.
vannamei em sistema de cultivo com recirculação de água.
Densidades (Camarões/m
3
)
Fase 01 Fase 02
500 1000
1000 2000
2000 4000
O povoamento dos tanques experimentais foi realizado através da
transferência das pós-larvas previamente aclimatadas no tanque berçário (peso
médio = 0,003g) (Figura 7). Este procedimento considerou a contagem de
indivíduos um a um, seguida da sua introdução nos tanques experimentais, de
forma inteiramente casualizada (associação por sorteio).
Figura 7 - Contagem das pós-larvas
3.5. Alimentação
O alimento fornecido aos organismos foi o mesmo descrito
anteriormente para a fase de berçário, cujas quantidades foram calculadas com
base na proporção corpórea, correspondendo a 25% da biomassa total de cada
tanque ao dia, no início do experimento, reduzindo-se a 15% a partir da
segunda biometria. Esta redução na proporção foi orientada pela constatação
de sobras de ração no fundo dos tanques.
24
A alimentação foi fornecida em três períodos ao longo de cada dia: a
primeira porção era oferecida no início da manhã (07h30min), a segunda
porção às 12h30min e a última às 17h00min.
O excedente de ração e outros resíduos no fundo dos tanques eram
removidos através de três sifonagens diárias.
3.6. Tomada de dados biométricos e de sobrevivência
O crescimento dos organismos foi monitorado através de biometrias
(tomadas de peso) quinzenais, cuja amostragem abrangeu 10% dos
organismos povoados inicialmente em cada tratamento. No encerramento do
experimento, os organismos foram contados um a um para o cálculo do índice
de sobrevivência.
Para a realização das biometrias, inicialmente afastaram-se as telas de
cobertura de cada tanque e, posteriormente, afastaram-se as telas verticais
“surfaces (Figura 8). Este procedimento foi feito de maneira bastante sutil,
para evitar que os organismos se estressassem durante a operação.
Figura 8 – Cobertura e “surfaces” afastadas durante os procedimentos de
biometrias
25
Os camarões seguiam para tomada de peso, em balança digital com
0,01 g de capacidade, acondicionados em copos plásticos contendo água, cuja
“tara” era descontada do registro de peso final. Ao início do experimento, os
organismos eram pesados de forma agrupada (Figura 9), com posterior divisão
do valor para obtenção do peso médio individual. A partir do crescimento dos
mesmos, o acondicionamento passou a ser feito de forma individual (Figura10).
Após a realização das biometrias, os camarões eram aclimatados em canecas
plásticas e devolvidos aos respectivos tanques experimentais.
Figura 9 – Tomada de peso de camarões de forma agrupada
Figura 10 – Tomada de peso de camarões de forma individual
26
3.7. Monitoramento das variáveis hidrológicas
Diariamente, tomaram-se os dados de temperatura do ar, através de um
termômetro de máxima e mínima, instalado dentro da estufa. Também,
diariamente, com dupla freqüência (manhã e tarde), tomaram-se os dados de
temperatura da água (através de sonda digital) e oxigênio dissolvido (mg/L e %
saturação), através de oxímetro digital. Os valores de salinidade, foram obtidos
através de um densímetro-refratômetro. Os valores de pH foram registrados,
uma vez ao dia, através de um potenciômetro digital. As variáveis hidrológicas
como amônia total (NH
4
) e nitrito, foram medidas, semanalmente, através de
kits colorimétricos da Alcon® e da Merck®. Os valores de amônia não ionizada
(NH
3
) foram calculados, a partir da transformação proposta por BOWER
(1978).
3.8. Tratamento estatístico dos dados
Os dados brutos foram organizados em planilhas eletrônicas para o
cálculo das médias quinzenais, para cada réplica experimental, no tocante às
variáveis hidrológicas, bem como aos dados de crescimento dos organismos.
Os valores de peso médio quinzenal foram ajustados por regressão não
linear, a uma função exponencial (y=ae
bx
). A utilização do software “Curve
Expert 1.37” (HYANS, 2001) possibilitou a plotação gráfica dos dados de
crescimento, além dos cálculos das respectivas equações de ajuste.
As médias de crescimento, bem como os índices de sobrevivência,
obtidos ao final de 90 dias de cada fase experimental, foram comparadas entre
os diversos tratamentos de densidade, utilizando análise de variância e o teste
de Tukey (ZAR,1999).
