Download PDF
ads:
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais
A INFORMAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA GESTÃO DE RECURSOS
NATURAIS NA COMUNIDADE RURAL CARANDÁ MOITA GRANDE,
EM NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT.
CARLOS ALBERTO SIMÕES DE ARRUDA
Cuiabá - MT
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
i
CARLOS ALBERTO SIMÕES DE ARRUDA
A INFORMAÇÃO COMO INSTRUMENTO DA GESTÃO DE RECURSOS
NATURAIS NA COMUNIDADE RURAL CARANDÁ MOITA GRANDE,
EM NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT.
Orientador: Prof.Dr. José Franklim Chichorro
Dissertação Apresentada à Faculdade de
Engenharia Florestal da Universidade Federal
de Mato Grosso, como parte das exigências do
Curso de Pós-Graduação em Ciências
Florestais e Ambientais, para a obteão do
Título de Mestre.
CUIABÁ - MT
2008
ads:
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Arruda, Carlos Alberto Simões de
A informação como instrumento da
gestão de recursos naturais na comunidade rural
caran moita grande, em nossa senhora do
livramento, MT / Carlos Alberto Simões de
Arruda. 2008.
113p. : il. ; color.
Dissertação (mestrado)
Universidade Federal de Mato Grosso,
Faculdade de Engenharia Florestal, Pós-
graduação em Ciências Florestais e Ambientais,
2008.
“Orientação: Prof. Dr. Jo
Franklim Chichorro”.
CDU 504.062.2(817.2)
Índice para Catálogo Sistemático
RECURSOS NATURAIS COMUNIDADES
RURAIS GESTÃO
Recursos ambientais Comunidades
rurais Nossa Senhora do Livramento (MT)
Recursos ambientais Utilização
Comunidades rurais
Meio ambiente Nossa Senhora do
Livramento (MT)
Recursos naturais Gestão
Informação
Recursos ambientais Comunidade
Caran Moita Grande
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Título: A Informação como Instrumento da gestão de recursos naturais na
comunidade rural Carandá Moita Grande, em Nossa Senhora do
Livramento, MT.
Mestrando: Carlos Alberto Simões de Arruda
Orientador: Prof. Dr. Jo Franklim Chichorro
Aprovada em 08 de maio de 2008
Comissão Examinadora:
____________________________ ___________________
Dr.ª MARIA LUIZA PEREZ VILLAR DrALBERTO DORVAL
EMPAER-MT UFMT/FENF
______________________________
Dr JOSÉ FRANKLIM CHICHORRO
UFES/FENF
iv
AGRADECIMENTOS
A DEUS pela luz e por me
conduzir sempre por caminhos seguros e a
todos que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização do trabalho
aqui apresentado.
v
RESUMO
ARRUDA, Carlos Alberto Simões de Arruda. A informação como
instrumento da gestão de recursos naturais na comunidade rural
caranmoita grande, em nossa senhora do livramento, MT. 2008.
Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais e Ambientais)
Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá MT. Orientador: Prof. Dr.
José Franklim Chichorro.
Este estudo teve como objetivo avaliar a percepção e a utilização dos
recursos naturais pelos moradores da comunidade Carandá Moita Grande
em Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. O estudo foi
desenvolvido usando a escala de adição de Likert na avaliação da
importância de atributos referentes à gestão e percepção ambiental,
complementado de um questionário individual. Analisou a percepção do
ambiente por parte dos moradores da comunidade, essas avaliações
foram analisadas para verificar se a informação existente estava sendo
utilizada para beneficio da comunidade e se existia a necessidade de
repassar informações, analisa a gestão dos recursos ambientais na
focalizando a geração de renda e alternativas de melhoria da gestão a
curto médio e longo prazo. Discute o turismo rural e a agricultura familiar
como possibilidade do desenvolvimento local, sugere usar de maneira
eficiente e de formas alternativa os recursos ambientais existentes
através da agricultura ornica, do artesanato, agregando valores a
produtos naturais, a produção existente e organizar o setor. No trabalho
foi identificado pouco intercambio de informação entre as duas
estratégias, fator que com certeza demonstra as reais necessidades de
estudo e planejamento que possa aportar e melhor desenvolver o rural
distribuindo renda e qualidade de vida das pessoas que ali residem e
exercem influência direta na racionalidade do uso dos recursos
ambientais. Sugeriu-se alternativas para o desenvolvimento local para a
comunidade trabalhada.
vi
RESUMO .................................................................................................v
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................12
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................16
2.1. HISTÓRICO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL ..........16
2.2. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO INTERIOR DO BRASIL .......17
2.3. AS COMUNIDADES RURAIS ........................................................19
2.4. A INFORMAÇÃO ............................................................................21
2.5. DIVERSOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ...................................22
2.6. A COMUNICAÇÃO .........................................................................24
2.7. A EDUCAÇÃO ................................................................................25
2.8. O MEIO AMBIENTE .......................................................................27
2.9. GESTÃO AMBIENTAL ...................................................................29
2.10. ÁGUA ...........................................................................................32
2.11. BOSQUE ENERGÉTICO ..............................................................34
2.12. O TURISMO RURAL E A AGRICULTURA FAMILIAR COMO
DESENVOLVIMENTO LOCAL ............................................................. 37
CAPÍTULO I .......................................................................................... 43
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................45
2. EXPLORÃO AGCOLA EM NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO ...................................................................................... 47
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................49
4.2. RECURSOS HÍDRICOS .................................................................59
4.3 RECURSO ENERGIA ......................................................................61
4.4. RECURSOS VEGETAIS .................................................................62
4.5. RECURSOS DE FAUNA ................................................................64
4.6. RECURSOS MINERAIS .................................................................65
4.7. RECURSOS TURÍSTICOS .............................................................66
4.8 RECURSOS OUTROS.....................................................................67
4.9 GESTÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS .....................................68
5. CONCLUSÕES ..................................................................................71
Considerações:...................................................................................... 71
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................72
CAPÍTULO II ......................................................................................... 74
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................76
2 MATERIAIS E MÉTODOS ...............................................................77
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................78
3.1. RECURSOS VEGETAIS .................................................................79
3.2. RECURSOS HIDRICOS .................................................................81
Fonte: Arruda, C. A. S. 16-05-2007 ......................................................83
3.3. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS .............................83
3.4. O APROVEITAMENTO DOS RECURSOS AMBIENTAIS..............83
3.5. A REDUÇÃO DO USO DOS RECURSOS AMBIENTAIS ..............84
3.6. REUTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS. .......................85
3.7. RECICLAGEM DOS RECURSOS AMBIENTAIS. ..........................85
4. CONCLUSÕES ..................................................................................88
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................89
CAPITULO III .........................................................................................90
vii
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................92
2. ÁREA DE ESTUDO ...........................................................................94
2.1. Hisrico e Antecedentes Legais .................................................94
2.2. Informações do Município ............................................................96
3. METODOLOGIA ................................................................................97
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................99
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 104
3- RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 106
4. Considerações finais ..................................................................... 107
5. ANEXOS .......................................................................................... 108
Anexo A ........................................................................................... 108
Anexo - B ............................................................................................ 109
Anexo C - Imagens de satélite de 1986 e 2007................................. 112
viii
LISTA DE TABELA
TABELA 1. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA EM TERMOS DE
VOLUME ARMAZENADO EM DIFERENTES RESERVATÓRIOS ........ 33
TABELA 2. EVOLUÇÃO DO CONSUMO GERAL DE MADEIRA
PROCEDENTE DE FLORESTAS NATURAIS E DE FLORESTAS
PLANTADAS ......................................................................................... 36
TABELA 3 - GRAU DE INSTRUÇÃO ESCOLAR DOS
ENTREVISTADOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT 2007.
.............................................................................................................. 58
TABELA 4 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS, NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO MT 2007. ................................................................. 58
TABELA 5 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS
RECURSOS HÍDRICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT
2007. ..................................................................................................... 59
TABELA 6 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A ENERGIA, N.
Sª DO LIVRAMENTO - MT - 2007 ......................................................... 61
TABELA 7 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A
DIVERSIDADE VEGETAL, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT -
2007 ...................................................................................................... 62
TABELA 8 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS
RECURSOS VEGETAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT
2007. ..................................................................................................... 63
TABELA 9 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A
DIVERSIDADE ANIMAL, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT
2007. ..................................................................................................... 64
ix
TABELA 10 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
FAUNÍSTICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT - 2007. ..... 65
TABELA 11 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS
RECURSOS MINERAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT
2007. ..................................................................................................... 66
TABELA 12. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS
RECURSOS TURÍSTICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT
2007. .................................................................................................. 66
TABELA 13 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO - MT 2007. .................................................................. 69
TABELA 14 - ORDEM DA PONTUAÇÃO ALCANÇADA POR CADA
ATRIBUTO, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT 2007: ............ 78
TABELA 15.- RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS
RECURSOS HÍDRICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT,
2007. ..................................................................................................... 81
TABELA 16. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A REDUÇÃO
DA UTILIZÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA
DO LIVRAMENTO, MT, 2007. ............................................................... 85
TABELA 17. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A
REUTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA
DO LIVRAMENTO, MT, 2007. ............................................................... 85
TABELA 18. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A
RECICLAGEM DOS RECURSOS AMBIENTAIS, N. Sª DO
LIVRAMENTO, MT, 2007. ..................................................................... 86
x
TABELA 19. ORDEM DE IMPORTÂNCIA DOS ATRIBUTOS
AMBIENTAIS PARA OS PEQUENOS AGRICULTORES DE NOSSA
SENHORA DO LIVRAMENTO - MT, 2007. ........................................... 99
xi
LISTA DE FIGURA
FIGURA 1- AS CINCO DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE ............ 31
FIGURA 2. “CICLO DA ÁGUA, ÁGUA SUBTERRÂNEA E SUA ÃO
GEOLÓGICA”. ÁREAS DE RECARGA NO CICLO HIDROLÓGICO....... 33
FIGURA 3 - CONSUMO DE ENERGIA NO BRASIL EM 2005 ................ 34
FIGURA 4 - EVOLUÇÃO DE CONSUMO DE LENHA POR SETOR .............. 35
FIGURA 5. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. ............................. 49
FIGURA 6 - IMPORTÂNCIA ATRIBUIDA À OUTROS RECURSOS.
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT - 2007 .............................. 67
FIGURA 7 - IMPORTÂNCIA ATRIBUIDA AO APROVEITAMENTO DOS
RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT
2007. .................................................................................................... 68
FIGURA 8 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A DIVERSIDADE
VEGETAL, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - 2007 ..................... 79
FIGURA 9 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE RECURSOS
VEGETAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT - 2007: ............ 79
FIGURA 10. TANQUE PREPARADO PARA RECEBER OS ALEVINOS. 83
FIGURA 11 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A UTILIZAÇÃO
DOS RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO,
MT, 2007 ................................................................................................. 83
FIGURA 12 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE O
APROVEITAMENTO DOS RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA
SENHORA DO LIVRAMENTO, MT, 2007. .............................................. 84
FIGURA 13 - IMAGEM DE LOCAL PARA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS.
................................................................................................................ 87
FIGURA 14 - IMAGEM DE LOCAL PARA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS.
................................................................................................................ 87
FIGURA 15 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES
VISITADAS. ............................................................................................ 98
FIGURA 16 - IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA A CULTURA REGIONAL. ...102
xii
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 -
ORDEM DE IMPORTÂNCIA DOS ITENS INTEGRANTES,
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT 2007.............
57
12
1. INTRODUÇÃO
A informação tem sido responsável por todas as mudanças
ocorridas no processo evolutivo do homem. O segundo ponto marcante
da civilização ocorreu com a grande alteração demográfica, social,
cultural, política e cnica, consolidada com o inicio das atividades
agrícolas que remontam a 9000 a.C., formação das cidades e,
conseqüentemente, dos estados. Porém, o que de fato consolidou a
informação, foi a possibilidade de registro dos fatos por meio da escrita.
(TARGINO, 1995)
De acordo com Meadows (1999), a informação tem de ser
transmitida de varias formas. Por meio da paisagem, uma quantidade
enorme de informação que os óros dos sentidos nos informam de algo
a cerca de nós mesmos e do mundo a nossa volta. Todos que necessitam
ou querem de alguma forma solucionar um problema ou mesmo
responder um questionamento entram em contato com dois subsistemas
básicos de comunicação: o formal e o informal.
A comunicação formal é direcionada a um blico
potencialmente grande, porém proporcionando pouca interação entre
esse público e o pesquisador, a comunicação informal apresenta um
público mais restrito, porém com maior capacidade de inteiração com o
pesquisador (MEADOWS, 1999).
A informação está restrita a quem a possui e para que essa
informação seja socializada, distribda e utilizada, faz-se necessário um
canal de comunicação. O canal de comunicação designa o meio usado
para transportar uma informação do emissor ao receptor.
Na área rural, os moradores mais simples, particularmente os
pequenos produtores, possuem poucos ou não possuem recursos
financeiros em decorrência da baixa liquidez dos produtos. Sendo assim,
as alternativas de produção devem ser de rentabilidade mais segura e,
preferencialmente, de curto e médio prazo e com produção perene e
sustentável.
13
Dentre as alternativas existentes está a melhoria da gestão dos
recursos ambientais nessas comunidades, que pode trazer benefícios à
comunidade como um todo e principalmente a melhoria da renda pela
conservação e recuperação dos recursos ambientais disponíveis. Dentre
algumas alternativas, cita-se o florestamento ou reflorestamento com
essências nativas, prodão de artesanato, utilização do turismo rural e
fortalecimento da agricultura familiar como meio de desenvolvimento
local.
O turismo e a agricultura familiar também são atividades
importantes para a gestão dos recursos ambientais de forma sustentável,
pois contribuem positivamente, influenciando diretamente na dinâmica
ambiental (RUSCHMANN,1997).
O conhecimento pela informação traz possibilidades de
mudaas reais que a agricultura familiar em parceria com o turismo rural
poderá ser fator de inclusão sócio-ambiental.
A informação ambiental aos produtores pode alterar a dinâmica
ambiental sem gerar impactos significativos. Esta informação tem sido
trabalhada superficialmente nas escolas, local onde deveriam ser
formados os cidadãos e ser o espaço para todos os tipos de
questionamentos. Esta informação é necessária por dois motivos: o
primeiro por causa da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999 que institui a
educação ambiental em todos os graus de ensino e a pela necessidade
que aparece sempre tardiamente, quando a situação se torna
insuportável. A contaminação de mananciais, extinção de espécies
animais e vegetais, alterações climáticas, erosão, aumento de doenças e
pragas e a necessidade desses recursos naturais se tornam evidentes
(TAPAI, 2002).
Apesar de uma legislação avançada, as técnicas e a
preocupação com o meio ambiente ainda estão aquém do mínimo
necessário quando se trata de preservação e conservação. As alterações
ambientais em sua grande parte podem ser minimizadas com o uso de
cnicas adequadas. Ainda que existe desinformação sobre as interações
ambientais. O presente trabalho tem como objetivo abordar essa questão
14
com os moradores da comunidade Caran Moita Grande do município
de Nossa Senhora do Livramento, no estado de Mato Grosso.
1.1 O PROBLEMA
As comunidades rurais tradicionais e assentamentos exercem
pressão sob os recursos ambientais que variam de acordo com as
atividades de cada comunidade. Apesar do avanço quanto à legislação,
tanto da que prevê que o meio ambiente equilibrado é direito e dever de
todos os cidadãos (Artigo 255 da Constituição, 1988), quanto à que
estabelece que a educação ambiental em todos os graus de ensino (Lei
9.795 27/04/1999), a preocupação com o meio ambiente ainda está
aquém do necessário à conservação dos recursos. As alterações
ambientais, em sua grande parte, podem e precisam ser minimizadas.
Sabe-se que existe desinformação sobre as interações ambientais nas
comunidades rurais.
1.2. HIPÓTESE
Acredita-se que os moradores da comunidade Carandá Moita
Grande do município de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso,
possui baixo grau de instrução e dessa forma, as informações que eles
possuem sobre o meio ambiente não são aplicadas de maneira mínima
necessária quanto ao uso dos recursos e do meio ambiente.
15
1.3. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar a percepção e a utilização dos recursos ambientais
pelos moradores da comunidade Caran Moita Grande do município de
Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar a percepção dos moradores da comunidade em relação à
importância dos recursos ambientais.
Identificar os recursos ambientais utilizados como instrumentos
de melhoria da qualidade de vida.
Verificar a situação atual do uso dos recursos ambientais,
principalmente dos recursos vegetais, hídricos e destino dos
resíduos sólidos na comunidade.
Identificar as perspectivas de desenvolvimento da comunidade e
as perspectivas de utilização dos recursos ambientais para
melhoria da qualidade de vida.
16
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. HISTÓRICO DA INFORMAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
A dificuldade da informação chegar a maioria das pessoas é
uma realidade desde a descoberta do Brasil. O processo de colonização
do país, feito pelos portugueses, indígenas e também pelos africanos, que
foram trazidos para servir de mão de obra escrava, assim como, o
relacionamento entre estes povos, provocaram alterações na cultura dos
primeiros colonizadores.
Silva (2007), relata que a grande maioria dos que aqui
aportavam, inicialmente aspiravam ao enriquecimento rápido e uma vida
de nobreza. Normalmente encontravam meios que possibilitasse colher
frutos da atividade agrícola e tinham como meta construir fortuna o mais
rápido possível e retornar à Portugal. Esta cultura se arraigou de tal forma
que as gerações seguintes também pensavam dessa forma.
Em 1549, a primeira ordem religiosa a aportar no Brasil, foi a
Companhia de Jesus, tendo como superior desta ordem o padre Manoel
da Nóbrega. Um dos primeiros feitos desta Companhia no Brasil foi a
criação do Colégio da Bahia. Hansen (1997), analisando a obra História
da Companhia de Jesus”, de Leite (1945), faz os seguintes comentários
sobre os colégios da Companhia: Os colégios, além de pública, a
instrução era gratuita, diferentemente dos seminários, onde continuava a
ser gratuita, mas eram particulares, destinados apenas àqueles que se
dedicavam à carreira eclesiástica. Esses colégios eram frequentados
somente por filhos de funcionários da administração portuguesa, de
senhores de engenho, criadores de gado e no século XVII, por mineiros.
Conforme Leite (1945), os três Estados tradicionais do Antigo
Regime na Europa, clero, nobreza e povo, sofreram no Brasil uma
transformação em que eram representados apenas por critério racial.
Brancos e filhos de brancos, que mantinham o predomínio da política e da
cultura, enquanto que os índios e negros, mesclando-se com os brancos,
17
tinham a aspiração de ascender na hierarquia dos brancos com os nomes
de mamelucos e moços pardos.
A evolução do processo educativo é condicionada pela forma
como se origina e evolui a cultura. Partindo deste pressuposto, Leite
(1945), comenta que a cultura se define “como algo muito mais
abrangente do que o simples resultado da ação intelectual do homem; ela
é o pprio modo de ser humano, o mundo próprio do homem. Afirma,
ainda, que a cultura só sobrevive se houver um meio social que lhe
proporcione a vida. O instrumento de que a cultura utiliza para sobreviver
se inevitavelmente aquele que definirá o processo educativo
(ROMANELLI, 2003).
A historia deixou registrado que a informação ao longo do
tempo tem sido privilégio de poucos, particularmente daqueles com maior
poder aquisitivo, comuns em sistemas de governos onde as atribuições e
políticas do Estado são deficitárias. Com isso, aqueles que não recebem
e integram-se à informação, não conseguem construir o conhecimento e
raciocinar com clareza.
Durante muito tempo os recursos ambientais foram
considerados como infinitos e, por isso, sem custos e, ou, sem valor de
mercado. A ausência do Estado no verdadeiro processo educacional no
Brasil tem sido fato fácil de ser constatado e historicamente registrado em
trabalhos realizados e publicados. Nesse sentido, Gramsci (1986), afirma
que todo indivíduo não é somente a síntese das relações existentes, mas
tamm da história destas relações, isto é, o resumo de todo o passado.
