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diferenças pessoais. Mas tinha umas diferenças marcantes, por exemplo, o
partidão queria reconstruir a vida política brasileira com base em alianças das
chamadas frentes amplas que envolvia setores democráticos de direita e o
PT não. O PT queria construir o caminhar da sociedade naquela época com o
que eles chamavam de aliança de esquerda, eles queriam fazer isso
sozinhos. E depois a vida mostrou que não dava pra fazer isso sozinho.
Então essa era uma grande diferença. A outra diferença, era do ponto de
vista da visão de mundo mesmo, quer dizer, os setores do PT tinham de tudo,
tinha gente que ainda acreditava na luta armada, tinha gente que era
Trostkista, tinha gente que era Maoista, tinha gente que era cristão radical
das comunidades eclesiásticas de base que eram os chamados puristas [...].
E a nossa palavra de ordem era unidade, tanto é que nossa tendência
chamava Unidade. E a unidade representava isso, quer dizer, pra construir
um novo caminhar da sociedade é preciso unir todas as pessoas que
desejam as liberdades democráticas e a possibilidade de se construir uma
sociedade mais justa, mais humana, mais representativa dos setores sociais.
Com o passar dos anos isso foi amadurecendo, tinham pessoas do partidão
que conseguiam conversar com o PT, com pessoas do PT. E tinham pessoas
do PT que conseguiam conversar. Então Fernando Herkenhoff conseguia
conversar com Vitor Buaiz, Lelo conseguia conversar com Vitor Buaiz. Perly
Cipriano era um cara de bom dialogo com essas pessoas e, com o caminhar
foram sendo feitas algumas coisas conjuntas. Alguns movimentos sociais nós
fizemos juntos com PT sem muitos problemas, sem grandes problemas
(Informação verbal).
Apesar de terem lutado juntos no movimento de reabertura do DCE, os estudantes
foram se organizando de acordo com os perfis ideológicos, grupos de origem, ou
simplesmente por afinidade. A Universidade assiste e participa da formação político
partidária em um momento de ebulição: incorporações, fusões e nascimentos de
partidos.
Um dos membros do movimento de luta pela representação estudantil do Diretório
Acadêmico do CCJE, Tessarolo (2007), participou da formação do Partido dos
Trabalhadores, não abraçando os ideais comunistas:
[...] eu não chamaria nem de uma ruptura política porque a nossa
proximidade, a nossa relação pessoal, a fraternidade entre nós era tão
grande, que a ruptura política se deu de uma maneira até interessante,
porque foi muito do momento político dos movimentos sociais que deram
origem ao PT, e aí tinha até a igreja e o movimento sindical que estavam
atuando de forma bastante organizada para a construção do PT, para a
fundação do PT.
Esse movimento começou a acontecer uns dois anos mais ou menos antes
da efetiva fundação do partido, e aí alguns setores, inclusive eu me engajei
no movimento estudantil, naturalmente se identificaram com essa nova idéia,
com essa nova concepção. E aí se deu uma ruptura mais em função de uma
fundamentação ideológica que se existia em função de um tradicionalismo
que vinha do partido comunista, de uma reação, inclusive à formação do PT
que se deu muita função disso, de uma reação ao que se entendia como uma
prática pouco incisiva em relação à ruptura do modelo que estava instalado,
pois se entendia, nós partidários da fundação do PT entendíamos, que havia
por parte do partidão uma ação pouco incisiva, havia o que se chamava de