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O período, sob impacto dos processos de industrialização, de urbanização e de
maior liberdade das camadas operárias e rurais, transformou o problema
habitacional em uma questão mais complexa do que a construção de casas ou
conjuntos. Associado à própria discussão do modelo de desenvolvimento lançado
pelo Governo da época, a solução do problema habitacional passa a envolver
questões como reforma agrária e urbana (propriedade da terra).
Durante o governo Kubitschek (1956-1960), talvez
um dos domínios da política social mais relegados
a segundo plano tenha sido a habitação popular.
Adota como diretriz a recomendação de que os
órgãos previdenciários complementassem a ação
da FCP, que se destinava a construir moradia para
pessoas carentes, independente de serem ou não
beneficiarias de qualquer instituto ou caixa de
aposentadoria. Todavia, na prática o que se
constata é um maior agravamento das condições
habitacionais das massas populares, num período
em que se acentua um processo crescente de
urbanização, estimulado pela deterioração da vida
do campo e o impacto da grande arrancada
desenvolvimentista assumida nesse governo.
Esse período é considerado áureo no
desenvolvimento econômico nacional, quando se
encerra a primeira fase da Revolução Industrial
brasileira e se parte para a internacionalização da
economia, marcando a fase de entrada do
capitalismo monopolista no Brasil, onde a ênfase
passa a ser dada à implantação de uma indústria
pesada, com destaque para uma poderosa
indústria automobilística
41
.
Em 1960, a situação habitacional dos grandes centros urbanos agrava-se diante do
processo crescente de ocupação dos morros por cortiços e habitações precárias e
do registro do crescimento dos índices de urbanização.
Tentando diminuir a crise habitacional estabelecida, o então Presidente, Jânio
Quadros, decreta a criação do Plano de Assistência Habitacional, que deveria, a
curto prazo, revigorar a FCP
42
. Todavia, a curta permanência de Jânio no poder não
41
Silva, 1989, p.44
42
Deveria ser introduzida uma inovação quanto ao pagamento das casas que se fazia em valor fixo,
passando a adotar uma proporcionalidade do salário mínimo. A médio prazo, seria criado o Instituto
Brasileiro de Habitação, que pode ser comparado a uma espécie de precursor do BNH, com vistas a
ocupar os vazios da política habitacional, então adotada, em termos de superar o quadro pouco
integrado e de desperdício. Volta-se também para a ampliação das fontes de recursos quem além
das dotações orçamentárias e da arrecadação resultante da renda de patrimônio, doações e
contribuições de organismos internacionais, eram previstas outras fontes de recursos, como
contribuição de 1% sobre a folha de pagamento da remuneração dos empregados, a cargo do
empregador, adicional de 50% ao imposto de consumo sobre fósforo e 40% sobre bebidas e uma