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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ENGENHARIA DE BAURU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
GUILHERME FRANCISCO FREDERICO
PROPOSTA DE APLICAÇÃO DO BALANCED SCORECARD PARA O
OPERADOR DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO
BAURU
2008
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GUILHERME FRANCISCO FREDERICO
PROPOSTA DE APLICAÇÃO DO BALANCED SCORECARD PARA O
OPERADOR DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Dissertação de Mestrado apresentada à
Universidade Estadual Paulista para
obtenção do título de Mestre em
Engenharia de Produção.
Orientador: Prof. Dr. Vagner Cavenaghi
BAURU
2008
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DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP – BAURU
Ficha catalográfica elaborada por Maricy Fávaro Braga – CRB-8 1.622
Frederico, Guilherme Francisco.
Proposta de aplicação do balanced scorecard
para o operador de transporte ferroviário. /
Guilherme Francisco Frederico, 2008.
200 f. il.
Orientador : Vagner Cavenaghi.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Esta-
dual Paulista. Faculdade de Engenharia, Bauru,
2008.
1. Medição do desempenho. 2. Transporte fer-
roviário. 3. Balanced scorecard. 4. Estraté-
gia. I – Universidade Estadual Paulista. Facul-
dade de Engenharia. II - Título.
Aos meus pais Reinaldo (in memoriam)
e Inês, os quais sem eles nada disso aconteceria.
Ao guizinho que sempre esteve em meu coração em todos os
momentos de dificuldade e me deu inspiração para superá-los.
À Cris pela força e incentivo em todos os momentos que necessitei.
AGRADECIMENTOS
Ao meu Orientador e Prof. Dr. Vagner Cavenaghi, o qual sempre me ajudou e
incentivou nos momentos importantes para a realização deste trabalho.
Ao Coordenador do curso de mestrado, Prof. Dr. Renato de Campos,
importante no suporte e apoio necessários para o desenvolvimento desta
dissertação.
Aos demais Professores do Departamento de Engenharia de Produção,
principalmente aqueles com os quais tive o prazer de ser aluno das disciplinas do
curso, como os Professores Doutores Jair de Souza Manfrinato, José de Souza
Rodrigues, José Alcides Gobbo e Manoel Henrique.
Aos Funcionários da UNESP campus de Bauru, que de alguma forma
contribuíram ao longo destes anos do curso.
Aos amigos de profissão, principalmente aos Engenheiros João Arthur de Melo
Ferraz, Marcelo Scopinho, Jorge Antônio Cury Saad, Cláudio de Uzeda Mesquita,
Darel Silva e ao Administrador Carlos Alberto Buss, os quais foram importantes para
o desenvolvimento de idéias e orientação de pontos importantes do trabalho aqui
apresentado.
A todos os amigos do mestrado, com os quais vivenciei momentos importantes
de discussão de idéias e aprendizado mútuo ao longo do curso.
À Ellen Martins da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários que
colaborou com informações e apoio importantes para os trabalhos de pesquisa.
“Se buscas resultados diferentes, não faça sempre o mesmo”
(Albert Einstein).
RESUMO
O transporte ferroviário no Brasil vem obtendo um crescimento constante em termos
de sua produção nos últimos anos, principalmente após o início das concessões das
malhas para a iniciativa privada. No entanto, ao se comparar a participação do
modal ferroviário brasileiro, perante outros países, dentro da matriz de transporte, o
Brasil ainda possui uma baixa participação neste tipo de modal. O aumento desta
participação, por meio da continuidade do crescimento, será relevante para o
desenvolvimento do país, devido à necessidade de uma maior competitividade
externa dos nossos produtos, que pode ser alcançada pela redução de seus custos
logísticos globais. Com isso, os operadores de transporte ferroviário poderão
necessitar efetuar mudanças nas formas de gerir o desempenho de suas operações,
buscando-se atingir os objetivos estratégicos de médio e longo prazo e também
promover a melhoria contínua de seus resultados, tendo em vista outras
perspectivas, além da financeira, tradicional medida de desempenho no ambiente
organizacional. Diante deste cenário, este trabalho tem por objetivo propor um
modelo de sistema de medição de desempenho para aplicação nos operadores de
transporte ferroviário, o qual foi construído por meio de um estudo de caso realizado
em uma empresa deste setor, visando estabelecer uma estrutura típica de análise, e
também, pelo alinhamento de seus objetivos estratégicos comuns. Assim, buscou-se
o Balanced Scorecard - BSC como uma opção de modelo de sistema de medição de
desempenho a ser utilizado por essas organizações, devido a sua função estratégica
e de instrumento de melhoria, possuindo quatro perspectivas de medição do
desempenho (financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento),
além de possuir uma relação de causa-e-efeito entre elas, conforme a orientação de
um mapa estratégico.
Palavras-chave: Medição do Desempenho, Transporte Ferroviário, Balanced
Scorecard e Estratégia.
ABSTRACT
The Brazilian railroad transport has been achieving a continuous growth, in terms of
its production in the last years, mainly after the beginning of the network concessions
to private initiative. However, when comparing the participation of the Brazilian
railroad modal, towards other countries, in the transports matrix, Brazil still has a low
level of participation in this kind of modal. The increase this participation, through of
the continued growth will be relevant for the development of the country, due to the
necessity of a bigger external competitiveness of our products, which can be
achieved by the reduction of its overall logistics costs. Thus, the railroad transport
operators may need to make changes in the ways of managing the performance of its
operations, searching up achieving the strategical objectives of medium and long
term and also to promote the continuous improvement of its outcomes in view other
perspectives, beyond financial, traditional measure of performance in the
organizational environment. From this scenery, this work has for objective to propose
a model of the system of performance measurement for application in the railroad
transport operators, which was built through of a case study made in a company of
this sector, seeking to establish a typical structure of analysis, and also, by alignment
of its common strategical objectives. Thus, searched up the Balanced Scorecard -
BSC like option of performance measurement system to be used by these
organizations, due to its strategical function and also of improvement instrument,
having four perspectives of performance measurement (financial, customer , internal
processes and learning and growth), besides having a relation of cause and effect
between them, as the guidance of a strategical map.
Key-words: Performance Measurement, Railroad Transportation, Balanced
Scorecard and Strategy.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Componentes do sistema de produção/operações.................................. 26
Figura 2 - O processo de transformação.................................................................. 27
Figura 3 - Quadro Geral de referência para a Gestão Estratégica da Produção e
Operações........................................................................................................ 29
Figura 4 - Relação entre decisões estratégicas e decisões táticas.......................... 30
Figura 5 - As cinco forças competitivas de Porter.................................................... 33
Figura 6 - Hierarquia de estratégias......................................................................... 34
Figura 7 - Escolha de um caminho de ação pela empresa...................................... 36
Figura 8 - Cinco componentes chaves de uma estratégia....................................... 43
Figura 9 - Antigas medidas de desempenho............................................................ 44
Figura 10 - Novas medidas de desempenho............................................................ 45
Figura 11 - Os três níveis de controle....................................................................... 47
Figura 12 - Ilustração da diferença entre eficiência e eficácia.................................. 51
Figura 13 - Uma estrutura para o projeto de sistema de medição de
desempenho..................................................................................................... 53
Figura 14 - O processo de gestão do desempenho e a posição do sistema de
medição de desempenho................................................................................. 55
Figura 15 - Principais papéis e desdobramento no gerenciamento pelas
diretrizes.......................................................................................................... 59
Figura 16 - Mecanismo de desdobramento de diretrizes......................................... 61
Figura 17 - O Balanced Scorecard como uma estrutura para transmitir uma
estratégia em termos operacionais.................................................................. 65
Figura 18 - Os princípios da organização focada na estratégia............................... 68
Figura 19 - Objetivos econômicos de longo prazo e desempenho econômico........ 73
Figura 20 - Oferta de valor ao cliente....................................................................... 74
Figura 21 - A perspectiva de processos de negócios internos – O modelo de
cadeia de valor genérica.................................................................................. 75
Figura 22 - Estrutura de medição do aprendizado e crescimento........................... 77
Figura 23 - MEG (Modelo de Excelência da Gestão)............................................... 84
Figura 24 - Diagrama de gestão.............................................................................. 86
Figura 25 - Modelo de gerenciamento do desempenho........................................... 89
Figura 26 - Visão geral do modelo Sink e Tutle....................................................... 90
Figura 27 - Família de medidas de desempenho Quantum..................................... 91
Figura 28 - O modelo Quantum................................................................................ 93
Figura 29 - Apresentação geral do modelo Performance Prism................................95
Figura 30 - O Performance Prism em ação.............................................................. 96
Figura 31 - As cinco faces do modelo Performance Prism...................................... 97
Figura 32 - Uso de tração animal no transporte por meio de trilhos........................ 99
Figura 33 - The Blücher Locomotive...................................................................... 100
Figura 34 - Comboio na primeira ferrovia do mundo............................................. 100
Figura 35 - Locomotiva Baroneza.......................................................................... 102
Figura 36 - Evolução da malha ferroviária.............................................................. 106
Figura 37 - Sistema ferroviário brasileiro................................................................ 110
Figura 38 - Eficiência dos modais de transporte.................................................... 111
Figura 39 - Emissão de poluentes por modal de transporte.................................. 112
Figura 40 - Participação do controle acionário – MRS Logística S.A.................... 117
Figura 41 - Matriz de transporte internacional........................................................ 123
Figura 42 - Densidade de malha – comparativo internacional............................... 124
Figura 43 - Matriz de transporte de carga: comparativo com países desenvolvidos e
em desenvolvimento............................................................................. 125
Figura 44 - Crescimento da produção do transporte ferroviário............................. 126
Figura 45 - Investimentos dos operadores ferroviários.......................................... 126
Figura 46 - Evolução da frota de material rodante................................................. 127
Figura 47 - Receita bruta adquirida pelos operadores ferroviários........................ 128
Figura 48 - Velocidades dias comerciais........................................................... 129
Figura 49 - Método hipotético-dedutivo.................................................................. 138
Figura 50 - Abordagem do escopo de pesquisa segundo Bryman e Bell (2007)... 141
Figura 51 - Contrastes entre pesquisa qualitativa e quantitativa............................ 145
Figura 52 - Principais etapas de uma pesquisa qualitativa.................................... 146
Figura 53 - Etapas de condução da pesquisa para geração do modelo BSC
para os operadores de transporte ferroviário................................................. 153
Figura 54 - O processo de transformação num operador de transporte ferroviário de
cargas............................................................................................................. 155
Figura 55 - As operações de um operador de transporte ferroviário de cargas..... 157
Figura 56 - O ambiente do operador de transporte ferroviário............................... 158
Figura 57 - Apresentação do modelo do BSC para o operador de transporte
ferroviário....................................................................................................... 166
Figura 58 - Mapa estratégico do BSC para o operador de transporte ferroviário de
cargas e sua relação com os stakeholders.................................................... 167
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Estratégias genéricas de Porter............................................................. 33
Quadro 2 - Relação entre os critérios de excelência e os fatores de
avaliação.......................................................................................................... 87
Quadro 3 - Matriz Quantum...................................................................................... 92
Quadro 4 - Concessões das malhas da RFFSA.................................................... 104
Quadro 5 - Indicadores da perspectiva de aprendizado e crescimento................. 168
Quadro 6 - Indicadores da perspectiva de processos operacionais....................... 169
Quadro 7 - Continuação dos indicadores da perspectiva de processos
operacionais................................................................................................... 170
Quadro 8 - Continuação dos indicadores da perspectiva de processos
operacionais................................................................................................... 171
Quadro 9 - Indicadores da perspectiva de processos comerciais.......................... 172
Quadro 10 - Indicadores da perspectiva de processos de suprimentos................ 173
Quadro 11 - Indicadores da perspectiva de processos de tecnologia da
informação..................................................................................................... 174
Quadro 12 - Indicadores da perspectiva de processos administrativos................. 175
Quadro 13 - Continuação dos indicadores da perspectiva de processos
administrativos............................................................................................... 176
Quadro 14 - Indicadores da perspectiva de processos de gestão ambiental,
social e com órgãos regulamentadores e governo........................................ 177
Quadro 15 - Indicadores da perspectiva dos clientes............................................ 178
Quadro 16 - Indicadores da perspectiva financeira................................................ 179
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estrutura do grupo de controle da ALL................................................. 115
Tabela 2 - Distribuição dos investimentos nas ferrovias........................................ 127
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ARR – Association of American Railroads
ALL – América Latina Logística S.A.
ANTF – Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários
ANTT – Agência Nacional dos Transportes Terrestres
ANUT – Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Cargas
BSC – Balanced Scorecard
CEL – Centro de Estudos em Logística
CEO – Chief Executive Officer
CFN – Companhia Ferroviária do Nordeste S.A.
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce S.A.
DNEF – Departamento Nacional de Estradas de Ferro
DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT – Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social
EBTIDA – Earnings before taxes, interests, depreciation and Amortization
EFC – Estrada de Ferro Carajás
EFVM – Estrada de Ferro Vitória Minas
EVA – Economic Value Added
FEPASA – Ferrovia Paulista S.A.
FERROBAN – Ferrovias Bandeirantes S.A.
FERRONORTE – Ferrovias Norte Brasil S.A.
FERROPAR – Ferrovia Paraná S.A.
FNQ – Fundação Nacional da Qualidade
FTC – Ferrovia Tereza Cristina S.A.
GE – General Eletric
HBR – Harvard Business Review
ICOMI – Indústria e Comércio de Minério S.A.
IFE – Inspetoria Federal de Estradas
Km - Quilômetro
LOLAI – Lucro operacional líquido antes dos impostos
MEG – Modelo de Excelência em Gestão
MRS – MRS Logística S.A.
OTM – Operador de Transporte Multimodal
PIB – Produto Interno Bruto
PND – Plano Nacional de Desestatização
PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes
PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade
RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A.
ROI – Return on Investiment
Tu – Tonelada útil
Tku –Tonelada útil x Quilômetro
TSR – Total Shareholder Return
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 18
1.1 HIPÓTESES....................................................................................................... 20
1.1.1 Hipótese Primária............................................................................................ 20
1.1.2 Hipótese Secundária....................................................................................... 21
1.2 OBJETIVOS....................................................................................................... 21
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 22
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................... 22
2. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 25
2.1 A GESTÃO DE OPERAÇÕES........................................................................... 25
2.2 A ESTRATÉGIA................................................................................................. 31
2.3 A ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES................................................................... 38
2.4 A MEDIÇÃO DO DESEMPENHO...................................................................... 44
2.4.1 A Medição do Desempenho no Contexto Gestão de Operações.................... 48
2.4.2 A Gestão do Desempenho e o Sistema de Medição de Desempenho........... 53
2.5 MODELOS DE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO.......................... 57
2.5.1 O Modelo baseado no Total Quality Management (TQM)............................... 58
2.5.2 O Modelo Balanced Scorecard........................................................................ 62
2.5.2.1 O Conceito do Balanced Scorecard............................................................. 64
2.5.2.2 O Balanced Scorecard como um Sistema de Gerenciamento Estratégico.. 67
2.5.2.3 As Perspectivas do Balanced Scorecard.......................................................70
2.5.2.4 Outras Considerações do Balanced Scorecard........................................... 77
2.5.3 O Modelo Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ)............................................ 82
2.5.4 O Modelo de Sink e Tutle................................................................................ 88
2.5.5 O Modelo Quantum......................................................................................... 90
2.5.6 O Modelo Performance Prism......................................................................... 94
3. O TRANSPORTE FERROVIÁRIO....................................................................... 99
3.1 HISTÓRICO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO MUNDO........................ 99
3.2 HISTÓRICO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO BRASIL....................... 101
3.2.1 O Processo de Privatização das Ferrovias.................................................... 107
3.3 O CENÁRIO ATUAL DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO BRASIL......... 109
3.3.1 Os Operadores de Transporte Ferroviário no Brasil..................................... 112
3.3.1.1 Ferrovia Paraná S.A................................................................................... 114
3.3.1.2 América Latina Logística S.A. (ALL Malha Sul, Ferronorte, Ferroban e
Novoeste)............................................................................................................... 114
3.3.1.3 MRS Logística S.A..................................................................................... 117
3.3.1.4 Companhia Ferroviária do Nordeste S.A. (CFN)........................................ 118
3.3.1.5 Ferrovia Tereza Cristina S.A (FTC)............................................................ 119
3.3.1.6 Estrada de Ferro Carajás (EFC) - CVRD................................................... 120
3.3.1.7 Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) - CVRD........................................ 121
3.3.1.8 Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) - CVRD.................................................... 122
3.3.2 O Transporte Ferroviário no Brasil e sua Representatividade perante o
Cenário Internacional..................................................................................... 123
3.3.3 A Estratégia do Setor para os Próximos Dez Anos (2006 – 2016)............... 130
4. O MODELO DE SISTEMA DE MEDIÇÃO DO DESEMPENHO PARA AS
ORGANIZAÇÕES DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO........................................ 135
4.1 METODOLOGIA CIENTÍFICA......................................................................... 135
4.1.1 Pesquisa: Tipologia, Propósito e Método...................................................... 138
4.1.2 Caracterização da Metodologia Utilizada...................................................... 149
4.2 PESQUISA DE CAMPO................................................................................... 152
4.2.1 A Estrutura Típica do Operador de Transporte Ferroviário no Contexto da
Gestão de Operações.................................................................................... 154
4.2.2 Pesquisa sobre os Modelos Atuais de Sistema de Medição de Desempenho
Utilizados nos Operadores de Transporte Ferroviário................................... 158
4.2.3 Pesquisa Sobre a Missão e Visão nos Operadores de Transporte
Ferroviário.............................................................................................................. 162
4.3 PROPOSTA DE UM MODELO DE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO
BASEADO NO BALANCED SCORECARD................................................ 165
4.3.1 Apresentação do Modelo BSC para o Operador de Transporte
Ferroviário...................................................................................................... 165
4.3.2 Apresentação do Modelo para a Perspectiva de Aprendizado e
Crescimento................................................................................................... 168
4.3.3 Apresentação do Modelo para a Perspectiva de Processos Internos........... 169
4.3.4 Apresentação do Modelo para a Perspectiva dos Clientes........................... 177
4.3.5 Apresentação do Modelo para a Perspectiva Financeira.............................. 178
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................ 180
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 184
APÊNDICE A......................................................................................................... 194
APÊNDICE B......................................................................................................... 196
18
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do setor de transporte ferroviário, após o processo de
privatização ocorrido no período entre os anos de 1995 e 1999, vem passando por
um crescimento significativo, demandando conhecimento e pesquisa de diversos
ramos da ciência, não se excluindo a área de gestão de operações, sendo isto um
fator colaborativo importante para a sustentabilidade da ascendência da produção
deste setor.
Visando manter a sustentabilidade deste crescimento, as exigências por parte
dos acionistas, clientes, órgãos reguladores e governo, em termos de desempenho
financeiro e desempenho operacional, têm se comportado de uma forma crescente
no cenário atual, além da busca permanente dos interesses dos demais
stakeholders envolvidos com as organizações de transporte ferroviário, como
empregados, fornecedores e sociedade.
A importância do desempenho dos operadores de transporte ferroviário, além
de estar relacionada às exigências dos interessados envolvidos neste ambiente
organizacional, também está ligada ao desenvolvimento da economia do país, diante
do cenário de gargalos logísticos e pelo desbalanceamento existente na matriz de
transportes, o que promove custos logísticos elevados na cadeia de valor dos
produtos, diminuindo-se, assim, a competitividade externa e aumentando os custos
internos do país.
Desta forma a melhoria na eficiência e eficácia das ações dos operadores de
transporte ferroviário é um fator colaborativo para promover o crescimento da
participação do modal ferroviário dentro da matriz de transportes nacional, pelo
aumento do volume de transporte de produtos movimentados pelas ferrovias, e
fazendo também, com que produtos que exijam um melhor nível de serviço, os quais
são transportados por modal rodoviário, possam ser transportados por meio do
modal ferroviário.
19
Para que as ferrovias possam sustentar suas estratégias de crescimento é
necessário que seus objetivos financeiros sejam atingidos e as exigências dos
interessados na organização (stakeholders), como clientes, empregados, governo,
sociedade, fornecedores, órgãos reguladores e investidores sejam satisfeitas. Diante
disto, modelos de sistemas de medição de desempenho eficazes, os quais possam
medir a eficiência e eficácia das ações estratégicas que orientam as atividades de
toda a organização, podem ser elementos importantes no processo de gestão da
sustentabilidade deste crescimento.
Num sistema de produção de bens e serviços, o sistema de medição do
desempenho é um instrumento para o auxílio na tomada de decisões e no
estabelecimento de novas ações, servindo também, para auxiliar no controle e
melhoria da implementação estratégica. Mas este instrumento não pode atuar de
forma unilateral, ou seja, verificando-se apenas resultados financeiros, ou somente
resultados operacionais, sem nenhuma vinculação de causa-e-efeito. Atualmente,
existem sistemas de medição de desempenho que propõem uma harmonização e
integração entre várias perspectivas organizacionais, em que umas com as outras
possuem uma relação de causa-e-efeito na busca pelos resultados de uma
organização.
Com isso, torna-se pertinente a proposta de modelos aplicáveis aos
operadores de transporte ferroviário, os quais possam conter perspectivas
suficientes para a medição de todo o desempenho, como também, uma vinculação
com as políticas estratégicas, diante do ambiente que circunda as organizações
deste setor.
O tema, “sistemas de medição de desempenho para o setor de transporte
ferroviário”, a ser desenvolvido neste trabalho, originou-se sob a identificação de
uma concentração de um tipo de modelo de sistema de medição de desempenho,
utilizado pelos operadores de transporte ferroviário no Brasil, conforme pesquisa
realizada junto a essas organizações, além do fato de também existirem poucas
referências que abordam o tema em questão.
20
No presente trabalho, a delimitação a respeito de modelos de sistemas de
medição de desempenho será dada ao modelo Balanced Scorecard como opção de
aplicabilidade aos operadores de transporte ferroviário.
Neste contexto, a questão de pesquisa a ser tratada nesta dissertação é:
Devido à concentração de um modelo de sistema de medição de
desempenho, presente nos operadores de transporte ferroviário, os quais
necessitam sustentar e alavancar o crescimento de sua produção, o Balanced
Scorecard pode ser um modelo opcional aplicável a estas organizações, diante
da necessidade de possíveis mudanças atuais e futuras na forma de gerir seus
desempenhos?”
Portanto, este trabalho terá como foco a abordagem nos temas sobre medição
do desempenho e transporte ferroviário, trazendo também, em menor escopo, os
temas sobre gestão de operações e estratégia, por serem pertinentes ao assunto
estudado, propondo-se, ao final, um modelo de sistema de medição de desempenho
baseado no Balanced Scorecard, aplicável a uma organização típica de transporte
ferroviário.
1.1 HIPÓTESES
1.1.1 Hipótese Primária
Diante do crescimento do transporte ferroviário, da necessidade da
continuidade deste crescimento e da concentração de um modelo de sistema de
medição de desempenho, verificado por meio de pesquisa, atualmente utilizado
pelas empresas deste setor, o Balanced Scorecard apresenta-se como uma opção
de modelo de sistema de medição de desempenho aplicável para atender a
21
possíveis necessidades de mudança por parte das companhias de transporte
ferroviário na forma de gerenciar seus desempenhos.
1.1.2 Hipótese Secundária
O modelo Balanced Scorecard apresenta-se como um modelo eficaz no
processo de medição do desempenho dessas empresas, capaz de alcançar os
objetivos estratégicos e satisfazer todos os interessados envolvidos no ambiente
destas organizações.
1.2 OBJETIVOS
Como objetivo geral, este trabalho consiste em propor um modelo aplicável de
sistema de medição de desempenho, possuindo perspectivas suficientes para a
medição do desempenho de um operador de transporte ferroviário, adequado ao
ambiente no qual essas organizações estão presentes e contendo um vínculo
estratégico e uma relação de causa-e-efeito entre as métricas que o compõe, sendo
capaz de auxiliar no alcance dos objetivos de médio e longo prazo dessas
organizações.
Como objetivos específicos, este trabalho tem o propósito de:
a) Apresentar um modelo baseado no Balanced Scorecard aos
operadores de transporte ferroviário, abordando suas quatro perspectivas
(aprendizado e crescimento, processos internos, clientes e financeira), visando
proporcionar um instrumento opcional de medição do desempenho para essas
organizações; e
22
b) Proporcionar ao meio acadêmico e profissional uma abordagem
relacionada à sistemas de medição de desempenho no transporte ferroviário,
podendo-se servir de apoio para estudos decorrentes do tema em questão.
1.3 JUSTIFICATIVA
A justificativa da elaboração deste trabalho, que visa propor um modelo de
sistema de medição de desempenho baseado no Balanced Scorecard para os
operadores de transporte ferroviário, baseia-se nas seguintes premissas:
a) O Balanced Scorecard é um modelo amplamente difundido em
diversas organizações, embora existam críticas a respeito de sua eficácia e
uso;
b) É um modelo que aborda quatro perspectivas (finanças, clientes,
processos internos e aprendizado e crescimento), possuindo uma relação de
causa-e-efeito entre elas, além de conter uma estrutura vinculada ao escopo
estratégico das organizações; e
c) O modelo pode contribuir para o setor, na busca, por parte dos
operadores de transporte ferroviário, de instrumentos para melhoria do
desempenho de suas operações, num ambiente de crescimento e necessidade
de alavancagem deste, ocorrido principalmente após o processo de
privatização, ocasião na qual se iniciou a busca por excelência nos processos e
gestão do setor.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Após a realização das contextualizações sobre o tema do trabalho, por meio da
introdução, contendo as hipóteses, objetivos e justificativa, no Capítulo 2, é realizado
23
uma revisão de literatura abrangendo os assuntos sobre gestão de operações,
estratégia, estratégia de operações e sistemas de medição de desempenho.
Dentro do assunto sobre gestão de operações, aborda-se seu histórico e
evolução, os principais conceitos de gestão de operações e os tipos de decisões
envolvidas neste ambiente de gestão.
No tema estratégia, descreve-se as origens dos conceitos de estratégia, o
conceito de estratégia empresarial, a questão do ambiente perante o enfoque
estratégico, os conceitos de missão e visão, a formulação de uma estratégia
empresarial e a estratégia de operações.
No que diz respeito à medição do desempenho, é abordado os conceitos
relacionados ao tema, os conceitos e os tipos de sistemas de medição de
desempenho, sendo eles o modelo do Total Quality Management (TQM), o modelo
Balanced Scorecard (BSC), o modelo do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ),
modelo de Sink e Tutle, o modelo Quantum e o modelo Performance Prism.
No Capítulo 3, é feita uma tratativa sobre transporte ferroviário, apresentando
seu histórico no mundo e no Brasil, um panorama atual do setor no país e a sua
representatividade no cenário nacional e internacional. É apresentada também a
estratégia do setor para os próximos dez anos, conforme a Associação Nacional dos
Transportadores Ferroviários (ANTF).
Assim, no Capítulo 4, é apresentada uma proposta de modelo de sistema de
medição do desempenho para os operadores de transporte ferroviário. Neste
capítulo, faz-se uma introdução abordando a questão da metodologia científica e a
caracterização da metodologia utilizada no trabalho. Em seguida, descreve-se a
pesquisa de campo realizada para a elaboração do trabalho, a qual envolveu um
estudo de caso em um operador de transporte ferroviário, visando conhecer a
estrutura típica dessas organizações, uma pesquisa sobre os modelos atuais de
sistema de medição de desempenho utilizados pelas organizações do setor e uma
pesquisa sobre a missão e visão dessas organizações para se conhecer seus
24
escopos estratégicos. Com isso, propõe-se um modelo para aplicação nos
operadores de transporte ferroviário baseado no Balanced Scorecard, elaborado a
partir de um mapa estratégico condizente com este tipo organizacional.
Por fim, no Capítulo 5, são feitas algumas conclusões a respeito do trabalho, bem
como, recomendações futuras sobre o modelo proposto e em relação ao contexto
geral do assunto abordado.
25
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A GESTÃO DE OPERAÇOES
Ao se tratar sobre o tema medição do desempenho é necessário conhecermos
os conceitos consolidados da gestão de operações. Suas abordagens foram
evoluindo ao longo dos anos, chegando-se a uma visão ampla e de rede no
gerenciamento dos negócios relacionados à manufatura e serviços. As exigências
por melhorias de desempenho, conseqüentemente têm sofrido a mesma evolução,
prevalecendo uma visão atual da melhoria do desempenho de toda a rede de
operações, e não somente, de operações isoladas dentro de um sistema de
produção.
Dentro de uma organização de bens e serviços, a gestão de operações é uma
área que contribui para a condição de crescimento e sustentabilidade da atividade
organizacional. São as operações que fazem acontecer os propósitos da
organização, sendo ela, o centro convergente de todas as outras áreas dentro de um
ambiente empresarial, devendo ser tratada, portanto, com uma visão sistêmica.
Evans (1997) propõe o conceito da gestão de operações com abordagem no
processo. Segundo esse autor, processo é uma seqüência de atividades que é
destinado para produzir um certo resultado para o cliente, como um produto físico,
um serviço ou informação. O autor propõe uma abordagem para a gestão de
operações, a qual sugere as seguintes atividades:
- Entender as necessidades dos clientes, medindo sua satisfação e
usando essa informação para desenvolver novos e melhores produtos e
serviços;
- Explorar tecnologias para responder rapidamente e com flexibilidade aos
requisitos dos clientes e para melhorar a produtividade;
26
- Melhorar continuamente produtos, processos e sistemas para reduzir
erros, defeitos e desperdícios, receptividade e o desempenho dos negócios;
- Usar as informações de clientes, desempenho de produtos e serviços,
operações, fornecedores, empregados e financeiras para apoiar a tomada de
decisões;
- Desenvolver as habilidades dos empregados e motivá-los por meio da
educação, treinamentos, premiação, reconhecimento, trabalho em equipe, e
outras práticas de recursos humanos; e
- Mostrar os grandes sucessos pelo salto hierárquico, organizacional e
funcional. Aprender continuamente dos parceiros, competidores e clientes.
Adaptar as pessoas para as mudanças dentro da organização.
A Figura 1 apresenta todos os componentes de um sistema de operações,
conforme a abordagem no processo.
Fonte: Evans, 1997, p.11
Figura 1 – Componentes do sistema de produção/operações
Slack et al. (1999) entendem que qualquer operação produz bens e serviços,
ou um misto dos dois, e faz isso por um processo de transformação. Por
transformação os autores referem-se ao uso dos recursos para mudar o estado ou
condição de algo para produzir bens e serviços. A Figura 2 apresenta o modelo do
processo de transformação proposto por esses autores.
Entradas
Materiais
Capital
Equipamentos
Pessoas
Informações
Energia
Processos
Operações de
Manufatura
Operações de
Serviços
Saídas
Produtos
e
Serviços
Fornecedores
Clientes
Gerentes
Feedback
Feedback
F
e
e
d
b
a
c
k
F
e
e
d
b
a
c
k
Feedback
Decies
Entradas
Materiais
Capital
Equipamentos
Pessoas
Informações
Energia
Processos
Operações de
Manufatura
Operações de
Serviços
Saídas
Produtos
e
Serviços
Fornecedores
Clientes
Gerentes
Feedback
Feedback
F
e
e
d
b
a
c
k
F
e
e
d
b
a
c
k
Feedback
Decies
27
Fonte: Slack et al, 1999, p.32
Figura 2 - O processo de transformação
Segundo Johnston e Clark (2002), a gestão de operações envolve a gestão
dos processos, as pessoas e os recursos para fornecer bens e serviços exigidos em
um nível especificado de qualidade, de maneira mais eficiente em custo. A gestão de
operações é crítica porque é responsável pela implementação bem-sucedida da
estratégia corporativa, seja ela implícita ou explícita. Segundo esses mesmos
autores existem três tarefas para a atuação do gestor de operações:
- Desenvolver uma estratégia de operações para o futuro, assegurando
que a organização tenha o composto apropriado dos processos, sistemas de
controle e habilidades das pessoas para competir e /ou seguir rumo ao futuro;
- Encontrar meios para melhorar continuamente os processos e motivar
as pessoas para executar as operações mais eficazmente, aumentando, assim,
a qualidade do serviço e/ ou a produtividade; e
- Gerenciar as operações diárias de modo a atingir os alvos de
desempenho exigidos, balanceando a entrega e a qualidade do serviço e a
produtividade dos recursos.
Ritzman e Krajewski (2004) entendem que a gestão de operações refere-se ao
controle dos processos que transformam insumos em produtos e serviços.
Interpretada de maneira ampla, a administração de operações está na base de todas
Recursos
Transformados
Input
Materiais
Informações
Consumidores
Entradas
Recursos de
Transformação
Input
Instalações
Pessoal
PROCESSO
DE
TRANSFORMAÇÃO
Ambiente
Ambiente
Saídas
Bens
e
Serviços
Recursos
Transformados
Input
Materiais
Informações
Consumidores
Entradas
Recursos de
Transformação
Input
Instalações
Pessoal
PROCESSO
DE
TRANSFORMAÇÃO
Ambiente
Ambiente
Saídas
Bens
e
Serviços
28
as áreas funcionais, porque os processos encontram-se em todas as atividades
organizacionais.
Segundo esses mesmos autores, um processo é qualquer atividade ou
conjunto de atividades que parte de um ou mais insumos, transforma-os e lhes
agrega valor, criando um ou mais produtos (ou serviços) para os clientes internos e
externos.
Para Chase, Jacobs e Aquiliano (2004), a gestão de operações é definida
como o projeto, operação e melhoria dos sistemas que produzem e fornecem
produtos e serviços das empresas. Esses autores ainda afirmam a importância de se
diferenciar pesquisa em operações e ciência do gerenciamento de operações, bem
como, engenharia industrial. Essas se referem à aplicação de métodos quantitativos
que vão auxiliar na gestão de operações.
Segundo Corrêa e Corrêa (2005), a gestão de operações ocupa-se da
atividade de gerenciamento estratégico dos recursos escassos (humanos,
tecnológicos, informacionais e outros), de sua interação e dos processos que
produzem e entregam bens e serviços, visando atender a necessidades e/ ou
desejos de qualidade, tempo e custo de seus clientes. Além disso, deve também
compatibilizar este objetivo com as necessidades de eficiência no uso dos recursos
que os objetivos estratégicos da organização requerem. Esses mesmos autores
ainda propõem tratar a gestão de operações sob os seguintes aspectos:
- Abordar não a estratégia de operações de forma isolada do tratamento
da gestão de operações, mas a “gestão estratégica de operações”, ou seja,
qualquer que seja a decisão de operações, de curto, médio ou longo prazo, que
envolva muitos ou poucos recursos, que seja difícil ou menos difícil de reverter,
uma visão dos impactos estratégicos necessitará sempre estar presente com o
decisor;
- Tratar da gestão de operações (processos e recursos) que gerem um
“pacote de valor” para o cliente. Esse pacote de valor em geral conterá
29
elementos que, segundo a literatura tradicional, seriam bens físicos e
elementos que seriam serviços; e
- Tratar a gestão de operações reconhecendo que ela pertence a uma
rede de operações que deve interagir para que o grande sistema que atende
ao cliente usuário final do pacote de valor” gerado seja bem atendido, pois é
ele quem, mais do que nunca, detém o poder de favorecer com sua preferência
a rede de operações mais competente.
A Figura 3 apresenta um quadro de referência completo para a “gestão
estratégica de operações”.
Fonte: Corrêa e Corrêa, 2005, p.19
Figura 3 – Quadro geral de referência para a Gestão Estratégica de Produção e Operações.
Segundo Reid e Sanders (2005), a gestão de operações é a função
empresarial que planeja, coordena e controla os recursos necessários para se
produzirem os produtos e serviços de uma empresa. A gestão de operações é uma
função de gerenciamento. Ela implica o gerenciamento de pessoas, equipamentos,
tecnologia, informações e muitos outros recursos.
Retrões e
Oportunidades
AMBIENTE
GESTÃO ESTRATÉGICA
DE OPERÕES
Recursos e Competências
Estratégia de Operações
Redes de Operações
Pacotes de Valor
Medidas de Desempenho
Qualidade Total
Ética, sustentabilidade e segurança
Produtos e processos
Instalações
Planejamento e Controle de Operações
Controle estatístico do processo e
confiabilidade
NEGÓCIO
Estratégia
O QUE É
PRIORIZADO
PELOS
Mercados Visados
DESEMPENHO
OPERACIONAL
DOS
Concorrentes
Benchmarking
DESEMPENHO
OPERACIONAL
Qualidade
Custos
Flexibilidade
Velocidade
Confiabilidade
Visão
Negócio
Visão
Ambiente
Visão
Aprendizado
Visão
Mercado
RESULTADOS
Retrões e
Oportunidades
AMBIENTE
GESTÃO ESTRATÉGICA
DE OPERÕES
Recursos e Competências
Estratégia de Operações
Redes de Operações
Pacotes de Valor
Medidas de Desempenho
Qualidade Total
Ética, sustentabilidade e segurança
Produtos e processos
Instalações
Planejamento e Controle de Operações
Controle estatístico do processo e
confiabilidade
NEGÓCIO
Estratégia
O QUE É
PRIORIZADO
PELOS
Mercados Visados
DESEMPENHO
OPERACIONAL
DOS
Concorrentes
Benchmarking
DESEMPENHO
OPERACIONAL
Qualidade
Custos
Flexibilidade
Velocidade
Confiabilidade
Visão
Negócio
Visão
Ambiente
Visão
Aprendizado
Visão
Mercado
RESULTADOS
30
Dentro de uma organização, no que diz respeito às decisões em gestão de
operações, algumas são de natureza estratégica; outras são táticas. Os planos
estratégicos são desenvolvidos com uma visão de longo prazo, diferentemente dos
planos táticos. Portanto, as decisões estratégicas são menos detalhadas e possuem
conseqüências de longo prazo, ao passo que as decisões táticas o mais
detalhadas, obedecem à rotina, têm caráter receptivo e trazem conseqüências a
curto prazo (RITZMAN;KRAJEWSKI, 2004).
Chase, Jacobs e Aquiliano (2004) propõem três tipos de decisões em
operações sendo elas estratégicas, táticas e operacionais, referindo-se a uma
diferenciação temporal, de longo, médio e curto prazo.
Segundo Reid e Sanders (2005), as decisões estratégicas são abrangentes em
escopo e dão o tom para outras decisões mais específicas. as decisões táticas
focalizam assuntos voltados para o dia-a-dia, como as quantidades e periodicidades
de determinados recursos. A Figura 4 mostra a relação entre as decisões
estratégicas e táticas.
Fonte: Reid e Sanders, 2005, p.6
Figura 4 – Relação entre decisões estratégicas e decisões táticas
DECISÕES ESTRATÉGICAS
Abrangentes em escopo
De longo prazo por natureza
Abrangem tudo
Exemplo: Quais são as características exclusivas
do nosso produtos que nos tornam competitivos?
DECISÕES TÁTICAS
Tem escopo estreito
De curto prazo por natureza
Concernentes a um pequeno grupo de decisões
Exemplo: Quem trabalhará no segundo turno
amanhã?
DECISÕES ESTRATÉGICAS
Abrangentes em escopo
De longo prazo por natureza
Abrangem tudo
Exemplo: Quais são as características exclusivas
do nosso produtos que nos tornam competitivos?
DECISÕES TÁTICAS
Tem escopo estreito
De curto prazo por natureza
Concernentes a um pequeno grupo de decisões
Exemplo: Quem trabalhará no segundo turno
amanhã?
31
A gestão de operações, portanto, é o planejamento e controle contínuo dos
processos, bem como, de pessoas e recursos, envolvendo decisões do nível
estratégico ao operacional, visando atender às necessidades dos clientes e demais
stakeholders com a constante agregação de valor e devendo estar alinhada com os
objetivos estratégicos da organização.
2.2 A ESTRATÉGIA
A abordagem do assunto torna-se pertinente tendo em vista que a medição do
desempenho está correlacionada aos objetivos de desempenho, os quais devem
estar ligados à estratégia de negócios e conseqüentemente à estratégia de
operações da empresa.
Antes de iniciar a conceituação da estratégia no âmbito empresarial, é
importante destacarmos os conceitos da estratégia na abordagem militar, na qual o
tema tem sua origem.
Segundo Steiner (1969), na época de Napoleão Bonaparte, a palavra
estratégia estendeu-se aos movimentos políticos e econômicos visando a melhores
mudanças para a vitória militar.
Para Campos (1992), a estratégia é a arte gerencial de posicionar os meios
disponíveis de sua empresa, visando manter ou melhorar posições relativas e
potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas na guerra comercial.
De acordo com Ghemawat (2000, p.16) “a estratégia é um termo criado pelos
antigos gregos, para os quais significava um magistrado ou comandante-chefe
militar”. A origem da palavra estratégia vêm da palavra grega strategos que significa
“a arte do general”.
32
Bethlem (2004) afirma que a estratégia é a ciência dos movimentos guerreiros
fora do campo de visão do general; e a tática, a ciência dos movimentos guerreiros
dentro de referido campo.
Segundo Oliveira (2004), alguns autores mencionam que a estratégia cuida de
como dispor os exércitos; e a tática, de como lutar. Entretanto, deve-se considerar
que, no contexto empresarial e militar, as batalhas e os inimigos não são sempre,
claramente, identificáveis.
No âmbito empresarial, de acordo com Porter (1998), a estratégia corporativa é
o plano global de uma empresa, diversificada em unidades de negócio e com dois
níveis de estratégia: a estratégia de unidade de negócios ou estratégia competitiva
e a estratégia corporativa ou estratégia global do grupo empresarial. Segundo esse
autor é a estratégia competitiva que faz com que o conjunto represente mais do
que a soma das suas unidades de negócios.
Segundo Porter (1998), a estratégia competitiva é a procura por uma posição
competitiva favorável de um negócio dentro de um ambiente de competição. Para
esse autor, a estratégia competitiva almeja determinar uma posição de lucratividade
e sustentabilidade agindo contra as forças presentes no ambiente competitivo
No entendimento desse autor, cinco são as forças competitivas que
determinam a lucratividade de uma organização, por que, são elas que influenciam
os preços, custos e mostram os investimentos a serem realizados.
A Figura 5 apresenta o escopo das cinco forças competitivas que atuam sobre
o ambiente de competição.
33
Fonte: Adaptado de Porter (1998, p.5)
Figura 5 – As cinco forças competitivas
Segundo Porter (1998, p.12), “existem três tipos de estratégias genéricas para
conseguir vantagem competitiva, em relação aos concorrentes”, conforme ilustrado
pelo Quadro 1.
Fonte: Porter, 1998, p.12
Quadro 1 – Estratégias genéricas de Porter.
Para esse mesmo autor, a base fundamental para o desempenho superior é a
vantagem competitiva sustentável, a qual pode ser de dois tipos: custo baixo e
diferenciação.
Conforme Porter (1998), a vantagem competitiva resulta da habilidade da
empresa em conseguir trabalhar com as cinco forças competitivas melhor que seus
concorrentes.
Entrantes
Potenciais
Clientes
Substitutos
Fornecedores
Competidores
Rivalidade entre
as empresas
existentes
Ameaça dos
Produtos e serviços
substitutos
Poder de barganha
dos Clientes
Poder de barganha
dos Fornecedores
Ameaça de novos
Entrantes
Entrantes
Potenciais
Clientes
Substitutos
Fornecedores
Competidores
Rivalidade entre
as empresas
existentes
Ameaça dos
Produtos e serviços
substitutos
Poder de barganha
dos Clientes
Poder de barganha
dos Fornecedores
Ameaça de novos
Entrantes
Custo mais Baixo Diferenciação
Alvo Amplo
1. Lideraa em Custo 2. Diferenciação
A. No Custo B.Na Diferenciação
Alvo Estreito
Escopo
Competitivo
Vantagem Competitiva
34
De acordo com esse mesmo autor, cada estratégia genérica envolve um
caminho diferente para alcançar a vantagem competitiva, combinando a escolha
sobre o tipo de vantagem a ser alcançada com o escopo do alvo estratégico no qual
esta mesma vantagem atuará.
Porter (1998) afirma que o se pode querer oferecer todas as coisas para
todas as pessoas, sendo isso uma mediocridade estratégica. Isso significa dizer que
uma empresa não tem vantagem competitiva para tudo, mas necessita escolher um
caminho e um foco para exercer a sua atuação
Da mesma forma que Hayes e Wheelwright (1984), Slack et al. (1999)
entendem a estratégia dividida em três níveis hierárquicos conforme é demonstrado
na Figura 6.
Fonte: Adatptada de Hayes e Whellwright (1984, p.28)
Figura 6 – Hierarquia de estratégias
De acordo com Slack et al. (1999), se a organização é uma corporação de
porte e diversificada, sua estratégia a posicionará em seu ambiente global,
econômico, político e social e consistirá em decisões sobre quais tipos de negócio o
grupo quer conduzir, em quais partes do mundo deseja operar, quais negócios
adquirir e quais desfazer-se, como alocar seu dinheiro em vários negócios e assim
por diante. Cada unidade de negócio da corporação precisará elaborar sua própria
ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA
CORPORATIVA
CORPORATIVA
ESTRATÉGIAS
ESTRATÉGIAS
DE
DE
NEGÓCIOS
NEGÓCIOS
ESTRATÉGIAS
ESTRATÉGIAS
FUNCIONAIS
FUNCIONAIS
MARKETING
MARKETING
OPERAÇÕES
OPERAÇÕES
PESSOAS
PESSOAS
FINANÇAS
FINANÇAS
COMPRAS
COMPRAS
ESTRATÉGIA
ESTRATÉGIA
CORPORATIVA
CORPORATIVA
ESTRATÉGIAS
ESTRATÉGIAS
DE
DE
NEGÓCIOS
NEGÓCIOS
ESTRATÉGIAS
ESTRATÉGIAS
FUNCIONAIS
FUNCIONAIS
MARKETING
MARKETING
OPERAÇÕES
OPERAÇÕES
PESSOAS
PESSOAS
FINANÇAS
FINANÇAS
COMPRAS
COMPRAS
35
estratégia de negócios, que estabelece sua missão e objetivos individuais, bem
como definir como pretende competir em seus mercados. Analogamente, dentro do
negócio cada função precisará considerar qual seu papel em termos de contribuição
para os objetivos estratégicos e/ ou competitivos do negócio. Todos os setores,
produção, marketing, finanças, pesquisa e desenvolvimento e outros, precisarão
traduzir os objetivos do negócio em termos que têm sentido para eles e precisam
determinar a melhor forma de organizar seus recursos para apoiá-los. Em outras
palavras, cada função do negócio precisa de uma estratégia funcional que conduz
suas ações no âmbito do negócio.
Esses autores então concluem que estes três níveis de estratégia
corporativo, de negócio e funcional - formam uma hierarquia na qual a estratégia do
negócio é uma parte importante do ambiente no qual as estratégias funcionais
operam, e a estratégia corporativa é um elemento importante do ambiente no qual a
estratégia do negócio se encaixa.
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2001) entendem que a estratégia pode ser vista
sob cinco perspectivas, sendo elas:
a) estratégia como um plano: refere-se ao futuro, devido a um plano, um
caminho e uma direção;
b) estratégia como um padrão: algo realizado que está associado ao
passado;
c) estratégia como uma posição: refere-se à ocupação de um segmento
de mercado por um produto ou um serviço;
d) estratégia como uma perspectiva: ligada à forma de uma empresa
realizar sua gestão, está relacionada à visão da empresa, estando voltada para
seu interior e para a cabeça do estrategista; e
e) estratégia como um truque: visto como uma manobra para enganar um
oponente ou um concorrente.
36
Hayes et al. (2004) entendem que a estratégia é o estabelecimento de
objetivos, definição das direções e desenvolvimento e implementação de planos,
com a meta de alcance ascendente sobre os adversários.
Numa empresa, a estratégia está relacionada à arte de utilizar,
adequadamente, os recursos físicos, financeiros e humanos, tendo em vista a
minimização dos problemas e a maximização das oportunidades (OLIVEIRA, 2004).
Ao analisar a estratégia empresarial de uma organização deve-se perguntar
qual o destino a ser dado para a empresa e como estabelecer este destino. A
Figura 7 mostra a escolha de um caminho de ação pela empresa.
Fonte: Oliveira, 2004, p.191
Figura 7 – Escolha de um caminho de ação pela empresa
Verifica-se que, por meio de um caminho sinuoso, que pode ou não ser
planejado, a empresa chegou no presente à determinada situação, que deve ser
avaliada como base para traçar um caminho futuro. A avaliação deste processo é
feita pelo confronto entre os pontos fortes, fracos e neutros da empresa, de um lado,
e suas oportunidades e ameaças em seu ambiente, de outro lado.
Dessa avaliação devem resultar a missão, os propósitos e a postura
estratégica que é o ponto de partida para traçar o caminho voltado aos futuros
Ambiente
Ambiente
Passado
Pontos
Fortes
Pontos
Neutros
Pontos
Fracos
Oportunidades
Ameaças
Futuro
Presente
?
?
?
Ambiente
Ambiente
Passado
Pontos
Fortes
Pontos
Neutros
Pontos
Fracos
Oportunidades
Ameaças
Futuro
Presente
?
?
?
37
objetivos e desafios, escolhidos entre as opções estratégicas que a empresa
consegue identificar como preferenciais ou as mais adequadas em determinado
momento.
Conforme Oliveira (2004), a missão é a própria razão de ser da empresa. Na
sua definição, procura-se verificar qual o negócio da empresa, o motivo dela existir e
as atividades em que ela deverá estar inserida no futuro.
Lobato et al. (2005) propõem uma abordagem para os tempos atuais chamada
de gestão estratégica no novo milênio. As características dessa abordagem são:
- Atuação Global;
- Proatividade e foco participativo;
- Incentivo à criatividade;
- Controle pelo Balanced Scorecard;
- Organização em Unidades Estratégicas de Negócio;
- Ênfase em Alianças;
- Responsabilidade Social; e
- Aprendizagem Contínua.
De acordo com Lobato et al. (2005), as diretrizes estratégicas são definidas
pela visão, missão e valores da organização, sendo esta etapa, essencial na
implementação da gestão estratégica competitiva, permitindo ao estrategista
detectar os sinais de mudança, identificar as oportunidades, planejar de forma
sintonizada com o negócio e criar condições para as ações pró-ativas.
Para Lobato et al. (2005, p.40) “a missão é a razão de ser da organização, a
função que ela desempenha no mercado para tornar-se útil e justificar seus lucros
perante os acionistas e a sociedade em que atua. Segundo esses autores, ao se
estabelecer uma missão, a organização deve refletir nas seguintes indagações:
Qual o negócio da organização?
Quem é seu cliente?
38
Onde ela tem sua base de atuação?
Qual a sua vantagem competitiva?
Qual sua contribuição social?
a visão da empresa, para esses autores, é como a empresa quer ser vista e
reconhecida em futuro considerado.
Para Lobato et al. (2005), a visão deve estar acima dos objetivos da empresa,
sendo a imagem projetada para o futuro, a qual deve ser compartilhada e apoiada
pelos colaboradores da empresa. No processo de criação da visão, são pertinentes
as seguintes reflexões:
Como queremos ser reconhecidos no futuro?
Que desafio se apresenta aos nossos colaboradores?
O que queremos ouvir dos nossos stakeholders?
Onde estaremos atuando com os nossos clientes?
Quais as principais oportunidades que podem surgir?
Assim, a estratégia empresarial é o conjunto de fatores, orientados pela visão e
missão, que permitem levar a organização, por meio de um caminho escolhido, a um
destino de destaque perante os seus concorrentes no ambiente em que ela está
inserida, buscando nele promover a satisfação dos stakeholders presentes.
2.3 A ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES
A estratégia de operações, dentro do aspecto hierárquico, refere-se a uma
estratégia funcional. Porém, a estratégia de operações pode ser fundamental na
conquista de vantagens competitivas, apoiando fortemente a estratégia de negócios
e corporativa da organização.
39
As origens da estratégia de operações vêm das idéias de Skinner (1969) que
argumentava baseado nas empresas americanas, os seguintes aspectos:
As operações envolveriam, numa grande quantidade de situações, a
maioria do investimento em capital das organizações;
A maioria das decisões, em operações, inclui, normalmente, recursos
físicos que têm, por natureza, inércia decisória;
As decisões de operações, uma vez tomando efeito, são normalmente
difíceis e caras de ser revertidas, permanecendo a exercer influência
por um período que pode chegar a décadas; e
As opções estratégicas adotadas, quando se decide por determinada
alternativa impactam diretamente as formas com que a empresa vai ser
capaz de competir nos mercados no futuro.
Portanto uma função que tenha as características listadas acima precisa de
gestão estratégica, não podendo se restringir às visões de curto prazo,
introspectivas e reativas.
Conforme Evans (1997), a estratégia de operações estabelece os parâmetros
de como os recursos da empresa serão convertidos em produtos e serviços, os
quais, foram unidos nas especificações de projetos.
Slack et al. (1999) propõem que a estratégia de operações pode ser exercida
em dois aspectos: macrooperações e microoperações.
Para Slack et al. (1999, p.75), no aspecto das macrooperações “a estratégia de
operações é o padrão global de decisões e ações, que define o papel, os objetivos e
as atividades da produção de forma que estes apóiem e contribuam para a
estratégia de negócios da organização”. , no aspecto das microoperações, esses
autores afirmam que “a estratégia de microoperações é o padrão global de decisões
e ações que definem o papel, os objetivos e atividades de cada parte da produção
de forma que apóiem e contribuam para a estratégia de produção do negócio”.
40
Segundo Slack et al. (1999), as áreas de estratégia estrutural de uma operação
são as que influenciam principalmente as atividades de projeto, enquanto as áreas
de estratégia infra-estrutural são as que influenciam as atividades de planejamento,
controle e melhoria.
Slack e Lewis (2004) definem a estratégia de operações como sendo o
desenvolvimento de longo prazo dos processos e recursos de operações que podem
oferecer a sustentabilidade da vantagem competitiva. Conforme esses autores, a
estratégia de operações deve ser vista sob duas perspectivas:
Conteúdo da estratégia de operações; e
Processo da estratégia de operações
No primeiro caso, a abordagem é feita por meio de uma matriz que contém os
objetivos de desempenho, as áreas de decisão e os recursos utilizados, buscando
gerar competitividade de mercado. No segundo caso, o processo da estratégia de
operações deve envolver o alinhamento, a sustentabilidade e a análise de risco da
estratégia.
De acordo com Hayes et al. (2004), a estratégia de operações é o conjunto de
objetivos, políticas e restrições impostas que juntas descrevem como a organização
propõe dirigir e desenvolver todos os recursos investidos em operações para melhor
cumprir sua missão. Os autores ainda afirmam que o propósito de uma estratégia de
operações é conduzir uma organização nas operações, reunindo e alinhando
recursos que irão permitir implementar, efetivamente, a estratégia competitiva da
empresa.
Chase, Aquiliano e Jacobs (2004) consideram que a estratégia de operações é
o conjunto amplo de políticas e planos para o uso de recursos de uma empresa para
melhor suportar sua estratégia competitiva de longo prazo.
41
Segundo Ritzman e Krajewski (2004), uma estratégia de operações orientada
para o cliente reflete uma compreensão clara das metas de longo prazo da empresa
conforme consta de sua estratégia corporativa.
Para esses autores a estratégia de operações requer um esforço interfuncional
da parte de marketing e operações para compreender as necessidades de cada
segmento de mercado e para especificar as vantagens operacionais que a empresa
necessita ter para suplantar os concorrentes.
De acordo com Ritzman e Krajewski (2004, p.14), “vantagens operacionais
devem ser relacionadas com cada um dos processos da empresa. Denominamos
essas vantagens operacionais prioridades competitivas”.
Os autores consideram quatro vantagens operacionais:
Custo;
Qualidade;
Tempo; e
Flexibilidade
Segundo Corrêa e Corrêa (2005), a estratégia de operações tem por objetivo
garantir o alinhamento dos processos de produção e entrega de valor ao cliente com
a intenção estratégica da empresa quanto aos resultados financeiros esperados e
aos mercados a que pretender servir e adaptados ao ambiente em que se insere.
Elementos externos à organização como clientes, parceiros, fornecedores,
concorrência e outros grupos de interesse devem ser inseridos nos processos
decisórios em operações (CORRÊA; CORRÊA, 2005).
Corrêa e Corrêa (2005), da mesma forma que Slack et al. (1999), entendem
que os objetivos de desempenho ou prioridades competitivas são de cinco
modalidades, acrescentando a confiabilidade, além do custo, flexibilidade, tempo e
qualidade.
42
Reid e Sanders (2005) afirmam que o papel da estratégia de operações é
estabelecer um plano para a função operações de modo que esta possa fazer o
melhor uso de seus recursos.
Para esses autores a estratégia de operações especifica as políticas e planos
para a utilização de recursos da organização para apoiar sua estratégia competitiva
a longo prazo.
Ainda, segundo esses autores, nos anos de 1970 e 1980, algumas indústrias
japonesas eram mais competitivas que as estado-unidenses devido à sua estratégia
de operações. Os recursos dessas empresas eram projetados especificamente para
apoiar diretamente o plano estratégico geral da organização.
No caso de operações de serviço, Gianesi e Corrêa (1994) consideram que as
estratégias de serviços devem ser baseadas na diferenciação, no aumento da
qualidade do serviço prestado e na criação de switching costs (custos de mudança)
para se adquirir vantagem competitiva. O sucesso destas estratégias depende
basicamente do desempenho da função operações.
Para Gianesi e Corrêa (1994, p.63), “é necessário desenvolver uma estratégia
de operações, isto é, uma estratégia que envolva decisões referente à estrutura e
infra-estrutura do sistema de operações, de modo a focalizar suas habilidades num
conjunto de prioridades competitivas que sejam valorizadas pelo segmento de
mercado pretendido”.
Jonhston e Clark (2001) consideram a estratégia do serviço como sendo o
conjunto de planos e políticas pelo qual uma organização de serviço visa atender
seus objetivos. Para esses autores existem cinco elementos críticos dentro de uma
estratégia de operações de serviços:
Objetivos corporativos;
Ambiente;
Conceito do serviço que a organização deseja criar;
43
Objetivos de desempenho; e
Operação.
A Figura 8 apresenta os cinco componentes-chaves de uma estratégia de
operações de serviços.
Fonte: Johnston e Clark, 2002, p.479
Figura 8 – Cinco componentes chaves de uma estratégia
A estratégia de operações, do ponto de vista de seu processo e conteúdo é
uma estratégia funcional que contempla políticas e planos que buscam a melhor
utilização dos recursos nas operações, visando, por meio das prioridades
competitivas estabelecidas, como custo, confiabilidade, velocidade, flexibilidade e
qualidade, agregar valor aos clientes e criar uma vantagem competitiva sustentável
para a organização.
OBJETIVOS
CORPORATIVOS
OBJETIVOS
CORPORATIVOS
AMBIENTE
AMBIENTE
CONCEITO DO
SERVIÇO
CONCEITO DO
SERVIÇO
OBJETIVOS DE
DESEMPENHO
OBJETIVOS DE
DESEMPENHO
OPERAÇÃO
OPERAÇÃO
Tarefa das
operações
Potencial e
Capacitação
das operações
Parâmetros de
mudança
Oportunidades
Valor
OBJETIVOS
CORPORATIVOS
OBJETIVOS
CORPORATIVOS
AMBIENTE
AMBIENTE
CONCEITO DO
SERVIÇO
CONCEITO DO
SERVIÇO
OBJETIVOS DE
DESEMPENHO
OBJETIVOS DE
DESEMPENHO
OPERAÇÃO
OPERAÇÃO
Tarefa das
operações
Potencial e
Capacitação
das operações
Parâmetros de
mudança
Oportunidades
Valor
44
2.4 A MEDIÇÃO DO DESEMPENHO
Para Eccles (1998), deixar de considerar os índices financeiros como a base
para a mensuração de desempenho e tratá-los como apenas um entre uma gama
mais ampla de indicadores é uma necessidade diante do novo ambiente competitivo.
Segundo Lebas (1995), o desempenho é definido como o potencial para o
sucesso futuro na implementação de ações demandadas para alcançar os alvos e
objetivos.
Bogan e English (1997, p.60) apresentam medidas de desempenho típicas
antigas e as medidas de desempenho típicas atuais. Elas estão apresentadas nas
Figuras 9 e 10.
Fonte: Bogan e English, 1997 p.60
Figura 9 – Medidas de desempenho antigas
Diferentemente da Figura 9, na Figura 10 percebe-se a abordagem de
qualidade juntamente com a visão financeira adotada anteriormente, integrando-se
ao sistema interessados como clientes e funcionários. Neste contexto, a mudança,
ilustrada nas duas Figuras, reflete a transformação do enfoque de medição em
indicadores financeiros somente para indicadores financeiros e não-financeiros.
ATIVOS
CUSTO DO
CAPITAL
VENDAS
PASSIVO
CUSTOS
FLUXO DE
CAIXA
LUCRATIVIDADE
DÍVIDAS
ATIVOS
CUSTO DO
CAPITAL
VENDAS
PASSIVO
CUSTOS
FLUXO DE
CAIXA
LUCRATIVIDADE
DÍVIDAS
45
Fonte: Bogan e English, 1997 p.60
Figura 10 – Medidas de desempenho novas
Para Drucker (1998), no aspecto do desempenho é importante o escopo
estratégico, em que, ultrapassa os limites internos da empresa, devendo-se
ultrapassar a simples visão de centro de custos e abordar questões de tecnologias
próprias e de outras empresas, mudanças na economia, mercados, clientes e futuros
alvos e mundo financeiro.
Dornier et al. (2000) entendem que as medidas de desempenho são um guia
para investimentos, para definição dos objetivos e comparação da situação real e
também um instrumento facilitador para a previsão e a redução das incertezas, para
identificar as ações prioritárias, para auxiliar na mobilização e gerenciamento de
pessoal e para ser uma ferramenta dinâmica que deve refletir o comportamento da
organização.
Para Simons e Dávila (2000, p. 73), “os índices financeiros clássicos para a
mensuração do desempenho, retorno sobre o patrimônio líquido, retorno sobre o
ativo e retorno sobre as vendas, tem sua utilidade, mas nenhum se destina
especificamente a refletir a qualidade do trabalho da empresa na implementação da
estratégia”.
TEMPO DE
CICLO
ATIVOS
CUSTO DO
CAPITAL
VENDAS
PASSIVO
CUSTOS
FLUXO DE
CAIXA
LUCRATIVIDADE
DÍVIDAS
QUALIDADE
TREINAMENTO
INCE DE
DEFEITOS
RETEÃO DE
CLIENTES
SATISFAÇÃO DOS
CLIENTES
ÍNDICES DE
RECOMENDAÇÃO
RETEÃO
FUNCIORIOS
TEMPO DE
CICLO
ATIVOS
CUSTO DO
CAPITAL
VENDAS
PASSIVO
CUSTOS
FLUXO DE
CAIXA
LUCRATIVIDADE
DÍVIDAS
QUALIDADE
TREINAMENTO
INCE DE
DEFEITOS
RETEÃO DE
CLIENTES
SATISFAÇÃO DOS
CLIENTES
ÍNDICES DE
RECOMENDAÇÃO
RETEÃO
FUNCIORIOS
46
Segundo Cavenaghi (2001), por muitos anos a mensuração do desempenho
financeiro foi vista como a única forma, o modo correto e legítimo de se avaliar a
eficiência e a eficácia de uma organização.
Segundo Mendes (2002, p. 58), “desde a invenção das partidas dobradas no
século XV, a contabilidade tem sido a maior fonte de informações das empresas. O
problema é que se focaliza apenas o lucro, ignorando o nível de satisfação do
cliente”.
De acordo com Corrêa e Caon (2002), os sistemas tradicionais de mensuração
de desempenho empresarial, além de centrarem-se quase exclusivamente em
medidas financeiras, não apoiavam uma adequada tomada de decisão por parte dos
executivos das empresas, uma vez que não conseguiam refletir adequadamente o
nível em que a organização efetivamente está sendo ou não capaz de atingir seus
objetivos estratégicos.
Segundo Miranda e Silva (2002), qualquer ação a ser implementada em uma
empresa precisa de um acompanhamento para saber se está de acordo com as
metas estabelecidas e quais as medidas a serem tomadas para eventuais correções.
Segundo esses autores, as empresas devem valorizar a medição do desempenho
pelos seguintes fatores:
- Controlar as atividades operacionais da empresa;
- Alimentar os sistemas de incentivo dos funcionários; e
- Controlar o planejamento.
Para Chiavenato (1999, p.63), controle pode ser definido como:
O esforço sistemático de estabelecer padrões de desempenho com os
objetivos de planejamento para desenhar sistemas de retroação de
informação a fim de comparar o desempenho atual com esses padrões
predeterminados para verificar onde estão os desvios e medir usa
significância e tomar a ação necessária, para assegurar que todos os
47
recursos da organização estão sendo utilizados de maneira mais eficiente e
eficaz para alcançar os objetivos organizacionais.
Segundo esse autor, o controle pode ser exercido em três níveis, conforme a
Figura 11.
Fonte: Chiavenato, 1999, p.635
Figura 11 – Os três níveis de controle
De acordo com Chiavenato e Cerqueira Neto (2003), administrar o
desempenho é assumir funções relacionadas ao planejamento, controle e melhoria.
Para Maximiano (2004) o desempenho de qualquer organização pode ser
avaliado pela medida em que os objetivos são realizados e pela forma como os
recursos são utilizados.
De acordo com esse autor, a administração de alto desempenho busca a
eficiência no uso dos recursos e a eficácia na realização dos objetivos, visando
melhorar a competitividade, por meio de um desempenho superior ao dos
concorrentes.
A Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FNQ, 2005, p.54) define
desempenho como:
Controle
Estratégico
Controle
Tático
Controle
Operacional
Nível
Estratégico
Nível
Tático
Nível
Operacional
Direcionado ao Longo prazo
Preocupação com o futuro
Aborda toda a organização
Focaliza o ambiente externo
Ênfase na eficácia
Direcionado a Médio Prazo
Aborda cada departamento ou
uma unidade organizacional
Focaliza a articulação interna
Direcionado a curto prazo
Aborda cada tarefa ou
operação
Focaliza cada processo
Ênfase na eficiência
Controle
Estratégico
Controle
Tático
Controle
Operacional
Nível
Estratégico
Nível
Tático
Nível
Operacional
Direcionado ao Longo prazo
Preocupação com o futuro
Aborda toda a organização
Focaliza o ambiente externo
Ênfase na eficácia
Direcionado a Médio Prazo
Aborda cada departamento ou
uma unidade organizacional
Focaliza a articulação interna
Direcionado a curto prazo
Aborda cada tarefa ou
operação
Focaliza cada processo
Ênfase na eficiência
48
Os resultados obtidos de processos e de produtos que permitem avaliá-los e
compará-los em relação às metas, aos padrões, aos referenciais pertinentes
e a outros processos e produtos. Mais comumente, os resultados
expressam satisfação, insatisfação, eficiência e eficácia e podem ser
apresentados em termos financeiros ou não.
De acordo com Schmidt, Santos e Martins (2006, p.13) “tão importante quanto
estabelecer planos estratégicos é desdobrá-los em objetivos e acompanhar a sua
implementação”. Esses autores entendem que durante sua implementação torna-se
imperativo diagnosticar os prováveis desvios, entender as suas causas e interações
existentes e priorizar ações que efetivamente maximizem a realização do objetivo
proposto.
Nota-se, portanto, que é necessário, na medição do desempenho, uma
abordagem além do enfoque financeiro. Os fatores qualitativos de processos e a
satisfação dos envolvidos na organização, como clientes, funcionários e demais
interessados, estão sendo contemplados nos novos modelos de gestão de
desempenho, estando ligados também a questões como mercado, novas
tecnologias e economia, possuindo, necessariamente, uma ligação com o escopo
estratégico das organizações modernas.
A medição do desempenho, portanto, deve ser parte do processo de controle
envolvendo os níveis estratégico, tático e operacional, avaliando-se de uma forma
contínua o planejamento e as ões implementadas sob outras perspectivas, além,
somente, da perspectiva financeira.
2.4.1 A Medição do Desempenho no Contexto da Gestão de Operações
De acordo com Gianesi e Corrêa (1994), as medidas de desempenho
apresentam duas funções, sendo que uma permite o acompanhamento do
desempenho dos recursos e do sistema, possibilitando o controle e a tomada de
49
decisões de forma mais acertada e a outra induz as pessoas cujo desempenho está
sendo medido.
Neely, Gregory e Platts (1995, p.81) definem a medição do desempenho como
“o processo de quantificação da ação, onde medição é o processo de quantificação
e a ação o que leva ao desempenho”. Esses autores também afirmam que:
Medição do desempenho pode ser definida como o processo de
quantificação da eficiência e eficácia da ação;
Medida de desempenho pode ser definida como a métrica utilizada
para quantificar a eficiência e a eficácia de uma ação; e
Sistema de medição de desempenho pode ser definido como o
conjunto de métricas utilizadas para quantificar a eficiência e a eficácia
das ações.
Segundo Evans (1997), muitos negócios tradicionalmente têm usado dados de
desempenho que se limitam a uma consideração financeira e de produtividade. Para
o autor um sistema de medidas de desempenho deve focar:
Desempenho de fornecedores: entradas para o processo de
transformação;
Qualidade de produtos e serviços: saídas do sistema e os processos
centrais que originam produtos e serviços;
Serviços de suporte e negócios: funções e processos que suportam as
principais potencialidades da companhia; e
Desempenho operacional da companhia: medidas relacionadas aos
clientes, produtividade, tempos de ciclo e dados financeiros.
Slack et al. (1999) definem desempenho como sendo o grau em que a
produção preenche os cinco objetivos de desempenho (qualidade, custo,
flexibilidade, velocidade e confiabilidade) em qualquer momento, de modo a
satisfazer seus consumidores.
50
Para Slack et al. (1999), depois de ter medido desempenho, usando um
conjunto de medidas parciais, é necessário fazer um julgamento sobre se o
desempenho é bom, mau, ou indiferente. Essa comparação é feita em relação aos
padrões de desempenho. Segundo esses autores, os padrões comumente usados
são:
Padrões históricos;
Padrões de desempenho alvos;
Padrões de desempenho da concorrência;
Padrões de desempenho absolutos; e
Benchmarking.
Para Whalen (2002), as boas medidas de desempenho devem possuir as
seguintes caracterísitcas:
- Ser quantificável: a métrica deve ser capaz de transmitir seu objetivo por
um valor numérico;
- Ser de fácil entendimento: as medidas devem convergir aos olhos de
quem as enxerga, mostrando o que efetivamente ela está medindo e de onde
ela se deriva;
- Encorajar os comportamentos: a medida de desempenho deve ser
capaz de gerar uma ação em um individuo, quebrando sua inércia;
- Medir o que é importante: deve-se medir o que é crítico na organização;
- Conter saídas e entradas: a medida deve integrar fatores de todos os
aspectos do processo mensurado;
- Ser econômica em esforços: não deve gerar muitos encargos para a sua
obtenção; e
- Ser multidimensional: deve ser balanceada entre utilização,
produtividade e desempenho.
Para esse autor, as medidas de desempenho devem ser baseadas no que é
melhor para a organização ao invés do que é melhor para um setor.
51
Segundo Corrêa e Corrêa (2005, p.99), “de acordo com uma visão mais
mercadológica, e numa gica competitiva, as organizações, para atingir seus
objetivos, buscam satisfazer a seus clientes e outros grupos de interesse de forma
mais eficiente e eficaz que seus concorrentes”. Para esses autores:
Eficácia: refere-se à extensão segundo a qual os objetivos são
atingidos, ou seja, as necessidades dos clientes e outros grupos de
interesse da organização são satisfeitos; e
Eficiência: é a medida de quão economicamente os recursos da
organização são utilizados quando promovem determinado nível de
satisfação dos clientes e outros grupos de interesse.
A Figura 12 ilustra a diferenciação entre eficiência e eficácia.
Fonte: Corrêa e Corrêa, 2005, p.99
Figura 12 – Ilustração da diferença entre eficiência e eficácia
De acordo com Corrêa e Corrêa (2005, p.100), “os críticos dos sistemas mais
tradicionais de avaliação de desempenho, baseados na contabilidade meramente
financeira, listam neles as seguintes falhas:
encorajam uma visão míope, de prazo excessivamente curto;
não teriam relação direta com a estratégia de operações definida para
a organização;
encorajariam otimizações locais mais do que a otimização do todo;
EFICIÊNCIA
SAÍDAS/ENTRADAS
EFICIÊNCIA
SAÍDAS/OBJETIVOS
PROCESSO
ENTRADAS
SAÍDAS
Objetivos
EFICIÊNCIA
SAÍDAS/ENT
RADAS
EFICÁCIA
SAÍDAS/OBJETIVOS
PROCESSO
ENTRADAS
SAÍDAS
52
encorajariam os gestores a procurar minimizar as variações em relação
as metas de desempenho mais do que procurar melhoramentos
contínuos;
falhariam em prover informação sobre como os clientes vêem o
desempenho da organização e como essa visão compara-se com o
desempenho da concorrência; e
não auxiliam a explicar as razões do desempenho financeiro e como
melhorá-lo.”
Corrêa e Corrêa (2005, p. 106) salientam que:
Essencialmente, não há diferença substancial quando se trata de operações
internas à empresa e operações externas à empresa: para ambas, quando
se avaliam operações que são fornecedoras internas ou externas, a
avaliação de desempenho é parte essencial do ciclo de planejamento,
controle e melhoria e um bom desenho e gestão do sistema deve ser feito.
No âmbito dos serviços, de acordo com Gianesi e Corrêa (1994), os gestores
do sistema de operações de serviços devem ser capazes de medir o desempenho
em relação aos seguintes critérios competitivos mediante a percepção dos clientes:
Consistência;
Competência;
Velocidade de atendimento;
Atendimento/ atmosfera;
Flexibilidade;
Credibilidade;
Acesso;
Tangíveis; e
Custo.
Assim, num processo de transformação, a medição do desempenho deve
transmitir o grau da sua eficiência e eficácia que atende aos objetivos de
53
desempenho desejados, por meio de um conjunto de métricas que forma o sistema
de medição de desempenho pertencente a um sistema de operações.
2.4.2 A Gestão do Desempenho e o Sistema de Medição de Desempenho
Para Neely et al. (1995), um sistema de medição de desempenho deve conter
medidas individuais, porém inter-relacionadas entre si pertencentes a um
determinado ambiente, conforme a Figura 13. Segundo esses autores, ao se realizar
um projeto de um sistema de medição de desempenho deve ser questionado nas
seguintes interrogações:
Quais medidas de desempenho serão usadas?
Para que elas serão usadas?
Quanto elas irão custar?
Quais benefícios elas irão fornecer?
Fonte: Neely et al, 1995, p. 81
Figura 13– Uma estrutura para o projeto de sistema de medição de desempenho
Medidas
Individuais
Medidas
Individuais
Medidas
Individuais
Medidas
Individuais
Sistema de
Medição de
desempenho
O Ambiente
Medidas
Individuais
Medidas
Individuais
Medidas
Individuais
Medidas
Individuais
Sistema de
Medição de
desempenho
O Ambiente
54
Segundo Lebas (1995), a medição do desempenho e a gestão do desempenho
não estão separadas. Segundo esse autor, existe um processo interativo entre
essas duas questões.
A gestão do desempenho é uma filosofia organizacional que é suportada pela
medição do desempenho (LEBAS, 1995).
No entendimento desse autor, os tipos de abordagens são diferentes, sendo
que no primeiro caso, preocupa-se com questões relacionadas, como por exemplo,
treinamento, incentivos, recompensa, estilo de gerenciamento e comunicação. no
segundo caso, tem-se por finalidade medir o potencial, as entradas, os resultados e
os desvios.
Bititci, Carrie e Mcdevitt (1997) entendem que o sistema de medição de
desempenho é o sistema de informação que está no coração do processo de gestão
do desempenho.
Para esses autores, a gestão do desempenho é o processo no qual a
companhia gerencia seu desempenho em linha com as estratégias corporativas e
funcionais. O objetivo deste processo é promover um sistema proativo de controle
contínuo, onde as estratégias funcionais e corporativas o desdobradas para todos
os processos de negócios, atividades, tarefas e pessoas e o feedback é obtido por
meio do sistema de medição de desempenho permitindo um apropriado
gerenciamento de decisões.
A Figura 14, conforme esses autores, apresenta o processo de gestão do
desempenho e a posição do sistema de medição de desempenho.
55
Fonte: Bititci, Carrie e Mcdevitt (1997)
Figura 14– O processo de gestão do desempenho e a posição do sistema de medição de
desempenho
Segundo Martins (1998), o processo de gestão do desempenho deve ser o
meio usado para a empresa administrar o desempenho, alinhado com as estratégias
corporativas e funcionais e os objetivos derivados dessas estratégias.
De acordo com esse autor, a forte concorrência do mercado caracteriza o
ambiente competitivo, demandando produtos com inovação tecnológica rápida e
curto ciclo de vida, devendo, portanto, estar a gestão do desempenho alinhada a
esses conceitos, conforme apresentados em seguida:
Reconhecimento da manufatura (operações) como elo perdido nas
estratégias das empresas e conseqüente fonte de vantagem
competitiva;
Surgimento da gestão pela Qualidade Total como filosofia de gestão
melhoria contínua dos produtos e dos processos;
Abandono da visão mecanicista do mundo por uma visão sistêmica;
O Processo de
Gestão do
Desempenho
Questões
Comportamentais
Questões
Culturais
Atitudes
Como os sistemas
são usados para
gerenciar o
desempenho
Estrutura
Comunicação
Responsabilidades
Quem usa as
medidas?
O que é medido?
Tecnologia da
Informação
Sistema de medição
do Desempenho
Estratégia
Ambiente
Estrutura
Processos
Relacionamentos
O Sistema de
Informação
O Processo de
Gestão do
Desempenho
Questões
Comportamentais
Questões
Culturais
Atitudes
Como os sistemas
são usados para
gerenciar o
desempenho
Estrutura
Comunicação
Responsabilidades
Quem usa as
medidas?
O que é medido?
Tecnologia da
Informação
Sistema de medição
do Desempenho
Estratégia
Ambiente
Estrutura
Processos
Relacionamentos
O Sistema de
Informação
56
Empresa voltada para a satisfação dos seus stakeholders;
Critério competitivo múltiplo: qualidade, custo, confiabilidade, tempo,
flexibilidade, inovação e serviço;
Importância da integração da rede de suprimentos da empresa, tanto
da interna como da externa; e
Valorização do trabalho em grupo e da tomada de decisão pró-ativa,
antecipando possíveis problemas futuros.
no tocante ao sistema de medição do desempenho, Martins (1998) entende
que este está no centro no processo de gestão do desempenho, integrando todas as
informações dos sistemas relevantes como desenvolvimento e revisão da estratégia,
contabilidade gerencial, administração por objetivos, medidas de desempenho não
financeiras, estrutura de incentivo de bônus e avaliações individuais de
desempenho.
Para esse autor, os novos sistemas de medição de desempenho devem
possuir as seguintes características:
- Congruência com a estratégia competitiva;
- Contemplar medidas financeiras e não financeiras;
- Direcionar e suportar a melhoria contínua;
- Identificar tendências e progressos;
- Ser claro nas relações de causa-e-efeito;
- Ser inteligível para os funcionários;
- Ter a abrangência de todo o processo da cadeia de suprimentos;
- Informações em tempo real e ser dinâmico; e
- Avaliar o grupo e não o indivíduo além de influenciar a atitude dos
colaboradores.
De acordo com Chiavenato e Cerqueira Neto (2003), o sistema de medição de
desempenho é um modelo da realidade e pode ser apresentado, dentre outras
formas, como relatórios, periódicos, gráficos ou sistema de informação on-line
57
permitindo que o desempenho seja analisado em sua profundidade e que as
correções possam ser feitas quando necessárias.
Para Corrêa e Corrêa (2005), os sistemas de medição de desempenho fazem
parte do ciclo de planejamento e controle, essencial para a gestão de operações,
sendo que, as medidas de desempenho são fornecedoras dos meios para a coleta
de dados a respeito do desempenho que, depois de avaliados mediante
determinados padrões, apóiam o processo de tomada de decisões.
Segundo esses autores, ainda:
O estabelecimento de um sistema adequado de avaliação de desempenho
tem também papel importante em influenciar comportamentos desejados
nas pessoas e nos sistemas de operações, para que determinadas
intenções estratégicas tenham maior probabilidade de realmente se
tornarem ações alinhadas com a estratégia pretendida (CORRÊA;
CORRÊA, 2005, p.100).
Portanto, os sistemas de medição de desempenho oferecem, por meio de um
conjunto de informações, um suporte para o processo de gestão do desempenho, o
qual possui uma abordagem mais ampla. Na elaboração de um sistema de medição
de desempenho, deve-se entender a adoção das medidas, em termos de custos
para obtenção, justificativa e utilização e estas devem estar inter-relacionadas entre
si, fazendo parte do ciclo de planejamento e controle da organização.
2.5 MODELOS DE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO
Os modelos de sistema de medição de desempenho a serem tratados neste
item possuem a característica de adotarem perspectivas mais amplas de avaliação,
além da perspectiva financeira, seguindo uma tendência de abordagem de medição
sistêmica dos ambientes organizacionais.
58
2.5.1 O Modelo Baseado no Total Quality Management (TQM)
Para Feigenbaum (1987), Controle Total da Qualidade é um sistema efetivo
para integrar os esforços dos vários grupos dentro de uma organização, no
desenvolvimento da qualidade, na manutenção da qualidade e no melhoramento da
qualidade, de maneira que habilite marketing, engenharia, produção e serviço com
os melhores níveis econômicos que permitam a satisfação completa do cliente.
Juran e Gryna (1988) definem qualidade como sendo aquelas características
dos produtos que atendem às necessidades dos clientes promovendo a satisfação
com o produto. Entende-se por produto como o resultado de qualquer processo que
gera um bem físico ou um serviço. Quando cita os clientes, considera clientes
externos e internos (membros da organização).
Segundo Campos (1992), a Qualidade Total é o verdadeiro objetivo de
qualquer organização humana: “satisfação das necessidades de todas as pessoas”.
Esse mesmo autor ainda define o TQM como sendo o controle exercido por
todas as pessoas para a satisfação das necessidades de todas as pessoas.
Segundo Corrêa e Corrêa (2005, p.119), a qualidade respeita uma trilogia
baseada em três divisões:
a) Planejamento da qualidade: é o processo de estabelecer os
objetivos para a qualidade e desenvolver os planos para atingir esses objetivos;
b) Controle da qualidade: é o processo contínuo usado pelo pessoal
operacional como meio para atingir os objetivos planejados. Consiste em três
passos: (1) avaliar o desempenho operacional atual, (2) compará-lo com os
objetivos e (3) agir nas diferenças; e
c) Melhoramento da qualidade: este terceiro membro da trilogia tem
o objetivo de melhorar os níveis atuais de desempenho da qualidade.
59
Traduzido e implementado no Brasil pelo Professor Vicente Falconi Campos, o
modelo de sistema de medição de desempenho baseado no TQM segue a lógica do
gerenciamento pelas diretrizes, em que, por meio do gerenciamento interfuncional, a
estratégia é desdobrada a todos os níveis organizacionais e do gerenciamento
funcional é exercido pelo do gerenciamento da rotina (daily work routine
management) conforme mostra a Figura 15.
Fonte: Campos (1992, p. 44)
Figura 15 – Principais papéis e desdobramento no gerenciamento pelas diretrizes
Segundo Campos (1992), o gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia
transforma uma unidade gerencial básica em uma microempresa em que o chefe de
seção é o Presidente, fazendo com que as hierarquias superiores se preocupem
com aspectos decisórios estratégicos.
Para esse autor, o gerenciamento pelas diretrizes é um sistema administrativo,
praticado por todas as pessoas da empresa que visa garantir a sobrevivência da
empresa à competição global:
CONSELHO
PRESIDENTE
DIRETOR
CHEFE
DEPARTAMENTO
DIRETRIZES DIRETRIZES
CHEFE
SÃO
CHEFE
SÃO
STAFF STAFF
SUPERV SUPERV SUPERV
SUPERV SUPERV SUPERV
ÊNFASE
NA
GERÊNCIA
FUNCIONAL
OU
GERÊNCIA
DA ROTINA
DO TRABALHO
DO DIA-A-DIA
ÊNFASE
NA
GERÊNCIA
INTER-
FUNCIONAL
Unidade
Gerencial
Básica
Operadores Operadores
Liderança da
Empresa
CONSELHO
PRESIDENTE
DIRETOR
CHEFE
DEPARTAMENTO
DIRETRIZES DIRETRIZES
CHEFE
SÃO
CHEFE
SÃO
STAFF STAFF
SUPERV SUPERV SUPERV
SUPERV SUPERV SUPERV
ÊNFASE
NA
GERÊNCIA
FUNCIONAL
OU
GERÊNCIA
DA ROTINA
DO TRABALHO
DO DIA-A-DIA
ÊNFASE
NA
GERÊNCIA
INTER-
FUNCIONAL
Unidade
Gerencial
Básica
Operadores Operadores
Liderança da
Empresa
60
a) Por intermédio da visão estratégica estabelecida com base em análise
do sistema empresa-ambiente e nas crenças e valores da empresa e que
fornece o rumo para o estabelecimento das diretrizes; e
b) Pelo direcionamento da prática do controle da qualidade por todas as
pessoas da empresa (gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia)
segundo aquela visão estratégica.
De acordo com Campos (1992, p.62), “o gerenciamento pelas diretrizes,
conduzido pela alta administração da empresa, tem como objetivo maior direcionar a
caminhada eficiente ao controle da qualidade (rotina) para a sobrevivência da
empresa a longo prazo”.
Para Campos (1992), o modelo baseado no TQM foi responsável pelo sucesso
de muitas organizações e colaborou efetivamente para o desenvolvimento da
indústria nacional sendo aplicado em empresas como Gerdau, Santista xtil,
Consul, Weg, Sadia, CVRD, Petrobrás e Cosipa.
Segundo Müller (2003), o modelo originado no TQM desenvolve uma
sistemática para determinação dos itens de controle e verificação.
Esses são denominados os indicadores do modelo baseado na Qualidade Total
em que itens de controle são índices numéricos que refletem os efeitos (resultados)
e itens de verificação são índices numéricos que refletem as causas (meios) de cada
processo, visando medir a qualidade total, permitindo que o resultado seja
gerenciado por meio de ações sobre os meios.
Para Campos (1992), os itens de controle devem respeitar os objetivos de
desempenho como qualidade, custo, entrega, moral e segurança, sendo suficientes
estes para a satisfação dos stakeholders envolvidos em todo processo.
Para Müller (2003), pelo gerenciamento das diretrizes se consegue um bom
alinhamento organizacional. Por uma abordagem top-dow as diretrizes estratégicas
61
são desdobradas em metas funcionais para todos os níveis organizacionais,
conforme ilustra a Figura 16.
Fonte: Campos (1992, p. 86)
Figura 16 – Mecanismo do desdobramento de diretrizes
Este modelo enfatiza bastante a visão de processos. “O controle do processo é
a essência do gerenciamento em todos os níveis da empresa e o primeiro passo no
entendimento do controle do processo é a compreensão do relacionamento causa-
efeito” (CAMPOS, 1992, p.17).
Segundo Müller (2003), os acionistas, comunidade e empregados são
considerados clientes do processo, em que, o TQM prevê a satisfação de todos os
envolvidos.
Uma ferramenta largamente utilizada na melhoria do desempenho no modelo
baseado no TQM é o Ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Action).
De acordo com Campos (1992), exercer o ciclo PDCA é exercer o controle no
gerenciamento pelas diretrizes e, portanto, atuar no processo para se conseguir os
Aumentar o Market
Share em 2%
1.Concentrar Esforços
no Produto X
2....
3....
Aumentar o Market
Share do Produto X
em 5 %
1.Penetrar no Mercado
do território A
2....
3....
Iniciar novo negócio com
Cinco negociantes
no território A
1.Aumentar o número
De visitas
2....
3....
Chefe do Departamento Chefe da Seção Vendedor
META
MÉTODO
META
META
MÉTODO
MÉTODO
Aumentar o Market
Share em 2%
1.Concentrar Esforços
no Produto X
2....
3....
Aumentar o Market
Share do Produto X
em 5 %
1.Penetrar no Mercado
do território A
2....
3....
Iniciar novo negócio com
Cinco negociantes
no território A
1.Aumentar o número
De visitas
2....
3....
Chefe do Departamento Chefe da Seção Vendedor
META
MÉTODO
META
META
MÉTODO
MÉTODO
62
resultados almejados. Esse autor propõe as seguintes etapas a serem exercidas no
gerenciamento:
a) P - Estabeleça e desdobre metas e medidas;
b) D – Implemente as medidas e solucione os problemas críticos;
c) C Avalie o desempenho e verifique o progresso alcançado em
direção às metas; e
d) A Padronize os resultados para a rotina ou os transfira para novos
planos de melhoria.
Portanto, com ênfase no controle dos processos, e sendo os stakeholders
clientes destes, o modelo baseado no TQM, por meio do gerenciamento
interfuncional, promove o desdobramento das estratégias a todos os níveis
organizacionais, e pelo gerenciamento funcional, o controle diário do dia-a-dia,
formando estes dois, o gerenciamento pelas diretrizes.
2.5.2 O Modelo Balanced Scorecard
De acordo com Kaplan e Norton (1996), o Balanced Scorecard (BSC) nasceu
em 1990 a partir de um grupo de trabalho do Nolan Norton Institute, o qual
assessorava a empresa de consultoria KPMG em pesquisas e desenvolvimento. O
objetivo do grupo era criar um modelo de medição de desempenho em organizações
do futuro, pois os modelos até então existentes eram considerados obsoletos. O
líder do estudo foi David Norton, então Chief Executive Officer (CEO) da Nolan
Norton Institute sendo assessorado por Robert Kaplan, atuando como consultor
acadêmico. Durante o ano de 1990, representantes de doze companhias dos
setores de manufatura, serviços, indústria pesada e alta tecnologia se reuniram para
desenvolver o novo modelo de avaliação de desempenho.
Em dezembro de 1990, após muitas adaptações e inclusões, houve a
conclusão do estudo mostrando a viabilidade e os benefícios do sistema de
63
avaliação. O estudo foi apresentado num artigo publicado em janeiro de 1992 na
Harvard Business Review - HBR sendo denominado como Balanced Scorecard:
Measures that drive performance”.
Nesta mesma época Normam Chambers, então CEO da Rockwater e Larry
Brady, vice-presidente da FMC corporation procuraram David Norton e Robert
Kaplan, querendo usar o BSC não somente como um sistema de medição de
desempenho, mas também como um instrumento para comunicar e alinhar as
estratégias das organizações.
Esta abordagem foi publicada em outubro de 1993 por Robert Kaplan e David
Norton num artigo na HBR denominado como “Putting the Balanced Scorecard to
Work”.
Em Janeiro de 1996, ocorre a publicação do terceiro artigo na HBR
denominado como “Using the Balanced Scorecard into a strategic Management
system”. O artigo surgiu após alguns trabalhos que detectaram que o Balanced
Scorecard, além de ser utilizado para transmitir e alinhar as estratégias das
organizações poderia ser usado também como um sistema de gerenciamento
estratégico.
Após todas as experiências de estudos e implementações do BSC e os três
artigos publicados na HBR, Robert Kaplan e David Norton escreveram o clássico
“The Balanced Scorecard: translating strategy into action” em 1996. O livro é a
publicação que apresenta todos os conceitos do sistema podendo ser utilizado como
ferramenta de pesquisa e de implementação do Balanced Scorecard em
organizações.
De acordo com a Harvard Business School (2007), atualmente, quatro são os
livros escritos por Robert S. Kaplan e David P. Norton, que transmitem as idéias e
evoluções a respeito do Balanced Scorecard, conforme abaixo:
- Alignment: Using the Balanced Scorecard to Create Corporate
Synergies;
64
- Strategy Maps: Converting Intangible Assets into Tangible Outcomes;
- The Strategy-Focused Organization: How Balanced Scorecard
Companies Thrive in the New Business Environment; e
- The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action.
No Brasil, o BSC vem sendo bastante difundido, por meio de publicações de
artigos em congressos e periódicos, frutos da pesquisa científica. De acordo com
Ruy e Martins (2006), o BSC vem se destacando, de uma forma desproporcional, no
universo de artigos científicos publicados. Segundo esses autores isso é fruto de
uma grande difusão do Balanced Scorecard nas empresas de diversos setores da
economia brasileira e mundial.
2.5.2.1 O Conceito do Balanced Scorecard
Segundo Kaplan e Norton (1996), as organizações estão competindo em
ambientes complexos em que o entendimento de suas metas e os métodos para
atingi-las são aspectos vitais para sua sobrevivência.
Segundo esses autores, muitas organizações de serviço, principalmente de
transportes, comunicação, financeiras e utilidades existiram por décadas num
ambiente não competitivo. No entanto, a era da informação passou a requerer novas
potencialidades para o sucesso competitivo.
“O Balanced Scorecard mensura o desempenho operacional usando quatro
perspectivas: financeiras, clientes, processos internos de negócios e aprendizado e
crescimento” (KAPLAN; NORTON, 1996, p.2). A Figura 17 mostra o BSC como uma
ferramenta para transmitir a estratégia em termos operacionais.
65
Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1996, p.9)
Figura 17 - O Balanced Scorecard como uma estrutura para transmitir uma estratégia em
termos operacionais.
De acordo com Kaplan e Norton (1996), o BSC conserva uma ênfase no
alcance dos objetivos financeiros, mas também incluí os direcionadores de
desempenho desses objetivos.
Para esses autores, o BSC permite as companhias rastrear os resultados
financeiros enquanto, simultaneamente, monitora o progresso na construção de
suas potencialidades e aquisições de ativos intangíveis que elas necessitam para o
crescimento futuro.
“O Balanced Scorecard traduz a missão e a estratégia de uma organização em
um conjunto abrangente de medidas de desempenho que fornece uma delimitação
para a mensuração estratégica e o gerenciamento do sistema(KAPLAN;NORTON,
1996, p.3).
FINANCEIRA
“Para atingir
sucesso financeiro,
como deveríamos
aparecer para nossos
Acionistas”
O
b
j
e
t
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o
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M
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s
CLIENTES
“Para atingir
nossa visão,
como deveríamos
aparecer para os
nossos clientes”
O
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a
s
PROCESSOS INTERNOS
“Para satisfazer
Nossos acionistas
e clientes, em
quais processos
devemos ser
excelentes”
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APRENDIZADO E
CRESCIMENTO
“Para alcançar
nossa visão, como
sustentaremos nossas
habilidades para
mudar e melhorar”
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s
VISÃO
E
ESTRATÉGIA
66
Kaplan e Norton (1998a, p.125) fazem uma comparação do BSC com o cockpit
de um avião. Segundo os autores, “o Balanced Scorecard é como os painéis
(relógios) de um cockpit de um avião: ele fornece aos gerentes informações
complexas em apenas um olhar”.
Para Frost (2000), o BSC é um bom exemplo de modelo de gestão de
desempenho que apresenta uma visão de novas perspectivas, além da financeira.
Niven (2002) define o BSC como um conjunto de medidas derivadas da
estratégia da organização. Segundo esse autor, o BSC representa uma modelo para
os líderes usar na comunicação aos empregados e interessados externos os
resultados e os direcionadores de desempenho pelos quais a organização alcançará
sua missão e seus objetivos estratégicos.
Para Niven (2002), o BSC é um modelo que contempla três funções:
Sistema de medidas;
Sistema de gerenciamento estratégico; e
Ferramenta de comunicação.
Segundo Johnston e Clark (2002), o modelo mais conhecido que encoraja o
uso de um composto de medidas é o BSC. Este modelo vem tendo forte impacto nos
últimos anos por encorajar os gerentes de todos os níveis a investir em um conjunto
mais balanceado de medidas.
“O Balanced Scorecard permite focar nas medidas específicas selecionadas
para representar a estratégia da organização” (KAPLAN; 2005, p.42).
De acordo com Kaplan (2005), por mais de uma década diversas organizações
de todo o mundo de manufatura e serviços, setores públicos e privados, com fins
lucrativos e sem fins lucrativos, tem usado o BSC para alcançar avanços no
desempenho por meio da execução focada e eficaz da estratégia.
67
Para Marchesan, Miorando e Caten (2006), o BSC tem intenção de achar uma
solução para conflitos em comum entre os objetivos de curto e longo prazo pela
organização do sistema estratégico. Desta forma a estratégia e os objetivos da
Companhia, que representa sua Missão, são utilizados como base para abrir um
sistema de indicadores.
2.5.2.2 O Balanced Scorecard como um Sistema de Gerenciamento Estratégico
Segundo Kaplan e Norton (1996), os objetivos e as medidas de desempenho
para o Balanced Scorecard são mais que uma coleção de medidas financeiras e
não-financeiras de desempenho. Elas são derivadas de uma aplicação de um
processo top-down da missão e estratégia das unidades de negócios.
No uso do BSC como um sistema de gerenciamento estratégico, pode-se
identificar que os sistemas tradicionais de gerenciamento tradicionais possuem uma
séria deficiência: não ligam as estratégias de longo prazo com as ações de curto
prazo (KAPLAN; NORTON, 1998c, p.185).
Para Kaplan e Norton (1998c), estando o BSC no centro do sistema de
gerenciamento de uma organização, ela torna-se capaz de monitorar os resultados
de curto prazo a partir de três perspectivas (clientes, processos e aprendizado e
crescimento) e avaliar a estratégia em seu recente desempenho, permitindo que se
possa modificar as estratégias para refletir num aprendizado em tempo real.
Kaplan e Norton (1998b) relatam que o BSC é bem sucedido quando é usado
para dirigir os processos de mudanças nas organizações. Esses autores citam o
exemplo da Rockwater, a qual veio de uma fusão de duas empresas. De acordo com
esses autores, o BSC é um sistema de gerenciamento que pode motivar um avanço
nas melhorias em cada uma das prioridades críticas como, por exemplo, processos,
clientes e desenvolvimento de mercado.
68
De acordo com Kaplan e Norton (2001), embora cada organização possa
alcançar o alinhamento e o foco estratégico em diferentes maneiras, em diferentes
lugares e em diferentes seqüências, cada uma eventualmente utiliza um conjunto
comum de cinco princípios conforme apresenta a Figura 18.
Fonte: Adaptado de Norton e Kaplan (2001, p.148)
Figura 18 – Os princípios da organização focada na estratégia
No primeiro princípio, a estratégia deve ser transmitida seguindo uma
arquitetura lógica de um mapa estratégico e de um conjunto de indicadores
balanceados, visando especificar, em detalhes, os elementos críticos para as
estratégias de crescimento. Isso busca criar um comum e entendível ponto de
referência por todas as unidades de negócio da organização, bem como, por todos
os seus empregados.
Para Kaplan e Norton (2001), as organizações são complexas, constituindo-se,
muitas vezes, de numerosos setores, unidades de negócios, departamentos
especializados, possuindo seu próprio conhecimento e cultura. Segundo esses
autores, as divisões funcionais surgem e tornam-se as maiores barreiras para a
Alinhando a Organização
Alinhando a Organização
Para a Estratégia
Para a Estratégia
Transmita a estratégia para
Transmita a estratégia para
Termos Operacionais
Termos Operacionais
Mobilize a Mudança por meio
Mobilize a Mudança por meio
da liderança executiva
da liderança executiva
Faça a Estratégia num
Faça a Estratégia num
Processo Contínuo
Processo Contínuo
Faça a Estratégia para o
Faça a Estratégia para o
Trabalho de Todos
Trabalho de Todos
-Ligando Estratégia e Orçamento
-Aprendizado Estratégico
-Sistemas Analíticos e Informações
-Mapas Estratégicos
-Indicadores Balanceados
-Papel da Corporação
-Sinergia das Unidades de Negócio
-Sinergia das Unidades de Suporte
-Mobilização
-Processo de Governança
-Gerenciamento Estratégico
-Consciência Estratégica
-Indicadores Pessoais
1
2
3
4
5
ESTRATÉGIA
BALANCED
SCORECARD
Alinhando a Organização
Alinhando a Organização
Para a Estratégia
Para a Estratégia
Transmita a estratégia para
Transmita a estratégia para
Termos Operacionais
Termos Operacionais
Mobilize a Mudança por meio
Mobilize a Mudança por meio
da liderança executiva
da liderança executiva
Faça a Estratégia num
Faça a Estratégia num
Processo Contínuo
Processo Contínuo
Faça a Estratégia para o
Faça a Estratégia para o
Trabalho de Todos
Trabalho de Todos
-Ligando Estratégia e Orçamento
-Aprendizado Estratégico
-Sistemas Analíticos e Informações
-Mapas Estratégicos
-Indicadores Balanceados
-Papel da Corporação
-Sinergia das Unidades de Negócio
-Sinergia das Unidades de Suporte
-Mobilização
-Processo de Governança
-Gerenciamento Estratégico
-Consciência Estratégica
-Indicadores Pessoais
1
2
3
4
5
ESTRATÉGIA
BALANCED
SCORECARD
69
implementação da estratégia que muitas organizações m grande dificuldade de
comunicar e coordenar essas divisões. Para o desempenho organizacional ser mais
que a soma das partes, as estratégias individuais devem ser ligadas e integradas.
Nesta idéia apresenta-se o segundo princípio da organização focada na estratégia.
O terceiro princípio contempla a realização da estratégia para o trabalho diário
de todos na organização. De acordo com Kaplan e Norton (2001), esse princípio
requer que todos os empregados entendam a estratégia e a conduzam dia-a-dia nos
negócios de forma a contribuir para o sucesso da sua implementação. Para esses
autores, os executivos podem iniciar esse processo usando o BSC para comunicar e
educar a organização sobre a estratégia a ser implementada.
No quarto princípio, de acordo com Kaplan e Norton (2001), a estratégia deve
ser realizada por meio de um processo contínuo. De acordo com esses autores,
muitas organizações, constroem seus processos de gestão a cerca do orçamento e
de planos operacionais.
Segundo Kaplan e Norton (2001), as organizações introduzem, pelo BSC, um
processo duplo contínuo para gerenciar a estratégia. O processo integra o
gerenciamento de táticas com o gerenciamento de estratégias, usando três
importantes processos, sendo eles, a ligação da estratégia aos processos de
orçamento, o processo de revisão da estratégia e o aprendizado e adaptação da
estratégia.
De acordo com Kaplan e Norton (2001), os quatro primeiros princípios focam no
BSC como ferramenta, estrutura e processos para suportá-lo. Para esses autores, a
implementação de uma estratégia requer mudança de cada parte da organização.
Além disso, também requer uma equipe que coordene essas mudanças.
Para esses autores, o programa do BSC inicia na mobilização e na criação de
um momento para o processo ser lançado. Após isso, o foco passa a ser na
governança para implementar um novo modelo de gerir o desempenho. Finalmente,
e gradualmente, um novo sistema de gerenciamento evolui em um sistema de
70
gerenciamento estratégico que institucionaliza uma nova cultura, valores e
processos num novo sistema para gerenciar.
Portanto o BSC, além de um sistema de medição de desempenho, também é
um instrumento de gerenciamento estratégico, auxiliando no esclarecimento e
transmissão da visão, na comunicação e estabelecimento das metas, no
planejamento e definição dos objetivos e no feedback estratégico e aprendizado.
2.5.2.3 As Perspectivas do Balanced Scorecard
De acordo com Kaplan e Norton (1996), o BSC transmite a missão e a
estratégia em objetivos e medidas, organizadas em quatro diferentes perspectivas:
financeira, clientes, processos de negócios internos e aprendizado e crescimento.
Estas perspectivas devem possuir uma relação de causa-e-efeito, sendo a
perspectiva financeira a direcionadora das demais perspectivas. A lógica é que para
que se alcance os objetivos financeiros é necessária a manutenção dos clientes, a
conquista de novos clientes e a rentabilidade dos produtos ou serviços. Isso se
consegue com processos eficientes e eficazes. Para que esses processos sejam
excelentes é necessário pessoas treinadas e motivadas e que os relacionamentos
com comunidade e órgãos reguladores sejam capazes de garantir a continuidade da
organização.
Esta relação de causa-e-efeito entre as perspectivas pode ser comunicada
pelos dos mapas estratégicos.
Segundo Kaplan e Norton (2004, p.81), o mapa estratégico “explicita a hipótese
da estratégia. Cada indicador do BSC converte-se em parte integrante de uma
cadeia lógica de causa-e-efeito que conecta os resultados almejados da estratégia
com os vetores que induzirão a essas conseqüências, descreve o processo de
71
transformação de ativos intangíveis em resultados tangíveis para os clientes e, por
conseguinte, em resultados financeiros.”
Para Kaplan e Norton (1996), as medidas de desempenho financeiro indicam
se uma estratégia da companhia, a implementação e a execução estão contribuindo
para o melhoramento dos resultados financeiros. Os objetivos financeiros,
tipicamente relacionam-se às medidas de lucratividade, como por exemplo, dos
resultados operacionais, retorno do capital empregado, ou mais recentemente o
valor econômico agregado.
Os autores ainda propõem como objetivos financeiros alternativos o
crescimento de vendas ou a geração de fluxo de caixa.
Para Kaplan e Norton (1996), os seguintes temas estratégicos devem ser
considerados na perspectiva financeira:
- Crescimento de receita e mix;
- Redução de custo/melhoramento da produtividade; e
- Utilização de ativos/ estratégia de investimento.
O crescimento de receita e mix refere-se a expansão de produtos e serviços
oferecidos aos novos clientes e mercados, trocando produtos e serviços para
oferecer opções de maior valor agregado e mudando estratégia de preços de
produtos e serviços.
A redução de custo e melhoramento de produtividade refere-se aos esforços
para reduzir custos diretos de produtos e serviços, reduzir custos indiretos e otimizar
utilização de recursos.
Quanto à utilização de ativos e estratégia de investimentos os gestores devem
atentar para a redução dos níveis de capital empregado requeridos para suportar um
crescimento, direcionar recursos não utilizados para novos negócios e dispensar
ativos que promovam retornos inadequados.
72
Kaplan e Norton (1997, p.49) afirmam que:
O Balanced Scorecard deve contar a história da estratégia começando
pelos objetivos financeiros de longo prazo e relacionando-os à seqüência de
ações que precisam ser tomadas em relação aos processos financeiros, dos
clientes, dos processos internos e por fim, dos funcionários e sistemas, a fim
de que, em longo prazo, seja produzido o desempenho econômico
desejado.
Segundo Niven (2002), alguns autores referem-se às perspectivas do BSC
como quatro quadrantes, ao invés de perspectivas. O autor entende que por ser
somente quatro abordagens, a palavra “perspectivas” fica aberta a discussões, pois,
quando se refere a quadrantes, a palavra conserva a delimitação do Balanced
Scorecard, a qual estaria a abordagem financeira, clientes, processos internos e
aprendizado e crescimento.
Segundo Niven (2002), as medidas nesta perspectiva mostram se a execução
da estratégia, na qual está detalhada a medida escolhida das outras perspectivas,
está levando para o melhoramento dos resultados.
Conforme Mendes (2002, p.82), “os objetivos e medidas financeiras
desempenham um papel duplo quando definem o desempenho esperado da
estratégia, e servem de meta principal para os objetivos e medidas de todas as
outras perspectivas do Balanced Scorecard”.
A Figura 19 apresenta a relação entre os objetivos financeiros e os objetivos de
outras perspectivas.
73
Fonte: Adaptado Kaplan e Norton (1997, p.82)
Figura 19 – Objetivos econômicos de longo prazo e desempenho econômico.
Portanto, a perspectiva financeira do BSC aborda as medidas financeiras que
apontarão o alcance dos objetivos financeiros, sendo ela a perspectiva matriz das
outras perspectivas, as quais deverão ter suas medidas orientadas para atingir o
resultado econômico esperado.
Segundo Kaplan e Norton (1996), na perspectiva dos clientes do BSC, os
gerentes identificam os clientes e os segmentos de mercado nos quais as unidades
de negócios irão competir e as medidas de desempenho das unidades de negócios
destes segmentos alvos. Para os autores as principais medidas de resultados são:
Satisfação dos clientes;
Retenção de clientes;
Conquista de clientes;
Lucratividade dos clientes; e
Market-share dos segmentos alvos.
Algumas medidas específicas também podem estar contidas nesta perspectiva,
como por exemplo, tempos de atendimento, confiabilidade no atendimento,
ESTRATÉGIA AÇÕES RESULTADO
PROCESSOS
FINANCEIROS
PROCESSOS DOS
CLIENTES
PROCESSOS
INTERNOS
PROCESSOS DE
APRENDIZAGEM
OBJETIVOS
FINANCEIROS
DE
LONGO
PRAZO
DESEMPENHO
ECONÔMICO
DESEJADO
74
flexibilidade para atender novas demandas e desenvolvimento de novos serviços
(KAPLAN; NORTON, 1996).
Dentro da perspectiva de clientes, Kaplan e Norton (1996) abordam o conceito
de oferta de valor aos clientes. Para esses autores, a proposta de valor aos clientes
representa os atributos que as companhias podem oferecer, por meio de seus
produtos e serviços, para criar lealdade e satisfação nos clientes-alvo. A Figura 20
mostra o modelo genérico da oferta de valor ao cliente.
Fonte: Kaplan e Norton (1996, p.74)
Figura 20 – Oferta de valor ao cliente
“A preocupação dos clientes está focada em quatro categorias: tempo,
qualidade, desempenho e serviço e custo. Desta forma, deve-se definir metas e criar
medidas específicas que englobem essas categorias” (KAPLAN; NORTON, 1998,
p.128)
Portanto, observar o valor necessário aos clientes, bem como, questões
relacionadas ao mercado atuante devem ser considerados na perspectiva dos
clientes ao se elaborar um conjunto de métricas.
Para Kaplan e Norton (1998a), os gerentes devem focar em operações críticas
internas que permita satisfazer a necessidade dos clientes.
As medidas relacionadas aos clientes serão sustentadas pelo desempenho dos
processos internos. O bom desempenho junto aos clientes, pode ser efetivado se
houver processos, decisões e ações eficazes.
MODELO GENÉRICO
ATRIBUTOS DE PRODUTOS/SERVIÇOS
FUNCIONA-
LIDADE
PREÇOQUALIDADE TEMPO
IMAGEM RELACIONAMENTO
+ +
VALOR
=
ATRIBUTOS DE PRODUTOS/SERVIÇOS
FUNCIONA-
LIDADE
PREÇOQUALIDADE TEMPO
IMAGEM RELACIONAMENTO
+ +
VALOR
=
75
Quanto à perspectiva de processos de negócios internos, Kaplan e Norton
(1996) entendem que os executivos identificam processos internos críticos nos quais
a organização deve ser excelente. Esses processos permitem as unidades de
negócios:
Atender a oferta de valores que vão atrair e reter clientes nos
segmentos alvos de mercado; e
Satisfazer as expectativas dos acionistas do retorno financeiro
Assim, Kaplan e Norton (1996, p.27) afirmam que “as medidas dos processos
de negócios internos tem o foco nos processos internos que vão ter grande impacto
na satisfação dos clientes e alcançar os objetivos financeiros da organização”.
Para Kaplan e Norton (1996), o modelo de cadeia de valor genérica, conforme
a Figura 21, fornece um modelo que as companhias podem customizar na
preparação de suas perspectivas internas de processos de negócios, contemplando
três principais deles:
Inovação;
Operações; e
Serviços pós-vendas.
Fonte: Kaplan e Norton (1996, p. 96)
Figura 21 – A perspectiva de processos de negócios internos – O modelo de cadeia de valor genérica
Segundo Niven (2002, p.15), “na perspectiva de processos internos nós
identificamos os processos chaves que a empresa deve ser excelente num pedido
para continuar adicionando valor para os clientes e para os acionistas”.
Necessidades
do Cliente
Identificadas
Necessidades
do cliente
Satisfeitas
Identifica
o
Mercado
Cria o
Produto
Servo
Constrói
Produtos/
serviços
Atende
Os
produtos
Servos
Servo
Ao
Cliente
Processo de
Inovão
Processo de
Operações
Processo de
Pós-Vendas
Necessidades
do Cliente
Identificadas
Necessidades
do cliente
Satisfeitas
Identifica
o
Mercado
Cria o
Produto
Servo
Constrói
Produtos/
serviços
Atende
Os
produtos
Servos
Servo
Ao
Cliente
Processo de
Inovão
Processo de
Operações
Processo de
Pós-Vendas
76
Assim, a perspectiva de processos internos, no BSC, aborda os processos de
inovação, operações e pós-vendas, que devem ser gerenciados com o objetivo de
atender as necessidades dos clientes e as expectativas dos acionistas. O conjunto
de medidas deve estar ligado a esses processos de tal forma que atenda aos
objetivos de desempenho estabelecidos, sustentando a perspectiva de clientes e
financeira.
Já, a respeito da perspectiva de aprendizado e crescimento, de acordo com
Kaplan e Norton (1996, p. 28), ela “identifica a infra-estrutura que a organização
deve construir para criar a longo prazo crescimento e melhoria”.
Segundo os autores, a intensa competição global requer que as companhias
melhorem continuamente suas competências para atender com agregação de
valores aos clientes e acionistas.
Para Kaplan e Norton (1996), o aprendizado organizacional e o crescimento
surgem de três fontes:
Pessoas;
Sistemas; e
Procedimentos Organizacionais.
Segundo Kaplan e Norton (1996), os focos de mensuração, dentro da
perspectiva de aprendizado e crescimento, seriam as relacionadas aos objetivos dos
funcionários como:
Satisfação dos funcionários;
Retenção de funcionários; e
Produtividade dos empregados.
A Figura 22 apresenta a estrutura de aprendizado e crescimento envolvendo os
focos de mensuração.
77
Fonte: Kaplan e Norton (1996, p.129)
Figura 22 – Estrutura de medição do aprendizado e crescimento
Para Niven (2002), esta perspectiva é a base para as outras três perspectivas,
pois envolve a habilidade dos funcionários e os sistemas de informações, sendo
estes a infra-estrutura para possibilitar atingir resultados que as outras perspectivas
exigirão.
2.5.2.4 Outras Considerações a Respeito do Balanced Scorecard
Após abordar as quatro perspectivas, Kaplan e Norton (1996) afirmam que no
geral o BSC transmite a visão e estratégia em objetivos e medidas por meio de um
balanceado conjunto de perspectivas. O BSC incluí medidas de resultados
esperados como também processos que vão direcionar os resultados esperados
para o futuro.
Para Kaplan e Norton (1996), as quatro perspectivas são necessárias para
exprimir os resultados de uma organização, porém, admitem a possibilidade de
adicionar uma ou mais perspectiva. Os autores justificam que outros interessados,
além dos clientes e acionistas, podem ser importantes dentro das unidades
RESULTADOS
RETENÇÃO
DE
FUNCIONÁRIOS
PRODUTIVIDADE
DOS
FUNCIORIOS
SATISFAÇÃO
DOS
FUNCIONÁRIOS
INFRA-ESTRUTURA
DE
TECNOLOGIA
COMPENCIAS
DE
PESSOAS
CLIMA PARA
AÇÃO
Requisitos
Medidas
Centrais
RESULTADOS
RETENÇÃO
DE
FUNCIONÁRIOS
PRODUTIVIDADE
DOS
FUNCIORIOS
SATISFAÇÃO
DOS
FUNCIONÁRIOS
INFRA-ESTRUTURA
DE
TECNOLOGIA
COMPENCIAS
DE
PESSOAS
CLIMA PARA
AÇÃO
Requisitos
Medidas
Centrais
78
estratégicas de negócios, como fornecedores, por exemplo. Porém eles alegam que
estes poderiam ser incluídos dentro da perspectiva de processos internos.
De acordo com Kaplan e Norton (1996), em termos de indicadores,
propriamente dito, existem dois tipos que devem ser contemplados no BSC: os
indicadores de resultado (lagging indicators) e os indicadores de tendência (leading
indicators). Os primeiros exprimem os resultados passados e mostram os efeitos das
decisões e ações tomadas. os do segundo tipo, denotam o que deve ser
realizado para que sejam obtidos os resultados a longo prazo.
Mais recentemente, Kaplan (2005) propôs uma sinergia no modelo BSC com o
modelo Mckinsey 7-S.
De acordo com Kaplan (2005), o Mckinsey 7-S prevê sete fatores críticos para
a execução eficaz da estratégia:
Estratégia;
Estrutura;
Sistemas;
Pessoas;
Habilidades;
Cultura; e
Valores Compartilhados.
Conforme a análise de Kaplan (2005), os modelos BSC e McKinsey 7-S
possuem particularidades em comum. Para ele, ambas articulam que a
implementação da estratégia requer uma abordagem multidimensional. Os dois
modelos também possuem uma relação de causa-e-efeito e ambos os modelos
ajudam os gestores a alinhar suas organizações para uma execução eficaz da
estratégia.
Kaplan (2005) conclui que embora existam essas similaridades, o BSC não é
somente consistente com o Modelo McKinsey, mas também pode ajudar a
79
implementar o seu uso. Segundo esse autor, a contribuição que o BSC pode
oferecer é transmitindo os sete fatores do modelo McKinsey, por meio de objetivos
quantificáveis que levam para a ação (educação, treinamento e iniciativas práticas) e
feedback.
Ao longo dos anos de existência do BSC, algumas análises críticas têm sido
feitas ao modelo.
Attadia, Canavarolo e Martins (2003) entendem que o sucesso da
implementação do BSC em uma organização depende de fatores conceituais,
estruturais e gerenciais. As críticas conceituais referem-se a aqueles aspectos
relacionados à concepção do BSC. Para esses autores, o fato do BSC ter sido
criado em um contexto prescritivo de estratégia, limita-o enquanto um Sistema de
Gestão do Desempenho, pois os fatores relacionados à visão descritiva como o
empreendedorismo, o jogo do poder, a influência da cultura, a importância da
liderança e o próprio lado emergente das estratégias são pouco explorados.
Outras críticas relacionadas ao modelo, segundo esses autores, são as
estruturais, ou seja, referem-se às falhas existentes na configuração do BSC.
Algumas delas seriam, por exemplo, falta de detalhamento relacionado ao processo
de elaboração das medidas de desempenho, falta de especificação de como os
dados devem ser coletados na organização, falta de perspectiva que monitore o
ambiente externo (concorrentes) e ausência de informação a respeito do processo
cognitivo de formulação da estratégia.
Por último, esses autores citam as críticas gerenciais, as quais, referem-se às
falhas de gestão que impedem a implementação do BSC. Estas críticas estão
relacionadas às quatro etapas de implementação: tradução da visão, comunicação e
ligação da estratégia, planejamento do negócio e feedback e aprendizado.
Voepel, Leibold e Eckhoff (2006) fazem duras críticas ao modelo BSC.
80
De acordo com esses autores, o BSC apresenta uma estrutura rígida, forçando
a existência de indicadores apenas relativos às quatro perspectivas, estando,
portanto, em desalinhamento com uma nova economia.
Respondendo às críticas de Voepel, Leibold e Eckhoff (2006), Kaplan e Norton
(2006) argumentam que em Kaplan e Norton (1996), no capítulo “Four Perspectives:
Are these Sufficient?”, foi previsto que algumas companhias poderiam utilizar-se de
mais perspectivas, conforme suas particularidades.
Para Voepel, Leibold e Eckhoff (2006), o BSC é uma ferramenta estática, que
não se adapta às mudanças do novo ambiente competidor e isso pode gerar novos
objetivos que a ferramenta não poderia suportar.
Kaplan e Norton (2006) respondem que eles têm defendido que as companhias
usem o BSC como uma oportunidade para aprender e adaptar suas estratégias
mudando conhecimento e condições econômicas, gerando novas idéias a partir da
organização.
Outra crítica colocada por Voepel, Leibold e Eckhoff (2006) é de que o BSC
não estimula a criatividade das pessoas, por ser uma rotina de processo no que diz
respeito ao aprendizado, criação e crescimento.
Diante desta crítica, Kapan e Norton (2006) afirmam que o BSC possui uma
análise extensiva da inovação de processos, incluindo objetivos potenciais e
objetivos que as companhias podem usar em seus mapas estratégicos e no sistema
BSC.
Finalizando o conjunto de críticas, Voepel, Leibold e Eckhoff (2006) afirmam
ter, o BSC, um pensamento linear e mecanicista, sendo difícil de atuar nos negócios
num mundo em que as redes e a interconexão estão cada vez mais presentes.
81
Kaplan e Norton (2006) contrapõem que eles caracterizaram o BSC para se
adaptar a um ambiente incerto, num sistema dinâmico no gerenciamento da
estratégia.
Por último, Voepel, Leibold e Eckhoff (2006) sugerem que as companhias
abandonem o BSC e repensem com suas próprias criações um sistema próprio de
medição.
Kaplan e Norton (2006) rebatem firmemente afirmando que os autores violam
os princípios da academia, fazendo alegações que ignoram ou desprezam textos
que estão disponíveis nos artigos e livros escritos sobre o BSC. Esses autores
afirmam que Voepel, Leibold e Eckhoff (2006) encorajam as companhias a
abandonarem um modelo testado e com experiências publicadas ao longo de todo o
mundo por um modelo que não tem nenhuma publicação de referência, que afirma
ter havido sucesso em uma simples organização.
Outros aspectos atualmente discutidos sobre o BSC, dizem respeito aos
aspectos críticos de sua implementação.
De acordo com Prieto et al. (2006), em pesquisa de campo realizada por esses
autores, 93% dos fatores críticos para o sucesso da implementação do BSC
referem-se à falta de comprometimento da alta administração.
A pesquisa realizada por esses autores também revelou que os processos de
implementação de sucesso estudados possuíam uma estrutura formal e processos
de comunicação bem definidos, atrelados a um forte alinhamento estratégico,
desdobrados em processos críticos também bem definidos, para as quatro
perspectivas estratégicas, pois sem uma estratégia que permeie todos os níveis
hierárquicos da empresa, as chances de sucesso no alcance dos objetivos
organizacionais são mínimas.
Conforme Prieto et al. (2006), entre as situações críticas apontadas pelas
empresas de consultorias e pelas empresas usuárias destacaram-se as discussões
82
não claras e pouco freqüentes, quatro perspectivas não balanceadas, o BSC como
único evento e não como um processo contínuo e a não divisão dos papéis e
responsabilidades. Para esses autores, torna-se importante pesquisas para o futuro
relacionadas à qualidade da estratégia, à estrutura de comunicação e de mudança
de cultura, ao processo de premiação e distribuição de ganhos e à adequação dos
indicadores que monitoram os ativos intangíveis.
Portanto, embora o BSC tem sido utilizado por muitas empresas em todo o
mundo, críticas e evoluções com sinergias entre outras idéias e modelos têm sido
colocadas pelo meio acadêmico e científico. Os principais pontos críticos que estão
sendo levantados a respeito do BSC tratam sobre a sua estrutura, conceito e
potencialidade de gestão. Porém, não parece adequado a sugestão de acordo com
Voepel, Leibold e Eckhoff (2006), os quais sugerem o abandono do modelo por parte
das empresas. As críticas expostas podem ser bem utilizadas de uma forma
construtivista, de forma a proporcionar melhorias nas aplicações e sinergias com
outros modelos existentes e em evolução.
Considerações sobre os pontos críticos no processo de implementação do BSC
também tem sido motivo de pesquisas e discussões, como forma de se buscar o
sucesso nas implementações do modelo, destacando-se, entre as principais
deficiências, a falta de comprometimento da alta administração com esses
programas.
2.5.3 O Modelo Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ)
O modelo do Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) teve origem em 1992 e foi
baseado no modelo americano do Prêmio Malcolm Baldrige National Quality Award
(MBNQA).
Com a sua evolução, O PNQ deu origem em 2005 ao Modelo de Excelência da
Gestão (MEG).
83
De acordo com a Fundação Nacional da Qualidade (2006) o MEG atende aos
requisitos sistêmicos, ou seja, estabelece uma orientação integrada e independente,
na qual, vários elementos da organização e as partes interessadas interagem de
forma harmônica e balanceada em função de estratégias e resultados mutuamente
definidos. Assim, o MEG permite que os vários elementos de uma organização
possam ser avaliados em conjunto de forma independente e complementar.
O MEG baseia-se em um conjunto de fundamentos que expressam conceitos
atuais que se traduzem em práticas encontradas em organizações de elevado
desempenho, líderes de classe mundial.
Segundo a FNQ (2006), os doze fundamentos que são base do MEG são:
- Visão sistêmica
- Aprendizado organizacional
- Proatividade
- Inovação
- Liderança e constância de propósitos
- Visão de futuro
- Foco no cliente e no mercado
- Responsabilidade social
- Gestão baseada em fatos
- Valorização das pessoas
- Abordagem por processos
- Orientação para resultados
Com os fundamentos de excelência estabelecidos e conceituados, o MEG deve
traduzi-los em critérios que permitam definir os elementos necessários que devem
estar presentes nos modelos de gestão das organizações para que elas possam
colocar em prática, na íntegra, os fundamentos de excelência.
Para se implementar parte do fundamento liderança e constância de
propósitos, por exemplo, o MEG possui o requisito “como a direção interage com as
84
partes interessadas, demonstrando comprometimento e buscando oportunidades
para a organização “.
Segundo a FNQ (2006), a estrutura do MEG também deve conter elementos
que permitam avaliar em que graus seus requisitos estão sendo atendidos pelo
sistema de gestão. Esses elementos são chamados de Fatores de Avaliação sendo
que sete dos dez existentes avaliam o atendimento dos requisitos associados às
práticas de gestão (Critérios de Excelência de 1 a 7) e um para avaliar os resultados
decorrentes destas práticas (Critério 8). A Figura 23 apresenta o Modelo de
Excelência da Gestão (MEG) mostrando seus oito critérios de excelência.
Fonte: FNQ (2006,p.14)
Figura 23 – MEG (Modelo de Excelência da Gestão)
O conceito do MEG, de acordo com a Figura 23, é que os vários elementos do
modelo encontram-se imersos num ambiente de informações e conhecimento,
relacionando-se de uma forma harmônica e integrada, direcionando-se para a
geração de resultados. Vale observar que o Modelo de Excelência da Gestão segue
uma característica e fluxo contínuo, adotando conceitos do ciclo PDCL (plan, do,
check and learn).
Pela Figura 23, observa-se também que o Critério Estratégias e Planos possui
o formato de uma seta, caracterizando sua função de direcionamento
85
organizacional. A representação circular está ligada a evidenciar um sistema
integrado de componentes importantes da organização.
De acordo com a FNQ (2006):
O MEG procura representar que as necessidades e expectativas dos
Clientes da Organização bem como as da Sociedade e comunidades, em
que está inserida, devem ser entendidas, traduzidas e utilizadas pela
Liderança, para a definição do modelo de negócio e do sistema de gestão
da Organização. A Liderança responde pela implementação da governança
e pelo atendimento harmônico e balanceado das necessidades das partes
interessadas. O direcionamento da Organização dado pela Liderança é
incorporado ao negócio e aos principais esforços da Organização por meio
das Estratégias e Planos. Por sua vez, a execução das orientações
estratégicas é realizada por meio das Pessoas que compõem a força de
trabalho, utilizando-se dos Processos existentes na Organização. Todo
esse ciclo ao ser executado deverá conduzir a Resultados que devem ser
analisados, entendidos e utilizados para a tomada de decisão, gerando um
novo ciclo de gestão. Por fim, é por meio das Informações e
Conhecimento que todas as diferentes etapas deste ciclo se integram, por
meio de um sistema único e contínuo. É ainda por meio dos conhecimentos
gerados que este modelo amadurece, produzindo ciclos de melhoria das
suas práticas de gestão e resultados.
Os Critérios de Excelência, ordenadamente do primeiro ao oitavo são:
- Critério 1 - Liderança
- Critério 2 - Estratégias e Planos
- Critério 3 - Clientes
- Critério 4 - Sociedade
- Critério 5 - Informação e Conhecimento
- Critério 6 - Pessoas
- Critério 7 - Processos
- Critério 8 – Resultados
Os fatores de avaliação relacionados às práticas e resultados do MEG são:
86
- Fator 1 - Adequação
- Fator 2 - Proatividade
- Fator 3 - Refinamento
- Fator 4 - Inovação
- Fator 5 - Disseminação
- Fator 6 - Continuidade
- Fator 7 - Integração
- Fator 8 - Relevância
- Fator 9 - Tendência
- Fator 10 - Nível Atual
Segundo a FNQ (2007), o conjunto de respostas aos requisitos de cada item
dos processos relacionados à gestão (itens dos critérios de 1 a 7) deve demonstrar a
aplicação integrada das práticas de gestão da organização e comprovar que o
mesmo é implementado segundo a dinâmica do diagrama de gestão, conforme
apresenta a Figura 24.
Fonte: FNQ (2007, p.15)
Figura 24 – Diagrama de gestão
DEFINI
DEFINI
Ç
Ç
ÃO DAS
ÃO DAS
PR
PR
Á
Á
TICAS E PADRÕES
TICAS E PADRÕES
MELHORIA
MELHORIA
AVALIA
AVALIA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
PLANEJAMENTO DA
PLANEJAMENTO DA
EXECU
EXECU
Ç
Ç
ÃO
ÃO
A
A
Ç
Ç
ÃO
ÃO
VERIFICA
VERIFICA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
(Compara
(Compara
ç
ç
ão com o
ão com o
Padrão)
Padrão)
EXECU
EXECU
Ç
Ç
ÃO
ÃO
DEFINI
DEFINI
Ç
Ç
ÃO DAS
ÃO DAS
PR
PR
Á
Á
TICAS E PADRÕES
TICAS E PADRÕES
MELHORIA
MELHORIA
AVALIA
AVALIA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
PLANEJAMENTO DA
PLANEJAMENTO DA
EXECU
EXECU
Ç
Ç
ÃO
ÃO
A
A
Ç
Ç
ÃO
ÃO
VERIFICA
VERIFICA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
(Compara
(Compara
ç
ç
ão com o
ão com o
Padrão)
Padrão)
EXECU
EXECU
Ç
Ç
ÃO
ÃO
87
O Quadro 2, também apresenta a relação entre os critérios de excelência e os
fatores de avaliação do MEG.
Fonte: O Autor
Quadro 2 – Relação entre os critérios de excelência e fatores de avaliação
Desta forma, o MEG é um modelo de gestão que contém um sistema de
medição de desempenho baseado nas perspectivas representadas pelos critérios de
CRÍTÉRIOS DE
EXCELÊNCIA
ITENS DOS CRITÉRIOS
FATORES DE
AVALIAÇÃO
Sistema de Liderança
Cultura de Excelência
Análise do Desempenho da Organização
Formulação das Estratégias
Implementação das Estratégias
Imagem e conhecimento de Mercado
Relacionamento com Clientes
Responsabilidade Sócioambiental
Ética e Desenvolvimento Social
Gestão das Informações da Organização
Gestão das Informações Comparativas
Gestão de Ativos Intangíveis
Sistemas de Trabalho
Capacitação e Desenvolvimento
Qualidade de Vida
Gestão dos Processos Principais do negócio e dos
Processos de Apoio
Gestão do Relacionamento com Fornecedores
Gestão econômico-financeira
Resultados Econômico-financeiros
Resultados relativos aos clientes e ao Mercado
Resultados Relativos à Sociedade
Resultados Relativos às Pessoas
Resultados dos Processos Principais do negócio e
dos Processos de Apoio
Resultados Relativos aos Fornecedores
ADEQUAÇÃO
PROATIVIDADE
REFINAMENTO
INOVAÇÃO
DISSEMINAÇÃO
CONTINUIDADE
INTEGRAÇÃO
RELEVÂNCIA
TENDÊNCIA
NÍVEL ATUAL
Informação e
Conhecimento
Pessoas
Processos
Resultados
Liderança
Estratégias e
Planos
Clientes
Sociedade
ITENS DE EXCELÊNCIA
CRÍTÉRIOS DE
EXCELÊNCIA
ITENS DOS CRITÉRIOS
FATORES DE
AVALIAÇÃO
Sistema de Liderança
Cultura de Excelência
Análise do Desempenho da Organização
Formulação das Estratégias
Implementação das Estratégias
Imagem e conhecimento de Mercado
Relacionamento com Clientes
Responsabilidade Sócioambiental
Ética e Desenvolvimento Social
Gestão das Informações da Organização
Gestão das Informações Comparativas
Gestão de Ativos Intangíveis
Sistemas de Trabalho
Capacitação e Desenvolvimento
Qualidade de Vida
Gestão dos Processos Principais do negócio e dos
Processos de Apoio
Gestão do Relacionamento com Fornecedores
Gestão econômico-financeira
Resultados Econômico-financeiros
Resultados relativos aos clientes e ao Mercado
Resultados Relativos à Sociedade
Resultados Relativos às Pessoas
Resultados dos Processos Principais do negócio e
dos Processos de Apoio
Resultados Relativos aos Fornecedores
ADEQUAÇÃO
PROATIVIDADE
REFINAMENTO
INOVAÇÃO
DISSEMINAÇÃO
CONTINUIDADE
INTEGRAÇÃO
RELEVÂNCIA
TENDÊNCIA
NÍVEL ATUAL
Informação e
Conhecimento
Pessoas
Processos
Resultados
Liderança
Estratégias e
Planos
Clientes
Sociedade
ITENS DE EXCELÊNCIA
88
excelência, auxiliando na implementação das práticas de gestão, por meio da
verificação e avaliação perante os padrões estabelecidos e visando a melhoria e o
aprendizado organizacional contínuo de uma organização.
2.5.4 O Modelo de Sink e Tutle
Para Sink e Tutle (1993), os sistemas de medição de desempenho não estão
ligados à estratégia e que o problema dos outros modelos é a falta de enfoque nas
medidas realmente importantes.
Sink e Tutle (1993) apresentam o processo de gerenciamento do desempenho,
conforme mostra a Figura 25.
Fonte: Adaptado de Sink e Tutle (1993)
Figura 25 – Modelo de gerenciamento do desempenho
Sink e Tutle (1993) propõem um modelo baseado em sete critérios de
performance:
- Eficácia;
- Eficiência;
Sistemas à
Montante
Sistemas à
Juzante
Sistema
Organizacional
Estratégia
Medir
Avaliar
Inputs Outputs
Sistemas à
Montante
Sistemas à
Juzante
Sistema
Organizacional
Estratégia
Medir
Avaliar
Inputs Outputs
89
- Produtividade;
- Qualidade;
- Qualidade de vida no trabalho;
- Inovação; e
- Lucratividade.
De acordo com esses autores, a medição do desempenho tem por objetivo
melhorar a variação do desempenho em relação aos padrões de comportamento
pré-estabelecidos, identificando as diferenças e efetuando as correções.
Segundo Schmidt, Santos e Martins (2006), o modelo de Sink e Tutle é
representado como um sistema de feedback em ciclo fechado composto por oito
etapas, sendo projetado para vislumbrar a organização do futuro, que tem o
compromisso de sobreviver, crescer e competir por meio da melhoria dos níveis de
performance.
O Modelo prescreve um vínculo com os objetivos estratégicos de uma
organização. De acordo com Sink e Tutle (1989), a medição de desempenho precisa
estar alinhada com a visão da organização, estratégias de longo prazo e contemplar
uma implementação baseada nos objetivos de longo prazo, sendo importante
também, uma cultura organizacional alinhado ao modelo de mensuração.
Sink e Tutle (1993) apresentam, ilustrada na Figura 26, a visão geral do modelo
proposto. O modelo tem início com a visão da organização para o futuro e o
estabelecimento dos objetivos estratégicos, passando por um processo de
indicadores-chave de performance e finalizando num feedback para o
gerenciamento da implementação estratégica.
Para esses autores, o processo de medição permite identificar as necessidades
de feedback, o que pode ser melhorado e o que concentrar a atenção e onde
colocar os recursos.
90
Fonte: Sink e Tutle (1993,p.40)
Figura 26 – Visão geral do modelo de Sink e Tutle
Para Sink e Tutle (1993), o modelo proposto é superior aos outros modelos
devido ao acompanhamento da implementação estratégica por meio dos sete
critérios de performance estabelecidos, sendo estes, suficientes para a
sustentabilidade e alcance dos objetivos estratégicos de uma organização.
2.5.5 O Modelo Quantum
Hronec (1994), criador do modelo Quantum, coloca a medição do desempenho
como uma forma de proporcionar benefícios a uma organização, pois segundo esse
autor esta medição tende a aumentar a satisfação dos clientes, cria uma sistemática
de controle do processo proporcionando a melhoria contínua, usa o benchmarking
para se buscar as melhores práticas e muda o padrão de comportamento humano
nas organizações estimulando mudanças.
ETAPA 1
Análise de sistemas
Organizacionais
ETAPA 2
Hipóteses de
Planejamento
ETAPA 3
Objetivos
Estratégicos
ETAPA 4
Objetivos Táticos e
Itens de ação
ETAPA 5
Times de Ação
ETAPA 6
Gerenciamento do
Projeto
ETAPA 7
Medição de
Avaliação
ETAPA 8
Gerenciar a
Implementação
Eficaz, acompanhar e
controlar
Indicadores-
Chaves de
Performance
Indicadores-
Chaves de
Performance
Reciclagem anual,
Evolução e
melhoria
contínuas
ETAPA 1
Análise de sistemas
Organizacionais
ETAPA 2
Hipóteses de
Planejamento
ETAPA 3
Objetivos
Estratégicos
ETAPA 4
Objetivos Táticos e
Itens de ação
ETAPA 5
Times de Ação
ETAPA 6
Gerenciamento do
Projeto
ETAPA 7
Medição de
Avaliação
ETAPA 8
Gerenciar a
Implementação
Eficaz, acompanhar e
controlar
Indicadores-
Chaves de
Performance
Indicadores-
Chaves de
Performance
Reciclagem anual,
Evolução e
melhoria
contínuas
ETAPA 1
Análise de sistemas
Organizacionais
ETAPA 2
Hipóteses de
Planejamento
ETAPA 3
Objetivos
Estratégicos
ETAPA 4
Objetivos Táticos e
Itens de ação
ETAPA 5
Times de Ação
ETAPA 6
Gerenciamento do
Projeto
ETAPA 7
Medição de
Avaliação
ETAPA 8
Gerenciar a
Implementação
Eficaz, acompanhar e
controlar
Indicadores-
Chaves de
Performance
Indicadores-
Chaves de
Performance
Reciclagem anual,
Evolução e
melhoria
contínuas
91
Hronec (1994) apresenta um modelo baseado na busca do monitoramento dos
processos, satisfação dos clientes, benchmarking e geração de mudanças levando-
se em consideração três dimensões como qualidade, tempo e custo, as quais, o
relacionamento entre elas gera a satisfação correspondente ao valor e o
atendimento às expectativas do cliente quanto a excelência nos serviços. A Figura
27 mostra a família de desempenho Quantum, bem como, o relacionamento
existente entre as dimensões.
Fonte: Hronec (1994, p.17)
Figura 27 – Família de medidas de desempenho Quantum
Segundo Hronec (1994), as dimensões do modelo Quantum podem ser
abordadas por uma matriz, em que elas são escalonadas em três níveis, conforme
mostra o Quadro 3.
DESEMPENHO
Valor Serviço
Custo Qualidade Tempo
QUANTUM
DESEMPENHO
Valor Serviço
Custo Qualidade Tempo
QUANTUM
92
Fonte: Adaptado de Hronec (1994)
Quadro 3 – Matriz Quantum
Hronec (1994) estrutura o modelo Quantum a partir de quatro elementos:
- Geradores: A estratégia gera a necessidade de medição do
desempenho, considerando o ambiente na qual a organização opera;
- Facilitadores: São os responsáveis por propiciar as mudanças e
implantação do modelo. Esses elementos são: a comunicação, o treinamento,
as recompensas e o benchmarking;
- Processo: Participa do modelo pelo foco em padrões de desempenho,
nos processos operacionais e administrativos, nas medidas de output nas
atividades chave e medidas de implementação; e
- Melhoria Contínua: Exerce o feedback da implementação e das medidas
de desempenho empregado pela administração para retificar a estratégia, as
metas e as medidas do processo da organização, fazendo com que a medição
de desempenho seja um processo não um evento.
A Figura 28 apresenta a estrutura do modelo Quantum.
CUSTO TEMPO
ORGANIZAÇÃO
Estratégico
Velocidade
Flexibilidade
Responsabilidade
Maleabilidade
PROCESSO
Inputs
Atividades
Velocidade
Flexibildade
PESSOAS
Remuneração
Desenvolvimento
Motivação
Responsabilidade
Maleabilidade
Conformidade
Produtividade
Confiabildiade
Credibilidade
Competência
QUALIDADE
VALOR SERVIÇO
Empatia
Produtividade
Confiabilidade
Credibilidade
Competência
93
Fonte: Hronec (1994, p.22)
Figura 28 – O modelo Quantum
Para Müller (2003), as propostas do modelo Quantum são baseadas em três
perspectivas:
- Custo: Quantifica o lado econômico da excelência;
- Qualidade: Excelência do produto ou serviço; e
- Tempo: Excelência do processo.
Para Rocha e Rocha (2006), o modelo Quantum apresenta algumas
semelhanças ao BSC tais como: as metas que são geradas a partir da estratégia da
organização, os indicadores baseados nos processos críticos e o contínuo ajuste
nas estratégias.
Para Schmidt, Santos e Martins (2006, p.110), “uma empresa que for
competitiva em custo e qualidade apresenta um bom nível de serviço aos seus
DESEMPENHO
Implementação
QUANTUM
Medidas do Processo
Atividades-Chaves
Medidas do output
Processos Críticos
Metas
Comunicação
Recompensas
Treinamento
Benchmark
ESTRATÉGIA
Liderança
Interessados
Melhores Práticas
Melhoria Contínua
DESEMPENHO
Implementação
QUANTUM
Medidas do Processo
Atividades-Chaves
Medidas do output
Processos Críticos
Metas
Comunicação
Recompensas
Treinamento
Benchmark
ESTRATÉGIA
Liderança
Interessados
Melhores Práticas
Melhoria Contínua
94
clientes. Esses autores concluem que “desempenho Quantum é, enfim, o nível de
realização que otimiza o valor e o serviço da organização para seus interessados”.
O modelo Quantum, portanto, é originado da estratégia sendo um gerador de
mudanças dentro da organização, por meio de seus elementos facilitadores, focando
nos processos e em seus resultados e atuando na melhoria contínua dos mesmos e
na adequação estratégica, sempre num processo contínuo de avaliação, tudo isso,
visando criar valor e oferecer nível de serviço aos clientes.
2.5.6 O Modelo Performance Prism
Avaliar as relações organizacionais com os seus principais interessados e as
suas ligações com as estratégias, processos e competências, pode ser uma forma
de alavancar e melhorar o desempenho empresarial.
Para Frost (2000), dependendo da natureza dos negócios, os stakeholders
podem ser os clientes externos, internos, agências regulatórias, acionistas e outros.
Esse autor entende que a consideração de todos os stakeholders envolvidos
na organização deve ser realizada, a ponto de que, caso algum deles seja
esquecido no sistema de gestão e avaliação, as conseqüências podem ser drásticas
para o negócio.
“Nosso negócio é criar valor para os nossos stakeholders; nosso primeiro
trabalho é conhecer quem são nossos stakeholders e o que eles valorizam em nosso
desempenho” (FROST, 2000, p.31).
O modelo Performance Prism surgiu a partir de Nelly e Adams (2000). Esses
autores propuseram o modelo diante do entendimento de que as diversas
abordagens ou metodologias de medição do desempenho possuem um contexto
próprio, no entanto, todas buscam a mesma finalidade que é medir o desempenho.
95
Diante deste cenário, Nelly e Adams (2000) propõem o Performance Prism,
afirmando ser um modelo mais amplo por levar em consideração cinco faces,
conforme a estrutura de um prisma.
De acordo com Neely, Adams e Crowe (2001), o modelo tem sido aplicado em
um número real de situações. Ele também tem sido usado em fusões e aquisições,
com o objetivo de melhorar estes processos.
Segundo Adams e Neely (2003), o Performance Prism é baseado nos
relacionamentos das organizações com seus múltiplos stakeholders dentro dos seus
ambientes de operações, conforme apresenta a Figura 29.
Fonte: Adams e Neely (2003)
Figura 29 – Apresentação geral do modelo Performance Prism
De acordo com Adams e Neely (2003), na estrutura do Performance Prism, a
satisfação dos stakeholders, bem como, as suas contribuições, atuam no centro pela
busca do sucesso de uma organização.
Para esses autores, embora as perspectivas de processos, estratégias e
competências estejam envolvidas, e estarão servindo de sustentadoras para a
satisfação dos stakeholders, ou receptoras das contribuições dos mesmos, conforme
apresenta a Figura 30, são eles o foco do Performance Prism.
Ambiente
De
Operações
Performance
Prism
INVESTIDORES
CLIENTES
INTERMEDIÁRIOS
FUNCIONÁRIOS
FORNECEDORES
REGULAMENTADORES
COMUNIDADES
MEDIDAS PARA O
GERENCIAMENTO DAS
RELAÇÕES DOS STAKEHOLDERS
Ambiente
De
Operações
Performance
Prism
INVESTIDORES
CLIENTES
INTERMEDIÁRIOS
FUNCIONÁRIOS
FORNECEDORES
REGULAMENTADORES
COMUNIDADES
MEDIDAS PARA O
GERENCIAMENTO DAS
RELAÇÕES DOS STAKEHOLDERS
96
Fonte: Adams e Neely (2003)
Figura 30 – O Performance Prism em ação
Adams e Neely (2006) entendem que o BSC considera apenas três
stakeholders como investidores, clientes e empregados. O Performance Prism
considera empregados, fornecedores, intermediários, regulamentadores e
comunidade. De uma forma única, este modelo considera a satisfação e a
contribuição dos stakeholders.
Pelo fato deste modelo derivar da estratégia para os processos e então não
esconder as competências, o Performance Prism alcança a abrangência e a
visualiza num ângulo ampliado, em outros negócios, que está faltando desempenho
na estrutura de medição. O resultado, segundo esses autores, é muito mais
realístico na figura dos dirigentes do negócio (ADAMS;NELLY, 2006).
Cada uma das cinco faces do Performance Prism representa uma área-chave
que determina o sucesso. O peso absorvido por cada face vai depender dos
objetivos estratégicos estabelecidos, como por exemplo, redução de custos,
aumento da marca, sinergias com pesquisas e outras mais.
Estratégias
Competências
Processos
Direção
Estratégica
Desenvolvimento
Soluções
Demanda
Dos
Stakeholders
Satisfação
No
Retorno
Satisfação
Stakeholders
Estratégias
Competências
Processos
Direção
Estratégica
Desenvolvimento
Soluções
Demanda
Dos
Stakeholders
Satisfação
No
Retorno
Satisfação
Stakeholders
97
A Figura 31 apresenta as cinco faces do modelo Performance Prism e suas
abordagens. Cada face do Prisma deve representar uma perspectiva de abordagem
(processos, estratégias, competências, contribuição e satisfação do stakeholder) no
processo de medição do desempenho.
Fonte: Adams e Neely (2006, p.2)
Figura 31– As cinco faces do modelo Performance Prism
Para Adams e Neely (2006), as perguntas fundamentais, que devem ser
consideradas ao abordar o Performance Prism são:
a) Quem são nossos stakeholders-chave e o que eles querem e
necessitam?
b) Quais estratégias nós estamos exercendo para satisfazer suas
vontades e necessidades?
98
c) Quais processos nós precisamos para colocá-las em práticas e
alcançar essas estratégias?
d) Quais competências são necessárias para operar e aumentar esses
processos?
e) O que nós queremos e necessitamos dos stakeholders para manter e
desenvolver essas competências?
Assim, o modelo Performance Prism, prioriza foco amplo nos stakeholders
envolvidos no ambiente de uma organização, por meio de cinco perspectivas, sendo
considerado a satisfação dos stakeholders, a contribuição dos stakeholders e
derivando-se os objetivos a partir da estratégia para os processos e avaliando-se as
competências inerentes para suportá-los.
Em síntese deste capítulo, portanto, nota-se que no contexto da gestão de
operações a medição do desempenho tem seu papel importante, devendo estar
alinhada ao aspecto estratégico da organização, colaborando para o alcance dos
resultados esperados.
Já em relação ao processo de gestão de desempenho, os sistemas de medição
de desempenho atuam como elemento central deste processo, que se traduz em
algo mais amplo do que apenas medir, servindo de suporte no exercício desta
gestão.
Atualmente, os sistemas de medição de desempenho não contemplam
somente medidas financeiras, mas também medidas pertinentes a outras
perspectivas. Conforme verificado neste capítulo, os modelos de sistemas de
medição de desempenho abordados possuem uma característica sistêmica,
contemplando mais do que uma perspectiva, além de estarem vinculados ao escopo
estratégico das organizações. Entre esses modelos, destaca-se o Balanced
Scorecard, devido a sua ampla utilização por organizações de diversos setores em
todo o mundo. Criado mais recentemente, destaca-se o Performance Prism o qual
apresenta uma estrutura abrangente em termos de medição, tendo como foco a
satisfação e a contribuição dos stakeholders presentes no ambiente organizacional.
99
3. O TRANSPORTE FERROVIÁRIO
3.1 HISTÓRICO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO MUNDO
De acordo com a ANTF (2007a), o surgimento das ferrovias no mundo começa
a se delinear no século XVII por meio do uso de vagões de madeira, circulando em
trilhos de madeira, utilizados em minas de carvão do norte da Inglaterra. Em 1776,
trilhos de madeira são substituídos por trilhos de ferro, nas minas de carvão de
Shropshire, naquele mesmo país. Em 1801, o governo inglês autoriza a exploração
da primeira ferrovia de carga: a Surrey Iron Railway. Dois anos mais tarde, ocorre o
início da operação na Surrey Iron Railway, ligando Wandsworth a Croyden,
Inglaterra, com tração animal. A Figura 32 mostra o uso de tração animal no
transporte por meio de trilhos.
Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (2007a)
Figura 32 – Uso de tração animal no transporte por meio de trilhos
Em 1804, segundo o DNIT (2007), Richard Trevithick testa o emprego de
locomotiva a vapor para substituir a tração animal, sem sucesso, pois essa quina
mostrou-se incapaz de subir pequenas rampas por falta de peso para produzir
aderência.
100
Conforme o DNIT (2007), o aumento da produção, pelo advento da revolução
industrial, a necessidade de transportar mercadorias fez com que empresários
ingleses apoiassem George Stephenson a criar em 1814 sua primeira locomotiva, a
The Blücher, conforme apresenta a Figura 33.
Fonte: Wikipedia (2007a)
Figura 33The Blücher Locomotive
Segundo esse mesmo órgão, em 1825, ocorreu a construção da primeira
ferrovia do mundo por George Stephenson. Esta ferrovia possuía 32 quilômetros de
extensão ligando Stockton e Darlington na Inglaterra. A Figura 34 mostra o comboio
ferroviário na inauguração da primeira ferrovia do mundo, construída por George
Stephenson.
Fonte: Cronologia (2007)
Figura 34 - Comboio na primeira ferrovia do mundo (Stockton-Darlington, 1825)
101
Já, a partir de 1850, conforme o DNIT (2007), nos Estados Unidos, se deu uma
grande investida na construção de ferrovias, fato importante para o desenvolvimento
da malha ferroviária norte-americana. A partir deste desenvolvimento foram criadas
várias fábricas de locomotivas. Um dos principais construtores surgidos nesta época
foi Mathias Willian Baldwin.
Conforme a ANPF (2007), em outros países, diversas ferrovias foram surgindo.
Na França, o primeiro trem circulou em 1830 entre St. Etienne e Lyon. Na Alemanha,
a primeira estrada de ferro foi inaugurada em 1835 entre Nurenberg e Fürth. No
mesmo ano, ocorreu a inauguração de uma ferrovia no Canadá ligando Praierie e St.
Jean. Na América do Sul, a primeira ferrovia a surgir, foi no Peru, entre Lima e Oroya
em 1849.
Segundo o DNIT (2007), até em meados do século XX, as ferrovias
trabalhavam com locomotivas à vapor. A partir da década de 1940 iniciou-se o uso
das locomotivas diesel-elétricas.
Nos tempos atuais, utilizam-se as locomotivas diesel-elétricas nas ferrovias de
todo o mundo, contendo tecnologias modernas, como computadores a bordo e
também possuindo alta capacidade de tração, devido as suas altas potências.
.
3.2 HISTÓRICO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO BRASIL
De acordo com a ANPF (2007), em 1854, ocorreu a inauguração da primeira
ferrovia do Brasil, com 14,5 quilômetros, ao fundo da baía da Guanabara,
atualmente município de Magé, Rio de Janeiro, um empreendimento de Irineu
Evangelista de Souza, que futuramente seria o Barão de Mauá. A construção desta
ferrovia iniciou-se em 1852. O trajeto, inicialmente, era realizado pela locomotiva
Baroneza, com uma duração de 23 minutos. A Figura 35 mostra a primeira
locomotiva a atuar no Brasil, a locomotiva de origem inglesa, intitulada de Baroneza.
102
Fonte: Associação Nacional de Preservação Ferroviária (2007)
Figura 35 – Locomotiva Baroneza
Segundo o DNIT (2007), em 1858, acontece a inauguração da segunda estrada
de ferro do Brasil, a Recife and São Francisco Railway Company, entre Recife e
Cabo, em Pernambuco. Essa ferrovia marca também o início da instalação da
primeira empresa inglesa no país. No mesmo ano, também era inaugurada a ferrovia
D.Pedro II, que mais tarde originou a Estrada de Ferro Central do Brasil, ligando São
Paulo ao Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
De acordo com esse órgão, no ano de 1870, existiam no Brasil 10 ferrovias,
se destacando entre elas, a própria Estrada de Ferro D. Pedro II possuindo 363,4
quilômetros de extensão e a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí com 139,5 quilômetros
de extensão.
Importante destacar que um dos maiores desafios do mundo em termos de
estradas de ferro seria enfrentado por brasileiros. De acordo com a ANPF (2007),
Dom Pedro II assinou, em 1º de maio de 1875, um decreto autorizando a construção
da ferrovia ligando Curitiba ao porto de Paranaguá, animado pelos ótimos resultados
no Porto de Santos, após a implantação das ferrovias. O principal desafio deste
trecho seria a Serra do Mar. O projeto fora então encaminhado aos engenheiros
europeus e o sonho começava a ter um fim. Diversos engenheiros foram
consultados, porém, todos deram o mesmo parecer ao projeto: a obra era
impraticável devido às condições topográficas. Morreria o projeto de ligar
ferroviariamente Curitiba ao oceano, se não fosse a brilhante idéia de entregar o
projeto a engenheiros brasileiros, que deu início às obras em fevereiro de 1880. Um
103
dos grandes nomes da engenharia brasileira que tornou possível a realização do
grande sonho foi o do Engenheiro Antônio Pereira Rebouças Filho. Esta ferrovia foi
inaugurada em 1885 e tem hoje sua extrema importância no corredor de exportação
do Porto de Paranaguá.
De acordo com Diógenes (2002), ao final da Guerra do Paraguai, com a
retomada econômica do país, foram realizados altos investimentos na expansão da
malha ferroviária. Em 1889, o Brasil possuía 9.538 quilômetros de via rreas
construídas.
Conforme a ANPF (2007), em 1903, era iniciada a construção da ferrovia
Madeira-Mamoré, a qual foi outro desafio nacional na construção de ferrovias,
devido a existência da selva. Esta ferrovia foi inaugurada em 1912 e sua função
principal era o escoamento da borracha.
De acordo com o DNIT (2007), outro destaque merece ser dado à construção
da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, iniciada em 16 de julho de 1905, que atingiu
porto Esperança, na divisa entre Brasil e Bolívia, em 1914. Partindo de Bauru, esta
ferrovia atravessa o Estado de São Paulo e o atual Estado de Mato Grosso do Sul,
chegando, até Corumbá na fronteira com a Bolívia, com a construção da ponte
ferroviária sobre o Rio Paraguai, em 1947.
Segundo o DNIT (2007), em 1922, ao se celebrar o Centenário da
Independência do Brasil, existia no país um sistema ferroviário com,
aproximadamente, 29.000 km de extensão, cerca de 2.000 locomotivas a vapor e
30.000 vagões em tráfego.
De acordo com esse órgão, destacam-se alguns fatos relevantes para o
sistema ferroviário do país, ocorridos no período de 1922 a 1954, tais como:
Introdução da tração elétrica, em 1930, para substituir, em
determinados trechos a tração à vapor;
104
Em 1939 ocorreu o início da substituição da tração a vapor pela diesel
elétrica. Este processo, interrompido durante a Segunda Guerra
Mundial, foi intensificado na década de 1950; e
Em 1942 foi criada a Companhia Vale do Rio Doce, que absorveu a
Estrada de Ferro Vitória a Minas (construída a partir de 1903). Esta
ferrovia foi então modernizada com o objetivo de suportar o tráfego
pesado dos trens que transportavam minério de ferro entre as jazidas
de Itabira, em Minas Gerais, e o Porto de Vitória, no Espírito Santo.
Segundo o DNIT (2007), o Governo Vargas, no final da década de 1930, iniciou
processo de saneamento e reorganização das estradas de ferro e promoção de
investimentos, pela encampação de empresas estrangeiras e nacionais, inclusive
estaduais, que se encontravam em situação financeira. Assim, foram
incorporadas ao patrimônio da União várias estradas de ferro, cuja administração
ficou a cargo da Inspetoria Federal de Estradas IFE, órgão do Ministério da Viação
e Obras Públicas, encarregado de gerir as ferrovias e rodovias federais. Esta
Inspetoria deu origem, posteriormente, ao Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem DNER e Departamento Nacional de Estradas de Ferro - DNEF, sendo
este último, criado pelo Decreto Lei n.º 3.155, de 28 de março de 1941. O DNEF foi
extinto em dezembro de 1974 e suas funções foram transferidas para a Secretaria-
Geral do Ministério dos Transportes e parte para a Rede Ferroviária Federal S.A.
RFFSA.
De acordo com esse órgão, dentre os objetivos da encampação das estradas
de ferro pela União podem-se destacar: evitar a brusca interrupção do tráfego,
prevenir o desemprego, propiciar a melhoria operacional, objetivando a
reorganização administrativa e a recuperação de linhas e material rodante.
De acordo com a ANTF (2007a), um marco histórico no Brasil aconteceu em 16
de março de 1957, ocasião em que foi criada a Rede Ferroviária Federal S.A., a qual
reunia 22 ferrovias no país, sendo a maioria de capital privado.
105
Conforme essa associação, após a criação da RFFSA, em 1971 surge a
Ferrovia Paulista S.A. – FEPASA, resultado da união de outras cinco ferrovias:
Companhia Paulista de Estrada de Ferro, Estrada de Ferro Sorocaba, Companhia
Mogiana de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro São Paulo Minas e Estrada de
Ferro Araraquarense.
Segundo o DNIT (2007), em 1993, a RFFSA possuía 21.993 quilômetros de
extensão, representando 73 % da malha nacional, 12 superintendências regionais,
as SRs, 1.437 locomotivas, 41.492 vagões e aproximadamente 47 mil funcionários.
De acordo com esse órgão, em 1992, a RFFSA entrou no programa de
desestatização do Governo Federal, com o objetivo de desonerar a União, fomentar
investimentos e aumentar a eficiência operacional. Para a desestatização o sistema
foi dividido em seis malhas regionais: Sul, Nordeste, Estrada de Ferro Tereza
Cristina, Sudoeste, Centro-Oeste e Oeste. Por meio de um acordo entre o Governo
Paulista e Federal, a FEPASA, em 1998, foi federalizada, entrando na
desestatização.
Entre outros acontecimentos importantes que aconteceram ao longo da história
da ferrovia no Brasil, de acordo com a ANTF (2007a), destacam-se a construção da
Estrada de Ferro dos Carajás, pertencente à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)
e inaugurada em 1985 e a construção da Ferrovia Norte do Brasil Ferronorte,
inaugurada em 1999, fundamental para o escoamento da safra de grãos do país,
ligando o Centro-Oeste ao Porto de Santos. Sem a Ferronorte, o gargalo logístico no
país seria muito pior do que é presenciado atualmente. Essas Ferrovias são
consideradas as mais modernas do país, possuindo até mesmo padrões de
desempenho mundiais.
Em tempos recentes, destaca-se a aquisição da Brasil Ferrovias S.A.,
consórcio que era formado pelas ferrovias Ferroban S.A., Novoeste S.A. e
Ferronorte S.A., pela América Latina Logística ALL S.A., formando a maior ferrovia
da América Latina.
106
Segundo Diógenes (2002), embora tenhamos mais de 150 anos de
desenvolvimento do setor ferroviário, a nossa expansão da malha não se deu como
a de países com mesmas dimensões territoriais.
Em 1997, de acordo com Diógenes (2002), o Brasil possuía 29.706 quilômetros
de extensão, enquanto que a Argentina possuía 34.000 quilômetros e no Canadá
85.000 quilômetros.
A Figura 36 apresenta a evolução da malha nacional ao longo dos anos.
Fonte: Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (2007b)
Figura 36 – Evolução da malha ferroviária
Observa-se que, em 1960, houve um pico na extensão da malha, ficando em
torno de 37.000 quilômetros de vias férreas, voltando-se a cair novamente na
mesma década. O declínio se deu a desativação de trechos ferroviários que não
eram mais viáveis do ponto de vista econômico. No início do processo de
desestatização, a malha ferroviária brasileira contava com um pouco menos de 30
mil quilômetros de extensão, que haviam sido construídos, em sua maioria, mais
de 50 anos.
107
3.2.1 O Processo de Privatização das Ferrovias
Segundo o DNIT (2007), de 1980 a 1992, os sistemas ferroviários pertencentes
à Rede Ferroviária Federal S.A. RFFSA e a FEPASA Ferrovia Paulista S.A.,
foram afetados de forma dramática, quando os investimentos reduziram-se
substancialmente, atingindo, na RFFSA em 1989, apenas 19% do valor aplicado na
década de 1980. Em 1984, a RFFSA, encontrava-se impossibilitada de gerar
recursos suficientes à cobertura dos serviços da dívida contraída. A empresa
suportava sério desequilíbrio técnico-operacional, decorrente da degradação da infra
e da superestrutura dos seus principais segmentos de bitola métrica e da
postergação da manutenção de material rodante, que ocasionaram expressiva perda
de mercado para o modal rodoviário.
Na impossibilidade de gerar os recursos necessários para continuar financiando
os investimentos, o Governo Federal colocou em prática, ações voltadas à
concessão de serviços públicos de transporte de carga à iniciativa privada.
Com o lançamento do PND (Programa Nacional de Desestatização), por meio
da lei 8.031/90 a RFFSA foi incluída dentro do escopo em 10/03/1992 por meio do
decreto 473.
O Plano Nacional de Desestatização, relativo à modalidade ferroviária, tinha
como principais objetivos:
- Desonerar o Estado;
- Melhorar a alocação de recursos;
- Aumentar a eficiência operacional;
- Fomentar o desenvolvimento do mercado de transportes; e
- Melhorar a qualidade dos serviços.
108
O gestor do processo de desestatização das ferrovias foi o BNDES (Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) que por meio do decreto
1.024/94, elaborou as condições e termos para concessão da malha da RFFSA.
Por meio da Lei de Concessões (9.987/95), estabeleceu-se o processo de
desestatização, criando direitos e obrigações para as partes envolvidas. O modelo
de concessões inicial foi realizado conforme o Quadro 4.
Fonte DNIT (2007)
Quadro 4 – Concessões das malhas da RFFSA
Com o leilão da Malha Paulista, incorporada pela RFFSA em 1998, o processo
de desestatização foi encerrado.
O Governo também outorgou a Companhia Vale do Rio Doce, em sua
privatização, o direito de exploração da Estrada de Ferro Vitória Minas e Estrada de
Ferro dos Carajás.
Por fim, em 1999, o Governo Federal, dissolve, extingue e liquida a Rede
Ferroviária Federal S.A – RFFSA.
De acordo com Figueiredo (2005), o modelo de desestatização foi realizado
conforme as seguintes características:
Malhas Regionais
Data do
Leilão
Concessionárias
Início da
Operação
Extensão
(Km)
Oeste 05.03.1996
Ferrovia Novoeste S.A. 01.07.1996
1.621
Centro-Leste 14.06.1996
Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 01.09.1996
7.080
Sudeste 20.09.1996
MRS Logística S.A. 01.12.1996
1.674
Tereza Cristina 22.11.1996
Ferrovia Tereza Cristina S.A. 01.02.1997
164
Nordeste 18.07.1997
Cia. Ferroviária do Nordeste 01.01.1998
4.534
Sul 13.12.1998
Ferrovia Sul-Atlântico S.A. – atualmente – ALL-
América Latina
Logística S/A
01.03.1997
6.586
Paulista 10.11.1998
Ferrovias Bandeirantes S.A. 01.01.1999
4.236
Total 25.895
109
a) Não houve transferência da propriedade dos ativos, infra-estrutrura e
equipamento ( os concessionários são arrendatários destes bens);
b) Foram fixadas metas de aumento da produção de transporte e melhoria
da segurança, sem compromissos formais de realização de
investimentos;
c) O pessoal das operadoras estatais foi transferido por sucessão
trabalhista para os novos concessionários;
d) As concessionárias estão desobrigadas de realizar os investimentos na
expansão e modernização das malhas; e
e) As concessões são exclusivamente para o transporte ferroviário de
cargas.
Segundo a ANTT (2007b), com a transferência das operações para a iniciativa
privada houve uma desoneração dos cofres blicos, que deixou de alocar cerca de
R$ 350 milhões e passou a arrecadar cerca de R$ 400 milhões por ano em valores
atualizados, além, do recebimento em dia dos tributos referentes aos serviços de
transporte de cargas.
3.3 O CENÁRIO ATUAL DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO BRASIL
De acordo com a ANTT (2007c), o sistema ferroviário brasileiro totaliza 29.706
Km, concentrando-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, atendendo parte do
Centro-Oeste e Norte do país. Atualmente em concessão encontram-se 28.840 Km
das malhas.
Conforme a ANTT (2007a), atualmente existem quinze operadores de
transporte ferroviário sendo que os principais são: América Latina Logística S.A.
(Malha Sul, Ferronorte, Ferroban e Novoeste), MRS Logística S.A., CVRD -
Companhia Vale do Rio Doce S.A., Companhia Ferroviária do Nordeste S.A.,
Ferrovia Tereza Cristina S.A. e Ferropar S.A. Lembrando que a CVRD controla três
110
ferrovias concessionárias (Estrada de Ferro Vitória Minas S.A., Estrada de Ferro
Carajás S.A. e Ferrovia Centro Atlântica S.A.).
A Figura 37 apresenta um mapa detalhado da malha ferroviária nacional junto
com os quinze operadores de transporte ferroviário que assumiram a concessão das
malhas. A Estrada de Ferro Corcovado e a Estrada de Ferro Campos do Jordão são
ferrovias turísticas e a Estrada de Ferro Votorantim encontra-se desativada.
Fonte: ANTT (2007c)
Figura 37 – Sistema ferroviário brasileiro
De acordo com a ANTT (2007c), o modal ferroviário caracteriza-se,
especialmente, por sua capacidade de transportar grandes volumes, com elevada
eficiência energética, principalmente em casos de deslocamentos a médias e
grandes distâncias. Apresenta, ainda, maior segurança, em relação ao modal
111
rodoviário, com menor índice de acidentes e menor incidência de furtos e roubos.
São cargas típicas do modal ferroviário:
Produtos Siderúrgicos;
Grãos;
Minério de Ferro;
Cimento e Cal;
Adubos e Fertilizantes;
Derivados de Petróleo;
Calcário;
Carvão Mineral e Clínquer; e
Contêineres.
A Figura 38 mostra a relação do transporte ferroviário com os outros modais,
relacionado à sua eficiência energética.
Fonte: Mac Dowell (2007)
Figura 38 – Eficiência dos modais de transporte
Observa-se a vantagem do modal ferroviário perante o rodoviário, o qual, é
dominante na matriz de transporte nacional. Para um galão de combustível um
comboio de trem pode percorrer 374 quilômetros, enquanto que um caminhão
percorre 109 km. Isto estão relacionado as características do modal ferroviário, no
que diz respeito à sua engenharia e interação roda x trilho.
112
O modal ferroviário caracteriza-se também por ser menos emissor de poluentes
em relação ao modal rodoviário, conforme mostra a Figura 39.
Fonte: Mac Dowell (2007)
Figura 39 – Emissão de poluentes por modal de transporte
De acordo com a Figura 39, é possível notar que o transporte ferroviário emite
monóxido de carbono 3,0 vezes menor que o rodoviário e 1,8 vez maior que o modal
hidroviário.
Segundo a ANTT (2007c), o sistema ferroviário nacional é o maior da América
Latina, em termos de carga transportada, atingindo 162,2 bilhões de tku (tonelada
útil x quilômetro), em 2001. Os dados operacionais e econômico-financeiros
encontram-se disponíveis no SIADE - Sistema de Acompanhamento do
Desempenho das Concessionárias de Serviços Públicos de Transporte Ferroviário.
3.3.1 Os Operadores de Transporte Ferroviário no Brasil
Conforme ANTT (2007a), atualmente no Brasil existem quinze operadores de
transporte ferroviário. Destes, quinze destacam-se onze, com os quais, será feita
uma abordagem nos próximos itens do trabalho. Quatro operadores não se
caracterizam como importantes no aspecto de produção de transporte devido às
suas particularidades operacionais. Esses operadores de transporte ferroviário são:
113
- Valec Ferrovia Norte Sul: A VALEC - Engenharia, Construções e Ferrovias
S.A. detém a concessão outorgada pelo Decreto n. º 94.813, de 01/09/87,
estabelecendo o direito de construção, uso e gozo dos seguintes ramais ferroviários:
Ramal Norte, com o traçado entre Colinas de Tocantins-TO a
Açailândia-MA, com 461 km de extensão; e
Ramal Sul que partirá de Porangatu-GO até o sistema ferroviário
existente em Senador Canedo-GO (502 km). Observa-se que o faz
parte da concessão outorgada a VALEC o trecho intermediário
(Porangatu - Colinas do Tocantins, com 675km).
Ressalta-se que a VALEC, empresa pública do Ministério dos Transportes, foi
criada para construir a Ferrovia Norte-Sul. O primeiro trecho da Ferrovia Norte-Sul,
concluído e em operação, é o que liga as cidades de Estreito e Açailândia, no
Estado do Maranhão, com extensão de 226 km de linha ferroviária.
- Estrada de Ferro Trombetas: Tem aspecto de uma ferrovia industrial.
Possuindo apenas 35 quilômetros de extensão é utilizada para alimentação da
indústria de bauxita Alunave, a qual é controlada pela CVRD.
- Estrada de Ferro do Amapá: Possuindo 194 quilômetros de extensão também
tem a função de escoamento para o porto de Santana com manganês extraído nas
jazidas da região do rio Amapari. Seu controle é feito pela empresa Indústria e
Comércio de Minério S.A. ICOMI. Uma particularidade interessante é de que esta
ferrovia possui uma bitola de 1,435 m, diferenciada de todos os operadores
nacionais (1,00 m ou 1,60 m).
- Estrada de Ferro do Jarí: Também possui uma característica de ferrovia
industrial, por abastecer a fábrica de Celulose Jarcel S.A. com madeira, do norte do
Pará até o Porto de Mungubá, situado às margens do rio Jarí. Esta ferrovia possui
68 quilômetros de extensão.
114
3.3.1.1 Ferrovia Paraná S.A. - Ferropar
Em 1997, a Ferropar recebeu a concessão para operar o transporte ferroviário
de cargas da Ferroeste – Estrada de Ferro Oeste do Paraná S.A.
Possuindo 248 quilômetros de extensão, a ferrovia interliga as cidades de
Guarapuava e Cascavel, estando presente na região responsável por 12% da
produção nacional de grãos.
Os principais produtos de transporte desta ferrovia o soja, farelo, óleo
vegetal, cimento, calcário, fertilizantes e trigo. Interligando-se com a América Latina
Logística S.A., pode escoar os produtos pelo corredor de Paranaguá. A Ferropar
também exerce grande influência com a produção agrícola dos estados do Mato
Grosso do Sul, por estar geograficamente próxima, servindo como fluxo de
sequência a partir de um ponto de transbordo.
Os números que representam a Ferrovia, segundo a ANTT (2007b) são:
- Empregados: 143
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 1,5
- Produção (Bilhões de Tku): 1,0
- Receita Bruta (Milhões de R$): Não divulgado
- Frota de Vagões: Não divulgado
- Frota de Locomotivas: Não divulgado
- Investimentos (Milhões de R$): 0,0
3.3.1.2 América Latina Logística S.A. (Malha Sul Ferronorte Ferroban
Novoeste)
A América Latina Logística iniciou suas atividades em 1997, inicialmente com a
razão social de Ferrovia Sul-Atlântico, após vencer o leilão da Malha Sul.
115
Atualmente, com 20.495 quilômetros de extensão de linhas, a ALL é a maior
Operadora Ferroviária da América Latina, possuindo serviços logísticos
diversificados, além do transporte ferroviário. Em 2006 a ALL adquiriu a concessão
da Brasil Ferrovias S.A., holding formada pelas ferrovias Ferronorte, Ferroban e
Novoeste. Além do Brasil, a ALL também possui duas ferrovias na Argentina, a
MESO - Ferrocarril Mesopotámico General Urquiza e a BAP - Ferrocarril Buenos
Aires al Pacífico General San Martín. A ALL possui uma extensa malha de atuação,
além de atuar nos principais corredores de exportação do Brasil, o corredor de
Santos e de Paranaguá.
A atual composição acionária da empresa é apresentada conforme a Tabela 1.
A outra parcela de ações, não constando na tabela abaixo, está disponível na bolsa
de valores.
Fonte: América Latina Logística (2007a)
Tabela 1 - Estrutura do grupo de controle ALL
Os principais produtos transportados pela operadora o: produtos agrícolas,
soja e farelo, combustível, fertilizante, cimento, açúcar, minério e carga geral,
combustíveis e florestais.
Segundo a ANTT (2007b), os principais números da América Latina Logística
S.A. são:
Grupo de Controle Ações Vinculadas
% do Capital Votante
Advance Administração e Participações Ltda. 1.056.650 0,11%
BNDES Participações S.A. – BNDESPAR 86.544.561 8,76%
Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI
31.109.456 3,15%
Delara Brasil Ltda. 58.350.647 5,90%
Emerging Markets Capital Investments, LLC 92.205.444 9,33%
Fundação dos Economrios Federais – FUNCEF 29.812.062 3,02%
Gruçaí Participações S.A. 478.756 0,05%
Hana Investments, LLC 81.852.224 8,28%
Judori Administração, Empreendimentos e Participações S.A. 81.925.100 8,29%
Latin America Growth Capital 3.181.150 0,32%
Riccardo Arduini 26.788.900 2,71%
Spoornet do Brasil Ltda. 5.357.200 0,54%
Wilson Ferro de Lara 16.286.050 1,65%
TOTAL 514.948.200 52,10%
116
a) ALL Malha Sul
- Empregados: 2.475
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 28,9
- Produção (Bilhões de Tku): 18,2
- Receita Bruta (Milhões de R$): 1.145,0
- Frota de Vagões: 14.029
- Frota de Locomotivas: 470
- Investimentos (Milhões de R$): 209,9
b) ALL - Ferronorte
- Empregados: 675
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 5,6
- Produção (Bilhões de Tku):7,4
- Receita Bruta (Milhões de R$): 450,0
- Frota de Vagões: 4.828
- Frota de Locomotivas: 149
- Investimentos (Milhões de R$): 142,9
c) ALL - Ferroban
- Empregados: 385
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 4,2
- Produção (Bilhões de Tku):2,2
- Receita Bruta (Milhões de R$): 210,0
- Frota de Vagões: 7.198
- Frota de Locomotivas: 161
- Investimentos (Milhões de R$): 81,4
d) ALL - Novoeste
- Empregados: 391
117
- Produção (Bilhões de Tku): 1,4
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 3,4
- Receita Bruta:112,0
- Frota de Vagões: 2.198
- Frota de Locomotivas: 68
- Investimentos (Milhões de R$): 37,7
3.3.1.3 MRS Logística S.A.
A MRS é uma ferrovia localizada na região mais industrializada do país,
responsável por 65% do PIB Nacional. Contando com 1.643 Km de extensão, suas
linhas estão presentes nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Seus principais produtos de transporte são: Minério, farelo e soja, produtos
siderúrgicos, carvão e contêineres.
Atualmente a MRS Logística S.A., conta com a seguinte composição acionária,
conforme Figura 40:
Fonte: MRS Logística (2007)
Figura 40 – Participação do controle acionário – MRS Logística S.A.
118
Segundo a ANTT (2007b), os principais números que representam a MRS
Logística S.A., referentes ao ano de 2006 são:
- Empregados: 3.847
- Produção (Bilhões de Tku):47,7
- Carga Transportada (Milhões de Tu):102,0
- Receita Bruta (Milhões de R$): 2.274
- Frota de Vagões: 12.560
- Frota de Locomotivas: 494
- Investimentos (Milhões de R$): 501,2
3.3.1.4 Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN
A CFN iniciou suas operações em 1998, após ganhar o leilão de concessão da
malha nordeste. Atualmente possui 4.238 Km de extensão, estando presente nos
estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Os principais corredores de exportação de atuação pela CFN são aqueles
destinados aos portos de Suape, Pecém e Itaqui.
O controle acionário da CFN pertence à Companhia Siderurgia Nacional (CSN)
e a Taquari Participações.
Os principais produtos transportados pela CFN são produtos siderúrgicos e
agrícolas, óleo de soja, contêineres, cimento, açúcar e alumínio. Com a sua
expansão, por meio do projeto da Transnordestina, a empresa também ampliará a
atuação nos mercados de produtos agrícolas e minérios.
Segundo a ANTT (2007b), os principais números que representam a Ferrovia
com base no ano de 2006 são:
- Empregados: 1.836
119
- Produção (Bilhões de Tku): 0,7
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 1,5
- Receita Bruta (Milhões de R$): 60,0
- Frota de Vagões: 1.753
- Frota de Locomotivas: 93
- Investimentos (Milhões de R$): 73,3
3.3.1.5 Ferrovia Tereza Cristina S.A.
A FTC começou a operar em 1996 a partir do ganho da concessão da malha sul de
Santa Catarina. Sendo uma ferrovia de pequeno porte, basicamente dedicada ao
transporte de carvão e produtos cerâmicos, possui apenas 164 quilômetros de extensão
interligando a região de Criciúma até o Porto de Imbituba.
O controle acionário da FTC é formado pelas seguintes organizações:
Iterfinance Partiners Ltda.
Santa Lúcia Agroindústria e Comércio Ltda.
Administração e Empreendimentos Vasone Ltda.
Apply Comércio e Empreendimentos Ltda.
De acordo com a ANTT (2007b), a Ferrovia apresenta as seguintes
características, baseadas no ano de 2006:
- Empregados: 237
- Produção (Bilhões de Tku): 0,2
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 2,6
- Receita Bruta (Milhões de R$): 38,0
- Frota de Vagões: 466
- Frota de Locomotivas: 10
- Investimentos (Milhões de R$): 3,8
120
3.3.1.6 Estrada de Ferro Carajás (EFC) – CVRD
A Estrada de Ferro Carajás (EFC) integra o sistema multimodal de logística da
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a maior empresa de logística e a maior
investidora privada em infra-estrutura de logística do Brasil. A EFC liga o interior do
Pará ao principal porto marítimo da região Norte, o Porto de Ponta da Madeira, em
São Luis, no Maranhão.
Inaugurada em 1985, a EFC é atualmente a ferrovia mais moderna e produtiva
do Brasil e uma das melhores do mundo, possuindo altos índices de produtividade.
A ferrovia tem 892 km em linha singela, bitola de 1,60m. Ao longo dos trilhos, os
vagões da EFC transportam mais de 60 tipos de produtos diferentes, com destaque
para cimento, madeira, combustíveis, veículos, produtos siderúrgicos e agrícolas, e,
principalmente, para a soja produzida no sul do Maranhão, Piauí, Pará e Mato
Grosso, além do minério de ferro e manganês.
O corredor de exportação onde a ferrovia atua é o corredor com destino ao
porto de Itaqui em São Luis no Maranhão.
A Estrada de Ferro Carajás é considerada uma ferrovia de excelência em
produtividade e seus números característicos, de acordo com a ANTT (2007b),
relacionados ao ano de 2006 são:
- Empregados: 3.724
- Produção (Bilhões de Tku): 76,7
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 92,6
- Receita Bruta (Milhões de R$): 1.837
- Frota de Vagões: 10.035
- Frota de Locomotivas: 163
- Investimentos (Milhões de R$): 684,4
121
3.3.1.7 Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) - CVRD
A Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) pertence ao sistema multimodal de
logística da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Com 905 quilômetros de malha
ferroviária de bitola métrica, a EFVM foi inaugurada em 18 de maio de 1904 e
incorporada ao sistema logístico da Vale na década de 40.
Conectada às ferrovias Centro-Atlântica e MRS, ao Complexo Portuário de
Tubarão, ao Terminal de Vila Velha, Codesa e ao Porto de Barra do Riacho, em
Aracruz, no Espírito Santo, a EFVM é estratégica por interligar o Sudeste e o Centro-
Oeste do país. Por ano, pelos trilhos da ferrovia passam mais de 110 milhões de
toneladas de produtos tais como o, carvão, calcário, granito, contêineres, ferro-
gusa, produtos agrícolas, madeira, celulose, veículos e cargas diversas.
O Porto de Tubarão, em Vitória, no Espírito Santo, é o destino de grande parte
dos produtos transportados pela EFVM. A integração ferrovia-porto confere ainda
mais eficiência ao trabalho da CVRD.
Da mesma forma que a EFC, também é controlada pelos acionistas da
Companhia Vale do Rio Doce.
A Estrada de Ferro Vitória Minas apresenta os seguintes números
característicos, conforme dados da ANTT (2007b):
- Empregados: 7.128
- Produção (Bilhões de Tku): 73,4
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 131,6
- Receita Bruta (Milhões de R$): 3.636
- Frota de Vagões: 20.960
- Frota de Locomotivas: 347
- Investimentos (Milhões de R$): 524,5
122
3.3.1.8 Ferrovia Centro-Atlântica S.A. (FCA) – CVRD
A FCA obteve a concessão da malha centro-leste, iniciando o controle e as
operações em 01/09/1996.
Ativo estratégico dentro do sistema de logística da Companhia Vale do Rio
Doce (CVRD), a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) é a gestora de 8.023 quilômetros
em bitola métrica, que atravessam mais de 250 municípios, ligando os estados de
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Sergipe e Bahia,
além do Distrito Federal. Por isso, a FCA é o principal eixo de conexão ferroviária do
Sudeste com o Nordeste e o Centro-Oeste do país.
A importância estratégica da FCA reside também no fato de a ferrovia estar
conectada a outras com Estrada de Ferro Vitória a Mina (EFVM), MRS Logística,
Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e Brasil Ferrovias (Atual ALL) e estar
integrada aos portos de Aracaju, Terminal de Aratu, Juazeiro e Salvador, Rio São
Francisco e Pirapora, Santos, Tubarão e Vitória, Angra dos Reis e Rio de Janeiro.
A FCA atua no transporte de álcool, derivados de petróleo, calcário, produtos
siderúrgicos, soja, farelo de soja, cimento, bauxita, ferro-gusa, fosfato, cal e produtos
petroquímicos.
A FCA, igualmente a EFVM e EFC, também pertence ao controle acionário da
Companhia Vale do Rio Doce.
Os números que caracterizam a Ferrovia Centro-Atlântica, de acordo com a
ANTT (2007b), são:
- Empregados: 5.679
- Produção (Bilhões de Tku): 9,1
- Carga Transportada (Milhões de Tu): 15,2
- Receita Bruta (Milhões de R$): 856,0
- Frota de Vagões: 13.046
123
- Frota de Locomotivas: 537
- Investimentos (Milhões de R$): 199,8
3.3.2 O Transporte Ferroviário no Brasil e sua Representatividade Perante o
Cenário Internacional.
De acordo com o Ministério dos Transportes (2007), com base de dados
relativos ao ano de 2005, em países como China, EUA e Rússia, os quais possuem
dimensões continentais, como o Brasil, a participação do modal ferroviário está entre
40 a 80% dentro da matriz destes países, conforme mostra a Figura 41.
Fonte: Ministério dos Transportes (2007a)
Figura 41 – Matriz de transporte internacional
Oportuno observar que em países como a Áustria, cuja a área territorial é
pequena, comparada ao Brasil, o transporte ferroviário possui uma participação de
45%.
Matriz de Transportes - Comparativo Internacional
8%
32%
43%
53%
58%
49%
55%
72%
81%
37%
81%
43%
25%
45%
11%
15%
17%
50%
11%
25%
11%
4%
17%
6%
34%
14%
2%
13%
46%
43%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
s
sia
Es
t
ado
s
U
n
i
do
s
Canadá
Au
strá
li
a
Bra
sil
Áu
stria
M
é
x
ic
o
Al
e
manha
Fra
n
ça
China
Rodoviário Ferroviário Hidroviário e Outros
124
De acordo com a Association of American Railroads –AAR (2006), as ferrovias
nos Estados Unidos realizaram uma produção em 2006 de 2.852,9 bilhões de Tku
(tonelada útil x quilômetro). Isto significa uma produção doze vezes maior que a do
Brasil que foi de 238 bilhões de Tku.
Isto mostra que o Brasil precisa crescer neste tipo de modal, para que sua
competitividade externa possa aumentar, possibilitando a diminuição do custo
logístico global dos produtos nacionais.
Segundo BNDES (2005), a malha ferroviária brasileira tem 29,8 mil Km,
extensão inferior a de países com dimensões territoriais de mesma proporção, como
é o caso dos Estados Unidos (160 mil km), Rússia (86 mil km) e Canadá (56,7 mil
km). Outros países, com área territorial menor que a do Brasil, possuem uma rede
de transporte ferroviário maior, como é o caso da Argentina, com 34 mil km, e da
Alemanha, com 63,8 mil km.
A Figura 42 apresenta a densidade de malha do Brasil comparado com países
de grandes dimensões territoriais.
Fonte: Figueiredo (2005, p.65)
Figura 42 – Densidade de malha – comparativo internacional
29,8
10,5
8,4
6,1
3,4
Estados
Unidos
xico Cana China Brasil
Densidade de Malha Km linha/Milhares de Km2 de
Extenção Territorial
125
De acordo com Figueiredo (2005), a malha ferroviária nacional está
concentrada na região litorânea do país e em diversos trechos não possui um
direcionamento adequado aos fluxos observados na economia moderna.
Segundo Pires (2002), a participação do transporte ferroviário de cargas no
Brasil têm sido restrita ao segmento de curtas distâncias, em que as vantagens dos
custos e serviços ferroviários não são tão significativas.
De acordo a Agência Nacional dos Usuários de Transportes de Cargas (2000
apud DIEESE, 2006, p.5), a matriz nacional de transportes é totalmente
desproporcional e faz um comparativo com países em desenvolvimento e países
desenvolvidos, conforme dados do ano 2000, conforme Figura 43.
Fonte: Adaptado de Anut/ Ibre-FGV (2000 apud Dieese, 2006, p.5)
Figura 43 – Matriz de transporte de carga: comparativo com países desenvolvidos e em
desenvolvimento
Nota-se, portanto, que em 2000 o Brasil estava 17,64 % aquém dos países em
desenvolvimento e 19,14 % dos países desenvolvidos, mostrando a necessidade de
crescimento deste modal de transporte em relação ao modal rodoviário.
Brasil
60.49%
20.86%
13.86%
4.79%
Rodovia
Ferrovia
Hidrovia
Outros
Países Desenvolvidos
30.00%
40.00%
16.00%
14.00%
Rodovia
Ferrovia
Hidrovia
Outros
Países em Desenvolvimento
42.30%
38.50%
10.90%
8.30%
Rodovia
Ferrovia
Hidrovia
Outros
Brasil
60.49%
20.86%
13.86%
4.79%
Rodovia
Ferrovia
Hidrovia
Outros
Países Desenvolvidos
30.00%
40.00%
16.00%
14.00%
Rodovia
Ferrovia
Hidrovia
Outros
Países em Desenvolvimento
42.30%
38.50%
10.90%
8.30%
Rodovia
Ferrovia
Hidrovia
Outros
126
Segundo o Centro de Estudos em Logística COPPEAD/UFRJ (2006) do ano
de 1997 até 2005 houve um aumento significativo de 60,2 % no transporte de cargas
no Brasil, conforme mostra a Figura 44.
Fonte: ANTT ( 2005 apud Coppead/CEL, 2006)
Figura 44 – Crescimento da produção de transporte ferroviário
Segundo a ANTT (2007b), seguindo a mesma tendência de produção, em 2006
atingiu-se 238 bilhões de Tku (tonelada útil x quilômetro), com uma carga
transportada de 389,1 milhões de Tu (tonelada útil) e os investimentos no setor,
principalmente por parte de alguns operadores, como a CVRD e MRS, teve um
aumento considerável, conforme apresenta a Figura 45.
Fonte: ANTT (2007b)
Figura 45 – Investimento dos operadores ferroviários
626
1.072
1.890
3.192
2.459
3.512
2002 2003 2004 2005 2006 Prev 2007
Investimentos em Milhões R$
48,39 % a.a
Crescimento Produção Bilhões TKU
222
206
183
170
162
155
140
143
138
0
50
100
150
200
250
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Bilhões de TKU
127
Observa-se que, desde o ano de 2002, o crescimento no total de investimento
anual foi contínuo, sendo que o aumento de 2005 em relação a 2004 foi de 69%. Em
2006, houve um decréscimo de 22% em relação a 2005. Isso se deve em parte pela
estagnação da capacidade produtiva de equipamentos, como vagões e locomotivas,
para suprir a demanda do setor. Conforme a ANTT (2007b), deste montante de
2005 (R$ 3,19 bilhões), somente a CVRD aplicou nas ferrovias controladas por ela
um total de R$ 2,36 bilhões, seguido pela MRS (R$ 398 milhões) e ALL (R$ 143,5
milhões), ficando o restante para as outras concessionárias. Para 2007, existe a
previsão da retomada do aumento de investimento, podendo ser o maior pico desde
2002, atingindo um montante de 3,51 bilhões. A Tabela 2 mostra a distribuição dos
investimentos realizados do ano de 2002 ao ano de 2006.
Dados em Milhões R$
2002 2003 2004 2005 2006
MATERIAL RODANTE
261,70 604,50 1.222,00 2.012,00 1.039,80
INFRA-ESTRUTURA
48,60 61,00 73,00 185,20 362,40
SUPERESTRUTURA
173,50 184,30 364,30 679,30 674,00
COMUNICAÇÃO E SINALIZAÇÃO
49,90 66,10 37,80 56,60 74,00
OUTROS
92,00 156,20 192,50 259,00 308,30
TOTAL ===> 625,70 1.072,10 1.889,60 3.192,10 2.458,50
Fonte: ANTT (2006b)
Tabela 2 – Distribuição dos investimentos nas ferrovias
Observa-se pela tabela que o maior item de investimento foi o material rodante
que é composto por vagões e locomotivas. A Figura 46 apresenta a evolução da
frota brasileira de material rodante.
Fonte: ANTT (2007b)
Figura 46 – Evolução da frota de material rodante
Evolução da Frota - Operadores Ferroviários
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
100.000
Locomotivas
1.895 1.987 2.125 2.394 2.492
Vagões
67.795 62.932 74.400 90.119 87.073
2002 2003 2004 2005 2006
128
De acordo com o gráfico, o crescimento da frota foi significativo, atingindo um
percentual de aumento, em relação ao ano de 2002, de 32 % para locomotivas e
28% para vagões.
De acordo com ANTT (2007b), quanto às receitas brutas adquiridas, também
houve um crescimento contínuo a partir de 2002, conforme apresenta a Figura 47.
Fonte: ANTT (2007b)
Figura 47 – Receita bruta adquirida pelos operadores ferroviários
neste caso, o aumento de 2006 em relação a 2005 foi de 20,89 %, sendo
que do total de R$ 10,62 bilhões, R$ 6,33 bilhões foram adquiridos pela CVRD,
seguido pela MRS (R$ 2,27 bilhões) e ALL (R$ 1,14 bilhões). O restante foi auferido
pelas outras ferrovias, lembrando que em maio de 2006 a Brasil Ferrovias S.A.
passou ao controle da ALL.
Um outro indicador que mostra a situação do transporte ferroviário nacional,
mostrando o horizonte de crescimento que se deve alcançar é o da velocidade
comercial dos trens. A velocidade média comercial é o indicador que representa a
velocidade média entre a formação e encerramento dos trens. Para o cálculo desta
velocidade são consideradas todas as paradas, exceto as anormais. A Figura 48
apresenta as velocidades médias comerciais de todos os operadores, como
também, a média nacional.
4.805
6.178
7.498
8.784
10.619
2002 2003 2004 2005 2006
Receita Bruta em Milhões R$
22% a.a
4.805
6.178
7.498
8.784
10.619
2002 2003 2004 2005 2006
Receita Bruta em Milhões R$
22% a.a
129
Fonte: ANTT (2006d)
Figura 48 – Velocidades médias comerciais
Observa-se que duas ferrovias, a EFC e a Ferronorte apresentam desempenho
superiores às demais, possuindo velocidades médias acima de 30 Km/h. Isto ocorre
por serem ferrovias construídas mais recentemente, possuindo novas tecnologias e
traçados propícios a uma maior velocidade. Importante salientar que, embora os
investimentos tenham aumentado, a velocidade média e as demais, em geral, sofreu
um decréscimo em relação ao ano de 2004.
A explicação deste fato é que a demanda teve um aumento significativo e os
investimentos não seguiram a mesma proporcionalidade deste crescimento,
causando uma saturação nas malhas, devido ao limite de sua capacidade de
tráfego. Para se aumentar as capacidades de tráfego é necessário, basicamente, o
aumento do número de desvios, troca de trilhos, ajustes em infra-estrutura e
melhoria nos acessos aos portos.
Velocidade dia Comercial (Km/h)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
América Latina Logística S.A.
Ferropar S.A.
Ferrovia Tereza Cristina S.A.
Ferrovias Bandeirantes S.A
Ferronorte S.A
Ferrovia Novoeste S.A
Ferrovia Centro Atlântica S/A (CVRD)
Estrada de Ferro Vitória Minas (CVRD)
MRS Logistica S.A
Companhia Ferroviária do Nordeste
Estrada de Ferro dos Carajás (CVRD)
Média Nacional
2004 2005 2006
130
De acordo com Figueiredo (2005), o sistema ferroviário brasileiro, com exceção
de 2.000 quilômetros de via menos de 10% da malha que foram construídos na
segunda metade do século passado, foi construído para a economia do século XIX,
com tecnologia do século XIX.
Portanto, para sustentar o crescimento do setor ferroviário e efetivar os planos
estratégicos do país para o setor, e conseqüentemente, das companhias ferroviárias,
serão necessários instrumentos de gestão adequados e eficazes para este
propósito.
Assim, nos próximos anos, o investimento no setor ferroviário será vital para a
permanência do país no mercado competitivo, demandando estratégias e excelência
na gestão de operações por parte das operadoras de transporte ferroviário.
.
3.3.3 A Estratégia do Setor para os Próximos Dez Anos (2006-2016)
A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários - ANTF (2006)
elaborou os dez pontos estratégicos para o setor. Esses pontos irão nortear os
investimentos e projetos do setor para os próximos dez anos (2006-2016). Esses
pontos estratégicos são:
a) Eliminação de gargalos:
A necessidade de investimentos consistentes e contínuos na rede ferroviária
brasileira é imprescindível para o seu crescimento. E parte desta
responsabilidade compete ao Governo Federal. Nesse sentido, além da
concretização das Parcerias Público-Privadas (PPPs), é urgente o uso de
alternativas de recursos públicos no setor, como reinvestir nas obras
ferroviárias os pagamentos trimestrais em arrendamento de bens feitos
pelas Associadas, que acumula valor superior a R$ 2,1 bilhões. Os recursos
ajudariam na redução dos principais entraves na infra-estrutura das
ferrovias, que são as invasões na faixa de domínio, passagens em nível
131
críticas e os gargalos operacionais, promovendo o aumento de
produtividade e capacidade.
b) Expansão da malha:
A malha ferroviária nacional precisa expandir-se de forma integrada,
inclusive com os diversos modos de transporte, por meio de um sistema de
corredores logísticos de exportação que considere todas as cinco regiões
do país. E para possibilitar um escoamento mais eficiente de produtos
minerais, industriais e agropecuários aumentando a competitividade no
mercado internacional - é indispensável a implantação do programa de
expansão da malha ferroviária de responsabilidade da União, contemplando
projetos como a Nova Transnordestina, a ampliação da malha de Santa
Catarina e a construção de trechos da Ferronorte e das ferrovias Leste-
Oeste e da Litorânea Sul.
c) Intermodalidade:
Aprimorar a interligação com outros modos de transporte, para assim,
reduzir o percentual do transporte no Custo Brasil. É essencial que a política
de transportes seja integrada, de forma a possibilitar melhor eficiência da
infra-estrutura de transporte existente, diminuição do consumo de energia e
melhores condições do ar. Para a concretização dessa realidade,
entretanto, a Associação cita a importância da instalação do Conselho
Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Conit), criado por lei em 2001,
com a atribuição de propor políticas nacionais de integração dos modos de
transporte, para viabilizar a prática do transporte multimodal pelo OTM e
incentivos fiscais para a criação de terminais intermodais.
d) RFFSA:
Anos já se passaram e a situação da Rede Ferroviária Federal S.A. ainda
preocupa por sua indefinição. Dentre as principais questões não
equacionadas pela RFFSA, estão os passivos ambiental e trabalhista.
Enquanto o primeiro expõe as Concessionárias a riscos, o segundo deixa
em constante perigo os caixas das empresas, além da penhora de inúmeros
bens essenciais à continuidade da operação ferroviária.
132
e) Regulamentação:
Se o crescimento do setor depende de um trabalho em conjunto, é certo
que uma parcela desse sucesso pode ser definido em Brasília. A agenda
preparada pela ANTF e suas associadas lembra que há fragmentos na
regulamentação e pede, entre outros pontos, a revisão do modelo de
concessão e o aprimoramento do aparelho regulatório, de modo a não inibir
as inovações nas praticas de gestão e o uso de novas tecnologias pelas
Concessionárias e viabilizar o maior equilíbrio de direitos e obrigações, para
o Governo cumprir suas obrigações de atuar nas questões de conflitos
operacionais pontuais.
f) Tributação:
A redução das taxas de juros atuais que inviabilizam os investimentos de
longo prazo necessários para projetos de infra-estrutura ferroviária, compra
de locomotivas e componentes (trilhos e outros) no exterior, aliada a
adequações na legislação tributária e à garantia de aplicação no setor das
contribuições da CIDE, são outras reivindicações do setor para essa nova
fase que inicia.
g) Fornecedores:
Neste quesito, a agenda lembra da importância de se auxiliar empresas
interessadas em investir na indústria ferroviária nacional, tendo em vista
fomentar a produção nacional e desonerar importações nas áreas em que
não competitividade e flexibilidade, em termos de qualidade, preço e
prazo. Para essa desoneração, faz-se necessária a reavaliação das
alíquotas de importação e a reclassificação de itens enquadrados como
auto-peças “ para “ ferro-peças” (compontentes).
h) Segurança:
A ANTF e suas Associadas propõem que o Governo Federal inclua nas
suas campanhas educativas de trânsito os procedimentos de segurança por
parte da população nas áreas de operações ferroviárias para que os
acidentes sejam uma realidade cada vez mais distante no dia-a-dia, tendo
em vista que no âmbito regional as Concessionárias já realizam essa prática
133
de conscientização da comunidade limítrofe das ferrovias. O aspecto
segurança demanda ainda a estruturação e efetivação das atribuições da
Polícia Ferroviária Nacional, o que permitirá a sua atuação com o poder de
polícia para evitar invasão da faixa de domínio das malhas ,realizar perícias
técnicas em casos de acidentes e patrulhar, guarda e preservar o
patrimônio.
I) Tecnologia
:
A agenda lembra que é preciso trabalhar em parceria com o Comitê Metro-
Ferroviário na regularização de temas não normatizados sobre novas peças
e tecnologias, apoiando a realização de encontros técnicos entre
operadores logísticos e fabricantes. Mais do que isso, as Associadas da
ANTF destacam a cooperação para o desenvolvimento tecnológico e a
parceria com instituições, identificando projetos científicos de novas
alternativas tecnológicas de produtos ferroviários.
J) Recursos humanos:
As constantes inovações tecnológicas nas ferrovias provocam mudanças no
perfil do profissional necessário neste setor. Assim, as empresas precisam
capacitar seus funcionários para atuar neste novo cenário e, inclusive, para
as outras áreas que fazem parte da cadeia logística. Nessa linha, a ANTF e
as empresas sugerem a união de esforços com o Senai e Sindicado
Interestadual da indústria de materiais e equipamentos ferroviários e
rodoviários, com o objetivo de definir e implantar novas matérias nas
escolas, voltadas à parte elétrica, mecânica, operacional, material rodante,
locomotivas, circulação e operações de trens entre outras.
Portanto, diante da análise do texto extraído da ANTF (2006), nota-se que
existirão diversos stakeholders envolvidos neste processo de crescimento e várias
perspectivas serão importantes no escopo do processo da gestão do desempenho
das organizações de transporte ferroviário. Dentre esses stakeholders, verificam-se
os empregados, fornecedores, entidades governamentais e demais órgãos.
Ainda, conforme a Revista Ferroviária (2003), dentre os objetivos estratégicos
do governo para o desenvolvimento econômico está que, no caso das ferrovias é
134
preciso tomar medidas que facilitem o acesso por parte de distintos concessionários
a segmentos essenciais da malha.
Isso diz respeito a aumentar a competitividade e descaracterizar a política de
total monopólio por parte dos concessionários. Os objetivos de desempenho a serem
perseguidos pelas operadoras, serão fundamentais neste aspecto, pois o cliente terá
a opção de fazer sua escolha com relação a qual operador realizar o transporte, uma
vez que numa mesma malha, poderão atuar um ou mais operador para o transporte
de produtos.
Diante deste cenário estratégico apresentado, possíveis mudanças, por parte
dos operadores de transporte ferroviário, na forma de gerir seus desempenhos,
podem ser demandadas, ocasionando na mudança de seus sistemas de medição de
desempenho atualmente utilizados.
135
4. O MODELO DE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO PARA AS
ORGANIZAÇÕES DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Neste capítulo, será abordado a questão do método de pesquisa adotado para
o desenvolvimento do tema da pesquisa deste trabalho e do modelo baseado no
BSC para o operador de transporte ferroviário, apresentando uma revisão de
literatura a respeito da metodologia científica, fazendo a caracterização da
metodologia utilizada e descrevendo os passos da pesquisa de campo.
4.1 METODOLOGIA CIENTÍFICA
De acordo com Garvey (1979), dentro do processo de comunicação científica,
estão incluídas as atividades associadas com a produção, disseminação e uso da
informação, desde a hora em que o cientista teve a idéia da pesquisa até o momento
em que os resultados de seu trabalho são aceitos como parte integrante do
conhecimento.
Segundo Miguel (2007), uma das preocupações recentes na Engenharia de
Produção e Gestão das Operações, tanto nos países desenvolvidos quanto no Brasil
é com relação às abordagens metodológicas utilizadas no desenvolvimento dos
trabalhos de pesquisa.
Para esse mesmo autor, a importância metodológica de um trabalho pode ser
justificada pela necessidade de embasamento científico adequado, geralmente
caracterizado pela busca da melhor abordagem de pesquisa a ser utilizada para
endereçar as questões da pesquisa, bem como, seus respectivos métodos e
técnicas para seu planejamento e condução, resultando no desenvolvimento de
trabalhos estruturados que podem ser replicados e aperfeiçoados por outros
pesquisadores, visando acima de tudo, a busca do desenvolvimento da teoria por
136
meio de sua extensão ou refinamento, ou em última instância, da proposição de
novas teorias, contribuindo assim para a geração do conhecimento.
De acordo com Marconi e Lakatos (2007), o todo é o conjunto de atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o
objetivo conhecimentos válidos e verdadeiros trançando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.
Para essas autoras, o todo científico é a teoria da investigação, alcançando
esta seus objetivos de forma científica, quando cumpre ou se propõe a cumprir as
seguintes etapas:
- Descobrimento do problema;
- Colocação precisa do problema;
- Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema;
- Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados;
- Invenção de novas idéias;
- Obtenção de uma solução;
- Investigação das conseqüências da solução obtida;
- Prova (comprovação) da solução; e
- Correção das hipóteses, procedimentos ou dados empregados na
obtenção da solução incorreta.
Segundo Marconi e Lakatos (2007), os métodos genéricos de pesquisa são:
- Indutivo;
- Dedutivo;
- Hipotético-Dedutivo; e
- Dialético.
Para essas autoras, no método indutivo, o objetivo dos argumentos é levar a
conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas, nas quais, se
basearam, ou seja, a generalização.
137
Bryman e Bell (2007) entendem que a teoria dedutiva representa a comum
visualização da natureza do relacionamento entre a teoria e a pesquisa. O
pesquisador, com base no que é conhecido sobre um determinado assunto e das
considerações teóricas sobre este assunto, deduz uma hipótese que deve então ser
submetida a uma análise.
Para esses autores, o processo de dedução segue seqüencialmente as
seguintes etapas:
- Teoria;
- Hipóteses;
- Coleta de dados;
- Conclusões;
- Hipóteses confirmadas ou rejeitadas; e
- Revisão da teoria.
De acordo com Bryman e Bell (2007), a diferença entre o método indutivo e
dedutivo é que, no primeiro caso, uma teoria é gerada a partir das observações e
conclusões. Já, no segundo caso, o processo é inverso. A partir de uma teoria
existente geram-se observações e conclusões a respeito de um determinado
assunto.
Quanto ao método hipotético-dedutivo, de acordo com Bunge (1974), este
método respeita as seguintes etapas:
a) Colocação do problema;
b) Construção de um modelo teórico;
c) Dedução das conseqüências particulares;
d) Teste de hipóteses; e
e) Adição ou introdução das conclusões na teoria.
Marconi e Lakatos (2007) apresentam o método como sendo um processo
investigatório que respeita as seguintes etapas:
138
a) Problema: surge em geral do conflito ante as expectativas e teorias
existentes;
b) Solução proposta: Consiste numa conjectura; dedução de
conseqüências na forma de proposições passíveis de teste; e
c) Teste de falseamento: tentativas de refutação, entre outros meios, pela
observação e experimentação.
A Figura 49 apresenta o método hipotético-dedutivo.
Fonte: Marconi e Lakatos (2007, p.95)
Figura 49 – Método hipotético-dedutivo.
De acordo com Silva e Menezes (2005), no método dialético, as contradições
se transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer
solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade.
Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social,
político, econômico, entre outros.
O método dialético, segundo Marconi e Lakatos (2007), respeita quatro leis
fundamentais:
- Ação recíproca; unidade polar ou “tudo se relaciona”;
- Mudança dialética; negação da negação ou “tudo se transforma”;
- Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa; e
- Interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
4.1.1 Pesquisa: Tipologia, Propósito e Método
Minayo (1993, p.23) entende a pesquisa como uma “atividade básica das
ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática
EXPECTATIVAS OU
EXPECTATIVAS OU
CONHECIMENTO
CONHECIMENTO
PR
PR
É
É
VIO
VIO
PROBLEMA
PROBLEMA
CONJECTURAS
CONJECTURAS
FALSEAMENTO
FALSEAMENTO
EXPECTATIVAS OU
EXPECTATIVAS OU
CONHECIMENTO
CONHECIMENTO
PR
PR
É
É
VIO
VIO
PROBLEMA
PROBLEMA
CONJECTURAS
CONJECTURAS
FALSEAMENTO
FALSEAMENTO
139
teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e
permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se
esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados”.
De acordo com Goldemberg (1999, p.106), para a realização de uma pesquisa
científica são necessários os seguintes requisitos:
- a existência de uma pergunta que se deseja responder;
- a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; e
- a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.
Segundo Silva e Menezes (2005), a pesquisa é um trabalho em processo não
totalmente controlável ou previsível. Adotar uma metodologia significa escolher um
caminho, um percurso global do espírito. O percurso, muitas vezes, requer ser
reinventado a cada etapa. Precisa-se, então, não somente de regras e sim de muita
criatividade e imaginação.
Para essas autoras, ainda, a pesquisa é um conjunto de propostas e ações
visando solucionar um problema, seguindo procedimentos racionais e sistemáticos.
Para Marconi e Lakatos (2007, p.157), a pesquisa é “um procedimento reflexivo
sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados,
relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”.
De acordo com Miguel (2007), as pesquisas podem ser classificadas em
relação à sua tipologia quanto:
- à natureza das variáveis pesquisadas: qualitativa ou quantitativa;
- à natureza do relacionamento entre as variáveis: caráter descritivo ou causal;
- ao objetivo e ao grau de cristalização do problema: de natureza exploratória
ou conclusiva;
- à intensidade de controle capaz de ser exercido sobre as variáveis em estudo:
experimentais em laboratório ou ex-post facto; e
140
- ao escopo da pesquisa em termos de profundidade e amplitude: estudo de
caso ou levantamento amostrais tipo survey.
Segundo esse autor, todos os tipos anteriormente citados estão presentes na
metodologia da pesquisa cientifica em engenharia de produção, sendo que esses
tipos não são excludentes, ou seja, é possível classificar uma pesquisa como de
natureza exploratória sem relação causal entre as variáveis e, portanto, descritiva,
utilizando uma abordagem de estudo de caso, com base em dados e/ou métodos de
natureza qualitativa.
Para Miguel (2007), as pesquisas mais comuns em engenharia de produção
são as teórico-conceituais, estudos de caso, surveys, modelamento e simulação,
pesquisa-ação, pesquisa bibliográfica e pesquisa documental.
Bryman e Bell (2007) apresentam uma abordagem entre estratégias de
pesquisa e propósito de pesquisa. Para esses autores, as decisões-chave que
envolvem uma pesquisa são feitas acerca do propósito da pesquisa e os métodos de
pesquisa, os quais estão ligados a uma determinada estratégia de pesquisa.
Para Bryman e Bell (2007), o propósito de pesquisa, aliado ao projeto de
pesquisa, promove uma estrutura para a coleta e análise de dados. Uma escolha do
propósito de pesquisa reflete em decisões sobre a prioridade a ser dada para a
variação das dimensões do processo de pesquisa.
De acordo com esses autores, um estudo de caso, por exemplo, não é um
método, mais um propósito que gera um projeto de pesquisa, pois está num escopo
mais amplo. Para suportá-lo serão usados métodos, como entrevistas, questionários,
observação direta, para se obter, então, informações em uma pesquisa.
Segundo esses autores, conforme apresenta a Figura 50, para cada propósito
de pesquisa a ser escolhido, podem-se adotar duas estratégias de pesquisa
(qualitativa ou quantitativa) ou até mesmo uma estratégia mista entre as duas, sendo
que para cada uma dessas estratégias são derivados os métodos a serem adotados.
141
Fonte: O Autor
Figura 50 – Abordagem do escopo de pesquisa segundo Bryman e Bell (2007)
Bryman e Bell (2007) consideram cinco, os tipos de propósitos de pesquisa,
conforme a Figura 50.
De acordo com esses autores, o campo dos experimentos é raro em pesquisas
de negócios e gestão.
Para Miguel (2007), as pesquisas experimentais tratam de um estudo sobre a
relação causal entre duas ou mais variáveis de um sistema sob condições
controladas pelo pesquisador, geralmente, conduzidas em laboratórios.
No propósito de Survey, segundo Gil (1996), a mesma compreende um
levantamento de dados em uma amostra significativa acerca de um problema a ser
estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se conclusões
correspondentes aos dados coletados.
Bryman e Bell (2007) entendem que a Survey implica na coleta de dados em
mais de um único caso e num simples ponto no tempo a fim de coletar um conjunto
de dados qualitativos e quantitativos na conexão com duas ou mais variáveis, as
quais são, então, associadas para detectar padrões de associação.
Prop
Prop
ó
ó
sito
sito
de
de
Pesquisa
Pesquisa
Experimental
Experimental
Survey
Survey
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Longitudinal
Longitudinal
Comparativo
Comparativo
Estrat
Estrat
é
é
gia Quantitativa
gia Quantitativa
Estrat
Estrat
é
é
gia Qualitativa
gia Qualitativa
Entrevista Estruturada
Entrevista Estruturada
Question
Question
á
á
rio
rio
Observa
Observa
ç
ç
ão Estruturada
ão Estruturada
Entrevista qualitativa (semi
Entrevista qualitativa (semi
-
-
estruturada e não
estruturada e não
estruturada)
estruturada)
Observa
Observa
ç
ç
ão Participante
ão Participante
Focus
Focus
Groups
Groups
M
M
É
É
TODOS
TODOS
M
M
É
É
TODOS
TODOS
Prop
Prop
ó
ó
sito
sito
de
de
Pesquisa
Pesquisa
Experimental
Experimental
Survey
Survey
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Longitudinal
Longitudinal
Comparativo
Comparativo
Estrat
Estrat
é
é
gia Quantitativa
gia Quantitativa
Estrat
Estrat
é
é
gia Qualitativa
gia Qualitativa
Entrevista Estruturada
Entrevista Estruturada
Question
Question
á
á
rio
rio
Observa
Observa
ç
ç
ão Estruturada
ão Estruturada
Entrevista qualitativa (semi
Entrevista qualitativa (semi
-
-
estruturada e não
estruturada e não
estruturada)
estruturada)
Observa
Observa
ç
ç
ão Participante
ão Participante
Focus
Focus
Groups
Groups
M
M
É
É
TODOS
TODOS
M
M
É
É
TODOS
TODOS
142
Já, quanto ao propósito de estudo de caso, de acordo com Yin (1984), o
mesmo pode se dividir nos seguintes tipos:
- Caso crítico: o pesquisador especifica a hipótese e o caso é escolhido
para promover um melhor entendimento das circunstâncias, nas quais, as
hipóteses podem ou não serem sustentadas.
- Único caso: refere-se ao estudo puramente clínico; e
- Caso relevante: quando um pesquisador tem uma oportunidade de
observar e analisar um fenômeno previamente inacessível para a pesquisa
científica.
Gil (1996) entende que o estudo de caso trata de uma análise aprofundada de
um ou mais objetos para que permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
Para Bryman e Bell (2007), o estudo de caso implica em uma análise detalhada
e intensiva de um simples caso. Um estudo de caso é envolvido com a
complexidade e a natureza particular do caso em questão.
Segundo esses autores, um caso a ser estudado pode ser:
- Uma simples organização;
- Uma simples parte de uma organização;
- Uma pessoa; e
- Um simples evento.
Além dos tipos propostos por Gil (1996), Bryman e Bell (2007) propõem outros
dois tipos de estudo de caso:
- Caso típico ou representativo: busca explorar um caso que exemplifica
uma situação diária ou forma de organização; e
- Caso longitudinal: este caso está envolvido em uma situação que muda
ao longo do tempo.
143
Para Miguel (2007), o estudo de caso é uma espécie de histórico de um
fenômeno extraído de múltiplas fontes de evidências em que qualquer fato relevante
à corrente de eventos que descrevem o fenômeno é um dado potencial para análise.
Segundo esse autor, o objetivo do estudo de caso é aprofundar o conhecimento
acerca de um problema não suficientemente definido, visando estimular a
compreensão, sugerir hipóteses e questões ou desenvolver a teoria.
De acordo com esse autor, a partir da seleção do caso a ser estudado, deve-se
determinar os métodos e técnicas (os quais podem ser qualitativos, quantitativos e
mistos) na análise e coleta de dados como, por exemplo, as entrevistas
(estruturadas, semi-estruturadas, não estruturadas), análise documental,
observações diretas, podendo-se incluir também, visitas in loco nas organizações.
De acordo com Miguel (2007), na condução de um estudo de caso, entre as
principais etapas estão:
-Definição da estrutura conceitual-teórica: envolve mapear a literatura,
delinear as proposições, delimitar as fronteiras;
-Planejamento do caso: envolve selecionar as unidades de análise e
contatos, escolher os meios para coleta e análise dos dados; desenvolver
protocolo para coleta de dados;
-Coleta de dados: contatar os casos, registrar os dados, limitar os efeitos
do pesquisador; e
-Análise os dados: envolve produzir uma narrativa, reduzir os dados,
construir painel e identificar causalidade.
Com respeito ao propósito longitudinal, Bryman e Bell (2007) entendem que
este representa uma distinta forma de propósito de pesquisa que é usado para
mapear mudanças em pesquisa em negócios e gestão.
Esses autores enfatizam as importâncias do estudo longitudinal no
entendimento das organizações como uma forma de promover dados nos
mecanismos e processos, nos quais as mudanças são criadas.
144
Por último, o propósito comparativo, para Bryman e Bell (2007), engloba a
lógica de comparação o que implica em entender melhor um fenômeno social
quando eles são comparados em relação a dois ou mais casos contrastantes ou
situações.
No que diz respeito à estratégia de pesquisa, Bryman e Bell (2007) entendem
que esta pode ser qualitativa ou quantitativa.
Para esses autores, a pesquisa quantitativa pode ser construída como uma
estratégia de pesquisa que enfatiza a quantificação na coleta e análise de dados e
que:
- envolve uma abordagem dedutiva para o relacionamento entre teoria e
pesquisa, na qual a base é colocada no teste de teorias;
- tem incorporado as práticas e normas do modelo da natureza científica e
do positivismo em particular; e
- engloba a visualização da realidade social como uma externa e objetiva
realidade.
Já, a pesquisa qualitativa, segundo esses autores, usualmente enfatiza uma
estratégia de pesquisa baseada mais nas palavras do que na quantificação na coleta
e análise de dados e também que:
- tem rejeitado as práticas e normas no modelo científico natural e do
positivismo em particular, em preferência a uma ênfase na forma, na qual os
indivíduos interpretam seu mundo social; e
- engloba uma visualização da realidade social como uma constante
mudança emergente da criação dos indivíduos.
De acordo com Bryman e Bell (2007), as interconexões entre os diferentes
fatores para a pesquisa qualitativa e quantitativa não devem ser tratadas como um
pensamento reto e definido.
145
Segundo esses autores, por exemplo, existem estudos que envolvem testes de
hipóteses em pesquisa qualitativa. Da mesma forma, uma pesquisa que possui
amplas características de uma abordagem pode conter características da outra,
assumindo uma característica mista no tocante a estratégia de pesquisa.
Bryman e Bell (2007) apresentam, por meio da Figura 51, alguns dos principais
contrastes existentes entre pesquisa qualitativa e quantitativa.
Fonte: Adaptada de Bryman e Bell (2007, p.426)
Figura 51 – Contrastes entre pesquisa qualitativa e quantitativa
De acordo com Bryman e Bell (2007), na pesquisa quantitativa as principais
preocupações dos pesquisadores são:
- Medição;
- Causalidade;
- Generalização; e
- Replicação.
Por outro lado, para esses autores, a pesquisa qualitativa, engloba as
principais preocupações por parte dos pesquisadores:
- Descrição e ênfase no contexto;
N
N
ú
ú
meros
meros
Ponto de vista do
Ponto de vista do
pesquisador
pesquisador
Distância do
Distância do
pesquisador
pesquisador
Teste de teoria
Teste de teoria
Est
Est
á
á
tica
tica
Estruturada
Estruturada
Generaliza
Generaliza
ç
ç
ão
ão
Concreta, dados
Concreta, dados
confi
confi
á
á
veis
veis
Macro
Macro
Comportamento
Comportamento
Cen
Cen
á
á
rio Artificial
rio Artificial
Palavras
Palavras
Ponto de vista do
Ponto de vista do
participante
participante
Proximidade do
Proximidade do
pesquisador
pesquisador
Teoria emergente
Teoria emergente
Processo
Processo
Não Estruturada
Não Estruturada
Entendimento
Entendimento
Rica, profunda em
Rica, profunda em
dados
dados
Micro
Micro
Significado
Significado
Cen
Cen
á
á
rio Natural
rio Natural
Quantitativa
Quantitativa
Qualitativa
Qualitativa
X
X
N
N
ú
ú
meros
meros
Ponto de vista do
Ponto de vista do
pesquisador
pesquisador
Distância do
Distância do
pesquisador
pesquisador
Teste de teoria
Teste de teoria
Est
Est
á
á
tica
tica
Estruturada
Estruturada
Generaliza
Generaliza
ç
ç
ão
ão
Concreta, dados
Concreta, dados
confi
confi
á
á
veis
veis
Macro
Macro
Comportamento
Comportamento
Cen
Cen
á
á
rio Artificial
rio Artificial
Palavras
Palavras
Ponto de vista do
Ponto de vista do
participante
participante
Proximidade do
Proximidade do
pesquisador
pesquisador
Teoria emergente
Teoria emergente
Processo
Processo
Não Estruturada
Não Estruturada
Entendimento
Entendimento
Rica, profunda em
Rica, profunda em
dados
dados
Micro
Micro
Significado
Significado
Cen
Cen
á
á
rio Natural
rio Natural
Quantitativa
Quantitativa
Qualitativa
Qualitativa
X
X
N
N
ú
ú
meros
meros
Ponto de vista do
Ponto de vista do
pesquisador
pesquisador
Distância do
Distância do
pesquisador
pesquisador
Teste de teoria
Teste de teoria
Est
Est
á
á
tica
tica
Estruturada
Estruturada
Generaliza
Generaliza
ç
ç
ão
ão
Concreta, dados
Concreta, dados
confi
confi
á
á
veis
veis
Macro
Macro
Comportamento
Comportamento
Cen
Cen
á
á
rio Artificial
rio Artificial
Palavras
Palavras
Ponto de vista do
Ponto de vista do
participante
participante
Proximidade do
Proximidade do
pesquisador
pesquisador
Teoria emergente
Teoria emergente
Processo
Processo
Não Estruturada
Não Estruturada
Entendimento
Entendimento
Rica, profunda em
Rica, profunda em
dados
dados
Micro
Micro
Significado
Significado
Cen
Cen
á
á
rio Natural
rio Natural
Quantitativa
Quantitativa
Qualitativa
Qualitativa
X
X
N
N
ú
ú
meros
meros
Ponto de vista do
Ponto de vista do
pesquisador
pesquisador
Distância do
Distância do
pesquisador
pesquisador
Teste de teoria
Teste de teoria
Est
Est
á
á
tica
tica
Estruturada
Estruturada
Generaliza
Generaliza
ç
ç
ão
ão
Concreta, dados
Concreta, dados
confi
confi
á
á
veis
veis
Macro
Macro
Comportamento
Comportamento
Cen
Cen
á
á
rio Artificial
rio Artificial
Palavras
Palavras
Ponto de vista do
Ponto de vista do
participante
participante
Proximidade do
Proximidade do
pesquisador
pesquisador
Teoria emergente
Teoria emergente
Processo
Processo
Não Estruturada
Não Estruturada
Entendimento
Entendimento
Rica, profunda em
Rica, profunda em
dados
dados
Micro
Micro
Significado
Significado
Cen
Cen
á
á
rio Natural
rio Natural
Quantitativa
Quantitativa
Qualitativa
Qualitativa
X
X
146
- Ênfase no processo;
- Flexibilidade e estrutura limitada; e
- Conceitos e teoria alicerçados em dados.
De acordo com Bryman e Bell (2007) a pesquisa qualitativa apresenta as
seguintes etapas, conforme ilustra a Figura 52.
Fonte: Bryman e Bell (2007, p.406)
Figura 52 – Principais etapas de uma pesquisa qualitativa
Quanto aos métodos de pesquisa, Bryman e Bell (2007) entendem que estes
são simplesmente técnicas para a coleta de dados. Eles podem envolver um
instrumento específico. Para esses autores, os métodos relacionados à estratégia
quantitativa de pesquisa são:
a) Entrevista estruturada: implica na administração de uma entrevista
programada por um entrevistador. O objetivo é criar um contexto no
questionamento, sendo que as questões formuladas, geralmente são
muito específicas, possuindo, na maioria das vezes, um formato
fechado para resposta;
b) Questionários: é um método no qual os informantes respondem
sozinhos às questões elencadas sem a presença do entrevistador. O
Questão Geral de
Questão Geral de
Pesquisa
Pesquisa
Selecionando local
Selecionando local
e objeto relevante
e objeto relevante
Coleta de dados
Coleta de dados
relevantes
relevantes
Interpreta
Interpreta
ç
ç
ão dos
ão dos
dados
dados
Trabalho te
Trabalho te
ó
ó
rico e
rico e
conceitual
conceitual
Escrevendo
Escrevendo
conclusões
conclusões
Coleta de mais
Coleta de mais
Dados
Dados
Ajuste da questão de
Ajuste da questão de
Pesquisa
Pesquisa
Questão Geral de
Questão Geral de
Pesquisa
Pesquisa
Selecionando local
Selecionando local
e objeto relevante
e objeto relevante
Coleta de dados
Coleta de dados
relevantes
relevantes
Interpreta
Interpreta
ç
ç
ão dos
ão dos
dados
dados
Trabalho te
Trabalho te
ó
ó
rico e
rico e
conceitual
conceitual
Escrevendo
Escrevendo
conclusões
conclusões
Coleta de mais
Coleta de mais
Dados
Dados
Ajuste da questão de
Ajuste da questão de
Pesquisa
Pesquisa
147
questionário pode ser operacionalizado em forma de correspondência
ou e-mail, assumindo questões abertas ou fechadas. As principais
vantagens deste método é o custo baixo de administrar, rapidez e
flexível com a conveniência do entrevistado. Para Marconi e Lakatos
(2007), junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta
explicando a natureza da pesquisa, sua importância e a necessidade
de obter respostas, tentando despertar o interesse do recebedor, no
sentido de que ele preencha e devolva o questionário dentro de um
prazo razoável; e
c) Observação estruturada: é a técnica, na qual o pesquisador emprega
explicitamente regras formuladas para a observação dos
comportamentos. As regras informam aos observadores sobre o quê e
como eles devem observar. Para Marconi e Lakatos (2007), a
observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir
informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados
aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas
também, em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar.
Para essas autoras, a observação estruturada ou sistemática, realiza-
se em condições controladas, para responder a propósitos
preestabelecidos. Todavia, as normas não devem ser padronizadas
nem rígidas demais, pois tanto as situações quanto os objetos e
objetivos da investigação podem ser muito diferentes. Deve ser
planejada com cuidado e sistematizada.
Já, para a estratégia de pesquisa qualitativa, Bryman e Bell (2007) apresentam
como métodos qualitativos:
a) Observação Participante: neste método o pesquisador imerge em um
grupo por um período de tempo, observando comportamento,
conversas e ações, como também, realizando questões. Tipicamente,
os pesquisadores também buscam informações por meio de entrevistas
e documentos. As observações semi-estruturadas e não estruturadas
148
também são mais qualitativas, devido à flexibilidade que apresentam
em relação à observação estruturada;
b) Entrevistas qualitativas (semi-estruturadas e não estruturadas): as
entrevistas qualitativas o mais flexíveis em sua estrutura. Nas
entrevistas não estruturadas o pesquisador usa um tipo de conversa
livre a respeito dos tópicos de abordagem, sendo livre também para
seguir outro caminho. na pesquisa semi-estruturadas o pesquisador
tem uma lista de questões que podem não seguir uma forma totalmente
programada, mas devem preencher os tópicos de pesquisa listados. Da
mesma forma que as entrevistas, os questionários também podem ser
semi-estruturados, de forma a ser mais flexível na obtenção de
informações. Geralmente assume o formato de questões abertas; e
c) Focus Group: O Focus Group assume a forma de entrevista em grupo
na qual existem muitos participantes. Existe uma ênfase no
questionamento em tópico particular e uma interação entre os membros
do grupo em busca de uma compreensão.
Bryman e Bell (2007) atentam para o crescimento das pesquisas utilizando-se
a internet para a realização de pesquisas com abordagens de estratégia qualitativa e
quantitativa, considerando este procedimento também como um método de pesquisa
(internet research methods). De acordo com esses autores, além das pesquisas de
informações, também é possível se utilizar da internet para realização de
questionários e entrevistas.
Importante ressaltar que na pesquisa sobre gestão, de acordo com Moreira
(2004), é relevante considerar a experiência prática vivida pelas pessoas e o
entendimento que elas possuem sobre o assunto a ser pesquisado.
A respeito da pesquisa de campo, para Marconi e Lakatos (2007), ela é
utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um
problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira
comprovar, ou, ainda, descobrir fenômenos ou as relações entre eles.
149
Segundo Marconi e Lakatos (2007), as fases da pesquisa de campo requerem,
em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em
questão. Em segundo lugar, devem-se determinar as técnicas que serão
empregadas na coleta de dados e a determinação da amostra. Por último, devem-se
selecionar as técnicas de registro e análise dos dados após sua coleta.
4.1.2 Caracterização da Metodologia Utilizada
Diante da abordagem tratada no item anterior, torna-se relevante realizar o
enquadramento da pesquisa tratada neste trabalho quanto ao seu propósito,
estratégia e método específico. Desta forma, de acordo com a abordagem de
Bryman e Bell (2007), apresentada na Figura 50, a pesquisa em questão caracteriza-
se quanto:
a) ao seu propósito como um estudo de caso;
b) à estratégia de pesquisa como qualitativa; e
c) ao método específico utilizou-se observação semi-estruturada,
questionário semi-estruturado e internet research methods.
Em relação à classificação quanto ao objetivo e grau de cristalização do
problema, conforme Miguel (2007), a pesquisa abordada neste trabalho caracteriza-
se como exploratória.
Conforme Gil (1996), o estudo de caso busca também fazer uma análise
detalhada que permita seu amplo e detalhado conhecimento, o quê, neste caso, se
delimita em gerar conhecimento sobre o modelo BSC como opção de sistema de
medição de desempenho para os operadores de transporte ferroviário.
150
A pesquisa tem seu propósito baseado num estudo de caso, pois possui o
objetivo de aprofundar o conhecimento acerca de um problema não suficientemente
definido (MIGUEL, 2007).
Para o presente trabalho o problema de pesquisa é:
“A concentração de um modelo de medição do desempenho utilizado nos
operadores de transporte ferroviário e a falta de publicações a respeito dos
modelos de sistema de medição de desempenho aplicáveis a este tipo de
organização em específico, as quais, diante do cenário de crescimento e
necessidade da continuidade deste, podem necessitar efetuar mudanças na
forma de gerir seus desempenhos organizacionais”
Para Miguel (2007), o principal direcionador de um estudo de caso é a questão
de pesquisa, a qual para o presente trabalho é:
Devido à concentração de um modelo de sistema de medição de
desempenho, presente nos operadores de transporte ferroviário, os quais
necessitam sustentar e alavancar o crescimento de sua produção, o Balanced
Scorecard pode ser um modelo opcional aplicável a estas organizações, diante
da necessidade de possíveis mudanças atuais e futuras na forma de gerir seus
desempenhos?”
No que diz respeito à estratégia de pesquisa, conforme a análise da Figura 51,
que apresenta os contrastes entre pesquisa qualitativa e quantitativa (BRYMAN;
BELL, 2007), esta pesquisa adota uma estratégia com predominância qualitativa,
pois possui mais características pertinentes a esta, como a ênfase nas palavras,
devido a buscar descrever em torno dos sistemas de medição de desempenho e
operadores ferroviários, a presença do pesquisador próximo do caso devido à
análise focada e próxima da organização, a característica menos estruturada, pois
foi mais flexível no processo de coletar informações e analisá-las, a busca do
entendimento contextual sobre medição do desempenho em ferrovias não se
generalizando o tema, a existência de dados profundos, principalmente no que diz
151
respeito aos operadores de transporte ferroviário em si e a presença em um
ambiente natural de análise.
Com respeito aos métodos específicos de pesquisa, na coleta e análise dos
dados, foram utilizados:
a) Observação semi-estruturada: no início da pesquisa a observação foi
menos estruturada até um momento que houve um delineamento e que
se decidiu a realização da pesquisa sobre condições controladas, para
responder a propósitos preestabelecidos, ou seja, se tornando
estruturada (MARCONI; LAKATOS, 2007). Por isso, esta pesquisa se
enquadra no método semi-estruturado, pois não houve uma
estruturação completa em todo o tempo em que ocorreu a observação.
Neste método buscou-se a visualização e análise dos processos, do
ambiente em que o operador ferroviário se insere e também na
estrutura de gestão presente nestas organizações.
b) Questionário semi-estruturado: com a finalidade de se obter
informações sobre a importância e a potencialidade ou não de se
propor um modelo baseado no BSC, perante os gestores estratégicos
dos operadores de transporte ferroviário, foi realizado um questionário
com questões abertas, buscando-se obter certas conclusões a respeito
disto.
c) Internet Research Method: Para se obter informações sobre o escopo
estratégico dos operadores de transporte ferroviário, foi realizada uma
pesquisa a respeito da missão e visão destes operadores, disponíveis
nas home-pages destas companhias.
Em relação à pesquisa exploratória, a qual se enquadra a pesquisa em
questão, Gil (1996) entende que ela visa proporcionar maior familiaridade com o
problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências
práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a
152
compreensão. Para esse autor, a pesquisa exploratória, em geral, assume as formas
de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
4.2 PESQUISA DE CAMPO
Na pesquisa relacionada ao tema deste trabalho, a estruturação conceitual-
teórica se em torno da gestão de operações, estratégia, sistemas de medição de
desempenho e transporte ferroviário.
Quanto ao planejamento do caso, para o mapeamento da estrutura típica de
um operador de transporte ferroviário (processos, gestão e ambiente), a unidade de
análise escolhida foi um operador de transporte ferroviário com base na região
sudeste e centro-oeste do Brasil, atuando com principal elemento ferroviário no
corredor de exportação do Porto de Santos. , para a obtenção de informações a
respeito da importância em se propor um modelo baseado no BSC para essas
organizações e também sobre a visão e missão das mesmas, foram escolhidos os
principais operadores de transporte ferroviário do Brasil. No primeiro caso, os
contatos envolvidos foram gerentes de níveis estratégicos da companhia. Conforme
explicado no item 4.1.2, para a pesquisa de campo utilizou-se três métodos para
coleta e análise de dados, sendo eles a observação semi-estruturada, o questionário
semi-estruturado e a pesquisa de informações em fontes de internet.
Na coleta de dados, na parte do mapeamento da estrutura típica, o contato foi
facilitado, pelo fato do pesquisador pertencer à organização escolhida para a
análise. Na pesquisa sobre a importância da proposição do modelo, o contato foi
feito por meio de telefone e e-mail. Para os registros dos dados, utilizaram-se
narrativas informais, fluxogramas e planilhas de mapeamento.
Na análise de dados, realizou-se uma comparação com a construção teórica
sobre o assunto, analisando-se as relações de causalidade e aderência dos dados
obtidos com a teoria existente e fazendo uma filtragem dos mesmos, buscando-se
153
obter base e direcionamento para a construção do modelo BSC para os operadores
de transporte ferroviário.
Diante destas etapas descritas, para a condução de um estudo de caso, a
Figura 53 apresenta a estruturação da pesquisa em questão.
Fonte: O Autor
Figura 53 – Etapas de condução da pesquisa para geração do modelo BSC para os operadores de
transporte ferroviário.
Estruturação
Conceitual-teórica
Planejamento
Do
Caso
(escolha da
unidade de
análise, contatos
e métodos)
Coleta dos Dados
(forma de contato
e obtenção do
dados)
Elaboração do
modelo baseado
no Balanced
Scorecard
Análise das
perspectivas a
serem
abordadas.
Análise dos
processos.
Análise do
ambiente
Definição dos
principais
stakeholders
envolvidos no
ambiente.
Análise dos
Principais
objetivos
estratégicos e
de desempenho.
Definição dos
tópicos a serem
medidos
(O que medir ?)
(Porque medir
?).
Análise dos
dados
comparação entre
dados obtidos e
construção
teórica
(causalidade,
aderência e
filtragem dos
dados)
Estruturação
Conceitual-teórica
Planejamento
Do
Caso
(escolha da
unidade de
análise, contatos
e métodos)
Coleta dos Dados
(forma de contato
e obtenção do
dados)
Elaboração do
modelo baseado
no Balanced
Scorecard
Análise das
perspectivas a
serem
abordadas.
Análise dos
processos.
Análise do
ambiente
Definição dos
principais
stakeholders
envolvidos no
ambiente.
Análise dos
Principais
objetivos
estratégicos e
de desempenho.
Definição dos
tópicos a serem
medidos
(O que medir ?)
(Porque medir
?).
Análise dos
dados
comparação entre
dados obtidos e
construção
teórica
(causalidade,
aderência e
filtragem dos
dados)
154
É possível observar que a estrutura apresentada pela Figura 53 também está
alinhada com as principais etapas da pesquisa qualitativa, conforme foi ilustrado por
meio da Figura 52.
4.2.1 A Estrutura Típica do Operador de Transporte Ferroviário no Contexto da
Gestão de Operações.
Após a realização da pesquisa de campo, foi possível obter dados sobre a
estrutura típica de um operador de transporte ferroviário, no tocante a sua gestão de
operações, estrutura de gestão e processos e ambiente de inserção.
Os operadores de transporte ferroviário apresentam uma estrutura similar no
que diz respeito a toda sua gestão de operações. Alguns podem apresentar algumas
particularidades, como existência de algumas diretorias específicas, organograma
diferenciado, processos específicos.
No entanto, no que diz respeito ao cerne da atividade fim de um operador de
transporte ferroviário, a estrutura aqui apresentada serve de base para qualquer
operador, a qual, foi referência para a elaboração do modelo proposto neste
trabalho. Por isso a adoção, neste trabalho, pelo termo ¨estrutura típica”.
No contexto da estrutura típica de um operador de transporte ferroviário, a
Figura 54, apresenta o processo de transformação presente neste tipo
organizacional, conforme o escopo da gestão de operações.
155
Fonte: O Autor
Figura 54 – O Processo de transformação num operador de transporte ferroviário de cargas
Conforme apresenta a Figura 54, a finalidade de um operador de transporte
ferroviário de cargas é mover cargas, visando atender as necessidades de seus
clientes.
Para isso, diversos recursos como, vagões, locomotivas, equipes, vias,
terminais e informações são necessários para que os produtos de um cliente
possam ser recebidos a partir de uma origem e chegar a certo destino com tempos
necessários, como por exemplo, o atendimento a um carregamento de navio no
porto.
Com isso, a estrutura típica de uma ferrovia, para a realização de sua gestão,
em essência, é composta pelas seguintes áreas:
a) Gestão operacional de trens: responsável pelo controle on-time,
formação e desagregação dos trens em operação;
b) Gestão de planejamento e controle da produção: área que atua no
planejamento de transporte anual, mensal e diário, realizando-se a
implementação de ações visando atingir as metas estabelecidas de
transporte e receita financeira, integrando as informações de todas as
áreas da organização. Atua também em novos projetos de transportes
e projetos de recuperação e compra de ativos;
c) Gestão de manutenção de via: responsável por garantir a manutenção
da infra-estrutura e superestrutura da via de rolamento e seus
- Vagões
- Locomotivas
- Via
- Terminais
- Equipes
- Informações
- Instalações
PROCESSO DE
TRANFORMAÇÃO
Transporte
Produtos
transportados até
o destino nas
quantidades e
tempos requeridos
pelo cliente.
ENTRADAS
SAÍDAS
156
acessórios, visando propiciar melhor desempenho nas velocidades dos
trens com segurança. Atua também em projetos de construção de via
para aumento de malha, desvios e terminais;
d) Gestão de manutenção de material rodante: a área de gestão de
material rodante, ou mecânica, deve garantir a xima disponibilidade
de ativos, por meio da manutenção preventiva e corretiva, para que a
área de planejamento e controle da produção e a operação de trens
possam programar formação de trens, visando atingir as metas
estabelecidas;
e) Gestão de terminais: a área de gestão de terminais deve garantir
disponibilidade do terminal buscando atender os carregamentos e
formação de trens planejados, bem como, o recebimento e descarga
dos produtos dos clientes, visando à eficiência da operação;
f) Gestão administrativa, jurídica e contábil: esta área segue os padrões
de toda organização, sendo responsável pelas atividades relacionadas
a recursos humanos (contratação, benefícios, programas de
desenvolvimento), patrimonial (controle de ativos), processos jurídicos,
controladoria (controle contábil, orçamento, balanços e auditorias);
g) Gestão financeira: está área deve ser responsável pela garantia do
fluxo de caixa, captação de recursos para garantia de projetos e
aquisições de ativos, pagamentos junto aos fornecedores e
recebimento junto aos clientes; e
b) Gestão comercial: a área comercial atua na interface entre organização
e cliente, levantando suas necessidades e realizando os devidos folow-
ups. Atua também na condução de novos projetos de transporte em
conjunto com a área de planejamento, no suporte junto ao cliente e na
elaboração de estratégias de prospecção de novos clientes e
mercados.
157
No contexto global das operações responsáveis pelos processos de um
operador de transporte ferroviário, a Figura 55, baseada na Figura 1 (EVANS, 1997)
apresenta a divisão em três macro-operações, constando os principais processos
pertinentes a estas, dentro do escopo do processo de transformação típico destas
organizações.
Fonte: O Autor
Figura 55 – As operações de um operador de transporte ferroviário de cargas
Essas operações, embora estejam presentes na organização, também estão
presentes num ambiente, composto por clientes, órgãos regulamentadores,
comunidade, fornecedores, governo e sindicatos
A Figura 56 mostra a presença dos stakeholders presentes no ambiente que
envolve o operador de transporte ferroviário.
Entradas
Locomotivas
Vagões
Serviços Manuten-
ção
Capital
Equipamentos
Pessoas
Informação
Energia
Combustíveis
Processos
Operações Adm.
Financeiras
Operações de
Transporte e
Movimentação
Operações
Comerciais
Saídas
Produtos
transportados
nos destinos
e tempos
requeridos
pelos
Clientes
Fornecedores
Indústria Ferroviária
Empresas Manutenção
Empresas Combustíveis
Construtoras
Bancos
Consultorias
Outros
Clientes
Tradings
Indústria siderúrgica
Indústria cimentos
Mineradoras
Empresas Petróleo
Gerentes
Feedback
Feedback
F
e
e
d
b
a
c
k
F
e
e
d
b
a
c
k
Feedback
Decisões
Entradas
Locomotivas
Vagões
Serviços Manuten-
ção
Capital
Equipamentos
Pessoas
Informação
Energia
Combustíveis
Processos
Operações Adm.
Financeiras
Operações de
Transporte e
Movimentação
Operações
Comerciais
Saídas
Produtos
transportados
nos destinos
e tempos
requeridos
pelos
Clientes
Fornecedores
Indústria Ferroviária
Empresas Manutenção
Empresas Combustíveis
Construtoras
Bancos
Consultorias
Outros
Clientes
Tradings
Indústria siderúrgica
Indústria cimentos
Mineradoras
Empresas Petróleo
Gerentes
Feedback
Feedback
F
e
e
d
b
a
c
k
F
e
e
d
b
a
c
k
Feedback
Decisões
158
Fonte: O Autor
Figura 56 – O ambiente do operador de transporte ferroviário
Observa-se um ambiente complexo, em que as forças oriundas dos
stakeholders podem interferir no desempenho (positivo ou negativo) do operador.
Portanto, a gestão global do operador de transporte ferroviário de cargas deve
visualizar as forças de interferência que podem agir sobre o sistema, visando
garantir suas metas de desempenho.
4.2.2 Pesquisa Sobre os Modelos Atuais de Sistema de Medição de
Desempenho Utilizados nos Operadores de Transporte Ferroviário.
Com o objetivo de se obter informações sobre os modelos de sistema de
medição de desempenho utilizados pelos operadores de transporte ferroviário e
sobre a importância e potencial de se aplicar o BSC nestas organizações, foi
Colaboradores
Colaboradores
Acionistas
Acionistas
Agências/
Agências/
Associa
Associa
ç
ç
ões
ões
(ANTT,ANTF)
(ANTT,ANTF)
Governo
Governo
(Minist
(Minist
é
é
rio
rio
Transporte)
Transporte)
Sindicatos
Sindicatos
(Ferrovi
(Ferrovi
á
á
rios)
rios)
Comunidade
Comunidade
Fornecedores
Fornecedores
OPERADOR
OPERADOR
DE
DE
TRANPORTE
TRANPORTE
FERROV
FERROV
Á
Á
RIO
RIO
Clientes
Clientes
Colaboradores
Colaboradores
Acionistas
Acionistas
Agências/
Agências/
Associa
Associa
ç
ç
ões
ões
(ANTT,ANTF)
(ANTT,ANTF)
Governo
Governo
(Minist
(Minist
é
é
rio
rio
Transporte)
Transporte)
Sindicatos
Sindicatos
(Ferrovi
(Ferrovi
á
á
rios)
rios)
Comunidade
Comunidade
Fornecedores
Fornecedores
OPERADOR
OPERADOR
DE
DE
TRANPORTE
TRANPORTE
FERROV
FERROV
Á
Á
RIO
RIO
Clientes
Clientes
159
realizado uma pesquisa junto aos operadores de transporte ferroviário de cargas do
país, sendo eles:
a) CVRD – Companhia Vale do Rio Doce (EFC;EFVM;FCA);
b) MRS – MRS Logística;
c) ALL – América Latina Logística (Malha Sul; Ferronorte, Ferroban e
Novoeste);
d) FTC – Ferrovia Tereza Cristina;
e) CFN – Companhia Ferroviária do Nordeste; e
f) Ferropar – Ferrovia Paraná.
O método da pesquisa consistiu num envio de um questionário por meio de
correio eletrônico (e-mail) com destino aos gerentes de níveis estratégicos dos
operadores de transporte ferroviário, abordando sobre o modelo atualmente utilizado
por essas organizações e quanto à visão da importância de se aplicar um modelo
como o BSC dentro destas organizações.
A amostra escolhida deve-se ao fato desses operadores serem significantes em
termos de representatividade na produção do transporte ferroviário. Outras ferrovias
locais, com dedicações exclusivas para uma indústria ou outra atividade, como a
Estrada de Ferro do Jarí, Estrada de Ferro Trombetas e Estrada de Ferro do Amapá,
não foram consideradas devido a não possuírem significância dentro do transporte
ferroviário nacional.
Com respeito ao questionário realizado, as questões, em formato aberto, fora
as seguintes:
- Qual modelo de gestão de sistema de medição de desempenho é utilizado?
- Quais perspectivas de medição de desempenho são adotadas?
- Os padrões de desempenho e indicadores estabelecidos estão alinhados com
a estratégia de médio a longo prazo da organização?
160
- Como os gestores enxergam a aplicação de um modelo mais amplo como,
por exemplo, o Balanced Scorecard?
No caso das ferrovias pesquisadas, apenas quatro forneceram resposta, sendo
elas a MRS, CVRD, CFN e FTC.
De todas as ferrovias, a única que utiliza o BSC como modelo de sistema de
medição de desempenho é a MRS Logística, trabalhando com as perspectivas
sugeridas por Kaplan e Norton (1996). De acordo com os gestores da MRS
Logística, o BSC tem atendido às necessidades de gestão com respeito às
aderências com os planos estratégicos e a sua transmissão a todos os níveis
organizacionais, auxiliando no bom desempenho alcançado pela companhia nesses
últimos anos.
a CVRD utiliza o modelo de sistema de medição de desempenho baseado
no sistema japonês de qualidade total, o qual foi traduzido no Brasil pelo Professor
Vicente Falconi Campos. Segundo a CVRD, o modelo de sistema de medição de
desempenho é baseado no gerenciamento da rotina e gerenciamento pelas
diretrizes, medindo-se continuamente o desempenho das áreas e de cada indivíduo,
a partir do desdobramento das diretrizes estratégicas da companhia a todos os
níveis hierárquicos. O gerenciamento pelas diretrizes busca incentivar o alto
desempenho pelo desdobramento claro de metas, com regras claras, nas quais cada
indivíduo na organização reconhece qual caminho seguir. O desdobramento das
diretrizes feita na CVRD a partir do nível gerencial segue até a operação com a
definição das metas individuais e de equipe para a avaliação de desempenho de
todos os empregados, na qual, é atrelada a política de remuneração variável.
Quanto às perspectivas adotadas na CVRD, os indicadores são setoriais, ou
seja, cada área possui seu conjunto de indicadores, independentemente de seguir
uma orientação por perspectivas, como ocorre no BSC.
As metas na CVRD, segundo a resposta do questionário, são definidas pelo
desdobramento do planejamento estratégico revisto ano a ano, e estão alinhados
161
numa visão de longo prazo de cinco anos, realizando-se o desdobramento anual e
mensal para a avaliação.
Embora para a CVRD o modelo atual atenda plenamente aos requisitos de
gestão, de acordo com os seus gestores, seria importante a proposição do BSC
como opção de sistema de medição de desempenho para os operadores de
transporte ferroviário, ressaltando-se que o mesmo deve manter a característica do
desdobramento das diretrizes, a qual o modelo atual já possui.
Seguindo a mesma linha da CVRD, a CFN também adota o modelo baseado no
gerenciamento da rotina e gerenciamento pelas diretrizes. Quanto às perspectivas
adotadas, segundo a empresa, o foco está em pessoas, clientes e processos.
Segundo a CFN, quando da elaboração dos itens de controle e verificação,
leva-se em consideração no mínimo a manutenção dos níveis de produtividade
alcançados, lançando anualmente desafios voltados à melhoria constante desses
índices. No caso da elaboração das diretrizes, é feito um desdobramento até os
níveis mais sicos da organização, neste caso, traduzindo em itens de
acompanhamento para melhoria, baseados nas diretrizes de curto, médio e longo
prazo definidas pela direção.
Da mesma forma que a CVRD, para os gestores da CFN, seria importante a
apresentação do modelo BSC para aplicação nos operadores de transporte
ferroviário.
Da mesma forma que a CFN e CVRD, a FTC também segue o modelo
traduzido no Brasil pelo professor Vicente Falconi Campos. A empresa se limitou
apenas a responder a primeira pergunta, o oferecendo informações para as
demais.
Embora a América Latina Logística não tenha se manifestado a respeito do
questionário, conforme informações em sua home page institucional, a empresa
162
também utiliza o modelo baseado no gerenciamento da rotina e gerenciamento
pelas diretrizes.
Nota-se, portanto, que na sua maior parte, os operadores de transporte
ferroviário no Brasil trabalham com um mesmo modelo, diferente do BSC. No
entanto, enxergam como importante a apresentação de um modelo de sistema de
medição de desempenho baseado no BSC, mostrando o benefício que este trabalho
pode trazer tanto para a comunidade científica como também para as empresas do
setor de transporte ferroviário, embora o modelo necessite para estudos futuros, um
estudo de eficácia do modelo neste tipo de organização.
4.2.3 Pesquisa Sobre a Missão e Visão nos Operadores de Transporte
Ferroviário
Devido ao fato do BSC possuir sua função de implementação e controle da
estratégia definida pela organização, sendo também, um modelo de sistema de
medição de desempenho vinculado ao escopo estratégico, torna-se importante e
pertinente realizar-se a tratativa das missões e visões dos operadores de transporte
ferroviário existentes no Brasil. Para esta pesquisa, utilizou-se do método de
pesquisa em internet, por meio da busca de informações nas home pages dos
operadores de transporte ferroviário nacionais.
Segundo a CVRD (2007), sua missão é superar desafios e barreiras,
transformando recursos naturais em riqueza e promovendo desenvolvimento
sustentável com ética e transparência para:
a) seus acionistas, sob a forma de retorno total superior à média de
mercado dos segmentos onde a companhia atua;
b) seus clientes, pela proposta superior de confiabilidade de suprimento e
de valor de uso, sustentados por inovação e desenvolvimento
constantes;
163
c) seus empregados, por meio de um ambiente de trabalho ético,
transparente, desafiador, de oportunidades e que traga orgulho
profissional para todos, com remuneração competitiva baseada na
meritocracia;
d) seus fornecedores, pela sua visão de longo prazo e disposição de
promover parcerias que visem ganhos para ambas as partes, pelo do
desenvolvimento e inovação contínuos e fornecimento de bens e
serviços de qualidade com custo compatível;
e) as comunidades e países onde atua, pela ética, pelo respeito ao meio
ambiente e pela responsabilidade social com que age, garantindo que
sua presença contribua positivamente para o Desenvolvimento
Sustentável; e
f) o Brasil, pela contribuição à economia, à geração de empregos e
renda, à melhoria da qualidade de vida da população e ao
desenvolvimento regional e nacional.
De acordo com essa empresa, sua missão é um objetivo de longo prazo que
deve nortear o posicionamento estratégico e a atuação institucional e operacional da
empresa (2007-2010). a sua visão é ”ser uma empresa brasileira com atuação
global, posicionada entre as três maiores empresas de mineração diversificada do
mundo e, até 2010, atingir a excelência em pesquisa, desenvolvimento, implantação
de projetos e operação de seus negócios”.
a ALL (2007b) não detalha sua missão, mas apresenta um escopo
estratégico e uma visão clara de onde ela pretende chegar. Seu escopo estratégico
aborda:
a) Crescimento;
b) Controle dos custos;
c) Cumprir compromissos junto aos clientes;
d) Maximizar a utilização dos ativos; e
e) Gerar o retorno sobre o capital empregado e investimento.
164
Conforme a ALL (2007b), sua visão é “ser a melhor empresa de logística da
América Latina”.
A FTC (2007) tem como missão “prestar serviços de transporte de cargas
com segurança e eficácia, assegurando a satisfação dos clientes, remunerando
adequadamente os acionistas e mantendo o respeito ao interesse blico”. Como
visão a FTC pretende “ser uma operadora ferroviária de excelência reconhecida e
necessária ao desenvolvimento sócio-econômico da região”.
A MRS (2007b), diferentemente dos outros operadores de transporte
ferroviário, não aborda o conceito de visão, mas apenas sua missão. Segundo essa
empresa, sua missão é “oferecer transporte de carga com foco na ferrovia,
priorizando fluxos que gerem escala e relações de longo prazo, a preços
competitivos e com previsibilidade, para agregar valor crescente ao negócio”.
A CFN (2007) também apresenta uma visão bastante clara do seu negócio.
Para a CFN sua visão se traduz em “Atingir a liderança em logística no Nordeste do
Brasil, com base numa ferrovia de classe mundial e valor de mercado de US$ 500
milhões em 2010”. a sua missão é "promover o desenvolvimento regional,
oferecendo soluções logísticas integradas”.
Analisando-se conjuntamente a missão e visão dessas organizações, percebe-
se que as principais tendências que devem ser consideradas nos objetivos
estratégicos são:
- Crescimento e liderança;
- Satisfação dos stakeholders;
- Retorno para o acionista;
- Retorno sobre o investimento;
- Atendimento aos clientes;
- Maximização da produtividade dos recursos;
- Excelência nos processos e serviços;
- Controle dos custos;
165
- Priorização de fluxos que gerem maior rentabilidade; e
- Lucro.
Embora cada empresa tenha sua missão e visão, esses pontos em comum
estão alinhados também com a estratégia de crescimento do setor, conforme
apresentado no item 3.3.3, visando um maior desenvolvimento da cadeia envolvida
no transporte ferroviário, bem como, da economia do país.
4.3 PROPOSTA DE UM MODELO DE SISTEMA DE MEDIÇÃO DE DESEMPENHO
BASEADO NO BALANCED SCORECARD
A elaboração do modelo foi realizada com base numa estrutura típica de um
operador de transporte ferroviário, fazendo-se um alinhamento dos objetivos
estratégicos dos operadores, por meio de uma análise da visão e missão destas
organizações e das estratégias comuns entre elas, da análise do ambiente, no qual
um operador está inserido junto aos stakeholders e do mapeamento dos processos
e das áreas de gestão, de acordo com os métodos de pesquisa já discutidos,
podendo-se assim, determinar o conjunto de indicadores que formam o modelo
apresentado neste trabalho.
4.3.1 Apresentação do Modelo do BSC para o Operador de Transporte
Ferroviário
O modelo BSC para o operador de transporte ferroviário foi baseado na
abordagem de causa-e-efeito entre as quatro perspectivas de avaliação: financeira,
clientes, processos internos e aprendizado e crescimento.
A Figura 57 apresenta o escopo do BSC desenvolvido, conforme a metodologia
descrita no item 4.2.
166
Fonte: O Autor
Figura 57 – Apresentação do modelo BSC para o operador de transporte ferroviário
A partir do escopo geral, foi construído o mapa estratégico do modelo,
conforme mostra a Figura 58, apresentando as relações de causa-e-efeito entre as
quatro perspectivas.
Importante ressaltar que o mapa estratégico pode ser adaptado conforme as
particularidades de cada operador de transporte ferroviário e também devido às
mudanças que possam ocorrer nas estratégias desses operadores. No entanto, o
mapa, construído a partir da estrutura típica de um operador de transporte
ferroviário, serve como um referencial para o entendimento das relações de causa-e-
efeito existentes entre os indicadores pertencentes às quatro perspectivas,
elaborados a partir dos objetivos estratégicos comuns destas organizações.
Geração de Valor (EVA)
Desempenho Operacional (EBTIDA)
Retorno Sobre Investimentos (ROI)
Novos Negócios
Novos Clientes
Clientes Satisfeitos
Processos Eficazes
(confiabilidade, qualidade,
velocidade, flexibilidade)
Maior Produtividade
Pessoas Motivadas
Pessoas Treinadas
Trabalho Automatizado
OPERADOR FERROVIÁRIO
OPERADOR FERROVIÁRIO
Cumprimento da Missão – Alcance da Visão
(Crescimento, Sustentabilidade, Satisfação dos
Stakeholders)
Geração de Valor (EVA)
Desempenho Operacional (EBTIDA)
Retorno Sobre Investimentos (ROI)
Novos Negócios
Novos Clientes
Clientes Satisfeitos
Processos Eficazes
(confiabilidade, qualidade,
velocidade, flexibilidade)
Maior Produtividade
Pessoas Motivadas
Pessoas Treinadas
Trabalho Automatizado
OPERADOR FERROVIÁRIO
OPERADOR FERROVIÁRIO
Cumprimento da Missão – Alcance da Visão
(Crescimento, Sustentabilidade, Satisfação dos
Stakeholders)
167
Fonte: O Autor
Figura 58 – Mapa estratégico do BSC para o operador de transporte ferroviário de cargas e sua
relação com os stakeholders
Por meio do mapa, é possível observar a relação que cada objetivo estratégico
possui entre eles. O sistema encontra-se circunscrito pelos clientes, fornecedores,
colaboradores, acionistas, comunidade, agências e órgãos ligados ao governo e
outras instituições, significando que os resultados do desempenho perante os
objetivos estabelecidos podem ser afetados por esses stakeholders, presentes no
ambiente em que o operador de transporte ferroviário está inserido, bem como, de
forma recíproca, influenciá-los.
168
4.3.2 Apresentação do Modelo para a Perspectiva de Aprendizado e
Crescimento
O Quadro 5 apresenta o conjunto de indicadores para as perspectivas de
aprendizado e crescimento.
Fonte: O Autor
Quadro 5 – Indicadores da perspectiva de aprendizado e crescimento
Nesta perspectiva, nota-se a prevalência de objetivos estratégicos no que diz
respeito ao clima organizacional, otimização de trabalhos manuais, acidentes de
trabalho e satisfação interna dos colaboradores.
Analisando-se sob a questão de causa-e-efeito do BSC, as questões a serem
medidas nesta perspectiva são fundamentais para garantir a excelência dos
processos, por meio de colaboradores treinados, motivados e trabalhando de forma
169
mais automatizada, visando o aumento da produtividade, como também, a
permanência do capital intelectual da empresa.
4.3.3 Apresentação do Modelo para a Perspectiva de Processos Internos
Nesta perspectiva, por ser a mais ampla, foi realizada uma divisão em
processos operacionais, processos comerciais, processos de suprimentos,
processos de tecnologia de informação, processos administrativos e processos de
gestão ambiental, social e gestão com órgãos e governo. Os Quadros 6, 7 e 8
apresentam o conjunto de indicadores para a perspectiva de processos
operacionais.
Fonte: Autor
Quadro 6 – Indicadores da perspectiva de processos operacionais
170
Fonte: O Autor
Quadro 7 – Continuação dos indicadores perspectiva de processos operacionais
171
Fonte: O Autor
Quadro 8 – Continuação dos indicadores da perspectiva de processos operacionais
Esta perspectiva está ligada diretamente ao core-business dos operadores de
transporte ferroviário, ou seja, a operação de transporte ferroviário. Os impactos no
desempenho dos elementos ligados a esta perspectiva são fundamentais para o
resultado da organização.
Outra perspectiva dentro dos processos internos é a perspectiva de processos
comerciais. Nesta perspectiva, avalia-se o desempenho das atividades da área
comercial da organização, como atendimento aos clientes e elaboração e
implementação de projetos.
Embora exista a perspectiva dos clientes no modelo, nesta perspectiva, o
objetivo é medir desempenho dos processos comerciais, diante do objetivo
estratégico de excelência nas atividades do setor.
172
O Quadro 9 apresenta o conjunto de indicadores pertinentes à perspectiva de
processos comerciais.
Fonte: O Autor
Quadro 9 – Indicadores da perspectiva de processos comerciais
Medir os processos do setor de suprimentos também é de extrema importância
para garantir o sucesso de toda a operação. Garantir a excelência neste setor, como
a redução de custos de compra, tempo de atendimento dos pedidos,
desenvolvimento de novos fornecedores e qualidade dos mesmos, é fundamental
para a garantia da operação logística da empresa.
Garantir suprimentos com qualidade e preços competitivos, como peças para
locomotivas, trilhos, equipamentos em geral, combustíveis e demais insumos, é
173
fundamental para que a operação e projetos sejam realizados dentro do cronograma
e das metas estabelecidas, bem como, dentro dos orçamentos propostos,
contribuindo para o alcance dos objetivos financeiros da organização.
O Quadro 10 apresenta o conjunto de indicadores dentro da perspectiva de
processos de suprimentos.
Fonte: O Autor
Quadro 10 – Indicadores da perspectiva de processos de suprimentos
A excelência dos serviços de tecnologia de informação é importante para a
garantia da operação. Recursos automatizados, sistemas de comunicação e
gerenciamento necessitam estar disponíveis o máximo possível, de tal forma que as
operações tenham a sua continuidade, visando garantir o todo o sistema do
processo de transformação do operador de transporte ferroviário.
O Quadro 11 apresenta o conjunto de indicadores relacionados à perspectiva
de processos de tecnologia de informação.
174
Fonte: O Autor
Quadro 11 – Indicadores da perspectiva de processos de tecnologia da informação
Outra perspectiva pertencente aos processos internos é a perspectiva de
processos administrativos. Os impactos dos processos administrativos em toda a
gestão da empresa podem ser relevantes e por isso a importância de ser um
elemento de medição no modelo proposto neste trabalho.
175
Os Quadros 12 e 13 apresentam o conjunto de indicadores relacionados à
perspectiva de processos administrativos.
Fonte: O Autor
Quadro 12 – Indicadores da perspectiva de processos administrativos
176
Fonte: O Autor
Quadro 13 – Continuação dos indicadores da perspectiva de processos administrativos
Dentro da perspectiva de processos internos, também considera-se a questão
da responsabilidade social e ambiental, como também, a gestão com órgãos
regulamentadores e governo. Torna-se pertinente que esses pontos de avaliação
estejam presentes na perspectiva de processos, que, vão dar sustentabilidade
para atingir objetivos relacionados a clientes e a própria perspectiva financeira.
O Quadro 14 apresenta os indicadores relacionados à perspectiva de gestão
ambiental e gestão com órgãos e governo.
177
Fonte: O Autor
Quadro 14 – Indicadores da perspectiva processos de gestão ambiental e social e gestão com órgãos
e governo
4.3.4 Apresentação do Modelo para a Perspectiva dos Clientes
A medição do desempenho sob a perspectiva dos clientes visa auxiliar para
que a organização atinja os seus objetivos financeiros pela manutenção e conquista
de novos clientes. Portanto, ser excelente, perante os clientes, é condição de
sustentabilidade e alcance dos objetivos estratégicos do operador de transporte
ferroviário.
178
O Quadro 15 apresenta os indicadores propostos sob a perspectiva dos
clientes.
Fonte: O Autor
Quadro 15 – Indicadores da perspectiva dos clientes
4.3.5 Apresentação do Modelo para a Perspectiva Financeira
Durante muito tempo, as organizações se preocupavam em medir apenas
o desempenho financeiro como fruto de todo o desempenho empresarial. Essa ótica
de desempenho continua sendo a mais importante para a gestão do desempenho de
uma organização, porém, não a única. O bom desempenho financeiro vai depender
do bom desempenho das outras perspectivas. Caso a meta financeira não seja
atingida, por meio do BSC é possível rastrear qual objetivo estratégico não foi
alcançado dentro do conjunto de perspectivas, possibilitando uma forma de melhoria
e controle focados na busca do bom desempenho financeiro da organização,
visando a satisfação dos seus shareholders.
179
O Quadro 16 apresenta os indicadores pertinentes à perspectiva financeira.
Fonte: O Autor
Quadro 16 – Indicadores da Perspectiva Financeira
Por meio do modelo apresentado, observa-se, portanto, que ele busca alcançar
uma medição para auxiliar toda a gestão de um operador de transporte ferroviário,
razão pela qual o modelo contempla uma quantidade adequada de indicadores de
medição, possuindo utilidade para gestores de nível estratégico e operacional,
abordando as perspectivas de aprendizado e crescimento, processos internos,
clientes e financeira e contendo uma vinculação com os objetivos estratégicos de
uma organização típica de transporte ferroviário.
180
5. CONCLUSÕES E RECOMENDÕES
Nos últimos cinco anos, conforme os dados apresentados neste trabalho,
verificou-se um crescimento significativo do transporte ferroviário nacional, embora
sua participação, perante outros países, ainda esteja abaixo, em termos de atuação
da ferrovia no montante de cargas transportadas por outros modais. Com a
necessidade da continuidade deste crescimento e de uma alavancagem da
produção deste tipo de transporte, o processo de gestão, diante desta demanda,
deverá atuar com excelência, visando garantir as metas estabelecidas pelas
agências do governo, o atendimento aos clientes, o retorno dos investimentos e a
satisfação dos acionistas, não se esquecendo também, de outros stakeholders
envolvidos neste ambiente, como colaboradores, órgãos regulamentadores e
fornecedores.
Com a pesquisa realizada com os principais operadores de transporte
ferroviário, verificou-se uma concentração no tipo de modelo de sistema de medição
de desempenho utilizado atualmente, predominando o modelo de gerenciamento
pelas diretrizes, o qual é baseado no Total Quality Management. Na mesma
pesquisa, por meio de um questionário, indagou-se aos gerentes de nível estratégico
a respeito da importância em se propor novos modelos como o Balanced Scorecard,
obtendo-se um panorama positivo sobre esta proposição, por parte de todos esses
gestores.
Diante deste cenário e da carência de publicações que dizem respeito a
aplicação de modelos de sistemas de medição de desempenho destinados aos
operadores de transporte ferroviário, estes podem necessitar por mudança na forma
de gerir seus desempenhos, buscando novas alternativas para a efetivação de
mudanças e melhorias em toda sua gestão de operações e organizacional.
O Balanced Scorecard, devido a sua ampla utilização em diversos tipos de
organizações, embora com suas críticas e particularidades discutidas neste trabalho,
181
pode ser uma opção de sistema de medição de desempenho destinado às
organizações de transporte ferroviário.
Com isso, este trabalho teve como objetivo a proposição deste modelo para
esta aplicação, construído com base em uma estrutura típica de um operador de
transporte ferroviário, o qual foi objeto de um estudo de caso, visando mapear os
processos, as áreas de gestão e o ambiente no qual está inserido. Com o mesmo
objetivo, foi realizada uma pesquisa do escopo estratégico destas organizações, por
meio de suas missões e visões, buscando delinear os objetivos estratégicos comuns
dos operadores de transporte ferroviário a serem considerados na construção do
modelo.
A partir de um mapa estratégico, o qual demonstra as relações de causa-e-
efeito entre os objetivos estratégicos, pertencentes a cada uma das quatro
perspectivas (financeira, processos internos, clientes e aprendizado e crescimento) e
considerando também o aspecto da satisfação dos stakeholders envolvidos no
ambiente, o modelo Balanced Scorecard foi construído contemplando seu conjunto
de indicadores. Diante da análise do modelo apresentado, verifica-se que:
- Possui medidas relacionadas aos processos críticos de um operador de
transporte ferroviário;
- Pode ser aplicado a qualquer operador, por ter sido construído sobre
uma estrutura típica e também mediante os objetivos estratégicos comuns
deste tipo de organização;
- Possui uma relação de causa-e-efeito entre os objetivos estratégicos,
fazendo-se chegar a um resultado na perspectiva financeira e buscando
atender a todos os stakeholders envolvidos neste ambiente.
Vale salientar que, ao se aplicar o modelo à outra organização, diferente da
que foi objeto do estudo de caso, algumas particularidades devem ser consideradas,
para um possível ajuste no modelo apresentado, como por exemplo:
- A estrutura das áreas de gestão;
182
- A existência de um processo crítico que seja importante no desempenho
global, diante do modelo de operação, influenciado por fatores como a restrição
existente em algum ponto na malha, algum serviço adicional ao de transporte
ferroviário e alguma outra particularidade existente na organização que não
esteja contemplado neste modelo; e
- Algum objetivo estratégico importante que não tenha sido contemplado
na pesquisa ou que surja com a evolução do tempo, necessitando criar
indicadores pertinentes a este.
Quanto à hipótese primária, delineada no Capítulo 1 deste trabalho como
“Diante do crescimento do transporte ferroviário, da necessidade da continuidade
deste crescimento e da concentração de um modelo de sistema de medição de
desempenho, atualmente utilizado pelas empresas deste setor, o Balanced
Scorecard apresenta-se como uma opção de modelo de sistema de medição de
desempenho aplicável para atender a possíveis necessidades de mudança por parte
das companhias de transporte ferroviário na forma de gerenciar seus desempenhos”,
mediante o entendimento favorável por parte dos gestores das organizações de
transporte ferroviário, exposto por meio da pesquisa, e também, pela aderência dos
dados pesquisados e manipulados à estrutura do Balanced Scorecard, verifica-se a
aceitação desta hipótese.
Já, no caso da hipótese secundária, apresentada como “O modelo Balanced
Scorecard apresenta-se como um modelo eficaz no processo de medição do
desempenho dessas empresas, capaz de alcançar os objetivos estratégicos e
satisfazer todos os interessados envolvidos no ambiente destas organizações”, não
se pode garanti-la, que o trabalho se limitou a propor um modelo de aplicação,
sendo necessário, portanto, um estudo a respeito da eficácia deste modelo após sua
aplicação em alguma organização de transporte ferroviário.
Importante ressaltar que este trabalho não exaure a possibilidade de aplicação
de outros modelos, como apresentados na revisão de literatura deste trabalho,
183
recomendando para estudos futuros a análise destes e outros modelos com
característica sistêmica para as organizações de transporte ferroviário.
A busca de sinergias com outros modelos de novas tendências pode ser
adequado para a melhoria e a adaptação do modelo apresentado no atendimento a
possíveis mudanças ambientais que possam ocorrer no setor de transporte
ferroviário nos próximos anos.
184
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194
APÊNDICE A
Questionário de Pesquisa
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Engenharia de Bauru
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
Linha de Pesquisa Geral
Gestão da Produção e Sistemas – Medição do Desempenho
Linha de Pesquisa Específica
Medição do Desempenho nos Operadores de Transporte Ferroviário
Mestrando: Guilherme Francisco Frederico
Orientador: Prof. Dr. Vagner Cavenaghi
Questões aos Operadores de Transporte Ferroviário
1)
Qual modelo de sistema de medição de desempenho é utilizado?
2)
Quais perspectivas de avaliação de desempenho são adotadas?
3)
Os padrões de desempenho e indicadores estabelecidos estão alinhados com a
estratégia de médio a longo prazo da organização?
4)
Como os gestores enxergam a aplicação de um modelo mais amplo como, por
exemplo, o Balanced Scorecard?
Janeiro/ 2007
196
APÊNDICE B
Perspectiva:
OBJETIVO
ESTRATÉGICO
INDICADOR FÓRMULA PERIODICIDADE
FORMULÁRIO DE MAPEAMENTO DOS INDICADORES - MODELO BSC
FINANCEIRA
Perspectiva:
OBJETIVO
ESTRATÉGICO
INDICADOR FÓRMULA PERIODICIDADE
FORMULÁRIO DE MAPEAMENTO DOS INDICADORES - MODELO BSC
CLIENTES
Perspectiva:
ÁREA
OBJETIVO
ESTRATÉGICO
INDICADOR FÓRMULA PERIODICIDADE
FORMULÁRIO DE MAPEAMENTO DOS INDICADORES - MODELO BSC
PROCESSOS
Perspectiva:
OBJETIVO
ESTRATÉGICO
INDICADOR FÓRMULA PERIODICIDADE
FORMULÁRIO DE MAPEAMENTO DOS INDICADORES - MODELO BSC
APRENDIZADO E CRESCIMENTO
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