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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE ENGENHARIA - CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA
PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
CULTIVO DO CAJUEIRO ANÃO (Anacardium occidentale L.) NAS
REGIONAIS DE ANDRADINA E JALES DO ESTADO DE SÃO PAULO:
TRATOS CULTURAIS, CUSTOS E MERCADOS
DANIELA CINTRA DE ARAÚJO
Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Anselmo Tarsitano
Tese apresentada à Faculdade de
Engenharia da UNESP, Campus de Ilha
Solteira, como um dos requisitos para a
obtenção do Título de Doutorado em
Agronomia – Área de Concentração -
Sistemas de Produção.
Ilha Solteira-SP
Setembro/2008
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1
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira.
Araújo, Daniela Cintra de.
A663c
Cultivo do cajueiro anão (Anacardium occidentale L.) nas regionais de An-
dradina e Jales do estado de São Paulo: tratos culturais, custos e mercados / Da-
niela Cintra de Araújo. -- Ilha Solteira : [s.n.], 2008
119 f. : il., fots. color.
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Engenha-
ria de Ilha Solteira. Especialidade: Sistemas de Produção, 2008
Orientador: Maria Aparecida Anselmo Tarsitano
Bibliografia: p. 103-109
1. Caju – oeste do estado de São Paulo. 2. Cultivos agrícolas – Tecnologia.
3. Análise econômica. 4. Frutas – Comercialização. 5. Frutas – Indústria.
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3
OFEREÇO
À minha mãe Márcia Cintra Araújo,
Pelo amor, compreensão e paciência,
E ao meu irmão Huguinho,
pela amizade e colaboração.
DEDICO
Às minhas duas grandes paixões,
Kaike e Giovanna, presente
de Deus em minha vida!
A todos que fazem parte da minha vida
e torcem por mim,
MINHA GRATIDÃO
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, Senhor da minha vida, que tem cuidado de mim a todo instante, e por
mais uma vitória!!!
À minha família, meu porto seguro! Em especial, á minha mãe, minha
companheira de todas as horas, por seu amor incondicional e dedicação. Ao meu irmão
Huguinho, minha cunhada Érika e sobrinhos Kaíke e Giovanna.
À minha avó Maria Helena Cintra, pelo carinho e orações.
À professora Dra. Maria Aparecida Anselmo Tarsitano, pela orientação,
conhecimentos transmitidos para a realização deste trabalho, e principalmente pelo
carinho, dedicação e amizade. Ao seu esposo Fernando Tarsitano, pela amizade e
auxílio nas viagens para visitas técnicas. E também à Fernanda Tarsitano, pela
colaboração na correção do “Abstract”.
Aos professores Aparecida Conceição Boliani, Antonio Lázaro Sant’Ana,
Silvia M. A. Lima Costa, Carlos Augusto M. e Araújo e Luiz de Souza Corrêa, pela
colaboração e sugestões.
Aos professores e funcionários do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de
Alimentos e Sócio-Economia da FEIS/UNESP, pelo auxílio e amizade durante o
Doutorado.
A todos os produtores rurais e técnicos agrícolas que contribuíram com as
informações necessárias para a realização deste trabalho.
Ao bibliotecário João Josué Barbosa, pela correção nas referências
bibliográficas.
Aos colegas de pós-graduação, em especial à Rosalina Alves Rapassi e
Alexsander Seleguini, pelo convívio e amizade.
Aos amigos do GOU Ângelus (Grupo de Oração Universitário), pelos anos de
convivência, amizade, orações e confraternizações.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho.
5
“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas
quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi
Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e,
em última análise, de O conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-
O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio...” Papa João
Paulo II
6
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS.................................................................................................. 8
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 17
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 18
3.1. O Cajueiro Comum e o Cajueiro Anão ................................................................. 18
3.2. Sistemas de Produção ............................................................................................ 20
3.3. Caju In Natura....................................................................................................... 22
3.4. Agroindústria......................................................................................................... 23
3.4.1. A agroindústria das frutas................................................................................... 23
3.4.2. A agroindústria do caju ...................................................................................... 25
3.5. Aspectos Econômicos da Cultura.......................................................................... 26
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 28
4.1. Fonte de Dados ...................................................................................................... 28
4.2. Metodologia e Técnica de Pesquisa....................................................................... 30
4.3. Estrutura do custo de produção e avaliação econômica ........................................ 33
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 36
5.1. Histórico do Caju na Região.................................................................................. 36
5.2. Região Estudada .................................................................................................... 38
5.3. Dados Referentes à Cultura do Cajueiro nos EDRs de Jales e Andradina............ 45
5.4. Sistemas de Cultivos, Custos e Lucratividades nos EDRs de Jales e Andradina.. 57
5.4.1. Caracterização do sistema de produção de caju no EDR de Jales...................... 57
5.4.2. Estimativas de custos e lucratividades no EDR de Jales.................................... 59
5.4.3. Caracterização do sistema de produção de caju no EDR de Andradina............. 67
5.4.4. Estimativas de custo e lucratividade no EDR de Andradina.............................. 68
5.5. Custos de Comercialização da Fruta In Natura nos EDRs de Jales e Andradina . 75
5.6. Análise do Investimento na Cultura do Cajueiro................................................... 79
5.7. Comportamento de Mercado da Fruta In Natura .................................................. 81
5.8. Agroindústria......................................................................................................... 87
5.8.1. Unifrutas Mirandópolis Agroindústria LTDA no EDR de Andradina............... 87
5.8.2. Grupos de doceiras no EDR de Jales.................................................................. 93
5.8.3. Feira do Caju do Noroeste Paulista .................................................................... 96
7
6. CONCLUSÕES..................................................................................................... 100
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 103
APÊNDICES............................................................................................................. 110
8
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 01. Estratificação fundiária do EDR de Andradina. .......................................38
Tabela 02. Número de produtores e área ocupada com caju por hectare nos
municípios do EDR de Andradina, nos anos de 2006, 2007 e 2008. ........39
Tabela 03. Estratificação fundiária do EDR de Jales. ................................................41
Tabela 04. Número de produtores e área ocupada com caju por hectare nos
municípios do EDR de Jales, nos anos de 2006, 2007 e 2008. .................45
Tabela 05. Estimativas de custos de produção do caju anão 1 ha (200 pés) no
EDR de Jales (4° ano), dezembro de 2006................................................60
Tabela 06. Produção, custos, preços e indicadores de lucratividade da cultura
do cajueiro anão precoce, por hectare, no EDR de Jales (4º ano),
dezembro de 2006......................................................................................63
Tabela 07. Estimativas de custos de produção do caju anão 1 ha (200 pés) no
EDR de Jales (5° ano), dezembro de 2007................................................64
Tabela 08. Produção, custos, preços e indicadores de lucratividade da cultura
do cajueiro anão precoce, por hectare, no EDR de Jales (5º ano),
dezembro de 2007......................................................................................67
Tabela 09. Estimativas de custos de produção do caju anão, 1 ha (200 pés), no
EDR de Andradina (4º ano), em sistema de cultivo mais
tecnificado, dezembro de 2006..................................................................69
Tabela 10. Estimativas de custos de produção do caju anão, 1 ha (200 pés), no
EDR de Andradina (4º ano), em sistema de cultivo menos
tecnificado, dezembro de 2006..................................................................73
Tabela 11. Produção, custos, preços e indicadores de lucratividade da cultura
do cajueiro anão precoce, por hectare, no EDR de Andradina (4º
ano), dezembro de 2006.............................................................................74
Tabela 12. Custos envolvendo a comercialização da caixa de caju de 1,8 kg
no EDR de Jales e Andradina, através da venda pelo preço
consignado, em junho de 2006 e no EDR de Jales, em junho de
2007. ..........................................................................................................78
Tabela 13. Fluxo de caixa, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e
Pay back em investimentos no caju/ha em 2007. ......................................80
9
Tabela 14. Procedências, quantidades e a participação percentual de caju in
natura comercializadas na CEAGESP, nos anos de 2006 e 2007.............84
Tabela 15. Procedências, por município do Estado de São Paulo, quantidades
e a participação percentual de caju in natura comercializadas na
CEAGESP, nos anos de 2006 e 2007........................................................86
10
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 01. Distribuição dos 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural
(EDRs), no Estado de São Paulo, destacando os 2 EDRs estudados.........28
Figura 02. EDR de Andradina com seus 13 municípios. ...........................................29
Figura 03. EDR de Jales com seus 22 municípios. ....................................................30
Figura 04. Primeira reunião com técnicos e produtores de caju no EDR de
Jales. ..........................................................................................................43
Figura 05. Reunião na residência de um produtor de caju no EDR de
Andradina. .................................................................................................46
Figura 06. Vista de um pomar de caju com 10 meses de idade no EDR de
Jales. ..........................................................................................................47
Figura 07. Vista de um pomar de caju podado com 4 anos de idade no EDR
de Jales.......................................................................................................48
Figura 08. Tratos culturais utilizados no pomar de caju no EDR de Jales e
Andradina. .................................................................................................48
Figura 09. Participação percentual das principais pragas e doenças citadas
pelos produtores de caju no EDR de Jales e Andradina............................49
Figura 10. Destaque dos frutos do caju do clone CCP-76 no EDR de Jales..............50
Figura 11. Destaque dos frutos do caju do clone CCP-76 no EDR de
Andradina. .................................................................................................51
Figura 12. Produção de caju no EDR de Andradina. .................................................51
Figura 13. Problemas e/ou dificuldades encontradas pelos produtores de caju
no EDR de Jales e Andradina....................................................................55
Figura 14. Como realizar poda no cajueiro com professores, alunos e
produtores do EDR de Jales.......................................................................55
Figura 15. Caixa utilizada na comercialização do caju no EDR de Jales...................76
Figura 16. Informações nutricionais sobre o caju, presentes nas novas caixas
de papelão no EDR de Jales. .....................................................................76
Figura 17. Variação da oferta e do preço do caju comercializado na
CEAGESP de São Paulo, média de 2000 até julho de 2008. ....................81
Figura 18. Variação da oferta de caju na CEAGESP de São Paulo, nos anos
de 2005, 2006, 2007 e o primeiro semestre de 2008. ................................82
11
Figura 19. Variação do Preço do caju comercializado na CEAGESP de São
Paulo, nos anos de 2005, 2006, 2007 e o primeiro semestre de
2008. ..........................................................................................................83
Figura 20. A.Vista da agroindústria UNIFRUTAS em Mirandópolis-SP; B.
Galpão para recepção das frutas; C. Equipamentos utilizados no
processamento das frutas...........................................................................88
Figura 21. Produtos fabricados e comercializados pela UNIFRUTAS no EDR
de Andradina..............................................................................................92
Figura 22. Produtos derivados do caju, produzidos pelo Grupo de Doceiras
do EDR de Jales.........................................................................................95
Figura 23. Feira do Caju realizada em Urânia (EDR de Jales) em
novembro de 2007. ....................................................................................98
Figura 24. Destaque das novas caixas de papelão com 4 bandejas cada,
contendo 3 cajus, na 2ª Feira do Caju realizada em Urânia (EDR de
Jales) em novembro de 2007. ....................................................................98
12
CULTIVO DO CAJUEIRO ANÃO (Anacardium occidentale L.) NAS
REGIONAIS DE ANDRADINA E JALES DO ESTADO DE SÃO PAULO:
TRATOS CULTURAIS, CUSTOS E MERCADOS
1
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo caracterizar e avaliar a cultura do
cajueiro anão nos EDRs ou Regionais de Andradina e Jales, do Estado de São Paulo.
Os dados foram levantados a partir da aplicação de questionário e de planilhas, de
modo a conhecer o perfil do produtor de caju e caracterizar todo o processo produtivo,
desde o preparo do solo até a comercialização da fruta (in natura e/ou indústria).
Foram entrevistados os participantes da Associação dos Produtores de Caju do EDR de
Jales, os produtores do EDR de Andradina, os técnicos da assistência técnica e o
gerente da agroindústria UNIFRUTAS, localizada em Mirandópolis. Foram também
entrevistadas integrantes do Grupo de Doceiras de caju e da castanha para
levantamento dos diferentes tipos de produtos processados e do seu potencial na
região. Os produtores selecionados foram acompanhados e estimados os custos de
produção e os indicadores de lucratividade do caju nas duas regionais estudadas. Para
análise de mercado foram estimados os custos de comercialização através da análise
das Notas do Produtor e de entrevistas com intermediários e técnicos. Os dados
referentes aos preços e quantidades comercializadas na CEAGESP nos últimos anos
foram tabulados e apresentados em tabelas e gráficos. Os resultados evidenciam que os
sistemas de cultivos, os custos e lucratividades de cada região estudada refletem o
perfil de seus respectivos fruticultores, bem como os objetivos ou as expectativas que
cada região tinha em relação ao destino final da fruta. No EDR de Andradina, desde o
início, o objetivo principal era o processamento da castanha e a desidratação do
pedúnculo, além da comercialização da fruta in natura. Os produtores desta Regional
não contavam com a vulnerabilidade da cultura ao ataque das pragas e doenças em
todas as fases de seu desenvolvimento, exigindo tratamento fitossanitário intensivo,
principalmente em épocas de concentração de chuvas. no EDR de Jales
apresentavam outra expectativa em relação ao destino da fruta, isto é, “apostaram” no
seu potencial para o mercado in natura, além da possibilidade do processamento
artesanal da fruta inadequada para mesa. Desde o início, tais produtores buscaram
aprimorar seus conhecimentos, principalmente relacionados ao controle de doenças e à
1
Esta Tese faz parte do Projeto “Análise da cultura do cajueiro (Anacardium occidentale L.) na região
oeste do Estado de São Paulo”, que contou com o Auxílio Pesquisa FAPESP.
13
poda da planta, bem como na utilização de tratos culturais adequados para o melhor
desempenho da mesma. A cultura do caju pode ser considerada como mais uma
alternativa viável de cultivo, tendo apresentado resultados econômicos satisfatórios.
Embora a maior parte do caju produzido no EDR de Andradina seja direcionada ao
consumo in natura, a agroindústria localizada no município de Mirandópolis-SP tende
a desempenhar um importante papel no fomento à produção frutícola da região oeste
do Estado de São Paulo. No EDR de Jales, os grupos de doceiras possibilitam melhor
participação das famílias nas atividades, e consequentemente maior divulgação de
novas tecnologias, refletindo principalmente nas economias regionais e locais, onde a
fruticultura se destaca, demonstrando ser possível iniciar uma atividade de agregação
de valor a fruta, gerando renda sem a necessidade de grandes investimentos. Muito
embora, existam diferenças quanto ao cultivo do cajueiro anão, destino da fruta e perfil
do fruticultor, esta atividade pode ser considerada uma alternativa viável
economicamente às regionais estudadas. No entanto, há muito ainda a se realizar,
principalmente na capacitação e organização dos agricultores familiares, no
desenvolvimento de pesquisas que visem difundir melhores técnicas em relação ao
sistema de cultivo, pós-colheita, na comercialização da fruta in natura e no seu
processamento.
Palavras-chave: tecnologia, análise econômica, comercialização, agroindústria.
14
THE DWARF CASHEW TREE CULTIVATION (Anacardium occidentale L.)
IN THE REGION OF ANDRADINA AND JALES - SÃO PAULO STATE -:
CULTURAL TREATMENTS, COSTS AND MARKETS
ABSTRACT: The present work intended to characterize and to evaluate the culture of
the dwarf cashew tree in EDRs or Andradina and Jales region, in the São Paulo State.
The data were obtained through questionnaires and spreadsheets, in order to know the
cashew producer´s profile an d to characterize the whole productive process, from the
soil preparation to the fruit commercialization (in natura and/or industry). The
participants of the Cashew Producers Association of the EDR in Jales were
interviewed, as well as the producers of the EDR in Andradina, the technicians of the
technical support and the manager of the agribusiness UNIFRUTAS, located in
Mirandópolis. Some members of the Cashew and Chestnut Confectioners Group were
also interviewed to get different types of processed products and its potential in the
area. The selected producers were accompanied, the production costs and the
indicators of the cashew profitability in both regions were calculated. As for market
analysis, it was evaluated the commercialization costs through studies of the Producers
Note and the interviews with middlemen and technicians. The data regarding the prices
and amounts commercialized in CEAGESP in the last years were tabulated and
presented in tables and graphs. The results show that the cultivation systems, costs and
profitabilities of each studied area reflect the profile of their respective producers, the
objectives or the expectations that each area had with the final destiny of the fruit. In
EDR of Andradina, since the beginning, the main objectives were the chestnut process
and the dehydration of the stalk, and not just the commercialization of the fruit in
natura. The producers of this Regional did not count with the vulnerability of the
culture with the attack of the curses and diseases in all phases of its development,
demanding intensive treatment, especially in rainy seasons. However in EDR of Jales
it was demonstrated a different expectation to the destiny of the fruit, which means that
the best choices were the potential of the market in natura and the possibility of the
artisan processing of the inadequate fruit for table. From the beginning those producers
looked up to improve their knowledge, especially the ones related to diseases control
and to the plant pruning, as well as the use of appropriate cultural treatments for its
best performance. The cashew culture can be considered another viable alternative of
cultivation because of the satisfactory economical results. Although most of the
15
cashew produced in the EDR of Andradina is addressed to the consumption in natura,
the located agribusiness in the municipal district of Mirandópolis-SP tends to play an
important part to the fruit production in the west area of São Paulo State. In the EDR
of Jales, the confectioners groups brought a better participation of the families in the
activities, and as a result, a bigger spreading of new technologies, reflecting especially
in the regional and local economy where the horticulture stands out demonstrating that
it is possible to begin an aggregation activity of the fruit value, creating income
without the need of great investments. Nevertheless there are differences about the
dwarf cashew tree cultivation, the destiny of the fruit and the producers´ profiles, this
activity can be considered a viable economical alternative to the studied areas. Still,
there is a lot to do particularly for the training and organization of the farmers´ families
and for the development of researches that intend to diffuse better techniques to the
cultivation system, powder-crop, in the commercialization of the fruit in natura and its
processing.
Keywords: technology, economical analysis, commercialization, agribusiness.
14
1. INTRODUÇÃO
A fruticultura é um dos segmentos agrícolas mais rentáveis, despertando a
atenção não de empresários rurais e agricultores, mas também de órgãos
governamentais (PEREIRA et al., 2004).
A receita com exportações de frutas em 2008 deverá atingir US$ 700 milhões,
um crescimento de 10% em relação ao ano anterior. Segundo projeção da
HORTIFRUTI Brasil, o Brasil poderá, na próxima década, se tornar um dos 10
maiores exportadores mundiais de frutas (MELO; VITTI, 2008).
A produção mundial de frutas foi de 499,7 milhões de toneladas em 2007,
sendo que os cinco maiores países produtores de frutas do mundo foram: China, Índia,
Brasil, Estados Unidos e Itália, nesta ordem, que, juntos, representaram 45% da
produção mundial de frutas (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION -
FAO, 2008).
O Brasil ocupou a terceira colocação na classificação dos principais países
produtores de frutas em 2007, com a quantidade de 36,8 milhões de toneladas, ficando
atrás apenas da China (94,4 milhões de toneladas) e da Índia (51,1 milhões de
toneladas) (FAO, 2008).
Calcula-se que o setor de fruticultura, incluídos seus diferentes segmentos e
serviços agregados, responda pela geração e manutenção de 4 milhões de empregos
diretos e por um PIB de US$ 11 bilhões (FERNANDES, 2003).
O Brasil exporta cerca de 70% de nossas frutas para a Europa, seguida de 11%
para o Mercosul. O maior importador é a Holanda, que funciona como centro
distribuidor para a Europa. O maior importador para consumo direto é o Reino Unido,
seguindo-se os Estados Unidos e a Argentina (FERNANDES; FERRAZ; OLIVEIRA,
2004).
15
A fruticultura paulista destaca-se no cerio nacional, principalmente pelas
produções de citrus e banana. No entanto, em virtude de suas características
edafoclimáticas, o Estado de São Paulo oferece condições propícias para a produção de
diversas frutíferas, com diferentes ciclos de maturação, permitindo a colheita por todo
o ano. Com a crescente expansão e diversificação de espécies frutíferas, a fruticultura
paulista começa a apresentar bons resultados na economia estadual, pois além de suprir
parte de suas necessidades internas, ainda destina boa parte para demanda externa,
contribuindo para a geração de divisas (SANTIAGO; ROCHA, 2001).
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) pertencente à família Anacardiaceae,
ocupa lugar de destaque entre as plantas frutíferas tropicais. É uma cultura de grande
importância econômica, estimulada pela produção do produto industrializado e pelo
consumo interno. É cultivado em diversos países, destacando-se pela produção Vietnã,
Nigéria, Índia e Brasil (FAO, 2008). Sua importância econômica deve-se a amêndoa
obtida do beneficiamento do fruto, uma das mais comercializadas no mercado
internacional de nozes comestíveis.
A importância social do caju no Brasil traduz-se pelo número de empregos
diretos que gera, dos quais 35 mil no campo e 15 mil na indústria, além de 250 mil
empregos indiretos nos dois segmentos (OLIVEIRA et al., 2003).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE divulgou a terceira
previsão (maio de 2008) da safra brasileira de castanha de caju, 269.567 toneladas. Em
relação a 2007, houve uma variação de quase 103% na produção, 1,29% na área
plantada, +1,88% na área colhida (hectares) e quase dobrou o rendimento (kg de
castanha por hectare). Os Estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte são os
maiores produtores, representando aproximadamente 94% da produção total, e 92% da
área total colhida, com 732.819 ha (IBGE, 2008).
A região oeste do Estado de São Paulo vem se destacando na produção de
frutas, e segundo o Programa Setorial Integrado de Promoção de Exportações de Sucos
Tropicais, elaborado pela Associação das Indústrias Processadoras de Frutas Tropicais,
é apontada como um dos principais pólos de frutas tropicais no Brasil (RUGGIERO,
2001).
Com o objetivo de aumentar a renda do produtor e a utilização da mão-de-obra
diversificando suas atividades, várias frutíferas vêm se destacando, entre elas o caju.
Nesta região, mais especificamente na EDR de Andradina, a cultura do cajueiro
anão precoce foi introduzida em 1994 pela empresa ASADA - Empreendimentos
16
Agroindustriais, localizada no município de Mirandópolis-SP, com o objetivo de
produzir desde a muda até a instalação de uma indústria para processamento da
castanha e do pedúnculo.
Mais recentemente, a partir de 2001, a cultura foi introduzida no EDR de Jales.
Um grupo de produtores familiares de caju de vários municípios se organizou em uma
associação para realizarem algumas atividades conjuntamente.
Em virtude das diferenças entre estas 2 regiões, principalmente em relação ao
perfil dos fruticultores, da cultura do cajueiro ser recente e por isso mesmo ainda
pouco explorada, da escassez de dados referenciais para a cultura, no que diz respeito à
tecnologia, produtividade e aos aspectos ligados a economicidade da fruta, que são
indicadores importantes na tomada de decisão dos agricultores para o planejamento da
produção, foi realizado um estudo comparativo desta fruta nestas 2 regiões.
Assim, surgem algumas questões, como: “a cultura do cajueiro anão pode ser
considerada como uma alternativa viável para as regionais de Andradina e Jales?”;
“existem diferenças básicas entre essas regionais no que se refere ao perfil do produtor
e ao cultivo e destino final da fruta”?
HIPÓTESE
Adotou-se como hipótese deste trabalho, que existem diferenças entre as
regionais quanto ao cultivo do cajueiro anão, destino da fruta e perfil do fruticultor.
Essas diferenças podem levar a viabilidade econômica da cultura no EDR de Jales,
sendo considerada uma alternativa para consumo da fruta para mesa (in natura).
17
2. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo caracterizar e analisar a cultura do
cajueiro anão nas Regionais de Andradina e Jales do Estado de São Paulo.
Especificamente pretendeu-se:
Caracterização das regiões estudadas e da cultura do cajueiro;
Definir, acompanhar produtores da fruta e descrever sistemas de produção
predominantes no cultivo do caju;
Estimar custos de produção, lucratividades da fruta e os custos de
comercialização da fruta in natura;
Estimar a viabilidade econômica do investimento em capital na
produção de caju;
Analisar o comportamento de mercado da fruta in natura e avaliar o papel
da agroindústria e do Grupo de Doceiras na comercialização da fruta.
18
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. O Cajueiro Comum e o Cajueiro Anão
O cajueiro é encontrado praticamente em todos os estados brasileiros, contudo
adapta-se melhor às condições ecológicas do litoral do Nordeste. É uma planta rústica,
típica de regiões de clima tropical. No Nordeste brasileiro, a principal espécie de
ocorrência é o Anacardium occidentale L., cujas árvores apresentam pequeno e médio
porte. O A. occidentale L. é a única espécie do gênero que é cultivada com finalidade
comercial, sendo as demais espécies exploradas apenas por extrativismo (AGOSTINI-
COSTA; VIEIRA; NAVES, 2005).
A variabilidade genética do cajueiro vem sendo agrupada em dois tipos,
comum e anão, denominados em função do porte. O cajueiro comum é uma planta
perene, de ramificação baixa e porte médio, cuja copa atinge, no tipo comum, altura
média de 5 a 8 metros e diâmetro médio (envergadura) entre 12 e 14 metros.
Excepcionalmente, atinge até 15 m de altura e diâmetro superior a 20 m, dependendo
do genótipo e das condições de clima e solo (ANDRADE, 2004). A capacidade
produtiva individual é muito variável, com algumas plantas produzindo abaixo de 1 kg
e outras até próximo de 180 kg de castanha por safra. Apresenta grande variedade no
peso do fruto, de 3 a 33 g, com peso do pedúnculo variando de 20 a 500 g (BARROS;
PAIVA; CAVALCANTI, 1998).
O tipo anão caracteriza-se pelo porte baixo, até 4m, copa homogênea, diâmetro
do caule e envergadura bem inferiores ao do tipo comum, com florescimento iniciando
aos 6-18 meses (Barros et al., 1998), peso da castanha de 3 g a 15 g e do pedúnculo de
20 g a 160 g e menor capacidade produtiva individual, de até 65 kg de castanha por
safra. No entanto, por apresentar características com menor variabilidade em relação
ao cajueiro comum, tem maior produtividade (CORRÊA et al., 1998).
O melhoramento utilizado no cajueiro anão precoce no Brasil teve início em
1965 no Campo Experimental de Pacajus-CE. Constou de uma seleção fenotípica
individual seguida do controle anual da produção nas plantas selecionadas, resultando
no lançamento comercial dos clones CCP 06 e CCP 76, em 1983, e CCP 09 e CCP
1001, em 1987, que são ainda os principais clones comerciais disponíveis.
Posteriormente, novos procedimentos metodológicos, como o método do
policruzamento, seleção entre e dentro de progênies e hibridação inter e intra-
específica, resultaram na obtenção dos clones de cajueiro-anão precoce Embrapa 50,
19
Embrapa 51, BRS 189, BRS 226 e BRS 265. Recentemente, a Embrapa Agroindústria
Tropical lançou dois novos clones: o BRS 274, primeiro clone de cajueiro comum para
o plantio comercial, e o BRS 275, primeiro clone de cajueiro híbrido, gerado a partir
do cruzamento do cajueiro comum com o clone de um cajueiro anão precoce (CCP
1001) (OLIVEIRA, 2008).
Pereira et al. (2005) observaram nos pedúnculos do clone CCP 76,
características desejáveis para a comercialização in natura, coloração laranja intenso,
formato piriforme, boas características químicas e pedúnculos com firmeza adequada,
possibilitando maior conservação pós-colheita. no clone CCP 09, apesar de boas
características químicas, verificou-se pedúnculos de coloração laranja pouco intenso e
baixa firmeza. Pedúnculos com maior diâmetro tendem a ser menos firmes em pós-
colheita. Segundo os autores, a coloração dos pedúnculos é importante do ponto de
vista comercial. Frutos de cor que varia do laranja ao vermelho possuem melhor
aceitação pelos consumidores. Observaram-se nos clones CCP 76 e CCP 09,
respectivamente, colorações laranja intenso e laranja claro; no clone CCP 1001, os
pedúnculos são de cor vermelha intensa, ideal para comercialização e no clone CCP
06, a coloração é amarela, de menor aceitação pelos consumidores.
Moura et al. (2001), estudando as características físicas de pedúnculos de
cajueiro para comercialização in natura, verificaram que o clone CCP 09 apresentou
coloração inferior à testemunha (CCP 76), sendo que os clones CAP 6 (500), END
157, END 189 e END 329 destacaram-se com coloração mais intensa que a mesma.
Além da testemunha, apenas os clones END 157, 183 e 189 apresentaram pedúnculos
que podem ser classificados como tipo 4 (de maior valor comercial), enquanto, com
relação à forma, apenas os clones CAP 6 (500), END 157 e END 183 apresentaram
formato piriforme. O clone END 157 apresentou as melhores características para
comercialização in natura, inclusive quando comparado à testemunha. Os clones END
183 e 189 apresentaram resultados semelhantes à testemunha, com exceção da cor para
o 183 e do formato para o 189.
Em 2000 foi lançado para o plantio comercial, no estado do Ceará, o clone
BRS 189, originado da seleção fenotípica individual dentro de progênies obtidas do
cruzamento entre os clones de cajueiro-anão precoce CCP 1001 e CCP 76. O clone
BRS 189 é recomendado para o cultivo irrigado. O peso da castanha é 7,9 g, enquanto
que o peso da amêndoa é 2,1 g e a relação amêndoa/casca é cerca de 26,6%, e o peso
médio de 155,4 g. Apresenta coloração vermelho claro, formato piriforme, sólido
20
solúveis totais de 13,3ºBrix, acidez total titulável (ATT) de 0,40%, conteúdo de
vitamina C de 251,86 mg/100g de polpa e teor de tanino oligomérico de 0,30%. Pelas
suas características, o clone é mais recomendado para o mercado de mesa (BARROS
et al., 2008).
3.2. Sistemas de Produção
Com a introdução do cajueiro-anão precoce, o sistema de produção baseado no
emprego de clones melhorados, cultivo adensado, aplicação de fertilizantes e controle
fitossanitário tem evoluído significativamente. Vários pomares vêm utilizando,
inclusive, a irrigação. Conjuntamente, esses fatores podem promover aumento da
produtividade, menor risco de perda de produção, ampliação do período de colheita e
melhoria da qualidade da castanha e do pedúnculo (OLIVEIRA, 2008).
Normalmente, os solos são corrigidos com calcário e adubados com
fertilizantes químicos e/ou orgânicos, as plantas recebem tratamentos fitossanitários, e
a colheita é manual para o aproveitamento do fruto (castanha) e do pseudofruto (caju)
(CRISÓSTOMO et al., 2001).
A propagação do cajueiro pode ser feita pelos métodos sexuado e assexuado. A
propagação sexuada é feita através do plantio da semente (castanha), enquanto a
propagação assexuada é feita utilizando as partes vegetativas da planta, como garfos,
gemas e estacas. A propagação assexuada ou vegetativa é a mais recomendada porque
assegura a obtenção de plantios mais uniformes, com características desejáveis e mais
produtivos (OLIVEIRA, 2008).
Quanto ao espaçamento, Crisóstomo et al. (2001) recomendam para o cajueiro
anão o espaçamento de 7 x 7 m quando cultivado em sequeiro (204 plantas/ha) ou 7 x
8 m quando sob irrigação (178 plantas/ha).
A produtividade esperada por hectare, para o cajueiro-anão precoce sob
sequeiro, é cerca de 1.000 kg de castanha e 10.000 kg de pedúnculo, enquanto, sob
irrigação, pode chegar a 3.800 kg de castanha e 30.000 kg de pedúnculo (OLIVEIRA,
2008). Dentre os métodos de irrigação atualmente em uso a microirrigação (irrigação
localizada) é o mais recomendável para o cajueiro anão em função das seguintes
vantagens: economia de água (maior eficiência de irrigação e redução de perdas de
água por evaporação), economia de energia (trabalha com vazões e pressões menores),
possibilidade de aplicação de fertilizantes via água de irrigação (fertirrigação), redução
21
da ocorrência de plantas daninhas e doenças foliares, não interfere nas pulverizações,
capinas e colheitas (ROSSETI et al., 1998; CRISÓSTOMO et al., 2001).
Os principais tratos culturais recomendados para o cajueiro anão são: desbrota,
retirada de panículas, poda, controle de plantas daninhas e coroamento. Essas
operações são fundamentais para que a planta expresse todo o seu potencial produtivo,
assegurando o retorno econômico do investimento (CRISÓSTOMO et al., 2001).
De acordo com Andrade (2004), a desbrota, que consiste na retirada das
brotações laterais inferiores da planta, deve ser realizada no final do período chuvoso,
no ano de implantação do pomar. O cajueiro anão, em função de sua precocidade, pode
emitir panículas imediatamente após o plantio, que devem ser removidas até o oitavo
mês de idade da planta, pois nessa fase constituem-se numa fonte de desvio de energia,
que deve estar direcionada para o seu crescimento vegetativo (CRISÓSTOMO et al.,
2001). Quanto ao coroamento, este consiste na limpeza feita na base de cada planta
(projeção da copa no solo), antes da queda dos frutos, para diminuir a perda de
castanhas e evitar o ataque de pragas e doenças que comprometam sua qualidade
(OLIVEIRA et al., 2004).
A poda no cajueiro ocorre em função do porte e hábito de crescimento dos
tipos comum e anão, incluindo a colheita. Rosseti et al. (1998) recomendam uma poda
de formação a partir do segundo ano. Outra poda recomendada é a de limpeza, feita
para retirar os galhos secos e praguejados e manter uma copa compacta e deve ser
realizada logo ao final da safra. Esta poda tem a finalidade de facilitar a próxima
colheita e aumentar a produção na safra seguinte (ROSSETI et al., 1998; OLIVEIRA
et al., 2004).
Segundo Boliani
2
(2008), a poda de manutenção tem como finalidade preservar
a copa com o maior número possível de ramos produtivos e em condições favoráveis
para a colheita, além dos tratos culturais. Desse modo, devem ser eliminados os ramos
ladrões e aqueles que crescem para baixo, encostando, por vezes, na superfície,
dificultando o coroamento. Também devem ser podados os ramos de crescimento
intermitente, que se caracterizam pela não emissão de panículas. Esses ramos são os
responsáveis por alterações na forma natural de guarda-chuva da copa do cajueiro,
dando-lhe um aspecto esgalhado.
2
Relatório técnico da Pesquisa: “Cajueiro Anão na Região Oeste Paulista”.
22
Ainda no campo, pode ser feita uma pré-seleção, para separar os cajus
destinados ao mercado de mesa daqueles que serão destinados a indústria, inclusive
fazendo o descastanhamento. Estas operações devem ser realizadas à sombra e no
menor tempo possível. A castanha não acompanha o pedúnculo e o descastanhamento
pode ser feito ainda no campo ou no galpão, após o recolhimento das caixas contendo
os pedúnculos colhidos. Nos dois casos, a colheita deve ser realizada diariamente e
iniciada o mais cedo possível em função da alta perecibilidade do pedúnculo,
sobretudo daqueles caídos durante a noite (OLIVEIRA et al., 2003).
Após a colheita, as castanhas devem ser colocadas para secar durante dois ou
três dias, em terreiro de secagem e reviradas diariamente. Durante a secagem, deve-se
atentar para seleção e limpeza das castanhas. No momento de armazenar, o produtor
deve eliminar as castanhas chochas, furadas e enrugadas. Recomenda-se armazenar os
sacos de estopa ou pano em locais frescos e ventilados, sobre estrados de madeira e
afastados da parede (OLIVEIRA et al., 2003).
3.3. Caju In Natura
O consumo do caju in natura no mercado interno vem crescendo
significativamente nos últimos anos, principalmente na região Sudeste, a preços cada
vez mais atrativos para o produtor, estimulando, ainda que em pequena escala, novos
investimentos na expansão e modernização dos pomares e na adoção de Boas Práticas
Agrícolas e Sistemas de Produção que possibilitem a certificação da matéria-prima
produzida (OLIVEIRA, 2008).
As características físicas são de fundamental importância para a definição de
técnicas de manuseio pós-colheita, assim como para a boa aceitação do produto pelo
consumidor (MOURA et al., 2001).
A qualidade do pedúnculo para consumo in natura está relacionada a uma boa
firmeza, doçura, baixa adstringência e acidez. Além disso, o consumidor prefere
pedúnculos de cor laranja a vermelha e de tamanho grande, ou seja, dos tipos 4 ou 5
(de acordo com o número de cajus/bandeja). Esses tipos alcançam os melhores preços
no mercado (ALVES et al., 1998; MOURA et al., 2001).
O pedúnculo do caju é altamente perecível quando armazenado em temperatura
ambiente. Após o período de 48 horas, apresenta-se enrugado, fermenta e
consequentemente perde sua atratividade. O curto período de armazenamento é de
fundamental importância, pois dificulta ou até impossibilita o produtor de enviar seus
23
frutos a centros consumidores mais distantes (FERREIRA et al., 2006). Entretanto, sob
refrigeração a 5ºC e em 85 a 90% de umidade relativa, e devidamente embalado, a
vida útil mínima do caju é prolongada de 10 a 15 dias, sem apresentar “queima” pelo
frio. No ambiente pós-colheita, o pedúnculo de caju é altamente susceptível ao ataque
de microorganismos fitopatogênicos, principalmente dos gêneros Rhizopus,
Colletotrichum e Penicillium. Para o controle dessas doenças recomendam: imersão
em solução aquosa de ácido cítrico a 0,25%, imersão em solução aquosa de ácido
sórbico a 0,1% e imersão em água clorada (ALVES et al., 1998).
Para Menezes e Alves (1995), o desenvolvimento de novas técnicas pós-
colheita capazes de aumentar a vida útil do pedúnculo do caju é extremamente
necessário. A partir do trabalho realizado por Menezes (1992), citado por Menezes e
Alves (1995), podem ser recomendadas as seguintes condições: colheita: manual;
transporte para o galpão: imediato e evitando sobreposição; pré-resfriamento: água
fria, mínimo de 20°C; tratamento antifúngico: ácido sórbico, 0,1% com Tween 20,
0,03%; embalagem: bandejas de isopor, com capacidade par cinco frutos, envolvidas
com filme de PVC flexível e autoadesível (espessura cerca de 15u); transporte e
armazenamento: 5°C e UR entre 85% - 90%. Nessas condições, o produto não está
sujeito à injúria por frio, apresenta vida útil mínima de dez dias e sofre degradação
mínima de vitamina C.
3.4. Agroindústria
3.4.1.A agroindústria das frutas
A produção frutícola destinada ao processamento industrial ainda é limitada no
Brasil, exceto quando o destino é a produção de suco.
A implantação de agroindústrias, além de agregar valor às frutas, proporciona o
aproveitamento dos excedentes de safra, produto dos processos de classificação e
padronização, cria empregos permanentes e interioriza o desenvolvimento (FERRAZ;
SILVA; VILELA, 2002).
A polpa, principal produto fabricado pela agroindústria de frutas, é utilizada em
alta escala para a fabricação de sucos e, em menor escala, para a fabricação de doces.
Essas indústrias concentram-se próximas às regiões produtoras de frutas. A matéria-
prima geralmente é adquirida diretamente do produtor sem nenhum tipo de contrato
formal, existindo apenas um "acordo verbal" entre os envolvidos (ZERIO; FERRO;
SARDELLA, 2003). Segundo Ferraz, Silva e Vilela (2002), a indústria tem interesse
24
em estabelecer exigências de fidelidade determinando qualidade, prazo de entrega,
volume, variedade e preço para a matéria-prima que vai receber e, por isto, em alguns
casos, trabalha integrada com os produtores, estabelecendo contratos de garantia de
compra durante a safra.
Quanto aos padrões de qualidade, as agroindústrias produtoras de doces são
pouco exigentes, utilizando geralmente, a fruta de descarte, ou seja, inadequada para o
consumo in natura, para o processamento industrial. No caso da fabricação da polpa
de fruta para suco, as exigências aumentam, sendo necessário um padrão de qualidade
envolvendo estágio de maturação adequado, variedades específicas e, principalmente,
sem problemas fitossanitários no fruto (ZERIO; FERRO; SARDELLA, 2003).
Na maioria das vezes, o produtor vende para a agroindústria somente em
períodos de grande oferta, pois a agroindústria normalmente paga um valor inferior ao
praticado no mercado in natura (cerca de 30% a 50% abaixo dos alcançados no
mercado atacadista), o que, sem dúvida, desestimula a comercialização dos produtores
com estas empresas, principalmente em períodos de menor oferta no mercado in
natura. Assim, somente excessos de produção são comercializados com a
agroindústria. De qualquer forma, a venda desse descarte pode representar um
incremento à receita do produtor, já que o excesso de produção não seria negociado em
outros canais com melhor remuneração. Na maioria dos casos, o produtor se encarrega
da entrega do produto à indústria e, assim, a viabilidade econômica desta
comercialização só ocorre quando o preço pago pelas processadoras ultrapassa os
custos de transporte (ZERIO; FERRO; SARDELLA, 2004).
Acredita-se que seja necessário o produtor fazer as contas e ver o quanto vale
seu descarte. Talvez haja uma agroindústria logo ali interessada no seu produto. No
médio prazo, uma relação mais estreita com a agroindústria pode ser estabelecida pelo
produtor a fim de reduzir os riscos de preço e garantir uma receita mais estável. A
agroindústria tem interesse em repassar os riscos de produção da matéria-prima nos
padrões industriais para o produtor especializado. Entretanto, este deve reestruturar o
gerenciamento de sua propriedade para cumprir as datas e padrões exigidos nos
contratos dessas empresas (ZERIO; FERRO; SARDELLA, 2004).
O segmento é dividido em indústrias formais e informais. As formais investem
nas lavouras e promovem o desenvolvimento da cultura, adequando-a às suas
necessidades industriais. Já as informais, aproveitam o descarte do mercado in natura
e/ou os excessos da produção doméstica em sua linha industrial. Neste segmento, a
25
comercialização não é planejada antecipadamente e a rentabilidade dessa negociação
depende da relação entre as sobras da produção doméstica e a demanda industrial. As
relações formais são viáveis aos produtores que investem em tecnologia e
produtividade, obtendo ganhos em escala e, conseqüentemente, melhores
remunerações. Além disso, o produtor deve manter um gido controle gerencial a fim
de cumprir todas as exigências contratuais (ZERIO; FERRO; SARDELLA, 2007).
3.4.2.A agroindústria do caju
No caju duas partes bem diferenciadas: o pseudofruto, comestível ao
natural, macia, carnosa, rica em suco, colorida muito delicada e de conservação
limitada; e a castanha, o fruto verdadeiro, reniforme, com uma casca coriácea e cerosa
formada pelo epicarpo e pelo mesocarpo, que envolve a semente, também denominada
de castanha (LIMA et al., 1998).
A industrialização do caju pode ser dividida em dois ramos: o do
beneficiamento da castanha, que tem por objetivo a obtenção da amêndoa da castanha
do caju (ACC), tendo como subprodutos o LCC (líquido da castanha do caju), a casca
da castanha, a película e o óleo da amêndoa; e o outro ramo seria o processamento do
pedúnculo, com segmentos na indústria de bebidas, doces, condimentos, farinha, entre
outras (LEITE, 1994).
As amêndoas de caju são ricas em proteínas e lipídeos. Na fração oleosa,
predominam os ácidos graxos oléico (60,3%) e linoléico (21,5%), que são gorduras
insaturadas e apresentam boa estabilidade, o que é uma característica desejável, tanto
para a saúde humana quanto para a tecnologia de alimentos. O líquido da casca da
castanha de caju (LCC) é muito empregado na indústria química para a produção de
polímeros que são utilizados na produção de matérias plásticas, isolantes e vernizes
(AGOSTINI-COSTA; VIEIRA, NAVES, 2005).
O agronegócio da castanha de caju tem grande importância social e econômica
para a região Nordeste. O principal objetivo do processamento da castanha é a
obtenção de amêndoas inteiras, totalmente despeliculadas, de cor branco marfim, sem
manchas, uma vez que todos esses atributos de qualidade são decisivos na cotação de
preços internacionais (PIMENTEL, 1982). Outro atributo importante do sistema de
classificação é o tamanho das amêndoas (PAIVA, 2000).
No Brasil, ao longo das últimas décadas, a agroindústria do caju vivenciou um
rápido crescimento nos seus indicadores quantitativos, passando a ocupar uma área de
26
700 mil hectares com a cultura, com capacidade instalada da indústria processadora de
castanha de 280 mil toneladas/ano. A importância desta agroindústria para os estados
do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte é representada pela movimentação de 147,2
milhões de dólares em exportações de amêndoas, milhares de empregos, diretos e
indiretos, em todas as atividades dos segmentos de produção, industrialização e
comercialização da cadeia agroindustrial (PAIVA et al., 2008).
O mercado consumidor para pedúnculo in natura é crescente e exigente em
frutos que apresentem alta resistência ao manuseio, formato piriforme e frutos de
coloração laranja e vermelha (Moura et al., 2001), podendo ainda ser aproveitado na
forma de subprodutos variados como sucos, sorvetes, doces, licor, mel, geléias,
cajuína, refrigerantes gaseificados e aguardentes.
3.5. Aspectos Econômicos da Cultura
No agronegócio do caju encontram-se inseridas em diversas atividades
econômicas que vão desde a produção agrícola, passam pelo processamento do
pedúnculo e da castanha, pelo segmento de embalagens, transportes, armazenamento,
movimentando nos mercados internos e externos, grandes volume de recurso
(ARAÚJO; SILVA, 1995).
No Brasil, a cajucultura mobiliza cerca de 280 mil pessoas e possui uma área
cultivada de 740.000 ha, proporcionando uma produção de aproximadamente 250 mil
toneladas de castanha e 2 milhões de toneladas de pedúnculo por ano. Distribuída em
várias regiões do País, concentra-se na região Nordeste, que responde por 94% da
produção nacional, onde os maiores plantios se localizam principalmente nas faixas
litorâneas e de transição do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A matéria-prima
castanha alimenta um parque industrial formado por uma dezena de fábricas de grande
porte e cerca de oitenta mini-fábricas, responsáveis pela obtenção da amêndoa de
castanha de caju - ACC, destinada em sua maioria à exportação, gerando em média
divisas da ordem de U$ 225 milhões anuais (OLIVEIRA, 2008).
Petinari (1999), através da análise de viabilidade econômica para a cultura do
cajueiro anão precoce na região noroeste paulista, com 230 plantas por hectare e a
produção destinada ao consumo in natura, observou que o custo operacional total de
implantação da cultura foi de R$3.269,61, sendo 23% deste custo referentes às
despesas com mudas. No segundo ano, este custo foi de R$4.246,32, com
aproximadamente 61% representado pelos defensivos. No terceiro ano o custo
27
operacional total foi de R$8.931,69, sendo as despesas com defensivos e embalagens
responsáveis por este custo elevado. Considerou-se um período de vida útil para o
pomar de aproximadamente 12 anos e um preço de venda de caju de R$2,20/kg.
Segundo o autor, a análise econômica da produção de caju in natura revelou ser uma
atividade bastante lucrativa para os produtores, pois no segundo ano de produção o
produtor conseguiu recuperar o valor das despesas com implantação e produção do
cajueiro.
O caju produzido nesta região pode ser destinado a: venda direta a atacadistas,
atuando na CEAGESP (a maioria) ou em outras CEASAS, venda direta na porteira
para intermediários; venda direta para representantes de indústrias para produção de
sucos e doces; ou, ainda, a venda direta a feirantes, supermercados e quitandas da
região. O caju in natura é comercializado em pequenas caixetas de papelão, com 4
bandejas de PVC, com capacidade média para 1,5 kg. Depois, esta caixeta é revestida
com filme plástico treta-pak, possibilitando uma maior conservação da fruta. As
formas mais praticadas de comercialização do caju são a de preço em consignação, que
é forma predominante, e a do preço combinado, realizadas com atacadistas diretamente
na propriedade rural (PETINARI; TARSITANO, 2002).
Na comercialização por consignação, o produto é enviado para empresas
(atacadistas) localizadas nas CEASAS ou CEAGESP-SP, e que são responsáveis pela
sua comercialização, repassando aos produtores como preço líquido o preço de venda
recebido pela fruta, descontadas as despesas envolvidas. Nesse tipo de venda, o
agricultor envia seu produto sem saber o preço que irá receber (PETINARI, 2002).
No sistema de consignação, o atacadista atua como corretor, cobrando uma
comissão pela venda das frutas. Os custos da comissão, frete, carga e descarga são
pagos pelo produtor. É comum o atacadista financiar a aquisição das embalagens e
depois descontá-las no pagamento do produtor (ALMEIDA, 2001).
Outro tipo de comercialização, ainda pouco praticado na cultura do caju, é a
venda através do preço combinado. Neste sistema, os produtores recebem a visita em
sua propriedade de profissionais que trabalham com compra e venda de produtos, com
os quais negociam o valor de venda da fruta, que é repassado ao produtor, geralmente
após 30 dias (PETINARI, 2002).
28
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Fonte de Dados
Os dados foram levantados nas Regionais ou EDRs
3
(Escritório de
Desenvolvimento Rural) de Andradina e de Jales, ambos pertencentes à região oeste
do Estado de São Paulo e situam-se entre as 40 Unidades Administrativas da
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI/ Secretaria da Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo (Figura 01).
Itapeva
Tupã
Assis
Pres.
Prudente
Pres.
Venceslau
Ourinhos
Avaré
Lins
Marília
Bauru
Araçatuba
Andradina
Dracena
Jales
Gal. Salgado
S. J. do
Rio
Preto
Catanduva
Fernan
-
dópolis
Votuporanga
Piracicaba
Campinas
Ita
petining
a
Registro
Botucatu
Sorocaba
Mogi das
Cruzes
São Paulo
Pindamonhangaba
Braganç
a
Pta
Guaratinguetá
Orlândi
a
Araraquar
a
Jaú
Jaboti
-
cabal
Barretos
S. J. da
Boa Vista
Limeira
Mogi
Mirim
Rib. Preto
Franca
Figura 01. Distribuição dos 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), no
Estado de São Paulo, destacando os 2 EDRs estudados.
Fonte: Adaptado de Instituto de Economia Agrícola - IEA.
EDR de Andradina
O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) ou Regional de Andradina, cuja
sede dista 600 km da capital, abrange 13 municípios em uma área de 716.431,7 ha.
Deste EDR fazem parte os seguintes municípios: Andradina, Bento de Abreu,
3
Neste trabalho EDR e Regional são usados como sinônimos.
29
Castilho, Guaraçaí, Ilha Solteira, Itapura, Lavínia, Mirandópolis, Murutinga do Sul,
Nova Independência, Pereira Barreto, Suzanápolis e Valparaíso (Figura 02).
Neste EDR, de acordo com o sistema de Koppen, o clima é classificado como
AW (tropical), o índice pluviométrico médio anual é de 1.250 mm, distribuído de
novembro a março, sendo os meses de maio a agosto, mais secos. A temperatura média
máxima é de 35°C e a mínima de 10°C.
Figura 02. EDR de Andradina com seus 13 municípios.
Fonte: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI.
EDR de Jales
O Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) ou Regional de Jales, cuja sede
dista 586 km da capital, apresenta uma área de 311.733,2 ha e abrange 22 municípios:
Aparecida D’Oeste, Aspásia, Dirce Reis, Dolcinópolis, Jales, Marinópolis, Mesópolis,
Nova Canaã Paulista, Palmeira D’Oeste, Paranapuã, Pontalinda, Rubinéia, Santa
Albertina, Santa Clara D’Oeste, Santa do Sul, Santa Rita D’Oeste, Santa Salete,
Santana da Ponte Pensa, São Francisco, Três Fronteiras, Urânia e Vitória Brasil
(Figura 03). Segundo o sistema de Koppen, o clima, o índice pluviométrico, a
temperatura e o tipo de solo predominante são semelhantes aos definidos para o EDR
de Andradina.
30
Figura 03. EDR de Jales com seus 22 municípios.
Fonte: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral-CATI.
4.2.Metodologia e Técnica de Pesquisa
O levantamento de dados para a composição do presente trabalho foi realizado
no período de 2005 a 2008.
A primeira etapa consistiu em uma revisão bibliográfica sobre o tema da
pesquisa. Nessa etapa realizou-se coleta de dados específicos sobre a cultura do
cajueiro e sobre a região estudada, através de publicações da Secretaria da Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo; dados publicados pela Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP; dados do site da
Cajucultura, criada em 1998 pelo pesquisador da Embrapa Vitor Hugo de Oliveira;
informações junto aos EDRs de Andradina e de Jales, bem como de suas respectivas
Casas da Agricultura (ou CATIs); da ASADA - Empreendimentos Agroindustriais,
entre outros. Foram consultados também trabalhos publicados por entidades
acadêmicas, revistas científicas e meios de comunicação que tratam da questão da
produção de caju.
Foram realizadas visitas aos técnicos das Casas da Agricultura dos municípios
a que pertencem os produtores pesquisados, com o objetivo de apresentar o projeto e
31
levantar informações gerais sobre dificuldades encontradas pelos produtores,
programas específicos voltados a esses produtores e principais demandas (atividades
e/ou serviços)
Para definição da amostra de produtores que seriam pesquisados, utilizou-se o
conceito de amostra não probabilística intencional. A amostra intencional é formada
de acordo com algumas características estabelecidas pelos pesquisadores, que se
apresente como representativa do universo estudado, de acordo com Richardson et al.
(1999).
Foi realizada uma avaliação com os técnicos das Casas da Agricultura para
seleção dos produtores que seriam entrevistados, ao todo foram 12 no EDR de Jales
vinculados a Associação e 5 no EDR de Andradina. São produtores que utilizavam
técnicas de cultivo distintas (mais e menos intensiva) no cultivo do caju anão, que
trabalhavam com a cultura pelo menos 3 anos, que apresentavam um mínimo de
organização, para que as informações pudessem ser levantadas, com destinos da fruta
diferentes e que tinham interesse em participar da pesquisa.
Houve dificuldade em encontrar produtores de caju interessados em participar
da pesquisa na região de Mirandópolis, além de poucos, estavam desestimulados com
a cultura. Os produtores melhor organizados e com grande potencial de crescimento e
sucesso são os do EDR de Jales, organizados em uma associação informal.
A preocupação em se definir sistema de cultivos predominantes na região vem
sendo buscada desde 1999, quando a pedido da ASADA - Empreendimentos
Agroindustriais, docentes da UNESP de Ilha Solteira, da área de economia e
fruticultura, com alguns produtores da região de Mirandópolis, iniciaram um trabalho
para se pesquisar técnicas diferentes de produção e estimativas de custos.
A metodologia utilizada para obtenção de dados de campo foi a confecção de
um questionário aplicado junto aos produtores de caju. As informações obtidas foram:
área e número de pés de caju, idade do pomar, espaçamento adotado, tratos culturais
utilizados na condução da cultura, as embalagens utilizadas na comercialização do
caju, assistência técnica recebida, crédito rural, problemas e dificuldades (APÊNDICE
A).
Para a análise técnica e econômica da cultura, os dados foram obtidos mediante
a elaboração das planilhas com os coeficientes técnicos. Os produtores foram
acompanhados mensalmente, registrando-se todas as operações realizadas em cada
32
mês (APÊNDICE B). O objetivo foi caracterizar todo o processo produtivo, desde o
preparo do solo até a comercialização da fruta (consumo in natura ou indústria).
Realizou-se entrevista junto ao gerente da indústria de processamento de frutas,
UNIFRUTAS, localizada nas proximidades do município de Mirandópolis-SP,
levantando-se questões como: motivos para implantação da agroindústria naquela
região, início de funcionamento, capacidade instalada, número de produtores que
fornecem a matéria-prima, número e quais frutas são processados, produção atual,
tipos de produtos que são oferecidos para o mercado, quais suas principais fragilidades
e potencialidades, quem são seus consumidores, quais suas principais estratégias, qual
a sua capacidade de gerar trabalho, metas para o futuro, quais e onde se situam os
conflitos e cooperação, entre outras (APÊNDICE C). Da mesma forma, foram
entrevistadas as integrantes dos 2 Grupos de Doceiras para caracterizar todo o
processo de agregação de valor a fruta, quais as suas principais estratégias, como estão
organizadas, quem são seus consumidores, quais são os principais produtos
comercializados, quais suas principais potencialidades, as fontes de matéria-prima, as
quantidades comercializadas, os diferentes tipos de doces comercializados, os
diferentes mercados da produção, qual a capacidade para gerar trabalho, suas
dificuldades e problemas, entre outros (APÊNDICE D).
Utilizou-se a entrevista não estruturada, conforme definida por Richardson et
al. (1999), por possibilitar uma análise qualitativa, por meio da captação das
impressões, opiniões e comentários que o entrevistado emite acerca das questões
apresentadas pelo entrevistador.
Uma das vantagens da realização de entrevistas abertas é a possibilidade de o
entrevistado responder com mais liberdade, principalmente fornecer mais informação
sobre o assunto pesquisado. Por outro lado, sua utilização pode dificultar a tabulação e
análise das informações, face à ausência de padrões fechados de respostas
(RICHARDSON et al., 1999).
O objetivo foi obter informações do entrevistado quanto às dificuldades,
problemas, expectativas, tipos de frutas processadas, sistema de comercialização, entre
outros. Neste caso, as entrevistas foram não dirigidas, possibilitando ao entrevistado
abordar os temas na forma que ele quisesse.
Também foram realizadas entrevistas dirigidas através da elaboração prévia de
um roteiro (questionário) contendo os pontos de interesse, como o número de
fornecedores da matéria-prima; quais as frutas processadas; produção atual da
33
agroindústria; tipos de produtos são oferecidos para o mercado, entre outros. Para
apreensão adequada dos dados, a entrevista foi gravada e posteriormente analisada.
4.3.Estrutura do custo de produção e avaliação econômica
O custo de produção é um importante instrumento de apoio tanto na
administração rural quanto no trabalho de extensão, pois reflete a eficiência da firma
em seu esforço produtivo. Um dos principais objetivos para elaborar-se estimativas de
um custo médio de produção é o de extrair conclusões sobre a lucratividade de
determinada cultura ou atividade.
Os valores obtidos no cálculo do custo dependem basicamente de fatores como
preços dos recursos utilizados, da eficiência com que a empresa utiliza estes recursos
para produzir certa quantidade de produto e, principalmente da estrutura de custo
utilizada no cálculo dos mesmos.
Alguns autores já aplicaram a teoria de investimentos em bens de produção na
determinação dos custos de produção na cultura da uva, como Tarsitano, Costa e
Boliani (1998). Tal método impõe a necessidade de definir-se o horizonte temporal da
cultura ou vida útil e em seguida deve-se definir um custo de oportunidade a ser
utilizado como taxa de descontos dos fluxos de custos de produção.
Nos custos convencionais de produção para culturas perenes, que requerem
vários anos para implantação e formação, comumente elaboram-se planilhas
individuais para cada ano de implantação, formação e produção. Tais custos são
elaborados através de cortes seccionais no tempo (cross-section), em que, o capital
fixo, como máquinas e equipamentos entram na forma de fluxo (depreciação) e não na
forma de estoque (aquisição do bem de capital) (NEVES; SHIROTA, 1989).
Para o cálculo do custo de produção foi utilizada a estrutura do custo
operacional total (COT) (Matsunaga et al., 1976) e do custo total de produção (CTP),
que se compõe dos seguintes itens:
- Operações mecanizadas: foram consideradas as despesas com combustíveis,
lubrificantes (20% das despesas com combustível), reparos e manutenção (8% do
valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano), abrigo
(1% do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no
ano), seguro (0,75% do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas
trabalhadas no ano) e tratorista. As despesas com os implementos referem-se à
depreciação e reparos e manutenção (foi considerada uma percentagem de 5 a 15%
34
a. a. sobre o valor do preço novo do equipamento). A soma de todos esses gastos
(com exceção das depreciações) resulta no custo horário das operações
mecanizadas com o trator e os implementos.
- Operações manuais: foi realizado um levantamento das necessidades de mão-de-
obra nas diversas fases do ciclo produtivo, relacionando-se para cada operação
realizada, o número de homens/dia (HD) para executá-la. Em seguida multiplicam-
se os coeficientes cnicos de mão-de-obra pelo valor médio da região, para mão-
de-obra comum;
- Materiais: os preços médios dos corretivos, fertilizantes químicos e orgânicos, dos
defensivos, das embalagens, entre outros, foram os vigentes na região
multiplicados pelas quantidades dos materiais utilizados;
- Juros de custeio: foi considerada a taxa de 8,75% a.a. sobre o valor médio das
despesas com operações e materiais;
- Depreciação: a depreciação dos bens considerados fixos, ou seja, os que prestam
serviços por mais de um ciclo produtivo, foi calculada utilizando-se o método
linear e considerando como valor residual o equivalente a 20% do valor novo (no
caso de máquinas e equipamentos);
- Remuneração do capital investido: foi considerada uma taxa de juros de 5% a.a.
sobre custo operacional efetivo, conforme Martin et al. (1997) e;
- Remuneração da terra: corresponde a uma taxa de juros de 6% a.a. sobre o valor da
terra nua.
O custo operacional efetivo (COE) é composto das despesas com operações
mecanizadas, operações manuais e material consumido. Faz parte do custo operacional
total, além do COE, juros de custeio e outras despesas. Acrescentando-se ao COT a
remuneração ao capital fixo e a remuneração da terra, obtém-se o CTP.
Do ponto de vista conceitual, o CTP constitui o custo total da atividade, que
adicionado à remuneração da terra e da capacidade empresarial, permite avaliar qual a
taxa de rentabilidade da atividade em análise (MARTIN et al., 1997). O custo total
médio é obtido pelo quociente entre o custo total de produção e a produtividade média
obtida em kg (em R$/kg).
Nas operações que refletem o sistema de cultivo, foram computados os
materiais consumidos e o tempo necessário de máquinas e mão-de-obra para a
realização de cada operação, definindo nestes dois casos, os coeficientes técnicos em
35
termos de hora máquina (HM) e homem dia (HD). Os preços médios forma coletados e
apresentados em Real (R$).
Para determinar a lucratividade da cultura do cajueiro, foi estimada a receita
bruta como o produto da produção pelo preço de venda; o lucro operacional pela
diferença entre a renda bruta e o custo operacional total e o índice de lucratividade
igual à proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis (MARTIN
et al., 1997). Os preços médios foram coletados e apresentados em Real (R$).
Para estimar e analisar os custos de comercialização foram realizadas
entrevistas com produtores, técnicos da assistência técnica, técnicos de agroindústrias,
agentes intermediários e com profissionais de órgãos públicos e privados de pesquisa.
Foram levantadas informações na Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo - CEAGESP, sobre a procedência do caju, destino, quantidades
comercializadas e preços médios obtidos no atacado. Dentre os principais mercados
nacionais, a cidade de São Paulo é o mercado mais significativo do Brasil, devido à
maior concentração de população, sendo um grande entroncamento comercial dos
produtos agrícolas brasileiros.
36
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Histórico do Caju na Região
O produtor Hideki Asada faz parte de uma geração de agricultores bem-
sucedidos de Mirandópolis-SP. Além de agricultor, Asada é um empreendedor na
região há mais de 30 anos. Na década de 80 produzia cebola, porém, após o Mercosul, a
intensa concorrência com o produto argentino, que tinha boa aceitação interna, o fez
desistir do negócio. Dono de uma visão de agronegócio, Asada atua em várias
atividades. Dentre seus empreendimentos, pode-se citar: Agromotor Miraceres;
Unifrutas Mirandópolis Agroindústria Ltda; Viveiro de mudas de goiaba; Auto Posto
Corcovado, localizado em Guaraçaí; Ceasinha Hort frut”, onde comercializa frutas e
legumes no atacado; entre outros.
Dedicou-se ao cultivo da goiabeira, através de parcerias, que até hoje é a
atividade que vem apresentando melhores resultados, desistindo do cultivo de
frutíferas de clima temperado por não se adaptarem ao clima da região.
No início da década de 90, o lançamento de um novo clone de cajueiro anão
precoce pela Embrapa Agroindústria Tropical motivou esse produtor a buscar
informações sobre o cultivo desta fruta, principalmente por ser de origem tropical.
Em 1992, visitando a Embrapa no CNPAT, localizada em Pacajus-CE o
produtor conheceu e se interessou pelas mudas enxertadas pelo clone CCP 76, que
apresentava coloração avermelhada e peso médio da castanha de 9,0 gramas.
Contando com o apoio da EMBRAPA, através de sua unidade de Pacajus-CE, o
agricultor Hideki Asada iniciou a introdução da cultura na região noroeste do Estado de
São Paulo, importando mudas enxertadas produzidas no Estado do Ceará. Isto
aconteceu em meados de 1994, quando ele trouxe o primeiro lote. Essas mudas foram
implantadas com a finalidade de se obter um jardim clonal para posterior multiplicação
vegetativa. Em 1995, iniciou a venda de mudas do cajueiro anão precoce no município
de Mirandópolis.
Asada incentivou produtores a diversificarem suas lavouras com caju, através
de planos de incentivo ao cultivo da cultura de caju anão precoce, realizando palestras,
dias de campo, comercializando as mudas com assistência técnica, os insumos
agrícolas e até a compra da produção da fruta para venda in natura e processada
através da instalação de uma indústria para processamento da castanha e do pedúnculo.
37
O projeto CAJUNOR, denominação da ASADA para seu empreendimento tinha
como objetivo implantar mais de 1 milhão de pés de cajueiro anão precoce até o ano de
2007, previsão que não se concretizou. Segundo dados fornecidos pelo Sr. Asada foram
comercializados cerca de 160.000 mudas de cajueiro anão, o maior número de mudas
foi comercializado em 2003 com 45.463 unidades.
Devido à alta precipitação média anual e à alta umidade relativa média anual, os
produtores do município de Mirandópolis enfrentam graves problemas com a
antracnose, uma das doenças mais severas do cajueiro no Brasil, causada pelo fungo
Colletotrichum gloeosporioides, que ocorre durante ou logo após o período chuvoso,
sendo responsável pela maior parte dos gastos com a cultura, o que vem
desestimulando alguns produtores no cultivo do caju anão precoce.
Outro problema enfrentado pelos produtores é o fato dos brotos laterais
fecharem o pomar, impossibilitando a entrada de máquinas para realização de algumas
operações, nos pomares com mais de 4 anos, implantados principalmente no
espaçamento 6x7m. Em 2003 devido a este fato, foram arrancados da propriedade de
Asada 4 mil pés com nove anos. Este problema poderia ser resolvido com uso de podas,
no entanto, não existem dados de pesquisa mostrando o uso correto desta técnica em
pomares de caju em São Paulo. Mais recentemente, a partir de 2005, produtores de caju
da região de Jales e de Mirandópolis vem executando esta prática agrícola, mesmo sem
maiores conhecimentos técnicos.
Atualmente os frutos colhidos são classificados e embalados em caixas de
papelão com 4 bandejas com capacidade média de 12 a 20 frutos. A maior parte da
produção é direcionada para o consumo in natura, enquanto que somente uma parte da
produção destina-se à indústria.
38
5.2. Região Estudada
EDR de Andradina
Em termos de área plantada, o EDR de Andradina explora principalmente
culturas como: cana-de-açúcar, milho, abacaxi, manga, seringueira, mandioca e
laranja.
Dentre as frutíferas, destaca-se principalmente com a cultura do abacaxi, com
72.995 toneladas, a laranja produzindo 30.792 toneladas, a manga (16.260 toneladas),
a banana (14.150 toneladas) e a goiaba, com 6.901 toneladas (IEA, 2008).
As frutíferas exploradas pelo EDR de Andradina são, de modo geral, menos
intensivas em mão-de-obra especializada, principalmente no que se refere ao
tratamento fitossanitário e uso da poda, quando comparadas com outras frutíferas,
como, por exemplo, uvas de mesa, que se destacam no EDR de Jales.
Quanto à estrutura fundiária do EDR de Andradina, a grande maioria do
número total de Unidade Produção Agropecuária
4
(UPA) apresenta área inferior a 20
hectares (50,2%), ocupando apenas 6,5% da área total. Deve-se destacar o número de
UPAs acima de 500 ha (4%), ocupando quase 60% da área total (Tabela 01).
Tabela 01. Estratificação fundiária do EDR de Andradina.
Grupo de área (ha) Nº de UPAs % Área – UPAs (ha) %
0 - 20 3732 50,2 46.212,1 6,5
20 - 50 1464 19,7
46.869,2
6,5
50 - 100 614 8,2
44.402,5
6,2
100 - 200 440 5,9
61.657,8
8,6
200 - 500 368 4,9
115.927,3
16,2
500 - 1000 173 2,3
123.020,1
17,2
1000 - 2000 89 1,2
121.527,3
17,0
Acima de 2000 43 0,57 155.523,7 21,7
TOTAL
7446
100
715.140,1
100
Fonte: Adaptado de Coordenadoria de Assistência Técnica-CATI/Lupa, 2008.
Segundo técnicos do EDR de Andradina, não dados de área e produção
referentes à cultura do caju. Sabe-se que ela ocorre em Mirandópolis, Ilha Solteira,
4
A Unidade Produção Agropecuária (UPA) corresponde a uma área contínua de terra do(s) mesmo(s)
proprietário(s).
39
Guaraçai, e Murutinga do Sul.
Dados levantados por Petinari (2002) mostram que no EDR de Andradina havia
até 2001, 14.377 pés de caju, ocupando uma área de aproximadamente 70 hectares.
Na Tabela 02, observa-se que nos municípios de Mirandópolis e Ilha Solteira o
número de produtores com a cultura do caju caiu, sendo que em Mirandópolis, pioneiro
da cultura na região, que em 2006 contava com 9 produtores, numa área de 36,8
hectares, atualmente conta somente com 2 produtores de caju, numa área de 1,3
hectares. Em Ilha Solteira, de 13 produtores em 2006, passou a 2 produtores em 2008.
Andradina e Suzanápolis, que apresentavam 1 produtor em cada município, não
aparecem no ano de 2008. No entanto, Guaraçaí, que em 2006 e 2007 apresentava
apenas 1 produtor de caju, atualmente conta com 4 produtores; e Castilho, que antes
não produzia a cultura, hoje conta com 2 produtores, numa área de 8,9 hectares.
Atualmente, a área ocupada com caju no EDR de Andradina é de 17,2 hectares, num
total de 11 produtores.
Tabela 02. Número de produtores e área ocupada com caju por hectare nos municípios
do EDR de Andradina, nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Número de produtores
Área ocupada
(ha)
MUNICÍPIOS
2006 2007 2008 2006 2007 2008
Andradina 1 1 - 2,4 2,4 -
Castilho - - 2 - - 8,9
Guaraçai 1 1 4 1,7 1,7 2,8
Ilha Solteira 13 12 2 17,3 16,8 1,8
Mirandópolis 9 7 2 36,8 32,0 1,3
Muritinga do Sul 1 1 1 0,9 0,9 2,4
Suzanápolis 1 1
-
1,0 1,0
-
TOTAL 26 23 11 60,1 54,8 17,2
Fonte: Adaptado de Coordenadoria de Assistência Técnica Integral/LUPA, 2008.
O Projeto de Assentamento do Cinturão Verde do município de Ilha Solteira
foi criado no início dos anos 80 pela Companhia Energética de São Paulo - CESP, que
foi responsável
pelo mesmo até 1993. A partir de então, passou a contar com o setor de
40
agricultura e pecuária da Prefeitura Municipal, órgão conveniado com a secretaria de
agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Atualmente, decorridos 24 anos
do início do projeto, a área encontra-se dividida em 77 lotes de sequeiro e 25 lotes
irrigados, sendo a área total de 549,3 hectares (514,07 hectares de sequeiro e 35,16
hectares irrigados). Os produtores dos lotes irrigados são considerados
Concessionários da terra, isto é, possuem a concessão para o uso da terra (Contrato de
Concessão Onerosa de Uso de um bem Imóvel Municipal de Ilha Solteira) por 10 anos.
Considerando o número de projetos aprovados com produção de hortaliças, a
tendência é de que haja aumento da participação de produtores na atividade.
Os produtores assentados recebem acompanhamento técnico do setor de
Agricultura e Pecuária da Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico
da Prefeitura Municipal, órgão conveniado com a Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, através da Casa da Agricultura do Município
(BORGES, 2004).
O Projeto caju anão foi uma das alternativas de diversificação propostas pelos
técnicos da Casa da Agricultura de Ilha Solteira, de um total de sessenta produtores
interessados no cultivo do cajueiro anão precoce, onze foram selecionados em 2001.
No município de Ilha Solteira, o Projeto caju contou inicialmente (2001), com a
ajuda da prefeitura nas despesas (50%) com a compra das mudas do caju anão precoce,
comercializadas pela empresa ASADA Empreendimentos Agroindustriais, do
município de Mirandópolis. Esta empresa se comprometia em fornecer assistência
técnica a de comprar toda a produção da fruta (ou pseudofruto) e a castanha, quando
na época da colheita.
Problemas diversos, como a falta de orientação técnica por parte da empresa
que comercializou as mudas, principalmente a partir de 2004/05, problemas com o
fechamento da copa das plantas, dificultando o controle de pragas e doenças,
principalmente antracnose, bem como a falta de apoio por parte da prefeitura a partir
de 2005, desestimularam muitos produtores no cultivo do caju. Hoje são apenas 2
produtores, numa área de 1,8 hectares, que comercializam a fruta in natura no
mercado local (Tabela 02).
41
EDR de Jales
Em termos de área plantada, o EDR de Jales explora principalmente culturas
como: laranja, banana, cana-de-açúcar, seringueira, milho, manga e uva de mesa.
A frutífera que mais se destaca, além de citrus, é a uva de mesa. Em função da
tradição de cerca de 30 anos no cultivo da uva fina na região, além do cultivo de outras
frutíferas também exigentes no que se refere aos tratos culturais, o fruticultor desta
Regional apresenta mão-de-obra mais especializada.
No EDR de Jales, a fruticultura também é a principal fonte de recursos da
região e, também, a atividade que ocupa a maior quantidade de mão-de-obra direta e
indireta, é geradora de renda e empregos através de diferentes formas de contratos, seja
como diaristas, mensalistas e até parceiros e meeiros. Além disso, ainda é significativo
o número de produtores rurais residentes na propriedade.
A estrutura fundiária do EDR de Jales é caracterizada por pequenas
propriedades rurais, 63% do número total de UPAs com área inferior a 20 ha,
ocupando apenas 18% da área total. Este fator foi fundamental no desenvolvimento da
fruticultura na região, se destacando a cultura da uva fina, com a utilização da mão-de-
obra familiar no trabalho na propriedade, além da contratação de trabalhadores
temporários e permanentes (Tabela 03). Ao contrário do EDR de Andradina, apenas
0,63% do número de UPAs ocupam 17,1% da área total.
Tabela 03. Estratificação fundiária do EDR de Jales.
Grupo de área (ha) Nº de UPAs % Área - UPAs (ha) %
0 - 20 5976 63,1 56.379,1 17,7
20 - 50 2300 24,3 70.983,3 22,2
50 - 100 645 6,8 44.411,8 13,9
100 - 200 335 3,5 45.754,8 14,3
200 - 500 153 1,6 46.978,1 14,7
500 - 1000 37 0,4 24.105,3 7,5
1000 - 2000 15 0,2 21.404,6 6,7
2000 - 5000 3 0,03 9.402,9 2,9
TOTAL
9464 100 319420,4 100
Fonte: Adaptado de Coordenadoria de Assistência Técnica-CATI/Lupa, 2008.
42
No EDR de Jales a cultura do caju é mais recente. Teve início em 2000/01 no
município de Urânia e Santa Salete. Foram os produtores familiares de caju que em
2002 propuseram, juntamente com produtores do município de Aspásia, que eles se
organizassem em uma associação para a realização de compras conjuntas de
embalagens, com o objetivo de diminuírem seus custos (SILVA, 2006).
A Associação dos Produtores de Caju é composta atualmente por 8 membros
que se reúnem na Casa da Agricultura ou na residência dos produtores.
Os produtores passaram a se reunir para levantar e discutir os problemas
existentes com a cultura do caju e as possíveis soluções que poderiam ser efetuadas. A
participação dos técnicos das Casas da Agricultura e dos cnicos do SAI (Sistema
Agroindustrial Integrado) neste processo de organização foi fundamental, pois
juntamente com os produtores de Aspásia, Urânia, e Santana da Ponte Pensa, orientam,
organizam e viabilizam atividades diversas, como viagens técnicas, cursos, palestras,
de acordo com as necessidades dos produtores.
As Casas de Agricultura têm exercido um papel importante, buscando
fortalecer e capacitar os produtores rurais para que esses possam buscar seus direitos
de maneira geral, visto que apesar de serem pequenos eles têm uma participação
significativa na produção agrícola total. Os técnicos acreditam que o associativismo é a
única saída para o pequeno produtor continuar na sua atividade e permanecer na área
rural (Figura 04).
43
Figura 04. Primeira reunião com técnicos e produtores de caju no EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
Deve-se destacar também, o trabalho dos técnicos da assistência técnica, na
organização e viabilização dos grupos de mulheres que trabalham na agregação de
valores aos frutos de caju, que não se encontram adequados para o mercado in natura,
processando-os e gerando uma importante fonte de renda e trabalho.
Por ser uma cultura nova na região, falta muita informação, conhecimento
relacionado ao sistema de cultivo da fruta. O problema com o fechamento da copa, que
dificulta as pulverizações do pomar, levou os produtores juntamente com os técnicos
da Casa da Agricultura e do SAI/SEBRAE a realizarem uma visita técnica a
produtores de caju do município de Vista Alegre do Alto-SP, que realizavam podas
no caju. A partir desta visita os produtores passaram também a realizar a poda em seus
pomares.
As atividades realizadas pela associação iniciaram com a compra em conjunto
de caixas, bandejas, selos (com o nome da associação e do produtor), filme plástico
treta-pak para embalagens das frutas; troca de informações nas reuniões; visitas a
outras regiões produtoras de caju e utilização de frutos (inadequados para consumo in
natura) para doces, vinho, pastel, entre outros. Mais recentemente vêm realizando
compra de insumos conjuntamente, o que tem reduzido os custos em cerca de 50%
(SILVA, 2006).
44
O maior problema enfrentado pela associação, segundo relato de um produtor:
“é que a maioria dos produtores não sabe o que é uma associação e ainda pensa como
‘produtor’, e não como empresário”. Os produtores ainda apresentam dificuldades na
hora de realizarem atividades conjuntas e delegarem papéis (responsabilidades),
principalmente na comercialização da produção.
Dentre as reclamações mais comuns dos produtores destaca-se o preço do
produto final que é maior nos meses de abril a junho (melhor preço), devido à menor
produção nesta época (principalmente do nordeste), sendo a maior produção nos meses
de outubro a janeiro, época de preços menores.
Resultados preliminares de pesquisas relacionadas a épocas de poda, aliada à
adubação, demonstram ser possível prolongar o período de colheita da fruta, para
obtenção de melhores preços.
A Tabela 04 apresenta número de produtores e área em hectares da cultura do
cajueiro nos municípios do EDR de Jales, nos anos de 2006, 2007 e 2008. Em 2006, os
municípios de Jales, Palmeira D'Oeste e Santa Rita D'Oeste que contavam com 3, 5 e 1
produtores, respectivamente, hoje não produzem mais. No entanto, Santa Salete,
passou a produzir a cultura no ano de 2008, com 2 produtores, e nos municípios de
Aspásia e Urânia, a área ocupada pela cultura do caju mais que dobrou no período de
2006 a 2008.
Segundo informações fornecidas por técnicos da CATI, em 2008, o EDR de
Jales conta com 16 produtores de caju, com aproximadamente 3.500 pés ocupando
área de 17,6 hectares.
45
Tabela 04. Número de produtores e área ocupada com caju por hectare nos municípios
do EDR de Jales, nos anos de 2006, 2007 e 2008.
Número de produtores
Área ocupada
(ha)
MUNICÍPIOS
2006 2007 2008 2006 2007 2008
Aspásia 5 5 6 2,3 3,2 4,8
Jales 3 3 - 2,1 2,1 -
Palmeira D'Oeste 5 4 - 3,3 1,7 -
Santa Rita D'Oeste 1 1 - 1,0 1,0 -
Santa Salete - - 2 - - 0,6
Santana da Ponte Pensa 1 2 3 1,3 1,5 3,5
São Francisco 1 1 1 0,3 0,3 1,0
Urânia 2 3 4 3,0 5,4 7,7
TOTAL 18 19 16 13,3 15,2 17,6
Fonte: Adaptado de Coordenadoria de assistência técnica integral/LUPA, 2008.
5.3.Dados Referentes à Cultura do Cajueiro nos EDRs de Jales e Andradina
Os resultados discutidos a seguir referem-se à tabulação dos dados dos
questionários aplicados junto a 12 agricultores familiares produtores de caju,
vinculados a Associação dos Produtores de Caju (ainda o formalizada) no EDR de
Jales e a 5 produtores de caju do EDR de Andradina em 2005/06 (Figura 05).
A área plantada com caju varia de 0,5 a 6 ha, isto é, de 70 a 1100 pés de caju,
representando uma área média de 1,5 ha ou 300 pés. A idade média dos pomares é de 4
anos, muito embora venha crescendo o número de pés novos (principalmente no EDR
de Jales) e os pés mais antigos apresentam 8 anos e estão presentes no município de
Mirandópolis (EDR de Andradina).
46
Figura 05. Reunião na residência de um produtor de caju no EDR de Andradina.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
Para a formação dos pomares de caju, as mudas enxertadas (o clone utilizado
foi o de cajueiro ano precoce CCP-76) foram obtidas em viveiro especializado da
ASADA - Empreendimentos Agroindustriais (Viveiro Eldorado), empresa que
introduziu a cultura na região, localizado no município de Mirandópolis (Figura 06).
47
Figura 06. Vista de um pomar de caju com 10 meses de idade no EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2006.
O espaçamento utilizado na implantação da cultura tem variado entre os
produtores, sendo que a maioria, quase 65% utilizou 6 x 8 m. Devido ao fechamento
da copa aos 4 anos de idade, para os plantios mais novos está sendo utilizado o
espaçamento 7 x 8 m.
Com relação aos tratos culturais utilizados, adubação e tratamento fitossanitário
são realizados por todos os produtores de caju, 76,5% realizam análise do solo, 58,8%
realizam poda e apenas 29,1% irrigam a cultura (Figura 07 e Figura 08). Deve-se
ressaltar que a pesquisa viabilizou a realização de análise do solo para todos os
produtores da associação e para 1 produtor de Mirandópolis. Os produtores
pertencentes à associação não irrigam seus pomares, somente produtores da região de
Mirandópolis.
48
Figura 07. Vista de um pomar de caju podado com 4 anos de idade no EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
100%
100%
76,5%
58,8%
29,4%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Adubação Tratamento
fitossanitário
Análise de solo Poda Irrigação
Figura 08. Tratos culturais utilizados no pomar de caju no EDR de Jales e Andradina.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
É importante ressaltar a preocupação dos produtores em efetuar as aplicações
de acordo com as necessidades da cultura (análise de solo), evitando assim o
desperdício de insumos.
Sant’Ana (2003) em estudo sobre as estratégias dos produtores familiares de
três municípios da mesorregião de São José do Rio Preto-SP, revela que a quantidade
utilizada de fertilizantes entre os produtores de frutas entrevistados, também é bastante
49
elevada e que a prática de correção anual do solo é comum tendo em vista que a
fruticultura é uma atividade que demanda esses tratos.
Na Figura 09 encontram-se as principais doenças e pragas ocorridas nos
pomares de caju nas regiões estudadas.
O cajueiro é vulnerável às pragas e às doenças em todas as fases de seu
desenvolvimento, exigindo tratamento fitossanitário intensivo (na época das chuvas as
pulverizações são realizadas até 3 vezes na semana).
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Broca das pontas
Abelha arapuá
Mosca
Cochonilha
Ácaro
Percevejo
Besouro amarelo
Miudio
Podridão do fruto
Mancha angular
Resinose
Antracnose
Principais doenças
Principais pragas
Figura 09. Participação percentual das principais pragas e doenças citadas pelos
produtores de caju no EDR de Jales e Andradina.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
Das doenças, a antracnose (Colletotrichum gloeosporioides Penz) foi a mais
citada e é quem vem causando maiores prejuízos aos produtores de caju,
principalmente na época das chuvas, que é quando a produção é maior, ataque intenso
provoca lesões necróticas e queda nas folhas, nos frutos também causa lesões
necróticas escuras e alongadas podendo causar queda do pedúnculo. A antracnose
pode ser responsável por perdas de até 80% na produção. A seguir vem a resinose
(Lasiodipodia theobiomae), mancha angular (Septoria anacardii) e podridão dos
frutos. Das pragas, o besouro amarelo da goiabeira (Costalimaita ferruginea Vulgata)
é o que vem causando maiores danos a cultura. A broca das pontas (Anthistarcha
50
binocularis) é mais recente, mas também vem preocupando muito os produtores, assim
como a cochonilha (Homoptera, Diaspididae).
O sistema de cultivo intensivo permite uma boa produtividade das plantas, que
em média, foi de 20 toneladas/ha em 2005, muito embora cerca de 40% da produção
seja perdida (Figuras 10, 11 e 12). Harada et. al (2008) mostram que em Pacajus-CE,
com os clones dos grupos Gigante e Anão Precoce a produtividade média estimada
para o 5º ano é de 12.000 kg/ha de pedúnculo (fruta).
Figura 10. Destaque dos frutos do caju do clone CCP-76 no EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
51
Figura 11. Destaque dos frutos do caju do clone CCP-76 no EDR de Andradina.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
Figura 12. Produção de caju no EDR de Andradina.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
52
Todos os produtores vendem pelo menos uma parte da produção a granel, para
indústrias de suco e/ou para doces ou a castanha, o que varia é a participação
percentual, de 20% até 80% do total comercializado.
O caju dos produtores vinculados a Associação informal do EDR de Jales,
depois de colhido é selecionado, tratado e embalado em bandejas contendo de 3 a 5
frutos, sendo colocadas em 4 bandejas envolvidas com filme plástico flexível e auto-
aderente de PVC, devidamente etiquetadas em caixas (caixetas) de papelão sem tampa,
somente envolvidas com filme plástico, para ser enviado para a CEAGESP.
Em Ilha Solteira (EDR de Andradina), os frutos eram comercializados a granel
ou em sacos plásticos de 10 ou 20 kg. Como se tratava de um sistema de cultivo menos
tecnificado, cerca de 80% da produção era direcionada para indústrias de suco de
Guaraçai-SP e Dracena-SP, 8% para indústria de processamento de castanha e somente
12% para o mercado local, através de intermediários, a fruta in natura.
O acesso à assistência técnica pelos produtores rurais permite avaliar tanto a
orientação para a adoção de novas técnicas para o cultivo do caju, como a importância
desta junto aos agricultores familiares.
Nas informações obtidas em entrevistas, verificou-se que a maioria dos
produtores de caju é atendida por algum tipo de assistência cnica, sendo que a mais
citada foi a assistência técnica fornecida pelos agrônomos e técnicos das Casas da
Agricultura.
Em uma entrevista com a agrônoma da Casa da Agricultura de Aspásia (EDR
de Jales) verificou-se que as atividades desenvolvidas junto aos produtores resumem-
se em cursos, palestras, dia de campo, visitas de orientação técnica, excursões técnicas,
assistência técnica, organização de grupos e associações e apoio a participação em
feiras agropecuárias. Os técnicos vêm capacitando, orientando, divulgando e apoiando
os produtores de caju e seus trabalhos na região, desenvolvendo também atividades
com as mulheres dos produtores rurais.
Para a técnica da Casa da Agricultura, os maiores problemas/dificuldades dos
produtores de caju estão relacionados à falta de uma tecnologia adequada para
produção de caju na região e a falta de transporte adequado para escoar a produção do
caju para os grandes centros.
É importante ressaltar também a participação formativa do SAI/SEBRAE
(Sistema Agroindustrial Integrado/ Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) junto aos produtores de caju. Os cnicos realizam atividades de orientação
53
na organização das reuniões, no agendamento e viabilização de viagens técnicas, na
realização de cursos e principalmente na organização dos 2 grupos de mulheres
"Delícias de Caju”, de Urânia e "Sabores da Natureza" de Aspásia, no aproveitamento
da fruta na confecção de doces, geléias, patês, pastéis, balas, entre outros.
Um estudo sobre a assistência técnica em um grupo de produtores familiares
destaca como ação positiva para o trabalho de extensão rural, visitas freqüentes e
individuais às propriedades, além do oferecimento de palestras e/ou cursos que
atendam as condições econômicas dos produtores em uma linguagem simplificada
(MERCÊS, 2004).
Em relação ao crédito rural, pode-se dizer que o financiamento consiste num
dos principais pontos relacionados à produção da fruta, tendo em vista que o cultivo do
caju requer altos investimentos na implantação e formação da cultura e após na
manutenção e produção da fruta. Sendo assim, a maioria dos produtores familiares,
financiam suas atividades através do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF)
5
, que estabelece como tamanho máximo da
propriedade limitado a 4 módulos fiscais
6
do município; ao limite de, no máximo dois
trabalhadores permanentes; ao fato de que o agricultor trabalhe na área com sua
família, com ajuda eventual de terceiros, e que seja proveniente da agropecuária a sua
principal fonte de renda, para que possa beneficiar-se do programa.
Segundo os produtores de caju do EDR de Andradina, a realidade em relação à
assistência técnica é diferente do que se observou no EDR de Jales. Em Ilha Solteira,
questões técnicas e políticas inviabilizaram a cultura de caju, principalmente devido à
falta de uma assistência técnica mais efetiva, tanto na condução da cultura quanto na
comercialização da produção, quanto no apoio por parte da Prefeitura Municipal à
Associação dos Pequenos Agricultores do Projeto Cinturão Verde de Ilha Solteira
(interrupção no repasse de auxílio financeiro), conforme relatado pelo seu Presidente
7
.
Um dos maiores problemas enfrentados por estes pequenos produtores refere-
se à falta de um acompanhamento mais efetivo dos técnicos da assistência, com
informações de tecnologias adequadas a esta realidade, com ênfase na produção com
5
O Programa completo pode ser visto no site http://www.pronaf.gov.br
6
Módulo fiscal é uma unidade de medida em hectares, fixada para cada município e estabelece a área
mínima necessária a subsistência do produtor e sua família.
7
Informação pessoal do Sr. Domingos L. de Oliveira.
54
qualidade e preservação do meio ambiente, que possa levar a um aumento da
produtividade média obtida e conseqüentemente da renda obtida com a venda da fruta.
Na fruticultura, geralmente é preciso uma adubação adequada, um maior
controle de pragas e doenças, exigindo uma boa e constante orientação técnica, sobre
quais os produtos recomendados para a frutífera, a quantidade necessária a ser
aplicada, melhor horário de aplicação dos produtos, tempo de carência para
comercialização da fruta, entre outros.
Na Figura 13 estão apresentadas as principais dificuldades enfrentadas pelos
produtores na produção do caju.
Nesta questão não foram considerados problemas com a identificação e
controle de pragas e doenças, que é unânime entre os produtores, mas apresentados
anteriormente.
A comercialização da fruta foi destacada por 41,18% dos entrevistados. Neste
sentido a Associação dos Produtores de Caju precisa desenvolver um grande trabalho
para viabilizar a comercialização do caju conjuntamente. São realizadas em conjunto
somente as compras das embalagens utilizadas (caixas, cumbucas e filme plástico),
porém a venda é realizada individualmente. Isto se realiza até o presente (2008).
Este problema está vinculado ao transporte inadequado da fruta para escoar a
produção de caju para os grandes centros (11,76%), que reduz o tempo de pós-colheita
da fruta. Em temperatura ambiente a vida útil pós-colheita do pedúnculo é de 48 horas,
sob refrigeração a 5ºC com 85% de umidade relativa a via útil do caju aumenta para
até 15 dias.
A decisão de se realizar ou não a poda no pomar foi outra dificuldade apontada
por um produtor. Com mais de 4 anos de idade a copa das plantas tende a fechar o
pomar, dificultando as pulverizações no controle de doenças e pragas e na colheita.
Devido à escassez de informações referentes ao uso de poda na cultura do caju, bem
como aos poucos resultados de pesquisas nesta região e no Estado de São Paulo, a
decisão de se realizar ou não a poda drástica ou apenas a poda de limpeza no pomar é
um dos problemas enfrentados hoje pelos produtores.
55
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Poda
Transporte inadequado
Mão de obra
Comercialização do produto
Figura 13. Problemas e/ou dificuldades encontradas pelos produtores de caju no
EDR de Jales e Andradina.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
Na região de Jales, alguns produtores vêm realizando a poda de limpeza no
cajueiro, com auxílio e acompanhamento de uma professora da área de fruticultura da
UNESP de Ilha Solteira (Figura 14).
Figura 14. Como realizar poda no cajueiro com professores, alunos e produtores do
EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2007
56
Segundo Boliani
8
(2008), a poda de limpeza deve ser efetuada normalmente
após a colheita, período de baixa atividade fisiológica da planta, para eliminar os
ramos secos, caídos, praguejados, quebrados, mal localizados ou inconvenientes.
Recomenda-se, logo após a poda de limpeza, a aplicação de um fungicida cúprico nas
partes cortadas para reduzir o aparecimento de doenças. Finalmente, é importante
lembrar que a poda de limpeza no cajueiro normalmente gera uma grande quantidade
de restos vegetais oriundos dos ramos podados. Recomenda-se a remoção dos mesmos
da área do pomar, para evitar a proliferação de pragas e doenças.
Os produtores que utilizaram a poda vêm colhendo frutos com qualidade
durante quase todo o ano (em média, 3 meses sem produção). Os resultados foram
visíveis, facilitando as pulverizações para controle de pragas e doenças e
proporcionando maior produtividade da mão-de-obra na colheita. Pode-se observar
também que o equilíbrio entre adubação foliar e do solo, aliado ao manejo correto da
cultura é fundamental para produção de alta qualidade. No entanto, estudos na área de
poda com a cultura do cajueiro ainda são bastante recentes, e ainda requer muita
pesquisa em relação a esta técnica.
O Pesquisador da Embrapa Vitor Hugo de Oliveira, em seu site sobre a
cajucultura
9
, apresenta noções de poda na cultura do cajueiro anão precoce. O autor
considera que a poda é tanto necessária e importante, quanto mais intensiva for a
exploração, para se obter um pedúnculo de melhor qualidade, sendo recomendado 3
podas: de condução/formação, manutenção e a poda de limpeza.
A dificuldade para obter utilização da mão-de-obra na colheita foi outra
dificuldade apresentada pelos produtores.
Os produtores não especificaram na questão problemas e/ou dificuldades a
questão dos custos, mas em outro momento da entrevista, todos reclamaram dos altos
custos de produção para o cultivo, colheita e embalagem da fruta, em virtude os preços
dos insumos principalmente os defensivos.
Oliveira (2003), trabalhando com a fruticultura na região de Dracena, apresenta
problemas semelhantes ao encontrado neste trabalho, em que a maioria dos produtores
apontou a comercialização dos frutos como uma das principais dificuldades e também
o elevado custo de produção em virtude dos preços dos insumos como grande
dificuldade para o desenvolvimento da fruticultura.
8
Relatório técnico da Pesquisa: “Cajueiro Anão na Região Oeste Paulista”.
9
www.cajucultura.com.br
57
5.4.Sistemas de Cultivos, Custos e Lucratividades nos EDRs de Jales e Andradina
Os sistemas de cultivos, os custos e lucratividades de cada região estudada
refletem o perfil de seus respectivos fruticultores, bem como os objetivos ou as
expectativas que cada região tinha com relação ao destino final da fruta.
No EDR de Andradina, região onde o cultivo do caju anão foi introduzido,
desde início, o objetivo principal era o processamento da castanha e a desidratação do
pedúnculo, além da comercialização da fruta in natura. Os produtores deste EDR não
contavam com a vulnerabilidade da cultura ao ataque das pragas e doenças em todas as
fases de seu desenvolvimento, exigindo tratamento fitossanitário intensivo,
principalmente em épocas de concentração de chuvas.
no EDR de Jales a introdução da cultura do cajueiro se deu de maneira
diferente. Os produtores que detinham algum conhecimento, principalmente sobre
os maiores problemas do cultivo desta cultura, apresentavam outra expectativa em
relação ao destino da fruta, isto é, “apostaram” no seu potencial para o mercado in
natura, além da possibilidade do processamento artesanal da fruta inadequada para
mesa.
Desde o início, tais produtores buscaram aprimorar seus conhecimentos,
principalmente relacionados ao controle de doenças e à poda da planta, bem como na
utilização de tratos culturais adequados para o melhor desempenho da mesma.
5.4.1.Caracterização do sistema de produção de caju no EDR de Jales
De uma forma geral, o sistema de cultivo do caju no EDR de Jales não varia
muito, principalmente com relação aos produtores que fazem parte da Associação,
ainda informal.
Foram selecionados 2 produtores para serem acompanhados para realização das
planilhas de custos e lucratividade.
Um dos produtores selecionados para estimativa de custo possui uma área total
de 25 ha, onde é realizado o cultivo de diversas frutíferas, dentre elas o caju, o qual se
encontra em seu 4º ano de produção.
Para introdução da cultura foi realizado preparo do solo convencional para a
implantação de um pomar frutícola, consistindo em uma operação de subsolagem, uma
gradagem pesada e uma gradagem niveladora, sendo realizada calagem na área total.
Após abertura e adubação das covas o plantio foi realizado em agosto de 2002 em um
espaçamento 6 x 8 m sendo plantado cerca de 200 pés em 1 hectare.
58
Visando atender as exigências da planta, foram realizadas análises do solo, para
recomendação adequada, adubações foliares com cálcio e boro, biofertilizantes
(Ecolife), micronutientes, entre outros, com pulverizador acoplado ao trator (tanque de
2000 litros) ou pulverizador costal de 20 litros.
Visando minimizar os ataques de pragas e doenças o produtor realiza cerca de
40 pulverizações. O controle de plantas daninhas é realizado principalmente com
aplicação de herbicida (glifosato) ou roçagem nas entrelinhas e roçagem e capinas nas
linhas, sempre que necessário.
Em agosto de 2006 foi realizada um poda drástica no seu pomar, sendo
utilizado 15 HD (homens dia)/ ha.
O outro produtor pesquisado não difere muito do relatado, apenas possui
uma área maior e iniciou um novo plantio de caju. Possui uma área de 33,88 hectares,
na qual cultiva uva, laranja, caju e outros. Com caju são 430 pés, sendo que 330 pés
foram plantados em setembro de 2002, encontrando-se em seu ano de produção, e
100 pés foram plantados em setembro de 2005, encontrando-se em seu ano de
produção.
A área total ocupada pela cultura do caju é de aproximadamente 2,5 hectares e
o espaçamento utilizado é um pouco maior, 7 x 8 m.
A introdução da cultura ocorreu da mesma forma relatada, inclusive a
aquisição das mudas. Este sistema de cultivo é semelhante ao relatado, o que difere
é o número de pulverizações para controle de pragas e doenças e adubações foliares,
enquanto outros produtores não fazem quase nada no período de maio a agosto, este
produtor continua com adubações e controle de pragas e doenças. Ainda não é possível
afirmar as diferenças no número de pulverizações em um ano, mas estima-se que
sejam cerca de 40% maiores. Além disso, neste caso, não se realiza poda drástica no
pomar, mas apenas poda de limpeza.
Neste sistema, o tratamento fitossanitário pode estar sendo exagerado, não
somente no número de pulverizações, mas também nas quantidades utilizadas, visto
que quase não existem informações para a cultura na região.
Como fazem parte da associação e realizam algumas compras conjuntas, os
produtos utilizados quase não variam. Esse produtor vem obtendo melhores resultados
em relação à quantidade produzida e qualidade dos frutos, muito embora, não
represente a maioria dos produtores desta região. Algumas dificuldades foram
59
encontradas nas entrevistas para levantar informações mais detalhadas e também para
que o produtor anotasse nas planilhas as suas atividades no caju.
Nesta região os produtores observaram que as plantas desenvolveram muito,
principalmente devido às adubações nitrogenadas realizadas na implantação e
manutenção da cultura. A partir de 2006 aplicam apenas fósforo no plantio e
diminuíram as quantidades de nitrogênio na manutenção do pomar.
5.4.2. Estimativas de custos e lucratividades no EDR de Jales
Na Tabela 05 encontram-se os coeficientes técnicos e uma estimativa de custo
operacional total e do custo total de produção da cultura do cajueiro anão precoce no
EDR de Jales, para um pomar no 4º ano de produção.
Verifica-se que o custo total de produção foi de R$14.225,96/ha. Deste total,
quase 53% representam as despesas com material consumido, seguido pelas despesas
com operações manuais 18% e operações mecanizadas com 10,54%.
Deve-se destacar os gastos com embalagens, que representaram cerca de 48%
das despesas com material consumido e 25,35% do CTP. Os preços pagos pelas
embalagens foram mais baixos que os verificados no mercado na época. Um produtor
da associação informal realizava as compras para o grupo todo e com isso conseguia
negociar preços menores. Os dados apresentados por Petinari (2002), referentes a um
pequeno produtor de Mirandópolis foram bem maiores, as embalagens representaram
57% do total gasto com material e 35,68% do CTP do caju. Neste caso o produtor
adquiria todo material necessário para embalagem da empresa ASADA.
60
Tabela 05. Estimativas de custos de produção do caju anão 1 ha (200 pés) no EDR de
Jales (4° ano), dezembro de 2006.
DESCRIÇÃO ESPECIF.
Qtd. V. unit.
Total (R$)
A. Operações mecanizadas
a1. Tratos Culturais
Pulverizações (47x) HM 30,00 40,00 1.200,00
Controle de plantas daninhas (3x) HM 6,50 40,00 260,00
Aplicação de calcário (1x) HM 1,00 40,00 40,00
Subtotal A
1.500,00
B. Operações manuais
Controle de plantas daninhas HD 3,00 25,00 75,00
Adubação de cobertura HD 0,25 25,00 6,25
Colheita, seleção, embalagem e armaz. HD 84,40 25,00 2.110,00
Poda HD 14,00 25,00 350,00
Subtotal B
2.541,25
C. Material Consumido Unidade
c1. Fertilizantes
Ácido Bórico (5x) kg 19,25 2,48 47,74
Calcário t 0,70 105,00
73,50
Cálcio + Boro (1x) L 4,00 5,36 21,44
Ecolife (3x) L 16,00 25,00 400,00
Fórmula 05-00-50 (1x) t 0,03 725,00
21,75
Fórmula 19-10-19 (1x) t 0,90 978,00
880,20
Micronutriente (3x) kg 6,00 10,00 60,00
Sulfato de Manganês (2x) kg 12,00 2,20 26,40
Sulfato de Zinco (2x) kg 12,00 2,24 26,88
Subtotal c1.
1.557,91
continua...
61
continua...
DESCRIÇÃO ESPECIF.
Qtd. V. unit.
Total (R$)
c2. Fungicidas
Tiofanato metílico (Cercobin) (4x) kg 7,25 37,51 271,95
Carbendasin (Derosal) (2x) kg 4,50 27,80 125,10
Hidróxido de cobre (2x) L 20,00 22,00 440,00
Hidróxido de cobre (Kocide) (1x) kg 2,25 23,30 52,43
Tiofanato metílico (Metiltiofan) (3x) kg 10,50 27,90 292,95
Dimetoato (Perfection) (3x) L 3,50 16,60 58,10
Difenoconazol (Score) (5x) L 2,05 162,00
332,10
Fosetil (Aliette) (1x) kg 2,00 53,50 107,00
Tebuconazole (Folicur) (1x) L 2,25 118,00
265,50
Mancozeb (Dithane) (1x) kg 3,00 20,00 60,00
Óleo mineral L 6,00 8,00 48,00
Subtotal c2.
2.053,12
c3. Inseticidas
Bifentrina (Talstar) (1x) L 0,50 95,00 47,50
zetacypermethrin (Fury) (2x) L 0,79 60,00 47,40
Acefato (Cefanol) (1x) kg 1,60 14,90 23,84
Supracid (1x) L 1,50 28,55 42,83
Subtotal c3.
161,57
c4. Herbicidas
Glifosato (2x) L 6,00 15,71 94,26
Subtotal c4.
94,26
c5. Embalagens
Caixetas unid. 4.698 0,47 2.208,06
Bandejas unid. 18.792 0,05 939,60
Rolopac Rolo 4,3 50,00 215,00
Etiquetas unid. 18.792 0,013 244,30
Subtotal c5.
3.606,96
Subtotal C
7.473,81
continua...
62
continua...
DESCRIÇÃO ESPECIF.
Qtd. V. unit.
Total (R$)
Custo Operacional Efetivo (C.O.E)
11.515,06
Juros de custeio 489,39
Outras despesas 575,75
Depreciação 750,00
Custo Operacional Total (C.O.T.)
13.330,21
Remuneração do capital 575,75
Remuneração da terra 350,00
Custo Total de Produção (C.T.P.)
14.225,96
Fonte: Dados da pesquisa.
Os preços médios que os produtores receberam pela fruta comercializada na
CEAGESP ou nas CEASAS regionais variaram de R$2,70 a R$6,30, a caixa de 1,8 kg
em 2006. Na entressafra, isto é nos meses de abril a junho, o preço atingiu
R$10,00/caixa, preço líquido recebido no EDR de Jales, que foi maior que o praticado
na CEAGESP.
Os indicadores de lucratividade do caju podem ser observados na Tabela 06.
Verifica-se que a receita bruta foi de R$22.740,00/ha, considerando a venda da fruta in
natura para mesa e para indústrias de sucos e doces da região. O lucro operacional foi
de R$9.409,79/ha e o índice de lucratividade de quase 41,38%, valores satisfatórios. Se
considerarmos o CTP a receita líquida foi de R$8.514,04 e o índice de lucratividade de
37,44%, mostrando que a cultura do cajueiro anão precoce é rentável na região.
63
Tabela 06. Produção, custos, preços e indicadores de lucratividade da cultura do
cajueiro anão precoce, por hectare, no EDR de Jales (4º ano), dezembro de
2006.
Itens In natura embalado
A granel para indústrias
e doceiras
Produção 8456 kg 2.000 kg
Preço de venda R$2,50 R$0,80
Receita bruta R$22.740,00
Custo operacional total R$13.330,21
Lucro operacional R$9.409,79
Índice de lucratividade (C.O.T)
41,38%
Custo total de produção R$14.225,96
Receita líquida R$8.514,04
Índice de lucratividade (C.T.P) 37,44%
Preço de equilíbrio R$1,36/kg
Fonte: Dados da pesquisa.
Na Tabela 07 encontram-se os coeficientes técnicos e uma estimativa de custo
operacional total e do custo total de produção da cultura do cajueiro anão precoce no
EDR de Jales, para um pomar no 5º ano de produção, em dezembro de 2007.
O custo total de produção foi de R$15.380,90/ha, valor 8,12% maior que o
obtido em 2006.
64
Tabela 07. Estimativas de custos de produção do caju anão 1 ha (200 pés) no EDR de
Jales (5° ano), dezembro de 2007.
DESCRIÇÃO ESPECIF.
V. unit. Qtd. Total (R$)
A. Operações mecanizadas
a1. Tratos Culturais
Pulverizações (40x) HM 48,00 30 1.440,00
Controle de plantas daninhas (2x) HM 48,00 3 144,00
Adubação (3x) HM 48,00 4 192,00
Subtotal A
1.776,00
B - Operações manuais
Controle de plantas daninhas (1x) HD 25,00 0,5 12,50
Adubação de cobertura (3x) HD 25,00 0,75 18,75
Colheita, seleção, embalagem e armaz. HD 25,00 90,00 2.250,00
Poda (2x) HD 25,00 17 425,00
Subtotal B
2.706,25
C - Material Consumido
c1. Fertilizantes Unidade V. Unit. Qtd. Total (R$)
Ácido Bórico kg 2,48 18 44,64
Borogran kg 2,70 0,05 0,14
Fórmula 20-05-20 ton. 970,00 0,4 388,00
Micronutriente kg 18,00 4 72,00
Sulfato de Manganês kg 2,20 6 13,20
Sulfato de Zinco kg 2,24 6 13,44
Uréia kg 1,20 12 14,40
Yoorin Máster kg 10,00 0,5 5,00
Fosfito L 19,30 8,5 164,05
Ca+B+K L 4,30 4 17,20
Ca+B L 2,80 6 16,80
Kbor L 4,90 6 29,40
Base Sílica kg 25,00 4,5 112,50
MAP (purificado) kg 2,50 4 10,00
Subtotal c1 900,77
continua...
65
continua...
DESCRIÇÃO ESPECIF.
V. unit. Qtd. Total (R$)
c2. Fungicidas
Carbendasin (Derosal) kg 27,80 6 166,80
Hidróxido de cobre (Kocide) kg 23,30 10 233,00
Tiofanato metílico (Metiltiofan) kg 27,90 14,25 397,58
Difenoconazol (Score) L 170,00 0,6 102,00
Dimetoato (Perfection) L 18,00 3 54,00
Folpan kg 15,90 4 63,60
Enxofre (Kumulus) kg 6,60 4 26,40
Score L 86,00 2,15 184,90
Hotnim L 25,00 8 200,00
Base Sílica kg 25,00 5 125,00
Marshall L 68,00 1 68,00
Dhitane kg 10,00 8 80,00
Abamec L 52,70 1,75 92,23
Oligor L 35,00 12 420,00
Cercobin L 52,00 7,5 390,00
subtotal c2 2.603,50
c3. Inseticidas
Zetacypermethrin (Fury) L 60,00 0,9 54,00
Deltametrina (Decis) L 59,82 0,3 17,95
Rumo g 0,50 20 10,00
Parathion methyl (Folidol) L 31,37 2 62,74
Hotnin L 25,00 4 100,00
Subtotal c3 244,69
c4. Herbicidas
Glifosato L 15,71 5,4 84,83
Subtotal c4
84,83
continua...
66
continua...
DESCRIÇÃO ESPECIF.
V. unit. Qtd. Total (R$)
c5. Embalagens
Caixetas unid. 0,60 4.700 2.820,00
Bandejas unid. 0,06 20000 1.100,00
Rolopac rolo 50,00 5 250,00
Subtotal c5 4.170,00
Subtotal C 8.003,79
Custo Operacional Efetivo (C.O.E.)
12.486,04
Juros de custeio 546,26
Outras despesas 624,30
Depreciação 750,00
Custo Operacional Total (C.O.T.)
14.406,60
Remuneração do capital 624,30
Remuneração da terra 350,00
Custo Total de Produção (C.T.P.)
15.380,90
Fonte: Dados da pesquisa.
Os indicadores de lucratividade do caju podem ser observados na Tabela 08.
Em relação ao ano anterior, a produção foi bem maior, no entanto, os preços se
mantiveram os mesmos que o observado em 2006, muito embora os preços tenham
caído na CEAGESP neste ano. Segundo os produtores, os frutos também apresentaram
melhor qualidade. Isto ocorreu em função de que em 2007, as chuvas foram mais
distribuídas ao longo do ano e com isso o ataque de doenças ocorreu com menor
intensidade, mas ainda exigindo tratamento intensivo.
A receita bruta foi de R$28.750,00/ha, considerando a venda da fruta in natura
para mesa e para indústrias de sucos e doces da região. O lucro operacional foi de
R$14.343,40/ha e o índice de lucratividade, 50%. Se considerarmos o CTP a receita
líquida foi de R$13.369,10 e o índice de lucratividade de 46,50%, demonstrando
novamente que a cultura do cajueiro anão precoce é rentável na região.
67
Tabela 08. Produção, custos, preços e indicadores de lucratividade da cultura do
cajueiro anão precoce, por hectare, no EDR de Jales (5º ano), dezembro
de 2007.
Itens In natura embalado
A granel para indústrias
e doceiras
Produção 11.000 kg 2.500 kg
Preço de venda R$2,50 R$0,50
Receita bruta R$28.750,00
Custo operacional total R$14.406,60
Lucro operacional R$14.343,40
Índice de lucratividade (C.O.T)
50%
Custo total de produção R$15.380,90
Receita líquida R$13.369,10
Índice de lucratividade (C.T.P) 46,50%
Preço de equilíbrio/kg R$1,14
Fonte: Dados da pesquisa.
5.4.3. Caracterização do sistema de produção de caju no EDR de Andradina
O produtor selecionado iniciou a produção do caju anão em 2001 em um
alqueire, e em 2003 após obter os primeiros resultados com a cultura, decidiu aumentar
a área com caju anão, em mais meio alqueire. Além do caju, o produtor diversifica
suas atividades com a cultura do coco (250 pés), mangostão (100 pés) e composto para
cogumelo do sol.
Este produtor utiliza sistema de produção intensivo, principalmente no que se
refere ao uso de fertilizantes e controle de doenças, comercializando a maior parte da
sua produção no mercado in natura.
Para a implantação do pomar o preparo do solo foi realizado de maneira
convencional, sendo feita uma operação de gradagem pesada, uma gradagem
niveladora, aplicando calcário na área total.
Inicialmente os tratos culturais eram realizados através do uso de herbicidas,
porém devido ao custo elevado o produtor optou fazer o controle do mato com a
utilização de roçadeira.
68
Neste sistema, para controlar ou prevenir as doenças que ocorrem ou que
possivelmente venham a ocorrer, o produtor pulveriza semanalmente o pomar na
época da chuva, utilizando oxicloreto de cobre como preventivo, e em decorrência de
problemas com doenças como míldio, antracnose e resinose, utiliza fungicidas de
diferentes grupos chegando a pulverizar o pomar 3 vezes por semana, em média,
totalizando uma média de 30 pulverizações ao ano.
Na adubação de produção o produtor utilizou super simples, as fórmulas 19-10-
19 e 8-28-16, ecolife e micronutrientes, além de realizar adubações foliares, utilizando
também cálcio e boro.
Os serviços de colheita, classificação e embalagem são realizados
manualmente, gastando-se em média 680 horas de serviço de mão de obra comum
durante o ano. Os frutos são colhidos antes do desprendimento das árvores, devido ao
porte baixo o cajueiro-anão facilita esta operação, o ponto de colheita é em função da
coloração avermelhada apresentada pelo pedúnculo, depois de colhido o caju é tratado,
selecionado e embalado em bandejas contendo de 3 a 5 frutos, sendo colocadas em 4
bandejas envolvidas com filme plástico flexível e auto-aderente de PVC, devidamente
etiquetadas em caixas (caixetas) de papelão sem tampa, somente envolvidas com filme
plástico. A maior produção ocorre no período de outubro a março, época em que os
preços médios são menores.
5.4.4. Estimativas de custo e lucratividade no EDR de Andradina
A Tabela 09 apresenta os coeficientes técnicos e as estimativas de custo
operacional total e o custo total de produção da cultura do cajueiro anão precoce, no
EDR de Andradina, considerando um pomar no ano de produção, num sistema de
cultivo mais tecnificado.
69
Tabela 09. Estimativas de custos de produção do caju anão, 1 ha (200 pés), no EDR de
Andradina (4º ano), em sistema de cultivo mais tecnificado, dezembro de
2006.
DESCRIÇÃO ESPECIF.
V. unit.
Qtd. Total (R$)
A. OPERAÇÕES MECANIZADAS
a1. Tratos Culturais
Pulverizações (30x) HM 35,00 45,00 1.575,00
Roçagem (5x) HM 35,00 5,50 192,50
Subtotal A 1.767,50
B. OPERAÇÕES MANUAIS
Adubação HD 25,00 8,00 200,00
Capina na linha (5x) HD 25,00 6,00 150,00
Colheita classific. e embalagem HD 25,00 85,00 2.125,00
Subtotal B 2.475,00
C. MATERIAL CONSUMIDO
c1.Fertilizantes
Fórmula 08-28-16 kg 0,95 200,00 190,00
Fórmula 19-10-19 kg 1,10 200,00 220,00
Ecolife (2x) L 40,00 6,00 240,00
Supersimples (1x) kg 0,60 200,00 120,00
Foliar CA + BO L 4,30 8,00 34,40
Micronutrientes kg 1,12 32,00 35,84
Subtotal c1 840,24
c2. Defensivos
Score (6x) L 170,00 3,60 612,00
Cercobin (10x) kg 52,00 18,00 936,00
Metiofan (10x) kg 28,00 15,00 420,00
Aliette (5x) kg 54,00 5,00 270,00
Cobre (20x) kg 18,00 20,00 360,00
Glifosato (2x) L 15,00 5,00 75,00
Amistar kg 9,00 2,50 22,50
Subtotal c2 2.673,00
70
continua...
DESCRIÇÃO ESPECIF.
V. unit.
Qtd. Total (R$)
c3. Embalagens
Bandejas 0,10 20.000,00
2.000,00
Caixetas 0,45 5.000,00 2.250,00
Rolopac 90,00 6,50 585,00
Etiquetas 0,05 20.000,00
1.000,00
Subtotal c3 5.835,00
Subtotal C 9.348,24
Custo operacional efetivo (C.O.E) 13.590,74
Outras despesas 679,54
Juros de custeio 577,61
Depreciação 750,00
Custo Operacional Total (C.O.T.) 15.597,89
Remuneração do capital 679,54
Remuneração da terra
350,00
Custo Total de Produção (C.T.P.) 16.627,43
Fonte: Dados da pesquisa.
Verifica-se que o custo operacional efetivo foi de R$13.590,74/ha. As maiores
despesas foram com material consumido, com quase 69% do COE, seguida pelas
despesas com operações manuais 18% e operações mecanizadas, com 13%. As
embalagens apresentaram maior participação (62%), seguida pelas despesas com
defensivos com 28,6% do total gasto com material.
O custo total de produção foi 22% maior que o COE, atingindo
R$16.627,43/ha. Este valor é 17% maior que o CTP obtido no EDR de Jales.
Mas o que deve ser ressaltado na comparação dos gastos obtidos nos 2 EDRs é
a participação das despesas com embalagens nos custos. Nos EDRs de Jales e de
Andradina, do total gasto com material consumido, as embalagens participaram com
48% e 62%, e no custo total, 25,36% e 35%, respectivamente. As despesas com
embalagens foram bem maiores na região de Andradina, que não conta com uma
organização de produtores, que os possibilite pelo menos compras conjuntas para
diminuírem os preços dos materiais.
71
Devido ao fato deste sistema de produção ser mais tecnificado, o produtor
consegue um produto de melhor qualidade, em que aproximadamente 77% da
produção é comercializada in natura para o mercado local.
Em 2006 a forma predominante de comercialização ainda era por consignação,
passando a comercializar somente no mercado local no ano seguinte.
O produtor selecionado para caracterizar o sistema de produção menos
tecnificado está localizado no projeto de assentamento do Cinturão Verde do
município de Ilha Solteira.
Este produtor tinha seu sistema de produção baseado em uma pequena
propriedade rural, na qual além do cultivo do caju diversifica suas atividades com a
produção de Coco (30 pés) e 4 estufas ocupando uma área total de 200m
2
, a cultura do
caju encontrava-se em seu 5º ano de produção.
Para a introdução da cultura o preparo do solo é convencional para a
implantação de um pomar frutícola, consistindo em uma operação de subsolagem, uma
gradagem pesada e uma gradagem niveladora, sendo realizada calagem na área total.
As operações mecanizadas foram realizadas com as máquinas e implementos alugadas
da Associação dos Pequenos Agricultores do Projeto Cinturão Verde de Ilha Solteira
(APAPCVIS).
As covas foram abertas manualmente pelo produtor, colocando por cova 10
litros de esterco de curral, 300g de super simples, 100g de cloreto de potássio em
cobertura logo em seguida as covas foram fechadas, após 60 dias teve início a abertura
das covas para plantio.
Neste caso também as mudas enxertadas foram adquiridas do viveiro de frutas
Eldorado, pertencente à ASADA - Empreendimentos Agroindustriais, localizada no
município de Mirandópolis. A prefeitura municipal de Ilha solteira subsidiou com 50%
do preço total da muda que era de R$6,00
10
, aos pequenos produtores pertencentes ao
Cinturão Verde, o clone utilizado é o cajueiro anão precoce CCP- 76. O plantio foi
realizado em outubro início das chuvas em uma área de 1 hectare no espaçamento 7 x
8, sendo plantadas cerca de 200 pés.
Este sistema de produção é caracterizado como menos intensivo,
principalmente no que se refere ao uso de fertilizantes, controle de pragas e doenças.
10
No início de 2006 o preço da muda era de R$8,00
72
Neste sistema o próprio produtor realiza capinas manuais nas linhas de cultivo, sendo
este procedimento realizado rotineiramente 4 vezes ao ano.
Devido a vulnerabilidade da cultura ao ataque de doenças, principalmente
Antracnose e Resinose o produtor realizou pulverizações 6 vezes ao ano, pulverizando
a cultura com fungicidas e também com oxicloreto de cobre como preventivo.
Na adubação de produção o produtor utilizou a fórmula 08-28-16 na dosagem
de 1 kg por planta, 2 vezes ao ano.
Depois de colhido, o caju era armazenado em câmara fria, para posterior
comercialização, que era realizada a granel ou em sacos plásticos de 10 ou 20 kg. Com
a suspensão do subsídio da Prefeitura Municipal para a Associação, o preço da hora
máquina triplicou e os gastos com a manutenção da câmara fria, relevante para os
produtores de caju, levaram ao seu desligamento.
Como se tratava de um sistema de cultivo menos tecnificado, cerca de 80% da
produção era direcionada para indústrias de suco e processamento da castanha na
região.
Para este sistema o custo operacional efetivo foi de R$3.290,00/ha em 2006. As
maiores despesas foram com o material consumido com quase 44% dos gastos com o
COE, os defensivos apresentaram maior participação, 78% do total gasto com material
(Tabela 10).
O custo operacional total foi 9% maior que o COE atingindo R$3.594,32/ha.
Acrescentado outros custos fixos o custo total de produção foi de R$3.758,82/ha.
Na fruticultura, geralmente é preciso uma adubação adequada, um maior
controle de pragas e doenças, exigindo uma boa e constante orientação técnica, sobre
quais os produtos recomendados para a frutífera, a quantidade necessária a ser
aplicada, melhor horário de aplicação dos produtos, tempo de carência para
comercialização da fruta, entre outros.
73
Tabela 10. Estimativas de custos de produção do caju anão, 1 ha (200 pés), no EDR de
Andradina (4º ano), em sistema de cultivo menos tecnificado, dezembro de
2006.
DESCRIÇÃO ESPECIF.
V. unit. Qtd. Total (R$)
A. OPERAÇÕES MECANIZADAS
Pulverizações (6x) HM 40,00 12,00 480,00
Roçagem (5x) HM 40,00 16,00 640,00
Subtotal A 1.120,00
B. OPERAÇÕES MANUAIS
Adubação HD 2,50 16,00 40,00
Capina na linha (5x) HD 2,50 6,00 15,00
Colheita classific. e embalagem HD 2,50 270,00 675,00
Subtotal B 730,00
C. MATERIAL CONSUMIDO
Formula 08-28-16 Kg 0,80 400,00 320,00
Domak Kg 120,00 8,00 960,00
oxicloreto de cobre L 16,00 10,00 160,00
Subtotal C 1.440,00
Custo Operacional Efetivo (C.O.E.)
3.290,00
Outras despesas 164,50
Juros de custeio 139,82
Custo Operacional Total (C.O.T.)
3.594,32
Outros custos fixos 164,50
Custo Total de Produção (C.T.P.)
3.758,82
Fonte: Dados da pesquisa.
Um dos maiores problemas enfrentados por estes pequenos produtores refere-
se à falta de um acompanhamento mais efetivo dos técnicos da assistência, com
informações de tecnologias adequadas a esta realidade, com ênfase na produção com
qualidade e preservação do meio ambiente, que possa levar a um aumento da
produtividade média obtida e conseqüentemente da renda obtida com a venda da fruta.
Os 2 sistemas de cultivo apresentaram resultados positivos, muito embora no
sistema mais tecnificado a receita bruta obtida seja muito maior (R$23.080,00/ha) e no
74
sistema menos tecnificado tenha atingido apenas R$3.850,00/ha (Tabela 11). Os custos
mais elevados, mais de 4 vezes, compensam a produção obtida e os preços médios
recebidos por esta fruta, que por ser de melhor qualidade a maior parte é
comercializada embalada para a CEAGESP e CEASAS regionais.
Com relação aos produtores de caju do Cinturão Verde, deve-se ressaltar que a
produção da fruta comercialmente acabou.
Em 2007 os custos foram semelhantes aos obtidos em 2006 por um produtor de
Mirandópolis. Os produtores comercializam a fruta no mercado local e mais
recentemente não entregam mais a fruta na Ceasinha de Mirandópolis.
Tabela 11. Produção, custos, preços e indicadores de lucratividade da cultura do
cajueiro anão precoce, por hectare, no EDR de Andradina (4º ano),
dezembro de 2006.
Sistema de Cultivo
mais tecnificado
Sistema de Cultivo
menos tecnificado
Itens
In natura
Industrializado
In natura
Industrializado
Produção 10340 kg 3000 kg 700 kg 4000 kg
Preço de venda R$2,00 R$0,80 R$1,50 R$0,70
Receita bruta R$23.080,00
R$3.850,00
Custo operacional total R$15.597,89
R$3.594,32
Lucro operacional R$7.482,11
R$255,68
Índice de lucratividade (C.O.T)
32,42%
6,64%
Custo total de produção R$16.627,43
R$3.758,82
Receita líquida R$6.452,57
R$91,18
Índice de lucrativ
idade (C.T.P)
28%
2,37%
Preço de equilíbrio R$1,25/kg
R$0,76/kg
Fonte: Dados da pesquisa
75
5.5.Custos de Comercialização da Fruta In Natura nos EDRs de Jales e
Andradina
As formas mais praticadas de comercialização da fruta na região eram a de
preço em consignação e a de preço combinado, feitas diretamente na propriedade rural.
A forma predominante é a do preço em consignação, em que o produto é enviado para
empresas (atacadistas) localizadas nas CEASAS ou CEAGESP-SP, sendo estas
responsáveis pela comercialização e as despesas envolvidas repassadas aos produtores
no preço líquido recebido pela fruta (PETINARI; TARSITANO, 2002).
No EDR de Jales, essa forma de comercialização ainda é predominante, mas a
partir de 2007, os produtores vêm diversificando mais a comercialização da fruta in
natura, se destacando a produção enviada também para a CEASA de Campinas. No
EDR de Andradina, os produtores comercializam a fruta mais no mercado regional.
A seguir são apresentados os custos de comercialização referentes ao ano de
2006 para o EDR de Andradina e de Jales. Como em 2007 os municípios pertencentes
ao EDR de Andradina não comercializaram seus frutos na CEAGESP, os custos de
comercialização referentes a este ano foram realizados somente para o EDR de Jales.
O caju in natura é comercializado em pequenas caixetas de papelão com
capacidade para 1,8 kg, com 4 bandejas de PVC cada, em cada bandeja são colocados
de 3 a 4 frutos, totalizando 12 a 16 frutos por caixa (Figura 15). Cada bandeja é
revestida com filme plástico, possibilitando maior conservação da fruta.
De acordo com o responsável pela Associação dos produtores de caju, foi
adquirido um lote de caixas de papelão de outro fornecedor a um preço menor do que
eles vinham pagando, R$0,57 a unidade, que incluía as informações nutricionais da
fruta, conforme especificado na Figura 16. No entanto, apesar do preço ser atrativo, os
produtores mostraram-se insatisfeitos com a nova embalagem, que segundo os
mesmos, apresenta qualidade inferior e as bandejas ficam soltas dentro da caixa. Dessa
forma, no próximo lote, as caixas voltariam a ser adquiridas do primeiro fornecedor,
cuja unidade custa cerca de R$0,70.
76
Figura 15. Caixa utilizada na comercialização do caju no EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2005/2006.
Figura 16. Informações nutricionais sobre o caju, presentes nas novas caixas de
papelão no EDR de Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2007.
Além da comercialização da fruta embalada in natura, em média, um quinto da
produção destina-se a venda direta na porteira para representantes de indústrias de
suco, a granel para confecção de doces caseiros, isto é, processamento artesanal do
77
caju, descartado da venda in natura, ou ainda, a venda direta a feirantes e
supermercados da região. A fruta a granel é comercializada pelos produtores a preços
que variam de R$0,50/kg a até R$1,00/kg.
O transporte é feito por transportadoras da região de Jales e Mirandópolis e o
valor do frete varia em função da distância do local de produção até o local de
comercialização. De Mirandópolis a São Paulo, a distância é de 600 km e de Jales a
São Paulo, de 585 km. O preço do frete incide sobre a caixa a ser transportada, que em
2006 foi cerca de R$0,70/caixa, correspondendo a 7,36% sobre o preço médio da caixa
de caju no atacado.
Geralmente estas transportadoras levam até o Entreposto Terminal da
CEAGESP, em São Paulo, vários outros produtos além do caju. Com isto, o preço da
caixa a ser transportada é sempre o mesmo, independente da quantidade.
No ano de 2006, cobrou-se para o descarregamento um valor de R$0,11/caixa e
a comissão do atacadista foi de R$1,66/caixa, correspondendo a 1,16% e 17,45%,
respectivamente, sobre o preço médio da caixa de caju no atacado. As despesas com a
Seguridade Social (2,3%) estão embutidas no valor da comissão.
Na Tabela 12 são apresentados os custos envolvendo a comercialização da
caixa de caju de 1,8 kg, através da venda pelo preço consignado, praticados pelos
produtores do EDR de Andradina e de Jales em junho de 2006, e somente de Jales para
o ano de 2007.
Deve-se ressaltar que o produtor é responsável por todas as despesas de
produção, colheita, seleção e também pelas embalagens das frutas, motivo pela qual as
mesmas não foram consideradas nos custos com a comercialização.
Portanto, os custos de comercialização da caixa de caju de 1,8 kg por
consignação em junho de 2006 foram de R$2,47/caixa, sendo que desse valor 67,21%
referem-se às despesas com comissão, 28,34% com frete e 4,45% com
descarregamento.
Se comparados com os dados obtidos por Petinari e Tarsitano (2002) na região
noroeste paulista no ano de 2001, verifica-se que houve um aumento no percentual das
despesas com comissão que correspondiam a 58% dos custos e uma redução no
percentual das despesas com frete e descarga que correspondiam a 36% e 6%,
respectivamente.
78
Tabela 12. Custos envolvendo a comercialização da caixa de caju de 1,8 kg no EDR
de Jales e Andradina, através da venda pelo preço consignado, em junho de
2006 e no EDR de Jales, em junho de 2007.
Custo de Comercialização
Origem EDR de Jales e Andradina
EDR de Jales
Destino CEAGESP (São Paulo) CEAGESP (São Paulo)
Embalagem Caixa de 1,8 kg Caixa de 1,8 kg
R$/caixa R$/caixa
Preço médio no atacado 9,51 7,00
(-) Transporte 0,70 0,70
(-) Descarregamento 0,11 0,13
(-) Comissão Atacadista (17,45%) 1,66 1,22
Preço pago ao produtor 7,04 4,95
Fonte: Dados da Pesquisa.
Em 2006, do preço médio no atacado, cerca de 26% referem-se às despesas
com a comercialização da fruta na CEAGESP. Este valor foi menor que o observado
por Petinari e Tarsitano (2002), 30%.
Na operação de descarregamento cobrou-se um valor de R$ 0,11/caixa e a
comissão do atacadista foi de R$ 1,66/caixa, correspondendo a 1,16% e 17,45%,
respectivamente, sobre o preço médio da caixa de caju no atacado. As despesas com a
Seguridade Social (2,3%) estão embutidas no valor da comissão.
O preço do frete incide sobre a caixa a ser transportada, que em 2007 foi cerca
de R$ 0,70/caixa, 10,0% sobre o preço médio da caixa de caju no atacado.
Em 2007, cobrou-se um valor de R$ 0,13/caixa na operação de
descarregamento. A comissão do atacadista foi de R$ 1,22/caixa, o que correspondeu
a 1,85% e 17,45%, respectivamente, sobre o preço médio da caixa de caju no atacado.
As despesas com a Seguridade Social (2,3%) estão embutidas no valor da comissão.
Portanto, os custos de comercialização da caixa de caju de 1,8 kg através da
venda por consignação pelos produtores do EDR de Jales no ano de 2007 foram de
R$2,05/caixa, sendo que desse valor, 59,51% referem-se às despesas com comissão,
79
34,14% com frete e 1,85% com descarregamento. Do preço médio no atacado, 29,28%
refere-se às despesas com a comercialização da fruta na CEAGESP.
5.6. Análise do Investimento na Cultura do Cajueiro
Para analisar a viabilidade econômica da produção de caju, elaborou-se um
fluxo de caixa considerando os custos com a implantação do pomar e os custos de
produção, que somados representam as saídas de caixa. As entradas referem-se aos
valores obtidos com a venda da fruta/ano, considerando um horizonte de planejamento
de 10 anos de produção e um ano com implantação, totalizando 11 anos.
Como foi possível levantar os coeficientes técnicos referentes aos 5
primeiros anos da cultura na região, para o ano foi considerado um acréscimo de
10% nos custos obtidos no ano e a partir daí considerou-se que cultura se mantém
estável, segundo as expectativas dos produtores da região e dos técnicos que trabalham
com a cultura. Para a região de Pacajus-CE, Harada et al. (2008) considera vida útil do
caju Gigante e Anão Precoce, 20 anos, ou seja, o dobro do considerado na pesquisa.
Na Tabela 13 são apresentados os resultados da viabilidade econômica da
produção de caju anão em dezembro de 2007. Verifica-se que o valor presente líquido
(VPL) foi de R$37.124,12, considerando uma taxa de desconto de 6%a.a., e quanto
maior este valor (VPL), mais desejável é o projeto, pois maior é seu potencial de
ganho. A Taxa Interna de Retorno (TIR) foi de 39%, maior que a taxa de desconto, e
quanto maior a distância entre o valor da taxa de desconto e da TIR, menor é o risco, e
o capital investido é recuperado no 5º ano do projeto.
80
Tabela 13. Fluxo de caixa, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Pay back em investimentos no caju/ha em 2007.
ITENS Ano
1 2 3 4 5 6 ... 11
SAÍDAS (R$)
1 - Investimento
Implantação 7.500,00
Sub total 7.500,00
2- Custo operacional
Caju (1 safra) 6.495,69 11531,83
13.566,85 14.280,90 15.300,00
... 15.300,00
3- Total (1+2) -7.500,00
6.495,69 11531,83
13.566,85 14.280,90 15.300,00
... 15.300,00
ENTRADAS (R$)
4- Receita bruta
2.800,00 8.500,00 22.740,00 24.800,00 24.800,00
... 24800,00
5- Fluxo líquido anual -7.500,00
-3.695,69 -3031,83 9.173,15 10519,10 9.500,00 ... 9.500,00
VPL
37.124,12
TIR
39%
Pay Back
5º ano
81
5.7. Comportamento de Mercado da Fruta In Natura
Os fruticultores, na maioria dos casos, produzem predominantemente para o
mercado in natura, onde em geral conseguem um retorno maior, vendendo apenas os
excedentes a um preço menor para a indústria. (FERRAZ; SILVA; VILELA, 2002).
Enquanto no Nordeste é comercializada a castanha de caju, na região oeste do
Estado de São Paulo predomina a comercialização da fruta in natura, com produtores
que, na sua maioria, comercializam individualmente a sua fruta.
Na Figura 17 encontra-se a variação da oferta e do preço do caju comercializado
na CEAGESP de São Paulo, média do período de 2000 a julho de 2008.
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Meses
Quantidade (kg)
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
Preço (R$)
Volume
Preço
Figura 17. Variação da oferta e do preço do caju comercializado na CEAGESP de São
Paulo, média de 2000 até julho de 2008.
Fonte: Dados básicos da CEAGESP.
A quantidade comercializada de caju é maior entre agosto e novembro e menor
no período de fevereiro a maio. Em conseqüência, os preços se comportam de forma
inversa, atingindo níveis mais altos entre fevereiro e maio e mais baixos entre agosto e
novembro.
Na Figura 18 encontra-se a variação da oferta de caju nos anos de 2005, 2006,
2007 e o primeiro semestre de 2008. Verifica-se que a comercialização do caju na
CEAGESP no início do ano é pequena se comparada com os outros meses, isto ocorre
em virtude de se ter o período de entressafra nas principais regiões produtoras da fruta,
ou seja, o nordeste.
82
A partir do mês de julho observa-se um aumento da quantidade comercializada,
que é devido ao período de safra e é observado nos três anos apresentados, apesar de
ficar mais evidente no ano de 2007. Após o período de safra, ou seja, no final do ano, a
quantidade comercializada na CEAGESP tende a diminuir. Em 2007 ocorreu um
aumento muito grande da quantidade ofertada da fruta em relação aos últimos anos. Este
incremento na produção se deu em função das condições climáticas mais favoráveis
neste ano, ou seja, inverno mais ameno, baixas precipitações pluviométricas, além da
substituição de plantas de cajueiro comum pelo caju anão.
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Meses
Quantidade (kg)
2005
2006
2007
2008
Figura 18. Variação da oferta de caju na CEAGESP de São Paulo, nos anos de 2005,
2006, 2007 e o primeiro semestre de 2008.
Fonte: Dados básicos da CEAGESP.
Com o aumento da oferta da fruta no ano de 2007, observa-se que os preços
médios deste ano foram bem menores quando comparados com os preços médios nos
anos anteriores, com destaque para os meses de junho a agosto, período de entressafra
(Figura 19). Estes resultados foram sentidos pelos produtores do EDR de Jales, que
comercializam grande parte da produção com atacadistas (intermediários) na
CEAGESP. Se em 2006 conseguiram até R$8,00/caixa na entressafra da fruta, em 2007
estes preços estão abaixo de R$5,00/caixa.
Através desse comportamento é possível orientar os produtores a produzir o
fruto com qualidade, de forma a ser colhido na época em que os preços são maiores,
visando aumentar a lucratividade do seu negócio. Isto pode ser obtido, por exemplo,
83
com o uso da poda, prática que direciona a concentração da safra em época favorável à
comercialização da produção.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Meses
Preço (R$)
2005
2006
2007
2008
Figura 19. Variação do Preço do caju comercializado na CEAGESP de São Paulo, nos
anos de 2005, 2006, 2007 e o primeiro semestre de 2008.
Fonte: Dados básicos da CEAGESP.
Procedência da produção
Com a finalidade de se determinar a procedência do caju in natura
comercializado na CEAGESP nos anos de 2006 e 2007, foram levantadas as regiões de
procedência, suas quantidades, e também a porcentagem com que cada região participa
no volume comercializado na CEAGESP.
As regiões produtoras, quantidades e a participação percentual encontram-se
discriminadas na Tabela 14.
84
Tabela 14. Procedências, quantidades e a participação percentual de caju in natura
comercializadas na CEAGESP, nos anos de 2006 e 2007.
2006 2007
PROCEDÊNCIA
QUANTIDADE
(tonelada)
%
QUANTIDADE
(tonelada)
%
PI – Pio IX - - 614,16 23,19
PE - Petrolina 260,75 16,46 267,45 10,10
CE - Cascavel 36,00 2,27 159,00 6,00
CE - Beberibe 111,43 7,03 136,29 5,15
MG - Janaúba - - 106,82 4,03
MG - Porteirinha 15,88 1,00 87,46 3,30
SP - Valinhos 61,35 3,87 60,97 2,30
SP - Piacatu 31,61 2,00 54,70 2,07
PI - Canto do Buriti - - 49,82 1,88
SP - Artur Nogueira 13,22 0,83 40,79 1,54
BA - Juazeiro 37,43 2,36 26,97 1,02
SP - Vista Alegre do Alto 63,39 4,00 26,87 1,01
SP - Irapuru 47,41 2,99 23,02 0,87
PI - Picos - - 16,85 0,64
SP - Urânia 4,85 0,31 15,41 0,58
SP - Marília 16,63 1,05 11,36 0,43
SP - Dracena 24,87 1,57 9,07 0,34
SP - Bebedouro 29,30 1,85 5,46 0,21
Outros 99,15 6,26 45,44 1,72
Transferências* 730,91 46,14 890,38 33,62
TOTAL 1.584,13 100,00 2.648,29 100,00
*Refere-se ao produto que não é comercializado diretamente no centro atacadista,
passando primeiramente por galpões de armazenamento.
Fonte: Dados básicos da CEAGESP.
Dentre as regiões de maior procedência da fruta de caju comercializada na
CEAGESP, verifica-se que as cidades de Petrolina (PE) 16,46%, Beberibe (CE) 7,03%,
Vista Alegre do Alto (SP) 4,0% e Valinhos (SP) 3,87% são as regiões com maiores
85
participações, responsáveis por aproximadamente 31,38% da quantidade total
comercializada na CEAGESP em 2006. Em 2007, dentre as regiões de maior
procedência da fruta de caju comercializada na CEAGESP, as cidades de Pio IX (PI)
23,19%, Petrolina (PE) 10,10%, Cascavel (CE) 6% e Beberibe (CE) 5,15% são as que
apresentaram maiores participações, responsáveis por aproximadamente 44,4% da
quantidade total comercializada na CEAGESP.
Na Tabela 15 encontram-se as regiões produtoras, quantidades e a participação
percentual referente ao Estado de São Paulo. Observa-se que dentre os municípios do
Estado de São Paulo de maior procedência do caju comercializado na CEAGESP, Vista
Alegre do Alto, Valinhos e Irapuru lideram na participação da quantidade
comercializada no entreposto, com 18,11%, 17,52%, e 13,54%, respectivamente, do
total comercializado em 2006, enquanto que em 2007, os maiores produtores foram
Valinhos, Piacatu e Artur Nogueira, contribuindo com 21,75%, 19,52%, e 14,55%,
respectivamente do total comercializado no Estado de São Paulo.
Em 2006, a quantidade de caju comercializada na CEAGESP pelos municípios
de Urânia e Jales foi de 4,85 e 0,63 toneladas, respectivamente. Em 2007, essa
quantidade aumentou consideravelmente, sendo comercializadas 15,41 e 1,23 toneladas
de caju pelos municípios de Urânia e Jales, respectivamente. O município de Aspásia no
ano de 2006 não apareceu nas estatísticas da CEAGESP, e em 2007 este município
apareceu com 1,37 toneladas.
Segundo dados obtidos na CEAGESP, no ano de 2005 o município de Urânia
comercializou cerca de 37 toneladas e Mirandópolis apenas 5 toneladas da fruta. Em
2006 e 2007 o município de Mirandópolis não aparece nas estatísticas da CEAGESP, a
produção é direcionada para o mercado regional, ou então, comercializam diretamente
para um entreposto de frutas (Ceasinha de frutas), pertencente à ASADA
Empreendimentos Agroindustriais, que comercializa para outras CEASAS de São
Paulo, Paraná e Santa Catarina.
86
Tabela 15. Procedências, por município do Estado de São Paulo, quantidades e a
participação percentual de caju in natura comercializadas na CEAGESP,
nos anos de 2006 e 2007.
2006 2007
PROCEDÊNCIA
QUANTIDADE
(tonelada)
%
QUANTIDADE
(tonelada)
%
SP - Valinhos 61,35 17,52 60,97 21,75
SP - Piacatu 31,61 9,03 54,70 19,52
SP - Artur Nogueira 13,22 3,78 40,79 14,55
SP - Vista Alegre do Alto 63,39 18,11 26,87 9,59
SP - Irapuru 47,41 13,54 23,02 8,21
SP - Urânia 4,85 1,39 15,41 5,50
SP - Gabriel Monteiro 11,56 3,30 11,70 4,17
SP - Marília 16,63 4,75 11,36 4,05
SP - Dracena 24,87 7,10 9,07 3,23
SP - Monte Alto 5,87 1,68 6,87 2,45
SP - Bebedouro 29,3 8,37 5,46 1,95
SP - Santana da Ponte Pensa
- - 3,76 1,34
SP - São Francisco SP - - 3,69 1,37
SP - Campinas - - 1,80 0,64
SP - Aspásia - - 1,37 0,49
SP - Jales 0,63 0,18 1,23 0,43
SP - Dolcinópolis - - 0,57 0,20
SP - Clementina 1,26 0,36 0,52 0,18
SP - Sabino 2,78 0,79 0,39 0,14
SP - Guaiçara 7,17 2,05 0,27 0,09
SP - Monte Azul Paulista 12,92 3,69 - -
SP - Outros 15,26 4,34 0,42 0,15
TOTAL 350,08 100,00 280,25 100,00
Fonte: Dados básicos da CEAGESP.
Em 2007, a produção de caju no EDR de Jales foi responsável por quase 8% do
caju produzido no Estado de São Paulo e comercializado diretamente na CEAGESP
87
(Tabela 15). Isto demonstra que apesar de alguns produtores estarem desanimados,
muitos outros continuam acreditando no potencial da cultura, e vêm obtendo sucesso
com a mesma, fortalecendo-a na região como uma alternativa de geração de emprego e
renda.
A atual pesquisa não obteve dados do destino da produção com os técnicos de
assistência técnica da CEAGESP em São Paulo. Em termos gerais os destinos são os
mais variados possíveis, com destaque para as feiras livres, CEASAS regionais,
supermercados e sacolões.
5.8. Agroindústria
5.8.1. Unifrutas Mirandópolis Agroindústria LTDA no EDR de Andradina
A UNIFRUTAS MIRANDOPOLIS AGROINDÚSTRIA LTDA foi fundada no
dia 03 de maio de 2003, apresenta área total de três alqueires e área construída de 2000
m
2
. A empresa atua com produção e industrialização por desidratação de frutas
ofertadas pelos sistemas produtivos regionais de frutas como caju, goiaba, abacaxi,
banana, manga e carambola. A matéria-prima é fornecida para a empresa por cerca de
30 produtores e associações dos municípios Mirandópolis, Guaraçaí, Muritinga do Sul e
Lavínia.
A planta industrial da fábrica consta de departamentos de recepção das frutas,
câmaras frias e departamento de processamento (entrada das frutas, tachos,
concentradores, desidratador), seguido do laboratório e departamento de embalagem
(Figura 20).
A organização Industrial estuda como os fatores estruturais de mercado afetam o
desempenho das empresas. Segundo Koch (1980) a estrutura de mercado refere-se aos
elementos que caracterizam a organização de um mercado e que podem interferir na
natureza da competição e preços no mesmo.
88
Figura 20. A.Vista da agroindústria UNIFRUTAS em Mirandópolis-SP; B. Galpão para
recepção das frutas; C. Equipamentos utilizados no processamento das
frutas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2007.
As características de maior relevância da estrutura de mercado são: a) o grau de
concentração de vendedores e compradores; b) o grau de diferenciação dos produtos e;
c) condição de entrada no mercado pela maior facilidade com que novos vendedores
possam entrar no mercado, determinada pela vantagem e pressões que os atuais
vendedores possam exercer (BARROS, 1987).
Dos elementos de estrutura de mercado, destaca-se a condição de entrada no
mercado da agroindústria de Mirandópolis. Esta foi favorecida por políticas públicas e
sua constituição resultou da associação de 37 produtores, que obtiveram financiamento
através do PRONAF (Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura
Familiar) "Agregar" (destinado somente para agroindústria), único projeto no Brasil
relacionado a frutas envolvendo tal número de produtores, até àquela época.
Atualmente, é uma empresa com 2 sócios e conta com 12 funcionários, atuando nas
diversas funções.
89
Em termos de divulgação do produto foram preparados alguns Folders para
serem distribuídos em feiras de agronegócio, com o objetivo de fortalecer sua marca,
denominada MIRA FRUIT.
Quanto ao grau de concentração regional de produtores e processadores,
enquanto a região se caracteriza pela existência de um grande número de produtores
fruticultores, no processamento industrial de frutas, a agroindústria de Mirandópolis não
se defronta com concorrentes na região oeste paulista, entretanto, esta condição não
garante que a mesma usufrua amplamente dos benefícios da concorrência imperfeita
(caracterizada pelo regime oligopsônico) porque a oferta de frutas por produtores rurais
para processamento concorre fortemente com a oferta para venda in natura, realizada na
CEAGESP ou nas CEASAS regionais.
As frutas desidratadas produzidas na UNIFRUTAS atingem as classes A e B
11
, e
destinam-se aos grandes centros e às grandes capitais. No interior de São Paulo, o
mercado consumidor são as grandes cidades, como São José do Rio Preto e Araçatuba.
As vendas são realizadas em mercados, e estuda-se a possibilidade de comercialização
em redes de farmácia. O consumo local é relativamente baixo devido à grande oferta de
frutas (muitos produtores). Embora o mercado externo ainda não seja atingido, espera-
se que futuramente, com maiores investimentos em reformas, bem como no aumento da
capacidade da UNIFRUTAS, isto se torne realidade.
De maneira geral, a maior demanda das frutas desidratadas ocorre no período de
inverno, época em que não se tem frutas tropicais frescas, e também no Natal.
Entretanto, neste ano de 2007, a demanda foi abaixo da média, com pouca variação, em
função do inverno ter sido mais ameno.
A conduta de mercado é definida como os padrões de comportamento que as
empresas seguem no seu processo de ajustamento aos mercados aos quais compram ou
vendem e envolvem os meios para adaptação da produção e aprimoramento do produto,
e promoção de vendas. A conduta das empresas determina a eficiência do mercado, no
caso, os resultados econômicos que decorrem do funcionamento da empresa (BARROS,
1987).
Quanto aos elementos de conduta de mercado ou o padrão de comportamento
que a empresa buscou no processo de ajustamento aos mercados, verificou-se que o
foco do negócio agroindustrial consistiu em criar espaços de mercado inexplorados
11
De acordo com os critérios da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e de empresas de pesquisas, 16% da
população pertencem às classes A e B, denominadas “elite”, com renda superior a R$4.591,00.
90
regionalmente, tendo como principal matéria-prima o caju cultivado nessa região,
aproveitando-o totalmente através do processamento da castanha e da desidratação do
pedúnculo.
Para assegurar o fornecimento com escala e regularidade, a agroindústria
precisaria investir no desenvolvimento da cultura. Assim, um trabalho de captação de
novos produtores na região foi coordenado pelo Sr. Milton Asada, principal articulador
da associação e pioneiro da cultura do caju anão na região noroeste do Estado de São
Paulo. Este trabalho consistiu no fornecimento ou vendas subsidiadas de mudas e
assistência técnica no desenvolvimento da cultura junto a produtores de diversos
municípios, alcançando inclusive a região leste do Mato Grosso do Sul. Segundo a
classificação apontada por Zerio, Ferro e Sardella (2007), esta agroindústria enquadra-se
como uma indústria formal, por investir nas lavouras e promover o desenvolvimento da
cultura, adequando às necessidades industriais.
Quando da implantação da agroindústria ainda não existia matéria-prima que
justificasse o início da operação industrial, a política de captação de novos produtores e
expansão da cultura do caju encontrava-se em fase inicial, e, por outro lado, estavam
atrativos os preços praticados nos mercados para comercialização do pseudofruto in
natura o que concorria com o fornecimento da matéria-prima para a empresa.
Neste quadro a estratégia de operação da agroindústria foi alterada, deslocando-
se o foco do processamento apenas do caju para operar com maior diversidade de frutas
tais como a goiaba, abacaxi, manga, além do próprio caju (utilizando-se pedúnculos não
aproveitados para a venda in natura). A meta para o futuro era a obtenção da amêndoa
de caju pelo processamento industrial, a ser efetivada quando a região viesse a ofertar
caju dos pomares implantados.
Dos indicadores de eficiência de mercado analisados, constatou-se que a meta
inicial para o foco de negócio definido (aproveitamento integral do caju, com
processamento da castanha) não se concretizou, dado que a indústria viria a defrontar-se
com problemas de eficiência produtiva. A noção de eficiência produtiva está associada a
restrições de ordem técnica que dificulte ou impeça de operar num nível próximo do
rendimento máximo permitido teoricamente por uma dada tecnologia.
Uma característica não antecipada que seria, a posteriori, entendida como
restrição ao processamento industrial do caju foi a desuniformidade dos pseudofrutos e
dos tamanhos das castanhas obtidas, comparativamente ao padrão verificado na região
nordeste do país. Por conta de tal falta de padrão não seria possível obter adequação
91
técnica que atendesse aos atributos de qualidade desejáveis para a castanha e que são
importantes na cotação dos seus preços, tais como: a obtenção de amêndoas inteiras,
despeliculadas, e sem manchas. Embora o clone CCP-76 reúna características
favoráveis tanto para a castanha quanto para o pedúnculo, na região oeste paulista ele se
destaca na produção do pedúnculo, cujas características como coloração avermelhada,
formato piriforme, firmeza adequada, etc., são bem aceitas pelo consumidor e seu
potencial de aproveitamento é muito expressivo tanto no consumo in natura como na
fabricação de doces, sucos, etc.
Outro problema de adequação técnica é que o caju, fruto típico do nordeste, tem
melhor desenvolvimento em ambientes com temperaturas elevadas e baixa precipitação
pluviométrica. Em razão dos períodos de chuva mais prolongados na região oeste do
Estado, a cultura apresentou alta incidência de antracnose, principal doença da cultura,
dificultando o seu cultivo e aumentando o custo de produção quando comparado às
outras frutíferas.
No contexto restou à agroindústria a alternativa de diversificar sua pauta
produtiva. As frutas atualmente utilizadas para a desidratação são: abacaxi, goiaba, caju,
carambola, caqui, manga e banana, sendo o abacaxi e a goiaba os carros-chefe da
produção, dados os atributos regionais de qualidade, sabor e, principalmente pela
regularidade da oferta.
Na cultura do abacaxi uma especialização produtiva regional, com grande
quantidade de produtores produzindo o ano todo. A irrigação, bem como a indução
floral com regulares de crescimento vegetal ou fitorreguladores são práticas que tornam
possível a concentração da safra em época favorável à comercialização da produção,
bem como seu escalonamento e, conseqüentemente, maior regularidade na oferta do
produto ao longo do ano. Da mesma forma a goiabeira que, fazendo-se uso de irrigação
e escalonamento de poda, produz-se o ano todo. O mesmo não ocorre com o caju,
carambola e a manga, que concentram sua produção em um período muito curto (o caju
e a carambola produzem duas safras por ano e a manga, apenas uma).
Na planta industrial, houve também um problema de ordem técnica associado ao
dimensionamento da máquina de desidratar, dimensionada para operar com capacidade
produtiva considerada baixa, de apenas 1.000 kg/dia, o que corresponde a 100 kg de
frutas desidratadas, havendo perda em média de 90% em água, do valor da fruta in
natura. No entanto, os nutrientes, bem como as características organolépticas não são
92
perdidos. Tentativas que o resultaram em sucesso foram conduzidas para aumentar a
capacidade produtiva, e este continua sendo um ponto frágil.
A UNIFRUTAS apresenta capacidade projetada de 20.000 kg/mês. No entanto,
dados os problemas apontados tanto com a oferta de frutas e adaptação às condições
edafoclimáticas regionais, quando com a operacionalização da planta industrial, a
empresa trabalha com capacidade que atinge hoje cerca de 60% da produção. Tais
restrições motivaram o gestor a diversificar um pouco mais, adaptando as instalações
para a produção de goiabada, em embalagens de 7 kg, pote de 300 e 600 g, além de
goiabada cremosa 600 kg e 2,5 kg. Tal estratégia mostrou-se conveniente por permitir o
aproveitamento de excedentes de safra bem como de frutas de descarte, goiabas não
aproveitadas para a comercialização in natura.
Na realidade, assim como ocorreu com a cultura do caju em 2001, quando o
Engenheiro Agrônomo da ASADA - Empreendimentos Agroindustriais visitou vários
municípios da região, proferindo palestras, divulgando e incentivando o plantio da
cultura na região, o mesmo vem ocorrendo com a cultura da goiaba nos últimos anos.
Na Figura 21 são apresentados alguns produtos que são fabricados e
comercializados pela UNIFRUTAS.
Figura 21. Produtos fabricados e comercializados pela UNIFRUTAS no EDR de
Andradina.
Fonte: Folder dos produtos MIRA FRUIT.
93
5.8.2.Grupos de doceiras no EDR de Jales
O processamento de frutos não adequados para o mercado in natura gera uma
importante fonte de renda e trabalho, agregando valor aos produtos que seriam
comercializados com valores muito baixos e até mesmo descartados. A consolidação
deste processo reflete principalmente nas economias regionais e locais, onde a
fruticultura se destaca.
Visando agregar valor ao caju e também o aproveitamento de frutos, um grupo
de mulheres dos municípios de Aspásia e Urânia se uniram e formaram duas
associações informais, nas quais a principal atividade é o processamento dos frutos
considerados inadequados para o mercado in natura, processando-os e gerando uma
importante fonte de renda.
O grupo “Sabores da Natureza” deu início às suas atividades em 2004, em um
local cedido pela prefeitura no centro da cidade de Aspásia e conta com 3 membros. No
mesmo ano formou-se o Grupo “Delícias do caju”, no município de Urânia, contando
com 7 membros. Os dois grupos são formados por mulheres, na sua maioria, produtoras
de caju.
O investimento inicial foi mínimo, as instalações foram adaptadas, os
equipamentos e materiais de uso doméstico foram os das próprias doceiras, o açúcar
para início das atividades foi doado e os demais insumos foram adquiridos através do
capital investido por cada integrante.
As aquisições de insumos são realizadas através de compras conjuntas (os 2
grupos), sendo a embalagem o item que representa o maior custo. No processamento da
fruta até a sua comercialização são utilizados, além das frutas, açúcar, pectina, ácido
cítrico, embalagens e etiquetas.
O local utilizado pelo grupo para o processamento das frutas é pequeno, não
atendendo plenamente todas as necessidades. Um dos objetivos deste grupo é encontrar
um local mais adequado para realização de suas atividades.
Os grupos realizam suas atividades individualmente, como a compra de matéria-
prima, entrega das encomendas, a contabilidade do negócio, etc. O único trabalho que
os grupos realizam conjuntamente é a organização da Feira do Caju, bem como a
divulgação dos produtos nas feiras agropecuárias.
O caju utilizado pelos grupos para a fabricação dos doces é o descartado, ou
seja, aquele que não foi comercializado in natura, e é adquirido a R$0,50 o quilo junto
94
aos produtores do município ou região, podendo chegar a R$1,00, dependendo da época
do ano.
Atualmente os grupos produzem: compotas de caju, compota de abóbora, balas,
mamão, de moleque com castanha de caju, polpa de frutas e licor de caju, sendo a
polpa de frutas, balas, pés de moleque e compotas os produtos de maior procura.
Conforme a quantidade de pedidos, trabalham a semana toda ou 3 dias na
semana. Não possuem empregados, todo o trabalho é realizado pelas integrantes dos
grupos.
Para a realização da atividade de forma que elas possam processar os frutos,
obtendo produtos de boa qualidade a baixo custo, sempre que necessário elas procuram
assistência técnica, sendo interessante ressaltar a participação destes na organização de
palestras e realização de cursos para o aproveitamento da fruta no processamento de
seus produtos.
Com relação à assistência técnica o grupo ressalta o trabalho desenvolvido pelas
Casas da Agricultura, através dos seus técnicos, das prefeituras, do SAI/SEBRAE e da
incubadora de Votuporanga. São oferecidas orientações técnicas gerais, além de
possibilitar viagens técnicas para novos conhecimentos.
Em 2006 os grupos “Delícias do caju” e “Sabores da natureza” conseguiram
uma barraca para venderem os seus produtos, toda segunda feira, na feira do produtor
no Recinto de Exposições do município de São José do Rio Preto. Geralmente, da renda
bruta média total mensal (R$1.000,00), cerca de 50% era destinada às despesas e a outra
parte, dividida entre as integrantes do grupo. No entanto, em razão das despesas com as
viagens serem maiores do que os lucros obtidos, os grupos deixaram de comercializar
seus produtos neste local.
As maiores dificuldades apresentadas pelas doceiras referem-se à
comercialização dos produtos, à falta de equipamentos adequados e ao custo alto das
embalagens.
Desde a fundação do grupo, as mulheres assumem sua importância e valorizam a
experiência adquirida, procuram definir metas coletivamente e buscam a resolução de
problemas mais comuns, como alta dos preços de insumos, distribuição da produção e
falta de capital para investimentos.
A participação de mulheres em associações e/ou grupos possibilita uma melhor
participação das famílias nas atividades, e conseqüentemente uma maior divulgação de
novas tecnologias. Além disso, o envolvimento das mulheres em cursos, palestras e
95
excursões contribui não para capacitá-las em novas atividades, mas também para
conscientizá-las da importância de seu papel na propriedade rural e no meio social.
Araújo (2005) considera que a união de pequenos e médios agricultores em uma
organização formal ou informal é fundamental para a criação dos agronegócios, que
visa ampliar os horizontes de produção e agregar valores. O agronegócio familiar é de
extrema importância para transformar pequena produção em grandes negócios. De
acordo com Silva (2006), a agricultura familiar vem contribuindo para construção de
melhores condições de vida, pois incorporam em sua gênese, atributos, cuja natureza
envolve a adesão a valores éticos e morais.
A iniciativa do grupo de doceiras do EDR de Jales demonstra que é possível
iniciar uma atividade de agregação de valor a fruta, gerando renda sem a necessidade de
grandes investimentos.
Na Figura 22 encontram-se alguns produtos derivados do caju, produzidos pelos
grupos de doceiras.
Figura 22. Produtos derivados do caju, produzidos pelo Grupo de Doceiras do EDR de
Jales.
Fonte: Pesquisa de campo, 2007.
96
5.8.3. Feira do Caju do Noroeste Paulista
Os grupos Delícias do caju” e “Sabores da natureza”, juntamente com a
Associação dos Produtores de Caju, e com o apoio das prefeituras de Aspásia, Santana
da Ponte Pensa, Urânia e São Francisco, além do Sindicato Rural de Jales, da CATI e do
SEBRAE, promoveram no dia 4 de novembro de 2006, na cidade de Urânia, a Feira
do Caju do Noroeste Paulista. O objetivo central da feira foi destacar a cultura do caju
como uma alternativa de fonte econômica para a região. Para tanto foram selecionadas
atividades que reportaram ao Tema “Caju”, partindo-se do seu cultivo, seu valor
enquanto agronegócio, suas possibilidades gastronômicas, valorizando-o como uma
alternativa para geração de emprego e renda para população local.
O caju é uma alternativa que pode ampliar o potencial da região como uma
região de tradição frutícola, atingindo diversos objetivos tais como:
Treinar e capacitar produtores rurais na produção de comidas derivadas do
caju;
Aumentar a renda e gerar emprego através do aproveitamento do caju na
produção de alimentos;
Contribuir para o desenvolvimento da cultura do caju variedade anão de
forma a atender às exigências do mercado;
Divulgar o potencial da cultura, divulgando os diversos subprodutos obtidos
através do processamento da fruta;
Estimular a população da região à participação de eventos culturais;
A UNESP de Ilha Solteira esteve presente no evento, com um stand para
apresentação de painéis dos cursos oferecidos e também resultados de algumas
pesquisas relacionadas à fruticultura, onde docentes e alunos integrantes do Projeto do
Caju participaram, divulgando não só a Unidade, mas também os resultados
preliminares do caju.
O evento teve entrada franca, e sua programação contou com diversas
atividades, palestras, apresentações de grupos de Taiko, teatro, coral, danças,
competições gastronômicas com pratos doces e salgados à base de caju e premiação
para produtores participantes do concurso do caju mais pesado.
As palestras sobre “O caju e seus derivados na região” e “Aproveitamento e
benefícios do caju” tiveram grande participação por parte dos produtores.
97
Houve exposição de estandes de vendas de diversos produtos derivados do caju,
entre eles a carne de caju, macarrão com molho de caju, pizza de caju, pastel de caju,
castanha de caju com chocolate, balas de caju, além do fruto in natura e do tradicional
suco de caju. Dessa forma, não o fruto in natura é divulgado, mas também seus
subprodutos que estão sendo processados e comercializados na região.
Iniciativas desta natureza são de extrema importância, uma vez que possibilita a
criação de mecanismos de incentivo para o desenvolvimento do cultivo do caju,
fortalecendo a cajucultura como mais uma alternativa rentável principalmente ao
pequeno produtor.
O evento foi considerado um sucesso, justificando todos os esforços necessários
para a sua realização.
No dia 10 de novembro de 2007 realizou-se no município de Urânia a 2ª Feira
do Caju do Noroeste Paulista. Novamente houve grande participação durante as
atividades realizadas ao longo do dia, por parte da comunidade local e regional, assim
como vários produtores (Figura 23 e Figura 24). As atividades realizadas foram
semelhantes àquelas apresentadas no ano anterior.
Os grupos de doceiras “Sabores da Natureza” e “Delicias do cajuparticiparam
ativamente, oferecendo vários produtos a base de caju, como licores, patês, balas,
castanhas de caju, de moleque, doces em calda, em barra, em passa, etc. Além disso,
produtos como pastéis, pizzas, bolos, tortas, rocamboles, sorvetes, sucos, batidas, tudo a
base caju, estavam à disposição do público para serem degustados.
98
Figura 23. 2ª Feira do Caju realizada em Urânia (EDR de Jales) em novembro de 2007.
Fonte: Pesquisa de campo, 2007.
Figura 24. Destaque das novas caixas de papelão com 4 bandejas cada, contendo 3
cajus, na Feira do Caju realizada em Urânia (EDR de Jales) em
novembro de 2007.
Fonte: Pesquisa de campo, 2007.
99
Durante a Feira alguns produtores reclamaram do preço da fruta: “o preço do
caju caiu muito na CEAGESP, devido ao aumento da oferta da fruta, principalmente do
nordeste”. Na ocasião, a fruta embalada estava sendo vendida a R$3,00 para um
intermediário de Jales, que entregava para as CEASAS de Bauru e Campinas. No
entanto, a tendência era de que o preço cairia até R$2,00, a caixa de papelão de 1,8 kg, o
que inviabilizaria a comercialização da fruta desta forma. Até o final de outubro o caju
estava produzindo bem e com muita qualidade nesta região, porém com o início das
chuvas a qualidade da fruta diminuiu.
Segundo relato de um produtor de caju da região que estava presente no evento,
seu faturamento bruto foi cerca de R$40.000,00/ha, até o final de outubro de 2007, “O
caju dá lucro, é um bom negócio, mas também dá muito trabalho”.
100
6. CONCLUSÕES
O cajueiro é uma cultura com muitos desafios a serem vencidos. Durante as
últimas décadas, a pesquisa desenvolveu tecnologias que contribuem para a mudança do
atual perfil da exploração do cajueiro. Uma das mais importantes tecnologias
introduzidas na cultura foi o desenvolvimento de clones de cajueiro do tipo anão
precoce, a partir da década de 80, pela Embrapa Agroindustrial Tropical gerando novas
perspectivas para a cultura, além de permitir a obtenção de maiores produtividades no
Brasil.
Na região oeste do Estado de São Paulo, mais especificamente, no EDR de
Andradina, região onde o cultivo do caju anão foi introduzido, os produtores
consideravam ser esta uma cultura rústica, porém não contavam com sua
vulnerabilidade ao ataque de pragas e doenças em todas as fases de seu
desenvolvimento. Exige tratamento fitossanitário intensivo, principalmente a partir do
ano e em épocas de concentração de chuvas, que favorecem o aumento da incidência
de doenças, principalmente a antracnose. Neste caso, o foco inicial era para produção do
caju in natura para mesa e também no processamento da fruta e da castanha por uma
agroindústria da região, o que acabou não se concretizando. Neste EDR a fruta in natura
de qualidade, cujo destino era a comercialização através da CEAGESP, praticamente
acabou, fazendo com que os poucos produtores que ainda resistem na produção de caju
estejam dedicados ao abastecimento do mercado local e regional.
No EDR de Jales a introdução da cultura do cajueiro se deu de maneira
diferente. Os produtores que detinham algum conhecimento principalmente sobre os
maiores problemas do cultivo desta fruta tinham outra expectativa em relação à cultura
e acreditaram no seu potencial, principalmente para o mercado in natura. Desde o
início, tais produtores buscaram aprimorar seus conhecimentos, principalmente
relacionados ao controle de doenças e à poda da planta.
A produção de fruta para mesa exige um sistema de cultivo mais intensivo
principalmente no que se refere ao uso de fertilizantes e controle de pragas e doenças,
exigindo também maior demanda de mão-de-obra, o que, por sua vez, eleva o custo de
produção, que via de regra, é compensada pelos melhores preços alcançados.
Os custos de produção são altos, mas o que deve ser destacado é a participação
relativa das embalagens que pode chegar a 27% do custo total e considerando-se
101
somente as despesas com operações e insumos esta participação representa um terço do
custo operacional efetivo.
No EDR de Jales, a produção média total no ano, pode chegar a 20
toneladas/há, mas cerca de 40% ainda é perdida, isto é, não pode ser comercializada
para mesa. Os indicadores de lucratividade mostram que a produção de caju é rentável
nesta região, os preços médios recebidos pelos produtores são satisfatórios e o índice de
lucratividade variou de 37% a 46%. No EDR de Andradina, os produtores apresentam
custos médios maiores e preços médios menores, o que diminui os indicadores de
lucratividade para 32%.
O cajueiro é uma cultura bastante versátil, proporcionando ao produtor
diversificar suas atividades, agregando maior valor à sua produção, além da
possibilidade de ampliar o período de comercialização, através da poda, produzindo na
entressafra de outras regiões produtoras, como o nordeste, período em que os preços são
maiores.
A agroindústria, apesar de se encontrar em uma região sem concorrentes no
segmento, concorre com a oferta de venda da fruta in natura. Ainda assim, e
permanecendo ativa, tende a desempenhar um importante papel no fomento à produção
frutícola da região oeste do Estado de São Paulo.
O grupo de doceiras existente na região de Jales possibilita melhor participação
das famílias nas atividades, e conseqüentemente uma maior divulgação de novas
tecnologias, refletindo principalmente nas economias regionais e locais, onde a
fruticultura se destaca.
Dessa forma, iniciativas como as Feiras de Caju, que vêm sendo realizadas no
município de Urânia-SP são de extrema importância, uma vez que possibilitam a
criação de mecanismos de incentivo para o desenvolvimento do cultivo do caju,
fortalecendo a cajucultura como mais uma alternativa rentável, principalmente para os
agricultores familiares desta região.
Muito embora, existam diferenças quanto ao cultivo do cajueiro anão, destino da
fruta e perfil do fruticultor, esta atividade pode ser considerada uma alternativa viável
economicamente as regionais estudadas.
No entanto, muito ainda a se realizar, principalmente na capacitação e
organização dos agricultores familiares, para comercializarem seus produtos
conjuntamente, no aperfeiçoamento das cnicas de poda, adubação, no uso de
espaçamentos que permitam melhor controle fitossanitário.
102
Além disso, no desenvolvimento de pesquisas que visem difundir melhores
técnicas em relação ao sistema de cultivo, pós-colheita (embalagem e
acondicionamento, para maior duração da fruta nas prateleiras), na comercialização da
fruta in natura e no seu processamento.
103
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para las culturas de la planta perenne el metodo del custo anualizado de produccion
para la cultura de la uva (vinifera de Vitis) en el área de Jales-SP. In: CONGRÈS
MONDIAL DE LA VIGNE ET DU VIN, 23, 1998, Lisboa. Congress... Lisboa:
Associação Congresso OIV98, 1998. pt .III, p.293-298.
ZERIO, E.; FERRO, A.; SARDELLA, I.N. Agroindústria: Oportunidades de comércio
para o produtor. Hortifruti Brasil, Piracicaba, n. 19, p.10-13, 2003.
ZERIO, E.; FERRO, A.; SARDELLA, I.N. Vale a pena comercializar com esse
gigante? Revista Hortifruti Brasil, Piracicaba, n. 21, p.7-11, 2004.
ZERIO, E.; FERRO, A.; SARDELLA, I.N. Oportunidades de negócios entre produtores
hortifrutícolas e agroindústria. Disponível em:
http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/oca02672.pdf. Acesso em: 24 out. 2007.
110
APÊNDICES
111
APÊNDICE A - Entrevista realizada com os produtores.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-economia
PESQUISA: A cultura do cajueiro anão(anacardium occidentale l.) na região oeste do
Estado de São Paulo: uma avaliação técnica e sócio-conômica.
Nº do questionário: _______ Data do levantamento___ /____/___
1. Nome do Produtor, data da entrevista, endereço, fone, e-mail, área do lote,:
2. Área com caju, número de pés, espaçamento e idade do pomar:
3. Outras atividades que desenvolve:
4. Época em que foi implantado o caju:
5. Realiza análise de solo
6. Usa irrigação?
7. Realiza poda?
8. Quais as principais pragas e doenças do caju?
9. Como e quantas vezes realiza o controle de plantas daninhas?
10. Quais são os maiores custos na cultura do caju?
11. Realizou adubação este ano? Que produto utilizou e qual a quantidade?
12. Pretende implantar novos pés de caju ?
13. Venda do caju:
-Qual a melhor época de comercializar o caju?
-Quantidade colhida:
-Durante o ano, quais os meses de colheita?
-Tipo de embalagem usada:
-Como os frutos são comercializados?
14. Problemas e Dificuldades:
15. Outros
112
APÊNDICE B - Planilha de acompanhamento aos produtores.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-economia
Pesquisa: A cultura do cajueiro anão (anacardium occidentale l.) na região oeste do Estado de São Paulo: uma avaliação técnica e sócio-
econômica.
ADUBAÇÃO
Dia/Mês Número de pés Produto utilizado Quantidade do
produto/pé
Como foi aplicado Quanto tempo
demorou
113
PULVERIZAÇÕES
Dia/Mês Número de pés
de caju
Produto utilizado Quantidade de
produto /
pulverizador
Capacidade em litros
do pulverizador
Quanto tempo
demorou para fazer 1
pulverização
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
Dia/Mês Número de pés Produto Operação Como foi feito Quanto tempo
demorou
COMERCIALIZAÇÃO DO CAJU
Dia/Mês Quantidade colhida Quantas pessoas
Quanto tempo
demorou
Como foi feito Destino da produção
114
APÊNDICE C - Entrevista realizada com o gerente da UNIFRUTAS.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-economia
PESQUISA: A cultura do cajueiro anão(anacardium occidentale l.) na região oeste do
Estado de São Paulo: uma avaliação técnica e sócio-conômica.
1.Quais as atividades a empresa desenvolve: produtor (tem pomares de frutas?),
fabricante, exportador (?).
2.Quais foram as motivações para a implantação da agroindústria na região de
Mirandópolis?
3.Início de funcionamento da agroindústria:
4.Produtos ou linhas de produtos com os quais trabalha (tipos de produtos são oferecidos
para o mercado)?
5.Qual a capacidade de processamento instalada:
6.Quais são as frutas processadas e suas respectivas quantidades?
7.A agroindústria tem operado utilizando a capacidade projetada? Tem operado com
capacidade ociosa?
8.Qual a produção atual da agroindústria? Por tipo de produto produzido?
9.Qual o produto mais vendido ( qual produto hoje é considerado carro chefe)? Política de
desenvolvimento da empresa: a intenção de mudar a pauta de produtos com que trabalha?
Para quais produtos se pretende intensificar a produção?
10. Quais as principais dificuldades para conduzir um empreendimento com este perfil
nesta região?
Aspectos Tecnológicos e de Estrutura de Mercado:
11. Quais matérias-primas utilizam a mesma tecnologia de processamento?
12. A capacidade projetada de operação foi planejada para operar o ano todo, de forma a
que, na entressafra de algumas culturas (ex. caju) se esteja operando no processamento da
safra de outra? Para quais é possível ter-se esta alternância?
13. A empresa tem uma política de pesquisa e desenvolvimento de produtos? Ou trabalha
115
em parceria com instituições de pesquisa?
14. Inovações: tipo de inovações que atribui ao trabalho da empresa: inovação de produto
(produto novo), de processo, de gestão ou desenvolvimento de mercados.
15. Sobre os programas do Sr Assada de fomento a instalação e incorporação de novas de
novas áreas produtivas de caju (vigorou há cerca de uns 5 anos atrás) ainda existem para o
caju? Existe esta política para outra cultura?
16. Aspectos concorrenciais: Onde se encontra a concorrência da empresa? Quais são as
principais empresas concorrentes e em quais cidades se encontram?
17. Conduta de mercado: como a empresa divulga / política de marketing de seus
produtos?
18. Em que sentido a empresa inova na região?
19. algum tipo de inovação de gestão? (Acompanhamento de mercados,
gerenciamento de qualidade total, programa de qualidade total ou similar), criação de
novas marcas.
20. política de treinamento de funcionários técnicos? Quais as formas de
acompanhamento de preços nos mercados?
21. Quais são os problemas e/ou dificuldades encontrados (comuns para o conjunto de
produtos)? E os problemas específicos para o caju e derivados?
22. Posicionamento mercadológico: (parcerias e alianças estratégicas)
23. Quais as estratégias de divulgação da marca?
24. Como foi o desenvolvimento da marca? Em que período ocorreu, contou com
acessoria especializada?
25. A empresa fez ou faz pesquisa de mercado para o desenvolvimento de marca e
produtos?
26. Taxa de Crescimento da demanda: mencione a sua percepção sobre o crescimento da
demanda por consumidores (mercados consumidores) dos principais produtos (demanda
crescente, estável ou decrescente)
27. É possível identificar aspectos de sazonalidade da demanda para os produtos
processados (demanda concentrada em períodos definidos do ano?)
28. Como são comercializados os produtos (forma de embalagem, disposição do
produto)?
29. Quais os mercados de destino (cidades ou regiões)?
30. Aponte os tipos de clientes em equipamentos de varejo que são clientes e formas de
comercialização:
116
pequeno varejo alimentar: bares, restaurantes
varejo de abastecimento: supermecados e simimilares ( ) os pequenos
municípios da região ( ) de São Paulo ( )metrópoles regionais (detalhar)
equipamentos de atacado: Centrais de abastecimento: agentes intermediários
representantes de empresas do CEAGESP
comercialização direta: venda direta para consumidores
outros canais semi diretos
31. Quais os cuidados necessários (nos sistemas produtivos e na fase de colheita e pós
colheita) para se obter um processamento de qualidade?
32. Quais os atributos desejáveis dos frutos para processamento? Do que se distingue
daqueles desejáveis para venda in natura?
33. Quantos municípios são fornecedores da matéria-prima? quantos produtores (em
média )de cada município por tipo de matéria prima?
34. Quais os tipos de fornecedores com que a empresa trabalha (indicar a participação
percentual)
a) aquisição direta de produtores: ___________________ (municípios)
b) associações de produtores:
c) outros fornecedores: atacadistas, permissionários de CEASAS/
35. A empresa tem contratos de fornecimento de matérias primas com produtores?
36. contratos de integração vertical, onde os produtores já produzem com o
compromisso de entrega da produção para a industria? Neste caso o contrato prevê
fornecimento de assistência técnica? Outro tipo de assistência (financeira).
37. Além da compra das matérias primas outro tipo de prestação de serviços para os
produtores fornecedores?
38. A empresa obedece a contratos de fornecimento dos produtos que processa com
clientes compradores?
39. produtores que são fornecedores tradicionais para caju? Qual a frequência das
vendas na safra?
Desafios:
40. A agroindústria está satisfeita com sua atuação regional?
41. Que meio utiliza para divulgar seus produtos?
42. Quais as metas que a agroindústria de Mirandópolis tem para o futuro?
117
APÊNDICE D - Entrevista realizada com os Grupos de Doceiras.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-economia
PESQUISA: A cultura do cajueiro anão (anacardium occidentale l.) na região oeste do
Estado de São Paulo: uma avaliação técnica e sócio-conômica.
(Caracterização dos Grupos das doceiras “Delícias do Caju” e “Sabores da
Natureza”)
Data do levantamento:
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 Nome do grupo:
1.2 Forma de contato com o grupo:
1.3 Local de realização das atividades:
1.4 Pretendem legalizar a formação do grupo:
2. DADOS DO GRUPO
2.1. Ano de início:
2.2. Qual a freqüência das atividades:
2.3. N° inicial de membros: ________ n° atual de membros: _________
2.5. O grupo possui empregado (s) ou contrata mão-de-obra para ajudar nas
atividades?(se sim, quantos? Quais suas funções?):
2.6. Como o grupo está organizado?
2.7. Síntese das atividades realizadas pelo grupo:
2.8. Como são realizados as compras e os pagamentos de materiais?
118
3. CRÉDITO
3.1. O grupo fez algum financiamento para iniciar a atividade? não ( ) sim ( )
3.2. (Caso sim) qual a finalidade do crédito?
3.4. Entidade que forneceu o crédito:
4. ASSISTÊNCIA
4.1. O grupo recebe assistência técnica? De quem (CATI, SEBRAE, SAI)?
4.2. Como o grupo faz para se manter informado a respeito das atividades de seu
interesse?
4.3. Algum órgão governamental ou empresa privada teve papel importante para ter
dado certo as atividades que o grupo vem realizando? (verificar quais e o tipo de apoio)
4.4. Qual o nível de formação dos técnicos?
4.5. Quais atividades realizadas a este grupo (cursos, palestras...)?
5. PRODUÇÃO
5.1. O grupo possui um lugar fixo para produção dos doces?
5.2. Dos membros do grupo quantas são produtoras de caju?
5.3. Matéria-prima (CAJU):
Fonte:
Custo:
Qualidade:
% de frutos fornecidos pelos produtores para grupo:
5.4. Outros materiais:
Quais materiais são utilizados na produção (açúcar, embalagens, etiquetas, etc.)
Fonte:
Custo:
5.5. Quais os diferentes tipos de doces produzidos?
5.6. Qual a freqüência de produção de doces?
5.7. Quantas pessoas ajudam nessa produção?
119
6. COMERCIALIZAÇÃO
6.1. Qual receita bruta mensal?
6.2. Como esta receita é dividida?
6.3. O lucro do grupo é suficiente para um reinvestimento?
6.4. Qual o público alvo?
6.5. Quais os locais de comercialização dos produtos?
6.6. Como são comercializados os produtos?
6.7. Todos os produtos são comercializados até seu prazo de vencimento?
6.8. O grupo possui um registro de despesas e receitas?
6.9. Qual o mais vendido?
7. PLANEJAMENTO
7.1. O grupo pretende ampliar suas atividades? ( ) Não ) Sim, qual(is):
7.2. Objetivos e metas para o futuro:
7.3. Problemas enfrentados pelo grupo:
7.4. Reclamações comuns dos produtores:
7.5. Quais são as dificuldades encontradas pelo grupo?
7.6. Desejam acrescentar mais alguma informação?
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