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Geralmente, a matéria-prima local supre as necessidades da produção das
agroindústrias. No entanto quando chega a escassear, o suprimento é feito através da
compra em municípios vizinhos (Macaíba, Lagoa de Pedra, Lagoa Salgada e Monte
Alegre).
Na cadeia de suprimento, a aquisição da matéria-prima por parte da
agroindústria não guarda uma relação de contrato com fornecedores de raiz.
Considerando que, os donos das agroindústrias, são também produtores, isso lhes dá
uma certa margem de segurança em manter um fluxo mais ou menos constante de
material necessário para a sua produção. Todavia, percebe-se uma tendência para
configuração de futuros contratos, pois os fornecedores da raiz, sabendo das
necessidades das agroindústrias, geralmente os procura para comercializar.
Muito raramente ocorre falha no abastecimento, através da produção local, e
quando isso ocorre o corretor é acionado. O corretor cumpre a função de intermediar a
transação entre um produtor de mandioca e o produtor de farinha, ou seja, ele assume o
papel do atravessador (ver Figura 4-3), que é facilitada pela ausência de informação a
respeito do mercado. A falta de uma programação da produção, a demanda de outros
estados e o uso na alimentação animal acarreta um desequilíbrio entre a oferta da raiz e
a capacidade produtiva das agroindústrias locais, interferindo no preço do quilo, que,
segundo os respondentes, há três anos era de R$ 0,05 (cinco centavos) e em 2003
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, R$
0,25 (vinte e cinco centavos). Observando-se os dados relacionados ao preço da farinha
de mandioca, no intervalo de tempo entre março/2002 e março/2003, constata-se que
houve um aumento considerável, tanto da farinha a granel (sacos de 50 kg), como da
farinha empacotada (1 kg) em mais de 100%. Nesse mesmo período, ocorre uma queda
do consumo da matéria-prima para fim de alimentação animal (CONAB, 2003). Além
disso, o aumento do consumo doméstico de fécula, passando de 400 mil toneladas para
667 mil toneladas, a partir de 2002 (CONAB, 2003), reduz a disponibilidade de
matéria-prima para as agroindústrias farinheiras. O estado da Bahia
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, além do Paraná,
está utilizando a fécula na produção do pão, acarretando o aumento na demanda da
matéria prima, como também o da própria farinha. Em relação ao preço da matéria-
7
Atualmente, em 2004, o preço da mandioca está em torno de R$ 0,10 o quilo, influenciando também no
preço da farinha de mandioca, cujo saco de 50 quilos é comprado na agroindustrial por R$ 22,00 até R$
25,00. Informação cedida pelo distribuidor em 07/10/2004.
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Além do Paraná, a Bahia é o segundo Estado da Federação que, antes mesmo de ser aprovada a lei no
Congresso Nacional sobre o uso de até 20% da fécula de mandioca na indústria alimentícia, já se
adiantara utilizando a fécula na fabricação do pão francês. Radiobrás, Brasil.