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VANESSA COUTO DE MAGALHÃES FERRAZ
Avaliação radiográfica, histomorfométrica e de função
de vôo após fixação de osteotomias distais de úmero em
pombas (Columba lívia), com modelo inédito de fixador
externo articulado. Estudo comparativo de fixador
transarticular dinâmico e estático
São Paulo
2008
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VANESSA COUTO DE MAGALHÃES FERRAZ
Avaliação radiográfica, histomorfométrica e de função de vôo
após fixação de osteotomias distais de úmero em pombas
(Columba lívia), com modelo inédito de fixador externo
articulado. Estudo comparativo de fixador transarticular
dinâmico e estático
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária
da Faculdade de Medicina Veterinárias e
Zootecnia da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Medicina Veterinária
Departamento:
Cirurgia
Área de Concentração:
Clínica Cirúrgica Veterinária
Orientador:
Prof. Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno
São Paulo
2008
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: Vanessa Couto de Magalhães Ferraz
Título: Avaliação radiográfica, histomorfométrica e de função de vôo após fixação de
osteotomias distais de úmero em pombas (Columba lívia), com modelo inédito de
fixador externo articulado. Estudo comparativo de fixador transarticular dinâmico e
estático
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica
Veterinária da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de Mestre
em Medicina Veterinária
Data___/___/___
Banca Examinadora
Prof. Dr.______________________ Instituição:___________________
Assinatura ____________________ Julgamento:_________________
Prof. Dr._________________________ Instituição:__________________
Assinatura _______________________ Julgamento:_________________
Prof. Dr._________________________ Instituição:__________________
Assinatura _______________________ Julgamento:_________________
Prof. Dr._________________________ Instituição:__________________
Assinatura _______________________ Julgamento:_________________
Prof. Dr._________________________ Instituição:__________________
Assinatura _______________________ Julgamento:_________________
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.”
Mahatma Gandhi
Dedico este trabalho aos meus pais, por todo o amor e dedicação com que me guiaram,
sempre me apontando na direção certa, e ao Cássio; meu mestre, meu melhor amigo, meu
maior amor!
AGRADECIMENTOS
Não há palávras para agradecer à todas as pessoas que usaram seu tempo e dividiram
seus conhecimentos, sem esperar nada em troca, para me ajudarem a compor este projeto,
pedacinho por pedacinho. Não só me auxiliaram com meus experimentos, mas com certeza
me ensinaram muito mais do que eu poderia supor aprender quando decidi me dedicar a
conquistar este título.
Ao Professor Luiz Augusto Coppi Maciel e à sua equipe por pacientemente me
ensinarem sobre Estereologia, me explicarem o funcionamento do laboratório, e me
ajudarem com o experimento, ainda que eu não tenha podido utilizar os resultados obtidos
lá.
Aos técnicos da radiologia, Sr. Hugo Idalgo, Sr. Reginaldo Barbosa da Silva, Sra. Kátia
Margareth Massoneto e Sr. Benjamin Ribeiro de Souza e à Dra. Silvana Maria Unruh por
sempre arrumarem um tempinho para “encaixar” minhas aves, e sempre com muita
simpatia.
Aos enfermeiro Sr. Jesus dos Anjos Vieira, Sr. Otávio Rodrigues dos Santos, Sr.
Cledson Lelis dos Santos e Sr. José Miron Oliveira da Silva, por me ajudarem não somente
com as cirurgias do experimento, mas por dedicarem tanto tempo e me ensinarem tanto
com sua vasta experiência, aprendizado sem preço, que sempre levarei comigo.
Aos Drs. Rodrigo Benedetto e Dr. João Krummenerl que me ajudaram com os
procedimentos anestésicos durante o experimento e fora dele, com tanta paciência, tantas
vezes ficando até muito mais tarde do que deveriam.
Aos Srs. Geílson Atanázio da Silva e Gedeílson Jesus Atanázio por me ajudarem com a
manutenção dos animais do experimento, e por sempre cuidarem dos meus animais com
tanta dedicação e carinho!
Aos meus colegas e aos meus professores da Universidade da Florida, por tão
pacientemente me aceitarem em seus laboratórios e em suas aulas, me ensinando tanto, em
especial às enfermeiras do setor de animais exoticos, e à Dra. Debbie Meyers.
Às técnicas do laboratório do Prof. Dr. Wronski, Sras. Molly e Sarah, que me ensinaram
e ativamente participaram do experimento, e sempre me divertiram durante longas horas no
laboratório: espero que todos os seus desejos se realizem, sei que um dia serão ótimas
profissionais nas suas áreas de estudo!
Ao Dr. José Saito, que me ajudou com sua grande experiência com implantes, na
confecção dos fixadores desenvolvidos neste projeto.
Aos meus colegas e grandes amigos de laboratório LOTC: Kelly, Leandro, Dani e
Marga, muito obrigada por tudo o que me ensinaram, e por todas as vezes que trabalharam
dobrado para que eu pudesse ir à aulas ou fazer meu experimento. Excelentes profissionais,
unidos por terem os mesmos princípios de trabalho e estudos, pela seriedade que tratam os
casos e o carinho que tratam os pacientes, conquistaram o coração do professor e também o
meu.
Aos meus queridos amigos incríveis, que me ensinaram tanto sobre a vida, e que
estiveram comigo em alguns dos momentos mais felizes e também alguns dos mais difíceis.
Que nunca me deixaram sozinha, estando perto ou longe.
Às minhas amigas queridas Tatiana (Lajes) e Daniele (Pans), que estiveram do meu
lado, (às vezes na frente, me arrastando!) durante toda a faculdade e desde então, durante
toda a minha vida. Que riram comigo e às vezes secaram minhas lágrimas, que sempre me
apoiaram e nunca me julgaram. Você são minhas irmãs hoje e sempre!
À Professora Dra. Silvia Gaido Cortopassi, que não só gastou seu tempo anestesiando
meus animais do projeto e tantos outros pacientes meus, como também me “adotou”
provisóriamente. Obrigada por sua amizade!
Ao Professor Dr. Wronski, que mesmo sem me conhecer abriu as portas do seu
laboratório, dividiu tantos conhecimentos e salvou parte do meu projeto. Ofereceu sua
amizade, que eu sempre terei com muito carinho, e nunca esquecerei das sextas feiras, a
cada quinze dias, pontualmente às 6 pm, no Market Street Pub!
Ao Professor Dr. Ramiro Isaza, que me recebeu na Universidade da Florida, e com isto
abriu tantas portas para mim. Me ensinou tanto e se dispôs a co-orientar este projeto. Nunca
me esquecerei daquele gavião, não só porque dele veio a inspiração para minha tese, mas
porque aprendi muito sobre pacientes, e sobre como ser um bom professor. Meus sinceros
agradecimentos!
À minha família, meus pais, irmãos e meu avô, meus melhores amigos, que sempre
apoiaram todas as minhas decisões, muitas vezes sem concordar com elas. Que me
ensinaram os valores e princípios que sempre levarei comigo. Que dividiram comigo muitas
vitórias e também muitos fracassos, e que mesmo sem entender direito porque eu ainda
levantava cedo e ia para a faculdade nos últimos três anos, apesar de já ter me formado, me
estimularam até o fim. “Hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas!”
E por fim, ao Professor Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno, meu orientador, desde o 3º.
ano da faculdade, por me ensinar praticamente tudo o que sei em Medicina Veterinária, mas
principalmente por me ensinar humildade, por me ensinar que nunca saberemos o
suficiente, que sentar no chão e brincar com nossos pacientes não nos faz menos
profissinais e sim mais humanos. Obrigada Cá, por partilhar minha vida, por estar ao meu
lado, por acreditar em mim e sempre me estimular a seguir meus sonhos, onde quer que eles
estejam.
RESUMO
FERRAZ, V. C. M. Avaliação radiográfica, histomorfométrica e de função de vôo após
fixação de osteotomias distais de úmero em pombas (Columba lívia), com modelo
inédito de fixador externo articulado. [Estudo comparativo de fixador transarticular
dinâmico e estático. Radiographic, histomorphometric and of flight function evaluations
after distal humeral osteotomies in pigeons (Columba livia), with inedit articulated external
fixator. Comparative study of dynamic and static transarticular fixators]. 2008. 124 f.
Dissertação (Mestrado de Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
O tratamento de fraturas umerais distais em aves impõe grande dificuldade, devido a
córtices muito finas dos ossos A artrodese com fixador externo da articulação úmero-rádio-
ulnar é inviável para aves que se pretende reintroduzir ao meio ambiente. Doze animais
foram divididos em dois grupos: cirurgias bilaterais com anquilose de uma asa (asa estática)
e manutenção da articulação da outra (asa dinâmica) (grupo 1), e cirurgia unilateral, com
manutenção da função da articulação (asa dinâmica), sendo a outra controle (asa intacta)
(grupo 2). Foram feitas avaliações clínicas, radiológicas, morfológicas do osso,
histomorfométricas (de ambos os grupos) e de capacidade de vôo (grupo 2),. A 6 semanas,
todos os animais apresentavam fraturas consolidadas, com excessão de dois animais do
grupo 1, que somente apresentaram consolidação das asas dinâmicas às 9 semanas e das
estáticas às 12 semanas. Todos os animais do grupo 2 apresentaram capacidade de vôo
adequada, antes de 13 semanas após a cirurgia. No grupo 1 o úmero da asa dinâmica
representava 99,1% do comprimento do da asa estática, e no grupo 2, estes eram 99,5% em
relação à asa intacta. A amplitude da asa, no grupo 2, demonstrou que a relação da asa
dinâmica/intacta foi de 93%, e no grupo 1 a relação asa dinâmica/estática foi de 105%. O
volume do osso intacto foi de aproximadamente 29% da área estudada, enquanto o da asa
estática foi de 19% e das asas dinâmicas, de 22%. Houve diferença entre o número de
osteoblástos das asas intactas e dinâmicas, porém não houve diferença entre as asas
estáticas e intactas e entre as dinâmicas e as estáticas, e também não houve diferença do
número de osteoclástos entre nenhum tipo de asa. A razão da superfície óssea pelo volume
ósseo indica a quantidade de áreas de reabsorção. Não houve diferença entre as asas estática
e dinâmica, porém houve diferença entre estas e os controles. O método proposto de técnica
para fixação de fraturas umerais distais, sem a anquilose da articulação úmero-rádio-ulnar,
demonstrou ser efetivo em manter o comprimento ósseo, a amplitude da asa e assim,
garantindo a capacidade de vôo das aves tratadas, além de demonstrar ser equivalente
histológicamente à técnica tradicional e mais estável de anquilose da articulação, para este
tipo de fratura, e até mesmo, no período estudado, ser equivalente ao osso são, sendo um
método adequado para a reparação de fraturas distais de úmero em aves quando se pretende
a reabilitação destes animais.
Palavras–chave: Pombos. Ortopedia. Fraturas Umerais. Fixador Articulado.
ABSTRACT
FERRAZ, V. C. M. Radiographic histomorphometric and of flight function evaluations
after distal humeral osteotomies in pigeons (Columba livia), with inedit articulated
external fixator. Comparative study of dynamic and static transarticular fixators.
[Avaliação radiográfica, histomorfométrica e de função de vôo após fixação de osteotomias
distais de úmero em pombas (Columba lívia), com modelo inédito de fixador externo
articulado. Estudo comparativo de fixador transarticular dinâmico e estático]. 2008. 124 f.
Dissertação (Mestrado de Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
The treatment of humeral distal fractures in birds is very difficult, because these bones are
very brittle. Ankylosis of the humeral-radio-ulnar joint with an external fixator is unviable
for birds intended for re-habilitation and reintroduction. Twelve animals were used and they
were divided in two groups: bilateral surgeries, with ankylosis of one wing (static wing)
and maintenance of the joint function of the other wing (dynamic wing) (group 1), and
unilateral surgery, with maintenance of the joint function of the wing (dynamic wing), and
the other was used as control group (intact wing) (group 2). Clinical, radiographic,
morphologic and histomorphometric evaluations of the wings and bones (of both groups)
and of evaluations of flight capacity (in group 2) were made. At 6 weeks, all animals had
healed fractures, except two animals in group 1, that only presented consolidation of the
dynamic wing at 9 weeks and the static wings at 12 weeks. All animals in group 2 were
capable of flying before 13 weeks after surgery. In group 1, the humerus of the dynamic
wing was 99.1% the length of that of the static wing, and in group 2, these were 99.5%
compared to the intact wing. Wing amplitude, in group 2, showed a dynamic/ intact ratio of
93%, and in group 1 the dynamic/ static wing ratio was 105%. The volume of the intact
bone was approximately 29% of the studied area, while in the static wing it was of 19% and
in the dynamic wing, 22%. There was a difference in the number of osteoblasts of the intact
and dynamic wings, but there was no difference between static and intact, and between
dynamic and static wings, and also, there was no difference in the numbers of osteoclasts
between any wings. The bone surface/ volume ratio indicates the amount of resorption
areas. There was no significant difference between static and dynamic wings, but there was
a difference between static and intact wings. The proposed method of distal humeral
fracture fixation technique, without ankylosis of the humerus-radius-ulna joint,
demonstrated being effective in keeping bone length, wing amplitude e therefore,
guaranteeing flight capacity of the birds treated, as well as being histologically equivalent
to the tradicional, more stable, joint ankylosis technique, for thise kind of fracture, and
even, for the studied period, being equivalent to healthy bone, being an adequate method
for fracture repair for this kind of fracture in birds, when one intends rehabilitation of these
animals.
Key - words: Pigeons. Orthopedics. Humeral Fractures. Articulated Fixator.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Amplitude de asa (asa dinâmica / asa estática) do grupo 1 ..............................72
Gráfico 2 - Peso proporcional do osso (asa dinâmica / asa estática) grupo 1..................... 72
Gráfico 3 - Peso proporcional do calo ósseo (asa dinâmica / asa estática) do grupo 1 .......73
Gráfico 4 - Amplitude de asa (asa dinâmica / asa intacta) do grupo 2 ...............................73
Gráfico 5 - Peso proporcional do osso (asa dinâmica / asa intacta) do grupo 2 .................74
Gráfico 6 - Peso proporcional do calo ósseo (asa dinâmica/ asa intacta) do grupo ............74
Gráfico 7 - Razão entre o peso dos ossos das asas dinâmicas/estáticas do grupo 1 e
dinâmica/ intacta do grupo 2 ...........................................................................75
Gráfico 8 - Razão entre o peso dos ossos das asas dinâmicas/estáticas do grupo 1 e
dinâmica/ intacta do grupo 2 .............................................................................75
Gráfico 9 - Comparação, em porcentagem, dos volumes ósseo, de tecido fibroso, de
osteóide, de vasos sanguíneos e cartilagem nas asas intactas do grupo 2 .........79
Gráfico 10 - Comparação, em porcentagem, dos volumes ósseo, de tecido fibroso,
de
osteóide, de vasos sanguíneos e cartilagem nas asas estáticas do grupo
1 ......................................................................................................................79
Gráfico 11 - Comparação, em porcentagem, dos volumes ósseo, de tecido fibroso,
de osteóide, de vasos sanguíneos e cartilagem nas asas dinâmicas dos
grupos 1 e 2 ....................................................................................................80
Gráfico 12 - Comparação, em porcentagem, das superfícies de osteoblastos e
osteoclastos observados junto às superfícies ósseas, nas asas intactas
dos animais do grupo 2 ................................................................................. 80
Gráfico 13 - Comparação, em porcentagem, das superfícies de osteoblastos e
osteoclastos observados junto às superfícies ósseas, nas asas
estáticas dos animais do grupo 1 .................................................................81
Gráfico 14 - Comparação, em porcentagem, das superfícies de osteoblastos e
osteoclastos observados junto às superfícies ósseas, nas asas
dinâmicas dos animais dos grupos 1 e 2 .....................................................81
Gráfico 15 - Média da razão superfície óssea / volume ósseo, nos três grupos de
asas: intactas, estáticas e dinâmicas ...............................................................82
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A, Figura 1 - Modelo experimental de fixador articulado............................. 113
Apêndice B, Figura 2 - Colocação trans-cirúrgica do fixador, com a colocação da
barra média do fixador sobre o úmero, da primeira
articulação do fixador, sobre o cotovelo, e das barras
menor e maior sobre a ulna, com a segunda articulação do
fixador permitindo ajustes trans-cirúrgicos do fixador para
cada animal ................................................................................114
Apêndice C, Figura 3 - Exame radiográfico de pós-cirúrgico imediato de asa
dinâmica (Animal 1, Grupo 2) ...................................................115
Apêndice D, Figura 4 - Exame radiográfico da asa dinâmica, seis semanas após a
cirurgia (Animal 1, Grupo 2) .....................................................116
Apêndice E, Figura 5 - Exame radiográfico de asa dinâmica, à eutanásia (Animal
1, Grupo 2) .................................................................................117
Apêndice F, Figura 6 - Exame radiográfico, asa estática, imediatamente após a
cirurgia (Animal 2, Grupo 1) .....................................................118
Apêndice G, Figura 7 - Exame radiográfico de asa estática, seis semanas após a
cirurgia (Animal 2, Grupo 1) .....................................................119
Apêndice H, Figura 8 - Exame radiográfico de asa estática, à eutanásia (Animal
2, Grupo 1) .................................................................................120
Apêndice I, Figura 9 - Úmero após dissecção, do animal 4, grupo 2 – asa
dinâmica......................................................................................121
Apêndice J, Figura 10 - Úmero após dissecção, do animal 4, grupo 2 – asa intacta .... 122
Apêndice K, Figura 11 - Úmero do animal 1, grupo 1 – asa dinâmica, após
dissecção .................................................................................... 123
Apêndice L, Figura 12 - Úmero do animal 1, grupo 1 – asa estática, após
dissecção .................................................................................... 124
LISTA DE FIGURAS
Figura 13 - Calo ósseo de asa dinâmica, (animal 1, grupo 1) Mostrando osso
cortical organizado, com diversos gaps de reabsorção, dentro dos
quais se pode observar camada de osteóide (lilás) recobrindo as
margens internas destes, e camada de osteoblástos (roxo escuro)
recobrindo a anterior. (TF): Tecido fibroso em margem periostal,
com fina camada de osteóide em toda a sua superfície (lilás)
recoberta de osteoblástos (roxo escuro) e osteoblástos e células
indiferenciadas entremeadas no tecido fibroso. Rachaduras de falha
de técnica por todo o osso............................................................................84
Figura 14 - Osso cortical de asa dinâmica (animal 3, grupo 1), com gaps de
reabsorção menores e mais numerosos em margem endostal e
coalescência de gaps, formando gaps maiores em margem periostal.
Camada fina de osteóide (lilás) em fase avançada nas superfícies
internas dos gaps, recoberta de camada de osteoblástos (azuis):
ambas as camadas são maiores em região periostal. Grande área de
reabsorção com larga camada de osteoblástos (roxo) em margem
periostal........................................................................................................85
Figura 15 - Osso cortical da asa dinâmica (animal 4, grupo 1). Cortical óssea
com poucos grandes gaps de reabsorção, com superfícies internas
revestidas de camada de osteóide e pequena camada de osteoblástos.
Gaps repletos de células indiferenciadas. Em superfície endostal,
formação de osso desorganizado (esquerda) e grande volume de
tecido cartilaginoso (TC) em fase de mineralização (em preto,
entremeando a cartilagem)...........................................................................86
Figura 16 - Asa dinâmica (animal 5, grupo 2) em que foi observado calo ósseo
volumoso. Osso cortical desorganizado com muitos gaps de
reabsorção de diversos tamanhos e finas camadas de osteóide em
fase inicial, recobertas por camadas de osteoblástos em apenas
alguns gaps. Grande quantidade de células indiferenciadas dentro
dos gaps e ao redor do osso. Intersecção de tecido cartilaginoso (TC)
e inicio de mineralização do mesmo, com formação óssea. Algumas
rachaduras do material por falha da técnica ................................................87
Figura 17 - Úmero (animal 5, grupo 2): asa dinâmica ...................................................87
Figura 18 - Osso cortical (animal 1, grupo 1). Detalhe de trabéculas ósseas (T),
com tecido cartilagíneo formando osso (células cartilagíneas
entremeadas em cortical desorganizada). Fina camada de osteóide
(lilás) recobrindo trabéculas e larga camada de osteoblástos (Ob)
sobre a anterior. Muitos sinusóides (Ss) presentes. Grande
quantidade de células indiferenciadas entremeando as trabéculas .............89
Figura 19 - Asa estática (animal 3, grupo 1) em que foi observado calo ósseo
avantajado. Osso cortical desorganizado com grandes gaps de
reabsorção e formação óssea, recoberto por larga camada de
osteóide (O)(lilás), contendo muitos osteócitos (Ot), e recoberta por
larga camada de osteoblástos (Ob). Células indiferenciadas no
interior dos gaps. Alguns sinusóides (Ss)dentro dos gaps ..........................90
Figura 20 - Úmero (animal 3, grupo 1); asa estática .....................................................90
Figura 21 - Osso cortical (animal 3, grupo 2) com baixa porosidade e baixa
celularidade. Observa-se pouca alteração tanto endostal quando
periosteal .....................................................................................................91
Figura 22 - Demonstração de como foi realizada a técnica de histomorfometria.