Configurando-se com parte integrante do saber ambiental, Leff
(2001), fala sobre a importância de saberes que, com matrizes próprias,
condensa os sentidos inscritos em vários tempos que se articulam, tanto
os tempos físicos e biogicos, como os tempos cósmicos, os quais regem
as concepções e apropriações sobre o mundo das diferentes culturas que
compõem a história.
2.2. O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO INTERIOR DO BRASIL
18
Na região Centro Oeste viveram povos pré-colombianos, cujo
registro arqueológicos indicam a presença humana em sítios como
Serranópolis, GO cerca de pelo menos 11 mil anos. Porém, o
escassos os registros históricos confiáveis sobre as populações indígenas
que habitavam a região antes da chegada dos portugueses no litoral
Atlântico (PIRES, 2000).
Pelo Tratado de Tordesilhas, praticamente toda a rego
pertencia à Coroa de Castela e Espanha. Mesmo assim, os portugueses
desde o início começaram a explorar a rego, como ocorreu em 1525
com as missões comandadas por Aleixo Garcia e por Sebastião Caboto,
um ano mais tarde, chegando ao território do atual estado do Mato
Grosso (PIRES, 2000).
No século XVI, Sebastião Marinho e Domingos Rodrigues
avançam sob solo goiano. Em 1648, Bartolomeu Bueno da Silva,
conhecido como Anhangüera, obteve maiores sucessos em suas viagens
pelo interior goiano. Em 1718, o bandeirante Pascoal Moreira Cabral
descobre ouro nas margens do rio Cuiabá (PIRES, 2000).
A ocupação do Brasil ocorreu inicialmente pela porção litorânea
e depois do leste para oeste. As ocupações litorâneas ocorreram
principalmente em função das riquezas ambientais que possibilitavam o
extrativismo e a agricultura. Nesse primeiro momento a ocupação
territorial foi caracterizada por atividades predatórias voltadas para
extração da madeira.
As primeiras tentativas de colonização branca da região central
do Brasil são do século XVI primeiro pelos espanhóis e, posteriormente,
pelos portugueses (BERTRAN, 1988).
A descoberta de ouro em Goiás ocorreu com bandeira paulista
de Bartolomeu Bueno da Silva e João Leite da Silva Ortiz, em 1722. A
descoberta de ouro em Goiás e Mato Grosso, fez com que a migração
para a região aumentasse substancialmente, acelerando o processo de
ocupação e a criação de vilas e povoados (BERTRAN, 1988).
O processo de ocupação e de urbanização da região Centro-
Oeste remonta a cada de 30, com a implantação de políticas estatais
de colonização, interiorização e integração econômica. Este processo foi
19
consolidado posteriormente com a criação de dois grandes núcleos
urbanos, Gonia e Brasília, nas décadas de 50 e 60, a partir dos locais
onde se encontravam-se instaladas as bases para a expansão das frentes
modernas de ocupação (BIUDES, 2002).
Biudes (2002), cita que o Centro-Oeste teve os estados de
Mato Grosso e Goiás como duas unidades fundamentais no progresso
cio-econômico regional desde os tempos coloniais, tanto que na etapa
de fortalecimento e expansão do mercado interno, Mato Grosso do Sul e
o Distrito Federal desmembraram-se devido a dinâmica política e
econômica que envolvia esses dois Estados.
2.3. AS COMUNIDADES RURAIS
Comunidade é o conjunto de seres vivos que se relacionam de
alguma forma e, ou, habitam um mesmo lugar. As comunidades rurais são
formadas e estabelecidas de diversas maneiras, porém, em zona rural.
Essas comunidades, com o uso dos recursos ambientais, exercem
impactos que podem ser minimizados com informações consistentes e
sistematizados na construção do conhecimento das inteirações
ambientais, consolidando a melhoria da gestão dos recursos desse
ambiente.
As comunidades rurais de Nossa Senhora do Livramento em Mato
Grosso, região Centro-Oeste do Brasil, tiveram suas origens no garimpo
de ouro. A exemplo do que ocorre em outros garimpos do Estado, devido
ao sistema de extração ser do tipo “modo de cata”, as lavras foram se
esgotando. Então, as atividades se restringiram à agricultura de
subsistência. A diversificação de culturas agrícolas e o aproveitando das
pastagens nativas permitiram um gradativo desenvolvimento da criação
bovina para corte e prodão de leite. Por conta dos “focos” de ouro e
pela ocupação esparsa se estabeleceram diversas comunidades, cada
uma com suas características próprias, com trabalhadores adaptados às
adversidades do ambiente. Para a subsistência, as comunidades criaram
sistemas de produção próprios que passam de pai para filho,
20
aproveitando as áreas com solos mais férteis e profundos, geralmente
pximas a córregos e de fácil acesso, apropriadas para o cultivo.
Essas comunidades são conhecidas pela tradição de prodão
da banana e seus derivados. Destacam-se, também, pelo cultivo da
mandioca para consumo in natura e para a prodão de farinha; a cana-
de-açúcar muito usada para a produção da rapadura; a pecuária de leite e
de corte, com produção de carne-seca. A agricultura familiar tem se
transformado em uma alternativa de melhoria da qualidade de vida às
populações tradicionais bem como aos assentamentos hoje existentes.
Entretanto, a mistura das ras branca e negra não ocorreu
com intensidade, permanecendo as duas raças de modo mais puro em
relação a outras regiões. Diante desses fatos, a sociedade apresenta
características múltiplas, qualidades, defeitos, modismos de linguajar
local, diferentes de outras comunidades do município e da região.
Esta situação apresenta vantagens e desvantagens,
destacadas a seguir.
Como vantagem pode-se elencar:
a ajudatua nas comunidades;
os sistemas de prodão para subsistência utilizado exerce pouca
pressão sobre o ambiente;
a pequena exploração ocupa pequenos espaços suficientes para ser
trabalhado de forma artesanal;
a exploração reduzida dos recursos ambientais por conta da falta de
ambição comum às pessoas das comunidades tradicionais; e
a adaptação de material genético de plantas e animais resistentes às
adversidades do ambiente, baixa fertilidade e solos rasos para plantas
e pouca disponibilidade de alimento para os animais.
Como desvantagem pode-se elencar:
a baixa qualidade de vida;
a baixa longevidade;
o baixo grau de instrução;
a distância entre as famílias e entre comunidades;
a baixa produtividade das culturas agrícolas e de animais (criações); e
21
a falta de infra-estrutura.
2.4. A INFORMAÇÃO
muitas definições para “informação”. Para o propósito deste
estudo, a apresentada por Barreto (1994), parece ser a mais adequada, e
diz serem: “estruturas significantes com a competência de gerar
conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou na sociedade”. Pode-se
assim estabelecer, ainda segundo Barreto (1996), “uma relação entre
informação e conhecimento, que só se realiza, se a informação é
percebida e aceita como tal, colocando o indivíduo em uma posição
melhor, consciente consigo mesmo e dentro do mundo onde se realiza a
sua odisséia individual”.
Estima-se que nas últimas três décadas, a humanidade
produziu um volume de informações maior do que nos cinco mil anos
precedentes e, em breve, estará duplicando a cada quatro anos.
(TARGINO, 2000).
A Declaração de Estoril, em 14 de maio de 2004, ressalta que
a memória humana e o tempo dispovel são fatores limitantes em
relação à informação e esse tempo, está cada vez mais escasso. Com
isso, deve ser constante a busca da eficncia na coleta e processamento
das informações necessárias no cotidiano, de forma apropriada e que
atenda a necessidade do indivíduo no tempo necessário ao seu consumo.
De acordo com Barreto (1994), são as definições que
relacionam a informação à produção de conhecimento no indivíduo , as
que melhor explicam a natureza do fenômeno, em termos finalistas,
associando-o ao desenvolvimento e à liberdade do indivíduo, de seu
grupo de convivência e da sociedade como um todo, portanto, a
informação é qualificada como um instrumento modificador da
consciência do homem e de seu grupo.
22
2.5. DIVERSOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Dowbor (2004), afirma que “os sistemas existentes (sendo três:
sistema individual, onde cada um se organiza como pode ou sabe;
sistema publicoonde os governos organizam o que o cidadão quer ou
precisa saber, esse traz a burocracia; o terceiro é o cidadão bem
informado onde a informação parte da lógica do interesse dele e da
comunidade) de informação não foram organizados para a participação
cidadã. Em particular, são prerios os sistemas de informação sobre os
impactos sociais e ambientais das nossas atividades. O resultado é que
aspectos do nosso comportamento se orientam em função da vantagem
individual e de curto prazo, perdendo-se a função racional da informação
sistêmica”.
Ainda diz que: A situação é paradoxal, pois nunca se diss
de tanta tecnologia de informação como hoje. Bancos de dados, redes,
portais, sites, conferências on-line, educação à distância, grupos de
discussão, conexões de banda larga, geoprocessamento, sensoriamento
remoto, generalização do acesso à telefonia, tudo indica uma autêntica
explosão de capacidades técnicas de levantamento, organização e
distribuição da informação. Também nunca estivemos tão confusos”.
O conhecimento é estruturado a partir de observações da
realidade e também de observações feitas por outros. Nas duas
situaçãoes nunca são diretas e imediatas, porque o ato de observação é
mediado pela mente humana, a qual direciona o processo de seleção do
que observar, como fazê-lo, e ainda interfere na interpretação final dos
produtos da observação (FERREIRA, 1995).
O homem tem seus próprios recursos para compreender,
interpretar a realidade, torná-la lógica e significativa para o conjunto de
indivíduos. Compreendendo, analisando e interpretando todas as
dimensões da realidade, torna possível a interação e a organização social
pela existência de significados culturalmente compartilhados. Quando
esses esquemas tornam-se inoperantes, outros se interpõem. Esse
23
processo está associado ao ciclo informacional e de assimilação do
conhecimento (FERREIRA, 1995).
Martins (2005), relata que cada vez mais ouve-se falar da
informação, da sua explosão e da efervescência de tecnologias super
modernas que ficam obsoletas rapidamente, tais são os investimentos em
inovação para munir essa revolução. Porém, no Brasil muitas vezes
informações relevantes e necessárias não são encontradas, por não
estarem disponibilizadas ou por o estarem sistematizadas, o que
dificulta o seu acesso.
O livro “A terceira onda, publicado a vinte e sete anos, afirma
que a humanidade foi impactada por ondas” principais ao longo do
tempo. A primeira onda ocorreu com o surgimento e desenvolvimento da
agricultura, após o período em que se fazia necessário a caça para
alimentação. Com o cultivo e criação de seu alimento, os indivíduos o
mais precisavam ser nômades. A Revolução Industrial marcou a segunda
onda”; as máquinas substituíram o homem nos trabalhos pesados e a
indústria iniciou a prodão em massa. Então veio a terceira onda, a da
informação. Nesse modelo, a informação é a principal moeda, podendo-
se afirmar que é o material mais valioso. Hoje torna-se comum ouvir de
especialistas, ou mesmo de pessoas em conversas informais, que
"vivemos na era da informação" (TOFFLER, 1980).
A informação hoje está sendo compreendida como a matéria-
prima do desenvolvimento tecnológico. É matéria-prima para agir sobre a
tecnologia, como também a própria tecnologia é um mecanismo para agir
sobre a informação (CASTELLS, 2000).
O âmago da sociedade da informação, segundo Castells
(2000), o é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a
aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de
conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da
informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e
seu uso.
A informação quando é assimilada produz o conhecimento,
modifica o estoque mental de informações e traz benefícios
24
(desenvolvimento) à pessoa que a recebeu, bem como o desenvolvimento
à sociedade em que ele vive (BARRETO, 1994).
Segundo Toffler (2007), no Brasil existe uma colisão de forças,
com as três ondas coexistindo ao mesmo tempo. Diz, também, que neste
país, ainda existem algumas pessoas que estão levando adiante a
reforma agrária, que é uma questão da primeira onda; pessoas que
estão criando empresas industriais de segunda onda e outras investindo
em empresas voltadas para a tecnologia da informação, do
conhecimento, característica da terceira onda.
Mas esta situação não ocorre apenas do Brasil e sim em
países cujo acesso à informação pela sociedade foi e, ainda é,
diferenciado e sob a proteção e influência de fatores sócio-econômicos.
Por isso, o país só vai conseguir solucionar os seus problemas
sociais se tiver a plena compreensão dos momentos que está vivendo, e
que o sucesso dos governantes depende da integração de estratégias
para cada nível de desenvolvimento, de se usar políticas adequadas para
cada onda existente (TOFFLER, 2007).
Sobre o desemprego e a pobreza, acredita que a educação
com visão empreendedora é o primeiro passo para as mudaas. Nesse
sentido, Toffler (2007), relata que algm pode saltar etapas tecnológicas,
usar tecnologias sem fio, pode fazer muita coisa com tecnologia, mas não
pode fazer muita coisa com pessoas que não conseguem produzir muito
porque não tem o conhecimento, o saber adequado.
2.6. A COMUNICAÇÃO
Dowbor (2004), em entrevista a revista IDEC (Instituto de
Defesa do Consumidor), ao ser perguntado, “Até que ponto a sociedade
tem consciência dessa invasão de privacidade, do domínio da publicidade
sobre a mídia, da falta de informações úteis?”, respondeu: “Qualquer
comunidade pobre no Brasil está sendo informada diariamente sobre
todos os detalhes da vida de Michael Jackson, mas não tem nenhum
25
instrumento para saber quais são os projetos da região onde moram.
Como cada um poderia estar ajudando, participando, quais os benefícios
gerados, que benefícios poderiam receber..., ou seja, nos desvia, na
realidade, de informação útil e agradável”.
O distanciamento informativo se tornou absolutamente
catastrófico. Grandes empresários da mídia dos Estados Unidos
declararam que a liberdade de informação na guerra do Iraque era
praticamente nula. Como resultado, grande parte do público norte-
americano informado passou a assistir à BBC, e não mais à televisão
norte-americana.
2.7. A EDUCAÇÃO
Em relação à educação, a legislação é muito vasta,
pormenorizada e setorizada e, mesmo assim, não assegura uma
educação de qualidade nos graus, fundamental, médio e superior.
Segundo a Constituição Federal em seu Art. 205, prevê que a educação,
é direito de todos e dever do Estado e da Família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.
Por entender que não há necessidade de especificar cada uma
delas é que apenas fez-se referencias, mostrando a quantidade de
instrumentos legais existentes. Da mesma forma cita-se o Ensino à
Distância, Ensino Especial e Ensino Profissional, todos com instrumentos
legais específicos.
O artigo da Lei N. 9394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB
Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional), prevê: A educação,
dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho”. A LDB dá o sentido maior à prioridade
26
principalmente ao desenvolvimento humano, o preparo para a vida em
coletividade e a qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).
A educação nunca deixou de ser a via e o caminho da marcha
e crescimento da espécie humana. Afinal, a evolução do homem, se em
parte foi biológica, somente se efetivou com o imenso esforço histórico-
social que o trouxe até as alturas do presente desenvolvimento científico
e cultural. E todo aquele processo histórico pode, em rigor, ser
considerado resultado do intercurso entre a condição humana e a
educação (TEIXEIRA, 1971).
A educação, a formação do conhecimento sobre todos os
assuntos de interesse da sociedade e, segundo Reigota (1994), a escola
pode ser considerada como um dos locais privilegiados para a
consecução da Educação Ambiental, que com a perspectiva de
educação, deve permear todas as disciplinas, enquanto enfocar as
relações entre a humanidade e o meio natural. Cada disciplina tem sua
contribuição a dar nas atividades de Educação Ambiental, envolvendo
professores de todas as áreas de conhecimento. Entretanto, a busca de
soluções de problemas ambientais carece de uma maior integração
interdisciplinar para a busca do conhecimento.
É necessário o entendimento de que a educação só é possível
por meio de transferência da informação, sendo assim, na educação
ambiental não é diferente, a construção do conhecimento envolve fatores
físicos, químicos e biológicos. Um artefato de informação contém uma
mistura de informações com maior ou menor valor, dependendo do ponto
de vista do consumidor da informação (ARAÚJO, 2007).
No Japão, o trabalho de sensibilização e conscientização das
pessoas em relação ao meio ambiente, começa desde cedo na escola,
aos três anos de idade. A área curricular de Ambiente considera que a
criança deve desenvolver habilidades para interagir positivamente com
seu meio natural e social e incorporá-lo em sua vida dria (KISHIMOTO,
1997).
De acordo com Dowbor (2006), as pessoas que convivem em
um local têm que conhecer seus os problemas comuns, suas alternativas
e seus potenciais. A escola passa assim a ser uma articuladora entre as
27
necessidades do desenvolvimento local, e os conhecimentos
correspondentes. Não se trata de uma diferenciação discriminadora, do
tipo “escola pobre para pobres”; trata-se de uma educação mais
emancipadora, na medida em que assegura ao jovem os instrumentos de
interveão sobre a realidade que é a sua.
2.8. O MEIO AMBIENTE
Antes da ocupação do território brasileiro pelos europeus, os
indígenas que aqui habitavam, eram estimados em 8 milhões,
sobreviviam basicamente da exploração de recursos naturais e os
utilizavam de forma sustentável (WALLAUER, 2000). Essa população foi
reduzida para três milhões no início do século XIX, em decorrência da
exterminação e em grande parte, pelos portugueses.
As intensas devastações do território brasileiro, estimuladas
durante anos pelo contrabando de pau-brasil, jacarandá e outras espécies
valiosas que foram a fonte propulsora e atrativa da economia do Brasil.
O resultado destas ações, exploratórios irracionais,
inconseqüentes e desmedidas trouxeram a perspectiva real da escassez,
sendo esta decorrente, principalmente pela degradação ambiental.
Estimulados por esses fatos, as pessoas começaram preocuparem-se de
fato com as alterações ambientais, suas causas, com os processos
exploratórios, os modelos produtivos e suas interações.
A Lei 6.938, de 2 de setembro de 1981, prevê que o meio
ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas. Esta definição foi referendada pela Resolução
CONAMA Nº 306, de 19 de julho de 2002, definindo meio ambiente como
o conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física,
química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas (TAPAI, 2002).
As condões, influências ou forças que envolvem e influenciam
ou modificam: o complexo de fatores climáticos, edáficos e bióticos que
28
atuam sobre um organismo vivo ou uma comunidade ecogica e acaba
por determinar sua forma e sua sobrevincia; a agregação das
condições sociais e culturais (costumes leis, idioma, religo e
organização política e ecomica) que influenciam a vida de um indivíduo
ou de uma comunidade (WEBSTERS,1976).
A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, sobre o termo
meio ambiente, prevê:
“Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
E, em especial, no inciso VI do parágrafo 1º, desse mesmo
artigo, prevê: “Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao
poder público: VI - promover a educação ambiental em todos os graus de
ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente
(TAPAI, 2002).
A "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento 1992 ECO 92” foi realizada com o objetivo de elaborar
estratégias e medidas que pudessem parar e reverter os efeitos da
degradação ambiental em todo o mundo e promover o desenvolvimento
auto-sustentado. Pretendia-se um amplo debate de idéias e sugestões
visando o bem-estar do ser humano e do planeta e, assim, ficaram
definidas com maior ênfase as diretrizes norteadoras do princípio da
precaão, por dois princípios:
Princípio 15: O princípio da precaução deve ser amplamente
observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta
certeza científica o deve ser utilizada como razão para postergar
medidas eficazes e economicamente vveis para prevenir a degradação
ambiental.
Princípio 17: A avaliação de impacto ambiental, como
instrumento internacional, deve ser empreendida para as atividades
planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o
29
meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade nacional
competente.
A mudança de comportamento não se por temor de
punição, nem por qualquer outra sanção, mas em conseqüência de
convicções adquiridas na consciência e na sensibilidade (WERNECK,
2002).
A resolução de problemas ambientais locais carrega um valor
altamente positivo, pois foge da tendência de desmobilização da
percepção dos problemas globais, distantes da realidade local, e parte do
principio de que é indispensável que o cidadão participe da organização e
gestão do ambiente de seu cotidiano (LAYRARGUES, 1999).
