O professor Rômulo Penina, quando perguntado sobre a disciplina de EPB na
universidade nos afirma o seguinte:
[...] Uma discrepância que foi introduzida nas universidades, uma obrigação
curricular, que tínhamos que administrar e manter. Alguns professores
foram escolhidos para essas áreas está entendendo, havia uma revolta
geral para a manutenção desse ensino, que era praticamente uma intenção
de valorizar as coisas do Brasil, era uma displicência porque não atingia os
objetivos que se propunham na época e que pareciam muitos bons, havia
uma resistência na época não apenas por parte dos alunos, mas dos
próprios professores, foi uma displicência.
[...] o relacionamento entre companheiros a relação entre os amigos,
professores sempre foi boa, mas todos nós sabíamos que eles estavam
cumprindo uma missão que era obrigatória e que a universidade tinha que
exercitar, então essa relação sempre foi boa com algumas restrições, mas a
maior resistência era dos estudantes em participar desses aulões que não
levavam a nada.
Outros professores compartilhavam as mesmas sensações do professor Penina
quanto à disciplina de EPB. A professora Lea Brígida faz as seguintes
considerações sobre o ensino desta disciplina:
[...] Eram disciplinas que tinham objetivos dentro do currículo do ensino
superior do Brasil, eu acredito que nesse ensino de estudos brasileiros, na
verdade, as pessoas não ficavam reprovadas, não havia um sistema de
avaliação sério, o que era importante era fazer a cabeça das pessoas, então
isso pode ser chamado de currículo? Não sei agora, pegava coisas de
história, geografia, direito, muito você vai ver quando conversar com o
pessoal da área de direito, nossa senhora, a constituição era estudada toda,
a legislação como é que era o AI – 5, aí vinham só as partes que
interessavam
[...] Então, isso porque era para fazer a cabeça no sentido de que as
pessoas aceitassem o Brasil, estar dentro de uma normalidade jurídica, ele
não está fora da normalidade política, ele não vive o sistema político
paralelo, ele está dentro da normalidade e dentro de uma norma jurídica,
isso eu me lembro e que era muito falado, aí era dado dentro do curso de
direito, como da parte de história, como da parte de geografia do ensino
social, muita, muita coisa vinha, e foi feita uma salada de tudo que
interessava ser discutido. Então o que estava sendo feito, por exemplo, nas
áreas de Angra I e Angra II, na parte de energia, a parte que esses cursos,
por exemplo, de engenharia teve um avanço muito grande porque energia
foi muito priorizado, estradas, energia, então isso era mostrado, no contexto
do progresso do país. Eu não vou dizer desenvolvimento porque não era
desenvolvimento, mas progresso sim. Era mostrado isso como progresso.
[...] Você não tinha nada, tudo era proibido, você não tinha um bom jornal,
você não tinha uma revista, hoje você pega uma revista semanal, está tudo
denunciado lá, mas você não tinha isso, os alunos que ainda não tinham
uma certa formação ficavam meios tontos, aí vão lá para EPB, a ordem
jurídica, tudo certo, tudo maravilhoso, tudo bom, tudo caminhando, e a
dificuldade que nós encontrávamos era geralmente essa, decorrente do
próprio sistema que não deixava vir informação nenhuma, nem televisão,