Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DOUTORADO EM ENFERMAGEM
CRISTIANA BRASIL DE ALMEIDA REBOUÇAS
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM MODELO DE
COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL PARA O ATENDIMENTO DE
ENFERMAGEM A PACIENTES CEGOS
FORTALEZA
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
CRISTIANA BRASIL DE ALMEIDA REBOUÇAS
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO NÃO-
VERBAL PARA O ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM A PACIENTES CEGOS
Tese submetida à Coordenação do Curso
de Pós-Graduação em Enfermagem da
Faculdade de Farmácia, Odontologia e
Enfermagem da Universidade Federal do
Ceará como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em
Enfermagem.
Área de concentração: Enfermagem
Clínico-Cirúrgica.
Linha de pesquisa: Tecnologia em Saúde
e Educação em Enfermagem Clínico-
Cirúrgica.
Área temática: Saúde Ocular.
Orientadora: Profa. Dra. Lorita Marlena
Freitag Pagliuca.
FORTALEZA
2008
ads:
3
R24c Rebouças, Cristiana Brasil de Almeida
Construção e validação de um modelo de comunicação não
verbal para o atendimento de enfermagem a pacientes cegos/
Cristiana Brasil de Almeida Rebouças; Orientadora: Lorita
Marlena Freitag Pagliuca. – Fortaleza, 2008.
117f. : Il.
Tese (Doutorado) Universidade Federal do Ceará. Faculdade
de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Fortaleza, 2008.
1. Comunicação não Verbal 2. Estudos de Validação 3.
Cegueira – enfermagem 4. Relações Enfermeiro-Paciente I.
Pagliuca, Lorita Marlena Freitag (Orient.) II. Título
CDD: 610.730699
4
CRISTIANA BRASIL DE ALMEIDA REBOUÇAS
CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO NÃO-
VERBAL PARA O ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM A PACIENTES CEGOS
Tese submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em
Enfermagem. Área de Concentração: Enfermagem Clínico-Cirúrgica.
Aprovada em: 06 de outubro de 2008
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Profa. Dra. Lorita Marlena Freitag Pagliuca (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará - UFC
_______________________________________________
Profa. Dra. Namie Okino Sawada
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto- USP
_______________________________________________
Profa. Dra. Inacia Sátiro Xavier de França
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB
_______________________________________________
Profa. Dra. Marli Teresinha Gimeniz Galvão
Universidade Federal do Ceará – UFC
_______________________________________________
Prof. Dr. Paulo César de Almeida
Universidade Estadual do Ceará - UECE
5
A DEUS, que me deu a vida, a saúde, o amor
pelo que faço e a missão de ser um sinal de paz
para toda a humanidade. Obrigada pela Tua
graça que sempre me acompanha e pela
oportunidade de concluir esta nova etapa: o
doutorado.
6
AGRADECIMENTO ESPECIAL
À Profa. Dra. Lorita,
Não tenho palavras para agradecer sua amizade, confiança, carinho,
incentivo. Obrigada, sobretudo, pela bia orientação desde o meu terceiro
semestre na graduação em enfermagem.
Lembro-me exatamente do meu primeiro dia de reunião do Projeto
Saúde Ocular, em fevereiro de 1999, quando discutíamos e estudávamos acerca
da visão e do seu perfeito funcionamento. Posso afirmar que desde este dia foi
“amor à primeira vista”.
Ao longo desses dez anos de trabalho, aprendi cada dia mais a admirá-
la, amá-la, compreendê-la e aceitá-la com seu jeito próprio de ser e que a faz
única. Jamais pensei que nossa história de orientadora e orientanda fosse
percorrer todo este tempo, mas Deus quis assim. Nos planos Dele estava tudo
escrito desta forma. Dez anos não são dez dias e por trás deste tempo hoje sou
testemunha de que a minha formação da graduação ao doutorado prolongou-se
por dez anos. Uma vida! Uma vida bem vivida, preparada, cuidada, alimentada,
regada com amor.
Não tenho palavras para agradecer as oportunidades concedidas ao
longo desse tempo, mas sei foram decisivas para chegar até aqui. Mais uma vez,
obrigada pelos ensinamentos de vida, de profissionalismo, como professora, como
pesquisadora. As palavras sempre oportunas, o cuidado, a ética, a arte e a estética
da enfermagem.
Hoje posso carinhosamente chamá-la também de amiga e porque não
de mãe.
7
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais queridos e muito amados, Edmilson e Gláucia; vocês sabem
o quanto são importantes na minha vida e devo essa conquista ao amor e trabalho
de vocês.
Ao meu amor Pedro; pelo seu companheirismo em todas as horas, cuidado,
zelo e entusiasmo que me fazem perseverar até o fim e crescer como pessoa,
mulher e profissional.
Ao meu querido irmão Fernando; mesmo um pouco mais distante, sei que
acredita em mim e faz tudo para me ajudar e me ver bem e feliz.
A toda a minha família, tios, tias, sogro, sogra, cunhadas, primos; que
vibram pelo meu crescimento pessoal e profissional. Amo todos vocês!
À Comunidade Católica Shalom, especialmente à célula Esposa do Espírito,
por refletir a presença de Deus e ser canal desse grande amor em minha vida.
Às minhas queridas amigas de doutorado, Kátia e Grazielle; sem a
presença, trabalho e estímulo de vocês nada disso teria sido alcançado. Vocês são
especiais para mim.
Ao querido Prof. Paulo César; pela amizade, compromisso e pelas
orientações constantes e disponibilidade para me receber em sua casa sempre que
precisava, desde a época do mestrado.
À querida Antônia; pela presença nesta etapa da minha vida, pela amizade,
carinho e pela contribuição na digitação dos dados no programa estatístico.
Às Profas. Marli Galvão, Namie Sawada e Maria Auxiliadora Trevisan; pelas
valiosas contribuições na etapa de construção do modelo de comunicação não-
verbal. A sabedoria, o empenho, a dedicação e a amizade de vocês foram
decisivas para o desenvolvimento deste trabalho.
8
À minha querida orientanda Paula Marciana; pelo amor, carinho, cuidado,
amizade e alegria que contagiam a minha vida e me fazem buscar essas
qualidades que existem em você.
À Profa. Dra. Maria Vera Lúcia Leitão Cardoso; pelo carinho, amizade,
incentivo e entusiasmo em toda a minha vida profissional.
Aos meus colegas enfermeiros, Kariane, Márcio Flávio, Eveline, Suélida,
Kamilla, Emeline, Simone Vasconcelos e Ana Cláudia; faltam-me palavras para
agradecer a participação valiosa de vocês na análise dos dados deste trabalho, tão
essencial para a obtenção dos resultados ora divulgados.
A todos os integrantes do Projeto Saúde Ocular, alunas de graduação e pós-
graduação; muitas vezes, sem entender o que se passava comigo, vocês me
encorajavam com palavras de entusiasmo, atenção e ânimo.
À Associação dos Cegos do Estado do Ceará, por acreditar no nosso
trabalho e abrir as suas portas para realizarmos nossas pesquisas.
A todos os deficientes visuais e enfermeiros; que colaboraram e se
dispuseram a participar desta pesquisa. Sem vocês nada disso seria possível.
Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, especialmente, a Profa.
Dra. Ana Fátima Carvalho Fernandes; pela sua presença e estímulo durante todos
esses anos na pós-graduação.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);
pelo incentivo financeiro para o desenvolvimento desta pesquisa.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e Ministério da Saúde (MS); pelo financiamento desta pesquisa.
9
RESUMO
Objetivou-se validar um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de
enfermagem à clientela cega, segundo o referencial teórico de E.T. Hall (1986).
Trata-se de um estudo metodológico, desenvolvido no LabCom_Saúde do
Departamento de Enfermagem da UFC, no período de outubro de 2007 a junho de
2008. Foram selecionados 15 cegos e 15 enfermeiros para comporem cada grupo,
treinado e não-treinado e ambos tiveram as mesmas características. Os cegos
foram contatados por meio da Associação dos Cegos do Estado do Ceará e os
enfermeiros a partir dos Centros Acadêmicos. A fase de coleta de dados do grupo
não-treinado deu-se durante o mês de abril de 2008, por meio de consultas. Estas
ocorreram dentro do LabCom_Saúde e os dados foram coletados por meio de
filmagens. O primeiro passo para a construção do modelo foram os estudos
realizados acerca da teoria de Hall (1986). Subdividiu-se a consulta de
enfermagem em quatro etapas denominadas etapas do cuidado. Em cada etapa de
cuidado são orientadas as ões do enfermeiro, descreve-se a ação e como deve
ser desenvolvida tal ação. A etapa do cuidado 1 refere-se à organização do
ambiente para desenvolver a Consulta de Enfermagem. Na etapa do cuidado 2 o
enfermeiro deve receber o paciente na entrada do consultório para introduzi-lo no
ambiente onde será realizada a consulta e deve cumprimentá-lo e informar a
localização dos móveis e objetos. a etapa do cuidado 3 aborda o
desenvolvimento da CEnf propriamente dita. A etapa do cuidado 4 constitui-se a
última etapa do modelo de comunicação não-verbal e enfoca a finalização da
consulta e o encerramento da comunicação com o paciente. Após ser construído, o
referido modelo foi submetido à validação aparente e de conteúdo. Foi analisado
por três especialistas em comunicação não-verbal, por ser um número adotado
em pesquisas anteriores. As sugestões incluídas no modelo se referiram à
abrangência, forma de apresentação e representatividade do conteúdo. Em
seguida, iniciou-se a segunda etapa de validação, por meio da qual o modelo foi
submetido à testagem. Os enfermeiros e concludentes foram treinados de acordo
tanto com as técnicas de comunicação pertinentes à utilização da comunicação
não-verbal quanto em relação à utilização do modelo com cegos. Quanto à coleta
dos dados, foi realizada mediante o uso de três câmeras filmadoras que
registraram toda a consulta de enfermagem entre a enfermeira, o cego e o
acompanhante, quando este estivesse presente. Para a análise dos dados das
filmagens foram escolhidos outros três juízes, enfermeiros e estudantes do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do nível mestrado e doutorado, da
UFC. Eles foram treinados em relação à utilização do instrumento de análise da
comunicação não-verbal do enfermeiro-cego (CONVENCE) e do instrumento de
validação do modelo. Pelo fato deste estudo ser duplo cego, os juízes não eram
informados acerca de qual grupo, controle ou experimental, eram realizadas as
análises. Os dados coletados foram inseridos em planilha eletrônica com a
utilização do programa SPSS, versão 14.0, e analisados em freqüência absoluta
por meio de tabelas univariadas. Para se analisar a associação entre as variáveis e
os enfermeiros nos grupos controle e experimental, foram empregados os testes
qui-quadrado (χ2) e o máximo de verossimilhança. Cumpriram-se as normas que
regulamentam pesquisas em seres humanos, conforme a Resolução 196/96 do
Ministério da Saúde. Ao se comparar as ações da etapa do cuidado 1 entre o grupo
treinado e não-treinado, observa-se que o grupo treinado obteve resultado
excelente (p<0,0001) em quatro dos cinco itens avaliados. Somente o item
10
“temperatura” apresentou proporção aproximadamente igual na escala. Na Tabela
3, ao se comparar as ações da etapa do cuidado 2 entre os grupos, observa-se
que o treinado obteve resultado excelente (p<0,05) em todos os itens avaliados.
Portanto, houve associação estatisticamente significante em todas as ações. Em
relação aos resultados obtidos pela Tabela 4, observam-se resultados excelentes
(p<0,05) em oito dos nove itens avaliados do grupo treinado em relação ao grupo
não-treinado na etapa do cuidado 3. Apenas o item referente a “seguir o roteiro da
CEnf” ficou próximo ao valor do teste, ressaltando que esta ação obteve forte
indicador de associação. Os dados da Tabela 5 mostraram também resultados
excelentes (p<0,05) do grupo treinado em relação ao grupo não-treinado nas três
das quatro ações desenvolvidas na etapa do cuidado 4. Conforme se percebe na
Tabela 6, todos os itens contribuem para a confiabilidade interna do Modelo de
Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-Cego. Conclui-se com este trabalho a
necessidade de implementação prática tanto por parte dos enfermeiros como dos
estudantes de enfermagem deste Modelo de Comunicação Não-Verbal com o
paciente cego para tornar o cuidado efetivo e afetivo, especialmente com aqueles
que necessitam compreender e serem compreendidos em sua vida cotidiana.
Confirma-se a hipótese de que o Modelo de Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-
Cego é eficaz na consulta de enfermagem a pacientes cegos.
Palavras-Chave: Comunicação Não-Verbal; Estudos de Validação; Cegueira -
enfermagem; Relações Enfermeiro-paciente.
11
ABSTRACT
The goal was to validate a non-verbal communication model for nursing care
delivery to blind clients, based on the reference framework by E.T. Hall (1986). This
methodological research was developed at the LabCom_Saúde research lab of the
Nursing Department at Ceará Federal University between October 2007 and June
2008. Fifteen blind people and 15 nurses were selected for each group, i.e. trained
and non-trained, both with the same characteristics. The blind were contacted
through the Ceará State Association of the Blind (ACEC) and the nurses through
the Academic Centers (CAs). In the non-trained group, data were collected in April
2008 through consultations. These took place inside the LabCom_Saúde and data
were collected through movie recordings. The studies carried out about Hall’s
theory (1986) represented the first step to construct the model. The nursing
consultation was subdivided in four phases, which were called care phases. In each
phase, orientations are given for the nurse’s actions and the action is described, as
well as how this action should take place. Care phase 1 refers to the organization of
the environment to develop the Nursing Consultation (CEnf). In care phase 2, the
nurse should receive the patient at the entry of the consultation room to introduce
him/her into the environment where the consultation will take place, greet the
patient and inform where furniture and objects are located. Care phase 3 addresses
the development of the CEnf itself. Care phase 4 constitutes the final phase of the
non-verbal communication model and focuses on how to end the consultation and
close off communication with the patient. After its construction, the Model was
submitted to face and content validation. It was analyzed by three specialists in
non-verbal communication specialists, a number already adopted in earlier studies.
The suggestions included in the model referred to range, presentation form and
content representativeness. Next, the second validation phase started, through
which the model was tested. The nurses and blind people were trained in terms of
the communication techniques that are important in the use of non-verbal
communication as well as the use of the Model with blind people. Data were
collected with the help of three film cameras that recorded the entire nursing
consultation among the nurse, the blind and the companion, if present. To analyze
the movie data, three other judges were chosen, who were nurses and students
from the Graduate Nursing Program at Ceará Federal University, master’s and
doctoral level. They were trained on how to use to nurse-blind non-verbal
communication analysis instrument (CONVENCE) and the model validation
instrument. As this was a double-blind study, the judges were not informed about
which group control or experimental - they were analyzing. The collected data
were inserted in an electronic worksheet, using SPSS software, version 14.0, and
analyzed as absolute frequencies through univariate table. To analyze the
association between the variables and the nurses in the control and experimental
groups, the chi-square (χ2) test and the maximum likelihood estimation were used.
Guidelines for research involving human beings were complied with, in accordance
with Resolution 196/96 by the Brazilian Ministry of Health. The comparison between
care phase 1 actions in the trained and non-trained group showed that the trained
group obtained excellent results (p<0.0001) on four of the five items under analysis.
The only exception was the “temperature” item, with an approximately equal
proportion on the scale. Table 3 shows that, when comparing care phase 2 actions
between the groups, the trained group obtained an excellent result (p<0.05) on all
items under evaluation. Hence, statistically significant associations were found for
12
all actions. As to the results obtained in Table 4, excellent results are observed
(p<0.05) on eight of the nine items assessed for the trained group in comparison
with the non-trained group in care phase 3. Only the item related to “following the
CEnf script” remained close to the test value, highlighting that this action obtained a
strong association score. Data in Table 5 also showed excellent results (p<0.05) for
the trained group in comparison with the non-trained group for three of the four
actions developed in care phase 4. As observed in Table 6, all items contributed to
the internal reliability of the Nurse-Blind Non-Verbal Communication Model.
Through this research, it is concluded that nurses and even nursing students need
to implement this Non-Verbal Communication Model with a view to effective and
affective care, especially for patients who need to understand and be understood in
their daily life. The hypothesis is confirmed that the Nurse-Blind Non-Verbal
Communication Model is effective in nursing consultations with blind patients.
Key Words: Non-Verbal Communication; Validation Studies; Blindness- nursing;
Nurse-Patient Relations.
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição do número de enfermeiros e cegos, segundo
as características da amostra. Fortaleza, 2008.....................
61
Tabela 2 Comparação das ações da etapa de cuidado 1 entre o
grupo controle e o experimental. Fortaleza, 2008.............................
62
Tabela 3 Comparação das ações da etapa de cuidado 2 entre o
grupo controle e o experimental. Fortaleza, 2008.............................
63
Tabela 4 Comparação das ações da etapa de cuidado 3 entre o
grupo controle e o experimental. Fortaleza, 2008.............................
64
Tabela 5 Comparação das ações da etapa de cuidado 4 entre o
grupo controle e o experimental. Fortaleza, 2008.............................
65
Tabela 6 Valores do Coeficiente Alfa de Cronbach com a exclusão
dos itens do modelo de comunicação não-verbal do enfermeiro-cego.
Fortaleza, 2008......................................................
66
Tabela 7 Análise comparativa da comunicação não-verbal entre o
grupo controle e o grupo experimental. Fortaleza, 2008................
67
Tabela 8 Análise comparativa da variável Contato entre grupo
controle e o experimental. Fortaleza, 2008.......................................
69
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 O processo de comunicação humana
1.2 A comunicação não-verbal
1.3 Deficiência visual e acessibilidade
1.4 A assistência de enfermagem ao cego: o elo com a comunicação
14
14
16
17
22
2 OBJETIVOS
2.2 Objetivo geral
2.3 Objetivos específicos
28
28
28
3 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Comunicação não-verbal: evolução do conceito
4.2 Teoria Proxêmica de Hall (1986)
29
29
37
4 METODOLOGIA
4.1 Tipo de estudo
4.2 Período, local e população
4.3 Processo de coleta de dados
4.3.1 Grupo não-treinado
4.3.2 Descrição do ambiente de filmagem
4.3.3 Construção do modelo de comunicação não-verbal
4.3.4 Validação do modelo de comunicação não-verbal
4.3.5 Grupo treinado
4.4 Processo de análise dos dados
4.4.1 Capacitação dos juízes da análise dos dados
4.4.2 Análise dos dados
4.5 Aspectos éticos e legais
41
41
42
43
44
45
47
53
54
56
56
57
58
5 RESULTADOS
5.1 Validação do modelo de comunicação não-verbal enfermeiro-cego
por especialistas
5.2 Caracterização da amostra
5.3 Validação do modelo de comunicação não-verbal enfermeiro-cego
5.4 Análise de confiabilidade do modelo de comunicação não-verbal
5.5 Análise da comunicação não-verbal enfermeiro-cego
59
59
61
62
66
67
6 DISCUSSÃO
6.1 Validação do modelo de comunicação não-verbal
6.2 Análise da comunicação não-verbal enfermeiro-cego
71
71
79
7 CONCLUSÕES
86
15
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
ANEXOS
90
98
114
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 O processo de comunicação humana
Comunicar é relacionar seres viventes, normalmente conscientes, neste
caso os seres humanos, e tornar algo comum entre esses seres, seja informação,
experiência, sensação, emoção, etc.
O processo de comunicação constitui-se instrumento básico da
experiência social, enquanto a comunicação se constitui o fundamento cultural da
pessoa humana e, mais que isso, da própria vida (HALL,1986). É também uma
necessidade básica sem a qual a existência da humanidade seria impossível
(STEFANELLI, 1993). Etimologicamente, a palavra comunicar vem do latim
communicare, cujo significado é “pôr em comum”.
Desde o nascimento, o ser humano é capaz de se comunicar. O recém-
nascido estabelece a comunicação por meio do sorriso, do choro, do olhar.
Conforme se observa, a comunicação permeia a vida da humanidade em todas as
suas fases, e é isto que distingue o homem dos animais (DARWIN, 2000).
Portanto, a comunicação está presente em todas as etapas da vida, e
representa elemento essencial para a interação entre os seres humanos. Como
afirma Pagliuca (1996), ela pode ter objetivos específicos, tais como se prestar
para as relações interpessoais, as relações de grupo, a transmissão de idéias, de
ensinamentos, de convencimentos, de cultura, de lazer, entre outros.
De acordo com Stefanelli (1993), a comunicação é um processo de
compreender e compartilhar mensagens enviadas e recebidas, bem como
processar este intercâmbio na interação entre os envolvidos, além de perceber sua
influência no comportamento das pessoas durante o ato comunicativo.
Segundo se percebe, a comunicação existe quando as idéias, os
pensamentos e os sentimentos tornam-se objeto comum entre duas ou mais
pessoas. Porém, para que o ato de comunicar seja comum, deve ocorrer por meio
do modo verbal e não-verbal. Assim, para haver comunicação, deve haver um
consenso, pois a compreensão exige que idéias, imagens e experiências sejam
17
colocadas em comum (MENDES, 1994). Dessa forma, a comunicação contribuirá
para o real entendimento entre os homens.
Em toda situação de comunicação dois elementos fundamentais para
a mensagem ser apreendida: o emissor e o receptor. Enquanto o emissor é quem
transmite a idéia, o pensamento ou a informação aos outros, o receptor é o
destinatário para quem a mensagem é enviada. a mensagem expressa a idéia
ou pensamento enviado ao receptor, e pode ser emitida de rias formas:
diretamente, em encontros pessoa a pessoa, ou indiretamente, por meio da escrita,
do telefone, televisão, etc. Ao longo da comunicação, o receptor decodifica os
símbolos para interpretar o significado da mensagem. Nesse processo de codificar
e decodificar as mensagens ocorrem os erros potenciais da comunicação porque
criam-se ruídos ao serem convertidos de símbolos a significados. Quando o
receptor responde à comunicação do emissor com uma mensagem de retorno,
o feedback. Sem este, a comunicação torna-se uma via de mão única. Assim, o
feedback configura-se como ajuda para a eficácia da comunicação, uma vez que
possibilita determinar se o receptor o interpretou corretamente (DAFT, 1999).
De acordo com vários estudiosos em comunicação (HALL, 1986;
SAWADA, 1990; STEFANELLI,1993; MENDES, 1994; PAGLIUCA, 1996; SILVA,
1996, entre outros), inúmeros elementos do processo comunicativo precisam ser
explorados, avaliados e estudados. Ao analisar este processo, deve-se tomar como
unidade mínima de análise o ato comunicativo, bem como examinar seus
componentes, as regras que embasam essa produção e as funções por ele
desempenhadas (BITTI; ZANI, 1997).
Por ato comunicativo entende-se a menor unidade, capaz de fazer parte
de uma troca comunicativa e que pode ser produzida com uma única e bem
definida intenção. Poderá se constituir pela emissão de uma única palavra ou de
um só gesto, mas é mais freqüentemente composto por uma combinação de
elementos verbais e não-verbais (Idem, ibidem).
18
1.2 A comunicação não-verbal
Para descobrir e compreender a riqueza do processo de comunicação
torna-se imprescindível analisar uma interação comunicativa com base nos
sistemas que a compõe. Como asseveram Silva (1996) e Bitti e Zani (1997),
existem quatro sistemas de comunicação conforme se observa a seguir: o sistema
verbal, que utiliza a lingüística, o vocal e o canal auditivo como principais meios de
troca de informações; o intonacional, que utiliza as modalidades de entoação da
voz; o paralingüístico, que compreende os fenômenos como o resmungo, os
bocejos, os risos, as tosses, além do ritmo e da velocidade da elocução; e o
cinésico, que engloba os movimentos das mãos, do corpo e do rosto, olhares e o
contato visual como base durante a interação. Esses quatro elementos estão em
contínua evolução e podem ser denominados de elementos dinâmicos da relação
interpessoal. Destes, os três últimos compõem a forma não-verbal, na qual não se
utilizam regras lingüísticas nem vocais, mas são percebidos mais comumente por
meio do canal visual (BITTI; ZANI, 1997).
Se a comunicação, como vista anteriormente, é tão indispensável para
as demais pessoas em sua vida cotidiana, torna-se, da mesma forma, fundamental
na vida e no cuidado dos cegos. Assim, os enfermeiros precisam ser potenciais
agentes comunicadores no cuidado aos pacientes, especialmente quando estes
são cegos. De acordo com Stefanelli (1993), a comunicação verbal é plenamente
voluntária enquanto o comportamento não-verbal pode ser uma reação involuntária
ou um ato comunicativo não propositado. Como este processo é composto por
formas verbais e não-verbais, optou-se por aprofundar a comunicação não-verbal,
que ela envolve todas as manifestações de comportamento não pronunciadas
por palavras.