A imagem de cada lâmina foi observada em tela de computador,
utilizando-se de placa para digitalização e mouse, para delinear as
áreas recobertas por osso (em azul), cartilagem (em cor salmão),
tecido fibroso (em verde), etc., sendo que este traçado foi feito em
cada quadrado menor (por exemplo: A 1), e ao final, o programa de
computador OsteoMeasure
®
calculou valores totais para cada lamina .......92
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Avaliação radiográfica dos animais do grupo 1, segundo escala adaptada
de Silva (1998) 1 - Fratura completa com irregularidade nas linhas dos
fragmentos. 2 - Ponte cortical/ linha radiotransparente na falha entre os
fragmentos. 3 - Ponte cortical completa/ sem linha radiotransparente. 4
- Início de remodelação .....................................................................................65
Tabela 2 - Avaliação radiográfica dos animais do grupo 2 segundo escala adaptada
de Silva (1998): 1 - Fratura completa com irregularidade nas linhas dos
fragmentos. 2 - Ponte cortical/ linha radiotransparente na falha entre os
fragmentos. 3 - Ponte cortical completa/ sem linha radiotransparente. 4 -
Início de remodelação .......................................................................................66
Tabela 3 - Grupo 1. Comprimento do úmero em cm, relação do comprimento do
úmero de asa dinâmica dividido pela asa estática (ad/ae). Peso do úmero
em gramas divididas pelo comprimento em centímetros, relação desta
valor para asa dinâmica dividido pelo valor da asa estática (ad/ae). Peso
apenas do calo ósseo em gramas dividido pelo comprimento em
centímetros e relação entre asa dinâmica e asa estática (ad/ae) deste
valor. Amplitude da asa, medida entre a porção proximal do úmero e a
mais distal da ulna, em linha reta, e relação deste valor entre asa
dinâmica e asa estática (ad/ae) ..........................................................................70
Tabela 4 - Grupo 2 Comprimento do úmero em cm, relação do comprimento do
úmero de asa dinâmica dividido pela asa estática (ad/ae). Peso do úmero
em gramas divididas pelo comprimento em centímetros, relação desta
valor para asa dinâmica dividido pelo valor da asa estática (ad/ae). Peso
apenas do calo ósseo em gramas dividido pelo comprimento em
centímetros e relação entre asa dinâmica e asa estática (ad/ae) deste
valor. Amplitude da asa, medida entre a porção proximal do úmero e a
mais distal da ulna, em linha reta, e relação deste valor entre asa
dinâmica e asa estática (ad/ae) ..........................................................................71
Tabela 5 - Porcentagens de volume ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de
osteoblástos próximos ao osso, volume de osteóide, volume de vasos
sanguíneos, volume de cartilagem, superfície de osteoclástos e razão da
superfície óssea pelo volume ósseo em mm
2
/mm
3
, nas asas intactas dos
animais do grupo 2 ............................................................................................76
Tabela 6 - Porcentagens de volume ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de
osteoblástos próximos ao osso, volume de osteóide, volume de vasos
sanguíneos, volume de cartilagem, superfície de osteoclástos e razão da
superfície óssea pelo volume ósseo em mm
2
/mm
3
, nas asas estáticas dos
animais do grupo 1 ............................................................................................77
Tabela 7 - Porcentagens de volume ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de
osteoblástos próximos ao osso, volume de osteóide, volume de vasos
sanguíneos, volume de cartilagem, superfície de osteoclástos e razão da
superfície óssea pelo volume ósseo em mm
2
/mm
3
, nas asas dinâmicas
dos animais dos grupos 1 e 2 ............................................................................78
Tabela 8 - Relação entre asa estática e intacta, entre asa estica e dinâmica e entre
asa intacta e dinâmica, nos diferentes aspectos avaliados, com nível de
significância de 5% ...........................................................................................94
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................20
2 OBJETIVOS .......................................................................................................22
2.1 Hipóteses .............................................................................................................22
2.2 Limitações ...........................................................................................................22
3 REVISÃO ............................................................................................................24
3.1 Função e fisiologia óssea em aves .....................................................................25
3.2 Princípios de ortopedia em aves .......................................................................27
3.3 Processos de consolidação óssea em aves .........................................................28
3.4 Técnicas ortopédicas em aves ...........................................................................33
3.4.1 Fixadores externos em aves .................................................................................35
3.5 Fraturas umerais ................................................................................................37
3.6 Complicações de fraturas em aves ....................................................................39
3.7 Estado da arte do tratamento de fraturas ósseas em aves .............................40
3.8 Técnicas de avaliação de consolidação óssea ...................................................44
3.8.1 Radiologia ............................................................................................................44
3.8.2 Histomorfometria .................................................................................................44
4 MATERIAL E MÉTODO .................................................................................47
4.1 Animais ...............................................................................................................48
4.2 Preparação pré-experimental ...........................................................................48
4.3 Protótipo experimental ......................................................................................48
4.4 Delineamento experimental ...............................................................................49
4.4.1 Técnica anestésica ................................................................................................50
4.4.2 Preparação cirúrgica .............................................................................................51
4.4.3 Técnica cirúrgica ..................................................................................................51
4.4.4 Tratamento pós cirúrgico .....................................................................................52
4.4.5 Analgesia e cuidados pós operatórios ..................................................................52
4.5 Avaliação radiográfica .......................................................................................53
4.6 Avaliação clínica .................................................................................................54
4.7 Avaliação da função ...........................................................................................54
4.8 Avaliação da morfologia óssea ..........................................................................55
4.9 Histologia ............................................................................................................55
4.9.1 Fixação do tecido ósseo .......................................................................................55
4.9.2 Processo de emblocamento de osso não descalcificado ......................................56
4.9.2.1 Soluções de emblocamento ..................................................................................56
4.9.2.2 Preparação de lâminas gelatinizadas ..................................................................58
4.9.3 Seccionamento .....................................................................................................59
4.9.4 Coloração .............................................................................................................59
4.9.4.1 Corante de tetracromo .........................................................................................59
4.9.4.2 Protocolo de coloração ........................................................................................60
4.9.5 Procedimentos de osteomensuração ....................................................................61
4.10 Análise Estatística ..............................................................................................61
5 RESULTADOS ..................................................................................................63
5.1 Clínicos e radiológicos .......................................................................................64
5.2 Avaliação de vôo .................................................................................................67
5.3 Morfologia óssea .................................................................................................67
5.3.1 Comprimento do úmero .......................................................................................67
5.3.2 Peso do úmero ......................................................................................................67
5.3.3 Peso do calo ósseo ...............................................................................................68
5.3.4 Amplitude de asa ..................................................................................................68
5.4 Análise histomorfométrica ................................................................................83
5.4.1 Asas Dinâmicas ....................................................................................................83
5.4.2 Asas Estáticas .......................................................................................................88
5.4.3 Asas Intactas ........................................................................................................91
5.5 Estatística ............................................................................................................93
5.5.1 Morfometria .........................................................................................................93
5.5.2 Osteometria .........................................................................................................93
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................95
7 CONCLUSÕES ................................................................................................106
REFERÊNCIAS................................................................................................108
APÊNDICES ....................................................................................................112
20
1 INTRODUÇÃO
O processo pelo qual os ossos das aves crescem ou se remodelam, é comumente
extrapolado dos conhecimentos que se tem de mamíferos. Tully (2002) procurou explicitar
as principais diferenças entre estas duas classes tão distintas de animais. Ele salienta que o
conhecimento da anatomia e fisiologia do sistema ósseo das aves é fundamental para o
tratamento, prognóstico para cura, e função e até mesmo para a educação de proprietários,
no tratamento de lesões ortopédicas.
Os princípios gerais de ortopedia se aplicam às aves, tais como fixação rígida,
alinhamento anatômico do osso, retorno precoce à função e baixa morbidade. As aves
apresentam algumas características importantes quanto à reparação ortopédica: seus ossos
apresentarem córtices finos e frágeis, o que resulta em menor fixação óssea de implantes;
menos tecidos moles cobrindo os ossos, sendo que os suprimentos sanguíneo e nervoso
apresentam lesões, após fraturas ósseas, mais comumente do que em mamíferos; e as
fraturas normalmente são expostas, sendo a porção exposta do osso geralmente não-viável,
e, se incorporada à fixação, pode causar seqüestro ósseo; enxertia é pouco usada, pois há
pouco osso esponjoso disponível; e, por fim, em fraturas de membros posteriores deve-se
restituir o apoio rapidamente, já que os animais são bipedais. (HELMER; REDIG, 2006).
Martin e Ritchie (1994) afirmam que há poucos estudos sobre os processos de
consolidação óssea após fraturas em aves, porém geralmente denota-se que a taxa de
consolidação depende do deslocamento dos fragmentos, da abrangência da lesão vascular,
da presença de agentes infecciosos e da mobilidade da fratura. Fraturas estabilizadas com
placas ósseas, ou seja, com estabilidade absoluta, apresentaram calo ósseo mínimo, como é
também visto em mamíferos. Fraturas bem estabilizadas e alinhadas nas aves tendem a
consolidar mais rapidamente do que em mamíferos.
Fraturas pobremente alinhadas apresentam poucas mudanças entre quatro e doze
semanas, enquanto fraturas bem estabilizadas remodelam rapidamente no mesmo período
de tempo. Vetores mínimos de força causam níveis indetectáveis de movimentos, que
podem lesar o crescimento de leitos capilares, retardando a consolidação da fratura, sendo
que esta tem menor probabilidade de ocorrer em fraturas altamente cominutivas (MARTIN;
RITCHIE, 1994).
21
Segundo Bush (1983), um bom método para fixação de fraturas ósseas em aves de
médio e grande porte é a utilização de fixadores externos. As vantagens da fixação externa
incluem diminuição do tempo cirúrgico e anestésico, facilidade de colocação e extração,
menor lesão vascular, menor taxa de infecção, menor necessidade de materiais
especializados, fixação rígida, cuidados pós operatórios mínimos, ajustes de tensão e
alinhamento são possíveis em alguns tipos de fixadores, retorno precoce à função, além de
praticamente não causar interferência no foco de fratura.
Os fixadores externos promovem calo endostal, o que é benéfico, pois calo ósseo
periostal muito desenvolvido pode afetar a atividade muscular, evitando o retorno ao vôo.
Este tipo de fixação também permite retorno à função em algumas fraturas de úmero, não
interferindo na amplitude do movimento das articulações, mantendo assim função da asa e
comprimento do osso (BUSH, 1983).
Fraturas em porção distal de úmero, ou seja, até dois a três diâmetros de cortical de
distância dos côndilos, devido à sua anatomia, apresentam encavalamento, e, portanto
necessitam de intervenção cirúrgica, não sendo suficientes, técnicas não invasivas, na
maioria das vezes. (COLES, 1996, HELMER; REDIG 2006).
Há poucos trabalhos na literatura estudando osteossintese ou até mesmo os processos
fisiológicos que levam à consolidação óssea em aves, e não há trabalhos que estudem a
manutenção funcional do uso da asa em tratamento de fraturas distais de úmero.
22
2 OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho foram avaliar se o novo fixador articulado leva à
consolidação de fraturas distais de úmero em aves, se após este tratamento, a função de vôo
é recobrada e comparar a consolidação óssea com o uso deste fixador em fixação instável,
constituída de fixador externo trans articular dinâmico (mantendo a movimentação
articular), em comparação à anquilose da articulação usando o mesmo tratamento, porém
usando o fixador de maneira estática (sem a manutenção da movimentação articular).
2.1 Hipóteses
- Se o fixador articulado é viável para a osteossíntese em asas
- Se o fixador articulado leva à consolidação em fraturas distais de úmero
- Se os animais tratados com fixador articulado adquirem capacidade de vôo após a
retirada do implante.
- Se os resultados observados são iguais ou melhores para o tratamento com fixador
articulado em comparação ao estático
2.2 Limitações
- O teste de vôo foi realizado em espaço limitado não havendo a possibilidade de real
mensuração quantitativa do vôo, apenas qualitativa.
- Tomografia computadorizada do osso para análise da densidade óssea teria sido de
grande valia para a análise do calo ósseo.
- As fraturas foram realizadas experimentalmente, sob a forma de osteotomias trans-
cirurgicas, mimetizando um cenário ideal para a consolidação. Não se pode avaliar quão
próximos os resultados seriam de situações reais de fraturas.
23
- O tipo de lesão estudado é comum em aves de rapina. O modelo utilizado neste estudo
foram pombos, porém não se pode precisar a evolução de fraturas tratadas desta maneira
para outras espécies.
24
Revisão Bibliográfica
25
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Função e fisiologia óssea em aves
O sistema ósseo das aves tem duas funções básicas: a de suporte para a musculatura e a
de reservatório para cálcio e fósforo. A porção mineral do osso é responsável pela
resistência a forças de compressão, enquanto a fibra orgânica suporta forças de torção e
arqueamento. O remodelamento ósseo ocorre de maneira semelhante ao dos mamíferos,
garantindo que, depois de formados, os ossos mantenham sua forma e tamanho, enquanto
contribuem para a homeostasia de minerais (TULLY, 2002).
Os ossos longos das aves se desenvolvem pela ossificação endocondral. A camada
pericondral é composta de fibroblastos, mais externos, que formam tecido conjuntivo, e de
células mesenquimais, mais internas, em multiplicação. Estas células hipertrofiam, e com o
tempo acumulam glicogênio, produzindo matriz extracelular que aumenta o osso
mineralizado pela expansão osteoblástica. Ocorre desenvolvimento simultâneo da
vascularização óssea e diferenciação celular pericondral. A calcificação ocorre devido à
secreção de fosfatase alcalina pelos condrócitos e esta é essencial para o processo de
mineralização, enquanto sua inibição interrompe o processo de calcificação. Os osteoclastos
agem sobre a cartilagem calcificada, e esta é preenchida por células que formarão a medula
óssea, e osteoblastos. Uma vez formada, a cavidade medular permanece inalterada,
enquanto o periósteo é eternamente remodelado (TULLY, 2002).
Nas aves, o principal regulador do crescimento ósseo é o hormônio do crescimento
(GH); este estimula a liberação de fator de crescimento insulina dependente 1 (IGF-1), que
age principalmente em condrócitos em divisão, e em células totipotentes. Este fator também
estimula a síntese de colágeno e proteoglicanas. Outros fatores envolvidos neste processo
incluem o fator de crescimento fibroblástico, e fator de crescimento transformador β, e
estes, conjuntamente estimulam a proliferação e diferenciação de condrócitos (TULLY,
2002).
O osso é formado por colágeno, impregnado com cristais de hidroxiapatita, conferindo a
esta proteína e conseqüentemente ao osso, dureza capaz de suportar grande carga
compressiva. As fibras de colágeno variam em diâmetro, dependendo da espécie animal, e
26
da área do osso em que se encontram. Em animais mais velhos, as fibras normalmente
tornam-se mais largas em diâmetro e encontram-se agrupadas. A deficiência de ácido
ascórbico causa a formação de colágeno defeituoso. Quando o colágeno é formado de
maneira adequada, o osteóide se transforma em osso totalmente mineralizado. De uma a
duas semanas, o colágeno formado na fratura de galinhas é o do tipo I, que contém três
vezes mais hidroxilisina do que é encontrado no osso normal de aves adultas. Após oito
semanas da fratura, a hidroxilisina cai para níveis normais. O colágeno do tipo I pode ser
produzido por osteoblastos de aves adultas e de animais jovens, em crescimento (TULLY,
2002).
Osteoblastos são células fibroblásticas, que compõe uma única camada na superfície
óssea. Nas áreas de grande formação de matriz óssea, eles se apresentam colunares e
agrupados, enquanto em áreas de quiescência, apresentam-se compactos. Durante o
desenvolvimento ósseo, os osteoblastos produzem matriz desmineralizada (osteóide ou
colágeno tipo I). Esta matriz é composta principalmente de colágeno (90% do conteúdo
orgânico) e posteriormente torna-se mineralizada, porém sempre existe uma fina camada de
matriz não mineralizada entre osso e osteoblastos (TULLY, 2002).
Os osteoclastos agem reabsorvendo a matriz mineral do osso remodelando-a. Os
hormônios relacionados à remodelação óssea nas aves são; o paratormônio, peptídeo de
paratormônio e 1,25(OH)
2
D
3.
Demonstrou-se que durante a reparação de fraturas em
galinhas, os níveis plasmáticos de 1,25(OH)
2
D
3
estão diminuídos, enquanto os níveis de
1,25(OH)
2
D
3
e
24,25(OH)
2
D
3
no tecido do calo estão aumentados (TULLY, 2002).
Os hormônios que inibem a reabsorção óssea são a calcitonina e a proteína relacionada
ao gene de calcitonina. Os estrógenos, glicocorticoides e retinóides também representam
papel importante na remodelação óssea. Aves com fraturas, que foram concomitantemente
tratadas com estrógenos, apresentaram calo ósseo mais fraco e de maior diâmetro, devido à
instabilidade do sítio de fratura (TULLY, 2002).
Apesar de haver controle genético da configuração da córtex, influências externas e
internas podem alterar sua largura, a quantidade de osso esponjoso ou de trabéculas e a
quantidade de osso membranoso no crânio (TULLY, 2002).
27
3.2 Princípios de ortopedia em aves
Os princípios gerais de ortopedia se aplicam às aves, sejam eles, fixação rígida,
alinhamento anatômico, retorno precoce à função e baixa morbidade. As principais
diferenças observadas na reparação ortopédica nas aves são o fato de seus ossos
apresentarem córtices finos e frágeis, o que resulta em menor fixação óssea de implantes;
menos tecidos moles cobrindo os ossos, o que significa que os suprimentos sanguíneo e
nervoso são mais comumente lesados; e as fraturas normalmente são expostas, sendo a
porção exposta do osso geralmente não-viável, e, se incorporada à fixação, pode causar
seqüestro ósseo; enxertia é pouco usada, pois há pouco osso esponjoso disponível; e, por
fim, em fraturas de membros posteriores deve-se restituir o apoio rapidamente, já que os
animais são bipedais (HELMER; REDIG, 2006).
Problemas que normalmente não se aplicam aos animais domésticos devem ser
considerados no tratamento de aves, especialmente aves selvagens, e estes incluem;
contenção, seja ela física ou química, anestesia, higidez, na maioria das vezes os animais
estão debilitados, onde e como este animal será mantido após o ato cirúrgico, infecções,
instrumentos adequados, localização da fratura, sendo que muitas fraturas ocorrem
próximas às articulações, artrodese de articulações nas asas, como é comum em mamíferos,
não é plausível quando se pretende retorno à função, deformidades na porção distal do
úmero sofrem magnificação na ponta da asa, experiência do cirurgião e cuidados pós
operatórios (HELMER; REDIG, 2006).
A reabilitação pós operatória é vital, porém há poucas informações confiáveis sobre este
assunto, mesmo que possa ser o fator decisivo para o sucesso da cirurgia. Aumentos
progressivos na amplitude de movimento e exercícios devem ser encorajados quando se
pretende o retorno à vida livre. Para garantir a re-vascularização local, melhorando tecidos
lesados e a consolidação óssea, técnicas ativas e passivas de reabilitação devem ser
utilizadas assim que possível após a cirurgia. Fisioterapia deve ser instituída, incluindo
exercícios voltados para aumentar a capacidade cardiovascular, aumentar amplitude de
movimento de articulações e para aumentar a flexibilidade e tônus musculares (MARTIN;
RITCHIE, 1994).
Adesões de ligamentos e tendões podem causar limitação do vôo, mesmo quando a
fratura se resolveu por completo, isto ocorre principalmente quando as articulações são
28
imobilizadas por períodos prolongados. A natureza das fraturas também pode ser um fator
determinante no prognóstico, sendo que em aves, diversas fraturas são cominutivas, devido
à estrutura frágil de seus ossos. Mais de uma fratura ou ferimento: muitas injúrias são
causadas por trauma, que resulta em lesões múltiplas (WITHROW, 1982; HELMER;
REDIG, 2006).
3.3 Processos de consolidação óssea em aves
Martin e Ritchie (1994) afirmam que há poucos estudos sobre os processos de
consolidação óssea após fraturas em aves, porém geralmente denota-se que a taxa de
consolidação depende do deslocamento dos fragmentos, da abrangência da lesão vascular,
da presença de agentes infecciosos e da mobilidade da fratura. Os autores citam que fraturas
estabilizadas com placas ósseas, ou seja, com estabilidade absoluta, apresentaram calo
ósseo mínimo, como é também visto em mamíferos, e concluem que a formação de calo é
similar em aves e mamíferos. Fraturas bem estabilizadas e alinhadas nas aves tendem a
consolidar mais rapidamente do que em mamíferos.
O suprimento sanguíneo dos ossos das aves origina-se no periósteo (vindo da
musculatura e tecidos moles), canal medular e vasos metafisários e epifisários (MARTIN;
RITCHIE, 1994).
Tully (2002) citam que há poucos estudos sobre as propriedades anatômicas e
fisiológicas da reparação de fraturas ósseas em aves. Alguns dos estudos realizados
procuraram determinar a morfologia durante a reparação, histomorfometria e analise
angiográfica da recuperação óssea, e análises histológicas de diferentes métodos de
reparação foram feitas. O tempo necessário para a cura total de fraturas ósseas em aves é
inversamente proporcional à rigidez da imobilização feita.
