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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE
MESTRADO PROFISSIONAL EM CONTROLADORIA
DAYSE MARA DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS AMBIENTAL E SOCIAL DA INDÚSTRIA
TEXTIL DO NORDESTE
FORTALEZA – CEARÁ
2007
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DAYSE MARA DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS AMBIENTAL E SOCIAL DA INDÚSTRIA
TEXTIL DO NORDESTE
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional em Controladoria
da Universidade Federal do Ceará, como
requisito para obtenção do título de
Mestre em Controladoria.
Orientadora: Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu
Fortaleza – Ceará
2007
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DAYSE MARA DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS AMBIENTAL E SOCIAL DA INDÚSTRIA
TEXTIL DO NORDESTE
Dissertação apresentada ao Curso de
Mestrado Profissional em Controladoria da
Universidade Federal do Ceará, como
requisito para obtenção do título de Mestre
em Controladoria.
Aprovada em: 17 de agosto de 2007
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________________
Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará-UFC
________________________________________________
Prof. Dr. Francisco de Assis Soares (Co-orientador)
Universidade Federal do Ceará-UFC
______________________________________________________________
Profª. Drª. Raffaella Maria Duarte Dantas Lisboa Mota (Examinadora externa)
__________________________________________________________
Prof. Dr. José Carlos Lázaro da Silva Filho (Examinador interno)
Universidade Federal do Ceará-UFC
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar luz e forças nos momentos que mais precisei.
Aos meus pais Aracy Mares de Oliveira e Alcebíades de Oliveira, por sempre
me incentivarem e acreditarem na minha capacidade em todos os momentos.
À minha irmã Eliane de Oliveira Traple e ao meu cunhado Rogério Traple,
que me apoiaram.
Aos meus sobrinhos Thiago de Oliveira Traple e Andre de Oliveira Traple, que
me incentivaram.
À minha orientadora Profª. Drª. Mônica Cavalcanti de Abreu, pela
amizade, carinho, paciência e por dividir seu conhecimento.
Ao meu co-orientador Prof. Dr. Francisco de Assis Soares, pelo seu apoio e
por dividir seu conhecimento e experiência.
Ao Pedro Elder Silva Lima e sua família que me incentivaram a fazer este
mestrado, me apoiando nos momentos mais difíceis.
Ao meu diretor Eiron Pereira da Silva pelo seu apoio, possibilitando a
conclusão deste mestrado.
À Profª. Drª. Raffaella Maria Duarte Dantas Lisboa Mota e ao Prof. José
Carlos Lázaro da Silva Filho, por dividirem o seu conhecimento.
À querida amiga e colega Aline Mendonça, com quem tive o prazer de
compartilhar conhecimento e idéias.
Aos bolsistas de iniciação científica da Universidade Federal do Ceará, em
especial, Nícolas Araújo, Franklin Torres, Bruno Cals, Francisco Holanda
Júnior, pelo apoio nas pesquisas de campo e na tabulação dos dados.
A todas as empresas pesquisadas, por me confiarem suas informações para
o desenvolvimento do trabalho de pesquisa.
RESUMO
Com a abertura da economia brasileira na década de 1990, a indústria têxtil buscou
a modernização dos produtos, processos e métodos de gestão para se tornar
competitiva e enfrentar a concorrência em um mercado globalizado. Assim, as
empresas começaram a integrar em suas estratégias de negócios as questões
ambientais e sociais. Estas estratégias assumem posições variadas à medida que
as empresas passam a ser mais exigidas pelas partes interessadas e evoluem em
suas condutas, procurando um posicionamento mais sustentável. Diante deste
quadro, objetiva-se avaliar as estratégias ambiental e social da indústria têxtil do
Nordeste brasileiro, fundamentando-se teoricamente no modelo Estrutura-Conduta-
Performance - ECP-Triplo. Este modelo afirma que as empresas submetidas a
pressões na estrutura da indústria adotam condutas econômica, ambiental e social
para obter uma performance que também se manifesta nestas três dimensões. Foi
realizada uma pesquisa quali-quantitativa, de caráter exploratório, por meio da
aplicação de um questionário estruturado. O questionário foi aplicado em 17
empresas dos segmentos de fiação, tecelagem e malharia, situadas nos estados do
Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. A análise dos dados evidencia
a importância das pressões sobre a estrutura da indústria, exercidas pelos órgãos de
fiscalização e pelas partes interessadas, que são percebidas pelas empresas
conforme a sua intensidade sobre as dimensões ambiental e social. Na dimensão
ambiental as empresas estão mais concentradas no posicionamento estratégico
“indiferente” e “reativo”. Na dimensão social as empresas estão concentradas no
posicionamento estratégico “acomodado” e “reativo”. Conclui-se que
predominância de empresas com comportamentos não compatíveis com as
exigências competitivas dos mercados globais, pois seus posicionamentos
estratégicos não respondem apropriadamente às pressões dos stakeholders.
Palavras-chave: Indústria têxtil. ECP-Triplo. Conduta Ambiental. Conduta Social.
Posicionamento Estratégico.
ABSTRACT
With the opening of the Brazilian economy in the 1990´s, the textile industry pursued
the modernization of it’s products, processes and management methods to become
competitive and to face competition in the global market place. Thus firms started to
integrate social and environmental issues into their business strategies. The
strategies assumed various positions related to the extent to which firms received
increased demands from interest groups and shifted their conduct in pursuit of a
more sustainable position. Given this situation our objective was to evaluate the
environmental and social strategies of the textile industry of Northeastern Brazil
based on the theory of the Structure-Conduct-Performance-Triple SCP-Model. The
model asserts that firms subject to pressures of the industry structure adopt
economic, environmental and social conducts to obtain a performance also
manifested in these three dimensions. A qualitative quantitative survey of an
exploratory nature was carried out using a structured questionnaire. The
questionnaire was used in 17 firms in the spinning, weaving and knitwear sectors
located in the states of Ceará, Paraíba, Pernambuco and Rio Grande do Norte. The
analysis of the date shows the importance of pressures on the structure of the
industry exerted by inspection organizations and interest groups which are perceived
by firms according to their intensity on the environmental and social dimension. In the
environmental dimension, the firms are more concentrated in the “indifferent” and
“reactive” strategic positions. In the social dimension, the firms are concentrated in
the “accommodative” and “reactive” strategic positions. It is concluded that there is a
predominance of firms with conduct not compatible with the competitive realities of
global markets and therefore their strategic positions do not respond appropriately to
stakeholder pressures.
Key-words: Textile industry, Triple SCP, Environmental Conduct, Social Conduct,
Strategic Position.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Framework do Modelo de Avaliação da Estratégia Tríplice –
ECP-Triplo .......................................................................................39
QUADRO 2 - Pressão sobre a estrutura da indústria - dimensão econômica .......41
QUADRO 3 - Matriz de características da conduta econômica.............................43
QUADRO 4 - Pressão sobre a estrutura da indústria - dimensão ambiental.........47
QUADRO 5 - Matriz de características de conduta ambiental...............................50
QUADRO 6 - Pressão sobre a estrutura da indústria: dimensão social.................52
QUADRO 7 - Matriz das características da conduta Social...................................55
QUADRO 8 - Pressão ambiental por empresa pesquisada...................................77
QUADRO 9 - Pressão social por empresa.............................................................78
QUADRO 10 - Características das condutas ambientais por empresa....................87
QUADRO 11 - Características das condutas sociais por empresa..........................97
QUADRO 12 - Relação entre os objetivos propostos e os resultados
alcançados.....................................................................................106
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Configuração básica da cadeia têxtil....................................................29
FIGURA 2 - Paradigma: Estrutura – Conduta - Performance ..................................35
FIGURA 3 - Modelo ECP- Triplo: Estrutura – Conduta - Performance ....................37
FIGURA 4 - Modelo de avaliação da estratégia ambiental - ECP-Ambiental...........45
FIGURA 5 - Matriz de avaliação estratégica sócio-ambiental..................................57
FIGURA 6 - Fluxo de processo da pesquisa............................................................66
FIGURA 7 - Agilidade na liberação de licenças ambientais.....................................74
FIGURA 8 - Atuação dos órgãos de fiscalização ambiental ....................................74
FIGURA 9 - Atuação dos órgãos de fiscalização trabalhista/previdenciária............76
FIGURA 10 - Responsável pelo gerenciamento ambiental........................................80
FIGURA 11 - Nível de conhecimento da legislação ambiental ..................................81
FIGURA 12 - Necessidade de investimentos para o atendimento da legislação
ambiental..............................................................................................82
FIGURA 13 - Definição do volume dos investimentos ambientais.............................83
FIGURA 14 - Quanto os investimentos representam no faturamento da empresa....83
FIGURA 15 - Sistema de gestão ambiental...............................................................85
FIGURA 16 - Responsável pelo gerenciamento social..............................................90
FIGURA 17 - Nível gerencial mais elevado para o tratamento das questões
sociais..................................................................................................91
FIGURA 18 - Participação em projetos sociais..........................................................92
FIGURA 19 - Definição do volume dos investimentos na área social........................93
FIGURA 20 - Quanto os investimentos sociais representam no faturamento da
empresa...............................................................................................94
FIGURA 21 - Concessão de benefícios extras..........................................................95
FIGURA 22 - Indicadores de performance ambiental................................................98
FIGURA 23 - Matriz de avaliação estratégica social e ambiental ............................101
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Unidades fabris X empregos X produção.............................................24
TABELA 2 - Balança comercial têxtil (em milhões US$)..........................................24
TABELA 3 - Destino das exportações......................................................................25
TABELA 4 - Principais países exportadores e importadores de têxteis – 2004.......26
TABELA 5 - Produção por segmento em valores (em milhões de US$)..................28
TABELA 6 - Evolução da participação das regiões na produção de têxteis
(em%)...................................................................................................28
TABELA 7 - Localização das empresas entrevistadas.............................................62
TABELA 8 - Dados gerais das unidades industriais têxteis .....................................62
TABELA 9 - Transformação da Escala Likert...........................................................63
TABELA 10 - Exemplo de preenchimento da tabela..................................................64
TABELA 11 - Exemplo 1 de análise de forças ...........................................................64
TABELA 12 - Exemplo 2 de análise de forças ...........................................................65
TABELA 13 - Exemplo 3 de análise de forças ...........................................................65
TABELA 14 - Características das empresas têxteis...................................................69
TABELA 15 - Barreiras para os novos entrantes .......................................................70
TABELA 16 - Entraves para a competitividade das indústrias têxteis do Nordeste ...71
TABELA 17 - Pressões exercidas pelas partes interessadas....................................72
TABELA 18 - Grau de exigência dos clientes............................................................73
TABELA 19 - Nível gerencial mais elevado no trato das questões ambientais..........81
TABELA 20 - Impacto dos investimentos ambientais na competitividade da
empresa...............................................................................................84
TABELA 21 - Benefícios para a empresa na realização dos projetos sociais............92
TABELA 22 - Principais impactos ambientais das empresas pesquisadas................99
TABELA 23 - Indicadores de performance ambiental..............................................100
LISTA DE SIGLAS
ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção
ATV – Acordo sobre Têxteis e Vestuário
BNB – Banco do Nordeste do Brasil
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento
CDI – Conselho de Desenvolvimento Industrial
CNI – Confederação Nacional da Indústria
ECD – Estrutura-Conduta-Desempenho
ECP – Estrutura-Conduta-Performance
GTDN – Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
LECoS - Laboratório de Estudos da Competitividade e Sustentabilidade
NBR – Norma Brasileira
OMC – Organização Mundial do Comércio.
ONG – Organizações Não Governamentais
PIB – Produto Interno Bruto
SCP – Structure-Condut-Performance
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECEX – Secretaria de Comércio Exterior
SINDITÊXTIL – Sindicato das Indústrias Têxteis.
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................4
ABSTRACT.................................................................................................................6
LISTA DE QUADROS .................................................................................................7
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................8
LISTA DE TABELAS ...................................................................................................9
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................10
SUMÁRIO..................................................................................................................11
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................13
1.1 Justificativa .................................................................................................13
1.2 Problema.....................................................................................................16
1.3 Objetivo.......................................................................................................16
1.3.1 Objetivos específicos.........................................................................16
1.4 Estrutura do trabalho ..................................................................................16
2 O SETOR TÊXTIL.............................................................................................18
2.1 Indústria têxtil nacional e nordestina – sua evolução até 1990...................18
2.2 Indústria têxtil nacional e nordestina – atualidade ......................................23
2.3 A cadeia têxtil..............................................................................................29
2.3.1 Matéria-prima ....................................................................................30
2.3.2 Fiação................................................................................................30
2.3.3 Tecelagem.........................................................................................31
2.3.4 Malharia.............................................................................................32
2.3.5 Acabamento ......................................................................................33
2.3.6 Confecção .........................................................................................33
3 MODELO ECP – ESTRUTURA, CONDUTA E PERFORMANCE ....................34
3.1 Visão geral do modelo SCP........................................................................34
3.2 ECP - Triplo ................................................................................................36
3.2.1 Dimensão econômica do ECP - Triplo...............................................40
3.2.2 Dimensão ambiental do ECP-Triplo...................................................43
3.2.3 Dimensão social do ECP-Triplo.........................................................50
3.2.4 Matriz de avaliação estratégica sócio-ambiental ...............................56
4 METODOLOGIA DA PESQUISA......................................................................60
4.1 Método e tipo de pesquisa..........................................................................60
4.2 O instrumento de coleta de dados..............................................................60
4.3 População e amostra..................................................................................61
4.4 A coleta e análise dos dados......................................................................63
4.5 Etapas da pesquisa ....................................................................................66
5 MATRIZ DE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO: EVIDÊNCIA EMPÍRICA...68
5.1 A estrutura da indústria...............................................................................68
5.2 A conduta ambiental...................................................................................79
5.3 A conduta social..........................................................................................90
5.4 Performance ambiental...............................................................................98
5.5 Performance social...................................................................................100
5.6 Matriz de avaliação estratégica.................................................................101
5.6.1 Pressão ambiental fraca..................................................................101
5.6.2 Pressão ambiental intermediária .....................................................102
5.6.3 Pressão ambiental forte...................................................................103
5.6.4 Pressão social fraca ........................................................................103
5.6.5 Pressão social intermediária............................................................104
6 CONCLUSÃO.................................................................................................105
6.1 Atendimento aos objetivos propostos.......................................................105
6.2 Contribuição..............................................................................................106
6.3 Limitações.................................................................................................107
6.4 Sugestões.................................................................................................108
REFERÊNCIAS.......................................................................................................109
ANEXOS .................................................................................................................113
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
Com a globalização nos anos 80 e 90, novos países emergiram como
grandes exportadores de têxteis no mercado internacional, promovendo uma
concorrência externa acirrada. Os principais países foram os asiáticos, como Coréia
do Sul e Taiwan.
Com a abertura comercial promovida pelo governo brasileiro a partir da
década de 90, todos os elos da cadeia têxtil nacional sofreram influência direta da
concorrência externa, segundo Une e Prochnik (2000). Muitas empresas não
conseguiram resistir à concorrência dos insumos e produtos importados e acabaram
por falir, tendo uma redução em torno de 50% do segmento têxteis entre 1990 a
2004. Outras investiram em maquinarias, implementaram aquisições e fusões e
promoveram a integração dos elos mais baixos da cadeia, visando incrementar a
escala e o valor agregado de sua produção, assim como a concentração do setor.
Desta forma, o setor buscou a modernização, visando melhorar a produtividade e a
qualidade de seus produtos para enfrentar a concorrência dos importados.
As fibras têxteis mais consumidas no Brasil em 1990, de acordo com o
Instituto de Estudos e Marketing Industrial Ltda - IEMI (2006) foram: o algodão
(77,89%) e o poliéster (6,33%), passando para 2005 o algodão (81,18%) e o
poliéster (9,96%). As vantagens do algodão sobre as demais fibras são: conforto,
adaptação ao clima quente e o fato de ser biodegradável.
De acordo com Prochnik (2002), aa década de 80 o Brasil era auto-
suficiente e importante exportador de algodão. A partir de então, o país passa a ser
importador, devido, principalmente, à praga do bicudo, reduzindo de forma drástica a
área de plantio, assim como a produção e finalmente reduzindo a mão-de-obra
principalmente em São Paulo, Paraná e de forma mais acentuada no Nordeste, até
então a região responsável por mais de 40% do algodão produzido no país.
Outras mudanças, como a consolidação da União Européia, a formação
de outros blocos regionais, tais como o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
14
NAFTA, o Mercado Comum do Sul MERCOSUL, foram significativas em termos
da economia mundial. A abertura econômica da China, que passou a ser um
atraente mercado consumidor e um grande exportador de produtos da área têxtil,
acirrou ainda mais a competitividade deste mercado.
Neste período, os países industrializados tentaram salvaguardar suas
indústrias têxteis contra as exportações dos países em desenvolvimento. Visando
conter esse avanço, definiram dois tipos de procedimento: estabeleceram barreiras
tarifárias e o-tarifárias às exportações dos países em desenvolvimento e
procuraram desenvolver políticas industriais e tecnologias ativas. Estas políticas
visavam o aumento de produtividade como forma de diminuir as vantagens
comparativas proporcionadas pelos baixos salários vigentes dos países em
desenvolvimento.
A indústria têxtil e confeccionista do Brasil, devido à modernização
alcançada, coloca-se em 2004 no lugar entre os países produtores de têxteis e
em 7º na produção de confeccionados. O setor é de importância ímpar para o
desenvolvimento do país, pois a indústria têxtil nacional é um dos mais importantes
geradores de empregos e um setor que valoriza a sua produção. Somente em 2005,
os empregos gerados pela cadeia têxtil e confeccionados alcançaram 1.523 mil, o
equivalente a 1,7% da população economicamente ativa e 17,2% do total de
trabalhadores pertencentes à indústria de transformação, segundo o IEMI (2006).
A política de incentivos fiscais fez surgir pólos industriais no Nordeste de
diversas áreas principalmente no Ceará, como o pólo calçadista e de cimento em
Sobral; pólo de confecções em Baturité; pólo de granito em Horizonte e a
consolidação do distrito de Maracanaú e Fortaleza, constituídos de diversos setores,
como têxtil, calçados e metal-mecânico e outros. Algumas dessas novas empresas
utilizam tecnologias sofisticadas, outras se caracterizam pelo seu atraso
tecnológico e produtivo, o que as coloca em desvantagens competitivas.
Nas últimas décadas, o ambiente competitivo está marcado pela
valorização das preocupações de caráter social e ambiental, além das econômicas.
15
Dessa forma, as empresas estão sujeitas às pressões da sociedade nas mudanças
de valores e ideologias.
A mídia, organizações governamentais e o-governamentais e outras
partes interessadas, têm exigido das empresas, cada vez mais, uma postura de
investimentos sócio-ambientais, gerando benefícios sociais, ecológicos e
econômicos.
Devido à ampliação de seus mercados potenciais, o surgimento de novos
concorrentes e a crescente pressão da sociedade, as empresas do Nordeste
necessitam adaptar-se às novas estratégias de negócio e padrões gerenciais para
enfrentar os desafios gerados. Estas estratégias e modelos de gestão são a garantia
de sua sobrevivência e competitividade num mercado altamente globalizado. Assim
sendo, a busca de excelência pelas empresas passa a ter como objetivo a qualidade
nas relações e o equilíbrio entre as dimensões econômica, ambiental e social,
tentando, dessa forma, perceber as melhores estratégias a serem alcançadas.
Em função da importância da indústria têxtil para o Nordeste, torna-se
relevante a realização de estudos que permitam conhecer e avaliar a estratégia
ambiental e social das empresas. A partir da análise dessas condutas frente às
pressões sobre a estrutura da indústria, é possível estabelecer elementos para a
melhoria da performance nas dimensões ambiental e social e o conseqüente
aumento da competitividade dessas empresas no mercado onde atuam.
Abreu (2001), visando avaliar a estratégia utilizada pela empresa, nas
dimensões econômica, social e ambiental, ampliou e reespecificou o paradigma ECP
desenvolvido por Mason (1930 apud SCHERER e ROSS, 1990), desenvolvendo o
modelo ECP-Triplo. Este modelo permite uma análise da estrutura da indústria
baseada nas pressões relacionadas com as questões ambientais, sociais e
econômicas. A posição estratégica da empresa dentro da estrutura da indústria e
conseqüentemente sua performance tripla (econômica, social e ambiental) serão
definidos por suas condutas econômica, ambiental e social, traduzidas no modelo de
gestão adotado pela organização.
16
Como os modelos de Porter (1991) e o ECP-Estrutura-Conduta-
Performance (SCHERER e ROSS, 1990) enfatizam mais a relação entre a estrutura
e o desempenho, justifica-se a escolha do modelo ECP-Triplo baseado no
aprofundamento do estudo das inter-relações entre as pressões na estrutura da
indústria, a conduta e a performance nas três dimensões. Neste sentido, o uso do
modelo ECP-triplo norteia esta pesquisa.
1.2 Problema
O posicionamento estratégico adotado pelas empresas da indústria têxtil
nordestina é adequado frente às pressões das partes interessadas sobre a estrutura
da indústria?
1.3 Objetivo
Para responder a esta questão norteadora será necessário atender o
seguinte objetivo:
avaliar as estratégias, ambiental e social do setor têxtil do Nordeste,
identificando a dinâmica dessa indústria, com base em suas condutas em reação às
pressões na estrutura da indústria.
1.3.1 Objetivos específicos
a) identificar os elementos de pressão na estrutura da indústria têxtil;
b) analisar as condutas ambiental e social da indústria têxtil;
c) utilizar a matriz de posicionamento estratégico para analisar a tipologia
das estratégias adotadas pela indústria têxtil.
1.4 Estrutura do trabalho
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos, assim distribuídos:
a introdução apresenta a contextualização, o problema, os objetivos, as
justificativas e as considerações gerais sobre o trabalho;
17
a revisão da literatura sobre o setor têxtil, dentro do qual se insere a
evolução da indústria têxtil e a cadeia têxtil, está descrita no capítulo 2, que
contempla também a sua origem, a sua importância e a sua situação atual;
o capítulo 3 trata da revisão da literatura sobre competitividade e o
modelo da estratégia tríplice- ECP Triplo e o framework, com seus indicadores, que
também trata das dimensões econômica, ambiental e social e seus desdobramentos
sobre os negócios;
os elementos da pesquisa, com a sua classificação de acordo com a
natureza, o método de pesquisa e a coleta de dados realizada, são discorridos no
capítulo 4;
os resultados da pesquisa são apresentados e discutidos no capítulo 5, a
partir dos dados obtidos pelos questionários junto às empresas. Alguns itens do
questionário foram obtidos de relatórios impressos e diretamente dos sites
disponíveis das empresas;
e, finalmente, o capítulo 6 apresenta as conclusões, seguidas da
bibliografia e dos anexos.
18
2 O SETOR TÊXTIL
Neste capítulo é caracterizada a evolução da indústria têxtil nacional e
nordestina em duas etapas: antes da abertura comercial, nos anos 90, e após os
anos 90 até a atualidade. A indústria têxtil antes da abertura econômica passou por
períodos de crescimentos intercalados por períodos estáveis e outros de retrações,
sempre dependentes de fatores externos e políticas governamentais. Após a
abertura comercial e com o aumento da concorrência, o setor teve que implementar
um grande esforço de modernização, com o objetivo de melhorar sua
competitividade. Diante deste contexto, o abordados os principais problemas que
afligem a indústria têxtil em termos de competitividade.
Também será caracterizada a cadeia produtiva têxtil e os elos que a
compõem, principalmente os elos de fiação, tecelagem e malharia, que são os que
fazem parte do estudo.
2.1 Indústria têxtil nacional e nordestina – sua evolução até 1990
De acordo com Cavalcante (2002), a indústria têxtil se iniciou nos
primórdios do século XVIII, porém, foi somente a partir da cada de 1860 que a
indústria começou a se desenvolver, tornando-se uma das atividades mais
promissoras para a época. Vale salientar que para que ocorresse esta evolução
foram necessários estímulos do governo brasileiro, através de tarifas protecionistas,
como a suspensão de taxas alfandegárias sobre a matéria-prima e equipamentos,
proporcionando desta forma a implantação das primeiras fábricas têxteis.
O primeiro pólo industrial têxtil brasileiro desenvolveu-se na região
Nordeste, mais precisamente no Estado da Bahia, pela facilidade do excelente
sistema portuário e fluvial necessário ao transporte de equipamentos, pela
disponibilidade do algodão (matéria-prima) em quantidade e com preços
relativamente baixos naquela região e pela mão-de-obra abundante (CAVALCANTE,
2002; SILVA, 2002).
Em 1892, a indústria têxtil estava bem consolidada, conseguindo nesta
época que fosse implantado pelo governo um programa de assistência financeira
19
direta, conhecido como “Auxílio à Indústria”, entrando em um período de mais três
décadas de prosperidade, liderado pelo segundo boom cafeeiro, conhecido como os
anos dourados para a industrialização e que foi encerrado pela grande depressão
ocorrida em 1929 e a revolução de Vargas em 1930.
Os fatores que contribuíram para reconhecer estes anos como dourados,
além da prosperidade agrícola do café, que viabilizou a produção de sacos para
embalar os produtos exportados foram: a emigração de trabalhadores europeus e
suas famílias para os grandes centros produtores, disponibilizando a mão-de-obra;
as tarifas alfandegárias sobre os tecidos importados de 25%, incentivando a
produção interna e o surgimento de uma nova fonte de energia, a elétrica,
substituindo o carvão, reduzindo o custo (CAVALCANTE, 2002; STEIN, 1979).
Este período foi, sem dúvida, tido como os anos dourados para a indústria
têxtil, pois o número de fábricas têxteis passou de 242 em 1921, para 354,
em 1927, uma variação de 46%; o número de fusos quase dobrou em seis
anos, passando de 1.521.300 unidades em 1921, para 2.584.050 unidades
em 1927, uma variação de 69%; e o número de teares cresceu de 59.208
unidades em 1921, para 78.383 unidades em 1927, uma variação de 33%
(SOARES, 1994, apud CAVALCANTE, 2002, p.45).
Neste período (1920), o Brasil teve instalada sua primeira fábrica têxtil,
utilizando filamentos artificiais na tecelagem, com a instalação da unidade em São
Paulo pelo grupo Matarazzo. A Rhodia iniciou sua atividade em 1929, para produzir
fio de acetato de raiom e em 1931 começou a fabricar seda (MONTEIRO Fª;
CORRÊA, 2002).
Vargas assinou o decreto de sete de março de 1931, que restringia a
importação de máquinas para indústrias cuja produção fosse considerada excessiva
pelo governo, reduzindo assim o crescimento, que retornou após a suspensão das
restrições em 1937 (STEIN, 1979).
O período de 1940 a 1945 foi de grande prosperidade para os fabricantes
de tecidos de algodão, com a demanda induzida pela IIª Guerra Mundial, onde
puderam abastecer, além do mercado interno a América Latina, a Europa e o
Oriente. Para isso, houve a necessidade das empresas ampliarem sua capacidade
20
de produção, trabalhando em mais turnos e contratando mais funcionários (STEIN,
1979; CAVALCANTE, 2002).
