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participar de uma reunião com esses profissionais, e, como ele iria
conversar com eles? Então, é o mais importante, inclusive no caso de
vocês que terão o segundo grau completo e que muito provavelmente,
irão para a faculdade não é? Aí o que acontece? Nós que temos esse
nível de escolaridade temos que dominar a norma culta, tá?
A linguagem formal. Isso é o mais importante. Aí vocês poderão
dizer: tá bom, Maura, só porque eu domino a norma culta, eu vou ter
que falar desse jeito com todo mundo? Claro que não!
(PM continua de pé parada mantendo a mão direita atrás das costas,
enquanto conversa com os alunos).
PM: Aí é o importante: quem domina a norma culta sabe adequar a
linguagem ao contexto que ele estará presente. Vou me colocar, como
exemplo de professora de português. Como professora de português,
vou cometer erros, porque ninguém é perfeito. Evidentemente que eu
cometo erros de português, que é minha especialização,
provavelmente menos que outros que não tenham essa formação.
Agora seria uma situação muito constrangedora, um professor de
português cometer erros freqüentemente na sua área. Ele está aqui
para ensinar. Ele pode cometer erros? Pode! Mas não pode ser
freqüentemente, erros constantes, senão ele não pode ser professor de
português. Eu me preocupo em falar e escrever corretamente,
evidente que eu procuro. Eu presto atenção na redação de vocês, se
estão escrevendo corretamente ou não. Claro que sim! Se não que
raio de professora de português eu sou? Eu tenho que me preocupar
tanto com a linguagem oral como com a escrita de vocês. Então, isso
é uma adequação que eu faço como professora.
No presente episódio, percebe-se que a professora comunica-se normalmente com
seus alunos através da exposição da aula. Porém, observa-se através do seu discurso, uma fala
pessoal onde relata sua experiência como professora de outros alunos e o que ela fez para que
eles compreendessem a importância de falar corretamente, fazendo uma ponte para explicar
para seus alunos ali presentes, que estão a caminho de concluir o segundo grau e,
provavelmente a faculdade no futuro, também a importância de falar e escrever corretamente.
Nessa oportunidade, faz questão de explicar aos alunos a sua postura como pessoa e
como professora de português, que pode errar como ser humano, mas não freqüentemente. E
que na sua função de passar conhecimento, deve estar atenta ao desempenho deles na
linguagem oral e escrita, sendo este, o seu compromisso fundamental: ser professora e agir
adequadamente nesse papel. Essa fala da docente é bem significativa, procura explicar, de
certa forma, o seu modo de ser e agir, o porquê de sua postura enérgica, a importância que dá
ao seu papel docente, cuja responsabilidade é levar os seus alunos a se apropriarem do
conhecimento. Observou-se ainda, a sinceridade e coerência em admitir suas limitações
enquanto professora, mas também como ser humano que comete erros. Mas deixou claro