A recuperação óssea é única, pois quando ocorre fratura, por trauma ou por osteotomia
cirúrgica, o osso lesado regenera sua geometria estrutural e integridade biomecânica
originais. O processo pelo qual a fratura se recupera é dividido em quatro fases: 1 –
resposta inflamatória, 2 – recrutamento e diferenciação de células mesenquimais, levando à
formação de cartilagem e osso, 3 – reabsorção de cartilagem e formação óssea primária, 4 –
formação óssea secundária e remodelamento, no qual calo recém formado é moldado para
29
restaurar a estrutura anatômica e suportar cargas mecânicas. Após a lesão, é iniciada a
resposta inflamatória. Os mediadores de receptores hematopoiéticos/ inflamatórios causam
três ondas de reabsorção e remodelamento que ocorrem durante o curso da reparação óssea.
Imediatamente após a lesão, ocorre influxo massivo de macrófagos e outras células
associadas à resposta imune, quando a lesão necrótica e o hematoma começam a
desaparecer (GERSTENFELD; EINHORN, 2006).
Os fatores inflamatórios são todos induzidos nos três primeiros dias. Após isto, os
mediadores estão associados ao final da fase endocondral, quando a cartilagem
mineralizada é removida, e se inicia a fase de deposição de osso primário. A próxima fase
ocorre após a deposição de osso desorganizado, quando começa o remodelamento. A
recuperação óssea resulta em aumento do fluxo sanguíneo para tecidos adjacentes
(GERSTENFELD; EINHORN, 2006).
Há estudos que demonstram que forças de torção ou deslizamento introduzidas no local
da fratura seletivamente levam à condrogênese e não à osteogênese, portanto instabilidade
mecânica leva à persistência de cartilagem no foco de fratura. Também foi demonstrado
que o tempo de recuperação bem como se uma fratura tenderá à união, são muito afetados
por movimentos no foco e estabilidade da fixação, e também há dados que comprovam que
alguns aspectos de estimulação mecânica promovem consolidação (GERSTENFELD;
EINHORN, 2006).
O osso cortical é dividido em dois tipos anatômica e funcionalmente diferentes:
endostal e periostal. O osso endostal tem maior atividade de remodelamento, possivelmente
resultante de maior tensão mecânica que sofre. O osso periostal sofre crescimento
aposicional e é importante na reparação de fraturas. A remodelação óssea ocorre em ciclos,
e no osso cortical, estes se iniciam pela ativação de precursores de osteoclástos, de se
tornam multinucleados e começam a reabsorção. Ao final desta fase, há invasão de
preosteoblastos que se diferenciam e formam nova matriz, que eventualmente torna-se
mineralizada. No osso esponjoso, o processo tente a ser mais lento, e este período foi
descrito para humanos com uma fase de aproximadamente sete dias de reabsorção
osteoclástica e 36 dias de reabsorção mononuclear, seguidas de migração de preosteoblástos
que se diferenciam. A formação de osteóide ocorre por 15 dias antes do início da
mineralização (ERIKSEN; AXELROD; MELSEN, 1994).
West et al. (1995) descrevem as alterações histológicas observadas em fraturas umerais
em pombas tratadas apenas com bandagem em oito, da seguinte maneira:
30
4 dias após a fratura:
- Endósteo: grossa camada de tecido conectivo solto com aumento substancial de
arteríolas e vênulas. Celularidade marcadamente aumentada.
- Córtex: Neovascularização, originando da circulação extra medular.
- Periósteo: grossa camada de tecido conectivo fibroso com áreas de cartilagem
hialina e fibrocartilagem. Celularidade aumentada. Vascularização levemente aumentada
em relação ao normal.
7 dias após a fratura:
- Cavidade intramedular: repleta de tecido conectivo e arteríolas e vênulas.
- Endósteo: celularidade aumentada e osso não modelado presente.
- Córtex: Presença de grandes lacunas de reabsorção / formação, contendo
suprimentos sanguíneo notável e muitos osteoblástos com pouco osteoclástos.
- Periósteo: camada de tecido conjuntivo fibroso com maior vascularização. Próximo ao
calo, áreas de cartilagem hialina e osso não modelado. Aumento do suprimento sanguíneo
extra medular.
14 dias após a fratura:
- Endósteo: vascularização extensiva. Osso não modelado presente. Vastos números de
osteoblástos acompanhados de osteoclastos.
- Córtex: atividade aumentada, com osso lamelar e muitos ósteons. Grandes superfícies
de reabsorção, com osteoblastos, osteoclástos e suprimento vascular.
- Periósteo: cercado por grossa camada de tecido conjuntivo fibroso vascularizado.
Próximo ao córtex, presença de calo cartilaginoso (hialino) com pouca celularidade, porém
numerosos osteoblastos, e pouca vascularização.
21 dias após a fratura:
- Endósteo: grossa camada de tecido conjuntivo adjacente a áreas de osso não modelado
recém formado. Numerosos osteoclástos e osteoblástos e grande vascularização.
- Córtex: Aumento no número de canais de reabsorção / formação, com pouca evidência
de vasos transcorticais e presença de células osteoespecializadas.
- Periósteo: áreas esparsas de osso não modelado sem cartilagem, com muitos
osteoclástos e osteoblástos e circulação abrangente.
28 dias após a fratura:
- Cavidade intramedular: camada altamente vascularizada de tecido conjuntivo.
Quantidade moderada de osso não modelado com numerosos osteoclástos e osteoblástos.
31
- Córtex: Aumento na celularidade e vascularização. Grandes espaços de
reabsorção, contendo osteoblastos e osteoclástos.
- Periósteo: Ausência de calo cartilaginoso. Tecido conjuntivo fibroso com extensa
vascularização e celularidade.
45 dias após a fratura:
- Endósteo: Ausência de osso não modelado. Presença de osteoclástos e osteoblástos
- Cavidade intramedular ainda com alta taxa de vascularização, porém sem calo.
Ocorrência de pontes ósseas.
- Córtex: Poucas células osteoespecializadas, sem vascularização, com números
moderados de ósteon primário.
- Periósteo: Osso trabecular. Cercado de tecido conjuntivo fibroso altamente
vascularizado com muitos osteoblástos. Ausência de osso não modelado e calo
cartilaginoso.
Quando avaliaram a vascularização do rádio e da ulna da mesma asa, observaram baixa
vascularização quando comparados aos mesmos ossos de pombos clinicamente normais.
Os autores perceberam maior remodelamento cortical do endósteo e formação de
camada fibrosa no periósteo, o que sugere baixa oxigenação do tecido, apesar da alta
vascularização observada, possivelmente devido à instabilidade do foco de fratura, comum
no tratamento com bandagem. Em momento algum, observaram circulação intramedular
contínua entre os dois segmentos, porém observaram formação de ponte óssea, e sugeriram
que possivelmente a circulação intramedular intacta não seja essencial para a formação do
calo. Concluíram que se a osteossíntese não for estável, a ave não pode usar a asa
precocemente durante o período de recuperação. A anquilose da articulação, perda
muscular e tecido cicatricial resultantes de imobilização vão prevenir o vôo adequado a
normalmente levar à eutanásia. Portanto retorno precoce à função é imperativo para o
sucesso da cirurgia (WEST et al., 1995).
Aparentemente os ossos apresentam consolidação clinica entre duas e três semanas
anteriores a consolidação radiográfica, que ocorre em aproximadamente três a seis semanas.
Em pombos, a consolidação de fraturas instáveis foi caracterizada por radiolucência
aumentada do canal medular e, calos endostal e periosteal, presentes histológicamente em
nove semanas (MARTIN; RITCHIE,1994).
Fraturas pobremente alinhadas apresentaram poucas mudanças entre quatro e doze
semanas, enquanto fraturas bem estabilizadas remodelam rapidamente no mesmo período
32
de tempo. Vetores mínimos de força causam níveis indetectáveis de movimentos, que
podem lesar o crescimento de leitos capilares, impedindo a estabilização da fratura, e esta
tem menor probabilidade de ocorrer em fraturas altamente cominutivas (MARTIN;
RITCHIE, 1994).
Bush (1977), explicando a reparação óssea em aves cita trabalhos comparando esta à de
mamíferos, através de estudos radiográficos e histológicos. O autor ventila que o principal
calo ósseo nas aves é intramedular, e este provê um suporte rápido e rígido, em fratura bem
alinhada e estável. Aparentemente o calo ósseo periostal provê suporte secundário e não é
tão extenso quanto o anterior. West et al. (1995) sugerem que a porção periostal é mais
ativa do que as outras na consolidação da fratura, sendo responsável pela estabilidade,
enquanto o endósteo é responsável pelo remodelamento. Eles atribuem a maior parte da
formação do calo ao periósteo.
Fraturas não estáveis ou por técnica de reparação que interferem com a formação de
calo ósseo endosteal, como é o caso do pino intramedular ou do cimento ósseo intramedular
retardam a consolidação óssea em aves (BUSH, 1977, 1983; WITHROW, 1982; LIND et
al.; 1988; TULLY, 2002).
A cicatrização de fraturas em aves apresenta taxa similar à dos mamíferos, com médias
de três semanas em fraturas bem alinhadas e estabilizadas (BUSH, 1977), há oito semanas.
Estas taxas variam com estabilidade, aporte sanguíneo e infecção. Os achados radiográficos
também são semelhantes aos de mamíferos, com formação de calo ósseo visível em duas a
três semanas. Ossos pneumáticos, especialmente o úmero consolidam em tempo menor do
que ossos medulares, como o rádio e a ulna. No atinente ao conceito de ossos pneumáticos
fraturados liberarem ar contaminado nos tecidos e causando osteomielite é infundado,
porém fraturas umerais podem causar enfisema subcutâneo, e este se resolve em 24 horas
(WITHROW, 1982), conceito questionado por Coles (1996), que por sua vez, relata que o
canal medular do úmero é conectado ao divertículo do saco aéreo clavicular, em sua porção
proximal e fraturas múltiplas ou intervenções cirúrgicas realizadas nesta região podem levar
à infecção de saco aéreo ou enfisema.
33
3.4 Técnicas ortopédicas em aves
Fixadores de Kirshner –Ehmer (K-E) podem causar fissuras nos córtices frágeis das
aves, e, por conseguinte migração dos pinos e hastes, devido à perda da interface osso-
implante, e infecções ascendentes. Estes também não devem ser usados para fraturas
próximas à articulação nem em fraturas altamente cominutivas.
Outras técnicas de fixação menos rígidas, como o uso de talas e pinos podem apresentar
bons resultados em aves de pequeno porte, porém podem tornar-se ineficazes em aves de
grande porte, pois podem evitar o movimento da articulação, além da necessidade de
imobilização prolongada, possíveis hematomas e a formação de calo ósseo exuberante
inerentes a estas técnicas, resultam em aderências musculares, atrofia e anquilose da
articulação, que impedem a amplitude de movimento da asa (BUSH, 1977; WITHROW,
1982).
Métodos para a fixação de fraturas em aves dependem do tipo de fratura. Fraturas de
dígitos ou do tipo galho verde, em filhotes, podem ser tratadas simplesmente com o repouso
dentro de gaiola. Em alguns poucos casos, pode-se utilizar talas e bandagens, pois, apesar
de serem menos dispendiosas, o retorno à função é prolongado ou até mesmo nunca
atingido, porém West et al. (1995) não recomendam o uso de bandagem em “oito” para
fraturas umerais. Elas podem ser utilizadas quando o retorno integral à função não for
necessário, quando as fraturas são patológicas, devido a alterações metabólicas, quando os
ossos são muito maleáveis e, portanto incapazes de ancorar implantes, quando o paciente é
muito pequeno para a intervenção cirúrgica ou quando o risco anestésico ou cirúrgico é
muito grande (MARTIN; RITCHIE, 1994; HELMER; REDIG, 2006).
A imobilização por pinos intramedulares apresenta grandes desvantagens, como por
exemplo, se passado de forma retrógrada, o sítio de fratura deverá ser aberto, podendo
acometer ainda mais o aporte sanguíneo para a região. Além disto, os ossos pneumáticos,
como o úmero, apresentam canal medular extremamente largo, necessitando de um pino
grande, ou vários menores, tornando a fixação pesada demais. Também a constituição óssea
das aves representa dificuldade adicional, pois as porções proximal e distal dos ossos não
são densas suficiente para o apoio dos pinos, portanto há a necessidade de outro apoio para
evitar rotação do osso, tal como cerclagens ou hemicerclagens, apoios externos ou talas.
Além disto, pinos intramedulares também podem prevenir ou evitar mecanicamente a
34
formação de calo ósseo intramedular, o mais importante nas aves (BUSH, 1977, 1983;
WITHROW, 1982).
As placas e parafusos já foram usados em algumas ocasiões, porém a constituição muito
leve e fina dos ossos das aves, além de seu tamanho diminuto na maioria das vezes, impede
seu uso. Além disto, a lesão causada iatrogênicamente é muito maior, e requer que o animal
permaneça sob anestesia durante um período muito mais longo de tempo do que para outras
técnicas (BUSH, 1977).
Técnicas comuns como bandagens, pinos intramedulares e fixadores externos
apresentam como desvantagens aplicação limitada para fraturas muito proximais ou distais
de asa e causam tempo de convalescença pós-cirúrgica muito longo, culminando em até um
ano em cativeiro. Hastes de polímero não eliminam instabilidade rotacional, sendo
necessários outros métodos adicionais de fixação como cerclagens, talas e fixadores
externos. Estudos demonstram que fraturas tratadas com fixadores externos têm resolução
mais lenta que as tratadas com pino intramedular. O uso de cimento ósseo injetado no canal
medular para tratamento de fraturas tem como vantagens seu peso leve e posicionamento e
estabilidade imediatos. As desvantagens incluem necrose térmica, infecção e inibição da
formação de calo ósseo (LIND; GUSHWA; VANEK,1988) além de ser invasiva,
determinando a permanência do implante (REDIG, 2000). As aves de até 500g tratadas por
este método apresentaram vôo em seis a doze semanas (LIND; GUSHWA; VANEK, 1988).
Wander et al. (2000) descreveram o uso de pinos feitos a partir de osso cortical
xenógrafo de aves (avestruzes) e de mamíferos (cães) para a fixação de fraturas umerais em
aves, como forma de substituição de implantes não biodegradáveis. Obtiveram resultados
semelhantes aos observados com o uso de pinos intramedulares comuns, que usaram nos
membros contralaterais dos mesmos animais, como forma de controle quanto ao tempo de
consolidação e biomecanicamente, porém com maior reação inflamatória nos membros com
o implante ósseo xenógrafo, que, porém, não pareceu afetar a consolidação. Esta parece ser
uma alternativa adequada para o uso de implantes internos que necessitam de um segundo
ato cirúrgico para sua remoção.
35
3.4.1 Fixadores externos em aves
Segundo Bush (1983) um bom método para fixação de fraturas ósseas em aves de
médio e grande porte é a utilização de fixadores externos uni ou bipolares, sendo que a
segunda opção é preferencial. Fixadores externos apresentam barra principal à qual são
presos os pinos, por diferentes meios, sejam eles; fibra de vidro, poliuretano ou clamps.
Eles também podem se constituir de tubo preso aos pinos, que é então preenchido por metil
metacrilato. A maior vantagem dos clamps é que ajustes podem ser feitos após a cirurgia,
quando necessário. O peso do fixador deve ser consistente com o peso do paciente, e o
tamanho do aparelho deve ser mínimo e este deve ser mantido o mais próximo da pele
possível, e este deve ser protegido de algumas aves com bicos pontentes que podem destrui-
lo (MACCOY, 1992).
As vantagens da fixação externa incluem diminuição do tempo cirúrgico e anestésico,
facilidade de colocação e extração, menor lesão vascular, menor taxa de infecção, menor
necessidade de materiais especializados, fixação rígida, cuidados pós operatórios mínimos,
ajustes de tensão e alinhamento são possíveis em alguns tipos de fixadores, retorno precoce
à função, além de praticamente não causar interferência no foco de fratura (BUSH, 1983).
Segundo Alievi et al. (2001) as aves apresentam boa adaptação ao aparelho de fixação
esquelética externa o quê possibilita sua utilização por estes animais, sem prejuízos
funcionais.
Os fixadores externos promovem calo endostal, o que é benéfico, pois calo ósseo
periostal muito desenvolvido pode afetar a atividade muscular, evitando o retorno ao vôo.
Este tipo de fixação também permite retorno à função em algumas fraturas de úmero, não
interferindo na amplitude do movimento das articulações, mantendo assim função da asa e
comprimento do osso (BUSH, 1983).
As desvantagens incluem o peso do aparelho e pinos e barras externos à pele, podendo
causar lesões em tecidos moles do animal, incluindo fixação muscular (WITHROW, 1982;
BUSH, 1983, MACCOY, 1992).
Usando manopla de Jacobs, os pinos devem ser inseridos através das corticais
medulares com cuidado para evitar novas fraturas longitudinais no osso, e estes devem ser
no máximo 20% o diâmetro do osso (MACCOY, 1992). O pino deve ser colocado
perpendicularmente ao osso, fazendo-se várias rotações e mantendo-o sempre no mesmo
36
eixo. A colocação perpendicular é preferencial em aves, diferentemente do que se utiliza
para mamíferos, devido à facilidade de alinhamento e compressão dos segmentos fraturados
(WITHROW, 1982).
Nas montagens unipolares, o pino deve atingir a segunda cortical (WITHROW, 1982).
Este método pode ser combinado com o uso de pino intramedular, tala de coaptação ou
gesso sintético. No úmero, fixador externo deve ser unipolar e colocado em posição
dorsal/lateral. Em algumas situações pode-se usar fixador híbrido: uni e bipolar. No
antebraço, os pinos devem ser fixados na ulna, ao contrário de cães, nos quais o rádio é
utilizado. Neste caso o fixador pode ser uni ou bipolar, ou ainda híbrido, dependendo da
estabilidade necessária e do peso do aparelho. Em alguns casos é necessário o uso de
fixador externo bipolar tipo II, como é o caso de fixações no aspecto medial de fraturas
proximais do úmero e no aspecto medial em fraturas do fêmur. Opta-se pelo uso de pelo
menos dois pinos de cada lado da fratura. Assepsia deve ser feita adequadamente em ambas
as superfícies, no caso de fixadores bipolares. Os dois primeiros pinos devem ser
posicionados distantes da fratura, proximal e distalmente e os próximos pinos serão
colocados adjacentemente à fratura. Se for impossível alinhar os pinos com uma única
barra, barras adicionais podem ser utilizadas (BUSH, 1977, 1983). Devido à cortex fina dos
ossos das aves, os pinos devem ser posicionados a 45º graus de angulação entre pinos em
um fragmento, para minimizar o risco de os pinos retrocederem, e os pinos próximos à
articulação devem ser posicionados paralelos a esta (MACCOY, 1992). Pode se fazer
fixadores híbridos, em que um ou mais pinos são colocados de maneira bipolar,
atravessando ambas as corticais e se ligando à segunda barra e um ou mais pinos prendem-
se a duas corticais, porém não atingem a segunda barra (BUSH, 1983).
As pontas dos pinos, bem como clamps ou outras partes da montagem que possam ferir
o animal devem ser acolchoadas, especialmente se estas estiverem no aspecto medial do
membro. Todos os implantes devem ser removidos para garantir aerodinamicidade correta,
quando se pretende a reabilitação do animal (WITHROW, 1982).
37
3.5 Fraturas umerais
Fraturas umerais são comuns em aves, e geralmente ocorrem de terço médio a distal.
Fraturas proximais muitas vezes são cominutivas. Fraturas distais apresentam
encavalamento dos fragmentos com compressão de vasos e nervos adjacentes (MACCOY,
1992).
O úmero das aves pode ser dividido em três zonas para a avaliação de fraturas e seleção
do tipo de fixação a ser usado. A zona proximal se estende dos tubérculos à crista peitoral; a
porção diafisária, que se extende da porção distal da crista peitoral até o ápice da curvatura
distal; e o terço distal envolve a porção curva do úmero distal, adjacente ao cotovelo
(REDIG, 2003; HELMER; REDIG 2006).
O tipo de fixação em fraturas de úmero depende principalmente do local destas.
Fraturas proximais, protegidas por musculatura abundante, são facilmente corrigíveis
apenas com bandagem e restrição de espaço. Uma alternativa para o tratamento de fraturas
de terço proximal de úmero, com pouco desvio de eixo ósseo é o uso de bandagem em oito,
imobilizando a asa contra o corpo, porém para aumentar as probabilidades de retorno à
função no caso de grande desvio do eixo, o uso de fixação interna é necessário, com pinos
intramedulares e bandas de tensão (HELMER; REDIG, 2006).
