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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
PESCA E ESTRUTURA POPULACIONAL DO CAMARÃO-
BRANCO Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) NA
REGIÃO MARINHA E ESTUARINA DA BAIXADA
SANTISTA, SÃO PAULO, BRASIL
Jorge Luis dos Santos
Orientador: Evandro Severino Rodrigues
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Aqüicultura e
Pesca do Instituto de Pesca APTA -
SAA, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Maio - 2007
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2
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE PESCA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA E PESCA
PESCA E ESTRUTURA POPULACIONAL DO CAMARÃO-
BRANCO Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) NA
REGIÃO MARINHA E ESTUARINA DA BAIXADA
SANTISTA, SÃO PAULO, BRASIL
Jorge Luis dos Santos
Orientador: Evandro Severino Rodrigues
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Aqüicultura e
Pesca do Instituto de Pesca APTA -
SAA, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
Aqüicultura e Pesca.
São Paulo
Maio – 2007
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3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação. Instituto de Pesca, São Paulo
S237p Santos, Jorge Luis dos
Pesca e estrutura populacional do camarão-branco (Litopenaeus schmitti -
Burkenroad, 1936) – na região marinha e estuarina da Baixada Santista, São
Paulo, Brasil / Jorge Luis dos Santos - 2007
104
f.
Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesca, Agência Paulista de Tecnologia
dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e Abastecimento. - São Paulo, 2007.
Orientador: Evandro Severino Rodrigues
Bibliografia f .88-104
1. Camarão-branco – estrutura populacional 2. Ictofauna – Parâmetros
ambientais - Santos (SP) I. Instituto de Pesca (São Paulo) II. Título
CDD 639.512
i
AGRADECIMENTOS
Em especial ao meu orientador Prof. Dr. Evandro Severino Rodrigues, por
me aceitar como orientando, pelo apoio, paciência e acima de tudo pelos
ensinamentos, a mim passados desde ainda a época da graduação, até o
momento. Espero ainda poder ter o privilégio de continuar trabalhando na equipe
de tão competente pesquisador.
Agradeço muito ao Prof. Dr. André Martins-Vaz dos Santos que
acompanhou e me ajudou muito em todas etapas da pós-graduação e ao Prof. Dr.
Roberto da Graça-Lopes pela notável habilidade na abordagem científica aplicada
nas verificações e observações do projeto ao produto final de minha dissertação.
A Msc.Verônica Garces-Sanches pela orientação na preparação e análise
do material histológico obtido a partir das gônadas femininas dos camarões-
brancos que contou com a ajuda da estagiária Marília.
Ao Prof. Dr. Roberto Borges, sempre atento as minhas dúvidas e me
ajudando muito nas análises estatísticas aplicadas ao meu trabalho e ao Prof. Dr
Carlos Alberto Arfelli, pela valiosas considerações e correções apresentadas na
minha qualificação.
Aos meus grandes amigos e companheiros de trabalho, Orlando Couto
Júnior e João Marcos Miragaia Schmiegelow, aos quais devo toda a minha
gratidão pela grande ajuda, na minha caminhada rumo ao aperfeiçoamento
profissional.
A todos professores das disciplinas da pós-graduação das quais eu
participei e em especial para os professores doutores Antônio Olinto Ávila da
Silva, Acácio Ribeiro Gomes Tomás, Alberto Ferreira de Amorim, Elizabeth
Romagosa, Hélcio Luis de Almeida Marques, Katharina Eichbaum Esteves, Maria
de los Angeles Gasalla e Paula Maria Gênova de Castro pelo pleno conhecimento
das ciências pesqueiras apresentadas e aplicadas em suas disciplinas e também
pelo apoio e incentivo passados para nós alunos durante o período das aulas.
Tenho muito a agradecer aos meus familiares que compartilharam comigo
todas dificuldades enfrentadas durante o tempo um tanto reduzido para o
ii
comprimento das fases da pós-graduação, principalmente nas amostragens, onde
o sr. Marcio dos Santos (meu irmão) teve papel fundamental para o meu trabalho,
coletando, separando, obtendo as medidas e transportando todo material
coletado.
A mestranda Lígia Gomes Furquim e ao biólogo Matheus Rotundo pelo
apoio e companheirismo apresentados em nosso dia a dia na UNISANTA.
Tenho muito a agradecer ao Prof. Dr. Luis Alberto Zavalla-Camin e ao Prof.
Dr. Fabio Giordanno, profissionais excepcionais e sempre estiveram a disposição,
para esclarecimentos pontuais de muitas e muitas dúvidas que tive no decorrer de
minha vida acadêmica, meu muito obrigado.
Aos meus companheiros de sala de aula da s-graduação, Bruno,
Marcelo, Pedro, Alessandro, Camila, Graziela e Amanda que mantiveram uma
postura admirável no compartilhamento de conhecimento e ajuda de toda e
qualquer natureza a todos os outros alunos.
A todos àqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão
do meu trabalho, obrigado.
Ao Instituto de Pesca pelo curso de s-graduação e a Universidade Santa
Cecília (UNISANTA) pela fundamental ajuda através da concessão de uma bolsa
de aperfeiçoamento, durante o período do curso.
iii
SUMÁRIO
AGREDECIMENTOS i
LISTA DE TABELAS iv
LISTA DE FIGURAS vi
RESUMO ix
ABSTRACT x
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 Biologia e Pesca 1
1.2 Reprodução 9
1.3 Fauna acompanhante 11
2. OBJETIVOS 16
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 17
3.1 Estuário 17
3.2 Mar aberto 21
4. MATERIAL E MÉTODOS 22
4.1 Caracterização da pesca e petrechos para a captura do
camarão-branco na área de estudo 22
4.1.1 Pesca Estuarina 22
4.1.2 Pesca em mar aberto 23
4.2 Dados ambientais 25
4.3 Estrutura populacional 26
4.4 Reprodução 28
4.5 Ictiofauna acompanhante 32
5. RESULTADOS 35
5.1 Dados ambientais 35
5.2 Estrutura populacional 37
5.3 Reprodução 51
5.4 Ictiofauna 59
6. DISCUSSÃO 67
7. CONCLUSÕES 84
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 88
iv
LISTA DE TABELAS
1. Produção (kg) mensal de camarão-branco e sete-barbas capturados nos ambiente
estuarino e mar aberto da região da Baixada Santista, no período entre junho de 2005 e
maio de 2006. 39
2. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de Ubatuba entre 1998 e 2005. 40
3. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de Cananéia entre 1998 e 2005. 40
4. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de Guarujá entre 1998 e 2005. 41
5. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de Iguape entre 1998 e 2005. 41
6. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de Ilha Comprida entre 1998 e 2005. 42
7. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de Peruíbe entre 1998 e 2005. 42
8. Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município
de São Sebastião entre 1998 e 2005. 43
9. Produção mensal de camarão-branco, por município, desembarcada nos entrepostos
pesqueiros monitorados pelo programa de estatística pesqueira do Instituto de Pesca do
Estado de São Paulo. 44
10. Produção mensal de camarão-branco no Litoral Paulista desembarcada nos entrepostos
pesqueiros monitorados pelo programa de estatística pesqueira do Instituto de Pesca do
Estado de São Paulo, de 1998 a 2005. 44
11. Litopenaeus schmitti: valores mínimo, máximo, média, desvio padrão, variância e número
de observações (n) das medidas de comprimento total (CT) e comprimento de carapaça
(CC) de fêmeas capturadas nos ambientes estuarino e de mar aberto da região da Baixada
Santista no período entre junho de 2005 e maio de 2006. 48
12. Litopenaeus schmitti: valores mínimo, máximo, média, desvio padrão, variância e número
de observações (n) das medidas de comprimento total (CT) e comprimento de carapaça
(CC) de machos capturadas nos ambientes estuarino e de mar aberto da região da
Baixada Santista no período entre junho de 2005 e maio de 2006. 49
13. Litopenaeus schmitti: número de fêmeas por estádio de maturação ovariana na área de
mar aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006 (I - imatura; ED - em desenvolvimento; M -
madura; V - vazia). 52
v
14. Porcentagem de concordância entre a classificação macroscópica e a microscópica dos
estádios de maturação ovariana de fêmeas de Litopenaeus schmitti. 56
15. Lista de Famílias de peixes capturados durante as coletas e suas respectivas participações
em espécies, número e peso na região de mar aberto da Baixada Santista entre junho de
2005 e maio de 2006. 60
16. Lista de espécies e nomes comuns no litoral paulista dos peixes da fauna acompanhante
da pesca do camarão-branco (Litopenaeus schmitti) capturadas no ambiente de mar aberto
na região da Baixada Santista no período entre junho de 2005 e maio de 2006. É
apresentada por espécie a participação em número (%), peso (%), ocorrência.nas
amostras (%) e classificação proposta por PAIVA-FILHO et al. (1986) acima de 15%
(D)=dominante; entre 7% e 15% (A)= abundante; entre 1% e 7%(M)= mediano; entre 0,1%
e 1% (E)= escasso; 0,01% e 1% R= raro e quanto à freqüência temporal ainda segundo o
mesmo autor, freqüente (F) quando superior a 75%, sazonal (S), entre 25% e 75% e
ocasional (O), inferior a 25%. 62
17. Peso (g) dos componentes analisados das capturas dirigidas ao camarão-branco nos
ambientes estuarino e de mar aberto da região da Baixada Santista, entre junho de 2005 e
maio de 2006. 63
18. Ocorrência numérica, pesos mensais e os respectivos índices de Riqueza (S’), Riqueza de
Margalef (D’), Shannon (H’) e equitatividade de Pielou (J’) da ictiofauna acompanhante da
pesca de camarão-branco (Litopenaeus schmitti) nas amostras de mar aberto, entre junho
de 2005 e maio de 2006. 66
vi
LISTA DE FIGURAS
1. Ciclo de vida de camarão Peneídeo dependente de estuário para o desenvolvimento 1
2. Exemplares de camarão-branco (Litopenaeus schmitti): acima, tamanho comum nas
capturas de mar aberto e abaixo, tamanho comum em capturas no estuário 4
3. Estruturas externas (exceto
brânquias) e principais medidas de comprimento obtidas de
um exemplar de camarão-branco (Litopenaeus schmitti). 5
4. Mapa parcial da Baixada Santista assinalando a área de abrangência dos arrastos da
pesca no estuário e em mar aberto 18
5. Pescador representando disposição de funcionamento do gerival, com a tralha do chumbo
(direita) permanecendo em contato com o fundo e o “varão” (esquerda), forma um arco
suspenso um pouca acima do fundo, permitindo a entrada dos camarões 22
6. Típico arrasteiro duplo de portas, destacando os equipamentos diretamente responsáveis
pela captura do camarão, como portas redes de manga e tangones. O “try-net” é uma rede
de portas disposta na popa da embarcação , com dimensões bem inferiores das principais
e serve para se verificar a área de arrasto se mostra satisfatória para captura. 24
7. Embarcação Gabriela XI em vista lateral da qual se obteve o maior número de amostras no
decorrer do trabalho 25
8. Aspecto externo de uma fêmea classificada como imatura, mancha escurecida ocupando
porção posterior do cefalotórax, sem coloração definida 29
9. Aspecto externo de uma fêmea classificada como em desenvolvimento, mancha
escurecida ocupando porção média do cefalotórax, coloração esverdeada 29
10. Aspecto externo de uma fêmea classificada como madura, mancha escurecida ocupando
toda face dorsal do cefalotórax, coloração esverdeada nítida 30
11. Aspecto externo de uma fêmea classificada como vazia, ausência da mancha observada
visualizada nos outros estádios .Neste estádio é notada coloração que pode variar de
amarelo a vermelho. na área anteriormente ocupada pelo ovário maduro na face dorsal do
cefalotórax 30
12. Detalhe das projeções laterais unidas do petasma, indicando macho sexualmente maduro
31
13. Variação de profundidade dos pontos de amostragem no estuário e no mar da Baixada
Santista entre junho de 2005 e maio de 2006 35
14. Valores de temperatura (ºC) e salinidade (‰) de fundo obtidos nos pontos de amostragem
no estuário e no mar da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006. 35
15. Valores médios mensais do índice pluviométrico para a Baixada Santista entre junho de
2005 a maio de 2006, obtidos no Município de Cubatão (Fonte: Programa de
Monitoramento Ambiental da Bunge S.A.). 36
vii
16. Variação da Distância Euclidiana entre os valores de captura (n), temperatura, salinidade,
pluviosidade e profundidade obtidos no estuário e em mar aberto na região da Baixada Santista entre
junho de 2005 e maio de 2006
. 37
17. Litopenaeus schmitti: números absolutos de machos e fêmeas confrontadas com valores
de produção em peso, nas capturas realizadas no estuário e no mar da Baixada Santista
entre junho de 2005 e maio de 2006. 38
18. Variação média mensal da produção do camarão-branco, desembarcada nos entrepostos
pesqueiros monitorados pelo programa de estatística pesqueira do Instituto de Pesca do
Estado de São Paulo. 45
19. Litopenaeus schmitti: valores de produção em peso de machos e fêmeas, confrontadas
com números de ocorrência, nas capturas realizadas no estuário e no mar da Baixada
Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006. 46
20. Litopenaeus schmitti: relação peso (Pt) / comprimento (Cc) de fêmeas, machos e sexos
agrupados capturados na região de mar abreto da Baixada Santista entre junho de 2005 e
maio de 2006. 47
21. Litopenaeus schmitti: freqüência de ocorrência por classe de comprimento de carapaça
(machos e fêmeas agrupados) segundo as áreas de pesca (mar aberto e estuarina) na
Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006. 50
22. Litopenaeus schmitti: proporção mensal de indivíduos jovens e pré-adultos para fêmeas e
machos coletados no estuário da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006.
53
23. Litopenaeus schmitti: proporção mensal de fêmeas por estádio de maturação ovariana na
área de mar aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006 (I - imatura; ED - em
desenvolvimento; M - madura; V - vazia). 53
24. Estimativa do comprimento em que 50% das fêmeas estão aptas à reprodução (L50) na
população de camarão-branco (Litopenaeus schmitti) presente em águas da Baixada
Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006. 54
25. Corte histológico de ovário de L. schmitti no primeiro estádio imaturo(40X). 56
26. Corte histológico de ovário de L. schmitti no segundo estádio “em desenvolvimento”(80X).
57
27. Corte histológico de ovário de L. schmitti no terceiro estádio maduro(100X). 57
28. Corte histológico de ovário de L. schmitti no quarto estádio vazio(100X). 58
29. Variação do fator de condição a”, obtida na relação peso/comprimento de fêmeas de
Litopenaeus schmitti: na área de mar aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006. 58
30. Distribuição das famílias segundo sua participação numérica e relativa na composição da
ictiofauna obtida dos arrastos amostrados em mar aberto da região da Baixada Santista,
entre junho de 2005 e maio de 2006. 61
viii
31. Participação relativa dos componentes analisados do produto total dos arrastos
amostrados em mar aberto da região da Baixada Santista, entre junho de 2005 a maio de
2006. 64
32. Pesos médios das principais espécies de peixes (excluindo Rhynoptera bonasus ) da fauna
acompanhante da pesca de camarão-branco (Litopenaeus schmitti) capturadas no
ambiente de mar aberto na região da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de
2006. 65
33. Valores mensais do índice de Shannon (H’) e do índice de equitabilidade de Pielou (J’) na
composição da ictiofauna dos arrastos realizados em mar aberto da região da Baixada
Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006. 66
ix
RESUMO
O camarão-branco Litopenaeus schmitti possui ampla distribuição no
Atlântico Ocidental, ocorrendo em toda costa brasileira. Para identificar a estrutura
populacional e a ictiofauna acompanhante de sua pesca na Baixada Santista,
foram coletados mensalmente junto à pesca artesanal e industrial, entre junho de
2005 e maio de 2006, 2.912 exemplares do produto dos arrastos efetuados nas
regiões estuarina e marinha, obtendo-se 2.138 fêmeas (1.008 no estuário e 1.130
no mar) e 774 machos (334 no estuário e 440 no mar), sendo que cada fêmea
apresentou um dos quatro estádios de maturação ovariana (imaturo, em
desenvolvimento, maduro e vazio) nas observações macroscópica e microscópica
Um total de 53 espécies de peixes, distribuídos em 25 famílias, somando 6858
indivíduos com um peso de 127,2kg, foram registrados na área de mar aberto. A
média numérica das capturas de peixes foi de 572±289, com as maiores capturas,
ocorrendo no verão e os menores no inverno Parâmetros ambientais aferidos junto
às coletas permitiram identificar que a temperatura da água e pluviosidade
influenciam diretamente a produção do camarão-branco e da ictiofauna. As
variações temporais nas capturas, associadas à estrutura de comprimento de
cefalotórax, por sexo, e à maturação gonadal de fêmeas, permitiram verificar que:
(i) o estuário é utilizado por indivíduos com comprimentos pequenos, a maioria
jovem imaturos, como área de crescimento; (ii) a região marinha é utilizada por
indivíduos maiores, adultos, com a desova ocorrendo entre junho e fevereiro, com
um pico de novembro a janeiro; (iii) o comprimento de primeira maturação de
fêmeas foi estimado em 15,8mm. Recomenda-se considerar estes resultados e
diagnósticos no ordenamento da pescaria de L. schmitti na Baixada Santista.
Palavras-chave: camarão-branco, Litopenaeus schmitti, ictiofauna, Baixada
Santista.
x
ABSTRACT
The white-shrimp Litopenaeus schmitti distributes in West Atlantic Ocean,
occurring along all Brazilian coast. Population structure and bycatch ichthyofauna
in the Baixada Santista region was identified from samples obtained from artisanal
and industrial fishery between June of 2005 and May of 2006. A total of 2,912
specimens were collected, being 2,138 females (1,008 in the estuary and 1,130 in
the marine region) and 774 males (334 in the estuary and 440 in the marine
region), being that each female deportment a of the four stages of the ovarian
development (immature, in development, mature and empty) of the
macroscopically and microscopically observation. A total of 53 species of the
fishes, distributed in 25 families, amount 6858 specimens with 127, 2 kg of the total
weight were registered in marine region. The numerical average were of 572±289,
in the winter were registered catches and in the summer the larger catches of the
fishes Environmental parameters were annotated together the sampling, allowing
to identify that water temperature and pluviometer index, influences directly the
catches. Catches variations, length composition of samples by sex and gonadal
maturation of females allowed to identify that: (i) estuary is used as a nursery area
by individuals with small lengths, most young; (ii) marine region is used by larger
individuals (adults) and the spawning period extend from June to February, mainly
between November and January;(iii) the length of first gonadal maturation of
females was estimated in 15,8mm. These results and diagnoses must be
considered in the management of L. schmitti fishery in Baixada Santista region.
Key words: white-shrimp, Litopenaeus schmitti, ichthyofauna, Baixada
Santista region.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Biologia e Pesca
Os camarões da família Penaeidae se caracterizam por ter um ciclo de
vida complexo determinado por movimentos migratórios de caráter trófico e
reprodutivo (DURA 1985). São crustáceos que, de maneira geral, liberam ovos
demersais, que originam larvas meroplanctônicas que, a seguir, passam por um
desenvolvimento com 11 estádios sucessivos constituídos por cinco fases de
“nauplius”, três de “protozoea” e 3 de “misis”, a muda seguinte a transforma em
“pós-larva”, já com a aparência geral do adulto, apenas com pequena diferença na
forma do rostro Quatro semanas após a desova, as pós-larvas, penetram em
regiões estuarinas, onde encontram, normalmente, proteção contra predadores e
alimentação natural abundante e as condições favoráveis para o seu crescimento,
sendo que além das condições tróficas, a temperatura, salinidade e pluviosidade
definem o tempo de desenvolvimento dos indivíduos
nesses ambientes (FIGURA
1) (GARCIA e Le RESTE, 1987). Segundo PEREZ-FARFANTE (1970a) e DALL et
al. (1990), o ciclo de vida completo tem uma duração de aproximadamente 24
meses para camarões como L. schmitti.
FIGURA 1 – Ciclo de vida de camarão Peneídeo dependente de estuário para o desenvolvimento. (Adaptado
de GARCIA e Le RESTE, 1987)
2
Em função de seu ciclo biológico os peneídeos podem ser:
preponderantemente oceânicos, realizando todo seu desenvolvimento em alto
mar, porém com um maior grau de dependência de águas protegidas (SILVA,
1965;
DURA, 1985). Dentre as espécies de maior importância para a pesca, no
Sudeste e Sul do Brasil, os camarões-rosa (Farfantepenaeus sp) e branco são
dependentes de regiões estuarinas para completar seu ciclo de vida, o que não
acontece com o sete-barbas, barba-ruça e santana que cumprem todo o seu ciclo
em ambiente marinho (NEIVA e WISE, 1963; GARCIA e RESTE, 1981;
D’INCAO, 1999). Por esse motivo as regiões costeiras tornam-se áreas comuns a
essas espécies. SANTOS et al. (2006), ressaltam que apesar dos adultos
concentrarem-se diferenciadamente de acordo com a profundidade, evidencia-se
a sobreposição dos camarões branco e sete-barbas com jovens do camarão-rosa
(menores que 30 mm de comprimento do cefalotórax) nas áreas próximas à costa.