Portanto, o ambiente é um bem unitário formado também pelo
patrimônio cultural em sentido amplo (histórico, artístico, turístico,
paisagístico e arquitetônico).
2.9. GESTÃO AMBIENTAL
A gestão ambiental é a condução, direção e controle do uso
dos recursos naturais, dos riscos ambientais e das emissões para o meio
ambiente, por intermédio da implementação do sistema de gestão
ambiental (CONAMA, 2002).
Para Meyer (2000), a gestão ambiental é apresentada da
seguinte forma:
Objeto de manter o meio ambiente saudável, atendendo as
necessidades humanas atuais, sem comprometer as necessidades das
gerações futuras.
Meio de atuação sobre o meio ambiente pelo uso e/ou
descarte dos bens e detritos gerados pelo homem, a partir de um plano
de ação com viabilidade técnica, econômica, e prioridades definidas.
Instrumentos de monitoramentos, controles, taxações,
imposições, subdios, divulgação, obras e ações mitigadoras.
Base de atuação de diagnósticos (cenários) ambientais da
área de atuação, a partir de estudos e pesquisas dirigidos em busca de
soluções para os problemas detectados.
30
De acordo com Meyer (2000), a gestão ambiental pode ser
dividida em quatro níveis:
1. Gestão de Processos: avaliação da qualidade ambiental de
todas as atividades, máquinas e equipamentos relacionados a todos os
tipos de manejo de insumos, matérias primas, recursos humanos,
recursos logísticos, tecnologias e serviços de terceiros.
2. Gestão de Resultados: envolvendo a avaliação da
qualidade ambiental dos processos de produção, por meio de seus efeitos
ou resultados ambientais, ou seja, emissões gasosas, efluentes quidos,
resíduos sólidos, particulados, odores, ruídos, vibrações e iluminação.
3. Gestão de Sustentabilidade (Ambiental): envolvendo a
avaliação da capacidade de resposta do ambiente aos resultados dos
processos produtivos que nele são realizados e que o afetam, por meio
da monitoração sistemática da qualidade do ar, da água, do solo, da flora,
da fauna e do ser humano.
4. Gestão do Plano Ambiental: avaliação sistemática e
permanente de todos os elementos constituintes do plano de gestão
ambiental elaborado e implementado, aferindo-o e adequando-o em
função do desempenho ambiental alcançado pela organização.
As condições ambientais contribuem de rias maneiras para
as oportunidades ecomicas das pessoas, tanto na zona rural como na
urbana, sendo mais fortes na primeira.
O pré-requisito fundamental para atingir a estagnação do
crescimento populacional e ter uma sociedade mais homogênea, sendo,
portanto mais receptiva às políticas públicas de reciclagem, disciplina
individual em defesa ao meio ambiente e consciência coletiva da
necessidade de deixar para as futuras gerações condões de vida com
qualidade. No Brasil, desde a Constituição de 1988, a educação
ambiental é obrigaria em todos os graus de ensino do país; faltando ser
obedecida de forma mais efetiva nas escolas e principalmente, o acesso
de todas as criaas e jovens às escolas (ZULAUF, 2000). Destaca-se,
neste caso, a falta de escolas nas áreas rurais.
31
A ocorrência de fenômenos como as chuvas ácidas, escassez
de água, o aquecimento global, a diminuição na camada de ozônio, o
derretimento das geleiras nos pólos, a acidificação de solos, a
desertificação, as mutações, sinalizam para o caminho que as ações
locais afetam o globo como um todo. Mostrando assim que o planeta
Terra não pode continuar sendo tratado da maneira que vem sendo.
Alterações comportamentais das sociedades mundiais devem
imediatamente ser incorporadas de forma sistemática e progressiva.
Segundo Campos (2001), na Figura 1, representa as cinco
dimensões do que se pode chamar desenvolvimento sustentável:
Fonte: Campos, 2001.
Figura 1- As cinco dimensões da sustentabilidade
Sustentabilidade social: criação de um processo de desenvolvimento
sustentado com maior eqüidade na distribuição de renda e de bens,
reduzindo o abismo entre os padrões de vida.
Sustentabilidade econômica: alcaada pela gerência e alocação
mais eficiente dos recursos e constantes investimentos públicos e
privados.
Sustentabilidade ecológica: alcançada com o aumento da
capacidade de utilização dos recursos, limitação de consumo de
32
recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, a redução de
resíduos, da conservação de energia e da reciclagem.
Sustentabilidade espacial: dirigida para a obteão de uma
configuração rural-urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição
territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas.
Sustentabilidade cultural: incluindo a procura por raízes endógenas
de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados,
que facilitem a geração de soluções específicas para o local, o
ecossistema, a cultura e a área.
2.10. ÁGUA
A água é um recurso único, pois além dos diversos usos,
possui a propriedade de atuar como substância indicadora dos resultados
do manejo da terra pelo homem. A qualidade de um corpo d‟água está
ligada à geologia, ao tipo de solo, ao clima, ao tipo e quantidade de
cobertura vegetal e ao grau e modalidade de atividade humana dentro de
uma bacia hidrográfica.
Segundo Souza e Fernandes (2000), a paisagem de uma bacia
hidrográfica pode ser dividida em três zonas hidrogeodinâmicas: zonas de
recarga, zonas de erosão e zonas de sedimentação.
As zonas de recarga são normalmente áreas com solos
profundos e permeáveis, com relevo suave, sendo fundamentais para o
abastecimento dos leóis freáticos. Essas áreas devem ser mantidas,
dentro do possível, sob vegetação nativa, uma vez que as mesmas
exercem uma grande influência sobre a redistribuição da água da chuva,
sendo que qualquer modificação da cobertura florestal, resultante de
interveão do homem ou conseqüência de seu desenvolvimento natural,
afeta a quantidade e qualidade da água que chega ao solo e ao lençol
freático.
Quando uma área de recarga hídrica, Figura 2, sofre
interfencia, quer seja para uso agrícola ou pecuário, vê-se a
33
necessidade de se recompor esta área visando, primeiramente, a
proteção do solo exposto.
Fonte: Adaptado a partir de Karmann, 2001.
FIGURA 2. “CICLO DA ÁGUA, ÁGUA SUBTERRÂNEA E SUA ÃO
GEOLÓGICA. Áreas de recarga no ciclo hidrológico
Hidrologia é o estudo da água em todas as suas formas,
incluindo sua distribuição, circulação, propriedades químicas e físicas e
ao comportamento hídrico do meio ambiente. Ciclo hidrogico, refere-se
ao ciclo da água dos oceanos para os continentes e de volta, incluindo
todos os caminhos e processos conectados com o estoque e movimento
da água em todas as suas fases (SOARES, 2001).
A manutenção de coberturas florestais nas encostas de relevo
acentuado, mesmo que de matas homogêneas plantadas para fins de
manejo econômico, é a forma mais adequada de reservar-se água no
subsolo, regularizando a vazão dos rios (ZULAUF, 2000).
TABELA 1. DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA EM TERMOS DE
VOLUME ARMAZENADO EM DIFERENTES RESERVATÓRIOS
Reservatórios
Volume aproximado de água
(km
3
)
(%)
Oceanos
1 320 000 000
96.1000
Glaciares
29 000 000
2.1300
Água subterrânea
8 300 000
0.6100
Lagos
125 000
0.0090
Mares interiores
105 000
0.0080
Umidade do solo
67 000
0.0050
Atmosfera
13 000
0.0010
Rios
1 250
0.0001
TOTAL
1 360 000 000
100%
Fonte: Adaptado a partir de Nace (1967).
34
2.11. BOSQUE ENERGÉTICO
Uma opção para diminuir o impacto da exploração sobre
recursos ambientais é implantar alternativas de ampliação ou de
exploração sustentável destes recurso. No caso da energia calorífica uma
alternativa altamente viável é a implantação de bosques energéticos”
para prodão de energia em uma proporção mínima de duas vezes a
demanda necessária.
Brito (2007), comenta que o uso da madeira para energia inclui
diminuir a depenncia enertica, algo que muitos dos combustíveis
hoje empregados não proporcionam, conforme Figura 3. Além disso,
devido ao seu alto potencial renovável e produtivo, especialmente no caso
brasileiro, pode expressar uma matriz energética ambientalmente mais
saudável e socialmente mais justa, possibilitando uma das maiores taxas
de geração de emprego por recurso monetário investido.
Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2007.
FIGURA 3 - CONSUMO DE ENERGIA NO BRASIL EM 2005
pouco tempo a madeira deixou de ser a principal fonte de
energia primária no Brasil. Este fenômeno iniciou na década de 1970, ou
seja, a menos de 40 anos pois foi substituída pelo uso do petróleo e, em
seguida, pela hidroeletricidade. Nos últimos dez anos, contudo, pode-se
35
constatar uma forte reversão nessa tenncia, Figura 4. Com o aumento
do consumo de lenha por setor, talvez motivado pelas incertezas quando
à oferta de outras fontes e, sobretudo, pelas vantagens econômicas e
oportunidades ambientais e estratégicas oferecidas pelo uso da madeira
como fonte de energia.
Fonte: BEN - Balanço Energético Nacional - MME - Minisrio de Minas e
Energia, 2003.
FIGURA 4 - EVOLUÇÃO DE CONSUMO DE LENHA POR SETOR
O consumo de madeira para energia, para a prodão de
carvão vegetal se destaca, em decorrência da demanda existente pelo
produto junto ao setor siderúrgico. O Brasil é o maior produtor mundial de
aço produzido com o emprego do carvão. O uso de carvão vegetal
proveniente de madeira de florestas plantadas tem apresentando um forte
crescimento,pois em 1990 o consumo era de 30% e atualmente
representa mais de 70% do volume consumido (AMBIENTE BRASIL,
2007).
O setor residencial é considerado o segundo consumidor de
madeira para energia no Brasil. Nesse setor, a madeira é fortemente
usada para cocção de alimentos e, em menor escala, para aquecimento
domiciliar. Trata-se de um consumo particularmente atrelado à evolução
CONSUMO DE LENHA (10
6
t)
0
10
20
30
40
50
60
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
1994
1997
2000
2003
TRANSFORMAÇÃO
RE SIDENCIAL
INDUSTRIAL
AGROPECRIO
36
de consumo de gás liquefeito de petróleo, seu substituto natural na
maioria das residências brasileiras e para o qual, ao contrário da madeira,
políticas oficiais de incentivos sempre se fizeram presentes.
Considerando-se um consumo médio anual de dois metros
cúbicos de madeira por pessoa, pode-se estimar a existência atual de um
contingente de pelo menos trinta milhões de pessoas dependentes da
madeira como fonte de enertica domiciliar no Brasil.
O terceiro mais importante consumo de madeira para energia
no Brasil encontra-se disperso em uma série de componentes atrelados
ao ramo industrial, representados por milhares de empreendimentos
industriais do ramo do cimento, químico, de alimentos e de bebidas, de
papel e celulose e de cerâmicas. O grande destaque situa-se no ramo de
alimentos e bebidas e no ramo cerâmico, representando mais de 60% do
consumo (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E
GESTÃO, 2007).
Os dados da evolução do consumo, Tabela 2, considerando
que a origem da madeira é de florestas naturais e plantadas, observa-se
que, a partir do ano de 1993, os reflorestamentos tornaram-se a principal
fonte de matéria prima para abastecimento industrial. Além disso, pode-se
observar que no processo industrial há um decréscimo do consumo de
madeira proveniente de florestas naturais e o crescimento de florestas
plantadas.
TABELA 2. EVOLUÇÃO DO CONSUMO GERAL DE MADEIRA PROCEDENTE
DE FLORESTAS NATURAIS E DE FLORESTAS PLANTADAS
Ano
Consumo de madeira (1.000 m³)
Natural
Plantada
Total
1989
128.670
70.661
199.331
1990
107.673
69.901
177.574
1991
92.615
77.207
169.822
1992
93.876
86.217
180.093
1993
85.159
100.023
185.182
1994
83.179
106.569
189.748
1995
77.744
115.358
193.102
1996
72.474
125.738
198.212
1997
67.228
137.201
204.429
Fonte: Site www.ambientebrasil.com.br, 2007
37
O setor agrícola é considerado o quarto grande consumidor de
madeira como fonte de energia no país e, apesar da não-existência de um
diagnóstico preciso sobre a distribuição desse consumo, acredita-se que
um grande volume é utilizado na secagem de grãos.
2.12. O TURISMO RURAL E A AGRICULTURA FAMILIAR COMO
DESENVOLVIMENTO LOCAL
O turismo rural e a agricultura familiar são atividades
importantes para a gestão dos recursos ambientais, pois contribuem
positivamente, influenciando diretamente na dinâmica ambiental. O
turismo rural passou a ser uma atividade importante em todos os setores,
pelos aspectos sociais, ecomicos, culturais e políticos. O conhecimento
traz possibilidades de mudanças concretas, que a agricultura familiar em
parceria com o turismo rural podem a ser fatores de inclusão sócio -eco-
ambiental.
Del Grossi (1999), observou que a população rural do Brasil,
não é exclusivamente agrícola, pois mais de 3,9 milhões de pessoas
estavam ocupadas em atividades o-agrícolas em 1995, o que
representava 26% da PEA (População Economicamente Ativa), rural
ocupada. Segundo o autor, a PEA rural não-agrícola aumentou em quase
1 milhão de pessoas em todo o país, principalmente nas regiões Sudeste
e Centro-Oeste.
Abramovay (2003), comenta que essas áreas podem
representar a recuperação e o esforço de relações de proximidade
familiar, comunitária e de vizinhaa. Para que estes valores possam
transformar-se em fontes de desenvolvimento e geração de renda,
dependerá tanto da organização dos habitantes e das instituições rurais e
do tipo de relação que conseguirem estabelecer com as cidades.
Del Grossi (1999), analisa o surgimento do agricultor familiar
moderno, recuperando o que seria seu caráter distintivo em relação ao
camponês. Para o autor, o produtor familiar na sociedade moderna
representa uma forma de produção "altamente integrada com o mercado,
38
capaz de incorporar os principais avanços técnicos e de responder às
políticas governamentais”.
No Brasil, o setor de hospedagem é constituído em sua
maioria de pequenos e médios estabelecimentos, principalmente quando
se fala de turismo sustentável ou vinculado ao ambiente natural.
Aulicino (1997), concluiu que a exploração turística dos
recursos ambientais deve revelar que em primeiro lugar se está prestando
um servo cujo objetivo final é, sem vida, o lucro, mas com retorno da
qualidade de um serviço prestado que deve ser cuidadoso com o turista e
com o ambiente que inclui necessariamente a comunidade humana local.
A ruralidade não é uma etapa do desenvolvimento social a ser
superada com o avanço do progresso e da urbanização. É e será cada
vez mais um valor para as sociedades contemporâneas. É a relação com
a natureza, regiões não densamente povoadas e inserção em dinâmicas
urbanas. A importância da agricultura não deve impedir uma definição
territorial do desenvolvimento e do meio rural. Esta definição não é útil
apenas para as áreas mais desenvolvidas do país, ela pode revelar
dimensões inéditas das relações cidade-campo e, pequenas
aglomerações urbanas dependem de seu entorno disperso para
estabelecer contatos com a economia nacional e global, seja por meio da
agricultura, seja por outras atividades (ABRAMOVAY, 2003).
A agricultura familiar consiste em um modelo de produção
onde a gestão produtiva tem como o núcleo de decisões, a gerência, o
trabalho e o capital, na unidade familiar.
39
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOWAY, R., O futuro das regiões rurais, Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2003, v. 1. 149 p.
ARAUJO, E. N. Evolução da Sociedade da Informação no Brasil: Uma
Proposta de Mensuração e sua Aplicação no período 2001-2004.
2007. Dissertação (Mestrado em Administração blica) - Fundação João
Pinheiro - Belo Horizonte.
AMBIENTE BRASIL, Evolução do Consumo Geral de Madeira de
Reflorestamento e Florestas Plantadas Dispovel em:
www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./florestal/index.html&c
onteudo=./florestal/consumo.html#f Consulta realizada em 18 de mao
de 2007.
AULICINO, M.P. Algumas Implicações da Exploração Turística dos
Recursos Naturais. In: RODRIGUES, A.B. (org.) Turismo e Meio
Ambiente: Reflexões e Propostas. 2. ed. Hucitec, São Paulo, pp. 27-
36.o Paulo. Hucitec,1997.
BARRETO, A. A. “A questão da informação”, São Paulo em perspectiva,
Fundação Seade, v. 8, n 4, p. 3-8, 1994.
BARRETO, A. A. A Eficiência Técnica e Ecomica e a Viabilidade de
Produtos e Serviços de Informação. Brasília, v.25, n.3, p. 405-414,
1996.
BERTRAN, P. Uma introdução a historia ecomica do Centro-Oeste
do Brasil. Brasília: CODEPLAN, 1988.
BIUDES, F. Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação
Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas
Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002. Site Consultado em 15 -
10-2007 - www.abep.nepo.unicamp.br
BRASIL, MISISTERIO DE EDUCAÇÃO, Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Dispovel
em: < www.mec.gov.br >. Acesso em: 20/02/2008.
BRASIL, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, BEN - Balanço
Energético Nacional. Ano-Base 2003, Brasil.169 p.
BRASIL, MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO.
Instituto de Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br.
Acesso em 30/01/2007.
BRITO, J. O. O uso energético da madeira. Dispovel em:
www.scielo.br - Acesso em 17 ago. 2007
40
CAMPOS, L.M.S. SGADA Sistema de gestão e avalião de
desempenho ambiental: uma proposta de implementação. 2001, 220 f.
Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2001.
Disponível em: http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/1763.pdf. Acesso em:
29/11/ 2007.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. Trad. de Roneide Venâncio Majer.
3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000, 617 p.
DOWBOR, L. O Poder do Conhecimento, 2004 Idec (Instituto de Defesa
do Consumidor), artigo disponível em site: www.dowbor.org. Acesso em:
29/11/ 2007.
DOWBOR, L. O que acontece com o trabalho? - 3ª ed. atualizada,
Senac, São Paulo, 2006. v. 1. 120 p.
DEL GROSSI, M. E. Evolução das ocupações não agrícolas no meio rural
brasileiro: 1981-1995. Campinas, UNICAMP, Instituto de Economia da
UNICAMP, Tese (Doutorado em Economia), 1999, 222 p.
FERREIRA, S.M.S.P. Novos paradigmas e novos usuários de informação.
Ci. Inf. v. 25, n.2, 1995. Versão eletrônica.
GRAMSCI, A. Concepção dialética da história. 6. ed. Trad. de Carlos
Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986. 341 p.
HANSEN, J. A. V. Tempo, Alegoria e História. Brotéria: Cultura e
Informação. Lisboa: Fundação Oriente, 1997. v. 145, p. 541-556.
KARMANN, I. Ciclo da Água, Água Subterrânea e sua ação geológica.
In: Decifrando a Terra. WILSON TEIXEIRA, et al. (org.). Oficina de
Texto. São Paulo: 2001, p. 113-138.
KISHIMOTO, T. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação.o Paulo:
Cortez, 1997, 183 p.
LAYRARGUES, P. P. A resolução de problemas ambientais locais deve
ser um tema-gerador ou a atividade-fim da educação ambiental? In.:
REIGOTA, M. (Org.). Verde cotidiano. Rio de Janeiro, RJ: DP & A, 1999,
v. 1, p. 131-148.
LEITE, S. História da Companhia de Jesus no Brasil, v. V, Rio de
Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1945, 635 p.
LEFF, E. Saber Ambiental. Petrópolis - RJ: Vozes, 2001, 343 p.
41
MARTINS, C. Indicadores Sociais: Construção e Participação da
Comunidade. Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação Latu-
Sensu em Gestão no Terceiro Setor. Faculdade Senac de Educação
Ambiental. São Paulo, abril/2005.
MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília : Briquet de Lemos
Livros, 1999, 268 p.
MEYER, M. M. Gestão ambiental no setor mineral: um estudo de
caso. Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção), UFSC,
Florianópolis, 2000.