Esse tipo de comunicação acontece principalmente nos encontros
pessoais. Ao fazer uma estimativa da proporção verbal/não-verbal do pensamento,
o pesquisador americano Mehrabian concluiu que 55% da mensagem é transmitida
via linguagem corporal. Ainda segundo a mesma pesquisa, a voz é responsável por
38% e as palavras apenas por 7%. Consoante Daft (1999), os pesos relativos das
três fontes, na interpretação da mensagem, são reconhecidos igualmente como:
19
impacto verbal, 7%; impacto vocal, 38%; e impacto facial, 55%, ou seja,
corroboram o pensamento de Mehrabian.
Portanto, a comunicação não-verbal pode ser definida como toda
mensagem emitida por meio de gestos, posturas, expressões faciais, orientações
corporais, disposição de objetos, como também pela distância mantida pelos
indivíduos (SILVA, 1996). Diante disso, pode-se concluir que a comunicação não-
verbal exerce maior influência em relação àquilo que desejamos exprimir e que as
expressões e manifestações corporais são fundamentais para ocorrer o processo
comunicativo. Algumas vezes, porém, a comunicação não-verbal modifica a que
está sendo verbalizada, e as duas se contrapõem. Numa mensagem, muitos
comportamentos não-verbais estão inter-relacionados, porquanto raramente um
único movimento do corpo, por si mesmo, comunica um significado.
1.3 Deficiência visual e acessibilidade
De acordo com o último censo demográfico realizado no país, existem
169.872.856 portadores de algum tipo de deficiência, seja física, visual, auditiva ou
mental. Deste total, 16.644.842 indivíduos possuem absoluta incapacidade ou
alguma dificuldade para enxergar permanentemente.
Deficiência designa uma anomalia ou perda na estrutura corporal e/ou na
função de um órgão ou sistema. Por deficiência compreende-se toda perda ou
anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica.
o termo incapacidade refere-se a toda restrição ou falta (devido a uma deficiência)
da capacidade de realizar uma atividade na forma ou na medida em que se
considera normal para um ser humano (BRASIL, 1996).
Ainda com base na mesma fonte, o termo deficiência designa a perda ou
a limitação de oportunidades de participar da vida comunitária em condições de
igualdade com as demais pessoas. Usa-se o mesmo termo para descrever a
incapacidade da pessoa em função do meio onde vive diante de obstáculos que
dificultam seu acesso aos serviços de saúde.
A deficiência está ligada a possíveis seqüelas que restringiriam a
execução de uma atividade: deficiência mental, deficiência visual, deficiência
20
auditiva, deficiência física (paraplegia, tetraplegia, hemiplegia, paralisia, etc.),
deficiência psicológica, deficiência de linguagem, etc.
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1994), o termo
deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da resposta
visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento
clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. Quanto à diminuição da
resposta visual, pode ser leve, moderada, severa, profunda (visão subnormal ou
baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira).
Será abordada aqui, especificamente, a visão subnormal ou baixa visão.
O indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que apresenta
diminuição das suas respostas visuais, mesmo depois de tratamento e/ou correção
óptica convencional, mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para
o planejamento e/ou execução de uma tarefa. Para classificar a baixa visão, utiliza-
se a escala numérica da medida da acuidade visual. De acordo com esta, a visão
normal é 20/20 e a baixa visão vai de 20/60 até a falta de percepção de luz
(CONDE, 2004).
Como mostra a literatura, a baixa visão pode estar relacionada a três
tipos distintos de causas. No primeiro caso, a pessoa pode ter uma alteração da
transparência dos meios ópticos, ou seja, as estruturas que o transparentes
podem perder a transparência. Por exemplo, a opacificação do cristalino, em
decorrência da catarata. Pode estar relacionada também a uma cicatriz na região
central da retina, na mácula ou fóvea para onde converge a imagem. Isto poderá
provocar um defeito no campo visual que obriga a pessoa a posicionar a cabeça e
o olhar de tal modo que a visão seja jogada na área da retina que permanece
viável. Em outro caso ainda, pode decorrer do fechamento do campo visual por
doenças oculares, como o glaucoma ou a retinose pigmentar. Nesta situação, a
pessoa vai perdendo o campo visual periférico até que lhe reste a visão mais
central. Como conseqüência, perde a orientação espacial e precisa realizar uma
varredura maior no ambiente para reconhecê-lo e localizar-se (HADDAD, 2005).
A cegueira total, ou simplesmente amaurose, pressupõe completa perda
de visão. Nela a visão é nula, ou seja, nem a percepção luminosa está presente.
21
Para uma pessoa ser considerada cega ela deve enquadrar-se em um dos critérios
seguintes: a visão corrigida do melhor dos seus olhos é de 20/200 ou menos.
Portanto, ela pode ver a 6 metros o que uma pessoa de visão normal veria a 60
metros; ou, ainda, se o diâmetro mais largo do seu campo visual subentende um
arco não maior de 20 graus, mesmo que sua acuidade visual nesse estreito campo
possa ser superior a 20/200. Pedagogicamente, delimita-se como cego aquele que,
mesmo possuindo visão subnormal, necessita de instrução em braile, e como
portador de visão subnormal aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o
auxílio de potentes recursos ópticos (Idem, ibidem).
Por diversas razões a visão subnormal ou a própria cegueira podem
afetar o indivíduo. Ambas decorrem de lesão no próprio olho, nas vias ópticas ou
nos centros nervosos superiores, desde traumas oculares até doenças congênitas.
De modo geral, a cegueira pode ser proveniente de quatro causas: doenças
infecciosas, por exemplo, o tracoma, a sífilis; doenças sistêmicas, como diabetes,
arteriosclerose, nefrite, moléstias do sistema nervoso central, deficiências
nutricionais graves; traumas oculares ocasionados por pancadas, ação de
substâncias químicas; e, ainda, causas congênitas e outras, como a catarata senil,
o glaucoma, a miopia maligna (SMELTZER; BARE, 2002).
Tanto a visão subnormal como a cegueira total dificultam a
acessibilidade. Acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos
urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação,
por uma pessoa deficiente ou com mobilidade reduzida (BRASIL, 2000). Esta lei
estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a
supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário
urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de
comunicação.
Pela lei de acessibilidade são consideradas barreiras qualquer entrave
ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a segura
circulação das pessoas. Estas barreiras são classificadas em: a) barreiras
arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso
22
público; b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos
edifícios públicos e privados; c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as
existentes nos meios de transportes; d) barreiras nas comunicações: qualquer
entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de
mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não
de massa.
As iniciativas de acessibilidade ajudam pessoas portadoras das mais
diversas deficiências, tais como: limitações visuais, dificuldades de audição,
deficiências sicas, cognitivas ou neurológicas. Milhões de indivíduos têm
deficiências em diferentes níveis. Por isso, a não adoção destas políticas implicará
dificuldade de acesso para eles.
Como garantido pela lei de proteção a pessoas com deficiência, estas
têm direito a tratamento médico, psicológico e funcional, a reabilitação médica,
social e educacional, treinamento vocacional e reabilitação, assistência,
aconselhamento, serviços de colocação e outros que lhes possibilitem o máximo
desenvolvimento da sua capacidade e habilidade para acelerar o seu processo de
integração social.
Embora se disponha de razoável legislação sobre o assunto, é preciso
conscientizar o cidadão sobre leis, decretos, portarias ou outro qualquer
instrumento legal que apregoem ou se proponham a garantir direitos às pessoas
com deficiência, pois se estas não estiverem devidamente preparadas para
desfrutarem desses direitos, muito pouco se obterá. Adequar a legislação existente
à realidade educacional e cultural do nosso país representa uma forma de tornar
essas leis realmente eficazes.
Estas providências precisam ser tomadas para que, efetivamente, as
pessoas com deficiência, sobretudo visual, possam alcançar e desfrutar dos
benefícios assegurados pelas leis atualmente existentes. Tudo isso é evidenciado,
particularmente, nos cursos profissionalizantes, destinados a capacitar mão-de-
obra constituída por deficientes visuais com condições de efetiva disputa no
mercado de trabalho e com igualdade de oportunidades.
23
No concernente à capacitação da pessoa cega para uma atividade
laboral, é preciso considerar a impossibilidade da alfabetização pelo processo
convencionado. Todavia, o indivíduo cego que possui somente a percepção da luz
ou tem visão nula pode ser alfabetizado pelo método braile e por meios de
comunicação que independem do uso da visão. Conforme se sabe, a pessoa cega
percebe o mundo por meio dos sentidos remanescentes, como o tato, a audição, o
paladar e o olfato. Todos esses sentidos possibilitam que as sensações do mundo
cheguem a ela de outra forma (CONDE, 2004).
Em decorrência da limitação visual, os cegos possuem percepção
diferente da nossa. No entanto, são seres humanos sensíveis e comunicativos
como qualquer pessoa. Cada um tem percepção baseada no seu potencial
fisiológico, na sua motivação, em experiências anteriores, na cultura em que vive,
entre outros. A percepção de cada indivíduo vai agir como um processo de filtro
que condiciona a mensagem segundo seu próprio interesse.
Desse modo, cuidar de cegos torna-se um desafio para a prática
profissional dos enfermeiros, mas compreendê-los é fundamental para o
restabelecimento da sua saúde. É inegável sua condição de cego e não se deve
tratá-los como se não fossem deficientes, pois se estaria negando sua própria
condição de estar no mundo e assim o cuidado caminharia para o fracasso. Como
afirmam Inaba e Silva (2005), torna-se prioritário ter boa comunicação para ser
entendido por eles como também entendê-los a partir do seu modo de estar na
sociedade.
1.4 A assistência de enfermagem ao cego: o elo com a comunicação
Como registra a literatura, a visão é responsável por aproximadamente
80% das informações percebidas e captadas pelo indivíduo, constituindo-se, assim,
um dos principais sentidos do ser humano. Aos olhos se atribuem inúmeras
funções, entre estas identificar os objetos, os materiais e as outras pessoas ao seu
redor (HALL, 1986). Contudo, quando este órgão é ineficiente, os outros órgãos
sensórios tornam-se mais atuantes para compensar tal incapacidade.
24
Na sociedade contemporânea, a cegueira sempre foi vista como uma
condenação, punição ou ainda como algo do destino curável por Deus
(BARCZINSKI, 2001). Esta analogia foi sendo mistificada ao longo dos anos, e nos
dias atuais ainda predomina uma sociedade construída para pessoas que
enxergam normalmente. Portanto, o cego tornou-se uma pessoa excluída da vida
social e vem enfrentando dificuldades para ser inserido neste contexto.
Alguns paradigmas, porém, começaram a se modificar em decorrência
das ações desenvolvidas pelas organizações de pessoas com deficiência, junto ao
governo e à própria sociedade civil, reivindicando, para estas, direitos plenos de
cidadania, e condições para participarem da sociedade, como pessoas úteis. Este
fato acabou por provocar o surgimento de leis e de organismos governamentais,
como a Coordenadoria Nacional para a Integração das Pessoas Portadoras de
Deficiência (CORDE) em 1996, que visavam, principalmente, conquistar e garantir
a legitimidade dos direitos de mencionadas pessoas (HADDAD, 2005).
De acordo com a lei que ampara as pessoas com deficiência, os
profissionais de saúde, especificamente os enfermeiros, devem promover-lhes o
acesso à saúde bem como o atendimento eficiente. Como mostram os dados do
último censo do IBGE (2000), existem atualmente no Brasil, 16.644.842 indivíduos
com leve ou severa dificuldade para enxergar, os quais poderão apresentar
restrições à saúde. Caberá, pois, ao profissional responsável cuidar e zelar pela
qualidade de vida desta parcela da população. Para tanto, no intuito de prestar um
atendimento satisfatório, capaz de propiciar a melhora de saúde do paciente, os
enfermeiros precisam aprofundar seus conhecimentos com vistas a se relacionar
efetivamente.
Como profissão, a enfermagem tem por objetivo principal assistir às
necessidades humanas básicas dos pacientes por meio do cuidado. Entretanto, o
cuidado não pode ser o objeto de trabalho, mas a ação realizada, porquanto este é
apontado como específico no campo de conhecimento da enfermagem
(LEOPARDI, 1999). Uma vez que a enfermagem se constitui como profissão da
área da saúde, este cuidado deverá ser terapêutico. O cuidar terapêutico deve
abranger todas as etapas do processo de enfermagem. Uma das prerrogativas
para concretizar este cuidar é conhecer o paciente por meio da entrevista e do
25
exame físico para, efetivamente, implementá-los, permeando, assim, o processo de
enfermagem. Conforme se evidencia, a comunicação faz parte de qualquer
cuidado e é extremamente valiosa e essencial para a enfermagem.
Mas o cuidar não deve ser visto jamais como um ato isolado, e sim como
uma atitude constante de ocupação, preocupação, responsabilidade, envolvimento
e ternura com o outro (INABA; SILVA, 2005). Ao iniciar este cuidado, o enfermeiro
necessitará se comunicar com o paciente para que os objetivos da assistência de
enfermagem sejam alcançados. Para Horta (1979), a comunicação representa uma
necessidade humana básica, parte integrante da pessoa humana, comum a todos
os seres e intensamente relacionada com todas as demais necessidades, fazendo
parte do todo integrado do indivíduo.
Como afirmam Berardinelli et al (2005), tanto a prática profissional de
cuidar como também os cuidados realizados exigem dos enfermeiros grande
variedade de movimentos corporais. E é mediante esses sucessivos movimentos
corporais, caracterizados pela ação de cuidar, que se originam o gesto e a
expressão do sujeito que cuida. Como proposto por esta perspectiva, ao cuidar do
paciente, o enfermeiro precisa saber se comunicar efetivamente, pois para o
cuidado ser terapêutico a comunicação deverá, também, ser terapêutica.
Portanto, para atuar devidamente, o enfermeiro deve tomar
conhecimento sobre como utilizar esse processo na sua prática com o cego,
sobretudo porque as experiências vivenciadas durante a graduação são, por vezes,
inexistentes ou insuficientes para torná-los agentes comunicadores por excelência
com pessoas com algum tipo de deficiência.
O alvo da profissão do enfermeiro é o ser humano. E para relacionar-se
efetivamente com este, referido profissional precisa adquirir competência em
comunicação, pois assim o processo comunicativo com o paciente se concretizará
e o cuidado será mais facilmente executado. A comunicação está presente em
todos os momentos e é de fundamental importância para a atuação do enfermeiro.
Como afirmam Nishizawa et al (2006), desde a graduação em enfermagem, os
professores devem promover real entendimento da importância da comunicação
26
verbal e não-verbal em relação aos pacientes para desenvolver as habilidades de
comunicação dos futuros profissionais ainda quando estudantes.
Nos serviços de saúde, o enfermeiro deve agir como facilitador dos
componentes da comunicação para atender às necessidades humanas básicas
dos pacientes - clientes. Cabe-lhe, também, trabalhar os relacionamentos. Como
mostra a literatura e em corroboração às palavras de Mendes (1994), os
componentes para construir os relacionamentos e propiciar compreensão são os
seguintes: empatia, respeito, sinceridade, presença, audição, percepção, cuidado,
revelação, aceitação, autenticidade. Tais componentes fazem parte da
comunicação não-verbal, a qual agirá como facilitadora para alcançar os objetivos
da assistência de enfermagem aos pacientes (SILVA et al., 2000) e deve ser vista
dentro do contexto de relacionamento onde ela ocorre, pois a comunicação
deslocada de um contexto não tem sentido. Ela deverá ser planejada de acordo
com a clientela, em cada interação e para cada pessoa em particular.
O enfermeiro deverá assim estar atento a esses componentes bem como
considerar que a capacidade de ouvir e compreender o paciente não inclui
somente a fala, mas também suas expressões faciais e corporais para evitar
bloqueios e interrupções nesse sentido. Existem situações nas quais a
comunicação enfermeiro-paciente pode ser prejudicada por fatores inerentes ao
paciente, tais como a impossibilidade de falar, compreender ou ouvir. Trata-se de
situações desafiadoras, que têm sido objeto de pesquisas. Nelas o problema
básico se configura na dificuldade dos profissionais de enfermagem em
estabelecer comunicação efetiva com esses pacientes. Nesse contexto, os
profissionais utilizam-se de todas as formas alternativas que conseguem identificar,
além da verbalização, como o toque da pele e a leitura das expressões faciais e
corporais (CARDOSO; RODRIGUES; BACHION, 2006).
Por sua limitação, a deficiência visual compromete essa relação
enfermeiro-paciente e gera dificuldades na orientação do paciente, na adesão ao
tratamento, na compreensão e interpretação da comunicação, especialmente pelo
cego, entre outras. Além disso, interfere consideravelmente na comunicação
enfermeiro-cego em virtude de o cego não possuir a visão, e esta é, sem dúvida,
um dos principais sentidos na recepção da comunicação não-verbal.
27
Preocupada com a efetivação do processo comunicativo enfermeiro-
cego, a pesquisadora, a partir do ingresso no mestrado, buscou compreender as
características da comunicação não-verbal entre eles. De acordo com os
resultados obtidos na dissertação de mestrado da pesquisadora (REBOUÇAS,
2005), ao avaliar a comunicação não-verbal entre o enfermeiro e o cego,
encontraram-se alguns dados relevantes que justificam a importância desta
pesquisa. Entre estes achados mencionam-se como principais: os enfermeiros
precisam conhecer e aprofundar os estudos sobre as teorias de comunicação não-
verbal; adequar o uso da comunicação não-verbal ao tipo de clientela assistida
durante as consultas; conhecer e estudar o comportamento do cego com vistas a
decodificar os sinais não-verbais emitidos por eles.
Outra justificativa da importância do trabalho para a enfermagem é o fato
de a comunicação ser a base para qualquer intervenção com o paciente, sobretudo
no caso de pacientes com necessidades especiais. Com estes, particularmente,
exige-se habilidade para se comunicar terapeuticamente e realizar o devido
trabalho de forma que suas necessidades não se tornem barreiras para a
comunicação. Na assistência de enfermagem, é indispensável comunicar-se de
modo consciente, empenhando-se para decodificar, decifrar e perceber o
significado da mensagem que o paciente envia. Só assim poderão ser identificadas
suas necessidades.
Na experiência profissional, a pesquisadora aprofundou os estudos
relacionados à visão quando foi inserida no Projeto Saúde Ocular, do
Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Este projeto é
dividido em três subáreas, quais sejam: Saúde Ocular da Criança, Saúde Ocular do
Adulto e Educação em Saúde do Cego. Desde o terceiro semestre da academia a
autora realiza pesquisas na temática, mas atuou diretamente na saúde ocular do
trabalhador até o final da graduação em enfermagem.
Apesar de ter executado vários trabalhos nesta linha, houve momentos
de aproximação com o grupo que contemplava a educação em saúde do cego. Isto
ocorreu tanto por se discutir estudos relacionados à cegueira quanto pelas visitas à
associação de cegos acompanhada pelo projeto. Após ingressar no mercado de
trabalho, a autora começou a atender, em forma de consultas de enfermagem, no
28
nível primário em saúde, crianças com necessidades especiais, aqui incluídas as
crianças com diagnóstico de cegueira. A partir do contato com estas crianças,
durante os atendimentos, aguçou-se mais ainda o interesse em aprofundar
pesquisas relacionadas à saúde do cego.
Embora sejam feitas muitas pesquisas sobre a comunicação não-verbal,
é escassa a literatura existente a respeito da comunicação de profissionais de
saúde com populações cegas. Mas a população cega, como as demais, precisa de
atendimento em saúde, não obrigatoriamente ligado à cegueira propriamente dita.
Por não estar devidamente preparada neste sentido, a enfermagem enfrenta
dificuldade de comunicação ao prestar assistência a pacientes com cegueira
(CARDOSO; RODRIGUES; BACHION, 2006).
Ante a necessidade de avanços no atendimento de enfermagem a esta
clientela, ao melhorar a comunicação não-verbal do enfermeiro com o cego, se
contribuirá não apenas para um atendimento satisfatório aos cegos por parte
destes profissionais como para uma melhor assistência à saúde e qualidade de
vida desta parcela da população.
29
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
- Validar um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de
enfermagem à clientela cega, segundo o referencial teórico de E.T. Hall (1986).
2.2 Objetivos específicos
- Desenvolver um modelo de comunicação não-verbal para os
enfermeiros;
- Aplicar um modelo de comunicação não-verbal com enfermeiros que
atendem pacientes cegos;
- Avaliar o modelo de comunicação não-verbal com os enfermeiros que
atendem pacientes cegos;
30
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Comunicação não-verbal: evolução do conceito
Do ponto de vista histórico, foi Charles Darwin, com o seu livro The
expression of emotion in the man and animal, em 1872, republicado como
tradução em 2000 sob o título A expressão das emoções no homem e nos
animais, quem primeiro demonstrou a importância de se estudar as origens
filogenéticas da comunicação não-verbal. No entanto, passou-se quase um século
após a publicação de Darwin para que o assunto fosse tratado com o devido
respeito acadêmico. Duas foram as suas postulações no referido livro: a) os seres
humanos foram dotados com expressões emocionais (sorriso) pelo processo
evolutivo; b) em face da universalidade das formas pelas quais as emoções se
exprimem, Darwin assumiu, de maneira radical para um homem da sua época, que
todas as raças humanas haviam divergido, muito recentemente, de um ancestral
comum (DARWIN, 2000).
William James, psicólogo e amigo de Darwin, deduziu, então, que o
comportamento humano não é possível sem a existência de rudimentos de um
conhecimento inato. Era o início de um movimento que ficou conhecido como
darwinismo social, a primeira tentativa sistemática de aplicação direta da idéia de
seleção natural agindo sobre as atitudes e motivações humanas.
Além de Darwin, diversos pesquisadores estudaram o comportamento
não-verbal. Entre eles destacam-se Birdwhistell (1970), Hall (1986), Belsky;
Steinberg; Draper (1991), Stefanelli (1993), Ekman e Friesen (1993), Silva (1996),
além de Bitti e Zani (1997).
Ao aprofundar os achados de Darwin, outro pesquisador refere ainda que
os códigos não-verbais originam-se de três fontes. A primeira compreende os
programas neurológicos herdados, constituídos das expressões inatas do ser
humano. Esta afirmação pode ser confirmada por pesquisa realizada na década de
1970 com crianças cegas. Conforme averiguado então, embora elas nunca
tivessem visto as expressões do rosto do ser humano, conseguiam exprimir
fielmente emoções básicas. Desse modo, consoante se concluiu, a expressão das
31
emoções por intermédio do corpo faz parte do desenvolvimento neurológico do
indivíduo. Quanto à segunda fonte, são as experiências comuns aos seres
humanos relacionadas às suas necessidades humanas sicas, como o bocejo
quando se está com sono, ou o ruído do estômago quando se está com fome,
entre outros. Por fim, a terceira fonte engloba a cultura, a classe social e as
experiências familiares. Características culturais e sociais provocam variações na
intensidade e na expressão dos sentimentos da coletividade (SILVA, 2005).
De modo geral, define-se comunicação não-verbal como a que inclui
todas as formas de comunicação que não abranjam as palavras propriamente
ditas. Envolve todos os órgãos dos sentidos e ocorre na interação pessoa-pessoa
independentemente de verbalização de palavras. Ou seja, mesmo quando o
indivíduo deixa de verbalizar algo ao outro, não deixa de se comunicar via
expressão facial, postura corporal, distância mantida, entre outros. Conforme cita
outro pesquisador, a atividade ou a inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui
um valor de mensagem, influencia os outros e estes não podem dizer que não
estão se comunicando, pois é comunicação (WATZLAWICK; BEAVIN;
JACKSON, 2005).
Em relação à utilidade, a comunicação não-verbal serve a diferentes
funções, como expressar emoções, comunicar atitudes interpessoais, acompanhar
e dar suporte à fala (paralinguagem), promover apresentação pessoal, rituais, etc.
(RODRIGUES, 1997). Embora haja distinção entre verbal e não-verbal, esta,
porém, não corresponde a vocal e não-vocal. Os movimentos e expressões podem
ser claramente verbais (emblemas, linguagem de sinais, etc.) e as vocalizações
podem ter conteúdo não-verbal.
A comunicação não-verbal também foi estudada pioneiramente quanto
ao comportamento não-verbal em encontros amorosos por especialistas em
cinésica, como Scheflen (1965) e Birdwhistell (1970). Este último autor concluiu
que a importância das palavras é apenas indireta. Para ele, somente 35% do
significado social de uma conversa corresponderiam às palavras pronunciadas,
enquanto os outros 65% do conteúdo seriam comunicados por meio da
comunicação não-verbal (WEBER, 1998).
32
Determinados autores consultados corroboram esta afirmação. Segundo
mencionam, um terço do significado das mensagens é transmitido pela
comunicação verbal e dois terços pela comunicação não-verbal. Davis (1979)
chega a dizer que 55 a 65% das mensagens recebidas provêm da comunicação
não-verbal, pois apesar de uma pessoa ser capaz de falar aproximadamente 150
palavras por minuto, o cérebro é capaz de processar muito mais informações
nesse mesmo espaço de tempo.
