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Adriana Leiras
A Cadeia Produtiva do Biodiesel:
uma avaliação
econômica para o caso da Bahia
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre pelo Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Industrial da
PUC-Rio.
Orientador: Prof. Sílvio Hamacher
Co-orientador: Prof. Luiz Felipe Roris Rodriguez Scavarda do Carmo
Rio de Janeiro, agosto de 2006
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
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Adriana Leiras
A Cadeia Produtiva do Biodiesel:
uma avaliação econômica
para o caso da Bahia
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Industrial da PUC-Rio.
Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Prof. Sílvio Hamacher
Orientador
Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio
Prof. Luiz Felipe Roris Rodriguez Scavarda do Carmo
Co-orientador
Departamento de Engenharia Industrial - PUC-Rio
Dr. Horacio Nelson Hastenreiter Filho
SECTI-BA
Dr. Eduardo Homem de Siqueira Cavalcanti
INT/SECTI-RJ
Prof. José Eugenio Leal
Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio
Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2006
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da
autora e do orientador.
Adriana Leiras
Graduou-se em Engenharia de Produção pela PUC-Rio em
2004. Depois de graduada ingressou no Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Industrial da PUC-Rio para
obtenção do título de Mestre. Nesse período, trabalhou
como pesquisadora no Projeto Biodiesel. Durante a
graduação, estagiou em empresa do ramo de mídia
impressa, atuando nas áreas de Suprimentos, Planejamento
e Controle da Produção e Engenharia de Processos.
Atualmente exerce o cargo de Engenheira de Produção
nesta empresa.
Ficha Catalográfica
Leiras, Adriana
A cadeia produtiva de biodiesel: uma avaliação
econômica para o caso da Bahia / Adriana Leiras ;
orientador: Silvio Hamacher ; co-
orientador: Luiz Felipe
Roris Rodrigues Scavarda do Carmo. Rio de Janeiro :
PUC, Departamento de Engenharia Industrial.
156 f. : il. ; 30 cm
Dissertação (mestrado) Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia
Industrial.
Inclui referências bibliográficas.
1. Engenharia industrial – Teses. 2. Biodiesel. 3. Cadeia
produtiva. 4. Bahia. 5. Avaliação econômica. 6. Dendê. 7.
Soja. 8. Mamona. 9. Algodão. I. Hamacher, Sílvio. II.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Departamento de Engenharia Industrial. IV. Título.
CDD: 658.7
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
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À minha família
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Agradecimentos
À toda minha família, pelo carinho, apoio e compreensão, em particular à minha
mãe Maria –, ao meu pai Walter –, às minhas irmãs Mariana e Fabiana e
aos meus sobrinhos – Bianca, Patric e Beatriz.
Ao Orientador Sílvio Hamacher e ao Co-orientador Luiz Felipe Scavarda, pela
amizade, pela orientação, pela oportunidade e pela confiança em mim depositada.
Aos professores, funcionários e colegas de mestrado do Departamento de
Engenharia Industrial da PUC-Rio, pela amizade e por todo apoio e incentivo
durante a elaboração da tese.
À PUC-Rio, por me acolher como estudante ao longo de todos os anos de
graduação e de pós-graduação.
À CAPES e à PUC-Rio, pelo apoio financeiro durante a execução da dissertação.
À Secretaria de Ciência e Tecnologia da Bahia (SECTI-BA), pela oportunidade de
conhecer e estudar a cadeia produtiva do biodiesel no estado da Bahia.
À Pauletti Rocha e Roberto Fortuna, pela ajuda e orientação neste trabalho.
À Fundação de Apoio à Pesquisa da Bahia (FAPESB-BA), pelo apoio financeiro.
Ao Professor Eugenio Epprecht, pela orientação na iniciação científica e ao
Professor Leonardo Lustosa pela orientação no projeto final da graduação.
À Jaqueline, Érica, Bia, Letícia, Carol, Thaís e Pri, pela amizade.
À Renata e ao Paulo, pelo apoio na fase final deste trabalho.
À Rosana, Gessilene e Jorge, pelo exemplo e pela orientação.
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para este trabalho.
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Resumo
Leiras, Adriana. A Cadeia Produtiva do Biodiesel: uma avaliação
econômica para o caso da Bahia. Rio de Janeiro, 2006. 156p. Dissertação
de Mestrado - Departamento de Engenharia Industrial, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
As questões ligadas às energias renováveis vêm ganhando muita
importância e destaque no cenário político e econômico brasileiro. Apesar da
questão do biodiesel estar sendo amplamente investigada, as características
regionais de produção ainda não foram suficientemente abordadas. Assim, esta
dissertação de mestrado contribui para a análise da transição de estudos pontuais,
voltados a técnicas de produção ou transformação, para um cenário agroindustrial
que permita a criação de uma estrutura organizada para produção e distribuição do
biodiesel ao longo da cadeia produtiva. Nesse contexto, os objetivos deste
trabalho são: (1) analisar a cadeia produtiva do biodiesel, englobando áreas rurais,
usinas e bases distribuidoras de combustíveis, bem como transporte e
armazenagem de matéria-prima, óleos e biodiesel; (2) elaborar um modelo de
simulação que possibilite a realização de estudos de viabilidade econômica da
cadeia produtiva do biodiesel. No total foram simulados 52 cenários para a
produção do biodiesel na Bahia a partir dos óleos de dendê, mamona, soja e
algodão. O custo final obtido para o biocombustível foi inferior ao menor valor
obtido nos quatro leilões de biodiesel já realizados no Brasil (R$1,74 por litro) em
12 dos 13 cenários simulados para o dendê; 13 dos 13 cenários simulados para a
soja; 12 dos 22 cenários simulados para a mamona e 4 dos 4 cenários simulados
para o algodão. Assim, os resultados apontam para uma grande competitividade
dessa produção na Bahia.
Palavras-chave
Biodiesel; Cadeia Produtiva; Bahia; Avaliação Econômica; Dendê; Soja;
Mamona; Algodão
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Abstract
Leiras, Adriana. The Biodiesel Productive Chain: an economic
evaluation for the Bahia case. Rio de Janeiro, 2006. 156p. M. Sc.
Dissertation - Departamento de Engenharia Industrial, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Issues concerning renewable energies have been considered very important
in Brazil and are now being the arena of many local political and economic
discussions. In spite of being the biodiesel deeply investigated, regional
characteristics of this biofuel have not been enough analyzed. Therefore, this
master dissertation contributes to the analysis of the transition of specific and
punctual studies that regard production and transformation techniques, to an
agroindustrial scenario that allows the creation of an organized structure for
production and distribution of biodiesel along its productive chain. Within this
context, this dissertation aims: (1) to analyze the biodiesel productive chain,
embracing agricultural areas, oil extraction plants, and fuel distribution bases, as
well as the storage and transport of raw material, oils and biodiesel; (2) to develop
a simulation model that evaluates the economic feasibility of this chain. 52
scenarios were simulated for the production of biodiesel in Bahia from the
following oils: dende palm, castor, soybean, and cotton. The final cost obtained
for this biofuel was smaller than the lowest value obtained in the four biodiesel
auctions carried out recently in Brazil (R$1.74 per liter) in 12 of the 13 scenarios
simulated for the dende palm oil; in 13 of the 13 simulated for the soybean oil; in
12 of the 22 scenarios simulated for the castor oil; and in 4 of the 4 scenarios
simulated for the cotton oil. As a result, the findings obtained point to the
competitiveness of this productive chain in Bahia.
Key words
Biodiesel; Productive Chain; Bahia; Economic Evaluation; Dende Palm;
Soybean; Castor; Cotton
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Sumário
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................15
2 A QUESTÃO DO BIODIESEL.................................................................................................22
2.1. CADEIA PRODUTIVA DO BIODIESEL................................................................................22
2.2. PRODUÇÃO E MERCADO.................................................................................................28
3 METODOLOGIA DE PESQUISA ...........................................................................................34
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA.........................................................................................34
3.2 ETAPAS DA PESQUISA......................................................................................................36
3.3 AMOSTRA........................................................................................................................36
4 MODELO DE SIMULAÇÃO....................................................................................................38
5 CADEIA PRODUTIVA DE OLEAGINOSAS NA BAHIA....................................................42
5.1 CADEIA PRODUTIVA DO DENDÊ ......................................................................................42
5.2 CADEIA PRODUTIVA DA SOJA .........................................................................................46
5.3 CADEIA PRODUTIVA DA MAMONA ..................................................................................51
5.4 CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO .................................................................................56
6 DADOS UTILIZADOS NO MODELO DE SIMULAÇÃO....................................................59
6.1. DENDÊ ...........................................................................................................................59
6.1.1 Produtividade Agrícola.......................................................................................60
6.1.2 Preço da Oleaginosa ..........................................................................................62
6.1.3 Custos Agrícolas.................................................................................................62
6.1.4 Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos ............................66
6.1.5 Custos de Extração de Óleo................................................................................67
6.2. SOJA...............................................................................................................................69
6.2.1 Produtividade Agrícola.......................................................................................70
6.2.2 Preço da Oleaginosa ..........................................................................................71
6.2.3 Custos Agrícolas.................................................................................................72
6.2.4 Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos ............................73
6.2.5 Custos de Extração de Óleo................................................................................76
6.3. MAMONA .......................................................................................................................78
6.3.1. Produtividade Agrícola......................................................................................78
6.3.2. Preço da Oleaginosa .........................................................................................79
6.3.3 Custos Agrícolas.................................................................................................80
6.3.4 Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos ............................81
6.3.5 Custos de Extração de Óleo................................................................................82
6.4. ALGODÃO.......................................................................................................................83
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6.4.1 Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos ............................83
6.4.2 Custos de Extração de Óleo................................................................................85
6.5. BIODIESEL......................................................................................................................86
6.5.1 Coeficientes Técnicos do Processo e Preços de Co-produtos ............................86
6.5.2 Custos de Produção............................................................................................88
7 TRANSPORTE E LOGÍSTICA................................................................................................91
7.1. LOGÍSTICA......................................................................................................................91
7.1.1 Dendê..................................................................................................................93
7.1.2 Soja e Algodão....................................................................................................93
7.1.3 Mamona ..............................................................................................................94
7.2. CUSTOS DE TRANSPORTE ...............................................................................................95
8 RESULTADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................97
8.1. RESULTADOS..................................................................................................................97
8.1.1 Dendê..................................................................................................................98
8.1.2 Soja ...................................................................................................................100
8.1.3 Mamona ............................................................................................................101
8.1.4 Algodão.............................................................................................................103
8.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA SIMULAÇÃO ................................................................104
8.3. ÁREA NECESSÁRIA PARA ATENDER À DEMANDA DE BIODIESEL ....................................107
8.4. ANÁLISE DO MERCADO DE ÓLEOS VEGETAIS ..............................................................110
9 CONCLUSÕES ........................................................................................................................115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................118
APÊNDICE I: LISTA DE ENTREVISTADOS........................................................................124
APÊNDICE II: QUESTIONÁRIO APLICADO PARA A CADEIA DO BIODIESEL........126
APÊNDICE III: MODELO DE SIMULAÇÃO........................................................................132
APÊNDICE IV: PLANTIO E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE DENDÊ.....................................135
APÊNDICE V: PLANTIO E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE SOJA..........................................140
APÊNDICE VI: PLANTIO E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE MAMONA ...............................145
APÊNDICE VII: PLANTIO E EXTRAÇÃO DE ÓLEO DE ALGODÃO ............................151
APÊNDICE VIII: DADOS DE PLANTIO DE ALGODÃO....................................................154
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Lista de Figuras
Figura 1: Participação de biocombustíveis na matriz energética..............................................16
Figura 2: Cadeia de produção do biodiesel. ................................................................................22
Figura 3: Fluxograma do processo de produção do biodiesel....................................................24
Figura 4: Vendas de biodiesel na Alemanha ...............................................................................29
Figura 5: Triangulação de Métodos.............................................................................................35
Figura 6: Framework da metodologia de pesquisa .....................................................................35
Figura 7: Etapas da pesquisa........................................................................................................36
Figura 8: Distribuição geográfica do dendê na Bahia................................................................43
Figura 9: Produção mundial de soja............................................................................................47
Figura 10: Produção brasileira de soja........................................................................................48
Figura 11: Distribuição geográfica da soja na Bahia .................................................................49
Figura 12: Produção mundial de mamona..................................................................................53
Figura 13: Distribuição da mamona na Bahia ............................................................................53
Figura 14: Exportações de óleo de mamona................................................................................55
Figura 15: Produção brasileira de caroço de algodão................................................................57
Figura 16: Distribuição da mamona na Bahia ............................................................................57
Figura 17: Produção/ exportação brasileira de óleo de algodão................................................58
Figura 18: Produtividade do dendê .............................................................................................61
Figura 19: Cotação da soja em Barreiras - BA (em R$/ton)......................................................72
Figura 20:Comparação de cotações do farelo e do grão de soja................................................75
Figura 21: Variação das cotações da mamona em Irecê ............................................................79
Figura 22: Cotações do óleo de mamona em Roterdã ................................................................81
Figura 23: Série histórica de preços do metanol.........................................................................87
Figura 24 : Bases de distribuição de combustíveis na Bahia .....................................................91
Figura 25: Preços de biodiesel na Alemanha ............................................................................107
Figura 26: Evolução dos preços de óleos vegetais nos EUA.....................................................111
Figura 27: Preços de óleos vegetais na Europa .........................................................................112
Figura 28: Preços de óleo de canola na Alemanha ...................................................................114
Figura 29: Fluxograma para extração de óleo de den..........................................................138
Figura 30: Fluxograma da extração de óleo de soja .................................................................143
Figura 31: Fluxograma da extração de óleo de soja .................................................................143
Figura 32: Fluxograma da extração de óleo de mamona .........................................................149
Figura 33: Fluxograma da extração de óleo de algodão...........................................................153
Figura 34: Cotações da pluma de algodão em Barreiras .........................................................155
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Lista de Tabelas
Tabela 1: Tipos de usinas recomendadas para extração de óleo ...............................................23
Tabela 2: Comparação das rotas metílica e etílica .....................................................................25
Tabela 3: Estimativa de produção de biodiesel por país............................................................28
Tabela 4: Capacidade de plantas de biodiesel no Brasil ............................................................30
Tabela 5: Tributos incidentes na produção de biodiesel............................................................33
Tabela 6: Produção de cachos de dendê na Bahia ......................................................................43
Tabela 7: Cultura do dendê no Baixo Sul....................................................................................44
Tabela 8: Empresas produtoras de óleo de dendê na Bahia ......................................................45
Tabela 9: Produção de soja na Bahia...........................................................................................48
Tabela 10: Capacidade instalada de processamento de soja .....................................................50
Tabela 11: Produção mundial de mamona..................................................................................52
Tabela 12: Produção de mamona na Bahia.................................................................................54
Tabela 13: Exportações de óleo de mamona ...............................................................................55
Tabela 14: Produção de algodão em caroço na Bahia................................................................57
Tabela 15: Variação da produtividade do dendê no Baixo Sul .................................................60
Tabela 16: Valores de produtividade máxima do dendê para diferentes cenários ..................61
Tabela 17: Variação dos preços dos cachos de dendê.................................................................62
Tabela 18: Custos no pré-viveiro - dendê....................................................................................64
Tabela 19: Custos no viveiro - dendê...........................................................................................64
Tabela 20: Custos de aquisição de mudas de dendê para diferentes cenários .........................65
Tabela 21: Custos de plantio e tratos culturais do dendê...........................................................65
Tabela 22: Custos de plantio/tratos culturais do dendê .............................................................65
Tabela 23: Custos por hectare com tratos culturais no período sem produção - dendê..........65
Tabela 24: Custos por ha com tratos culturais no período sem produção - dendê..................66
Tabela 25: Distribuição anual dos custos de produção do dendê por hectare .........................66
Tabela 26: Percentuais e preços dos produtos obtidos na prensagem do dendê......................67
Tabela 27: Cenários de preços e % dos produtos obtidos na prensagem do dendê.................67
Tabela 28: Investimentos e custos operacionais para o dendê...................................................68
Tabela 29: Investimentos da usina de prensagem de dendê ......................................................68
Tabela 30: Cenários de investimentos na extração de óleo de dendê........................................69
Tabela 31: Variação da produtividade da soja em diferentes locais.........................................70
Tabela 32: Valores de produtividade máxima da soja para diferentes cenários .....................71
Tabela 33: Cotações anuais médias dos grãos de soja na bolsa de Chicago (em US$/ton)......71
Tabela 34: Investimento inicial para o plantio de soja...............................................................73
Tabela 35: Componentes do custo de aquisição de sementes de soja........................................73
Tabela 36: Custos operacionais para o plantio da soja ..............................................................73
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Tabela 37: Rendimentos do processo de produção de óleo de soja ...........................................74
Tabela 38: Rendimentos para diferentes cenários......................................................................74
Tabela 39: Cotações anuais médias do óleo e do farelo de soja na bolsa de Chicago (em
US$/ton) ................................................................................................................................74
Tabela 40: Estatística de regressão ..............................................................................................75
Tabela 41: Características das empresas produtoras de óleo....................................................77
Tabela 42: Cenários de produtividade da mamona para plantio não consorciado .................78
Tabela 43: Cenários de produtividade da mamona e do feijão para plantio consorciado ......78
Tabela 44: Preço do feijão (R$/saca)............................................................................................79
Tabela 45: Preço da mamona em Irecê (R$/saca).......................................................................80
Tabela 46: Investimento inicial para o plantio de mamona.......................................................80
Tabela 47: Custos operacionais para o plantio da mamona ......................................................80
Tabela 48: Rendimentos do processo de extração de óleo de mamona.....................................81
Tabela 49: Preços da torta de mamona .......................................................................................81
Tabela 50: Cenários de produtividade do algodão .....................................................................84
Tabela 51: Evolução dos preços de óleos de algodão nos EUA..................................................84
Tabela 52: Investimentos para extração de óleo de algodão......................................................85
Tabela 53: Coeficientes técnicos para produção de biodiesel ....................................................86
Tabela 54: Comparação de custos de produção de biodiesel.....................................................88
Tabela 55: Investimento e custos operacionais para biodiesel...................................................89
Tabela 56: Investimento e custos operacionais para biodiesel...................................................89
Tabela 57: Investimento e custos operacionais ...........................................................................90
Tabela 58: Resultados para a cadeia verticalizada do dendê – Plantio pessimista..................98
Tabela 59: Resultados para a cadeia verticalizada do dendê – Plantio provável.....................99
Tabela 60: Resultados para a cadeia verticalizada do dendê – Plantio otimista......................99
Tabela 61: Resultados para a cadeia semi-verticalizada do dendê ...........................................99
Tabela 62: Resultados para a cadeia desverticalizada do dendê...............................................99
Tabela 63: Resultados para a cadeia verticalizada da soja – Plantio pessimista ...................100
Tabela 64: Resultados para a cadeia verticalizada da soja – Plantio provável......................100
Tabela 65: Resultados para a cadeia verticalizada da soja – Plantio otimista.......................100
Tabela 66: Resultados para a cadeia semi-verticalizada da soja.............................................101
Tabela 67: Resultados para a cadeia desverticalizada da soja ................................................101
Tabela 68: Resultados para a cadeia verticalizada da mamona – Plantio pessimista ...........101
Tabela 69: Resultados para a cadeia verticalizada da mamona – Plantio provável..............101
Tabela 70: Resultados para a cadeia verticalizada da mamona – Plantio otimista ...............102
Tabela 71: Resultados para a cadeia semi-verticalizada da mamona.....................................102
Tabela 72: Resultados para a cadeia desverticalizada da mamona ........................................102
Tabela 73: Resultados para a cadeia semi-verticalizada do algodão ......................................103
Tabela 74: Resultados para a cadeia desverticalizada do algodão..........................................103
Tabela 75: Síntese de resultados – Custo do litro do biodiesel na base...................................104
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Tabela 76: Avaliação da ociosidade das fábricas de óleo de soja e biodiesel..........................105
Tabela 77: Período de safra das oleaginosas analisadas ..........................................................106
Tabela 78: Efeito da desoneração tributária no custo do litro de biodiesel na base..............106
Tabela 79: Taxas de crescimento da demanda de diesel (% a.a).............................................108
Tabela 80: Demanda projetada de óleo diesel (bilhões de litros) ............................................108
Tabela 81: Demanda de biodiesel (milhões de litros) ...............................................................109
Tabela 82: Área necessária para atender à demanda de biodiesel (mil hectares)..................109
Tabela 83: Média e desvio-padrão de preços de óleos vegetais nos EUA (R$/ton) ................111
Tabela 84: Média e desvio-padrão de preços de óleos vegetais na Europa (R$/ton) .............112
Tabela 85: Produção mundial de óleos vegetais........................................................................113
Tabela 86: Entrevistados atuantes na produção e/ ou pesquisas sobre oleaginosas ..............124
Tabela 87: Entrevistados atuantes na produção de óleo vegetal .............................................124
Tabela 88: Entrevistados atuantes na produção e/ ou pesquisas sobre biodiesel...................125
Tabela 89: Entrevistados atuantes em logística e comercialização .........................................125
Tabela 90: Descrição do processo de produção de óleo............................................................139
Tabela 91: Produtividade do algodão em caroço em diferentes locais....................................154
Tabela 92: Cenários de produtividade do algodão em caroço.................................................155
Tabela 93: Cenários de preços da pluma de algodão ...............................................................155
Tabela 94: Investimento inicial para o plantio de algodão ......................................................156
Tabela 95: Custos operacionais para o plantio do algodão......................................................156
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O motor diesel pode ser alimentado com óleos
vegetais e pode ajudar consideravelmente o
desenvolvimento da agricultura nos países onde ele
funcionar. Isto parece um sonho do futuro, mas eu
posso predizer com inteira convicção que esse
modo de emprego do motor diesel pode, num tempo
dado, adquirir uma grande importância.
Rudolph Diesel, 1898
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1
Introdução
Energias renováveis são aquelas provenientes de fontes naturais capazes de
se regenerar e que, portanto, não alteram o equilíbrio do planeta (Rostand, 2006).
Este tipo de energia é um elemento essencial para se alcançar o desenvolvimento
sustentável e adquire importância maior ao prover serviços como luz, calefação,
refrigeração, calor seguro para cozinhar, força mecânica, transporte e
comunicações. As vantagens proporcionadas pelas energias renováveis variam de
acordo com as condições e prioridades locais, destacando-se: a minimização da
ameaça das mudanças climáticas do planeta decorrentes da queima de
combustíveis fósseis; o crescimento econômico; a ampliação do acesso à energia
para cerca de um terço da população mundial; a geração de empregos e a fixação
do homem no campo; a redução dos níveis de pobreza; a diminuição da
desigualdade social; e a diversificação da matriz energética (Petrobras, 2005).
Os principais tipos de energias renováveis são: a solar (fotovoltaica e
térmica), o biogás (de lixo, esterco ou esgoto), a biomassa (restos agrícolas,
serragem, biodiesel, álcool e óleos in natura), a eólica e as centrais hidrelétricas.
O Brasil é um país de destaque na utilização de biomassa desde 1920,
utilizando o álcool combustível. Com o Programa Nacional do Álcool (Proálcool),
criado em 1975, o país foi pioneiro na efetiva substituição da gasolina em meio à
crise dos preços do petróleo. Desde então, o álcool da cana-de-açúcar é usado
como combustível de duas maneiras: como álcool etílico hidratado carburante
em carros 100% movidos a álcool – ou como álcool anidro – em carros a gasolina,
com adição média variando de 20% a 25% (Negrão e Urban, 2004).
Atualmente, o Brasil possui uma nova oportunidade tecnológica e
estratégica na utilização de biomassa: a produção de biodiesel. Acrescente-se a
isso que o País tem na produção de álcool de cana-de-açúcar um excelente
exemplo neste sentido. A Figura 1 mostra a participação dos biocombustíveis
(biodiesel e álcool) no consumo de combustíveis para transportes, com destaque
para a participação brasileira, em função do sucesso do Proálcool.
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Introdução 16
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
EUA Canada EU-15 Polonia Brasil Mundo
Eu-15: Europa dos 15
Figura 1: Participação de biocombustíveis na matriz energética.Fonte: von Lampe (2006)
O biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso
em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme
regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou
totalmente combustíveis de origem fóssil (MCT Ministério de Ciência e
Tecnologia, 2005).
As matérias-primas para a produção de biodiesel são óleos vegetais,
gorduras animais, óleos e gorduras residuais. Algumas fontes para extração de
óleo vegetal são: baga da mamona, polpa do dendê (palma), amêndoa do coco de
babaçu, semente de girassol, caroço de algodão, grão de amendoim, semente de
canola, polpa de abacate, grão de soja, nabo forrageiro e muitos outros vegetais
em forma de sementes, amêndoas ou polpas. Entre as gorduras animais pode-se
citar o sebo bovino e os óleos de peixes. Os óleos e gorduras residuais, resultantes
do processamento doméstico, comercial e industrial, também podem ser utilizados
como matéria-prima para a produção de biodiesel (Parente, 2003).
A importância do biodiesel para o Brasil provém principalmente dos
argumentos: (1) ser uma alternativa de diminuição da dependência dos derivados
de petróleo, ajudando a diversificar a matriz energética brasileira; (2) ser um
componente obrigatório no curto/médio prazo na composição do óleo diesel
comercializado no território nacional; (3) criar um novo mercado para as
oleaginosas, possibilitando a geração de novos empregos em regiões carentes do
país e aumentando seu valor agregado com a sua transformação em biodiesel; (4)
proporcionar uma perspectiva de redução da emissão de poluentes e uma
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Introdução 17
alternativa para exportação de créditos de carbono relativos ao Protocolo de
Kyoto, contribuindo para uma melhoria no meio ambiente.
A seguir serão descritos com maiores detalhes cada um dos argumentos
anteriormente listados.
(1) O biodiesel pode substituir total ou parcialmente o óleo diesel de
petróleo em motores ciclodiesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas,
automóveis, etc.) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc.). O
mercado automotivo pode ser subdividido em dois grupos: um composto por
grandes consumidores com circulação geograficamente restrita tais como
empresas de transportes urbanos e o outro pelo consumo a varejo, com a venda
do biocombustível nos postos de revenda tradicionais. O mercado de estações
estacionárias caracteriza-se basicamente por instalações de geração de energia
elétrica. Como exemplo deste nicho de mercado, pode-se citar a geração de
energia na indústria e no comércio como forma de redução do consumo no horário
de pico, e em localidades não supridas pelo sistema regular nas regiões remotas do
país (Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, 2005).
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), o consumo de óleo diesel no Brasil atingiu em 2005 a
marca de 37 bilhões de litros por ano, sendo 2,4 bilhões provenientes de
importações. Cada 2% de biodiesel misturado ao óleo diesel consumido no País
representa uma economia de divisas de cerca de US$425 milhões/ano,
significando uma redução de 33% destas importações (Scheidt, 2005).
(2) O biodiesel pode ser usado puro ou misturado ao diesel de petróleo em
diversas proporções
1
. O Art. 2
o
, Lei . 11.097, de 13.01.2005, determina a
introdução do biodiesel na matriz energética brasileira, fixado em 5% (cinco por
cento) em volume o percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo
diesel comercializado ao consumidor final em qualquer parte do território
nacional (MCT, 2005). O prazo para aplicação do disposto no caput desse artigo é
de 8 (oito) anos após a publicação da Lei, sendo de 3 (três) anos o período, após a
publicação da Lei, para se utilizar um percentual mínimo obrigatório
intermediário de 2% (dois por cento) em volume (MCT, 2005).
1
A denominação B2 refere-se à mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo, o termo B5 é
usado no caso da mistura de 5% e B100 é a denominação para o biodiesel puro.
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Introdução 18
(3) A introdução do biodiesel no mercado representará uma nova dinâmica
para a agroindústria, com seu conseqüente efeito multiplicador em outros
segmentos da economia, envolvendo óleos vegetais, álcool, óleo diesel e mais os
insumos e co-produtos da produção do biodiesel. A produção de oleaginosas
poderá expandir significativamente para atender o aumento da demanda por óleo
para a produção de biodiesel, ressaltando-se o potencial de 70 milhões de hectares
com aptidão para o cultivo do dendê, localizados principalmente na região
Amazônica e no leste do Estado da Bahia. O Brasil possui apenas 50 mil hectares
plantados com dendê. As curvas do preço do óleo de dendê e de soja decrescem à
taxa de 3% ao ano, em dólares deflacionados (média dos últimos 20 anos),
enquanto que as curvas de preço do óleo diesel são crescentes em função da
escassez de combustíveis fósseis, não havendo previsão de inversão da tendência
de crescimento do preço do óleo diesel (Campos, 2003).
(4) Estudos realizados pela Universidade de São Paulo (USP) demonstram
que a substituição do óleo diesel mineral pelo biodiesel resulta em reduções de
emissões de 20% de enxofre, 9,8% de anidrido carbônico, 14,2% de
hidrocarbonetos não queimados, 26,8% de material particulado e 4,6% de óxido
de nitrogênio
2
. Os benefícios ambientais podem, ainda, gerar vantagens
econômicas, pois o País poderia enquadrar o biodiesel nos acordos estabelecidos
no protocolo de Kyoto e nas diretrizes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL). Também existe a possibilidade de venda de cotas de carbono através do
Fundo Protótipo de Carbono (PCF), pela redução das emissões de gases
poluentes, e também créditos de "seqüestro de carbono"
3
, através do Fundo Bio de
Carbono (CBF), administrados pelo Banco Mundial (Meirelles, 2003). Apesar
dessas expressivas vantagens, segundo Clery (2001), um estudo da União
Européia mostrou que o biodiesel gera emissões de NO
X
(óxidos de nitrogênio)
marginalmente piores que a do diesel de petróleo.
2
Deve ser observado que estes percentuais referem-se à utilização do biodiesel em substituição ao
diesel. No caso de mistura, a redução será proporcional à parcela substituída e, deste modo, o B5
(5% de mistura) reduziria as emissões totais de enxofre em 1% e o B10 (10% de mistura) em 2%.
3
O biodiesel permite que se estabeleça um ciclo de carbono, no qual parte do CO
2
absorvido
durante o crescimento da planta é liberado quando o biodiesel é queimado na combustão do motor
(Holanda, 2004).
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Introdução 19
Objetivo
A questão do biodiesel está sendo amplamente investigada pelas
universidades, instituições de pesquisa, órgãos governamentais e pela iniciativa
privada. Iniciativas como o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel
do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) –, a Rede Brasileira de Tecnologia
de Biodiesel, a Coordenação do Programa de Biodiesel no âmbito da Gerência
de Energia Renovável da Petrobras –, além da participação ativa de diversas
Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia, demonstram a importância
estratégica do biodiesel na Matriz Energética Brasileira.
No entanto, as questões das características regionais de produção ainda não
foram suficientemente abordadas nas pesquisas, mas são essenciais para avaliar a
viabilidade econômica das alternativas de produção do biodiesel. Dessa forma, a
principal contribuição deste trabalho é uma análise da transição de estudos
pontuais, voltados a técnicas de produção ou transformação, para um cenário
agroindustrial que permita a produção de 800 milhões de litros de biodiesel em
2008 conforme os cálculos do governo federal – e 2,5 bilhões de litros de
biodiesel a partir de 2013 conforme estimado por Tavares (2005) para atender
à Lei nº. 11.097.
Assim, a viabilização do biodiesel requer a implementação de uma estrutura
organizada para produção e distribuição de forma a atingir, com competitividade,
os mercados potenciais. Logo, a introdução do biodiesel demanda investimentos
ao longo da cadeia produtiva para garantir a oferta do produto com qualidade,
além da perspectiva de retorno do capital empregado no desenvolvimento
tecnológico e na sustentabilidade do abastecimento em longo prazo.
Nesse contexto, os objetivos do trabalho são:
Analisar a cadeia produtiva do biodiesel, englobando áreas rurais, usinas e
bases distribuidoras de combustíveis, bem como transporte e armazenagem de
matéria-prima, óleos e biodiesel;
Elaborar um modelo de simulação que possibilite a realização de estudos de
viabilidade econômica da cadeia produtiva do biodiesel.
A questão central da pesquisa é: A produção do biodiesel a partir de óleos
vegetais é economicamente viável?
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Introdução 20
Perguntas de pesquisa
A análise dos elementos relevantes para responder a esta questão central da
pesquisa é ordenada de acordo com as seguintes perguntas-chave:
1) Quais são a capacidade instalada, a produtividade, os preços de venda, os
impostos incidentes, os níveis e custos de produção dos insumos para a produção
de biodiesel na Bahia?
2) Quais as variáveis essenciais para a formação do preço do biodiesel?
3) Qual a necessidade de área plantada para atender a demanda de biodiesel
gerada pela Lei nº. 11.097?
Delimitação do estudo
A aplicação do modelo de simulação está delimitada à Bahia e considera as
particularidades geográficas e logísticas deste estado. Essa delimitação se deve ao
fato de existir um acordo de cooperação entre a Secretaria de Ciência e
Tecnologia da Bahia (SECTI-BA) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio), tornando acessíveis os dados necessários ao estudo.
A pesquisa é delimitada ao estudo da cadeia produtiva do biodiesel
produzido a partir de óleos vegetais, pois, no momento, esta é a rota de produção
de maior importância para o Estado da Bahia. São consideradas apenas as
seguintes oleaginosas: dendê, mamona, soja e algodão, cujo cultivo se adapta às
condições climáticas da Bahia e para as quais existem dados disponíveis sobre
custos e produtividades para a realização do estudo.
Como os custos de produção variam de uma região para outra mesmo dentro
do Estado, para simplificação dos cálculos, a Bahia foi dividida em macro-regiões
de interesse. Alguns custos são considerados de forma agregada também para
simplificação dos cálculos.
Uma outra delimitação dessa pesquisa refere-se aos membros da cadeia
produtiva. São analisados apenas os membros considerados como mais relevantes
da cadeia, que são: os produtores de oleaginosas, de óleo vegetal e de biodiesel,
bem como seus distribuidores.
Relevância da pesquisa
Mesmo com as limitações existentes, acredita-se que o presente trabalho
colabora tanto com a pesquisa acadêmica quanto com a atividade empresarial. Na
área acadêmica, a sua relevância reside no fato de desenvolver uma metodologia e
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Introdução 21
aplicá-la a uma cadeia produtiva relativa a um assunto ainda pouco explorado pela
academia. Na área empresarial, a pesquisa se mostra relevante, pois agrupa
informações operacionais, mercadológicas e financeiras que podem auxiliar o
empresário na decisão de investir na cadeia produtiva do biodiesel.
