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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO-INFANTIL
MESTRADO ACADÊMICO
ADRIANA LIMA DOS REIS COSTA
COLONIZAÇÃO PELO ESTREPTOCOCO DO
GRUPO B EM GESTANTES DURANTE O TRABALHO DE PARTO EM UMA
MATERNIDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
São Luís
2007
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ADRIANA LIMA DOS REIS COSTA
COLONIZAÇÃO PELO ESTREPTOCOCO DO
GRUPO B EM GESTANTES DURANTE O TRABALHO DE PARTO EM UMA
MATERNIDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da
Universidade Federal do Maranhão, para
obtenção do Título de Mestre em Saúde
Materno-Infantil.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Lamy Filho
São Luís
2007
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Costa, Adriana Lima dos Reis
Colonização pelo estreptococo do grupo B em gestantes
durante trabalho de parto em uma maternidade de São Luís,
Maranhão/ Adriana Lima dos Reis Costa. - São Luís, 2007.
55 f. il.
Dissertação (Mestrado em Saúde Materno-Infantil). Pós-
Graduação em Saúde Materno-Infantil, Universidade Federal
do Maranhão, 2007.
CDU 618.2
ADRIANA LIMA DOS REIS COSTA
COLONIZAÇÃO PELO ESTREPTOCOCO DO
GRUPO B EM GESTANTES DURANTE O TRABALHO DE PARTO EM UMA
MATERNIDADE DE SÃO LUÍS, MARANHÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Materno-Infantil da
Universidade Federal do Maranhão, para
obtenção do Título de Mestre em Saúde
Materno-Infantil.
A Comissão Julgadora da Dissertação de Mestrado apresentada em sessão pública
considerou a candidata aprovada em ____/____/____.
_______________________________________________________
Prof. Dr. Fernando Lamy Filho
Universidade Federal do Maranhão
Presidente
______________________________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Gisélia Alves Ponte da Silva
Universidade Federal de Pernambuco
Examinadora
_____________________________________________________
Profª. Drª. Maria Bethânia da Costa Chein
Universidade Federal do Maranhão
Examinadora
____________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Suzart dos Santos
Universidade Federal do Maranhão
Examinadora
À Deus presente em tudo e em todos pela
oportunidade maravilhosa de aprender que o
amor é o único elo que nos une.
AGRADECIMENTOS
À Af Ali Uthant Moreira Lima da Costa pelo companheirismo e incentivo.
Aos meus pais pela admirável orientação para a vida.
Ao Prof. Dr. Fernando Lamy Filho pela orientação neste trabalho e pela
lição de compromisso e seriedade.
À Drª. Maria das Dores Mota Coelho que com sua competência e
profissionalismo tornou possível a execução dos exames de cultura.
À equipe do laboratório INLAB que com muito carinho me ajudou na
execução deste trabalho.
À toda a equipe da Maternidade Marly Sarney que foi incansável
permitindo que várias etapas do trabalho se desenvolvessem sem problemas.
À Prof
a
. Drª. Ana Clara pelas orientações.
À irmã e amiga Profª. Drª. Kátia Andrade pela orientação na revisão deste
trabalho.
Aos colegas do curso de pós-graduação pelas horas de alegre
convivência e conhecimentos compartilhados.
À todos os professores do curso pelas excelentes orientações.
“Quando a mente de uma pessoa é ampliada
por uma nova idéia, nunca mais volta ao antigo
tamanho”
Oliver Wendell Holmes
“A vida é combate que os fracos abate, que os
fortes, os bravos, só pode exaltar.”
Gonçalves Dias
RESUMO
Objetivo: Estudar a colonização pelo estreptococo do grupo B (EGB) em gestantes
em pródromos ou em trabalho de parto. Métodos: Foram colhidas culturas vaginal e
retal de 201 gestantes atendidas na Admissão/SPA da Maternidade Marly Sarney
em São Luís – MA. As amostras obtidas foram inoculadas em meio seletivo de Todd-
Hewith e, posteriormente subcultivadas em placas de ágar-sangue. O teste de
CAMP foi utilizado para identificação do EGB. Foram estudadas as variáveis sócio-
demográficas e antecedentes gineco-obstétricos e desfechos perinatais. As
amostras positivas para EGB foram submetidas a teste de sensibilidade para
antibióticos. Resultados: A prevalência da colonização materna pelo EGB foi de
20,39%. Não foi encontrada associação entre as variáveis sócio-demográficas ou
antecedentes gineco-obstétricos com a maior presença de colonização pelo EGB.
Houve dois desfechos infecciosos entre os recém-natos de mães colonizadas,
porém as hemoculturas foram negativas. Foram encontradas taxas de resistência
elevadas para os seguintes antibióticos: clindamicina 25,45%, eritromicina 23,63% e
ceftriaxona 12,72%. Conclusão: As evidências apontam para a presença de altas
taxas de colonização materna pelo EGB que indicariam a pesquisa sistemática deste
agente entre as gestantes.
Palavras- chave: Streptococcus agalactiae; Gravidez; Prevalência; Colonização.
SUMMARY
Objective: To study the colonization with group B streptococcus (GBS) in pregnant
women near or in time for delivery. Methods: Vaginal and rectal cultures of 201
pregnant women were collected in the Marly Sarney Maternity in São Luís –
Maranhão, Brazil. The samples had been inoculated in Todd- Hewith selective media
and then subcultured in plates of Agar-blood. The CAMP test was used for
identification of the EGB. There were studied some demographic variables, obstetric
antecedent and perinatal outcomes. The positive samples for EGB had been
submitted to testing of sensitivity for antibiotics. Results: The prevalence of the
maternal colonization with GBS was of 20.39%. There were not found association
between the demographic variables and obstetric antecedents with higher presence
of colonization with the EGB. There were two infectious outcomes between the
newborns of colonized mothers however the hemocultures had been negative.
Raised taxes of resistance for following antibiotics had been found: clindamicina
25.45%, eritromicina 23.63% and ceftriaxona 12.72%. Conclusion: The evidences
point the presence of high taxes of maternal colonization with GBS that would
indicate the systematic research of this agent among the pregnant women.
Keywords: Streptococcus agalactiae; Pregnancy; Prevalence; Colonization.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tabela 1 - Características sócio-demográficas das 201 gestantes
da Maternidade Marly Sarney Nov 2005 – Mar 2006,
São Luís - MA .................................................................
30
Tabela 2 - Análise de fatores de risco sócio-demográficos para a
colonização pelo EGB das 201 gestantes da
Maternidade Marly Sarney de Nov 2005 – Mar 2006,
São Luís – MA ................................................................
31
Tabela 3 - Análise de fatores de risco obstétricos da gravidez
atual para a colonização pelo EGB das 201 gestantes
da Maternidade Marly Sarney de Nov 2005 – Mar 2006,
São Luís, MA ..................................................................
32
Tabela 4
- Distribuição das 41 mulheres colonizadas de acordo
com o sítio de isolamento do EGB nas culturas, Nov
2005 – Mar 2006, São Luís – MA ...................................
33
Tabela 5
- Perfil de sensibilidade aos antibióticos nas 55 amostras
positivas para EGB, Nov 2005 – Mar 2006, São Luís –
MA ..................................................................................
33
Figura 1 - Padrão de resistência aos antimicrobianos em 55
culturas positivas, Nov 2005 – Mar 2006, São Luís –
MA ..................................................................................
34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EGB - Estreptococo do grupo B
CDC - Centers for Disease Control and Prevention
EUA – Estados Unidos da América
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
CAISM - Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher
SPA - Serviço de Pronto Atendimento
SUS – Serviço Único de Saúde
CAMP – Christie, Atkins, Munch-Petersen (descobridores do fenômeno)
OMS – Organização Mundial de Saúde
DNA – ácido desoxirribonucléico
SAM - Síndrome da Aspiração Meconial
NCCLS - National Committee for Clinical Laboratory Standards
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
..............................................................................................................
11
2 OBJETIVOS
..................................................................................................................
14
2.1 Objetivo geral
.........................................................................................................
14
2.2 Objetivos específicos
............................................................................................
14
3 MARCO TEÓRICO
........................................................................................................
15
3.1 Os estreptococos
...................................................................................................
15
3.2 O estreptococo do grupo B (EGB)
........................................................................
17
3.3 O EGB e suas implicações sobre o Recém-nascido e gestante
.......................
18
3.4 Prevenção da doença perinatal pelo EGB – rastreio por cultura X rastreio
por fatores de risco
......................................................................................................
19
3.5 Quimioprofilaxia
.....................................................................................................
21
4 METODOLOGIA
...........................................................................................................
23
4.1 Desenho do estudo
................................................................................................
23
4.2 Local de realização do estudo
..............................................................................
23
4.3 Período de realização da coleta
............................................................................
23
4.4 População do estudo
.............................................................................................
24
4.5 Coleta de dados
......................................................................................................
24
4.6 Preenchimento da ficha de pesquisa individual
.................................................
25
4.7 Variáveis e conceitos
.............................................................................................
25
4.8 Coleta de material para cultura
.............................................................................
26
4.9 Processamento do material e identificação do EGB
..........................................
26
4.10 Técnica do teste de CAMP
..................................................................................
27
4.11 Teste de sensibilidade aos antibióticos
.............................................................
28
4.12 Avaliação das condições de parto e complicações neonatais
precoces.......................................................................................................................
..
28
4.13 Análise estatística
................................................................................................
29
4.14 Aspectos éticos
....................................................................................................
29
5 RESULTADOS
..............................................................................................................
30
6 DISCUSSÃO................................................................................................................. 35
7 CONCLUSÕES
.............................................................................................................
40
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
..........................................................................................
41
REFERÊNCIAS
................................................................................................................
42
APÊNDICES
.....................................................................................................................
50
ANEXO
.............................................................................................................................
54
RESUMO
Objetivo: Estudar a colonização pelo estreptococo do grupo B (EGB) em
gestantes em pródromos ou em trabalho de parto. Métodos: Foram colhidas culturas
vaginal e retal de 201 gestantes atendidas no Serviço de Admissão de Maternidade
pública da região Nordeste do Brasil (São Luís, Maranhão). As amostras obtidas
foram inoculadas em meio seletivo de Todd- Hewith e, posteriormente subcultivadas
em placas de ágar-sangue. O teste de CAMP foi utilizado para identificação do EGB,
confirmado sorologicamente pelo Kit Api Strep da Biomèrie
®
. As amostras positivas
para EGB foram submetidas a teste de sensibilidade para antibióticos. Foram
estudadas as variáveis sócio-demográficas e antecedentes gineco-obstétricos e
desfechos perinatais utilizando os programas Epi info 3.3.2 da Organização Mundial
de Saúde (OMS) e o SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 14.0. A
razão de prevalência foi utilizada como medida de risco, considerando como nível de
significância um valor de p 0,05 e intervalo de confiança de 95% (IC 95%) com
poder de 80%. Resultados: A prevalência da colonização materna pelo EGB foi de
20,39%. Não foi encontrada associação entre as variáveis sócio-demográficas ou
antecedentes gineco-obstétricos com a maior presença de colonização pelo EGB.
Houve dois desfechos infecciosos entre os recém-natos de mães colonizadas,
porém as hemoculturas foram negativas. Foram encontradas taxas de resistência
elevadas para os seguintes antibióticos: clindamicina 25,45%, eritromicina 23,63% e
ceftriaxona 12,72%. Conclusão: A prevalência da colonização materna pelo EGB foi
alta, semelhante à descrita em outros estudos.
Palavras-chave: Streptococcus agalactiae; Estreptococo grupo B; Gravidez;
Prevalência; Colonização.
ABSTRACT
Purpose: To study the colonization with group B streptococcus (GBS) in
pregnant women near or in time for delivery. Methods: Vaginal and rectal cultures of
201 pregnant women were collected in the Admission Service of a public Maternity of
the Northwest region of Brazil (São Luís, Maranhão). The samples had been
inoculated in Todd- Hewith selective media and then subcultured in plates of Agar-
blood. The CAMP test was used for identification of the EGB, with serological
confirmation using the Kit Api Strep Biomèrie
®
. The positive samples for EGB had
been submitted to testing of sensitivity for antibiotics. Some demographic variables,
obstetric antecedent and perinatal outcomes were studied using the statistical
packages Epi info 3.3.2, World Health Organization (WHO) and the SPSS (Statistical
Package for Social Sciences) version 14.0. The reason of prevalence was used as
risk measurement, considering significant differences a p value 0.05, confidence
interval of 95% and power of 80%. Results: The prevalence of the maternal
colonization with GBS was of 20.39%. Associations between the demographic
variables and obstetric antecedents with higher presence of colonization by EGB
were not found. There were two infectious outcomes between the newborns of
colonized mothers however the hemocultures had been negative. High resistance for
following antibiotics had been found: clindamicin 25.45%, eritromicin 23.63% and
ceftriaxone 12.72%. Conclusion: High prevalence of maternal colonization with GBS
was found, similar to those described in other studies.
Keywords: Streptococcus agalactiae; Group B streptococcus; Pregnancy;
Prevalence; Colonization.
11
1 INTRODUÇÃO
O estreptococo do grupo B (EGB) é um habitante normal do trato
gastrintestinal podendo colonizar a vagina de maneira crônica ou intermitente
em cerca de um terço das mulheres (REGAN; KLEBANOFF; NUGENT, 1991;
Mc CORD et al., 2001).
O EGB pode causar infecções no organismo materno, como: cistite,
pielonefrite, endocardite, endometrite, celulites ou sepse, podendo haver
comprometimento da gravidez levando ao abortamento e o aumento da
incidência de prematuridade. O neonato também pode ser acometido,
apresentando baixo peso ao nascer ou infecção no período pós-parto (NAUD et
al., 2004).
Desde a década de 70, observou-se que a presença destes
microorganismos na vagina, durante o trabalho de parto estava relacionada a
infecção neonatal com elevadas taxas de morbidade e mortalidade (PEREIRA et
al., 2002).
De acordo com Edwards e Baker (1995), a maioria das infecções nas
crianças ocorre na primeira semana, menos que sete dias de vida, e é chamada
de forma precoce. A forma tardia é a que se manifesta entre o 7º e o 89º dia. Os
neonatos com doença invasiva pelo EGB geralmente apresentam sepse ou
pneumonia e, com menor freqüência, podem apresentar meningite, osteomielite
ou artrite séptica (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION -
CDC, 2002).
A infecção precoce pelo EGB é a principal causa de sepse neonatal
nos Estados Unidos da América (EUA) e uma das causas mais comuns de
morbidade e mortalidade infecciosa em neonatos (CDC, 2002). Na década de
80, vários trabalhos foram realizados demonstrando que os índices de infecção
neonatal por este agente caíram significativamente quando foi instituída a
antibioticoterapia durante o parto para as mulheres de risco (EASMON et al.,
1983; BOYER; GOTOFF; 1986; MORALES; WALSH; KANARIS, 1986).
Em 1996, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
recomendou que a quimioprofilaxia em gestantes durante o trabalho de parto
poderia ser indicada através de duas estratégias (CDC, 1996): em todas as
mulheres colonizadas pelo EGB, diagnosticadas através de cultura realizadas de
12
rotinas entre 35 a 37 semanas de gestação; ou em mulheres que
apresentassem fatores de riscos como idade gestacional menor que 37
semanas; ruptura prematura de membranas com duração maior que 18 horas e
temperatura corpórea maior que 38
0
C durante o trabalho de parto. Além disso, a
presença de bacteriúria pelo EGB na gravidez atual e recém-nato anterior com
infecção pelo EGB indica uso de antibioticoprofilaxia nas duas estratégias (CDC,
1996). Smaill (2003), em revisão pela Cochrane, concluiu que a quimioprofilaxia
durante o parto era capaz de prevenir a colonização neonatal e diminuir a
incidência da doença estreptocócica precoce nos neonatos.
A partir de 1996, a maioria dos hospitais e clinicas dos Estados Unidos
da América (EUA) adotaram uma das duas estratégias recomendadas pelo CDC
ou uma associação entre as duas (AMERICAN COLLEGE OF NURSE-
MIDWIVES, 2003). A introdução de um esquema estruturado de profilaxia
demonstrou ser realmente eficaz na diminuição da infecção neonatal precoce
pelo EGB (BROZANSKI et al, 2000; FACTOR et al, 2000; SCHARG et al., 2000;
ANDREU et al, 2003).
Um estudo retrospectivo de coorte conduzido pelo CDC analisou
629.912 nascimentos nos anos de 1998 e 1999 e concluiu que a estratégia de
rastreio é 50% mais efetiva na prevenção da infecção precoce pelo EGB do que
a estratégia baseada no risco (SCHARG et al., 2002). Em agosto de 2002, o
CDC lançou a revisão das suas “Recomendações para prevenção da doença
estreptocócica perinatal”, em que orienta que seja oferecido um rastreamento
através da cultura de material colhido da região vaginal e retal para todas as
gestantes com idade gestacional entre 35 a 37 semanas. Recomenda também,
a antibioticoprofilaxia durante o trabalho de parto até o momento do parto, para
todas as mulheres colonizadas pelo EGB (CDC, 2002).
Antes do início da prevenção ativa (uso da quimioprofilaxia), estima-se
que cerca de 7.500 casos de sepse neonatal ocorriam anualmente nos EUA,
correspondendo a uma incidência em torno de 2 a 3 casos para 1000 nascidos
vivos (ZANGWILL; SCHUCHA; WENGER, 1992). Com as medidas preventivas
instituídas nos anos 90, houve um declínio de cerca de 70% nos casos de
doenças precoce com incidência de 0,5/1000 nascidos vivos em 1999. A
infecção neonatal pelo EGB ainda é responsável por mais de dois mil casos de
sepse anualmente nos EUA (COCO, 2002).
13
Outros países que instituíram a quimioprofilaxia durante o trabalho de
parto obtiveram redução dos índices de infecção neonatal precoce pelo EGB. Na
Austrália, a incidência desta infecção era de 2/1000 nascidos vivos no período
de 1989 a 1993, e passou para 0,5/1000, entre 1995 a 1997. Este declínio foi
associado à introdução desta conduta (ISSAACS; ROYLE, 1999). No Canadá, o
Grupo de Estudo sobre EGB de Toronto refere uma incidência de 1,21/1000
nascidos vivos na região metropolitana de Toronto/Peel em 1995, e de
0,77/1000 em 1997 (GOLDENGERG et al., 1998)
No Brasil, existem poucos trabalhos demonstrando as taxas de
colonização materna e neonatal pelo EGB e, até hoje, não existem protocolos ou
recomendações técnicas sobre o tema. Diante das possíveis conseqüências
para mãe e concepto e da existência de medidas profiláticas eficazes, tem
crescido o interesse dos pesquisadores nacionais sobre o tema (AMARAL,
2005).
As primeiras pesquisas começaram na década de 80, nas regiões Sul
e Sudeste do país (BENCHETRIT et al., 1982; SMÂNIA JR. et al.,1986).
No Brasil, Beraldo et al. (2004) e Polgere et al. (2005) encontraram
prevalências de, respectivamente, 14,9% e 21,6%.
Quanto aos trabalhos relacionados à infecção neonatal pelo EGB, os
dados são ainda mais escassos. Miura e Martin (2001) encontraram taxas de
infecção neonatal precoce de 1/1000 nascidos vivos. Na Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP), a incidência encontrada foi de 1,47/1000, no período
de fevereiro de 2003 a janeiro de 2004. (NOMURA, 2004).
O trabalho aqui desenvolvido sobre a colonização pelo EGB em
gestantes em trabalho de parto, em maternidade localizada na cidade de São
Luís-MA, utilizando coleta de material das regiões vaginal e anal em meios de
cultura específicos de acordo com as recomendações do CDC (2002), procura
trazer dados para esta discussão, já que não existem até o momento, pesquisas
publicadas sobre o tema nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
14
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Estudar a colonização pelo EGB em gestantes e possíveis
repercussões neonatais.
2.2 Objetivos específicos
1. Estimar a prevalência da colonização pelo EGB na população de
gestantes estudadas;
2. verificar a associação entre as variáveis sócio-demográficas e
antecedentes gineco-obstétricos com a colonização;
3. verificar a ocorrência de desfechos perinatais dos recém-nascidos
das gestantes colonizadas pelo EGB;
4. descrever o perfil de sensibilidade do EGB à antibióticos.
15
3 MARCO TEÓRICO
3. 1 Os estreptococos
Os estreptococos formam um conjunto heterogêneo de bactérias que
incluem espécies que colonizam e infectam animais e seres humanos. Entre as
características compartilhadas por este grupo estão: coloração gram positiva,
crescimento em forma de cadeias que se assemelham à pequenos “cordões de
contas” e o metabolismo anaeróbico (na maioria facultativo) (WHITNACK ,
2002).
Os estreptococos podem ser classificados de três maneiras diferentes:
padrão de hemólise, grupos de Lancefield e espécie. Cada uma destas
classificações possui a sua importância clínica.
O padrão de hemólise é uma característica importante do crescimento
dos estreptococos em meios de cultura que possuem sangue total. Assim, os
estreptococos podem ser classificados de acordo com a sua ação lítica sobre a
hemácia. Existem três grupos principais: anemolíticos ou gama (não produzem
hemólise); alfa-hemolíticos (produzem hemólise parcial) e beta-hemolíticos
(produzem hemólise total) (WYNGARDEN; SMITH; BENNET, 1993).
Segundo Whitnack (2002), os trabalhos de Rebeca Lancefield em
1930 estabeleceram as bases para as provas sorológicas atuais que permitem a
identificação dos diversos grupos de estreptococos. Utilizando técnicas
sorológicas, os estreptococos podem ser classificados de acordo com os seus
principais antígenos carboidratos da parede celular. Os grupos de Lancefield são
designados pelas letras de A a T, existem alguns estreptococos que não podem
ser incluídos em nenhum destes grupos. Inicialmente, esta classificação era
utilizada apenas para os estreptococos beta-hemolíticos, porém, certas cepas
alfa-hemolíticas e gama também apresentam antígenos grupo específicos
(BISNO et al.,1995).
Assim como outras bactérias, os estreptococos podem ser
classificados em espécies que apresentam reações metabólicas comuns em
meios de cultura.
Dezenas de espécies foram descritas (SAMUELSON, 2000). O
Streptococcus pyogenes (grupo A) é causador de faringite, escarlatina, erisipela,
16
impetigo, febre reumática e glomerulonefrite. O Streptococcus agalactiae (grupo
B) causa sepse neonatal e infecção do trato urinário; o Enterococcus faecalis
(grupo D) causa endocardite e infecções do trato urinário. O Streptococcus
viridians, que é alfa-hemolítco, e, portanto, verde em placas de ágar sangue,
compreende um grupo de variantes não tipáveis que podem causar endocardite.
O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é identificado por seus antígenos
capsulares e pode estar associado a ocorrência de pneumonia e meningite
bacteriana em adultos. Já o Estreptococcus mutans é o principal causador da
cárie dentária (SAMUELSON, 2000).
Os estreptococos são recobertos por uma cápsula que possui ácido
hialurônico em sua superfície. Esta cápsula torna o microrganismo escorregadio
e interfere na fixação dos fagócitos (WHITNACK, 2002). A parede celular é
importante para manter a integridade da célula e na infectividade do
microrganismo, pois possui substâncias antigênicas dispostas em camadas. Na
camada mais externa estão os antígenos protéicos de superfície (proteínas M,T
e R), na camada média encontra-se o carboidrato C e a mais interna é formada
pelo ácido hialurônico (BISNO, 1995).
A proteína M é importante fator de virulência, pois está relacionada
com a inibição da fagocitose sendo encontrada quase que exclusivamente no
grupo A (WHITNACK, 2002). As proteínas T e R não estão relacionadas a
virulência, sendo úteis como marcadores biológicos. O anticorpo contra a
proteína M é o único anticorpo antiestreptocócico definitivamente conhecido por
sua capacidade de opsonizar o estreptococos do grupo A e, uma vez adquirido,
este anticorpo protege o hospedeiro contra a infecção. Infelizmente, existem
quase 100 sorotipos diferentes de protna M e o anti–M é tipo específico.
Podem ocorrer repetidas infecções estreptocócicas com sorotipos diferentes. À
medida que um maior número de indivíduos se torna imune à determinada
proteína M, novas variantes aparecem (WHITNACK, 2002).
Os estreptococos induzem resposta inflamatória intensa nos tecidos e
elaboram muitas sustâncias que podem lesar as células dos mamíferos ou ativar
os fagócitos e os linfócitos. Entre estas temos as exotoxinas pirogênicas
estreptocócica, que parecem estar relacionadas à síndrome do choque tóxico
estreptocócico; a hialuronidase que é uma enzima capaz de despolimerizar o
17
ácido hialurônico; a estreptoquinase que degrada a fibrina e várias outras
proteínas (WHITNACK, 2002).
3.2 O estreptococo do grupo B
O Streptococus agalactiae é a única espécie descrita no grupo B de
Lancefield (WESSELS, 1998). O estreptococo do grupo B (EGB) é um coco
gram positivo, em cadeia, encapsulado e anaeróbio facultativo. Foi descrito pela
primeira vez em 1887, como agente etiológico da mastite em bovinos (FERNAN,
1984).
A partir de 1938, após a descrição de três casos fatais de sepse
puerperal por Fry, o EGB foi relacionado à ocorrência de infecções em pessoas
não-hígidas, gestantes e recém-nascidos, podendo causar pneumonia,
endocardite, celulite, osteoartrite, infecção urinária, bacteremia e meningite
(CAUDURO et al., 1998).
O EGB é considerado hóspede normal do trato gastrointestinal,
microbiota vaginal e trato urinário com índices de colonização que variam de
acordo com a idade, grupo étnico, fatores imunológicos e grupo sanguíneo
(FERNAN, 1984). Em caso de infecção, o EGB pode ser isolado a partir do
sangue, urina, líquido peritoneal, líquido pleural, escarro, líquor e líquido sinovial
(CAUDURO et al., 1998).
O EGB possui antígeno de carboidrato capsular que permite a sua
classificação em nove sorotipos: Ia, Ib, II, II, IV, V, VI, VI, VII, VIII. Técnicas de
laboratório como a análise do polimorfismo, o comprimento de restrição do DNA,
eletroforese em campo pulsado e ribotipificação têm sido utilizadas para a
detecção da heterogeneidade genética do EGB (EDWARDS; BAKER, 1995).
Dentre os nove sorotipos existentes, o III foi o mais identificado entre os recém
natos doentes do EUA. No Brasil, trabalho recente de Alves em 2005, com
gestantes de Jundiaí, São Paulo, demonstrou-se o predomínio dos sorotipos II e
Ia (ALVES, 2005). Este autor sugere que as diferenças de sorotipagem possam
se relacionar às variações nas taxas de colonização.
18
3. 3 O EGB e suas implicações sobre o recém-nascido e gestante
No início da década de 70, nos EUA, este agente foi identificado como
o principal responsável da meningite e sepse em recém-nascidos tanto na sua
forma precoce (antes dos sete dias de vida) como em sua forma tardia (de 7 a
90 dias) (PLATT; O’BRIEN, 2003). Na mãe, podem ocorrer endometrites,
infecções do trato urinário e bacteremias no pós-parto (CAUDURO et al., 1998).
De acordo com o CDC (1996) a prevalência do EGB entre mulheres
americanas é de 10% a 30% e a transmissão na hora do parto ocorre em 50%
dos casos. Destes recém-nascidos, 1% a 2% irá apresentar infecção neonatal
precoce, o que representa um coeficiente de 1,8/1000 nascidos vivos.
Recém-nascidos de mães colonizadas têm um risco 29 vezes maior
de desenvolver sepse precoce quando comparados com recém-natos de mães
com culturas pré-natais negativas (BOYER; GOTOFF, 1986).
Entre os recém-nascidos afetados a taxa de mortalidade é de 6%. Em
15% a 30% dos casos que evoluem para cura, podem ocorrer: cegueira, surdez,
retardo mental ou seqüelas neurológicas (CDC, 1996).
Nos anos 70, quando os casos de infecção neonatal pelo EGB
começaram a ser identificados, a mortalidade destes pacientes era de cerca de
50%. Já na década de 90, com os avanços dos cuidados neonatais, observou-se
nos EUA uma queda destes índices de mortalidade, tanto nos casos precoces
quanto tardios para cerca de 4% (ZANGWILL et al., 1992).
A infecção fetal pode ocorrer ainda na vida intra-uterina através da via
vaginal ascendente. Durante o trabalho de parto, a aspiração do líquido
meconial infectado pode levar a pneumonia ou sepse. A passagem pelo canal
de parto pode levar a colonização da pele ou mucosas, permanecendo o recém-
nato assintomático (CDC, 2002).
As gestantes colonizadas são geralmente assintomáticas, porém, o
EGB pode causar infecção nestas mulheres. A infecção urinária pelo EGB ocorre
em 2% a 4% das gestações (WOOD; DILLON, 1981). Durante a gravidez e o
puerpério a mulher pode apresentar: amnionite, endometrite, infecção de
parede, sepse e, raramente, meningite causada pelo EGB. Casos fatais são
extremamente raros (CDC, 2002).
19
3. 4 Prevenção da doença perinatal pelo EGB – rastreio por cultura X
rastreio por fatores de risco
Em 1996, o CDC, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia e
a Academia Americana de Pediatria sugeriram que a profilaxia para a doença
neonatal causada pelo EGB fosse realizada baseada em fatores de risco ou no
rastreamento através da cultura.
Nas duas estratégias, todas as gestantes que apresentam infecção
urinária pelo EGB devem ser tratadas no momento do diagnóstico e tem
indicação para realizar quimioprofilaxia intraparto, assim como as gestantes que
tiveram os filhos acometidos em gestações anteriores deve ser oferecida a
quimioprofilaxia (CDC, 1996).
Para o CDC, a prevenção baseada no risco deveria oferecer a
quimioprofilaxia a toda a gestante que apresentar fatores de risco sem realizar
cultura. São estes: trabalho de parto prematuro, febre intraparto (superior a
38ºC) ou ruptura prematura de membranas por tempo superior a 18 horas.
Na Espanha, Andreu et al. (2003) analisaram a incidência de sepse
neonatal em dez hospitais regionais de Barcelona no período de 1994 a 2001.
Durante o estudo, houve 157.848 nascimentos com 129 casos diagnosticados
de infecção neonatal por EGB. A incidência em 1994 foi de 1,92 casos para
1000 nascidos vivos e de 0,26 para 1000 nascidos vivos em 2001, o que
corresponde a um decréscimo de 86,1%. Esta diminuição substancial nos
índices da doença perinatal causada pelo EGB coincidiram com a aplicação de
medidas preventivas.
Estudo multicêntrico retrospectivo de coorte realizado nos EUA, nos
anos de 1998 e 1999, sugere que a prevenção realizada através da cultura é
superior a abordagem realizada através do risco (COMMITTE ON OBSTETRIC
PRACTICE, 2002).
Os estudos de Vergamini et al. (2002) realizados na cidade de Monza,
Itália demonstraram que o rastreamento de todas as gestantes através de
cultura levou a uma diminuição específica das taxas de morbidade pelo EGB
quando comparado com o rastreamento somente através dos fatores de risco.
Evidências de que o rastreio baseado em cultura foi muito mais eficaz
do que o rastreio baseado em fatores de risco levou o CDC a revisar o seu
20
manual e recomendar o rastreio tardio com cultura para todas as gestantes
(PLATT et al., 2003; CDC, 2004).
Segundo as recomendações do CDC, a cultura deve ser realizada em
mulheres com idade gestacional entre 35 a 37 semanas. O material é colhido
com swab estéril da região do um terço anterior da vagina e região retal. A taxa
de isolamento do EGB é cerca de 20% a 40% maior quando a cultura é colhida
destes dois sítios (JAUREGUY et al., 2003). A associação de culturas reduziu o
número de falso-negativos, permitindo detectar 97,8% dos portadores (PLATT;
O’ BRIEN,2003).
O material colhido deve ser inoculado em meio seletivo seguido por
incubação por 18 a 24 horas e nova semeadura em meio sólido de ágar e, a
seguir, é feita a identificação dos estreptococos por técnica de aglutinação. Este
processo leva aproximadamente 48 horas.
O tipo e meio de cultura utilizado é fator importante para aumentar as
taxas de detecção e diminuir os falso-negativos. Os meios seletivos enriquecidos
são os mais adequados. Entre estes temos o Todd Hewitt, suplementado com
colistina e ácido nalidíxico que possui sensibilidade significativamente maior
quando comparado a outros meios como o ágar sangue e o Granada, com
valores de 98,7% (SCHRAG et al 2002; GUPTA; BRISKI, 2004).
De acordo com o CDC, quando o material é assim processado,
encontra-se uma positividade de cerca de 50% contra cerca de 27% das culturas
combinadas em meio não específico e 5% das culturas isoladas. Fica assim
demonstrada a importância do método de cultura seletivo, para que se chegue
ao diagnóstico (ORSELLS; DOMMERMUTH, 2003; ELSAYED et al., 2003). Nos
casos positivos deverá ser oferecida a quimioprofilaxia intraparto após
orientação sobre os riscos e os benefícios.
O caráter intermitente da colonização torna difícil determinar qual o
momento adequado para a coleta do material para cultura durante a gravidez
(SCHRAG, 2004). Quanto mais próximo do parto for a coleta, maior será a
especificidade, sensibilidade e os valores preditivos positivo e negativo
(JACOMINA; GERARDS; CATTS, 1982). Se a coleta for feita mais de seis
semanas antes do parto, a sensibilidade e a especificidade da cultura são de,
respectivamente, 43% e 85% ;quando realizadas de um a cinco dias antes do
parto estes valores sobem para 89% e 97%, respectivamente (YANCEY et
21
al.,1996). O valor preditivo positivo é próximo de 100% quando a cultura é
realizada até uma semana antes do parto e é menor que 50% se realizado seis
semanas antes (YANCEY; SCHUCHAT; BROWN,1996).
Orrett (2003) avaliou 201 pacientes no terceiro trimestre de gestação
em Trindade através de cultura para EGB de material colhido na região vaginal e
perianal e avaliou a associação com critérios como idade, etnia e faixa etária. O
EGB foi isolado com maior freqüência em mulheres acima dos 24 anos (36,6%),
descendentes de índios (37,3%). As taxas de colonização foram
significativamente maiores em multíparas do que em primíparas (p < 0.001). A
taxa de colonização na população estudada foi de 32,9%. Houve a confirmação
de cinco casos de sepse neonatal sendo que o EGB foi isolado no sangue de
três destas crianças. Um destes casos foi fatal.
3.5 Quimioprofilaxia
Os esquemas de antibioticoterapia intraparto adotados pelo CDC são
os mesmos para os casos diagnosticados através de cultura e para os
selecionados através de fatores de risco.
As drogas de primeira opção são: Penicilina Cristalina (na dose de
ataque de 5 milhões via endovenosa (EV) e manutenção de 2,5 milhões a cada
4 horas) e a Ampicilina na dose de ataque de 2g EV e manutenção de 1g a cada
4 horas até o parto. As gestantes alérgicas podem ser tratadas com
Clindamicina: 900mg EV a cada 8 horas até o parto ou Eritromicina 500mg EV a
cada 6 horas até o parto. Moyo, Maeland e Munema (2001) testaram a
sensibilidade de cepas de EGB isoladas em mulheres de Zimbabwe e
encontraram uma sensibilidade de 100% para a clindamicina, 98% para a
penicilina, 86% para eritromicina e uma resistência de 100% para a tetraciclina.
Na maioria dos trabalhos, no entanto, as cepas continuam sendo
sensíveis à penicilina com níveis de resistência variáveis a eritromicina e a
clindamicina. Decoster et al. (2005) na Bélgica descreve níveis de resistência de
16,7% para eritromicina e 11,5% para clindamicina e 100% de sensibilidade para
a penicilina.
Segundo o CDC (2004), o EGB continua muito sensível à penicilina e
ampicilina, porém, os crescentes níveis de resistência à clindamicina e
22
eritromicina têm levado a busca de novos agentes para a profilaxia de mulheres
alérgicas. As que tenham baixo risco de anafilaxia podem receber a cefazolina.
Nas com alto risco, deve-se realizar o teste de sensibilidade para clindamicina e
eritromicina. A vancomicina deve ser usada apenas nos casos com alto risco
para anafilaxia e não sensíveis aos agentes citados.
23
METODOLOGIA
4.1 Desenho do estudo
Estudo realizado em duas etapas. Na primeira etapa (descritiva) foi
verificada a prevalência da colonização de gestantes em início de trabalho de
parto pelo EGB e as principais características destas gestantes e dos bebês
durante a gravidez, parto e período de internação. Na segunda etapa
(transversal) procedeu-se uma avaliação dos principais fatores de risco
envolvidos na determinação da colonização dessas gestantes pelo EGB.
4.2 Local de realização do estudo
Os dados foram coletados no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e
Admissão da Maternidade Marly Sarney. Esta maternidade localiza-se em São
Luís, capital do Estado do Maranhão, atende usuárias do Sistema Único de
Saúde (SUS). É referência para baixo e alto risco, administrada pelo governo do
Estado e realiza cerca 400 partos mensais.
4.3 Período de realização da coleta
A coleta de material para este estudo foi iniciada em 28 de novembro
de 2005 e encerrada em 28 de março de 2006.
4.4 População do estudo
Ao todo foram abordadas 203 gestantes sendo que duas se negaram
a participar do estudo.
Critérios de inclusão: pacientes atendidas no setor de SPA - admissão
da maternidade em fase latente
1
ou início de trabalho de parto
2
com idade
gestacional de 36 semanas ou mais. As coletas de cultura foram realizadas
somente nos plantões diurnos de 2ª a 5ª feira para facilitar o manuseio do
material pelo pessoal do laboratório, permitindo que o mesmo fosse processado
de forma adequada, já que o setor de microbiologia do laboratório não funciona
24
à noite, aos domingos e feriados, o que não permitiria a avaliação diária do
material semeado.
Critérios de exclusão: gestantes que fizeram uso de antibióticos nos
últimos sete dias; submetidas a exame tocoginecológico nas 24 horas
precedentes; a impossibilidade de contato posterior (pacientes residentes no
interior) e gestante em fase avançada do trabalho de parto, sem condições de
receberem informações sobre a pesquisa.
4.5 Coleta de dados
Os dados das pacientes foram obtidos através de entrevista (colhidas
na sala de exame da admissão), pela avaliação dos exames e carteira do pré-
natal. Foram abordadas apenas as pacientes que se encontrassem em
condições de responder as perguntas e entender o objetivo da pesquisa, as
pacientes já em trabalho de parto avançado, com dores fortes, não foram
entrevistadas.
_____________________
1
Fase latente: final da fase pré-parto ou início do trabalho de parto, quando as contrações uterinas, embora
rítmicas, não determinam ainda a dilatação progressiva do colo uterino (REZENDE, 2002).
2
Trabalho de parto: presença de duas contrações uterinas rítmicas e dolorosas, a cada dez minutos, com
duração de cerca de 30 a 50 segundos, promovedoras de dilatação cervical (CAMANO et al., 2003).
4.6 Preenchimento da ficha de pesquisa individual
Os dados coletados foram anotados em fichas padronizadas,
individuais onde constavam: nome, endereço e telefones de contato, idade,
procedência, estado civil, cor da pele, grau de escolaridade, ocupação, renda
mensal, grupo sangüíneo, paridade, dados do parto anterior, realização de pré-
natal e coleta de conteúdo vaginal, ocorrências de patologias durante a gestação
atual, tipo de parto, condições do parto atual condições do recém-nato em seus
7 primeiros dias de vida (Apêndice A).
25
4.7 Variáveis e conceitos
Variáveis dependentes
Colonização materna: presença de EGB em cultura de material da região
vaginal e ou anorretal.
Variáveis independentes
Idade: anos completos referidos pela mulher agrupados em menor ou igual a 20
anos ou maior que 20 anos, pois a idade abaixo de 20 anos foi descrita como
de maior risco (SCHUCHAT,1998);
Cor da pele: agrupadas em branca e não-branca (negra, parda e amarela);
Escolaridade: baixa escolaridade corresponde ao ensino fundamental
incompleto ou menos;
Renda familiar: renda de todas as pessoas economicamente ativas do domicílio
durante o período de um mês;
Tabagismo: consumo regular de cigarro independentemente do número dos
cigarros/dia;
Idade gestacional: calculada através da data da última menstruação confiável e
/ou ultra-sonografia obstétrica realizada na primeira metade da gravidez;
Leucorréia: presença de bacterioscopia da secreção vaginal positiva para
germes patógenos ou descrição desta intercorrência na carteira pré–natal;
Infecção do trato urinário: descrição desta ocorrência na carteira do pré-natal
ou presença de cultura positiva com identificação de mais de 100.000 unidades
formadoras de colônia ou qualquer prova documental deste achado;
Amniorrexis prematura: rotura das membranas amnióticas por um período
superior a 18 horas no momento da realização da coleta do material para
cultura.
4.8 Coleta do material para cultura
Seguimos os preceitos técnicos estabelecidos pelo CDC (1996)
fazendo a coleta da região anorretal e terço inferior da vagina e utilizando meio
de cultura específico diferenciando–se, pela época da coleta que aqui foi
realizada no momento do trabalho de parto ou nos pródromos do trabalho de
parto e não entre 35 – 37 semanas. A escolha da época da coleta baseou-se em
26
que a especificidade, sensibilidade e os valores preditivos positivo e negativo
aumentam à medida que se aproxima a época do parto (JACOMINA;
GERARDS; CATTS, 1982; YANCEY; SCHUCHAT; BROWN, 1996) e na
tentativa de avaliar os desfechos perinatais.
Na coleta de material foram utilizados dois swabs estéreis alginatados
para cada gestante e, a seguir, inoculados, separadamente, em tubos de ensaio
contendo meio líquido seletivo Todd - Hewitt enriquecido com colistina (10ug/ml)
e ácido nalidíxico (15ug/ml) (CDC, 2002) devidamente identificados e enviados
imediatamente para o laboratório da rede particular que presta serviço para a
Maternidade Marly Sarney, onde foram colocados na estufa por 24 horas.
4.9 Processamento do material e identificação do EGB
Ao ser retirado da estufa, o material era cultivado em placas de ágar
sangue a 5%. Após 24 horas de incubação as placas eram avaliadas. As
colônias sugestivas de EGB, organismos beta–hemolíticos ou anemolíticos,
gram positivo, catalase negativo (CDC, 2002) eram identificadas e testadas.
Quando o EGB não era identificado nas primeiras 24 horas de
incubação nas placas de ágar sangue de carneiro, elas eram reincubadas por
mais 24 horas, com leitura final realizada após 48 horas.
Para a identificação do EGB foi utilizado o teste de CAMP (Christie,
Atkins, Munch-Petersen). Este teste baseia-se na capacidade do EGB de
produzir uma hemolisina difusível (fator CAMP) que junto com outra hemolisina
difusível produzida pelo Staphylococcus aureus causa lise completa de
hemácias na placa de ágar sangue e confirmado sorologicamente pelo Kit Api
Strep da Biomèrie
®
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA -
ANVISA, 2004).
4.10 Técnica do teste de CAMP
Inocular uma estria única de uma amostra de Staphylococcus
aureus; produtor de beta-lisina (ATCC 25923) no centro de uma
placa de ágar sangue preparada obrigatoriamente com sangue de
carneiro;
27
inocular as amostras a serem testadas em estrias formando um
ângulo reto com a linha de inoculação da amostra teste de
estafilococo. As estrias não devem se tocar, ficando a 1 mm de
distância;
incubar a placa a 35-37°C durante um período de 18-24 horas;
a positividade da prova, Streptococcus agalactiae (grupo B), é
evidenciada pelo alargamento da zona de lise, que adquire a forma
de ponta de flecha característica, na área de intersecção entre as
duas estrias;
não utilizar cepas velhas de S. aureus, pois podem não produzir
beta-hemolisina;
não tocar as estrias da semeadura das cepas, para não dar um
resultado falso–negativo;
não utilizar placas de ágar sangue velhas que dificultem a leitura
da prova, já que é baseada na hemólise das cepas (ANVISA,
2004).
4.11 Teste de sensibilidade aos antibióticos
Nos casos positivos para EGB, as amostras foram submetidas a teste
de sensibilidade para antibióticos. Os antibióticos utilizados foram: penicilina,
vancomicina, eritromicina, clindamicina, cloranfenicol e ceftriaxona. A
sensibilidade antimicrobiana foi testada com discos de difusão. A escolha dos
antibióticos e os critérios de interpretação seguiram a norma M2-A8 (NATIONAL
COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS - NCCLS, 2003)
adotada no Brasil pela ANVISA.
Segundo a National Committee for Clinical Laboratory Standards
(NCCLS) (2003, p.40 grifo nosso):
Teste sensível - significa que a infecção por uma determinada cepa
pode ser tratada adequadamente com a dose de agente antimicrobiano
recomendada para este tipo de infecção e patógeno, exceto quando
contra-indicado.
Teste resistente – as cepas não são inibidas pelas concentrações
sistêmicas do agente antimicrobiano, geralmente, atingíveis nos regimes
terapêuticos habituais
.
28
4.12 Avaliação das condições do parto e complicações neonatais precoces
A coleta desses dados foi feita retrospectivamente através da
avaliação dos prontuários das mães e dos recém–nascidos que tiveram parto
realizado na Marly Sarney (145 casos).
4.13 Análise estatística
Os dados de mães e recém-natos foram analisados de forma
descritiva e expostos através de médias e percentuais. Na análise estatística
foram utilizados os testes do qui-quadrado de Pearson e teste exato de Fisher
para avaliar fatores de risco para a colonização pelo EGB utilizaram-se como
nível de significância um valor de p 0,05 e intervalo de confiança de 95% (IC
95%) com poder de 80%. O pacote estatístico utilizado foi o Epi info 3.3.2 da
Organização Mundial de Saúde (OMS).
4.14 Aspectos éticos
Antes da realização da coleta, foi entregue a todas as pacientes o
termo de consentimento livre e esclarecido para leitura e assinatura (Apêndice
B).
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão através do
Parecer 154/2005, atendendo aos requisitos da Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (Anexo A).
5 RESULTADOS
Foram estudadas 201 gestantes com idade que variou de 15 a 45
anos, com a média de 23,13 ± 4,79 anos. A idade gestacional foi de 255 a 291
dias com a média de 276,5 ± 7,66 dias (39 semanas e 4 dias). Do total de
mulheres estudadas, 41 encontravam-se colonizadas pelo EGB correspondendo
a uma prevalência de 20,39%.
29
As características sócio-demográficas da população estudada foram
inseridas na tabela 1.
Tabela 1 – Características sócio-demográficas das
201 gestantes da Maternidade Marly Sarney de Nov
2005 - Mar 2006, São Luís – MA.
Variáveis n %
Idade (anos)
20 64 31,84
>20 137 68,15
Estado civil
Casada ou consensual 160 79,60
Outros 41 20,40
Cor
Branca 58 28,85
Não branca 143 71,15
Renda familiar
2 salários 162 81,60
>2 salários 39 18,40
Escolaridade
Baixa 26 12,94
Outros 175 87,06
Tabagismo
Sim 27 13,43
Não 174 87,57
A idade média das gestantes do grupo colonizado foi 24,20 ± 6,12 anos e
no não-colonizado 22,86 ± 4,37 anos. Encontrou-se uma prevalência de 27,6%
de mulheres colonizadas nas brancas e de 17,5% no grupo das não-brancas,
esta diferença, porém, não se mostrou estatisticamente significante (p = 0,124).
Nenhuma outra variável se associou como fator de risco para a colonização pelo
EGB (Tabela 2).
30
Tabela 2 - Análise de fatores de risco sócio-demográficos para a colonização
pelo EGB das 201 gestantes da Maternidade Marly Sarney de Nov 2005 - Mar
2006, São Luís – MA.
Colonização
Positivo Negativo
Razão de Prevalência
Variáveis n % n %
(IC 95%) p
Idade (anos)
20 11 17,18 53 82,82
>20 30 21,89 107 78,21 0,74 (0,34 - 1,59) 0,5733
Estado civil
Casada ou consensual 35 21,87 125 78,13
Outros 6 14,63 35 85,37 1,63 (0,63 - 4,20) 10,3876
Cor
Branca 16 27,60 42 72,40
Não-Branca 25 17,50 118 82,50 1,80 (0,87 - 3,69) 0,1236
Renda familiar
2 salários
30 18,50 132 81,50
>2salários 11 28,20 28 71,80 0,58 (0,26 - 1,29) 0,1884
Escolaridade
Baixa 6 22,08 20 76,92
Outros 35 20 140 80 1,20 (0,45 - 3,21) 0,7943
Tabagismo
Sim 1 3,7 26 96,03
Não 40 22,98 134 77,02 0,64(0,07 - 5,48) 1,0000
As variáveis obstétricas avaliadas como possíveis fatores de risco para
colonização materna encontram-se relacionadas na tabela 3.
31
Tabela 3 - Análise de fatores de risco obstétricos da gravidez atual para a colonização pelo
EGB das 201 gestantes da Maternidade Marly Sarney de Nov 2005 - Mar 2006, São Luís –
MA.
Colonização
Positivo Negativo
Razão de Prevalência
Variáveis n % n %
(IC 95%) p
Leucorréia
Sim 17 20,23 67 79,77
Não 24 20,50 93 79,5 0,98 (0,49 – 1,9) 0,9620
Amniorrexis
Sim 2 13,33 13 86,66
Não 39 20,96 147 79,04 0,58 (0,12 - 2,7) 0,7404
Infecção Urinária
Sim 11 23,91 35 76,09
Não 30 19,35 125 80,65 1,31 (0,60 - 2,80) 0,53
Abortos anteriores
Sim 8 21,62 29 78,38
Não 33 20,12 131 79,87 1,09 (0,46 - 2,61) 0,82
Gestações
Primeira 20 22,22 70 77,77
Duas ou mais 21 18,91 90 81,09 1,22 (0,61 - 2,43) 0,56
Pré-natal
<6 consultas 16 16,84 79 83,16
6 consultas 25 23,58 81 76,42 0,66 (0,32 - 1,32) 0,24
Das 201 gestantes estudadas, 56 não tiveram parto na Maternidade
Marly Sarney (incluindo 15 casos de mães com cultura positiva para EGB).
Na Maternidade Marly Sarney, 145 partos foram realizados: 95
vaginais (65,52%) e 50 cesarianas (34,48%). Os recém nascidos apresentaram
peso médio de 3.299 g. Entre os cinco casos que fizeram uso de antibiótico nos
primeiros 7 dias, dois deles eram filhos de mães colonizadas pelo EGB, cujos
diagnósticos foram, respectivamente, Síndrome da Aspiração Meconial (SAM) e
amnionite, com início da antibioticoterapia imediatamente após o parto sendo
mantida por sete dias. As culturas dos recém-nascidos não apresentaram
crescimento para EGB.
32
A tabela abaixo mostra a distribuição das mulheres colonizadas de
acordo com o sítio de isolamento do EGB nas culturas.
Tabela 4 - Distribuição das 41 mulheres colonizadas de
acordo com o sítio de isolamento do EGB nas culturas, Nov
2005 - Mar 2006, São Luís - MA.
Colonização
Sítio de isolamento n %
Vaginal 18 43,91
Retal 9 21,95
Vaginal + Retal 14 34,14
Total 41 100
Do total de 402 culturas maternas processadas 55 encontravam–se
positivas para EGB (14 das 41 gestantes colonizadas apresentavam cultura
positiva nos dois sítios). As amostras positivas foram submetidas a teste de
sensibilidade para antibióticos. Em relação à ceftriaxona, encontrou–se uma
resistência de 12,72%, a eritromicina de 23,63% e a clindamicina de 25,45%
(Tabela 5).
Tabela 5 - Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos nas 55
amostras positivas para EGB, Nov 2005 - Mar 2006, São Luís - MA.
Na figura 1 observa-se o padrão de resposta aos antibióticos testados
nas culturas que apresentaram resistência. Houve resistência concomitante a
três antibióticos (eritromicina, ceftriaxona e clindamicina) em cinco casos e a
dois antibióticos (eritromicina e clindamicina) em sete casos. Já os casos de
Sensibilidade
(%)
Resistência
(%)
Penicilina 100 0
Cloranfenicol 100 0
Vancomicina 100 0
Eritromicina 76,37 23,63
Ceftriaxona 87,28 12,72
Clindamicina 74,55 25,45
33
resistência isolada foram dois para clindamicina, dois para a ceftriaxona e um
para eritromicina.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
três dois clin cef eri
clin/cef/eri
clin/eri
clindamicina
ceftriaxona
eritromicina
Figura 1 – Padrão de resistência aos antimicrobianos em 55 culturas positivas, Nov 2005 -
Mar 2006, São Luís - MA.
Número de casos
34
6 DISCUSSÃO
No presente trabalho, a prevalência de colonização materna
encontrada foi de 20,39%. As taxas de colonização materna, em diversas
publicações, variam entre 5% e 35% e dependem de fatores como o sítio e
época da coleta, a população estudada e a técnica bacteriológica de isolamento
utilizada (JAURÉGUY et al., 2003). Estima-se que nos Estados Unidos uma a
cada quatro ou cinco mulheres seja colonizada na época do trabalho de parto
(EDWARDS; BAKER, 1995).
Os primeiros a descreverem a colonização pelo EGB em gestantes no
Brasil foram Benchetrit et al. (1982) em Porto Alegre - RS, em uma amostra de
86 gestantes com taxa de colonização materna de 26% e 15% entre os recém-
nascidos. Smânia Jr. et al. (1986) realizaram estudo semelhante em
Florianópolis - SC, encontrando positividade de 25% em 135 mulheres e 12%
para os neonatos. Na cidade de Londrina - PR, 100 mulheres foram estudadas,
sendo encontrado 15% de colonização (MOCELIN et al., 1995).
Estudos mais recentes, realizados nos Estados do Paraná e Santa
Catarina, utilizando coleta de material das regiões anal e vaginal e meios
específicos para isolamento e identificação da bactéria conforme
recomendações internacionais, encontraram prevalências de, respectivamente,
14,9% e 21,6% (BERALDO et al., 2004; POLGERE et al., 2005), valores
próximos aos encontrados no presente estudo.
A presença de taxas de prevalência de colonização materna entre
15% a 25 % coloca o Brasil num patamar que poderíamos considerar
preocupante, já que é possível que taxas elevadas de infecção neonatal precoce
estejam ocorrendo sem serem identificadas. Segundo Strickland; Yeomans e
Hankins (1990), os programas de screening universal são custo-efetivos quando
as taxas de colonização materna estão acima de 10%.
Em relação aos sítios de coleta do material para cultura, sabemos que
a coleta realizada nas regiões vaginal e retal aumenta a sensibilidade do exame,
pois independentemente do sítio onde o EGB é detectado, a conduta clínica é a
mesma (CDC, 2002). Neste estudo foram encontrados nove casos de
positividade apenas no sítio anorretal o que responde a 4,4% do total da
amostras (22% das amostras positivas) e que poderiam deixar de ser
35
diagnosticados se a coleta não tivesse sido realizada nos dois sítios. Outros
estudos que descrevem um aumento da detecção do EGB de 5% a 25% quando
se utiliza esta associação (CDC, 2004; GARCIA et al., 2003).
Neste estudo não foram encontrados variáveis sócio-demográficas ou
obstétricas significativamente relacionadas com a ocorrência de colonização
pelo EGB. Observou-se uma maior prevalência de mulheres colonizadas nas de
cor branca, achado também descrito por Nomura (2004) em Campinas mais que
tem de ser avaliado com restrições, já que a identificação de cor de pele no
Brasil é tarefa difícil devido a intensa miscigenação.
Um estudo realizado nos EUA com 7.742 gestantes e denominado
“Infecções Vaginais e Prematuridade” encontrou uma maior prevalência de
colonização pelo EGB entre hispânicas da região do Caribe e negras.
Demonstrou ainda, uma maior taxa de ocorrência em mulheres mais idosas, de
baixa paridade, sem parceiro fixo e baixa escolaridade (REGAN; KLEBANOFF;
NUGENT, 1991).
Estes mesmos autores, em relação aos antecedentes gineco-
obstétricos, encontraram associação positiva com múltiplos parceiros sexuais no
último ano, colonização vaginal por Cândida sp, pH vaginal maior que 5,0 e
conteúdo vaginal purulento. Apesar destas associações, o estudo concluiu que
elas não eram capazes de selecionar um grupo de mulheres com elevada
probabilidade de estarem colonizadas (REGAN; KLEBANOFF; NUGENT, 1991).
Outros estudos apontam para o maior acometimento de mulheres
jovens abaixo dos 20 anos (SCHUCHAT, 1998), para as diabéticas (STAMLER
et al., 1990), em grandes multíparas (ORRET, 2003). Estas diferenças podem
estar relacionadas às variações culturais, geográficas ou de sorotipos
identificados.
Vários fatores de risco para a colonização materna pelo EGB como
idade materna, paridade, estado conjugal, escolaridade, renda mensal e
tabagismo podem influenciar a prevalência da colonização, no entanto, a relação
entre estes fatores e a colonização pelo EGB se mostraram inconsistentes em
vários estudos (SHUCHAT, 1998; HICKMAN et al., 1999).
Dos cinco casos de recém-nascidos com desfechos infecciosos nesta
série, dois ocorreram em crianças de mães colonizadas os quais fizeram uso de
antimicrobianos logo após o nascimento por um período de sete dias e cujas
36
hemoculturas foram negativas. A coleta realizada após o início da
antibioticoterapia, o tempo de demora para processamento da amostra entre
outros fatores podem ter concorrido para a sua negatividade.
Nos EUA, antes do estabelecimento dos protocolos de profilaxia, a
incidência de infecção neonatal precoce pelo EGB estava em torno de 2 a 3
casos/1000 nascidos vivos. Com a instituição das medidas preventivas na
década de 90 houve um declínio de cerca de 70% com incidência de 0,5/1000
nascidos vivos em 1999 (ZANGWILL; SCHUCHAT; WENGER, 1992; COCO,
2002). Em Barcelona estudo realizado em 157.848 partos entre 1994 e 2001
demonstrou um decréscimo da infecção precoce pelo EGB de 86,1% após a
instituição da quimioprofilaxia.
Determinar o verdadeiro impacto da colonização materna pelo EGB
sobre os recém-natos torna-se, muitas vezes, difícil já que o material para
cultura nem sempre é colhido ou a pesquisa é negativa pela influência de vários
aspectos (BEDFORD-RUSSEL; BREATHNACH; SENDER, 2001).
Luck (2003) em estudo prospectivo realizado em recém-nascidos do
Reino Unido submetidos à pesquisa para infecção nas primeiras 72 horas
sugere que as taxas de infecção pelo EGB corrigidas (casos com cultura
positiva e suspeitos ou de alta probabilidade) atingiriam 3,6/1000 nascidos vivos.
Os recém-natos com suspeita clínica de infecção ou em situações de
risco são submetidos a uma avaliação diagnóstica e a tratamento empírico com
antimicrobianos cuja duração depende dos resultados da avaliação ou de sua
evolução clínica (KAISER et al., 2002).
No Brasil, poucos trabalhos falam sobre a infecção neonatal precoce
pelo EGB. Miura e Martin (2001), no Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
encontraram uma prevalência de 1/1000 nascidos vivos no período de janeiro de
1996 a junho de 1999. Na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) a
incidência encontrada no período de fevereiro de 2003 a janeiro de 2004, foi de
1,47/1000 nascidos vivos, segundo dados da Comissão de Controle da Infecção
Hospitalar (CCIH) do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM)
(NOMURA, 2004).
As taxas de infecção neonatal precoce, descritas nas séries
brasileiras, quer estejam subestimadas ou não, fazem refletir sobre a
importância do estabelecimento de uma estratégia de profilaxia. Mohle-Boetani
37
et al (1993) sugerem que taxas de infecção neonatal acima de 0,6/1000
indicariam o estabelecimento de uma estratégia de profilaxia através de fatores
de risco e que, taxas de infecção neonatal acima de 1,2/1000 nascidos-vivos já
apresentariam custo-benefício para o estabelecimento de uma estratégia
baseada na realização universal de cultura no pré-natal. Os custos com as
longas estadias e terapias para os recém-natos acometidos parecem ter maior
impacto financeiro nestes casos do que o estabelecimento de um protocolo de
profilaxia.
Em relação à sensibilidade aos antimicrobianos, todas as cepas
isoladas foram sensíveis à penicilina. As recomendações internacionais
baseadas nos manuais do CDC (2002) indicam a penicilina como droga de
primeira escolha para a profilaxia intraparto e no tratamento da infecção
neonatal pelo EGB, em associação com a gentamicina, e como alternativa,
pode-se administrar a ampicilina. A descrição de resistência à penicilina continua
sendo muito baixa sendo este o antibiótico de eleição (GARCIA et al., 2003).
A grande discussão se refere as pacientes alérgicas aos antibióticos
betalactâmicos. Os protocolos internacionais recomendam o uso da eritromicina
e clindamicina para estes casos. Porém, vários trabalhos indicam taxas de
resistência a macrolídeos e lincosaminas superiores a 10% (ROURA; SERRAT,
2003). Nesta série encontramos níveis de resistência de 25,4% para a
clindamicina e de 23,63% para a eritromicina.
As causas para estes elevados níveis de resistência vêm sendo
estudadas. Manning et al (2003) nos EUA e Grimwood et al (2002) na Austrália
encontraram níveis de resistência à eritromicina de, respectivamente 29% e
7,5% e para a clindamicina de 21% e 15% e referem uma associação da
resistência com o sorotipo V e maior ocorrência na raça negra.
Uh et al (2005) numa série de 446 casos positivos para EGB
encontraram taxas de resistência por sorotipo para a eritromicina de 85% para o
V, 23% para o III, 21% para o IV e 3% para o Ib.
No Brasil, Alves, em dissertação de mestrado apresentada na
UNICAMP em 2005, demonstrou em uma série de 306 gestantes com material
colhido da região retal e vaginal e meio de cultura seletivo, uma prevalência de
colonização para EGB de 14,6%. Os tipos sorológicos predominantes foram Ib
(23,9%), II (19,6%) e Ia (17,4%) e não foi encontrada correlação entre os
38
sorotipos e a resistência bacteriana. A resistência a clindamicina foi de 17,45% e
não houve resistência à eritromicina o que talvez se explique pela baixa
ocorrência do sorotipo V (8,4%). Em nosso meio, é necessário que trabalhos que
identifiquem a sorotipagem das cepas sejam realizados para que melhor se
explique estas taxas elevadas de resistência.
Quanto à vancomicina, todas as cepas, em diversas séries, se
mostraram sensíveis. No entanto, as recomendações do CDC (2002) são para
restringir seu uso aos casos de mulheres alérgicas a penicilina, cujos testes de
sensibilidade a eritromicina e clindamicina não tenham sido realizados, não
estejam disponíveis ou se mostram resistente.
O uso da cefazolina nos casos de mulheres alérgicas a penicilina seria
indicado para aquelas com baixo risco de anafilaxia. O NCCLS (2003)
recomenda que todas as cepas suscetíveis à penicilina sejam consideradas
sensíveis a cefazolina (cefalosporina de 1ª geração). Encontramos uma
resistência de 12,7% da ceftriaxona (cefalosporina de 3ª geração). Garcia
(2003), em trabalho realizado em Buenos Aires (Argentina), encontrou
sensibilidade de 100% para o mesmo antibiótico. Outros trabalhos em que a
sensibilidade a diferentes cefalosporinas foi testada não encontraram
resistência. (GONZALES; ANDREU, 2004; BORGER, 2005). A afirmativa do
NCCLS talvez não se aplique a nossa realidade onde se observa o uso abusivo
de cefalosporinas por falta de parâmetros clínicos e poucos trabalhos
específicos e onde, as cepas mais prevalentes do EGB, não foram identificadas.
39
7 CONCLUSÕES
A prevalência encontrada de colonização de gestantes pelo EGB
nesta série foi de 20,39%, o que chama a atenção para a presença marcante
deste agente também em nosso meio.
Nesta série não foi encontrada associação entre as variáveis sócio-
demográficas ou antecedentes gineco-obstétricos com a maior presença de
colonização pelo EGB, o que corrobora com os resultados descritos na literatura.
Apesar da ocorrência de dois desfechos infecciosos neonatais
precoces no grupo nascido de mães colonizadas, que poderiam ter sido
causados pelo EGB, estes não puderam ser confirmados, pois as hemoculturas
realizadas mostraram-se negativas.
A resistência à eritromicina e clindamicina foi alta nas cepas isoladas.
Chamou atenção, também, a resistência a ceftriaxona de 12,7% que não é
descrita na literatura mundial.
40
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos grandes progressos mundiais em relação à compreensão
e ao combate à infecção neonatal precoce causada pelo EGB nas últimas
décadas, no Brasil, até mesmo a verdadeira repercussão deste agente não é
bem conhecida.
Os estudos até aqui realizados, em nosso país, utilizaram séries
pequenas, sendo necessário que um grande estudo multicêntrico utilizando
meios de cultura específicos fosse realizado para que a real situação em relação
à prevalência de colonização materna, sorotipos predominantes, perfil de
sensibilidade aos antibióticos e principalmente em relação às reais taxas de
infecção neonatal fossem estabelecidos.
É bem provável, pelas evidências atuais, que as repercussões
neonatais do EGB em nosso meio estejam subestimadas. A partir da melhor
compreensão da situação pelos profissionais de saúde pode-se levar esta
discussão para a sociedade civil organizada e sensibilizar gestores no sentido
de estabelecer protocolos de prevenção adequados à nossa realidade.
Pretendemos continuar a estudar a presença e repercussões do EGB
entre as gestantes e neonatos na cidade de São Luís na tentativa de contribuir
para o mapeamento desta situação e o estabelecimento de medidas preventivas
efetivas.
41
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EISENSTEIN, BI. (Ed.). Microbiologia: mecanismo das doenças infecciosas.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p.128- 136.
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WYNGARDEN, J.B; SMITH, L.H; BENNET, J.C. Doenças infecciosas. In:
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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993. 2 v. p.661–68.
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ZANGWILL, K. M; SCHUCHAT A; WENGER, J.D. Group B streptococcal
disease in the United States ,1990 report from a multistate active surveillance
system. MMWR, v. 41, n. 55-6, p. 25-32, 1992.
47
APÊNDICES
48
APÊNDICE A - Ficha de Pesquisa
Nome:__________________________ Idade:______
Cor da pele: 1- branca; 2- negra; 3– parda; 4- amarela;
Ocupação:_______________
Estado Conjugal 1-solteira 4-desquitada
2- casada ou consensual 5-divorciada
3- separada 6-viúva
Nível de Escolaridade:
0 –ignorado 1- nenhuma 2- fundamental incompleto
3- fundamental completo 4-médio incompleto 5-médio completo
6-superior incompleto 7-superior completo
Endereço:____________________________ Telefone:___________
Gesta: _______ Parto: ________ Aborto:_______
DUM: _______ DPP: ________ IG: ______
USG ________ semanas Grupo Sangüíneo: ______
Intercorrências na gravidez anterior:
1 TPP
2 Amniorrexis prematura
3 Febre no trabalho de parto
4 Trabalho de parto prolongado
5 Infecção urinária
6 Outras complicações
Intercorrências na gravidez e parto atual:
1. Leucorréia
2. Infecção urinária
3.Trabalho de parto prematuro
4. Trabalho de parto prolongado
5. Amniorrexis prematura
6. Febre no trabalho de parto ( 38ºC)
7.Tabagismo
8. Outras complicações
9. Antibiótico na gravidez
Renda mensal
1 - Sem renda
2 - < que 1 salário
3- 1 a 2 salários
4 - 2 a 4
5- mais de 4
49
Pré-Natal nesta gravidez
Não realizado
1 a 2 consultas
3 a 5 consultas
Mais de 6 consultas
Coleta de secreção vaginal no pré-natal:
0 –Sim
1 – Não
Antibiótico durante o trabalho de Parto
0 - Sim Qual medicação? ______________
1 - Não
Peso:__________gramas
Índice de Capurro: _________ semanas
Internação UTI: 0 – não 1- sim
Sepse: 0 – não 1 – sim
Pneumonia: 0 – não 1- sim
Meningite: 0 - não 1 – sim
Óbito neonatal: 0 - não 1 - sim
Causa: ___________
50
APÊNDICE B - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pesquisador: Adriana Lima dos Reis Costa
Local da Pesquisa: Maternidade Marly Samey
Contato com o pesquisador: Maternidade Marly Samey 4
a
feira - manhã
Telefone para contato com o pesquisador: 3213-2300
Telefone do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário: 3219-1223
Estamos solicitando a sua colaboração num estudo sobre a presença do estreptococos do
grupo B em gestantes. Este germe pode existir em mulheres sem causar doença e, em alguns
casos, pode ser causa de doença em recém- nascidos.Não existem estudos sobre a presença deste
germe aqui no Maranhão.
Faremos uma coleta de secreção da região inicial de sua vagina e do ânus ( partes íntimas)
com um "cotonete" estéril (limpo) e este material será utilizado para pesquisar a presença do
germe. Esta pesquisa não trará nenhum beneficio ou complicação para você ou para o seu bebê,
mas poderá no futuro, se a presença deste germe for confirmada nas gestantes desta cidade, ajudar
a proteger outras crianças.
Se você quiser saber mais sobre este trabalho ou seus resultados pode entrar em contato
com a equipe pelos telefones acima e/ou nos locais indicados.
Você tem o direito de sair do estudo a qualquer momento, sem que isso prejudique o seu
atendimento.
Após ler e concordar com as explicações contidas neste termo, estou disposta a participar
da pesquisa.
Paciente ou Responsável:
Testemunhas:
Local: Data:
51
ANEXO
52
Livros Grátis
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