ANDRADE de PASQUIER e PÉREZ (2004) observaram que L. schmitti
apresenta taxas diferentes de crescimento de acordo com o sexo onde as fêmeas
são maiores e mais pesadas que os machos, o que segundo COELHO e SANTOS
(1994,1995a) começa ocorrer partir do quarto mês de vida. Esse crescimento
diferenciado de acordo com o sexo no camarão-branco, que segundo GARCIA e
Le RESTE (1987) existe em várias espécies de camarões peneídeos, é também
citado nos estudos de GARCIA-PINTO (1970), PORTO e FONTELES-FILHO
(1981/82), PORTO et al.(1988), D’INCAO (1998), SANTOS e FREITAS (2004) e
SANTOS et al. (2004a; 2005).
GARCIA e Le RESTE (1987) e D’INCAO (1991) ressaltam que as espécies
de camarão dependentes dos estuários sofrem a pressão da pesca em duas fases
distintas do ciclo de vida: sobre os juvenis, alvo da pesca artesanal nas regiões
estuarinas e sobre os estoques pré-adultos e adultos, pela pesca de pequeno
porte e industrial em mar aberto.
3
Neste aspecto, à pressão das capturas soma-se a deteriorização ambiental
das regiões costeiras do Sudeste e Sul (TOMMASI, 1990), como fatores
preponderantes no declínio dos estoques desses camarões, e até mesmo
limitando o desenvolvimento de seu ciclo de vida. Segundo MORAES et al. (2000),
sedimentos coletados na Baia de Guanabara mostraram-se tóxicos a pós-larvas
do camarão branco, levando-as a morte após 28 dias de exposição.
L. schmitti, conhecido popularmente como camarão-branco, camarão-
legítimo ou vila franca, ocorre no Atlântico Ocidental, das Antilhas, Ilhas Virgens e
Cuba (23º30`N) passando por Honduras, Costa Ocidental do Caribe, Venezuela e
ao longo de toda costa atlântica da América do Sul, até o norte do Rio Grande do
Sul no Brasil (29º45`S) (PEREZ-FARFANTE,1970a,b), possui características
anatômicas típicas de um Peneídeo e é a única espécie do gênero que ocorre em
águas brasileiras. No entanto, estudos de sua estrutura populacional realizado por
MAGGIONI et al. (2003), identificaram uma descontinuidade significante da
população, em torno de Cabo Frio (23ºS) causada por fatores oceanográficos
locais como a significativa diminuição da temperatura da água em decorrência do
afloramento de águas de fundo.
Adultos do camarão-branco normalmente são encontrados desde pequenas
profundidades até 30 metros, embora já tenha sido registrada a sua ocorrência a
50 metros (SILVA, 1977; D’INCAO, 1995), com os jovens, concentrando-se em
pequenas e grandes enseadas, baías e estuários (PEREZ-FARFANTE, 1969;
1970a; IWAI, 1973; FAO, 1978; 1995) (FIGURA 2 e 3).Mais do que a profundidade
a ocorrência parece estar associada a fundos areno-lodosos, dada às condições
de alimentação que esse tipo de substrato proporciona (SANTOS et al., 2004a).
Segundo PEREZ-FARFANTE (1969), um dos fatores de suma importância
no processo de deslocamento para o estuário é a salinidade sendo o camarão-
branco uma espécie eurihalina, ou seja capaz de suportar variações nos teores
salinos da água em que vive. CAPPARELLI et al. (2006) analisando o ciclo de vida
4
dessa espécie na região de Ubatuba, SP, relacionaram sua distribuição temporal
com a salinidade da água de fundo, identificando a ocorrência de jovens entre 5 e
30
0
/
00,
nos estuários, e dos adultos entre 29 e 38
0
/
00
na enseada.
FIGURA 2 Exemplares de camarão-branco (Litopenaeus schmitti): acima, tamanho comum nas capturas de
mar aberto e abaixo, tamanho comum em capturas no estuário.
SILVA et al. (2006) citam a sua ocorrência em salinidades entre 10 e 40
0
/
00
no estuário do Rio Formoso, PE. Em Cuba, estudos com dados pretéritos de 30
anos identificaram modificações nos ecossistemas lagunares e estuarinos devido
a alterações na salinidade ocasionadas pela diminuição do aporte de água doce
(conseqüência do represamento dos rios) associado à secas prolongadas, como
uma das causas da diminuição da população do camarão-branco (REVILLA et al.,
1990).
5
FIGURA 3 Estruturas externas (exceto
brânquias) e principais medidas de comprimento obtidas de um
exemplar de camarão-branco (Litopenaeus schmitti).
São poucos e antigos os trabalhos dirigidos ao camarão-branco na costa
paulista. NEIVA et al. (1971) analisou a população de camarão-branco capturada
pela frota pesqueira comercial que atuava na Baía de Santos. Posteriormente,
CHAGAS-SOARES (1979) caracterizou a seletividade das redes de emalhar
utilizadas na captura de camarão-branco e CHAGAS-SOARES et al. (1995)
avaliaram o ciclo biológico do camarão-branco na região estuarino-lagunar de
Cananéia. Em estudo para elaboração de chave de identificação dos camarões
Dendobranchiata do litoral norte do Estado de São Paulo (COSTA et al., 2003)
registrou a ocorrência de camarão-branco na região.
Três espécies de peneídeos dependentes do estuário são encontradas nas
costas do estado de São Paulo (F. brasiliensis, F. paulensis e L. schmitti), sendo
que a região estuarina de Cananéia constitui o principal criadouro de pós-larvas
desses camarões (CHAGAS-SOARES et al, 1995). Dessas espécies, L. schmitti é,
sem dúvida, a mais representativa da pesca local aparecendo com abundância
6
destacada nas capturas (CHAGAS-SOARES, 1979; CHAGAS-SOARES et al.,
1995; GALLUCCI, 1996). As elevadas capturas de camarão-branco no verão e
outono estão relacionadas ao recrutamento de juvenis principalmente nesta época
do ano, seguido do rápido crescimento e emigração dos pré-adultos para o mar no
mesmo período (CHAGAS-SOARES et al., 1995; GALLUCCI, 1996).
No Sudeste e Sul do Brasil o camarão-branco adulto é comumente
capturado pela frota de arrasteiros duplos direcionada ao camarão-sete-barbas
operando em águas costeiras durante o dia entre o estado do Rio de Janeiro e
Santa Catarina (FIGURA 4) (IWAI, 1973; VALENTINI e PEZZUTTO, 2006).
Segundo GRAÇA-LOPES et al. (2002a), essa frota pode ser dividida em dois
tipos: uma chamada de “artesanal”, constituída por embarcações de pequeno
porte (entre 5 e 10 metros de comprimento), em sua maioria sem casario, que
operam sem recursos de conservação da produção a bordo, efetuando viagens de
no máximo 10 horas e arrastos de aproximadamente uma hora; e outra,
denominada ”industrial”, constituída por embarcações de porte médio (entre 10 e
15 metros de comprimento), que realizam viagens de alguns dias (até 15 dias) e
vários arrastos / dia com duração aproximada de duas horas cada, conservando a
produção em gelo picado.
No geral, as embarcações constituintes dessas frotas possuem cascos
construídos em madeira, e operam com motores cuja potência varia de 20 a 185
HP, atuando desde bem próximo a praias até 30 m de profundidade. MENDONÇA
(1998) relata o uso de tangones em arrasteiros duplos, utilizando redes com
abertura horizontal de malha no corpo entre 11 e 17 mm e no ensacador com 15
mm (medidas de a nó) e pescando em profundidades entre 5 e 18 metros.
Além da frota direcionada ao camarão-sete-barbas, o camarão-branco pode
ocorrer eventualmente na pesca de arrasto com parelhas (embarcações de ferro
ou madeira com 291 HP de potência em média, que atuam a menos de 40 m de
profundidade) dirigida a peixes demersais onde os crustáceos, principalmente
7
camarões, podem representar até 8% das capturas (HAIMOVICI et al., 1996;
HAIMOVICI e MENDONÇA, 1996).
As curvas de produção do camarão-sete-barbas e do camarão-branco
apresentam tendências semelhantes, mas com volumes de desembarque
diferentes, geralmente com participação bem menor do camarão-branco. A
pequena participação dessa espécie nas pescarias ocorre em quase todas as
regiões onde é explorada exceto na região do Golfo de Venezuela e ao Largo de
Maracaibo, na Venezuela, onde, devido a fatores que parecem ser próprios dessa
área, ela se sobrepõe em abundância às demais espécies, correspondendo de 74
a 98% da produção camaroeira do país (ANDRADE de PASQUIER e REZ,
2004).
Em estudo sobre o banco de camarões explorado pela pesca artesanal no
Estado de Pernambuco, COELHO e SANTOS (1995a) relatam que as espécies
Farfantepenaeus subtilis e L. schmitti apresentam maior importância econômica,
não tanto pelo volume que são capturadas, mas por serem considerados
camarões grandes pelos pescadores locais. Em Sergipe, o camarão sete-barbas
representa 75% das capturas de camarão; o camarão-branco, 20% e o camarão
rosa (F. subtilis), 5%. No entanto se tem observado nos últimos anos uma
tendência à queda na participação do sete-barbas (que até 1997 era de 85%)
sendo substituído, principalmente, pelo camarão-branco (SANTOS et al., 2001).
No Brasil, a redução na produção desses camarões na última década
parece indicar que o esforço de pesca a que estão submetidos esteja muito
elevado. Porém, como não estão disponíveis dados de esforço especificamente
dirigido ao camarão-branco para a região Sudeste e Sul, uma análise mais
acurada fica prejudicada (D’INCAO et al., 2002). Estudos realizados por SANTOS
(2002) no Nordeste oriental, identificaram um coeficiente de mortalidade por
pesca, muito
alto, concluindo que os resultados oriundos da A.P.V. (Análise da
População Virtual) não estimulam qualquer aumento do esforço de pesca para a
espécie. DIAS NETO et al. (2001) alertam para a situação preocupante do
8
“recurso camarão” no Sudeste e Sul do Brasil, situação que ocorre também em
outros países produtores do camarão-branco como a Nicarágua e a Venezuela
(KREBS, 1978;
ANDRADE de PASQUIER e STOTZ, 1999; COLINDRES, 2006).
Estudos realizados em Cuba identificaram um nível de máxima exploração,
caracterizando sobrepesca sobre o camarão-branco, recomendando-se a redução
do esforço (BLANCO, 2007).
No complexo estuarino-lagunar de Cananéia e Iguape (SP) a captura de
formas jovens de camarões peneídeos é desenvolvida em moldes artesanais,
individualmente ou por pequenos grupos de pescadores, utilizando embarcações
pequenas impulsionadas a remo ou com motorização de baixa potência, sendo
que as artes de pesca empregadas (principalmente o petrecho denominado
gerival), por serem eficientes, diminuem sensivelmente a oportunidade desses
camarões de alcançar águas oceânicas, podendo contribuir para a redução do
tamanho do estoque adulto (CHAGAS-SOARES, 1979; GALLUCCI, 1996;
MENDONÇA, 1998; LEITE-JÚNIOR, 2001).
A carência de informações sobre diferentes recursos pesqueiros existentes
na Baixada Santista, dentre eles o L schmitti, contrasta com a importância
socioeconômica da atividade pesqueira, que segundo GEFE et al. (2004) abriga
mais de 10 mil pessoas vivendo direta ou indiretamente da pesca artesanal na
região. Além das comunidades dependentes da pesca dos recursos estuarinos, a
região da Baixada Santista possui outras comunidades voltadas para a pesca
marítima, como a da Praia do Perequê e do Rio do Meio, ambas no Município do
Guarujá, e outras de pequeno e médio porte distribuídas por Santos, São Vicente,
Praia Grande e Bertioga, direcionadas principalmente para a captura do camarão-
sete-barbas (GRAÇA-LOPES et al., 2002a).
Embora em algumas regiões do Brasil, principalmente no Norte e Nordeste
ainda subsista a pesca tipicamente artesanal com os petrechos de pesca ainda
são confeccionados pelos próprios pescadores e utilização de barcos a remo ou a
9
vela (SILVA et al., 2006) no estado de São Paulo, esta atividade encontra-se
restrita a pequenas comunidades isoladas.
É sabido que a crise global do setor pesqueiro vem afetando
profundamente a pesca costeira. Se por um lado à pesca do camarão destaca-se
como um dos fatores de sobrevivência das comunidades artesanais para o futuro,
as pescas predatórias, associadas à degradação dos estuários, tem ocasionado,
como é o caso do estuário do Rio Formoso (PE), o declínio do recurso L. schmitti,
fato que pode ocasionar a supressão desse tipo de atividade para a pesca local
(SILVA et al., 2006).
1.2 Reprodução
A desova do camarão-branco ocorre em águas oceânicas com salinidade
elevada, tendo sido observada no Golfo da Venezuela, entre 15 e 20 m de
profundidade (ANDRADE de PASQUIER e PÉREZ, 2004), em Cuba entre 8 e 12
m (PEREZ-FARFANTE, 1969) e ocorre segundo GARCIA-PINTO e EWALD
(1974) de 15 e 25 dias após a cópula.
A maior parte dos estudos populacionais dirigidos a L. schmitti,
identificaram um número significativamente maior de fêmeas que de machos
(GARCIA-PINTO, 1970; PORTO e FONTELES-FILHO, 1981/82, PORTO et
al.,1988; ANDRADE de PASQUIER e STOTZ, 1999; SANTOS, 2002; SANTOS e
FREITAS, 2004), que segundo PORTO e FONTELES-FILHO (1981/1982) pode
ser devido à influência de fatores como estratificação espacial e tipo de aparelho
de pesca em atuação.
As fêmeas de L. schmitti apresentam o thelycum aberto e a cópula é
realizada quando os indivíduos encontram-se com a carapaça rígida (não sendo
necessária a ecdise antes do acasalamento) o que, eventualmente, pode
ocasionar perda de espermatóforos, fixados por meio de substância gelatinosa. A
10
fertilização é externa e feita quando os óvulos expelidos da gônada são fertilizados
pelos espermatozóides contidos nos espermatóforos (PEREZ-FARFANTE,
1970a).
O sistema reprodutivo do camarão-branco é constituído por gônada
subdividida em duas partes fusionadas na região superior e que se estendem
paralelamente por quase todo o comprimento do corpo: da região cardíaca do
estômago à parte posterior do abdome (PEREZ-FARFANTE, 1969). Esses ovários
apresentam espessura e coloração variável de acordo com o estado de
maturação. Os testículos são delicados, com coloração variando de translúcidos a
leitoso.(PEREZ-FARFANTE, 1970b)
Camarões peneídeos podem apresentar reprodução contínua, com ou sem
picos sazonais. O conhecimento deste ciclo é importante para a regulamentação
da atividade pesqueira, prevenindo uma redução excessiva dos estoques
reprodutores; além disto, é informação valiosa para o estudo das populações
(COELHO e SANTOS, 1995b).
O ciclo anual de L. schmitti no Estado de São Paulo inicia-se com a
reprodução em águas oceânicas na primavera com um pico de entrada de pós-
larvas em novembro e de recrutamento em fevereiro. As classes etárias não
coexistem, a não ser em fevereiro e a exploração é feita sempre sobre uma única
classe etária, exceto nesse período (NEIVA et al.,1971; CHAGAS-SOARES et al.,
1995).
SANTOS (2002) no Nordeste Oriental do Brasil, identificou a desova
bimodal para L. schmitt com um pico em fevereiro e outro em novembro com o
recrutamento ocorrendo de 3 a 6 meses após a desova. GUITARD et al. (1985,
1988), em águas cubanas, cita dois períodos de desova: o primeiro na primavera e
verão e o segundo no outono. NEIVA et al. (1971), na Baía de Santos (SP), cita a
ocorrência de apenas um período reprodutivo ao ano, em agosto, com
recrutamento ocorrendo em fevereiro e SILVA (1965) na Baia de Sepetiba (RJ)
11
relata que a época de reprodução, provavelmente, ocorra no verão de abril a
junho. Na Venezuela esse período é de abril a junho (EWALD, 1965); no
Maranhão ocorre de maio a outubro (EMERENCIANO, 1987) e em Pernambuco e
Alagoas no inverno (COELHO e SANTOS, 1993; SANTOS, 2000; SANTOS e
FREITAS 2000). Portanto a espécie pode apresentar, variações quanto à época
de reprodução, uma vez que são citados por diferentes autores, períodos distintos
de acordo com a área estudada.
1.3 Fauna acompanhante
A pesca de camarões, devido às suas características tecnológicas, tem
como um dos principais problemas a captura de uma fauna associada
diversificada e volumosa (GARCIA e Le RESTE, 1981).
Segundo ALVERSON et al. (1994), a captura mundial de fauna
acompanhante na pesca de camarões é muito superior à produção das espécies-
alvo. Estimam que as 1,8 milhões de toneladas / ano de camarão capturados no
mundo geram em torno de 11,2 milhões de toneladas / ano de fauna
acompanhante (85% dela sem aproveitamento comercial). Essa fauna rejeitada
apresenta uma proporção variável com o camarão:que pode ser em média de 5:1,
em mares tropicais (MORAIS, 1980), 6: 1 no Golfo do México (SANTOS et al.,
1998), podendo chegar a 11: 1, no Brasil (CONOLLY, 1986).
Tanto a frota camaroeira dirigida ao sete-barbas quanto à dirigida ao
camarão-rosa desembarcam grande quantidade de fauna acompanhante. Para o
camarão-sete-barbas, o aproveitamento e conseqüente desembarque de fauna
acompanhante está relacionada à produtividade da espécie-alvo nas capturas,
contribuindo economicamente para a pescaria. para o camarão-rosa, devido à
sua baixa produtividade em biomassa, ao bom valor econômico da fauna
acompanhante e ao espaço disponível nas embarcações da frota destinada à
captura desse camarão, a fauna acompanhante, assume papel de destaque o ano
12
inteiro em termos de biomassa desembarcada (GRAÇA-LOPES et al., 2002b;
ISAAC et al., 1992).
A captura de fauna acompanhante na pesca de arrasto-de-fundo é um
fenômeno mundial, que resulta não apenas da baixa seletividade do aparelho de
captura e da limitação da capacidade de armazenamento nos barcos (SANTOS et
al., 1998), como também da riqueza faunística da região nerítica e, em particular,
de seu estrato demersal-bentônico. Um fenômeno que interfere com a prática das
pescarias, pois a fauna acompanhante ocupa espaço na rede e diminui sua
seletividade, além de exigir o exaustivo e enfadonho trabalho de triar a produção
obtida, sendo que a parcela comercializável ainda compensa economicamente,
mas a porção rejeitada resulta apenas em desgaste para os pescadores e inútil
mortalidade de fauna, pois os animais são devolvidos mortos ao mar.
Mortalidade que, para muitos, pode estar interferindo no equilíbrio ecológico das
áreas de pesca (GRAÇA-LOPES, 1996).
O conhecimento da fauna acompanhante da pesca do camarão-sete-barbas
e do camarão-branco é de fundamental importância por ser esta modalidade
considerada predatória e freqüentemente realizada em criadouros de diversas
espécies de peixes (COELHO et al.,1986).
A fauna acompanhante constitui-se de vários grupos zoológicos que,
segundo GRAÇA-LOPES et. al. (2002b), podem ser separados em: peixes,
crustáceos, moluscos e outros invertebrados, aos quais acrescenta-se a parcela
denominada “lixo” (orgânico e inorgânico). A participação percentual desses
grupos pode variar em função da área de pesca, profundidade e sazonalidade
(CARRANZA-FRASER e GRANDE, 1982; RUFFINO e CASTELLO, 1992;
GRAÇA-LOPES et. al., 1993; GRAÇA-LOPES et. al., 2002b; BRANCO e VERANI,
2006), embora no geral a ictiofauna apresente uma participação mais elevada que
os demais grupos (GRAÇA-LOPES et. al., 2002; BRANCO e VERANI, 2006). No
entanto, muito pouco se sabe sobre os fatores que levam a concentração dos
13
grupos taxonômicos que compõem a fauna acompanhante. BRANCO et al. (1998)
analisando a associação entre macroinvertebrados e peixes demersais em
arrastos de fundo em Santa Catarina, identificaram 16 espécies de Mollusca,
representando 19,3% do número total de exemplares coletados; 17 espécies de
Crustacea representando 46,2%; 54 espécies de peixe com 33,0% e 5 espécies
de Echinodermata contribuindo com apenas 1,5% do total. SEVERINO-
RODRIGUES e MEIRA (1988), analisando o conteúdo estomacal da ictiofauna
acompanhante da pesca do camarão-sete-barbas, observaram que nem sempre
existe uma relação trófica definida entre esse camarão e os peixes capturados.