Existem diversos tipos de comunicação não-verbal. Por isso, para
entendê-la, cabe ao profissional de saúde estar atento aos variados sinais quando
atende um paciente. Entre estes tipos sobressaem as seguintes: a cinésica, diz
respeito aos movimentos e é também conhecida como linguagem corporal; a
proxêmica, estuda as distâncias interpessoais e a disposição do mobiliário no
ambiente; a tacêsica, avalia o toque não apenas como instrumento de sensação,
mas também como expressão da afetividade; a paralinguagem ou paraverbal,
estuda o tom de voz, ênfase dada às palavras, o silêncio, etc.
A comunicação não-verbal desempenha diversas e importantes funções
no comportamento social humano. No comportamento comunicativo do homem há
uma variada gama de elementos não-verbais. Na interação entre duas ou mais
pessoas, boa parcela do contato será feito por sinais não-verbais, embora nem
sempre elas estejam conscientes disto. Portanto, estes sinais são emitidos, na
maioria das vezes, de forma genuína e inconsciente, mas desempenham papel
relevante no processo comunicativo. Como evidenciado em Bitti e Zani (1997), as
pesquisas nessa área incluem expressão facial, olhar, gestos e outros movimentos
corporais, contato corporal, comportamento espacial, roupas e outros aspectos da
aparência, vocalizações não-verbais e olfato.
Em relação à comunicação paciente-enfermeiro, como Silva (1996)
referiu em sua pesquisa, estes profissionais muitas vezes esquecem que os
pacientes interpretam as mensagens não apenas pelo que se diz, mas pelo que se
faz. Os gestos e movimentos corporais sofrem profunda influência cultural e
variação intra e intercultural. Muitos sinais não-verbais podem ser bastante sutis e
não sofrer controle voluntário; outros são compartilhados por todos os membros de
uma dada cultura, são intencionais e com claro significado tanto para o receptor
33
quanto para o emissor. A fala também é acompanhada por um intrincado conjunto
de sinais não-verbais, como tempo de fala, ênfases, tonalidades, etc.
Conforme observado, inúmeras aplicações práticas advêm de pesquisas
em comunicação não-verbal. Rodrigues (1997), por exemplo, cita o treino de
habilidades interpessoais/sociais e o treinamento de habilidades para o trabalho.
Terapeutas em geral podem vir a aproveitar tais resultados para incrementar e/ou
desenvolver habilidades em seu trabalho (eminentemente interpessoal), tomando
consciência dos sinais não-verbais envolvidos que estejam presentes na situação
psicoterapêutica.
Existem relatos na literatura de pesquisas sobre comunicação não-verbal
de pacientes acerca da veracidade de emoções expostas por meio de análise de
microexpressões, microgestos e paralinguagem identificáveis pelo terapeuta. Nesta
pesquisa percebeu-se que os sinais não-verbais são menos sujeitos ao controle
consciente e, portanto, mais genuínos, além de serem úteis como segundo canal
aditivo à linguagem. Essa menor sujeição do comportamento não-verbal ao
controle voluntário torna o estudo de sinais não-verbais interessante no caso da
comparação entre o comportamento de diferentes profissionais e pacientes e a
identificação de possíveis similaridades e/ou diferenças.
Estudiosos no comportamento não-verbal apontaram sua importância no
processo terapêutico. Tal importância atribui-se, em parte, ao seu caráter
comunicativo e, em parte, pelo fato de certos comportamentos não-verbais serem
menos suscetíveis ao controle consciente. Mediante uso de questionário, Astrom et
al (1991) estudaram atitudes não-verbais em situações de encontro inicial, quando
paciente e profissional se cumprimentavam. De acordo com o principal resultado,
mais de 50% dos pacientes responderam que a face era o mais importante canal
de comunicação não-verbal. Os resultados também mostraram a existência de uma
observação consciente de sinais não-verbais durante o encontro inicial pelos
pacientes.
Ainda sobre o assunto, Rodrigues (1997) aplicou análise contextual à
comunicação não-verbal em uma situação terapêutica (análise de uma sessão
terapêutica). O pesquisador utilizou enfoque estrutural com objetivo de descrever
34
padrões típicos de comportamento e explicar a organização e funcionamento do
material verbal e não-verbal na criação do evento interativo, incluindo nas
categorias de análise o movimento das mãos, da cabeça, a postura, a orientação e
a paralinguagem. Segundo concluiu, a possibilidade de apontar para três
funções do comportamento não-verbal, quais sejam: a) o feedback não-verbal tem
função informativa; b) reduz a ambigüidade da linguagem falada; c) regula a
interação.
Bitti e Zani (1997) corroboram este pensamento ao afirmarem que as
funções desempenhadas pela comunicação não-verbal são meio primordial de
assimilação das mudanças na evolução das relações interpessoais; exprimem a
imagem de si próprio e do seu corpo na relação; apóiam e completam a
comunicação verbal, além de interpretarem o significado das expressões verbais;
deixam passar facilmente conteúdos mais profundos das experiências dos
indivíduos; regulam a interação ao emitir sinais de atenção e assumem a função de
substituição da comunicação verbal em situações que não permitem o uso da
linguagem.
Del Prette e Del Prette (1999) complementam os referidos autores ao
relatarem que a comunicação não-verbal ocorre quando a pessoa utiliza recursos
do próprio corpo, excluindo-se a vocalização, podendo assumir diferentes funções:
a) substituição da linguagem, quando, por exemplo, certo membro de um grupo
uma piscadela rápida, a qual tem o significado “você está de acordo?”; b)
regulação na comunicação, quando gestos o utilizados para sinalizar quem deve
tomar a palavra, interrompê-la ou iniciá-la; c) apoio à comunicação verbal, quando
a mensagem verbal parece incapaz de expressar totalmente os sentimentos, por
exemplo, em velórios, onde um forte aperto de mão, abraços razoavelmente
demorados e delicados, passos lentos e postura comedida parecem dizer mais do
que palavras; d) complementação da linguagem, quando a mensagem verbal é
completada pela não-verbal. Por exemplo, movimentos circulares do indicador
sugerindo “você é meio maluco”; e) contradição da linguagem, quando o não-verbal
é utilizado na indicação de não levar em consideração a fala, pois esta tem função
de brincadeira ou de ironia. Por exemplo, quando se diz “o salário está ótimo” e ao
mesmo tempo se faz um gesto para baixo com o polegar.
35
Entre outros estudiosos sobre a comunicação não-verbal, citam-se,
ainda, Lepper et al (1995), os quais disponibilizaram uma revisão bibliográfica
sobre modelos de interação não-verbal na relação médico-paciente acerca da
expectativa de ambos sobre o envolvimento do paciente na interação. Esta relação
abarca algumas peculiaridades que, se não reproduzem a relação terapeuta-
paciente, a ela muito se assemelham. Para os autores, a contribuição do médico
no envolvimento do paciente inclui comportamentos como: dar informações, fazer
perguntas, construir uma parceria, ouvir, evitando interrompê-lo. A interrupção da
fala do interlocutor é descrita como sinal de dominação. Quanto à contribuição do
paciente, inclui fazer perguntas, dar informações detalhadas, expressar opiniões e
preocupações, ouvir o médico e, se desejar, participar da tomada de decisão sobre
o tratamento. Tais comportamentos podem ser promovidos, modificados ou
suprimidos, tanto no caso do médico como no do paciente, por informações não-
verbais presentes na voz, toque, olhar, postura e expressão facial de ambos.
Segundo Travelbee (1979), é possível comunicar-se de maneira o-
verbal sem empregar mensagens verbais, mas é difícil para um indivíduo
comunicar-se verbalmente sem utilizar mensagens não-verbais. Ademais, ressalta
o valor da comunicação em decorrência do efeito na formação da personalidade e
na estrutura do caráter de um indivíduo, pois os fundamentos da percepção que
este tem de si mesmo, do mundo e do lugar que ocupa desenvolvem-se, em parte,
como resultado de todas as mensagens recebidas das pessoas importantes em
sua vida.
O sorriso, por exemplo, é uma expressão facial extremamente
significativa que apresenta um fator regulador das interações sociais humanas por
demonstrar predisposição para continuar mantendo a interação ou comunicar
sobre o caráter amistoso desta ao inibir comportamentos hostis.
Assim como outras expressões faciais de emoções (surpresa, medo,
nojo, desprezo, raiva), o sorriso tem caráter inato. Segundo Otta (1994), as
expressões faciais possuem funções expressivas sobre o que se passa
internamente com nossas emoções, e constitui o aspecto mais estudado pelos
psicólogos. Configura-se também como aspecto regulativo no referente ao modo
36
como se usam esses sinais em interações sociais, ou seja, às suas funções e
significados sociais.
Na comunicação não-verbal o utilizadas três espécies de suporte: o
corpo (nas suas qualidades físicas, fisiológicas e nos movimentos); os artefatos
usados pelo homem ou ligados ao meio ambiente (ambos produtos da habilidade
humana que servem à comunicação); e a disposição dos indivíduos no espaço.
Estes suportes se expressam por determinados tipos de sinais não-
verbais, tais como: as ações ou movimentos corpóreos, o toque, a postura
corporal, os sinais vocais, o espaço entre os comunicadores, os objetos e adornos
utilizados, o tipo de corpo das pessoas envolvidas no processo comunicativo e o
momento em que as palavras são ditas.
De acordo com os autores pesquisados, há divergências quanto aos
sinais não-verbais. Todavia, eles são unânimes no seguinte aspecto: comunicação
não-verbal é tudo que pode ter significado para o emissor ou o receptor, exceto as
palavras por elas mesmas. Por conseguinte, é extremamente importante ressaltar
o valor dos sinais não-verbais para a efetivação da comunicação do enfermeiro e
para a compreensão correta da mensagem emitida pelo paciente. Estar atento à
linguagem não-verbal pode facilitar na compreensão do outro ser humano.
Julgou-se, então, pelos conceitos apresentados, ser a forma não-verbal
de se comunicar a que mais adequadamente pode evidenciar uma relação
interpessoal enfermeiro-paciente como de fato ela ocorre (CASTRO; SILVA, 2000).
Em virtude de ser esta uma linguagem silenciosa, pode-se até tentar ignorá-la por
falta de interesse em compreender o outro ou, até, para manter o nosso próprio
ponto de vista. Mesmo assim, ela não deixa de existir e, quando se pretende
realmente entender alguém, ela precisa ser percebida e valorizada (SILVA; SILVA,
2004).
Além disso, como a não-verbal é aquela que não envolve a verbalização
por ela mesma, mas compreende, por exemplo, a linguagem do corpo, o toque, a
distância mantida entre os profissionais e pontos que influenciam o seu
relacionamento enfermeiro-paciente, certamente contribui para a compreensão do
37
próprio paciente. Nesta compreensão incluem-se também seus medos, traumas,
adesão ao tratamento oferecido, entre outros fatores. Muitas vezes, o
desconhecimento consciente deste tipo de linguagem impede percebê-la. Contudo,
segundo Silva e Silva (2004), é a percepção que significado às nossas
interações com o outro. Desse modo, quanto maior for a capacidade do enfermeiro
de decodificar corretamente o o-verbal, maior será sua chance de emitir
adequadamente os sinais não-verbais, de ser coerente na sua relação com o
paciente, de potencializar sua capacidade de compreendê-lo e de ser comunicador
e orientador (SILVA, 1993). Existe, no entanto, um desafio na comunicação, qual
seja: o que é dito, muitas vezes, contradiz o que é expresso pelo corpo.
Como observado, a comunicação não-verbal geralmente é mais
demorada e requer dos interlocutores particular atenção. Portanto, é imprescindível
que o enfermeiro entenda estes sinais não-verbais e os utilize como forma de
interação efetiva, com vistas a entender o que o paciente está comunicando de
forma não-verbal.
4.2 Teoria Proxêmica de Hall (1986)
Por meio da visão, o ser humano tem a possibilidade de identificar
objetos, distinguir cores, formas, tamanhos e distâncias. Para Hall (1986, p.133), “a
distância faz parte de um dos sistemas de coordenadas na relação de nosso corpo
com outros corpos e objetos”.
A visão se apresenta como um sentido de grande utilidade na captação
de estímulos e projeções espaciais, sobretudo por facilitar o relacionamento do
homem na sociedade. Enquanto as pessoas com visão poderiam atingir as
estrelas, os cegos têm sua percepção limitada a um raio de 6 a 30 metros.
Ademais, na maioria das vezes, suas relações pessoais são comprometidas pela
exclusão social, pois eles diferem do padrão de normalidade estabelecido
(HALL,1986).
Embora a expressão verbal seja uma das características mais
fascinantes do ser humano, a linguagem não-verbal é um elemento fundamental na
38
comunicação com os outros. O comportamento não-verbal e as inúmeras
mensagens comunicadas por meio dele influenciam, com melhores ou piores
resultados, as pessoas com quem se fala. Muitas vezes o comportamento ineficaz
das pessoas está relacionado com a quase ausência de comportamentos não-
verbais adequados.
Entre as comunicações não-verbais incluem-se sinais que produzimos,
gestos e imagens que criamos ou percebemos. Elas acontecem por meio das
mãos, da cabeça, do rosto, da boca, enfim, ocorrem pela expressão do corpo.
Apesar de nem sempre a expressão não-verbal possuir a objetividade das
palavras, é carregada de significados. Mais emocional e sensitivo, o não-verbal
muitas vezes é o elemento de surpresa na comunicação consciente e programada.
Muitos sinais de comunicação reforçam, substituem ou contrariam a fala; os
gestos, a expressão facial, a postura (movimentos e inclinações do corpo), a
ocupação do espaço, o toque (o tato é um sentido que substitui o olhar,
principalmente quando limitação visual). A comunicação o-verbal tem
expressão própria da cultura, do ambiente social onde vigora. Ela transmite
crenças, valores comuns a determinados povos ou mesmo a uma parcela da
população. O que a comunicação não-verbal não domina é o mundo interior do
destinatário, que interpreta, modifica, reinventa a mensagem, pois este destinatário
está inserido em uma cultura própria e pode manipular esse tipo de comunicação.
Vários teóricos aprofundaram seus estudos na comunicação não-verbal,
também conhecida como teoria de signos não-verbais. No caso desse estudo,
optou-se pela Teoria Proxêmica de Hall (1986), que avalia a posição corporal e as
relações espaciais do indivíduo como elaboração da cultura onde está inserido.
O teórico Edward T. Hall (1986), pesquisador em comunicação
proxêmica, desenvolveu estudos acerca da posição corporal e das relações
espaciais dos indivíduos. Assim, o termo proxemia é um neologismo criado por ele
em 1963 para descrever o espaço pessoal de indivíduos num meio social e
designar o conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz
do seu espaço como produto cultural específico. Descreve as distâncias
mensuráveis entre as pessoas conforme elas interagem, distâncias e posturas que
não são intencionais, mas sim resultado do processo de aculturação. Portanto, a
39
comunicação proxêmica estuda o significado social do espaço, ou seja, estuda
como o homem estrutura inconscientemente o próprio espaço. Ela compreende o
espaço pessoal e a territorialidade.
Segundo se subentende, o espaço pessoal é uma espécie de campo
energético que a pessoa tem ao redor do próprio corpo. Tal percepção de
localização determina que o indivíduo se aproprie de si. a territorialidade se
relaciona à área física delimitada pelo ser humano em virtude de todos sentirem
essa necessidade de demarcar seu território independentemente do lugar onde se
esteja.
Nesta abordagem teórica, oito fatores compõem a análise proxêmica,
quais sejam: postura-sexo analisa o sexo dos participantes e a posição básica
dos interlocutores (de pé, sentado, deitado); eixo dimensão que analisa o ângulo
dos ombros em relação a outra pessoa e à posição dos interlocutores (face a face,
de costas um para o outro, ou qualquer outra angulação); cinestésico avalia o
contato físico a curta distância, como o toque ou o roçar da pele, e o
posicionamento das partes do corpo; comportamento de contato este fator
analisa as formas de relações táteis como acariciar, agarrar, apalpar, segurar
demoradamente, apertar, tocar localizado, roçar acidental ou nenhum contato
físico; código visual – verifica o modo do contato visual nas interações, como o olho
no olho, ou a ausência de contato; código térmico detém-se no calor percebido
pelos interlocutores; código olfativo analisa as características e o grau de odor
sentido pelos interlocutores; volume da voz analisa a percepção dos
interlocutores em relação ao volume e intensidade da fala utilizada pelos
interlocutores.
Como evidenciam estes fatores, a proxemia estuda os vários tipos de
sinais e traços distintivos referentes ao uso do espaço nas relações humanas.
Ainda segundo Hall (1986), existem quatro distâncias interpessoais:
1. Distância íntima (varia de 0 a 50cm): é a distância em que ocorre o contato
físico, o calor humano e a transmissão dos odores; é a distância em que
ocorrem os encontros pessoais mais íntimos.
40
2. Distância pessoal (50cm a 1,20m): embora seja uma distância próxima, não
o contato físico, e nem os odores e o calor do corpo são mais sentidos.
Esta distância pode ser dividida em duas fases: fase próxima de 50cm a
80cm, e fase afastada – de 80cm a 1,20m.
3. Distância social (1,20m a 3,60m): não ocorre mais o contato físico, porém
existe o contato visual com o interlocutor. Esta também pode ser dividida em
duas fases: fase próxima – de 1,20m a 2,10m, e fase afastada de 2,10m a
3,60m.
4. Distância pública (acima de 3,60m): é aquela própria dos comícios e
conferências, na qual não contato visual individual (a visão é coletiva).
Pode ser dividida em duas fases: fase próxima de 3,60m a 7,50m, e fase
afastada – de 7,50m a 30m.
Proxemia, em outras palavras, analogicamente pode ser assim
explicada: é quando um indivíduo que encontra um banco de praça ocupado por
outra pessoa numa das extremidades tende a sentar-se na extremidade oposta,
preservando um espaço entre ambos. Consoante indicado por Hall (1986),
diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço pessoal. Nas culturas
latinas, por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as pessoas não
se sentem desconfortáveis quanto estão próximas das outras; nas culturas
orientais, o oposto. Contudo, as distâncias pessoais também podem variar de
acordo com a situação social, o gênero e as preferências individuais. Mas o uso do
espaço é um meio de comunicação não-verbal e influencia o relacionamento
interpessoal.
41
5 METODOLOGIA
5.1 Tipo de estudo
Trata-se de estudo do tipo metodológico realizado com o objetivo de
validar um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de enfermagem
a pacientes cegos.
De acordo com Polit, Beck e Hungler (2004), a pesquisa metodológica
refere-se às investigações dos métodos de obtenção, organização e análise dos
dados com a finalidade de elaborar, validar e avaliar instrumentos e técnicas de
pesquisa. Tal método está centrado no desenvolvimento de ferramentas
específicas de coleta de dados como instrumentos e questionários.
A pesquisa metodológica é um dos horizontes estratégicos da pesquisa
e, como tal, não se restringe a decorar estatística com seus testes áridos, mas
alcança a capacidade de discutir criativamente caminhos alternativos para a
ciência e mesmo criá-los (DEMO, 2003). Este tipo de pesquisa se dedica a indagar
por instrumentos, por caminhos, por modos de se fazer ciência, ou produzir
técnicas de tratamento da realidade, ou discutir abordagens teórico-práticas.
Mencionado método foi empregado por considerar a teoria e a prática
dos instrumentos de mensuração, que se caracteriza como uma pesquisa de
campo na qual se faz observações e coleta de dados de acordo com critérios
explícitos estabelecidos.
Para a construção do Modelo de Comunicação Não-Verbal foram
adotadas a Teoria Proxêmica de Hall e as Etapas do Processo de Enfermagem
que embasaram e direcionaram o desenvolvimento das etapas do referido modelo
(APÊNDICE A).
42
5.2 Período, local e população
O estudo foi desenvolvido no laboratório de comunicação
(LabCom_Saúde) do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do
Ceará, no período de outubro de 2007 a junho de 2008.
O LabCom_Saúde é um laboratório onde se realizam experimentos de
comunicação nos diversos contextos do cuidado em saúde. Como ambiente
específico, nele existem paredes especiais feitas de de vidro, concreto e gesso
para isolá-lo completamente do ambiente externo e impedir que ruídos
atrapalhem o andamento e as gravações dos experimentos. Preenchidas com
material isolante, as portas de madeira contribuem para a manutenção da
acústica do local. Dispõe-se, ainda, de diversificada aparelhagem tecnológica
com computadores de última geração, mesa de som e vídeo, câmeras filmadoras,
televisões, multimídia e microfone.
Para comporem cada grupo, treinado e não-treinado, foram
selecionados 15 cegos e 15 enfermeiros. Ambos os grupos tiveram as mesmas
características: tempo de formação dos enfermeiros; tema da consulta de
enfermagem (CEnf), nesse caso de triagem para diabetes; e foram realizadas no
mesmo local.
Os cegos foram contatados por meio da Associação dos Cegos do
Estado do Ceará (ACEC), pois o Projeto Saúde Ocular desenvolve trabalhos
junto à associação mais de dez anos. Visitou-se a instituição e expôs-se à
direção os propósitos do estudo. Caso alguém se interessasse em participar
deveria procurar a pesquisadora. Embora muitas pessoas estejam cadastradas,
poucas comparecem à associação, sobretudo por causa de dificuldades
financeiras decorrentes do desemprego e da falta de política de passe livre para
todas as pessoas com deficiência visual. Isto compromete enormemente o ir e vir
dessas pessoas. Atualmente, existem 120 membros associados da ACEC, mas
apenas 30 a 40 destes freqüentam suas dependências físicas regularmente.
Diante desta limitação, arcou-se com o custeio para o transporte da pessoa com
deficiência e do seu acompanhante para o LabCom_Saúde.
43
Desse modo, optou-se por incluir no estudo a maioria possível de
participar da pesquisa após assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (APÊNDICE B), onde se explicam detalhadamente os objetivos do
trabalho e são esclarecidas todas as dúvidas, além de se prestar informações
sobre o direito de desistir em qualquer fase da coleta de dados, sem prejuízo
algum para sua vida, saúde e participação nas atividades da instituição. No caso
dos cegos, por exigência ética, era necessário ainda terem idade superior a 18
anos.
Como mencionado, os enfermeiros e concludentes foram identificados
a partir dos Centros Acadêmicos (CAs), onde se buscou a relação de recém-
formados ou ainda a dos alunos do último semestre do curso, cumprindo estágio
curricular. Os contatos foram mantidos por telefone e/ou por e-mail e da mesma
forma explicaram-se os objetivos da pesquisa e foram esclarecidas todas as
dúvidas pertinentes ao estudo. Após a confirmação de aceite, eles assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE C). Para os enfermeiros
e concludentes foi utilizado como critério de inclusão terem tempo de conclusão
do curso inferior a um ano ou estarem cursando o último semestre, pois, desse
modo, haveria homogeneidade do grupo controle e do experimental; e ter
disponibilidade de tempo para a consulta.
5.3 Processo de coleta de dados
O processo de coleta de dados foi dividido em dois momentos distintos e
foram incluídos os dois grupos, treinado e não-treinado. O primeiro momento da
coleta foi realizado com 15 díades de enfermeiros e cegos que compuseram o
grupo não-treinado. Após a conclusão deste grupo, iniciou-se a coleta do grupo
que recebeu o treinamento, também com 15 díades e com as mesmas
características do primeiro e que será detalhado posteriormente.
Foram analisadas 1.649 interações do grupo não-treinado e 1.478 do grupo
treinado.
44
5.3.1 Grupo não-treinado
Durante o mês de abril de 2008, procedeu-se à fase de coleta de
dados do grupo não-treinado. Os concludentes, os enfermeiros e os cegos foram
contatados e agendadas todas as consultas. Enquanto as consultas ocorreram
dentro do LabCom_Saúde, os dados foram coletados por meio de filmagens.
No formulário de registro da consulta de enfermagem (ANEXO A) de
triagem para diabetes constavam dados de identificação do cego, como nome e
telefone; dados sociodemográficos do tipo sexo, idade, estado civil, escolaridade e
ocupação; antecedentes patológicos com perguntas sobre se era portador de
algum tipo de doença, se estava em tratamento por algum motivo e se alguém na
família portava também algum tipo de doença crônica; fatores predisponentes ao
desenvolvimento de diabetes como tabagismo, etilismo, obesidade; necessidades
humanas básicas como locomoção, sono e repouso, alimentação e ingesta,
atividade física e freqüência da atividade, higiene corporal, eliminações urinárias e
intestinais e número de filhos, caso houvesse; sinais vitais, exame físico geral e
teste de glicemia capilar também era realizado.
Para as consultas, não foi estabelecido tempo. Poderiam durar conforme
determinado por cada enfermeiro ou concludente a quem caberia conduzir a
consulta de acordo com seu conhecimento técnico-científico, mas devendo seguir o
mesmo formulário de registro da consulta descrito anteriormente.
O grupo não-treinado também não recebeu nenhuma orientação quanto
ao atendimento ao cego. Apenas deveria ficar livre para atendê-lo da forma que
fosse pertinente para o momento e deveria seguir apenas o roteiro da consulta de
triagem para diabetes. Foram consideradas 1.649 interações entre o enfermeiro e o
cego neste grupo.
