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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
CENTRO DE TECNOLOGIA E URBANISMO
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
CASSIO KAMINAGAKURA
AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS FATORES INTERVENIENTES NO
CONSUMO DE ÁGUA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E
NUTRIÇÃO COMO SUBSÍDIO PARA O SEU USO RACIONAL
LONDRINA
2005
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CASSIO KAMINAGAKURA
AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS FATORES INTERVENIENTES NO
CONSUMO DE ÁGUA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E
NUTRIÇÃO COMO SUBSÍDIO PARA O SEU USO RACIONAL
Dissertação apresentada à Universidade Estadual
de Londrina para obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Edificações e Saneamento.
Orientador: Prof. Dr. Aron Lopes Petrucci
LONDRINA
2005
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Dedico este trabalho aos meus pais, Regina e
Carlos, pelo apoio incondicionável e pela
confiança, demonstrando ser a base eterna na
busca de minhas realizações.
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por me fazer forte e perseverante, permitindo o crescimento e aprendizado
de vida nesta difícil caminhada.
A todos os meus familiares que acompanharam e incentivaram de perto, em especial
à minha irmã, Denise, e ao meu tio, Flávio.
Aos amigos do curso de mestrado, pelo crescimento em conjunto, em especial aos
irmãos Luis Ricardo Lopes e Rubens Jr. Andrade de Campos.
À Patrícia, pelo carinho e companheirismo durante a etapa final do trabalho.
A toda equipe do curso, professores e funcionários, que viabilizaram a formação
deste programa de mestrado.
Em especial à professora Sandra, pela atenção, apoio e orientações a esta
pesquisa.
Ao professor Simar, pela participação e colaboração na banca examinadora.
Ao professor Aron, que abriu as portas para o importante tema do Uso Racional da
Água.
À professora Ercília, pelo aprendizado do sentido de uma pesquisa científica.
À professora Lúcia Helena de Oliveira e à Sônia Maria Nogueira, pela contribuição
no acesso a bibliografias.
A todos da empresa HIDRALUZ, pelo apoio na realização deste mestrado
juntamente com o desenvolvimento profissional.
A SANEPAR, pelos equipamentos cedidos para a realização da pesquisa.
Às empresas que permitiram e auxiliaram o estudo de caso e a todos os funcionários
envolvidos na coleta de dados.
Às nutricionistas das unidades pelos esclarecimentos e atenção.
A todos os amigos presentes fisicamente e espiritualmente nesta jornada.
A todos que de alguma forma contribuíram para a realização desta pesquisa.
RESUMO
O atual paradigma da gestão da água vem fazendo surgir diversos estudos com o
objetivo de otimizar o consumo e reduzir os desperdícios nos sistemas prediais.
Dentre as diversas tipologias de edifícios, os restaurantes para coletividades,
denominados de Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN’s), são considerados
grandes consumidores de água e necessitam de uma atenção especial pelo caráter
multidisciplinar que envolve a gestão do uso da água, integrada aos aspectos
funcionais específicos do setor. O objetivo geral deste estudo é avaliar os principais
fatores intervenientes no consumo da água em UAN’s como subsídio para o seu uso
racional.O referencial teórico buscou os diversos aspectos relacionados às
características próprias das UAN’s e os fundamentos aplicados nos Programas de
Uso Racional da Água em edifícios em geral, de modo a criar uma visão sistêmica
do assunto.No estudo de caso foram avaliadas três empresas prestadoras de
serviço no segmento de alimentação coletiva, além de análises no Restaurante
Universitário da Universidade Estadual de Londrina (RU). Esse estudo exploratório
consistiu em um levantamento de dados para a análise das condições dos sistemas
e também na avaliação do consumo nas unidades, tendo como instrumento a
medição setorizada.São apresentadas análises comparativas do consumo em
atividades com uso intenso da água, avaliando ações com potencial de redução do
consumo. Os resultados indicam uma otimização do uso nas 3 avaliações
realizadas. Na avaliação da atividade de higienização de louças e utensílios, a
utilização de máquina de lavagem automática de louça resultou em um consumo
60% menor comparado com a atividade realizada de forma manual; no preparo de
folhagens, a mudança dos procedimentos de acordo com as Boas Práticas de
Fabricação resultou na redução do consumo em 28%; e ainda nessa atividade, a
substituição de torneiras convencionais por torneiras economizadoras apresentou
uma redução de 21%. Já na avaliação do consumo geral do RU foram apresentados
resultados que indicam uma variação do índice de consumo médio de acordo com a
faixa de número de refeições servidas, o que demonstra a influência de outros
fatores para compor o perfil de consumo de uma UAN, além do número de refeições
a serem preparadas.A partir de todas as análises realizadas foram discutidos os
principais fatores que contribuem para a otimização do uso da água e o combate ao
desperdício, envolvendo aspectos de projeto, de gestão do processo produtivo e de
implantação de ações tecnológicas.Dessa forma, o presente estudo busca contribuir
para o planejamento e concepção das UAN’s, além de criar subsídios para a
implantação de um eficiente sistema de gestão da água.
Palavras-chave: uso racional da água, conservação da água, Unidades de
Alimentação e Nutrição, restaurantes coletivos, sistemas prediais.
ABSTRACT
The recent water management paradigm is rising many studies aimed to optimize
water consume and to reduce its waste in plumbing systems. Among building
tipologies food services are considered great water consumers and need a special
attention due to the multidisciplinar character that envolves gestion of water use
integrated to the sector´s productive aspects. The main goal of this study is to
evaluate the major factors that interfere in water consumption at food services
focusing in rational use. In the revision it was presented some aspects related to
particular food services characteristics and the fundamentals of a rational use of
water in plumbing systems in order to create basis for a sistemic vision of the matter.
Three enterprises in food services field and Londrina State University´s Restaurant
were assessed as study cases. This exploratory study consisted in taking data to
analyse the conditions of each system and also evaluate their water consumption
using the sectorized measurement method as instrument. Comparative analysis of
intense water consumption are presented evaluating actions with potencial consume
reduction. The results indicate a use optimization in the three assessments realized.
Evaluating washing up activities the use of water machine resulted 60% less
consume of water compared to the same activity realized manually. In Salad
preparing the change of procedures according to Good Manners of Fabrication
resulted 28% less consume of water and also in this activity the substitution of old
taps by economic ones presented a consume of water reduction of 21%.In
University´s Restaurant evaluation the results indicate a variation on the average
consume according to the number of meals served. It demosntrates an inffluence of
other factors to compose the consume profile of a Food Service.Taking in
consideration all the analysis it was discussed the major factors that contrbute to the
optimization of water use and combat against water waste involving design aspects,
gestion of productive process and implementations of techonological actions. So, this
present study searchs to contribute to the planning and conception of food service
units and to create subsides to implantation of an efficient water management
system.
Keywords: water conservation, food service, plumbing systems.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABERC - Associação Brasileira de Empresas de Refeições Coletivas
ABIA - Associação Brasileira da Indústria de Alimentos
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADO - Avaliação Durante Operação
AF - Água Fria
APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
AQ - Água Quente
BT - Boletim Técnico
CFN - Conselho Federal de Nutricionistas
D.O.E./SP – Diário Oficial do Estado de São Paulo
DTA - Documento Técnico de Apoio
HACCP - Hazaard Analizes Control Critics Points
IC - Índice de Consumo
ICe – Índice de Consumo Estimado
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
MBP - Manual de Boas Práticas
NBR - Norma Brasileira Regulamentadora
ONU - Organização das Nações Unidas
PBQP-H - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Habitação
PIQ - Padrões de Identidade e Qualidade
PNCDA - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos
PRÓ-ÁGUA - Programa de Conservação de Água
PURA - Programa de Uso Racional da Água
RU - Restaurante Universitário
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná
SHPs - Sistemas Hidráulicos Prediais
UAN - Unidade de Alimentação e Nutrição
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
USP - Universidade de São Paulo
VDR - Volume de Descarga Reduzido
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura geral para desenvolvimento da pesquisa...............................27
Figura 2 – Fluxo do processo produtivo .................................................................35
Figura 3 Modelos de máquinas de lavagem de louças e utensílios .......................53
Figura 4 – Fluxograma representativo da estrutura do Programa de Gestão do
Uso da Água em Edificações (SANTOS, 2002).........................................74
Figura 5 – Fluxograma para implantação de PURA em edifícios...........................78
Figura 6 – Modelos de torneira e válvula de descarga para mictório com tempo de
fluxo determinado......................................................................................80
Figura 7 - Torneira acionada por infravermelho .....................................................82
Figura 8 – Arejador de torneira...............................................................................83
Figura 9 – Modelos de válvulas com acionamento pelo pé – tipo alavanca,
embutido no piso e embutido na parede ....................................................84
Figura 10 – Torneira com prolongador...................................................................85
Figura 11 – Regulador de vazão............................................................................85
Figura 12 – Válvula de descarga com volume de descarga fixo ............................87
Figura 13 – Restritor de vazão para chuveiro.........................................................88
Figura 14 – Torneira e misturador monocomando .................................................89
Figura 15 – Subsolo técnico do RU........................................................................108
Figura 16 – Empresa “A” – Hidrômetros do consumo geral ...................................114
Figura 17 – Empresa “A” – Hidrômetros do setor de hortifruti................................115
Figura 18 – Empresa “A” – Hidrômetros do setor de higienização de utensílios do
refeitórios....................................................................................................115
Figura 19 – Empresa “B” – Hidrômetro instalado na saída do misturador..............116
Figura 20 – Empresa “C” – Indicação do local de instalação e detalhe do
hidrômetro .................................................................................................116
Figura 21 – Hidrômetro instalado na rede de alimentação do RU..........................117
Figura 22 – Utensílios do refeitório na rede de alimentação do RU .......................118
Figura 23 – Torneira convencional.........................................................................126
Figura 24 – Torneira economizadora .....................................................................126
Figura 25 – Índice de consumo histórico – Rest. Universitário...............................130
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Refeições por categoria de gestão (em milhões de refeições/dia).......29
Tabela 2 – Avaliação do concurso da empresa “C” – Lavagem manual dos
utensílios ....................................................................................................120
Tabela 3 – Avaliação do concurso da empresa “A” – Lavagem mecânica dos
utensílios ...................................................................................................121
Tabela 4 – Avaliação do consumo – Empresa “B” – preparo de folhagens
(alface) antes de mudança dos procedimetnos..........................................123
Tabela 5 Avaliação do consumo – Empresa “B” – preparo de folhagens (alface)
de acordo com Manual de Boas Práticas..................................................124
Tabela 6 – Avaliação do consumo – Empresa “A” – preparo de folhagens
(alface) com torneira convencional............................................................127
Tabela 7 – Avaliação do consumo – Empresa “A” – preparo de folhagens
(alface) com torneira economizadora ........................................................128
Tabela 8 – Índice de consumo histórico – Rest. Universitário................................129
Tabela 9 – Índice de consumo por faixa de número de refeição servidas no RU...131
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................14
1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................21
1.2 O
BJETIVOS.........................................................................................................24
1.3 E
STRUTURA DO TRABALHO..................................................................................24
2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA...................29
2.1 P
ROCESSO PRODUTIVO TRADICIONAL DAS UAN’S.................................................33
2.2 N
UTRICIONISTA...................................................................................................40
2.3 Á
REAS DAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO............................................42
2.3.1 Área para reconhecimento de mercadorias...................................................43
2.3.2 Área de inspeção, pesagem e higienização de mercadorias ........................43
2.3.3 Área para armazenamento à temperatura ambiente.....................................43
2.3.4 Área para armaz4enamento à temperatura controlada.................................44
2.3.5 Área para pré-preparo e preparo...................................................................44
2.3.5.1 Preparação de carnes................................................................................45
2.3.5.2 Área para preparação de hortifrutigranjeiros..............................................45
2.3.5.3 Área de cereais ..........................................................................................45
2.3.5.4 Área para preparação de massas e sobremesas.......................................46
2.3.5.5 Áreas para outros preparos........................................................................46
2.3.6 Área para cocção ..........................................................................................46
2.3.7 Área para higienização de mãos...................................................................47
2.3.8 Área para expedição das preparações..........................................................47
2.3.9 Área para higienização de utensílios usados no processamento..................47
2.3.10 Área para distribuição das refeições ...........................................................48
2.3.11 Refeitório.....................................................................................................48
2.3.12 Área para higienização de bandejas e utensílios de mesa..........................48
2.3.13 Área para depósito de lixo...........................................................................49
2.3.14 Área de caixotaria........................................................................................49
2.3.15 Área para depósito e higienização do material de limpeza .........................49
2.3.16 Área para instalações sanitárias e vestuários .............................................50
2.3.17 Área administrativa......................................................................................50
2.4 E
QUIPAMENTOS..................................................................................................50
2.5 S
ISTEMA PREDIAL DE ÁGUA.................................................................................55
2.6 H
IGIENE E SAÚDE ...............................................................................................60
2.6.1 Higienização manual de utensílios................................................................62
2.6.2 Higienização mecânica de utensílios.............................................................62
2.6.3 Higienização de equipamentos .....................................................................63
2.6.4 Higienização de caldeiras..............................................................................63
2.6.5 Higienização dos ambientes em geral...........................................................64
2.7 C
ONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA E MATÉRIA-PRIMA..........................................65
3 USO RACIONAL DA ÁGUA EDIFÍCIOS............................................................68
3.1 M
ETODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE USO RACIONAL DA ÁGUA EM
EDIFÍCIOS (PURA).........................................................................................69
3.1.1 Auditoria do consumo de água......................................................................70
3.1.1.1 Diagnóstico preliminar do consumo de água..............................................71
3.1.2 Levantamento do edifício ..............................................................................72
3.1.2.1 Levantamento do sistema hidráulico predial ..............................................72
3.1.2.2 Detecção de vazamentos...........................................................................72
3.1.2.3 Sistemas hidráulicos especiais...................................................................73
3.2.2.4 Levantamento dos procedimentos dos usuários ........................................73
3.1.3 Diagnostico do consumo de água no edifício................................................73
3.1.4 Plano de intervenção.....................................................................................74
3.1.4.1 Campanha de conscientização ..................................................................75
3.1.4.2 Correção de vazamentos ...........................................................................75
3.1.4.3 Substituição de componentes convencionais por economizadores de
água...........................................................................................................76
3.1.4.4 Redução de perdas e reaproveitamento de água em sistemas hidráulicos
especiais....................................................................................................76
3.1.4.5 Campanha educativa..................................................................................76
3.1.5 Avaliação do impacto de redução do consumo de água...............................77
3.2 A
ÇÕES TECNOLÓGICAS PARA USO RACIONAL DA ÁGUA ..........................................79
3.2.1 Aparelhos economizadores...........................................................................79
3.2.1.1 Torneiras e válvulas com tempo de fluxo determinado ..............................79
3.2.1.2 Torneiras e válvulas acionadas por sensor................................................81
3.2.1.3 Arejadores..................................................................................................82
3.2.1.4 Válvulas com acionamento pelo pé............................................................83
3.2.1.5 Pulverizadores e prolongadores.................................................................84
3.2.1.6 Reguladores de vazão................................................................................85
3.2.1.7 Bacias sanitárias com volume de descarga reduzido (VDR)- 6 litros.........86
3.2.1.8 Restritores de vazão para chuveiros..........................................................87
3.2.1.9 Torneiras monocomando...........................................................................88
3.2.2 Detecção e correção de vazamentos............................................................89
3.2.3 Medição setorizada .......................................................................................91
3.3 E
STUDOS DE CASO DE IMPLANTAÇÃO DE PURAS EM UANS....................................93
3.3.1 Cozinha SABESP..........................................................................................93
3.3.2 Cozinha FORD..............................................................................................94
3.3.3 Cozinha InCOR .............................................................................................95
4 ESTUDO DE CASO – ANÁLISE DOS FATORES RELEVANTES AO USO
RACIONAL DA ÁGUA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E
NUTRIÇÃO ................................................................................................96
4.1 P
ROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .....................................................................96
4.2 R
ESULTADOS......................................................................................................101
4.2.1 Levantamento das Características Gerais das UAN’s...................................101
4.2.1.1 Empresa “A” ..............................................................................................101
4.2.1.2 Empresa “B” ..............................................................................................104
4.2.1.3 Empresa “C” ..............................................................................................105
4.2.1.4 Restaurante Universitário – Universidade Estadual De Londrina...............107
4.2.2 Análises dos Procedimentos do Uso da Água...............................................110
4.2.3 Avaliação do Consumo..................................................................................113
4.2.3.1 Análise comparativa do processo de lavagem de utensílios mecanizada x
manual – Empresa “A”, Empresa “C” ........................................................117
4.2.3.2 Avaliação do consumo decorrente de mudanças de procedimentos no
preparo de folhagens – Empresa “B” .........................................................122
4.2.3.3 Avaliação do consumo decorrente da implantação de torneiras
economizadoras – Empresa “A” ................................................................126
4.2.3.4 Resultados do consumo geral do Restaurante Universitário......................129
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................................................132
5.1 C
ONCEPÇÃO E PROJETO DE UAN’S......................................................................132
5.2 G
ESTÃO DO PROCESSO PRODUTIVO.....................................................................135
5.3 I
MPLANTAÇÃO DE AÇÕES TECNOLÓGICAS .............................................................138
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................142
6.1 C
ONCLUSÕES.....................................................................................................142
6.2 R
ECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS......................................................145
REFERÊNCIAS......................................................................................................147
ANEXOS................................................................................................................153
14
1 INTRODUÇÃO
A água potável, elemento essencial à existência e ao bem-estar da
humanidade, vem trazendo uma preocupação crescente quanto à sua
disponibilidade e ao seu acesso. Sendo a água um recurso condicionante do
desenvolvimento econômico e do bem-estar social, cada vez mais cresce a
mobilização em torno de um novo paradigma de sua gestão. A preocupação
concernente à disponibilidade da água é justificável, exercendo uma influência
decisiva nos diversos fatores sociais, econômicos e até políticos.
Se essa preocupação vem ganhando cada vez mais espaço nos
fóruns de discussão é porque sua escassez vem se tornando um problema real em
vários locais do planeta. Trata-se, sim, de um recurso renovável pela própria
natureza, porém, é limitado.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU, 2002),
embora a água cubra 70 por cento da superfície do planeta, apenas 2,5 por cento é
água doce; destes, 70 por cento estão congelados em calotas glaciais. Isso faz com
que menos de 1 por cento de toda a água esteja disponível à utilização humana,
sendo necessário ainda subtrair a parcela de água que se encontra em locais de
difícil acesso ou aquela já muito poluída.
No entanto, não são somente esses dados que justificam a
preocupação em relação a um possível colapso ao acesso da água potável.
Segundo Gleick (2000), a exploração irracional, o agravamento da poluição dos
recursos hídricos em muitas regiões do mundo e a implantação progressiva de
15
atividades incompatíveis com o ciclo de renovação deste bem são fatores que
tornam cada vez mais iminente o risco de uma escassez generalizada.
Um dos fenômenos preocupantes para essa questão é o
crescimento demográfico. Segundo dados da UNESCO, espera-se que a população
mundial, que em 1999 era de aproximadamente 6 bilhões, chegue a 7,9 ou 9,1
bilhões de pessoas em 2025 (SELBORNE, 2001). A conseqüência baseada no
modelo atual de desenvolvimento é que para sustentar este rápido crescimento
adota-se a alternativa de uma exploração desenfreada de recursos naturais. Em
vista disso, o crescimento da demanda mundial de água potável é consensualmente
previsto nos meios técnicos e científicos internacionais. Esse crescimento tende a
tornar-se uma das maiores pressões antrópicas sobre os recursos naturais do
planeta.
Além do crescimento demográfico, há também a preocupação com
diversos outros fenômenos. Segundo Tucci (2001), a variação de consumo da
população é influenciada de acordo com o poder aquisitivo da população. Dessa
forma, mesmo que a população tenda à estabilização, haverá um aumento da
demanda por água, dada uma melhoria do nível econômico e social. Como
agravante desta relação entre desenvolvimento e meio ambiente, o crescimento das
cidades gera também o acréscimo da poluição, propiciando a contaminação de
mananciais e das águas subterrâneas.
O problema é que o modelo atual de desenvolvimento, onde há um
estímulo permanente ao consumo, utiliza a natureza como uma inesgotável fonte de
energia e matéria prima e como receptáculo dos dejetos produzidos pela sociedade.
Essa contaminação prejudica principalmente os países em desenvolvimento, onde o
acesso ao saneamento ainda está longe do ideal. Reflexo desses problemas pode
16
ser avaliado por números divulgados pela ONU (2002): cerca de 40% dos habitantes
do planeta não têm acesso a serviços de saneamento adequado, sendo que 80%
das doenças no mundo em desenvolvimento relacionam-se diretamente a esse fator.
A implantação ou melhoria dos serviços de abastecimento de água e coleta de
esgoto traz como resultado uma rápida e sensível melhoria na saúde e nas
condições de vida de uma comunidade, através do controle e prevenção de doenças
e de preservação do ambiente.
Acrescenta-se a esses problemas a distribuição desigual dos
recursos hídricos em todo o mundo. Mesmo o Brasil, que é considerado um país
com uma rede hidrográfica privilegiada em relação às outras nações, sofre com
constantes desafios para o acesso de água potável a toda sua população
(MIERZWA, 2002). Prova disso são as regiões atingidas pela seca e os freqüentes
rodízios de racionamento atingindo algumas regiões metropolitanas. Além disso, a
água, por ser um bem de uso difuso e público, gera um impasse de seus usos
múltiplos e, ao tornar-se um recurso dotado de valor econômico, passa a ser um
gerador potencial de conflitos entre diversos usuários.
Os problemas atuais que se levantam no domínio dos recursos
hídricos impõem a necessidade de evitar que a crescente escassez de água possa
constituir obstáculo ao desejável desenvolvimento sócio-econômico. Nesse sentido,
referencia-se como um importante instrumento a Agenda 21, documento produzido
na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
1992, no Rio de Janeiro. Nesse documento, consenso entre a maioria das nações
do planeta, foram estabelecidas metas programáticas que propõem transformações
significativas nos valores e na cultura que fundamentam a vida em sociedade,
17
estimulando, assim, mudanças em seus modos de produção e consumo,
reconhecidamente insustentáveis.
Em suma, sendo a água um elemento essencial à vida e,
simultaneamente, um fator condicionante das atividades produtivas, ocorrendo sua
disponibilidade com irregularidades espaciais e temporais, a sua utilização criteriosa
e sustentável e a proteção dos ecossistemas associados impõem um planejamento
da gestão dos recursos hídricos que norteie uma política antecipativa e que modere
e compatibilize os objetivos da sociedade. Como bem argumenta Santos (2002),
atualmente a humanidade se depara com esta relação dualista, da necessidade do
acesso à água para o desenvolvimento sadio da sociedade, e ao mesmo tempo a
necessidade de promover a sustentabilidade dos recursos hídricos.
Diante da situação apresentada, torna-se necessário o
desenvolvimento de uma gestão adequada da água nos mais diversos setores da
nossa sociedade. Um reflexo dessa necessidade verifica-se na Lei 9.433, de 08 de
janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, e
apresenta no art. 1º como um de seus fundamentos:
“VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e
contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.”
Em seu capítulo 18, a Agenda 21 elucida no item 18.3:
“A escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da
poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado
da implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o
planejamento e manejo integrados desses recursos. Essa integração
deve cobrir todos os tipos de massas inter-relacionadas de água
doce, incluindo tanto águas de superfície como subterrâneas, e levar
devidamente em consideração os aspectos quantitativos e
qualitativos. Deve-se reconhecer o caráter multissetorial do
desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do
desenvolvimento socio-econômico... Os planos racionais de
18
utilização da água para o desenvolvimento de fontes de suprimento
de água subterrânea ou de superfície e de outras fontes potenciais
têm de contar com o apoio de medidas concomitantes de
conservação e minimização do desperdício.”