A fauna acompanhante na pesca de camarões foi analisada por:
SANTOS et al. (1988), SANTOS (1996 e 2000), SANTOS et al. (1998), para região
Nordeste: RUFFINO e CASTELLO (1992), KOTAS (1998), BRANCO et al. (1998),
BRANCO e FRACASSO (2004), BRANCO e VERANI (2006), ANDRADE-TUBINO
et al. (2005), LOEBMAN e VIEIRA (2006) para os litorais o Sudeste e Sul, sendo
que os estudos relativos a ictiofauna desenvolvidos por COELHO et al. (1986),
PAIVA-FILHO e SCHMIEGELOW (1986), PAIVA-FILHO et al. (1997), GRAÇA-
LOPES (1996), GRAÇA-LOPES et al. (2000, 2002a e b), PUZZI et al. (1997) e à
carcinofauna, por SEVERINO-RODRIGUES et al. (1985, 2002), FRANSOZO et al.
(1991) e COSTA et al. (2003), dizem respeito ao litoral de São Paulo.
Os peixes que ocorrem na região costeira das Regiões Sul e Sudeste do
Brasil, caracterizando a Província Argentina (de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, até
a Península Valdés, na Argentina) são compostos por aproximadamente 32
ordens, 120 famílias e 512 espécies marinhas. Dessas espécies 10% são
endêmicas, a maior parte de bitos demersais, além das de espécies tropicais e
os setentrionais de formas temperadas, que caracterizam uma área de transição
faunística sob a influência da Corrente do Brasil e da Corrente das Malvinas
(FIGUEIREDO e MENEZES, 1978; 1980; MENEZES e FIGUEIREDO, 1980;1985).
14
A ictiofauna, principal grupo na composição das capturas, além de constituir
a parcela economicamente mais importante da fauna acompanhante (VIANNA e
ALMEIDA, 2005), é composta principalmente por indivíduos juvenis (COELHO et
al.,1986), sendo um indicador importante do impacto da pesca de arrasto sobre a
fauna demersal e bêntica. Fauna esta que vem apresentando mudanças tanto na
constituição como na quantidade produzida (GRAÇA-LOPES et al., 2002b).
Santos (2000) relata para o Nordeste do Brasil o declínio acentuado na produção
de ictiofauna, sugerindo inclusive o direcionamento da frota para outras pescarias
no período de fevereiro, época em que, naquela região, foi observada maior
concentração e diversidade de jovens das espécies de peixe capturadas. Tais
indícios corroboram as conclusões de vários autores de que, dependendo do
esforço exercido, poderá haver, a curto ou longo prazo, o comprometimento da
manutenção das populações de peixes que integram da fauna acompanhante.
A fauna acompanhante como recurso alimentar pode ser muito importante
em alguns países e sub aproveitada em outros (CLUCAS, 1997). Tem-se
observado nos últimos anos o progressivo aproveitamento da ictiofauna
acompanhante para consumo humano. Na região Nordeste o aproveitamento de
indivíduos dessa fauna pela população mais pobre é quase que integral, em torno
de 90 a 95% (SANTOS, 1996; SANTOS et al., 1998) e segundo observações de
SOUZA (2005) na Praia do Perequê, a fauna acompanhante não é
comercializada, mas é utilizada como forma de pagamento a pessoas da
comunidade de menor poder aquisitivo, que auxiliam na triagem em terra do
produto da pesca e na limpeza do camarão.
É certo, porém, que a ação continuada da pesca sobre esse conjunto de
espécies, além da perda de alimento pode contribuir para a diminuição da
biodiversidade, alterando o caráter das assembléias de peixes (HUDSON e
FURNESS, 1988; BRANCO e VERANI, 2006).
15
O conhecimento de como as redes de arrasto atuam sobre o substrato e a
capacidade desse tipo de pesca, aliado ao descarte contínuo e prolongado,
podendo comprometer a produtividade dos estoques pesqueiros e alterar a
diversidade das espécies e as relações tróficas das espécies integrantes desse
grupo, modificando a estrutura e função das comunidades (SAILA, 1983;
RUFFINO e CASTELLO, 1992; MURRAY et al.,1992; CLUCAS, 1997) é um fator
de suma importância na administração das pescarias. Dessa forma, considerando
inclusive o incremento do aproveitamento dessa fauna, é necessário que os
órgãos gerenciadores do recurso camarão no qual se inclui o camarão-branco
atentem para a necessidade de se estabelecer medidas que incluam a fauna
acompanhante e não apenas a espécie alvo, na definição de medidas de
proteção, seja por meio de medidas mitigadoras no aparelho de pesca que
proporcionem o escape de parte desses organismos ou mesmo o estabelecimento
de períodos de proteção (SANTOS, 2000; VIANNA, 2001).
Estudos mais recentes direcionados a L. schmitti tratam, em sua maioria, de
aspectos de aqüicultura e de biologia molecular (COMINETTI et al., 2002; LEMOS
et al., 2002; MAGGIONI et al., 2003; ARENAL et al., 2004; BARRACCO et al.,
2005; JAIME-CEBALLOS et al., 2006; PÉREZ-JAR et al., 2006).
AZEVEDO (1990) e BECQUER, et al. (1994) relacionaram áreas estuarinas
e de baías com a ocorrência e pesca do camarão-branco, o que torna urgente o
aumento do esforço na obtenção de conhecimentos de aspectos biológicos e
pesqueiros desse recurso, principalmente aqueles relacionados à reprodução e ao
crescimento, bem como complexidade das relações com os fatores ecológicos,
possibilitando as informações necessárias ao aproveitamento racional do recurso
e ao gerenciamento adequado das populações de camarão-branco.
16
2. OBJETIVOS
Caracterizar a estrutura da população e a pesca do camarão-branco
(Litopenaeus schmitti) no complexo baía-estuarino de Santos e São
Vicente e áreas marinhas adjacentes a partir das capturas de sua
fase juvenil.
Verificar variações no número de machos e fêmeas e possíveis
correlações com parâmetros.
Definir a época do recrutamento pesqueiro para o camarão-branco.
Caracterizar a(s) época(s) de maior intensidade da atividade
reprodutiva.
Validar microscopicamente por meio de cortes histológicos de
gônadas, os estágios de desenvolvimento gonadal de fêmeas,
caracterizados macroscopicamente por escala cromáticas.
Caracterizar qualitativamente e quantitativamente a ictiofauna
acompanhante da pesca do camarão-branco na área e época do
estudo, verificando seu aproveitamento.
Oferecer subsídios às medidas de ordenamento da pescaria do
camarão-branco e proteção da espécie para a área de estudo.
17
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A região da Baixada Santista compreende os municípios de Santos, São
Vicente, Praia Grande, Guarujá, Bertioga e Cubatão, apresentando importância
econômica no âmbito estadual e nacional devido ao porto de Santos, ao complexo
industrial de Cubatão, à proximidade com a cidade de São Paulo e também ao
turismo. Historicamente, essa ocupação levou a uma acentuada degradação
ambiental nos ecossistemas da região, principalmente os hídricos (CETESB,
1978; TOMMASI, 1990).
A forte urbanização da região, a ocupação industrial e a utilização de áreas
litorâneas pelo turismo, transformando áreas de concentração de pescadores em
estâncias balneárias, marinas etc, têm sido responsáveis pela desagregação de
várias comunidades tradicionais de pescadores artesanais, em toda a costa
Sudeste e Sul do Brasil. (CHAVES e ROBERT, 2003). Apesar de protegidas por
lei desde 1983 as áreas estuarinas, particularmente as associadas a manguezais,
diminuíram 46,4% nos últimos anos (SCHAEFFER-NOVELLI, 2002).
Na FIGURA 4 são apresentadas as principais áreas de pesca do camarão-
branco na região. As áreas 1, 2 e 3 estão relacionadas às comunidades de pesca
artesanal no interior do estuário. As áreas 1 em São Vicente e Praia Grande e a 3
em Guarujá e Bertioga estão direcionadas a captura de camarões vivos para a
pesca esportiva, enquanto que as capturas na área 2 no município de Guarujá e
em toda a área marinha estão direcionadas ao consumo humano.
3.1 Estuário
A palavra estuário é originária do latim aestuarium e muitas definições têm
sido propostas para esse ambiente natural. Um estuário pode ser definido como
um corpo de água semifechado, ligado ao mar, no qual e em que a água salgada
se dilui de modo mensurável com a água doce proveniente de drenagem
18
continental. Esta definição exclui diversos estuários, temporariamente isolados do
mar durante a estação seca, formando estuários hipersalinos. Uma das definições
mais completas é apresentada em NYBAKKEN (1988): “O estuário é um corpo de
água que se encontra permanentemente ou periodicamente aberto ao mar e no
qual existe uma variação mensurável da salinidade devido à mistura de água
salgada com água doce proveniente da drenagem terrestre".
FIGURA 4 - Mapa parcial da Baixada Santista assinalando a área de abrangência dos arrastos da pesca
no mar e no estuário. Obtido através de
ArcGIS Desktop®
MIRANDA et al., 2002 define estuário como a parte voltada para o mar de
um sistema de vales inundados, os quais recebem sedimentos de fontes fluviais e
marinhas, contendo cies influenciadas pela maré, ondas e processos fluviais.
Considera-se que estuário se estende desde o limite interno da face costeira na
entrada. Não só os fatores físicos estão associados com o ciclo de vida das
espécies que se desenvolvem nas regiões costeiras e estuarinas, pois os fatores
19
biológicos, como a alta produção primária, também são fundamentais para os
organismos. importantes e complexas interações entre os dois meios postos
em contato.(GOLDENTEIN, 1972)
A saúde dos estuários e das regiões costeiras é fundamental no processo
de crescimento dos camarões que dele dependem, principalmente nas primeiras
fases da vida. O estuário da a esses camarões as condições de salinidade,
temperatura etc, que associadas à cobertura vegetal do manguezal e às
características lodosas do substrato (rico em alimentação natural) proporcionam
as condições ideais ao seu desenvolvimento, o que ocasiona a migração, quando
jovens, para essas regiões ricas e abrigadas (PEREZ-FARFANTE, 1969; GARCIA
e Le RESTE, 1987; SANTOS et al., 2004a e b).
No Estado de São Paulo, o Sistema Estuarino de Santos é hoje uma das
regiões mais críticas quanto à contaminação dos diferentes compartimentos que
integram os ecossistemas aquáticos: água, sedimento e biota. Devido
principalmente a fatores econômicos impróprios, uso e ocupação do solo feitos de
forma inadequada, foi permitida a instalação descontrolada de fontes múltiplas de
contaminação. Como conseqüência direta desse processo de poluição, seguiu-se
um quadro de degradação generalizada dos ecossistemas e da presença de
poluentes nos sedimentos marinhos e estuarinos (LAMPARELLI et al., 2001).
Apesar disso, o Estuário de Santos constitui-se no segundo ecossistema
estuarino do Estado (após o de Cananéia), com inegável importância para as
águas marinhas adjacentes e conseqüentemente para a manutenção da atividade
pesqueira. GALVÃO (1978) demonstrou que a região da baía de Santos apresenta
um potencial fotossintético dos mais altos encontrados em ambientes marinhos;
CETESB (1978) verificou a predominância quase absoluta dos copépodos (elo de
extrema importância na cadeia trófica marinha) na região; organismos filtradores,
herbívoros e larvas de organismos pelágicos mostraram abundância relativa
20
significativa na baía bem como ciclos na densidade zôo e fitoplanctônica no
estuário e baía de Santos.
Foram registrados para essas áreas estuarinas representantes dos Filos
Protozoa, Cnidária, Plathyhelminthes, Mollusca, Nemathelminthes, Annelida,
Crustacea, Insecta, Bryozoa, Chaetognatha, Echinodermata, Chaetognata e
Chordata, totalizando 118 taxa, destacando-se os Copepoda (28 espécies)
Tintinnida (15 espécies). O holoplâncton predominou (62 taxa) em relação ao
Meroplâncton (44 taxa) e ao Ticoplâncton (12 taxa). Dentre os organismos
meroplanctônicos, Crustacea apresentou maior número de taxa e entre os
ticoplanctônicos, os Foraminiferida (PARANAGUÁ et al., 2000).
Os rios e estuários da região de Santos e São Vicente são bastante usados
para a pesca profissional e recreativa. Com base em conhecimento empírico,
pode-se estimar em mais de 10 mil o número de pessoas que vivem direta ou
indiretamente da pesca artesanal nessa região, onde 2731 pescadores
cadastrados, distribuídos em 17 comunidades, muitas no interior do estuário, ou
que recebem sua influência direta, também suscetível ao problema da poluição e
atualmente da crônica falta de pescado (GEFE et al., 2004).
No entanto, é inegável o impacto das ações antrópicas no ambiente
ocasionando a contaminação do pescado e, consequentemente, riscos à saúde do
consumidor. Foi observado que 46,13% das famílias de seis bairros de Cubatão
consumiam peixes e outros organismos da região, principalmente na Vila dos
Pescadores (61,7% das famílias), na época com cerca de 5000 habitantes. Das
famílias entrevistadas, 42% consideram os produtos dos rios da região impróprios
para o consumo humano e 54% concordam com a afirmação de que o consumo
de peixes da região pode causar problemas à saúde. Apesar dos baixos valores
de bioacumulação na musculatura, organismos bentônicos que mantém contato
direto com poluentes no sedimento contaminados, dentre eles o camarão-branco,
21
podem apresentar efeitos adversos quando ingeridos, sobretudo em áreas
altamente contaminadas, como o canal da COSIPA (LAMPARELLI et al., 2001).
3.2 Mar aberto
As áreas de mar aberto que banham a Região da Baixada Santista
apresentam condições oceanográficas características do litoral paulista com
temperaturas médias sobre a plataforma variando entre 18 e 28 ºC na superfície e
salinidade com valores médios variando de 16 a 37
0
/
00
. A complexidade dos
sistemas meteorológico e oceanográfico não permite uma definição mais acurada
de qualquer área analisada, ainda mais quando massas de água penetram na
plataforma continental e modificam rapidamente as condições
ambientais.(LAMPARELLI, 1998).
As condições das praias da Baixada Santista de acordo com relatório da
CETESB (1991), principalmente daquelas situadas nos municípios de Santos, São
Vicente e Guarujá apresentam condições insatisfatórias em relação à
balneabilidade em grande parte do ano. É possível relacionar a balneabilidade das
praias com a saúde de áreas costeiras, refletindo diretamente em aspectos
sanitários dos organismos capturados nesses locais. Atualmente, é comum o
questionamento dos consumidores quanto ao local de pesca de peixes, camarões
e bivalves para verificar a origem do pescado, evitando-se assim o capturado na
Baía de Santos.
22
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Caracterização da pesca e petrechos para a captura do
camarão-branco na área de estudo.
4.1.1 Pesca Estuarina
Na pesca artesanal dirigida ao camarão-branco no estuário de Santos e
São Vicente é utilizada a tarrafa e o gerival (FIGURA 5). A pesca de tarrafa
também conhecida como pesca de “engodo” pois nela são utilizadas iscas
preparadas com uma mistura de peixe macerado e argila, lançadas em pontos
profundos do canal do estuário para atrair os camarões e onde serão lançadas as
redes.
FIGURA 5 - Pescador representando disposição de funcionamento do gerival, com a tralha do chumbo
(direita) permanecendo em contato com o fundo e o “varão” (esquerda), forma um arco suspenso um pouca
acima do fundo, permitindo a entrada dos camarões.
O gerival por sua vez consiste em uma rede cônica confeccionada em
malha de nylon, com chumbo entralhado na sua maior abertura (boca) para
mantê-la junto ao fundo (GALLUCCI, 1996). A pesca é feita arrastando o petrecho
23
com auxilio da corrente de maré e dessa forma capturando os camarões que
sobem pela abertura da boca até o capuz onde são aprisionados. As embarcações
utilizadas nessa modalidade de pesca são pequenas e com motores de baixa
potência, ou impulsionadas a remo caracterizando a pesca artesanal que ainda é
praticada em algumas comunidades da região, como Ilha Diana em Santos e
bairro da Cachoeira no Guarujá, entre outras, pertencentes ao complexo estuarino
de Santos-São Vicente.
Na pesca artesanal no estuário as coletas foram feitas com gerival,
utilizando barco com casco de alumínio de 5 metros de comprimento e tracionado
a remo, da forma tradicional como é utilizada durante todo o ano nas comunidades
de pesca locais. O gerival utilizado na captura dos camarões do presente trabalho,
possuia as seguintes dimensões: largura de boca com 3 m, altura de a1 m e
malhas de 13 mm, 14 mm e 15 mm de distância entre-nós opostos no corpo e 14
mm e 15 mm de distância entre-nós opostos na carapuça ou ensacador, em
lances de 30 minutos.
4.1.2 Pesca em mar aberto
A pesca dos camarões sete-barbas e branco, na região da Baixada
Santista, é realizada pelo mesmo tipo de embarcação, sendo que nas pescarias
direcionadas ao camarão-branco, maiores modifica-se a rede para aumentar a
eficiência de captura:
Aumenta-se o número de flutuadores na tralha superior
Avança-se a panagem na porção superior da rede incluindo a das
mangas
Aumenta-se o peso da tralha inferior
Utilizam-se materiais mais leves, como os fios monofilamento de
poliéster
Aumenta-se a velocidade de arrasto, que passa de 1,5 s para 2
nós
24
Essas modificações são aplicadas em geral nas embarcações (FIGURA 6)
com maior torque resultando que embarcações maiores e mais potentes possuem
maior eficiência de captura do camarão-branco.
FIGURA 6 - Típico arrasteiro duplo de portas, destacando os equipamentos diretamente responsáveis pela
captura do camarão, como portas redes de manga e tangones. O “try-net” é uma rede de portas disposta na
popa da embarcação , com dimensões bem inferiores das principais e serve para se verificar a área de
arrasto se mostra satisfatória para captura.
As coletas em mar-aberto foram feitas com a utilização da embarcação
“Gabriela Xl” (FIGURA 7) com porto de origem na praia do Perequê, município do
Guarujá. Embarcação que atuou na região costeira da Baixada Santista em
profundidades que variaram de 5 a 35 metros, procurando abranger a batimetria
de ocorrência do camarão-branco. Outras embarcações que atuam na região
também tiveram o produto de pesca amostrado, entre essas estão embarcações
classificadas na categoria industrial, que atuam em profundidades superiores
àquelas da embarcação padrão.
25
FIGURA 7 Embarcação Gabriela XI, sediada no Perequê, em vista lateral da qual se obteve o maior
número de amostras no decorrer do trabalho.
As
redes de arrasto utilizadas nas amostragens possuíam as seguintes
medidas: 2 metros de altura; 9 metros de largura; tamanho da malha com 20
milímetros de distância entre nós postos nas mangas e corpo e 16 milímetros de
distância entre nós opostos no ensacador.
Na faina normal, os arrastos têm o tempo de duração variada, acontecendo
tanto de dia como de noite ou durante os dois períodos (dependendo da categoria
da embarcação). O aumento na velocidade de arrasto é considerada pelos
pescadores uma variável importante na captura do camarão-branco.
4.2 Dados ambientais
Durante as coletas mensais de material biológico foram tomados os
seguintes dados ambientais:
temperatura de fundo, com o uso de um termômetro de mercúrio com
precisão de 0,5ºC instalado em garrafa de coleta de água com duplo
compartimento e lastro de 1kg de peso
26
salinidade, por meio de um refratômetro tipo Otago, com precisão de
mg/100 mg de soluto
profundidade, obtida no estuário com o auxílio de um cabo graduado e
lastreado e, no mar, com uma ecossonda Humerbird 2000
índice pluviométrico para a região, entre janeiro de 2005 e setembro de
2006, são informações disponíveis no Programa de Monitoramento
Ambiental da Bunge S.A., Cubatão, SP.