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As tabelas 2 e 3 registram os dados das variáveis físicas e químicas
monitoradas durante as duas fases experimentais. Em ambas as fases, estas
variáveis seguiram um padrão bem semelhante, exceto para a temperatura,
que foi mais elevada na Fase 02, enquadrando-se de forma mais adequada ao
crescimento dos organismos. Todas as demais variáveis estiveram dentro das
faixas comumente recomendadas para a manutenção de camarões em sistema
de cultivo (LAWRENCE et al. 1985). A ausência de diferença estatística entre
os dados, nas duas fases, denota que a qualidade da água não sofreu qualquer
interferência relacionada às densidades de estocagem testadas.
Em uma análise geral, pode-se afirmar que o sistema de filtração
biológica foi bastante eficiente, mantendo os compostos nitrogenados (amônia
e nitrito) em níveis bastante baixos. Além disso, o sistema foi bem adequado
para evitar grandes oscilações dos níveis de pH, assim como para a
manutenção do oxigênio dissolvido sempre acima dos 80% de saturação.
28
Tabela 02 - Variáveis físicas e químicas monitoradas durante o experimento –
Fase 01 (cultivo em sistema fechado com L. vannamei)
Densidades
(camarões/m
3
)
NH
4
(mg/L)
NH
3
(mg/L)
NO
2
(mg/L)
pH OD
(mg/L)
OD
(% sat)
Salinidade
ppt
Temp.
(
o
C)
500 0,29±0,02 0,004 0,21±0,03 7,57±0,01 6,71±0,09 96,07±0,66 35,21±0,60 21,53±0,21
1000 0,29±0,06 0,004 0,42±0,11 7,54±0,02 6,56±0,14 94,30±1,88 35,55±0,32 21,51±0,17
2000 0,42±0,05 0,006 0,64±0,13 7,57±0,05 6,51±0,10 93,36±1,00 35,53±0,23 21,79±0,58
Tabela 03: Variáveis físicas e químicas monitoradas durante o experimento –
Fase 02 (cultivo em sistema fechado com L. vannamei)
Densidades
(camarões/m
3
)
NH
4
(mg/L)
NH
3
(mg/L)
NO
2
(mg/L)
pH OD
(mg/L)
OD
(% sat)
Salinidade
ppt
Temp.
(
o
C)
1000 0,32± 0,12 0,006 0,47±0,31 7,57±0,12 6,23±0,32 86,17± 3,54 36,51±0,61 25,73±1,02
2000 0,27±0,27 0,004 0,55±0,41 7,50±0,21 6,06±0,30 84,32±3,30 36,55±0,58 23,56±1,15
4000 0,34±0,14 0,006 0,71±0,60 7,60±0,06 5,21±0,34 81,26±3,76 36,73±0,56 24,89±1,22
VELASCO et al. (2001) mencionam a importância do manejo da
qualidade da água para a obtenção de sucesso nas operações de cultivo
super-intensivo, especialmente quanto ao controle dos elementos
nitrogenados. FANG & SHEEN (2005) reportaram valores de amônia total
(NH
4
) variando entre 0,31 a 0,60 m/L, para cultivo de camarões em sistemas
intensivos, com densidades de estocagem variando de 250 a 1250
camarões/m
3
. Esses resultados foram bastante semelhantes aos observados
no presente estudo, cujos valores (mínimo e máximo) foram de 0,27 mg/L e
0,42 mg/L, para ambas as fases e densidades testadas.
Teores de amônia total, superiores àqueles observados no presente
trabalho, foram reportados em outros dois estudos realizados por JIMÉNEZ &
29
BALCAZAR (2003) e SEVILLA et al. (2004), cujos sistemas de filtração
biológica mantiveram valores médios na faixa de 0,38 mg/L, para densidade de
582 camarões/m
3
e de 0,21 a 1,39 mg/L, para densidade de 395 camarões/m
3
.
Ainda em outro estudo realizado por ARGUE et al. (2001), as
concentrações de amônia variaram de 0,05 mg/L a 1,6 mg/L, para as
densidades de 80 a 100 camarões/m
3
, bem inferiores àquelas observadas no
presente trabalho.
A eficiência do uso de filtração biológica para eliminação de elementos
nitrogenados também foi destacada no trabalho realizado por JONES et al.
(2002), que utilizaram substrato vivo no filtro (macroalgas e ostras) e
observaram uma redução em 35% das concentrações iniciais de amônia no
sistema. Da mesma forma, no experimento realizado por FARIAS et al. (2005),
os autores observaram a redução nas concentrações de amônia da ordem de
25,7%, após a sedimentação do material particulado, de 95,6%, após a
filtragem pelas ostras, e de 97,8%, após o tratamento com algas. Esse
tratamento, no entanto, não demonstrou ser eficiente na eliminação dos altos
teores de nitrito (NO
2
) observados pelos mesmos autores (11,02 mg/L), valores
estes, bastante superiores aos observados no presente estudo (0,21 a
0,71mg/L). Ainda com relação às concentrações de nitrito no sistema, TACON
et al. (2002) observaram valores de 0,1 mg/L trabalhando com densidades de
60 a 70 camarões/m
3
.
O sistema de filtro biológico, à base de cascalho de conchas, utilizado no
presente estudo, só foi menos eficiente na remoção de elementos nitrogenados
(especialmente amônia), quando comparado com outros trabalhos realizados
com filtros à base de organismos vivos (ostras e algas). Além destes, nenhum
outro trabalho reportou rendimento superior ao observado no presente
experimento. A suposição para explicação desta diferença é que os
organismos vivos, particularmente as algas, possuem capacidade de assimilar
a amônia presente no ambiente. Todavia, as bactérias “nitrobacter”, associadas
ao cascalho, conferem ao sistema uma excelente capacidade de oxidação do
30
nitrito, transformando-o em nitrato. Isto pode ser enfatizado como um
diferencial do filtro biológico utilizado no presente estudo.
Com relação aos valores de pH, como mencionado anteriormente, o
sistema de filtração biológica funcionou como uma excelente ferramenta de
tamponamento, impedindo altas oscilações para essa variável (7,50 – 7,60).
Este efeito tampão pode ter sido proporcionado pelo elemento filtrante,
constituído à base de cascalho de conchas (carbonato de cálcio). No
experimento realizado por KRUMMENAEUR et al. (2006), com densidades de
300 camarões/m
3
, os valores de pH sofreram maiores oscilações (5,1 - 8,0).
TACON et al. (2002) também utilizaram filtração biológica nos seus
experimentos, com densidade de 20 camarões/m
3
. Os valores de pH, porém,
sofreram oscilações ainda maiores (6 a 9).
A manutenção dos níveis ideais de oxigenação dentro dos tanques
experimentais também foi bastante eficiente, verificando-se, para todos os
tratamentos, pequenas variações na faixa de Oxigênio dissolvido (O.D.), sendo
observados valores médios de 6,51 a 6,71 mg/L, para a Fase 01, e de 5,21 a
6,23 mg/L, para a Fase 02. Segundo RIBEIRO (2001), essa boa condição de
oxigenação, no entanto, geralmente não é observada em sistema tradicional de
cultivo, cujo decréscimo de 4,32 mg/L de O.D.
pode acontecer em apenas 12
horas, especialmente à noite.
No que concerne aos parâmetros de temperatura, segundo SANTOS et
al. (2007), a variação considerada ideal para o cultivo de organismos aquáticos,
na zona tropical, deve ficar dentro da faixa de 26º C a 30º C. Valores estes,
superiores àqueles observados no presente experimento, seja na época mais
fria (Fase 01), seja na época mais quente (Fase 02).
CUZON et al. (2004), citam que pós-larvas de L. vannamei são sensíveis
a uma variação de temperatura além das faixas de 23ºC a 27º C. Tomando-se
isto como parâmetro, podemos dizer que o presente estudo foi realizado em
condições bastante próximas à faixa mínima ideal, principalmente a Fase 02.
31
GONG et al., (2004) obtiveram, em seu trabalho, valor médio de
temperatura (26ºC – 31ºC) que se encontra fora da faixa de variação dos
parâmetros recomendados para cultivos de espécies tropicais. Já, MARTINEZ-
CORDOVA et al. (2003) também observaram faixas de temperatura fora dos
padrões aceitáveis na realização do seu estudo. Os mesmos autores, ainda,
citam que tais valores, permanecendo por muito tempo no ambiente de cultivo,
podem influenciar negativamente o crescimento e a alimentação da espécie.
Desse modo, pode-se presumir que os valores de temperatura, observados na
Fase 01 do presente trabalho, tenham interferido de forma negativa no
crescimento dos organismos.
As tabelas 4 e 5 reportam os valores médios de crescimento, obtidos
para os tratamentos de densidades de estocagem nas duas fases
experimentais. Os valores de peso para os tratamentos da Fase 02 foram
maiores que os valores obtidos na Fase 01. Esse aspecto pode ser associado
ao efeito das temperaturas mais elevadas, observadas na Fase 02. As análises
estatísticas, realizadas com os dados de peso médio final (90 dias), para as
diferentes densidades de estocagem, não revelaram qualquer diferença
significativa neste aspecto, em ambas as fases. Portanto, pode-se afirmar que
o efeito das densidades testadas não afetou, de forma diferenciada, o
crescimento dos camarões no período estudado. Desta forma, a densidade de
4.000 camarões/m
3
poderia ser selecionada como a de melhor desempenho no
aspecto de crescimento e produção, dentro das condições de cultivo mantidas
no presente estudo.
Tabela 04 – Médias do peso final (g) para a Fase 01 (90 dias de cultivo em
sistema fechado com L. vannamei)
Tempo (dias)
Densidades
Camarões/m
3
15 30 45 60 75 90
500 0,016±0,004 0,075±0,019 0,137±0,025 0,229±0,038 0,366±0,102 0,702±0,059
1000 0,021±0,008 0,063±0,142 0,145±0,050 0,273±0,071 0,450±0,147 0,902±0,271
2000 0,015±0,001 0,044±0,004 0,094±0,032 0,225±0,054 0,304±0,069 0,795±0,102
32
Tabela 05 - Médias do peso final (g) para a Fase 02 (90 dias de cultivo em
sistema fechado com L. vannamei)
Tempo (dias)
Densidades
Camarões/m
3
15 30 45 60 75 90
1000 0,021±0,004 0,063±0,021 0,119±0,067 0,414±0,172 0,58±0,185 1,367±0,133
2000 0,019±0,003 0,044±0,009 0,088±0,017 0,287±0,017 0,523±0,064 1,38±0,089
4000 0,013±0,004 0,026±0,006 0,074±0,006 0,224±0,080 0,362±0,051 1,158±0,194
Tanto para a Fase 01, como para a Fase 02, a densidade de 1000
camarões/m
3
resultou em uma das melhores performances de crescimento,
embora essa afirmativa não tenha sido comprovada estatisticamente. Na
primeira fase, o peso final foi de 0,902g, ficando 13,62% acima da densidade
de 2000 camarões/m
3
,
que foi de 0,794g. Para a segunda fase, o valor foi de
1,367g, apenas 0,05% a menos que o peso final obtido na densidade de 2000
camarões/m
3
, que foi de 1,38g. Isso demonstra que o espaço onde se
estocaram os camarões não foi limitante para o crescimento dos mesmos, já
que para a densidade de 500 camarões/m
3
, o peso final foi menor, razão pela
qual se destacou a densidade de 500 camarões/m
3
foi descartada no estudo da
segunda fase se introduziu a densidade de 4000 camarões/m
3
.
As Figuras 11 e 12 ilustram as curvas de crescimento em peso,
ajustadas de acordo com os dados originais observados nas duas fases
experimentais. As respectivas equações de crescimento podem servir como
base para a estimativa de outros resultados, que, porventura, possam ser
investigados dentro das mesmas condições experimentais do presente estudo.
Por exemplo: estimativa do tempo necessário para a obtenção de um
determinado peso médio, em uma dada densidade de estocagem; e/ou
estimativa da melhor densidade de estocagem a ser utilizada para a obtenção
de camarões, em um determinado peso médio, num dado período de tempo de
cultivo.
33
Efeito da densidade de estocagem
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
0 15304560759
tempo (dias)
peso (g)
0
Densidade 500/m
3
(y=0,0202.е
0,0393x
)
Densidade 1000/m
3
(y=0,0261.е
0,0473x
)
Densidade 2000/m
3
(y=0,0081.е
0,0506x
)
Figura 11 - Efeito da densidade de estocagem sobre o crescimento de L.
vannamei em sistema de recirculação fechada (Fase 01).
34
Efeito da densidade de estocagem
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
0 153045607590
tempo (dias)
peso (g)
Densidade 1000/m
3
(y=0,0164.е
0,0490x
)
Densidade 2000/m
3
(y=0,067.е
0,0591x
)
Densidade 4000/m
3
(y=0,0028.е
0,0667x
)
Figura 12 - Efeito da densidade de estocagem sobre o crescimento de L.
vannamei em sistema de recirculação fechada (Fase 02).