Dessa forma, a redução do desperdício torna-se uma
responsabilidade difusa, onde o setor público, setor privado e sociedade civil devem
estar atentos a essa questão. A eficácia dessas normas impele combinar a
utilização destes instrumentos diretos e indiretos, que configuram um modelo de
comando e controle através de ações políticas, econômicas, tecnológicas, sociais,
entre outras.
O agravamento da falta de água nas grandes metrópoles e nas
cidades médias, onde se concentra o aumento da urbanização, justifica o estudo das
condições de sua utilização que atualmente só tendem a piorar essa situação.
Segundo BARRETO (1998), o consumo excessivo de água de uso urbano deve ter
uma preocupação especial. Essa preocupação é devido aos custos exigidos para
tratamento e recuperação da água servida e poluída, de modo a garantir o acesso
da água conforme os padrões de qualidade exigidos.
Nesse contexto, uma estratégia de ação para a solução do problema
exposto é o controle da demanda. Surge então a importância dos sistemas prediais,
que devem atender as necessidades dos usuários de forma eficiente e, ao mesmo
tempo, contribuírem para a promoção da sustentabilidade do habitat. Neste nível de
abordagem mais próximo ao usuário final são grandes as possibilidades de
intervenção e o potencial de resultados.
Os Programas de Uso Racional da Água, ou mesmo ações isoladas
consideradas sob o enfoque dos sistemas prediais, têm sido intensamente aplicados
19
nos últimos anos. O desenvolvimento de pesquisas que abrangem a análise do uso
da água dentro de diferentes tipologias de edificações permite a obtenção de
parâmetros que orientam e estimulam a implantação destes tipos de ações,
mormente em edifícios com características similares. Segundo Oliveira (1999),
pode-se implementar as seguintes ações para a redução do consumo e de
desperdícios em edifícios:
ações econômicas – ocorrem através de incentivos ou
desincentivos econômicos, como por exemplo, subsídios para a
aquisição de sistemas economizadores, medidas de inibição de
consumo através da elevação da tarifa de água, entre outros;
ações sociais– obtidas através de campanhas educativas e
conscientização do usuário visando a adequação de procedimentos
para a correta utilização da água;
ações tecnológicas – através de substituição de sistemas e
componentes convencionais por economizadores de água, de
correção de vazamentos, de implantação de medição setorizada,
enfim, todas as tecnologias disponíveis para uma otimização do
uso da água.
Dentre as diversas tipologias de edificações, destacam-se como
grandes consumidores os restaurantes coletivos. Os estabelecimentos que
trabalham com produção e distribuição de alimentação para coletividades
atualmente recebem o nome de Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN). O setor
de alimentação coletiva vem se tornando um mercado representativo na economia
20
mundial, cujo ritmo de vida moderno contribui significativamente para a conquista
deste espaço. O número de refeições realizadas fora de casa já é bastante
significativo em países da Europa Ocidental e Estados Unidos (RASTOIN e VIALA
apud MATOS, 2000). Atualmente no Brasil, o mercado da alimentação preparada
fora do lar responde por um quarto de toda a indústria do segmento, segundo dados
da ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos). Paulatinamente as
famílias estão substituindo as refeições caseiras por alimentos preparados fora do
lar.
O aumento do consumo da alimentação fora de casa reflete a
importância das unidades que prestam serviços de alimentação. A dimensão e a
importância do setor na economia nacional podem ser medidas a partir dos números
gerados pelo segmento no ano 2002. Segundo a Associação Brasileira de Empresas
de Refeições Coletivas (ABERC, 2003), o mercado de refeições coletivas forneceu
4,9 milhões de refeições/dia, movimentando uma cifra superior a 4 bilhões de reais
por ano, oferecendo 150 mil empregos diretos, e consumindo diariamente um
volume de 2,5 mil toneladas de alimentos. Ainda segundo a ABERC, calcula-se que
o potencial teórico das refeições coletivas no Brasil é superior a 40 milhões de
unidades diariamente.
Diante de todo esse contexto, percebe-se que é necessário dedicar
atenção especial aos efeitos crescentes da urbanização sobre a demanda e o
consumo de água. Intui-se que nos tempos atuais os problemas relacionados ao
mau uso da água devem estar sendo equacionados de modo rápido e prático.
Isso inclui o setor da alimentação, a que cabe ressaltar ainda as
alterações sociais e econômicas que estão modificando as necessidades de
21
alimentação e as exigências dos consumidores finais. Para se adequarem à nova
realidade, as empresas do setor têm sido levadas a rever seus processos de
trabalho e suas formas de administração.
Dessa forma torna-se evidente a busca de uma postura ética,
racional e estratégica, que incorpore a importância deste novo paradigma de gestão
sustentável da água, vinculado a interesses sociais e econômicos.
1.1 J
USTIFICATIVA
Diante do exposto até aqui, percebe-se que nos mais diversos
setores da sociedade há a necessidade de se aplicar medidas de conservação e
racionalização do uso da água, o que ocorre em grande parte dentro dos edifícios.
Para isso é necessário o conhecimento do uso da água nos mesmos, como subsídio
de elaboração de um plano de intervenção para reduzir o seu consumo. O estágio
atual dos estudos voltados à implantação de Programas de Uso Racional da Água
(PURA’s) requer ainda enfoques específicos para determinadas tipologias de
edifícios.
As UAN’s são órgãos de funcionamento complexo, visto que nelas
são desenvolvidas atividades que se enquadram nas funções técnicas,
administrativas, comerciais, financeiras e de saúde. Uma abordagem mais sistêmica
da gestão de uma UAN contribui para o desenvolvimento deste setor. Desta forma,
nessa visão ampla deve-se incluir também as análises do uso da água, que deve ser
considerado um aspecto tão importante quanto qualquer outro processo.
Nessa tipologia de edifício encontram-se diversos pontos de
utilização da água, seja no processo produtivo das refeições, seja nos processos de
22
limpeza e higienização pessoal e ambiental. O desconhecimento das reais
condições da fase de operação, por parte dos profissionais da área de projetos,
muitas vezes provoca a concepção de sistemas que não são adequados às
necessidades das UAN’s. É necessário um estudo das principais atividades que
permita a análise de procedimentos inerentes à otimização do uso da água no
processo produtivo.
Além disso, freqüentemente a produção de refeições exige uma alta
produtividade em tempo limitado, envolvendo aspectos conjuntos de ambiente,
saúde e processos. Dessa forma, cresce a importância da caracterização das
condições e dos requisitos para a escolha das melhores ações a serem implantadas
de forma compatível com o funcionamento do sistema.
Dentre as ações possíveis para a redução do consumo, ocorre
atualmente uma ênfase em ações tecnológicas em diversos estudos, devido a esse
tipo de ação apresentar uma perspectiva de maior redução do uso e dos
desperdícios. Segundo Oliveira (1999) a concepção de sistemas e componentes
economizadores de água preconiza um menor consumo, maior desempenho e
menor influência do usuário na economia de água. No entanto, as UAN’s incorporam
características que possibilitam o controle de processos e procedimentos de sua
produção. Sendo assim, as ações sociais que conduzem a boas práticas no uso da
água devem ser igualmente analisadas para a otimização do consumo.
Diante dos diversos fatores que envolvem a otimização do uso da
água, surge então a questão considerada como o problema da pesquisa: quais os
principais fatores a serem considerados visando o uso racional da água em UAN’s
no processo produtivo tradicional?
23
A resposta a essa questão busca não só instrumentalizar os
profissionais envolvidos no planejamento de UAN’S, como também contribuir com
aspectos técnicos e de gestão do uso da água ao longo de seu funcionamento.
Quanto ao planejamento, o projetista, segundo Amorim (2002), está
em constante busca de informações que o auxiliem a escolher entre as várias
opções de equipamentos, materiais e componentes existentes no mercado. Assim, a
identificação da principais tecnologias disponíveis para a racionalização do uso da
água passíveis de serem implantadas em UAN’s contribuem para a questão e faz-
se necessário o seu conhecimento.
Já no gerenciamento, a maioria das UAN´s possui profissionais com
formação em Nutrição, cuja especialidade é em relação à saúde, mas que ao
mesmo tempo acumula a função administrativa da unidade. O nutricionista busca
garantir não somente refeições nutricionalmente adequadas e que proporcionem
satisfação aos clientes, como também, que sejam produzidas com eficiência. É
necessário atualmente incorporar e esclarecer para esses profissionais os conceitos
e formas de uma gestão do uso da água.
Com isso, a necessidade de uma sistematização para o seu uso
racional e a análise das principais variáveis que influem no consumo justificam um
estudo para a contribuição nesta tipologia de edificação que é considerada um
grande consumidor de água nos sistemas prediais.
1.2 O
BJETIVOS
Em vista da problemática apresentada, define-se como objetivo geral
da pesquisa avaliar os principais fatores intervenientes no consumo da água em
24
Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN’s). A consecução desse objetivo busca
contribuir para o planejamento e concepção das unidades, além de criar subsídios
para a implantação de um sistema de gestão da água visando o seu uso racional.
Apresenta-se como objetivo específico a avaliação do consumo das
unidades no estudo de caso, como forma de fundamentação e análise de aspectos
relevantes inseridos no contexto do objetivo geral.
1.3 E
STRUTURA DO TRABALHO
Para atender os objetivos propostos foi realizada, como primeira
etapa na estratégia de pesquisa, uma revisão bibliográfica para a fundamentação
teórica e criação de uma base conceitual do assunto.
O estudo teórico resultou do processo de levantamento e análise do
que já foi publicado sobre três temas: a água e sua questão ambiental, a
caracterização de UAN’s e o uso racional da água em edifícios em sentido amplo.
O primeiro tema foi abordado no capítulo introdutório, sendo
apresentado o panorama atual da água e os agravantes para sua escassez. O
intuito é proporcionar uma reflexão sobre a importância do uso adequado da água
em todos os setores da sociedade, com ênfase no mercado de refeições para
coletividades.
No segundo capítulo, o estudo de caracterização de UAN’s
compreende o entendimento deste setor, principalmente para a formação de
subsídios que auxiliem na obtenção dos requisitos da utilização da água no
processo produtivo e exigências para procedimentos de acordo com as boas
práticas recomendadas. São apresentadas algumas das tipologias das Unidades de
25
Alimentação e Nutrição, a classificação e as características de processos das
unidades, o papel do nutricionista, objetivando assim uma visão geral do setor. Além
disso, há tópicos específicos perante as questões da higiene e saúde, do controle de
qualidade da água e matéria-prima, dos sistemas prediais de água e dos
equipamentos de UAN’s pois tratam-se de aspectos importantes associados ao uso
da água.
O terceiro capítulo trata especificamente do uso racional da água em
edifícios. A base para a compreensão dos fatores necessários para uma gestão da
água é a metodologia de implantação de Programas de Uso Racional da Água
(PURA’s), proposta por Oliveira (1999). São apresentadas também as principais
ações que contribuem para a redução do seu consumo, com ênfase nas ações
tecnológicas. Ainda neste capítulo são analisados resultados de PURA’s
implantados em UAN´s situadas em território nacional.
Através da revisão buscou-se também a obtenção de subsídios para
conduzir a coleta e a análise de dados, pois o referencial teórico favorece a
visualização de contornos mais precisos do problema a ser estudado, estabelecendo
definições conceituais e operacionais das principais variáveis envolvidas.
Evoluindo na estratégia de pesquisa foi descrito o método utilizado
na pesquisa através do estudo de caso em três empresas prestadoras de serviço no
segmento de alimentação industrial, além de análises no Restaurante Universitário
da Universidade Estadual de Londrina (RU) cuja administração é da própria
instituição.
26
Inicialmente realizou-se um levantamento de dados para a análise
das condições do sistema, envolvendo os principais aspectos físicos, administrativos
e comportamentais.
Após esses procedimentos foi realizada a caracterização do perfil de
consumo de cada unidade. Foi utilizada a medição setorizada para determinados
processos através da instalação de hidrômetros em pontos-chave do sistema
hidráulico. Assim, como forma de avaliar algumas das ações para a redução do
consumo, foram realizadas análises comparativas do consumo de atividades
significativas no uso da água, avaliando o impacto de redução dessas atividades
após a implantação de algumas ações escolhidas após um estudo preliminar.
No quinto capítulo é apresentada a discussão dos resultados pela
análise e interpretação dos dados obtidos.
E no sexto capítulo são apresentadas as considerações finais da
pesquisa realizada, incluindo as conclusões e recomendações que contribuem no
planejamento de UAN’s e na implantação e gerenciamento de PURA’s.
A figura 1, apresentada na página seguinte, ilustra a estratégia
adotada para o desenvolvimento da pesquisa.
27
não
Resultados
satisfatórios?
ESTUDO DE CASO
AN
Á
LISES E CONCLUSÕES
sim
REVISÃO TE
Ó
RICA
COLETA DE DADOS
INTERPRETAÇÃO DOS
DADOS
IDENTIFICAÇÃO DOS
FATORES RELEVANTES
não
Permite
conclusões?
sim
USO RACIONAL DA
Á
GUA EM
EDIFICIOS
- Metodologia para implantação de
PURA’s em edifícios;
- Ações tecnológicas;
- Estudos de caso de PURA’s em UAN’s.
UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E
NUTRIÇÃO
- Características gerais;
- Processo produtivo tradicional;
- Áreas;
- Equipamentos;
- Sistema hidráulico predial;
- Hi
g
iene e saúde.
PROBLEMA DE PESQUISA
Quais os principais fatores
pertinentes ao uso racional da
água em UAN’s?
RECOMENDAÇÕES PARA O
USO RACIONAL DA
GUA EM
UAN’s
Figura 1 . Estrutura geral para desenvolvimento da pesquisa.
28
2 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA
Segundo Proença (1997), a segmentação inicial no mercado de
alimentação refere-se às refeições feitas em casa e às refeições fora de casa. No
Brasil, o setor que abrange a alimentação fora de casa pode ser classificado em
alimentação comercial e alimentação coletiva. Do ponto de vista organizacional,
segundo Teixeira et al (1990), a UAN pode ser considerada como uma unidade de
trabalho ou órgão de uma empresa que desempenha atividades relacionadas à
alimentação e à nutrição.
Define-se o como objetivo de uma UAN o fornecimento de uma
refeição equilibrada nutricionalmente, apresentando bom nível de sanidade e que
seja adequada ao comensal. E além desse aspecto ligado à refeição, uma UAN
objetiva, ainda, satisfazer o comensal no que diz respeito ao serviço oferecido. Este
item engloba desde o ambiente físico, incluindo tipo, conveniência e condições de
higiene de instalações e equipamentos disponíveis, até o contato pessoal entre
operadores da UAN e comensais, nos mais diversos momentos.
Conforme Fonseca (2000), esse tipo de restaurante possui uma
responsabilidade muito grande perante os comensais, empresa ou instituição, pois
sua clientela é cativa, devendo o cardápio ser muito bem balanceado a fim de
atender às necessidades nutricionais para o cumprimento de suas atividades.
Ainda segundo a mesma autora, os restaurantes de coletividades
normalmente atendem um grande número de pessoas, haja vista que as empresas
que possuem um número menor de empregados oferecem vales de alimentação
com custos mais acessíveis para uma escala menor.
29
Os estabelecimentos de alimentação coletiva podem ter o sistema
de gestão própria ou ser concedido a terceiros. Na gestão própria, ou autogestão, a
própria empresa é responsável por providenciar instalações, equipamentos e
matéria-prima, pela administração dos recursos humanos e pela implantação de
rotinas técnico-administrativas. Entretanto, neste tipo de gestão muitas vezes ocorre
uma sobrecarga técnico-administrativa dos serviços. Mezomo (2002) demonstra a
dimensão da estrutura deste serviço, afirmando que em um hospital, por exemplo, o
sistema de alimentação consome de 12% a 13% de seu investimento em pessoal.
Surge então a outra opção de gestão, que consiste na contratação
de empresas no ramo de administração de serviços de alimentação, denominadas
concessionárias (PROENÇA, 1997). Dessa forma, segundo Mezomo (2002), pode-
se contratar uma concessionária que desenvolva as atividades do serviço de
alimentação, minimizando os custos operacionais, que devem ser controlados
mediante análise constante das cláusulas contratuais. A tabela 1 demonstra o
crescimento dessa opção no mercado.
Tabela 1- Refeições por categoria de gestão (em milhões de refeições/dia)
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Autogestão 1,2 0,9 0,7 0,6 0,57 0,50 0,40 0,30
Prestadora de
serviços
2,7 3,0 3,5 3,7 4,0 4,40 4,70 5,20
Refeições Convênio
(tíquets/cupons)
2,7 3,2 3,3 3,2 3,4 3,60 3,80 3,50
Fonte: ABERC
Há diversas classificações para as UAN’s, dentre as quais são
apresentadas referências a algumas. Uma classificação é quanto ao sistema de
distribuição. Segundo Teixeira et al (1990), o sistema pode ser centralizado,
30
descentralizado ou misto. No sistema centralizado a refeição é porcionada e
acondicionada na área de processamento e daí segue diretamente para o comensal.
O descentralizado consiste no envio da refeição às copas, em grandes quantidades,
para que sejam proporcionadas e distribuídas. E no sistema misto, algumas
refeições são distribuídas de forma centralizada e outras de forma descentralizadas.
Uma outra classificação é de acordo com o tipo de serviço utilizado,
que podem ser, de acordo com Fonseca (2000) e Teixeira et al (1990):
- Serviço de Cafeteria: consiste na distribuição da refeição através
de um balcão térmico, utilizando-se bandejas e copeiros. O comensal recebe uma
bandeja, podendo selecionar estas preparações de acordo com sua preferência,
sendo servido pelos copeiros. É tido como o tipo de serviço de mais fácil controle.
- Serviços à francesa e à inglesa: consistem nos serviços em que o
comensal é servido à mesa, por um garçom. Requer um maior tempo de distribuição
e também um maior número de funcionários. São sistemas evitados em restaurantes
institucionais, a não ser quando houver essa solicitação, normalmente restrito casos
onde há um pequeno número de comensais.
- Esteiras rolantes: consiste no recebimento da refeição através de
um guichê em bandeja pronta, com embalagem inviolável. O sistema apresenta
como desvantagem o desperdício, pois não se leva em consideração as preferências
e os hábitos alimentares dos comensais.
- “Self-service”: as preparações são dispostas em ilhas, em pontos
estratégicos do salão, de forma ao próprio comensal se servir. Geralmente conta
com padrões de cardápio mais requintados, sendo que este sistema tende a evitar
31
desperdícios, uma vez que o próprio comensal porciona sua refeição, de acordo com
as preferências e hábitos alimentares.
E por fim, na classificação quanto ao processo produtivo Proença
(1997) cita o processo tradicional, a cozinha de montagem, a cadeia fria positiva e a
negativa. O processo mais conhecido e utilizado é o processo produtivo tradicional,
sendo este o abordado no presente trabalho, e que é detalhado no próximo tópico. A
abordagem para o processo tradicional justifica-se devido ao fato do mesmo ser o
processo mais difundido atualmente, além de apresentar mais atividades
relacionadas ao uso da água. Assim, várias análises deste processo também
poderão ser associadas aos outros tipos de processos.
Um outro processo que vem sendo difundido é a chamada cozinha
de montagem, que consiste na produção de refeições a partir da combinação de
produtos alimentares pré-elaborados provenientes das indústrias agroalimentares. O
nível de utilização dos produtos pré-elaborados na produção de refeições pode ser
variável. O processo culmina naquelas unidades que funcionam somente com
atividades de aquecimento e organização da distribuição (POLVECHE e POULIAN
apud PROENÇA, 1997).
Já o processo de cadeia fria positiva ou refrigerada consiste na
produção na qual todos os produtos, crus ou cozidos são conservados sob
refrigeração, podendo ser transportados. Imediatamente após a cocção, os
alimentos devem ser resfriados até 10º C em menos de 2 horas, sendo então
estocados e transportados a 3º C. O aquecimento efetua-se no local de consumo e a
temperatura das preparações deve passar, no interior das mesmas, de 3º C a 65º C
em menos de uma hora. O objetivo deste processo é permitir a desconexão entre os
32
ritmos da produção e da distribuição, sendo de 6 dias o prazo de conservação
máximo das refeições (POULAIN apud PROENÇA, 1997).
Finalmente, o processo de cadeia fria negativa ou supergelada é
idêntico ao de cadeia fria positiva ou refrigerada, com a diferença de que, no
momento do resfriamento, a temperatura a atingir no intervalo de duas horas é de -
18º C, devendo o armazenamento e o transporte obedecer a essa mesma
temperatura. A vantagem apresentada por este processo refere-se ao prazo de
validade, que pode ser estendido por vários meses, dependendo do tipo de
preparação.
2.1 P
ROCESSO PRODUTIVO TRADICIONAL DAS UAN’S
Conforme definição de Proença (1997), o processo tradicional de
produção de refeições é aquele no qual as refeições são consumidas no mesmo
local e no mesmo dia em que são preparadas. Os alimentos preparados devem ser
mantidos até o momento do consumo em temperaturas que assegurem sua
qualidade organoléptica e microbiológica, determinando que o processo apresente
limitações tanto de cunho temporal como de rigor nas operações de manipulação.
Como regra geral, para alimentos quentes, as preparações devem ser mantidas a
65ºC ou mais.
É uma característica do processo tradicional a necessidade de
preparação e transformação de uma grande quantidade de alimentos em estado
bruto, sendo disponível um intervalo de tempo relativamente curto para a produção.
Ainda segundo a mesma autora, o processo de produção de
refeições deve equacionar questões específicas como a produção e a distribuição
33
das refeições, que se inserem num campo maior representado pelas características
intrínsecas da matéria-prima, do alimento e da conservação.
O processo produtivo pode ser organizado segundo duas funções:
- principais – são ligadas às atividades relacionadas diretamente ao
processamento dos alimentos. Correspondem à recepção de matéria prima, à
estocagem, ao pré-preparo, cocção, conservação da preparação pronta e
distribuição das refeições.
- anexas – correspondem à manutenção de utensílios e instalações.
Envolvem a higienização dos utensílios e das instalações, bem como a eliminação
dos dejetos.
O fluxo de produção segue o princípio de marcha à frente, que
consiste no planejamento de atividades de modo a não haver retrocessos no
processo produtivo. Além disso, as áreas devem seguir uma linha racional de
produção, obedecendo a um fluxo coerente e evitando cruzamento entre as
atividades. Assim, a produção deve ser planejada de maneira a distinguir os
circuitos contaminantes (dejetos e utensílios sujos), os circuitos limpos (alimentos
preparados e utensílios limpos), circuitos de operadores e clientes. Como as
diversas atividades são bem definidas e as questões de higiene impõem a
necessidade de respeito ao não cruzamento dos diversos fluxos, as instalações
contam, normalmente, com locais específicos para cada atividade.
As atividades de produção geralmente são organizadas e
planejadas em função do cardápio diário. A composição do cardápio exerce
influência, também, na carga de trabalho (LOBO, 1999).
34
Conforme Ribeiro (2002), o processo de produção se inicia com a
definição dos cardápios diários, a definição e retirada dos insumos dos
almoxarifados e seu direcionamento para os setores onde ocorre a preparação, em
si, dos produtos a serem consumidos. Esses processos produtivos incluem todas as
etapas existentes nas preparações dos serviços café, saladas, sobremesas, pratos
quentes e sucos, a classificação e higienização dos insumos, o corte e o tempero
desses insumos, a cocção, o resfriamento ou aquecimento dos pratos e seu
armazenamento, entre outras.
As atividades envolvendo os pré-preparos dos alimentos e
higienização de ambientes e utensílios são consideradas bastantes repetitivas e
podem chegar a representar 80% das atividades totais (PROENÇA, 1997).
As atividades que são realizadas após a operação, isto é, as que
ocorrem após a produção das refeições, envolvem as atividades de distribuição e de
limpeza (higienização) de utensílios e de ambientes, além da eliminação de dejetos.