4.3 Estrutura populacional
Entre junho de 2005 e maio de 2006 realizaram-se coletas mensais de
camarão-branco, na área estuarina e de camarão-branco e sete-barbas na região
de mar aberto da Baixada Santista. As áreas de coleta nos dois ambientes,
apresentadas anteriormente no item caracterização da área de estudo, são as
áreas que tanto a frota artesanal estuarina como a frota de marítima atuam mais
freqüentemente. No estuário foi, coletado todo produto de um arrasto com duração
de 30 minutos. Em mar aberto, reservou-se todo o produto da captura de uma das
redes da embarcação Gabriela XI, do primeiro arrasto do dia, sempre com
duração de uma hora. Nas amostras oriundas de outras embarcações, um dos
tripulantes se encarregava de executar o mesmo procedimento.
Em cada operação separou-se também o camarão-sete-barbas dos demais
produtos do arrasto amostrado, tanto na embarcação Gabriela XI como em outras
que participaram das amostragens, visando a obtenção do peso total de camarão-
sete-barbas capturado a fim de compará-lo ao peso, do camarão-branco,
calculando-se os valores de produção absoluta, relativa, e por unidade de esforço
(kg/h) de ambas espécies camarão e da ictiofauna acompanhante.
Os exemplares de camarão-branco coletados no estuário e em mar aberto
foram acondicionados em sacos plásticos, preservados em caixa térmica com gelo
e levados para o laboratório para separação por sexo a partir da observação
27
macroscópica da presença do télico (fêmeas) ou do petasma (machos). Em
seguida, mediu-se o comprimento total - CT (distância entre a extremidade livre do
rostro e a extremidade livre do telso), utilizando-se um carcinômetro com precisão
de mm, e o comprimento do cefalotórax - CC (distância entre a base do rostro e a
margem posterior do cefalotórax), por meio de um paquímetro com precisão de
0,05mm. O peso total (PT) de cada indivíduo foi obtido com uma balança de
precisão de 0,001g. Paralelamente, dados de produção de camarão-branco foram
obtidos no banco de dados de desembarque do Instituto de Pesca da S.S.A do
Estado de São Paulo (www.pesca.sp.gov.br), relativos aos municípios de
Cananéia, Ilha Comprida, Iguape, Peruíbe, Guarujá, São Sebastião e Ubatuba,
1998 a 2005.
Para se verificar possíveis relações das variáveis ambientais com a
abundância absoluta do camarão-branco nas capturas, utilizou-se o teste de
correlação de Spearman (ZAR, 1999), paralelamente foi aplicada uma regressão
linear múltipla para se verificar quais das varáveis ambientais apresentaram
correlação com a abundância do camarão branco (H
0
= a variação na abundância
do camarão-branco, não é afetada pela variação das variáveis ambientais; H
1
= a
variação na abundância do camarão-branco, é afetada pela variação das variáveis
ambientais), onde α=0,05 (ZAR, 1999). A análise da Distância Euclidiana (BioEstat
3.0
®
) foi utilizada para se verificar medidas de correlações entre todas as variáveis
ambientais.
Diferenças de comprimento e peso entre machos e fêmeas foram
comparadas com a aplicação de um teste t (α= 0,05). Para comparar a proporção
entre machos e fêmeas aplicou-se o teste qui-quadrado (α= 0,05) (ZAR, op
cit).Variações de peso individual, no decorrer do período de estudo foram
verificadas através da aplicação de uma regressão potencial para obtenção da
fórmula de correlação entre comprimento do cefalotórax (CC) e peso total (PT)
(PORTO e FONTELES-FILHO, 1981/1982; IVO e FONTELES-FILHO, 1997;
SANTOS et al., 2004b).
28
Todos os exemplares foram agrupados em classes de comprimento de
cefalotórax - CC (de 1 e 5 mm) para, a partir das modas de comprimento, inferir a
existência de classes etárias distintas e seus possíveis deslocamentos espaciais
com o crescimento (SPARRE e VENEMA, 1998). Foram calculadas medidas de
tendência central e de dispersão dos comprimentos para ambos os sexos do
camarão-branco e para a produção do camarão sete-barbas em todos os meses.
4.4 Reprodução
O grau de maturação gonadal para as fêmeas foi avaliado por observação
macroscópica externa, considerando-se a coloração e o tamanho relativo dos
ovários, segundo KING (1948) para camarões Peneídeos, NEIVA et al. (1971)
para Farfantetepenaeus brasiliensis, LARA (1972) e DUMONT (2006) para L.
schmitti, que descrevem quatro estádios: I - imatura; ED - em desenvolvimento; M
- madura; V vazia. Esses autores levam em conta os seguintes critérios na
distinção dos estádios:
Estádio I: imaturo - possui aspecto de fita transparente e estreita, pouco
evidente com músculos e fibras visíveis entre o cefalotórax e o abdômen
(FIGURA 8)
Estádio II: em desenvolvimento - nessa fase as gônadas assumem
coloração variada e de diferentes tonalidades entre o amarelo e o verde. O
desenvolvimento do ovário observado entre o cefalotórax e o abdômen
ainda é pequeno e se apresenta como uma faixa mediana regular sem
projeções laterais (FIGURA 9)
Estádio III: maduro - as gônadas apresentam coloração verde escura. São
nitidamente visíveis através da carapaça e do exoesqueleto abdominal com
projeções laterais proeminentes que aumentam de largura desde o primeiro
anel abdominal em direção ao cefalotórax, até alcançar seu maior volume
na porção média dessa região do corpo (FIGURA 10)
29
Estádio IV: vazio - posterior à desova, nessa fase as gônadas tornam-se
translúcidas, flácidas e às vezes apresentam resíduos líquidos de coloração
amarelada. Difere-se do primeiro estádio pela consistência da gônada e
pelo tamanho do indivíduo. (FIGURA 11)
FIGURA 8.-.Aspecto externo de uma fêmea classificada como imatura, mancha escurecida ocupando porção
posterior do cefalotórax, sem coloração definida.
30
FIGURA 9.-.Aspecto externo de uma fêmea classificada como em desenvolvimento, mancha escurecida
ocupando porção média do cefalotórax, coloração esverdeada.
FIGURA 10.-.Aspecto externo de uma fêmea classificada como madura, mancha escurecida ocupando toda
face dorsal do cefalotórax, coloração esverdeada nítida.
FIGURA 11.-.Aspecto externo de uma fêmea classificada como vazia, ausência da mancha observada
visualizada nos outros estádios .Neste estádio é notada coloração que pode variar de amarelo a vermelho.
na área anteriormente ocupada pelo ovário maduro na face dorsal do cefalotórax.
31
Os machos foram avaliados pela observação macroscópica das projeções
laterais do petasma (AMADO, 1978): indivíduos imaturos apresentam as projeções
separadas e os maduros apresentam as projeções unidas (FIGURA 12).
FIGURA 12 – Detalhe das projeções laterais unidas do petasma, indicando macho sexualmente maduro.
Procedeu-se à rotina de preparação das gônadas para observação
histológica, microscópica, do grau de maturação das fêmeas conforme descrito
por BELL e LIGHTNER (1998) visando confirmação dos estádios de maturação
macroscopicamente definidos:
fixar o animal no momento da captura com solução de formol 10%,
injetando-o na porção média, ou seja, entre o cefalotórax e o abdome
proceder ao corte do exoesqueleto e da musculatura adjacente à gônada
para removê-la
cortar a gônada em porções transversais de 3 a 5 mm de espessura
manter em fixador de Bouin por 24 horas, com trocas a cada 6 horas
32
emblocar em parafina, cotar com micrótomo, preparar minas, manter em
álcool absoluto e em seguida em xilol
proceder à coloração por Hematoxilina / Eosina, montar sob lamínula e
deixar na estufa para secar
As caracterizações microscópicas dos estádios de maturação ovariana
foram feitas conforme descrito por NEIVA et al. (1971), LARA (1972) BELL e
LIGHTNER (1998) e DUMONT e D’INCAO (2004).
Obtiveram-se as porcentagens de concordância na definição do grau
maturação ovariana de meas confrontando-se os dois métodos de observação
(macroscópica e microscópica) em 10 exemplares classificados
macroscopicamente em cada estádio de maturação.
Como reforço no indicativo da época de reprodução foi utilizado o fator de
condição “a” que mede o grau de engorda do indivíduo (BRAGA, 1986), utilizando
a média mensal dos valores de “a” na expressão a = P/C
3
, onde P = peso, C =
comprimento total.
A estimativa do comprimento médio da primeira maturação gonadal de
fêmeas seguiu o método proposto por VAZZOLER (1996), sendo consideradas
jovens as fêmeas imaturas e adultas as que se encontravam nos outros estádios
de maturação ovariana (em maturação, maduras e desovadas).
4.5 Ictiofauna acompanhante
Nas amostras em mar aberto separaram-se todos os peixes capturados, em
seguida ensacados, etiquetados e acondicionados em gelo. Em laboratório os
exemplares foram identificados (utilizando-se os manuais de FIGUEIREDO, 1977;
FIGUEIREDO e MENEZES, 1978; 1980; 2000; MENEZES e FIGUEIREDO, 1980;
1985) e agrupados por espécie para pesagem do conjunto.
33
Medidas de tendência central e de dispersão foram calculadas para os
valores de produção, de captura por unidade de esforço (CPUE) em kg/hora de
ictiofauna, em todos os meses. Assim como para o camarão-branco, utilizou-se o
teste de correlação linear de Spearman para verificar possíveis influências das
variáveis ambientais na produção de ictiofauna, mês a mês (ZAR, 1996).
A análise de variância ANOVA foi utilizada para comparar as flutuações na
produção total, médias da CPUE e para os índices de riqueza e de diversidade
ictiofaunística, entre as estações do ano (BRANCO e FRACASSO, 2004).
A abundância das espécies de peixe nas amostras (em mero de
indivíduos), foi classificada de acordo com PAIVA-FILHO e SCHMIEGELOW
(1986) em estudo da ictiofauna acompanhante da pesca dirigida ao camarão-sete-
barbas no Complexo Baía-Estúario de Santos e São Vicente, sendo que para cada
arrasto amostrado as espécies tiveram a seguinte classificação:
Dominantes - capturas acima de 15% do total
Abundantes - capturas entre 7% e 15% do total
Medianas - capturas entre 1% e 7% do total
Escassas - capturas entre 0,1% e 1% do total
Raras - capturas menores que 0,1% do total
O padrão temporal da composição e abundância total das espécies da
ictiofauna acompanhante também foi estudado analisando-se s a mês o
número de exemplares, o peso o número de espécies e o índice de riqueza de
espécies de Margalef, de diversidade de espécies de Shanon-Wiener e de
eqüitatividade de Pielou (LUDWIG e REYNOLDS. 1988
), especificados abaixo:
Índice de riqueza específica de MARGALEF (D) D = (S-1) / ln (n)
Índice de diversidade de SHANNON-WIENER (H’) H’ = -Σ [ ( ni/n) * ln
(ni/n)]
34
Índice de Equitabilidade de PIELOU (J’) J’ = H’ / ln (S), onde S é o
número de espécies, n é o número total de indivíduos e ni é o número de
indivíduos da espécie i em cada amostra (mês).
35
5. RESULTADOS
5.1 Dados ambientais
A profundidade das capturas variou entre 3 e 22 metros: de 3 e 5,5
(média de 4,5 metros) no estuário e de 10 a 22 metros (média de 16 metros) em
mar aberto (FIGURA 13). Os valores mensais de temperatura e de salinidade de
fundo para mar aberto e para a região estuarina constam da FIGURA 14 e a
pluviosidade na FIGURA 15.
0
5
10
15
20
25
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
profundidade mar
profundidade estuário
FIGURA 13- Variação de profundidade dos pontos de amostragem no estuário e no mar da Baixada Santista
entre junho de 2005 e maio de 2006.
Estuário
15
17
19
2 1
2 3
2 5
2 7
2 9
15
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
temperatura
salinidade
Mar
15
17
19
2 1
2 3
2 5
2 7
2 9
15
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
temperatura
salinidade
FIGURA 14 - Valores de temperatura (ºC) e salinidade (‰) de fundo obtidos nos pontos de amostragem no
estuário e no mar da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006.
36
0
50
100
150
200
250
300
350
400
jun jul a go s e t o ut no v de z jan fe v m a r a br m a i
pluviosidade (mm)
FIGURA 15 - Valores médios mensais do índice pluviométrico para a Baixada Santista entre junho de 2005 a
maio de 2006, obtidos no Município de Cubatão (Fonte: Programa de Monitoramento Ambiental da Bunge
S.A.).
Através do teste de Spearman se verificou que apesar da grande
variação sazonal no número de camarões capturados, as correlações com os
parâmetros ambientais analisados foram baixas e não significativas (p > 0,05),
sendo: para a temperatura r
s
=-0,43 e p=0,1025; para a salinidade r
s
=-0,56 e
p=0,8539; para a profundidade r
s
= -0,27 e p=0,3772 e; para a pluviosidade r
s
=-
0,17 e p=0,5774.
o teste de regressão linear múltipla para o demonstrou estuário a
existência de correlação entre a abundância do camarão-branco e as variáveis
ambientais medidas (p=0,0232) e para mar aberto o teste não demonstrou
correlação entre a abundância do camarão-branco e as variáveis ambientais
medidas (p=0,307). A análise da Distância Euclidiana apresentou maior
correlação entre temperatura e salinidade e menor correlação entre pluviosidade
e profundidade, tanto no estuário como em mar aberto. Quanto ao número de
indivíduos capturados, apresentou distâncias intermediárias, sendo que a maior
correlação ocorreu com a salinidade,nos dois ambientes (FIGURA 16).
37
FIGURA 16.-. Variação da Distância Euclidiana entre os valores de captura (n), temperatura, salinidade,
pluviosidade e profundidade obtidos no estuário e em mar aberto na região da Baixada Santista entre junho
de 2005 e maio de 2006.
5.2 Estrutura populacional
Foram analisados 2912 exemplares de camarão-branco, sendo 1570
coletados no mar junto a frota do camarão sete-barbas (com apenas duas fêmeas
maduras, coletadas junto à frota do camarão-rosa)
e 1342 no estuário, com uma
média mensal de 131± 98,4 indivíduos no mar e 111± 77,7 no estuário. A FIGURA
38
17, apresenta o número de exemplares capturados com os respectivos valores de
peso médio, mensal, para os dois sexos, no estuário e no mar aberto. Observa-se
que as maiores capturas ocorreram entre junho e setembro de 2005 e abril e maio
de 2006, caracterizando o outono como a estação do ano com as maiores
capturas para a área de mar aberto. Nesta área, as menores capturas ocorreram
entre novembro 2005 e janeiro de 2006.
Estuário
0
50
100
150
200
250
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr
n
0.0
1000.0
2000.0
3000.0
4000.0
5000.0
6000.0
7000.0
8000.0
p(g)
n Fêmeas
n Machos
peso(g)
Mar
0
50
100
150
200
250
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
n
0.0
1000.0
2000.0
3000.0
4000.0
5000.0
6000.0
7000.0
8000.0
p(g)
n Fêmeas
n Machos
peso(g)
FIGURA 17 - Litopenaeus schmitti: números absolutos de machos e fêmeas confrontadas com valores de
produção em peso, nas capturas realizadas no estuário e no mar da Baixada Santista entre junho de 2005 e
maio de 2006.
No estuário as maiores capturas ocorreram no verão e as menores na
primavera. Foram capturados exclusivamente exemplares de L. schmitti, não
tendo sido observado em nenhuma ocasião, a ocorrência de outras espécies de
Peneídeos dependentes do estuário (F. paulensis e F. brasiliensis) nos locais de
amostragem.
39
O camarão-sete-barbas apresentou uma produção total de 287 kg, com
média mensal de 23,9±15,7 kg, sendo que a maior captura ocorreu no mês de
junho (52kg) e a menor em fevereiro (3kg). Como os arrastos tiveram a duração
de 1 (uma) hora em todos os meses, a CPUE calculada em kg por hora de arrasto
apresentou um valor médio de 23,9 kg/h. A participação percentual do camarão-
sete-barbas no produto total de captura (incluindo a ictiofauna acompanhante) nos
arrastos na região de mar aberto durante o estudo foi de 51% com o maior valor
observado em junho (73%) e o menor em janeiro (7%). As variações de produção
do camarão-sete-barbas e branco durante o período de estudo são apresentadas
na TABELA 1.
TABELA 1 Produção (kg) mensal de camarão-branco e sete-barbas capturados nos ambiente estuarino e
mar aberto da região da Baixada Santista, no período entre junho de 2005 e maio de 2006.
mês
peso(kg)
camarão-
branco
peso(kg)
camarão-
sete-barbas
jun
7 52
jul
5 45
ago
5 39
set
5 12
out
2 13
nov
1,3 15
dez
1 8
jan
1,2 3
fev
1 14
mar
1,8 23
abr
7 33
mai
6 30
total
45
28
7
O desembarque de camarão-branco no litoral de São Paulo monitorado
pelo Laboratório de Estatística Pesqueira do Instituto de Pesca do Estado de São
Paulo, totalizou, no período compreendido entre 1998 e 2005, um volume total de
613816 kg. No ano de 1998 registrou-se o maior volume desembarcado
(150313kg) e em 2000 o menor volume (28767kg) desembarcado no período.
Ubatuba, Guarujá e Cananéia apresentaram respectivamente os maiores volumes
de desembarque de L. schmitti no Estado, procedentes tanto da pesca estuarina
como a de mar aberto. Tal circunstância deve-se a que
nesses municípios estão
instalados os principais entrepostos de desembarque de pescado, do litoral
40
paulista, o significando necessariamente que sejam as regiões de maior
produção de camarão-branco. Valores detalhados dos desembarques nos
municípios de Ubatuba, Cananéia, Guarujá, Peruíbe, Ilha Comprida, Iguape e São
Sebastião, estão demonstrados TABELAS 2, 3, 4, 5,.6, 7 e 8.