Estrutura da Dissertação
Esta dissertação de mestrado conta com 9 (nove) capítulos, sendo este o
capítulo introdutório. O Capítulo 2 apresenta o referencial teórico sobre a questão
do biodiesel. Em seguida, o Capítulo 3 descreve a metodologia de pesquisa
adotada. O sistema de simulação para a realização do estudo de viabilidade
econômica é descrito no Capítulo 4, enquanto que o Capítulo 5 apresenta a cadeia
produtiva das oleaginosas na Bahia. O Capítulo 6 descreve os dados utilizados na
simulação. A seguir, o Capítulo 7 apresenta a análise da logística das cadeias
produtivas das oleaginosas pesquisadas. Os resultados e análises são incluídos no
Capítulo 8. Por fim, as principais conclusões e as considerações finais são
descritas no Capítulo 9.
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2
A Questão do Biodiesel
Este capítulo apresenta a cadeia produtiva do biodiesel, englobando aspectos
de produção e mercadológicos deste biocombustível.
2.1.
Cadeia Produtiva do Biodiesel
O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis
e pode ser produzido a partir de gorduras animais, óleos e gorduras residuais ou de
óleos vegetais (Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, 2005). O
presente trabalho se concentra apenas na produção do biodiesel a partir de óleos
vegetais. A Figura 2 mostra os principais elos desta cadeia, quais o: a produção
do grão, a extração do óleo, a produção do biodiesel a partir do grão, a
distribuição e a revenda ao consumidor.
Cadeia Agrícola
Plantação
Esmagamento
Grão
Óleo
Subprodutos
MercadoÁlcool
BIODIESEL
Glicerina
Torta
Distribuidor
Revendedor
Refinaria
B2
Casca:
Prodão de
fertilizante
Polpa:
Ração
B2
Consumidor
COMERCIALI ZAÇÃO
DIRETA NÃO É
PERMITIDA
Consumidor
B100
Produtor de
Biodiesel
B100
B1
0
0
Cadeia Agrícola
Plantação
Esmagamento
Grão
Óleo
Subprodutos
MercadoÁlcool
BIODIESEL
Glicerina
Torta
Distribuidor
Revendedor
Refinaria
B2
Casca:
Prodão de
fertilizante
Polpa:
Ração
B2
Consumidor
COMERCIALI ZAÇÃO
DIRETA NÃO É
PERMITIDA
Consumidor
B100
Produtor de
Biodiesel
B100
B1
0
0
Plantação
Esmagamento
Grão
Óleo
Subprodutos
MercadoÁlcool
BIODIESEL
Glicerina
Torta
Distribuidor
Revendedor
Refinaria
B2
Casca:
Prodão de
fertilizante
Polpa:
Ração
B2
Consumidor
COMERCIALI ZAÇÃO
DIRETA NÃO É
PERMITIDA
COMERCIALI ZAÇÃO
DIRETA NÃO É
PERMITIDA
Consumidor
B100
Produtor de
Biodiesel
B100
B1
0
0
Figura 2: Cadeia de produção do biodiesel. Fonte: Souza (2005)
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A Questão do Biodiesel 23
O biodiesel pode ser produzido a partir de qualquer óleo vegetal bruto, ou
seja, sem grandes refinações. De uma maneira geral, faz-se a extração do óleo,
seguida de procedimentos de separação por centrifugação e filtragem, resultando
nos óleos vegetais brutos. Portanto, uma planta industrial de extração de óleo
vegetal com os necessários controles de qualidade para purificação inicial do
produto é suficiente para a produção do óleo (Jordão Filho, 2004).
A extração do óleo vegetal pode ser feita por processo físico (prensagem) ou
químico (por solvente). A extração por solvente produz resultados melhores, no
entanto a maneira mais tradicional de extração é a física, que utiliza prensas
mecânicas e hidráulicas para esmagar os grãos (Jordão Filho, 2004).
Pode-se ainda optar por uma extração mista (mecânica/ solvente). A seleção
do tipo de extração depende de dois fatores determinantes: a capacidade produtiva
e o teor de óleo. A Tabela 1 mostra os cenários e os tipos de usinas de extração
recomendáveis.
Tabela 1: Tipos de usinas recomendadas para extração de óleo. Fonte: Parente (2003)
Tipo de Usinas Situações Recomendadas Matérias-Primas Típicas
Usinas de extração
mecânica
- Pequenas e médias capacidades, normalmente
abaixo de 200 ton de grãos/ dia.
- Oleaginosas de alto teor de óleo, acima de 35%.
Mamona
Amendoim
Babaçu
Usinas de extração
por solvente
-Grandes capacidades, normalmente acima de
300 ton/ dia de matéria-prima.
- Oleaginosas com baixo teor de óleo, abaixo de
25%.
Soja
Usinas mistas
- Médias e grandes capacidades, acima de 200
ton/dia.
- Oleaginosas de médio e grande teor de óleo,
acima de 25%.
Algodão
Mamona
Amendoim
Babaçu
Girassol
Em 1898, Rudolph Diesel apresentou pela primeira vez o seu motor de
ignição por compressão usando óleo de amendoim, que seria o biodiesel original.
Diesel acreditava que o combustível feito de biomassa seria a alternativa viável
para os motores que utilizavam vapor. No entanto, o uso direto de óleos vegetais
como combustível foi rapidamente superado por fatores tanto econômicos quanto
técnicos. Dessa forma, os motores diesel foram projetados e são fabricados de
acordo com rígidas especificações para uso do óleo diesel de petróleo. Esses
motores são sensíveis às gomas que se formam durante a combustão do óleo
vegetal e que se depositam nas paredes do motor. Para superar este problema,
processos de esterificação são utilizados para que se produza ésteres de óleo
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A Questão do Biodiesel 24
vegetal
4
, que têm propriedades físicas similares ao diesel de petróleo, mas que
apresentam maior lubricidade (Holanda, 2004).
O processo mais comum de produção de biodiesel é a transesterificação. As
etapas deste processo de produção são apresentadas no fluxograma da Figura 3.
Figura 3: Fluxograma do processo de produção do biodiesel. Fonte: Parente (2003)
A seguir serão descritas com maiores detalhes as etapas operacionais
apresentadas Figura 3:
Preparação da matéria-prima: é necessário que a matéria-prima tenha o
mínimo de umidade e de acidez, o que é possível submetendo-a a um processo
de neutralização, através de uma lavagem com uma solução alcalina de
4
Um éster é o produto da reação de um ácido com um álcool. Os ésteres mais comuns que se
encontram na natureza são as gorduras e os óleos vegetais, os quais o ésteres de glicerol e de
ácidos graxos. Os ésteres resultam freqüentemente da condensação de um ácido carboxílico e de
um álcool. Ao processo dá-se o nome de esterificação (Wikipédia, 2006).
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A Questão do Biodiesel 25
hidróxido de sódio ou de potássio, seguida de uma operação de secagem ou
desumidificação. As especificidades do tratamento dependem da natureza e
condições da matéria graxa empregada como matéria-prima (Parente, 2003).
Independentemente da origem do óleo vegetal bruto utilizado, o processo
básico de obtenção do biodiesel é razoavelmente semelhante, variando apenas as
dosagens e os diagramas de massa. Ou seja, pelo fato dos ácidos componentes dos
óleos vegetais se apresentarem em diferentes percentuais em cada um deles, as
proporções de cada um e a necessidade de aditivos para remover os resíduos
variará em cada caso para resultar em um produto final que atenda às
especificações (Jordão Filho, 2004).
Reação de transesterificação: Consiste na reação química de um óleo vegetal
com um álcool na presença de um catalisador. Como resultado, obtém-se o
éster metílico ou etílico, conforme o álcool utilizado, e a glicerina. Assim, a
transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal.
Durante o processo, a glicerina que compõe cerca 20% da molécula de óleo
vegetal – é removida, deixando o óleo mais fino e reduzindo sua viscosidade, e
substituída pelo álcool proveniente do etanol ou metanol (Meirelles, 2003).
Como a reação é reversível, faz-se necessário um excesso de álcool para
forçar o equilíbrio para o lado do produto desejado. Um catalisador é
normalmente usado para acelerar a reação, podendo ser ácido, básico ou
enzimático
5
(Holanda, 2004). O hidróxido de sódio (NaOH) e o hidróxido de
potássio (KOH) são os catalisadores mais usados (Parente, 2003).
De acordo com Parente (2003), sob o ponto de vista técnico e econômico, a
rota metílica é muito mais vantajosa que a rota etílica. O quadro comparativo
apresentado na Tabela 2 evidencia as vantagens do uso do metanol em relação ao
etanol.
Tabela 2: Comparação das rotas metílica e etílica. Fonte: Parente (2003)
Rotas de Processo
Quantidades e Condições Usuais Médias Aproximadas
Metílica Etílica
Quantidade consumida de álcool por 1.000 litros de biodiesel 90 kg 130 kg
Preço médio do álcool (US$/ ton) 190 360
Temperatura recomendada de reação 60
0
C 85
0
C
Tempo de reação 45 minutos 90 minutos
5
As reações com catalisadores básicos são mais rápidas do que com catalisadores ácidos
(Holanda, 2003).
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A Questão do Biodiesel 26
Como o Brasil é atualmente o maior produtor mundial de álcool etílico, a
oferta desse álcool de forma disseminada em todo o território nacional pode ser
considerada uma vantagem da rota etílica. Assim, os custos diferenciais de fretes,
para o abastecimento de etanol em relação aos do metanol, em certas situações,
podem influenciar a decisão da rota a ser considerada no processo.
Separação de fases: Após a reação de transesterificação que converte a
matéria graxa em ésteres, a massa reacional final é constituída de duas fases,
separáveis por decantação e/ou por centrifugação. A fase mais pesada é
composta de glicerina bruta, impregnada dos excessos utilizados de álcool, de
água e de impurezas inerentes à matéria-prima. A fase menos densa é
constituída de uma mistura de ésteres metílicos ou etílicos, conforme a
natureza do álcool originalmente adotado, também impregnado de excessos
reacionais de álcool e de impurezas (Parente, 2003).
Recuperação do álcool da glicerina: A fase pesada, contendo água e álcool, é
submetida a um processo de evaporação, eliminando-se da glicerina bruta esses
constituintes voláteis, cujos vapores são liquefeitos num condensador
apropriado (Parente, 2003).
Recuperação do álcool dos ésteres: Da mesma forma, mas separadamente, o
álcool residual é recuperado da fase mais leve, liberando para as etapas
seguintes, os ésteres metílicos ou etílicos (Parente, 2003).
Desidratação do álcool: Os excessos residuais de álcool, após os processos de
recuperação, contêm quantidades significativas de água, necessitando de uma
separação. A desidratação do álcool é feita normalmente por destilação
(Parente, 2003).
Purificação dos ésteres: Os ésteres deverão posteriormente ser lavados por
centrifugação e desumidificados, resultando finalmente no biodiesel, o qual
deverá ter suas características enquadradas nas especificações das normas
técnicas estabelecidas para o biodiesel como combustível para uso em motores
do ciclo diesel (Parente, 2003).
Destilação da glicerina: A glicerina bruta, emergente do processo, mesmo
com suas impurezas convencionais, já constitui o co-produto vendável. No
entanto, o mercado é muito mais favorável à comercialização da glicerina
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A Questão do Biodiesel 27
purificada, quando o seu valor é realçado. A purificação da glicerina bruta é
feita por destilação a vácuo, resultando um produto límpido e transparente,
denominado comercialmente de glicerina destilada (Parente, 2003).
Geralmente as instalações de recuperação de ácidos graxos e glicerina custam
muito mais caro que a própria instalação de transesterificação.
Na sua forma refinada a glicerina é não tóxica, biodegradável, viscosa,
inodora e incolor. A maior parte da glicerina produzida é originada de co-produtos
de processamento de commodities, resultando, dentre outros processos, da
transesterificação de triglicerídios para fabricação do biodiesel (COPPE, 2004).
A grande maioria dos envolvidos no universo do biodiesel: cientistas,
tecnologistas ou administradores, está preocupada com o mercado da glicerina.
Apesar de suas inúmeras aplicações, existe uma enorme diferença entre os valores
das demandas das aplicações e os valores praticados no mercado (COPPE, 2004).
Na consciência de que, para cada metro cúbico de biodiesel produzido,
produz-se, aproximadamente, 100 kg de glicerina, os especialistas acreditam que o
mercado químico não terá condições de absorver tamanha oferta. Assim, a
implementação da produção do biodiesel deverá baixar progressivamente o preço
da glicerina. Em contrapartida, à medida que o preço diminui, novas aplicações
vão sendo viabilizadas, como usos agrícolas e transformação em metanol, através
da reforma com vapor, realimentando o processo de produção de biodiesel.
Atualmente, as maiores aplicações da glicerina são dirigidas aos segmentos
farmacêuticos, de higiene pessoal e processamento de alimentos, mas são
reconhecidas mais de 1.500 aplicações para esta. A entrada em novos segmentos
manteria os preços em um patamar fixo e conveniente (COPPE, 2004).
O biodiesel produzido será inevitavelmente inserido na logística dos
combustíveis. Assim, terá de ser transportado para os locais de estocagem de
diesel das grandes distribuidoras de produtos refinados, onde será misturado ao
mesmo (Jordão Filho, 2004).
Segundo dados obtidos com uma distribuidora, hoje o biodiesel é
transportado puro (B100) até as bases, onde é armazenado em tanques exclusivos
por um período máximo de 3 meses prazo a partir do qual o mesmo deve ser re-
certificado pela ANP. Além disso, a mistura do biodiesel ao diesel é simples e
pode ser feita nos próprios tanques dos caminhões, até atingir a proporção
desejada, por exemplo, B2.
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A Questão do Biodiesel 28
2.2.
Produção e Mercado
De acordo com BiodieselBR (2006), o processo de industrialização do
biodiesel foi iniciado na Europa no início dos anos 90. Mesmo a primeira patente
de biodiesel tendo sido desenvolvida no Brasil, o principal mercado produtor e
consumidor de biodiesel em grande escala é a Europa.
A União Européia produz anualmente mais de 1,35 milhões de toneladas de
biodiesel, em cerca de 40 unidades de produção. Isso corresponde a 90% da
produção mundial de biodiesel. O governo garante incentivo fiscal aos produtores,
além de promover leis específicas para o produto, visando à melhoria das
condições ambientais através da utilização de fontes de energia mais limpas. A
tributação dos combustíveis de petróleo na Europa, inclusive do óleo diesel
mineral, é extremamente alta, garantindo a competitividade do biodiesel no
mercado (BiodieselBr, 2006).
A Tabela 3 apresenta a evolução histórica e estimada da produção de
biodiesel por país em milhões de toneladas.
Tabela 3: Estimativa de produção de biodiesel por país. Fonte: Steenblik (2006)
Produção (em milhões de toneladas)
País 2002
2003
2004
2005
(1)
2006
(2)
2007
(2)
2008
(2)
Áustria 25 32 57 N.D N.D N.D N.D
República Tcheca
N.D N.D 60 N.D N.D N.D N.D
Dinamarca 10 41 70 N.D N.D N.D N.D
França 366 357 348 N.D N.D N.D N.D
Alemanha 450 715 1.035
N.D N.D N.D N.D
Itália 210 273 320 N.D N.D N.D N.D
Eslováquia N.D N.D 15 N.D N.D N.D N.D
Espanha 0 6 13 N.D N.D N.D N.D
Suécia 1 1 1 N.D N.D N.D N.D
Inglaterra 3 9 9 N.D N.D N.D N.D
Europa total 1.073
1.544
1.935
2.200 3.000 4.000 5.200
Canadá 1 3 3 43 76 83 100
México --- --- --- --- --- --- ---
Estados Unidos 50 67 83 250 336 499 741
Brasil Neg.
Neg.
6 176 238 300 700
China Neg.
20 45 64 150 337 450
Índia Neg.
Neg.
Neg.
Neg. 8 50 300
Malásia --- --- --- --- 135 135 180
Filipinas --- --- 29 29 58 58 100
Tailândia Neg.
Neg.
Neg.
79 100 100 150
Austrália 27 27 29 36 187 268 350
Japão 2 2 3 3 3 7 10
Outros --- --- --- --- --- --- ---
Total mundial 1.153
1.663
2.133
2.880 4.250 5.800 8.000
Notas: (1) Produção estimada; (2) Produção projetada. N.D = Não definido
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A Questão do Biodiesel 29
Conforme visto na Tabela 3, a Alemanha é o maior país produtor e
consumidor mundial de biodiesel, sendo responsável por cerca de 42% da
produção mundial. Sua produção é feita a partir da colza, produto utilizado
principalmente para nitrogenização do solo. A extração do óleo gera farelo
protéico destinado à ração animal. O biodiesel é distribuído de forma pura, isento
de mistura ou aditivos, para a rede de abastecimento de combustíveis compostas
por cerca de 1.700 postos (BiodieselBr, 2006). A Figura 4 apresenta o histórico
das vendas em toneladas de biodiesel na Alemanha.
Figura 4: Vendas de biodiesel na Alemanha. Fonte: Bockey e von Schenck (2006)
Ainda com base na Tabela 3, pode-se verificar que os países europeus
lideram a produção mundial, porém,uma previsão de crescimento acelerado da
produção de biodiesel no Brasil, Austrália, Índia, Malásia e Estados Unidos nos
próximos anos.
Até o momento foram realizados quatro leilões de biodiesel no Brasil
com o objetivo de garantir aos produtores de biodiesel e aos agricultores,
especialmente os que praticam agricultura familiar, um mercado para a venda da
produção. De acordo com BiodieselBr (2006), no primeiro leilão público de
biodiesel foram vendidos cerca de 70 milhões de litros, enquanto que no segundo
leilão, a disponibilidade de compra foi de 170 milhões. No terceiro e no quarto
leilões foram vendidos 50 e 550 milhões de litros, respectivamente. Estes volumes
podem ser entregues até um ano após a data do leilão.
Ao todo, os quatro leilões venderam 840 milhões de litros de biodiesel, 40
milhões a mais do que o cálculo inicial da oferta necessária para a demanda anual
de B2. Porém, é importante salientar que embora a Petrobras e a Refinaria Alberto
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A Questão do Biodiesel 30
Pasqualini (REFAP) tenham comprado 840 milhões de litros, a capacidade
instalada hoje para produção de biodiesel, somando as capacidades de produção
anual de todas as oito (12) empresas autorizadas pela ANP, não passa de 300
milhões de litros anuais, conforme apresentado na Tabela 4.
Tabela 4: Capacidade de plantas de biodiesel no Brasil. Fonte: ANP (2006)
Empresa Local
Capacidade Autorizada
(mil litros/dia)
Capacidade Anual Estimada*
(milhões de litros/ano)
Soyminas Cássia/MG 40 12
Agropalma Belém/PA 80 24
Brasil Biodiesel Teresina/PI 2 0,6
Biolix Rolândia/PR 30 9
Brasil Biodiesel Floriano/PI 135 40,5
NUTEC Fortaleza/CE 2,4 0,72
Fertibom Catanduva/SP 40 12
Renobras Dom Aquino/MT 20 6
Granol Campinas/SP 133 39,9
Granol Anápolis/GO 200 60
Biocapital Charqueada/SP 186 55,8
IBR Simões Filho/BA 65 19,5
*300 dias de operação
Para participar dos leilões, o produtor de biodiesel precisa ter o Selo
Combustível Social (autorização da ANP para produzir o combustível) e estar
regularizado junto à Receita Federal. Para obter o Selo, o produtor tem que seguir
a tabela que estabelece o mínimo de matéria-prima que deve ser adquirido de
pequenos agricultores em cada uma das cinco regiões do país. No Nordeste, a
compra de matéria-prima da agricultura familiar tem de ser, pelo menos, de 50%
do volume total. No sudeste e Sul, o mínimo é de 30% e, no Norte e Centro-Oeste,
10% (Globo Online, 2005).
No primeiro leilão, os 70 milhões de litros de biodiesel negociados foram
vendidos pelos produtores Agropalmado Pará (5 milhões de litros); Soyminas –
de Minas Gerais (8,7 milhões de litros); Granol de Goiás (18,3 milhões de
litros); Brasil Biodiesel – do Piauí (38 milhões de litros); e adquiridos pela
Petrobrás, com 93,3% do total, e pela REFAP, que tem como sócias a Petrobrás e
a Repsol), com 6,7% do total (Globo Online, 2005). Neste leilão, o preço FOB
6
máximo de referência estabelecido pela ANP e pelo Ministério de Minas e
Energia (MME) foi de R$1,92 por litro. A menor oferta vencedora foi da
Agropalma, com R$1,80 por litro. Este preço inclui os tributos federais incidentes
6
FOB - Free on Board É um Termo Internacional de Comércio (INCOTERM). Não imclui o
custo de tranporte da mercadoria. O transporte é pago pelo comprador (Wikipédia, 2006).
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A Questão do Biodiesel 31
sobre o biodiesel (Pis/Pasep e Cofins), mas sem ICMS, que varia conforme a
unidade da federação (Agência Brasil e Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) apud BiodieselEcooleo, 2005).
As empresas vencedoras do segundo leilão que venderam integralmente
seus lotes foram a Biocapital (60 milhões de litros), a Ponte Di Ferro (50 milhões
de litros) e Binatural (1,32 milhões de litros). As que venderam parcialmente seus
lotes foram a Granol (36 milhões de litros), Brasil Biodiesel (21,78 milhões de
litros) e Renobras (0,9 milhões de litros). A Daffer Química Ltda., a Fertibom
Indústrias Ltda. e a Biolix Indústria e Comércio de Combustíveis Vegetais,
também participaram do leilão, mas não arremataram lotes. Como havia
acontecido no primeiro leilão, a Petrobras ficou com 93% do total ofertado, e a
REFAP ficou com os outros 7%. O preço FOB máximo de referência foi de
R$1,90 por litro. A menor oferta vencedora foi da Ponte Di Ferro, com R$1,79
por litro (BiodieselBr, 2006).
Para o terceiro e o quarto leilões, o preço de abertura de pregão foi definido
em R$1,90 por litro. No terceiro leilão o preço dio do biodiesel foi de R$1,75
por litro, deságio de 7,93 % sobre o preço inicial.
O quarto leilão foi direcionado a usinas em construção e a projetos em
desenvolvimento também enquadrados no Selo. Neste leilão houve um deságio de
8,29 % sobre o preço inicial de R$1,90, saindo ao preço de R$1,74 o litro
(BiodieselBr, 2006).
Participaram do terceiro leilão seis unidades produtoras de biodiesel com
uma oferta total de 95,4 milhões de litros 91% superior à meta de aquisição de
50 milhões de litros. No quarto leilão, houve a oferta de 1,054 bilhões de litros por
27 empresas e 550 milhões de litros foram arrematados.
A Brasil Ecodiesel foi o grande destaque do terceiro e do quarto leilões de
biodiesel. A empresa vendeu 428 milhões de litros, 70% dos 600 milhões de litros
comprados pela Petrobrás e pela REFAP. Além da Brasil Ecodiesel, destacam-se a
BSbio (RS), que vendeu 70 milhões de litros e a Caramuru Alimentos (GO), que
vendeu 30 milhões de litros. Empresas que ainda não haviam participado dos dois
leilões anteriores, como a mato-grossense Barrálcool e a gaúcha Óleoplan
venderam 16,6 milhões de litros e 10 milhões de litros, respectivamente. A
participação de novas empresas foi possível porque a ANP permitiu que as
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A Questão do Biodiesel 32
companhias que ainda não tinham autorização da agência para produzir biodiesel
fizessem lances no quarto leilão.
Segundo a ANP, projeções do Ministério do Desenvolvimento Agrário
indicam que os 840 milhões de litros de biodiesel ofertados nos quatro leilões vão
beneficiar cerca de 208 mil agricultores familiares envolvidos na produção de
oleaginosas (BiodieselBr, 2006). Dessa forma, o Brasil está fazendo uma opção
estratégica ao eleger o novo combustível como um projeto de inclusão social e
desenvolvimento econômico.
Nesse sentido o governo vem praticando uma política de incentivos fiscais
para auxiliar o desenvolvimento da cadeia produtiva do biodiesel. As principais
medidas regulamentadoras, de acordo com Dorneles (2005) são:
Medida Provisória 227/04: Regulamenta o modelo tributário federal e cria o
conceito de Combustível Social. Estabelece a desoneração total e parcial da
tributação (em função do tipo de produtor, região e oleaginosa) e cria e
conceito de Combustível Social, produzido mediante vínculo do produtor do
biodiesel com a agricultura familiar. Foi aprovada na Câmara dos Deputados
em 08/03/2005.
Decreto 5297/04: estabelece coeficientes de redução de PIS/COFINS sobre
biodiesel e cria o Selo Combustível Social.
Decreto 5298/04: define IPI com alíquota zero para biodiesel.
O Modelo Tributário do biodiesel (MP 227/04 e Decreto 5297/04) institui
alíquotas diferenciadas da seguinte maneira:
1. Oleaginosas produzidas pela Agricultura Familiar: Desoneração total e parcial
de PIS/ COFINS – em função da região produtora e oleaginosa: Norte, Nordeste e
Semi-árido com mamona ou palma.
2. Oleaginosas produzidas pela Agricultura Intensiva: Desoneração parcial de PIS/
COFINS em função da região Produtora e oleaginosa: Norte, Nordeste e Semi-
árido com mamona ou palma.
Os tributos da cadeia do biodiesel são apresentados na Tabela 5. O ICMS
não está incluso, pois é um imposto Estadual e, portanto, varia conforme a
unidade da federação.
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A Questão do Biodiesel 33
Tabela 5: Tributos incidentes na produção de biodiesel. Fonte: Dorneles (2005)
Biodiesel (R$/litro)
Agricultura
Familiar no
Norte,
Nordeste e
Semi-árido
com mamona
ou palma
Agricultura
Familiar
Geral
Agricultura
Intensiva no
Norte, Nordeste
e Semi-árido
com mamona
ou palma
Regra Geral
Diesel de
Petróleo
IPI
Alíquota Zero Alíquota Zero Alíquota Zero Alíquota Zero Alíquota Zero
CIDE
Inexistente Inexistente Inexistente Inexistente R$0,070
PIS/PASEP e
COFINS
Redução de
100% em
relação à regra
geral (R$0,00)
Redução de
69% em
relação à regra
geral (R$0,07)
Redução de 32%
em relação à
regra geral
(R$0,151)
R$0,222 R$0,148
Total
R$0,00 R$0,070 R$0,151 R$0,222 R$0,218
Segundo dados do Sindicato das distribuidoras de combustíveis Sindicom
apud Dedini (2006a), a alíquota de ICMS para o biodiesel é de 18% no Rio de
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, e 17% nos demais estados brasileiros. Ainda
de acordo com esta fonte, a alíquota de ICMS para o diesel de petróleo é de 13%
no Rio de Janeiro, 15% na Bahia, 12% na região Sul, São Paulo, Minas Gerais,
Goiás e Tocantins, e 17% nos demais estados. Isto mostra que o imposto estadual
onera bastante o preço do biodiesel, visto que a alíquota para o biodiesel é maior
ou igual à do diesel de petróleo em todos os estados da federação.
Os dados apresentados na Tabela 5 e a alíquota de ICMS para a
comercialização do biodiesel na Bahia apresentada pela Dedini (2006a), foram
utilizados no sistema de simulação como base para o lculo dos impostos
incidentes sobre a cadeia produtiva do biocombustível.
Além destes impostos, também foi considerada a incidência do imposto de
renda pago pela empresa produtora de biodiesel. De acordo com a Receita Federal
(2006), a alíquota deste imposto para pessoas jurídicas, em vigor desde o ano
1996, é de 15% sobre o lucro.
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3
Metodologia de Pesquisa
O presente capítulo descreve a metodologia científica adotada neste
trabalho, de forma a sistematizar a revisão bibliográfica para analisar a cadeia
produtiva do biodiesel, elaborar e aplicar o modelo de simulação para o estudo de
viabilidade econômica da cadeia produtiva no Estado da Bahia.
3.1
Classificação da Pesquisa
A metodologia adotada é inspirada na abordagem definida em Menon et al.
(1999) como Discovery Oriented Approach, que se baseia em três dimensões,
conforme explicado a seguir:
Perspectiva baseada em uma visão acadêmica, onde se busca identificar e
analisar os conceitos teóricos ligados ao tema;
Perspectiva baseada em uma visão industrial, onde se busca identificar e
analisar os conceitos práticos ligados ao tema, através de dados primários
obtidos por entrevistas com especialistas e executivos ligados à área do tema
em questão, ou por observação direta dessas práticas na indústria;
Uma perspectiva baseada no conhecimento gerado a partir da associação e
análise das duas perspectivas anteriormente citadas.
Assim, pode-se classificar a linha epistemológica da pesquisa como neo-
positivista, pois a metodologia adotada considera a obtenção de dados primários e
secundários. A pesquisa é exploratória e se baseia em um estudo de caso múltiplo
incorporado. De acordo com Yin (2005), “um estudo de caso é uma forma
empírica de investigar fenômenos contemporâneos dentro de seu contexto real,
especialmente quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são
claramente evidentes”. Ainda segundo Yin (2005), o estudo de caso aqui
considerado é múltiplo, pois há quatro unidades de pesquisa as oleaginosas
(dendê, mamona, soja e algodão); e é incorporado, pois mais de uma unidade
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Metodologia de Pesquisa 35
de análise dentro do mesmo caso – os elos da cadeia produtiva de cada oleaginosa
no Estado da Bahia.
Para realizar o estudo de caso, foi feita uma triangulação de métodos que
incluem investigação documental e levantamentos de percepções por meio de
questionários, entrevistas para a coleta de dados e visitas in loco com observação
direta. A Figura 5 esquematiza a triangulação de métodos adotada.
Figura 5: Triangulação de Métodos. Fonte: Yin (2005)
O formato final do modelo de simulação foi determinado a partir de diversas
interações com empresários/ especialistas da área do agronegócio e de
biocombustíveis. Dessa forma, foi desenvolvido um modelo que, além de ser
coerente com a perspectiva acadêmica, é uma ferramenta útil aos empresários e
pesquisadores.
A metodologia de pesquisa pode ser representada pela Figura 6.
Figura 6: Framework da metodologia de pesquisa. Baseado em Menon et al. (1999)
Investigação Documental:
• Pesquisa primária: Coleta de dados de empresas pertencentes à cadeia produtiva
do Biodiesel e dos Órgãos Governamentais envolvidos na pesquisa;
• Pesquisa secundária: informações do setor disponíveis na Internet.
Revisão da Literaura: utilizar livros, artigos científicos, publicações periódicas,
dissertações e teses como subsídio à pesquisa.
Levantamento de Percepções
(Survey) - por meio de
questionários estruturados.
Levantamento de Percepções
Complementar – por meio de entrevistas
com questionários semi-estruturados.
Convergência de dados
Investigação Documental:
• Pesquisa primária: Coleta de dados de empresas pertencentes à cadeia produtiva
do Biodiesel e dos Órgãos Governamentais envolvidos na pesquisa;
• Pesquisa secundária: informações do setor disponíveis na Internet.
Revisão da Literaura: utilizar livros, artigos científicos, publicações periódicas,
dissertações e teses como subsídio à pesquisa.
Levantamento de Percepções
(Survey) - por meio de
questionários estruturados.
Levantamento de Percepções
Complementar – por meio de entrevistas
com questionários semi-estruturados.
Convergência de dados
Perspectiva baseada
na visão acadêmica
Através de revisão
bibliográfica e
documental
Modelo de Simulação
Preliminar
Baseado na revisão da
literatura e no
levantamento de
percepções (
survey
)
Aperfeiçoamento
do Modelo
Com base no
levantamento de
percepções
complementar
Análise da Cadeia
Produtiva do
Biodiesel (Objetivo 1)
Modelo de Simulação
(Objetivo 2)
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Metodologia de Pesquisa 36
3.2
Etapas da Pesquisa
A realização do estudo contou com quatro fases, quais são: (1) definição e
projeto (1); preparação e coleta de dados (2); análise inicial (3); análise final e
conclusões (4). As etapas constituintes de cada fase são apresentadas na Figura 7.
Figura 7: Etapas da pesquisa
3.3
Amostra
Para a coleta de dados, foram aplicados questionários a empresários e
pesquisadores da área por meio de amostragem o probabilística. Os
entrevistados foram escolhidos com base em sua atuação na cadeia produtiva.
Assim, foram entrevistados representantes de, pelo menos, duas das empresas
consideradas como as mais significativas nas regiões que concentram a produção
de cada oleaginosa analisada na Bahia.
Revio da Literatura para a Formulação do Problema
Definão do Problema
Revio Bibliogfica e Pesquisa Documental
Preparação dos Questionários
Aplicação dos Formulários
Tratamento e Interpretão dos Dados
Análise Estratégica e geração do Modelo Preliminar
Entrevistas Complementares
Análise dos Resultados
Modelo Final
Fase 1:
Definão e
Projeto
Fase 2:
Preparação e
Coleta de Dados
Fase 3:
Análise Inicial
Fase 4:
Análise Final e
Conclues
Aperfeiçoamento do Modelo de Simulação
Revio da Literatura para a Formulação do Problema
Definão do Problema
Revio Bibliogfica e Pesquisa Documental
Preparação dos Questionários
Aplicação dos Formulários
Tratamento e Interpretão dos Dados
Análise Estratégica e geração do Modelo Preliminar
Entrevistas Complementares
Análise dos Resultados
Modelo Final
Fase 1:
Definão e
Projeto
Fase 2:
Preparação e
Coleta de Dados
Fase 3:
Análise Inicial
Fase 4:
Análise Final e
Conclues
Aperfeiçoamento do Modelo de Simulação
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Metodologia de Pesquisa 37
A inserção dos respondentes da pesquisa se deu por meio de 39 entrevistas.
Os entrevistados pertencem aos seguintes elos da cadeia: 9 da produção agrícola,
12 da extração do óleo, 11 da produção do biodiesel e 7 da logística e
comercialização. A lista de entrevistados encontra-se no Apêndice I. O
questionário utilizado nas entrevistas encontra-se no Apêndice II.