Após a IIª Guerra, com a volta do abastecimento externo, o Brasil teve
dificuldades em competir com o resto do mundo, em função do seu atraso
tecnológico e, conseqüentemente, com a perda no número das exportações.
Segundo Stein (1979), o relatório das Nações Unidas em 1951, sobre os fatores que
influenciaram a produtividade na indústria têxtil em cinco países latino-americanos,
aponta como a principal causa do atraso tecnológico os equipamentos obsoletos e a
ausência de técnicas modernas de administração, onde mesmo as empresas
brasileiras mais modernas encontradas em São Paulo não conseguiam obter uma
melhor produtividade.
Nos anos 50, a indústria têxtil nordestina encontrava-se em situação mais
grave do que a verificada nacionalmente, além do problema da redução das
exportações, pela volta do abastecimento externo, e do aumento do volume
produzido estocado, havia o fato de ter passado por um processo de perda
do protecionismo do seu mercado, dado que a abertura de novas rodovias
passou a contribuir para uma concorrência mais acirrada entre as
produções das fábricas têxteis das diversas regiões do país, principalmente
da região Sudeste, que produzia um produto de melhor qualidade
(CAVALCANTE, 2002, p.47).
De acordo com Vasconcellos et al (1999 apud CAVALCANTE, 2002), no
final dos anos 50 e início dos anos de 60, fora apresentada uma proposta de criação
do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), elaborada pela
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), visando diminuir
essa disparidade e integrando a região Nordeste à produção nacional. A proposta da
SUDENE atuava em dois pontos: assistência técnica para melhorar a administração
e qualificar a mão-de-obra e assistência financeira das empresas para o processo de
modernização das fábricas.
O BNDES passou a financiar o setor têxtil após 1965, quando o setor
têxtil foi incluído no Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI), órgão do
Ministério da Indústria e Comércio. Nesse mesmo período, também surgiram novas
fibras têxteis, artificiais e sintéticas, que possibilitaram novas tecnologias para os
fusos e
teares. Entretanto, no Brasil, os investimentos neste setor foram poucos
representativos até 1970 (MONTEIRO Fª.; CORRÊA, 2002).
21
Assim, a partir de 1970, incentivos fiscais e financeiros administrados pelo
CDI possibilitaram um novo movimento de fortes investimentos em modernização e
ampliação da indústria têxtil, com vista, principalmente, ao aumento das exportações
brasileiras de produtos xteis. Monteiro e Corrêa (2002) afirmam que durante os
anos de 1972 a 1974 ocorreu um dos maiores ciclos de investimentos no setor,
representando expressiva modernização, mas o aumento da capacidade produtiva
nacional tornou-se exagerada (cerca de 40%), uma vez que superou as
necessidades do mercado interno.
No período do milagre econômico” (1967-1973), a evolução industrial da
região Nordeste passou a depender muito mais da acumulação de capital
em nível nacional do que da política industrial específica da SUDENE
(ROSA et MELO, 1994 apud CAVALCANTE, 2002, p. 49).
A indústria têxtil nordestina e, particularmente, a indústria cearense
conseguiram superar o problema do atraso tecnológico, a partir de um amplo
programa de modernização e de expansão do setor, diminuindo assim as diferenças
tecnológicas da indústria têxtil nordestina em relação às outras regiões do país,
principalmente a região Sudeste.
A partir de 1974, vigorou o Acordo Multifibras que objetivava,
principalmente, a contenção de exportações, através do estabelecimento de
cotas e tarifas. Neste acordo, predominavam as negociações bilaterais e os
paises em desenvolvimento foram os mais prejudicados, pois, além das
restrições quantitativas, era permitido que os paises desenvolvidos
adotassem certas medidas de caráter extraordinário para defenderem os
produtos nacionais (PROCHNIK, 2002, p.14)
A globalização iniciada na década de 80 trouxe mudanças significativas
no mundo em termos de economia e processos políticos, como a fragmentação da
linha de produção em segmentos especializados e competitivos entre diversos
países, as negociações para a extinção até o ano 2000 do acordo Multifibras. Neste
período, a indústria têxtil do Nordeste teve uma redução no seu crescimento e a
nacional uma tendência de queda (ABREU, 2001; CAVALCANTE, 2002).
A partir da década de 90, com a abertura comercial implementada na
economia brasileira, as empresas nacionais se viram diante de um novo
concorrente, o produto importado oriundo, principalmente, dos países asiáticos como
a China, Coréia do Sul e Taiwan. Seus produtos são competitivos, principalmente no
22
que tange aos tecidos produzidos a partir de fibras sintéticas. Esses tecidos
chegavam ao mercado brasileiro com preços inferiores à metade dos cobrados pela
indústria nacional e em alguns casos com preços abaixo do custo de produção do
fabricante nacional.
Dessa forma, o setor passou a adotar medidas relacionadas à
modernização de seus equipamentos e a conseguir a redução dos custos e a
melhoria da produtividade e qualidade com o intuito de alcançar uma maior
competitividade frente a estes concorrentes (GORINI, 2000; IEMI, 2006; OLIVEIRA,
1995).
Segundo Michellon (1999, apud CAMPOS; MOUTINHO; CAMPOS, 2006),
nos anos 90, apesar de ficar distante da produção de algodão (Centro-Oeste), a
produção têxtil tendeu a se relocalizar no Nordeste, deslocando-se do Sul e Sudeste
em busca de mão-de-obra mais barata e treinada e o grande esforço de incentivos
fiscais dados a estas empresas, principalmente pelo Estado do Ceará. Essas
indústrias com maior tecnologia, além de serem mais modernas e produtivas,
também eram de maior porte, aumentando a capacidade de produção.
Segundo Gorini (2000), considerando a distribuição regional da produção,
apesar da grande concentração nas regiões Sul e Sudeste, houve um considerável
aumento de participação do Nordeste na década de 90, especialmente na produção
de fios e tecidos.
Prochnik (2002)
ressalta também que o parque produtivo brasileiro ainda
dispunha de equipamentos velhos e escalas menores do que as dos concorrentes
internacionais. Em termos de organização, por exemplo, a cadeia produtiva local
perdia para os fornecedores asiáticos. Desta forma, a modernização na indústria
têxtil foi forçada, em grande parte, por pressões externas de produtos mais
competitivos, com preços menores e por causa da obsolescência dos equipamentos
(GORINE; SIQUEIRA, 1997).
23
Segundo Cavalcante (2002), a indústria têxtil procurou minimizar a
relação preço/qualidade, reduzindo o preço e elevando a qualidade de seus
produtos, deixando sua posição mais competitiva no mercado.
A indústria neste período passou por transformações em função das
exigências de um mercado globalizado, que foram apontadas por Prado (1999 apud
CAVALCANTE, 2002) como: a disponibilidade de fornecedores, antes de forma
restrita; a concorrência acirrada, antes poucos e conhecidos concorrentes; altos
investimentos para obter um padrão operacional de alta eficiência e escala
crescente de produção, antes obsolência dos equipamentos.
A luta de interesses entre os elos da cadeia foi intensificada pela abertura
comercial. A cooperação entre os elos da cadeia produtiva no Nordeste foi
incrementada com a implantação de cooperativas de trabalho que prestaram
serviços às novas empresas da região e pela integração vertical das maiores
empresas (CAMPOS; MOUTINHO; CAMPOS 2006).
2.2 Indústria têxtil nacional e nordestina – atualidade
De acordo com IEMI (2006), no período entre 1990 e 2005 a
modernização do parque industrial da cadeia têxtil, com a aquisição de máquinas,
consumiu recursos de mais de US$ 10,5 bilhões, ou seja, em média US$ 656
milhões por ano.
Neste período de transformação da indústria têxtil, várias unidades fabris
fecharam suas portas, gerando desemprego, ocasionado também pela melhoria da
produtividade, com a implementação de novas tecnologias. Essa constatação é
evidenciada pela tabela 1, onde se percebe que no período de 1990 a 2005 ocorreu
uma redução de 44,4% de unidades fabris e uma redução de 63,4% da mão-de-obra
no mesmo período; o valor de produção em (milhões de US$) manteve-se
praticamente estável, com um aumento de 0,7% e em toneladas houve um
crescimento de 21,4%.
24
TABELA 1 - Unidades fabris X empregos X produção
Têxtil ¹ 1990 1995 2000 2003 2005 % 90 - 05
Número de unidades fabris
7244
5278
4463
4130
4026
-44,4
Número de empregados 893802 449354 339238 301251 326725 -63,4
Valor da produção (em milhões de US$) 18839,3 18216,4 16249 12887,9 18963,4 0,7
Valor da produção (em mil toneladas) 1309,6 1291 1738,5 1472,1 1590,5 21,4
Nota:
¹ Fiação, tecelagem, malharia e beneficiamento
Fonte: Adaptado de IEMI (2006).
De acordo com o IEMI (2006), a indústria têxtil e confeccionista brasileira
é avaliada como um dos mais importantes setores da economia, com uma produção
em 2005 US$ 32,9 bilhões, o equivalente a 4,1% do PIB total brasileiro e 17,2% do
PIB da indústria de transformação. O mesmo acontece em relação ao nível de
emprego gerado em 2005, um total de 1.523 mil, representando 1,7% da população
economicamente ativa e 17,2% do total de trabalhadores alocados na indústria de
transformação daquele ano.
o nível de empregos do Nordeste gerados em 2005 foi 220.038 mil,
representando 0,24% da população economicamente ativa do país e 2,49% do total
de trabalhadores alocados na indústria de transformação nacional.
Ainda conforme IEMI (2006), a balança comercial de produtos têxteis vem
apresentando resultados positivos a partir de 2001, com US$ 73 milhões neste ano e
aumentando nos anos seguintes. Em 2005, o saldo era de US$ 684 milhões (4,1%
maior que em 2004), conforme demonstrado na tabela 2.
TABELA 2 - Balança comercial têxtil (em milhões US$)
2003 2004 2005 2003 2004 2005 2003 2004 2005
Naturais
1
231 299 246 1181 1430 1514 950 1131 1268
Químicas
2
649 908 1005 326 442 434 -323 -466 -571
Outros
3
182 215 267 149 207 254 -33 -8 -13
1062
1422
1518
1656
2079
2202
594
657
684
Segmentos
Importações Exportações Saldos
Nota:
1
Inclui algodão, junta, lã, linho, rami, seda e outras fibras animais e vegetais
2
Inclui poliéster, náilon, acrílico, viscose e outras fibras artificiais e sintéticas
3
Inclui os dados referentes a "não tecidos", "tecidos técnicos", feltros, cordéis etc.
Fonte: Adaptado de IEMI (2006)
O que manteve o saldo da balança positivo foi a exportação em todos os
segmentos da cadeia de fibras naturais. Os resultados das fibras químicas ainda são
25
na maioria negativos, pois o Brasil ainda importa mais do que exporta na maioria dos
elos.
Karan (2005) acredita que, com os resultados de 2005, pode-se esperar
que a indústria têxtil e de confecções brasileira tenha de redobrar esforços para
atingir a meta de responder por 1% do comércio internacional na área, como o
ocorrido nos anos 1980. Pela primeira vez, em mais de 40 anos não problemas
maiores que bloqueiem as exportações brasileiras aos principais compradores
mundiais, como Estados Unidos e Europa.
Os destinos referentes aos produtos têxteis exportados pelo Brasil o:
24,5% ao Mercosul, 23,2% aos Estados Unidos, 18,5% à Ásia (aproximadamente
50% maior que em 2001) e 12,7% à União Européia, os quais juntos implicam em
78,7% do total exportado em 2005, conforme demonstrado na tabela 3.
TABELA 3 - Destino das exportações
Blocos Econômicos
2001
(US$ mil)
%
2002
(US$ mil)
%
2003
(US$ mil)
%
2004
(US$ mil)
%
2005
(US$ mil)
%
1. América Latina
622.559 47,7 424.939 35,8 673.856 40,7 799.044 38,4 899.997 40,9
Mercosul 380.306 29,1 169.847 14,3 402.267 24,3 456.800 22 539.533 24,5
2. América do Norte ¹
297.866 22,8 401.712 33,9 492.362 29,7 541.141 26 533.313 24,2
Estados Unidos 275.052 21,1 376.624 31,8 464.975 28,1 508.705 24,5 511.697 23,2
3. Ásia
124.539 9,5 93.860 7,9 163.062 9,8 333.766 16,1 406.696 18,5
China 1.461 0,1 15.607 1,3 42.408 2,6 31.999 1,5 110.480 5
4. Europa Ocidental
234.889 18 234.842 19,8 282.567 17,1 357.030 17,2 308.768 14
União Européia 215.301 16,5 212.957 18 258.649 15,6 326.613 15,7 280.555 12,7
5. África
14.050 1,1 16.139 1,4 20.849 1,3 21.209 1 22.197 1
6. Oriente Médio
6.871 0,5 8.250 0,7 15.045 0,9 19.700 0,9 17.080 0,8
7. Oceania
2.872 0,2 2.907 0,2 3.692 0,2 6.046 0,3 7.454 0,3
8. Europa Oriental
2.451 0,2 2.837 0,2 4.848 0,3 1.481 0,1 6.349 0,3
Total ²
1.306.097
100
1.185.486
100
1.656.281
100
2.079.417
100
2.201.854
100
Nota:
¹ Inclui somente EUA e Canadá.
² Inclui produtos têxteis em geral e artigos confeccionados.
Fonte: SECEX / IEMI (2006)
O Acordo de xteis e Vestuário (ATV) finalizou-se em 31 de dezembro
de 2004, após suceder o Multifibras e o Acordo Internacional de Têxteis de Algodão.
No entanto, sem cotas que imponham limites às vendas de cada país exportador, a
voracidade da China continua se sobrepondo aos demais países exportadores
(KARAN, 2005).
26
É importante ressaltar que existe, por parte da indústria têxtil nacional, a
falta de realização de parcerias e alianças estratégicas, pois a cada dia e cada vez
mais os exemplos mostram, em todo o mundo, a adoção crescente de práticas de
gestão de suprimento em rede (supply chain management) (PROCHNIK, 2002).
O Brasil, ainda segundo o IEMI (2006), é o sétimo maior produtor mundial
de artigos confeccionados e o oitavo maior na produção de têxteis. Esse título
coloca o Brasil como um dos maiores mercados têxteis. Sua produção é quase toda
voltada para o mercado interno. Nas exportações mundiais, o Brasil ocupa a 41ª
colocação. Nas importações mundiais, o Brasil ocupa a 43ª colocação dentre os
países que mais se destacam no comércio têxtil (tabela 4).
TABELA 4 - Principais países exportadores e importadores de têxteis – 2004
Países US$ milhões Países US$ milhões
1. China 33.428 1. Estados Unidos 20.662
2. Itália 15.675 2. China 15.304
3. Alemanha 15.162 3. Hong Kong ² 14.110
4. Hong Kong ¹ 14.296 4. Alemanha 11.929
5. Estados Unidos 11.989 5. Itália 9.889
6. Coréia do Sul 10.839 6. Reino Unido 8.323
7. Taiwan 10.038 7. França 8.142
8. Bélgica 7.945 8. México 5.790
9. França 7.845 9. Japão 5.599
10. Japão 7.138 10. Espanha 4.740
11. Índia 6.846 11. Bélgica 4.453
12. Turquia 6.428 12. Turquia 4.170
13. Paquistão 6.125 13. Cana 4.115
14. Reino Unido 5.911 14. Polônia 4.054
15. Países Baixos 5.271 15. Países Baixos 4.029
26. Brasil
1.340
34. Brasil
1.238
Subtotal
166.276
Subtotal
126.547
Outros 28.456 Outros 68.185
194.732
194.732
Nota:
¹ Inclui reexportação
² Inclui importações destinadas à exportação
Exportadores Importadores
Fonte: Adaptado de IEMI (2006)
Com relação aos valores das exportações mundiais em 2004, a China é
responsável por 17,2% e o Brasil por apenas 0,7%, conforme IEMI (2006). Essa
proporção apóia a interpretação de Lahóz (2005, p. 20): “promovida em anos
recentes à condição de estrela de primeira grandeza da economia internacional, a
China começa a mostrar ao mundo uma faceta menos conhecida e mais temível, a
de devoradora de mercados.”
27
Esse comportamento é justificado em função do setor têxtil apresentar
baixa relação capital/trabalho dentre os principais exportadores, que são países em
desenvolvimento possuidores de uma grande quantidade de mão-de-obra e que se
beneficiam do trabalho intensivo relativamente mais barato. Esses países se tornam
mais eficientes que os países desenvolvidos, particularmente na produção de
vestuário, sob a ótica da especialização da produção.
Se o ritmo de crescimento econômico da China mantiver a velocidade
atual, num cenário sem maiores crises, a sua influência seguirá ascendente, pois,
pelas estimativas da Organização Mundial do Comércio (OMC), o país seo maior
exportador do mundo em 2010. Atualmente, está atrás da Alemanha e dos Estados
Unidos. A economia de escala, a produtividade e a logística tornam os chineses
imbatíveis (JARDIM, 2006).
Diante desse quadro, segundo Karan (2005), o governo dos Estados
Unidos estuda a necessidade de impor algum tipo de barreira aos produtos
chineses. Na Europa, os dirigentes aguardam para avaliar a real dimensão das
vendas asiáticas na região, com o fim de contê-las, antes de tomar alguma medida
restritiva. Pelo acordo firmado no âmbito da OMC, os países cujos mercados sofrem
danos comprovados, poderão lançar mão de restrições para proteger o comércio
local até 2008, aliviando, mesmo que temporariamente, a pressão sobre os demais
exportadores.
Em fevereiro de 2006, os governos do Brasil e da China assinaram um
Acordo de Restrições Voluntárias para as exportações de produtos têxteis e de
confecções, no qual foram estabelecidas as quantidades de artigos a serem
importados pelo Brasil até dezembro 2008, conforme Barbosa (2006).
Ainda segundo Barbosa (2006), em ação conjunta com a iniciativa
privada, representada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT) e pelo
Sindicato das Indústrias Têxteis de São Paulo (Sinditêxtil-SP), foram acordadas oito
categorias de produtos: tecido de seda, filamento de poliéster texturizado, tecidos
sintéticos, veludo, camisas de malha, suéteres, jaquetas e bordados, cujas
importações apresentaram crescimento acentuado nos três últimos anos.
28
Para o IEMI (2006), a produção de artigos têxteis voltou a apresentar
resultados positivos em 2005, com crescimento de 1%, apesar das dificuldades
enfrentadas pela maioria dos segmentos nacionais. Em relação aos valores da
produção, em dólares, todos os segmentos da cadeia apresentaram crescimento
expressivo em 2005, ocasionado tanto pelo aumento de volume como pela
valorização do real neste ano (tabela 5).
TABELA 5 - Produção por segmento em valores (em milhões de US$)
Segmentos 1990 1995 2000 2002 2003 2004 2005
Têxtil¹
18.839,30
18.216,40
16.249,00
12.571,60
12.887,90
15.857,70
18.963,40
Fios 5.206,30 4.547,50 4.266,00 2.970,70 3.109,50 3.835,70 4.657,50
Tecidos 10.515,80 10.383,70 8.378,90 7.102,70 7.227,10 9.035,60 9.714,30
Malhas
3.117,20
3.285,20
3.604,10
2.498,20
2.551,30
2.986,40
4.591,60
¹ Valores calculado a partir do preço médio à vista dos artigos na fábrica, sem ICMS, custos
de fretes e vendas
Fonte: adaptado de IEMI (2006).
No período de 1990 a 2005, as regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste
aumentaram um pouco a sua participação na produção nacional, apesar da região
Sudeste continuar detendo a maior participação em função de concentrar o maior
número de consumidores e também a maior rede de distribuição de artigos xteis e
confeccionados. No segmento fiação e tecelagem, a região Nordeste é a segunda
do país, ficando atrás da região Sudeste, conforme IEMI (2006). Ver tabela 6.
TABELA 6 - Evolução da participação das regiões na produção de têxteis (em%)
Total
1990 2005 1990 2005 1990 2005 1990 2005 1990 2005 -
Fios
2,7
1,3
24,9
32,5
55,2
39,7
17,2
26,1
0
0,3
100,0
Tecidos 3,1 2,6 17,6 20,4 65,6 62,5 12,8 13,8 0,9 0,7 100,0
Malhas 0,2 0,2 2,8 8,4 39,9 34,8 55,7 55,3 1,4 1,3 100,0
Confecções
2,8
2,4
8
12,4
66,6
52,3
21,6
28,3
1
4,7
100,0
Média
2,2
1,6
13,3
18,5
56,8
47,3
26,8
30,9
0,9
1,7
100,0
Nordeste
Sudeste
Sul
C. Oeste
Norte
Setores
Fonte: IEMI (2006)
Garcia (1993) afirma que a competitividade do setor depende da
eficiência verificada em cada um dos elos da cadeia produtiva e a qualidade final
dos produtos está relacionada com a qualidade obtida em cada etapa produtiva,
delineada a cadeia têxtil e seus segmentos fundamentais.
Para poder permanecer em um mercado tão competitivo, as empresas
têxteis buscam investir em programas que envolvem uma melhor qualidade e
29
produtividade, agregadas ao desenvolvimento e à difusão de métodos de gestão,
capacitação de recursos humanos e adequação de serviços tecnológicos. Desta
forma, algumas empresas também procuram investir em certificações de Gestão da
Qualidade, como a ISO 9001:2000, que é um conjunto de normas que formam um
modelo de gestão da qualidade para organizações que podem, se desejarem,
certificar seus sistemas de gestão através de organismos de certificação. No
Nordeste, existem 12 empresas do setor têxtil certificadas, no Brasil são apenas 81
deste setor até julho 2007, de acordo com o INMETRO.
2.3 A cadeia têxtil
O processo produtivo da indústria têxtil baseia-se numa sucessão de
processos produtivos. Cada um desses processos ou etapas possui características
próprias, podendo ou não existir uma continuidade entre elas, porém, o resultado
final de cada processo/etapa constitui a matéria-prima principal da etapa seguinte.
Desta forma, a maior parte de sua produção é destinada ao consumo da própria
cadeia, incluindo o setor de vestuários no último elo com o cliente (COUTINHO e
FERRAZ, 1994, apud BNB, 1997). A configuração básica da cadeia têxtil na figura 1
se detém no processo produtivo, focando a fiação, tecelagem e malharia.
FIGURA 1 - Configuração básica da cadeia têxtil
Fonte: OLIVEIRA; MEDEIROS (1996)
30
Para Haguenauer (1990, apud CAVALCANTE, 2002), em relação à
produção, a cadeia xtil apresenta algumas características próprias em seu
processo produtivo, ou seja, um modo diferente de atuar em relação às demais
atividades industriais que são:
os produtos finais apresentam, em geral, uma seqüência linear de
atividades;
cada uma dessas atividades pode ser realizada eficientemente em
empresas de pequeno ou grande porte, de forma especializada ou com
diferenciados graus de integração vertical;
a diferença de níveis tecnológicos entre etapas dificilmente traz
problemas ao longo da cadeia produtiva;
os produtos finais quanto os intermediários são de fácil transporte;
2.3.1 Matéria-prima
As matérias-primas da fiação podem ser fibras naturais, sintéticas ou
artificiais. Como exemplos das fibras naturais, podemos citar o algodão, a e a
seda, que são as fibras extraídas e preparadas pela indústria agropecuária. As fibras
sintéticas são produzidas a partir de resinas derivadas do petróleo, como o nylon, o
acrílico, o polipropileno e o poliéster.
As fibras artificiais o produzidas pela indústria química a partir da
regeneração da celulose natural, obtida pelo línter do algodão e a poupa de madeira.
O processo de fabricação das fibras artificiais é considerado um setor paralelo, cujos
resultados são o rayon, o acetato e o triacetato. A mistura das fibras naturais com as
sintéticas origem a uma ampla variedade de fios mistos, cujas características
físicas e químicas alcançadas são bastante diversificadas (IEL, 2000).
2.3.2 Fiação
A fiação de fibras naturais é realizada a partir de diversas operações em
que as fibras são orientadas num mesmo sentido e torcidas de modo a se unirem
umas às outras por meio do atrito. A fiação de fibras artificiais é composta através de
31
etapas de extrusão, em que uma substância pastosa é pressionada através da fieira,
originando daí os filamentos que são endurecidos por meio da operação de
solidificação, de acordo com o IEL (2000), Gorine e Siqueira (1998).
Etapa constituída da manipulação da matéria-prima (natural, artificial ou
sintética), até a bobinagem do fio. Inclui tarefas como abridores de fardos,
batedores, misturadores, alimentadores, cardas, passadores, penteadeiras,
maçaroqueiras, filatórios, bobinadeiras (conicaleiras) e retorcedeiras. O
produto final é sempre o fio cru, enrolado em cones
(BNB, 1997, p.28).
No Brasil, existem grandes empresas que trabalham no segmento de
fiação, cujas características o grandes investimentos e uma maior eficiência e
grande competição nos fios produzidos. “A produtividade e a automação são os
principais focos da inovação” (OLIVEIRA: MEDEIROS, 1996, p.6).
Assim como as grandes empresas, as médias empresas fazem parte da
cadeia de produção de fios brasileira, no entanto, muitas delas não produzem em
escalas técnicas econômicas, daí as dificuldades de se manterem competitivas.
Devido ao grande aumento da demanda do setor, o país apresenta um quadro de
desabastecimento no elo de fiação.
De acordo com o IEMI (2006), o número de empresas do elo fiação em
2005 são assim distribuídas: 67 empresas de pequeno porte, 184 empresas de
médio porte e 125 empresas de grande porte.
2.3.3 Tecelagem
Os tecidos são resultados de processos técnicos distintos, dentre os quais
se destacam a tecelagem, a malharia e a tecnologia dos não-tecidos conforme IEL
(2000).
Os tecidos planos são confeccionados a partir do entrelaçamento de
conjuntos de fios em ângulos retos, realizados em um tear. O processo exige uma
preparação prévia do fio, como o processo de urdimento e engomagem. Segundo
Oliveira e Medeiros (1996), a tecelagem possibilita o ingresso de empresas de
pequeno porte com mais facilidade, isto porque o tear é uma unidade produtiva
32
independente, logo o aumento de produção está relacionada à relação do aumento
no número de teares.
De acordo com o IEMI (2006), o número de empresas do elo tecelagem
em 2005 estava assim distribuído: 103 empresas de pequeno porte, 288 empresas
de médio porte e 102 empresas de grande porte. O segmento de tecelagem
apresenta três linhas de destaque de tecidos que são: pesados, como índigos e
brins, considerados commodity; camisaria, tecidos leves; cama, mesa e banho e
decorações IEL (2000).
Para Garcia (1993), são considerados modernos os teares com menos de
10 anos de uso. De acordo com IEMI (2006), apenas 33,64% dos teares brasileiros
têm menos de 10 anos. Garcia (1993) também afirma que máquinas antigas o
podem ser atualizadas tecnologicamente, além de apresentarem baixa
produtividade.
2.3.4 Malharia
A malharia é um dos processos têxteis mais antigos, remontando ao
processo manual de tricotagem. No século XVI, surgiram os primeiros tecidos de
malha, cujo processo técnico de fabricação se através da passagem de uma
laçada de fio através de outra laçada; apresenta como resultado final um tecido de
maior flexibilidade e elasticidade (ROMERO et al, 1994; IEL, 2000).
De acordo com Romero et al (1994) os tecidos de malhas podem ser
classificados de acordo com o sistema de sua formação, como: malharia de trama,
que utiliza teares retilíneos ou circulares; malharia de urdume, que utiliza
equipamentos que produzem artigos sofisticados e de alta qualidade como rendas.
Por ser tratar de um segmento cujas empresas possuem investimento de
capital menor do que o segmento da tecelagem, fica mais concentrado em empresas
de pequeno e grande porte. Conforme IEMI (2006), em 2005 foram registradas
1.469 malharias de pequeno porte, 1.058 de médio porte e 55 malharias de grande
porte.
33
2.3.5 Acabamento
O acabamento dos produtos têxteis consiste em um conjunto de
operações que confere o conforto, a durabilidade e propriedades específicas ao
produto, uma vez que o resultado desse processo implica numa competitividade final
no mercado ou no resultado de um novo produto.
2.3.6 Confecção
E na ponta final da cadeia têxtil se encontra o segmento das confecções.
Segundo IEL (2000), a confecção é composta de uma diversidade de ramos, onde
de acordo com a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest) existem 21 ramos
distintos no segmento das confecções, dentre estes, artigos de cama, mesa e
banho, peças íntimas, indumentárias de todo o tipo e acessórios.
34
3 MODELO ECP – ESTRUTURA, CONDUTA E PERFORMANCE
3.1 Visão geral do modelo SCP
De acordo com Abreu et al (2006), um dos modelos mais conhecidos para
a análise do posicionamento estratégico é o SCP Paradigm (Structure-Conduct-
Performance) ou Estrutura-Conduta-Desempenho (ECD), fundamentado nas idéias
de Edward Mason e Joe Bain sobre a estrutura da indústria. O paradigma SCP
estabelece que a performance econômica de uma empresa é a conseqüência das
condutas adotadas pela mesma, isto a partir de decisões estratégicas e que, como
resultado, determinam o seu posicionamento dentro da estrutura da indústria a qual
pertence. Segundo Scherer e Ross (1990), neste modelo, a análise da estrutura da
indústria é o ponto de partida para a definição das estratégias empresariais e o seu
posicionamento dentro da estrutura é que vai determinar o seu sucesso ou fracasso
no cenário competitivo.
A flexibilidade deste modelo possibilita o emprego em diversos usos. Por
exemplo, Marques (2005) aplica o modelo a compras públicas. Neste caso, a
conduta é caracterizada por variáveis, como a política de preços das firmas e suas
práticas e os acordos tácitos entre elas (como cartéis), que dependem da estrutura
do mercado, como o grau de barreiras à entrada no mercado, o número de
compradores e vendedores e o nível de diferenciação de produtos.
Segundo Marques (2005, p. 11):
O paradigma é preocupado principalmente com a relação causal que vai
das condições básicas e estrutura do mercado para o desempenho nele.
Um exemplo destas relações explorado por Scherer e Ross (1990, p. 6) é
que quando a tecnologia corrente incentiva um processo de produção
capital-intensivo (condição básica). Decorre da grande intensidade do
capital, uma estrutura de custos com altas despesas fixas e pequenos
custos variáveis (estrutura), o que estimula uma política de preços agressiva
(conduta) mesmo em mercados com poucos vendedores. Esta política, em
geral, afeta o mark-up (margem de preço-custo) das firmas, ou seja, o
desempenho do mercado.
Assim sendo, a performance econômica da empresa é resultado de seu
comportamento com a concorrência em termos de fixação de preços e custos
definidos pela estrutura da indústria no qual a empresa pertence.
35
O paradigma admite também a causalidade no sentido contrário ao
descrito anteriormente, ou seja, da conduta para a estrutura ou condições básicas
do mercado. Por exemplo, as políticas de determinação de preços podem encorajar
a entrada de novas firmas no mercado ou expulsar as mais fracas e,
conseqüentemente, alterar a estrutura de mercado.
Scherer e Ross (1990) nomearam este segundo sentido da causalidade
de efeitos de feedback e apontam que, com eles, as variáveis de condições básicas
e a estrutura da indústria ficam endógenas ao sistema, conforme a figura 2.
Oferta Demanda
Localização de matéria
prima Elasticidade - preço
Tecnologia
Bens substitutos
Durabilidade do produto
Taxa de crescimento da
demanda
Relação valor-peso caráter cíclico e sazonal
Atitudes nos negócios
Métodos de compra
Ambiente Institucional
Tipos de
comercialização
Política Pública
Tributos e subsíduos
Regras de comércio internacional
Regulação
Controle de preços
Política antitruste
Provisão de informações
Progresso Técnico
Pleno emprego
Equidade
Investimentos em plantas
Táticas legais
Performance
Eficiencia produtiva e alocativa
Conduta
Determinação do preço
Estratégia de produto e propaganda
Pesquisa e Desenvolvimento
Barreiras à entrada
Estruturas de custos
Integração vertical
Diversificação
Condições Básicas
Estrtura da Indústria
Número de compradores e vendedores
Diferenciação de produtos
FIGURA 2 - Paradigma: Estrutura – Conduta - Performance
Fonte: Scherer e Ross (1990, p. 5)
O modelo ECP na versão original tende a explicar e analisar a
lucratividade dos oligopólios com o objetivo de implementar políticas antitruste.
Baseado neste modelo outros foram constituídos.
36
MC Williams e Smart (1993) discordam do uso do paradigma SCP, apesar
de largamente utilizado, apresentando fraquezas importantes que limitam sua
aplicação que são:
- o nível errado de análise: a análise do paradigma SCP foi desenvolvida
para supor que todas as empresas dentro da indústria são homogêneas;
- o uso de análise estática: O ambiente, no entanto, na maioria dos
negócios não está apoiada em um estado de equilíbrio, desta forma em ambientes
variáveis a gestão estratégica exige análise dinâmica.
- confiança nas barreiras: a entrada como um determinante, desempenho
ou lucro.
Abreu (2001) prevendo estas falhas assumiu no modelo ECP-triplo,
algumas características como a matriz de posicionamento estratégico que avalia a
estratégia individual por empresa, não considerando a indústria como homogênea
da mesma forma que o paradigma da eficiência. Esta matriz também um
dinamismo no processo da análise, onde os movimentos das pressões e as
condutas estabelecidas demonstram também um movimento no posicionamento
estratégico da empresa. Isso possibilita uma reavaliação estratégica por parte da
administração da empresa.
Também foi assumido por Abreu (2001) o dinamismo, modelo em que a
empresa se sujeita a eventos significativos, chamados choques externos, que
podem atingir a estrutura e exigem uma atuação na conduta, afetando,
conseqüentemente, sua performance. Normalmente as inovações tecnológicas de
ações governamentais e de mudanças no comportamento social provocam estes
choques. Outro fator foram as partes interessadas também, consideradas na análise
da estrutura, incorporadas no estudo do ECP-ambiental ao ECP-triplo.
3.2 ECP - Triplo
Elkington e Trisoglio (1996 apud ABREU, 2001) afirmam que o conceito
de “sustentabilidade” vem tomando parte das principais correntes de discussão
37
política e as mudanças, entretanto, são complexas em termos econômicos,
tecnológicos, sociais e ambientais. Eles consideram que as ferramentas para
analisar e modelar a tomada de decisão e o embasamento teórico do framework
estão inadequadas ao conceito de sustentabilidade, como também o papel das
empresas neste conceito.
A United Nations Industrial Development Organization - UNIDO - agência
especializada das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial
apresenta três dimensões do desenvolvimento sustentável: a dimensão
ambiental, a dimensão econômica e a dimensão social (UNIDO, 1998, p. 4
apud CASTRO JR, 2006).
Uma empresa comprometida com o desenvolvimento sustentável deve
possuir estratégias bem definidas com relação aos aspectos econômicos,
ambientais e sociais de seu negócio e entender de forma consciente suas
implicações em todos os tipos de atividades humanas.
Com base na necessidade de entender melhor a sustentabilidade e suas
implicações, Abreu (2001) desenvolveu o ECP-Triplo, especificando e decompondo
ao modelo ECP de Scherer e Ross (1990) as três dimensões de conduta e
performance, conforme figura 3.
Conduta
Social
Conduta
Econômica
Conduta
Ambiental
Estrutura de
Mercado
Performance
Econômica
Ambiental
Social
Choques
FIGURA 3 - Modelo ECP- Triplo: Estrutura – Conduta - Performance
Fonte: Abreu (2001)
Esse modelo possibilita uma análise da estrutura da indústria em termos
de pressões por responsabilidades sociais e ambientais, além das questões
econômicas. Dessa forma, o posicionamento estratégico da empresa dentro da
estrutura da indústria e conseqüentemente sua performance tripla (econômica,
38
ambiental e social) será definido, dentro da relação de causalidade, por suas
condutas econômica, ambiental e social.
O modelo também assume que as empresas operam em um ambiente de
cooperação e rivalidade. O framework dos indicadores que contempla os choques, a
estrutura, as condutas e as performances, nas dimensões econômicas, ambientais e
sociais desenvolvido por Abreu et al (2007a) é apresentado no quadro 1.
Abreu (2001) também enfatizou no Modelo ECP-Ambiental na estrutura
da indústria as características: legislação ambiental, impacto ambiental e exigências
ambientais das partes interessadas que também foi inserido no modelo ECP-Triplo.
De acordo com Abreu (2001), os indicadores de conduta englobam as
dimensões econômica, ambiental e social em todas as suas funções gerenciais, que
foram definidas como administração; pesquisa e desenvolvimento; produção e
operação e marketing. Quanto aos indicadores da performance econômica,
ambiental e social, foram divididos por Abreu (2001) da seguinte forma: econômicos:
em finanças e eficiência; social: em bem-estar e imagem; ambiental: em ar, água,
solo, recursos naturais e biodiversidade.
Da mesma forma que Sherer e Ross (1996) consideram de grande
significância os efeitos do feedback no modelo ECP, Porter (1991) reconhece a
existência deles dando dinamismo ao modelo. Assim, Abreu (2001) também adota o
feedback interno no modelo ECP-triplo.
39
Choques
Externos
Ação Governamental
Política/Legislação.
Inovações Tecnológicas
Mudanças no comportamento
social
Estrutura da
Indústria
Economia da demanda
Disponibilidade de substitutos
Diferenciação dos produtos
Taxa de crescimento
Volatilidade/ciclicidade
Economia da oferta
Concentração de produtores
Competição de importação
Diversidade de produtores
Estrutura de custos
fixa/variável
Utilização da capacidade
Oportunidades tecnológicas
Forma da curva de oferta
Barreiras de entrada/saída
Economia da cadeia industrial
Poder de barganha dos
fornecedores
Poder de barganha dos clientes
Falha de informação
Falha na integração vertical
Características sócio-
ambientais
Riscos ambientais;
Demandas das partes
interessadas; Legislação e
fiscalização (ambiental,
trabalhista, previdenciária)
Conduta
tríplice
Econômico
Administração: mudança de
capacidade; integração vertical;
política da qualidade; estrutura
organizacional; planejamento
dos objetivos e metas, alocação
de recursos (humanos, físicos e
financeiros); treinamento e
desenvolvimento profissional;
acompanhamento da legislação
tributária.
Pesquisa e Desenvolvimento:
novos produtos e processos
Produção e Operação: controle
de custos, logística e
distribuição, auditoria,
exigências contratuais aos
fornecedores de produtos e
serviços; controles e padrões
operacionais; sistema e
monitoramento e medição da
qualidade
Marketing: preço; necessidades
do mercado, propaganda e
promoção
Ambiental
Administração: política
ambiental; estrutura
organizacional; exigências legais e
outras exigências, objetivos, metas
e programas ambientais; alocação
de recursos em projetos ambientais
(humanos, físicos e financeiros);
desenvolvimento e educação
ambiental
Pesquisa e Desenvolvimento
Selo verde; tecnologias limpas,
prevenção da poluição
Produção e Operação: aspectos
ambientais, controle operacionais;
exigências ambientais contratuais
aos fornecedores de produtos e
serviços; auditoria ambiental
Sistema de medida e monitoração
ambiental; planos de atendimento a
situações de emergência
Marketing: comunicação com as
partes interessadas; relatórios
ambientais
Social
Administração: política de
responsabilidade social,
códigos de ética e balanço
social; exigências legais e
outras exigências, objetivos,
metas e programas sociais;
alocação de recursos em
projetos sociais internos e
externos (humanos, físicos e
financeiros); programas de
voluntariado; benefícios
legais e extras;
Pesquisa e Desenvolvimento
Projetos sociais, tecnologias
de prevenção e controle de
riscos ocupacionais
Produção e Operação:
Riscos e perigos; controle
operacional. exigências de
responsabilidade social aos
fornecedores de produtos e
serviços; auditorias e sistema
de medida e monitoração de
saúde e segurança no
trabalho
Marketing: relacionamento
com as partes interessadas
Performance
Tríplice
Econômico
Eficiência na produção
Eficiência na alocação de
recursos,
Participação de mercado;
Rentabilidade
Ambiental
Ar: concentração do efeito estufa,
substancias destruidoras da camada
de ozônio, chuva ácida, ruído
Água: geração de efluentes
líquidos, eutrofização;
acidificação; contaminação tóxica
Solo: geração de resíduos sólidos,
contaminação tóxica, acidificação
Recursos Naturais: Intensidade
de uso de: recursos hídricos;
energéticos; florestais e marinhos
Biodiversidade:Alteração do
habitat; Mudança no uso do solo;
Perda da biodiversidade
Social
Bem estar: geração de
emprego
Cumprimento das exigências
éticas e legais
Ambiência organizacional
Segurança e saúde no
trabalho
Imagem: exposições na
mídia
Envolvimento em projetos
sociais
QUADRO 1 - Framework do Modelo de Avaliação da Estratégia Tríplice – ECP-Triplo
Fonte: adaptado de Abreu et al. (2007a).
40
De acordo com Abreu (2001), a dimensão econômica do modelo ECP–
Triplo é a mesma desenvolvida no modelo ECP, proposto por Scherer e Ross, e está
fundamentado em uma relação de causalidade. A dimensão ambiental foi bem
desenvolvida no modelo de avaliação da estratégia ambiental por Abreu (2001), com
detalhamento do framework. a dimensão social, por sua vez, está relacionada às
ações sem fins lucrativos que a empresa move em benefício da comunidade, como
educação, saúde, lazer, segurança, urbanização etc. Trataremos cada uma a seguir.
3.2.1 Dimensão econômica do ECP - Triplo
A dimensão econômica do modelo ECP é baseada em indicadores da
estrutura da indústria, conduta econômica e performance econômica, de acordo com
o modelo Scherer e Ross (1990).
A estrutura da indústria é caracterizada por aspectos da economia da
oferta, economia da demanda e economia da cadeia industrial. Na economia da
oferta, são consideradas as concentrações de produtores, a competição de
importadores e produtores nacionais, a diversidade de produtores, estrutura de
custos, utilização da capacidade, oportunidades tecnológicas, forma da curva de
oferta e presença ou a ausência de barreiras de entrada a novos competidores.
Para a economia da demanda, são consideradas: a disponibilidade de
substitutos, a diferenciação de produtos, a taxa de crescimento, a concentração de
clientes, a volatilidade/ciclicidade e a preferência dos clientes. A economia da cadeia
industrial engloba o poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos
clientes, falha da informação e falha na integração vertical.
A pressão na estrutura da indústria, considerando a dimensão econômica,
pode ser caracterizada como fraca, intermediária e forte, conforme quadro 2
adaptado de Abreu (2001).
41
QUADRO 2 - Pressão sobre a estrutura da indústria - dimensão econômica
Fonte: adaptado de Abreu (2001).
Os indicadores da conduta econômica são referentes aos
comportamentos das empresas em relação ao mercado que envolvem ao longo do
seu sistema de negócios a administração, a pesquisa e o desenvolvimento, a
produção e a operação e o marketing.
Da mesma forma que caracterizamos a pressão na estrutura como fraca,
intermediária e forte, também caracterizamos a conduta econômica com os mesmos
níveis de intensidade, conforme demonstrado no quadro 3 a seguir.
Pressão
Características da Estrutura
da Indústria
Fraca Intermediária Forte
Sem exigência de
diferenciação.
Necessidade de
alguns produtos
diferenciados.
Exigência de
diferenciação dos
produtos.
Sem substitutos no
mercado.
Baixa disponibilidade
de substitutos no
mercado.
Grande disponibilidade
de produtos substitutos
no mercado
Economia da demanda
Alta taxa de
crescimento.
(mercado aquecido)
Mercado estagnado.
Mercado em baixa taxa
de crescimento.
Sem a presença de
produtores no
mercado de ação.
(monopólio)
Baixa concentração
de produtores.
(oligopólio)
Grande concentração de
produtores.
Economia de
escala.
Estrutura de custos
na média do
mercado.
Estrutura de custos
pesada.
Elevada barreira de
entrada a novos
competidores.
Baixa barreira de
entrada a novos
competidores.
Sem barreiras de entrada
para novos
competidores.
Economia da oferta
Sem barreiras para
importação.
Baixas barreiras para
importação.
Altas barreiras para
importação.
Fornecedores e
clientes sem poder
de barganha
Baixo poder de
barganha dos
fornecedores e
clientes
Alto poder de barganha
dos fornecedores e
clientes
Economia da cadeia industrial
Integração vertical
nos dois sentidos
Integração vertical em
um sentido
Sem integração
Política / Legislação
Altos incentivos
fiscais
Baixos incentivos
fiscais
Sem incentivos fiscais/
alta carga tributária
42
Conduta econômica Funções
Gerenciais
Fraca Intermediária Forte
Administração
Não possui uma política
de qualidade e se limita
aos aspectos legais.
Não estabelece um
planejamento com
objetivos e metas.
Não implementa ações
para melhoria da
produtividade e aumento
de capacidade.
Não está integrada com
os elos da cadeia.
Não aproveita a
legislação tributária a seu
favor, nem possui
mecanismos de
atualização.
Os investimentos
representam de 0 a 1%
do faturamento.
Definidos para atender à
legislação vigente.
Não consegue
dimensionar os ganhos.
Não existe um programa
de desenvolvimento
profissional.
Possui uma política de
qualidade não formal e
existe compromisso em
atender à legislação.
Estabelece e executa
de forma precária o
planejamento com
objetivos e metas.
Implementa ações para
a melhoria da
produtividade e
aumento de
capacidade.
Integração com um elo
da cadeia.
Não aproveita a
legislação tributária a
seu favor, mas possui
mecanismos de
atualização e
atendimento à
legislação.
Os investimentos
representam de 1 a 2%
do faturamento e são
definidos com base nas
ações implementadas.
Os ganhos financeiros
estão atrelados à
redução de custos e
aumento da
produtividade, mas não
são monitorados.
Possuem programa de
desenvolvimento
profissional informal
com freqüência anual.
Possui uma política de
qualidade formalizada e
existem compromissos
formais em atender à
legislação.
Estabelece e executa
planejamento com
objetivos e metas
Desenvolvimento de
projetos para melhoria da
produtividade e aumento
de capacidade
Integração com mais um
elo da cadeia
Consegue aproveitar a
legislação tributária a seu
favor / possui mecanismos
de atualização.
Realiza o
acompanhamento
sistematizado do
atendimento à legislação
Os investimentos
representam mais de 2%
do faturamento, definidos
com base nos projetos e
metas
Os ganhos financeiros
estão atrelados à redução
de custos e aumento da
produtividade
Possuem programa de
desenvolvimento
profissional formalizado.
Diariamente são realizados
diálogos envolvendo
aspectos de qualidade e
produtividade. Ocorre
também treinamento de
integração para os novos
funcionários.
Pesquisa e
Desenvolvimento
Não adota tecnologias
para desenvolvimento de
novos produtos ou
processos
A empresa não
consegue atender as
necessidades/
expectativas do cliente
Em implementação de
tecnologias para
desenvolver novos
produtos e processos
A empresa antecipa as
necessidades do cliente
Desenvolve tecnologias
para desenvolver novos
produtos e processos
Estas empresas antecipam
e supera as necessidades
de seus clientes
Produção e
Operação
Não possui um sistema
de gestão de qualidade.
Não realiza auditorias de
qualidade.
Não consegue alcançar
vantagens competitivas
associadas com a
melhoria da imagem, da
produtividade e da
Está no estágio inicial
de um sistema de
gestão de qualidade.
Não realiza
sistematicamente
auditorias de qualidade.
Alcança parcialmente
vantagens competitivas
associadas com a
Possui um sistema
certificado de gestão de
qualidade.
Realiza auditorias de
qualidade.
Alcança vantagens
competitivas associadas
com a melhoria da
imagem, da produtividade
43
Conduta econômica Funções
Gerenciais
Fraca Intermediária Forte
ambiência
organizacional.
Realiza controle não
sistematizado do
processo.
Não adota padrões para
a qualificação dos
fornecedores de bens e
serviços.
Não adota critérios para
controle da logística e
distribuição de produtos.
melhoria da imagem, da
produtividade e da
ambiência
organizacional.
Realiza o controle, mas
não estabeleceu
padrões operacionais.
Adota parcialmente
padrões para
qualificação dos seus
fornecedores de bens e
serviços.
Adota alguns critérios
para controle da
logística e distribuição
de produtos, buscando
a redução de custo
e da ambiência
organizacional.
Possui controle e padrões
operacionais.
Adota padrões para a
qualificação de todos os
seus fornecedores de bens
e serviços. Procedimento
de garantia assegurada de
fornecimento.
Definição e controle da
logística e distribuição
assegurando a
manutenção da qualidade
do produto e buscando a
redução de custos
Marketing
Não possui uma
sistemática para tratar as
reclamações das partes
interessadas.
Não consegue prever as
necessidades do
mercado.
Não identifica vantagens
competitivas através de
propagandas e
promoções
Utiliza a sistemática de
atendimento ao cliente
para tratamento das
reclamações das partes
interessadas.
Prevê parcialmente as
necessidades do
mercado.
Está começando a
identificar algumas
vantagens competitivas
através de
propagandas e
promoções
Desenvolveu uma
sistemática para
atendimento,
acompanhamento e
registro das reclamações
das partes interessadas.
Identifica e busca atender
as necessidades do
mercado.
Alcança uma vantagem
competitiva através de
propagandas e promoções
QUADRO 3 - Matriz de características da conduta econômica
Fonte: adaptado de Abreu (2001).
Os indicadores da performance econômica abrangem a eficiência na
produção e alocação de recursos, a participação no mercado e o retorno sobre o
capital investido. Refletem também em resultados técnicos, financeiros, de inovação
tecnológica e promocional. Os resultados técnicos podem ser definidos como a
eficiência das bricas, o financeiro como a margem do lucro, de inovação
tecnológica como o resultado da adoção de novas tecnologias e processos e o
resultado promocional, como a relação entre os custos do produto vendido e os
custos de produção.
3.2.2 Dimensão ambiental do ECP-Triplo
Com o advento da revolução industrial, o homem pôde desenvolver e
prosperar sem avaliar as conseqüências sobre o meio ambiente.
44
Alguns pesquisadores fizeram previsões catastróficas, indicando que a
humanidade caminhava para a destruição do planeta. Bellia (1996)
apresentava parte do estudo sobre “Os limites do Crescimento” publicado
por Donella e Dennis Meadows, em 1972. Os professores alertaram que o
crescimento populacional e o esgotamento dos recursos naturais
resultariam no alastramento da fome e alterações na economia (ABREU,
2001, p.14).
Em 1980, a parceria formada pelo Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (Puma), a União Internacional para a conservação da Natureza
(UICN) e o Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF) levou à elaboração do
documento: Estratégia Mundial para a Conservação, que tratou das interfaces entre
conservação de espécies e ecossistemas e entre a manutenção da vida no planeta e
a preservação da diversidade biológica, introduzindo pela primeira vez o conceito de
desenvolvimento sustentável (QUEIROZ, 2007).
Esse estudo gerou várias ações e uma delas foi a criação da Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento pela ONU, em 1983. Em 1987, a
comissão publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, em que definia o conceito de
desenvolvimento sustentável: “...garantir as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras também atenderem as suas”
(ABREU, 2001, p.15).
A Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO),
realizada em 1992, consolidou o conceito de sustentabilidade, em que definiu a
preservação do planeta como responsabilidade de todos os países, concordando
com a necessidade do desenvolvimento, mas com a visão ética das obrigações com
as futuras gerações.
Elkington (1998 apud ABREU 2001) afirma que no momento atual de uma
revolução cultural, as empresas têm que estar preparadas para administrarem em
direção ao desenvolvimento sustentável. A Cúpula de Joanesburgo, em 2002, não
buscou mais uma definição para o desenvolvimento sustentável e sim o traduziu em
ações práticas, procurando meios para implementação dos caminhos apontados no
Rio 92, através de temas como padrões de produção e consumo, fontes alternativas
de energia, eficiência energética, poluição urbana, ecoturismo, disponibilidade de
45
recursos humanos, tecnológicos, financeiros e institucionais, adequados para os
esforços nacionais e a ação internacional no campo ambiental (QUEIROZ, 2007).
Porter (1980) afirma que a meta estratégia competitiva para uma unidade
empresarial em uma indústria é encontrar uma posição dentro dela em que
a companhia possa melhor se defender contra estas forças competitivas ou
influenciá-las ao seu favor (ABREU, 2001, p. 65).
Assim, em função da necessidade de um modelo teórico de análise
estrutural que levasse em conta a variável ambiental na definição da estratégia
empresarial, chegou-se ao desenvolvimento do modelo de avaliação da estratégia
ambiental denominado de ECP-Ambiental, que é uma das dimensões do modelo
ECP-Triplo também desenvolvido por Abreu (2001).
O ECP-Ambiental segue os mesmos fundamentos teóricos do modelo
ECP-Triplo, ao permitir inferir que a performance ambiental de uma empresa é o
reflexo de suas práticas competitivas ou padrões de conduta ambiental, que por sua
vez dependem da estrutura da indústria em que a empresa está inserida.
Da mesma forma que o modelo ECP-Triplo, observa-se que as empresas
atuam em um sistema de mercado aberto sob a influência de eventos significativos,
denominados de choques, que conferem dinamismo ao modelo ECP-Ambiental,
quando exigem respostas na estrutura e na conduta das empresas, com reflexos na
performance ambiental. Na concepção do modelo ECP-Ambiental foi adotada a
existência de feedback (figura 4).
FIGURA 4 - Modelo de avaliação da estratégia ambiental - ECP-Ambiental
Fonte: Abreu (2001).
46
O modelo ECP-Ambiental assume que as empresas operam em um
ambiente com uma relação de cooperação e rivalidade entre elas. O framework dos
indicadores do Modelo ECP-Triplo é apresentado na quadro 1, contemplando desde
os choques externos até os indicadores da estrutura da indústria, a conduta e a
performance, nas suas três dimensões.
Eventos significativos, denominados choques, são basicamente
provenientes da ação governamental com alterações na política e na legislação,
inovações tecnológicas e mudanças no comportamento social com sensibilização
para as questões sociais e ambientais.
Porter (1999) defende que as regulamentações devem ser severas, pois
assim as empresas procuram soluções definitivas. Abreu (2001) confirma que
empresas que operam em locais com legislações mais rígidas e que possuem maior
risco ambiental têm um posicionamento estratégico bem influenciado por estas
pressões.
Foram mantidos como os indicadores da estrutura da indústria,
caracterizados pelos elementos da demanda e oferta, os mesmo definido no modelo
ECP de Scherer e Ross (1990). No Modelo ECP-Ambiental foram enfatizadas por
Abreu (2001) na estrutura da indústria as características: legislação ambiental,
impacto ambiental e exigências ambientais das partes interessadas.
Essas características ambientais sempre estiveram presentes na
estrutura da indústria, todavia, não eram devidamente consideradas durante a
análise. A combinação delas vai determinar se a pressão na estrutura da indústria é
fraca intermediária ou forte (quadro 4).
47
QUADRO 4 - Pressão sobre a estrutura da indústria - dimensão ambiental
Fonte: adaptado de Abreu (2001).
Com o aumento do impacto das exigências ambientais sobre as
atividades produtivas em decorrência de acordos internacionais, da legislação e da
preocupação em assegurar a qualidade de vida das gerações futuras, a gestão
ambiental tornou-se uma importante ferramenta de modernização e competitividade
das indústrias. De acordo com Monteiro Neto (2007), a Confederação Nacional da
Indústria (CNI), ciente da importância desse instrumento para o desenvolvimento
sustentável, tem promovido uma série de iniciativas com vistas a garantir a
ecoeficiência do processo produtivo, como o estímulo à produção mais limpa e a
certificação ambiental nas empresas.
Os indicadores de conduta ambiental do modelo ECP-Ambiental foram
desenvolvido por Abreu (2001), procurando refletir a qualidade da gestão ambiental
na empresa ao longo de suas funções gerenciais, envolvendo, da mesma forma,
descrito no modelo ECP-Triplo: pesquisa e desenvolvimento de produtos e
processos, produção e operação, administração e marketing.
Na definição dos indicadores de conduta ambienta,l foram considerados
os requisitos da norma NBR ISO 14001 (ABNT, 1996), que estabelece as
especificações e diretrizes para a implantação e uso do Sistema de Gestão
Ambiental (SGA), onde estão inseridos todos os requisitos necessários à certificação
ambiental para cada função gerencial.
Pressão
Características da Estrutura
da Indústria
Fraca Intermediária Forte
Impacto Ambiental inerente
ao processo produtivo e
variável com a escala de
produção e a tecnologia
adotada.
Baixo impacto
ambiental das
atividades
produtos e
serviços.
Impacto ambiental
moderado das
atividades, produtos e
serviços
Alto impacto ambiental
das atividades,
produtos e serviços
Legislação ambiental
Regulamentação
e fiscalização
incipientes.
Regulamentação rígida
e fiscalização não
atuante.
Regulamentação rígida
e fiscalização atuante.
Exigências Ambientais das
partes interessadas
Sem exigências Exigências potenciais Exigências reais
48
A implementação da norma ISO 14001 tem a intenção de resultar na
melhoria do desempenho ambiental, baseada na premissa de que a organização irá
periodicamente revisar e avaliar o SGA para identificar oportunidades de melhorias.
Abreu (2001) demonstra em seu trabalho que, dependendo do
posicionamento frente aos indicadores de conduta, as empresas podem ser
classificadas em três perfis: empresas de conduta ambiental fraca, empresas de
conduta ambiental intermediária ou empresas de contada ambiental forte, conforme
a matriz de características ambientais apresentada no quadro 5 a seguir.
Conduta ambiental
Funções
Gerenciais
Fraca Intermediária Forte
Administração
Não existe
gerência/departamento
ambiental na estrutura
organizacional com as
atribuições
distribuídas.
O nível gerencial é o
mais alto para o trato
das questões
ambientais.
Não assume
compromissos formais
em uma política
ambiental.
A importância da
questão ambiental
está limitada ao
atendimento dos
condicionantes da
licença de operação
Não conhece a
legislação ambiental e
não possui
instrumentos para
acompanhá-la.
Os investimentos
ambientais
representam de 0 a
1% do faturamento.
Definidos para atender
à legislação ambiental.
Os ganhos financeiros
estão atrelados às
vendas de resíduos e
subprodutos sem
alteração do processo
produtivo
Não consegue
dimensionar esses
Existe um responsável
dentro da estrutura
organizacional.
A diretoria é o nível mais
alto para o trato das
questões ambientais.
Existem compromissos
formais estabelecidos
na política ambiental.
A importância da
questão não está
limitada ao atendimento
à legislação ambiental.
Preocupadas com a
imagem e em alcançar
novos mercados.
Conhece parcialmente a
legislação ambiental.
O acompanhamento do
atendimento à
legislação é realizado de
forma não sistematizada
pelo responsável pela
área de meio ambiente.
Os investimentos
representam entre 1 a
2% do faturamento.
Definidos com base nos
projetos gerados
internamente de forma
espontânea.
Os ganhos financeiros
estão atrelados a
redução do desperdício,
relacionada aos
insumos água e energia
elétrica, e a
comercialização dos
resíduos. Possui um
Existe uma
gerência/departamento de
meio ambiente na estrutura
organizacional.
As questões ambientais são
tratadas em nível de
presidência.
Existem compromissos
formais em atender à
legislação, melhoria contínua
dos processos e prevenção
da poluição.
A importância da questão
está vinculada ao
compromisso com o
desenvolvimento sustentável.
Preocupados com a imagem
da empresa
Conhece integralmente a
legislação. Contrata
consultoria externa para a
sua atualização.
O acompanhamento do
atendimento à legislação é
realizado pela gerência de
meio ambiente e o jurídico.
Os investimentos
representam mais de 2% do
faturamento.
Definidos com base nos
objetivos e metas
ambientais.
Os ganhos financeiros estão
atrelados à redução das
perdas de processo,
Podem existir investimentos
ambientais sem retorno
financeiro. Possui um
programa de educação
49
Conduta ambiental
Funções
Gerenciais
Fraca Intermediária Forte
ganhos.
Não existe um
programa de educação
ambiental.
programa de educação
ambiental voltado para
ações básicas como a
coleta seletiva de lixo, e
desenvolvido
informalmente através
de palestras.
Freqüência anual.
ambiental voltado para os
funcionários e para a
comunidade. Diariamente
são realizados diálogos
envolvendo aspectos
ambientais nas atividades de
produção.
Realiza eventos anualmente
como a semana de meio
ambiente e treinamento de
integração para os novos
funcionários.
Produção e
Operação
Não possui um
sistema de gestão
ambiental.
Não avalia os
impactos ambientais
de suas atividades,
produtos e serviços.
Não realiza auditorias
ambientais.
Os controles
operacionais atrelados
aos insumos da
produção.
Não adota uma
sistemática de
melhoria contínua para
os indicadores de
performance.
Não adota padrões
ambientais aos
fornecedores de bens
e serviços.
Não identifica os riscos
ambientais na
distribuição de seus
produtos.
Está em processo de
implementação de um
sistema de gestão
ambiental ou possui um
não certificável.
Avalia os impactos
ambientais de suas
atividades, produtos e
serviços.
Processo imaturo de
auditorias ambientais
semestrais.
Controles operacionais
atrelados aos insumos
de processo e o
atendimento da
legislação ambiental.
Os indicadores
ambientais foram
estabelecidos através
dos padrões legais.
Não existe uma
sistemática de melhoria
contínua dos
indicadores de
performance, apenas
conformidade legal.
Adota parcialmente
padrões ambientais aos
seus fornecedores de
serviços.
Identifica riscos de
acidentes na distribuição
de seus produtos
Adota alguns critérios
para a distribuição de
produtos
Possui um sistema de gestão
ambiental certificado pela
ISO 14001.
Faz o levantamento e
avaliação dos aspectos e
impactos ambientais de suas
atividades, produtos e
serviços.
Realiza auditoria
s ambientais
internas.
Os indicadores ambientais
foram estabelecidos com
base nos padrões legais e
em comparação com outras
unidades da empresa ou
histórico de desempenho.
Adota uma sistemática de
melhoria contínua dos
indicadores ambientais.
Adota padrões ambientais
para a qualificação de todos
os seus fornecedores de
bens e serviços.
Adota critérios rigorosos de
prevenção da poluição para
distribuição dos seus
produtos.
Adota medidas preventivas
para evitar acidentes.
Pesquisa e
Desenvolvimento
Não adota tecnologias
para minimizar o
impacto ambiental.
Investe na aquisição de
equipamentos com um
menor consumo de
insumos.
Desenvolve tecnologias para
minimizar o impacto
ambiental de seus processos
produtivos.
Produtos certificados com o
selo verde
50
Conduta ambiental
Funções
Gerenciais
Fraca Intermediária Forte
Marketing
Não possui uma
sistemática para tratar
as reclamações
ambientais das partes
interessadas.
Não produz relatório
de performance
ambiental.
Desconhece a
preocupação
ambiental por parte
dos concorrentes;
Não identifica
vantagens
competitivas com a
performance
ambiental.
Utiliza a sistemática de
atendimento ao cliente
para tratamento das
reclamações das partes
interessadas.
Não produz relatórios de
performance ambiental.
Percebe a preocupação
ambiental de seus
concorrentes.
Está começando a
identificar algumas
vantagens competitivas
com a questão
ambiental.
Desenvolveu uma
sistemática para
atendimento,
acompanhamento e registro
das reclamações ambientais
das partes interessadas.
Desenvolve relatórios
ambientais disponíveis ao
público.
Antecipa as preocupações
ambientais de seus clientes.
Alcança uma vantagem
competitiva através de uma
atuação ambientalmente
consciente e pró-ativa.
QUADRO 5 - Matriz de características de conduta ambiental
Fonte: Abreu (2001).
Ainda de acordo com Abreu (2001), as empresas com uma conduta
ambiental forte têm uma avaliação quantitativa da sua medida da performance
ambiental; as empresas com uma conduta ambiental intermediária estão iniciando
o processo de medição da performance ambiental. Por outro lado, as empresas com
uma conduta ambiental fraca não praticam essas medições.
Os indicadores de performance ambiental do modelo ECP-Ambiental
foram concebidos considerando, então, as preocupações definidas pelo modelo PSR
(Organization for Economic Co-Operation and Development - OECD, 1998), que
atua nos compartimentos ar, água, solo, recursos naturais e fauna e flora. A divisão
em compartimentos permite uma melhor compreensão dos indicadores.
3.2.3 Dimensão social do ECP-Triplo
De acordo com Schroeder e Schroeder (2004), o cotidiano da
humanidade mais do que nunca está constituído por organizações, como hospitais,
teatros, escolas, igrejas, universidades, prefeituras, clubes e empresas que
representam um esforço coletivo para se atingir determinados fins. A empresa,
caracterizada como uma organização com fins lucrativos foi, especialmente durante
o século XX, o mais importante meio de acumulação de riquezas.
51
Destaca-se, assim, a importância das empresas consideradas pilares do
paradigma de mercado e de acumulação de riquezas, critério fundamental de
ordenamento da sociedade. A responsabilidade do bem-estar social ficou sob a
tutela do Estado. Porém, com seus serviços de baixa qualidade, aliados à falta de
recursos financeiros, o Estado teve dificuldades em atender às demandas sociais,
gerando uma crise de confiança na sua capacidade, o que exige a busca de novas
alternativas.
As empresas passaram a exercer um papel diferenciado do tradicional -
provedoras de bens e serviços. Nesse contexto, emerge a responsabilidade social
corporativa, no caso o envolvimento das empresas em causas sociais. “O fenômeno
social envolve e é provocado pelo seu agente, o homem” (SCHROEDER;
SCHROEDER, 2004).
De acordo com Formentini (2004), as empresas são como organismos
vivos sujeito a mudanças. Não se pode desconsiderar o fato de que as empresas
estão inseridas em um contexto social no qual influem e são influenciadas. São
organismos sociais em sua maioria altamente complicados, que enfrentam um
grande número de impactos e influências constantemente.
Ao assumir sua responsabilidade social, desenvolvem vários programas
que são relacionados com serviço ao blico e à comunidade, relações com os
empregados, proteção ambiental, defesa do consumidor, assistência médica e
educacional, cultura, arte e recreação e outros.
Vassallo (2000, apud SCHROEDER; SCHROEDER, 2004), discorre que
as ações de responsabilidade social estabelecem de maneira obsessiva uma
transformação no modo das empresas direcionarem seus negócios. No Brasil, essa
transformação está relacionada aos problemas estruturais, como fome, violência,
doenças, carência de educação formal, entre outros.
A responsabilidade social tornou-se ampla, envolvendo uma dimensão de
responsabilidade para todas as partes interessadas: clientes, funcionários,
fornecedores, além da comunidade, ambiente e sociedade como um todo. As
52
empresas, como grandes centros de poder e que detêm grandes volumes de
recursos humanos e financeiros, têm papel fundamental para enfrentar tais
problemas estruturais. Porém, nem todas as empresas cumprem com o seu papel
social, dificultando ainda mais o desenvolvimento social sustentável e mais humano.
Cada vez mais a pressão da sociedade sobre as empresas cresce,
criando uma forte demanda por ações sociais. Essas pressões, mostradas no
quadro 6, têm modificado o ambiente competitivo, fazendo com que as condutas
sócio-ambientais adotadas pelas empresas influenciem o seu posicionamento
estratégico.
Pressão
Características da
estrutura da Indústria
Fraca Intermediária Forte
Impacto social associado à
geração de emprego, renda e
benefícios concedidos a
população
Baixo impacto social
Impacto social
moderado
Alto impacto social
Legislações trabalhistas e
previdenciárias
Regulamentação e
fiscalização incipientes
Regulamentação
rígida e
fiscalização não
atuante.
Regulamentação rígida
e fiscalização atuante
Exigências sociais das partes
interessadas
Sem exigências
Exigências
potenciais
Exigências reais
QUADRO 6 - Pressão sobre a estrutura da indústria: dimensão social
Fonte: Adaptada de Abreu (2001).
De acordo com Abreu et al (2006), neste novo cenário as empresas
têxteis nacionais, através de iniciativas, publicam o balanço social e outras
informações complementares às demonstrações financeiras, exigidas pela
legislação societária, para comprovar o seu grau de preocupação e
comprometimento com o desenvolvimento sustentável. A evidenciação da conduta e
da performance sócio-ambiental das empresas têxteis tem como objetivo suprir com
informações complementares as informações econômico-financeiras direcionadas
aos usuários da contabilidade, que podem influenciar nas decisões tomadas pelas
partes interessadas.
Quanto à definição dos indicadores da conduta social do modelo ECP
Triplo, Abreu et al (2006) usa o mesmo raciocínio da definição dos indicadores
ambientais. Para tanto, foram considerados os requisitos da Social Accountability SA
53
8000 (Responsabilidade Social SA 8000:2001), que é uma norma mundial verificável
para administrar, auditar e certificar as questões sociais envolvendo o ambiente de
trabalho. Outros requisitos foram definidos pelo Instituto Ethos (2000), que criou e
divulga o modelo de balanço social.
Por não ser ainda obrigatório, as empresas vêm divulgando o balanço
social como uma expressão da valorização da imagem de responsabilidade social
empresarial, uma vez que ele mostra que a empresa é socialmente responsável
quando vai além da obrigação de respeitar as leis e busca construir uma sociedade
mais justa.
Os indicadores de conduta e performance social contemplam as partes
interessadas internas e externas, pois, de acordo com os critérios do balanço social,
as partes interessadas internas englobam a força de trabalho da empresa,
contemplando próprios e terceirizados.
Por outro lado, as partes interessadas externas abrangem a comunidade
do entorno da empresa, a sociedade em geral, as organizações governamentais e
não-governamentais e os clientes e fornecedores.
De acordo com seus projetos sociais, Abreu et al (2007a) definiu uma
classificação para a empresa quanto a sua conduta, podendo ser uma conduta
social fraca, forte ou intermediaria, seguindo o mesmo raciocínio da análise da
conduta ambiental, os quais são mostrados no quadro 7 a seguir.
54
Conduta social Funções
gerenciais
Fraca Intermediária Forte
Administração
Não existe gerência/
departamento na
estrutura
organizacional com
atribuição social.
O nível gerencial é o
mais alto para o trato
da questão social.
Não assume
compromissos
formais em uma
política social.
A importância da
questão social está
limitada ao
atendimento a
legislação.
Não identificam
vantagens
competitivas com a
performance social.
Não participa de
projeto social.
Conhece a legislação
trabalhista e
previdenciária, mas
não possui
mecanismos de
atualização.
Os investimentos
sociais representam
de 0 a 1% do
faturamento e são
Definidos para
atender à legislação
vigente.
Não existe um
programa de
desenvolvimento
profissional
Existe um
responsável dentro
da estrutura
organizacional.
A diretoria é o nível
mais alto para o trato
da questão social.
Existe compromissos
formal estabelecido
na política social ou
código de ética.
Realiza projetos
sociais internos que
estão além da
legislação.
Realiza algumas
ações isoladas que
beneficiam seus
stakeholders interno
e externo
Conhece a
legislação trabalhista
e previdenciária
O acompanhamento
do atendimento à
legislação é realizado
de forma não
sistematizada pelo
responsável pela
área.
Os investimentos
representam de 1 a
2% do faturamento e
são definidos com
base nos projetos
gerados
internamente pela
empresa.
Possui um programa
de desenvolvimento
profissional informal
Freqüência anual.
Existe uma
gerência/departamento
(RH, comunicação) na
estrutura organizacional.
As questões sociais são
tratadas em nível de
presidência.
Existe compromisso formal
em atender à legislação.
Possui política de
responsabilidade social e
ou código de ética e publica
balanço social
A importância da questão
está vinculada ao
compromisso com o
desenvolvimento
sustentável.
Preocupada com a imagem
da empresa
Desenvolvimento de
projetos sociais internos
(além da legislação) e
externos.
Projetos, desenvolvidos
pela empresa através de
uma fundação ou em
parceria com organizações
não-governamentais,
devem ter continuidade e
atender, em geral, a
problemas críticos da
comunidade onde a
organização esta inserida.
Conhece integralmente a
legislação. Contrata
consultoria externa para a
sua atualização.
O acompanhamento do
atendimento à legislação é
realizado pela gerência da
área social
Os investimentos
representam mais de 2% do
faturamento.
Definidos com base nos
projetos e metas sociais
Possui programa de
desenvolvimento
profissional formalizado
Diariamente são realizados
diálogos envolvendo
aspectos sociais nas
atividades de produção.
Realiza eventos
anualmente como a SIPAT,
treinamento de integração
para os novos funcionários.
55
Conduta social Funções
gerenciais
Fraca Intermediária Forte
Produção e
operação
Não possui um
sistema de gestão de
saúde e segurança
no trabalho ou de
responsabilidade
social.
Não avalia os riscos
e perigos de Saúde e
Segurança no
trabalho.
Não faz exigências
sociais aos seus
fornecedores
Não tem planos de
emergência
Está no estágio
inicial de um sistema
de gestão de saúde e
segurança no
trabalho ou de
responsabilidade
social.
Não completou a
avaliação dos riscos
e perigos de
segurança e saúde,
mas se preocupam
com a segurança e a
saúde dos seus
funcionários e dos
contratados.
Não faz exigências
sociais aos seus
fornecedores
Não têm plano de
atendimento às
emergências
estruturado.
Começa a fazer
exigências sociais
aos fornecedores
Possui um sistema
certificado de gestão
responsabilidade social e
ou segurança e saúde no
trabalho.
Avalia os riscos e perigos
de saúde e segurança no
trabalho para os
funcionários próprios e
terceiros.
Percebe vantagens
competitivas associadas
com a melhoria da imagem,
da produtividade e da
ambiência organizacional
Possui um plano de
emergência estruturado
Fazem exigências sociais
aos fornecedores.
Pesquisa e
desenvolvimento
Não adota
tecnologias para
minimizar o impactos
sociais.
A empresa
desconhece a
preocupação social
dos concorrentes
Investe na aquisição
de equipamentos
com segurança
Não percebem a
preocupação social
dos concorrentes.
Desenvolve tecnologias
para minimizar o impacto
social de seu processo
Esta empresa antecipa as
preocupações sociais de
seus clientes
Marketing
Não possui uma
sistemática para
tratar as reclamações
das partes
interessadas.
Não possui o balanço
social
Desconhece a
preocupação social
de seus clientes
Não identifica
vantagens
competitivas com a
responsabilidade
social
Utiliza a sistemática
de atendimento ao
cliente para
tratamento das
reclamações das
partes interessadas.
Percebe a
preocupação social
de seus clientes
Está começando a
identificar algumas
vantagens
competitivas com a
responsabilidade
social
Desenvolveu uma
sistemática para
atendimento,
acompanhamento e registro
das reclamações sociais
das partes interessadas.
Publica o balanço social
Antecipa as preocupações
sociais de seus clientes.
Alcança uma vantagem
competitiva através de uma
atuação de
responsabilidade social
consciente e pró-ativa.
QUADRO 7 - Matriz das características da conduta Social
Fonte: adaptado de Abreu et al (2006).
De acordo com Abreu et al (2006), os indicadores de performance social
do Modelo ECP-Triplo avaliam a empresa considerando o bem-estar e a imagem. O
bem-estar envolve indicadores que atestam o cumprimento dos requisitos legais e
56
éticos, da segurança e da saúde, tanto da sua força de trabalho como da área de
abrangência da empresa, a ambiência organizacional que contempla os aspectos
relacionados com: benefícios, comunicação, espírito de equipe, liderança, clima,
reconhecimento e recompensa.
O compartimento imagem envolve as exposições espontâneas na mídia e
o desempenho dos projetos sociais. As exposições espontâneas na mídia
demonstram a importância e o impacto das ações da empresa com todas as partes
interessadas internas e externas. Por outro lado, os indicadores que atestam o
desempenho dos projetos sociais estão atrelados ao alcance dos seus objetivos e
metas e variam conforme o escopo.
3.2.4 Matriz de avaliação estratégica sócio-ambiental
Para Porter (1991), além de reagir e influenciar a estrutura da indústria, as
empresas devem escolher um posicionamento estratégico, em que uma estratégia
competitiva assume uma ação defensiva ou ofensiva de modo a criar uma posição
defensável comparada aos seus competidores.
Para facilitar o entendimento do posicionamento estratégico, alguns
autores classificaram este posicionamento em função das características adotadas
pela empresa ou desenvolveram matrizes de correlação, contribuindo ainda mais
com este processo.
Para Miles & Snow (1978 apud MARKOSKI, 2000), a pressão na estrutura
influencia o processo de adaptação organizacional, bem como o comportamento e a
postura dos dirigentes quanto ao posicionamento estratégico que adotarão para a
organização, em que estas organizações se comportarem de forma defensiva,
prospectiva, analítica ou reativa.
Em seu estudo, Rodríguez e Ricart (1998) desenvolveu, a partir do
modelo de Steger, um modelo de posicionamento estratégico ambiental, dependente
de fatores externos e internos e das necessidades e exigências das partes
interessadas, determinando uma matriz de quatro possíveis posicionamentos
57
estratégicos ambientais, dentre eles: desvantagem competitiva real, desvantagem
competitiva potencial, vantagem competitiva real e vantagem competitiva potencial.
Partindo do mesmo princípio, Abreu et al (2007b) sugeriu uma matriz de
posicionamento estratégico ambiental que faz a correlação entre as condutas das
empresas e as pressões na estrutura da indústria causadas pelo impacto ambiental
e as pressões das partes interessadas e organismos regulamentadores.
Nesse estudo, esta matriz foi estendida para a dimensão social mantendo
as nove posições estratégicas definidas por Abreu et al (2007b), conforme figura 5.
FIGURA 5 - Matriz de avaliação estratégica sócio-ambiental
Fonte: adaptada de Abreu et al (2007b).
As nove posições dessa matriz são classificadas em três grupos
possíveis, que compreendem: a diagonal da matriz, as posições acima e as
posições abaixo da diagonal. As posições na linha diagonal apresentam um
comportamento neutro, onde para cada perfil da pressão a empresa responde com
uma conduta de mesmo perfil. Neste grupo estão os posicionamentos estratégicos
indiferente, acomodado e responsável:
PRÓ-ATIVO RESPONSÁVELPREVENTIVO
DESAFIADOR SUPORTÁVELACOMODADO
INDIFERENTE IRRESPONSÁVELREATIVO
PRESSÃO NA ESTRUTURA DA INDÚSTRIA
CONDUTA
FRACA INTERMEDIÁRIA FORTEFRACA INTERMEDIÁRIA FORTE
FRACA
INTERMEDIÁRIA
FORTEFRACA
INTERMEDIÁRIA
FORTE
58
- indiferente: as empresas que são sujeitas a baixas pressões também
respondem com condutas fracas, as variáveis ambientais e sociais o influenciam
na definição de sua estratégia. Abreu et al (2007b) alerta que esta posição é muito
dinâmica, podendo por conseqüência de um choque esta pressão se elevar e o
posicionamento estratégico da empresa passar de indiferente a irresponsável.
- acomodado: é estável em sua conduta, agindo apenas em decorrência
das pressões sofridas e responde somente o que é requerido pelas partes
interessadas, porém, sem desafios a enfrentar. É uma posição neutra.
- responsável: é uma empresa que suporta uma pressão forte com
condutas também fortes. Abreu et al (2007b) afirma que é a posição a mais
sustentável e estratégica, pois é uma empresa que está preparada para possíveis
choques. Estas empresas são líderes em inovação, assim como possuidoras de
excelente imagem junto à comunidade.
As posições acima da diagonal da matriz podem ser classificadas como
inovadoras; nestes posicionamentos estratégicos as empresas antecipam as
pressões, exibindo condutas além da neutralidade, em que acaba sendo percebida
pelo meio como empresa de referência. Neste grupo estão os posicionamentos
estratégicos desafiador, pró-ativo e preventivo, onde:
- desafiador: é uma empresa que suporta uma pressão fraca com
condutas intermediárias. Esta empresa está com perspectiva de crescimento e se
preparando para as mudanças do mercado em busca de uma vantagem competitiva
que as outras empresas concorrentes já alcançaram.
- pró-ativo: as empresas que respondem com condutas fortes a fracas
pressões normalmente são inovadoras e líderes de mercado, em que desfrutam da
vantagem de suas ações de vanguarda. O foco dessas empresas é a liderança do
mercado. Entretanto, nesta posição um risco de uma empresa estar consumindo
recursos desnecessariamente ou prematuramente.
59
- preventivo: é uma empresa que suporta pressões intermediárias com
condutas fortes. Da mesma forma que a empresa posicionada na estratégia
responsável também está preparada para possíveis choques que afetem a pressão
sobre a estrutura.
nas posições inferiores a diagonal da matriz podem ser classificada
como ineficiente. Nestes posicionamentos estratégicos, as empresas exibem
condutas inferiores a pressões submetidas. Neste grupo está presente o
posicionamento estratégico reativo, irresponsável e suportável:
- reativo: com este posicionamento estratégico estão as empresas
sujeitas a pressão intermediária que respondem com condutas fracas. Estas
empresas apenas cumprem os requisitos legais, ocorrendo o risco de se tornarem
irresponsáveis se ocorrem mudanças nas pressões a que estão submetidas.
- irresponsável: são empresas sujeitadas a uma pressão alta e adotam
uma conduta ambiental fraca. Estas são as empresas mais ineficientes quanto às
questões ambientais e sociais. Os impactos sociais e ambientais podem ser altos.
Elevados riscos são associados a sua performance.
- suportável: são empresas sujeitadas a uma pressão alta e adotam uma
conduta ambiental intermediária. Estas empresas ainda são ineficientes quanto às
questões ambientais e sociais e devem ficar atentas, pois não possuem vantagens
competitivas em relação as suas concorrentes. A pressão já atingiu o máximo e suas
condutas estão ainda em fase de consolidação das boas práticas.
Abreu et al (2007b) reforça que o movimento da matriz está em parte
dentro do controle da empresa, movendo-se verticalmente em função de suas
condutas. O movimento horizontal pode ser também em parte influenciado pelas
empresas como mudança das regulamentações e exigências das partes
interessadas.
60
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
Este capítulo apresenta os aspectos metodológicos utilizados para
identificar e avaliar a estratégia ambiental e social das empresas xteis do
Nordeste, de acordo com o projeto “O uso do modelo de avaliação da estratégia
tripla como mecanismo de estudo das vantagens competitivas”, aprovado no edital
Universal 19/2004.
4.1 Método e tipo de pesquisa
O procedimento metodológico para o atendimento dos objetivos propostos
neste trabalho nos permite classificá-lo quanto à natureza como quali-quantitativo,
quanto aos fins como exploratória e quanto aos meios como bibliográfica e de
campo.
A classificação como quali-quantitativa está relacionada à pesquisa de
campo e à análise dos dados. Quanto à pesquisa de campo, as variáveis resultantes
da aplicação do questionário abrangem dados métricos (quantitativos) expressos
por meio de quantias ou grau e não-métricos (qualitativos) e indicam presença de
certos atributos das empresas entrevistadas. No tocante à análise, esta se deu,
sobretudo, de forma qualitativa e quantitativa.
Foi realizado um trabalho de pesquisa bibliográfica, de caráter
exploratório, com a intenção de se identificar os elementos teóricos sobre a indústria
têxtil, competitividade, cadeia xtil e o modelo ECP-Triplo, e dados secundários das
empresas entrevistadas para a obtenção de informações complementares.
4.2 O instrumento de coleta de dados
O instrumento de coleta de dados foi um questionário elaborado e
aplicado pela equipe de pesquisa do LECoS, com base no modelo utilizado por
Abreu (2001) e modificado para incluir questões adicionais de cunho econômico e
social e demais elementos da Indústria xtil, composto de 75 questões, constituído
de seis blocos, conforme apresentado no anexo A.
61
O questionário contempla questões relacionadas à estrutura da indústria,
busca posicionar a empresa no cenário macroeconômico nacional e internacional,
identificando o papel da empresa na cadeia têxtil, a ocorrência de integração, as
pressões de seus fornecedores e clientes, as barreiras para novos entrantes e suas
maiores vantagens e entraves para a competitividade nos mercados nacional e
internacional.
Contempla também as questões que possibilitam a análise do
gerenciamento da empresa, para permitir o entendimento dos elementos que
compõem suas condutas econômicas, ambientais e sociais. Por último, considera
também questões referentes à performance econômica, ambiental e social que
permitem identificar quais indicadores econômicos são adotados pelas empresas e
se possuem indicadores de performance ambiental e social e quais são seus
resultados.
4.3 População e amostra
A amostragem das empresas para a aplicação dos questionários
estruturados foi do tipo o-probabilístico intencional, pela necessidade de focar as
empresas dos segmentos fiação, tecelagem e malharia do Nordeste, nos estados do
Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os critérios para a escolha
foram: Porte e posição na cadeia produtiva, em que onde deveria ter pelo menos
duas empresas do mesmo porte e do mesmo elo para permitir uma análise
comparativa entre empresas competidoras entre si.
Utilizou-se a classificação do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, na qual são caracterizadas as grandes empresas com mais de 500
funcionários, as médias empresas de 100 a 499 funcionários e as pequenas
empresas de 0 a 99 funcionários.
A escolha das empresas partiu da relação apresentada pelo Sindicato da
Indústria de Fiação e Tecelagem (SINDITEXTIL) do Ceará, Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte, com a relação de seus associados, totalizando 35 empresas
62
no segmento fiação, tecelagem e malharia, sendo dez no Ceará, 11 em
Pernambuco, seis na Paraíba e oito no Rio Grande do Norte.
Foi estabelecida a entrevista das 35 empresas, foram realizadas
tentativas de agendamento por telefone e e-mail, pela equipe do projeto, para a
realização das entrevistas in loco, junto à lista disponível. 17 empresas aceitaram
participar das entrevistas, conforme tabela 7. As empresas que concordaram em
participar receberão um relatório da pesquisa no final do projeto.
TABELA 7 - Localização das empresas entrevistadas
Estados
Empresas
sindicalizadas
Empresas
participantes
%
participação
Ceará 10 9 90,00
Paraíba 6 1 16,67
Pernambuco 11 4 36,36
Rio Grande do Norte 8 3 37,50
Total 35 17 48,57
Fonte: Elaborada pela autora.
Através do apoio ativo da Federação da Indústria do Estado do Ceará
junto com o SINDITEXTIL foi alcançado um acesso mais facilitado às empresas do
Estado do Ceará, em relação aos outros estados. No entanto, a participação do
referido estado não gera uma disparidade no perfil da região Nordeste, devido à
representatividade das unidades industriais têxteis do Ceará, quando comparada à
de outros estados pesquisados (tabela 8).
TABELA 8 - Dados gerais das unidades industriais têxteis
Estados
R$ 1.000 % R$ 1.000 % R$ 1.000 %
Ceará 1 545 823 50,50 1 398 323 46,50 1 460 331 46,71
Paraíba 755 723 24,69 738 516 24,56 795 663 25,45
Rio Grande do Norte 467 934 15,29 529 353 17,60 558 278 17,86
Pernambuco 291 698 9,53 340 730 11,33 312 276 9,99
Total 3 061 178 100 3 006 922 100 3 126 548 100,00
Receita líquida de
vendas
Custos e despesas
Valor bruto da produção
industrial
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Industrial Anual (2003).
As empresas situadas no Ceará possuem uma maior participação, em
relação às empresas de outros estados, em virtude do montante apresentado nos
valores da sua receita líquida de vendas e dos seus custos e despesas, bem como
do valor bruto da produção industrial.
63
4.4 A coleta e análise dos dados
A coleta dos dados primários foi realizada por meio de aplicação de
questionário à alta administração das empresas da indústria têxtil do Nordeste, pois
o nível do questionário necessita de um gestor com grande conhecimento de áreas
distintas da empresa. Os dados da pesquisa de campo foram coletados no período
de julho a agosto de 2006.
Ressalte-se que a pesquisa de campo (da elaboração do questionário a
sua aplicação) foi realizada exclusivamente pela equipe de pesquisa do LECoS -
Laboratório de Estudos da Competitividade Sustentabilidade da Universidade
Federal do Ceará, no âmbito do projeto uso do modelo de avaliação da estratégia
tripla como mecanismo de estudo das vantagens competitivas. Coube a autora a
análise e interpretação dos dados coletados.
Para manter o acordo de confidencialidade da pesquisa, as empresas
foram numeradas de 1 a 17. Os dados são apresentados na forma de gráficos e
tabelas. Foram realizadas as avaliações da pressão na estrutura e da conduta
ambiental e social, comparativamente com os indicadores do framework para cada
empresa pesquisada.
As questões na escala Likert de 1 a 5 foram transformadas em uma
escala de 1 a 3, onde a freqüência das empresas que responderam como dio
permaneceu a mesma; a freqüência das empresas que responderam as
extremidades foram somadas conforme o exemplo (tabela 9).
TABELA 9 - Transformação da Escala Likert
Exemplo escala Likert 1 a 5
Partes interessadas
Muito Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo
Acionistas 2 1 3 2 2
Clientes do mercado interno 3 1 4 1 1
Clientes do mercado externo 1 3 3 2 1
Exemplo escala Likert 1 a 3
Partes interessadas
Intermediário
Acionistas 3
Clientes do mercado interno 4
Clientes do mercado externo 3
4
4
4
2
3
Influência nas Decisões Estratégicas
Fraco Forte
3
Influência nas Decisões Estratégicas
Fonte: elaborada pela autora.
64
Neste exemplo, as três empresas que responderam “pouco” no item
acionistas estão posicionadas na tabela das pressões como “fracas” (empresas 1, 4
e 3) neste indicador; as três empresas que responderam “médio” ficaram
posicionadas como “intermediárias” (empresas 5, 8 e 9) e as quatro empresas que
responderam “muito” ficaram posicionadas neste indicador como “forte” (empresas
2, 6, 7 e 10) conforme tabela 10.
TABELA 10 - Exemplo de preenchimento da tabela
Pressão Ambiental
Características da Estrutura da Indústria
Fraca Intermediária Forte
Exigências das partes interessadas
Acionistas 1 4 3 5 8 9 2 6 7 10
Clientes do mercado interno 1 2 6 7 3 4 5 8 9 10
Clientes do mercado externo 1 2 3 10 4 5 6 7 8 9
Número de firmas
Empresas agrupadas
Fonte: elaborada pela autora.
Após o preenchimento do posicionamento das empresas em cada
indicador da tabela das pressões, fica evidenciada a freqüência de cada empresa
nos três perfis (fraca, intermediária e forte). Por conseguinte, é determinado o
posicionamento geral das empresas, que pode ocorrer de três maneiras:
- Quando a empresa apenas se encontra em um perfil em todos os
indicadores fica posicionada neste perfil. Por exemplo, a empresa 1 aparece no
perfil de pressão fraca e a empresa 5 somente no perfil de pressão intermediária.
Desta forma, na avaliação geral, a empresa 5 percebe uma pressão intermediária e
a empresa 1 percebe uma pressão forte, como mostra a tabela 11.
TABELA 11 - Exemplo 1 de análise de forças
Pressão Ambiental
Características da Estrutura da Indústria
Fraca Intermediária
Forte
Exigências das partes interessadas
Acionistas 1 4 3 5 8 9 2 6 7 10
Clientes do mercado interno 1 2 6 7 3 4 5 8 9 10
Clientes do mercado externo 1 2 3 10 4 5 6 7 8 9
Número de firmas
Empresas agrupadas 1 5
Fonte: elaborada pela autora.
65
- Quando a empresa manifesta perfis distintos, mas adjacentes em cada
indicador, define-se o perfil pela maior freqüência em que a empresa se encontra.
Por exemplo, as empresas 8 e 9 possuem indicadores com perfis intermediários e
fortes, porém, a empresa 9 concentra-se mais no perfil forte e a empresa 8 no
intermediário, conforme exemplo na tabela 12.
TABELA 12 - Exemplo 2 de análise de forças
Pressão Ambiental
Características da Estrutura da Indústria
Fraca Intermediária Forte
Exigências das partes interessadas
Acionistas 1 4 3 5 8 9 2 6 7 10
Clientes do mercado interno 1 2 6 7 3 4 5 8 9 10
Clientes do mercado externo 1 2 3 10 4 5 6 7 8 9
Número de firmas
Empresas agrupadas 3 4 8 9
Fonte: elaborada pela autora.
- Quando a empresa apresenta indicadores distribuídos nos três perfis
(fraca, intermediária e forte) ou em dois perfis opostos (fraca e forte), é necessário
inicialmente identificar a freqüência desta empresa em cada perfil. Posteriormente, é
realizada uma análise de equilíbrio de forças, identificando o perfil correspondente à
empresa, conforme exemplo na tabela 13.
TABELA 13 - Exemplo 3 de análise de forças
Fraca Intermediária Forte
1
3 1 8
2
2 8 2
3
2 2 8
4
7 3 2
5
4 6 2
6
5 2 5
7
5
6
Fraca Intermediária Forte
4 2 5 6 7 1 3
Empresa
Freqüência das respostas
Perfil final das empresas
Fonte: elaborada pela autora.
Esta análise das pressões é realizada da mesma forma para as condutas,
entretanto, na estrutura a análise é feita por blocos, diferenciando as partes
interessadas; portanto, a análise dos resultados de cada bloco gera o resultado final.
66
Por outro lado, a tabela da conduta é ponderada em um único bloco, que as
mesmas são estabelecidas pela própria empresa.
O posicionamento estratégico ambiental e social de cada empresa
entrevistada é discutido em função da pressão na estrutura percebida e das
condutas adotadas por cada empresa, seguindo o modelo ECP-triplo apresentado
no capítulo 3.
4.5 Etapas da pesquisa
Para o melhor entendimento das atividades realizadas para o
desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, foi desenhado um fluxo do processo
da pesquisa, com o detalhamento das suas etapas, conforme figura 6.
Validação do
questionário
Tratamento
dos
dados
Análise
dos
dados
Elaboração
do
relario
Revisão da literatura
LECoS AutoraLEGENDA: LECoS AutoraLEGENDA:
Coleta de
dados
secundários
Aplicação do
questiorio
FIGURA 6 - Fluxo de processo da pesquisa
Fonte: elaborada pela autora.
A pesquisa iniciou-se, por parte da autora, com a revisão da literatura
através de um estudo exploratório do modelo ECP, estratégia competitiva, setor
têxtil, aspectos relativos à gestão e à estratégia ambiental e social. Paralelamente, a
equipe do Lecos realizou a etapa de validação e a aplicação do questionário.
A partir dos dados primários, foi realizada uma pesquisa secundária via
internet reforçando as questões do questionário. Os dados coletados foram
tabulados e disponibilizados em planilhas eletrônicas. Em seguida, após análise dos
resultados, foi possível identificar as pressões e as condutas nas dimensões
ambientais e sociais. Com base nestes resultados e com a utilização da matriz de
67
posicionamento estratégico foi possível avaliar as estratégias ambientais e sociais
adotadas pelas empresas estudadas.
O relatório final/dissertação foi elaborado descrevendo as informações
referentes às pressões, condutas, performance e comportamento da estratégia
ambiental e social da indústria têxtil do Nordeste. Para tornar mais clara a
compreensão, foram elaboradas tabelas e gráficos para apresentar os resultados da
pesquisa. Visando preservar a confidencialidade das respostas dos entrevistados,
foram utilizadas numerações no local de nomes das empresas no relatório final.
68
5 MATRIZ DE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO: EVIDÊNCIA EMPÍRICA
Neste capítulo, utilizando o modelo ECP–Triplo, será apresentado o
resultado da análise da estrutura da indústria, onde serão identificadas as pressões
a que a indústria é submetida em termos das responsabilidades sociais e
ambientais. Da mesma forma será apresentada a análise das condutas ambientais
e sociais, identificando quais indicadores as empresas estão utilizando e em qual
perfil se encontram.
No estudo, foram identificados que oito das empresas iniciaram suas
operações no período do Programa de Industrialização do Nordeste, entre os anos
de 1973 e 1989. Por outro lado, oito iniciaram sua produção na região entre 1990 e
2000, buscando incentivos e mão-de-obra barata e capacitada. Somente uma
começou a operar em 2005.
Com base nos perfis da conduta e da pressão na estrutura, será
analisado o posicionamento estratégico da empresa em relação a sua concorrência.
5.1 A estrutura da indústria
As empresas pesquisadas apresentaram as características expressas na
tabela 14. Três empresas são de pequeno porte, sete o de dio porte e sete
empresas são de grande porte. Quanto ao elo, ficaram distribuídas da seguinte
forma: seis fiações, três malharias, três tecelagens, quatro fiações integradas com
malharias e uma fiação integrada com malharia e tecelagem.
A integração dos elos da cadeia proporciona às empresas qualidade nos
seus produtos e escala na produção, além da independência, parcial ou total, de
fornecedores externos de matérias-primas principais. Das quatro fiações integradas
com malharia, três são de médio porte e uma de grande porte, isto devido ao
investimento de capital da malharia ser menor que o da tecelagem. O porte da
empresa também está associado ao impacto na geração de renda onde a empresa
atua.
69
TABELA 14 - Características das empresas têxteis
Interno Externo
1
Pequena
MA
100
0
2
Pequena
MA
100
0
3
Pequena
FI
100
0
4
Média
TE
80
20
5 Média FM 100 0
6 Média FI 80 20
7 Média FM 100 0
8
Grande
FI
100
0
9 Grande FMT 50 50
10 Grande TE 60 40
11 Grande FI 70 30
12 Média FM - -
13
Grande
FM
80
20
14 Grande FI 100 0
15 Média MA 100 0
16 Grande TE 90 10
17
Média
FI
100
0
¹ FI - Fiação; MA - Malharia; TE - Tecelagem; FM - Fiação e Malharia;
FMT - Fiação, Malharia e Tecelagem
Cód.
Empresa
Porte
Posição na
cadeia ¹
Participação nos Mercados
Fonte: elaborada pela autora.
Quanto ao mercado, nove empresas atendem o mercado interno, as
outras oito atendem ao mercado interno e externo. As empresas que participam do
mercado externo são três tecelagens, duas fiações, uma fiação integrada com
malharia e uma fiação integrada com malharia e tecelagem. Os produtos exportados
são todos da matéria-prima natural, algodão. Das empresas que exportam, duas
responderam ter metas que são perseguidas e atendidas no nível de exportação.
Em uma questão aberta, foi perguntado qual a influência exercida pela
China e tigres asiáticos no mercado. Onze das empresas entrevistadas
responderam sofrer o impacto com a presença desta concorrência em virtude do
baixo custo de produção. Por outro lado, três fiações responderam que a influência
ainda não é muito alta, em função da baixa qualidade dos artigos chineses.
Mesmo com a influência da China e com o Acordo de Restrições
Voluntárias, a percepção do mercado pelas empresas entrevistadas está muito
diversificada. Quando questionadas se o mercado estava em expansão, quatro
empresas responderam que sim, das quais três atuam no mercado externo e quatro
são de grande porte.
70
Quatro empresas o avaliam como estagnado, onde duas são de pequeno
porte e uma empresa de médio porte, todas atuando somente no mercado interno.
Seis empresas classificaram-no em retração: cinco são de médio porte e uma de
pequeno porte; das seis, quatro atuam no mercado interno. De acordo com as
respostas, a maioria afirma que o mercado interno está em retração e ou estagnado,
principalmente pela presença da China. Por outro lado, o mercado externo ainda
está em expansão, algo reconhecido por parte das empresas de grande porte.
Também foi solicitado aos entrevistados que avaliassem as pressões
exercidas pelos fornecedores e compradores através do poder de barganha. Dez
dos entrevistados responderam que existe poder de barganha por parte dos
fornecedores através do volume negociado e alguns citam também o prazo de
pagamento. Sete empresas afirmam sentir pressão dos seus clientes por preços,
prazos de pagamento e entrega.
Além das pressões exercidas pelas concorrências estrangeiras, pelos
fornecedores e compradores, também foram analisadas as barreiras para os novos
entrantes no mercado nordestino, conforme tabela 15. As empresas entrevistadas
escolheram mais de um item, estabelecendo um ranking de prioridades. Duas
consideraram que não existem barreiras para novos entrantes e três não souberam
responder.
TABELA 15 - Barreiras para os novos entrantes
Principais barreiras para os novos entrantes Freqüência
Existência de levados requerimentos de capital inicial 8
Políticas públicas não favoráveis à atividade 4
Existência de estruturas de custos com significativas economias de escala 3
Existência de preferências dos consumidores pelos produtos das empresas estabelecidas
2
Não existe 2
Não respondeu 3
Fonte: elaborada pela autora.
A principal barreira identificada por nove empresas está no elevado
requerimento de capital inicial, explicado por serem seis respondentes do elo fiação,
que requer maior investimento em relação à tecelagem e à malharia. O segundo
lugar está nas políticas públicas, que foram consideradas não favoráveis ao setor,
principalmente para as empresas do Rio Grande do Norte. A existência de estrutura
de custos com significativas economias de escala foi definida como terceiro item no
71
ranking de prioridades pelos entrevistados. A preferência dos consumidores pelos
produtos das empresas estabelecidas foi definida como quarto lugar, alinhado ao
reconhecimento do consumidor quanto à qualidade de seus produtos no mercado;
desta forma, a dificuldade da entrada de novos concorrentes facilita a permanência
das atuais empresas.
Foram questionados também quais os maiores entraves para a
competitividade das indústrias têxteis do Nordeste no mercado nacional e
internacional. (tabela 16).
TABELA 16 - Entraves para a competitividade das indústrias têxteis do Nordeste
Baixo Médio Alto
Juros altos
1
-
16
Carga tributária elevada
-
-
15
Custo elevado da energia elétrica
1
-
14
Concorrência asiática 2 2 13
Grande número de concorrentes no mercado interno 1 5 9
Logística inadequada de distribuição do produto 4 3 7
Custo elevado dos insumos 3 6 5
Logística inadequada de suprimento do produto
7
4
4
Burocracia na exportação 1 1 4
Custo elevado do algodão 7 4 3
Baixos preços do mercado internacional - 2 3
Baixa qualificação da mão-de-obra 9 3 2
Baixa qualidade do produto
11
1
2
Características
Entraves
Fonte: elaborada pela autora.
A escolha dos juros altos e a carga tributária elevada como principais
entraves confirmam uma política pública não favorável ao setor têxtil, onde
incentivos fiscais podem manter as empresas em um estado ou podem incentivar a
transferência para outro estado que ofereça uma isenção melhor.
O custo elevado da energia elétrica também é reconhecido como um
entrave por grande parte das empresas, que procuram com a melhoria da
produtividade e a modernidade dos equipamentos reduzir este obstáculo. Outro
ponto reconhecido como entrave é a presença da concorrência asiática e o grande
número de concorrentes no mercado interno, dificultando ainda mais a
competitividade, exigindo desta forma que as empresas tenham um posicionamento
estratégico mais agressivo.
72
Os outros itens foram considerados com menor freqüência pelas
empresas, com exceção da baixa qualidade da mão-de-obra e do produto, que não
foram considerados como entraves, demonstrando uma estabilidade e controle
destes pelo setor.
Na análise da estrutura também foram consideradas as pressões
realizadas pelas partes interessadas, de forma a influenciar a definição da estratégia
da empresa no ponto de vista das entrevistadas, como mostra a tabela 17.
TABELA 17 - Pressões exercidas pelas partes interessadas
Baixa Média Alta
Acionistas - 2 15
Clientes do mercado interno 2 3 12
Clientes do mercado externo 11 2 4
Organizações governamentais
(governo, prefeitura, órgãos de fiscalização)
10 2 5
Agentes financiadores 10 3 4
Comunidade 13 1 3
ONG's 17 - -
Influência nas decisões estratégicas
Partes Interessadas
Fonte: elaborada pela autora.
As entrevistadas responderam que as ONG’s, a comunidade e as
organizações governamentais têm pouca influência na estratégia da empresa. Os
acionistas e os clientes do mercado interno exercem uma maior pressão na indústria
têxtil do Nordeste, onde a questão financeira é determinante. Os clientes externos
foram considerados pelas empresas que apresentam maior volume de exportação.
As organizações governamentais e os agentes financiadores foram considerados
com pouca influencia nas decisões estratégicas, com exceção de quatro empresas
que responderam que existe uma alta influência destes organismos nas suas
decisões estratégicas.
Além das pressões exercidas pelas partes interessadas, foi questionado
qual o grau de exigência dos clientes, demonstrado na tabela 18.
73
TABELA 18 - Grau de exigência dos clientes
Baixo Médio Alto
Preço
-
2
15
Qualidade do produto
-
2
15
Cumprimento dos prazos de entrega
-
1
16
ISO 9001
16
1
-
Exigência dos Clientes
Grau de Exigência
Fonte: elaborada pela autora.
As empresas responderam que as maiores exigências dos seus clientes
são: cumprimento dos prazos de entrega atrelado ao preço e à qualidade do
produto. Esta exigência é reconhecida para a maioria das empresas pesquisadas
onde o cliente é outro elo da cadeia. O sistema de gestão da qualidade ISO 9001
ainda não é reconhecido como importante pelos clientes do setor têxtil pesquisado.
Quanto aos indicadores de pressão sobre a estrutura na dimensão
ambiental, foi questionada a exigência dos clientes quanto ao SGA e o selo verde.
15 empresas consideraram ainda baixa a exigência dos seus clientes quanto à
necessidade de ter um sistema certificado pela ISO 14001. No entanto, duas
empresas já possuem clientes que exigem o SGA.
No questionamento da exigência do selo verde, uma empresa
considerou a exigência do selo verde alta pelos seus clientes, as outras 16
consideram baixa. O selo verde é reconhecido como programa de rotulagem
ambiental; ele confirma que os produtos são adequados ao uso e apresentam menor
impacto ambiental em relação aos seus concorrentes.
Ainda na questão ambiental, foi perguntado como é a atuação dos órgãos
de fiscalização. Quanto à agilidade na liberação das licenças ambientais, cinco
empresas responderam que a liberação é lenta, com baixa agilidade; sete empresas
responderam que os órgãos ainda estão com agilidade média, dificultando ainda a
adequação do setor. Somente cinco empresas informaram que o órgão é ágil na
liberação de suas licenças, facilitando sua atuação de forma legal no mercado
(figura 7).
74
5
7
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Baixo Médio Alto
FIGURA 7 - Agilidade na liberação de licenças ambientais
Fonte: elaborada pela autora.
A fiscalização realizada pelos órgãos ambientais, de acordo com a figura
8, é tida por sete empresas como fortemente atuante; destas sete, quatro
consideraram também o órgão ágil na liberação das licenças. Para seis empresas, a
atuação do órgão foi descrita como média. Três empresas definem a fiscalização
como não atuante, da mesma forma que definiram o órgão ambiental de baixa
agilidade quanto à liberação das suas licenças.
3
7 7
4
7
6
4
8
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Baixo Médio Alto
Fiscalização Atuante Parceria e Orientações Ética e Transpancia
FIGURA 8 - Atuação dos órgãos de fiscalização ambiental
Fonte: elaborada pela autora.
Do total de empresas entrevistadas, seis também consideraram os órgãos
de fiscalização como parceiros e orientadores nas questões ambientais, orientando
e ajudando o seu desenvolvimento. Outras sete consideraram que os órgãos ainda
não estão tão voltados e/ou preparados para a orientação e a parceria. E quatro das
empresas não consideram os órgãos de fiscalização como orientadores, pois atuam
75
de forma punitiva, não contribuindo para o aprendizado e o desenvolvimento das
empresas na questão ambiental.
No âmbito da ética e transparência, cinco empresas responderam que a
postura do órgão é fortemente ética e transparente. Infelizmente não representando
a maioria, pois oito empresas responderam que o órgão apresenta uma
transparência nas suas decisões de forma intermediária, não deixando tão claro sua
postura ética. E por fim, quatro empresas responderam que a postura ética e
transparência destes órgãos são baixas. (figura 8).
Quanto aos indicadores de pressão na estrutura na dimensão social, foi
questionada a exigência dos clientes quanto à necessidade do balanço social e a
atuação da fiscalização trabalhista e previdenciária.
Embora não exista nenhuma exigência legal quanto à divulgação do
balanço social, empresas em diversos setores fazem sua divulgação espontânea.
O balanço social demonstra o grau de responsabilidade social da empresa,
prestando conta à sociedade pelo uso dos recursos naturais, humanos e o direito de
conviver e usufruir dos benefícios da sociedade em que atua. Quando questionadas
se existem exigências das partes interessadas quanto à divulgação do balanço
social, 14 empresas responderam que o são exigidas. Outras três não
responderam a questão.
Também foi questionada a exigência dos clientes quanto a investimentos
em projetos sociais, internos e externos, filantropia e programa de voluntariado.
Todos responderam que não há nenhuma destas exigências por parte de seus
clientes.
Quanto à atuação dos órgãos de fiscalização trabalhista e previdenciária,
13 empresas responderam, conforme a figura 9, que o órgão é fortemente atuante.
Duas empresas responderam que sua atuação é intermediária e outras duas
responderam que o órgão é pouco atuante. A atuação do órgão fiscalizador está
ligada ao porte da empresa em função do número de colaboradores.
76
2 2
13
0
5
3
7
2
5 5
4
3
0
2
4
6
8
10
12
14
Baixo Médio Alto Não Respondeu
Fiscalização Atuante Parceria e Orientações Ética e Transpancia
FIGURA 9 - Atuação dos órgãos de fiscalização trabalhista/previdenciária
Fonte: elaborada pela autora.
Quanto à parceria e à orientação, cinco empresas responderam que os
órgãos de fiscalização têm baixa atuação quanto à orientação e parceria nas
questões trabalhistas e previdenciárias, tratando o assunto de forma punitiva. Três
empresas consideraram que os órgãos estão iniciando o processo de orientação.
Seis empresas responderam que a atuação dos órgãos de fiscalização é de parceria
e de orientação, colaborando, deste modo, para que a empresa possa adequar e
evoluir nas questões trabalhistas e previdenciárias de forma estruturada. Duas
empresas não responderam a questão (figura 9).
Em relação à postura dos órgãos de fiscalização quanto à ética e à
transparência, quatro empresas responderam que os órgãos têm uma postura alta
com relação à ética e à transparência no trato das questões trabalhistas e
previdenciárias. Cinco empresas responderam que o órgão apresenta uma
transparência nas suas decisões de forma intermediária e por fim quatro empresas
responderam que a postura ética e a transparência destes órgãos são baixas,
prejudicando o relacionamento entre as partes.
Ao organizar os dados dentro do quadro das pressões ambientais na
estrutura da indústria, é possível identificar pela relação das forças os perfis em que
cada empresa se posiciona, conforme quadro 8.
As empresas posicionadas em uma estrutura com menor pressão não
evidenciam exigências dos órgãos fiscalizadores, organismos governamentais e
77
comunidades. As pressões que identificam são de seus clientes de forma geral, não
especificamente em questões ambientais. As empresas desta categoria na maioria
são fiações que também não geram grandes impactos ao meio ambiente. São
quatro fiações, uma tecelagem e duas malharias de pequeno porte. duas
empresas são do Ceará.
Fraca Intermediária Forte
Fiscalização
Agilidade liberação das licenças 1 4 5 10 15 2 6 8 9 13 14 16 3 7 11 12 17
Fiscalização atuante 4 8 10 1 2 5 6 9 14 17 3 7 11 12 13 15 16
Parceria e orientação 1 4 8 14 2 5 6 9 12 15 17 3 7 10 11 13 16
Ética e transparência 4 8 12 14 1 2 6 9 10 11 13 15 3 5 7 16 17
8 4 14 1 2 5 6 9 10 12 15 17 3 7 11 13 16
Exigências Ambientais das
partes interessadas
Clientes: ISO 14001
1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12
14 15 16 17
- 10 13
Clientes: Selo verde 1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12
13 14 15 16 17
- 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 11 12
14 15 16 17
13 10
Exigências das partes
interessadas
Acionistas - 3 6
1 2 4 5 7 8 9 10 11 12 13
14 15 16 17
Clientes do mercado interno 6 7 1 8 17
2 3 4 5 9 10 11 12 13 14
15 16
Clientes do mercado externo 1 2 3 5 6 7 8 12 14 15 17 4 16 9 10 11 13
Comunidade
1 2 3 4 5 6 7 9 13 14 15
16 17
8 10 11 12
Organizações governamentais 1 3 4 6 7 8 9 12 16 17 2 5 10 11 13 14 15
Agentes financiadores 1 2 3 4 6 8 9 12 15 16 5 11 17 7 10 13 14
ONG's 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
1 2 3 4 6 7 8 16 17 5 9 12 14 15 10 11 13
Número de firmas (7) (8) (2)
Empresas agrupadas 1 2 4 6 8 14 17 3 5 7 9 11 12 15 16 10 13
Características da Estrutura da
Indústria
Pressão Ambiental
QUADRO 8 - Pressão ambiental por empresa pesquisada
Fonte: elaborado pela autora.
as empresas que estão posicionadas em uma estrutura com pressão
ambiental intermediária identificam mais as pressões dos órgãos de fiscalização.
Porém, ainda sentem muito pouco as pressões das partes interessadas, como
clientes, comunidade e organismos governamentais. Nesta categoria, estão
presentes duas fiações, uma malharia, uma tecelagem e três fiações integradas com
malharias que o empresas que possuem um impacto ambiental maior que as
fiações.
78
Quanto às duas empresas que estão posicionadas em uma estrutura de
maior pressão, identificam-se exigências ambientais das partes interessadas e dos
órgãos de fiscalização e são: uma fiação integrada com malharia e uma tecelagem,
ambas de grande porte.
Da mesma forma em que os resultados foram organizados dentro do
quadro das pressões na estrutura na dimensão ambiental também são organizados
os dados relacionados à dimensão social, onde é possível identificar pela relação
das forças os perfis em que cada empresa se posiciona, conforme quadro 9.
Fraca Intermediária Forte
Fiscalização
Fiscalização atuante 6 10 1 2
3 4 5 7 8 9 11 12 13 14
15 16 17
Parceria e orientação 1 4 10 15 17 2 6 14 3 5 7 8 9 13 16
Ética e transparência 1 4 10 14 15 2 3 6 9 17 5 7 8 16
1 10 2 4 6 14 15 17 3 5 7 8 9 11 12 13 16
Exigências Sociais das
partes interessadas - clientes
Investimentos em projetos sociais
externos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
Investimentos em projetos sociais
internos
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
Filantropia 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
Programa de voluntariado 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
Exigências das partes
interessadas
Acionistas - 3 6 1 2 4 5 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17
Clientes do mercado interno 6 7 1 8 17
2 3 4 5 9 10 11 12 13 14
15 16
Clientes do mercado externo 1 2 3 5 6 7 8 12 14 15 17 4 16 9 10 11 13
Comunidade
1 2 3 4 5 6 7 9 13 14 15
16 17
8 10 11 12
Organizações governamentais 1 3 4 6 7 8 9 12 16 17 2 5 10 11 13 14 15
Agentes financiadores 1 2 3 4 6 8 9 12 15 16 5 11 17 7 10 13 14
ONG's 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
- -
1 2 3 4 6 7 8 16 17 5 9 12 14 15 10 11 13
Número de firmas (5) (12)
Empresas Agrupadas 1 2 4 6 17
3 5 7 8 9 10 11 12 13 14
15 16
Características da
Estrutura da Indústria
Pressão Social
QUADRO 9 - Pressão social por empresa
Fonte: elaborado pela autora.
Cinco empresas estão localizadas em uma estrutura de baixa pressão,
onde duas empresas o de pequeno porte e três de médio porte. Estas empresas
79
não evidenciam as pressões das partes interessadas, principalmente pelo baixo
impacto na geração de renda. Estas empresas atuam dentro do limite estabelecido
pela legislação.
As empresas que estão posicionadas em uma estrutura com pressão
social intermediária são: sete de grande porte, quatro de médio porte e uma de
pequeno porte. Estas empresas identificam as pressões dos órgãos fiscalizadores e
das partes interessadas, mas ainda não identificam exigências ambientais de seus
clientes. Por serem empresas, na sua maioria, de médio e grande porte têm um
maior impacto social na geração de renda maior que as empresas que ficaram no
perfil de uma pressão fraca. o houve empresas posicionadas em uma estrutura
com um perfil de forte pressão.
Para identificar o posicionamento estratégico em que cada empresa se
encontra com o objetivo de se manter em uma posição competitiva em relação aos
seus concorrentes perante as pressões do mercado, analisar-se-ão os resultados
das condutas estabelecidas por empresa na dimensão ambiental e social.
5.2 A conduta ambiental
A política ambiental é a espinha dorsal para a implementação e o
aprimoramento do SGA na empresa e a base para o estabelecimento das metas e
objetivos. Quando questionado na função administração se a empresa possui uma
política ambiental, três entrevistadas responderam que possuem uma política
ambiental e uma empresa possui também uma política integrada com a missão e
valores da empresa. No entanto, 13 empresas responderam que não possuem uma
política escrita, não apresentando desta forma uma evidência do comprometimento
da alta direção com as questões ambientais.
A pesquisa também apresentou, na função gerencial administração,
quando questionadas sobre a presença de um responsável pelo gerenciamento
ambiental, sete empresas responderam que não possuem um responsável e uma
empresa informou que ainda não possui, mas está nos seus planos a designação
deste para a função.
80
Por outro lado, oito empresas definiram um responsável para o tratamento
de questões ambientais. Dentre estas, uma empresa divide a responsabilidade em
vários setores, não definindo um único responsável e duas empresas têm um
responsável no setor de manutenção e utilidades. Cinco empresas alocam em
outros setores, das quais o responsável está no setor de qualidade em duas
empresas, em outras duas no setor industrial e em uma empresa no setor de
segurança (figura 10).
.
0
2
5
1 1
7
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Sim, no setor
de Meio
Ambiente
Sim, no setor
de
manutenção e
utilidades
Sim, em outro
setor
Sim, em
distribuição
em diversos
setores
Não existe
este
responsável
ainda, mas
está nos
planos da
empresa
Não existe
este
responsável
FIGURA 10 - Responsável pelo gerenciamento ambiental
Fonte: elaborada pela autora.
O comprometimento de uma empresa com as questões ambientais fica
evidenciado quando, em sua estrutura organizacional, apresenta um responsável
pelo tratamento dessas questões. As empresas estão iniciando um desenvolvimento
de um setor integrado de qualidade, segurança e meio ambiente, não apresentando
desta forma nenhum responsável em um setor específico de meio ambiente, porém,
a distribuição da responsabilidade na estrutura organizacional ficou restrita a
empresas de grande e médio porte.
Ainda com relação ao responsável pelo tratamento das questões
ambientais, foi questionado qual o nível gerencial mais elevado dentro da estrutura
organizacional. Uma das empresas de grande porte respondeu que fica no nível da
presidência. Quatro empresas responderam que fica no nível da diretoria, sete
empresas responderam que fica a cargo da gerência e uma a cargo da
coordenação. Uma empresa respondeu que não há e três não responderam. Quanto
81
maior o nível do responsável pelo trato das questões ambientais, maior é a
importância que a empresa trata este assunto.
TABELA 19 - Nível gerencial mais elevado no trato das questões ambientais
Nível
Ambiental
Presidência 1
Diretoria 4
Gerência 7
Coordenação 1
Não 1
Não respondeu 3
17
Fonte: elaborada pela autora.
Dentro da função gerencial administração foi questionado o
conhecimento das legislações ambientais. Dentre as empresas entrevistadas, seis
afirmam ter um conhecimento médio, estando este conhecimento ligado somente
aos condicionantes da licença ambiental e empresas afirmam ter um alto
conhecimento, mas ainda não acompanham suas mudanças ou implicações (figura
11).
6
5
6
0
1
2
3
4
5
6
7
Conhecimento médio da
legislão Ambiental relativa
às suas atividades
Conhecimento alto da
legislação Ambiental relativa
às suas atividades
Conhecimento muito alto da
legislão Ambiental relativa
às suas atividades
FIGURA 11 - Nível de conhecimento da legislação ambiental
Fonte: elaborada pela autora.
Seis empresas afirmam ter um conhecimento muito alto da legislação
relativo às suas atividades, onde quatro destas empresas possuem um responsável
pelo tratamento das questões ambientais, facilitando dessa forma a atualização e a
análise dos requisitos da legislação (figura 11).
82
Também quanto aos requisitos legais, foi questionado se houve
necessidade de investimentos para adequação à legislação. Sete empresas
afirmaram que não houve necessidade de investimentos (figura 12).
7
6 6
4
5
7
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Controle de
efluentes
quidos
Controle de
resíduos
sólidos
Controle das
emissões
atmosféricas
Controle da
poluição
sonora
Implantação
de um
Sistema de
Gestão
Ambiental
Não foram
necessários
investimentos
FIGURA 12 - Necessidade de investimentos para o atendimento da legislação ambiental
Fonte: elaborada pela autora.
Dez empresas afirmaram que realizaram investimentos para adequação
do controle de emissões. Somente duas empresas são do elo fiação, que possui um
menor impacto ambiental em função da sua atividade; as outras são: três malharias,
três tecelagens e duas fiações integradas com malharias.
Das dez empresas, cinco também responderam que além do investimento
para atender aos requisitos legais, investiram em um SGA, reforçando o
compromisso destas empresas com as questões ambientais e o atendimento aos
requisitos legais estabelecidos pela legislação.
A definição do volume de investimentos na área ambiental foi descrita em
questão de múltipla escolha, conforme figura 13. Nove empresas responderam que
estabelecem os investimentos para atender aos requisitos da legislação ambiental e
uma empresa define de forma reativa para atender à pressão da
comunidade/sociedade. Cinco empresas estabelecem para atender os requisitos da
legislação em conjunto com projetos gerados internamente de forma espontânea,
ainda sem um planejamento baseado nos objetivos da empresa. Cinco empresas
definem com base nos objetivos e metas da empresa de forma estruturada, com
planejamento de longo e médio prazo.
83
0
9
5
6
1
0
0
2
4
6
8
10
Após
notificão
ambiental
Para atender
a legislação
Projetos
internos
espontâneos
Objetivos e
metas da
empresa
Pressão da
comunidade/
sociedade
Pressão dos
clientes
FIGURA 13 - Definição do volume dos investimentos ambientais
Fonte: elaborada pela autora.
Quanto ao montante investido na área de meio ambiente, no período de
2004 e 2005, 11 empresas investiram em 2004 o valor de 0 a 1% do faturamento,
repetindo isso no período de 2005. Da mesma forma, seis empresas investiram de 1
a 2% do faturamento em 2004 e 2005. Não houve investimentos maiores que 2% e
nem aumento dos valores investidos de um ano para o outro; as empresas
preferiram dar foco aos investimentos em aumento de capacidade, melhoria da
produtividade e qualidade (figura 14).
11
6
11
6
0
0
2
4
6
8
10
12
Investido de 0 a
1% do
Faturamento em
Meio Ambiente
em 2004
Investido de 1 a
2% do
Faturamento em
Meio Ambiente
em 2004
Investido de 0 a
1% do
Faturamento em
Meio Ambiente
em 2005
Investido de 1 a
2% do
Faturamento em
Meio Ambiente
em 2005
Investido de 2 a
5% do
Faturamento em
Meio Ambiente
em 2005
FIGURA 14 - Quanto os investimentos representam no faturamento da empresa
Fonte: elaborada pela autora.
Ainda quanto aos investimentos, foi questionado das entrevistadas quais
os impactos dos investimentos ambientais na competitividade da empresa; as
respostas estão apresentadas na tabela 20 a seguir.
84
TABELA 20 - Impacto dos investimentos ambientais na competitividade da empresa
Baixo Médio Alto
Qualidade das emissões 1 1 7
Redução das multas 1 2 5
Adequação à legislação 1 2 5
Redução das reclamações 2 1 5
Imagem 3 1 5
Redução de desperdícios
-
5
4
Produtividade 2 3 4
Redução da quantidade dos resíduos sólidos 3 2 4
Redução de custos 3 2 4
Qualidade/ quantidade dos efluentes líquidos 1 1 4
Qualidade/ quantidade das emissões gasosas 1 2 3
Ambiência organizacional 2 3 2
Novos negócios
6
1
2
Melhoria
Impacto
Fonte: elaborada pela autora.
A qualidade das emissões foi considerada com maior freqüência e com
maior impacto somente por duas empresas de fiação; as outras cinco empresas que
estabeleceram este item são: tecelagem, malharia e fiação integrada com malharia
ou tecelagem, reforçando desta forma a preocupação das empresas com o impacto
ambiental gerado por elas.
Um segundo grupo considerado de maior impacto na competitividade
está relacionado às partes interessadas, como órgãos de fiscalização, clientes e
comunidade, que são: a redução das multas, a adequação à legislação, a redução
de reclamações e a imagem da empresa. Considerando assim o investimento como
ferramenta para neutralizar as pressões destas partes interessadas, não
aproveitando as oportunidades de retorno.
Ainda de acordo com a tabela 20, com menor freqüência foram definidos
itens que sofrem impactos com o investimento ambiental, a redução de
desperdícios, a produtividade, a redução da quantidade dos resíduos sólidos, a
redução dos custos, a qualidade e a quantidade dos efluentes líquidos e emissões
gasosas. Estas empresas percebem com maior clareza os ganhos que podem ter
com investimentos nesta área.
Na função gerencial administração, também foi questionada a existência
de um programa de educação ambiental. A maioria das empresas ainda não possui
programas de educação ambiental formalizado para seus funcionários, o
85
conseguindo desta forma desenvolver uma consciência ambiental na empresa e na
sociedade em que está inserida.
Cinco empresas têm programas de conservação de água, energia,
produtos químicos e outros, onde aproveitam também para inserir a educação
ambiental. A preocupação destas empresas ainda é marcada com maior intensidade
na questão econômica do que na questão ambiental. Por outro lado, duas empresas
utilizam o programa 3R (Reciclar - Reduzir - Reutilizar), apresentando uma
consciência ambiental mais desenvolvida na utilização dos recursos naturais e seus
impactos.
Na função gerencial produção e operação, podemos entender como
está dimensionado o SGA nas empresas entrevistadas. Três empresas são
certificadas pelo SGA ISO 14001. Os fatores que levaram estas empresas a adotar a
certificação foram em primeiro lugar o atendimento à legislação e em segundo lugar
a competitividade em função do avanço dos concorrentes nessa área (figura 15).
3
0
3
1
10
0
2
4
6
8
10
12
Sim, Certificado
pela NBR ISO
14001
Sim, em
processo de
Certifiação pela
NBR ISO14001
Sim, mas não
certificável
Não, mas es
nos planos da
empresa
Não está nos
planos da
empresa
FIGURA 15 - Sistema de gestão ambiental
Fonte: elaborada pela autora.
Os maiores benefícios alcançados com a certificação foram o maior
controle do processo, a redução de custos e a melhoria da imagem. Estas empresas
passam por auditorias ambientais para análise e validação do seu sistema de
gestão. Elas também mantêm uma sistemática de análise dos aspectos e impactos
ambientais de forma contínua e estruturada.
86
Outras três empresas possuem um SGA implementado, porém, não
certificável. Para estas empresas, os fatores que levaram a implementar um SGA
foram, além do atendimento à legislação, a exigência dos clientes internacionais, a
imagem da empresa e a exigência dos órgãos de financiamento. Os benefícios
alcançados por estas empresas foram: o maior controle do processo e a melhoria da
imagem. Somente uma destas empresas passa por auditorias ambientais para
análise e validação do seu sistema de gestão. As três empresas também mantêm
uma sistemática de análise dos aspectos e impactos ambientais dentro dos
requisitos legais.
Está nos planos de uma empresa a implementação de um sistema de
gestão. Ela avalia os aspectos e impactos ambientais dentro dos requisitos legais,
porém, não passa ainda por auditorias ambientais. Dez empresas não possuem
planos para ter um SGA, cinco destas não avaliam os aspectos e impactos
ambientais e quatro já passam por auditorias ambientais internas.
Ainda na função gerencial produção e operação, foram questionadas se
as empresas realizam exigências ambientais contratuais aos seus fornecedores.
Somente duas empresas, que possuem o SGA ISO 14001, realizam exigências
ambientais contratuais, desdobrando sua responsabilidade ambiental para seus
fornecedores. As outras 15 empresas não realizam nenhuma exigência contratual
relacionada com as questões ambientais.
Relacionado aos riscos ambientais está o plano de atendimento a
situações de emergência. Das empresas entrevistadas, três empresas certificadas
pela norma ISO 14001 possuem um plano estruturado com simulações, garantido a
segurança do seu desempenho. 11 empresas informaram que também possuem um
plano, ainda não estruturado com simulações. Por outro lado, três empresas ainda
não possuem nenhum plano de atendimento a situações de emergência. Estas
empresas são de pequeno e médio porte.
Relacionando as respostas das empresas entrevistadas com a matriz das
características da conduta ambiental, é possível através de uma análise de forças
87
identificar os perfis das condutas ambientais destas empresas, conforme
demonstrado no quadro 10.
Fraca Intermediária Forte
Administração
Possui Política Ambiental
1 2 3 5 6 7 8 9 11
12 14 15 17
- 4 10 13 16
Conhece a legislação Ambiental relativa às
suas atividades (médo, alto e muito alto)
1 2 5 11 12 17 3 6 8 14 16 4 7 9 10 13 15
Definição do Volume dos Investimentos
Ambientais
Projetos internos espontâneos - 8 9 17 -
Objetivos e metas da empresa - - 4 5 10 13 15 16
Atendimento a legislação 1 2 3 6 7 11 12 14 - -
Pessoa Responsável pelo Gerenciamento
Ambiental da Empresa
Sim, no setor de manutenção e utilidades - 9 16 -
Em outro setor - Qualidade- Segurança - 11 13 4 10 14
Distribuição em diversos setores ou não existe 1 2 3 5 6 7 8 12
15 17
- -
% do Investimento Ambiental
% do Faturamento em 2004
1 3 4 5 7 8 11 12
13 15 17
2 6 9 10 14 16 -
% do Faturamento em 2005
1 3 5 6 7 8 11 12
13 15 17
2 4 9 10 14 16 -
Treinamento e desenvolvimento
Programa 3R - - 10 13
Programa de conservação de insumos - 6 9 12 16 -
Informal ou não tem 1 2 3 4 5 7 8 11
14 15 17
- -
Produção e Operação
Possui Sistema de Gestão Ambiental
1 2 3 5 6 7 8 14
15 16 17
9 11 12 4 10 13
Realiza exigêcias contratuais a seus parceiros
1 2 3 4 5 6 7 8 9
11 12 14 15 16 17
- 10 13
Realiza auditorias ambientais
2 3 5 6 8 11 12 14
16
1 7 9 15 17 4 10 13
Estabelece indicadores de performance
ambiental
Padrão legal - 5 11 13 15 -
Benchmarking (concorrente/ empresas do grupo) - - 4 9 10
Não possui
1 2 3 6 7 8 12 14
16 17
- -
Plano de atendimento a emergências
1 6 12 2 3 5 7 8 9 11
14 15 16 17
4 10 13
Número de firmas (12) (2) (3)
Empresas agrupadas
1 2 3 5 6 7 8 11
12 14 15 17
9 16 4 10 13
Funções Gerenciais
Conduta ambiental
QUADRO 10 - Características das condutas ambientais por empresa
Fonte: elaborado pela autora a partir da pesquisa de campo.
A análise da conduta ambiental demonstra que três empresas possuem
uma conduta ambiental forte. Estas empresas possuem um responsável para o
gerenciamento ambiental, alocado em área definida em sua estrutura organizacional
88
para este fim. Seu sistema de gestão é certificado pela ISO 14001; desta forma,
também possuem uma política ambiental onde existem compromissos para atender
à legislação e à melhoria contínua de seus processos e prevenção da poluição.
Essas empresas possuem ainda um programa estruturado de treinamento
ambiental voltado aos seus funcionários; em relação à análise da eficácia, os seus
investimentos são definidos com base nos objetivos e metas, desdobrados de sua
política ambiental. Elas também conhecem as legislações referentes às suas
atividades e fazem o levantamento e a avaliação dos aspectos e dos impactos
ambientais de suas atividades, atuando no processo e ou produto para minimizar a
geração de resíduos.
As empresas com conduta ambiental forte também possuem programa
de auditoria interna, ferramenta que ajuda na análise e melhoria do sistema.
Possuem indicadores de performance ambiental que foram estabelecidos com base
nos padrões legais e também em comparação com outras empresas e ou histórico
de desempenho. Adotam padrões ambientais para a qualificação de seus
fornecedores de bens e serviços, garantindo uma gestão mais eficiente nas
questões ambientais.
Os ganhos financeiros destas empresas estão também atrelados à
redução de perdas no processo, reduzindo custos, daí conseguindo alcançar uma
vantagem competitiva através de uma atuação ambientalmente consciente e pró-
ativa, com reconhecimento de sua imagem no mercado.
Na análise das condutas, também foram identificadas duas empresas que
possuem conduta ambiental intermediária, em que o SGA ainda está
amadurecendo, pois possuem um responsável dentro da estrutura organizacional
para tratar os assuntos ambientais; contudo, a área ainda não está bem definida. O
SGA não é certificável, mas está em processo de melhorias. Existem compromissos
formais estabelecidos na política ambiental em uma empresa e a importância da
questão o está limitada ao atendimento à legislação ambiental; a outra empresa
está se estruturado neste quesito.
89
Ambas conhecem a legislação ambiental e o acompanhamento da
legislação é realizado de forma não sistematizada. Os investimentos já representam
de 1 a 2% do faturamento e são definidos com base nos projetos gerados
internamente de forma espontânea e iniciados através de objetivos e metas da
empresa. Estas empresas percebem os ganhos financeiros, porém, estes ganhos
estão atrelados ainda à redução do desperdício, relacionados aos insumos água e
energia elétrica e à comercialização dos resíduos.
A redução de custo é um processo de amadurecimento do SGA. Estas
empresas com conduta ambiental intermediária também avaliam os impactos
ambientais de suas atividades e possuem um processo imaturo de auditorias
ambientais. Os indicadores ambientais foram estabelecidos através dos padrões
legais. Também possuem um plano de atendimento a emergências ainda voltado
aos requisitos legais de forma não estruturado.
No resultado da pesquisa 12, empresas apresentaram conduta
ambiental fraca. Elas não possuem em sua estrutura organizacional uma área
responsável pela gestão ambiental e também não assumem compromissos formais
de uma política ambiental, onde as questões ambientais nestas empresas estão
limitadas ao atendimento aos condicionantes da licença de operação. Possuem
conhecimento parcial da legislação ambiental da sua atividade, mas não têm
dispositivos para o seu acompanhamento.
Os investimentos na área ambiental destas empresas representam de 0 a
1% do faturamento e são definidos para atender à legislação ambiental. Estas
empresas também não investem em um programa de educação ambiental,
reforçando o baixo compromisso com as questões ambientais. Não possuem um
SGA estruturado e não avaliam os aspectos e impactos ambientais, pois não
identificam os riscos ambientais de suas atividades. Também não adotam padrões
ambientais aos fornecedores de bens e serviços e não identificam vantagens
competitivas com a performance ambiental.
90
5.3 A conduta social
Na função gerencial administração, um indicador de conduta social é a
existência de um “Código de Ética” escrito. Este código tem a mesma importância da
política ambiental, porém, na dimensão social. Infelizmente uma empresa diz
possuí-lo.
Quando questionadas sobre a importância das questões sociais para a
direção da empresa, duas empresas consideram-nas ser somente necessárias ao
atendimento dos requisitos legais; uma empresa considera sem importância. 12
empresas descreveram que consideram-nas importante, ressaltando a preocupação
com a comunidade, com seus funcionários e familiares e com as condições do
ambiente do trabalho, reforçando a eficiência e a competitividade.
Quanto à existência de um responsável pelo gerenciamento de projetos
sociais e em que setor o mesmo está alocado, nove empresas (figura 16),
responderam que o seu responsável pelos projetos sociais está alocado no setor de
recursos humanos, duas informaram que está na administração geral da empresa e
uma empresa diz estar em outro setor; em outra empresa esta função está
distribuída em vários setores.
9
0
2
1 1 1
4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Sim, no setor de
RH
Sim, no setor de
Comunicação/
Assessria de
Impensa
Sim, na
Administração
Geral
Sim, em Outro
Setor
Sim, mas está
distribuido em
Diversos
Setores
Não existe
ainda, mas nos
planos
Não existe
responsável
FIGURA 16 - Responsável pelo gerenciamento social
Fonte: elaborada pela autora.
O comprometimento da empresa com as questões sociais fica
evidenciado da mesma forma que a ambiental, quando em sua estrutura
91
organizacional apresenta-se um responsável pelo trato destas questões. A definição
de ter um responsável para gerenciar os projetos sociais está aparentemente
associada ao grande e médio porte da empresa.
Ao ser questionado qual o nível gerencial mais alto em que são tratadas
as questões sociais dentro da empresa, elas responderam que em uma empresa o
nível mais alto é a presidência; em quatro empresas a diretoria é responsável pelas
questões sociais, outras quatro empresas possuem um responsável na gerência e
duas empresas no nível de coordenação. Duas empresas responderam que não
possuem e quatro empresas não responderam a questão (figura 17).
2
1
4 4
2
4
0
1
1
2
2
3
3
4
4
5
Não existe
responsável
Presidência Diretoria Gerência Coordenação Não respondeu
FIGURA 17 - Nível gerencial mais elevado para o tratamento das questões sociais
Fonte: elaborada pela autora.
Da mesma forma que o trato das questões ambientais, quanto maior o
nível do responsável dentro da estrutura organizacional da empresa maior é a
importância que a mesma dá às questões sociais.
Quanto à participação das empresas em projetos sociais, de acordo com
a figura 18, cinco empresas responderam que não participam de nenhuma ação
social. As outras responderam da seguinte forma: quatro empresas participam, mas
não informaram os tipos de projetos; duas empresas participam de projetos sociais
externos ligados à comunidade; quatro empresas afirmam que participam somente
de projetos internos; uma empresa participa de projetos internos e externos com a
comunidade e uma participa informalmente, ajudando em algumas ações isoladas.
92
5
4
2
4
1 1
0
1
2
3
4
5
6
o Sim Sim, externo Sim, interno Sim, interno e
externo
Sim,
informalmente
FIGURA 18 - Participação em projetos sociais
Fonte: elaborada pela autora.
Os projetos externos foram descritos como: programas de alfabetização,
capacitação profissional, inclusão de deficientes físicos, projetos com adolescentes,
incentivando os estudos e promovendo também a capacitação profissional destes e
creches para crianças carentes das comunidades.
Os projetos internos foram descritos pelas empresas como: escola para
filhos de funcionários, educação e ou supletivo para funcionários, semana da saúde,
distribuição de alimentos e semana voltada à segurança, incentivos aos grêmios e
instalação de um departamento médico. Algumas empresas ainda confundem
benefícios com projetos internos, como cestas básicas e assistência médica.
TABELA 21 - Benefícios para a empresa na realização dos projetos sociais
Baixo Médio Alto
Imagem - 1 10
Produtividade 1 1 9
Ambiência organizacional 1 1 9
Redução das reclamações 3 1 4
Diminuição dos acidentes e doenças ocupacionais 2 4 4
Redução das multas
6
-
1
Novos negócios 7 1 1
Isenção fiscal
6
1
-
Benefícios
Grau de Benefício
Fonte: elaborada pela autora.
A percepção dos benefícios ou retornos das realizações dos projetos
sociais, considerados por 11 empresas das 17 entrevistadas, conforme a tabela 21,
mostrou uma forte valorização da imagem da empresa, seguido por melhoria na
93
produtividade e na ambiência organizacional, onde a maioria das empresas é de
grande porte.
Nem todos percebem algum impacto dos projetos sociais na
competitividade da empresa, até por serem poucas as empresas que participam
destes projetos. Somente três empresas consideraram que o projeto de educação,
saúde e geração de emprego e renda é visto como fator de competitividade
“levemente” positivo.
Ainda quanto à função gerencial administração, a conduta social requer
o conhecimento da legislação trabalhista e previdenciária. Analisando as respostas,
é possível se verificar como a regulamentação trabalhista e previdenciária está mais
atuante na sociedade e também mais controlada pelo Estado; seis das empresas
afirmam conhecer bem essas legislações e sete afirmam conhecê-las muitíssimo.
Foi questionado qual o principal motivo gerador do volume dos
investimentos na área social em cada empresa. Nove empresas têm como principal
motivo a adequação da empresa após notificação ou multas, demonstrando o
haver um planejamento para os investimentos. Quatro empresas afirmam que o
principal motivo está na pressão de seus clientes e uma empresa respondeu que o
principal motivo é a pressão da comunidade (figura 19).
9
0
2
1 1
4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Após
notificão/
multa
Para atender
legislão
Projetos
internos
espontaneos
Objetivos e
metas da
empresa
Pressão da
comunidade/
sociedade
Pressão
clientes
FIGURA 19 - Definição do volume dos investimentos na área social
Fonte: elaborada pela autora.
94
duas empresas responderam que o motivo para os investimentos está
relacionado aos projetos gerados internamente de forma espontânea, ainda sem um
planejamento baseado nos objetivos da empresa. Uma empresa afirma que é
realizado com base nos objetivos e metas da empresa, desta forma com um
planejamento estruturado.
Ainda relacionado aos investimentos, 12 empresas responderam que
investiram na área social em 2004 o valor de 0 a 1% do seu faturamento, repetindo
este valor no período de 2005. Três empresas investiram de 1 a 2% do faturamento
em 2004 e quatro empresas investiram o mesmo valor em 2005. Não houve
investimentos maiores que 2%. Os investimentos ainda estão mais direcionados ao
aumento de capacidade e à melhoria da produtividade e também às questões
ambientais, já que mais empresas investiram de 1 a 2% do seu faturamento nos dois
anos questionados (figura 20).
12
3
2
12
4
1
0
2
4
6
8
10
12
14
0 - 1% 1 - 2% Não Respondeu
2004 2005
FIGURA 20 - Quanto os investimentos sociais representam no faturamento da empresa
Fonte: elaborada pela autora.
Os benefícios extras são condutas sociais internas, voltadas aos seus
funcionários e dependentes. Esse é um diferencial das empresas que fica acima de
sua função básica social de gerar emprego e cumprir as leis. A forma de identificar
os benefícios mais usados foi através de uma questão de múltipla escolha que
mostra os benefícios dados aos funcionários com maior freqüência, de acordo com a
figura 34.
O item outros foi descrito por oito empresas como cesta básica e por uma
empresa como 5% em função da assiduidade. As empresas que concedem a
95
previdência privada e o 14º salários são somente empresas de grande porte. as
que concedem participação nos resultados são de médio e grande porte. Para as
outras concessões, não há diferenciação do porte.
12
9
1
7
3
7
13 13
9
0
2
4
6
8
10
12
14
Plano de saúde
Plano
odontológico
Previdência
privada
Participação
nos resultados
14° ou mais
salários
Concessão de
crédito
Disponibilização
de espaço para
lazer
Prêmios/ Bônus
Outros
FIGURA 21 - Concessão de benefícios extras
Fonte: elaborada pela autora.
Na função gerencial produção e operação, foi-se questionado se a
empresa realiza exigências sociais contratuais com seus parceiros, ao que somente
duas empresas responderam que realizam. As outras 15 empresas não realizam
nenhuma exigência contratual com seus fornecedores relacionada com as questões
sociais. Infelizmente, a responsabilidade social ainda não está enraizada nas
transações comerciais, em que crimes de trabalho escravo ou trabalho infantil
continuam a existir em nossa sociedade.
Também foi questionado na função gerencial produção e operação se
as empresas avaliam os riscos e perigos de saúde e segurança no trabalho, gerados
pelas suas atividades. Todas as 17 responderam que sim e a avaliação é de
responsabilidade do engenheiro de segurança em nove empresas e do técnico de
segurança em sete empresas; em ambos os casos, com a participação do médico
do trabalho, duas empresas não informaram de quem é a responsabilidade da
avaliação. Este é um requisito legal que está fortemente ligado à atuação da
fiscalização.
96
Dessa forma, relacionando as respostas das empresas entrevistadas com
a matriz das características da conduta social, é possível através de uma análise de
forças identificar os perfis das condutas sociais destas empresas, conforme
demonstrado no quadro 11.
A análise da conduta social demonstra que oito empresas possuem uma
conduta social intermediária, onde estas empresas ainda não possuem uma
política ou um código de ética formalizado, mas começam a definir um responsável
para o gerenciamento das questões sociais. Também conhecem a legislação
trabalhista e previdenciária e começam a realizar projetos que estão além da
legislação, realizando algumas ações isoladas que beneficiam seus stakeholders
internos e externos.
Os investimentos ainda na maioria das empresas representam de 0 a 1%
do faturamento; algumas empresas começam a investir na faixa de 1% a 2% nos
projetos sociais e começam a ser definidos com base em projetos internos
espontâneos, além do atendimento à legislação. Estas empresas com conduta
social intermediária ainda não fazem exigências sociais aos seus fornecedores,
mas avaliam os riscos e perigos dentro dos requisitos legais e possuem um plano
de atendimento a emergências ainda não estruturado. Estas empresas não publicam
o balanço social e estão começando a identificar as vantagens competitivas com a
questão social.
No resultado, nove empresas possuem uma conduta ambiental fraca,
confirmando que elas o assumem compromissos formais com uma política social.
Elas conhecem a legislação, mas não possuem instrumentos para acompanhá-la.
Os investimentos sociais na maioria representam de 0 a 1% do faturamento, definido
para atender às legislações vigentes. A importância da questão social está limitada
ao atendimento à legislação, pois não fazem exigências sociais aos seus
fornecedores. Elas não possuem também o balanço social e o identificam
vantagens competitivas com a responsabilidade social.
97
Fraca Intermediária Forte
Administração
Possui Código de ética
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16
- 17
Conhece a legislação trabalhista e
previdenciária
- -
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17
Nível gerencial para tratar as
questões sociais
2 3 5 6 7 8 10 12 13
14
1 4 9 15 11
Definição do volume de
investimentos
Atender a legislação 2 3 4 5 6 8 13 15 - -
Projetos internos espontâneos - 1 7 9 10 14 17 -
Objetivos e metas da empresa - - 11 12 16
Responsável pelo Gerenciamento
das questões sociais
Sim, no setor de RH - - 5 7 9 10 12 13 14 16 17
Sim, administração geral - - 1 11
Em outro setor, distribuido entre os
setores ou não existe
2 3 4 6 8 15 - -
% do Investimento Social
% faturamento em 2004 2 3 4 5 7 8 10 11 12
13 16 17
1 6 14
% faturamento em 2005 2 3 4 5 7 8 10 11 12
13 15 17
1 6 14 16
Participa de projetos sociais
1 2 3 4 5 8 12 13 14
15
6 7 9 17 10 11 16
Concessão de benefícios
Plano de saúde -
3 5 7 9 10 11 12 13 14
15 16 17
-
Plano odontológico - - 3 5 7 9 10 11 14 15 17
Previdência privada - - 7
Participação nos resultados - - 5 9 10 11 12 13 15
14° ou mais salários - - 9 10 16
Conceso de crédito - 1 3 8 9 10 11 14 -
Disponibilização de espaço para lazer 1 3 4 5 7 9 10 11 13
14 15 16 17
- -
Prêmios/ Bônus -
1 2 3 4 6 7 9 10 11 13
14 16 17
-
Outros 6 7 8 9 11 12 13 16 3 -
Produção e Operação
Exigências contratuais com seus
parceiros
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
12 13 14 15 17
- 11 16
Avalia riscos e perigos - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
-
Plano de atendimento a emergências 1 6 2 3 5 7 8 9 11 12 14
15 16 17
4 10 13
Número de firmas
(9) (8)
Empresas agrupadas
2 3 4 5 6 8 12 13 15 1 7 9 10 11 14 16 17
Funções Gerenciais
Conduta social
QUADRO 11 - Características das condutas sociais por empresa
Fonte: elaborado a partir da pesquisa de campo.
98
5.4 Performance ambiental
Para poder manter o controle e acompanhar a evolução de um SGA, a
empresa deve ter indicadores de performance ambiental. Em uma questão de
múltipla escolha, as empresas apresentaram as seguintes respostas quando
questionadas sobre sua performance (figura 22).
7
1
2
1
10
0
2
4
6
8
10
12
Sim, através dos
padrões legais
Sim, através de
comparações
com
concorrentes
(benchmarking)
Sim, através da
comparação com
outras unidades
da empresa
Sim, através de
outras maneiras
Não possui
indicadores de
performance
ambiental
FIGURA 22 - Indicadores de performance ambiental
Fonte: elaborada pela autora.
Das entrevistadas, dez empresas informaram que não possuem
indicadores de performance, já sete empresas os definem através dos padrões
legais. Destas sete, além da definição pelos padrões legais, uma empresa também
os define através de comparações com seus concorrentes e outras duas através de
comparações com outras unidades produtivas de sua empresa. A falta de
indicadores impossibilita a empresa de medir e acompanhar sua performance
ambiental.
Para definir os indicadores, é necessário conhecer os impactos
ambientais destas empresas. A tabela 22 mostra em uma questão de múltipla
escolha as respostas das empresas indicando quais os maiores impactos ambientais
de suas atividades.
99
TABELA 22 - Principais impactos ambientais das empresas pesquisadas
Item Qtde
Carga orgânica dos efluentes líquidos 8
Ruído 7
Energia elétrica 6
Exaustão dos recursos hídricos 6
Contaminação do solo 3
Controle da qualidade da água 2
Efeito estufa 2
Exaustão dos recursos naturais 1
Chuva ácida 1
Micropó 1
Não existe 1
Não respondeu
3
Fonte: elaborada pela autora.
O principal impacto foi definido pelas entrevistadas como a preocupação
com a qualidade de efluentes líquidos, principalmente com a carga orgânica,
resultante dos processos de tingimento e de acabamento. Outra preocupação foi o
nível do ruído, que pode gerar reclamações das vizinhanças e fiscalização de órgãos
ambientais.
A preocupação com a energia elétrica está mais ligada ao seu impacto
econômico; a exaustão dos recursos hídricos demonstra uma preocupação
ambiental. Em menor freqüência, ficaram as preocupações quanto à contaminação
do solo, controle de água, efeito estufa e outros.
Quando questionadas quais indicadores ambientais são analisados pelas
empresas pesquisadas no compartimento, água, solo e recursos naturais, as
entrevistadas responderam conforme a tabela 23.
No compartimento água, um número maior de entrevistadas respondeu
que analisam a alcalinidade, mudança de pH e a temperatura da água, que são
características do efluente que apresentam em função dos processos um pH alcalino
e temperatura alta. Outro fator que contribui para uma maior freqüência é o custo e a
simplicidade para realizar estas análises como o uso de um termômetro e papel
indicador. São características destes efluentes também a contaminação por carga
orgânica e metais pesados, o que também justifica o controle destes parâmetros, até
por questões de condicionante da licença ambiental.
100
TABELA 23 - Indicadores de performance ambiental
Compartimento
ambiental
Item Qtde
Eutrofização e assoreamento 3
Mudança do pH 9
Contaminação por carga orgânica 9
Contaminação por metais pesados 4
Acidificação 6
Contaminação por compostos orgânicos voláteis 6
Temperatura 13
Cloretos 8
Alcalinidade 11
Quantidade de resíduos não perigosos gerados 6
Quantidade de resíduoslidos perigosos gerados 6
Consumo de energia elétrica 10
Consumo de combustíveis 2
Consumo de água
11
4
Água
Solo
Recursos naturais
Não respondeu
Fonte: elaborada pela autora.
Quanto aos indicadores do compartimento solo, somente seis empresas
afirmaram monitorar este indicador, não identificando quais os contaminantes. Os
indicadores de consumo do compartimento recursos naturais também apresentaram
maior número de respostas no que se refere ao consumo de água e energia elétrica.
O maior número de empresas que monitora estes indicadores está mais preocupado
com uma questão econômica do que com a exaustão propriamente dita dos
recursos naturais.
5.5 Performance social
Da mesma forma que são necessários os indicadores para a performance
ambiental, também os são necessários para a dimensão social. Em uma questão de
múltipla escolha, as empresas apresentaram as seguintes respostas quando
questionadas sobre a presença de indicadores de performance social.
Das entrevistadas, 12 empresas informaram que não possuem
indicadores de performance, duas empresas definem através dos padrões legais.
duas empresas definem através de comparações com seus concorrentes e uma
empresa não respondeu. Não praticamente a definição de indicadores pelas
entrevistadas, o que impossibilita a empresa avaliar sua performance social.
101
5.6 Matriz de avaliação estratégica
A partir da identificação das pressões percebidas pelas empresas
pesquisadas e com base nos perfis das condutas estabelecidas é possível identificar
quais as estratégias adotadas por estas empresas através da matriz de avaliação
estratégica social e ambiental representada na figura 23. O posicionamento
estratégico é analisado em função da variação da percepção da pressão sobre a
estrutura da indústria.
FIGURA 23 - Matriz de avaliação estratégica social e ambiental
Fonte: adaptada de Abreu 2007b.
5.6.1 Pressão ambiental fraca
Seis empresas de acordo com a figura 23 estão posicionadas perante a
concorrência com uma estratégia ambiental indiferente, ou seja, não estão
percebendo pressão na estrutura nem pelos órgãos de fiscalização nem pelas partes
interessadas. Fora as duas pequenas empresas que são malharias, as outras são
todas fiações de médio e grande porte, que têm menor impacto ambiental; desta
forma, também estão estabelecendo ainda condutas ambientais fracas. Com
LEGENDA
4 10, 13
1, 17
9, 16
7, 9, 10, 11, 14, 16
1, 2, 6, 8, 14, 17
2, 4, 6
3, 5, 7, 11, 12, 15
3, 5, 8, 12, 13, 15
PRÓ-ATIVO RESPONSÁVELPREVENTIVO
DESAFIADOR SUPORTÁVELACOMODADO
INDIFERENTE IRRESPONSÁVELREATIVO
AMBIENTAL
SOCIAL
CONDUTA
FRACA INTERMEDIÁRIA FORTEFRACA INTERMEDIÁRIA FORTE
FRACA
INTERMEDIÁRIA
FORTEFRACA
INTERMEDIÁRIA
FORTE
PRESSÃO NA ESTRUTURA DA INDÚSTRIA
102
exceção de uma empresa, todas as outras atuam somente no mercado interno, em
que as exigências ambientais também são menores. Nenhuma destas empresas
possui indicadores de performance ambiental.
A matriz de avaliação estratégica também demonstra que uma única
empresa está posicionada com uma estratégia ambiental pró-ativa. Esta empresa
é de médio porte e exporta 20% da sua produção; mesmo em um ambiente
considerado de baixa pressão, ela apresenta condutas fortes, o que inclui ter um
sistema de gestão certificado pela norma ISO 14001.
Esta empresa definiu indicadores de performance através de
comparação com seus concorrentes. Ela também percebe as mudanças no
mercado, identificando a presença da China e uma estagnação do mercado interno;
desta forma, está se preparando para entrar em um ambiente cada vez mais
competitivo, principalmente no exterior, onde a questão ambiental é mais exigida,
podendo desta forma passar para a posição da estratégia preventiva.
5.6.2 Pressão ambiental intermediária
Seis empresas estão na posição estratégica ambiental reativa. Estas
empresas percebem uma pressão ambiental na estrutura intermediaria, ou melhor,
percebem uma maior pressão dos órgãos de fiscalização e começam a
perceber também as pressões das partes interessadas, porém, as condutas
estabelecidas ainda são fracas. Quatro destas empresas são de médio porte, uma
de pequeno porte e uma de grande porte, que também atende ao mercado externo.
Quatro não possuem um SGA, duas possuem um sistema não certificado e ainda
não estruturado. Estas empresas necessitam rever sua estratégia para um
posicionamento mais competitivo perante seus concorrentes em relação às questões
ambientais, pois não estão preparadas para eventuais choques que possam
modificar as pressões, deixando estas empresas com um posicionamento
estratégico irresponsável.
No posicionamento estratégico ambiental acomodado, ficaram duas
empresas pertencendo à categoria de neutralidade. Estas empresas são de grande
porte e atendem ao mercado externo, percebendo uma pressão intermediária e
103
respondem com as condutas da mesma intensidade; ainda não estabeleceram um
SGA de forma estruturada, podendo estas empresas passar ao nível reativo, se não
se adequarem o mais rápido possível. Uma destas empresas possui indicadores
de performance estabelecidos através dos padrões legais e a outra ainda não possui
a definição destes indicadores. Estas duas empresas estão na mesma posição
estratégica na dimensão social, demonstrando um equilíbrio entre as duas condutas.
5.6.3 Pressão ambiental forte
Duas empresas percebem uma pressão ambiental forte, principalmente
das partes interessadas do mercado externo com exigências nas questões
ambientais, onde as mesmas respondem da mesma forma, ficando posicionadas
com uma estratégia ambiental responsável. Ambas são de grande porte, ficam
estabelecidas no Ceará e atuam no mercado externo. Uma destas empresas ainda
estabelece os indicadores de performance atendendo à legislação; a outra empresa
estabelece em função de comparações com outras unidades de sua empresa. Estas
empresas possuem um SGA certificado e auditado, apresentam condutas
ambientais estruturadas e consolidadas, o que lhes garante uma posição no
mercado de forma responsável e competitiva, com reconhecimento de seus
concorrentes e clientes; desta forma estão preparadas para possíveis choques que
possam intensificar as pressões percebidas na estrutura da indústria.
5.6.4 Pressão social fraca
Com a posição estratégica social indiferente se encontram duas
empresas de médio porte, uma de pequeno porte, pertencentes ao mesmo estado,
Pernambuco. Todas sentem baixa pressão social e correspondem com uma conduta
baixa, atuando mais em questões legais. Duas destas empresas ocupam a mesma
posição estratégica ambiental. Nenhuma possui indicadores de performance social.
Duas empresas estão posicionadas com a estratégia social
desafiadora, ambas percebem a pressão na estrutura ainda de forma fraca, mas
estabelecem condutas intermediárias. Nenhuma das duas empresas possui
indicadores de performance social.
Uma das empresas é de pequeno porte e está
localizada em uma região com uma concorrente de grande porte. As empresas que
104
estão situadas na mesma localização sentem a pressão na estrutura da indústria
como intermediária, o que explica a adoção por esta empresa de condutas com este
perfil.
A segunda empresa é de médio porte e percebe as pressões sociais na
estrutura da indústria como fracas. Todas as empresas que estão localizadas no
mesmo estado, Ceará, sentem uma pressão social intermediária, o que explica a
adoção de condutas intermediárias por esta empresa, mas o esclarece o seu
posicionamento. Isso demonstra uma necessidade de revisão por parte desta
empresa quanto ao entendimento das pressões pelas partes interessadas.
5.6.5 Pressão social intermediária
Seis empresas também estão posicionadas na estratégia social
reativa; percebem com mais intensidade as pressões dos órgãos de fiscalização e
começam a perceber as pressões das partes interessadas, mas ainda reagem
com o estabelecimento de condutas fracas. Estas empresas necessitam também
reavaliar suas condutas nesta dimensão em função de sua concorrência. Uma das
empresas possui indicadores de performance social, as outras não iniciaram sua
estruturação.
Encontram-se neste posicionamento estratégico social acomodado
seis empresas. Estas empresas sentem pressões dos órgãos de fiscalização, mas
não das partes interessadas referentes às questões sociais; uma é de médio
porte, todas as outras são de grande porte. Estão começando a ampliar seus
projetos sociais, mas o seu forte está nas concessões de benefícios aos seus
funcionários. Aparentemente estão estáveis quanto a sua estratégia; duas destas
empresas informaram que possuem indicadores de performance social.
105
6 CONCLUSÃO
A utilização do modelo ECP-Triplo contribui para que as empresas
avaliem, de forma simplificada, o seu posicionamento estratégico e definam que
condutas devem ser tomadas para mantê-las inovadoras e, portanto, aptas a
competirem em qualquer mercado.
Cada empresa percebe de forma diferente as pressões na estrutura da
indústria em função das condutas adotadas por elas. Isso demonstra de forma clara
a presença do feedback apresentado no modelo ECP-Triplo.
Para ampliar a competitividade da indústria têxtil, em um ambiente
dinâmico, as empresas têm que estar comprometidas com um desenvolvimento
sustentável e necessitam possuir estratégias bem definidas em relação aos
aspectos ambientais e sociais do seu negócio e entender de forma consciente suas
implicações em todo o processo da cadeia.
Desta forma, esta conclusão aborda o atendimento dos objetivos
propostos em relação aos resultados alcançados; a contribuição científica deste
estudo; as limitações da pesquisa e sugestões para novos trabalhos.
6.1 Atendimento aos objetivos propostos
O cumprimento do objetivo geral do trabalho determina o atendimento aos
objetivos específicos. O quadro 12 alinha os objetivos propostos com a síntese dos
resultados alcançados na pesquisa.
Objetivos Resultados
- Identificar os elementos de
pressão na estrutura da
indústria têxtil.
-
As pressões são exercidas pelos órgãos de
fiscalização, pelos acionistas, clientes do
m
ercado interno e externo, comunidade,
organizações governamentais e agentes
financiadores.
-
Empresas e grupos de empresas percebem
a intensidade destas forças de forma
diferente, tanto na ambiental como na
social.
106
- Analisar as condutas,
ambiental e social da
indústria têxtil.
- S
omente três empresas que são
certificadas pela ISO 14001 adotam
condutas ambientais fortes, duas
empresas adotam condutas intermediárias
e 12 empresas adotam condutas fracas.
- N
ove empresas adotam uma conduta
social fraca e o
ito empresas adotam uma
conduta intermediária, atendendo mais aos
requisitos legais.
- Utilizar a matriz de
posicionamento estratégico
para analisar a tipologia das
estratégias adotada pela
indústria têxtil.
-
A matriz identificou a presença de cinco
pos
icionamentos estratégicos ambientais e
quatro posicionamentos estratégicos
sociais utilizados pela indústria têxtil do
Nordeste.