TABELA 2 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de
Ubatuba entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
-
22
-
-
-
113
150
-
285
95
fevereiro
15
-
-
-
-
45
142
-
202
67
março
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
abril
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
maio
1949
1316
1151
-
-
-
-
-
2196
0
732
junho
-
902
787
7015
317
7906
341
5693
2603
0
3719
julho
5292
445
45
1295
695
3494
2365
3015
1665
0
2081
agosto
157
75
-
297
183
125
707
200
3157
451
setembro
150
-
-
-
-
245
-
-
395
198
outubro
60
-
-
20
-
205
222
160
667
133
novembro
-
-
-
-
-
195
-
-
195
195
dezembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Totais
2658
276
1983
8627
1195
1233
6996
9068
6954
0
-
Médias
443
552
661
2157
398
1541
1166
2267
-
1584
valores expressos em peso (kg)
TABELA 3 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de
Cananéia entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca-APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
-
-
-
-
-
-
135
209
344
172
fevereiro
-
-
-
-
-
-
947
-
947
947
março
-
-
-
45
-
-
377
-
422
211
abril
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
maio
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
junho
-
-
-
-
-
146
5216
2292
7654
2551
julho
-
28
134
559
339
-
1725
517
3302
550
agosto
50
-
-
22
-
-
195
189
456
114
setembro
-
84
147
-
-
-
298
116
645
161
outubro
-
-
7
-
-
-
39
93
139
46
novembro
-
-
-
-
14
-
16
53
83
28
dezembro
4
-
35
3
-
-
61
2
105
21
Totais
54
112
323
629
353
146
9009
3471
141
00
-
Médias
27
56
81
157
176
146
901
4
34
-
480
valores expressos em peso (kg)
41
TABELA 4 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de
Guarujá entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
56
113
357
70
73
-
-
-
669
134
fevereiro
195
185
1731
-
536
-
100
-
2747
549
março
-
-
-
-
63
-
-
-
63
63
abril
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
maio
103
23
20
-
-
-
-
-
1073
358
junho
-
336
1635
-
101
850
1324
480
4726
788
julho
-
4944
350
735
260
786
168
-
7243
1207
agosto
134
516
-
200
294
458
-
944
2546
424
setembro
153
798
1433
125
76
370
35
-
6455
922
outubro
178
117
300
467
-
-
-
-
1062
266
novembro
-
1313
1417
53
-
29
321
60
3193
532
dezembro
136
116
-
124
100
10
-
4
490
82
Totais
1882
8461
7243
1774
1503
2503
5413
1488
3027
0
-
Médias
269
846
905
253
188
417
1083
372
-
484
valores expressos em peso (kg)
TABELA 5 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de
Iguape entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
4
-
128
-
437
471
231
22
1293
216
fevereiro
-
12
-
52
1159
186
8
-
1417
283
março
5
-
-
102
1919
304
170
5
2505
418
abril
8
-
-
149
393
470
71
-
1091
218
maio
5
-
6
95
307
325
5
10
753
108
junho
15
-
-
34
268
44
16
160
537
90
julho
4
-
-
-
-
3
9
116
132
33
agosto
-
-
10
-
2
4
16
144
176
35
setembro
-
-
-
8
1
46
2
51
108
22
outubro
12
-
1
-
-
14
20
103
150
30
novembro
-
-
-
-
-
-
7
112
119
60
dezembro
-
357
9
330
44
26
74
69
909
130
Totais
53
369
154
770
453
1893
629
792
919
0
-
Médias
8
184
31
110
503
172
52
79
-
137
valores expressos em peso (kg)
42
TABELA 6 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de Ilha
Comprida entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
-
-
-
86
120
39
36
32
313
63
fevereiro
-
-
23
882
258
65
44
-
1272
254
março
-
-
71
116
159
25
42
6
418
70
abril
140
-
-
26
52
30
20
42
310
52
maio
-
-
-
52
24
64
18
28
186
37
junho
-
-
-
22
10
53
22
46
153
31
julho
-
-
6
15
18
80
20
15
154
26
agosto
-
-
3
11
8
34
7
53
116
19
setembro
-
-
35
12
20
47
27
21
162
27
outubro
-
-
26
23
14
40
47
31
181
30
novembro
-
-
45
52
25
25
65
19
231
38
dezembro
-
-
47
79
25
45
83
77
356
59
Totais
140
-
256
1376
733
547
431
370
3853
-
Médias
140
-
32
115
61
46
36
34
-
59
valores expressos em peso (kg)
TABELA 7 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de
Peruíbe entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
fevereiro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
março
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
abril
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
maio
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
junho
-
-
-
-
-
-
-
673
673
673
julho
-
-
-
-
-
-
-
47
47
47
agosto
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
setembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
outubro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
novembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
dezembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Totais
-
-
-
-
-
-
-
720
720
-
Médias
-
-
-
-
-
-
-
360
-
360
valores expressos em peso (kg)
43
TABELA 8 Produção média mensal de camarão-branco, por município, desembarcada no município de São
Sebastião entre 1998 e 2005. (Fonte: Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês
1998
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total
Média
janeiro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
fevereiro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
março
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
abril
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
maio
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
junho
-
-
-
-
-
651
-
-
651
651
julho
-
-
-
-
-
101
-
-
101
101
agosto
-
-
-
-
-
1160
-
-
116
0
116
0
setembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
outubro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
novembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
dezembro
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Totais
-
-
-
-
-
1912
-
-
1912
-
Médias
-
-
-
-
-
637
-
-
-
637
valores expressos em peso (kg)
Os meses de maio (15%) junho (35%) e julho (20%) foram os de maior
produção no litoral de São Paulo. O acentuado crescimento da produção no
inverno é conseqüência da captura s-defeso da espécie, período em que os
indivíduos crescem, refletindo esse aumento de peso na quantificação da
produção feita em kg. Além disso, é nesse período que a frota direcionada aos
camarões atua de forma mais intensa sobre o recurso.
No verão e nos meses de defeso foram obtidos baixos valores de
desembarques da pesca estuarina e de mar aberto (janeiro:2%, fevereiro :2%,
março: 5% e abril: 3%).(FIGURA 18 e TABELAS 9 e 10)
44
TABELA 9 Produção mensal de camarão-branco, por município, desembarcada nos entrepostos pesqueiros
monitorados pelo programa de estatística pesqueira do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo. (Fonte:
Instituto de Pesca -APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
mês
Cananéia Iguape
Ilha
Comprida
Ilha
Bela Peruibe
Santos
Guarujá
São
Sebastião Ubatuba total
jan 6312 1293 313 2596 991
11505
fev 13456 1417 1272 7115 2412
25672
mar 10223 2505 419 352
13499
abr 17672 1091 310
19073
mai 23734 753 186 13380 53171
91224
jun 53034 537 153 130 673 46640 651 112193
214011
jul 24358 132 154 581 47 40227 101 55605
121205
ago 8795 176 116 498 19998 1160 20337
51080
set 3335 108 162 381 16072 8615
28673
out 1678 150 181 62 5187 7472
14730
nov 2693 119 231 67 6073 2716
11899
dez 3461 909 356 1861 181
6768
total 168751 9190 3853 1719 720 159501 1912 263693 609339
média 14063 766 321 143 60 13292 159 21974 50778
Valores em kg
TABELA 10 – Produção mensal de camarão-branco no Litoral Paulista desembarcada nos entrepostos
pesqueiros monitorados pelo programa de estatística pesqueira do Instituto de Pesca do Estado de São
Paulo, de 1998 a 2005.(Fonte: Instituto de Pesca.-APTA-SSA-SP- www.pesca.sp.gov.br)
Mês 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
t
otal
m
édia
janeiro 1841 515 840 413 2054 2058 2174 1610
11505
1438
fevereiro 725 354 2147 2790 3787 5138 3731 3194
28866
3608
março 571 932 1226 971 3629 3616 1617 936
13498
1687
abril 672 575 243 190 975 15585 482 351
19073
2384
maio 73498 7722 4700 165 704 3967 235 233
91224
1140
3
junho 30377 8027 9497 24442 12058 40180 31346 58085
214012
26751
julho 19849 10205 4093 15363 7465 28313 17190 18727
121205
15151
agosto 9460 3700 1095 6172 4113 9849 9055 7636
51080
6385
setembro 1916 1849 1885 1128 1358 9349 7911 3277
28673
3584
outubro 1511 451 1295 1484 1346 5252 1514 1877
14730
1841
novembro 1626 1835 1538 1790 693 3075 1359 1266
13182
1648
dezembro 1267 1185 208 1265 495 1054 906 388
6768
846
Totais
150313
37350
28767
56173
38677
127436
77520
97580
613816
-
Médias
12526
311
2
2397
4681
3223
10620
6460
8132
-
6394
Valores em kg
45
FIGURA 18 Variação média mensal da produção do camarão-branco, desembarcada nos entrepostos
pesqueiros monitorados pelo programa de estatística pesqueira do Instituto de Pesca do Estado de São
Paulo.
A participação percentual do camarão-branco no produto total da pesca de
camarões amostrada no período de estudo foi de 100% no estuário, enquanto
que em mar aberto, variou de 4% em janeiro a 16% em junho e, confirmando o
inverno como estação do ano de maior captura da espécie na região estudada.
O peso médio individual dos exemplares variou bastante mensalmente:
entre 3,0g (fevereiro) e 7,4g (novembro), para as meas e entre 4,1g (fevereiro) e
11,3g (julho), para os machos , no estuário e entre 20,5g (fevereiro) e 43,5g
(janeiro), para fêmeas e entre 6,7g (fevereiro) e 28,8g (dezembro e janeiro) para
machos em mar aberto (FIGURA 19).
46
Estuário
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
jun jul ago set out nov dez jan f ev mar abr mai
0
50
100
150
200
250
300
350
fêmeas machos n
Mar
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
jun jul ago set out nov dez jan f ev mar abr mai
0
50
100
150
200
250
300
350
fêmeas machos n
FIGURA 19- Litopenaeus schmitti: valores de produção em peso de machos e fêmeas, confrontadas com
números de ocorrência, nas capturas realizadas no estuário e no mar da Baixada Santista, entre junho de
2005 e maio de 2006.
A relação peso/comprimento, obtida para cada sexo por regressão
potencial, mostrou valores de coeficiente angular diferentes para machos
(Pt=0,0114Cc
2,2378
e
R
2
=0,8691)
e fêmeas (Pt=0,0252Cc
2,013
e
R
2
=0,6746), sendo
que para fêmeas o coeficiente “b” foi menor que o dos machos.
(FIGURA 20).
47
Fêmeas n=1130
Pt = 0,0114Cc
2.2378
R
2
= 0,8691
0
20
40
60
80
100
0 10 20 30 40 50 60
Cc( mm)
Machos n=440
Pt = 0,0252Cc
2.013
R
2
= 0,6746
0
20
40
60
80
100
0 10 20 30 40 50 60
Cc( mm)
Sexos agrupados
n=1570
Pt = 0.0113Cc
2.2408
R
2
= 0.8692
0
20
40
60
80
100
0 10 20 30 40 50 60
Cc(mm)
Pt(g)
FIGURA 20 - Litopenaeus schmitti: relação peso (Pt) / comprimento (Cc) de fêmeas, machos e sexos
agrupados capturados na região de mar abreto da Baixada Santista entre junho de 2005 e maio de 2006.
O comprimento de carapaça dos indivíduos analisados se concentrou nos
intervalos de 22 a 35 mm para fêmeas e 20 a 29 mm para os machos, nas
amostras de mar aberto, e de 10 a 20 mm para as fêmeas e 15 a 25 mm para os
machos, nas amostras provenientes da região estuarina. A descrição numérica e
estatística das capturas mensais para fêmeas e machos constitui as TABELAS 11
e 12, respectivamente.
48
TABELA 11 - Litopenaeus schmitti: valores mínimo, máximo, média, desvio padrão, variância e número de
observações (n) das medidas de comprimento total (CT) e comprimento de carapaça (CC) de fêmeas
capturadas nos ambientes estuarino e de mar aberto da região da Baixada Santista no período entre junho
de 2005 e maio de 2006.
Fêmeas
Estuário Mar
Mês N Medida(mm) mínimo máximo média desvipad variância n Medida(mm) mínimo máximo média desvipad variância
jun/05 62 CT 75 136 102,5 12,2 149,3 197 CT 118 200 156,5 17,4 303,7
CC 7 23 17,5 3,0 8,9 CC 23 43 34,2 4,6 21,4
jul/05 95 CT 75 125 101,0 13,0 169,2 135 CT 118 203 160,2 18,4 339,3
CC 7 23 16,9 3,5 12,3 CC 23 49 34,3 4,9 24,1
ago/05 52 CT 73 141 104,9 12,7 162,0 113 CT 120 210 163,8 22,6 512,6
CC 7 23 17,9 3,0 8,7 CC 28 49 36,1 5,2 27,1
set/05 40 CT 55 129 85,8 16,7 277,6 106 CT 120 210 166,6 23,0 530,8
CC 7 22 15,7 3,2 10,3 CC 28 49 36,7 5,3 28,0
out/05 31 CT 55 198 106,3 24,1 580,9 38 CT 125 200 161,8 22,3 498,4
CC 7 23 18,1 3,6 13,2 CC 26 44 34,0 5,2 27,4
nov/05 19 CT 92 136 111,4 10,7 114,7 25 CT 149 200 178,8 16,5 272,8
CC 17 23 19,4 2,1 4,3 CC 29 45 37,8 5,1 25,9
dez/05 42 CT 55 147 103,5 23,0 528,7 32 CT 132 212 172,7 22,1 487,5
CC 11 23 18,2 3,5 12,2 CC 29 48 37,1 5,4 28,9
jan/06 146 CT 55 147 93,8 24,6 607,6 25 CT 105 212 177,7 29,1 848,2
CC 11 23 17,0 3,6 13,2 CC 17 48 38,5 8,0 63,6
fev/06 168 CT 53 147 74,3 15,8 248,2 46 CT 55 212 128,8 42,6 1814,1
CC 11 23 14,4 2,9 8,4 CC 11 48 25,5 11,4 129,6
mar/06 181 CT 53 147 74,8 16,4 269,0 47 CT 75 166 113,5 19,3 373,0
CC 11 23 14,5 2,9 8,6 CC 12 47 20,5 6,2 38,8
abr/06 102 CT 53 122 78,7 13,9 194,2 225 CT 100 172 139,6 18,5 341,8
CC 11 23 15,5 3,0 9,2 CC 17 48 30,6 6,6 43,9
mai/06 70 CT 75 136 102,5 12,2 149,3 141 CT 100 174 142,3 17,9 320,2
CC 7 23 17,5 3,0 8,9 CC 17 48 31,6 6,1 37,6
49
TABELA 12 - Litopenaeus schmitti: valores mínimo, máximo, média, desvio padrão, variância e número de
observações (n) das medidas de comprimento total (CT) e comprimento de carapaça (CC) de machos
capturadas nos ambientes estuarino e de mar aberto da região da Baixada Santista no período entre junho
de 2005 e maio de 2006.
Machos
Estuário
Mar
Mês n Medida mínimo máximo média desvipad variância n medida mínimo máximo média desvipad variância
jun/05 9 CT 113 136 115,8 2,1 4,6 61 CT 109,67 164,67 137,2 19,0 359,7
CC 19 23 20,0 1,0 1,0 CC 20,00 34,67 28,4 4,6 20,9
jul/05 13 CT 110 135 121,0 10,7 114,9 42 CT 110 175 145,0 19,5 380,2
CC 19 29 22,5 4,6 20,9 CC 17,5 37 28,5 5,4 29,4
ago/05 17 CT 110 138 117,8 8,2 66,9 36 CT 110 171 143,3 20,4 414,6
CC 19 29 21,3 3,3 10,9 CC 20 35 28,2 5,1 25,8
set/05 15 CT 70 136 91,6 14,8 218,7 36 CT 110 171 145,3 20,5 421,9
CC 12 29 18,2 3,4 11,7 CC 20 35 28,8 5,0 25,2
out/05 7 CT 83 123 98,2 14,5 210,9 25 CT 108 171 139,5 21,9 477,6
CC 17 22 19,3 1,9 3,8 CC 22 35 29,3 4,4 19,5
nov/05 6 CT 92 123 106,5 14,4 206,6 7 CT 133 168 155,3 17,1 293,7
CC 18 22 20,4 1,8 3,4 CC 31 34 32,4 1,4 1,8
dez/05 8 CT 83 119 99,0 13,3 178,0 2 CT 133 161 147,0 19,8 392,0
CC 17 22 19,4 2,0 4,0 CC 31 33 32,0 1,4 2,0
jan/06 41 CT 83 119 95,4 13,5 183,3 7 CT 119 138,2 71,0 76,9 5907,4
CC 17 22 18,9 2,0 4,1 CC 22,5 27,4 15,5 15,7 247,8
fev/06 47 CT 63 119 81,5 16,8 281,0 23 CT 70 126 101,6 18,2 331,6
CC 13 22 16,2 3,0 9,2 CC 13 22 19,3 2,6 6,8
mar/06 82 CT 63 96 78,4 9,7 93,9 18 CT 109 143,75 123,5 10,8 115,9
CC 13 20 15,6 2,2 4,9 CC 20,75 30 24,7 3,2 10,1
abr/06 67 CT 61 108 86,5 11,1 122,9 98 CT 104 150 124,4 12,8 164,4
CC 12 22 17,1 2,5 6,2 CC 21 33 25,9 3,8 14,2
mai/06 22 CT 113 136 115,8 2,1 4,6 85 CT 104 150 125,4 13,4 179,4
CC 19 23 20,0 1,0 1,0 CC 21 33 26,4 3,8 14,6
A distribuição mensal de freqüência por classe de comprimento de carapaça
(FIGURA 21) demonstrou uma única classe etária (distribuição unimodal) em
praticamente todo o período de estudo, sobretudo no estuário, ocorrendo, no
entanto, em mar aberto, entre janeiro e maio, duas classes etárias (distribuição
bimodal) ainda que por vezes uma delas apenas insinuada.
50
Jun n
M=255E= 71
0
15
30
45
60
%
Mar
Es t rio
Dez n
M=30E=51
0
15
30
45
60
%
Mar
Es t rio
Jul n
M=180E=108
0
15
30
45
60
Jan n
M=32E187
0
15
30
45
60
Ago n
M=149E=69
0
15
30
45
60
Fev n
M=76E=215
0
15
30
45
60
Set n
M=142E=55
0
15
30
45
60
Mar n
M=91E=263
0
15
30
45
60
Out n
M=63E=38
0
15
30
45
60
Abr n
M=323E=129
0
15
30
45
60
Nov n
M=32E=23
0
15
30
45
60
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Mai n
M=226E=92
0
15
30
45
60
5 10 15 20 25 30 35 40 45
Classes de comprimento (mm)
FIGURA 21 Litopenaeus schmitti: freqüência de ocorrência por classe de comprimento de carapaça
(machos e fêmeas agrupados) segundo as áreas de pesca (mar aberto e estuarina) na Baixada Santista,
entre junho de 2005 e maio de 2006.
A brusca diminuição do comprimento médio das fêmeas de janeiro para
fevereiro e o desenho das modas indicam uma migração da área estuarina para o
mar. O teste t mostrou, nos meses de fevereiro, abril e maio de 2006, na área de
mar aberto, diferença significativa no comprimento médio de carapaça entre
machos e fêmeas, com estas últimas apresentando-se maiores (p < 0,0000).
Inversamente, no estuário o comprimento médio de carapaça dos machos foi
51
maior que o das fêmeas em todos os meses, mas com diferença significativa
apenas em junho de 2005 (p=0,0002) e maio de 2006 (p < 0,0000).
Considerando-se o total amostrado por local, a proporção sexual foi de 72%
de fêmeas e 28% de machos (2,5:1) na área de mar aberto e 75,11% de fêmeas e
24,89% de machos (3:1) na região estuarina. O teste do qui-quadrado confirma
estatisticamente o significativo predomínio mensal das fêmeas, tanto no mar
aberto quanto no estuário (p < 0,05).
5.3 Reprodução
Dentre as 1008 fêmeas analisadas no estuário observou-se 83,35% de
“imaturas” e 16,65% de “em desenvolvimento”. dentre os 334 machos
avaliados, 69,05% eram imaturos e 30,95%, maduros (FIGURA 22). Na área de
mar aberto foram observadas 1130 fêmeas identificando-se exemplares
nos
quatro estádios de maturação gonadal, sendo 9,4% imaturas, 63% em
desenvolvimento, 21,1% maduras e 6,6% vazias (TABELA 13 e FIGURA
23).Todos os machos amostrados estavam maduros (n = 440).
52
TABELA 13 Litopenaeus schmitti: número de fêmeas por estádio de maturação ovariana na área de mar
aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006. (I - imatura; ED - em desenvolvimento; M - madura; V - vazia)
mês Desenv, Cc Cc Wt Wt N % NT
Max,
Min,
Max, Min,
junho I 0 0 0 0 0,0 170
ED 23 40 11 39 131
77,1
M 32 44 35 53 31 18,2
V 36 43 32 51 8 4,7
julho I 23 23 11 11 2 1,6 124
ED 23 40 11 39 85 68,5
M 31 44 34 53 30 24,2
V 39 43 30 51 7 5,6
agosto I 0 0 0 0 0,0 111
ED 28 43 21 18 62 55,9
M 31 44 34 53 37 33,3
V 39 43 41 51 12 10,8
setembro I 0 0 0 0 0,0 109
ED 28 40 21 43 58 53,2
M 35 44 36 68 41 37,6
V 35 43 37 63 10 9,2
outubro I 0 0 0 0 0,0 40
ED 26 37 16,2 37,8 21 52,5
M 29 44 29 54 17 42,5
V 40 43 38,9 50,63 2 5,0
novembro I 0 0 0 0 0,0 29
ED 29 37 32 35,2 6 20,7
M 32 45 35 54,2 16 55,2
V 39 45 39 51 7 24,1
dezembro I 0 0 0 0 0,0 35
ED 29 37 22,3 35 12 34,3
M 32 48 37,8 78 11 31,4
V 40 43 39 53 12 34,3
janeiro I 17 19 5,2 6,4 2 8,0 25
ED 29 39 25 27 4 16,0
M 39 48 39 78 9 36,0
V 40 48 36 70 10 40,0
fevereiro I 11 21 1,2 9,3 23 54,8
42
ED 19 40 6,38 39 13 31,0
M 39 42 46 53 3 7,1
V 45 48 54 78 3 7,1
março I 12 23 2,7 8,4 43 57,3
75
ED 20 47 12,5 43,27 32 42,7
M 0 0 0 0 0,0
V 0 0 0 0 0,0
abril I 17 19 5,2 7,18 22 12,0
183
ED 21 38 9,2 45 140
76,5
M 36 48 38,3 45,1 21 11,5
V 0 0 0 0 0 0,0
maio I 17 19 5,2 7,2 9 6,6 137
ED 21 48 10 43,3 116
84,7
M 29 39 39 44,5 12 8,8
V 0 0 0 0 0,0
53
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai
% de fêmeas
imaturas em desenvolvimento
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai
% machos
imaturos maduros
FIGURA 22 - Litopenaeus schmitti: proporção mensal de indivíduos jovens e pré-adultos para fêmeas e
machos coletados no estuário da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai
% de fêmeas
I - imatura ED - em desenvolvimento M - madura V - vazia
FIGURA 23 – Litopenaeus schmitti: proporção mensal de fêmeas por estádio de maturação ovariana na área
de mar aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006. (I - imatura; ED - em desenvolvimento; M - madura; V -
vazia)
54
O comprimento dio de carapaça estimado na primeira maturação (L
50
)
para fêmeas é de 15,8 mm (FIGURA 24).