45
5.3.2 Descrição do ambiente de filmagem
O ambiente, lócus da interação enfermeiro-cego, media
aproximadamente 20 metros quadrados, possuía dois condicionadores de ar, duas
televisões, duas portas laterais que funcionavam como janelas por onde penetrava
a luz natural, uma mesa e três cadeiras: uma para o enfermeiro, uma para o cego e
outra para o acompanhante. Havia também uma balança e uma poltrona, utilizada
para examinar as pessoas com deficiência visual, e, ainda, três câmeras
filmadoras, dispostas em tripés fixos em três locais distintos da sala. Contígua a
este ambiente havia também uma pequena sala do lado esquerdo da entrada
principal, denominada aquário, que armazena os equipamentos de imagem e som
com vidro reflexo, onde o participante o o pesquisador, mas este observa
todos os seus movimentos.
Nesta sala, de aproximadamente 3 metros quadrados, a pesquisadora
permanecia durante as consultas e controlava as imagens que estavam sendo
armazenadas no computador. Dela se observava a interação por meio do janelão
de vidro na parede que separa uma da outra. Por meio desta vidraça a
pesquisadora acompanhava o andamento da consulta e sua presença não era
perceptível aos outros, pois este vidro possui película fumê que impede a
visualização de quem está na sala maior. Anexados ainda ao ambiente de
filmagem, havia uma copa, um banheiro e uma ampla sala de aula que dá acesso a
todos esses compartimentos.
O LabCom_Saúde foi preparado para a realização da consulta do
enfermeiro ao cego. Havia uma mesa, uma cadeira para o cego e outra para o
acompanhante, caso existisse. Sobre a mesa estavam materiais necessários para
a realização da consulta: formulário de registro, esfigmomanômetro, estetoscópio,
agulhas, fitas-teste, glicosímetro, algodão, álcool a 70% e luvas descartáveis.
Próximas à mesa, encontrava-se uma balança digital e uma poltrona. Caso o
enfermeiro quisesse, poderia utilizar esta durante o exame físico dos pés do
indivíduo ou até mesmo durante o exame físico geral.
46
Figura 1: Layout do ambiente. Fortaleza, 2008
Como mostra esta figura, o LabCom_Saúde foi montado com uma mesa
retangular, uma cadeira no centro da mesa para o enfermeiro e duas cadeiras do
outro lado da mesa: uma para o cego e outra para o acompanhante. A cadeira
representada pela cor amarela era uma poltrona a ser utilizada pelo enfermeiro
para proceder ao exame físico do cego. Ao lado dela foi colocada uma balança.
Todos os materiais necessários à realização da consulta ficavam em cima da mesa
e o enfermeiro os organizava da forma como achasse mais conveniente. O cenário
se assemelhava a uma sala de consultório de enfermagem da rede básica de
saúde. Para captar mais detalhadamente os gestos, as posições e, enfim, todos os
aspectos imprescindíveis da comunicação não-verbal durante a consulta, as três
filmadoras foram dispostas em locais fixos, em ângulos diferenciados. Segundo
percebeu-se, como as filmadoras estavam em locais fixos, houve perdas de
algumas imagens e isso se caracterizou como uma limitação do estudo.
5.3.3 Construção do modelo de comunicação não-verbal
Com base nas filmagens analisadas na dissertação de mestrado de
Rebouças (2005), que indicaram a necessidade de construção deste modelo, e
segundo a Teoria Proxêmica de Hall (1986), tornou-se possível a construção do
Modelo de Comunicação Não-Verbal aos enfermeiros no atendimento a cegos.
O primeiro passo para a construção do Modelo de Comunicação Não-
Verbal foram os estudos de Hall (1986) acerca da teoria de comunicação não-
AQUÁRIO
COPA
WC
JANELA
JANELA
47
verbal. Conforme se acredita, a comunicação não-verbal é eficaz no atendimento
do enfermeiro ao cego e propicia a aproximação física dos comunicantes e o toque
de caráter afetivo.
O modelo de comunicação não-verbal seguiu ainda os passos da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e dividiram-se as etapas do
modelo nas fases ou etapas de cuidado nas quais se divide a consulta de
enfermagem de modo geral. Antes de o modelo ser apresentado são necessárias
algumas informações preliminares indispensáveis ao estabelecimento de uma
relação benéfica entre a enfermeira e o paciente.
A SAE é um método utilizado para se implantar, na prática de
enfermagem, uma teoria que dê suporte ao cuidado prestado ao paciente. A
ciência da enfermagem está embasada em ampla estrutura teórica e a SAE é uma
destas ferramentas por meio da qual essa estrutura é aplicada à prática da
enfermagem, ou seja, é o método de solucionar os problemas do paciente
(TANNURE; GONÇALVES, 2008).
Consoante assevera Silva (1993), a entrevista inicial deve ser bem
conduzida e requer uma boa comunicação no relacionamento interpessoal, pois
quanto maior for a capacidade de o enfermeiro decodificar os sinais não-verbais,
maior será sua chance de emitir adequadamente os sinais não-verbais, de ser
coerente na sua relação com o paciente, de potencializar sua capacidade de
compreendê-lo e de ser comunicador e orientador.
Foram traçadas ainda regras gerais para o estabelecimento da
comunicação não-verbal que compreende todos os sinais e gestos emitidos pela
pessoa humana. Por exemplo, a linguagem do corpo, o toque, a distância mantida
entre os profissionais são pontos essenciais no relacionamento enfermeiro
paciente e certamente contribuem para um melhor entendimento e compreensão
deste, além de favorecer o entendimento mútuo na relação interpessoal.
Para o atendimento de enfermagem ao cego deve-se preparar o
ambiente da consulta de modo que favoreça este contato. Assim, com vistas à
obtenção de melhor relacionamento enfermeiro-cego durante a comunicação,
48
desenvolveu-se este modelo a seguir descrito que orienta mais detalhadamente
como deverá ser esta comunicação do enfermeiro com o cego durante a consulta.
Ademais, também foram definidas orientações gerais para o
estabelecimento da relação interpessoal com o cego durante a consulta, como: não
tratá-los como seres diferentes apenas porque não podem ver, pois eles estão
sempre interessados no que você gosta de ver, de ler, de ouvir e de falar; não
generalizar aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você
conheça; procurar não limitar mais do que a própria cegueira o faz, impedindo-o de
realizar o que sabe, pode e deve fazer sozinho; não se dirigir a uma pessoa cega
chamando-a de "cego" ou "ceguinho", pois é indelicado e constitui ofensa chamar
alguém pela palavra designativa da sua deficiência física, moral ou intelectual; não
falar como se ela fosse surda porquanto o fato de não ver não significa que
também não ouça; não se referir à cegueira como desgraça; evitar dizer que sente
pena da pessoa cega, nem lhe mostrar exagerada solidariedade. Ela não necessita
de piedade e sim de compreensão; evitar exclamar "maravilhoso" ou
"extraordinário" ao ver o cego consultar o relógio, discar o telefone ou assinar o
nome; evitar falar de sexto sentido e de compensação da natureza, pois o que
na pessoa cega é o simples desenvolvimento de recursos latentes em outras
criaturas; não modificar a linguagem para evitar a palavra "ver" e nem substituí-la
por ouvir. Ao conversar sobre a cegueira com quem não vê, use a palavra cego
sem rodeios; o cego não localiza a porta por onde deseja passar ou o lugar onde
queira ir contando os passos mas sim pelas direções que você der; não tenha
constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ou aceitar gentilezas por
parte de alguma pessoa cega; evite se dirigir à pessoa cega através do seu guia.
Desse modo você demonstra que ela não tem condição de compreendê-lo; o
guie a pessoa cega empurrando-a ou puxando-a pelo braço. Basta deixá-la segurar
o seu braço. Assim o movimento do seu corpo lhe dará a orientação necessária e,
em passagens estreitas, tome a frente e deixe-o segui-lo mesmo com a mão em
seu ombro; não pegue a pessoa cega pelos braços rodando com ela para pô-la na
posição sentada, empurrando-a depois para a cadeira. Basta pôr a mão no
espaldar da cadeira que isso lhe indicará a posição correta para sentar-se.
49
Não deixe portas meio abertas onde haja alguma pessoa cega.
Conserve-as sempre fechadas ou bem abertas, pois a porta meio aberta é um
obstáculo muito perigoso para o cego; não deixe nada no caminho por onde uma
pessoa cega costuma passar; fale ao entrar no recinto onde haja uma pessoa cega
anuncia sua presença e a auxilia a identificá-lo; evite sair de repente quando
estiver conversando com uma pessoa cega, principalmente se houver barulho que
a impeça de perceber seu afastamento, pois ela pode dirigir-lhe a palavra e ver-se
na situação desagradável de falar sozinha, chamando a atenção dos outros sobre
si. o deixe de apertar a mão da pessoa cega ao encontrá-la ou ao despedir-se
dela, pois o aperto de mão cordial substitui, para ela, o sorriso amável.
Se houver muito barulho em volta, o melhor é ir logo dizendo: “É fulano:
bom dia...”. Apresente seu visitante cego a todas as pessoas presentes. Ao
proceder dessa forma, você facilitará a integração dele no grupo; não estranhe
quando a pessoa cega perguntar pelo interruptor da luz, em casa, no escritório, na
consulta ou em qualquer lugar pois isso lhe permite acender a luz para os outros e,
não raro, ela própria prefere trabalhar com a luz; evite encher demais a xícara ou o
copo da pessoa cega pois ela tem dificuldade em mantê-los equilibrados, sem
entornar o líquido.
Outras orientações também foram fornecidas para o enfermeiro na
abordagem ao cego, pois essas informações são por vezes importantes ao se
deparar com cegos em qualquer outra situação. É valioso oferecer auxílio à pessoa
cega que esteja querendo atravessar a rua ou tomar condução, mesmo se seu
oferecimento for recusado ou mal recebido. Contudo, a maioria lhe agradecerá o
gesto. Ao passear com uma pessoa cega que já esteja acompanhada, não a pegue
pelo outro braço, nem fique lhe dando avisos. Deixe-a ser orientada por quem a
estiver guiando; não carregue o cego ao ajudá-lo a atravessar a rua, tomar a
condução, subir ou descer escadas. Basta guiá-lo ou pôr a o no corrimão; não
guie a pessoa cega em diagonal ao atravessar o cruzamento pois isso pode fazê-la
perder a direção. Ao tentar orientar a distância uma pessoa cega, não diga apenas
direita", esquerda", pois muitos se enganam ao tomarem como referência a
própria posição e não a do cego que caminha em sentido contrário ao seu. Não
feche a porta do carro onde haja uma pessoa cega sem ter a certeza de que não
50
vai prender-lhe os dedos: pois estes são sua maior riqueza. Não se constranja em
advertir a pessoa cega quanto a qualquer incorreção em seu vestuário. Essa
advertência pode evitar a situação desagradável de suscitar a piedade alheia; não
fique procurando orientar a colher ou o garfo da pessoa cega para apanhar a
comida no prato. Ela pode falhar algumas vezes, mas acabará por comer tudo e
ser-lhe-á constrangedor ouvi-lo dizer constantemente onde está o alimento.
Evite saber se o café da pessoa cega está bom de úcar interrogando
seu acompanhante. Ninguém melhor que o próprio cego para lhe dar a resposta
correta. Lembre-se: o pedestre cego é muito mais observador que os outros. Antes
de sair de casa, ele faz o que toda pessoa deveria saber: informa-se devidamente
sobre o caminho a seguir para chegar ao seu destino. Na primeira caminhada
poderá errar um pouco, mas, depois, raramente se enganará. Saliências,
depressões, quaisquer ruídos e odores característicos servem de pontos de
referência para sua boa orientação.
Após essas orientações gerais apresentar-se-á o Modelo de
Comunicação Não-Verbal Enfermeiro Cego ora desenvolvido. Subdividiu-se a
consulta de enfermagem em quatro etapas, denominadas etapas do cuidado. Em
cada etapa do cuidado são orientadas as ações do enfermeiro, descreve-se a ação
e como deve ser desenvolvida esta ação.
A etapa do cuidado 1 refere-se à organização do ambiente para se
proceder à consulta de enfermagem. Na descrição desta etapa orienta-se que o
ambiente físico (consultório) onde vai ser desenvolvida a CEnf deve favorecer o
contato (toque) entre o enfermeiro e o cego e propõe-se evitar qualquer tipo de
obstáculo entre os comunicantes. O desenvolvimento desta ação traduz-se em
colocar a mesa de um dos lados da sala. Uma parte da mesa vai servir tanto para
apoiar os materiais como para registrar a CEnf no prontuário. As cadeiras (uma do
enfermeiro e uma do paciente/cego) devem ficar frente a frente ou de lado e
próximas da mesa. Uma outra cadeira destinada ao acompanhante do cego deve
ficar próxima ao paciente. Na figura a seguir, expõe-se um modelo de organização
do ambiente.
51
Figura 2: Modelo de organização do ambiente
Legenda: Ambulatório; Mesa; Enfermeiro; Paciente; Acompanhante.
Propõe-se, ainda, evitar qualquer tipo de obstáculo entre os
comunicantes. Ademais, caso seja necessário, deve haver uma mesa ao lado do
enfermeiro para colocar todos os materiais a serem utilizados durante a consulta.
Outra recomendação é a seguinte: observar a manutenção da temperatura
ambiental agradável, em torno de 20º C a 25º C.
Na etapa do cuidado 2 o enfermeiro deve receber o paciente na entrada
do consultório para introduzi-lo no ambiente onde ocorrerá a consulta e deve
cumprimentá-lo e informar a localização dos móveis e objetos. Para desenvolver
esta ação é importante apresentar-se verbalmente ao paciente; tocá-lo
afetivamente com um aperto de mão, um cumprimento; descrever como é o
ambiente e qual a localização das cadeiras onde se sentarão; conduzi-lo ao local
onde ele permanecerá durante a maior parte do tempo; informá-lo sobre os objetos
próximos e permitir-lhe tocá-los para se familiarizar e se sentir mais confortável;
adotar a distância íntima (0 a 50cm) ou a pessoal-próxima (50 a 80 cm), que
favorece a interação; a postura de ou sentado deve ser mantida pelos
interlocutores igualmente para haver comunicação eficaz; a posição ideal deverá
ser a face a face, pois isso facilita a comunicação e evidencia a atenção do
profissional durante a interação.
na etapa do cuidado 3, o desenvolvimento da CEnf propriamente dita,
o enfermeiro deverá utilizar o toque para tornar a comunicação plenamente
entendida e validada pelo cego. A comunicação verbal transmitirá o conteúdo a ser
abordado na consulta e esta será validada pelo toque, considerado reforço da
52
comunicação não-verbal. Para desenvolver esta ação o enfermeiro deverá realizar
a consulta de enfermagem seguindo o formulário de registro da consulta. Portanto,
deverá manter o volume da voz adequado ao tamanho do ambiente e a distância
entre os interlocutores; em cada pergunta verbal ou sempre que necessário, o
enfermeiro deverá tocar afetivamente o cego e silenciar para que nesta pausa ele
responda com tranqüilidade e de forma eficaz; explicar que irá tocá-lo para
proceder ao exame físico; realizar o exame físico no sentido céfalo-podálico; o
toque será utilizado de forma localizada e terapêutica, ou seja, o toque localizado
ou instrumental, que o paciente interpretará como sendo uma forma de avaliar sua
saúde física; observar as expressões faciais; observar as expressões corporais;
ouvi-lo atentamente, pois o ato de ouvir o outro é uma atitude de comunicação não-
verbal inserida nas relações interpessoais, essencial para o maior entendimento
das pessoas envolvidas no processo.
A etapa do cuidado 4 é a última do Modelo de Comunicação Não-Verbal
e aborda a finalização da consulta e o encerramento da comunicação com o
paciente. Para o desenvolvimento desta ação o enfermeiro deverá enfatizar os
pontos principais da consulta; finalizar a comunicação interpessoal com um toque,
aproximação, aperto de mão; para ser mais efusivo, levantar-se; despedir-se e
acompanhá-lo até a porta.
5.3.4 Validação do modelo de comunicação não-verbal
Após ser construído, o referido modelo foi submetido à validação
aparente e de conteúdo. De acordo com Torres e Ruffino (2001), o primeiro passo
engloba uma análise cuidadosa dos conteúdos, ao observar-lhes a importância e a
determinação de forma a contemplar os aspectos relevantes à competência técnica
a ser alcançada com o modelo. Outros pesquisadores corroboram estes autores ao
enfatizar que a validação de conteúdo não é determinada estatisticamente, mas
sim resulta do julgamento de diferentes juízes ou pessoas de reconhecido saber na
área sobre o conteúdo analisado, os quais verificam a representatividade dos itens
em relação aos conceitos avaliados (STEIN et al., 2005).
53
Posteriormente à sua construção, o modelo foi analisado por três
especialistas em comunicação o-verbal, mero adotado em pesquisas
anteriores (SAWADA, 1999; BERTONCELLO, 2004). Os critérios para a escolha
dos especialistas foram os mesmos seguidos por Bertoncello (2004) e Almeida-
Rebouças (2005), quais sejam: ser enfermeira, doutora, com experiência no
ensino, pesquisa e/ou na prática da profissão; possuir conhecimentos sobre a
temática da comunicação não-verbal; possuir conhecimentos sobre construção e
validação de instrumentos; haver publicado artigos científicos sobre a temática e
concordar em participar da pesquisa.
Consoante os autores ora mencionados, tais especialistas deram
sugestões quanto à clareza; facilidade de leitura e compreensão; forma de
apresentação do modelo; abrangência; e a representatividade do conteúdo sobre
as competências técnicas do enfermeiro para a comunicação não-verbal
(APÊNDICE D).
Os juízes foram convidados a participar mediante contato mantido pela
orientadora via e-mail. Na ocasião foram explicitados os propósitos do estudo, o
Modelo de Comunicação Não-Verbal, a metodologia, o instrumento de análise e o
termo de consentimento para participar da pesquisa. Determinou-se um período de
trinta dias para a análise dos juízes e todos cumpriram o referido prazo. As
devoluções das análises e dos termos assinados também foram via e-mail.
Após o julgamento, foram incorporadas as modificações propostas
estabelecendo como critério de aceitação a concordância entre os especialistas
superior ou igual a 80%, pois este é um índice adotado por pesquisadores como
Sawada (1990), Torres e Ruffino (2001), mesmo porque a subjetividade nesta linha
de pesquisa jamais permite uma fidedignidade absoluta entre os juízes.
As sugestões incluídas no modelo se referiram à abrangência, forma de
apresentação e representatividade do conteúdo. Em seguida, iniciou-se a segunda
etapa de validação, por meio da qual o modelo foi submetido à testagem.
54
5.3.5 Grupo treinado
A partir da construção do modelo, os enfermeiros e concludentes foram
treinados de acordo tanto com as técnicas de comunicação pertinentes à utilização
da comunicação não-verbal como em relação à utilização do modelo com cegos.
Eles receberam uma cópia do Modelo de Comunicação Não-Verbal e outra dos
principais capítulos da Teoria Proxêmica de Hall (1986). Foi-lhes concedido um
prazo máximo de quinze dias para a leitura do material. Ao final desse período, a
pesquisadora reuniu todos os enfermeiros e concludentes no LabCom_Saúde e
expôs os objetivos da pesquisa com a apresentação do projeto de tese, além de
explicitar a teoria de Hall, os cuidados durante a comunicação com o cego e o
modelo de comunicação não-verbal propriamente dito. Esse encontro iniciou-se às
8:30h e terminou por volta das 17 horas do dia 31 de maio de 2008. Durante este
momento houve ainda apresentação e discussão de textos e realização de
consultas simuladas por eles em duplas no laboratório. Após o treinamento foram
agendadas as novas consultas que também seriam filmadas ao longo do
atendimento ao cego com a utilização do modelo.
Desse modo, o Modelo de Comunicação Não-Verbal foi aplicado para
verificar se está adequado à prática de enfermagem propriamente dita. Quanto à
coleta dos dados, ocorreu mediante o uso de três câmeras filmadoras que
registraram toda a consulta de enfermagem entre a enfermeira, o cego e o
acompanhante, quando este estivesse presente.
O LabCom_Saúde foi novamente organizado, mas agora de acordo com
as propostas de organização do ambiente enfocadas no modelo. Durante a
consulta ao cego, a pesquisadora permaneceu dentro do aquário. Desta forma, sua
presença não era percebida e não interferia na comunicação.
Antes da filmagem, a pesquisadora apresentou-se ao cego e ao
acompanhante como enfermeira, expôs os objetivos da pesquisa a ser realizada e
falou sobre o desejo de contar com a participação do primeiro para validar um
modelo de comunicação não-verbal do enfermeiro com o cego. Após a explicação
da pesquisadora e esclarecidas todas as dúvidas, foi perguntado ao cego e ao
acompanhante se aceitavam participar do estudo e então foi solicitada a assinatura
55
do termo de consentimento livre e esclarecido que era lido para eles e assinado
pelo próprio cego, se este se encontrasse em condições de fazê-lo, ou, então, por
um responsável.
À semelhança do adotado com o grupo controle, os enfermeiros ficaram
livres para efetuar a consulta durante o tempo necessário e seguiram o mesmo
registro para triagem de pacientes diabéticos. Nesse grupo, porém, os enfermeiros
organizavam o ambiente de acordo com o Modelo de Comunicação Não-Verbal e
faziam a consulta aplicando o referido modelo.
5.4 Processo de análise dos dados
5.4.1 Capacitação dos juízes da análise dos dados
Para a análise dos dados das filmagens foram escolhidos outros três
juízes, enfermeiros e estudantes do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem,
do nível mestrado e doutorado, da Universidade Federal do Ceará, todos treinados
conforme proposto por Rebouças (2005) e da mesma forma que os enfermeiros do
grupo experimental.
Nesse caso, além da apresentação do modelo, do projeto de tese e da
teoria de Hall (1986), eles foram treinados em relação à utilização do instrumento
de análise da comunicação não-verbal do enfermeiro-cego e do instrumento de
validação do modelo (APÊNDICE E). O instrumento de análise dos dados para
avaliar a comunicação não-verbal da enfermeira com o cego foi elaborado com
base no referencial teórico de Hall (1986) e recebeu a denominação de
Comunicação Não-Verbal Enfermeira-Cego (CONVENCE) (APÊNDICE F).
O CONVENCE avalia a comunicação não-verbal do enfermeiro com o
cego de acordo com as onze categorias que o compõem. A distância, primeira
categoria ou variável, de acordo com Hall (1986), é classificada em íntima, pessoal,
social e pública. A segunda categoria, postura, é delimitada em: de pé, sentado,
56
deitado. O eixo, terceira categoria, é identificado como: face a face, de costas,
outro ângulo, sociofugo e sociopeto. O contato, quarta categoria, é denominado:
toque, carícia, agarrar, apalpar, segurar demoradamente, apertar, tocar localizado,
roçar acidental e nenhum contato. A quinta categoria é a dos gestos emblemáticos,
classificados em bater o pé, mover as mãos e outro. A sexta categoria, gestos
ilustradores, identifica e ora complementa o verbal, ora não complementa. Os
gestos reguladores, sétima categoria, abrangem como meneio de cabeça,
movimento dos olhos e outro. A oitava categoria, comportamento facial, é
composta por perplexidade, nojo, alegria, medo, raiva, tristeza e outro. A nona
categoria, abertura ocular, refere-se a surpresa, alegria, tristeza e outro. Direção do
olhar, décima categoria, avalia se o olhar está fixo ou desviado do interlocutor. A
décima primeira categoria, volume da voz, abrange cinco itens: sussurro, grito,
normal, silêncio e alto (REBOUÇAS, 2005).
5.4.2 Análise dos dados
Pelo fato deste estudo ser metodológico, os juízes não eram informados
sobre com qual grupo, treinado ou não-treinado, eram realizadas as análises.
Como mencionado, a pesquisadora permanecia na sala durante toda a análise dos
vídeos e controlava o tempo de cada uma das cenas, as quais eram paralisadas a
cada minuto, além de determinar pausas quando notasse cansaço ou fadiga por
parte de algum juiz.
Antes de cada sessão de análise, os juízes foram instruídos a fazer uma
releitura do roteiro de análise da comunicação, o CONVENCE e do Modelo de
Comunicação Não-Verbal; iniciar o trabalho assistindo o filme na íntegra para ter
conhecimento do contexto da situação; trabalhar no LabCom_Saúde do
Departamento de Enfermagem da UFC onde o ambiente é adequado em termos de
equipamentos necessários bem como tem garantia da continuidade da atividade
sem interrupção; efetuar a classificação da cena em unidades, adotando o critério
de tempo de um minuto por cena e caso necessário poderiam repetir cada cena, no
57
máximo duas vezes; interromper por alguns instantes sempre que sentissem
fadiga; não classificar mais do que a gravação relativa a três pacientes por período
do dia. Determinou-se o tempo de um minuto em virtude do tamanho das
filmagens. As consultas eram longas e se tornaria exaustivo adotar um critério
menor de tempo para as análises.