PIRES, M. O. Região Centro Oeste: Consolidando a Fronteira,
Aspectos da região relevantes para a atuação conjunta das
organizações não governamentais, Brasília, 2.000.
ROMANELLI, O. O. História da Educação no Brasil. Petrópolis: Vozes,
2003, 267 p.
REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense,
1994, 62 p.
SILVA, C. R. A experiência Portuguesa no processo de colonização
do Brasil. Dispovel em: < www.histedbr.fae.unicamp.br> Acesso em 20-
10-2007.
SOARES, P.F. Projeto e avaliação de desempenho de redes de
monitoramento de qualidade da água utilizando o conceito de
entropia. Tese (Doutorado) - ESCOLA POLITÉCNICA, USP, São Paulo,
2001, 212 p.
SOUZA, E. R. de; FERNANDES, M. R. Sub-bacias hidrográficas:
unidades básicas para o planejamento e a gestão sustentáveis das
atividades rurais. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.207,
p.15-20, nov./dez. 2000.
RUSCHMANN, D. V. de M.. Turismo e planejamento sustenvel: a
proteção do meio ambiente. 12. ed., Campinas, SP: Papirus, 1997, 199
p.
TAPAI, G. M. B. Novo Código Civil brasileiro: Lei 10.406,de10/01/2002,
estudo comparativo com o Código Civil de 1916. Editora Revista dos
Tribunais - São Paulo, 2002, 600 p.
TARGINO, M.G., A Interdisciplinaridade da Ciência da Informação como
área de pesquisa. Inf. & Soc.:Est, João Pessoa, v. 5, n. 1, p. 11-19,
1995.
42
TARGINO, M.G. Comunicação Cientifica: uma revisão de seus elementos
básicos. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 10, n. 2, p.
37-85, 2000.
TEIXEIRA, A. Educação, suas fases e seus problemas. Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v.56, n.124, p.284-286,
out./dez. 1971.
TOFFLER A. A Terceira Onda - A Morte do Industrialismo e o
Nascimento de Uma Nova Civilização. Rio de Janeiro, Record, 1980,
491 p.
TOFFLER, Alvin “Revista Isto É” on–line - Reportagem de Flávia Sanches:
http://www.zaz.com.br/istoe/1596/ciencia/1596alvin.htm consultado em
05/08/2007
ZULAUF, W. E. O meio ambiente e o futuro. Estudos avançados , São
Paulo, v. 14, n. 39, 2000 . Disponível em: www.scielo.br/scielo: Acesso
em: 01 Mar 2008. doi: 10.1590/S0103-40142000000200009
WALLAUER, J. P., ABC do meio ambiente, fauna brasileira. IBAMA,
Brasília, DF 2000, 25 p.
WEBSTER'S, Third New International Dictionary. Springfield: G. &C.
Merriam Co., 1976.
WERNECK, C. Sociedade inclusiva. Quem cabe no seu TODOS?, 2ª.
ed. Rio de Janeiro: WVA, 2002, 236 p.
43
CAPÍTULO I
A INFORMAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DOS
RECURSOS AMBIENTAIS
44
A Informação como Instrumento de Gestão dos Recursos
Ambientais
RESUMO: Este capitulo analisou a percepção do ambiente por parte dos
moradores da Comunidade Caran Moita Grande no município de Nossa
Senhora do Livramento, estado de Mato Grosso, Brasil. Para tanto
utilizou-se a escala de adição de Likert na avaliação da importância de
atributos referentes à gestão e percepção ambiental, complementado de
um questionário individual. Essas avaliações foram analisadas para
verificar se a informação existente estava sendo utilizada para beneficio
da comunidade e se existia a necessidade de repassar informações.
Sugeriu-se alternativas para o desenvolvimento local para a comunidade
trabalhada.
Palavras-chave: percepção ambiental, essências nativas, Likert,
desenvolvimento local.
ABSTRAT: This article analyzes the perception of the environment on the
part of the inhabitants of the “Carandá Moita GrandeCommunity, Nossa
Senhora do Livramento, Mato Grosso state, Brazil. For in such a way it
uses the scale of addition of Likert in the evaluation of the importance of
referring attributes to the management and ambient perception,
complemented of an individual questionnaire. The information will be
analyzed to verify if the existing information is being used for benefits of
the community and if it exists the necessity to repass information and
suggests alternatives for the local development for the worked community.
Keyword: ambient perception, native essences, Likert, local development.
45
1. INTRODUÇÃO
A informação, como conhecimento adquirido é o ponto
marcante e responsável pela maioria das mudanças ocorridas no
processo evolutivo do homem.
A inveão da escrita, por volta de 3000 a.C. pelos Sumérios,
habitantes da Mesopotâmia, representou a maior conquista da
humanidade (AUROUX, 1998). Esse momento marcou a passagem da
pré-história para a história.
Graff (1995), lembra que a cronologia é devastadoramente
simples: enquanto o homo sapiens data de cerca de um milhão de anos, a
escrita surgiu pouco mais de 3.000 anos antes de Cristo, ou seja,
5.000 anos. No Ocidente, ela entrou por volta de 600 a.C., chegando hoje
a pouco mais de 2.500 anos. Sabe-se que para chegar ao nível alfabético,
ela foi aperfeiçoada pelos gregos e romanos, portanto, esses registros
escritos é que tornaram possível conhecer a própria evolução humana.
Tais registros são possíveis porque, com a invenção da escrita,
utiliza-se o que Auroux (1998), chama de „suporte gráfico‟. Para ele, esta
é a mais importante entre todas as formas de comunicação, pois foi a
primeira que permitiu a fala humana subsistir sem a presença de som
emissor.
De acordo com Barbosa (1994), a linguagem escrita surge num
momento visível de desenvolvimento das artes, do governo, do comércio,
da agricultura, da manufatura, dos transportes, vindo sempre
acompanhada de fatores econômicos, sociais e geográficos, que se
evidenciam por esta forma de comunicação.
O Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2004) define a palavra
“informaçãocomo origem do Latim informatione”, substantivo feminino,
que significa: ato ou efeito de informar ou informar-se; conhecimento;
instrução; comunicação ou notícia trazida ao conhecimento de uma
pessoa ou do blico; o ato de “informar”, dar conhecimento a; noticiar;
avisar; esclarecer; instruir, dar parecer sobre; colher informações ou
notícias; inteirar-se de.
46
A informação pode ser transmitida por meio da paisagem, que
fornece uma quantidade enorme de informação que os órgãos dos
sentidos nos informam de algo a cerca de nós mesmos e do mundo a
nossa volta.
Todos que necessitam ou querem, de alguma forma, solucionar
um problema ou mesmo responder a um questionamento, entram em
contato com dois subsistemas básicos de comunicação: o formal e o
informal.
Meadows (1999), traça paralelos entre essas duas abordagens,
comentando que a comunicação formal é direcionada a um público
potencialmente grande, proporcionando, porém, pouca interação entre
esse público e o pesquisador; a comunicação informal apresenta um
público mais restrito, porém com maior capacidade de interação com o
pesquisador.
Na comunicação formal, a informação normalmente é mais
antiga, podendo ser armazenada permanentemente e recuperada. A
comunicação informal é mais atual, mais redundante e, em geral, não
pode ser armazenada ou recuperada, e que torna-se formal se for
armazenada e sistematizada.
A educação formal presente na comunidade até então está
aquém do necessário para que todos tenham condões de compreender
a real importância dos recursos ambientais e suas interações.
O objetivo desse trabalho foi avaliar o instrumento informação
na gestão dos recursos ambientais, definindo-se dois objetivos:
Avaliar a percepção dos moradores da comunidade em relação à
importância dos recursos ambientais.
Identificar a utilização dos recursos ambientais como
instrumentos de melhoria da qualidade de vida.
47
2. EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA EM NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO
As comunidades tradicionais foram construindo ao longo do
tempo, conhecimentos especifico que possibilitou o domínio do cultivo de
plantas e criação de animais. Na condição de prodão de subsistência,
essas comunidades estão se extinguindo, tendo como pano de fundo, o
estímulo do consumismo indiscriminado e a crescente necessidade de
aumento de renda.
Como iia principal, tem-se que ao longo do tempo as
gerações construíram sistemas de produção que seguem o exemplo da
natureza, ou seja, vem tentando “copiar” as relações naturais mantendo a
diversidade genética.
Em Nossa Senhora do Livramento, as comunidades
tradicionais exercem uma pressão sobre o meio ambiente, que pode ser
minimizada e até produzir um efeito contrário com trabalho de
sistematização de informação objetivando a construção do conhecimento
e a implantação de sistemas para a prodão de produtos alternativos. Os
produtos orgânicos estão mais valorizados, a utilização da lenha extraída
de bosques energéticos, turismo rural explorando a ruralidade do
livramentense, seus costumes, artesanato e suas tradões, são
alternativas viáveis que podem ser implementadas.
A crescente e indiscriminada ocupação dos diversos espaços
pela comunidade justifica preocupação. Aqui assumida como produto da
relação que se instaura, em determinado momento histórico, entre
sociedade e natureza, quando analisada indica a existência de dois tipos
de relações interdependentes: a dos seres humanos entre si
(comunidade) e destes com a natureza não humana (ambiente).
A diversidade genética é com certeza uma possibilidade de
desenvolvimento para essas regiões com limitações naturais de solo raso,
pobre em nutrientes, ácido e clima com secas prolongadas. E é fruto da
capacidade dos vegetais e animais se adaptarem as essas condições
ambientais.
Como vantagens deste cenário têm-se a redução dos danos
ambientais, a redução dos custos de prodão, produtos de melhor
48
qualidade, equilíbrio ambiental e a manutenção de mão de obra com
geração de renda.
A grande desvantagem é a possibilidade do choque cultural e a
prodão sazonal.
Tem-se os seguintes objetivos:
a) entender a percepção e utilização da comunidade em
relação aos recursos ambientais; e
b) verificar se as pessoas possuem a informação e se essa
informação está sendo utilizada para a melhoria da qualidade de vida e na
gestão dos recursos ambientais.
49
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO MT.
O município de Nossa Senhora do Livramento, localiza-se na
região Centro-Sul do estado de Mato Grosso entre as coordenadas
15°46'30" Sul e 56°20'44" Oeste e área de 5.247,31 km² (Figura 5).
Segundo o IBGE (2006) a população é estimada em 12.141 habitantes,
Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0.655 (PNUD,
2000).
FIGURA 5. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.
A formação geológica da área é composta por coberturas
dobradas do Proterozóico, com granitóides associados, Grupo Alto
Paraguai e Cuiabá. Faixa Móvel Brasiliana. Os Solos em sua maioria o
representados de solos rasos e de baixa fertilidade; Plintossolos e
50
Podzólico Vermelho - Amarelo (JACOMINE, 1995), com altitude média na
Sede de 232 m.
A hidrografia do município encontra-se na Grande Bacia do
Prata, que contribuem com as bacias dos rios Paraguai e Cuiabá. O
Paraguai recebe, pela margem esquerda, os rios Jauguara e Sangradouro
Grande. O rio Cuiabá faz divisa, a leste com o município de Barão de
Melgaço. A hidrografia do município é composta principalmente dos rios
Bento Gomes, Cuiabá, Espinheiro, Formigueiro, Pari, Piraim,
Sangradouro e Santana; Córregos Landi, e Corvo e do Ribeirão dos
Cocaes, dentre outros.
O clima da região caracteriza-se como tropical quente e sub-
úmido, com cinco meses de seca (maio a setembro). A precipitação anual
de 1.750 mm, com intensidade máxima nos meses de dezembro, janeiro
e fevereiro. A temperatura média anual é de 24º C. O clima da região de
Cuiabá é do tipo Aw de Köppen, tropical semi-úmido, duas estações bem
definidas: uma seca (outono-inverno) e uma chuvosa (primavera-verão),
com índice pluviométrico médio anual de 1250 a 1500 mm (MAITELLI,
1994).
3.2. A COMUNIDADE CARANDÁ MOITA GRANDE.
A comunidade Rural Carandá Moita Grande, localiza-se entre
as rodovias BR 070 e BR 163, entre os rios Pari ao sul e Espinheiro ao
norte, o afluentes do rio Cuiabá ao Leste. A comunidade dista 40 km
do Trevo do Lagarto, no município de Várzea Grande e faz parte da
região denominada Vacaria, antiga sesmaria Vacaria. É uma
comunidade tradicional onde, facilmente ainda se encontra pessoas de
quinta e sexta gerações.
O universo estudado é composto de duas comunidades
distintas; as famílias tradicionais e as famílias que foram assentadas em
2002.
No ano de 2002 foi implantado um assentamento na
modalidade de banco da terra, onde o Banco do Brasil financiou a
51
aquisição grupal da área e toda a infra-estrutura básica necessária,
prevista dentro de um projeto previamente aprovado e discutido com os
parceiros. Nesse assentamento foram beneficiadas 100 famílias com
a 25 ha. famílias estranhas à comunidade, com difereas culturais
grandes.
A Comunidade possui uma Escola Municipal denominada Vera
Pereira do Nascimento, com seis salas de aula com 172 alunos
matriculados em 2007.
A proximidade de grandes centros, Cuiabá e Várzea Grande
trazem vantagens e desvantagens e a comunidade Caran Moita
Grande, por diversos motivos e dificuldades não têm aproveitado tais
vantagens e pior, tem aumentando as desvantagens.
Essa proximidade é vantajosa quando vista como fonte
consumidora e fornecedora de produtos e servos, como acesso a
escolas profissionalizantes, a universidades e aos centros de
treinamentos, além da facilidade na obtenção de mão de obra
especializada. As desvantagens são as facilidades de acesso de pessoas
indesejadas que praticam furto e roubo, especulação imobiliária,
expectativa de uma vida melhor na cidade grande, além das comunidades
do entorno serem tratadas de forma não prioritária.
Como barreira estritamente sócio-econômica, de base política
e ideológica, é necessário colocar freios no atual ritmo de utilização dos
recursos dispoveis no meio ambiente. Faz-se necessário explorar os
recursos naturais de modo que atendam às necessidades da geração
contemporânea, e que garantam sua sustentabilidade para que possam
ser utilizados pelas gerações futuras. Nesse sentido, diversas alternativas
de uso dos recursos ambientais podem ser implementadas, com destaque
para o eco-desenvolvimento e o desenvolvimento sustentável.
3.3. OBTENÇÃO DOS DADOS
A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o
52
mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido
em meros. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer
o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte
direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. A
análise é interpretativa e os resultados são descritivos. Os pesquisadores
tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu
significado são os focos principais de abordagem (GIL, 1999).
Ainda segundo Gil (1999), a pesquisa descritiva visa descrever
as características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados, questionários e observações
sistemáticas.
Para este estudo, foram entrevistadas as famílias de alunos da
5ª, 6ª, e ries da Escola Municipal Professora Vera Pereira do
Nascimento, que residem em propriedades rurais do município de Nossa
Senhora do Livramento. Foram escolhidos cinco alunos de cada turma,
totalizando 20 famílias trabalhadas. Cada propriedade foi visitada e
entrevistada e aplicando-se um questiorio (Anexo A).
Na amostra de famílias selecionadas, entrevistou-se os pais e
filhos. Utilizou-se um questionário completo para entrevistar o pai ou a
mãe do aluno e aos demais membros da família aplicaram-se o
questionário de forma reduzida sendo que algumas informações eram
comuns ao conjunto da família.
As entrevistas foram informais, individuais, conversando-se
com todos os moradores, em visitas pelas propriedades.
O questionário de avaliação individual sobre a percepção dos
recursos naturais e suas inteirações constou de quatro partes. Cada uma
das entrevistas teve um tempo médio de 45 minutos. Todos os indivíduos
com idade superior a dez anos, residentes na propriedade foram
entrevistados.
Na primeira parte do questiorio, referente à parte social, fez-
se uma breve exploração de cada entrevistado com a finalidade de
53
qualificação, seguida de alguns dados de caracterização dos mesmos
(sexo, idade, instrução e qualificação), identificando-se como e onde
mora, com que, quanto e onde trabalha; atividades e viagens de lazer;
(Anexo B).
A segunda parte constou de informações sobre a situação
financeira de cada entrevistado. Nesta sessão do questiorio, o foco
principal foi o fator econômico (Anexo B).
A terceira parte fez-se para a caracterização do meio ambiente
em que o entrevistado vive e como usa e percebe os recursos ambientais,
referente apenas à propriedade onde ele reside e trabalha (Anexo B).
A quarta parte constou de 22 itens que foram respondidos
utilizando-se de uma Escala de adição Likert, desenvolvida e proposta por
Rensis Likert em 1932 (MATTAR, 2001 e BACKER, 2005) que se baseia
na coleta de opiniões objetivas dos individuos pesquisados a respeito de
um conjunto de informações. Para cada afirmação, o pesquisador deve
assinalar seu grau de concordância ou de discordância em uma escala de
cinco pontos, normalmente expressada nas alternativas: concordo
fortemente, concordo, indiferente, discordo, discordo fortemente
(BARROS FILHO, 2005).
A Escala de Likert, ou escala somatória, tem semelhaa com
as escalas de Thurstone, Brandalise (2005), pois dizem respeito a uma
rie de afirmações relacionadas com o objeto pesquisado, isto é,
representam rias assertivas sobre um assunto. Nesta os entrevistados
não apenas respondem se concordam ou não com as afirmações, mas
tamm informam qual seu grau de concordância ou discordância. É
atribuído um número a cada resposta, que reflete a direção da atitude do
entrevistado em relação a cada afirmação. A somatória das pontuações
obtidas para cada afirmação é dada pela pontuação total da atitude de
cada individuo pesquisado (OLIVEIRA, 2001 e MATTAR, 1997).
Obtém-se sempre uma escala ordinal e as análises possíveis
são aquelas pertinentes a estes tipos de escalas (mediana, percentil,
correlação por pontos).
54
A Escala de Likert tem como base a premissa de que a atitude
geral se remete às creas sobre o objeto da atitude, à força que mantém
essas crenças e aos valores ligados ao objeto (OLIVEIRA, 2001).
3.4. CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DA ESCALA
Para construir a Escala de adão Likert, seguem-se os
seguintes passos:
a) o pesquisador coleciona um grande número de itens considerados
relevantes ao conceito em estudoGestão dos Recursos Ambientais”;
b) estes itens são aplicados a um grupo de entrevistados representativos
da população a quem se destina a escala a ser construída. Cada item
é classificado por cada um dos entrevistados em uma escala de cinco
pontos. Não é importante, pouco importante, tanto faz, importante,
essencial;
c) à atitude mais favorável em relação ao item é atribuída uma nota de
uma escala de cinco posições (+2, +1, 0, -1, -2, ou 5, 4, 3, 2, 1);
d) a medida da percepção de cada indivíduo é obtida somando-se o valor
dos pontos atribuídos aos itens (atributos); e
e) o pesquisador seleciona os itens que foram melhor discriminados
(notas altas e notas baixas), o que resulta em itens nitidamente
favoráveis e desfavoráveis ao conceito para a maioria dos indivíduos.
A aplicação da escala consistiu dos seguintes passos:
a) os entrevistados foram subordinados aos itens (c) e (d) acima;
b) a partir de suas medidas de importância os entrevistados foram
ordenados;
c) a cada atributo do questiorio simplificou-se ao máximo a questão
fazendo esclarecimentos sobre o referido recurso, facilitando o
entendimento do entrevistado:
55
recursos vegetais: plantas como um todo, folhas, troncos, raízes,
frutos e outros;
recursos faunísticos: todos os animais e seus “subprodutos”; carne,
osso, couro e outros;
recursos hídricos: água em estado quido, gasoso, superficial e
demais;
recursos minerais: solo, areia, cascalho, argila, ouro, ferro e outros;
recursos turísticos: paisagens, cachoeiras, montanhas, matas, lagos,
rios, animais e mais;
recursos outros: crenças, estórias, tradões, etc;
preservação: não mexer, intocável;
conservação: usar com muito cuidado e atenção;
reciclagem: transformar;
reutilização: utilizar várias vezes o recurso;
redão: diminuir a utilização do recurso;
interação: complementação;
depenncia: a necessidade um do outro;
erosão: transporte do solo pela água/vento;
compactação do solo: diminuição dos poros no solo;
diversidade de espécies vegetais: num. de tipos de plantas;
diversidade de espécies animais: num. de tipos de animais;
universo: tudo que existe;
utilização: uso de recursos;
aproveitamento: desprezar o mínimo;
racionalidade: utilização com raciocínio; e
energia: força.