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
comprimento (mm)
número
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
n freq.relat.
FIGURA 24 - Estimativa do comprimento em que 50% das fêmeas estão aptas à reprodução (L50) na
população de camarão-branco (Litopenaeus schmitti) presente em águas da Baixada Santista, entre junho de
2005 e maio de 2006.
Microscopicamente, foram identificadas diferentes disposições e dimensões
celulares nos cortes histológicos de ovário, de L. schmitti.
No primeiro estádio, ovário imaturo as oogônias (Oog) foram as células com
maior número no corte, estas fazem parte do epitélio germinativo e se apresentam
como células pequenas ovaladas cujo citoplasma se cora facilmente com a
hematoxilina (basófila) e ocupam a porção central do ovário, caracterizando uma
zona de proliferação (Zp). Células germinativas basófilas também podem
apresentar forma poliédrica e um cleo com nucléolos na periferia (LARA, 1972).
Foram observados também no mesmo corte, ovócitos imaturos (Ov I) com
citoplasma basófilo, ocupando a porção periférica do ovário. Imagem obtida em
corte do ovário de indivíduo com CC= 22 mm e PT = 39 g. (FIGURA 25).
O
segundo estádio, ovário em desenvolvimento, se caracterizou por
apresentar células germinativas em início de vitelogênese, com formação de
55
grânulos no citoplasma, afinidade por eosina (acidófilo) e o núcleo grande (Ov II).
Estão presentes ovócitos I no mesmo estádio. Imagem obtida de corte do ovário
de indivíduo com CC= 29 mm e PT = 43 g (FIGURA 26).
No terceiro estádio, ovários maduros, observaram-se células volumosas, de
forma irregular, acidófilas (Ov III) com corpos periféricos citoplasmáticos (Cp) em
forma de bastonetes dispondo-se de maneira radiada em relação ao núcleo
indicando vitelogênese final ou ovário maduro. Imagem obtida do ovário de
indivíduo com CC= 42 mm e PT = 84 g (FIGURA 27).
No quarto estádio, ovário desovado ou vazio, ocorre
desorganização celular
com lacunas nítidas deixadas pelo deslocamento dos ovócitos maduros.
Observam-se também restos celulares e células germinativas em estágios iniciais
de desenvolvimento, caracterizando início de um novo ciclo. Imagem obtida de
corte do ovário de indivíduo com CC= 39 mm e PT = 80 g. (FIGURA 28).
Analisando-se macroscopicamente a coloração e o tamanho relativo dos
ovários, constata-se relação entre essas características e a composição e
organização microscópica. No entanto, a confirmação da observação
macroscópica do estádio de maturação pelo resultado da análise microscópica
demonstrou mais acertos no estádio maduro, onde todos exemplares classificados
macroscopicamente nessa fase também apresentaram características histológicas
de ovário maduro. E o menor grau de acerto ocorreu em relação ao estádio
imaturo, com 60% de acerto, na comparação dos todos. Os demais números
comparativos estão apresentados na TABELA 14.
56
TABELA 14 – Porcentagem de concordância entre a classificação macroscópica e a microscópica dos
estádios de maturação ovariana de fêmeas de Litopenaeus schmitti.
Grau de maturação/ método de
observação
macro/micro
I
ED
M
V
I
60% 40%
ED
5% 80% 15%
M
100%
V
10% 90%
FIGURA 25 – Corte histológico de ovário de L. schmitti no primeiro estádio imaturo.(40X)
57
FIGURA 26 - Corte histológico de ovário de L. schmitti no segundo estádio “em desenvolvimento”.(80X)
FIGURA 27 - Corte histológico de ovário de L. schmitti no terceiro estádio maduro.(100X)
58
FIGURA 28 - Corte histológico de ovário de L. schmitti no quarto estádio vazio.(100X)
Por outro lado, os maiores valores do Fator de condição ”a” da relação
peso-comprimento se concentraram nos meses de fevereiro e março (verão)
(FIGURA 29), indicando o verão como época importante no ciclo reprodutivo do
camarão-branco.
a
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
FIGURA 29 – Variação do fator de condição “a”, obtida na relação peso/comprimento de fêmeas de
Litopenaeus schmitti: na área de mar aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006.
59
5.4 Ictiofauna
Um total de 6858 peixes foram capturados na área de estudo entre junho de 2005
a maio de 2006, juntos perfazendo 127,2 kg, distribuídos em 53 espécies e 25
famílias. A média numérica de exemplares por captura foi de 572±289 e a
biomassa média foi de 10,6±8,4kg. As maiores capturas se concentraram nos
meses de janeiro a junho, com pico em fevereiro (1026 - 14,9% do total) e as
menores capturas ocorreram entre julho e dezembro, destacando-se o mês de
setembro com apenas 181 indivíduos (2,6%). A produção média foi de
20,2±30,6kg, com o maior volume desembarcado ocorrendo em janeiro (35,8kg) e
o menor em setembro (4,3kg).
A variação sazonal na produção de ictiofauna apresentou correlação
positiva e não significativa (p > 0,05), para a temperatura (r
s
=0,0177 e p=0,9565),
para; salinidade (r
s
=-0,0873 e p=0,7872). Negativa e não significativa para:
pluviosidade (r
s
= -0,3776 e p=0,2261) e para a profundidade (r
s
=-0,5009 e
p=0,0971). A análise de variância ressaltou diferenças significativas na produção
de peixes entre as estações do ano (F
crit
=5,987; p=0,0053).
Das 25 famílias identificadas (TABELA 15) a mais representativa foi a
Scianidae com 16 espécies, que contribuiu com 39,5% do número total de peixes
capturados, seguida das famílias: Clupeidae (23,32%), Carangidae (11,18%),
Trichiuridae (8,81%), Engraulidae (3,14%), Serranidae (2,52%), Ariidae (2,15%),
Haemulidae (2,10%), sendo que todas as famílias restantes representaram 7,1%
do universo amostral (FIGURA 30). Quanto à participação em peso, houve a
dominância das seguintes famílias, por ordem de representatividade: Sciaenidae
(38.58%), Myliobatidae (9,97%), Trichiuridae (8,81%) Centropomidae (5,53%),
Haemulidae (3,72%), Clupeidae (3,37%), Rhinobatidae (3,34%) com as demais
famílias, em conjunto, contribuindo com 24,4% do peso total. Myliobatidae, com
apenas um exemplar capturado pesando 13kg, pode ser considerada uma família
60
de baixa representatividade, sendo que a captura de um exemplar desse porte
pode estar associada à característica do aparelho de pesca, com tralha superior
mais alta, utilizado por ocasião de sua captura.
TABELA 15 Lista de Famílias de peixes capturados durante as coletas e suas respectivas
participações em espécies, número e peso na região de mar aberto da Baixada Santista entre junho de 2005
e maio de 2006.
Famílias Riqueza(S) Frequência S(%) Frequência N(%) Frequência peso (%)
1
Sciaenidae 16 30,19 39,55 38,58
2
Clupeidae 4 7,55 23,32 3,37
3
Carangidae 4 7,55 11,18 2,24
4
Aridae 2 3,77 2,15 2,71
5
Centropomidae 2 3,77 0,27 5,53
6
Gerridae 2 3,77 0,33 0,82
7
Haemulidae 2 3,77 2,10 3,72
8
Engraulidae 2 3,77 3,14 1,76
9
Tetraodontidae 2 3,77 1,57 1,93
10
Rhinobatidae 2 3,77 0,16 3,34
11
Trichiuridae 1 1,89 8,81 8,81
12
Ophichtidae 1 1,89 0,21 1,48
13
Cynoglossidae 1 1,89 0,55 0,52
14
Soleidae 1 1,89 0,36 0,85
15
Pomacanthidae 1 1,89 1,38 1,97
16
Batrachoididae 1 1,89 0,74 2,59
17
Diodontidae 1 1,89 0,49 1,32
18
Serranidae 1 1,89 2,52 0,70
19
Gadidae 1 1,89 0,54 0,62
20
Triglidae 1 1,89 0,20 1,11
21
Dactylopteridae
1 1,89 0,11 1,02
22
Narcinidae 1 1,89 0,06 0,59
23
Squatinidae 1 1,89 0,03 0,19
24
Myliobatidae 1 1,89 0,01 9,97
25
Rajidae 1 1,89 0,10 1,88
61
0
5
10
15
20
25
30
35
Sciaenidae Clupeidae Carangidae outros
n
0.0
10.0
20.0
30.0
40.0
50.0
60.0
%
% n
FIGURA.30.-.Distribuição das famílias segundo sua participação numérica e relativa na composição da
ictiofauna obtida dos arrastos amostrados em mar aberto da região da Baixada Santista, entre junho de 2005
e maio de 2006.
A participação da ictiofauna no produto das capturas estudadas apresentou
variação sazonal quanto à sua proporção em peso em relação aos camarões
(“branco” e “sete-barbas”), obedecendo ao seguinte padrão: em junho com 10%
para camarão-branco, 73% para camarão-sete-barbas e 17% para peixes,
resultando na proporção de 1:0,3 (camarões/peixes), mantida em julho (1:0,3), a
partir de agosto houve um aumento gradativo na participação de peixes a
alcançar o maior valor em janeiro com: 3% para camarão-branco, 7% para
camarão-sete-barbas e 90% para peixes, resultando na proporção de 1:9,0
(TABELAS 16, 17, e FIGURA 31).
62
TABELA 16 - Lista de espécies e nomes comuns no litoral paulista dos peixes da fauna acompanhante da
pesca do camarão-branco (Litopenaeus schmitti) capturadas no ambiente de mar aberto na região da
Baixada Santista no período entre junho de 2005 e maio de 2006. É apresentada por espécie a participação
em número (%), peso (%), ocorrência.nas amostras (%) e classificação proposta por PAIVA-FILHO e
SCHMIEGELOW (1986) acima de 15% (D)=dominante; entre 7% e 15% (A)= abundante; entre 1% e 7%(M)=
mediano; entre 0,1% e 1% (E)= escasso; 0,01% e 1% R= raro e quanto à freqüência temporal ainda segundo
o mesmo autor, freqüente (F) quando superior a 75%, sazonal (S), entre 25% e 75% e ocasional (O), inferior
a 25%.
Espécie Nome comum
Participaçã
o n %
Participação
peso % Ocorrência,
% PAIVA-FILHO et al, (1986)
Paralonchurus brasiliensis Maria luiza 5,9 5,3 12,0 100,0
M F
Stellifer brasiliensis Cangoá 1,7 1,3 12,0 100,0
M F
Stellifer rastrifer Cangoá 9,0 3,9 12,0 100,0
A F
Stellifer stellifer Cangoá 2,0 0,7 11,0 91,7 M F
Bairdiella ronchus, Cangoá 2,8 0,9 8,0 66,7 M S
Macrodon ancylodon Pescada amarela 2,3 2,6 12,0 100,0
M F
Isophysthus parvipinnis Tortinha 5,1 1,2 12,0 100,0
M F
Micropogonias furnieri Corvina 1,4 1,3 10,0 83,3 M F
Larimus breviceps Oveva 2,6 2,6 9,0 75,0 M S
Menticirrus americanus Perna de moça/betarra 0,5 1,2 11,0 91,7 E F
Umbrina coroides Castanhota 1,4 0,9 8,0 66,7 M S
Umbrina canosai Castanha 0,9 3,3 5,0 41,7 E S
Cynoscion jamaicensis Goete 1,0 0,8 8,0 66,7 M S
Cynoscion virescens Pescada cambucú 1,3 6,7 10,0 83,3 M F
Nebris microps Pescada inglesa 1,3 4,8 11,0 91,7 M F
Menticirrus litorallis Perna de moça/betarra 0,5 1,1 8,0 66,7 E S
Pellona harroweri Savelha 18,8 1,6 12,0 100,0
D F
Harengula clupeola Sardinha cascuda 1,8 1,2 10,0 83,3 M F
Sardinella brasiliensis Sardinha 0,1 0,2 3,0 25,0 E O
Chirocentrodon bleekerianus Sardinha mole 2,7 0,4 9,0 75,0 M S
Chloroscombrus crysurus Palombeta 0,5 0,6 10,0 83,3 E F
Oligoplityes saurus Guaivira 3,3 0,6 10,0 83,3 M F
Selene vomer Peixe galo 2,9 0,3 9,0 75,0 M S
Selene setapinis Peixe galo de penacho 4,6 0,7 12,0 100,0
M F
Arius spixii Bagre amarelo 1,7 2,2 8,0 66,7 M S
Bagre bagre Bagre 0,4 0,5 5,0 41,7 E S
Centropomus undecimalis Robalo flexa 0,1 4,9 7,0 58,3 E S
Centropomus paralelus Robalo peba 0,2 0,6 5,0 41,7 E S
Diapterus rhombeus Carapeva 0,3 0,7 8,0 66,7 E S
Eucinostomus argenteus Carapicu 0,03 0,1 3,0 25,0 R S
Pomadasis corvinaeformis Roncador 1,4 0,7 9,0 75,0 M S
Haemulon plumieri Corcoroca 0,7 3,0 8,0 66,7 E S
Trichiurus lepturus Peixe espada 8,8 7,6 12,0 100,0
D F
Lycengraulis grossidens Manjubão 0,2 0,9 3,0 25,0 E S
Anchoa leoleps Manjuba 2,9 0,8 11,0 91,7 M F
63
Continuação TABELA 16
Ophichthus gomesii Enguia 0,2 1,5 10,0 83,3 E F
Symphurus tesselatus Lingua de mulata 0,5 0,5 10,0 83,3 E F
Trinectes paulistanus Linguado 0,4 0,8 11,0 91,7 E F
Peprilus paru Gordinho 1,4 2,0 8,0 66,7 M S
Porichthys porosissimus Mamangá liso 0,7 2,6 11,0 91,7 E F
Cyclichthuys spinosus Baiacú de espinho 0,5 1,3 8,0 66,7 E S
Sphoeroides testudineus Baiacú balão 0,2 1,0 5,0 41,7 E S
Lagocephalus laevigatus Baiacú bandeira 1,4 0,9 11,0 91,7 M F
Diplectrum radiale Mixolé da areia 2,5 0,7 8,0 66,7 M S
Urophycis brasiliensis Abrótea 0,5 0,6 6,0 50,0 E S
Prionotus punctatus Cabrinha 0,2 1,1 8,0 66,7 E S
Dactylopterus volitans Coió 0,1 1,0 7,0 58,3 E S
Rhinobathus percellen Raia viola 0,2 3,3 7,0 58,3 E S
Zapteryx brevirostris Raia viola 0,1 3,6 7,0 58,3 E S
Narcine brasiliensis Treme-treme 0,1 0,6 5,0 41,7 E S
Squatina argentina Cação anjo 0,0 0,2 2,0 16,7 R O
Rhinoptera bonasus Ticonha 0,0 10,0 1,0 8,3 R O
Sympterygia acuta Emplastro 0,1 1,9 5,0 41,7 E S
Tabela 17 -Peso (g) dos componentes analisados das capturas dirigidas ao camarão-branco nos ambientes
estuarino e de mar aberto da região da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006.
Camarão
-
branco
Estuário
peso(g)
Camarão
-
branco
Mar-aberto
peso(g)
Componentes da captura
peso(g)
mês
macho
fêmea total macho
fêmea total
Camarão-
branco
Camarão-
sete-
barbas Peixes
jun
73 368 441 1341 5981 7323 7765 52000 11777
jul
147 557 705 1023 4268 5292 5997 45000 9801
ago
166 324 490 913 4181 5094 5584 39000 12893
set
84 178 262 920 4082 5002 5265 12000 4269
out
44 205 249 644 1357 2001 2251 13000 6703
nov
46 140 186 201 1075 1276 1463 15000 6620
dez
52 271 324 57 1290 1347 1671 8000 12226
jan
245 768 1013 110 1088 1198 2211 3000 35832
fev
186 504 691 153 942 1096 1788 14000 12916
mar
290 551 841 280 502 782 1624 23000 8148
abr
313 372 684 1746 5679 7424 8109 33000 114008
mai
178 416 595 1565 3960 5524 6120 30000 7367
total(geral) 1828
4657 6484 8956 34406 43362 49846 93208 143055
64
0%
20%
40%
60%
80%
100%
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
camarão-branco camao-sete-barbas peixes
FIGURA 31.-.Participação relativa dos componentes analisados do produto total dos arrastos amostrados em
mar aberto da região da Baixada Santista, entre junho de 2005 a maio de 2006.
Das 53 espécies identificadas, Pellona harroweri participou com 18,8% do
número total de peixes capturados, sendo a espécie com a maior ocorrência
numérica, seguida de Stellifer rastrifer (9%), Trichiurus lepturus (8,8%),
Paralonchurus brasiliensis (5,9%), Isophysthus parvipinnis (5,1%). Em peso, as
espécies que se destacaram foram: Rhinoptera bonasus (10%), Trichiurus lepturus
(7,6%), Cynoscion virescens (6,7%), Paralonchurus brasiliensis (5,3%),
Centropomus undecimalis (4,9%) e Nebris microps (4,8%). Os peixes com os
maiores pesos médios foram (exceto R. bonasus). Centropomus undecimalis (799
g), Rhinobathus Percelles (396.5 g), Sympterygia acuta (350.7 g) e Dactylopterus
volitans (178 g) (FIGURA 32), espécies com potencial de aproveitamento na
categoria mistura. A participação de Rhinoptera bonasus, apenas um exemplar de
peso grande, mostra que a espécie não tem representatividade na ictiofauna da
pesca
camaroeira estudada.
Apresentaram 100% de ocorrência nas amostras: Pellona harroweri,
Stellifer. rastrifer, Trichiurus lepturus, Paralonchurus brasiliensis, Isophysthus
parvipinnis, Selene setapinis, Macrodon ancylodon, Stellifer stellifer, Harengula
clupeola, Arius spixii, Stellifer brasiliensis, todas, portanto, classificadas como
Freqüentes e Constantes. Apenas Pellona harroweri e Trichiurus lepturus foram
classificadas como Dominantes.
65
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Centropomus undecimalis
Zapt eryx brevirost ris
Rhinobathus Percelles
Sympterygia acuta
Narcine brasiliensis
Dactylopterus volitans
Ophichthus gomesii
Squatina argentina
Sphoeroides testudineus
Prionotus punctatos
Cynoscion virescens
Lycengraulis grossidens
Haemulon plumieri
Centropomus paralelus
Umbrina canosai
Nebris microps
p
e
s
o
(
g
)
FIGURA 32 Pesos médios das principais espécies de peixes (excluindo Rhynoptera bonasus ) da fauna
acompanhante da pesca de camarão-branco (Litopenaeus schmitti) capturadas no ambiente de mar aberto na
região da Baixada Santista, entre junho de 2005 e maio de 2006.
A ictiofauna se apresentou estável quanto à diversidade, pois a análise de
variância para o índice de Shannon não demonstrou a existência de diferenças
significativas entre as estações do ano (F
crit
=5.987; p=0.931), sendo que a maior
diversidade foi registrada no verão (H’=2,855) e a menor no inverno (H’=2,269). O
índice de equitabilidade de Pielou (J’) também não apresentou diferenças
significativas entre as estações (F
crit
=5,987; p=0,032) com os maiores valores no
verão e os menores no inverno (J’=0,75 e 0,63 respectivamente). A Riqueza (S) e
o índice de Riqueza Específica Margalef (D) se mostraram semelhantes aos
resultados da diversidade de Shannon (TABELA 18 e FIGURA 33).
66
TABELA 18 Ocorrência numérica, pesos mensais e os respectivos índices de Riqueza (S’), Riqueza de
Margalef (D’), Shannon (H’) e equitatividade de Pielou (J’) da ictiofauna acompanhante da pesca de camarão-
branco (Litopenaeus schmitti) nas amostras de mar aberto, entre junho de 2005 e maio de 2006.
MÊS: n peso(g) S’
D’
H
,’
J’
,
jun
738 11777 38 5,60 2,27 0,63
jul
499 9801 43 6,76 2,62 0,70
ago 284 4329 34 5,84 1,92 0,54
set 181 4268,5 25 4,62 2,35 0,73
out 234 6702,5 30 5,32 2,42 0,71
nov 251 6619,5 35 6,15 2,53 0,71
dez 446 12226 41 6,56 2,81 0,76
jan
740 35832 46 6,81 2,81 0,73
fev 1026 12916 46 6,49 2,95 0,77
mar 835 8148 43 6,24 2,96 0,79
abr 820 7684 41 5,96 2,75 0,74
mai 806 7366,5 35 5,08 2,33 0,65
total 6858 127670
média 572 10639 38 5,95 2,56 0,70
desvipad 289 8432 6 0,69 0,31 0,07
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai
H'
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
J'(%)
H' J'
FIGURA.33 - Valores mensais do índice de Shannon (H’) e do índice de equitabilidade de Pielou (J’) na
composição da ictiofauna dos arrastos realizados em mar aberto da região da Baixada Santista, entre junho
de 2005 e maio de 2006.
67
6. DISCUSSÃO
A baixa correlação entre o número de exemplares capturados e os
parâmetros ambientais aferidos pode estar associada à discreta variação, mês a
mês, nos valores desses parâmetros. No entanto, apesar das correlações baixas
e não significativas no presente estudo, a salinidade e temperatura parecem ser
os fatores que estariam mais relacionados à produção do camarão-branco.
Segundo GARCIA e LE RESTE (1987) L. schmitti passa pelo menos parte da vida
em estuários, sendo um organismo euritérmico e eurihalino, e portanto capaz de
suportar variações de salinidade e temperatura.
A profundidade aparentemente não interferiu na distribuição dos
exemplares de camarão-branco no estuário, até porque os arrastos foram
realizados em profundidades relativamente constantes, não favorecendo este tipo
de observação. em mar aberto, as profundidades variaram entre 10 e 22 m,
com a pesca atuando a menores profundidades entre janeiro e julho (de 10 a 14
m), aumentando gradativamente as profundidades de operação a partir de
agosto, alcançando os 22 m em novembro. Segundo SANTOS et al. (2004a), a
profundidade de ocorrência do camarão-branco parece estar associada
predominantemente às características granulométricas do fundo de acordo com a
fase do ciclo de vida, tendo a espécie preferência por fundos de lama como área
de alimentação. Dessa forma, o deslocamento para maiores profundidades onde
a constituição do fundo é areno-lodosa, não deve estar associada à alimentação,
e sim à reprodução.
Todavia, não se pode considerar a maior profundidade de captura como a
profundidade máxima de ocorrência da espécie, pois as amostras foram obtidas
em arrastos da pesca comercial e não em arrastos experimentais. Duas fêmeas,
maduras, foram capturadas por embarcação de grande porte direcionada à
captura do camarão-rosa, em profundidade superior a 45 metros, ou seja, em
profundidade maior à que normalmente atua a frota direcionada ao camarão-sete-
68
barbas e menor do que a profundidade de atuação dos camaroneiros industriais
dirigidos à captura do camarão-rosa. Parece haver uma faixa batimétrica, entre 25
e 45 m, onde é pouco freqüente a atuação de arrasteiros direcionados a
camarões, faixa em que são mais comuns os arrastos de parelha, direcionados a
peixes diversos (DIAS-NETO, 1991; DIAS-NETO e DORNELLES, 1996; D'INCAO
et al., 2002) e dentro dessa faixa batimétrica, mesmo que ocasionalmente, podem
ser encontradas quantidades consideráveis de camarão-branco na primavera,
como relatam mestres de parelhas e de malheiros direcionados a peixes
demersais que atuam nessas profundidades. Parcela do estoque explotado
constituída principalmente por fêmeas maduras como o verificado ainda que em
pequeno número como os dois exemplares capturados pela frota industrial no
presente trabalho nessa faixa de profundidade, segregadas do camarão-sete-
barbas e do camarão-do rosa, esses indivíduos podem se encontrar tão esparsos
e difíceis de localizar que desinteresse a pesca camaroeira dirigida ao camarão-
rosa.
A pluviosidade foi o parâmetro ambiental cuja média mensal apresentou
maior oscilação, com maiores valores no verão, coincidindo com as maiores
capturas no estuário e com o pico de recrutamento na área de mar aberto. O
contingente jovem desloca-se, no mês de março, de águas menos salinas para
regiões externas do estuário, em águas marinhas, porém áreas onde ainda se
observaram os menores valores de salinidade em mar aberto. É possível que a
temporada de chuvas proporcione um gradiente mais amplo de salinidade,
permitindo uma transição mais suave entre a água estuarina pouco salina e as
condições de mar aberto. SANTOS e FREITAS (2004) também constataram que
a temporada de maior produção de camarão-branco na Lagoa de Papari, no Rio
Grande do Norte, está associada ao pico da época de chuvas. A pressão natural
do momento do ciclo de vida somada à busca por salinidades progressiva e
suavemente mais altas, explicariam a conjunção entre deslocamento
(recrutamento), concentração, pluviosidade e maior produção pesqueira.
69
Não se capturou nenhuma espécie de camarão além do camarão-branco
no estuário da região da Baixada Santista durante todo o período de estudo, o que
difere do citado por CHAGAS-SOARES et al. (1995) e por GALLUCCI (1996) para
a área estuarina do Município de Cananéia, onde, além de Litopenaeus schmitti
(mais abundante) foram identificadas também as espécies Farfantepenaeus
paulensis, Farfantepenaeus brasiliensis. Da mesma forma DIEGUES (1983) afirma
que a costa Sudeste e Sul do Brasil apresentam condições favoráveis para
grandes concentrações de diferentes espécies de pescado incluindo os camarões,
no mar e nos estuários e que exploração camaroeira nessas regiões é antiga,
eficiente e atua principalmente sobre os camarões: “rosa” (Farfantepenaeus
brasiliensis e F. paulensis), “sete-barbas” (Xiphopenaeus kroyeri), “branco”
(Litopenaeus schmitti), “barba-ruça” (Artemesia longinaris) e “santana” (Pleoticus
müelleri) com áreas de captura para cada espécie determinada por características
biológicas próprias (IVO e LEITE, 1992; PAIVA, 1997; DIAS-NETO et al., 2001).
No estuário, houve diferença significativa no peso médio individual, entre
machos e fêmeas, sendo os machos em geral mais pesados que as fêmeas
enquanto que no mar, houve uma inversão nesse aspecto, as fêmeas se
apresentaram mais pesadas. SANTOS et al. (2004a e b, 2005) observaram para
L. schmitti que o crescimento diferenciado das fêmeas em relação aos machos
começa ocorrer partir do quarto mês de vida .
As maiores capturas ocorreram nos meses de maio, junho e julho de 2006,
o que se assemelha ao resultado encontrado por CHAGAS-SOARES et al.(1995),
que relataram, para a região de Cananéia, maior abundância absoluta de L.
schmitti no produto da pesca entre março e julho, e ao resultado de COSTA
(1997), que obteve maior abundância no inverno para a região de Ubatuba (SP).
As duas localidades possuem situações geográficas muito distintas, sendo
a produção de Ubatuba exclusiva da pesca em mar aberto e a de Cananéia tanto
de mar aberto como de estuário além disso deve ser levado em consideração que
70
na região Sudeste do Brasil, alguns fatores vêm alterando as características dessa
atividade nos últimos anos, principalmente pela ocupação antrópica desordenada,
ocasionando mudanças nas características físicas e químicas do ambiente, bem
como a urbanização exacerbada das regiões litorâneas, utilizadas como estâncias
balneárias, marinas, etc., e o crescimento desorganizado do turismo, em áreas
tradicionalmente ocupadas por comunidades pesqueiras. Em vista disso, quando
se comparou a produção dessas localidades com a produção da Baixada Santista,
levou-se em conta apenas as capturas em mar aberto. Não existe
acompanhamento das capturas do camarão-branco no estuário, cujo
desembarque é feito, na maioria das vezes, na própria casa do pescador ou na
garagem náutica, onde os camarões são comercializados vivos. O
acompanhamento dessa produção poderia gerar informações importantes sobre a
real variação temporal na produção da espécie na Região da Baixada Santista.
Apesar de uma certa estabilidade no volume de produção desembarcada
em São Paulo (PAIVA, 1997; ÀVILA-DA-SILVA et al., 2005) dados mais antigos
mostram uma queda de produção de 50% em 1987 em relação a 1986, mantendo-
se ao nível de, aproximadamente 700 toneladas / ano até 1989 (IBAMA, 1993)
dados referentes à captura da região Sudeste / Sul que podem revelar uma
melhoria na obtenção dos dados de desembarque e não uma real recuperação do
estoque, que a maior parte da pesca, no Brasil é essencialmente artesanal e/ou
costeira (REIS, 1993) o que dificultaria a obtenção de informações de captura.
O camarão-sete-barbas apresentou uma média mensal de produção de
23,9±15,7 kg por arrasto amostrado, sendo que as maiores capturas ocorreram no
inverno e as menores no verão, como em 2005 o defeso ocorreu nos meses de
março, abril e maio, as maiores capturas de camarão sete-barbas podem estar
associadas ao ganho em peso dos indivíduos da população no transcorrer do
defeso, como descrito em GRAÇA-LOPES (1996). Os valores de captura do
camarão-sete-barbas, apresentados no presente estudo não refletem a dinâmica
produtiva das embarcações que atuam sobre essa espécie na região, isso porque
71
em algumas épocas e locais o camarão-branco apresenta segregação do
camarão-sete-barbas, que gera nessas circunstâncias um direcionamento
diferenciado para essas espécies, tal aspecto também foi observado por SANTOS
e FREITAS (1995). e SANTOS e IVO (1995) no litoral da região Nordeste do
Brasil.
A participação do camarão-sete-barbas no produto total das capturas
realizadas em mar aberto variou consideravelmente durante todo o período
estudado, oscilando de 73% em junho a 7% em janeiro. PAIVA-FILHO e
SCHMIEGELOW (1986) e GRAÇA-LOPES (1996) também identificaram a
variação sazonal na participação do camarão sete-barbas na produção total dos
arrastos dirigidos à espécie. Entretanto também se deve considerar que a variação
na participação do camarão-sete barbas durante o período de estudo, sofreu
influência do tipo de rede utilizada (manga redonda), que apresenta maior
seletividade que as redes convencionais, chamadas de “mistas”, utilizadas para a
captura das duas espécies. Essas modificações técnicas são atuais e se
diferenciam de descrições mais antigas, como a de que a pesca do camarão-
branco não possui um direcionamento específico (IWAI, 1973) podendo se
considerar que algumas características da captura de outros camarões podem ser
semelhantes a do camarão-branco.
Segundo GRAÇA-LOPES et al. (2002b), o camarão-branco participa da
fauna acompanhante da pesca de pequeno porte e da pesca industrial voltada à
captura do camarão-sete-barbas como categoria comercial isolada. SEVERINO-
RODRIGUES et al. (2002), na caracterização da carcinofauna acompanhante da
pesca do camarão-sete-barbas desembarcada na Praia do Perequê (Guarujá)
define o camarão-branco como espécie “constante”, ocorrendo em 71,4% das
amostras e “numerosa” participando com 1,4% do número total de indivíduos
analisados. Estes autores salientam que a espécie de alguma maneira está
relacionada ao ambiente de pesca do camarão-sete-barbas, podendo ser
considerada como espécie típica da carcinofauna acompanhante do sete-barbas
72
em águas rasas do litoral paulista. Tal participação, associada ao maior valor
econômico da espécie, tem direcionado um número cada vez maior de
pescadores à captura do camarão-branco.
A maior participação de meas observada nas capturas concorda com o
encontrado em outras regiões. SANTOS e FREITAS (2004) verificaram, para o
litoral da região Nordeste, o predomínio de fêmeas em todos os meses entre 2000
e 2002, com diferenças oscilando de 60% em março a 90% em dezembro. É
característico dos camarões peneídeos, apresentarem maior proporção relativa
de fêmeas nas populações, principalmente em áreas de postura em mar aberto
(COELHO e SANTOS, 1993; COELHO e SANTOS, 1995; CASTILHO et al., 2000;
LEITE-JÚNIOR, 2001). Ainda segundo esses autores, tal circunstância pode
relacionar-se ao binômio: atuação da frota - local de captura. Na Baixada
Santista, provavelmente, a relação entre machos e fêmeas não é afetada pelo
aparelho de pesca devido à baixa seletividade tanto do gerival como das redes de
arrasto, que impossibilitam o escape dos indivíduos menores e
conseqüentemente capturam praticamente todos os indivíduos presentes na área
arrastada. A proporção sexual encontrada acompanhou valores de outras regiões
devido a semelhanças ambientais e de todos de captura. O comprimento da
carapaça variou muito no decorrer do estudo, principalmente nos indivíduos
provenientes da área de mar aberto. Tal fato pode ser explicado pelo
deslocamento dos camarões do estuário para áreas mais salinas no decorrer das
estações do ano, com maior intensidade nos meses de janeiro, fevereiro e março.
Esses deslocamentos o comuns em recursos pesqueiros e se destinam
principalmente a atender exigências do ciclo reprodutivo e de alimentação
(GULLAND, 1980). Os camarões da família Penaeidae se caracterizam por ter um
ciclo de vida complexo determinado por movimentos migratórios de caráter trófico
e reprodutivo (DURA 1985)
Podemos destacar que os resultados observados no deslocamento da
população de camarão-branco do presente trabalho se assemelham com a
73
descrição de COELHO e SANTOS (1994,1995a) que em estudo sobre o ciclo de
vida do camarão-branco no estado de Pernambuco, concluíram que: exemplares
nascidos no verão aparecem na pesca comercial no fim do outono ou no inverno
seguinte e desaparecem completamente da pesca no segundo verão após o
recrutamento; indivíduos nascidos em meados do inverno são recrutados para a
pesca marítima em meados da primavera do mesmo ano e capturados até a
primavera seguinte; há um intervalo de 3 a 4 meses entre o nascimento das larvas
e o recrutamento para a pesca marinha; geralmente os camarões são encontrados
nesta pesca até os 18 meses de vida, indivíduos em idade superior a essa
constituindo apenas 1% das capturas.
A pesca estuarina está atuando, portanto, sobre indivíduos com idade
provável entre um e cinco meses. a pesca marinha atua sobre indivíduos a
partir dos três meses de idade, observando-se dois picos de recrutamento
separados entre cinco e seis meses, sendo um deles, o de outono / inverno,
nitidamente mais importante que o de primavera / verão (COELHO e SANTOS,
1994) No presente trabalho se verificou que entre janeiro e abril, a parcela da
população do camarão-branco que sai do estuário, torna-se disponível para a
captura pela frota que atua sobre o sete-barbas, uma espécie-alvo de menor
tamanho, caracterizando um recrutamento pesqueiro e biológico também pelo
ingresso de jovens no estoque adulto, segundo (GUERRA e SÁNCHEZ, 1998). A
captura de jovens (imaturos) e de adultos concomitantemente é evidenciada pela
curva de distribuição de comprimentos, que apresenta duas modas nesses meses,
uma em 40 mm de comprimento de carapaça (adultos) e outra em 14 mm, dos
novos recrutas.
Trata-se da sobreposição do contingente do ano, migrante do
estuário, sendo recrutado para a pesca, com os remanescentes do ano anterior.
Resta saber se tais remanescentes representam tudo o que sobrou em razão da
pesca ou se são indivíduos que retornam à área de captura após um período em
área não impactada pela pesca. O mais provável é que sejam remanescentes da
pressão pesqueira, pois a espécie participa em quantidades insignificantes
nos
74
desembarques da pesca de arrasto dirigida ao camarão-rosa realizada em águas
mais profundas (GRAÇA LOPES et al., 2002b).
A brusca diminuição do comprimento médio das fêmeas no verão indica
uma migração da área estuarina, o que seria um recrutamento de indivíduos
jovens oriundos do estuário para os cardumes de indivíduos maiores em mar
aberto, caso não houvesse a depleção do estoque pela pesca. A baixa
seletividade das redes camaroeiras faz com que o recrutamento para a pesca seja
precoce, com as capturas incidindo sobre exemplares pequenos, que por estarem
em maior número trazem a curva de distribuição de freqüência por classe de
comprimento para os menores valores. Os resultados obtidos estão de acordo
com NEIVA et al. (1971), que identificaram o pico de recrutamento do camarão-
branco em fevereiro e que a exploração pesqueira sobre esse recurso é feita
sobre uma única faixa etária. Todavia, ainda segundo esses autores, se ocorrerem
eventos ambientais aceleradores da saída de camarões do estuário, pode haver a
exploração de faixas etárias distintas.
Pode-se observar no presente estudo que o recrutamento tem tênue início
em janeiro, acentuando-se em fevereiro. A presença de animais bem jovens ainda
permanece forte em março, sendo que a pesca em águas marinhas atua sobre
duas classes etárias no período janeiro – maio. Levando em consideração a pesca
dirigida à espécie no estuário, as fêmeas se apresentaram menores que os
machos, principalmente nos meses de janeiro, fevereiro e março. PORTO et al.
(1988) verificaram uma provável estratificação da população do camarão-branco
ao redor da ilha de São Luis do Maranhão (MA), com as fêmeas, permanecendo
mais costeiras que os machos, ficando mais vulneráveis a determinados tipos de
aparelho de pesca como o puçá, utilizado preferencialmente em águas rasas
naquela região.
Na região de Cananéia, em trabalho dirigido à população estuarina do
camarão-branco, GALLUCCI (1996) encontrou maior abundância numérica (e em
75
peso) sempre nos primeiros meses do ano (verão e outono), também época de
maior abundância numérica na região da Baixada Santista, esse período é
considerado pelos pescadores como a “safra” do camarão-branco no estuário.
O peso médio individual dos exemplares de camarão-branco se diferenciou
entre machos e fêmeas no estuário e no mar aberto durante o período de estudo.
Os machos se apresentaram mais pesados que as fêmeas no estuário, porém
sem que a diferença fosse significativa. em mar aberto houve uma inversão,
com as fêmeas apresentando-se agora significativamente mais pesadas que os
machos. A velocidade de crescimento foi maior para as fêmeas nos dois
ambientes, levando o dimorfismo sexual na espécie para além das estruturas
sexuais externas. SANTOS et al. (2004) cita que o crescimento é conseqüência
de fatores fisiológicos e ambientais e que as fêmeas de camarão-branco têm se
mostrado maiores e mais pesadas que os machos em quatro localidades do
Nordeste oriental do Brasil. Tal fato pode indicar que o estuário seja utilizado
como área de alimentação e engorda pela espécie. De acordo com BUENO
(1989; 1990), a composição, a freqüência e a quantidade de alimento são
fundamentais para o bom desempenho no ganho de peso do camarão-branco
(Litopenaeus schmitti) nas primeiras fases da vida.
No presente estudo, fêmeas maduras integraram o produto das capturas de
mar aberto durante o ano inteiro, à exceção do mês de março e alcançaram as
maiores quantidades absolutas em agosto e setembro e relativas em outubro e
novembro. Todavia, o indicador mais importante e seguro da época de desova é a
presença de fêmeas com ovários vazios, que ocorreram entre junho e dezembro e
em janeiro e fevereiro, com dois picos, o primeiro em agosto (10%) e o segundo
em janeiro (40%). Tal perfil reprodutivo da população explotada é reforçado pela
substancial redução, nessa época, do percentual de fêmeas em desenvolvimento
no estuário devido à migração para mar aberto. NEIVA et al. (1971) afirmaram que
a reprodução do camarão-branco capturado na Baía de Santos pela frota de
pequeno e médio porte ocorreria por volta de agosto. No Estado de Pernambuco,
76
a reprodução do camarão-branco ocorre durante o ano inteiro, com dois picos: um
mais importante, pelo maior número de fêmeas que dele participam, no
outono/inverno e outro, secundário, na primavera/verão (COELHO e SANTOS,
1994). Os dois trabalhos acima citados definem picos reprodutivos, não
descrevendo, porêm, quais as razões que levam à sua ocorrência.
SANTOS (2002), no Nordeste Oriental do Brasil, identificou a desova com
picos em fevereiro e de setembro a novembro, com o recrutamento ocorrendo de
3 a 6 meses após a desova. GUITARD et al. (1985, 1988), em águas cubanas cita,
também dois períodos de desova o primeiro na primavera e verão e o segundo no
outono, a espécie pode apresentar variações geográficas quanto à época de
reprodução para as meas, uma vez que é citada, por diferentes autores,
períodos distintos de acordo com a área estudada.