-
Na dimensão ambiental as empresas estão
mais concentradas no posicionamento
estratégico indiferente e reativo.
- Na dimen
são social as empresas estão
concentradas no posicionamento
estratégico acomodado e reativo.
-
uma necessidade de revisão por parte
das empresas quanto a sua posição
estratégica reativa, com risco de passar a
ser irresponsável se houver modificação na
pressão da estrutura.
QUADRO 12 - Relação entre os objetivos propostos e os resultados alcançados.
Fonte: elaborado pela autora.
Ao cumprir os objetivos específicos, foi possível cumprir igualmente o
objetivo geral em avaliar a estratégia ambiental e social do setor têxtil do Nordeste,
identificando a dinâmica dessa indústria, com base em sua reação frente às
pressões na estrutura da indústria.
6.2 Contribuição
O uso do modelo ECP-Triplo para análise da indústria xtil do Nordeste
demonstrou no posicionamento estratégico a existência de agrupamentos de
empresas definidos pela região, elos da cadeia, porte e atendimento ao mercado
interno e externo, que apresentaram alguns comportamentos semelhantes, tanto na
percepção da pressão como no estabelecimento das condutas.
107
A pesquisa também demonstrou que existem seis empresas na posição
estratégica reativa, tanto na dimensão social como ambiental. Estas empresas estão
em uma situação de risco quanto a possíveis choques na estrutura da indústria,
como mudanças nas legislações ambientais e trabalhistas, um acidente ambiental e
outros fatores que possam contribuir para a elevação das pressões, como as
exigências das comunidades, das ONG´s e de novos clientes, provocando a saída
destas empresas de uma posição reativa para uma posição irresponsável. Existe um
risco maior na questão ambiental, onde a sociedade está cada vez mais preocupada
com a preservação dos seus recursos.
As empresas reativas, diferente das empresas que estão em uma posição
responsável, ainda não conseguiram identificar as vantagens competitivas que estas
condutas podem gerar, como redução de custos, maior controle dos processos e
melhoria da ambiência organizacional e da imagem.
as empresas responsáveis estão preparadas a possíveis choques e
são líderes em inovação, como também possuidoras de excelente imagem junto à
comunidade; possuem SGA e responsabilidade social certificados, conseguem
identificar as vantagens competitivas nas reduções de custo, eficiência dos
processos e melhoria da ambiência organizacional. São reconhecidas pelos seus
concorrentes e clientes como uma empresa ambiental e social correta. Esta é a
posição mais sustentável e estratégica.
6.3 Limitações
- A dificuldade de acesso às empresas para conseguir sua participação na
pesquisa foi um dos itens que restringiu o número de empresas pesquisadas, pois a
intervenção do sindicato das indústrias têxteis dos Estados da Paraíba, Rio Grande
do Norte, Pernambuco não foi tão marcantes como o sindicato do Ceará.
- A restrição financeira do projeto possibilitou a pesquisa em quatro
Estados do Nordeste - Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, ficando
de fora o pólo têxtil da Bahia.
108
- O estudo é pontual, o que reflete as condutas estabelecidas e as
pressões percebidas pelos entrevistados no momento da pesquisa.
- A complexidade do questionário exigiu um grande conhecimento de
várias áreas da empresa pelo entrevistado.
6.4 Sugestões
- Ampliar esse estudo para outras regiões, como o Sul do país, para
identificar se existem grandes diferenças regionais quanto aos posicionamentos
estratégicos.
- Ampliar este estudo para outros setores.
- Fazer uma avaliação do posicionamento estratégico em conjunto com a
performance, para facilitar a análise da estratégia adotada pela empresa, podendo
ser representado graficamente segundo Librelotto (2005), por um cubo, onde se
permite identificar os resultados das condutas estabelecidas frente à pressão
percebida pela empresa.
109
REFERÊNCIAS
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produtivas e oportunidades de investimentos no Nordeste. Fortaleza: Banco do
Nordeste, 2000.
113
ANEXOS
ANEXO A - Instrumento de coleta de dados
Instrumento de Coleta de Dados
Este questionário compõe um instrumento de pesquisa patrocinado pelo CNPq com o objetivo de
identificar elementos chave para ampliar a competitividade no mercado global do setor Têxtil
no Nordeste, através do aprofundamento do estudo do modelo de Avaliação da Estratégia Tripla,
denominado ECP-Triplo (Estrutura Conduta Performance - Triplo), que tem por base a existência
de três dimensões de performance econômica, social e ambiental.
A pesquisa tem caráter científico e tecnológico, onde todas as informações terão garantia plena do
Mestrado Profissional em Controladoria da Universidade Federal do Ceará, quanto a
Confidencialidade Total, sendo utilizadas apenas para a finalidade do Projeto de Pesquisa: “O uso
do modelo de avaliação da estratégia tripla como mecanismo de estudo das vantagens competitivas”.
Solicitamos, portanto, que as respostas aqui prestadas sejam fornecidas por um dirigente da empresa
que esteja credenciado para prestar informações precisas. O êxito deste levantamento e do posterior
Relatório de Competitividade do Setor Têxtil depende da veracidade dos dados coletados nas
empresas consultadas.
Data: / / 2006
Horário de Início: Horário de Término:
Empresa:
Endereço
Contato na empresa:
Cargo/Função:
Telefone: Fax: e-mail
I - Dados sobre a Empresa
Razão social:
Ano de início das operações Número de empregados:
Produção: 2004 2005
Capacidade Número de unidades fabris
Produto Participação no faturamento (%)
Principal
Substitutos
Localização
Principais Clientes Produtos
Cidade UF País
114
1. Qual o mercado que a empresa atua? Qual percentual da produção é dedicado ao mercado
Nacional e ao Internacional? A empresa conseguiu exportar além das cotas?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
2. O mercado está em expansão? Quais são as tendências do Mercado?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
3. Qual a influência exercida pela China e tigres asiáticos no Mercado?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Localização
Principais Fornecedores Insumos
Cidade UF País
Localização Principais Empresas
Concorrentes
Produtos
Cidade UF País
II – Estrutura de Mercado
Neste item buscamos posicionar a empresa no cenário Macroeconômico nacional e
internacional.
4. Qual o papel da empresa na cadeia têxtil? A empresa está integrada para frente ou para trás?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
5. Existe exercício do poder de barganha dos fornecedores? E dos clientes? Como isso é feito?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
6. Quais as principais barreiras existentes para a entrada de novos concorrentes? Estabelecer um
ranking de prioridade.
( ) Existência de vantagens absolutas de custos a favor das empresas
estabelecidas
( ) Existência de preferências dos consumidores pelos produtos das
empresas estabelecidas
( ) Existência de estruturas de custos com significativas economias de escala
( ) Existência de elevados requerimentos de capital inicial
( ) Políticas públicas não favoráveis à atividade
115
7. Quais as principais vantagens competitivas da empresa em relação aos concorrentes nacionais
e internacionais?
Entraves
Características
Muito pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo
Baixo custo da Mão de Obra
Boa imagem no mercado
Experiência no setor
Baixos preços no mercado internacional
Incentivos governamentais
Boa Infra-estrutura para exportação
Qualidade diferenciada do produto
Baixo custo de produção
8. Quais são os maiores entraves para a competitividade da indústria têxtil nos mercados nacional
e internacional?
Entraves
Características
Muito pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo
Custo elevado do algodão
Custo elevado da energia elétrica
Logística inadequada de distribuição do
produto
Juros altos
Concorrência asiática
Grande número de concorrentes no
mercado interno
Custo elevado dos insumos
Baixa qualidade do produto
Baixa qualificação da Mão de Obra
Baixos preços do mercado
internacional
Logística inadequada de suprimento do
produto
Carga tributária elevada
Burocracia na exportação
116
III – Conduta Econômica
Nesse item será analisado o gerenciamento da empresa, permitindo entender os elementos
que compõem sua conduta econômica.
III. 1 – Administração Geral
9. De que forma as partes interessadas influem na definição estratégica da empresa?
Influência nas Decisões Estratégicas
Partes Interessadas
Muito Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo
Acionistas
Clientes do mercado interno
Clientes do mercado externo
Organizações governamentais
(governo, prefeitura, órgãos de
fiscalização)
Comunidade
Agentes financiadores
ONG's
10. Já ocorreu mudança na capacidade produtiva nos últimos cinco anos?
( ) Sim ( ) Não
11. De que forma?
( ) Expansão
( ) Aquisição
( ) Fusão
( ) Contração
( ) Diversificação
12. Quanto foi investido na própria empresa (modernização e aquisição de equipamentos,
expansão da produção)?
Montante investido 2004 2005
0 – R$ 100 mil
R$ 100 mil – R$ 500 mil
R$ 500 mil – R$ 1 milhão
R$ 1 milhão – R$ 2 milhões
> R$ 2 milhões
13. Quais as áreas prioritárias para investimentos?
Grau de Prioridade para Investimentos
Área de Aplicação dos Recursos
Muito Pouco Pouca Média Muita Muitíssima
Atualização tecnológica
Pesquisa & Desenvolvimento
Investimento em Capacidade
Capacitação de pessoal
Certificações (ISO 9001, ISO 14001,
OHSAS 18001, SA 8000)
Marketing e propaganda
Amortizações
Aquisição / Fusões
Compra de Ações
117
14. A empresa possui uma política da qualidade escrita?
( ) Sim ( ) Não
15. A empresa é certificada pela ISO 9001?
( ) Sim ( ) Não
8- Quais os compromissos definidos nesta política?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
III. 4 - Administração Recursos Humanos
16. Existe um programa de desenvolvimento profissional na empresa?
( ) Sim ( ) Não
17. De que forma é o programa de desenvolvimento profissional é realizado?
( ) Informalmente
( ) Formalmente, pelos funcionários da empresa
( ) Utilização de telecurso 1º e 2º graus
( ) Contratação de Instituições Especializadas
( ) Levantamento das necessidades de treinamento, e elaboração de plano
de desenvolvimento individual
18. Qual o impacto do treinamento dos funcionários para sua empresa?
Impacto do Treinamento de Funcionários
Ações
Muito Pouco Pouco Médio Muito
Muitíssimo
Maior produtividade
Melhoria da ambiência organizacional
Melhoria da imagem
Menor número de acidentes/ doenças
ocupacionais
Melhoria na comunicação
III. 5 – Pesquisa & Desenvolvimento
19. Existe pesquisa para desenvolvimento de produtos e processos?
( ) Sim ( ) Não
20. De que forma é são realizadas as pesquisas?
( ) Internamente
( ) Parceria com os clientes
( ) Parceria informal com instituições de pesquisa/ Universidade
( ) Contratos com as Instituições de pesquisa/ Universidade
( ) No centro de pesquisa da empresa
118
21. Que tipo de pesquisa é desenvolvida na empresa?
( ) Diferenciação do produto
( ) Selo verde para o produto
( ) Reaproveitamento de resíduos
( ) Redução de custos operacionais
( ) Reaproveitamento de água
( ) Minimizar os impactos ambientais do processo produtivo
( )
Outros______________________________________________________
_
III. 7 – Produção & Operação
22. Quais as dificuldades de acesso/aquisição de matérias-primas e insumos na sua empresa?
Grau de Dificuldade
Dificuldades
Muito Pouco
Pouco Médio Muito
Muitíssimo
Custo do frete
Custo de armazenagem
Infra-estrutura das estradas
Barreiras tributárias
Altas taxas de juros/ Variação cambial
Burocracia na importação
Barreiras comerciais (OMC)
23. Qual o grau de controle da qualidade na sua empresa?
Grau de Controle da Qualidade
Itens de Controle
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito
Muitíssimo
Produto final
Matéria-prima
Resíduos sólidos
Efluentes líquidos
Energia Elétrica
Água
Insumos
Emissões atmosféricas
Ruídos
Energéticos (GLP, Biomassa, Óleo BPF)
24. Qual o grau de importância do Sistema de Gestão da Qualidade para a empresa?
Grau de Importância
Motivos
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito
Muitíssimo
Atendimento à Legislação
Exigência da matriz
Exigência dos clientes internacionais
Exigência dos clientes nacionais
Preocupação com a imagem da empresa
no mercado
Exigência dos órgãos de financiamento
(bancos, agências de fomento)
Avanço dos concorrentes
119
25. Quais os benefícios do Sistema de Gestão da Qualidade para a empresa?
Benefícios do SGQ
Benefícios
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Maior controle do processo
Padronização dos processos
Redução de custo
Melhoria da comunicação
Maior Produtividade
Melhoria da imagem
Melhoria do clima organizacional
Aumento das vendas no mercado externo
Aumento das vendas no mercado interno
26. Quais as dificuldades na distribuição do produto?
Impacto
Dificuldades
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Infra-estrutura das estradas
Variação cambial
Custo de armazenagem
Custo do frete
Taxa de Juros
Barreiras tributárias
Infra-estrutura dos portos
Burocracia na exportação
Barreiras comerciais (OMC)
III. 8 – Marketing
27. Qual o grau de exigência dos clientes?
Grau de Exigência
Exigência dos Clientes
Muito Pouco
Pouca
Média Muita Muitíssima
Preço
Cumprimento dos prazos de entrega
Qualidade do produto
ISO 9001
ISO 14001
Publicação de Balanço Social
Selo verde
28. Qual o impacto das reclamações dos clientes nas vendas?
Impacto
Itens de reclamações
Muito Pouco
Pouca
Média Muita Muitíssima
Entrega
Qualidade
Preço
Prazo de pagamento
120
IV – Condutas Ambiental e Social
Nesse item será analisado o gerenciamento da empresa, permitindo entender os elementos
que compõem suas condutas ambientais e sociais.
IV. 1 – Administração Geral
29. A empresa tem uma pessoa responsável pelo gerenciamento ambiental?
( ) Sim, no setor de meio ambiente
( ) Sim, no setor de manutenção/utilidades
( ) Sim, em outro setor.
Especificar:______________________________________________
( ) Sim, mas está distribuído em diversos setores. Quais?
____________________________
_______________________________________________________________
_____________
( ) Não existe esse responsável ainda, mas está nos planos da empresa a
designação de um responsável pelo gerenciamento ambiental
( ) Não existe esse responsável
30. Qual o nível gerencial mais elevado para o trato das questões ambientais e sociais?
Ambiental Social
( ) Sim
( ) Presidência
( ) Diretoria
( ) Gerência
( ) Coordenação
( ) Operacional
( ) Não
( ) Sim
( ) Presidência
( ) Diretoria
( ) Gerência
( ) Coordenação
( ) Operacional
( ) Não
31. A empresa possui uma política ambiental escrita?
( ) Sim ( ) Não
32. Quais os compromissos assumidos na política ambiental?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
33. Qual a importância das questões ambientais para a direção da empresa?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
121
34. Qual o impacto dos investimentos ambientais na competitividade?
Impacto
Melhorias
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Adequação à legislação
Redução de desperdícios
Redução de custos
Redução das multas
Redução das reclamações
Qualidade das emissões
Novos negócios
Qualidade/ quantidade dos efluentes
líquidos
Qualidade/ quantidade das emissões
gasosas
Redução da quantidade dos resíduos
sólidos
Produtividade
Imagem
Ambiência organizacional
35. A empresa possui um código de ética?
( ) Sim ( ) Não
36. Quais os compromissos assumidos neste código?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
37. Qual a importância das questões sociais para a direção da empresa?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
38. A empresa participa em projetos sociais? Quais?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
39. A empresa tem uma pessoa responsável pelo gerenciamento de projetos sociais?
( ) Sim, no setor de RH
( ) Sim, no setor de comunicação/assessoria de imprensa
( ) Sim, na administração geral
( ) Sim, em outro
setor.Especificar______________________________________________
_
( ) Sim, mas está distribuído em diversos setores.
Quais?____________________________
_______________________________________________________________
_____________
( ) Não existe esse responsável ainda, mas está nos planos da empresa a
designação de um responsável pelo gerenciamento ambiental
( ) Não existe esse responsável
122
40. Qual o impacto dos projetos sociais na competitividade da empresa?
Impacto na Competitividade
Programa/ Projeto
Muito Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo
Educação
Saúde
Esporte e lazer
Segurança
Geração de emprego e renda
Inclusão digital
Infra-estrutura da comunidade
41. Quais os benefícios para a empresa da realização dos projetos sociais?
Grau de Benefício
Benefícios
Muito Pouco Pouco Médio Muito
Muitíssimo
Produtividade
Ambiência organizacional
Imagem
Isenção fiscal
Redução das reclamações
Diminuição dos acidentes e doenças
ocupacionais
Redução das multas
Novos negócios
IV. 2 – Administração Jurídica
42. A empresa conhece a Legislação relativa às suas atividades?
Conhecimento da Legislação
Legislação
Muito Pouco Pouco
Média Muita Muitíssima
Ambiental
Trabalhista/previdenciária
Tributária
43. Como é a atuação do órgão de fiscalização ambiental?
Atuação dos Órgãos Ambientais
Ações do Órgão
Muito Pouco Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Ágil na liberação de licenças ambientais
Fiscalização atuante
Parceria e orientação nas questões
ambientais
Ética e transparência
44. Foram realizados investimentos para o atendimento da Legislação Ambiental?
( ) Sim, para o controle dos efluentes líquidos
( ) Sim, para o controle de resíduos sólidos
( ) Sim, para o controle das emissões atmosféricas
( ) Sim, para o controle da poluição sonora
( ) Sim, para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental
( ) Sim, outros.
Especificar___________________________________________________
__
( ) Não foram necessários investimentos
123
45. Como é a atuação do órgão de fiscalização trabalhista e previdenciária?
Grau de Eficiência dos Órgãos Ambientais
Ações dos Órgãos
Muito Pouco Pouco
Médio Muito
Muitíssimo
Fiscalização atuante
Parceria e Orientação nas questões
trabalhistas e previdenciárias
Ética e Transparência
46. A empresa já sofreu alguma multa/ notificação do órgão de fiscalização? Quantificar.
Tipo 2004 2005
Multa:
SEFAZ
IBAMA
SEMACE
INSS
DRT
Notificação:
SEFAZ
SEMACE
INSS
DRT
IV. 3 – Administração Financeira
47. Como é definido o volume de investimentos na área ambiental?
( ) Após notificação ambiental
( ) Estabelecido para atender à legislação
( ) Com base nos projetos gerados internamente de forma espontânea
( ) Definido com base nos objetivos e metas da empresa
( ) Por pressão da comunidade / sociedade
( ) Por pressão dos clientes
48. Como é definido o volume de investimentos na área social?
( ) Após notificação/multa
( ) Estabelecido para atender a legislação
( ) Com base nos projetos gerados internamente de forma espontânea
( ) Definido com base nos objetivos e metas da empresa
( ) Por pressão da comunidade / sociedade
( ) Por pressão dos clientes
49. Quanto foi investido na área de Meio Ambiente para o atendimento à legislação ambiental?
Montante investido 2004 2005
0 – R$ 100 mil ( ) ( )
R$ 100 mil – R$ 500 mil ( ) ( )
R$ 500 mil – R$ 1 milhão ( ) ( )
R$ 1 milhão – R$ 2 milhões ( ) ( )
> R$ 2 milhões ( ) ( )
124
50. Quanto foi investido em projetos sociais?
Montante investido 2004 2005
0 – R$ 100 mil ( ) ( )
R$ 100 mil – R$ 500 mil ( ) ( )
R$ 500 mil – R$ 1 milhão ( ) ( )
R$ 1 milhão – R$ 2 milhões ( ) ( )
> R$ 2 milhões ( ) ( )
51. Quanto os investimentos abaixo representam no faturamento da Empresa?
a) Meio ambiente
Percentual investido 2004 2005
0 – 1 %
1 a 2 %
2 a 5%
5 a 10%
> 10%
b) Responsabilidade social
Percentual investido 2004 2005
0 – 1 %
1 a 2 %
2 a 5%
5 a 10%
> 10%
IV. 4 - Administração de Recursos Humanos
52. Existe um programa de educação ambiental na empresa?
( ) Sim, através do Programa 3R (Reciclar-Reusar-Reutilizar)
( ) Sim, através dos programas de conservação de água, energia, produtos
químicos e outros
( ) Sim, informalmente através de palestras
( ) Sim, é feito pelos próprios empregados da empresa
( ) Não existe um programa de Educação Ambiental
53. Qual o impacto do programa de educação ambiental para a competitividade da empresa?
Impacto
Melhorias
Muito Pouco Pouco Médio Muito Muitíssimo
Certificação da ISO 14001
Produtividade
Redução de Custos
Imagem
54. Há concessão de benefícios extras?
( ) Plano de saúde
( ) Plano odontológico
( ) Previdência privada
( ) Participação nos resultados
( ) 14º ou mais salários
( ) Concessão de crédito
( ) Disponibilização de espaço para lazer (clube/ grêmio)
( ) Prêmios/ Bônus
( ) Outros.
( ) Nenhum
125
IV. 7 – Produção & Operação
55. A empresa está implementando um Sistema de Gestão Ambiental?
( ) Sim, certificado pela NBR ISO 14001. Desde _____________________
(ano)
( ) Sim, em processo de certificação pela NBR ISO 14001
( ) Sim, mas não certificável
( ) Não, mas está nos planos da empresa.
Especificar_______________________________
( ) Não está nos planos da empresa
56. Quais os fatores que levaram a empresa a adotar um Sistema de Gestão Ambiental?
Grau de Importância
Motivos
Muito pouco
Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Atendimento à legislação
Exigência dos Clientes internacionais
Exigência dos Clientes nacionais
Avanço dos concorrentes
Reclamações da comunidade
Imagem da Empresa
Exigência da Matriz
Diminuir Acidentes Ambientais
Exigência dos órgãos de financiamento
57. Quais os benefícios do Sistema de Gestão Ambiental para a empresa?
Grau de Benefício
Benefícios
Muito Pouco
Pouco
Médi
o
Muito Muitíssimo
Maior controle do processo
Redução de custos
Melhoria da imagem
Aumento das vendas no mercado externo
Aumento das vendas no mercado interno
Redução do número de multas / autuações
58. A empresa avalia os aspectos e impactos ambientais gerados pela atividade, produtos e
serviços? De que forma?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
59. A empresa avalia os riscos e perigos de Saúde e Segurança no Trabalho gerados pela
atividade, produtos e serviços? De que forma?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
60. A empresa realiza exigências ambientais contratuais com seus parceiros de negócios?
( ) Sim ( ) Não
61. A empresa realiza exigências sociais contratuais com seus parceiros de negócios?
( ) Sim ( ) Não
126
62. Existe um plano de atendimento a situações de emergência?
( ) Sim ( ) Não
63. São realizadas auditorias ambientais?
( ) Sim ( ) Não
IV. 8 – Marketing
64. Os clientes fazem alguma exigência ambiental?
( ) Sim ( ) Não
65. Que tipo de exigência ambiental?
Exigências Ambientais dos Clientes
Exigência
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Selo verde
ISO 14001
Padrão próprio
66. Os clientes possuem alguma exigência social?
( ) Sim ( ) Não
67. Que tipo de exigência social?
Exigências Sociais dos Clientes
Exigências
Muito Pouco
Pouco
Médio Muito Muitíssimo
Investimento em Projetos Sociais Externos
Investimento em Projetos Sociais Internos
Filantropia
Programa de Voluntariado
68. Os concorrentes da empresa realizam projetos sociais?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
69. Os concorrentes da empresa realizam investimentos ambientais?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
127
a. V. 1 – Performances Econômica, Ambiental e Social
70. Quais são os indicadores econômicos adotados pela empresa?
% de variação
Performance
Questões
Econômicas
Indicador de
Performance (anual)
Unidade
de
medida
2004 2005
Faturamento
Receita bruta
Volume de Produção
Eficiência de
Produção
Produtividade
Eficiência na alocação
de recursos
Custos de produção
Participação no
mercado
Produção empresa/
Produção nacional
Econômica
Rentabilidade do
Investimento
Lucro Líquido/ Patrimônio
líquido
71. A empresa estabeleceu indicadores de performance ambiental?
( ) Sim, através dos padrões legais
( ) Sim, através de comparações com concorrentes (benchmarking)
( ) Sim, através da comparação com outras unidades da empresa
( ) Sim, através de outras maneiras.
Especificar___________________________________
( ) Não possui indicadores de performance ambiental
72. Quais os principais impactos ambientais das atividades, produtos ou serviços da empresa?
Estabelecer um ranking de prioridade.
( ) Carga orgânica do efluente líquido
( ) Exaustão dos recursos hídricos
( ) Exaustão dos recursos naturais
( ) Energia elétrica
( ) Ruído
( ) Contaminação do solo
( ) Eutrofização
( ) Contaminação dos corpos receptores com metais pesados
( ) Efeito estufa
( ) Chuva ácida
128
73. Quais são os indicadores de performance ambiental estabelecidos pela empresa?
% de variação
Compartimento
Ambiental
Questões Ambientais
Indicador de
Performance (anual)
2004 2005
(mgP/L)
Eutrofização e assoreamneto
(mgN/L)
Mudança do pH
pH
(mg/L) DBO
(mg/L) DQO
Contaminação por carga
orgânica
Óleos e graxas (ppm)
(mg/L) Hg
(mg/L)Cd
(mg/L)Pb
Contaminação por metais
pesados
(mg/L)Li
(mg/L) SO
x
Acidificação
(mg/L) NO
x
Contaminação por compostos
orgânicos voláteis
(g/m
3
) VOC
Temperatura
ºC
Cloretos
Água
Alcalinidade
Quantidade de resíduos não
perigosos gerados
ton
Quantidade de resíduos sólidos
perigosos gerados
ton
Paisagem natural
Hectare desmatado
Solo
Outros
Biodiversidade
Nº de espécies animais
contaminadas
Fauna
Outros
Biodiversidade
Nº de espécies
vegetais contaminadas
Flora
Outros
Consumo de energia elétrica
KWh
Consumo de combustíveis
ton
Recursos
Naturais
Consumo de água
(m
3
) H
2
O
74. A empresa estabeleceu indicadores de performance social?
( ) Sim, através dos padrões legais
( ) Sim, através de comparações com concorrentes (benchmarking)
( ) Sim, através da comparação com outras unidades da empresa
( ) Sim, através de outras maneiras.
Especificar____________________________________
( ) Não possui indicadores de performance ambiental
129
75. Quais são os indicadores de performance social estabelecidos pela empresa?
% de variação
Performance
Questões
Sociais
Indicador de Performance
(anual)
Unidade de
medida
2004 2005
Nº de multas
Nº de processos trabalhistas
na Justiça
Cumprimento
das exigências
éticas e legais
Nº de processos na Justiça
Rotatividade
Satisfação com o ambiente
de trabalho
Ambiência
organizacional
Escolaridade do corpo
funcional
Número de licenças de
saúde
Bem estar
Segurança e
saúde
Nº de acidentes de trabalho
Exposição
espontânea na
mídia
Nº de exposições
espontâneas
Saúde
Segurança
Infra-estrutura da
comunidade
Esporte e lazer
Geração de emprego e
renda
Imagem
Desempenho
dos projetos
sociais
Inclusão digital
130
ANEXO B – Ofício de apresentação
Livros Grátis
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