Em todas as atividades é importante anteriormente realizar o
preparo e desinfecção dos locais de manipulação dos alimentos, como bancadas e
cubas, além das panelas, monoblocos, utensílios a serem utilizados e do próprio
funcionário. O uso da água é de importante relevância no processo de higienização,
tratando o tópico 2.6 especificamente dessa questão.
O fluxo básico do processo de produção é representado na figura 2:
35
Recepção / Pesagem /
pré-lavagem dos gêneros
Despensa geral Câmaras
frigoríficas
Controle
Seleção e
lavagem de
cereais
Preparo e pré-
preparo de
legumes e vegetais
Pré-preparo
de carnes,
aves, peixes
Pré-preparo
de massas
Sobremesas,
sucos, etc.
Cocção
Cozidos, assados, gratinados,
grelhados, frituras, etc.
Conservação/
Pré-distribuição
Distribuição
Sala de
refeições
Higienização de
louças, utensílios
Higienização de
panelas, utensílios
Figura 2 - Fluxo do processo produtivo
Adaptado de Silva (1996)
A partir da análise do processo produtivo, o uso da água em UAN’s
pode ser dividido de acordo com sua função:
- no preparo das refeições – consiste na utilização direta nos
alimentos, através de sua lavagem, higienização dos alimentos e preparo.
36
- de higienização – envolve a etapa de limpeza, enxagüe e
higienização de todas as áreas presentes na UAN, de louças, panelas e utensílios,
de equipamentos, e também a higiene pessoal.
- outros – sistemas especiais, caldeiras à vapor, máquinas de gelo,
etc.
Alguns preparos são comuns no processo tradicional e, a seguir, são
apresentados alguns procedimentos gerais recomendados pela ABERC (2003),
determinando as Boas Práticas de Fabricação, para alguns itens freqüentemente
presentes na produção dos cardápios e que necessitam de um consumo mais
intenso de água:
- Hortifruti
Desfolhar as verduras folha a folha e fazer a triagem dos legumes e
frutas um a um, retirando as partes estragadas antes de começar o
uso da água;
Realizar a limpeza e a retirada da matéria orgânica que fica aderida,
lavando em água potável as folhas, frutas e legumes;
Escorrer os resíduos;
Desinfetar os alimentos imergindo-os em solução clorada a 200
ppm, durante o período mínimo de 15 minutos, mergulhando todo o
lote ao mesmo tempo. Essa solução deve ser trocada a cada lote
imerso ou ser reutilizada quando o monitoramento da solução
37
indicar um mínimo de 100 ppm de cloro ativo, com a solução sem
muitos resíduos e sem turvação.
Frutas cujas cascas não são consumidas podem ser higienizadas
em água potável, uma a uma, dispensando o uso da solução
clorada. Legumes, tubérculos duros, frutas e ovos cozidos também
não necessitam da solução clorada, sendo suficiente a higienização
em água potável, desde que atinjam as temperaturas
recomendadas na cocção;
Enxaguar em água potável, sendo que para os folhosos sugere-se
imergir em vinagre a 2%, durante o mínimo de 5 minutos. O vinagre
não tem a função de desinfecção, permitindo apenas uma redução
de larvas e insetos que ficam aderidos às folhas, além de minimizar
o cloro resultante da desinfecção;
Escorrer os resíduos;
Picar, cortar, descascar ou cozinhar, de acordo com o preparo
planejado.
- Dessalgue de carnes (pré-preparo de carnes)
As carnes devem ser submetidas à retirada do sal através de um
dos seguintes procedimentos:
Através de trocas de água com temperatura até 21ºC ou a cada 4
horas;
Em água sob refrigeração até 10ºC;
38
Através de fervura;
Através de fervura em solução salina com a concentração
semelhante ao do produto.
- Descongelamento
O descongelamento é favorecido quando a porção do alimento
congelado é pequena (máximo de 2 kg) e quando armazenada em recipientes com
altura não superior a 10 cm. O procedimento pode ser realizado optando-se por
uma das seguintes técnicas:
i. Em equipamento refrigerado até 4ºC: câmara frigorífica,
refrigerador ou outro equipamento específico;
ii. Em forno de convecção ou microondas;
iii. Em água parada com temperatura inferior a 21ºC, por 4 horas,
com o alimento protegido por embalagem adequada;
iv. Em temperatura ambiente, sob controle:
protegido da contaminação ambiental;
sob monitoramento da temperatura superficial do alimento,
ou seja, ao se atingir 3ºC a 4ºC, deve-se continuar o degelo
sob refrigeração.
39
2.2 N
UTRICIONISTA
O profissional indicado para a administração de cada unidade é o
nutricionista, que desenvolve atividades de planejamento, organização,
acompanhamento e controle de todo o processo envolvendo desde a aquisição,
armazenamento e preparo até a distribuição dos alimentos (Teixeira et al, 1990).
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), resolução nº 200/98 de
8 de março de 1998, define as atribuições principais e específicas da área de
alimentação coletiva para o nutricionista, cabendo destacar algumas:
o Atribuição Principal
Planejamento, organização, direção, supervisão e avaliação de
Unidades de Alimentação e Nutrição.
o Atribuições Específicas
Participar do planejamento, implantação e execução de projetos
de estrutura física da UAN;
Planejar e executar a adequação de instalações físicas,
equipamentos e utensílios, de acordo com o avanço tecnológico;
Planejar, coordenar e supervisionar a seleção, compra e
manutenção de veículos para transporte de alimentos,
equipamentos e utensílios;
Planejar, coordenar e supervisionar as atividades de seleção,
compra e armazenamento de alimentos;
40
Planejar, implantar, coordenar e supervisionar as atividades de
pré-preparo, preparo, distribuição e transporte de refeições e/ou
preparações culinárias;
Desenvolver manuais técnicos, rotinas de trabalho e
receituários;
Planejar, implantar, coordenar e supervisionar as atividades de
higienização de ambientes, veículos de transporte de alimentos,
equipamentos e utensílios.
Ansaloni apud Morimoto (1999) demonstra a necessidade da
conciliação de papéis do profissional nutricionista por ser
“... um profissional de saúde exercendo atividade de caráter
primordialmente econômico como a gerência de uma unidade
de alimentação...”, onde “... ao mesmo tempo lhe são exigidas
habilidades técnicas, administrativas e gerenciais no
desempenho do papel de supervisor de outros empregados e
gestor de força de trabalho”.
Evidencia ainda a “necessidade de interfaces da ciência da nutrição
com outras áreas do conhecimento” no sentido de desenvolver um trabalho voltado
para a qualidade.
O nutricionista acumula então, não só a função de agente promotor
da saúde, mas também a responsabilidade de todo o processo produtivo das
unidades. Algumas unidades podem trabalhar com mais de um profissional da área,
trabalhando em funções distintas. Veiros (2002), por exemplo, cita as funções de
nutricionista chefe e de nutricionista de produção. A primeira está envolvida,
41
prioritariamente, com as atividades ligadas à gestão geral da UAN, e a nutricionista
de produção desenvolve atividades mais voltadas à supervisão direta do fluxo
produtivo das refeições, acompanhando todas as etapas do processo.
2.3 Á
REAS DAS UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO
Devido às diversas atividades, que são bem definidas, e às questões
de higiene, que impõem a necessidade de respeito ao não cruzamento dos diversos
fluxos, as instalações contam, normalmente, com locais específicos para cada
atividade.
É importante o conhecimento das características físicas de cada
área, criando uma visão sistêmica da unidade e analisando as necessidades para o
uso da água. Segundo Silva (1996), problemas de layout e de espaço físico da área
produtiva, implicam em alterações de fluxo de trabalho, ocasionando perda de
tempo, maior quantidade de pessoas para atender às atividades existentes, maior
desgaste físico da mão-de-obra, diminuição da capacidade produtiva, desgaste de
equipamentos, maior dispêndio com as manutenções prediais e de equipamentos,
incremento nos custos indiretos para manutenção dos processos (água, luz,
telefone, monta-cargas, elevadores, etc.), bem como maior gasto com materiais
afins.
A seguir, são descritas as áreas normalmente presentes em UAN’s
de processo produtivo tradicional (ABERC, 2003):
42
2.3.1 Área para recebimento de mercadorias
A área para recebimento de mercadorias deve ser de fácil acesso
aos fornecedores, e de preferência, em áreas externas ao prédio. Não deve existir
cruzamento de matérias-primas e lixo. A utilização da água é requerida para uma
higienização bruta de alguns produtos, no recebimento, além da própria área,
devendo contar então, com torneira de limpeza juntamente com mangueira.
2.3.2 Área de inspeção, pesagem e higienização de mercadorias
Normalmente constitui-se num prolongamento da plataforma de
descarga, evitando-se as áreas de circulação. É recomendada a presença de
tanques ou calhas para pré-higiene das verduras e frutas antes de seu
armazenamento, com a existência de um esguicho de pressão para auxiliar nos
procedimentos.
2.3.3 Área para armazenamento à temperatura ambiente
Esta área caracteriza-se por ser um local que exige a predominância
de adequadas condições térmicas ambientais (temperatura não superior a 26ºC) e
umidade relativa do ar (entre 50% a 60%), de modo a não interferir na qualidade e
nas condições sensoriais dos alimentos. Com isso, não devem existir equipamentos
(refrigerador, freezer, etc.) e tubulações de água e vapor no ambiente.
Deve haver também o cuidado contra insetos e roedores, sendo
recomendável a instalação de borrachas de vedação na parte inferior das portas e
telas milimétricas em aberturas e janelas, além da ausência de ralos para
escoamento de água.
43
2.3.4 Área para armazenamento à temperatura controlada
Gêneros perecíveis ou rapidamente deterioráveis em temperatura
ambiente necessitam da presença desta área para sua estocagem. O ideal é que os
gêneros sejam armazenados separadamente, devido à recomendação das
diferentes condições de temperaturas a serem seguidas para cada um dos mesmos.
Não sendo viável esta separação, a temperatura deve ser regulada para ao alimento
que requeira a menor temperatura.
As instalações frigoríficas deverão possuir revestimento de material
lavável e resistente, sendo exigível a inexistência de ralos internos, mesmo quando
sifonados. O ralo deverá ser instalado dentro da antecâmara.
É recomendável a presença de uma antecâmara para proteção
térmica. A necessidade da instalação de uma câmara de congelamento (-5ºC/-18ºC)
varia de acordo com a logística de abastecimento, freqüência de uso e quantidade
requerida. De acordo com a necessidade do serviço, as câmaras frigoríficas poderão
ser substituídas por refrigerados comerciais do tipo vertical ou horizontal e um
freezer do tipo horizontal para carnes.
2.3.5 Área para pré-preparo e preparo
São áreas onde os gêneros alimentícios sofrem as operações
preliminares de confecção. Para o dimensionamento da quantidade, tamanho e tipos
de cubas, balcões e equipamentos da área de processamento, deve-se considerar o
número de refeições, padrões de cardápios, sistema e modalidade de distribuição,
entre outros fatores, de modo que não ocorra cruzamento das atividades.
44
Áreas específicas podem ser também utilizadas para outros fins,
conforme o porte da unidade, como por exemplo, para o preparo de outros gêneros
de alimentos, ou mesmo higienização de panelas e utensílios de cozinha, desde que
se siga o princípio da marcha à frente.
Dentre as áreas de pré-preparo e preparação, há ainda a seguinte
subdivisão:
2.3.5.1 Preparação de carnes
Deve dispor de pelo menos uma bancada com tampo de inox ou
outro material adequado para manipulação das carnes vermelhas, aves e pescados,
e um balcão com cuba e água corrente.
2.3.5.2 Área para preparação de hortifrutigranjeiros
Local destinado à escolha, higienização, corte e porcionamento de
vegetais folhosos, legumes e tubérculos. Devem ser dotados de tanques para
lavagem e desinfecção de vegetais, com fundo falso perfurado e torneiras com
chuveiro próprio.
As atividades no setor de preparo de saladas impõem uma carga de
trabalho com considerável esforço físico, sendo o trabalho em ritmo acelerado para
cumprir com a pressão temporal do serviço (SANTANA, 2002).
2.3.5.3 Área de cereais
Local para escolha e posterior lavagem de cereais e leguminosas,
sendo recomendado a presença de:
45
- tampo inox para escolha de cereais, rebaixado, com abertura na
lateral para a queda dos cereais escolhidos, com caçambas basculantes, sobre
rodas, para lavagem de cereais e transporte até os caldeirões de cocção;
- pontos de água, com torneira, acima das caçambas, e grelhas
coletoras de água de escoamento.
2.3.5.4 Área para preparação de massas e sobremesas
Deve possuir bancada com tampo liso, impermeável e de fácil
higienização, além de cuba com torneira, mesas de apoio e local para dispor os
equipamentos.
2.3.5.5 Áreas para outros preparos
Serão planejadas de acordo com as necessidades de
processamento de cada atividade requerida. Podem ser previstas no caso da
necessidade de preparação de lanches, desjejum, café e dietas.
2.3.6 Área para cocção
Local para preparação final dos alimentos. Deve situar-se entre as
áreas de preparos prévios e a expedição das preparações. Esta área deve ser
restrita aos equipamentos destinados ao preparo de alimentos quentes, não
devendo ter refrigeradores ou congeladores, que podem ter o funcionamento de
seus motores prejudicados devido ao calor excessivo.
Há a opção de diversos tipos de equipamentos, dentre eles:
caldeirão, fogão, fritadeira, forno independente, forno combinado, chapa, etc. Deve
haver a presença de coifa de exaustão, sobreposta aos fogões, fritadeiras e
46
caldeirões. O piso deve possuir escoamento para água de limpeza e para a água
utilizada para a cocção.
2.3.7 Área para higienização de mãos
Nas áreas de manipulação devem existir locais específicos para
higienização das mãos, localizadas em pontos estratégicos ao fluxo de preparação
dos alimentos. Estas áreas devem ser planejadas devido ao risco de contaminação
química dos alimentos, em caso de presença de sabão e/ou antiséptico nas pias e
bancadas utilizadas para manipulação e preparo de alimentos.
Normalmente consistem em lavatórios exclusivos para higiene das
mãos. Devem contar com sabão e anti-séptico; a secagem das mãos deve ser feita
por meio de papel toalha ou outro equipamento adequado para secar as mãos (por
exemplo, ar quente). Preferencialmente as torneiras devem dispor de um meio de
fechamento não manual, e ainda, com a disponibilidade de água quente corrente.
2.3.8 Área para expedição das preparações
São áreas presentes em casos onde a distribuição não seja possível
de forma direta. Comumente há a presença de carros de transporte ou “pass-
through” para o abastecimento.
2.3.9 Área para higienização de utensílios usados no processamento
A área deve ser separada e isolada da área de processamento. É
importante possuir ponto de água fria e quente, com o sistema de drenagem bem
dimensionado. As cubas devem ser profundas e o retorno de utensílios sujos não
47
deve oferecer risco de contaminação aos que já foram higienizados, com locais
distintos para dispor os utensílios que aguardam higienização e para guarda dos que
já sofreram o processo. Conforme o volume de refeições, justifica-se a instalação de
esguicho de pressão com suporte para mangueira.
2.3.10 Área para distribuição das refeições
O planejamento desta área está relacionado ao tipo ou modalidade
de distribuição oferecida. Há casos da necessidade de porcionamento e distribuição
de refeições individuais, sendo necessária uma área para estes fins, bem como há
casos da distribuição ser diretamente ao balcão térmico, não necessitando de uma
área intermediária entre o processamento e a distribuição.
2.3.11 Refeitório
A área deve contar com equipamentos adequados às características
dos sistemas eleitos. Dentre os equipamentos característicos dos refeitórios estão:
balcão térmico (com disponibilidade de água entre 80ºC a 90ºC), estufa (temperatura
de 65ºC), balcão refrigerado (para manter alimentos até 10ºC), equipamentos para
guarda e apoio de utensílios de mesa, refresqueiras, cafeteiras, bebedouros,
geladeira para bebidas, entre outros.
2.3.12 Área para higienização de bandejas e utensílios de mesa
O sistema de devolução de utensílios deve ser planejado a não
cruzar com o sistema de distribuição, devendo também ser previsto no local a
guarda dos utensílios higienizados de modo a não entrar em contato com os
utensílios sujos.
48
São utilizadas máquinas de lavar louças, com mesa de entrada e
saída de louças e, eventualmente, triturador de resíduos. É importante a presença
de mesa em inox com cuba e torneira com água quente para uma pré-lavagem.
Dependendo do número de refeições justifica-se a instalação de esguicho de
pressão com suporte para mangueiras.
2.3.13 Área para depósito de lixo
O local deve ser localizado em ponto que facilite a remoção diária do
lixo e de modo a evitar qualquer tipo de contaminação. O ideal é que o lixo seja
guardado sob refrigeração. Deve haver água fria e quente para limpeza dos latões
no próprio local, evidentemente revestido de material lavável.
2.3.14 Área de caixotaria
Local que se destina à guarda de vasilhames, caixas, engradados,
entre outros, para serem armazenadas até que sejam removidas ou descartadas.
Utiliza-se um ponto de água para a lavagem desses utensílios.
2.3.15 Área para depósito e higienização do material de limpeza
Local que deve ser isolado da produção, de modo a abrigar
vassouras, rodos, baldes, panos de chão, entre outros. Deve possuir tanque e,
eventualmente, máquina de lavar roupas.
2.3.16 Área para instalações sanitárias e vestiários
São dimensionadas de acordo com a previsão de funcionários e
comensais. As instalações devem ser privativas, com vasos sanitários com tampas,
49
mictórios com descarga, lavatórios. Cabe ressaltar a necessidade de chuveiros para
os funcionários, além de ser proibido o descarte de papel higiênico em lixeiras,
devendo ser lançados diretamente no vaso sanitário. Não pode haver a
comunicação direta com as áreas de produção e refeitórios e devem dispor de
sistema completo para higienização das mãos, conforme item 2.2.7. É altamente
recomendável a presença de torneiras que não exigem o contato manual para o
fechamento.
2.3.17 Área administrativa
Esta área deve estar localizada em um ponto estratégico,
possibilitando a visualização das atividades desenvolvidas nas áreas de trabalho
pelo responsável pela produção.
2.4 E
QUIPAMENTOS
Na especificação de um equipamento, segundo Silva (1996), devem
ser considerados: a finalidade a que se destina, a produtividade exigida e a infra-
estrutura necessária. Além disso, torna-se imprescindível que qualquer investimento
a ser feito, seja precedido de um estudo técnico-financeiro, avaliando a melhor forma
de retorno do investimento.
Proença (1997) destaca que a grande diversidade de atividades
necessárias para a produção de refeições pode não viabilizar economicamente a
aquisição de equipamentos específicos, pois esses serão subtilizados, posto que
servirão somente a uma pequena parte do processo.
50
Dentre os principais equipamentos disponíveis no mercado nacional,
são apresentados os seguintes:
- Equipamentos para cocção de alimentos: fogões, fornos
convencionais, fornos de convecção, fornos combinados, cozedores, caldeirões
auto-geradores de vapor, banhos-maria, fritadeiras, frigideiras basculantes, chapas
quentes, churrasqueiras, etc.
- Equipamentos e sistemas para distribuição de alimentos: balcões
de distribuição tipo cafeteria, balcões de distribuição modulares (aquecidos,
refrigerados e neutros), “pass through” (aquecidos, refrigerados e neutros),
containers isotérmicos para alimentação transportada.
- Equipamentos frigoríficos para conservação dos alimentos:
câmaras frigoríficas fixas e desmontáveis, refrigeradores e balcões frigoríficos,
congeladores, células para refrigeração rápida.
- Equipamentos e sistemas para higienização de louças e utensílios:
lavadoras com alimentação manual, lavadoras com transportador mecânico, pré-
lavador automático, dosadores automáticos de produtos químicos.
- Equipamentos para pré-preparo de alimentos: batedeiras,
descascadores, cortadores de legumes. O auxílio de equipamentos mecânicos
adequados pode compensar um gasto maior com mão-de-obra, sendo mais
empregados para descascar tubérculos e leguminosas, exigindo um retoque manual
para que o trabalho se complete.
- Outros equipamentos: sistemas para aquecimento de água a gás,
elétricos e solares, equipamentos para lavagem de pisos e paredes, compactadores
e trituradores para lixo, sistemas de exaustão, etc.
51
Em relação às inovações tecnológicas em equipamentos em
cozinhas industriais, elas dizem respeito principalmente à transmissão de calor
através de aparelhos de resfriamento de alimentos e cocção (ESTEVES, 2003).
Segundo Teixeira et al (1990), o dimensionamento dos
equipamentos tem estreita relação com o número de refeições, porém sua aquisição
depende da política da empresa e, muitas vezes, do efetivo da mão-de-obra e da
rentabilidade do investimento, além de outros fatores, como o padrão do cardápio, o
sistema de distribuição e a política de compras. Os equipamentos complementam o
planejamento da área física, devendo atender ao fluxo racional das operações,
evitando cruzamentos e retornos desnecessários, estrangulamentos das circulações,
e preservando as condições de segurança do ambiente.
Dentre os equipamentos é válido tecer comentários sobre as
máquinas de lavagem automática de louças e utensílios. Segundo Bendall (2004),
esse equipamento é, tipicamente dentre os usos individuais, o responsável pelo
maior consumo de água em um serviço de alimentação. Permite a higienização de
pratos, talheres, bandejas, recipientes, etc.
As fases de trabalho das lavadoras automáticas podem
compreender as seguintes etapas:
1) Pré-lavagem – consiste exclusivamente na eliminacão superficial
dos dejetos presentes nos utensílios, através da ação mecânica de água quente (de
30º a 40ºC) ou fria.
2) Lavagem – esta fase combina ações mecânicas, químicas e
térmicas para a higienização dos utensílios. Consiste na pulverização de água
52
quente (50º a 60ºC), acrescida de detergentes, diretamente nos utensílios, sendo
essa água recirculada para as lavagens subseqüentes.
3) Enxágüe – objetiva a remoção de todos os traços de detergentes
dos utensílios e proporciona a higienização através do processo térmico. A
temperatura da água nesta fase é de 80º a 85ºC. Nesta etapa também é usual a
adição de secantes na água. Os secantes são produtos que proporcionam uma
menor retenção da água nos utensílios e, conseqüentemente, o período para a
secagem diminui.
4.) Secagem – consiste na remoção dos traços de água presentes
nos utensílios. O processo consiste em um sistema de ventilação formando um
circuito especial de ar que proporciona a secagem.
As etapas de pré-lavagem e secagem podem ser consideradas
opcionais, pois não estão presentes em todas as lavadoras. O número de ciclos de
trabalho, o tempo do processo e a capacidade variam de acordo com o modelo,
sendo necessário uma avaliação das necessidades presentes para uma correta
especificação.
Os modelos de menores capacidades trabalham com os ciclos se
sucedendo por temporizadores, sem a movimentação da gaveta. O grau de
higienização requerido é que vai determinar o tempo de cada ciclo. Os modelos de
maiores capacidades geralmente utilizam um processo de transporte mecânico das
gavetas pela máquina, onde as etapas são setorizadas no interior do equipamento, e
não mais controladas pelo tempo. O grau de higienização é determinado pela
velocidade do transporte das gavetas. Quanto mais lento, maior é a higienização.
53
Em alguns modelos há a necessidade de uma regulagem de
alimentação de água para o controle da vazão de funcionamento do equipamento.
Essa regulagem vai permitir a otimização do uso da água, e conseqüentemente o
uso de detergente, secante e energia. Os valores recomendados devem ser
especificados pelo fabricante.
A figura 3 ilustra alguns modelos:
Figura 3 – Modelos de máquinas de lavagem de louças e utensílios
Fonte: ZANUSSI (2004)
O cálculo do consumo geralmente é apresentado pelo volume
utilizado por ciclo. Cada ciclo corresponde às etapas que a máquina dispõe, capaz
de higienizar uma gaveta específica para acondicionamento dos utensílios. O tempo
de cada ciclo, o consumo, a capacidade das gavetas são variáveis fornecidas pelo
fabricante.
