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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROLOGIA
MESTRADO EM NEUROLOGIA
MARIA FATIMA BENTO DE SOUZA CARDOSO
CARACTERÍSTICAS DA FENOMENOLOGIA ICTAL E
ELETRENCEFALOGRÁFICA DAS EPILEPSIAS DO TIPO AUSÊNCIA: ANÁLISE
DE UMA COORTE PELO PERÍODO DE 5 ANOS
RIO DE JANEIRO
2008
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MARIA FATIMA BENTO DE SOUZA CARDOSO
CARACTERÍSTICAS DA FENOMENOLOGIA ICTAL E
ELETRENCEFALOGRÁFICA DAS EPILEPSIAS DO TIPO AUSÊNCIA: ANÁLISE
DE UMA COORTE PELO PERÍODO DE 5 ANOS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Neurologia do Centro
de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em
Neurologia, área de concentração
Neurociências.
Orientadora: Profa. Dra. Soniza Vieira
Alves Leon
RIO DE JANEIRO
2008
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616.853 Cardoso, Maria Fatima Bento de Souza,
C268c Características da fenomenologia ictal e
eletrencefalográfica das epilepsias do tipo ausência:
Análise de uma coorte pelo período de 5 anos. / Maria
Fátima Bento de Souza Cardoso - Rio de Janeiro, 2008.
141 f.
Orientador: Profª. Drª. Soniza Vieira Alves Leon.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde, Mestrado em Neurologia, 2008.
1. Fenomenologia ictal, 2. Epilepsia ausência, 3. Epilepsia
generalizada. I. Leon, Soniza Vieira Alves. II. Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro. III. Título.
MARIA FATIMA BENTO DE SOUZA CARDOSO
CARACTERÍSTICAS DA FENOMENOLOGIA ICTAL E
ELETRENCEFALOGRÁFICA DAS EPILEPSIAS DO TIPO AUSÊNCIA: ANÁLISE
DE UMA COORTE PELO PERÍODO DE 5 ANOS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Neurologia do Centro
de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em
Neurologia, área de concentração
Neurociências.
Aprovado em: ___/___/_____.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Profª. Drª. Soniza Vieira Alves Leon
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
______________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Augusto Pereira Novis
Universidade Federal do Rio de Janeiro
______________________________________________
Profª. Drª. Isabela D’Andrea Meira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
DEDICATÓRIA
Ao Carlos, meu filho, que antes de qualquer outro, soube compreender e incentivar
meu sonho apesar das mudanças que acarretaram em nossas vidas.
Aos meus pais, que foram os grandes incentivadores desde o início, se
transformando em ajuda constante.
AGRADECIMENTOS
À Profa. Soniza Vieira Alves Leon, minha orientadora, agradeço seu acolhimento
inicial, seguido pelo incentivo constante e incansável dedicação que vieram
associados à amizade e confiança que deposita em todos que têm o privilégio de sua
orientação. Agradeço pelo exemplo forte de profissional ética e competente, que
acredita e tem paixão pelo que faz.
Ao Prof. Sérgio Augusto Pereira Novis, que não só me acolheu para trabalhar junto à
sua equipe na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, onde possibilitou que
eu pudesse aprender com sua sabedoria, experiência e ética, mas também me
incentivou e encorajou no aperfeiçoamento, possibilitando minha entrada no mundo
acadêmico.
À Profa. Maria Lúcia Verllutini Pimentel que, na Chefia de Clínica da 24ª e 25ª
Enfermaria de Neurologia da Santa Casa da Misericórdia do RJ, ao me apresentar à
Profa. Soniza Vieira Alves Leon, tornou possível meu ideal em participar de um
Programa de Epilepsias e mais tarde, cedeu sem dificuldades as horas necessárias
para o cumprimento das tarefas do Mestrado, meu agradecimento.
Ao Dr. Luís Cláudio Santos Thuler, que sempre incentivou seus alunos, agradeço os
ensinamentos e todo o apoio a mim dispensado desde o início do Mestrado.
À Dra. Maria Emília Cosenza Andraus, minha amiga que com sua tranqüilidade e
carinho dedica conhecimentos tanto científicos como humanos e morais a todos
aqueles que partilham de seu convívio.
À Dra. Isabella D’Andrea Meira que durante meu período de Mestrado se mostrou
capaz de receber, apoiar e auxiliar seus colegas no Programa de Epilepsias do
HUCFF/UFRJ, dedicando-nos seu conhecimento, sua experiência e capacidade de
lutar pelo que acredita e ama.
À Dra. Váléria Santa Rita Coelho, pela sua dedicação, disponibilidade e colaboração
fundamental na realização do vídeo-EEG.
Às técnicas do setor de vídeo-EEG do Programa de Epilepsias do HUCFF/UFRJ,
Catarina, Mirian, Adalgisa e Jane, sem as quais esse trabalho não teria ocorrido de
forma tão tranqüila, agradeço por sua dedicação, entusiasmo e cooperação.
Aos pacientes do Ambulatório de Epilepsias do HUCFF/UFRJ e da Santa casa da
Misericórdia do RJ, agradeço a confiança e o exemplo de luta e esperança. Meu
agradecimento especial àqueles que colaboraram participando deste trabalho.
Ao secretário do Programa de Pós-Graduação em Neurologia do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da UNIRIO, Luiz Eduardo, por sua competência, cooperação
e paciência.
Aos Serviços de Neurologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e do
Hospital Universitário Graffrée Guinle que tão gentilmente nos permitiram adicionar
seus pacientes a este estudo.
À memória do Dr. Benedito Mettre, meu primeiro Mestre em Neurologia, de quem eu
gostaria de ter a sabedoria não só médica, mas também de vida.
"O valor das coisas não está no tempo em que
elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos
inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas
incomparáveis”.
(Fernando Pessoa)
RESUMO
Introdução: Nas crises de ausência, encontramos características clínicas e
semiológicas com padrões específicos, assim como eletrencefalograma (EEG) com
características únicas. Os esforços empreendidos pela International League Against
Epilepsy (ILAE) em relação à classificação das epilepsias nas últimas décadas têm
trazido recursos para a melhor compreensão e clarificação de conceitos e
classificações das epilepsias em geral. A monitorização por vídeo-eletrencefalografia
(vídeo-EEG) fornece a possibilidade de correlacionar os achados
eletrencefalográficos com a fenomenologia apresentada pelo paciente, por meio da
análise simultânea do EEG e de imagens captadas em vídeo levando a um
diagnóstico sindrômico específico e tratamento adequado em pacientes inicialmente
referidos ao ambulatório de epilepsias como portadores de epilepsia fármaco-
resistente (EFR). Objetivos: Correlacionar a fenomenologia ictal registrada por vídeo-
eletrencefalografia de pacientes com as crises de ausência encontradas em uma
coorte de pacientes com epilepsia farmaco-resistente. Estabelecer o diagnóstico
eletro-clínico das crises de ausência desta população. Investigar a freqüência dos
diferentes tipos de ausência com base classificação da ILAE de 2006 e comparar os
resultados com os critérios específicos propostos por Panayiotopoulos. Mostrar a
resposta especifica as drogas antiepilépticas (DAE) e a evolução a partir do
diagnóstico eletro-clínico. Metodologia: Estudo de corte transversal bidirecional
entre os anos de 2005 e 2008, que incluiu 21 pacientes do Ambulatório de
Epilepsias e do setor de Vídeo-EEG do Hospital Universitário Clementino Fraga
Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ), com critérios
clínicos e eletrencefalográficos ictais de crises de ausência, submetidos a
monitorização por vídeo-EEG, que variou de duas horas a dois dias. Foi realizada
classificação sindrômica destes pacientes de acordo com os critérios da ILAE e
comparados com os diagnósticos quando aplicados os critérios diagnósticos
propostos por Panyiotopoulos nos pacientes com ausências típicas. Resultados: O
diagnóstico sindrômico dos pacientes com ausências típicas foi obtido em nove dos
pacientes com a utilização dos critérios da ILAE e em 10 pacientes ao se aplicar os
critérios propostos por Panayiotopoulos. Após realização da monitorização por
vídeo-EEG e estabelecimento diagnóstico nos pacientes referidos como portadores
de epilepsia fármaco-resistente (EFR), nove (42,85%) pacientes ficaram livres de
crises, sete(33,32%) pacientes prosseguiram com crises raras e quatro (19,04%)
pacientes ficaram com diagnóstico de EFR. Um (4,76%) paciente não aderiu a
mudança terapêutica. Conclusões: A monitorização por vídeo-EEG estabeleceu o
diagnóstico de pacientes com crises de ausência típica ou atípica ajudando a
correlacionar a fenomenologia ictal muitas vezes com características focais aos
achados eletrencfalográficos de epilepsia generalizada do tipo das ausências. Estes
pacientes após correção diagnóstica e adequação da terapêutica, mostraram
melhora de prognóstico por meio do maior controle de suas crises.
Palavras-chave: fenomenologia ictal; epilepsia ausência; epilepsia generalizada;
síndromes epilépticas; classificação.
ABSTRACT
Introduction: In absence seizures, clinical and semiologic characteristics with specific
patterns and distinctive electroencephalographic (EEG) characteristics are present.
The efforts of the International League Against Epilepsy (ILAE) in classifying the
different types of the disease have contributed towards improving understanding and
clarifying the concepts and classification of the different forms of generalized
epilepsy. Video-electroencephalography (video-EEG) monitoring permits a correlation
to be established between electroencephalographic findings and the phenomenology
presented by the patient. This is achieved through the simultaneous analysis of EEG
and video-captured images, leading to a syndrome-specific diagnosis that assures
implementation of adequate treatment for outpatients initially referred with drug-
resistant epilepsy (DRE). Objectives: To correlate ictal phenomenology recorded
during video-electroencephalographic evaluation in patients with absence seizures
identified from a cohort of patients with drug-resistant epilepsy; to establish the
electroclinical diagnosis of absence seizures in this population; to investigate the
frequency of the different types of absence seizures based on the ILAE 2006
classification and to compare the results with the syndrome-specific criteria proposed
by Panayiotopoulos; and to demonstrate the antiepileptic drug (AED)-specific
response and clinical course of patients after electroclinical diagnosis. Methodology:
A dual cross-sectional study was carried out between 2005 and 2008 in 21 patients
attending the epilepsy outpatient clinic and the video-EEG department of the
Clementino Fraga Filho Teaching Hospital of the Federal University of Rio de Janeiro
(HUCFF/UFRJ) with clinical and electroencephalographic ictal characteristics
suggestive of absence seizures, who were submitted to video-EEG monitoring for
periods ranging from two hours to two days. Syndromic classification of these
patients was made in accordance with ILAE criteria and compared with the diagnoses
reached when the diagnostic criteria proposed by Panayiotopoulos were applied to
patients with typical absence seizures. Results: Syndromic diagnosis was obtained in
9 of the patients with typical absence seizures in accordance with the ILAE criteria
and in 10 patients according to the Panayiotopoulos criteria. Following video-EEG
monitoring and establishment of diagnosis in the patients referred with DRE, 9 of
these patients (42.85%) had no further seizures, 7 patients (33.32%) went on to have
only rare seizures and in 4 patients (19.04%) the diagnosis of DRE was confirmed.
One patient (4.76%) failed to comply with the modified therapy. Conclusions: Video-
EEG monitoring succeeded in establishing diagnoses in patients with typical or
atypical absence seizures, permitting a correlation to be made between ictal
phenomenology, frequently presenting with focal characteristics, and
electroencephalographic findings that were, on the contrary, characteristic of
generalized absence epilepsy. Following accurate diagnosis and subsequent
alterations in therapy, the prognosis of these patients improved, as shown by the
improved control of their seizures.
Key words: ictal phenomenology; absence epilepsy; generalized epilepsy; epileptic
seizures; classification.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AT Ausência típica
AVP Acido valpróico
AMP Ausência com mioclônia palpebral
AMPO Ausência com mioclonias periorais
CBZ Carbamazepina
CEOL Complexo espícula onda lenta
CE e PEOL Complexo de espícula e poliespícula onda lenta
CLB Clobazan
CLN Clonazepan
CPEO Complexo poliespícula onda
CTCG Crise tônico clônica generalizada
DAE Droga anti-epiléptica
DAV Divalproato
EA Estado de ausência
EAA Epilepsia ausência do adulto
EAI Epilepsia ausência da infância
EAIP Epilepsia ausência de início precoce
EAJ Epilepsia ausência juvenil
EAM Epilepsia ausência mioclônica
EAMP Epilepsia ausência com mioclonias palpebrais
ECG Eletrocardiograma
ETCA Epilepsia tônico-clônica do adulto
EEG Eletrencefalograma
EENC Estado epiléptico não convulsivo
EFR Epilepsia fármaco-resistente
EGI Epilepsia generalizada idiopática
EGP Epilepsia generalizada primária
EMA Epilepsia mioclônica do adulto
EMJ Epilepsia mioclônica juvenil
EO Espícula onda
ETX Etosuximida
EUA Estados Unidos da América
FE Foto estímulo
FNB Fenobarbital
FNT Fenitoína
HUCFF/UF
RJ
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
HV Hiperventilação
Hz Hertz
IED
Intermitent epileptiform discharges
ILAE
International League Against Epilepsy
LMT Lamotrigina
MMII Membros inferiores
MMSS Membros superiores
MS Milisegundos
OAOL Onda aguda e onda lenta
OLOAI Onda lenta onda aguda intermitente
OIRDA Occipital intermittent rhythmic delta activit
OXC Oxcarbazepina
PET
Pósitrons emission tomography
REM
Rapid eyes movement
RM Ressonância magnética de crânio
SEEGCN
International Federation of Societes for electroencephalography
and Clinical Neurophysiology
TAG Tiagabina
TCC Tomografia computadorizada de crânio
TPM Topiramato
VGB Vigabatrina
Vídeo-EEG Vídeo-eletrencefalograma
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características dos pacientes submetidos a monitorização
prolongada por vídeo-EEG...........................................................
71
Tabela 2 Medicações iniciais e finais e resposta a alteração terapêutica........ 74
Tabela 3 Fenomenologia ictal das crises de ausência e diferentes tipos de
crises encontradas em outros momentos nos mesmos pacientes....
77
Tabela 4 Resultados do vídeo-EEG ictal e interictal......................................... 80
Tabela 5 Resultados de diagnóstico clínico...................................................... 82
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Colocação de eletrodos........................................................... 51
Gráfico 1 Distribuição de DAE no grupo de 20 pacientes avaliados....... 73
Gráfico 2 Resultado da resposta à alteração terapêutica........................ 75
Gráfico 3 Distribuição dos diferentes tipos de crises............................... 76
Gráfico 4 Diferentes tipos de crises por pacientes.................................. 76
Fluxograma 1 Distribuição das diferentes síndromes epilépticas................... 82
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 19
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS............................................................................ 19
2.2 EPILEPSIA – DEFINIÇÕES........................................................................... 21
2.2.1 Epilepsia generalizada e ausências .......................................................... 21
2.2.2 Epilepsia fármaco-resistente (EFR) ........................................................... 23
2.2.3 Estado de ausência..................................................................................... 24
2.3 CRISES DE AUSÊNCIA................................................................................ 25
2.3.1 Síndromes de epilepsia generalizada com crises de ausência .............. 30
2.3.2 Alterações eletrencefalográficas................................................................ 36
2.3.3
Aplicação dos critérios propostos para classificação das ausências
por Panayiotopoulos (PANAYIOTOPOULOS, 1997 b)..............................
40
2.3.4 Terapêutica................................................................................................... 43
2.4 MONITORIZAÇÃO POR VÍDEO-EEG........................................................... 45
2.4.1 Técnica de exame........................................................................................ 47
2.5 ESTUDO DE CASOS.................................................................................... 52
2.5.1 Ausências com mioclonias periorais......................................................... 60
2.5.2 Phanton absences....................................................................................... 61
2.5.3 Ausência de início precoce ........................................................................ 62
3 OBJETIVOS................................................................................................... 65
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 65
4 METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................................. 66
4.1 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA..................................................... 66
4.2 DESENHO DO ESTUDO............................................................................... 66
4.3 TERMINOLOGIA............................................................................................ 66
4.4 SELEÇÃO DE PACIENTES........................................................................... 67
4.4.1 Critérios de inclusão................................................................................... 67
4.4.2 Critérios de exclusão................................................................................... 68
4.5 MONITORIZAÇÃO POR VÍDEO-EEG........................................................... 68
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................ 70
5 RESULTADOS............................................................................................... 71
6 DISCUSSÃO.................................................................................................. 84
7 CONCLUSÕES.............................................................................................. 93
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 94
APÊNDICE A - RELATO DOS CASOS.......................................................... 106
ANEXO A - TERMO DE CONCENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO....... 138
ANEXO B - APROVAÇÃO DO CEP HUCFF................................................. 141
14
1 INTRODUÇÃO
Epilepsia é definida como uma desordem cerebral caracterizada pela
predisposição de gerar crises epilépticas e pelas conseqüências neurobiológicas,
cognitivas, psicológicas e sociais dessa condição; o diagnóstico de epilepsia requer a
ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica (FISHER et al., 2005). Segundo
recente definição da Liga Internacional Contra Epilepsia (League Against Epilepsy
ILAE), crise epiléptica é a ocorrência de sinais e/ou sintomas transitórios decorrentes
da atividade dos neurônios cerebrais que ocorrem de forma anormal e excessiva
(FISHER et al., 2005). Existem vários tipos de crises epilépticas. Um tipo específico
de crise, que represente diagnóstico etiológico único é definido com base em uma
fisiopatogenia e substrato anatômico distinto (ENGEL, 2006a).
As crises de ausência são classificadas no grupo das epilepsias generalizadas
sendo diferentes de qualquer outro tipo de crise epiléptica. Nas crises de ausência,
encontramos características clínicas e semiológicas com padrões específicos, assim
como eletrencefalograma (EEG) com características únicas que levam ao
diagnóstico (PANAYIOTOPOULOS, 1997, 1999; ENGEL, 2006a). Recentemente a
nova proposta de classificação da ILAE inclui a existência de substrato anatômico
nas epilepsias do tipo ausência, envolvendo o tronco cerebral, mecanismos pré-
frontais e gânglio basal (ENGEL et al., 2006).
Os esforços empreendidos pela ILAE em relação à classificação das epilepsias
nas últimas décadas têm trazido recursos para a melhor compreensão e clarificação
de conceitos e classificações das epilepsias em geral. Na classificação da ILAE de
1981, as crises de ausência eram referidas como epilepsias generalizadas e tinham
como foco sua semiologia clínica. Foram subdivididas de acordo com o
comprometimento da consciência, presença de componentes clônicos leves,
componentes atônicos, componentes tônicos e automatismos (COMMISSION ON
CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1981). Em 1989 a ILAE
implementou nova classificação, e as crises de ausências foram então classificadas
em síndromes, subdivididas por faixa etária e quando idiopáticas em: epilepsia
ausência da infância, epilepsia ausência juvenil e epilepsia mioclônica juvenil; ou
segundo seu caráter criptogênico, podendo ser classificada como epilepsia com
ausência mioclônica (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY
OF THE ILAE, 1989). Em 2001, a proposta da ILAE passou a considerar a
15
fenomenologia ictal como elemento diagnóstico, não contemplando as epilepsias do
tipo ausência como anteriormente (BLUME-CHAIR et al., 2001).
Em 2006, surgiu nova proposta, com a divisão das crises de ausências em
típicas (epilepsia ausência da infância, epilepsia ausência juvenil), atípicas e com
mioclonias, além de iniciarem estudos para classificação da síndrome de ausência
fantasma (phantom absences) e síndromes ainda não classificadas pela ILAE até
então (ENGEL, 2006b). Segundo diversos estudos, e mesmo com reconhecimento
da ILAE, de acordo com Engel, estas classificações ainda estão longe da
classificação ideal (PANAYIOTOPOULOS, 1997; GUILHOTO, MANREZA &
YACUBIAN, 2003; ENGEL, 2006a).
As epilepsias generalizadas idiopáticas (EGI) compreendem pelo menos 40%
de todas as epilepsias nos Estados Unidos da América (EUA), 20% no México e 8%
no restante América Central. Nos EUA, a EGI apresenta percentagem maior quando
comparada com as causadas por fatores que levam a epilepsia sintomática
(DURÓN, 2005). Epilepsias com crises de ausência típica são certamente formas
comuns de EGI, e tais crises podem ocorrer em pacientes com epilepsia ausência
da infância (EAI), epilepsia ausência juvenil (EAJ) e ausência com mioclonia
palpebral (AMP). As EAI somam 2-10% das crianças com epilepsias, a EAJ constitui
10% de todas as EGI enquanto a AMP contribui com 2% de todas as epilepsias e
11% das EGI. É difícil estimar as contribuições das síndromes raras (DURÓN, 2005).
Ambulatorialmente, os pacientes com crises de ausência são investigados a
partir de sua anamnese. São considerados os dados referentes às características
semiológicas com o máximo de riqueza possível, cronologia de início das crises,
respostas terapêuticas prévias, antecedentes de parto e desenvolvimento, história
pregressa de convulsões febris na infância, assim como a história familiar de
epilepsia e/ou convulsões febris na família, exame físico e neurológico, EEG
interictal e neuroimagem. A tomografia computadorizada de crânio (TCC) e a
ressonância magnética do crânio (RM) devem ser realizadas para investigar
possíveis alterações anatômicas, coleções e/ou lesões intracranianas. A
classificação das epilepsias em focais e generalizadas cumpre caráter mais didático
do que propriamente localizatório, considerando que vários autores questionam o
início essencialmente bilateral das epilepsias generalizadas, acreditando que todas
tenham um começo focal (LOMBROSO,1997; HOLMES; BROWN; TUCHER, 2004;
GROSSO et al., 2005; CRAIU; MAGUREANU; BOAS, 2006).
16
Baseado nesse conceito, a investigação de possível caráter focal inicial das
crises de ausência, classificadas até o momento como EGI, vem usando diferentes
métodos de neuroimagem. Estudos com a tomografia com emissão de pósitrons
(pósitrons emission tomography – PET) (MILLAN et al., 2001), o estudo de possíveis
disfunções dos neurônios talâmicos pela RM com espectroscopia dos núcleos
talâmicos (BETTING et al., 2006b; FOJTIKOVÁ et al., 2006) e o estudo do aumento
do volume anterior do tálamo pela RM em pacientes com ausência (BETTING et al.,
2006b) são alguns desses.
A realização do EEG interictal na investigação de pacientes com epilepsia tem
como objetivos principais comprovar o diagnóstico de epilepsia, auxiliar a
classificação da desordem epiléptica e fornecer informações prognósticas
(ANDRAUS, 2004; PILLAI; SPERLING, 2006). Algumas vezes, o EEG interictal pode
levar ao diagnóstico incorreto do tipo de crise e/ou síndrome epiléptica, com
subseqüente falha terapêutica (LOMBROSO, 1997; BETTING et al., 2006b;
GUILHOTO; MANREZA; YACUBIAN, 2006b). Esta divergência entre os achados
eletrencefalográficos e o tipo de crise e/ou síndrome epiléptica pode ocorrer por
vários fatores, entre eles a curta duração do exame, as condições de sua realização
(que não permitem mudanças no esquema terapêutico com segurança) ou mesmo o
uso de drogas anti-epilépticas (DAE), dificultando o registro de grafoelementos
epileptiformes (ANDRAUS, 2004; BETTING et al., 2006a).
A utilização de monitorização por vídeo-eletrencefalografia (vídeo-EEG)
fornece a possibilidade de correlacionar os achados eletrencefalográficos com a
fenomenologia apresentada pelo paciente, por meio da análise simultânea do EEG e
de imagens captadas em vídeo. Essa investigação tem como objetivos principais
confirmar ou afastar uma desordem epiléptica, classificar os diversos tipos de crises
e síndromes epilépticas, estabelecer a freqüência das crises, seus fatores
precipitantes, assim como proporcionar melhor adequação terapêutica (ANDRAUS,
2004). Parâmetros fisiológicos adicionais podem ser utilizados durante a
monitorização, incluindo eletrocardiograma (ECG), monitorização da pressão arterial,
eletroneuromiograma e estudo da função respiratória, que poderão ser úteis na
classificação de eventos não-epilépticos, associados a eventos clínicos paroxísticos
(ANDRAUS, 2004).
Nas epilepsias generalizadas, principalmente nas ausências, o diagnóstico
correto é de fundamental importância para o melhor prognóstico, considerando que
17
o uso de determinadas DAE pode piorar o quadro clínico das ausências
(LIPORACE; SPERLING; DICTHER, 1994; MORY et al., 2002; THOMAS; VALTON;
GENTON, 2006). A EAI geralmente possui bom prognóstico, com possibilidade de
remissão completa das crises em aproximadamente 80% dos casos (SOFIJANOV,
1982), ocorrendo em torno dos 10,5 anos (HERTOFT, 1963). Em 1976, Sato e
colaboradores (1976) identificaram sinais que levam a um melhor prognóstico nas
crises de ausência típicas, como ausência de história familiar de epilepsia, EEG com
traçado de base normal e inteligência normal. Aproximadamente 90% das crianças
com estas características alcançaram remissão das crises de ausência. Em algumas
síndromes de EGI as crises de ausência típica podem estar associadas a outros
tipos de crises, sendo que cada síndrome de EGI tem diferente prognóstico. A EAJ
pode, ocasionalmente, persistir com crises na idade adulta. Pacientes com epilepsia
mioclônica juvenil (EMJ) raramente apresentam remissão das crises e necessitam
do uso de DAE por toda a vida. Como regra, o início de crises tônico-clônicas
generalizadas (CTCG) após as crises de ausência leva a um prognóstico mais
reservado, contrariando as expectativas iniciais (GROSSO et al., 2005).
No Ambulatório de epilepsias do Programa de Epilepsias do Serviço de
Neurologia Professor Sérgio Novis do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ), muitos pacientes são
referidos para tratamento de epilepsia fármaco-resistente (EFR) ou para possível
inclusão em programa de cirurgia da epilepsia, apresentando diagnóstico inicial de
epilepsia de início focal. Estes pacientes, depois de reavaliados no Programa de
Epilepsias, por meio de anamnese, exame físico e realização de monitorização por
vídeo-EEG, muitas vezes têm seu diagnóstico modificado para EGI. Essa mudança
de diagnóstico, na grande maioria das vezes torna possível o tratamento com drogas
anti-epilépticas adequadas ao tipo de epilepsia que o paciente apresenta e, não raro,
ocorre controle das crises e conseqüente mudanças no em seu prognóstico e na
inicial e qualidade de vida desses pacientes.
Estudos epidemiológicos mostram que a freqüência de epilepsias
generalizadas idiopáticas em crianças e adultos é estimada em 15-20%.
Diferenças extremas podem ocorrer entre diferentes estudos quando
considerada a faixa etária da coorte, o grau de desenvolvimento do país, e o maior
ou menor uso do EEG como meio diagnóstico fundamental (JALLON; LATOUR,
2005). As epilepsias com crises de ausência possuem nítida relação idade
18
dependente, e sua distribuição irá variar se considerarmos coortes de crianças
isoladas ou coortes com associação de crianças e adultos (JALLON et al., 2005;
MULLINS et al., 2007). Uma variação na freqüência de EAI em torno de 1,5% a
12,1% (JALLON et al., 2005) e 2 a 10% (DURÓN et al., 2005) nas freqüências da
EAI em grandes coortes estudadas foi explicada pelo modo e tipo de classificação
de cada estudo. A EAJ não possui estudos epidemiológicos de grande escala, fato
atribuído ao provável sub-diagnóstico de muitos casos, principalmente pelo fato de
que em muitos pacientes só as CTCG são reconhecidas e as ausências
negligenciadas (JALLON et al., 2005), porém em alguns estudos observou-se a
freqüência de aproximadamente 10% nas EGI (DURÓN et al., 2005) e 10% das
crises idade dependentes com ausências (HIRSCH; THOMAS;
PANAYIOTOPOULOS, 2007; VALENTIN et al., 2007). As crises de mioclonias
palpebrais com ausências correspondem ao total de 2% de todas as epilepsias e à
11% das EGI (GIANNAKODIMOS; PANAYIOTOPOULOS, 1996).
Vários estudos indicam discreto predomínio na freqüência de pacientes do
sexo masculino. Entre pacientes com EGI, o sexo feminino tem discreta
preponderância, principalmente nas epilepsias generalizadas (CHRISTENSEN,
2005; MULLINS et al., 2007), e na epilepsia com ausências mioclônicas (EAM) há
preponderância do sexo masculino (STEFAN; SNEAD 3 rd; EEG – OLOFSSON,
2007).
A presença de história familiar de epilepsia nas crises de ausência típica
ocorre entre 15% a 40%. Como a concordância em gêmeos monozigóticos não
chega a 100%, fatores adquiridos provavelmente fazem parte da causa deste tipo de
epilepsia (STEFAN et al., 2007).
O presente estudo avaliou pacientes com diagnóstico inicial de EFR referidos
ao setor de vídeo-EEG do HUCFF/UFRJ, encaminhados pelo Ambulatório de
epilepsias do Programa ou por Serviços de Neurologia externos ao HUCFF/UFRJ.
Parte destes pacientes avaliados apresentou diagnóstico final de epilepsia
generalizada com crises de ausências típicas (AT) ou ausências atípicas (AA), e
foram descritas as características da fenomenologia ictal e dos padrões
eletrencefalográficos ictais registrados durante a monitorização vídeo-
eletrencefalográfica.
19
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS
Poupard foi o primeiro a descrever as crises de ausência em 1705 (POUPARD,
1705 apud PANAYIOTOPOULOS,1997). Entretanto, a descrição de Tissot de petits
accès ou petits em 1770 é a mais conhecida: ele descreve uma menina com
ausências “avec um très léger movement dans le yeux” e CTCG freqüentes
(TISSOT, 1770 apud PANNAYATOPOULOUS, 1997). Em 1815, Esquirol usou o
termo “petit mal”, e pouco tempo depois, em 1824, Cameil em sua tese de
doutorado, foi o primeiro a chamá-las “epileptic absences” (ESQUIROL, 1824 apud
PANAYIOTOPOULOS, 1997). Gowers, em 1881, chegou à descrição mais pontual
das crises de ausência “without conspicuous convulsions” e Hughlings Jackson , em
1879, discursou sobre as diferenças entre ausências e crises parciais complexas
(GOWERS, 1881 apud PANAYIOTOPOULOS, 1997). Friedmann, em 1906,
descreveu com exatidão a semiologia das crises de ausência, sem o registro
eletrencefalográfico, embora não acreditasse que fizessem parte do grupo das
epilepsias, chamando a atenção para um prognóstico favorável em longo prazo
(FRIEDMANN, 1906 apud PANAYIOTOPOULOS, 1997; HIRSCH et al., 2007). A
freqüência das crises de AT é grande e Sauer cunhou o termo “pyknolepsy” (do
Grego “pyknos” refindo-se a denso, agregado) (apud HIRSCH et al., 2007). A
hiperventilação (HV) como recurso para desencadear as crises de ausência foi
inicialmente descrita por Adie em 1924. No mesmo artigo, Adie descreveu a
picnolepsia baseado em suas próprias observações, e apoiado nas observações de
Friedman de 1906, Heilbronner e Stier de 1907, como uma epilepsia que incidia em
crianças e que apresentava bom prognóstico. Em sua definição escreveu:
[...] uma doença com início explosivo entre os quatro e os doze
anos de idade, de baixa freqüência, muito leve, crise epileptiforme
monótona de menor gravidade, uniforme, que recorre diariamente até
semanas, meses ou anos, não é influenciada por medicamentos, não
impede desenvolvimento físico normal, e finalmente cessa
espontaneamente para nunca mais voltar. Na maioria das vezes os olhos
podem virar para cima, as pálpebras podem tremular, os braços podem se
ergue de forma delicada por um espasmo tônico. Movimentos clônicos,
20
embora sutis, distúrbios vasomotores óbvios, palpitações e lassidão ou
confusão mental após os ataques são sintomas suspeitos e fortemente
sugestivos de uma evolução para epilepsia grave, e no presente elas
podem ser consideradas como condição para uma doença mais favorável
(ADIE, 1924, tradução nossa).
Gibbs, Davis e Lennox em 1937, descreveram as características clínico-
eletrencefalográficas das ausências mostrando que as crises de pequeno mal
estavam associadas a uma descarga rítmica a 3 Hertz (Hz) de complexos espícula-
onda regulares no EEG (GIBBS, DAVIS E LENNOX, 1937 apud
PANAYOTOPOULOS, 1997). Segundo a Comissão da ILAE, a descrição do petit
mal de Lennox, feita em 1945, foi compreendida de forma equivocada, e sua revisão
mostrou a necessidade da diferenciação das ausências em ausências típicas e
ausências atípicas (AA) (LENNOX, 1945 apud PANAYIOTOPOULOS, 1997).
As crises de epilepsia com ausências mioclônicas foram inicialmente descritas
por Tassinari e colaboradores datam de 1969 e 1971(TASSINARI et al., 1969,1971
apud BUREAU, 2004).
Em 1977, Jeavons descreveu a síndrome de mioclonias palpebrais com
ausência caracterizada por mioclonias palpebrais associadas a ausências e
fotossensibilidade (JEAVONS, 1977 apud GIANNAKODIMOS, PANAYIOTOPULOS
1996; apud PANAYIOTOPOULOS, 1997).
A análise por meio de Vídeo-EEG permitiu uma correlação precisa clínico-
eletrencefalográfica das crises de AT (PENRY; PORTER; DREIFUSS, 1975).
A Comissão para Classificação e Terminologia da ILAE fez importantes
progressos com meticulosa definição e diferenciação entre AT (como epilepsias
primárias idiopáticas generalizadas) e as AA (criptogênicas ou sintomáticas)
(COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1981).
Em 1989, a Comissão da ILAE reconhece a heterogeneidade entre as
epilepsias do tipo ausência classificando-as entre as síndromes de EGI (EAI e EAJ).
Nesta mesma classificação reconhece as crises de ausência na EAM dentro do
grupo das epilepsias generalizadas criptogênicas ou sintomáticas (COMMISSION
ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989).
21
Panayiotopoulos (1989), caracterizou as diferentes crises de ausência por
meio do vídeo-EEG e descreveu síndromes específicas (PANAYIOTOPOULOS;
OBEID; WAHEED, 1989).
Os pacientes com epilepsias do tipo AT, também denominadospetit mal”,
são hoje classificados no grupo de crises e epilepsias com substrato neuronal
específico, EEG com padrão de espícula-onda de 3 ciclos por segundo, e resposta
específica a DAE (ENGEL, 2006).
2.2 EPILEPSIA - DEFINIÇÕES
2.2.1 Epilepsia generalizada e ausências
A definição de epilepsia generalizada, proposta em 1981 pela comissão da
ILAE descrevia crises iniciadas com perda da consciência e características clínicas
de envolvimento dos dois hemisférios cerebrais, com alterações motoras bilaterais e
EEG ictal com atividade bilateral e simétrica (COMMISSION ON CLASSIFICATION
AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1981). Em 1989 as síndromes epilépticas
foram revistas, e foi mantido o conceito inicial de epilepsia e crises generalizadas
(COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989).
Tal definição vinha recebendo críticas e novas propostas de reclassificação ocorrem
há pelo menos 20 anos. Padrões focais no EEG interictal, maior atividade
envolvendo as estruturas de projeção frontal anterior e a falta de perda total de
consciência observada em algumas crises generalizadas pertencentes ao grupo das
ausências foi motivo de vários estudos (HOLMES; BROWN; TUCKER, 2004;
LOMBROSO, 1997; SADLEIR et al.,1997; BETTING, 2006a; BARE; GLAUSER;
STRAWSBURG, 1998; GUILHOTO; MANREZA; YACUBIAN, 2006; CRAIU et al.,
2006). A coexistência de epilepsia focal e generalizada, embora incomum, tem sido
verificada em alguns pacientes com características clínicas ora focais ora
generalizadas comprovadas por EEG, e casos de epilepsia generalizada em
pacientes com cirurgia prévia para epilepsia focal foram relatados (DIEHL et al.,
1998; KOUTROUMANIDIS, et al., 1999; NICOLSON; CHADWICK; SMITH, 2004;
GROSSO et al., 2005).
A última revisão da ILAE (ENGEL, 2006a) considera como substrato neuronal
das EGI, as estruturas do tronco cerebral e as regiões frontais anteriores . Embora a
22
dicotomia entre crise focal (parcial) versus generalizada seja motivo de críticas, o
comitê da ILAE concluiu que por motivos didáticos manteria essa denominação, com
o adendo de que as epilepsias generalizadas não necessariamente deixariam de
apresentar padrões focais (ENGEL, 2006a).
O termo “focal” e “generalizado” foi mantido na recente revisão de 2006, com
o entendimento de que as crises generalizadas podem implicar em zona
epileptogênica limitada a uma região pequena e circunscrita ou em um total
envolvimento hemisférico no inicio do processo epileptogênico.
As crises generalizadas de ausência típica podem ser definidas como
paroxismos de perda da consciência com início e final abruptos associados a surtos
bilaterais e sincrônicos de descargas de espícula e onda lenta registradas no EEG
(PANAYIOTOPOULOS, 1997; YACUBIAN; GARZON, 2003; STEFAN et al., 2007).
Semiologicamente, as crises de ausência são caracterizadas por um súbito
“obscurecimento” da consciência, usualmente associado a uma reação de parada e
interrupção das atividades em curso. O início e o final são abruptos, sem presença
de aura ou sintomas pós ictais. Apesar do obscurecimento da consciência, sintomas
motores leves e automatismos podem ocorrer. Ausências breves podem só ser
detectadas por testes cognitivos específicos durante a ocorrência das crises
(PANAYIOTOPOULOS, 1997b; YACUBIAN et al., 2003; STEFAN et al., 2007).
As síndromes epilépticas foram classificadas como idiopáticas, sintomáticas
ou criptogênicas pelos critérios da ILAE na sua classificação de epilepsias e
síndromes epilépticas (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY
OF THE ILAE, 1989). Nas epilepsias idiopáticas, presume-se uma origem genética e
seu diagnóstico é feito por meio da clínica e do registro eletrencefalográfico. Nelas
encontram-se três tipos de crises, as tônico-clônicas generalizadas, ausências e
mioclonias que podem ocorrer de formas isoladas ou associadas entre si. O perfil
epiléptico destes pacientes pode ser diferente no que se refere à apresentação de
crises, porém a presença de CTCG nestes casos é a forma de se reconhecer de
maneira mais clara o caráter familiar do quadro (WINAWER et al., 2005; STEFAN et
al., 2007). Os pacientes portadores de EGI em geral apresentam exame neurológico
normal no período interictal. Nas epilepsias criptogênicas, presume-se uma
anormalidade que, embora implícita, é indeterminada. Já as epilepsias sintomáticas
são consideradas secundárias a uma lesão estrutural conhecida como uma displasia
23
cortical ou tumor (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF
THE ILAE, 1989).
2.2.2 Epilepsia fármaco-resistente (EFR)
O objetivo primário do tratamento da epilepsia é o controle total das crises
tendo como resultado uma qualidade de vida aceitável. Na grande maioria das
epilepsias focais e generalizadas este objetivo é alcançado (ENGEL, 2006a), porém
20% a 30 % dos pacientes com epilepsia podem evoluir com EFR (DEVINSKY, 1999;
ENGEL, 2001a; GRONICH; FIORE; VALENTE, 2002; BRODIE, 2005). Alguns
pacientes fracassam na resposta terapêutica porque seus eventos paroxísticos não
são epilépticos, por um diagnóstico incorreto de seu tipo de crise, pela informação
errônea sobre uma terapêutica apropriada ou pela não adesão ao tratamento
(DEVINSKY, 1999; ENGEL, 2001; PEDLEY; HIRANO, 2003). Ainda assim, um
número significativo de pacientes, mantém suas crises sem controle por falta de
resposta ao uso de DAE apropriadas (ENGEL, 2001a). Essas crises são definidas
como refratárias, intratáveis, crises de difícil controle ou epilepsia fármaco-resistente
(EFR) (GRONICH et al., 2002). Esta resistência à DAE em sido justificada por vários
fatores como anormalidades estruturais e dos circuitos neuronais, alteração de
receptores, fatores genéticos, canalopatias e alterações de transportadores por
variações genômicas e, certamente, têm sua base múltiplos fatores (PEDLEY,
HIRANO, 2003; PITKÄNEN; SUTULA, 2002; BRODIE, 2005). A definição de EFR
inclui recorrência de crises epilépticas apesar do uso adequado de DAE de primeira
escolha para aquele tipo de epilepsia, em monoterapia ou combinadas, em seus
níveis máximos tolerados, com adesão comprovada ao tratamento (PALMINI et al.,
2000). Como critérios usados no reconhecimento desta condição estão a alta
freqüência de crises (definida como mais de um evento epiléptico a cada dois meses
em tratamento com duração de um a dois anos) e a presença de fatores de risco
para fármaco-resistência (como crises focais, lesão estrutural cerebral, espasmos
infantis e crises de início precoce, isto é, antes de dois anos de idade) (ARROYO,
2000). Fato é que estes 20% a 30% de pacientes sem controle clinico das crises
representam um desafio maior aos especialistas. Estes pacientes já chegam aos
centros de referência em epilepsia com uma longa história de fracassos terapêuticos.
24
Para estes, o controle das crises, quando e se for alcançado, somente o será à custa
de algumas privações. A principal delas é ter de conviver com as conseqüências
diretas como crises parcialmente controladas e as indiretas como as restrições
sociais e os efeitos colaterais causados pelo uso das DAE (GRONICH et al., 2002;
DEVINSKY, 1999).
2.2.3 Estado de ausência
Estado de ausência (EA) é uma condição na qual as crises epilépticas se
mantêm contínuas ou se repetem de forma que a consciência não é recobrada em
período de 30 minutos ou mais (BAYKAN et al., 2002; SHORVON; WALKER, 2005) e
podem ocorrer em diversas circunstâncias (GENTON; FERLAZZO; THOMAS, 2008).
Os eletrencefalografistas da década de 50 descreveram um estado
persistente de diminuição da consciência na presença de complexos de espícula e
onda lenta no EEG que tinham duração de meia hora até dois ou três dias sendo
então nomeados como EA (“absence”, “petit mal” ou “spike-wave stupor”) (DALY,
1990). Durante o EA, a consciência ou o contato com o meio pode estar alterado
variando desde um prejuízo subjetivo até um estupor profundo, podendo os
pacientes permanecerem confusos ou desorientados, apresentar comportamentos
inapropriados alternados com amnésia (DALY, 1990; GENTON et al., 2008). A
presença de CTCG é infreqüente nesta situação e estas podem ocorrer no início,
interromper ou mesmo finalizar o EA (DALY, 1990). A denominação de estado
epiléptico não convulsivo (EENC) foi cunhada pelos especialistas para descrever os
estados epilépticos de crises parciais complexas ou de ausências que também
podem se diferenciar em estados de ausências típicas ou atípicas. A distinção entre
os diferentes EENC se faz necessária principalmente para a introdução de
terapêutica apropriada (BAYAKAN et al., 2001; SHORVON et al., 2005; GENTON et
al., 2008). O EA com AT pode ocorrer em pacientes com EGI com ausências típicas
assim como em outras síndromes ainda não reconhecidas pela ILAE sem outras
alterações neurológicas ou intelectuais contrastando com EA de AA que
invariavelmente ocorre em pacientes com dificuldades no aprendizado ou outros
prejuízos neurológicos com epilepsias sintomáticas ou possivelmente com epilepsia
generalizada sintomática (GENTON et al., 2008). Os achados clínicos ictais
coincidem fazendo com que semiologicamente a diferenciação não venha a ser
25
possível em determinados casos. Estes pacientes diferem na resposta a terapêutica
e o EEG irá diferenciar estas categorias. Nas ausências típicas, o EA é encontrado
com maior freqüência em adultos com síndrome de mioclônia perioral com ausência
e nos casos de phantom absences (SHORVON et al., 2005). Embora danos
cerebrais tenham sido atribuídos a estado mal em diversos trabalhos, o estudo
específico de danos neuronais em pacientes que apresentaram EA raramente é
discutido, e parece improvável que EA no conjunto clínico cause algum dano cerebral
significante ou permanente (BAYKAN et al., 2001; SHORVON et al., 2005;
SHIRASAKA, 2002).
2.3 CRISES DE AUSÊNCIA
O termo ausência se refere às crises, não à epilepsia; todavia, muitas
epilepsias ou síndromes epilépticas incorporam as crises de ausência como sua
principal característica e são comumente referidas como epilepsia ausência
(STEFAN, et al., 2007). As crises de ausência podem ser “típicas” ou “atípicas”. As
crises de ausência típica são as mais comuns e são caracterizadas por episódios de
comprometimento da consciência acompanhados de descargas generalizadas de
espícula e onda lenta de 2,5 a 4 Hz com início e final abruptos. A alteração da
consciência pode ocorrer de forma muito leve, necessitando por vezes de testes
especiais para que seja detectada, ou grave, podendo estar associada a outras
manifestações clínicas como automatismos e/ou mioclonias que podem ser difusas
ou localizadas com características rítmicas ou fortuitas, assim como distúrbios
autonômicos (PANAYIOTOPOULOS, 1997; YACUBIAN et al., 2003; STEFAN et al.,
2007).
O termo “ausência típica” não se refere a um sintoma estereotipado, mas a
um grupo de manifestações que podem ser correlacionadas a uma determinada
síndrome devendo-se levar em consideração que as manifestações clínicas e
eletrencefalográficas são tão amplas que nem sempre seguem os padrões da
epilepsia ausência da infância (PANAYIOTOPOULOS, 1997; PANAYIOTOPOULOS,
2005; NORDLI, 2005). Em contrário, as crises de ausência atípica que são menos
comuns, possuem uma resposta pobre a mediação e são associadas a
comprometimento neurológico grave (HOLMES, 1999; STEFAN et al., 2007).
Automatismos, mioclonias palpebrais e automatismos labiais são mais freqüentes
26
nas ausências típicas, enquanto as alterações no tônus muscular para mais ou para
menos ocorrem de forma mais freqüente em pacientes com ausências atípicas
(HOLMES; MCKEEVER; ADAMSON, 1987).
A diferenciação clínica entre as crises de ausência típicas e atípicas é feita pela
ocorrência de maior alteração no tônus muscular e pelo início e final gradual nas
crises atípicas quando comparadas com crises de ausência típica. Como
característica eletrencefalográfica, as crises de ausência atípica apresentam
padrões complexos de espícula e onda lenta entre 1-2,5 Hz contrastando com o
ritmo de 2,5 – 4 Hz das crises de ausência típica (COMMISSION ON
CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1981). As crises de
ausência atípicas se iniciam usualmente antes dos cinco anos de idade podendo
persistir até a idade adulta. Nas crises de ausência típica, não há ocorrência de
auras nem de sintomas pós-ictais (HOLMES, 1999; YACUBIAN et al., 2003). Nas
crises de ausência atípicas observa-se que as crianças podem reter alguma
habilidade em desenvolver atividades, ou mesmo a fala, com certo grau de
comprometimento que pode ser maior ou menor, fato esse que também leva à
dificuldade no reconhecimento da crise (HOLMES, 1999; YACUBIAN et al., 2003;
STEFAN et al., 2007).
O circuito neuronal envolvido na descarga espícula e onda lenta parece ter
origem diferente nas crises de ausência típica e nas crises de ausência atípica. . Nas
crises de ausência típica, a atividade epileptiforme é restrita ao circuito
talamocortical (BANERJEE; HIRSCH; SNEAD 3 rd, 1993; KOSTOPOULOS, 2001).
Em contraste, existem evidências experimentais (CORTEZ; McKERLIE; SNEAD 3
rd, 2001), clínicas (HOLMES et al., 1987; NOLAN et al., 2005), comportamentais
(CHAN et al., 2004) e de neuroimagem para o envolvimento talamocortical e límbico
nas crises de ausência atípicas.
Crianças com crises de ausência típica geralmente apresentam um bom
rendimento e estão livres de maiores déficits cognitivos, podendo este fato ser
atribuído à restrição das descargas de espículas e ondas ao circuito talamocortical.
Em um contraste, as crises de ausência atípica estão associadas a evolução mais
grave, anormalidades cognitivas e comprometimento do desenvolvimento
neurológico. (HOLMES, 1999; CORTEZ, et al., 2001; NOLAN et al., 2005).
A proposta de 1981 da ILAE classifica as crises epilépticas baseada nos achados
da fenomenologia clínica e eletrencefalográfica ictais, sem levar em consideração a
27
conotação anatômica e a fisiopatológica (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND
TERMINOLOGY, 1981). Nesta classificação as crises de ausência são inseridas
entre as epilepsias generalizadas e têm como marca registrada crises com início e
final súbitos associadas à interrupção das atividades em curso, reação de parada e
possibilidade de uma breve rotação dos olhos para cima. Se o paciente está falando,
sua fala é interrompida ou torna-se lenta: se o paciente está caminhando, pára
estático: se está se alimentando, o alimento ficará parado no seu trajeto até a boca.
Usualmente, o paciente permanecerá irresponsivo se for solicitado. Algumas crises
são abortadas, se o paciente é solicitado a falar. As crises duram de poucos
segundos a meio minuto e terminam de forma tão rápida como se iniciaram. As
crises de ausência típica podem ser subdivididas em sete subtipos reconhecidos por
esta classificação da ILAE:
Ausência apenas com perda da consciência
Esta descrição encerra a ausência simples onde outras atividades não
ocorrem durante a crise.
Ausência com componentes clônicos leves
O início da crise é indistinguível da crise anterior, porém, movimentos clônicos
podem ocorrer nas pálpebras, no ângulo da boca ou em outro grupo muscular. Os
movimentos podem ser imperceptíveis ou o paciente pode apresentar abalos
mioclônicos apendiculares quando objetos podem cair das mãos.
• Ausência com componentes atônicos
Neste caso pode ocorrer uma diminuição no tônus muscular que sustenta a
postura dos membros levando a queda da cabeça, ocasionalmente ao rebaixamento
do tronco, queda dos braços e diminuição da força das mãos. Raramente a
diminuição do tônus é tal que cause queda do paciente ao solo.
Ausência com componentes tônicos
Aqui, durante as crises pode ocorrer contratura muscular, ocasionada por
aumento do tônus muscular que pode afetar tanto a musculatura flexora como a
extensora de forma simétrica ou assimétrica. Se o paciente mantiver a cabeça
estendida, poderá forçá-la para trás até arquear o tronco, levando a retropulsão. A
28
cabeça, quando sob aumento do tônus muscular, pode virar-se para um lado ou
outro.
• Ausência com automatismos
Os movimentos que ocorrem sabidamente em uma crise de ausência, são
freqüentes e podem evoluir de lamber os lábios e engolir a desarrumar as roupas ou
mesmo andar sem propósito. Caso falem com o paciente, ele poderá emitir som ou
virar-se para a origem do som e quando tocado ou estimulado por meio de cócegas,
podem coçar o local. Os automatismos são completamente elaborados e podem
consistir em combinações dos descritos anteriormente ou podem ser simples a
ponto de passarem despercebidos em uma observação casual. Formas mistas de
ausência freqüentemente ocorrem.
• Ausência com fenômenos autonômicos
Palidez perioral, dilatação pupilar, rubor, taquicardia, piloereção, salivação,
incontinência urinária e desconforto epigátrisco podem ocorrer concomitante com a
crise de ausência.
• Formas mistas
Nas formas mistas ocorreriam associações das formas descritas acima.
Segundo a proposta para revisão das epilepsias e síndromes epilépticas,
realizada em 1989 pela comissão em classificação e terminologia da ILAE, as crises
de ausência ocorrem em síndromes que estão dentro do grupo das epilepsias
generalizadas (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY, 1989).
Nestas síndromes, as ausências ocorrem de forma isolada ou em associação com
outros tipos de crises e são agrupadas de acordo com a idade de início e por sua
etiologia que pode ser idiopática ou criptogênica. As epilepsias idiopáticas são
definidas por serem idade-dependentes, características clínicas e
eletrencefalográficas distintas e possível etiologia genética. As epilepsias
criptogênicas são presumidas como secundárias, porém a etiologia é desconhecida,
são igualmente idade-dependentes e não possuem características eletroclínicas
definidas. No grupo das epilepsias generalizadas idiopáticas, as ausências estão
presentes na EAI, a EAJ a EMJ e na epilepsia com CTCG durante o despertar. No
29
grupo das epilepsias criptogênicas, as crises de ausência podem ser observadas na
síndrome de Lennox-Gastaut, na epilepsia com crises mioclônico-astáticas e
epilepsia com ausências mioclônicas.
Em 2001, foi publicada nova proposta para a classificação das pessoas com
crises epilépticas e epilepsias (ENGEL , 2001). Nesta nova proposta, as crises e
síndromes epilépticas devem se descritas e categorizadas de acordo com um
sistema que utilize terminologia padronizada (BLUME et al., 2001) e que seja
flexível para levar em consideração aspectos práticos no diagnóstico da epilepsia
como: o fato de não se conseguir um diagnóstico sindrômico para alguns pacientes,
a mudança do diagnóstico que pode vir a ocorrer quando novas informações são
obtidas, a descrição da fenomenologia ictal de forma completa e detalhada nem
sempre ser necessária e talvez pela necessidade de diferentes esquemas de
classificação serem desenvolvidos para propósitos específicos (aprendizado,
ensaios terapêuticos, pesquisa básica, seleção de candidatos cirúrgicos e
caracterizações genéticas). Foram propostos cinco eixos (ENGEL , 2001) que levam
a aproximação de um diagnóstico clínico pertinente e das hipóteses necessárias
para se alcançar esse diagnóstico e a estratégia terapêutica individual.
Eixo 1: consiste na descrição da semiologia ictal uniformizando e definindo os
termos a serem utilizados quando aplicados a descrição dos diferentes tipos de
crises epilépticas;
Eixo 2: compreende a classificação do tipo ou tipos de crises epilépticas que
representam entidades diagnósticas. Se pertinente, a localização cerebral da crise,
assim como fatores precipitantes da crise que devem ser especificados;
Eixo 3: propõe a classificação em síndromes epilépticas, levando em consideração
que nem sempre é possível um diagnóstico sindrômico;
Eixo 4: propõe a classificação etiológica das doenças freqüentemente associadas às
síndromes epilépticas;
Eixo 5: propõe a classificação do grau de comprometimento psicossocial das
pessoas com epilepsias.
Em 2006 surge nova revisão da ILAE (ENGEL, 2006) utilizando conceitos
básicos e determinando as conclusões preliminares traçadas. Esta nova proposta
levou em consideração a definição de que a crise epiléptica é a ocorrência transitória
de sinais e/ou sintomas derivados de uma atividade anormal excessiva ou sincrônica
do cérebro (FISHER et al., 2005). Desta forma, um determinado tipo de crise
30
epiléptica representa o diagnóstico de uma entidade única e obrigatoriamente deve
ser definida com base em substrato patofisiológico e anatômico único, resposta
seletiva a DAE específica, padrões ictais eletrencfalográficos, padrões de
propagação, achados pós ictais assim como sua falta e síndromes epilépticas
associadas a determinado tipo de crises.
Nesta proposta, as ausências ficam incluídas no grupo das epilepsias auto
limitadas e com início generalizado, sendo subdivididas em ausências típicas,
ausências atípicas e ausências com mioclonias. A EAI, com maior número diário e
longa duração das crises de ausência difere da EAJ por um provável processo de
maturação cerebral, embora ocorra em ambas o mesmo mecanismo de ação. O
mesmo raciocínio é aplicado para as “phantom absence”. As ausências atípicas,
com sua variedade de manifestações ictais, algumas envolvendo hipotonia e atonia,
ainda se encontram em fase de análise no grupo das crises atônicas como possíveis
variantes das crises de ausências ou como mioclonias negativas. As mioclonias
com ausências onde os componentes mioclonicos destas crises são rítmicos, mais
clônicos que mioclônicos, com componente tônico, poderiam ter outro nome, mas
nenhum consenso ocorreu até o presente momento.
2.3.1 Síndromes de epilepsia generalizada com crises de ausências
O termo ausência conforme mencionado anteriormente, se refere a um tipo de
crise e não a um tipo específico de epilepsia: todavia diferentes epilepsias ou
síndromes epilépticas possuem crises de ausência como uma característica principal
sendo comumente referidas como “epilepsia ausência” (STEFAN et al., 2007). A
heterogeneidade das epilepsias com crises de ausência tem sido reconhecida pela
ILAE que descreve quatro síndromes epilépticas com ausências típicas: EAI, EAJ,
EMJ e EAM (COMMISSION ON CLASSIFICATION OF EPILEPSIES AND
EPILEPTIC SYNDROMES, 1989; NORDLI, 2005; STEFAN et al., 2007). A esta lista
foi acrescentada a ausência com mioclonias palpebrais, ausência com mioclonias
periorais, ausência com mioclonias arrítmicas isoladas; EA de início tardio com
phantom absences, ausências reflexas, ausências típicas generalizadas
sintomáticas ou secundárias (PANAYIOTOPOULOS, 2005; STEFAN et al., 2007) e
ausência de início precoce (PANAYIOTOPOULOS, 2005). As ausências atípicas
são aquelas que possuem manifestações variáveis durante o evento crítico, como
31
atonia e hipotonia e critérios mais precisos estão sendo observados por outro grupo
de estudos, onde o foco principal são as crises atônicas. Nesta nova classificação
encontram-se, no grupo das mioclonias, as mioclonias palpebrais que se
acompanham ou não de ausência, reconhecidas como crises epilépticas (ENGEL,
2006a, 2006b).
Epilepsia ausência da infância (EAI) ou picnolepsia
A EAI ocorre em crianças na idade escolar, com pico de início em torno dos
sete anos de idade, com forte predisposição genética em crianças normais
(COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989;
NORDLI, 2005). Ocorre com maior freqüência em meninas e é caracterizada por
crises de ausência que ocorrem com elevada freqüência durante o dia
(COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989;
GROSSO, 2005). Estas crises são caracterizadas clinicamente por uma reação de
parada permanecendo a criança irresponsiva durante a crise. Nas ausências
simples, podem ocorrer automatismos com um leve desvio dos olhos para cima,
mioclônia palpebral com contraturas rítmicas dos deltóides. Nas ausências
complexas, achados motores mais grosseiros podem ocorrer (NORDLI, 2005;
HIRSCH et al., 2007). Durante a adolescência, CTCG podem se desenvolver. Por
outro lado, as crises de ausência podem remitir, ou mais raramente, persistir como
único tipo de crise (HIRSCH et al., 2007).
Epilepsia ausência juvenil (EAJ)
As ausências da EAJ são semelhantes as da EAI, porém ausências com
movimentos de retropulsão são menos comuns. Seu início ocorre perto da
adolescência, entre os nove e treze anos de idade, porém mais recentemente tem
sido observado o início em adultos (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND
TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989; NORDLI, 2005). Embora ocorram várias
crises ao dia, a freqüência das crises é menor quando comparada a EAI e há uma
maior associação com CTCG, que podem preceder a instalação das crises de
ausência nesta síndrome, ocorrendo principalmente durante o despertar. Com certa
freqüência, os pacientes também experimentam crises mioclônicas. A distribuição
entre os sexos é igual. A resposta, à terapêutica é boa (COMMISSION ON
CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989; NORDLI, 2005).
32
Epilepsia mioclônica juvenil (EMJ)
É uma forma de EGI com marcada resposta ao tratamento, podendo requerer
tratamento durante toda a vida. Parece ser uma forma comum de síndrome
epiléptica e algumas crianças com diagnóstico de EAI podem evoluir para esta forma
de epilepsia (NORDLI, 2005). A sua principal marca é a ocorrência de crises
mioclônicas durante a adolescência (KOBAYASHI et al., 2007) e a
fotossensibilidade. As crises são caracterizadas por abalos mioclônicos isolados,
rápidos, envolvendo principalmente os membros superiores especialmente curtos
durante o despertar. A maior parte dos pacientes desenvolve CTCG e um terço dos
pacientes apresenta crises de ausência (NORDLI, 2005; KOBAYASHI et al., 2007).
Há uma forte correlação das crises com a privação do sono, a fadiga e uso de
bebidas alcoólicas. Seu início está relacionado à adolescência, porém pode ter início
aos 20 anos. A procura ao médico ocorre na maioria dos casos após as CTCG, e as
mioclonias são descritas durante a anamnese (KOBAYASHI et al., 2007).
Epilepsia com ausência mioclônica (EAM)
A síndrome de EAM é caracterizada clinicamente pela ocorrência de crises de
ausência acompanhada de abalos clônicos intensos, bilaterais e assimétricos
associados à contração tônica dos membros que pode ser mais evidente na região
proximal dos braços resultando em discreta elevação dos mesmos (NORDLI, 2005).
As crises ocorrem diversas vezes ao dia, com comprometimento da consciência e
tem duração de oito a sessenta segundos. A associação com outros tipos de crises
é rara, e CTCG ou atônicas são incomuns. A idade de início varia desde o primeiro
ano de vida até a adolescência tardia (NORDLI, 2005; BUREAU; TASSINARI, 2005),
com freqüência maior em torno dos sete anos (COMMISSION ON CLASSIFICATION
AND TERMINOLOGY OF THE ILAE, 1989) e com predomínio entre os meninos. O
prognóstico é mais reservado quando comparado com EAI em relação à resistência
as DAE, ocorrência de deterioração mental e possibilidade de evolução para outras
síndromes como SLG.
EGI com ausências na infância precoce
É uma síndrome incomum de EGI onde ocorrem crises de ausência típica
que se iniciam em uma fase precoce da infância, entre os primeiros meses de vida e
cinco anos de idade, são por vezes associadas à CTCG e possíveis abalos
33
mioclônicos (CHAIX et al., 2003; PANAYIOTOPOULOS, 2005). As crises ocorrem
em crianças com evolução normal até então. Nestes casos as crises de ausência se
apresentam de forma diferente, sendo menos graves e menos freqüentes. Abalos
mioclônicos e crises mioclônico-astáticas estão presentes em até 40% dos pacientes
que desenvolvem estado de mal não convulsivo e podem ser precedidas de declínio
cognitivo (PANAYIOTOPOULOS, 2005). Em alguns casos a existência de
predisposição genética parece ser uma regra (TITOMANLIO et al., 2007;
FERNÁNDEZ-TORRE et al., 2006). O prognóstico é desfavorável em alguns
pacientes que evoluem com dificuldades no desenvolvimento neurológico e epilepsia
refratária (CHAIX, 2003; FERNÁNDEZ-TORRE et al., 2006). Uma maior destreza no
acompanhamento destes pacientes por meio de aplicação de critérios de inclusão
específicos (crises de ausências típicas e CTCG) e de exclusão (diagnóstico de
epilepsia ausência da infância mais precoce ou a possibilidade de casos
sintomáticos) levará ao diagnóstico clínico e eletrográfico preciso, estabelecendo
assim seu prognóstico e levando a clarificação desta síndrome rara (CHAIX, 2003;
PANAYIOTOPOULOS, 2005; FERNÁNDEZ-TORRE et al., 2006).
Mioclonia perioral com ausências
Síndrome caracterizada por crises de ausência típica associada à mioclonia
perioral, as mioclonias consistem em contraturas rítmicas do músculo orbicular oral
causando protrusão dos lábios, contração do depressor do ângulo da boca que
resulta em “tremor” no ângulo da boca ou mais raramente um envolvimento maior,
incluindo os músculos da mastigação com deslocamento da mandíbula
(PANAYIOTOPOULOS, 2005; BAYKAN; NOACHTAR, 2005; BILGIC, 2001). O
comprometimento da consciência pode ser de leve a grave e a maioria dos
pacientes pode não se dar conta dos movimentos periorais. A duração das
ausências com mioclonias periorais são em torno de quatro segundos e as crises
podem ter freqüência de várias vezes ao dia, duas vezes na semana ou serem raras
(PANAYIOTOPOULOS, 2005). Quando isolada, a mioclônia perioral não faz parte
desta síndrome, na qual encontramos com freqüência combinação de outros
achados clínicos e eletrencefalográficos que constituem a síndrome de EGI. Outras
manifestações incluem CTCG, que podem ter início precedendo as ausências ou
serem concomitantes a elas. PANAYIOTOPOULOS, 2005; BAYKAN et al., 2005;
BILGIC, 2001; AGATHONIKOU, 1998). A idade de início fica entre os dois e os treze
34
anos de idade, com maior freqüência em meninas (PANAYIOTOPOULUS, 2005). É
uma síndrome incomum em crianças, e pela característica de não remitir, é
relativamente comum em adultos (PANAYIOTOPOULOS, 2005; BAYKAN et al.,
2005).
Phantom absences
Esta síndrome é caracterizada por uma tríade composta por ausências com
comprometimento mínimo da cognição, CTCG e EA. As crises são imperceptíveis e
quase nunca observadas até o início de CTCG, que ocorrem como manifestação
inicial e usualmente começam na idade adulta. Os EA podem ocorrer em parte dos
pacientes (PANAYIOTOPOULOS, 2005; AGATHONIKOU et al., 1998; BAYKAN et
al., 2002; WIEST et al., 2001). Os pacientes não possuem consciência destas crises,
mesmo quando dirigem ou exercem suas profissões (PANAYIOTOPOULOS, 2005;
FERNER; PANAYIOTOPOULOS, 1993). Os pacientes podem admitir
retrospectivamente falta de concentração ou esquecimento, que em sua opinião não
possuem significância prática (PANAYIOTOPUOLUS, 1997; PANAYIOTOPUOLUS
et al., 1997; PANAYIOTOPOULOS, 2005; VUILLEUMIER et al., 2000; FERNER et
al., 1993). Tais ausências são tão leves que passam despercebidas pelo paciente e
também não chegam a ser verificadas pelo espectador. São crises simples e breves,
com duração usualmente de dois a quatro segundos, causando apenas leve
comprometimento cognitivo que pode ser demonstrado por erros e descontinuação
em contagens da respiração no exame de vídeo-EEG (GIANNAKODIMOS;
PANAYIOTOPULOS, 1996; PANAYIOTOPUOLUS, 1997; PANAYIOTOPUOLUS et
al., 1997; PANAYIOTOPOULOS, 2005; YALÇIN; FORTA; KILIÇ, 2006). Acredita-se
que seja geneticamente determinada (MARINI et al., 2003; PANAYIOTOPOULOS,
2005).
Mioclônia palpebral com ausências ou Síndrome de Jeavons (SJ)
Também denominada síndrome de Jeavons, é caracterizada por uma tríade
composta por mioclonias palpebrais com ou sem ausências, crises ou paroxismos no
EEG induzidos pelo fechamento dos olhos ou ambos e fotossensibilidade. A
síndrome de Jeavons não foi reconhecida pela ILAE, embora um novo tipo de crises,
a mioclônia palpebral com ou sem ausências, tenha sido aceita
(PANAYIOTOPOULOS, 2005; MASAO, et al., 2005). Seu início ocorre de forma
35
típica na infância, entre os dois e 14 anos de idade, com um pico entre os seis e oito
anos. Observa-se o dobro de casos no sexo feminino. A prevalência é de 3% entre
pacientes jovens com desordens epilépticas e 13% entre as EGI
(PANAYIOTOPOULOS, 2005). A marca desta síndrome são as mioclonias
palpebrais e não as ausências. As mioclonias palpebrais são abalos palpebrais
marcados geralmente associados a abalos dos globos oculares com desvio para
cima e retropulsão da cabeça (mioclônia palpebral sem ausências)
(PANAYIOPTPOULOS, 2005; MASAO et al., 2005). Estas mioclonias palpebrais
podem ocorrer em associação ou serem seguidas por um leve prejuízo da
consciência (mioclônia palpebral com ausências) (GIANNAKODIMOS et al., 1996;
PANAYIOTOPOULOS, 2005;). As crises são breves, durando entre três e seis
segundos e ocorrem principalmente após o fechamento ocular e várias vezes ao dia.
Todos os pacientes são fotossensíveis (PANAYIOTOPOULOS, 2005; OGURA;
YOSHIHIRO; KOEDA, 2005; JOSHI; PATRICK, 2007). As CTCG ocorrem
inevitavelmente ao longo do tempo espontaneamente ou provocadas pela claridade
e são particularmente provocadas por fatores precipitantes como privação de sono,
ingestão alcoólica assim como DAE inapropriadas (GIANNAKODIMOS et al., 1996;
PANAYIOTOPOULOS, 2005). Abalos mioclônicos dos membros podem ocorrer,
porém são infreqüentes e fortuitos. Status epilepticus de mioclonias palpebrais
podem ocorrer em um quinto dos pacientes de forma espontânea, principalmente
durante o despertar ou induzido por estímulos fóticos, e consiste em episódios de
mioclonias palpebrais com ausências leves.
2.3.2 Alterações eletrencefalográficas
O traçado interictal de pacientes com crises de ausência típica geralmente
encontra-se normal embora algum grau de lentificação nos ritmos de base possa
ocorrer (HOLMES et al., 1987). Paroxismos rítmicos de ondas lentas, sem espículas
em freqüência de 2,5 a 3,5 Hz podem ocorrer de modo generalizado ou podem ser
restritos as projeções occipitais. Estes breves surtos de atividade delta rítmica que
ocorre de forma intermitente são denominados na literatura de OIRDA (occipital
intermittent rhythmic delta activit) (GUILHOTO; MANREZA; YACUBIAN, 2006b). Esta
atividade lenta ocorre de forma simétrica e usualmente é bloqueada pela abertura
ocular, aumenta com a hiperventilação e pode persistir mesmo após o término das
36
crises de ausência, podendo ocorrer de forma isolada ou associar-se a surtos
generalizados de espícula-onda (NIEDERMEYER, 1998; SAKAMOTO; GARZON;
FERNANDES, 2000). A ocorrência de surtos breves bilaterais, sincrônicos e
simétricos de atividade espícula e onda lenta a 3 Hz que tem predomínio fronto-
central em alguns pacientes, ficam restritos ou são de maior expressão em regiões
occipitais. A freqüência destes complexos de espícula e onda lenta (CEOL) pode
variar de forma sutil durante os surtos com os complexos iniciais ocorrendo em
freqüências de 3,5 a 4 Hz com posterior alentecimento até 2,5 Hz (NIEDERMEYER,
1998). Assim que cessa o CEOL a 3 Hz, o traçado de base retorna ao seu padrão
sem ocorrer depressão ou o alentecimento descrito anteriormente (NIEDERMEYER,
1998). O EEG interictal revela descargas generalizadas do tipo espícula e onda
lenta, geralmente predominante em regiões frontais. A atividade de espícula e onda
lenta se torna mais freqüente com a hiperventilação (HV) e também pode ser
induzida pela foto-estimulação (FE) (WOLF; GOOSSES, 1986; NIDERMAYER,
1998; SAKAMOTO et al., 2000).
Durante as crises de ausência típica, observamos no EEG surtos de CEOL
generalizados a 3 Hz cuja duração geralmente não ultrapassa 30 segundos. Embora
em surtos com duração inferior a 2,5 segundos seja difícil detectar as alterações
clinicas de ausência, sabe-se que quando utilizados testes específicos, pode-se
mostrar que estes fragmentos levam a prejuízo na performance (HRACHOVY;
FROST, 2006).
Nos pacientes com crises de ausência atípica, o EEG ictal é mais
heterogêneo, demonstrando descargas epilépticas lentas de CEOL com freqüência
entre 1,5 a 2,5 Hz que podem ser irregulares e assimétricos. O EEG interictal destes
pacientes usualmente é anormal, com lentificação da atividade elétrica cerebral e
achados epileptiformes focais (HOLMES, 1999).
• Epilepsia ausência da infância
O EEG interictal é normal ou pode mostrar ondas delta posteriores rítmicas
(OIRDA) e ocasionalmente podem-se observar espículas de localização
centrotemporal ou mesmo occipitais (PANAYIOTOPUOLUS,1997;
PANAYIOTOPUOLUS et al., 1997; DURÓN et al., 2005; SADLEIR et al., 2006)
assim como fragmentos de CEOL generalizados que ocorrem de forma mais
freqüente durante o sono (SADLEIR et al., 2006). Sadleir (2006) observou descargas
37
focais em 15% de seus pacientes com EAI em áreas centrais bilaterais e também
frontais, parietais e temporais assim como a presença de espículas e poliespículas
principalmente durante a sonolência e o sono. O EEG ictal da EAI caracteriza-se por
descargas rítmicas, generalizadas, e bilateralmente sincrônicas com duração em
acordo com a manifestação clínica (geralmente de 10 a 30 segundos) de CEOL a 3
Hz, podendo ocorrer duas e não mais que três espículas nos complexos de
espícula-onda. Os dois primeiros segundos do início da crise são usualmente mais
rápidos (DURÓN et al., 2005) e as descargas de espícula-onda são máximas nas
regiões frontais médias. Pode iniciar com freqüência de até 4 Hz, diminuindo de
forma rápida até 3-3,5 Hz (PANAYIOTOPUOLOS, 1997; NIEDERMEYER, 1998).
Estas descargas têm início e final abrupto e quando mais prolongadas pode-se
observar um alentecimento na freqüência de até 2,5 Hz (DELAMONICA, 1984;
PANAYOTOPOULOS, 1997; SAKAMOTO et al., 2000). Em pacientes que tendem a
evoluir com crises de grande mal, observam-se CEOL com freqüência superior a 3
Hz, podendo chegar a 4 ou 5 Hz (DALY, 1990; SAKAMOTO et al., 2000;). A
hiperventilação é em fator precipitante extremamente potente das descargas de
espícula e onda lenta, podendo ou não levar a manifestação clínica. Outros
mecanismos que podem facilitar sua presença é o sono não-REM (rapid eyes
moviment) e a hipoglicemia. Em alguns casos, a estimulação fótica intermitente é
efetiva (NIEDERMEYER, 1998). Estudos vêm mostrando descargas iniciais não
generalizadas nas crises de ausência que podem caracterizar-se por espículas
simples ou poliespículas, espículas e onda lenta focais, atípicas e irregulares ou
ondas precedendo em até 0,5 segundos a generalização. Estas descargas
geralmente são bilaterais e mais freqüentes em regiões frontais e occipitais podendo
ocorrer também com início lateralizado, ainda com predomínio frontal (LOMBROSO,
1997; HOLMES et al., 2004; GROSSO et al., 2005; CRAIU et al., 2006; SADLEIR et
al., 2006).
• Epilepsia ausência juvenil (EAJ)
O padrão eletrencefalográfico interictal encontra-se usualmente normal e com
características muito próximas da ausência da infância podendo ocorrer CEOL
(DALY, 1990; DURÓN et al., 2005). Aqui podemos observar descargas difusas de
espículas ou polispículas e onda (CE e PEOL) a 3,5-4 Hz, em uma repetição
levemente mais rápida, por vezes mais irregular e com uma duração maior quando
38
comparada a anterior (NORDLI, 2005; DURÓN et al., 2005). A hiperpnéia e a
privação de sono precipitam estas descargas (DELAMONICA, 1984; SAKAMOTO et
al., 2000) apresentando alta incidência de fotossensibilidade (PANAYOTOPOULOS
et al., 1997).
• Epilepsia ausência com mioclonias
O EEG interictal pode ter padrão normal ou apresentar padrão delta
sinusoidal lento em regiões posteriores que ocorrem principalmente durante o sono
(DURÓN et al, 2005) e descargas rítmicas de CEOL generalizadas (NORDLI JR,
2005) e raramente focais ou multifocais (BUREAU et al., 2004). O EEG ictal é
caracterizado por descargas de CEOL rítmicos, bilaterais, sincrônicas e simétricas a
3 Hz (idênticas as observadas na EAI) associadas no eletromiógrafo com mioclonias
repetidas de forma rítmica a 3 Hz e a um aumento do tônus muscular
(PANAYIOTOPOULOS et al., 1997; BUREAU et al., 2004; DURÓN et al., 2005). O
início e o final das descargas são abruptos, porém algumas vezes podem ocorrer
ondas delta assimétricas em regiões frontais assim como espícula-onda ou
poliespículas focais e multifocais podem também ocorrer (DURÓN et al., 2005;
BUREAU et al., 2005).
Epilepsia mioclonica juvenil
O EEG interictal destes pacientes pode ser normal ou mostrar, em
aproximadamente 30% dos casos, descargas epilépticas interictais assim como
descargas focais, uni ou bilaterais. O EEG característico das crises de mioclonias é
composto por CE e PEOL bilaterais de 4 a 6 Hz, com predomínio anterior (DURÓN
et al., 2005; NORDLI, 2005; KOBAYASHI et al., 2007). O EEG realizado durante as
crises de ausência que acompanham a EMJ mostra paroxismos de CE e PEOL
irregulares de 3 a 4 Hz entremeado a alguns componentes que podem variar de 2 a
7 Hz (NORDLI, 2005). A fotossensibilidade pode estar presente em alguns pacientes
(KOBAYASHI et al., 2007) e em alguns pacientes as crises podem ser precipitadas
por ativação mental, como uma crise induzida pelo pensamento (MATSUOLA et al.,
2000; KOBAYASHI et al., 2007).
39
• EIG com ausências na infância precoce
O traçado interictal de base mostra um moderado excesso de ondas lentas.
O registro do EEG ictal apresenta descargas generalizadas CE e PEOL de 3-4 Hz,
irregulares, com término não abrupto, por vezes diminuindo progressivamente com
CEOL e os estudos desenvolvidos ainda mostram diversidade entre os achados
(CHAIX et al., 2003; PANAYIOTOPOULOS, 2005).
• Mioclônia perioral com ausências
O EEG interictal consiste em fragmentos de descargas generalizadas de
PEOL de 3-4 Hz, com freqüentes irregularidades nas descargas em termos de
número de espículas no complexo espícula-onda que são usualmente assimétricas
dando impressão de serem localizadas (PANAYIOTOPUOLUS, 1997, 2005) e
alguns casos também são acompanhados de algumas descargas interictais de
poliespículas freqüentes (BILGIC et al., 2001). O EEG ictal evidencia descargas
generalizadas de PEOL de 3-4 Hz que mantém as irregularidades das descargas
generalizadas em termos de número de espículas nos complexos de PEOL, na
flutuação da amplitude e na ocorrência de fragmentação dos complexos
(PANAYIOTOPOULOS, 2005). Estudo vídeo-eletrencefalográfico realizado em
associação com eletromiógrafo demonstrou a simultaneidade entre as crises de
mioclonia perioral com crises de ausência (BAYKAN et al., 2005).
• EGI com “phantom absences”
Nos exames eletrencefalográficos interictais, encontra-se um traçado de base
normal, sendo que 50% dos pacientes possuem alterações paroxísticas focais no
EEG constituídas de breves ondas lentas e agudas ou espículas ou mesmo ambas
que ocorrem de forma isolada ou mesmo associada com descargas generalizadas
(PANAYIOTOPOULOS, 2005). A fotossensibilidade é excepcional e a
hiperventilação é o maior fator precipitante (PANAYIOTOPOULOS, 1997.
PANAYIOTOPOULOS et al., 1997; 2005), observando-se a hesitação,
descontinuação ou erros na contagem das incursões respiratórias durante as
descargas generalizadas (PANAYOTOPOULOS, 1997). Os achados ictais
compreendem CE e PEOL na freqüência de 3-4 Hz com fragmentações ocasionais e
duração de 3-5 segundos (PANAYIOTOPOULOS, 1997; PANAYIOTOPOULOS et
al., 1997, 2005).
40
• Ausência com mioclonias palpebrais, Síndrome de Jeavons
O EEG interictal é normal (DURÓN et al., 2005) e o exame ictal apresenta
descargas generalizadas de PEOL na freqüência de 3 a 6 Hz, (BURNEO et al.,
2004; GIANNAKODIMOS et al.,1996). As ausências são leves e são evidenciadas
pela parada, repetição, erro ou atraso na contagem das incursões respiratórias.
Raramente o nível de consciência está prejudicado, frustrando as respostas de
questões elaboradas durante o ictus. O início das descargas ictais sempre ocorre de
forma simultânea ou precedendo as mioclonias palpebrais e não após o
estabelecimento destas (GIANNAKODIMOS et al., 1996).
O fechamento ocular em ambiente iluminado é o mais importante fator
precipitante das crises de mioclonia palpebral com ausência e, quando realizado em
ambientes escuros, elimina as anormalidades eletrencefalográficas induzidas pelo
fechamento ocular que ocorrem em ambiente iluminado. A sensibilização ao
fotoestímulo está presente (GIANNAKODIMOS et al., 1996; BURNEO et al., 2004;
DEMIRCI; SAYGI , 2006).
Síndrome de Lennox-Gastaut
A marca registrada desta síndrome são as descargas lentas de espícula e
onda lenta superpostas ao traçado elétrico cerebral de base lentificado. As
descargas lentas de CEOL ou onda aguda e onda lenta (OAOL) ocorrem na
freqüência de 1,5 a 2,5 Hz. O grau de amplitude, a morfologia e repetição podem
variar entre os paroxismos isolados e os surtos de paroxismos de CEOL e as
assimetrias das descargas ocorrem com freqüência. A área de máxima amplitude
embora possa variar usualmente é localizada nas áreas de projeção frontal ou
temporal (HOLMES, 1999).
2.3.3 Aplicação dos critérios propostos para classificação das ausências por
Panayiotopoulos (PANAYIOTOPOULOS et al., 1997)
Em 1997, Panayiotopoulos propôs uma classificação baseada em critérios
estritos para os pacientes com crises de ausências (PANAYIOTOPOULOS, 1997)
por meio de diferenças clínicas e eletrencefalográficas entre as diferentes síndromes
com ausências típicas do grupo das EGI. Aplicando os critérios propostos por
Panayotopoulos (1997), foi possível a identificação de um maior número de casos
41
que até então não preenchiam outros critérios de , facilitando tanto o tratamento
quanto o prognóstico de muitos pacientes (PANAYIOTOPOULOS, 1997).
Epilepsia ausência da infância (EAI)
A EAI é caracterizada por crises diárias freqüentes, de curta duração com
comprometimento da consciência, súbito e grave, preenchendo critérios clínicos e
eletrencefalográficos para ausência típica.
CRITÉRIOS CLÍNICOS DE EXCLUSÃO
1. Ausências com presença marcante de mioclonias periorais ou palpebrais.
2. Ausências com abalos mioclônicos marcantes e rítmicos do tronco ou
membros.
3. Ausências com abalos mioclonicos isolados dos membros, tronco ou cabeça.
4. Ausência com mínimo ou indetectável comprometimento da consciência
durante a crise.
5. Outros tipos de crises epilépticas nos estágios iniciais da ausência .
6. Ausências sensíveis a estímulos.
CRITÉRIOS ELETRENCFALOGRÁFICOS DE EXCLUSÃO
1. Fragmentação das descargas com duração menor que um segundo e
presença de poliespículas.
2. Descargas de espículas e poliespículas irregulares e arrítmicas com marcada
variação da freqüência dentro de uma mesma descarga.
3. Variações significantes entre a espícula e as poliespículas e onda lenta.
4. Predomínio de descargas breves com duração inferior a quatro segundos.
5. Traçado de base da atividade elétrica cerebral anormal, com alterações focais.
Lembrando que uma atividade lenta e rítmica posterior é aceitável e até fala a favor
desta síndrome assim como a presença de espículas centro temporais e occipitais
podem coexistir com a EAI.
Epilepsia ausência juvenil (EAJ)
Nesta síndrome, as ausências típicas são caracterizadas por um abrupto
início e com grave comprometimento da consciência, embora de menor intensidade
e ocorrendo com freqüência diária menor quando comparada a EAI. A idade de
início ocorre entre os sete e os 16 anos de idade, com um pico entre os 10 e 12
42
anos. A ocorrência ocasional e infreqüente de abalos mioclônicos assim como
CTCG também infreqüentes, pode estar presente. É uma condição que pode
permanecer ao longo da vida embora com o tempo as ausências possam tornar-se
menos freqüentes e menos intensas. A presença de fragmentação das descargas
regulares e generalizadas de CEOL pode estar presente.
CRITÉRIOS CLÍNICOS DE EXCLUSÃO
1. Ausências com marcada mioclônia palpebral ou perioral, abalos mioclônicos
isolados ou rítmicos dos membros e tronco.
2. Ausências com comprometimento da consciência mínimo ou indetectável.
CRITÉRIOS ELETRENCEFALOGRÁFICOS DE EXCLUSÃO
1. Descargas de CE e PEOL irregulares e arrítmicas com marcada variação da
freqüência destas descargas em uma crise.
2. Variações significantes entre as relações das espículas ou poliespículas no
EEG.
3. Predomínio de descargas breves com duração menor de quatro segundos.
Epilepsia com ausência mioclônica
Baseado na descrição de Tassinari e colaboradores (1995 apud
PANAYIOTOPOULOS, 1997), esta síndrome é caracterizada por crises de ausência
com comprometimento da consciência que pode variar de leve a grave intensidade
associada a abalos mioclônicos rítmicos principalmente dos ombros, braços e
pernas com contração tônica durando entre 10 e 60 segundos. As crises são
freqüentes, com características da EAI. A idade de início pode ocorrer entre os 11
meses e os 12 anos de idade com a média nos sete anos. Em dois terços dos
pacientes podem ocorrer outros tipos de crises, sendo as CTCG as mais freqüentes.
Uma característica importante destes pacientes é a presença de retardo mental que
pode ocorrer antes do início das crises (em 45%) ou se desenvolver durante o seu
curso (25%). O EEG característico é de descargas generalizadas de CE e PEOL.
43
Mioclonia palpebral com ausência
De acordo com as descrições de Jeavons (1997 apud PANAYIOTOPOULOS,
1997) esta síndrome é caracterizada por crises freqüentes de mioclonias palpebrais
associadas a crises de ausência breves com desvio dos olhos para cima. A média
de idade de início é aos seis anos de idade. Todos os pacientes são fotossensíveis.
O prognóstico não é tão bom quanto a EAI, pois as crises apresentam resistência ao
do ácido valpróico (AVP), persistindo até a idade adulta, onde as CTCG podem
ocorrer. O EEG é caracterizado por breves descargas de PEOL de 3 a 6 Hz que
ocorrem durante o fechamento palpebral em ambientes iluminados e são inibidas em
ambientes de completa escuridão.
Mioclonia perioral com ausências
Esta síndrome é caracterizada por episódios de breves ausências com
duração em torno de três a sete segundos associados a contrações rítmicas cós
músculos periorais de freqüência e comprometimento da consciência de gravidade
variável. A idade de início ocorre entre os dois e 13 anos de idade e podem persistir
por toda a vida. As CTCG são infreqüentes nestes pacientes, porém há ocorrência
freqüente de EA nestes pacientes. O EEG é caracterizado por descargas de PEOL
de 3 a 4 Hz, com freqüentes irregularidades e fragmentações destas descargas.
• “Phantom absences” com CTCG
Caracterizada por crises breves de ausências que duram de três a quatro
segundos onde o paciente apresenta mínimo comprometimento da consciência
detectado pelo vídeo-EEG. A idade de início é difícil de ser determinada, usualmente
se iniciando após os dez anos de idade. A ocorrência de CTCG não é freqüente e o
EA ocorre em aproximadamente metade dos pacientes. O EEG é caracterizado por
descargas breves de CE e PEOL de 3 a 4 Hz no EEG ictal.
2.3.4 Terapêutica
As drogas de primeira escolha para o tratamento das crises de ausência típica
são a etosuximida (ETX), o ácido valpróico (AVP) e a lamotrigina (LMT)
(PANAYIOTOPOULOS, 1999; POSNER; MOHAMED; MARSON, 2005; STEFAN et
al., 2007). A ETX e o AVP são igualmente efetivos como monoterapia no controle
44
das crises de ausência típica da infância em mais de 80% dos pacientes
(PANAYIOTOPOULOS, 1999). A preferência pelo AVP se deve ao fato desta DAE
atuar também em outras crises epilépticas como ausências atípicas, abalos
mioclônicos e CTCG (PANAYIOTOPOULOS, 1999; STEFAN et al., 2007). A
monoterapia não deve ser abandonada antes de ser observado o nível máximo
tolerado. Diante da possibilidade de falha na monoterapia ou efeitos adversos com
AVP ou ETX, a troca de um pelo outro é uma alternativa. A LMT a doses baixas,
quando associada à doses de ataque de AVP está relacionada a um benefício
dramático com redução das crises de ausência típica (PANAYIOTOPOULOS, 1999;
STEFAN et al., 2007). Para crises de ausência refratárias aos esquemas
terapêuticos propostos, outras drogas podem ser testadas como topiramato (TPM),
clobazan (CLB) ou zonizamida (ZNZ) (STEFAN et al., 2007).
Baseado em evidencias clínicas e experimentais, DAE como a
carbamazepina (CBZ), a oxcarbazepina (OXC), a vigabatrina (VGB), a tiagabina
(TAG) e a fenitoína (FNT) são contra-indicadas no tratamento de crises de ausência,
independente da causa ou gravidade e seu uso tem sido atribuído como causa
freqüente de piora das crises em pacientes com epilepsias generalizadas idiopáticas
(LIPORACE et al., 1994; PANAYIOTOPOULOS, 1999; GENTON, 2000; GELISSE et
al., 2004). O uso de VGB (BEN-MENACHEM; DULAC; CHIRON, 2007) e TAG
(KÄLVIÄINEN, 2007) é particularmente contra-indicado pelo seu mecanismo de
ação, pois sendo DAE agonistas do ácido gaba amino butírico (GABA), podem ser
utilizados no intuito de induzir, e não tratar, crises de ausência e EA
(PANAYIOTOPOULOS, 1999; GENTON, 2000). A FNT tem sido correlacionada
como fator de deterioração neurológica e incremento na atividade epiléptica em
pacientes com epilepsia mioclônica progressiva, porém menos agravante nas crises
de ausência (GENTON, 2000). A ocorrência do agravamento das crises não
condena estas DAE: é só a conseqüência de um efeito farmacodinâmico que ocorre
de forma inversa ao efeito esperado. Ao se tratar epilepsia, a informação do fato de
que certas DAE podem levar a piora de determinadas crises deve estar em mente
de forma permanente (GENTON, 2000).
45
2.4 MONITORIZAÇÃO POR VÍDEO-EEG
O registro eletrencefalográfico é imprescindível e o mais utilizado meio de
investigação neurofisiológica na avaliação de pacientes com epilepsia ou com
suspeita diagnóstica desta condição. A introdução e desenvolvimento das técnicas
de EEG em pacientes epilépticos serviram como base para classificação de crises e
das epilepsias em uso corrente e os estudos pioneiros em EEG também
acrescentaram muito na compreensão da fisiopatologia e mecanismos das crises
epilépticas (CASCINO, 2001, 2002; BERGEY; NORDLI, 2007). As limitações
técnicas do EEG de rotina nos pacientes com epilepsia foram reconhecidas desde
os estudos de sua validação como a curta duração do exame e a possibilidade de
falha na identificação das alterações paroxísticas em indivíduos com epilepsia. O
estudo de rotina geralmente capta alterações interictais que pela natureza
intermitente das crises podem frustrar a expectativa do diagnóstico. Por vezes há
necessidade do reconhecimento do padrão ictal no registro eletrencefalográfico para
confirmação de uma crise epiléptica e sua classificação. Os eletrodos de superfície
podem não ser capazes de registrar descargas epileptiformes que ocorrem em áreas
de localização mais profunda como nas amígdalas e na região mesial dos lobos
frontais. Embora a atividade epileptiforme seja satisfatória no registro
eletrencefalográfico de muitos pacientes, ela pode levar a erros diagnósticos com
conseqüente fracasso na estratégia terapêutica, pois o padrão interictal pode não
ser o indicador real das crises do paciente. Alterações paroxísticas (tanto não
específicas como potencialmente epileptiformes) podem ser identificadas em
pacientes com eventos comportamentais não epilépticos. Tanto a especificidade
como a sensibilidade de um registro ictal é uma ferramenta diagnóstica superior e
necessária no diagnóstico e classificação das epilepsias (CASCINO, 2001, 2002;
GRONIC; FIORE; VALENTE, 2002; BETTING, 2006a; VELIS et al., 2007; BERGEY
et al., 2007).
Por meio da monitorização por vídeo-EEG obtemos de forma simultânea o
padrão do EEG e as alterações no comportamento clínico de um paciente. Este é
utilizado para confirmar o diagnóstico de uma desordem epiléptica, classificar o(s)
tipo(s) de crise, avaliar sua freqüência assim como seus fatores precipitantes e para
auxiliar na localização cirúrgica (GARZON , 1999a ; CASCINO, 2001, 2002;
ANDRAUS, 2004; VELIS et al., 2007; BERGEY et al., 2007). O registro da atividade
46
elétrica cerebral é obtido por meio do aparelho de eletrencefalografia, podendo
utilizar eletrodos de superfície (vídeo-EEG não invasivo) ou de profundidade (vídeo-
EEG invasivo) e o comportamento clínico do paciente é captado simultaneamente
através de câmera de vídeo (BAUDAUF; BALDOCHI; BAISE-ZUNG, 2006; BERGEY
et al., 2007). O tempo de registro pode variar de horas a dias, até que as
anormalidades epileptiformes interictais e as crises sejam adequadamente
documentadas.
Com objetivo de diminuir o tempo de exame, as DAE podem ser retiradas de
forma total ou apenas reduzidas em um ambiente com segurança e pessoal
capacitado para este procedimento (GARZON, 1999a; ARGENTONI, 2002;
ANDRAUS, 2004; VELIS et al., 2007; BERGEY et al., 2007).
O exame de vídeo-EEG tem como principal objetivo avaliar a natureza da
alteração comportamental e fazer sua correlação com o registro eletrencefalográfico
obtido simultaneamente. Um comportamento ictal bizarro ou mesmo momentos sem
manifestações clinicamente aparentes podem passar desprovidas de seu
reconhecimento como crises, e o registro vídeo-eletrencefalográfico corrobora a
elucidação diagnóstica por meio da associação do comportamento, de testes
aplicados e do registro eletrencefalográfico e seus padrões (GIANNAKODIMOS et
al., 1996; AGATHONIKOU et al., 1998; GARZON, 1999a; WIEST et al., 2001;
BAYKAN et al., 2002; ANDRAUS, 2004; BURNEO et al., 2004;
PANAYIOTOPOULOS, 2005).
Na investigação da epilepsia, a monitorização vídeo-eletrencefalográfica nos
ajuda na classificação clinica e eletrencefalográfica das crises, determinando a
localização e/ou lateralização da zona epileptogênica assim como na diferenciação
de eventos não epilépticos (GARZON, 1999a ; ANDRAUS, 2004; BERGEY et al.,
2007). O registro ictal diferencia os tipos de crises que, por vezes, requerem
tratamentos específicos ou mesmo distintos. Nas ausências, o diagnóstico entre as
crises de ausência e crises parciais complexas pode ser questionável quando
apenas os dados clínicos são levados em consideração, ou mesmo a possibilidade
de em um exame de EEG interictal ocorrerem grafoelementos localizatórios levando
a uma interpretação errônea e ao tratamento incorreto (LOMBROSO, 1997;
SADLEIR et al., 1997; BARE; GLAUSER; STRAWSBURG, 1998; HOLMES et al.,
2004; WATEMBERG et al., 2005; BETTING, 2006a; CRAIU et al., 2006; GUILHOTO
et al., 2006;).
47
As principais indicações do vídeo-EEG são o diagnóstico, a classificação
do(s) tipo(s) de crise(s), a caracterização da fenomenologia das crises assim como
sua quantificação. O diagnóstico constitui a maior indicação para a realização do
vídeo-EEG. As alterações no comportamento podem estar relacionadas com alguns
tipos de crises epilépticas que devem ser diferenciadas assim como o diagnóstico
diferencial com eventos não epilépticos como síncopes, arritmias cardíacas, ataques
isquêmicos transitórios, distúrbios do sono, crises de origem psicogênica ou outras
patologias que levem à alterações de comportamento (GOTMAN, 1998; GARZON,
1999a ; CASCINO, 2002; ANDRAUS, 2004; VELIS et al., 2007). A monitorização de
crises espontâneas pode ser útil na diferenciação de diferentes tipos de crises que
requerem tratamento diferenciado. A classificação inicial, como crises parciais
complexas de pacientes com crises de ausência, vêm sendo observada com relativa
freqüência, logo a caracterização dos eventos epileptiformes do EEG, incluindo as
alterações interictais e principalmente as ictais são essenciais na diferenciação e
correto diagnóstico (LOMBROSO, 1997; SADLEIR et al., 1997; BARE et al., 1998;
CASCINO, 2002; HOLMES et al., 2004; BETTING et al., 2006a; CRAIU et al., 2006;
GUILHOTO et al., 2006; BERGEY et al., 2007). Em pacientes com crises
freqüentes, particularmente nos pacientes com crises de ausência ou crises com
manifestações quase imperceptíveis, o vídeo-EEG poderá quantificar a freqüência
das crises e/ou descargas interictais e classificar as mesmas evidenciando também
desta forma o grau de controle das crises ou mesmo a eficácia das DAE (GARZON,
1999b ; VUILLEMIER et al., 2000;; VELIS et al., 2005; WATEMBERG et al., 2005;
BERGEY et al., 2007).
2.4.1 Técnica de exame
Nos pacientes com EFR que dispomos atualmente, se faz importante
avaliação de suas crises por meio da documentação completa com o registro dos
padrões eletrencefalográficos interictais e ictais associados à imagem e som dos
padrões comportamentais (GARZON, 1999a; ANDRAUS, 2004; BALDAUF;
BALDOCHI; BAISE-ZUNG, 2006). O uso recente de sistemas digitais de captação
tornou viável o registro da atividade elétrica cerebral e da imagem do paciente
registrada por videocâmera, que são exibidas simultaneamente na tela de registros
48
por período prolongado com maior praticidade (GOTMAN, 1998; GARZON, 1999 a ;
ARGENTONI, 2002; BERGEY et al., 2007).
Em serviços de vídeo-EEG, há a possibilidade da realização deste exame
ocorrer com diferentes durações, segundo o objetivo e a indicação. Pode ser de
curta duração, ambulatorial ou prolongado onde os resultados são de modo geral
melhores (GARZON, 1999a; ARGENTONI, 2002;). A monitorização de curta duração
(short-term vídeo-EEG monitoring) a mais utilizada em nosso estudo, refere-se
aquela, onde o paciente durante uma a três horas é monitorizado e tem como
vantagens o menor custo, não sendo necessária a internação. Tem sua indicação
maior em pacientes com crises freqüentes, cujos registros com anormalidades
podem ser evidenciados durante o período da monitorização. Quando aplicado à
avaliação de crianças com crises freqüentes proporciona classificação das
síndromes epilépticas e leva ao diagnóstico dos eventos não epilépticos com
oportunidade de terapêutica apropriada (FREITAS et al, 2003; VALENTE et al.,
2003; WATEMBERG et al., 2005; BERGEY et al., 2007). Tem como limitações
identificadas no seu uso de rotina a compactação do ciclo sono vigília, o registro
apenas das alterações interictais, a interferência dos efeitos das DAE em uso, pois o
curto período de monitorização inviabiliza a retirada ou diminuição das DAE podendo
levar a um diagnóstico errôneo com conseqüente prescrição de medicações
inapropriadas (CASCINO, 2001, 2002; FLINK et al., 2002; GHOUGASSIAN et al.,
2004).
Segundo recente artigo submetido pelo subcomitê em neurofisiologia da ILAE
(VELIS et al., 2007) na definição de monitorização prolongada (long-term vídeo-EEG
monitoring), o termo “prolongada” estará na dependência do propósito pelo qual a
mesma deve ser realizada. Em epilepsia não há este tempo limite programado para
o final da monitorização, havendo sim limites operacionais que se referem
primariamente se o paciente é uma criança ou adulto, a condição do paciente, a
dificuldade do caso e logística da unidade de monitorização prolongada assim com a
disponibilidade da instituição em cobrir os altos custos que recaem e ultrapassam a
o valor a ser recebido (GHOUGASSIAN et al., 2004). A retirada de DAE aumenta a
freqüência das crises e geralmente diminui o período total de registro da
monitorização prolongada. Foi descrito aumento da freqüência das crises em
associação com a diminuição ou com a retirada das DAE (com confirmação de seus
níveis séricos), e nem todas as drogas foram relacionadas com um aumento precoce
49
da freqüência das crises (CASCINO, 2002; VELIS et al., 2007). As unidades com
finalidade de realizar monitorização prolongada em pacientes epilépticos devem
estar equipadas e com pessoal treinado de forma que todos os envolvidos sejam
capazes de reconhecer e tratar pacientes que evoluam com estado de mal epiléptico
e estratégias sejam organizadas de forma a facilitar a transferência destes casos
para uma unidade de terapia intensiva caso não haja resposta clínica após aplicação
de terapêutica de primeira linha adequada (VELIS et al., 2007).
A monitorização por vídeo-EEG, de curta duração ou prolongada, é o método
de registro diagnóstico mais eficiente e requer tempo para análise e interpretação
dos dados relativamente curtos (CASCINO 2001; 2002; BERGEY; NORDLI , 2007).
Há a necessidade de acomodações próprias para sua realização (BERGEY
ET AL.; 2007). A presença de familiares próximos ou mesmo pessoas amigas
familiarizadas com as crises aumenta a confiança na detecção das crises pelo
reconhecimento dos eventos epilépticos a serem investigados e alerta aos membros
da equipe quando necessário (BERGEY et al., 2007).
Uma unidade de monitorização de vídeo-EEG para epilepsia deve possuir
como componentes básicos. (GOTMAN, 1998; ANDRAUS, 2004; BERGEY, et al.,
2007)
• sala para permanência do paciente;
• equipamento para aquisição do registro eletrencefalográfico;
• câmera de vídeo para registro do comportamento clínico;
• pessoal envolvido em observar e cuidar do paciente. (GOTMAN, 1998; ANDRAUS,
2004; BERGEY et al., 2007).
As salas de permanência para os pacientes devem ser planejadas de modo a
serem confortáveis e agradáveis, visando à acomodação de pacientes que não
estão doentes de forma aguda. Na acomodação deve ser incluída uma cama para o
acompanhante, que se faz necessária não é só para fazer o paciente mais a
vontade, mas também para auxiliar na identificação dos eventos a serem estudados
e minimizar a o risco de injúrias ao paciente. O projeto da sala e do banheiro deve,
da melhor forma possível, ter de forma reduzida o número de objetos com bordas
agudas que possam ferir o paciente em uma possível queda. Como carpetes devem
ser evitados pelo risco de infecção hospitalar, assoalhos almofadados pode ser uma
alternativa. Um aparelho de televisão pode tornar a permanência do paciente mais
agradável. O desenvolvimento de excelentes câmeras com infravermelho tem
50
tornado aos pacientes possível dormir em um ambiente com baixa luminosidade
sem comprometer o registro da monitorização (BERGEY et al., 2007).
Atualmente, o registro eletrencefalográfico é realizado de forma contínua e o
comportamento do paciente é registrado de forma simultânea a este, de modo que o
registro da atividade elétrica cerebral e a imagem do comportamento do paciente
dividem em uma tela sua ocorrência (GOTMAN, 1998; GUERREIRO; CENDES;
GUERREIRO, 2000; BERGEY et al., 2007).
Os equipamentos utilizados para a monitorização por vídeo-EEG seja
prolongado ou de curta duração, possuem pré-amplificador que pela utilização de
cabos restringe a mobilidade do paciente. Há a possibilidade de esta monitorização
ser feita por telemetria, onde com o uso de eletrodos com fios mais curtos e pré-
amplificadores dispostos na cabeça do paciente, conferindo total liberdade de
movimentação ao paciente no interior do quarto, onde deve permanecer para
obtenção do registro do vídeo (GARZON, 1999a; GUERREIRO et al., 2000;
ANDRAUS, 2004; LEGATT; BERGEY et al., 2007 EBERSLOLE, 2007).
Com a disponibilização de equipamentos computadorizados para realização
de vídeo-EEG, a partir de um registro realizado em montagem referencial, uma
diversidade de possibilidades de reconstrução de montagens bipolares podem ser
obtidas, em várias combinações, sempre que necessárias (GARZON, 1999a;
ANDRAUS, 2004; LEGATT et al., 2007).
Quando a monitorização por vídeo- EEG é prolongada, os eletrodos a serem
utilizados costumam ser banhados a ouro e ter diâmetro entre 0,5 e 1 cm, com
orifício central, devendo ser fixados com solução de colódio pela deficiência de
fixação das pastas adesivas em registros prolongados (ANDRAUS, 2004). O sistema
de colocação de eletrodos mais utilizado é o sistema internacional 10-20,
recomendado pela International Federation of Societies for Electroencephalography
and Clinical Neurophysiology (SEEGCN) mostrado na figura 1 (DELAMONICA, 1984;
GARZON, 1999a). As distâncias entre os eletrodos no sistema acima, são derivadas
de 10 e 20% em relação a quatro pontos específicos no couro cabeludo. Pela
convenção internacional, os eletrodos colocados no lado direito do crânio recebem
números pares e, no lado esquerdo recebem números ímpares. As letras que
precedem os números se referem às regiões corticais: frontal é F, pré-frontal ou
fronto-polar é Fp, parietal é P, temporal é T, central é C e occipital é O. Os eletrodos
51
ao longo da linha média não têm números, e são representados pela letra Z(FZ, CZ
e PZ, sendo CZ sobre o vértex).
Figura 1: Método de medida para o encontro das posições do eletrodo na linha média, visão frontal e
visão superior: Sistema internacional 10-20 de colocação de eletrodos. As distâncias entre
os eletrodos são derivadas de 0 e 20 % em relação a quatro pontos no couro cabeludo;
eletrodos colocados à direita do crânio recebem numeração par e eletrodos colocados à
esquerda, numeração ímpar. Abreviações: F-frontal; Fp- pré-frontal ou fronto-polar; P-
parietal; T-temporal; C-central; O-occipital; FZ, CZ e PZ- eletrodos ao longo da linha média
do crânio. Fonte: Grupo Fleury Medicina e Saúde (2008)
A unidade de monitorização de vídeo-EEG deverá sempre ter médicos com
qualificação apropriada e especial treinamento em vídeo-EEG. Além dos aspectos
técnicos na elaboração, manutenção e recuperação dos dados do registro, há
necessidade de grande experiência na interpretação de EEG de rotina, pois a
complexidade na análise dos dados obtidos por vídeo-EEG envolve registros ictais e
interictais, assim como o reconhecimento de artefatos raramente vistos nos EEG de
rotina (ANDRAUS, 2004; BERGEY et al., 2007).
52
2.5 ESTUDOS DE CASOS
Giannakodimos e Panyiotopoulos, em 1996 fazem um estudo com 410
pacientes usando parâmetros estritos de seleção para ausências com mioclonias
palpebrais na história e anamnese assim como na monitorização por vídeo-EEG e
manobras de sensibilização. Do total, 136 (33,2%) dos pacientes chegam ao
diagnóstico de EGI. Destes, 85 (20,7% do total) foram classificados como AT e 11
(2,7% do total) tiveram diagnóstico de ausência com mioclonia palpebral EMP.
Todos os diagnósticos de EMP foram em pacientes do sexo feminino e
inteligência normal, com idade média de 30,9 anos (entre 16 e 45 anos), os exames
de imagem (TCC ou RM encefálica) não apresentavam alterações. Destas 11
pacientes, três (27,3%) tinham história familiar de epilepsia, duas eram irmãs e uma
tem irmão com diagnóstico de mioclônia. Destas 11 pacientes, em seu diagnóstico
quando referidas ao programa, apenas uma (9%) tinha diagnóstico de EMP, cinco
(45,4%) foram referidas como epilépticas e outras cinco (45,5%) como ausências
não classificadas. O EEG em todas as pacientes em várias idades revelou
descargas de ponta e poliponta-onda lenta com fotossensibilidade e quatro (36,5%)
pacientes possuíam anormalidades focais adicionais. O reconhecimento do
diagnóstico correto levou a modificação apropriada do tratamento com subseqüente
melhora das crises. Destes, dois (18,2%) pacientes optaram por não tratar com DAE,
as crises de ausência diminuíram em todos os pacientes, nenhum deles evolui com
CTCG e as mioclônias palpebrais persistem em nove (81,8%) pacientes
(GIANNAKODIMOS et al., 1996).
Guilhoto e colaboradores
em 2003 publicaram um estudo vídeo-
eletrencefalográfico de 455 crises, obtendo média de 10,5 crises por paciente,
comparando os achados obtidos em 43 pacientes com a classificação da ILAE de
1989 e aplicando-se a mesma população os critérios diagnósticos de
Panayiotopoulos (1997) para epilepsia ausência. Os critérios de Panayiotopoulos
(1997) levaram a inclusão de mais pacientes em diagnósticos específicos com maior
discrepância nesta classificação entre a EAI e EMJ. A idade de início das crises de
AT variou de cinco a 16 anos. A idade dos pacientes na data do exame variou de um
ano e cinco meses até 53 anos. O diagnóstico sindrômico foi possível de acordo
com os critérios da ILAE e com os critérios de Panayiotopoulos de classificação em
26 (60,5%) e 28 (67,4%) dos pacientes respectivamente. Segundo os critérios da
53
ILAE, 19 (44,2%) pacientes foram classificados como EAI, cinco (11,6%) com EAJ,
um (2,3%) como EMJ, um (2,3%) como epilepsia precipitada por fotoestimulação e
em 17 (39,5%) pacientes a classificação sindrômica não foi possível. De acordo com
os critérios de Panayiotopoulos, a classificação obedeceu à seguinte distribuição: 10
(23,2%) pacientes com EAI, 14 (32,55%) pacientes com EAJ, um (2,3%) paciente
com EMJ, três (6,9%) com epilepsia ausência mioclônica EAM, três (6,9%) com
mioclônia palpebral com ausências MPA e em 14 (32,5%) não se conseguiu um
diagnóstico sindrômico preciso. Neste estudo não foi definido a idade, sexo, idade
de início das crises (GUILHOTO et al., 2003).
Mayville, Fakhoury e Khalil (2000), apresentaram um estudo de investigação em
pacientes que foram referidas ao ambulatório de epilepsia como portadoras de
epilepsia refratária com CTCG. Destas pacientes com crises de ausência e evolução
para CTCG observou-se que durante a investigação vídeo-eletrencefalográfica, seis
mostraram quadro clínico e eletrográfico de ausência generalizada. Todas eram do
sexo feminino, com idade média de 27anos (entre 14 - 43 anos). As crises se
iniciaram em uma idade média de doze anos (entre cinco e 15 anos). A idade de
início das crises de ausência e das CTCG foi a mesma em quatro (66,6%) pacientes
com reconhecimento prévio de reação de parada. Quatro (66,6%) pacientes tinham
história familiar de epilepsia e como fatores de risco duas (33,3%) pacientes tinham
história de prematuridade e uma de traumatismo craniano. O EEG ictal em seu início
com a reação de parada ocorreu simultaneamente a descargas generalizadas de
2,5–5 Hz de espícula e onda em todas (100%) as pacientes e em duas (33,3%)
pacientes, durante a reação de parada observou-se um ritmo rápido de 10 Hz entre
as espículas e onda lentas. Duas (33,3%) pacientes tinham diagnóstico prévio de
epilepsia parcial com generalização secundária, uma (16,6%) tinha diagnóstico de
crise não epiléptica e três (50%) de epilepsia generalizada antes do estudo. Após
classificação e tratamento com DAE adequadas, das seis pacientes, apenas uma
(16,6%) teve um episódio de CTCG, e as demais se mantiveram livres de crises
após a classificação e estudo pelo vídeo-EEG (MAYVILLE et al., 2000).
Grosso e colaboradores,
em 2005, publicaram artigo que é fundamentado na
importância do correto diagnóstico sindrômico da ausência, o que irá modificar as
expectativas para sua evolução e prognóstico. Foram identificados 189 pacientes
diagnosticados com AT. Setenta (37,1%) pacientes foram excluídos pelas seguintes
razões: 26 (13,7%) por perda de seguimento; 26 (13,7%) por semiologia da crise
54
não foi claramente definida após o início do tratamento; sete (3,7%) por retardo
mental; cinco (2,6%) por CTCG que ocorriam após as crises de ausência; três
(1,6%) por não se saber a idade de início das crises de ausência; três (1,6%) por
estarem associadas a crises parciais. Cento e dezenove (62,9%) pacientes foram
identificados como portadores de EAI de acordo com os critérios da ILAE. Destes
119 pacientes, apenas 62 preencheram os critérios diagnósticos de Panayiotopoulos
para EAI e deram origem ao grupo 2. Os 57 restantes formaram o grupo 1. No grupo
1 com total de 57 pacientes tinha um total de 32 (56%) meninas, 15 (26%) dos
pacientes com história familiar de epilepsia, cinco (9%) dos pacientes com história
pessoal de convulsões febris, a média de idade em anos durante o estudo em anos
foi de 23,1 (entre 14 e 27 anos). Neste estudo, 40 (70%) pacientes apresentaram AT
como única forma de crises, 44 (77%) tinham suas crises de ausência controladas,
quatro (7%) apresentavam abalos mioclônicos, 17 (30%) apresentavam CTCG. A
idade média de início das CTCG foi de 14,8 anos (entre três e 21 anos) sendo que
29 (51%) dos pacientes estão sem DAE, o período médio de tratamento foi de 3,8
anos entre 2 e 5,2 anos). Em 27 (47%) pacientes houve necessidade de politerapia.
No grupo 2 composto por 62 pacientes, no total havia 40 (65%) meninas, oito (13%)
pacientes com história familiar de epilepsia, nove (15%) com história pessoal de
convulsões febris, a média de idade em anos durante o estudo em anos 21,8 (entre
14 e 25,5 anos), 57 (92%) apresentaram AT como única forma de crises, 59 (95%)
tinham suas crise de ausência controladas, nenhum paciente apresentava abalos
mioclônicos, cinco (8%) apresentavam CTCG. Neste grupo, a idade média de início
das CTCG foi de 13, 5 anos (entre 9 e 19,4 anos) sendo que 51 (82%) dos casos
estão sem DAE, o período médio de tratamento foi de 2,2 anos (entre 2 e 2,8 anos)
e em sete (11%) pacientes houve necessidade de politerapia (GROSSO et al.,
2005a).
Sadleir e colaboradores (2006) publicaram pesquisa de achados eletroclínicos
onde utilizaram base de dados eletrencefalográficos para crises de ausência da
infância. Reviram todas as gravações de pacientes. Foram selecionados para estudo
os exames eletrográficos de pacientes com menos de 18 anos, sem retardo mental,
que nunca tinham feito tratamento antes do exame e com traçado de base interictal
normal. Os achados clínicos e de EEG foram então analizados. Um total de 509
crises foi gravado em 70 crianças consecutivas (35 meninas). Deste grupo, 47
crianças tiveram o diagnóstico de EAI (29 meninas) onde 339 crises foram
55
analizadas. As crianças restantes tiveram diagnóstico de EAJ, EMJ, EAJ ou não
tiveram sua classificação especificada. Nas 47 crianças estudadas com EAI, a média
de idade na apresentação foi de 5,9 anos (entre 2 e 10 anos). Nove (19%) crianças
tinham história de convulsões febris. História de epilepsia em parentes de primeiro
ou segundo grau foi encontrada em 21 (45%) crianças as quais não tinham outro
tipo de crises. A hiperventilação HV induziu crises em 39 (83%) crianças, quatro
(8,5%) crianças eram muito pequenas para realizarem uma boa HV e outras quatro
(8,5%) não realizaram uma boa HV. Um sinal clínico foi visto em 97% das crises nas
quais foi executado um teste de resposta. Houve uma média de 5,8 ±3,1 crises por
criança (com limites entre 1 e 14). Trinta e seis crises foram gravadas durante o
estado de vigília (13%), 69 na sonolência (25%), 19 no sono (7%), 129 (47%)
durante a hiperventilação e 24 (9%) durante o estímulo fótico intermitente. O tempo
médio de crise de 9,4 segundos, a clínica caracterizava-se por reação de parada,
perda de contato com o meio, olhar fixo e movimentos a 3 Hz de pálpebras, com
variações individuais. Durante as crises os achados comuns eram CEOL ou CE e
PEOL com média de 3 Hz, porém variando de 2,5 a 5 Hz. A maioria das crianças
apresentou pelo menos uma crise a 3 Hz (90%) embora 21% tenha tido ao menos
uma crise com freqüência inicial de 2,5 Hz e 43% tiveram uma crise que se iniciou a
freqüência de 4 Hz ou mais. O achado pós-ictal comum era um alentecimento do
traçado. As alterações mais freqüentes do traçado interictal foram os fragmentos de
ponta-onda lenta, uma atividade delta occipital e descargas focais (SADLEIR et al.,
2006).
Mory e colaboradores (2002), publicaram um trabalho que teve como objetivo
avaliar os fatores mais freqüentes associados à dificuldade no diagnóstico diferencial
entre as crises de ausências, mioclônia e crises parciais, de 41 pacientes com
diagnóstico inicial de CPC e CSM em que se encontrava algum dado clínico ou
eletrencefalográfico para EGI., A reavaliação levou a alteração diagnóstica em 25
pacientes (60,97%). Dos pacientes que passaram ao diagnóstico de EGI, treze
(52%) eram do sexo feminino e doze (48%) do sexo masculino com média de idade
de início das crises aos 12,6 anos (entre 5 e 22 anos). Destes 25 pacientes, 22
(88%) foram classificados com EMJ sendo que 13 (52%) pacientes possuíam
antecedentes de epilepsia em familiares de 1º grau e em apenas um (4%) paciente
destes treze houve relato de convulsão febril na infância. Dos 25 pacientes, nove
(36%) pacientes tiveram suas mioclonias diagnosticadas como crises parciais
56
motoras e destes, dois (8%) pacientes inicialmente tiveram diagnóstico de epilepsia
benigna da infância EBI por apresentarem mioclônias periorais na infância. Um (4%)
paciente foi classificado com EAJ, um (4%) com síndrome de ausência com
mioclônias periorais AMPO e 1 (4%) com ausência com mioclônias palpebrais AMP.
O exame eletrencefalográfico de oito (32%) dos pacientes demonstrou distúrbio
epileptiforme focal associado a distúrbio epileptiforme generalizado com então
diagnóstico inicial de epilepsia focal. No total onze pacientes se submeteram a RM
encefálica, todos com resultados normais (MORY et al., 2002).
Em estudo realizado por Trinka (2005) para adultos com crises de ausência,
ele divide as ausências de acordo com seu início na infância ou adolescência e sua
permanência até a idade adulta e um segundo grupo onde há um início das crises
na idade adulta. O primeiro grupo caracterizava-se por pacientes com crises de
ausência iniciadas na infância ou adolescência que continuavam até a idade adulta,
podendo ser acompanhas de outras crises epilépticas generalizadas principalmente
CTCG e mioclônicas, chegou à conclusão de que, com freqüência, estas crises
persistiam até a idade adulta. O segundo grupo é composto por pacientes nos quais
as crises de ausência emergem pela primeira vez na idade adulta ou mesmo em
idade mais avançada, sendo similares as formas clássicas excetuando sua idade
tardia de início. Neste segundo grupo, há uma difícil caracterização das crises e
ocorre a possibilidade de fazerem parte de uma EAI ou EAJ não diagnosticada
anteriormente (TRINKA, 2005).
Trinka em 2005 publicou trabalho no qual foram revisados estudos de crises
de ausência na idade adulta. É reconhecida a maior ocorrência deste tipo de
epilepsia na infância e vai então rever estudos de pacientes com crises de ausência
na idade adulta, chegando à conclusão que podem ocorrer de duas formas básicas;
as crises de ausência que persistem até a idade adulta e o início das crises de
ausência na idade adulta. Estudos foram feitos na tentativa de caracterizar o curso
da EAI nos últimos quarenta anos. Uma série de oito estudos relatados pelo autor
como de peso, avaliaram um total de 909 pacientes, sem uma classificação
específica do tipo de ausência e que foram seguidos em média 20 anos (de 0-41.5
anos). Em 4 destes estudos, foi reportado grau de remissão entre 60-79% enquanto
os outros quatro estudos encontraram uma proporção menor dos pacientes que
ficaram livres de crises (atribui-se esta diferença de achados a heterogeneidade dos
pacientes incluídos nestes trabalhos). Após o início do trabalho de classificação das
57
epilepsias pela ILAE em 1985, tornou-se possível a investigação de longo tempo e a
avaliação das crises de ausência. Quatro estudos avaliaram retrospectivamente o
prognóstico em longo prazo da EAJ e em três deles foi comparado com a evolução
da EAI. O primeiro estudo seguiu 62 pacientes com EAJ e 52 pacientes com EAI
com follow-up de 25 anos. O segundo estudo seguiu 81 crianças com EAI por um
período médio de 14 anos (entre 9-26 anos). O terceiro estudo acessou 37 pacientes
com EAJ e 53 pacientes com EAI com duração média de 3 anos (entre: 1-9 anos) O
último e maior estudo incluiu 163 pacientes e teve o maior período de seguimento
com média de 25,8 anos (entre 3-69 anos). A proporção de pacientes que ficaram
livres de crises sem medicações no final do período foi marcadamente parecida em
três estudos e similar tanto na EAI (56%-65% pacientes em remissão) e como na
EMJ (56-65% pacientes em remissão). Um dos estudos mostrou divergência deste
padrão, demonstrando maiores índices de remissão na EAI (90%) e menor índice de
remissão na EAJ (37%). O segundo estuda as crises de ausência que se iniciam na
idade adulta, elas podem ocorrer precocemente e na idade avançada, tendo que ter
um diagnóstico diferencial de ausência como EGI ou as ausências frontais e
temporais que necessitam de tratamento diferenciado. Estes estudos mostram uma
proporção de crises de ausência menor quando comparadas aos casos clássicos de
ausência (15% VS 46%), assim como os índices de convulsões febris. Em torno de
10% das crises de ausência que se iniciam na vida adulta, ocorrem CTCG
associadas e em vários pacientes se observam os diversos padrões de crises em
um mesmo paciente e parece ocorrer um padrão familiar nesta síndrome. Os
achados clínicos assim como os eletrencfalográficos são similares à forma não tardia
(clássica) da EGI (TRINKA, 2005).
Em um estudo publicado por Salvatore Grosso e colaboradores em 2005 a
partir do estudo em pacientes consecutivos separaram os que possuíam história
simultânea de epilepsia com localização relatada (ELR) e ausência típica eram
incluídos no grupo I (14 pacientes). Cento e vinte e quatro pacientes foram
identificados como portadores de ausência típica de acordo com critério diagnóstico
da ILAE (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE ILAE,
1981). Destes, após serem aplicados os critérios estritos de Panayiotopoulos, 53
(47,3%) pacientes preencheram os critérios para EAI e foram agrupados em um
grupo II. O grupo I era composto de 14 pacientes, seis eram meninas (43%), cinco
pacientes (37%) tinham história familiar de epilepsia, a média de idade durante a
58
pesquisa foi de 11,3 anos (entre 7,2 e 16,8 anos), a média de idade de início das
crises de ausência foi de 7,5 anos (entre 4,5 e 12,5 anos) e das crises focais tiveram
sua média em torno dos 4,9 anos (entre 1,9 e 8,8 anos). O grupo II com seus 53
pacientes era composto por 34 meninas (65%), dez casos (19%) tinham história
familiar de epilepsia, a média de idade no curso da pesquisa era de 14,2 anos (entre
9 e 14,5 anos), o início das crises de ausência ocorreram na média dos 5,6 anos
(dos 4,5 aos 9,0 anos). No grupo I, o controle das crises de ausência ocorreu nos
quatorze pacientes (100%), porém nenhum deles (0%) ficou livre das drogas
antiepiléptica DAE, sete (50%) necessitaram de politerapia e dos quatro que
interromperam a medicação, todos eles (100%) necessitaram retornar ao uso de
DAE pelo retorno de crises de ausência típica. Já no grupo II, 50 pacientes (94%)
obtiveram controle das crises, dos 44 pacientes que suspenderam as DAE somente
três (7%) tiveram recorrência das crises e 41 deles (77%) puderam ficar livres de
DAE e apenas sete (13%) necessitaram de politerapia. O estudo eletrencefalográfico
dos pacientes do grupo I evidenciou que cinco tinham sua clínica e alteração
eletrencefalográfica localizadas no lobo temporal, três tinham achados clínicos e
eletrencefalográficos de lobo frontal, em dois pacientes, ambos os critérios levaram
ao lobo occipital e nos restantes quatro pacientes o estudo por EEG mostrou-se
multifocal mesmo depois de análise por vídeo-EEG com localização inconclusiva.
Destes apenas um paciente mostrou a ocorrência simultânea das duas crises,
porem em nenhuma ocasião houve uma generalização de uma crise focal neste
paciente. Neste grupo, as crises de ausência quando expostas a estímulos fóticos
intermitentes, evocou pontas e polipontas com ondas acentuadas e generalizadas
em dois pacientes. Este estudo confirma a necessidade de critérios estritos para a
correta classificação no grupo das ausências, a necessidade de se caracterizar
condições de maior refratariedade como as ausências que se acompanham de
mioclônias palpebrais ou periorais e o mau prognóstico da associação de CTCG à
ausência (GROSSO et al., 2005).
Em estudo realizado por Marini e colaboradores, no ano de 2006, foram
estudados os achados clínicos e genéticos das epilepsias idiopáticas generalizadas
EGI que se iniciavam na idade adulta. Foram descritos 34 casos consecutivos de
pacientes com EGI que se iniciaram aos 20 anos ou mais, dando ênfase em seus
achados clínicos e genéticos. Os pacientes foram divididos em dois grupos, de
acordo com a idade de início das crises como EGI clássica nos casos iniciados
59
antes dos 20 anos de idade (compreendendo as subsíndromes de EAI, EAJ, EMJ e
EGI com CTCG) que não foi analisado neste estudo e um segundo grupo com início
das crises após os 20 anos de idade, população alvo deste estudo. Os pacientes
com EGI foram divididos em três grupos; os com ausência e CTCG foram definidos
como epilepsia ausência do adulto (EAA); a combinação de abalos mioclônicos com
CTCG foi definida como epilepsia mioclônica do adulto (EMA); e os pacientes com
apenas CTCG foram classificados como epilepsia tônico-clônica do adulto (ETCA).
Foram identificados inicialmente 121 pacientes, seus EEG mostravam ponta-onda
ou poliponta-ondas generalizadas, sincrônicas e simétricas com freqüência de 2,5 a
5 Hz com traçado de base normal. Eram 62 (51,2%) homens e 59 (48,7%) mulheres
com idades entre 2 e 75 anos. A principal causa de encaminhamento foram CTCG
em 111 (91,7%) pacientes; apenas oito (6,6%) tinham ausências e dois (1,6%)
abalos mioclônicos. Destes, 87 (71,9%) pacientes tiveram sua primeira crise antes
dos 20 anos. Trinta e quatro (28,1%) pacientes, dos quais 18 (52,9%) homens e 16
(47,1%) mulheres tiveram suas crises aos 20 anos de idade ou após, com a média
de início aos 33 anos (entre os 20 e os 75 anos) 19 (56%) deles tinham história
familiar de epilepsia. Destes, três (8,8%) pacientes apresentaram EAA, todas as
mulheres tinham historia familiar de epilepsia, sendo que duas (12,5%) das mulheres
procuraram o serviço por CTCG onde foram constatadas também as crises de
ausência e a última (6,25%) por crises de ausência durante a gravidez. Os exames
eletrencefalográficos com descargas de ponta-onda a 3-4 Hz; o segundo com
descargas de polipontas e ondas; e a terceira com descargas generalizadas de
ponta e onda. Seis (17,6%) pacientes apresentaram EMA, geralmente precipitadas
por privação de sono e uso de bebida alcoólica. A média de idade de início das
crises foi de 37 anos (entre 20 e 75 anos), os abalos mioclônicos ocorriam
principalmente nos braços e eram raros, com predomínio pela manhã. Nestes
pacientes o número de CTCG foi pequeno: três (8,8%) pacientes apresentaram
apenas uma crise, dois (5,8%) tiveram duas crises e o último (2,9%) paciente teve
três crises. Seus exames neurológicos e de imagem (três RM encefálica e três TCC)
foram normais. O EEG em todos os seis pacientes mostrou descargas de ponta ou
poliponta-ondas e em quatro dos seis casos havia história familiar de epilepsia. Vinte
e quatro pacientes tiveram como manifestação de EGI apenas CTCG e nestes casos
a média de idade no início das crises foi de 30 anos (entre 21 e 69 anos). Destes,
treze (54,1%) tiveram apenas uma crise, oito (33,3%) tiveram duas crises, dois
60
(8,3%) tiveram três crises e dois (8,3%) outros tiveram quatro crises até o início do
estudo. Entre estes pacientes encontraram como fator desencadeante em 15
(62,5%) pacientes a privação de sono com ou sem álcool e em quatro a
fotoestimulação (entre eles também tiveram crises com privação de sono) e em oito
(33,3%) pacientes não encontraram um fator desencadeante claro. A RM encefálica
foi realizada em 15 pacientes e a TCC em nove, todos os exames de imagem foram
normais. Conseguiram o follow-up de 32 dos 34 pacientes que teve a duração entre
três e 86 meses. Destes 32 pacientes, 24 foram tratados com DAE e oito optaram
por não iniciar tratamento com medicações. Ácido valpróico foi usado em 20 (58,8%)
pacientes e casos particulares foram tratados com FNT, CBZ, LMT e TPM. Cinco
(14,7%) pacientes tiveram recorrência das crises, três (8,8%) com álcool e privação
de sono e dois (5,8%) pela interrupção das DAE. Apenas três (8,8%) pacientes
tiveram recorrência das crises com uso da medicação e sem estabelecer-se fatores
precipitantes. O seguimento dos oito (23,5%) pacientes sem tratamento durou de 17
a 76 meses (média 41 meses) e não houve novas crises (MARINI et al., 2006).
2.5.1 Ausência com mioclonias periorais
Baykan e Noachtar em 2005 apresentaram o relato de caso de uma paciente
com diagnóstico inicial de epilepsia parcial à custa de crises de ausência
acompanhadas de movimentos periorais bilaterais com início na infância e que
raramente evoluía com CTCG. Aos 31 anos foi admitida em serviço de emergência
com movimentos periorais bilaterais contínuos e após cinco dias de internação
apresentou CTCG ao despertar. Não possuía história familiar de epilepsia, teve uma
queda aos sete anos sem maiores conseqüências e aos 18 anos sofreu sério trauma
crânio-encefálico por acidente automobilístico seguido de trepanação parietal à
direita. O exame físico mostrou uma mulher de baixa estatura com escoliose. O
exame neurológico mostrou-se normal exceto por retardo mental leve. A RM
encefálica revelou atrofia cerebral moderada e difusa. O EEG interictal mostrou
atividade de base normal foi documentada mioclonia perioral bilateral por polígrafo
durante descargas de complexos ponta-onda de 3 Hz que duraram 3-4 segundos.
Durante estes eventos a paciente não respondia estímulos auditivos. Iniciou-se
então terapia antiepiléptica com AVP, baseado no diagnóstico de epilepsia
61
generalizada, classificada então como crises de ausência com mioclônia perioral
(BAYKAN et al., 2005).
Bilgic e colaboradores,
em 2001 publicaram relato de caso de paciente
masculino, com história de epilepsia que se iniciou com um ano e meio e que se
caracterizava por crises de ausência notadamente marcadas por movimentos
periorais. Aos doze anos, iniciaram-se episódios de estados epilépticos não
convulsivos que duravam de uma a duas horas e apresentavam-se com moderada
confusão mental e marcada mioclonia perioral. Neste momento a DAE era a CBZ
que foi substituída por AVP pela falta de resposta terapêutica com a primeira
medicação. Aos 17 anos, durante estado epiléptico de ausência apresentou duas
CTCG. O EA foi então confirmado por EEG que mostrou atividade contínua de
paroxismos de ponta-onda a 3 Hz com ocasionais intervalos de 1-5 segundos de
atividade normal. O paciente foi tratado com clonazepan intravenoso que
imediatamente suprimiu os achados do EEG. Algumas semanas após foi realizada
monitorização com vídeo-EEG que demonstrou crises de ausência típica com
mioclonias periorais, fechando-se assim o diagnóstico sindrômico de mioclônia
perioral com crises de ausência inicialmente descrita por Panayiotopoulos (BILGIC
et al., 2001).
2.5.2 Phantom absences
Panayiotopoulos e col em 1997 escrevem sobre phantom absences, um tipo
de crise até então não descrito. Entre 410 pacientes consecutivos, examinados com
critérios estritos clínicos e vídeo-eletrencefalográficos, visando se chegar ao
diagnóstico preciso obteve como resultado um total de 136 (33,2%) pacientes com o
diagnóstico de EGI, destes 86 (21 % do total) foram classificados dentro das
ausências típicas e entre estes, encontraram 13 (3,1%) pacientes que apresentavam
quadro de phantom absences associada à CTCG. Destes 13 pacientes sete (53,8%)
eram do sexo masculino e cinco (38,5%) do sexo feminino, a idade média dos
pacientes durante o estudo foi de 45,6 anos (entre 22 e 73 anos). A idade média de
início das crises de phantom absences não pode ser obtida pela tênue apresentação
dos sintomas, muitas vezes despercebidos. A idade média de início das crises tônico
clônicas generalizadas (CTCG) ocorreu aos 31,5 anos (entre 15 e 56 anos). Destes
pacientes, apenas um (7,7%) tinha história prévia de convulsões febris. Entre os
62
treze pacientes encontravam-se um pai e seu filho, outro (7,7%) paciente tinha em
sua história familiar três sobrinhos com EGI, os dez (76,9%) pacientes restantes não
tinham história familiar para epilepsia. Todas as RM encefálicas eram normais. O
EEG interictal mostrou traçado de base normal em todos os pacientes (100%),
anormalidades focais paroxísticas ocorreram em seis (46,1%) pacientes e consistiam
em pontas ou ondas lentas e agudas transientes, que ocorriam de forma
independente ou em associação com descargas generalizadas. As descargas
generalizadas eram tipicamente breves (de 2 a 4 segundos), não ultrapassando
cinco segundos que consistiam de ponta ou polipontas e ondas lentas de 3-4 Hz.
Ocasionalmente breves fragmentos de ausência por fotossensibilidade eram
observados. Durante tais descargas generalizadas, os únicos achados clínicos eram
breves reduções da cognição, e em dois (15,3%) pacientes leve flutter palpebral.
Como no artigo anterior, a correta classificação das crises levou a uma melhora do
seu prognóstico. Dos treze pacientes, cinco (38,4%) ficaram livres de crises com
monoterapia, um (7,7%) paciente se mantém sem crises com duas DAE, um (7,7%)
paciente continua com CTCG mantendo-se livre das crises de ausência. Um (7,7%)
paciente mantém estados de ausência, porém com menor freqüência e intensidade
com CTCG ocasionais. Os outros cinco (38,4%) pacientes negaram-se ao uso de
DAE, sendo que três (23%) perderam-se no follow-up, um (7,7%) continua com
CTCG eventuais e um deles parece querer iniciar tratamento em manter tratamento
depois de estado de mal (ausência) (PANAYIOTOPOULOS, 1997).
2.5.3 Ausência com início precoce
Fernández-Torre e colaboradores, em 2006 relatam três casos de crises de
ausência de início precoce (antes de três anos de idade). Dois (66,6%) meninos e
uma (33,3%) menina. A média de idade de início das crises de ausência foi aos 24,6
meses (entre 21 e 29 meses), e em apenas um (33,3%) caso o tratamento se iniciou
após cinco meses de doença. O tempo médio seguimento foi de 22 meses (entre 8 e
39 meses). Dois (66,6%) pacientes tiveram convulsões febris que ocorreram antes
da instalação da ausência um com um mês antes e o outro com quatro meses antes
do início das crises de ausência. Todas (100%) as crianças até o momento do
estudo cursaram com desenvolvimento neuropsicomotor normal e tinham exame
físico e neurológico normais. Em dois (66,6%) casos havia uma história familiar de
63
epilepsia. Em dois (66,6%) casos ocorreram dificuldades perinatais sendo que em
um (33,3%) dos casos foi usado fórceps após uma gestação complicada por
hipertensão arterial e diabetes gestacional materna. O estudo das crises por vídeo-
EEG mostrou em todos os casos um traçado de base normal sendo que em um
(33,3%) dos casos encontravam-se fragmentos de ponta-onda com maior amplitude
frontal e em um (33,3%) com ondas delta de 3 Hz occipitais onde também se
observou paroxismos generalizados e irregulares de poliponta-onda. Em apenas um
(33,3%) dos exames houve após 4 segundos do fotoestímulo a 25 Hz descargas
generalizadas de ponta-onda, os dois (66,6%) outros exames não se alteraram com
o fotoestímulo. Nos achados eletrencefalográficos ictais houve um predomínio de
descargas generalizadas de ponta-onda a 3 Hz ou 3-4 Hz.com a presença de
grafoelentos específicos (pontas-onda a 3 Hz durante as crises que duravam de 2-
10 segundos). No final do estudo, todas as crianças encontravam-se em
monoterapia com AVP e livres de crises embora uma delas, a de maior tempo de
follow-up necessitou de associação com ETX no período inicial do tratamento,
quando foi difícil obter o controle das crises (FERNÀNDEZ-TORRE et al., 2006).
Em relato de caso descrito por Wiest e colaboradores, em 2001, foi feito o
estudo de uma paciente de 39 anos de idade sem história familiar de epilepsia ou
história pregressa de convulsões febris, que aos 20 anos de idade apresentou seu
primeiro evento epiléptico caracterizado por CTCG durante sua primeira gestação.
Após o parto, iniciou breves sensações diárias de desconforto epigástrico associado
à reação de parada, durante as quais, mantinha-se sem responder a estímulos
externos e apresentava movimentos estereotipados de ambas as mãos. A
freqüência das crises podia variar de dez ao dia até períodos onde permanecia livre
de crises por mais de um mês. A duração das crises podia variar de cinco a 20
segundos. Raramente evoluía para CTCG. Os EEG realizados anteriormente ao
vídeo-EEG não demonstravam descargas epilépticas, sendo sugerido diagnóstico de
epilepsia parcial complexa com generalização secundária, iniciando tratamento com
FNT com controle suficiente das CTCG, porém sem controle dos breves episódios
de mal estar epigástrico com reação de parada e movimentos estereotipados de
ambas as mãos. A substituição da FNT pela CBZ levou ao aumento das crises
breves, retornando a terapêutica com FNT associada à AVP sem controle das crises
por 19 anos. Foi referida a serviço especializado onde o exame neurológico foi
normal e a RM não demonstrou anormalidades focais. Foi então realizado vídeo-
64
EEG de 72 horas de duração quando a paciente apresentou oito episódios de
desconforto abdominal que duraram poucos segundos, descritas pela paciente como
uma sensação esquisita na boca do estomago, durante estes episódios ela referia
alguma “sensação de privação” sem apresentar movimentos anormais. O EEG ictal
demonstrou complexos de espícula e onda lenta generalizadas, sincrônicas e
simétricas, rítmicas, de 3,5 Hz. Não ocorreram alterações focais durante o registro
pré ictal, ictal ou pós ictal. Nestes momentos de crise a paciente apertou alarme com
atraso de um a 23 segundos após o início da atividade epileptiforme. Nove
descargas com características semelhantes de complexos de espícula e onda lenta
a 3,5 Hz foram registrados sem sensações clínicas concomitantes. O diagnóstico de
epilepsia idiopática generalizada foi feito baseado na presença de descargas típicas.
A terapêutica foi alterada para monoterapia com AVP que levou a diminuição
substancial das crises para uma ou duas vezes ao mês, porém não desapareceram
no período de 12 meses. Este caso leva a discussão de achados incomuns como as
sensações atípicas ou incomuns de desconforto epigástrico, a consciência presentes
em pacientes com “phantom absences”, início tardio de EGI e a ineficácia do
tratamento com FNT.
65
3 OBJETIVO GERAL
Mostrar a fenomenologia ictal registrada por vídeo-eletrencefalografia de
pacientes com crises de ausência em uma coorte de pacientes com epilepsia
fármaco-resistente.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estabelecer o diagnóstico eletro-clínico das crises de ausência desta
população
Investigar a freqüência dos diferentes tipos de ausência com base na
classificação da ILAE de 2006, comparar os resultados com os critérios
específicos propostos por Panayiotopoulos (1997).
Mostrar o tipo de diagnostico de epilepsia inicial que esse grupo de pacientes
recebeu
Mostrar a resposta especifica as DAE e a evolução a partir do diagnóstico
eletro-clínico
66
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
4.1 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do
HUCFF/Faculdade de Medicina/UFRJ, sob o número 404/08 (Anexo B), obedecendo
às normas do Código de Ética propostas pela Declaração de Helsinque e do
Conselho Nacional de Saúde (Resolução Nº 196/96 e suas complementares).
Todos os pacientes incluídos assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.
4.2 DESENHO DO ESTUDO
Estudo de corte transversal bidirecional entre os anos de 2005 e 2008. Foi
feita revisão sistemática das bases de dados eletrônicos Pubmed e Cochrane nos
últimos dez anos, usando as palavras chave absence epilepsy,absence seizures,
ictal fenomenology e classification.
4.3 TERMINOLOGIA
O termo “epilepsia generalizada idiopática” foi usado para definir as formas de
epilepsia generalizada nas quais todas as crises possuem início generalizado, com
expressão eletrencefalográfica de descarga inicial generalizada, bilateral, sincrônica,
simétrica. Em geral, o EEG mostra atividade elétrica cerebral de base normal com
descargas generalizadas como espículas, poliespículas, espícula e onda e
poliespículas e onda com freqüência que varia entre 2.5 e 4.0 Hz, sendo estas
descargas acentuadas durante o sono não-REM (rapid eyes moviment) de acordo
com a classificação da ILAE (COMMISSION ON CLASSIFICATION OF THE ILAE,
1989; ENGEL, 2006).
O temo “crise de ausência generalizada” foi utilizado para definir a perda
paroxística de consciência de início e final súbito associada a surtos bilaterais e
sincrônicos de descargas de espícula e onda registradas pelo EEG.
Semiologicamente, as crises de ausência são caracterizadas pelo súbito
obscurecimento da consciência, usualmente associado à reação de parada e
67
cessação das atividades em andamento. O início e o final das crises são abruptos,
não se observando ocorrência de aura ou estado pós-ictal. Associados ao
comprometimento da consciência, leves sintomas motores e automáticos podem
ocorrer. Ausências breves podem detectadas apenas por avaliação cognitiva
durante a própria crise. A freqüência das crises de ausência varia de dias a semanas
na epilepsia ausência (STEFAN et al., 2007).
Foram classificados como “ausência típica” os pacientes que apresentavam
crises caracterizadas por início e final abruptos que ocorrem de forma sincrônica
com as descargas de espícula e onda na freqüência de 2.5 a 4 Hz. Foram
classificados como “ausência atípica” os pacientes que apresentavam crises com
inicio e final graduais não ocorrendo de forma sincrônica com o início e final das
descargas de espículas e ondas, freqüência tipicamente de 1-2 Hz e traçados de
base com ritmo lento para a idade. Esses pacientes podem apresentar movimentos
voluntários e persistência parcial da consciência durante o período ictal (STEFAN et
al., 2007).
As epilepsias com crises de ausência formam um grupo heterogêneo que foi
reconhecido pela ILAE ao descrever quatro síndromes epilépticas com crises de
ausência típica: epilepsia ausência da infância, EAJ, epilepsia mioclonica juvenil e
epilepsia ausência mioclonica (COMMISSION ON CLASSIFICATION OF THE ILAE,
1989). Foram aplicados critérios diagnósticos propostos por Panayiotopoulos em
1997 para classificação destes pacientes (PANAYIOTOPOULOS, 1997).
4.4 SELEÇÃO DE PACIENTES
4.4.1 Critérios de inclusão
Foram incluídos pacientes provenientes do Programa de Epilepsias do
HUCFF/UFRJ, acompanhados no ambulatório de epilepsias e investigados por
vídeo-EEG. Os pacientes incluídos apresentavam critérios clínicos e
eletrencefalográficos interictais e ictais de crises de ausência obedecendo aos
critérios propostos pela ILAE, utilizando os critérios de Panayiotopoulos e
colaboradores (1989). Esses dados foram verificados por meio de anamnese,
semiologia ictal, exame físico, e registro vídeo-eletrencefalográfico associados às
68
alterações epileptiformes descritas como descargas de espícula e onda lenta,
poliespículas e espícula e onda lenta na faixa entre 1,5 a 5 Hz, generalizadas.
Os pacientes foram classificados quanto a cor/etnia de acordo com a classificação
proposta por Darcy Ribeiro (RIBEIRO, 1995).
Foram incluídos todos os pacientes com fenomenologia ictal de crises de
ausência comprovadas pelo exame de video-EEG e pacientes referidos ao
ambulatório de epilepsia com diagnóstico de EFR que durante monitorização com
video-EEG apresentaram os critérios específicos descritos e que consentiram, ou
seus responsáveis, que seus dados de investigação fossem divulgados nessa
pesquisa.
4.4.2 Critérios de exclusão
Foram excluídos pacientes com investigação mostrando epilepsia focal ou
eventos não epilépticos e aqueles pacientes que persistiam com crises por não
adesão ao tratamento. Nenhum paciente se recusou a participar do estudo.
4.5 MONITORIZAÇÃO POR VÍDEO-EEG
Os pacientes realizaram monitorização por vídeo-EEG, sendo realizados
exames de curta duração e de monitorização prolongada de acordo com a indicação
de cada caso, variando de uma hora até dois dias. Estas investigações foram
realizadas em uma unidade de vídeo-EEG composta por um quarto com um leito e
com equipamento digital Neurotec® para aquisição simultânea de vídeo-EEG e
registro de imagem na mesma tela. Utilizou-se o sistema internacional de colocação
de eletrodos 10-20.
Durante a monitorização os pacientes ficaram acompanhados por familiares
ou acompanhantes familiarizados com suas crises, sendo orientados a informar
quando da ocorrência das manifestações consideradas por eles como críticas.
Durante todo o exame o paciente permaneceu acompanhado de um técnico de
vídeo-EEG e de um acompanhante, sendo o técnico instruído a registrar qualquer
alteração comportamental por parte do paciente assim como queixas que pudessem
69
vir a ocorrer. Durante cerca de 6 a 8 h do dia o médico neurologista estava presente
na unidade de vídeo-EEG, e se os eventos ocorressem fora desse período, eram
analisados por 3 desses especialistas. Em todos os pacientes foram realizadas
manobras de sensibilização, como fotoestímulo e hiperpnéia. Durante a hiperpnéia,
nos pacientes cooperantes, foi solicitado que a cada incursão respiratória fosse feita
contagem numérica progressiva, visando observar alterações no nível da
consciência e possível confusão mental assim como detectar crises breves. Nos
pacientes com crises detectadas, durante o evento crítico e logo após seu término,
foram feitos testes também visando verificar-se o nível de consciência e possíveis
alterações de funções de memória.
Os registros eletrencefalográficos ictais das crises de ausência registradas, e as
características da semiologia eletrográfica, com análise da propagação da atividade
eletrofisiológica (ou a falta desta propagação), a presença de paroxismos interictais
focais (ou a falta deles), foram correlacionados com a fenomenologia ictal, pré-ictal e
pos-ictal.
Os pacientes com “ausência típica” e “ausência atípica” foram analisados quanto à
idade de início das crises, tempo de doença, tempo de doença sem controle
medicamentoso, tempo de doença na ocasião do diagnóstico vídeo-
eletrencefalográfico, assim como presença ou ausência de historia familiar de
epilepsia, convulsão febril, incidentes iniciais precipitantes e desenvolvimento
neuropsicomotor.
Foi feita a análise dos medicamentos utilizados antes da monitorização por
meio de vídeo-EEG e os utilizados após a monitorização, considerando-se a
mudança na freqüência e padrão das crises epilépticas e seu prognóstico. Foram
estudados os tipos de crises epilépticas associadas em cada paciente com
ausências.
Os dados foram estudados e analisados pela equipe de neurologistas clínicos com
experiência comprovada em exames de vídeo-EEG nas epilepsias. O estudo dos
exames em sua totalidade, associados à anamnese e exame físico, foram
considerados para o diagnóstico final. Cada paciente foi estudado de forma
individual, sendo ponderada em cada um a estratégia terapêutica mais adequada.
70
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados clínicos e as variáveis correlacionadas do registro vídeo-
eletrencefalográfico foram armazenados em uma planilha Excell 97-2003 e
transformados em arquivo DBF para leitura no Programa EPIINFO 6.0 de domínio
público. Os pacientes com crises de ausência típica e atípica formaram 2 grupos que
foram comparados quanto as variáveis estudadas. Para essa comparação foi usada
a tabela 2x2 do teste Qui-Quadrado. Foram consideradas diferenças significativas
quando a análise de dados comparados mostrasse valos de p<0.05.
71
5 RESULTADOS
De uma coorte de 643 pacientes investigados na unidade de vídeo-EEG do
Programa de Epilepsias do HUCFF-UFRJ no período de 2005 a 2008, 68 (10,57%)
apresentaram critérios clínicos e eletrográficos para epilepsia generalizada primária
e destes, 21(30,88%) apresentavam crises de ausência.
a) Idade: a média de idade dos pacientes, no momento da inclusão nesse estudo, foi
de 26,5 anos, com a idade mínima de três anos e máxima de 58 anos. A média de
idade de início dos sintomas foi de 11,8 anos, com idade mínima de um ano e
máxima de 39 anos. Destes pacientes, 10 (47,6%) apresentaram início dos sintomas
com menos de dez anos de idade, dez (47,6%) pacientes entre 11 e 20 anos e um
(4,76%) paciente acima dos 20 anos;
b) sexo: dos 21 pacientes incluídos, oito (38,09%) eram homens;
c) cor/etnia: 12 (57,15%) pacientes eram brancos e nove (42,85%) eram afro-
brasileiros (negros e mulatos).
d) duração da doença: o tempo médio de duração da doença foi de 14,4 anos, com
tempo mínimo de um ano e máximo de 42 anos;
e) história familiar de epilepsia: seis (28,6%) pacientes tinham história familiar de
epilepsia, 13 (61,9%) não tinham história familiar de epilepsia e dois (9,5%) não
dispunham desta informação;
f) relato de convulsões febris na infância: um (4,76%) paciente possuía história de
convulsão febril na infância, 18 (85,7%) não possuíam história de convulsões febris
na infância e dois (9,5%) não dispunham da informação.
Tabela 1: Características dos pacientes submetidos à monitorização prolongada por
vídeo-EEG (Parte 1)
Paciente Idade (anos)/
Sexo/
Etnia
Idade de início
das crises
(anos)
Tempo de
doença
(anos)
História familiar
de epilepsia
Convulsões febris
na infância
1.MAB 12/M/AB 10 2 Não Não
2.LMS 15/M/AB 11 4 Não Sim
3.VMVS 37/F/B 14 23 Sim Não
4.MRSC 6/F/AB 4 2 ND Não
5.DDG 17/M/B 4 13 Não Não
6.JDRC 48/F/B 6 42 Sim Não
7.MBP 58/F/B 39 19 Não Não
72
Tabela 1: Características dos pacientes submetidos à monitorização prolongada por
vídeo-EEG (Parte 2)
Paciente Idade (anos)/
Sexo/
Etnia
Idade de início
das crises
(anos)
Tempo de
doença
(anos)
História familiar
de epilepsia
Convulsões febris
na infância
8.WPB 23/M/AB 16 7 Não Não
9.FCA 29/F/AB 10 19 ND ND
10.JLD 12/F/B 11 1 Não Não
11.FCF 17/F/AB 12 5 Sim Não
12.MVTO 42/M/B 3 39 Não Não
13.RBR 33/F/B 12 21 Sim Não
14.JP 33/F/AB 15 18 Não Não
15.JSO 22/F/AB 11 11 Sim ND
16.SOM 25/F/B 16 9 Não Não
17.LSNG 23/M/B 5 17 Não Não
18.JMF 3/M/B 1 2 Não Não
19.SC 33/F/B 6 27 Não Não
20.MEL 23/F/B 10 13 Sim Não
21.AOC 25/M/AB 16 9 Não Não
Abreviações: M-masculino; F-feminino; AB-afro-brasileira; B-branca.
g) esquema terapêutico: 20 dos pacientes estavam recebendo DAE. Oito (40%)
recebiam DAE de primeira escolha para EGI e em quatro (50%) destes pacientes,
associadas a outras DAE contra-indicadas para crises de ausência, entre elas: CBZ
(n=2), FNT (n=2) e OXC (n=2). Dos quatro (50%) pacientes com apenas DAE de
primeira escolha para epilepsia generalizada primária (EGP), um (25%) estava em
monoterapia e três (75%) em associação com DAE não contra-indicadas para EGI.
Dos 20 pacientes que usavam DAE, 14 (70%) pacientes faziam uso de DAE
contra-indicadas para crises de ausência. Em quatro (28,58%) destes casos havia
associação a DAE de primeira escolha para ausências, cinco (35,71%) pacientes
com associação a uma segunda DAE contra-indicada para sua epilepsia, em cinco
(35,71%) pacientes havia associação a DAE de segunda opção, e dois (14,28%)
pacientes estavam em monoterapia. Das DAE deletérias mais usadas a CBZ estava
presente em 11 (78,57%) pacientes, sendo um (9,09%) em monoterapia e dez
(90,9%) em politerapia. A associação com a FNT, outra DAE contra-indicada ocorreu
em cinco (45,45%) pacientes. Em um (9,09%) paciente havia associação da CBZ
com DAE de primeira escolha, em um (9,09%) paciente a associação era com DAE
de primeira escolha e outra DAE de segunda escolha e em cinco (45,45%) pacientes
a associação era com DAE de segunda escolha. Em três (21,42%) pacientes a DAE
73
contra indicada era a OXC, sendo em um (33,3%) paciente em monoterapia e em
dois (66,4%) pacientes em politerapia.
DAE
escolha
DAE DAE contra-
indicadas
n
=1
n=3
n=
2
n=
3
n=
7
n=
3
n=
1
Dos 14 pacientes em uso de DAE deletérias para ausências, a retirada desta
DAE não foi possível em três (21,42%) deles. Em dois (14,28%) ocorreu
agravamento do quadro epiléptico após início de sua retirada gradual,
permanecendo estes pacientes com EFR e em um (7,14%) paciente não houve
adesão à mudança. Com a retirada da DAE deletéria em sete (50%) pacientes,
houve controle total das crises e em quatro (28,56%) o controle foi parcial, com
permanência de raras crises de ausências.
Gráfic ções
encontradas em cada grupo de pacientes. Abreviações e termos usados: DAE=drogas
antiepilépticas; 1ª escolha= DAE indicada como primeira opção para o tratamento;
contra-indicada=DAE consideradas deletérias; outras= DAE não consideradas
deletérias para EGP, mas que não são de primeira escolha; n=número de pacientes.
o 1: Distribuição de DAE no grupo de 20 pacientes avaliados, mostrando as associa
Dos quatro pacientes que vinham em uso de DAE de primeira escolha para
crises de ausência sem drogas deletérias associadas, o ajuste na dose foi eficaz em
um (25%) paciente. Em outro (25%) o ajuste da dose das medicações de primeira
escolha necessitou ser associado à outra DAE de primeira escolha, após a retirada
de DAE de segunda escolha, estratégia que levou a diminuição na freqüência das
74
crises restando praticamente raras crises de ausência. Em dois (50%) pacientes
apesar das alterações terapêuticas como ajuste de dosagem e associações
pertinentes ao quadro, houve permanência de crises com caracterização de EFR.
Tabela 2: Medicações iniciais e finais e resposta a alteração terapêutica
Paciente DAE inicial DAE contra-
indicada
DAE final
Retirada
DAE
contra-
indicada
Ajuste
DAE de
primeira-
escolha
1.MAB AVP AVP CTC
2.LMS CBZ+FNT+
FNB
CBZ e FNT AVP+ CLB CTC
3.VMVS CBZ+CLB CBZ AVP+ CLN CR
4.MRSC CBZ+FNB CBZ LMT CTC
5.DDG CBZ+FNB+
DZP+AVP
CBZ LMT+OXC+ FNB PC EFR
6.JDRC CBZ+FNT+
CLB
CBZ e FNT LMT CTC
7.MBP CLN LMT+ CLN CR
8.WPB CBZ+FNB CBZ LMT+ CBZ+ FNB PC EFR
9.FCA CBZ CBZ TPM CTC
10.JLD CBZ+FNB CBZ AVP CTC
11.FCF FNB LMT+FNB CR
12.MVTO AVP+ FNB+ DZP AVP+LMT EFR
13.RBR OXC+FNT+FNB+LMT OXC e FNT AVP+ FNB+ CLN CR
14.JP CBZ + FNT CBZ e FNT AVP CR
15.JSO CBZ+FNB CBZ FNB CR
16.SOM FNB+LMT+TPM LMT+ FNB+CLN EFR
17.LSNG FNT+FNB+
AVP+OXC
OXC e FNT AVP+FNB CTC
18.JMF NA AVP CTC
19.SC AVP+CBZ CBZ AVP+ CLB CTC
20.MEL AVP+LMT+FNB+CLB AVP+ LMT CR
21.AOC OXC OXA OXC NAR
Abreviações: DAE = droga anti-epiléptica; AVP = ácido valpróico; CBZ = carbamazepina; FNT =
fenitoína; FNB = fenobarnital; DZP = diazepan; CLB = clobazan; CLN = clonazepan;
OXC = oxcarbazepina; LMT = lamotrigina; TPM = topiramato; CTC = controle total
das crises; CR = crises raras; PC = piora das crises; NAR = não aderiu a retirada;
EFR = epilepsia fármaco-resistente.
75
9
43%
7
33%
4
19%
1
5%
TC AR EFR NAR
Gráfico 2: Resultado da resposta à alteração terapêutica após a monitorização por vídeo-EEG.
Abreviações: TC = crises totalmente controladas; CR = raras crises de ausências; EFR =
epilepsia fármaco-resistente; NA = não aderiu.
O desenvolvimento neuropsicomotor foi normal em 18 (85,7%) pacientes e
alterado em três pacientes (14,3%). Em 17 (81,0%) pacientes não ocorreu perda das
funções adquiridas após o início das crises e em quatro (19,0%) pacientes este
declínio foi observado. Em cinco (23,8%) pacientes foi observado retardo mental e
ausente em 16 (76,2%) pacientes. Em três (14,3%) pacientes houve história prévia
de anóxia peri-natal.
Na investigação das crises epilépticas dois (9,52%) pacientes não
apresentavam crises diferentes de ausências, 16 (76,19%) tinham história de CTCG,
seis (28,57%) apresentavam mioclonias apendiculares, cinco (23,80%)
apresentavam crises de mioclonias palpebrais, e quatro (19,04%) pacientes tinham
história de crises astáticas. Como demonstra o gráfico abaixo:
76
Grafico 3: Distribuição dos diferentes tipos de crises, além das crises de ausência que ocorreram
isoladas só em 2 pacientes.
Dos 21 pacientes, dois (9,52%) apresentavam um único tipo de crise,
11(52,38%) pacientes tinham associação de dois tipos de crise, cinco (23,80%)
pacientes apresentam associação de três tipos de crises, dois (9,52%) pacientes
apresentavam associação de quatro tipos de crises e um (4,76%) paciente
apresentava cinco tipos de crises. Quatro (19,04%) pacientes tinham história prévia
de estado de mal epiléptico, sendo três (75%) de EA e um (25%) de grande mal
epiléptico.
n=21
2
10%
11
51%
5
24%
2
10%
1
5%
um tipo de crise dois tipos de crise
três tipos de crises quatro tipos de crises
cinco tipos de crises
Gráfico 4: Diferentes tipos de crises por pacientes. Abreviatura: n= número de pacientes.
77
Durante as crises de ausência cinco (23,80%) pacientes não apresentavam
fenômenos motores, dez (47,61%) pacientes tinham mioclonias palpebrais, sete
(33,33%) pacientes apresentavam mioclonias apendiculares, três (14,28%)
associavam automatismos, dois (9,52%) pacientes apresentavam alterações
autonômicas, sendo que um(4,76%) paciente tinha relato de liberação esfincteriana
e outro (4,76%) relato de desconforto epigástrico durante as crises de ausência.
Tabela 3: Fenomenologia ictal das crises de ausência e diferentes tipos de crises
encontradas em outros momentos nos mesmos pacientes (Parte 1)
Paciente TIPOS DE CRISES AUSENCIAS
1.MAB Ausências com mioclonias palpebrais
e por vezes automatismos
oromandibulatres
2.LMS CTCG
Ausências com mioclonias
apendiculares
Agravado pela CBZ
3.VMVS Mioclonias papebrais
CTCG
Mioclonias apendiculares
Ausências com mioclonias palpebrais Agravado pela CBZ
4.MRSC Ausências com mioclonias palpebrais
Automatismos de boca e língua,
movimentos em MMSS e II
Agravado pela CBZ
5.DDG CTCG, tônicas e astáticas Ausências com automatismos em
MMSS e II
6.JDRC EA, CTCG e mioclonias
palpebrais
Ausências com mioclonias palpebrais
por vezes acompanhada de
desconforto epigástrico
Agravado pela CBZ
7.MBP CTCG
Ausências breves sem mioclonias ou
automatismos
8.WPB crises astáticas e crises
com características focais
Ausências com mioclonias palpebrais
e diminuição do tônus postural com
queda
Ainda c/ CBZ
9.FCA Mioclonias de MMSS e II
de ausência
Ausências com mioclonias de MMSS
e II
Agravado pela CBZ
10.JLD CTCG
Ausências com mioclonias palpebrais Agravado pela CBZ
11.FCF CTCG
Ausências breves sem mioclonias ou
automatismos
78
Tabela 3: Fenomenologia ictal das crises de ausência e diferentes tipos de crises
encontradas em outros momentos nos mesmos pacientes (Parte 2)
Abreviações: CTCG = crise tônico-clônica generalizada; EA = estado de ausência.
Paciente TIPOS DE CRISES AUSENCIAS
12.MVTO CTCG, crises astáticas
Ausências com mioclonias palpebrais
e apendiculares por vezes associadas
a diminuição do tônus postural
13.RBR CTCG, liberação
esfincteriana, episódios
confusionais
Ausências com manutenção da
atividade em curso de forma confusa e
incorreta
Agravada pela OXC
14.JP CTCG, episódios de
confusão mental e
agressividade
Ausências breves sem mioclonias ou
automatismos
Agravada pela CBZ
15.JSO CTCG precedidas ,
mioclonias MMSS e II
Ausências com mioclonias
apendiculares
Agravada pela CBZ
16.SOM CTCG, estados
confusionais com crises
astáticas, mioclonias
palpebrais e mioclonias de
MMSS e II
Ausências associadas a mioclonias
palpebrais e apendiculares e ora
associadas a diminuição do tônus
muscular
17.LSNG CTCG, mioclonias de
MMSS e II,
Ausências por vezes associadas a
movimentos mastigatórios, por vezes
associadas a diminuição do tônus
muscular
Agravado pela OXC
18.JMF CTCG
Ausências breves sem mioclonias ou
automatismos
19.SC Mioclonias palpebrais,
Ausências com mioclonias palpebrais Agravada pela CBZ
20.MEL CTCG,mioclonias
palpebrais, mioclonias de
MMSS , crises astáticas e
Ausências com mioclonias palpebrais
e dimiuição do tonus postural
21.AOC CTCG Ausências breves sem mioclonias ou
automatismos
Todos os pacientes apresentaram características eletrencefalográficas ictais
de crises generalizadas com critérios eletrencefalográficos para ausência típica ou
atípica. Quinze (71,4%) pacientes apresentaram critérios vídeo-eletrencefalográficos
de crises de ausência típica e seis pacientes (28,6%) ausência atípica. No estudo
EEG interictal, quatorze pacientes (66,66%) apresentaram grafoelementos focais,
um (7,14%) se associava a lentificação difusa da atividade elétrica cerebral e outro
79
(7,14%) à espículas generalizadas. Cinco pacientes (23,80%) apresentaram
fragmentos dos grafoelementos com predomínio focal de morfologia semelhante aos
ictais, em um traçado interictal normal, sendo quatro (80%) compostos por
complexos de espícula e poliespícula onda lenta (CE e PEOL) e um (20%)
apresentava complexo espícula onda lenta (CEOL). Um paciente (4,76%)
apresentou onda lenta, onda aguda intermitente (OLOAI) generalizada durante o
registro interictal e outro paciente (4,8%) paciente com traçado de base alentecido
encontramos a associação de fragmentos de CEOL.
O registro ictal evidenciou doze pacientes (57,4%) com CEOL, sendo sete
(58,3%) com descargas ictais regulares, e cinco (41,7%) irregulares. Entre os
pacientes com descargas regulares, dois (28,6%) pacientes apresentavam
freqüências diferentes em descargas separadas. Entre os doze pacientes com
CEOL sete (58,3%) tinham freqüência maior que 2,5 Hz e cinco (41,7%), freqüência
menor ou igual a 2,5 Hz.
Dos nove pacientes (42,8%) que apresentavam CE e PEOL no registro ictal,
dois(22,2%) eram regulares e sete (77,8%) irregulares. Em três(33,3%) pacientes
encontramos freqüência maior que 2,5 Hz, em um (11,1%) dos pacientes a
freqüência era menor ou igual a 2,5 Hz, em outro (11,1%) as crises ocorriam com
freqüência ora maior e ora menor ou igual a 2,5 Hz. Em dois pacientes (22,2%) com
CE e PEOL menor que 2,5 Hz, houve associação de paroxismos de OAOL.
Em três pacientes (14,3%) a hiperpnéia não foi considerada pela dificuldade
de sua realização pelo paciente. Dos 18 pacientes (85,7%) em que a hiperpnéia foi
realizada com êxito, 13(72,2%) apresentaram alterações no traçado; seis (46,2%)
deles tiveram seus grafoelementos acentuados e nos outros sete (53,8%) houve
precipitação de crises. Sete (33,3%) pacientes tiveram seu registro EEG alterado
pelo fotoestímulo, sendo que cinco pacientes (71,4%) tiveram seus grafoelementos
acentuados e dois pacientes (28,6%) desenvolveram crises a partir desta
sensibilização. Em três pacientes (14,3%) foi evidenciada a presença de mioclonias
palpebrais após a oclusão ocular em ambiente iluminado e em uma delas com
ausências. Como segue tabela 4 na próxima página.
80
Tabela 4: Resultados do vídeo-EEG ictal e interictal (Parte 1)
Paciente Vídeo-EEG Interictal Vídeo EEG
Ictal
Hiperpnéia
Fotoestímulo Diagnostico final
1. MAB OLI OAF Temp Esq
CEOL 3 Hz ++ - EAJ EAJ
2.LMS CE e PEOL Fr-Ct bil CE e PEOL I G
(2,5 – 3 Hz)
++ - EMJ EMJ
3.VMVS OLI Fr Dir CE e PEOL I G
(± 4 Hz)
- ++ NC EAMP
4.MRSC OL Oc CEOLG 3 Hz
++ - EAI NC
5. DDG Lentificação difusa do traçado, OLI
Fr Esq
CEOL G 2 Hz
e OAOL G a 2 Hz
NA - AA
6. JDRC CE e PEOL Fr-Ct;
CE e PEOL I G 3 a
4 Hz
- - EAI Phantom
absences
7. MBP CE e PEOL Fr-Temp
CE e PEOL I G 3 a
4 Hz
++ - NC Phantom
absences
8. WPB OLI Tem Esq
CEOL G 1,5 a 2 Hz + - AA
9. FCA OAOLI
CEOL I G 3 a 4 Hz ++ - EAJ NC
10. JLD CE e PEOL Fr Esq; CE e PEOL I G
(3 a 4 Hz)
++ ++ EAJ EAMP
11. FCF OLI G
CEOL I G - + NC Phantom
absences
12. MVT Lentificação difusa do traçado;
CEOL Fr-Ct
CEOL G 2-2,5 Hz ++ - AA
13. RBR CEOL Fr Dir CEOL I G
(3 a 4 Hz)
- - NC Phantom
absences
14. JP OLI Pr Dir
CE e PEOL G
2,5 Hz
+ + NC NC
15. JSO EF e OAOL Ft Tem Esq
CE e PEOL I G + + EMJ NC
16,SOM OLI Ft Temp; EG EG e CE e PEOL
G
NA - AA
17.
LSNG
EF Ft Temp Dir CEOL G 2 Hz
CEOL I G
+ - AA
18. JMF OAOL Ft Temp Esq
CE e PEOL G 3 Hz NA - NC EAIP
19. SC OAOLI Temp Esq CEOL G 3 Hz - - EAI NC
81
Tabela 4: Resultados do vídeo-EEG ictal e interictal (Parte 2)
Paciente Vídeo-EEG Interictal Vídeo EEG
Ictal
Hiperpnéia
Fotoestímulo Diagnostico final
20. MEL OLI Fr Tem CEOL G 1,5 a 2,5
Hz
+ + AA
21.AOC OAOLI Fr Ct; CEOL Frt Ct Dir
CEOL G (3 Hz) + + EAJ EAJ
Abreviações: CEOL-complexos espícula onda lenta; I-irregulares; G generalizados; PEOL -
poliespícula onda lenta: OLI onda lenta intermitente; OAOLI onda aguda onda lenta
intermitente; OAF onda aguda focal; EF espículas focais; EG espículas generalizadas;
Fr frontal; Temp temporal; Ct central; PR parietal; Dir direito; Esq esquerda.+ acentuou
grafoelementos; ++ desencadeou crise; EAJ=epiepsia ausência juvenil; NC=não
classificada; EAMP=epilepsia ausência com mioclônia palpebral; EAI-epilepsia
ausência infantil; AA=ausência atípica;EAIP=epilepsia ausência de início precoce.
Destes 21 pacientes, 15 (71,42%) apresentavam critérios clínicos e
eletrencefalográficos para ausências típicas e seis (28,58%) pacientes preenchiam
critérios clínicos e eletrencefalográficos para ausências atípicas. Entre os 15
pacientes do grupo com características clinicas e eletrencefalográficas para
ausências típicas nove (60%) apresentaram um diagnóstico sindrômico dentro de
uma síndrome e seis (40%) pacientes não obtiveram classificação entre as
síndromes descritas pela ILAE. Entre os nove pacientes com síndrome epiléptica
estabelecida cinco (55,6%) podiam ser classificados como EAJ, três (33,3%) com
EAI e um como EMJ (11,1%). Após aplicação dos critérios de Panayiotopoulos, dez
(66,7%) pacientes foram classificados em síndromes específicas e cinco(33,3%)
pacientes não obtiveram estes critérios para classificação. Dos dez pacientes com
classificação específica dois(20%) pacientes mantiveram diagnóstico de EAJ e um
(10%)de EAM, quatro(40%) pacientes foram classificados com “phantom absences”,
dois(20%) como EAMP e um(10%) paciente como EAIP.
Segue fluxograma abaixo.
82
AUSÊNCIAS N=21
AUSÊNCIAS TÍPICAS AUSÊNCIAS
ATÍPICAS N=6
N=15
NÃO CLASSIFICADAS
N=5
NÃO RECONHECIDAS
PELA ILAE
RECONHECIDAS PELA
ILAE
N=7
N=3
EAJ
N=2
“PHANTOM ABSENCES”
N=4
EMJ
N=1
AUSÊNCIA COM
MIOCLONIAS PALPEBRAIS
N=2
AUSÊNCIA DE INÍCIO
PRECOCE N=1
Fluxograma 1: Distribuição das diferentes síndromes epilépticas com presença de crises de
ausências. Abreviações: ILAE= Internacional League Against Epilepsy; N= número
de casos; EAJ=epilepsia ausência juvenil; EMJ=epilepsia mioclônica juvenil.
Tabela 5: Resultados de diagnóstico clínico, monitorização por vídeo-EEG e
diagnóstico final após monitorização (Parte 1)
Variante Ausência típica Ausência atípica Valor de P
feminino 11 (73,3%) 2 (33,3%) Sexo
masculino 4(26,7%) 4 (67,7%)
0,223
AB 7(46,7%) 2 (33,3%) Etnia
C 8(53,3%) 4 (66,7%)
0,944
Sim 1(6,7%) 3 (50%) IIP
Não 14(93,3%) 3 (50%)
0,095
Sim 6(40%) 3 (50%) Mioclonias
palpebrais
Não 9(60%) 3 (50%)
0,944
Sim 2(13,3%) 2 (33,3%) Automatismos
Não 13(86,7%) 4 (66,7%)
0,66
83
Tabela 5: Resultados de diagnóstico clínico, monitorização por vídeo-EEG e
diagnóstico final após monitorização (Parte 2)
Variante Ausência típica Ausência atípica Valor de P
Sim 10(66,7%) 5 (83,3%) CTCG
Não 5(33,3%) 1 (16,7%)
0,818
Sim 4(26,4%) 4 (66,7%) Mioclonias
Não 11(73,3%) 2 (33,3%)
0,227
Sim 0 4 (66,7%) Crises astáticas
Não 15(100%) 2 (33,3%)
0,003
normal 14(93,3%) 4 (66,7%) DNPM
Alterado 1(6,7%) 2 (33,3%)
0,374
Abreviaturas: AB = afrobrasileiro; C = claro; IIP = incidente inicial precipitante; CTCG = crise Tonico
clonica generalizada; DNPM= desenvolvimento neuropsicomotor.
As crises de ausência atípica foram significativamente associadas à presença
de crises astáticas (p=0.003).
84
6 DISCUSSÃO
O presente estudo analisou a fenomenologia ictal das epilepsias com crises
de ausência de uma coorte de pacientes com critérios para EFR. Esse estudo trouxe
a oportunidade de analisar registros ictais em unidade de vídeo-EEG, o que nos
mostrou contribuir de forma importante na mudança de um diagnóstico inicial muitas
das vezes equivocado, e entender esses equívocos a partir das fenomenologias
ictais registradas durante os exames. Nossos resultados mostraram que algumas
das crises do tipo ausência podem apresentar fenômenos ictais de automatismos
motores simples e complexos, confundindo o diagnóstico e levando a terapêutica
inapropriada, como também mostraram Lombroso Ferrie e Holmes, Brown e Tucker
(LOMBROSO, 1997; FERRIE, 2005; HOLMES et al., 2005).
A freqüência de epilepsia generalizada (10,57%) em pacientes com EFR no
HUCFF-UFRJ foi menor do que a observada em outros estudos (DURÓN et al.,
2005; JALLON et al., 2005) que atribuíram esse dado ao baixo índice diagnóstico ou
a faixa etária das coortes estudadas. No nosso estudo, esse achado pode ser
explicado, talvez, pela grande demanda referida de pacientes com epilepsia focal
encaminhados para um Programa de Epilepsias como o do HUCFF-UFRJ que acaba
recebendo mais pacientes com possível indicação de cirurgia o que deve levar a um
viés de maior encaminhamento de crises focais.
A idade de início das crises de ausência variando de 1 ano a 39 anos se
justifica pela inclusão de pacientes com diferentes síndromes epilépticas onde se
encontram as crises de ausência. Cada uma destas síndromes possui idade de
início de acordo com a faixa etária própria. Outro fator para justificar nossos
extremos foi a inclusão de síndromes epilépticas com crises de ausência ainda não
reconhecidas pela ILAE, mas que vêm fazendo parte de estudos recentes e de
propostas de inclusão bem fundamentadas por vários autores
(PANAYOTOPOULOS, 1997; AGATHONIKOU et al., 1998; WIEST et al., 2001;
BAYKAN et al., 2002; CHAIX et al., 2003; PANAYIOTOPOULOS, 2005). Como
exemplo, temos a paciente com crises de ausência de início na idade adulta (aos 39
anos), e casos como esses foram relatados por Trinka (2005), e outra de início
precoce (aos doze meses de idade) (CHAIX et al., 2003; FERNÁNDEZ-TORRE et
al., 2006; TITOMAMNLIO et al., 2007). Apesar dos extremos de idade de início de 1
85
ano e 39 anos, nossa média de idade de início das crises de ausência foi de 11,04
anos, média essa encontrada nos estudo de EAJ (HIRSCH et al., 2007; VALENTIN
et al., 2007).
Encontramos predomínio de sexo feminino em relação ao masculino, fato este
que está de acordo com os achados da literatura onde o sexo feminino tem uma
discreta preponderância, principalmente nas epilepsias generalizadas com crises de
ausência (MULLINS et al., 2007; STEFAN et al., 2007). O predomínio no sexo
masculino pode ocorrer em casos de epilepsia com ausências mioclônicas (STEFAN
et al., 2007).
No nosso estudo houve maior freqüência de pacientes classificados como
brancos, embora não se tenha encontrado este parâmetro em outros estudos com
objetivo semelhante.
O intervalo de tempo de duração da epilepsia observado no presente estudo
foi maior do que o esperado. Este dado pode ser justificado quando vemos que a
literatura chama a atenção para o fato de pacientes, nos quais o diagnóstico
sindrômico não foi esclarecido, o diagnóstico equivocado levou ao uso de DAE que
pioram ou não controlam aquele tipo de epilepsia. Estes pacientes são
encaminhados a serviços de referência como portadores de EFR (sem que na
verdade sofram de EFR) e conseqüentemente apresentam maior tempo de duração
de uma epilepsia que poderia estar controlada (DEVINSKY, 1999; ARROYO, 2000;
PEDLEY; HIRANO, 2003; BRODIE, 2005). Neste estudo, intervalo de tempo de
duração da epilepsia sem controle das crises deveu-se, na maioria dos casos, ao
erro diagnóstico inicial e conseqüente inadequação das DAE prescritas. A menor
parcela dos casos teve sua refratariedade relacionada à síndrome destes pacientes
como as ausências atípicas que possuem em sua história natural, refratariedade ao
tratamento com DAE (BARE, et al., 1998; HOLLMES, 1999; NOLAN et al., 2005).
A história familiar de epilepsia faz parte de outros estudos com este tipo de
abordagem, sendo relevante sua pesquisa (WINAWER et al, 2005; STEFAN et al.,
2007). Nossos resultados estão de acordo com os achados da literatura onde em
alguns casos a presença de história familiar foi freqüente, com notada diversidade
entre os tipos de crise apresentados em uma mesma família (WINAWER et al.,
2005; STEFAN et al., 2007).
A pesquisa de convulsões febris na infância, feita nos 21 casos estudados e
presente somente em um paciente, deve-se ao fato de que nas epilepsias
86
generalizadas primárias, como as crises de ausência, essa associação é
inexpressiva. Não encontramos na literatura relato de passado de crises convulsivas
febris com ausências típicas ou atípicas, exceto na epilepsia com crises mioclônico-
astáticas onde a convulsão febril geralmente é o primeiro tipo de crise apresentada
(NORDLI , 2005).
A piora da freqüência das crises epilépticas atribuída ao uso de DAE contra-
indicadas em pacientes com EGI foi observada em 70 % (n=14) dos pacientes da
nossa série. Nossos achados corroboram a importância da nova classificação da
ILAE (ENGEL, 2006) ao incluir resposta seletiva ao uso de determinadas DAE como
critério na classificação das epilepsias, e esses achados são encontrados em
diversos estudos (LIPORACE et al., 1994; PANAYIOTOPOULOS, 1999; GENTON,
2000; GELISSE et al, 2004; BEN-MENACHEM et al., 2007; KÄLVIÄINEN, 2007). O
diagnóstico incorreto baseado na presença de automatismos ou alterações motoras
com características aparentemente focais (MORY et al., 2002; GUILHOTO et al.,
2003), assim com exames de EEG interictais com alterações focais (LOMBROSO,
1997; HOLMES et al., 2004; NICOLSON et al., 2004; GROSSO et al., 2005; CRAIU
et al., 2006) também estiveram presentes em nossos pacientes e foram elementos
complicadores para o diagnóstico clínico entre epilepsia focal e epilepsia
generalizada primária, só feito por meio do vídeo-EEG.
A falta de conhecimento de que fenômenos semiológicos ictais sugestivos de
crises focais possam estar presentes em pacientes com epilepsias generalizadas
primárias pode justificar a prescrição equivocada de drogas deletérias nestas
condições (LIPORACE et al., 1994; PANAYIOTOPOULOS, 1999; GENTON, 2000;
GELISSE et al., 2004; POSNER; MOHAMED; MARSON, 2005; STEFAN et al.,
2007). Em nossa série de pacientes, 4 apresentaram automatismos de membros,
boca e língua, muito sugestivos de epilepsia temporal, mas ocorrendo durante crises
de ausência correlacionada com EEG CEOL a 3c/s ou CE e PEOL generalizado.
Esse diagnóstico foi possível graças ao vídeo-EEG. Em outros 9, a presença de
mioclonias palpebrais foi confundida com automatismos faciais ou considerada um
evento não epiléptico. Em oito pacientes a presença de mioclonias apendiculares foi
confundida com automatismos de lobo temporal. Analisando a fenomenologia ictal,
podemos entender, ou pelo menos é o que sugere esses dados, que o uso de DAE
deletérias em um número grande de pacientes com epilepsia generalizada primária
tenha ocorrido por interpretação equivocada da semiologia epiléptica.
87
A diversidade de crises em pacientes com crises de ausência encontrada em
nosso estudo como automatismos, mioclonias palpebrais e automatismos labiais
está de acordo com os relatos da literatura (HOLMES et al., 1986; MORY et al.,
2002; GUILHOTO et al., 2003; STEFAN et al., 2007 ).
A presença de EA observado em nossos pacientes está de acordo com
achados da literatura, onde pacientes com crises de ausência, apesar de
aparentemente assintomáticos, podem abrir o quadro com EA ou CTCG. (DALY,
1990; AGATHONIKOU et al., 1998; BAYAKAN et al., 2001; WIEST et al., 2001;
BAYKAN et al., 2002; PANAYIOTOPOULOS, 2005; SHORVON et al., 2005;
GENTON et al., 2008).
Encontramos maior associação de crises de ausência atípica em pacientes
com história de perda das funções adquiridas após o início das crises, retardo
mental e EFR. Este dado, está de acordo com a literatura que mostra serem as
crises de ausência atípica relacionadas a um prognóstico mais reservado no que se
refere ao controle das crises, ao comprometimento cognitivo, desenvolvimento
neurológico e a um maior número de tipos de crises (HOLMES et al., 1987; BARE et
al., 1998; HOLMES, 1999; NOLAN et al., 2005; STEFAN et al., 2007). Nossos
pacientes com crises de ausência atípica apresentaram crises associadas à
alteração de tônus muscular, hipotonias ou hipertonias, e as crises astáticas foram
mais freqüentes neste grupo do que mostram outros estudos (HOLMES et al., 1987;
BARE et al., 1998; NIEDERMEYER, 1998; HOLMES, 1999; STEFAN et al., 2007).
Encontramos nos pacientes com crises de ausência típica associação de
vários tipos de crises. Esse resultado pode ser atribuído à marcada heterogeneidade
de crises encontrada em pacientes com EGI e é corroborado por outros autores
(HOLMES et al., 1987; PANAYIOTOPOULOS, 1997b; HOLMES, 1999; MORY et al.,
2002; GUILHOTO et al., 2003; DURÓN et al., 2005; GROSSO et al, 2005; NORDLI,
2005; TRINKA, 2005; VALENTIN et al., 2005; STEFAN et al, 2007 ). Nestes casos a
presença de automatismos, sintomas autonômicos como liberação esfincteriana e
mal estar epigástrico, sinais motores e mesmo mioclonias palpebrais ou
apendiculares que ocorreram em nossos pacientes funcionou como fator de
confusão, levando a um diagnóstico incorreto. Essa confusão diagnóstica é referida
por vários autores em diferentes estudos (FERNER; PANAYIOTOPOULOS, 1993;
PANAYIOTOPOULOS et al., 1997; BILGIC et al., 2001; WIEST et al., 2001; MORY
88
et al., 2002; BURNEO et al., 2004; BUREAU et al., 2005; TRINKA, 2005; DEMIRCI
et al., 2006).
Quando aplicamos a classificação sindrômica proposta pela ILAE em nossos
pacientes, (COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE
ILAE, 1981; COMMISSION ON CLASSIFICATION AND TERMINOLOGY OF THE
ILAE, 1989; ENGEL, 2006) seguida dos critérios propostos por Panayiotopoulos e
colaboradores (1997), obtivemos uma diferença importante em relação a
classificação anterior. Segundo Panayiotopoulos (1999), a classificação de uma
síndrome específica, está de acordo com a literatura quando a aplicação destes
critérios leva a um aumento desta classificação e conseqüente melhora na
possibilidade das propostas terapêuticas para os pacientes em questão
(GIANNAKODIMOS et al., 1996; GUILHOTO et al., 2003; GROSSO et., 2005).
Considerando essa observação, três pacientes (casos 1, 2 e 21) mantiveram seus
diagnósticos inalterados. No caso número um classificado pelos critérios da ILAE
como EAJ, quando aplicado os critérios clínicos propostos por Panayiotopoulos
(1997) teve seu diagnóstico mantido porque apresentava mioclonias palpebrais,
porém não constantes, e seu padrão eletrencefalográfico concordava com os
critérios de Panayiotopoulos (1997) para EAJ.
O caso de número dois recebeu a classificação inicial pelos critérios
propostos pela ILAE como EMJ embora em sua história tenha tido dois episódios de
convulsões febris na infância e tratamento com uso DAE durante a infância por esta
mesma razão, fatores estes que não invalidam o diagnóstico. Quando usados os
critérios de Panayiotopoulos (1997), não houve critério clínico ou eletrencefalográfico
que excluísse este diagnóstico.
No caso número 21, por meio dos critérios da ILAE foi feito diagnóstico de
EAJ, diagnóstico este mantido quando comparado aos critérios propostos por
Panayiotopoulos (1997).
Dois casos, o número seis e o de número dez, tiveram seu diagnóstico
alterado para síndromes ainda não reconhecidas pela ILAE. O paciente do caso
número seis, pelos critérios diagnósticos da ILAE preenchia critérios para EAI pela
idade de início das crises e a história de crises de ausência. Nesta paciente, quando
aplicamos os critérios propostos por Panayiotopoulos (1997), vemos que a história
de possíveis episódios de status epilepticus de ausência, entremeados por CTCG,
após longo período onde permaneceu assintomática e evidencia de ausência “de
89
novo” (agora com perda parcial de contato com o meio, associado a breves
espículas e poliespículas e ondas lentas no EEG ictal) teve seu diagnóstico alterado
para “phantom absences”.
O paciente do caso número dez, com crises de ausência associada à
mioclonias palpebrais, com reatividade importante a HV e FE, tinha diagnóstico
inicial de EAJ quando aplicados os critérios da ILAE. Quando aplicado os critérios
propostos por Panayiotopoulos (1997), houve mudança deste diagnóstico para
mioclonias palpebrais com ausências, justificado pelo predomínio de crises de
mioclonias palpebrais. Esta mudança foi baseada considerando os critérios
eletrencefalográficos e a fotossensibilidade, e a precipitação das crises mediante
fechamento das pálpebras em ambiente iluminado associada e as breves descargas
de espículas e poliespículas e onda lenta com freqüência entre 3 e 6 Hz.
Cinco pacientes sem classificação possível pelos critérios propostos pela
ILAE receberam diagnóstico do tipo de síndrome epiléptica que apresentavam após
aplicação dos critérios propostos por Panayiotopoulos (1997), síndromes essas em
vias de reconhecimento pela ILAE.
O caso número três, não possuía classificação pelos critérios da ILAE. Com a
aplicação dos critérios clínicos propostos por Panayiotopoulos (1997) recebeu o
diagnóstico de EAMP fundamentado por meio das freqüentes crises de mioclonias
palpebrais, história de fotossensibilidade, algumas CTCG e critérios
eletrencefalográficos com padrão típico das mioclonias palpebrais com ausência por
presença de descargas breves de CE e PEOL com freqüência entre 3 e 4 HZ. O
caso de número sete, não preenchia qualquer diagnóstico sindrômico quando
aplicados os critérios da ILAE, principalmente pelo início tardio das crises, a falta de
história prévia que sustentasse este quadro e padrões eletrencefalográficos não
específicos. Quando aplicados os critérios propostos por Panayiotopoulos (1997),
considerando os critérios clínicos, sua história inicial de CTCG e episódios de
ruptura parcial com o meio onde percebia que havia permanecido de algum modo
“desligada” ou “ausente”, associados a breves descargas de CE e PEOL na
freqüência de 3 a 4 Hz, foi classificada como “phantom absences”.
O caso número 11, não possuía características que possibilitassem um
diagnóstico específico quando aplicados os critérios aplicados pela ILAE. Quando
usados os critérios propostos por Panayiotopoulos (1997) onde os discretos
episódios de ausência quase que imperceptíveis associados à EA e CTCG
90
associadas a critérios eletrencefalográficos de descargas de CE e PEOL de breve
duração simultâneos a momentos de confusão mental, foi possível o diagnóstico de
phantom absences.
O caso número 13, pelos critérios propostos pela ILAE, não possuía
características que levassem a um diagnóstico sindrômico. Com a aplicação dos
critérios clínicos propostos por Panayiotopoulos (1997), a associação de ausência
associados à CTCG, freqüentes episódios de liberação esfincteriana e uma história
de muita “confusão” com episódios de “erro ao realizar tarefas usuais” e critérios
eletrencefalográficos de descargas de espículas e ondas lentas entre 3 e 4 Hz,
houve a possibilidade de diagnosticar a síndrome de “phantom absences”.
O caso número 18, com sua idade de início e achados eletrencefalográficos,
pelos critérios da ILAE não podia ter classificação sindrômica. Através de critérios
obtidos na literatura mais recente (CHAIX et al., 2003; PANAYIOTOPOULOS, 2005),
houve a possibilidade de reconhecimento da síndrome de ausências de início
precoce, quadro este, ainda em estudos e com divergências quanto aos seus
critérios clínicos e eletrencefalográficos.
O caso número quatro classificado inicialmente pelos critérios da ILAE como
EAI, quando aplicado os critérios de Panayiotopoulos (1997) perde esta
classificação. Comparando os critérios da ILAE e de Panayiotopoulos (1997) vemos
que pelos critérios clínicos de exclusão, a paciente apresenta crises de ausência
com marcada presença de mioclonias palpebrais e não apresenta crises de
ausência sem estas. Nos critérios de Panayiotopoulos (1997) na mioclônia palpebral
com ausências, observa-se que as crises são de mioclonias palpebrais, não
assumem o caráter breve descrito, mas tem duração superior a esperada. Ao se
aplicar os critérios eletrencefalográficos, observa-se que seu padrão encontra-se em
desacordo com a proposta do autor, não apresentando, a freqüência esperada que
deve estar entre 3 e 6 Hz com característica irregular, ausência das poliespículas, a
ativação pelo fotoestímulo assim como o fechamento ocular em ambiente iluminado
não deflagra a crise. Por esse critério essa paciente permanece sem uma
classificação.
No caso número nove, a paciente quando avaliada em relação aos critérios
da ILAE, recebeu o diagnóstico de EAJ. Uma vez aplicados os critérios de
Panayiotopoulos (1997) vemos: na investigação clínica o fato da consciência estar
apenas parcialmente comprometida, afasta este diagnóstico. Em relação aos
91
critérios eletrencefalográficos, o traçado de base com alentecimento da atividade
elétrica cerebral associada à irregularidade e não ritmicidade das espículas e ondas
lentas, seu diagnóstico como EAJ, fica prejudicado, não se chegando com estes
critérios a um diagnóstico.
No caso de número quinze, a paciente possuía diagnóstico de EMJ segundo
os critérios clínicos adotados pela ILAE. Ao ser analisado em relação aos critérios
propostos por Panayiotopoulos (1997), a avaliação clínica encontrava-se de acordo
com o diagnóstico da ILAE, porém os critérios de exclusão eletrencefalográficos
utilizados por este autor se contrapunham aos registros encontrados neste caso,
onde além de predomínio de breves descargas, a paciente apresentava descargas
de espícula e onda lenta, irregulares e não rítmicas.
Ao se examinar o caso número 19, a paciente possui critérios pela ILAE para
estar no grupo de pacientes com EAI, com critérios clínicos e eletrencefalográficos
adequados a esta classificação. Ao ser examinada em relação aos critérios
propostos por Panayiotopoulos (1997), do ponto de vista clínico, foge a proposta
pela presença das mioclonias palpebrais marcadas e quanto aos critérios
eletrencefalográficos, a presença de OAOL focais no traçado de base afasta esta
classificação.
O caso de número quatorze não preenchia critérios da ILAE para síndromes
de ausência específicas. Utilizando-se os critérios de Panayiotopoulos (1997), a
paciente não possuía critérios aplicáveis entre as síndromes descritas até o
momento, seu quadro clínico não correspondia aos critérios de inclusão, e seu
padrão eletrencefalográfico mantinha critérios de exclusão para as possíveis
síndromes que foram correlacionadas.
Atribuímos a grande freqüência de casos de “phantom absence” desta série
ao fato de que esses pacientes apresentavam crises difíceis de serem
diagnosticadas e esse tipo de encaminhamento para um centro de referência é
comum.
A análise da nossa série de pacientes com crises de ausência permitiu uma
revisão cuidadosa dos critérios de diagnóstico propostos atualmente e mostrou que
o estudo cuidadoso de pacientes com EFR pode mudar um diagnóstico inicial para
uma epilepsia controlada e não EFR. Em quase 70% dos nossos casos a mudança
e a adequação do diagnóstico de síndrome epiléptica ou do tipo de crise mudou o
rumo do tratamento e a qualidade de vida desses pacientes e de suas famílias,
92
corroborando a importância da formação de centros de referência para investigação
e tratamento das epilepsias.
93
7 CONCLUSÕES
1. A fenomenologia ictal de pacientes com crises de ausência típica ou atípica pode
apresentar características diversas, e o estudo eletro-clínico mostrou que estão
incluídos fenômenos mioclônicos, automatismos, distúrbios autonômicos e
diferentes graus de comprometimento da consciência.
2. A epilepsia com crises de ausência típica mostrou-se mais freqüente do que as
acompanhadas de crises de ausências atípicas. Entre as crises de ausência
típica, as EAJ foram as mais freqüentes no grupo das epilepsias reconhecidas
pela ILAE, seguida pela epilepsia mioclônica juvenil.
3. A ausência fantasma foi a mais comum das ausências em vias de
reconhecimento pela ILAE, seguida pelas ausências com mioclonias palpebrais e
depois pela ausência de início precoce.
4. Quase setenta por cento dos pacientes sofreram mudança de diagnóstico de
epilepsia focal para epilepsia generalizada primária.
5. O diagnóstico eletro-clínico de epilepsia do tipo ausência foi seguido de
dramática melhora do controle das crises após a troca e indicação adequada da
droga anti-epiléptica.
94
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106
APÊNDICE A
RELATO DOS CASOS E DOS RESULTADOS DA MONITORIZAÇÃO POR VÍDEO-EEG
CASO 1
MABB, 12 anos, sexo masculino, natural do Rio de Janeiro (RJ). Início do
quadro aos dez anos de idade, com relato de crises de ausência. As crises se
caracterizavam por episódios de ruptura de contato com o meio e olhar fixo, por
vezes associados à mioclonias palpebrais e mais raramente movimentos
oromandibulares, esporadicamente acompanhado de retropulsão da cabeça que
duravam entre 10 e 20 segundos. As crises tinham início e final abruptos, sem aura,
com inteira recuperação da consciência ao final da crise, sem sintomas pós-ictais.
Este paciente vinha apresentando diminuição do rendimento escolar. Relato de
várias crises ao dia que não se modificaram após início de AVP. Exame neurológico
normal. Em uso de AVP 500mg/dia.
EEG AMBULATORIAL
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: surtos de ondas lentas irregulares e ondas agudas de média
amplitude com projeção nas regiões temporais à esquerda;
• registro ictal: apresentou crises de ausência caracterizadas por ruptura de contato
com o meio por vezes associada à mioclonias palpebrais e movimentos de
mandíbula e em uma crise houve movimento de retropulsão da cabeça. O início e
final das crises ocorriam de modo abrupto, com imediato retorno do paciente a sua
atividade inicial. O registro eletrencefalográfico evidenciou de forma simultânea às
crises surtos de CEOL a 3 Hz, de elevada amplitude e projeção difusa acentuados
pela na hiperpnéia com duração entre nove e 12 segundos;
total de crises registradas: seis.
107
Página 00:00:43 Sens=30µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Ligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
16:53:34 16:53:35 16:53:36 16:53:37 16:53:38 16:53:39 16:53:40 16:53:41 16:53:42 16:53:43
150µV 1 seg
Figura 1: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando início ictal com presença de surto de
CEOL a 3 Hz, de elevada amplitude e projeção generalizada.
CASO 2
LMS, 15 anos, sexo masculino, natural da PB. Início do quadro com episódio
de convulsão febril quando fez um ano de idade. Ocorrência de segunda crise aos
dois anos e seis meses quando iniciou tratamento com DAE até os oito anos de
idade, permanecendo assintomático durante este tempo. Ficou dos oito aos 11 anos
de idade sem uso de DAE e assintomático. Aos 11 anos reiniciou crises epilépticas
caracterizadas por ruptura de contato com o meio, associadas a breves e discretas
mioclonias de membros superiores e membros inferiores de início e final abruptos,
sem sinais precursores e sem sintomas pós ictais, com o paciente ao final da crise,
retornando à atividade anterior a mesma e por vezes havia evolução para CTCG.
Procurou auxílio médico com início de DAE sem controle das crises. Aos 14
anos houve aumento importante na freqüência das crises com várias CTCG. Antes
da monitorização, queixava-se de falta de controle das crises com prejuízo no
aprendizado. Exame neurológico normal. Em uso de CBZ 400mg/dia, FNT
100mg/dia e FNB 100mg/dia.
108
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: presença de inúmeros fragmentos de CE e PEOL de 2,5 a 3
Hz, de elevada amplitude, com projeção generalizada e predomínio em regiões
fronto-centrais bilaterais e de elevada amplitude. A hiperpnéia acentua a ocorrência
de CEOL de 2,5 a 3 Hz com projeção generalizada e predomínio em regiões fronto-
centrais bilaterais de elevada amplitude, com duração de dois a cinco segundos, por
vezes seguida de supressão da atividade elétrica cerebral. Ocorrência de raros CE e
PEOL seguidos de CEOL generalizados;
• registro ictal: durante a HV apresentou episódio de ruptura de contato com o meio
associado à reação de parada e mioclonias apendiculares com duração de cinco
segundos simultânea a ocorrência de CE e PEOL de 2,5 a 3 Hz com projeção
generalizada;
total de crises: uma.
Figura 2: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CEO e CE e PEOL,
Página 00:01:20 Sens=15µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Ligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
08:09:24 08:09:25 08:09:26 08:09:27 08:09:28 08:09:29 08:09:30 08:09:31 08:09:32 08:09:33
75µV 1 seg
de 2,5 a 3 Hz, de elevada amplitude, com projeção generalizada e maior
amplitude em projeções fronto-centrais bilaterais.
109
CASO 3
VMVS, 37 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro com 14 anos
de idade, com episódio de CTCG ocasionado por estímulos luminosos. Recorreram
então episódios de CTCG sempre associados a estímulos luminosos. Iniciou
tratamento com CBZ que suprimiu CTCG dando início a abalos mioclônicos de
membros superiores sem perda de consciência que ocorriam com predominância no
período da manhã e também mioclonias palpebrais. Estes eventos na ocasião não
foram interpretados como epilépticos e parou com a medicação por conta própria
levando a melhora das mioclonias sem retorno das CTCG. Aos 34 anos, três anos
antes da monitorização, houve retorno das crises de mioclonias palpebrais com
ausência. Um ano antes da monitorização houve piora do quadro associada ao
acréscimo de CBZ, após exame de RM, com imagem compatível com cisto
neuroglial em topografia de fissura coróidea direita. As crises agora se caracterizam
por desvio do globo ocular para cima e mioclonias palpebrais que ocorrem várias
vezes ao dia podendo ou não estar associadas à ruptura de contato com o meio,
com duração de dois a três segundos com início e final abruptos, sem sintomas pré
ou pós-ictais. Exame neurológico normal. Em uso de CBZ e CLZ.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: dois dias
• registro interictal: surtos de ondas lentas intermitentes em regiões anteriores do
hemisfério direito;
• registro ictal: apresentou diversas crises caracterizadas por desvio dos olhos para
cima, acompanhado de mioclonias palpebrais que duravam de dois a três segundos,
associados à ruptura de contato com o meio, algumas destas crises eram
nitidamente relacionadas com o fechamento das pálpebras em ambiente iluminado.
O FE acentuou a ocorrência destes eventos. O registro eletrencefalográfico
simultâneo a estas crises era caracterizado por CE e PEOL de 4 a 5 Hz de projeção
generalizada, tendo correspondência entre os abalos mioclônicos palpebrais e a
freqüência dos CEOL ou com as PEOL;
total de crises: incontáveis
110
Página 00:00:10 Sens=20µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
10:56:10 10:56:11 10:56:12 10:56:13 10:56:14 10:56:15 10:56:16 10:56:17 10:56:18 10:56:19
Crise com Mioclonias Palpebrais
100µV 1 seg
Figura 4: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CE e PEOL, de 4 a 5 Hz, com
projeção generalizada, de elevada amplitude, apresentando clinicamente crise de ausência
com mioclonias palpebrais.
CASO 4
MRSCR, seis anos, sexo feminino, natural RJ. Início do quadro aos quatro
anos de idade com episódios freqüentes de crises de ausência. O quadro se
caracterizava por ruptura de contato com o meio, mantendo olhos fixos e reação de
parada rapidamente evoluindo com mioclonias palpebrais, movimentos de lábios e
língua, quando mais demorada evoluía para discretos movimentos em mãos e pés
com evolução craniocaudal similares a automatismos. Estas crises tinham início e
final abruptos, com a paciente retornando a atividade inicial imediatamente no final
da crise, sem auras ou sintomas pós ictais. Antes da monitorização, houve período
com exacerbação na freqüência das crises associado a uso de DAE. Exame
neurológico normal. Em uso de CBZ 200mg/dia e FNB 50mg/dia.
111
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: presença de inúmeros fragmentos de CEOL de projeção
generalizada a 3 Hz acentuados pela hiperpnéia;
• registro ictal: ocorrência de várias crises caracterizadas por reação de parada
com ruptura de contato com o meio mantendo olhos fixos acompanhados de parada
nos movimentos faciais, rapidamente evoluindo com mioclonias palpebrais,
movimentos de lábios e língua. Quando mais demorada evoluía para discretos
movimentos em mãos e pés similares a automatismos que podiam durar de 18 a 20
segundos. Seu início e final foram sincrônicos com alteração eletrencefalográfica
também de início e final súbitos caracterizadas por CEOL a 3 Hz de projeção
generalizada com duração de 18 a 20 segundos. A HV acentuou a ocorrência das
crises descritas;
total de crises registradas: incontáveis
Página 00:01:55 Sens=30µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
15:22:26 15:22:27 15:22:28 15:22:29 15:22:30 15:22:31 15:22:32 15:22:33 15:22:34 15:22:35
150µV 1 seg
Figura 5: Registro vídeo-eletrencefalográfico ictal evidenciando CEOL rítmicos a 3 Hz,de elevada
amplitude, com projeção generalizada, sincrônicos e simétricos, com duração de 18
segundos. Clinicamente, apresentou crise de ausência com mioclonias palpebrais e
movimentos periorais e de língua.
112
CASO 5
DDG, 17 anos, sexo masculino, natural do RJ. Início do quadro aos quatro
anos de idade, com relato de crises tônico-clônicas generalizadas, crises tônicas,
crises de perda de contato com o meio, associadas ou não a automatismos de
membros superiores com início e final abruptos, de curta duração, assim como,
crises astáticas. Havia relato prévio de complicações perinatais e retardo no
desenvolvimento psicomotor. Antes da monitorização, as crises eram freqüentes, de
longa duração e evoluíam para CTCG ou tônicas. Evoluiu com alternância de
períodos onde há melhora importante das crises com períodos de exacerbação e
falta de controle das mesmas. Nunca ficou livre de crises. Exame neurológico com
funções cognitivas moderadamente comprometidas, fala escandida, ataxia leve de
tronco, força muscular preservada, com aumento do tônus muscular e reflexos
profundos exacerbados nos quatro membros. Em uso de CBZ, FNB, VPA e DZP,
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: lentificação difusa da atividade elétrica cerebral, surtos
freqüentes de CEOL a 3 Hz assim como paroxismos de OAOL a 2 Hz entremeados
por supressão da atividade elétrica cerebral. Curtos episódios de atenuação
generalizada da atividade elétrica cerebral. Ocorrência de ondas lentas irregulares,
ondas agudas e espículas de média a elevada amplitude, com projeção nas regiões
temporais e posteriores, bilaterais e independentes, predominando a esquerda;
• registro ictal: apresentou crises iniciadas de maneira insidiosa, com reação de
parada de difícil demarcação de seu início assim como seu final, dificuldade na
caracterização da ruptura de contato com o meio, associada a automatismos de
deglutição, durante ocorrência eletrencefalográfica de surtos OAOL a 2 Hz
entremeados por supressão da atividade elétrica cerebral. Outras crises de ruptura
de contato com o meio associadas a surtos de CEOL a 3 Hz de breve duração.
Houve período onde o paciente não respondeu a solicitações durante alguns
segundos após término das crises observadas no registro eletrencefalográfico.
Paciente pouco cooperativo para realizar HV adequada;
total de crises registradas: incontáveis.
113
Página 00:06:19 Sens=20µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
10:23:04 10:23:05 10:23:06 10:23:07 10:23:08 10:23:09 10:23:10 10:23:11 10:23:12 10:23:13
ver
100µV 1 seg
Figura 6: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CEOL de 2 a 3 Hz, de elevada
amplitude, com projeção generalizada.
Página 00:00:33 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
09:57:35 09:57:36 09:57:37 09:57:38 09:57:39 09:57:40 09:57:41 09:57:42 09:57:43
50µV 1 seg
Figura 7: Registro eletrencefalográfico evidenciando ritmo de base mal modulado em forma com
identificação difusa da atividade elétrica cerebral, ondas lentas irregulares, ondas agudas e
pontas de média a elevada amplitude com projeção nas regiões temporais e posteriores
predominando a esquerda.
114
CASO 6
JDRC, 48 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro aos 6 anos de
idade com crises de ausência de longa duração e com elevada freqüência. Nesta
ocasião as crises se caracterizavam por reação de parada com perda de contato
com o meio por vezes durando até horas e seguidas de sonolência. Durante a
adolescência houve redução importante na freqüência e duração destas crises até
tornar-se assintomática. Aos trinta e sete anos após situação de estresse, houve
episódio de ruptura de contato com o meio que durou aproximadamente dez dias,
entremeado por vários episódios de CTCG. Nesta ocasião, pelas CTCG que se
tornaram freqüentes, foi levada à consulta médica sendo feito diagnóstico de
epilepsia secundária a neurocisticercose após TCC que mostrou áreas de
calcificação. Antes da monitorização relatava ocorrência freqüente de episódios de
ruptura parcial de contato com o meio e reação de parada que podiam durar várias
horas, sendo estes acompanhados por vezes, por desconforto epigástrico e
mioclonias palpebrais. Exame neurológico normal. Em uso de CBZ, FNT e CLB.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: fragmentos de CE e PEOL acentuados pela sonolência;
• registro ictal: crises de ruptura parcial de contato com o meio de breve duração,
onde o registro eletrencefalográfico evidenciou de modo simultâneo paroxismos de
CE e PEOL de 3 a 4 Hz e projeção generalizada, média a elevada amplitude, com
duração média de cinco segundos;
total de crises: quatro.
115
Página 00:08:43 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
09:28:44 09:28:45 09:28:46 09:28:47 09:28:48 09:28:49 09:28:50 09:28:51 09:28:52 09:28:53
50µV 1 seg
Figura 8: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CE e PEOL, de 3 a 4 Hz, de
média a elevada amplitude, com projeção generalizada.
CASO 7
MBP, 60 anos, sexo feminino, natural da Espanha. Início do quadro aos 39
anos de idade, com relato de episódio de ruptura parcial de contato com o meio e
queda ao solo, iniciou então vários episódios de ausência caracterizados de perda
de contato com o meio e reação de parada. Aos 49 anos, segunda crise, também
caracterizada por ruptura de contato com o meio, porém agora seguida de CTCG.
Antes da monitorização, relatava episódios de ruptura de contato com o meio onde
sabia ter tido a crise, com reação de parada sem outros fenômenos motores e
freqüência de, no mínimo, uma vez ao dia. Exame neurológico normal. Em uso de
CNZ.
116
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quadro horas;
• registro interictal: registro eletrencefalográfico evidenciou surtos de CE e PEOL
irregulares, com 3 a 4 Hz, de projeção generalizada e predomínio fronto-centrais
bilaterais. A HV não alterou o traçado. O sono acentuou o aparecimento de
fragmentos de CE e PEOL;
• registro ictal: cerca de 23 segundos após o término da HV ocorreu ruptura de
contato com o meio e reação de parada sem outra fenomenologia associada,
simultânea a registro eletrencefalográfico de CE e PEOL, de projeção generalizada,
irregulares de 3 a 4 Hz de média a elevada amplitude com duração de cinco
segundos;
total de crises registradas: uma.
Página 00:02:31 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
10:30:20 10:30:21 10:30:22 10:30:23 10:30:24 10:30:25 10:30:26 10:30:27 10:30:28 10:30:29
50µV
1 seg
Figura 9: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CEOL irregulares, cerca de 3 a 4
Hz, com projeção generalizada e predomínio fronto-central bilateral.
117
P
ágina 00:03:40 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
10:31:29 10:31:30 10:31:31 10:31:32 10:31:33 10:31:34 10:31:35 10:31:36 10:31:37
50µV 1 seg
Figura 10: Registro eletrencefalográfico de crise de ausência ocorrida após HV simultânea a
paroxismos de CEO e CPEO a 3 Hz de média amplitude e projeção generalizada.
CASO 8
WPB, 23 anos, sexo masculino, natural RJ. Início do quadro de epilepsia aos
16 anos de idade, com episódios de ruptura de contato com o meio, reação de
parada e mioclonias palpebrais associadas à diminuição do tônus muscular e queda.
Antes da monitorização, tem relato de diversas crises diárias de perda de contato
com o meio, e outras associadas a flexão do segmento cefálico. Por vezes
associadas às refeições e outras com versão do segmento cefálico para a direita
seguida de queda ao solo. História prévia de complicações perinatais com cianose
evoluindo com retardo no desenvolvimento neuropsicomotor e dificuldades no
aprendizado. Ao exame neurológico o paciente apresenta fácies pequena com
microdontia e palato em ogiva associado a retardo mental moderado. Em uso de
CBZ 2.400 mg/dia e FNB 200mg/dia.
118
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: duas horas;
• registro interictal: evidenciando traçado de base mal modulado em forma, com
paroxismos de OLOA de projeção em regiões temporais a esquerda;
• registro ictal: apresentou crise de ausência caracterizada por ruptura de contato
com o meio e reação de parada de início gradual que se acompanhou de registro
eletrencefalográfico de descargas de CEOL e OAOL, com cerca de 1,5 a 2 Hz, de
média amplitude, de projeção generalizada e duração de oito segundos. A HV
acentuava a ocorrência destes grafoelementos;
total de crises registradas: uma.
Página 00:10:17 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
10:03:40 10:03:41 10:03:42 10:03:43 10:03:44 10:03:45 10:03:46 10:03:47 10:03:48
50µV
Figura 10: Registro eletrencefalográfico ictal evidenciando descargas de CEO, de cerca de
1,5 a 2 Hz, de média amplitude, com projeção generalizada.
1 seg
ver
119
CASO 9
FCA, 29 anos, sexo feminino, natural RJ. Início do quadro aos 10 anos de idade,
com crises de ausência caracterizadas por ruptura de contato com o meio, reação
de parada, olhar fixo que por vezes se associavam à mioclonias de MMSS e MMII
que ocorriam diversas vezes ao dia com curta duração ou se apresentavam como
crises de duração de até duas horas. Antes da monitorização, ocorriam episódios
freqüentes de ausências com características semelhantes com duração de até duas
horas (status de ausência). Exame neurológico normal. Em uso de CBZ 400 mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: inúmeros paroxísmos de onda aguda onda lenta de 1 a 4 Hz,
regulados com períodos de alentecimento;
• registro ictal: durante a hiperventilação houve ruptura parcial de contato com o
meio, com paciente continuando a hiperventilação, acompanhada de registro
eletrencefalográfico de inúmeros paroxismos de CE e PEOL de 3 a 4 Hz com
projeção generalizada e elevada amplitude;
total de crises registradas: uma.
Página 00:03:22 Sens=20µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-RF
F7-RF
F3-RF
T3-RF
C3-RF
T5-RF
P3-RF
O1-RF
Fp2-RF
F8-RF
F4-RF
T4-RF
C4-RF
T6-RF
P4-RF
O2-RF
FZ-RF
CZ-RF
PZ-RF
OZ-RF
11:02:58 11:02:59 11:03:00 11:03:01 11:03:02 11:03:03 11:03:04 11:03:05 11:03:06 11:03:07
100µV
Figura 11: Registro vídeo-eletrencefalográfico de EA associado a inúmeros paroxismos de CE e
PEOL de 3 a 4 Hz com projeção generalizada e elevada amplitude.
1 seg
60 seg - HV
120
CASO 10
JLD, 12 anos, sexo feminino, natural RJ. Início do quadro aos 11 anos de
idade, com CTCG. As crises eram desencadeadas por estímulos luminosos
(computador, televisão) e ocorriam com freqüência maior durante a manhã. Antes da
monitorização, ocorriam episódios de mioclonias palpebrais de breve duração que
não eram valorizados como eventos epilépticos e não relacionados com crises de
ausência, sem serem mencionados espontaneamente durante anamnese. Exame
neurológico normal. Em uso de CBZ 400 mg/dia e FNB 50 mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: inúmeros paroxismos de CE e PEOL de projeção generalizada,
de elevada amplitude com cerca de 2 segundos;
• registro ictal: apresentou crises de mioclonias palpebrais com ruptura de contato
com o meio e reação de parada, de início e final abruptos acentuadas principalmente
pela HV embora de forma menos intensa pelo FE. Estas crises ocorriam de forma
simultânea com registro EEG de paroxismos generalizados de CE e PEOL de 3 a 4
Hz de até 8 segundos de duração entremeados por supressão da atividade elétrica
cerebral. O fechamento palpebral em ambiente claro gerava mioclonias palpebrais
acompanhadas de registro eletrencefalográfico de paroxismos de CE e PEOL de 3 a
4 Hz de projeção generalizada e elevada amplitude com duração de 1 a 2 segundos;
total de crises registradas: incontáveis.
121
Página 00:01:23 Sens=30µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
10:47:16 10:47:17 10:47:18 10:47:19 10:47:20 10:47:21 10:47:22 10:47:23 10:47:24 10:47:25
150µV 1 seg
Figura 12: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando início ictal com descargas de CEO e
CPEO, cerca de 3 a 4 Hz, de elevada amplitude, com projeção generalizada,
desencadeados pela hiperventilação. Clinicamente, apresentou crise de ausência com
mioclonias palpebrais.
CASO 11
FCF, 17 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro aos 12 anos de
idade, com CTCG. Evoluiu sem controle das crises epilépticas que se tornaram mais
freqüentes e mais prolongadas, mesmo com uso de diversos esquemas terapêuticos
com DAE. No período que realizou monitorização por vídeo- EEG não apresentava
mais CTCG, porém tinha queixa de dificuldades no aprendizado. Exame neurológico
normal. Em uso de FNB 100 mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: presença de paroxismos de CEOL de 3 a 5 Hz e CPEOL
irregulares de projeção generalizada e períodos longos de supressão da atividade
elétrica cerebral. Longos períodos de ondas lentas irregulares de projeção
122
generalizada seguidos de períodos de supressão da atividade elétrica cerebral. O
FE acentua o aparecimento de CEOL de 3 a 5 Hz irregulares de elevada amplitude e
projeção generalizada;
• registro ictal: rupturas parciais de contato com o meio, reação de parada com
duração de três a quatro segundos associadas a CE e PEOL irregulares e de
projeção generalizada no traçado;
total de crises registradas: três.
Página 00:02:06 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
09:08:01 09:08:02 09:08:03 09:08:04 09:08:05 09:08:06 09:08:07 09:08:08 09:08:09 09:08:10
50µV 1 seg
Figura 13: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CE e CPEOL irregulares, cerca
de 3 a 4 Hz, de média amplitude, com projeção generalizada.
123
CASO 12
MVTO, 42 anos, sexo masculino, natural do RJ. Início do quadro aos três
anos de idade com perda de contato com o meio, que durou cerca de uma hora.
Evoluiu com crises de ausência e, mais tarde, iniciou episódios de CTCG. As crises
de ausência se caracterizavam por ruptura de contato com o meio, reação de parada
acompanhada de mioclonias palpebrais com curta duração (segundos). Tem relato
de complicações perinatais. Antes da monitorização, apresentava CTCG
principalmente durante o sono, com várias crises de ausência durante o dia, por
vezes associadas à mioclonias apendiculares e quedas freqüentes. Exame
neurológico normal exceto por retardo mental leve. Em uso de AVP, FNB E DZP.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: três horas;
• registro interictal: presença de lentificação difusa da atividade elétrica cerebral e
presença de paroxismos CEOL de 2 a 2,5 Hz generalizados com predomínio fronto-
central de com duração de 2 a 6 segundos;
• registro ictal: apresentou, durante a ativação pela HV, várias crises de ausência
caracterizadas por cessação de forma gradual da atividade em curso
(hiperventilação) acompanhada com a progressão de movimentos palpebrais, como
piscar, e ora por movimentos de boca e língua. Simultaneamente houve paroxismos
CEOL e de 2 a 2,5 Hz de projeção generalizada de predomínio fronto-central e
elevada amplitude com duração entre 16 e 22 segundos. Durante o FE houve nova
crise com características clínicas e eletrencefálográficas semelhantes às anteriores;
total de crises registradas: cinco.
124
Página 00:02:38 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
09:20:03 09:20:04 09:20:05 09:20:06 09:20:07 09:20:08 09:20:09 09:20:10 09:20:11 09:20:12
50µV 1 seg
Figura 14: Registro vídeo-eletrencefalográfico ictal evidenciando descargas de CEO, cerca de 2,5Hz,
de elevada amplitude, com projeção generalizada e predomínio fronto-central bilateral.
CASO 13
RBR, 33 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro aos 12 anos de
idade, com CTCG associadas a episódios de quedas freqüentes. Antes da
monitorização, havia relato de ser muito distraída e confusa, fazendo por vezes
atividades habituais de forma errônea e a queixa principal era de episódios
freqüentes de liberação esfincteriana sem relação perceptível com alterações da
consciência ou com CTCG. Exame neurológico normal. Em uso de OXC 1.200
mg/dia, FNB 200 mg/dia e CNZ 1 mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: dois dias;
• registro interictal: presença de incontáveis paroxismos CEOL de 3 a 4 Hz, de
média amplitude e projeção generalizada com duração de 2 a 3 segundos;
• registro ictal: apresentou inúmeras crises caracterizadas por diminuição da
consciência quando a paciente, embora em contato e interagindo com o meio, o
125
fazia de forma confusa e por vezes não coerente, respondia aos questionamentos
mais simples e aos demais sem precisão e durante crise que ocorreu durante
refeição, a mesma interrompeu de forma parcial esta atividade. Episódios de
incontinência urinária podiam ocorrer relacionados a estas crises. De forma
simultânea a estas crises, se observou a presença de paroxismos de CEOL de 3 a 4
Hz, de média amplitude e projeção generalizada com duração entre 32 e 47
segundos;
total de crises registradas: incontáveis.
Página 00:00:27 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
17:26:12 17:26:13 17:26:14 17:26:15 17:26:16 17:26:17 17:26:18 17:26:19 17:26:20 17:26:21
50µV
1 seg
Figura 15: Registro vídeo-eletrencefalográfico ictal evidenciando descargas rítmicas de CEO e CPEO,
cerca de 3 a 4 Hz, de média amplitude, com projeção generalizada.
126
CASO 14
JP, 33 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início das crises aos 15 anos de
idade com crises caracterizadas por episódios de confusão mental associados a
distúrbio do comportamento e CTCG. Evoluiu com CTCG associadas à declínio
cognitivo grave e quadro até então de interpretado como doença mental, sendo
institucionalizada em hospitais psiquiátricos desde a adolescência. Antes da
monitorização, apresentava grave quadro comportamental associado à epilepsia
com crises que podiam ser CTCG ou astáticas. Exame neurológico paciente com
oligofrenia. Atualmente em uso CBZ 1200 mg/dia e FNT 300 mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: uma hora;
• registro interictal: evidenciando surto de ondas lentas irregulares de projeção
parietal à direita;
• registro ictal: apresentou cinco crises em uma hora de exame, que ocorreram
durante a oclusão palpebral em ambiente iluminado, aparentemente sem
observação de fenomenologia ictal pela aparente manutenção dos olhos fechados.
Em apenas uma das crises ocorreu leve mioclonia palpebral que obedecia a
freqüência das descargas de CEOL com freqüência inferior a 2,5 Hz. O registro ictal
simultâneo as oclusões palpebrais evidenciava surto de CE e PEOL de freqüência
de cerca 2,5 Hz, de elevada amplitude, com projeção generalizada;
total de crises: cinco.
127
Página 00:02:23 Sens=15µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-O1
FZ-CZ
CZ-PZ
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P2-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
11:35:54 11:35:55 11:35:56 11:35:57 11:35:58 11:35:59 11:36:00 11:36:01 11:36:02 11:36:03
75µV 1 seg
Figura 16: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando surto de CEO CPEO, cerca de 2,5 Hz,
de elevada amplitude, com projeção generalizada.
CASO 15
JSO, 22 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro aos 11 anos de
idade, com CTCG, aparentemente com início focal caracterizado por versão dos
olhos, cabeça e pescoço para um dos lados associados à perda de contato com o
meio seguido de CTCG. Evoluiu sem controle das crises. Após gestação, iniciou
movimentos mioclônicos de MMSS e MMII até então não observados. Na ocasião da
monitorização por vídeo-EEG mioclonias freqüentes de MMSS e MMII. Em uso de
CBZ 600mg/dia e FNB 200mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: quatro horas;
• registro interictal: presença de freqüentes paroxismos de CEOL de 3,5 a 4,5 Hz
de média amplitude com projeção generalizada e predomínio em regiões fronto-
centrais bilaterais com duração de 2 a 3 segundos. A HV acentuou a ocorrência de
128
CE e PEOL de 3,5 a 4,5 Hz entremeados por breves períodos de atenuação parcial
da atividade elétrica cerebral. O FE acentuou a ocorrência das alterações anteriores
em freqüência inferior a hiperventilação;
• registro ictal: crise clínica caracterizada por breves episódios de perda de contato
com o meio e reação de parada, simultâneos a descarga de CEOL de 3,5 a 4,5 Hz
de média amplitude com projeção generalizada e predomínio em regiões fronto-
centrais bilaterais;
total de crises: quatro.
Página 00:52:11 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
10:24:24 10:24:25 10:24:26 10:24:27 10:24:28 10:24:29 10:24:30 10:24:31 10:24:32 10:24:33
50µV
Figura 17: Registro vídeo-eletrencefalográfico ictal evidenciando surto de CEO e CPEO, cerca de 4 a
4,5 Hz, de média amplitude, com projeção generalizada.
1 seg
final de exame
129
CASO 16
SOM, 26 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro de crises
epilépticas aos 16 anos de idade com CTCG, sem liberação esfincteriana evoluindo
com o tempo para crises de ausência caracterizada por ruptura de contato com o
meio associados à inclinação do tronco e cabeça para frente, algumas vezes com
queda ao solo. Alguns episódios eram manifestados por alteração da consciência e
do comportamento, paciente andava aleatoriamente, sem propósito. As crises
ocorriam várias vezes ao dia por vezes acompanhadas de mioclonias palpebrais e
apendiculares e por vês associadas à diminuição de tônus muscular com queda da
cabeça para frente. Evoluiu com crises astáticas e ausências, com várias crises ao
dia. O uso de AVP levou ao controle das crises, porém associou-se a grave
plaquetopenia e sua retirada levou a EFR com agravamento das crises anteriores. A
paciente apresentava retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, notado desde a
primeira infância, sendo capaz de se comunicar bem, interagir com o meio ambiente
e deambular sem ajuda. Ao exame neurológico apresenta retardo mental moderado.
Em uso de FNB 200 mg/dia, LMT 400 mg/dia, VGB 1500 mg/dia e clobazan 40
mg/dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: 24 horas;
• registro interictal (interictal e ictal): surtos freqüentes de espículas agrupadas e
ondas lentas, com projeção generalizada, por vezes seguida por períodos de
atenuação de 1 a 1,5 segundos, com crises clínicas caracterizadas por reação de
parada e ruptura de contato com o meio simultâneos a mioclonias palpebrais.
Apresentou também surtos de CEOL de 1,5 a 2,5 Hz, de projeção
generalizada, com predomínio anterior. Durante as alimentações, tornavam-se mais
evidentes as crises clínicas de ausências caracterizadas por ruptura progressiva de
contato com o meio, com reação de parada, cessação da atividade em curso e
mioclonias palpebrais, com recuperação lenta do contato com o meio. As alterações
clínicas duravam entre três e cinco segundos aproximadamente além do término das
alterações específicas do registro que se caracterizavam por descargas de
complexos de poliespículas e ondas lentas (CPEOL) com cerca de 1,5 Hz, elevada
amplitude, com projeção generalizada e duração de 19 a 26 segundos;
130
• total de crises: incontáveis.
Página 00:01:07 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
18:12:13 18:12:14 18:12:15 18:12:16 18:12:17 18:12:18 18:12:19 18:12:20 18:12:21 18:12:22
50µV
Figura 18: Registro vídeo-eletrencefalográfico ictal evidenciando surto de CPEO, cerca 1,5 Hz,
elevada amplitude, com projeção generalizada.
CASO 17
LSNG, 23 anos, sexo masculino, natural do RJ. Início do quadro aos cinco
anos de idade com crises de ausência caracterizadas por ruptura de contato com o
meio e reação de parada associadas à diminuição do tônus muscular com queda
lenta para frente que podia durar até minutos. Na mesma ocasião iniciaram-se
CTCG e crises onde havia versão da cabeça para a esquerda seguida de queda. Na
ocasião da realização do vídeo-EEG acrescentaram-se crises de ausência
acompanhadas com automatismos mastigatórios. Em uso de FNT 300 mg/dia, FNB
200 mg/dia, AVP 1500 mg/dia e OXC 900 mg/dia.
1 seg
Crise
131
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: vinte quatro horas;
• registro interictal: presença de inúmeros paroxismos de CE e PEOL a 2 Hz de
projeção generalizada seguidos por períodos de supressão da atividade elétrica
cerebral podendo ocorrer em fragmentos ou durando até segundos. Durante o sono
apresenta maior número de surtos de CE e PEOL a 2 Hz, assim como se observa
inúmeros paroxismos de espículas agrupadas seguidas ou não de onda lenta, de
projeção generalizada por vezes com predomínio à direita e de média amplitude. A
HV acentuou a freqüência das crises e o FE não alterou o traçado inicial;
• registro ictal: apresentou várias crises clínicas caracterizadas por ruptura de
contato com o meio, reação de parada, por vezes associadas a movimentos de
mastigação, e se mais prolongadas podiam ocorrer discretos movimentos em MMII.
Estas crises aconteciam de forma sincrônica com início de fragmentos de CE ou
PEOL intercalados com períodos de supressão da atividade elétrica cerebral que
davam origem a surtos de CE e PEOL a 2 Hz ritmados de projeção generalizada
com duração entre 12 e 26 segundos;
total de crises: incontáveis.
Página 00:06:50 Sens=10µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
22:02:42 22:02:43 22:02:44 22:02:45 22:02:46 22:02:47 22:02:48 22:02:49 22:02:50 22:02:51
50µV 1 seg
Figura 19: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando crise de ausência acompanhada de
registro eletrencefalográfico de fragmentos de CE e PEOL intercalados com períodos de
supressão da atividade elétrica cerebral que davam origem a surtos de CE e CPEOL a 2
Hz ritmados de projeção generalizada com duração entre 12 e 26 segundos.
132
CASO 18
JMF, três anos, sexo masculino, natural do RJ. Início do quadro com um ano
de idade, com relato de crises de ausência. Apresentava vários episódios diários de
ruptura de contato com o meio que duravam poucos segundos, de início e final
abruptos durante os quais parava com as atividades em curso e retornava as
mesmas assim que retomava seu contato com o meio, tais episódios não foram
interpretados pelos familiares como crises. Aos três anos de idade iniciou episódios
de CTCG sem sintomas precursores e seguidos de sonolência e confusão mental.
Antes da monitorização apresentava crises freqüentes e diárias de ausência
sem uso de medicação.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: duas horas;
• registro interictal: inúmeros fragmentos de CE e PEOL. O paciente não cooperou
com a realização da hiperventilação e do fotoestímulo;
• registro ictal: apresentou várias crises caracterizadas por ruptura de contato com
o meio, reação de parada início e final abrupto, com cessação da atividade em
curso. Ocorria de modo simultâneo a presença de CE e PEOL a 3 Hz com projeção
generalizada e com predomínio frontal-central bilateral, de elevada amplitude que
podiam durar entre dois e três segundos;
total de crises: incontáveis.
133
Página 00:03:10 Sens=30µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
16:03:52 16:03:53 16:03:54 16:03:55 16:03:56 16:03:57 16:03:58 16:03:59 16:04:00 16:04:01
150µV 1 seg
ver
Figura 20: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando crise de ausência com duração de cerca
dois segundos com registro de CEO e CPEO de 3 Hz com projeção generalizada,
predomínio fronto-central bilateral e elevada amplitude.
CASO 19
SC, 33 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início do quadro aos seis anos de
idade com crises caracterizadas por ruptura de contato com o meio e reação de
parada associadas à mioclonias palpebrais. A queixa principal no momento da
internação no setor de vídeo-EEG era de crises de agressividade interpretadas
como crises EFR. Exame neurológico normal exceto por episódios de agitação
psicomotora. Em uso de CBZ e AVP.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: dois dias;
• registro interictal: presença de surtos de ondas agudas e lentas irregulares com
projeção em região temporal esquerda. Durante o sono ocorrem freqüentes
paroxismos de CEOL a 3 Hz com projeção generalizada e predomínio fronto-central
com amplitude de média a elevada com duração de cerca de 2 segundos;
134
• registro ictal: episódios de ruptura de contato com o meio acompanhados ou não
de mioclonias palpebrais simultâneos a CEOL a 3 Hz com projeção generalizada e
predomínio fronto-central com amplitude de média a elevada com duração de cerca
de cinco segundos;
total de crises: três.
Página 00:24:26 Sens=20µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-RF
F7-RF
F3-RF
T3-RF
C3-RF
T5-RF
P3-RF
O1-RF
Fp2-RF
F8-RF
F4-RF
T4-RF
C4-RF
T6-RF
P4-RF
O2-RF
FZ-RF
CZ-RF
PZ-RF
OZ-RF
01:39:50 01:39:51 01:39:52 01:39:53 01:39:54 01:39:55 01:39:56 01:39:57 01:39:58 01:39:59
100µV
Figura 21: Registro vídeo-eletrencefalográfico evidenciando paroxismo de CEO a 3 Hz durante o
sono.
1 seg
Ponta-Onda
135
CASO 20
MEL, 23 anos, sexo feminino, natural do RJ. Início das crises aos dez anos de
idade com CTCG com liberação esfincteriana que evoluíram associadas a vários
tipos de crises com características diferentes. Ocorriam crises de ausência com
ruptura de contato com o meio, início e final graduais, por vezes sem serem
percebidas, exceto por mioclonias palpebrais. Não responde às solicitações, ocorre
queda lenta da cabeça para o lado com curta duração (até um minuto), em certas
ocasiões estas crises ocorrem após CTCG com duração maior. Também ocorrem
mioclonias em mãos, crises astáticas com vários ferimentos. Exame neurológico
normal exceto por com retardo mental leve. Em uso de AVP 250 mg/dia,LMT 300
mg/dia; FNB 100 mg dia e CLZ 20 mg dia.
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: vinte e quatro horas;
• registro interictal: surtos freqüentes de ondas lentas com duração de 2 a 6 Hz
isoladas ou em grupos por vezes associados a paroxismos de CEOL de 1,5 a 2,5 hz,
de projeção generalizada com elevada amplitude. A hiperventilação acentuou a
ocorrência dos paroxismos de espícula onda.
• registro ictal: evidenciou crises caracterizadas por ruptura progressiva de contato
com o meio, com gradual parada da atividade em andamento e tentativas frustras de
manter a atividade em curso, porém sem sucesso, mantém olhar fixo sem responder
as solicitações, associadas à alimentação com duração de 10 a 12 minutos. Durante
estas crises apresentou registro eletrencefalográfico com paroxismos de CEOL de
1,5 a 2 Hz, raras vezes a 3 Hz, com alguma manutenção da consciência, projeção
generalizada e predomínio fronto-central, elevada amplitude entremeada por
supressão da atividade elétrica cerebral por vezes de longa duração.
total de crises: duas.
136
N
euromap
®
Página 00:04:41 Sens=15µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
15:04:57 15:04:58 15:04:59 15:05:00 15:05:01 15:05:02 15:05:03 15:05:04 15:05:05 15:05:06
75µV 1 seg
ver
Figura 22: Registro vídeo-eletrencefalográfico apresentando paroxismo de CEO de projeção
generalizada de 2 a 2,5 hz de elevada amplitude.
CASO 21
AOC, 25 anos, sexo masculino, natural do RJ. Início do quadro aos 16 anos
de idade com CTCG e liberação esfincteriana. As crises ocorriam com intervalo de
aproximadamente um ano. Antes da monitorização mantinha-se sem CTCG, porém
com relatos de distração e certa dificuldade no aprendizado. Exame neurológico
normal. Em uso de OXA 900 mg/dia.
EEG AMBULATORIAL
Monitorização por vídeo-EEG:
• duração: duas horas;
• registro interictal: ondas agudas e ondas lentas irregulares de projeção em
regiões fronto–centrais bilaterais. Ocorrência de fragmentos de CEOL a 3 Hz
generalizados, com predomínio em áreas de projeção fronto-centrais com
predomínio à direita. A hiperventilação e o fotoestímulo acentuaram a ocorrência de
CE e PEOL a 3 Hz de projeção generalizada com predomínio em áreas de projeção
fronto-centrais bilaterais e de elevada amplitude;
137
• registro ictal: CEOL a 3 Hz generalizados, com predomínio em regiões fronto-
centrais de duração entre três e cinco segundos associados à ruptura de contato
com o meio e reação de parada;
total de crises: duas.
Página 00:29:13 Sens=20µV/mm Filtros: BF=0,5Hz AF=70,0Hz 60Hz=Desligado
Fp1-F3
F3-C3
C3-P3
P3-O1
Fp1-F7
F7-T3
T3-T5
T5-01
Fp2-F4
F4-C4
C4-P4
P4-O2
Fp2-F8
F8-T4
T4-T6
T6-O2
FZ-CZ
CZ-PZ
CA3-T3
T3-T5
09:19:04 09:19:05 09:19:06 09:19:07 09:19:08 09:19:09 09:19:10 09:19:11 09:19:12 09:19:13
100µV
Figura 23: Registro vídeo-eletroencefalográfico evidenciando CEOL a 3 Hz, irregulares com projeção
generalizada e predomínio fronto-central bilateral de elevada amplitude durante o
fotoestímulo sem crise clínica associada.
1 seg
ver
138
ANEXO A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE MEDICINA
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO
SERVI
Ç
O DE NEUROLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título do projeto: “CARACTERÍSTICAS ELETRENCEFALOGRÁFICAS DA
FENOMENOLOGIA ICTAL E INTERICTAL DAS EPILEPSIAS DO TIPO AUSENCIA: análise
de uma coorte de pacientes no período de 3 anos”.
Você está sendo convidado a autorizar que seus dados clínicos e de exames de
investigação da sua epilepsia, sejam incluídos em um estudo chamado:
“CARACTERÍSTICAS ELETRENCEFALOGRÁFICAS DA FENOMENOLOGIA ICTAL E
INTERICTAL DAS EPILEPSIAS DO TIPO AUSENCIA: análise de uma coorte de pacientes
no período de 3 anos”.
Fenomenologia ictal é o nome que se dá ao conjunto de manifestações ocorridas durante a
sua crise epiléptica. Essas crises são registradas por meio de eletrodos no couro cabeludo
(eletrodos são fios de plástico e metal que permitem o registro de algumas funções do
cérebro) e esse meio de registro é chamado “eletrencefalograma”. O aparelho que permite
filmar suas crises epilépticas e registrar o eletrencefalograma ao mesmo tempo chama-se
vídeo-EEG. Esse exame é indicado SEMPRE que pacientes com epilepsia tratados com
medicamentos após 1 ou 2 anos continuam com crises epilépticas.
Se você estiver lendo esse termo de consentimento, é por que está entre os casos acima
descritos. Esse estudo é possível por que você foi investigado na sala 10C2 no aparelho de
vídeo-EEG, que permite a filmagem das suas crises ao mesmo tempo em que o EEG é feito,
e, por isso, recebe o nome de vídeo-EEG. É importante ficar claro que o vídeo-EEG faz
parte da sua investigação, independente da sua autorização para que seus dados sejam
usados nesta pesquisa. E é importante também ficar claro, que esses dados só serão
usados na pesquisa se houver sua permissão. Se não, continuarão arquivados no Programa
de Epilepsia do HUCFF-UFRJ.
139
Este exame, assim como outros exames (tomografia computadorizada de crânio e/ou
ressonancia magnética de crânio), já foram realizados ou solicitados durante a investigação
de sua doença e serão analisados e comparados aos sintomas de suas crises, se assim
você o permitir.
Em qualquer etapa deste estudo você terá acesso ao profissional responsável, Dra. Maria
Fatima Bento de Souza Cardoso que pode ser encontrada no endereço Rua Prof. Rodolpho
Paulo Rocco, nº 255, 10º. andar, sala 10C2
Cidade Universitária Rio de Janeiro, sala de vídeo-EEG e telefone: (21) 2562 2712 ou no
telefone: (21) 2596-9017. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da
pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em pesquisa (CEP) do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho na Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, 255 sala
01D-46, 1° andar, telefone: (21) 2562-2480 e Fax: (21) 2562 2481 – Email:
É garantida a liberdade de querer ou não permitir que seus dados sejam usados neste
projeto de pesquisa ou de retirar o seu consentimento a qualquer momento, sem qualquer
prejuízo à continuidade do seu tratamento na instituição.
As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as informações obtidas de
outros pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhum paciente. Os resultados
dos exames e os dados dos prontuários somente serão de competência dos pesquisadores
envolvidos no projeto.
Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo
exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua
participação. Se houver qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo pesquisador do
projeto.
Em caso de dano pessoal, direitamente causado pelo procedimento proposto neste estudo
(nexo causal comprovado) o participante tem direito a tratamento médico na Instituição, bem
como indenizações legalmente estabelecidas.
Os dados e a material obtido será apenas usado para esta pesquisa.
CONSENTIMENTO
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações sobre o estudo
acima citado que li ou que leram para mim.
Eu discuti com a Dra. Maria Fatima Bento de Souza Cardoso sobre a minha decisão em
permitir que meus dados clínicos e de vídeo-EEG sejam usados neste estudo. Ficaram
140
claros para mim quais são os propósitos do estudo, a necessidade do uso dos meus
exames e prontuário, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de
manter acesso ao tratamento hospitalar quando necessário. Concordo em que meus dados
façam parte deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes
ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu
possa ter adquirido, ou no meu atendimento nesta Instituição.
_______________________________________________________
Nome do paciente
_________________________________________________
Assinatura do paciente Data ____/____/_____
________________________________________________________
Nome do representante legal
_________________________________________________
Assinatura do representante legal Data____/____/______
_______________________________________________________
Nome do pesquisador
__________________________________________________
Assinatura do pesquisador Data ___/____/______
141
ANEXO B
Livros Grátis
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