As fraturas diafisárias são de simples solução, a menos que haja cominução grave ou
exteriorização extensa de fragmentos ósseos. A maioria das fraturas diafisárias é obliqua, e,
geralmente, o fragmento proximal tende a se exteriorizar para a porção dorsal da asa,
enquanto o fragmento distal tende a se exteriorizar pela superfície ventral da asa, ou está
contraído em direção ao rádio e ulna, pelos músculos extensores do carpo. O nervo radial
cruza da porção caudal até a cranial, na parte média do osso, e durante uma cirurgia de
reparação óssea nesta região, deve-se prestar máxima atenção a este nervo. O tendão do
tríceps corre distalmente no aspecto caudal do osso, envolvendo o côndilo distal e se
fixando finalmente ao olecrano. Sua porção dorsal deve ser identificada quando na
colocação de pinos, pois esta deverá ser retraída e protegida. O músculo tríceps é
extremamente forte, e sua força de arqueamento deve ser neutralizada pelo tipo de fixação
utilizado (REDIG, 2003; HELMER; REDIG, 2006). Métodos apropriados para fixação de
fraturas diafisárias incluem pinos intramedulares, metilmetacrilato intramedular com
fixação de shuttle, fixação externa, cerclagens ou bandas de tensão e pinos impactados
38
(COLES, 1996; REDIG, 2000), porém Redig (2000) conclui que o melhor tipo de fixação
para o úmero das aves é o sistema de “tie-in”, ou seja, combinação de pino intramedular,
ligado a fixador externo. Esta técnica provê estabilidade longitudinal e rotacional para
fraturas de úmero.
Fraturas em porção distal de úmero, ou seja, até dois a três diâmetros de cortical de
distância dos côndilos, devido à sua anatomia, apresentam encavalamento, e, portanto
necessitam de intervenção cirúrgica, não sendo suficientes, técnicas não invasivas, na
maioria das vezes (COLES, 1996; HELMER; REDIG, 2006).
Para reparação com fixador externo em úmero de aves, deve-se primeiramente colocar o
pino no fragmento distal; uma pequena incisão é feita exatamente acima do côndilo lateral e
o pino é passado em direção ao côndilo medial, até que no mínimo uma rosca tenha
atravessado sua cortical. Então, dobra-se a asa contra o corpo para que a fratura seja
alinhada adequadamente. Palpa-se a zona média da crista peitoral, procurando-se seu ponto
mais alto. O pino é passado paralelamente ao pino distal até que ambas as córtices tenham
sido atingidas (HELMER; REDIG, 2006). O pino do fixador externo não deve ser colocado
sobre a incisão primária ou lesão aberta, o que evita que os pinos causem infecção no sítio
cirúrgico. Deve-se evitar grandes massas musculares na inserção destes, pois isto minimiza
sua soltura, e os orifícios devem ser feitos com broca antes da colocação dos pinos
(MARTIN; RITCHIE, 1994).
Coloca-se três a quatro pinos em cada fragmento da fratura, porém um mínimo de dois
pinos é necessário para garantir boa fixação, sem rotação. A colocação de pinos lisos em
ângulos de 35 a 55º. previne que o fixador deslize, porém esta técnica não é tão efetiva
quanto pinos rosqueados. A barra de conexão dos pinos deve estar o mais próxima à pele,
aumentando a força do implante (MARTIN; RITCHIE 1994).
Polimetilmetacrilato pode ser utilizado para fortalecer o implante, sendo colocado,
quando ainda em sua forma semi-líquida, onde os pinos encontram-se com a barra de
conexão. Há a possibilidade de uso de uma barra de metal leve, com diversos orificios, por
onde os pinos são passados. A barra é então dobrada de maneira a prender firmemente os
orificios (MARTIN; RITCHIE 1994).
No tratamento de fraturas umerais, deve-se ter cautela com possíveis lesões do patágio,
pois estas podem resultar em perfuração ou dilaceração e geralmente estas causam
contração da pele, alterando a conformação e restringindo extensão da asa (HELMER;
REDIG, 2006).
39
3.6 Complicações de fraturas em aves
As principais complicações observadas em fraturas ósseas em aves incluem a
amputação do membro, mau-união ou não união, artrite séptica por continuidade ou por via
hematógena, “bumblefoot”, principalmente do membro contralateral (MARTIN; RITCHIE,
1994; HELMER; REDIG, 2006,) e osteomielite, sendo que a manipulação excessiva de
tecidos moles e ossos levam a taxas mais altas de infecção, mais adesões e não-uniões
avasculares. Fraturas infectadas frequentemente apresentam seqüestro medular. As aves
apresentam poucos se algum sinal sistêmico com a osteomielite. Exsudato nestes animais
tende a ser branco amarelado e caseoso (WITHROW, 1982). Os antibióticos mais
comumente usados incluem a lincomicina e a clindamicina (HELMER; REDIG, 2006).
Os tipos de mau-união são similares aos apresentados por mamíferos, sendo estes: mal-
união viável, com suprimento sanguíneo suficiente; mal-união hipertrófica, com calo
abundante e boa vascularização, fraturas com fibro cartilagem, causadas por fixação
inadequada ou apoio prematuro; mal-união oligotrófica, sem evidência de calo, com
fragmentos hipervascularizados, bordas descalcificadas e arredondadas, porém
biológicamente com possibilidade de resolução; e, por fim, as mal-uniões não viáveis, com
suprimento sanguíneo insuficiente (MARTIN; RITCHIE, 1994; HELMER; REDIG, 2006,).
Também podem ocorrer deformidades ósseas após a fixação de fraturas, especialmente
quando estas são reduzidas de maneira fechada. Porém no trabalho de Alievi et al. (2001) as
aves apresentaram utilização normal do membro, e eles acreditam que isto ocorreu devido à
grande habilidade que as aves possuem para compensar este problema.
3.7 Estado da arte do tratamentos de fraturas ósseas em aves
O uso de enxerto xenólogo congelado de osso esponjoso de avestruzes foi testado
experimentalmente em fraturas em não-união de rádios de pombas, que não foram
estabilizados e, apesar de união óssea não ter sido atingida, observou-se neo formação óssea
marcada no sítio de fratura, concluindo-se que este tipo de enxertia pode ser benéfica em
fraturas estáveis e em fraturas com falha óssea pequena (MATHEWS et al., 2003).
40
O rádio e a ulna de pombas, após fratura e fixação interna, apresentaram evidência
radiográfica de calo ósseo, após cinco semanas, e que após fixação externa, houve formação
de calo ósseo após oito semanas (TULLY, 2002).
Em variação deste estudo, testou-se fixação interna e externa em fraturas de rádio, com
a ulna íntegra, e observaram a formação de um calo ósseo em três semanas. Nenhum
movimento foi notado à palpação quando foi usada fixação externa (TULLY, 2002).
Resultados semelhantes foram encontrados quando ambos, rádio e ulna foram
fraturados, porém somente a ulna sofreu fixação, conseguida com um pino de Kirshner.
Neste caso eles notaram que o rádio sofreu consolidação antes da ulna, mesmo esta estando
fixada e o rádio não, sendo que o rádio formou osso cortical e a ulna formou osso
esponjoso. Quando ambos os ossos foram imobilizados internamente, estes apresentaram
união perfeita em quatro meses, restando apenas a remodelação óssea. Por outro lado, seu
trabalho demonstrou que apesar da ossificação ocorrer mais rapidamente na fixação interna,
a função da asa era mais bem recuperada em ossos cuja fixação havia sido externa. Ele
salienta que a fixação externa não lesa tecidos moles ou articulações, que poderiam
prejudicar a função do membro. Notou-se que fraturas cominutivas tinham melhores
chances de cura quando os fragmentos apresentavam suprimento sanguíneo adequado que
nutre o periósteo (TULLY, 2002).
Degernes, Roe e Abrams. (1998) compararam a força usada para puxar quatro tipos
diferentes de pinos de ossos de aves, usando quatro cadáveres e doze gaviões vivos para o
experimento. Os quatro tipos usados incluíam: pino liso, com rosca positiva, e rosqueado
pegando em uma ou duas corticais. Foram usados úmeros e tibiotarsos, após a remoção de
partes moles dos cadáveres. Nos animais vivos foram usados apenas tibiotarsos. Nestes, os
pinos foram inseridos tanto manualmente quanto com furadeira à baixa rotação.
Todos os pinos com rosca apresentavam maior força de agarre do que os lisos. Os
córtices de tibiotarsos eram mais grossos do que os de úmeros, já que os últimos são ossos
pneumáticos. Houve poucas diferenças das forças de agarre entre ossos diferentes e dentre
os mesmos ossos. Não houve diferenças entre os pinos colocados com furadeiras e os
colocados manualmente. Houve pouca diferença entre os tipos de roscas dos pinos, em
relação à força de agarre. Eles concluíram que os pinos com rosca possuem maior força de
agarre, e podem ser usados com sucesso para a montagem de fixadores externos das aves
(DEGERNES, ROE; ABRAMS, 1998).
41
Meij, Hazewinkel e Westerhof (1996) usaram fixadores externos em oito aves com
fraturas traumáticas de tibiotarso e em quatro aves com deformidade angular de membro
pélvico. O fixador externo consistia de pinos de Kirschner dobrados, e um sistema
conectante de polimetil metacrilato. Em quatro das aves com fratura de tibiotarso, foram
usados concomitantemente pinos intramedulares. Eles notaram consolidação da linha de
fratura em sete das aves com fratura de tibiotarso, em apenas dez semanas. A artrodese da
articulação intertársica foi considerada boa alternativa para a osteotomia do tibiotarso, nas
correções de deformidades angulares. A artrodese estava cicatrizada após treze semanas de
cirurgia.
Em descrição de caso clínico de uma cacatua com luxação traumática de joelho,
Rosenthal, Hillyer e Mathiessen (1994) optaram pela artrodese do mesmo através do uso de
fixador externo. Múltiplos pinos de Kirshner foram colocados no aspecto lateral do fêmur e
do tibiotarso, e com uma barra de polímero acrílico compuseram o fixador externo tipo I.
No quarto dia pós cirúrgico, o animal apresentava apoio, após sete meses houve fusão
articular. Os autores inferem que o uso de fixadores externos para a reparação da
articulação femoro-tibiotarso-patelar oferece as vantagens de não representar um implante
permanente, uso do membro durante a recuperação e retorno precoce à função.
Bush (1977) descreveu três casos clínicos de fraturas em ossos longos de aves de médio
a grande porte, em que ele utilizou fixadores externos unipolares, bipolares ou combinados.
Ele observou retorno à função em aproximadamente quatro dias, nos três casos e
consolidação das fraturas em três a cinco semanas. Ele também notou que com maior
rigidez do foco de fratura os animais apresentavam calo ósseo periostal discreto e calo
ósseo intramedular exuberante; ele alega que o uso de pinos intramedulares poderia ter
inibido a formação de tal calo.
Lind, Gushwa e Vanek (1988) utilizaram hastes de polímero de alta densidade como
pinos intramedulres em duas corujas, sendo um indivíduo juvenil com fratura proximal
cominutiva de uma semana do úmero esquerdo e o outro, um animal adulto, com fratura
proximal do úmero, envolvendo a crista do deltóide.
Uma haste de polímero foi inserida no canal medular e este foi preenchido com cimento
ósseo com antibiótico e após a cirurgia, bandagens tradicionais foram colocadas e
removidas entre sete a dez dias. Em avaliação radiográfica após duas semanas da cirurgia,
ambos animais apresentaram início de formação de calo ósseo. Em um mês, o calo ósseo
formado era extensivo e aos 45 dias o calo ósseo apresentou redução significativa em
42
tamanho e extensão. Aos dois meses após a cirurgia, o animal juvenil foi considerado
saudável e pronto para reabilitação. O animal adulto, após seis semanas ainda não havia
demonstrado capacidade de voar perfeitamente, acredita-se que devido à lesão no patágio,
que evitava abertura completa da asa (LIND; GUSHWA; VANEK, 1988).
Lind, Gushwa e Vanek (1988) lembram que as fraturas em úmero em aves estão entre
as mais difíceis de estabilizar e citam que em um estudo com 51 rapinantes apenas 12
atingiram capacidade total de vôo após fixação cirúrgica do úmero. Um longo período de
convalescença pode impedir recuperação ótima, independentemente do tipo de fixação
utilizada. Em geral, o tempo observado para retorno de vôo variou entre 21 dias para
pombos de laboratório até 12 meses em rapinantes. Este tempo de hospitalização
prolongado pode levar a outros problemas como “bumblefoot” ou morte relacionada ao
estresse.
Redig (2000) descreve o uso de fixador externo tipo “tie-in” na fixação de fraturas de
ossos longos de vinte e sete aves de rapina, vinte das quais envolviam o úmero. Dezesseis
delas foram inteiramente reparadas e oito destes pacientes se recuperaram apropriadamente,
voltando à função completa do membro. Ele explica que tanto o tempo de recuperação
quanto o de reabilitação das aves foi mais curto em relação a outros métodos usados
previamente pelo autor, sendo que alguns se recuperaram em até dez dias e a maioria entre
três a quatro semanas, sem uso de qualquer outro método de estabilização, como
bandagens, etc. Ele lembra que há poucos experimentos científicos que estudam a taxa de
sucesso ou mesmo as causas de falência de implantes específicos em cirurgias ortopédicas
em aves.
Kusma e Hunter (1989) descrevem osteotomia distal de úmero em urubu jovem, que foi
apresentado com mal-união de fratura antiga desta região, com fixação com
polimetilmetacrilato injetado no canal intramedular e posterior fixação com placa óssea.
Observaram união satisfatória do úmero dois meses depois, removendo a placa 10 meses
após a cirurgia. O animal não era capaz de voar devido a alterações articulares ocorridas
antes da cirurgia, e este método foi considerado uma alternativa adequada para fixação de
fraturas em aves.
A técnica cirúrgica deve seguir preceitos básicos de assepsia. Antibioticoterapia
preventiva também deve ser considerada. Penas imediatamente adjacentes ao sítio cirúrgico
devem ser arrancadas e não cortadas, e se possível rêmiges primárias devem ser
preservadas, e este procedimento deve ser feito sob anestesia. Pode-se minimizar as perdas
43
de penas se uma área aptérica for usada como centro da incisão ou se solução lubrificante
estérilfor aplicada às penas próximas ao sítio cirúrgico (MACCOY, 1991). O ponto de
entrada e ponto de saída dos pinos na pele devem ser preparados cirurgicamente: uma
solução aquosa pode manter as penas fora do campo cirúrgico e limpeza da pele deve ser
feita de maneira convencional, tomando-se cuidado para não lesar a pele sensível e fina das
aves. Panos de campo transparentes e adesivos permitem melhor visualização do paciente,
além de serem mais leves (WITHROW, 1982; BUSH, 1983; LIND; GUSHWA; VANEK,
1988; MACCOY, 1991).
A abordagem do úmero é iniciada com o arrancamento das penas no aspecto dorsal da
asa e esterilização com álcool. O autor reafirma a importância de incisão cuidadosa, pois
logo abaixo da pele observa-se imediatamente o nervo radial, que atravessa por cima do
úmero em direção caudo-ventral, desaparecendo por baixo do músculo tríceps braquial. Ele
também lembra que muitas vezes esta área é de difícil visualização, devido à presença de
gordura subcutânea (COLES, 1996).
Recomenda-se abordagem dorsal do úmero, para evitar a transecção da artéria e veia
braquial e do nervo medianolular, que se encontram no aspecto ventral do osso. Porém
deve-se ter cuidado com o nervo radial, que se encontra no aspecto dorsal. A abordagem
geralmente deve ser aberta, pois a contração dos músculos peitoral e bíceps braquial
causam retração o fragmento ósseo distal proximal mente. O úmero é visualizado
imediatamente após a incisão da pele, e proximalmente os músculos bíceps e deltóide
recobrem o úmero. Para a inserção de pinos para fixadores externos na ulna, deve-se usar a
abordagem dorsal da ulna, cranialmente à incisão das rêmiges secundárias (MARTIN;
RITCHIE, 1994). A sutura deve ser realizada com fios de pequeno calibre, absorvíveis, e
deve-se tomar cuidado especial com a tensão aplicada à pele, pois esta pode se romper
(WITHROW, 1982). O método de bandagem da asa deve ser a clássica bandagem em oito
(COLES 1996).
Os objetivos para o sucesso na cirurgia de recuperação de fraturas em aves são; uma
fixação rígida, bom alinhamento, ausência de infecção e breve retorno à função, com tempo
mínimo de cirurgia, menor interferência no foco de fratura e um método de fixação tolerado
pela ave (BUSH, 1977; MACCOY, 1991).
44
3.8 Técnicas de avaliação de consolidação óssea
Para a avaliação da consolidação óssea, a radiologia é técnica clássica, e pode-se valer dos
conhecimentos utilizados para mamíferos. A histomorfometria é a mensuração de
componentes morfológicos, e possibilita a avaliação da consolidação em espécimes ósseos,
para pesquisa.
3.8.1 Radiologia
Radiografias pós cirúrgicas são necessárias para um diagnóstico preciso (COLES, 1996)
para a avaliação do desenvolvimento de calo ósseo periostal e união cortical (WANDER et
al., 2000) e devem ser tiradas a intervalos de duas a quatro semanas. As mudanças
radiográficas observadas são a reação periostal, esclerose e aumento da radiodensidade do
canal medular (MARTIN; RITCHIE, 1994).
3.8.2 Histomorfometria
Histomorfometria óssea é a mensuração de componentes morfológicos, tais como
número de células, estimativas de superfícies, profundidade de erosão, a largura do osteóide
e a grossura da parede óssea; estas são variáveis estáticas que são medidas diretamente. Há
a possibilidade de se utilizar marcadores fluorescentes, administrados em intervalos de
tempo, que se integram na formação óssea, e com isto pode-se avaliar a aposição mineral
ocorrida em um dado intervalo de tempo; estas são as variáveis quinéticas.
A análise histomorfométrica requer o uso de secções não-descalcificadas de osso,
quando também se pretende a avaliação da porção mineral. Antes do seccionamento, a
amostra tem que ser emblocada em plástico duro e seccionada com um microtomo que
suporte a rigidez óssea. As secções são então coradas para prover detalhamento celular
suficiente e separação de osteóide de osso mineralizado. A análise microscópica
quantitativa é feita com microscópio de luz normal, polarizada ou fluorescente, sistemas de
enquadramento e equipamentos de digitalização computadorizada, o que é usado para
45
quantificar o tamanho e o número de estruturas em osso cortical e esponjoso (ERIKSEN;
AXELROD; MELSEN, 1994).
Um fixador adequado deve evitar o encolhimento do tecido, sendo a solução de
Karnovsky modificada, infundida por vasos, adequada para este fim (NYENGAARD;
MARCUSSEN, 1993) Após a fixação, o material deve ser desidratado seguindo protocolo
adequado, e emblocado com material plástico. Yingling et al. (2007) descrevem o uso de
formalina neutra a 10% para a fixação do material, e éter monoetil glicol etileno para a
desidratação, para o estudo de tíbias descalcificadas de camundongos. Após a coloração,
fizeram a análise da massa e arquitetura ósseas através do uso do sistema OsteoMeasure®
(Osteometrics, Atalnta, GA, USA). As propriedades estruturais (estáticas) pesquisadas
foram: área óssea, perímetro ósseo e área total de tecido, e com isto acessaram os valores de
diâmetro, e porcentagem de trabéculas ósseas (YINGLING et al., 2007).
Em estudo sobre a modulação do “turnover” ósseo pela força mecânica, em
camundongas ovariectomizadas, o seguinte protocolo para a fixação e emblocamento para
posterior seccionamento e avaliação histomorfometrica de fêmures, foi utilizado: os
fêmures congelados foram fixados em etanol 70% por no mínimo dois dias, desidratados
em série ascendente de concentrações crescentes de etanol, emblocados não descalcificados
em mistura de metil metacrilato/ 2-hidroxietil metacrilato (12.5:1), e seccionados em
largura indicada de cinco μm. Procedimentos histomorfometricos dos fêmures foram feitos
com o uso de um sistema de análise de imagem semi-automático SMI-Microcomp
(Southern Micro Instruments, Atlanta) consistindo de um computador Compaq com
software Microcomp interconectado com um microscópio e sistema de análise de imagem.
Neste sistema, uma câmera de alta resolução montada em um microscópio Olympus H-2
mostrava a imagem do espécime em um monitor colorido. O movimento de uma caneta em
uma plataforma gráfica super-impunha o traçado do espécime em questão na tela de vídeo.
Por este método, a região de interesse era traçada, e o comprimento da linha e área
formados pelo traçado foram calculados. Os sítios amostrais do fêmur distal consistiam da
epífise (12 mm
2
/osso) e da área imediatamente distal à placa de crescimento, extendendo 7
mm para enquadrar a metáfise inteira (35mm
2
) (WESTERLIND et al., 1997).
O presente trabalho foi realizado em conjunto com a Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia da USP e com a University of Florida e visou o estudo da utilização inédita de
fixador externo articulado para a estabilização de fraturas distais de úmero, evitando a
46
anquilose da articulação do cotovelo, e portanto mantendo viável a função de vôo; usando
como modelo experimental, pombas (Columba lívia).
47
Material e Método
48
4 MATERIAL E MÉTODO
Doze pombos adultos sofreram cirurgias, sendo divididos em dois grupos: grupo 1, com
uma asa dinâmicas e uma asa estática e grupo 2: com uma asa dinâmica e uma intacta
(controle). Foram avaliados quanto à capacidade de vôo e clinicamente, através de
radiografias, e após eutanasia, avaliou-se os úmeros quanto à morfologia e a
histomorfometria óssea.
4.1 Animais
Foram utilizados 12 pombos (Columba livia), adultos (com mais de seis meses de
idade).