Já o uso da água em outros equipamentos de cozinhas compreende
um uso menor, como por exemplo, o consumo em descascadores de batatas e em
fornos combinados para a fabricação de vapor. Atualmente nesses casos não há
sistemas ou condições especiais para a economia de água, no nível dos projetistas
54
e usuários das UAN´s, sendo necessário para um uso adequado normalmente
atender apenas as condições de pressão e vazão recomendadas por cada
fabricante para a realização das atividades, além de sempre buscar realizar os ciclos
com a capacidade máxima de operação.
Além desses equipamentos, há outros que utilizam a água para
incorporação ao produto final, como por exemplo, as caldeiras, máquinas de gelo,
refresqueiras, cafeteiras. Nesses casos, o uso direto da água não requer análises
para redução do consumo, pois outros fatores são mais relevantes para o estágio
em que se encontram as pesquisas atualmente.
2.5 S
ISTEMA PREDIAL DE ÁGUA
Os sistemas prediais têm por finalidade dar suporte às atividades
dos usuários, suprindo-os com os insumos necessários e propiciando os serviços
requeridos. Sendo o escopo deste trabalho o uso racional da água em UAN’s, cabe
a importância de um capítulo especial para o Sistema Predial de Água.
A norma NBR 5626/98 – Instalação Predial de Água Fria (ABNT,
1998) prevê o uso eficiente da água e energia quando determina: “O projeto da
instalação predial de água fria deve ser elaborado de modo a implicar no uso mais
eficiente possível de água e energia nela utilizados (valores mínimos necessários e
suficientes para o bom funcionamento da instalação e para satisfação das
exigências dos usuários)”.
O suprimento de água pode ser proveniente do sistema público, ou
de outra fonte alternativa, atendidos os requisitos de qualidade da água. Geralmente
o sistema de abastecimento é de forma indireta, com a existência de reservatório
55
superior e/ou inferior, que atenderá o consumo do sistema em caso de temporária
falta de suprimento de água. Os sistemas de abastecimento e de armazenamento de
água são dimensionados de acordo com a estimativa do consumo do sistema, que
por sua vez é em função do agente consumidor.
O agente consumidor trata-se da variável mais representativa do
consumo de água de um sistema, definida em função da tipologia e das atividades
desenvolvidas no edifício. Por exemplo, em edifícios residenciais os agentes
consumidores são os moradores; em edifícios escolares, os alunos; em hospitais, o
número de leitos; e no caso de restaurantes e UAN’s, o número de refeições
preparadas.
Como parâmetro da estimativa do consumo de água em
restaurantes, usualmente é indicado o volume de 25L a 30L por refeição (CREDER,
1991; ILHA et al, 1994; MACINTYRE, 1996; SANEPAR).
Além da estimativa do consumo, para o dimensionamento do
reservatório também deve ser levado em conta o volume de reserva para o sistema
de combate a incêndio. Apesar do presente trabalho não realizar estudos
específicos para a avaliação da qualidade da água em UAN’s, é importante fazer
considerações sobre os sistemas de reservação da água. É justificável a
preocupação com questão da potabilidade da água quando trata-se do preparo de
alimentos, principalmente quando se atinge um grande número de pessoas. O
Ministério da Saúde recomenda a desinfecção a cada 6 meses, no mínimo. Dessa
forma, e também para outras eventuais manutenções, deve-se prever a utilização de
células distintas de reservação, a fim de se evitar paralisações na produção.
56
A utilização de cisternas também deve receber atenção para a
manutenção da qualidade da água. Em estudo de Camilotti e Gonçalves (2002),
relaciona-se o problema da potabilidade da água em edifícios residenciais com o uso
de cisternas enterradas e semi-enterradas, em contato direto com o solo. Devido a
este fato, juntamente com os requisitos de qualidade da água em UAN’s, é
recomendável a não utilização desses tipos de cisternas nas unidades, o que deve
ser previsto na fase de concepção do seu projeto.
Sob uma interface entre os sistemas prediais e as UAN’s, segundo
procedimentos propostos na CODEX ALIMENTARIUS (1985), deve ser previsto o
suprimento de água com suficiente pressão e na temperatura apropriada, estando à
disposição com instalações adequadas para seu armazenamento e distribuição, com
uma eficiente proteção contra a possibilidade de contaminação. Da mesma forma
nos coloca Ilha e Gonçalves (1994), que afirmam que um dos principais requisitos de
desempenho dos sistemas prediais de água fria é a existência de água na
quantidade adequada em todos os pontos de utilização, sempre que necessário.
Isso deve ser garantido tendo-se em vista também a minimização dos custos.
Para satisfazer essas condições, um dos parâmetros a serem
seguidos é quanto à pressão, cuja NBR 5626/98 recomenda os seguintes valores
máximos e mínimos em qualquer ponto da rede:
Pressão estática máxima – 400 KPa (40 mca)
Pressão dinâmica mínima – 5 KPa (0,5 mca)
Já nos pontos de utilização a pressão deve ser de, no mínimo, 15
KPa no ponto de válvulas de descarga, 5 Kpa para caixas de descarga e 10 KPa
para os outros pontos de utilização.
57
Já para os parâmetros específicos dos equipamentos, o fabricante
deve fornecer os dados que serão obedecidos pelo projetista.
Além do sistema de água fria, é recomendável a existência de um
sistema de água quente, principalmente para fins de higienização. O Decreto
7.206/75 – D.O.E./SP, que dispõe legislação referente à higienização de utensílios,
estabelece que para a desinfecção de utensílios por imersão em água quente, a
temperatura não deve ser inferior de 77ºC durante 2 minutos, ou inferior a 82ºC em 1
minuto. Devido a esta exigência de temperatura, geralmente os equipamentos
possuem sistemas de aquecimento próprios, já considerando a dificuldade do
suprimento de água a esta temperatura no ponto de utilização. Já para a lavagem e
utilização de água aquecida com sabão ou detergente, o decreto especifica a
temperatura da água de no mínimo 44ºC.
Segundo Creder (1991) e Macintyre (1996), o consumo estimado de
água quente em restaurantes é de aproximadamente 12 litros por refeição. A Norma
Brasileira para Projeto e Execução de Instalações Prediais de Água Quente - NBR
7198/93 determina que o projetista deve especificar o tipo de aquecedor previsto nas
instalações, se instantâneo ou de acumulação, com o respectivo volume, as
temperaturas máximas e mínimas de operação, a fonte de calor e respectiva
potência (ABNT, 1993). Dentre os critérios para dimensionamento a norma ainda cita
a freqüência de utilização, o volume de armazenamento e a capacidade de
recuperação, no caso de aquecedores de acumulação. Destacam-se dentre alguns
trabalhos, as análises em Ilha (1991) e Petrucci (1998), que abordam alguns dos
parâmetros necessários para a correta especificação do sistema de aquecimento.
58
Completa a visão geral do sistema hidráulico, a interface necessária
entre o sistema de suprimento e o usuário. Para cada atividade relacionada ao uso
da água, o usuário necessita de um produto com características apropriadas. O
sistema também é composto, portanto, de produtos instalados para essa interface,
escolhidos de modo a atender as necessidade do processo. Fica evidente a
importância dos componentes de utilização final da água como forma de promover o
seu uso otimizado. Em vista dessa importância, o capítulo 3.2.1 aborda os principais
produtos, já sob um enfoque de um uso eficiente e racional da água.
2.6 H
IGIENE E SAÚDE
A preocupação com a higiene em empresas de alimentos visa
garantir, principalmente, a segurança dos seus clientes através da inocuidade dos
produtos.
Em relatos da Organização Mundial da Saúde e informações
recentes sobre doenças de origem alimentar no Brasil, mais de 60% são
toxinfecções alimentares, ou seja, os agentes etiológicos encontram-se entre as
bactérias, vírus, fungos e parasitas. Isso se deve às práticas inadequadas de
manipulação, matérias-primas contaminadas, falta de higiene durante a preparação,
além de equipamentos e estrutura operacional deficientes e principalmente
inadequação no processamento envolvendo o controle de tempo e temperatura.
Atualmente, o sistema de Análise dos Perigos em Pontos Críticos de
Controle (APPCC) é mundialmente reconhecido como um sistema capaz de garantir
a segurança alimentar. Joaquim (2001) sintetiza o sistema APPCC, ou HACCP,
como “o conjunto de ações de prevenção e controle necessários para reduzir ou
59
eliminar os riscos de contaminação física, química ou microbiológica nos produtos”.
O sistema APPCC e seus pré-requisitos são ferramentas utilizadas pelas indústrias
de alimentos para identificação e controle de perigos potenciais à saúde pública,
veiculados pelos alimentos. Sua concepção reside em identificar e controlar pontos
críticos de controle, que representem riscos de veiculação de doenças através de
cada etapa de preparo do alimento. Conforme Pietrowisk (2002), o sistema APPCC
é constituído de várias etapas inter-relacionadas desde a produção até o consumo
do alimento, devendo ser seguidas, sistematicamente, em qualquer tipo de
estabelecimento.
Segundo Silva Júnior (2001), o método APPCC apenas estuda os
perigos e indica os controles dos pontos críticos prioritários que tragam segurança
aos alimentos (PCCs), sendo que as condutas e critérios descritos no Manual de
Boas Práticas configuram os procedimentos que devem ser seguidos para o controle
higiênico-sanitário eficaz. Com isso, não existe método APPCC sem um Manual
elaborado e implantado.
No Brasil, o sistema APPCC foi regulamentado pela portaria do
Ministério da Saúde nº 1428 de 26/11/93, recomendando que seja adotado por todos
os estabelecimentos um “Manual de Boas Práticas de Manipulação de Alimentos”.
Este documento deve ser um descritivo real dos procedimentos técnicos para cada
estabelecimento em especial. Dentre os itens a serem abordados estão: o controle
de saúde dos funcionários; controle da água para consumo; controle integrado de
pragas; regras para visitantes; controle das matérias-primas; adequação estrutural
do estabelecimento; higiene pessoal, ambiental e alimentos; manipulação e
processamento dos alimentos, entre outros.
60
Em vista disso, a redução do consumo de água deve ser criteriosa,
respeitando as necessidades previstas para a higienização adequada dos alimentos,
utensílios, ambientes e pessoas. Alguns procedimentos são necessários para
determinadas atividades, de modo a garantir a qualidade do serviço e do produto
final.
Os procedimentos para algumas atividades, recomendadas pela
ABERC (2003), são apresentados a seguir:
2.6.1 Higienização manual de utensílios
Retirar o excesso de sujidades e/ou recolher os resíduos;
Iniciar a lavagem, com esponja e solução detergente, utilizando água
aquecida a 44ºC, constituindo lotes ensaboados de acordo com o espaço
disponível;
Enxaguar em água corrente até remoção total do detergente e demais
resíduos, fechando a torneira ao fim do enxágüe para iniciar um novo
processo;
Prosseguir sucessivamente, trabalhando em lotes;
Fazer a desinfecção através de solução clorada (200 ppm), sendo necessário
aguardar 15 minutos para posterior enxágüe, ou através de álcool 70%, não
sendo necessário enxaguar;
A secagem deve ser natural.
Guardar em local limpo e seco, de preferência, emborcados.
61
2.6.2 Higienização mecânica de utensílios
Executar a pré-lavagem, retirando antes o excesso de sujidades;
Dispor os utensílios nas gavetas de acordo com o tamanho e formato,
buscando sempre atingir a capacidade máxima;
Aguardar o tempo necessário para operação completa. Os detalhes de
operação estão no capítulo 2.3;
Retirar os utensílios e aguardar a secagem natural;
Guardar em local limpo e seco, de preferência, emborcados.
2.6.3 Higienização de equipamentos
A higienização de equipamentos deve seguir as recomendações
dos fabricantes, devendo adotar os seguintes procedimentos, caso seja permitido:
Lavar com detergente e esponja;
Enxaguar em água corrente;
Realizar a desinfecção com solução clorada 200 ppm, deixando em contato
por 15 min e enxaguadas se entrar em contato direto com os alimentos, ou
com álcool 70%;
Deixar secar naturalmente;
Higienizar a seco, as partes fixas, fios e tomadas;
Finalizar com pano embebido em solução clorada 200 ppm ou álcool 70%.
62
Balcões térmicos devem ter a água trocada diariamente, sendo o volume de
água suficiente para favorecer a manutenção da temperatura dos alimentos
durante a distribuição.
2.6.4 Higienização de caldeiras
Utilizar inicialmente a água para cobrir apenas o fundo. Se necessário,
enxaguar as laterais com o auxílio de um recipiente pequeno, e raspar os
resíduos;
Escorrer a água recolhendo os resíduos. Pode-se utilizar peneira, de uso
exclusivo para este fim, no funil de liberação da água;
Iniciar a lavagem esfregando bem as paredes e laterais, fundo e tampa com
esponja adequada e umidecida, e com detergente;
Repetir as operações anteriores, se necessário;
Enxaguar com água acondicionada em outro recipiente, tomando o cuidado
de fechar a torneira sempre que o recipiente estiver cheio. Ou então, utilizar
mangueira dotada de fechamento automático, tendo o cuidado de não deixar
o bocal tocar o chão e de mantê-la fechada sempre que não estiver
efetivamente em uso;
Deixar secar naturalmente.
63
2.6.5 Higienização dos ambientes em geral
Para a higienização dos ambientes em geral, o manual de
procedimentos da ABERC recomenda a utilização da técnica dos “dois baldes”,
descrito a seguir:
Recolher os resíduos com o auxílio de pás ou similares, sendo proibido varrer
a seco os pisos das áreas de manipulação e processamento;
Diluir o detergente em água, de preferência aquecida a 44ºC, utilizando um
recipiente adequado, tipo balde, de uso exclusivo para higiene ambiental;
Colocar água limpa em outro recipiente adequado (balde);
Imergir esponja ou pano, limpos, na solução detergente do primeiro balde;
Iniciar a limpeza pelos locais mais altos;
Imergir a esponja ou pano utilizado no balde com água limpa para retirar os
resíduo e torcer bem a esponja ou pano;
Repetir a operação imergindo na solução detergente novamente, evitando
assim que a solução detergente fique com sujidades;
Retirar o detergente das bancadas e do piso com rodos exclusivos;
Iniciar o enxágüe com água, pelos locais mais altos, utilizando-se de pano
limpo e/ou mangueira dotada de fechamento automático, desde que o bocal
não toque o piso, ou ainda, pode-se enxaguar usando água em outro balde,
tendo o cuidado de fechar a torneira assim que o balde estiver cheio;
Fazer a desinfecção após o enxágüe;
Deixar secar naturalmente.
64
Nota-se a preocupação com o uso racional da água no manual de
procedimentos da ABERC, evidenciando a tendência para a incorporação deste
novo paradigma na gestão do uso da água.
Para analisar as necessidades do uso da água, também é
apresentado um quadro relativo à periodicidade de limpeza recomendada:
Quadro 1 - Recomendações de periodicidade de limpeza
Diariamente Semanalmente Outras freqüências
- paredes na altura das
bancadas
- pisos e rodapés
- bancadas e mesas de
apoio
- ralos
- área externa
- utensílios
- maçanetas
- lavatórios (pias)
- sanitários e vestiários
- monoblocos;
- recipientes de lixo;
- balcão térmico
(inclusive trocar água)
- balcão refrigerado
- forno e fogão
- “pass-through”, “blast-
chiller”
- mesas e cadeiras do
refeitório
- paredes até o teto
- bancadas e mesas
(partes inferiores)
- ralos
- portas
- janelas
- prateleiras da cozinha
- armários da cozinha
- coifa e filtros
- refrigeradores
- câmaras frigoríficas
- freezeres
- prateleiras do estoque
(quinzenal)
- estrados (quinzenal)
- interruptores e tomadas
(quinzenal)
- tetos (conforme
necessidade)
- telas (mensal)
- caixa de gordura
(mensal)
- luminárias (mensal)
- dutos de exaustão
(trimestral)
- tubulações externas
(trimestral)
- tubulações internas
(semestral)
- caixa d’água (semestral)
- saboneteiras
(a cada reabastecimento)
-borrifadores de
desinfetante
(a cada reabastecimento)
- equipamentos
(a cada uso)
Fonte: ABERC (2003)
65
2.7 C
ONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA E MATÉRIA-PRIMA
Segundo Ferreira (2002) o controle da qualidade é a manutenção do
produto dentro dos níveis e tolerância aceitáveis para o consumidor ou comprador.
O fornecimento da matéria-prima demanda altos padrões de
qualidade, o que consiste no cumprimento de normas higiênico-sanitárias, do
tamanho, da forma, da procedência, da isenção de resíduos e agrotóxicos entre
outros.
Como instrumento para garantir o controle da qualidade da matéria-
prima observa-se a existência de legislação específica, a Resolução Nº 12/78 da
CNNPA, que estabelece os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ). São normas
que estabelecem a definição, designação do produto, classificação, características
de qualidade, características microbiológicas, microscópicas, macroscópicas,
sensoriais, físico-químicas, informações sobre embalagem, rotulagem e em alguns
casos, amostragem.
A portaria 1428 do Ministério da Saúde também contribui nesta
questão, estabelecendo que o Manual de Boas Práticas de Manipulação e Produção
de Alimentos deve apresentar os Padrões de Identidade e Qualidade, o que
favorece não só as condições higiênico-sanitárias, como também eleva a qualidade
do serviço prestado, incluindo a racionalização do uso água.
A qualidade da água também é item de fundamental importância em
UAN’s, principalmente para a questão da saúde e segurança dos comensais. A água
para consumo deve ser límpida, transparente, insípida e inodora. A Portaria 518 de
66
25/03/04 do Ministério da Saúde define os padrões de qualidade que caracterizam a
potabilidade da água.
Dentre as exigências legais para o controle da qualidade da água
nas UAN’s, destacam-se:
Somente será permitida a utilização de água oriunda de solução alternativa ou
mista, mesmo com a licença de outorga de uso, quando realizado o controle
de qualidade da água, constituída de análises físicoquímica e microbiológica,
conforme os parâmetros da legislação vigente, que determinará também o
número mínimo de amostras e freqüência mínima de amostragem, para fins
de análises físicas, químicas e microbiológicas;
O ponto de coleta das amostras deve ser preferencialmente onde se dá o uso
da água, sendo útil algumas vezes, colher amostras no ponto de entrada da
água no estabelecimento;
Apropriada freqüência de higienização do reservatório de água através de
responsável comprovadamente capacitado, com a existência de registro da
higienização do reservatório de água ou comprovante de execução de serviço
em caso de terceirização. Para a realização da atividade devem ser utilizadas
metodologias oficiais;
Tubulação em estado satisfatório e ausência de infiltrações e interconexões,
evitando conexão cruzada entre água potável e não potável;
Existência de planilha de registro da troca periódica do elemento filtrante;
No caso de desinfecção, deve-se realizar testes químicos diários sobre a
quantidade de cloro ou outro desinfetante apropriado na água;
67
Disponibilidade de reagentes e equipamentos necessários à análise da
potabilidade de água realizadas no estabelecimento;
Gelo produzido com água potável, fabricado, manipulado e estocado sob
condições sanitárias satisfatórias, quando destinado a entrar em contato com
alimento ou superfície que entre em contato com alimento;
Vapor gerado a partir de água potável quando utilizado em contato com o
alimento ou superfície que entre em contato com o alimento.
68
3 USO RACIONAL DA ÁGUA EM EDIFÍCIOS
Segundo Barreto (1998), o conjunto de atividades voltadas à
redução do consumo pode ser abordado de duas formas: uma de caráter físico e
outra comportamental. A primeira é aquela que agirá nos sistemas prediais,
objetivando a redução no consumo de forma que o uso da água na edificação se dê
através de equipamentos que propiciem, no momento do uso, vazões e volumes
adequados, atendendo às expectativas do usuário e mantendo um bom grau de
confiabilidade do sistema utilizado. Engloba também, além desses aspectos citados
por este autor, as ações de avaliação, medições, aplicações de tecnologias e
procedimentos para enquadramento do uso da água. A segunda é aquela onde as
questões atinentes ao comportamento do usuário são avaliadas perante a utilização
da água.
Um sistema de gestão eficaz atua sobre as duas áreas, com uma
atualização constante dos dados. Assume igual importância a mensuração dos
progressos obtidos e o cumprimento de metas de consumo, bem como o
planejamento das ações futuras dentro de um plano de melhoria contínua.
As atividades de caráter físico, ou ações tecnológicas, ainda podem
ser subdivididas, de acordo com Oliveira (1999), em:
• Tecnologia de processo: produz alterações nos sistemas
hidráulicos prediais, ou ainda, exige interfaces com outros sistemas prediais;
• Tecnologia de produto: aplicável em qualquer ponto do sistema
hidráulico predial sem que haja a modificação obrigatória do sistema;
69
• Tecnologia de instrumentação: gerenciamento do uso da água por
meio de monitoramento para o levantamento de dados por medição contínua ou
temporária das vazões.
Para a efetiva implantação de ações visando o uso racional da água
recomenda-se a utilização de sistemáticas já desenvolvidas para implantação de
Programas de Uso Racional da Água. Diversos estudos nessa área foram
desenvolvidos ou estão em desenvolvimento, destacando-se entre outros, os
trabalhos que originaram: o Programa de Uso Racional da Água (PURA),
desenvolvido por uma parceria entre a Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (SABESP), a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT); o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de
Água (PNCDA); o Programa de Conservação de Água (PRO-ÁGUA), desenvolvido
pela Universidade Estadual de Campinas; além de trabalhos em desenvolvimento na
Universidade Federal de São Carlos, Universidade Federal do Paraná, entre outros.
3.1 M
ETODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMA DE USO RACIONAL DA ÁGUA EM
EDIFÍCIOS (PURA)
A metodologia para a implantação de Programas de Uso Racional
da Água em Edifícios, proposta por Oliveira (1999), vem sendo utilizada como base
para diversas iniciativas na área. Tem como premissa básica o conhecimento das
características físicas e funcionais de um determinado sistema para o planejamento
de ações mais eficientes de redução de consumo de água.
O objetivo de descrever essa metodologia é divulgar os
procedimentos para a implantação de PURA’s para profissionais e pesquisadores
70
das áreas de gestão de UAN’s, de forma a facilitar o entendimento das análises e
propostas resultantes do presente trabalho.
Ressalta-se a relação dessa metodologia com o conceito de
Avaliação Durante Operação (ADO), que consiste em uma ferramenta para a
verificação do desempenho do ambiente construído, segundo as necessidades dos
usuários. Almeida (1994) propôs uma metodologia aplicável a sistemas prediais
com o objetivo de buscar estabelecer as relações entre o edifício, os sistemas nele
instalados e estes com os usuários. É importante essa idéia pois este trabalho busca
justamente determinar elementos de retroalimentação dos processos de geração,
uso, operação e manutenção dos sistemas, que é um dos objetivos da metodologia
proposta.
A partir desse enfoque e para o conhecimento da sistematização de
ações para o uso racional da água, é apresentada resumidamente a metodologia de
implantação de PURA’s, na qual são previstas quatro etapas sucessivas: auditoria
do consumo de água, diagnóstico, elaboração do plano de intervenção e a avaliação
do impacto da redução do consumo. Tais etapas são comentadas a seguir:
3.1.1 Auditoria do consumo de água
A auditoria consiste na etapa que objetiva o conhecimento da
utilização da água no sistema. Baseia-se no levantamento do histórico do indicador
de consumo de água e no levantamento das características físicas e funcionais do
sistema hidráulico.
Para o histórico do indicador de consumo (Ich) de água são
necessários os valores do histórico do consumo e do número de agentes
71
consumidores. O primeiro constitui no levantamento dos valores de consumo
mensais de água, durante os últimos 12 meses, de forma a verificar a influência da
sazonabilidade. Caso o edifício não possua um sistema de medição antes do PURA
serão considerados os consumos diários dos últimos trintas dias. Já o histórico do
número de agentes consumidores consiste no número de agentes consumidores (no
caso de UAN’s, o número de refeições) para o mesmo período do histórico do
consumo. Com isso calcula-se o ICh, que é a relação entre o volume de água
consumido em um determinado período e o número de agentes consumidores desse
mesmo período.
A auditoria permite um melhor conhecimento dos valores de
consumo diário e de consumo por agente consumidor, facilitando a elaboração de
um plano de intervenção mais adequado.
Além disso, esta etapa é imprescindível para avaliar posteriormente
o impacto de redução do consumo após a implantação das ações escolhidas, pois o
consumo levantado será utilizado como referência para a avaliação.
3.1.1.1 Diagnóstico preliminar do consumo de água
O diagnóstico preliminar possibilita uma avaliação prévia do
consumo de água. Com o valor do indicador de consumo é possível a comparação
com um índice de consumo estimado (ICe), cujos valores são previstos nos meios
técnicos, permitindo um balizamento do indicador de consumo. O valor de ICe pode
ser obtido de indicadores de consumo existentes para edifícios de mesma tipologia
ou da média de parte dos valores de ICh antes da verificação do aumento de
consumo de água no sistema.
72
3.1.2 Levantamento do edifício
Consiste na etapa que objetiva o conhecimento das características
físicas e funcionais do sistema hidráulico e das atividades desenvolvidas no edifício.
As informações obtidas nessa etapa contribuem para o entendimento do perfil de
consumo de água no sistema. O levantamento do edifício é realizado através das
seguintes atividades:
3.1.2.1 Levantamento do sistema hidráulico predial
Dentre as tarefas a serem realizadas, estão:
- cadastramento do tipo do sistema de abastecimento e do medidor
do edifício;
- levantamento da quantidade e capacidade dos reservatórios;
- verificação das condições de operação da torneira de bóia e o local
de deságüe do extravasor e da tubulação de limpeza do reservatório;
- monitoramento da pressão em pontos críticos do sistema;
- cadastro dos pontos de utilização do sistema, suas características
e condições de operação.
3.1.2.2 Detecção de vazamentos
No levantamento do sistema, os vazamentos visíveis nos
componentes de utilização devem ser levantados, porém nesta etapa é realizada
também a detecção de vazamentos não-visíveis utilizando-se testes expeditos ou
especiais.
73
3.1.2.3 Sistemas hidráulicos especiais
Consideram-se como sistemas hidráulicos especiais os sistemas
mais complexos, como equipamentos de higienização, sistemas de ar-condicionado,
sistemas de vapor, sistemas de irrigação, entre outros.
As características técnicas dos equipamentos tais como vazão,
período diário de operação e consumo de água no processo devem ser cadastradas
para se obter uma estimativa do percentual de participação no consumo total de
água do sistema. A obtenção desses dados é realizada através da inspeção a cada
um dos sistemas e de informações de catálogos dos fabricantes dos respectivos
equipamentos.
3.1.2.4 Levantamento dos procedimentos dos usuários
Esta atividade deve ser realizada de modo a avaliar o
comportamento real nos procedimentos de uso da água. Para isso, o levantamento
necessita da maior discrição possível para que os usuários não mudem de
comportamento e, dessa forma possam mascarar as informações que deverão ser
repassadas ao profissional responsável pela campanha educativa.
3.1.3 Diagnóstico do consumo de água no edifício
O diagnóstico consiste na apresentação das informações obtidas na
auditoria do consumo de água e também num processo de entendimento de cada
problema. Ele possibilita a análise do consumo da água dentro das características
particulares de cada sistema.
74
O diagnóstico do sistema apresenta as suas condições de operação
e de como a água é utilizada. Os procedimentos inadequados dos usuários e as
estimativas das perdas provenientes de vazamentos também são apresentados.
3.1.4 Plano de intervenção
O plano de intervenção é a proposta das ações otimizadas a serem
implantadas, decorrentes dos resultados do diagnóstico em conjunto com a análise
de viabilidade de implantação dessas ações.
No estudo de Santos (2002), o plano de intervenção consiste na
matéria que embasa a etapa intitulada de “Confecção do Plano de Gestão do Uso da
Água”. A figura 4 apresenta o fluxograma com o esquema representativo para essa
tomada de decisão:
Caracterização do
consumo de água
Avaliação da
aplicabilidade integrada
das ações de economia
de água
Confecção do Plano de
Gestão de Uso da Água
Caracterização das ações
de economia de água
Figura 4 – Fluxograma representativo da estrutura do Programa de Gestão do
Uso da Água em Edificações (SANTOS, 2002)
O plano de intervenção deve ter suas ações iniciadas pelo ponto
crítico do sistema, em geral, pela correção dos vazamentos detectados. Antes da
implantação do plano de intervenção recomenda-se, e é até natural, uma avaliação
75
econômica das ações necessárias para a alteração do sistema, que tem por objetivo
reduzir o consumo de água.
Dentre as medidas a serem analisadas para o plano de intervenção,
estão:
3.1.4.1 Campanha de conscientização
É uma comunicação mais abrangente tanto do ponto de vista de
informação como do tipo de usuário, com o objetivo de informar os seguintes
tópicos:
- o porquê do uso racional da água;
- as vantagens da redução de volume de água e de esgoto tratado;
- redução de gastos com as contas de água e de energia;
3.1.4.2 Correção de vazamentos
Esta é uma das ações mais eficientes na redução do consumo de
água em um sistema. É de fundamental importância a correção de vazamentos
antes da substituição de componentes convencionais por economizadores de água,
como forma de evitar resultados enganosos. Além disso, o permanente controle de
desperdícios no sistema tende a deixá-lo o mais próximo das suas condições plenas
de desempenho.
76
3.1.4.3 Substituição de componentes convencionais por economizadores de
água
O objetivo desta ação é reduzir o consumo de água através de
produtos e sistemas tecnológicos. A análise do comportamento do usuário é
minimizada, buscando componentes que atendam as necessidades dos usuários de
forma satisfatória. Ela deve ser implementada quando o sistema estiver totalmente
estável, ou seja, sem nenhuma perda de água por vazamento.
3.1.4.4 Redução de perdas e reaproveitamento de água em sistemas
hidráulicos especiais
Em geral, a redução de perdas em sistemas hidráulicos especiais é
obtida por meio da manutenção adequada evitando-se as perdas por vazamento,
mau desempenho do sistema ou por negligência do usuário. Além disso é
importante o abastecimento adequado, de forma a atender os requisitos de vazão e
pressão dos sistemas.
Em casos de reaproveitamento da água deve-se verificar a sua
qualidade e realizar a análise de viabilidade técnico-econômica para tal ação no
sistema.
3.1.4.5 Campanha educativa
A campanha educativa difere da campanha de conscientização pois
é destinada a usuários específicos. No caso de UAN’s esses usuários compreendem
os cozinheiros, auxiliares, os responsáveis pela limpeza e manutenção. A campanha
educativa visa informá-los de procedimentos mais adequados para a realização de
77
suas atividades. Essa ação deve ser conduzida por profissionais especialistas de
cada uma das áreas.
3.1.5 Avaliação do impacto de redução do consumo de água
Ao executar um plano de intervenção para reduzir o consumo de
água é indispensável à avaliação das ações implementadas, que pode ser realizada
após a implementação de cada uma delas ou ao final do plano de intervenção. Com
o objetivo de obter resultados sem a influência da adaptação dos usuários ao novo
sistema, propõe-se que o impacto de redução seja calculado no mínimo 15 dias
após a implementação de cada ação e por um período mínimo de 15 dias.
Na avaliação é fundamental a consideração do indicador de
consumo. Caso a análise seja realizada somente através do valor de consumo,
corre-se o risco de se obter resultados enganosos, exceto quando o número de
agentes consumidores seja o mesmo antes e durante a implantação do PURA.
A avaliação econômica utiliza como método o payback. O indicador
resultante deste método é o número de períodos (meses, anos ou outro período de
tempo que se queira) necessários para que o investimento nominal seja totalmente
recuperado. Segundo André (1998), atribui-se a este método a virtude de ser
simples e de fácil aplicação e compreensão.
Após a avaliação dos resultados é importante também o
acompanhamento dos indicadores de consumo, a fim de se verificar a manutenção
dos resultados a níveis desejáveis, definindo novas intervenções, caso necessário.
O fluxograma da figura 5 demonstra a estruturação da metodologia:
78
INÍCIO
Edifício c/ sistema
de medição do
consumo?
AUDITORIA DO CONSUMO
Histórico do indicador de
consumo
Diagnóstiico preliminar
Levantamento do edifício
Sistema hidráulico
Predial
Detecção de
vazamentos
Sistemas Hidr.
Es
p
eciais
Procedimentos
dos usuários
DIAGNÓSTICO
PLANO DE INTERVENÇÃO
Campanha de conscientização
Correção de vazamentos
Substituição do sistema e componentes convencionais por economizadores
Redu
ç
ão de
p
erdas e indicativos de rea
p
roveitamento em sistemas hidráulicos es
p
eciais
Campanha educativa para usuários específicos
AVALIAÇÃO DE IMPACTO DE REDUÇÃO
Acompanhamento dos indicadores de consumo e definição de necessidades de intervenções
S
Implantar sistema de
medição e monitorar
consumo
p
or 30 dias
N
Figura 5 – Fluxograma para implantação de PURA em edifícios
Adaptado de Oliveira (1999)
79
3.2 A
ÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O USO RACIONAL DA ÁGUA
3.2.1 Aparelhos economizadores
As medidas de redução do volume de água consumido nos
aparelhos envolvem dois aspectos: controle da vazão e controle do tempo. O
controle da vazão consiste na otimização da distribuição de velocidades e pressões
alterando-se, por exemplo, a geometria da peça ou então a forma do jato de água na
saída. O controle do tempo de uso consiste na redução do tempo de uso, mantendo
um desempenho adequado à finalidade a que se destina. De uma forma diferente,
alguns sistemas utilizam o recurso de reúso da água. O reúso não se trata de uma
redução do volume de água consumido, mas sim a substituição de uma fonte de
maior qualidade (água potável) para a utilização em fins menos nobres (fins não-
potáveis). Trata-se então de um controle da oferta do insumo, ao invés da demanda.
As especificações técnicas dos componentes economizadores de
água devem ser realizadas considerando-se as seguintes questões: pressão
hidráulica disponível nos pontos de utilização, satisfação do usuário, higiene e risco
de contaminação, facilidade e condições para manutenção, condições de instalação,
avaliação econômica e local de instalação, para evitar problemas como o
vandalismo.
3.2.1.1 Torneiras e válvulas com tempo de fluxo determinado
Os produtos existentes no mercado com esse tipo de sistema são:
torneiras, válvulas para chuveiros e válvulas para mictórios.
80
O acionamento é através de um dispositivo hidromecânico que uma
vez acionado, libera o fluxo de água, fechando-se automaticamente após um tempo
determinado. O tempo de fechamento varia de 6 a 9 segundos e, portanto, deve ser
especificado em função da atividade realizada no local onde será instalada.
O fechamento sem a intervenção do usuário garante não somente
economia de água como também higiene. Têm design moderno, é de fácil
instalação e manutenção e se adaptam perfeitamente aos ambientes.
Geralmente encontram-se no mercado torneiras dotadas de
arejadores, melhorando ainda mais o seu desempenho em relação à economia de
água.
Esses produtos são indicados principalmente para sanitários
públicos, onde o consumo é intenso. Obtém-se economia com higiene, mantendo o
mesmo sistema hidráulico convencional ou existente. Está também disponível no
mercado linhas anti-vandalismo.
A figura 6 apresenta alguns modelos dos produtos:
Figura 6- Modelos de torneira e válvula de descarga para mictório com tempo
de fluxo determinado.
Fonte: ESTEVES (2004)
81
Há no mercado também, a válvula de fechamento hidromecânico
para chuveiros, que ao ser acionada fecha-se automaticamente após um período em
torno de 30 segundos, normalmente. O procedimento recomendado para o uso do
chuveiro consiste em: acionar o botão da válvula de fechamento automático durante
cinco vezes por banho, sendo uma para molhar, duas para ensaboar e duas para
enxaguar.
Entretanto, a adoção dessas válvulas deve ser criteriosa, pois o
usuário perde muito o conforto do banho, sendo recomendado a avaliação das
necessidades dos usuários antes da especificação desse componente.
3.2.1.2 Torneiras e válvulas acionadas por sensor
Os produtos acionados por sensor disponíveis no mercado são as
torneiras para lavatórios e pias, além de chuveiros e válvulas de descarga de bacias
sanitárias e mictórios.
O produto é dotado de sensor infravermelho, o qual funciona através
de um conjunto de emissor e receptor. O receptor detecta a reflexão emitida pelo
anteparo colocado à frente e aciona a válvula solenóide que libera a água para o
uso. O fluxo cessa quando o anteparo é retirado do campo de ação do sensor. O
sensor infravermelho pode estar localizado acima do aparelho, na parede, ou ainda
no próprio aparelho, no caso das torneiras. Há no mercado modelos com controle
remoto para controle de tempo de fluxo e distância de acionamento.
O sistema é alimentado por transformador de baixa voltagem (24V)
ou pilhas. Alguns modelos são dotados de baterias auxiliares que são acionadas
quando falta energia.
82
Para mictórios e bacias sanitárias há um processo de descarga
automática se após um determinado tempo (normalmente 24 horas) não houver
utilização do aparelho. Com isso mantém-se o selo hídrico, evitando o mau cheiro.
Figura 7 - Torneira acionada por infravermelho
Fonte: FABRIMAR (2004)
Estes produtos garantem grande economia do uso da água, pois não
há desperdício, ou seja, toda a água utilizada é destinada para sua atividade fim,
sem excessos. Com isso, garante-se maior desempenho até se comparado com os
produtos com tempo de fluxo determinado.
Esses produtos são indicados para locais onde se deseja total
higiene, como por exemplo, hospitais e restaurantes, pois não há contato com as
mãos e o seu acionamento independe da ação do usuário, no caso de acionamento
de descargas de mictórios e vasos sanitários, executando assim uma limpeza
automática.
3.2.1.3 Arejadores
Consiste em um dispositivo fixado na saída da torneira, reduzindo a
seção da passagem da água por meio de peças perfuradas ou telas finas, e que
possui orifícios na superfície lateral para a entrada de ar durante o escoamento da
água. O arejador funciona como controlador da dispersão do jato e como elemento
83
de perda de carga, reduzindo a vazão. A figura 8 ilustra um dos modelos disponíveis
no mercado:
Figura 8- Arejador de torneira
Fonte: DECA (2004)
Segundo dados da DECA (2004), os arejadores diminuem cerca de
50% o jato das torneiras, resultando em vazões de 6 a 8 litros por minuto.
De fácil instalação, pode ser usado em diversas linhas de torneiras,
de acordo com o fabricante, não sendo necessário nenhuma adequação do sistema
convencional caso o produto seja compatível com o arejador. Nem sempre é
possível a adaptação, podendo acarretar vazamentos ou perda de desempenho do
componente. Nesse caso, aconselha-se a aquisição de um modelo de torneira que
já contenha o arejador.
3.2.1.4 Válvulas com acionamento pelo pé
As válvulas de acionamento pelo pé têm como característica o
acionamento do fluxo das torneiras dispensando o uso das mãos. Isso facilita a
higienização das mãos, evitando-se contaminações e sendo indicada aos locais
onde a utilização de torneiras hidromecânicas e/ou eletrônicas não ofereçam um
bom desempenho.
84
As torneiras acionadas por pedal são desenvolvidas para ficarem
sobrepostas ao piso, sem a necessidade de quebrar a alvenaria para embutir as
peças. Além desse tipo, há modelos com acionamento por botão, embutidos no piso
e mais discretos, e também modelos para serem embutidos na parede, quando se
deseja evitar a instalação no piso. A figura 9 apresenta alguns destes modelos:
Figura 9 – Modelos de válvulas com acionamento pelo pé – tipo alavanca,
embutido no piso e embutido na parede
Fonte: DOCOL (2004)
3.2.1.5 Pulverizadores e prolongadores
O pulverizador, assim como o arejador, é um dispositivo fixado na
saída da torneira, porém não tem orifícios laterais para a introdução de ar. Sua
função é dispersar o jato de água em um feixe de pequenos jatos semelhante a um
chuveirinho. Os pulverizadores reduzem a vazão para valores entre 0,06 l/s a 0,12
l/s, podendo chegar até a 0,03 l/s (GONÇALVES et al, 1999).
Já as torneiras com prolongadores também podem contribuir na
economia de água, pois esse componente possibilita uma maior aproximação,
direcionando melhor o jato ao objeto a ser lavado.
Deve ser instalado com uma correta vedação da conexão à torneira,
pois se trata de um componente suscetível a vazamentos.
85
Figura 10 – Torneira com prolongador
Fonte: DECA (2004)
3.2.1.6 Reguladores de vazão
Os reguladores de vazão são utilizados para possibilitar a regulagem
de vazão máxima em torneiras. Consiste em um produto conectado a ponto de
entrada de água dos aparelhos, funcionando como um registro a fim de regular a
vazão de saída. Pode, inclusive, substituir os registros convencionais.
Os reguladores são utilizados principalmente em torneiras de mesa
ou de bancada, pois são instalados externamente, entre o engate flexível e a
conexão do ponto de utilização. A instalação é externa ao ponto de água, sem a
necessidade de adaptações ou remanejamentos no sistema hidráulico convencional.
Figura 11–Regulador de vazão
Fonte: DOCOL (2004)
86
Esses componentes podem apresentar grande variação no impacto
de redução, pois a vazão é regulada de acordo com a necessidade do usuário.
Obtêm-se melhores resultados em pontos de maiores pressões.
3.2.1.7 Bacias sanitárias com volume de descarga reduzido (VDR)- 6 litros
A bacia sanitária é um dos componentes com maior potencial de
redução do consumo de água, pois em geral, apresenta um grande percentual de
consumo interno de uma edificação. As bacias convencionais apresentam volume de
descarga de 9 a 12 litros. Devido a esse elevado consumo, pesquisas contribuíram
para a evolução do desempenho da bacia sanitária, trazendo uma significativa
redução de consumo, possibilitando a utilização de até 6,0 litros de água por
descarga. Segundo trabalho de SANTOS et al (1998), o desempenho das bacias
VDR apresentam valores satisfatórios em comparação aos valores que a norma
NBR-9060/94 recomenda, pois possuem geometria específica capaz de proporcionar
a ação sinfônica suficiente ao perfeito desempenho dos aparelhos.
Assim, é cada vez maior a tendência de substituição das bacias
convencionais, projetadas para o volume de 12 litros, por bacias de volume de 6
litros. Há inclusive programas do governo que regulamentam a utilização dessas
bacias, como por exemplo, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade da
Habitação (PBQP-H).
Para o uso desse tipo de bacia, está disponível no mercado além da
bacia VDR com caixa acoplada comum, os seguintes sistemas:
87
SISTEMA DUAL - Consiste em um mecanismo com volume seletivo
de descarga: 3 litros para limpeza rápida e 6 litros para limpeza total. Possui um
mecanismo intercambiável com todas as bacias com caixa acoplada atuais.
VÁLVULA DE DESCARGA COM VOLUME FIXO - Permite o uso de
válvula de descarga, atualmente mais usado no Brasil se comparado à caixa de
descarga, com ajuste para o volume máximo de descarga em 6 ou 9 litros.
Figura 12– Válvula de descarga com volume de descarga fixo
Fonte: FABRIMAR (2004)
3.2.1.8 Restritores de vazão para chuveiros
Os restritores de vazão são componentes que restringem a vazão do
chuveiro a um valor pré-determinado. Conforme Oliveira (1999), na especificação de
restritores de vazão para chuveiros, deve ser verificado inicialmente a vazão
disponível no ponto de consumo, sendo recomendado este produto apenas para
valores superiores a 9 l/min.
O consumo ideal para um banho confortável e sem desperdícios,
fica entre 9 a 10 litros por minuto (DECA, 2004). Não é raro em edifícios existirem
88
ambientes onde os chuveiros chegam a consumir 35 litros por minuto, devido à
elevada pressão no ponto de utilização, sendo significativa a redução caso haja a
instalação deste componente com uma correta regulagem. A figura 13 apresenta um
dos modelos disponíveis no mercado:
Figura 13– Restritor de vazão para chuveiro
Fonte: DOCOL (2004)
3.2.1.9 Torneiras monocomando
Uma das principais vantagens deste componente é a sua utilização
com o acionamento realizado por apenas um movimento, minimizando o esforço
para abertura e fechamento. Há monocomandos para chuveiros, torneiras de
lavatórios, bidês e cozinhas.
O funcionamento é baseado na textura e planicidade de pastilhas
cerâmicas, com baixo coeficiente de atrito, e por isso possui alta durabilidade.
Quando uma está sobre a outra não permite a passagem de água entre elas. A
pastilha cerâmica substitui a tradicional borracha de vedação do sistema de abrir e
fechar do misturador, que com o tempo rompem e prejudicam a vedação.
Há a possibilidade de utilização de água quente, sendo a escolha da
temperatura pré-definida antes do fluxo da água, bastando apenas um comando
simples para regulagem.
89
A pressão mínima de trabalho varia de 2 a 5 mca para as torneiras
de lavatório, bidês e chuveiros, e de 5 a 8 mca para as torneiras de cozinha,
variando conforme o fabricante.
Figura 14– Torneira e misturador monocomando
Fonte: MEBER (2004)
3.2.2 Detecção e correção de vazamentos
É de fundamental importância em Programas de Uso Racional da
Água a detecção e correção de vazamentos como ação imediata, ação esta
justificada pelos diversos casos de significativa redução de perdas na implantação
de programas já implantados.
Existem 2 grupos de vazamentos (Gonçalves et al, 2000):
a. Vazamentos visíveis - manifestam-se de forma direta e são
rapidamente detectados. Ocorrem principalmente em componentes de utilização.
b. Vazamentos não-visíveis – não se manifestam de forma direta,
alguns indícios facilitam a detecção desses vazamentos: manchas de umidade em
paredes e pisos, som de escoamento de água quando nenhum ponto de utilização
está aberto, presença de vegetação em juntas de assentamento de pisos externos,
90
sistema de recalque continuamente ligado, variação da conta de água
desproporcional ao aumento do consumo.
Para a rápida detecção de vazamentos há os seguintes testes
expeditos:
- teste do hidrômetro- para detecção no alimentador predial;
- teste de sucção – também para detecção de vazamentos no
alimentador predial, mas quando o acesso ao reservatório superior for muito difícil;
- teste em reservatórios – para detecção de vazamentos em
reservatórios, através da verificação da variação do nível d’água;
- teste em bacias sanitárias – para detecção em bacias sanitárias,
através do uso de corantes ou cinzas de cigarro;
Para casos de difícil localização dos vazamentos, há processos com
a utilização de equipamentos especiais que têm como vantagem a localização dos
vazamentos sem a necessidade de quebra de pisos e paredes. As desvantagens
são a necessidade de operadores especializados e um custo maior. Dentre os
métodos existentes, cujos detalhes estão pormenorizados em Gonçalves et al
(2000), relacionam-se: a geofonia eletrônica, a haste de escuta, a correlação de
ruídos.
Não obstante, as medidas preventivas são ações também
recomendáveis, incluindo os meios para a rápida detecção e correção dos
vazamentos visíveis e não visíveis. Para isso, recomenda-se:
91
a) projetos hidráulicos e arquitetônicos que contemplem a
acessibilidade do sistema, facilitando a realização de manutenções preventiva e
corretiva, como por exemplo em barriletes, reservatórios e shafts visitáveis;
b) controle de pressão hidráulica no sistema, não ultrapassando o
valor recomendado pela norma, que é de 400 KPa;
c) monitoramento do consumo de água, através de leituras no
hidrômetro, no mínimo mensalmente. Caso seja verificado um aumento do consumo
de água sem causa justificada há um forte indício de vazamento e que, dessa
maneira, deve ser detectado rapidamente.