A análise foi realizada para cada atributo e entre eles
construindo-se para cada um deles a sua significância, mostrando-se as
diferentes situações e necessidades ambientais, sociais e econômicas.
Para esta análise e avaliação das observações, usou-se a escala de
adição de Likert (CORDEIRO, 2007).
56
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As entrevistas demonstraram a percepção individual dos
moradores da comunidade Caran Moita Grande em relação ao
ambiente e quanto à forma que tratam e utilizam os recursos ambientais e
quais os problemas são mais evidentes e a importância dos recursos para
a comunidade. Algumas informações coletadas ajudaram na analise a
comunidade por grupos e entender um pouco mais o seu todo.
Apenas em uma das propriedades não foi possível fazer a
entrevista, devido a ausência dos moradores em duas oportunidades
quando da realização das entrevistas. Dessa forma, foram visitados um
total de 19 propriedades e entrevistados 56 moradores do total
aproximado de 187 propriedades.
As entrevistas tiveram a duração dia de trinta e dois
minutos, foram realizadas nos dias 25 e 26/04/2007; 14, 15, 16 e
19/05/2007; 03, 04 e 07/06/2007, ao longo do dia.
Nas propriedades observou-se a casa de moradia (habitação) e
outras construções; a fonte de água, córregos; a destinação de reduos;
os sistemas de produção, espécies cultivadas, consórcios, adubação
defensivos, irrigação; ferramentas e veículos; animais, espécies,
sanidade, quantidade; energia elétrica, lenha e outros; tipo de solo,
profundidade, matéria orgânica, relevo, drenagem; possibilidades de
utilização de área com alternativas de renda.
4.1. ANÁLISE DOS DADOS
No Quadro 1 encontra-se o resultado do questionário ambiental
aplicado com os itens integrantes pesquisados pela Ordem de
Importância”:
57
QUADRO 1 ORDEM DE IMPORTÂNCIA DOS ITENS INTEGRANTES, NOSSA
SENHORA DO LIVRAMENTO - MT 2007.
Colocação
Atributo
Colocação
Atributo
Recursos Hídricos
10ª B
Recursos Turísticos
Energia
11ª
Conservação
Diversidade vegetal
12ª
Redução
Recursos Vegetais
13ª
Preservação
Universo
14ª
Reutilização
Aproveitamento
15ª
Interação
Utilização
16ª
Depenncia
Recursos Minerais
17ª
Reciclagem
9ª A
Diversidade animal
18ª
Recursos outros
B
Racionalidade
19ª
Compactação do solo
10ª A
Recursos Faunísticos
20ª
Erosão
Nas respostas dos entrevistados ficou evidenciada que 67,86%
m os recursos dricos como essencial e 73,21% m os recursos
minerais como importante e apenas 14,29% tem os recursos ambientais
como essenciais.
Observou-se que a comunidade tem acesso à consulta dica
e dentária, tanto que durante as entrevistas não observou-se nenhuma
manifestação quanto a falta de atendimento medico.
Observando os resultados dos 56 entrevistados, verificou-se
que 21,4% de todos os entrevistados têm grau de instrução abaixo da
rie e ao analisar isoladamente a comunidade tradicional a situação fica
ainda mais preocupante, pois 48,17 % dos entrevistados integrantes da
comunidade tradicional acima de 35 anos de idade.
Durante a coleta de dados, foram usados diversos materiais,
conforme mostrados no Anexo A.
A Tabela 3 apresenta o grau de instrução dos entrevistados, na
comunidade Carandá Moita Grande.
58
TABELA 3 - GRAU DE INSTRUÇÃO ESCOLAR DOS ENTREVISTADOS,
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT 2007.
Grau de Instrução
N.º de entrevistados
%
Sem instrução (a)
6
10,71
Alfabetizado (a)
5
8,93
1ª Série
1
1,79
2ª Série
2
3,57
3ª Série
2
3,57
4ª Série
7
12,50
5ª Série
10
17,86
6ª Série
6
10,71
7ª Série
6
10,71
8ª Série
8
14,29
1º Grau Completo
1
1,79
1º ano do 2º Grau
1
1,79
2ª ano do 2º Grau
1
1,79
Total
56
100,00
A Tabela 4 apresenta o resultado das entrevistas realizadas, são
informações importantes para o entendimento da comunidade.
TABELA 4 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS, NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO MT 2007.
Descrição
%
27 entrevistados são do sexo feminino
48,21
29 entrevistados são do sexo masculino
51,78
31 entrevistados são casados
55,35
24 entrevistados são solteiros
42,85
32 entrevistados não estudam
57,14
24 entrevistados estão estudando
42,85
42 entrevistados não cultivam plantas medicinais
75,00
11 entrevistados afirmam utilizar produto químico na propriedade
19,64
6 entrevistados afirmaram que queimam os resíduos
10,71
6 entrevistados possuem local de destinação de resíduos
10,71
16 entrevistados declararam possuir animais
28,57
31 entrevistados declararam N. S. Livramento como local de nascimento
55,35
31 entrevistados afirmaram nunca ter viajado
55,35
12 residências são de alvenaria
63,15
2 residências são de adobe
10,52
4 residências são de madeira
21,05
2 residências são de pau roliço; sendo uma com papelão a outra só pau roliço
10.52
5 residências não possuem reservatório de água
26,31
5 residências não possuem sistema de esgoto
26,31
9 entrevistados trabalham para terceiros
16,07
17 propriedades possuem área cultivada de até 3
89,47
44 entrevistados declararam não fazer uso de medicação
78,57
31 entrevistados não fazem nenhuma atividade física voluntária
55,35
59
4.2. RECURSOS HÍDRICOS
Apesar de estar classificado como o recurso mais importante
nas entrevistas e na Escala de Likert, nota-se que as propriedades e os
entrevistados possuem pouca preocupação com a água.
Na Tabela 5 pode-se observar a unanimidade das
respostasdos entrevistados quanto à importância dos recursos hídricos,
sendo que 67,86 tem esse recurso como essencial e para 32,14 %
desses entrevistados o recurso é importante para a manutenção do meio
ambiente.
TABELA 5 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
HÍDRICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
-
0,00
Tanto faz
-
0,00
Importante
18
32,14
Essencial
38
67,86
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
Os entrevistados nominaram como cursos d‟água o rrego
Jacaré, rio Pari, córrego da Onça, Pau Torto, São Benedito, Mirim 1 e
Mirim, Corgo Fundo e Bebedouro. Como localidade, Aguada, Carandá,
Caran Moita Grande, Vacaria, Capão das Antas, Jacaré, Jacaré de
Cima e Olho d‟água.
O aproveitamento da água poderia ser otimizado com medidas
baratas e com baixo custo de manuteão. Não se tem o costume de usar
reservatório na comunidade e nas residências.
Na comunidade encontra-se uma represa que é usada como a
única fonte de lazer, para uma boa parcela da comunidade. Apesar de
estar com bastante acúmulo de resíduos, garrafas pet, sacos psticos,
papéis, entre outros poluentes.
60
Segundo relatos dos moradores da região o Rio Pari o
cortava e hoje ele corta” na época da seca, isto é o rio era contínuo e
que no início da década de 80 ele se tornou intermitente, talvez devido ao
desmatamento de suas margens e nascentes.
Segundo produtores da região do Rio Pari, 63 % dos rios,
rregos e nascentes são intermitentes, 67% estão poluídos por lixo e
33% estão poluídos por agrotóxicos (VITAL, 2006).
A partir dos anos 90, tem aumentado a importância recursos
hídricos, levando-se em consideração os aspectos de distribuição,
quantidade e qualidade, da água dispovel.
A vegetação tem uma estreita relação com os recursos hídricos
e os desmatamentos e queimadas, m contribdo para a diminuição e,
em certos casos causado a intermitência e até o desaparecimento de
nascentes, rregos e pequenos rios (Anexo C Imagens de satélite
1986 e 2007). Um exemplo clássico é o rio Pari que nos meses de agosto
a outubro, período de baixo índice pluviométrico na região, torna-se
intermitente. Sem vida, a falta de água é a mais forte razão para se
demonstrar a importância desse recurso, manifestada pela comunidade
do Carandá Moita Grande.
Segundo nchez-Román (2007), a problemática da água é
extremamente complexa, a dificuldade na obtenção da água é um
problema vivido e manifesto principalmente pelas populações rurais que
são consumidores diretos; a problemática da água é visualizada de
acordo com a faixa de renda das pessoas; a escassez da água é
percebida de forma diferente, de acordo com a escala de consumo; os
problemas de água manifestam-se de forma qualitativa e quantitativa
numa mesma região ou localidade.
A água é um recurso essencial para a vida, daí a preocupação
crescente da sociedade por sua conservação e uso adequado. São
muitas as perspectivas, interesses, percepções e alternativas de uso dos
recursos hídricos, dada às diversidades de agentes (pessoas), posições,
rendas, prioridades e localizações.
61
4.3 RECURSO ENERGIA
Os entrevistados quando perguntados sobre qual a importância
da energia” se remetiam a energia elétrica e quando era explicado que,
neste caso, a energia era toda energia por ele “conhecida” e de diferentes
fontes, tais como: drica (queda dágua), eólica (ventos), nuclear (urânio),
rmica (carvão mineral, carvão vegetal, óleo, derivados do petróleo,
bagaço de cana-de-açúcar), solar (sol) etc.
Nota-se que por toda comunidade tradicional e no
assentamento, que a preocupação entre as pessoas quanto à economia
de energia elétrica, está em decorrência do alto custo que representa e
pela dificuldade de se pagar a fatura.
A energia elétrica é fornecida pela concessionária a população
que cobra com tarifas diferentes dentro de faixas de consumo e
capacidade instalada. Existem diversas faixas, porém o que predomina na
área de estudo é a faixa de baixo consumo ou menos de 100 Kwh, cuja
tarifa é subsidiada.
Apenas em duas propriedades notou-se o uso de lâmpadas
econômicas. O reflexo desse comportamento encontra-se na Tabela 6.
TABELA 6 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A ENERGIA, N. DO
LIVRAMENTO - MT - 2007
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
-
0,00
Tanto faz
2
3,57
Importante
32
57,14
Essencial
21
37,50
Não respondeu
1
1,79
Total
56
100,00
A energia, em seu conceito mais geral, é um bem” essencial
para a existência e para a atividade humana. Por um lado, a energia é um
bem final; por outro, a energia é um insumo fundamental (força motriz,
62
calor de processo, refrigeração, iluminação etc.) para a prodão,
transporte e distribuição de outros bens e serviços requeridos pela
sociedade (YERGIN, 1993).
Não é possível abrir mão de energia “em geral” ou de toda e
qualquer forma de energia. De fato, a eletricidade substituiu o óleo de
baleia e o querosene na iluminação. Todavia, uma quantidade mínima
de energia necessária para realizar cada serviço, abaixo da qual não
mais possibilidade de redução (GEORGESCU-ROEGEN, 1976).
4.4. RECURSOS VEGETAIS
Observa-se que em relação à diversidade vegetal, Tabela 7, a
comunidade entende que é de fundamental importância por proporcionar
benefícios de ordem, econômica, ambiental e social.
TABELA 7 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A DIVERSIDADE
VEGETAL, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT - 2007
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
-
0,00
Tanto faz
4
7,14
Importante
31
55,36
Essencial
21
37,50
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
Quanto aos recursos vegetais, Tabela 8, os entrevistados
parecem perceber a imporncia e a sua depenncia em relação aos
recursos vegetais para energia, alimentação, remédios e sobrevivência de
todos.
Segundo Vital (2006), na região do Rio Pari, a grande maioria
dos produtores faz derrubada em locais de recuperação natural já que a
vegetação primaria já foi removida.
63
TABELA 8 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
VEGETAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
-
0,00
Tanto faz
4
7,14
Importante
32
57,14
Essencial
20
35,71
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
As florestas nativas o mais adequadas por preservarem
outros recursos naturais, particularmente a biodiversidade. Esta, em
relação às espécies animais de maior porte, exige espaços maiores e
interligados por corredores florestais. Bosques isolados pouco significam
para espécies do topo da cadeia alimentar (ZULAUF, 2000), tais como a
Onça (Panthera onça) e o Lobo Guará (Crysocyon brachyurus).
As variações fisionômicas do cerrado produzem um gradiente,
em densidade e altura, definido por formações campestres a florestais
(COUTINHO, 1978).
O cerrado reúne a mais importante flora savânica dos
neotrópicos (SARMIENTO, 1983). Estimativas apontam entre 1.000 a
2.000 espécies arbustivo-arbóreas e 2.000 a 5.250 herbáceo
subarbustivas compondo a flora deste ecossistema (CASTRO, 1999).
Todos os entrevistados demonstraram estarem conscientes da
importância da preservação da diversidade e dos recursos vegetais, no
entanto apenas dois entrevistados possuem áreas reservadas para
recomposição de aroeira (Myracroduon urundeuva) e angico (Piptadenia
sp), porém com ocorrência e regeneração natural, sem replantio,
exploração.
Apesar de a madeira ser muito utilizada pela comunidade na
cobertura, como madeiramento, serrado ou não, paredes e divisórias,
lenha para fogões, nenhum dos entrevistados tem o habito de plantar
alguma essência nativa, embora haja uma grande dependência dos
recursos vegetais, em todas as residências. (80% das residências
encontra-se fogões á lenha em uso).
64
A região possui uma grande ocorrência de espécies arreas
nativas tais como Cumbaru (Dipteryx alata), Pequi (Caryocar brasiliensis),
Jatobá (Hymenea stigonocarpa), Ipê amarelo (Tabebuia serratifolia), Ipê
roxo (Tabebuia avellanedae), Angico (Piptadenia sp), Ximbuva
(Enterolobium contortisiliquum), Babaçu (Orrbignya speciosa), porém
todas com ocorrência natural.
Na escola encontra-se uma equipe de professores
preocupados em trabalhar a possibilidade de formação de pessoas com
habilitação no uso do dos recursos naturais e do meio ambiente.
As culturas exploradas são mandioca, milho, pasto, abóbora,
citros, banana, feijão, feijão de corda, cana de açúcar, caju, quiabo,
bambu, pimenta, coco, manga, goiaba e ingá;
Todos os entrevistados demonstraram preocupação e interesse
em alternativas de renda, energia e de subsistência imediatas e a longo
prazo.
4.5. RECURSOS DE FAUNA
Nas Tabelas 9 e 10 pode-se observar que o entendimento dos
entrevistados quanto a diversidade animal, em geral, é menos importante
que os recursos faunísticos, sejam domésticos ou não.
TABELA 9 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A DIVERSIDADE
ANIMAL, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
1
1,79
Pouco Importante
4
7,14
Tanto faz
3
5,36
Importante
35
55,36
Essencial
13
37,50
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
Na Tabela 10 nota-se que todos os entrevistados conhecem a
importância do recurso faunístico, porém, ainda é grande o
desconhecimento do potencial da fauna.
65
TABELA 10 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
FAUNÍSTICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT - 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
4
7,14
Tanto faz
6
10,71%
Importante
34
60,71
Essencial
12
21,43
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
Na comunidade encontram-se animais como galinha caipira,
galinha de corte, galinha de postura, galinha d‟angola, porcos, vacas,
cavalos, eventualmente caprinos, ovinos, patos, marrecos, codorna e
perus. Alguns pequenos tanques para piscicultura podem ser
encontrados na área de estudo.
Na região existem três grandes fazendas de piscicultura sendo
duas com prodão de alevinos e uma de engorda, com 300 ha de lamina
dágua.
A percepção, identificação e classificação dos elementos
faunísticos por parte de uma dada sociedade são influenciadas tanto pelo
significado emotivo quanto pelas atitudes culturalmente construídas
direcionadas aos animais (NOLAN, 2001). O comportamento humano
frente aos animais é formado pelo conjunto de valores, conhecimentos e
percepções, bem como pela natureza das relações que os seres
humanos mantêm com esses organismos (DREWS, 2002).
4.6. RECURSOS MINERAIS
Os principais recursos minerais reconhecidos pelos
entrevistados são a água, o ouro, argila (barro), areia e rochas. Nesta
categoria inclui-se o calcário, Tabela 11. Apesar de não ter atividade
mineradora na comunidade, as pessoas afirmam que esta foi uma grande
fornecedora de renda na região.
66
TABELA 11 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
MINERAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
1
1,79
Tanto faz
6
10,71
Importante
41
73,21
Essencial
8
14,29
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
As paredes de barro o a sofisticação contra os ventos e as
chuvas. Nas regiões onde a seca é prolongada, essas paredes são um
excelente veículo para a umidificação do micro-clima doméstico. Qualquer
barro não-cozido que vire parede, conserva as propriedades do solo e
com isso leva suas propriedades de captação hídrica.
4.7. RECURSOS TURÍSTICOS
Na tabela 12 observa-se que a comunidade tem o
conhecimento da importância do turismo como instrumento de
desenvolvimento local, para melhor a gestão dos recursos ambientais,
criando consciência de conservação e preservação, além de gerar renda.
TABELA 12. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
TURÍSTICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
2
3,57
Tanto faz
6
10,71
Importante
40
71,43
Essencial
8
14,29
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
Nas entrevistas realizadas não ocorreu nenhuma
manifestação concreta de intenção da exploração do potencial turístico na
comunidade. A paisagem local, as duas estações climáticas bem
67
definidas, a tradicional cultura dos moradores da comunidade, a
vegetação exuberante, a fauna, as frutas do cerrado e a constante
tranqüilidade, contrasta com o modo de vida das pessoas das cidades de
Cuiabá e Várzea Grande. O ambiente rural da comunidade Carandá Moita
Grande é uma alternativa potencial para o desenvolvimento local
explorando a ruralidade existente.
Os artesanatos tais como colares, redes, colchas, cerâmicas
entre outros, representam outra possibilidade de geração de renda a curto
e médio prazo, mas, contudo ainda, não é explorado.
As atividades em áreas rurais podem contribuir com a
comunidade e com as políticas de preservação do patrimônio ambiental.
A atividade turística no meio rural significa uma possibilidade para
aumentar a renda da população rural, de forma harnica, valorizando
sua propriedade e o seu estilo de vida (BARRETO 2000).
4.8 RECURSOS OUTROS
Quando questionados sobre outros recursos, Figura 6, os
entrevistados demonstraram que as crenças, estórias, tradições, danças e
músicas são importantes, embora uma parcela razoável dos entrevistados
(39,29%), não as percebe como sendo importante nas interações
ambientais.
5,4%
8,9%
25,0%
51,8%
8,9%
Não é Importante
Pouco Importante
Tanto faz
Importante
Essencial
FIGURA 6 - IMPORTÂNCIA ATRIBUIDA À OUTROS RECURSOS.
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO MT - 2007
O folclore na área de estudo está se perdendo e providências
urgentes devem se tomadas para o resgate e registro cultural.
68
O "conhecimento tradicional" constitui-se de conhecimentos
empíricos, práticas e costumes, passados de pais para filhos e crenças
das comunidades tradicionais que vivem em contato direto com a
natureza; é o resultado de um processo cumulativo, informal e de longo
tempo de formação.
4.9 GESTÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS
Na exploração dos recursos ambientais a Figura 9, observou-se
que a comunidade entende que o aproveitamento dos recursos é
importante para 64,29 % dos entrevistados e 21,43 % entendem que o
melhoramento do aproveitamento dos recursos ambientais é essencial
para a vida.
12,50%
64,29%
21,43%
1,79%
Tanto faz
Importante
Essencial
Não Respondeu
FIGURA 7 - IMPORTÂNCIA ATRIBUIDA AO APROVEITAMENTO DOS
RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO MT 2007.
