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5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS
A influência da vibração no desempenho de tarefas relacionadas com a aviação foi
avaliada através de um teste que constituiu em um estudo para verificar se níveis
elevados de aceleração, como no caso de falha de motor, poderiam prejudicar a
habilidade do piloto em desempenhar tarefas de leitura, escrita e digitação.
O estudo foi baseado em respostas humanas à vibração em situações muito bem
controladas, conforme sugere Mansfield (2006) em seus estudos.
Foram percebidas diferenças nas respostas de todos os indivíduos (inter-subject
variability), mas também nas respostas de certos indivíduos em ocasiões diferentes
(intra-subject variability), conforme sugere o mesmo autor.
Apesar dessas diferenças, todas as tarefas foram concluídas com sucesso por todos
os participantes do teste (júri).
Pôde-se notar um esforço grande por parte dos participantes, pelo fato de serem
aplicados valores de aceleração bem acima dos usualmente empregados nesse tipo
de teste, para efeito da simulação da falha de motor.
As piores freqüências para o cumprimento de tarefas são àquelas inferiores a 9 Hz,
mesmo quando se aplicam níveis de aceleração mais baixos. Esse fenômeno é
explicado pela proximidade dessas freqüências com as ressonâncias do corpo
humano. Conforme já relatado, segundo Harris e Piersol (2002), para um indivíduo
sentado, a primeira ressonância está entre 4 e 6 Hz. O autor ainda mostra que a
parede abdominal tem uma resposta máxima entre 3 e 5 Hz e a parede anterior do
tórax entre 7 e 11 Hz.
A postura, outro fator também relevante na transmissão de vibração, não foi
controlada durante o teste.
Especificamente com relação às tarefas manuais (digitação e escrita), nas
freqüências de 9 Hz e 15 Hz, contrariando os resultados dos estudos de Corbridge e
Griffin (1991) apud Seagull e Wickens (2006), em que apenas 10% das pessoas
tiveram dificuldades com essas tarefas em freqüências acima de 5 Hz, a maioria dos
participantes atribuiu o conceito difícil, o que não era esperado. Já para a freqüência
de 21 Hz, os resultados se comprovaram, e a tarefa foi mais fácil de ser realizada.
Com relação à leitura, Moseley e Griffin (1986) apud Seagull e Wickens (2006),
relataram em seus estudos um aumento aproximadamente linear dos erros
associados com o aumento da amplitude de vibração.