A maior parte dos dados disponíveis na literatura sobre sistemas super-
intensivos refere-se ao cultivo de camarões, à partir da fase juvenil, o que
dificulta a comparação com os dados de crescimento obtidos no presente
estudo, que abrangeu apenas a fase inicial de crescimento. Das poucas
publicações disponíveis, dentro dessa mesma abordagem, destaca-se o
trabalho realizado por SAMOCHA (2003), reportando que os camarões
alcançaram peso médio final de 0,89g, em 74 dias de cultivo, na densidade de
6500 PL/m
3
. Esse valor supera o peso médio de 0,36g obtido, em 75 dias, no
presente estudo, para a densidade de 4000 camarões/m
3
. Vale também citar o
trabalho realizado por McABEE et al. (2003), que divulga resultados de
crescimento final na ordem de 0,90 a 1,01g, respectivamente, para as
35
densidades de 1364 PL/m
2
e 1945 PL/m
2
, em um período aproximado de 80
dias, o que pode ser considerado como crescimento inferior ao observado no
presente trabalho, que, para um período e densidade semelhantes (90 dias e
1000 a 2000 camarões/m
3
), observou-se um crescimento final na ordem de
1,4g.
A tabela 6 reporta os valores médios de sobrevivência, ao final de 90
dias, para ambas as fases. Embora as análises estatísticas não tenham
apontado qualquer diferença significativa entre os tratamentos, destacam-se
como melhores resultados aqueles obtidos para as densidades de 500
camarões/m
3
(82% na Fase 01) e 2000 camarões/m
3
(71,37% na Fase 02).
Esses resultados são compatíveis com os valores informados pela FAO (2007),
que postula como bons resultados os índices de sobrevivência na faixa de 55%
a 91%, obtidos em operações de cultivo super-intensivo.
No experimento realizado por McABEE et al. (2003), para um período de
97 dias, com densidade de estocagem de 1950 camarões/m
2
,
a taxa de
sobrevivência observada foi de 98%. Esses resultados foram bem mais
elevados, comparativamente ao presente estudo, na situação mais semelhante
de densidade de estocagem, ou seja, valores de sobrevivência variando de
71,37% a 71,62%.
BROWDY & MOSS (2005) trabalhando com densidades de 100 a 300
camarões/m
3
e com peso inicial de 1g, em sistema de recirculação fechada,
com troca mínima de água, obtiveram resultados de sobrevivência de 86,3%
para um período de 85 dias, valores bastante semelhantes aos observados no
presente estudo.
36
Tabela 06 – Valores de sobrevivência (%) obtida no experimento (cultivo em
sistema fechado com L. vannamei)
Sobrevivência (%)
Densidades
(camarões/m
3
)
Fase 02 Fase 01
500 82,00 ± 5,47 -
1000 71,25± 4,32 64,00± 12,14
2000 71,62± 5,74 71,37± 7,76
4000 - 60,56± 7,35
Em uma análise geral dos resultados de crescimento e sobrevivência,
verifica-se que a densidade que resultou num melhor índice de sobrevivência
(500 camarões/m
3
) não correspondeu ao melhor crescimento dos camarões.
Dentro dessa mesma óptica, a densidade de 4000 camarões/m
3
poderia,
teoricamente, ser considerada a de melhor desempenho, pois, apesar de haver
produzido o pior resultado, em termos de sobrevivência, oferece condições de
produção de um maior número de camarões, com peso médio bastante
próximo aos melhores resultados observados no presente estudo.
37
5. CONCLUSÕES
O sistema de filtração biológica testado no presente trabalho demonstrou
ser eficiente para a manutenção da qualidade da água em boas condições para
o cultivo de camarões, considerando-se as condições ambientais e as
densidades de estocagem estudadas. O manejo dos organismos em sistema
fechado (super-intensivo) mostrou ser bastante apropriado para a realização do
cultivo de camarões, especialmente para a produção de camarões de
pequenos porte, em curtos períodos de recria.
Nesse experimento, os camarões não sofreram interferência da limitação
de espaço, nas densidades de estocagem testadas, demonstrando resultados
semelhantes em termos de crescimento e sobrevivência. A densidade que
apresentou melhores resultados de viabilidade para produção, dentro desse
sistema, foi a de 4000 camarões/m
3
(para 90 dias de recria).
38
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