Quanto à utilização de recursos ambientais percebe-se na
Tabela 13, que a maioria, 49 entrevistados (87,50 %), entende que é
essencial e importante para a comunidade.
69
TABELA 13 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DE
RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO -
MT 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
0
0,00
Pouco Importante
1
1,79
Tanto faz
5
8,93
Importante
38
67,86
Essencial
11
19,64
Não respondeu
1
1,79
Total
56
100,00
Com os demais atributos observa-se que existe pouca
percepção sobre a importância dos atributos erosão, compactação do
solo, interação, dependência e redão. Com relação a preservação,
conservação, reciclagem e reutilização percebe-se que a preocupação
com esses atributos são claras porem as ações são falhas ou
inexistentes;
De modo geral observou-se uma falta de entendimento sobre
as relações existentes no meio ambiente.
Dos 56 entrevistados seis declararam ter renda mensal familiar
acima de R$ 500,00 (quinhentos reais), 20 declararam não possuir renda,
22 são estudantes sem renda, oito são dependentes do seu cônjuge.
O acesso aos recursos ambientais e a sua qualidade
desempenham um papel crucial na ocupação da população desprovida de
recursos financeiros. Em grande parte das ocupações os recursos
ambientais são a fonte primaria ou suplementar de ocupação e de renda
familiar. A dependência desses recursos disponíveis e em processo de
continua diminuição que servem de fonte de alimento, energia, trabalho
ou até mesmo de deposito e outras necessidades, tendem a se tornar
ponto de discórdia, pois se entende que são de propriedade privada, da
comunidade ou ainda de propriedade de acesso livre.
Dentro da possibilidade foi repassado o maior numero de
informações básicas sobre as inteirações ambientais aos integrantes da
pesquisa, mostrando a importância de fazer uma melhor gestão dos
recursos naturais disponíveis.
70
Pretende-se utilizar varias formas de abordagem, conversas
informais, palestras na escola, em reuniões das associações dos
produtores, reuniões das trabalhadoras rurais, unidade de demonstração,
promoção de atividades que ressaltem as interações ambientais,
construção de um viveiro e outras formas demonstrativas de alternativas
de melhoria de gestão dos recursos na área da escola e entorno.
No Brasil os problemas ambientais estão relacionados à
complexidade cultural, a inexistência de política e planejamento da
utilização dos recursos ambientais, o qual tem gerado utilização irracional
com perdas irreversíveis, induzindo á importante implicações ecomicas
devido à degradação ambiental.
71
5. CONCLUSÕES
Ficou claro na área de trabalho, que a maioria adulta não
possui, ou teve pouca oportunidade de receber a educação formal, ou
seja, falta a informação que é transformada em conhecimento.
A maioria das pessoas da comunidade utiliza e percebe a
importância dos recursos ambientais disponíveis, no entanto, o os
utilizam da forma que poderiam utilizar gerando melhoria vida local e
ajudar o planeta terra.
Considerações:
A falta de planejamento e sistematização de informações com
objetivos claros gera a falta de expectativa de uma vida melhor e a
limitação de atividades econômicas no assentamento e na comunidade
tradicional.
O meio de comunicação mais usado é o da comunicação
pessoal com o contato direto. O baixo grau de escolaridade dificulta com
que um veículo escrito possa circular.
As pessoas não desenvolvem suas potencialidades porque não
tem informações diretas sobre o assunto, o que fazer, como fazer, onde
obter recursos financeiros ou outras razões.
A população não tem acesso aos meios de comunicação por
problemas estruturais principalmente de infra-estrutura sica.
Conseqüência do baixo poder aquisitivo da comunidade e a necessidade
de aquisição de equipamentos comunitários que possam facilitar a
comunicação, difusão de informação e a construção do conhecimento.
72
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUROUX, S. A filosofia da linguagem. Tradão de José Horta Nunes.
Campinas: UNICAMP,1998.
BACKER, P. de. Gestão ambiental: A administração verde. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 1995, 2525 p.
BARBOSA, J. J. Alfabetização e leitura. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.
BARROS FILHO, J. Motivos determinantes na escolha dos cursos
desenvolvimento de um Instrumento de pesquisa. Dispovel em:
<http://www.cori.rei.unicamp.br; Acesso em 26/05/2007.
BARRETO, M. Turismo e Legado Cultural: as possibilidades do
planejamento. 2.ed.São Paulo: Papirus, 2000.
BRANDALISE, L. T. Modelos de percepção e comportamento: uma
revisão. Universidade Estadual do Oeste do Paraná PR, 2005
Documento disponível em: www.lgti.ufsc.br/brandalise.pdf, em
24/01/2008.
CASTRO, A.A.J.F.; MARTINS, F.R.; TAMASHIRO, J.Y. ; SHEPHERD,
G.J. How rich is the flora of Brazilian cerrados? Annals of the Missouri
Botanical Garden, 455 - 472, 1999.
CORDEIRO, R. C. A., Qualidade Ambiental Urbana de Salvador: uma
Avaliação por meio de Pesquisa de Opinião. Revista VeraCidade, v. III,
p. 11-22, 2007.
COUTINHO, L. M. O conceito de cerrado. Revista Brasileira de
Botânica v.1, p. 17 23,1978.
IBGE/DATASUS - Taxa de analfabetismo (15a e+) por ano segundo
unidade da federação, 2006. Site: www.datasus.gov.br - consultado em
30-12-2007
DREWS, C. Attitudes, knowledge and wild animals as pets in Costa Rica.
Anthrozoös, v.15, p. 119 138, 2002.
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa.
Curitiba, Positivo, 2004.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas,
1999, 159 p.
GEORGESCU-ROEGEN, N., Energy and economic myths: institutional
and analytical economic essays, Pergamon, New York, 1976, 380 p.
73
GRAFF, H. J. Os labirintos da alfabetização. Porto Alegre, Artes
Médicas, 1995.
JACOMINE, P.K.T. et al., 1995. Guia para identificação dos principais
solos do Estado de Mato Grosso. Cuiabá, Secretaria de Estado de
Planejamento e Coordenação Geral. Projeto PNUD - BRA/94/006, 1995,
118 p.
MAITELLI, G. T. Uma Abordagem Tridimensional de Clima Urbano em
Área Tropical Continental: O Exemplo de Cuiabá-MT. Tese de
Doutorado, São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas, Universidade de São Paulo,1994.
MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. São
Paulo: Atlas, 1997, 397 p.
MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília, Briquet de Lemos,
1999, 268 p.
NOLAN, J. M. Emotional meaning and the cognitive organization of
ethnozoological domains. Journal of Linguistic Anthropology, v. 7,
2001.
OLIVEIRA, T.M.V. Escalas de mensuração de atitudes: Thurstone,
Osgood, Stapel, Likert, Guttman, Alpert. FECAP Administração On line,
v. 2, n. 2, 2001. Disponível em: www.fecap.br. Acesso em: 10/05/2007.
SANCHES ROMÁN, O. I Encontro Internacional sobre a Governaa da
Água na América Latina, no Instituto de Geografia da Universidade de
São Paulo, Universidade de São Paulo - USP 2007 Site:
www.usp.br/procam/govagua/resumos, acesso em 03-02-2008.
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Atlas do
Desenvolvimento Humano, PNUD, Brasília, 2000.
SARMIENTO, G. The savannas of tropical america. In Tropical
savannas. Ecossystems of the world. 13 (F. Bouliére, ed.). Elsevier
Science Publishers, New York, 1983, p.245-288.
VITAL, A. R. Influencia da ocupação do solo no volume de água da
bacia do Rio Pari, Dissertação de mestrado, UFMT, ICHS/PPGG, 2006.
YERGIN, D. O Petróleo: Uma História de Ganância, Dinheiro e Poder.
São Paulo: Scritta, 1993, 932 p.
ZULAUF, W. E. O meio ambiente e o futuro. Estudos avançados , São
Paulo, v. 14, n. 39, 2000 . Dispovel em: www.scielo.br, Acesso em: 01-
03-2008. doi: 10.1590/S0103-40142000000200009
74
CAPÍTULO II
O USO ATUAL DOS RECURSOS AMBIENTAIS E
PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE
CARANDÁ MOITA GRANDE EM NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO,
ESTADO DE MATO GROSSO.
75
O USO ATUAL DOS RECURSOS AMBIENTAIS E PERSPECTIVAS DE
DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE CARANDÁ MOITA GRANDE
EM NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT
RESUMO: Este artigo analisa a gestão dos recursos ambientais na
comunidade rural denominada Carandá Moita Grande em Nossa Senhora
do Livramento, MT, focalizando a geração de renda e alternativas de
melhoria da gestão a curto médio e longo prazo. Para tanto utilizou-se a
escala de adão de Likert na avaliação da importância de atributos
referentes a gestão e percepção ambiental, complementado de um
questionário individual. Verificar-se-á se a informação existente está
sendo utilizada para beneficio da comunidade e se existe a necessidade
de repassar informações e sugere-se alternativas para o desenvolvimento
local.
Palavras-chave: Gestão de recursos ambientais, escala Likert,
desenvolvimento local,
ABSTRACT: This article analyzes the management of the environmental
resources in the agricultural community called Carandá Miota Grande, in
Nossa Senhora do Livramento, MT, focusing the generation of income and
alternatives of improvement of the management the short medium and
long run. For in such a way it uses the scale of addition of Likert in the
evaluation of the importance of referring attributes the management and
ambient perception, complemented of an individual questionnaire. It will be
verified if the existing information is being used for benefits of the
community and if it exists the necessity to repass information and is
suggested alternative for the local development.
Word-key: Management of environmental resources, scales Likert, local
development,
76
1. INTRODUÇÃO
As comunidades rurais de Nossa Senhora do Livramento em
Mato Grosso, região Centro Oeste do Brasil tiveram suas origens no
garimpo. A exemplo do que ocorre em outros garimpos, devido ao
sistema de extração, modo de cata, as lavras foram se esgotando. Então
a vida se restringiu à cultura de subsistência.
A diversificação de culturas agrícolas e o aproveitando das
pastagens nativas permitiram um gradativo desenvolvimento da criação
bovina para corte e produção de leite. Por conta da ocorrência de “focos”
de ouro e pela ocupação esparsa da área, surgiram diversas
comunidades, cada uma com suas características próprias e adaptadas
às adversidades do ambiente.
Foram criados sistemas pprios de prodão como forma de
subsistência que passam de pai para filho, aproveitando as áreas mais
férteis e apropriadas para cultivo. As áreas de solos mais férteis e
profundos, geralmente próximo a um rrego ou rioo os preferidos para
o desenvolvimento dos plantios.
Nossa Senhora do Livramento é famosa pela tradição de
prodão da banana e seus derivados, tamm se destacam a cultura da
mandioca para consumo em natura e produção de farinha, cana de
açúcar e da rapadura, a pecuária e carne seca. A agricultura familiar tem
se transformado em uma alternativa de melhoria da qualidade de vida da
população rural.
A ocupação da área denominada Caran Moita Grande data
dos primórdios do descobrimento do ouro no Ribeirão dos Cocaes em
1722. Desde então, por influência da demanda temporal de produtos
agropecuários as alterações ambientais vem ocorrendo com maior ou
menor intensidade. Mais recentemente em 2002, as alterações
aceleraram mais acentuadamente com a criação da comunidade Capão
das Antas com o assentamento de 100 famílias, (VITAL, 2006).
77
O presente estudo tem como objetivo verificar o uso dos
recursos ambientais, e as perspectivas da sua utilização para melhoria da
qualidade de vida dos moradores da comunidade.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais
junto à comunidade Carandá Moita Grande, situada no município de
Nossa Senhora do Livramento, MT.
A análise foi realizada com cada atributo e entre eles,
construindo com cada um deles a significância, mostrando com isso as
diferentes situações e necessidades ambientais, sociais e econômicas.
Usou-se a escala de adão de Likert na avaliação dos resultados.
(OLIVEIRA, 2001)
Usou-se de Pesquisa Qualitativa e de Pesquisa Descritiva.
Selecionou-se como amostra cinco alunos da 5ª, 6ª, 7ª e series da
Escola Municipal Vera Pereira do Nascimento e suas famílias. As
propriedades foram visitadas de abril a junho de 2007, totalizando cinco
visitas, com a aplicação de 56 questionários, com as entrevistas
individuais de forma informal à todos os moradores.
Na primeira parte do questionário, foi referente à parte social,
na segunda teve o foco principal no fator ecomico, na terceira parte fez-
se a caracterização do meio ambiente em que o entrevistado e na quarta
parte constou de 22 itens que foram respondidos utilizando-se de uma
Escala de adição Likert.
Na escala de Likert, ou escala somatória, obtém-se sempre
uma escala ordinal e as análises possíveis são aquelas pertinentes a
estes tipos de escalas (percentil, correlação por pontos).
A Escala de Likert tem como base a premissa de que a atitude
geral se remete às creas sobre o objeto da atitude, à força que mantém
essas crenças e aos valores ligados ao objeto (OLIVEIRA, 2001).
78
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os vinte e dois atributos, e em decorrência da
importância no meio ambiente, definiu-se para a analise neste capitulo os
recursos vegetais, os recursos hídricos, a utilização dos recursos
ambientais, o aproveitamento dos recursos ambientais, a redão da
utilização dos recursos ambientais, a reutilização dos recursos ambientais
e a reciclagem dos recursos ambientais.
Através do questionário aplicado na comunidade foi
estabelecida uma Ordem de Importância” dos itens integrantes da
pesquisa, Tabela 14, que ficou na seguinte forma:
TABELA 14 - ORDEM DA PONTUAÇÃO ALCANÇADA POR CADA ATRIBUTO,
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT 2007:
Colocação
Atributo
Colocação
Atributo
Recursos Hídricos
10ª B
Recursos Turísticos
Energia
11ª
Conservação
Diversidade vegetal
12ª
Redução
Recursos Vegetais
13ª
Preservação
Universo
14ª
Reutilização
Aproveitamento dos
15ª
Interação
Utilização
16ª
Depenncia
Recursos Minerais
17ª
Reciclagem
9ª A
Diversidade animal
18ª
Recursos outros
B
Racionalidade
19ª
Compactação do solo
10ª A
Recursos Faunísticos
20ª
Erosão
Observa-se que os recursos vegetais, os recursos dricos e a
utilização dos recursos ambientais foram os atributos mais representativos
para a comunidade.
79
3.1. RECURSOS VEGETAIS
Na comunidade Caran Moita Grande nota-se que todos
entrevistados são conscientes da importância da diversidade e dos
recursos vegetais, no entanto nenhuma propriedade possui área
reflorestada: Os atributos em percentual da diversidade vegetal e dos
recursos vegetais são mostrados nas Figuras 8 e 9:
FIGURA 8 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A DIVERSIDADE VEGETAL,
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - 2007
FIGURA 9 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE RECURSOS VEGETAIS,
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT - 2007:
Dentre os entrevistados dois possuem áreas em que estão em
processo de regeneração com aroeira e angico. Nenhum dos
entrevistados tem plantado alguma essência nativa. Não foi constatado
entre os entrevistados o habito de plantio de qualquer espécie nativa.
Notou-se dentro da comunidade uma depenncia dos
recursos vegetais, principalmente da madeira, pois é utilizado em todas
as residências na cobertura como madeiramento, bruta ou serrada, em
80
paredes e divisórias de cômodos da casa. A Lenha é usada, em 80% das
residências da comunidade, em fogões a lenha, que são de baixa
eficiência energética, geram muita fumaça e pouco calor.
A região tem ocorrência de plantas com valor econômico, para
madeira serrada ou bruta e para lenha, porém, o se encontra plantio
mesmo que esparsos de qualquer essências nativas.
Na escola é usado fogão á gás. Nos dias de mutirão e eventos
especiais quando o numero de pessoas é grande, são usados os
“tacurus”. “Tacurus” o fogões feitos com três pedras grandes que
sustentam a panela e o fogo é feito embaixo da panela.
Na escola observou-se uma equipe de professores
preocupados em trabalhar a possibilidade de formação de pessoas com a
preocupação ambiental e até na capacitação para produção de mudas.
Nas propriedades visitadas apenas uma possui forno para torrar
farinha e não é usado a muito tempo.
Na área de estudo, 80% das residências possuem um ou mais
fogões á lenha. Normalmente esses fogões são de dois tipos o Tacuru”
de três s todo aberto que pode ser de pedra ou outro material resistente
ou o “fogão á lenha convencional”.
Para tornar os fogões mais eficiente vários pesquisadores
criaram alguns modelos com aproveitamento melhor do combustível,
apenas com pequenas adaptações o que favoreceu uma queima
adequada do combustível, eliminando a fumaça e conseqüentemente
reduzindo as doeas ocasionadas pela sua presea no ambiente.
Em média, um botijão de s com 13 kg é consumido em 30
dias. Isso representa 9,70% do sario mínimo por mês. Para as
comunidades rurais, representa um custo alto para os indivíduos que não
tem renda mensal, além de criar uma dependência de logística, como a
dificuldade de entrega.
Entende-se que o fogão a lenha deva ser utilizado, porem o
incremento da área florestada deve de ser o ponto principal.
As imagens de satélites apresentadas, Anexo C, dos anos de 1986
e ocupação com a implantação do assentamento e 2007, demonstra
81
que a ocupação evoluiu com desmatamentos desnecessários, que
certeza poderia ser evitada caso houvesse um planejamento e ações
programadas.
3.2. RECURSOS HIDRICOS
O conceito de bacia hidrográfica é inexistente e com isso o
trabalho de entendimento do ciclo da água tende-se a ser maior, pois o
básico não é sequer percebido. Os recursos hídricos por fazer parte do
dia a dia e ser teoricamente “abundante não causa ainda grande
preocupação a não ser na escassez, no período de seca nos meses de
agosto e setembro.
Em uma das propriedades foi encontrada uma situação
peculiar. Neste sitio existe um poço tipo cacimba onde foi instalada uma
bomba de sucção, que recalca a água para dois tambores de 200 litros
cada, instalados no chão ao lado da cozinha. Com pequenas adaptações
o proprietário poderia e um ganho de eficiência no uso da água.
Esse fato confirma a hipótese de que a informação existe
porém não se tornou conhecimento. Se houvesse o conhecimento, o
proprierio teria colocado os tambores em uma altura maior que
representasse uma diferea de altura e dessa forma o recurso poderia
ser utilizado com maior facilidade e conforto.
Resposta da comunidade ao questionamento de qual a
importância dos Recursos Hídricos é apresentada na tabela 15.
TABELA 15.- RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE OS RECURSOS
HÍDRICOS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT, 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
-
0,00
Tanto faz
-
0,00
Importante
18
32,14
Essencial
38
67,86
Não respondeu
-
0,00
Total
56
100,00
82
O recursodrico é na opinião dos entrevistados o recurso
mais importante de todos. Na comunidade tradicional 100% das
residências não possui instalações hidráulicas.
Nenhum dos agricultores entrevistados acha necessária a
manutenção dos mananciais e nem mesmo que a água do rio depende
das ões desenvolvidas no espaço físico da bacia hidrográfica (VITAL,
2006).
No assentamento existe uma estrutura de abastecimento
comunitário composto de poço semi-artesiano, caixa d‟água e sistema de
distribuição. Este é sempre um problema, pois o uso é indiscriminado, não
existe um sistema de controle do uso, faltando a conscientização de todos
para o uso da água. Assim todos são prejudicados.
As resincias do assentamento possuem instalações
hidráulicas e esgotamento sanitário, porem não sofrem nenhum tipo de
manutenção, por isso existem grandes vazamentos. Após quatro anos de
assentamento a grande maioria dos lotes já está tendo problemas de
abastecimento e armazenamento de água.
Nas residências visitadas na área fora do assentamento, ou
seja na área da comunidade tradicional não foi encontrado sanitários ou
banheiros, usando o meio ambiental como tal.
A água para consumo humano na comunidade é de poço ou de
uma fonte natural, apenas uma vez a resposta foi água filtrada. É comum
ver as pessoas utilizarem água de qualquer recipiente e em qualquer
vasilhame, sem ter a preocupação da origem ou estado de conservação.