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4
Modelo de Simulação
O modelo de simulação permite avaliar a viabilidade econômica de um
projeto de produção de biodiesel (1) ou qualquer empreendimento verticalizado
para a produção de óleo vegetal + biodiesel (2) ou de oleaginosas + óleo vegetal
+ biodiesel (3).
As verticalizações, embora aumentem a complexidade de gestão, trazem
economias ao eliminar impostos, fretes e margens intermediárias, que onerariam o
produto final – o biodiesel.
Trata-se essencialmente de um modelo de análise financeira da exploração
comercial, conduzindo ao fluxo de caixa do projeto. Os investidores e demais
interessados na produção de biodiesel podem usar os seguintes indicadores para
avaliar a viabilidade econômica do projeto:
Valor Presente Líquido (VPL): De acordo com Samanez (2002), o VPL
mede o valor presente dos fluxos de caixa gerados pelo projeto ao longo da sua
vida útil. O VPL é definido por:
=
+
+=
n
t
t
ma
t
i
FC
IVPL
1
612
.
)1(
(1)
Onde FC
t
representa o fluxo de caixa no t-ésimo período, I é o investimento
inicial, n é o horizonte de planejamento e i
a.m
é o custo do capital mensal.
O objetivo do VPL é encontrar projetos ou alternativas de investimento que
sejam economicamente viáveis, ou seja, projetos que tenham um VPL positivo.
Foi utilizado o índice 12t-6, pois o fluxo de capital é distribuído ao longo do ano,
logo, foi considerada a média de distribuição do fluxo a metade do ano.
Taxa Interna de Retorno (TIR): De acordo com Samanez (2002), a TIR é
uma taxa hipotética de desconto que anula o VPL, ou seja, é o valor de i que
satisfaz à seguinte equação:
=
+
+=
n
t
t
ma
t
i
FC
IVPL
1
612
.
)1(
= 0
(2)
O projeto é economicamente viável se a taxa de retorno esperada for maior
que a taxa de retorno requerida, ou seja, se TIR >custo de oportunidade do capital.
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Modelo de Simulação 39
Retorno sobre o Investimento: igual ao VPL Lucros/ VPL dos Investimentos
(Superintendência da Zona Franca de Manaus Suframa; Fundação Getúlio
Vargas – FGV, 2003).
Lucro Líquido Médio: igual à média das estimativas de lucro ao longo do
horizonte de planejamento (Suframa/FGV, 2003).
Margem de Lucro: igual ao lucro líquido médio/ receita total média
(Suframa/FGV, 2003).
Os resultados financeiros são determinados a partir de fluxos de caixa, que
dependerão de uma combinação de:
Receitas obtidas com os co-produtos;
Custos de capital e sua remuneração;
Custos das matérias-primas;
Custos operacionais industriais; e
Custos logísticos.
As planilhas de fluxos de caixa consideram, basicamente, os mesmos itens
de custos para os diferentes elos da cadeia produtiva. Os custos dividem-se em
investimento inicial e custos operacionais (no caso do plantio são custos com
produção e colheita).
Os fluxos de caixa do produtor de óleo e de biodiesel consideram um
horizonte de planejamento de 16 anos, sendo os investimentos realizados no Ano
0 e os custos operacionais nos 15 anos subseqüentes, quando a fábrica estará em
operação. Este horizonte de planejamento foi determinado pela vida útil média
dos equipamentos de extração e produção de biodiesel (15 anos). Os re-
investimentos foram considerados embutidos e equivalentes às depreciações.
Como as oleaginosas consideradas neste estudo, exceto o dendê, são de
cultura temporária, o horizonte de planejamento adotado na simulação do elo
agrícola foi de 16 anos, para manter uma coerência com o horizonte adotado para
os demais elos da cadeia. Considera-se que os investimentos são realizados no
Ano 0 e os custos relativos ao plantio e à colheita nos 15 anos subseqüentes.
No caso do dendê, o fluxo de caixa do produtor considera um horizonte de
planejamento de 27 anos. A distribuição de custos foi determinada de acordo com
as entrevistas realizadas e com estudos da Suframa/FGV (2003) e da Empresa
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Modelo de Simulação 40
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (2005). Os custos são distribuídos
anualmente da seguinte maneira:
Ano –1: Investimento inicial e custo com preparo da área a ser plantada;
Ano 0: Custos com aquisição, plantio das mudas e tratos culturais;
Anos 1, 2 e 3: Fase de crescimento do dendezeiro, ainda sem produção.
custos com tratos culturais;
Anos 4 ao 25: Fase de produção do dendezeiro. custos relacionados aos
tratos culturais e à colheita.
Para cada elo da cadeia três cenários possíveis: pessimista, provável e
otimista, representados por diferentes fluxos de caixa.
Os cenários agrícolas foram escolhidos com base na produtividade de cada
oleaginosa. Assim, a produtividade no cenário otimista é maior que no cenário
provável, que por sua vez é maior que no pessimista. Da mesma forma, o teor de
óleo foi o critério determinante dos cenários de extração e o custo total por litro o
dos cenários de biodiesel.
Pode-se combinar os diferentes cenários para os elos da cadeia e simular o
custo do biodiesel na fábrica e na base distribuidora no break even ponto onde o
somatório dos VPLs das receitas e despesas acumuladas em cada ano é nulo ao
final do horizonte de planejamento. A escolha do break even como opção para a
análise deveu-se ao fato deste ser o ponto em que as receitas igualam-se aos
custos (incluídos os custos de investimento e de remuneração do capital), portanto
a partir do qual o projeto passa a ser economicamente viável.
O programa calcula o custo do insumo no break even e o utiliza no cálculo
dos custos no elo seguinte da cadeia, até chegar ao custo do biodiesel. O processo
é realizado através de sucessivas iterações, que fazem com que o VPL do lucro
acumulado em cada elo tenda a zero.
Se o empreendimento for verticalizado apenas para a produção de óleo
vegetal e biodiesel, o simulador utiliza o preço de mercado do insumo agrícola
(que é um parâmetro de entrada do sistema) como ponto de partida para chegar ao
custo óleo e do biodiesel. Se o projeto for só de produção de biodiesel, o ponto de
partida da simulação é o preço de compra do óleo (que também é um parâmetro de
entrada do sistema).
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Modelo de Simulação 41
Além do nível de verticalização, do cenário e dos preços de mercado do
insumo agrícola e do óleo vegetal, o modelo considera os seguintes dados de
entrada para a simulação:
Oleaginosa e origem desta agricultura familiar ou intensiva –, o que
determina se haverá algum tipo de redução de impostos, de acordo com as
alíquotas apresentadas na Tabela 5;
Alíquotas para impostos (IPI, CIDE, PIS/PASEP, COFINS, ICMS e IR);
Capacidade da planta de biodiesel;
Coeficientes técnicos do processo produtivo;
Graus de ociosidade das fábricas de óleo e biodiesel;
Rota de produção (metílica ou etílica);
Preço dos co-produtos;
Retorno sobre investimento;
Custo de capital;
Custos logísticos e
Margens de comercialização.
As telas de interface do sistema de simulação são apresentadas no Apêndice
III.
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5
Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia
Este capítulo descreve as cadeias produtivas das oleaginosas estudadas
(dendê, soja, mamona e algodão). São apresentadas as principais características de
cada uma das oleaginosas, além de um breve panorama do mercado mundial,
brasileiro e baiano de cada uma.
5.1
Cadeia Produtiva do Dendê
O dendê (Elaeis guineensis) é uma palmeira de origem africana que chegou
ao Brasil no século XVI e se adaptou ao litoral do sul da Bahia. Dos seus frutos
são extraídos dois tipos de óleo: o de palma, retirado da polpa ou mesocarpo; e o
de palmiste, retirado da amêndoa ou endosperma. Além desses óleos, obtém-se
também a torta de palmiste como co-produto resultante do processo de extração
do óleo de palmiste (Suframa/FGV, 2003).
Entre as variedades existentes, a Dura é predominante nas áreas de
dendezeiros. Essa variedade apresenta grande capacidade de adaptação às
condições agroclimáticas regionais, com boa resistência a pragas e doenças,
rusticidade no convívio com ervas daninhas e práticas adotadas, além de
apresentar a capacidade de produzir com idade acima de 40 anos. O tamanho do
coco é maior, o que aumenta o rendimento da extração de óleo de palmiste.
Entretanto, esta variedade apresenta baixa produtividade por hectare (entre 4 a 6
ton/ha/ano) e baixo rendimento na produção de óleo (em torno de 16%), se
comparado a outras variedades, como a Tenera (Sande, 2002).
A variedade Tenera (híbrido do cruzamento entre as espécies Dura x
Psifera) é amplamente cultivada em todos os países produtores por possuir
características genéticas que permitem produtividade de a 30 ton/ha/ano e
rendimentos muito superiores na produção de óleo (em torno de 22%). A
variedade tem vida econômica entre 20 e 30 anos e é exigente em nutrição,
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 43
controle de ervas daninhas e pragas, bem como práticas culturais como colheita e
poda, para responder bem em produtividade (Sande, 2002).
A produção nacional de dendê atual equivale a 0,1% da mundial, hoje
estimada em 25 milhões de toneladas. O Pará é o principal estado produtor, com
produtividade média de 3,32 toneladas por hectare e possui 69 mil hectares
plantados com dendezeiro (Vale Verde, 2005).
Na Bahia, a produção de dendê se concentra na região do Baixo Sul,
representada na Figura 8.
Figura 8: Distribuição geográfica do dendê na Bahia. Fonte: Rocha (2005)
A produção, área colhida e rendimento do dendê em cachos na Bahia são
apresentados na Tabela 6.
Tabela 6: Produção de cachos de dendê na Bahia. Fonte: IBGE/PAM apud Rocha (2005)
Ano Produção (ton) Área colhida (ha) Rendimento (kg/ha)
1999 146.716 39.469 3.717
2000 161.430 43.927 3.675
2001 189.117 45.663 4.142
2002 167.581 41.690 4.020
2003 167.111 41.365 4.040
2004 164.135 41.323 3.972
O estado da Bahia possui uma área apta disponível de 750 mil hectares de
terras situadas em regiões litorâneas que se estendem desde o Recôncavo aos
Tabuleiros do Sul da Bahia. A maior parte da produção de óleo de dendê (10 mil
toneladas) é proveniente de dendezeiros subespontâneos de baixa produtividade,
localizados nos munipios de Valença, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 44
Camamu, que somam cerca de 19.650 hectares; a área de dendezeiros cultivada é
de 11.500 hectares (indústrias de extração e produtores independentes), o que
corresponde a 1,53% da área disponível total. Esses dendezeiros também
apresentam baixa produtividade, notadamente por terem ultrapassado o período
econômico de produção (25 anos), bem como por apresentarem estado sanitário
precário (SEAGRI – BA, 2005).
Segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira CEPLAC
(1999) apud Sande (2002), o Baixo Sul apresenta 2.991 propriedades agrícolas
com média de 10,48 hectares cultivados com o dendê subespontâneo.
A Tabela 7 apresenta o cenário da cultura do dendezeiro no Baixo Sul.
Tabela 7: Cultura do dendê no Baixo Sul. Fonte: CEPLAC apud Sande (2002)
Município Área (ha)
Produção (ton
cachos/ano)
Produtividade Média
(ton/ha)
Valença 10.172 27.772 2,73
Taperoá 7.926 31.704 4,0
Nilo Peçanha 2.100 7.170 3,41
Cairú 4.356 17.424 4,0
Ituberá 1.719 9.701 5,64
Igrapiúna 2.660 6.080 2,28
Camamú 4.130 9.260 2,24
Maraú 40 196 4,90
Tancredo Neves 80 208 2,60
O agronegócio do dendê na Bahia apresenta dois segmentos fortemente
diferenciados. O primeiro, constituído pelos chamados "rodões" (unidades
artesanais de extração de óleo), representando a grande maioria das unidades
processadoras do óleo, localizadas na região conhecida como Baixo Sul, são
responsáveis pela geração de cerca de 3.000 empregos diretos e de parcela
considerável da renda regional. São unidades centenárias, existentes na Bahia,
tradicionais fornecedoras de azeite de dendê para as "baianas de acarajé" e
pequenos restaurantes espalhados por todo território baiano (Bahia Invest, 2005).
Os rodões, por falta de orientação técnica, pouco evoluíram ao logo dos
anos, apresentando baixo rendimento na extração do óleo, com perda de matéria-
prima, além de produzirem um óleo de qualidade e provocarem expressivo
impacto ambiental, devido à descarga de efluentes nos manguezais da região
(Bahia Invest, 2005).
O segundo segmento está concentrado em quatro empresas de médio e
grande porte, que juntas processam a maior parte da matéria-prima produzida no
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 45
Estado e normalmente controlam os preços pagos ao produtor (Bahia Invest,
2005). A distribuição da produção de óleo de dendê entre estas empresas é
apresentada na Tabela 8.
Tabela 8: Empresas produtoras de óleo de dendê na Bahia. Fonte: Sande (2002)
Empresa
Área
Cultivada (ha)
Produção (ton de
óleo/ano)
Empregos diretos
JAGUARIPE 600 1.200 115
MUTUPIRANGA
7
1.800 30
OLDESA 4.000 2.482 280
OPALMA 1.000 1.150 132
TOTAL 5.600 6.632 557
Considera-se que a área cultivada com dendê na Bahia disponível para um
programa de biodiesel é igual a 5.600 ha, que é o total plantado pelas empresas
produtoras de óleo no Baixo Sul, conforme apresentado na Tabela 8. A área
apresentada na Tabela 6 (41.323 ha em 2004) inclui as plantações da espécie
Dura, cuja produtividade é muito inferior a da Tenera. Esta consideração se
justifica, pois sob a perspectiva de um programa de produção de biodiesel, a
produtividade é um fator determinante no custo de produção do dendê insumo
do processo do biocombustível.
Deve-se considerar ainda a existência de 25.000 mudas de Tenera no viveiro
de uma das empresas visitadas no Baixo Sul, com previsão de produção de mais
57.000 mudas em 2005. Além disso, foram distribuídas 350.000 mudas de Tenera
a 2.000 produtores do Baixo Sul em 2005.
O dendê é uma cultura perene com produção contínua ao longo do ano. No
Baixo Sul observa-se uma redução significativa da produção entre julho e
outubro, período de menor luminosidade em que, devido à baixa produtividade, os
preços normalmente se incrementam. Nestes meses, as empresas funcionam
ociosas, com apenas 30% da capacidade, devido à falta de matéria-prima. A
qualidade da matéria-prima é superior na safra, proporcionando maior rendimento
de óleo por peso de cacho (Sande, 2002).
O Apêndice IV descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
dendê (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (pré-plantio e plantio) e industriais (extração de óleo).
7
Segundo dados primários, a empresa MUTUPIRANGA o tem plantação de dendê. Funciona
como um oligopsônio, comprando a matéria-prima dos pequenos produtores de Nazaré (BA).
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 46
A questão da acidez do óleo de dendê
Segundo entrevistados, para que se consiga produzir um biodiesel que
atenda às especificações da ANP, deve-se utilizar como insumo um óleo vegetal
com, no máximo, 1% de acidez.
A acidez do óleo gera custos adicionais que não foram considerados neste
estudo. Para a correção da acidez, é necessário ter uma unidade de pré-tratamento
do óleo, pois, caso contrário, seria necessário utilizar uma quantidade maior de
catalisador no processo. No entanto, de acordo com Jordão Filho (2004), a cada
1% de soda cáustica utilizada como catalisador são originados cerca de 7% de
sabões em reação com a matéria graxa, das quais se poderá recuperar cerca de 6%
em peso do total inicial de matéria. Assim, de qualquer forma, haveria um custo
com a separação da mistura biodiesel – sabão.
Segundo Parente (2003), a experiência prática demonstra que a
corrosividade do biodiesel neutro é zero, mas com acidez elevada o biodiesel
apresenta-se como corrosivo, existindo uma correlação entre o número de acidez e
a corrosividade. No caso do dendê essa questão é problemática, pois, de acordo
com dados primários, o grau de acidez do óleo obtido pelas empresas do Baixo
Sul varia entre 2,5% e 5,5%, considerando o processamento de 40% de Dura e
60% de Tenera. Verifica-se, assim, uma incongruência entre os graus de acidez
exigidos e os praticados. Este problema pode ser atenuado através de uma
capacitação logística local, diminuindo o tempo entre a colheita e o
processamento. Assim, os cachos chegariam mais rápido ao seu destino, e,
portanto, mais frescos e com menor acidez.
5.2
Cadeia Produtiva da Soja
A soja é uma planta dicotiledônea, da família Papilionoideae - gênero
Glycine max. L Merril (Criar e Plantar, 2005a). O grão, o óleo e o farelo obtidos a
partir desta oleaginosa são commodities hoje utilizadas para a produção de
diversos produtos.
A produção de soja teve grande incremento após a II Guerra Mundial. A
crescente demanda de proteínas para a alimentação animal e o aumento da procura
de óleos vegetais para a alimentação humana, bem como o elevado índice de
mecanização da cultura, contribuíram decisivamente para o aumento rápido da
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 47
produção de soja (Criar e Plantar, 2005a). De acordo com a USDA (United States
Department of Agriculture) apud Embrapa Soja (2004), hoje os maiores
produtores mundiais de soja são os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina,
conforme apresentado na Figura 9.
Figura 9: Produção mundial de soja. Fonte: USDA apud Embrapa Soja (2004)
A Fundação Getúlio Vargas apud Tavares (2004) estimou que a cadeia
produtiva da soja participa com cerca de 20% do PIB do agronegócio brasileiro,
correspondendo a mais de US$35 bilhões no ano, demonstrando a importância
econômica deste produto agrícola para o País. No Brasil, de acordo com dados da
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), apresentam-se como maiores
produtores os Estados de Mato Grosso, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul,
conforme representado na Figura 10.
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 48
Figura 10: Produção brasileira de soja. Fonte: CONAB apud Embrapa Soja (2004)
A Bahia é um importante produtor de soja da Região Nordeste. Desde 2001,
a soja ocupa a posição no ranking dos principais produtos agrícolas produzidos
no Estado, segundo dados da SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e
Sociais da Bahia. O produto é carro chefe da agricultura do Oeste Baiano, que
cultiva quase 900 mil hectares de soja, produzindo mais de 2.200.000 toneladas
do produto na safra 2003/2004 (Bahia Invest, 2005).
De acordo com dados da Secretaria de Agricultura da Bahia, a produção de
soja no Estado da Bahia registrou em 2004 um incremento no crescimento da
safra na ordem de 51,85 %, colhendo mais de 2,36 milhões de toneladas, contra
1,56 milhões em 2003 (Peixoto, 2005). A área plantada sofreu uma retração de
3,41%, passando de 850 mil hectares para 821 mil hectares. O rendimento dio
teve um ganho de 47,54%, saindo de 1.830 kg/ha para 2.700 kg/ha, o mais alto de
todos os tempos (Bahia Invest, 2005).
A produção, área colhida e rendimento da soja na Bahia ao longo dos anos
são apresentados na Tabela 9.
Tabela 9: Produção de soja na Bahia. Fonte: CONAB apud Rocha (2005)
Ano / Safra Produção (ton) Área Colhida (mil ha) Rendimento (kg/ha)
1999/2000 1.524.700 635,3 2.400
2000/2001 1.450.300 690,6 2.100
2001/2002 1.464.000 800,0 1.830
2002/2003 1.556.200 850,4 1.830
2003/2004 2.218.100 821,5 2.700
2004/2005 2.349.000 870,0 2.700
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 49
No período compreendido entre 1990 a 2000, a cultura da soja cresceu
584,26 % no Oeste da Bahia, sendo a região responsável por 100 % da produção
atual do Estado. Essa evolução representou 73,1 % da produção do Nordeste e
4,6% do país no ano de 2000, conforme dados do IBGE (2002). A concentração
da produção de soja na região oeste é representada na Figura 11.
Figura 11: Distribuição geográfica da soja na Bahia. Fonte: Rocha (2005)
Nesse cenário, a cadeia da soja atrai para a região Oeste empresas de porte
que movimentam o parque industrial da sojicultura. A força dessa produção
provocou reflexos no incremento da população no Oeste, a exemplo de Barreiras
onde a população cresceu seis vezes nas últimas três décadas (Peixoto, 2005).
O Paraná detém a liderança em capacidade de processamento instalada com
24% da capacidade, seguido pelo Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Goiás e São
Paulo, com respectivamente 16, 15, 13 e 11% da capacidade, conforme
apresentado na Tabela 10.
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 50
Tabela 10: Capacidade instalada de processamento de soja. Fonte: ABIOVE
(Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais) apud BiodieselBr (2005)
Capacidade de Processamento (mil ton/dia)
Estado UF 2001 2002 2002 2004
Paraná PR 31.500 28.650 28.950 31.765
Mato Grosso MT 10.820 14.500 14.500 20.600
Rio Grande do Sul RS 19.000 20.150 20.100 19.700
Goiás GO 8.660 9.060 10.320 16.920
São Paulo SP 14.700 12.950 14.450 14.950
Mato Grosso do Sul MS 7.330 6.630 6.980 7.295
Minas Gerais MG 5.750 6.450 6.350 6.400
Bahia BA 5.200 5.460 5.460 5.344
Santa Catarina SC 4.130 4.050 4.000 4.034
Piauí PI 260 260 1.760 2.360
Amazonas AM - 2.000 2.000 2.000
Pernambuco PE 400 400 400 400
Ceará CE 200 - - -
TOTAL
107.950 110.560 115.270 131.768
Com base nos valores apresentados na Tabela 10, a capacidade instalada de
processamento de soja na Bahia é da ordem de 1,92 milhões de toneladas por ano.
Considerando as paradas para manutenção na entressafra, esta capacidade se
concentra na Bunge Alimentos S/A, com um esmagamento de cerca de 1,20
milhões de ton/ano, e na Cargill Agrícola S/A, que adquiriu as instalações da
Olvebasa Óleos Vegetais da Bahia S/A e possui capacidade de processamento de
500 mil ton/ano.
Segundo a Granol (2005), nas operações de industrialização, sejam
primárias (extração) ou para o consumo (refino e embalagens), a indústria da
cadeia da soja é de grande eficiência em rendimentos e custos, favorecida pelos
custos baixos dos insumos, mão-de-obra especializada barata, tradição e
tecnologia disponíveis.
Nessa análise, vincula-se as características de custo da operação de
industrialização às capacidades das plantas. Capacidades maiores correspondem a
custos menores, em contrapartida, a logística de abastecimento de matéria-prima,
bem como de distribuição dos produtos sofrem acréscimos de distâncias e,
portanto, do custo dos fretes (Granol, 2005).
Nesse contexto, 40% do parque brasileiro situa-se na faixa de 600 ton/ dia
até 1.500 ton/ dia. Outros 45% do parque situam-se na faixa de 1.500 ton/ dia até
3.000 ton/ dia. Cerca de 6% do total da capacidade corresponde às unidades
industriais de capacidade inferior a ambas as faixas e somente 9% da capacidade
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 51
total é constituída por plantas de capacidade superior às mencionadas (Granol,
2005).
O Apêndice V descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
soja (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (plantio) e industriais (extração de óleo).
5.3
Cadeia Produtiva da Mamona
A mamoneira (Ricimus comunis L.), da família das euforbiáceas, é uma
planta de origem tropical, resistente à seca e heliófila - gosta de muito sol
(Embrapa Algodão, 2005a). A produção desta oleaginosa se estende a quase todas
as zonas tropicais e subtropicais, podendo ser encontrada em diversas regiões
brasileiras. Da semente da mamona pode-se extrair o óleo e, como co-produto, a
torta, rica em nitrogênio, fósforo e potássio, utilizada na adubação de solos (Pires
et al., 2004). A torta da mamona pode ser utilizada como ração animal depois
de desintoxicada, pois possui ricina em sua composição - substância altamente
tóxica. Sendo o processo de desintoxicação bastante complexo e, muitas vezes
caro, as bricas de óleo preferem vender a torta apenas como fertilizante
(Aboissa, 2005).
O óleo é utilizado na indústria de cosméticos, na indústria automotiva, como
componente de polímeros ou como lubrificante para motores de alta rotação e
carburante de motores a diesel como fluido hidráulico em aeronaves.
Diferentemente da soja, girassol, amendoim e outras oleaginosas, a mamona não é
destinada à alimentação humana, logo, não sofre a concorrência deste mercado
(Pires et al., 2004). No entanto, dadas as aplicações nobres deste óleo, seu preço
de mercado é superior aos dos demais óleos.
A cultura assume papel social de grande relevância e a força de trabalho
familiar explora pequenas áreas, sempre em regime de consórcio com o feijão e o
milho. Neste sistema não existe mecanização nem utilização de insumos
modernos, como sementes melhoradas, defensivos, fertilizantes etc. A cultura
também pode assumir caráter mais comercial, com a participação da tração
mecânica e a utilização de insumos modernos (Embrapa Algodão, 2005a).
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 52
As cultivares de mamona variam em porte, deiscência
8
dos frutos e tipo dos
cachos, entre outras características. Os tipos comerciais existentes no Brasil,
dependendo das condições ambientais e das variedades, podem variar de 1 a 4
metros. Para a agricultura familiar no Nordeste recomenda-se o uso de cultivares
de porte médio (1,7 a 2,0m) e de frutos semi-indeiscentes, como a BRS 149
Nordestina e a BRS 188 Paraguaçu, lançadas pela Embrapa em convênio com a
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). São de boa rusticidade,
resistentes à seca e de boa capacidade de produção, média de 1.400 kg/ha de baga
em condições de cultivo de sequeiro (Embrapa Algodão, 2005a).
Também são utilizadas as cultivares Sangue-de-boi, Preta-Pernambucana e
Paraibana, todas com produtividade em torno de 1.300kg/ha, em condições de
sequeiro, e de 4.000kg/ha, em condições de irrigação (Carvalho, 2005).
Carvalho (2005) recomenda a utilização de cultivares que tenham as
seguintes características: produtividade acima de 1.500 kg de bagas/ha no
sequeiro; produtividade acima de 3.000 kg/ha em regime de irrigação; resistência
ou boa tolerância às pragas e às doenças; teor de óleo nas sementes superior a
45%; teor de óleo ricinoléico acima de 89% e frutos semi-indeiscentes.
O principal produtor mundial de mamona é a Índia, com produção de 804
mil toneladas, seguida pela China, com 275 mil toneladas, e Brasil, que produziu
149 mil toneladas em 2004. A Tabela 11 e a Figura 12 apresentam a evolução dos
principais países produtores de mamona.
Tabela 11: Produção mundial de mamona. Fonte: FAOSTAT (Food and Agriculture
Organization of the United Nations) apud BiodieselBr (2005)
Ano 2000 2001 2002 2003 2004
Mundo
1.360.099 1.091.466 938.701 1.222.920 1.311.679
Brasil 100.732 99.941 170.897 77.970 149.099
China 300.000 260.000 265.000 258.000 275.000
Índia 882.800 652.700 428.000 804.000 804.000
Outros 76.567 78.825 74.804 82.950 83.580
8
Denomina-se deiscência a abertura natural de qualquer órgão vegetal. 1. Frutos indeiscentes: não
se abrem para liberar sementes. 2. Frutos deiscentes: abrem-se para liberar as sementes (Ambiente
Brasil, 2006).
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 53
Figura 12: Produção mundial de mamona. Fonte: FAOSTAT apud BiodieselBr (2005)
No Brasil o principal estado produtor é a Bahia, onde predominam as
plantas de porte alto. A distribuição geográfica da mamona no estado da Bahia é
a apresentada na Figura 13.
Figura 13: Distribuição da mamona na Bahia. Fonte: Rocha (2005)
A produção, área colhida e rendimento da mamona em baga na Bahia são
apresentados na Tabela 12.
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 54
Tabela 12: Produção de mamona na Bahia. Fonte: CONAB apud Rocha (2005)
Ano/Safra Produção (ton) Área Colhida (mil ha) Rendimento (kg/ha)
1999/2000 90.700 174,1 521
2000/2001 71.400 152,0 470
2001/2002 66.000 120,0 550
2002/2003 81.900 123,6 663
2003/2004 89.000 148,3 600
2004/2005 129.000 172,0 750
De acordo com fontes primárias, a quebra da última safra de mamona foi de
50%. Historicamente este percentual tem se mantido em torno de 20%.
Vieira, Lima e Batista (1997) apud Embrapa Algodão (2003), atribuíram
uma fase de redução de área colhida e da quantidade produzida de mamona em
bagas no Brasil iniciada em 1985/86 na região Nordeste, aos seguintes fatores:
1. Desorganização e inadequação dos sistemas de produção vigentes, devido à
reduzida oferta de sementes de cultivares melhoradas geneticamente;
2. Utilização, por parte dos produtores, de sementes impróprias para o plantio (de
baixa qualidade e rendimento médio e de alta susceptibilidade às doenças e
pragas);
3. Utilização de práticas culturais inadequadas (como espaçamento, época de
plantio e consorciação);
4. Desorganização do mercado interno tanto para o produtor como para o
consumidor final;
5. Baixos preços pagos ao produtor agrícola;
6. Reduzida oferta de crédito e de assistência técnica ao produtor agrícola;
7. Utilização da mesma área para sucessivos plantios da cultura.
Ainda hoje se verifica a necessidade de organização dos produtores, pois o
associativismo é praticamente inexistente. Outra consideração importante é o alto
nível de quebra de safra ainda presente na região.
Assim como o Brasil já deteve o título de maior produtor de mamona,
também o foi no que se refere às exportações de óleo de mamona, como se pode
perceber na Figura 14. Os valores estão em mil toneladas.
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 55
Figura 14: Exportações de óleo de mamona. Fonte: FAOSTAT apud BiodieselBr (2005)
Percebe-se, visualizando a Figura 14, que o Brasil foi o maior exportador
mundial de óleo de mamona até a década de 80, quando ocorreu a primeira grande
quebra nas exportações brasileiras; justamente quando se dá o grande aumento das
exportações indianas. A Índia passou a dominar a comercialização de óleo de
mamona a partir do final dos anos 80 e vem até hoje como o principal exportador
(FAOSTAT apud BiodieselBr, 2005).
Em relação às exportações de óleo de mamona, o Brasil têm mantido a
colocação no ranking mundial, conforme apresentado na Tabela 13.
Tabela 13: Exportações de óleo de mamona. Fonte: FAOSTAT apud BiodieselBr (2005)
Exportações em toneladas
Ano 2000 2001 2002
Mundo
281.110 239.788 181.445
India 238.949 199.789 143.643
Países Baixos 7.656 8.803 12.524
Alemanha 6.182 6.365 6.827
França 2.351 3.190 3.297
Estados Unidos 3.320 2.819 2.836
Brasil 16.743 10.244 5.815
Tailândia 2.060 1.358 1.552
Outros 3.849 7.220 4.951
Entre os principais exportadores encontramos países que também se
destacam como grandes importadores como a Alemanha, França, Estados Unidos,
com destaque para os Países Baixos que em 2003 importaram 18.535 toneladas de
óleo de mamona e exportaram 17.005 toneladas. No caso específico dos Países
Baixos, o fato de apresentar-se como um dos principais exportadores deve-se
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 56
principalmente ao papel que este país tem para o mercado europeu, funcionando
como porto de entrada para os produtos consumidos na região européia
(FAOSTAT apud BiodieselBr, 2005).
Atualmente, a capacidade instalada de processamento de mamona na Bahia
é da ordem de 250.000 toneladas de bagas por ano, concentrada nas empresas
Braswey e Brasil Óleo de Mamona Ltda. (BOM), que hoje operam com um nível
de ociosidade anual em torno de 70%, devido tanto a falta de matéria-prima
quanto de demanda pelo óleo.
O Apêndice VI descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
mamona (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (plantio) e industriais (extração de óleo).
5.4
Cadeia Produtiva do Algodão
A cultura do algodão sempre girou em torno do setor têxtil, tendo sua pluma
como principal produto e as sementes como um co-produto da produção.
Contudo, no processamento do algodão, aproximadamente 62,5% do peso do
produto antes do processamento é caroço, o qual é muito apreciado por seu azeite
comestível e pelo farelo que resulta da moagem de seu resíduo, usado na
alimentação do gado e como fertilizante (BiodieselBr, 2005). Entre os co-produtos
pode-se citar o línter - que corresponde a cerca de 10% da semente do algodão, o
óleo bruto - média de 15,5% da semente, a torta - que é quase a metade da
semente, além da casca e do resíduo (4,9% do total) – (Embrapa Algodão, 2005b).
Dados da FAOSTAT apontaram o Brasil como o sexto maior produtor
mundial de caroço de algodão. O primeiro lugar ficou a China e o segundo com os
Estados Unidos. De acordo com a CONAB, o maior Estado produtor de algodão
no Brasil hoje é o Mato Grosso, com uma produção de 972,4 mil toneladas de
caroço de algodão e que nos últimos anos obteve um expressivo aumento em sua
produção. Logo após vem a Bahia, com produção de aproximadamente 477,8 mil
toneladas, e Goiás, com 260,5 mil toneladas. A Figura 15 apresenta a evolução da
produção brasileira de caroço de algodão de 1990 a 2005, em mil toneladas -
BiodieselBr (2005).
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 57
Figura 15: Produção brasileira de caroço de algodão. Fonte: BiodieselBr (2005)
A produção, área colhida e rendimento do algodão em caroço na Bahia são
apresentados na Tabela 14.
Tabela 14: Produção de algodão em caroço na Bahia. Fonte: CONAB apud Rocha
(2005)
Ano/Safra Produção (ton) Área Colhida (mil ha) Rendimento (kg/ha)
1999/2000 130.300 57,9 2.250
2000/2001 159.500 55,0 2.900
2001/2002 176.900 70,2 2.520
2002/2003 284.800 86,3 3.300
2003/2004 675.450 197,5 3.420
2004/2005 804.195 233,1 3.450
A Figura 16 apresenta a distribuição do cultivo do algodão na Bahia.
