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UNI VERSI DADE ESTADUAL PAULI STA
JÚLI O DE MESQUITA FI LHO”
Câmpus de Ilha Sol teira
unesp
Dissertação de Mestrado
Camilo Mesquita Neto
Dissertação apresentada à Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira da Universidade
Estadual Paulista “Jùlio de Mesquita Filho”,
como parte do requisito exigido para obtenção
do título de Mestre em Engenharia Mecânica
Orientador: Prof.Dr. Vicente Lopes Junior
Co-orientador: Prof. Dr. Michael J. Brennan
Ilha Solteira, fevereiro de 2008.
Cursos: Agronomia - Eng. Civil - Eng. Elétrica - Eng. Mecânica
Av. Brasil Centro, 56 - Cep: 15.385-000 - Fone (018) 762-3113 ramal 138
FAX (018) 762-2992
FEIS
Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Mecânica
Atenuação de Vibração Estrutural Utilizando
Fluido Magnetoreológico
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção cnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.
Mesquita Neto, Camilo.
M582a Atenuação de vibração estrutural utilizando fluido magnetoreológico /
Camilo Mesquita Neto. -- Ilha Solteira : [s.n.], 2008.
101 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade
de Engenharia de Ilha Solteira, 2008
Orientador: Vicente Lopes Junior
Co-orientador: Michael J. Brennan
Bibliografia: p. 94-101
l. Fluido magnetoreológico. 2. Absorvedor de vibrações ajustáveis.
3. Viga sandche. 4. Campos magnéticos. 5. Método de predição de erros -
PEM.
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Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família,
principalmente a meus pais Walter e Virginia
de Fátima, a meus irmãos Walter e Melina e
a minha namorada Vivian pelo apoio e
paciência.
AGRADECIMENTOS
A DEUS por me dar Saúde, bons amigos e uma família que sempre me apoiou.
Ao meu orientador Prof. Dr. Vicente Lopes Júnior pela oportunidade, confiança,
paciência e por sempre estar disponível quando preciso.
A minha família e principalmente a minha namorada Vivian Testa pelo apoio e
paciência.
Aos amigos e amigas do Grupo de Materiais e Sistemas Inteligentes (GMSINT), pelo
apoio, por compartilhar seus conhecimentos. Em especial agradecer aos amigos Douglas
Dominges Bueno, Rodrigo Borges Santos, Clayton Rodrigo Marqui e Fabrício César Lobato
de Almeida por sempre me incentivar e me ajudar nos momentos que surgiram dúvidas no
decorrer do projeto. Também, aos amigos Paulo Henrique Tozoni Palma, Samuel da Silva e
Adriana Tavares pelo apoio e pela amizade.
Aos professores Márcio Antonio Bazani e Amarildo Tabone Paschoalini, por
compartilhar parte de seus conhecimentos. Em especial ao professor Hermes Adolfo de
Aquino, do Departamento de Física e Química da UNESP/Ilha Solteira, pois com sua amizade
muito me incentivou e ajudou nos estudos.
Aos professores Antonio Eduardo Turra e Gilberto Pechoto de Melo que me ajudaram
a dar continuidade ao meu trabalho quando meu orientador esteve ausente.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a CAPES
pelo suporte financeiro.
Aos técnicos do Departamento de Engenharia Mecânica que me ajudaram quando
necessário, principalmente Carlos José Santana e Reginaldo Cordeiro da Silva.
Aos amigos da república Kabulete pelo apoio, amizade e pelos momentos de
descontração.
Viva com simplicidade.
Porque complicar as coisas?
Você acabará atrapalhando sua própria vida,
porque as complicações nos atrasam. Seja
simples e eficaz.
A simplicidade olha a natureza sem colocar
óculos. Quando puder resolva as coisas sem
complicação, faça-o em seu pprio
benefício.
Busque na simplicidade a solução de todos
os seus problemas.
C. Torres Pastorino
MESQUITA NETO, C. Atenuação de Vibração Estrutural Utilizando Fluido
Magnetoreológico. 2008. Dissertação de Mestrado (Engenharia Mecânica) – Faculdade de
Engenharia, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2008.
RESUMO
Neste trabalho é apresentado uma proposta de absorvedor de vibrações ajustável tipo viga
sanduíche utilizando fluido Magnetoreológico no centro. Para o desenvolvimento deste
projeto foi realizada uma revisão sobre os vários tipos de absorvedores e algumas aplicações.
Em seguida foi realizado um estudo sobre o comportamento do fluido magnetoreológico,
mostrando como este material inteligente varia suas propriedades quando submetido a um
campo magnético. O objetivo do estudo foi verificar as propriedades do sistema para
realização de um futuro controle, que é realizado através da variação do campo magnético.
Avaliou-se, também, a relação com a corrente elétrica, quais os parâmetros que o influenciam
e como podemos produzir um campo magnético com a intensidade desejada. Para avaliar as
características do sistema foi utilizado o modelo no programa Ansys, com o objetivo de se
verificar o comportamento do sistema. Para encontrar as características reais do sistema foi
utilizado o modelo na forma de espaço de estados modais, identificado através do método
PEM, Método de Predição de Erros (do inglês Prediction Error Methods PEM). Os testes
experimentais foram realizados para se adquirir conhecimento do comportamento dinâmico
deste tipo de fluido e, verificar se há repetibilidade nas medidas.
Palavras-chaves: Fluido Magnetoreológico, Absorvedor de Vibrações Ajustáveis, Viga
Sanduíche, Campo magnético, Método de Predição de Erros – PEM.
MESQUITA NETO, C. Attenuation of structural vibration using magnetorheologic fluid.
2008. Master of Science (Mechanical Engineering) – Faculdade de Engenharia, Universidade
Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2008.
ABSTRACT
This work presents a proposal of a tunable vibrations absorber type sandwich beam, using the
Magnetorheologic fluid in the intermediate layer. For the development of this study a revision
of some types of absorber with some applications was carried out. After that, a study of the
behavior of the magnetorheologic fluid was carried through, showing as this intelligent
material tunable its properties when submitted to a magnetic field. The objective of this
analysis was to verify the properties of the system for implementation of a future control,
which is based on the variation of the magnetic field. It was realized an analysis of the
relation of the electric current and the parameters that influence it, in order to produce a
magnetic field with the desired intensity. The characteristics of the system were verified
through a mathematical model obtained with the software Ansys. The real characteristics of
the system were found through the identification method PEM, Prediction Error Methods,
using modal space states formulation. Experimental tests were carried out in order to obtain
know how of the dynamic behavior of this type of material.
Keywords: Magnetorheological Fluid, Tunable Vibrations Absorber, Sandwich Beam,
Magnetic Field, Prediction Error Methods – PEM.
Lista de Figuras
Figura 1.1 - Helicóptero Apache com canhão M230 que utiliza amortecedores com fluidos
MR. 21
Figura 2.1 - Fluido MR sem campo magnético (a), com campo magnético (b) -Lord Materials
Division, (2004) 26
Figura 2.2: Tensão de cisalhamento
( )
vs. Razão de deformação
&
para fluidos MR com
vários campos magnéticos (Srinivasan and D. M. McFarland 2001) 26
Figura 2.3: Três formas básicas da resposta do Fluido MR: (a) direct sheer mode(modo de
corte direto), (b) modo Válvula, (c) squeeze film mode(modo de filme comprimido), Milecki
(2001) 27
Figura 2.4: Características Tensão-deformação de fluidos MR (Srinivasan and McFarland
(2001)) 28
Figura 2.5: Propriedades de cisalhamento para o fluido MR [ Harland, 1999] 29
Figura 2.6: Elemento de corrente-comprimento
ids
r
produzindo um campo magnético
diferencial
dB
r
no ponto P 30
Figura 2.7: Calculo do campo magnético produzido por uma corrente i em um fio reto
longo 31
Figura 2.8: (a) Fio no formato de arco com centro em C transportando uma corrente i. (b) Para
qualquer fio ao longo do arco, o ângulo entre as direções de
ds
r
e
r
é igual a 90º. (c)
Determinação do sentido do campo magnético no centro de C devido à corrente no
fio 33
Figura 2.9: Usando a Lei de Ampère para determinar o campo magnético produzido por uma
corrente i em um fio reto longo. O laço de Ampère é um circulo concêntrico localizado do
lado de fora do fio 34
Figura 2.10: Esquema de um solenóide ideal – comprimento muito maior que seu
diâmetro 35
Figura 2.11: Representação de um corte vertical passando pelo eixo central em um
solenóide 35
Figura 2.12 - Linhas de campo magnético para um solenóide real de comprimento
finito 36
Figura 2.13: Aplicação da Lei de Ampère a um trecho de um solenóide ideal longo
transportando uma corrente i. O laço de Ampère é o retângulo abcd 36
Figura 3.1: Figura retirada do programa Ansys, representando a viga sanduíche 47
Figura 3.2: Figura retirada do programa Ansys, representando a viga sandche com
elementos diferentes 47
Figura 4.1: Dimensões da viga Sanduíche 58
Figura 4.2: Viga sanduíche utilizada nos testes experimentais 59
Figura 4.3: Figura esquemática da montagem experimental 59
Figura 4.4: Foto do Martelo de impacto e amplificadores 60
Figura 4.5: Foto do Acelerômetro PCB acoplado a viga sanduíche 60
Figura 4.6: Foto da Placa dSpace 1103 60
Figura 4.7: Dois solenóides, um de frente para o outro, para aplicação uniforme do campo
magnético 61
Figura 4.8: Dimensões do Núcleo utilizado 62
Figura 4.9: Gerador de corrente modelo PS 3003 D 62
Figura 4.10: Gráfico mostrando o comportamento da estrutura em função da variação do o
amortecimento do elemento 2 64
Figura 4.11: Gráfico da variação de amplitude para a primeira freqüência natural em função
do amortecimento 65
Figura 4.12: Foto do equipamento para medir o campo magnético – Gaussmeter 66
Figura 4.13: Figura esquemática com a posição dos pontos de medida do campo magnético,
sendo L = 35 mm e C = 55 mm 67
Figura 4.14: Foto da placa de acrílico entre os solenóides 67
Figura 4.15: Distribuição do Campo Magnético em relação aos Pontos de medida; (a) Vista
tridimensional; (b) vista lateral; (c) vista superior 68
Figura 4.16: Relação entre variação da distância entre solenóides e campo magnético; (a)
valor do campo no ponto 3A; (b) valor do campo no ponto 3D (centro do solenóide); (c) valor
do campo no ponto 3G 70
Figura 4.17: Foto da viga sanduíche no centro dos solenóides 73
Figura 4.18: FFT do sinal de entrada; (a) sinal bom; (b) sinal encontrado em vários casos e
que foram descartados 74
Figura 4.19: (a) Sinal de entrada (input); (b) Resposta ao impulso da viga sem
silicone 76
Figura 4.20: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência de uma viga de acrílico 77
Figura 4.21: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência da viga sanduíche com silicone,
sem o fluido magnetoreogico no centro 78
Figura 4.22: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência da viga sanduíche com silicone,
sem o fluido magnetoreogico no centro 79
Figura 4.23: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência para seis amostras com o fluido
magnetoreológico no centro das vigas e campo magnético igual a zero 80
Figura 4.24: FRF do absorvedor de vibrações ajustável (TVA) para diversas aquisições (a);
detalhes da variação do segundo modo de vibrar para o campo magnético do teste 2 (0.010
Tesla) 82
Figura 4.25: FRF do TVA para diversas aquisições; (a) FRF para o campo 13 (0.081); (b)
detalhes da variação do segundo modo de vibrar para o campo magnético do teste 13 (0.081
Tesla) 83
Figura 4.26: FRF média do TVA para os valores do campo magnético relativos aos testes de 0
a 5 85
Figura 4.27: (a) FRF do TVA para diversos valores do campo magnético; (b) zoom para
visualizar o comportamento do segundo modo de vibrar 86
Figura 4.28: FRF do TVA para ensaios realizados com valores iguais do campo magnético;
(a) ensaio para os campos magnético 1 e 25; (b) ensaio para os campos magnético 10 e 16 e
(c) ensaio para os campos magnético 3 e 23 89
Lista de Tabelas
Tabela 4.1: Freqüência natural e propriedades utilizadas no modelo do programa Ansys 63
Tabela 4.2: Valores do amortecimento utilizado no programa Ansys para cada ensaio 64
Tabela 4.3 Pontos de Medidas de Campo Magnético no Núcleo do Solenóide 66
Tabela 4.4: Distribuição do Campo Magnético no núcleo 69
Tabela 4.5: Valores do Campo magnético e distância entre os solenóides 69
Tabela 4.6: Dados necessários para o cálculo teórico do campo magnético 71
Tabela 4.7: Comparação entre o campo magnético teórico e experimental para o
solenóide 71
Tabela 4.8: Valores do campo magnético e das respectivas corrente elétrica aplicada 81
Tabela 4.9: Valores de amortecimento para cada campo magnético estimados pelo método
PEM 87
Lista de Símbolos
()
diag
mi
A
Matriz diagonal com elementos de A
m
na diagonal
TVA “T
uned Vibration Absorver”
EDOL Equações Diferenciais Ordinárias Lineares
|| ||
2
Norma euclidiana
Letras Gregas
Tensão de cisalhamento
v
Viscosidade
&
Razão de deformação
y
Tensão de escoamento
i
Ângulo entre
ds
r
e r
Vetor de parametrização
N
θ
Vetor com valor estimado para o vetor θ
0
Constante de permeabilidade
ω
i
I-ésima freqüência natural do sistema
φ
i
I-ésimo modo natural ou forma dos modos
α Constantes
β Constantes
Matriz modal
T
Matriz modal transposta
Φ
u
(ω) Espectro de entrada
Φ
v
(ω) Espectro do distúrbio adicionado v
Φ
eu
Espectro cruzado entre e(t) e u(t)
Matriz de freqüências naturais
i
ζ
Fator de amortecimento do i-ésimo modo
ω Freqüência
Letras Latinas
A
1
Constantes
A
2
Constantes
A
3
Constantes
A
4
Constantes
A
m
Matriz dinâmica
A
mk
Matriz dinâmica A
m
na forma modal k
B
m
Matriz de entrada modal
B
0
Matriz de entrada do sinal de controle
C
oq
Matriz de saída de deslocamento
C
ov
Matriz de saída de velocidade
C
mq
Matrizes de saída de deslocamento
C
mv
Matrizes de saída de velocidade modal
D Matriz de amortecimento
ds
r
Vetor deslocamento diferencial
e
i
Vetor linha
e(t) Ruído branco
f Função arbitrária
*
G
Módulo de cisalhamento complexo
'
G
Módulo de cisalhamento
"
G
Módulo de fator de perda
'
0
G
Módulo de cisalhamento no campo zero
"
0
G
Módulo de perda de campo
G(q, θ) Matriz relacionada com o sinal de entrada u(t)
H Força de campo magnético
H(q, θ) Matriz relacionada com o ruído e(t)
I Matriz identidade
K Matriz de rigidez
l
Medida de distância
M Matriz de massa
nd mero de graus de liberdade do sistema
P Valor do campo magnético
q(t) Vetor de deslocamento
r Vetor que se estende de
ds
r
até P
r
s
mero de saídas
R
kr
Matriz que transforma a variável de estado x
k
na variável x
r
s mero de entradas na estrutura
u(t) Vetor do sinal de entrada na estrutura
V Volume
V
i
Sub-domínio do volume V
v(t) Vetor do ruído da saída
x(t) Vetor de posição
(t)
x
&
Vetor de velocidade
x
1
Vetor de deslocamento modal
x
2
Vetor de velocidade modal
w(t) Vetor de entrada de distúrbios
W
y
Filtros para o modelo LTI - Linear Invariante no Tempo
W
u
Filtros para o modelo LTI - Linear Invariante no Tempo
y(t) Vetor de saídas
m
(t/t-1)
y
Vetor com valores de um passo adiante na predão da saída
Z
N
Matriz com dados coletados em um tempo N
0
Matriz nula
Sumário
Capítulo 1 - Estado da Arte de Absorvedores de Vibração
1.1. Introdução 17
1.2. Organização do trabalho 23
Capítulo 2 - Conceitos Básicos Envolvidos na Proposta do TVA
2.1. Características dos fluidos MR 25
2.2 Conceitos Básicos sobre Magnetismo 29
2.2.1 Cálculo do Campo magnético devido a uma corrente 29
2.2.2 lculo do campo magnético devido a uma corrente em um fio reto
longo 31
2.2.3 Campo magnético devido a uma corrente em um arco circular de fio 32
2.2.4 Campo magnético fora de um fio reto longo com corrente 34
2.2.5 Solenóides 35
Capítulo 3 – Modelagem da Estrutura
3.1. Modelo Matemático – EDOL 38
3.2. Modelos Estruturais no Espaço de Estados 41
3.3 Modelagem por Elementos Finitos 44
3.4 Métodos de Identificação de Sistemas 48
3.4.1 Método de Predição de Erros 48
3.4.2. Parametrização de Modelos 50
3.4.3 Modelos Lineares 51
3.4.4 Modelo Linear Caixa –Preta 52
3.4.5 Técnica de Estimação 53
3.4.6 Propriedade de Convergência 54
3.4.7 Sistema Linear de Malha Aberta 55
3.4.8 Sistema Linear de malha fechada 56
3.4.9 Uso do Método de Predição de erro (PEM) 57
Capítulo 4 Resultados Obtidos
4.1 Materiais 58
4.2 Resultados obtidos com o programa Ansys 62
4.3 Resultados obtidos experimentalmente 65
Capítulo 5 – Discussões Finais
5.1 Discussão 90
5.2 Concluo 92
5.3 Propostas para trabalhos futuros 92
5.4 Artigos originados desta dissertação 93
Referências 94
17
Capítulo 1 - Estado da Arte de Absorvedores de
Vibração
1.1. Introdução
Nas últimas décadas tem aumentado o interesse de engenheiros e pesquisadores
no uso de sistemas de controle para atenuar os efeitos nocivos de vibrações causadas
pela própria dinâmica dos equipamentos ou por eventos sísmicos. Este controle pode ser
feito através de três formas, por um absorvedor passivo; semi-ativo; ou ativo.
O absorvedor passivo pode ser feito de duas formas. Em uma delas se considera
o material viscoelástico no sistema para diminuir a vibração,ou seja, isolar o sistema da
fonte de excitação. Um exemplo deste tipo de absorvedor é o coxim em um motor de
um automóvel, que isola a vibração do motor com relação ao chassi do carro. O outro
tipo de absorvedor é o denominado geralmente, por absorvedor dinâmico. Neste caso é
acoplada a estrutura um novo sistema que possui massa, amortecimento e rigidez. A
principal vantagem dos absorvedores passivos está no seu baixo custo e a desvantagem
é o fato de não possibilitarem uma alteração das suas propriedades (como massa, rigidez
ou amortecimento) para se adaptar as variações que podem ocorrer no sistema original.
Portanto só apresentam um bom desempenho para a faixa de freqüência que foram
projetados.
O absorvedor semi-ativo é similar ao passivo, no sentido em que remove energia
do sistema. Contudo, o sistema semi-ativo é capaz de mudar uma ou mais propriedades
em resposta a um sinal de comando (SRINIVASAN et al., 2001), ao contrário do
passivo, onde as propriedades são constantes. Por ter a capacidade de mudar as
propriedades do sistema, uma grande força dissipativa deve ser aplicada para retirar
energia do sistema com pequena energia de entrada. Absorvedores semi-ativos podem
apenas remover energia do sistema, portanto, são inerentemente estáveis. Um exemplo
de sistema semi-ativo é o absorvedor de choque com um orifício variável, que permite a
alteração do coeficiente de amortecimento quando necessário.
O sistema com absorvedor ativo é controlado por um computador através dos
sinais de entrada dos sensores. Diferentemente do sistema passivo e semi-ativo, o
sistema ativo é capaz de adicionar grande energia ao sistema. Um exemplo de sistema
ativo é o atuador eletromecânico, que gera uma força em resposta a um sinal de
retroação de velocidade ou deslocamento. A meta do absorvedor ativo é fornecer forças
de igual magnitude e em fase oposta à da vibração de entrada. Neste sentido, um
18
sistema de absorvedor ativo pode promover um melhor desempenho para atenuação de
ruído, por exemplo. Contudo, há desvantagens para sistemas ativos, pois são
dependentes do projeto e necessitam de sensores e processos para fornecer dados em
tempo real. Uma grande quantidade de energia é, freqüentemente, necessária para
operar o absorvedor ativo. Estas características necessárias para este tipo de absorvedor
tornam o projeto mais caro. Estabilidade é também uma questão importante para a
escolha do projeto de absorvedor ativo de vibrações.
Neste contexto, atenção especial tem sido dada para pesquisas e
desenvolvimento de sistemas de controle de vibrações semi-ativos, pois estes possuem
menor custo, não desestabilizam o sistema e precisam de um pequeno suprimento de
energia. Estes sistemas não oferecem apenas a confiabilidade do sistema de controle
passivo, mas também a versatilidade e adaptabilidade do sistema de controle ativo.
Vários equipamentos e materiais têm sido investigados para desenvolver estes novos
sistemas, dois destes novos matérias são o fluido magnetoreológico (MR) e o
eletroreológico (ER), que vêm sendo pesquisados e utilizados em aplicações de sistemas
de absorvedores semi-ativos. Estes dois fluidos possuem comportamentos similares. A
diferença entre fluidos MR e ER é que as propriedades do fluido MR são alteradas
quando ele é exposto a um campo magnético, enquanto, as propriedades de fluidos ER
são alteradas quando exposto a um campo elétrico. O número de estudos envolvendo
fluidos MR tem crescido de maneira significativa ultimamente, pois as características de
fluidos MR são consideradas mais benéficas que aquelas dos fluidos ER. Um estudo