A avaliação do desenvolvimento ovariano de fêmeas, por meio da análise
microscópica revelou nítida diferenciação da estrutura celular, permitindo que se
adote quatro estádios, corroborando também com os resultados de LARA (1972)
que afirmam que os corpos periféricos encontrados nos ovócitos III (células
germinativas acidófilas) são estruturas que caracterizam a maturidade de
Litopenaeus schmitti nesse estádio. Os resultados do presente estudo estão em
concordância com os resultados de DUMONT et al. (2006) que determinaram
quatro estádios de maturação gonadal para a espécie, em pesquisa realizada com
material proveniente do litoral Norte de Santa Catarina, assim classificando e
descrevendo os estádios de desenvolvimento: (I) imaturo: células pequenas,
basófilas e que não produzem vitelo; (II) desenvolvimento: as lulas aumentam
de tamanho, acidófilas e se inicia a produção de vitelo; (III) em maturação: as
células aumentam de tamanho e apresentam corpúsculos periféricos; (IV)
desovado: presença de lacunas foliculares e células em atresia. Alguns autores
afirmam existir uma estreita relação entre as características visuais do ovário,
definidas por observação macroscópica externa, e a composição e organização
celular microscópica, para classificação do estádio de desenvolvimento gonadal
77
de fêmeas de camarão-branco (LARA, 1972; DUMONT et al., 2006). No entanto, a
separação entre os estádios I (imaturas) e II (em desenvolvimento) está sujeita a
erros na observação externa, pois a gônada feminina em início de formação
oferece dificuldade na visualização sob a espessa carapaça, sendo necessário
uma separação cuidadosa do cefalotórax e abdômen e a verificação da coloração
na região dorsal posterior do cefalotórax.
Para L. schmitti a cor do ovário é um dos aspectos externos mais utilizados
na classificação do grau de maturação sexual (LARA, 1972; PEREZ-FARFANTE,
1970a; DUMONT et al., 2006). Entretanto, esses autores não aceitam o mesmo
padrão de coloração do ovário nos diferentes estádios de maturação, havendo
uma certa dificuldade em se estabelecer um padrão cromático unânime para
diferenciação dos estádios de desenvolvimento ovariano para a espécie,
principalmente no estádio II (em desenvolvimento) e III (maduro) onde a cor
amarela e verde em seus tons claro e escuro, são descritos pelos autores.
Possivelmente a oxidação e decomposição visceral, que acometem os indivíduos
após a morte podem explicar essa variação. O padrão cromático utilizado para
diferenciação do grau de maturação de L. schmitti durante o estudo se mostrou
satisfatório e se assemelhou ao apresentado por DUMONT et al., 2006.
No presente estudo, ao se comparar os resultados das observações
macroscópicas e das microscópicas, de-se verificar um maior percentual de
acerto no estádio “maduro” e menor no estádio “imaturo”. NEIVA et al. (1971)
descrevem que no camarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis) existe uma maior
dificuldade na separação entre o estádio “imaturo” e o “desovado”, devido às
semelhanças na coloração da gônada. O mesmo ocorre com o camarão-barba-
ruça (Artemisia longinaris), como comentado por DUMONT e D’INCAO (2004).
Como existe alguma possibilidade de erro na avaliação do grau de
maturação gonadal no camarão-branco, recomenda-se trabalhar com amostras
que contenham representantes do maior número possível de classes de
78
comprimento (para bom efeito comparativo) e que eles, no momento da
observação, tenham as características gonadais plenamente mantidas.
A ocorrência, numa mesma captura, de fêmeas maduras e esvaziadas com
comprimentos próximos pode indicar com mais precisão a época de reprodução
do camarão-branco, reforçando a identificação de pico(s) reprodutivo(s), neste
trabalho observado na primavera-verão, diferentemente do estudo de NEIVA et al.
(1971) na Baía de Santos (inverno) e de COELHO e SANTOS (1994), no litoral de
Pernambuco (outono- inverno). Para uma apreciação mais detalhada do ciclo de
vida do camarão-branco na região estudada foram consideradas apenas as
fêmeas, cuja variação do percentual de indivíduos por estádio de maturação
ovariana para a região estuarina e para a região de mar aberto. Fêmeas com
ovários vazios (V) indicam postura recente e, conseqüentemente, uma
concentração de indivíduos nessa condição indica a época de desova, que se
estendeu de junho a fevereiro, com um pronunciado pico na primavera-verão
(novembro a janeiro). A reprodução, porém, deve se dar fora das áreas de pesca
pois o número de fêmeas com o ovário vazio é proporcionalmente pequeno,
situação que tende a proteger o recurso.
O recrutamento pode ser identificado no período de janeiro a maio, com
pico em fevereiro e março, devido à presença de fêmeas imaturas. Esse período
pode ser confirmado pela diminuição do comprimento modal dos indivíduos em
mar aberto, que pode ser explicado pela migração dos exemplares maiores do
estuário para mar aberto.
O comprimento médio de primeira maturação gonadal para as fêmeas de L.
schmitti estabelecido neste trabalho (15,2 mm) ficou um pouco abaixo dos
apresentados por SANTOS et al. (2004a) nos estados do Nordeste do Brasil, que
foram: Baía Formosa (RN) L
50
= 17,7 mm; Lucena (PB) L
50
= 17,3 mm e Serinhém
(PE) L
50
= 17,7 mm. Tais diferenças podem estar associadas a interações
particulares de fatores ambientais no ciclo reprodutivo da espécie e a diferentes
79
populações. Além disso, deve-se atentar para a ponderação de VAZ-DOS-
SANTOS et al. (2005) que alertam que a sobrepesca leva à redução do número de
indivíduos grandes e da competição intra-específica, favorecendo o
desenvolvimento dos organismos, mas também leva à redução do comprimento
estimado para a primeira maturação gonadal, podendo servir este dado como
indicador do estado de explotação de um estoque. Mais recentemente, DUMONT
et al. (2006), estimaram em 15,2 cm o comprimento total em que os indivíduos de
camarão-branco alcançam a primeira maturação (CTm) no litoral de Santa
Catarina.
L. schmitti apresenta taxas diferentes de crescimento de acordo com o
sexo, sendo onde as fêmeas maiores e mais pesadas que os machos, (ANDRADE
de PASQUIER e PÉREZ, 2004).
A ausência de machos imaturos em mar aberto
pode ser explicado devido ao precoce desenvolvimento sexual dos machos que
segundo COELHO e SANTOS (1994;1995a) começa a partir do quarto mês de
vida, idade em que essa parcela da população ainda se encontra no interior do
estuário. Esse crescimento diferenciado de acordo com o sexo no camarão-branco
é devido à influência de fatores como estratificação espacial e tipo de aparelho de
pesca em atuação. que segundo GARCIA e Le RESTE (1987) ocorre em várias
espécies de camarões peneídeos, fato também citado nos estudos de PORTO e
FONTELES-FiLHO (1981/82), PORTO et al. (1988),
IVO e FONTELES-FILHO,
1997, SANTOS e FREITAS (2004) e SANTOS et al. (2004b; 2005), entre outros.
Também levando em conta o desenvolvimento dos machos, em julho no estuário
um grande contingente de machos maduros, situação que se repete em
outubro, permitindo a cópula e colocação das espermatecas nas fêmeas “em
desenvolvimento”, presentes em bom percentual de setembro a dezembro, ainda
no estuário, antes que maciçamente façam a migração para a área marinha em
janeiro/fevereiro (recrutamento observado).
Considerando a regulamentação da pesca de camarões, definida pela
Instrução Normativa 92 (IBAMA, 07/02/2006) (BRASIL, 2006a), que estabeleceu o
80
defeso do camarão-rosa no período de março a maio e o do camarão sete-barbas
de outubro a dezembro e levando-se em conta que o camarão-branco é
capturado pela frota que atua sobre esta última espécie, é possível verificar que o
defeso estabelecido para o camarão sete-barbas na Instrução Normativa 91
(IBAMA, 06/02/2006) (BRASIL, 2006b), contempla parcialmente o período
reprodutivo do camarão-branco, podendo benificiá-lo. VALENTINI E PEZZUTTO
(2006) informam que o período de reprodução mais intensa do camarão-sete-
barbas ocorre de novembro a março. A vigência do atual defeso desta espécie, se
também aplicado a L. schmitti pode ser uma medida útil de conservação deste
recurso na região estudada. Entretanto, se faz necessário uma maior fiscalização
sobre a atuação da frota industrial do camarão-rosa, em profundidades menores
que as de ocorrência da espécie alvo, efetivando a proteção do camarão-branco
em período de reprodução. Tal caractestica dessa frota é descrita por
MENDONÇA (1998) na região de Cananéia, onde barcos que objetivam o
camarão-rosa (acima de 25 metros de profundidade), e na falta deste, se
aproximam da costa (10 a 15 metros de profundidade) à procura do camarão
sete-barbas. Esta atividade ocorre, geralmente, no período de baixa produção,
quando os pescadores tentam todas as opções de captura.
A ictiofauna acompanhante da pesca camaroeira, de forma geral, é
caracterizada por uma elevada diversidade e uma grande quantidade de
biomassa comparativamente à espécie-alvo da captura. No presente estudo,
foram identificadas 53 espécies pertencentes a 25 famílias, confirmando o
grande número de espécies presentes da região, como demonstrado em
PAIVA-FILHO e SCHIEGELOW (1986) e COELHO et al. (1986) em estudos da
ictiofauna acompanhante da pesca dirigida ao camarão-sete-barbas na região da
Baixada Santista. Os primeiros autores identificaram 55 espécies pertencentes a
21 famílias e 77 espécies em 29 famílias respectivamente. Para COELHO et al.
(1986), as espécies comercialmente valiosas apresentaram pequena participação
no número total e baixa freqüência de ocorrência nas amostras provenientes do
litoral de São Paulo. No presente estudo Centropomus undecimalis, Rhinobathus
81
percellen, Sympterygia acuta e Dactylopterus volitans apresentaram pesos
médios satisfatórios para o aproveitamento desses peixes na categoria mistura. A
captura desses peixes pode ainda estar relacionada a relações tróficas na
estrutura da comunidade presente no local de estudo. GRAÇA-LOPES et al.
(1993) relatam em levantamento ictiofaunistíco realizado em baixas
profundidades na Baía de Santos, que provavelmente uma relação
predador/presa envolvida na ocorrência de exemplares maiores de Centropomus
spp e de Trichiurus lepturus junto à zona rasa e de arrebentação, caracterizada
pela presença de jovens de várias espécies.
CHAVES et al. (2003) encontraram 62 espécies provenientes de arrastos
efetuados em diferentes isóbatas no litoral sul do Estado do Paraná, sendo que 30
foram comuns a todas as profundidades, 24 ocorreram exclusivamente até 10 m e
8 ocorreram exclusivamente até 15 m, parecendo haver relação entre a
diversidade e a abundância de ictiofauna com a profundidade e a temperatura da
água nos locais de atuação da frota. No presente estudo, as maiores capturas de
ictiofauna se concentraram nos meses de janeiro a junho, com pico em fevereiro
com 14,9% do número total de peixes (capturas entre de 5 a 15 m de
profundidade) e as menores capturas entre julho e dezembro, destacando o mês
de setembro com 2,6% do número total de exemplares de peixes amostrados no
período (capturas de 10 a 22 m de profundidade). A produção média foi de
20,2±30,6kg, com o maior volume de desembarque ocorrendo no mês de janeiro
(verão/29ºC), com 35,8kg e a menor produção em setembro, com 4,3kg
(inverno/19ºC). A variação sazonal na produção de ictiofauna apresentou
correlação positiva e significativa para temperatura, pluviosidade e profundidade.
BAIL e BRANCO (2003) na região de Penha em Santa Catarina relaciona menor
produção a maiores profundidades de captura.
TISCHER e SANTOS (2002) observaram que nas pescarias no litoral Sul de
Pernambuco houve uma maior produção de camarão e uma participação
significativamente menor de ictiofauna. A relação camarão:ictiofauna na produção
82
amostrada neste estudo variou bastante sazonalmente (1:0,4 no inverno a 1:3 no
verão). A análise de variância demonstrou diferenças significativas na produção
total e na CPUE (kg/h) entre as estações do ano, resultados correspondentes aos
de PAIVA-FILHO e SCHMIEGELOW (1986) para a Baía de Santos e aos de BAIL
e BRANCO (2003) para o litoral norte de Santa Catarina.
A família Sciaenidae apresentou dominância em espécies, o que está de
acordo com todos os registros obtidos para os litorais Sudeste e Sul do Brasil
(COELHO et al., 1986; PAIVA-FILHO e SCHMIEGELOW, 1986; GRAÇA-LOPES
et al., 2002b; TISCHER e SANTOS, 2002; BAIL e BRANCO, 2003), pois as
espécies dessa família são comuns em águas rasas com fundos de areia ou lama,
o mesmo tipo de substrato onde ocorre o camarão-sete-barbas e o camarão-
branco.
A diversidade da ictiofauna se apresentou de forma estável, os índices de
Shannon e de Pielou não demonstraram variações significativas entre as estações
do ano, onde a maior diversidade foi registrada no verão e a menor no inverno,
mostrando valores próximos dos encontrados por PAIVA-FILHO e
SCHMIEGELOW (1986) para a Baia de Santos. A Riqueza e o índice de riqueza
específica Margalef se mantiveram de forma semelhante aos resultados de
diversidade de Shannon e Pielou. Em geral, as regiões equatoriais tendem a
apresentar maior diversidade que regiões temperadas. Variações sazonais na
abundância e diversidade da ictiofauna podem ser atribuídos, em parte, às
características oceanográficas locais, que acarretam alterações no sedimento,
temperatura, salinidade e também a padrões particulares do ciclo de vida das
espécies que compartilham o mesmo ambiente (SAUL e CUNNINGHANN, 1995;
BAIL e BRANCO, 2003). Segundo BRANCO e VERANI (2006), em análise quali-
quantitativa da ictiofauna acompanhante da pesca dirigida ao camarão sete-
barbas na Armação do Itapocoroy, Penha, Santa Catarina, os valores médios dos
índices de diversidade e eqüitabilidade foram influenciados diretamente pelas
flutuações sazonais na abundância da ictiofauna.
83
Podem-se atribuir as diferenças observadas entre o verão e o inverno, no
que diz respeito à abundância, produção total, produção por unidade de esforço,
diversidade e riqueza de espécies de peixes, ao conjunto de fatores ambientais no
local e época do estudo, destacando-se a temperatura da água-de-fundo, fator
com contraste significativo durante o período de estudo.
84
7. CONCLUSÕES
A captura de camarão-branco na região da Baixada Santista concentrou-se
entre as profundidades de 5 e 22 metros, na área de mar aberto, e entre 2 e
4 metros no estuário, não sendo esses os limites de profundidade para a
ocorrência da espécie na região.
uma faixa batimétrica entre 25 e 45 metros em que seria possível a
captura de camarão-branco, mas que o é explorada, pois coincide com o
limite superior de ocorrência do camarão-sete-barbas e o limite inferior de
ocorrência do camarão-rosa comercial. Essa área não sendo explorada
com freqüência por nenhuma das frotas direcionadas ao recurso camarão,
pode funcionar como um refúgio para o camarão-branco, sobretudo ao
contingente em condições de reprodução, assegurando uma reposição do
estoque regional da espécie.
A captura de camarão-branco pela frota industrial direcionada ao camarão-
rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis) foi praticamente nula
durante o período do estudo.
Os maiores desembarques de camarão-branco na região da Baixada
Santista ocorreram entre maio e julho e coincidiram com os maiores
desembarques realizados em outras localidades do Estado de São Paulo,
demonstrando uma homogenia vulnerabilidade da espécie à pesca,
provavelmente decorrente de uma homogeneidade comportamental em
todo litoral paulista.
Existe uma lacuna de informações sobre a produção de camarão-branco
proveniente da pesca estuarina na região da Baixada Santista, impedindo
uma avaliação criteriosa dessa pesca que incide fortemente sobre a fase
jovem do ciclo de vida do recurso, sendo que uma captura muito intensa de
85
indivíduos nessa fase pode comprometer o recrutamento. No entanto, a
produção da espécie no litoral paulista apresentou-se estável entre 1998 e
2005, o que parece indicar que L. schmitti tem suportado o esforço de
pesca aplicado no período.
Nos locais de amostragem e durante todo o período de estudo, a pesca
estuarina direcionada ao camarão-branco com a utilização do gerival não
capturou nenhum exemplar de qualquer outra espécie de camarão,
provavelmente devido à sua não ocorrência, ou mesmo exemplares de
qualquer espécie de peixe, em razão da grande seletividade do aparelho
para este grupo zoológico, se mantida a característica dos arrastos sem
motorização.
A participação percentual do camarão-sete-barbas no produto dos arrastos
analisados dirigidos ao camarão-branco variou sazonalmente, sendo maior
no inverno (junho e julho) e menor no verão (janeiro e fevereiro) na área de
mar aberto da região da Baixada Santista.
As fêmeas de L. schmitti foram mais abundantes que os machos tanto no
estuário quanto em mar aberto, ainda menores que os machos no ambiente
estuarino, mas significativamente maiores que estes na área de mar aberto.
Com base na estrutura em comprimentos e distribuição de freqüência dos
diferentes estádios de maturação gonadal de fêmeas de L. schmitti nos
diferentes meses do ano, identificou-se o período de desova da espécie
entre junho e fevereiro (em razão da presença de fêmeas com gônadas
vazias nas amostras) para a área de mar aberto na região da Baixada
Santista, com um pico insinuado no inverno (agosto) e outro nítido na
primavera-verão (dezembro – janeiro).
86
No inverno, no estuário, um grande contingente de machos maduros,
permitindo a cópula com fêmeas imaturas, aumentando assim a
participação de fêmeas em desenvolvimento de setembro a dezembro,
ainda no estuário, antes que maciçamente façam a migração para a área
marinha em janeiro/fevereiro. A ocorrência de cópula ainda no estuário
explicaria a quantidade de machos maduros nesta área e a ausência de
machos imaturos em mar aberto na região da Baixada Santista.
O camarão-branco está disponível para a pesca estuarina durante todo o
ano , sendo que de janeiro a março ocorre um pico de produção, quando
um maior contingente de indivíduos alcança o comprimento passível de
captura pelo aparelho de pesca empregado pela comunidade artesanal na
região da Baixada Santista.
Em janeiro inicia-se e em fevereiro intensifica-se a saída de exemplares do
estuário para o mar aberto, ensejando um recrutamento para a pesca
marítima, ou seja, um maior contingente do estoque de camarão-branco
torna-se disponível para a frota pesqueira de pequeno porte que atua sobre
o camarão-sete-barbas.
A comparação entre as análises macroscópica e microscópica das
gônadas indicou ser válida a classificação da maturação ovariana de
fêmeas de camarão-branco nos estádios denominados: imaturo, em
desenvolvimento, maduro e vazio.
A utilização da escala cromática como forma de diferenciação dos graus de
desenvolvimento ovariano de fêmeas de L. schmitti, com as cores
transparente para o estádio I (imaturo), verde claro, para o estádio II (em
desenvolvimento), verde escuro, para o estádio III (maduro) e transparente
“leitoso” para o estádio IV (vazio) se mostrou satisfatória.
87
O comprimento estimado em que 50% das fêmeas de camarão-branco
presentes na área de estudo alcançaram a primeira maturação sexual foi
de 15,8 mm de comprimento de cefalotórax.
A participação da ictiofauna no produto dos arrastos amostrados variou
sazonalmente, sendo menor no inverno e primavera (maio a novembro) e
maior no verão (dezembro a março). A composição dessa ictiofauna
acompanhante da pesca dirigida ao camarão-branco mostrou-se
diversificada, com 53 espécies distribuídas em 25 famílias, sendo a família
Sciaenidae a mais representativa em espécies (16) e Pellona harroweri
(Clupeidae) a espécie mais numerosa.
As espécies Centropomus undecimalis, Rhinobathus percellen,
Sympterygia acuta e Dactylopterus volitans apresentaram pesos médios e
freqüência de ocorrência que os classificam como mistura na ictiofauna
acompanhante da pesca do camarão-branco.
O defeso estabelecido para o camarão-sete-barbas (Instrução Normativa
91 do IBAMA, 06/02/2006) contempla parcialmente o período reprodutivo
do camarão-branco, podendo benificiá-lo. O atual defeso desta espécie
também, aplicado a L. schmitti pode ser uma medida útil de conservação
do recurso na região estudada.
Melhorar a fiscalização da frota direcionada aos camarões rosa e sete-
barbas no período de defeso dessas espécies e a criação de uma
regulamentação específica para Litopenaeus schmitti, estabelecendo regras
claras sobre áreas de pesca, dimensões dos petrechos e comprimentos
mínimos de captura dos indivíduos, tanto para a pesca estuarina como para
a de mar aberto é fundamental para a manutenção desse valioso recurso
pesqueiro na região da Baixada Santista.
88
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