A comunidade está desenvolvendo de forma incipiente outras
atividades e a piscicultura tem se demonstrado promissora como uma
alternativa de renda para alguns moradores desta comunidade, Figura 10.
83
FIGURA 10. TANQUE PREPARADO PARA RECEBER OS ALEVINOS.
Fonte: Arruda, C. A. S. 16-05-2007
3.3. UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS
Na comunidade 87% dos entrevistados entende que a
utilização dos recursos ambientais e importante ou essencial. Um dos
entrevistados não soube responder o questionamento, Figura 11.
FIGURA 11 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS
RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT,
2007
3.4. O APROVEITAMENTO DOS RECURSOS AMBIENTAIS
Com relação à importância ao atributo aproveitamento dos
recursos ambientais, 12,5 % dos entrevistados entende que “Tanto Faz”
aproveitar ou não os recursos ambientais. Percebe-se que o
84
conhecimento sobre o aproveitamento está bem distante do que seria
necessário para que os recursos ambientais fossem aproveitados de
maneira que gerassem uma melhoria da qualidade de vida da
comunidade.
Na Figura 12, observa-se que existe morador da comunidade
que não entende a importância do aproveitamento dos recursos
ambientais disponíveis.
FIGURA 12 - RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE O APROVEITAMENTO DOS
RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO, MT, 2007.
3.5. A REDUÇÃO DO USO DOS RECURSOS AMBIENTAIS
Com a Tabela 16, fica obvio que a comunidade tem o
conhecimento sobre a importância de se reduzir a utilização dos recursos
ambientais, pois apenas três dos entrevistados declararam que esse
atributo não é importante, seis entrevistados se dizem indiferentes a
necessidade da redão e um não respondeu o questionamento. No total
dos entrevistados, 82,14 % tem preocupação com exploração dos
recursos ambientais.
85
TABELA 16. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A REDUÇÃO DA
UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA
DO LIVRAMENTO, MT, 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
3
5,36%
Pouco Importante
-
0,00%
Tanto faz
6
10,71%
Importante
40
71,43%
Essencial
6
10,71%
Não respondeu
1
1,79%
Total
56
100,00
3.6. REUTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS.
Devido a disponibilidade dos recursos ambientais ainda
existente, observa-se que 13 entrevistados entendem que a reutilização
dos recursos ambientais é pouco importante, tanto faz ou não souberam
expressar sua opinião e não responderam, Tabela 17.
TABELA 17. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A REUTILIZAÇÃO
DOS RECURSOS AMBIENTAIS, NOSSA SENHORA DO
LIVRAMENTO, MT, 2007.
Grau de importância
Entrevistados
%
Não é importante
-
0,00
Pouco Importante
4
7,14
Tanto faz
6
10,71
Importante
38
67,86
Essencial
5
8,93
Não respondeu
3
5,36
Total
56
100,00
3.7. RECICLAGEM DOS RECURSOS AMBIENTAIS.
Dentre os atributos abordados, a importância da reciclagem
dos recursos ambientais para a comunidade foi a menos importante,
demonstrando a falta de informação com relação as interações entre os
86
diversos atributos e quais as possibilidades da melhoria da qualidade de
vida da comunidade e de seu entorno.
Observou-se na comunidade que a falta de conhecimento,
pois, mesmo que elas existam o se tornam conhecimento e impedem a
percepção correta das pessoas em relação as interações ambientais.
A Tabela 18 demonstra que 25 entrevistados não entendem o
que é a reciclagem e as possibilidades relacionadas a esse atributo. No
entanto 31 entrevistados entendem, conseqüência da falta da educação
formal.
TABELA 18. RESULTADO DAS ENTREVISTAS SOBRE A RECICLAGEM DOS
RECURSOS AMBIENTAIS, N. Sª DO LIVRAMENTO, MT, 2007.
Qual a importância
Entrevistados
%
Não é importante
1
1,79
Pouco Importante
2
3,57
Tanto faz
18
32,14
Importante
27
48,21
Essencial
4
7,14
Não respondeu
4
7,14
Total
56
100,00
Na comunidade Carandá Moita Grande, como na maioria das
zonas rurais, não existe coleta de lixo, e as pessoas eliminam sem
qualquer critério e em qualquer lugar. Apenas duas propriedades m um
local próprio para destinação dos resíduos, enquanto nas demais, é feita
a carbonização (queima) ou os resíduos o lançados nas drenagens ou
em outros lugares.
O impacto ambiental dos pesticidas causa destruição de
predadores naturais e parasitóides benéficos, induz o desenvolvimento de
resistência em pragas, contaminação da água da superfície e do sub-solo,
contaminação de ssaros, mamíferos selvagens e domesticados,
impacto nos polinizadores (vertebrados e invertebrados). Se for
considerado que apenas 0,1% dos pesticidas aplicados atingem o objetivo
desejado e que 99,9% impactam o ambiente (Hart & Pimentel 2002),
então, isso deve ser examinado mais atentamente.
87
Dentro da amostra, 11 entrevistados afirmaram que utilizam
algum produto químico na propriedade, igual á 19,64 %, no caso se torna
importante lembrar queo 19 propriedades e 56 entrevistados.
Seis entrevistados afirmaram que queimam o lixo, e outros seis
afirmaram que possuem um local de destinação de resíduo. Nenhuma
situação de aproveitamento por compostagem ou outra maneira de
reciclagem foi observada (Figuras 13 e 14)
FIGURA 13 - IMAGEM DE LOCAL PARA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS.
Fonte: Arruda, C. A. S. 16-05-2007
FIGURA 14 - IMAGEM DE LOCAL PARA DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS.
Fonte: Arruda, C. A. S. 16-05-2007
88
4. CONCLUSÕES
Observou-se a falta de conhecimento das possibilidades do
uso racional dos recursos ambientais. Não existem alternativas que
melhorem a disponibilidade e conservação dos recursos, não foram
observadas iniciativas de geração de renda utilizando os recursos
ambientais.
A população residente na área de estudo não se preocupa com
as possibilidades de contaminação, a totalidade da comunidade
tradicional não possui sanitários, fazendo suas necessidades fisiológicas
no ambiente, consomem água sem a preocupação com a origem, alem de
a maioria queimar os reduos sólidos.
A escala Likert foi de fundamental importância, alem de
acelerar as analise, possibilitou mensurar a opinião da comunidade.
Constatou-se que a visita a propriedade permite um olhar da realidade do
usuário dos recursos ambientais e constitui um importante instrumento na
estratégia de planejamento, reforçando o papel potencial dos agentes de
desenvolvimento como identificador de fatores determinantes do processo
de gestão dos recursos ambientais, percebidos no ambiente em que
vivem as famílias, promovendo o desenvolvimento local mediante a
perspectiva e de acordo com as potencialidades.
Existe a necessidade de um planejamento de ações que
culminem na implantação de uma melhoria sanitária, de capacitação para
construção de sanitários e medidas saneadoras, bem como, ões que
implementem a transferência de tecnologia para melhoria da gestão dos
recursos ambientais são imprescindíveis e bastante urgente.
89
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HART, K.A. & PIMENTEL, D. Environmental and economic costs of
pesticide use. In: Pimentel, D. (ed.). Encyclopedia of Pest Management.
Marcel Dekker, Inc., New York, p. 237-239, 2002.
OLIVEIRA, T.M.V. Escalas de mensuração de atitudes: Thurstone,
Osgood, Stapel, Likert, Guttman, Alpert. FECAP Administração On line, v.
2, n. 2, 2001. Disponível em: www.fecap.br. Acesso em: 10/05/2007.
VITAL, A. R. Influencia da ocupação do solo no volume de água da bacia
do Rio Pari Dissertação de mestrado UFMT ICHS/PPGG, 2006.
90
CAPITULO III
TURISMO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR: O CASO DE
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.
91
TURISMO RURAL E AGRICULTURA FAMILIAR: O CASO DE
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT.
RESUMO Este artigo discute o turismo rural e a agricultura familiar como
possibilidades do desenvolvimento local em Nossa Senhora do
Livramento, MT sugerindo usar de maneira eficiente e de formas
alternativa os recursos ambientais existentes por meio da agricultura
orgânica, do artesanato, agregando valores a produtos naturais e a
prodão existente e organizar as duas atividades. No trabalho foi
identificado pouco intercambio de informação entre as duas estratégias,
fator que com certeza demonstra as reais necessidades de estudo e
planejamento que possa aportar e melhor desenvolver o meio rural
distribuindo renda e qualidade de vida das pessoas que ali residem e
exercem influência direta na racionalidade do uso dos recursos
ambientais.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento local, ruralidade, folclore.
ABSTRACT
This article discusses rural tourism and agriculture as a family that can
give a local development in Nossa Senhora do Livramento - MT suggests
using efficient ways and alternative forms of the environmental resources
through the existent organic farming, handicrafts, adding value to natural
products and production existing and organize the industry. At this work
has been identified little exchange of information between the two
strategies as a factor that will certainly demonstrates the real needs of the
study and the planning that can provide better and develop the rural
distributing income and quality of live of people who live and have
influence rationality on the use of environmental resources.
Key Words: Local development, rurality, folklore;
92
1. INTRODUÇÃO
O Município de Nossa Senhora do Livramento está situado no
estado de Mato Grosso, na região Centro Oeste do Brasil e possui
características rurais, onde apenas 32,10% da população residem na
sede do município, (IBGE, 2000).
A agricultura familiar é o fator social de maior peso no
município. Acredita-se que por meio de uma ampla discussão com a
sociedade civil organizada e de suas comunidades pode-se aproveitar
esta característica explorando o turismo rural, possibilitando uma melhor
gestão dos recursos ambientais, gerando renda e melhorando a qualidade
de vida das comunidades envolvidas.
O turismo rural como agente de desenvolvimento local pode
ser um instrumento de promoção de melhoria de qualidade de vida, mas
deve obrigatoriamente fazer parte da vontade e das atitudes da
comunidade (moradores locais, freqüentadores eventuais, comercio,
indústria, produtores, ongs, universidades, escolas, governos e todos com
ações diretas nesta comunidade).
Segundo Abramovay (2003), a oposição aos transtornos e a
insegurança da vida urbana e metropolitana é um dos fatores que
produzem mundialmente um movimento migrario, inclusive de camadas
de média e alta renda e com boa formação educacional, para áreas não
densamente povoadas. Porem, de acordo com o mesmo autor, nestas
áreas não densamente povoadas é, com freqüência, menor o sentimento
de solio trazido pelo anonimato da vida metropolitana, sobretudo
quando essas áreas podem representar a recuperação e o esforço de
relações de proximidade familiar, comunitária e de vizinhança. Tais
valores podem transformar-se em fonte de desenvolvimento e geração de
renda.
Aulicino (1997), conclui em seu trabalho dizendo que a
exploração turística dos recursos ambientais deve revelar que em primeiro
lugar se está prestando um serviço, cujo objetivo final é, sem duvida, o
lucro, mas como retorno da qualidade de um serviço prestado que deve
93
ser cuidadoso com o turista e com o ambiente que inclui necessariamente
a comunidade humana local.
Abramovay (1992), o produtor familiar na sociedade moderna
representa uma forma de prodão altamente integrada com o mercado,
capaz de incorporar os principais avanços técnicos e de responder às
políticas governamentais, ou seja, o que antes era um modo de vida,
converteu-se em uma profissão ou numa forma de trabalho.
Mann e Dickinson (1978), que alentam para a dificuldade no
surgimento das empresas capitalistas na agricultura, uma vez que há uma
nítida separação entre os tempos de trabalho e de produção na
agricultura. Aidar e Perosa Júnior (1981) a afirmaram que as unidades
familiares modernas de prodão o parceiras privilegiadas do capital
agroindustrial.
Como os principais impactos econômicos m-se a
sobrevalorização de terras e imóveis, da pressão para que a exploração
seja além da capacidade de suporte e ainda, o aumento do custo de vida
na região. Os benefícios econômicos que podem ser observados a curto e
médio prazo, é a criação de empregos formais e a melhor distribuição de
renda.
Os impactos ambientais podem ocorrer pela alteração da
paisagem, da poluição dos mananciais, do solo, sonora e do ar e retirada
de espécies silvestres. Alterações comportamentais e alimentares da
biota. Os benefícios ambientais devem decorrer da conservação de áreas
naturais, da conscientização sobre o equilíbrio do meio ambiente, controle
dos agentes poluidores, e principalmente, a manutenção da paisagem.
Os impactos sociais que ocasionalmente acontecem são os
conflitos entre a comunidade e atores externos, a perda dos valores
culturais locais, tradições, crenças, artesanato e outros.
Espera-se como beneficio social, o investimento na infra-
estrutura vria, de comunicação, de abastecimento, saúde publica e
sanitários dando respaldo as atividades do turismo local, e ainda
fortalecer o artesanato, o comercio local, às manifestações culturais e
tradões.
94
o ecoturismo é uma atividade de junção das atividades de
turismo rural e agricultura familiar no desenvolvimento local, mitigando os
impactos ambientais dessas duas atividades, como alternativa concreta
de geração de emprego e renda. A ruralidade é o ponto fundamental para
atrair o turista para áreas rurais em assentamentos e comunidades
tradicionais.
Agricultura familiar e o turismo podem ser desenvolvidas
através de um planejamento e de ações programadas para
proporcionarem a melhoria na qualidade de vida das comunidades rurais
de Nossa Senhora do Livramento.
2. ÁREA DE ESTUDO
2.1. Histórico e Antecedentes Legais
O Município de Nossa Senhora do Livramento tem origens
garimpeiras. Em 1730, paulistas sorocabanos descobriram ouro no
Ribeirão dos Cocais, a seis léguas de Cuiabá.
A crendice popular do município conta que, durante uma
viagem, ainda no inicio do século XIX, a imagem de Nossa Senhora do
Livramento passava pelo povoado de São José dos Cocais, vinda de
Portugal carregada em cima do lombo de um burro. A comitiva parou para
descansar e na saída o animal que carregava a imagem da Santa
empacou. Não queria sair mais do lugar. Com isso, os chefes da comitiva
decidiram desistir de ir adiante e construíram um pequeno rancho, no qual
eternizaram a imagem de Nossa Senhora do Livramento. A partir daí, a
santa emprestou seu nome à localidade.
A Lei 11, de 26 de agosto de 1835, criou a Paquia de
Nossa Senhora do Livramento, alterando assim, o nome original de São
José dos Cocais (Seplan, 2004). O município foi criado pela Lei Provincial
598, de 19 de maio 1883. Em 31 de dezembro de 1943, houve
alteração na denominação, passando para São José do Cocais. Tratava-
95
se de retomar o primeiro nome da localidade. A Lei 179, de 30 de
outubro de 1948, alterou o nome de São José dos Cocais para Nossa
Senhora do Livramento, voltando à antiga denominação. O primeiro nome
popular foi Cocais, depois São Jo dos Cocais, em refencia ao rio e ao
Santo protetor.
No município, a diversificação de culturas agrícolas e
aproveitando as pastagens nativas permitiram um gradativo
desenvolvimento da criação bovina para corte e produção de leite. Pela
ocupação esparsa por conta dos “focos” de ouro, possui diversas
comunidades que vivem cada uma com suas características próprias,
povo trabalhador adaptado às adversidades do ambiente.
Para subsistência tiveram que criar sistemas de prodão
pprios que passam de pai para filho, aproveitando as áreas mais férteis
e apropriadas para cultivo. Trabalham preferencialmente em áreas de
solos mais férteis e profundos, geralmente próximo a um córrego que
normalmente é intermitente.
Como atrativos turísticos do município, ressalta a Igreja de
Nossa Senhora do Livramento ícone da religiosidade do livramentense e
região, construída no século XVIII e reformada em 1883. O templo chama
atenção pelo seu modelo arquitetônico neoclássico.
A Casa de São Benedito, sede oficial da festa do Santo, o local
tamm é considerado a casado Santo negro. Abriga as tradões Afro
do município, ponto turístico que deve ser visitado por quem quer
conhecer a historia viva do Brasil.
Na Comunidade de Mata - Cavalo, próximo a sede do
município é possível conhecer famílias remanescentes de quilombolas.
Neste local é possível entrar em contato com a história dos negros mato-
grossenses, com sotaque próprio e único, artesanato, danças, músicas,
cantigas, produção orgânica e ainda bela paisagens cênicas naturais e
fazendas centenárias que datam da época dos escravos.
O folclore livramentense faz parte dos folguedos mais
populares e antigos do estado de Mato Grosso, é praticado
principalmente na zona rural, fazendo parte da maioria das festas como
96
casamento, batizados, carnaval, aniversário, etc., bem como festas como
das tradicionais realizadas em louvor aos santos católicos.
A Daa do Congo é uma das mais antigas e representa a luta
dos cristãos contra os mouros, tem forte influência africana, com devoção
a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, pela liberdade concedida
aos negros nas varias lutas apreendidas. O Siriri é um dos folguedos mais
populares. A Dança de São Gonçalo, e o Boi à Serra também o
apresentados em festas e eventos, mostrando a variedade folclórica
livramentense. (FERREIRA, 1997)
2.2. Informações do Município
Distância da Capital: 32 Km.
Bacia Hidrográfica: Grande Bacia do Prata. Para esta bacia contribuem
as bacias dos rios Paraguai e Cuiabá. O Paraguai recebe, pela
esquerda, os rios Jauguara e Sangradouro Grande. O rio Cuiabá faz
divisa, a leste com o município de Barão de Melgaço.
Relevo: Depressão rio Paraguai, calha do rio Cuiabá. Participa do
pantanal de Mato Grosso, Serras das Araras.
Economia: Destaca-se a pecuária, no sistema de cria, recria e corte. A
agricultura é de subsistência, destaque para a prodão de bananas.
Altitude na sede: 232 metros
Clima: Tropical quente e sub-úmido, com 5 meses de seca, de maio a
setembro. Precipitação anual de 1.750 mm, com intensidade máxima
em dezembro, janeiro e fevereiro. Temperatura média anual: 24º C,
maior xima 42º C, e menor 0º C. O clima da região de Cuiabá é do
tipo Aw de Köppen, ou seja, tropical semi-úmido com temperatura média
de 24º a 26ºC, com quatro a cinco meses secos e duas estações bem
definidas: uma seca (outono-inverno) e uma chuvosa (primavera-verão),
com índice pluviométrico médio anual de 1250 a 1500 mm (MAITELLI,
1994).
A População Total do Município no ano de 2000 era de 12.141 de
habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE (2000).
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0.655 /PNUD (2000).
97
O Município foi premiado com atrativos Naturais como Serra das Araras,
localizada cerca de 120 km da sede, a área que possui 71.462.64
hectares foi transformada em APA, Área de Proteção Ambiental. Possui
uma diversidade abundante de recursos hídricos, com minas de água e
complexo com mais de 20 cachoeiras já conhecidas. Entre as
cachoeiras mapeadas estão, Cachoeira das Araras, o complexo
Bacaina, localizada na Serra das Araras, na região médio Pantanal do
município, é formada pelas cachoeiras de Borbô, do Tembé, do Boni e
do Estrela.
Hidrografia
A hidrografia do Município é composta principalmente dos Rios
Bento Gomes, Cuiabá, Espinheiro, Formigueiro, Pari, Piraim,
Sangradouro e Santana; Córregos Landi, e Corvo e do Ribeirão dos
Cocaes. Ainda possuindo diversos córregos menores.
Vegetação
A cobertura vegetal do Município é do tipo semicaducifólia,
apresentando três situações distintas: árvores de grande porte, de porte
médio e um extrato mais ralo, arbustivo, nos terrenos mais elevados.
Étnico
A mistura das raças branca e negra não ocorreu com
intensidade, permanecendo as duas de modo mais puro que em outras
regiões. Por esse costume, a sociedade apresenta características
múltiplas, qualidades, defeitos, modismos de linguajar nitidamente locais,
diferentes de outras comunidades regionais e locais.