apresentado por Lord Materials Division (2004) mostrou que existem três importantes
vantagens dos fluidos MR. Primeira, os fluidos MR exigem fontes de voltagem mais
baixa que fluidos ER. Segunda, fluidos MR são menos sensíveis a contaminação que os
fluidos ER. Por último, fluidos MR geralmente, suportam maiores tensões que fluidos
ER. Na proposta desta pesquisa serão enfocados apenas os fluidos MR.
O fluido MR consiste de um fluido base com micro partículas magnéticas em
suspensão (este fluido base pode ser água, óleo, silicone, ou qualquer fluido que tenha
por característica não reagir com o campo magnético nem com as partículas em
suspensão). Na presença de um campo magnético, as partículas magnéticas em
suspensão se alinham com o campo formando uma “corrente”, como mostrado na figura
(2.1). Este comportamento, em particular, é muito útil em absorvedores de vibrações,
uma vez que entre as partículas desta “corrente” há uma força de cisalhamento. Quando
esta estrutura é submetida a uma vibração, estas “correntes” se quebram, dissipando
19
energia, e o campo causa uma recomposição desta corrente. Esta continua quebra e
reconstituição das correntes permite ao fluido dissipar energia do sistema (KARNOPP
et al., 1984; SPENCER et al., 1997; JOLLY et al., 1998; SRINIVASAN et al., 2001).
Além das características citadas acima como resposta pida e baixa necessidade de
energia, a capacidade de mudar a tensão, a ampla faixa de temperatura operacional e a
facilidade de implementação com baixo custo, em relação à sistemas de absorvedores
ativos, tornam este tipo de absorvedor uma ótima opção para projetos inovadores.
rias aplicações que utilizam o fluido MR na forma de amortecedor em absorvedores
semi-ativos têm sido relatadas.
Na engenharia civil há uma grande preocupação em controlar a resposta das
estruturas as excitações nocivas causadas por eventos naturais, como terremotos e
ventos fortes. O sistema semi-ativo com amortecedor MR tem demonstrado ótimas
características para estes casos. Dyke et. al.(1996) demonstram experimentalmente a
habilidade do amortecedor MR para reduzir a vibração estrutural sobre uma ampla
variedade de condições de carregamentos. Yoshida e Dyke (2005) estudaram o
desempenho de um sistema de controle usando amortecedor MR quando aplicado a um
modelo numérico em escala completa para edifícios irregulares. Wu e Cai (2006)
estudaram a eficiência do amortecedor MR para controle de vibração em cabos sujeitos
a diferentes condições de carregamentos, incluindo corrente elétrica, freqüência de
excitação, tipos de onda de excitação e temperatura de trabalho. Cai et. al.(2006)
propuseram uma teoria linear para o problema de vibrações livres e forçadas em cabos
de pontes levemente inclinados com um sistema de amortecimento com massas
ajustáveis. Exemplo destes tipos de dispositivos estão atualmente implementados na
Ponte de Dong Ting Lake na China (AMAZING, 2003). Unsal et. al.(2006) trabalharam
com um modelo de absorvedor (isolador) de vibrações com 6 GL (graus de liberdade)
com controle semi-ativo para plataformas paralelas.
Na área automobilística há preocupação em melhorar o conforto,
controlabilidade e dirigibilidade dos veículos. Os sistemas de suspensão semi-ativas
com amortecedores MR estão sendo pesquisados e implementados. Simon (1998)
estudou o sistema de atenuação de vibração utilizando uma suspensão semi-ativa com
amortecedor de fluido MR em um veículo Scania Volvo VN. A proposta foi baseada no
controlador “skyhook”. Paré (1998) realizou um estudo teórico do fluido e do
amortecedor MR fabricado pela Lord© para um sistema de um grau de liberdade. Foi
proposto um modelo teórico e, via Matlab se efetuou o controle “Skyhook”, “ground-
20
hook” e híbrido. Simon e Ahmadian (2001) utilizaram o mesmo sistema de suspensão e
controle proposto por Simon (1998), mas agora para um veículo off-road (fora da
estrada) da Scania. Yao et. al.(2002) projetaram, fabricaram e desenvolveram um
modelo para estimar os parâmetros experimentalmente do amortecedor com MR, para
aplicação em uma suspensão de veículo utilizando o método de controle “Skyhook”.
Moura et. al.(2002) estudaram a utilização de suspenes ativa, semi-ativa com fluido
magnetoreológico e passiva para um modelo de meio veículo com 4 GL utilizando o
método de controle linear quadrático(LQR). Deivys (2003) faz uma comparação entre
três tipos de suspensão veicular: ativa utilizando a teoria de controle ótimo (LQR);
semi-ativa utilizando amortecedor com fluido MR e; a técnica de controle
continuamente variável baseado nas velocidades relativas entre carroceria e eixos. Zribi
e Karkoub (2004) propuseram um esquema de controle robusto para a suspensão de
carros considerando um modelo de meio veículo e a dinâmica do passageiro. Shen, et.
al.(2006(a)) investigaram três métodos de controle semi-ativo usando amortecedor com
fluido MR comercial. Os métodos foram o de deslocamento relativo limitado (LRD), o
método Rakheja-Sankar (R-S) modificado e o de controle “Skyhook” (MSK)
modificado.
Exemplos de aplicações destes sistemas de suspensão semi-ativa usando fluido
MR podem ser encontrados em veículos militares do exército Norte Americano
(MAGNETORHEOLOGICAL, 2004). Amortecedores similares, também, foram usados
em um helicóptero Apache AH 64 para controlar (absorver) a vibração provocada pela
força de recuo existente depois dos disparos, figura 1.1 (MAGNETORHEOLOGICAL
(MR) RECOIL, 2004). Shen et. al.(2006b) propuseram um sistema de suspensão semi-
ativa com amortecedor MR em uma locomotiva e compararam a eficiência deste
sistema com relação as suspensões passiva e ativa.
21
Figura 1.1: Helicóptero Apache com canhão M230 que utiliza amortecedores com
fluidos MR.
Na aeronáutica, Wereley et. al.(1999) compararam dois modelos de
amortecedores MR não lineares para aplicações no controle de vibrações da hélice em
rotores de helicópteros. Os testes experimentais foram realizados em um túnel de vento
utilizando um modelo em escala de 1/6 do rotor do helicóptero Comanche. Gandhi et.
al.(2001) investigaram a viabilidade de aplicar uma lei de controle robusto linear com
retro-alimentação para estabilizar o helicóptero e reduzir os efeitos de forças periódicas.
Na área de absorção de vibrações em sistemas mecânicos, o fluido MR está
sendo usado para controlar a vibração de rotores, principalmente, quando passam pela
velocidade crítica. Wang e Meng (2005) propuseram um modelo usando o modo de
cisalhamento da resposta do fluido MR para controle de vibrações de um rotor.
Carmignani e Rustighi (2006) apresentam um modelo teórico para a película de filme
do amortecedor MR. Resultados simulados foram mostrados para diferentes tipos de
fluido.
22
Outra aplicação interessante para o fluido MR é na área médica, no tratamento
de câncer. Nesta proposta de aplicação, o fluido é injetado no sangue pelas veias e
levado até o tumor. É aplicado um campo magnético externo na área do tumor para
formar a magnetização das partículas (óxido de ferro) do fluido MR. Estas minúsculas
partículas formam um sólido próximo dos pólos magnéticos e bloqueiam o fluxo de
sangue que chega ao tumor, fazendo com que ele necrose (FLORES ; LIU, 2002).
Diversas são as aplicações em próteses. O Rheo foi o primeiro sistema de joelho
artificial inteligente que tem a habilidade de aprender e se adaptar com os movimentos
dos usuários. O joelho usa o fluido MR entre as placas de aço que deslizam para gerar o
movimento. Com a aplicação de um campo magnético, pode-se controlar a espessura do
fluido. No Rheo, a espessura do fluido determina a resistência do joelho. Isso faz com
que o sistema bio-mecânico funcione próximo ao real, com um constante ajuste das
pressões. Desta forma pode-se reduzir as pressões, e assim a ausência de fluidos de altas
pressões elimina a necessidade de lacres e válvulas (CASUALTIES, 2005). Na página
da NASA podem ser encontradas outras aplicações que estão em desenvolvimento, ou
idéias para futuras aplicações.
Outro tipo de absorvedores de vibrações ajustáveis (TVA, em inglês “T
uned
Vibration Absorver”), são aqueles composto de estruturas acopladas, por exemplo, vigas
sanduíches. Esta estrutura é composta por duas vigas, que podem ser do mesmo material
ou não, que no seu interior possui um material com características ajustáveis,
possibilitando a alteração da rigidez ou do amortecimento do sistema. Vários autores
estudaram métodos para variar a rigidez do TVA. Flatau et. al. (1998) estudaram um
absorvedor de vibração magnetostrictive Terfenol-D e concluíram que a alteração do
campo magnético, com conseqüente variação na corrente no solenóide, causa mudanças
na rigidez do TVA. Tentor (2001) demonstrou a aplicabilidade de um TVA
eletromagnético cuja rigidez pode ser alterada pela variação de correntes. Morgan e
Wang (2002) desenvolveram um absorvedor de vibração adaptativo piezelétrico
multifreqüência cuja rigidez pode ser variada através de uma indutância variável ativa.
Hill e Snyder (2002) projetaram um TVA para controlar a radiação de ruído de um
transformador elétrico. O TVA consistiu em duas barras com massas nas extremidades.
A ressonância do absorvedor pôde ser alterada movendo as massas nas extremidades
das barras. Rustighi et. al. (2003) estudaram a liga de memória de forma (SMA) e
encontraram que mudança da temperatura do SMA ocasiona alteração no módulo de
elasticidade e, conseentemente, a rigidez do TVA. Jalili e Esmailzadeh (2003)
23
desenvolveram um TVA em uma viga bi-engastada utilizando massas concentradas. A
rigidez podia ser alterada movimentando as massas na viga. Carneal et. al. (2004)
propuseram um TVA para minimizar a radiação de som em chapas excitadas com
freqüência harmônica. Eles utilizaram um motor de passo para agir como uma massa
ativa. Para ajustar a freência do absorvedor, o motor de passo muda a rigidez do eixo
do suporte variando a distância entre o motor de passo e as extremidades. Harland et al
(2001) investigaram o controle passivo-adaptativo de vibração em uma viga composta
de duas placas elásticas e um núcleo central preenchido com fluido ER ou MR. A
vibração da viga pode ser controlada ajustando o campo elétrico ou magnético aplicado
ao fluido ER ou MR. Phani e Venkatraman (2003) investigaram o comportamento de
uma viga sanduíche com fluido ER no centro. As propriedades de amortecimento dos
elementos estruturais foram melhoradas mudando a amplitude do campo elétrico
aplicado.
Neste trabalho é estudado o comportamento de um absorvedor de vibrações
ajustável (TVA) do tipo viga sanduíche utilizando o fluido Magnetoreológico para
variar suas características, com o objetivo de estudar a viabilidade da utilização deste
dispositivo no controle de vibrações.
1.2. Organização do trabalho
Este trabalho está organizado da seguinte forma:
No primeiro capítulo é realizada uma introdução sobre absorvedores de
vibrações, tipos de amortecimento, materiais com propriedades ajustáveis e,
exemplos de aplicações;
O segundo capítulo apresenta um estudo sobre o fluido Magnetoreológico,
mostrando o comportamento e a forma como varia suas características quando
submetido ao campo magnético;
O terceiro capítulo aborda os conceitos sobre campo magnético e a forma de se
obter um campo magnético ajustável. Neste capítulo também é apresentada a
modelagem da estrutura usando o modelo dinâmico de segunda ordem em
coordenadas física e modal, a realização no espaço de estados e, ainda, o modelo
representativo no programa Ansys. Neste capítulo são mostradas as vantagens da
metodologia proposta;
24
No quarto capítulo são mostrados os resultados experimentais, apresentando o
comportamento do absorvedor e mostrando o estudo realizado para garantir que
o campo magnético seja uniforme na região onde o absorvedor se encontra.
O capítulo cinco apresenta as conclusões finais do trabalho e sugestões para
trabalhos futuros.
25
Capítulo 2 - Conceitos Básicos Envolvidos na Proposta
do TVA
Neste capítulo são estudados os conceitos sicos utilizados na proposta de
construção do absorvedor de vibrações ajustável tipo viga sanduíche. Este absorvedor
consiste de duas vigas com o fluido magnetoreológico (MR) no seu interior. As
propriedades deste absorvedor serão ajustadas variando as propriedades do fluido MR.
Também é estudado como o fluido varia suas propriedades em função do campo
magnético aplicado e os conceitos eletromagnéticos.
2.1. Características dos fluidos MR
Srinivasan e McFarland (2001) mostraram que fluidos MR são suspensões de
micro partículas de polarização imersos em líquidos inertes. Os fluidos MR se
comportam como fluidos Newtonianos quando não existe campo externo.
Comportamento Newtoniano é quando a tensão de cisalhamento é proporcional ao
produto da viscosidade e da deformação. O comportamento do fluido MR muda de
Newtoniano para Bingham quando um campo magnético externo é aplicado.
Comportamento plástico de Bingham é quando a tensão de cisalhamento é proporcional
ao produto da viscosidade e da razão de deformação mais a tensão de escoamento. Os
modelos Newtoniano e de Bingham podem ser escritos nas seguintes formas:
Modelo Newtoniano:
= v
(2.1)
Modelo de Bingham:
y
(H)+
v
(2.2)
onde
,
v
,
&
,
y
e
H
são a tensão de cisalhamento, viscosidade, razão de deformação,
tensão de escoamento e força de campo magnético, respectivamente.
Quando existir um campo magnético aplicado a um fluido MR, as partículas se
alinham na direção do campo magnético aplicado e adquirem uma forma de corrente,
como mostrado na figura (2.1). Estas correntes são resistentes ao cisalhamento e causam
tensão de escoamento quando uma força de cisalhamento é aplicada. Pradeep (2001)
mostra que os fluidos MR podem desenvolver uma tensão de cisalhamento de até 100
KPa, dependendo da composição das partículas no fluido MR e a densidade de fluxo.
26
Figura 2.1: Fluido MR sem campo magnético (a), com campo magnético (b) -Lord Materials
Division, (2004).
A figura (2.2) mostra a tensão de escoamento dos fluidos MR em função do
campo magnético. Pode ser visto nesta figura que o campo magnético causa uma
mudança na tensão de escoamento dentro do fluido. Quanto maior o campo magnético,
maior o limite da tensão de escoamento que pode ser alcançada.
Figura 2.2: Tensão de cisalhamento
( )
vs. Razão de deformação
&
para fluidos MR
com vários campos magnéticos (SRINIVASAN ;MCFARLAND, 2001).
Tao (2001) mostra que o tempo de resposta de fluidos MR é geralmente de mais
ou menos 10 milisegundos. Isto significa que as partículas magnéticas se alinham em
forma de correntes 10 milisegundos depois que um campo magnético é aplicado.
Embora fluidos MR tenham um tempo de resposta rápido, este será maior quanto maior
for o campo magnético aplicado. Em geral, existem eletroímãs dentro do mecanismo do
fluido MR. Se um elevado campo magnético é exigido, os eletroímãs são pesados e
volumosos e, neste caso resultam em um tempo de atraso. Este tempo de atraso pode
causar problemas para aplicações que exijam campo magnético elevado.
Segundo Milecki (2001) e Yao et. al.(2002), fluidos MR respondem ao campo
magnético aplicado de três formas, que são mostradas na figura (2.3):
&
0
H =0
1
H
2
H
Força de
campo
magnético
crescente
0
y1
(H)
y2
(H)
v
v
µ
v
27
Figura 2.3: Três formas sicas da resposta do Fluido MR: (a) direct sheer mode(modo
de corte direto), (b) modo Válvula, (c) squeeze film mode(modo de filme comprimido)(
MILECKI, 2001).
Em modo válvula os los magnéticos são fixos e o fluido é forçado a passar
entre os pólos. Este tipo de sistema pode ser considerado para uso em amortecedores
com válvula de controle hidráulico, pois os pólos exercem a função de válvula a medida
que a intensidade do campo magnético varia, alterando a viscosidade do fluido que
passa entre os pólos. Já o modo de corte direto, possui um pólo móvel, que é adequado
para embreagens, freios e amortecedores. A última possibilidade, modo de filme
comprimido pode ser usado para controle de pequenos movimentos. Este pode ser
configurado para operação axial ou rotatória.
O comportamento de fluidos MR também pode ser descrito em termos de
modelos pré e pós-tensão de escoamento. Neste trabalho será considerado apenas o
modelo pré-tensão de escoamento. Este modelo é definido quando a tensão de
cisalhamento é proporcional à deformação de cisalhamento. A figura (2.4) ilustra o
comportamento destes modelos.
Figura 2.4: Características Tensão-deformação de fluidos MR (SRINIVASAN AND
MCFARLAND, 2001)).
28
Existem relativamente poucas pesquisas que buscam caracterizar as
propriedades dos fluidos MR no estado de pré-tensão de escoamento. As características
de cisalhamento na fase pré-tensão podem ser modeladas por:
* ' ''
G = G + jG
(2.3)
onde
2
A
''
01
G =G +AH
(2.4)
e
4
A
''"
03
G =G +AH
(2.5)
onde
*'"'
0
G ,G,G ,G ,
e
"
0
G
são módulo de cisalhamento complexo, módulo de
cisalhamento, módulo de fator de perda, módulo de cisalhamento no campo zero,
módulo de perda de campo, respectivamente e
123
A ,A ,A ,
e
4
A
são constantes
(HIRUNYAPRUK, 2004) .
Um modelo para descrever as propriedades de cisalhamento dos fluidos MR foi
proposto por Harland (1999). Este modelo tem a forma dada pela equação:
' 5 1.65 3
G = G" = 7.96×10 H + 4×10
(2.6)
A figura (2.5) mostra os valores do cisalhamento, dado em Pascal (Pa), em
função do campo magnético, dado em kOe/mm (Oerted), para um fluido eletroreológico
(HARLAND, 1999).
29
Figura 2.5: Propriedades de cisalhamento para o fluido MR (HARLAND, 1999).
2.2 Conceitos Básicos sobre Magnetismo
O objetivo desta seção é propor um dispositivo para fornecer o campo magnético
necessário para conseguir as variações das propriedades do fluido MR desejadas, e
avaliar a relação entre a corrente elétrica e o campo magnético. Esta análise é
importante porque em aplicações de controle é fornecido ao sistema corrente elétrica,
portanto, é necessário estabelecer a relação entre corrente elétrica e campo magnético.
2.2.1 Cálculo do Campo magnético devido a uma corrente
A figura (2.6) mostra a divisão de um fio em elementos diferenciais
ds
r
. Defini-
se para cada elemento, um vetor
ds
r
cuja direção é a do elemento
ds
r
e o sentido é o
mesmo da corrente no elemento. Com isso, pode-se definir um elemento de corrente-
comprimento diferencial como
ids
r
.
30
Figura 2.6: Elemento de corrente-comprimento
ids
r
produzindo um campo magnético
diferencial
dB
r
no ponto P.
A intensidade do campo magnético
dB
r
produzida no ponto P por um elemento
ids
r
é dado por:
0
i
2
ids.sen
dB=
4
r
(2.7)
onde
i
é o ângulo entre
ds
r
e r, sendo r o vetor que se estende de
ds
r
até P e
0
é uma
constante denominada constante de permeabilidade, cujo valor para o ar é próximo ao
do vácuo:
-7 -6
0
= 4
×10 Tm A 1,26×10 Tm A
(2.8)
Como a direção e o sentido de
dB
r
são dados pelo produto vetorial
dsr
×
rr
,
podemos escrever a equação anterior como (WALKER, 1996):
0
3
idsr
dB=
4
r
×
rr
r
(2.9)
Esta equação e sua forma escalar são conhecidas como Lei de Biot-Savart e é
usada para o cálculo do campo magnético resultante
B
r
produzido em um ponto por
várias distribuições de corrente. O campo resultante produzido por todos os elementos
ids
r
é obtido através da integração de todos os
dB
r
.
θ
i
31
2.2.2 Cálculo do campo magnético devido a uma corrente em um fio reto longo
Para o caso de um fio reto longo o módulo do campo magnético diferencial
criado, no ponto P, pelo elemento de corrente ids é dado por:
0
2
ids sen
dB=
r
(2.10)
Figura 2.7: Calculo do campo magnético produzido por uma corrente i em um fio reto
longo.
A direção e o sentido de
dB
r
o os mesmos do vetor
dsr
×
rr
, isto é,
perpendicular ao plano da figura apontando para dentro da página, figura (2.7), para
todos os elementos de corrente-comprimento nos quais o fio pode ser dividido. Assim
podemos determinar a intensidade do campo magnético produzido em P pelos
elementos de corrente-comprimento na metade superior do fio infinitamente longo
integrando-se dB de 0 a . De acordo com a equação (2.9) temos que o campo
magnético produzido pelo elemento de corrente da metade inferior do fio tem módulo,
direção e sentido idênticos ao campo da metade superior. Deste modo, para determinar
o módulo do campo total B no ponto P, multiplicamos o lado direito da equação (2.10)
por dois:
0
2
00
i
sen
ds
B=2 dB=
r
∞∞
∫∫
(2.11)
32
As varveis , s e r nesta equação não são independentes e, estão relacionadas
por:
22
R
sen = sen( ) =
s +R
(2.12)
e
22
r= s +R
(2.13)
Com estas substituições e a solução da integral, temos:
0
2 2 32
0
00
2 2 12
0
i
R
B = ds
(s R)
 i
s
=
2
R (s R ) 2R
+