Os animais foram mantidos em gaiolas de 60x60x60cm, sendo oferecida ração
comercial para pombos, duas vezes ao dia e água ad libidum. Os animais permaneceram em
luz artificial durante oito horas por dia e a temperatura variou entre 17º.C e 23º.C na sala.
4.2 Preparação pré-experimental
Os animais foram mantidos por três meses previamente ao experimento, visando a
eliminação dos animais doentes ou que apresentassem quaisquer outras alterações que
comprometessem sua participação no experimento previamente, além de ambientá-los ao
local e alimentação a que seriam submetidos posteriormente ao experimento. Eles foram
tratados preventivamente com Ivermectina a 0,2mg/Kg por via oral, dose única, com
antecedência de um mês antes do início do experimento.
Foi realizado exame radiográfico prévio à cirurgia para avaliação do comprimento e
largura de úmero e ulna.
49
4.3 Protótipo experimental
O desenho do protótipo do fixador externo dinâmico foi concebido e desenvolvido por:
Vanessa Couto de Magalhães Ferraz e Professor Doutor Cássio Ricardo Auada Ferrigno. O
fixador externo articulado é constituído de três barras de titânio de seis mm de diâmetro,
com articulações entre elas, sendo uma maior de 3,5cm, uma média de 3,0cm, com 5 e 4
perfurações, respectivamente, atravessando da face dorsal para a ventral do implante, todas
eqüidistantes, com exceção do primeiro orifício e segundo orifícios a partir do dispositivo
articular, que se localizam mais próximos entre si, e uma terceira barra menor, de 2,5cm,
apresentando apenas uma perfuração,articulada entre as duas outras barras. Por estes
orifícios foram passados os pinos que se inseriam nos ossos.
As barras são unidas por dois dispositivos articulares, que são constituídos por parafuso
e rosca que podem ser presos ou afrouxados quando necessários movimentos articulares: o
dispositivo articular principal, a ser disposto sobre a articulação úmero-rádio-ulnar da ave, e
o dispositivo articular secundário, a ser disposto sobre a ulna da ave, com o intuito de
melhor adaptar o fixador às diferentes curvaturas das ulnas das aves estudadas. Além disto,
exatamente à altura das perfurações, há furos com rosca, por onde são passados parafusos
que fixam os pinos ao fixador (Apêndice A, figura 1).
O peso total do fixador articulado era de 9,5g e o peso do fixador juntamente com os
pinos já cortados era 14,0g
4.4 Delineamento experimental
Foram realizadas cirurgias em ambas as asas dos animais do grupo 1, sendo que uma,
escolhida aleatoriamente, sofreu artrodese de sua articulação úmero-rádio-ulnar, não se
permitindo o movimento da articulação do fixador, sendo esta asa usada como controle, e
chamada didaticamente de “asa estática”. À asa contralateral foi permitido o movimento da
peça articular do fixador para impedir a anquilose articular, sendo denominada “asa
dinâmica”. Ao final do experimento, estes animais foram eutanaziados, fixados, ambos os
úmeros foram coletados e posteriormente foram emblocados, para que fosse realizada
50
avaliação histológica da articulação e do calo ósseo, de ambas as asas. Os animais do grupo
2 sofreram cirurgia de apenas uma asa, escolhida aleatoriamente, à qual foi permitido o
movimento articular, sendo, ao final do experimento testados quanto à sua habilidade de
vôo.
Grupo 1
Os animais sofreram intervenção cirúrgica bilateral no mesmo ato operatório. Após a
cirurgia foram feitas bandagens convencionais “em oito” em ambas as asas, com
imobilização das articulações. Uma das asas de cada animal foi escolhida aleatoriamente
para que sofresse artrodese de sua articulação umero-rádio-ulnar, sendo mantida rígida a
articulação do implante, até o final do experimento. A asa dinâmica foi mantida fixa
através da bandagem em “oito”, porém a articulação do fixador foi mantida móvel e a asa
foi liberada após 3 dias, para que o animal pudesse utilizá-la livremente. Os fixadores foram
mantidos durante nove semanas ou até a formação de calo ósseo, quando foram retirados
Grupo 2
Os animais sofreram intervenção cirúrgica unilateral. Após a cirurgia foi feita
bandagem convencional em “oito”, com imobilização da articulação, e esta foi retirada após
três dias, quando a articulação do fixador permaneceu móvel. Uma das asas foi escolhida
aleatoriamente para a cirurgia, sendo chamada de asa dinâmica. Após nove semanas foram
retirados os fixadores externos de todos os animais.
4.4.1 Técnica anestésica
Depois de adequada contenção física, os animais receberam por meio da via
intramuscular, butorfanol na dose de 2,0 mg/kg. Decorridos 15 a 20 minutos, a indução da
anestesia foi realizada com a administração intramuscular (i.m.) de quetamina, na dose de
20 mg/kg. Uma vez que o animal apresentou a perda do reflexo de endireitamento,
interdigital e laringotraqueal, foi realizada a entubação orotraqueal com uma sonda
endotraqueal 2,5 sem balonete. A mesma foi acoplada ao circuito sem reinalação
(Maplesson D), onde os animais receberam isofluorano em fluxo de oxigênio de 1,5L/min.
A anestesia foi avaliada por meio dos seguintes parâmetros: freqüência cardíaca
(batimentos por minuto) e freqüência respiratória (respiração por minuto), concentração de
51
dióxido de carbono inspirado e expirado (mmHg), concentração de isofluorano inspirado e
expirado (%). No pós-operatório imediato, os animais receberam carprofeno na dose de 5
mg/kg i.m.
4.4.2 Preparação cirúrgica
O local da cirurgia foi preparado com colchão moldável, garantindo melhor
posicionamento do animal, e foi colocada sobre este, bolsa térmica aquecida, coberta por
panos. O animal foi então posicionado sobre estes.
Preceitos básicos de assepsia foram seguidos para a cirurgia, porém procurou-se evitar o
arrancamento desnecessário de penas, já que estes animais seriam testados quanto ao vôo,
aproximadamente dois meses após a cirurgia. As penas do sítio cirúrgico, em área de
aproximadamente 4cm
2
, foram arrancadas, e este foi esterilizado com clorexidine. As
rêmiges primárias foram mantidas e envolvidas em Vetrap® esterilizado. As penas
adjacentes ao sítio cirúrgico foram umedecidas com clorexidine e contidas com
esparadrapo, evitando que ocupassem o sítio cirúrgico e a asa foi então coberta por luva
cirúrgica estéril, com corte de aproximadamente 3cm de comprimento, expondo a área a ser
operada . O campo cirúrgico consistiu-se de pano cirúrgico em volta do animal e plástico
transparente sobre ele, sendo o último esterilizado por óxido de etileno, para que a ave
pudesse ser monitorada durante toda a cirurgia.
4.4.3 Técnica cirúrgica
Os animais foram mantidos em jejum hídrico e alimentar de no mínimo duas horas e no
máximo quatro horas, antes do ato cirúrgico.
Com o uso de material cirúrgico de tamanho apropriado, foi feita abordagem dorsal do
úmero. Realizou-se incisão de aproximadamente 1cm de comprimento, em direção crânio-
caudal, sobre o úmero distal até exposição do côndilo lateral. Com serra oscilatória (Projeto
FAPESP: 02/10674-4), foi realizada osteotomia do úmero, diretamente cranial ao côndilo
52
lateral, realizando fratura transversa, completa do osso. A pele foi suturada com nylon 4-0,
com padrão simples, separado.
O primeiro pino foi passado através do epicôndilo lateral, atingindo o epicôndilo
medial, e o fixador externo articulado foi posicionado sobre este, de maneira que o
dispositivo articular principal ficasse diretamente a cima do epicôndilo lateral. A barra
média deste foi posicionada sobre o úmero, alcançando toda sua extensão. Novos pinos
foram então passados, através das perfurações remanescentes desta barra, transfixando a
pele e inserindo-se no úmero, de maneira a atingirem ambas as corticais, num total de três
pinos no úmero, dois proximais e um distal ao foco de fratura. A barra menor, articulada
entre as outras duas, ficou posicionada na parte proximal da ulna, e a barra maior ficou
posicionada na extensão distal da ulna, com os pinos passando através das perfurações da
barra (Apêndice B, figura 2), num total de dois a três pinos na ulna; um na barra pequena e
um ou dois na barra longa. Após a cirurgia, foi feita bandagem em “oito”de modo a manter
rígida a articulação da asa, com as barras formando ângulo agudo entre si, aproximando o
úmero da ulna de forma anatômica.
4.4.4 Tratamento pós cirúrgico
Foram feitas bandagens em oito, prendendo a asa ao corpo do animal. As bandagens se
constituíram de gaze e Vetrap®, sendo o último utilizado, pois evita aderência de cola de
esparadrapo nas penas, e é de mais fácil manipulação.
Foi realizada antibioticoterapia preventiva da seguinte forma: Os animais receberam
Amoxicilina, 50mg oral, a cada vinte e quatro horas, a partir do primeiro dia cirúrgico, e
durante os seis dias posteriores, segundo tratamento indicado por Pollock, Carpenter e
Antinoff (2005).
53
4.4.5 Analgesia e cuidados pós operatórios
Após o termino da cirurgia, foi administrada oralmente, água com açúcar, visando
diminuir os efeitos deletérios do jejum prolongado. Foi administrado carprofeno
intramuscular para analgesia pós cirúrgica imediata.
Durante os três dias consecutivos à cirurgia, era administrada uma gota de dipirona
sódica por via oral aos animais, a bandagem era retirada; a pele, incisão e local das
transfixações, bem como o fixador externo articulado eram higienizados com gaze
umedecida e secos, com gaze seca. Ao final de cada sessão, foram recolocadas bandagens
de acolchoamento em “oito”, constituídas de gaze e Vetrap®.
Após o terceiro dia, não foram mais realizadas bandagens nas asas dinâmicas e estas
foram mantidas nas asas estáticas, sendo que os fixadores das asas dinâmicas foram
mantidos completamente soltos, e os animais poderiam movimentar as asas livremente
dentro da gaiola.
4.5 Avaliação radiográfica
Foi realizada avaliação radiográfica imediatamente prévia e imediatamente posterior à
cirurgia (Anexos C e F, figuras 3 e 6), com análise da redução de ambas as asas dos
animais do grupo 1 e das asas operadas dos animais do grupo 2.
As três, seis (Anexos D e G, figuras 4 e 7) e nove semanas pós operatórias, foi realizada
nova radiografia das asas operadas, para avaliação do calo ósseo, bem como das
articulações. E nos casos necessários, foram realizadas às 12 semanas. Também foram
realizadas radiografias no dia da eutanasia (Anexos E e H, figuras 5 e 8).
Foi utilizada a seguinte técnica radiográfica:
kV = 35,
mA = 100,
distância = 90cm
tempo de exposição = 0,016s.
Sendo as posições avaliadas: dorso – ventral e caudo – cranial.
54
A análise da imagem radiográfica foi feita sob critério padronizado, pelo mesmo
operador, considerando-se os seguintes parâmetros: tempo e intensidade da reação periostal,
presença ou ausência de calo ósseo e radiotransparência na falha entre os fragmentos.
Foi utilizada classificação qualitativa de acordo com a evolução da consolidação óssea,
considerando-se a seguinte adaptação da escala estabelecida por Silva (1998), mais
adequada para o tempo de consolidação óssea em aves:
1 – Fratura completa com irregularidade nas linhas dos fragmentos.
2 – Ponte cortical/ linha radiotransparente na falha entre os fragmentos.
3 – Ponte cortical completa / sem linha radiotransparente.
4 – Início de remodelação
4.6 Avaliação clínica
Imediatamente antes das intervenções cirúrgicas, todas as asas foram avaliadas quanto à
sua amplitude, através do uso de goniômetro.
Durante os cuidados pós operatórios, as asas foram avaliadas diariamente quanto à
presença de edema, secreções, fixação dos pinos aos ossos, e do fixador.
Quando foi observada a consolidação radiológica das fraturas, o fixador articulado foi
removido, sem remoção dos pinos, para avaliação clínica da fratura, realizada através de
palpação. Neste momento o fixador poderia ser reposicionado se necessário, ou retirado por
completo, em caso de consolidação clínica.
Imediatamente após eutanásia as asas foram novamente avaliadas quanto à amplitude de
movimento, através do uso de goniômetro (denominado Amplitude da asa).
4.7 Avaliação da função
Os animais do grupo 2 foram avaliados quanto à sua capacidade de vôo, sendo que após
a retirada do fixador permaneceram em gaiola por 5 semanas, quando foram então deixados
em sala de 2,5x2,5x3,0m, com livre acesso às gaiolas, posicionadas tanto no chão quanto
55
em diferentes alturas, até 2m podendo exercitar sua capacidade de vôo segundo suas
próprias capacidades. Alimentação foi oferecida em diversas alturas, desde o chão até a
altura máxima de 2m. Foram avaliados durante as quatro semanas seguintes, ao final das
quais, foram eutanasiadas.
4.8 Avaliação da morfologia óssea
Depois de dissecados e descarnados, os ossos foram medidos quanto ao seu
comprimento, da porção mais proximal da articulação da cabeça do úmero, até o côndilo
distal (denominado Comprimento do osso) e pesados em balança de alta precisão
(denominado Peso do osso). Então, através da inspeção, foi determinada a abrangência do
calo, e este foi ostectomizado e pesado (denominado Peso do calo).
4.9 Histologia
A histomorfometria é a mensuração de componentes morfológicos, e possibilita a
avaliação da consolidação em espécimes ósseos, para pesquisa.
4.9.1 Fixação do tecido ósseo
Às nove semanas os animais do grupo 1 foram eutanasiados através da injeção de
butorfanol e quetamina, até que se atingisse a parada cárdio-respiratória. A morte foi
confirmada através da auscultação cardíaca.
Foi feita incisão da pele e musculatura de cavidade celomática e o gradil costal foi
rebatido para exposição do coração. O átrio esquerdo foi incisado, e foi injetada no
ventrículo esquerdo, solução fisiológica contendo 2% de heparina para lavagem dos vasos
sanguíneos, aproximadamente 8% do peso do animal até que não fossem mais observados
traços de sangue na solução que era expelida pelo átrio esquerdo.
56
Foi injetado, também no ventrículo esquerdo fixador de Karnovsky modificado:
(Glutaraldeído a 5% e Formaleído a 1% em tampão de Cacodilato), aproximadamente 8%
do peso do animal, ou até que a musculatura esquelética se enrijecesse. Ambos os úmeros
foram desarticulados das escápulas; sendo removidos penas, pele, músculos, vasos e
nervos. A ulna foi desarticulada do úmero de cada animal, e estes foram colocados em
potes individuais para cada ave, imersos integralmente no mesmo fixador, sendo então
refrigerados a 4º.C e assim permanecendo por aproximadamente dois meses (Anexos I a L,
figuras 9 a 12).
Após este período, os calos ósseos foram excisados do úmero, e estes foram pesados e
separados em frascos individuais sendo todo e cada um identificado. O material foi
processado seguindo protocolo abaixo relacionado:
4.9.2 Processo de emblocamento de osso não descalcificado
Os ossos foram desidratados Segundo o seguinte protocolo. Todas as soluções abaixo,
exceto o xileno, foram mantidas em refrigerador antes da adição de ossos, e todos os ossos
enquanto em solução, foram armazenados em refrigerador
- EtOH 70% 1 – 2 dias
- EtOH 95% 2 dias
- EtOH 100% 1 dia
- EtOH 100% 1 dia
- Xileno 1 dia
Cada porção do calo ósseo foi colocada em frasco de vidro, e então o seguinte protocolo
foi utilizado:
57
4.9.2.1 Soluções de emblocamento:
Preparação das seguintes soluções para infiltração e emblocamento do tecido ósseo foi
realizada sob capela. Pellets de cloreto de cálcio suficientes para encherem um becker de
200 mL (aproximadamente 2 colheres) foram colocados em um grande recipiente de
Nalgene tampado firmemente. Esta era quantidade suficiente de cloreto de cálcio para
remover a água (aproximadamente 25 – 35 mL) de 400 mL de metil metacrilato. O
recipiente foi misturado vigorosamente por 15 segundos e então se deixou descansar por 30
segundos. A quantidade desejada foi filtrada em cilindro graduado e a quantidade
necessária de ptalato de dibutil e peróxido de benzoila foi medido e adicionado ao metil
metacrilato e colocados em frasco, que foi coberto com parafilme e mexido segundo o
seguinte protocolo de infiltração, no qual o osso sofre uma série de trocas de diferentes
soluções.
MM = metil metacrilato
PD = ptalato de dibutil (n-butil)
PB = peróxido de benzoila
Solução I
MM: 8,5 mL por osso
PD: 1,5 mL por osso
A solução foi mexida por aproximadamente 2 horas sob capela e então refrigerada por 2
dias.
Solução II
MM: 8,5 mL por osso
PD: 1,5 mL por osso
PB: 0,1 g por osso
A solução foi mexida por aproximadamente 4 horas e então refrigerada por 2 dias.
Solução III
MM: 8,5 mL por osso
PD: 1,5 mL por osso
PB: 0,25 g por osso
A solução foi mexida por pelo menos 4 horas e então refrigerada por 2 dias.
58
Solução IV
MM: 15,3 mL por osso
PD: 2,7 mL por osso
PB: 0,45 g por osso
A solução foi mexida por no mínimo 5 horas, em temperatura ambiente e sacudida por
15 segundos e então deixada repousar por 30 segundo. Esta solução foi então filtrada e a
quantidade apropriada de MM foi despejada em frasco. A quantidade apropriada de PD foi
adicionada ao frasco e PB foi adicionado quando necessário. Após a mistura das soluções,
elas foram despejadas em frascos contendo o espécime e estes foram colocados em câmara
fria.
Após a troca da solução 4, os ossos foram colocados em aspirador / dissecador,
desencapados, durante aproximadamente 6 horas, com o vácuo sendo liberado em
intervalos de 30 minutos. Ao final do dia, os ossos foram re-arranjados no frasco para a
posição desejada para secção: ao centro do frasco de emblocamento, e cobertos com tampas
com orifícios. Os frascos foram então colocados em banho maria, com a temperatura
mantida a 42.C, e permaneceram em banho maria durante a noite. Para checar a
solidificação de polímero de MM, uma probe foi utilizada, e a camada líquida na superfície
do frasco não poderia exceder 2 mm. Neste momento, os frascos foram colocados em
câmara fria.
4.9.2.2 Preparação de lâminas gelatinizadas
Seis laminas de cada vez foram colocadas em bandeja de lâminas, sem tocar uma à
outra, e passaram pela seguinte série de 5 soluções, por 2 minutos cada:
Etanol 70%
Etanol 95%
Etanol 95%/HCl (50 ml HCl por 450 mL, Etanol95%)
Etanol 95%
Etanol 95%
E então foram colocadas em estufa, durante a noite, para secar.
59
A solução gelatinosa (Adesivo de Houpt) para aproximadamente 100 lâminas foi feito,
misturando-se 600 mL de água destilada e 10,5g de gelatina de bloom 300 (Sigma). Esta
solução foi misturada enquanto sendo aquecida a 60º.C, por 5 minutos, então 30 mL de
glicerina foram adicionados. As lâminas pré-limpas foram colocadas em jarras de Coplin (8
lâminas por jarra). A solução de Houpt foi adicionada a estas e deixou-se descansar por 1
hora. As lâminas então foram removidas das jarras e colocadas em bandejas de secagem (10
lâminas por bandeja), cobertas com papel toalha e deixadas para secarem.
4.9.3 Seccionamento
Os frascos de vidro eram quebrados, e o bloco de polímero propriamente marcado. Para
o seccionamento, o bloco foi firmemente colocado no osteótomo. Para evitar enrugamento,
a superfície do bloco de onde as secções seriam retiradas foi saturada com EtOH a 40%,
com a ajuda de um pincel comum. Aproximadamente 12 a 15 secções de 5μm foram
escolhidas a cada 3 secções feitas. Estas eram colocadas em uma lâmina gelatinizada, o
excesso do corte (porções sem tecido) foi cortado, a superfície foi alisada, com ajuda de um
pincel saturado de EtOH a 40% para a remoção de bolhas de ar, e então o corte foi coberto
com lamínulas plásticas. Deixou-se secar as lâminas por 15 minutos, os versos destas foram
raspados (para remover o excesso de material gelatinoso), 12 a 15 lâminas foram colocadas
entre duas lâminas limpas e estas, colocadas em prensa, que foi então posta em estufa,
durante toda a noite. Na manhã seguinte, as lâminas foram removidas da prensa, as
lamínulas plásticas retiradas então analisou-se sob microscópio para a seleção das quatro
melhores de cada grupo. As informações destas lâminas foram registradas em caderno.
60
4.9.4 Coloração
A coloração foi realizada seguindo os seguintes protocolos
4.9.4.1 Corante de tetracromo
Para o processo de coração de 16 slides de cada vez, as seguintes soluções foram
utilizadas no protocolo enumerado abaixo destas
Solução I: Solução de nitrato de prata: 3g de nitrato de prata foram misturados a 60mL
de dH
2
O. A solução foi mexida em um becker coberto com papel alumínio, e então filtrada
quando completamente dissolvida.
Solução II: Solução de carbonato-formaldeido de sódio: 5g de carbonato de sódio
anidro foram misturadas a 25mL de formaldeído e 75mL de dH
2
O, e mexidas até
completamente dissolvidas.