Os dados coletados foram inseridos em planilha eletrônica para os
procedimentos das análises descritivas e inferenciais com a utilização do programa
Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 14.0, e analisados em
freqüência absoluta por meio de tabelas univariadas com freqüência relativa e
porcentagens. Para se analisar a associação entre as variáveis e os enfermeiros
nos grupos controle e experimental, foram empregados os testes qui-quadrado (χ
2
)
e o de máximo verossimilhança.
Para verificar a confiabilidade das avaliações entre os itens do Modelo
de Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-Cego foi utilizado o Coeficiente Alfa de
Cronbach, haja vista esse coeficiente levar em consideração a probabilidade de
concordância decorrente do acaso. Finalmente, foi fixado para todas as análises
estatísticas inferenciais o nível de significância de 5% (GORENSTEIN; ANDRADE;
ZUARDI, 2000).
5.5 Aspectos éticos e legais
Como recomendado, antes de se iniciar o estudo, o projeto foi
submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará para
aprovação. Portanto, foi elaborado segundo as normas que regulamentam
pesquisas em seres humanos, do Conselho Nacional de Saúde, conforme a
Resolução 196/96 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1996). Obtida a aprovação
pelo referido comitê com o número 242/07 em reunião realizada no dia 19 de
outubro de 2007 (ANEXO B), deu-se início à coleta propriamente dita, após a
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelo enfermeiro, cego e
acompanhante, caso houvesse.
58
6 RESULTADOS
6.1 Validação do modelo de comunicação não-verbal enfermeiro-cego por
especialistas
Após construído, o modelo de comunicação não-verbal foi enviado para
três especialistas em comunicação para ser analisado e validado de acordo com os
critérios estabelecidos no apêndice A. É importante enfatizar que nenhum deles
discordou entre si, pois deram sugestões distintas, todas foram acatadas e
incluídas no referido modelo.
O primeiro sugeriu excluir abraço no momento de finalização da consulta,
pois, segundo Hall (1986), determinadas situações de proximidade intimidam os
sujeitos. Assim, ações como o abraço devem ser concretizadas com a
aprovação do outro. Acrescentou ainda o seguinte: se o abraço existisse poderia
se encontrar um eixo sociofugo o qual demonstra desencorajamento na interação
entre os sujeitos da comunicação além de ser constrangedor para ambos. Outra
sugestão foi em relação a distância: conforme havia sugerido, deveriam
permanecer em distância íntima durante todo o atendimento, mas, segundo a
especialista, a distância íntima é muito próxima por tanto tempo. Diante desta
observação, solicitou acrescentar a distância pessoal-próxima (50 a 80 cm). À
semelhança do abraço, a proximidade pode desencorajar o sujeito. Dessa forma,
acatou-se a solicitação e definiu-se que o enfermeiro deveria adotar a distância
pessoal-próxima para a entrevista (primeira parte da consulta) e a distância íntima
para o exame físico.
Foram incluídos ainda gestos corporais. Entre estes, o apertar os dedos
(como sinal de dor) e movimentar as pernas (como preocupação/vergonha) e caso
o acompanhante estivesse presente durante o atendimento poderia haver
interferências na comunicação. Então, propôs se informasse sobre isso, pois o
acompanhante faz parte do ambiente e pode ser um obstáculo na comunicação.
O segundo especialista concluiu que a forma de apresentação do
primeiro momento e a abrangência do terceiro momento não estavam adequadas.
59
Sugeriu manter o paciente mais próximo do enfermeiro e o acompanhante mais
próximo do paciente do que do enfermeiro, além de solicitar a inclusão do comando
de observar as expressões corporais (após as faciais).
o terceiro especialista avaliou que a abrangência e representatividade
do conteúdo do primeiro e do terceiro momentos também deveriam ser revistas.
Sua sugestão foi acrescentar item sobre temperatura e incluir a frase “manter
temperatura do ambiente agradável em torno de 20º C a 25º C”. No terceiro
momento acrescentou item sobre o volume de voz com a frase manter o volume
de voz adequado ao tamanho do ambiente e a distância entre os interlocutores”.
Apontou também outras idéias segundo as quais para medir a efetividade do
modelo seria necessário criar outro instrumento com uma escala de pontuação que
pode ser dicotômica, de sim e não, ou uma escala gradual com itens que avaliem
todos os aspectos do modelo.
A partir dessas sugestões e incluídos todos esses aspectos no modelo,
ainda assim houve sugestões dos enfermeiros durante o treinamento (grupo
experimental) e dos juízes da análise dos dados. Entre elas, foi solicitado
acrescentar as orientações para o relacionamento interpessoal do enfermeiro com
o cego. Tal solicitação foi disposta logo após as regras gerais para a comunicação
não-verbal no modelo.
Os juízes da análise de dados incluíram também no CONVENCE, na
categoria 2, postura, a subcategoria 4, de joelhos; como também na categoria 11,
volume da voz, a subcategoria 5, alto.
6.2 Caracterização da amostra
Compuseram a amostra 30 enfermeiros e 30 cegos subdivididos nos dois
grupos, treinado e não-treinado. Houve a participação de apenas um
acompanhante no grupo não-treinado, mas esse personagem não foi analisado. Na
Tabela 1, consta a distribuição do número de enfermeiros e cegos, segundo as
características da amostra.
60
Tabela 1 Distribuição do número de enfermeiros e cegos, segundo
as características da amostra. Fortaleza, 2008
N %
Enfermeiro (N=30)
Idade (anos)
22
23
24-50
14
09
07
46,7
30,0
23,3
Média= 25 anos
DP= 6 anos
Sexo
Feminino
Masculino
24
06
80,0
20,0
Cego (N=30)
Idade (anos)
19-27
28-37
38-44
10
11
09
33,3
36,7
30,0
Média= 32 anos
DP= 8 anos
Sexo
Feminino
Masculino
18
12
60,0
40,0
Tempo de cegueira (anos)
04-23
24-35
36-44
10
11
09
33,3
36,7
30,0
Média= 29 anos
DP= 12 anos
Como mostra a Tabela 1, a idade dos enfermeiros variou de 22 a 50
anos, com média de 25 ± 6 anos. Quanto ao sexo destes, sobressaiu o feminino
(80%). Em relação à idade dos cegos, variou de 19 a 44 anos, com média de 32 ±
8 anos. No referente ao sexo dos cegos predominou o feminino (60%). em
relação ao tempo de cegueira, a média foi de 29 ± 12 anos.
61
6.3 Validação do modelo de comunicação não-verbal enfermeiro-cego
De acordo com o Modelo de Comunicação Não-Verbal e segundo a
análise dos juízes ao se comparar os resultados do grupo treinado e do grupo não-
treinado, obtiveram-se os resultados expostos na Tabela 2.
Nas tabelas, as variáveis relacionadas às ações estão dispostas
numericamente e apresentar-se-ão enumeradas seqüencialmente entre as tabelas
2 a 5.
Tabela 2 – Comparação das ações da etapa do cuidado 1, organização do
ambiente, entre o grupo treinado e o não-treinado. Fortaleza, 2008
AÇÃO* Péssimo/Ruim
Regular Bom Excelente
χ
2
p
No. e descrição N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
1.Organizar ambiente
Não-treinado
Treinado
21
-
46,6
-
12
-
26,7
-
8
6
17,8
13,3
4
39
8,9
86,7
61,77
0,0001
2. Colocar mesa
Não-treinado
Treinado
1
-
2,2
-
12
-
26,7
-
12
2
26,7
4,4
20
43
44,4
95,6
28,54
0,0001
3.Cadeiras(posição)
Não-treinado
Treinado
12
-
26,6
-
17
1
37,8
2,2
12
5
26,7
11,1
4
39
8,9
86,7
57,59
0,0001
4.Ausência obstáculo
Não-treinado
Treinado
23
-
51,1
-
13
1
28,9
2,2
6
2
13,3
4,4
3
42
6,7
93,3
57,85
0,0001
5. Temperatura
Não-treinado
Treinado
-
-
-
-
2
1
4,4
2,2
10
6
22,2
13,3
33
38
73,3
84,4
1,07
0,302
* As ações serão enunciadas numericamente de acordo com o instrumento de comunicação não-
verbal.
Pelos resultados da Tabela 2, ao se comparar as ações da etapa do
cuidado 1 entre o grupo treinado e o não-treinado, conforme se observa, o grupo
teinado obteve resultado excelente (p<0,0001) em quatro dos cinco itens avaliados,
com percentual a 84%. Somente o item “temperatura” apresentou proporção
aproximadamente igual na escala. A seguir, na Tabela 3, observa-se a comparação
das ações da etapa do cuidado 2 entre o grupo treinado e o não-treinado .
62
Tabela 3 Comparação das ações da etapa do cuidado 2, apresentação
do ambiente, entre o grupo treinado e o não-treinado. Fortaleza, 2008
AÇÃO Péssimo/Ruim
Regular Bom Excelente
χ
2
p
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
6. Apresentação
Não-treinado
Treinado
8
-
18,9
-
7
-
16,7
-
5
5
11,9
11,9
22
40
52,4
88,9
20,15
0,0001
7. Tocar afetivamente
Não-treinado
Treinado
11
3
24,9
6,6
13
4
29,5
8,9
11
7
25,0
15,6
9
31
20,5
68,9
22,31
0,0001
8. Descrever ambiente
Não-treinado
Treinado
27
2
60,0
4,4
18
3
40,0
6,7
-
7
-
15,6
-
33
-
73,3
72,23
0,0001
9. Conduzir o cego
Não-treinado
Treinado
9
-
20,0
-
19
1
42,2
2,2
5
6
11,1
13,3
12
38
26,7
84,4
38,81
0,0001
10. Informar objetos
Não-treinado
Treinado
28
3
62,2
6,7
14
1
31,1
2,2
2
7
4,4
15,6
1
34
2,2
75,6
65,32
0,0001
11. Adotar dist. íntima
Não-treinado
Treinado
11
-
24,4
-
16
-
35,6
-
12
6
26,7
13,3
6
39
13,3
86,7
48,47
0,0001
12. Postura
Não-treinado
Treinado
4
-
8,9
-
9
5
20,0
11,1
17
9
37,8
20,0
15
31
33,3
68,9
11,58
0,003
13. Posição ideal
Não-treinado
Treinado
1
2
2,2
4,4
15
5
33,3
11,1
21
14
46,7
31,1
8
24
17,8
53,3
12,92
0,002
Pelos resultados obtidos na Tabela 3 ao se comparar as ações da etapa
do cuidado 2 entre o grupo treinado e o não-treinado, segundo se percebe, o grupo
treinado obteve resultado excelente (p<0,05) em todos os itens avaliados. Portanto,
houve associação estatisticamente significante em todas as ões. A seguir, na
Tabela 4, comparação das ações da etapa do cuidado 3 entre o grupo treinado e o
não-treinado.
63
Tabela 4 Comparação das ações da etapa do cuidado 3, desenvolver a
consulta de enfermagem, entre o grupo treinado e o não-treinado.
Fortaleza, 2008
AÇÃO Péssimo/Ruim Regular Bom Excelente χ
2
p
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
14. Roteiro CEnf
Não-treinado
Treinado
-
-
-
-
6
1
13,3
2,2
9
5
20,0
11,1
30
39
66,7
86,7
5,89 0,053
15. Volume da voz
Não-treinado
Treinado
2
-
4,4
-
5
1
11,1
2,2
14
8
31,1
17,8
24
36
53,3
80,0
8,54
0,014
16. Tocar e silenciar
Não-treinado
Treinado
30
7
66,7
15,5
14
11
31,1
24,4
-
16
-
35,6
1
11
2,2
24,4
38,99
0,0001
17. Explicar toque
Não-treinado
Treinado
18
4
40,0
8,9
14
7
31,1
15,6
10
13
22,2
28,9
3
21
6,7
46,7
25,13
0,0001
18. Exame físico
Não-treinado
Treinado
10
4
22,2
8,9
14
11
31,1
24,4
13
7
28,9
15,6
8
23
17,8
51,1
11,99
0,009
19. Toque terapêutico
Não-treinado
Treinado
7
4
15,5
8,8
28
7
62,2
15,6
8
17
17,8
37,8
2
17
4,4
37,8
28,5
0,0001
20. Expressão facial
Não-treinado
Treinado
5
1
11,1
2,2
18
7
40,0
15,6
19
25
42,2
55,6
3
12
6,7
26,7
13,73
0,004
21.Expressão corpo
Não-treinado
Treinado
3
3
6,6
6,6
20
7
44,4
15,6
20
20
44,4
44,4
2
15
4,4
33,3
16,2
0,001
22.Ouvir atentamente
Não-treinado
Treinado
2
-
4,4
-
9
2
20,0
4,4
15
13
33,3
28,9
19
30
42,2
66,7
8,84
0,012
Em relação aos resultados constantes da Tabela 4, evidenciam-se
resultados excelentes (p<0,05) em oito dos nove itens avaliados do grupo treinado
em relação ao grupo não-treinado nas ações desenvolvidas na etapa do cuidado 3.
Apenas o item referente a “seguir o roteiro da CEnf” ficou próximo ao valor do
teste, mas esta ação obteve forte indicador de associação. Na Tabela 5, podem
64
ser vistos dados comparativos das ações da etapa do cuidado 4 entre o grupo
treinado e o não-treinado.
Tabela 5 Comparação das ações da etapa do cuidado 4, finalizar a
consulta de enfermagem, entre o grupo treinado e o não-treinado.
Fortaleza, 2008
AÇÃO Péssimo/Ruim Regular Bom Excelente χ
2
p
N
o
% N
o
% N
o
% N
o
%
23. Enfatizar pontos
Não-treinado
Treinado
16
7
35,5
15,6
19
10
42,2
22,2
4
14
8,9
31,1
6
14
13,3
31,1
15,01 0,002
24. Finalizar comunic.
Não-treinado
Treinado
5
2
11,1
4,4
15
6
33,3
13,3
9
9
20,0
20,0
16
28
35,6
62,2
8,42
0,015
25. Levantar-se
Não-treinado
Treinado
4
1
8,9
2,2
11
5
24,4
11,1
8
9
17,8
20,0
22
30
48,9
66,7
5,15
0,076
26. Despedir-se
Não-treinado
Treinado
2
-
4,4
-
7
1
15,6
2,2
9
2
20,0
4,4
27
42
60,0
93,3
14,11
0,0001
No referente aos dados analisados na Tabela 5, foram identificados
também resultados excelentes (p<0,05) do grupo treinado em relação ao grupo
não-treinado nas três das quatro ações desenvolvidas na etapa do cuidado 4.
Apenas na ação “levantar-se de forma efusiva” não se observou a existência de
associação entre os grupos.
65
6.4 Análise de confiabilidade do modelo de comunicação não-verbal
Na Tabela 6, constam os valores do Coeficiente Alfa de Cronbach do
modelo de comunicação proposto.
Tabela 6 – Valores do Coeficiente Alfa de Cronbach, com a exclusão dos
itens, do modelo de comunicação não-verbal do enfermeiro-cego.
Fortaleza, 2008
Alfa de Cronbach para Modelo de Comunicação Não-Verbal: 0,83.
Conforme se observa na Tabela 6, todos os itens contribuem para a
confiabilidade interna do Modelo de Validação da Comunicação Não-Verbal do
AÇÃO Alfa de Cronbach
alcançado com a exclusão do item
1. Organizar o ambiente 0,845
2. Colocar mesa 0,849
3. Cadeiras 0,846
4. Ausência de obstáculo 0,848
5. Temperatura ambiente 0,847
6. Apresentação 0,847
7. Tocar afetivamente 0,842
8. Descrever ambiente 0,843
9. Conduzir cego 0,849
10. Informar objetos 0,840
11. Adotar distância íntima 0,853
12. Postura 0,847
13. Posição ideal 0,842
14. Roteiro da CEnf 0,842
15. Volume da voz 0,852
16. Tocar e silenciar 0,839
17. Explicar toque 0,832
18. Exame físico 0,841
19. Toque terapêutico 0,833
20. Expressão facial 0,832
21. Expressão corporal 0,830
22. Ouvir atentamente 0,842
23. Enfatizar pontos 0,854
24. Finalizar comunicação 0,841
25. Levantar-se 0,840
26. Despedir-se 0,844
66
enfermeiro com o cego. Os valores mostrados nesta tabela revelam uma excelente
confiabilidade no grupo treinado, pois todos os alfas foram > 0,83.
6.5 Análise da comunicação não-verbal enfermeiro-cego
Na análise desta comunicação, trabalhou-se com onze categorias, como
mostra a Tabela 7, na qual se expõe a comparação da comunicação não-verbal
enfermeiro-cego entre o grupo controle e o experimental, de acordo com cada
categoria.
Tabela 7 Análise comparativa da comunicação não-verbal entre o grupo
não-treinado e o grupo treinado. Fortaleza, 2008
GRUPO
Não-treinado
(n=1.649)
Treinado
(n=1.478)
Comunicação Não-Verbal
N
o
% N
o
%
χ
2
p
1. Distância
Íntima
Pessoal
502
1.147
30,4
69,6
1.059
417
71,7
28,3
531,5 0,0001
2. Postura
De pé
Sentado
Outro
568
1.078
3
34,4
65,3
0,3
248
1.219
11
16,7
82,4
0,9
129,8 0,0001
3. Eixo
Outro ângulo/Sociopeto
Face a face/Sociopeto
Outro ângulo/Sociofugo
968
633
37
58,7
38,4
2,2
689
763
16
46,7
51,7
1,1
58,3 0,0001
4. Contato
Nenhum contato
Toque/tocar localizado
Toque
Tocar localizado
Toque/segurar demoradamente
Toque/segurar/tocar localizado
Segurar demoradamente
Toque/apalpar/tocar localizado
Apertar
Apalpar
Roçar acidental
Agarrar
Carícia
906
399
173
110
21
32
10
13
14
4
-
2
2
54,9
24,2
10,5
6,7
1,3
1,9
0,6
0,8
0,8
0,2
-
0,1
0,1
548
351
264
151
56
50
44
31
20
19
11
10
2
37,1
23,7
17,9
10,2
3,8
3,4
3,0
2,1
1,4
1,3
0,7
0,7
0,1
187,6 0,0001
67
5. Gestos emblemáticos
Mover as mãos
Outro
Mover as mãos/Outro
Bater o pé
778
844
75
27
47,2
51,2
4,5
1,6
998
453
16
2
67,5
30,6
1,1
1,4
167,8
0,0001
6. Gestos Ilustradores
Complementa o verbal
Não complementa
1.410
238
85,6
14,4
1.238
238
83,9
16,1
1,707
0,191
7. Gestos reguladores
Mover os olhos
Meneio/mover os olhos
Outro
Meneio de cabeça
700
376
327
246
42,4
22,8
19,8
14,9
637
434
209
196
43,1
29,4
14,1
13,3
29,3 0,0001
8. Comportamento facial
Atenção/Normal
Normal
Atenção
Alegria/atenção
Alegria
Outro
714
656
260
17
30
6
43,3
39,8
15,8
1,0
1,8
0,4
951
318
188
29
28
5
64,3
21,5
12,7
2,0
1,9
0,3
159,9 0,0001
9. Abertura ocular
Atenção
Outro
Alegria
Surpresa
Tristeza
1538
91
22
3
-
93,3
5,5
1,3
0,2
-
1441
21
25
2
2
97,5
1,4
1,7
0,1
0,1
40,9 0,0001
10. Direção do olhar
Desviado do Interlocutor
Centrado no Interlocutor
943
706
57,2
42,8
681
795
46,1
53,8
38,1 0,0001
11. Volume da voz
Normal
Silêncio
Alto
1335
243
69
81,0
14,7
4,2
1372
89
14
93,0
6,0
0,9
99,2 0,0001
De acordo com a Tabela 7, existe associação estatisticamente
significante em dez das onze categorias da comunicação não-verbal. Apenas na
categoria gestos ilustradores não houve associação significante, pois os resultados
foram semelhantes em ambos os grupos.
Em relação à categoria distância, prevaleceu a íntima no grupo treinado
(71,7%) e no não-treinado sobressaiu a pessoal (69,6%). Na postura, a sentada foi
68
maior no grupo treinado (82,4%) que no grupo não-treinado (65,3%). Já na
categoria eixo, o face a face/sociopeto prevaleceu no grupo treinado (51,7%)
enquanto no grupo não-treinado foi observado outro ângulo/sociopeto (58,7%).
No referente à categoria contato, no grupo não-treinado prevaleceu
nenhum contato (54,9%) enquanto no treinado este item foi menor (37,1%). Em
relação aos gestos emblemáticos, mover as mãos foi maior no grupo treinado
(67,5%) e no grupo não-treinado foram outros tipos de gestos (51,2%). Na
categoria gestos ilustradores, complementa o verbal foi maior no não-treinado
(85%) e menor no treinado (83%). Na categoria gestos reguladores, mover os
olhos sobressaiu no grupo não-treinado (42,4%) e no treinado (43,1%). Quanto à
categoria comportamento facial, observou-se atenção/normal em maior quantidade
no grupo treinado (64,3%) do que no não-treinado (43,3%).
No concernente à categoria abertura ocular destacou-se atenção no
grupo treinado (97,5%) e no grupo não-treinado (93,3%). A categoria direção do
olhar sobressaiu no grupo treinado concentrado no interlocutor (53,8%) enquanto
no grupo não-treinado predominou desviado do interlocutor (57,2%). Quanto ao
volume da voz, em ambos os grupos sobressaiu o normal, no não-treinado (81,0%)
e no treinado (93,0%). No entanto observou-se silêncio no grupo não-treinado
(14,7%) e também no grupo treinado (6,0%).
A seguir, na Tabela 8, apresenta-se a análise da variável contato entre
os grupos treinado e não-treinado.
Tabela 8 Análise comparativa da variável contato entre o grupo treinado
e o não-treinado. Fortaleza, 2008
Grupo
Não-treinado
Treinado
Contato
N
o
% N
o
%
χ
2
p
Sim
744
45
929
63
Não 905 55 547 37
98,7 0,0001
69
Pelos resultados observados na Tabela 8, houve mais contato do
enfermeiro com o cego no grupo treinado (63%) e no grupo não-treinado houve
algum tipo de toque (45%). Percebe-se, então, que o grupo experimental utilizou
mais o toque como proposto pelo Modelo de Comunicação Não-Verbal.
70
7 DISCUSSÃO
7.1 Validação do modelo de comunicação não-verbal
O Modelo de Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-Cego englobou
informações preliminares, regras gerais para a comunicação não-verbal,
orientações para o relacionamento interpessoal com o cego, e o modelo
propriamente dito, seguindo os passos da consulta de enfermagem, e se subdividiu
em quatro etapas do cuidado conforme discutido a seguir.
A etapa do cuidado 1 refere-se à organização do ambiente para o
desenvolvimento da consulta de enfermagem. Nesta etapa foram avaliadas cinco
ações, todas indicadas na Tabela 2. As ações: organizar o ambiente de forma que
o mobiliário favoreça o contato do enfermeiro com o cego; colocar a mesa em um
dos lados da sala e utilizar parte dela como apoio para os materiais e para o
registro do roteiro de consulta; posicionar as cadeiras do enfermeiro e do cego uma
de frente para a outra e próximas à mesa; ausência de obstáculo entre os
comunicantes e manter a temperatura do ambiente agradável foram comparadas
entre o grupo controle e o experimental. Como revelam os dados, observou-se
desempenho excelente do grupo treinado (p=0,0001), exceto na questão da
temperatura, a qual não mostrou associação entre os grupos.
Ao analisar a temperatura do ambiente, conforme se percebeu, apenas
pelas filmagens os juízes não tinham condição de saber se o ambiente estava
agradável ou não. Diante do impasse, ficou acordado no treinamento que eles
avaliariam o ambiente como desagradável quando explicitamente alguém
verbalizasse frio ou calor durante as filmagens. E realmente em uma filmagem do
grupo treinado a cega verbalizou estar com frio. Quando esta comunicou sua
necessidade, a enfermeira solicitou a entrada da pesquisadora durante a consulta
para reprogramar a temperatura do ar condicionado. Esta interferência da
temperatura na comunicação justifica-se pelo fato da sala ter permanecido por um
longo período de tempo com os dois condicionadores de ar ligados, o que motivou
o desconforto decorrente do frio sentido pela cega. Desse modo, conforme ficou
subentendido, o ambiente não favoreceu a comunicação entre enfermeiro e cego.
No entanto, a enfermeira, ao perceber a interferência da temperatura na
71
comunicação, mesmo sabendo que a pesquisadora não poderia invadir o ambiente
da consulta, sentiu-se no dever de quebrar essa regra e tal atitude era necessária.
no grupo não-treinado houve duas ocorrências de alterações na temperatura,
ambas ocasionadas também pelo frio do ambiente. Desta vez, porém, o enfermeiro
não fez nenhuma intervenção.