=

+

(2.14)
Observa-se que tanto a metade superior quanto a metade inferior do campo
magnético em P é a metade deste valor, isto é:
0
i
B=
R
(2.15)
2.2.3 Campo magnético devido a uma corrente em um arco circular de fio
A figura (2.8a) mostra um fio em forma de arco de círculo com ângulo central
φ
(em radianos), raio R e centro C, transportando uma corrente i.
Como no exemplo do fio reto, cada elemento de corrente-comprimento
ids
r
do
fio produz um campo magnético de intensidade
dB
em um ponto, neste caso no ponto
central C.
33
Figura 2.8: (a) Fio no formato de arco com centro em C transportando uma corrente i.
(b) Para qualquer fio ao longo do arco, o ângulo entre as direções de
ds
r
e
r
é igual a
90º. (c) Determinação do sentido do campo magnético no centro de C devido à corrente
no fio.
Além disto, como mostra a figura (2.8b), qualquer que seja a localização do
elemento sobre o fio, o ângulo
entre os vetores
ds
r
e
r
é de 90º e r é igual a R.
Assim,
o
00
22

ids.sen90 ids
dB==
R 4R
(2.16)
Aplicando a regra da mão direita, figura (2.8c) em qualquer ponto ao longo do
fio concluímos que todos os campos diferenciais dB possuem a mesma direção e o
mesmo sentido que em C (perpendicular a página e para fora dela). Assim o campo total
em C é simplesmente a soma de todos os campos diferenciais dB.
Fazendo
ds = Rd
φ
e usando a variável de integração
d
φ
obtemos a equação:
00
2
00
iiRd
B= dB= d
 R 4R
φφ
φ
∫∫
(2.17)
Integrando, concluímos que a intensidade do campo magnético e dada por:
0
i
B
R
φ
=
(2.18)
(a)
(b)
(c)
34
Observe que esta equação fornece o campo magnético apenas no centro de
curvatura de um arco circular de corrente. Ao se inserir os dados nesta equação, deve-se
ter cuidado de expressar
φ
em radianos e não em graus.
2.2.4 Campo magnético fora de um fio reto longo com corrente
A figura (2.9) mostra um fio circular com a corrente saindo do plano da folha. O
campo magnético que fica em volta do fio possui a mesma intensidade em todos os
pontos eqüidistantes do fio, ou seja no raio r. Aproveitando este fato, podemos
posicionar o laço de Ampère com formato circular, ao redor do fio, com raio r. Então,
verifica-se que o campo possui a mesma intensidade em todos os pontos em cima do
laço. Resolvendo a integral no sentido anti-horário, conforme a figura (2.9), tem-se:
Figura 2.9: Usando a Lei de Ampère para determinar o campo magnético produzido
por uma corrente i em um fio reto longo. O laço de Ampère é um circulo concêntrico
localizado do lado de fora do fio.
Bds= B cos
ds = B ds B(2)
=
∫∫
r
r
(2.19)
Podemos observar que a integral soma todos os comprimentos
ds
r
ao longo do
laço circular, fornecendo assim o comprimento total do laço que é
2
r
(r referente ao
laço). Na seqüência utilizamos a regra da mão direita para determinar o sentido da
corrente, a qual fica positiva. E então completamos a Lei de Ampère com:
0
B(2
)=i
(2.20)
ou
0
i
B=