Figura 16: Distribuição da mamona na Bahia. Fonte: Rocha (2005)
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Cadeia Produtiva de Oleaginosas na Bahia 58
O óleo de algodão é o óleo vegetal mais antigo produzido industrialmente,
tendo sido consumido em larga escala no Brasil, mas reduzido com o aumento da
produção de soja (Embrapa Algodão, 2005b). Dados da FAOSTAT apud
BiodieselBr (2005), mostram que a produção deste óleo, até a metade dos anos 70
foi destinada quase que inteiramente ao consumo interno, quando houve um
considerável aumento da produção seguido de, também expressivo, aumento das
exportações, conforme apresentado na Figura 17. Este período de alta ocorreu até
a metade da década de 80, quando a trajetória se reverteu chegando ao menor
nível de produção em 1997. Desse período aos dias atuais vem ocorrendo uma
trajetória de aumento na produção.
Figura 17: Produção/ exportação brasileira de óleo de algodão. Fonte: BiodieselBr (2005)
O Apêndice VII descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
algodão (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (plantio) e industriais (extração de óleo).
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6
Dados utilizados no Modelo de Simulação
Este capítulo apresenta os dados referentes às diferentes oleaginosas
analisadas dendê, mamona, soja e algodão que foram utilizados no modelo de
simulação. Também são apresentados os custos relativos à produção de biodiesel
utilizados no modelo.
Os valores adotados na simulação resultam da comparação entre dados
primários e dados secundários obtidos por entrevistas, visitas in loco, investigação
documental e revisão da literatura. Considera-se importante a comparação para
justificar os valores de custos adotados nas simulações. No entanto, o modelo de
simulação é flexível para que o usuário possa entrar com dados diferentes
daqueles adotados neste estudo.
De forma geral, o cenário agrícola é determinado pela produtividade da
oleaginosa. Assim, a produtividade no cenário otimista é maior que no cenário
provável, que por sua vez é maior que no pessimista. Da mesma forma, o teor de
óleo é o critério determinante dos cenários de extração e o custo total por litro o
dos cenários de biodiesel.
6.1.
Dendê
Esta seção apresenta dados de plantio e extração de óleo de dendê adotados
no simulador. Tais valores resultam da comparação entre dados levantados no
Baixo Sul e de estudos da Suframa/FGV (2003) e da Embrapa (2005).
A simulação foi feita com os dados referentes a uma planta de extração de
capacidade de processamento de 20.000 toneladas de cachos de dendê por ano
(pequeno porte), pois essa capacidade é equivalente à produção atual das
empresas produtoras de óleo de dendê no Baixo Sul. Hoje a produção da maior
empresa da região é de 10.000 toneladas de óleo por ano, com previsão de
produção de 20.000 toneladas em 2008.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 60
A área necessária para o projeto (planta de extração de 20.000 ton/ano),
considerando o cenário de produtividade de 22 ton por ha, seria de cerca de 1.000
ha. Levando-se em conta que são necessárias 145 mudas por ha, esta área
equivaleria a cerca de 145.000 mudas. Assim, as mudas plantadas em 2005 seriam
suficientes para atender ao projeto de produção de biodiesel analisado.
6.1.1
Produtividade Agrícola
Os dados de campo indicaram uma grande variação da produtividade de
acordo com a adubação e a idade da plantação. A Tabela 15 sintetiza as
produtividades de Tenera obtidas no Baixo Sul, conforme a idade e o nível de
adubação da plantação.
Tabela 15: Variação da produtividade do dendê no Baixo Sul
Produtividade Idade da plantação Observação
28 ton/ha/ano 24 anos
Com manutenção (tratos culturais) Adubação
com resíduo da extração de óleo-borra
17 ton/ha/ano 24 anos Sem reposição dos nutrientes de manutenção.
08 ton/ha/ano 23 anos Sem manutenção (tratos culturais)
20 ton/ha/ano 23 anos Com manutenção (tratos culturais)
22 ton/ha/ano 16, 17 e 18 anos Com manutenção (tratos culturais)
17 ton/ha/ano 20 anos Com manutenção (tratos culturais)
5 ton/ha/ano 20 anos Sem manutenção (tratos culturais)
Segundo fontes primárias, em média, a produtividade da espécie Tenera no
Baixo Sul ao longo do primeiro ano de produção (6º ano) fica entre 6 e 8
toneladas/ hectare/ ano. Entre o e o 16º ano a produtividade é maior ou igual a
20 toneladas/ hectare/ ano. As variações de produtividade de Tenera ao longo da
vida útil do dendê utilizadas nos estudos da Embrapa e da Suframa/FGV são
apresentadas na Figura 18.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 61
Variação da Produtividade
0
5
10
15
20
25
30
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Ano
Pr odutividade (to n/ha/ano)
Embrapa Suframa
Figura 18: Produtividade do dendê. Baseado em Suframa/FGV (2003) e Embrapa (2005)
Com base nos dados anteriormente descritos, optou-se por utilizar as
produtividades máximas apresentadas na Tabela 16 para os três cenários possíveis
(pessimista, provável e o otimista).
Tabela 16: Valores de produtividade máxima do dendê para diferentes cenários
Pessimista Provável Otimista
17 ton/ha/ano 22 ton/ha/ano 28 ton/ha/ano
Pelos dados de campo, não é absurdo considerar que uma plantação com
tratos culturais apropriados atinja valor máximo de produtividade e mantenha esse
valor ao final da sua vida útil. Assim, os três cenários adotam a produtividade
de 8 ton/ha no primeiro ano de produção e a máxima nos demais anos.
Nas empresas pesquisadas plantio de Tenera, mas a produção é
complementada em cerca de 40% com a espécie Dura, comprada de pequenos
produtores da região.
Para o cálculo do total de imposto pago por litro de biodiesel considera-se
que 40% da matéria-prima é proveniente da agricultura familiar e 60% da
agricultura intensiva. Assim, de acordo com a Tabela 5, o total de impostos se
igual a 40% x R$0,00 + 60% x R$0,151= R$0,0906 por litro, mais o ICMS.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 62
6.1.2
Preço da Oleaginosa
Os dados primários obtidos indicaram um preço de R$150,00/ton de cachos
de frutos frescos (CFF) entregue na brica de óleo (preço CIF
9
) ou R$120,00/ton
na região produtora (preço FOB).
O estudo da Embrapa considera um preço de R$90,00/ ton de CFF,
enquanto no da Suframa/FGV esse preço é de R$100,00/ ton de CFF.
De acordo com uma série de preços obtida no site da SEAGRI – BA, o valor
FOB da tonelada de cachos de dendê na entressafra chega a R$180,00, enquanto
na safra esse valor varia entre R$110,00 e R$130,00. Os dados da Tabela 17 são
apresentados em reais por tonelada e representam o valor predominante no mês
correspondente.
Tabela 17: Variação dos preços dos cachos de dendê. Fonte: SEAGRI – BA (2006)
Ano/ Mês Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul Ago
Set Out
Nov
Dez
2002
100 100
90 90 80 80 80 80 80 100
100
100
2003
100 100
100 140 150 150
158
170
170
170
195
215
2004
215 170
170 190 170 170
170
170
170
170
220
220
2005
160 160
140 145 145 180
180
110
130
130
130
140
2006
160 120
--- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
A série de preços da Tabela 17 demonstra que a cotação obtida por fontes
primárias está próxima ao valor médio das cotações na safra e na entressafra.
Assim, na simulação o preço de mercado considerado foi igual a R$150,00/ ton de
CFF entregue na fábrica de óleo (preço CIF). Este preço seusado como ponto
de partida nas simulações da cadeia semi-verticalizada (produção de óleo e
biodiesel), quando haverá compra do grão.
6.1.3
Custos Agrícolas
No primeiro ano de projeto são realizados investimentos em ativos fixos e
preparo da área para o plantio. Esses custos são descriminados a seguir.
Investimento Inicial: a estrutura de custos adotada neste trabalho considera o
investimento inicial em plantio composto por custos com: (1) Aquisição de
9
CIF - Cost, Insurance and Freight - custo, seguro e frete O transporte da mercadoria é pago
pelo vendedor. É um INCOTERM (Wikipédia, 2006).
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 63
terreno; (2) Obras civis e instalações prediais; (3) Equipamentos, Ferramentas,
Máquinas e veículos e (4) Outros Custos.
Segundo as entrevistas realizadas, o custo de aquisição de terreno no Baixo
Sul é de R$800,00 a R$1.200,00 por hectare para um dos entrevistados e de
R$1.300,00 por hectare para outro. Assim, foi usado na simulação um valor médio
de R$1.200,00.
Ainda de acordo entrevistados, o investimento por hectare em obras civis e
instalações prediais é de R$300,00 e em equipamentos, ferramentas, máquinas e
veículos é de R$3.000,00/ha.
No estudo da Suframa/FGV, o investimento total, excluindo o custo de
aquisição de terreno (pois o estudo foi feito para a Amazônia) foi de R$625,64/ha.
Dada a diferença apresentada nos valores, optou-se por adotar o custo da
Suframa/FGV sem o custo de terreno, pois este estudo apresenta valores
detalhados de equipamentos e ferramentas, sendo, portanto, mais confiável que a
estimativa obtida em campo.
Preparo da área: o custo de preparo da área é composto, essencialmente, por
despesas com mão-de-obra e horas de trator para o preparo da área a ser
plantada.
A Suframa/FGV considera esse custo igual a R$1.134,46/ha e a Embrapa
igual a R$1.484,00/ha. Como o estudo da Suframa/FGV foi realizado em 2003 e
considerando possíveis reajustes de preço, optou-se por adotar na simulação o
valor obtido pela Embrapa em 2005.
No segundo ano de projeto os principais custos envolvem o plantio. Assim,
é necessário incorrer em custos com a aquisição das mudas e mão-de-obra para o
plantio, além de materiais e insumos necessários à atividade. Esses custos são
apresentados a seguir.
Custo com aquisição de mudas: O custo unitário de aquisição das mudas
pode ser descrito por:
viveirono mudas/ha de
viveirono Custo/ha
viveiro-pré no asementes/h de
viveiro-pré no Custo/ha
+
Estes itens de custos o desmembrados e quantificados na Tabela 18 e na
Tabela 19 a seguir apresentadas, considerando dados de fontes primárias.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 64
Tabela 18: Custos no pré-viveiro - dendê
Fatores Dados complementares
Valor
(R$/ha)
Preparo da área com cobertura 704,44
Escavação de terriço com trator 2: 22 h x R$ 130,00 288,88
Mão-de-obra temporária: enchimento de sacos,
arrumação nos canteiros, semeio das sementes,
seguros, tributos e encargos.
13 homens/ ha 5.460,00
Mão-de-obra permanente (manutenção): irrigação,
monda, controle de pragas e doenças, seguros, tributos
e encargos.
1 homem/ ha 420,00
Aquisição de sementes pré-germinadas 68.000 x R$ 1,50/semente
102.000,00
Aquisição de sacos: 15 x 18 x 10 68 milheiros x R$ 12,00 816,00
CUSTO TOTAL
109.689,32
Tabela 19: Custos no viveiro - dendê
Fatores Dados complementares
Valor
(R$/ha)
Preparo da área com terraplanagem mecânica 12: 85 h x R$ 130,00 1.671,12
Escavação de terriço com trator 14: 00 h x R$ 130,00 1.820,00
Mão-de-obra temporária: enchimento de sacos,
balizamento da área, arrumação dos sacos nas balizas,
repicagem das mudas do pré-viveiro para o viveiro,
seguros, tributos e encargos.
25 homens/ ha 10.500,00
Mão-de-obra permanente (manutenção): irrigação,
monda, controle de pragas e doenças, controle de
ervas daninhas, seguros, tributos e encargos.
2,7 homens/ ha 1.134,00
Aquisição de sacos: 40 x 40 x 20 19.000 x R$ 140,00 2.660,00
Adubo químico, herbicida, equipamento de irrigação
etc.
10.880,00
CUSTO TOTAL
28.665,12
Assim, o custo por muda é igual a:
19.000
28.665,12
68.000
109.689,32
+
= R$3,12.
Esse custo foi determinado considerando o valor de mercado das sementes
pré-germinadas fornecidas pela Embrapa de Manaus (R$1,50/unidade).
Considerando a aquisição de sementes pré-germinadas da CEPLAC a um preço
subsidiado de R$0,22 por unidade para as agroindústrias (uma parceria com o
Governo Federal), o custo por muda cairia para R$1,84.
No caso de compra das mudas, a margem do produtor deve ser acrescida ao
custo da muda. A Embrapa considera um preço de R$5,00 por muda em seu
estudo, enquanto que no estudo da Suframa/FGV esse preço é de R$4,50 por
muda. No caso de compra das mudas foi usado no modelo o valor da Embrapa,
para simularmos a pior situação dentre as consideradas.
Tanto o estudo da Embrapa quanto o da Suframa/FGV assume que são
necessárias 145 mudas/ha. Esse número considera uma possível perda de mudas,
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 65
que a densidade recomendada é de 143 plantas/ha. Assim usaremos na
simulação a compra de 145 mudas/ha plantado. Dessa forma, os custos unitários
com aquisição das mudas para os três cenários são os apresentados na Tabela 20.
Tabela 20: Custos de aquisição de mudas de dendê para diferentes cenários
Pessimista Provável Otimista
R$ 5,00 R$ 3,12 R$ 1,84
Custo com plantio e tratos culturais: este fator de custo é composto por
despesas com mão-de-obra, materiais e insumos e com administração. Na
Tabela 21 e na Tabela 22 são apresentados os valores de cada um destes itens
de custo de acordo com a Embrapa e a Suframa/FGV, respectivamente.
Tabela 21: Custos de plantio e tratos culturais do dendê. Baseado em Embrapa (2005)
Fatores Ano 0
Mão-de-obra e Tratos culturais R$ 330,00
Materiais, insumos e combustíveis R$ 764,50
Despesas administrativas R$ 228,59
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 1.323,09
Tabela 22: Custos de plantio/tratos culturais do dendê.Baseado em Suframa/FGV (2003)
Fatores Ano 0
Mão-de-obra e Tratos culturais R$ 399,50
Materiais, insumos e combustíveis R$ 932,94
Despesas administrativas -
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 1.332,44
Como os valores são muito próximos, optou-se por usar na simulação o
maior custo, apenas por conservadorismo.
Do terceiro ao quinto ano de projeto fase de crescimento do dendezeiro,
ainda sem produção – os custos com tratos culturais e insumos são maiores.
Segundo entrevistados, o custo por hectare referente aos 3 anos de tratos
culturais antes do início da produção é igual a R$5.187,00 e é distribuído entre os
anos segundo a proporção apresentada na Tabela 23.
Tabela 23: Custos por hectare com tratos culturais no período sem produção - dendê
Fatores Ano 1 Ano 2 Ano 3
Mão-de-obra e Tratos culturais R$ 1.266,00
R$ 810,00
R$ 810,00
Materiais, insumos e combustíveis R$ 921,00
R$ 510,00
R$ 624,00
Despesas administrativas (aprox. 5% do total) R$ 108,00
R$ 66,00
R$ 72,00
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 2.295,00
R$ 1.386,00
R$ 1.506,00
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 66
No estudo da Embrapa o custo por hectare referente ao mesmo período é de
R$2.394,53 e a distribuição entre os anos é apresentada na Tabela 24.
Tabela 24: Custos por ha com tratos culturais no período sem produção - dendê
Fatores Ano 1 Ano 2 Ano 3
Mão-de-obra e Tratos culturais R$ 282,00
R$ 252,00
R$ 216,00
Materiais, insumos e combustíveis R$ 417,50
R$ 447,50
R$ 516,60
Despesas administrativas R$ 76,95
R$ 76,95
R$ 109,03
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$776,45
R$ 776,45
R$ 841,63
Optou-se por usar os dados primários no modelo, mesmo com a diferença
em relação aos da Embrapa, pois os dados de campo foram detalhados por itens de
custo, mostrando-se, portanto, bastante confiáveis. Além disso, nota-se também
que as diferenças se concentram nos custos com mão-obra e insumos, que variam
de acordo com a região e o tipo de solo cultivado.
A fase produtiva do dendezeiro tem início no sexto ano de projeto, quando
os custos com tratos culturais e insumos diminuem substancialmente.
De acordo com os dados de campo, o custo anual por hectare referente aos
anos de produção é igual a R$1.323,00 nos anos 4 -5 e entre os anos 17-25. Entre
o 6º e o 16º há uma redução de 20% nos custos. A Tabela 25 mostra a distribuição
destes custos entre diferentes itens.
Tabela 25: Distribuição anual dos custos de produção do dendê por hectare
Fatores Anos 4,5 e 17-25 Anos 6-16
Mão-de-obra e Tratos culturais R$ 1.260,00
R$ 1.008,00
Despesas administrativas (aprox. 5% do total) R$ 63,00
R$ 50,4
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 1.323,00
R$ 1.058,40
6.1.4
Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos
A Tabela 26 apresenta os percentuais dos produtos obtidos no processo de
prensagem dos cachos de dendê para a produção do óleo. São mostrados os dados
primários obtidos com duas empresas e os dados utilizados no estudo da
Suframa/FGV.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 67
Tabela 26: Percentuais e preços dos produtos obtidos na prensagem do dendê
Dados Pririos
Produto Fatores Empresa A Empresa B Suframa/FGV
Teor de óleo - MÍNIMO 18,0%
20,0%
-----
Teor de óleo - MÉDIO 20,0%
22,0%
22,0%
Teor de óleo - MÁXIMO 23,0%
-----
25,0%
Óleo de palma
Preço do Óleo (R$/ton) -----
-----
R$ 1.500,00
Teor de óleo - MÍNIMO 2,0%
1,50%
Teor de óleo - MÉDIO 2,3%
1,75%
2,00%
Teor de óleo - MÁXIMO 2,5%
2,0%
-----
Óleo de palmiste
Preço do Óleo (R$/ton) R$ 2.000,00
R$ 1.690,00
R$ 1.300,00
Teor de torta (%) 2,8%
3,0%
3,03%
Torta de palmiste
Preço da Torta (R$/ton) R$ 180,00
R$ 200,00
R$ 500,00
% de cachos 35%
40%
-----
Cachos Vazios
Preço dos cachos (R$/ton)
30,00
-----
-----
Os percentuais e os preços dos produtos obtidos para os três cenários, o
apresentados na Tabela 27.
Tabela 27: Cenários de preços e % dos produtos obtidos na prensagem do dendê
Fatores Pessimista Provável Otimista
Teor de óleo de palma 20% 22% 28%
Preço do óleo de palma (R$/ton) 1.500,00 1.500,00 1.500,00
Teor de óleo de palmiste 1,50% 2,00% 2,50%
Preço do óleo de palmiste (R$/ton) 1.690,00 1.690,00 2.000,00
Teor de torta de palmiste 2,80% 3,00% 3,00%
Torta de palmiste (R$/ton) 180,00 180,00 200,00
% de cachos obtidos 35% 35% 35%
Preço dos cachos vazios (R$/ton) 0 0 30,00
A visão otimista se baseia em entrevista realizada, segundo a qual, 28 a 30%
de óleo podem ser obtidos na prensagem do dendê se utilizado o processo de
extração por solvente. É importante ressaltar que, de acordo com especialistas,
consegue-se até 45% de óleo em extrações em bancada. Assim, 28% de óleo é um
valor factível de se atingir.
O preço do óleo de palma (dendê) será usado como ponto de partida nas
simulações da cadeia desverticalizada (apenas produção de biodiesel), quando
haverá compra do óleo.
6.1.5
Custos de Extração de Óleo
De acordo com os dados de fontes primárias, são apresentados na Tabela 28
os valores de investimento e custos operacionais para diferentes portes de planta.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 68
Tabela 28: Investimentos e custos operacionais para o dendê
Porte da Usina
Fatores
Pequena Média Grande
Capacidade instalada (ton de CFF/ano) 18.000 - 36.000 36.000 - 72.000 72.000 ou +
Tempo de implantação da usina (meses) 12 15 18
INVESTIMENTO INICIAL
Aquisição de terreno
Obras civis, instalações prediais R$ 800.000,00 R$ 1.200.000,00 R$ 2.000.000,00
Equipamentos, Ferramentas, quinas e
veículos
R$ 1.800.000,00 R$ 4.000.000,00 R$ 18.000.000,00
Materiais e insumos R$ 1.000,00 R$ 2.000,00 R$ 3.000,00
Mão-de-obra R$ 408,00 R$ 750,00 R$ 1.100,00
Investimento Total (em R$) R$ 2.601.408,00 R$ 5.202.750,00 R$ 20.004.100,00
CUSTOS OPERACIONAIS
Mão-de-obra R$ 30,00 R$ 20,00 R$ 10,00
Controle de qualidade do óleo R$ 1,60 R$ 1,50 R$ 1,40
Materiais e insumos R$ 180,00 R$ 175,00 R$ 160,00
Manutenção/ conservação R$ 10,00 R$ 8,00 R$ 7,00
Custo total (R$/ por ton de CFF) R$ 221,60 R$ 204,50 R$ 178,40
O estudo da Suframa/FGV considera valores de investimentos da Tabela 29.
Tabela 29: Investimentos da usina de prensagem de dendê. Fonte: Suframa/FGV (2003)
Fatores Custos
Capacidade instalada (ton de CFF/ano) 38.000
INVESTIMENTO INICIAL
Aquisição de terreno
Obras civis, instalações prediais R$ 1.104.925,00
Equipamentos, Ferramentas, Máquinas e veículos R$ 9.347.079,60
Materiais e Insumos 880.789,72
Mão-de-obra
Investimento total R$ 11.332.794,32
De acordo com a classificação estabelecida na Tabela 28, os valores da
Suframa/FGV se referem a uma usina de médio porte. Ao comparar o total de
investimentos da fonte primária com os da Suframa/FGV para a usina de porte
médio, encontrar-se uma diferença superior a 6 milhões de reais.
Considerando a dificuldade de se obter dados mais precisos, adotou-se na
simulação os valores de investimentos obtidos em campo para os cenários
pessimista e provável e os da Suframa/FGV para o cenário otimista. O custo mais
alto do cenário otimista se justifica pela necessidade de se incorrer em
investimentos maiores em tecnologias melhores para se obter um maior teor de
óleo. Como o critério de formação dos cenários se baseia no teor de óleo, esta
escolha se mostra coerente.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 69
Como já dito, foram utilizados na simulação os dados referentes a uma usina
de pequeno porte (20.000 toneladas de cachos por ano) e não de médio porte
(38.000 toneladas de cachos por ano) como a apresentada no estudo da
Suframa/FGV. Assim, o valor do investimento adotado para o cenário otimista
considera as proporções de aumento e diminuição dos investimentos por porte de
usina apresentados na Tabela 28. Desta forma, tem-se estimativas de investimento
para outras capacidades, tomando por base o investimento de R$11.337.794,32
para capacidade instalada de 38.000 ton de CFF/ano, do estudo da Suframa/FGV.
Os investimentos para os cenários pessimista e provável e os custos
operacionais para os três cenários adotados na simulação, se basearam nos dados
de campo apresentados na Tabela 28 para uma usina de pequeno porte.
A Tabela 30 sintetiza os valores de investimento e custos operacionais
associados a cada teor de óleo adotado na simulação.
Tabela 30: Cenários de investimentos na extração de óleo de den
Pessimista Provável Otimista
Teor de óleo 20% 22% 28%
Total de Investimentos R$ 2.601.408,00 R$ 2.601.408,00 R$ 5.666.396,80
Custos Operacionais R$ 221,60 R$ 221,60 R$ 221,60
No caso do dendê, conforme descrito por Sande (2002), nos meses de julho
a outubro as empresas de extração de óleo do Baixo Sul funcionam com apenas
30% da capacidade, devido à falta de matéria-prima. Assim, durante estes quatro
meses do ano 70% de ociosidade, o que equivale a uma ociosidade anual de
23,3%
10
.
6.2.
Soja
Esta seção apresenta dados de plantio e extração de óleo de soja adotados na
simulação. Os valores foram determinados a partir da comparação entre dados de
campo obtidos em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães e de estudos da EBDA, da
Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro), da
CONAB, da AgroByte e da Granol.
10
Igual a 1 – ((12-4*0,7)/12)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Dados utilizados no Modelo de Simulação 70
A simulação foi feita com os dados referentes a uma planta de extração de
capacidade de processamento de 1.440.000 toneladas de grãos de soja por ano
(grande porte), capacidade equivalente a maior empresa produtora de soja do
oeste baiano.
A área necessária para o projeto (planta de extração de 1.440.000 ton/ano),
considerando o cenário de produtividade de 2,7 ton por ha, seria de cerca de 534
mil ha. Assim, a área colhida em 2004/2005 (870.000 ha) seria suficiente para
atender ao projeto de produção de biodiesel analisado.
6.2.1
Produtividade Agrícola
A Tabela 31 sintetiza as produtividades de soja obtidas em diversas regiões
do país, de acordo com estudos de diferentes fontes.
Tabela 31: Variação da produtividade da soja em diferentes locais
Produtividade
(ton/ha)
Local Sistema de produção Fonte
3,00 BA Convencional EBDA
2,40 RS Convencional
FecoAgro apud Medeiros
(2004)
3,00 Convencional Agrobyte (2005)
3,00
Não
mencionado
Direto Agrobyte (2005)
3,00 Brasília Direto
2,40 Convencional
2,70
Campo Mourão
PR
Direto
3,00 Londrina - PR Direto
2,40 MS Direto
3,00 MT Direto
3,00 MT Convencional
3,00 GO Direto
2,70 MG Direto
2,34 RS Direto
CONAB (2005)
Estes dados mostram que a produtividade na Bahia é uma das maiores do
país. Segundo dados primários, a produtividade média da soja no oeste baiano em
2005 ficou entre 2,28 ton/ha (38 sacas/ha)
11
e 2,7 ton/ha (45 sacas/ha). Houve
áreas em que a produtividade chegou a 2,88 ton/ha (48 sacas/ha). Estes dados são
inferiores à produtividade de 3 ton/ha (50 sacas/ha), apresentada no estudo da
EBDA.
11
1 saca = 60 kg
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 71
Com base nos dados acima, optou-se por utilizar as produtividades
apresentadas na Tabela 32 para os três cenários possíveis (pessimista, provável e o
otimista).
Tabela 32: Valores de produtividade máxima da soja para diferentes cenários
Pessimista Provável Otimista
2,28 ton/ha/ano 2,7 ton/ha/ano 3 ton/ha/ano
Nota-se que o rendimento Provável considerado na simulação corrobora o
valor apresentado por Rocha (2005), conforme mostrado na Tabela 9.
O valor do imposto pago por litro foi calculado, sob a premissa de que
100% da matéria-prima é proveniente da agricultura intensiva, que é o caso da
cultura da soja no oeste baiano. Assim, de acordo com a Tabela 5, o total de
impostos será igual a R$0,222 por litro, mais o ICMS.
6.2.2
Preço da Oleaginosa
Por ser uma commodity, o grão de soja é cotado na Bolsa de Chicago. Os
preços no Brasil guardam relação direta com os internacionais e são praticados em
estreita sintonia com a Bolsa de Chicago. Os preços pagos ao produtor são
baseados no preço internacional, descontados os valores referentes a frete e
impostos, que levam ao chamado preço de internalização ou de paridade (De
Paula e Faveret Filho, 1998).
As cotações anuais médias deste grão na bolsa de Chicago são apresentadas
na Tabela 33, em US$/tonelada.
Tabela 33: Cotações anuais médias dos grãos de soja na bolsa de Chicago (em
US$/ton). Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) apud Abiove (2006)
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
226 245 220 279 294 234 179 190 174 190 216 280 238
A média destas cotações resulta num total de US$228,00/tonelada.
Considerando a cotação do dólar de 23/03/2006 (1US$ = R$2,1506), o preço
médio da tonelada é igual a R$490,50 - o que equivale a aproximadamente
R$29,00/saca.
Os baixos níveis dos estoques internacionais, a queda na safra mundial em
2003 e o aumento do consumo da soja nos países asiáticos, especialmente na
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Dados utilizados no Modelo de Simulação 72
China, provocaram forte elevação dos preços nos mercados externo e interno. De
agosto de 2003 até o semestre de 2004, a cotação da soja na Bolsa de Chicago
subiu 85%, resultando num expressivo aumento no preço cotado para a saca de 60
kg de soja em Barreiras (Bahia Invest, 2005).
O histograma apresentado Figura 19 representa a variação das cotações
diárias em reais por saca de soja em Barreiras de 2002 a 2006. Verifica-se uma
maior concentração de cotações entre R$ 25,00 e 30,00 por saca.
0
50
100
150
200
250
300
Frequência (dias)
até 20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50
Faixas de preço
Cotações de Grãos de Soja
Figura 19: Cotação da soja em Barreiras - BA (em R$/ton). Fonte: SEAGRI – BA (2006)
De acordo com dados primários, o preço FOB da saca de soja varia entre
R$20,00 e R$50,00, o que corrobora os dados apresentados na Figura 19.
Dada a oscilação de preços apresentada, será considerado na simulação o
preço-base de R$29,00/ saca, que é o preço médio das cotações na bolsa de
Chicago. Este valor está compreendido no intervalo de variação de preços obtidos
por dados primários e corresponde a cerca de 5% da amostra utilizada para
compor o histograma da Figura 19.
6.2.3
Custos Agrícolas
A Tabela 34 apresenta os investimentos por hectare necessários ao cultivo
da soja no primeiro ano de um projeto de extração de óleo, de acordo com fontes
primárias.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Dados utilizados no Modelo de Simulação 73
Tabela 34: Investimento inicial para o plantio de soja
Fatores R$/ha
Aquisição de terreno R$ 1.000,00
Obras civis, instalações prediais R$ 500,00
Equipamentos, Ferramentas, Máquinas e veículos R$ 800,00
Outros Custos (ITR, Licenças, Alvarás etc.) R$ 10,00
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 2.310,00
A partir do segundo ano de projeto custos relacionados ao plantio e à
colheita. O custo de aquisição de sementes é proporcional à quantidade de
sementes por hectare e ao preço da semente. Segundo dados da EBDA, o preço da
semente é de R$2,00/ kg e são necessários 80 kg de sementes/ ha, o que resulta
num custo total de R$160,00/ ha com aquisição de sementes. no estudo da
Agrobyte foi considerado um custo de aquisição das sementes de R$1,36/ kg e a
densidade de 70 kg de sementes/ha, resultando num custo total de R$95,20/ ha.
Para efeitos de simulação foi utilizado o preço da EBDA nos cenários pessimista e
provável e o da Agrobyte no cenário otimista, mantendo a densidade de 80 kg de
sementes por hectare fornecida pela EBDA. Os valores adotados para cada
cenário são sintetizados na Tabela 35.
Tabela 35: Componentes do custo de aquisição de sementes de soja.
Pessimista Provável Otimista
80 kg de sementes/ ha 80 kg de sementes/ ha 80 kg de sementes/ ha
R$ 2,00/ kg R$ 2,00/ kg R$ 1,36/ kg
Para os custos com materiais e insumos, preparo da área, mão-de-obra e
despesas administrativas serão adotados os valores do estudo da EBDA. Estes
custos são apresentados na Tabela 36.
Tabela 36: Custos operacionais para o plantio da soja. Fonte: EBDA (2005)
Fatores R$/ha
Materiais e Insumos R$ 672,40
Preparo da área (nivelamento, gradagem, capina, análise do solo) R$ 99,00
Mão-de-obra para plantio, tratos culturais + colheita + beneficiamento R$ 197,00
Despesas administrativas R$ 39,00
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 968,40
6.2.4
Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos
No processo de extração do óleo bruto é gerado também o farelo de soja. Na
Tabela 37 são mostrados rendimentos do processo de acordo com dados de campo
de duas empresas do oeste da Bahia e de dados de um estudo da Bunge (2004).
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 74
Tabela 37: Rendimentos do processo de produção de óleo de soja
Dados Primários
Produto
Fatores
Empresa A
Empresa B
Bunge (2004)
Teor de óleo - MÍNIMO 17,5%
-----
-----
Teor de óleo - MÉDIO 19,5%
20,0%
18,5%
Óleo de soja
Teor de óleo - MÁXIMO
21,0%
-----
-----
Farelo de soja
Quantidade de farelo (%)
80,0%
75,0%
78,0%
Casca
Quantidade de casca (%)
-----
5,0%
3,50%
Dada a variação de rendimentos apresentada acima, optou-se por variar
estes rendimentos na simulação de acordo com o cenário escolhido. Os valores
adotados para cada cenário são apresentados na Tabela 38. O cenário otimista é o
que maximiza a receita.
Tabela 38: Rendimentos para diferentes cenários.
CENÁRIOS
Item Pessimista Provável Otimista
Óleo de soja 17,5% 18,5% 21,0%
Farelo de soja 75% 78% 75%
Casca 7,5% 3,5% 4%
Segundo dados primários, o preço da tonelada de casca é igual a R$165,00.
As cotações anuais médias do óleo de soja e do farelo na bolsa de Chicago
são apresentadas na Tabela 39, em US$/tonelada.
Tabela 39: Cotações anuais médias do óleo e do farelo de soja na bolsa de Chicago (em
US$/ton). Fonte: SECEX apud Abiove (2006)
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Óleo 416 546 596 535 530 609 441 335 306 402 496 549 462
Farelo
192 186 173 243 268 167 144 176 183 176 191 226 199
A cotação média do óleo de soja no período é de aproximadamente
US$478,70/tonelada. Considerando a cotação do dólar de 23/03/2006 (1US$ =
R$2,1506), o preço médio da tonelada de óleo bruto é igual a R$1.029,50.
Segundo dados da Uniamérica Online (2006), o preço FOB do óleo de soja
bruto em fevereiro era de US$473,00/ tonelada em Paranaguá e US$462,70/
tonelada na Argentina. Estes valores são próximos da cotação média obtida de
acordo com os dados da bolsa de Chicago (US$478,70/ tonelada), que foi
escolhido como o preço de mercado a ser utilizado na simulação.
Na análise de tendências de preços que se fazer a separação entre o
complexo grão-farelo e o óleo, pois este último têm dinâmica diferenciada. O
farelo segue as mesmas tendências do grão, pois não tem no mercado, como fonte
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 75
protéica para ração animal, concorrentes de peso, sendo o preço do grão o
determinante para o farelo. Já o óleo sofre a concorrência dos diversos tipos de
óleos vegetais, seja para uso basicamente doméstico (colza, girassol e oliva) ou
misto, como palma, algodão, coco e amendoim. Desta maneira, seu preço sofre a
influência da oferta de outros óleos, além da atividade industrial do setor de
alimentos (De Paula e Faveret Filho, 1998). A Figura 20 apresenta a relação entre
o preço do grão e do farelo de soja - valores em US$ por ton.
