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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FATORES DE SUCESSO NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
EM PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO DE CASO EM UM FABRICANTE DE
EQUIPAMENTOS PARA GÁS NATURAL VEICULAR
por
LUCIANA NICÁCIO SILVA
ESTATÍSTICO, UFRN, 2002
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FEVEREIRO, 2004
© 2004 LUCIANA NICÁCIO SILVA
TODOS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao
público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ___________________________________________
APROVADO POR:
___________________________________________________________
Prof. Reidson Pereira Gouvinhas, Ph.D - Orientador, Presidente
________________________________________________________________
Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc - Membro Examinador
_______________________________________________________________
Prof. Herman Augusto Lepikson, D.Sc - Membro Examinador Externo
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ii
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Silva, Luciana Nicácio.
Fatores de Sucesso no Desenvolvimento de Novos Produtos em
Pequenas Empresas: Um Estudo de Caso em um Fabricante de
Equipamentos para Gás Natural Veicular / Luciana Nicácio Silva. - Natal,
RN, 2004.
74p.
Orientador: Reidson Pereira Gouvinhas.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.
1. Gás natural - Tese. 2. Indústria de Gás Natural -Desenvolvimento de
Novos Produtos – Tese. 3. Gás Natural – Mercado - Tese. I. Gouvinhas,
Reidson Pereira. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 622.324.5(043.2)
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iii
Esta dissertação foi apoiada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) através do
Programa de Formação dos Recursos Humanos ANP-PRH30, Programa Institucional,
Multidisciplinar em Petróleo e Gás, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN).
Profª Rosângela Balaban Garcia, D.Sc
Coordenação Geral da UFRN/ANP PRH30
Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc
Coordenação da Área de Engenharia de Produção na UFRN/ANP PRH 30:
Prof. Reidson Pereira Gouvinhas, Ph.D
Professor Orientador
iv
This Master Dissertation was sponsored by Oil National Agency (ANP – Agência Nacional
do Petróleo) through its Human Resources Formation Program ANP-PRH30,
Multidisciplinary Institutional Program in Oil and Gas , Federal University of Rio Grande
do Norte (UFRN).
Profª Rosângela Balaban Garcia, D.Sc
General Coordination at UFRN/ANP PRH30
Prof. Rubens Eugênio Barreto Ramos, D.Sc
Production Engineering Coordination at UFRN/ANP PRH 30
Prof. Reidson Pereira Gouvinhas, Ph.D
Advisor
v
CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Luciana Nicácio Silva é Bacharel em Estatística, formada pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte em 2002. Durante a fase de mestrado realizada no Programa de
Engenharia de Produção da UFRN, foi pesquisadora da Agência Nacional do Petróleo –
ANP, participou do Fórum Canadá-Brasil de Gás Natural (Natal/RN, 2003) e do 2º
Congresso Brasileiro de Pesquisa & Desenvolvimento em Petróleo & Gás (Rio de
Janeiro/RJ, 2003).
ARTIGOS PUBLICADOS DURANTE O PERÍODO DE PÓS-GRADUAÇÃO
SILVA, L. S.; FULCO, M. P.; GOUVINHAS, R. P.. Incentivos e Barreiras para o
Desenvolvimento de Novos Produtos Movidos a Gás Natural. In: 2º Congresso Brasileiro
de Pesquisa & Desenvolvimento em Petróleo & Gás. Rio de Janeiro/RJ, 2003.
SILVA, L. S. et al. Resíduos Sólidos: Levantamento dos Grupos de Pesquisa Cadastrados
no CNPq, no Ano de 2000. In: 55º Reunião Anual da SBPC. Recife/PE, 2003.
SILVA, L. S.; FULCO, M. P.; GOUVINHAS, R. P.. O Processo de Desenvolvimento de
Produtos e Serviços na UFRN, no Setor de Gás Natural. In: 4º Congresso Brasileiro
Gestão de Desenvolvimento de Produtos. Gramado/RS, 2003.
SILVA, L. S.. Utilização da Regressão Logística para a Identificação de um Modelo de
Probabilidade do Sucesso de Novos Produtos. In: 3º Workshop dos Programas de
Recursos Humanos da ANP-UFRN para o Setor Petróleo e Gás. Resumos. Natal/RN,
2003.
vi
Dedico a Deus que, permanentemente ao meu lado, me dá forças para sempre continuar.
(É Deus quem me cinge de coragem e aplana o meu caminho. Sl 17,33)
A minha mãe,Valmira, que esteve sempre disposta a ajudar para tornar menos difícil e
exaustivo meu trabalho.
vii
AGRADECIMENTOS
$ À Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
$ Ao Programa de Engenharia de Produção, na pessoa do Prof. Rubens Eugênio Barreto
Ramos.
$ Ao Prof. Reidson Pereira Gouvinhas, orientador deste trabalho.
$ À Agência Nacional do Petróleo - ANP e ao Programa de Recursos Humanos da ANP,
na pessoa da Prof
a
Rosângela Balaban Garcia, pelo apoio financeiro ao presente trabalho.
$ À Empresa Gas Project & Systems do Brasil, na pessoa do Sr. Geraldo Arruda, pelo
acesso a dados relevantes a essa pesquisa.
$ Ao Prof. Paulo Roberto de Azevedo, pelas fundamentais orientações.
$ A Monica Pereira Fulco, minha companheira de bolsa. Valeu pela torcida!!
$ À minha família.
$ A Gilmara Alves Cavalcanti, pela imensa amizade, ajuda e incentivo para a realização
deste trabalho.
$ A Lu Vieira, Manu e Rô, grandes amigas conquistadas no Mestrado.
$ Ao Ten. Jório Corrêa da Cunha Filho, pela presteza demonstrada.
$ E a todos aqueles que não foram citados, mas que contribuíram de alguma forma para o
desenvolvimento deste trabalho.
viii
Resumo da dissertação apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
FATORES DE SUCESSO NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
EM PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO DE CASO EM UM FABRICANTE DE
EQUIPAMENTOS PARA GÁS NATURAL VEICULAR
LUCIANA NICÁCIO SILVA
Fevereiro/2004
Orientador: Reidson Pereira Gouvinhas, Ph.D
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
O presente estudo apresenta-se como uma contribuição à solidificação da Indústria
de Gás Natural, no âmbito do desenvolvimento de novos produtos. O objetivo deste
trabalho foi analisar os fatores que conduzem ao sucesso de novos produtos, através da
avaliação das atividades realizadas durante o processo de desenvolvimento desses
produtos, no setor de Gás Natural. Para atingir tal objetivo, foi realizado um estudo de
caso em uma pequena empresa deste segmento. Para fundamentar o estudo, foi realizada,
inicialmente, uma pesquisa bibliográfica em livros, teses, dissertações, monografias,
artigos em periódicos nacionais e internacionais, anais de congressos, publicações
disponíveis na internet, relacionadas ao tema de interesse. Posteriormente, foi realizado o
estudo de caso visando obter um maior conhecimento sobre um processo real de
desenvolvimento de produtos, em uma pequena empresa, no setor de Gás Natural,
permitindo a realização da avaliação. O estudo de caso foi realizado na Gas Project &
Systems do Brasil, empresa que atua no desenvolvimento de equipamentos eletrônicos para
conversão automotiva em Gás Natural, a partir de observações e entrevistas com o
responsável pelo gerenciamento e desenvolvimento de produtos. A empresa em estudo é a
única do Nordeste a fabricar equipamentos que compõem o kit de conversão. Através da
avaliação do processo foi observado que as atividades a ele relacionadas são realizadas de
ix
maneira informal e algumas delas são consideradas desnecessárias para o sucesso dos
mesmos. Os resultados sugerem, também, uma ênfase nas atividades tecnológicas, o que
não foi observado para as atividades ligadas ao mercado. Os instrumentos utilizados para
esta avaliação mostram-se eficientes para avaliar o processo de desenvolvimento de novos
produtos em outras empresas, inclusive de diferentes áreas. Diante da relevância do tema
em estudo para o fortalecimento da Indústria de Gás Natural, faz-se necessária a realização
de estudos posteriores que o complementem.
x
Abstract of Master Dissertation presented to UFRN/PEP as fulfillment of requirements to
the degree of Master of Science in Production Engineering
SUCCESS FACTORS IN THE DEVELOPMENT OF NEW PRODUCTS IN SMALL
COMPANIES: A CASE STUDY IN A MANUFACTURER OF EQUIPMENTS FOR
VEHICULAR NATURAL GAS
LUCIANA NICÁCIO SILVA
February/2004
Dissertation Advisor: Reidson Pereira Gouvinhas, Ph.D
Program: Master of Science in Production Engineering
This study presents itself as a contribution to the solidification of the Natural Gas industry,
within the scope of the development of new products. The goal of this paper is to analyze
the factors that lead to the success of new products through the evaluation of the activities
done during the process of development of these products in the Natural Gas sector. To
achieve this goal a case study was done in a small company of this segment. At first, as a
basis for the study, a bibliographical research was done with books, theses, dissertations,
monographies, publications in national and international periodicals, congress annals and
publications in the internet related to the subject. Afterwards, a case study was done,
aiming at the acquisition of further knowledge about the real process of development of
products in a small company of the Natural Gas sector, allowing for the performance of the
evaluation. The case study was done at Gas Project and Systems do Brasil, a company that
works with the development of electronic equipment to the conversion of car engines to
natural gas, through direct observations and interviews with the person responsible for the
development and management of products. Through the evaluation of the process it was
observed that the activities related to it are done in an informal way and some activities are
considered unnecessary for their success. The results also suggest an emphasis in the
xi
technological activities, something that was not observed in the activities related to the
market. The instruments used in this evaluation prove to be efficient to evaluate the
process of development of new products in other companies, including those of different
areas. Taking into account the relevance of the studied theme to the strengthening of the
Natural Gas industry, it is necessary to do further complementary studies.
xii
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 Introdução ...............................................................................................1
1.1 Contextualização...........................................................................................................1
1.2 Objetivo..........................................................................................................................3
1.3 Relevância......................................................................................................................4
1.4 Metodologia Geral........................................................................................................5
1.5 Organização dos capítulos............................................................................................5
CAPÍTULO 2 O Desenvolvimento de Novos Produtos e o Setor de Gás Natural......7
2.1 Aspectos do Mercado de Gás Natural...........................................................................7
2.1.1 O Gás Natural no Mundo...............................................................................8
2.1.2 O Gás Natural no Brasil..............................................................................11
2.2 O Desenvolvimento de Novos Produtos....................................................................13
2.2.1 Inovação.......................................................................................................15
2.3 Sucesso/Falha de Novos Produtos .............................................................................17
2.3.1 Fatores para o Sucesso de Novos Produtos.................................................17
2.3.2 O Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos..................................22
2.4 As Micro, Pequenas e Médias Empresas.....................................................................25
2.5 O Desenvolvimento de Novos Produtos e o Gás Natural...........................................28
2.5.1 O Gás Natural Veicular...............................................................................30
xiii
CAPÍTULO 3 Metodologia da Pesquisa......................................................................35
3.1 Caracterização da Pesquisa .......................................................................................35
3.2 Delimitação do Universo da Pesquisa........................................................................36
3.3 Plano de Trabalho ......................................................................................................37
3.3.1 Pesquisa Bibliográfica...................................................................................37
3.3.2 Formulação do Protocolo de Análise............................................................37
3.3.3 Coleta de Informações..................................................................................39
3.3.4 Análise..........................................................................................................40
CAPÍTULO 4 Estudo de Caso .....................................................................................42
4.1 Apresentação da Empresa..........................................................................................42
4.2 Caracterização da Empresa........................................................................................43
4.3 Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos na GPS.......................................45
4.4 Avaliação do Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos...............................48
CAPÍTULO 5 Conclusões e Recomendações...............................................................52
5.1 Pesquisa Bibliográfica................................................................................................52
5.2 Metodologia da Pesquisa............................................................................................54
5.3 Resultados da Pesquisa...............................................................................................55
5.4 Análise Crítica do Trabalho.......................................................................................56
5.5 Limitações do Trabalho .............................................................................................56
5.6 Direções da Pesquisa .................................................................................................57
xiv
5.7 Recomendações..........................................................................................................57
5.8 Conclusões.................................................................................................................58
Referências Bibliográficas.................................................................................................59
Anexo 1 – Protocolo de Análise.........................................................................................66
Anexo 2 – Roteiro de Observações...................................................................................72
Anexo 3 – Escala para Avaliação do Processo de Desenvolvimento
de Novos Produtos...........................................................................................74
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Reservas, produção e consumo mundial de Gás
Natural, em 2001...............................................................................................8
Tabela 2.2 – Evolução do consumo de Gás Natural na América
do Sul e Central (1996-2001) .........................................................................12
Tabela 4.1 – Avaliação do processo de desenvolvimento de
novos produtos da GPS do Brasil...................................................................49
xvi
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Consumo de combustíveis como energia primária
no mundo em 2001............................................................................................9
Figura 2.2 – Consumo do Gás Natural como energia primária
por regiões do mundo, em 2001......................................................................10
Figura 2.3 – Participação dos novos produtos nas vendas e lucros
das empresas americanas ...............................................................................15
Figura 2.4 – Categorias de novos produtos.........................................................................16
Figura 2.5 – Stage-Gate System .......................................................................…………...20
Figura 2.6 – Frota de GNV por regiões do mundo ...........................................…………...32
Figura 3.1 – Descrição das questões abordadas no protocolo de análise........………….....39
Figura 4.1 – Organograma GPS do Brasil........................................................…………....43
Figura 4.2 – Fluxograma do processo de montagem do kit de chave comutadora……......47
xvii
LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANP Agência Nacional do Petróleo
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
Btu British Thermal Unit
DOE Departament of Energy
FMEA Failure Mode and Effects Analysis
GE Grande Empresa
GLP Gás Liquefeito do Petróleo
GMV Gás Metano Veicular
GNV Gás Natural Veicular
GPS Gas Project & Systems do Brasil
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
MDE Média Empresa
ME Microempresa
MPMEs Micro, Pequenas e Médias Empresas
NB Norma Brasileira
NBR Norma Brasileira Revisada
xviii
PE Pequena Empresa
P & D Pesquisa e Desenvolvimento
Prominp Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo
RTQ Regulamento Técnico da Qualidade
SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SMD Surface Mounted Devices
UTEs Usinas Termelétrica
1
Capítulo 1
Introdução
O presente estudo tem como finalidade analisar os fatores relacionados ao sucesso
de novos produtos em pequenas empresas do setor de Petróleo e Gás, a partir da avaliação
das atividades realizadas durante o processo de desenvolvimento de novos produtos, desde
a sua idealização até o seu lançamento.
Este capítulo apresenta os objetivos do presente trabalho, a relevância da pesquisa
para a sociedade, os motivos pelos quais o estudo se justifica, a metodologia geral da
pesquisa e, por fim, a organização dos capítulos.
1.1 Contextualização
A Indústria do Petróleo e Gás é uma indústria de altos investimentos tecnológicos,
onde se faz necessário o desenvolvimento de novos produtos e serviços de forma eficiente,
que representem retorno financeiro e a sustentabilidade da Indústria e, conseqüentemente,
das empresas envolvidas. Neste aspecto reside a relevância desta pesquisa, a qual
apresenta uma metodologia para avaliar o processo de desenvolvimento de novos produtos,
permitindo a identificação das atividades que estão sendo realizadas de forma deficiente, o
que possibilita o aperfeiçoamento das mesmas.
Nas últimas décadas, especial atenção tem sido dispensada ao desenvolvimento de
novos produtos. O atual ambiente competitivo transformou esta atividade em essencial.
Fatores como a diminuição do tempo de vida dos produtos que causa a perda de
função e/ou utilidade dos produtos existentes e, cada vez mais rápido, os tornam obsoletos
exigindo, assim, a sua substituição, e a mudança das necessidades e preferências dos
2
consumidores estão diretamente associados à necessidade de inovar. Além disso, a
evolução tecnológica disponibiliza produtos inéditos e forçam os pesquisadores a
desenvolverem produtos que superem seus concorrentes (Booz, Allen & Hamilton, 1982;
Cooper, 1993).
Segundo Bessant & Francis (1997), para lidar com esses desafios competitivos, as
atenções se direcionam para as avaliações sistemáticas, monitoramento e estruturas de
gerenciamento do processo de desenvolvimento de novos produtos.
O tema envolve profissionais de diferentes áreas (P & D, Marketing, Vendas, entre
outras) buscando a diminuição de custos, eficiência na alocação dos recursos, melhores
materiais, desenho inovador ou mais adequado, cores preferidas, novas funções e/ou
soluções que atendam às necessidades dos consumidores.
O desenvolvimento de novos produtos está associado a altos investimentos e riscos.
A taxa de sucesso dos novos produtos é baixa e está relacionada, principalmente, à falta de
orientação para o mercado, ou seja, os produtos são idealizados e desenvolvidos sem o
conhecimento dos desejos, necessidades e preferências dos consumidores, sem avaliação
dos competidores e da situação de mercado (Cooper, 1988).
Outros fatores como a ausência de testes pós-desenvolvimento e ineficiência no
lançamento dos produtos distinguem os produtos que obtém sucesso daqueles que
fracassaram (Cooper, 1993; Rothwell, 1972).
O desenvolvimento de produtos e serviços é fator fundamental para agregar valor
aos produtos/ serviços, aumentar as vendas, acelerar as mudanças tecnológicas e, desta
forma, afirmar a competitividade da Indústria. Portanto, seja qual for a natureza do
negócio, esta é uma atividade que vai decidir a competitividade e sustentação da empresa
no mercado.
No setor de Gás Natural, desenvolver novos produtos é uma atividade valiosa para
ampliar e afirmar a utilização desse combustível, contribuindo, assim, para o
fortalecimento de uma Indústria que tem se mostrado frágil. De acordo com Alonso
(2001), “o Gás Natural chega e encontra o país despreparado para receber e internalizar o
novo energético; é necessário criar o mercado de consumo e conseqüentemente
desenvolver a indústria de bens e serviços para sustentar este mercado”.
3
O uso do Gás Natural oferece uma série de vantagens. Destaca-se, principalmente,
o caráter ambiental, pois sua utilização resulta em efeitos menos agressivos ao meio
ambiente. Alonso (1999) afirma que a busca por produtos industriais ecologicamente
corretos é mais do que uma preocupação das grandes empresas mundiais, é uma
necessidade.
Além disso, o Gás Natural é uma alternativa promissora para a diversificação da
matriz energética e que deve ser estimulada com a finalidade de ampliar a geração de
energia elétrica no país; seu uso nas indústrias reduz os custos, é seguro e atende as
determinações ambientais. Essas características agregam valor ao produto e devem ser
usadas como um diferencial competitivo. A expansão do mercado e a superação de
algumas limitações como a falta de infra-estrutura, escassez de novos produtos e
tecnologias, carência de suporte técnico e ausência de conhecimento do produto ”Gás
Natural”, provocam um incremento na oferta de trabalho, gerando empregos diretos e
indiretos neste setor.
Dessa forma, o desenvolvimento de novos produtos é condição para o crescimento
do mercado e sustentação da Indústria, e como em qualquer processo de desenvolvimento
de produtos, no setor de Gás Natural, os produtos também estão passíveis de fracasso, o
que pode comprometer todos os investimentos realizados, sejam eles de tempo, de pessoal
e, principalmente, financeiros.
1.2 Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é realizar uma análise dos fatores associados ao
sucesso de novos produtos, considerando a avaliação das atividades realizadas durante o
processo de desenvolvimento destes produtos, em ambiente de pequena empresa.
A partir do processo de desenvolvimento de produtos proposto por Cooper &
Kleinschimidt (1986) e considerando que os fatores que decidem o bom desempenho dos
produtos no mercado podem ser controlados pela realização eficiente das atividades que
compõem este processo, pretende-se analisar um caso real de desenvolvimento de produtos
na área de Gás Natural com base no processo teórico.
Este estudo objetiva, também, apresentar um levantamento sobre o mercado de Gás
Natural e, sobre o desenvolvimento de novos produtos neste setor.
4
1.3 Relevância
Diante da necessidade de uma avaliação detalhada do processo de desenvolvimento
de novos produtos, visando o seu sucesso no setor de Gás Natural, constata-se a
importância desta pesquisa.
O setor de Gás Natural surge como uma alternativa ao uso de combustíveis caros,
escassos e mais danosos ao meio ambiente. Porém, a carente implantação de novas
utilizações do Gás Natural institui uma indústria frágil. Dessa forma, o desenvolvimento
de novas tecnologias e produtos se apresenta como uma solução para estruturar
definitivamente o mercado e garantir a competitividade das empresas.
O processo de desenvolver produtos requer muitos investimentos e total integração
empresa-mercado. Considerando a Indústria do Petróleo e Gás, os investimentos,
normalmente, são vultosos e a expectativa de retorno também.
Em todas as áreas, o grande número de pesquisas sobre o desenvolvimento de
novos produtos e os fatores relacionados ao sucesso ou à falha dos mesmos demonstra o
interesse das empresas, centros de tecnologia, instituições de pesquisa e universidades.
Neste contexto, a presente pesquisa mostra-se adequada em busca de avaliar a atividade de
desenvolver produtos, permitindo, desta forma, seu aperfeiçoamento.
Através da análise de uma empresa que desenvolve tecnologia na área de Gás
Natural, pode-se verificar como se apresenta o processo de desenvolvimento de produtos,
fomentando a análise e o aperfeiçoamento de processos que levem ao sucesso dos produtos
e, conseqüente fortalecimento da indústria.
Como conseqüência do objetivo principal, este trabalho produz um instrumento
para detalhada revisão das atividades do desenvolvimento de produtos, identificando,
formalmente, as etapas que estão sendo realizadas de maneira deficiente e, propiciando
uma conscientização sobre estratégias, planejamentos, boas práticas e limitações. Portanto,
o conteúdo deste trabalho compõe um elemento inicial para que o segmento envolvido
possa avaliar seu processo de desenvolvimento de novos produtos baseados em referências
bem sucedidas.
5
1.4 Metodologia Geral
Este trabalho consiste de um estudo de caso para o qual utilizou-se de uma pesquisa
exploratória, com o objetivo de estabelecer uma aproximação com o problema em questão.
O trabalho também contribui para fins práticos caracterizando uma pesquisa aplicada. E,
por fazer a descrição de um fenômeno, trata-se de uma pesquisa descritiva.
As principais estratégias utilizadas para a realização deste trabalho foram a
pesquisa em referências (bibliográfica) e a pesquisa qualitativa.
Com a finalidade de fornecer embasamento teórico, a pesquisa bibliográfica foi
desenvolvida através de amplo material sobre o mercado de Gás Natural e o processo de
desenvolvimento de novos produtos, valendo-se de livros, artigos científicos e materiais
disponibilizados na internet.
Para a pesquisa qualitativa, foi utilizada a técnica do estudo de caso. Dessa forma,
foi possível conhecer a fundo a realidade do processo de desenvolvimento de produtos de
uma empresa do setor de Gás Natural, analisando-o e comparando-o com aquele
identificado no referencial teórico.
De posse de informações teóricas e práticas, foi possível demonstrar um
procedimento para avaliar o processo de desenvolvimento de novos produtos considerando
a eficiência deste processo para o sucesso dos mesmos.
1.5 Organização dos Capítulos
Em termos organizacionais, o conteúdo deste trabalho encontra-se dividido em
cinco capítulos. Inicialmente, são apresentadas as informações gerais sobre a abrangência
do estudo, os objetivos, a relevância, a justificativa, a metodologia, bem como, a estrutura
do trabalho.
O capítulo 2 expõe a revisão bibliográfica sobre o tema abordado, onde são
destacados assuntos relevantes associados ao propósito deste estudo. O referido capítulo
discute os aspectos do mercado de Gás Natural num contexto mundial e nacional,
abordando questões quanto ao número de reservas, produção, consumo e participação do
Gás Natural como energia primária no mundo e por regiões do mundo, além de aspectos
relacionados à regulamentação que envolve o setor de Gás Natural e ações que apóiem o
6
desenvolvimento e solidificação dessa Indústria. Em seguida, é apresentada uma visão
sobre a participação das Micro, Pequenas e Médias Empresas no desenvolvimento das
Indústrias e nações. Também é discutido, neste capítulo, o processo de desenvolvimento
de novos produtos, as atividades que envolvem este processo, o sucesso de tais produtos e
o desenvolvimento dos mesmos no setor de Gás Natural.
A metodologia do trabalho é definida no capítulo 3, onde são apresentados o tipo e
a delimitação da pesquisa, a definição da unidade de estudo e o segmento envolvido, as
fases da pesquisa incluindo a pesquisa bibliográfica, a formulação dos instrumentos de
observação, os procedimentos de coleta, análise dos dados, além de outras considerações
adotadas pela própria autora.
O capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa obtidos através do estudo de caso,
demonstrando, detalhadamente, a realização da avaliação do processo de desenvolvimento
de novos produtos na empresa.
No capítulo 5 são apresentadas as considerações finais relacionadas aos aspectos
abordados. São destacados, ainda, as limitações, recomendações e o direcionamento para
futuras pesquisas.
7
Capítulo 2
O Desenvolvimento de Novos Produtos e o Setor de Gás
Natural
O objetivo deste capítulo é fazer uma revisão teórica do tema em estudo, a fim de
propiciar um melhor embasamento do trabalho. O conteúdo explanado envolve tópicos
que estão direta ou indiretamente relacionados à pesquisa, contidos em amplo material
bibliográfico.
Inicialmente, uma abordagem sobre os aspectos relacionados ao mercado de Gás
Natural, considerando uma visão mundial e nacional, é proposta. Posteriormente, é
apresentada uma visão geral sobre as Micro, Pequenas e Médias Empresas. Em seguida, é
realizada uma revisão sobre o desenvolvimento de novos produtos. A questão acerca do
sucesso ou fracasso de tais produtos, destacando os fatores que determinam essa
característica, e as atividades realizadas durante o processo de desenvolvimento de novos
produtos é tratada em seguida. Finalmente, o último tópico relaciona a indústria do Gás
Natural e o desenvolvimento de novos produtos.
2.1 Aspectos do Mercado de Gás Natural
O Gás Natural é um combustível fóssil - fortemente atrativo do ponto de vista
ecológico - que se encontra na natureza, normalmente em reservatórios profundos no
subsolo, associado ou não ao petróleo (Abreu & Martinez, 1999). Além de seus efeitos
menos agressivos ao meio ambiente, o Gás Natural tem se mostrado um dos mais
importantes combustíveis modernos, dado o aumento da sua oferta no mercado.
Os crescimentos do número de reservas, da produção e do consumo mundiais são
fatores que comprovam a relevante participação dessa fonte energética no mercado
mundial. De acordo com Santos (2002), o setor de Gás Natural representa talvez uma das
8
poucas atividades econômicas com capacidade de gerar um grande número de empregos,
grandes oportunidades de novos negócios e um grande incremento na capacidade do país
para enfrentar os desafios da globalização, principalmente no setor de Gás Natural
Veicular.
A ampliação do mercado e o desenvolvimento de políticas que influenciam na
indústria do Gás Natural, mesmo que de forma diferenciada em cada país ou região,
concretizam essa como uma indústria cada vez mais integrada.
2.1.1 O Gás Natural no Mundo
Projeções realizadas por especialistas desde o final da década de 80 já sinalizavam
para a importância crescente do Gás Natural na maioria das matrizes energéticas dos
países, sejam eles desenvolvidos ou em desenvolvimento. As principais motivações que
justificavam esta tendência podem ser sintetizadas pelo grande volume de reservas
existentes no mundo, quatro vezes maiores que as reservas de petróleo, bem como a
crescente pressão de grupos ambientais favoráveis à penetração de uma fonte energética
mais limpa e polivalente, que pudesse substituir o óleo combustível no setor industrial, a
gasolina/diesel no setor de transportes, e o carvão para geração termelétrica com elevada
eficiência e menores impactos (Praça et al, 2003).
Segundo dados da British Petroleum (2002), as reservas provadas de Gás Natural
totalizavam, no final de 2001, 155,08 trilhões de m
3
. Neste mesmo ano, a produção
chegou a 2464 bilhões de m
3
e o consumo a 2404,9 bilhões de m
3
. A tabela 2.1 apresenta
a distribuição das reservas, produção e consumo de Gás Natural pelas várias regiões do
mundo.
Tabela 2.1
Reservas, produção e consumo mundial de Gás Natural, em 2001.
Trilhões m
3
( % )
Bilhões m
3
( % )
Bilhões m
3
( % )
América do Norte 7,55 4,9% 762,1 30,9% 722,5 30,0%
América do Sul e Central 7,16 4,6% 100,1 4,1% 97,0 4,0%
Europa 4,86 3,1% 292,5 11,9% 470,1 19,5%
Ex-União Soviética 56,14 36,2% 677,3 27,5% 548,5 22,8%
Oriente Médio 55,91 36,1% 228,0 9,3% 201,5 8,4%
África 11,18 7,2% 124,0 5,0% 60,2 2,5%
Ásia 12,27 7,9% 280,0 11,4% 305,1 12,7%
TOTAL 155,08 100,0% 2464,0 100,0% 2404,9 100,0%
Reservas provadas Produção Consumo
REGIÃO
Fonte: British Petroleum.
9
Os países do Oriente Médio e da extinta União Soviética respondem por 72,3% das
reservas mundiais de Gás Natural. A América do Norte é o maior produtor e consumidor
mundial de Gás Natural.
As propriedades particulares (diminuição da emissão de poluentes, menor risco de
combustão, entre outros) e os custos relativamente baixos, que resultam na redução dos
gastos com outros combustíveis (álcool e gasolina), fazem do Gás Natural Veicular um
combustível atrativo.
No mundo inteiro, o Gás Natural vem ocupando posição de destaque dentro da
matriz energética. Na figura 2.1 observa-se o consumo mundial de diversas fontes
energéticas, no qual o Gás Natural participa com 24,7% do consumo como energia
primária.
Petróleo
s Natural
Hidroeletricidade
Energia Nuclear
Caro
6,5%
6,6%
23,7%
24,7%
38,5%
Figura 2.1 – Consumo de combustíveis como energia primária no mundo em 2001 (British Petroleum).
Apesar de o Gás Natural ocupar a 2ª posição no consumo mundial como energia
primária, observa-se uma participação desigual desse combustível entre as diferentes
regiões. A figura 2.2 apresenta a participação do Gás Natural como energia primária, em
regiões do mundo (British Petroleum, 2002).
10
22,8%
8,4%
2,5%
12,7%
30,1%
4,0%
19,5%
América do Norte América do Sul e Central Europa
Ex-União Soviética Oriente Médio África
Ásia
Figura 2.2 – Consumo do Gás Natural como energia primária por regiões do mundo, em 2001.
Os países da América do Norte (EUA, Canadá e México) apresentam uma
participação de 30,1% do Gás Natural na matriz energética, enquanto que, nos países da
América do Sul/Central e da África essa participação é de apenas 4% e 2,5%,
respectivamente (British Petroleum, 2002).
O panorama mundial tem sido favorável à ampliação da Indústria do Gás Natural.
De acordo com Hawdon (2002), o desenvolvimento de políticas significantes vem afetando
a indústria do gás desde a década de 80, as quais incluem privatizações, liberação e
desregulamentação dos mercados de gás, e a redução de barreiras comerciais dentro de
importantes grupos multinacionais. Pode-se citar também projetos e construções de
gasodutos na Ásia Central e América do Sul e, principalmente, a regulamentação ambiental
mundial contribuem para essa ampliação.
A revolução ambiental que está em curso em todo o mundo estimula a junção dos
aspectos ecológicos ao plano dos negócios, transformando-os em argumentos de venda de
produtos (SENAI, 1998).
Por se constituir num combustível no estado gasoso, o Gás Natural não precisa ser
atomizado para queimar. Sua combustão é limpa, com melhor rendimento térmico e
reduzida emissão de poluentes, induzindo uma melhor qualidade de vida para a sociedade
(SENAI, 1998). O energético Gás Natural é uma opção nessa direção, uma vez que: Não
11
produz óxidos de enxofre; Reduz, na ordem de 40%, a emissão de óxidos de nitrogênio
responsáveis pela chuva ácida e destruição da camada de ozônio; Reduz substancialmente
a emissão de CO
2
responsável pelo efeito estufa; Possui combustão isenta de poeiras e
cinzas (LUZITANIAGÁS, 1997; Mendonça & Lucas, 1982).
2.1.2 O Gás Natural no Brasil
A América do Sul tem surgido, nos últimos anos, como uma das regiões mais
dinâmicas para o mercado mundial de Gás Natural. O continente possui reservas
abundantes e mercados energéticos de alto crescimento. A necessidade de diversificar a
matriz energética além da hidroeletricidade e petróleo está levando muitos países a
promover o uso do Gás Natural, principalmente para a geração térmica (D`Apote, 2003).
De acordo com D’Apote (2003), os padrões de consumo de gás variam muito entre
os países da América do Sul. Fora a Argentina, onde o mercado do uso direto do gás é
altamente desenvolvido, no restante do continente o consumo do gás tradicionalmente foi
limitado aos poucos países produtores, os quais descobriram gás através da exploração de
petróleo e o consumo foi restrito ao setor industrial e a própria Indústria de Petróleo e Gás.
Conforme Santos (2002), no Brasil, o Gás Natural sempre foi visto de uma forma
pobre em relação aos outros combustíveis. O mercado não estava bem definido porque o
Gás Natural poderia afetar a posição dos óleos combustíveis produzidos pelas refinarias
nacionais, o que tornava o processo de exploração e produção do gás difícil e caro para
transportar, armazenar e distribuir.
O Gás Natural é um combustível com importante papel projetado para o
atendimento das necessidades de energia primária do Brasil. O modelo energético que
privilegiou a auto-suficiência de energia, por meio da construção de grandes hidroelétricas
e do aumento da produção interna de petróleo, marginalizou por muito tempo o Gás
Natural que hoje ganha espaço na matriz energética do país (SENAI, 1998).
Até a década de 70, a Indústria do Gás Natural no Brasil, estava estruturada
verticalmente e era, basicamente, explorada pelo Estado. A verticalização pode ser
entendida como um processo no qual a atuação de uma empresa ultrapassa um único
estágio da cadeia produtiva de um determinado produto. A integração vertical será
completa se a empresa participar do processo produtivo desde o processamento da matéria
prima até o acabamento final e venda do produto (ANP, 2002).
12
A Petrobrás era a única responsável pela exploração, produção, importação e
transporte. Com a quebra do monopólio legal da Petrobrás, diversas empresas passaram a
atuar nas diferentes atividades da Indústria de Gás Natural (Krause e Pinto Jr., 1998).
As mudanças no campo da tecnologia e da preservação ambiental, têm levado o
Gás Natural a conquistar uma participação crescente no atendimento das necessidades
energéticas. No Brasil, houve um aumento expressivo da participação do Gás Natural na
matriz energética, a partir da década de 70. Todavia, esta participação é bastante reduzida,
se comparado à situação mundial. Segundo Nota Técnica da ANP (2002), o mercado
brasileiro de gás natural pode ser considerado incipiente, a participação do gás na matriz
energética do país foi de apenas 3% no ano de 2000. Entretanto, apresenta elevado
potencial de crescimento, especialmente na utilização do energético para a geração de
energia, através de sua queima nas Usinas Termelétricas (UTEs). A meta estipulada pelo
governo é a de que a participação do Gás Natural atinja 12% da matriz energética até o ano
de 2010. Considerando as medidas a serem adotadas, isso representa um crescimento
significativo das importações e exigência de investimentos, financiamentos e tecnologia
(ANP, 2002).
Segundo dados da British Petroleum (2002), o crescimento da demanda de Gás
Natural no Brasil, no período 1987-1996, foi de 5,7% ao ano, enquanto que no período de
1994-1997 foi de cerca de 8% ao ano. No ano de 2001, o consumo desse energético
atingiu 10,9 bilhões de m
3
, isso corresponde a uma variação de 19,3% em relação ao ano
de 2000 (Tabela 2.2).
Tabela 2.2
Evolução do consumo de Gás Natural na América do Sul e Central, 1996 – 2001.
1996 1997 1998 1999 2000 2001
Argentina 28,6 28,5 30,5 32,4 33,2 33,2
*
Brasil 5,5 6,0 6,3 7,1 9,1 10,9 19,3%
Chile 1,7 2,8 3,3 4,6 5,2 5,6 6,5%
Combia 4,7 5,9 6,2 5,2 5,9 6,1 2,6%
Equador 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 -
Peru 0,4 0,2 0,4 0,4 0,3 0,4 7,1%
Venezuela 29,7 30,8 32,3 27,4 27,9 28,9 3,3%
Outros 8,2 8,9 9,7 10,3 11,2 11,8 5,2%
Total 78,9
83,2
88,8
87,5
92,9
97,0
4,1%
Região
Bilhões m
3
Crescimento
2001/2000
* Menor que 0,05%
Fonte: British Petroleum.
13
A tendência crescente com relação ao consumo, demonstra o potencial para o uso
do Gás Natural no Brasil. Contudo, a Indústria do Gás Natural no Brasil não está
solidificada, existe, portanto, a necessidade de fortalecer a infra-estrutura, ampliar e apoiar
aplicações, desenvolver novos equipamentos e formar técnicos para dar apoio ao
desenvolvimento dessa Indústria.
Santos (2002) afirma que há pouca evolução na Indústria do Gás Natural brasileira,
com um grande potencial pela frente é, contudo, incapaz de romper as suas barreiras
inerentes, relacionadas à inexistência de infra-estruturas, mas também, e principalmente, a
fatores culturais, carências tecnológicas, obstáculos financeiros e políticas incoerentes que
inibem a difusão do gás nos diferentes mercados potencialmente consumidores.
Atenta à tendência mundial de utilização do Gás Natural, a Petrobrás criou em 2000
um departamento de gás e energia com o objetivo de descobrir novas oportunidades de
mercado para as crescentes reservas brasileiras de Gás Natural (VEJA, 2003).
A viabilização dessa opção energética permitirá ao Brasil e aos demais países da
região atraírem grandes investidores globais, gerando um ambiente concorrencial
extremamente competitivo, onde as empresas nacionais também encontrarão grandes
oportunidades de crescimento e modernização. Isto permitirá ampliar a base de oferta de
gás para os nossos mercados domésticos (Santos, 2002).
2.2 O Desenvolvimento de Novos Produtos
Nos dias atuais, a globalização exige e acelera o desenvolvimento de produtos.
Segundo Kotler (1980), “nas condições modernas de concorrência está ficando cada vez
mais arriscado não inovar (...) a inovação contínua parece ser a única maneira de se evitar a
obsolência da linha de produtos da empresa”.
O desenvolvimento de novos produtos é um dos processos fundamentais na
indústria e é uma fonte de renovação e vantagem competitiva (Bowen et al., 1994). Em
mercados cada vez mais competitivos, inovar é essencial para a sobrevivência e
prosperidade das empresas e, portanto, todos os esforços se voltam para esta atividade.
Segundo Cooper (1993), quatro fatores estão associados à necessidade da inovação:
14
a) Avanço Tecnológico – As mudanças e o crescimento extremamente rápido da
tecnologia exercem intensa pressão sobre as organizações e oferecem produtos
e soluções incomparáveis;
b) Mudanças nas necessidades dos clientes – os desejos, preferências e
necessidades dos clientes mudam constantemente, os quais são essenciais para a
definição da estratégia da organização e para o direcionamento dos objetivos de
produção;
c) Diminuição do ciclo de vida do produto – O ciclo de vida do produto identifica
estágios da evolução do produto – pode ser dividido em: introdução,
crescimento, maturação e declínio – está diretamente associado aos dois fatores
anteriormente citados. O resultado é que os produtos tornam-se obsoletos
rapidamente. Os estágios do ciclo de vida do produto têm implicações na
tecnologia do processo de produção, portanto, durante estes estágios o foco
competitivo muda, assim, é preciso mudar as prioridades que regem o
comportamento da produção (Slack et al, 1999);
d) Aumento da competição mundial – a globalização favoreceu duas situações
para o desenvolvimento de novos produtos: aumentou a competitividade pela
introdução de concorrentes estrangeiros; e favoreceu a criação de
oportunidades, isto é, abriu a possibilidade da introdução dos produtos em
novos mercados.
As empresas, portanto, buscam processos mais efetivos para reduzir o tempo do
processo de desenvolvimento de novos produtos (Balbontin et al., 2000). De acordo com
Bayus (1994), em indústrias altamente competitivas, as empresas enfrentam pressões para
minimizar o tempo do desenvolvimento de novos produtos para superar competidores,
obter mais rápido os retornos sobre os investimentos, e reduzir os riscos associados à
passagem do tempo.
A participação dos novos produtos nas vendas e lucros da empresas (figura 2.3) foi
apresentada por Page (1991).
15
Ano % vendas % lucros
1976 - 1980 33 22
1981 - 1986 40 33
1985 - 1990 42
Projeção 1995 52 46
Figura 2.3 - Participação dos novos produtos nas vendas e lucros das empresas americanas (Page, 1991).
No estudo de Page (1991), verifica-se que os novos produtos representam uma alta
parcela das vendas e lucros das empresas. A previsão desta participação para 1995 era de
50%, aproximadamente.
Branísio, Peixoto & Carpinetti (2001) afirmam: “as empresas que investem em
inovação e conseqüentemente lançam novos produtos ou renovam aqueles já existentes
estão procurando garantir sua sobrevivência ou ganhar novos espaços no mercado”.
Neste contexto, verifica-se a participação relevante das micro, pequenas e médias
empresas (MPMEs). Segundo Costa (2003), existe um reconhecimento internacional da
crescente importância do papel da competitividade das MPMEs relacionadas à estabilidade
sócio-econômica de cada nação. Praticamente em todas as economias modernas, as
MPMEs desempenham um papel importante na geração de empregos e na dinâmica da
economia, graças a sua agilidade e capacidade de gerar inovações.
2.2.1 Inovação
Ser inovador não significa apenas lançar um novo e diferente produto, com
tecnologia altamente desenvolvida, mas também significa a busca pelo aprimoramento
constante em seus produtos existentes, descobrir novos materiais, novos métodos de
manufatura, novas formas de distribuição, etc (Toni, 1998).
Cooper (1993) classifica as inovações em duas dimensões:
a) Inovações para o mercado – o produto é o primeiro do tipo no mercado;
b) Inovações para a empresa – produtos nunca fabricados ou vendidos pela
empresa, mas que outras empresas já o fizeram.
Cooper (1993), citando Booz, Allen & Hamilton (1982), apresenta seis tipos
diferentes ou classes de novos produtos:
a) Novos para o mundo – São os primeiros do seu tipo e criam um mercado
inteiramente novo;
16
b) Nova linha de produtos – Estes são novos para a empresa, mas não o são para o
mercado. Eles permitem a empresa entrar pela primeira vez num mercado
estabelecido;
c) Adição à linha de produtos – São produtos novos para a firma, mas
desenvolvidos dentro de uma linha de produtos já existente. Podem também
representar um novo produto para o mercado;
d) Melhoria de produtos – São produtos existentes na linha de produtos da
empresa, recolocados com melhor desempenho e maior valor agregado;
e) Reposicionamentos – São novas aplicações para produtos existentes,
redirecionando o “velho” produto para um novo segmento de mercado ou para
uma aplicação diferente;
f) Redução de custos – Esta é a classe de produtos menos “novos”. São produtos
com desempenho e benefícios idênticos aos já existentes, porém com menores
custos.
As categorias de novos produtos são representadas na figura 2.4 , com a indicação
do percentual de introdução de cada classe.
Alto
Nova linha de
produtos (20%)
Novos para o mundo
(10%)
Melhoria de produtos
(26%)
Adição à linha de
produtos (26%)
Inovação para
a Em
resa
Redução de custos
(11%)
Reposicionamentos
(7%)
Baixo Alto
Inovação para o Mercado
Figura 2.4 – Categorias de novos produtos (Booz, Allen & Hamilton, 1982).
As melhorias de produtos e as adições à linha de produtos são os tipos de produtos
mais freqüentemente introduzidos. Ambos representam 26% dos lançamentos de novos
produtos. Ainda segundo Booz, Allen & Hamilton (1982), os produtos com maior grau de
17
novidade - novos para o mundo e novas linhas de produtos – apesar de constituírem juntos
apenas 30% dos lançamentos, representam 60% dos produtos vistos como aqueles de
maior sucesso.
2.3 Sucesso/Falha de Novos Produtos
A atividade de desenvolver novos produtos requer altos investimentos e envolve
muitas incertezas. Por isso, apenas desenvolvê-los e introduzi-los no mercado não garante
o seu sucesso e o retorno financeiro. A capacidade de desenvolver produtos e transformá-
los em sucesso no mercado é aceito como uma fonte de vantagem competitiva (Kobe et al,
2003).
Um estudo de Booz, Allen & Hamilton (1982) estimou que 46% dos recursos
destinados à concepção, desenvolvimento e lançamento de novos produtos são gastos em
produtos que fracassam comercialmente ou nunca entraram no mercado. De acordo com
Page (1991), de cada 11 idéias de novos produtos, 3 entram na fase de desenvolvimento,
1,3 são lançados e apenas 1 obtém sucesso.
Vários estudos (Booz, Allen & Hamilton, 1982; Cooper, 1993; Cooper &
Kleinschimidt, 1993; Ron, 1995; Griffin & Page, 1996; Balachandra & Friar, 1998;
Griffin, 1998; Balbontin et al, 2000; Carbonell et al., 2001) foram realizados com o
objetivo de identificar as práticas de sucesso para o desenvolvimento de novos produtos.
Griffin & Page (1996) afirmam que a definição de sucesso de um novo produto
depende dos objetivos e estratégias adotadas pela empresa. Dentre as várias medidas
utilizadas, Copper (1993) e Griffin & Page (1993) citam:
a) Financeira – se os lucros com o novo produto atendem ou excedem os objetivos
e critérios da empresa;
b) Consumidor – o nível de aceitação e/ou satisfação dos consumidores podem ser
uma indicação do sucesso do produto;
c) Produto – desempenho do produto, velocidade para o produto chegar ao
mercado, etc.
2.3.1 Fatores para o Sucesso de Novos Produtos
Diversos estudos identificam fatores relacionados ao sucesso dos novos produtos:
18
O projeto SAPHO (Rothwell, 1972) comparou produtos que obtiveram sucesso e
produtos que fracassaram, nas empresas britânicas. Fatores como o entendimento das
necessidades dos clientes, atenção para o mercado e lançamento, eficiência de
desenvolvimento, e uso efetivo de tecnologia distinguiram sucesso de fracasso.
Dentro do mesmo projeto (Rothwell, 1976), foram comparados produtos na
indústria eletrônica húngara. Foram identificadas as seguintes características: satisfação
das necessidades de mercado; efetiva comunicação interna; desenvolvimento eficiente; e
forte orientação para o mercado.
Kulvik (1977) realizou um estudo no mercado Finlandês, reconhecendo as
seguintes características: bom ajuste produto-empresa; utilização de know-how técnico na
empresa; e familiaridade com o mercado e tecnologias. Em estudo similar em empresas
Européias e Japonesas (Utterback et al, 1976), foram estabelecidos os seguintes fatores
para o sucesso dos novos produtos: proficiência de marketing; vantagem do produto;
reconhecimento das necessidades dos consumidores; e alto grau de contato com os
consumidores.
Uma pesquisa em empresas eletrônicas de alta tecnologia (Maidique & Zirger,
1984) identificou os fatores como: favorável relação custo-benefício; resultado de um bom
entendimento do mercado e dos consumidores; lançamento proficiente; processo de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) bem planejado e executado; coordenação entre as
diversas funções; introdução do produto no mercado antes dos competidores; sinergia entre
as áreas tecnológica e de marketing; bem como, apoio da direção desde o desenvolvimento
até o lançamento.
A pesquisa de Booz, Allen & Hamilton (1982) em 700 empresas reconheceu as
seguintes características: ajuste às necessidades de mercado, assim como com a
organização funcional interna; superioridade tecnológica; apoio por parte da direção;
ambiente competitivo favorável; e estrutura da organização do novo produto.
Cooper (1979), em um estudo sobre porque os novos produtos falham, separou
sucesso de fracasso segundo três características: superioridade do produto; forte orientação
para o mercado; e sinergia e competência tecnológica. A partir deste estudo, Cooper
desenvolveu um modelo operacional e conceitual para melhorar a eficiência e efetividade
do desenvolvimento de novos produtos através do gerenciamento do processo, o Stage-
Gate System (Cooper, 1993).
19
Neste sistema o processo de desenvolvimento de novos produtos é dividido em
conjuntos de atividades pré-determinadas. Para entrar em cada conjunto de atividades
(estágios) existe um “portal” (gate), que serve como um controle de qualidade das
atividades anteriormente realizadas e decide sobre continuar ou não com o processo de
desenvolvimento. Aproximadamente 60% das empresas norte-americanas que
desenvolvem novos produtos utilizam o Stage-Gate System (Griffin, 1997). A figura 2.5
representa o Stage-Gate System.
Cooper (1985) considera a Avaliação Inicial como o estágio onde mais projetos são
abandonados. Ou seja, neste estágio as decisões sobre parar o desenvolvimento do novo
produto ocorrem em maior quantidade do que em qualquer outro estágio do processo. Por
isso, ele desenvolveu o NewProd, uma ferramenta para apoiar as tomadas de decisões neste
estágio baseado em scoring models.
Através dos scoring models, diversas variáveis envolvidas na realização das
atividades são consideradas e analisadas em um modelo de acordo com a sua relevância
para atender aos objetivos especificados, sistematizando, assim, a revisão dos projetos.
No início da década de 80 foi disponibilizada uma versão computacional desta
ferramenta. O NewProd considera as características qualitativas do projeto do produto e,
portanto, é mais adequado para ser utilizado nos estágios iniciais do processo de
desenvolvimento do produto.
Oito critérios mostraram-se significantes (Cooper, 1985):
a) Superioridade/qualidade do produto;
b) Compatibilidade dos recursos projeto-empresa;
c) Tamanho, necessidades e crescimento do mercado;
d) Vantagem econômica do produto para o usuário final;
e) Inovação para a empresa;
f) Compatibilidade tecnológica;
g) Situação competitiva;
h) Definição do produto.
20
Figura 2.5Stage-Gate System (Cooper et al, 2000).
Avaliação
Inicial
Idealiza
ç
ão Investigação
Preliminar
Segunda
Avaliação
Investigação
Detalhada
Revisão
Pós-Desenvolvimento
Desenvolvimento
Decisão sobre
o Negócio
Teste e
Validação
Análise do Negócio
Pré-Comercialização
Produção e
Lançamento
Revisão Pós-
Implementação
Portal
1
Estágio
1
Portal
2
Estágio
2
Portal
3
Estágio
3
Portal
4
Estágio
4
Portal
5
Estágio
5
21
A Hewlett-Packard (Wilson, 1991) realizou um estudo baseado na metodologia de
Cooper (1979) e identificou dez fatores que diferenciam os sucessos dos fracassos:
entendimento das necessidades dos consumidores; alinhamento do projeto do produto com
a estratégia da empresa; análise dos concorrentes e superioridade do produto; obediência às
regulamentações; decisões prioritárias; avaliação dos riscos; posicionamento do produto de
acordo com os desejos dos clientes; bom canal de distribuição e apoio ao produto;
conhecimento do processo de desenvolvimento por parte da direção; e total apoio
organizacional em relação a recursos financeiros e humanos.
Cooper (1993), com base no projeto NewProd III, afirma que existe um padrão para
o sucesso, e destaca dez fatores para o sucesso de novos produtos: fornecer benefícios aos
consumidores; boa definição antes da fase de desenvolvimento; qualidade na execução das
atividades tecnológicas; ajuste entre as necessidades do projeto e os recursos da empresa;
qualidade na execução das atividades pré-desenvolvimento; ajuste entre as necessidades do
projeto e as atividades de marketing; qualidade na execução das atividades de marketing;
atratividade para o mercado; situação competitiva; e apoio da direção.
Mesmo com muitas indicações sobre o sucesso dos novos produtos e a necessidade
de aperfeiçoamento da forma como os produtos são projetados e desenvolvidos, os novos
produtos continuam com altas taxas de falhas. Atividades como análise de mercado,
pesquisa de mercado, avaliação do projeto e planejamento de mercado são consideradas
vitais para o sucesso dos novos produtos e ainda se mostram ineficientes na sua realização
(Cooper, 1988).
Segundo Bruce & Biemans (1995), sem as informações de mercado corre-se o risco
de desenvolver um produto com tecnologia excessiva ou preço elevado.
Estes problemas são, também, descritos por Calantone & Cooper (1979) na
apresentação de tipos de fracassos dos produtos. De acordo com estes autores, a tecnologia
excessiva é a mais comum causa de fracasso, os produtos são concebidos e desenvolvidos
internamente e com pouca atenção às reais necessidades e preferências do mercado local.
O segundo aspecto é, normalmente, causado pelo primeiro, produtos com tecnologia
excessiva representam altos custos de produção, e, conseqüentemente, um alto preço para o
consumidor final.
22
De acordo com Urban & Hauser (1993), atividades tecnológicas, de mercado e
produção devem estar integradas para um efetivo desenvolvimento do produto.
Diversas pesquisas sobre o gerenciamento têm focado na interface entre marketing
e produção. Práticos e acadêmicos têm dado ênfase na construção de uma conscientização
sobre a importância da orientação para o mercado, de entender o consumidor, melhorando
o uso da tecnologia e usando ferramentas e técnicas para uma produção efetiva (Cooper &
Jones, 1995).
Para Bruce & Biemans (1995), não importa como a tecnologia é adquirida, ela deve
ser usada em produtos que os consumidores necessitem e queiram, os produtos têm que ter
preços competitivos e estar posicionados para atender as necessidades e expectativas dos
consumidores.
Page (1993) considera a execução das atividades dentro do processo de
desenvolvimento de novos produtos o mais importante obstáculo ao sucesso dos novos
produtos.
Portanto, todos estes fatores anteriormente citados podem ser analisados e
determinados durante a execução do processo de desenvolvimento do produto, permitindo
o gerenciamento dos riscos associados a este processo e o aumento da chance de sucesso
dos produtos desenvolvidos.
2.3.2 O Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos
Benito & Varela (2003) citando Booz, Allen & Hamilton (1982) afirmam que as
empresas de maior sucesso na comercialização de novos produtos têm um processo formal
de desenvolvimento que é mantido por um longo período de tempo.
Craig & Hart (1992) declaram que o processo de desenvolvimento será
condicionado, entre outros, por aspectos genéricos como: estratégia da empresa; aspectos
relacionados ao gerenciamento; e estrutura organizacional.
Vários autores, como Kotler (1994), Park e Zaltman (1987), Crawford (1997),
Dickson (1997) e Toni (1998), propõem diferentes etapas para o processo de
desenvolvimento de produtos. Com vistas ao sucesso do processo de desenvolvimento de
produtos é essencial que estas etapas estejam de acordo com os objetivos organizacionais e
com as demandas de mercado.
23
Cooper & Kleinschimidt (1986) propõem um processo de desenvolvimento de
novos produtos composto por 13 atividades, são elas:
a) Análise Inicial – Avaliação onde é tomada a primeira decisão sobre a
continuação do projeto, a qual deve ser uma decisão tomada por uma equipe
multidisciplinar, envolvendo profissionais das áreas de marketing, P&D,
produção, etc, utilizando-se de procedimentos formais. É examinado o
comprometimento de recursos sejam eles financeiros, humanos ou tecnológicos;
b) Avaliação Preliminar de Mercado – Avaliação inicial sobre o mercado local,
com a pretensão de determinar a situação competitiva, potencial de mercado,
aceitação e alcance esperado. Deve ser realizada através discussões
multidisciplinares, revisão dos competidores, buscas bibliográficas e contatos
com consumidores;
c) Avaliação Técnica Preliminar – Avaliação técnica inicial, abordando questões
sobre a possibilidade de desenvolvimento e produção do produto. É baseado em
discussões internas e pesquisas na literatura;
d) Estudo de Mercado Detalhado – Pesquisa sobre o mercado-alvo a fim de
identificar os desejos e necessidades dos consumidores, posicionamento,
produtos e preços concorrentes, testes de conceito, etc. Esta fase é realizada
através de exaustivo trabalho de campo, principalmente, entrevistas com
consumidores;
e) Análise Financeira e de Negócio Pré-Desenvolvimento – Avaliação onde é
tomada a decisão sobre a continuação do projeto de desenvolvimento completo.
Deve ser realizada através de um procedimento formal de avaliação de risco,
análise financeira, avaliação qualitativa do negócio, estudos sobre a atratividade
de mercado e vantagem competitiva, contando com informações de vários
departamentos e informações de mercado;
f) Desenvolvimento do Produto – É a fase de desenvolvimento físico do produto.
Esta fase deve ser executada com interação entre as pessoas e os departamentos,
com atenção especial aos problemas técnicos surgidos durante o
desenvolvimento. É necessário que as pessoas envolvidas nesta fase apresentem
24
experiência e habilidade suficiente e que as instalações e equipamentos
ofereçam condições favoráveis;
g) Teste Interno do Produto – Realização de testes dos produtos em laboratórios
sob condições controladas, devem ser realizados procedimentos formais,
detalhados e rigorosos;
h) Teste do Produto com Consumidores – Realização de testes do produto
(protótipo) sob condições normais, através de experimentos de campo, testes de
preferência, testes beta;
i) Teste de Vendas – É uma forma de medir a aceitação do produto baseado na
venda a um número limitado de clientes ou em uma área geográfica restrita;
j) Teste de Produção – Produção de um lote ou número limitado do produto,
realizada com o objetivo de testar as instalações, equipamentos e sistemas de
produção;
k) Análise do Negócio Pré-Comercialização – Avaliação onde é tomada a decisão
sobre a comercialização do produto. É realizada antes do lançamento e inclui
uma análise financeira, revisão das informações de mercado, previsão de vendas
e custos de marketing;
l) Início da Produção – Produção em larga escala, pode apresentar algumas
mudanças nas instalações de produção;
m)Lançamento – Lançamento do produto no mercado. Deve ser realizado através
de um procedimento formal de implementação do plano de marketing,
promoções, anúncios, treinamento e preparação da equipe de vendas.
O projeto NewProd III (Cooper, 1993) verificou que produtos de sucesso
caracterizam-se pela melhor qualidade de execução das atividades, principalmente as
atividades que precedem o desenvolvimento. O referido autor afirma que estas atividades
iniciais são críticas e fazem a diferença entre vencedores e perdedores.
Cooper (1999) observou que a arte de desenvolver produtos não tem sido muito
aperfeiçoada: ainda não é dada atenção à voz do consumidor, as atividades iniciais não são
realizadas, muitos produtos entram na fase de desenvolvimento sem definição clara, etc.
Para Miller & Swaddling (2002), cada uma dessas falhas pode estar direta ou indiretamente
25
ligada à pesquisa de mercado realizada em conjunto com o desenvolvimento do novo
produto.
De um ponto de vista prático o estudo de mercado não apresenta um papel
importante no desenvolvimento de novos produtos porque: a pesquisa de mercado
consome tempo – todas as indústrias estão sendo desafiadas a reduzirem o tempo de
desenvolvimento de novos produtos, portanto, não é interessante a adição de etapas a este
processo; a pesquisa de mercado requer investimentos – a alocação de recursos não é uma
atividade simples no desenvolvimento de novos produtos e, para que ocorra deve ser bem
justificada; e, finalmente, o desenvolvimento de novos produtos não incorpora facilmente
as informações do consumidor – a natureza técnica do desenvolvimento de produtos gera
uma barreira à aceitação da visão mercadológica apresentada através do estudo de mercado
(Miller & Swaddling, 2002).
2.4 As Micro, Pequenas e Médias Empresas
O SEBRAE adota como parâmetro para a classificação do porte das empresas
brasileiras, o número de empregados constantes nas mesmas. Deste modo, as empresas são
classificadas pelo SEBRAE como (SEBRAE, 2002):
a) ME (Microempresa): na indústria até 19 empregados e no comércio/serviço até
09 empregados;
b) PE (Pequena Empresa): na indústria de 20 a 99 empregados e no
comércio/serviço de 10 a 49 empregados;
c) MDE (Média Empresa): na indústria de 100 a 499 empregados e no
comércio/serviço de 50 a 99 empregados;
d) GE (Grande Empresa): na indústria acima de 499 empregados e no
comércio/serviço mais 99 empregados.
Ressalta-se ainda, que a classificação acima descrita, é um critério adotado
exclusivamente pelo SEBRAE. Porém, outras instituições governamentais e de fomento às
empresas podem utilizar-se deste critério de classificação. A classificação oficial prevista
pela legislação brasileira faz uma divisão das empresas de acordo com o seu faturamento.
26
Neste ponto é necessário apresentar alguns aspectos relacionados ao ambiente das
micro, pequenas e médias empresas, e sua relevância ao desenvolvimento estratégico das
indústrias e das nações.
As MPMEs contribuem de forma singular para o desenvolvimento econômico e
social mundial.
“Os empreendimentos de pequeno porte são responsáveis pela geração significativa
de postos de trabalho em todos as economias abertas do planeta. Só na América Latina, o
segmento é responsável por metade das ocupações remuneradas e no Brasil, cerca de 35
milhões de pessoas estão ocupadas em setores informais da economia e em micro e
pequenas empresas. Desse modo, é exatamente nos pequenos negócios que reside a saída
para a melhoria da qualidade de vida da população com redução da desigualdade e geração
de riquezas” (IETS, 2002).
De acordo com Costa (2003), o segmento das MPMEs representa um elo
fundamental para o funcionamento das cadeias produtivas de importantes setores
econômicos, criando assim, estreitas relações de negócios com as grandes empresas. A
cadeia produtiva só alcança a grande parcela dos consumidores por meio das MPMEs.
Destaca-se também, o fato de que essa atividade econômica agrega valor e gera tributos em
vários pontos da cadeia produtiva, o que demonstra que as MPMEs são responsáveis
indiretamente por grande parte da receita tributária nacional, fato não revelado nas
estatísticas oficiais.
No Brasil, as MPMEs representam cerca de 98% do total de empresas existentes,
respondem por 60% dos empregos gerados e participam com 43% da renda total dos
setores industrial, comercial e de serviços (BNDES, 2003).
As micro e pequenas empresas brasileiras no cenário internacional se destacam pela
representatividade de 12,4% do total das exportações de forma direta (ABASE &
MONAMPE, 2002).
Nesse contexto de dinamismo social, de globalização dos mercados consumidores e
principalmente pela formação de blocos econômicos, intensifica-se ainda mais a
concorrência nos mercados internacionais. Aquelas empresas que pretendem exportar com
sucesso, expandir a economia e/ou consolidar o progresso regional, não podem esquecer
27
uma verdade simples: o caminho para a prosperidade e o desenvolvimento econômico
passa pelo fortalecimento da pequena empresa (Costa, 2003).
Costa (2003) afirma que, com melhores condições de trabalho, a pequena empresa
contribui para a disseminação de novos processos tecnológicos, para a melhoria da
eficiência e para a mais ampla modernização do universo econômico, transformando-se em
um instrumento de fundamental importância estratégica que os países mais avançados já
aprenderam a fortalecer e a valorizar.
Souza (1995) apresenta vários argumentos que ressaltam a importância econômica
e social das PME (Pequenas e Médias Empresas), podendo-se destacar os seguintes:
a) Estímulo à livre iniciativa e à capacidade empreendedora;
b) Relações capital/trabalho mais harmoniosas;
c) Contribuição para a geração de novos empregos e absorção de mão-de-obra,
seja pelo crescimento de PME já existentes, seja pelo surgimento de novas;
d) Efeito amortecedor dos impactos do desemprego;
e) Efeito amortecedor das flutuações na atividade econômica;
f) Manutenção de certo nível de atividade econômica em determinadas regiões;
g) Contribuição para a descentralização da atividade econômica, em especial na
função de complementação às grandes empresas, e;
h) Potencial de assimilação, adaptação, introdução e, algumas vezes, geração de
novas tecnologias de produto e de processo.
Considerando o setor de Petróleo e Gás no Brasil, isto representa o fortalecimento
da Indústria, através da ampliação e fortalecimento do mercado. Desta forma, com o
objetivo de produzir um sistema de desenvolvimento de pequenas e médias empresas
fornecedoras, que possa ser aplicado a toda a cadeia produtiva de óleo e gás e também a
outras cadeias, foi criado, pelo SEBRAE, um projeto que inserido no Programa de
Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo (Prominp), lançado pelo Ministério das
Minas e Energia, visa aumentar a participação nacional na Indústria de Petróleo e Gás e
gerar mais emprego e renda neste setor.
28
2.5 O Desenvolvimento de Novos Produtos e o Gás Natural
Por anos, o Gás Natural tem sido visto como uma substância muito útil. Os
chineses descobriram há muito tempo que a energia do Gás Natural poderia ser explorada e
utilizada para aquecer água. No início, o gás foi usado, principalmente, na iluminação das
ruas e casas. Contudo, com a melhoria dos canais de distribuição e os avanços
tecnológicos, novas aplicações e equipamentos estão sendo desenvolvidos constantemente.
(NaturalGas, 2003).
Segundo Santos (2002), nos países industrializados, o Gás Natural iniciou a sua
entrada nos mercados através das infra-estruturas de distribuição previamente existentes
para o gás de rua. A substituição foi imediata e o gás natural concentrou-se nos mercados
residencial, comercial e industrial.
Montes (2000) destaca quatro formas para a utilização do Gás Natural: como fluído
de recuperação secundária, como selante em máquinas rotativas e como força motriz em
turbo - compressores na indústria do Petróleo; como matéria-prima o Gás Natural pode ser
utilizada na indústria de fertilizantes, química, petroquímica e siderúrgica (como redutor
do minério de ferro); como energia secundária o gás pode ser usado nos setores residencial,
comercial, público, agropecuário e industrial, principalmente em aquecimento direto ou
calor de processo e finalmente como energia primária na geração de eletricidade em
centrais termelétricas ou centrais de co-geração eletricidade/calor (CONPET, 1996;
BNDES, 1997).
Dada a sua flexibilidade de uso e fácil manipulação diretamente pelos
consumidores, o gás torna-se tão nobre quanto a eletricidade, adentrando nos lares, nas
indústrias, nos estabelecimentos comerciais e mesmo nos automóveis. As necessidades
térmicas dos consumidores podem ser satisfeitas diretamente a partir da energia química do
gás, sem passar pela transformação desta em energia elétrica, para depois transformar os
elétrons no calor ou no frio desejado pelo consumidor. Os ganhos em termos de
racionalidade energética advinda da eliminação da transformação química / elétrica /
térmica são consideráveis, refletindo-se em ganhos econômicos mais do que suficientes
para que se construam as necessárias infra-estruturas de transporte e distribuição do gás,
que permitam trazer o gás até o consumidor final (Santos, 2002).
29
Atualmente, a indústria é o maior consumidor de gás na América do Sul. A
demanda nas áreas residencial e comercial e nos serviços públicos é limitada por causa da
falta de necessidade de aquecimento interno na maior parte do continente. O uso do gás
para a refrigeração do ambiente, porém, pode oferecer oportunidades para a expansão do
consumo na área comercial e no setor público (D`Apote, 2003). Esses equipamentos não
são inéditos. Porém, devido aos avanços na tecnologia e eficiência, os condicionadores de
ar a base de Gás Natural estão ressurgindo.
O Gás Natural é uma das formas mais baratas de energia disponível para o
consumidor residencial. Historicamente, o Gás Natural tem sido mais barato que
hidroeletricidade como fonte de energia. O departamento de energia dos Estados Unidos,
DOE, estimou que em 2002, o Gás Natural foi a fonte de energia convencional que
apresentou o mais baixo custo para uso residencial, representando menos de 30% do custo
da hidroeletricidade por Btu (British Thermal Unit) (NaturalGas, 2003).
Para o uso residencial, são desenvolvidos fogões e fornos que podem fornecer
muitos benefícios, como o controle de temperatura, auto-ignição, e auto-limpeza, além de
custar um quarto do valor de um fogão elétrico (NaturalGas, 2003)
.
Praça et al (2003) citando Furnaletto (2002) afirma que, além do uso tradicional em
fogões, substituindo o GLP (Gás Liquefeito do Petróleo), o gás também possui outras
aplicações, tais como: secadoras, geladeiras e churrasqueiras. No entanto, é no
aquecimento de água e ambientes que se observam as maiores economias. Furnaletto
(2002) esclarece que nos domicílios, se podem ser reduzidos até 40% dos custos com
energia elétrica, justificando, assim, sua penetração no setor residencial/comercial.
Nos Estados Unidos, quase 70% das novas residências utilizam o gás para
aquecimento. Ou seja, a infra-estrutura de distribuição do Gás Natural já existe, o que
permite a utilização do gás em outros equipamentos (NaturalGas, 2003).
Apesar de muitos equipamentos serem inicialmente mais caros que seus
concorrentes elétricos, pois não são fabricados em escala, eles, normalmente, são mais
baratos em sua operação (utilizam 30% menos energia), têm uma expectativa de vida
maior e requerem baixa manutenção. Alguns exemplos destes produtos são aquecedores,
secadores de roupas, aquecedores de piscina, lareiras, churrasqueiras e iluminação de
outdoors (NaturalGas, 2003).
30
De acordo com Buss & Danilevicz (2003), no Brasil, a maior utilização está nos
centros industriais e comerciais do Rio de Janeiro e São Paulo. A pouca disponibilidade de
gasodutos e o desconhecimento por parte do público das possibilidades de utilização e das
vantagens relativas do Gás Natural em relação aos demais energéticos são as principais
causas das baixas taxas de utilização do produto como fonte energética no Brasil (ANP,
2001).
A utilização comercial do Gás Natural é similar ao uso residencial e pode
representar economia (por apresentar menor custo) e segurança (por minimizar o risco de
acidentes) aos sistemas de empresas públicas e privadas. Escolas, hotéis, restaurantes,
shopping centers, hospitais e repartições públicas podem ser beneficiadas pela adoção do
Gás Natural no suprimento de suas necessidades energéticas.
A utilização do Gás Natural para geração de eletricidade é uma tecnologia muito
promissora. De acordo com Santos (2002), apenas nos últimos quinze anos o gás passou a
ser privilegiado como combustível para geração de eletricidade. Inserido em sistemas
elétricos com base térmica, com geração a partir do carvão, do óleo ou nuclear, o Gás
Natural representa um grande avanço para países industrializados, por melhorar as
condições ambientais e de eficiência energética no setor elétrico.
Como substituto da gasolina e do álcool hidratado, o Gás Natural Veicular (GNV)
apresenta todas as características físicas e químicas que um veículo necessita pra obter um
bom desempenho (Gasnet, 2003).
2.5.1 O Gás Natural Veicular
O crescimento do consumo de Gás Natural Veicular (GNV) nos últimos anos tem
superado as expectativas e, dessa forma, estimulado investimentos das concessionárias de
gás canalizado que utilizam os postos de combustíveis como “âncora” de consumo nos
ramos urbanos, e promovido uma procura por equipamentos, levando fornecedores a
construir fábricas no Brasil (Gazeta Mercantil, 2002).
Qualquer veículo a gasolina ou a álcool, e alguns veículos a diesel, podem ser
convertidos para Gás Natural. Esta conversão não altera o uso do combustível original,
tornando o veículo bi-combustível acionando um simples botão instalado no painel do
veículo (chave comutadora). O processo de conversão de um veículo para uso de Gás
Natural consiste na instalação do sistema de gás e dos cilindros de armazenagem, sem
31
remover qualquer equipamento pré-existente. Após a instalação, o veículo está apto a
operar com os dois combustíveis isoladamente: Gás Natural e combustível líquido
(Comgás, 2004; Ctgás, 2004).
Os equipamentos para GNV são fornecidos por empresas que se especializam em
segmentos como: Kits para conversão de veículos, cilindros e equipamentos para postos
(compressores e dispensers).
A produção brasileira é reduzida e a maior parte do mercado é atendida pela
importação. No segmento de equipamentos de conversão, formado por componentes
mecânicos e eletrônicos, predominam as importações da Itália e da Argentina. No
mercado brasileiro, estão presentes as empresas BRC, Landi Renzo e REG, italianas, e as
argentinas Oyrsa, Gallileo e Pelmag. Entre as empresas brasileiras estão a Rodagás, a
Powergás e a GPS (Gazeta Mercantil, 2002).
Somente oficinas credenciadas pelo INMETRO podem fazer a instalação do kit de
conversão. Estas oficinas fornecem o Certificado de Homologação de Montagem do kit,
atestando que todas as normas técnicas estabelecidas pela RTQ 33 do INMETRO -
Regulamento técnico de componentes do sistema para Gás Natural Veicular - e a Norma
NBR 11353 da ABNT - revisão da NB-1257, denominada de “Veículos rodoviários -
Instalação de Gás Metano Veicular - GMV Parte 1- Requisitos de segurança” - para
veículos a Gás Natural foram cumpridas e que o veículo pode ser legalizado junto ao
departamento de trânsito local (Ctgás, 2004).
O uso de Gás Natural Veicular como combustível de transporte está expandindo
rapidamente. De acordo com dados da Associação Internacional do GNV (IANGV), o Gás
Natural Veicular é utilizado em cerca de 50 países, movendo uma frota de 1,8 milhões de
veículos (Gazeta Mercantil, 2002).
32
A figura a seguir apresenta a frota de GNV por regiões do mundo.
Figura 2.6 – Frota de GNV por regiões do mundo (Gazeta Mercantil, 2002).
A Argentina possui o maior percentual de veículos movidos a GNV, 38%, isto
representa cerca de 800.000 veículos. O mercado de GNV também cresce nos outros
países da região, em particular no Brasil (D`Apote, 2003).
Segundo Fernandes (2002), até 1992, somente nos Estados Unidos, as montadoras
de automóveis colocavam no mercado veículos de fábrica para circular com GNV. Hoje
na Europa e no Japão, já se conta com 11 montadoras produzindo cerca de 22 modelos, na
maioria bi-combustíveis e alguns, exclusivos para GNV.
O Gás Natural Veicular apresenta importantes vantagens técnicas que, se
comparadas com os combustíveis tradicionais, o apontam como alternativa viável (Gasnet,
2003):
a) Temperatura de ignição superior, tornando o manuseio mais seguro;
b) Menor densidade que o ar atmosférico, que possibilita rápida dissipação, em
caso de vazamento, reduzindo, assim, a probabilidade de ocorrência de
concentrações na faixa de inflamabilidade;
c) Não é tóxico nem irritante no manuseio;
Argentina
38%
Brasil
6%
América do Sul
(Outros)
4%
Itália
21%
Europa (Outros)
3%
África
2%
Ásia (Outros)
8%
Paquistão
11%
América do
Norte (Outros)
1%
EUA
6%
33
d) Sua combustão com excesso de ar é muito próxima da combustão completa,
reduzindo os resíduos a dióxido de carbono e vapor d’água, e inibindo a
formação de resíduos de carbono no motor, o que aumenta sua vida útil e o
período entre manutenções;
e) O GNV é comercializado dentro de elevados padrões de segurança, em função
das altas pressões de operação, o que praticamente elimina a possibilidade de
escape do produto para o meio ambiente;
f) Devido à baixa formação de resíduos da combustão e por ser um combustível
limpo e seco que não se mistura nem contamina o óleo lubrificante, permite um
maior intervalo entre trocas de óleo lubrificante sem comprometer a integridade
das partes componentes do motor;
g) Menor preço de comercialização, se comparado aos combustíveis tradicionais;
h) Economia decorrente do menor desgaste das peças e maior intervalos entre
trocas de óleo lubrificante;
i) Reduz os níveis de poluição atmosférica.
Apesar das vantagens identificadas, os aspectos supracitados preocupam os
empresários sobre o futuro do setor, aliados a outros como:
a) A existência de pouca rede de gasodutos adequados disponível;
b) As distribuidoras têm dificuldades para ampliar a oferta na velocidade
desejável, devido as reduzidas margens;
c) A garantia dos veículos pelos fabricantes;
d) O surgimento de novas alternativas energéticas.
Existe, portanto, o desejo e a necessidade de assumir o gás como fonte energética.
As inovações tecnológicas no setor de exploração e produção tem fornecido à industria
equipamentos e práticas capazes de aumentar a produção e atender à demanda de forma
eficiente, segura e ecologicamente correta.
A união dos participantes da cadeia do Gás Natural deve contribuir para a
superação de alguns problemas existentes, elevando, assim, a participação desse
combustível no mercado automotivo.
34
Para Buss & Danilevicz (2003), introduzir o gás no mercado brasileiro mostra-se
como um desafio árduo, uma vez que o produto a ser introduzido apresenta-se como um
substituto dos energéticos já existentes, necessitando, dessa forma, impulsionar uma
mudança de comportamentos e atitudes em relação a fontes energéticas, a fim de que o
consumidor substitua o energético utilizado atualmente por essa nova fonte.
No sentido de consolidar a indústria do Gás Natural, um trabalho sólido vem sendo
desenvolvido focado no uso final do gás: projetos voltados para a utilização do gás para
geração de calor em indústrias cerâmicas, moveleiras, e fabricação de vidros, assim como o
desenvolvimento de fornos para secagem de madeira ou cozimento de cerâmica; para o
segmento comercial, o desenvolvimento de micro-turbinas e sistemas de co-geração que,
ao mesmo tempo, supram as necessidades de energia elétrica e refrigeração; e no segmento
residencial, os projetos envolvem o desenvolvimento de eletrodomésticos movidos a Gás
Natural (Bosco, 2003).
De acordo com Santos (2002), o Brasil dispõem de uma base tecnológica
suficientemente robusta para incrementar o projeto, produção e venda dos equipamentos
que permitirão a queima do gás com alto valor agregado. O citado autor ainda defende que
os consumidores finais deverão ter acesso a esses equipamentos e precisarão engajar-se em
uma nova cultura gasífera, libertando-se da “escravidão elétrica” em que vive-se hoje. Isso
também implica na existência de políticas e de sofisticados instrumentos de financiamento
que permitam custear a transformação cultural e as modificações tecnológicas que tornarão
possível o gás disponível e utilizável pelo consumidor final.
Diversos exemplos da aplicação comercial do Gás Natural em produtos foram
apresentados. Entretanto, observa-se que, apesar das vantagens tecnológicas identificadas
(maior durabilidade, menos manutenção, menor preço, menor nível de poluição, etc), estes
produtos necessitam ser desenvolvidos a partir de processos metodológicos que aumentem
suas chances de sucesso comercial. Dentro deste contexto, acredita-se que desenvolver
produtos de forma criteriosa pode ser uma alternativa para aumentar tais chances.
35
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Este capítulo tem a finalidade de apresentar a metodologia utilizada nesta pesquisa,
caracterizando a natureza do trabalho e descrevendo todos os procedimentos realizados
durante a pesquisa, tendo em vista os objetivos mencionados anteriormente.
A caracterização da pesquisa é o ponto inicial deste capítulo, que descreve sua
tipologia e sua forma de abordagem. Em seguida, são apresentadas a delimitação do
universo da pesquisa e a definição da unidade de análise. Na última seção, é descrito o
plano de trabalho, detalhando as etapas da pesquisa, quais sejam: a pesquisa bibliográfica,
a formulação do protocolo de análise, a coleta de observações e a análise.
3.1 Caracterização da Pesquisa
Segundo Godoy (1995
a
), uma pesquisa se caracteriza como um esforço cuidadoso
para a descoberta de novas informações ou relações e para a verificação e ampliação do
conhecimento existente. O presente estudo, considerando seus objetivos, é uma pesquisa
exploratória que, de acordo com Cervo & Bervian (1996), tem como finalidade
proporcionar maior familiaridade com o fenômeno ou obter nova percepção do mesmo e
descobrir novas idéias.
Neste trabalho foi dada maior ênfase à avaliação qualitativa, vista a necessidade de
descrever o ambiente e o processo em questão. Porém, o enfoque quantitativo não foi
desprezado, pois, na avaliação do processo de desenvolvimento de novos produtos houve
uma mensuração de variáveis. Esta dicotomia é aceitável, pois, de acordo com Martins &
Lintz (2000), geralmente, os estudos comportam tanto uma avaliação quantitativa quanto
uma avaliação qualitativa.
36
Quanto à natureza, caracteriza-se como uma pesquisa de avaliação, tipo especial de
avaliação aplicada onde o investigador é movido pela necessidade de contribuir para fins
práticos mais ou menos imediatos, buscando soluções para problemas concretos (Cervo &
Bervian, 1996). A pesquisa de avaliação é uma investigação empírica que investiga
fenômenos dentro do contexto real para avaliar resultados ou processos (Martins & Lintz,
2000). Para este trabalho, foi realizada a pesquisa de avaliação do processo.
Considerando o universo da pesquisa, trata-se de um estudo descritivo que, segundo
Gil (2002), tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno, ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.
3.2 Delimitação do Universo da Pesquisa
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foi utilizado um estudo de caso. O
estudo de caso é definido como aquele que examina um fenômeno em seu ambiente
natural, pela aplicação de diversos métodos de coleta de dados, visando obter informações
de uma ou mais entidades. Essa estratégia de pesquisa possui caráter exploratório, onde
nenhum controle experimental ou de manipulação é utilizado. Além disso, as fronteiras do
fenômeno não são evidentes (Pozzebon & Freitas, 1997).
Dessa forma, através de um estudo de caso, foram realizadas a descrição, a
avaliação e a análise do processo de desenvolvimento de novos produtos na área de Gás
Natural.
Sobre a determinação da unidade de análise, Yin (1984) afirma que a utilização de
um único caso é apropriada quando:
a) É revelatório, ou seja, é situação previsivelmente inacessível para investigação
científica;
b) Representa caso crítico para testar teoria bem formulada;
c) É extremo ou único.
O desenvolvimento de novos produtos na área de Gás Natural, como forma de
ampliar e solidificar a Indústria do gás, é uma necessidade, porém, percebe-se que, apesar
dos avanços tecnológicos e do explícito conhecimento sobre essa necessidade, há, apenas
um restrito número de empresas que investem e acreditam no desenvolvimento de produtos
neste setor.
37
A pesquisa, portanto, foi realizada na Gas Project & Systems do Brasil, empresa
localizada em Natal/RN, que atua no desenvolvimento de equipamentos eletrônicos para
conversão automotiva em Gás Natural. O contato com a empresa deu-se nos meses de
janeiro e fevereiro de 2004, quando foi realizada a coleta de informações.
A escolha da referida empresa foi motivada pelo fato de esta ser a única empresa do
Rio Grande do Norte, com fins comerciais, a desenvolver, totalmente, produtos na área de
Gás Natural.
3.3 Plano de Trabalho
O desenvolvimento do trabalho foi dividido em várias fases:
a) Pesquisa bibliográfica;
b) Formulação do protocolo de análise;
c) Coleta de informações;
d) Análise.
Nas seções seguintes, cada uma das etapas foi exposta.
3.3.1 Pesquisa Bibliográfica
Cervo & Bervian (1996) afirmam que qualquer espécie de pesquisa, em qualquer
área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica, quer para o levantamento da situação da
questão, quer para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e
contribuições da pesquisa. Portanto, a pesquisa bibliográfica para este trabalho foi
desenvolvida com base em materiais, sobre o desenvolvimento de novos produtos e os
aspectos que influenciam o mercado de Gás Natural, principalmente em livros e artigos
científicos, além de materiais disponibilizados na internet e que merecem ser considerados.
A pesquisa bibliográfica forneceu a fundamentação teórica necessária para o
planejamento da investigação.
3.3.2 Formulação do Protocolo de Análise
A formulação de um protocolo de análise faz-se necessária por servir como um guia
para a coleta de informações sobre os aspectos relacionados ao gerenciamento da empresa,
38
e para a avaliação das atividades relacionadas ao processo de desenvolvimento de novos
produtos.
De acordo com Martins & Lintz (2000), o estudo de caso começa com um plano
incipiente que vai delineando-se mais claramente à medida que se desenvolve. Os
referidos autores explicam, ainda, que, inicialmente, são colocadas algumas questões, ou
pontos críticos, que vão sendo explicitados, reformulados, ou mesmo abandonados, à
medida que o estudo avança.
Assim, a partir do problema de interesse, neste caso as atividades realizadas durante
o processo de desenvolvimento de novos produtos, e dos objetivos do trabalho foi
construído o instrumento que irá orientar a tomada de informações.
A figura 3.1 apresenta e descreve as questões contempladas pelo Protocolo de
Análise. O Protocolo de Análise utilizado encontra-se no Anexo 1.
39
Questões Descrição
Área de atuação Setor no qual a empresa está inserida
Mercado de Gás Natural Avaliação do mercado de equipamentos na indústria
de Gás Natural
Estratégia para o desenvolvimento de novos produtos Objetivos e metas definidas para o desenvolvimento
de novos produtos
Planejamento para o desenvolvimento de novos
produtos
Ferramentas e métodos utilizados no planejamento do
desenvolvimento de novos produtos
Produtos desenvolvidos Enumeração dos produtos desenvolvidos
Atividades do processo de desenvolvimento de novos
produtos
Descrição das atividades realizadas no
desenvolvimento de novos produtos, resultados das
atividades, documentação.
- Humanos
Recursos - Financeiros
- Materiais
Profissionais envolvidos no processo de
desenvolvimento de novos produtos e forma de
participação;
Recursos financeiros (investimentos) empregados no
processo de desenvolvimento de novos produtos;
Matéria-prima e equipamentos utilizados no processo
de desenvolvimento de novos produtos.
Sucesso de produtos Definição de sucesso dos produtos, produtos
desenvolvidos pela empresa que foram considerados
sucesso
Figura 3.1 – Descrição das questões abordadas no protocolo de análise.
3.3.3 Coleta de Informações
A coleta de informações foi feita por meio de entrevista semi-estruturada, vista a
utilização de um instrumento para tal finalidade (Anexo 1).
A entrevista foi realizada com o proprietário da unidade em estudo, o qual estava
ciente dos objetivos da pesquisa. Esta escolha foi induzida por se tratar do responsável
direto pelo desenvolvimento dos produtos.
40
Além da entrevista, a obtenção das informações foi realizada, também, através da
observação das instalações da empresa e da verificação de como as atividades de
desenvolvimento de novos produtos são realizadas.
A observação, de acordo com Marconi & Lakatos (1991), é uma técnica de coleta
de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados
aspectos da realidade. Para Godoy (1995
b
), a observação tem um papel essencial no estudo
de caso, para apreender aparências, eventos e/ou comportamentos.
Ainda segundo Godoy (1995
b
), a observação pode ser de caráter participante ou
não-participante. Para esta pesquisa, o método de observação foi não-participante, pois o
pesquisador atua como espectador atento vendo e registrando o máximo de ocorrências que
interessam ao trabalho, baseado nos objetivos e num roteiro de observação (Godoy, 1995
b
).
O roteiro de observações serviu como um “checklist” das atividades e informações
de interesse, onde características relevantes observadas durante a visita puderam ser
identificadas e descritas. Este roteiro contemplou, basicamente, dois itens:
a) Infra-estrutura – Observação da infra-estrutura, no que diz respeito às instalações,
equipamento, recursos humanos e materiais utilizados durante o processo de
desenvolvimento de novos produtos.
b) Atividades do desenvolvimento de novos produtos – Considerando como base o
processo proposto por Cooper & Kleinschimidt (1986), as 13 atividades foram
listadas para a verificação de suas formas de realização. As atividades que não
puderam ser acompanhadas durante a observação foram objeto de detalhado
questionamento e avaliação durante a entrevista.
O Roteiro de Observações encontra-se no Anexo 2.
3.3.4 Análise
Análises e reflexões devem estar presentes durante os vários estágios da pesquisa,
pelo confronto dos achados com os objetivos e proposições do estudo (Martins & Lintz,
2000).
Portanto, durante todo o desenvolvimento da fase de observação e entrevista foi
realizada uma análise sistemática, a qual permitiu a seleção de aspectos pertinentes aos
objetivos do trabalho e/ou a exclusão de informações irrelevantes ao escopo da pesquisa.
41
Durante a entrevista, o responsável pelo processo de desenvolvimento de novos
produtos deveria avaliar a eficiência das atividades envolvidas neste processo. Esta auto-
avaliação foi inspirada no método do “Failure Mode and Effects Analysis - FMEA”.
A metodologia do FMEA (Análise do Tipo e Efeito de Falha) é uma ferramenta que
busca, em princípio, evitar, por meio da análise das falhas potenciais e propostas de ações
de melhoria, que ocorram falhas no projeto do produto ou do processo.
Na análise FMEA de um determinado produto/processo, forma-se um grupo de
trabalho que irá definir a função ou característica daquele produto/processo, irá relacionar
todos os tipos de falhas que possam ocorrer, descrever, para cada tipo de falha, suas
possíveis causas e efeitos, relacionar as medidas de detecção e prevenção de falhas que
estão sendo, ou já foram tomadas, e, para cada causa de falha, atribuir índices para avaliar
os riscos e, por meio destes riscos, discutir medidas de melhoria.
Para efeito deste trabalho, cada uma das atividades relacionadas ao
desenvolvimento de produtos foi identificada e suas execuções avaliadas (diferentemente
do FMEA, onde são avaliadas as falhas), sendo-lhes atribuídos índices, de acordo com sua
eficiência.
Além disso, foram realizadas, após a coleta de informações, a organização e a
análise de todos os dados referentes à empresa para os quais foram considerados para as
conclusões finais.
42
Capítulo 4
Estudo de Caso
Neste capítulo será conhecido o processo de desenvolvimento de novos produtos de
uma empresa que atua no setor de equipamentos eletrônicos de conversão automotiva para
Gás Natural. O objetivo é obter conhecimento sobre a realização das atividades em torno
do desenvolvimento de produtos, avaliando cada etapa deste processo.
A demonstração dos resultados obtidos através do estudo de caso, pode ser
verificada no presente capítulo. Serão apresentadas a caracterização da empresa em
estudo, a descrição dos produtos e dos aspectos relacionados ao processo de
desenvolvimento dos mesmos, além da avaliação das atividades envolvidas neste processo.
4.1 Apresentação da Empresa
O estudo de caso a ser apresentado foi realizado na Gas Project & Systems do
Brasil (GPS), conforme descrito no capítulo 3 (seção 3.2). Esta empresa atua na produção
de equipamentos eletrônicos utilizados na montagem do kit de conversão automotiva para
Gás Natural.
Com a finalidade de verificar a forma de funcionamento da empresa, seu
posicionamento no mercado e o processo do desenvolvimento de novos produtos, o
Protocolo de Análise – encontrado no Anexo 1 – contemplou questões cujas abordagens se
referem à Identificação da empresa, ao Mercado, ao Gerenciamento e Desenvolvimento de
novos produtos, à Infra-estrutura, a Comunicação e Sucesso de Novos Produtos, bem como
à Comercialização, as quais permitiram atingir o citado objetivo.
43
A Gas Project & Systems do Brasil é uma empresa que atua no mercado de Gás
Natural há 3 anos e que possui 48 funcionários, sendo portanto, segundo definição do
SEBRAE (Seção 2.4), classificada como uma pequena empresa.
4.2 Caracterização da Empresa
Como citado na seção 4.1 deste capítulo, existem 48 funcionários na empresa em
estudo. Dentre estes, estão profissionais da área de marketing, engenharia mecânica,
engenharia elétrica e vendas distribuídos segundo o organograma apresentado na figura
4.1.
Figura 4.1 – Organograma GPS do Brasil.
No Departamento de Produção são realizadas as atividades de desenvolvimento dos
produtos: Idealização, avaliação de mercado, testes com os produtos, etc.
É necessário dizer que apesar da presença de diferentes profissionais no
desenvolvimento de produtos, a participação destes não é determinante, visto o tipo de
liderança exercida na empresa. Isto é, o líder, que no caso é o proprietário da empresa, é o
único responsável pela adoção de programas, estratégias e tomadas de decisões durante
Diretoria
Departamento
Administrativo
Departamento
de Vendas
Departamento
Financeiro
Assessoria
Contábil
Departamento
de Produção
Setor 1
(kit automático)
Setor 2
(Kit carburado)
Setor 3
(emuladores)
44
todo o processo de desenvolvimento de novos produtos, determinando as atividades que
devem ser realizadas pelos funcionários.
Os setores 1, 2 e 3 fazem a montagem dos produtos, sejam:
- Kit automático;
- Kit carburado;
- Emuladores.
Todos os produtos desenvolvidos pela empresa são comercializados para oficinas
que realizam a conversão de automóveis para a utilização do Gás Natural.
Na entrada da empresa no mercado, no ano de 2000, o mercado de Gás Natural
Veicular (GNV) estava em grande expansão e havia uma demanda por equipamentos para
conversão automotiva, considerando que este é o uso mais difundido do Gás Natural.
Portanto, a GPS foi a empresa pioneira neste setor, no Brasil.
Atualmente, existem cerca de 20 empresas concorrentes, das quais
aproximadamente 70% são internacionais.
Segundo o proprietário da GPS, o mercado está demonstrando uma estagnação no
crescimento. Esta reação é atribuída, principalmente, aos aumentos no preço do Gás
Natural que levam os potenciais usuários a pensarem com maior cautela sobre a conversão
para tal combustível, e à implantação de uma regulamentação ambiental mais rigorosa por
parte do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) e CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em relação aos níveis
de poluentes emitidos pelo produto. Esta situação do mercado de Gás Natural Veicular
constitui uma dificuldade para o desenvolvimento e, conseqüente, sucesso dos novos
produtos.
As vendas da empresa refletem perfeitamente a situação descrita anteriormente.
Desde a sua entrada, a empresa constatou um crescimento das vendas e novos mercados
foram conquistados. Hoje, a GPS comercializa produtos em todos os estados do Brasil e
para diversos países da América Latina. Porém, a situação das vendas apresenta-se estável,
sem demonstrar o crescimento observado nos anos anteriores.
45
Esta situação sugere o estágio de maturidade do ciclo de vida do produto, citado no
capítulo 2 (seção 2.2). Segundo Baxter (2000), os produtos que atingem a maturidade
mantêm as vendas constantes durante algum tempo e, após isso, entrarão em declínio.
Neste momento, é necessário planejar a reposição dos mesmos.
Este conceito de ciclo de vida remete a uma análise sobre a evolução do produto ao
longo do tempo e a adequação do tipo de segmento de mercado envolvidos em vários
pontos no tempo. Além disso, é importante observar a necessidade de mudanças nas
prioridades que dirigem o comportamento da produção como a evolução de produtos e
mercados (Hayes & Wheelwright, 1984).
A expectativa é que haja um reaquecimento do mercado, que possibilite a empresa
investir no desenvolvimento de novos produtos. A previsão é de ampliação da linha de
produtos através da fusão de produtos já existentes. Com esse reaquecimento do mercado,
a GPS pretende, também, fortalecer a comercialização de seus produtos em alguns estados
do Brasil.
De acordo com o entrevistado, as instalações da empresa estão adequadas à
capacidade de produção, não sendo necessária, portanto, sua ampliação. Os recursos
financeiros são direcionados de acordo com um planejamento, o qual é realizado pelo
proprietário seguindo uma rotina de reservar capital para investimentos na introdução de
um novo produto projetado.
O material necessário para a produção é, em sua maioria, importado. Trata-se de:
componentes micro-eletrônicos; máquinas, equipamentos e ferramentas; fios e cabos;
material para embalagem. Isto implica que a produção fica dependente de trâmites para
importação da matéria-prima de outros países. A aquisição de novos equipamentos
cumpre o orçamento da empresa e é avaliada diante da necessidade e do benefício que esta
aquisição representa.
4.3 Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos na GPS
A estratégia adotada pela empresa para o desenvolvimento de novos produtos é
criar produtos similares aos já existentes, porém com menores custos. Ou seja, entregar ao
consumidor um produto de qualidade a um menor preço. Isto é visto como o maior
benefício do processo para o sucesso dos novos produtos.
46
Esta estratégia é conhecida apenas pela direção, pois, na visão do proprietário, os
funcionários de posse de informações técnicas, de mercado e das estratégias utilizadas pela
empresa podem se transformar em concorrentes e, portanto, não devem ter o conhecimento
dessas informações.
Os principais produtos desenvolvidos pela empresa em estudo são:
a) Chave comutadora para veículos carburados - Componente destinado a
selecionar o tipo de combustível (original ou GNV) a ser utilizado pelo motor
do veículo, controlar o fluxo de gás, ativar ou desativar o uso do gás até a
proteção do veículo em caso de colisão, interrompendo o fluxo, e a sinalizar o
volume de gás disponível no veículo;
b) Chave comutadora para veículos injetáveis (automática) – Chave comutadora
utilizada em veículos com injeção eletrônica;
c) Manômetro - Componente destinado a indicar a pressão do GNV no sistema;
d) Emuladores de 4 a 8 canais - É usado em motores de injeção eletrônica. Uma
de suas funções é enviar o sinal compatível com o sistema original do motor.
Interrompe o funcionamento dos bicos, evitando a entrada dos dois
combustíveis. Opcionalmente pode dispor de cabos originais que evitam o
corte do chicote, mantendo a originalidade sem adaptação de relês;
e) Emulador para sonda lambda - Componente usado nos veículos com injeção
eletrônica, com a função de gerar um sinal informando se a mistura está rica ou
pobre para o módulo de injeção eletrônica;
f) Gerenciador de fluxo de Gás Natural - Componente destinado a controlar o
fluxo de GNV no sistema.
As atividades realizadas durante o desenvolvimento de produtos são, em sua
maioria, informais e representam decisões e avaliações de uma única pessoa. Quando da
criação de um novo projeto de produto, são realizadas reuniões com os gerentes para a
comunicação do seu desenvolvimento. As reuniões entre a direção e a gerência
acontecem, também, quando ocorre algum tipo de problema na produção.
O planejamento da produção é realizado de maneira informal, tendo o estoque
como principal indicador. Isto é, a fabricação de determinado produto é iniciada quando
seu estoque atinge o limite mínimo de 10% dos itens.
47
Os produtos são desenvolvidos utilizando todo o processo em SMD (Surface
Mounted Devices). Esse processo pode ser definido como Tecnologia de Montagem de
Superfície, que otimiza o espaço de componentes nos módulos. Os dispositivos montados
em SMD apresentam as características intrínsecas ao mundo atual: são miniaturizadas e
exigem altíssima tecnologia para sua fabricação.
A figura 4.2 apresenta o processo de montagem do kit de chave comutadora. Este
kit é composto de três produtos, a montagem de cada produto é feita em diferentes linhas.
Portanto, após a montagem de cada produto, as peças são unidas para a embalagem final,
onde são recebidos o lacre, a identificação, o selo e a garantia.
Figura 4.2 – Fluxograma do processo de montagem do kit de chave comutadora.
Inserção
Início/linha
Soldagem
Limpeza/
Aquecimento
Embalagem
gabinetes
Controle de
Qualidade
Chave
Comutadora
Manômetro
Aferição
Cabo
Controle de
qualidade
Embalagem
Final
48
O processo de montagem dos produtos é padronizado, e para evitar erros, foram
afixadas ao longo da linha de produção instruções sobre como proceder. O treinamento
dos funcionários é realizado em duas ocasiões:
a) Na admissão do funcionário - os funcionários recém-admitidos são treinados
durante três semanas visando manter uma equipe competente;
b) Na introdução de um novo produto – todos os funcionários recebem um
treinamento para a montagem do novo produto desenvolvido.
A definição de sucesso dos produtos foi questão de interesse abordada durante a
entrevista. Para o propósito deste estudo, um produto desenvolvido foi considerado um
sucesso se atendeu às expectativas originais da direção da empresa. Dessa forma, para a
GPS do Brasil, um produto de sucesso é aquele que apresenta real absorção no mercado e
baixa taxa de retorno por defeitos.
Todos os produtos desenvolvidos pela GPS do Brasil, segundo o proprietário,
foram considerados sucesso, com destaque para a chave comutadora para veículos
injetáveis (automática) que vem atingindo o maior número de vendas, entre os demais
produtos.
A direção da empresa, durante a entrevista, considerou-se consciente da relevância
do desempenho da realização das atividades do processo de desenvolvimento dos produtos.
4.4 Avaliação do Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos
A avaliação do processo de desenvolvimento de novos produtos foi realizada
utilizando o Protocolo de Análise, que encontra-se no Anexo 1. Neste instrumento de
avaliação, o processo proposto por Cooper e Kleischimidt (1986), que é dividido em 13
etapas, foi subdividido em várias atividades.
Durante a entrevista, o proprietário e responsável pelo desenvolvimento de
produtos foi questionado sobre a eficiência na realização dessas atividades. Para a
medição desta eficiência, foram atribuídas notas, numa escala de 0 a 10, de acordo com os
critérios utilizados para a realização de cada atividade e sua influencia na decisão de
continuar com o desenvolvimento do produto.
Para a realização de uma auto-avaliação, foi construída uma escala, inspirada no
método do FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) (EITB, 1991), com o objetivo de
49
orientar na atribuição das notas para cada etapa do processo de desenvolvimento de
produtos.
Assim como no FMEA, esta escala é subjetiva e serve como um guia para a
classificação das notas atribuídas a cada atividade do processo de desenvolvimento de
novos produtos, proporcionando maior uniformidade à avaliação. Este instrumento
encontra-se no Anexo 3.
O resultado da avaliação realizado na empresa está disposto na tabela 4.1.
Tabela 4.1
Avaliação do processo de desenvolvimento de novos produtos da GPS do Brasil.
Atividade Avaliação
Análise Inicial 5
Avaliação Preliminar de Mercado 4
Avaliação Técnica Preliminar 4
Estudo de Mercado Detalhado 5
Análise Financeira e de Negócio Pré-Desenvolvimento 3
Desenvolvimento do Produto 6
Teste do produto (interno) 9
Teste do produto com consumidores 0
Teste de vendas 8
Teste de produção 9
Análise do Negócio Pré-Comercialização 4
Início da Produção 10
Lançamento 7
É importante ressaltar que as notas apresentadas na tabela 4.1 são resultantes da
média das notas atribuídas às atividades em cada etapa do processo. Portanto, a não
realização ou a realização informal ou individual de algumas atividades influenciou o
resultado geral da respectiva etapa.
A percepção do empresário sobre algumas atividades relacionadas durante o
desenvolvimento de novos produtos se mostrou diferente da realidade teórica estudada. As
atividades iniciais do processo, tais como: Análise Inicial, Avaliação Preliminar de
Mercado, Estudo de Mercado Detalhado e Análise Financeira e de Negócio foram
realizadas de maneira empírica e informal e são, em sua maioria, resultado de trabalho
individual. Estes aspectos justificam a baixa avaliação observada.
50
A confrontação das notas resultantes da avaliação com a escala apresentada no
Anexo 3, demonstra que as atividades acima relacionadas, assim como a Análise do
Negócio realizada antes da comercialização, são classificadas como de eficiência baixa ou
moderada. Isto é, as informações e/ou resultados adquiridos através da realização destas
atividades pouco influenciam a decisão sobre a continuação do desenvolvimento do
produto.
Enquanto que atividades como o Teste de vendas, o Teste interno do produto, o
Teste de produção e o Lançamento foram consideradas, como atividades realizadas com
alta eficiência, porém existe ainda a necessidade de algum tipo de melhoria, como a
realização mais criteriosa ou mais rápida das mesmas.
O início da produção foi classificado como uma etapa que é realizada com
eficiência muito alta. Esta atividade é considerada central para a empresa pois é nela que o
produto palpável é concluído e produzido em larga escala para a comercialização, muito
embora o processo de desenvolvimento do novo produto ainda não tenha sido finalizado.
Ela, portanto, tem um alto nível de eficiência, utilizando procedimentos formais e sendo
decisiva no desenvolvimento e para o sucesso do novo produto.
A etapa de Teste dos produtos com os consumidores não é realizada pela empresa.
Segundo o proprietário, técnicas como os testes de preferência e os testes beta são
ultrapassadas ou não são mais necessárias pois a empresa construiu uma marca forte no
mercado.
Mesmo com a presença de diferentes profissionais na empresa, as decisões sobre o
desenvolvimento de novos produtos não acontecem de maneira multidisciplinar, todos os
produtos são idealizados e projetados pelo proprietário da empresa. Contrariando o
proposto pelas melhores práticas de desenvolvimento de novos produtos, as quais indicam
que times multidisciplinares que são orientados para o processo, e encravados em uma
cultura que incentiva a inovação e algum grau de risco são provavelmente mais eficazes
(Bruce & Biemans, 1995).
Em alguns aspectos, o proprietário não se mostrou ciente da necessidade de
algumas atividades e do benefício por elas advindo. Para a empresa, não compensa, por
exemplo, gastar os recursos financeiros com pesquisas de mercado e avaliação do potencial
e posicionamento no mercado, pois esse dinheiro pode ser investido no produto na forma
de testes ou matéria-prima para a produção.
51
Esta visão pode parecer mais lucrativa inicialmente, porém, considerando o atual
ambiente competitivo, é essencial o conhecimento das necessidades e preferências dos
consumidores e da situação da empresa no mercado, como apresentado no capítulo 2
(seção 2.2).
Observa-se, desta forma, que existe uma relação entre a eficiência na realização das
etapas do processo – identificada na avaliação - e a importância dada a cada etapa deste
processo – observada através da entrevista. Ou seja, as atividades consideradas relevantes
pelo proprietário são mais bem realizadas, sendo, portanto, melhor avaliadas, e aquelas
que, na visão do proprietário não são significantes ao processo são realizadas de maneira
informal e inconsistente, recebendo menores notas.
Pode-se perceber, também, que o processo realizado pela empresa sugere uma
divisão entre as atividades tecnológicas (desenvolvimento do produto, teste interno dos
produtos, início da produção) e aquelas atividades ligadas ao mercado (avaliação
preliminar de mercado, estudo detalhado de mercado, testes com consumidores).
Portanto, as atividades relacionadas ao mercado, responsáveis pela comunicação
consumidor-empresa, recebem atenção reduzida por parte da empresa em estudo, em
detrimento daquelas atividades consideradas tecnológicas. É essencial, porém, que a
empresa esteja ciente da necessidade e da importância da integração entre as diferentes
funções presentes no processo de desenvolvimento de novos produtos.
52
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
O objetivo deste capítulo é expor um resumo geral do trabalho através da revisão
dos assuntos abordados ao longo do estudo, apresentando as conclusões, recomendações e
outros aspectos relevantes identificados no trabalho.
Este capítulo destaca os principais pontos dos capítulos anteriores, realiza uma
análise crítica do trabalho em relação aos objetivos inicialmente propostos, apresenta as
limitações do trabalho e direções para pesquisas futuras, além de recomendações baseadas
nos resultados encontrados. Por fim, o último tópico deste capítulo apresenta a conclusão
final do trabalho.
5.1 Pesquisa Bibliográfica
O capítulo 2 buscou proporcionar um embasamento teórico no que diz respeito aos
aspectos relacionados ao mercado de Gás Natural e ao desenvolvimento de novos
produtos. Desta forma, com a realização desta pesquisa bibliográfica foi alcançado um dos
objetivos do presente estudo: apresentar um levantamento sobre o mercado de Gás Natural
e, sobre o desenvolvimento de novos produtos.
Foi destacada a importância que o Gás Natural assumiu mundialmente. A expansão
das reservas, da produção e do consumo demonstra a importância deste combustível e
estimula sua utilização na matriz energética de todos os países, ainda que esta ocorra de
forma diferente entre os mesmos. Além disso, o benefício ambiental presente no Gás
Natural, ratifica a necessidade de sua utilização como um combustível ambientalmente
correto, representando, além de uma maneira de diversificar a matriz energética dos países,
53
um elemento viável para o controle da poluição atmosférica e, conseqüentemente, na
melhoria da qualidade de vida da população.
No Brasil, a utilização do Gás Natural surge como uma necessidade, visto a
dependência energética existente. Além disso, há um grande potencial para esse mercado,
considerando a sua utilização nos mais diversos setores. Contudo, para atender a demanda
existente faz-se necessário, além prover informações sobre o produto Gás Natural, produzir
meios para sua utilização. Isto é, desenvolver produtos que utilizem como combustível o
Gás Natural. No referido capítulo também foi realizada uma explanação sobre o processo
de desenvolvimento de novos produtos.
A tendência de crescente globalização, o avanço tecnológico, a mudança das
necessidades dos clientes, o aumento da diversidade e da variedade de produtos, e a
redução do ciclo de vida desses produtos no mercado fizeram com que o processo de
desenvolvimento de produto se tornasse uma importante fonte de vantagem competitiva.
O desempenho desse processo depende da capacidade das empresas para gerir o processo
de desenvolvimento e aperfeiçoamento dos produtos e interagir com o mercado e com as
fontes de inovação tecnológica.
Desenvolver novos produtos pode significar a sobrevivência e o crescimento da
empresa, a ampliação do mercado e o aumento da produtividade/lucratividade da empresa.
Porém, a esta atividade estão associados altos investimentos e altos riscos. Por isso, uma
grande quantidade de pesquisas e estudos sobre o sucesso dos novos produtos está sendo
desenvolvida.
A partir desses estudos, foram identificados alguns fatores que estão relacionados
ao sucesso dos novos produtos desenvolvidos, como: forte orientação para o mercado,
testes após o desenvolvimento do produto, superioridade tecnológica, qualidade na
execução das atividades e eficiência no lançamento, dentre outros.
Diferentes etapas foram propostas para o processo de desenvolvimento de novos
produtos. Considerando a proposta de Cooper & Kleinschimidt (1986), o processo de
desenvolvimento de novos produtos foi assim dividido: análise inicial, avaliação
preliminar de mercado, avaliação técnica preliminar, estudo de mercado detalhado, análise
financeira e de negócio pré-desenvolvimento, desenvolvimento do produto, teste interno do
produto, teste do produto com consumidores, teste de vendas, teste de produção, análise do
negócio pré-comercialização, início da produção e lançamento. Cada uma destas 13 etapas
54
é composta por atividades que se realizadas de forma eficiente podem levar ao sucesso dos
produtos.
Finalizando a pesquisa bibliográfica, foram apresentadas as diversas utilizações do
Gás Natural - geração de energia, indústria, comércio, residências e veículos -
demonstrando o potencial para o desenvolvimento de novos produtos neste setor, o qual
afirma-se como alternativa para a ampliação e solidificação da Indústria do Gás Natural.
5.2 Metodologia da Pesquisa
Este trabalho consiste numa avaliação dos fatores que levam ao sucesso dos novos
produtos no setor de Gás Natural. Para atingir este objetivo foi realizado um estudo de
caso, com a finalidade de avaliar o processo de desenvolvimento de produtos neste setor.
A pesquisa teve uma abordagem quantitativa aplicada que visou apresentar
numericamente as observações com vista à descrição do fenômeno observado. Porém, o
enfoque qualitativo não foi abandonado. Possui, também, um caráter exploratório-
descritivo, por buscar um maior conhecimento do problema em questão e fazer a descrição
de suas características.
O desenvolvimento do trabalho foi dividido em fases:
A Pesquisa Bibliográfica – Foram coletadas informações teóricas em bibliografia
especializada abrangendo livros, teses, dissertações, monografias, artigos científicos,
periódicos, e outras publicações de interesse;
Formulação do Protocolo de Análise e Roteiro de Observações – Planejamento e
construção de instrumentos para a tomada de informações no estudo de caso;
Coleta de Informações – Realizada através de um estudo de caso, onde a unidade
delimitada para observação foi a Gas Project & Systems do Brasil, empresa que
desenvolve equipamentos eletrônicos para conversão automotiva em Gás Natural;
Análise - Todas as observações e avaliações feitas durante o estudo de caso são
analisadas e organizadas sistematicamente.
55
5.3 Resultados da Pesquisa
O capítulo 4 apresenta a descrição do estudo de caso para avaliação do processo de
desenvolvimento de novos produtos.
Como resultado do estudo de caso, foram feitas a caracterização da empresa e a
avaliação das atividades que compõem o processo de desenvolvimento de novos produtos.
Esta avaliação demonstra a eficiência com que as atividades do processo de
desenvolvimento de novos produtos estão sendo realizadas e reflete a importância que a
empresa dá a cada atividade.
A caracterização da empresa revela o seu perfil, bem como, do ambiente de
mercado e as características das atividades de desenvolvimento de produtos, a partir das
questões considerando o seu mercado, infra-estrutura, comunicação interna, recursos
humanos e financeiros, gerenciamento e comercialização dos produtos, proporcionando
informações sobre o funcionamento da atividade de desenvolver produtos no mercado de
Gás Natural.
A empresa estudada, a Gas Project & Systems do Brasil, atua no mercado de
equipamentos eletrônicos para conversão automotiva desde o ano de 2000, quando a
situação de expansão do mercado de Gás Natural Veicular criava um ambiente favorável a
sua entrada no mercado.
Seu processo de desenvolvimento de novos produtos foi avaliado, e percebeu-se a
realização informal, ou a não realização, de determinadas atividades. Algumas delas foram
consideradas desnecessárias ou ultrapassadas pelo entrevistado.
Observou-se, também, uma divisão entre as atividades “técnicas” e aquelas
relacionadas ao mercado. As etapas ligadas à tecnologia e confiabilidade do produto
recebem maior atenção e, portanto, são realizadas de forma mais eficiente. Nas atividades
que fazem o reconhecimento do mercado e suas necessidades, a eficiência na realização é
menor.
O posicionamento das notas na escala proposta no Anexo 3 tornou, facilmente,
visível o nível de eficiência na realização das atividades.
56
A empresa espera que o reaquecimento do mercado de Gás Natural Veicular
possibilite a ampliação da linha de produtos e o fortalecimento de suas vendas em alguns
pontos do Brasil.
5.4 Análise Crítica do Trabalho
Embora os objetivos propostos tenham sido alcançados, este trabalho é apenas o
elemento inicial para um estudo mais amplo sobre o desenvolvimento de novos produtos
no setor de Gás Natural.
A escassez de empresas que se enquadrassem no perfil do problema, principalmente
em Natal/RN, causou certa dificuldade para a realização da pesquisa de campo. A
inexistência de processos formais e metodologicamente criteriosos na empresa escolhida
como unidade de observação não permitiu um estudo mais aprofundado sobre o tema em
questão .
O presente trabalho fornece uma ferramenta que pode ser utilizada por empresas,
não apenas do setor de Petróleo e Gás, que desenvolvam novos produtos, com a finalidade
de avaliar seu processo e, conseqüentemente, realizar melhorias.
5.5 Limitações do Trabalho
O desenvolvimento da pesquisa procurou investigar os aspectos relacionados aos
fatores de sucesso de novos produtos, objetivando avaliar seu processo de
desenvolvimento. Apesar de tal objetivo ter sido alcançado, o presente trabalho apresenta
algumas limitações.
A pesquisa faz referência aos fatores de sucesso de novos produtos no setor de Gás
Natural, mas a ausência de informações não permitiu a realização de análises estatísticas.
Para possibilitar inferências para todo o setor, é necessário que se investigue vários tipos
de produtos e seus processos de desenvolvimento, o que não foi possível na empresa
escolhida.
Dessa forma, a utilização do estudo de caso teve a finalidade de demonstrar o
processo de desenvolvimento de produtos em uma pequena empresa deste setor e
apresentar a avaliação das atividades relacionadas a este processo.
57
5.6 Direções de Pesquisa
A análise dos fatores que contribuem para o sucesso de novos produtos é uma
ferramenta de grande importância para a indústria, considerando os altos investimentos
realizados e as incertezas envolvidas, principalmente, no setor de Petróleo e Gás.
A avaliação apresentada poderá servir de base para pesquisas futuras que permitirão
obter um maior conhecimento sobre o segmento em estudo e indicações sobre as melhorias
necessárias.
A obtenção de um banco de dados com informações sobre o processo de
desenvolvimento de novos produtos, permitirá uma análise estatística e a realização de
inferências para todo o setor.
É importante considerar também que o modelo de avaliação realizado poderá ser
estendido a outros setores, ou seja, qualquer outro segmento que desenvolva novos
produtos poderá ser beneficiado com a realização de tal avaliação.
5.7 Recomendações
A partir do conhecimento de um caso relacionado ao desenvolvimento de novos
produtos no setor de Gás Natural, e da avaliação do processo de desenvolvimento de tais
produtos, pode-se fazer algumas recomendações para a empresa em questão.
Inicialmente, a forma de gerenciamento realizada na empresa não favorece o
aproveitamento do potencial criativo dos recursos humanos lá existentes. É importante que
a geração de idéias, avaliações e discussões sejam resultado de um trabalho
multidisciplinar.
O planejamento das atividades mostrou-se superficial, portanto, a realização de um
planejamento detalhado envolvendo questões como definição de metas, programação de
tempo, vendas, controle do processo e melhoria, permitirá maior coordenação e supervisão
das atividades desenvolvidas.
A realização de reuniões periódicas com a equipe de profissionais envolvida no
gerenciamento e no desenvolvimento de produtos pode ser útil não somente para
planejamento, controle e correção do processo, mas, também, para a motivação dos
funcionários.
58
Na disputa para conquistar um determinado mercado, todas as armas devem ser
utilizadas com o máximo de eficiência. Cada atividade relacionada ao processo de
desenvolvimento de produtos oferece munição que se bem aproveitadas podem decidir a
conquista de novos consumidores ou novos mercados. Os gastos advindos da realização de
certas atividades devem ser percebidos, realmente, como investimentos. O processo de
desenvolvimento de novos produtos da empresa pode ser aperfeiçoado se as atividades
necessárias a esse desenvolvimento forem vistas numa percepção de investimento.
5.8 Conclusão
O setor de Gás Natural mostra-se frágil e carente de boas práticas. Porém, o
crescimento do consumo tem resultado em otimismo dentro do segmento. A cadeia de
Petróleo e Gás apresenta diversas oportunidades de investimento para as pequenas e
médias empresas, principalmente na área de desenvolvimento de novos produtos. Percebe-
se, dessa forma, uma oportunidade para agregar experiências edificantes e solidificar a
Indústria do Gás Natural. Através das atividades realizadas durante o processo de
desenvolvimento de novos produtos, pode-se identificar os fatores que levam ao sucesso
dos mesmos. Portanto, é essencial que este processo seja constantemente avaliado e
aperfeiçoado, garantindo, assim, a competitividade da empresa. Neste sentido, a
ferramenta de avaliação sugerida neste trabalho apresenta fundamental importância e pode
auxiliar na citada avaliação.
59
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YIN, R. K.. Case Study Research, Design and Methods. California: Sage Publications,
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Anexo 1
Protocolo de Análise
Esta pesquisa tem por objetivo coletar informações sobre a empresa, suas
estratégias para o desenvolvimento de novos produtos e forma de trabalho. Os resultados
desta pesquisa serão utilizados meramente para fins acadêmicos.
IDENTIFICAÇÃO
Empresa: ________________________________________________________________
Área: ___________________________________________________________________
Tempo da empresa no mercado: ______________________________________________
Número de funcionários: ____________________________________________________
MERCADO
Avaliação do mercado de equipamentos automotivos na Indústria do Gás Natural
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Regulamentação
_________________________________________________________________________
Situação dos concorrentes
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
GERENCIAMENTO
Existe planejamento formal para o desenvolvimento de novos produtos?
________________________________________________________________________
Qual a estratégia da empresa para o desenvolvimento de novos produtos?
_________________________________________________________________________
A estratégia é conhecida por todos que fazem a empresa? Sim Não
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
Quais os novos produtos desenvolvidos?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Quais os profissionais envolvidos nas atividades de desenvolvimento de novos
produtos?_________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Atividades realizadas durante o processo de desenvolvimento de novos produtos:
1. Análise Inicial
Exame do comprometimento de recursos financeiros
Exame do comprometimento de recursos humanos
Exame do comprometimento de recursos tecnológicos
Decisões multidisciplinares es
Nota: _______
2. Avaliação Preliminar de Mercado
Avaliação do mercado local
Determinação da situação competitiva
Determinação do potencial de mercado
Determinação da aceitação dos produtos
Determinação do alcance
Revisão dos competidores
Contatos com consumidores
Buscas bibliográficas
Discussões multidisciplinares
Nota: _______
Sim Não
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
_____
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
_____
_____
3. Avaliação Técnica Preliminar
Avaliação Técnica do projeto
Pesquisa na literatura
Discussões internas
Nota: _______
4. Estudo de Mercado Detalhado
Identificação dos desejos e necessidades dos consumidores
Entrevistas com consumidores
Avaliação do posicionamento no mercado
Avaliação de produtos concorrentes
Avaliação de preços concorrentes
Testes de conceito _____
Nota: _______
5. Análise Financeira e de Negócio Pré-Desenvolvimento
Avaliação de risco
Avaliação qualitativa do negócio
Avaliação da atratividade de mercado
Avaliação da vantagem competitiva
Análise financeira
Nota: _______
6. Desenvolvimento do Produto
Desenvolvimento do protótipo
Avaliação dos problemas técnicos
Integração entre pessoas
Integração entre departamentos
Nota: _______
7. Teste do produto (interno)
Testes em laboratório (condições controladas)
Procedimentos detalhados e rigorosos
Nota: _______
Sim Não
_____
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
8. Teste do produto com consumidores
Avaliação do produto (condições normais)
Testes de preferência
Experimentos de campo
Testes beta
Nota: _______
9. Teste de vendas
Comercialização do produto (número limitado)
Avaliação da aceitação do produto
Nota: _______
10. Teste de produção
Produção limitada do produto
Avaliação das instalações
Avaliação dos equipamentos
Avaliação do sistema de produção
Nota: _______
11. Análise do Negócio Pré-Comercialização
Avaliação financeira para a comercialização
Revisão das informações de mercado
Previsão de vendas
Previsão de custos de marketing
Nota: _______
12. Início da Produção
Produção em larga escala
Nota: _______
13. Lançamento
Implementação do plano de marketing
Treinamento e preparação da equipe de vendas
Investimento em anúncios
Realização de promoções
Nota: _______
Sim Não
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
_____
_____
_____
Sim Não
_____
INFRA-ESTRUTURA
Adequação das instalações:___________________________________________________
Distribuição das atividades: __________________________________________________
Treinamento de pessoal: _____________________________________________________
Direcionamento dos recursos financeiros:_______________________________________
Tempo gasto na realização do processo:_________________________________________
Aquisição de materiais e equipamentos: ________________________________________
COMUNICAÇÃO
Os resultados das avaliações são comunicados?
_________________________________________________________________________
As atividades, avaliações e planejamentos são documentados?
________________________________________________________________________
SUCESSO DE NOVOS PRODUTOS
Como a empresa define o sucesso de um novo produto?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Quais os produtos que foram considerados sucesso?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
O desempenho na realização das atividades influencia no sucesso dos novos produtos?
Sim Não
Dificuldades do processo para o sucesso dos novos produtos
_________________________________________________________________________
Benefícios do processo para o sucesso dos novos produtos
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
COMERCIALIZAÇÃO
Situação de vendas desde a entrada da empresa no mercado?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Existe previsão de ampliação na linha de produtos?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Existe previsão de expansão de mercado? Quais as mudanças necessárias?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
72
Anexo 2
Roteiro de Observações
Esta pesquisa tem por objetivo coletar informações sobre a empresa, suas
estratégias para o desenvolvimento de novos produtos e forma de trabalho. Os resultados
desta pesquisa serão utilizados meramente para fins acadêmicos.
IDENTIFICAÇÃO
Empresa: ________________________________________________________________
Área: ___________________________________________________________________
INFRA-ESTRUTURA
Instalações:_______________________________________________________________
Equipamentos:____________________________________________________________
Recursos Humanos: ________________________________________________________
Direcionamento dos recursos financeiros:_______________________________________
Matéria-Prima: ____________________________________________________________
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
1. Análise Inicial
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2. Avaliação Preliminar de Mercado
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3. Avaliação Técnica Preliminar
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
73
4. Estudo de Mercado Detalhado
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
5. Análise Financeira e de Negócio Pré-Desenvolvimento
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
6. Desenvolvimento do Produto
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7. Teste do produto (interno)
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
8. Teste do produto com consumidores
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
9. Teste de vendas
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
10. Teste de produção
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
11. Análise do Negócio Pré-Comercialização
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
12. Início da Produção
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
13. Lançamento
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
74
Anexo 3
Escala para Avaliação do Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos
A escala abaixo fornece uma orientação para a atribuição das notas das 13 etapas
realizadas durante o processo de desenvolvimento de novos produtos. Estas atividades
devem ser avaliadas de acordo com a eficiência de sua realização e sua influência na
decisão sobre continuar com o processo, fornecendo notas de 0 a 10.
Avaliação Nota
A atividade não foi realizada 0
Muito baixa
(A atividade foi realizada de maneira informal e não
influenciou a decisão de continuar com o desenvolvimento do
produto)
1
Baixa
(A atividade foi realizada de maneira pouco eficiente,
inconsistente e pouco influenciou a decisão de continuar com
o desenvolvimento do produto)
2
3
Moderada
(A atividade foi realizada com eficiência regular, de forma a
influenciar a decisão de continuar com o desenvolvimento do
produto)
4
5
6
Alta
(A atividade foi realizada de forma eficiente e influenciou a
decisão de continuar com o desenvolvimento do produto,
porém ainda é necessário algum tipo de melhoria)
7
8
9
Muito alta
(Ótima realização da atividade, utilizando critérios formais e
resultando na decisão precisa de continuar com o
desenvolvimento do produto)
10
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