(2.21)
35
2.2.5 Solenóides
Utilizando a lei de Ampère, determina-se o campo magnético em um solenóide.
Solenóides são fios longos enrolados de forma bem aproximada, também são
conhecidos como bobinas. Considerando um solenóide que possua o comprimento
muito maior do que o seu diâmetro, figura (2.10).
Figura 2.10: Esquema de um solenóide ideal comprimento muito maior que seu
diâmetro.
O Campo Magnético de um solenóide será a soma vetorial de todos os campos
magnéticos gerados pelas espiras que o formam. Em cada volta, se observarmos os
pontos que ficam muito próximos, o fio se comportacomo um fio longo reto e as
linhas de campo magnético podem ser consideradas como círculos conntricos. Dessa
forma o campo em pontos mais afastados do fio fica paralelo ao eixo do solenóide,
como podemos observar na figura (2.10).
Figura 2.11: Representação de um corte vertical passando pelo eixo central em um
solenóide.
36
Um solenóide será ideal se o seu comprimento for muito maior do que o seu
diâmetro e o campo magnético no seu interior é uniforme e paralelo ao seu eixo. O
campo magnético na parte de fora do solenóide, se forma hora para um sentido, na parte
de cima hora para outro sentido, na parte de baixo, o que acaba fazendo com que as
resultantes acabem se cancelando. No caso de um solenóide ideal, o campo externo é
nulo. Este comportamento pode ser assumido para o campo magnético de um solenóide
real. Na figura (2.12) se observa o campo em um solenóide real, onde vemos que o
mesmo é forte e relativamente uniforme em seu interior e fraco na sua parte externa.
Figura 2.12: Linhas de campo magnético para um solenóide real de comprimento
finito.
Aplicando a Lei de Ampère ao solenóide ideal que está representado na figura
(2.13) e, utilizando o laço de Ampère como uma área retangular de extremidades a b c
d, aplicamos a lei em cada segmento e, portanto, obtemos 4 integrais:
Figura 2.13: Aplicação da Lei de Ampère a um trecho de um solenóide ideal longo
transportando uma corrente i. O laço de Ampère é o retângulo abcd.
37
bcda
abcd
Bds=BdsBdsBdsBds
+++
∫∫∫∫
rrrrr
rrrrr
(2.22)
A primeira integral do lado direito representa o trecho de a até b, trecho este
localizado no interior do campo magnético e terá como resultado uma intensidade de
B.h, onde h é o tamanho do segmento onde foi aplicado o laço de Ampère. A segunda
integral, assim como a quarta, é nula pelo fato de que os elemento diferenciais vetoriais
ds
r
ao longo desse trecho são perpendiculares ao campo
B
r
. A terceira integral é nula,
pois é calculada em um local onde o campo, por definição é nulo. Portanto, o lado
direito da Lei de Ampère é
Bh
.
No lado esquerdo da equação, para determinarmos a corrente resultante
env
i
(corrente envolvida pelo laço de Ampére), observamos que ela não será igual à corrente
i que circula pelo fio, pelo fato de que este fio passa várias vezes dentro do espo
delimitado pelo laço. Chamando de n o número de voltas por unidade de comprimento,
ou seja, o número de voltas em que o fio passa pelo laço, então o laço envolverá um
número de voltas igual a
nh
e, então, a corrente resultante se:
env
i = i(n h)
(2.23)
O campo magnético para um solenóide ideal terá então sua intensidade
representada por:
0
Bh=
i n h
(2.24)
Ou ainda
0
B=
i n
(2.25)
Esta consideração, foi feita para um solenóide ideal, mas pode ser utilizada para
solenóides reais. Ainda, podemos destacar que a intensidade do campo é independente
do diâmetro ou do comprimento do solenóide. Este dispositivo é útil todas as vezes em
que se desejar criar um campo magnético uniforme conhecido e tem, portanto, diversas
aplicações.
38
Capítulo 3 – Modelagem da Estrutura
Pode-se estudar o comportamento de uma estrutura por dois caminhos, um é
através do modelo em elementos finitos e o outro é através do modelo na forma modal,
que nos possibilita identificar as propriedades do modelo real. Para o modelo em
elementos finitos representar fielmente a estrutura é necessário conhecer as
propriedades dos materiais utilizados e, também, conhecer o comportamento da
estrutura. Este tipo de modelo pode ser utilizado quando a estrutura ainda não foi
construída, ou é de difícil representação (uma estrutura difícil de identificar). No caso
de não se conhecer o sistema, ou seja, de não conhecer muito bem o material ou o
comportamento da estrutura, a alternativa para encontrar o modelo é utilizar métodos de
identificação que nos forneça o modelo do sistema na forma modal. Neste trabalho, o
estudo do comportamento da estrutura é realizado através do modelo modal
identificado.
O objetivo deste capítulo é fornecer as ferramentas para representar o modelo da
estrutura na forma modal, e além disso, representa-lo na forma de espo de estado. A
importância do modelo na forma de espaço de estado está no fato de facilitar a
manipulação dos resultados encontrados para conseguir as propriedades do sistema.
3.1. Modelo Matemático - EDOL
Os modelos estruturais de segunda ordem descritos por equações diferenciais
ordinárias lineares (EDOL) são muito utilizados em problemas de dinâmica estrutural.
A representação do modelo depende da escolha das coordenadas. Alguns autores
utilizam estes modelos em coordenadas físicas, conhecidos como modelos físicos, no
entanto, neste trabalho os modelos são escritos em coordenadas modais e são
conhecidos como modelos modais.
Os modelos escritos em coordenadas físicas são formulados em termos de
deslocamento, velocidade e aceleração. Tais modelos são caracterizados pelas matrizes
de massa, de rigidez, de amortecimento e pelas matrizes de localização dos sensores e
atuadores. A forma mais utilizada para encontrar este modelo é via FEM (método de
elementos finitos) uma vês que na maioria dos casos as características da estrutura são
conhecidas, equação (3.1).
0
oq ov
(t) (t) (t) (t)
(t) (t) (t)
++=
=+
Mq Dq Kq B u
y Cq Cq
&&&
&
(3.1)
39
onde q(t) é o vetor de deslocamento nd x 1, u(t) é o vetor do sinal de entrada na
estrutura s x 1, y(t) é o vetor de saídas r
s
x 1, M é a matriz de massa nd x nd, D é a
matriz de amortecimento nd x nd, K é a matriz de rigidez nd x nd. A matriz de entrada
do sinal de controle B
0
é nd x s, a matriz de saída de deslocamento C
oq
é r
s
x nd e a
matriz de saída de velocidade C
ov
é r
s
x nd. A matriz de massa é positiva definida e as
matrizes de amortecimento e rigidez são positivas semidefinidas. Também, nd é o
número de GL do sistema, r
s
é o número de saídas, s é o número de entradas na
estrutura.
Em geral as matrizes de massa e rigidez são estimadas em coordenadas físicas,
por exemplo, via MEF (KWON; BANG, 1997), sendo a matriz de amortecimento
proporcional a elas (BHASKAR, 1995). Em particular o amortecimento será estudado
neste trabalho. Deve-se lembrar que para este modelo MEF ser bem representativo, a
estrutura deve se comportar de forma linear e ter todas as propriedades conhecidas.
Quando o conhecemos a estrutura que será estudada, ou seja, quando não
sabemos se seu comportamento pode ser aproximado de um comportamento linear ou
quando não conhecemos as características da estrutura, uma maneira alternativa que
possibilita encontrar este modelo, é utilizar o modelo na forma modal que podem ser
obtidos via procedimentos de ensaio de identificação (MAIA et al., 1996). Outra
utilização para o modelo modal seria quando conhecemos a estrutura e temos o modelo
físico mas, a estrutura é muito complexa e queremos estudar apenas alguns modos,
então, através de uma transformação podemos obter o modelo modal a partir do modelo
físico. As idéias desta formulação são apresentadas a seguir.
Considerando o caso de vibrações livres da equação (3.1) para um sistema sem
amortecimento, sabe-se que a solução da EDOL (3.1) é da forma:
j
t
(t)
e
=q
(3.2)
assim, substituindo em (3.1), tem-se (EWINS, 1984):
( )
0e
tj2
=ω
ω
MK
(3.3)
A solução não trivial desta equação existe se:
( )
0MK =ω
2
det
(3.4)
onde são encontrados n valores de
222
12n
, ,........,
ωωω
tal que esta equação seja satisfeita.
Estas soluções são conhecidas também como autovalores da equação (3.3), sendo n
40
menor ou igual à nd. A freqüência ω
i
é chamada i-ésima freqüência natural do sistema.
Substituindo ω
i
em (3.3) obtém-se as soluções correspondentes {φ
1
, φ
2
,... φ
n
} para cada
freqüência natural, φi é chamado de i-ésimo modo natural ou forma dos modos. Estas
soluções não são únicas, e podem ser normalizadas de várias formas. Comumente se
define a matriz de freqüências naturais (MAIA et al., 1996):
( )
n21
diag ,,,= L
(3.5)
E a matriz modal (nd x n), que consiste dos n modos naturais da estrutura:
[ ]
12
n
=φφφ
L
(3.6)
As matrizes modais de massa podem ser diagonalizadas atras das seguintes
equações:
T
m
=M

(3.7a)
T
m
=K

(3.7b)
T
ma
=D

(3.7c)
A matriz D
a
é a matriz de amortecimento proporcional dada por:
a

=+
D MK
(3.8)
Onde α e β são constantes. Pode-se introduzir uma transformação de coordenadas no
problema, q
m
(t), tal que:
(t) (t)
m
=q
q
(3.9)
Assim, pré-multiplicando a equação (3.1) por
T
e utilizando a transformação da
equação (3.8), obtém-se:
2
m m mm
mq m mv m
(t) 2 (t) (t) (t)
(t) (t) (t)
+ +=
=+
qZ
q Bu
y Cq Cq
&&&
&
(3.10)
sendo:
2 -1
mm
=

(3.11)
-11
-11
22
mm mmm
11
22
==
D
(3.12)
41
A matriz de entrada modal B
m
é dadas por:
1T
mm0
=B
B
(3.13a)
e C
mq
e C
mv
são as matrizes de saída de deslocamento e velocidade modal,
respectivamente:
mq oq
=CC
(3.14a)
mv ov
=CC
(3.14b)
A matriz modal de saída equivalente é definida por:
1
m mq mv
=+CC
C
(3.15a)
que tem a seguinte propriedade:
2
22
1
m mq mv
22
2
=+CCC
(3.15b)
onde || ||
2
é a norma euclidiana.
3.2. Modelos Estruturais no Espaço de Estados
Em algumas aplicações como, por exemplo, na aplicação deste trabalho, para
conseguirmos os parâmetros modais da estrutura através do modelo modal, é mais
interessante utilizar o modelo na forma de espaço de estados. O modelo na forma de
espaço de estados também é bastante utilizado para controle e o todo de identificação
que foi utilizado neste trabalho fornece a resposta nesta forma. A representação no
espaço de estados é determinada pelo trio de matrizes (A, B, C) e pelo vetor de estados
x(t), (MOREIRA, 1998).
Ressalta-se que a formulação no espaço de estados não é única, o que deve valer
são as relações de entrada-saída que sempre são mantidas independentemente da
formulação feita. Entretanto, faz diferença qual representação no espaço de estados é
escolhida para análise de um sistema e projeto do controlador, podendo facilitar ou
dificultar o processamento de informações. A seguir descreve-se a realização no espaço
de estados de modelos modais.
A modelagem de estruturas por MEF exige elevado número de graus de
liberdade. Com isto a ordem N da representação física é geralmente muito grande
(WANG et al., 1999), gerando dificuldades numéricas adicionais. Além disto, a
42
representação no espaço de estados física é menos utilizada em aplicações práticas de
controle em engenharia, uma vez que a estimativa de parâmetros modais é muito mais
fácil de ser implementada do que de parâmetros físicos. Uma forma alternativa é obter a
realização no espaço de estados a partir do modelo de segunda ordem na forma modal,
representado pela equação (3.16).
Definindo o vetor de estados modal:
1m
2m
(t) (t)
(t)
(t) (t)

==


xq
x
xq
&
(3.16)
A equação (3.16) pode ser reescrita como um conjunto de equações de primeira
ordem na forma da equação (3.17a):
(t) (t) (t)
(t) (t)
=+
=
x Ax Bu
y Cx
&
(3.17a)
sendo as matrizes (A, B, C):
2
,,
2
mq mv
m



= ==


−−


0
0I
A B CCC
B 
(3.17b)
onde
0
é a matriz nula n x n e I e a matriz identidade de ordem n. Nesta realização x
1
é
o vetor de deslocamento modal e x
2
é o vetor de velocidade modal. A dimensão desta
representação é 2n, enquanto a representação física é 2nd, sendo, n<<nd.
Vale ressaltar que a equação (3.17b) não é uma representação modal, uma vez
que as equações não se desacoplaram. A realização no espaço de estados modal é
caracterizada por uma matriz de bloco diagonal, A
m
, e as matrizes de entrada e saída
relacionadas:
[ ]
1
2
12
diag( ), ,
m
m
m mi m m m m mn
mn



= ==



B
B
AAB CCCC
B
L
M
(3.18)
sendo i = 1, 2, ..., n e A
mi
, B
mi
, B
mwi
e C
mi
são blocos 2 x 2, 2 x s, 2 x sd e r x 2,
respectivamente. Estes blocos podem ser arranjados de diversas formas diferentes
através da utilização de uma transformação linear. Isto pode ser feito usando a seguinte
matriz de transformação:
43
1
1
2
2
n
n
0
0
0
0
0
0





=






e
e
e
R
e
e
e
MM
(3.19)
onde e
i
é um vetor linha com todos os elementos iguais a zero, exceto no i-ésimo.
Denota-se A
mk
como sendo a matriz dinâmica A
m
na forma modal k. Em geral se
trabalha com quatro formas diferentes, portanto, k=1, 2, 3 ou 4. A matriz de
transformação R
kr
transforma a variável de estado x
k
na variável x
r
:
r krk
, k,r 1,2,3 ou4
==x Rx
(3.20)
sendo:
( )
kr kri
diag=RR
(3.21)
Assumindo um amortecimento pequeno, i. e., ζi<<1, i=1,...,n, com j sendo a
unidade imaginária (GAWRONSKI, 1998), obtém-se:
i
12i 13i 14i
i ii
10 1 0 1j
j
,,
1 0 1jj
−−

===

+

RRR
(3.22)
ii
23i 24i 34i
iii ii
1 0 1j

1j
,,
-
1 j 
1j
−−


= ==


+


R RR
(3.23)
A transformação inversa pode ser derivada pelas seguintes relações:
1
kpi pji
=
RR
(3.24a)
kji rji kri
, r, k, j 1,2,3,4.
==R RR
(3.24b)
Uma nova representação pode ser obtida da seguinte maneira, sendo R uma
matriz não singular:
-1 -1
nn
,,= =Β=
n
A R AR B R C CR
(3.25)
Os blocos A
mi
utilizados são geralmente de quatro diferentes formas
(GAWRONSKI, 1998). A seguir, apresentam-se estas formas e os respectivos estados
modais para cada realização:
44
Forma Modal 1:
i mi
mii
i ii mii
0
,
2
ω
ωζωω

==


−−

q
Ax
q
&
(3.26)
Forma Modal 2:
miiii
mi i moi i mi mi i
2
moii i ii

, , sendo

1) 

= = =+


−−

q
A x q qq
q
&
(3.27)
Forma Modal 3:
mi
mii
2
i i i mi
01
,
2ζ

==


ω −ω

q
Ax
q
&
(3.28)
Forma Modal 4:
2
iiii
mi moi
mii
2
mi moi
iiii
j10
j
,
j
0 j1
ζζ
ζζ