Como afirmam Stefanelli e Carvalho (2005), o ambiente é um dos
componentes do processo de comunicação, mas também é uma variável detentora
de forte influência sobre o êxito ou não na efetivação da comunicação com o outro.
Ao se tratar da questão ambiental, isto diz respeito não ao ambiente físico
utilizado pelas pessoas, de modo geral, como ainda por aquelas que interagem
com sua cultura, o mobiliário, iluminação, arejamento, temperatura, ruídos e as
próprias condições de tempo e espaço.
Consoante as autoras supracitadas relatam, a disposição das pessoas
em determinado contexto deve garantir-lhes estar num mesmo plano, acomodadas
de forma que possam manter contato visual, com proximidade suficiente,
considerando a distância interpessoal. Ao ser familiar ao paciente, o ambiente
influenciará de forma positiva e o processo comunicativo será facilitado porquanto
afasta o medo de situações desconhecidas e facilita o surgimento do sentimento de
segurança e confiança em relação ao profissional de enfermagem.
O ambiente experimental onde foram desenvolvidas as consultas, como
mencionado, era um laboratório de comunicação e, nesse caso, não houve
interferências de pessoas durante a comunicação enfermeiro-cego. De acordo com
Galvão et al (2006), o ruído ambiental é considerado uma invasão de espaço
pessoal e territorial do paciente e acarreta uma série de respostas humanas em
forma de sentimentos, atitudes, valores, expectativas e desejos. Cabe ao
enfermeiro ficar atento a esses ruídos passíveis de interferir na comunicação com o
paciente e evitar a interferência deles no cuidado ao paciente.
Segundo exposto na Tabela 3, ao se comparar as oito ações da etapa
de cuidado 2 entre o grupo treinado e o não-treinado, percebe-se que em todas
elas houve associação (p<0,05), isto é, a comunicação não-verbal dependeu do
72
grupo. Nesse caso, o melhor desempenho na leitura da comunicação não-verbal
está associado ao grupo experimental.
Nesta etapa, destaca-se a importância da apresentação do enfermeiro
ao cego; tocar afetivamente com um aperto de mão, um cumprimento; descrever o
ambiente para o cego e onde estão posicionadas as cadeiras para ele se
familiarizar com o local; conduzi-lo ao local onde permanecerá a maior parte do
tempo durante a consulta, deixando-o segurar no seu braço para facilitar sua
locomoção; informá-lo sobre os objetos próximos e permitir-lhe tocá-los, com vistas
a se sentir mais confiante e confortável; adotar a distância íntima ou a pessoal-
próxima entre o enfermeiro e o cego para favorecer a interação; manter a postura
igualmente, para que a comunicação seja eficaz, e se posicionar face a face para
facilitar a comunicação.
Saber se comunicar é entender o paciente e se fazer entender por ele.
Retoma-se o esquema clássico de comunicação: emissor - mensagem - receptor,
onde o foco do processo é a mensagem. A interação entre a comunicação e a
prática do enfermeiro deve-se ao fato das suas relações com o paciente
estabelecer-se em um processo horizontal, caracterizado pelo diálogo, no qual se
constroem e (re)constroem significados. Assume, portanto, papel essencial na
formação da competência profissional preconizada pelas diretrizes curriculares da
graduação.
Como asseveram McGilton et al (2006), a comunicação efetiva constitui-
se um elemento fundamental para o integral cuidado de enfermagem no intuito de
promover uma melhor qualidade na perspectiva do cuidado ao paciente. A
comunicação pode ir além e prover informações até favorecer um suporte
emocional ao paciente e sua família. Consoante os autores afirmam, é fundamental
estar consciente da necessidade de dar mais informações e prover o suporte
emocional para que esta comunicação seja realmente efetiva. Nesse contexto, os
enfermeiros devem ter a responsabilidade de garantir total confiança para se
comunicar efetivamente com os pacientes e familiares que recebem qualquer tipo
de cuidado (DUNNE, 2005).
73
Em sua essência, a aproximação enfermeiro-paciente traz a questão da
proxêmica, ou seja, da aproximação dos corpos dos sujeitos que participam de
uma relação interpessoal. Em um estudo de Santos e Shiratori (2005), graduandos
de enfermagem destacaram esse fator como a principal influência gerada pela
comunicação não-verbal durante os cuidados de enfermagem, pois a aproximação
enfermeiro–paciente justifica-se em virtude da necessidade do estabelecimento de
uma comunicação e do relacionamento interpessoal, com vistas à melhoria da
qualidade da assistência a ser prestada ao cliente, baseada na comunicação
efetiva.
Este tipo de comunicação envolve ativamente a escuta do paciente e
não apenas dirigir-lhe palavras reconfortantes. No entanto, deve haver, sobretudo,
empatia. A comunicação é um processo de via dupla, e o enfermeiro possui a
responsabilidade de prover informações passíveis de favorecer a recuperação do
paciente. Como observado, o desenvolvimento de uma relação terapêutica com o
paciente assegura que tudo isso precisa ser conhecido e aprofundado
(ROGAN;TIMMINS, 2004).
Com esta finalidade, uma proposta mais explícita de ensino de
comunicação na graduação em enfermagem pode fomentar a compreensão de que
o processo comunicacional vai além das palavras e tem conseqüências diretas e
profundas na eficácia do cuidado de enfermagem, interpretando-o com o auxílio da
linguagem verbal.
Diante desta realidade, o desenvolvimento do ensino da comunicação
nos cursos de graduação da área da saúde justificado pela importância
decorrente das pesquisas sobre relação profissional-paciente e acrescido de
significativas discussões, especialmente em fóruns internacionais, e das
recomendações das novas Diretrizes Curriculares Nacionais – impõe-se como
campo de conhecimento a ser contemplado nos projetos pedagógicos de formação
de futuros profissionais de saúde (ROSSI; BATISTA, 2006).
Em corroboração às palavras de Carvalho et al (1997), o ensino de
habilidades em comunicação deve ser feito ao longo de todo o curso de graduação
e não se limitar à responsabilidade exclusiva de uma disciplina ou período. Devem-
74
se inserir diversas experiências práticas específicas para tal treinamento, além de
se destacar formalmente as situações interacionais havidas, os comportamentos
dos elementos envolvidos e as conseqüências da interação para ambos.
Urge o enfermeiro adquirir habilidades de comunicação, especialmente
da forma não-verbal, durante o processo de cuidado na relação com o cliente, com
vistas a contribuir para a melhoria de uma assistência de qualidade prestada.
Conforme se percebe em um estudo realizado por Azevedo (2002), determinados
alunos e até enfermeiros sentem dificuldades para abordar o cliente, seja para
explicar rotinas diárias, identificar necessidades, fornecer orientações, informar
sobre os procedimentos a serem executados ou, simplesmente, ouvi-lo.
De acordo com Araújo, Silva e Puggina (2007), a comunicação não-
verbal qualifica a interação humana, imprimindo emoções, sentimentos, adjetivos e
um contexto que permite ao indivíduo perceber e compreender não apenas o
significado das palavras, mas também o sentimento do emissor da mensagem. A
qualificação da linguagem verbal é dada pelo tom de voz e jeito como as palavras
são ditas, por olhares e expressões faciais, por gestos que acompanham o
discurso, pela postura corporal, pelo tamanho da distância física mantida pelas
pessoas entre si, e até mesmo por suas roupas, acessórios e características
físicas. Mesmo o silêncio, em certos contextos, é significativo e pode transmitir
inúmeras mensagens.
Portanto, a adequada interação entre a comunicação verbal e a não-
verbal oferece maior qualidade ao relacionamento interpessoal e deve ser utilizada
pelo enfermeiro e demais profissionais de saúde de forma mais consciente. Ela
serve de instrumento gerador de um saber capaz de contribuir para redescobrir e
reconstruir a prática destes profissionais.
Como evidenciado em pesquisas, os profissionais de saúde encontram
dificuldades em perceber e utilizar os sinais não-verbais de modo consciente. A
título de exemplo, segundo identificaram alguns estudos, ainda falta de
informações sobre comunicação entre os graduandos de medicina: embora os
próprios estudantes a reconhecessem como importante para a compreensão do
paciente e o estabelecimento de vínculos, demonstraram não dominar os
75
conceitos, pautando a relação interpessoal com o paciente sobretudo em seu
aspecto verbal. No contexto da assistência à saúde do outro, toda comunicação
verbal e não-verbal deve ser benéfica, efetiva e terapêutica (ARAÚJO; SILVA;
PUGGINA, 2007).
Conforme declaram Araújo e Silva (2007), os pacientes expressam em
seus discursos o que no senso comum parece ser consensual: profissional de
saúde bom é aquele que te olha nos olhos, isto é, presta atenção e mostra dar
importância às palavras do paciente. Ao manter o contato por meio do olhar, o
profissional passa a mensagem silenciosa de se importar tanto com as palavras do
paciente quanto com os sentimentos deste. Preocupa-se com o paciente como ser
humano, com sentimentos e emoções, e não apenas com um sintoma ou um órgão
comprometido. Isto pode facilitar o cuidado integral, humanizado, holístico.
Na análise da Tabela 4, ao se tecer uma comparação entre as etapas do
cuidado 3 do grupo treinado e do não-treinado, percebe-se que oito das nove
ações foram desempenhadas de forma excelente pelo grupo treinado, com valor de
p<0,05. Somente a ação de seguir o roteiro da consulta de enfermagem indicou
tendência a ter associação (p=0,053). Consoante reforça tal resultado, o roteiro de
consulta já faz parte da rotina de enfermagem e é considerado ferramenta
necessária para a realização dos procedimentos de enfermagem. Ademais,
constitui um roteiro direcionado para a consulta a diabéticos, sem se caracterizar
um elemento novo para ambos os grupos.
A consulta de enfermagem é caracterizada, ao mesmo tempo, como
uma ação de ajuda e de aprendizado na qual enfermeiro e paciente interagem,
buscando solucionar problemas identificados por meio do diagnóstico de
enfermagem. De acordo com Mendonça et al (2007), é por meio da consulta de
enfermagem que o enfermeiro fornece as orientações em relação aos cuidados
com o paciente. Ainda como afirmam estes autores, com essa sistematização há o
intuito de prestar uma assistência de enfermagem humana e singular, voltada para
as necessidades dos pacientes e melhoria da sua qualidade de vida.
Cada pessoa interpreta as mensagens e situações vivenciadas de
forma diferente. Desse modo, nem todas as mensagens são entendidas igual e
76
adequadamente por todos (INABA; SILVA, 2002). Cuidar de cegos, portanto, é um
grande desafio em face das suas limitações e alterações na forma como
expressam e percebem o mundo. Nesse caso, o atendimento de enfermagem ao
cego deve favorecer o toque, pois este sentido funciona para ele como a visão.
De acordo com Rebouças, Pagliuca e Almeida (2007), a deficiência
visual pode dificultar a relação enfermeiro-paciente e comprometer o trabalho do
profissional no referente à orientação do paciente, à adesão deste ao tratamento, à
compreensão e interpretação da comunicação, entre outras. Além disso, interfere
consideravelmente na comunicação enfermeiro-cego, porquanto a visão é sem
dúvida um dos principais sentidos na recepção da comunicação não-verbal.
Com o estudo ora elaborado percebeu-se, ainda, o quanto as
enfermeiras gesticularam com as mãos na tentativa de se fazerem entender pelo
cego. Mas como ele não possui a capacidade visual para decodificar esse tipo de
mensagem, esses profissionais devem explorar outras formas de comunicação. O
enfermeiro precisa estar ciente da importância do toque na humanização do
cuidado aos pacientes para que este recurso não se torne um ato mecânico,
motivo de distanciamento entre enfermeiro-paciente e barreira no processo
comunicativo (REBOUÇAS; PAGLIUCA; ALMEIDA, 2007).
Na enfermagem, mostram determinados estudos, falhas na
percepção da comunicação não-verbal pelos enfermeiros em nível consciente,
denotando necessidade de maior atenção e treinamento por parte destes
profissionais. Como a percepção dos sinais o-verbais ocorre em nível
consciente, pode ser aperfeiçoada com esforço dirigido para seu aprendizado,
treinamento e desenvolvimento. Diante desta situação, estudiosos desenvolveram
programas de treinamento em comunicação não-verbal para enfermeiros
hospitalares e estudantes de enfermagem, envolvendo filmagens dos profissionais
em atuação, exposição teórica sobre comunicação não-verbal e relatos com
exemplos da realidade vivida pelos profissionais em seu ambiente de trabalho
(ARAÚJO; SILVA; PUGGINA, 2007).
Consoante advertem as autoras recém-citadas, em virtude da excessiva
atenção dada à comunicação verbal, verifica-se profunda desinformação a respeito
77
da linguagem não-verbal e da importância a ela atribuída em nossos
relacionamentos, sejam pessoais ou profissionais. Mencionado estudo, apesar da
sua limitação relativa à pequena amostra de profissionais, pode demonstrar que os
enfermeiros buscam aprimorar seus conhecimentos relativos à comunicação não-
verbal para evitar que um cuidado planejado para ser terapêutico se transforme em
uma iatrogenia.
Ao longo do estudo ora elaborado, na Tabela 5 foram comparadas as
ações da etapa do cuidado 4 entre os grupos treinado e não-treinado. Conforme os
dados mostraram, apenas na ação de levantar-se efusivamente para o paciente
perceber que o enfermeiro realizou esta ação não houve diferença significativa
entre os dois grupos. Tais ações caracterizam também o encerramento da consulta
e a finalização da comunicação, fato comum em qualquer consulta de enfermagem.
Nas palavras de Inaba, Silva e Telles (2005), o cuidar é feito com o
outro; não é apenas um procedimento, uma intervenção técnica, mas uma relação
de ajuda, baseada em respeito, compreensão e no uso do toque de forma mais
efetiva. Infere-se, então, o seguinte: se o cuidado é feito com o outro, a
comunicação adequada é fundamental, principalmente no cuidado com os
pacientes críticos e terminais. Comunicação adequada é aquela apropriada a uma
determinada situação, pessoa, tempo e que atinge um objetivo definido.
O ato de cuidar implica estabelecimento de interação entre sujeitos
(quem cuida e quem é cuidado) que participam da realização de ações: os
cuidados são a verdadeira essência da enfermagem. Ao se cuidar do outro
executa-se uma ação não somente técnica, como também sensível, que envolve o
contato entre humanos por meio do toque, do olhar, do ouvir, do olfato, da fala.
Ação fundamentada na sensibilidade própria dos sentidos e também na liberdade,
na subjetividade, na intuição e na comunicação. As respostas objetivas ao cuidado
prestado devem ser buscadas na expressão do cliente, nas suas opiniões e gestos,
via da comunicação não-verbal (FERREIRA, 2006).
Neste estudo, a análise de confiabilidade do Modelo de Comunicação
Não-Verbal Enfermeiro-Cego, fundamentado na teoria de Hall (1986), foi efetivada
pelo teste Alfa de Cronbach e mostrado na Tabela 6. Conforme os resultados
78
obtidos, todos os itens são confiáveis. Desse modo, o modelo é válido e confirma a
hipótese da sua eficácia no atendimento de enfermagem ao paciente cego.
7.2 Análise da comunicação não-verbal enfermeiro-cego
Na Tabela 7 analisou-se a comunicação não-verbal entre o grupo
treinado e o não-treinado. Conforme evidenciado, a distância íntima prevaleceu no
grupo treinado (71,7%), enquanto no grupo não-treinado prevaleceu a pessoal
(69,6%). Para Hall (1986), a distância íntima é a do reconforto e da proteção na
qual o olfato e a percepção do calor irradiado se intensificam, e nessa situação os
músculos e a pele podem entrar em contato. Ao contato estranho, a tática de base
consiste em permanecer imóvel ou esquivar-se.
De acordo com alguns pesquisadores, durante a assistência técnica de
enfermagem, os profissionais podem invadir o espaço pessoal do paciente ao
manter essa distância. Desse modo, causam reações negativas e bloqueiam a
comunicação e o estabelecimento da relação terapêutica entre paciente e
profissional (GALVÃO et al., 2006). No entanto, no relacionamento com cegos a
distância íntima deve prevalecer em virtude da sua necessidade de entender o que
o enfermeiro está comunicando verbalmente.
Ainda na mesma tabela, em relação à postura, prevaleceu a sentada em
ambos os grupos: não-treinado (65,3%) e treinado (82,4%). Neste estudo não foi
identificada a influência do sexo na postura adotada pelos interlocutores. Também
em estudo com pacientes laringectomizados, o se observou interferência desse
fator na postura adotada, atribuindo-se esse fato ao tipo de interação profissional
técnica (SAWADA, 2000).
Quanto aos dados referentes ao eixo mantido pelos interlocutores, o
grupo não-treinado sobressaiu em outro ângulo/sociopeto (58,7%) e o treinado
prevaleceu em face a face/sociopeto (51,7%). Como se percebe e já observado por
Rebouças (2005), o fato do enfermeiro não obter resposta visual por parte do cego
o faz-se desviar do rosto deste e tender a olhar para outro local e não para o cego.
Entretanto, mesmo sem essa resposta, o modelo de comunicação enfatiza a
79
necessidade de olhar para o cego porque o rosto envia a maior quantidade de
estímulos não-verbais e, assim, pode-se compreendê-lo efetivamente.
Em relação ao contato, consoante se percebe, houve diversos tipos. No
entanto, toque e tocar localizado sobressaíram no grupo não-treinado (24,2%) e,
também, no grupo treinado (23,7%). No concernente ao toque no o-treinado
(10,5%) e no treinado (17,9%). o tocar localizado foi menor no não-treinado
(6,7%) e maior no treinado (10,2%). Embora exista uma aproximação entre os
grupos, sobressaiu o grupo treinado com maior número de toque, como se pode
observar na Tabela 8, discutida mais adiante.
Em continuidade à análise dos dados da Tabela 7, quanto à categoria
gestos emblemáticos, obteve-se mover as mãos no grupo treinado (67,5%),
enquanto no não-treinado observaram-se outros tipos de gestos como mexer o
cabelo ou nenhum gesto (51,2%). Os enfermeiros do grupo treinado moveram as
mãos na maior parte das observações apesar de saberem que não conseguirão se
fazer entender pelos cegos com esta gestualidade. Segundo se deduz, a
gestualidade das mãos está muito ligada à própria cultura da pessoa que
comunica.
No concernente à categoria gestos ilustradores, em ambos os grupos
destacou-se a complementação da linguagem verbal: no não-treinado (85,6%) e no
treinado (83,9%), que confirmam e enfatizam o que é dito verbalmente, sem haver
contradições. Quanto aos gestos reguladores observaram-se o mover os olhos
também nos dois grupos na maioria das análises da comunicação. Grupo não-
treinado (42,4%) e grupo treinado (43,1%).
Ao se analisar a categoria comportamento facial, observou-se
atenção/normal no grupo treinado (64,3%) e no grupo não-treinado (43,3%).
Somadas a essas respostas, obteve-se praticamente os mesmos resultados
quando comparados os dois grupos: não-treinado (98,9%) e treinado (98,5%). Mais
uma vez, enfatiza-se a importância de estar atento às expressões não-verbais
emitidas pelo rosto para a obtenção de uma comunicação efetiva. Neste item
observou-se ainda a alegria por parte do profissional no grupo treinado (3,9%) e no
não-treinado (2,8%).
80
De acordo com Araújo, Silva e Puggina (2007), a linguagem não-verbal
é o reflexo do estado emocional da pessoa e, portanto, é subjetiva, assim como os
sentimentos. Em virtude da sociedade considerar alguns sentimentos negativos, o
paciente não verbaliza sua tristeza, raiva, vergonha, medo, mas os revela de modo
não-verbal e geralmente inconsciente, por meio do tom de voz, expressão facial,
gestos, postura corporal.
Conforme se sabe, o humor é uma forma de comunicação espontânea e
contextual, caracterizada por expressões verbais, faciais e pela risada. O bom
humor e a alegria, representados pela risada, são capazes de aliviar a tensão em
um contexto de dor e sofrimento. Segundo alguns estudos apontaram, o bom
humor e a risada proporcionam um modo de aliviar a ansiedade, a tensão e a
insegurança, além de servir como mecanismo de defesa por meio do qual o
indivíduo lida com questões opressivas. Utilizar o humor como estratégia de defesa
permite ao indivíduo distanciar-se do estresse, mostrar sentimentos geralmente
difíceis de expressar e lidar, como a impotência e o medo, esquecer as
preocupações, evitar conflitos, aliviar a tensão e relaxar (ARAÚJO; SILVA, 2007).
Sobre a categoria abertura ocular, identificou-se em ambos os grupos a
expressão de atenção em relação ao cego. O grupo treinado sobressaiu (97,5%)
nas análises, mas o não-treinado também se destacou (93,3%). Os olhos têm a
função de regular o fluxo da conversação. Portanto, esse fator é imprescindível na
interação com o paciente, especialmente quando este é cego, no intuito de
identificar as emoções do indivíduo, como sinais de surpresa, com maior abertura
ocular, alegria, com o brilho dos olhos, ou tristeza, pela abertura ocular menor
(HALL, 1986). A direção do olhar revela também a atenção dada ao interlocutor.
Pela análise da Tabela 7, observa-se que os enfermeiros do grupo treinado
estavam com o olhar mais direcionado para o cego (53,8%) do que os do não-
treinado (42,8%).
A categoria volume da voz analisa a percepção dos interlocutores em
relação ao espaço interpessoal, mediante classificação do volume e da intensidade
da fala durante a interação: sussurro, grito ou tom normal. No grupo treinado
predominou o tom normal (93%) enquanto no não-treinado este foi menor (81%).
Silêncio sobressaiu no não-treinado (14,7%) e foi menor no treinado (6%).
81
Observou-se, ainda, tom de voz alto no grupo não-treinado (4,2%) e no treinado
(0,9%).
Ao se deter na Tabela 8, segundo se percebe, esta analisou de forma
mais sucinta o contato entre os dois grupos e, como era esperado, obteve-se maior
contato nas análises do grupo treinado (63%) e menor no não-treinado (45%). Pelo
valor de p=0,0001 confirma-se a associação do contato em relação ao grupo. O
contato ou toque é estudado pela tacêsica e envolve todas as suas características,
como: a pressão que é exercida por ele, o local onde se toca, a idade e o sexo dos
agentes comunicadores (PINTO; ROCHA; SILVA, 2002). Consoante referido, o
cego possui a função do tato bem mais aguçada que os videntes, como forma de
compensar sua limitação. Ao tocar o cego, o enfermeiro deve ter em mente que,
conforme o tipo de toque, a pressão exercida no local e a área a ser tocada, ele se
sentirá mais ou menos respeitado no seu cuidado.
Ainda como afirmam Pinto, Rocha e Silva (2002), o toque é um gesto
corriqueiro e bastante utilizado em nossa cultura onde muitas mensagens são
transmitidas por meio dele. Deve, pois, ser considerado importante forma de
facilitar ou dificultar a comunicação e o estabelecimento de vínculos afetivos. Além
de ser considerado uma necessidade básica do ser humano, o toque deve envolver
os relacionamentos humanos para sua auto-satisfação e pode até mesmo interferir
na sobrevivência do mencionado ser.
As pesquisadoras ora citadas ainda reforçam o seguinte: os tipos de
contatos físicos prazerosos podem ser tranqüilizadores, terapêuticos, carinhosos,
afetuosos, confortadores ou animadores. Podem ter formas de afago, tapinha,
massagem, aconchego, abraço apertado ou de apoio.
De acordo com Fernandes (2002), o toque é definido como contato físico
intencional entre as pessoas e pode ser classificado no contexto da área de saúde
em toque instrumental e toque expressivo. O toque instrumental é caracterizado
pelo contato físico deliberado e é desempenhado em uma tarefa específica. o
toque expressivo se configura como contato físico espontâneo e afetivo, não
relacionado necessariamente à efetivação de um cuidado físico. Ainda de acordo
com a mesma autora, o toque pode ser utilizado como tratamento e meio de
82
comunicação e integração humana ao se delinear como uma possibilidade de se
responder às necessidades biopsicossociais do paciente nas diversas situações,
como: isolamento, dor, auto-imagem e auto-estima comprometidas, além de
diversas situações vivenciadas por pessoas com deficiência visual.
A comunicação não-verbal por meio do toque é particularmente
importante no cuidado ao paciente cego por ele apresentar, em decorrência da sua
limitação sensorial, alterações visuais significativas que impedem ou reduzem sua
interação com as pessoas, com o ambiente e com o mundo à sua volta.
No desempenho da sua atividade profissional, os enfermeiros, como
agentes promotores de cuidado, têm permissão maior para tocar as pessoas, pela
necessidade de proporcionar cuidados diários ao ser humano. Ainda como Pinto,
Rocha e Silva (2002) enfatizam, os enfermeiros estão em posição única para
demonstrar compreensão e interesse por meio do toque. Inegavelmente, em
corroboração às pesquisadoras, o contato físico traz conforto, segurança,
tranqüilidade e atenção, e nesse sentido irá promover bem-estar ao outro.