Solução III: soluções 3A e 3B.
3A: 10g de tiosulfato de sódio e 100mL de dH
2
O foram misturados e mexidos até a
dissolução completa.
3B: 1g de ferricianido de potássio e 10mL de dH
2
O foram misturados e mexidos até
dissolução completa.
50mL da solução 3A e 2,5mL da solução 3B foram misturados imediatamente antes do
uso, já que esta solução é estável por apenas menos de 30 minutos.
Solução IV: Solução de tetracromo: 1,8g de solução de tetracromo e 60mL de dH
2
O
foram misturados e mexidos em um becker coberto com papel alumínio e então filtrados
4.9.4.2 Protocolo de coloração
1. As secções foram desplastificadas com acetato de metoxi-etil por 3 dias.
61
2. As lâminas foram colocados em bandeja de coração e estas em EtOH a
100% por 2 minutos, então em EtOH a 95% por 2 minutos, em EtOH 70% por 2
minutos, em EtOH 40% por 2 minutos e então em dH
2
O
3. As secções foram colocadas a solução I por 15 minutos, no escuro.
4. Três mudanças de dH
2
O de 1 minuto cada, foram feitas.
5. As secções foram colocadas na solução II para corar, por exatamente 2
minutos.
6. Duas trocas de dH
2
O de um minuto cada foram feitas.
7. As lâminas foram colocados na solução III por exatamente 20 segundos,
sendo o tempo muito crítico.
8. Então, os slides foram deixados sob água corrente por 20 minutos.
9. Duas trocas de dH
2
O de um minuto cada foram feitas.
10. As lâminas foram colocados na solução IV por 1,5 minutos, no escuro.
11. Três trocas de dH
2
O de um minuto cada foram feitas.
12. Uma troca de EtOH a 70% foi feita, por no mínimo 1 minuto.
13. Então as lâminas foram mantidos em EtOH a 100% por no mínimo 1
minuto.
14. Duas trocas de xileno, por 3 minutos cada, foram feitas.
15. Foram colocadas as lamínulas em cada lâmina, com permount, o excesso de
permount foi eliminado, primeiramente com ajuda de lâmina e então com gaze
saturada com xileno, e estas foram prensadas e permaneceram assim durante 24 horas,
para garantir que a lamínula estivesse firmemente grudada à lâmina.
4.9.5 Procedimentos de osteomensuração
Para a análise das secções, o programa de computador: OsteoMeasure® foi utilizado.
Um microscópio ótico com uma câmera especial anexada, e um mouse de computador para
osteomensuração, em uma placa (Mercury 100) especial foram usados para delinear os
parâmetros específicos para o estudo (Figura 22).
Cada secção medida foi nomeada segundo o animal específico a que pertencia, osso e
qual asa (direita ou esquerda).
62
O microscópio, a luz e a câmera foram ajustados antes de cada mensuração e a área de
interesse foi encontrada.
Os parâmetros medidos foram:
- Volume ósseo
- Tecidos fibrosos dentro da área de interesse
- Superfície de osteoblásto: superfície de osteoblástos próximos ao osso
- Volume de osteóide
- Volume de vasos sanguíneos
- Volume de cartilagem
- Superfície de osteoclástos
- Superfície óssea dividida pelo volume ósseo
Quando todos estes parâmetros foram medidos, os números totais foram escritos
em papel e posteriormente inseridos no programa “Excel” e a análise estatística foi
feita.
4.10 Análise Estatística
O teste t Student com nível de significância de 5% foi utilizado para a interpretação dos
resultados obtidos nas avaliações radiográficas, clínicas e de teste de vôo neste
experimento, procurando verificar possíveis diferenças significativas entre os dois tipos de
fixação: com fixador rígido e anquilose da articulação (asa estática) e com fixador
articulado e manutenção da articulação (asa dinâmica), e o controle.
Para a análise histomorfométrica, o software “StatView” foi utilizado, para acessar as
diferenças entre os três grupos: asa intacta, asa estática e asa dinâmica, quanto ao volume
ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de osteoblastos, volume de osteóide, volume de
vasos sanguíneos, volume de cartilagem, superfície de osteoclastos e relação superfície-
volume ósseo, comparando valores entre os grupos e dentro de um mesmo grupo. Foi
utilizado o teste de Fisher PLSD, com nível de significância de 5%.
63
Resultados
64
5 RESULTADOS
5.1 Clínicos e radiológicos
As asas de todas as aves estavam firmes à palpação imediatamente após a cirurgia e
durante todo o tempo que estas permaneceram com o fixador, com avaliações diárias nos
primeiros 7 dias e depois avaliações a cada 5 dias. Alguns animais demonstraram incômodo
à manipulação da fratura, durante os 3 dias pós cirúrgicos, para a limpeza e retirada da
bandagem. Todos os animais foram capazes de suportar o peso do aparato, apresentando
leve queda da asa, que melhorou gradualmente durante as semanas do experimento.
Por diversas vezes não foi possível restringir a osteotomia a uma fratura transversa
simples devido ao caráter frágil e delgado da cortical deste osso nas aves, sendo que em
alguns casos (2 animais do grupo 1) a fratura apresentou bisel em sua formação. No animal
4 do grupo 1, observou-se fissura longitudinal do úmero, que aos 21 dias havia aumentado
consideravelmente de tamanho, provocando separação parcial das duas corticais deste osso.
Não obstante, às 6 semanas ocorreu consolidação completa do osso, apesar desta
complicação. No animal 3 do grupo dois a fratura não apresentou alinhamento completo
após a cirurgia.
Durante a cirurgia ocorreram fraturas iatrogênicas nas ulnas de 5 animais do grupo 1,
quando da inserção dos pinos, o que foi confirmado posteriormente no exame radiográfico
imediatamente pós cirúrgico. Nenhuma fratura foi observada nas ulnas dos animais do
grupo 2.
Às 6 semanas, todos os animais do grupo 2 apresentavam fraturas consolidadas
radiográfica (Anexos D e G, figuras 4 e 7) e clinicamente, sendo os fixadores removidos
por completo neste momento. Quatro animais do grupo 1 apresentaram consolidação
completa, radiográfica e clinica, de ambas as asas, às 6 semanas, quando foram retirados os
fixadores. Dois animais do mesmo grupo não apresentaram consolidação de nenhuma das
duas asas neste mesmo período, sendo reavaliados às 9 semanas, quando ambos
apresentaram consolidação radiográfica e clínica da asa dinâmica, e consolidação
radiográfica porém não clínica da asa estática. Foram retirados os fixadores das asas
dinâmicas e mantidos os das asas estáticas até as 12 semanas, quando apresentaram
65
consolidação clínica destas, e foram retirados os fixadores, e às 15 semanas foram
eutanasiados (Tabelas 1 e 2), sendo que um deles apresentou mal-união hipertrófica da asa
estática, segundo classificação de Martin e Ritchie (1994) e Helmer e Redig (2006). Com
exceção destes dois animais, as aves do grupo 1 foram eutanasiadas às 9 semanas, após 3
semanas da retirada dos fixadores.
Tabela 1: Avaliação radiográfica dos animais do grupo 1, segundo escala adaptada de Silva
(1998) 1 – Fratura completa com irregularidade nas linhas dos fragmentos. 2 –
Ponte cortical/ linha radiotransparente na falha entre os fragmentos. 3 – Ponte
cortical completa / sem linha radiotransparente. 4 – Início de remodelação:
Pós -
cirúrgico
21
dias
6
semanas
9
semanas
12
semanas
15
semanas
1
asa dinâmica
1# 2 3 3 - -
asa estática
1# 2 2 3 3 3
2
asa dinâmica
1 2 3 4 - -
asa estática
1# 3 3 4 - -
3
asa dinâmica
1 2 3 4 - -
asa estática
1# 3 3 4 - -
4
asa dinâmica
1# 3 3 4 - -
asa estática
1 2 2 2 2 3
5
asa dinâmica
1 2 3 4 - -
asa estática
1# 2 3 4 - -
6
asa dinâmica
1 2 4 4 - -
asa estática
1 3 4 4 - -
# Fratura de ulna
66
Tabela 2: Avaliação radiográfica dos animais do grupo 2 segundo escala adaptada de Silva
(1998): 1 – Fratura completa com irregularidade nas linhas dos fragmentos. 2 –
Ponte cortical/ linha radiotransparente na falha entre os fragmentos. 3 – Ponte
cortical completa / sem linha radiotransparente. 4 – Início de remodelação:
Pós -
cirúrgico
21
dias
6
semanas
9
semanas
12
semanas
15
semanas
1
asa dinâmica
1 3 3 4 - -
2
asa dinâmica
1 2 3 4 - -
3
asa dinâmica
1 2 3 4 - -
4
asa dinâmica
1 3 3 4 - -
5
asa dinâmica
1 2 3 4 - -
6
asa dinâmica
1 3 3 4 - -
67
5.2 Avaliação de vôo
Após a retirada dos fixadores, os animais do grupo 2 foram mantidos em gaiola por 5
semanas, quando foram soltos em sala maior para o vôo. Foram mantidos assim por 4
semanas antes de serem eutanasiados. Todos os animais deste grupo apresentaram
capacidade de vôo adequada, levantando vôo até 2m de altura, sendo capazes de subir e
descer a diferentes alturas, após o quinto dia que foram liberados na sala, melhorando
rapidamente seu equilíbrio e destreza no vôo.
5.3 Morfologia óssea
A morfologia óssea inclui a mensuração do comprimento e do peso do úmero, do peso do
calo ósseo e da amplitude da asa.
5.3.1 Comprimento do úmero
Como se pode observar na tabela 3, os comprimentos dos úmeros da asa dinâmica
(Apêndice K, Figura 11) e da asa estática (Apêndice L, Figuras 12 e 20) de cada ave do
grupo 1 foram comparados, sendo que a asa dinâmica apresentou em média, 99,1% o
tamanho da asa estática para cada ave. A mesma análise foi feita para os animais do grupo
2, porém neste caso, foram comparadas as asas dinâmicas (Apêndice I, Figuras 9 e 17) às
asas intactas (Apêndice J, Figura 10), e essas representavam em média 99,5% o tamanho
dos úmeros das asas intactas.
68
5.3.2 Peso do úmero
Para cada animal do grupo 1, observamos que em média, os ossos da asa dinâmica
somavam 99% do peso dos ossos da asa estática de cada animal, sendo que para dois
animais deste grupo esta relação era de 152,6% do peso da asa estática em relação à asa
dinâmica, e para os outros animais esta relação era de 72,3%. Entre os animais do grupo 2,
a relação entre o osso da asa dinâmica e o osso da asa intacta foi de 78,4% (Tabelas 3 e 4,
Gráficos 2 e 5).
5.3.3 Peso do calo ósseo
Em relação ao calo ósseo, nos animais do grupo 1, este foi aproximadamente 132%
maior na asa dinâmica do que na asa estática, ou seja, o osso da asa dinâmica era 32% mais
pesado do que da asa estática. Para os animais do grupo 2, o calo do osso operado foi
aproximadamente 47,8% o peso do calo do osso intacto (Tabelas 3 e 4, Gráficos 3 e 6).
5.3.4 Amplitude de asa
A amplitude da asa no grupo 2, demonstrou que a relação da asa dinâmica para a asa
intacta foi de 0,93. O mesmo valor foi calculado para o grupo 1, e neste podemos notar que
a relação foi de 1,05,. Durante todo o experimento foi possível observar que estes animais
apresentavam dificuldade e dor na movimentação da asa, nunca sendo capazes de recolhê-
las junto ao corpo, mostrando-se desequilibrados, e em dois casos, arrastando a asa junto ao
solo. Nenhum animal do grupo 2 apresentou recolhimento completo da asa operada, porém
eram capazes de apresentar postura ereta, com bom equilíbrio e recolhimento parcial a
quase total da asa (Tabelas 3 e 4, Gráficos 1 e 4).
69
5.3.5 Observações
Através da observação dos gráficos é possível constatar que todos os valores para o
grupo 2 se mantiveram mais constantes do que para o grupo 1
À cirurgia, um animal do grupo 1 sofreu fissuras longitudinais graves do úmero, que se
transformaram em fraturas, e após quatro dias, foram retirados ambos os fixadores. Este
animal foi desconsiderado do experimento e foi posteriormente eutanasiado.
70
Tabela 3: Grupo 1. Comprimento do úmero em cm, relação do comprimento do úmero de asa dinâmica dividido pela asa estática (ad/ae). Peso do úmero em gramas divididas pelo
comprimento em centímetros, relação desta valor para asa dinâmica dividido pelo valor da asa estática (ad/ae). Peso apenas do calo ósseo em gramas dividido pelo
comprimento em centímetros e relação entre asa dinâmica e asa estática (ad/ae) deste valor. Amplitude da asa, medida entre a porção proximal do úmero e a mais distal da
ulna, em linha reta, e relação deste valor entre asa dinâmica e asa estática (ad/ae)
Animal Comprimento
do osso (cm)
Relação
ad/ae
Peso do osso
(g/cm)
Relação
ad/ae
Peso do calo
(g/cm)
Relação
ad/ae
Amplitude
da asa (cm)
Relação
ad/ae
1
asa dinâmica
4,9 0,4504 0,6337 7,1
asa estática
4,9 1 0,569 0,7914 0,9743 0,6504 6,8 1,04
2
asa dinâmica
4,6 0,4366 0,7842 6,4
asa estática
4,4 1,0454 0,549 0,7953 0,4048 1,9373 7,2 0,89
3
asa dinâmica
4,4 0,3065 0,309 7,5
asa estática
4,2 1,0476 0,5303 0,5779 0,398 0,7762 6,5 1,15
4
asa dinâmica
4,5 0,576 0,7458 6,7
asa estática
4,9 0,9183 0,3677 1,5661 0,3513 2,1229 6,5 1,03
5
asa dinâmica
4,4 0,6338 0,8767 6,8
asa estática
4,6 0,9565 0,4265 1,486 0,4975 1,7623 8 0,85
6
asa dinâmica
4,5 0,3338 0,3392 8,3
asa estática
4,6 0,9782 0,4591 0,727 0,5099 0,6652 6,1 1,36
4,55 0,4562 0,6148 7,1333
media
4,6
0,991
0,4836
0,99064
0,5226
1,319
6,85
1,05
71
Tabela 4: Grupo 2 Comprimento do úmero em cm, relação do comprimento do úmero de asa dinâmica dividido pela asa estática (ad/ae). Peso do úmero em gramas divididas pelo
comprimento em centímetros, relação desta valor para asa dinâmica dividido pelo valor da asa estática (ad/ae). Peso apenas do calo ósseo em gramas dividido pelo
comprimento em centímetros e relação entre asa dinâmica e asa estática (ad/ae) deste valor. Amplitude da asa, medida entre a porção proximal do úmero e a mais distal da
ulna, em linha reta, e relação deste valor entre asa dinâmica e asa estática (ad/ae)
Animal Comprimento
do osso (cm)
Relação
ad/ae
Peso do osso
(g/cm)
Relação
ad/ae
Peso do calo
(g/cm)
Relação
ad/ae
Amplitude da
asa (cm)
Relação
ad/ae
1
asa dinâmica
4,5 0,3895 0,2507 6
asa intacta
4,5 1 0,3615 1,0774 0,2952 0,8494 7 0,86
2
asa dinâmica
4,75 0,3698 0,2377 8
asa intacta
4,7 1,0106 0,4116 0,8983 0,4322 0,5499 8,4 0,95
3
asa dinâmica
4,4 0,3427 0,1965 8,2
asa intacta
4,5 0,9777 0,3919 0,8746 0,36563 0,5374 6,9 1,19
4
asa dinâmica
4,5 0,3439 0,1567 5
asa intacta
4,6 0,9782 0,4012 0,8571 0,3952 0,3966 6 0,83
5
asa dinâmica
4,7 0,3589 0,3243 6,6
asa intacta
4,9 0,9591 0,83 0,4324 1,1279 0,2875 8,3 0,8
6
asa dinâmica
4,9 0,32 0,1671 7,7
asa intacta
4,7 1,0425 0,5636 0,5678 0,6756 0,2473 8,3 0,93
4,625 0,3541 0,2222 6,9166
media
4,65
0,9947
0,4933
0,7846
0,5486
0,478
7,3928
0,93
72
Amplitude grupo1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
123456
cm
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
Asa móvel
Asa estática
relão
Amplitude de asa do grupo 1
Asa dinâmica
Asa estática
Razão
Asa dinâmica
Asa estática
Razão
Gráfico 1 - Amplitude de asa (asa dinâmica / asa estática) do grupo 1
Peso proporcional do osso grupo 1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
123456
0
0,5
1
1,5
2
2,5
asa móvel
asa estática
relão
Asa dinâmica
Asa estática
Razão
Asa dinâmica
Asa estática
Razão
Peso proporcional do osso do grupo 1
Gráfico 2 - Peso proporcional do osso (asa dinâmica / asa estática) grupo 1
73
Peso proporcional do calo grupo 1
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
123456
0
0,5
1
1,5
2
2,5
asa móvel
asa estática
proporção
Asa dinâmica
Asa estática
Razão
Asa dinâmica
Asa estática
Razão
Peso proporcional do calo ósseo do grupo 1
Gráfico 3 - Peso proporcional do calo ósseo (asa dinâmica / asa estática) do grupo 1
Amplitude grupo 2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
123456
cm
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
Asavel
Asa intacta
relação
Asa dinâmica
Asa intacta
Razão
Asa dinâmica
Asa intacta
Razão
Amplitude de asa do grupo 2
Gráfico 4 - Amplitude de asa (asa dinâmica / asa intacta) do grupo 2
74
Peso proporcional do osso grupo 2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
123456
0
0,5
1
1,5
2
2,5
asa móvel
asa intacta
proporção
Asa dimica
Asa intacta
Razão
Asa dimica
Asa intacta
Razão
Peso proporcional do osso do grupo 2
Gráfico 5 - Peso proporcional do osso (asa dinâmica / asa intacta) do grupo 2
Peso proporcional do calo grupo 2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
123456
0
0,5
1
1,5
2
2,5
asa móvel
asa intacta
prporção
Asa dimica
Asa intacta
Razão
Asa dimica
Asa intacta
Razão
Peso proporcional do calo ósseo do grupo 2
Gráfico 6 - Peso proporcional do calo ósseo (asa dinâmica/ asa intacta) do grupo
75
Proporção entre peso do osso entre asas
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
123456
grupo 1
grupo 2
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 1
Grupo 2
Razão dos pesos ósseos entre asas
Gráfico 7 - Razão entre o peso dos ossos das asas dinâmicas/estáticas do grupo 1 e dinâmica/ intacta do grupo 2
Proporção entre pesos do calo entre asas
0
0,5
1
1,5
2
2,5
123456
grupo 1
grupo 2
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 1
Grupo 2
Razão dos pesos dos calos ósseos entre asas
Gráfico 8 - Razão entre o peso dos ossos das asas dinâmicas/estáticas do grupo 1 e dinâmica/ intacta do grupo 2
76
5.4 Análise histomorfométrica
A histomorfometria foi realizada para as asas dinâmicas, estáticas e intactas de todos os animais, estando representadas nas tabelas 5, 6 e 7.
Tabela 5: Porcentagens de volume ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de osteoblástos próximos ao osso, volume de osteóide, volume de vasos sanguíneos, volume
de cartilagem, superfície de osteoclástos e razão da superfície óssea pelo volume ósseo em mm
2
/mm
3
, nas asas intactas dos animais do grupo 2
Grupo 2/ Asa
intacta
Volume
ósseo (%)
Volume de
tecido
fibroso (%)
Superfície de
osteoblástos
(%)
Volume de
osteóide
(%)
Volume de
vasos
sanguíneos (%)
Volume de
cartilagem
(%)
Superfície de
osteoclástos
(%)
Superfície óssea /
volume ósseo
(mm
2
/mm
3
)
Pombo 2 36,88 0 0 0 2,17 0 0 20,39
Pombo 5 35,44 0 4,54 0,08 0,53 0 0 28,83
Pombo 1 21,27 0,06 21,86 0 1,03 0 0,18 29,35
Pombo 3 22,74 0 0,13 0 2,47 0 0 28,92
Pombo 4 24,39 0,64 19,35 0,1 4,68 0 0 35,47
Pombo 6 35,81 0 4,37 0 1,12 0 0 20,95
Média 29,42167 0,116667 8,375 0,03 2 0 0,03 27,31833
Desvio Padrão 7,335801 0,257501 9,707355 0,046904 1,503888 0 0,073485 5,726871
77
Tabela 6: Porcentagens de volume ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de osteoblástos próximos ao osso, volume de osteóide, volume de vasos sanguíneos, volume de
cartilagem, superfície de osteoclástos e razão da superfície óssea pelo volume ósseo em mm
2
/mm
3
, nas asas estáticas dos animais do grupo 1
Grupo 1 / Asa
estática
Volume
ósseo
(%)
Volume de
tecido fibroso
(%)
Superfície de
osteoblástos
(%)
Volume de
osteóide
(%)
Volume de
vasos
sanguíneos (%)
Volume de
cartilagem
(%)
Superfície de
osteoclástos
(%)
Superfície óssea /
volume ósseo
(mm
2
/mm
3
)
Pombo 3 7,54 0,11 65,74 3,11 1,05 0 0,73 121,73
Pombo 1 24,18 6,17 42,35 0,95 1,55 0,5 2,42 75,35
Pombo 2 16,04 2,04 17,06 0,21 0,78 0 0,28 64,98
Pombo 4 18,66 0 1,32 0 0 0 0 39,64
Pombo 5 29,41 0 8,14 0 0,49 0 0 31
Pombo 6 19,78 0,01 35,35 1,06 0,84 0 0,33 48,67
Média 19,26833 1,388333 28,32667 0,888333 0,785 0,083333 0,626667 63,56167
Desvio Padrão 7,424092 2,47701 24,12276 1,183848 0,521872 0,204124 0,918731 32,79878
78
Tabela 7: Porcentagens de volume ósseo, volume de tecido fibroso, superfície de osteoblástos próximos ao osso, volume de osteóide, volume de vasos sanguíneos, volume de
cartilagem, superfície de osteoclástos e razão da superfície óssea pelo volume ósseo em mm
2
/mm
3
, nas asas dinâmicas dos animais dos grupos 1 e 2
Grupos 1 e 2 /
asas dinâmicas
Volume
ósseo
(%)
Volume de
tecido fibroso
(%)
Superfície de
osteoblástos
(%)
Volume de
osteóide
(%)
Volume de
vasos
sanguíneos (%)
Volume de
cartilagem
(%)
Superfície de
osteoclástos
(%)
Superfície óssea /
volume ósseo
(mm
2
/mm
3
)
Pombo 1 / G 1 13,81 4,06 33,93 0,48 1,65 0 0,36 65,7
Pombo 2 / G 1 37,35 0 11,32 0,19 0 0 0 20,92
Pombo 3 / G 1 17,78 1,17 42,83 2,02 1,3 0 0 52,98
Pombo 4 / G 1 26,15 14,17 55,17 1,47 0,24 0,22 1,15 42,2
Pombo 5 / G 1 21,94 2,96 8,26 0,78 0 0 0,1 93,42
Pombo 6 / G 1 15,1 0,27 16,56 0,39 0,29 0 0 98,7
Pombo 1 / G 2 32,56 1,29 27,5 0 0,07 0 0 27,07
Pombo 2 / G 2 46,43 5,1 30,1 0,65 0,58 0 1,48 25,13
Pombo 3 / G 2 15,58 0 0 0 1,63 0 0 31,24
Pombo 4 / G 2 18,04 6,36 40,67 0,73 8,45 0,09 8,13 68,26
Pombo 5 / G 2 13,3 19,81 44,47 5,39 2,25 9,88 3 115,01
Pombo 6 / G 2 16,81 5,59 29,89 0,23 0,69 0 0,05 43,97
Média 22,90417 5,065 28,39167 1,0275 1,429167 0,849167 1,2025 57,05
Desvio Padrão 10,63184 6,1158 16,55362 1,497259 2,335172 2,844738 2,381471 31,49999
79
Volume tecidual nas asas intactas do grupo 2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
123456
Animal
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Volume tecidual nas asas intactas do grupo 2
Gráfico 9 - Comparação, em porcentagem, dos volumes ósseo, de tecido fibroso, de osteóide, de vasos sanguíneos e cartilagem nas asas intactas do grupo 2
Volume tecidual nas asas estáticas do grupo 1
0
5
10
15
20
25
30
35
123456
Animal
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Volume tecidual nas asas estáticas do grupo 1
Gráfico 10 - Comparação, em porcentagem, dos volumes ósseo, de tecido fibroso, de osteóide, de vasos sanguíneos e cartilagem nas asas estáticas do grupo 1
80
Volume tecidual nas asas dinâmicas dos grupos 1 e 2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
123456789101112
Animal
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Osso
Tecido fibroso
Osteóide
Vasos sanguíneos
Cartilagem
Volume tecidual nas asas dinâmicas dos grupos 1 e 2
Gráfico 11 - Comparação, em porcentagem, dos volumes ósseo, de tecido fibroso, de osteóide, e vasos sanguíneos e cartilagem nas asas dinâmicas dos grupos 1 e 2
Superfície de osteoblastos e osteoclastos junto ao osso nas
asas intactas do grupo 2
0
5
10
15
20
25
123456
Anima l
Osteoblasto
Osteoclasto
Osteoblastos
Osteoclastos
Osteoblastos
Osteoclastos
Superfície de osteoblastos e osteoclastos das asas
intactas do grupo 2
Gráfico 12 - Comparação, em porcentagem, das superfícies de osteoblastos e osteoclastos observados junto às superfícies ósseas, nas asas intactas dos animais do grupo 2
81
Supefície de osteoblasto e osteoclasto junto ao osso nas asas
estáticas do grupo 1
0
10
20
30
40
50
60
70
123456
Osteoblasto
Osteoclasto
Osteoblastos
Osteoclastos
Osteoblastos
Osteoclastos
Superfície de osteoblastos e osteoclastos das asas
estáticas do grupo 1
Gráfico 13 - Comparação, em porcentagem, das superfícies de osteoblastos e osteoclastos observados junto às superfícies ósseas, nas asas estáticas dos animais do grupo 1
Superfície de osteoblasto e osteoclásto junto ao osso nas asas
dinâmicas dos grupos 1 e 2
0
10
20
30
40
50
60
123456789101112
Anima l
Osteoblasto
Osteoclasto
Osteoblastos
Osteoclastos
Osteoblastos
Osteoclastos
Superfície de osteoblastos e osteoclastos das asas
dinâmicas dos grupos 1 e 2
Gráfico 14 - Comparação, em porcentagem, das superfícies de osteoblastos e osteoclastos observados junto às superfícies ósseas, nas asas dinâmicas dos animais dos grupos 1 e 2
82
0
10
20
30
40
50
60
70
Grupo 2/ Asa intacta Grupo 1 / Asa
estática
Grupos 1 e 2 / asas
dinâmicas
dia de superfície óssea / volume ósseo (mm2/mm3)
Grupo 2: asa
intacta
Grupo 1: asa
estática
Grupos 1 e 2: asas
dinâmicas
dia de superfície ósseas / volume ósseo (mm
2
/mm
3
)
Gráfico 15 - Média da razão superfície óssea / volume ósseo, nos três grupos de asas: intactas, estáticas e dinâmicas
83
5.4 Análise histomorfométrica
Apresentam-se descrições e figuras histológicas de ossos dos três diferentes métodos de
tratamento utilizados.
5.4.1 Asas Dinâmicas
De maneira geral, observou-se nas asas dinâmicas tecido composto de grande área de
calcificação com alguns gaps de reabsorção, em geral pequenos e mais numerosos em
camada endostal, e maiores e coalescentes em camada periostal, ou desorganizadamente
por todo o tecido. Camada de osteóide, recobrindo as superfícies dos gaps, e larga camada
de osteoblástos desorganizados sobre a anterior, com muitas células indiferenciadas à sua
volta. No interior de muitos dos gaps, presença de vasos sanguíneos, passando
transversalmente. Em superfície periostal, camadas de osteóide recobertas por osteoblástos
puderam ser observadas em quase todas as superfícies. Número moderado de osteoclástos
causando reabsorção nas margens externas. Osteócitos puderam ser observados
entremeados na camada de osteóide. Muitas células indiferenciadas em região endostal ou
em grandes gaps. Envolvendo o osso, material fibroso abundante, com diversos sinusóides
e muitos osteoblástos desorganizados pelo tecido. Em algumas lâminas pôde-se observar
algumas zonas de osso desorganizado, com grande atividade reabsortiva em superfície
óssea e deposição mineral próxima a osteoblástos. Muitas células indiferenciadas, com
alguns osteoblástos visíveis. áreas de tecido cartilagíneo em processo de calcificação, em
grande atividade osteoclástica. Em muitas lâminas pôde-se observar quebras do material,
por falha de técnica (Figuras 13 a 15) Em alguns animais pode-se observar calo ósseo de
tamanho avantajado (Figuras 16 e 17).
84
TF
Gaps
Figura 13 - Calo ósseo de asa dinâmica, (animal 1, grupo 1) Mostrando osso cortical
organizado, com diversos gaps de reabsorção, dentro dos quais se pode observar
camada de osteóide (lilás) recobrindo as margens internas destes, e camada de
osteoblástos (roxo escuro) recobrindo a anterior. (TF): Tecido fibroso em margem
periostal, com fina camada de osteóide em toda a sua superfície (lilás) recoberta
de osteoblástos (roxo escuro) e osteoblástos e células indiferenciadas entremeadas
no tecido fibroso. Rachaduras de falha de técnica por todo o osso
85
Endósteo
Periósteo
Gaps
Figura 14 - Osso cortical de asa dinâmica (animal 3, grupo 1), com gaps de reabsorção
menores e mais numerosos em margem endostal e coalescência de gaps,
formando gaps maiores em margem periostal. Camada fina de osteóide (lilás) em
fase avançada nas superfícies internas dos gaps, recoberta de camada de
osteoblástos (azuis): ambas as camadas são maiores em região periostal. Grande
área de reabsorção com larga camada de osteoblástos (roxo) em margem periostal
86
TC
Endósteo
Gaps
Figura 15 - Osso cortical da asa dinâmica (animal 4, grupo 1). Cortical óssea com poucos
grandes gaps de reabsorção, com superfícies internas revestidas de camada de
osteóide e pequena camada de osteoblástos. Gaps repletos de células
indiferenciadas. Em superfície endostal, formação de osso desorganizado
(esquerda) e grande volume de tecido cartilaginoso (TC) em fase de
mineralização (em preto, entremeando a cartilagem)
87
TC
Gaps
Figura 16 - Asa dinâmica (animal 5, grupo 2) em que foi observado calo ósseo volumoso.
Osso cortical desorganizado com muitos gaps de reabsorção de diversos
tamanhos e finas camadas de osteóide em fase inicial, recobertas por camadas
de osteoblástos em apenas alguns gaps. Grande quantidade de células
indiferenciadas dentro dos gaps e ao redor do osso. Intersecção de tecido
cartilaginoso (TC) e inicio de mineralização do mesmo, com formação óssea.
Algumas rachaduras do material por falha da técnica
Figura 17 - Úmero (animal 5, grupo 2): asa dinâmica
88
5.4.2 Asas Estáticas
Na maioria das lâminas pôde-se observar osso cortical desorganizado com grandes áreas
de reabsorção, com superfícies totalmente recobertas por camadas de osteóide
desorganizado de diferentes espessuras, recoberto por osteoblástos visíveis e diversas
células não diferenciadas no interior dos gaps de reabsorção, assim como nas superfícies
externas do osso. Nas áreas menores de reabsorção camada mais densa de osteóide.
Algumas trabéculas presentes em algumas minas. Muitos osteócitos entremeados em
camada de osteóide. Grande quantidade de tecido fibroso próximo às superfícies ósseas,
com presença de muitos osteoblástos e células indiferenciadas. Sinusóide principalmente
no tecido fibroso periostal, mas também presentes no interior dos gaps de reabsorção.
Algumas lâminas apresentaram quantidades pequenas de osteóide e osteoblástos, com
grande atividade osteoclástica. Algumas fraturas do material por falha de técnica (Figuras
18 a 20).
89
Ss
TC
Ob
T
Figura 18 - Osso cortical (animal 1, grupo 1). Detalhe de trabéculas ósseas (T), com tecido
cartilagíneo formando osso (células cartilagíneas entremeadas em cortical
desorganizada). Fina camada de osteóide (lilás) recobrindo trabéculas e larga
camada de osteoblástos (Ob) sobre a anterior. Muitos sinusóides (Ss) presentes.
Grande quantidade de células indiferenciadas entremeando as trabéculas
90
O
Ot
Ob
Ss
Figura 19 - Asa estática (animal 3, grupo 1) em que foi observado calo ósseo avantajado.
Osso cortical desorganizado com grandes gaps de reabsorção e formação óssea,
recoberto por larga camada de osteóide (O)(lilás), contendo muitos osteócitos
(Ot), e recoberta por larga camada de osteoblástos (Ob). Células indiferenciadas
no interior dos gaps. Alguns sinusóides (Ss)dentro dos gaps
Figura 20 - Úmero (animal 3, grupo 1); asa estática
91
5.4.3 Asas Intactas
Osso cortical organizado com baixa porosidade, diversos pequenos gaps, com poucas
células, em sua maioria indiferenciadas, alguns osteoblástos. Sinusóides presentes em
alguns gaps. Formação de algumas trabéculas ósseas. Presença de poucas pequenas
camadas de osteoblástos em algumas superfícies (Figura 21).
Endósteo
Periósteo
Cortical
Figura 21 - Osso cortical (animal 3, grupo 2) com baixa porosidade e baixa celularidade.
Observa-se pouca alteração tanto endostal quando periostal
92
Figura 22 - Demonstração de como foi realizada a técnica de histomorfometria. A imagem
de cada lâmina foi observada em tela de computador, utilizando-se de placa para
digitalização e mouse, para delinear as áreas recobertas por osso (em azul),
cartilagem (em cor salmão), tecido fibroso (em verde), etc., sendo que este
traçado foi feito em cada quadrado menor (por exemplo: A 1), e ao final, o
programa de computador OsteoMeasure
®
calculou valores totais para cada lâmina
93
5.5 Estatística
5.5.1 Morfometria
Usando-se nível de significância de 5%, o comprimento dos úmeros dos animais do
grupo 1 não apresentou variação entre a asa móvel e a asa estática (P = 0,624), nem a
amplitude das asas destes animais demonstrou diferença (P = 0,597).
As asas móveis e intactas dos animais do grupo 2 também não apresentaram
variação entre si, em relação ao comprimento dos úmeros (P = 0,681), ou amplitude da
asa (P = 0,231).
5.5.2 Osteometria
Foram analisadas as relações entre asas estáticas e intactas, entre asas estáticas e
dinâmicas, e entre asas intactas e dinâmicas, para os diferentes aspectos avaliados
através da osteometria, com nível de significância de 5%, sendo significativo quando
menor do que 0,05 (Tabela 8).
94
Tabela 8 - Relação entre asa estática e intacta, entre asa estática e dinâmica e entre
asa intacta e dinâmica, nos diferentes aspectos avaliados, com nível de significância de
5%
Asa Estática,
Asa Intacta
Asa Estática,
Asa Dinâmica
Asa Intacta,
Asa Dinâmica
Volume ósseo
0,0705 0,4395 0,1724
Volume de tecido fibroso
0,6363 0,1241 0,0428
Superfície de osteoblastos
0,0609 0,9941 0,0322
Volume de osteóide
0,2396 0,8229 0,1192
Volume de vasos sanguíneos
0,2706 0,4961 0,5459
Volume de cartilagem
0,9448 0,4657 0,4192
Superfície de osteoclastos
0,5662 0,5326 0,2052
Superfície óssea/volume ósseo
0,0359 0,6466 0,0457
95
Discussão
96
6 DISCUSSÃO
Bush (1977, 1983), Withrow, (1982), Maccoy, (1991, 1992), Martin e Ritchie
(1994), West et al. (1995), Redig (2000), Tully (2002) e Helmer e Redig (2006)
realizaram estudos importantes sobre a cicatrização óssea em aves, incluindo estudos
fisiológicos da maturação óssea, bem como da consolidação de fraturas, estudos
quantitativos e qualitativos das diversas técnicas já conhecidas em mamíferos, porém
que eles aplicaram às aves, e determinaram os princípios da ortopedia para aves,
consolidando assim esta ciência.
. Lind, Gushwa e Vanek (1988), Kusma e Hunter (1989), Rosenthal, Hillyer e
Mathiessen (1994), Meij, Hazewinkel e Westerhof (1996), Coles (1996), Degernes, Roe
e Abrams (1998), Wander et al. (2000), Alievi et al. (2001), Mathews, Danova,
Newman, Barnes e Philips (2003), descrevem casos clínicos em que utilizaram diversas
técnicas inéditas para aves, inclusive a enxertia óssea, o uso de osso cortical
intramedular, diversas técnicas de fixação externas e internas, que precederam e
embasaram esta pesquisa.
Segundo Bush (1977) o principal calo ósseo nas aves é intramedular, e este provê
suporte rápido e rígido, em fratura bem alinhada e estável, enquanto o calo ósseo
periostal provê suporte secundário não sendo tão extenso quanto o anterior. Observou-
se predominância de calo ósseo periostal em algumas radiografias, o que foi relacionado
à baixa estabilidade da fratura, tendo sido mais relacionado às asas estáticas do que às
dinâmicas. Não foi possível observar o calo ósseo endostal, possivelmente devido ao
tamanho reduzido dos ossos, e à impossibilidade de ampliar as imagens obtidas, o que
dificultou a classificação radiográfica das fraturas.
As técnicas de esterilidade utilizadas seguiram preceitos propostos por Withrow,
(1982), Bush, (1983), Lind, Gushwa e Vanek, (1988) e Maccoy, (1991), e juntamente
com tratamento indicado por Pollock, Carpenter e Antinoff (2005), garantiram a não
infecção dos animais.
Os fixadores externos são versáteis e rígidos, além de serem bem aceitos pelas aves
(MACCOY, 1992) podendo ser utilizados em diversos típos de afecções ortopédicas em
aves, como apontado nos trabalhos de Meij, Hazewinkel e Westerhof (1996), Rosenthal,
97
Hillyer e Mathiessen (1994), Bush (1977) e Redig (2000). O uso do fixador articulado
levou à consolidação de todos os ossos, tanto das asas dinâmicas quanto das estáticas de
todas as aves de ambos os grupos.
O tempo de consolidação de aproximadamente 6 semanas, como pode ser observado
nas tabelas 1 e 2, das asas dinâmicas de ambos os grupos foi relativamente rápido para o
baixo nível de estabilidade obtido com o fixador articular, sendo que este somente
apresentava um pino distal à fratura, no úmero. A consolidação das asas estáticas se deu
em 6 semanas para quatro animais do grupo 1, sendo este tempo considerado rápido, e
em 12 semanas para os outros dois animais, sendo estas consideradas consolidações
retardadas. Bush (1977) e Martin e Ritchie (1994) consideram 3 a 8 semanas o tempo
normal para consolidação de fraturas bem alinhadas e com fixação rígida, sendo 9
semanas o tempo esperado para a consolidação de fraturas com baixa estabilidade em
pombos. Radiologia é técnica importante para a avaliação da consolidação óssea, como
apontados por Wander et al. (2000), e o uso de classificação adaptada dos estudos de
Silva (1998) foi adequado para a avaliação radiográfica da consolidação óssea nas
aves.
A consolidação clínica somente foi testada quando se observou consolidação
radiográfica, tendo ocorrido para a maioria dos animais neste tempo, para asas estáticas
e dinâmicas, portanto não se pode comparar à afirmação de Martin e Ritchie (1994) de
que a consolidação clínica ocorre de 2 a 3 semanas antes da consolidação radiográfica,
o que também foi observado por Alievi et al. (2001). A consolidação radiográfica e foi
observada antes da consolidação clínica em dois animais do grupo 1, sendo que
possivelmente isto ocorreu devido a uma má interpretação destes exames radiográficos.
A avaliação radiográfica é importante para o diagnóstico e controle de fraturas, porém
deve-se utilizar da avaliação clínica, além de outros métodos.
Ocorreram fraturas iatrogênicas nas ulnas de 5 pombos do grupo 1, como
demonstrado na tabela 1, provavelmente porque os pinos rosqueados eram de tamanho
adequado para o úmero, porém talvez um pouco grandes para a ulna, que em alguns
animais apresentava diâmetro menor do que na média. Devido à seleção aleatória das
asas, estas fraturas não foram relacionadas a um único tipo de fixação, não parecendo
influenciar diretamente nos resultados. Todas as ulnas que sofreram fraturas
iatrogênicas consolidaram antes dos úmeros (aproximadamente 21 dias após a cirurgia).
98
Optou-se pela utilização de pinos semi-rosqueados devido às conclusões do trabalho
de Degernes, Roe e Abrams. (1998) e isto garantiu a não soltura dos mesmos, durante o
período necessário para a consolidação.
A liberação dos pombos do grupo 2 em sala durante 5 semanas, permitindo o vôo
segundo a capacidade de cada animal, demonstrou ser alternativa adequada para a
reabilitação física proposta por Martin e Ritchie (1994), com aumentos progressivos na
amplitude de movimento e exercícios, já que adesões de ligamentos e tendões e lesões
do patágio podem causar limitação do vôo, mesmo quando a fratura se resolveu por
completo, o quê ocorre principalmente quando as articulações são imobilizadas por
períodos prolongados (WITHROW, 1982; LIND; GUSHWA; VANEK, 1988;
HELMER; REDIG, 2006). Isto permitiu movimentação livre das asas e ao mesmo
tempo evitou o estresse da contenção mecânica e da fisioterapia passiva, além de
respeitar o tempo de retorno à função da asa de cada ave. Martin e Ritchie, (1994)
acreditam que a reabilitação pós-operatória é vital para garantir a re-vascularização
local, melhorando tecidos lesados e a consolidação óssea, sendo que técnicas ativas e
passivas de reabilitação devem ser utilizadas assim que possível após a cirurgia.