ω+ω−


==

+


ωω−

qq
Ax
qq
(3.29)
O vetor x da representação modal consiste de n componentes x
i
independentes
que representam o estado de cada modo. A forma 4 em geral não é muito interessante,
uma vez que é uma representação imaginária, o que aumenta as dificuldades numéricas
e analíticas. Porém ela pode ser usada como base para encontrar a representação de
qualquer estado na forma de representação 2, equação (3.27).
3.3 Modelagem por Elementos Finitos
No âmbito da Engenharia de Estruturas, o Método dos Elementos Finitos (MEF)
tem como objetivo a determinação da dinâmica do sistema, estado de tensão e de
deformação de uma estrutura de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores. Este tipo
de cálculo tem a designação genérica de análise de estruturas e surge, por exemplo, no
estudo de edifícios, pontes, barragens, etc. Quando existe a necessidade de projetar uma
estrutura, é habitual proceder-se a uma sucessão de análises e modificações das suas
características, com o objetivo de se alcançar uma solão satisfatória, quer em termos
econômicos, quer na verificação dos pré-requisitos funcionais e regulamentares.
Antes do aparecimento do MEF, a análise dos meios contínuos era efetuada por
resolão direta dos sistemas de equações de derivadas parciais que regem o fenômeno,
tendo em consideração as necessárias condições de restrição. Para facilitar a aplicação
45
desta técnica a problemas não elementares, era comum recorrer a séries de Fourier.
Devido à sua complexidade, estes procedimentos só eram aplicáveis a meios contínuos
homogêneos e de geometria simples. Para tentar ultrapassar algumas destas limitações,
era freqüente a substituição de derivadas exatas por aproximadas, calculadas com base
em grelhas de pontos (AZEVEDO, 2003). Da aplicação desta técnica resulta o método
das diferenças finitas, que, antes do aparecimento dos computadores, apresentava o
inconveniente de requerer a resolução de grandes sistemas de equações lineares. Para
evitar este inconveniente, foram propostos diversos métodos de relaxação baseados na
sucessiva diminuição de um conjunto de resíduos. Devido ao longo tempo de solão de
qualquer um destes métodos, tornava-se mais atrativa a substituição do problema real
por outro semelhante, de modo a se poder recorrer a resultados publicados em tabelas
ou ábacos.
Com o grande desenvolvimento que o MEF teve na década de 60 e com a
disponibilidade de computadores, passou a ser prática corrente a análise de estruturas de
geometria arbitrária, constituídas por múltiplos materiais e sujeitas a qualquer tipo de
carregamento. Atualmente, o interesse se restringe ao de fornecer soluções teóricas de
problemas simples para validar métodos aproximados.
A formulação do MEF pode ser baseada no método dos deslocamentos, em
modelos de equilíbrio, ou em métodos híbridos e mistos (KWON; BANG, 1997). De
todos estes métodos, aquele que apresenta uma maior simplicidade e,
consequentemente, uma maior versatilidade é o método dos deslocamentos. Associados
ao método dos deslocamentos surgem muitos outros conceitos, como por exemplo, as
noções de grau de liberdade, deslocamento generalizado, força generalizada, equilíbrio,
matriz de rigidez, vetor solicitação, assemblagem, introdução de condições de apoio,
etc.
Quando surge a necessidade de resolver um problema de análise de uma
estrutura, a primeira questão que se coloca é a sua classificação quanto à geometria,
modelo do material constituinte e ações aplicadas (AZEVEDO, 2003).
A formulação do MEF requer a existência de uma equação integral, de modo
que seja posvel substituir a integral sobre um domínio complexo (de volume V) por
um somatório de integrais estendidos a sub-domínios de geometria simples (de volume
V
i
). Esta técnica é ilustrada com o seguinte exemplo, que corresponde a integral de
volume de uma função f:
46
i
n
VV
i=1
f dV fdV
=
∫∫
(3.30)
Em (3.30) pressupõe-se que
n
i
i=1
V=V
(3.31)
Se for possível calcular todas as integrais estendidas aos sub-domínios V
i
, basta
efetuar o somatório correspondente ao segundo membro de (3.30) para se obter a
integral estendida a todo o domínio. Cada sub-domínio V
i
corresponde a um elemento
finito de geometria simples (isto é., segmento de reta, triângulo, quadrilátero, tetraedro,
paralelepípedo). O somatório indicado em (3.30) vai dar origem à operação designada
assemblagem, ou montagem da matriz global.
A equação integral referida no início desta secção é proveniente da aplicação do
método dos resíduos ou de um princípio variacional. No caso da aplicação do MEF à
análise de estruturas, a formulação mais intuitiva é a que se baseia no Princípio dos
Trabalhos Virtuais (PTV) (AZEVEDO, 2003).
Neste trabalho, os conceitos do MEF foram utilizados para construir um modelo
para a viga sanduíche, utilizando o software Ansys. Esta análise não teve por objetivo
fornecer as características exatas do sistema, matrizes A, B, C e por este motivo o foi
realizado um ajuste do modelo, mas sim fornecer uma representação de como o sistema
se comporta, para verificar se a resposta encontrada experimentalmente é coerente.
A figura (3.1) mostra o modelo ensaiado. Neste modelo foi utilizado o elemento
Solid45 do programa Ansys, que possui 8 nós e três graus de liberdade por nós.
47
Figura 3.1: Figura retirada do programa Ansys, representando a viga
sanduíche.
Pode-se ver na figura (3.1) que a viga possui dois materiais diferentes, um
representa a chapa de acrílico e o outro o fluido MR com o silicone. Os dois materiais
foram representados com o elemento solid45, mas com propriedades diferentes para
cada um deles.
Figura 3.2: Figura retirada do programa Ansys, representando a viga
sanduíche com elementos diferentes.
48
O material 2 representa o fluido MR com o silicone e está representado na figura
(3.2) na camada intermediária. Neste elemento foi introduzida a propriedade de
amortecimento, que variou para simular o comportamento da viga quando variamos o
campo magnético e, por conseguinte, a viscosidade do material MR.
3.4 Métodos de Identificação de Sistemas
Durante estas últimas três cadas muitos estudiosos têm direcionado seus
esforços para o desenvolvimento de metodologias que resultem na identificação de um
modelo estrutural com boa representatividade das propriedades dinâmicas reais de uma
estrutura. O desenvolvimento dos computadores e dos equipamentos de aquisição e de
processamento de dados; am da aplicação da Transformada pida de Fourier (FFT
do inglês Fast Fourier Transform) estimularam estes estudos. As técnicas de
identificação podem ser para sistemas SISO (uma - entrada e uma - saída; do inglês
simple-input simple-output); ou para sistemas MIMO (múltiplas - entradas e ltiplas -
saídas; do inglês multi-input multi-output). Os métodos de identificação, ainda, podem
ser classificados em dois grupos básicos: métodos no domínio do tempo; e métodos no
domínio da freqüência. Em geral, os métodos baseados no domínio do tempo fornecem
resultados melhores quando é grande a faixa de freqüência, ou seja, quando é grande o
número de modos presentes nos dados. Já os métodos no domínio da freqüência são
mais interessantes para a identificação de um número relativamente pequeno de modos
(MAIA et al., 1997).
Neste capítulo serão abordados unicamente os conceitos do método de predição
de erros (PEM), sendo este método utilizado para identificar sistemas SISO. O método
PEM foi utilizado neste trabalho para identificar o modelo modal da estrutura, pois
utiliza o sinal de entrada e de saída no domínio do tempo, sendo o sinal de entrada um
sinal qualquer. Além disto, este método fornece diretamente as matrizes A, B e C, ou
seja, fornece o modelo diretamente na forma de espaço de estado. O método PEM
utilizado neste trabalho, foi implementado usando as funções do toolbox do Matlab. A
teoria mostrada a seguir foi apresentada inicialmente em Ljung, (2002).
3.4.1 Método de Predição de Erros
Identificação de sistemas é na verdade construir modelos matemáticos de
sistemas dinâmicos usando dados de entrada e saída (input/output ). Isso pode ser feito
usando várias técnicas diferentes, neste trabalho é utilizado o Método de Predição de
49
Erros (Prediction Error Methods PEM). Este método de estimação pertence a família
de modelos de parametrização arbitrários e tem similaridades com o método da máxima
probabilidade (LJUNG, 2002). As propriedades básicas do PEM são descritas a seguir.
A saída no tempo t é y(t) e a entrada é u(t). Estes sinais são vetores com
dimensões (finitas) arbitrárias. O caso de sinal de entrada nulo (
(t) 0
=
u
) corresponde a
série no tempo. Sendo,
{u(1),y(1),u(2),y(2).........u(N),y(N)}
N
=Z
dados coletados em
um tempo N. Os dados normalmente são obtidos em tempo discreto, contudo, pode-se
utilizar séries contínuas no tempo.
A idéia básica por trás da aproximação por predição de erros é descrever o
modelo como uma predição da próxima saída:
$
t -1
m
(t/t-1) = f( )
yZ
(3.32)
sendo que
$
m
(t/t -1)
y
denota um passo adiante na predição da saída, e f é uma função
arbitrária que descreve os dados passados.
Pode-se parametrizar a predição em termos de um parâmetro de dimensões
finitas, um vetor θ, por exemplo:
$
t -1
(t/
) = f( ,)
yZ
(3.33)
Para utilizar esta parametrização deve-se impor algumas condições de
regularidade (LJUNG, 2002).
Basicamente o método PEM funciona da seguinte forma; primeiro determina-se
um valor estimado para o vetor θ (denotado por
N
θ
) através do modelo parametrizado
e, compara-se este vetor com os dados coletados Z
N
. O objetivo desta análise é
minimizar a distância entre os valores estimados
$$
(1/
),....., (N/)
yy
e os valores
coletados
(1),......... (N)
yy
através de uma norma adequada.
Se a norma for escolhida de forma a igualar a função densidade de
probabilidade, a estimativa de
N
θ
coincidirá com o da Estimativa da Máxima
Probabilidade.
O PEM tem um número de vantagens:
Este método pode ser aplicado para um amplo espectro de parametrização de
modelos;
50
Fornece modelos com propriedades assintóticas excelentes, devido sua
similaridade com a Máxima Probabilidade;
Pode tratar sistemas que operam em malha fechada (“Closed loop”). Onde a
entrada é parcialmente determinada como saída realimentada, quando os dados
são coletados.
Como todo método, existem algumas desvantagens:
Exige uma parametrização explicita do modelo. Para estimar, por exemplo, um
modelo linear arbitrário de ordem 5, algum tipo de parametrização que incluem
todos os modelos de quinta ordem devem ser introduzidos;
A busca de parâmetros que fornecem uma melhor predição da saída adequada,
dependendo da ordem do sistema, pode ser demorada e envolve uma superfície
de pesquisa com muitos mínimos locais.
Nos tópicos que se seguem é mostrado de forma simplificada algumas
características do método PEM.
3.4.2. Parametrização de Modelos
O modelo geral de predição é dado por (3.33):
$
t-1
(t/
) = f( ,)
yZ
Um exemplo desta parametrização é assumir que a forma base do modelo é dada
por uma simples equação diferencial linear do tipo:
1 n1m
(t) + a (t -1)+......+ a (t -n) = b (t -1) +....+ b (t
-m)
yy yuu
(3.34)
Ignorando qualquer contribuição de ruídos para essa equação, ou assumindo que
o termo de ruído não pode ser previsto, a predição natural é:
1n1m
(t/) = -a (t -1)-......-a (t -n) +b (t -1)+....+
b (t - m)
yyyuu
(3.35)
onde
[
]
1n1n
= a .........a ....b .........b
(3.36)
Que corresponde a:
t-1T
f( , ) = (t)

ϕ
(3.37)
e
51
[
]
(t) = - (t -1)........- (t-n)... (t-1)........
. (t-m)
y yuuϕ
(3.38)
Através desta parametrização, dependendo da relação entre
t -1
f( ,)
Z
e Z
N
, pode-
se ter três possibilidades diferentes para encontrar o modelo estimado do sistema:
Modelo Linear Invariante no Tempo (LTI).
t-1
f( ,)
Z
é linear em
t-1
Z
e não
depende explicitamente do tempo, podemos escrever na forma:
t -1
yu
f( , ) = W (q, ) (t)+ W (q, ) (t)
Z
u
(3.39)
t-1 t-1
yu
k=1 k=1
w (k) (t -k) w (k) (t -k)
=+
∑∑
yu
(3.40)
para alguns filtros LTI W
y
e W
u
que começam com um atraso. Onde, q é a variável de
operação.
Modelo de Regressão Linear.
t-1
f( ,)
Z
é linear em θ, mas possivelmente não
linear em Z
N
. A equação (4.3) é um modelo linear e um modelo de regressão
linear.
Modelo não Linear.
t-1
f( ,)
Z
é não linear em Z
N
Neste trabalho não é abordado modelos não lineares mas, como mostrado acima,
o método PEM pode ser utilizado para encontrar o modelo deste tipo de sistema.
3.4.3 Modelos Lineares
O modelo de predição linear (3.39) é equivalente a assumirmos que os dados
tenham sidos gerados de acordo com:
(t) = (q,
) (t)+ (q,)e(t)
yGuH
(3.41)
onde e(t) é um ruído branco (que não pode ser previsto), H(q, θ) é uma matriz onde a
expansão em q
-1
começa com uma matriz identidade. Aqui, também, é assumido que
G(q, θ) contém uma defasagem. Esta equação pode ser reescrita da seguinte forma:
-1 -1
(t) = - (q,
) (t)+ (q,) (q,) (t)+e(t)


y IH yH Gu
(3.42)
O primeiro termo do lado direito apenas contém y(t-k),
k1
, que é predição
natural para y(t) baseada nos dados passados. Comparando a equação (3.39) com a
(3.42) podemos verificar que os filtros Wy e Wu são dados por :
52
-1
y
W (q,
) = I- (q,)


H
,
-1
u
W (q,
) = (q,) (q,)
HG
(3.43)
É necessário que θ seja restrito a valores tal que os filtros H
-1
G e H
-1
sejam
estáveis. Note que a parametrização de G e H é de maneira bastante arbitrária. Por
exemplo, ela pode ser baseada no tempo contínuo, modelo no espaço de estados com
matrizes de parâmetros físicos, conhecidos ou desconhecidos, na entrada:
x(t) = (
)x(t)+ ()u(t)
AB
&
(3.44)
y(t) = x(t)+v(t)
C
(3.45)
onde v(t) é o ruído de saída e o estado x(t) pode ter interpretação física, isto é, posição e
velocidade e θ corresponde as constantes desconhecidas do material, etc.
3.4.4 Modelo Linear Caixa -Preta
Algumas vezes, os sistemas ou subsistemas não podem ser modelados baseados
em perceões físicas. Esta dificuldade ocorre em sistemas muito complexo onde o é
conhecida a função que descreve seu comportamento, ou seja, em sistemas onde as
relações físicas são muito complexas e dificultam a elaboração do modelo. Para estes
sistemas é possível usar um modelo padrão, que por experiência é conhecido por ser
capaz de tratar uma ampla gama de sistemas mecânicos diferentes.
Uma aproximação que torna possível encontrar o modelo destes sistemas é
utilizar o o método denominada por modelo linear caixa-preta. Este método funciona da
seguinte forma:
-nk -nk-1 -nk-nb+1
1 2 nb
-1 -nf
1 nf
b q + b q +.....+b q
(q)
(q,) = =
(q) 1+f q +.....+f q
B
G
F
(3.46)
onde
(t) = (q,
) (t)
η
Gu
(3.47)
é uma notação compacta da relação é:
1 nf 1 nb
(t)+f (t -1) +.....+ f (t-nf) = b u(t -nk)+...+b u
(t-(nb+nk-1))
ηηη
(3.48)
Na equação acima a defasagem no tempo é de nk amostras.
Similarmente, a função de transferência do distúrbio pode ser escrita como:
53
-1 -nc
1 nc
-1 -nd
1 nd
1+c q +.....+c q
(q)
(q,) = =
(q) 1+d q +.....+d q
C
H
D
(3.49)
Portanto, o vetor de parâmetros θ contém os coeficientes b
i
, c
i
, d
i
e f
i
da função
de transferência. Este modelo é assim descrito por cinco parâmetros estruturais: nb, nc,
nf, nd e nk e é conhecido como modelo Box-Jenkinss (BJ).
Um caso especial importante é quando as propriedades do sinal do distúrbio não
são modeladas e o modelo do ruído H(q) é escolhido como H(q)=1; que implica em nc
= nd = 0. Este caso especial é conhecido como um modelo de erro de saída (Output
error) porque a fonte de rdo e(t) = v(t) será a diferença entre a saída real e a saída do
ruído livre.
Uma variação comum é usar o mesmo denominador para G e H:
-1 -na
1 na
(q) = (q) = (q) =1+ a q +....+ a q
FDA
(3.50)
Multiplicando ambos os lados das equações (3.45) a (3.48) por A(q) temos:
(q) (t) = (q) (t)+ (q)e(t)
AyBuC
(3.51)
Este modelo é conhecido como ARMAX. O nome é derivado do fato de A(q)y(t)
representar uma Auto Regressão e C(q)e(t) um movimento dio (Moving Avarage) do
ruído branco, enquanto B(t)u(t) representa uma entrada eXtra (uma variável eXogena).
O caso especial onde C(q) = 1 é chamado modelo ARX, que é muito utilizado.
3.4.5 Técnica de Estimação
Uma vez que o modelo da estrutura, isto é, a parametrização da função
t
f(,
)
Z
foi definida e os dados Z
N
coletados, a estimativa dos parâmetros θ é conceitualmente
simples: basta minimizar a distância entre a saída predita (de acordo com os parâmetros
θ) e a saída medida:
NN
= argmin V ()
(3.52)
onde
N
t-1
N
t=1
V(
) (y(t)-f( ,)
=
Zl
(3.53)
54
onde
l
é uma medida de distância, como por exemplo
2
()
ε
l
. A conexão entre o
método da máxima probabilidade é obtida por uma escolha particular da norma.
Assumindo que os dados são produzidos pela seguinte equação:
t -1
(t) = f( ,
)+e(t)
yZ
(3.54)
onde {e(t)} é uma seqüência randômica com variável independente com densidade da
função probabilidade p(x). Então, com
(x) = -logp(x)
l
, o critério (3.52) é o negativo do
logaritmo da função probabilidade para o problema estimado. Isso faz
N
igual a
estimativa da máxima probabilidade.
3.4.6 Propriedade de Convergência
Uma questão essencial é: Qual será a propriedade dos resultados estimados na
equação (3.52)? Isto depende naturalmente das propriedades dos dados registrados em
Z
N
. Em geral é difícil caracterizar a qualidade exata de
N
. Uma forma de melhorar a
qualidade de
N
é melhorara suas propriedades assintóticas utilizando um número
maior de dados, ou seja, fazer N tendendo ao infinito. Este é um aspecto importante do
método de identificação geral da equação (3.52), que a propriedade assintóticas dos
resultados estimados possam ser expressos em termos gerais para modelos de
parametrização arbitrária.
O primeiro resultado básico é o que se segue:
*
N

quando
N
→∞
(3.55)
onde
*= argmin E ( (t,))
εl
(3.56)
quanto maior o número de dados avaliados, melhor será a convergência estimada para o
o valor θ*, que minimiza o valor da “norma” do erro de predição. Isto é de certo modo a
melhor aproximação possível do sistema real que é disponível sem o modelo estrutural.
A expectativa E da equação (3.56) é calculada com respeito a todos os distúrbios
randômicos que afetam os dados e, também inclui uma média sobre as propriedades da
entrada. Isso significa que θ* fará
y(t/
*)
uma boa aproximação para y(t) com respeito
55
a estes aspectos de sistemas que são melhorados quando utilizado bons sinais de
entrada.
A caracterização do limite estimado pode ser mais precisa no caso de um modelo
linear da estrutura.
3.4.7 Sistema Linear de Malha Aberta
Suponha que os dados reais tenham sido gerados por:
0
y(t) = G (q)u(t) + v(t)
(3.57)
onde u(t) e v(t) são independentes. Isso significa que a entrada u tem sido gerada em
malha aberta, isto é, independente de y. Considerando Φ
u
(ω) como espectro de entrada
e Φ
v
(ω) o espectro do distúrbio adicionado, v. Então a predição de erro pode ser escrito
como;
[ ]
F
1
(t,
) = (t)- (q,) (t)
(q,)
ε
yGu
H
[ ]
0
1
= G (q)- (q,
) (t) + v(t)
(q,)
Gu
H
(3.58)
Pela relação de Parseval, a variância da predição de erro pode ser escrita como uma
integral sobre o espectro da predição de erro. Esse espectro, por sua vez, é obtido
diretamente da equação (3.58) então o limite de θ* na equação (3.56) pode ser definido
como:

2
*
uv

22
 

() ()
= argmin G -G dw + d
HH

ωω
ω



∫∫
(3.59)
Na equação acima, por simplicidade, foi adotado que
i
G=G(e,
)
ω
e similarmente H
θ
Se o ruído modelado
*
H(q,
) = H (q)
não depende de θ (como no caso do
modelo de erro na saída-) expressão (3.59), portanto mostra que o modelo resultante
i*
G(e ,
)
ω
dará a função da freqüência que é a mais próxima da verdadeira, em uma
norma quadrática da freência com função de ponderação:
u
2
i
*
()
Q( )=
H(e)
ω
ω
ω
(3.60)
56
Isso mostra claramente que o ajuste pode ser afetado pelo espectro de entrada Φ
u
e pelo
ruído do modelo
*
H
.
3.4.8 Sistema Linear de malha fechada
Assumindo agora que os dados estão sendo gerados por (3.57) e a entrada tem
sido parcialmente determinada com realimentação da saída, da forma:
y
u(t) = r(t)-F (q)y(t)
(3.61)
E considerando que o ruído é descrito por:
0
v(t) = H (q)e(t)
(3.62)
onde e(t) é o ruído branco com variança λ. O sinal de referência r(t) é considerado
independente do ruído e(t). Usando este fato, junto com a relação de Parseval, obtém-se
o seguinte resultado:
22
r
u 0e
*
2

