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Resumo
A leptospirose constitui uma importante zoonose, encontrada em regiões de
clima tropical, ocorrendo principalmente em épocas chuvosas. O controle da infecção
depende do adequado reconhecimento do microorganismo pelos receptores de
reconhecimento de padrão de patógenos, os TLRs, presentes nas células do sistema
imune inato do hospedeiro. A ativação dos TLRs é fundamental para o
desencadeamento da resposta inflamatória, mediadora da resposta de proteção e de
lesão no processo infeccioso. Objetivos: Avaliar a expressão dos receptores TLR2,
TLR4 e CD14 na superfície de monócitos e a resposta in vitro aos estímulos LipL32
(extraído de Leptospira sp.), MALP-2 (antígeno sintético de Mycoplasma fermentans) e
LPS (antígeno extraído de Salmonella abortus equi) ligantes dos TLRs, medida pela
produção de citocinas, em pacientes com leptospirose. Métodos: Foram incluídos 07
pacientes com quadro clínico e laboratorial de leptospirose e 07 voluntários sadios,
utilizados como controle. As células mononucleares do sangue periférico (CMSP) foram
separadas utilizando ficoll-paque, congeladas e armazenadas em nitrogênio líquido.
Após descongelamento, verificação da viabilidade e acerto da concentração de células
para 1x10
6
células/mL foi mensurada a expressão de TLR2, TLR4 e CD14 na superfície
de monócitos. O restante da suspensão de células foi incubada por 6 horas com os
estímulos de 1000ng/mL de LipL32, 0,4U/mL de MALP-2 ou 100ng/mL de LPS. Após a
primeira hora de incubação foi adicionado monensina para bloqueio da secreção de
citocina. Em seguida, as CMSP foram marcadas com CD14, fixadas, permeabilizadas e
expostas aos anticorpos anti-IL-6 e anti-TNF-α para detecção intracelular da produção
destas citocinas inflamatórias nos monócitos. Foram adquiridos 10.000 eventos
combinado-se morfologia e positividade para CD14 em citometria de fluxo.
Resultados: Não foi observada diferença significativa na resposta inflamatória entre
pacientes com leptospirose e voluntários sadios quando CMSP foram estimuladas in
vitro com MALP-2 e LipL32 para indução da produção de citocinas inflamatórias (IL-6 e
TNF-α) em monócitos. Todavia, a produção de TNF-α foi menor após estímulo com
LPS (p=0,035), o que não ocorreu com a produção de IL-6. Em relação à expressão de
receptores de superfície, foi observado aumento da expressão de TLR2 (p=0,025) na
superfície de monócitos dos pacientes, porém não houve diferença na expressão de
TLR4 e CD14. Conclusões: Neste estudo demonstramos que a capacidade de
reconhecimento de antígenos pelos monócitos do sangue periférico de pacientes com
leptospirose está preservada ou aumentada. Além disso, observamos que a produção
de citocinas inflamatórias frente a antígeno da própria Leptospira (LipL32) e outro
antígeno agonista de TLR2 (MALP-2) está mantida. Entretanto, a produção de citocina
inflamatória frente ao LPS (agonista de TLR4) mostrou-se complexa podendo estar
influenciada pela tolerância cruzada.