3.2.3 Medição setorizada
A implantação da medição setorizada trata-se de uma ação que visa
o acompanhamento e controle do consumo de determinadas áreas. Consiste na
implantação de medidores em partes do sistema (unidades habitacionais ou
comerciais, pavimentos, blocos, áreas específicas, equipamentos, etc.) para que se
possa medir o consumo individualmente e não apenas do conjunto.
Para determinar o nível de setorização é necessária a definição dos
objetivos, bem como as viabilidades tecnológicas, econômicas e físicas. Tamaki
(2004) define os principais objetivos aplicados da medição setorizada:
Domínio do consumo de sistemas específicos, permitindo seu
acompanhamento e controle;
92
Economia de recursos financeiros e/ou do bem água, com a
minimização dos danos causados pelas perdas e usos excessivos
apontados pelo levantamento do perfil de consumo, através, por
exemplo, do controle de vazamentos;
Possibilidade de cobrança pela água consumida pelos usuários.
Em condomínios a medição individualizada enquadra-se como uma
ação indireta de intervenção em metodologias para economia de água, pois influi
em uma maior consciência do uso da água, já que o usuário estará pagando em
função do seu consumo.
Além disso, a setorização da medição do consumo pode ser um
instrumento direto quando o objetivo é a caracterização de um uso específico, o que
permite fornecer a informação necessária para o conhecimento do consumo, com o
objetivo de analisar os principais fatores que o influenciam. E ainda, segundo Tamaki
(2004), os dados de consumo adquirem importância fundamental para a gestão, pois
eles permitem o estabelecimento de padrões de consumo para determinadas
condições de uso da água nos sistemas prediais.
O atual estágio de desenvolvimento da área permite a implantação
de medição automatizada, sendo a transmissão dos dados realizadas de forma
remota pelos medidores até uma unidade de gerenciamento. Assim, é possível um
acompanhamento permanente e contínuo do consumo, e permitindo, também, uma
intervenção imediata no sistema em caso de se verificar alguma anomalia.
93
3.3 E
STUDOS DE CASO DE IMPLANTAÇÃO DE PURAS EM UANS
Neste tópico são apresentados alguns resultados de Programas de
Uso Racional da Água implantados em cozinhas industriais, com as respectivas
ações adotadas. O objetivo é avaliar o potencial dos resultados dos PURA´s e as
experiências decorrentes da implantação de ações de um modo geral, uma vez que
há muito poucos estudos específicos do setor atualmente.
3.3.1 Cozinha SABESP
Para garantir o fornecimento de água tratada, a companhia de
saneamento de São Paulo (SABESP) vem investindo em obras, ampliando a
capacidade de captação, reservação e distribuição, e desenvolvendo os Programas
de Redução de Perdas, de Reúso da Água e de Uso Racional da Água.
Para as atividades de uso racional da água, numa primeira fase, foi
realizado um planejamento. Após isso foram desenvolvidos os projetos-piloto para
criação da metodologia de ações, em hospitais, escolas, cozinhas industriais,
prédios comerciais e condomínios, entre outros. O projeto piloto em cozinhas
industriais é apresentado em Nogueira (1996).
Nessa unidade avaliada, que trata-se da cozinha da própria sede da
SABESP, o consumo inicialmente apresentado era de 33,2 litros por refeição, sendo
o total diário de 400 refeições. O cardápio era constituído de 8 a 9 tipos de saladas,
2 tipos de prato principal, 3 tipos de guarnição e 2 tipos de massa. A unidade
possuía 21 funcionários na época, divididos em 3 turnos de trabalho. A avaliação do
consumo ocorreu para o período do almoço.
94
Os consumos avaliados foram a preparação, cocção, limpeza e
higienização de utensílios. Não é citado o consumo de banheiros, de higienização
ambiental, do refeitório ou de áreas de apoio. Dentre os usos levantados, a
higienização dos utensílios representou 77,6% do consumo total, seguido de 15,5%
para limpeza de folhas para saladas. O uso para preparo das refeições representou
6,2% e o uso nos lavatórios de higienização manual e água para as mesas totalizou
apenas 0,7%.
Foram realizadas as seguintes ações:
- Eliminação de vazamentos;
- Instalação de equipamentos economizadores: 1 torneira de
acionamento com o pé; 5 arejadores tipo econômico; e 2 pulverizadores nas
torneiras;
- Campanhas educativas.
Após a implantação das ações citadas, o consumo final avaliado foi
de 18,36 litros por refeição, representando uma redução final do consumo de 44%.
3.3.2 Cozinha FORD
Em estudo de caso citado por Oliveira (1999), a UAN da fábrica de
caminhões da FORD, em São Paulo, apresentava como índice de consumo histórico
o valor de 41,17 L/refeição, incluindo o consumo de sanitários e vestiários.
Foram adotadas as seguintes ações para a redução do consumo:
correção de vazamentos, substituição das torneiras convencionais por torneiras
hidromecânicas, substituição do registro de pressão por válvula hidromecânica no
mictório e em alguns chuveiros, substituição das bacias convencionais com sistema
95
de descarga convencional por bacias VDR com válvula de descarga de ciclo fixo e
substituição das torneiras convencionais das pias da cozinha por torneiras
monocomando.
Após a etapa de correção de vazamentos obteve-se um impacto de
redução de 12,4%, reduzindo o índice de consumo para 36,06 L/refeição. E por fim,
após a substituição dos equipamentos, o consumo reduziu para 31,6 L/refeição,
resultando na redução de 12,23% em relação à etapa anterior e de 23% de redução
total.
3.3.3 Cozinha InCOR
A implantação de um PURA no Instituto do Coração, realizado como
estudo de caso em Oliveira (1999), compreendeu também a avaliação de uma
cozinha industrial, com produção de aproximadamente 2.000 refeições diárias.
A cozinha, na época, dispunha de 17 torneiras convencionais, sendo
substituídas 15 delas por torneiras com acionamento por alavanca, além da
instalação de torneira específica para cuba de pré-lavagem. As torneiras foram
instaladas com arejadores, acessório não presente nas antigas torneiras.
O consumo médio de água por refeição foi reduzido de 29 L/refeição
para 23,5 L/refeição, resultando em uma redução de aproximadamente 19%.
Também é importante ressaltar a análise feita em relação à torneira
de pré-lavagem, a qual foi utilizada corretamente somente em um pequeno período.
A reação das usuárias foi a de amarrar a alavanca para que a torneira ficasse
sempre na posição aberta durante grande parte do tempo da atividade, voltando à
condição da antiga torneira. As usuárias consideraram que a torneira com alavanca
tornou a atividade mais difícil e cansativa. No entanto, observou-se uma redução de
consumo no período em que utilizaram a torneira adequadamente.
96
4 ESTUDO DE CASO – ANÁLISE DOS FATORES RELEVANTES AO
USO RACIONAL DA ÁGUA EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E
NUTRIÇÃO
4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Após a análise do referencial teórico que embasa esta pesquisa,
passa-se a expor neste capítulo os métodos utilizados para análise dos principais
fenômenos dentro da realidade de funcionamento das UAN’s em busca da
consecução dos objetivos propostos.
As análises e avaliações necessárias são propostas através de um
estudo de caso de caráter exploratório, realizando uma investigação empírica do
fenômeno do consumo da água em uma UAN. É adotada esta estratégia pois,
segundo Yin (2001), é a mais indicada quando se pretende responder à pergunta de
“como” ocorre o fenômeno dentro do contexto da realidade. Segundo Richardson
(1999), “conhecer as características de um fenômeno para procurar, posteriormente,
explicações das causas e conseqüências de dito fenômeno” são objetivos de uma
pesquisa conduzida pelo método exploratório.
Para isso foram escolhidas como objeto de estudo 4 unidades, de
modo a abranger eventuais diferenças nos sistemas e processos que podem
interferir no uso da água. Na escolha das unidades foi utilizado como critério
principal a viabilidade para a implantação de medição setorizada nos sistemas para
a avaliação do consumo.
Integram o estudo de caso 2 etapas distintas, sendo a segunda
etapa dependente da primeira.
97
A primeira etapa consiste no levantamento das características gerais
de cada unidade, como a área, composição do cardápio, tipo de gestão, número de
funcionários e número de refeições preparadas, entre outras características. Inclui
também a análise do sistema hidráulico predial e o levantamento cadastral dos
pontos de uso da água. Os aspectos físicos são de fundamental importância para a
avaliação de pontos ou situações que possam ser problemáticos para a implantação
de ações tecnológicas, levando-se em conta características gerais das UAN’s. Visa
também a obtenção de subsídios para a recomendação de melhorias de projeto e
produtos. Como forma de visualização dos sistemas avaliados são apresentados
também, no capítulo de Anexos, os layouts das unidades e seus respectivos pontos
hidráulicos.
Não é escopo deste trabalho o levantamento do índice de perdas
decorrentes de vazamentos, pois o objetivo maior é a caracterização de UAN’s, e
não a avaliação de resultados peculiares de uma determinada unidade. Entretanto,
ressalta-se a importância dessa medida para a redução das perdas.
Nesta etapa do estudo de caso objetiva-se também a observação
das atividades relacionadas diretamente ao uso da água. A partir dessa observação
é possível a análise dos procedimentos e das condições gerais do uso da água.
Além da observação direta também são utilizadas entrevistas
informais cujo objetivo é identificar fatores administrativos e fenômenos não
possíveis de serem analisados somente pela observação do sistema. Deste modo
identificam-se os principais usos da água e a viabilidade de implantação de
procedimentos recomendados para o uso racional da água.
98
Na segunda etapa do estudo de caso é realizada uma avaliação do
consumo, incluindo usos específicos de algumas atividades. Essa etapa tem como
um dos objetivos avaliar o consumo geral das unidades, ainda que não sendo
possível generalizar os resultados para outras UAN’s, pois são diversas variáveis
que compõem um perfil de consumo. Mesmo assim a coleta desses dados é
importante para a avaliação específica de cada unidade, além de enriquecer o
conhecimento do perfil geral de consumo deste setor.
O outro objetivo dessa etapa é avaliar o consumo das atividades nas
quais foi verificado um uso intenso da água para inferir proposições de intervenções
viáveis de serem implantadas dentro do contexto de funcionamento real das
unidades. Para isso são propostos estudos comparativos perante ações que visam a
otimização do uso da água nas atividades escolhidas.
O consumo é obtido através da implantação da medição setorizada
abrangendo os pontos de utilização de água dessas atividades. O dimensionamento
e a implantação dos hidrômetros utilizados são determinados através da capacidade
de medição para as vazões dos trechos e das condições de instalação
(posicionamento, acesso, etc.), buscando não comprometer significativamente o
desempenho dos sistemas existentes.
Para a avaliação do consumo geral procede-se a coleta dos dados
visando à obtenção do consumo global da unidade medido para determinado
período e do número de refeições servidas, sendo o resultado da relação das duas
variáveis o valor do Índice de Consumo (IC).
99
A coleta dos dados realiza-se através de leituras realizadas no local
por pessoal das próprias unidades, devidamente instruídas quanto ao período e o
modo de coleta.
Na avaliação do consumo específico das atividades, o IC é
determinado através das seguintes etapas:
- leitura inicial do hidrômetro imediatamente antes do começo da
atividade (Li);
- leitura final do hidrômetro imediatamente após o término da
atividade (Lf);
- cálculo do consumo total (CT):
CT = Lf – Li
- Determinação e quantificação do agente consumidor (AC), sendo
este a variável representativa para a determinação do valor per
capita do consumo, como por exemplo: o número de refeições, a
quantidade da matéria-prima, etc.
- cálculo do índice de consumo (IC):
IC = CT / AC
Assim, busca-se a aplicação dessas etapas para uma mesma
atividade, mas sob condições distintas de uso, permitindo um comparativo do
consumo nas atividades.
Utilizando um tratamento estatístico para a avaliação comparativa
dos dados, adota-se neste estudo o teste “T”, verificando hipótese de igualdade das
médias de duas amostras independentes. Esse teste é necessário, pois os valores
100
médios encontrados podem não representar uma significativa diferença entre os
mesmos, considerando a variância das amostras.
Assim, o teste baseia-se em duas hipóteses, denominadas H
0
e H
1
.
A hipótese H
0
considera as duas médias como sendo iguais, não havendo uma
diferença entre elas. Se essa hipótese não for válida, é possível afirmar então a
validade da hipótese alternativa H
1
, que considera que há a ocorrência de uma
diferença efetiva entre as médias das amostras.
A decisão de rejeitar ou aceitar a hipótese H
0
depende dos
resultados da amostra e da região de aceitação da hipótese. A região de aceitação é
determinada pelo número de amostras e o nível de significância adotado. A tabela
dos valores críticos de t de Student fornece os valores que limitam essa região.
Delimitada essa região, verifica-se se a amostra pertence à mesma,
utilizando a seguinte
fórmula:
(
)
21
2121
2
22
2
11
21
)2.(.
.
).1().1(
nn
nnnn
snsn
xx
t
+
+
+
=
(I)
Onde:
x
= média amostral
n
= número de amostras
2
s
= variância
Se o valor encontrado cair na região de aceitação, adota-se a
hipótese nula (H
0
), caso contrário, a mesma é rejeitada e então aceitaremos a
101
hipótese alternativa (H
1
). Assim, se ocorrer a hipótese H
1
, conclui-se que há uma
efetiva redução ou aumento do consumo.
4.2 R
ESULTADOS
4.2.1 Levantamento das características gerais das UAN’S
4.2.1.1 Empresa “A”
A unidade da empresa A possui uma área total de 385,2 m²,
servindo café da manhã, almoço, café da tarde, jantar e ceia. As análises
compreenderam o processo produtivo do almoço, que serve aproximadamente 400
refeições diárias. O cardápio diário do almoço é constituído por: arroz, arroz integral,
feijão, feijão preto, guarnição, 2 tipos de carne, 3 tipos de salada, sopa, molho, fruta,
doce e 4 tipos de suco. É utilizado o serviço tipo cafeteria para as carnes e “self-
service” para o restante do cardápio.
O número de funcionários é de 8 no turno do almoço, 3 no jantar e 2
na ceia.
A alimentação principal de água provém da rede de abastecimento
pública, sendo que o sistema de medição não permite a individualização do
consumo da unidade, pois a rede do hidrômetro de entrada atende também outros
setores da empresa. Há também uma ligação do poço artesiano da empresa, que é
acionado quando o nível dos reservatórios atinge um ponto que a entrada da rede
pública não atende a demanda. Não há o monitoramento do consumo.
102
O sistema de reservação é provido de 3 reservatórios superiores,
com volume de 1.000 litros cada, sendo que os mesmos reservatórios abastecem
também os vestiários da fábrica da empresa, de forma improvisada, pois a
alimentação originalmente prevista para os vestiários não estava atendendo a
demanda de utilização.
A rede de distribuição de água fria é através de tubulação externa à
alvenaria, em PVC; a rede de água quente é restrita para a bancada de higiniezação
dos utensílios da cozinha e para o setor de higienização dos utensílios do refeitório,
sendo utilizado 1 aquecedor de passagem para cada setor. No entanto, verificou-se
o não funcionamento do aquecedor do setor de higienização dos utensílios de
refeitório, sendo a causa provável a pressão no ponto de utilização estar abaixo da
mínima requerida pelo fornecedor (6 mca). A pressão estática no ponto é
aproximadamente de 2,5 mca apenas.
À exceção das torneiras dos lavatórios, todas as outras torneiras são
convencionais, sem arejadores.
No levantamento documental da unidade verificou-se a
disponibilidade do Manual de Boas Práticas da empresa prestadora do serviço.
Quanto ao uso da água nos procedimentos de produção e higienização, o manual
especifica procedimentos similares aos citados nos capítulos 2.1 e 2.6. Não havia
disponíveis os projetos dos sistemas prediais.
Os pontos hidráulicos da unidade são:
- 2 torneiras para a bancada de preparo de hortifruti;
- 1 torneira com misturador para a bancada de higienização dos utensílios
da cozinha;
103
- 2 torneiras para a bancada de carnes;
- 1 ponto de água fria para a caldeira e 1 ponto para o forno combinado;
- 1 torneira e 1 misturador na bancada de higienização dos utensílios do
refeitório. Essa área possui um aquecedor de passagem próprio;
- 1 máquina de lavagem automática de louças, com ciclo acionado por
fechamento da porta:
o Funções de lavagem e enxágüe;
o 6 opções de tempos de ciclos: 60 a 360 segundos;
o Capacidade do tanque de lavagem de 44 L;
o Gaveta com capacidade para 18 pratos médios;
o Consumo de 3,8 litros por ciclo (60 s).
- 1 torneira de limpeza no refeitório e 1 na área de produção;
- 2 lavatórios com torneiras de tempo de fluxo determinado para
higienização manual dos comensais;
- 1 torneira de limpeza externa próxima à área do lixo;
- 1 torneira para tanque;
- 1 válvula de descarga para bacia sanitária convencional
- 1 lavatório com torneira de tempo de fluxo determinado para
higienização manual dos usuários da cozinha.
104
4.2.1.2 Empresa “B”
A área do restaurante totaliza aproximadamente 205 m²,
aproximadamente. A unidade da empresa “B” serve aproximadamente 120 refeições
diárias, entre almoço, jantar e ceia. O cardápio é composto por: arroz, feijão,
guarnição, 2 tipos de carne, 3 tipos de salada, molho, fruta, doce e suco.
É utilizado o serviço tipo cafeteria para o prato principal e “self-
service” para o restante do cardápio.
O número de funcionários é de 4 no turno do almoço, 3 no jantar e 1
na ceia.
A edificação do restaurante é integrada à empresa, no entanto o
sistema hidráulico é independente, sendo o restaurante abastecido pela rede pública
e o restante da empresa abastecido por poço artesiano. O sistema de água quente
dispõe de um aquecedor de acumulação a gás, com capacidade de 300L, e que
distribui para os pontos de higienização de louças, utensílios e panelas.
Todas as torneiras são convencionais, exceto as duas dos lavatórios
do refeitório, utilizadas pelos comensais, que possuem fechamento automático e
arejadores.
O Manual de Boas Práticas disponível é da mesma prestadora de
serviço da empresa “A”. Também não havia disponíveis os projetos dos sistemas
prediais.
Os pontos hidráulicos existentes são:
- 2 torneiras no setor de carnes e guarnições;
105
- 2 torneiras com misturador no setor de higienização dos utensílios do
refeitório e preparo de saladas;
- 2 torneiras com misturador no setor de higienização de panelas;
- 1 torneiras com misturador no balcão de apoio do setor de cocção;
- 1 ponto de água para o balcão distribuidor;
- 2 lavatórios com torneiras de tempo de fluxo determinado para
higienização manual dos comensais;
- 1 torneira de limpeza com mangueira na área de produção;
- 1 torneira para tanque;
- 1 chuveiro no banheiro dos funcionários;
- 1 válvula de descarga para bacia sanitária convencional;
- 2 lavatórios com torneira de tempo de fluxo determinado para
higienização manual dos usuários da cozinha.
4.2.1.3 Empresa “C”
A empresa “C” serve aproximadamente 500 refeições por dia, sendo
450 refeições no almoço e 50 no jantar. O cardápio é constituído por: arroz, feijão,
guarnição, 3 tipos de salada, 2 opções de prato principal (carne, massas, etc.) e 2
opções de sobremesa. Utiliza o serviço tipo cafeteria para o prato principal e “self-
service” para o restante do cardápio.
106
O número de funcionários é de 9 no turno do almoço e 2 no jantar. A
estrutura física do restaurante é integrada ao alojamento dos funcionários, que conta
ainda com área de lazer, biblioteca, vestiários, etc. A área da cozinha e do refeitório
totaliza aproximadamente 320,5 m².
O sistema hidráulico predial é alimentado por água subterrânea,
através de um poço que atende todo o complexo da empresa. No local da UAN,
trata-se de um sistema indireto, sendo que o reservatório superior abastece, além da
cozinha, os banheiros dos vestiários dos funcionários. Não havia, portanto, um
controle do consumo isolado do restaurante e nem mesmo o controle do consumo
global da edificação.
A rede de distribuição de água fria possui tubulação aparente e não
há sistema de água quente.
O Manual de Boas Práticas disponível é da mesma prestadora de
serviço das empresas “A” e “B”. Também não havia disponíveis na unidade os
projetos dos sistemas prediais.
Os pontos hidráulicos existentes são:
- 1 torneira no setor de sobremesas;
- 1 torneira no setor de carnes;
- 4 torneiras no setor de saladas e guarnições;
- 2 torneiras nas bancadas de apoio do setor de cocção;
- 2 pontos de água para caldeiras e 1 ponto para o forno combinado;
- 4 torneiras na área de higienização de louças e utensílios;
107
- 1 tanque com torneira;
- 1 lavatório com torneira de tempo de fluxo determinado para
higienização manual dos usuários da cozinha;
- 1 torneira de limpeza no refeitório;
- 2 bacias sanitárias, 2 lavatórios e 2 chuveiros nos banheiro dos
funcionários;
- 1 ponto de água para o balcão distribuidor.
4.2.1.4 Restaurante Universitário – Universidade Estadual De Londrina
O Restaurante Universitário (RU) da Universidade Estadual de
Londrina localiza-se no campus da mesma, e possui uma área total de 1.773,01 m².
O projeto arquitetônico definiu duas áreas como refeitórios, sendo atendidas por
uma única cozinha. Cada refeitório possui o próprio balcão distribuidor e área de
recebimento e higienização de louças e utensílios, sendo concebido dessa forma
com o objetivo de poder utilizar apenas uma das áreas quando a demanda for
menor.
O cardápio básico constitui-se de arroz, feijão, uma opção diária de
carne, de guarnição, de sobremesa e de suco. O número de funcionários é de 34 no
turno do almoço e de 27 no jantar, incluindo as funções de produção, de limpeza e
administrativas. O funcionamento é de segunda a sexta, abrindo ocasionalmente em
finais de semana para atendimentos especiais.
O serviço utilizado é do tipo cafeteria, através de balcão distribuidor,
sendo apenas utilizado o auto-serviço para os molhos da salada e para o suco.
108
A alimentação de água provém da rede principal do campus da
universidade, que por sua vez é abastecida pela rede da concessionária local.
O sistema predial de água é do tipo indireto, sendo previsto na
concepção inicial do projeto a existência de um reservatório superior e um inferior.
Entretanto, devido ao alto consumo da edificação, o funcionamento das bombas de
recalque do reservatório inferior não estava atendendo a demanda nos horários de
pico de consumo. Atualmente, o reservatório superior é abastecido diretamente pelo
alimentador predial, já que há a pressão necessária para este fim, o que resulta na
diminuição do volume de reserva do edifício mas dispensa o uso das bombas.
O sistema de aquecimento de água é composto por dois
aquecedores de acumulação elétricos com volume de 2.000 litros cada.
O edifício possui um subsolo denominado de subsolo técnico, sob as
áreas da cozinha e de higienização dos utensílios do refeitório, cuja função é facilitar
a manutenção de toda a rede de esgoto dessas áreas e da rede de distribuição de
água da cozinha, pois toda a tubulação está aparente no local. A figura 15 permite
visualizar o subsolo:
Figura 15- Subsolo técnico do RU
109
No Restaurante Universitário não havia disponível nenhum projeto,
sendo encontrados os projetos completos, mas desatualizados, no arquivo geral da
universidade. Não havia um Manual de Boas Práticas para a unidade.
No levantamento do sistema hidráulico predial, foram cadastrados os
seguintes pontos hidráulicos:
- 3 torneiras na área de recebimento de mercadorias;
- 2 torneiras com misturador no setor de carnes;
- 3 torneiras no setor de vegetais;
- 3 torneiras na bancada de sobremesas;
- 2 torneiras com misturador na bancada de apoio do setor de cocção;
- 1 torneira com misturador no setor de guarnições;
- 4 pontos de água quente e fria para caldeiras;
- 3 torneiras com misturador na bancada de higienização de utensílios da
cozinha, 1 ponto para ducha manual e 1 ponto para mangueira;
- 4 bacias sanitárias, 6 lavatórios e 4 chuveiros nos banheiro dos
funcionários;
- 1 bacia sanitária e 1 lavatório no banheiro da administração;
- 2 tanques e 1 máquina de lavar roupa;
- 2 torneiras com misturador para pré-lavagem, 2 torneiras de limpeza nas
áreas de higienização de louças e utensílios do refeitório;
- 2 máquinas de lavagem automática de louças, com avanço automático
das gavetas e iguais características:
110
o 2 velocidades: 2.016 e 3.104 pratos por hora;
o Capacidade do tanque de lavagem de 100 L;
o Gaveta com capacidade para 16 pratos médios;
o Consumo de 2,5 a 3,5 litros por ciclo.
- Refeitório: 4 bebedouros, 2 pontos para refresqueiras, 2 pontos para
balcão distribuidor (com água quente), 2 lavatórios para higienização de
mãos, 4 pontos para lavagem ambiental.
- Área de produção: 2 bebedouros, 1 ponto de água para descascador de
batatas, 2 pontos para máquinas de gelo, 1 ponto para forno combinado,
2 pontos para higienização ambiental e 2 lavatórios para higienização
manual.
4.2.2 Análises dos procedimentos do uso da água
Em uma análise inicial, verificou-se que dentre os diversos usos da água,
duas atividades destacam-se pelo tempo mais prolongado de consumo: a
higienização de utensílios e o preparo de legumes e hortaliças, principalmente
as folhagens;
No preparo de folhagens verifica-se o uso de água corrente durante todo o
processo de limpeza, não havendo o trabalho por lotes. Em todas as unidades
houve indisposição por parte dos funcionários se acaso tivessem que mudar o
procedimento, alegando o aspecto temporal da atividade, o qual seria
prejudicado;
111
Verificou-se, apenas na empresa “C”, que na lavagem de folhas e vegetais os
mesmos são colocados de molho num vasilhame com água com a torneira
em posição aberta durante todo o tempo, enquanto se executa outras
atividades;No preparo de legumes é comum a permanência da torneira aberta
durante toda a fase de descascagem, sendo que o uso da água se faz
necessário apenas para o enxágüe. No preparo de carnes também é comum
deixar a torneira aberta enquanto ocorre a limpeza;Na lavagem das caldeiras
procede-se o enchimento das mesmas quase que por completo para a
realização da atividade, causando um uso excessivo da água. O mesmo
ocorre com vasilhas para proceder sua limpeza interior;
Para o descongelamento de carnes utiliza-se água corrente durante todo o
período;
Foi verificado que as torneiras das bancadas eram constantemente fechadas
apenas parcialmente entre os intervalos de uso, causando a perda da água.
Todas as unidades eram dotadas de torneiras com fechamento do tipo
volante;
É comum o funcionário deixar a torneira aberta para realizar alguma outra
atividade, como, por exemplo, buscar utensílios, produtos, alimentos, etc.;
A etapa de pré-lavagem manual dos utensílios do refeitório é realizada em
uma cuba da bancada de recebimento dos utensílios, sendo utilizada a água
armazenada nesta cuba. O uso da água é feito até esta não apresentar mais
condições adequadas (através da análise visual pelos funcionários), sendo
então drenada para em seguida acumular um novo volume de água, o que
demanda um tempo para o enchimento da cuba;
112
A lavagem do piso da cozinha ocorre várias vezes durante a fase de
produção das refeições. Para este processo, as funcionárias utilizam
pequenos vasilhames para coleta de água e lançamento no piso. Com o
objetivo de evitar o tempo de espera para o enchimento do vasilhame
diretamente das torneiras, as funcionárias utilizam um recipiente maior (por
exemplo, monoblocos) como uma espécie de reservatório, utilizando essa
água armazenada para agilizar o processo de captação da água. Entretanto,
verificou-se que várias vezes as funcionárias abriam as torneiras para
encherem os monoblocos e saíam para realizarem outras atividades. Após o
enchimento dos monoblocos acontecia freqüentemente o extravasamento da
água até a chegada da funcionária para fechamento da torneira;
Diferentemente do que ocorre nas 3 empresas anteriormente estudadas, o
RU não apresenta os procedimentos das atividades padronizadas e de forma
documentada, o que dificulta uma gestão adequada das boas práticas, que
pode facilmente ser distorcida e colocada em segundo plano;
Mesmo com a presença do Manual de Boas Práticas nas UAN’s das
empresas, alguns procedimentos não são seguidos pelos funcionários, como
por exemplo, as recomendações para a higienização ambiental pelo método
dos dois baldes;
Nota-se que as nutricionistas responsáveis estão mais voltadas ao
acompanhamento da qualidade das refeições e às questões administrativas
(compras, atendimento à empresa). O acompanhamento dos procedimentos
é realizado eventualmente;
113
Em todas as unidades a limpeza dos reservatórios é efetuada em intervalos
aleatórios de tempo, não obedecendo ao período mínimo recomendado;
No RU parte das verduras e legumes utilizados na produção das refeições
provêm da Fazenda Escola da própria universidade, o que limita a exigência
da qualidade dos produtos. Devido a este fator, a produção das refeições
requer cuidados maiores, como por exemplo, uma limpeza maior devido à
qualidade inferior das matérias-primas e, conseqüentemente, um consumo
maior de água.
4.2.3 Avaliação do consumo
A avaliação do consumo buscou a coleta de dados do consumo
geral das unidades e a partir das características de cada unidade foi definida a
implantação de medição setorizada para duas atividades de uso intenso da água,
conforme avaliação dos resultados da etapa anterior do estudo de caso. Sendo
assim, procedeu-se à avaliação do consumo das atividades de preparo de folhagens
para saladas e da higienização de utensílios dos refeitórios, buscando uma
avaliação comparativa de determinadas ações que visam à otimização do uso da
água. As seguintes ações foram avaliadas:
i) o consumo da higienização dos utensílios realizada de forma
mecanizada comparada com a forma manual;
ii) o impacto de redução do consumo decorrente da mudança no
preparo de folhagens segundo as boas práticas recomendadas;
iii) o consumo no preparo de folhagens com torneira convencional
comparada com o uso de torneira economizadora.
114
Para permitir o acompanhamento do consumo geral da empresa “A”
foram instalados 3 hidrômetros, conforme demonstra a figura 16. Foram utilizados 1
hidrômetro de ¾” de vazão nominal de 1,5 m³/h em cada entrada de alimentação e 1
hidrômetro de 1”, de vazão nominal de 7 m³/h , no ramal de saída que alimenta os
vestiários da empresa.
Figura 16 – Empresa “A”- Hidrômetros do consumo geral da UAN
Também foram avaliadas na empresa “A” o consumo de 2 áreas
específicas através da instalação de 3 hidrômetros de ¾” nos ramais de distribuição
de água. Foi instalado 1 hidrômetro no ramal da bancada de hortifruti para a
avaliação do consumo específico no preparo das folhagens. Os outros 2 hidrômetros
foram utilizados na área de higienização dos utensílios das refeições. As figuras 17 e
18 mostram os hidrômetros instalados:
115
Figura 17 – Empresa “A” - Hidrômetros do setor de hortifruti
Figura 18 – Empresa “A” - Hidrômetros do setor de higienização de utensílios
do refeitórios
Na empresa “B” foram instalados 2 hidrômetros nas torneiras da
bancada de higienização dos utensílios do refeitório e de preparo de hortifruti.
Devido às condições do local, que impossibilitava a implantação dos hidrômetros na
rede de distribuição, a instalação foi realizada na saída do misturador, conforme
demonstra a figura 19. Os hidrômetros são de ¾”, com capacidade de medição de
água quente.
116
Figura 19 - Empresa “B”- Hidrômetro instalado na saída do misturador
Na empresa “C” foi instalado 1 hidrômetro de 1” para a avaliação do
consumo da cozinha. Entretanto, devido às limitações físicas, a instalação só foi
possível no ramal que abastece a cozinha, excluindo o consumo do refeitório e dos
banheiros dos funcionários. A figura 20 demonstra a instalação:
DETALHE:
Figura 20 – Empresa “C” - Indicação do local de instalação e detalhe do
hidrômetro
Para a análise do consumo do Restaurante Universitário foi instalado
um hidrômetro no ramal de alimentação do edifício (ver figura 21), o qual não
disponibilizava do equipamento anteriormente.
117
Figura 21 – Hidrômetro instalado na rede de alimentação do RU
Foi avaliado o índice de consumo durante o período de 30 dias para
as três empresas, e o período histórico de 12 meses para o RU. Foram coletados os
consumos diários nos dias normais de funcionamento.
O índice de consumo geral das UAN’s nas empresas foi obtido para
o período do almoço. As leituras dos hidrômetros ocorreram antes do início da
produção e após a última atividade do almoço, que é a higienização do ambiente. Já
o índice do RU foi obtido em função do consumo total do almoço e jantar, com
leituras diárias do hidrômetro no final da noite, quando o reservatório superior já
encontrava-se completo.
4.2.3.1 Análise comparativa do processo de lavagem de utensílios mecanizada
x manual – Empresa “A”, Empresa “C”
Sendo a higienização de louças e utensílios uma atividade de
grande consumo de água, propôs-se uma avaliação do processo manual e o
mecânico através de uma análise comparativa entre os indicadores de consumo.
118
Para a obtenção do indicador de consumo da lavagem das louças e utensílios do
refeitório, no período do almoço, utilizou-se como agente consumidor o número de
refeições servidas.
A atividade de lavagem de louças e utensílios correspondeu ao
conjunto das etapas de pré-lavagem, de lavagem, propriamente dita, e de enxágüe.
O índice de consumo da lavagem de louças pode ser avaliado comparativamente
entre as empresas, pois trata-se da mesma prestadora de serviço, cujos utensílios
utilizados nas duas unidades são similares.
Os utensílios utilizados por refeição são: prato principal em louça,
prato para sobremesa em louça, garfo, faca, colher e bandeja plástica. A figura 22
ilustra os utensílios utilizados para cada refeição:
Figura 22- Utensílios do refeitório: bandeja, pratos e talheres
Desta forma, buscou-se a coleta dos dados, cuja lavagem manual é
avaliada na empresa “C” e a lavagem mecânica na empresa “A”.
A lavagem manual na empresa “C” segue os procedimentos
recomendados pela ABERC (2003) e descritos no item 2.6.2. Para a avaliação do
119
consumo da atividade dessa atividade foram realizadas leituras no hidrômetro
instalado no ramal de distribuição principal, sendo validadas pelo fato de ocorrer
consumo apenas nesta atividade durante o período. Nos dias em que ocorreram
atividades simultâneas com a utilização de água foram descartados os dados.
Os procedimentos para a lavagem mecanizada na empresa “A”
consiste inicialmente na pré-lavagem manual dos utensílios, sendo em seguida
dispostos na máquina, até a capacidade máxima do equipamento, que procede de
forma automática para a higienização final. Repete-se o processo em função do
número de refeições servidas.
120
A tabela 2 apresenta os resultados na empresa “C” para a lavagem
manual e também para o consumo total:
Tabela 2 - Avaliação do consumo da empresa “C” - Lavagem manual dos
utensílios
Leit.
Cons.Tot
al
Número
de ICtotal Consumo
IC Lav.
Manual
IC lav. man. /
ICtotal
(m³) refeições (L/ref)
Lav. Manual
(m³) (L/ref) (%)
1 13,64 472 28,90 4,70 9,96 34%
2 12,10 463 26,13 4,54 9,81 38%
3 11,50 463 24,84 5,15 11,12 45%
4 10,65 442 24,10 5,71 12,92 54%
5 13,97 425 32,87 5,84 13,74 42%
6 14,50 484 29,96 4,85 10,02 33%
7 10,71 485 22,08 4,74 9,77 44%
8 11,72 470 24,94 4,51 9,60 38%
9 12,50 421 29,69 5,95 14,13 48%
10 7,84 246 31,87 3,54 14,39 45%
11 10,40 443 23,48 3,95 8,92 38%
12 12,38 491 25,21 6,84 13,93 55%
13 8,91 446 19,98 5,65 12,67 63%
14 11,10 443 25,06 6,08 13,72 55%
15 12,00 463 25,92 6,32 13,65 53%
16 15,70 452 34,73 4,41 9,76 28%
17 11,24 454 24,76 4,61 10,15 41%
18 9,87 417 23,67 3,95 9,47 40%
19 13,25 453 29,25 6,40 14,13 48%
20 11,60 471 24,63 6,05 12,85 52%
Média 26,60 11,74 45%
desvio-padrão 3,79 2,01
Onde:
ICtotal – Índice de Consumo geral da UAN
IC Lav. Manual – Índice de Consumo da atividade de lavagem manual de utensílios
A tabela 3 demonstra os resultados para o processo mecanizado na
empresa “A” e também do consumo total da unidade:
121
Tabela 3 - Avaliação do consumo da empresa “A” - Lavagem mecânica dos
utensílios
Leit.
Cons.Tot
al
Número
de ICtotal
Cons. Lav.
Mec.
IC Lav.
Mec.
IC lav. mec. /
ICtotal
(m³) refeições (L/ref) (m³) (L/ref) (%)
1 7,45 409 18,22 1,51 3,69 20%
2 8,05 381 21,13 2,03 5,33 25%
3 8,15 371 21,97 1,60 4,31 20%
4 3,01 116 25,95 0,75 6,47 25%
5 6,51 379 17,18 1,81 4,78 28%
6 7,46 375 19,89 1,42 3,79 19%
7 7,25 376 19,28 1,35 3,59 19%
8 7,85 355 22,11 1,92 5,41 24%
9 5,91 313 18,88 1,67 5,34 28%
10 2,43 100 24,30 0,76 7,60 31%
11 10,05 377 26,66 1,62 4,30 16%
12 6,31 358 17,63 1,52 4,25 24%
13 6,94 367 18,91 1,41 3,84 20%
14 5,98 349 17,13 1,56 4,47 26%
15 6,24 326 19,14 1,10 3,37 18%
16 5,84 299 19,53 2,01 6,72 34%
17 5,24 283 18,52 1,09 3,85 21%
18 6,12 257 23,81 1,04 4,05 17%
19 5,98 278 21,51 0,97 3,49 16%
20 5,21 282 18,48 1,31 4,65 25%
Média 20,51 4,66 23%
desvio-padrão 2,84 1,16
Onde:
ICtotal – Índice de Consumo geral da UAN
IC Lav. Mec. – Índice de Consumo da atividade de lavagem mecânica de utensílios
A relação das médias indica uma economia de 60% da lavagem
mecânica comparada com a manual. Aplicando o teste das hipóteses para validação
da hipótese alternativa H
1
, temos:
2 . α = 2. 0,05 = 0,10
t crítico = 1,68
n
1
+ n
2
– 2 = 20 + 20 – 2 = 38
Aplicando a fórmula I, onde:
122
Média lavagem manual (
1
x )= 11,74 L/kg
Média lavagem mecânica (
2
x )= 4,66 L/kg
Tem-se: t da amostra = 13,64 , assim: t da amostra > t crítico
Dessa forma, verifica-se que o t da amostra não se encontra na
região de aceitação da hipótese H
0
. Comprova-se então, pela hipótese H
1
, que
houve uma redução do consumo para a atividade de higienização de louças e
utensílios, quando esta se realiza por meio de lavagem mecânica.
Além da redução do consumo verifica-se um grande aumento da
produtividade e menor interferência do usuário no processo, pois a atividade manual
restringe-se apenas à etapa de pré-lavagem e à introdução e retirada das bandejas
do equipamento. Vale lembrar que alguns equipamentos dispõem também da etapa
de pré-lavagem incluída no ciclo de operação.
4.2.3.2 Avaliação do consumo decorrente de mudanças de procedimentos no
preparo de folhagens – Empresa “B”
Para a avaliação do consumo específico no preparo das folhagens
foi inicialmente escolhido um tipo, pois há diferentes necessidades no uso da água
de acordo com as características de cada espécie. Sendo a alface o tipo de
folhagem mais presente no cardápio, foi escolhida a mesma para a avaliação do
consumo.
Assim, foi aplicada a metodologia para o cálculo do índice de
consumo utilizando como agente consumidor a massa total, em kg, da matéria-prima
bruta a ser preparada, obtida através de pesagem simples.
123
Inicialmente foram coletados os dados referentes ao consumo
decorrente dos procedimentos verificados no preparo das folhas, como descrito no
capítulo 4.2.2, sendo notável a utilização de água corrente em todo o processo.
Esse procedimento resultou nos seguintes dados na empresa “B”:
Tabela 4 – Avaliação do consumo – Empresa “B”
Preparo de folhagens (alface) antes de mudança dos procedimentos
Consumo
Total Número IC total
Cons.
Folhagens Massa IC folhagens Leitur
a
(m³)
Refeiçõe
s (L/ref) (L) (kg) (L/kg)
1 2,15 77 27,92 151 4,6 32,83
2 2,54 81 31,36 95 3,0 31,67
3 2,24 80 28,00 89 3,2 27,81
4 1,94 75 25,87 92 2,8 32,86
5 2,45 77 31,82 122 4,3 28,37
6 2,15 80 26,88 181 7,6 23,82
7 2,06 82 25,12 92 3,8 24,21
8 3,01 84 35,83 195 6,2 31,45
9 2,15 84 25,60 174 5,1 34,12
10 2,61 82 31,83 119 4,0 29,75
11 2,76 82 33,66 97 2,8 34,64
12 2,14 86 24,88 115 3,9 29,49
13 2,65 89 29,78 108 3,5 30,86
14 3,41 140 24,36 381 13,6 28,01
15 2,05 79 25,95 137 4,0 34,25
média 28,59 30,28
desvio-padrão 3,57 3,39
Onde:
ICtotal – Índice de Consumo geral da UAN
IC folhagens – Índice de Consumo da atividade de preparo das folhagens
Após esse período, procedeu-se a uma segunda etapa, cuja coleta
de dados realizou-se após a instrução para a mudança de procedimentos na
124
atividade. Os procedimentos foram alterados de acordo com o que constava no
Manual de Boas Práticas, que segue o descrito no capítulo 2.1.
Os resultados após essa mudança são apresentados na tabela 5:
Tabela 5 – Avaliação do consumo – Empresa “B”
Preparo de folhagens (alface) de acordo com Manual de Boas
Práticas
Consumo
Total Número IC total
Cons.
Folhagens Massa IC folhagens Leitur
a
(m³)
Refeiçõe
s (L/ref) (L) (kg) (L/kg)
1 2,67 124 21,53 130 6,0 21,67
2 2,41 94 25,64 81 3,5 23,14
3 2,35 97 24,23 64 2,5 25,60
4 1,59 86 18,49 69 3,5 19,71
5 2,51 85 29,53 174 9,8 17,76
6 1,68 69 24,35 105 4,1 25,61
7 2,11 76 27,76 81 4,0 20,25
8 1,95 80 24,38 71 3,0 23,67
9 1,69 82 20,61 86 3,8 22,63
10 2,26 87 25,98 79 3,6 21,94
11 1,87 77 24,29 71 3,5 20,29
12 1,97 72 27,36 83 3,9 21,28
13 2,21 75 29,47 71 3,5 20,29
14 1,54 80 19,25 79 4,0 19,75
15 2,15 84 25,60 65 3,0 21,67
média 24,56 21,68
desvio-padrão 3,39 2,19
A relação das médias indica uma redução de 28% com a mudança
dos procedimentos. Testando a hipótese para verificação da diferença entre as
médias, tem-se:
2 . α = 2. 0,05 = 0,10
t crítico = 1,70
n
1
+ n
2
– 2 = 15 + 15 – 2 = 28
125
Aplicando a fórmula I, onde:
Média antes da mudança dos procedimentos (
1
x )= 30,28 L/kg
Média após mudança dos procedimentos (
2
x )= 21,68 L/kg
Assim:
t da amostra = 8,25
Logo, t da amostra > t crítico
Confirma-se então a validade da hipótese alternativa H
1
, sendo
significativa a redução do consumo entre as duas amostras.
Conclui-se que a adoção dos procedimentos recomendados pelas
Boas Práticas de Fabricação conduz à otimização do uso da água se comparado
com os procedimentos que vinham sendo utilizados pelas funcionárias. Os
resultados também indicam uma menor variação do consumo per capita após o
treinamento efetuado.
Cabe ressaltar que houve uma resistência inicial, por parte das
funcionárias, em adotar essa mudança nos procedimentos, sob a alegação de que
haveria prejuízo temporal da atividade. Entretanto, após a implantação da mudança,
não se notou uma perda de tempo significativa a ponto de prejudicar a produção.
126
4.2.3.3 Avaliação comparativa do consumo pelo uso de torneiras
convencionais x torneiras economizadoras – Empresa “A”
Optou-se pela utilização da metodologia utilizada para o consumo no
preparo de folhagens, possibilitando a avaliação comparativa decorrente da
substituição das torneiras para essa atividade.
A empresa “A” dispõe de duas torneiras para o preparo de saladas,
sendo que a coleta de dados da primeira etapa consistiu no período de utilização de
torneiras convencionais, sem arejadores e acionamento tipo volante.
Após este período foram substituídas as torneiras, sendo
implantados modelos com arejadores e acionamento por alavanca do tipo ¼ de
volta. As figuras 23 e 24 mostram as torneiras instaladas:
Figura 23 - Torneira convencional Figura 24 - Torneira economizadora
Os dados da primeira etapa, com a utilização de torneiras
convencionais, são apresentados na tabela 6:
127
Tabela 6 – Avaliação do consumo – Empresa “A”
Preparo de folhagens (alface) com torneira convencional
Consumo
Total Número IC total
Cons.
Folhagens Massa IC folhagens Leitur
a
(m³)
Refeiçõe
s (L/ref) (L) (kg) (L/kg)
1 7,45 409 18,22 356 15,2 23,42
2 3,01 116 25,95 312 14,5 21,52
3 6,51 379 17,18 296 15,6 18,97
4 7,25 376 19,28 259 10,2 25,39
5 7,85 355 22,11 285 14,2 20,07
6 5,91 313 18,88 364 15,5 23,48
7 10,05 377 26,66 370 14,2 26,06
8 6,31 358 17,63 385 15,8 24,37
9 5,98 349 17,13 216 9,8 22,04
10 5,84 299 19,53 384 13,9 27,63
11 5,24 283 18,52 295 13,0 22,69
12 5,98 278 21,51 303 14,3 21,19
13 5,21 282 18,48 256 13,5 18,96
14 5,90 305 19,34 351 15,2 23,09
15 6,10 294 20,75 211 9,0 23,44
média 20,08 22,82
desvio-padrão 2,91 2,48
Os resultados após a substituição das torneiras foram os seguintes:
128
Tabela 7 – Avaliação do consumo – Empresa “A”
Preparo de folhagens (alface) com torneira economizadora
Consumo
Total Número IC total
Cons.
Folhagens Massa IC folhagens Leitur
a
(m³)
Refeiçõe
s (L/ref) (L) (kg) (L/kg)
1 4,60 271 16,97 226 14,2 15,92
2 5,84 294 19,86 241 13,5 17,85
3 4,75 297 15,99 232 15,5 14,97
4 4,40 295 14,92 254 16,0 15,88
5 2,13 102 20,88 74 4,0 18,50
6 5,49 290 18,93 248 14,6 16,99
7 4,75 298 15,94 184 10,5 17,52
8 5,24 292 17,95 253 12,6 20,08
9 5,00 295 16,95 264 13,5 19,56
10 5,26 308 17,08 238 14,5 16,41
11 6,52 285 22,88 154 10,8 14,26
12 5,51 292 18,87 266 12,5 21,28
13 4,67 275 16,98 212 14,0 15,14
14 1,76 95 18,53 64 3,5 18,29
15 5,64 320 17,63 254 15,7 16,18
média 18,02 17,25
desvio-padrão 2,06 2,01
A redução da média de 22,82 L/refeição para 17,28 L/refeição
decorrente da substituição das torneiras resultou em uma economia de 21% do
consumo no preparo das folhagens. Aplicando o mesmo teste de hipótese do caso
anterior, temos:
2 . α = 2. 0,05 = 0,10
t crítico = 1,70
n
1
+ n
2
– 2 = 15 + 15 – 2 = 28
Aplicando a fórmula I, onde:
Média torneira convencional (
1
x )= 22,82 L/kg
Média torneira economizadora (
2
x )= 17,25 L/kg
129
Tem-se:
t da amostra = 6,76 , assim: t da amostra > t crítico
Verifica-se então o t da amostra fora da região de aceitação da
hipótese H
0
, que confirma a efetiva redução do consumo decorrente da utilização de
torneiras economizadoras.
4.2.3.4 Resultados do consumo geral do Restaurante Universitário
A avaliação do Restaurante Universitário correspondeu apenas ao
consumo global da unidade. Foi adotado um período historio de 12 meses, de
novembro de 2003 a outubro de 2004. Os dados completos são apresentados no
capítulo de Anexos, cujos resultados são resumidos a seguir:
Tabela 8 – Índice de consumo histórico – Rest. Universitário
Mês/Ano Índice de Consumo
Diário Médio (L/ref)
Média diária do
número de
refeições
11/2003 12,75 3606
12/2003 13,67 3107
01/2004 20,01 1577
02/2004 17,59 1301
03/2004 15,21 1922
04/2004 14,05 3277
05/2004 16,15 3451
06/2004 12,25 3279
07/2004 12,27 2571
08/2004 15,67 2526
09/2004 13,14 3034
10/2004 15,86 2773
MÉDIA 14,88 2702
130
A figura 25 ilustra o gráfico com a evolução do índice de consumo
para o período:
ÌNDICE DE CONSUMO HISTÓRICO - RU
12,75
13,67
20,01
17,59
15,21
14,05
16,15
12,25 12,27
15,67
13,14
15,86
14,88
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
11/2
003
12/2
003
01/2
004
02/2
004
03/2
004
04/2
004
05/2
004
06/2
004
07/2
004
08/2
004
09/2
004
10/2
004
PERÍODO
ÍNDICE DE CONSUMO (L/ref.)
Figura 25 – Índice de consumo historico – Rest. Universitário
Pela análise dos resultados obtidos observa-se que o mês de janeiro
de 2004 caracterizou-se por apresentar um menor número de refeições servidas. A
partir dessa observação, levantou-se a hipótese de que o número de refeições
preparadas em uma mesma unidade poderia influenciar no consumo per capita.
Para comprovar essa hipótese foi calculada a média do consumo per capita em
função de faixas do número de refeições servidas no dia. A tabela 9 demonstra os
resultados:
131
Tabela 9 – Índice de consumo por faixa de número de refeições servidas no RU
Número de Refeições
até 1.000
1.000 a
2.000
2.000 a
3.000 mais de 3.000
Número de amostras 21 39 50 128
Média do
Í
ndice de
Consumo (L/ref)
24,83 16,99 14,48 12,65
Desvio-padrão 7,56 2,96 2,79 2,13
Intervalo de
confiança*
21,4 - 28,3 16,2 - 17,8 13,8 –15,1 12,3 -13,0
* para distribuição t-Student, com grau de confiança de
95%
Com esses resultados, comprova-se que realmente há uma variação
do consumo de acordo com o número de refeições servidas em uma mesma
unidade.
132
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1 CONCEPÇÃO E PROJETO DE UAN’S
Como qualquer empreendimento, uma UAN necessita de um correto
planejamento desde a sua concepção para viabilizar uma gestão com qualidade,
seja no atendimento ao cliente ou no processo produtivo. Em vista disso, diversos
fatores podem ser previstos de modo a influir também na otimização do uso da água.
Analisando a variação do índice de consumo no RU conforme a faixa
de refeições servidas, buscou-se a compreensão do fenômeno através da análise de
alguns fatores. Dentre esses fatores está o de que o uso da água em algumas
atividades não possui uma relação direta com o número de refeições. Como
exemplos dessas atividades, pode-se citar: a higienização ambiental, a higienização
pessoal dos funcionários, o uso dos equipamentos, que independentemente de
ocorrer uma subutilização devem ser higienizados por completo, entre outros.
Além disso, pode ocorrer uma alteração comportamental dos
funcionários na produção quando há um maior tempo disponível, o que possibilita
um prolongamento na realização das atividades e, conseqüentemente, um maior
consumo de água em algumas atividades.
Dessa forma, um dimensionamento adequado do sistema, incluindo
a área, o número de funcionários, os equipamentos e o sistema predial de água,
surge como hipótese de permitir não só a uma otimização espacial e produtiva das
unidades, mas também a uma redução no consumo da água.
133
Quanto aos sistemas prediais, as condições para manutenção do
sistema hidráulico predial devem ser previstas na fase de projeto, bem como a
compatibilização dos diversos sistemas, pois o uso intenso da água certamente
exigirá eventuais manutenções, que devem ocorrer de forma a não prejudicar o
processo produtivo das unidades.
A tubulação aparente das redes de distribuição de água fria das
empresas “A” e “B” demonstraram ser favoráveis para a detecção e correção dos
vazamentos caso estes venham a ocorrer. Apresenta a desvantagem de criarem
condições para um maior acúmulo de sujidades sobre a superfície da tubulação e
entre eventuais frestas. No RU, o subsolo técnico permite o acesso à tubulação da
rede de distribuição, fator este que favorece também a manutenção da rede.
Entretanto, para a manutenção ser eficiente, inspeções periódicas devem ser
realizadas no local, sob o risco de os problemas nem ao menos serem detectados.
Para isso, além das inspeções, é recomendável também o acompanhamento do
consumo para verificação de alguma anomalia no sistema.
As vantagens citadas no acesso à manutenção da tubulação
também podem ser favoráveis não só a subsolos, mas também a outros setores que
permitam a inspeção, por exemplo, do barrilete de distribuição, e também shafts,
para inspeção de prumadas.
Além desses fatores, é necessária uma atenção especial para a
concepção do sistema com vistas à atividade de higienização de louças e utensílios.
É recomendável realizar um estudo de viabilidade de implantação de um sistema de
lavagem mecanizada de louças e utensílios, uma vez que a relação custo/benefício
pode incentivar essa medida. A avaliação do consumo na empresa “A” comprova
134
que a lavagem automática, além de ganhos de produtividade, também representa
uma efetiva economia do consumo de água comparado com a lavagem manual,
conforme verificado na empresa “C”. A etapa de higienização de louças e utensílios
representa um percentual significativo do consumo total quando esta atividade se
realiza de forma manual.
Em vista da importante função e do consumo elevado relativo do
processo de lavagem de louças e utensílios, mesmo quando o processo é
mecanizado, deve-se estar atento às condições de operação da máquina e do
sistema hidráulico predial. Deve-se respeitar os limites de pressões de trabalho
indicados pelo fabricante. Se a pressão disponível de alimentação da água estiver
abaixo do limite inferior, implicará em redução do volume de água no enxágüe final,
mas conseqüentemente não cumprirá as funções de remoção do detergente,
remoção de resíduos, sanitização e aquecimento dos utensílios para secagem. Se,
por sua vez, a pressão disponível estiver acima do limite superior, haverá um uso
excessivo da água, detergente, secante e energia. Nesses casos é recomendável a
instalação de uma válvula redutora de pressão na rede.
Em todas as unidades pesquisadas não havia os projetos dos
sistemas prediais. É importante a disponibilidade dos projetos atualizados para a
operação e manutenção do sistema, além de facilitar a concepção de eventuais
expansões e modificações da unidade. Vale lembrar que os projetos devem estar
disponibilizados na própria unidade, na sala da administração/nutrição, a fim de
evitar os inconvenientes burocráticos das empresas.
Além de todos esses fatores, recomenda-se na etapa do
planejamento a previsão de pontos para futuras implantações de equipamentos que
135
necessitam de alimentação de água. O crescimento do setor viabiliza cada vez mais
o uso de equipamentos antes previstos apenas para unidades de grande porte.
Desta forma, cria-se um sistema eficiente e evitam-se improvisações e,
conseqüentemente, as maiores chances de perdas e desperdícios.
5.2 G
ESTÃO DO PROCESSO PRODUTIVO
As UAN’s devem seguir um adequado Manual de Boas Práticas para
todas as atividades que envolvem a produção das refeições. A gestão do uso da
água deve integrar este Manual, com a regulamentação de todos os procedimentos
visando o uso racional da água, de forma a padronizá-los de forma correta. Busca-se
assim, o correto uso da água como característica permanente da unidade não se
limitando a apenas um único treinamento dos funcionários.
As recomendações para os processos produtivos das refeições e
higienização de utensílios devem ser seguidas de acordo com as Boas Práticas de
Fabricação, além de um controle permanente sobre as atividades. Os resultados do
estudo de caso decorrentes da adoção dos procedimentos recomendados pelo
Manual de Boas Práticas comprovam a eficácia para o uso racional da água no
preparo de folhagens. Os resultados também apontam um menor desvio padrão no
índice de consumo após as instruções dos procedimentos a serem seguidos, o que
estimula a busca de parâmetros de consumo para cada atividade.
Dentre os pontos relevantes, nota-se entre os funcionários uma
preocupação com o aspecto temporal da produção, o que gera uma resistência
quanto a mudanças de procedimentos que vem desenvolvendo-se normalmente.
136
Essa resistência se dá principalmente pelos funcionários que já estão habituados a
certos procedimentos rotineiros. No entanto, se a mudança atender às necessidades
do processo produtivo, essa resistência deve ser combatida pelo responsável da
unidade.
Tratando-se ainda da gestão do processo produtivo, dentre as
diversas variáveis que influem no consumo, temos também as inerentes às
características da matéria-prima e cardápio.
A composição do cardápio exerce influência na carga de trabalho e
as atividades envolvendo os pré-preparos dos alimentos e higienização de
ambientes e utensílios. É evidente que cada tipo e preparo da matéria-prima possui
diferentes necessidades de uso da água e não será este o fator decisivo para a
composição do cardápio. Entretanto, um fator importante na escolha da matéria-
prima contribui para a redução do consumo: o controle da qualidade.
Esta questão é abordada devido à influência da qualidade dos
alimentos no consumo da água, principalmente os hortifruti. A contribuição para a
redução do consumo advém do fato de que ocorrem casos em que a matéria-prima
não se encontra em condições adequadas, sendo necessário um maior tempo de
limpeza, exigindo uma maior quantidade de água para alcançar a qualidade
requerida. A matéria-prima em condições satisfatórias permite um pré-preparo mais
rápido e, conseqüentemente, uma redução do consumo de água. Portanto, na
aquisição da matéria-prima deve-se constar claramente o produto solicitado,
incluindo grupo, classificação, tipo, especificações técnicas, plano de amostragem,
critérios para avaliação dos fornecedores e matéria-prima, instrução de avaliação,
limites críticos para aceitação ou rejeição do produto e a norma utilizada.
137
Cabe comentar neste tópico ainda, que no enfoque da gestão do
uso da água, é de fundamental importância à designação de um gestor específico
para a orientação e acompanhamento do consumo da água na unidade. O
envolvimento e a preocupação de quem dirige a equipe nesta questão é primordial,
pois dela emanarão as atitudes a serem tomadas pela equipe. Na revisão
bibliográfica foram apresentadas as atribuições do nutricionista. Justifica-se assim,
que a figura do gestor da água deverá ser atribuída ao mesmo, pois esse
profissional possui todas as prerrogativas sobre os fatores intervenientes na gestão
do uso da água.
Outra questão do gerenciamento da água refere-se à
responsabilidade da tarifa do consumo quando o serviço é terceirizado. Em
entrevistas informais constatou-se que em nenhuma unidade o custo da água era
encargo da prestadora do serviço de alimentação.
Recomenda-se que o pagamento da tarifa de água deve ser de
responsabilidade da mesma. Trata-se de uma ação econômica visando uma maior
conscientização para a redução dos desperdícios. Esse fator remete a um
comprometimento maior à economia da água, pois a água será um insumo que
deverá ser considerado na contabilidade da unidade. A melhor gestão da água
depende de um acompanhamento próximo das condições do sistema produtivo.
Aplicando ainda um ponto de vista sistêmico, a abordagem da
gestão da água não deve apenas atingir apenas as empresas onde estão as UAN’s,
de forma pontual e isolada. Um treinamento da gestão de forma centralizada nas
empresas prestadoras de serviço da alimentação contribuirá para uma efetividade na
implantação de ações adequadas. A atuação de forma especializada possibilitará
138
melhores condições de campanhas e programas a serem planejados, envolvendo
assim, todas as peculiaridades de um serviço de alimentação. Confirma-se a
tendência para o setor de alimentação coletiva de delegar o serviço para empresas
especializadas, no sentido de favorecer também o uso racional da água.
5.3 I
MPLANTAÇÃO DE AÇÕES TECNOLÓGICAS
Este tópico aponta as principais conclusões referentes às análises
de viabilidade de implantação das ações tecnológicas.
Inicialmente, é notório no sistema o uso intenso da água em alguns
pontos, principalmente em bancadas de higienização. Em vista disso, deve-se dispor
de produtos de boa qualidade e em conformidade com as normas brasileiras,
objetivando atender às necessidades de utilização sem freqüentes manutenções
corretivas.
A implantação das ações tecnológicas nos banheiros dos
restaurantes pode ser analisada sob o mesmo enfoque de outros estudos já
realizados. O uso de bacias sanitárias com volume de descarga reduzido
proporciona a redução do volume se comparado a uma bacia convencional e atende
aos requisitos de desempenho da NBR-9060/94 (Verificação do Funcionamento de
Bacias Sanitárias Sifônicas), conforme é demonstrado em estudo de Santos et al
(1998).
Além das bacias sanitárias, todos os produtos de torneiras e válvulas
de descarga citados no capítulo 3.2.1 favorecem também o uso racional da água nos
banheiros das unidades, analisando sempre os requisitos de utilização e
139
manutenção adequados. É evidente no setor da alimentação a necessidade de uma
atenção para os requisitos de higiene, seja dos funcionários, seja dos comensais.
Dessa forma, os produtos de fechamento automático formam um sistema harmônico
entre o uso otimizado da água e as necessidades dos usuários.
A mesma análise quanto à utilização das torneiras economizadoras
nos banheiros cabe aos lavatórios para higienização manual situados nos diversos
setores das UAN’s.
Analisando algumas atividades percebe-se que a implantação de
arejadores e restritores de vazão em torneiras – produtos sempre recomendáveis em
diversos casos – requer cuidado. Em UAN’s, o uso desses produtos não é
recomendável em sentido amplo para a atividade de pré-lavagem manual de louças.
Isso se deve à atividade não consistir normalmente na utilização de água corrente. O
uso dá-se através da acumulação da água na cuba, como descrito no estudo de
caso. O uso de arejadores nesta etapa pode prejudicar o aspecto temporal da
atividade, pois a vazão das torneiras será menor e conseqüentemente o tempo para
realizar a troca da água será maior. No entanto, em sentido estrito, se a utilização
desses produtos evitar inconvenientes de uma pressão excessiva no local, como por
exemplo, respingos excessivos, então recomenda-se a implantação dos mesmos.
Essa mesma análise cabe para as torneiras de limpeza, nos casos
cujo objetivo principal seja a higienização através do uso de baldes e recipientes,
onde uma menor vazão não influi na redução do desperdício, pois o fim principal é
apenas o acúmulo da água.
Já a implantação dos arejadores nas torneiras utilizadas para o
preparo de hortifruti possibilita uma real redução no consumo, conforme verifica-se
140
no preparo de folhagens do estudo de caso na empresa “A”. Nessa mesma análise
do produto ressalta-se que a utilização de torneiras com alavancas ¼ de volta
minimiza o esforço para abertura e fechamento, contribuindo para haver uma menor
negligência dos funcionários em deixar a torneira aberta quando não é necessária a
utilização da água.
Ainda quanto às torneiras, o uso dos tipos com acionamento pelos
pés também deve ser analisado criteriosamente. Alguns fabricantes recomendam a
utilização deste tipo de torneira em cozinhas industriais. No entanto, as atividades
que envolvem a produção das refeições são intensas, exigindo movimentos
repetitivos que não devem levar à fadiga ou à falta de estimulação para executar os
procedimentos corretos. Devido a esse fator, as torneiras do tipo alavanca de pé
parecem não recomendáveis para o uso em bancadas de uso intenso da água,
como no uso do preparo de verduras e legumes e lavagem de utensílios em geral,
pois a utilização pode exigir um esforço que desestimularia o uso correto. Esse
esforço previsto leva em conta que a posição da alavanca exigirá não só o
deslocamento do pé para o acionamento, como também a permanência nessa
posição até se completar a etapa da atividade que necessita de água. Essas
considerações são hipóteses de uma análise que depende de um estudo mais
aprofundado envolvendo ergonomia, produtividade e produto, dentre outros fatores.
Por fim, durante a escolha das unidades para o estudo de caso,
notou-se na maior parte das UAN’S a falta de uma medição do consumo própria.
Mesmo naqueles em que havia uma medição individualizada, não se realizava
nenhum tipo de controle periódico do consumo.
141
Dentre os benefícios decorrentes de um acompanhamento
permanente do consumo, conforme já descritos, está a caracterização de um perfil
de consumo que pode indicar uma anomalia do sistema, como a ocorrência de
vazamentos, caso haja uma variação significativa. Mas, para que haja a eficácia
desse controle, é necessária também uma dinâmica satisfatória entre o gestor da
unidade e os responsáveis pela manutenção, de modo que o ciclo de feedback entre
a percepção da anomalia do sistema e a atuação da equipe de manutenção seja
realizada de forma rápida e satisfatória.
Além disso, a medição individualizada possibilitará, quando for o
caso, a possibilidade do repasse da responsabilidade do custo da água para a
empresa responsável pelo serviço e uso da água.
142
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1 CONCLUSÕES
O presente estudo abordou o uso racional da água em Unidades de
Alimentação e Nutrição. Entende-se que o objetivo geral foi alcançado pela
discussão dos principais fatores pertinentes ao tema no capítulo anterior, criando
ferramentas para a concepção e gestão de UAN’s na busca da otimização do uso da
água.
Verifica-se o caráter multidisciplinar na gestão do uso da água em
UAN’s, sendo necessário o conhecimento técnico específico do setor conjuntamente
com os subsídios da metodologia de implantação de PURA’s para objetivar a
redução do consumo e do desperdício. É importante o planejamento de ações
fundamentadas em procedimentos organizados e que garantam o mínimo
recomendável para o uso higiênico, saudável e seguro nas unidades. Assim como
apresentados nos estudos revisados de PURA’s realizados em restaurantes para
coletividades, os resultados na implantação de ações economizadoras mostram-se
significativos, sendo que não havia ainda uma abordagem mais aprofundada dos
fatores de gestão que caracterizam as UAN’s.
Devido ao grande consumo em diversas atividades, percebe-se o
grande potencial para uma redução significativa na demanda da água. Dentre as
atividades destacam-se o uso na higienização de louças e utensílios e no preparo de
hortifruti.
143
A avaliação do consumo confirma o potencial de redução pela
implantação de algumas ações propostas.
Na avaliação da atividade de higienização de louças e utensílios foi
obtido um índice de consumo médio de 11,74 l/refeição realizando a lavagem e
enxágüe de forma manual e de 4,66 l/refeição utilizando máquina de lavagem
automática, o que indica uma redução de aproximadamente 60% para a atividade.
No preparo de folhagens a mudança dos procedimentos de acordo
com as Boas Práticas de Fabricação resultou na redução da média do índice de
consumo de 30,28 l/kg para 21,68 l/kg, o que representa um impacto de
aproximadamente 28%.
E na avaliação da substituição de torneiras convencionais por
economizadoras os resultados, ainda na atividade de preparo de folhagens, indicam
uma redução da média do índice de consumo de 22,82 l/kg para 17,25 l/kg, ou seja,
um impacto de redução de aproximadamente 21%.
A obtenção desses índices de consumo contribui ainda como
parâmetro para futuras pesquisas.
Foram abordados também os requisitos de projeto e produtos que
contribuem para a otimização do uso e o combate ao desperdício.
Na avaliação do consumo geral do RU foram apresentados
resultados que indicam uma variação do índice de consumo médio de acordo com a
faixa de número de refeições servidas. Assim, esse índice varia de 28,83 l/refeição
quando foram servidas até 1.000 refeições no dia, até 12,65 l/refeição na faixa acima
de 3.000 refeições diárias. Como esses resultados decorrem da hipótese de haver
atividades onde o uso da água independe do número de refeições preparadas,
144
conclui-se que a otimização das áreas, do número de funcionários, do uso dos
equipamentos pode trazer como benefício uma redução do consumo.
Análises para a concepção do sistema, prevendo aspectos de
manutenção e controle, além das considerações para a implantação de ações
tecnológicas, como as ressalvas no uso de arejadoras e torneiras com acionamento
pelo pé, criaram ferramentas técnicas e administrativas desenvolvidas dentro de um
contexto de integração entre a operação de uma UAN e o seu sistema físico.
Conclui-se também que o uso racional da água depende da
harmonia entre as medidas a serem implantadas e o comprometimento dos
usuários. Destaca-se a importância da atuação do nutricionista responsável que
deve incorporar também os aspectos da gestão da água. Essa importância deve-se
ao fato de um Programa de Uso Racional da Água não consistir apenas na
implantação das medidas adequadas, mas também na coordenação da continuidade
das ações e manutenção do sistema, possuindo o nutricionista as prerrogativas para
essas funções. Como instrumento para essa gestão, a implantação de uma medição
individualizada do consumo das unidades consiste em um item fundamental para o
maior controle do consumo, devendo ser incentivado ainda pela responsabilização
da tarifa de água para a prestadora do serviço de alimentação. E, principalmente, a
conscientização e a educação para o uso racional da água devem objetivar uma
efetiva colaboração de todos os envolvidos, promovendo mudanças de
comportamento que originam os hábitos perdulários.
145
6.2 R
ECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
Em vista de todos os aspectos apresentados, entende-se que o
presente trabalho não esgota o assunto em um único e definitivo estudo. Diversas
pesquisas ainda são necessárias para o desenvolvimento do setor, sendo
apresentadas como propostas de futuras pesquisas:
A caracterização de um perfil de consumo das UAN’S, levando-se em conta
as diversas variáveis que o influenciam, criando, desta forma, parâmetros de
consumo e índices de referência para esta tipologia de sistema;
O estudo dos requisitos da demanda da água nas diversas atividades das
UAN´s, objetivando, por exemplo, obter valores de vazões mínimas
requeridas para a realização da atividade de forma satisfatória nos aspectos
de produção, higiene e saúde;
O desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias específicas para este
setor, principalmente torneiras e equipamentos de higienização;
O estudo econômico envolvendo o consumo e o custo da água e os impactos
decorrentes da implantação de PURA’s para a formação de uma avaliação
financeira das medidas adotadas;
O aprofundamento para a questão da formação e treinamento dos
funcionários das cozinhas, de modo a integrar a gestão do uso da água;
O estudo de viabilidade de utilização de sistemas de aproveitamento de água
pluvial e reúso da água servida para fins não potáveis, envolvendo aspectos
sanitários, técnicos e econômicos.
146
Espera-se, portanto, o presente trabalho ter contribuído para o
conhecimento e reflexão dos principais fatores pertinentes ao uso racional da água
em UAN’s, criando, dessa forma, condições para a consecução deste novo
paradigma de gestão da água, que tem como compromisso a busca do
desenvolvimento sustentável em todos os setores da sociedade.
147
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