G+B-G+H-H
= argmin d
H


ω
(3.63)
onde
0
ue
u
(H -H)
B=
(3.64)
eu
r
e
u
-
(3.65)
onde Φ
eu
é o espectro cruzado entre e(t) e u(t), que no caso de (3.61) – (3.62) será:
ii
y0
ue
ii
y0
F(e)H(e)
( ) = -
1+F (e )G (e )
ωω
ωω
ω
(3.66)
o resultado da equação (4.32) contém informações importantes;
Se existe um θ
0
tal que
0
0
H =H
e
0
0
G =G
, então este valor é sempre um
ponto de possível convergência. Se Φ
r
e
> 0 ∀ω (que de acordo com (3.66)
significa que u(t) não pode ser determinado inteiramente de e(t) por filtros
lineares), então isso é apenas um ponto de possível convergência.
57
Se H
θ
o pode atingir o valor H
0
( isto é, se H
θ
é fixo como um modelo de erro
de saída), e
ue
0
Φ≠
, então há sempre um erro permanente (bias) B
θ
com relação
a função de transferência G
0
verdadeira. Portanto, é necessário que o modelo do
ruído possa ser, também, descrito corretamente no modelo da estrutura para se
obter uma função de transferência estimada no caso de malha-fechada sem erro
permanente.
Contudo, a principal conclusão é que o PEM, aplicado de uma maneira simples e
direta (straightforward), não sendo considerado possíveis efeitos de realimentação,
fornecerá estimativas sem erro permanente sempre que o sistema real estiver
representado no modelo. O único requisito é que a entrada u(t) não pode ser formada
apenas por e(t) filtros lineares invariantes no tempo.
3.4.9 Uso do Método de Predição de erro (PEM)
A família de métodos PEM tem a vantagem de ser aplicável a uma grande
variedade de modelos de estruturas. Ele também trata dados de malha fechada de uma
maneira direta e fornece os melhores resultados possíveis (matriz de covariância
mínima), desde que o sistema real esteja contido no modelo. As propriedades são
aproximadas quando o sistema verdadeiro não pode ser representado pelo modelo
estrutural.
A principal desvantagem do PEM é que a busca numérica em (3.53) pode ser
trabalhosa e necessita de uma boa estimativa inicial. Para ltiplas variáveis, o modelo
linear de caixa-preta para modelos no espaço de estados pode ser obtido de maneira
conveniente, combinando o uso do PEM com os chamados Métodos do Subespo
(VAN OVERSCHE ; MOOR, 1996)
58
Capítulo 4 – Resultados Obtidos
Este capítulo tem o objetivo de mostrar como foi projetado e avaliado o
absorvedor tipo viga sanduíche. A proposta do absorvedor TVA foi avaliada através dos
resultados obtidos com o programa Ansys e da bancada experimental.
4.1 Materiais
A estrutura “sanduíche” utilizada nos testes experimentais é formada por duas
vigas de acrílico com dimenes 80x15x1mm. Este material foi escolhido por ser de
fácil manipulação e por não possuir propriedades magnéticas, ou seja, não interfere no
campo magnético aplicado. Entre as vigas há um vão (espaço vazio) de 3mm onde é
colocado o fluido Magnetoreológico, figura (4.1). Para o fluido ficar contido no interior
destas vigas, foi utilizado uma borracha de silicone, como a usada para vedar estruturas
como aquários, por exemplo. Esta borracha de silicone foi escolhida porque não reage
com o campo magnético e com o fluido, figura (4.2).
Figura 4.1: Dimensões da viga Sanduíche
59
Figura 4.2: Viga sanduíche utilizada nos testes experimentais
Para encontrar o modelo da estrutura foi utilizando o método de identificação
PEM, com excitação impulsiva. A figura (4.3) mostra um desenho esquemático da
montagem experimental utilizando o martelo de impacto. O ensaio foi realizado
utilizando um martelo de impacto PCB 086C20 figura (4.4), que fornece a energia de
entrada no sistema (excitação), e um acelerômetro da PBC modelo 352C22
Piezotronics
®
, figura (4.5), que fornece a resposta da estrutura. Para a aquisição do sinal
foi utilizada a placa da dSpace modelo 1103 figura (4.6) através do programa
Simulink/Matlab
. Com os dados medidos, pode-se encontrar a função de resposta em
freqüência (FRF) do sistema. Os parâmetros (características) da estrutura, incluindo o
coeficiente de amortecimento, foram estimados através do método de identificação
PEM. A rotina foi implementada no programa Matlab utilizando a função ident.
Figura 4.3: Figura esquemática da montagem experimental
Local onde o fluido é
colocado
Viga de acrílico
Borracha de
Silicone
dSpace
Viga de acrílico
60
Figura 4.4: Foto do Martelo de impacto e amplificadores
Figura 4.5: Foto do Acelerômetro PCB acoplado a viga sanduíche
Figura 4.6:Foto da Placa dSpace 1103
A variação das propriedades do fluido MR é obtida através da variação do
campo magnético, portanto, foi necessário montar um sistema que fornecesse este
61
campo. Depois de se avaliar algumas possibilidades, o uso de solenóides se mostrou a
melhor opção, uma vez que é relativamente fácil de ser construído e fornece uma boa
faixa de trabalho. Para a aplicação do campo foi necessário utilizar dois solenóides, um
de frente para o outro para garantir a uniformidade do campo magnético, figura (4.7).
Nesta configuração, como visto no capítulo 2, o campo magnético no centro do
solenóide é mais intenso e uniforme e na parte externa se dissipa. Esta distorção
aumenta quando a distância entre o ponto onde queremos o campo magnético e o
solenóide é aumentada. No entanto, utilizando a configuração com dois solenóides com
polaridade diferentes (um norte e outro sul), pode-se diminuir esta dissipação e manter a
faixa no centro do solenóide com um campo magnético uniforme. Além disso, esta
configuração é equivalente a se colocar dois solenóides em série e, portanto, o campo
magnético entre eles é a soma do campo magnético dos dois.
Na construção destes solenóides foi utilizados um fio de cobre esmaltado, como
os utilizado no enrolamento de motores elétricos e transformadores, e no centro foram
utilizadas chapas de aço-silício, encontradas em núcleo de transformadores. A figura
(4.8) mostra as dimensões do núcleo utilizado. Foi escolhido utilizar um núcleo de aço,
porque, como mostra a equação (2.25), o campo magnético depende da corrente, do
número de espiras e do coeficiente de permeabilidade magnético do meio. Como a
corrente elétrica é limitada pelo gerador de corrente elétrica, modelo PS 3003 D figura
(4.9), e o número de espiras estava limitado ao comprimento do fio disponível, a
alternativa foi encontrar um meio de propagação com um coeficiente de permeabilidade
que possibilitasse atingir um campo magnético com a magnitude desejada. O número de
espiras utilizado em cada solenóide foi de 370.
Figura 4.7: Dois solenóides, um de frente para o outro, para aplicação uniforme
do campo magnético.
62
Figura 4.8: Dimensões do Núcleo utilizado
Figura 4.9: Gerador de corrente modelo PS 3003 D
4.2 Resultados obtidos com o programa Ansys
Como mencionado no capítulo 3, o programa Ansys foi utilizado com o objetivo
de fornecer uma comparação entre o comportamento previsto pelo modelo no Ansys e o
obtido experimentalmente. Por não possuir as propriedades exatas da viga de acrílico,
do silicone e do fluido MR, foi utilizado algumas propriedades obtidas nos catálogos
fornecidas pelo fabricante como pontos de partida. A partir desta estimativa inicial, foi
63
realizado um ajuste para aproximar as propriedades do sistema real na faixa de interesse
ao sistema modelado. A tabela 4.1 mostra as propriedades utilizadas no programa Ansys
para aproximar as freqüências naturais obtidas experimentalmente das obtidas com o
modelo.
Tabela 4.1: Freqüência natural e propriedades utilizadas no modelo do
programa Ansys
Freqüências Naturais Propriedade do Acrílico Propriedade do Fluido MR
com o Silicone
38.9 Hz Densidade – 1450 kg/m
3
Densidade 3570 kg/m
3
151.63 Hz Módulo de Elasticidade –
3.3x10
9
Pa
Módulo de Elasticidade
5.4x10
5
Pa
216.72 Hz Coeficiente de Poisson
0.39
Coeficiente de Poisson
0.25
As freqüências naturais obtidas no Ansys diferem das medidas experimentais. A
diferença se deve, principalmente, ao fato de não conhecermos exatamente as
propriedades do acrílico, também ao fato do silicone não ser representado
separadamente, pois não temos dados sobre suas propriedades. Outro fator importante é
o fato do fluido MR apresentar um comportamento não linear e, por este motivo, de
difícil representação através do método de elementos finitos. Assim, o modelo no
programa Ansys foi utilizado apenas para comparar o comportamento da estrutura
qualitativamente.
Na figura (4.10) pode-se ver como o sistema se comporta quando variamos o
amortecimento do elemento 2, isto é, o elemento que representa o fluido MR com
silicone. A tabela 4.2 mostra os valores do amortecimento utilizado em cada ensaio.
64
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
-140
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Grafico com Amplitide da variação do Amortecimento - Ansys
amortecimento 0
amortecimento 1
amortecimento 2
amortecimento 3
amortecimento 4
amortecimento 5
amortecimento 6
Figura 4.10: Gráfico mostrando o comportamento da estrutura em função da variação
do o amortecimento do elemento 2.
Tabela 4.2: Valores do amortecimento utilizado no programa Ansys para cada ensaio.
Legenda Valor do Amortecimento (Ns/m)
Amortecimento 0 0
Amortecimento 1 0.0001
Amortecimento 2 0.00015
Amortecimento 3 0.0002
Amortecimento 4 0.0003
Amortecimento 5 0.0005
Amortecimento 6 0.001
A figura (4.11) mostra em detalhes a variação das amplitudes para a primeira
freqüência natural e, nota-se que o amortecimento interfere na amplitude de vibração e
não nas freqüências naturais do sistema.
65
25 30 35 40 45 50 55 60
-50
-45
-40
-35
-30
-25
-20
-15
-10
-5
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Gráfico da Amplitude em função da varião do Amortecimento - Ansys
amortecimento 0
amortecimento 1
amortecimento 2
amortecimento 3
amortecimento 4
amortecimento 5
amortecimento 6
Figura 4.11: Gráfico da variação de amplitude para a primeira freqüência natural em
função do amortecimento.
Com estes dados foi possível realizar a parte experimental, tendo uma idéia
prévia do comportamento esperado para o sistema. Deve-se destacar que os resultados
do programa Ansys foram obtidos utilizando as propriedades de sistemas lineares.
4.3 Resultados obtidos experimentalmente
Antes de iniciar a avalião do comportamento da viga sanduíche, foi preciso
realizar o estudo sobre o campo magnético, para garantir um campo magnético
uniforme na região onde a viga será colocada. Com este estudo, também, foi possível
estimar o coeficiente de permeabilidade magtica do núcleo. O núcleo usado no
experimento foi reutilizado de um núcleo de um equipamento com defeito, substituindo
a bobina defeituosa pela bobina com 370 espiras. Como não se possuía a composição do
material do núcleo, foi necessário encontrar experimentalmente o coeficiente de
permeabilidade magnética do material. Para estas medidas foi utilizado um Gaussmeter
modelo MG2000-20, fabricado pela empresa Magnetos Gerais, figura (4.12). Estas
medidas possibilitaram a verificação da equação (2.25) para se obter uma relação
66
confiável entre corrente elétrica aplicada e campo magnético e, possibilitou ainda
verificar qual a relação entre campo magnético e distância entre os núcleos.
Para verificar se o campo magnético realmente é uniforme no centro do
solenóide, este foi dividido em 35 pontos, mostrados na tabela (4.3) e figura (4.13).
Nestes pontos foram realizadas medidas para se verificar como o campo magnético
varia entre estas posições. Estes pontos foram colocados (desenhados) em uma placa de
acrílico e esta placa posicionada entre os dois solenóides, figura (4.14). É importante
destacar que a corrente aplicada nos solenóides e a distância entre os solenóides se
manteve constante enquanto as medidas foram realizadas. A distância entre os
solenóides foi de 30 mm, mostrada na figura (4.7), e a corrente elétrica aplicada de 1A.
A figura (4.15) mostra a distribuição do campo magnético com relação ao núcleo.
Figura 4.12: Foto do equipamento para medir o campo magnético - Gaussmeter
Tabela 4.3: Pontos de Medidas de Campo Magnético no Núcleo do Solenóide
LinhaxColuna
A B C D E F G
1 1A 1B 1C 1D 1E 1F 1G
2 2A 2B 2C 2D 2E 2F 2G
3 3A 3B 3C 3D 3E 3F 3G
4 4A 4B 4C 4D 4E 4F 4G
5 5A 5B 5C 5D 5E 5F 5G
67
Figura 4.13: Figura esquemática com a posição dos pontos de medida do campo
magnético, sendo L = 35 mm e C = 55 mm.
Figura 4.14: Foto da placa de acrílico entre os solenóides
(a)
Placa de
Acrílico
C
L
68
(b)
(c)
Figura 4.15: Distribuição do Campo Magnético em relação aos Pontos de medida; (a)
Vista tridimensional; (b) vista lateral; (c) vista superior.
Através das figuras (4.15) (a), (b) e (c), podemos confirmar que o campo
magnético no centro do solenóide, possui uma distribuição aproximadamente uniforme.
Posição
onde a viga
foi colocada.
69
Como podemos ver na figura (4.15 c) a variação do campo entre os valores de 2 a 4 no
eixo vertical é bem pequena e está concentrada próxima das extremidade. Esta diferença
é menor que 0.004 (Tesla). A tabela 4.4 mostra os valores medidos nas posições no
centro do núcleo. O equipamento utilizado tem como valor de fundo de escala 0,002. A
viga será posicionada nesta região, entre os valores 2 a 4 no eixo vertical da figura
(4.15c), portanto, podemos considerar que a viga é submetida a um campo magnético
uniforme. Como esperado, nas extremidades do solenóide, onde há uma maior dispersão
das linhas do campo magtico, os valores são menores e, ao se aproximar do centro do
solenóide, onde há uma concentração das linhas de campo, tanto verticalmente como
horizontalmente, o campo aumenta, tendo o maior valor no centro.
Tabela 4.4: Distribuição do Campo Magnético no cleo (Tesla)
Pontos para campo com 1A e distância de 30mm
LinhaxColuna A B C D E F G
1 0,014 0,018 0,02 0,02 0,02 0,018 0,016
2 0,018 0,022 0,024 0,024 0,024 0,022 0,02
3 0,02 0,024 0,024 0,026 0,024 0,024 0,02
4 0,018 0,022 0,024 0,024 0,024 0,022 0,02
5 0,016 0,016 0,018 0,02 0,02 0,018 0,014
Para se analisar a influência da variação da distância entre os solenóides sobre o
campo magnético, foram utilizados os mesmos pontos de medidas. O campo magnético
foi mantido constante e a corrente aplicada no solenóide foi de 1A. O valor do campo
obtido e da distância entre o solenóide estão na tabela 4.5.
Tabela 4.5: Valores do Campo magnético (Tesla) e distância entre os solenóides
Corrente no
Solenóide 1A Pontos onde foi feita a medida
Distância (mm) 1A 3A 5A 1D 3D 5D 1G 3G 5G
20 0,024 0,029 0,024 0,024 0,035 0,024 0,024 0,024 0,024
25 0,016 0,022 0,018 0,022 0,028 0,022 0,016 0,022 0,016
30 0,014 0,02 0,015 0,019 0,026 0,018 0,016 0,020 0,014
35 0,012 0,016 0,013 0,014 0,02 0,014 0,012 0,014 0,012
40 0,01 0,014 0,01 0,014 0,018 0,014 0,01 0,014 0,01
45 0,01 0,012 0,01 0,012 0,016 0,012 0,01 0,012 0,01
50 0,01 0,01 0,014 0,01 0,01
Utilizando os dados da tabela (4.5) e o software Excel, foram estimadas curvas
para mostrar a relação entre a variação da distância e a variação do campo magnético. A
figura (4.16) mostra a relação entre distância e campo magnético para os pontos 3A, 3D
e 3G.
70
Campo x Distância (Ponto 3A)
y = -7E-07x
3
+ 8E-05x
2
- 0,0039x + 0,0784
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0 10 20 30 40 50 60
Distância(mm)
Campo(Tesla)
(a)
Campo x Distância (Ponto 3D)
y = -1E-06x
3
+ 0,0001x
2
- 0,006x + 0,1095
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
0 10 20 30 40 50 60
Distância (mm)
Campo (Tesla)
(c)
Campo x Distância (Ponto 3G)
y = -5E-20x
3
+ 9E-06x
2
- 0,0011x + 0,0424
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0 10 20 30 40 50 60
Distância (mm)
Campo (Tesla)
(c)
Figura 4.16: Relação entre variação da distância entre solenóides e campo magnético;
(a) valor do campo no ponto 3A; (b) valor do campo no ponto 3D (centro do
solenóide); (c) valor do campo no ponto 3G
71
Os gráficos mostrados nas figuras (4.16) mostram que a relação entre a distância
e a variação do campo magnético pode ser representada por uma equação do terceiro
grau do tipo:
32
y = ax + bx + cx +d
(4.1)
onde y é o valor do campo magnético e x a distância entre os núcleos e, a,b,c e d são
constantes. Comparando a equação (4.1) com as equações encontradas nos gráficos da
figura (4.16) podemos ver que os valores das constantes a,b,c e d, são valores pequenos,
da ordem de 10
-2
ou menores, o que mostra que para pequenas variações nas distâncias
o campo permanece praticamente constante.
De posse dos valores da permeabilidade magnética do núcleo, do número de
espiras e da corrente elétrica, mostrados na tabela (4.6), pode-se comparar o valor do
campo magnético encontrado através da equação (2.25) com os encontrados
experimentalmente, tabela (4.7).
Tabela 4.6: Dados necesrios para o cálculo teórico do campo magnético
Número de Espiras 370
Permeabilidade Magnética do cleo
5
4,547e
± 0,2
e-5
Tm/A
Corrente Elétrica 0 a 2,4A
Tabela 4.7: Comparação entre o campo magnético trico e experimental para o
solenóide.
Corrente(A)
Campo Magnético (Tesla)
- Calculado
Campo Magnético (Tesla)
- Experimental
Porcentagem
de Erro
0.55 0.009 0.010 11.10
0.83 0.014 0.015 7.14
1.0 0.017 0.018 5.88
1.2 0.020 0.020 0
1.7 0.029 0.28 -3.44
2.0 0.034 0.32 -5.88
2.5 0.042 0.38 -9.52
O valor da permeabilidade magnética do núcleo, mostrado na tabela (4.6), é um
valor médio experimental, uma vez que não se conhece, exatamente, o material do
núcleo utilizado. A tabela (4.7) mostra que o erro entre os valores estimados e
experimentais variam em função do campo magnético. Isto se deve ao fato do valor
5
4,547e
Tm/A ser um valor médio para a permeabilidade magnética. Um fator
72
importante que explica a variação do erro é o fato da escala do equipamento variar de
0,002 e, os valores impares experimentais são valores aproximados quando o
gaussmeter não estabilizava o valor do campo em um valor fixo. Esta tabela mostra que
a equação (2.25) nos fornece uma boa aproximação para o campo de apenas um
soleide.
Neste trabalho, para calcular o valor do campo magnético utilizando a equação
(2.25), como os solenóides estão em série, bastaria multiplicar o valor encontrado por 2,
que fornece o valor do campo magnético no centro dos solenóides, ou seja, para 1 A o
valor será 0.034 Tesla. Se compararmos este valor com o encontrado na tabela (4.5), na
linha de 30mm na coluna do ponto 3G, vamos encontrar o valor experimental de 0,020.
Esta diferença ocorre porque na equação (2.25) não se considera a perda devido a
distância entre os solenóides.
O estudo do campo magnético foi importante, pois mostrou que para uma
distância fixa, como no caso deste trabalho, o campo magnético pode ser considerado
constante na região onde a viga foi posicionada. Também se verificou que a equação
(2.25) proporciona um resultado aproximado para o campo magtico na superfície do
solenóide e que é preciso ser levado em consideração o distanciamento dos núcleos.
Depois de se verificar que a região onde a viga sanduíche será colocada é uma
região com o campo magnético uniforme, foi iniciada a análise do comportamento do
absorvedor tipo viga sanduíche quando submetido a um campo magnético variável. A
figura (4.17) mostra a foto com a viga posicionada no centro dos solenóides, com a
distância entre eles de 30mm.
(a)
Viga Sanduíche com fluido MR
73
(b)
Figura 4.17: Foto da viga sanduíche no centro dos solenóides
Como citado anteriormente, a aquisição de dados foi realizada utilizando a placa
dSpace. Pelo fato do software da placa não possuir um programa específico para
aquisição de dados, foi preciso implementar este programa. Uma rotina, que neste caso,
apenas possibilitou a gravação do sinal no domínio do tempo. Foi utilizado um filtro
passa banda de 5 a 450 Hz, mas o programa possuía algumas limitações, como por
exemplo, não possui função para ajustar automaticamente a escala do sinal de entrada e
de saída. Este fato causou algumas dificuldades, pois para o tipo de teste realizado
(impacto) é difícil conseguir a mesma energia de entrada para todos os testes e foi
preciso realizar várias medidas para o mesmo teste até encontrar um valor de energia de
entrada que estivesse na escala pré-determinada. Como o objetivo do trabalho é avaliar
o comportamento do absorvedor, foi estipulado que para cada campo magnético será
utilizado (armazenado) 6 sinais de entrada e de saída. Com estes sinais foi possível
realizar um estudo sobre a repetibilidade do ensaio e também, assegurar que pelo menos
um destes sinais estivesse em boas condições. O processamento do sinal foi realizado
utilizando programas implementados no Matlab. A figura (4.18) mostra a Transformada
Rápida de Furrie (FFT ) de dois tipos de sinais de entrada obtidos experimentalmente.
No primeiro sinal a distribuição da energia é praticamente constante na faixa de
interesse, o que não acontece no segundo tipo de sinal.
Viga Sanduíche com fluido
MR
74
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
x 10
-5
y-fft
Amplitude
Freq [Hz]
(a)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
2
x 10
-5
y-fft
Amplitude
Freq [Hz]
(b)
Figura 4.18: FFT do sinal de entrada; (a) sinal bom; (b) sinal encontrado em vários
casos e que foram descartados.
75
A figura (4.18) (a) mostra o sinal obtido em um dos ensaios considerado como
“bom” e a figura (4.18) (b) mostra o tipo de excitação encontrada nos casos que foram
descartados.
Com o sinal de entrada e saída foi possível encontrar a Função de Resposta em
Freqüência (FRF) do sistema e, utilizando o método de identificação PEM, foi possível
encontrar o modelo modal na forma de espaço de estados e, com este modelo, o
coeficiente de amortecimento para cada campo magnético aplicado.
Inicialmente, os testes foram realizados apenas em uma viga, com o objetivo de
se verificar quais as freqüências naturais do acrílico. Na seqüência foram realizados
testes na estrutura projetada, para as condições sem fluido MR, com fluido MR e,
finalmente, com o fluido MR considerando a variação do campo magnético.
A figura (4.19) mostra os resultados no domínio do tempo para a viga de
acrílico. Nota-se que o acrílico possui uma grande capacidade de amortecimento.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