Desse modo, tenciona-se encorajar os enfermeiros a tocar as pessoas
de forma humanizada, ou seja, com compaixão e gentileza (PINTO; ROCHA;
SILVA, 2002). Fernandes (2002) enfatiza também que a prática do enfermeiro
envolve o tocar o corpo do outro em diversas dimensões, pois para se efetivar o
cuidado fazem-se necessárias a presença, a comunicação e a interação.
O uso do toque na assistência de enfermagem transmite segurança,
compreensão, sinceridade, respeito, cordialidade, tranqüilidade, interesse, empatia,
conforto, proximidade, encorajamento, aceitação e desejo de ajudar no âmbito da
esfera emocional do relacionamento com o paciente. Esse tipo de procedimento
reduz o nível de estresse, melhora a depressão, influencia a condução simpática,
eleva os níveis de endorfina e a resposta imunológica às infecções (FERNANDES,
2002).
No entanto, para melhores resultados, os enfermeiros devem saber
avaliar o momento certo e adequado para realizar o toque, pois, como se sabe, ao
tocar alguém pode-se invadir seu espaço pessoal. Portanto, é prioritário se manter
83
atento aos sinais o-verbais que demonstram aprovação ou não do paciente em
relação a esse tipo de invasão pela sua expressão facial, rigidez muscular e
direcionamento do seu olhar (SILVA, 1996).
Em estudo realizado por Lieu et al. (2007) acerca dos cuidados de
enfermagem a pacientes surdos, foi enfatizada a necessidade de contato visual a
ser obtido e mantido durante toda a interação, pois o paciente surdo é capaz de
perceber quando comentários são feitos direcionados para ele. À semelhança dos
surdos, as pessoas com limitação visual também podem perceber o contato visual
do enfermeiro pela direção da voz do interlocutor, se está orientado para ele ou
não. Todas estas observações podem favorecer a comunicação entre a enfermeira
e o paciente, no caso específico, o cego.
84
8 CONCLUSÕES
A construção do Modelo de Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-Cego
resultou, inicialmente, dos estudos elaborados acerca da teoria de Hall (1986). Tal
modelo foi subdividido em quatro etapas, denominadas etapas do cuidado de
acordo com a consulta de enfermagem, assim especificadas: etapa do cuidado 1,
referente à organização do ambiente para desenvolver a consulta de enfermagem;
etapa do cuidado 2, na qual o enfermeiro deve receber o paciente na entrada do
consultório para introduzi-lo no ambiente onde ocorrerá a consulta e deve
cumprimentá-lo e informar a localização dos móveis e objetos; etapa do cuidado 3,
na qual se aborda o desenvolvimento da CEnf propriamente dita; etapa do cuidado
4, considerada a última etapa do Modelo de Comunicação Não-Verbal, que enfoca
a finalização da consulta e o encerramento da comunicação com o paciente.
Após construído, o modelo foi analisado por três especialistas que
sugeriram a inclusão de itens fundamentais para torná-lo válido. As sugestões
incluídas no modelo se referiram à abrangência, forma de apresentação e
representatividade do conteúdo. Em seguida, procedeu-se à segunda etapa de
validação quando o modelo foi aplicado à pratica profissional do enfermeiro.
Conforme mencionado, a aplicação do modelo na consulta de
enfermagem a cegos foi obtida pela comparação entre os grupos não-treinado e
treinado e durante a consulta utilizou-se o modelo proposto.
Sobre a idade dos enfermeiros, variou de 22 a 50 anos, com média de
25 ± 6 anos. Quanto ao sexo destes, predominou o feminino (80%). Em relação à
idade dos cegos, variou de 19 a 44 anos, com média de 32 ± 8 anos. No
concernente ao sexo dos cegos, também sobressaiu o feminino (60%). em
relação ao tempo de cegueira, a média foi de 29 ± 12 anos.
Ao se comparar as ações da etapa do cuidado 1 entre o grupo treinado
e o não-treinado, conforme se observa, o grupo treinado obteve resultado
excelente (p<0,0001) em quatro dos cinco itens avaliados. Somente o item
“temperatura” apresentou proporção aproximadamente igual na escala. De acordo
com a Tabela 3 ao se comparar as ações da etapa do cuidado 2 entre os grupos, o
85
treinado obteve resultado excelente (p<0,05) em todos os itens avaliados. Portanto,
houve associação estatisticamente significante em todas as ações. Em relação aos
resultados expostos na Tabela 4, revelaram-se excelentes (p<0,05) em oito dos
nove itens avaliados do grupo treinado em relação ao grupo não-treinado na etapa
do cuidado 3. Apenas o item referente a “seguir o roteiro da CEnf” ficou próximo ao
valor do teste; esta ação obteve forte indicador de associação. Ao se analisar os
dados da Tabela 5, percebem-se também resultados excelentes (p<0,05) do grupo
treinado em relação ao grupo não-treinado nas três das quatro ações
desenvolvidas na etapa do cuidado 4. Apenas na ação “levantar-se de forma
efusiva” não se observou a existência de associação entre os grupos. Pela Tabela
6, consoante se evidencia, todos os itens contribuem para a confiabilidade interna
do Modelo de Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-Cego. Com isso, confirma-se
desempenho excelente do grupo treinado em comparação ao não-treinado em 22
das 25 ações dispostas no Modelo de Comunicação Não-Verbal. Determinou-se
ainda a confiabilidade dos itens do Modelo de Comunicação Não-Verbal pelo Alfa
de Cronbach com resultado superior a 0,83.
No referente a distância, prevaleceu a íntima no grupo treinado (71,7%)
enquanto no não-treinado sobressaiu a pessoal (69,6%). A postura sentada foi
maior no grupo treinado (82,4%) que no grupo o-treinado (65,3%). Também o
eixo face a face/sociopeto prevaleceu no treinado (51,7%) enquanto no não-
treinado foi observado outro ângulo/sociopeto (58,7%). Quanto ao contato, no
grupo não-treinado prevaleceu nenhum contato (54,9%) mas no treinado este dado
foi menor (37,1%). No concernente a gestos emblemáticos, mover as mãos foi
maior no grupo treinado (67,5%) e no não-treinado foram outros tipos de gestos
(51,2%). Na categoria gestos ilustradores, mover os olhos sobressaiu no grupo
não-treinado (42,4%) e também no treinado (43,1%). Na categoria comportamento
facial observou-se atenção/normal em maior quantidade no treinado (64,3%) do
que no não-treinado (43,3%). Sobre a abertura ocular predominou atenção no
grupo treinado (97,5%) e também no grupo não-treinado (93,3%). A direção do
olhar sobressaiu no grupo treinado com centrado no interlocutor (53,8%) enquanto
no não-treinado foi desviado do interlocutor (57,2%). Quanto ao volume da voz, em
ambos os grupos sobressaiu o normal: no não-treinado (81,0%) e no treinado
86
(93,0%). Observou-se silêncio tanto no grupo não-treinado (14,7%) como no grupo
treinado (6,0%).
Após a análise destes dados e a partir das abordagens de outros
pesquisadores, ressalta-se que os profissionais de saúde encontram dificuldades
em perceber e utilizar os sinais não-verbais de modo consciente. Como observado,
os estudos que identificaram limitação de informações sobre comunicação entre os
graduandos da área da saúde, embora os próprios estudantes a identificassem
como importante para a compreensão do paciente e estabelecimento de vínculos,
demonstraram não dominar os conceitos, pautando a relação interpessoal com o
paciente muito mais em seu aspecto verbal do que no não-verbal. Torna-se, pois,
pertinente propor estas técnicas de ensino em comunicação não-verbal para
enfermeiros e estudantes de enfermagem.
Com este trabalho enfatiza-se a necessidade de implementação por
parte dos enfermeiros e até mesmo dos estudantes de enfermagem deste Modelo
de Comunicação Não-Verbal com o paciente cego para tornar o cuidado efetivo e
afetivo, especialmente com aqueles que precisam compreender e serem
compreendidos em sua vida cotidiana. Com vistas à divulgação desta temática,
incentivam-se fortemente estudos acerca da comunicação não-verbal, da Teoria
Proxêmica de Hall, a apresentação destes resultados em eventos da área de
saúde, estudos mais aprofundados sobre o assunto e, ainda, a inclusão destes
estudos no currículo da graduação em enfermagem, além de novas pesquisas com
a utilização do modelo ora desenvolvido e validado.
Desse modo, pelos resultados alcançados nesta tese, confirma-se a
hipótese de que realmente o Modelo de Comunicação Não-Verbal Enfermeiro-
Cego fundamentado na teoria de Hall (1986) é eficaz no atendimento de
enfermagem a pacientes cegos. Recomenda-se, portanto, o modelo no
atendimento de enfermagem a essa clientela.
87
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, M.M.T.; SILVA, M.J.P. A comunicação com o paciente sob cuidados
paliativos: valorizando a alegria e o otimismo. Rev Esc Enferm USP, v. 41, n.4,
p.668-674, 2007.
ARAÚJO, M.M.T.; SILVA, M.J.P.; PUGGINA, A.C.G. A comunicação não-verbal
enquanto fator iatrogênico. Rev Esc Enferm USP, v.41, n.3, p.419-425, 2007.
ASTROM, S.; NILSSON, M.; NORBERG, A.; SANDMAN, P.O.; WIMBLAD, B. Staff
burnout in dementia care relations to empathy and attitudes. Int J Nurs Stud,
v.28, n.1, p. 65-75, 1991.
AZEVEDO, R.C.S. A comunicação como instrumento do processo de cuidar: visão
do aluno de graduação. Nursing, n. 45, p.19-23, 2002.
BARCZINSKI, M.C.C. Reações psicológicas à perda da visão. Rev Benjamin
Constant, n. 18, 2001. Disponível em:
<http://www.ibc.gov.br/Paginas/Nossos_Meios/RBC/public/RevAbr2001/Artigo%203
.rtf>. Acesso em: 10 jul. 2005.
BELSKY, J.; STEINBERG, L.; DRAPER, P. Childhood experience, interpersonal
development, and reproductive strategy: an evolutionary theory of
socialization. Child Development, v. 62, n.4, p. 647-670, 1991.
BERARDINELLI, L.M.M.; COELHO, M.J.; FIGUEIREDO, N.M.A. Imagem em
movimento: a expressão da gestualidade dos enfermeiros no cuidado. R Enferm
UERJ, v. 13, n.1, p. 68-75, 2005.
BERLO, D.K. O processo da comunicação. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
BERTONCELLO, K.C.G. Qualidade de vida e a satisfação da comunicação do
paciente após a laringectomia total: construção e validação de um instrumento de
medida. 2004. 226p. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004.
88
BIRDWHISTELL, R.L. Kinesics and context. Philadelphia: University
Pennsylvania Press, 1970.
BITTI, P.R.; ZANI, B. A comunicação como processo social. 2ed. Lisboa:
Estampa, 1997.
BOLSONI-SILVA, A.T. Habilidades sociais: breve análise da teoria e da prática à
luz da análise do comportamento. Interação Psicol, v. 6, n. 2, p. 233-242, 2002.
BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BRAGA, E.M. Competência em comunicação: uma ponte entre aprendizado e
ensino na enfermagem. 2004. 172p. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2004.
BRASIL. Lei 10.098-19/2000. Dispõe sobre as normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida. Lex. São Paulo, v.64, n. 12, p.5042,
2000.
BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria dos Direitos da Cidadania.
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
Normas e recomendações internacionais sobre a deficiência. Brasília: Corde,
1996.
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comitê Nacional de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Resolução No. 196 de 10 de outubro de
1996. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo
seres humanos. Brasília: Conselho Nacional de Saúde, 1996.
CARDOSO, A.H.A.; RODRIGUES, K.G., BACHION, M.M. Perception of persons
with severe or profound deafness about the communication process during health
care. Rev Latino-am Enfermagem, n.14, v.4, p.553-560, 2006.
CARVALHO, E.C.; BACHION, M.M.; ALMEIDA, L.C.P.; MEDEIROS, R.N. O ensino
de comunicação em enfermagem: um desafio. Rev. Latino-am Enfermagem, v. 5,
n. 3, p. 27-34, 1997.
89
CASTRO, R.C.B.R.; SILVA M.J.P. Análise do espaço físico e distância pessoal nas
interações entre enfermeiro e usuário de saúde mental. In: Mendes, I. A. C.;
Carvalho E. C. de (org). Relatos de pesquisas do Simpósio Brasileiro de
Comunicação em Enfermagem. Anais. Ribeirão Preto, p.93-97, 2000.
CONDE, A.J.M. Definindo a cegueira e a visão subnormal. [online] Instituto
Benjamin Constant. Disponível em:
http://www.ibcnet.org.br/Paginas/cegueira/Artigo_03.htm. Acesso em: 9 nov. 2004.
DAFT, R.L. Administração. In: Comunicação nas organizações. 4ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
DARWIN, C. A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
DAVIS, F. A comunicação não verbal. 4ed. São Paulo: Summus, 1979.
DEL PRETTE, Z.A.P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais:
terapia e educação. Petrópolis: Vozes, 1999.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 10ed. São Paulo: Cortez,
2003, 120p.
DUNNE, K. Effective communication in palliative care. Nurs Standard, v.20 n.13,
p.57-64, 2005.
EKMAN, P.; FRIESEN, W.V Facial action coding system: investigator's guide.
Palo Alto: Consulting Psychologists Press, 1978.
FERNADES, M.G.M. Toque: uso pelos enfermeiros no cuidado com o idoso com
alterações visuais e auditivas. Nursing, v.5, n. 51. p. 25-28, 2002.
FERREIRA, M.A. A comunicação no cuidado: uma questão fundamental na
enfermagem. Rev Bras Enferm, v.59, n.3, 327-330, 2006.
90
GALVÃO, M.T.G.; PAIVA, S.S.; SAWADA, N.O.; PAGLIUCA, L.M.F. Análise da
comunicação proxêmica com portadores de HIV/AIDS. Rev Latino-am
Enfermagem, v.14, n.4, p. 491-496, 2006.
GORENSTEIN, C.; ANDRADE, L.H.S.G.; ZUARDI, A.W. Escalas de avaliação
clínica em psiquiatria e psicofarmacologia. São Paulo: Lemos Editorial, 2000.
438p.
HADDAD, M.A. Cegueira e baixa visão. Disponível em:
<http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/dvisual4.asp>. Acesso em: 22 ago.
2005.
HALL, E.T. A dimensão oculta. Lisboa: Relógio D’água, 1986.
HORTA, W.A. CASTELLANOS, B.E.P. (Col). Processo de enfermagem. São
Paulo: EPU, 1979.
IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Censo
Demográfico 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.
INABA, L.C.; SILVA, M.J.P. A importância e as dificuldades da comunicação verbal
e não-verbal no cuidado dos deficientes físicos. Nursing, v.5, n. 51, p.20-24, 2002.
INABA, L.C.; SILVA, M.J.P. A percepção da comunicação da enfermagem pelos
deficientes físicos. Nursing, v.88, n.8, p.414- 418, 2005.
INABA, L.C.; SILVA, M.J.P.; TELLES, S.C.R. Paciente crítico e comunicação: visão
de familiares sobre sua adequação pela equipe de enfermagem. Rev Esc Enferm
USP, v.39, n.4, p.423-429, 2005.
LEOPARDI, M.T. Teorias em enfermagem: instrumentos para a prática.
Florianópolis: Papa-Livros, 1999.
LIEU, C.C.; SADLER, G.R.; FULLERTON, J.T.; STOHLMANN, P.D.
Communication strategies for nurses interacting with patients who are deaf.
Dermatol Nurs, v.19, n.6, p.541-551, 2007.
91
LITTLEJOHN, S. W. Fundamentos teóricos da comunicação humana. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
MCGILTON, K.; IRWIN-ROBINSON, H.; BOSCART, V.; SPANJEVIC, L.
Communication enhancement: nurse and patient satisfaction outcomes in a
complex continuing care facility. J Advanced Nurs, v.54, n.1, p.35-44, 2006.
MENDES, I.A.C. Enfoque humanístico à comunicação em enfermagem. São
Paulo: Sarvier, 1994.
MENDONÇA, R.S.; VALADÃO, M.; CASTRO, L.; CAMARGO, T.C. A importância
da consulta de enfermagem em pré-operatório de ostomias intestinais. Rev Bras
Cancerol, v.53, n.4, p. 431-435, 2007.
NISHIZAWA, Y.; SAITO, M.; OGURA, N.; KUDO, S.; SAITO, K.; HANAYA, M. The
non-verbal communication skills of nursing students: analysis of the interpersonal
behavior using videotaped recordings in a 5-minute interaction with a simulated
patient. Japan J Nurs Sci, n.3, n.1, p.15-22, 2006.
OLIVEIRA, J.V.G. Do essencial invisível: arte e beleza entre os cegos. Rio de
Janeiro: Revan – FAPERJ, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. O atendimento de crianças com baixa
visão. São Paulo, 1994.
OTTA, E. O sorriso e seus significados. Petrópolis: Vozes, 1994.
PAGLIUCA, L.M.F. A arte da comunicação na ponta dos dedos - a pessoa cega.
Rev Latino-am Enfermagem, v.4, n. especial, p.127-137, 1996.
PINTO, C.M.S.; ROCHA, E.A.; SILVA, M.J.P. O toque como elemento de
comunicação parturiente/enfermeiro obstetra durante a assistência no pré-parto.
Nursing, v.5, n. 47, p.31-34, 2002.
POLIT, D.F.; BECK, C.T.; HUNGLER, B.P. Fundamentos da pesquisa em
enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
92
REBOUÇAS, C.B.A. Características da comunicação não-verbal entre o
enfermeiro e o cego. Fortaleza, 2005. Dissertação (Mestrado). Faculdade de
Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. 97p.
REBOUÇAS, C.B.A.; PAGLIUCA, L.M.F.; ALMEIDA, P.C. Non-Verbal
communication: aspects observed during the nursing attendance with blind patient.
Esc Anna Nery Rev Enferm, v.11, n.1, p. 38-43, 2007.
RODRIGUES, M.E. Estudo exploratório - similaridades e diferenças na situação
psicoterapêutica: comportamento não-verbal do psicoterapeuta em diferentes
abordagens teóricas. Interação, v.1, p. 95-122, 1997.
ROGAN, F.C.; TIMMINS, F. Improving communication in day surgery settings. Nurs
Standard, v.19, n.7, p. 37-42, 2004.
ROSSI, P.S.; BATISTA, N.A. O ensino da comunicação na graduação em Medicina
- uma abordagem. Interface Comunic Saúde Educ, v.10, n.19, p.93-102, 2006.
SANTOS, C.C.V., SHIRATORI, K. A influência da comunicação não verbal no
cuidado de enfermagem. Rev Bras Enferm, v.58, n.4, p.434-437, 2005.
SAWADA, N. O. Dimensão não verbal da interação enfermeiro-paciente em
situação pré-operatória. Ribeirão Preto, 1990. 97p. Dissertação (Mestrado) –
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Ribeirão
Preto, 1990.
SAWADA, N.O.; ZAGO, M.M.; GALVÃO, C.M.; FERREIRA, E.; BARRICHELLO, E.
Análise dos fatores proxêmicos com o paciente laringectomizado. Rev Latino-am
Enfermagem, v.8, n.4, p.72-80, 2000.
SCHEFLEN, A.E. Quasi-courtship behavior in psychoterapy. Psychiatry, v.28,
p.245-257, 1965.
SILVA, L.M.G.; BRASIL, V.V.; GUIMARÃES, H.C.Q.C.P.; SAVONITTI, B.H.R.A.;
SILVA, M.J.P. Comunicação o-verbal: reflexões acerca da linguagem corporal.
Rev Latino-am Enfermagem, v.8, n.4, p.52-58, 2000.
93
SILVA, M.F.; SILVA, M.J.P. A auto-estima e o não-verbal dos pacientes com
queimaduras. Rev Esc Enferm USP, v. 38, n.2, p. 206-16, 2004.
SILVA, M.J.P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações
interpessoais em saúde. São Paulo: Gente, 1996.
SILVA, M.J.P. Construção e validação de um programa sobre comunicação
não verbal para enfermeiros. Tese (Doutorado) - Escola de Enfermagem da USP,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 1993.
SILVA, M.J.P. O aprendizado da linguagem o-verbal e o cuidar. In:
STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C. (Orgs.). A comunicação nos diferentes
contextos da enfermagem. Barueri: Manole, 2005.
SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Avaliação e conduta no tratamento dos pacientes
com problemas de visão e distúrbios oculares. In: SMELTZER, S.C.; BARE, B.G.
Brunner & Suddart. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 8 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.1356-1389.
SOUSA, J.P. Elementos de teoria e pesquisa da comunicação e dos media.
2ed. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2006. Disponível em:
http://bocc.unisinos.br/pag/sousa-jorge-pedro-elementos-teoria-pequisa-
comunicacao-media.pdf Acesso em: 26 jul. 2007.
STEFANELLI, M.C. Comunicação com o paciente: teoria e ensino. São Paulo:
Robe, 1993.
STEFANELLI, M.C.; CARVALHO, E.C. (Orgs.) A comunicação nos diferentes
contextos da enfermagem. Barueri: Manole, 2005.
STEIN, L.M.; FALCKE, D.; PREDEBON, J.C.; ROCHA, K.B.; ÁVILA, L.M.;
AZAMBUJA, M.P.R. A construção de um instrumento de avaliação discente de um
programa de pós-graduação. Psico-USF, v.10, n.2, p. 141-147, 2005.
TANNURE, M.C.; GONÇALVES, A.N.P. Sistematização da assistência de
enfermagem (SAE): guia prático. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
94
TORRES, G.V.; RUFFINO, M.C. Competência técnica na prevenção do HIV/AIDS:
validação de um instrumento. Rev Latino-am Enfermagem, v.9, n.6, p.7-12, 2001.
TRAVELBEE, J. Intervención en enfermería psiquiátrica. Cali: OPAS/OMS,
1979.
WATZLAWICK, P.; BEAVIN, J.H., JACKSON, D.D. Pragmática da comunicação
humana: um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interação. 15.ed.
Cultrix: São Paulo, 2005.
WEBER, L.N.D. Sinais não-verbais do flerte. Psicol Argumento, XXIII, p. 25-36,
1998.
95
ANEXOS
96
ANEXO A – Formulário de Registro da Consulta de Enfermagem
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
CONSULTA DE ENFERMAGEM
1. IDENTIFICAÇÃO
Nome:_____________________________________________________________
Telefone:_____________________________
2. DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS
2.1 Sexo:______________________
2.2 Idade:_____________________
2.3 Estado Civil:_________________
2.4 Escolaridade:__________________
2.5 Ocupação:_____________________
3. ANTECEDENTES PATOLÓGICOS
3.1 Você possui alguma doença? Qual (is)?_______________________________
3.2 Há quanto tempo?____________________________
3.3 Faz algum tratamento?________________________
3.4 Alguém na sua família possui alguma doença?__________________________
4. FATORES PREDISPONENTES
Sim Não
Tabagismo ( ) ( )
Alcoolismo ( ) ( )
Etilismo Social ( ) ( )
Obesidade ( ) ( )
Sedentarismo ( ) ( )
5. NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS
5.1 Locomoção: Deambula ( ) Cadeira de Rodas ( )
5.2 Sono e Repouso:
Sim Não
Sono ininterrupto ( ) ( )
Vários despertares à noite ( ) ( )
Dificuldade em conciliar o sono ( ) ( )
Sonolência durante à noite ( ) ( )
5.3 Alimentação e Ingesta
Manhã: ____________________________________________________________
Tarde: _____________________________________________________________
Noite: _____________________________________________________________
97
5.4 Atividade Física
5.4.1 Tipo de Atividade:
Caminhada ( ) Hidroginástica ( ) Natação ( )
Bicicleta ( ) Prática esportiva ( ) Não realiza ( )
5.4.2 Freqüência da atividade física:
Eventualmente ( ) 3 a 5 vezes/semana ( ) Diariamente ( )
5.4.3 Se não pratica, responda: porque não pratica?_________________________
__________________________________________________________________
5.5 Higiene Corporal
Satisfatória ( ) Insatisfatória ( )
5.6 Eliminações
5.6.1 Urinária: Poliúria ( ) Disúria ( ) Sem alteração ( ) Alteração na cor ( )
5.6.2 Intestinal: Evacuações diárias de consistência normal ( )
Fezes endurecidas ( ) Constipação ( ) Diarréia ( ) Cólicas ( )
5.7 Mulher- questões relacionadas aos filhos:
5.7.1 Você tem filhos?______________________________________
5.7.2 Número de gestações:_________________________________
5.7.3 Abortos?_____________________________
5.7.4 Adquiriu diabetes durante a gestação?_______________________
5.7.5 Adquiriu hipertensão durante a gestação?_____________________
6. EXAME FÍSICO
6.1 Sinais Vitais:
P=______________ T=________________ R=____________ PA=____________
IMC=_____________
6.2 Glicemia Capilar:
Horário da última alimentação:____________horas Valor:___________mg/dl
6.3 Cabeça_________________________________________________________
6.4 Boca___________________________________________________________
6.5 Olhos___________________________________________________________
6.6 Pescoço________________________________________________________
6.7 Tórax___________________________________________________________
6.8 Abdome_________________________________________________________
6.9 Membros Inferiores________________________________________________
6.10 Pele___________________________________________________________
Data: ____/____/______ ________________________________
Assinatura
98
ANEXO B – Aprovação do comitê de ética e pesquisa da UFC
Universidade Federal do Ceará
Comitê de Ética em Pesquisa
Of. N° 944/07 Fortaleza, 19 de outubro de 2007
Protocolo COMEPE no. 242/ 07
Pesquisador responsável: Cristiana Brasil de Almeida Rebouças
Dept°.Serviço: Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão do Estado do
Ceará
Título do Projeto: "Construção e validação de um modelo de comunicação
não-verbal para o atendimento de enfermagem a pacientes cegos"
Levamos ao conhecimento de V.S
a
.
que o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Ceará - COMEPE, dentro das normas
que regulamentam a pesquisa em seres humanos, do Conselho Nacional de
Saúde - Ministério da Saúde, Resolução no. 196 de 10 de outubro de 1996
e complementares, aprovou o
projeto supracitado na reunião do dia 18 de
outubro de 2007.