Os animais utilizaram as asas dinâmicas com freqüência crescente, começando a
esticar a asa apenas uma vez e recolhendo-a novamente nas primeiras semanas, e então
iniciando movimentos de bater as asas para alongamento dos músculos (comportamento
normal das aves) nas próximas semanas. Os animais do grupo 2 fizeram tentativas logo
após a retirada do implante até finalmente levantarem vôo e se moverem com destreza
no ar antes de 13 semanas. Possivelmente devido a estas movimentações, a atrofia
muscular observada nestas asas foi bem menor do que a observada nas asas estáticas. A
manutenção da musculatura possivelmente ajudou na consolidação, mantendo boa
vascularização, além de auxiliar no apoio mecânico ao osso, teoria que condiz com a
afirmação de Gerstenfeld e Einhorn, (2006) de que há dados que comprovam que
alguns aspectos de estimulação mecânica promovem consolidação.
Os comprimentos dos úmeros da asa dinâmica e da asa estática de cada ave do
grupo 1 foram comparados (Tabela 3), sendo que a asa dinâmica apresentou em média,
99,1% do tamanho da asa estática em cada ave. A mesma análise foi feita para os
animais do grupo 2 (Tabela 4), e as asas dinâmicas representavam em média 99,5% do
tamanho dos úmeros das asas intactas. Pode-se afirmar que o método de fixação
99
proposto garante o alinhamento anatômico proposto como fundamental por Helmer e
Redig (2006), mantendo comprimento mínimo adequado do úmero, demonstrando que
a técnica de fixação articulada é viável em comparação à técnica clássica de anquilose
da articulação e mesmo mantendo proporções anatômicas quando comparada à
anatomia normal da asa.
A amplitude da asa, no grupo 2 (Tabela 4, Gráfico 4), demonstrou que a relação da
asa operada para a asa intacta foi de 93%, denotando capacidade reduzida de
movimento da articulação, possivelmente devido à inflamação e alterações
degenerativas da articulação, causadas pela instabilidade da fratura. Os animais
provavelmente apresentariam capacidade adequada de vôo em condições naturais,
porém não há trabalhos que comprovem a amplitude mínima de asa adequada para o
vôo. Nenhum pombo do grupo 2 apresentou recolhimento completo da asa operada,
porém eram capazes de apresentar postura ereta, bom equilíbrio e recolhimento parcial
a quase total da asa, e ao final do experimento, todos apresentaram capacidade de vôo
adequada, em ambiente controlado.
O mesmo valor foi calculado para o grupo 1 (Tabela 3, Gráfico 1), e neste pudemos
notar que a relação da amplitude foi de 105%, o que era esperado pois as asas estáticas
sofreram anquilose parcial de sua articulação inabilitando-as de movimento amplo,
porém não restringindo totalmente o movimento. Durante todo o experimento foi
possível observar que os pombos do grupo 1 apresentavam dificuldade e dor na
movimentação da asa estática, nunca sendo capazes de recolhê-la junto ao corpo,
mostrando-se desequilibrados, e em dois casos, arrastando a asa junto ao solo.
Estatisticamente a amplitude de asa dos pombos do grupo 2 foi adequada quando
comparamos a asa dinâmica à asa intacta, e pode-se dizer que a técnica proposta é
eficiente em manter amplitude adequada de asa, sendo possível o vôo em ambiente
controlado. Mais estudos são necessários para determinar se a técnica garante a
reabilitação total do animal, garantindo situação adequada para a liberação na natureza.
O calo ósseo foi pesado, e dividido pelo comprimento do mesmo, sendo assim o
valor expresso em g/cm, para que fosse possível fazer uma comparação mais fidedigna
em relação à composição do calo, e não em relação ao seu tamanho. Nos animais do
grupo 1 (Tabela 3, Gráfico 3), o calo ósseo foi aproximadamente 32% mais pesado na
asa dinâmica do que na asa estática, possivelmente demonstrando que este era mais
100
denso nas asas dinâmicas, indicando possível calo formado por osso mais organizado e
menos trabeculado. Se compararmos este valor ao peso dos ossos inteiros (Tabela 3,
Gráfico 2), calculado da mesma maneira, sendo expresso em g/cm; os ossos da asa
dinâmica, somavam 99% do peso dos ossos da asa estática de cada animal,o que
poderia indicar que os calos nas asas estáticas eram mais extensos do que nas asas
dinâmicas, apesar de menos densos, sendo que calos mais extensos geralmente estão
relacionados à maior instabilidade da fratura (BUSH, 1983).
Para os animais do grupo 2 (Tabela 4, Gráfico 6), o peso do calo ósseo da asa
dinâmica foi aproximadamente 47,8% o peso do osso intacto, quando comparados em
mesmo comprimento, expressos por g/cm, o que pode ser explicado pela menor
densidade óssea presente no calo em relação a osso cortical intacto. A relação entre o
peso do osso inteiro (Tabela 4, Gráfico 5) da asa dinâmica e do osso inteiro da asa
intacta foi de 78,4%, novamente explicados pela baixa densidade presente no calo,
apesar de este aparentar maior tamanho em relação ao osso cortical intacto. Esta
diferença de densidade pode ser observada nas figuras histológicas (figuras 14 e 21),
quando comparamos visualmente o osso presente em calo ósseo (tanto das asas
dinâmicas quanto das estáticas) e em osso cortical intacto.
A opção pelo uso de fixador externo foi adequada, garantindo pequeno tempo
cirúrgico, não necessitando de um segundo ato cirúrgico para sua remoção, além de
demonstrar ser um implante de baixo peso total, aproximadamente 7% do peso do
animal, vantagens apontadas por Bush (1983) e Coles (1996). O método apresentado
por Kusma e Hunter (1989) é um método bom para a fixação rígida de fraturas, e
possivelmente poderia ser utilizado em fraturas mais distais de úmero, porém mesmo
após a retirada da placa, o peso do polimetilmetacrilato no canal intramedular
provavelmente não permitiria o vôo dos animais, causando um desequilíbrio entre as
duas asas.
O estudo morfométrico dos úmeros de ambos os grupos, incluindo asas intactas,
estáticas e dinâmicas, demonstrou que o método proposto de osteossíntese com pouca
rigidez, com uso de fixador externo articulado, e manutenção da articulação úmero-
rádio-ulnar, quando comparado ao uso do mesmo fixador, porém com a anquilose da
mesma articulação (fixação mais rígida), é método viável quanto à formação do calo
ósseo e manutenção do comprimento do osso e amplitude da asa.
101
A infusão do fixador através da aorta foi um método complicado, apresentando
dificuldades devido ao tamanho reduzido da mesma, e algumas vezes levando à sua
ruptura, sendo que a técnica teve de ser finalizada através da infusão do fixador pela
artéria subclávia. Apesar destas dificuldades, o material foi preservado adequadamente
pelo fixador de Karnovsky modificado descrito por Nyengaard e Marcussen (1993) e
mantido sem danos das amostras até que estas fossem emblocadas.
Optou-se por fazer a histomorfometria do material coletado, pois esta permitiu a
mensuração de componentes morfológicos, e, com esta, pretendia-se a avaliação e
comparação da formação de calo ósseo nos diferentes sistemas utilizados, além da
comparação com o controle, sendo o osso intacto usado para este fim, como mostra o
trabalho de Eriksen, Axelrod e Melsen (1994).
Seguiu-se os protocolos de desidratação e emblocamento com material plástico
como descrito por Westlerlind et al. (1997) e Yingling et al. (2007). A espessura
utilizada para a secção das amostras foi de 5 μm, como no trabalho de Westerlind et al.
(1997), porém houve muitas fraturas em algumas amostras, claramente na parte cortical
dos ossos. Ainda assim esta espessura demonstrou ser a mais adequada para este
experimento, tendo sido testadas as espessuras de 3 a 10 μm, e esta sendo a que
demonstrou menos falhas.
O uso de material não descalcificado foi adequado para a avaliação da
mineralização, bem como da porosidade de osso cortical e presença de trabéculas, como
descrito por Eriksen, Axelrod e Melsen (1994). O uso do sistema de análise de imagem
permitiu a análise do volume ósseo, tecidos fibrosos, superfície de osteoblástos
próximos ao osso, volume de osteóide total presente no campo estudado, volume de
vasos sanguíneos maiores, volume de cartilagem, superfície de osteoclástos em contato
com superfícies ósseas, e finalmente, superfície óssea dividida pelo volume ósseo,
valores importantes para a qualificação do calo ósseo formado (WESTERLIND et al.,
1997; YINGLIND et al., 2007).
Devido a dificuldades observadas com o uso de outra técnica previamente
determinada, decidiu-se que a avaliação do material seria realizada em laboratório
especializado na Universidade da Florida. Foi realizada avaliação parcial do calo ósseo
na histomorfometria e imagens,assim como a descrição histológica dos diferentes
tratamentos usados para facilitar a compreensão da situação de cada calo ósseo.
102
O volume ósseo (Tabelas 5, 6 e 7, Gráficos 9, 10 e 11) foi avaliado através do
delineamento de todas as partes calcificadas, demonstradas pela coloração negra. Não
houve diferença significativa entre asa estática e dinâmica e mesmo entre estas e asa
intacta (controle), mas em valores absolutos, o volume ósseo da asa dinâmica se
aproximou mais do controle do que a asa estática. West et al. (1995) observaram osso
modelado nas fraturas de aves tratadas com bandagem, em seu experimento, aos 45
dias. Em nosso experimento observou-se histologicamente, osso não modelado na
maioria dos úmeros tratados, tanto das asas dinâmicas quanto das estáticas,
possivelmente devido à instabilidade das fraturas: a bandagem, como foi usada no
trabalho de West et al. (1995), apesar de ser uma fixação instável, sendo pouco indicada
para fraturas semelhantes em cães, impede as aves de mobilizarem o membro, enquanto
as fixações utilizadas em nosso experimento, permitem a mobilidade, completa das asas
dinâmicas, e parcial das asas estáticas (a movimentação da articulação escápulo-umeral
foi mantida), o que poderia levar ao retardo do remodelamento ósseo, apesar de a
consolidação haver sido concluída.
O volume de cartilagem (Tabelas 5, 6 e 7, Gráficos 9, 10 e 11) presente no calo foi
considerado baixo em todos os casos proporcionalmente às outras células observadas.
Grandes volumes seriam pouco interessantes na fase estudada da consolidação,
considerada uma fase tardia nas aves, pois segundo West et al. (1995), mesmo com uma
fixação pouco rígida, como a bandagem em “oito” espera-se não observar mais tecido
cartilagíneo no calo ósseo a partir dos 21 dias após a fratura e tratamento. O volume de
cartilagem foi de 0,08% nas asas estática e 0,8% nas asas dinâmicas, sendo este número
muito alterado pela grande presença de tecido cartilaginoso em uma das amostras
(desvio padrão de 2,8). O osso intacto não apresentou cartilagem.
O volume de vasos sanguíneos (Tabelas 5, 6 e 7, Gráficos 9, 10 e 11), não
apresentou diferença significativa entre nenhuma das asas, porém em números
absolutos, foi maior, nas asas intactas, seguido das asas dinâmicas e em menor volume
nas asas estáticas, porém devido à coloração e ao método de avaliação, a quantificação
de sinusóides foi grandemente dificultada, não havendo sido feita quntitativamente,
sendo contados apenas os vasos de paredes mais largas. É da opinião dos pesquisadores
que, levando-se em consideração a presença de tais sinusóides, através da avaliação
visual, o volume de vasos sanguíneos tanto nas asas estáticas quanto nas dinâmicas
103
seria muito maior, como pode ser visto na figura 18. Portanto é errado concluir que haja
baixa vascularização nos focos de ossificação. West et al. (1995) também observaram
grande vascularização em cavidade intramedular bem como em tecido fibroso ao redor
do periósteo, aos 45 dias em fraturas tratadas com bandagens. A grande presença de
sinusóides na fase adiantada em que os calos se encontravam pode demonstrar tempo
prolongado de consolidação óssea, mas ainda assim denota fixação suficientemente
rígida, já que tal vascularização dificilmente sobreviveria em ambiente instável. A
vascularização é notoriamente muito importante para a consolidação de fraturas ósseas,
pois segundo Tully (2002) fraturas cominutivas têm melhores chances de cura quando
os fragmentos apresentam suprimento sanguíneo adequado que nutre o periósteo. O
fixador articulado manteve suprimento adequado, demonstrando ser boa técnica para
fixação de fraturas, quanto a este importante aspecto levantado por Tully (2002).
O volume de tecido fibroso (Tabelas 5, 6 e 7, Gráficos 9, 10 e 11) observado nas
lâminas apresentou diferença significativa entre controle e asa dinâmica, mas nenhuma
diferença significativa entre controle e asa estática e entre asas estática e dinâmica. A
ocorrência de tecido fibroso nas asas intactas é baixa. Nos calos ósseos, está comumente
presente em baixas quantidades, porém West et al. (1995) também observaram grande
quantidade deste tecido presente nos calos ósseos em seu experimento, sendo assim
possível que este esteja mais presente na consolidação de aves do que é observado em
mamíferos, seja por diferenças na consolidação entre estes dois grupos, ou talvez
porque nunca se atinja mesmo nível de estabilidade em fraturas de aves, devido às
características ósseas citadas por Helmer e Redig (2006). A asa dinâmica de um dos
animais do grupo 2, apresentou calo ósseo de tamanho avantajado, sendo os volumes de
tecido fibroso e de tecido cartilaginoso excepcionalmente grandes, aparentando,
histológicamente, um calo ósseo em fase inicial de consolidação, porém o calo era
rígido, e foi considerado consolidado às avaliações clínica e radiográfica. Possivelmente
este indivíduo apresentou consolidação fora do padrão, mas devido ao número pequeno
da amostra, isto causou alteração estatística.
Osteoblastos são células fibroblásticas, que compõe uma única camada na superfície
óssea. Nas áreas de grande formação de matriz óssea, eles se apresentam colunares e
agrupados, enquanto em áreas de quiescência, apresentam-se compactos. Durante o
desenvolvimento ósseo, os osteoblastos produzem matriz desmineralizada (osteóide ou
104
colágeno tipo I), quando o colágeno é formado de maneira adequada, o osteóide se
transforma em osso totalmente mineralizado (TULLY, 2002), por isto considerou-se
importante sua analise quantitativa, como forma de avaliar a consolidação óssea. A
avaliação quantitativa de osteoblástos e osteoclástos (Tabelas 5, 6 e 7, Gráficos 12, 13 e
14) foi feita através da superfície destas células em contato direto com tecido ósseo,
pois a análise era feita em duas dimensões, não se podendo avaliar uma terceira
dimensão pois osteoblástos e osteoclástos que estivessem separados da superfície óssea,
poderiam estar anexos à outra superfície óssea que foi retirada durante a confecção da
lâmina, pertencendo assim à outra camada, o que levaria a uma contagem errada deste
número. Também é esperado um número mínimo de osteoblástos e osteoclástos
presentes nas asas intactas, devido à reabsorção e deposição da matriz óssea, normais,
como realmente foi observado: 8% e 0,03% respectivamente. Estas células devem estar
presentes em grandes números durante a consolidação óssea considerada adequada, na
fase de remodelamento. West et al. (1995) observaram muitos osteoblastos presentes
em endósteo e periósteo, e alguns osteoclastos, o que é compatível com o que foi
observado em nosso estudo. Houve diferença significativa entre o número de
osteoblástos das asas intactas (aproximadamente 8%) e nas asas dinâmicas
(aproximadamente 28%), porém não houve diferença entre as asas estáticas
(aproximadamente 28%) e intactas e entre as asas dinâmicas e as asas estáticas, e
também não houve diferença do número de osteoclástos entre nenhum tipo de asa (0,6%
para asas estáticas e 1,2% para asas dinâmicas).
Observou-se formação de osteóide, ou colágeno do tipo I em praticamente todas as
lâminas, não se observou diferença significativa entre os tipos de asas, para esta
substância. O osteóide é uma matrix formada de colágeno tipo I, produzida por
osteoblastos. Esta matriz é composta principalmente de colágeno (90% do conteúdo
orgânico) e posteriormente torna-se mineralizada, porém sempre existe uma fina
camada de matriz não mineralizada entre osso e osteoblastos (TULLY, 2002), como
pode ser observado por exemplo, nas figuras 16 e 18. Em muitas lâminas (por exemplo
na figura 14) pode-se observar osteóide mais bem definido. Em outras lâminas, o
osteóide está entremeado de células cartilaginosas ou ainda já em processo de
calcificação, podendo estes ocorrer em uma mesma lâmina (Figuras 15 e 16).
105
A razão da superfície óssea pelo volume ósseo (Tabelas 5, 6 e 7, Gráfico 15) indica
a quantidade de áreas de reabsorção. Esta razão é baixa em osso cortical, como é
observado nas asas intactas deste estudo, é também baixa nas fases mais tardias da
consolidação óssea, quando já há menos áreas de reabsorção e deposição de matriz
óssea. A razão é alta em ossos esponjosos, e mais alta, em calos ósseos em fase ativa de
consolidação. Não houve diferença significativa entre as asas estática (63 mm
2
/mm
3
) e
dinâmica (57 mm
2
/mm
3
), porém houve diferença significativa entre estas e os controles
(27 mm
2
/mm
3
).
De maneira geral, todos os aspectos estudados demonstraram que os ossos da asa
dinâmica apresentaram resultados semelhantes ou melhores em relação aos observados
para as asas estáticas, inclusive observações qualitativas demonstraram que as asas
dinâmicas impuseram menor dor, a médio e longo prazo e apresentavam melhor
posicionamento do que as asas estáticas. À eutanásia pôde-se observar melhor
preservação da musculatura na asa dinâmica, o que normalmente está relacionado à
melhor vascularização e estabilidade da fratura (MARTIN; RITCHIE, 1994; HELMER;
REDIG, 2006). E por fim, os resultados do estudo histomorfométrico demonstraram
que o calo ósseo era semelhante quantitativamente em todos os aspectos estudados.
O fixador externo articulado demonstrou ser técnica rígida o suficiente para garantir
a consolidação óssea, bom alinhamento e breve retorno à função, o tempo cirúrgico foi
considerado razoávelmente baixo e este técnica pode ser feita sem interferência no foco
de fratura, além de ter demonstrado ser tolerado pelos animais sem maiores
intercorrências, todos estes sendo objetivos apontados por Bush (1977) e MacCoy
(1991, 1992), para garantirem o sucesso de técnicas ortopédicas para fraturas em aves.
106
Conclusões
107
7 CONCLUSÕES
- O modelo de fixador externo é viável para osteossíntese em asas, sendo bem
suportado pelos animais, e apresentando facilidade no tratamento destas fraturas.
- O modelo inédito de fixador articulado em fraturas distais de úmero em aves,
levou à consolidação de todas as fraturas distais de úmero.
- O método de manutenção da função da asa, utilizando-se o fixador de maneira
dinâmica, ou seja com manutenção da função da articulação, recobrou a função de vôo
em todas as aves tratadas.
- Quando comparado ao tratamento do mesmo tipo de fratura, através da anquilose
da articulação, com o fixador sendo utilizado de maneira estática, a consolidação
através do método dinâmico demonstrou ser semelhante ou superior.
Portanto conclui-se que a fixação dinâmica constitui um método adequado para a
reparação de fraturas distais de úmero em aves quando se pretende a reabilitação destes
animais.
108
Referências
109
REFERÊNCIAS
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112
Apêndices
113
Apêndice A
Barra maior
Barra menor
Barra média
Articulação principal
Articulação secundária
Orifício para pino
Orifício para parafuso
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 1 - Modelo experimental de fixador articulado
114
Apêndice B
Barra média sobre o úmero
Articulação sobre o cotovelo
Barras menor e maior sobre a ulna
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 2 - Colocação trans-cirúrgica do fixador, com a colocação da barra média do
fixador sobre o úmero, da primeira articulação do fixador, sobre o cotovelo,
e das barras menor e maior sobre a ulna, com a segunda articulação do
fixador permitindo ajustes trans-cirúrgicos do fixador para cada animal
115
Apêndice C
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 3 - Exame radiográfico de pós-cirúrgico imediato de asa dinâmica (Animal 1,
Grupo 2)
116
Apêndice D
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 4 - Exame radiográfico da asa dinâmica, seis semanas após a cirurgia (Animal 1,
Grupo 2)
117
Apêndice E
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 5 - Exame radiográfico de asa dinâmica, à eutanásia (Animal 1, Grupo 2)
118
Apêndice F
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 6 - Exame radiográfico, asa estática, imediatamente após a cirurgia (Animal 2,
Grupo 1)
119
Apêndice G
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 7 - Exame radiográfico de asa estática, seis semanas após a cirurgia (Animal 2,
Grupo 1)
120
Apêndice H
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 8 - Exame radiográfico de asa estática, à eutanásia (Animal 2, Grupo 1)
121
Apêndice I
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 9 - Úmero após dissecção, do animal 4, grupo 2 – asa dinâmica
122
Apêndice J
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 10 - Úmero após dissecção, do animal 4, grupo 2 – asa intacta
123
Apêndice K
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 11 - Úmero do animal 1, grupo 1 – asa dinâmica, após dissecção
124
Apêndice L
Fonte: Ferraz, V. C. M. (2006)
Figura 12 - Úmero do animal 1, grupo 1 – asa estática, após dissecção
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