-0.005
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0.025
Sinal de Entrada (input)
Amplitude (A)
Tempo (s)
(a)
76
0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 1.05 1.1
-0.03
-0.02
-0.01
0
0.01
0.02
0.03
0.04
Sinal de Saida
Amplitude (A)
Tempo (s)
(b)
Figura 4.19: (a) Sinal de entrada (input); (b) Resposta ao impulso da viga sem silicone
Como se pode ver na figura (4.19) (b), o acrílico absorve a energia da excitação
em menos de 0,6 segundos. Esta alta capacidade de absorver energia dificultou a
visualização das freqüências naturais quando a viga foi submetida a uma excitação
randômica, através de um excitador eletro-mecânico (shaker). Por este motivo, a análise
do comportamento do sistema foi realizada através da resposta ao impulso. A figura
(4.20) mostra o gráfico da Função de Resposta em Freqüência (FRF) de uma viga
isoladamente.
77
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 500
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
FRF uma viga
Amplitude (dB)
Freq [Hz]
Figura 4.20: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência de uma viga de acrílico
A freqüência natural do primeiro modo de vibrar é de aproximadamente 32 Hz;
também, pode-se ver que há outra freqüência, próxima de 270 Hz.
O próximo passo foi a realização dos testes para a viga sanduíche “colada” com
o silicone mas, sem introduzir o fluido MR. Este ensaio teve como objetivo comparar a
resposta da viga sem e com o silicone, para verificar qual influência do silicone no
sistema. A figura (4.21) mostra a FRF do sistema.
78
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
FRF viga com silicone sem o fluido no centro
Amplitude (dB)
Freq [Hz]
Figura 4.21: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência da viga sanduíche com
silicone, sem o fluido magnetoreológico no centro.
Como esperado, quando se uniu as duas vigas com o silicone, houve uma
alteração nas freqüências naturais, decorrente do fato do novo sistema possuir a rigidez
de duas vigas de acrílico e a influência do silicone. Como a primeira freqüência natural
passou de 32 Hz para 50 Hz, isto mostra que a união das vigas com o silicone aumentou
a rigidez da estrutura.
Em uma terceira etapa, os testes foram realizados na mesma estrutura com
introdução do fluido MR, mas sem aplicar o campo magnético.
79
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Viga com o fluido MR e sem Campo Magnético
Amplitude (dB)
Freq [Hz]
Figura 4.22: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência para a viga sanduíche
com o fluido magnetoreológico no centro e campo magnético igual a zero.
A figura (4.22) mostra que a introdução do fluido MR provocou uma variação
nas características do sistema, mas diferentemente da introdução do silicone, a
introdução do fluido MR diminuiu a primeira freqüência de 50 Hz para 36 Hz. Isto
mostra que o fluido MR tem maior influência no acréscimo de massa ao sistema. A
figura (4.23) mostra a FRF do sistema para diversos testes nas mesmas condições. Nota-
se que o fluido MR também acrescentou uma característica não linear ao sistema, pois,
para a mesma configuração, a FRF não nos fornece o mesmo valor para a amplitude, ou
seja, não tem repetibilidade, o que é uma característica de sistemas não lineares.
80
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Viga com o fluido MR e Campo Zero
amostra 1
amostra 2
amostra 3
amostra 4
amostra 5
amostra 6
Figura 4.23: Gráfico da Função de Resposta em Freqüência para seis amostras com o
fluido magnetoreológico no centro das vigas e campo magnético igual a zero.
Esta característica de não linearidade do fluido MR deveria ser encontrada
depois de aplicar o campo magnético, pois o fluido possui comportamento Newtoniano
antes do campo ser aplicado e, comportamento plástico de Bingham depois do campo
magnético ser aplicado. No entanto, a característica de não linearidade nesta fase é
atribuída ao sistema.
Na última fase de testes, procurou-se avaliar a influência da variação do campo
magnético na resposta do sistema. Inicialmente, a viga foi submetida a um campo
magnético que variou de 0 a 0,081 Tesla. Este campo magnético teve um aumento
gradual sem interrupções, ou seja, em momento algum o campo magnético foi
desligado. Na segunda fase, o campo magnético variou de 0,081 a 0 Tesla, similarmente
não houve interrupções no campo magnético aplicado. Nesta segunda etapa o objetivo
foi verificar se o fluido MR possui magnetização residual, o que seria um problema em
aplicações de controle de vibrações. A tabela (4.8) mostra o valor do campo magnético
e a corrente elétrica para cada teste realizado.
81
Tabela 4.8: Valores do campo magnético e das respectivas correntes elétrica aplicada
Teste
Corrente
Elétrica(A) Valor do Campo Magnético (Tesla)
0 0 0
1 0.15 0.004
2 0.30 0.010
3 0.45 0.014
4 0.60 0.018
5 0.75 0.022
6 0.90 0.026
7 1.05 0.030
8 1.20 0.034
9 1.35 0.037
10 1.50 0.041
11 2.00 0.054
12 2.50 0.066
13 3.00 0.081
14 2.50 0.066
15 2.00 0.054
16 1.50 0.041
17 1.35 0.037
18 1.20 0.034
19 1.05 0.029
20 0.90 0.024
21 0.75 0.020
22 0.60 0.016
23 0.45 0.014
24 0.30 0.010
25 0.15 0.006
26 0.00 0.000
As figuras a seguir mostram as respostas obtidas para diversos valores do campo
magnético. Uma característica importante encontrada nos ensaios foi o comportamento
similar a figura (4.23). Este comportamento se repetiu para todos os ensaios, o que
mostra que o fluido possui características não lineares. A figura (4.24) mostra a resposta
para um campo magnético de 0.010 Tesla e, a figura (4.25) a resposta para o campo
magnético de 0.0081 Tesla. Estas figuras mostram que o comportamento do fluido MR
foi similar para toda a faixa de campo magnético analisada.
82
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Viga com fluido MR e campo 2 de 0,010 Tesla
amostra 1
amostra 2
amostra 3
amostra 4
amostra 5
amostra 6
(a)
120 140 160 180 200 220 240 260 280
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Viga com fluido MR e campo 2 de 0,010 Tesla
amostra 1
amostra 2
amostra 3
amostra 4
amostra 5
amostra 6
(b)
Figura 4.24: FRF do absorvedor de vibrações ajustável para diversas aquisições (a);
detalhes da variação do segundo modo de vibrar para o campo magnético do teste 2
(0.010 Tesla).
83
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Viga com fluido MR e campo 13 de 0,081 Tesla
amostra 1
amostra 2
amostra 3
amostra 4
amostra 5
amostra 6
(a)
155 160 165 170 175 180 185 190 195 200 205
0
5
10
15
20
25
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Viga com fluido MR e campo 13 de 0,081 Tesla
amostra 1
amostra 2
amostra 3
amostra 4
amostra 5
amostra 6
(b)
Figura 4.25: FRF do TVA para diversas aquisições; (a) FRF para o campo 13 (0.081);
(b) detalhes da variação do segundo modo de vibrar para o campo magnético do teste
13 (0.081 Tesla).
Como podemos verificar nas figuras anteriores o fluido não apresentou o mesmo
valor de amplitude ou o mesmo amortecimento em todas as amostras. Podemos ver
84
também que em algumas amostras o valor se repetiu, por exemplo, na figura (4.25)(b) o
valor para as amostras 5,6 e 4 se repetiram com amplitudes próximas de 20 dB e, os
valores das amostras 1 e 3 também tiveram o mesmo valor de amplitudes próximas de
13 db.
Comportamento similar ocorreu em todos os ensaios, por este motivo foi
utilizado as amostras que se repetiram em maior número para avaliar o comportamento
da viga para cada ensaio.
Através destas curvas também podemos observar que o fluido o possui
magnetização residual, pois o valor de maior ou menor amplitude (amortecimento) não
dependem do tempo que o fluido ficou submetido ao campo magnético. Por exemplo,
na figura (4.25) (b) o maior amortecimento aconteceu para a primeira amostra e, a sexta
amostra teve um valor de amplitude maior que a primeira, isto mostra que um maior
tempo de exposição ao campo magnético não resultou em um maior amortecimento.
A figura (4.26) mostra a amplitude para os campos 0,1,2,3,4 e 5. Podemos ver
que de maneira geral quando aumentamos o campo magnético, aumentamos o
amortecimento. No entanto, pelo fato do fluido possuir um comportamento não linear,
notou-se que em alguns casos (como do campo 1) a amplitude de vibração foi menor
que em amostras submetidas a um campo maior.
85
120 140 160 180 200 220 240
-5
0
5
10
15
20
25
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Grafico com Amplitide para os Campos 0,1,2,3,4 e 5
Teste 0
Teste 1
Teste 2
Teste 3
Teste 4
Teste 5
Figura 4.26: FRF média do TVA para os valores do campo magnético relativos aos
testes de 0 a 5.
A figura (4.27) mostra as FRF média do TVA para os testes de 0 a 13, isto é, no
sentido de acréscimo do campo magnético.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
-60
-40
-20
0
20
40
60
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Gráfico da Amplitude para Todos os Campos
campo 0
campo 1
campo 2
campo 3
campo 4
campo 5
campo 6
campo 7
campo 8
campo 9
campo 10
campo 11
campo 12
campo 13
(a)
86
150 160 170 180 190 200 210
0
5
10
15
20
25
30
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
Gráfico da Amplitude para Todos os Campos
campo 0
campo 1
campo 2
campo 3
campo 4
campo 5
campo 6
campo 7
campo 8
campo 9
campo 10
campo 11
campo 12
campo 13
(b)
Figura 4.27: (a) FRF do TVA para diversos valores do campo magnético; (b) zoom
para visualizar o comportamento do segundo modo de vibrar.
Podemos ver que de maneira geral, quando aplicamos um campo magnético no
fluido MR este varia suas propriedades e aumenta o amortecimento da estrutura. Este
fato mostra que é possível construir um absorvedor de vibrações com este material mas,
é necessária a identificação exata do material e do sistema.
Outra característica importante é o fato do fluido MR apenas influenciar no
amortecimento da estrutura, isso pode ser visto na figura (4.27a), uma vez que, quando
aumentamos o campo magnético podemos notar um aumento do amortecimento da
estrutura mas, as freqüências naturais permanecem as mesma. Esta é uma característica
importante de sistemas de controle semi-ativos, pois, como não fornecem energia ao
sistema, este tipo de controle sempre será estável.
A tabela 4.9 mostra os valores do amortecimento dio para cada campo
magnético. Para encontrar este amortecimento foi utilizado o modelo modal na forma de
espaço de estados obtido através do método de identificação PEM. Na tabela 4.9
podemos ver como o amortecimento varia com o campo magnético e, também observar
como o amortecimento variou de forma não linear, pois em alguns casos o aumento do
campo magnético não resultou em um aumento do amortecimento.
87
Tabela 4.9: Valores de amortecimento para cada campo magnético estimados pelo
método PEM
Campo
Campo
(Tesla)
Amortecimento 1º
modo
Amortecimento 2º
modo
0 0 0.0566 0.0592
1 0.004 0.0628 0.0599
2 0.010 0.0635 0.0622
3 0.014 0.0592 0.0641
4 0.018 0.0643 0.0621
5 0.022 0.0632 0.0625
6 0.026 0.0640 0.0615
7 0.030 0.0658 0.0615
8 0.034 0.0645 0.0609
9 0.036 0.0641 0.0631
10 0.041 0.0732 0.0639
11 0.054 0.0734 0.0713
12 0.066 0.1075 0.0704
13 0.081 0.1207 0.0781
14 0.066 0.1043 0.0735
15 0.054 0.0801 0.0675
16 0.041 0.0740 0.0671
17 0.037 0.0711 0.0646
18 0.034 0.0631 0.0648
19 0.029 0.0641 0.0619
20 0.024 0.0662 0.0646
21 0.020 0.0641 0.0637
22 0.016 0.0626 0.0655
23 0.014 0.0590 0.0618
24 0.010 0.0586 0.0604
25 0.060 0.0607 0.0621
26 0 0.0556 0.0602
Na tabela 4.9, nota-se, também que foram realizados 26 ensaios. Nos ensaios de
0 a 13, o campo magnético aumentou gradativamente e sem interrupções. Já nos ensaios
de 14 a 26 ocorreu o inverso, ou seja, o campo diminuiu sem interrupções. Estes ensaios
foram realizados com o objetivo de avaliar se o fluido MR apresenta uma magnetização
residual e, se o fluido MR se desmagnetiza rapidamente.
A figura (4.28) mostra algumas curvas comparando o valor da FRF quando
aumentamos e quando diminuímos o campo magnético.
88
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
-20
-10
0
10
20
30
40
50
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
FRF para os campos 1 e 25
campo 1
campo 25
(a)
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
-10
0
10
20
30
40
50
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
FRF para os campos 10 e 16
campo 10
campo 16
(b)
89
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
Freq [Hz]
Amplitude (dB)
FRF para os campos 3 e 23
campo 3
campo 23
(c)
Figura 4.28: FRF do TVA para ensaios realizados com valores iguais do campo
magnético; (a) ensaio para os campos magnético 1 e 25; (b) ensaio para os campos
magnético 10 e 16 e (c) ensaio para os campos magnético 3 e 23.
Nota-se nas figuras (4.28) que os valores de amplitudes e freqüências quando
aumentamos ou diminuímos o valor do campo magnético são similares. Isto mostra que
o fluido MR não possui magnetização residual e ainda que este se desmagnetiza
rapidamente. O comportamento observado nestas três curvas serve de exemplo para
todos os ensaios, sendo que na figura (4.28) (c) pode-se notar que as curvas não são
exatamente iguais em amplitude e que a diferença não passa de 1 dB. Como estas
curvas são uma média das amostras de cada ensaio e, o fluido MR apresenta
comportamento não linear, pode-se assumir que esta diferença de 1 dB é pequena.
90
Capítulo 5 – Discussões Finais
5.1 Discussão
Com o modelo no programa Ansys foi possível encontrar o comportamento
esperado para o sistema. Através do modelo foi possível verificar que variando apenas o
amortecimento da estrutura, pode se variar as amplitudes de vibração e não varia as
freqüências naturais do sistema. Para um sistema com comportamento linear, sempre
que ocorre aumento no valor do amortecimento a conseqüência é uma diminuição na
amplitude de vibração do sistema. Através deste modelo foi possível representar o
sistema. Para melhorar a resposta e obter o comportamento real do sistema, basta
encontrar as propriedades físicas reais dos materiais utilizados.
Com relação ao fluido Magnetoreológico, foi possível verificar algumas das
características mostradas na teoria como: o fluido MR se magnetiza e desmagnetiza
rapidamente, não sendo necessárias grandes fontes de energia para realizar o controle
das propriedades do fluido MR e, também, que pequenas variações do campo magnético
promovem grandes alterações nas propriedades do fluido. Outra característica
importante encontrada foi o fato do fluido apresentar comportamento não linear, o que é
um problema, pois para encontrar um modelo que represente o comportamento deste
material é necessário levar em consideração estas não linearidades. O fluido mostrou ter
influência apenas sobre o amortecimento do sistema não variando sua freqüência
natural, o que é uma característica importante para fins de controle, pois o controle
semi-ativo não desestabiliza o sistema.
O fluido MR utilizado neste trabalho apresentou uma desvantagem, o fato do
fluido ser a base de água dificultou a reprodução dos ensaios, pois a água evapora com
facilidade e depois de construído o absorvedor, este deveria ser submetido a todos os
ensaios no mesmo dia, pois de um dia para o outro o fluido MR perde sua viscosidade
(água evapora) e, para continuar os ensaios seria necessário construir outra estrutura.
Pelas características apresentadas, foi possível demonstrar que este material
inteligente pode ser utilizado na construção de absorvedores de vibrações ajustáveis,
mas para isso será necessário encontrar um modelo matemático que descreva o
comportamento do fluido MR, levando em consideração seu comportamento não linear.
A utilização da viga sanduíche para realizar o estudo de um absorvedor ajustável
mostrou ser adequada, mas os materiais utilizados neste trabalho acrescentaram
91
dificuldades ao estudo. As principais dificuldades encontradas foram: a alta capacidade
de absorção de energia do acrílico e a dificuldade de reproduzir a estrutura.
A alta capacidade de absorção de energia do acrílico não permitiu que fossem
realizados ensaios utilizando um excitador eletromecânico, o que possibilitaria aplicar
ao sistema uma excitação com amplitudes conhecidas e iguais. A dificuldade de
reproduzir o sistema foi provocada pela utilização do silicone, já que para cada viga
construída a quantidade de silicone utilizada variava e, conseqüentemente, provocava
variações no volume de fluido MR.
O fato de se ter utilizado uma excitação impulsiva para estudar o comportamento
do fluido pode também ter influenciado os resultados obtidos. Como visto no capítulo 2,
o fluido MR apresenta três formas sicas de absorver energia: modo de corte direto,
modo válvula e modo de filme comprimido, figura (2.3). Como não é possível garantir
que a excitação foi aplicada com a mesma intensidade e na mesma posição para todos
os ensaios, dependendo da energia introduzida no sistema pode ter ocorrido excitações
de flexão pura, ou flexão e torção, se o ponto de contato do martelo não foi no eixo
mediano da viga. O fato de não garantir que a energia foi aplicada sempre na mesma
posição pode ter provocado a excitação de modos de vibrar de flexão ou de torção. No
caso de modos de flexão, o fluido responde dissipando energia pelo modo de corte
direto que é o comportamento desejado neste sistema e que proporcionaria as maiores
dissipações de energia. Já quando excitado com maior intensidade os modos de torção,
o fluido irá dissipar energia no modo de fluido comprimido, o que explicaria a menor
dissipação de energia em alguns casos.
Apesar de algumas dificuldades encontradas, o objetivo de se avaliar o
comportamento do absorvedor de vibrações ajustável foi atingido. Através deste estudo
é possível afirmar que a utilização do fluido MR na construção de absorvedores de
vibrações ajustável é viável, já que podemos fornecer ao sistema o campo magnético
desejado com uma corrente elétrica.
Para construir um modelo mais eficiente é necessário representar o silicone com
suas propriedades e, adicionar um elemento que mostre o comportamento não linear do
fluido.
Para projetar um controlador eficaz, será preciso encontrar um modelo para a
relação entre corrente elétrica e campo magnético, levando em consideração a distância
entre os solenóides e, também, um modelo para o fluido MR que leve em consideração
92
suas não linearidades. Outro ponto que deve ser considerado para melhorar o modelo é a
inclusão da influência do silicone.
5.2. Conclusão
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento do fluido MR, a relação
entre corrente elétrica e campo magnético e principalmente, estudar se é possível
construir um absorvedor ajustável de vibrações tipo viga sanduíche com estes materiais.
Através do estudo iniciado neste trabalho, foi possível verificar que utilizando
solenóides é possível conseguir o campo magnético desejado para controlar a estrutura.
Se utilizarmos materiais com grande permeabilidade magnética e, com um número de
espiras adequado, podemos conseguir um grande campo magnético com uma corrente
elétrica pequena. O fato de não precisar de grandes fontes de corrente elétrica é muito
importante para futuras aplicações de controle, pois quando se trabalha com controle, é
fornecido para o sistema corrente elétrica de controle e não campo magnético e, além
disto, esta corrente elétrica é limitada pela capacidade da placa de controle.
Outra característica importante do campo magnético que foi estudada é o fato do
campo magnético depender da distância entre os solenóides. Apesar de se ter mostrado
que pequenas variações na distância entre os solenóides não causam grandes variações
no campo magnético, para a implementação de controle, deverá ser encontrada qual a
relação entre o campo magnético e a distância entre os solenóides. Neste trabalho esta
relação foi encontrada de forma experimental, mas para fins de controle é necessário
saber esta relação para casos gerais, pois o campo magnético é função do número de
espiras, da permeabilidade do campo magnético, da corrente elétrica e da distância entre
o local onde desejamos saber o campo magnético e o solenóide.
5.3 Propostas para trabalhos futuros
Para novos trabalhos seria interessante repetir este estudo utilizando uma viga
com um perfil “ocoretangular ou cilíndrico, isso evitaria o uso do silicone. Utilizando
um perfil conhecido seria mais fácil separar o comportamento do fluido MR do
comportamento da viga. O material poderia ser acrílico ou um material não
ferromagnético como o alumínio, por exemplo. No caso de se utilizar o acrílico deveria
ser realizado um estudo para encontrar um comprimento que possibilite uma melhor
visualização da resposta do sistema. Conhecer as propriedades de todos os materiais
envolvidos no sistema facilita a modelagem e, possibilita encontrar um modelo (no
93
programa Ansys) que realmente represente a estrutura. Outra alteração que ajudaria
neste estudo é utilizar um elemento de fluido para representar o fluido MR, pois este
novo elemento possibilitaria estudar a interação fluido estrutura que ocorre no sistema.
Outra mudança interessante seria utilizar uma excitação com amplitude
conhecida, ou seja, usar um excitador eletromecânico para fornecer uma excitação
randômica ou senoidal para o sistema, com isto seria possível verificar se a excitação
impulsiva teve influência sobre o comportamento do fluido, pois com este tipo de
excitação poderíamos garantir que a excitação seria aplicada sempre no mesmo ponto e
com a mesma energia (amplitude).
Poderia ser estudada a inflncia da temperatura no comportamento do fluido e,
se possível, adquirir um novo fluido com composição diferente do utilizado neste
trabalho, para verificar se independente da composição o comportamento dos fluidos
magnetoreológico permanece o mesmo. A relação entre corrente elétrica e campo
magnético que considere a distância entre os solenóides, também, deve ser reavaliada
em trabalhos futuros.
5.4 Artigos originados desta dissertação
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