3. METODOLOGIA
Coleta e Análise de dados
Segundodke e And(1986), a pesquisa que tem o intuito de
abordar e analisar as opiniões do público alvo, dentre outras
características, é classificado como pesquisa qualitativa. Foram
98
levantados fatores em âmbito social, cultural e relacionados à questão
ambiental.
A percepção ambiental dos entrevistados em relação aos
recursos naturais foi avaliada pela escala de adição de Likert (1932). Esse
método baseia-se na premissa de que a atitude geral dos indivíduos se
remete às crenças sobre o objeto da atitude, à força que mantém essas
crenças e aos valores ligados ao objeto (Oliveira, 2001). Por meio do
questionário os entrevistados não apenas respondem, se consideram
importantes ou não aos itens questionados, mas também informam qual
seu grau de importância (Silva, 2001).
O questionário foi composto por questões sobre as
características sócio-econômicas dos entrevistados e 15 atributos, e
foram aplicados em entrevistas pessoais e individuais à 56 moradores
sendo visitadas 19 propriedades conforme Figura 15.
FIGURA 15 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES
VISITADAS.
As questões visam avaliar a percepção da importância que os
produtores rurais e familiares atribuem aos recursos naturais e se ou
não interesse em sua conservação. Cada item foi classificado por cada
um dos entrevistados em uma escala de cinco pontos: 1. Não é
Importante, 2. Pouco importante, 3. Tanto faz, 4. Importante, e 5.
Essencial.
99
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se que a comunidade possui pouca escolaridade
sendo composto por 58,35% com grau incompleto e 36,6% sem
qualquer nível de escolaridade.
Com relação à faixa etária, 33,33% dos entrevistados possuem
entre 30 e 39 anos, entre 40 e 49 anos 27,78 % dos entrevistados, e as
faixas de 50 à 59 anos, 20 à 29 anos e mais de 60 anos 11,11% cada.
Sendo que 55,56% são do sexo feminino e 44,44% do masculino. Entre
os entrevistados 16,07% declararam trabalhar em outras propriedades.
A Tabela 19 apresenta os resultados dos questionários com
os 15 atributos ambientais relacionados em ordem de importância
atribuída pelos entrevistados.
TABELA 19. ORDEM DE IMPORTÂNCIA DOS ATRIBUTOS
AMBIENTAIS PARA OS PEQUENOS AGRICULTORES DE
NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT, 2007.
Colocação
Atributo
Recursos Hídricos
Energia
Diversidade vegetal
Recursos Vegetais
Aproveitamento
Utilização
Recursos Minerais
8ªº
Diversidade animal
Recursos Faunísticos
10º
Recursos Turísticos
11º
Conservação
12º
Preservação
13º
Reutilização
14º
Reciclagem
15º
Cultura Regional
AGRICULTURA FAMILIAR
A agricultura familiar consiste em um modelo de prodão onde
a gestão produtiva tem como o núcleo de decisões, a gerência, o trabalho
e o capital, na unidade familiar.
100
No Brasil segundo o IBGE Censo agropecuário 1995/1996,
existe 4.859.864 de estabelecimentos, os agricultores familiares
representam 85,2% do total, ocupam 30,5% da área total e são
responsáveis por 37,9% do Valor Bruto da Produção Agropecuária
Nacional, recebendo apenas 25,3% do financiamento destinado a
agricultura. O Centro-Oeste apresenta o menor percentual de agricultores
familiares entre as reges brasileiras, representando 66,8% dos
estabelecimentos da região e ocupando apenas 12,6% da área regional e
12,7% dos financiamentos. Em alguns produtos básicos da dieta do
brasileiro - como o feijão, arroz, milho, hortalas, mandioca e pequenos
animais - chega a ser responsável por 60% da prodão. Por ser
diversificada, a agricultura familiar traz benefícios agro, sócio, ecomicos
e ambientais. Predominantemente no mundo inteiro este é o sistema que
ocorre.
A necessidade de pesquisa para atender a crescente demanda
da agricultura familiar se torna cada vez mais evidenciada, principalmente
na modernização dos sistemas de organização e de gerencia. Outros
temas importante o a verticalização da prodão, da comercialização e
ainda como fonte de renda não se pode esquecer o desenvolvimento de
atividades não agrícolas. Neste artigo estamos justamente possibilitando
a discussão dentro deste tema importante para o Brasil.
A comunidade Carandá Moita Grande é composta
essencialmente de famílias desse extrato da sociedade. A falta da
informação consistente dificulta o estabelecimento de alternativas de
grupo. Acredita-se que um planejamento consistente acompanhado de
ações realizadas dentro de uma programação coerente que atenda as
possibilidades das famílias os resultados de uma melhor gestão
certamente serão positivos.
TURISMO RURAL
No Brasil o turismo rural possui imensuráveis situações
favoráveis para o exercício da atividade, como fauna e flora diversificada,
101
culturas, geografia, geologia, cenários alem de vários estilos de vida do
homem rural „caipira‟, „sertanista‟, „sertanejo‟, gaúcho‟, peões e outros
tantos que fazem de nosso país um grande parque de diversão e
distração.
Diariamente a abordagem que propugna as potencialidades e
benesses de estimular‟ o desenvolvimento rural via servos, dentre as
quais se destaca fortemente o exame da atividade turística em espaço
rural (BALASTRERI, 2000).
Recursos Turísticos
Para 71,4% dos entrevistados os recursos turísticos são
considerados importantes, 14,3% consideram essencial, 10,7% tanto faz
e 3,6% não souberam responder sobre esse atributo. Apesar de serem
considerados importantes, esse recursos ainda não têm sido explorados
economicamente.
A paisagem, a cultura regional, a diversidade florística e
faunística, que por características do cerrado, ainda o são exploradas
pelas pequenas propriedades possuem potencial para o desenvolvimento
do turismo rural, significando um meio para aumentar a renda da
população rural, valorizando sua propriedade e o seu estilo de vida
(Barreto, 2000), podendo, ainda, contribuir com a conservação do
patrimônio ambiental.
O artesanato existente nas comunidades livramentenses ainda
não é comercializado e representam, também, uma possibilidade de
geração de renda sustentável para os moradores da região.
Cultura Regional
Quando questionado sobre a importância da cultura, estando
inclusos nesse atributo as creas, estórias, tradições, danças e músicas
102
da região, uma parcela razoável dos entrevistados (39,29%) não percebe
esses recursos como sendo importantes, Figura 16.
5,4%
8,9%
25,0%
51,8%
8,9%
Não é Importante
Pouco Importante
Tanto faz
Importante
Essencial
FIGURA 16 - IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA A CULTURA REGIONAL.
Durante as entrevistas foi percebido que as tradões da
comunidade estão se perdendo ao longo das gerações.
A tradão cultural desempenha um papel importante na
determinação do comportamento das pessoas em relação ao ambiente,
pois a cultura mantém as populações nos seus ecossistemas, pelo
conhecimento e informações sobre o meio ambiente e seus recursos,
bem como a forma de lidar com eles (DREW, 1986).
Para Toledo (1998), a diversidade cultural deve ser protegida
da mesma forma que a diversidade biológica. Para ele, salvaguardar a
heraa natural do país sem resguardar as culturas que lhe tem dado
vida, é reduzir a natureza a algo sem reconhecimento, estático, distante,
quase morto.
O folclore em Nossa Senhora do Livramento é bastante forte e
deve ser explorado como um atrativo turístico. Composto de tradões
religiosas africanas, européias, formando as manifestações próprias da
região interessante de ser vistas.
5 CONSIDERAÇÕES
As alterações ambientais são conseqüências da ocupação do
homem, nosso trabalho sugere que a população rural, principalmente a
população “Livramentenseutilize o espaço de forma planejada, ordenada
103
e com critérios tendo como atividades principais o Turismo Rural e
Agricultura Familiar, opções concreta para o desenvolvimento local” das
comunidades tradicionais e dos assentamentos em Nossa Senhora do
Livramento - MT.
O trabalho demonstrou que tem ocorrido pouco intercambio de
informação entre as duas estratégias, fator que demonstra as reais
necessidades de estudo e planejamento que possa melhorar e
desenvolver o meio rural, distribuindo renda e qualidade de vida das
pessoas que ali residem e exercem influência direta na racionalidade do
uso dos recursos ambientais.
A comunidade necessita de mais acesso a informação, pois
isso garante à população local maior espaço no planejamento e no
processo de tomadas de decisão. A educação desempenha um papel
poderoso no aumento do envolvimento da população local.
Essas atividades podem estimular um processo que desenvolva
a consciência da própria existência em equilíbrio na natureza visando a
manutenção da qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Esse
aprendizado permite que o turista tenha a possibilidade de transformar e
renovar seu comportamento cotidiano. O dia á dia urbano com a qual o
turista convive gera reflexões sobre a poluição destes grandes centros,
manutenção de áreas verdes, destinação e reciclagem de resíduos
lidos melhorando a qualidade de vida. Objetiva-se, assim, a
incorporação e tradão destas reflexões na forma de comportamento e
posturas no seu ambiente de origem.
104
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOWAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão.
Campinas: Hucitec/Anpocs/Unicamp, 1992, 275 p.
ABRAMOVAY, R. O futuro das regiões rurais. 1ª ed. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2003, 149 p.
AIDAR, A. C. K. e PEROSA JUNIOR, R. M. Espaços e limites da empresa
capitalista na agricultura. Revista de Economia Política. o Paulo: v.1,
n°2, p. 17-39, 1981.
AULICINO, M. P. Algumas Implicações da Exploração Turística dos
Recursos Naturais. In: RODRIGUES, Adyr Balastreri (org.) Turismo e
Meio Ambiente: Reflexôes e Propostas. São Paulo.Hucitec,1997, 177 p.
BALASTRERI, A. R. Turismo Eco-rural. In: Almeida, J.; Froehlich, J. M.;
Riedl, M. (Orgs.)(2000).
BARRETO, M. Turismo e Legado Cultural: as possibilidades do
planejamento. 2.ed.São Paulo: Papirus, 2000.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto de
Geografia e Estatística. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em
30/08/2007.
DREW, D. Processos Interativos Homem - Meio Ambiente. São Paulo.
1986, 220p.
FERREIRA, J. C. V. Mato Grosso e seus Municípios. Cuiabá: Editora da
Secretaria de Estado da Cultura, 1997. 68 p.
LIKERT, R. A technique for the measurement of attitudes. Arch. Psychol,
n.140, 50 55, 1932.
LÜDKE, M. & ANDRÉ, M. Pesquisa em Educação: Abordagens
Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MAITELLI, G. T. Uma Abordagem Tridimensional de Clima Urbano em
Área Tropical Continental: O Exemplo de Cuiabá-MT. Tese de
Doutorado, São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Cncias
Humanas, Universidade de São Paulo,1994.
MANN, S. A; DICKINSON, J. M. Obstacles of the development of a
capitalist agriculture. The Journal of Peasant Studies. Londres: v. 5, n.4,
p. 466-481, 1978.
105
OLIVEIRA, T.M.V. Escalas de mensuração de atitudes: Thurstone,
Osgood, Stapel, Likert, Guttman, Alpert. FECAP, v.2, n.2 - 2001.
Disponível em: <www.fecap.br.> Acesso em: 10 mai. 2007.
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Atlas do
Desenvolvimento Humano, PNUD, Brasília, 2000.
SEPLAN - Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral.
Perfil Sócio Econômico de Mato Grosso. 2004. Disponível em:
<http://www.seplan.mt.gov.br/arquivos/A_8f8f0bd75702c76a957227ec37c
2f65eperfilsocioeconomico%20I.doc> Acesso em: 11 Jan 2008.
SILVA, D. da. BARROS FILHO, J. Ensino de Administração de Empresas:
análise de um pré-teste sobre concepções de tecnologia e sociedade de
alunos. Revista Álvares Penteado, v. 3, n. 6, p.119-129, 2001.
TOLEDO, V.M. La diversidad biológica de México. Ciencia y Desarollo,
México city, n.81, v. XIV, 1998.
106
3- RECOMENDAÇÕES
Estimular o cultivo de espécies nativas ou exóticas com manejo
diferenciado, aumentando a área florestada, disponibilizando
conseqüentemente lenha, madeira e alimento para a
comunidade e para a fauna.
Recomposição da floresta ciliar quando esta estiver degradada
ou suprimida, utilizando espécies nativas, principalmente nas
nascentes.
Incrementar pesquisas da relação floresta, água e solo.
Conjunção de esforços da comunidade para equacionar e
viabilizar o tratamento, reaproveitamento e a recuperação da
qualidade da água.
Estabelecimento de reservas de vegetação nativa com a
formação de corredores de proteção e de aumento da
biodiversidade na comunidade, compondo-se com as áreas de
preservação permanente.
Instalação e manutenção de viveiros de produção de mudas de
espécies nativas, principalmente como local de capacitação e
desenvolvimento de pesquisas da comunidade.
Promover trabalhos de educação ambiental enfocando a
conservação da flora, fauna e suas interações.
A implantação de um programa de melhoria da gestão dos
recursos ambientais com projetos específicos que possibilitem
integração das ações entre os projetos. Como exemplo podemos
citar a capacitação da população em prodão de mudas de
essências nativas, ponto levantado na comunidade como uma
possibilidade de geração de renda e melhoria das inteirações
ambientais. O viveiro poderá ser projetado para ser implantado
na Escola Vera Pereira do Nascimento.
107
4. Considerações finais
O trabalho comprovou que na comunidade tradicional
trabalhada a maioria adulta o possui instrução ou possui pouca
instrução escolar. No assentamento e na comunidade em geral a falta de
expectativa e limitação de atividades desestimula a comunidade fazendo
parte da falta de planejamento e sistematização de informações com
objetivos claros.
Concluí-se que a população não tem acesso a meios de
comunicação por problemas estruturais principalmente de infra-estrutura
básica. Falta recurso financeiro para aquisição de equipamentos
comunitários que podem facilitar a comunicação e difusão de informação.
Entende-se que em sua grande maioria as pessoas da
comunidade possuem informações porem estas são fragmentadas e não
constroem o conhecimento, percebem e utilizam os recursos, no entanto,
não utiliza os recursos ambientais disponíveis da forma que poderiam
utilizar gerando melhoria de condições de vida local e ajudar o planeta
terra.
O diferencial deste trabalho é estabelecer um dialogo entre o
conhecimento tradicional local, construindo uma alternativa para
reflorestamentos, recomposição de áreas e recomposição de matas
ciliares, bem como ações que inclua valores de uso dos recursos
ambientais e ao mesmo tempo gere renda e ocupação.
Como resultado de nosso trabalho, podemos apontar algumas
atividades de grande imporncia que poderão ser implantadas como
sugestão de um planejamento local. Recuperar as áreas degradadas da
área de estudo, provocadas pela ação humana, perenização dos
mananciais com água de boa qualidade, tornar exemplo demonstrativo
para serem reaplicados em outras regiões.
Orientar a comunidade para a possibilidade da reciclagem dos
recursos, adequar um local para destinação de resíduos de forma
individual e ou coletiva.
108
5. ANEXOS
Anexo A
Lista de material usado durante o trabalho:
- Gravador digital, marca Roadstar, modelo RS-376MP3; com visor LCD;
Arquivos de áudio e vídeo em MP1, MP2, MP3, WMA, WMV, ASF, WAV e
outros recursos; 2GB; Veiculo Fiat Uno Mile, Ano 2003/2004;
Gasolina; Computador , AMD Atholn (tm) XP2400 + 2.00 GHz,
256mb de RAM; Papel A4, 90g; Prancheta de madeira; GPS, Marca
Garmin, Modelo eTrex Legend; Maquina fotográfica digital, SONY, modelo
DSC P32, 3.2 Mega pixels; Livros, revistas, dissertações, teses e
outros materiais de pesquisa;
Equipe de Apoio:
cio Teruo Miagima:
Engº Agrônomo, Especialista em Plantas medicinais e medicina
alternativa EMPAER MT;
- Berenice Juliana Roo:
Moradora, nascida na região, Aluna da 7ª serie da Escola, Guia
e orientadora na comunidade tradicional.
- Zenito José Romão:
Nascido no local, Magistério e Pedagogia de formação, Diretor
da Escola Municipal Vera Pereira do Nascimento;
Equipe de professores da Escola Municipal Vera Pereira do Nascimento:
Junior César da Silva
Darlene Lessa Nogueira
Marlei de Campos Tavares
Odenil Manoel de Campos
Arilson da Silva Carvalho
Jocilda Maciel
Doraci Antunes de Campos
- Sayonara G. Caldart Arruda:
Bacharel em Letras, advogada, auxiliar de redação;
109
Anexo - B
O questionário aplicado foi dividido em quatro partes:
Nº.
Comunidade:
Data:
____/_____/________
SOCIAL
1-NOME;__________________________________________________
2-IDADE:____3-DATA DE NASCIMENTO:____/____/___4-SEXO:_____
5-ESTADO CIVIL:______6-NUMERO E IDADE DOS FILHOS:_________
7-CONJUGE:________________________________________________
8-OUTROS DEPENDENTES:___________________________________
9-NATURALIDADE:___________________________________________
10-LOCAIS E TEMPO DE MORADIA:_____________________________
11-GRAU DE INSTRUÇÃO:____________________12-ESTUDA:______
13-RELIGIÃO:______________________________14-PRATICA:______
15-ESTADO DE SAÚDE;_______________________________________
16-ULTIMA CONSULTA:____________17-PORQUE:________________
18-FAZ USO DE MEDICAÇÃO:_________________19-QUAL:_________
20-TRABALHA: _______________21-COM O QUE:_____________
22-QUANTAS HORAS:____________23-ATIVIDADE FISICA:_________
24-ATIVIDADES DE LAZER:____________________________________
25- JÁ VIAJOU: ____________________________26- P/ ONDE: ______
27- O QUE VIU DE DIFERNTE:_________________________________
1. Residência:
Alvenaria: __________________
Cobertura:__________________
Cômodos: __________________
Reservatório de água: __________________
Instalações hidráulicas: __________________
Instalações de esgoto: __________________
Fossa séptica: __________________
Outros: __________________
(em caso de haver outras edificações repetir o questionário)
110
ECONOMICO (Individual)
1. Local de trabalho: _______________________________________
2. Quem trabalha em casa: _________________________________
3. Salário: _______________________________________________
4. Situação Empregatícia: ___________________________________
5. Renda familiar anual:_____________________________________
6. Renda per cápita:________________________________________
7. Principal atividade:_______________________________________
8. Bens:_________________________________________________
9. Máquinas: _____________________________________________
10. Disponibilidade de mão de obra: ____________________________
AMBIENTAL (Referente à propriedade trabalhada).
1. Nome da Propriedade: ___________________________________
2. Localização: ___________________________________________
3. Formas de acesso: ______________________________________
4. Proprietário: ___________________________________________
5. Vegetação original: ______________________________________
6. Cobertura vegetal atual: __________________________________
7. Área Cultivada: _________________________________________
8. Culturas: ______________________________________________
9. Nascentes na propriedade: ________________________________
10. Cursos dágua: _________________________________________
11. Possui animais: ________________________________________
12. Quais e quantos: _______________________________________
13. Reservas: _____________________________________________
14. Local de destinação de Resíduos: __________________________
15. Compactação: _________________________________________
16. Erosão: _______________________________________________
17. Agrotóxicos: ___________________________________________
18. Venenos: _____________________________________________
19. Armam, tuia, galpão: ___________________________________
20. Plantas medicinais ______________________________________
111
ESCALA DE LIKERT - PRECPÇÃO AMBIENTAL
(como o entrevistado entende, vive ou conhece)
Qual a importância
-2
-1
0
1
2
Não é
Importante
Pouco
Importante
Tanto faz
Importante
Essencial
Recursos Vegetais
Recursos Faunísticos
Recursos Hídricos
Recursos Minerais
Recursos Turísticos
Recursos outros
Preservação
Conservação
Reciclagem
Reutilização
Redução
Interação
Depenncia
Erosão
Compactação do solo
Diversidade de escies
vegetais
Diversidade de escies
animais
Universo
Utilização
Aproveitamento
Racionalidade
Energia
112
Anexo C - Imagens de satélite de 1986 e 2007
1986
2007
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo