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Dedicatória
Viviane Alessandra Capelluppi Tófano
“Avaliação clínica e ultrassonográfica tardia de pacientes
com trombose venosa profunda, portadores de trombofilia”
Tese de doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Bases
Gerais da Cirurgia. Área de concentração
em isquemia, reperfusão e trombose -
Faculdade de Medicina de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista - UNESP
Orientador: Prof. Dr. Francisco Humberto
de Abreu Maffei
BOTUCATU
2008
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Dedicatória
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
Bibliotecária responsável: Selma Maria de Jesus
Capelluppi-Tófano, Viviane Alessandra.
Avaliação clínica e ultrassonográfica tardia de pacientes com trombose
venosa profunda, portadores de trombofilia / Viviane Alessandra Capelluppi
Tófano . – Botucatu : [s.n.], 2008.
Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade
Estadual Paulista, 2008.
Orientador: Francisco Humberto de Abreu Maffei
Assunto CAPES: 40102041
1. Trombose - Diagnóstico e tratamento 2. Anticoagulantes 3. Embolia
pulmonar
CDD 616.136
Palavras chave: Embolia pulmonar; Epidemiologia; Síndrome pós-trombótica;
Trombofilia; Trombose de veia profunda; Ultrassonografia
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Dedicatória
Dedicatória
Dedicatória
Dedico este trabalho,
À Deus – “Inteligência suprema, causa primeira de
todas as coisas”
Dedicatória
Aos meus pais, Ailton (Ito) e Cristina:
Agradeço pela sabedoria que tiveram ao me mostrar
que nem sempre as coisas são como queremos; que as
rosas embora lindas, também têm espinhos.
Agradeço por todas as vezes que me disseram NÃO, o
que me parecia incompreensível naquele momento, mas
que foi crucial para compreender até onde vai o limite
das nossas vontades.
Agradeço por tudo que abdicaram para que hoje eu
estivesse exatamente, aqui.
Esta TESE também é de vocês.
AMO VOCÊS. SEMPRE...
Dedicatória
Ao meu marido Ricardo,
Acima de tudo, meu companheiro de todas as horas.
Estamos trilhando o mesmo caminho há 15 anos e a cada
minuto, cresce a minha certeza de ter encontrado em você
o sentido da palavra AMOR.
Muito obrigada por tudo.
Te Amo!
Agradecimento Especial
Agradecimento Especial
Agradecimento Especial
Ao Prof. Dr. Francisco Humberto de Abreu Maffei,
Professor,
Tantas vezes lhe chamei assim...
Não há palavra melhor para definir toda a sua competência:
Professor!!!
Durante a nossa convivência, ensinou-me: respeito, auto-
confiança, tolerância e paciência.
Ensinou-me a pesquisar.
Serei sempre grata por toda a sua atenção e lhe terei como
um exemplo a ser seguido em minha vida e em minha
profissão.
Muito obrigada, Professor!!!!!
Agradecimentos
Agradecimentos
Agradecimentos
À todos os pacientes que participaram deste trabalho.
À toda a minha família que sempre me acompanhou em
minha luta, em especial às minhas avós: Carmella e Angelina
(in memorian) e avô João (in memorian) e tias Cida, Noca e
Márcia, minhas amigas.
Ao Alberto Santos Capelluppi (Beto), secretário do Comitê
de Ética e Pesquisa, por toda a sua atenção profissional.
Mas, também tenho o privilégio de lhe chamar de Tio, e de
lhe agradecer por todos os momentos de torcida, desde o
vestibular, lembra? Muito obrigada, Tio.
Aos meus sogros Norberto e Maria Aparecida por todo o
apoio quando precisei estagiar em São Paulo, e pela
dedicação que tiveram durante as provas de residência
médica, quando me levavam, incansavelmente, até os locais
das provas.
À minha cunhada Vanessa, que sofria comigo a cada
resultado das provas de residência médica.
Ao Dr. José Mauro Zanini, o primeiro a abrir as portas para
o início de minha carreira no Hemocentro – Unesp.
Agradecimentos
Às amigas da pós-graduação: Fernanda Santos, Fernanda
Menegon, Carol Matida e Ana Paula Mórbio, pela
convivência agradável e cooperativa.
À amiga Patrícia Garcia (Hemocentro), por toda a força e
por todas as dicas.
À amiga Maria Inês Paravani (Hemocentro) e meu amigo
Neilson, por me fazerem sentir que ainda existe a verdadeira
amizade. Saudades.
À amiga Renata (Farmacêutica Agência Transfusional
Hospital Unimar), pelo apoio e pela compreensão por todas
as vezes que me ausentei devido esta Tese, podendo sempre
contar com sua experiência e bom senso profissional.
Aos amigos Wesley, Edi, Fábio e Mariane, pela ótima
convivência em Marília e por todo o apoio.
Às funcionárias do Laboratório Vascular: Neide, Valéria e
Keli por toda paciência e boa vontade.
Aos funcionários do Laboratório de Hemostasia: Delane,
Iracema, Valter e Izolete, por todo o profissionalismo e
competência.
Agradecimentos
Aos funcionários da Seção de Pós-Graduação: Regina,
Nathanael, Lilian, Janete e Andréia, por toda a atenção,
bom humor e, principalmente, paciência em todos os
momentos.
Ao Professor Doutor Carlos Padovani (Bioestatística), pela
extrema competência e atenção dispensadas para o meu
trabalho.
Aos funcionários da Biblioteca, principalmente, Meire, por
toda a sua eficiência e palavras de apoio.
Aos funcionários do Same, por todo o profissionalismo.
Aos funcionários do Departamento de Cirurgia e Ortopedia,
Simone, Mari, Eduardo e Douglas pela dedicação.
À secretária do Professor Maffei (Mara), pela paciência em
aguardá-lo nas várias reuniões que tínhamos no
Departamento.
À funcionária da Quimioterapia Márcia, por todo o apoio
dado na fase inicial deste trabalho para confecção de
tabelas.
Agradecimentos
À FAMEMA, que me atribuiu uma ótima graduação em
Medicina.
À todos os Docentes do Hemocentro de Botucatu que
contribuíram enormemente em minha formação profissional.
Ao Departamento de Cirurgia e, em especial aos Docentes do
Departamento de Cirurgia Vascular por toda a atenção.
Ao Dr. Marcone e Dr. Rollo pela participação ativa em meu
trabalho através da realização do mapeamento dúplex.
À Unimar e, especialmente, à Márcia Mesquita Serva, por
todas as oportunidades que me foram oferecidas.
Aos coordenadores das Disciplinas de Semiologia Médica
(Dra. Virgínia) e Clínica Médica (Dr. Heron) da Faculdade
de Medicina da Unimar, por toda a compreensão que
tiveram quando precisei me ausentar de minhas atividades
na Instituição para a realização desta Tese.
Ao Dr. Carlos Bueno e, novamente, ao Dr. Heron, pela
confiança depositada em meu trabalho quando retornei à
Marília, contribuindo para a minha contratação na Unimar.
Agradecimentos
Ao coordenador do Curso de Medicina da Unimar, Marcus
Matsushita que nestes últimos meses também contribuiu
para as minhas dispensas tão necessárias para a finalização
desta Tese.
À todos os Docentes que constituem a Banca, pela atenção e
disponibilidade.
À todos aqueles que, direta ou indiretamente, foram
indispensáveis para a elaboração e execução desta Tese.
E, finalmente, não poderia deixar de agradecer à minha
gatinha de estimação, Mel, pela fiel companhia ao meu lado
no computador, deitada sobre os meus artigos, durante toda
a elaboração desta tese.
Epígrafe
Epígrafe
Epígrafe
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um
novo começo, qualquer um pode começar agora e
fazer um novo fim”.
(Chico Xavier)
Sumário
Sumário
Sumário
Lista de Abreviaturas.................................................................................
19
Lista de Gráficos e Tabelas.......................................................................
21
Resumo........................................................................................................
26
Summary.....................................................................................................
29
1. Introdução...............................................................................................
32
2. Objetivos.................................................................................................
63
2.1. Objetivo Geral.................................................................................... 64
2.2. Objetivos Específicos........................................................................ 64
3. Casuísticas e Métodos...........................................................................
65
3.1. Seleção dos pacientes...................................................................... 66
3.2. Grupo controle................................................................................... 68
3.3. Abordagem dos pacientes................................................................. 69
3.4. Variáveis analisadas.......................................................................... 69
3.5. Perfil trombofílico............................................................................... 73
3.6. Mapeamento dúplex (MD)................................................................. 73
3.6.1. Técnica de avaliação do sistema venoso dos membros
inferiores por meio do mapeamento dúplex (MD)..................
73
3.6.2. Técnica de avaliação do sistema venoso dos membros
superiores por meio do mapeamento dúplex (MD)................
75
3.7. Realização dos exames laboratoriais................................................ 75
3.8. Análise estatística.............................................................................. 77
3.9. Métodos............................................................................................. 77
4. Resultados..............................................................................................
80
4.1. Análise do Grupo Trombofílico.......................................................... 81
4.2. Análise Comparativa.......................................................................... 91
5. Discussão................................................................................................
111
6. Conclusões.............................................................................................
128
7. Referências Bibliográficas.....................................................................
131
Anexos.........................................................................................................
144
Lista de Abreviaturas
Lista de Abreviaturas
Lista de Abreviaturas
4a - Hiperpigmentação
4b - Lipodermatoesclerose
A - Assintomática
AAF - Anticorpos Antifosfolípides
AAS - Acido acetil-salicílico
Ad - Profundo
An - Doença Venosa
Ap - Perfurantes
As - Sistema Superficial
AT - Antitrombina
ATP - Adenosina Trifosfato
AVE - Acidente Vascular Encefálico
AVK - Vitamina K
C1 - Indica a Presença de Teleangiectasias e Veias Reticulares
C2 - Indica a Presença de Veias Varicosas
C3 - Edema
C4 - Alterações Cutâneas devido à Doença Venosa
C5 - Alterações Cutâneas e Úlcera Cicatrizada
C6 - Alterações Cutâneas e Úlceras Abertas.
CBS - Cistationina β-sintase
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
DDH - Decúbito Dorsal Horizontal
Ec - Congênita
Em - Ausência de causa Identificável
EP - Embolia Pulmonar
Ep - Primária
EPCOT -
European Prospective Cohort on Thrombophilia
Es - Secundária
FMB - Faculdade de Medicina de Botucatu
GAIT - Análise Genética da Trombofilia Idiopática
IMC - Índice de Massa Corporal
ISI - Índice de Sensibilidade
LES - Lupus Eritematoso Sistêmico
MEGA - Multiple Environmental and Genetic Assessment
NNMT - Nicotinamida N-metiltransferase
OS - Proteína S
PC - Proteína C
PLP - 5-fosfato Piridoxal
Pn - Não Identificação da Fisiopatologia
Po - Obstrução
Pr - Refluxo
Pr,o - Ambos
Q - Glutamina
R - Arginina
RNI - Razão Normatizada Internacional
S - Sintomática
SAF - Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide
SAH - S-adenosilhomocisteína
SAM - S-adenosilmetionina
SPT - Síndrome Pós-trombótica
TEV - Tromboembolismo Venoso
TIH - Trombocitopenia Induzida por Heparina
TP - Tempo de Protrombina
TTPa - Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado
TVP - Trombose Venosa Profunda
VDRL - Teste Laboratorial de Pesquisa de Doença Venérea
Lista de Gráficos e Tabelas
Lista de Gráficos e Tabelas
Lista de Gráficos e Tabelas
GRÁFICO 1 -
Trombofilias (considerar os dados da tabela IId para a
construção do gráfico)..................................................
90
GRÁFICO 2 -
Fatores de risco............................................................ 90
GRÁFICO 3 -
Distribuição quanto ao tipo de hemorragias................. 91
TABELA I -
Medidas descritivas da idade e tempo de seguimento
(Grupo Trombofílico).....................................................
81
TABELA IIa -
Características do grupo trombofílico (teste do
Quiquadrado)................................................................
87
TABELA IIb -
Distribuição do grupo trombofílico conforme
classificação CEAP (3>CEAP3) e variáveis
consideradas (TVP proximal, retrombose ipsilateral,
IMC, uso de meia-elástica, refluxo)..............................
87
TABELA IIc -
Distribuição de pacientes do grupo trombofílico
conforme classificação CEAP......................................
88
TABELA IId -
Distribuição de pacientes conforme trombofilias........ 88
TABELA III -
Distribuição quanto à análise do mapeamento
dúplex de membros inferiores considerando-se
perviedade e a presença ou não de refluxo (tempo e
velocidade do refluxo) do sistema venoso
superficial....................................................................
89
TABELA IV -
Distribuição quanto à análise do mapeamento
dúplex de membros inferiores considerando-se
presença ou não de refluxo (tempo e velocidade do
refluxo) do sistema venoso profundo........................
89
TABELA 1 –
Distribuição do sexo segundo grupo............................ 91
TABELA 2 –
Distribuição da Etnia segundo grupo........................... 91
TABELA 3 –
Medidas descritivas da idade e tempo de seguimento
segundo grupo..............................................................
92
TABELA 4 –
Distribuição da Procedência segundo grupo............... 92
TABELA 5 –
Distribuição quanto à Profissão segundo grupo.......... 93
TABELA 6 –
Distribuição quanto à posição ao trabalhar segundo
grupo.............................................................................
93
TABELA 7 –
Distribuição quanto ao de gestações antes TVP
segundo grupo..............................................................
93
TABELA 8 –
Distribuição quanto ao de gestações depois da
TVP segundo grupo......................................................
93
TABELA 9 –
Distribuição quanto ao de abortos antes da TVP
segundo grupo..............................................................
94
TABELA 10 –
Distribuição da prevalência de TVP entre os
familiares segundo grupo............................................
94
Lista de Gráficos e Tabelas
TABELA 11 –
Distribuição quanto à presença de fatores de risco
associados a TVP segundo grupo................................
94
TABELA 12 –
Distribuição quanto ao membro acometido (superior
ou inferior) segundo grupo............................................
94
TABELA 13 –
Distribuição quanto ao local da oclusão em membro
inferior segundo grupo..................................................
94
TABELA 14 –
Medidas descritivas do tempo de tratamento no
momento da alta (em dias)...........................................
96
TABELA 15 –
Medidas descritivas quanto ao tempo decorrido até o
retorno após alta hospitalar (em dias)..........................
96
TABELA 16 –
Medidas descritivas quanto à freqüência de retornos.. 96
TABELA 17 –
Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI
adequados (1,8-3,0).....................................................
97
TABELA 18 –
Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI
abaixo do adequado (1,5-1,8).......................................
97
TABELA 19 –
Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI
abaixo de 1,5................................................................
97
TABELA 20 –
Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI
entre de 3,0 e 5,0..........................................................
97
TABELA 21 –
Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI
acima de 5,0.................................................................
97
TABELA 22 –
Distribuição quanto às complicações hemorrágicas
secundárias ao tratamento segundo grupo..................
99
TABELA 23 –
Distribuição quanto à ocorrência de hemorragias
segundo grupo..............................................................
99
TABELA 24 –
Distribuição quanto à intensidade da hemorragia
segundo grupo..............................................................
99
TABELA 25 –
Distribuição quanto ao nível do RNI nos episódios
hemorrágicos segundo grupo.......................................
99
TABELA 26 –
Distribuição quanto à manutenção da
anticoagulação segundo grupo...................................
100
TABELA 27a –
Distribuição quanto à presença de Dor (Síndrome
Pós-Trombótica) segundo grupo..................................
101
TABELA 27b –
Distribuição quanto à classificação da intensidade
da dor segundo grupo..................................................
102
TABELA 28 –
Distribuição quanto ao relato de edema (Síndrome
Pós-Trombótica) segundo grupo..................................
102
TABELA 29 –
Distribuição quanto ao relato de alteração da cor da
pele segundo grupo......................................................
102
TABELA 30 –
Distribuição quanto ao relato de úlcera segundo
grupo.............................................................................
102
TABELA 31 –
Distribuição quanto à “vida normal após a TVP”
segundo grupo..............................................................
103
TABELA 32 –
Distribuição quanto ao relato de limitações na
qualidade de vida segundo grupo...............................
103
TABELA 33 –
Distribuição quanto à necessidade de Aposentadoria
segundo grupo..............................................................
104
TABELA 34 –
Distribuição quanto ao uso de meia-elástica no
momento da entrevista segundo grupo........................
104
Lista de Gráficos e Tabelas
TABELA 35 –
Distribuição quanto ao tempo de uso de meia-
elástica no momento da entrevista segundo grupo.....
104
TABELA 36 –
Distribuição quanto à freqüência de uso de meia-
elástica (5x/semana) no momento da entrevista
segundo grupo..............................................................
105
TABELA 37 –
Distribuição quanto ao tempo de uso (h/dia) de
meia-elástica no momento da entrevista segundo
grupo.............................................................................
105
TABELA 38 –
Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica
(compressão) no momento da entrevista segundo
grupo – Análise Descritiva............................................
105
TABELA 39 –
Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica
(tamanho) no momento da entrevista segundo
grupo.............................................................................
105
TABELA 40 –
Distribuição quanto ao uso de meia-elástica em
algum momento segundo grupo...................................
106
TABELA 41 –
Distribuição quanto ao tempo de uso de meia-
elástica (em anos) em algum momento segundo
grupo – Análise Descritiva............................................
106
TABELA 42 –
Distribuição quanto à freqüência (mínimo
5x/semana) do uso da meia-elástica segundo
grupo.............................................................................
106
TABELA 43 –
Distribuição quanto ao tempo (h/dia) do uso da meia-
elástica segundo grupo – Análise Descritiva................
106
TABELA 44 –
Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica
(compressão) segundo grupo – Análise Descritiva.....
106
TABELA 45 –
Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica
(tamanho) segundo grupo – Análise Descritiva...........
107
TABELA 46 –
Distribuição quanto às justificativas pelo “não uso”
da meia-elástica segundo grupo – Análise Descritiva..
107
TABELA 47a –
Distribuição quanto ao IMC segundo grupo................. 107
TABELA 47b –
Distribuição conforme classificação CEAP segundo
grupo.............................................................................
107
TABELA 47c –
Distribuição conforme classificação 3>CEAP3
segundo grupo..............................................................
107
TABELA 48 –
Distribuição conforme classificação CEAP3 x
Outras Variáveis segundo grupo trombofílico.............
108
TABELA 49 –
Distribuição conforme classificação CEAP<3 x
Outras Variáveis segundo grupo................................
108
TABELA 50 –
Distribuição quanto à presença de refluxo venoso
superficial ao dúplex segundo grupo..........................
109
TABELA 51 –
Distribuição quanto à velocidade do refluxo venoso
superficial ao dúplex segundo grupo..........................
109
TABELA 52 –
Distribuição quanto ao tempo do refluxo venoso
superficial ao dúplex segundo grupo..........................
109
TABELA 53 –
Distribuição quanto a perviedade do sistema
venoso profundo ao dúplex segundo grupo...............
110
Lista de Gráficos e Tabelas
TABELA 54 –
Distribuição quanto à presença de refluxo venoso
profundo de membros inferiores ao dúplex segundo
grupo.............................................................................
110
TABELA 55 –
Distribuição quanto à velocidade de refluxo venoso
profundo ao dúplex segundo grupo............................
110
TABELA 56 –
Distribuição quanto ao tempo de refluxo venoso
profundo ao dúplex segundo grupo............................
110
Resumo
Resumo
Resumo
Capelluppi – Tófano VA. Avaliação clínica e ultrassonográfica tardia de
pacientes com trombose venosa profunda (TVP), portadores de
trombofilia.
A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se pela formação aguda de um
trombo no interior das veias profundas. É uma doença de alta incidência e de
grande importância clínica e epidemiológica devido à sua morbimortalidade,
sendo atualmente, considerada multifatorial. São vários os fatores de risco
genéticos e/ou adquiridos relacionados à TVP e a compreensão da interação
destes, permite melhor entender esta doença, não só devido aos seus
sintomas de fase aguda mas, principalmente, por sua complicação mais
temida, a embolia pulmonar e, a longo prazo, a síndrome pós-trombótica
(SPT), que apresenta importante morbidade, inclusive com repercussões
sócio-econômicas. A avaliação a longo prazo, clínica e ultrassonográfica, de
pacientes com diagnóstico de TVP, visando verificar a incidência e gravidade
da SPT é necessária para a compreensão da evolução destes pacientes.
Desconhecemos a existência de trabalhos em nosso meio, que avaliem a
evolução tardia da TVP. Objetivo: Determinar a evolução a longo prazo de
pacientes com TVP de membros, portadores de trombofilia e verificar se
existem diferenças na evolução de pacientes trombofílicos e não trombofílicos.
Método: Num estudo coorte retrospectivo foram avaliados os prontuários de
275 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Botucatu-Unesp, dos quais foram identificados 60 pacientes trombofílicos,
sendo possível contactar 40 deles para consulta, dos quais 39 pacientes
aceitaram participar do estudo. Foram selecionados 25 pacientes com
diagnóstico de TVP, não trombofílicos, pareados para sexo e idade, para
comparação com o grupo trombofílico. Durante a consulta foi preenchido um
protocolo que continha as seguintes variáveis: dados demográficos, profissão,
antecedentes pessoais e antecedentes obstétricos (se mulher), antecedentes
familiares com relação à trombose, histórico do episódio da TVP (espontânea
ou não; tempo decorrido desde o diagnóstico; mapeamento dúplex; tratamento
inicial e ambulatorial com valores de RNI); complicações hemorrágicas, tempo
de tratamento anticoagulante, retromboses, embolia pulmonar, sinais e
sintomas de SPT, qualidade de vida, uso de meia-elástica, trombofilias
Resumo
associadas. Nessa consulta era realizado exame físico especial dos membros,
baseando-se na classificação CEAP. Foi realizado novo exame
ultrassonográfico, verificando perviedade das veias e medidas de tempo e
velocidade de refluxos venosos, quando presentes. Resultados: A mediana
do tempo decorrido entre a trombose e a consulta foi de 60 meses, variando
de 12 a 216 meses. A maioria dos pacientes estudados com TVP era do sexo
feminino e caucaseana. As trombofilias mais freqüentemente presentes foram
a síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF) e a mutação do fator V Leiden
(heterozigose). Profissões mais prevalentes foram aquelas relacionadas às
atividades de escritório e do lar. Não houve diferença estatística entre os
grupos com relação ao número de gravidezes e abortamentos, sendo que a
maioria não engravidou após a TVP. Houve predomínio da TVP não-
espontânea (61,5%). O principal fator de risco relacionado foi o uso de
anticoncepcionais orais (ACO) (22%). O membro inferior esquerdo foi o mais
acometido (64,1%) e a TVP proximal a mais freqüente (82,1%). Todos os
pacientes foram tratados com heparina e warfarina. A maioria das
complicações hemorrágicas foi considerada leve. A maioria dos pacientes
(74,4%) considerou ter “vida normal” após a TVP. A maioria dos pacientes
referia o uso de meia-elástica por um período mínimo de 2 anos após a TVP. A
freqüência total de SPT considerando-se CEAP 3 foi de 67,1%, sendo que
quando os grupos foram pareados, esta freqüência foi de 69,57% para o grupo
não trombofílico e 78,26% para o grupo trombofílico, sem diferença estatística
entre os grupos. O refluxo venoso profundo esteve presente mais,
freqüentemente, no grupo trombofílico (86,95%). Conclusão: Tanto no grupo
trombofílico quanto no grupo controle, a maioria dos pacientes desenvolveu
algum grau de SPT, não havendo diferença entre os dois grupos e a referência
ao uso de meia-elástica parece não ter influenciado nestes resultados.
Palavras-chaves: trombose de veia profunda; trombofilia; síndrome pós-
trombótica; embolia pulmonar; epidemiologia;
ultrassonografia.
Summary
Summary
Summary
Capelluppi – Tófano VA. Clinical and late ultrasound evaluation of patients
with deep vein thrombosis (DVT), carriers of thrombophilia.
Deep vein thrombosis (DVT) is characterized by the acute formation of a
thrombus in the interior of the deep veins. It is a disease of high incidence and
great clinical and epidemiological importance due to its morbimortality, being
presently considered multifactorial. The genetic and/or acquired risk factors
related to DVT are various and understanding their interaction allows a better
comprehension of this illness, due to both symptoms of the acute stage and,
mainly, its most feared complication, the pulmonary embolism and, in long term,
the post-thrombotic syndrome (PTS), which presents important morbidity,
inclusively with social and economical repercussions. The long-term clinical and
ultrasound evaluation of patients with DVT diagnosis, aiming to verify the
incidence and seriousness of PTS, is necessary to understand the evolution of
these patients. We are not aware of the existence of works in our area which
evaluate the late evolution of DVT. Objective: To determine the long-term
evolution of patients with DVT of limbs, carriers of thrombophilia, and verify the
existence of differences in the evolution of thrombophilic and non-thrombophilic
patients. Method: In a retrospective cohort study, the medical registers of 275
patients attended at the Clinics Hospital of the School of Medicine of the
Paulista State University, in Botucatu, São Paulo, Brazil, were evaluated, from
which 60 thrombophilic patients were identified. It was possible to contact 40 of
them for appointment, from which 39 patients accepted to participate in the
study. 25 non-thrombophilic patients, paired for sex and age, were selected with
DVT diagnosis, for comparison with the thrombophilic group. During the
appointment, a protocol was filled in, containing the following variables:
demographic data, occupation, personal antecedents and obstetric antecedents
(if woman), familiar antecedents concerning thrombosis, history of the DVT
episode (spontaneous or not; time elapsed since the diagnosis; duplex
mapping; initial and ambulatory treatment with RNI values), hemorrhagic
complications, duration of anticoagulant treatment, rethromboses, pulmonary
embolism, PTS signs and symptoms, quality of life, use of elastic socks and
associated thrombophilias. In the appointment, a special physical examination
Summary
of the limbs was carried out, based on the CEAP classification. A new
ultrasound examination was carried out and veins perviousness and time and
speed of venous reflows were found out, when present. Results: The median of
the time elapsed between the thrombosis and the appointment was 60 months,
varying from 12 to 216 months. Most of patients with DVT studied were women
and Caucasian. The most frequently present thrombophilias were the
antiphospholipid antibody syndrome (APAS) and the mutation of the V Leiden
factor (heterozygosis). The most prevailing occupations were the ones related
to office and home activities. There was not statistical difference between the
groups in relation to the number of pregnancies and abortions, being that most
of patients were not pregnant after DVT. Non-spontaneous DVT was
predominant (61.5%). The main risk factor related was the use of OAC (22%).
The left low limb was the most attacked (64.1%) and the proximal DVT was the
most frequent one (82.1%). All patients were treated with heparin and warfarin.
Most of the hemorrhagic complications were considered moderate. Most of the
patients (74.4%) believed having “normal life” after DVT. Most of the patients
mentioned the use of elastic socks for a minimum period of 2 years after DVT.
The total frequency of PTS considering CEAP 3 was 67.1%, being that this
frequency was 69.57% for the non-thrombophilic group and 78.26% for
thrombophilic group, when groups were paired, without statistical difference
between groups. The deep vein reflow was most frequently present in the
thrombophilic group (86.95%). Conclusion: In both thrombophilic and control
group, most of the patients developed some PTS degree, without difference
between the two groups, and the reference to the use of elastic socks seems
not to have influenced these results.
Keywords: deep vein thrombosis; thrombophilia; post-thrombotic syndrome;
pulmonary embolism; epidemiology; ultrasound examination.
Introdução
3
2
1. Introdução
Introdução
3
3
A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se pela formação aguda
de um trombo no interior das veias profundas. Tem sua importância clínica e
epidemiológica por tratar-se de uma doença de alta incidência, estimando-se
0,6 casos/1.000 habitantes/ano no Brasil (MAFFEI & ROLLO, 2002) levando a
mais de 600.000 admissões hospitalares por ano, sendo que a embolia
pulmonar (EP) é a complicação aguda mais temida e a terceira causa de morte
hospitalar (McLAFFERTY et al., 2007).
Nos Estados Unidos, baseados em dados de Omsted Couty,
Minnesota, estudos estimaram 48 casos de primeiro episódio de TVP por
100.000 habitantes/ano e 69 casos por 100.000 habitantes/ano de EP
associados ou não à TVP, perfazendo 117 casos de tromboembolismo venoso
(TEV) por 100.000/ano (SILVERSTEIN et al.,1998). Um estudo populacional
em uma cidade da Noruega encontrou uma incidência de 93 casos de primeiro
episódio de TVP por 100.000 habitantes e 50 casos de EP por 100.000
habitantes, estimando-se uma incidência de TEV de 143 casos por 100.000
habitantes/ano (NAES et al., 2007).
O patologista Rudolf Virchow (1821-1902), postulou a tríade
relacionada à trombose: estase venosa, alterações na parede dos vasos e
hipercoagulabilidade (VIRCHOW, 1998; ROSENDAAL, 1999; BANK et al.,
2000; SELIGSOHN & LUBETSKY, 2001). Atualmente, a TVP é considerada
doença multifatorial (ROSENDAAL, 1999; BROWER et al., 2006). Nos últimos
10 anos, o conhecimento com relação à etiologia do TEV tem avançado com a
descoberta de vários fatores que contribuem para a maior incidência de
trombose venosa, particularmente, as anormalidades da coagulação. A
interação entre os fatores de risco genéticos e adquiridos pode ser a chave no
entendimento da causa de um fenômeno trombótico em determinado indivíduo
naquele momento específico. Dentre os fatores de risco para TVP destacam-se
as imobilizações, traumas, pós-operatório, idade avançada, obesidade,
gravidez, puerpério, neoplasias malignas, uso de hormônios femininos
(estrogênios), trombofilias genéticas (deficiências dos inibidores da coagulação,
mutações do fator V Leiden e da protrombina), hiperhomocisteinemia e a
Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAF) (D´ANGELO & SELHUB, 1997;
CATTANEO, 1999; ROSENDAAL, 1999; FRANCO & REITSMA, 2001; GARCIA
Introdução
3
4
& FRANCO, 2001; MORELLI et al., 2002; BLOM et al., 2005; POMP et al.,
2007).
O termo “Doença Molecular” nasceu em torno de 1949, quando alguns
estudiosos definiram a anormalidade estrutural da hemoglobina como causa da
anemia falciforme. Subseqüentemente, outras mutações foram estabelecidas e
pôde-se compreender que defeitos genéticos acarretariam doenças graves.
Outros exemplos de desordens monogênicas são as hemofilias,
hipercolesterolemia familiar e a fenilcetonúria (FRANCO & REITSMA, 2001).
Fenômenos tromboembólicos podem ser considerados os protótipos das
doenças multigênicas e multifatoriais, já que estão estabelecidos os fatores de
risco genéticos e ambientais para esta entidade (ROSENDAAL et al., 2005).
Infelizmente, na prática clínica, não é tão simples estabelecer estes fatores de
riscos genéticos, visto que há variabilidade na penetrância da expressão gênica
com diferentes manifestações clínicas (DE STEFANO et al., 2006), o que leva
a entender porque um indivíduo permanece longo período de sua vida
assintomático e, quando exposto a um fator de risco ambiental, torna-se
sintomático.
Define-se trombofilia como uma predisposição aumentada para eventos
trombóticos que pode ser genética e/ou adquirida. (ROSENDAAL, 1999).
A trombofilia familial foi, primeiramente, referida por Jordan e Nandorff
em 1956, baseados em observações clínicas (DE STEFANO et al., 2006).
Pacientes com trombofilias genéticas têm predisposição para recorrência de
eventos tromboembólicos em idade precoce (45-50 anos) e, em um terço dos
casos, identifica-se histórico familiar. Trombofilias genéticas podem ser
identificadas em, aproximadamente, 70% dos pacientes que tiveram um
episódio de TEV (BANK et al, 2000).
Considerando-se as trombofilias genéticas, a deficiência dos
anticoagulantes naturais embora rara na população geral, com incidência de
0,3-0,5% (DAHLBÄCK, 1997; BANK et al., 2000), deve ser investigada, mesmo
que em conjunto, sejam responsáveis apenas por até 15% dos casos de TEV
(FRANCO & REITSMA, 2001).,
Os anticoagulantes naturais são: Antitrombina (AT), Proteína S (PS) e
Proteína C (PC).
Introdução
35
Durante a ativação do sistema de coagulação são produzidas
proteases séricas com atividade procoagulante, o que resulta na formação de
um coágulo estável de fibrina. Os anticoagulantes naturais têm a função de
inibir a atividade destas proteases com o controle da formação do tampão
hemostático. O diagnóstico das deficiências de AT, PS e PC é feito mediante
determinação plasmática da atividade e das concentrações do antígeno,
usando-se métodos funcionais e imunológicos, respectivamente (FRANCO &
REITSMA, 2001).
A AT é o principal inibidor da trombina. Exerce efeitos inibitórios sobre
os seguintes fatores da coagulação: FIIa, FIXa, FXa e FXIIa. Além disso,
acelera a dissociação do complexo fator VIIa-fator tecidual e impede sua
reassociação. Sendo assim, diminuições nos níveis de AT geram menor
inibição destas enzimas, o que leva a um aumento da tendência trombótica
venosa. Foi a primeira anormalidade genética associada à trombose familiar,
descrita por Egeberg em 1965 que notou tendência trombótica numa família
norueguesa (PRANDONI et al., 1997; FRANCO & REITSMA, 2001). Homens e
mulheres são igualmente afetados. A deficiência em homozigose nunca foi
descrita e acredita-se que seja incompatível com a vida (SELIGSOHN &
LUBETSKY, 2001). A deficiência em heterozigose está ligada a diferentes
mutações no gene que codifica a AT, localizada no cromossomo 1 (1q23-25),
com bases moleculares heterogêneas.
Proteínas C e S
: Durante a coagulação sangüínea normal, a trombina
se liga ao receptor da célula endotelial, trombomodulina, ocorrendo a ativação
da PC que, na presença da PS, exercerá a função de clivagem dos fatores Va
e VIIIa. A PS atua como cofator não enzimático no processo de ativação da
proteína C. O gene da PC localiza-se no cromossomo 2 (2q13-14). As
anormalidades genéticas são altamente heterogêneas. A deficiência de PC
pode ser classificada em tipo I: baixas concentrações plasmáticas da atividade
funcional e do antígeno da PC; tipo II: baixos níveis de atividade funcional com
níveis antigênicos normais. O gene ativo responsável pela produção da PS é
designado PROS1 e está mapeado no cromossomo 3 (3p11.1-q11). O padrão
de herança da deficiência de PS é, geralmente, autossômico dominante. Casos
familiares de TVP devido deficiência de PS foram relatados (HARADA et al.,
Introdução
3
2003). Acredita-se que as deficiências de PC e PS em heterozigose estejam
relacionadas aos riscos trombóticos semelhantes com, aproximadamente, dez
vezes mais chance de TVP do que em não portadores destas deficiências
(FRANCO & REITSMA, 2001). A incidência de tromboembolismo espontâneo
em pacientes com estas deficiências é estimada em 0,4% ao ano; já no
tromboembolismo secundário, quando associada a outros fatores de risco
desencadeantes, esta taxa aumenta para 8,1% a 10% (HARADA et al., 2003).
A homozigose relaciona-se ao fenótipo clínico grave conhecido como púrpura
fulminans, que se caracteriza por trombose maciça da microcirculação
manifestando-se logo ao nascimento (SELIGSOHN & LUBETSKY, 2001).
Embora as deficiências da AT, PS e PC sejam consideradas raras
(ROSENDAAL, 1999), estas devem ser investigadas na suspeita de trombofilia.
Revisões sistemáticas confirmam a relação destas trombofilias com a
ocorrência do TEV, sendo que a incidência anual de TEV em portadores
assintomáticos de deficiência de AT, PS ou PC é estimada em 9 a 30 por 1000
pacientes por ano (PRANDONI et al., 1997) e a prevalência da deficiência de
AT e PC na população geral é de 0,3 e 0,5%, respectivamente; não havendo
estimativa para a incidência da deficiência de PS (BANK et al, 2000). Estas
deficiências podem ser observadas em torno de 25-30% de crianças com TEV
porém, na maioria das vezes, a trombose foi desencadeada devido à
associação com outros fatores de risco, principalmente, uso de cateteres
(ROSENDAAL, 1999).
Mutação do fator V Leiden: A resistência à ação da PC ativada (RPCA)
podia ocorrer em alguns pacientes com antecedentes trombóticos e em vários
pacientes dentro de uma mesma família (DAHLBÄCK et al., 1993). Esta
alteração foi observada por meio de ensaio de TTPa modificado, onde os
autores verificaram que a adição de PC ativada ao plasma de alguns pacientes
com TEV não resultava no prolongamento esperado do tempo de coagulação,
sendo que esta alteração era encontrada entre 20-60% dos pacientes com
TEV. Esta condição era causada por uma mutação de ponto do gene do fator
V, demonstrada posteriormente, por Bertina e cols em 1994, onde há uma
substituição da Arginina(R) pela Glutamina (Q) na posição 1691 do aminoácido
506 (DAHLBÄCK, 1997). O fator V mutado foi denominado fator V Leiden
Introdução
37
(FVL), cidade em que foi descrito.
Esta mutação conferia resistência à ação da PC responsável pela
clivagem do fator Va, presente em 95% dos casos com RPCA (DAHLBÄCK,
1997), perpetuando-se assim, um estado protrombótico. Além disto, esta
mutação determina outras anormalidades da coagulação como aumento da
geração da trombina, diminuição da capacidade fibrinolítica e diminuição da
proteólise do fator VIIIa mediada pela PC ativada (DONAHUE, 2004). Cerca de
5% dos casos de RPCA não apresentam FLV, caracterizando a resistência
adquirida à proteína C ativada, cujos mecanismos ainda não são claros,
podendo se manifestar em condições fisiológicas como a gravidez, pós-
menopausa ou uso de contraceptivos orais. A descoberta do FVL marca o
início do entendimento das trombofilias genéticas (DONAHUE, 2004). A
homozigose parece aumentar o risco trombótico em 50 a 100 vezes, enquanto
em heterozigose de 3 a 18 vezes e esta mutação é considerada como o defeito
genético mais, freqüentemente, envolvido na etiologia do TEV, sendo
encontrada em 10 a 50% dos casos (FRANCO, 2001). No entanto, alguns
estudos demonstraram que a mutação do FVL apresenta distribuição
heterogênea em diferentes populações humanas, fato que pode contribuir para
diferenças étnicas e geográficas na prevalência de doenças trombóticas
(FRANCO & ZAGO, 1998), sendo presente em 1-15% nos caucaseanos
(DAHLBÄCK, 1997). O Estudo Procare, avaliou 85 indivíduos homozigotos
para a mutação do fator V Leiden e 481 indivíduos heterozigose relacionando-
as a maior incidência de TEV espontânea e em idade mais precoce quando do
sexo feminino nos casos de homozigose, reafirmando os resultados
observados em outros estudos (TOSETTO et al., 1998; BIRON-ANDRÉANI et
al., 2000). Um outro estudo, tipo coorte, envolvendo 9253 indivíduos
randomizados, estimou os riscos de TEV numa população de acordo com o
genótipo da mutação do FVL e a conclusão foi que a razão de risco para TEV
em indivíduos heterozigotos e homozigotos comparados com grupo controle
não portador desta mutação seria de 3 e 18, respectivamente (JULL et al.,
2004). Com relação ao risco trombótico no pós-operatório, os estudos são
inconsistentes quanto à necessidade de se pesquisar rotineiramente essa
alteração, com exceção talvez, nos casos de transplantes renais,
Introdução
3
8
principalmente se houver antecedentes trombóticos e/ou de trombofilia
(DONAHUE, 2004), sendo que a anticoagulação no pós-operatório de
transplantes renais pode estar indicada (KUJOVICH, 2004).
Contraditoriamente, há estudos recentes que demonstraram uma
menor relação da mutação do FVL com embolia pulmonar; fato este explicado
pela menor freqüência de TVP iliofemoral em portadores desta mutação,
considerando-se que as tromboses localizadas nesta topografia são as que
mais cursam com quadro tromboembólico pulmonar (MARTINELLI et al., 2006).
Este estudo analisou os sítios de trombose, extensão da trombose e fatores de
riscos transitórios associados em 115 pacientes com a mutação do FVL em
heterozigose, 87 pacientes com mutação do gene da protrombina G20210A e
200 pacientes no grupo controle com nenhum marcador para trombofilia. Os
resultado demonstraram que o tromboembolismo pulmonar foi menos
prevalente nos pacientes com a mutação do FVL (6%) comparados com os
portadores da mutação no gene da protrombina (21%); pacientes com esta
última alteração desenvolveram TEV numa idade mais jovem.
Há relatos de pior prognóstico na Doença de Perthes quando associada
ao fator V Leiden em homozigose. Um estudo realizado com 63 pacientes com
o diagnóstico da Doença de Perthes´comparados com 30 voluntários não
portadores desta doença mostrou uma possível associação entre a mutação do
fator V Leiden em homozigose e formas mais severas desta doença (SZEPESI
et al., 2004).
Um estudo de revisão sistemática analisou também a relação desta
mutação com abortos de repetição, sendo que mulheres portadoras teriam o
dobro do risco para abortamentos espontâneos comparadas às não portadoras
(KOVALEVSKY et al., 2004).
Outras mutações do fator V, fator V Cambridge e fator V Arg 306 [arrow
right], já foram descritas mas os trabalhos demonstraram não haver relação
com maior incidência de TEV (FRANCO et al., 1998). Neste estudo foram
investigadas estas mutações em 104 pacientes jovens que tiveram trombose
venosa comparados a 208 indivíduos do grupo controle pareados quanto à
idade, sexo e etnia. A conclusão foi que estas mutações não aumentariam os
riscos de trombose venosa e sua investigação não estaria preconizada, embora
Introdução
39
a mutação do fator V Cambridge tenha sido descrita por Williamson e cols em
1998, onde relatou esta mutação em um paciente com trombose venosa que
apresentava resistência à ação da PC, porém não foi encontrada em 585
pacientes com TEV nem em 226 doadores de sangue.
A RPCA também pode ser adquirida e a causa estaria relacionada à
presença do anticoagulante lúpico, mas não se sabe se haveria maior relação
desta alteração a maior risco de eventos trombóticos (DALBÄCK, 1997).
O diagnóstico desta mutação é feito pela análise gênica, baseada na
amplificação por PCR do exon 10 do gene do fator V.
Polimorfismo G20210A no gene da protrombina: A protrombina é um
precursor da serina protease trombina, enzima-chave no processo da
hemostasia e trombose. O gene que a codifica encontra-se no cromossomo 11
(p11-q12) e possui 14 exons. Em 1996, um novo fator de risco genético para
TEV foi descrito: transição guanina-adenina (GA) na posição do nucleotídeo
20210 na região não traduzida a 3´do gene do fator II da coagulação (POORT
et al., 1996). Esta alteração (FII G20210A) está associada a níveis plasmáticos
elevados de protrombina e maior risco de TEV. Esta mutação, em
heterozigose, é encontrada em 2% da população geral dos Estados Unidos,
sendo incomum nos americanos de origem africana (0,5%) e rara na Ásia e
África; e pode aumentar o risco para a ocorrência de eventos trombóticos em 3
vezes (ROSENDAAL, 1999); a forma homozigótica é considerada incomum e
ocorre em, aproximadamente, 1 a cada 10.000 indivíduos e não há diferença
na prevalência quanto ao sexo (VARGA & MOLL, 2004). Além desta mutação
se relacionar ao TEV, estudos comprovaram maior incidência de trombose
arterial. Franco e cols, em 1999, estudaram 263 indivíduos de ambos os sexos
com idade média de 40 anos com antecedentes de doença aterosclerótica
cardíaca ou periférica comprovadas por angiografia, em acompanhamento no
Centro Acadêmico de Amsterdam pareados para mesma idade e etnia com
grupo controle sem doença aterosclerótica, com o objetivo de se avaliar a
prevalência da mutação do gene da protrombina G20210A e a análise da
dosagem dos marcadores do metabolismo da trombina. Os resultados
demonstraram significância estatística com relação ao risco de trombose
arterial associada à mutação da protrombina, além de uma associação desta
Introdução
4
0
mutação com maior geração de trombina (FRANCO et al., 1999). Outros
estudos descreveram uma relação desta mutação associada ao tabagismo
(ROSENDAAL, 1999), o que pode aumentar ainda mais os riscos de eventos
trombóticos arteriais como infarto do miocárdio (VOETSCH & LOSCALZO,
2004), especialmente, em mulheres jovens (VARGA et al., 2004). Um estudo
retrospectivo, analisou pacientes com antecedentes trombóticos arteriais antes
dos 50 anos, comparados com parentes de primeiro grau. Realizou-se um
screening de exames laboratoriais para trombofilias e os pacientes foram
então, divididos em dois grupos: trombofílicos ou não (sintomáticos e
assintomáticos). Concluiu-se que a mutação do gene da protrombina G20210A
é um fator de risco para TEV em parentes de pacientes com a mutação e
antecedentes trombóticos, com maior risco quando em homozigose, onde 40%
dos eventos ocorrem espontaneamente, além de ser importante fator de risco
para infarto agudo do miocárdio nos portadores da mutação (BANK et al.,
2004). Outros estudos reforçam a idéia de tendência trombótica arterial em
adultos (FRANCO et al., 1999) e, inclusive em crianças onde se detectou a
mutação do gene da protrombina G20210A em 10% das crianças com
trombose, sendo que 32% foram eventos arteriais (YOUNG et al., 2003). Além
disso, há estudos onde algumas trombofilias genéticas, como a mutação da
protrombina, parecem estar relacionadas com infertilidade (AZEM et al., 2004)
ou abortos recorrentes (KOVALEVSKY et al., 2004; VARGA et al., 2004).
Outros polimorfismos relacionados à mutação do gene da protrombina
foram relatados. O estudo MEGA, caso-controle, analisou a associação do
polimorfismo A19911G da protrombina com a atividade plasmática da
protrombina e trombose venosa, onde foram estudados 4365 pacientes com o
primeiro episódio trombótico em membros inferiores ou embolia pulmonar,
pareados com seus parentes. Estudou-se o efeito deste polimorfismo também
em combinação com a mutação do FVL e a conclusão do estudo é que este
polimorfismo está relacionado a uma maior atividade da protrombina e é
também um fator de risco para trombose venosa (CHINTHAMMITR et al.,
2006), porém faltam mais estudos a este respeito.
O diagnóstico da mutação da protrombina baseia-se na análise gênica.
Hiperhomocisteinemia / Mutação Metilenotetrahidrofolato -redutase
Introdução
41
(MTHFR): A homocisteína é um aminoácido derivado do metabolismo da
metionina e este envolve passos enzimáticos dependentes de algumas
vitaminas e/ou de seus substratos (CATTANEO, 1999). A homocisteína é uma
formação não protéica do ácido amino sulfúrico e o seu metabolismo envolve
dois caminhos: remetilação e transsulfuração. Na remetilação, a homocisteína
adquire um grupo metil da MTHF ou da betaína para formar a metionina. A
reação com MTHF ocorre em todos os tecidos e é vitamina B12 dependente,
enquanto a reação com a betaína é confinada ao fígado e independe desta
ação vitamínica. Uma considerável proporção da metionina é ativada em
adenosina trifosfato (ATP) e forma a S-adenosilmetionina (SAM). A SAM serve,
primariamente, como um reservatório universal do grupo metil contribuindo
para a formação de diversas substâncias no organismo como hormônios,
ácidos nucléicos, fosfolípides e neurotransmissores. A S-adenosilhomocisteína
(SAH), um subproduto das reações de metilação é, subseqüentemente,
hidrolisada levando a regeneração da homocisteína, que reinicia um novo ciclo.
Na transsulfuração, a homocisteína condensa-se com a serina e forma a
cistationina numa reação irreversível catalisada pela 5-fosfato piridoxal (PLP), a
cistationina β-sintase (CBS). A cistationina é hidrolisada pela enzima gamma-
cistationase formando-se a cisteína e α-cetobutirato. O excesso de cisteína é
oxidado em taurina e sulfatos inorgânicos ou excretado na urina (D´ANGELO &
SELHUB, 1997). A hipermocisteinemia é um fator de risco estabelecido para
TEV, denominado “misto” (FRANCO, 2001), visto que variáveis genéticas e
ambientais podem interagir determinando aumento dos níveis plasmáticos de
homocisteína (DÁNGELO & SELHUB, 1997; CATTANEO, 1999). Além disto, a
hiperhomocisteinemia é fator de risco independente para infarto do miocárdio,
acidentes vasculares encefálicos, insuficiência cardíaca congestiva, fraturas
osteoporóticas e Doença de Alzheimer (SOUTO et al., 2005). A Homocistinúria,
Hiperhomocisteinemia Severa, é a causa mais freqüente de
hiperhomocisteinemia e deve-se a uma deficiência em homozigose da CBS
com uma prevalência na população geral de 1 em 335.000; os indivíduos
afetados desenvolvem uma síndrome caracterizada por anormalidades
esqueléticas, doença vascular prematura, tromboembolismo e retardo mental.
Estudos caso-controle e transversais indicam que níveis moderados a altos de
Introdução
4
2
homocisteína estão associados com maior risco de trombose arterial e/ou
venosa, no entanto, os mecanismos pelos quais a hiperhomocisteinemia levaria
a aterogênese e trombogênese não são bem compreendidos. Estudos em
animais mostram que a hiperhomocisteinemia leva a uma possível ação de
“descamação” da célula endotelial com proliferação da camada íntima, além de
outras interações da hiperhomocisteinemia com a hemostasia como a ativação
do fator V, interferência na ativação da proteína C e na expressão da
trombomodulina, inibição do ativador do plasminogênio tecidual, dentre outras
(CATTANEO,1999).
Dentre as causas adquiridas, destacam-se as deficiências nutricionais
de vitaminas (B6, B12 ou folato), idade avançada, insuficiência renal crônica e
uso de antifólicos (SOUTO et al., 2005). Outras condições patológicas
relacionadas com a hiperhomocisteinemia são: hipotiroidismo, artrite
reumatóide e desordens linfoproliferativas (CATTANEO, 1999). Quanto às
causas genéticas, acreditava-se que defeitos envolvendo as enzimas MTHFR e
a CBS, que participam do metabolismo da homocisteína, poderiam estar
relacionados a hiperhomocisteinemia. Atualmente, as bases genéticas são
ainda pouco conhecidas, desde que os estudos apontam que somente o
polimorfismo MTHFR C677T estaria, consistentemente, associado com
maiores níveis plasmáticos de homocisteína (SOUTO et al., 2005). Em 1995,
as bases moleculares da termolabilidade da enzima MTHFR foram elucidadas
por Frosst e cols, que é devido à substituição Citosina/Timina no par da base
677 do gene da MTHFR e para alguns autores, esta mutação em homozigose
(MTHFR C667T) estaria relacionada ao maior risco de TEV (FROSST et al.,
1995; MORELLI et al., 2002). O segundo polimorfismo do gene da MTHFR foi
identificado por Van der Put e cols (MTHFR A1298C), em 1998 (VAN der PUT
et al., 1998; DOGAMALA et al., 2002). Numerosas mutações destas enzimas
foram identificadas sendo a maior parte delas raras e com conseqüência
clínica, se em homozigose (FRANCO, 2001). Em contraste com a raridade
destes defeitos, estas duas mutações da MTHFR (677 CT e 1298 AC) são
prevalentes e merecem atenção (FRANCO, 2001). MTHFR 677 CT, em
homozigose, está associada com atividade enzimática reduzida,
termolabilidade e hiperhomocisteinemia leve-moderada, mas seu papel como
Introdução
4
3
fator de risco para TEV é ainda controverso (FRANCO, 2001). Um trabalho
realizado em nosso meio avaliou 91 pacientes com TEV pareados para sexo e
idade com grupo controle. A hiperhomocisteinemia foi encontrada em 12,1%
dos pacientes e 2,2% no grupo controle, principalmente no sexo masculino e
em indivíduos de maior idade, o que é confirmado pela literatura e a mutação
da MTHFR C677T não foi, estatisticamente, significante entre pacientes e
controles, concluindo-se que o genótipo desta mutação não estaria diretamente
relacionado aos casos de TEV, embora a hiperhomocisteinemia tenha sido
observada mais, freqüentemente, nos indivíduos homozigotos para esta
mutação (MORELLI et al., 2002). Um outro estudo relacionando a mutação da
MTHFR A1298C comparou 190 pacientes com TEV pareados para sexo e etnia
com grupo controle e concluiu que não houve significância estatística entre os
dois grupos, mesmo quando esta mutação estava associada a outras
trombofilias (fator V Leiden, MTHFR C677C ou mutação protrombina G20210A)
(FRANCO et al., 1999). Outro estudo avaliou 146 pacientes com TEV
comparando-os com 100 indivíduos saudáveis, dosando as mutações da
MTHFR C677T e A1298C, concluindo que não houve significância estatística
mesmo quando estas mutações estavam presentes, concomitantemente, em
um mesmo paciente (DOGAMALA et al., 2002). A prevalência do polimorfismo
genético da MTHFR (T/t) no Acidente Vascular Encefálico (AVE) também foi
estudada, porém não se pôde comprovar a relação deste polimorfismo com
maior risco de AVE (HUGH et al., 1997). Estudos mais recentes tentaram
relacionar a mutação da MTHFR C677T com quadros neurológicos demenciais,
inclusive a Doença de Alzheimer em pacientes sem doença aterosclerótica;
não encontrando significância estatística entre os grupos estudados (POLLAK
et al., 2000).
O polimorfismo genético relacionado a níveis aumentados de
homocisteína é relevante. O estudo GAIT (Análise Genética da Trombofilia
Idiopática) conduziu uma análise gênica relacionada a hiperhomocisteinemia e
postulou o cromossomo 11q23 como contendo um gene envolvido no
metabolismo da homocisteína, chamado NNMT (nicotinamida N-
metiltransferase) o que representou a primeira análise genômica quanto à
variação quantitativa dos níveis de homocisteína plasmático (SOUTO et al.,
Introdução
4
4
2005). No estudo BRATROS (Brazilian Thrombosis Study), foi estudado o
polimorfismo do gene da transcobalamina e o risco de trombose venosa. A
transcobalamina é a transportadora plasmática da vitamina B12, importante
cofator enzimático no metabolismo da homocisteína. Um polimorfismo no
nucleotídeo 776 do gene da transcobalamina (C776G) tem sido descrito e foi
observada a sua interferência com os níveis plasmáticos de homocisteína. Esta
variação genética tem uma distribuição bialélica na população caucaseana e
substituições de aminoácidos afetariam o fenótipo destes indivíduos. O alelo
776C está associado com maior concentração plasmática de transcobalamina
do que o alelo 776G. Então, especula-se que o alelo 776C poderia estar
associado com aumento de vitamina B12 e baixos níveis de homocisteína.
Heterozigotos C/G possuem maiores níveis de homocisteína plasmática.
Portanto, este polimorfismo poderia interferir no metabolismo da homocisteína
e sua concentração plasmática porém, a associação com maior risco de TEV é
incerta (PEREIRA et al., 2007).
A hiperhomocisteinemia é, usualmente, diagnosticada por meio da
dosagem plasmática e a pesquisa sistemática das mutações enzimáticas não é
realizada como rotina na investigação de casos de TEV devido à falta de dados
que confirmem esta relação. O tratamento consiste na suplementação
vitamínica com boa resposta nos níveis de hiperhomocisteinemia na maioria
dos casos (DÁNGELO & SELHUB, 1997).
Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide
: Em 1906, Wassermann
identificou uma reação do soro de pacientes com Sífilis que reagiam com
amostras de tecidos sifilíticos. Inicialmente, este teste foi atribuído a reação de
anticorpos contra o Treponema pallidum (teste da reagina). Em 1941,
Pangborn isolou a cardiolipina do coração de bovino e constatou-a como um
componente antigênico no teste da reagina e, subseqüentemente, a
combinação de cardiolipina, lecitina e colesterol formaram a base do teste de
floculação (VDRL – teste laboratorial de pesquisa de doença venérea). Em
1952, Moore e Mohr identificaram duas circunstâncias onde haveria resultados
falso-positivos do VDRL (infecções virais/vacinação e desordens imunológicas).
Ainda neste ano, Conley e Hartman relataram um caso de 2 pacientes
portadores de Lupus com manifestações hemorrágicas e que apresentavam
Introdução
45
prolongamento do tempo de protrombina associado ao VDRL falso-positivo,
designando esta alteração laboratorial como anticoagulante lúpico; porém,
posteriormente, evidenciou maior risco trombótico do que hemorrágico in vivo,
o que confere a denominação anticoagulante inadequada a este anticorpo. Em
1983, Harris e cols descreveram um radioimunoensaio para os anticorpos
anticardiolipinas, o que evoluiu para o ELISA, teste atualmente utilizado na
detecção dos anticorpos anticardiolipinas (HANLY, 2003; WARE BRANCH &
GROSVENOR, 2006).
Os anticorpos antifosfolípides (AAF) são compostos por um grupo
heterogêneo de imunoglobulinas que incluem, entre outras, o anticorpo
anticoagulante lúpico e os anticorpos anticardiolipinas (GALLI & BARBUI,
2005). Estas imunoglobulinas das classes IgG, IgM, IgA ou mistas auto-imunes,
reconhecem e se ligam a complexos de proteínas plasmáticas associadas a
fosfolípides de membrana, em testes laboratoriais in vitro (GARCIA &
FRANCO, 2001). A SAF é uma trombofilia adquirida e caracteriza-se pela
ocorrência de trombose arterial e/ou venosa e/ou abortos recorrentes
associados à evidência laboratorial de anticorpos antifosfolípides (WILSON et
al., 1999), assim definida em 1998 pelo Comitê Internacional de Sapporo
(GALLI & BARBUI, 2005). A SAF pode ser primária quando não há evidência
de uma doença de base associada e, quando se evidencia a presença de auto-
imunidade, principalmente, Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), caracteriza-se
a SAF como secundária (KESWANI & CHAUHAN, 2002; GALLI & BARBUI,
2005). As duas principais proteínas envolvidas que funcionam como alvos
antigênicos são a protrombina e a β2-glicoproteína I (β2GPI), porém existem
outras proteínas que podem servir como antígenos, o que explica a
heterogeneidade de manifestações clínicas e laboratoriais. A fisiopatologia não
está, totalmente, esclarecida (WILSON et al., 1999) mas evidências
demonstram que poderia estar relacionada com a ligação destes anticorpos
com superfícies fosfolipídicas, o que levaria a uma lesão de membrana celular
provocando a expressão de moléculas de adesão e substâncias protrombóticas
que ativariam o sistema complemento, gerando a mobilização de monócitos e
plaquetas junto ao endotélio com conseqüente lesão endotelial (WARE
BRANCH & GROSVENOR, 2006). Além disto, os AAF atuam inibindo a ação
Introdução
4
da proteína C ativada e antitrombina, a fibrinólise e estimulam a atividade do
fator tissular (HANLY, 2003). Algumas situações clínicas como a Sífilis, Aids,
Mononucleose Infecciosa e alguns medicamentos podem estimular a produção
de AAF (anticardiolipinas) que são transitórios e não se relacionam com quadro
trombótico porém, a dificuldade está na diferenciação laboratorial destes com
os AAF autoimunes ligados ao TEV (HANLY, 2003). Por esse motivo, a
repetição dos testes é essencial.
A SAF atinge todas as idades e, aproximadamente, 70% dos eventos
trombóticos ocorrem em território venoso, sendo a TVP de membros inferiores
a manifestação clínica mais comum. Laboratorialmente, a SAF caracteriza-se
pela presença do anticorpo anticoagulante lúpico e/ou anticorpo anticardiolipina
IgG ou IgM. Um estudo de revisão sistemática realizado por Galli e cols,
publicado em 2005, analisou a utilidade dos testes laboratoriais no diagnóstico
da SAF e destacou as dificuldades quanto à padronização de métodos para a
detecção dos AAF, além das dificuldades técnicas devido à heterogeneidade
de reagentes utilizados; ainda conclui que a investigação do anticorpo
antiprotrombina não é útil para definir maior risco trombótico. Os testes devem
se basear na metodologia definida pelo Sapporo Laboratory que define a
dosagem do antilúpico de acordo com os critérios propostos pelo Subcomitê
Científico de Padronização do Anticoagulante lúpico/anticorpos dependentes
de fosfolípides; a anticardiolipina deve ser dosada pelo método ELISA que
contenha a β2- glicoproteína I (GALLI & BARBUI, 2005). A combinação das
dosagens do anticoagulante lúpico e da anticardiolipina pode identificar 98,5%
dos pacientes com SAF. Um estudo realizado com 664 pacientes da Clínica
Mayo em Rochester com diagnóstico provável de trombofilia ou portadores do
anticorpo anticoagulante lúpico entre os anos de 1990 e 1991 com o objetivo
de determinar a prevalência dos AAF e correlacioná-los com doenças
sistêmicas e trombose, concluiu que, quando presentes ambos os AAF
(anticorpos anticardiolipinas e antilúpico) o risco trombótico foi maior (PROVEN
et al., 2004) e essa freqüência ocorre em 38% dos pacientes com SAF
(HANLY, 2003).
Bowie e cols relataram a associação de trombose na presença do
antilúpico em 1963 (WARE BRANCH & GROSVENOR, 2006), o que também
Introdução
47
foi evidenciado no estudo anteriormente citado, realizado por Galli e cols. O
risco de trombose associada aos AAF tem sido estudado em pacientes com
diagnóstico de LES, sendo este risco de 12% a 30% para os portadores dos
anticorpos anticardiolipinas e 15% a 34% para o anticoagulante lúpico; em
geral, 50% dos pacientes com diagnóstico de LES portadores da SAF têm
história de trombose venosa e/ou arterial (HANLY, 2003). Embora a correlação
entre trombose arterial e SAF esteja presente, principalmente, com relação ao
sistema nervoso central, um estudo realizado com 1770 pacientes (APASS)
entre 1994 e 1998, cujo objetivo era determinar a presença dos AAF em
pacientes usuários de warfarina devido acidente vascular encefálico isquêmico
e estabelecer a relação quanto à recidiva deste evento com a presença ou não
dos AAF. Este estudo não demonstrou correlação da recidiva de eventos
trombóticos arteriais e/ou venosos nos primeiros dois anos de seguimento nos
indivíduos que apresentavam AAF; nem diferença quanto ao manejo no uso
dos anticoagulantes e AAS (ácido acetil-salicílico) (LEVINE et al., 2004).
A SAF pode também levar a complicações obstétricas, destacando-se
os abortos recorrentes mesmo em mulheres sem antecedentes trombóticos e
parto prematuro devido à pré-eclâmpsia grave ou insuficiência placentária
secundária à trombose dos vasos espiralados placentários (WARE BRANCH &
GROSVENOR, 2006). Os AAF estão presentes em 2% das mulheres grávidas
consideradas normais e em 20% das mulheres com história de perdas fetais
(KESWANI & CHAUHAN, 2002) e o tratamento com heparina em baixas doses
durante a gravidez pode melhorar a evolução com relação às perdas fetais
(KESWANI & CHAUHAN, 2002). A trombocitopenia é um achado na SAF e
ocorre em 20-45% dos pacientes, supostamente mediada por mecanismos
imunológicos, mas não constitui critério diagnóstico. Outras manifestações
clínicas incluem o livedo reticular, tromboflebite superficial, úlceras de pernas,
anemia hemolítica, doenças valvulares cardíacas, cefaléia e Coréia. (KESWANI
& CHAUHAN, 2002; PROVEN et al., 2004), além da Síndrome Antifosfolípide
Catastrófica que se caracterizada por trombose microvascular rapidamente
progressiva, o que leva à falência de múltiplos órgãos (KESWANI &
CHAUHAN, 2002)
O diagnóstico da SAF faz-se pela presença de, pelo menos, um critério
Introdução
4
8
clínico associado à presença dos AAF (antilúpico e/ou anticardiolipina), sendo
que os testes laboratoriais devem sempre ser confirmados com a repetição dos
anticorpos antifosfolípides em, no mínimo, 6 semanas (WILSON et al., 1999;
HANLY, 2003; GALLI & BARBUI, 2005) com uma sensibilidade de 71% e
especificidade de 98% (HANLY, 2003). Em 2005, foi realizado um Workshop na
cidade de Sydney, Austrália, que precedeu o Décimo Primeiro Congresso
Internacional de SAF, onde foram revistos os critérios internacionais de
classificação. Foram feitas modificações consistentes, baseadas em níveis de
evidência dos estudos científicos em SAF. A classificação de Sapporo divide
critérios clínicos e laboratoriais para o diagnóstico de SAF, sendo este mantido
neste Workshop. Os critérios obstétricos foram revistos e, dentre outros, perdas
fetais de menos de 10 semanas, recorrentes (mais que 3 abortos), não
associadas com patologias obstétricas, ginecológicas ou genéticas, continua
sendo considerado. Quanto aos critérios laboratoriais, os anticorpos
anticoagulante lúpico e anticardiolipinas IgG/IgM foram mantidos, adicionando-
se a pesquisa de anti-β2 glicoproteína I (IgG e IgM), visto que é o único
anticorpo detectado em 3-10% dos casos de SAF (MIYAKIS et al., 2006). O
Comitê considerou prematura a introdução de outros anticorpos como critério
diagnóstico devido à falta de padronização na realização destes. Quanto aos
níveis quantitativos dos anticorpos anticardiolipinas, foi considerado
significativo GPL ou MPL > 40 unidades, ou percentil 99th. O tempo mínimo
necessário para repetição destes exames foi estendido de 6 para 12 semanas.
O Comitê de Sydney considera irrelevante a divisão em SAF primária ou
secundária devido ao fato de não existir diferença na evolução clínica destes
pacientes, mas considera importante a associação da SAF com LES (MIYAKIS
et al., 2006).
Com relação à necessidade de investigação de familiares de pacientes
sintomáticos portadores de trombofilia genética, a Organização Mundial de
Saúde e o Comitê de Hemostasia e Trombose, em 1996, orientam a
investigação destes familiares, resolução esta bastante questionada por
especialistas já que o risco de TEV nestes familiares difere de acordo com o
tipo de trombofilia observada (DE STEFANO et al., 2006). Estudos
prospectivos quanto à incidência de TEV (em porcentagem paciente-ano) têm
Introdução
49
sido relatados: 1.7-4.0 para a deficiência de AT, 0.7-2.5 para deficiência de
proteína C e 0.7-3.2 para deficiência de proteína S em comparação com 0.1 do
grupo controle (DE STEFANO et al., 2006). Uma baixa incidência de TEV foi
relatada em dois grandes estudos prospectivos que analisaram a mutação do
fator V Leiden e o risco de TEV, sendo que o EPCOT (European Prospective
Cohort on Thrombophilia), estudou a incidência em portadores assintomáticos
desta mutação, não encontrando diferença com relação ao grupo controle e há
relatos de baixa incidência de TEV em parentes de pacientes sintomáticos
portadores de hiperhomocisteinemia (VOSSEN et al., 2005; DE STEFANO et
al, 2006). Alguns autores têm a opinião de que embora o risco pareça ser
baixo, a investigação de familiares assintomáticos de pacientes trombofílicos
permitiria maior profilaxia em situações de risco (DE STEFANO et al., 2006).
A associação de fatores de risco adquiridos e/ou genéticos pode
aumentar drasticamente a susceptibilidade ao TEV (FRANCO & REITSMA,
2001; BROUWER et al., 2006). Rosendaal e cols relataram maior risco de
infarto agudo do miocárdio não-fatal em mulheres jovens tabagistas quando
portadoras da mutação do fator V Leiden ou da mutação do gene da
protrombina G20210A; e ainda ressaltou maior risco quando estas mutações
estavam associadas (ROSENDAAL et al., 1997a; ROSENDAAL et al., 1997b;
VOETSCH & LOSCALZO, 2004). Estudo retrospectivo envolvendo famílias
onde 468 parentes assintomáticos de pacientes trombofílicos, foram testados
quanto à deficiência de antitrombina, PS, PC, mutação do fator V Leiden,
mutação do gene da protrombina G20210A, altos níveis de fator VIII, IX e XI,
hiperhomocisteinemia e SAF, sendo analisados também para os fatores de
riscos adquiridos para TEV: cirurgias, traumas, imobilizações, uso de
contraceptivos orais e gravidez e a conclusão foi que defeitos trombofílicos
adicionais associados a fatores de risco adquiridos contribuem para maior
chance de TEV (BROUWER et al., 2006).
Em 1868, Trousseau descreveu a relação entre malignidade e
trombose venosa e estudos recentes mostraram uma prevalência de 4% a 20%
de malignidade em pacientes com trombose venosa profunda ou embolia
pulmonar (BLOM et al., 2005). O estudo MEGA (Multiple Environmental and
Genetic Assessment) avaliou 3220 pacientes com idades entre 18 e 70 anos
Introdução
5
0
com antecedente de TEV (trombose de membros inferiores e/ou embolia
pulmonar) nos anos de 1999 a 2002, comparados com grupo controle,
demonstrou maior incidência de TEV em pacientes com diagnóstico de
neoplasia, principalmente, metastáticas à distância, especialmente, nos
primeiros 6 meses do diagnóstico; nos portadores da mutação do fator V
Leiden e/ou mutação da protrombina, este risco parece estar aumentado; e
dentre as neoplasias avaliadas, as mais freqüentemente relacionadas ao TEV
foram as neoplasias hematológicas seguidas pelas neoplasias de pulmão e de
trato gastrointestinal (CHINTHAMMITR et al., 2006).
Há uma clara associação do efeito sinérgico para TEV nas mulheres
portadoras da mutação do fator V Leiden usuárias de anticoncepcionais orais
(TOSETTO et al., 1998). A estimativa para o risco de TEV em mulheres não
carreadoras da mutação e não usuárias de contraceptivos é de 0,8 por 10.000
pessoas por ano; o risco anual para TEV numa mulher carreadora desta
mutação e que não usa contraceptivos é de 5.7 por 10.000 pessoas por ano
(risco relativo de 6,9); nas usuárias de contraceptivos mas não portadoras da
mutação, o risco relativo foi de 3,7 e finalmente, para aquelas portadoras da
mutação e usuárias de contraceptivos, o risco relativo foi de 34,7
(ROSENDAAL, 1999). Mulheres portadoras de trombofilias genéticas têm maior
risco trombótico com o uso de anticoncepcionais orais e terapia de reposição
hormonal e, além disto, profilaxia durante puerpério, gravidez ou pós-operatório
está indicada (DE STEFANO et al., 2006). Com relação à gravidez e puerpério,
o risco de TEV em portadoras da deficiência da PS, PC e AT é,
substancialmente, maior. Uma revisão de literatura encontrou que a trombose
venosa ocorria em 60% das mulheres com deficiência de antitrombina e em
20% das portadoras da deficiência da PS ou PC e em um estudo caso-controle
mostrou que em 129 mulheres assintomáticas parentes de pacientes com estas
deficiências apresentaram 8 vezes mais chance de TVP durante gravidez e/ou
puerpério quando diagnosticadas como portadoras em relação às não
portadoras destas deficiências (SELIGSOHN & LUBETSKY, 2001).
Deve-se atentar às situações de riscos adquiridas para TEV em
pacientes trombofílicos, modificando-se ou minimizando-se tais ocorrências:
orientar perda de peso aos pacientes obesos, desestimular o tabagismo,
Introdução
51
contra-indicar uso de contraceptivos hormonais e terapia de reposição e em
caso de repouso prolongado devido doença clínica, pós-operatório, longas
viagens ou, simplesmente, gravidez, avaliar a indicação da anticoagulação
profilática ou terapêutica.
A associação entre trombofilias genéticas também aumenta o risco
para TEV. Um estudo realizado entre famílias portadoras de deficiência de PC,
evidenciou maior chance de TEV quando estes indivíduos apresentavam,
simultaneamente, a mutação para o fator V Leiden (ROSENDAAL, 1999).
Quatro estudos que, juntos reuniram 677 pacientes, membros de famílias
portadoras de trombofilia genética, mostraram a prevalência de 13% a 25% de
TEV em portadores da mutação do fator V Leiden somente, 19% a 57% nos
indivíduos que tinham apenas uma das deficiências entre AT, PC e PS, e 73%
a 92% naqueles indivíduos que apresentavam uma das três deficiências
anteriormente descritas, associadas à mutação do fator V Leiden.
Similarmente, interação entre a mutação do gene da protrombina G20210A e a
mutação do fator V Leiden também foi observada, enquanto a
hiperhomocisteinemia associada a qualquer outra trombofilia genética também
parece aumentar os riscos de TEV (SELIGSOHN & LUBETSKY, 2001).
O grupo BRATROS fez um estudo que relacionou variações genéticas
das citocinas com maior risco de TEV, considerando-se que, trombose venosa
e inflamação são duas entidades intimamente relacionadas. Foram estudados
420 pacientes comparados com 420 controles quanto à freqüência de
polimorfismos genéticos relacionados às seguintes citocinas: TNF-α-308G/A,
LT-α+252
A/G, IL6– 174 G/C, IL1-ra 86 bp VNTR , IL10-1082 A/G e CD-31 125
C/G. Concluiu-se que estes polimorfismos não tiveram influência significativa
com o risco de trombose venosa, mesmo quando associadas às mutações do
fator V Leiden e do gene da protrombina G20210A (PIERONI et al., 2007).
O tratamento do TEV consiste na terapia anticoagulante com o uso de
heparina de 5 a 10 dias seguida de warfarina, no mínimo, por 3 meses
(KEARON et al, 2008) ajustando-se a dose de acordo com o tempo de
protrombina, com a utilização de tromboplastinas com índice de sensibilidade
(ISI) o mais próximo possível da tromboplastina padrão internacional e o
resultado deste teste é expresso em RNI (razão normatizada internacional) que
Introdução
5
2
é aceita, internacionalmente, e deverá permanecer entre 2.0 e 3.0 (RIDKER et
al., 2003). A monitorização do RNI deve ser feita, no máximo, a cada 4
semanas se este nível estiver estável (ANSELL et al., 2004). Em casos de
flegmásia cerúlea e em casos selecionados de flegmásia alba pode ser
indicado tratamento fibrinolítico ou a trombectomia (KEARON et al, 2008)
Há mais de 50 anos, os cumarínicos ou antagonistas da vitamina K
(AVK) têm sido usados como anticoagulantes orais e sua efetividade está bem
estabelecida na prevenção primária e secundária do TEV (ANSELL et al.,
2004).
A warfarina é o cumarínico de maior uso clínico. Trata-se de uma
mistura de dois isômeros ópticos ativos de forma R e S (LAL et al., 2006).
Facilmente absorvida pelo trato gastrointestinal, pode atingir concentrações
sangüíneas máximas em torno de 90 minutos e tem meia-vida de 36-42h
(ANSELL et al., 2004). O mecanismo de ação com seu efeito anticoagulante
envolve a inibição da atividade enzimática do complexo vitamina K 2,3 epóxido
redutase, subunidade 1, denominada VKORC1 que atua na formação da
vitamina K reduzida, a qual é um importante cofator na carboxilação de
resíduos do ácido glutâmico dos fatores de coagulação II, VII, IX e X e dos
anticoagulantes naturais. Recentes estudos têm demonstrado polimorfismos
genéticos envolvendo a formação de vitamina K, reduções nos níveis da
VKORC1, metabolismo da warfarina que envolve o citocromo P450 e
mecanismos de carboxilação que influenciam na farmacocinética e
farmacodinâmica da warfarina em pacientes de diferentes grupos étnicos,
resultando em necessidades variáveis quanto à dose ideal da warfarina para se
obter a anticoagulação (LAL et al., 2006). Em resumo, há a diminuição da
produção hepática das serino-proteases dependentes de vitamina K, sendo
que nas primeiras seis a oito horas após a administração verifica-se menor
produção de Fator VII e, em seguida, queda da produção dos fatores IX e X e,
finalmente, decréscimo na produção do Fator II que possui vida média de 80 a
100 horas; portanto, seu efeito não é imediato. Preconiza-se uma dose inicial
em torno de 5 mg que deve ser reduzida, mantida ou aumentada de acordo
com o RNI, dosado após duas ou três doses do medicamento. A relação entre
a dose da warfarina e a resposta ao tratamento é diversa, portanto os ajustes
Introdução
5
3
da dose devem ser individualizados considerando-se os fatores genéticos ou
ambientais que podem influenciar na absorção, farmacocinética e
farmacodinâmica da warfarina (ANSELL et al., 2004). Esta dose inicial pode ser
menor em pacientes com mais de 60 anos, pacientes com maior risco de
sangramento, doença hepática ou em usuários de medicamentos que
potencializam a ação da warfarina (ANSELL et al., 2004). Flutuações do RNI
podem ocorrer devido às interações medicamentosas ou alimentares
(alimentos ricos em vitamina K) que podem potencializar ou antagonizar o
efeito da warfarina. Medicamentos como a eritromicina, fluconazol, isoniazida,
alopurinol entre outros podem potencializar a ação do AVK, enquanto o álcool,
anti-histamínicos e rifampicina reduzem o seu efeito; além destes fatores,
considerando-se a farmacogenética, mutações genéticas que envolvam a
produção da enzima hepática microssomal do citocromo P450 2C9, poderiam
reduzir as necessidades de warfarina em indivíduos com uma ou mais
combinações de polimorfismos deste gene (SANTOS & MAFFEI, 2005; LAL et
al., 2006). No caso de descontrole com RNI próximo ou maior que 5.0, com a
presença ou não de manifestações hemorrágicas, o manejo clínico deverá se
basear nas recomendações do ACCP (ANSELL et al., 2004; KEARON et al.,
2008). A duração deste tratamento deve ser individualizada pesando-se os
riscos/benefícios com relação a sangramentos e de uma possível recidiva do
quadro trombótico com uma tendência de tratamento por um período de, no
mínimo, três meses para os casos de TEV com fator desencadeante
estabelecido e de seis meses para os casos idiopáticos (KEARON, 2004;
POLLI et al., 2004). O estudo PREVENT, duplo-cego, randomizado e
controlado com placebo avaliou 750 pacientes e demonstrou que baixas doses
de warfarina (RNI entre 1.5-2.0) resultou em menor recidiva do TEV sem
complicações hemorrágicas. Um estudo comparou a taxa de recidiva de TEV
na SAF primária comparando-se com algumas trombofilias genéticas,
mantendo-se RNI entre 2.0 e 3.0 e observou-se maior tendência de recidiva
quando há a presença do anticorpo anticardiolipina IgG em altos títulos (AMES
et al., 2004). Alguns estudos postulam manter o nível de RNI entre 2.5 e 3.5 na
presença do anticoagulante lúpico devido à possibilidade de aumento no
Tempo de Protrombina (TP), embora se observe este quadro mais relacionado
Introdução
5
4
ao TTPa (Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado); porém a depender do
reagente usado e em caso de presença de anticorpo específico para
protrombina, esta alteração laboratorial pode ser observada e além disso, há
dados mostrando melhor evolução dos pacientes com TEV portadores de SAF
mantidos com níveis superiores de RNI (ANSELL et al., 2004). O último
consenso de terapia antitrombótica considera que todos os pacientes devem
ser tratados por um período mínimo de 3 meses, e que após este período, deve
haver uma avaliação quanto aos riscos de recidiva do quadro trombótico,
optando-se ou não à manutenção da terapia anticoagulante a longo prazo,
recomendando também que o RNI seja mantido entre 2 e 3 (KEARON et al,
2008).
Quanto aos riscos relacionados ao uso da heparina, destaca-se a
possibilidade da trombocitopenia induzida por heparina (TIH) (WARKENTIN &
GREINACHER, 2004) onde há a produção de anticorpos IgG ou IgM dirigidos
contra o complexo formado pelo fator 4 plaquetário e a heparina, ocorrendo de
4 a 14 dias depois do início do tratamento e este fenômeno se relaciona a
eventos trombóticos venosos e/ou arteriais devido à geração de trombina, fato
evidenciado in vivo pela presença de níveis elevados do complexo trombina-
antitrombina (WARKENTIN & GREINACHER, 2004), podendo agravar ainda
mais o evento agudo do TEV (BANK et al., 2000) e em caso de uso por tempo
prolongado, pode ocasionar a osteoporose. Estima-se um risco de
desenvolvimento da TIH de 1% em pacientes que receberam heparina não-
fracionada porcina em doses terapêuticas tanto via endovenosa ou subcutânea
para tratamento de trombose venosa ou arterial (WARKENTIN &
GREINACHER, 2004).
Especificamente, o tratamento preconizado para a SAF que cursa com
abortamentos é a heparina na dose de 5000UI duas vezes ao dia associada a
baixas doses de AAS. Ressalta-se a necessidade de anticoagulação plena com
heparina nos casos de mulheres grávidas com SAF que tiveram abortamentos
de repetição e que já tiveram trombose, atentando-se quanto à possibilidade de
TIH e osteoporose (HANLY, 2003).
Com relação às outras trombofilias, baseados numa metanálise de
nove estudos de caso-controle, preconiza-se a profilaxia primária antenatal em
Introdução
55
mulheres portadoras da deficiência de AT, mutações em homozigose e
combinações de defeitos porém, alguns especialistas sugerem-na também na
deficiência de PC; no entanto, na falta de trials controlados, alguns indicam
esta profilaxia mesmo nos defeitos heterozigotos (DE STEFANO et al., 2006).
O risco de sangramento na terapia continuada com warfarina
mantendo-se RNI entre 2.0-3.0 é de 2% ao ano e, aproximadamente, 10%
destes sangramentos são fatais, porém a idade e outras comorbidades podem
se relacionar a esta estatística, principalmente, se houver dificuldades no
controle da anticoagulação (KEARON, 2004). Estudos observacionais relatam
sangramentos importantes relacionados à anticoagulação numa freqüência de
5-9% ao ano (RIDKER et al., 2003). Este risco aumenta, consideralmente, se
RNI >5.0 (ANSELL et al., 2004). Um estudo coorte prospectivo avaliou as
complicações da terapia anticoagulante com warfarina em 136 pacientes com
doença vascular periférica que foram acompanhados por um período de 18
meses, detectando-se apenas um caso de hemorragia grave (hematêmese)
(SANTOS & MAFFEI, 2005). Conclui-se que o manejo correto da warfarina com
relação à dose ideal para cada paciente capaz de atingir RNI entre 2.0 e 3.0 e
o acompanhamento rigoroso são os pontos chaves para a efetividade e
segurança deste tratamento (ANSELL et al., 2004). A reversão da warfarina
pode ser feita com o uso de vitamina K via oral ou subcutânea e, em caso de
sangramentos importantes que necessite de uma reversão imediata, pode-se
transfundir plasma fresco congelado.
A TVP pode trazer conseqüências agudas ou crônicas, sendo
importante causa de morbi-mortalidade.
A embolia pulmonar (EP) é uma complicação aguda que ocorre em,
aproximadamente, 20% dos casos de TVP (ROSENDAAL, 1999), podendo
culminar ao óbito, principalmente, nos casos de recorrência do TEV onde 5%
dos pacientes nesta situação correriam este risco (SELIGSOHN & LUBETSKY,
2001).
A síndrome pós-trombótica (SPT) é uma complicação crônica com
mortalidade praticamente nula porém, importante do ponto de vista
epidemiológico devido à alta morbidade e, conseqüentemente, às repercussões
sócio-econômicas. Acomete em torno de 1-2% dos pacientes com TVP
Introdução
5
(ROSENDAAL, 1999). Estudos mais recentes relatam o desenvolvimento de
SPT em 50% a 100% dos pacientes com trombose venosa profunda dentro de
4 a 10 anos do episódio trombótico (PESAVENTO et al., 2006). A SPT se
caracteriza por edema de membros inferiores, dor, estase venosa, enduração
da pele e úlceras e, geralmente, ocorre nos dois primeiros anos do evento
agudo (PRANDONI et al., 2004; PESAVENTO et al., 2006). A SPT severa pode
acarretar úlceras de perna de difícil tratamento e, em casos extremos,
limitações quanto à mobilidade e função, demandando cuidados de
enfermagem e médicos rigorosos, complicações estas consideradas raras
ocorrendo em 5-10% dos pacientes com TVP KAHN et al., 2000; KAHN &
GINSBERG, 2004). A fisiopatologia da SPT não é completamente entendida
mas acredita-se que um trombo agudo associado a mediadores inflamatórios e
ao processo de recanalização da veia, que ocorre durante semanas após um
episódio de TVP, induza a um dano das válvulas venosas, o que levaria a uma
incompetência valvular e refluxo venoso. A incompetência valvular, obstrução
venosa persistente ou ambos causam hipertensão venosa e,
conseqüentemente, edema, hipóxia tecidual e, em alguns casos, ulcerações na
pele (KAHN & GINSBERG, 2004). Diferentes autores têm definido a SPT
baseados nas várias associações de sintomas, sinais clínicos, evidências de
obstruções venosas, aumento da pressão venosa ou refluxo valvular por
análise ultrassonográfica e pletismográfica. A correlação entre achados clínicos
e testes objetivos é pobre. O diagnóstico de SPT não pode ser feito na
ausência de sinais clínicos e, embora a maioria dos pacientes sintomáticos
tenha incompetência valvular, muitos com essa incompetência valvular não
manifestam a SPT clinicamente (KAHN et al., 2000; KAHN & GINSBERG,
2004).
A classificação de CEAP, uma escala que envolve critérios clínicos,
etiológicos, anatômicos e fisiopatológicos, estabelecida pela American Venous
Forum em 1994 e, revisada em 2004 deve ser utilizada, visando um
diagnóstico mais preciso das doenças venosas. Baseia-se na condição clínica,
mecanismo etiológico da doença, distribuição anatômica do problema e no
mecanismo fisiopatológico para o desenvolvimento da doença. A classificação
clínica varia de 0 a 6, onde C0 é ausência de doença venosa visível e palpável;
Introdução
57
C1 indica a presença de teleangiectasias e veias reticulares, C2 indica a
presença de veias varicosas, C3 edema, C4 mostra alterações cutâneas devido
à doença venosa (4a – hiperpigmentação; 4b – lipodermatoesclerose), C5 com
alterações cutâneas e úlcera cicatrizada e C6 com alterações cutâneas e
úlceras abertas. Esta classificação é suplementada por assintomática (A) ou
sintomática (S). A classificação etiológica divide-se em quatro categorias:
congênita (Ec), primária (Ep) que ocorre na doença varicosa primária,
secundária (Es) onde a causa é conhecida e ausência de causa identificável
(En). A classificação anatômica descreve a extensão da doença venosa. Esta
pode comprometer o sistema superficial (As), profundo (Ad), perfurantes (Ap)
ou combinação destes. Na classificação do CEAP revisada, há também a
categoria de não identificação da localização da doença venosa (An). Quanto à
classificação fisiopatológica, baseia-se na determinação da disfunção venosa
como resultado de refluxo (Pr), obstrução (Po) ou ambos (Pr,o) e também a
não identificação da fisiopatologia (Pn) (PESAVENTO et al., 2006).
Alguns fatores, potencialmente, relacionados a SPT seriam idade
avançada, obesidade, terapia com anticoagulante oral por tempo insuficiente,
trombose ipsilateral recorrente e ausência de recanalização nos primeiros seis
meses; enquanto o aparecimento de refluxo venoso transpoplíteo parece não
influenciar na SPT (PESAVENTO et al., 2006). Um estudo retrospectivo
relacionou como fatores preditivos para SPT a idade avançada, sexo feminino,
terapia hormonal, veias varicosas, cirurgia abdominal e aumento do índice de
massa corporal (IMC) (KAHN et al., 2004). Outro estudo avaliou 145 pacientes
com TVP proximal e que foram anticoagulados por um período mínimo de 3
meses, relacionando fatores preditivos a SPT; os resultados mostraram uma
prevalência de SPT em 37% dos pacientes ao longo de 2,2 anos de
seguimento, sendo a freqüência de SPT severa de 4% e a qualidade de vida
considerada pior naqueles com SPT quando comparados aos que não tinham
esta síndrome. Este estudo também demonstrou que a presença da mutação
do fator V Leiden ou do gene da protrombina foi um preditor independente para
baixo risco e menor severidade da SPT e que a intensidade da anticoagulação
não influenciou no desenvolvimento da SPT; a trombose residual ao dúplex
também não influenciou no desenvolvimento da SPT (KAHN et al., 2005).
Introdução
5
8
Algumas medidas profiláticas como o uso diário de meias - elásticas de
compressões graduadas reduzem a hipertensão e o refluxo venoso e,
conseqüentemente, melhoram o edema e a microcirculação e, quando usada
por um período de dois anos após a TVP, reduz a incidência e a severidade da
SPT em 50% (KAHN et al., 2000; PESAVENTO et al., 2006) mas faltam dados
consistentes sobre a efetividade desta conduta a longo prazo, por serem os
estudos neste sentido ainda recentes (PESAVENTO et al., 2006). A
tromboprofilaxia em pacientes de alto risco poderia prevenir trombose
ipsilateral recorrente, reduzindo-se assim, o desenvolvimento da SPT (KAHN et
al., 2004). O impacto sócio-econômico gerado por estas morbi-mortalidades
não é irrelevante (PESAVENTO et al., 2006). A falta de produtividade do
indivíduo acometido por TVP durante os quatro primeiros meses do evento
contribui para este processo (KAHN et al., 2003). Além disto, estima-se que os
custos do tratamento da SPT chegam a US$ 4700 (KAHN & GINSBERG,
2004). O impacto na qualidade de vida também deve ser considerado. Estudos
comprovam que 90% dos pacientes foram afastados de seus trabalhos por,
pelo menos, dez anos, devido sintomas nas pernas após TVP iliofemoral e
ainda, alguns pacientes referiam alguma limitação para atividades específicas
(KAHN et al., 2004). Estudos demonstraram que a recorrência de TVP
ipsilateral foi um importante fator de risco para SPT (KAHN et al., 2000)
ocorrendo em um terço dos pacientes (SELIGSOHN & LUBETSKY, 2001).
Embora a TVP de membros inferiores seja a manifestação mais
freqüente, outros sítios venosos podem ser acometidos como os membros
superiores. Estudos demonstram maior freqüência em pacientes submetidos à
colocação de cateteres ou portadores de neoplasias e, complicações a longo
prazo, principalmente, dor e edema também podem ocorrer. Num estudo
realizado na Unesp - Botucatu foram avaliados 52 pacientes com trombose
venosa profunda dos membros superiores com idade média de 52,3 anos com
o objetivo de rever os fatores predisponentes e a evolução destes pacientes.
Doze pacientes morreram antes da alta, em função de causas não
relacionadas à embolia pulmonar, um paciente desenvolveu seqüelas pós -
trombóticas e seis ficaram com discretos sintomas residuais. Houve maior
freqüência de trombose em pacientes submetidos aos cateteres e naqueles
Introdução
59
com diagnóstico de neoplasias em atividade (YOSHIDA et al., 2005).
O tromboembolismo venoso (TEV) tem uma taxa de recorrência de 5-
10% (RIDKER et al., 2003; EICHINGER et al., 2004) por ano, freqüentemente,
entre os primeiros 6 e 12 meses e continua tendo sua importância nos
primeiros 10 anos do evento (HEIT et al., 2000). Estima-se que este risco seja
de 10% no primeiro ano em pacientes que tiveram trombose idiopática e
naqueles pacientes em que os fatores de risco são persistentes ou
irreversíveis; este risco seria de 5% ao ano para os casos de trombose
desencadeada por fator de risco transitório (KEARON, 2004). Estudo coorte
retrospectivo realizado em Minesota avaliou a recorrência de TVP e seus
preditores. Foram estudados 1719 pacientes no período de 1966 a 1990
avaliados quanto à idade, tipo de evento (TVP e/ou embolia pulmonar), sexo,
ano do diagnóstico do evento, índice de massa corporal, doença cardíaca
crônica, neoplasias, doenças neurológicas isquêmicas, pacientes submetidos a
procedimentos cirúrgicos que necessitassem de anestesias, traumas, doenças
pulmonares crônicas, doença hepática crônica, doença renal crônica, varizes,
uso de cateter venoso central, tabagismo, terapia hormonal ou contraceptivos
orais, gravidez, cirurgias ginecológicas ou uso de tamoxifeno. Destacou-se a
relação de neoplasias com maior recorrência da TVP (HEIT et al., 2000). O
sexo pode estar relacionado com maior recorrência de episódios trombóticos.
Um estudo com 826 pacientes que foram seguidos durante 36 meses após o
primeiro episódio de TVP e submetidos ao tratamento anticoagulante,
descartando-se mulheres grávidas e pacientes portadores de trombofilias
genéticas, SAF e portadores de neoplasias, demonstrou recorrência da TVP
em 74 dos 373 homens comparados com recorrência em 28 de 453 mulheres,
ajustados quantos à idade, com significância estatística. O porquê desta
observação permanece obscuro, necessitando de mais estudos (HEIT et al,
2000; EICHINGER et al., 2004; VOSSEN et al., 2005).
Em uma revisão de literatura quanto à recorrência de TEV em
pacientes com trombofilia genética (deficiência de PC, PS ou AT), a
continuação da terapia com warfarina por mais de um ano e até três anos pode
minimizar esta complicação, sendo que a indicação a longo prazo deve pesar
risco/benefício devido aos riscos de sangramento inerentes a terapia
Introdução
6
0
anticoagulante de 2-3% ao ano; entretanto, a terapia com warfarina poderia
prevenir 1-2 eventos trombóticos em 100 pacientes/ano. (VAN DEN BELT et
al., 1997).
A terapia anticoagulante por longo período mostrou-se efetiva contra a
recorrência da TVP em pacientes com trombofilia genética: deficiência de PS,
PC, AT e, especialmente, com a mutação do fator V Leiden. Blom e cols.
(2005), em estudo prospectivo por um período de 5.6 anos em que foram
acompanhados 304 pacientes com trombofilia genética comparando-os quanto
ao tempo de anticoagulação e taxa de recorrência do TEV, encontraram
recorrência de TEV em 44 de 180 pacientes que não fizeram uso por longo
prazo da anticoagulação versus 7 recorrências de 124 pacientes que usaram
anticoagulante por um período de tempo maior, ajustados quanto à idade. A
taxa mais alta de recorrência foi descrita em homens com deficiência de um
anticoagulante natural ou associações de defeitos e em mulheres com
deficiência de AT. Concluíram também que, embora a anticoagulação a longo
prazo (maior que o período de um ano) diminua a taxa de recorrência em 80%,
resulta em maior risco hemorrágico de 0,8% ao ano (BLOM et al., 2005). A
hiperhomocisteinemia está associada a uma taxa de recorrência de trombose
em 2.7 vezes (KEARON, 2004).
A dosagem do D-dímero poderia ser um marcador do momento de
interrupção da anticoagulação e, conseqüentemente, menor risco de recidiva
do TEV; em dois estudos onde foi avaliada a dosagem do D-dímero que estava
baixa ou nula, um mês após a suspensão da anticoagulação, associou-se a um
menor índice de recorrência por um período de seguimento de 18 a 38 meses,
porém é necessária uma validação prospectiva e uma padronização para que
este teste seja recomendado como um guia na duração da anticoagulação
(KEARON, 2004).
Pacientes que apresentem evento trombótico com as seguintes
características: idade menor de 45 anos, eventos recorrentes, história familiar
para trombose venosa, trombose cerebral ou visceral e antecedentes de mais
de 3 abortos espontâneos são candidatos de alto risco para trombofilias. O
tratamento destes na fase aguda não difere e a investigação das trombofilias a
posteriori é imperativa, mesmo porque influenciará na decisão terapêutica
quanto à necessidade de profilaxia secundária. Um outro grupo que deve ser
Introdução
61
analisado são os pacientes, possivelmente, portadores de trombofilias com
primeiro episódio de trombose espontâneo ou provocado pelo uso de
contraceptivos, gravidez e/ou puerpério, trauma, imobilizações ou cirurgias com
idade maior 45 anos. Nestes casos, a investigação das trombofilias também é
indicada visto que o paciente pode ser portador de uma alteração genética e
tornou-se sintomático quando exposto a alguma situação de risco adquirida.
Enfim, um último grupo a ser considerado seria aquele com baixa probabilidade
de ser portador de trombofilia: TVP distal associada a cirurgias, traumas ou
imobilizações mas a decisão quanto à investigação deve ser individualizada
(SELIGSOHN & LUBETSKY, 2001).
Poucos estudos avaliaram a evolução clínica a longo prazo com as
possíveis complicações agudas ou crônicas inerentes à TVP, relacionando com
suas características iniciais e/ou ao tratamento anticoagulante.
Estudo realizado na América do Norte (National Pilot Screening
Program for Venous Diseases by the American Venous Forum) avaliou
variáveis em um total 476 pacientes de 17 diferentes instituições, estratificados
quanto ao risco de TEV (5% - baixo risco; 87% - risco moderado; 39% - alto
risco), avaliados quanto a sexo, idade, etnia, doenças associadas (Diabetes,
Hipertensão Arterial, Insuficiência Cardíaca), tabagismo, uso de warfarina e
antiagregantes plaquetários, SPT e presença ou não de refluxo ao ultra-som.
Evidenciou-se a presença de varizes em 32%, edema (11%), alterações da
pele atribuídas à doença venosa (8%) e úlcera de estase (1,3%). A finalidade
deste estudo era de identificar e aconselhar às pessoas sobre os problemas
relacionados ao TEV (McLAFFERTY et al., 2007).
Kahn e cols. fizeram vários estudos levando em conta a qualidade de
vida relacionada à SPT, sendo um destes uma revisão bibliográfica (KAHN et
al., 2000). Posteriormente, num estudo publicado em 2002, este mesmo autor
avaliou 41 pacientes quanto ao desenvolvimento de SPT e a influência na
qualidade de vida, demonstrando que aqueles que tinham dificuldades para
atividades físicas decorrentes da SPT, apresentavam uma pior percepção de
sua qualidade de vida (KAHN et al., 2002). Em 2003, publicou um estudo que
avaliou a perda da produtividade do indivíduo acometido por TEV nos primeiros
quatro meses do evento (KAHN et al., 2003). Em 2004 publicou um artigo de
revisão onde discutiu a relação entre TVP e SPT, enfocando aspectos desde a
Introdução
6
2
fisiopatologia até o seu manejo terapêutico (KAHN & GINSBERG, 2004).
Uma revisão sistemática publicada por Segal e cols. em 2007, estudou
o manejo do TEV com a proposta de rever a evidência da eficácia das
intervenções no tratamento da TVP e da EP. Incluiu 101 artigos comparando-
se o uso da heparina não fracionada com a heparina de baixo peso molecular
no tratamento da embolia pulmonar e da TVP, evidenciando-se modesta
superioridade da heparina de baixo peso no tratamento da TVP, sem
diferenças significativas na EP. Além disto, estudou a eficácia do tratamento
trombolítico direcionado por cateter, com bons resultados em casos
selecionados. Avaliou também o uso de meias-elásticas e observou uma
melhor evolução da SPT nos usuários. O tempo de uso da warfarina também
foi avaliado, mostrando maior benefício quando utilizada por um período maior
que três meses mesmo nos pacientes com fatores de risco para TEV
transitórios e 1 ano para os casos de TEV espontâneo. Uma melhor qualidade
de vida foi evidenciada com o uso da heparina de baixo peso molecular,
principalmente, nos pacientes portadores de neoplasias e poucos estudos
avaliaram o tratamento do TEV durante a gravidez (SEGAL et al., 2007).
Não temos conhecimento de estudo desenvolvido em nosso meio,
visando conhecer a evolução a longo prazo de pacientes com TVP e
relacionando com dados demográficos, presença de trombofilia e condições de
desenvolvimento da TVP e de seu tratamento, o que nos parece importante
tendo em vista as características de nossa população e sua situação sócio-
econômica. Este fato nos levou à realização do presente trabalho que visou a
avaliação clínica e ultrassonográfica a longo prazo dos pacientes com
diagnóstico de TVP de membros, atendidos no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, portadores de trombofilia
genética e/ou adquirida.
Objetivos
6
3
2. Objetivos
Objetivos
6
4
2.1. OBJETIVO GERAL
Avaliar a evolução a longo prazo de pacientes com TVP, portadores de
trombofilia e comparar com a evolução de pacientes não trombofílicos.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Avaliação das características dos pacientes trombofílicos e não
trombofílicos, com TVP;
2) Avaliação tardia dos pacientes trombofílicos e não trombofílicos
quanto a:
Existência de síndrome pós trombótica, levando-se em conta a
classificação CEAP;
Características ultrassonográficas das veias;
Qualidade de vida.
Casuística e Métodos
65
3. Casuística e Métodos
Casuística e Métodos
6
O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Medicina de
Botucatu, em 08/11/2004, através do ofício 530/2004-CEP.
Trata-se de um estudo tipo coorte e caso-controle retrospectivo com
análise transversal no momento da entrevista e do mapeamento dúplex.
3.1. SELEÇÃO DOS PACIENTES
Foram estudados 61 pacientes tratados no Ambulatório da Disciplina
de Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP,
portadores de trombofilia genética e/ou adquirida que foram tratados para TVP
de membros inferiores ou superiores confirmadas por mapeamento dúplex,
com ou sem embolia pulmonar. As trombofilias avaliadas neste estudo foram:
deficiência de antitrombina, proteínas S e C, mutação do fator V Leiden,
mutação do gene da protrombina G20210A, mutação do gene da MTHFR
C677T em homozigose e síndrome do anticorpo antifosfolípide.
A seleção destes pacientes foi realizada da seguinte forma:
a) Revisão das fichas de atendimento e/ou de prontuários, no caso
de fichas de atendimento ausentes ou incompletas, de 220 pacientes
acompanhados ou que estavam em acompanhamento no Ambulatório de
Anticoagulação da Disciplina de Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina
de Botucatu-UNESP, que haviam realizado testes para pesquisa de trombofilia
genética (mutação do fator V Leiden, mutação do gene da protrombina
G20210A e mutação do gene da MTHFR C677T). Estes pacientes fizeram
parte de um projeto de pesquisa prévio, BRATROS (BRAZILIAN
THROMBOSIS STUDY). Estes exames foram realizados no Laboratório de
Biologia Molecular da Faculdade de Medicina Ribeirão Preto, no período de
08/1998 a 08/2001, sob supervisão do Dr. Rendrik França Franco. Foram
identificados 37 pacientes portadores de, pelo menos, uma destas trombofilias.
Nos pacientes com a mutação do gene da MTHFR, só foram considerados
para este trabalho, os portadores em homozigose.
Casuística e Métodos
67
Dos 37 pacientes, foram excluídos:
2 pacientes portadores da mutação do fator V Leiden em
heterozigose com diagnóstico de trombose de seio venoso;
2 pacientes portadores da mutação do fator V Leiden em
heterozigose e 1 paciente com a mutação do gene da protrombina
G20210A que haviam falecido, em cujos prontuários não constaram
atestados de óbitos, nem as condições em que os pacientes
faleceram.
1 paciente com mutação do gene da protrombina que não aceitou
participar do estudo.
Portanto, foram incluídos no presente estudo, 31 pacientes.
b) Pacientes com diagnóstico de trombose venosa de membros
inferior ou superior, confirmado por mapeamento dúplex que estavam em
acompanhamento no Ambulatório de Anticoagulação da Disciplina de Cirurgia
Vascular da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, portadores de
trombofilia genética e/ou adquirida que não participaram do Estudo Bratros,
totalizando 14 pacientes:
Mutação do gene da protrombina G20210A (homozigose): 1;
Mutação do fator V Leiden (heterozigose): 2 pacientes;
Síndrome Antifosfolípide: 9 pacientes;
Deficiência de Proteína C: 2 pacientes.
c) Quatorze pacientes com anticorpos anticardiolipinas positivos e 2
pacientes com anticoagulante lúpico positivos, portadores de trombose venosa
profunda de membros inferior ou superior, confirmada por mapeamento dúplex,
totalizando 16 pacientes. Estes foram identificados entre os pacientes que
haviam realizado pesquisa para SAF no Laboratório de Hemostasia do
Hemocentro da Faculdade de Medicina de Botucatu entre 01/2001 a 12/2003.
Assim, o total de pacientes portadores de trombofilia genética e/ou
adquirida com diagnóstico de trombose venosa profunda de membros inferior
ou superior foi de 61 pacientes.
Casuística e Métodos
6
8
FLUXOGRAMA DOS PACIENTES SELECIONADOS
A data limite de inclusão dos pacientes foi dezembro de 2003, já que o
objetivo do trabalho era o estudo da evolução destes pacientes a longo prazo.
Os dados coletados nos prontuários e/ou fichas de atendimentos
analisados, foram colocados numa ficha especialmente elaborada. (ANEXO I)
3.2. GRUPO CONTROLE
Foram selecionados 25 pacientes do estudo BRATROS, não
portadores de trombofilias genéticas e/ou adquiridas, que pudessem ser
pareados para sexo e idade (± 5 anos) com 25 pacientes do grupo trombofílico.
Estudo Bratros
(220 pacientes)
37 pacientes
Excluídos
(7 pacientes)
31 pacientes
Ambulatório de
Anticoagulação
14 pacientes
trombofílicos
Laboratório
Hemostasia
16 pacientes
com SAF + TVP
de membros
61 pacientes trombofílicos
Casuística e Métodos
69
3.3. ABORDAGEM DOS PACIENTES
Os pacientes ainda em seguimento ambulatorial foram abordados
durante consulta de rotina. Aos pacientes que não estavam em seguimento foi
feita tentativa de contato por telefone, carta e/ou via serviço social.
Inicialmente, tentava-se contato telefônico quando era explicado o caráter do
estudo e agendava-se uma consulta; aos pacientes não contactados por
telefone, era enviada uma carta com aviso de recebimento, explicando o
estudo e fornecendo um telefone para contato e, por fim, para os pacientes que
não responderam, era tentado contato via serviço social da Unesp-Botucatu e
Prefeituras das cidades de origem dos pacientes, convocando-os para contato.
Dos 61 pacientes, conseguimos contato com 40 e apenas uma
paciente não aceitou participar do estudo. Os outros 20 pacientes não foram
localizados por mudanças de endereços e/ou de telefones não atualizados nos
registros hospitalares da UNESP, mesmo após todas as tentativas de contato
já mencionadas.
Durante a consulta, explicava-se aos pacientes a finalidade do estudo,
sendo aplicado o termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO II) que
era preenchido e assinado pelo paciente e pelo pesquisador, sendo fornecida
uma cópia para cada paciente. Foi aplicado um questionário, realizado exame
físico dos membros e agendado mapeamento dúplex, sendo que todos os
dados foram anotados na Ficha de Estudo (ANEXO III).
3.4. VARIÁVEIS ANALISADAS
A ficha referente ao estudo continha itens que incluíam dados do
interrogatório e dados coletados dos prontuários e fichas de atendimento,
incluindo:
Identificação: nome, RG, idade, raça, procedência (urbana ou rural),
estado civil, profissão e condições de trabalho, endereço e telefone;
Antecedentes pessoais e familiares: tempo de seguimento,
antecedentes obstétricos, doenças de base, uso de medicamentos,
internações, familiares com antecedentes trombóticos;
Casuística e Métodos
7
0
Tipo de trombofilia;
Dados da TVP: espontânea ou secundária (pós-operatório, trauma,
gravidez, puerpério, repouso, anticoncepcional, reposição
hormonal);
Diagnóstico da TVP: data, realização de exames complementares
confirmatórios, nível da TVP;
Tratamento inicial: internado ou não, qual o tipo de heparina
utilizada e por quanto tempo, RNI da alta hospitalar;
Tratamento no ambulatório: número de retornos, avaliação do RNI;
Complicações hemorrágicas;
Tratamento: completo ou incompleto (Por quê?)
Complicações: retrombose, embolia pulmonar, síndrome pós-
trombótica;
Qualidade de vida: limitações, afastamentos do trabalho,
aposentadoria pela doença;
Uso de meia-elástica: sim ou não (tipo de meia, tempo de utilização
em meses/dias/semanas/horas por dia);
Índice de massa corpórea (IMC): utilizando-se a seguinte fórmula –
IMC = Peso (Kg) / Altura (m2) e obedecendo a seguinte
classificação (TZAMALOUKAS et al., 2003):
IMC ESTADO NUTRICIONAL
< 18,5 Magreza
18,5 a 24,9 Eutrofia
25 a 29,9 Obesidade leve
30 a 39,9 Obesidade moderada
> 40 Obesidade grave
Exame físico dos membros: volume do membro, edema,
hiperpigmentação, dermatofibroses, varizes, úlceras abertas ou
cicatrizadas;
CEAP: esta classificação baseia-se em critérios clínicos, etiológicos,
anatômicos e fisiopatológicos, estabelecidos pela American Venous
Forum em 1994, revisada em 2004. A classificação clínica foi
utilizada no presente estudo e sua graduação varia de 0 a 6, onde:
Casuística e Métodos
71
C0 = ausência de doença venosa visível ou palpável;
C1 = presença de teleangiectasias ou veias reticulares;
C2 = presença de veias varicosas;
C3 = edema;
C4 = alterações cutâneas devido à doença venosa;
C5 = alterações cutâneas e úlcera cicatrizada;
C6 = alterações cutâneas e úlceras ativas
Dados do mapeamento dúplex: avaliação do sistema venoso
profundo e superficial, incluindo sinais de recanalização e presença
ou não de refluxos venosos, com análise de tempo e velocidade
(ANEXO IV).
Definiu-se como:
a) Ao exame físico:
EDEMA: Aumento de volume do membro e/ou formação de godê ou
cacifo visível à compressão digital na face pré-tibial do terço distal
dos membros inferiores.
HIPERPIGMENTAÇÃO: quando o terço distal de membros
apresentava coloração acastanhada ou purpúrica.
ECZEMA: quando a pele periúlcera ou do terço distal dos membros
apresentava eritema, vesículas e/ou liquenificação.
ERISIPELA: quando o paciente apresentava edema, calor, dor e
rubor no membro.
LIPODERMOESCLEROSE: quando os pacientes apresentavam a
pele do terço distal dos membros inferiores com atrofia, lisa e
endurecida.
VARIZES: presença de veias dilatadas, tortuosas e alongadas nos
membros inferiores.
ÚLCERA DE ESTASE: presença de úlcera no terço distal de
membro inferior acompanhada por uma ou mais das seguintes
manifestações – edema, hiperpigmentação, eczema,
lipodermoesclerose e varizes.
Casuística e Métodos
7
2
b) Hemorragia:
Leve: equimoses e hemorragias nasal ou gengival ao traumatismo;
Moderada: urinária macroscópica e genital (maior fluxo menstrual
e/ou metrorragias);
Grave: sistema nervoso central, derrame pericárdico, retroperitoneal
ou que tenha necessitado de transfusão sangüínea.
c) Tempo de tratamento anticoagulante
Foi considerado como tempo de tratamento anticoagulante adequado:
3 meses: TVP desencadeada por fator de risco identificável de veias
distais;
6 meses: TVP espontânea e/ou acometendo veia proximal e/ou
embolia pulmonar;
Perene (indefinido): pacientes portadores de mais de um episódio
trombótico e/ou portador de trombofilias de alto risco para
recorrência.
d) Uso regular de meia-elástica
O paciente deveria usar por, pelo menos, 5 dias na semana.
e) RNI adequado:
1,8-3,0.
f) Estado Civil:
Desconsideramos esta variável e a substituímos por uma pergunta
de maior relevância para este estudo, onde se questionava aos
pacientes se estes moravam sós ou não, em busca de dificuldades
em seu tratamento.
Casuística e Métodos
7
3
3.5. PERFIL TROMBOFÍLICO
O perfil trombofílico dos pacientes do grupo de estudo foi completado
sempre que possível. Dos 39 pacientes trombofílicos, 22 pacientes portadores
de trombofilias genéticas ou SAF, perenemente anticoagulados, não foram
investigados quanto à pesquisa de inibidores e/ou antilúpico devido ao risco de
suspensão da anticoagulação para realização destes exames, o que superava
o interesse científico e devido à dificuldade de realização de uma ponte de
heparina. Destes 22 pacientes, 15 pacientes não foram investigados quanto à
presença do antilúpico e quanto à deficiência da AT, PC e PS; 4 pacientes não
foram investigados somente quanto à pesquisa dos inibidores e 3 pacientes
não foram investigados somente quanto à presença do antilúpico.
Oito pacientes portadores de SAF não haviam sido investigados para
as trombofilias genéticas aqui estudadas e foram convocados para coleta de
amostras de sangue para realização destes exames. Três pacientes não
compareceram para a coleta. Estas amostras encontram-se devidamente
armazenadas no Laboratório de Hemostasia do Hemocentro da Unesp de
Botucatu para uma posterior pesquisa das trombofilias genéticas nestes
pacientes.
Todos os pacientes do grupo controle foram avaliados quanto às
trombofilias aqui estudadas e os resultados foram negativos.
3.6. MAPEAMENTO DÚPLEX (MD)
3.6.1. Técnica de avaliação do sistema venoso dos membros
inferiores por meio do mapeamento dúplex (MD):
Em todos os pacientes (trombofílicos e controles) foram realizadas
avaliações por meio do MD dos sistemas venosos superficial e profundo, com
exceção de apenas um paciente do grupo controle que não o realizou alegando
problemas pessoais. O MD foi feito no Laboratório Vascular do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp por um cirurgião
vascular com formação em ultra-som vascular (certificado de habilitação pela
Casuística e Métodos
7
4
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular), utilizando-se
equipamento LOGIK 7 GE com transdutor linear multifrequencial de 4 a 7MHz.
O exame foi, inicialmente, realizado com o paciente em decúbito dorsal
horizontal (DDH) com leve flexão do joelho, com a maca em proclive (20 de
inclinação). Posteriormente, o paciente ficava em posição ortostática de frente
para o examinador com o membro a ser examinado levemente fletido e em
rotação externa, suportando o peso de seu corpo no membro contralateral.
Finalmente, ainda em posição ortostática, foi feito o exame da fossa poplítea e
região posterior da coxa e perna.
Na posição DDH, foi avaliado o sistema venoso profundo quanto a sua
distribuição anatômica e eventuais alterações ultra-sonográficas que pudessem
sugerir TVP pregressa.
Na posição ortostática, inicialmente foi realizada avaliação da
competência valvar do sistema venoso profundo (veias femoral comum,
femoral superficial, poplítea e pernas). Em seguida, foram avaliadas as veias
superficiais (veias safena magna, safena parva e suas tributárias). Também
foram avaliadas as junções safeno-femoral, safeno-poplítea e a presença ou
não de perfurantes insuficientes e sua localização quando presentes.
A avaliação da competência valvar foi realizada na posição ortostática
por meio da manobra manual de compressão e descompressão brusca da
panturrilha. Foi realizada a medida do tempo e velocidade do refluxo, quando
presente, e este foi considerado significativo para o sistema venoso profundo
quando a velocidade foi > 30cm/s e/ou tempo de refluxo maior que 1 segundo;
e para o sistema venoso superficial quando a velocidade >30cm/s e/ou tempo >
0,5s (LABROPOULOS et al., 2003).
No sistema profundo, quando havia sinais de TVP pregressa, verificou-
se se era oclusiva ou recanalizada com seus locais de refluxo, se presentes.
Considerou-se: vaso pérvio aquele com paredes normais, fluxo
sangüíneo preservado sem trombos em seu interior; recanalização parcial
quando havia sinais de irregularidades na parede do vaso com a presença de
trombo em seu interior mas que permitia o fluxo sanguíneo e vaso não pérvio
quando não havia a presença de fluxo sangüíneo.
Casuística e Métodos
75
3.6.2. Técnica de avaliação do sistema venoso dos membros
superiores por meio do mapeamento dúplex (MD):
O mapeamento dúplex para avaliação dos segmentos venosos nas
extremidades superiores pós-episódio trombótico, foi realizado no Laboratório
Vascular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu
(FMB) – Unesp, utilizando-se aparelho GE modelo Logiq 7, com transdutor
linear multifrequencial de 6 – 10 MHz. O paciente foi examinado em posição
sentada, de frente para o examinador, sendo investigado:
Presença de trombo pela compressibilidade venosa parcial ou total
(modo B);
Perviedade dos segmentos pela presença de fluxo (total ou parcial)
no modo cor e pela fasicidade respiratória (modo cor e modo
Doppler);
Sinais ecogênicos sugestivos de recanalização do trombo.
A presença de refluxo foi pesquisada - após manobra de compressão e
descompressão manual da musculatura do antebraço - através do modo cor e
modo Doppler, sendo considerado refluxo patológico quando o tempo de
refluxo fosse maior que 0,5s e/ou a velocidade de pico de refluxo fosse maior
que 30cm/s (LABROPOULOS et al, 2003), utilizando-se os mesmos critérios
para refluxo em membros inferiores,visto que não há parâmetros definidos para
as extremidades superiores.
3.7. REALIZAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS
PESQUISA DE ANTICOAGULANTE LÚPICO CIRCULANTE
A detecção do anticoagulante lúpico foi feita pela observação do
prolongamento do Tempo de Tromboplastina Parcial ativada (TTPa), não
corrigido com a adição de plasma normal e pelo Tempo do Veneno da Víbora
de Russel diluídos. Estes métodos estão descritos no Manual de
Casuística e Métodos
7
Procedimentos Operacionais Padrão do Laboratório de Hemostasia do
Hemocentro da Faculdade de Medicina de Botucatu
*
com metodologia baseada
nos critérios definidos pelo Sapporo Laboratory. (ANEXO V)
DOSAGEM DA PROTEÍNA C
Realizada com Kit comercial: Kit HELENA, método cromogênico,
conforme orientações do fabricante (ANEXO V).
DOSAGEM DA ANTITROMBINA
Realizada com Kit comercial: Kit HELENA ou Kit BIOPOOL, método
cromogênico, conforme orientação do fabricante (ANEXO V).
DOSAGEM DA PROTEÍNA S LIVRE
Realizada com Kit comercial: Kit HELENA (método ELISA), conforme
orientações do fabricante (ANEXO V).
DOSAGEM DO ANTICORPO ANTICARDIOLIPINA
Foi realizada pelo método ELISA - INOVA QUANTA LIFE TM: IgG –
IgM (ANEXO V).
PESQUISA DAS TROMBOFILIAS GENÉTICAS
A pesquisa das trombofilias genéticas foi realizada no Laboratório de
Biologia Molecular do Hemocentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto, pelo Prof. Dr. Rendrik França Franco.
Pesquisa da Mutação do fator V Leiden através da amplificação por
PCR do exon 10 do gene do fator V da coagulação, seguida da
digestão com a enzima de restrição MnlI.
*
A cópia deste Manual foi devidamente autorizada pela responsável pelo Laboratório de
Hemostasia, Dra. Izolete Aparecida Thomazini-Santos.
Casuística e Métodos
77
Pesquisa da mutação do gene da protrombina G20210A:
amplificação do segmento gênico de interesse e digestão de
restrição com a enzima HindIII.
Pesquisa da mutação 677 CT da MTHFR: amplificação por PCR
de fragmento de DNA contendo o sítio da mutação, seguida de
digestão com a enzima de restrição HinfI.
3.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA
TABULAÇÃO DOS DADOS COLETADOS
Os dados coletados foram codificados por números e colocados numa
tabela da planilha Excel para a análise estatística.
Os programas utilizados na aplicação dos testes estatísticos foram:
MANAP: programa desenvolvido pelo Departamento de
Bioestatística da Unesp-Botucatu, utilizado para aplicação do teste
de Goodman.
SAEG (para ambiente Windows): programa desenvolvido pela
Universidade Federal de Viscosa/ MG, utilizado para aplicação do
teste de Mann-Whitney.
3.9. MÉTODOS
a) Análise Comparativa (grupo trombofílico x grupo controle)
O estudo da associação entre grupos e as seguintes variáveis: sexo,
etnia, procedência (urbana/rural), condições de trabalho (posição ao trabalhar),
número de gestações e abortos antes da TVP, doenças de bases associadas,
antecedentes familiares para trombose, fatores de risco associados a TVP,
complicações hemorrágicas, manutenção de anticoagulação, qualidade de
vida, intensidade da dor no membro acometido pela TVP, necessidade de
Casuística e Métodos
7
8
aposentadoria, local da oclusão e membros acometidos, refluxo ao ultra-som,
velocidade e tempo do refluxo foi realizado pelo teste de Goodman, para
contrastes entre e dentro de populações multinomiais (GOODMAN,
1964;1965).
O estudo das variáveis: idade, tempo de seguimento, tempo de
tratamento no momento da alta, tempo decorrido até o retorno, freqüência de
retornos, retornos com RNI adequado ou inadequado (<1,8 ou >3,0) e
(1,8>RNI>1,5 ou 5,0>RNI>3,0) foi realizado pela técnica não-paramétrica de
Mann-Whitney para grupos independentes (ZAR, 1999).
Foram utilizadas letras minúsculas para indicar os resultados das
comparações entre grupos (controle x trombofílico), fixada a categoria de
resposta e, letras maiúsculas nas comparações de categorias de respostas
dentro do grupo. Para a interpretação das letras, deve-se prosseguir da
seguinte forma:
I) Duas proporções seguidas de uma mesma letra minúscula não
diferem quanto aos respectivos grupos, na categoria de resposta em
consideração;
II) Duas proporções seguidas de, pelo menos, uma mesma letra
maiúscula não diferem quanto às respectivas categorias de
resposta, dentro do grupo em consideração.
III) As menores proporções correspondem às letras iniciais do alfabeto
de tal forma que: a<b<c... e A<B<C...
Todas as discussões, no presente estudo, foram efetuadas no nível de
5% de significância.
Não foi possível a aplicação de testes estatísticos nas variáveis com
mais de três categorias e naquelas com categorias de ocorrência rara.
Casuística e Métodos
79
b) Análise do grupo trombofílico
Para as variáveis apresentadas nas tabelas IIa, III e IV dos resultados,
foi aplicado o Teste de Aderência – Quiquadrado (NORMAN & STREINER,
1994).
Com relação às variáveis apresentadas nos gráficos de 1 a 3, foi
realizada apenas análise descritiva, sem a aplicação de testes estatísticos,
devido ao fato de que estas variáveis continham mais de três categorias de
respostas.
Resultados
8
0
4. Resultados
Resultados
81
Os resultados foram divididos em duas partes:
1) Análise descritiva e estatística do grupo trombofílico
2) Análise comparativa (grupo trombofílico x grupo controle)
4.1. Análise do Grupo Trombofílico
O grupo trombofílico foi composto por 39 indivíduos, obtidos conforme
descrito na casuística e englobam indivíduos com diagnóstico de TVP de
membros inferior ou superior, portadores de trombofilia.
A idade dos pacientes, em anos, bem como o tempo de seguimento,
em meses, no momento da entrevista encontra-se na Tabela I.
Tabela I. Medidas descritivas da idade e tempo de seguimento (Grupo
Trombofílico)
Variável Trombofílico
Idade (anos)
37,21 ± 13,74
37,00 (10,00; 68,00)
Tempo de Seguimento (em meses)
76,26 ± 45,83
60,00 (12,00; 216,00)
Média ± desvio padrão
Mediana (valor mínimo; valor máximo)
Um maior número de pacientes com TVP neste grupo era do sexo
feminino (tabela IIa).
Houve predomínio de caucaseanos e a maioria dos pacientes residia
na zona urbana (tabela IIa).
Apenas 4 pacientes moravam sozinhos e não referiram problemas
quanto ao seu tratamento.
As trombofilias mais freqüentemente observadas foram a SAF seguida
pela mutação do fator V Leiden em heterozigose (tabela IId e gráfico 1).
As profissões mais prevalentes foram aquelas relacionadas às
atividades de escritório, seguidas pelas pacientes que exerciam trabalhos
domésticos (gráfico 2).
Com relação à posição ao trabalhar houve um predomínio da posição
sentada (41%) com relação às outras posições: em pé (28,3%) e andando
(30,7%), sem significância estatística (p>0,05).
Resultados
8
2
Quanto ao número de gestações (n=30 mulheres), houve um
predomínio de até 2 gestações tanto antes como após o episódio de TVP com
significância estatística em relação aos demais números de gestações com
p<0,05 e p<0,001, respectivamente (tabela IIa).
Quanto ao número de abortamentos antes da TVP, os relatos foram:
nenhum (76,6%); até 2 (13,3%) e maior que 2 (10,1%) com p significativo
(p<0,01).
Após a TVP, os relatos quanto ao número de abortamentos foram:
nenhum (86,6%) e até 1 abortamento (13,4%) com p<0,001. (tabela IIa)
A maioria dos pacientes negou antecedentes de TVP ou trombose
arterial na família (82% e 84,6%, respectivamente) com p<0,001 e todos
negaram históricos sugestivos de embolia pulmonar em seus familiares.
(tabela IIa)
A TVP foi não-espontânea em (61,5%) porém com p não significativo
(p>0,05) (tabela IIa), e dentre os fatores de riscos associados destacam-se o
uso de anticoncepcionais orais (22%) seguido pelo puerpério (13%) (gráfico 2).
Comparando-se a incidência da TVP nos membros superiores com
relação aos inferiores, houve maior prevalência deste último (94,9%) com p
significativo. O membro inferior esquerdo foi o mais acometido (64,1%),
seguido pelo membro inferior direito (30,7%) e pela TVP bilateral (5,2%), com
p<0,01. Quanto ao nível da TVP, a proximal foi a mais freqüente (82,1%) com
p<0,001 (tabela IIa).
A maioria dos pacientes foi internada para o tratamento inicial da TVP
(79,4%), 12,8% foram mantidos em tratamento domiciliar e 7,8%
acompanharam, inicialmente, em outro serviço fora da Unesp (p<0,01).
Todos os pacientes foram tratados com heparina, principalmente, a
não-fracionada (87,2%) e todos foram anticoagulados com warfarina (tabela
IIa).
O RNI na alta hospitalar foi documentado em 61,4% dos pacientes,
sendo que estava adequado em 48,7% destes; 7,6% tiveram RNI menor que
1,8 e 5,1% maior que 3,0. Observou-se faltas de registros nos prontuários do
RNI da alta hospitalar em 38,6%.
A maioria dos pacientes teve alta hospitalar após 6 a 12 dias de
Resultados
8
3
internação (48,7%), entre 2 a 5 dias (12,8%) e entre 13 a 24 dias (15,3%).
Observaram-se falhas de registros médicos com relação ao dia da alta
hospitalar em 23,2% dos prontuários. 51,2% dos retornos ao ambulatório de
anticoagulação após a alta hospitalar concentrou-se entre 2 a 7 dias.
Quanto às complicações hemorrágicas inerentes ao tratamento de
anticoagulação, a maioria as negou (71,4%), inclusive equimoses, com p<0,05
(tabela IIa). A distribuição quanto aos locais de sangramentos relatados podem
ser vistas no gráfico 3, destacando-se relatos de aumento do fluxo menstrual e
metrorragias. Duas pacientes necessitaram de transfusões de hemácias devido
a sangramento, uma no pós-parto e outra por um cisto roto de ovário.
A maioria dos pacientes era anticoagulada perenemente (64%), mas
não houve significância estatística com relação aos não anticoagulados
perenemente com p>0,05.
A maioria dos pacientes negou sintomas sugestivos de embolia
pulmonar (92,3%) com p<0,001.
Vinte e três pacientes (58,9%) não apresentaram retrombose; 16
pacientes (41,1%) a apresentaram, sendo que 9 pacientes (23%) apresentaram
episódio de retrombose no mesmo membro; 6 pacientes (15,5%) no outro
membro e 1 paciente (2,6%) relatou episódios de tromboflebite. Doze pacientes
(30,76%), tinham história de retrombose fora da vigência de tratamento
anticoagulante e 4 pacientes (10,25%) apresentaram retrombose durante a
anticoagulação, sendo que três deles estavam com RNI adequado e em um
deles, o RNI não foi documentado.
As trombofilias associadas a estes episódios de retrombose durante o
tratamento foram: SAF primária (2 pacientes), SAF secundária (1 paciente) e
mutação do fator V Leiden em heterozigose associada à mutação da enzima
metilenotetrahidrofolato-redutase em homozigose (1 paciente).
Quando questionados sobre as complicações crônicas relacionadas à
Síndrome Pós-Trombótica: (tabela IIa)
61,6% dos pacientes relatavam alguma dor no membro afetado pela
TVP (p>0,05), 20% deles relatavam dor diária;
77% dos pacientes relatavam edema (p<0,01);
58,9% dos pacientes relatavam alterações de coloração da pele
Resultados
8
4
(p>0,05);
89,7% dos pacientes negavam úlceras abertas (p<0,001);
92,3% dos pacientes negavam erisipela (p<0,001);
Uma paciente portadora da Síndrome de Klipell Trenaunay relatou
necessidade de internações devido flebites.
Quando era indagado ao paciente se levava uma vida normal após a
TVP, a maioria (74,4%) respondeu que sim (p<0,01); 76% diziam trabalhar
normalmente (p<0,01) e 7 pacientes (17,9%) aposentaram-se devido à doença
(tabela IIa).
Quanto às limitações físicas, a maioria (66,6%) negou qualquer
limitação (p<0,05); as queixas mais freqüentes dentre aqueles que relatavam
alguma limitação foram referentes às dores nas pernas quando realizavam
caminhadas ou atividades físicas esportivas (tabela IIa).
Quanto ao uso de meia-elástica, 24 pacientes (64,9%) disseram não
usar no momento da entrevista e 13 pacientes (35,1%), referiam o uso desta
(p>0,05). O total de pacientes analisados para esta variável foi de 37, visto que
2 pacientes haviam tido TVP de membro superior.
Dentre os usuários:
100% usavam desde a TVP;
11 dos 13 pacientes (84,6%) usavam por mais de 2 anos e dois
pacientes entre 1-2 anos;
12 dos 13 pacientes (92,3%) usavam regularmente (pelo menos, 5
vezes/semana).
8 dos 13 pacientes (61,5%) usavam por um período de 6-12
horas/dia e 5 (38,5%) por mais de 12 horas/dia;
A maioria usava meia de alta compressão (61,7%), sendo que 7,6%
usavam a de baixa compressão e 30,7%, média compressão;
Quanto ao tipo da meia-elástica: 76,9% usavam meias ¾ e 23,1
usavam meia-calça.
Dentre os 24 pacientes que responderam não usar atualmente, ou seja,
no momento da entrevista, foi perguntado se já havia usado em algum
momento e as respostas obtidas foram:
Resultados
85
18 pacientes (75%) responderam que sim e 6 pacientes (25%)
responderam que nunca a usaram com p>0,05;
Quanto ao tempo de uso:
1. até 6 meses: 4 (22,3%) dos 18 pacientes,
2. 6 meses-1ano: 4 (22,3%) dos 18 pacientes,
3. 1-2 anos: 6 (33,4%) dos 18 pacientes,
4. > 2 anos: 4 (22,3%) dos 18 pacientes.
13 (72,3%) dos 18 pacientes usavam regularmente;
4 (22,3%) dos 18 pacientes usavam por apenas 2 horas/dia; 7
(38,8%) usavam entre 6-12 horas/dia e 7 (38,9%) usavam por mais
de 12 horas/dia;
Quanto à compressão: 1 paciente (5,6%) referiu uso de meia de
baixa compressão; 8 pacientes (44,4%) de média e 9 pacientes
(50%) de alta compressão;
Quanto ao tipo da meia: ¾ = 8 pacientes (44,5%) / = 1 paciente
(5,6%) / meia-calça = 9 pacientes (50%).
As justificativas quanto ao não uso da meia-elástica foram:
1. Dificuldades financeiras para adquirir a meia: 2 pacientes
2. Intolerância/Incômodo: 9 pacientes
3. Falta de orientação médica: 3 pacientes
4. Acharam desnecessário: 2 pacientes
5. Gravidez: 1 paciente
6. Dificuldades para colocar: 2 pacientes
7. Parou de trabalhar em pé: 1 paciente
8. “Meia grande”: 1 paciente (criança)
9. Úlcera aberta: 1 paciente
10. Não soube referir: 2 pacientes
O IMC observado foi normal em 61,5% dos pacientes com p>0,05
(tabela IIa).
Resultados
8
Dos pacientes com TVP de membro superior, um apresentou membro
normal e o outro com discreto aumento de volume quando comparado com
membro contralateral.
Dividiu-se o grupo trombofílico com TVP de membro inferior em dois
subgrupos de acordo com o CEAP, tendo-se como parâmetro o CEAP 3
(3>CEAP3), sendo que 73% apresentaram CEAP 3 e 27% < 3 (tabela IIb).
Analisamos estes grupos com relação as seguintes variáveis: TVP proximal
(femoral e/ou ilíaca), retrombose ipsilateral, IMC, uso de meia-elástica por um
período mínimo de dois anos (uso regular) e presença de refluxo venoso
profundo significativo, considerando-se alterações do tempo e/ou velocidade ao
dúplex.
Pôde-se observar maior tendência ao CEAP3 para aqueles pacientes
que apresentaram TVP proximal, retrombose ipsilateral, obesidade ou
sobrepeso, refluxo venoso profundo significativo.
Metade dos pacientes com CEAP < 3 relatou o uso da meia-elástica.
Úlceras cicatrizadas ou abertas foram observadas em 5 pacientes. As
características destes eram: os 5 pacientes apresentavam histórico de
retrombose ipsilateral, 2 pacientes tinham IMC normais e 3 pacientes eram
obesos, 3 deles não usaram a meia-elástica pelo período mínimo de 2 anos,
enquanto dois a usaram e os 5 pacientes apresentavam refluxos venosos
profundos significativos ao dúplex.
A análise estatística foi realizada baseada no teste de Goodman,
observando-se significância para a variável refluxo significativo, sendo mais
freqüente no subgrupo com CEAP 3. Não houve diferença estatística para as
demais variáveis aqui analisadas (tabela IIb).
Houve predomínio do CEAP = 3 quando considerado todo o grupo
trombofílico, sendo que 14 pacientes (37,8%) classificaram-se com CEAP4 e
5 pacientes (13,5%) apresentaram úlceras abertas ou cicatrizadas (tabela IIc).
Resultados
87
Tabela IIa - Características do grupo trombofílico (teste do Quiquadrado)
Variáveis Percentual (n=39) valor de p
Sexo Masculino: 25% Feminino: 75% p<0,01
Etnia Branca: 97,4% Afrodescendentes: 2,6% p<0,001
Procedência Urbana: 94,8% Rural: 5,2% p<0,001
Gravidez (antes TVP) Até 2: 76,6% > 2: 23,4% (n=30 mulheres) p<0,05
Gravidez (depois TVP) Até 2: 96,6% > 2: 3,4% (n=30 mulheres) p<0,001
Abortamentos (depois TVP) Nenhum: 86,6% 1: 13,4% p<0,001
Familiares com TVP Não: 82% Sim: 18% p<0,001
Familiares com EP Não: 100%
p<0,001
Familiares com trombose arterial Não: 84,6% Sim: 15,4% p<0,001
TVP Espontânea Não: 61,5% Sim: 38,5%
p>0,05
Membro afetado Superior: 5,1% Inferior: 94,9% p<0,001
Nível TVP Distal:17,9% Proximal: 82,1% p<0,001
Uso de heparina Sim: 100% p<0,001
Tipo de heparina HBPM:12,8% HNF:87,2% p<0,001
AVK (Warfarina) Sim:100% p<0,001
Complicações Hemorrágicas Não: 71,4% Sim: 28,6% p<0,05
Anticoagulação Perene Não: 36% Sim: 64%
p>0,05
Embolia Pulmonar Não: 92,3% Sim: 7,7% p<0,001
Dor membro afetado Não: 38,4% Sim: 61,6%
p>0,05
Relato de edema Não: 23% Sim: 77% p<0,01
Relato de alteração coloração pele Não: 58,9% Sim: 41,1%
p>0,05
Relato de úlcera aberta Não: 89,7% Sim: 10,3% p<0,001
Relato de erisipela Não: 92,3% Sim: 7,7% p<0,001
Vida normal pós-TVP? Não: 25,6% Sim: 74,4% p<0,01
Trabalha normalmente? Não: 24% Sim: 76% p<0,01
Aposentou-se pela TVP? Não: 82,1% Sim: 17,9% p<0,01
Tem limitações físicas? Não: 66,6% Sim: 33,4% p<0,05
IMC Normal: 61,5% Sobrepeso ou obeso: 35,89%
p>0,05
Tabela IIb - Distribuição do grupo trombofílico conforme classificação CEAP
(3>CEAP3) e variáveis consideradas (TVP proximal, retrombose
ipsilateral, IMC, uso de meia-elástica, refluxo)
TVP Proximal
(Fe/IF)*
Retrombose
Ipsilateral
IMC (sobrepeso/
obeso)
Meia –
elástica
(> 2 anos)
Refluxo
(t/v)**
Trombofílico (37 pacientes)
CEAP< 3
(10 pacientes)
27%
5 (50,00%) 2 (20,00%) 1 (10,00%) 5 50,00%) 3 30,00%)
CEAP3
(27 pacientes)
73%
16 (59,25%) 10 (37,00%) 11 (40,74%) 12 (44,44%) 20 (74,07%)
P valor*** P > 0,05 P > 0,05 P > 0,05 P > 0,05 P < 0,05
* Fe/IF – Femoral/Iliofemoral
** t/v – tempo/velocidade
*** Teste de Goodman
Resultados
8
8
Tabela IIc - Distribuição de pacientes do grupo trombofílico conforme classificação
CEAP.
CEAP CEAP CEAP CEAP CEAP CEAP CEAP CEAP Total
0 1 2 3 4a 4b 5 6
Pacientes
6 0 4 13 8 1 3 2 37
(16,20%) (0%) (10,81%) (35,13%) (21,62%) (2,70%) (8,10%) (5,40%) (100%)
Tabela IId - Distribuição de pacientes conforme trombofilias.
TROMBOFILIAS
SAF 1a SAF 2 a FVL het. FVL ho Prot het Prot ho PC
MTHFR
homo
Associação de
trombofilias
Total
12
(30,76%)
6
(15,38%)
10
(25,64%)
1
(2,56%)
2
(5,12%)
1
(2,56%)
1
(2,56%)
4
(10,25%)
2
(5,12%)
39
(100%)
SAF 1: síndrome anticorpo antifosfolípide primária
SAF 2: síndrome anticorpo antifosfolípide secundária
FVL het: fator V Leiden em heterozigose
FVL ho: fator V Leiden em homozigose
Prot het: protrombina heterozigose
Prot ho: protrombina homozigose
PC: proteína C
MTHFR homo: metilenotetrahidrofolato-redutase homozigose
Associação de trombofilias = FVL het + MTHFR ho
Quanto ao dúplex de reavaliação, dois pacientes deste grupo tiveram
TVP de membro superior esquerdo e os achados ultrassonográficos mostraram
sinais de recanalização em ambos.
Os principais achados ultrassonográficos dos membros inferiores
foram: apenas 1 paciente não apresentou recanalização total ou parcial do
membro e a maioria dos pacientes apresentava refluxo do sistema venoso
profundo embora com p não significativo, com tempo e velocidade de refluxos
consideráveis (tabelas III e IV).
Resultados
89
Tabela III - Distribuição quanto à análise do mapeamento dúplex de membros
inferiores considerando-se perviedade e a presença ou não de
refluxo (tempo e velocidade do refluxo) do sistema venoso
superficial.
Variável Percentual (n=37)
DÚPLEX
Perviedade: Não: 5,1% Sim: 94,4%
Presença Refluxo: Não: 26 (70,2%) Sim: 11 (29,8%) p<0,01
Tempo Refluxo (tr): tr 0,5 segundos = 10 dos 11 pacientes que
apresentavam refluxo (90,9%)
Velocidade do refluxo: v 30cm/s = 7 dos 11 pacientes que
apresentavam refluxo (63,6%)
Tabela IV - Distribuição quanto à análise do mapeamento dúplex de membros
inferiores considerando-se presença ou não de refluxo (tempo e
velocidade do refluxo) do sistema venoso profundo.
Variável Percentual (n=37)
DÚPLEX
Perviedade:
Recanalização total: 9 (24,3%)
Sinais recanalização: 27 (73,0%) p<0,01
Não recanalizou: 1 (2,7%) *
Presença Refluxo: Não: 11 (29,8%) Sim: 26 (70,2%) p<0,05
Tempo Refluxo (tr): tr 1 segundo = 15 dos 26 pacientes que
apresentavam refluxo (57,6%)
Velocidade do refluxo: v 30cm/s = 20 dos 26 pacientes que
apresentavam refluxo (76,9%)
* Paciente com associação de trombofilias (fator V Leiden heterozigose + MTHFR homozigose):
Teve 3 episódios de retrombose, uma delas em vigência de anticoagulação (TVP distal e
proximal de membro inferior esquerdo).
CEAP = 4
a
IMC normal
Usuário de meia-elástica há mais de dois anos do primeiro episódio trombótico, regular, meia
de alta compressão do tipo ¾.
Presença de refluxos venosos profundos ao dúplex significativos quanto à velocidade com
veias tibiais posteriores ocluídas.
Resultados
9
0
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
DISTRIBUIÇÃO QUANTO AO TIPO DE TROMBOFILIAS
SAF 1a SAF 2 a
FVL het. FVL ho
Prot het Prot ho
PC MTHFR homo
Associação de trombofilias: FVL het + MTHFR ho
Gráfico 1 - Trombofilias (considerar os dados da tabela IId para a construção
do gráfico)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Percentual
Fatores de risco
Fatores de Risco x TVP
Espontânea Cirurgia
Repouso por doença clínica Anticoncepcional oral
Gravidez Trauma
Puerpério
Gráfico 2 - Fatores de risco
TROMBOFILIAS
Resultados
91
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Percentual
Hemorragia
Distribuição quanto ao tipo de Hemorragias
Ausente Cutânea Nasal Urinária Genital
Gráfico 3 - Distribuição quanto ao tipo de hemorragias
4.2. Análise Comparativa
Foram pareados quanto ao sexo e idade: 25 pacientes trombofílicos
com 25 pacientes do grupo controle (pacientes com diagnóstico de TVP de
membro inferior ou superior não portadores de trombofilia).
Não houve diferença estatística entre os grupos considerando-se a
variável sexo, com predomínio do sexo feminino em ambos os grupos (tabela
1).
Tabela 1 - Distribuição do sexo segundo grupo.
Grupo Feminino Masculino Total
Controle 19 (76,00)aB 6 (24,00)aA 25
Trombofílico 19 (76,00)aB 6 (24,00)aA 25
Não houve diferença estatística entre os grupos considerando-se a
variável etnia, com predomínio de caucaseanos em ambos os grupos (tabela
2).
Tabela 2 - Distribuição da Etnia segundo grupo.
Grupo Caucaseanos Afrodescendentes Total
Controle 22 (88,00)aB 3 (12,00)aA 25
Trombofílico 24 (96,00)aB 1 (4,00)aA 25
Resultados
9
2
Não houve diferença estatística quanto à idade em ambos os grupos, já
que foram pareados quanto ao sexo e a esta variável, comprovando-se
homogeneidade entre os grupos; não houve diferença estatística quanto ao
tempo de seguimento (em meses) no momento da entrevista, sendo que o
tempo mínimo em que os pacientes estavam em seguimento ambulatorial após
o diagnóstico da TVP foi de 12 meses (tabela 3).
Tabela 3 - Medidas descritivas da idade e tempo de seguimento segundo
grupo.
Variável Controle Trombofílico
Resultado do
teste estatístico
(P-valor)
Idade
38,92 ± 13,84
40,50 (17,00; 69,00)
37,77 ± 12,43
40,00 (18,00; 68,00)
P > 0,05
Tempo de
seguimento
(em meses)
71,62 ± 19,68
72,00 (36,00; 120,00)
67,62 ± 34,45
60,00 (12,00; 180,00)
P > 0,05
Média ± desvio padrão
Mediana (valor mínimo; valor máximo)
Não houve diferença estatística entre os grupos considerando-se a
variável procedência, com predomínio da zona urbana em ambos os grupos
(tabela 4).
Tabela 4 - Distribuição da Procedência segundo grupo.
Grupo Urbana Rural Total
Controle
22 (88,00)aB 3 (12,00)aA 25
Trombofílico 23 (92,00)aB 2 (8,00)aA 25
Os resultados mostraram que apenas 2 pacientes em cada grupo
moravam sós, sem dificuldades aparentes com relação ao tratamento.
Quanto à profissão, 11 pacientes (44%) do grupo controle e 5
pacientes (20%) no grupo trombofílico eram domésticas, não havendo maiores
diferenças considerando-se as demais profissões (tabela 5).
Resultados
9
3
Tabela 5 - Distribuição quanto à Profissão segundo grupo.
Profissão
Grupo Aposentado Lavrador Doméstica Escritório Operário Motorista Estudante Outras Total
*
Controle 0 0 11(44,00) 0 6(24,00) 1 (4,00) 2 (8,00) 5 (20,00) 25
Trombofílico 1 (4,00) 2 (8,00) 5 (20,00) 3 (12,00) 6 (24,00) 1 (4,00) 1 (4,00) 6 (24,00) 25
* Doméstica = Do lar ou empregadas domésticas ou diaristas.
Não houve diferença estatística entre os grupos considerando-se a
variável Posição ao trabalhar, mas com predomínio da posição “sentado” em
ambos os grupos e “andando” dentro no grupo trombofílico (tabela 6).
Tabela 6 - Distribuição quanto à posição ao trabalhar segundo grupo.
Grupo Em pé Sentado Andando Total
Controle 4 (16,00)aA 9 (36,00)aB 12 (48,00)aB 25
Trombofílico 6 (24,00)aA 10 (40,00)aB 9 (36,00)aAB 25
Houve um predomínio estatístico quanto ao número de gestações
antes da TVP (uma a três) dentro do grupo controle e em relação ao grupo
trombofílico (tabela 7).
Com relação às gestações após a TVP, 16 pacientes em ambos os
grupos não engravidaram e não houve diferenças significativas para as demais
pacientes (tabela 8).
Tabela 7 - Distribuição quanto ao de gestações antes TVP segundo grupo.
Grupo Nenhuma Uma a três Quatro ou mais Total
Controle 5 (26,32)aB 12 (63,16)bC 2 (10,52)aA 19
Trombofílico 7 (36,84)aA 7 (36,84)aA 5 (26,32)aA 19
Tabela 8 - Distribuição quanto ao de gestações depois da TVP segundo
grupo.
de gestações depois da TVP
Grupo Nenhuma Uma Duas Três Quatro Total
Controle 16 (64,00) 1 (4,00) 1 (4,00) 1 (4,00) 0 19
Trombofílico 16 (64,00) 2 (8,00) 0 0 1 (4,00)** 19
** Paciente portadora de SAF primária.
Resultados
9
4
Observou-se um predomínio de abortamentos no grupo trombofílico
em relação ao controle antes da TVP. Houve também predomínio estatístico
para o item “nenhum aborto” dentro do grupo controle (tabela 9).
As trombofilias associadas aos abortamentos foram: SAF primária (3
pacientes), SAF secundária (1 paciente), deficiência de proteína C (1 paciente)
e mutação do fator V Leiden em heterozigose (2 pacientes).
Não houve diferenças entre os grupos quanto aos abortamentos após
a TVP, sendo que houve um abortamento para o grupo controle e dois
abortamentos para o grupo trombofílico.
Tabela 9 - Distribuição quanto ao de abortos antes da TVP segundo grupo.
Grupo Nenhum Um ou mais Total
Controle 18 (94,74)BB 1 (5,26)AA 19
Trombofílico 12 (63,16)aA 7 (36,84)bA 19
Não houve diferenças estatísticas entre os grupos considerando-se
histórico de TVP em familiares, com predomínio da resposta não em ambos
os grupos (tabela 10).
Todos os pacientes em ambos os grupos negaram que tivessem
familiares com sintomas sugestivos de embolia pulmonar.
Não houve diferença significativa quanto à trombose arterial em seus
familiares, sendo que 19 pacientes (76%) do grupo controle e 20 pacientes
(80%) do grupo trombofílico negavam esta ocorrência.
Tabela 10 - Distribuição da prevalência de TVP entre os familiares segundo
grupo.
Grupo Não Sim Total
Controle 19 (76,00)aB 6 (24,00)aA 25
Trombofílico 22 (88,00)aB 3 (12,00)aA 25
Não houve diferença estatística entre os grupos quanto aos fatores de
risco relacionados à TVP porém, com predomínio da TVP não-espontânea
dentro do grupo controle (tabela 11).
Resultados
95
Tabela 11 - Distribuição quanto à presença de fatores de risco associados a
TVP segundo grupo.
Grupo Espontânea Não-Espontânea Total
Controle 10 (40,00)aA 15 (60,00)aB 25
Trombofílico 13 (52,00)aA 12 (48,00)aA 25
Não houve diferença significativa entre os grupos com relação ao
membro acometido pela TVP, sendo que 14 pacientes (56%) tiveram
acometimento do membro inferior esquerdo em ambos os grupos.
Houve predomínio da TVP de membros inferiores com relação aos
membros superiores em ambos os grupos (tabela 12).
Com relação ao nível da TVP (distal ou proximal), não houve diferença
estatística entre os grupos mas predomínio da TVP proximal em ambos os
grupos e, estatisticamente, significante dentro do grupo controle (tabela 13).
Tabela 12 - Distribuição quanto ao membro acometido (superior ou inferior)
segundo grupo.
Grupo Membro inferior Membro superior (D+E) Total
Controle 23 (92,00)aB 2 (8,00)aA 25
Trombofílico 23 (92,00)aB 2 (8,00)aA 25
Tabela 13 - Distribuição quanto ao local da oclusão em membro inferior
segundo grupo.
Grupo Distal Proximal Total
Controle 7 (30,42)aA 16 (69,56)aB 23
Trombofílico 8 (34,78)aA 15 (65,22)aA 23
Com relação ao tratamento inicial instituído, não houve diferença
significativa entre os grupos quanto ao tipo de heparina utilizada, sendo que 15
pacientes (60%) do grupo controle e 16 pacientes (64%) do grupo trombofílico
utilizaram heparina não-fracionada. Todos os pacientes foram tratados com
warfarina.
Não houve diferença estatística quanto ao tempo de tratamento (em
dias) no momento da alta hospitalar entre os grupos, nem do tempo decorrido
(em dias) entre a alta hospitalar e o primeiro retorno ambulatorial (tabelas 14 e
15).
Resultados
9
Tabela 14 - Medidas descritivas do tempo de tratamento no momento da alta
(em dias).
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo (vm)
2 5
Primeiro Quartil (Q1)
5 6
Mediana (me)
7 9
Terceiro Quartil (Q3)
10 10
Valor Máximo (VM)
24 19
Média (x)
8,05 8,75
Desvio Padrão (s)
5,12 3,44
P > 0,05
Tabela 15 - Medidas descritivas quanto ao tempo decorrido até o retorno após
alta hospitalar (em dias).
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
2 4
Primeiro Quartil
4 5
Mediana
7 7
Terceiro Quartil
9 8
Valor Máximo
16 16
Média
7,11 7,17
Desvio Padrão
3,63 2,88
P > 0,05
Observou-se uma maior freqüência de retornos no grupo trombofílico
(tabela 16).
Tabela 16 - Medidas descritivas quanto à freqüência de retornos.
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
4 1
Primeiro Quartil
5 8
Mediana
6 20
Terceiro Quartil
9 33
Valor Máximo
44 68
Média
9,56 23,64
Desvio Padrão
9,70 18,35
P < 0,05
Com relação ao valor do RNI, observou-se um maior número de
retornos com RNI adequados no grupo trombofílico, porém deve-se considerar
Resultados
97
aqui que o número de retornos deste grupo é maior que do grupo controle
(tabela 17).
Não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos ao se
considerar o valor do RNI abaixo ou acima do adequado (tabelas 18, 19, 20,
21).
Tabela 17 - Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI adequados (1,8-
3,0).
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
2 1
Primeiro Quartil
3 5
Mediana
5 14
Terceiro Quartil
6 23
Valor Máximo
36 52
Média
6,80 16,16
Desvio Padrão
7,72 13,65
P < 0,05
Tabela 18 - Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI abaixo do
adequado (1,5-1,8).
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
0 0
Primeiro Quartil
0 1
Mediana
1 2
Terceiro Quartil
2 4
Valor Máximo
7 11
Média
1,68 2,88
Desvio Padrão
1,97 3,15
P > 0,05
Tabela 19 - Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI abaixo de 1,5.
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
0 0
Primeiro Quartil
0 0
Mediana
0 1
Terceiro Quartil
1 1
Valor Máximo
5 5
Média
0,80 0,80
Desvio Padrão
1,19 0,87
P > 0,05
Resultados
9
8
Tabela 20 - Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI entre de 3,0 e
5,0.
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
0 0
Primeiro Quartil
0 0
Mediana
1 1
Terceiro Quartil
2 3
Valor Máximo
5 7
Média
1,08 2,20
Desvio Padrão
1,41 2,45
P > 0,05
Tabela 21 - Medidas descritivas quanto aos retornos com RNI acima de 5,0.
Medida Descritiva Controle Trombofílico
Resultado do teste
estatístico (P-valor)
Valor Mínimo
0 0
Primeiro Quartil
0 0
Mediana
0 1
Terceiro Quartil
1 3
Valor Máximo
4 5
Média
0,64 1,40
Desvio Padrão
1,15 1,77
P > 0,05
Com relação às complicações hemorrágicas inerentes ao tratamento,
não houve diferença estatística entre os grupos, porém com predomínio de
ausência de complicações hemorrágicas em ambos os grupos (tabela 22).
Dentre aqueles que apresentaram sangramentos, destacaram-se
quadros leves sendo que a equimose esteve presente em 4 pacientes (16%) do
grupo controle e as genitais, presentes em mesmo número no grupo
trombofílico (tabela 23 e 24).
Considerando-se quadros hemorrágicos moderados/graves, observou-
se o relato de derrame pericárdico em uma paciente do grupo controle. No
grupo trombofílico, foram relatadas hemorragias importantes em uma paciente
no pós-parto e outra que apresentou rotura de cisto ovariano. Estas pacientes
necessitaram de transfusões de hemácias. Não houve nenhum óbito.
Resultados
99
Tabela 22 - Distribuição quanto às complicações hemorrágicas secundárias ao
tratamento segundo grupo
Grupo Ausente Presente Total
Controle 15 (60,00)aB 10 (40,00)aA 25
Trombofílico 18 (72,00)aB 7 (28,00)aA 25
Tabela 23 - Distribuição quanto à ocorrência de hemorragias segundo grupo.
Hemorragias
Grupo ausente cutânea nasal
derrame
pericárdico
urinária genital Total
Controle 15 (60,00) 4 (16,00) 1 (4,00) 1 (4,00) 2 (8,00) 2 (8,00) 25
Trombofílico 18 (72,00) 1 (4,00) 0 0 2 (8,00) 4 (16,00) 25
Tabela 24 - Distribuição quanto à intensidade da hemorragia segundo grupo.
Grupo pequena moderada grave Missing* Total
Controle 8 (32,00) 1 (4,00) 1 (4,00) 15 (60,00) 25
Trombofílico 3 (12,00) 3 (12,00) 1 (4,00) 18 (72,00) 25
* Pacientes que não tiveram hemorragia.
Com relação ao valor do RNI associados aos quadros hemorrágicos, 3
pacientes (12%) em ambos os grupos apresentavam RNI adequado; 5
pacientes (20%) do grupo controle e 1 paciente (4%) do grupo trombofílico não
realizaram o exame (tabela 25).
Tabela 25 - Distribuição quanto ao nível do RNI nos episódios hemorrágicos
segundo grupo.
RNI adequado no momento das hemorragias
Grupo Não Sim Não fez exame Missing* Total
Controle 2 (8,00) 3 (12,00) 5 (20,00) 15 (60,00) 25
Trombofílico 3 (12,00) 3 (12,00) 1 (4,00) 18 (72,00) 25
* Pacientes que não tiveram hemorragias.
A maioria dos pacientes foi tratada pelo período de tempo adequado
em ambos os grupos; observou-se que 2 pacientes no grupo controle e 3
pacientes no grupo trombofílico abandonaram o seguimento antes de
completar o tratamento.
Resultados
10
0
Foi observado maior número de pacientes mantidos anticoagulados no
momento da entrevista no grupo trombofílico em relação ao controle, indicando
indiretamente, maior número de pacientes tratados por um período superior a
12 meses (tabela 26).
Tabela 26 - Distribuição quanto à manutenção da anticoagulação segundo
grupo.
Grupo Ausente Presente Total
Controle 23 (92,00)bB 2 (8,00)aA 25
Trombofílico 7 (28,00)aA 18 (72,00)bB 25
Oito pacientes (32%) do grupo controle tiveram retrombose e 9
pacientes (36%) do grupo trombofílico. Em 2 pacientes (8%) do grupo
trombofílico, esta ocorreu durante o tratamento anticoagulante. O RNI nesta
ocasião estava adequado em um dos pacientes e o outro não foi documentado.
Uma paciente do grupo trombofílico que apresentou retromboses era portadora
da mutação do fator V Leiden em heterozigose e teve três episódios de
retrombose (sendo 2 episódios de TVP proximal em membro inferior direito e 1
episódio de TVP proximal em membro inferior esquerdo), associadas ao uso de
anticoncepcional oral.
A embolia pulmonar foi documentada em 6 pacientes (24%) do grupo
controle e 2 pacientes (8%) do grupo trombofílico, sendo que esta ocorreu
como recidiva em 4 pacientes do grupo controle e em 1 paciente do grupo
trombofílico após a suspensão do anticoagulante oral.
Com relação à Síndrome Pós-Trombótica, observou-se os seguintes
relatos:
Dor: 12 pacientes (48%) do grupo controle e 10 pacientes (40%) do
grupo trombofílico negavam esta alteração. O restante relatava
alguma dor diária ou, principalmente, associada às atividades físicas
esportivas ou caminhadas. Não houve diferenças entre os grupos
com relação à presença ou ausência de dor, porém houve
predomínio de dor leve dentro do grupo controle (tabelas 27 a/b).
Resultados
101
Edema: 14 pacientes (56%) do grupo controle e 8 pacientes (32%)
do grupo trombofílico relatavam edema diário; 6 pacientes (24%) do
grupo controle e 12 pacientes (48%) do grupo trombofílico relatavam
edema esporádico; 5 pacientes (20%) de ambos os grupos não o
relatavam (tabela 28).
Escurecimento da pele: 7 pacientes (28%) do grupo controle e 10
pacientes (40%) do grupo trombofílico relatavam escurecimento; 18
pacientes (72%) do grupo controle e 15 pacientes (60%) do grupo
trombofílico a negavam (tabela 29).
Úlceras: 2 pacientes (8%) de cada grupo relataram a presença de
úlcera aberta ou cicatrizada. Um paciente de cada grupo apresentou
cicatrização em até 6 meses. Um paciente do grupo controle
relatava úlcera aberta, fato este não relacionado à retrombose e 1
paciente do grupo trombofílico com diagnóstico de SAF secundária
com antecedente de retrombose relatava cicatrização após um ano.
Vinte e três pacientes (92%) em ambos os grupos negavam a
presença de úlceras (tabela 30).
Erisipela: 2 pacientes (8%) em ambos os grupos tiveram erisipela.
Internações devido complicações relacionadas à Síndrome Pós-
Trombótica foi relatada por uma paciente do grupo controle devido
tromboflebites de repetição, portadora da Síndrome de Klipell Trenaunay.
Tabela 27a - Distribuição quanto à presença de Dor (Síndrome Pós-
Trombótica) segundo grupo
Relato de Dor
Grupo Não Esporádica Diária Total
Controle 12 (48,00) 9 (36,00) 4 (16,00) 25
Trombofílico 10 (40,00) 10 (40,00) 5 (20,00) 25
Resultados
10
2
Tabela 27b - Distribuição quanto à classificação da intensidade da dor
segundo grupo.
Intensidade da Dor
Grupo Leve Moderada Importante Total
Controle 8 (61,54)aB 3 (23,08)aA 2 (15,38)aA 13
Trombofílico 6 (40,00)aA 6 (40,00)aA 3 (20,00)aA 15
Tabela 28 - Distribuição quanto ao relato de edema (Síndrome Pós-
Trombótica) segundo grupo.
Relato de Edema
Grupo Não Esporádico Diário Total
Controle 5 (20,00) 6 (24,00) 14 (56,00) 25
Trombofílico 5 (20,00) 12 (48,00) 8 (32,00) 25
Tabela 29 - Distribuição quanto ao relato de alteração da cor da pele segundo
grupo.
Relato de alteração da cor da pele (escurecimento)
Grupo Não Sim Total
Controle 18 (72,00) 7 (28,00) 25
Trombofílico 15 (60,00) 10 (40,00) 25
Tabela 30 - Distribuição quanto ao relato de úlcera segundo grupo.
Relato de Úlceras
Grupo Não Sim Total
Controle 23 (92,00) 2 (8,00) 25
Trombofílico 23 (92,00) 2 (8,00) 25
Quando os pacientes foram questionados se levavam uma vida normal
após a TVP, observou-se um predomínio da resposta “sim” em ambos os
grupos (tabela 31).
Também foi perguntado aos pacientes se eles tinham alguma limitação
decorrente da TVP: 9 pacientes (36%) do grupo controle e 11 pacientes (44%)
do grupo trombofílico relatavam alguma limitação devido à dor ou edema
(tabela 32).
Resultados
10
3
Tabela 31 - Distribuição quanto à “vida normal após a TVP” segundo grupo.
Grupo Não Sim Total
Controle 3 (12,00)aA 22 (80,00)aB 25
Trombofílico 7 (28,00)aA 18 (72,00)aB 25
Tabela 32 - Distribuição quanto ao relato de limitações na qualidade de vida
segundo grupo.
Relato quanto à Limitação
Grupo Não Sim Total
Controle 16 (64,00) 9 (36,00) 25
Trombofílico 14 (56,00) 11 (44,00) 25
As limitações referidas foram:
Controle:
Uma paciente referia dificuldades para realizar cirurgia, já que era
médica ginecologista devido dor na perna quando em pé;
Dois pacientes referiam dificuldades para praticar esportes;
Um paciente referia limitações devido dor ao caminhar médias
distâncias (3 quarteirões);
Cinco pacientes relatavam dores nas pernas quando muito tempo
em pé (> 1 hora).
Trombofílico:
Um paciente referia limitações em suas atividades do lar devido dor;
Dois pacientes referiam limitações na prática de esportes;
Um paciente referia dificuldades de retornar ao trabalho (dor):
motorista;
Um paciente referia incômodo na perna;
Um paciente relatava dificuldades quanto a adaptação à
anticoagulação (retornos, cuidados gerais);
Cinco pacientes referiam dor (ao caminhar ou ao ficar mais que uma
hora em pé).
Resultados
10
4
Não houve diferença estatística entre os grupos com relação à
aposentadoria devido à TVP e/ou suas complicações, com predomínio da
resposta não em ambos os grupos (tabela 33).
No grupo controle: 3 pacientes que se aposentaram apresentaram
retrombose e 1 paciente aposentou-se devido Insuficiência Renal Crônica em
diálise (glomerulopatia).
No grupo trombofílico: 4 pacientes que se aposentaram apresentaram
retrombose e 2 pacientes eram portadores de SAF secundária (LES).
Tabela 33 - Distribuição quanto à necessidade de Aposentadoria segundo
grupo.
Grupo Não Sim Total
Controle 21 (84,00)aB 4 (16,00)aA 25
Trombofílico 19 (76,00)aB 6 (24,00)aA 25
Quanto ao uso da meia-elástica, quando perguntamos se usavam-na
atualmente, ou seja, no momento da entrevista, não houve diferenças
estatísticas quanto às respostas tanto dentro dos grupos como na comparação
dos grupos controle e trombofílico (tabela 34).
Todos os pacientes que responderam “sim”, usavam meia-elástica
desde a época do diagnóstico da TVP.
Tabela 34 - Distribuição quanto ao uso de meia-elástica no momento da
entrevista segundo grupo.
Grupo Sim Não Total
Controle 8 (34,70)aA 15 (65,30)aA 23
Trombofílico 9 (39,10)aA 14 (60,90)aA 23
Dentre os usuários da meia-elástica no momento da entrevista:
Quanto ao tempo de uso (em anos), não houve diferenças entre os
grupos, sendo que se observou um predomínio do tempo de uso igual ou maior
a dois anos em ambos os grupos (tabela 35).
Tabela 35 - Distribuição quanto ao tempo de uso de meia-elástica no
momento da entrevista segundo grupo.
Grupo 1-2 anos 2 anos Total
Controle 1 (12,50)aA 7 (87,50)aB 8
Trombofílico 2 (22,20)aA 7 (77,80)aB 9
Resultados
105
Ambos os grupos usavam a meia-elástica regularmente e o tempo de
uso (horas/dia) prevaleceu entre 6-12 horas em ambos os grupos embora não
se tenha observado diferença estatística (tabelas 36 e 37).
Tabela 36 - Distribuição quanto à freqüência de uso de meia-elástica
(5x/semana) no momento da entrevista segundo grupo.
Grupo Sim Não Total
Controle 7 (87,50)aB 1 (12,50)aA 8
Trombofílico 8 (88,90)aB 1 (11,10)aA 9
Tabela 37 - Distribuição quanto ao tempo de uso (h/dia) de meia-elástica no
momento da entrevista segundo grupo.
Grupo 6-12h > 12h Total
Controle 5 (62,50)aA 3 (37,50)aA 8
Trombofílico 6 (66,70)aA 3 (33,30)aA 9
Quanto ao tipo de meia-elástica considerando-se tamanho e
compressão, observou-se uma tendência ao uso de meias de média
compressão no grupo controle e alta compressão no grupo trombofílico. Ambos
os grupos usavam meias ¾ ou meias-calça, sem diferença estatística (tabelas
38 e 39).
Tabela 38 - Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica (compressão) no
momento da entrevista segundo grupo – Análise Descritiva.
Grupo Baixa Média Alta/Extra Total
Controle 0 7 (87,50) 1 (12,50) 8
Trombofílico 1 (11,20) 2 (22,20) 6 (66,60) 9
Tabela 39 - Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica (tamanho) no
momento da entrevista segundo grupo.
Grupo ¾ calça Total
Controle 5 (62,50)aA 3 (37,50)aA 8
Trombofílico 6 (66,70)aA 3 (33,30)aA 9
Para aqueles que responderam não usar meia-elástica atualmente,
perguntava-se se já haviam usado em algum período. Não foi observada
diferença estatística entre os grupos (tabela 40).
Quanto ao tempo de uso em anos, as respostas variaram de 6 meses
a 2 anos (tabela 41).
Resultados
10
6
Quanto ao uso regular, houve predomínio estatístico ao grupo controle
(tabela 42) e quanto ao tempo em horas por dia, as respostas variaram de 2
horas a mais que 12 horas (tabela 43).
Quanto ao tipo de meia, houve um predomínio do uso de média
compressão no grupo controle e alta compressão no grupo trombofílico sendo
que a maioria em ambos os grupos usavam meias ¾ (tabelas 44 e 45).
As justificativas quanto ao “não uso” da meia-elástica foram várias,
sendo a principal delas a Intolerância (tabela 46).
Tabela 40 - Distribuição quanto ao uso de meia-elástica em algum momento
segundo grupo.
Grupo Sim Não Total
Controle 10 (66,60)aA 5 (33,40)aA 15
Trombofílico 10 (71,40)aA 4 (28,60)aA 14
Tabela 41 - Distribuição quanto ao tempo de uso de meia-elástica (em anos)
em algum momento segundo grupo – Análise Descritiva.
Grupo <6m 6m-1
ano 1-2
a >2
a Total
Controle 2 (20,00) 5 (50,00) 2 (20,00) 1 (10,00) 10
Trombofílico 4 (40,00) 2 (20,00) 3 (30,00) 1 (10,00) 10
Tabela 42 - Distribuição quanto à freqüência (mínimo 5x/semana) do uso da
meia-elástica segundo grupo.
Grupo Sim Não Total
Controle 9 (90,00)bB 1 (10,00)aA 10
Trombofílico 5 (50,00)aA 5 (50,00)bA 10
Tabela 43 - Distribuição quanto ao tempo (h/dia) do uso da meia-elástica
segundo grupo – Análise Descritiva
Grupo Até 2h 6-12h >12h Total
Controle 1 (10,00) 9 (90,00) 0 10
Trombofílico 4 (40,00) 4 (40,00) 2 (20,00) 10
Tabela 44 - Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica (compressão)
segundo grupo – Análise Descritiva
Grupo Baixa Média Alta/Extra Total
Controle 0 10 (100,00) 0 10
Trombofílico 1 (10,00) 4 (40,00) 5 (50,00) 10
Resultados
107
Tabela 45 - Distribuição quanto ao tipo de meia-elástica (tamanho) segundo
grupo – Análise Descritiva
Grupo ¾ Calça Total
Controle 6 (60,00) 1 (10,00) 3 (30,00) 10
Trombofílico 6 (60,00) 1 (10,00) 3 (30,00) 10
Tabela 46 - Distribuição quanto às justificativas pelo “não uso” da meia-
elástica segundo grupo – Análise Descritiva
Justificativas pelo “não uso” da meia-elástica
Grupo Intolerância Econômico
Falta
recomendação
Dificuldade
de colocar
Não sabia
referir
Total
Controle 7 (46,60) 2 (13,30) 2 (13,30) 1 (6,66) 3 (20,14) 15
Trombofílico 7 (50,00) 1 (7,16) 2 (14,28) 2 (14,28) 2 (14,28) 14
A obesidade pôde ser observada em alguns pacientes, sendo que 7
pacientes (28%) eram do grupo controle e 3 pacientes (12%) eram do grupo
trombofílico (tabela 47
a).
Quanto à classificação CEAP, houve uma tendência do CEAP=3 em
ambos os grupos (tabela 47b).
Subdividimos ambos os grupos considerando-se o 3>CEAP3. Não foi
observada diferença estatística entre os grupos mas com predomínio do
CEAP3 tanto no grupo trombofílico quanto no controle (tabela 47c).
Tabela 47a - Distribuição quanto ao IMC segundo grupo
IMC
Grupo Normal Baixo Peso Sobrepeso Obeso Total
Controle 11 (44,00) 1 (4,00) 6 (24,00) 7 (28,00) 25
Trombofílico 13 (52,00) 1 (4,00) 8 (32,00) 3 (12,00) 25
Tabela 47b - Distribuição conforme classificação CEAP segundo grupo.
CEAP
Grupo 0 1 2 3 4a 4b 5 6 Total
Controle
4
(17,39%)
0
3
(13,04%)
10
(43,47%)
5
(21,73%)
0 0
1
(4,34%)
23
Trombofílico
2
(8,69%)
0
3
(13,04%)
8
(34,78%)
6
(26,08%)
1
(4,34%)
3
(13,04%)
0 23
Tabela 47c - Distribuição conforme classificação 3>CEAP3 segundo grupo.
Grupo CEAP<3 CEAP3 Total
Controle 7 (30,42%)aA 16 (69,58%)aB 23
Trombofílico 5 (21,74%)aA 18 (78,26%)aB 23
Resultados
10
8
Relacionamos o CEAP, estabelecendo-se como parâmetro o CEAP 3
(3>CEAP3), e relacionamos variáveis preditivas para síndrome pós-trombótica
em ambos os grupos.
Foi realizada análise estatística que demonstrou:
Para as quatro variáveis relacionadas (TVP proximal, retrombose
ipsilateral, IMC, uso de meia-elástica por um período mínimo de 2
anos, presença de refluxo venoso profundo significativo ao dúplex),
considerando-se CEAP3 , o resultado do teste de associação de
Goodman foi não significativo (p>0,05); foi observado maior
tendência de refluxo significativo ao dúplex no grupo trombofílico em
relação ao controle, com significância estatística (tabela 48).
Considerando-se CEAP< 3 e relacionando-se as mesmas variáveis,
o resultado do teste exato de Fisher foi não significativo (p>0,05)
(tabela 49).
Tabela 48 - Distribuição conforme classificação CEAP3 x Outras Variáveis
segundo grupo trombofílico.
CEAP3
TVP
Proximal
(Fe/IF)
Retrombose
Ipsilateral
IMC
(sobrepeso/
obeso)
Meia –
elástica
(> 2 anos)
Refluxo
(t/v)
Controle
(16 pacientes)
7 (43,75%) 9 (56,25%) 10 (62,50%) 7 (43,75%) 7 (43,75%)
Trombofílico
(18 pacientes)
9 (50,00%) 6 (33,33%) 10 (55,55%) 8 (44,44%)
14
(77,77%)
p valor * p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p<0,05
* Teste de Goodman
Tabela 49 - Distribuição conforme classificação CEAP<3 x Outras Variáveis
segundo grupo.
CEAP<3
TVP
Proximal
(Fe/IF)
Retrombose
Ipsilateral
IMC
(sobrepeso/
beso)
Meia –
elástica
(> 2 anos)
Refluxo
(t/v)
Controle
(7 pacientes)
2 (28,57%) 0% 3 (42,85%) 2 (28,57%) 2 (28,57%)
Trombofílico
(5 pacientes)
1 (20,00%) 2 (40,00%) 1 (20,00%) 3 (60,00%) 1 (20,00%)
p valor * p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05 p>0,05
* Teste de Fischer
Resultados
109
Ainda com relação à classificação CEAP, considerando-se o número
total de pacientes com TVP de membro inferior (37 pacientes trombofílicos e 23
pacientes no grupo controle), totalizando 60 pacientes, observamos que 27
pacientes do grupo trombofílico e 16 pacientes do grupo controle
desenvolveram CEAP 3, o que corresponde a 71,60% do total.
Com relação ao mapeamento dúplex de reavaliação de membros
inferiores, considerando-se o sistema venoso superficial, foi observada a
presença de refluxo em ambos os grupos sem diferença estatística entre eles.
Cabe lembrar que um paciente do grupo controle não realizou o dúplex de
reavaliação. Dois pacientes em cada grupo tiveram TVP de membros
superiores, e embora tenham realizado o dúplex, não foram incluídos na
análise de membros inferiores, justificando-se assim a análise realizada com
um número menor de pacientes, totalizando-se 22 pacientes no grupo controle
e 23 pacientes no grupo trombofílico (tabela 50).
Dentre os pacientes que apresentaram refluxo, a medida da velocidade
do refluxo em ambos os grupos não foi importante (<30cm/s), porém a maioria
apresentava um tempo de refluxo significativo (>0,5 segundo) (tabelas 51 e
52).
Tabela 50 - Distribuição quanto à presença de refluxo venoso superficial ao
dúplex segundo grupo.
Grupo Sim Não Total
Controle 12 (54,54)aA 10 (45,46)aA 22
Trombofílico 8 (34,78)aA 15 (65,22)aA 23
Tabela 51 - Distribuição quanto à velocidade do refluxo venoso superficial
ao dúplex segundo grupo.
Grupo < 30cm/s 30cm/s Total
Controle 9 (75,00)aB 3 (25,00)aA 12
Trombofílico 5 (62,50)aA 3 (37,50)aA 8
Tabela 52 - Distribuição quanto ao tempo do refluxo venoso superficial ao
dúplex segundo grupo.
Grupo Até 0,5s >0,5s Total
Controle 1 (8,34)aA 11 (91,66)aB 12
Trombofílico 0 aA 8 (100,00)aB 8
Resultados
11
0
Com relação ao sistema venoso profundo, foram avaliados:
perviedade, presença e locais de refluxos, medidas de tempo e velocidades
dos refluxos. A maioria dos pacientes em ambos os grupos apresentaram
sinais de recanalização (tabela 53).
Houve um predomínio de refluxo do sistema venoso profundo ao ultra-
som no grupo trombofílico tanto em comparação ao grupo controle como dentro
do próprio grupo trombofílico (tabela 54).
Não houve diferença estatística entre os grupo ao se considerar a
velocidade do refluxo porém, com predomínio de uma velocidade maior ou
igual a 30cm/s em ambos os grupos (tabela 55).
Houve um predomínio quanto ao tempo do refluxo maior que 1
segundo dentro do grupo controle porém, sem diferenças significativas entre os
grupos (tabela 56).
Tabela 53 - Distribuição quanto a perviedade do sistema venoso profundo
ao dúplex segundo grupo.
Grupo Recanalização Completa Recanalização Parcial Total
Controle 4 (18,18) aA 18 (81,82) aB 22
Trombofílico 7 (30,43) aA 16 (69,57) aB 23
Tabela 54 - Distribuição quanto à presença de refluxo venoso profundo de
membros inferiores ao dúplex segundo grupo.
Grupo Sim Não Total
Controle* 10 (45,45)aA 12 (54,55)bA 22
Trombofílico 20 (86,95)bB 3 (13,05)aA 23
Tabela 55 - Distribuição quanto à velocidade de refluxo venoso profundo ao
dúplex segundo grupo.
Grupo < 30cm/s 30cm/s Total
Controle 2 (20,00)aA 8 (80,00)aB 10
Trombofílico 5 (25,00)aA 15 (75,00)aB 20
Tabela 56 - Distribuição quanto ao tempo de refluxo venoso profundo ao
dúplex segundo grupo.
Grupo 0,5-1,0s > 1s Total
Controle 2 (20,00)aA 8 (80,00)aB 10
Trombofílico 8 (40,00)aA 12 (60,00)aA 20
Discussão
111
5. Discussão
Discussão
11
2
A inexistência de dados em nosso meio sobre a evolução de pacientes
com TVP nos levou ao presente trabalho, em que esta evolução foi estudada
em pacientes portadores de TVP de membros com diferentes trombofilias,
comparando parte destes pacientes com um grupo controle de pacientes não
portadores de trombofilias, tratados no Ambulatório de Anticoagulação da
Disciplina de Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina de Botucatu –
UNESP.
O tempo de evolução dos pacientes no momento da entrevista variou
de 12 a 216 meses no grupo trombofílico e de 72 a 120 meses no grupo
controle, o que permitiu a observação do desenvolvimento de complicações
crônicas relacionadas à TVP, como a SPT e a influência destas complicações
na qualidade de vida dos pacientes. No grupo trombofílico, encontramos uma
freqüência de 73% de pacientes com CEAP 3 e quando comparados ao
grupo controle, esta freqüência foi de 78,26% e 69,58%, respectivamente. A
freqüência de desenvolvimento de SPT é controversa; podendo as taxas variar
de 20 a 100%. (PESAVENTO et al., 2006). Estudos coorte prospectivos que
analisaram o curso clínico de pacientes com primeiro episódio de TVP,
demonstraram uma incidência de SPT de 22,8% já nos dois primeiros anos
(PRANDONI et al., 1996; BRANDJES et al., 1997).
Considerando-se o grupo trombofílico, composto por 39 indivíduos com
diagnóstico de TVP de membros, observamos maior prevalência no sexo
feminino (75%) com p significativo. Os estudos demonstram incidências
similares de primeiro episódio trombótico em homens e mulheres, embora se
considerarmos mulheres mais jovens, quando comparadas com um grupo de
homens de mesma idade, a chance de ocorrência de TVP é maior nas
mulheres e este fato poderia ser explicado devido à maior probabilidade da
associação de fatores de risco, como uso de anticoncepcionais e/ou gravidez
(EICHINGER et al., 2004; BLOM et al., 2005). Nas retromboses, foi descrita
maior freqüência no sexo masculino (EICHINGER et al., 2004). Por outro lado,
não podemos afastar a hipótese de que o maior número de mulheres com TVP
fosse devido a um maior número de mulheres atendidas neste serviço.
Fizemos uma revisão quanto aos atendimentos em relação ao sexo neste
ambulatório, verificando que no ano de 2002, foram atendidos 80 novos
pacientes sendo que 42 eram do sexo feminino (52,5%); no ano de 2003, foram
Discussão
11
3
atendidos 53 novos pacientes sendo que 38 destes (71,6%) eram do sexo
feminino, contabilizando então, 60% de mulheres em dois anos de
atendimento.
A idade dos pacientes do grupo trombofílico do presente trabalho
variou de 10 a 68 anos (média=37,21), podendo a TVP em idades tão precoces
ser explicada pela presença das trombofilias. Este fato dificultou o pareamento
de todos os pacientes deste grupo, visto que não encontramos paciente no
grupo controle com TVP em idades tão precoces quando comparados ao grupo
trombofílico.
Houve um predomínio de caucaseanos em comparação aos
afrodescendentes, tanto no grupo trombofílico quanto no controle, o que pode
ser explicado pelas características da população, na qual existiria maior
número de caucaseanos. Infelizmente, o último Censo realizado em 2004, não
apresenta dados com relação à etnia da população da região que é atendida
pelo HC-Unesp. Aspectos interessantes relacionados à etnia foram relatados
no estudo GATE (The Genetic Attributes and Thrombosis Epidemiology) que
demonstrou menor incidência de mutações genéticas, como fator V Leiden e do
gene da protrombina G20210A, em afrodescendentes nos EUA, embora tenha
demonstrado maior número de casos de TVP idiopática nessa população. Este
estudo analisou 370 pacientes com diagnóstico confirmado de TEV pareados
quanto ao sexo, idade e etnia com grupo controle constituído de visitantes dos
pacientes. Concluiu-se ser necessário pesquisar novos polimorfismos
genéticos associados aos afrodescendentes (DOWLING et al., 2003). Não
pudemos fazer nenhuma análise neste sentido devido ao pequeno número de
pacientes afrodescendentes em nosso estudo.
Dentre as trombofilias analisadas no presente estudo, a mais freqüente
foi a SAF primária seguida pela mutação do fator V Leiden em heterozigose.
Nosso estudo coincide com a literatura em relação à trombofilia genética que
cita esta mutação como a condição genética mais freqüentemente encontrada
(20-60% dos pacientes com TEV), aumentando o risco para fenômenos
trombóticos em 5 a 10 vezes em indivíduos heterozigotos e mais de 10 vezes
para os homozigotos (DAHLBÄCK,1997; GENOUD et al., 2000), principalmente
se houver associação de outros fatores de risco como idade avançada (maior
que 65 anos) ou uso de anticoncepcional oral (TOSETTO et al., 1998;
Discussão
11
4
CHRISTIANSEN et al., 2005; VOSSEN et al., 2005).
Considerando a existência de estudos que relacionaram complicações
gestacionais, incluindo abortamentos à presença de trombofilias,
possivelmente, devido a mecanismos relacionados com hipercoagulabilidade
no sítio de implantação do ovo ou trombose dos vasos espiralados da placenta
(SOUZA et al., 1999; AZEM et al., 2004; BANK et al., 2004; KOVALEVSKY et
al., 2004; PABINGER & VORMITTAG, 2005; MIYAKIS et al., 2006), analisamos
o número de gestações e abortamentos antes e após o episódio de TVP,
comparando os grupos trombofílico e controle. Houve um predomínio
estatístico quanto ao número de gestações antes da TVP (uma a três) no grupo
controle em relação ao trombofílico. Com relação ao número de gestações
após a TVP, 16 de 19 pacientes de ambos os grupos não engravidaram, o que
pode ser atribuído às orientações médicas quanto aos riscos de retrombose
durante as gestações.
Observou-se um predomínio de abortamentos no grupo trombofílico em
relação ao controle e as trombofilias associadas foram: SAF primária (3
pacientes), SAF secundária (2 pacientes), deficiência de Proteína C (1
paciente) e mutação do fator V Leiden em heterozigose (2 pacientes). Não
houve diferenças entre os grupos com relação aos abortamentos após a TVP,
resultados estes, provavelmente, influenciado pelo menor número de
gestações observadas em ambos os grupos. Dentre os estudos citados
anteriormente, destacamos o trabalho de Souza e cols.(1999), devido ao fato
de ter sido realizado com pacientes brasileiras. Este estudo avaliou a relação
entre abortamentos de repetição e trombofilia genética (mutação do fator V
Leiden e do gene da protrombina G20210A) e confirmou os dados obtidos dos
demais estudos citados que consideram possível esta relação.
Não foi observada maior incidência de fenômenos trombóticos arteriais
e/ou venosos, inclusive embolia pulmonar, em familiares dos pacientes deste
estudo. Ainda não se concluiu sobre a necessidade de uma investigação em
parentes de pacientes portadores de trombofilias genéticas. Faltam estudos
prospectivos a respeito. Estudo retrospectivo envolvendo 437 parentes em
primeiro grau de 112 pacientes portadores da mutação do fator V Leiden em
heterozigose e 30 parentes de 6 pacientes com esta mutação em homozigose,
avaliou a relação das trombofilias com os riscos relativos de desenvolvimento
Discussão
115
de TEV. A incidência anual de TEV em parentes de indivíduos heterozigotos
também portadores desta mutação foi de 0,45% e naqueles não portadores da
mutação foi de 0,10% com risco relativo de 4,2. Esta incidência foi maior para
os indivíduos com mais de 60 anos de idade. Metade dos episódios ocorreram
espontaneamente, 20% estavam relacionados às cirurgias e 30%
relacionavam-se com gravidez ou uso de contraceptivos orais. Os autores
concluíram que, em um ano, o risco de desenvolvimento de TEV em parentes
de primeiro grau de pacientes portadores da mutação parece ser baixo, não
justificando a investigação rotineira desta mutação nesses parentes, e também
que não se deve desencorajar o uso de contraceptivos orais em parentes de
primeiro grau assintomáticos. Os autores sugerem ainda que estes dados
sejam confirmados por estudos prospectivos (MIDDELDORP et al., 1998).
A TVP é considerada doença multicausal (ROSENDAAL, 1999). Nos
últimos anos, o conhecimento a respeito da etiologia do TEV têm avançado
com a descoberta de vários fatores que contribuem para maior incidência de
trombose, particularmente, as anormalidades da coagulação. Estas alterações
são encontradas na população geral e a compreensão da interação entre os
fatores de risco genéticos e fatores de risco ambientais pode ser a chave no
entendimento do TEV. Sendo assim, no presente trabalho, tentou-se sempre
identificar os diferentes fatores de risco presentes nos pacientes. A maioria dos
pacientes do grupo trombofílico relatou TVP não-espontânea (61,5%), porém
não estatisticamente significativo quando comparada com TVP espontânea
(p>0,05). Nestes pacientes, os fatores de risco mais comuns foram o uso de
contraceptivos orais (22%) seguidos pelo puerpério (13%). A maior freqüência
destes fatores de risco no presente estudo pode representar um viés já que a
maioria dos pacientes era do sexo feminino. Quando comparados aos
pacientes do grupo controle, não houve diferença estatística entre os grupos,
permanecendo um maior número de pacientes com TVP não-espontânea
também no grupo controle. Um estudo tipo coorte, em que foram analisados
fatores de risco adicionais relacionados à mutação do fator V Leiden, mostrou
que 42% dos portadores sintomáticos com idade em torno de 65 anos,
apresentavam algum fator de risco adicional, demonstrando mais uma vez que
a interação entre fatores de risco genéticos e/ou adquiridos pode, realmente,
ser a chave no entendimento do TEV (TOSETTO et al, 1998).
Discussão
11
6
Desde a década de 60, observações clínicas apontavam uma
associação entre o uso de contraceptivos orais combinados e o risco de TEV e
estudos posteriores revelaram que o uso desse método de contracepção
aumenta em até 4 vezes esse risco quando comparado ao não uso e de 30
vezes quando associado à mutação do fator V Leiden (ROSENDAAL et al.,
1999). Estudos realizados com formulações mais recentes indicaram que os
contraceptivos orais contendo doses menores de estrógeno diminuem a
incidência de TVP e a magnitude das alterações pró-coagulantes (aumento do
fibrinogênio e dos fatores da coagulação II, VII, IX, X e XII) e aumentam a
atividade fibrinolítica (FERREIRA et al., 2000).
O IMC observado nos pacientes trombofílicos foi, em sua maioria,
normal sem diferença estatística com relação àqueles com IMC alterado; 44%
dos pacientes do grupo controle tinham IMC normal, sendo 52% dos pacientes
classificados como sobrepeso ou obeso. Um estudo avaliou 3834 pacientes do
sexo feminino com primeiro episódio trombótico, comparadas com grupo
controle, excluindo mulheres grávidas ou portadoras de neoplasias e avaliando
o IMC, observou maior tendência a TVP em obesas, principalmente, quando se
considerava o uso de contraceptivos orais e mutações protrombóticas (POMP
et al., 2007). Não foi possível a aplicação de testes estatísticos para esta
variável embora pareça não haver diferenças entre os grupos.
Comparando-se a incidência de TVP nos membros superiores com
relação aos inferiores, houve maior prevalência destes últimos em ambos os
grupos, destacando-se maior acometimento do membro inferior esquerdo.
Estes resultados assemelham-se aos dados de literatura, onde se estima que
as tromboses venosas de membros superiores sejam responsáveis por 1-4%
de todas as tromboses venosas profundas e estão intimamente relacionadas
ao uso de cateteres, embora não tenhamos observado esta relação em nosso
estudo (YOSHIDA et al., 2005).
Quanto ao nível da TVP, observou-se maior prevalência da TVP
proximal em ambos os grupos. Talvez, isto se deve ao fato de que as
tromboses proximais são as mais sintomáticas, o que leva o paciente a
procurar o serviço médico. No presente estudo, não foram observadas
diferenças relevantes com relação ao membro acometido e nível da TVP nos
portadores de trombofilia comparados ao grupo controle. Um estudo que
Discussão
117
analisou 115 pacientes com a mutação do fator V Leiden em heterozigose, 87
pacientes com a mutação do gene da protrombina G20210A e 200 pacientes
não portadores de trombofilias, encontrou maior prevalência de TVP distal nos
pacientes não-trombofílicos (MARTINELLI et al., 2006).
Quanto à embolia pulmonar, nossos resultados mostraram que esta foi
baixa nos pacientes trombofílicos (5,1%). Quando comparados os grupos, esta
incidência foi de 8% para o grupo trombofílico e de 16% para o grupo controle
sendo documentada como recidiva em 4 pacientes do grupo controle e 1
paciente do grupo trombofílico, que estavam fora de tratamento anticoagulante.
A menor incidência de embolia pulmonar observada no grupo trombofílico pode
ser devida ao fato de que um maior número destes pacientes permaneceram
anticoagulados perenemente quando comparados ao grupo controle,
diminuindo assim este risco. Em estudo citado anteriormente, realizado por
Martinelli e cols.(2006), os resultados mostraram que não houve diferença
quanto ao desenvolvimento de EP considerando o nível da TVP e que a EP
sintomática foi menos freqüente em pacientes com a mutação do fator V Leiden
(6%), do que em pacientes portadores da mutação da protrombina (21%) e em
não trombofílicos (23%).
No momento da entrevista, 71,4% dos pacientes trombofílicos negaram
qualquer manifestação hemorrágica, inclusive equimoses e, mesmo naqueles
que relatavam algum sangramento, foram caracterizados, em sua maioria,
como quadros leves. Também não foi observada diferença significativa quando
em comparação com o grupo controle. Dois pacientes (5,1%) do grupo
trombofílico necessitaram de transfusão de hemácias devido a sangramento no
pós-parto e cisto roto de ovário em vigência de anticoagulação com RNI
adequados; no grupo controle observamos um paciente (4%) com episódio de
sangramento grave (derrame pericárdico), porém com RNI não documentado,
necessitando também de transfusões. Em um estudo coorte prospectivo
realizado em nosso ambulatório de anticoagulação em que se analisou a
complicação da terapia anticoagulante com warfarina em pacientes com
doença vascular periférica, incluindo pacientes com doenças arteriais, foram
estudados 136 pacientes por 18 meses sendo identificadas 21 ocorrências de
sangramentos no período, com predomínio de hemorragias não graves. Neste
mesmo estudo discutiu-se sobre as diferentes incidências de complicações
Discussão
11
8
hemorrágicas na literatura e o fato de que não há uniformidade nos critérios de
definição dos graus de hemorragia. A maioria dos autores define como
sangramento maior quando há hemorragia intracraniana, retroperitoneal,
quando leva diretamente a morte ou internação hospitalar, ou ainda, quando
necessita de transfusões sangüíneas, incluindo os demais como “qualquer
sangramento” (SANTOS & MAFFEI, 2005). Em nosso estudo, preferimos
classificar os fenômenos hemorrágicos de maneira mais clara conforme
definido na metodologia, a fim de analisar todas as intercorrências
hemorrágicas e suas complicações. Estudo brasileiro conduzido por Lourenço
e cols.(1998), demonstrou a ocorrência de sangramento em 0,3% de 4600
consultas (LOURENÇO et al., 1998). A literatura relata que, após 3 a 6 meses
de anticoagulação, mantendo-se RNI entre 2.0 e 3.0, haveria relação com
maior incidência de sangramentos na ordem de 2% ao ano e que 10% destes
sangramentos seriam considerados graves e, potencialmente, fatais;
lembrando-se sempre que os riscos de sangramento diferem quanto à idade e
condições mórbidas de cada paciente (KEARON, 2004; KEARON et al., 2008).
Nossos resultados são similares aos da literatura em que a baixa incidência de
sangramentos moderados/graves poderia ser explicada devido ao fato destes
pacientes terem sido periodicamente avaliados em ambulatório especializado
para anticoagulação com correção da dosagem da warfarina no mesmo dia de
realização deste exame. Uma revisão sistemática avaliou 33 estudos
prospectivos e randomizados envolvendo 4374 pacientes, analisando o
impacto de sangramento em pacientes em terapia anticoagulante oral para
tromboembolismo venoso. Para todos os pacientes, a taxa de caso-fatalidade
por sangramento grave foi de 13,4% e a incidência de sangramento
intracraniano foi de 1,15 por 100 pacientes ano. Para os pacientes que
receberam terapia anticoagulante por mais de 3 meses, a taxa de caso-
fatalidade por sangramento maior foi de 9,1% e de sangramento intracraniano
0,65 por 100 pacientes ano. Este estudo considerou um importante impacto
clínico com relação aos riscos hemorrágicos, fato que deve ser pesado para a
decisão da manutenção da anticoagulação (LINKINS et al., 2003).
As complicações a longo prazo relacionadas à TVP são a retrombose e
a síndrome pós-trombótica, que podem interferir na qualidade de vida dos
pacientes e que podem estar diretamente relacionadas ao tempo de tratamento
Discussão
119
anticoagulante e outras condutas terapêuticas. A freqüência de recorrência da
TVP é de 3% a 13% no primeiro ano e 12% a 28% após 5 anos (VOSSEN et
al.,2005). Em nosso trabalho, houve recorrência do TVP em 41,1% dos
pacientes trombofílicos, sendo que em 23% dos pacientes ocorreram no
mesmo membro e 15,5% no membro contralateral; 2,6% dos pacientes
relataram tromboflebites e 4 pacientes apresentaram a retrombose em vigência
de anticoagulação sendo que em 3 deles, o RNI estava adequado e em 1
paciente, o RNI não foi documentado. As trombofilias associadas aos episódios
de retrombose durante o tratamento foram: SAF primária (2 pacientes), SAF
secundária (1 paciente), mutação do fator V Leiden em heterozigose associada
à mutação da enzima MTHFR em homozigose (1 paciente). É possível que se
níveis maiores de RNI tivessem sido mantidos nestes pacientes que
retrombosaram em vigência de anticoagulação, essa retrombose não
ocorresse, embora a utilização de maiores níveis de anticoagulação não seja a
recomendação dos Consensos Internacionais (KEARON et al., 2008).
Comparando-se os grupos trombofílico e controle, não foi observada diferença
estatística entre os grupos com relação a retrombose, fato que poderia ser
justificado pelo tempo de tratamento anticoagulante adequado para cada
grupo. Três pacientes (12%) do grupo trombofílico abandonaram o seguimento,
4 pacientes (16%) foram tratados por um período de tempo considerado
adequado e 18 (72%) estavam peremente anticoagulados. Portanto, 88% dos
pacientes trombofílicos foram tratados por período de tempo adequado. Todos
os pacientes do grupo controle foram tratados por período de tempo
considerado adequado, sendo que apenas 2 pacientes (8%) estavam
peremente anticoagulados devido retromboses. Há estudos que consideram a
necessidade da dosagem de marcadores de risco de recorrência, como o D-
dímero, para guiar a decisão de suspensão ou não da anticoagulação
(KEARON, 2004).
O risco de desenvolvimento de recorrência do TEV e a incidência e
severidade da síndrome pós-trombótica a longo prazo não estão bem
documentados (PRANDONI et al., 1996) e a maior dificuldade encontra-se nos
resultados contraditórios, devido aos diferentes desenhos de estudos,
incomparabilidade da terapêutica anticoagulante instituída, diferenças na
qualidade de documentação dos eventos ou diferenças na interpretação de
Discussão
12
0
exames clínicos e testes laboratoriais (CHRISTIANSEN et al., 2005). Estima-se
uma incidência acumulativa de recorrência de fenômenos trombóticos de 25%
em 5 anos (CHRISTIANSEN et al., 2005). Em um estudo coorte prospectivo
envolvendo 355 pacientes com primeiro episódio de TVP, que foram
acompanhados durante 8 anos, foi observada uma recorrência de TVP em
17,5% em dois anos de seguimento; 24,6% aos 5 anos e 30,3% aos 8 anos,
concluindo que os pacientes com TVP sintomática têm alto risco para
recorrência, que persiste ao longo dos anos, principalmente naqueles
portadores de neoplasias ou de defeitos relacionados aos inibidores da
coagulação (PRANDONI et al., 1996). Um braço do Estudo LETS (The Leiden
Thrombophilia Study), que avaliou as trombofilias, fatores clínicos e recorrência
de eventos trombóticos, analisou 474 pacientes entre 18 e 70 anos não
portadores de neoplasias que foram tratados para o primeiro episódio de TVP
sintomática e documentada de 1988 a 2000. Foi observada maior taxa de
recorrência nos primeiros dois anos, principalmente em indivíduos do sexo
masculino, nas tromboses idiopáticas e em mulheres usuárias de
contraceptivos orais. Foram avaliadas também a presença de trombofilias
como: altos níveis de fatores VIII, IX e XI, aumento do fibrinogênio,
hiperhomocisteinemia, deficiência dos anticoagulantes naturais, mutação do
fator V Leiden e protrombina G20210A. Este estudo concluiu que a análise de
fatores de riscos adquiridos pode ter maior significado clínico na recorrência do
TEV do que a análise laboratorial das anormalidades protrombóticas
(CHRISTIANSEN et al., 2005). Outro estudo de revisão sistemática avaliou
risco de recorrência de TEV com as mutações do fator V Leiden e protrombina
G20210A, concluindo que a mutação do fator V Leiden quando em
heterozigose e a mutação do gene do protrombina G20210A até demonstraram
associação com maior risco de recorrência do TEV porém, a magnitude deste
aumento foi discreta, não merecendo manutenção do tratamento
anticoagulante. Esse estudo também questionou o custo-efetividade de testes
rotineiros na investigação destas mutações (KHOON HO et al., 2006).
A associação de defeitos genéticos e/ou adquiridos implica em maior
risco de recorrência do TEV (DAHLBÄCK, 1997). Um estudo coorte que avaliou
a taxa de recorrência do TEV em 1719 pacientes, observou recorrências mais
freqüentes entre 6 meses e 1 ano do episódio agudo, especialmente naqueles
Discussão
121
pacientes portadores de neoplasias malignas em quimioterapia e em pacientes
acamados por seqüelas devido acidentes vasculares encefálicos, havendo
ainda menor tendência de recidiva naqueles com fatores de risco transitórios
(HEIT et al., 2000). Estudo de revisão de literatura que avaliou a freqüência de
recorrência do TEV em portadores de trombofilia genética (deficiências de AT,
PC ou PS), observou uma maior tendência de recidiva, principalmente quando
havia fatores de riscos adquiridos associados o que implicaria em um tempo
mais prolongado de anticoagulação destes pacientes (VAN DEN BELT et al.,
1997). Um braço do estudo EPCOT (European Prospective Cohort on
Thrombophilia) que estudou 304 pacientes entre março de 1994 e janeiro de
2001, analisou o risco de recorrência dos pacientes com antecedente de um
episódio trombótico com relação aos defeitos trombofílicos hereditários
(deficiência de AT, PS e PC, fator V Leiden e protrombina G20210A). As
conclusões foram que um maior cuidado deve ser dispensado para homens
com deficiência dos inibidores ou múltiplos defeitos e mulheres com deficiência
de AT (CHRISTIANSEN et al., 2005). Resultados semelhantes foram
observados em outro estudo que analisou estas mesmas trombofilias porém,
relacionando-as também aos fatores de risco adquiridos (BROWER et al,
2006). Um outro estudo prospectivo envolvendo 1626 pacientes analisou os
riscos de recorrência do TEV depois da suspensão da anticoagulação em
pacientes com TVP proximal ou embolia pulmonar. Os resultados foram
semelhantes aos estudos citados anteriormente onde há maior risco de
recorrência nos casos de trombose idiopática. Não foram observadas
diferenças entre os sexos. Foi observado que o screening para trombofilias nos
pacientes deste estudo só foi realizado para menos de 60% deles e o autor
sugere que seus dados referentes a isto sejam interpretados com cautela e
concluí sugerindo estudos que avaliem as trombofilias como fatores de riscos
isolados para a recorrência do TEV (PRANDONI et al., 2007). Outro estudo
prospectivo que envolveu 436 pacientes com primeiro episódio de TVP tratados
por 3 meses com terapia anticoagulante, excluindo-se aqueles portadores de
trombofilias adquiridas ou genéticas; estes foram seguidos por um período de
30 meses após a suspensão da anticoagulação em que verificou a recorrência
do TEV, incluindo-se a embolia pulmonar confirmada por cintilografia ou
tomografia. Observou-se uma taxa de 5% de conseqüências fatais
Discussão
12
2
relacionadas à recorrência e o desenvolvimento de síndrome pós-trombótica
em um terço dos casos; conclui a necessidade de novos estudos que avaliem o
tempo ótimo de tromboprofilaxia nos pacientes com primeiro episódio de TVP
(KYRLE et al., 2004). Embora o número de pacientes do presente estudo seja
muito menor do que os artigos citados, pôde-se observar semelhanças em
seus resultados, não havendo diferença significativa quanto a retrombose no
grupo trombofílico quando comparado ao controle. Porém, seriam necessários
mais estudos em nosso meio, inclusive com maior número de pacientes para
que tenhamos um melhor perfil destes pacientes.
A SPT é uma complicação crônica associada a TVP. Acredita-se que
seja o resultado da combinação da hipertensão venosa, devido à obstrução de
fluxo sangüíneo e/ou incompetência valvular, associada à alteração da
microvasculatura e dos vasos linfáticos. A hipertensão venosa resultaria em um
aumento da permeabilidade vascular e, conseqüente edema, varizes,
hiperpigmentação e alterações tróficas da pele, inclusive a formação de úlceras
(PRANDONI et al., 1996; KAHN et al., 2000; PESAVENTO et al., 2006). O
acompanhamento a longo prazo de pacientes para avaliar o desenvolvimento
desta síndrome é necessário e tem tido pouca atenção na literatura (KAHN et
al., 2000). Os estudos realizados têm demonstrado que essas manifestações
se iniciam, geralmente, dentro dos primeiros dois anos após o episódio de TVP
(PRANDONI et al., 1996; KAHN et al., 2000), podendo levar a situações mais
graves, demandando maiores cuidados assistenciais ligados à saúde, com
implicações relacionadas à qualidade de vida e maiores custos com a saúde do
país. Foi demonstrado que a recorrência de TVP ipsilateral é um forte preditor
para a síndrome pós-trombótica e que longos períodos de anticoagulação e
uso de meia-elástica parecem prevenir o aparecimento desta (PRANDONI et
al., 1996; KAHN et al., 2000; KAHN & GINSBERG, 2004). Em nosso trabalho,
no grupo trombofílico houve maior número de pacientes com trombose
ipsilateral entre aqueles que apresentaram CEAP3 do que entre os pacientes
trombofílicos com CEAP<3, mas sem significância estatística (tabela 48).
Alguns estudos retrospectivos consideram como fatores preditivos para a SPT:
idade avançada, sexo feminino, terapia hormonal, varizes, cirurgia abdominal e
obesidade (KAHN & GINSBERG, 2004). A persistência de sinais e sintomas
venosos dentro de um mês após a TVP também foi sugerida como fator
Discussão
12
3
preditivo para o desenvolvimento subseqüente de SPT (KAHN et al., 2007).
No presente estudo, observou-se que 61,6% dos pacientes
trombofílicos relatavam alguma dor no membro afetado pela TVP e 20% destes
diziam ser esta dor diária, principalmente, associada a caminhadas ou outras
atividades físicas. Ainda neste grupo, pôde-se observar queixas relativas a
edema e alterações da coloração da pele na maioria dos pacientes; 13,5%
apresentaram úlceras abertas ou cicatrizadas ao exame físico, sendo que,
similarmente o que se verifica na literatura, todos tinham retrombose ipsilateral.
Comparando-se os grupos trombofílicos e controle, não houve
diferença estatística com relação às queixas referentes a SPT. Também ao
exame físico, não houve diferença entre os grupos considerando-se a
classificação CEAP, sendo que a maioria dos pacientes (69,51% do grupo
controle e 78,26% do grupo trombofílico) tiveram CEAP3, embora sem
significância estatística com relação ao CEAP<3, talvez pelo tamanho da
amostra. Estudo realizado por Kahn e cols. (KANH et al., 2005), mostrou menor
incidência da SPT em pacientes com trombofilia genética, porém apenas 18%
dos pacientes deste estudo eram portadores de trombofilia.
Com relação ao uso da meia-elástica, 35,1% dos pacientes
trombofílicos relataram usá-la desde o episódio da TVP até o momento da
entrevista e dentre aqueles que relataram não usar a meia-elástica no
momento da entrevista, 22,3% referiram tê-la usado por um período superior a
dois anos. Portanto, um pouco mais da metade dos pacientes do grupo
trombofílico referia o uso da meia-elástica por um período mínimo preconizado
para a prevenção da SPT (PRANDONI et al., 1996; BRANDJES et al., 1997;
KAHN et al., 2000). A freqüência da SPT encontrada em nosso trabalho foi
similar a dos grupos controles que não utilizaram meias-elásticas nos trabalhos
que estudaram sua eficácia na prevenção da SPT (PRANDONI et al., 1996;
BRANDJES et al., 1997). Como esses trabalhos foram prospectivos e
randomizados visando a utilização da meia-elástica e os nossos resultados
foram baseados apenas na informação dos pacientes, essa diferença talvez
possa ser devida a uma informação incorreta por parte dos mesmos e não a
uma ineficácia da meia-elástica na prevenção da SPT.
Questionamos àqueles que nunca a usaram ou a deixaram de usar, o
porquê, e as respostas obtidas com maior freqüência foram relativas à
Discussão
12
4
intolerância. Curiosamente, apenas dois pacientes relataram dificuldades
financeiras para obtê-la, fato este que poderia ser interpretado como um
possível constrangimento em relatar esta dificuldade como causa do não uso
da meia, visto que a população atendida neste serviço é de baixa renda,
embora não tenhamos desenvolvido um questionário específico para tal
análise. Três pacientes relataram não ter sido orientados pelos seus médicos,
fato este preocupante considerando-se que estes pacientes são
acompanhados em um hospital escola e deveriam ter sido orientados. Quando
comparamos este grupo com o controle, não foi observada diferença estatística
quanto à informação sobre o tempo de uso da meia-elástica, regularidade,
horas/dia e comprimento da meia. Apenas notou-se uma maior referência ao
uso de meias de alta/extra compressão no grupo trombofílico, o que pode
demonstrar um maior cuidado médico quanto à orientação do tipo de meia aos
pacientes trombofílicos.
A qualidade de vida dos pacientes pode ser afetada após um episódio
de TVP, desde pequenas limitações até a necessidade de aposentadoria
precoce devido à SPT. Tentamos avaliar estas variáveis através de um
questionário simples, perguntando aos pacientes se estes consideravam “levar
uma vida normal” após a TVP. Dentre os pacientes trombofílicos, a maioria
(74,4%) respondeu que sim. Quanto às limitações físicas, a maioria (66,6%)
negou qualquer limitação enquanto 33,4% dos pacientes referiam alguma
queixa. As queixas mais, freqüentemente, relatadas foram dores nas pernas
quando realizavam caminhadas ou atividades físicas esportivas. Quando este
grupo foi comparado ao controle, não foi observada diferença estatística entre
os grupos quanto ao conceito de “vida normal” após a TVP, sendo que
prevaleceu em ambos a resposta sim. Talvez, a evolução destes pacientes
considerando-se as questões relativas à qualidade de vida seja,
aparentemente, favorável devido ao fato de que a grande maioria não evoluiu
para síndrome pós-trombótica grave. Nossos resultados assemelham-se
àqueles apresentados em um estudo que avaliou o impacto da SPT na
realização de caminhadas e outros sintomas limitantes à qualidade de vida.
Neste estudo foram avaliados 39 pacientes com TVP iliofemoral que foram
seguidos durante 5 anos e observou-se que 43,6% desenvolveram claudicação
venosa, o que em 15,4% dos pacientes, impedia a caminhada. (DELIS et al,
Discussão
125
2004).
Em nosso estudo, em relação ao prejuízo no trabalho, 34% dos
pacientes do grupo trombofílico diziam ter apresentado dificuldades para
retornar ao trabalho. Quando comparado ao grupo controle, 4 pacientes (16%)
do grupo trombofílico relataram necessidade de aposentadoria, sendo que 2
deles tiveram retrombose e 2 eram portadores de SAF secundária ao LES; no
grupo controle, 3 pacientes relataram a necessidade de aposentadoria e estes
haviam apresentado retrombose, não havendo diferença estatística entre os
grupos controle e trombofílico, o que pode demonstrar que o fato de ser
portador de alguma trombofilia não determinou diferença na evolução dos
pacientes quanto à qualidade de vida ou necessidade de aposentadoria.
Poucos estudos têm avaliado a qualidade de vida de pacientes com
diagnóstico de TVP a longo prazo. Um estudo onde foram entrevistados 52
pacientes que sobreviveram após a TVP por um período de 6 a 8 anos,
encontrou uma percepção mais pessimista de suas vidas e menor freqüência
de realização de atividades físicas nos portadores de SPT (KAHN et al., 2000).
O efeito da SPT na qualidade de vida considerando-se as questões referentes
às limitações diárias, interferência em atividades sociais ou no trabalho e
mudança de percepção do que seria ser saudável foram avaliados em outro
estudo que analisou 41 pacientes e mostrou que os pacientes com SPT tinham
uma percepção de uma pior qualidade de vida, deixando a mensagem de que
este aspecto deve ser sempre lembrado e avaliado durante a realização de
estudos científicos (KAHN et al, 2002). No estudo VETO (the Venous
Thrombosis Outcomes Study) foi avaliada a perda de produtividade durante 4
meses de seguimento após TVP em 153 pacientes e os resultados mostraram
que, embora a TVP seja considerada uma condição aguda, associa-se à
utilização de recursos financeiros significantes e perda de produtividade no
período avaliado e que estes custos deveriam ser quantificados à médio e
longo prazo para se criar estratégias de prevenção ou de melhor tratamento da
TVP (KAHN et al., 2003). Outros estudos demonstraram que, quase 90% dos
pacientes tornam-se incapazes para o trabalho dentro de 10 anos do
diagnóstico de TVP iliofemoral. Recentemente, o estudo VEINES (Venous
Insufficiency Epidemiologic and Economic Study) que possui um questionário
referente à qualidade de vida, mostrou que há um impacto para uma pior
Discussão
12
6
qualidade de vida após dois anos do episódio trombótico (SHRIER & KAHN,
2004). Além disto, o impacto econômico deve ser considerado devido à
incapacidade do paciente para voltar ao trabalho, além dos custos inerentes ao
seu tratamento. No Brasil, somente nos últimos anos é que a importância
socioeconômica da insuficiência venosa crônica (IVC) tem sido considerada.
Relatório publicado pelo Ministério da Previdência Social relacionou a
incidência, em ordem decrescente de freqüência, das 50 principais causas que
provocaram o afastamento do trabalho de segurados. A IVC foi a 14
a
causa de
afastamento temporário e a 32
a
de afastamento definitivo (SILVA, 2002). Os
achados destes estudos são similares aos nossos resultados.
A presença de refluxo venoso proximal ao dúplex, pode ser um fator
predisponente para o desenvolvimento da SPT (PESAVENTO et al., 2006). A
análise ultrassonográfica (mapeamento dúplex) foi realizada com o intuito de
avaliar a perviedade das veias e a presença de refluxos venosos, com medidas
de velocidade e tempo, tanto no sistema venoso superficial quanto no profundo
(LAPROPOULOS et al., 2003) e tentar correlacionar estas alterações com o
desenvolvimento da SPT. Sabe-se que a combinação de incompetência
valvular e obstrução de fluxo sanguíneo pode ocasionar alterações
hemodinâmicas que, freqüentemente, levariam à SPT (DELIS et al, 2004).
Considerando-se o grupo trombofílico e analisando-se os resultados obtidos
quanto à análise ultrassonográfica do sistema venoso superficial, observou-se
perviedade na quase totalidade dos casos com presença de refluxo venoso
superficial significativo em 11 pacientes (29,8%). Analisando-se o sistema
venoso profundo, apenas um paciente (2,7%) não apresentou perviedade,
sendo que a maioria (73%) apresentou sinais de recanalização parcial e 9
pacientes (24,3%), recanalização total. Estas recanalizações ocorreram apenas
com o tratamento heparínico e nenhum paciente foi submetido a tratamento
fibrinolítico ou cirúrgico. Com relação ao refluxo superficial, 26 pacientes
trombofílicos o apresentaram e destes, 57,6% apresentaram tempo de refluxo
significativo e 76,9%, velocidade de refluxo significativa, sem diferença
estatística quando comparado ao grupo controle. No sistema profundo, com
relação à recanalização da veia, não foi observada diferença estatística entre
os grupos com predomínio de recanalização em ambos. Já a presença de
refluxo venoso profundo foi mais evidente no grupo trombofílico. Em ambos os
Discussão
127
grupos, houve maior tendência de uma velocidade de refluxo significativa
porém, sem diferenças estatísticas com relação ao tempo. Podemos concluir
que a presença de refluxo venoso profundo significativo tanto no grupo
trombofílico como no grupo controle, pode ter influenciado ao desenvolvimento
de SPT clinicamente significativa (CEAP3), embora a grande maioria dos
pacientes tenha apresentado recanalização total ou parcial do vaso. Estudo
que avaliou 180 pacientes que foram seguidos por, pelo menos, 3 anos depois
do episódio agudo da TVP e em que foi aplicada a escala de Villalta mostrou
anormalidades venosas nos primeiros 6 meses de seguimento em 60% dos
pacientes, sendo que a SPT se desenvolveu em 18 pacientes (24%) de 76
pacientes sem alterações da parede venosa; em 49 (47%) de 104 pacientes
com, pelo menos, uma anormalidade; em 25 pacientes (48%) de 52 pacientes
com trombose residual apenas e em 9 pacientes (37,5%) de 24 pacientes com
incompetência valvular somente. O risco relativo foi 1.0 nestes pacientes com
incompetência valvular e, em pacientes com refluxo transpoplíteo associado à
obstrução venosa persistente, o risco relativo foi de 1.6. (PESAVENTO et
al.,2006). Outro estudo avaliou o desenvolvimento da SPT em 93 pacientes
que foram acompanhados durante 6 anos; a incidência da SPT foi de 49%
depois de um ano, 55% depois de 2 anos, sem aumento significativo nos outros
anos de seguimento e, a presença de refluxo foi considerada um fator preditivo
para o desenvolvimento da síndrome (PESAVENTO et al., 2006). Em varizes
primárias, estudo realizado na Unesp-Botucatu, também demonstrou relação
entre a velocidade de pico do refluxo e gravidade clínica da classificação
CEAP, (MORBIO & ROLLO, 2007). No entanto, outro estudo que comparou o
desenvolvimento de SPT baseado nas escala de Villalta e de Ginbersg não
encontrou a correlação de refluxo venoso com o desenvolvimento da SPT
(KAHN et al., 2006).
Conclusões
12
8
6. Conclusões
Conclusões
129
Nos pacientes atendidos no Hospital das Clinicas da Faculdade de
Medicina de Botucatu por TVP, avaliados tardiamente durante o presente
trabalho:
1. Houve maior freqüência de TVP no sexo feminino, sendo os
principais fatores de risco associados o uso de anticoncepcionais
orais e o puerpério;
2. As trombofilias mais freqüentemente observadas foram a SAF e
FVL em heterozigose;
3. Não houve diferença quanto aos fatores de risco entre pacientes
trombofílicos e não trombofílicos, embora tenha predominado a
TVP não-espontânea.
4. Houve predomínio da TVP de membro inferior e esquerdo, sendo
que a TVP proximal foi a mais freqüente;
5. Houve maior tendência de EP nos pacientes não trombofílicos;
6. A recorrência do TEV foi alta no grupo trombofílico (41,1%), não
havendo diferença quando foram comparados os grupos com e
sem trombofilia;
7. Não foi observada maior tendência para TEV em familiares dos
pacientes estudados, tanto no grupo trombofílico como no não
trombofílico;
8. As complicações hemorrágicas foram raras e, prevaleceram
quadros leves;
9. Houve menor tendência à gestação em ambos os grupos após a
TVP e não houve diferenças com relação aos abortamentos entre
os grupos;
10. A maioria dos pacientes trombofílicos relatou usar a meia-elástica
pelo período mínimo de 2 anos após o evento trombótico e não
houve diferença com relação ao grupo controle, entretanto nestes
pacientes, não houve menor freqüência de SPT.
Conclusões
13
0
11. Após uma mediana de 60 meses (12-216 meses) do episódio
trombótico, a maioria dos pacientes com TVP, analisados no
presente estudo, apresentava algum grau de SPT, com
predomínio do CEAP3, não havendo diferença entre os
portadores ou não de trombofilia (tabela 47c);
12. A única variável associada com a presença de CEAP3 foi a
presença de refluxo venoso profundo ao dúplex;
13. A maioria dos pacientes trombofílicos (74,4%) considerava ter
uma “vida normal” após a TVP e não houve diferença entre os
grupos trombofílico e controle com relação a esta variável.
Referências Bibliográficas
131
7. Referências Bibliográficas
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13
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Anexos
14
4
Anexos
Anexos
145
ANEXO I
FICHA DE COLETA
1 - Nome: _______________________________________________________
2 – RG Hospitalar: ___________________
3 - Procedência:__________________________
4 - Sexo:
( ) Masculino
( ) Feminino
5 - Idade:_________Anos
6 - Data da TVP: ______/_________________/___________
7 - Tratamento:___________________________________________________
_______________________________________________________________
8 - Complicações:_________________________________________________
_______________________________________________________________
9 - Antecedentes Pessoais:_________________________________________
_______________________________________________________________
10 - Antecedentes Familiares: _______________________________________
_______________________________________________________________
11 - Fatores de Risco:______________________________________________
_______________________________________________________________
12 - Tipo de Trombofília:____________________________________________
_______________________________________________________________
Anexos
14
6
ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
PROJETO: Evolução tardia dos pacientes tratados de trombose venosa
profunda (TVP) de membros, portadores de trombofilia genética e ou adquirida
no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
Sr(ª) teve uma doença, chamada de trombose venosa profunda,
conhecida como TVP, que levou a formação de um trombo (coágulo) em uma
veia. O Sr (ª) foi tratado (ou ainda está sendo tratado) neste Hospital com uma
medicação anticoagulante por injeção (heparina) e depois por via oral,
(varfarina), que necessitou (a) de acompanhamento especializado, para ajuste
das doses do remédio, no Ambulatório de Anticoagulação, para que seu
sangue não ficasse muito fino (anticoagulado), com risco de sangramento, ou
então que ficasse grosso (coagulável), com risco de uma nova trombose.
Nós estamos realizando um estudo para verificar o que aconteceu com
os doentes que tiveram trombose: se têm ou tiveram dor ou outra alteração na
perna que tiveram trombose; se tiveram uma nova trombose ou flebite no
mesmo membro ou em outro; se tiveram sintomas de embolia pulmonar; se o
fato de ter tido trombose ou se as alterações na perna com trombose levaram a
alguma limitação em seu trabalho ou nas atividades diárias. O estudo tem
também a finalidade de verificar se as veias que tiveram trombose estão ainda
alteradas ou não.
Para isto será preenchida uma ficha com seus dados pessoais, suas
atividades diárias e queixas de doença e com os tratamentos feitos durante
esses anos. Será realizado também, um exame físico e um novo exame de
ultra-som das veias (duplex venoso).
Caso não tenhamos feito um exame de sangue para determinar se o
Sr(ª) tem alguma alteração hereditária ou adquirida do sangue que facilite o
aparecimento de trombose (trombofilia) colheremos 20ml de seu sangue para
essa determinação.
Em caso do não comparecimento ao exame, os responsáveis pelo
estudo estarão entrando em contato por telefone para saber o motivo da
ausência, se houver qualquer complicação durante este tempo, agendar nova
consulta e anotar na ficha de acompanhamento.
Não deixe de perguntar se tiver qualquer dúvida sobre o estudo,
podendo também o Sr (ª) recusar-se a participar ou retirar seu consentimento
em qualquer fase do estudo, sem qualquer penalização ou prejuízo ao
tratamento.
Seus dados são confidenciais e serão identificados por um número. O
seu nome não aparecerá quando os resultados do estudo forem apresentados
em congressos ou publicados em artigos científicos.
Botucatu, _________ de ____________________________ de 200____.
Anexos
147
Pesquisador que informou ao paciente: ______________________________
Assinatura:
Médicos responsáveis pelo estudo:
Prof. Dr. Francisco Humberto de Abreu Maffei
Drª. Viviane Alessandra Capelluppi
Médicos colaboradores:
Dr. Hamilton de Almeida Rollo
Dr. Marcone Sobreira
Telefones para contato:
Departamento de Cirurgia e Ortopedia: (14) 3811 6269
Hemocentro da Faculdade de Medicina de Botucatu:
(14) 3811 6041 – Ramal 213
Anexos
14
8
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PACIENTE:
ESTUDO: EVOLUÇÃO TARDIA DOS PACIENTES TRATADOS DE
TROMBOSE VENOSA PROFUNDA (TVP) DE MEMBROS, PORTADORES
DE TROMBOFILIA GENÉTICA E OU ADQUIRIDA NO HOSPITAL DAS
CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU – UNESP
Eu ........................................................................................................
após ter sido devidamente informado pelo ...........................................................
sobre o Estudo Evolução tardia dos pacientes tratados de trombose
venosa profunda (TVP) de membros, portadores de trombofilia genética e
ou adquirida no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Botucatu - UNESP, aceito participar do mesmo, sabendo que posso retirar
minha autorização de participação em qualquer momento, sem prejuízo de meu
atendimento neste Hospital.
Paciente: ................................................................................RG ........................
RHC ....................................
Pesquisador: ...................................................................RG ...............................
Assinatura: ......................................................................................
Testemunha:..........................................................................RG .........................
Anexos
149
ANEXO III
Estudo: Evolução tardia dos pacientes tratados de trombose venosa profunda
(TVP) de membros, portadores de trombofilia genética e ou adquirida no
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
Ficha número: ...............................
1. Identificação
Nome: ...........................................................................RG: ................................
Idade: .................... anos
Raça: Branca ( ) Negra ( ) Mulato ( ) Amarela ( ) Outra ( )
Procedência atual: ................................................... Zona: Urbana ( ) Rural ( )
Na época do 1º episódio de TVP: .......................... Zona: Urbana ( ) Rural ( )
Estado civil: .....................................................
Mora com: .......................................................
Profissão:.........................................................
Ocupações desde o 1º episódio: .......................................................................
...............................................................................................................................
Trabalha a maior parte do tempo: em pé ( ), sentado ( ), andando ( )
Endereço atual: ...................................................................................................
...............................................................................................................................
Telefone de contado: ( ).................. recados ( )...................com: ................
2. Antecedentes Pessoais
Tempo de seguimento: ......................................................................................
Número de gravidezes antes da TVP : .......................
Número de gravidezes depois da TVP: .......................
Número de partos antes: .......................
Número de partos depois: .......................
Outras doenças antes da TVP: ..........................................................................
...............................................................................................................................
Outras doenças depois da TVP: .......................................................................
...............................................................................................................................
Toma algum remédio continuamente?
Antes: Sim ( ) Não ( ) Qual: ............................................................................
...............................................................................................................................
Depois: Sim ( ) Não ( ) Qual: ..........................................................................
...............................................................................................................................
Esteve internado outras vezes por essas doenças?
Antes: Sim ( ) Não ( ) Qual: ............................................................................
...............................................................................................................................
Depois: Sim ( ) Não ( ) Qual: ..........................................................................
...............................................................................................................................
Anexos
15
0
Familiares com: TVP Sim ( ) Não ( ) EP Sim ( ) Não ( )
Trombose arterial: Sim ( ) Não ( ) parentesco: .............................................
3. Episódio de TVP: nº ...................
Tipo: Espontânea ( ) Desencadeante ( ) qual: ...............................................
Cirurgia: ...............................................................................................................
Repouso por doença clínica: ............................ Trauma: .................................
Anticoncepcional: ...................................... Reposição Hormonal: ..................
Gravidez:....................................................... Puerpério: ....................................
Outra: ...................................................................................................................
4. Diagnóstico da TVP
Data: ........... / .......... / ...........
Mapeamento duplex: Sim ( ) Não ( ) Flebografia: Sim ( ) Não ( )
Unilateral: ( ) Bilateral: ( ) lado: direito ( ) esquerdo ( ) bilateral ( )
Nível: Distal ( ): tíbias posteriores ( ) fibulares ( ) veias musculares ( )
Proximal ( ): ilíaca ( ) cava ( ) fem. comum ( ) poplítea ( ) fem.superficial ( ) fem.
profunda ( ) Outro: ..................................................
5. Tratamento Inicial
Data início: ........... / .......... / ........... Internado: Sim ( ) Não ( )
Tratamento com heparina: Sim ( ) Não ( ) SC ( ) EV ( )
HBPM ( ) qual: ..........................................
AVK: Sim ( ) Não ( ) Marevan ( ) Outros: .....................................................
RNI da alta: ................. dia de tratamento no momento da alta: .....................
1º retorno: ................... (dias após alta) Complicações: ..................................
Outras observações: ..........................................................................................
6. Tratamento no Ambulatório de Anticoagulação
Nº de tratamentos: ..................... Nº total de retornos: .....................
Nº retornos com nível adequado (RNI 1,8 – 40,0): ..................... ( %)
Nº retornos abaixo do nível: ................ ( %) ................. abaixo de 1,5 ( %)
Nº retornos acima do nível: ............... ( %) ................... abaixo de 5,0 ( %)
Complicações do tratamento:
Hemorrágicas: Sim ( ) Não ( ); Número de episódios: .....................
Qual: .....................................................................................................................
Com nível adequado: Sim ( ) Não ( ) Nível: ...................................................
Intens.: peq. ( ) média ( ) grave ( )
Tomou sangue: Sim ( ) Não ( )
Motivo conhecido: Sim ( ) Não ( ) Qual: ........................................................
Outras: ..................................................................................................................
Continua em tratamento atualmente? Sim ( ) Não ( )
Por que? ..............................................................................................................
Anexos
151
Tratamento completo: Sim ( ) Não ( )
Data do término........... / .......... / ...........
Tempo adequado: Sim ( ) Não ( )
Motivos da suspensão:
1. Não aderência ao tratamento ( )
2. Complicações ( )
3. Difícil controle dos níveis adequados ( )
Outra ( ) Qual: .................................................................
1. Complicações
Retrombose: Sim ( ) Não ( ) Durante tratamento: Sim ( ) Não ( )
Quantas vezes? ..................... Datas: .................................................................
Com nível adequado: Sim ( ) Não ( ) Qual: ...................................................
Motivo: conhecido ( ) Não ( ) Qual: ...............................................................
Embolia Pulmonar: Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( )
2. Complicações Crônicas
Dor: Sim ( ) Não ( ) esporádico ( ) diário ( ) raro ( )
Local: .........................Intensidade: ....................Desencadeante: ....................
Tipo da dor: ................................................................
Inchaço: Sim ( ) Não ( ) esporádico ( ) diário ( ) raro ( )
A perna ficou escura? Sim ( ) Não ( )
Tem úlcera (ferida) aberta? Sim ( ) Não ( )
Há quanto tempo: ...............................Quantas vezes abriu: ...........................
Teve úlcera na perna? Sim ( ) Não ( ) Quantas vezes:.................................
Tempo de cicatrização:.......................................................................................
Teve erisipela/celulite? Sim ( ) Não ( ) Quantas vezes:................................
Ficou internado pelas alt. na perna? Sim ( ) Não ( )
Quantas vezes: .........................Por quanto tempo: ..........................................
3. Qualidade de Vida
Leva vida normalmente após a TVP: Sim ( ) Não ( )
Trabalha normalmente: Sim ( ) Não ( )
Em que?................................................................................................................
Ficou afastado do trabalho por algum período: Sim ( ) Não ( )
Quantas vezes: ......................Porque: ...............................................................
Tempo: .................................................................................................................
Aposentou-se por causa da trombose ou complicações:...............................
Tem limitações: Sim ( ) Não ( ) Quais? .........................................................
...............................................................................................................................
10. Uso de Meia Elástica
Usa atualmente: Sim ( ) Não ( ) Porque? ......................................................
Nunca usou: Sim ( ) Não ( )
Anexos
15
2
Porque não usou: alergia ( ) intolerância ( ) condições financeiras ( )
outra: ....................................................................................................................
Uso: regular ( ) esporádico ( ) raro ( )
Quantas vezes/semana: 1 vez ( ) 2 vezes ( ) 3 vezes ( ) diário ( )
Tempo por dia: até 2 horas ( ) entre 2 e 6 horas ( ) entre 6 e 12 horas ( )
maior ( ) ..............................................................................................................
Tipo de meia: baixa compressão ( ) média compressão ( ) alta compressão ( )
extra forte compressão ( )
Tipo: ¾ ( )
7
/
8
( ) meia calça ( ) Outra: .........................................................
Com uso da meia, houve alteração dos sintomas: Sim ( ) Não ( )
Melhora ( ) Piora ( )
Tolerância da meia elástica: ..............................................................................
...............................................................................................................................
...............................................................................................................................
Observações: ......................................................................................................
...............................................................................................................................
Trombofilia: Sim ( ) Não ( ) Não pesquisada ( )
Qual? ....................................................................................................................
11. Exame físico especial
Peso ........................... Altura ........................... IMC ...........................
Membro esquerdo
Volume do membro: ...........................................................................................
Edema: Sim ( ) Não ( ) Intensidade: ..................... 1 – 4+
Hiperpigmentação: Sim ( ) Não ( ) localizada ( ) extensa ( )
Dermatofibrose: Sim ( ) Não ( )
Varizes: Sim ( ) Não ( ) moderadas ( ) intensas ( )
Úlcera cicatricial: Sim ( ) Não ( )
Úlcera aberta: Sim ( ) Não ( )
CEAP: ...................................................................................................................
Membro direito
Volume do membro: ...........................................................................................
Edema: Sim ( ) Não ( ) Intensidade: ..................... 1 – 4+
Hiperpigmentação: Sim ( ) Não ( ) localizada ( ) extensa ( )
Dermatofibrose: Sim ( ) Não ( )
Varizes: Sim ( ) Não ( ) moderadas ( ) intensas ( )
Úlcera cicatricial: Sim ( ) Não ( )
Úlcera aberta: Sim ( ) Não ( )
CEAP: ...................................................................................................................
12. Mapeamento Duplex 1
1. Sistema venoso profundo:
1.1 Pérvio: Sim ( ) Não ( )
Local da oclusão: ..........................................................................................
Anexos
15
3
1.2 Recanalização: Sim ( ) Não ( ) nível: ..................................................
1.3 Refluxo: Sim ( ) Não ( ) intensidade: .. ............................... (cm/seg)
1.4 Outras: ......................................................................................................
..........................................................................................................................
2. Sistema venoso superficial:
2.1 Pérvio: Sim ( ) Não ( )
2.2 Refluxo: Sim ( ) Não ( )
2.3 Local refluxo: VSM ( ) VSP ( ) Vv.Perfurantes ( )
2.4 Intensidade do refluxo: ........................................................... (cm/seg)
2.5 Tempo de refluxo: ......................... seg.
2.6 Outras: ......................................................................................................
..........................................................................................................................
13. Mapeamento Duplex 2
1. Sistema venoso profundo:
1.1 Pérvio: Sim ( ) Não ( )
Local da oclusão: ..........................................................................................
1.2 Recanalização: Sim ( ) Não ( ) nível: ..................................................
1.3. Refluxo: Sim ( ) Não ( ) intensidade: ................................. (cm/seg)
1.4. Outras: .....................................................................................................
..........................................................................................................................
2. Sistema venoso superficial:
2.1 Pérvio: Sim ( ) Não ( )
2.2 Refluxo: Sim ( ) Não ( )
2.3 Local refluxo: VSM ( ) VSP ( ) Vv.Perfurantes ( )
2.4 Intensidade do refluxo: ........................................................... (cm/seg)
2.5 Tempo de refluxo: ......................... seg.
2.6 Outras: ......................................................................................................
..........................................................................................................................
Anexos
15
4
Anexo IV
MAPEAMENTO DÚPLEX (MEMBRO:.......................)
Sistema Venoso Profundo
1) Pérveo ( ) sim ( ) não ( ) sinais recanalização
2) Local
3) Refluxo ( ) sim ( ) não
4) Local do refluxo:
( ) Fe Comum
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Fe sup.
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Poplítea
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) TP
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Fi
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Outras
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
Anexos
155
Sistema Venoso Superficial
1) Pérveo ( ) sim ( ) não ( ) sinais recanalização
2) Local
3) Refluxo ( ) sim ( ) não
4) Local do refluxo:
( ) Veia Safena Magna
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Veia Safena Parva
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Veias Perfurantes
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
( ) Outras
Extensão (grau):...........................
Tempo:...........................................
Volume do refluxo:......................
Velocidade:...................................
Anexos
15
6
ANEXO V
PRINCÍPIO: O anticoagulante circulante ou inibidor da coagulação é
representado por um anticorpo, geralmente da classe IgG, que interfere no
processo da coagulação, podendo ser detectado nos testes in vitro. A natureza
deste inibidor é variável, podendo aparecer em pacientes portadores de
deficiências congênitas de algum fator como a hemofilia A por exemplo, onde a
presença do anticorpo é secundária à exposição do indivíduo a uma proteína
que ele não produz. O anticorpo pode ser também de natureza autoimune,
como é o caso do anticorpo antifosfolípide, também conhecido como
anticoagulante lúpico. Este anticorpo é dirigido contra fosfolipídios, o que faz
com que ele interfira com o agente utilizado nos testes in vitro, como a cefalina
e a tromboplastina, prolongando os tempos de coagulação, embora não haja
inibição da coagulação in vivo.
A detecção destes inibidores obedece ao mesmo princípio geral:
existe prolongamento do tempo de coagulação pela presença do inibidor, o que
não é corrigido pela adição do plasma normal. Isto serve para diferenciar um
prolongamento do tempo de coagulação por causa da deficiência de um
determinado fator, pois neste caso o tempo seria plenamente corrigido pela
adição de um plasma normal.
Os inibidores contra fatores da via intrínseca ou comum são
melhores avaliados pelo TTPA. A pesquisa deve ser feita sempre que houver
prolongamento do TTPA, isto é, quando a relação P/N for > que 1,25. Faz-se
então uma mistura em partes iguais do plasma do paciente com o plasma
normal, repetindo-se o TTPA. No caso de deficiência de fator, o TTPA da
mistura deve ser totalmente corrigido, caindo para um valor < que 1,25. No
caso da presença de um inibidor, o TTPA da mistura permanecerá > 1,25.
Existem alguns inibidores, como é o caso do inibidor de fator VIII,
que ocorre após imunização em hemofílicos ou como autoanticorpo em
algumas doenças autoimunes, que têm uma ação lenta e progressiva. Nestes
casos, pode ocorrer a correção imediata de TTPA, a despeito da presença do
inibidor.
Por este motivo é importante a realização do TTPA,
imediatamente, após se fazer a mistura do plasma do paciente com o plasma
normal em partes iguais (M1), e também após a incubação desta mistura 1 ou
2 horas a 37ºC (M2), o que permitirá que a ação inibidora seja evidenciada.
PROCEDIMENTO:
1 – Coletar 2 tubos de 5 ml
Centrifugar a 2500 rpm, por 15 minutos, em seguida separar o plasma.
Centrifugar novamente e separar o plasma.
2 – Fazer TP, TTPA e TT, realizando primeiro o TTPA.
O TP e o TT devem estar normais.
3 – Se o TTPA estiver acima de 1,25 - partir para a pesquisa do anticoagulante
lúpico, fazendo-se uma mistura 1:1 com plasma normal.
ª Se corrigir – indica presença de inibidor.
ª Se não corrigir – indica deficiência de fator da via intrínseca.
Anexos
157
Pode-se diferenciar o anticoagulante lúpico de inibidor do Fator VIII,
incubando por 2 horas a mistura e realizando o TTPA.
O inibidor do Fator VIII é tempo dependente, portanto irá apresentar um
TTPA mais prolongado.
4 – Após 2 horas de incubação, realizar novamente o TTPA: se for
anticoagulante lúpico o resultado permanecerá o mesmo ou pouco modificado.
Continuar com outras técnicas a seguir:
TEMPO DE VENENO DA VÍBORA DE RUSSEL DILUÍDO
(dRVVT)
PRINCÍPIO: O teste baseia-se no fato de que o veneno da víbora de
Russel ativa o fator X convertendo-o em Xa e o complexo protrombinase,
gerando trombina e por último a fibrina.
PROCEDIMENTO:
Viperquik
TM
LA-Test
Viperquik
TM
LA- Check
1. Obtenção da amostra:
Tubo de polipropileno com tampa rosqueavel e graduado contendo 9
partes de sangue para 1 parte de anticoagulante (citrato de sódio 3,2%).
Centrifugar a 3000 rpm durante 15 minutos, para obtenção do plasma
pobre em plaquetas (PPP).
Em seguida, registrar os dados do paciente no aparelho e colocar o
próprio tubo de coleta no equipamento para ser realizado o exame.
Centrifugar novamente, para se obter um o PPP totalmente livre de
plaquetas.
Conservar a amostra em banho de gelo.
2. Técnica:
1ª Etapa:
Reconstituir o reagente: LA- Test (Manual)
Pré-aquecer em banho-maria a 37ºC uma quantidade para o uso e em
seguida, colocar em um tubo:
200l de plasma (pool ou paciente). Aguardar 1 minuto no banho-
maria a 37ºC.
200l de reagente LA- Test: disparar o cronômetro e observar o
tempo de coagulação.
RESULTADO: Se a relação paciente/pool for menor ou igual a 1,2 – o
teste é negativo para LA.
Se a relação paciente /pool for maior que 1,2 – realizar o teste LA-
Check.
Reconstituir o reagente: LA- Check
Pré-aquecer em banho-maria a 37ºC uma quantidade para o uso e em
seguida, realizar o mesmo procedimento do LA- Test.
RESULTADO: Se a relação paciente/pool for menor ou igual a 1,3
deve-se realizar o teste de mistura tanto para o LA- Test, como para o LA-
Check.
Anexos
15
8
2ª Etapa:
Realizar o mesmo procedimento do LA- Test, porém com a
mistura de plasma do paciente + pool normal na proporção 1:1.
Realizar o mesmo procedimento do LA- Check, porém com a mistura
de plasma do paciente + pool normal na proporção 1:1.
Calcular a razão da seguinte maneira: R =
Viperquick LA- Test (mistura/ = pac.+ normal)
Viperquick LA- Test (pool normal)
Viperquick LA- Check (mistura/ = pac.+ normal)
Viperquick LA- Check (pool normal)
ª Se a razão, Viperquick LA- Test/Viperquick LA –Check for maior
que 2, LA está altamente presente.
ª Se a razão, Viperquick LA- Test/Viperquick LA –Check for entre 1,5
e 2, LA está moderadamente presente.
ª Se a razão, Viperquick LA- Test/Viperquick LA –Check for entre 1,2
e 1,5, LA está fracamente presente.
DOSAGEM DA PROTEINA C – KIT HELENA
PRINCíPIO: A proteína C no plasma é ativada por uma fração
específica de veneno de cobra Agkistrodon contortrix (ativador). A quantidade
de proteína C ativada é determinada pelo monitoramento da hidrólise de uma
proteína C substrato cromogênico específico. A liberação da pNA pode ser
determinada pela medida em absorbância de 405nm.
REAGENTES:
1) Substrato Proteína C
2) Ativador
3) Substrato Aditivo
PROCEDIMENTO
1. Obtenção da amostra:
Tubo de polipropileno com tampa rosqueavel e graduado contendo 9
partes de sangue para 1 parte de anticoagulante (citrato de sódio 3,8%).
Centrifugar a 3000 rpm durante 15 minutos, para obtenção do plasma
pobre em plaquetas. Separar o sobrenadante com pipeta plástica tipo Pasteur,
aspirando apenas ¾ do sobrenadante.
Conservar a amostra em banho de gelo e realizar o teste o mais breve
possível ou então aliquotar e conservar em freezer –20ºC.
Execução no equipamento Packs 4
Ligar o aparelho, verificar temperatura e calibrar os canais.
Em seguida entrar no menu substrato cromogênico e fornecer dados
necessários, primeiro para a curva padrão, se o kit for novo, e depois com os
dados dos pacientes.
Anexos
159
Na realização de uma curva padrão (referência) o aparelho solicita
alguns dados: Novo nome da curva, nº do lote e onde aparecer valor de
referência, esta deve ser feita com plasma de referência SARP e na bula que
acompanha o SARP têm o valor de referência que deverá ser colocado para o
Kit Helena, por ex: para Proteína C o valor de referência é de 126.2% .
Curva padrão:
Preparar as seguintes diluições com pool de plasma normal ou com
plasma de referência comercial.
% de Proteína C Plasma normal Salina
100% 100l plasma normal + 300 l
50% 50l padrão 100% + 350 l
0% ------------ somente salina
paciente 100 l plasma paciente + 300 l
Teste:
Adicionar nas cubetas 75l da diluição padrão ou do plasma do
paciente.
Incubar por 3 minutos,
Adicionar 75l do reagente ativador,
Incubar por 5 minutos,
Adicionar 75l do substrato proteína C; em seguida o aparelho mostra
o registro da curva.
2. Resultado: Expresso em porcentagem.
3. Valores normais: 65 a 145 %.
DOSAGEM DA ANTITROMBINA – KIT HELENA
PRINCíPIO: Neste método – substrato cromogênico, a trombina é
adicionado no plasma diluído contendo AT na presença de excesso de
heparina. Após incubação inicial, a trombina residual é determinada com um
substrato cromogênico específico para trombina. A atividade trombina residual
é inversamente proporcional a concentração de antitrombina.
REAGENTES:
1) Reagente trombina
2) Substrato Antitrombina
3)Tampão Antitrombina
Anexos
16
0
PROCEDIMENTO
1. Obtenção da amostra:
Tubo de polipropileno com tampa rosqueavel e graduado contendo 9
partes de sangue para 1 parte de anticoagulante (citrato de sódio 3,8%).
Centrifugar a 3000 rpm durante 15 minutos para obtenção do plasma
pobre em plaquetas. Separar o sobrenadante com pipeta plástica tipo Pasteur,
aspirando apenas ¾ do sobrenadante.
Conservar a amostra em banho de gelo e realizar o teste o mais breve
possível ou então aliquotar em conservar em freezer –20ºC.
Execução no equipamento Packs 4
Ligar o aparelho, verificar temperatura e calibrar os canais.
Em seguida entrar no menu substrato cromogênico e entrar com os
dados, primeiro para a curva padrão, se o kit for novo, e depois com os dados
dos pacientes.
Na realização de uma curva padrão (referência) o aparelho solicita
alguns dados: novo nome da curva, nº do lote e onde aparecer valor de
referência, esta deve ser feita com plasma de referência SARP e na bula que
acompanha o SARP têm o valor de referência que deverá ser colocado, para o
Kit Helena, por ex: para Proteína C o valor de referência é de 126.2% .
Curva padrão:
Preparar as seguintes diluições com pool de plasma normal ou com
plasma de referência comercial.
Porcentagem de AT III Plasma normal Tampão de diluição
100% 25l plasma normal + 1000 l
50% 500l padrão 100% + 500 l
0% ------------ somente salina
paciente 25 l plasma paciente + 1000 l
Teste:
Adicionar nas cubetas 75l da diluição padrão ou do plasma do
paciente.
Incubar por 3 minutos,
Adicionar 75l do reagente trombina,
Incubar por 1 minuto,
Adicionar 75l do substrato antitrombina; em seguida o aparelho
mostra o registro da curva.
2. Resultado: Expresso em porcentagem.
3. Valores normais: 75 a 125 %.
Anexos
161
DOSAGEM DA ANTITROMBINA – KIT BIOPOOL
PRINCíPIO: Neste método – substrato cromogênico, o fator Xa é
adicionado no plasma diluído contendo AT e em presença de excesso de
heparina. Após incubação inicial, o fator Xa é determinado com um substrato
cromogênico específico fator Xa. A atividade do fator Xa residual é
inversamente proporcional à concentração de antitrombina.
REAGENTES:
1) Reagente Fator Xa
2) Substrato Fator Xa
3)Tampão concentrado 10xs
PROCEDIMENTO
1. Obtenção da amostra:
Tubo de polipropileno com tampa rosqueavel e graduado
contendo 9 partes de sangue para 1 parte de anticoagulante (citrato de sódio
3,8%).
Centrifugar a 3000 rpm durante 15 minutos, para obtenção do plasma
pobre em plaquetas. Separar o sobrenadante com pipeta plástica tipo Pasteur,
aspirando apenas ¾ do sobrenadante.
Conservar a amostra em banho de gelo e realizar o teste o mais breve
possível ou então aliquotar em conservar em freezer –20ºC.
Execução no equipamento Packs 4
Ligar o aparelho, verificar temperatura e calibrar os canais.
Em seguida entrar no menu substrato cromogênico e entrar com os
dados, primeiro para a curva padrão, se o kit for novo, e depois com os dados
dos pacientes.
Teste:
Adicionar nas cubetas 100l da diluição padrão ou do plasma do
paciente,
Incubar por 3 minutos,
Adicionar 100l do reagente trombina,
Incubar por 1 minuto,
Adicionar 100l do substrato antitrombina, em seguida o aparelho
mostra o registro da curva.
2. Resultado: Expresso em porcentagem.
3. Valores normais: 75 a 125 %.
DOSAGEM DE PROTEÍNA S LIVRE- MÉTODO ELISA
(KIT- HELENA)
1. Um micropoço deve ser usado como branco de reagente, sofrendo
adição do diluente de amostras somente, e tendo tratamento subseqüente
normal (veja tópico 8 nesta seção).
2. Um outro micropoço deve ser usado para zerar o equipamento de
leitura com a adição de água deionizada em um micropoço sem uso e,
imediatamente, antes da leitura.
Anexos
16
2
3. Pré-tratamento da amostra para determinação da Proteína S livre:
Todas as amostras onde será necessário fazer a quantificação da Proteína S
livre deverão ser submetidas a este tratamento antes do ensaio. As amostras a
tratar não devem ser diluídas. Adicione 45 µL de Free Protein S Reagent a 255
µL de Plasma Referência, para ter sobrenadante suficiente para proceder a
Curva de Referência. Vortex e a mistura e deixe repousar no gelo por 30
minutos. Centrifugue a 3000 rpm por 10 minutos e use o sobrenadante (livre de
proteína S ligada) para preparar as diluições das amostras e o plasma
referência, como descrito abaixo.
4. Pré-diluição do plasma de Referência para ensaios de Proteína S
Total: Para cada Plasma de Referência, plasma controle ou plasma amostra,
que vão ser testado para Proteína S Total, use a seguinte diluição: 1:2 em
Sample Diluent (100 µL de plasma e 100 µL de Sample Diluent). Esta diluição
1:2 será então utilizada na preparação das diluições de trabalho para
quantificação da Proteína S Total (passos 5 e 6).
5.Usando o Plasma de Referência fornecido no Kit, prepare seis
diluições usando o Sample Diluent (prepare dois conjuntos de diluições, um
usando o Plasma de Referência com a Proteína S total e o outro usando o
Plasma de Referência tratado com o PEG, para obter a Proteína S livre
somente):
Plasma de Referência/l Diluente/l % Atividade
30 500 150
20 500 100
15 500 75
10 500 50
5 1000 25
1 2000 12,5
*Os valores apontados acima devem ter emprego somente na construção da Curva de
Referência.
6. Prepare uma diluição de 1:26 do plasma do paciente e do plasma de
controle. Por exemplo, 1:2 diluição inicial dos plasmas e dilua a seguir 20 µL de
plasma diluído (1:2) adicionados a 500 µL de Sample Diluent = 1:26. Agite
suavemente.
7. Adicione 100 µL de plasma diluído (6X Plasma de Referência,
amostra e plasma controle) aos micropoços previamente identificados para
Proteína S Total e Livre.
8. Adicione 100 µL de Sample Diluent ao micropoço Branco de
Reagente. Deixe o micropoço destinado ao Branco de Água vazio!
9. Incube à temperatura ambiente por 40 minutos. Uma vez terminada
a incubação, drene com cuidado os micropoços, observando que o líquido
drenado não atinja outros micropoços.
10. Lave os micropoços completa e cuidadosamente com o PBS (o
PBS não influi na leitura final do poço de branco de água) por 4 vezes
consecutivas. Inverta os micropoços ao final de cada drenagem e bata,
delicadamente, contra um papel absorvente, para retirar ao máximo o PBS de
cada lavagem. Cuidado com a retenção das tiras de micropoços: segure o
suporte prendendo as tiras de micropoços e sacuda com movimentos breves
Anexos
16
3
para promover a remoção das proteínas plasmáticas não retidas na parede do
micropoço pelos anticorpos.
11. Adicione 100 µL de Proteína S Conjugate Solution (vermelho) em
cada micropoço destinado ao branco de água.
12. Incube por 10 minutos em temperatura ambiente. Decorrida a
incubação, inverta cuidadosamente o suporte com os micropoços drenando a
Solução de Conjugado.
13. Lave por quatro vezes consecutivas com o PBS, como no passo
10. Use uma bomba para esvaziar os micropoços e comprima-os contra um
papel absorvente para total eliminação do conjugado. Não deixe que os
micropoços sequem entre as operações.
14. Adicione 100 µL de Substrato aos micropoços, excetuando o
branco de água e incube por 10 minutos a temperatura ambiente. Procure fazer
a adição do Substrato com a maior rapidez possível. Os micropoços com as
amostras positivas assumirão a cor azul.
15. Adicione 100 µL de Sttopping Solution (Solução de parada) cada
micropoço (exceto o branco de água) para parar a reação enzimática . Procure
obedecer a mesma ordem e tempo empregado na adição do Substrato. Azuis
se converterão em amarelos e os incolores (negativos) permanecerão
incolores. Depois, adicione ao branco de água 200 µL de água deionizada.
Zere ou Blanck o leitor usando a leitura do micropoço de branco de água. Leia
a D.O. de cada micropoço em 450 nm. Resultados apresentam maior precisão
quando lidos imediatamente.
FAIXA DE REFERÊNCIA
A proteína S livre e Total são expressas através de valores de
percentual (%) sobre a normalidade de um pool de plasmas normais.
Proteína S Total = 60-150%
Proteína S Livre = 50-130%
DOSAGEM DE ANTICORPO ANTICARDIOLIPINA
INOVA QUANTA LIFE
TM
(IgM- IgG)
PRINCíPIO: É um teste de ELISA para detecção de anticorpos
anticardiolipinas em soro humano empregando a técnica de sanduíche ELISA.
Antígeno de cardiolipina purificado é ligado aos poços da placa de polietireno,
sob condições que vão preservar o antígeno em seu estado nativo. Controles
pré-diluídos e soros de pacientes diluídos são adicionados em separados
poços permitindo que qualquer anticorpo anticardiolipina presente se ligue ao
antígeno imobilizado. Amostras não ligadas são lavadas e uma enzima
marcada com IgG anti-humano/ IgM anti- humano são adicionados a cada
poço. Uma segunda incubação permite que a enzima marcada com IgG/ IgM
anti-humano se ligue a qualquer anticorpo do paciente que tenha se ligado aos
poços. Após lavagem para retirada do restante da enzima, é colocado um
substrato de peroxidase que sofre uma mudança de cor em presença da
enzima conjugada. Depois do término da produção enzimática do produto
colorido, a presença ou ausência de anticorpos anticardiolipinas é determinado
pela comparação da densidade ótica da amostra com uma curva de calibração
de 5 pontos. Os resultados são semiquantitativos em unidades padrão de
anticardiolipina IgG (GPL)/ anticardiolipina IgM (GMP).
Anexos
16
4
MÉTODO
1. Colocar todos os reativos e amostras para temperatura ambiente de
(20- 26) e misture bem.
2. Dilua o ACA PBS concentrado 1:40 adicionando o conteúdo de ACA
PBS concentrado em 975 ml de água destilada ou deionizada. Se não forem
realizados os ensaios da placa inteira, uma pequena quantidade pode ser
preparada adicionando 2,0 ml de concentrado a 78 ml de água destilada ou
deionizada para cada 16 poços utilizados. O tampão ACA PBS deve ser
preparado diariamente. As partes não utilizadas devem ser desprezadas ao
final da jornada de trabalho.
3. Prepare uma diluição 1:101 de cada amostra de pacientes
adicionando 5 microlitros de amostra com 500 microlitros de diluente de
amostras ACA. As amostras diluídas devem ser utilizadas dentro de 8 horas.
Não dilua calibradores controles e controle negativo.
4. A determinação da presença ou ausência de anticorpos
anticardiolipinas utilizando unidades arbitrárias requer 2 poços para cada
calibrador e controle em um ou dois poços para cada amostra de paciente.
Recomenda-se que as amostras sejam rodadas em duplicata.
Preparação da curva padrão: Para os pontos de A até E dos 5 pontos
da curva padrão, utilize os calibradores ACA HRP A até E diretamente do
frasco. Os 5 valores da curva possuem os seguintes valores:
Ponto Diluição Unidade fosfolípide
(GPL/MPL)
A Calibrador A pré-dil. ACA HRP IgG/IgM 150
B Calibrador B pré-dil. ACA HRP IgG/IgM 75
C Calibrador C pré-dil. ACA HRP IgG/IgM 37,5
D Calibrador D pré-dil. ACA HRP IgG/IgM 18,8
E Calibrador E pré-dil. ACA HRP IgG/IgM 9,4
PROCEDIMENTO:
1. Todos os reagentes devem ser colocados à temperatura ambiente,
antes de começar o ensaio. Retire o número apropriado de micropoços
necessários para rodar o ensaio. Imediatamente, retorne as tiras não utilizadas
na bolsa contendo dessecante para minimizar a exposição ao vapor d água.
2. Coloque 100 microlitros de cada um dos cinco calibradores , as
amostras de pacientes diluídas, o controle negativo e o controle nos poços de
acordo com a sugestão do protocolo.
Calibrador, controle e amostra do paciente usando todas as 12 faixas.
Tira Nº Tira Nº Tira Nº Tira Nº Tira Nº Tira Nº
1 e 2 3 e 4 5 e 6 7 e 8 9 e 10 11 e 12
A EM P2 P10 P18 P26 P34
B Cal A P3 P11 P19 P27 P35
C Cal B P4 P12 P20 P28 P36
D Cal C P5 P13 P21 P29 P37
E Cal D P6 P14 P22 P30 P38
F Cal E P7 P15 P23 P31 P39
G PC P8 P16 P24 P32 P40
H P1 P9 P17 P25 P33 P41
EN = Controle Negativo ACA Cal. A – Cal. E = Calibradores
PC = Controle Positivo IgM P1 – P41 = diluente de amostra
Anexos
165
Nota: Ambos os controles ACA HRP IgG/IgM e controle negativo são
pré-diluidos e pronto para o uso. Os valores aceitáveis do controle ACA HRP
IgG/IgM estão impressas na bula do frasco. Caso o controle não fique dentro
da faixa aceitável impressa no rótulo, repita a corrida. Se uma vez repetido o
teste o controle se mantenha fora dos limites contate a assistência técnica
INOVA. É recomendado fazer o teste em duplicata.
3. Cubra os poços e incube por 30 min a temperatura ambiente. O
tempo de incubação começa após pipetar a última amostra.
4. Lavagem: Aspire fortemente o conteúdo de cada poço. Adicione 200-
300 microlitros do tampão PBS ACA diluído em todos os poços e então, aspire
novamente. Repita esta seqüência 2 vezes para um total de três lavagens.
Inverta a placa e golpeie levemente sobre o material absorvente para remover
qualquer resíduo após a última lavagem.
Nota: É importante esvaziar cada poço completamente depois de cada
poço da lavagem. Mantenha a mesma seqüência para a aspiração como era
usado para a adição de amostra.
5. Adicione 100 microlitros do Conjugado HRP IgG/IgM em cada poço.
O conjugado deve ser retirado dos frascos utilizando condições padrões de
assepsia e boas técnicas de laboratório. Retire do frasco apenas a quantidade
que for utilizar para o ensaio. Para prevenir contaminações microbiológicas
e/ou químicas, nunca retorne conjugado não utilizado para o frasco. Incube os
poços durante 30 minutos como na etapa 3.
6. Etapa de Lavagem: Repita etapa 4.
7. Coloque 100 microlitros de TMB Cromógeno em cada poço e incube
por 30 min à temperatura ambiente.
8. Coloque 100 microlitros de solução de parada HRP em cada poço.
Mantenha a mesma seqüência e cronometre a adição da solução de parada
como foi feito na adição do TMB Cromógeno. Homogeneíze a placa com leves
batidas com os dedos, para auxiliar na mistura dos poços.
9. Leia a absorbância (OD) de cada poço a 450 nm dentro de uma hora
do término da reação.
Controle de qualidade
1. O calibrador, controle e controle negativo ACA HRP IgG/IgM devem
ser corridos em cada bateria de amostras para ter certeza de que os reagentes
e procedimentos funcionaram a contento.
2. Desde que calibrador, controle e controle negativo ACA HRP
IgG/IgM são prediluídos, não são controlados os métodos associados com as
diluições.
3. Controles adicionais podem ser testados de acordo com as normas
do local, estado e/ou regulamentos federais ou organizações de acreditação.
Controles adicionais de soro podem ser preparados aliquotando soro humano
em um pool e estocando a menor ou igual -20C.
4. Para os resultados dos testes serem considerados válidos, todos os
critérios listados abaixo devem ser seguidos. Caso contrário, o teste deve ser
considerado inválido e o ensaio repetido.
a- A absorbância do calibrador pré-diluído ACA HRP IgG/IgM deve ser
maior do que a absorbância do controle pré-diluído ACA HRP IgG/IgM que
Anexos
16
6
deve ser maior do que q absorbância do controle pré-diluído negativo ACA.
b- O calibrador pré-diluído ACA HRP IgG/IgM deve ter absorbância
maior do que 1,0 enquanto que a absorbância do controle pré-diluído negativo
ACA não pode ser maior do que 0,2.
c- A concentração do controle ACA HRP IgG/IgM deverá estar dentro
dos valores considerados no rótulo.
d- O usuário deve referir NCCLS documento C24-A como um guia
adicional das boas práticas de controle de qualidade.
Cálculo dos Resultados
1. Determine uma média para todas as leituras de duplicatas.
2. Projetar a absorbância média do calibrador para o ACA IgG/IgM do
ensaio contra o log das concentrações deles.
Use uma linha que melhor projete a curva. Como alternativa uma curva
log/log pode ser utilizada. As unidades GPL/MPL asseguram que os
calibradores foram encontrados no frasco do calibrador.
3. Determine a concentração padrão desconhecida de ACA GPL/MPL
para o “eixo do X” lendo a absorbância correspondente no “eixo do Y”. Exemplo
de curva padrão típica:
Padrão Médias D.O. Coeficiente Variação % Concentração GPL
A 1,628 1,1 150
B 0,964 7,9 75
C 0,45 3,1 37,5
D 0,219 1 18,75
E 0,096 0,7 9,375
Padrão Médias D.O. Coeficiente Variação % Concentração MPL
A 1,503 1 150
B 0,747 3,6 75
C 0,39 7,3 37,5
D 0,182 1,6 18,75
E 0,095 0 9,375
Interpretação dos Resultados
O ensaio de ELISA é uma técnica muito sensível e é capaz de detectar
mesmo pequenas diferenças em populações de pacientes. Cada laboratório
deve ter seus próprios valores normais baseados em sua própria técnica,
controles equipamentos e população de pacientes de acordo com seus
próprios procedimentos estabelecidos.
1. Um resultado positivo indica a presença de anticorpos
anticardiolipina IgG/IgM e podem ser usados em conjunção com outros testes
sorológicos e achados clínicos para auxiliar no controle do risco de trombose
em indivíduos com LES ou desordens tipos lúpicas.
2. Os resultados devem ser expressos em unidades GPL/MPL.
Baseados em 224 amostras normais e 65 pacientes com LES a sugestão de
um cutoff de 15 GPL/ 12,5 MPL é referida. Sugerimos que cada laboratório
Anexos
167
tenha seus próprios valores. Mesmo quando é usada uma curva de calibração
existe uma variação nos resultados nos baixos níveis e resultados falsos
positivos são freqüentes. Por essa razão nos sugerimos os valores de 15 a 20
GPL/ 12,5 a 20 MPL inclusive, para serem considerados indeterminados, e
considerados resultados positivos amostras maiores que 20 GPL/ 20 MPL.
Harris e Pierangeli sugerem um método semiquantitativo alternativo de
expressar os resultados. Nós sugerimos que valores de 20-80 GPL/MPL sejam
considerados como baixos para médios positivos e acima de 80 GPL como
resultado positivo alto.
3. O resultado negativo indica ausência de anticorpos anticardiolipina
IgG/IgM ou abaixo do limite de detecção do teste.
4. É sugerido que os resultados do laboratório incluam no seu laudo:
“os seguintes resultados foram obtidos com o INOVA QUANTA Life
TM
ACA
(HRP) ELISA. Valores de cardiolipina IgG/IgM obtidos por diferentes métodos
não são intercambiáveis. A magnitude dos níveis de IgG/IgM podem não ser
correlacionados com outras titulações de ponto final”.
Anexos
16
8
Anexos
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