Comparação da Cotaçao do Grão e do Farelo de Soja -
Valores da Bolsa de
Chicago
0
50
100
150
200
250
300
350
400
jan/02
mar/02
mai/02
jul/02
set/02
nov/02
jan/03
mar/03
mai/03
jul/03
set/03
nov/03
jan/04
mar/04
mai/04
jul/04
set/04
nov/04
jan/05
mar/05
mai/05
jul/05
set/05
nov/05
Mês/Ano
US$/Ton
Grão
Farelo
Figura 20:Comparação de cotações do farelo e do grão de soja. Fonte: Abiove (2006)
Percebe-se no gráfico uma correlação entre o preço do farelo e o preço do
grão. Assim foi feita uma regressão para determinar a correlação entre estes
preços. Os resultados da regressão são expressos na Tabela 40.
Tabela 40: Estatística de regressão
Estatística de regressão
R múltiplo 0,999087
R-Quadrado 0,998175
R-quadrado ajustado 0,976899
Erro padrão 10,13646
Observações 48
Percebe-se uma forte correlação entre as 2 variáveis, como pode ser visto
pelo valor elevado do R-Quadrado. Em forma de equação, a regressão obtida é a
seguinte: Preço/ton de grão = 1,07 * Preço/ton de farelo. Esta correlação foi
usada na simulação da cadeia da soja para a determinação do preço do farelo.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 76
De acordo com os dados da Tabela 39, a cotação média do farelo é de
aproximadamente US$194,15/tonelada, o que equivale a R$417,54 (1US$ =
R$2,1506).
Conforme já dito, o preço de mercado do grão de soja adotado na simulação
foi de R$490,50 por tonelada. A divisão deste valor pelo preço médio do farelo
(R$417,54) é igual a 1,17. Como tais valores são resultado da média das cotações
médias anuais de grão e farelo, a diferença de 0,10 entre o resultado da divisão e o
obtido na equação de regressão se justifica.
6.2.5
Custos de Extração de Óleo
De acordo com a Granol (2005), a agroindústria brasileira de soja operou
com cerca de 12,2% de ociosidade em 2004. Este estudo previu uma ociosidade
de 8% para o ano de 2005. No entanto, de acordo com dados primários, as
fábricas ficam paradas na entressafra por, em dia, dois meses. Assim a
ociosidade anual considerada será de 16,67%
12
.
Os dados de fontes primárias indicaram um custo operacional de R$17,00
por tonelada. Este valor inclui os custos industriais e do solvente, mas não
considera o custo com a compra de grãos.
A Tabela 41 apresenta as principais características operacionais das
empresas produtoras de óleo de soja divididas por faixa de capacidade. É
importante lembrar que, de acordo com a Granol (2005), 40% do parque brasileiro
situa-se na faixa de 600 ton/ 24 h até 1.500 ton/ 24 h e outros 45%, na faixa de
1.500 ton/ 24h até 3.000 ton/ 24 h.
12
Igual a 1 – (10/12)
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 77
Tabela 41: Características das empresas produtoras de óleo. Fonte: Granol (2005)
Variável
Melhores na Faixa
600 – 1500 ton/ 24h
Melhores na Faixa
1500 – 3500 ton/ 24h
Melhores Globais
(Independente da
faixa de
capacidade)
Capacidade diária 1.500 ton/ 24h 3.000 ton/ 24h 8.000 ton/ 24h
Óleo residual (%) 0,5 0,4 0,4
Rendimento Óleo (%) 19,5 19,5 19,5
Rendimento Farelo (%) 78,5 78,5 78,5
Consumo de Hexano
(litros/ ton)
< 1,5 < 1,0 < 1,0
Consumo de energia
KWH/ton
< 40 < 35 < 30
Mão-de-obra Hh/ton < 0,50 < 0,35 < 0,10
Custo de
Industrialização
US$/ton
(2)
< 8,0 < 6,0 < 4,0
Notas: (1) Relacionado com custos de cada tipo de combustíveis (Biomassa).
(2) Excluídas depreciações e despesas administrativas.
A Tabela 41 apresenta um custo de industrialização de US$6,00/tonelada
para uma faixa de capacidade semelhante à da empresa fornecedora do dado de
custo operacional supracitado. Considerando a cotação do dólar de 23/03/2006
(1US$ = R$2,1506), o custo de industrialização é igual a R$12,90 por tonelada.
Este custo é menor que o dado primário obtido, mas dada as dificuldades
logísticas do oeste baiano, considera-se razoável o valor de R$ 17,00 por tonelada.
Ainda de acordo com dados primários, os itens de custo componentes do
custo industrial podem ser assim a classificados em ordem decrescente: (1)
Combustíveis e energia elétrica, (2) Mão-de-obra; (3) Manutenção e conservação
de equipamentos, (4) Materiais e Insumos, (5) Despesas administrativas, (6)
Impostos e (7) Controle de qualidade.
Segundo dados primários, há um consumo aproximado de 1 litro de solvente
(hexano) por tonelada de soja processada. Este valor é o mesmo apresentado na
Tabela 41 para os melhores da faixa de capacidade da empresa fornecedora do
dado. O preço médio do solvente é de R$1,40/L.
Em relação ao investimento inicial, de acordo com dados de campo, estima-
se um custo de R$30 milhões para uma planta com capacidade de processamento
de 4.000 ton/dia. Este custo inclui investimentos em obras civis, instalações
prediais, além de equipamentos, ferramentas, máquinas necessários ao processo
produtivo.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 78
6.3.
Mamona
Esta seção apresenta os dados de plantio e extração de óleo de mamona
utilizados na simulação. Para a determinação destes valores, foram comparados
dados primários obtidos nas duas maiores empresas produtoras de óleo de
mamona do Brasil e estudos da EBDA e da CONAB.
A simulação foi feita com os dados referentes a uma planta de extração de
capacidade de processamento de 151.200 toneladas de bagas por ano, capacidade
equivalente a de uma empresas produtoras de óleo de mamona na Bahia.
A área necessária para o projeto (planta de extração de 151.200 ton/ano),
considerando o cenário de produtividade de 1,5 ton por ha, seria de cerca de
100.800 ha. Assim, a área colhida em 2004/2005 (172.000 ha) seria suficiente
para atender ao projeto de produção de biodiesel analisado.
6.3.1.
Produtividade Agrícola
No caso dos pequenos produtores de mamona na Bahia, o plantio é quase
sempre consorciado ao feijão, mesmo com a queda na produtividade da mamona
devido ao consórcio. No entanto, é importante ressaltar que a mamoneira admite
consórcio com outras plantas.
Os cenários da simulação foram determinados a partir de estudos da EBDA
(2005) para plantio consorciado e não consorciado com feijão, conforme descrito
na Tabela 42 e na Tabela 43. No caso de consórcio, são também mostradas as
produtividades do feijão para cada cenário. A escolha dos cenários foi feita com
base na produtividade da mamona. Assim, a produtividade do cenário otimista é a
maior e a do cenário pessimista a menor.
Tabela 42: Cenários de produtividade da mamona para plantio não consorciado
Pessimista Provável Otimista
0,60 ton/ha/ano 1,50 ton/ha/ano 2,40 ton/ha/ano
Tabela 43: Cenários de produtividade da mamona e do feijão para plantio consorciado
Pessimista Provável Otimista
Mamona 0,60 ton/ha/ano 1,20 ton/ha/ano 1,50 ton/ha/ano
Feijão 0,60 ton/ha/ano 0,72 ton/ha/ano 0,96 ton/ha/ano
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 79
Tanto para o caso consorciado quanto para o não consorciado, o cenário
pessimista corresponde à produção em Irecê sem adubação e o cenário provável,
em Irecê com adubação. O cenário otimista não consorciado se refere à produção
adubada no Cerrado e o consrciado, à produção adubada em Angical. Assim, o
cenário otimista corresponde à produção adubada em um lugar diferente dos
demais, e que apresente uma produtividade maior que a dos outros cenários.
O valor do imposto pago por litro de biodiesel foi calculado sob a premissa
de que 100% da matéria-prima é proveniente da agricultura familiar, que é o caso
da cultura da mamona. Assim, de acordo com a Tabela 5, haverá desoneração de
PIS/PASEP, COFINS, CIDE e IPI, restando apenas o pagamento de ICMS.
6.3.2.
Preço da Oleaginosa
Foi adotado um preço único para o feijão nos três cenários, igual ao preço
médio nos últimos 12 meses na Bahia (R$ 70,00/saca), conforme apresentado por
Ruas (2006) - Tabela 44.
Tabela 44: Preço do feijão (R$/saca). Fonte: Ruas (2006)
PERÍODOS ANTERIORES
Produto UND. UF SAFRA
12 meses 4 semanas 1 semana
Semana
Atual
Preço
mínimo (*)
SP Nov/Out 80,00 90,00 90,00 88,00 47,00
PR Nov/Jun 75,90 80,70 80,60 79,71 47,00
Anão
Cores
60
kg.
BA Jul/Nov 70,00 80,00 80,00 75,00 47,00
O histograma da Figura 21 apresenta a variação das cotações diárias em
reais da saca de mamona em Irecê de 2002 a 2006.
Cotações da saca de mamona (60 kg)
0
50
100
150
200
250
Até
30
30-
35
35-
40
40-
45
45-
50
50-
55
55-
60
60-
65
65-
70
70-
75
75-
80
80-
85
Faixas de Preço (R$/saca)
Frequência (dias)
Figura 21: Variação das cotações da mamona em Irecê. Fonte: SEAGRI – BA (2006)
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 80
Verifica-se uma maior concentração das cotações na faixa de preço de até
R$30,00. No entanto, dada a grande oscilação de preços apresentada, optou-se por
adotar como preço-base, o preço médio nos últimos 12 meses em Irecê, conforme
apresentado em Macêdo (2006) - Tabela 45 .
Tabela 45: Preço da mamona em Irecê (R$/saca). Fonte: Macêdo (2006)
PERÍODOS
ANTERIORES
SEMANA ATUAL
Centro de
Produção
UND.
12
meses
1
mês
1 semana
Média
Atual
Composto
atacado
Preço
Mínimo
Irecê
60
kg.
36,00 31,00 30,50 29,00
32,96 (*) 33,56
(*) Nota: Salvador/BA
6.3.3
Custos Agrícolas
Os custos de investimento foram obtidos por fontes primárias e são
apresentados na Tabela 46.
Tabela 46: Investimento inicial para o plantio de mamona
Fatores R$/ha
Aquisição de terreno R$ 1.000,00
Obras civis, instalações prediais, equipamentos,
ferramentas, máquinas e veículos
R$ 1.300,00
Outros Custos R$ 10,00
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 2.310,00
São apresentados na Tabela 47 os custos necessários à operação da
plantação nos casos de plantio consorciado e não consorciado. De acordo com
estudos da EBDA (2005), estes custos são associados às produtividades
apresentadas na Tabela 42 e na Tabela 43. Os custos para o cenário otimista são
maiores que os do cenário pessimista, pois é necessário incorrer em custos
maiores para se obter maiores produtividades.
Tabela 47: Custos operacionais para o plantio da mamona
Não Consorciado Consorciado
Cenários Pessimista
Provável
Otimista Pessimista Provável Otimista
Materiais e Insumos
R$123,50 R$419,74
R$834,60 R$224,50 R$500,90 R$653,94
Preparo da área
R$100,00 R$115,00
R$131,00 R$116,00 R$115,00 R$131,00
Mão-de-obra
R$137,00 R$157,00
R$210,00 R$234,00 R$272,00 R$246,00
Despesas administrativas
R$39,00 R$39,00 R$39,00 R$39,00 R$39,00 R$39,00
Total dos Custos
R$399,50 R$730,74
R$1.214,60
R$613,50 R$926,90 R$1.069,94
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 81
6.3.4
Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos
A Tabela 48 apresenta os rendimentos do processo de obtenção de torta e
óleo de mamona de acordo com dados de campo.
Tabela 48: Rendimentos do processo de extração de óleo de mamona
Produtos Pessimista Provável Otimista
Óleo de mamona 41% 43% 45%
Torta 55% 54% 53%
Perda 4% 3% 2%
Segundo entrevistados, cerca de 25% do peso das sacas de mamona
compradas são impurezas, assim, para se chegar ao total de óleo e torta
produzidos o sistema multiplica o total de bagas compradas por 0,75.
Para a determinação do preço-base do óleo de mamona, são apresentadas na
Figura 22 os preços médios deste óleo na Bolsa de Roterdã de 1986 a 2003.
Figura 22: Cotações do óleo de mamona em Roterdã. Baseado em dados do Oil World
Pelas cotações apresentadas na Figura 22, o preço médio no referido período
é de US$886,00/ton, o que equivale a aproximadamente R$1.905,43/ton (1US$ =
R$2,1506). Este foi o preço-base adotado na simulação.
De acordo com dados de campo, a torta de mamona vem apresentando
grande oscilação de preços na Bahia. Então, para compor os cenários da
simulação, utilizou-se os preços mínimo, médio e máximo da torta do decorrer do
último ano. Estes dados são apresentados na Tabela 49.
Tabela 49: Preços da torta de mamona
Pessimista Provável Otimista
Torta de mamona R$ 190,00/ton R$ 300,00/ton R$ 390,00/ton
Preços do óleo de Mamona na Bolsa de Roterdã
400
600
800
1000
1200
1400
1986
198
8
1990
1992
199
4
1996
1998
2000
2002
Anos
Preço Médio (US$/ton)
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 82
6.3.5
Custos de Extração de Óleo
Os custos operacionais do processo de produção de óleo foram
determinados sob a premissa de que a fábrica apresenta sazonalidade bem
definida, com 6 meses de alta utilização da capacidade instalada e seis meses de
baixa. Segundo entrevistados, as fábricas de óleo de mamona funcionam com uma
alta taxa de ociosidade devido tanto à falta de matéria-prima quanto de demanda,
em decorrência da competição indiana. Assim, nem mesmo durante a safra
ocupação total da capacidade da fábrica, apesar de haver uma redução da
ociosidade. Ainda de acordo com os dados obtidos, na fase de alta sazonalidade a
ociosidade é de 23,80%, enquanto que na baixa sazonalidade este percentual
chega a 60,71%. Isto implica em uma ociosidade anual de 42,26%
13
. Para uma
fábrica de capacidade instalada de 420 toneladas de bagas/dia, os custos
operacionais são de US$140,00/ton na época de baixa sazonalidade e na alta
sazonalidade este custo se reduz para US$90,00/ton.
Desta maneira, o custo operacional médio ponderado pela taxa de utilização
da fábrica é:
Custo operacional médio = 140* 0,5*(1-60,71%) + 90*0,5(1-23,80%) = US$ 61,79/ ton
Considerando 1US$ = R$2,1506, o custo operacional seria igual a
R$132,89.
No entanto este custo se refere a todo o processo de produção de óleo de
mamona, incluindo etapas de refinamento do óleo. De acordo com dados de
campo, esses custos são reduzidos em 40% no caso da produção de óleo
degomado, que é o óleo necessário para biodiesel. Assim, o custo operacional
adotado na simulação é igual a R$79,74/ ton de bagas.
Pelos dados obtidos em campo, o investimento inicial necessário para uma
fábrica com capacidade de esmagamento de 420 toneladas de bagas/dia é de 20
milhões de reais. Considerando que as etapas mais avançadas de refinamento no
óleo não são necessárias para o biodiesel, considera-se que este custo também se
reduzido em 40% para manter uma coerência com a redução do custo operacional.
Assim, o investimento inicial adotado na simulação foi de 12 milhões de reais.
13
Igual a 0,5*23,80%+0,5*60,71%
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 83
6.4.
Algodão
Esta seção apresenta os dados de extração de óleo de algodão utilizados na
simulação. Neste caso, optou-se por não simular a verticalização total da cadeia.
Isto porque, do algodão em caroço pode-se extrair a pluma e o caroço de algodão.
No entanto, somente 6 a 10% do algodão em caroço produzido se tornam óleo,
pois cerca de 62,5% do total é caroço de algodão que, por sua vez, geram apenas
10 a 15% de óleo. Logo, como os custos de produção são remunerados pela
pluma, a determinação do custo do caroço no break even se torna difícil. Para que
esta simulação fosse possível seria necessária uma melhor análise do mercado de
plumas, o que foge do escopo deste trabalho.
No entanto, foram levantados os custos de plantio do algodão, cujos dados
são apresentados no Apêndice VIII. Os valores referentes ao plantio e extração de
óleo de algodão são resultado da comparação entre os dados obtidos em Barreiras
e Luís Eduardo Magalhães e estudos da EBDA e da CONAB.
A simulação foi feita com os dados referentes a uma planta de extração de
capacidade de processamento de 21.600 toneladas de caroços por ano, capacidade
equivalente a de uma das empresas produtoras de óleo de algodão na Bahia.
A área necessária para o projeto (planta de extração de 21.600 ton/ano),
considerando o cenário de produtividade de 1,88 ton de caroços por ha, seria de
cerca de 11.490 ha. Assim, a área colhida em 2004/2005 (233.100 ha) seria mais
do que suficiente para atender ao projeto de produção de biodiesel analisado.
Para o cálculo do total de imposto pago por litro de biodiesel considera-se
que 100% da matéria-prima é proveniente da agricultura intensiva. Assim, de
acordo com a Tabela 5, o total de impostos será igual a R$0,222 por litro mais o
ICMS.
6.4.1
Coeficientes Técnicos da Extração e Preços de Co-produtos
Segundo uma das empresas visitadas, consegue-se de 8 a 12% de óleo de
algodão na extração por prensagem do caroço de algodão. Para outra empresa,
este percentual varia de 10 a 12%.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 84
Ainda de acordo com dados de campo, ao se usar o processo de extração por
solvente, o percentual de extração pode chegar a 15%. Para as duas fontes de
dados, a perda média do processo chega a 6% e o resto é torta de algodão.
Com base nestes dados, foram adotados os percentuais de extração
mostrados na Tabela 50.
Tabela 50: Cenários de produtividade do algodão
Produtos Pessimista Provável Otimista
Óleo de algodão 10% 12% 15%
Torta 84% 82% 79%
Perda 6% 6% 6%
Considerou-se um preço único de venda da torta para os três cenários, igual
a R$303,33/ ton, que corresponde a média das cotações obtidas nas empresas
visitadas.
A Tabela 52 apresenta a evolução dos preços dos óleos de algodão em
Chicago (EUA), de acordo com dados do Economic Research Service (ERS).
Tabela 51: Evolução dos preços de óleos de algodão nos EUA. Baseado em ERS (2006)
Ano Algodão
1980 1.235,88
1981 960,60
1982 1.041,85
1983 1.567,55
1984 1.395,50
1985 808,15
1986 844,47
1987 1.035,63
1988 941,96
1989 1.113,53
1990 1.065,74
1991 960,60
1992 1.437,08
1993 1.448,07
1994 1.396,93
1995 1.267,90
1996 1.222,50
1997 1.378,30
1998 1.305,65
1999 1.030,38
2000 763,70
2001 859,28
2002 1.804,11
2003 1.529,32
2004 1.338,63
2005 1.290,36
Nota: Valores em reais por tonelada. Câmbio de 1US$ = R$2,1506.
Assim, foi considerado como preço-base para a simulação o valor médio das
cotações, igual a R$1.193,99 por tonelada.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 85
O preço do caroço de algodão utilizado na simulação foi de R$3,45/arroba,
que é o preço atual da arroba de caroço, de acordo com Aquino (2006).
6.4.2
Custos de Extração de Óleo
Como os custos obtidos para o óleo de algodão referem-se ao processo de
extração por prensagem, assim como os dados de óleo de dendê, e pela
dificuldade de se obter valores mais precisos para investimentos, optou-se por
adotar para o algodão os mesmos valores de investimentos utilizados para o
dendê. Além disso, os dados de algodão são relativos a uma planta com
capacidade anual de esmagamento de 21.600 toneladas de caroços (porte
semelhante a da planta usada na simulação do dendê). Assim, de acordo com a
Tabela 28 e a Tabela 29, os custos reduzidos proporcionalmente para a capacidade
da planta de algodão, são os especificados na Tabela 52.
Tabela 52: Investimentos para extração de óleo de algodão
Itens de Investimento Pessimista Provável Otimista
Obras civis, instalações
prediais
R$ 800.000,00 R$ 800.000,00 R$ 552.462,50
Equipamentos, ferramentas,
máquinas e veículos
R$ 1.800.000,00 R$ 1.800.000,00 R$ 4.673.539,80
Capital de giro R$ 1.408,00 R$ 1.408,00 R$ 440.334,50
TOTAL R$ 2.601.408,00 R$ 2.601.408,00 R$ 5.666.396,80
Os custos operacionais foram determinados sob a premissa de que a fábrica
funciona durante 7 meses do ano (na safra) e fica parada para manutenção durante
5 meses (na entressafra). Isto implica em uma ociosidade anual de 41,67%
14
.
De acordo com dados primários, para uma fábrica de capacidade instalada
de 21.600 toneladas de caroços/ano, a folha salarial mensal custa em torno de
R$35.000,00, assim como custo com energia. Ainda por dados primários, sabe-se
que os custos na safra são rateados da seguinte maneira:
36% Mão-de-obra;
24% Embalagem (sacos de polipropileno);
32,5% Energia elétrica + lenha;
7,5% Despesas administrativas.
14
Igual a 1-(7/12)
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 86
Na entressafra estes custos são reduzidos a aproximadamente os 7,5% das
despesas administrativas.
Considerando os dados e os percentuais de rateio, foi possível chegar a um
custo operacional de R$32,07/ tonelada de caroço. Este custo é alto se comparado
com o do caso da soja (R$17/ton), mas a diferença se justifica pelo processo mais
moderno e pelo porte da usina da soja, que levam a economias de escala
superiores às verificadas para o caso do algodão.
6.5.
Biodiesel
Esta seção apresenta dados de produção de biodiesel utilizados na
simulação. Estes dados são resultado da comparação de estudos de Jordão Filho
(2004), da COPPE (2005) e da Dedini (2006b).
6.5.1
Coeficientes Técnicos do Processo e Preços de Co-produtos
Conforme descrito no capítulo referente à cadeia produtiva do biodiesel, os
insumos do processo de transesterificação são: óleo vegetal, álcool e catalisador.
São gerados glicerina e ácidos graxos como co-produtos da reação.
Os coeficientes técnicos do processo são apresentados na Tabela 53.
Tabela 53: Coeficientes técnicos para produção de biodiesel. Fonte: Dorneles (2005) e
Jordão Filho (2004)
Rota Etílica Rota Metílica
INSUMOS Consumo (percentual do biodiesel produzido)
Óleo Vegetal 95,4% 99,5%
Álcool 14% 10,3%
Catalisador 0,05% 0,05%
CO-PRODUTOS Produção (percentual de biodiesel produzido)
Glicerina 9,35% 9,75%
Ácidos Graxos 0,10% 0,10%
O preço do óleo vegetal depende da oleaginosa utilizada na fabricação do
biodiesel e o valor a ser usado na simulação de cada oleaginosa foi discutido nas
seções anteriores deste capítulo.
Dada a rota de produção adotada, é necessário determinar o preço do álcool
(metanol ou etanol) a ser usado na simulação.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 87
A faixa de preços do etanol considerada pela COPPE (2004) varia de
R$0,35 a R$0,95 por litro, dependendo do período do ano. Durante a safra da
cana-de-açúcar, de maio a novembro, a oferta do produto é maior, fazendo com
que os preços caiam, diferentemente do período de entressafra (dezembro a abril),
quando os preços praticados são maiores. O preço atual do etanol, segundo a MB
do Brasil (2006) é de R$1,11, mas, considerando as oscilações de preço
apresentadas, será adotado no estudo um preço médio de R$0,90 por litro na base
de distribuição, o mesmo utilizado por Jordão Filho (2004).
Com relação ao metanol, a Figura 23 apresenta a evolução de preços no
período de 2001 a 2005.
Figura 23: Série histórica de preços do metanol. Fonte: MB do Brasil (2006)
O preço atual de referência utilizado foi de US$355,88/ton de metanol, dado
pela MB do Brasil (2006), que, em reais, equivale a R$0,77/litro. Também aqui o
fator de conversão dólar-real utilizado foi de R$2,1506 para US$1,00.
O preço de mercado da glicerina utilizado no sistema de simulação refere-se
à glicerina destilada (purificada), pois os custos da fábrica de biodiesel
consideram instalações de purificação deste co-produto. De acordo com dados da
Uniamérica Online (2006), o preço CIF da glicerina destilada estava entre
R$1.600,00 e R$1.700,00 por tonelada em fevereiro de 2006. Portanto, considera-
se na simulação um preço médio de R$1.650,00 por tonelada.
O preço do catalisador adotado foi de R$3,50 por litro, o mesmo utilizado
por Jordão Filho (2004). Também deste trabalho foi adotado o preço dos ácidos
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 88
graxos, que não possuem valor representativo como co-produto da produção de
biodiesel.
6.5.2
Custos de Produção
O estudo de Jordão Filho (2004) considera custos de produção para a
capacidade de 60 milhões de litros por ano. Na simulação também são
considerados custos de produção para mais duas capacidades: 82.197.000 e
100.000.000 de litros por ano, cujas fontes são COPPE (2005) e Dedini (2006b),
respectivamente.
Os dados destas diferentes fontes foram organizados para formar três
cenários para custos de biodiesel: Pessimista, Provável e Otimista - onde cada
fonte constitui um cenário.
A escolha dos cenários foi feita de acordo com o custo total por litro obtido
em cada estudo, cujos valores aproximados são apresentados na Tabela 54.
Tabela 54: Comparação de custos de produção de biodiesel
Jordão Filho (2004) COPPE (2005) Dedini (2006b)
Capacidade (milhões de litros)
60 82,197 100
Custo Operacional (R$/litro) 0,22 0,15 0,12
Custo de Capital (R$/litro) 0,06 0,04 0,03
Custo Total (R$/litro)
0,29 0,19 0,16
Assim, os dados do estudo de Jordão Filho (2004) são usados para o cenário
pessimista, os da COPPE (2005) para o cenário provável e os da Dedini (2006b)
para o cenário otimista. O usuário do sistema de simulação tem, então, três
diferentes capacidades e custos para simular os custos de produção de biodiesel.
Para o cálculo dos custos referentes ao estudo de Jordão Filho (2004)
mostrados na Tabela 54, foram expurgados os custos de aquisição de terreno e
controle de qualidade presentes no trabalho deste autor, conforme apresentado na
Tabela 55. Esta consideração foi necessária para uniformizar critérios, pois os
estudos da COPPE (2005) e da Dedini (2006b) não consideram tais itens de custo.
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 89
Tabela 55: Investimento e custos operacionais para biodiesel. Fonte: Jordão Filho (2004)
Capacidade (litros/ ano)
Fatores 60.000.000
INVESTIMENTO INICIAL
Aquisição de terreno R$300.000
Capital de giro inicial R$2.050.000
Outros custos menores R$800.000
Obras civis, instalações prediais R$5.669.550
Equipamentos, sistemas, máquinas, veículos
e tancagens
R$24.009.480
Estudos, projetos, gerenciamento e seguros
da implementação
R$3.200.490
Marketing, comercialização inicial, recursos
humanos, licenças, estruturação da empresa
R$2.670.480
Investimento Total (R$) R$38.700.000
CUSTOS OPERACIONAIS
Utilidades R$4.800.000
Pessoal + encargos R$3.717.135
Administração R$1.935.000
O&M R$2.907.918
Controle de qualidade R$3.600.000
Financiamento de Capital de giro R$600.000
Fretes R$1.189.620
Custo total (R$) R$18.749.673
A Tabela 56 mostra a segmentação de custos adotada pela COPPE (2005).
Tabela 56: Investimento e custos operacionais para biodiesel. Fonte: COPPE (2005)
Capacidade (litros/ ano)
Fatores 82.917.000
INVESTIMENTO INICIAL
Equipamentos e Instalações 9.100.000
Obras Civis 1.538.462
Construções, Start up e contingências 388.265
Capital de Giro 4.248.453
Investimento Total (US$) 15.275.180
CUSTOS OPERACIONAIS
Óleo vegetal refinado 43.860.000
Utilidades 4.716.300
Pessoal 500.000
Custo Administrativo 250.000
Manutenção 234.000
Custos Gerais (Marketing + Seguros) 18.000
Custo total (US$) 49.578.300
O fator de conversão dólar-real utilizado foi de R$2,1506 para US$1,00, do
dia 23/03/2006.
Por fim, a Tabela 57 mostra a estrutura custos adotada pela Dedini (2006b).
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Dados utilizados no Modelo de Simulação 90
Tabela 57: Investimento e custos operacionais. Fonte: Dedini (2006b)
Capacidade (litros/ano)
Fatores 100.000.000
INVESTIMENTO INICIAL
Capital de giro inicial R$2.500.000
Obras civis, instalações prediais R$3.000.000
Equipamentos, sistemas, máquinas, veículos
e tancagens
R$26.500.000
Investimento Total (R$) R$32.000.000
CUSTOS OPERACIONAIS
Utilidades R$8.673.000
Pessoal + encargos R$480.000
Administração R$1.120.000
O&M R$2.220.000
Custo total (R$) R$12.493.000
Os itens de custo: financiamento de capital de giro e fretes, do estudo de
Jordão Filho (2004), e os itens de óleo vegetal refinado, marketing e seguros
(operacional), da COPPE (2005), foram desconsiderados por já serem variáveis do
modelo de simulação.
O item Utilidades refere-se ao gasto com energia elétrica e combustíveis,
predominantemente.
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7
Transporte e Logística
Este capítulo apresenta a análise da logística das cadeias produtivas das
oleaginosas pesquisadas e os custos de transporte utilizados nas simulações.
7.1.
Logística
Para a organização logística das usinas de prensagem de óleo e fábricas de
biodiesel, deve-se considerar a localização das bases de distribuição de
combustíveis na Bahia, conforme apresentado na Figura 24.
Figura 24 : Bases de distribuição de combustíveis na Bahia. Fonte: ANP (2005)
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Transporte e Logística 92
quatro bases de distribuição de combustíveis no território baiano: uma
em Juazeiro, uma em Jequié, uma em Itabuna e uma em São Francisco do Conde;
sendo esta última base a que abastece a Bahia com etanol.
Como o álcool (etanol ou metanol) entra no processo de produção com cerca
de 10% a 15% em volume do total de biodiesel produzido, a questão do custo de
transporte deste insumo é um fator importante na constituição do custo de
produção do biocombustível.
Atualmente, há produção de etanol no Recôncavo Baiano, mas a maior parte
do etanol que abastece a Bahia vem do Norte de Minas Gerais (MG), do Norte do
Espírito Santo (ES) e de Sergipe (SE), passa pela base de São Francisco do Conde
(Recôncavo) e de é distribuído para as regiões baianas. Na maioria das vezes
acontece um frete “casado” nestes estados, ou seja, a viagem ida leva etanol e o
retorno diesel ou gasolina. Assim, há transporte de diesel da Bahia até MG, ES ou
SE e retorno com álcool, de modo a diminuir os custos de transporte. Neste caso,
o diesel que abastece estas regiões é proveniente da refinaria da Petrobras na
Bahia, a RLAM, localizada no Recôncavo.
De acordo com os dados primários obtidos, os custos de transporte de óleo
vegetal e de biodiesel são semelhantes, assim, a principal questão logística é fazer
a menor viagem possível com o álcool (etanol ou metanol).
Como, independentemente da localização da fábrica de biodiesel, haverá um
custo interestadual de transporte de etanol – visto que a Bahia o produz a
quantidade de álcool necessária ao atendimento da sua demanda no caso da rota
etílica, a análise se limita a considerar qual o destino do etanol que sai da base de
São Francisco do Conde.
No caso de rota metílica, a única empresa baiana produtora de metanol é a
Metanor, que fica localizada em Camaçari e, portanto, próxima à base de São
Francisco do Conde.
Assim, tanto para a rota etílica quanto para a metílica, a localização da
fábrica de biodiesel no Recôncavo é a melhor opção, pela proximidade com a base
de distribuição de combustíveis.
Poder-se-ia pensar na localização da fábrica de biodiesel próxima a outras
bases de distribuição, mas como o etanol já é transportado para a base São
Francisco do Conde e o metanol é produzido no Recôncavo, é mais lógico
aproveitar a logística já existente.
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Transporte e Logística 93
A seguir é apresentada a análise logística das cadeias produtivas do dendê,
da soja, do algodão e da mamona.
7.1.1
Dendê
Pela questão da perecibilidade do dendê (que acarreta um aumento da acidez
do óleo), a extração do óleo tem que ocorrer em no máximo 48 horas após a
colheita. Desta forma, a usina de extração de óleo vegetal deverá ser localizada
próximo à região produtora (Baixo Sul).
Considerando este fator proximidade, as alternativas viáveis para
localização da fábrica de produção de biodiesel são as regiões do Baixo Sul e do
Recôncavo Baiano. Assim, para a rota etílica dois casos podem ser analisados:
1) Uma fábrica de pequeno porte poderia ser localizada no Recôncavo, pois a
produção local de álcool seria suficiente para supri-la.
2) No caso de usinas de grande porte, a localização poderia ser no Recôncavo,
caso o consumo de etanol seja suprido a partir da base de São Francisco do
Conde. Num cenário alternativo, o álcool seria transportado do norte dos estados
do Espírito Santo e/ou Minas Gerais diretamente para o Baixo Sul ou para o
extremo sul da Bahia, como em Ilhéus. Neste cenário, a localização da fábrica de
biodiesel mais adequada seria nessa última região.
Como o Baixo Sul produz dendê e as plantas de biodiesel em operação
no mundo geralmente são multi-óleo, é preferível a localização no Recôncavo,
mais próximo às regiões produtoras de outras oleaginosas. Em usinas multi-óleo,
pode-se utilizar diferentes tipos de óleo provenientes de plantas com
características semelhantes. Assim, uma redução da oferta de uma oleaginosa na
entressafra poderá ser compensada pelo uso de outro tipo de óleo para a produção
do biodiesel, diminuindo a ociosidade da fábrica.
7.1.2
Soja e Algodão
No caso da cadeia produtiva da soja, o problema logístico assume uma
proporção maior devido à distância da região produtora ao Recôncavo Baiano.
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Transporte e Logística 94
Considerando o fator proximidade como critério para determinação da
localização dos elos da cadeia, as alternativas viáveis para localização da planta de
esmagamento de óleo de soja o as regiões do Oeste e do Recôncavo Baiano.
Alguns fatores favorecem que esta planta seja localizada no Oeste Baiano, a saber:
1) Já existe capacidade instalada para processamento dos grãos no próprio Oeste.
2) O custo de transporte por tonelada dos grãos e do farelo é semelhante. Todavia
de 3,5 a 7% em peso dos grãos equivalem à casca dos mesmos. Desta forma, a
extração do óleo feita na região produtora diminui a tonelagem de transporte, já
que a casca não será transportada. Além disso, o principal uso dessa casca é como
adubo, o que torna vantajoso que ela seja processada próximo à região agrícola.
3) A extração próxima à região de produção facilita o rastreamento da produção.
No caso da soja este é um fator importante, em função do tratamento diferenciado
dado à soja transgênica. De acordo com dados de uma das empresas visitadas,
atualmente entre 10% e 15% do total de soja comprado é transgênico, proveniente
de pequenos produtores. Toda a soja passa por um teste para detectar se o produto
é geneticamente modificado e, caso positivo, os grãos são exportados.
Se a fábrica de biodiesel fosse localizada no Oeste Baiano haveria a
necessidade de transporte do metanol ou do etanol do Recôncavo até o Oeste. Isto
oneraria o custo final do biodiesel em cerca R$18 centavos por litro (R$9 centavos
para ida e R$9 para a volta), no caso de transporte simples ou em R$13 centavos
por litro (R$9 centavos para ida e R$4 para a volta) no caso de frete casado”.
Desta forma, a produção no Recôncavo também é a melhor opção para o caso da
soja.
Como a produção de algodão também se concentra no Oeste Baiano, todas
as considerações logísticas feitas para a soja são válidas para o caso do algodão.
7.1.3
Mamona
Atualmente, as maiores empresas produtoras de óleo de mamona estão
localizadas próximas à Salvador (BA) e não à Irecê, maior produtor de mamona
da Bahia. Isto se justifica por questões mercadológicas (proximidade ao mercado
consumidor), técnicas (maior disponibilidade de água que em Irecê) e logísticas
(proximidade aos portos e aeroportos).
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Transporte e Logística 95
No caso de verticalização total da cadeia, este tipo de organização levaria a
um custo de transporte de bagas de mamona e não de óleo, como nos demais
casos. Segundo dados de campo, o custo de transporte de Irecê à Feira de Santana
é de aproximadamente R$45,00 por tonelada de bagas, o que equivale a cerca de
R$2,70 por saca transportada. Apesar do alto custo de transporte das bagas, a
localização da fábrica no Recôncavo se justifica pela necessidade de novos
investimentos em Irecê, em detrimento da capacidade ociosa já existente nas
fábricas da região. Ressalta-se, que a produção verticalizada de mamona e óleo
não é uma realidade da região.
No caso de produção verticalizada apenas para a produção de óleo e
biodiesel, como a compra das bagas geralmente é CIF, o preço utilizado no
sistema já inclui o custo de transporte.
Com a brica de óleo localizada no Recôncavo, não faz sentido localizar a
fábrica de biodiesel longe da de óleo. Assim, a localização da usina produtora de
biodiesel no Recôncavo Baiano é a melhor opção.
No entanto, o sistema de simulação é flexível para a escolha da localização
da fábrica de óleo e se, alternativamente, a usina for localizada em Irecê, o
simulador é capaz de calcular o custo de transporte do óleo até o Recôncavo.
7.2.
Custos de Transporte
A estimativa do custo de transporte considera que o custo por km de um
caminhão tanque de 30 m
3
é aproximadamente igual ao custo do diesel (adotado
como R$1,60/ litro neste estudo) e que a usina de biodiesel e a base de mistura do
biodiesel ao diesel estão localizadas no Recôncavo. Assim o custo de transporte
para cada uma das oleaginosas é:
Dendê: Considera-se que a planta de extração de óleo está localizada em
Valença - Baixo Sul. A distância aproximada de Valença ao Recôncavo é de
215 km, assim, o custo com frete é igual a R$1,60*215 km*2 (frete de ida e
volta) para 30 mil litros, o que resulta num custo de R$0,023 por litro de
biodiesel.
Soja e Algodão: Considera-se que a planta de extração de óleo está localizada
em um ponto médio entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães - Oeste Baiano.
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Transporte e Logística 96
A distância aproximada de Barreiras ao Recôncavo é de 883 km e de Luís
Eduardo Magalhães ao Recôncavo é de 975 km. Portanto, a distância média é
igual a 929 km. Assim, o custo com frete é igual a R$ 1,60*929 km*2 (frete de
ida e volta) para 30 mil litros, que resulta num um custo de, aproximadamente,
R$0,10 por litro de biodiesel.
Mamona: No caso da mamona, considera-se que a fábrica de extração de óleo
está localizada no Recôncavo e que a plantação de mamona é feita em Irecê. A
distância aproximada de Irecê ao Recôncavo é de 483 km e para esta distância
o custo de transporte da tonelada de bagas é de aproximadamente R$45,00.
Como as fábricas de óleo e biodiesel estão no Recôncavo, o transporte do óleo
até a fábrica do biocombustível é considerado desprezível.
Para futuras simulações, o usuário pode optar por localizar a fábrica de óleo
em Irecê. Assim, o impacto do custo com o frete do óleo será igual a R$1,60*483
km*2 (frete de ida e volta) para 30 mil litros, o que resulta num custo de R$0,052
por litro de biodiesel.
Observa-se que, em qualquer destes casos, o custo do frete pode diminuir se
for feito um frete "casado", pois, neste caso, o custo de transporte da volta seria
reduzido.
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8
Resultados e Análise dos Resultados
O presente capítulo apresenta os resultados obtidos nas simulações e a
análise destes resultados. Por fim, é feita uma breve discussão sobre o mercado de
óleos vegetais, principal insumo do processo de produção de biodiesel.
8.1.
Resultados
Conforme descrito anteriormente, o sistema de simulação desenvolvido
neste estudo possui três cenários (pessimista, provável e otimista) para cada um
dos três elos da cadeia produtor agrícola, de óleo e de biodiesel. Pela
combinação destes itens é possível realizar um total de 27 simulações para cada
oleaginosa. No caso do algodão, como o elo agrícola não foi considerado, seria
possível simular apenas 9 possibilidades da cadeia.
Somando-se as 27 possibilidades para o dendê, mamona e soja, mais as 9
possibilidades para o algodão, tem-se um total de 90 simulações possíveis. Como
há duas rotas de produção (metílica e etílica), o total de possibilidades duplica.
Além destes itens, a origem da oleaginosa (agricultura familiar ou
intensiva), as alíquotas para impostos, o custo de capital, o preço dos insumos e
co-produtos, os graus de ociosidade das fábricas, os custos logísticos e as margens
de comercialização também são dados de entrada do simulador, o que aumenta
muito o número de possibilidades de simulação da cadeia produtiva do biodiesel.
Desta forma, os resultados das simulações apresentadas neste capítulo
consideram as seguintes delimitações:
Capacidade da fábrica de biodiesel: 82.917.000 de litros por ano, referente
ao cenário provável adotado neste estudo. Esta capacidade de produção é superior
às capacidades das plantas de extração simuladas para as oleaginosas, porém, a
escolha se justifica, pois as fábricas de biodiesel geralmente são multi-óleo.
Grau de ociosidade da fábrica de biodiesel: utiliza-se um fator de 20%, que
é o grau dio das empresas do setor de energia. No caso das fábricas de óleo,
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Resultados e Análise dos Resultados 98
este fator varia de acordo com a oleaginosa foi apresentado no capítulo destinado
à apresentação dos dados da simulação.
Margens de comercialização iguais a zero.
Rota de produção: metílica, pois a maioria das usinas em operação no mundo
atualmente considera esta rota de produção.
Localização da fábrica de biodiesel: no Recôncavo. Como a rota adotada na
simulação foi a metílica, a localização da brica de biodiesel no Recôncavo é a
melhor opção, pela proximidade com a Metanor e com a base de distribuição de
combustíveis de São Francisco do Conde.
Localização da fábrica de óleo: para dendê, soja e algodão, optou-se por
localizar a fábrica próxima à região produtora. N ocaso da mamona, optou-se por
manter na simulação a organização logística existente e localizar a fábrica de
extração de óleo de mamona no Recôncavo.
São apresentados a seguir, os resultados obtidos para o biodiesel produzido
a partir de cada uma das oleaginosas analisadas. Os custos foram calculados no
break even point ponto onde o somatório dos VPLs das receitas e despesas
acumuladas em cada ano é nulo ao final do horizonte de planejamento.
8.1.1
Dendê
A Tabela 58, a Tabela 59 e a Tabela 60 apresentam os resultados das
simulações para a cadeia totalmente verticalizada do dendê (plantio de oleaginosa
+ extração do óleo + produção de biodiesel), considerando os 3 cenários possíveis
para as etapas de plantio e extração e o cenário provável para biodiesel. São
mostrados os custos por tonelada de cachos de frutos frescos (CFF) e por litro de
óleo de dendê, do biodiesel na fábrica e na base.
Tabela 58: Resultados para a cadeia verticalizada do dendê – Plantio pessimista
Cenário no Plantio Pessimista
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo dos CFF (R$ /Ton) R$ 188,83 R$ 188,83 R$ 188,83
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 1,39 R$ 1,23 R$ 1,05
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,70 R$ 1,54 R$ 1,36
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,99 R$ 1,80 R$ 1,59
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Resultados e Análise dos Resultados 99
Tabela 59: Resultados para a cadeia verticalizada do dendê – Plantio provável
Cenário no Plantio Provável
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo dos CFF (R$ /Ton) R$ 145,33 R$ 145,33 R$ 145,33
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 1,17 R$ 1,03 R$ 0,90
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,48 R$ 1,34 R$ 1,21
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,73 R$ 1,57 R$ 1,42
Tabela 60: Resultados para a cadeia verticalizada do dendê – Plantio otimista
Cenário no Plantio Otimista
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo dos CFF (R$ /Ton) R$ 114,03 R$ 114,03 R$ 114,03
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 1,02 R$ 0,89 R$ 0,79
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,33 R$ 1,20 R$ 1,10
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,56 R$ 1,41 R$ 1,29
A Tabela 61 apresenta as simulações para a cadeia semi-verticalizada do
dendê (extração do óleo + produção de biodiesel), considerando um preço de
compra dos cachos de frutos frescos (CFF) igual R$150,00 por tonelada. São
mostrados os custos por litro de óleo de dendê e biodiesel na fábrica e na base
para os 3 cenários de extração e para o cenário provável para biodiesel
Tabela 61: Resultados para a cadeia semi-verticalizada do den
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 1,20 R$ 1,05 R$ 0,92
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,51 R$ 1,36 R$ 1,23
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,77 R$ 1,59 R$ 1,44
A Tabela 62 apresenta as simulações para a cadeia desverticalizada do
dendê (apenas produção de biodiesel), considerando um preço de compra do óleo
igual a R$1,50 por litro. São mostrados os custos por litro de biodiesel na fábrica
e na base, considerando o cenário provável para biodiesel, que, neste caso,
haverá compra de óleo.
Tabela 62: Resultados para a cadeia desverticalizada do dendê
Custos R$
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,81
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 2,12
Os resultados obtidos indicam um custo do biodiesel na fábrica (com
impostos e sem a margem do produtor) inferior a R$1,74 por litro em 12 dos 13
cenários simulados.
Conforme destacado, R$1,74 por litro é o menor preço FOB obtido nos
quatro leilões de biodiesel realizados no Brasil. Este valor foi utilizado como base
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Resultados e Análise dos Resultados 100
de comparação para a determinação da viabilidade dos resultados. Assim, somente
para a cadeia desverticalizada, a produção de biodiesel se mostrou inviável, visto
que atinge R$1,81 por litro na fábrica, valor bastante superior ao obtido no leilão.
8.1.2
Soja
A Tabela 63, a Tabela 64 e a Tabela 65 apresentam os resultados das
simulações para a cadeia totalmente verticalizada da soja, considerando os 3
cenários possíveis para as etapas de plantio e extração e o cenário provável para
biodiesel. São mostrados os custos por tonelada dos grãos e por litro de óleo de
soja, do biodiesel na fábrica e na base.
Tabela 63: Resultados para a cadeia verticalizada da soja – Plantio pessimista
Cenário no Plantio Pessimista
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo dos grãos (R$ /Ton) R$ 677,05 R$ 677,05 R$ 677,05
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 1,22 R$ 1,09 R$ 1,04
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,74 R$ 1,61 R$ 1,56
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 2,03 R$ 1,88 R$ 1,83
Tabela 64: Resultados para a cadeia verticalizada da soja – Plantio provável
Cenário no Plantio Provável
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo dos grãos (R$ /Ton) R$ 571,73 R$ 571,73 R$ 571,73
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 1,04 R$ 0,93 R$ 0,89
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,56 R$ 1,45 R$ 1,41
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,83 R$ 1,70 R$ 1,65
Tabela 65: Resultados para a cadeia verticalizada da soja – Plantio otimista
Cenário no Plantio Otimista
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo dos grãos (R$ /Ton) R$ 497,55 R$ 497,55 R$ 497,55
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 0,91 R$ 0,82 R$ 0,79
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,43 R$ 1,34 R$ 1,31
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,67 R$ 1,57 R$ 1,53
A Tabela 66 apresenta as simulações para a cadeia semi-verticalizada da
soja, considerando um preço de compra dos grãos de soja igual R$490,50 por
tonelada.
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Resultados e Análise dos Resultados 101
Tabela 66: Resultados para a cadeia semi-verticalizada da soja
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 0,90 R$ 0,81 R$ 0,78
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,42 R$ 1,33 R$ 1,30
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,66 R$ 1,56 R$ 1,52
A Tabela 67 apresenta as simulações para a cadeia desverticalizada da soja,
considerando um preço de compra do óleo igual a R$1,03 por litro.
Tabela 67: Resultados para a cadeia desverticalizada da soja
Custos R$
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,55
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,81
Os resultados obtidos indicam um custo do biodiesel na fábrica menor ou
igual a R$1,74 por litro em 13 dos 13 cenários simulados para a soja, o que mostra
a competitividade desta cadeia produtiva na Bahia.
8.1.3
Mamona
A Tabela 68, a Tabela 69 e a Tabela 70 apresentam os resultados das
simulações para a cadeia totalmente verticalizada da mamona, considerando os 3
cenários possíveis para as etapas de plantio e extração e o cenário provável para
biodiesel. São mostrados os custos por tonelada de bagas e por litro de óleo de
mamona, do biodiesel na fábrica e na base.
Tabela 68: Resultados para a cadeia verticalizada da mamona – Plantio pessimista
Cenário no Plantio Pessimista – Consorciado Pessimista – Não Consorciado
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista Pessimista Provável Otimista
Custo das bagas (R$ /Ton) R$153,49 R$153,49 R$153,49 R$1.111,70 R$1.111,70 R$1.111,70
Custo do óleo (R$ /l) R$0,62 R$0,27 R$0,16 R$3,74 R$2,59 R$2,38
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /l) R$0,87 R$0,52 R$0,41 R$3,98 R$2,83 R$2,62
Custo do biodiesel na base (R$ /l) R$1,02 R$0,61 R$0,49 R$4,65 R$3,31 R$3,07
Tabela 69: Resultados para a cadeia verticalizada da mamona – Plantio provável
Cenário no Plantio Provável – Consorciado Provável – Não Consorciado
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista Pessimista Provável Otimista
Custo das bagas (R$ /Ton) R$ 388,42 R$ 388,42 R$ 388,42 R$ 738,00 R$ 738,00 R$ 738,00
Custo do óleo (R$ /l) R$ 1,38 R$ 0,84 R$ 0,70 R$ 2,52 R$ 1,69 R$ 1,51
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /l)
R$ 1,63 R$ 1,09 R$ 0,95 R$ 2,76 R$ 1,94 R$ 1,76
Custo do biodiesel na base (R$ /l) R$ 1,91 R$ 1,28 R$ 1,11 R$ 3,23 R$ 2,27 R$ 2,06
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Resultados e Análise dos Resultados 102
Tabela 70: Resultados para a cadeia verticalizada da mamona – Plantio otimista
Cenário no Plantio Otimista – Consorciado Otimista – Não Consorciado
Cenário na Extração Pessimista
Provável Otimista Pessimista Provável Otimista
Custo das bagas (R$ /Ton) R$ 219,55 R$ 219,55 R$ 219,55 R$ 662,94 R$ 662,94 R$ 662,94
Custo do óleo (R$ /l) R$ 0,83 R$ 0,43 R$ 0,31 R$ 2,28 R$ 1,50 R$ 1,34
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /l) R$ 1,08 R$ 0,68 R$ 0,56 R$ 2,52 R$ 1,75 R$ 1,59
Custo do biodiesel na base (R$ /l) R$ 1,27 R$ 0,80 R$ 0,66 R$ 2,95 R$ 2,05 R$ 1,86
No caso no plantio consorciado, os resultados obtidos para o cenário
pessimista são inferiores aos do cenário otimista, que por sua vez são inferiores
aos do cenário provável. Isto se deve ao fato de que os cenários foram escolhidos
com base na produtividade da mamona. Como o co-produto (feijão) vale mais que
o produto principal (mamona), os resultados da simulação são fortemente
dependentes do preço e da quantidade produzida de feijão e não de mamona.
Além disto, conforme apresentado na Tabela 47, os custos de produção do estudo
da EBDA para o cenário otimista são maiores os do cenário pessimista. Por isso,
apesar dos cenários terem sido determinados pela produtividade da mamona, o
lucro não segue a mesma lógica.
Verifica-se ainda que os custos do biodiesel no caso de plantio consorciado
são menores que no caso não consorciado. Isto aconteceu porque, segundo os
dados da EBDA, o aumento da produtividade da mamona gerado pelo plantio não
consorciado não foi suficiente para cobrir a perda de receita da venda do feijão no
plantio consorciado. Além disto, os custos com tratos agrícolas são bem
superiores aos do cenário consorciado.
A Tabela 71 apresenta as simulações para a cadeia semi-verticalizada da
mamona, considerando um preço de compra das bagas de mamona igual a
R$600,00 por tonelada.
Tabela 71: Resultados para a cadeia semi-verticalizada da mamona
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo do óleo (R$ /litro)
R$ 2,07 R$ 1,35 R$ 1,19
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro)
R$ 2,32 R$ 1,60 R$ 1,44
Custo do biodiesel na base (R$ /litro)
R$ 2,71 R$ 1,87 R$ 1,68
A Tabela 72 apresenta as simulações para a cadeia desverticalizada da
mamona, considerando um preço de compra do óleo igual a R$1,91 por litro.
Tabela 72: Resultados para a cadeia desverticalizada da mamona
Custos R$
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro)
R$ 2,16
Custo do biodiesel na base (R$ /litro)
R$ 2,52
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Resultados e Análise dos Resultados 103
Pela comparação com o menor preço FOB obtido nos leilões, os resultados
obtidos para a mamona mostram a viabilidade da cadeia em 12 dos 22 cenários
simulados.
Entre os cenários inviáveis encontram-se a maioria dos resultados obtidos
para o plantio não consorciado da cadeia verticalizada (devido aos altos custos
agrícolas) e o da cadeia desverticalizada (devido ao alto preço do óleo).
8.1.4
Algodão
Como mencionado, no caso do algodão optou-se por não simular a
verticalização total da cadeia. Assim, a Tabela 73 apresenta as simulações para a
cadeia semi-verticalizada do algodão, considerando um preço de compra dos
caroços igual R$230,00 por tonelada. São mostrados os custos por litro de óleo de
algodão e biodiesel na fábrica e na base para os 3 cenários de extração.
Tabela 73: Resultados para a cadeia semi-verticalizada do algodão
Cenário na Extração Pessimista Provável Otimista
Custo do óleo (R$ /litro) R$ 0,84 R$ 0,75 R$ 1,08
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,36 R$ 1,27 R$ 1,60
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 1,59 R$ 1,49 R$ 1,87
Pelos dados apresentados na Tabela 73, verifica-se que o custo do biodiesel
no cenário otimista foi superior ao dos demais cenários. Isto aconteceu porque o
critério de escolha dos cenários foi o teor de óleo.
Para o cenário otimista, foi adotado um teor de óleo de 15%. Segundo dados
de campo, este percentual pode ser atingido se for usado o processo de extração
por solvente. Como as instalações para este processo são mais modernas, o custo
de investimento associado ao cenário otimista também foi superior ao dos demais.
No entanto, o aumento do teor de óleo não foi suficiente para cobrir o
aumento dos custos de investimento, o que fez com que o custo do biodiesel fosse
superior ao dos demais cenários.
A Tabela 74 apresenta as simulações para a cadeia desverticalizada do
algodão, considerando um preço de compra óleo vegetal igual a R$1,19 por litro.
Tabela 74: Resultados para a cadeia desverticalizada do algodão
Custos R$
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$ 1,71
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$ 2,00
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Resultados e Análise dos Resultados 104
Comparando-se os resultados da simulação com o obtido no leilão, verifica-
se que a produção de biodiesel a partir de óleo de algodão é economicamente
viável em 4 dos 4 cenários simulados.
8.2.
Análise dos Resultados da Simulação
A Tabela 75 apresenta a síntese dos resultados da simulação para as cadeias
verticalizada, semi-verticalizada e desverticalizada do dendê, mamona, soja e
algodão. São mostrados os custos mínimo, médio e ximo do biodiesel na base
obtidos nas simulações para os três diferentes níveis de verticalização.
Tabela 75: Síntese de resultados – Custo do litro do biodiesel na base
Verticalizada Semi-verticalizada Desverticalizada
Oleaginosa
de origem
Mínimo Médio Máximo
Mínimo
Médio Máximo
Médio
Dendê R$1,29 R$1,60 R$1,99 R$1,44 R$1,60 R$1,77 R$2,12
Soja R$1,53 R$1,74 R$2,03 R$1,52 R$1,58 R$1,66 R$1,81
Mamona R$0,49 R$1,92 R$4,65 R$1,68 R$2,09 R$2,71 R$2,52
Algodão ----- ----- ----- R$1,49 R$1,65 R$1,87 R$2,00
Verifica-se que o custo médio do biodiesel na base é menor ou igual ao
menor preço FOB obtido nos leilões de biodiesel (R$1,74 por litro) para as
cadeias verticalizada e semi-verticalizada do dendê e da soja e para a cadeia semi-
verticalizada do algodão. Isto mostra a competitividade das cadeias produtivas das
oleaginosas na Bahia, uma vez que foram comparados os custos simulados na
base e o preço na fábrica obtido no leilão.
Formação do Custo do Biodiesel
As principais variáveis para a formação do custo do biodiesel são os
insumos do processo (óleo vegetal + álcool), os custos de produção e os impostos,
que compõem o custo final do litro do biocombustível da seguinte maneira:
Cerca de 19 centavos correspondem aos custos operacionais da usina.
Cerca de 20 centavos são relativos ao ICMS na base de distribuição.
Entre 0 a 22 centavos por litro de biodiesel são decorrentes de impostos para
produção do biodiesel, dependendo da oleaginosa e da origem desta
(agricultura familiar ou intensiva).
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Resultados e Análise dos Resultados 105
Cerca de 8 centavos por litro correspondem ao custo com metanol, ou
alternativamente, 13 centavos com etanol.
Aos itens anteriores é acrescido o custo do óleo vegetal, que varia conforme a
oleaginosa e o nível de verticalização da cadeia.
Sensibilidade dos Custos do Biodiesel
Os resultados da simulação foram obtidos com base nos dados da COPPE
relativos ao cenário provável do biodiesel. Alternativamente, as simulações
poderiam ser realizadas para os cenários pessimista e otimista, baseados nos dados
de Jordão Filho (2004) e Dedini (2006b), respectivamente. Em relação à
simulação inicial, isto ocasionaria um aumento de cerca de 13 centavos por litro
de biodiesel no cenário pessimista e uma diminuição de 6 centavos por litro no
cenário otimista.
É importante lembrar que, para composição dos cenários, foram expurgados
os custos de Aquisição de terreno e Controle de qualidade do trabalho de Jordão
Filho, de forma a uniformizar os critérios, pois os estudos da COPPE (2005) e da
Dedini (2006b) não consideraram tais custos.
Efeito do grau de ociosidade no custo do biodiesel
Para avaliar o efeito do grau de ociosidade no preço do biodiesel, simulou-
se para o cenário mais provável da cadeia totalmente verticalizada da soja um
aumento e uma diminuição da ociosidade em relação à utilizada na simulação
inicial (16,67% para a fábrica de óleo e 20% para a de biodiesel). Os resultados
desta análise são apresentados na Tabela 76.
Tabela 76: Avaliação da ociosidade das fábricas de óleo de soja e biodiesel
Grau de ociosidade na fábrica de óleo 0% 16,67% 40%
Grau de ociosidade na fábrica de biodiesel 0% 20% 40%
Custo do óleo (R$ /litro) R$0,93 R$ 0,93 R$0,95
Custo do biodiesel na fábrica (R$ /litro) R$1,42 R$ 1,45 R$1,51
Custo do biodiesel na base (R$ /litro) R$1,67 R$ 1,70 R$1,77
O grau de ociosidade influencia diretamente na remuneração dos
investimentos, ou seja, uma maior ociosidade implica em maior custo por litro
produzido. Os resultados obtidos indicam uma variação importante no custo final
do biocombustível devido à ociosidade das fábricas de óleo e biodiesel. Isto
reforça as vantagens que uma fábrica de biodiesel multi-óleo pode trazer na época
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Resultados e Análise dos Resultados 106
de entressafra de uma oleaginosa, pois, neste caso, a demanda da fábrica poderia
ser suprida por óleo proveniente de uma oleaginosa que estivesse na safra,
conforme apresentado na Tabela 77.
Tabela 77: Período de safra das oleaginosas analisadas
Oleaginosa Período de Safra
Dendê De Junho a Novembro
Soja De Fevereiro a Abril
Mamona De Julho a Outubro
Algodão De Março a Junho
Desoneração Tributária
Para avaliar o efeito da carga tributária sobre o custo do biodiesel, simulou-
se uma desoneração total de PIS/PASEP, COFINS, CIDE, IPI e ICMS para
diferentes cenários das cadeias produtivas das oleaginosas analisadas. Os
resultados são apresentados na Tabela 78.
Tabela 78: Efeito da desoneração tributária no custo do litro de biodiesel na base
Custo do biodiesel na base
Oleaginosa Cadeia simulada Sem desoneração
Com desoneração Variação
Dendê Verticalizada/ Provável R$ 1,57 R$ 1,25 20,38%
Soja Verticalizada/ Provável R$ 1,70 R$ 1,23 27,65%
Mamona Semi-verticalizada/ Provável R$ 1,87 R$ 1,60 14,44%
Algodão Desverticalizada/ Provável R$ 2,00 R$ 1,49 25,50%
A desoneração tributária provocou uma redução de 32 centavos por litro no
custo do biodiesel de dendê na base, de 47 centavos por litro no caso da soja, de
51 centavos no caso do algodão e de 27 centavos no caso da mamona.
Como a cadeia da mamona para a agricultura familiar é parcialmente
desonerada, a diferença no custo do biodiesel na base deve-se somente à isenção
de ICMS. Desta forma, nota-se que, apesar da isenção dos impostos federais, a
alíquota do imposto estadual onera bastante o custo final do biodiesel.
Para todos os casos, fica claro que a carga tributária pode determinar a
viabilidade da produção de biodiesel.
Mercado Internacional
Em relação às cotações internacionais, a Figura 25 apresenta a evolução dos
preços do biodiesel na refinaria na Alemanha.
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Resultados e Análise dos Resultados 107
Figura 25: Preços de biodiesel na Alemanha. Fonte: Bockey e von Schenck (2006)
Pela Figura 25 pode-se perceber que o preço do biodiesel na fábrica variou
entre 65 e 70 centavos de euro por litro. Considerando uma cotação de R$2,80 por
euro, estes preços equivalem a R$1,82 e R$1,96 por litro. Como o critério de
viabilidade adotado neste estudo foi a comparação com o menor preço obtido nos
quatro leilões de biodiesel (R$1,74 por litro), todos cenários considerados viáveis
se encontram abaixo desta faixa de preço.
8.3.
Área necessária para atender à demanda de biodiesel
Para se avaliar as necessidades agrícolas geradas Lei nº. 11.097 é necessário
que se faça uma análise das tendências do mercado de óleo diesel. De acordo com
cálculos do governo federal, prevê-se uma demanda brasileira de 800 milhões de
litros de biodiesel em 2008 (2% de um consumo previsto de 40 bilhões de litros
de diesel). A partir de 2013 o percentual de mistura se eleva para 5%, o que
geraria uma demanda de 2 bilhões de litros de biodiesel, se o cálculo fosse feito
sobre o mesmo consumo previsto de 40 bilhões de litros de diesel. No entanto,
para determinar a demanda de B5 é importante considerar a expansão do mercado
consumidor de diesel.
De acordo com Tavares (2005), o Grupo de Estudos de Matriz Energética
do Programa de Planejamento Energético da COPPE/UFRJ elaborou um estudo
de mercado nacional de derivados a 2015 que segue a base metodológica de
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Resultados e Análise dos Resultados 108
formação de cenários macro-setoriais. Dois tipos de cenários macro-setoriais
foram considerados: “Base de Mercado” e “Alternativo”.
O cenário base de mercado guarda características de um cenário tendencial,
isto é, não considera, no período enfocado, maiores transformações qualitativas na
trajetória produtiva do país, além daquelas delineadas nos últimos anos. Isto
significa que as mudanças na economia brasileira como, por exemplo, a
incorporação de progresso técnico e as alterações na estrutura produtiva ocorrem,
em geral, num ritmo razoavelmente cadenciado, compatível com o da última
década, embora as taxas de crescimento macroeconômicas esperadas sejam
superiores a taxa real média do passado recente.
o cenário alternativo caracteriza-se por maiores transformações
qualitativas na trajetória produtiva do país, de tal forma que o ritmo de
incorporação de progresso técnico e de alterações na estrutura produtiva em
direção a segmentos de maior valor agregado e de menores coeficientes de
intensidade energética e de impactos ambientais é, progressivamente, acelerado.
Não obstante, tais mudanças começam a se mostrar mais significativas no
médio prazo (a partir de 2010). Em relação à composição do cenário alternativo,
alguns estudos permitiram a caracterização e a avaliação das perspectivas de
evolução de diferentes setores da economia brasileira: agropecuário, extração
mineral (exceto combustíveis), extração de petróleo e gás, indústria de
transformação, serviços de utilidade pública, construção civil e serviços (inclusive
transportes).
A Tabela 79 apresenta as taxas de crescimento da demanda de óleo diesel no
Brasil apresentadas por Tavares (2005) para o os cenários “Base” e “Alternativo”.
Tabela 79: Taxas de crescimento da demanda de diesel (% a.a). Fonte: Tavares (2005)
Período
2002-2005 2005-2010 2010-2015
Cenário Base 1,51 2,97 2,27
Cenário Alternativo 1,96 2,54 1,50
A Tabela 80 mostra as demandas de diesel no Brasil estimadas por Tavares
(2005) para os anos de 2010 e 2015.
Tabela 80: Demanda projetada de óleo diesel (bilhões de litros). Fonte: Tavares (2005)
Ano
2002 2010 2015
Cenário Base 38,62 46,76 52,30
Cenário Alternativo 38,62 46,40 49,99
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Resultados e Análise dos Resultados 109
De acordo com as demandas projetadas apresentadas na Tabela 80 e com as
taxas de crescimento apresentadas na Tabela 79, foi possível fazer uma previsão
do consumo de diesel em 2013. Estima-se uma demanda de 50,01 bilhões de litros
no cenário “Base” e de 49,64 bilhões de litros no cenário alternativo. Assim, para
a estimativa das necessidades de área agrícola em 2013, considera-se uma
demanda aproximada de 50 bilhões de litros de diesel por ano.
De acordo com dados da ANP, a participação Nordestina no consumo
nacional de diesel é de cerca de 15%. A demanda da Bahia equivale a cerca de 5%
do mercado nacional, o que corresponde a 35% da demanda do Nordeste. Neste
contexto, a Tabela 81 apresenta as demandas brasileira, nordestina e baiana de
biodiesel, previstas para 2008 e 2013.
Tabela 81: Demanda de biodiesel (milhões de litros)
Brasil Nordeste Bahia
B2 em 2008 800 115 41
B5 em 2013 2.500 375 129
Como a proporção de produção do biodiesel a partir de óleos vegetais é de
aproximadamente 1:1, os valores mostradas na Tabela 81 correspondem também à
demanda por óleos vegetais. A Tabela 82 apresenta a área necessária para as
oleaginosas analisadas, supondo que cada demanda de biodiesel apresentada na
Tabela 81 fosse atendida a partir de uma única oleaginosa. A determinação destes
valores foi baseada nas produtividades e teores de óleo adotados para o cenário
provável da simulação. No caso da mamona, a produtividade refere-se ao plantio
não consorciado.
Tabela 82: Área necessária para atender à demanda de biodiesel (mil hectares)
Brasil Nordeste Bahia
B2 B5 B2 B5 B2 B5
Dendê 165 520 24 77 8 27
Soja 1.600 5.000 230 751 82 258
Mamona 1.240 3.900 178 581 64 200
Algodão 3.560 11.100 511 1.667 182 572
Pela área cultivável brasileira atual, a soja é a oleaginosa de maior oferta e,
portanto, se apresenta como a melhor opção para a produção de biodiesel em curto
prazo. Na Bahia, a área plantada é de 870 mil ha, que é suficiente para atender a
50% da demanda brasileira para B2 em 2008. Além disto, a capacidade de
extração no oeste baiano é de cerca de 400 milhões de litros de óleo/ano, o que é
suficiente para atender a 50% da demanda brasileira de B2 em 2008.
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Resultados e Análise dos Resultados 110
A área colhida em 2004 de mamona (172 mil ha) e algodão (233,1 mil ha) seria
suficiente para que cada uma destas oleaginosas atendesse apenas à demanda
baiana de B2. Por fim, a área disponível de dendê da espécie Tenera (5.600 ha)
não é suficiente para atender nem mesmo à demanda da Bahia. No entanto, foram
distribuídas mudas aos produtores, que gerariam mais 2.400 ha novos de dendê,
totalizando os 8.000 ha necessários para atender à demanda baiana de B2.
8.4.
Análise do Mercado de Óleos Vegetais
De acordo com Bouças (2006), a onda global de investimentos na produção
de biocombustíveis a partir de matérias-primas vegetais começou a modificar
significativamente o perfil das exportações brasileiras de óleo de soja. Segundo
dados da SECEX, impulsionados pela demanda para a fabricação de biodiesel, os
embarques do óleo de soja refinado no primeiro semestre de 2006 superaram em
24% as exportações no mesmo período de 2005.
No mercado internacional, os preços deste óleo também já começam a sofrer
mais influência do petróleo do que das tradicionais variações mais relacionadas
aos preços do grão e do farelo. Assim, o óleo vegetal poderá se tornar uma
commodity energética passando a acompanhar a tendência de preços do petróleo.
Mesmo com esta previsão de mudança no comportamento deste mercado, é
importante analisar o comportamento histórico dos óleos vegetais, que este é o
principal insumo para a produção de biodiesel.
Desta forma, a Figura 26 apresenta a evolução dos preços dos óleos de soja
e algodão em Chicago (EUA).
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Resultados e Análise dos Resultados 111
500
700
900
1100
1300
1500
1700
1900
2100
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1
992
1994
199
6
1998
2000
2002
2004
Ano
R$/ton
Soja Algodão
Figura 26: Evolução dos preços de óleos vegetais nos EUA. Baseado em ERS (2006)
A Tabela 83 mostra o preço dio dos óleos, o desvio-padrão e o preço
ponderado no período de 1980 a 2004 nos Estados Unidos A média ponderada foi
calculada atribuindo-se um maior peso às cotações mais recentes em relação às
cotações mais antigas. Assim a cotação de 1980 tem peso 1, enquanto a cotação
de 2004 tem peso 25.
Tabela 83: Média e desvio-padrão de preços de óleos vegetais nos EUA (R$/ton)
Soja Algodão
Média 1.054,60 1.190,13
Desvio Padrão 216,47 269,51
Média Ponderada 1.046,99 1.228,45
Verifica-se que o óleo de soja tem um menor preço médio, um menor
desvio-padrão e a menor média ponderada de preços. Além disso, os valores da
safra 2005/2006 do óleo de algodão são bastante superiores aos do óleo de soja.
A Figura 27 apresenta a comparação da evolução dos preços de óleos de
palma (dendê) e de soja na Europa Ocidental. A tabela foi elaborada a partir de
dados da Uniamérica Online, que cita dados do Oil World.
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Resultados e Análise dos Resultados 112
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1
9
75
1977
1
9
7
9
1981
19
8
3
1
9
85
1987
19
8
9
19
9
1
1
9
9
3
1995
19
9
7
1
9
99
2001
2
0
0
3
Ano
R$/ton
Soja Palma
Figura 27: Preços de óleos vegetais na Europa. Baseado em Uniamérica Online (2006)
Para efeito de comparação com os dados do mercado dos EUA, foram feitas
estatísticas utilizando-se os preços entre os anos de 1980 e 2004. Os resultados
são apresentados na Tabela 84.
Tabela 84: Média e desvio-padrão de preços de óleos vegetais na Europa (R$/ton)
Palma Soja
Média 977,23 1.073,49
Desvio Padrão 268,49 224,47
Média Ponderada 951,76 1.068,95
Apesar dos dados do mercado europeu não poderem ser diretamente
comparados ao mercado norte-americano, verificou-se que o óleo vegetal com
menor cotação histórica é o óleo de palma, seguido pelo óleo de soja.
De acordo com as cotações de preços de óleo de mamona em Roterdã
apresentadas na Figura 22, o preço médio do óleo de mamona entre 1986 a 2004
foi de R$1.905,43 por tonelada. Este preço é bastante superior ao dos demais
óleos.
A Tabela 85 apresenta a produção mundial de diversos óleos vegetais, em
milhões de toneladas. A tabela foi elaborada a partir do relatório do ano de 2006
da ERS. A produção mundial de óleo de mamona foi de aproximadamente 1,2
milhões de toneladas.
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Resultados e Análise dos Resultados 113
Tabela 85: Produção mundial de óleos vegetais. Fonte: ERS (2006)
Ano 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 (1) 2005/06 (2)
Produção
Milhões de toneladas
Soja 28,92 30,55 29,85 32,29 33,87
Palma 25,44 27,78 29,70 34,03 34,80
Girassol 7,48 8,25 9,26 9,21 10,46
Colza 13,06 12,25 14,20 15,71 16,59
Algodão 3,82 3,51 3,84 4,76 4,67
Amendoim 5,12 4,56 4,95 4,96 4,93
Coco 3,21 3,17 3,25 3,27 3,27
Oliva 2,75 2,51 3,00 2,74 2,28
Palmiste 3,12 3,36 3,67 4,10 4,20
Total 92,92 95,94 101,70 111,07 115,06
(1) Dados preliminares; (2) Estimativa.
Os óleos de palma e de soja destacam-se em nível mundial não somente
pelos seus preços competitivos, mas também pela grande oferta somados eles
respondem por quase 60 % da produção mundial de óleos vegetais.
Assim, em função dos preços e da oferta de matéria-prima, o óleo de palma
apresenta-se como matéria-prima por excelência para a produção do biodiesel,
havendo ainda uma boa competitividade do óleo de soja. Os preços médios
praticados do óleo de algodão (R$1.193,99 por tonelada) e a oferta considerável
deste óleo colocam-no como uma opção de fornecimento, porém menos atraente
que os óleos de palma e de soja. O óleo de mamona tem apresentado preços
muito superiores aos demais, além de ter uma oferta bastante reduzida, o que o
torna, no momento, em uma opção anti-econômica para produção de biodiesel em
nível mundial.
Outra consideração a fazer é que, conforme apresentado na Figura 28, o
mercado já apresenta uma diferenciação de preços para óleo alimentar e não
alimentar. O preço dos óleos para a cadeia não alimentar tem se mostrado
significantemente menores que os da cadeia alimentar. Para um programa de
biodiesel, essa diferenciação tende a diminuir bastante o custo final do
biocombustível. Dessa forma, cabe considerar que as simulações apresentadas
neste trabalho foram conservadoras ao adotar preços da cadeia alimentar dos
diferentes óleos vegetais.
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Resultados e Análise dos Resultados 114
Figura 28: Preços de óleo de canola na Alemanha. Fonte: Bockey e von Schenck (2006)
O óleo produzido a partir de soja transgênica seria uma opção de redução de
custos, já que não se destina ao mercado alimentar.
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9
Conclusões
Adotando-se como critério de viabilidade a comparação com o menor preço
FOB obtido nos quatro leilões realizados no Brasil (R$1,74 por litro), o biodiesel
mostrou-se economicamente viável em 12 dos 13 cenários simulados para o
dendê; 13 dos 13 cenários simulados para a soja; 12 dos 22 cenários simulados
para a mamona e 4 dos 4 cenários simulados para o algodão. Assim, os resultados
apontam para uma grande competitividade da produção de biodiesel na Bahia.
Ressalta-se, contudo, que no caso da mamona, a produção de biodiesel
foi viável para o plantio consorciado, pois é a receita do feijão que melhor
remunera o agricultor. O alto preço do óleo de mamona explica a falta de
competitividade das cadeias semi-verticalizada e desverticalizada desta
oleaginosa, pois o custo de esmagamento do óleo é bastante elevado em função da
alta ociosidade e dos elevados investimentos das fábricas. Como a cotação do óleo
de mamona é alta, as margens do produtor são suficientes para cobrir os
investimentos e os custos decorrentes da ociosidade. No entanto, caso o destino do
óleo seja a produção de biodiesel, este custo impacta bastante o produto final.
Conclui-se, então, que a produção de mamona poderia focar-se na
comercialização de óleo bruto, pois uma ampla gama de produtos industriais
produzidos a partir deste óleo. Os altos veis de quebra de safra decorrentes da
desorganização e inadequação dos sistemas de produção vigentes e o baixo nível
de associativismo dos produtores são os principais problemas desta cadeia.
A utilização do algodão para produção de biodiesel provavelmente
dependerá da demanda da indústria têxtil pela fibra, que a semente é apenas um
co-produto do algodão. O biodiesel não será capaz de inverter essa situação,
porque a porcentagem de óleo em sua semente é muito baixa com relação às
outras oleaginosas. É importante salientar que a tecnologia agrícola existente hoje,
reforça a redução do caroço e o aumento da quantidade de plumas.
Em relação ao dendê, apesar dos estudos realizados revelarem um bom
desempenho desta cadeia produtiva, a questão da acidez do óleo deve ter uma
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Conclusões 116
atenção especial. Este problema pode ser atenuado através de uma capacitação
logística local, diminuindo o tempo entre a colheita e o processamento dos cachos
de dendê. Outra questão a ser destacada é que o estudo da cadeia agrícola
considerou o uso da espécie Tenera e condições adequadas de trato cultural.
Todavia estas hipóteses não são a realidade atual dos pequenos agricultores do
Baixo Sul, que trabalham em sua maioria com a espécie Dura com pouco apoio
técnico. Assim torna-se necessário o apoio de órgãos públicos para a capacitação
do pequeno agricultor no cultivo da espécie Tenera. Devido ao elevado tempo de
maturação do dendezeiro (pelo menos 4 anos desde o plantio), também se
preconiza o financiamento de longo prazo ao pequeno produtor.
A soja é uma excelente opção para a produção de biodiesel visto que o preço
do óleo a granel é reduzido se comparado aos óleos das demais oleaginosas
avaliadas. Além disso, os custos industriais são baixos e o farelo (co-produto da
extração do óleo) possui alto valor de mercado.
Deve-se lembrar que o presente estudo não considerou a questão de
incentivos fiscais adicionais. Nas simulações aqui apresentadas, a fábrica de
biodiesel foi localizada no Recôncavo Baiano pelo fato dela ser multi-óleo e,
portanto, a matéria-prima poderia advir de diversas regiões, o que favorece a
localização próxima ao centro de consumo e mistura ao biodiesel. Além disso,
como a rota considerada foi a metílica e a única empresa produtora de metanol
está localizada no Recôncavo, a proximidade a este fornecedor também é um
importante fator na determinação da localização da fábrica. Todavia, incentivos
fiscais podem viabilizar a instalação da usina em outras regiões. De qualquer
forma, os resultados obtidos indicaram uma variação importante no custo final do
biocombustível devido à ociosidade das fábricas de óleo e biodiesel, o que reforça
as vantagens que uma fábrica de biodiesel multi-óleo pode trazer na época de
entressafra de uma oleaginosa.
Por fim, conclui-se que a desoneração de impostos em todos os elos da
cadeia produtiva é um fator fundamental para que o preço do biodiesel possa ser
competitivo ao diesel de petróleo, além de permitir as margens adequadas para os
produtores e industriais. Segundo Bockey e von Schenck (2006), o preço de
produção do biodiesel na Alemanha variou entre R$1,82 e R$1,96 (preços na
usina) entre 2004 e 2005. Considerando-se a desoneração total de impostos,
obteve-se, em alguns cenários simulados, custos competitivos em nível
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Conclusões 117
internacional para o biodiesel produzido a partir de todas as oleaginosas
analisadas.
Sugestões para trabalhos futuros
Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se a análise de outras
oleaginosas na Bahia, como o pinhão manso, que de acordo com especialistas,
vem se mostrando uma excelente alternativa para a fabricação de biodiesel. Esta
oleaginosa não foi incluída neste estudo, por ainda não haver um histórico de
produtividades e custos de plantio comercial na Bahia que permitam a realização
de um estudo de viabilidade econômica.
Por fim, sugere-se a aplicação do modelo à outros estados e a análise de
outras matérias-primas para a produção de biodiesel, como gorduras animais e
óleos e gorduras residuais.
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Apêndice I:
Lista de Entrevistados
Este apêndice apresenta a lista de entrevistados componentes da amostra
utilizada na pesquisa. As tabelas a seguir estão separadas por atuação do
entrevistado em cada elo da cadeia produtiva.
PRODUÇÃO AGRÍCOLA
Tabela 86: Entrevistados atuantes na produção e/ ou pesquisas sobre oleaginosas
Nome do Entrevistado Empresa/ Órgão Função
Douglas Óleos de Palma S/A. Engenheiro
Márcio Óleos de Palma S/A. Encarregado da Plantação
Valdeni Pereira de Oliveira DENBAL – Dendê da Bahia Ltda. Sócio Gerente
Benedito Carvalho EBDA Pesquisador
Hermínio Maia Rocha
Diretor de Desenvolvimento da
Agricultura
João Aurélio Soares Viana
Secretaria de Agricultura Irrigação e
Reforma Agrária da Bahia (SEAGRI-
BA)
Superintendente de Política do
Agronegócio
Ito Meireles
Associação dos Municípios do Baixo
Sul (AMUBS)
Presidente da AMUBS e Prefeito
de Taperoá
José Maria de Albuquerque Jr. Prefeitura Municipal de Barreiras Assessor de Planejamento
Luiz Olavo Nascimento
Prefeitura Municipal de Luís Eduardo
Magalhães
Assessor Especial
EXTRAÇÃO DE ÓLEO
Tabela 87: Entrevistados atuantes na produção de óleo vegetal
Nome do Entrevistado Empresa/ Órgão Função
Higino Estevão dos Santos OLDESA – Óleo de Dendê Ltda. Diretor Presidente
Jarbas Lima de Araújo Filho Óleos de Palma S/A. Diretor
Valdemar Adolfo da Silva Gerente Geral
Olavo Pereira de Sena Neto
Braswey S.A Indústria e Comércio
Supervisor de Produção
Adrian E. N. Y. Gouw Gerente Comercial
Urs Adrian Hänzi
BOM – Brasil Óleo de Mamona
Ltda.
Diretor Gerente
Dagoberto Bernini Gerente Regional
Almerano V. Rocha
Cargill Complexo Soja
Gerente Industrial
Luiz Xavier B. Filho L. Xavier Diretor
Eduardo Minoru Taji Taji Diretor
Gustavo Silva Engenheiro Chefe da Planra 1
Francis
BUNGE Alimentos
Engenheiro Chefe da Planra 2
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Apêndice I:
Lista de Entrevistados 125
PRODUÇÃO DE BIODIESEL
Tabela 88: Entrevistados atuantes na produção e/ ou pesquisas sobre biodiesel
Nome do Entrevistado Empresa/ Órgão Função
Carlos Nagib Khalil
PETROBRAS – Centro de Pesquisas e
Desenvolvimento (CENPES)
Consultor Sênior
John Kennedy de Oliveira Engenheiro de Processo
Albertino Machado de Carvalho
Metanor S.A
Gerente Técnico
Jussara Calôba
Luiz Carlos dos Anjos Freitas
Ricardo Campos Mascarenhas Coordenador
José Carlos Gameiro Miragaya
Gerente de Energia
Renovável
Fernando Carrilho Junior
Julio César Pinho
Analista de Comércio e
Suprimento
Luiz Carlos dos Anjos Freitas
PETROBRAS – Divisão de Gás &
Energia (Desenvolvimento Energético)
Waldir Pepe
Confederação das Indústrias do Estado
de São Paulo (CIESP)
Conselheiro do CIESP.
Lidera um grupo de
investidores em uma usina
para a produção de biodiesel
em Irecê (BA). A produção
será verticalizada para o
plantio e extração de óleo de
mamona. A rota de produção
será a etílica.
É fabricante de máquinas:
empresas HAD Acessórios e
Equipamentos e Hytronic.
LOGÍSTICA E COMERCIALIZAÇÃO
Tabela 89: Entrevistados atuantes em logística e comercialização
Nome do Entrevistado Empresa/ Órgão Função
Benjamim Antonio de S. D. Fontes
Coordenador de
Intermodalismo
Mateus da Cunha Dias Gestor Governamental
Oswaldo Magalhães
Paulo Cardoso Aguiar
Secretaria de Infra-Estrutura (SEINFRA)
Superintendência de Transportes da
Bahia (SUPET-BA)
Diretor de Logística de
Transportes
Cássia Albuquerque
Gerente de Suprimentos e
Responsável pelo Biodiesel
Sérgio Presgrave
ALE Combustíveis S.A
Diretor de Operações
André Oliveira Soll Distribuidora de Petróleo Ltda. Diretor Executivo
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Apêndice II:
Questionário aplicado para a Cadeia do Biodiesel
Obrigada por participar desta pesquisa. As informações fornecidas
serão tratadas de forma confidencial e, caso sejam publicadas, o serão de
forma genérica, mantendo a garantia sobre o anonimato de sua
procedência. Uma cópia do relatório final poderá ser enviada à pessoa de
contato ao término do estudo.
Para maiores informações, favor entrar em contato com:
Professor Silvio Hamacher
Departamento de Engenharia Industrial, PUC-Rio
Informações para contato:
Empresa
Nome (contato)
Cargo
E-mail
Telefone
Data
Entrevistador
Deseja receber uma
cópia do relatório final
da pesquisa?
Sim o
Oleaginosa a ser considerada neste questionário:
Dendê Mamona Soja Algodão Girassol
Seção A – Plantio + Colheita
1. Qual a área plantada?
Região Área Plantada em 2005
Luís Eduardo Magalhães ____________ (hectares)
Barreiras ____________ (hectares)
___________________________ ____________ (hectares)
EU 5DayCar
Initiative
A partir desse ponto, por favor, responda as perguntas em relação a Oleaginosa escolhida
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Apêndice II:
Questionário aplicado para a Cadeia do Biodiesel 127
2. Quais as produtividades mínima, dia e máxima (em ton/ha)? Considere a
possibilidade de uso de adubação, irrigação, sementes selecionadas ou qualquer
combinação destes fatores.
Fatores Considerados Produtividade (ton/ha)
Sementes Mínima Média Máxima Plantio
Consorciado?
Planta usada
no consórcio
Densidade da
Plantação
Adubação Irrigação
Especificar
Sim Não _________ ___________ _______ _______ ______ _______
Sim Não ___________ ___________ _______ _______ _______ _______
3. Existem outros fatores que influenciam na produtividade que não são os três
acima citados? Defina o grau de influência de acordo com a escala: 1= baixa
influência 5= alta influência
Fatores Escala
Incidência de Pragas e Doenças 1 2 3 4 5
Tratos Culturais 1 2 3 4 5
Sistema de Plantio 1 2 3 4 5
Adubação 1 2 3 4 5
Luminosidade 1 2 3 4 5
Distribuição de Chuvas 1 2 3 4 5
__________________________________ 1 2 3 4 5
__________________________________ 1 2 3 4 5
4. Por favor, complete a tabela com os seguintes dados: (I) eventuais fatores extras
que influenciem na composição dos principais investimentos envolvidos no
plantio na primeira coluna; (II) ordem crescente de importância dos fatores
listados na primeira coluna, sendo o grau 1 atribuído ao mais importante, 2 ao
segundo e assim sucessivamente; (III) quantificação, se possível, dos
investimentos por hectare.
Fatores
Ranking
Quantificar (R$/ha)
Aquisição de terreno ____________
Obras civis, instalações prediais ____________
Equipamentos, Ferramentas, Máquinas e
veículos
____________
Outros Custos (ITR, Licenciamento
Ambiental, Alvará etc)
____________
_______________________ ____________
_______________________ ____________
5. Por favor, defina a perecibilidade do fruto, grão ou baga, de acordo com a
escala: 1 = baixa perecibilidade, 5 = alta perecibilidade.
Escala
1
2
3 4
5
Resposta não possível
É possível quantificar?
(dias)
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Apêndice II:
Questionário aplicado para a Cadeia do Biodiesel 128
6. Qual o número médio de empregos gerados por hectare plantado? Considere o
fato da agricultura ser familiar ou extensiva.
Agricultura Familiar: ___________Agricultura Extensiva: ___________
7. Por favor, complete a tabela a seguir com os seguintes dados: (I) eventuais
fatores extras que influenciem na composição dos custos envolvidos no plantio na
primeira coluna; (II) ordem crescente de importância dos fatores listados na
primeira coluna, sendo o grau 1 atribuído ao mais importante, 2 ao segundo e
assim sucessivamente; (III) quantificação, se possível, dos custos por hectare.
Fatores
Ranking
Quantificar (R$/ha)
Mão-de-obra com Tratos Culturais ____________
Mão-de-obra com Preparo da Área ____________
Despesas Administrativas ____________
Manutenção e Conservação
Materiais e Insumos ____________
Combustível e Energia Elétrica ____________
Depreciação ____________
Impostos ____________
_______________________ ____________
8. Por favor, complete a tabela abaixo com os principais riscos associados ao
plantio e à colheita e seus respectivos graus, de acordo com a escala: 1 = baixo
risco, 5 = alto risco.
Fatores Escala
Questões climáticas 1 2 3 4 5
Falta de mão-de-obra 1 2 3 4 5
Excesso de oferta da oleaginosa 1 2 3 4 5
Falta de demanda da oleaginosa 1 2 3 4 5
Isolamento logístico da região 1 2 3 4 5
Falta de irrigação 1 2 3 4 5
Pragas e doenças 1 2 3 4 5
Sistema de colheita 1 2 3 4 5
___________________ 1 2 3 4 5
Seção B – Extração de óleo
1. Por favor, defina a perecibilidade do óleo, de acordo com a escala: 1 = baixa
perecibilidade, 5 = alta perecibilidade.
Escala
1
2
3
4
5
Resposta não possível
É possível quantificar?
2. Quais os co-produtos, o percentual obtido no processo e qual o preço médio de
venda de cada um deles em R$/ton?
(dias)
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Apêndice II:
Questionário aplicado para a Cadeia do Biodiesel 129
Co-produtos % Obtido Preço (R$/ton)
_____ _____
_____ _____
3. Por favor, complete a tabela abaixo com os principais fatores inibidores da
extração de óleo e seus respectivos graus, de acordo com a escala: 1 = baixo, 5 =
alto.
Fatores Escala
Mercado atraente para os grãos, fruto ou baga 1
2
3 4
5
Falta de mão-de-obra 1
2
3 4
5
Falta de demanda para o óleo 1
2
3 4
5
Isolamento logístico da região 1
2
3 4
5
Disponibilidade de matéria prima 1
2
3 4
5
_______________________
4. Qual o teor de óleo mínimo, médio e máximo contido no fruto, baga ou grão
(em % do peso do fruto, baga ou grão)? Considere a possibilidade de uso de
adubação, irrigação, sementes selecionadas ou qualquer combinação destes
fatores.
Fatores Considerados Teor de Óleo (%)
Adubação Irrigação Sementes / especificar Mínimo dio Máximo
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
___________
_____ ______ ______
Para responder as questões seguintes considere a seguinte classificação:
Definição do Porte da Usina:
Usina pequena: capacidade de produção (ton) entre ___________ e ____________.
Usina média: capacidade de produção (ton) entre _____________e ____________.
Usina grande: capacidade de produção (ton) entre ____________ e ____________.
5. Qual o tempo (em meses) para a implantação de uma usina de esmagamento?
Considere o porte da usina.
Tempo de Implantação
Pequena dia Grande
____ (meses)
____ (meses)
____ (meses)
6. Por favor, complete a tabela com os seguintes dados: (I) eventuais fatores extras
que influenciem na composição dos principais investimentos (em R$) envolvidos
na implantação de uma usina de esmagamento na primeira coluna; (II) ordem
crescente de importância dos fatores listados na primeira coluna, sendo o grau 1
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Apêndice II:
Questionário aplicado para a Cadeia do Biodiesel 130
atribuído ao mais importante, 2 ao segundo e assim sucessivamente; (III)
quantificação, se possível, dos investimentos por hectare. Considere o porte da
usina.
Porte da Usina
Fatores
Ranking
Pequena Média Grande
Aquisição de terreno _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Obras civis, instalações prediais _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Equipamentos, Ferramentas,
Máquinas e veículos
_______(R$) _____(R$) _____(R$)
Outros Custos (ITR, Licenciamento
Ambiental, Alvará etc.)
_______(R$) _____(R$) _____(R$)
Materiais e Insumos _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Mão-de-Obra _______(R$) _____(R$) _____(R$)
_______________________ _______(R$) _____(R$) _____(R$)
_______________________ _______(R$) _____(R$) _____(R$)
7. Por favor, complete a tabela com os seguintes dados: (I) eventuais fatores extras
que influenciem na composição dos custos operacionais (em R$) envolvidos na
implantação de uma usina de esmagamento na primeira coluna; (II) ordem
crescente de importância dos fatores listados na primeira coluna, sendo o grau 1
atribuído ao mais importante, 2 ao segundo e assim sucessivamente; (III)
quantificação, se possível, dos investimentos por hectare. Considere o porte da
usina.
Porte da Usina
Fatores Ranking
Pequena Média Grande
Mão-de-obra _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Controle de qualidade do óleo _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Despesas Administrativas (Inclui
seguros e licenças)
_______(R$) _____(R$) _____(R$)
Materiais e Insumos _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Manutenção / conservação (ex:
equipamentos)
_______(R$) _____(R$) _____(R$)
Combustíveis + energia elétrica _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Impostos
(CPMF+ICMS+IE+PIS+COFINS)
_______(R$) _____(R$) _____(R$)
Outros Custos Menores _______(R$) _____(R$) _____(R$)
_______________________ _______(R$) _____(R$) _____(R$)
Para responder a questão seguinte considere a classificação:
Modelo Descrição
Plantation
A área total de plantio e a unidade industrial de grande porte pertencem a
um único proprietário ou grupo empresarial, produzindo toda a matéria-
prima necessária ao funcionamento da unidade extratora.
Projeto nuclear
Unidade industrial e parte da plantação pertencem a um grupo
empresarial ou proprietário único, com parte da matéria-prima a ser
fornecido por produtores independentes, normalmente assistido técnica e
financeiramente pelo grupo líder do empreendimento.
Fonte: Embrapa Amazônica Ocidental (2005)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Apêndice II:
Questionário aplicado para a Cadeia do Biodiesel 131
8. Qual o número médio de empregos gerados de acordo com a capacidade da
planta? Considere o fato do modelo de produção ser do tipo Plantation ou Projeto
nuclear.
Seção C – Informações Gerais
1. Qual o grau de associação dos produtores? Defina de acordo com a escala: 1 =
muito baixo, 5 = muito alto.
Região Escala
Luis Eduardo Magalhães
1 2 3 4 5
Barreiras
1 2 3 4 5
____________________
1 2 3 4 5
2. Qual a capacidade de gestão dessa associação? Defina de acordo com a escala:
1 = muito baixo, 5 = muito alto.
Região Escala
Luis Eduardo Magalhães
1 2 3 4 5
Barreiras
1 2 3 4 5
__________________
1 2 3 4 5
3. Qual o grau de dispersão geográfica dos produtores na região? Defina de
acordo com a escala: 1 = muito baixo, 5 = muito alto.
Região Escala
Luis Eduardo Magalhães
1 2 3 4 5
Barreiras
1 2 3 4 5
__________________
1 2 3 4 5
4. Qual a distância dos produtores ao local de transformação? Defina de acordo
com a escala: 1 = muito perto, 5 = muito longe.
Região Escala
Luis Eduardo Magalhães
1 2 3 4 5
Barreiras
1 2 3 4 5
__________________
1 2 3 4 5
Modelo Porte da Usina
Plantation Projeto Nuclear Pequena Média Grande
_________ _________ _________
_________ _________ _________
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511095/CA
Apêndice III:
Modelo de Simulação
Este apêndice apresenta as telas do modelo de simulação. Os dados
mostrados a seguir referem-se à simulação do cenário provável da cadeia
totalmente verticalizada do dendê.
Sumário
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Apêndice III:
Modelo de Simulação 133
Plantio Provável
Extração Provável
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Apêndice III:
Modelo de Simulação 134
Biodiesel Provável
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Apêndice IV:
Plantio e Extração de Óleo de Dendê
Este apêndice descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
dendê (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (pré-plantio e plantio) e industriais (extração de óleo).
ASPECTOS AGRÍCOLAS: PRÉ-PLANTIO E PLANTIO
A seguir são descritas as etapas necessárias para o cultivo do dendê: pré-
plantio e plantio.
1. PRÉ-PLANTIO
Pré-viveiro: Ao receber as sementes pré-germinadas o produtor ou viveirista
faz uma escolha separando aquelas que possuam caulículo e radícula com
tamanho entre 10 e 15 milímetros para semeio imediato; as sementes restantes
ficam guardadas por mais 4 a 8 dias para alcançarem o tamanho de utilização.
Os sacos de polietileno escuro o cheios com terriço de mata, onde a semente
pré-germinada é plantada; os sacos podem ser dispostos em canteiros com
largura máxima de 1,2m, e com sombra inicial de 50%, que vai sendo retirada
à medida que a planta se desenvolve. Após 4 meses a muda deve apresentar 4
folhas lanceoladas estando apta para o viveiro (SEAGRI – BA, 2005).
Os dados primários obtidos indicam um período de 4 a 6 meses para a
formação da muda no pré-viveiro, considerando o plantio de 68 mil sementes/ha.
Viveiro: Necessita-se de 234 sementes pré-germinadas para formação de 143
mudas para plantio e mais 8 a 10 mudas para replantio (SEAGRI – BA, 2005).
Os tratos culturais necessários ao viveiro incluem: irrigação, monda
(eliminação de ervas daninhas), adubação e controle de pragas.
De acordo com a SEAGRI – BA (2005), o tempo no viveiro varia da
seguinte maneira:
- 7 a 8 meses: com população de 19 mil mudas/ha;
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Apêndice IV:
Plantio e Extração de Óleo de Dendê 136
- 8 a 10 meses: com população de 14 mil mudas/ha;
- 10 a 12 meses: com população de 10 mil mudas/ha.
Os dados primários obtidos indicam um período de 8 a 10 meses no viveiro,
considerando uma população de 19 mil mudas/ha.
Caso não tenha pré-viveiro, recomenda-se adquirir as mudas de um
propagador fidedigno do ponto de vista fitossanitário, como a Embrapa, ou
viveiristas particulares tecnicamente credenciados, pois o sucesso da
dendeicultura exige, dentre outros requisitos, o emprego de material propagativo
selecionado (Suframa/FGV, 2003).
2. PLANTIO
Preparo da área: Realizado no ano de implantação, compreende as fases
de: (a) limpeza mecanizada e manual do terreno, através da derrubada/queima
da vegetação e abertura de estradas de serviço; (b) semeadura com puerária
javanica, que tem adaptabilidade comprovada aos solos tropicais, conservando
a umidade do terreno e promovendo a pida recuperação microbiológica do
solo depauperado após o desmatamento e a queima; (c) demarcação e
piqueteamento; (d) abertura e enchimento das covas com adubos químicos (N,
P
2
O
5
, K
2
O) e orgânicos; (e) retirada dos piquetes (Suframa/FGV, 2003).
Plantio das mudas: Realizado no período de chuvas do 2
o
ano de implantação,
com um espaçamento de 9m X 9m, totalizando uma densidade de 143 plantas
por hectare (SEAGRI – BA, 2005).
Tratos Culturais: Compreende: (a) o período de crescimento vegetativo da
planta (desde o plantio até o ano de implantação), no qual são realizados
periodicamente as operações de “coroamento”
15
, drenagem, rebaixamento da
cobertura de leguminosas, adubação (N, P
2
O
5
, K
2
O) + micronutrientes e tratos
fitossanitários; e (b) o período de produção comercial da planta (do 6
o
até o 25
o
ano da cultura), no qual se continuidade ao coroamento, drenagem,
15
Para evitar concorrência de ervas, afastar roedores e facilitar a colheita, capina-se em torno do
dendezeiro ou pratica-se o "coroamento".
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Apêndice IV:
Plantio e Extração de Óleo de Dendê 137
rebaixos, podas, adubação e tratos fitossanitários, além da polinização por
insetos, objetivando incrementar a produção de frutos nos cachos
(Suframa/FGV, 2003).
Colheita: A colheita é uma das atividades mais importantes e delicadas da
exploração da atividade. É realizada durante todo o ano, utilizando-se
instrumentos variados (ferro de cova, foice, facão) para a coleta dos cachos.
É de fundamental importância para a qualidade e quantidade do óleo,
considerando que o estágio de maturação e o sistema de carregamento e transporte
afetam diretamente a acidez do produto. Uma vez colhido, os frutos devem ser
submetidos ao cozimento em no máximo 48 horas, para paralisar a atividade
enzimática que promove o aumento da acidez.
Mesmo que os frutos sejam lavados para o processamento, a higiene da
colheita, transporte e recepção dos cachos afetam a qualidade do produto. O
sistema de extração de óleo por prensagem permite obter um produto com menor
índice de acidez (Sande, 2002).
Ciclo máximo de eficiência: A produção dos cachos tem início a partir dos 3,5
anos após o plantio, chegando ao ápice entre 7 e 15 anos. Após esse período,
começa a decrescer lentamente a o 25
o
ano (Suframa/FGV, 2003).
No oitavo ano a produção alcança de 20 a 30 toneladas de cachos e até
35ton/cachos/hectare. Até o décimo sexto ano esse nível de produção se mantém
declinando, ligeiramente, até fim da vida útil produtiva do dendezeiro aos 25 anos
(SEAGRI – BA, 2005).
ASPECTOS INDUSTRIAIS: EXTRAÇÃO DE ÓLEO
A extração do óleo (processamento da produção) deve ser próxima da
plantação (produção), pois os frutos devem ser processados em até 24 horas, no
máximo 48 horas após a colheita, com riscos acentuados de perda da qualidade do
óleo, causada por processos enzimáticos de deterioração e acidez do óleo.
(Suframa/FGV, 2003).
Necessita-se de um laboratório de análises da qualidade dos produtos
extraídos, que os compradores rejeitam óleos e tortas com grau de acidez ou
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Apêndice IV:
Plantio e Extração de Óleo de Dendê 138
nível de presença de impurezas acima dos padrões internacionalmente
estabelecidos (Suframa/FGV, 2003).
O fluxograma do processo industrial para produção de óleo de dendê é
apresentado na Figura 29:
Figura 29: Fluxograma para extração de óleo de dendê. Fonte: Suframa/FGV (2003)
As principais etapas apresentadas na Figura 29 são descritas na Tabela 90:
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Apêndice IV:
Plantio e Extração de Óleo de Dendê 139
Tabela 90: Descrição do processo de produção de óleo. Fonte: Suframa/FGV (2003)
Etapa Descrição
Esterilização
Os cachos são esterilizados, por cozimento, através de vapor proveniente de
caldeira com controle de temperatura, pressão e tempo em uma máquina
chamada autoclave. O ciclo completo de esterilização dura em torno de 60
minutos, com pressão de 2,5 a 3,0 atm., e seus objetivos são: eliminar as
enzimas responsáveis pelo aumento da fermentação dos frutos frescos;
soltar os frutos dos cachos; amolecer a polpa para facilitar a extração do
óleo e encolher parcialmente as amêndoas para facilitar a separação de sua
casca. O autoclave gera efluentes residuais líquidos da ordem de 2% do
volume de cachos beneficiados.
Debulhamento
Os cachos esterilizados são derramados no debulhador rotativo, onde os
frutos são desprendidos dos cachos, os quais, agora vazios, saem do
processo como resíduos sólidos para utilização como adubo orgânico e para
alimentar a caldeira e o grupo gerador (adaptado para este fim), num
volume equivalente a 22% da tonelagem de cachos beneficiados.
Digestão
Os frutos são conduzidos por esteira rolante ao digestor, onde são
continuamente umedecidos, amassados e aquecidos a uma temperatura
constante de 9centígrados. O resultado é uma massa uniforme, à qual o
digestor adicionou um volume de água correspondente a 26% da tonelagem
de cachos beneficiados.
Prensagem
A massa é despejada na prensa eletromecânica, onde é extraído o óleo
bruto. A prensa, além do óleo, produz a torta de prensagem, que é a massa
de frutos prensada sem o óleo bruto da palma, correspondente a 24% da
tonelagem de cachos beneficiados, e que dará início ao processo de
palmisteria.
Clarificação e
secagem
76% do óleo bruto prensado é despejado em um clarificador, máquina para
peneirar e desumidificar o óleo bruto. O óleo clarificado é, a seguir,
transportado para os secadores de óleo a vapor e vácuo.
Armazenagem e
expedição do óleo
de palma
O óleo de palma é bombeado para tanques de armazenagem, onde é
mantido a uma temperatura constante de 50 graus centígrados, pronto para
expedição.
Desfibração
A torta de prensagem é colocada no desfibrador, recipiente metálico no
qual é aquecida por vapor proveniente também da caldeira, com o objetivo
de separar as nozes das fibras. Esta etapa gera como resíduo um volume de
fibras equivalente a 54% do volume da torta desfibrada.
Palmisteria
(a) As nozes são trituradas em uma máquina quebradora de nozes expondo
as amêndoas e peneirando as cascas, as quais constituirão matéria orgânica
para a caldeira e o grupo gerador; (b) As amêndoas são transformadas em
massa pela adição de água e cozimento no digestor e a massa cozida é
prensada, obtendo-se a torta de palmiste e o óleo de palmiste.
Armazenagem e
expedição da torta
e do óleo de
palmiste
A torta de palmiste é embalada em sacos de juta e armazenada em galpão
de estocagem, enquanto o óleo de palmiste é filtrado e bombeado para um
silo de armazenagem. O óleo de palmiste é expedido em caminhões-tanque,
enquanto os sacos com as tortas são expedidos em caminhões-baú.
Tratamento de
efluentes
Os resíduos líquidos e sólidos são depositados por gravidade em um galpão
menor, onde são decantados e formam a “borra do dendê”, co-produto
orgânico utilizado para alimentar tanto a caldeira quanto o grupo gerador e
ser revendido como insumo para fabricar sabões, velas etc.
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Apêndice V:
Plantio e Extração de Óleo de Soja
Este apêndice descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de soja
(matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos agrícolas
(plantio) e industriais (extração de óleo).
ASPECTOS AGRÍCOLAS: PLANTIO
Nesta seção são descritas as principais etapas para o plantio da soja.
Preparo da área: O preparo do solo deve oferecer as seguintes condições para
o desenvolvimento e produção da soja: (a) lugar para as sementes germinarem
rapidamente; (b) meio ambiente no qual as raízes possam obter umidade e
nutrientes; (c) controle das ervas daninhas; (d) destruição dos restos da cultura
anterior; (e) leito de semeadura uniforme, que possibilite a germinação normal
das sementes e o trabalho eficiente da máquina agrícola usada na lavoura.
Uma aração, duas ou mais gradeações e a uniformização da superfície do
terreno geralmente atendem às exigências do preparo do solo. O revolvimento da
terra pelo arado e a destruição dos torrões conseguida por gradeações bem
conduzidas, dão ao leito de semeadura condições apropriadas de emergência das
plantas. O nivelamento do solo, que é realizado com grade niveladora ou com
pranchão de madeira preso à grade comum, elimina variações da sua superfície
proporcionando maior eficiência de operação das semeadeiras e das demais
máquinas agrícolas. O solo convenientemente preparado para o plantio da soja
requer eficiente controle da erosão, quando sua declividade exige adoção dessa
prática (Criar e Plantar, 2005a).
Plantio: Os principais requisitos para o sucesso do plantio podem ser
resumidos em: (a) suficiente teor de umidade no solo; (b) regulagem correta da
semeadeira; (c) semeadura em velocidade moderada; (d) ligeira compactação
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Apêndice V:
Plantio e Extração de Óleo de Soja 141
do solo após o fechamento do sulco; (e) acompanhamento da operação de
semeadura (Criar e Plantar, 2005a).
O espaçamento entre linhas na cultura da soja varia com o ciclo vegetativo
do cultivar. Os cultivares precoces são semeados no espaçamento de 36 a 45 cm.
Para os demais cultivares é recomendado o espaçamento de 60 cm, que pode ser
reduzido para 50 cm se houver atraso do plantio. A densidade desejável é de 30
sementes por metro linear. Por hectare, gira em torno de 60 quilos de sementes
quando o espaçamento é de 60 centímetros (Criar e Plantar, 2005a).
Levando em conta as exigências de armazenamento e os danos que as
sementes de soja podem sofrer no campo ou na colheita, é aconselhável sua
aquisição a cada ano, de fonte idônea, registrada nos Órgãos Oficiais segundo a
Legislação vigente (Criar e Plantar, 2005a).
Tratos Culturais: A adubação é fundamental para garantir uma boa
produtividade da planta. O fósforo é de particular importância para a produção
de soja. Sua ação não se limita apenas à função específica de nutrição. Ele
proporciona bom desenvolvimento do sistema radicular, influindo, portanto,
em todo o desenvolvimento da planta, e conseqüentemente no rendimento dos
grãos (Criar e Plantar, 2005a).
Solos com pH inferior a 5,5 podem conter alumínio e manganês em
quantidades tóxicas para as plantas e o possuem condições apropriadas para o
trabalho eficiente das bactérias fixadoras de nitrogênio. O cálcio e o magnésio,
componentes do calcário, são elementos importantes para a nutrição da soja e
também para a atividade das bactérias. A aplicação do calcário deve preceder o
plantio em pelo menos 90 dias. Obtém-se efeito mais rápido e mais intenso do
calcário quando ele é de granulação fina e sua incorporação é feita em duas
parcelas: uma antes e outra depois da aração (Criar e Plantar, 2005a).
Colheita: A soja é uma oleaginosa de cultura temporária e sua colheita ocorre,
principalmente, entre os meses fevereiro e abril de cada ano. A soja é colhida
após a queda das folhas, com haste e vagens secas e com 14% de umidade nos
grãos. A colheita, geralmente a granel, é realizada por combinadas. O emprego
de cultivares de ciclos diferentes amplia o período da colheita, permitindo
maior aproveitamento das colhedeiras (Criar e Plantar, 2005a).
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Apêndice V:
Plantio e Extração de Óleo de Soja 142
Além do plantio convencional, pode-se realizar também o plantio direto, que
consiste na instalação da cultura sem revolvimento do solo. É possível em terrenos
sistematizados pelo plantio convencional. A eliminação de ervas daninhas no
plantio direto é realizada com o emprego de herbicidas na instalação da cultura e,
quando necessário, depois da emergência da soja. O plantio direto já é adotado em
grandes áreas, especialmente nas regiões em que é possível a sucessão soja/ trigo
(Criar e Plantar, 2005a). Trata-se de um sistema de produção conservacionista,
que se contrapõe ao sistema tradicional de manejo. Envolve o uso de técnicas para
produzir, preservando a qualidade ambiental. Fundamenta-se na ausência de
preparo do solo e na cobertura permanente do terreno através de rotação de
culturas (Embrapa Soja, 2004).
A rotação de culturas consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais
numa mesma área agrícola. Uma leguminosa como a soja admite plano de rotação
com outras culturas. A prática melhora as características físicas, químicas e
biológicas do solo, auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas;
repõe matéria orgânica no solo e protege o solo da ação de agentes climáticos;
ajuda a viabilização do sistema de semeadura direta (SSD) e dos seus efeitos
benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo. As
culturas para rotação podem ser o milho, arroz, sorgo, algodão, feijão e girassol,
entre outras (Embrapa Soja, 2004).
Com o desenvolvimento de genótipos e técnicas de manejo apropriados para
cada região, a chamada safrinha (a produção obtida no período da entressafra) tem
sido vista como uma grande oportunidade que traz bons retornos financeiros ao
produtor (Agro Cargill, 2005).
A principal cultura usada no período de entressafra no Brasil é o milho e já
representa 35% da área total destinada à safrinha, ou seja, cerca de 3 milhões de
hectares. Em 2004/2005, a cultura do trigo representou 28,2% e a do feijão 20%
(Agro Cargill, 2005).
No caso da soja, o produtor pode antecipar seu plantio e/ ou utilizar
genótipos precoces para antecipar sua colheita e aproveitar o final da época de
chuvas para plantar milho. Quando a colheita da soja não for antecipada, pode-se
utilizar o período de inverno para plantar trigo (Agro Cargill, 2005).
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Apêndice V:
Plantio e Extração de Óleo de Soja 143
ASPECTOS INDUSTRIAIS: EXTRAÇÃO DE ÓLEO
O fluxograma simplificado do processo industrial para produção de óleo de
soja é apresentado na Figura 30:
Figura 30: Fluxograma da extração de óleo de soja. Fonte: Lazzarini e Nunes (1998)
De uma forma mais detalhada, o fluxograma do processo industrial para
produção de óleo de soja pode ser representado pela Figura 31:
Figura 31: Fluxograma da extração de óleo de soja. Fonte: Pukasiewicz et al. (2004)
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Apêndice V:
Plantio e Extração de Óleo de Soja 144
As etapas apresentadas na Figura 31 são descritas por Roberto de Paula e
Faveret Filho (1998) da seguinte maneira: O processo de industrialização da soja
inicia-se com o esmagamento e a extração do óleo. Após passar por processos de
secagem, para retirada de umidade, e limpeza, o grão é quebrado e prensado em
pequenas lâminas, que, transformadas em massa, o lavadas com solvente
derivado de petróleo (hexano).
O produto fica impregnado com óleo e posteriormente é feita a separação,
por evaporação, passando ainda por um sistema de retirada de goma (degomagem)
para alcançar o estágio de óleo bruto. A massa restante, após secagem e tostagem,
resulta no farelo. A goma tanto pode ser utilizada para a produção de lecitina de
soja quanto ser adicionada ao farelo.
Este é o método usado por praticamente todas as unidades de esmagamento
em atividade atualmente no Brasil, que nos anos 70 trocou a técnica de prensagem
pelo uso do solvente. Algumas bricas utilizam um extrusor para aumentar a
densidade da massa e facilitar a extração do óleo. No início do processo industrial
pode ser feita a retirada da casca do grão, resultando num farelo de maior
quantidade de proteína.
O destino do óleo é o refino, e o farelo vai para a alimentação animal,
diretamente ou através das misturas feitas pelas fábricas de ração. O
aproveitamento médio do grão é de 79% de farelo e 19,8% de óleo bruto.
A operação de esmagamento, a retirada do óleo e seu posterior refino
merecem as maiores atenções quando se fala do complexo da soja, seja porque a
maior parte do produto é farelo ou porque a maior parte do óleo destina-se ao
consumo doméstico de óleo refinado e à exportação de óleo bruto.
A cadeia o pára nestes dois produtos. O óleo ainda pode ser transformado
em vários produtos, dos quais a margarina se coloca em maior destaque, embora
outros co-produtos de uso alimentar e químico façam parte da seqüência de
aproveitamento da soja.
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Apêndice VI:
Plantio e Extração de Óleo de Mamona
Este apêndice descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
mamona (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (plantio) e industriais (extração de óleo).
ASPECTOS AGRÍCOLAS: PLANTIO
Nesta seção são descritas as principais etapas para o plantio da mamona.
Preparo da área: Esta atividade pode ser feita à tração animal ou mecânica.
Recomenda-se o usar implementos ou práticas que concorram para a
compactação do solo e fazer uma aração convencional, de preferência com o
arado de aiveca, com profundidade dependendo das características físicas do
solo (Embrapa Algodão, 2005a). Em seguida, passar uma grade leve
(niveladora), que o seja aradora. O solo deve ser preparado no seco ou no
ponto de friabilidade (com um razoável teor de umidade), dependendo de sua
textura e estrutura. No caso de solo trabalhado e de textura arenosa, deve-se
somente utilizar uma gradagem leve no preparo do mesmo. Se possível, a
aração deve ser bem antes do plantio, de dois a três meses, e a gradagem pouco
antes do plantio. Na impossibilidade de se determinar as curvas de vel do
terreno, recomenda-se fazer a aração, a gradagem e o plantio no sentido
perpendicular ao do escoamento das águas, visando reduzir o arrastamento do
solo, bem como promover um maior aproveitamento da água de chuva pela
cultura (Carvalho, 2005).
Plantio: Três fatores determinam a época mais propícia ao plantio da
mamoneira: umidade, temperatura e luminosidade. No Nordeste, esta época
coincide com o início da estação chuvosa, depois de pelo menos 30 mm de
chuva (Embrapa Algodão, 2005a). O plantio de inverno deverá ser realizado
nos meses de março, abril e maio (Carvalho, 2005).
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Apêndice VI:
Plantio e Extração de Óleo de Mamona 146
É necessário que a distribuição do calor e umidade seja uniforme e
conveniente, durante todo o período vegetativo da planta. Quando falta umidade
no solo as sementes têm pouco peso e baixo rendimento em óleo, mesmo
tratando-se de variedades produtivas, o que se observa por ocasião de secas. Isto
não quer dizer que a cultura deva ser instalada em terrenos sujeitos a alagamentos
ou drenagem, pois a planta é bastante sensível à asfixia das raízes (Criar e
Plantar, 2005b).
Ao se iniciar o período em que os frutos começam a ficar maduros, é
desejável que as chuvas sejam mais espaçadas, contribuindo para um melhor
processo de maturação. Os períodos de seca prolongados após a germinação são
sempre perigosos ocasionando não somente irregularidades no desenvolvimento,
como também em muitos casos, o definhamento das plantas ainda não
completamente desenvolvidas (Criar e Plantar, 2005b).
A irrigação é uma prática pouco utilizada, somente nos casos de produção
de sementes. Com o uso de irrigação pode-se antecipar a época de plantio da
mamoneira para o mês de setembro, concentrando a colheita nos meses de maio,
junho e julho, período em que não há precipitação (Carvalho, 2005).
Deve-se usar um espaçamento padrão de 3,0m x 1,0m, com uma planta por
cova, ficando 3.333 plantas/ha de população, tanto em condições de cultivo
solteiro quanto consorciado com outra cultura. Em solos de baixa fertilidade
natural ou desgastados pela erosão e outros fatores, pode-se colocar uma
população maior com a configuração de 2,0m x 1,0m, uma planta por cova,
população de 5.000 plantas/ha. Há outros esquemas de plantio com o uso de
fileiras duplas, porém são mais complexos e nem sempre expressam vantagens em
termos de produtividade e ganho na qualidade do produto final, que são as
sementes com elevado teor de óleo (Embrapa Algodão, 2005a).
Os sulcos de plantio devem ter a profundidade suficiente para que a semente
fique de 8 a 10 cm da superfície do solo. É de todo conveniente que se use, na
semeação, sementes desinfetadas com fungicidas contra moléstias do solo, que
afetam a germinação e prejudicam a obtenção de um número ideal de plantas por
área. Após, mais ou menos, uma semana da semeação, tem início a germinação,
dependendo das condições de umidade do solo (Criar e Plantar, 2005b).
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Apêndice VI:
Plantio e Extração de Óleo de Mamona 147
Na operação de semeadura, o gasto com sementes para as cultivares de porte
médio é da ordem de 5 kg/ha; para as cultivares de porte anão gastam-se de 10 a
15 kg/ha. é de aproximadamente 12 a 15 kg por hectare (Carvalho, 2005).
O desbaste deverá ser efetuado quando a planta alcançar a altura de 10 a 12
cm, aproximadamente 30 dias após o plantio. Recomenda-se deixar 1 ou 2 plantas
por cova (Embrapa Algodão, 2005a).
Tratos Culturais: Muitos produtores adotam um tipo de manejo no qual as
plantas são decotadas no final da colheita, rebrotando no ano seguinte, com o
surgimento das primeiras chuvas. Em outros casos, não procedem ao corte das
plantas, deixando-as intactas. Com a chegada do período chuvoso, essas
plantas iniciam um novo ciclo de florescimento e frutificação. Esse tipo de
manejo, se, por um lado, contribui para tornar a produção mais estável, em
relação ao clima, por outro, pode agravar os problemas fitossanitários pelo
aumento das fontes de inóculo das principais pragas e dos principais patógenos
que atacam a cultura (Carvalho, 2005).
Colheita e beneficiamento: A mamoneira é uma oleaginosa de cultura
temporária e sua colheita durante 3 meses por ano (Meirelles, 2003).
Para as cultivares utilizadas no Nordeste, a colheita é manual e parcelada e,
para complementar a secagem, recomenda-se espalhar os frutos ao sol por vários
dias. Para as cultivares indeiscentes, a colheita pode ser mecânica ou manual e
deverá ser única (Embrapa Algodão, 2005a).
A colheita é realizada quebrando-se o cacho na base do seu pedúnculo e o
colocando para completar a secagem no terreiro ou sobre uma lona. No caso de
cultivares semideiscentes, grande parte dos grãos (bagas) se desprende dos frutos
pela ação do calor. Aqueles frutos que não soltaram os grãos serão submetidos à
trilha manual ou mecânica. A primeira é realizada com varas flexíveis ou
utilizando o descascador manual; a segunda com trilhadeiras motorizadas ou
utilizando descascador elétrico. Quando a trilha é manual, deve-se proceder ao
peneiramento, para separar os grãos das cascas dos frutos. Após o beneficiamento
e limpeza, os grãos deverão ser colocados em sacas de aniagem, com capacidade
para 60 kg (Carvalho, 2005).
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Apêndice VI:
Plantio e Extração de Óleo de Mamona 148
A mamona quando plantada após uma cultura que recebeu adubação
intensiva, se aproveita muito bem do efeito residual do adubo. As folhas da
mamoneira, por imposição fisiológica da planta, no final do ciclo secam e caem
no solo, proporcionando excelente matéria orgânica para incorporação rica em
cálcio, potássio e nitrogênio (Criar e Plantar, 2005b). Trata-se de um método
eficaz de prevenção de pragas e doenças e de conservação da produtividade do
solo. Recomenda-se a rotação com o algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L.)
com o milho ou o sorgo, além do amendoim e do feijão, caso não tenha sido usado
em sistemas consorciados. Não se deve plantar mamona por mais de dois anos no
mesmo local sem se fazer rotação de culturas (Embrapa Algodão, 2005a).
Outra forma de plantio que, embora prejudique um pouco a cultura da
mamoneira é praticada, é o seu plantio consorciado com outras culturas (Criar e
Plantar, 2005b). O cultivo da mamona e feijão-caupi em uma mesma área pode ser
considerado uma importante fonte de renda para as famílias do Semi-Árido
Nordestino. As duas plantas são adaptadas à região e se desenvolvem em vários
tipos de solos, desde que tenham boa drenagem e que sejam bem preparados, com
adubação e calagem. O feijão caupi, feijão-de-corda ou feijão massacar é uma das
principais fontes de proteínas para as famílias do Nordeste. Apresenta ciclo curto,
baixa exigência de água e se desenvolve em solos de baixa fertilidade, sendo,
portanto, uma excelente alternativa para o consórcio com a mamona. O consórcio
com o milho ou o sorgo deve ser evitado, pois essas gramíneas são muito
competitivas e reduzem substancialmente a produtividade da mamoneira no
consórcio (Embrapa Algodão, 2005a).
ASPECTOS INDUSTRIAIS: EXTRAÇÃO DE ÓLEO
Da industrialização da mamona obtém-se, como produto principal, o óleo e,
como co-produto, a torta, que possui, enquanto fertilizante, a capacidade de
restauração de terras esgotadas, destacando-se seu emprego na Bahia, na lavoura
fumageira. Apesar de seu alto teor de proteínas (32 a 40%), por ser produto
tóxico, não se presta à alimentação animal. Porém, é comum encontrar citações na
literatura que afirmam esta torta pode ser usada na composição de ração animal,
se desentoxicada. Por se tratar de um processo de desintoxicação bastante
complexo e, muitas vezes, caro, as usinas de óleo preferem vender a torta apenas
como fertilizante (Embrapa Algodão, 2003).
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Apêndice VI:
Plantio e Extração de Óleo de Mamona 149
O fluxograma do processo industrial para produção de óleo de mamona
pode ser representado pela Figura 32:
Figura 32: Fluxograma da extração de óleo de mamona. Fonte: Embrapa Algodão (2003)
O processo de produção de óleo de é descrito em Aboissa (2005) da
seguinte maneira: a mamona passa por uma pré-limpeza e segue diretamente para
o aquecimento de vários estágios, num equipamento comumente chamado de
cozinhador ou chaleira. O óleo obtido através de prensa mecânica é aquecido em
tacho de água e vapor direto, na base de 45% de umidade. Depois de hidratado, o
óleo aumenta o volume e é imediatamente filtrado ou passa por uma centrífuga de
volume, sendo em seguida filtrado, ou passa pela centrífuga (super decanter). A
borra é misturada à torta que vai à extração por solvente, de onde se obtém o óleo
final e o farelo.
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Apêndice VI:
Plantio e Extração de Óleo de Mamona 150
O óleo obtido da prensagem, então, é clarificado, seco, polido e nesta
operação se mistura com o óleo proveniente da extração por solvente. Todas as
terras de clarificação com cerca de 30% de óleo seguem com a torta para a
extração por solvente.
Uma torta de boa qualidade é a obtida pelo processo de extração dupla, isto
é, submete-se a mamona à prensa e posteriormente a tratamento por solventes. A
torta assim obtida tem baixo teor de óleo residual (1,5%), favorecendo a sua
assimilação rápida pelo solo e aproveitamento ao máximo o benefício das chuvas
(Criar e Plantar, 2005b).
O óleo de mamona pode ser extraído da semente completa (sem descascar)
ou da baga (semente descascada por meio de máquinas apropriadas). O todo
utilizado para extrair o óleo pode ser prensagem (a frio ou a quente) ou extração
por solvente (Aboissa, 2005).
O óleo obtido pode ter diferentes fins, de acordo com seu grau de qualidade.
No caso do óleo medicinal, a prensagem das amêndoas é feita a frio, obtendo-se o
óleo límpido, incolor e brilhante, livre do tóxico ricina, com baixo teor de acidez e
impurezas. O óleo medicinal ainda deve passar pelos processos de refinação e
neutralização, para que seja absolutamente isento de acidez e de impurezas
(Aboissa, 2005).
para a extração do óleo industrial utiliza-se a prensagem a frio ou, de
preferência, a quente, das sementes completas, obtendo-se óleo tipo Standard
límpido, brilhante, que pode ter, no máximo, 1% de acidez e 0,5% de impurezas e
umidade, depois de refinado. O óleo industrial também pode ser obtido da torta
resultante da extração do óleo medicinal (Aboissa, 2005).
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Apêndice VII:
Plantio e Extração de Óleo de Algodão
Este apêndice descreve as etapas necessárias para a produção de óleo de
algodão (matéria-prima para a produção de biodiesel), detalhando os aspectos
agrícolas (plantio) e industriais (extração de óleo).
ASPECTOS AGRÍCOLAS: PLANTIO
Nesta seção são descritas as principais etapas para o plantio do algodão.
Preparo da área: Quando a terra vem sendo ocupada anos com a mesma
cultura, geralmente o solo se encontra em boas condições de receber a aração,
pois a destruição das anteriores soqueiras de algodão deve ter sido feita em
junho/julho e ainda não houve tempo para desenvolvimento de nova vegetação.
Nesse caso, uma aração deve ser suficiente; recomendam-se duas arações em
terreno muito praguejado de ervas daninhas. Uma a duas gradeações é
suficiente (Criar e Plantar, 2005c).
Plantio: A época de plantio, no Nordeste, concentra-se de novembro a maio.
Para as condições do semi-árido do Nordeste brasileiro, as cultivares já
atingem o total de 18, dentre as quais temos as BR1, CNPA 2H, CNPA
Precoce 1, CNPA 3H, CNPA Acala 1, CNPA 6H, CNPA Giorgi 1, CNPA
7H, CNPA Precoce 2, CNPA Precoce 3 (BRS 186), CNPA 8H (BRS 187),
BRS 200 (Marrom), BRS 201 E A CNPA 7MH – (Embrapa Algodão, 2005b).
Recomenda-se usar de 1 a 2 plantas por cova (manual) ou 5 a 15 plantas por
metro linear. Para o pequeno produtor do Nordeste, com unidade de produção
envolvendo mão-de-obra familiar, limitação drástica de capital e pequena área,
inferior a 20 ha recomenda-se, com o uso de qualquer uma das cultivares
indicadas, a utilização do sistema de fileiras duplas. Neste sistema, o algodão é
plantado no espaçamento 1,7 x 0,3 x 0,2m, com 1-2 plantas por cova e 50.000 a
100.000 plantas por hectare (Criar e Plantar, 2005c).
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Apêndice VII:
Plantio e Extração de Óleo de Algodão 152
Tratos culturais: A adubação pode ser feita com adubadeira simples de tração
animal ou adubadeira maior, tracionada por tratores. Pode ser feita, assim como
o sulcamento, simultaneamente com a semeação, dependendo do tipo de
máquina empregada (Criar e Plantar, 2005c).
O controle químico das ervas daninhas pode também ser feito com
herbicidas. Os herbicidas aplicados sob incorporação devem ser colocados no solo
antes do plantio; logo em seguida, deverá ser feita uma gradeação no terreno para
que haja incorporação do produto químico. Depois se fará a semeação. Os do tipo
pré-emergência são colocados no solo após o plantio, porém, antes que a planta
desponte na superfície da terra. ainda os herbicidas do tipo pós-emergência. O
uso de herbicida o elimina por completo o uso de implementos necessários à
escarificação do terreno (Criar e Plantar, 2005c).
Terras com declive acima de 12% devem ser deixadas com sua vegetação
nativa ou exploradas com culturas perenes, pois o algodoeiro herbáceo é uma das
culturas que mais expõem o solo aos agentes erosivos, sobretudo as águas das
chuvas. A cultura requer solos profundos e de média a alta fertilidade. Quanto à
textura, o algodoeiro se desenvolve satisfatoriamente em solos a partir dos
arenosos até os argilosos, desde que existam condições de equilíbrio entre
nutrientes, umidade e aeração. Os arenosos, com algumas exceções, geralmente
são pobres em nutrientes e de baixo poder de retenção de água, o que pode ser
melhorado com a adição de matéria orgânica. Os muito argilosos, apesar de ricos
em nutrientes, podem prejudicar o desenvolvimento das plantas, por falta de
oxigenação; no entanto, solos argilosos bem estruturados, que permitem boa
circulação de ar. Isto significa que o algodoeiro pode ser cultivado em solos de
textura variável, porém bem estruturados, com boa drenagem, fertilidade de média
a alta, profundos e relevo plano a ondulado (Embrapa Algodão, 2005b).
Colheita: A colheita geralmente começa em março, com maior volume entre
abril e maio, podendo se estender a junho (Criar e Plantar, 2005c).
É possível a consorciação com algumas linhas de uma cultura mais densa
(exemplos: gergelim, cana-de-açúcar, capim, cunhã, sorgo ou feijão) formando
faixas de retenção de água a cada 20m ou 30m, dependendo da declividade
(Embrapa Algodão, 2005b).
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Apêndice VII:
Plantio e Extração de Óleo de Algodão 153
ASPECTOS INDUSTRIAIS: EXTRAÇÃO DE ÓLEO
Após a remoção da pluma, o caroço do algodão é aberto, liberando o grão,
que é esmagado para a extração do óleo, processo feito por prensagem hidráulica
ou usando extratores químicos (Embrapa Algodão, 2005b).
Durante o processo de refino dos óleos comestíveis, a clarificação é a etapa
de maior importância na determinação da qualidade e estabilidade do produto
final. O óleo bruto é submetido a três etapas do processo de clarificação, de
acordo com o fluxograma da Figura 33 (Embrapa Algodão, 2005b).
No refinamento do óleo, na figura, pigmentos são removidos no estágio de
neutralização, por adição do hidróxido de sódio e branqueamento por adsorção em
sólidos, usualmente argilas ativadas (Embrapa Algodão, 2005b).
Figura 33: Fluxograma da extração de óleo de algodão.Fonte: Embrapa Algodão (2005b)
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Apêndice VIII:
Dados de Plantio de Algodão
Este apêndice apresenta os dados referentes ao plantio de algodão. Estes
dados são resultado da comparação entre os dados obtidos em Barreiras e Luís
Eduardo Magalhães e estudos da EBDA e da CONAB.
PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA
A Tabela 91 sintetiza as produtividades do algodão em caroço obtidas em
diversas regiões do país.
Tabela 91: Produtividade do algodão em caroço em diferentes locais
Produtividade (ton/ha) Local Fonte
3,30 MS
2,25 Londrina – PR
2,55 GO
3,30 MT
2,50 Campo Mourão - PR
CONAB (2005)
1,35 CE EMBRAPA (2005)
Pela comparação entre os valores apresentados na Tabela 14 e os da Tabela
91, pode-se perceber que a produtividade na Bahia é uma das maiores do país.
Segundo entrevistados, hoje cerca de 15.000 hectares plantados no
cerrado baiano com produtividade abaixo de 1.500kg/ha. Ainda de acordo com
fontes primárias, são plantados cerca de 120.000 ha de algodão por ano no oeste
baiano, com uma produtividade de 250 arrobas/ha/ano
16
(o que equivale a 3,75
ton/ha/ano).
Apesar dos dados primários mostrarem que na Bahia áreas com
produtividade bastante inferior (1,50 ton/ha) e superior (3,75 ton/ha) aos valores
apresentados na Tabela 14, optou-se por compor os cenários com base nos dados
da referida tabela por se tratarem de produtividades médias que apresentam um
crescimento regular ao longo dos anos. Assim, são apresentadas na Tabela 92 as
produtividades consideradas para os três cenários.
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Apêndice VIII:
Dados de Plantio de Algodão 155
Tabela 92: Cenários de produtividade do algodão em caroço
Pessimista Provável Otimista
2,40 ton/ha/ano 3,00 ton/ha/ano 3,45 ton/ha/ano
Conforme dito anteriormente, o caroço de algodão corresponde a
aproximadamente 62,5% do peso do algodão em caroço. Como o óleo (matéria-
prima para o biodiesel) é extraído do caroço, no caso da produção de biodiesel, as
produtividades consideradas devem ser as apresentadas na Tabela 92
multiplicadas por 62,5%.
PREÇO DA PLUMA
Como o caroço é um co-produto da cadeia agrícola do algodão, deve-se
considerar também a receita gerada pela pluma. Os preços da pluma para os três
cenários foram determinados de acordo com a variação das cotações diárias em
reais por arroba de pluma de algodão em Barreiras de 2002 a 2006, conforme
apresentado no histograma apresentado na Figura 34.
Cotações da arroba de pluma
0
100
200
300
Até 35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-75
Faixas de preço
Frequência (dias)
Figura 34: Cotações da pluma de algodão em Barreiras. Fonte: SEAGRI – BA (2006)
Verifica-se uma maior concentração de cotações entre na faixa de preço até
R$35,00/arroba. Analisando esta faixa de preço, verificou-se que as cotações
R$30,00; R$32,00 e R$34,00 foram as ocorrências mais freqüentes na amostra.
Assim, optou-se por adotar estes valores para os cenários do modelo de
simulação, conforme apresentado na Tabela 93.
Tabela 93: Cenários de preços da pluma de algodão
Pessimista Provável Otimista
R$ 30,00/@ = R$ 2.000/ton R$ 32,00/@ = R$ 2.133/ton R$ 34/@ = R$ 2.266/ton
16
1 arroba = 15kg
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Apêndice VIII:
Dados de Plantio de Algodão 156
CUSTOS AGRÍCOLAS
Os custos de investimento e os de operação da plantação foram obtidos por
fontes primárias e são apresentados na Tabela 94 e na Tabela 95, respectivamente.
Tabela 94: Investimento inicial para o plantio de algodão
Fatores R$/ha
Aquisição de terreno R$ 1.000,00
Obras civis, instalações prediais, equipamentos,
ferramentas, máquinas e veículos
R$ 1.300,00
Outros Custos R$ 10,00
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 2.310,00
Tabela 95: Custos operacionais para o plantio do algodão
Fatores R$/ha
Combustíveis e Lubrificantes R$ 533,00
Manutenção e conservação R$ 80,00
Materiais e Insumos R$ 2.197,00
Preparo da área (nivelamento, gradagem, capina, análise do solo) R$ 45,00
Mão-de-obra para plantio, tratos culturais + colheita + beneficiamento R$ 185,00
Despesas Administrativas R$ 150,00
CUSTO TOTAL (R$/ha) R$ 3.190,00
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