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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FATORES QUE AFETAM A COMPETITIVIDADE NA PRODUÇÃO DE
HORTALIÇAS ORGÂNICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
por
ERNESTO ALEXANDRE TACCONI NETO
TECNÓLOGO EM COOPERATIVISMO, UFRN, 2003
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DEZEMBRO, 2006
© 2006 ERNESTO ALEXANDRE TACCONI NETO
TODOS DIREITOS RESERVADOS
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir,
comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte,
nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ______________________________________________
APROVADO POR:
______________________________________________________________
Sérgio Marques Júnior, Dr. – Orientador, Presidente
______________________________________________________________
Nominando Andrade de Oliveira, Dr. – Membro Examinador
______________________________________________________________
Maristélio da Cruz Costa, Dr. – Membro Examinador Externo
______________________________________________________________
Mario Varela Amorim, Diretor Técnico EMATER/RN - Membro da Sociedade
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Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Tacconi Neto, Ernesto Alexandre.
Fatores que afetam a competitividade na produção de hortaliças orgânicas no Estado
do Rio Grande do Norte / Ernesto Alexandre Tacconi Neto . – Natal, RN, 2006.
89 f.
Orientador: Marques Júnior, Sérgio.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de
Tecnologia. Programa de Engenharia de Produção.
1. Engenharia da Produção Dissertação. 2. Competitividade Critérios
Dissertação. 3. Produto orgânico – Dissertação. I Marques Júnior, Sérgio. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 658.5(043.3)
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CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Ernesto Alexandre Tacconi Neto é formado em Cooperativismo pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2003, onde foi
condecorado com a Medalha do Mérito Acadêmico. Durante a
graduação trabalhou junto a Cooperativa dos Produtores Especiais de
Órtese e Prótese do Rio Grande do Norte ORTECOOP RN,
prestando consultoria no desenvolvimento de projetos de captação de
recursos e ministrando cursos de capacitação dos cooperados contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida dos portadores de necessidades especiais. Durante a fase do mestrado
realizado no Programa de Engenharia de Produção da UFRN, foi pesquisador bolsista da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. Realizou estágio em
docência na UFRN ministrando à disciplina Chefia e Gerência de Cooperativas. Atualmente é
chefe local de uma unidade operativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMATER no Estado da Paraíba, exercendo o cargo de Extensionista Rural em Cooperativismo
e trabalha como docente no Curso de Administração da Faculdade Natalense de Ensino e
Cultura - FANEC – Natal/ RN.
Artigos Publicados Durante o Período de Pós-Graduação
TACCONI, M.F.F.S.; MARQUES JÚNIOR, S.; SOUZA, T. O.; TACCONI NETO, E. A.
Gestão Ambiental e Competitividade: Um estudo exploratório sobre os parâmetros utilizados
pelo consumidor na decisão de compra de produtos orgânicos. In: Encontro Nacional de
Engenharia de Produção, XXIII, Juiz de Fora, 2003. Anais... Minas Gerais: ENEGEP, 2003.
TACCONI NETO, E. A.; MARQUES JÚNIOR, S.; TACCONI, M. F. F. S. Rotulagem
Ambiental no Varejo de Alimentos: um estudo sobre os fatores de decisão de compra de
produtos orgânicos. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, XXIV, Florianópolis,
2004. Anais... Santa Catarina: ENEGEP, 2004.
iv
A minha esposa Marli e ao meu
filho Vítor pelo amor e incentivo.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar pela oportunidade de realizar esta pesquisa e por iluminar
meu caminho.
A Cessa, minha mãe, a quem sempre me incentivou a buscar meus sonhos e a quem
devo toda gratidão.
Aos meus irmãos, Haroldo e Rachel, que sempre me apóiam e incentivam em todos os
momentos.
Em especial, ao meu avô Ernesto (in memoriam), que sempre torceu por mim.
Ao Prof. Dr. Sérgio, pela orientação, pelo apoio e pelos conselhos que foram
fundamentais para a realização desse trabalho.
A todos os meus tios, pelo pensamento positivo, otimismo e companheirismo. Em
especial ao amigo Fábio, por sua disponibilidade em me ajudar nessa correção gramatical.
A EMATER RN que através de suas informações possibilitou a realização desse
estudo.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialmente o Programa de
Engenharia de Produção e a instituição CAPES, pelo apoio pedagógico e financeiro.
vi
Resumo da Tese apresentada a UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
FATORES QUE AFETAM A COMPETITIVIDADE NA PRODUÇÃO DE
HORTALIÇAS ORGÂNICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
ERNESTO ALEXANDRE TACCONI NETO
Dezembro/ 2006
Orientador: Sérgio Marques Júnior
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
O mercado orgânico brasileiro vem crescendo a cada ano, e essa comercialização é
extremamente importante para o país, pois possibilita uma maior preocupação com a
preservação ambiental, além de gerar emprego e renda para os trabalhadores rurais. Para tanto,
é necessário que esses produtores definam formas de competir no mercado, focalizando os
aspectos que realmente importam para os clientes. Portanto, o objetivo deste trabalho é
investigar, com base na percepção dos produtores rurais, os fatores que afetam a
competitividade na produção de hortaliças orgânicas no Estado do Rio Grande do Norte, com
a finalidade de contribuir para a tomada de decisões estratégicas no que diz respeito à
produção e comercialização no cenário agrícola norte-rio-grandense, além de disponibilizar
informações sobre a competitividade desses produtos, a fim de servir de referência para outras
pesquisas que sejam pertinentes. Do ponto de vista metodológico, o presente trabalho pode ser
classificado como um estudo de pesquisa aplicada, com objetivo descritivo e abordagem
quantitativa. O instrumento utilizado foi o formulário, delimitando-se a pesquisar os
produtores de produtos orgânicos do Estado Rio Grande do Norte, que cultivam o segmento
do tipo legumes e verduras orgânicas, totalizando trinta e dois produtores. Os dados foram
tratados através da Análise Descritiva e da Análise de Cluster. Resultados da pesquisa
descritiva indicaram que os principais fatores que afetam a competitividade dos produtos
orgânicos no Estado do Rio Grande do Norte são os custos, a diferenciação e a confiabilidade.
A análise de Cluster apresentou que existe um agrupamento de produtores orgânicos que
utilizam com maior freqüência à ajuda de técnico especializado e este mesmo grupo é o que
atende ao ramo varejista de maior porte, como supermercados.
Palavras-chave: competitividade, critérios de competitividade, produto orgânico.
vii
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
FACTORS AFFECTING THE COMPETITIVENESS THE PRODUCTION OF
ORGANICS VEGETABLES IN THE STATE OF RIO GRANDE DO NORTE
ERNESTO ALEXANDRE TACCONI NETO
December/2006
Thesis Supervisor: Sérgio Marques Júnior
Program: Master of Science in Production Engineering
The Brazilian organic market has growing year by year, and this commercialization is
extremely important to the country, because it allows a bigger preoccupation with the
environmental preservation, as well as to create employments and income to the rural workers.
However, is necessary that these producers define forms of competition in the market, the way
how they will compete, focusing aspects that really matters to the clients. So, the work
objective is investigate, based in the rural producers perceptions, the facts which affect the
competition the production of organics vegetables in the state of Rio Grande do Norte. With
the aim of contribute to the made of strategic decisions related to the production and
commercialization of these products in the agriculture scenery norte-rio-grandense, besides to
contribute with information about the competition, helping as reference to others important
researches. In the methodological view, this study can be qualified as an applied research
study, with descriptive objective and quantitative approach. The instrument used was the
formulary, resuming to producers of organics products in Rio Grande do Norte state, that
grows the segment of organic types of vegetables and greens, been thirty two producers. The
data was treated through of the descriptive analyze and the Cluster’s analyze. The descriptive
research results indicate that the main factors which affect the competition of the organics
products in our State are the cost, the diversification and reliability. The Cluster’s analyze
shows that exists am group of organics producers who uses frequently a specialized technique
and they give support to the bigger retail market, as supermarkets.
Key-words: competitiviness, criterion of competitiviness, organic product.
viii
SUMÁRIO
Capítulo 1 Introdução...............................................................................................................1
1.1 Contextualização ...............................................................................................................1
1.2 Objetivo.............................................................................................................................4
1.3 Relevância .........................................................................................................................4
1.4 Organização da dissertação ...............................................................................................4
Capítulo 2 Competitividade dos produtos orgânicos.............................................................6
2.1 Consideração sobre competitividade.................................................................................6
2.1.1 Preço.......................................................................................................................7
2.1.2 Custo ......................................................................................................................8
2.1.3 Qualidade .............................................................................................................. 9
2.1.4 Diferenciação.......................................................................................................11
2.1.4.1 A certificação como diferencial competitivo .........................................11
2.1.4.2 Estratégias de cooperação como diferencial competitivo.......................16
2.1.4.3 A diferenciação ambiental como critério de competitividade ................18
2.1.5 Flexibilidade ........................................................................................................19
2.1.6 Rapidez ................................................................................................................20
2.1.7 Confiabilidade ......................................................................................................21
2.1.8 Logística ...............................................................................................................22
2.2 Competitividade dos produtos orgânicos ........................................................................24
2.3 Principais entraves ao crescimento da comercialização dos produtos orgânicos ...........26
2.4 Considerações finais........................................................................................................29
Capítulo 3 Metodologia da pesquisa.....................................................................................32
3.1 Tipologia da pesquisa......................................................................................................32
3.2 Área de abrangência, população e tamanho da amostra..................................................33
3.3 Instrumento e período de coleta dos dados......................................................................34
ix
3.4 Tratamento dos dados......................................................................................................37
Capítulo 4 Resultados da pesquisa de campo .......................................................................39
4.1 Validação da pesquisa .....................................................................................................39
4.2 Análise descritiva ............................................................................................................40
4.2.1 Perfil dos entrevistados...........................................................................................40
4.2.2 Perfil da propriedade...............................................................................................45
4.2.3 Percepção dos produtores orgânicos em relação aos critérios de competitividade.47
4.3 Análise de agrupamentos (Cluster) .................................................................................69
Capítulo 5 Conclusões e recomendações ...............................................................................74
5.1 Conclusões da pesquisa de campo...................................................................................74
5.2 Direções de pesquisa .......................................................................................................75
5.3 Recomendações...............................................................................................................76
Referências Bibliográficas ......................................................................................................77
Apêndice A Questionário da pesquisa...................................................................................84
Apêndice B Gráficos da pesquisa...........................................................................................89
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Número de Produtores Certificados no Brasil.........................................................14
Tabela 2.2 Critérios de competitividade................................................................................. 24
Tabela 3.1: Quantidade de produtores entrevistados em cada município.................................33
Tabela 3.2: Nome das variáveis do estudo, suas descrições e o grupo a que pertencem..........35
Tabela 4.1: Perfil da propriedade em relação à certificação orgânica......................................40
Tabela 4.2: Análise de Variância utilizada na primeira análise de agrupamento.....................69
Tabela 4.3: Análise de Variância utilizada na segunda análise de agrupamento .....................66
Tabela 4.4: Variáveis, Médias e Desvios Padrão dos Clusters 1 e 2........................................72
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1 Gênero da amostra pesquisada................................................................................41
Figura 4.2 Faixa etária dos entrevistados..................................................................................42
Figura 4.3 Nível da escolaridade da amostra pesquisada..........................................................43
Figura 4.4 Renda familiar dos entrevistados.............................................................................44
Figura 4.5 A quem pertence à propriedade que possui o cultivo orgânico...............................45
Figura 4.6 Tamanho da área de cultivo orgânico e/ ou em conversão......................................46
Figura 4.7 Quantidade de produtos orgânicos produzidos na propriedade...............................47
Figura 4.8 Como o agricultor julga a procura pelo produto orgânico.......................................48
Figura 4.9 Opinião do entrevistado com relação ao preço do produto orgânico em relação ao
tradicional................................................................................................................49
Figura 4.10 Freqüência de utilização de um técnico especializado em produção orgânica......50
Figura 4.11 Nível de qualificação da mão de obra utilizada na propriedade............................51
Figura 4.12 Como o agricultor julga a reclamação dos clientes em relação ao produto
orgânico.............................................................................................................................52
Figura 4.13 Como o agricultor julga a qualidade dos produtos orgânicos vendidos no
comércio...........................................................................................................................52
Figura 4.14 Velocidade com que o agricultor é capaz de mudar o processo produtivo atual
para produzir novos alimentos..........................................................................................54
Figura 4.15 Nível de importância dos custos das sementes na elevação dos custos dos produtos
orgânicos em comparação ao convencional.....................................................................55
Figura 4.16 Nível de importância dos custos de outras matérias-primas na elevação dos custos
dos produtos orgânicos em comparação ao convencional................................................56
Figura 4.17 Nível de importância dos custos da mão-de-obra na elevação dos custos dos
produtos orgânicos em comparação ao convencional.......................................................57
Figura 4.18 Nível de importância dos custos de distribuição na elevação dos custos dos
produtos orgânicos em comparação ao convencional.......................................................58
xii
Figura 4.19 Nível de importância dos custos de um técnico especializado na elevação dos
custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional.....................................59
Figura 4.20 Percepção do agricultor com relação ao custo de produção dos produtos orgânicos
em comparação ao tradicional...........................................................................................60
Figura 4.21 Nível de dificuldade na distribuição dos produtos orgânicos................................61
Figura 4.22 Nível de importância da certificação para a venda de produtos orgânicos............62
Figura 4.23 Freqüência com que a propriedade utiliza uma marca que identifica seus
produtos.............................................................................................................................64
Figura 4.24 Freqüência com que diferencia seus produtos com uso de meios de comunicação
em relação à questão ambiental.........................................................................................65
Figura 4.25 Percepção do agricultor sobre o nível de confiança do consumidor na veracidade
dos produtos orgânicos......................................................................................................66
Figura 4.26 Percepção do agricultor em relação ao nível de competitividade na produção de
produtos orgânicos............................................................................................................67
Figura 4.27 Percepção do agricultor sobre o efeito de participar de uma cooperativa para
aumentar a competitividade de seus produtos...................................................................68
Figura 4.28 Gráfico com o Cluster 1 e Cluster 2......................................................................7
1
Capítulo 1
Introdução
Este trabalho aborda a temática da importância do desempenho das propriedades rurais
que cultivam alimentos orgânicos pela busca do aumento da competitividade, a fim de
contribuir com produtores, varejistas, órgãos governamentais e não-governamentais para uma
melhor tomada de decisões estratégicas na produção e comercialização desses alimentos.
A estruturação deste capítulo foi realizada de forma a considerar a problemática da
pesquisa, através da contextualização do assunto exposta no item 1.1, do objetivo geral ao
qual o trabalho se propõe no item 1.2, a relevância deste estudo, pela própria natureza do tema
e para a sociedade em geral, no item 1.3 e no último item deste capítulo, o item 1.4, se
descreve a estrutura geral do trabalho.
1.1 Contextualização
Com o aumento da preocupação pela preservação ambiental e a conseqüente procura
por alimentos mais saudáveis, originou-se um aumento na demanda por produtos orgânicos,
criando um novo mercado (NAKAZONE, 2003), que vem crescendo não na Europa e
América do Norte como também nos países em desenvolvimento (YUSSEFI; WILLER,
2003).
Desde a década de 1990, a Europa vem aumentando o interesse pelo mercado orgânico
no fluxo varejista. Os supermercados da União Européia, por exemplo, estão atualmente
aumentando a variedade de produtos orgânicos em suas lojas e investindo intensamente em
anúncios desses alimentos. Isso estimulou os mercados que vendem 70% de todos os vegetais
e frutas orgânicas (BARRETT et al., 2002). Esse cenário tem gerado expectativas quanto à
possibilidade de ganhos financeiros e competitividade. Estimativas divulgadas indicam que o
comércio mundial de alimentos orgânicos movimentou US$ 17,5 bilhões em 2000 e cerca de
2
US$ 21 bilhões em 2001. A venda desses produtos ainda representa uma pequena parcela do
total de alimentos vendidos, não mais de 4%, evidenciando que um bom espaço para o
crescimento das vendas de produtos orgânicos (NAKAZONE, 2003).
No Brasil, a produção de alimentos orgânicos tem registrado crescimento médio de
50% ao ano. A maior parte da produção nacional está localizada nos Estados do Sudeste
(60,2%) e Sul (25,2%), seguido pelo Nordeste (8,6%), Centro-Oeste (3,3%) e Norte (2,6%)
(OKUDA, 2002). A produção orgânica brasileira ocupa atualmente uma área de 6,5 milhões
de hectares de terras, colocando o país na segunda posição dentre os maiores produtores
mundiais de orgânicos (INSTITUTO BIODINÂMICO, 2006).
Entre as culturas brasileiras com maior número de produtores orgânicos encontra-se as
hortaliças, que se destacam em decorrência da adequação do sistema da produção orgânica às
características da agricultura familiar, pela diversidade de produtos cultivados em uma mesma
área, com maior uso de mão-de-obra e uma dependência menor de recursos externos
(ORMOND et al., 2002). Nesse mercado, quase toda a comercialização de produtos orgânicos
é realizada através da venda direta ou em feiras, que em geral tem como clientes
consumidores mais informados sobre a qualidade do produto. Contudo, um novo cenário
formou-se com a entrada das grandes redes de supermercados que vêm se destacando como
um forte canal de comercialização desses produtos (SCHMIDT, 2001).
No Rio Grande do Norte, os produtores de hortaliças orgânicas comercializam seus
produtos em locais variados. No Estado, o produtor rural e sua família, sobretudo o pequeno,
conta com o apoio de Órgãos Governamentais como o Instituto de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Rio Grande do Norte EMATER/ RN, que está voltado para o
fortalecimento dos agricultores familiares e suas organizações buscando garantir a segurança
alimentar e a inclusão social através da transferência de tecnologias auto-sustentáveis e
inovadoras (EMATER, 2006). Essa apropriação de tecnologia torna-se importante porque
através da capacitação, os produtores podem por si só, conquistar as condições de que
necessitam para produzir e comercializar seus produtos gerando renda e, conseqüentemente,
melhor qualidade de vida. O mercado de orgânicos oferece aos agricultores, quer familiares ou
não, a possibilidade de assegurar a rentabilidade adequada a sua atividade e a segurança e a
satisfação de produzir um alimento que não agride sua propriedade, nem a saúde dos
trabalhadores, além de ser ecologicamente correto.
Contudo, um grande número de produtores rurais, principalmente os pequenos e
médios agricultores familiares, encontra-se em posição desconfortável para atingir muito dos
3
padrões impostos pelo mercado (SCHULTZ; NASCIMENTO, 2001). A comercialização dos
produtos orgânicos é um processo complexo para os produtores, pois exige conhecimentos
administrativos, capacidade gerencial e um planejamento de produção apropriado para atender
as necessidades dos clientes, além de que os produtores geralmente apresentam dificuldade
para se organizar em associações ou cooperativas. O processo de comercialização desses
produtos também envolve várias fases como a limpeza, classificação, embalagens, distribuição
e a certificação que inclui os custos de análises e auditorias, o que contribui para encarecer os
produtos orgânicos. Além disso, os estabelecimentos comerciais praticam altas margens de
contribuição que são maiores do que as margens dos produtos convencionais, pelo fato de
estarem oferecendo um produto diferenciado (DAROLT, 2001).
O cultivo orgânico muitas vezes apresenta maiores riscos para o produtor,
principalmente nos primeiros ciclos produtivos porque, se houver alguma interferência de
doenças ou pragas, pode não ser possível recuperar a produção, visto que não podem ser
utilizados agrotóxicos.
Os resultados do estudo de Ormond (2002), realizado através de entrevistas junto a
instituições certificadoras, produtores, distribuidores, consumidores, instituições de pesquisa,
cooperativas e órgãos de extensão rural, revelaram que os principais entraves para o
crescimento desse mercado no Brasil, apontados pelos consumidores foram o preço e a falta
de informação.
os comerciantes varejistas têm apontado a escassez no fornecimento como
fator responsável pelas margens de preço tão altas.
Como a agricultura orgânica não utiliza produtos químicos que estimulam ou encurtam
o tempo de crescimento, freqüentemente tem dificuldade em competir em quantidades e
variedades com os produtos convencionais (KISS, 2004).
Nesse contexto, diante das particularidades do processo de produção e comercialização
dos produtos orgânicos e da própria necessidade de gestão diferenciada que a atividade requer,
torna-se necessário que o produtor estabeleça estratégias para conseguir vantagem
competitiva. Portanto, esta pesquisa pretende investigar as principais variáveis que afetam a
produção e comercialização dos produtos orgânicos no Estado do Rio Grande do Norte, sob o
ponto de vista dos produtores rurais. Essa investigação visa contribuir com a construção do
cenário da agricultura orgânica norte-rio-grandense, além de fornecer uma descrição sobre
maneiras diferentes de competir, apontando, de forma geral, quais são os critérios que estão
limitando o crescimento da comercialização de produtos orgânicos e que, portanto precisam
ser desenvolvidos pelos produtores.
4
1.2 Objetivo
O objetivo deste trabalho foi investigar, com base na percepção dos produtores rurais,
os fatores que afetam a competitividade na produção de hortaliças orgânicas no Estado do Rio
Grande do Norte.
1.3 Relevância
Do ponto de vista prático, este estudo tem o intuito de contribuir com o apoio de
informação para uma melhor tomada de decisões estratégicas de gestores públicos ou
privados, produtores e varejistas interessados no desenvolvimento desse mercado, através
fornecimento de informações sobre a percepção dos produtores orgânicos com respeito às
dificuldades que o setor enfrenta em relação à produção e comercialização desses produtos, no
cenário agrícola norte-rio-grandense.
Do ponto de vista acadêmico, essa pesquisa também tem como finalidade
disponibilizar informações sobre a competitividade desses produtos a fim de servir de
referência para outras pesquisas que sejam pertinentes, assim como para a construção de
modelos que visem explicar o padrão de comportamento e observação de produtores rurais.
1.4 Organização da Dissertação
O presente trabalho está dividido em 5 capítulos. O primeiro capítulo apresenta a
contextualização da questão da pesquisa escolhida, do tema, o objetivo deste trabalho, bem
como a relevância do tema, tanto a vel acadêmico como para a sociedade. A estruturação
geral do trabalho apresenta-se no final do capítulo.
O segundo capítulo inicia-se com uma abordagem introdutória sobre a questão da
competitividade e sua importância para o meio rural. Neste capítulo são apresentadas algumas
formas de competir no mercado que podem proporcionar vantagem competitiva para as
organizações. A competitividade dos produtos orgânicos também é destacada através da
apresentação de algumas pesquisas sobre o mercado orgânico e na seqüência foi realizada uma
5
síntese de algumas pesquisas que abordaram os principais entraves ao crescimento da
comercialização dos produtos orgânicos.
No terceiro capítulo, estão descritos os procedimentos metodológicos que nortearam a
elaboração deste estudo, com a tipologia utilizada, o universo, período histórico da coleta dos
dados, o instrumento de pesquisa, as variáveis utilizadas, bem como a descrição do
procedimento utilizado para análise dos dados.
No quarto capítulo, apresentam-se os dados da pesquisa, utilizando uma análise
descritiva, onde esses dados são detalhados e descritos em tabelas e gráficos relacionando-os
com os resultados de outras pesquisas. Utilizou-se a Análise de Cluster para caracterizar dois
agrupamentos distintos. No quinto e último capítulo são realizadas as considerações finais
sobre a pesquisa, suas limitações, direcionamento para outros trabalhos de pesquisa
relacionados direta ou indiretamente ao mesmo tema, bem como as recomendações.
6
Capítulo 2
Competitividade dos Alimentos Orgânicos
2.1- Consideração sobre competitividade
A globalização da economia tem levado as empresas brasileiras a se confrontar com
uma forte concorrência com as economias mais competitivas do mundo. Por esse motivo essas
empresas são obrigadas a desenvolver processos produtivos e administrativos mais eficientes
(BERTAGLIA, 2003).
Essa situação tem levado as empresas a enfrentar novos desafios no atual cenário dos
negócios. Mercados que eram dominados por empresas locais, regionais ou nacionais, agora
sofrem a concorrência de empresas estrangeiras. Para que as empresas sobrevivam e consigam
prosperar nesse novo mercado é necessário superar-se em mais de uma dimensão competitiva
(DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001).
Segundo Martins e Laugeni (2005), uma empresa competitiva é aquela que tem a
capacidade de concorrer com um ou mais competidores de um produto ou serviço específico
num determinado mercado. A empresa que deseja ser competitiva deve formular uma
estratégia para atuação nos mercados locais, regionais ou globais. A capacidade competitiva
será maior, quanto maior for a área de atuação da empresa.
Competitividade refere-se ao modo como uma empresa se posiciona em relação ao
mercado consumidor frente a sua concorrência (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001), e é
muito importante para definir se uma empresa irá progredir ou falir (STEVENSON, 2001).
Portanto é indispensável conseguir vantagem sobre os concorrentes para sobreviver e vencer.
Quando uma empresa é bem administrada aumenta a probabilidade de alcançar sucesso e a
liderança no mercado (BATEMAN; SNELL, 1998).
De acordo com Albrecht (1993), torna-se necessário uma revisão no modo de pensar
das empresas a respeito de seus clientes, serviços, liderança e gerencia e da cultura das
7
organizações, para que se possa construir e manter a capacidade competitiva para conquistar
clientes que permitirão a sobrevivência empresarial.
O principal foco da estratégia competitiva é fornecer valor ao consumidor. Isso pode
ser observado em termos de abaixamento do custo para os clientes ou da oferta de uma maior
qualidade para o cliente, entre outros. A formulação de uma estratégia competitiva significa
desenvolver uma fórmula que defina a maneira como uma empresa irá competir, ou seja,
estabelecer quais deveriam ser suas metas e qual a tática necessária para atingir essas metas
(PORTER, 1980).
Com o intuito de investigar as múltiplas formas de competir no mercado, estão
apresentados a seguir algumas variáveis que são relevantes e que podem ser utilizados para
definir o posicionamento da empresa, capaz de proporcionar vantagem competitiva.
2.1.1- Preço
O preço é considerado historicamente o principal determinante da escolha do
comprador. Por esse motivo, optar por uma estratégia em preços é um determinante-chave na
obtenção do sucesso empresarial. Preço é o valor atribuído ao que é trocado entre um
fornecedor e um cliente e pode ser considerado um importante elemento, pois determina em
grande parte qual será o faturamento e a rentabilidade da organização. Contudo, preço é um
conceito altamente complicado e multifacetado que reflete a complexidade dos processos de
troca (COOPER; ARGYRIS, 2003).
Para Stevenson (2001), as empresas precisam ser competitivas para conseguirem
vender seus produtos no mercado e uma maneira da empresa obter vantagem competitiva
sobre as demais é através do preço. O preço é o valor que um cliente deve pagar por um
produto ou serviço. Se todos os outros fatores forem iguais, o produto ou serviço que tiver o
menor preço será o escolhido pelo cliente. As empresas que competem com base na
diferenciação no preço podem determinar margens menores de lucros, porém a maior parte
das organizações focam a redução dos custos dos bens e serviços.
A decisão da política de preços da empresa está vinculada à escolha do posicionamento
dos seus produtos em relação aos concorrentes, aos lucros e o retorno desejado sobre os
investimentos e a sustentação e ampliação de sua participação no mercado (GEPAI, 2001).
8
O preço de um produto pode determinar o aumento ou a redução das quantidades
procuradas, pois existe uma relação funcional de dependência entre os preços e as quantidades
procuradas de determinado produto. Essa relação sugere a possibilidade de formular a
chamada lei da procura: à medida que os preços se reduzem, as quantidades procuradas
tendem a aumentar (ROSSETTI, 1990).
2.1.2 Custo
O custo pode ser uma forma da empresa competir no mercado. Nesse caso a empresa
deverá ter a capacidade de reduzir o custo para produzir o produto, bem como o custo de
entregar e servir o cliente (CORRÊA; CORRÊA, 2004). Produzir um bem ou serviço com o
menor custo possível é um objetivo constante em qualquer organização, porque muitas vezes
o fator decisório de compra do consumidor é a busca pelo menor preço de venda que pode ser
alcançado através de uma estratégia de redução de custos (MARTINS; LAUGENI, 2005).
Existem segmentos dentro de cada mercado que compram rigorosamente com base em
produtos e serviços a um custo mais baixo. Para uma empresa ser competitiva nesse nicho,
necessariamente deve ser um produtor de baixo custo, o que não garante a lucratividade e o
sucesso (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001). Se a empresa busca realizar suas atividades o
mais barato possível, ou seja, produzir seus bens e serviços pelo menor custo possível, poderá
ofertar um preço inferior ao de mercado aos seus consumidores. As empresas estão sempre
interessadas em manter seus custos baixos mesmo que concorram em outros aspectos que não
o preço, pelo motivo de que cada unidade monetária retirada do custo de uma operação será
acrescida a seus lucros (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).
Para Reid e Sanders (2005), a empresa que compete em custos deve priorizar a redução
dessa variável em todo o sistema, como custos de mão de obra, materiais e de instalações. Nos
custos estão incluídos o dinheiro gasto com insumos, com processo de transformação e em
fazer os resultados chegarem ao mercado. Com a administração dos custos e manutenção
destes em níveis reduzidos é possível oferecer preços inferiores. Para esses autores, atingir os
objetivos utilizando sabiamente os recursos e eliminando as perdas, significa ser eficiente.
É fato que quando a estrutura de custos da organização é competitiva, ou seja, tanto
quanto ou mais baixa que a dos seus concorrentes, o sucesso não está garantido. Contudo não
se consegue ser bem-sucedido no mercado sem uma estrutura de custos competitiva
(BATEMAN; SNELL, 1998).
9
Conforme Shingo (1996), a Toyota buscou uma nova forma de competir através da
redução dos custos, adotando o princípio do não-custo, ou seja, a única forma de aumentar os
lucros seria através da redução dos custos que o preço quem estava determinando era o
mercado. Isso revolucionou a forma de gestão das operações produtivas na busca pela
eliminação total das perdas que permitisse o menor custo.
2.1.3- Qualidade
Uma outra forma de competir no mercado é através da qualidade, pois segundo Corrêa
e Corrêa (2004), a empresa poderá conseguir vantagem competitiva se procurar atender a
alguns determinantes, como seguir as características primárias do produto, oferecer produtos
sempre conforme especificações, verificar o tempo de vida útil do produto, o grau de
capacitação cnica da operação, a educação e cortesia no atendimento, o atendimento atento.
Somente pela utilização de processos e práticas administrativas de alta produtividade e
qualidade, é que as empresas conseguirão crescer e sobreviver na economia global. As
implicações emergentes do movimento rumo à qualidade total vão bem além da geração de
produtos melhores. Elas entram no âmago da teoria administrativa e organizacional (GREEN,
1995).
A qualidade exerce grande influência sobre a satisfação ou insatisfação dos
consumidores. Produtos e serviços com boa qualidade proporcionam alta satisfação do
consumidor e aumenta as chances do consumidor retornar, enquanto produtos e serviços de
qualidade diminui as chances do consumidor retornar (SLACK; CHAMBERS;
JOHNSTON, 2002). A qualidade está relacionada com as percepções do comprador sobre
como irá atender bem o seu propósito e refere-se aos materiais, a mão de obra e ao projeto
(STEVENSON, 2001).
A satisfação do cliente com relação à qualidade de um produto pode ser analisada
através da relação entre percepção e expectativa. Quando a percepção for inferior a
expectativa de um cliente por um produto ou serviço o cliente não percebe a qualidade. Se o
produto ou serviço corresponde às expectativas dos consumidores, a qualidade do produto ou
serviço é considerada aceitável. Se a experiência do consumidor com um produto ou serviço
for melhor do que a esperada, então a qualidade é percebida como alta (SLACK;
CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).
10
Quando uma empresa está focada nas dimensões de qualidade consideradas importante
por seus clientes, significa que em sua estratégia escolheu a qualidade como prioridade
competitiva (REID; SANDERS, 2005). Se a empresa deseja satisfazer a seus consumidores
fornecendo bens e serviços isentos de erro, ela consegue uma vantagem com base na
qualidade (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002). Os esforços das empresas na área da
qualidade dos produtos e serviços tem uma dupla implicação no aumento de vantagem
competitiva, pois contra o que foi imaginado, está demonstrado que a melhoria da qualidade
normalmente trás uma conseqüente redução de custos de produção (MARTINS; LAUGENI,
2005).
Qualidade significa a excelência do produto, incluindo sua atratividade, ausência de
defeitos, confiabilidade e segurança a longo prazo e nos últimos anos, a importância da
qualidade e dos padrões de qualidade aceitável tem crescido drasticamente. Com a oferta de
produtos de baixa qualidade, como faziam no passado, as empresas não conseguirão se
manter. Os consumidores atuais exigem alta performance e geração valor e não aceitam
menos do que isso (BATEMAN; SNELL, 1998).
Para Crosby (1994) qualidade não custa dinheiro. O que custa dinheiro são as coisas
desprovidas de qualidade. Cada centavo não gasto em erros é um centavo incorporado aos
lucros. Portanto, a qualidade é um catalisador de extrema importância e que determina a
diferença entre o sucesso e o fracasso.
Segundo Deming (1990), a melhoria da qualidade significa transferir o desperdício de
homens-máquina e tempo-máquina para a fabricação de um bom produto e uma melhor
prestação de serviços. O resultado dessa melhoria é uma reação em cadeia com custos mais
baixos, melhor posição competitiva, pessoas mais felizes no trabalho e mais emprego. O
consumidor é o elo mais importante da linha de produção e a qualidade deve visar as
necessidades atuais e futuras dos consumidores.
Qualidade consiste nas características do produto que vão ao encontro das
necessidades dos clientes, proporcionando a satisfação em relação ao produto. Essa função
qualidade significa o conjunto das atividades através das quais atingi-se a adequação ao uso,
não importando em que parte da organização essas atividades são executadas (JURAN, 2001).
Conforme Feigenbaum (1994), qualidade é a chave para orientar com eficácia qualquer
empreendimento em qualquer parte do mundo, em crescimento do mercado e em
lucratividade, por meio de liderança na qualidade. Essa chave é o reconhecimento de que a
qualidade é o que os clientes julgam que ela seja, e não a que a empresa julga.
11
2.1.4- Diferenciação
A diferenciação do produto pode levar a empresa a ganhar vantagem sobre os
concorrentes e um processo universalmente aceito é que todas as empresas devem realizar
com êxito a criação de valor para o cliente. Esse valor é essencial para obtenção e a
manutenção de um conjunto de clientes leais (BOWERSOX, 2001). Portanto, na busca da
vantagem competitiva as empresas cada vez mais estão fornecendo serviços de valor agregado
(DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001).
Em um mercado que apresenta abundancia de ofertas, muitas organizações não podem
competir somente em preço, precisam buscar outras fontes de receita. Isso tem levado as
empresas a se diferenciarem de seus concorrentes através de ofertas com valor agregado
devido a fatos como á necessidade de estar próximo do cliente ou à transformação dos
produtos em commodities, quando somente o preço importa e todas as demais características
são idênticas (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2003).
Segundo Stevenson (2001), algumas características especiais como custo, projeto,
qualidade, localização conveniente, facilidade de uso, garantia entre outras, levam o cliente a
perceber seu produto ou serviço como mais adequado do que o produto ou serviço de seu
concorrente.
2.1.4.1- A certificação como diferencial competitivo
A certificação é um processo que surgiu com a necessidade de se identificar à
procedência e o processamento de um alimento orgânico. Nessa prática, uma entidade
certificadora fornece uma garantia por escrito que foi metodicamente avaliado um processo de
produção ou um processo claramente identificado, apresentando-se em conformidade com as
normas de produção orgânica vigentes. Esse certificado permite que agricultor diferencie seus
produtos, tornando-os mais valorizados. As principais exigências para obtenção da
certificação do Instituto Biodinâmico IBD (INSTITUTO BIODINÂMICO, 2006), que é
uma das mais importantes certificadoras do Brasil com reconhecimento internacional, são:
Desintoxicação do solo;
Não utilização de adubos químicos e agrotóxicos;
Atendimento às normas ambientais do Código Florestal Brasileiro;
12
Recomposição de matas ciliares, preservação de espécies nativas e mananciais;
Respeito às normas sociais baseadas nos acordos internacionais do trabalho;
Bem estar animal;
Envolvimento com projetos sociais e de preservação ambiental (INSTITUTO
BIODINÂMICO, 2006).
Muitos agricultores vêm buscando reduzir a utilização de agrotóxicos na tentativa de
se enquadrar na ideologia da agricultura orgânica. Para que seus produtos se tornem
efetivamente orgânicos será necessário que a unidade de produção passe por um processo de
conversão, que é a mudança do manejo convencional para o orgânico. Para receber a
denominação de orgânico, um produto deverá ser proveniente de um sistema onde tenham
sido aplicados os princípios estabelecidos pelas normas orgânicas por um período variável de
acordo com a utilização anterior da unidade de produção e a situação ecológica atual,
mediante as análises e avaliações das respectivas instituições certificadoras (DAROLT, 2005).
Produtores orgânicos de todo o mundo tem procurado desenvolver métodos com o
objetivo de garantir a qualidade de seus alimentos e o caráter orgânico de seus produtos aos
consumidores, comerciantes e agências governamentais. Desde a década de 1970, um
sofisticado sistema composto por normas básicas, critérios, programa e selo de certificação
baseado no processo democrático de consultas a pessoas envolvidas na produção orgânica,
tem sido desenvolvido pela International Federation of Organic Agriculture Movements -
IFOAM. No entanto, devido aos altos custos de certificação, milhares de pequenos produtores
tem encontrado dificuldade para participar desse sistema. Como alternativa, os produtores têm
criado diversos métodos de identificação mais adequados a suas realidades, como declarações
por escrito dos produtores, selos, cooperativas e associações de produtores e consumidores,
entre outros (COLMEIA, 2005).
A agricultura orgânica está baseada nos seguintes princípios (IFOAM, 2006):
O princípio da saúde
Este princípio destaca a idéia da saúde do solo, das plantas, dos animais, dos
seres humanos e do planeta;
O princípio da ecologia
O princípio da ecologia está baseado no ciclo de vida ecológico dos sistemas;
13
O princípio da justiça
Este princípio contribui para um relacionamento considerado justo, com a
utilização do meio ambiente, visando oferecer oportunidades baseadas na
igualdade, no respeito e na justiça;
O princípio da proteção
Este princípio sugere que o meio ambiente deve ser administrado com
precaução e responsabilidade de maneira a proteger a saúde e o bem estar para
as gerações atuais e futuras (IFOAM, 2006).
Em Portugal, as associações do setor de produtos orgânicos vêm realizando poucas
intervenções a cerca da promoção desse tipo de agricultura. Até pouco tempo, a única
associação com caráter nacional era a AGROBIO criada em 1985, que possui 2.300
associados entre produtores, técnicos e consumidores. Essa associação exerceu até o ano de
1993 a função de certificação e controle. Atualmente a SOCERT em Portugal é uma das
instituições de controle e certificação, que no final do ano 2000, era responsável por cerca de
44.000 alqueires no continente, 28,5 nos Açores e 23,3 na Madeira. Existem em nível regional
seis associações, que tem como objetivo promover a agricultura orgânica através da
informação, formação, assistência técnica e apoio às atividades de experimentação e
comercialização dos produtos. Essas organizações cobrem em conjunto praticamente todo
território nacional, incluindo as regiões autônomas dos Açores e Madeira. (CRISTÓVÃO;
KOEHNEN; STRECHT, 2001).
O rótulo tem um efeito significativo na avaliação dos consumidores sobre as
informações a cerca dos produtos orgânicos (GRUNERT; BECH-LARSEN; BREDAHL,
2000). Por outro lado o excesso de selos, marcas, símbolos individuais para indicar que é um
alimento orgânico, pode causar confusão entre os consumidores que nesse caso tendem a
desconfiar da credibilidade no momento de identificar o produto orgânico (DAROLT, 2005).
Na tabela 2.1 encontra-se a quantidade de produtores certificados no Brasil.
14
Tabela 2.1: Número de Produtores Rurais Certificados no Brasil
Fonte: DAROLT (2001)
De acordo com o Instituto Biodinâmico (2006), 90% dos certificados concedidos são
para pequenos produtores, uma vez que existe uma modalidade de certificação em grupo que
facilita o acesso aos pequenos produtores. Um grupo deve ser formado por pequenos
produtores (agricultura familiar) que possuem o mesmo perfil, ou seja, produtores de grãos,
frutas, etc. Esses produtores devem estar organizados e representados por alguma entidade
como Associação, Cooperativa, Organização Não-Governamental, etc. Essa entidade deve
possuir um corpo técnico e um sistema de controle interno.
O custo da certificação orgânica depende do mercado a atingir, da localização, do
tamanho da propriedade entre outros. São cobrados basicamente os serviços efetivamente
prestados, ou seja, pelos dias trabalhados e alguns custos associados como deslocamentos e
diárias. A certificadora não cobra percentual sobre as vendas, nem royalties, nem pelo uso da
logomarca nas embalagens (ECOCERT BRASIL, 2006).
O Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural PRONATER do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO
AGRÁRIO, 2006), que tem como objetivo implementar a Política Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural PNATER, estimula estratégias de aproximação entre produtores e
Estado da
Federação
Número de Produtores
Certificados
Paraná 2400
Rio Grande do Sul 800
São Paulo 800
Rio de Janeiro 120
Espírito Santo 100
Santa Catarina 100
Distrito Federal 50
Outros 130
TOTAL 4500
15
consumidores com a utilização de circuitos curtos de comercialização e métodos de
participação de produtores e consumidores na avaliação da qualidade dos produtos ofertados.
Segundo a Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003, sobre a agricultura orgânica, o
Parágrafo 1
o
do Art. 3
o
dispõe que, no caso da comercialização direta aos consumidores, por
parte dos agricultores familiares, inseridos em processos próprios de organização e controle
social, previamente cadastrados junto ao órgão fiscalizador, a certificação será facultativa,
uma vez assegurada aos consumidores e ao órgão fiscalizador a rastreabilidade do produto e o
livre acesso aos locais de produção ou processamento (BRASIL, 2003).
Uma ação que pode contribuir para melhorar a situação dos produtores é o Programa
de Aquisição de Alimentos PAA do Governo Federal, através desse programa os
agricultores familiares tem a oportunidade de comercializar seus produtos, com isenção de
licitação, através da Compra Direta Local da Agricultura Familiar, que é operada pelos
Governos Estaduais ou pelas Prefeituras Municipais por meio de convênios firmados com o
Governo Federal, por intermédio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome, com abrangência em todo território nacional. A finalidade desse programa é promover
a articulação entre produção de agricultores familiares enquadrados no Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF e as demandas locais de suplementação
alimentar e nutricional de escolas, creches, abrigos, albergues, asilos e hospitais públicos e dos
programas sociais da localidade (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E
COMBATE A FOME, 2006).
De acordo com o estudo de Lílian; Nágila (2005), realizado na Cooperativa Ecológica
Coolméia localizada no Rio Grande do Sul - Brasil, a participação dos agricultores nessa
forma de organização pode contribuir com a geração de credibilidade para seus produtos. A
Coolméia promove a agricultura ecológica e tem como prática oferecer produtos orgânicos
com preços acessíveis e populares, não manipulados geneticamente, livre de agrotóxicos ou
hormônios, que não contém aditivo químico nocivo à saúde ou ao ambiente, que não utilizam
embalagem tóxica, entre outras. Esta organização possui em seu quadro três categorias de
associados entre produtores, operacionais e consumidores, totalizando 2.065 cooperados. Os
produtos da Coolméia não possuem a garantia de uma certificadora externa, contudo através
do ato de cooperação estabelecido entre seus associados, conseguiu criar credibilidade a partir
das próprias inter-relações formadas pela organização, onde ocorrem discussões e ações de
caráter econômico, cultural, social e ambiental.
16
2.1.4.2 Estratégia de cooperação como diferencial competitivo
Estimulada pela revolução tecnológica, a economia informacional e global está em
evidência e tem influenciado o dia-a-dia das pessoas, a maneira de viver e ser, o meio familiar,
o lazer e o trabalho, gerando assim novos sistemas de produção que valorizam as estratégias
de cooperação entre empresas (pequenas, médias e grandes), constituindo redes e, em certos
casos, unidades descentralizas (LÍLIAN; NÁGILA, 2005).
Na busca de maior oportunidade e competitividade as empresas tem utilizado as redes
de cooperação como uma forma de obter a eficiência coletiva por meio de parcerias e alianças.
Essas organizações são formadas por diversos motivos, as empresas podem estar buscando
diminuir sua vulnerabilidade, reduzir o custo das transações, melhorar sua reputação,
visibilidade, imagem e prestígio, entre outros (RUFINO, 2003).
As redes de cooperação entre empresas podem ser identificadas em diversos tipos de
agrupamentos produtivos e surgem por meio formal ou informal entre empresas autônomas
visando executar atividades comuns. Com essa prática, as empresas podem se especializar em
suas atividades principais, além de conseguirem vantagens como a redução de custos,
melhoria da produtividade, poupança de recursos, acesso a novas tecnologias, a novos
mercados, fornecedores, mão-de-obra, troca de experiências, aumento do poder de barganha
em compras e comercialização, maior acesso à informação, maior acesso a instituições e
programas governamentais, além da melhoria da reputação do setor na região (SEBRAE,
2005).
Um exemplo de organização formal que pode ser utilizada pelos produtores rurais são
as Sociedades Cooperativas. Estas organizações têm procurado atender as novas demandas do
mundo atual, beneficiando a inclusão de empresas que apresentam inibição na capacidade de
produção motivada pelas exigências do mercado, administrativa e fiscal. Os membros de um
determinado grupo do sistema produtivo constituem essas empresas com o objetivo de
realizar, em benefício comum, uma atividade econômica. As cooperativas estão presentes nas
diversas áreas produtivas, buscando incentivar uma participação maior dos integrantes dos
diversos setores da empresa, considerando aspectos culturais de organização, de gestão e de
produção (LÍLIAN; NÁGILA, 2005).
O cooperativismo representa uma grande vantagem para o produtor rural, uma vez que
esta forma de organização aumenta seu nível de renda. Esse fato pode ser exemplificado pelo
caso da cadeia de produção do leite nas cooperativas do Paraná que conseguiram aumentar
17
significativamente a produtividade e a qualidade do produto, através da participação do
cooperado, da assistência técnica e da articulação tecnológica, estabelecendo assim uma marca
no mercado de preferência do consumidor (GEPAI, 2001).
Os associados das cooperativas de produtores são trabalhadores ou pequenos
produtores do campo ou da zona urbana, que tem o objetivo de eliminar ou reduzir as fases de
intermediação na cadeia produtiva dos negócios realizados, obtendo como resultado a
maximização do lucro desses trabalhadores ou produtores que chegariam ao mercado
consumidor com maior poder de negociação, permitindo a prática de preços mais justos para a
comunidade consumidora (POLONIO, 2004). Os cooperados assumem ao mesmo tempo as
funções de usuário da empresa e seu proprietário, essa sociedade serve como intermediária
entre o mercado e as economias dos cooperados promovendo seu incremento (GEPAI, 2001).
Por outro lado esse tipo de organização pode apresentar alguns problemas, como as
cooperativas formadas por pessoas que se importam apenas em melhorar sua própria situação
econômica ao invés de ter como objetivo a melhoria da situação econômica de todos os
associados. Essas pessoas utilizam métodos de dissimulação e de ilusão da boa dos
trabalhadores, com promessas fora da realidade e com esclarecimentos insuficientes para
convencê-los a participar da organização. Organizações desse tipo aparecem com freqüência
na área agrícola, onde é mais comum a desinformação e a simplicidade dos trabalhadores.
Podem ocorrer situações onde os associados não sabem o que é ser cooperado ou são
induzidos a assinar documentos sem saber o seu real significado e nem para que servem.
Também podem acontecer situações onde os cooperados não são informados a respeito dos
seus direitos e deveres e são tratados como verdadeiros empregados, sem o direito de opinar a
respeito de suas atividades e de sua remuneração (QUEIROZ, 1997).
Outra forma de organização disponível aos produtores rurais são as chamadas
Associações, que podem ser utilizadas de maneira formal ou informal, por um grupo de
pessoas ou empresas dispostas a organizar esforços para realizar determinados interesses
comuns, sejam eles econômicos, sociais, filantrópicos, científicos, políticos ou culturais e
estimular o desenvolvimento técnico, profissional e social dos associados (SEBRAE, 2005).
A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER, sob a
responsabilidade da Secretaria de Agricultura Familiar - SAF do Ministério do
Desenvolvimento Agrário MDA, incentiva a construção e consolidação de formas
associativas que, além de criar melhores formas de competitividade, geram laços de
solidariedade e fortalecem a capacidade de intervenção coletiva dos atores sociais como
18
protagonistas dos processos de desenvolvimento rural sustentável (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2006).
2.1.4.3- A diferenciação ambiental como estratégia de competitividade
Um dos objetivos específicos da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão
Rural é estimular a produção de alimentos sadios e de melhor qualidade biológica, a partir do
apoio e assistência aos agricultores familiares e suas organizações para a construção e
adaptação de tecnologias de produção amigas do meio ambiente, e para otimização do uso e
manejo sustentável dos recursos naturais (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO
AGRÁRIO, 2006).
A agricultura orgânica se baseia na utilização mínima de insumos externos e em
métodos que recuperam, mantêm e promovem a harmonia ecológica. Esse tipo de atividade é
uma forma sustentável de produção que promove e estimula a biodiversidade, a atividade
biológica do solo e os ciclos biológicos. O cultivo desses alimentos não utiliza pesticidas,
fertilizantes químicos sintéticos e herbicidas, pelo contrário, busca desenvolver um solo fértil,
saudável com rotação de culturas. Sendo assim, ocorre um equilíbrio biológico com grande
variedade de insetos úteis e outros organismos que funcionam como predadores naturais de
pragas e um solo com minhocas e microorganismos que contribuem para sua vitalidade
(INSTITUTO BIODINÂMICO, 2006). Como esse produto não agride o meio ambiente, pode
ser utilizado em sua estratégia de comercialização o critério da diferenciação, uma vez que o
consumidor terá a oportunidade de comparar e distinguir suas características em relação a
outros produtos cultivados com as técnicas tradicionais de agricultura.
Na busca das empresas para identificar uma nova posição vantajosa que irá diferenciar
seus produtos no mercado consumidor, verifica-se uma tendência para a oferta de produtos
que não agridem o meio-ambiente, à medida que os consumidores vão criando uma maior
conscientização em relação ao meio-ambiente (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001).
Com a abertura da economia, o aumento da competitividade e da conscientização dos
consumidores, a variável ambiental tem assumido uma importância cada vez maior, levando
as empresas a incorporar a preocupação dos consumidores com o meio ambiente como uma
nova oportunidade de mercado, utilizando essa variável nas suas decisões estratégicas, com o
objetivo de obter vantagem competitiva (BIAZIM; GODOY, 2000).
19
Cada vez mais as características das mercadorias e serviços chamados de “amigos da
natureza” são percebidas pelos consumidores por oferecer benefícios únicos. Essa percepção
positiva pode servir como uma vantagem competitiva para a empresa, no momento em que
pode obter um melhor posicionamento frente à concorrência diferenciando seus produtos
(POLONSKY; MINTU-WINSATT, 1997).
As empresas que incluírem em suas decisões estratégicas à questão ambiental irão
conseguir uma significativa competitividade ou pelo menos irão reduzir seus custos e
incrementar a lucratividade a médio e longo prazo. Sendo assim, será maior a chance das
empresas sobreviverem quanto mais rápido enxergarem o meio ambiente como seu principal
desafio e como uma oportunidade promissora (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO,
2002).
2.1.5- Flexibilidade
A empresa que deseja obter vantagem em flexibilidade deve ter a habilidade de
oferecer uma ampla variedade de produtos a seus clientes (DAVIS; AQUILANO; CHASE,
2001) e deve ter a capacidade de adaptar-se rapidamente as mudanças nas tendências do
mercado, ou seja, deve ter agilidade para adaptar seus produtos as novas exigências dos
consumidores (MARTINS; LAUGENI, 2005).
Slack, Chambers e Johnston (2002) afirmam que flexibilidade significa a capacidade
de mudar a operação, ou seja, alterar o que a operação faz, como faz ou quando faz. Destacam
ainda que a mudança deve atender a quatro tipos de exigência:
1. Flexibilidade de produto/ serviço – produtos e serviços diferentes;
2. Flexibilidade de entrega – tempos de entregas diferentes;
3. Flexibilidade de volume quantidades ou volumes diferentes de produtos ou
serviços;
4. Flexibilidade de composto (mix) ampla variedade ou composto de produtos e
serviços.
Para uma empresa competir no mercado através da flexibilidade, a empresa deve
possuir habilidade para modificar o mix produzido de maneira econômica, introduzir produtos
20
de maneira econômica, mudar datas de entrega de maneira econômica, alterar volumes
agregados de produção, ampliar os horários de atendimento e ampliar a área geográfica na
qual o atendimento pode ocorrer (CORRÊA; CORRÊA, 2004) e deve ter a capacidade de
responder as mudanças. As mudanças podem estar relacionadas com aumentos ou
decréscimos no volume da demanda ou a mudanças no projeto dos bens ou serviços. Quanto
melhor for a resposta a mudança, maior será a sua vantagem competitiva (STEVENSON,
2001). Para competir nesse critério, significa que a empresa deve acompanhar as modificações
que ocorrem em seu ambiente e ter a capacidade de mudar rapidamente, atendendo as
necessidades e expectativas dos clientes. Uma empresa flexível pode adicionar novos produtos
rapidamente ou eliminar facilmente um produto que não esteja apresentando uma boa
performance. Uma outra característica da empresa flexível é que seus funcionários podem
executar muitas tarefas diferentes para atender as necessidades da organização e dos clientes,
pois esses trabalhadores tendem a apresentar níveis de habilidades mais elevados (REID;
SANDERS, 2005).
2.1.6- Rapidez
Segundo Corrêa e Corrêa (2004) uma outra estratégia que pode ser adotada pelas
empresas é concorrer através do critério velocidade, onde a organização deverá ter: tempo
para iniciar o atendimento; tempo e facilidade para ganhar acesso à operação; tempo para
cotar preço, prazo e especificação e tempo para entregar o produto. Se uma empresa optar por
uma vantagem em rapidez, ela deverá minimizar o tempo entre o consumidor solicitar os bens
e serviços e recebê-los (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002). Essa habilidade em
ofertar entregas rápidas e consistentes permite que a empresa cobre um preço-prêmio por seus
produtos (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2001).
Competir em tempo ou rapidez significa que a empresa deverá entregar seus produtos
no menor tempo possível, pois atualmente os clientes não querem esperar, com isso às
organizações que atendem as suas necessidades com rapidez vem se tornando líderes em seus
segmentos (REID; SANDERS, 2005).
A rapidez na entrega dos bens e serviços para os consumidores enriquece a oferta, pois
para a maioria dos bens e serviços, quanto mais rápido estiverem disponíveis aos
consumidores, é mais provável que eles venham a comprá-los (SLACK; CHAMBERS;
JOHNSTON, 2002). Além da satisfação do consumidor que será maior quanto menor for o
21
prazo de entrega de um produto ou serviço e principalmente tanto menores serão os estoques
intermediários, levando ao aumentando do giro de estoque de matérias-primas e a redução dos
desperdícios e perdas (MARTINS; LAUGENI, 2005).
No mundo competitivo, a velocidade sempre destaca os vencedores dos perdedores.
Com que rapidez se pode responder às solicitações do consumidor? Com que rapidez se pode
desenvolver e colocar um produto novo no mercado? Está em posição de vantagem quem
pode responder rapidamente aos concorrentes (BATEMAN; SNELL, 1998).
2.1.7- Confiabilidade
A confiabilidade pode ser definida como “a probabilidade de um produto desempenhar
sua função prevista por um período de tempo especificado e sob condições especificadas”
(RIBEIRO, 1981), ou também, é a probabilidade de um componente ou sistema não falhar
durante a sua vida útil. Se a empresa pretende obter vantagem competitiva em confiabilidade
então ela deverá fazer as coisas em tempo para cumprir os compromissos de entrega
assumidos com seus clientes. A confiança evolui lentamente de acordo com as trocas sociais e
econômicas contínua entre as partes (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).
O cumprimento de promessas feitas, o cumprimento dos prazos acordados, a segurança
pessoal ou de bens do cliente e a manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado, são
esforços que a empresa deve fazer para competir no mercado através do critério confiabilidade
(CORRÊA; CORRÊA, 2004).
A confiabilidade possui vários atributos em comum com a qualidade. Esse critério é
uma medida de conformidade, porém de conformidade com o tempo, não com a
especificação. Normalmente a confiabilidade de entrega significa cumprir as promessas de
entrega influenciando a satisfação do cliente à longo prazo, não garantindo necessariamente
uma venda imediata (COOPER; ARGYRIS, 2003).
Quando uma organização opta por uma ou duas áreas fundamentais de pontos fortes,
ela é chamada de organização focada. Uma das principais áreas de foco que as organizações
escolhem quando elaboram a sua estratégia competitiva é a confiabilidade. A confiabilidade
pode ser baseada no produto ou serviço ou na entrega (MEREDITH e SHAFER, 2002).
Conforme os mesmos autores a confiabilidade do produto ou serviço requer que a
empresa sempre trabalhe de maneira aceitável, permitindo que os clientes contem com o
22
desempenho. a confiabilidade da entrega requer que a empresa procure sempre cumprir as
promessas, de forma que a entrega do produto seja feita dentro dos prazos estipulados.
2.1.8 - Logística
Na década de 1980, novas tecnologias e estratégias de produção foram descobertas
permitindo as empresas reduzir custos e ter mais competitividade em diferentes mercados.
Com isso, já é possível observar que muitas empresas já reduziram seus custos de produção ao
mínimo e parte dessas esdescobrindo que o gerenciamento eficaz da cadeia de suprimentos
é o próximo passo para aumentar o lucro e a participação de mercado (SIMCHI-LEVI;
KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2003).
De acordo com Bowersox (2001), uma empresa alcança uma vantagem competitiva
que a diferencia das demais, quando se concentra na busca por excelência em uma ou em um
número limitado de competências. Quando ela toma a decisão de se diferenciar baseando-se
na competência logística, está buscando superar a concorrência em todos os aspectos das
operações.
A gestão da cadeia de suprimentos implica na integração de todas as atividades da
cadeia com a melhoria nos relacionamentos entre seus diversos elos (GEPAI, 2001). Essa
cadeia de abastecimento bem administrada pode significar vantagem para a empresa em
termos de serviço, redução de custo e rapidez de resposta às necessidades do mercado
(BERTAGLIA, 2003).
A empresa está em condições de usar à logística de maneira eficaz para penetrar em
novos mercados, para expandir a sua participação no mercado e para elevar os lucros, quando
a gerência reconhece que a logística afeta uma parte significante dos custos da empresa e que
os resultados das decisões tomadas em relação à cadeia de suprimentos leva a diferentes níveis
de serviços ao cliente. De maneira geral, o serviço ao cliente inclui disponibilidade de
estoques, rapidez na entrega, rapidez e cuidado no preenchimento de pedidos (BALLOU,
2001).
A cadeia de abastecimento tem como objetivo possibilitar que os produtos certos e na
quantidade certa, estejam nos locais de venda no momento certo, pelo menor custo possível
(BERTAGLIA, 2003). Os processos operacionais e de controle que permitem transferir os
produtos desde o local de fabricação até o local em que a mercadoria é entregue ao
23
consumidor é o que os especialistas em logística chamam de distribuição física (GEPAI, 2001;
NOVAES, 2004).
A distribuição está associada ao movimento de material de um ponto de produção ou
armazenagem até o cliente. Essa atividade envolve as funções de gestão e controles de
estoque, manuseio de materiais ou produtos acabados, transporte, armazenagem,
administração de pedidos, análises de locais e redes de distribuição, entres outras. Os custos
existentes no processo de distribuição são elevados e as oportunidades são muitas, por isso
muitas organizações têm discutido modelos de distribuição com o objetivo de colocar os
produtos ao alcance dos consumidores e obter vantagem competitiva. Contudo, não é somente
em custos que a distribuição física tem impactos importantes, mas também na qualidade dos
serviços ofertados, sobretudo no cumprimento da entrega dos produtos aos clientes
(BERTAGLIA, 2003).
Se um produto ou serviço não estiver disponível aos clientes no tempo e no lugar em
que eles desejam consumi-lo, ele tem pouco valor. Por outro lado uma empresa que se
compromete em custos para tornar um estoque disponível de maneira oportuna ou para
movimentar os produtos em direção aos clientes, o valor que não existia foi criado para o
cliente. Esse valor é seguro como aquele criado através de preço baixo ou através da produção
de um produto de qualidade (BALLOU, 2001).
Com base no referencial bibliográfico realizou-se uma síntese dos principais critérios
de competitividade, conforme tabela 2.2.
24
Tabela 2.2: Critérios de competitividade
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Conforme a tabela 2.2 observa-se que o critério mais citado dentre os autores foi qualidade,
seguido de custo, flexibilidade e rapidez.
2.2 - Competitividade dos produtos orgânicos
Uma nova situação econômica tem se caracterizado pela determinação dos
consumidores em se relacionar com empresas que prezam pela ética, pela preservação da
natureza e por uma boa imagem institucional no mercado (ANDRADE; TACHIZAWA;
CARVALHO, 2002).
Estimulados pela mídia, o consumidor final tem se mostrado receptivo as estratégias de
segmentação e diferenciação dos produtos e vem buscando continuamente produtos
CRITÉRIOS DE COMPETITIVIDADE
AUTORES
PREÇO CUSTO QUALIDADE
DIFEREN-
CIAÇÃO
FLEXIBI-
LIDADE
RAPIDEZ
CONFIABI
-LIDADE
LOGÍSTICA
BALLOU
(2001)
X
BATEMAN; SNELL
(1998)
X X X
BERTAGLIA
(2003)
X
BOWERSOX
(2001)
X X
CORRÊA; CORRÊA
(2004)
X X X X X
DAVIS; AQUILANO;
CHASE (2001)
X X X X
GREEN
(1995)
X
MARTINS;
LAUGENI (2005)
X X X X
REID; SANDERS
(2005)
X X X X
SIMCHI-LEVI;
KAMINSKY;
SIMCHI-LEVI (2003)
X X
SLACK;
CHAMBERS;
JOHNSTON(2002)
X X X X X
STEVENSON (2001)
X X X X
25
diferenciados. A origem dos alimentos, a sua concepção genética, o processo produtivo como
também as condições finais de sua distribuição, são questões que o consumidor a cada dia tem
apresentado uma maior importância. A comunicação é a maneira mais significante para fazer
com que as pessoas consumam não apenas por necessidade, mas por valores e identificação
(RODRIGUES; RODRIGUES, 2002).
A agricultura orgânica era cultivada principalmente em pequenas propriedades
familiares. Porém, essa atividade tem se destacado pela transformação que vem ocorrendo no
campo. Os grandes produtores também foram atraídos por esse mercado que cresce de 30% a
50% ao ano no Brasil, movimentando trezentos milhões de dólares (KISS, 2004).
O resultado da pesquisa de Rodrigues e Rodrigues (2002), realizada nas cidades de
Catanduva e São José do Rio Preto-Brasil, mostrou que 63% dos consumidores entrevistados
se mostraram freqüentemente preocupados com a qualidade dos alimentos que consomem. Os
pesquisadores também ressaltaram que o produto orgânico tem obtido um grande destaque na
mídia e que a sua comercialização encontra-se em fase de crescimento.
A pesquisa de Tacconi (2004), realizada com consumidores que compram hortifruti
orgânico em supermercados na cidade do Natal-Brasil, revelou que 43,5% dos entrevistados
compram “quase sempre” ou “sempre” e apenas 8,1% “nunca” consumiram esse tipo de
alimento. Este estudo mostrou ainda, que os indivíduos que compram hortifruti orgânico com
maior freqüência possuem maior conhecimento sobre esses produtos do que os consumidores
que compram com menor freqüência, sugerindo que devem ser melhoradas as estratégias de
diferenciação no sentido de atingir os consumidores com menor conhecimento sobre os
produtos orgânicos, além de indicar que o mercado de produtos orgânicos vem sendo uma boa
oportunidade para produtores e varejistas, já que esse tipo de alimento possui um valor extra.
O resultado da pesquisa de Gil, Garcia e Sánchez (2000), realizada na Espanha,
mostrou que produtos perecíveis, provavelmente frutas e vegetais, com as características dos
produtos orgânicos são mais apreciados pelos consumidores e que eles estão dispostos a pagar
um maior valor por esses produtos do que para outros.
Os resultados da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e
Estatística IBOPE (2006) revelaram que 68 % dos consumidores brasileiros entrevistados
estão dispostos a pagar um preço mais elevado por um produto que não agride o meio
ambiente. Mesmo na população com baixa renda familiar essa tendência pode ser verificada.
26
Nos anos de 2000 e 2001, mesmo com a abertura de novos canais de comercialização e
do aumento das vendas, aproximadamente 30% a 35% dos pedidos dos supermercados das
regiões metropolitanas de Curitiba e São Paulo não foram atendidos por falta de produtos.
Para atender a essa demanda, seria necessária uma regularidade de no mínimo 20 produtos
orgânicos durante todo ano, entre folhas, legumes e frutas (DAROLT, 2005).
2.3 Principais entraves ao crescimento da comercialização dos produtos
orgânicos
Em Portugal, na percepção dos agricultores orgânicos, essa forma de produção
enfrenta muitos entraves, principalmente nas áreas de organização da produção e da
distribuição, a pesquisa, o ensino e a formação e a extensão (CRISTÓVÃO; KOEHNEN;
STRECHT, 2001).
Segundo os dados da pesquisa de Darolt (2001), que investigou a percepção dos
produtores sobre a agricultura orgânica na região metropolitana de Curitiba Brasil, o preço
desses produtos é considerado um fator de entrave para o crescimento do mercado, pois sua
produção implica custos maiores de mão-de-obra e insumos por unidade de produto. Kiss
(2004) também afirma que um dos itens que deixa a produção dos orgânicos mais cara, entre
30% e 50%, é o fato dela necessitar de um maior número de trabalhadores.
Na mesma pesquisa, foram apontados pelos produtores outros obstáculos para o
mercado de orgânicos, como segue: a embalagem, utilizada para diferenciação dos produtos
orgânicos nos supermercados é um ponto que pode encarecer esses alimentos; a dificuldade de
comercialização que está relacionado diretamente à falta de organização dos circuitos
comerciais, a pouca informação sobre os tipos de produtos orgânicos disponíveis, localização
e fonte; a falta de estratégias de marketing para os produtos orgânicos; a falta de pesquisa
sobre esse tipo de produto e a falta de crédito específico para a agricultura orgânica
(DAROLT, 2001).
Em relação à percepção dos agricultores pesquisados no ano de 2001, que a falta de
crédito específico para a agricultura orgânica significa um obstáculo para esses produtos, vale
ressaltar que existem algumas linhas de crédito que podem atender a esse setor. O Programa
Nacional de Crédito Fundiário PNCF, por exemplo, desenvolvido pela Secretaria de
Reordenamento Agrário vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário tem por
27
objetivo reduzir a pobreza no campo e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores rurais
por meio da concessão de financiamento para compra de imóvel e investimentos em infra-
estrutura básica (construção de casas, instalação de energia elétrica, estradas, rede de
abastecimento de água), produtiva, (assistência técnica, infra-estrutura produtiva,
investimentos iniciais na produção) e projetos comunitários. O PNCF dispõe de linha de
crédito específico para consolidação da agricultura familiar, destinada a pequenos produtores,
podendo o financiamento ser coletivo ou individual. Os beneficiários do Crédito Fundiário
tem acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF e a
outros programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO
AGRÁRIO, 2006).
O Banco do Nordeste do Brasil que trabalha em parceria com a EMATER/RN possui
várias linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONAF, que tem se apresentando como alternativa para os pequenos produtores. Esse
programa tem como objetivo proporcionar apoio financeiro para as atividades exploradas com
o emprego direto da força de trabalho do agricultor familiar e o público-alvo do programa são
os agricultores familiares que podem participar de forma individual ou em grupo, através de
suas cooperativas, associações ou outras formas associativas (BANCO DO NORDESTE DO
BRASIL, 2005).
Conforme a página eletrônica do Banco do Brasil (2005), as associações e cooperativas
aumentam os veis de produtividade e competitividade, criam condições para que os
pequenos empreendimentos tenham crescimento auto-sustentado e facilitam a inserção de seus
produtos no mercado externo. Por esse motivo, essas organizações podem encontrar em todas
as agências do país, além dos produtos e serviços bancários e não bancários tradicionais, os
criados especificamente para as que atuam diretamente no setor agropecuário e de
eletrificação rural e para as que atuam nos demais setores.
Segundo Darolt (2005), entre os principais entraves para o sucesso do agronegócio
orgânico destaca-se a comercialização. A comercialização desses produtos é realizada de
diversas maneiras, tais como: venda direta ao consumidor (no local de produção; sacola em
domicílio; restaurantes e cantinas; cestas em empresas ou repartições públicas; feiras verdes e
exposições; loja própria na cidade), varejo (pequenos comércios e supermercados) e atacado
(grandes atacadistas, hipermercados e Ceasas). Um dos princípios básicos em agricultura
orgânica é a diversificação, que deve ser considerada na hora de vender a produção, pois ter
28
apenas um canal de comercialização é quase tão arriscado quanto não ter nenhum. A logística
é um aspecto pouco considerado que faz a diferença, pois a carência de um bom sistema de
transporte e armazenamento (refrigeração), sobretudo das folhosas, acarreta uma grande
percentagem de perda, entre 5% a 20 %. A dificuldade em atender a demanda com produtos
fora da época também representa um problema para a produção orgânica, pois a prática de
diversificar o sistema e a rotação de culturas impõe a esses produtos uma certa irregularidade
num mercado acostumado com uma constância de produção.
Além desses entraves, o agricultor ainda é o mais prejudicado em termos de retorno
econômico em relação à comercialização orgânica, pois do valor total pago no caixa pelo
consumidor, 33 % são para cobrir os custos dos intermediários com embalagem, transporte e
pessoal, 37% corresponde à margem dos supermercados e apenas 30% em média são
destinados ao agricultor (DAROLT, 2001).
Os intermediários podem trazer desvantagens, quando praticam margens muito
elevadas pelo serviço prestado e/ou quando não agregam valor ao produto. Por outro lado, os
intermediários podem trazer vantagem para a cadeia agroalimentar, quando possibilitam
reduzir os custos comercias, na regularização do fluxo de demanda de produtos e quando
proporcionam ganhos de produtividade ao sistema (GEPAI, 2001).
Para alcançar vantagem competitiva é necessário que muitos critérios sejam
melhorados nos sistemas de produção e ao longo das cadeias produtivas dos produtos
orgânicos. Entre estes critérios destacam-se os aspectos relacionados à gestão adequada das
propriedades, a falta de coordenação das cadeias produtivas, a falta de regularidade dos
produtos, a pouca diversidade em alguns casos (principalmente os sistemas em transição),
poucas quantidades, baixa qualidade das águas, baixa disponibilidade de insumos
(SCHULTZ; NASCIMENTO, 2001).
Na pesquisa de Darolt (2001), com relação ao perfil dos produtores, verificou-se que a
maioria dos agricultores entrevistados em Curitiba Brasil possui a propriedade da terra, tem
desejo de continuar na atividade agrícola por através de seus filhos, constituírem uma base
familiar, muitas vezes, e possui um bom nível de escolaridade. em Portugal, conforme
Cristóvão, Koehnen e Strecht (2001), a produção orgânica vem sendo realizada por uma elite
de produtores, formada predominantemente por jovens que apresentam nível de escolaridade
acima da média. Além disso, a motivação desses produtores vem sendo muito diversificada,
onde estes estão rapidamente passando de uma fase que se originavam de razões ideológicas
para outra em que predominam o caráter econômico.
29
O perfil dos produtores orgânicos portugueses:
Predominantemente jovens, com idade entre os 40 e os 49 anos;
Nível de escolaridade acima da média, tendo cerca de 40 % um curso superior;
Quase todos freqüentaram um Curso de Formação Profissional de Introdução à
Agricultura Biológica;
A grande maioria pratica a agricultura biológica a relativamente pouco tempo,
menos de seis anos;
As principais motivações relacionam-se com a produção de produtos saudáveis
e a preservação dos solos e do ambiente em geral;
As áreas da exploração são muito variáveis, sendo dominantes as médias e
grandes;
A maioria das explorações pratica a policultura, sendo importante à produção
animal;
Mais da metade dos produtores dedica-se também a outras atividades ligadas
ao setor, como a comercialização de produtos e/ ou fatores de produção, a
transformação, a sensibilização dos consumidores, a divulgação e marketing, a
formação e outras.
2.5 – Considerações finais
No atual ambiente competitivo algumas empresas têm triunfado, outras têm
fracassado. As pressões da recessão tem sido sentidas, em graus variados, por todos os
mercados e setores. O que se torna mais difícil para os administradores é desenvolver e
implementar uma estratégia bem sucedida de crescimento, ou seja, uma estratégia que
moldará a competitividade e o futuro de uma organização (COOPER; ARGYRIS, 2003).
Porter (1980) ressalta que o principal foco da estratégia competitiva é fornecer ao
consumidor algo que seja percebido como agregador de valor. Com isso as empresas têm
lutado para assegurar uma vantagem sustentável, distinguindo-se de seus concorrentes
utilizando diversos meios como serviços ao cliente, design, imagem, embalagem e
funcionalidade adicional.
30
A estratégia consiste em temas que reflete o que a gerência acredita que deva ser feito
para alcançar o sucesso (KAPLAN, 2000). O crescimento da comercialização dos produtos
orgânicos vem beneficiando o setor com novos métodos de relacionamento entre produção,
processamento e comercialização (ORMOND, 2002).
No sentido de auxiliar os gestores na tomada de decisões em relação à estratégia
competitiva, as múltiplas formas de competir no mercado devem ser analisadas para que seja
possível focalizar nos aspectos que realmente importam para o cliente (CORRÊA; CORRÊA,
2004).
Algumas estratégias têm sido adotadas na tentativa de solucionar problemas que
podem afetar a competitividade das organizações. Um agronegócio definiu quatro temas
estratégicos: melhorar a margem operacional mediante a reengenharia dos processos da cadeia
de fornecimento; reduzir o custo de capital; aumentar as vendas por meio da melhoria das
alianças com os canais de varejo e melhorar as vendas ajudando
os
fazendeiros com novas
práticas agronômicas (KAPLAN, 2000).
O manejo orgânico é um processo que apresenta particularidades a cada propriedade
onde é executado. O solo, recursos hídricos, fauna, flora, ventos, posição em relação ao sol,
entre outros, exercem influência sobre o sistema, exigindo um profundo conhecimento sobre a
propriedade de forma a encontrar soluções para cada tipo de cultivo, criação ou problema
encontrado durante essa atividade (ORMOND, 2002).
Em relação aos produtos alimentares, o seu consumo está cada vez mais associado à
quantidade e a qualidade de informações presentes na mente dos consumidores, fazendo com
que as pessoas consumam por valores e identificação e não apenas por necessidade
(RODRIGUES; RODRIGUES, 2002).
As pessoas estão mais conscientes e mais receptivas aos aspectos de marketing
ecológico que os produtos irão lhe oferecer. Por esse motivo, a utilização da questão
ambiental como diferencial competitivo apresenta-se como uma estratégia importante, pois as
empresas verdes são sinônimas de bons negócios, ou seja, quanto antes às organizações
enxergarem o meio ambiente como oportunidade competitiva e como seu principal desafio,
maior será a chance de sobreviverem (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2002).
Um mecanismo que as empresas tem utilizado para se diferenciar no mercado são os
chamados selos ou certificados. A proposta do processo de certificação é garantir que o
produto certificado encontra-se de acordo com as normas e atributos pré-estabelecidos. Com
31
isso, os produtores podem obter retornos satisfatórios através da diferenciação entre os
alimentos que produz e os convencionais. (RODRIGUES; BATALHA, 2005). De acordo com
a percepção dos consumidores, a vantagem do produto orgânico está baseada quase sempre na
confiança que ele tem na certificação (SCHMIDT, 2001).
Segundo o Planeta Orgânico (2006), a capacidade de crescimento da produção
orgânica é de 100% ao ano. Esse tipo de cultura apresenta-se como uma oportunidade para os
produtores, uma vez que o mercado não consegue suprir a demanda. O orgânico é capaz de
competir com o convencional economicamente, oferecendo a médio ou longo prazo, melhor
retorno financeiro.
Basicamente os produtores orgânicos estão divididos em dois grupos. O primeiro,
representando 90% do total dos produtores, é formado por pequenos agricultores familiares
ligados a associações e grupos de movimentos sociais e são responsáveis por cerca de 70% da
produção orgânica brasileira respondendo por parte da renda gerada com esses produtos. O
segundo grupo é formado por grandes produtores empresariais (10%) ligados a empresas
privadas.
Os pequenos produtores são os responsáveis pelo abastecimento interno, produzindo
hortaliças, frutas e alimentos processados
(INSTITUTO BIODINÂMICO, 2006).
32
Capítulo 3
Metodologia da Pesquisa
Neste capítulo estão apresentados os procedimentos metodológicos adotados no
estudo, definindo-se a tipologia e detalhando as fases do desenvolvimento da pesquisa a partir
da definição da população, amostra, instrumento e período de coleta dos dados e os recursos
para maximizar a confiabilidades desses dados.
3.1 Tipologia da Pesquisa
O conhecimento científico atualmente não é posse de verdades imutáveis, ou seja, algo
pronto, acabado e definido. A ciência é muito mais entendida como uma procura constante de
explicações e de soluções, de revisão e reavaliação de seus resultados, apesar de sua
falibilidade e de seus limites (CERVO; BERVIAN, 2002).
Do ponto de vista metodológico, o presente estudo pode ser classificado como um
estudo de pesquisa aplicada. A pesquisa aplicada objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais
(SILVA; MENEZES, 2001).
A pesquisa possui objetivo descritivo. Conforme Cervo e Bervian (2002), esse tipo de
pesquisa observa, registra, analisa e correlacionam variáveis sem realizar manipulações.
A forma de abordagem utilizada foi à quantitativa. Para Silva e Menezes (2001) a
pesquisa quantitativa significa traduzir em números as opiniões e informações para classificá-
las e analisá-las, requerendo o uso de recursos e técnicas estatísticas.
O método estatístico significa redução dos fenômenos sociológicos, políticos,
econômicos, etc. a termos quantitativos e as manipulações estatísticas, que permite comprovar
33
as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência e
significado (LAKATOS; MARCONI, 2001).
O espírito científico, na prática, é expressão de uma mente crítica, objetiva e racional.
A consciência crítica levará o investigador a aprimorar seu ajuizamento e a desenvolver o
discernimento, habilitando-o a distinguir e separar o essencial do superficial para ponderar os
elementos componentes da questão (CERVO; BERVIAN, 2002).
3.2 Área de abrangência, população e a amostra
Este estudo delimitou-se a pesquisar os produtores de produtos orgânicos do Estado
Rio Grande do Norte. Como escopo de avaliação dos produtos orgânicos, foram utilizados os
segmentos do tipo legumes e verduras orgânicas.
O campo de aplicação do instrumento de pesquisa se restringiu a propriedades rurais
que produzem hortaliças consideradas orgânicas no Estado, conforme a orientação do Instituto
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte - EMATER/ RN. A
população-alvo desta pesquisa foi composta pelos produtores que comercializam seus
produtos orgânicos certificados, em processo de conversão assistida ou que vendem como
orgânico nos municípios apresentados na tabela 3.1:
Tabela 3.1: Quantidade de produtores entrevistados em cada município.
Municípios Pesquisados Quantidade de Produtores
Canguaretama 02
Mossoró 03
Parnamirim 01
Nísia Floresta 04
São Bento do Trairí 05
São Gonçalo 02
São José de Mipibú 10
Touros 05
Total 32
Fonte: Dados baseados na orientação da EMATER/RN, 2006.
34
A maior parte da amostra foi representada por produtores do município de São José de
Mipibú, em virtude deste município possuir um centro de treinamento da EMATER/RN, onde
os produtores vem sendo capacitados.
Todos os produtores citados na relação da EMATER/RN foram entrevistados, sendo
que durante a fase da pesquisa estes produtores indicavam onde poderiam ser encontrados
outros produtores de hortaliças orgânicas, e estes também fizeram parte da amostra da
pesquisa.
3.3 Instrumento e período da coleta de dados
O instrumento utilizado para a coleta dos dados neste estudo junto aos agricultores do
Estado do Rio Grande do Norte foi o formulário que se encontra no apêndice A. Segundo
Silva e Menezes (2001), o formulário é uma coleção de questões anotadas por um
entrevistador em uma situação face a face com o informante. Esse tipo de instrumento é
indicado para a obtenção de respostas com informantes que podem encontrar dificuldades no
auto-preenchimento de questionários.
O formulário continha questões dicotômicas, de múltipla escolha e de escala tipo
Likert, conjuntamente com uma escala qualitativa formada por uma seqüência de 1 a 5. Do
total, haviam duas questões em que a escala era formada por uma seqüência de 1 a 3. Em
todas as perguntas havia a opção “sem opinião”, caso o participante assim o declarasse.
O formulário foi dividido em 3 seções: na primeira seção o instrumento era todo
estruturado contendo as variáveis: preço, qualidade, flexibilidade, custo, logística,
diferenciação e confiabilidade. Na segunda seção, foi realizado o perfil do produtor, onde as
questões estruturadas eram: sexo, faixa etária, escolaridade, renda familiar, estado civil e
sobre a participação ou não do produtor em alguma associação ou cooperativa. Na última
seção foi realizado o perfil da propriedade onde havia cinco questões abertas referentes ao
número de trabalhadores na propriedade, o tamanho da propriedade, o tamanho da área que
possui o cultivo orgânico e/ ou em conversão, o total de produtos produzidos na propriedade e
o total de produtos orgânicos. Nesta seção as questões estruturadas eram: a quem pertence à
propriedade, se os produtos que comercializam eram certificados, se estavam em processo de
conversão assistida ou se vendiam como orgânicos e se a propriedade possuía veículo de
entrega. Estas variáveis estão na tabela 3.2.
35
Tabela 3.2: Nome das variáveis do estudo, suas descrições e o grupo a que pertencem.
Variável Descrição da variável Grupo de
variável
VAR_1 A percepção do agricultor sobre a procura pelo produto orgânico
VAR_2
A percepção do agricultor acerca de como o consumidor final considera o preço do
produto orgânico em relação ao produto tradicional
Preço
VAR_3
Freqüência com que é utilizada ajuda de um técnico especializado em produção
orgânica na propriedade
VAR_4 Nível de qualificação da mão-de-obra utilizada na nos produtos orgânicos
VAR_5
Freqüência com que o produtor participa de cursos de treinamento em produção
orgânica
VAR_6
A percepção do produtor em relação à reclamação dos clientes em relação aos
produtos orgânicos
VAR_7
A opinião do produtor sobre a qualidade dos produtos orgânicos vendidos no
comércio
Qualidade
VAR_8
A velocidade com que o produtor pode mudar todo o processo produtivo parta
produzir um novo produto que já possui experiência no cultivo
Flexibilidade
VAR_9_A A resposta do produtor acerca da seleção dos produtos cultivados na propriedade
VAR_9_B A resposta do produtor acerca do tamanho mínimo para comercialização
VAR_9C
A resposta do produtor se os produtos são separados de acordo com o tipo de
cliente
VAR_9D
A resposta do produtor se os produtos imperfeitos são comercializados com o
cliente principal
VAR_9_E
A resposta do produtor se a lavagem de todos os alimentos é realizada antes da
venda
VAR_9_F A resposta do produtor se as sementes são adquiridas de empresas especializadas
VAR_9G A resposta do produtor se faz uso de embalagem
VAR_9H A resposta do produtor se faz uso de rótulos
Qualidade
VAR_10A
A percepção dos entrevistados sobre a importância do custo da das sementes para
produção orgânica em comparação aos alimentos convencionais
VAR_10B
A percepção dos entrevistados sobre a importância do custo de outras matérias
primas para produção orgânica em comparação aos alimentos convencionais
VAR10C
A percepção dos entrevistados sobre a importância do custo da mão-de-obra para
produção orgânica em comparação aos alimentos convencionais
VAR10D
A percepção dos entrevistados sobre a importância do custo de instalações para
produção orgânica em comparação aos alimentos convencionais
VAR10E
A percepção dos entrevistados sobre a importância do custo de quinas e
equipamentos para produção orgânica em comparação aos alimentos
convencionais
Custo
36
VAR10F
A percepção dos entrevistados sobre a importância do custo de divulgação da
produção orgânica em comparação aos alimentos convencionais
VAR10G
A percepção dos entrevistados sobre a importância o custo de distribuição dos
produtos orgânicos em comparação aos alimentos convencionais
VAR10H
A percepção dos entrevistados sobre importância do custo de um cnico
especializado em produção orgânica em comparação aos alimentos convencionais
VAR10_I
A percepção dos entrevistados sobre importância do custo dos intermediários na
comercialização dos alimentos orgânicos em comparação aos alimentos
convencionais
VAR10_J
A percepção dos entrevistados sobre importância da margem de lucro dos
estabelecimentos comerciais na elevação do custo dos produtos orgânicos em
comparação aos alimentos convencionais
VAR10_L
A percepção dos entrevistados sobre importância dos impostos na elevação do
custo do produto orgânico em comparação aos alimentos convencionais
VAR10M
A percepção dos entrevistados sobre importância de outros custos em comparação
aos alimentos convencionais
VAR_11
A percepção dos produtores acerca do custo da produção orgânica em comparação
ao tradicional
VAR_12
A opinião do produtor em relação ao nível de dificuldade na distribuição dos
produtos orgânicos
VAR13A A freqüência com que o produtor vende seus produtos direto na propriedade
VAR13B A freqüência com que o produtor vende seus produtos para distribuidor
VAR13C
A freqüência com que o produtor vende seus produtos em feira de produtos
orgânicos
VAR13D A freqüência com que o produtor vende seus produtos em feira comum
VAR 13E A freqüência com que o produtor vende seus produtos em supermercado
VAR 13F A freqüência com que o produtor vende seus produtos em quitanda ou varejão
VAR13G
A freqüência com que o produtor vende seus produtos no sistema de entrega
domiciliar
VAR13H
A freqüência com que o produtor vende seus produtos em lojas de produtos
naturais
VAR13_I A freqüência com que o produtor vende seus produtos para outros clientes
Logística
VAR_14
A opinião dos entrevistados sobre a importância da certificação para venda de
produtos orgânicos
VAR_15
Freqüência com que o entrevistado utiliza uma marca que identifica os produtos da
propriedade
VAR16A
A resposta dos entrevistados sobre a existência de rótulo ou selo ambiental para
diferenciação ambiental de seus produtos
VAR16B
A resposta dos entrevistados sobre a existência de informações sobre a saúde do
consumidor para diferenciação ambiental de seus produtos
Diferenciação
37
VAR16C
A resposta dos entrevistados sobre a existência nas embalagens de um destaque
sobre o cuidado com meio ambiente para diferenciação ambiental de seus produtos
VAR16D
A resposta dos entrevistados sobre a existência de um destaque sobre a não
utilização de agrotóxicos para diferenciação ambiental de seus produtos
VAR16E
A resposta dos entrevistados sobre a existência de algum meio de comunicação
para diferenciação ambiental de seus produtos
VAR16F
A resposta dos entrevistados sobre a existência de outros meios para diferenciação
ambiental de seus produtos
VAR_17 A freqüência com que o entrevistado investe na divulgação de seus produtos
VAR_18
A percepção do produtor sobre a confiança do consumidor que os produtos
orgânicos são verdadeiramente orgânicos
Confiabilidade
VAR_19
A opinião do produtor sobre o nível de competitividade na produção de produtos
orgânicos
Competitivida
de
VAR_20
A opinião do entrevistado acerca do efeito de participar de uma cooperativa para
aumentar a competitividade de seus produtos
Cooperativismo
GÊNERO O sexo do entrevistado
IDADE Faixa etária do entrevistado
ESCOLA Nível de escolaridade do entrevistado
RENDA Faixa de renda familiar do entrevistado
ESTADO Estado civil do entrevistado
ASSO_C
OOP
A participação do entrevistado em uma associação ou cooperativa
Perfil do
Produtor
PROP_1 A quem pertence à propriedade que possui o cultivo orgânico
PROP_2 O número de trabalhadores da propriedade
PROP_3 O tamanho da propriedade
PROP_4 O tamanho da área que possui cultivo orgânico e/ ou em conversão
PROP_5 A quantidade de produtos produzidos na propriedade
PROP_6 A quantidade de produtos orgânicos produzidos na propriedade
PROP_7 A resposta dos entrevistados acerca da propriedade possuir veículo de entrega
PROP_8
A resposta dos entrevistados sobre os produtos produzidos na propriedade serem
certificados
PROP_9
A resposta dos entrevistados sobre os produtos produzidos na propriedade estarem
em processo de conversão assistida
PROP10
A resposta dos entrevistados sobre os produtos produzidos na propriedade serem
comercializados como orgânicos
Perfil da
Propriedade
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
38
Todo o levantamento foi realizado pelo próprio pesquisador através do contato direto
com o pesquisado. Os indivíduos eram abordados na propriedade e solicitados a fornecer as
informações necessárias.
A aplicação dos formulários compreendeu somente o horário da manhã, no período
entre o dia 04 de julho de 2006 e 29 de julho de 2006. A coleta permitiu a obtenção de 32
formulários.
3.4 Tratamento dos Dados
A partir dos dados coletados realizou-se a tabulação e o tratamento estatístico. Para
essa etapa foram utilizados recursos computacionais para dar sustentação à criação de índices
e cálculos, tabelas e gráficos, utilizando-se a Análise Descritiva e a Análise de Cluster. O
objetivo da Análise Descritiva dos valores absolutos e dos percentuais foi o de apresentar a
percepção dos entrevistados com relação ao preço, a qualidade, a flexibilidade, o custo, a
logística, a diferenciação e a confiabilidade em relação aos produtos orgânicos, juntamente
com outras questões pertinentes como cooperativismo, competitividade, perfil do produtor e
perfil da propriedade que permitam conhecer alguns entraves para produção e a
comercialização desses alimentos.
A Análise de Cluster é um conjunto de técnicas, nas quais são estabelecidos grupos de
pessoas dentro de uma regra de classificação por algum tipo de significado que seja
representativo de alguns grupos. Este método é utilizado como uma análise “flexível” de
variância, em que grupos de indivíduos podem ser divididos em subgrupos, de forma a
diminuir a variação entre os membros do grupo e, portanto, deduzir algumas características
desse grupo, que podem ser utilizadas para construir a teoria acerca do comportamento
humano (COBRA, 1997).
A Análise de Cluster foi baseada na distribuição da média das variáveis: preço,
qualidade, custo, flexibilidade, logística, diferenciação, confiabilidade, competitividade e
cooperativismo, que possuíam escala compatível, onde foram aplicadas para identificar
diferentes agrupamentos entre os produtores de hortaliças orgânicas.
Os resultados encontrados nas análises dos dados, cujo intuito foi o de obter
informações que contribuam para o alcance dos objetivos descritos neste estudo, são
apresentados e discutidos no próximo capítulo.
39
Capítulo 4
Resultado da Pesquisa de Campo
O objetivo deste estudo, conforme definido no item 1.2, foi o de investigar com base
na percepção dos produtores rurais os fatores que afetam a competitividade dos produtos
orgânicos no Estado do Rio Grande do Norte. Deste modo, neste capítulo são apresentados à
validação da pesquisa, Análise Descritiva dos dados e a Análise de Cluster.
4.1 Validação da Pesquisa
Na realização desta pesquisa foram utilizados o programa Excel e o software Statistica
versão 6.0.
Para assegurar a representatividade da população de produtores de produtos orgânicos
do Estado do Rio Grande do Norte realizou-se uma investigação com objetivo de descobrir
qual o número de produtores orgânicos do Estado e em que municípios estão localizadas suas
respectivas propriedades. Sendo assim, foi realizada uma visita ao Instituto de Assistência
Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte EMATER/ RN, que tem como missão
contribuir para a promoção do agronegócio e do bem estar da sociedade, com foco no
agricultor familiar, através do serviço de assistência técnica e extensão rural pública com
qualidade para o desenvolvimento sustentável, além de informações de outros produtores
orgânicos. A EMATER/ RN é um órgão público que foi escolhido por ser o principal
prestador de serviços de assistência técnica aos produtores orgânicos norte-rio-grandenses.
O instrumento dessa pesquisa foi pré-testado com 03 agricultores da localidade de
Pium que pertence ao Município de Nísia Floresta no Estado do Rio Grande do Norte.
Posteriormente retirou-se do questionário a questão referente ao critério rapidez por causa da
afirmação dos agricultores testados de que não é possível reduzir o tempo entre o pedido e a
entrega do produto ao cliente, pois como não utilizam aditivos ou fertilizantes químicos o
40
tempo entre o plantio e a colheita depende do ciclo de cada produto. A seguir, realizaram-se
algumas alterações gramaticais a fim de facilitar a argumentação das questões junto aos
agricultores.
No levantamento da pesquisa, o entrevistado foi inicialmente questionado se os produtos
cultivados na propriedade eram orgânicos. Somente depois disso, realizou-se a pergunta se os
produtos eram certificados, se estavam em processo de conversão assistida ou se eram
comercializados como orgânicos. A pesquisa incluiu produtores que comercializam seus
produtos como orgânicos devido às informações obtidas de que a maior parte dos produtores
orgânicos do Estado não possuem seus produtos certificados, sendo assim, uma pesquisa
realizada apenas com produtores certificados seria inviável.
Na tabela 4.1 é apresentado o perfil das propriedades dos produtores entrevistados em
relação à questão da certificação orgânica de seus produtos.
Tabela 4.1: Perfil da propriedade em relação à certificação orgânica
Produtores com
certificação
orgânica
Produtores em
processo de
conversão
assistida
Produtores que
comercializam seus
produtos como
orgânicos
Total de
observações
Número de
observações
01
10 21 32
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Verifica-se na tabela 4.1 que entre os 32 produtores entrevistados apenas 01 possui
certificação orgânica em seus produtos, enquanto 10 produtores cultivam sob processo de
conversão assistida e outros 21 produtores comercializam seus produtos como orgânicos.
4.2 Análise Descritiva
4.2.1 Perfil dos entrevistados
O gênero da amostra pode ser visualizado na figura 4.1.
41
n = 32
SEXO
Número de observações
81,3%
18,8%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Masculino Feminino
Figura 4.1: Gênero da amostra pesquisada.
Verifica-se que na amostra, 81,3% dos produtores entrevistados o do sexo
masculino, enquanto 18,8% representam os produtores do sexo feminino que produzem em
propriedades localizadas nos seguintes municípios: Nísia Floresta com uma produtora, São
José de Mipibú representado por duas produtoras, Canguaretama com uma produtora e Touros
possuindo duas produtoras. Assim como na agricultura tradicional, a maioria absoluta dos
produtores pertencem ao sexo masculino, situação essa característica da estrutura agrária
brasileira.
A faixa etária dos produtores entrevistados pode ser observada na figura 4.2.
42
n = 32
FAIXA ETÁRIA
Número de observações
12,5%
25,0% 25,0%
12,5%
25,0%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Menos de 20 Entre 20 e 30 Entre 31 e 40 Entre 41 e 50 Mais de 50
Figura 4.2: Faixa etária dos entrevistados.
De acordo com o levantamento, verifica-se que a maioria dos entrevistados (62,5 %)
possui menos de 40 anos, enquanto 37,5% representam a faixa etária com mais de 41 anos. A
pesquisa de Cristovão; Koehnen; Strecht (2001) realizada com produtores orgânicos
portugueses revelou que essa atividade é realizada predominantemente por indivíduos com
idade compreendida entre 40 e 49 anos.
Conforme os mesmos autores, as motivações dos produtores são hoje mais
diversificadas e Portugal vem passando rapidamente de uma fase onde os produtores
orgânicos eram motivados, principalmente por razões ideológicas, para outra em que a
motivação é de caráter econômico. O resultado desse dado pode eventualmente levantar a
questão de que o produtor orgânico norte-rio-grandense poderia estar observando o caráter
econômico desse tipo de cultivo cada vez mais cedo.
O nível de escolaridade dos produtores também foi avaliado, sendo apresentado na
figura 4.3.
43
n = 32
ESCOLARIDADE
Número de observações
34,4%
6,3%
21,9%
25,0%
12,5%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
3º grau completo
Pós-graduação
Figura 4.3: Nível da escolaridade da amostra pesquisada.
De acordo com a figura 4.3, verifica-se que a maior parte dos produtores pesquisados
apresenta um bom nível de escolaridade (59,4%), que responderam possuir no nimo o
segundo grau incompleto. Vale ressaltar que a maioria dos entrevistados pertence a
municípios menos populosos que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE (2002), possuem taxas de analfabetismo maiores do que as pessoas residentes em áreas
urbanas, independentemente do porte populacional dos municípios, apresentaram veis
educacionais mais elevados. Entretanto, observa-se que 34,4 % da amostra entrevistada possui
1º grau incompleto, o que sugere que pode não haver relação entre o alto vel de escolaridade
e a produção orgânica no Estado do Rio Grande do Norte.
Em Portugal os produtores orgânicos apresentam um nível de escolaridade acima da
média, pois 40% deles possuem um curso superior. Além disso, quase todos freqüentaram um
Curso de Formação Profissional de Introdução a Agricultura Biológica (CRISTOVÃO;
KOEHNEN; STRECHT, 2001).
Na figura 4.4 é apresentada a renda familiar dos entrevistados.
44
n = 32
RENDA FAMILIAR
Número de observações
46,9%
25,0%
9,4% 9,4%
6,3%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Menos que $300,00
Entre $300,00 e $900
Entre $901,00 e $1.8
Entre $1.801,00 e $3
Mais de $3.001,00
Sem opinião
Figura 4.4: Renda familiar dos entrevistados em Real (R$).
Conforme os dados coletados, 46,9% dos agricultores de produtos orgânicos
entrevistados possui uma renda mensal inferior à R$ 300,00, ou seja, recebem menos de um
salário mínimo vigente como resultado exclusivamente da venda de sua produção orgânica.
Deve-se ressaltar que a pesquisa não adicionou a renda dos produtores valores recebidos de
outras atividades exercidas pelos produtores, como por exemplo a do Programa Bolsa Família,
de aposentadorias, e/ ou de outros programas governamentais e não-governamentais. Esses
agricultores possuem uma renda abaixo do rendimento mediano observado entre as famílias
do nordeste que, de acordo com IBGE (2002), é de R$ 302,00.
A baixa renda recebida pela maioria dos agricultores poderia ser melhorada a partir da
capacitação desses produtores através do trabalho de assistência técnica e extensão rural por
meio da oferta de técnicas de gestão e cultivo orgânico, que é capaz de aumentar a
produtividade desses alimentos e, conseqüentemente, a renda familiar.
45
4.2.2 Perfil da propriedade
Na pesquisa, os entrevistados foram questionados sobre a situação da propriedade onde
são produzidos os produtos orgânicos. Na figura 4.5 é apresentada a informação sobre a quem
pertence à propriedade.
N = 32
A propriedade que possui o cultivo orgânico é:
Número de observações
25,0%
37,5%
3,1%
34,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Própria Da família Arrendada Alienada Outros
Figura 4.5: A quem pertence à propriedade que possui o cultivo orgânico.
Conforme os dados coletados na pesquisa, verifica-se que a maior parte das
propriedades (62,5% do entrevistados) pertence a um único proprietário ou a família,
enquanto 37.5% das propriedades não são próprias, ou seja, os produtores trabalham no
sistema de arrendamento, utilizam a propriedade da Prefeitura Municipal participando do
Programa Compra Direta ou utilizam a propriedade do Centro de Treinamento da
EMATER/RN, onde são capacitados em produção orgânica.
Este dado torna-se relevante na medida que pode indicar a relação existente entre a
natureza da propriedade e a percepção quanto a competitividade no agronegócio
O tamanho da área cultivada com os produtos orgânicos está apresentada na figura 4.6.
46
n = 32
Tamanho da área de cultivo orgânico e/ou em conversão (ha)
Número de observações
65,6%
28,1%
3,1% 3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
<= 0
(0;1]
(1;2]
(2;3]
(3;4]
(4;5]
(5;6]
(6;7]
(7;8]
(8;9]
(9;10]
(10;11]
(11;12]
> 12
Figura 4.6: Tamanho da área de cultivo orgânico e/ou em conversão.
O tamanho da área cultivada com produtos orgânicos na amostra utilizada, apresenta
maior freqüência com 65,6% daqueles que ocupam uma área de até 1,00 ha, seguido por
28,1% ocupando uma área entre 1,00 e 2,00 ha, de acordo com as respostas dos entrevistados,
ou seja, o processo produtivo orgânico ocorre essencialmente em pequenas áreas, mesmo se
tratando de hortaliças.
No ano de 2003, o Brasil possuía um total de 2,2 milhões de hectares orgânicos ou em
conversão. Esse número apresentou-se sete vezes maior que o registrado em 2001
(HAUPTMANN, 2005).
A quantidade de produtos orgânicos produzidos nas propriedades está exibida na figura
4.7.
47
n= 32
Quantidade de produtos orgânicos produzidos na propriedade
Número de observações
62,5%
28,1%
6,3%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
<= 0 (0;10] (10;20] (20;30] (30;40] (40;50] (50;60] (60;70] > 70
Figura 4.7: Quantidade de produtos orgânicos produzidos na propriedade.
A figura 4.7 mostra que a maioria, com 62,5% dos agricultores cultivam até 10
produtos orgânicos diferentes, seguidos por 28,1% que produzem entre 10 e 20 produtos.
Verificou-se na visita que os produtos mais cultivados são alface, couve, rúcula, cheiro verde,
dentre outros, ou seja, verifica-se uma diversificação de produtos.
4.2.3 Percepção dos produtores orgânicos em relação aos critérios de competitividade
O primeiro questionamento feito aos entrevistados sobre a percepção dos produtores
com relação aos fatores de competitividade na produção orgânica relaciona-se a freqüência
com que os consumidores procuram os produtos orgânicos, na percepção desses produtores..
A resposta dos produtores apresenta-se na figura 4.8.
48
n = 32
Como o agricultor julga a procura pelo produto orgânico
Número de observações
15,6%
21,9%
53,1%
9,4%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sem procura
Pouca procura
Média
Grande procura
Muito grande
a procura
Figura 4.8: Como o agricultor julga a procura pelo produto orgânico.
Na opinião de 62,5% dos produtores pesquisados existe uma “grande procura” ou uma
“procura muito grande” pelos produtos orgânicos. Esse é um dado importante, pois indica que
o mercado de orgânicos apresenta-se como uma atraente oportunidade.
Na pesquisa de Tacconi (2004), realizada junto aos consumidores na Cidade do
Natal/RN, revelou que 82,4% dos entrevistados costumam comprar alimentos orgânicos as
vezes”, “quase sempre” ou “sempre”. Verifica-se no Estado do Rio Grande do Norte, de
acordo com as pesquisas apresentadas, que existe concordância entre as opiniões dos
produtores de produtos orgânicos e consumidores, uma vez que muitos consumidores
costumam comprar esses produtos, enquanto que na opinião dos produtores existe uma grande
demanda.
A segunda variável investigada foi o preço do produto orgânico em relação ao
tradicional. A resposta dos produtores a essa questão está apresentada na figura 4.9.
49
n = 32
ao tradicional, para o consumidor final
Como é considerado o preço do produto orgânico em relação
Número de observações
9,4%
56,3%
28,1%
6,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Muito mais caro
Mais caro
Nem caro/ nem barato
Mais barato
Muito mais barato
Figura 4.9: Opinião do entrevistado com relação ao preço do produto orgânico
em relação ao tradicional.
Neste caso, observou-se grande variabilidade de respostas, conforme pode ser
observado na figura 4.9, 65,7% dos entrevistados consideram o preço do produto orgânico
“mais caro” e “muito mais caro” em relação ao produto tradicional. Conforme Rodrigues;
Batalha (2005), os consumidores estão dispostos a pagar um preço extra pelos produtos
orgânicos apesar do preço bastante elevado que está sendo colocado no mercado. O preço
pode se tornar um entrave para comercialização dos alimentos orgânicos principalmente com
o aumento da concorrência que exigirá dos produtores rurais buscar alternativas para a
diminuição dos custos de produção que levem a redução dos preços e, conseqüentemente, ao
aumento da competitividade.
O preço dos produtos orgânicos tem sido um dos entraves à expansão do mercado.
Dependendo do produto e do ponto de venda esses produtos apresentam preços mais altos
com uma variação de 20 a 100% em relação aos produtos convencionais. Esse fato pode ser
explicado pela baixa escala de produção causando maior custo por unidade produzida,
sobretudo se o produtor estiver com a propriedade em fase de conversão, pois deve ser levado
em consideração o tempo de aprendizado do manejo orgânico, o tempo de recuperação de solo
e do meio ambiente (DAROLT, 2001).
50
A figura 4.10 refere-se à freqüência da utilização da ajuda de um técnico especializado
em produção orgânica na propriedade.
n = 32
em produção orgânica na propriedade
Com que freqüência utiliza-se da ajuda de um técnico especializado
Número de observações
34,4%
12,5% 12,5%
40,6%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Figura 4.10: Freqüência de utilização de um técnico especializado em produção orgânica.
Neste caso, também se observou uma grande variabilidade de respostas, como pode ser
verificado na figura 4.10, 40,6% dos produtores entrevistados utilizam “sempre” a ajuda de
um técnico especializado em produção orgânica. Esses indivíduos representam o grupo de
produtores que comercializam seus produtos em redes de supermercados ou participam de
cursos práticos sobre manejo orgânico realizados principalmente na propriedade da
EMATER/RN. O trabalho desenvolvido por essa instituição pública tem sido de grande
importância, pois além de capacitar os produtores, fornecem renda que é conseguida através
da comercialização do que é produzido. Por outro lado, 34,4% dos entrevistados responderam
que “nunca” utilizaram a ajuda de um técnico especializado em produção orgânica. Esse
grupo de produtores geralmente comercializa seus produtos nas feiras-livres locais.
O critério qualidade está representado na figura 4.11 com o nível de qualificação da
mão-de–obra utilizada na propriedade para produção dos produtos orgânicos.
51
n = 32
propriedade nos produtos orgânicos
Nível de qualificação da mão-de-obra utilizada na
Número de observações
43,8%
3,1% 3,1%
46,9%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Péssimo Ruim Médio Bom Alto Sem opinião
Figura 4.11: Nível de qualificação da mão de obra utilizada na propriedade.
De acordo com a pesquisa 46,9% dos respondentes consideram a existência de um
“alto” nível de qualificação da mão-de-obra utilizada na propriedade de produtos orgânicos,
enquanto outros 46,9% consideram a existência de mão-de-obra com nível de qualificação
“ruim” ou “péssimo”. Essa divergência de opiniões provavelmente ocorreu porque o grupo de
produtores com “alto” nível de qualificação conta com a assistência técnica da Emater/RN,
possui profissional técnico qualificado para treinar seus funcionários ou ainda o proprietário
aprendeu as técnicas do plantio orgânico e repassou aos agricultores. O outro grupo é formado
pelos produtores que ainda não conseguem dominar totalmente as técnicas do cultivo
orgânico, mas que demonstraram vontade de participar de cursos e treinamentos sobre o
plantio desses alimentos e o combate a pragas, conforme os relatos observados na pesquisa de
campo.
Na figura 4.12 é apresentada a freqüência de reclamação dos consumidores acerca dos
produtos orgânicos, na percepção dos produtores.
52
n = 32
relação ao produto orgânico
Como o agricultor julga a reclamação dos clientes em
Número de observações
6,3%
46,9% 46,9%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Alto Nem alto/ nem baixo Baixo Muito baixo
Figura 4.12: Como o agricultor julga a reclamação dos clientes em relação
ao produto orgânico.
De acordo com a opinião de 93,8% dos produtores, o vel de reclamação dos clientes
acerca dos produtos orgânicos foi considerado baixo” ou “muito baixo”. Verificou-se que
nenhum dos produtores entrevistados informou a existência de alto nível de reclamação dos
clientes com relação ao produto orgânico.
Apesar desse padrão de resposta, que indica a existência de satisfação do cliente com
relação ao produto e processo de produção orgânica, a necessidade de uma melhor
investigação abordando a opinião do consumidor com relação ao produto orgânico.
A qualidade dos produtos orgânicos vendidos no comercio na opinião dos produtores,
pode ser observada na figura 4.13.
53
n = 32
vendidos no comércio
Como o agricultor julga a qualidade dos produtos orgânicos
Número de observações
3,1%
15,6%
53,1%
28,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Péssimo Ruim Razoável Bom Ótimo
Figura 4.13: Como o agricultor julga a qualidade dos produtos orgânicos
vendidos no comércio.
Como pode ser observado a maioria dos produtores, ou seja, 81,2% dos entrevistados
consideram “bom” ou “ótimo” o nível de qualidade das hortaliças orgânicas ofertadas aos
consumidores do Estado do Rio Grande do Norte. Esse é um dado interessante, pois esses
produtores consideram que esse tipo de produto apresenta um nível elevado em relação à
qualidade, mesmo que tenha sido verificado que 34,4% dos entrevistados responderem que
“nunca” utilizaram a ajuda de um técnico especializado em produção orgânica e da afirmação
de outros 43,8% de que nenhum funcionário da propriedade participou de treinamento para o
cultivo desses alimentos.
indícios de que a qualidade não está sendo um critério de entrave para
competitividade desses produtos. Porém, de acordo com RODRIGUES; BATALHA (2005) na
área de alimentos a noção de qualidade não pode ser uma noção absoluta e sim uma noção
essencialmente relativa, pois consumidores diferentes apreciam em função de seus próprios
julgamentos e critérios. Deste modo, para esta classe de produtos a qualidade está relacionada
a aspectos objetivos e, principalmente, a aspectos subjetivos.
Outro critério abordado na pesquisa foi à flexibilidade, onde os produtores foram
questionados sobre a velocidade com que poderiam mudar o processo produtivo para produzir
54
um novo produto, caso houvesse uma solicitação do mercado. A figura 4.14 apresenta essa
informação.
n = 32
produtivo atual para produzir novos alimentos
Velocidade com que o agricultor é capaz de mudar o processo
Número de observações
6,3%
53,1%
34,4%
3,1% 3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Muito devagar
Devagar
Nem devagar/
nem rápido
Rápido
Muito rápido
Sem opinião
Figura 4.14: Velocidade com que o agricultor é capaz de mudar o processo produtivo atual
para produzir novos alimentos.
Observa-se que grande parte dos entrevistados, com 59,4% dos entrevistados,
responderam ser “devagar” ou “muito devagar” a velocidade com que conseguem mudar o
processo produtivo atual para produzir novos produtos. Para que o produtor consiga obter a
vantagem competitiva em flexibilidade deve estar em condições de mudar o que faz
rapidamente para atender às exigências dos consumidores ou ainda ser capaz de adaptar as
atividades de produção para enfrentar circunstancias inesperadas (SLACK; CHAMBERS;
JOHNSTON, 2002).
Competir nessa variável significa que a empresa deve ter a capacidade de mudar
rapidamente, atendendo as necessidades e expectativas dos clientes. Uma empresa flexível
deve ser capaz de adicionar novos produtos rapidamente ou eliminar facilmente um produto
que não esteja apresentando uma boa performance (REID; SANDERS, 2005). Portanto,
55
indícios de que, no caso dos produtores de hortaliças orgânicas, a estratégia de flexibilidade
não está contribuindo para aumento da competitividade desses produtos.
Os produtores também foram questionados a respeito da importância do custo das
sementes orgânicas em comparação ao custo das sementes convencionais, cujo padrão de
resposta é apresentada na figura 4.15:
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos das sementes na elevação
Número de observações
9,4%
6,3% 6,3%
46,9%
31,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja
importante
Importante
Muito importante
Figura 4.15: Nível de importância dos custos das sementes na elevação dos custos dos
produtos orgânicos em comparação ao convencional.
A pergunta relativa ao custo das sementes orgânicas em comparação ao convencional,
obteve 46,9% das respostas nas escalas de “importante”, seguido de 31,3% em “muito
importante”.
Atualmente as sementes orgânicas disponíveis são insuficientes em todo o mundo
(INSTITUTO BIODINÂMICO, 2006). Por esse motivo, quase todos os produtores
entrevistados relataram na pesquisa de campo que encontram muita dificuldade para comprar
sementes orgânicas, devido à falta do produto nos estabelecimentos comerciais agropecuários
do Estado. Para contornar o problema, alguns produtores orgânicos têm procurado produzir
suas próprias sementes adquirindo com isso maior independência do mercado de insumos,
56
conseguindo assim reduzir seus custos. Enquanto isso, outros produtores simplesmente
cultivam seus produtos orgânicos utilizando sementes convencionais.
Na figura 4.16 é apresentada o gráfico com informações acerca do custo de outras
matérias-primas (como água, composto orgânico, etc.), em relação ao custo da produção
orgânica em comparação com a convencional.
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de outras materias-primas na elevação
Número de observações
15,6%
3,1%
6,3%
25,0%
50,0%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja
importante
Importante
Muito importante
Figura 4.16: Nível de importância dos custos de outras matérias-primas na elevação dos
custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional.
Observa-se que na opinião de 75% dos entrevistados os custos de outras matérias-
primas (água, composto orgânico, etc.) foi considerado “importante” ou “muito importante”
em relação à elevação dos custos dos alimentos orgânicos em comparação com os alimentos
convencionais.
A seguir, na figura 4.17 é apresentada o nível de importância dos custos mão-de-obra
na elevação dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional.
57
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos da mão-de-obra na elevação
Número de observações
12,5% 12,5%
28,1%
46,9%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja
importante
Importante
Muito importante
Figura 4.17: Nível de importância dos custos da mão-de-obra na elevação dos custos dos
produtos orgânicos em comparação ao convencional.
Na percepção de 75% dos produtores que participaram da pesquisa, como pode ser
visualizado, o custo da mão-de-obra foi considerado “importante” ou “muito importante” na
elevação dos custos dos produtos orgânicos em comparação aos cultivados de maneira
convencional.
Segundo o Planeta Orgânico (2006), a prática da agricultura orgânica requer muita
mão-de-obra, seja assalariada ou familiar. Em países como o Brasil, onde mão-de-obra em
abundância, esse tipo de agricultura constitui uma excelente opção para ocupação de pessoas
no meio rural, com a vantagem adicional de preservar a saúde do trabalhador rural e não
causar danos ao meio ambiente.
O nível de importância dos custos de distribuição na elevação dos custos dos produtos
orgânicos em comparação ao convencional pode ser verificado na figura 4.18.
58
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de distribuição na elevação
Número de observações
43,8%
12,5%
6,3%
25,0%
12,5%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja
importante
Importante
Muito importante
Figura 4.18: Nível de importância dos custos de distribuição na elevação dos custos dos
produtos orgânicos em comparação ao convencional.
Para 56,3% dos respondentes os custo de distribuição foi considerado “sem
importância ou “pouco importante” como um dos motivos da elevação dos custos da produção
orgânica em comparação a produção de alimentos convencionais.
A maioria dos produtores que apresentaram essa opinião comercializa seus produtos
em feiras-livres. As grandes redes de supermercados apresentarem um número significativo de
clientes interessados na compra desses alimentos como foi revelado na pesquisa de Tacconi
(2004), onde grande parte dos 401 consumidores entrevistados nos supermercados da Cidade
do Natal/ RN apresentou interesse em adquirir esses produtos. Contudo, muitos produtores
não têm conseguido atender a essa demanda por causa do elevado custo do fornecimento para
estes estabelecimentos comerciais. As grandes redes de supermercados exigem que o
distribuidor entregue os produtos limpos, embalados em bandejas de isopor, papel filme e
colocado uma etiqueta de identificação.
Além disso, no caso da realização de alguma promoção para os clientes, como a oferta
de um produto com desconto no preço, quem paga é o produtor, ou seja, esses
estabelecimentos comerciais repassam integralmente ao produtor o desconto oferecido aos
59
consumidores reduzindo na mesma proporção o preço pago pelos seus produtos e os alimentos
que não são vendidos nas gôndolas são descartados e o produtor deve repor a mercadoria sem
custo adicional para o supermercado fazendo com que todos os custos e perdas acabam sendo
de responsabilidade do produtor.
Por outro lado, conforme os relatos obtidos na pesquisa de
campo, existem produtores que não tem interesse em comercializar seus produtos em
supermercados preferindo a venda direta onde conseguem receber o pagamento no momento
da entrega do produto ao cliente. As redes de supermercados costumam estipular um prazo
futuro para fazer o pagamento ao fornecedor. Para superar os altos custos dessa distribuição os
pequenos produtores precisam aumentar seu volume das vendas, o que pode ser conseguido
através da participação em uma associação ou uma cooperativa.
Na figura 4.19 apresenta-se o vel de importância dos custos de um técnico
especializado na elevação dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional.
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de um técnico especializado na elevação
Número de observações
53,1%
3,1%
9,4%
6,3%
28,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja
importante
Importante
Muito importante
Figura 4.19: Nível de importância dos custos de um técnico especializado na elevação dos
custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional.
Nesse caso, encontrou-se grande variabilidade de respostas. Observa-se que na
percepção de 56,2% dos produtores entrevistados acreditam que o custo da utilização de um
60
técnico especializado foi considerado “sem importância” ou “pouco importante” na elevação
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional. Por outro lado, na opinião
de 34,4% dos produtores entrevistados, o custo de utilização de um técnico especializado foi
considerado “importante” ou “muito importante”. Essa divergência de opiniões provavelmente
ocorreu porque entre os entrevistados existe um grupo que conta com assistência técnica
gratuita da EMATER/RN, enquanto outro grupo ainda não está sendo assistido por esse órgão
ou possui no quadro de funcionários um técnico especializado.
A fim de assegurar à confiabilidade das respostas relacionadas ao critério custo, foi
acrescentada uma questão sobre a percepção geral dos agricultores em relação ao custo de
produção dos produtos orgânicos, cujo padrão de respostas é apresentado na figura 4.20.
n = 32
dos produtos orgânicos em comparação ao tradicional
Percepção do agricultor com relação ao custo de produção
Número de observações
21,9%
40,6%
34,4%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Muito alto
Alto
Nem alto/
nem baixo
Baixo
baixo
Muito
Sem opinião
Figura 4.20: Percepção do agricultor com relação ao custo de produção dos produtos
orgânicos em comparação ao tradicional.
Observa-se que, de forma geral, na percepção de 62,5% dos agricultores o custo da
produção orgânica foi considerado “alto” ou “muito alto” em comparação ao custo da
produção tradicional. Outro dado importante refere-se aos 34,4% dos entrevistados que
consideram “nem alto/ nem baixo” o custo de produção dos produtos orgânicos em
61
comparação ao produto tradicional. Esse grupo de produtores acredita que os custos da
produção orgânica inicialmente é maior do que o tradicional, porém ao longo do tempo esse
custo diminui. Como exemplo esses produtores citaram a dependência cada vez menor de
insumos externos através da reprodução de sementes.
Esse dado sugere que uma estratégia de diferenciação seria importante para o
produtor, porque dessa maneira obteria um preço extra por seus produtos.
Na figura 4.21 apresenta-se o nível de dificuldade que os produtores encontram na
distribuição das hortaliças orgânicas.
n = 32
Nível de dificuldade na distribuição dos produtos orgânicos
Número de observações
3,1%
18,8%
37,5% 37,5%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Muita dificuldade
Difícil
Às vezes é dificil/
às vezes é fácil
Fácil
Muita facilidade
Figura 4.21: Nível de dificuldade na distribuição dos produtos orgânicos.
Em relação à distribuição desses produtos pode-se verificar que o item “fácil” e “muito
fácil” apresentaram o percentual de 40,6%. De certa forma esse resultado já era esperado,
visto que muitos indivíduos comercializam seus produtos diretamente na propriedade ou em
feiras livres localizadas na própria localidade onde o alimento é produzido. Nesse caso,
conforme o relato de alguns agricultores, essa facilidade se deve a pequena distância que os
produtos percorrem, sendo transportados para os locais de venda na maioria das vezes de
bicicleta.
62
Por outro, uma pequena parcela dos entrevistados (21,9%) consideram ser “difícil” ou
encontram “muita dificuldade” para distribuir os alimentos orgânicos, pois 75% dos
produtores pesquisados afirmaram que não possuem veículo para realizar a entrega de seus
produtos.
Segundo Bertaglia (2003), a distribuição está associada ao movimento de material do
local de produção ou armazenagem até o cliente. Essa atividade envolve as funções de gestão
e controles de estoque, manuseio de materiais ou produtos acabados, transporte,
armazenagem, administração de pedidos, análises de locais e redes de distribuição, entre
outras. Sendo assim, evidencias de que a estratégia logística relacionada à distribuição não
está sendo um entrave para a competitividade desses produtos.
A figura 4.22 aborda a importância da certificação para a venda de produtos orgânicos.
n = 32
Nível de importância da certificação para a venda de produtos orgânicos
Número de observações
3,1% 3,1%
21,9%
71,9%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja
importante
Importante
Muito importante
Figura 4.22: Nível de importância da certificação para a venda de produtos orgânicos.
Observa-se que a certificação apresenta-se como um fator considerável para venda de
produtos orgânicos pois, de acordo com os entrevistados, a pesquisa apresentou que 93,8%
dos entrevistados acham essa variável como sendo “importante” e “muito importante”. Na
percepção dos produtores pesquisados, a certificação orgânica significa uma maior
63
confiabilidade dos consumidores em seus produtos e conseqüentemente um crescimento nas
vendas.
No mercado de orgânicos, a certificação permite ao agricultor diferenciar e obter uma
melhor remuneração dos seus produtos ao mesmo tempo em que protege os consumidores de
possíveis fraudes (PLANETA ORGÂNICO, 2006). A certificação ambiental tende a
influenciar o consumidor no momento da compra (RODRIGUES; BATALHA, 2000). A
pesquisa de Tacconi (2004) apresentou que o rótulo ou selo ambiental é um fator importante
para venda desses alimentos, pois a maioria dos consumidores entrevistados (66,4% dos
entrevistados) considera “importante” ou “muito importante” esses alimentos possuírem
rótulos ou selo ambiental, como motivo que estimula a compra desses alimentos.
Entre os produtores orgânicos que participaram da pesquisa, apenas um possui
produtos certificados pelo Instituto Biodinâmico IBD que são comercializados nas grandes
redes de supermercados da Cidade do Natal/ RN. Segundo a Coolméia (2005), milhares de
pequenos produtores têm encontrado dificuldade para participar desse sistema devido aos altos
custos de certificação. Por outro lado, a Lei 10.831/2003 beneficia os agricultores familiares
que, no caso da comercialização direta aos consumidores, terão a certificação facultativa
desde que estejam cadastrados junto ao órgão fiscalizador assegurando aos consumidores e ao
órgão fiscalizador a rastreabilidade do produto e o livre acesso aos locais de produção ou
processamento.
Outro questionamento abordado na pesquisa foi à freqüência com que a propriedade
utiliza uma marca que identifica seus produtos. O resultado pode ser observado na figura 4.23.
64
n = 32
identifica seus produtos
Freqüência com que a propriedade utiliza uma marca que
Número de observações
87,5%
12,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Figura 4.23: Freqüência com que a propriedade utiliza uma marca que identifica seus
produtos.
Verifica-se que 87,5% dos entrevistados “nunca” utilizam uma marca que identifica os
produtos da propriedade, enquanto 12,5% responderam que utilizam “sempre”. Na amostra
pesquisada existem alguns produtores que comercializam suas hortaliças em supermercados e
são exatamente estes que utilizam essa estratégia de diferenciação para que o consumidor
identifique seus produtos.
A figura 4.24 apresenta a questão da diferenciação dos produtos orgânicos utilizando
meios de comunicação em relação à questão ambiental.
65
n = 32
comunicação em relação a questão ambiental
Freqüência com que diferencia seus produtos com o uso de meios de
Número de observações
12,5%
87,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
Figura 4.24: Freqüência com que diferencia seus produtos com uso de meios de comunicação
em relação à questão ambiental.
Observando a figura 4.24, verifica-se uma resposta significativa dos agricultores
acerca da utilização de meios de comunicação para diferenciar ambientalmente seus produtos.
Na amostra pesquisada, 87,5% dos entrevistados responderam que diferenciam “todos os
produtos” através do uso de meios de comunicação ressaltando a questão ambiental.
Conforme o relato dos agricultores observados na pesquisa de campo, a estratégia de
comunicação mais utilizada para diferenciação foi o método boca a boca, onde o vendedor
passa informações sobre o produto de maneira verbal ao consumidor. A comunicação boca a
boca é um método não comercial de comunicação de marketing em que os intermediários
auxiliam o emissor da mensagem com objetivo de influenciar o cliente (COOPER;
ARGYRIS, 2003).
Entretanto, existe um campo maior em relação à diferenciação que não está sendo
explorado, ou seja, existem outros métodos de diferenciação que poderiam ser utilizados pelos
produtores para estabelecer vantagem competitiva. Esse resultado sugere que o critério
diferenciação pode estar sendo um obstáculo para o crescimento do mercado de orgânicos,
uma vez que a utilização de outras estratégias de diferenciação acarretaria um aumento nos
66
custos para os produtores que, em parte, possuem uma renda menor do que R$ 300,00
(trezentos reais) pelo seu trabalho no cultivo orgânico. Uma saída pára os produtores seria
trabalhar em grupo na forma de associações ou cooperativas onde aumentariam seu poder da
barganha conseguindo com isso reduzir esses custos.
A estratégia da diferenciação é de grande importância para os produtos orgânicos,
porém poderia ser mais explorada pelos produtores para estabelecer vantagem competitiva, o
que sugere que o critério diferenciação está sendo um fator de entrave para esses produtos.
Uma outra variável abordada foi à confiabilidade do consumidor com relação à
credibilidade de que o produto orgânico é realmente orgânico, cujo padrão de resposta é
apresentado na figura 4.25:
n = 32
na veracidade dos produtos orgânicos
Percepção do agricultor no nível de confiança do consumidor
Número de observações
6,3%
40,6%
31,3%
18,8%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Desconfia plenamente
Desconfia
Ás vezes confia/
ás vezes desconfia
Confia
Confia plenamente
Sem opinião
Figura 4.25: Percepção do agricultor sobre o nível de confiança do consumidor na veracidade
dos produtos orgânicos.
Na opinião de 46,9% dos agricultores, os consumidores “às vezes confiam/ às vezes
desconfiam” ou “desconfiam” que os produtos orgânicos ofertados são verdadeiramente
orgânicos. Entretanto é interessante verificar que 18,8% da amostra acredita que o consumidor
67
confia plenamente na veracidade do produto. Esse resultado é importante, pois indica a
necessidade estratégica para se fortalecer a venda de produtos para esse segmento de mercado.
Contudo, a pesquisa de Tacconi (2004) realizada com consumidores de supermercados
na Cidade do Natal/ RN revelou um elevado nível de desconfiança por parte dos
consumidores, onde 79,6% dos entrevistados “desconfiam”, “desconfiam plenamente” ou não
sabe se confiam ou não na veracidade dos produtos orgânicos ofertados, enquanto 1% “confia
plenamente” na veracidade desses alimentos. Esses resultados indicam que a confiabilidade
pode ser considerada um entrave para competitividade dos alimentos orgânicos.
Os agricultores também foram questionados sobre o nível de competitividade na
produção dos alimentos orgânicos. O resultado pode ser observado na figura 4.26.
n = 32
na produção de produtos orgânicos
Percepção do agricultor em relação ao nível de competitividade
Número de observações
3,1%
6,3%
21,9%
34,4% 34,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Sem competitividade
Pouco competitivo
Mais ou menos
Competitivo
Competitivo
Muito competitivo
Figura 4.26: Percepção do agricultor em relação ao nível de competitividade na produção de
produtos orgânicos.
Conforme pode ser observado na figura 4.26, verifica-se que, na percepção da maioria
dos agricultores, a produção de produtos orgânicos apresenta um elevado nível de
competitividade, com 68,8% de respostas entre os itens “competitivo” e “muito competitivo”,
enquanto apenas 9,4% dos entrevistados consideramos produtos orgânicos “sem
competitividade” ou com “pouca competitividade”. Esse resultado indica de acordo com os
68
produtores, que as hortaliças orgânicas possuem um elevado nível de competitividade,
apresentando-se então como um interessante segmento de mercado.
Na figura 4.27 é apresentada a opinião do agricultor sobre o efeito da participação em
uma cooperativa para aumentar a competitividade na produção de seus produtos.
n = 32
para aumentar a competitividade de seus produtos
Percepção do agricultor sobre o efeito de participar de uma cooperativa
Número de observações
3,1%
12,5%
9,4%
31,3%
28,1%
15,6%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Nenhum efeito
Pouco efeito
Nem pouco/
nem muito
Afeta
competitividade
Muito efeito
Sem opinião
Figura 4.2.7: Percepção do agricultor sobre o efeito de participar de uma cooperativa para
aumentar a competitividade de seus produtos.
Como pode ser observado na figura 4.27, grande parte dos entrevistados, ou seja, quase
60%, acreditam que caso participasse de uma cooperativa conseguiriam aumentar a
competitividade de seus produtos, enquanto na opinião de 15,6% dos entrevistados a
participação em uma cooperativa não causaria “nenhum efeito” ou “pouco efeito” para
aumentar a competitividade de seus produtos.
De acordo com Cooper e Argyris (2003) as alianças administradas com cuidado,
permite que as organizações aprendam novas habilidades de fontes múltiplas, com isso
fortalecendo suas competências essenciais e sua flexibilidade de estratégia. Essas alianças
forçam as organizações a equilibrar a cooperação e a competição, representando opções
estratégicas para uma futura expansão, pois alavancam as capacidades especificas da
organização com crescimento administrativo.
69
4.3 Análise de Agrupamentos (Cluster)
Esta análise teve como objetivo dividir a amostra em grupos que apresentavam
semelhança entre as respostas e assim, realizar inferências ou deduzir algumas características
dos produtores de produtos orgânicos do Estado do Rio Grande do Norte.
Após a análise descritiva dos dados, realizou-se a primeira análise de agrupamento
entre variáveis, conforme tabela 4.2.
Tabela 4.2: Análise de variância utilizada na primeira análise de agrupamento
Variáveis Entre SS
df Dentro SS Df F p-valor
VAR1 0,1607
1
23,7143
30
0,2033
0,6553
VAR_2 0,0496
1
16,8254
30
0,0884
0,7682
VAR_3 73,1429
1
26,8571
30
81,7022
0,0000
VAR_4 87,5000
1
38,0000
30
69,0790
0,0000
VAR5 60,7639
1
29,1111
30
62,6193
0,0000
VAR6 0,6791
1
11,0397
30
1,8453
0,1845
VAR7 0,8338
1
22,1349
30
1,1301
0,2962
VAR8 0,2624
1
25,7063
30
0,3062
0,5841
VAR_10_A 0,0838
1
46,1349
30
0,0545
0,8170
VAR_10_B 8,7743
1
57,9444
30
4,5428
0,0414
VAR_10_C 9,0402
1
45,9286
30
5,9049
0,0213
VAR_10_D 44,0496
1
50,8254
30
26,0005
0,0000
VAR_10_E 11,4603
1
52,5397
30
6,5438
0,0158
VAR_10_F 3,6687
1
81,2064
30
1,3553
0,2535
VAR_10_G 0,5079
1
75,4921
30
0,2019
0,6565
VAR_10_H 3,7545
1
96,2143
30
1,1707
0,2879
VAR_10_I 2,2937
1
75,2063
30
0,9149
0,3465
VAR_10_J 1,7857
1
103,7143
30
0,5165
0,4779
VAR_10_L 0,1791
1
41,0397
30
0,1309
0,7200
VAR_11 0,0317
1
31,9683
30
0,0298
0,8641
VAR_12 0,7163
1
24,1587
30
0,8895
0,3532
VAR_13_A 0,3353
1
62,5397
30
0,1609
0,6912
VAR_13_B 11,6116
1
63,3571
30
5,4982
0,0258
VAR_13_C 1,4464
1
9,4286
30
4,6023
0,0401
VAR_13_D 3,9291
1
111,0397
30
1,0615
0,3111
VAR_13_E 10,2857
1
45,7143
30
6,7500
0,0144
VAR_13_F 1,5005
1
38,4683
30
1,1702
0,2880
VAR_13_G 3,3353
1
88,5397
30
1,1301
0,2962
VAR_13_H 0,6429
1
14,8571
30
1,2981
0,2636
VAR_14 2,7902
1
18,9286
30
4,4222
0,0440
VAR_15 10,2857
1
45,7143
30
6,7500
0,0144
VAR_17 0,2857
1
9,7143
30
0,8824
0,3551
VAR_18 0,1434
1
28,3254
30
0,1518
0,6995
VAR_19 0,6791
1
34,0397
30
0,5985
0,4452
VAR_20 0,1791
1
56,0397
30
0,0959
0,7590
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
70
Não fizeram parte da primeira análise as questões de perfil, as questões relacionadas à
seleção dos alimentos orgânicos e as questões relativas às diferenciações ambientais existentes
nos produtos, porque não possuíam escala compatível.
Após a primeira análise, as variáveis que não apresentaram um valor significativo de
probabilidade p (utilizando-se como critério o valor de 5% para diferenciação das médias
entre agrupamentos) foram retiradas, sendo elas: VAR_1; VAR_2; VAR_6; VAR_7; VAR_8;
VAR_10_A; VAR_10_F; VAR_10_G; VAR_10_H; VAR_10_I; VAR_10_J; VAR_10_L;
VAR_11; VAR_12; VAR_13_A; VAR_13_B; VAR_13_D; VAR_13_F; VAR_13_G;
VAR_13_H; VAR_17; VAR_18; VAR_19; VAR_20.
Com as variáveis restantes (cujo valor de probabilidade p foi inferior à 0,05), realizou-
se a segunda análise e nenhuma variável mais foi retirada. Essa segunda análise de variância é
apresentada na tabela 4.3.
Tabela 4.3: Análise de variância das variáveis utilizadas na segunda análise de cluster
Variáveis Entre Dentro p-valor
Cluster SS Df SS Df F
1
VAR_3 73,1429
1 26,8571
30 81,7022
< 0,0001
2 VAR_4 87,5000
1 38,0000
30 69,0790
< 0,0001
3 VAR5 60,7639
1 29,1111
30 62,6193
< 0,0001
4 VAR_10_B 8,7743
1 57,9444
30 4,5428
<0,0414
5 VAR_10_C 9,0402
1 45,9286
30 5,9049
0,0213
6 VAR_10_D 44,0496
1 50,8254
30 26,0005
< 0,0001
7 VAR_10_E 11,4603
1 52,5397
30 6,5438
<0,0158
8 VAR_13_B 11,6116
1 63,3571
30 5,4982
0,0258
9 VAR_13_C 1,4464
1 9,4286
30 4,6023
0,0401
10 VAR_13_E 10,2857
1 45,7143
30 6,7500
0,0144
11 VAR_14 2,7902
1 18,9286
30 4,4222
0,0440
12 VAR_15 10,2857
1 45,7143
30 6,7500
0,0144
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
Os dados desta análise foram englobados em dois Clusters, como pode ser visualizado
na figura 4.28.
71
Cluster
Nº 1
Cluster
Nº 2
Cluster 1 e Cluster 2
Código das variáveis
Freqüência
0
1
2
3
4
5
6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
VARIÁVEIS
1 = Var 3
2 = Var 4
3 = Var 5
4 = Var 10 B
5 = Var 10 C
6 = Var 10 D
7 = Var 10 E
8 = Var 13 B
9 = Var 13 C
10 = Var 13 E
11 = Var 14
12 = Var 15
Figura 4.28: Gráfico com o Cluster 1 e Cluster 2
O Cluster 1 é formado por um grupo de produtores que utilizam com maior freqüência
a ajuda de um técnico especializado em produção orgânica, apresentam um alto nível de
qualificação de mão-de-obra para o cultivo orgânico e participam com maior freqüência de
cursos de treinamento para produção desses alimentos do que os produtores pertencentes ao
Cluster 2. Observa-se um ponto em que a média da variável no Cluster 1 é inferior à média da
variável no Cluster 2 (variável 13 B referente à freqüência com que o produtor vende seus
produtos para distribuidores). Nesse ponto, os produtores pertencentes ao Cluster 1 possuem
uma menor freqüência de vendas para esse tipo de cliente em comparação aos produtores do
Cluster 2 que possuem uma menor freqüência na utilização da ajuda de técnico especializado.
A freqüência de vendas desses alimentos para feiras orgânicas não foi muito significativa para
os dois agrupamentos. Com relação a supermercados, a comercialização dos produtos
orgânicos apresentou-se mais elevada entre o agrupamento que possui maior utilização de
técnico especializado.
No que se refere à importância da certificação, a opinião dos dois grupos de produtores
apresentou-se similar com uma freqüência entre importante ou muito importante para venda
dos produtos orgânicos. A certificação é de importância estratégica para os produtores
orgânicos, porque permite diferenciar seus produtos e com isso obter uma melhor
remuneração, além de proteger os consumidores de possíveis fraudes. Outra vantagem e que a
certificação torna a produção orgânica mais eficiente, uma vez que exige planejamento e
72
documentação criteriosa por parte do produtor, inclusive colaborando para o crescimento do
interesse pelo consumo desses alimentos através da promoção e divulgação dos princípios da
agricultura orgânica (PLANETA ORGÂNICO, 2006).
Observa-se que os membros do agrupamento do Cluster 1 utilizam com maior
freqüência uma marca para identificar seus produtos do que os membros do grupo do Cluster
2, apesar de ambos possuírem baixa freqüência no uso desse tipo de diferenciação para seus
produtos. Os que mais utilizam a marca são os que mais comercializam seus produtos para
supermercados.
Portanto as principais características do Cluster 1 observadas são uma maior utilização
de um técnico especializado na produção orgânica, maior freqüência de vendas para
supermercados, maior freqüência da utilização de uma marca que identifica seus produtos e
uma menor freqüência de vendas para distribuidores.
Na tabela 4.4, apresentam-se todas as variáveis dos agrupamentos obtidos (clusters),
juntamente com suas médias e desvios padrões.
Tabela 4.4: Variáveis, Médias e Desvios Padrão dos Clusters 1 e 2
Estatística descritiva do Cluster 1
Cluster - 14 casos
“Produtores com maior freqüência de
utilização de técnico especializado em
produção orgânica”
Estatística descritiva do Cluster 2
Cluster - 18 casos
“Produtores com menor freqüência de
utilização de técnico especializado em
produção orgânica”
Variável Média Desvio Padrão Variável dia Desvio Padrão
VAR_3 4,71 0,73
VAR_4 5,00 0,00
VAR5 4,50 0,76
VAR_10_B 4,50 0,65
VAR_10_C 4,57 0,51
VAR_10_D 4,14 1,03
VAR_10_E 3,43 1,40
VAR_13_B 1,29 1,07
VAR_13_C 1,43 0,85
VAR_13_E 2,14 1,88
VAR_14 4,93 0,27
VAR_15 2,14 1,88
VAR_3 1,67 1,08
VAR_4 1,67 1,50
VAR5 1,72 1,13
VAR_10_B 3,44 1,76
VAR_10_C 3,50 1,58
VAR_10_D 1,78 1,48
VAR_10_E 2,22 1,26
VAR_13_B 2,50 1,69
VAR_13_C 1,00 0,00
VAR_13_E 1,00 0,00
VAR_14 4,33 1,03
VAR_15 1,00 0,00
Fonte: Dados da pesquisa, 2006.
73
Entre os dois agrupamentos, pode-se observar como é significativa essa diferença entre
eles com base no nível de qualificação da mão de obra - VAR 4, onde os produtores orgânicos
com maior freqüência de utilização de técnico especializado, utilizam funcionários que
fizeram treinamento em produção orgânica, ao passo que o outro agrupamento (Cluster 2)
apresentou resultado entre péssimo e ruim com relação a quantidades de funcionários que
realizaram treinamento. Também apresentam diferença bem significativa com relação à
utilização de técnico especializado nesse tipo de agricultura na propriedade - VAR 3, onde os
produtores do primeiro agrupamento utiliza sempre ou quase sempre e o do segundo
agrupamento nunca utiliza ou quase nunca.
Foram bem significativas também às percepções sobre o custo das instalações na
elevação dos custos da produção orgânica VARS 10D entre os dois agrupamentos, o que
sugere que os que vendem para estabelecimentos comerciais do tipo supermercados possuem
maior volume de vendas o que acarretaria a necessidade de instalações para tratamento dos
alimentos, tais como lavar e embalar.
Contudo os dois agrupamentos consideram a importância da certificação VAR 14,
sendo que os produtores com maior freqüência de utilização de técnico especializado em
produção orgânica consideram muito importante, enquanto o outro agrupamento fica mais
próximo de importante.
74
Capítulo 5
Conclusões e Recomendações
Este item tem como objetivo fornecer conclusões da pesquisa acerca dos fatores que
afetam a competitividade dos produtos orgânicos, na percepção dos produtores rurais do Rio
Grande do Norte, a partir das variáveis utilizadas como direcionadoras de competitividade.
Neste capítulo, são apresentadas as conclusões fundamentadas no resultado das
análises realizadas de forma descritiva e Análise de Cluster. Também são destacados o
direcionamento para futuras pesquisas relacionadas ao tema produtos orgânicos e as
recomendações.
5.1 . Conclusões da pesquisa de campo
Na percepção dos agricultores, em relação ao nível de competitividade da produção
das hortaliças orgânicas, esse tipo de produção possui um elevado nível de competitividade. Já
em termos de fatores que afetam a competitividade dos produtos orgânicos, os entrevistados
consideram o “preço” do produto orgânico, “mais caro” em relação ao produto tradicional,
como um dos principais entraves ao desenvolvimento da atividade. Além disso, a variável
“custo de produção”, analisada através de vários tópicos também foi considerada como
entrave. Entre os componentes do custo que merecem maior destaque são o custo da semente,
o custo de outras matérias primas, como água, composto orgânico, dentre outros e o custo da
mão-de-obra. Todos considerados pela maioria dos produtores como um entrave à esse tipo de
produção por serem considerados “muito importante” ou “importante” na elevação dos
custos desses produtos em comparação ao convencional. O que sugere que esse fator pode
estar afetando a competitividade desse tipo de alimento.
75
Com base no critério diferenciação, os entrevistados consideraram “importante” ou
“muito importante” a certificação dos produtos orgânicos para a elevação da demanda. Em
linhas gerais, com base nas respostas da maioria dos entrevistados a estratégia de
diferenciação ambiental utilizada com mais freqüência pelos produtores foi o meio de
comunicação boca-a-boca.
Verificou-se que o grupo de produtores que utilizam com maior freqüência a
assistência de um técnico especializado em produção orgânica, apresenta alto nível de
qualificação da mão-de-obra e participa com maior freqüência de curso de treinamento. Esse
mesmo grupo é o que possui maior freqüência de venda de seus produtos em supermercados.
De forma semelhante o grupo de produtores que possui com maior freqüência o uso de técnico
especializado, possui uma maior freqüência de utilização de uma marca para identificação dos
seus produtos nos pontos de venda e menor freqüência de venda para distribuidores, o que
aumenta a competitividade do produto.
5.2 Direções de pesquisa
Algumas sugestões para pesquisas posteriores sobre tema abordado podem ser
realizadas através dos resultados encontrados nesse estudo.
Sugere-se serem realizadas futuras pesquisas buscando investigar a eficácia das
políticas públicas em relação à agricultura orgânica familiar. De forma análoga, recomenda-se
que sejam realizadas pesquisas que levem em consideração outros critérios e variáveis
direcionadoras de competitividade para descobrir que variáveis estão contribuindo para o
entrave dos produtos orgânicos.
Faz-se necessário um estudo para identificar o que motivou o agricultor a mudar do
método de plantio convencional para o cultivo orgânico.
Sugere-se ainda que sejam realizados estudos com produtores de frutas orgânicas para
comparar com o resultado dessa pesquisa onde foram entrevistados produtores de hortaliças.
76
5.3 Recomendações
Em geral, os agricultores necessitam de um maior apoio em relação assistência técnica
com a realização de eventos, como encontros de produtores objetivando promover a de troca
de experiências, feiras de produtos orgânicos e cursos de treinamento para o manejo orgânico
que contemplem todas as etapas de produção, inclusive com a produção de sementes
orgânicas que levaria o produtor a uma menor dependência da compra de insumos e
conseqüente diminuição dos custos de produção. O combate natural a pragas é um outro fator
importante que deve ser abordado, pois quanto menor forem às perdas maior será o
rendimento dos agricultores, que na maioria das vezes recebem menos de um salário mínimo.
Esses fatores são importantíssimos para que os agricultores se sintam motivados a continuar
no cultivo orgânico, uma vez que na pesquisa de campo verificou-se o abandono da cultura
por parte de alguns agricultores que se sentiram desanimados.
Deve ser difundida entre os agricultores a importância da formação de parcerias, bem
como as vantagens de pertencer a uma Associação ou Cooperativa, com a apresentação de
como essas organizações funcionam e como devem ser gerenciadas.
Seria importante a conscientização da população local para o consumo de produtos
orgânicos, através de palestras nas escolas, nas associações, visitas aos locais de cultivo, entre
outros, com o objetivo esclarecer os benefícios à saúde de seus familiares bem como a
preservação do meio ambiente, criando para os produtores a oportunidade de diferenciar e dar
maior credibilidade aos seus produtos, estimulando a demanda e alicerçando o crescimento do
mercado.
O Brasil apresenta um grande potencial para ampliar sua fatia no mercado externo,
mas para que isso aconteça é necessário o aumento da produção e do apoio logístico, o que
possibilitará a chegada do produto até o consumidor final em quantidade e variedade
satisfatória. Além disso, todas as partes envolvidas devem cumprir o seu papel como o
governo, a iniciativa privada e as instituições certificadoras.
77
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84
Apêndice A
Formulário de Pesquisa
85
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - PEP
FORMULÁRIO DE PESQUISA
Esta pesquisa tem como objetivo obter dados referentes ao mercado produtor de alimentos orgânicos e os fatores
capazes de afetar a competitividade desses produtos. Seus resultados serão utilizados para dissertação de mestrado do PEP/
UFRN e não haverá qualquer referência não autorizada à pessoa pesquisada.
Os agricultores serão indagados com relação aos fatores que afetam a competitividade da produção orgânica.
1. De maneira geral, como o Sr. julga a procura pelo produto orgânico:
2. De forma geral, como é considerado o preço do produto orgânico em relação ao produto tradicional, para o consumidor final?
3. Com que freqüência é utilizada a ajuda de um técnico especializado em produção orgânica na propriedade?
4. Qual o nível de qualificação da mão-de-obra utilizada na propriedade nos produtos orgânicos?
5. Com que freqüência o Sr. participa de cursos de treinamento em produção orgânica?
6. De uma maneira geral, como o Sr. julga a reclamação dos clientes com relação aos produtos orgânicos?
7. De modo geral, como o Sr. julga a qualidade dos produtos orgânicos vendidos no comércio?
8. Caso haja uma solicitação do mercado para o cultivo de um novo alimento no qual o Sr. já tem experiência, com que velocidade se pode
mudar todo o processo produtivo para produzir esse novo produto?
Sem procura Pouca procura Média Grande procura
Muito grande
procura
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Muito mais caro Mais caro
Nem mais caro/ nem
mais barato
Mais barato Muito mais barato
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Péssimo
Nenhum funcionário
fez treinamento
Ruim
Muito poucos
funcionários fizeram
treinamento
Médio
Alguns dos
funcionários já fizeram
treinamento
Bom
Quase todos os
funcionários já fizeram
treinamento
Alto
Todos os funcionários
já fizeram
treinamento
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Muito alto
Todos os compradores
reclamam
Alto
Quase todos os
compradores reclamam
Nem alto/ Nem baixo
Alguns dos
compradores reclamam
Baixo
Muito poucos
compradores reclamam
Nenhum
Nenhum comprador
reclama
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Péssimo Ruim Razoável Bom Ótimo
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Muito devagar Devagar
Nem devagar/ Nem
rápido
Rápido Muito rápido
Sem
opinião
1 2 3 4 5
86
9. Como é realizada a seleção dos alimentos orgânicos que serão vendidos?
Para nenhum
produto
Alguns
produtos
Para todos os
produtos
Sem opinião
A seleção dos produtos é realizada pelos produtores na
propriedade
Possui tamanho mínimo para comercialização.
Separa os produtos de acordo com o tipo de cliente
Produtos imperfeitos são comercializados com o cliente principal
A lavagem de todos os alimentos é realizada pelo produtor antes
da venda
As sementes são adquiridas de empresas especializadas
Faz uso de embalagem
Faz uso de rótulos
10. De modo geral, o que pode ocasionar a elevação dos custos dos produtos orgânicos em comparação aos alimentos convencionais:
11. De maneira geral, como Sr. considera o custo de produção dos produtos orgânicos em comparação ao tradicional?
12.Na sua opinião, qual o nível de dificuldade na distribuição dos produtos orgânicos?
Sem
importância
Pouco
importante
Talvez seja
importante/
Talvez não
Importante
Muito
importante
Sem
opinião
Custos das sementes
Custo de outras matérias-
primas (água, composto
orgânico, etc).
Custo da mão- de-obra
Custo de instalações
Custo de máquinas e
equipamentos (irrigação, etc).
Custo de divulgação
Custo de distribuição
Técnico especializado
Custo dos intermediários
A margem de lucro dos
estabelecimentos comerciais
Impostos
Outro:___________________
___
Muito alto Alto Nem alto/ Nem baixo Baixo Muito baixo
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Muita dificuldade Difícil
Às vezes é difícil/ as
vezes é fácil
Fácil Muita facilidade
Sem
opinião
1 2 3 4 5
87
13. Com que freqüência o Sr. vende seus produtos para os seguintes clientes?
Nunca Quase
nunca
Às vezes Quase
sempre
Sempre
Sem
opinião
Direto na propriedade
Distribuidor
Feira de produtos orgânicos
Feira comum
Supermercado
Quitanda ou varejão
Entrega domiciliar
Loja de produtos naturais
Outros: _________________________________________
14. Na sua opinião, qual a importância da certificação para a venda de produtos orgânicos:
15. Com que freqüência à propriedade utiliza uma marca que identifica os produtos desta propriedade?
16. Quais são as diferenciações referentes à questão ambiental existentes nos produtos desta propriedade?
Para nenhum
produto
Alguns
produtos
Para todos os
produtos
Sem opinião
Possui rótulo ou selo AMBIENTAL?
Informações sobre a saúde do consumidor?
Destaca o cuidado com o meio ambiente nas embalagens?
Destaca a NÃO utilização de agrotóxicos?
Utiliza algum meio de comunicação para diferenciar ambientalmente
seu produto?
Outros: _________________________________________
17. Com que freqüência você investe em divulgação dos seus produtos?
Sem importância Pouco importante
Talvez seja
importante/ talvez não
Importante Muito importante
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Sem
opinião
1 2 3 4 5
88
18. De forma geral, como o Sr. julga a confiança do consumidor que os produtos orgânicos são verdadeiramente orgânicos?
19. Baseado na sua experiência, qual o nível de competitividade na produção de produtos orgânicos?
20. Na sua opinião, caso o Sr. participasse de uma cooperativa, qual seria o efeito dessa cooperativa para aumentar a competitividade de seus
produtos?
Perfil do Entrevistado
1- Sexo: ( ) Masc. ( ) Fem.
2- Faixa etária:
( ) Menos do que 20 anos
( ) Entre 20 e 30 anos
( ) Entre 31 e 40 anos
( ) Entre 41 e 50 anos
( ) Mais do que 50 anos
3- Escolaridade:
( ) 1
o
. grau incompleto
( ) 1
o
. grau completo
( ) 2
o
. grau incompleto
( ) 2
o
. grau completo
( ) 3
o
. grau completo
( ) Pós-graduação
4- Renda Familiar
( ) Menos do que R$ 300,00
( ) Entre R$ 300,00 e R$ 900,00
( ) Entre R$ 901,00 e R$ 1.800,00
( ) Entre R$ 1.801,00 e R$ 3.000,00
( ) Mais de R$ 3.001,00
5- Estado civil:
( ) solteiro ( ) casado ( ) outro:_____________________
6- Participa de alguma associação/ cooperativa?
( ) Sim ( ) Não
Perfil da Propriedade
7- A propriedade que possui o cultivo orgânico é:
( ) Própria
( ) Da família
( ) Arrendada
( ) Alienada a um Banco
( ) Outro:_____________________
14- Seus produtos são certificados?
( ) Sim ( ) Não
15- Seus produtos estão em processo de conversão assistida?
( ) Sim ( ) Não
16- Comercializa seus produtos como orgânicos?
( ) Sim ( ) Não
8. Qual o número de trabalhadores da propriedade: ______________________
9. Tamanho da propriedade (hectares): _______________________
10. Tamanho da área que possui cultivo orgânico e/ ou em conversão (hectares): _____________________________
11. Quantos produtos são produzidos nesta propriedade? _______________________
12. Quantos desses produtos são orgânicos? ________________________________________
13. A propriedade possui veículo de entrega? ( ) Sim ( ) Não
Desconfia
plenamente
Desconfia
Às vezes confia/
as vezes desconfia
Confia Confia plenamente
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Sem competitividade Pouca competitividade
Mais ou menos
competitivo
competitivo Muito competitivo
Sem
opinião
1 2 3 4 5
Nenhum efeito sobre
a competitividade
Pouco efeito sobre a
competitividade
Nem pouco /
Nem muito efeito
Afeta a competitividade
Muito efeito sobre a
competitividade
Sem
opinião
1 2 3 4 5
89
Apêndice B
Gráficos da Pesquisa
90
Variável 1
n = 32
Como o agricultor julga a procura pelo produto orgânico
Número de observações
15,6%
21,9%
53,1%
9,4%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sem procura
Pouca procura
Média
Grande procura
Muito grande a procu
Variável 2
n = 32
ao tradicional, para o consumidor final
Como é considerado o preço do produto orgânico em relação
Número de observações
9,4%
56,3%
28,1%
6,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Muito mais caro
Mais caro
Nem caro/ nem barato
Mais barato
Muito mais barato
91
Variável 3
n = 32
em produção orgânica na propriedade
Com que freqüência utiliza-se da ajuda de um técnico especializado
Número de observações
34,4%
12,5% 12,5%
40,6%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 4
n = 32
propriedade nos produtos orgânicos
Nível de qualificação da mão-de-obra utilizada na
Número de observações
43,8%
3,1% 3,1%
46,9%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Péssimo Ruim Médio Bom Alto Sem opinião
92
Variável 5
n = 32
de treinamento em produção orgânica
Freqüência com que o produtor participa de cursos
Número de observações
34,4%
9,4%
15,6%
9,4%
31,3%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 6
n = 32
relação ao produto orgânico
Como o agricultor julga a reclamação dos clientes em
Número de observações
6,3%
46,9% 46,9%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Alto Nem alto/ nem baixo Baixo Muito baixo
93
Variável 7
n = 32
vendidos no comércio
Como o agricultor julga a qualidade dos produtos orgânicos
Número de observações
3,1%
15,6%
53,1%
28,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Péssimo Ruim Razoável Bom Ótimo
Variável 8
n = 32
produtivo atual para produzir novos alimentos
Velocidade com que o agricultor é capaz de mudar o processo
Número de observações
6,3%
53,1%
34,4%
3,1% 3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Muito devagar
Devagar
Nem devagar/ nemp
Rápido
Muito rápido
Sem opinião
94
Variável 9A
n = 32
na própria propriedade
A seleção dos produtos para serem vendidos é realizada
Número de observações
100,0%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Para todos os produt
Variável 9 B
n = 32
Se os produtos orgânicos possuem tamanho mínimo para comercialização
Número de observações
9,4%
31,3%
59,4%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Para nenhum produto Alguns produtos Para todos os produt
95
Variável 9 C
n = 32
Freqüência com que separa os produtos de acordo com o cliente
Número de observações
56,3%
12,5%
31,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Para nenhum produto Alguns produtos Para todos os produt
Variável 9 D
n = 32
com o cliente principal
Freqüência com que produtos imperfeitos são comercializados
Número de observações
81,3%
9,4% 9,4%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
96
Variável 9 E
n = 32
produtor antes da venda
A lavagem de todos os alimentos é realizada pelo
Número de observações
9,4%
90,6%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
Variável 9 F
n = 32
As sementes são adquiridas em lojas de produtos agropecuários
Número de observações
9,4%
12,5%
78,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
97
Variável 9 G
n = 32
O agricultor faz uso de embalagens nos aimentos orgânicos
Número de observações
78,1%
9,4%
12,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
Variável 9 H
n = 32
O agricultor faz uso de rótulos nos alimentos orgânicos
Número de observações
87,5%
12,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
98
Variável 10 A
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos das sementes na elevação
Número de observações
9,4%
6,3% 6,3%
46,9%
31,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Variável 10 B
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de outras materias-primas na elevação
Número de observações
15,6%
3,1%
6,3%
25,0%
50,0%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
99
Variável 10 C
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos da mão-de-obra na elevação
Número de observações
12,5% 12,5%
28,1%
46,9%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Variável 10 D
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos das instalações na elevação
Número de observações
40,6%
9,4%
3,1%
25,0%
18,8%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Sem opinião
100
Variável 10 E
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos das máquinas e equipamentos na elevação
Número de observações
31,3%
12,5%
15,6%
31,3%
9,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Variável 10 F
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de divulgação na elevação
Número de observações
62,5%
3,1% 3,1%
15,6% 15,6%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
101
Variável 10 G
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de distribuição na elevação
Número de observações
43,8%
12,5%
6,3%
25,0%
12,5%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Variável 10 H
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos de um técnico especializado na elevação
Número de observações
53,1%
3,1%
9,4%
6,3%
28,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
102
Variável 10 I
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos dos intermediários na elevação
Número de observações
75,0%
3,1%
6,3%
15,6%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Variável 10 J
n = 32
elevação dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância da margem de lucro dos estabelecimentos comerciais na
Número de observações
59,4%
6,3%
9,4%
21,9%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Sem opinião
103
Variável 10 L
n = 32
dos custos dos produtos orgânicos em comparação ao convencional
Nível de importância dos custos dos impostos na elevação
Número de observações
90,6%
3,1% 3,1% 3,1%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
Sem opinião
Variável 11
n = 32
dos produtos orgânicos em comparação ao tradicional
Percepção do agricultor com relação ao custo de produção
Número de observações
21,9%
40,6%
34,4%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Muito alto
Alto
Nem alto/ nem baixo
Baixo
Muito baixo
104
Variável 12
n = 32
Nível de dificuldade na distribuição dos produtos orgânicos
Número de observações
3,1%
18,8%
37,5% 37,5%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Muita dificuldade Difícil às vezes é dificil/à Fácil Muita facilidade
Variável 13 A
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos direto na propriedade
Número de observações
9,4%
25,0% 25,0%
6,3%
34,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
105
Variável 13 B
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos para distribuidores
Número de observações
62,5%
15,6%
3,1%
18,8%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 13 C
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos em feira de produtos orgânic
Número de observações
90,6%
9,4%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
Nunca Quase nunca Às vezes
106
Variável 13 D
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos em feira comum
Número de observações
43,8%
6,3%
3,1% 3,1%
43,8%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 13 E
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos em supermercados
Número de observações
87,5%
12,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Nunca Sempre
107
Variável 13 F
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos em quitanda ou varejão
Número de observações
81,3%
6,3%
3,1% 3,1%
6,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 13 G
n = 32
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos pela entrega domiciliar
Número de observações
46,9%
6,3%
18,8%
28,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
108
Variável 13 H
n = 32
de produtos naturais
Freqüência com que o agricultor vende seus produtos em lojas
Número de observações
96,9%
3,1%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 14
n = 32
Nível de importância da certificação para a venda de produtos orgânicos
Número de observações
3,1% 3,1%
21,9%
71,9%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Sem importância
Pouco importante
Talvez seja importan
Importante
Muito importante
109
Variável 15
n = 32
identifica seus produtos
Freqüência com que a propriedade utiliza uma marca que
Número de observações
87,5%
12,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Nunca Quase nunca Às vezes Quase sempre Sempre
Variável 16 A
n = 32
e/ou selo ambiental em relação a questão ambiental
Freqüência com que diferencia seus produtos com o uso de rótulo
Número de observações
93,8%
6,3%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
110
Variável 16 B
n = 32
sobre a saúde do consumidor em relação a questão ambiental
Freqüência com que diferencia seus produtos com o uso de informações
Número de observações
84,4%
15,6%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
Variável 16 C
n = 32
com o meio ambiente nas embalagens dos produtos orgânicos
Freqüência com que diferencia seus produtos destacando o cuidado
Número de observações
100,0%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Para nenhum produto
111
Variável 16 D
n = 32
de agrotóxicos em relação a questão ambiental
Freqüência com que diferencia seus produtos destacando a não utilização
Número de observações
65,6%
3,1%
28,1%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Para nenhum produto
Alguns produtos
Todos os produtos
Sem opinião
Variável 16 E
n = 32
comunicação em relação a questão ambiental
Freqüência com que diferencia seus produtos com o uso de meios de
Número de observações
12,5%
87,5%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
Para nenhum produto Alguns produtos Todos os produtos
112
Variável 17
n = 32
Freqüência com que o agricultor investe na divulgação dos seus produtos
Número de observações
81,3%
12,5%
6,3%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
Nunca Quase nunca Às vezes
Variável 18
n = 32
na veracidade dos produtos orgânicos
Percepção do agricultor no nível de confiança do consumidor
Número de observações
6,3%
40,6%
31,3%
18,8%
3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Desconfia plenamente
Desconfia
Às vezes confia/ ás
Confia
Confia plenamente
Sem opinião
113
Variável 19
n = 32
na produção de produtos orgânicos
Percepção do agricultor em relação ao nível de competitividade
Número de observações
3,1%
6,3%
21,9%
34,4% 34,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Sem competitividade
Pouca competitividad
Mais ou menos compet
Competitivo
Muito competitivo
Variável 20
n = 32
para aumentar a competitividade de seus produtos
Percepção do agricultor sobre o efeito de participar de uma cooperativa
Número de observações
3,1%
12,5%
9,4%
31,3%
28,1%
15,6%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Nenhum efeito
Pouco efeito
Nem pouco/nem muito
Afeta a competitivid
Muito efeito
Sem opinião
114
Variável Gênero
n = 32
SEXO
Número de observações
81,3%
18,8%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
Masculino Feminino
Variável Faixa Etária
n = 32
FAIXA ETÁRIA
Número de observações
12,5%
25,0% 25,0%
12,5%
25,0%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Menos de 20 Entre 20 e 30 Entre 31 e 40 Entre 41 e 50 Mais de 50
115
Variável Escolaridade
n = 32
ESCOLARIDADE
Número de observações
34,4%
6,3%
21,9%
25,0%
12,5%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau incompleto
2º grau completo
3º grau completo
Pós-graduação
Variável Renda Familiar
n = 32
RENDA FAMILIAR
Número de observações
46,9%
25,0%
9,4% 9,4%
6,3%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Menos que $300,00
Entre $300,00 e $900
Entre $901,00 e $1.8
Entre $1.801,00 e $3
Mais de $3.001,00
Sem opinião
116
Variável Estado Civil
n = 32
ESTADO CIVIL
Número de observações
34,4%
62,5%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Solteiro Casado Outros
Variável Associação- Cooperativismo
N = 32
Participa de alguma associação/cooperativa?
Número de observações
12,5%
87,5%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
Sim Não
117
Variável Perfil da Propriedade 1
N = 32
A propriedade que possui o cultivo orgânico é:
Número de observações
25,0%
37,5%
3,1%
34,4%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Própria Da família Arrendada Alienada Outros
Variável Perfil da Propriedade 2
n = 32
Número de trabalhadores da propriedade
Número de observações
15,6%
37,5%
28,1%
12,5%
3,1% 3,1%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
118
Variável Perfil da Propriedade 3
n = 31
Tamanho da propriedade (hectares)
Número de observações
41,9%
19,4%
3,2%
12,9% 12,9%
6,5%
3,2%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
<= 0 (0;2] (2;4] (4;6] (6;8] (8;10] (10;12] (12;14] (14;16] (16;18] > 18
Variável Perfil da Propriedade 4
n = 32
Tamanho da área de cultivo orgânico e/ou em conversão
Número de observações
65,6%
28,1%
3,1% 3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
<= 0
(0;1]
(1;2]
(2;3]
(3;4]
(4;5]
(5;6]
(6;7]
(7;8]
(8;9]
(9;10]
(10;11]
(11;12]
> 12
119
Variável Perfil da Propriedade 5
n = 32
Quantidade de produtos produzidos na propriedade
Número de observações
62,5%
28,1%
6,3%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
<= 0 (0;10] (10;20] (20;30] (30;40] (40;50] (50;60] (60;70] > 70
Variável Perfil da Propriedade 6
n= 32
Quantidade de produtos orgânicos produzidos na propriedade
Número de observações
62,5%
28,1%
6,3%
3,1%
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
<= 0 (0;10] (10;20] (20;30] (30;40] (40;50] (50;60] (60;70] > 70
120
Variável Perfil da Propriedade 7
n = 32
Se a propriedade possui veículo de entrega
Número de observações
25,0%
75,0%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
Sim Não
Variável Perfil da Propriedade 8
n = 32
Se os produtos orgânicos da propriedade são certificados
Número de observações
3,1%
96,9%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
Sim Não
121
Variável Perfil da Propriedade 9
n = 32
Se os produtos estão em processo de conversão assistida
Número de observações
6,3%
93,8%
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
52
Sim Não
Variável Perfil da Propriedade 10
n = 32
Se o agricultor comercializa seus produtos como orgânicos
Número de observações
90,6%
9,4%
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
33
36
39
42
45
Sim Não
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