Outrossim, informamos, que o pesquisador deverá se comprometer a
enviar o relatório final do referido projeto.
Atenciosamente,
Dra. Mirian Parente Monte
Coordenadora Adjunta do Comitê de Ética em Pesquisa
99
APÊNDICES
100
APÊNDICE A - MODELO DE COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL ENFERMEIRO-
CEGO
AUTORA: Cristiana Brasil de Almeida Rebouças
Informações Preliminares:
- Para o estabelecimento de uma relação benéfica entre a enfermeira e o cliente, é
necessário a entrevista inicial ser bem conduzida e haver uma boa comunicação no
relacionamento interpessoal.
- Quanto maior for a capacidade de o enfermeiro decodificar os sinais não-verbais,
maior será sua chance de emitir adequadamente os sinais não-verbais, de ser
coerente na sua relação com o paciente, de potencializar sua capacidade de
compreendê-lo e de ser comunicador e orientador (SILVA, 1993).
Regras gerais para a comunicação não-verbal:
- Comunicação não-verbal compreende todos os sinais e gestos emitidos pela
pessoa humana. Por exemplo, a linguagem do corpo, o toque, a distância mantida
entre os profissionais são pontos que influenciam o relacionamento enfermeiro
paciente e certamente contribuem para a compreensão do próprio paciente, além
de favorecer o entendimento mútuo na relação interpessoal;
- Para o atendimento de enfermagem a pacientes cegos deve-se preparar o
ambiente da consulta de modo que favoreça o contato entre ambos;
- Com vistas a um melhor entendimento deste tipo de comunicação, o modelo a
seguir desenvolvido detalhará como deverá ser a comunicação do enfermeiro com
o cego durante a consulta de enfermagem.
Orientações para o relacionamento interpessoal com o cego:
Orientações para a consulta de enfermagem:
101
1. Não trate as pessoas cegas como seres diferentes apenas porque não podem
ver. Saiba que elas estão sempre interessadas no que você gosta de ver, de ler, de
ouvir e de falar.
2. Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você
conheça. Não se esqueça de que a natureza dotou todos os seres de diferenças
individuais mais ou menos acentuadas.
3. Procure não limitar a pessoa cega mais do que a própria cegueira o faz,
impedindo-a de realizar o que ela sabe, pode e deve fazer sozinha.
4. Não se dirija a uma pessoa cega chamando-a de "cego" ou "ceguinho". É
indelicado e constitui ofensa chamar-se alguém pela palavra designativa da sua
deficiência física, moral ou intelectual.
5. Não fale com a pessoa cega como se ela fosse surda: o fato de não ver não
significa que também não ouça.
6. Não se refira à cegueira como desgraça. Ela pode ser assim encarada logo após
a perda da visão, mas a orientação adequada consegue reduzi-la a um defeito
físico suportável.
7. Não diga que sente pena da pessoa cega, nem lhe mostre exagerada
solidariedade. Ela não necessita de piedade e sim de compreensão.
8. Não exclame "maravilhoso" ou "extraordinário" ao ver o cego consultar o relógio,
discar o telefone ou assinar o nome.
9. Não fale de sexto sentido nem de compensação da natureza. Isso perpetua
conceitos errôneos. O que na pessoa cega é simples o desenvolvimento de
recursos latentes em outras criaturas, como o tato, o olfato e a audição.
10. Não modifique a linguagem para evitar a palavra "ver" nem a substitua por
ouvir. Ao conversar sobre a cegueira com quem não vê, use a palavra cego sem
rodeios.
102
11. Não suponha que a pessoa cega possa localizar a porta por onde deseja
passar ou o lugar onde queira ir contando os passos.
12. Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ou aceitar
gentilezas por parte de alguma pessoa cega. Tenha sempre em mente que a
solidariedade humana deve ser praticada por todos e que ninguém é tão incapaz
que não tenha algo para dar.
13. Não se dirija à pessoa cega através do seu guia (acompanhante). Desse modo,
você admite que ela não tem condição de compreender você.
14. Não guie a pessoa cega empurrando-a ou puxando-a pelo braço: basta deixá-la
segurar o seu braço que o movimento do seu corpo lhe dará a devida orientação
de que ela precisa. Nas passagens estreitas, tome a frente e deixe segui-lo,
mesmo com a mão em seu ombro.
15. Não pegue a pessoa cega pelos braços rodando com ela para colocá-la na
posição de sentar-se, empurrando-a depois para a cadeira. Basta pôr a sua mão
no espaldar da cadeira, que isso lhe indicará a posição correta para sentar-se.
16. Não diga apenas direita", esquerda", ao procurar orientar a distância uma
pessoa cega. Muitos se enganam ao tomarem como referência a própria posição e
não a do cego que caminha em sentido contrário ao seu.
17. o deixe portas meio abertas onde haja alguma pessoa cega. Conserve-as
sempre fechadas ou bem abertas. A porta meio aberta é um obstáculo muito
perigoso para o cego.
18. Não deixe nada no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.
19. Não deixe de falar ao entrar no recinto onde haja uma pessoa cega: isso
anuncia a sua presença e a auxilia a identificá-lo.
20. Não saia de repente quando estiver conversando com uma pessoa cega,
principalmente se houver barulho que a impeça de perceber seu afastamento. Ela
pode dirigir-lhe a palavra e ver-se na situação desagradável de falar sozinha,
chamando a atenção dos outros sobre si.
103
21. Não deixe de apertar a mão da pessoa cega ao encontrá-la ou ao despedir-se
dela. O aperto de mão cordial substitui, para ela, o sorriso amável.
22. Se houver muito barulho em volta, o melhor é ir logo dizendo: “É fulano: bom
dia"...
23. Não estranhe quando a pessoa cega perguntar pelo interruptor da luz, em casa
ou no escritório. Isso lhe permite acender a luz para os outros e, não raro, ela
própria prefere trabalhar com a luz.
Orientações gerais para a comunicação interpessoal com o cego:
24. Não deixe de oferecer auxílio à pessoa cega que esteja querendo atravessar a
rua ou tomar condução, mesmo se seu oferecimento for recusado ou mal recebido.
Esteja certo de que a maioria lhe agradecerá o gesto.
25. Quando passear com uma pessoa cega que esteja acompanhada, não a
pegue pelo outro braço, nem fique lhe dando avisos. Deixe-a ser orientada por
quem a estiver guiando.
26. Não carregue o cego ao ajudá-lo a atravessar a rua, tomar a condução, subir
ou descer escadas. Basta guiá-lo ou pôr-lhe a mão no balaústre ou no corrimão.
27. Não guie a pessoa cega em diagonal ao atravessar o cruzamento. Isso pode
fazê-la perder a direção.
28. Não feche a porta do carro onde haja uma pessoa cega sem ter a certeza de
que não vai prender-lhe os dedos. Estes são sua maior riqueza.
29. Não deixe de apresentar seu visitante cego a todas as pessoas presentes.
Assim procedendo, você facilitará a integração dele no grupo.
30. Mostre ao seu spede cego as principais dependências da sua casa. Assim
ele identificará detalhes significativos e a posição relativa dos modos, e então,
poderá se locomover sozinho.
104
31. Não pense que seu hóspede cego incapaz de se vestir, ponha-lhe o guardando
ou lhe dê de comer.
32. Não se constranja em advertir a pessoa cega quanto a qualquer incorreção em
seu vestuário. Esta advertência pode evitar a situação desagradável de suscitar a
piedade alheia.
33. Não fique tentando orientar a direção da colher ou do garfo da pessoa cega
para apanhar a comida no prato. Ela pode falhar algumas vezes, mas acabará por
comer tudo. Ser-lhe-á constrangedor ouvir-lo dizer constantemente onde está o
alimento.
34. Não procure saber se o café da pessoa cega está bom de açúcar interrogando
seu acompanhante. Ninguém melhor que o próprio cego para lhe dar a resposta
correta.
35. Não encha demais a xícara ou o copo da pessoa cega pois ela tem dificuldade
em mantê-los equilibrados, sem entornar o líquido.
36. O pedestre cego é muito mais observador que os outros. Ele possui meios e
modos de saber onde está e para onde vai sem precisar contar os passos. Antes
de sair de casa, ele faz o que toda pessoa deveria saber: informa-se devidamente
sobre o caminho a seguir para chegar ao seu destino. Na primeira caminhada
poderá errar um pouco, mas, depois, raramente se enganará. Saliências,
depressões, quaisquer ruídos e odores característicos servem de pontos de
referência para sua boa orientação.
Modelo de Consulta de Enfermagem (CEnf)
MODELO
ETAPA
DO
CUIDADO
AÇÃO DESCRIÇÃO DA
AÇÃO
DESENVOLVIMENTO DA
AÇÃO
1 Organizar o
ambiente
para
desenvolver
a consulta de
enfermagem
O ambiente físico
(consultório) onde vai
ser desenvolvida a
CEnf deve favorecer o
contato (toque) entre
o enfermeiro e o cego.
- Organizar o ambiente de forma
que o mobiliário favoreça o
contato do enfermeiro com o
cego.
- Colocar a mesa de um dos
105
(CEnf). Propõe-se evitar
qualquer tipo de
obstáculo entre os
comunicantes.
Neste ambiente deve
ter 3 cadeiras e uma
mesa ou bancada
para se proceder às
anotações e dispor os
materiais necessários
na realização da
consulta cego
diabético. Os
materiais usuais são:
esfigmomanômetro,
estetoscópio,
glicosímetro, fitas-
teste, luvas,
termômetro, balança,
espátula, algodão,
álcool a 70%,
descartex, lixo.
lados da sala. Uma parte da
mesa vai servir como apoio
tanto dos materiais como para
registrar a CEnf no prontuário.
As cadeiras (uma do enfermeiro
e uma do cliente/cego) devem
ficar frente a frente e próximas
da mesa. Uma outra cadeira
destinada ao acompanhante do
cego deve ficar próxima ao
cliente. Um modelo está
apresentado na figura abaixo:
Na figura a seguir, expõe-se um
modelo de ambiente:
Legenda: Ambulatório; Mesa;
Enfermeiro; Paciente;
Acompanhante.
- Propõe-se, ainda, evitar
qualquer tipo de obstáculo entre
os comunicantes. Ademais,
caso necessário, deve haver
uma mesa ao lado do
enfermeiro para colocar todos os
materiais a serem utilizados
durante a consulta.
- Manter temperatura do
ambiente agradável, em torno
de 20ºC a 25ºC.
2 Acolher o
cliente na
porta/entrada
do
consultório.
O enfermeiro deve
receber o paciente na
entrada do consultório
para introduzi-lo no
ambiente onde será
realizada a consulta.
Deve cumprimentá-lo
e informar a
localização dos
móveis e objetos.
- Apresentar-se ao paciente
verbalmente.
- Tocar afetivamente o paciente
com um aperto de mão, um
cumprimento.
- Descrever como é o ambiente
e qual a localização da cadeira
onde se sentarão.
- Conduzi-lo ao local onde ele
permanecerá durante a maior
parte do tempo.
106
- Informá-lo sobre os objetos
próximos e permitir-lhe tocá-los
para possibilitar-lhe se
familiarizar e se sentir mais
confortável.
- Adotar a distância íntima (0 a
50cm) ou a pessoal-próxima (50
a 80 cm) entre o enfermeiro e o
cego, que favorece a interação.
- A postura de pé ou sentado
deve ser mantida pelos
interlocutores igualmente para
haver comunicação eficaz.
- A posição ideal deverá ser a
face a face, pois isso facilita a
comunicação e evidencia a
atenção do profissional durante
a interação.
3 Desenvolver
a CEnf
Utilizar o toque para
tornar a comunicação
enfermeiro-cliente
plenamente entendida
e validada pelo cego.
A comunicação verbal
transmitirá o conteúdo
a ser abordado na
consulta. Será
validada pelo toque,
que é o reforço da
comunicação não-
verbal.
diferentes formas
de toque. O toque
instrumental
caracteriza-se pelo
contato ao realizar
uma técnica ou
procedimento. Já o
toque afetivo é uma
forma de regular a
comunicação e
enfatizar o
expressado
verbalmente.
- Realizar a consulta de
enfermagem seguindo o roteiro.
- Manter o volume da voz
adequado ao tamanho do
ambiente e a distância entre os
interlocutores.
- Em cada pergunta verbal, o
enfermeiro deverá tocar
afetivamente o paciente e
silenciar para que nesta pausa
ele responda com tranqüilidade
e de forma eficaz.
- Explicar ao paciente que irá
tocá-lo para proceder ao exame
físico.
- Realizar o exame físico no
sentido céfalo-caudal.
- O toque será utilizado de forma
localizada e terapêutica, ou seja,
o toque localizado ou
instrumental, que o paciente
interpretará como sendo uma
forma de avaliar sua saúde
física.
- Observar as expressões
faciais.
- Observar as expressões
corporais.
- Ouvi-lo atentamente, pois o ato
de ouvir o outro é uma atitude
de comunicação o-verbal
inserida nas relações
107
interpessoais, essencial para o
maior entendimento das
pessoas envolvidas no
processo.
4 Finalizar a
CEnf e
encerrar
comunicação
Utilizar o toque para
que a comunicação
enfermeiro-cliente
seja plenamente
entendida e validada
pelo cego.
- Enfatizar os pontos principais
da consulta.
- Finalizar a comunicação
interpessoal com um toque,
aproximação, aperto de mão.
- Para ser mais efusivo,
levantar-se.
- Despedir-se do paciente.
- Acompanhá-lo até a porta.
108
APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (CEGO)
Eu, Cristiana Brasil de Almeida Rebouças, sou enfermeira e o estou convidando para
participar desta pesquisa. A pesquisa que pretendo realizar tem como objetivo criar um
modelo de comunicação não-verbal para a consulta da enfermeira ao senhor (a) nesta
instituição. Para isso estou lhe pedindo autorização para filmar a sua consulta com a
enfermeira. Gravarei a sua consulta porque pretendo saber se os enfermeiros estão se
comunicando adequadamente. Garanto que este trabalho não oferece nenhum risco para o
(a) senhor (a). Caso o (a) senhor (a) queira participar desta pesquisa, garanto a sua liberdade
de se retirar da mesma sem prejudicar em nenhum momento o seu tratamento de saúde.
Também garanto a sua privacidade que não citarei seu nome em lugar nenhum deste
trabalho e as imagens gravadas serão de uso restrito do estudo, não sendo divulgadas
publicamente. E ainda, para participar desta pesquisa, não será pago nenhum valor ao (a)
senhor (a).
_________________________________
pesquisador
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIMENTO:
Eu,_________________________________, RG ______________________, declaro que
após devidamente orientado e esclarecido sobre a pesquisa intitulada Construção e
validação de um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de enfermagem a
pacientes cegos, aceito participar do estudo.
Fortaleza, ____ de _____________ de 2007.
Paciente:_____________________________
____________________________________
assinatura
Testemunha que assina o termo:
_______________________________________________
Cristiana Brasil de Almeida Rebouças
Rua Gonçalves Ledo, 95 – Praia de Iracema
Telefone: 3219 6765
O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará encontra-se disponível
para esclarecer dúvidas e/ou reclamações em relação à sua participação no referido estudo
por meio do telefone (85)3366 8346.
109
APÊNDICE C- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ENFERMEIRA)
Eu, Cristiana Brasil de Almeida Rebouças, sou enfermeira, aluna regular do curso de
doutorado do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará e a (o) estou
convidando para participar desta pesquisa. A tese que pretendo realizar tem como objetivo
validar um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de enfermagem a
paciente cego que é atendido nesta instituição rotineiramente. Para isso estou lhe pedindo
autorização para ministrar um treinamento sobre a comunicação não-verbal de acordo com
modelo desenvolvido por mim e depois para filmar a sua consulta no atendimento ao cego.
Gravarei a sua consulta para saber se o modelo criado será válido para ser utilizado nas
consultas a esta clientela. Garanto que este trabalho não oferece nenhum risco para você.
Caso você concorde em participar desta pesquisa, garanto a sua liberdade de se retirar da
mesma sem prejudicar em nenhum momento o seu trabalho bem como a função que você
desempenha nesta instituição. Também garanto a sua privacidade que não citarei seu
nome em lugar nenhum deste trabalho. E ainda, para participar desta pesquisa, não será pago
nenhum valor.
_________________________________
pesquisador
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIMENTO:
Eu,_________________________________, RG___________________, declaro que após
devidamente orientada e esclarecida sobre a pesquisa intitulada Construção e validação de
um modelo de comunicação não-verbal para o atendimento de enfermagem a pacientes
cegos, aceito participar do estudo.
Fortaleza, ____ de _____________ de 2007.
____________________________________
assinatura
Cristiana Brasil de Almeida Rebouças
Rua Gonçalves Ledo, 95 – Praia de Iracema
Telefone: 3219 6765
O Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará encontra-se disponível
para esclarecer dúvidas e/ou reclamações em relação à sua participação no referido estudo
por meio do telefone (85)33366 8346.
110
APÊNDICE D- Avaliação das etapas do cuidado por especialistas
1. Referente a cada etapa do cuidado do Modelo de Comunicação Não-Verbal,
coloque A para aprovado ou NA para não aprovado. Caso a etapa seja classificada
como não aprovada, explique na justificativa abaixo:
Etapa do
cuidado do
modelo de
comunicação
não-verbal
Clareza
Facilidade de
leitura/compreensão
Forma de
apresentação
Abrangência
Representatividade
do conteúdo
1
2
3
4
Justificativa:
Etapa _____
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Etapa _____
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Etapa _____
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Etapa _____
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
111
APÊNDICE E- Validação de Conteúdo do Modelo de Comunicação Não-Verbal
(HALL,1986)
a. Filmagem_____ a._____
b. Juiz___________ b._____
c. Relacionado ao Enfermeiro:
c1. Grupo - 1. ( ) Grupo Experimental 2. ( ) Grupo Controle c1. ____
c 2. Idade: ____________ c2. ____
c 3. Sexo 1. ( ) Feminino 2. ( ) Masculino c3. ____
d. Relacionado ao cego:
d 1. Idade: ______ d1. ____
d 2. Tempo de cegueira: __________ d 2. ____
Para cada item marque apenas um número de acordo com a graduação a seguir descrita:
Péssimo Ruim Regular Bom Excelente
1 2 3 4 5
Etapa do Cuidado 1:
1) Organizar o ambiente de forma que o mobiliário favoreça o contato do
enfermeiro com o cego.
1. ____
2) Colocar a mesa de um dos lados da sala. Uma parte da mesa vai servir
como apoio dos materiais e como apoio para registrar a CEnf no prontuário.
2. ____
3) As cadeiras (uma do Enfermeiro e uma do cliente/cego) devem ficar frente a
frente e próximas da mesa. Uma outra cadeira destinada ao acompanhante do
cego deve ficar próximo ao cliente.
3. ____
112
4) Propõe-se que não haja qualquer tipo de obstáculo entre os comunicantes e,
caso seja necessário, uma mesa ao lado do enfermeiro para colocar todos os
materiais a serem utilizados durante a consulta.
4. ____
5) Manter temperatura do ambiente agradável, em torno de 20º a 25º . 5. ____
Etapa do Cuidado 2:
6) Apresentar-se ao paciente verbalmente. 6. ____
7) Tocar afetivamente o paciente com um aperto de mão, um cumprimento. 7. ____
8) Descrever como é o ambiente e qual a localização da cadeira para
sentarem-se.
8. ____
9) Conduzi-lo ao local onde ele permanecerá durante a maior parte do tempo. 9. ____
10) Informa-lo sobre os objetos próximos e permitir que ele os toque para
possibilitá-lo familiarizar e se sentir mais confortável.
10. ____
11) Adotar a distância íntima a qual varia de 0 a 50cm ou a pessoal-próxima (50
a 80 cm) entre o enfermeiro e o cego, e favorece a interação.
11. ____
12) A postura de ou sentado deve ser mantida pelos interlocutores
igualmente para haver comunicação eficaz.
12. ____
13) A posição ideal deverá ser a face a face, pois isso facilita a comunicação e
evidencia a atenção do profissional durante a interação.
13. ____
Etapa do Cuidado 3:
14) Realizar a Consulta de Enfermagem seguindo o roteiro. 14. ____
15) Manter o volume da voz adequado ao tamanho do ambiente e à diatância
entre os interlocutores.
15. ____
16) Em cada pergunta verbal, o enfermeiro deverá tocar afetivamente o
paciente e silenciar para que nesta pausa ele responda com tranqüilidade e de
forma eficaz.
16. ____
17) Explicar ao paciente que irá tocá-lo para proceder ao exame físico. 17. ____
18) Realizar o exame físico no sentido céfalo-caudal. 18. ____
19) O toque será utilizado de forma localizada e terapêutica, ou seja, o toque
localizado ou instrumental, que o paciente interpretará como sendo uma forma
de avaliar sua saúde física.
19. ____
20) Observar as expressões faciais. 20. ____
113
21) Observar as expressões corporais. 21. ____
22) Ouvi-lo atentamente, pois o ato de ouvir o outro é uma atitude de
comunicação não-verbal inserida nas relações interpessoais, essencial para o
maior entendimento das pessoas envolvidas no processo.
22. ____
Etapa do Cuidado 4:
23) Enfatizar os pontos principais da consulta. 23. ____
24) Finalizar a comunicação interpessoal com um toque, aproximação, aperto
de mão.
24. ____
25) Para ser mais efusivo, levantar-se. 25. ____
26) Despedir-se do paciente e acompanhá-lo até a porta. 26. ____
114
APÊNDICE F- Comunicação não-verbal enfermeira–cego (CONVENCE)
conforme Hall (1986)
a) FILMAGEM: _______ a. _____
b) JUIZ:_______ b. _____
c) Treinamento: ( ) 1. Sim ( ) 2. Não c. _____
d) Comunicação Não-
verbal: ( ) 1. Enfermeiro ( ) 2. Cego
d. _____
1) Distância:
1( ) íntima – até 45 cm 2( ) pessoal – de 45 a 125 cm 1. ______
2) Postura:
1( ) de pé 2( ) sentado 3( ) deitado 4( ) de joelhos 2. ______
3) Eixo:
1( ) face a face 2( ) de costas 3( ) outro ângulo 3. ______
4( ) sociofugo – desencorajamento 5( ) sociopeto – encorajamento
4) Contato:
1( ) toque 2( ) carícia 3( ) agarrar 4( ) apalpar 5( ) segurar demoradamente 4. ______
6( ) apertar 7( ) tocar localizado 8( ) roçar acidental 9( ) nenhum contato
5) Gestos Emblemáticos:
1( ) bater o pé 2( ) mover as mãos 3( ) outro_______ 5. ______
6) Gestos Ilustradores:
1 ( ) complementa a linguagem verbal 2 ( ) não complementa 6. ______
7) Gestos Reguladores:
1( ) meneio de cabeça 2( ) mover os olhos 3( ) outro_________ 7. ______
8) COMPORTAMENTO FACIAL:
1( ) perplexidade 2( ) nojo 3( ) alegria 4 ( ) medo 5 ( ) raiva 6 ( ) tristeza 8. ______
7 ( ) atenção 8 ( ) admiração 9( ) normal 10 ( ) outro_________
9) Abertura Ocular:
1( ) surpresa 2( ) alegria 3( ) tristeza 4( ) atenção 5 ( ) outro__________ 9. ______
10) Direção do Olhar:
1( ) centrado no interlocutor 2( ) desviado do interlocutor 10. _____
11) VOLUME DA VOZ:
1( ) sussurro 2( ) grito 3( ) normal 4( ) silêncio 5( ) alto 11. _____
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo