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UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTEFEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADU AÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
Demodulador PM Digital para o Sistema
Brasileiro de Coleta de Dados
José Marcelo Lima Duarte
Orientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas Mota
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Engenha-
ria Elétrica da UFRN (área de concentração:
Engenharia de Computação) como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em Ciências.
Número de ordem PPgEE: M197
Natal, RN, Julho de 2007
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Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Duarte, José Marcelo Lima.
Demodulador PM digital para o sistema brasileiro de coleta de dados. / José
Marcelo Lima. - Natal, RN, 2007.
__ p. :il.
Orientador: Francisco das Chagas Mota
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cen-
tro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.
1. Demodulação - Dissertação. 2. Malha de sincronismo de fase PLL -
Dissertação. 3. Sistema de Coleta de dados - Dissertação. I. Mota, Francisco das
Chagas. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 621.376(043.3)
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Demodulador PM Digital para o Sistema
Brasileiro de Coleta de Dados
José Marcelo Lima Duarte
Dissertação de Mestrado aprovada em 30 de julho de 2007 pela banca examinadora com-
posta pelos seguintes membros:
Prof. Dr. Francisco das Chagas Mota (orientador) . . . . . . . . . . . . . . DCA/UFRN
Eng. MSc. Manoel Jozeane M. Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . CRN/INPE
Prof. Dr. Fernando Rangel de Sousa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DEE/UFRN
Prof. Dr Allan de Medeiros de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . UNP
Aos meus pais, que são para mim um
grande exemplo de vida e motivo de
orgulho.
Agradecimentos
Primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por todos os dons que foram preponderantes
para chegar aonde cheguei.
Ao meu orientador, professor Francisco Mota, sou grato pela dedicação na orientação.
Ao engenheiro Manuel Joseano, pelo apoio e incentivo no desenvolvimento do projeto.
Ao engenheiro Alexandre Nowasad, pelas sugestões na escrita deste texto.
Ao colega de trabalho Hélio, pela ajuda para transcrição do texto para o L
A
T
E
X 2
ε
.
A minha namorada, Tatiara, pela paciência durante a realização da dissertação.
A minha família, pelo apoio e incentivo durante esta jornada.
Ao CNPq, pelo apoio financeiro.
A todos os funcionários, engenheiros e colegas da UFRN e do INPE que de alguma forma
contribuíram com este trabalho.
Resumo
Esta dissertação trata do projeto, simulação e implementação de um demodulador PM
digital para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados (SBCD). O sinal do SBCD é prove-
niente de satélites de baixa órbita terrestre e, por isso, apresenta aceleração de fase devido
ao Efeito Doppler. A demodulação é feita usando uma malha de sincronismo de fase
(Phase-Locked Loop - PLL) de segunda ordem. O princípio de funcionamento do PLL
Analógico (Analog PLL - APLL) é apresentado como introdução teórica para o estudo
do PLL Digital (Digital PLL - DPLL). Para o projeto dos parâmetros do DPLL usou-se a
teoria de controle. A placa "Cyclone II DSP Development Kit"da Altera equipado com o
FPGA EP2C70 serviu como plataforma para implementação. As simulações foram feitas
com o auxílio do programa Simulink da MathWorks, e a programação do FPGA com o
programa Quartus II da Altera. Este trabalho apresenta um detector de fase linear de 2π
a +2π, obtido com um conversor cartesiano-polar mais um circuito auxiliar; e uma arqui-
tetura simplificada para implementação de um DPLL de malha dividida (split loop). As
simulações demonstraram que o sistema implementado é capaz de manter continuamente
o sincronismo com a portadora para sinais que possuam uma SNR superior a 11 dB.
Palavras-chave: Demodulador PM, Sistema Brasileiro de Coleta de Dados, Malha de
Sincronismo de Fase, Sistema de Controle.
Abstract
This dissertation is about the project, simulation, and implementation of a PM digital
demodulator for Brazilian Data Collecting System (BDCS). BDCS signal comes from low
earth orbit satellites, so phase acceleration due to Doppler Effect is present. Demodulation
is done with second order Phase-Locked Loop (PLL). Functional principle of Analog PLL
(APLL) is presented as an introduction for Digital PLL (DPLL) study. DPLL parameters
are projected using control system theory. Cyclone II DSP Development Kit from Altera,
equipped with EP2C70 FPGA, was used as implementation platform. Simulations were
done using software Simulink from MathWorks. FPGA programming was done with soft-
ware Quatus II from Altera. This work presents a 2π to +2π linear phase detector made
with a cartesian to polar converter and an auxiliary circuit, and a simplified architecture
for split loop DPLL implementation. Simulation has shown that the implemented system
is able to keep continually carrier synchronization with signal that has SNR level higher
than 11 dB..
Keywords: PM Demodulator, Brazilian Data Collecting System, Phase-Locked Loop,
Control System.
Sumário
Lista de Figuras iii
Lista de Tabelas v
Lista de Símbolos e Abreviaturas vii
1 Introdução 1
2 Malha para Sincronismo de Fase - PLL 5
2.1 Princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1.1 Detector de Fase com Multiplicador Linear . . . . . . . . . . . . 7
2.1.2 Filtro de Malha tipo PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.1.3 Sinais em Fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Análise do PLL Analógico no Domínio da Freqüência . . . . . . . . . . . 12
2.2.1 Função de Transferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2.2 Diagrama de Bode . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.3 Erro em Regime para Diferentes Sinais de Excitação . . . . . . . 16
2.3 Dinâmica do PLL antes do Sincronismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.1 Região de Lock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3.2 Região de Pull-In . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.3 Região de Pull-Out . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Conclusões e Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 PLL Digital 23
3.1 Detector de Fase com Conversor Cartesiano-Polar . . . . . . . . . . . . . 23
3.1.1 Algoritmo CORDIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1.2 Circuito Duplicador de Estimativa de Fase . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 NCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3 Filtro de Malha PI Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.4 Função de Transferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
i
3.5 Erro em Regime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4 Projeto do Demodulador 37
4.1 Sinal de Entrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2 Escolha da Arquitetura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.3 Filtro Passa-Baixa nos Braços I eQ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4 Período de Amostragem do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.5 Parâmetros do DPLL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.5.1 Mapeando os Pólos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.5.2 Estabilidade e Erro em Regime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.6 Precisão Mínima dos Componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5 Implementação 49
5.1 Filtro nos Braços I e Q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 NCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3 Conversor Cartesiano-Polar e Circuito Duplicador de Estimativa de Fase . 52
5.4 Filtro de Malha e Acumulador de Fase da Malha Interna . . . . . . . . . 53
5.5 Resultado e Considerações sobre a Implementação . . . . . . . . . . . . 53
6 Simulações e Testes 55
6.1 Simulação com SNR de -11.39 dB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
6.2 Simulação com SNR de -12.76 dB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.3 Teste do Demodulador com o Signal Tap II . . . . . . . . . . . . . . . . 58
7 Conclusões e Considerações Finais 61
Referências Bibliográficas 63
A Ferramentas do Projeto 65
A.1 Placa EP2C70 DSP Development Kit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
A.2 Quartus II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
A.3 DSP Builder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
A.3.1 Hardware in Loop . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Lista de Figuras
1.1 Sistema para processamento de sinal da estação terrena . . . . . . . . . . 2
2.1 Diagrama de blocos do PLL no tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Diagrama de blocos do filtro PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Resposta do filtro PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4 Degrau de fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.5 Rampa de fase ou degrau de freqüência . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.6 Rampa de freqüência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.7 Diagrama de blocos do APLL no domínio da freqüência . . . . . . . . . 13
2.8 Diagrama de Bode de H(s) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.9 Diagrama de Bode de H
e
(s) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.10 Relação entre região de lock, pull-out e pull-in. . . . . . . . . . . . . . . 17
2.11 Limite da região de lock . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.12 Saída do PLL não sincronizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.13 Processo de pull-in . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.1 Diagrama de blocos do DPLL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 PD com conversor cartesiano-polar para entrada complexa . . . . . . . . 24
3.3 PD com conversor cartesiano-polar para entrada real . . . . . . . . . . . 24
3.4 CORDIC com arquitetura assíncrona . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.5 Resposta do detector de fase em função da diferença de fase . . . . . . . 30
3.6 Máquina de estado do circuito duplicador de estimativa de fase . . . . . . 31
3.7 Circuito para duplicar o limite de estimativa de fase . . . . . . . . . . . . 31
3.8 Diagrama de blocos do NCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.9 Circuito do filtro PI digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.10 Modelo linear do DPLL com filtro de malha tipo PI. . . . . . . . . . . . . 36
4.1 Densidade espectral de potência do sinal de entrada . . . . . . . . . . . . 38
4.2 Largura de banda do ruído . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.3 Arquitetura padrão do DPLL com conversor cartesiano-polar. . . . . . . . 40
iii
4.4 DPLL de malha dividida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.5 Modelo Linear do DPLL de malha dividida. . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.6 Arquitetura do filtro digital usado nos braços I e Q. . . . . . . . . . . . . 42
4.7 Resposta em amplitude do filtro FIR 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.8 Resposta em amplitude do filtro FIR 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.1 Esquema de divisão do DPLL para simplificação do código de descrição
de hardware . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.2 FFT do sinal de saída do NCO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.3 Esquema no simulink do filtro de malha e do acumulador de fase da malha
interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6.1 Modelo do sinal do SBCD usado como entrada na simulação do demodu-
lador PM digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
6.2 Esquema da simulação no simulink usando o bloco HIL . . . . . . . . . . 56
6.3 FFT do sinal de entrada para simulação com ganho1 = 0,16 . . . . . . . 57
6.4 Comparação do sinal modulante com o demodulado . . . . . . . . . . . . 57
6.5 Saída do acumulador do filtro PI durante o sincronismo . . . . . . . . . . 58
6.6 Sinal de saída do demodulador (θ
e
[n]) durante o sincronsimo . . . . . . . 58
6.7 FFT do sinal de entrada com ganho1 = 0,14 . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6.8 Saída do DPLL no instante da perda sincronismo devido ao ruído . . . . . 59
6.9 Saída do acumulador do filtro PI durante a simulação . . . . . . . . . . . 59
6.10 Saída θ
e
[n] no teste para uma entrada sem modução e com ω
10
= 75 kHz . 60
6.11 Saída do acumulador do filtro PI no teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
A.1 Componentes da placa EP2C70 DSP Development Kit . . . . . . . . . . 66
A.2 Etapas no projeto do circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
A.3 Software Quartus II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Lista de Tabelas
4.1 Características do sinal do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados . . . . . 37
4.2 Dados do projeto do filtro FIR 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.3 Dados do projeto do filtro FIR 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.4 Requisitos de Precisão dos Componentes do DPLL . . . . . . . . . . . . 48
5.1 Características do filtro FIR 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 Características do filtro FIR 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.3 Parâmetros do NCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.4 Parâmetros do CORDIC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.5 Recursos do EP2C70 Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
A.1 Características do EP2C70 DSP Development Kit . . . . . . . . . . . . . 66
v
Lista de Símbolos e Abreviaturas
A
1
amplitude do sinal u
1
A
2
amplitude do sinal u
2
C/N Relação entre a potência da portadora e a potência do ruído
G
I
ganho integral do filtro de PI analógico
G
P
ganho proporcional do filtro de PI analógico
K
0
ganho do VCO em
rad
s·volts
K
d
ganho do detector de fase volts/rad
M número de bits do acumulador de fase
T período de amostragem
∆ω
PO
Região de pull-out
∆ω
lock
Região de lock
Θ
1
(s) transformada de Laplace do sinal θ
1
(t)
Θ
2
(s) transformada de Laplace do sinal θ
2
(t)
Θ
e
(s) transformada de Laplace do sinal θ
e
(t)
ω
0
freqüência central do oscilador controlável
ω
e
erro de freqüência, ω
1
ω
2
ω
n
freqüência natural
ω
10
desvio de freqüência do sinal de entrada em relação a freqüência central ω
1
ω
0
ω
1
freqüência angular do sinal de entrada do PLL
vii
ω
20
desvio de freqüência do sinal de saída em relação a freqüência central ω
2
ω
0
ω
2
freqüência angular do sinal de saida do PLL
φ
f m
entrada para controle da freqüência de saída do NCO
φ
inc
entrada do NCO em rad que determina seu ω
0
θ
1
sinal em fase de entrada do PLL
θ
2
sinal em fase de saída do PLL
θ
e
erro de fase, θ
1
θ
2
ξ fator de amortecimento
f
0
freqüêcia central em Hz
f
ams
freqüência de amostragem
u
d
sinal de saída do detector de fase analógico
u
f
sinal de saída do filgro de malha analógico
u
1
sinal de entrada do PLL
u
2
sinal de saída do PLL
x
inc
entrada numérica digital do NCO que determina seu ω
0
, correspondente ao valor
de φ
inc
APLL Analog PLL
CLP Circuito Lógico Programável
CORDIC COordinate Rotation DIgital Computer
DPLL Digital PLL
DSP Digital Signal Processor
FPGA Field Programmable Gate Array
MSPS Mega Samples per Second
PCD Plataforma de Coleta de Dados
PLL Phase-Locked Loop
PM Phase Modulation
R aceleração em fase dado em rad/s
2
SBCD Sistema Brasileiro de Coleta de Dados
SNR Relação entre a potência do sinal e a potência do ruído
Capítulo 1
Introdução
O Sistema Brasileiro de Coleta de Dados (SBCD) compreende mais de 600 PCDs
(Plataforma de Coleta de Dados) espalhadas em todo o Brasil, três satélites de órbita
baixa (CBERS2, SCD1 e SCD2), 2 estações terrenas e um centro de missão em Cacho-
eira Paulista. As PCDs são pequenas estações automatizadas, instaladas, geralmente, em
locais remotos, conectadas a sensores, esses responsáveis pela geração dos dados. Seus
sinais são transmitidos para os satélites, que os retransmitem para as estações terrenas em
Cuiabá e Alcântara. A retransmissão é feita através da modulação em fase de uma porta-
dora. Os dados são recuperados nas estações terrenas e enviados para o centro de missão
em Cachoeira Paulista, onde é feita a distribuição dos dados aos usuários do sistema.
Os dados coletados são utilizados em diversas aplicações, tais como previsão de tempo,
estudos sobre correntes oceânicas, planejamento agrícola, rastreamento de embarcações,
entre outras [1, 2].
Para recuperar os dados transmitidos, a estação terrena deve possuir um conversor-
abaixador para reduzir a freqüência da portadora, em torno de 2.26 GHz, para uma
freqüência intermediária (FI). Em seguida, realizar uma demodulação PM (Phase Mo-
dulation) sobre o sinal em FI, a fim de recuperar o sinal das PCDs moduladas no satélite.
Por último, é preciso detectar, demodular e decodificar cada transmissão de PCD recebida
[2].
O INPE-CRN está desenvolvendo o sistema para processamento de sinal da estação
terrena de recepção Estação Multi Missão-Natal (EMM-Natal). Essa tem como objetivo
ser uma estação reconfigurável que permita facilmente substituir a missão em que atua,
ou modificá-la para atuar em mais de uma missão, daí o termo multi-missão. Cada missão
requer um processador de sinal específico (conjunto demodulador e decodificador) para
a recuperação da informação transmitida. Para que a estação seja designada a atuar em
múltiplas missões é necessário um sistema capaz de identificar a que missão pertence
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
o sinal recebido e automaticamente selecionar o devido processador para aquele sinal.
Inicialmente apenas a missão do SBCD será atribuída à estação EMM-Natal, portanto,
não preocupação quanto à identificação do sinal. No entanto, o sistema deverá ser o
mais flexível possível para, conforme dito, facilitar a inclusão de uma nova missão ou
substituição da missão atual da estação.
A figura 1.1 apresenta o diagrama de blocos simplificado do sistema para proces-
samento do sinal do SBCD para a estação EMM-Natal. Nesse sistema, a primeira de-
modulação é realizada por um demodulador PM digital em FPGA e os processamentos
posteriores são realizados por um PC. O trabalho aqui apresentado trata do projeto e im-
plementação do demodulador PM Digital desse sistema.
Figura 1.1: Sistema para processamento de sinal da estação terrena EMM-Natal.
O processo de demodulação PM requer um sistema que possa devolver informação
sobre a fase do sinal modulado. A malha de sincronismo de fase (Phase-Locked Loop
- PLL) foi escolhida para esse fim, por ser a solução mais popular e bem difundida na
literatura. O PLL funciona realizando o sincronismo de um sinal gerado por um oscilador
local controlável com o sinal de entrada. Essa sincronização é feita a partir de contínuos
ajustes de freqüência no oscilador controlável determinados pela estimativa da diferença
de fase instantânea entre os dois sinais.
Um PLL pode ser implementado em um circuito analógico, misto (analógico e digi-
tal), completamente digital, ou via software. O PLL Analógico (Analog PLL - APLL) e
o PLL Digital (Digital PLL - DPLL) são largamente utilizados em sistemas de comuni-
cação para realizar a demodulação dos sinais. O PLL via software é pouco usado nesse
campo devido a baixa capacidade de processamento em tempo real, que limita essa so-
lução a sinais de banda estreita. O APLL é dominante nas aplicações de banda larga ou
que requerem baixo consumo. Aplicações de APLL em sistemas de comunicação podem
ser encontradas em sistemas de celular, como o GSM [3] e em satélites de comunicação
[4]. No campo de alta freqüência também são encontrados PLL híbridos, com parte do
circuito analógico e parte digital [5]. Com o advento dos FPGA (Field Programmable
Gate Array), ASIC e outros dispositivos digitais de alta freqüência, o PLL digital vem
3
ganhando espaço nas aplicações com banda de até poucos MHz. CIs com DPLL para
aplicação em sistema de comunicação podem ser encontrados como o HSP50210 [6], e
artigos sobre projeto de DPLL como [5, 7].
Existem diversos modelos de PLL. O modelo padrão, e mais simples, é formado ape-
nas por uma malha composta por um multiplicador, um filtro e um oscilador controlável.
Variações de arquitetura foram desenvolvidas com o objetivo de melhorar o desempenho
do PLL; é o caso da malha dupla (dual-loop) [8], em que o PLL é composto por duas
malhas ligadas em paralelo, e a malha dividida (split-loop) [9], entre outras. O modelo da
malha dividida foi escolhido para essa aplicação por permitir a utilização de filtros com
banda mais estreita que o modelo padrão, melhorando assim o desempenho do PLL para
sinais ruidosos. As vantagens da malha dividia sobre o modelo padrão são explicadas
mais detalhadamente no Capítulo 4.
A placa "Cyclone II DSP Development Kit"da Altera, equipada com o FPGA EP2C70,
foi escolhida como plataforma para a implementação do demodulador PM digital. O
FPGA é um circuito lógico programável cujas características são: fácil programação,
baixo custo e capacidade de reprogramação. Estas características o tornam a melhor
opção para desenvolvimento de sistemas de processamento de sinais que requerem um
desempenho superior ao oferecido pelos processadores DSP.
A programação de um FPGA é realizada por softwares específicos para esse fim. Estes
têm como entrada o circuito digital a ser implementado no FPGA, descrito com uma
linguagem de descrição de hardware, e as especificações de desempenho desse circuito.
Neste trabalho, foi utilizado o software Quartus II da Altera que aceita as linguagens HDL,
VHDL e Verilog HDL para descrição do circuito. A linguagem VHDL foi escolhida para
o projeto por ser a que possui maior bibliografia. [10]
A implementação digital em FPGA do demodulador oferece mais flexibilidade ao sis-
tema do que a implementação em circuito analógico, como as utilizadas nas estações de
Alcântara e Cuiabá para processar o sinal do SBCD. Esta maior flexibilidade se dá devido
à capacidade de reprogramação do FPGA que possibilita alterar o processador de sinal
sem modificar o hardware da estação. Com isso caso se deseje substituir o demodulador
PM para o SBCD por uma nova versão que possua um melhor desempenho ou por um
outro processador de sinal com novas funcionalidades será preciso apenas reprogramar o
FPGA com o novo circuito digital. O uso de um PC para executar os últimos processa-
mentos no sinal também colabora para aumentar a flexibilidade da estação EMM-Natal,
uma vez que o processamento é feito via software.
As principais contribuições deste trabalho são: o projeto e a implementação de de-
modulador PM digital utilizando um PLL de malha dividida para o SBCD; a analise de
4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
desempenho dessa implementação com simulações, e testes com sinais reais; um circuito
para duplicar o limite de estimativa de fase de detector de fase digital com conversor
cartesiano-polar; a descrição de um método para simulação e teste de processadores de
sinal em FPGA usando o sofware DSP Builder e a ferramenta Signal Tap II do software
Quartus II.
O trabalho é apresentado da seguinte forma: o funcionamento do PLL analógico é
explicado no Capítulo 2 como introdução teórica; no Capítulo 3 é descrito o modelo ma-
temático do PLL digital usado; o projeto do DPLL é tratado no Capítulo 4; e no Capítulo 5
o resultado de sua implementação é apresentado. As simulações, os testes e a análise dos
resultados são mostrados e discutidos no Capítulo 6. Por último, no Capítulo 7, têm-se as
conclusões e as considerações finais do trabalho.
Capítulo 2
Malha para Sincronismo de Fase - PLL
2.1 Princípios
A malha para sincronismo de fase (Phase-Locked Loop - PLL) é um sistema que gera
um sinal de saída sincronizado com o sinal de entrada. Para atingir o sincronismo, um
sinal proporcional à diferença de fase instantânea entre os dois sinais, ou seja, proporci-
onal ao erro de fase, é gerado. Este sinal de erro é usado para ajustar a freqüência do
sinal de saída de forma que o erro de fase tenda a zero, ou a um valor mínimo constante.
Quando essa condição é alcançada os sinais de entrada e saída são ditos sincronizados
e o PLL em estado de lock. PLLs são largamente utilizados para geração de clocks em
circuitos eletrônicos, e para demodulação de sinais em sistemas de comunicação. A figura
2.1 apresenta o diagrama de blocos do PLL analógico, onde seus três blocos funcionais,
o Detector de Fase (Phase Detector - PD), o Oscilador Controlado por Tensão (Voltage
Controlled Oscillator - VCO) e o Filtro de Malha (Loop Filter - LF), e suas respectivas
saídas são apresentadas.
Figura 2.1: Diagrama de blocos do PLL analógico no domínio do tempo
Os sinais u
1
e u
2
no diagrama da figura 2.1 são definidos como o sinal de entrada e
saída, e dados por:
u
1
(t) = A
1
sin
ω
0
t + θ
1
(t)
(2.1)
u
2
(t) = A
2
sin
ω
0
t + θ
2
(t)
(2.2)
6 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
em que A
1
e A
2
são, respectivamente, a amplitude do sinal de entrada e saída, ω
0
a
freqüência central do VCO, e θ
1
e θ
2
são os sinais em fase de entrada e saída.
Considerando o detector de fase linear, tem-se:
u
d
(t) = K
d
θ
1
(t) θ
2
(t)
= K
d
(θ
e
(t)) (2.3)
em que K
d
é o ganho do detector de fase, dado em volts/rad e θ
e
é o erro de fase.
A saída do filtro de malha u
f
(t) é igual a:
u
f
(t) = u
d
(t) f (t) (2.4)
em que f (t) é a resposta ao impulso do filtro de malha e é o operador de convolução.
O sinal em fase de saída varia segundo:
θ
2
(t) = K
0
t
0
u
f
(τ)dτ (2.5)
O ganho K
0
do VCO é dado em
rad
s·volts
. Como mostrado em (3.5), a fase do sinal na saída
do VCO é dada pela integral do seu sinal de entrada.
A freqüência instantânea do sinal de entrada e saída são dadas por:
ω
1
(t) = ω
0
+
dθ
1
(t)
dt
= ω
0
+ ω
10
ω
2
(t) = ω
0
+
dθ
2
(t)
dt
= ω
0
+ ω
20
(2.6)
em que ω
10
e ω
20
são, respectivamente, o desvio de freqüência do sinal de entrada e de
saída em relação à freqüência central ω
0
. O desvio de freqüência do sinal de saída ω
20
é
função do sinal u
f
(t). Isso pode ser comprovado derivando (2.5) e substituindo em (2.6).
ω
2
(t) = ω
0
+ K
c
·u
f
(t) (2.7)
Como pode ser analisada em (2.7), a freqüência do sinal de saída do VCO varia para
valores acima ou abaixo da freqüência central ω
0
dependendo do sinal de u
f
. A freqüência
central do VCO é ajustável, sendo normalmente configurada para corresponder à freqüên-
cia esperada do sinal de entrada.
Para compreender o princípio de operação do PLL, assume-se primeiramente que a
freqüência angular do sinal de entrada ω
1
é igual a freqüência central ω
0
. O VCO então
opera em sua freqüência central ω
0
. Com o erro de fase igual a zero, o sinal u
d
do detector
2.1. PRINCÍPIOS 7
de fase também é zero. Conseqüentemente o sinal de saída do filtro de malha u
f
será zero.
Esta é a condição que permite o VCO operar em sua freqüência central, segundo (2.7).
Se o erro de fase θ
e
inicial não fosse zero, o PD iria retornar um sinal de saída u
d
não
nulo. Após algum atraso, o filtro de malha também produziria um sinal u
f
finito. Isso
iria causar uma mudança de freqüência de operação do VCO de forma que o erro de fase
diminuísse até se tornar nulo.
Assumindo agora que a freqüência do sinal de entrada varie em ∆ω
1
no instante t
0
.
A fase do sinal de entrada θ
1
começa a se adiantar em relação à fase do sinal de saída
θ
2
. Surge então um erro de fase que cresce com o tempo. Conseqüentemente o sinal u
d
retornado pelo PD também vai crescer e, com um atraso dado pelo filtro de malha, u
f
também. Isso faz o VCO aumentar sua freqüência. O erro de fase então diminui e, após
um tempo de estabilização, o VCO vai oscilar exatamente na mesma freqüência que o
sinal de entrada. Dependendo do tipo de filtro de malha usado, o erro de fase final terá
sido reduzido para zero ou a um valor finito.
2.1.1 Detector de Fase com Multiplicador Linear
Detector de Fase é um circuito capaz de gerar um sinal proporcional à diferença de fase
entre dois sinais de entrada. Diversos circuitos podem ser utilizados para este fim, entre
eles, o multiplicador linear, o flip-flop JK e o Phase-Frequency-Detector (PFD). O mais
popular entre eles é o multiplicador linear [11]. Um PLL que utiliza o multiplicador linear
como detector de fase, sincroniza o sinal de saída e o de entrada com uma defasagem
de π/2 rad, por isso, na análise de PLL que utilizem esse detector de fase, é preferível
expressar o sinal de saída como um co-seno ao invés de um seno, para que a diferença de
fase na situação de sincronismo seja nula e não π/2 rad. Portanto, a função de u
2
(t) para
o caso do PLL com detector de fase tipo multiplicador linear será expressa pela equação
a seguir ao invés de (2.2) [12].
u
2
(t) = A
2
cos
ω
0
t + θ
2
(t)
(2.8)
Realizando a multiplicação entre (2.1) e (2.8) tem-se:
u
d
(t) =
A
1
A
2
2
(sin(θ
1
(t) θ
2
(t)) + cos(2ω
0
t + θ
1
(t) + θ
2
(t))) (2.9)
O filtro de malha após o detector é passa baixa, e projetado de forma a atenuar a com-
ponente AC de alta freqüência gerada pelo detector de fase. Assim, o sinal efetivo do
8 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
detector de fase é:
u
d
(t) = K
d
sin(θ
1
(t) θ
2
(t)) (2.10)
onde K
d
é o ganho do detector, sendo igual a
A
1
A
2
2
e dado em volts/rad. Observe que
é necessário A
1
e A
2
serem constantes para que o sinal do detector de fase varie apenas
segundo a diferença de fase. Normalmente, o sinal do VCO possui uma amplitude fixa,
mas o sinal de entrada pode requerer o uso de um Controlador Automático de Ganho
(CAG) para obter essa condição.
A diferença entre a fase de entrada e a de saída, θ
1
(t) θ
2
(t), será denominada de
erro de fase e representada por θ
e
(t), e a diferença entre a freqüência do sinal de entrada e
a de saída por ω
e
(t). Se o erro de fase for pequeno e permanecer assim para todo instante
posterior, o que implica em o PLL atingir o sincronismo (ω
e
= 0), a equação (2.10) pode
ser aproximada pela equação linear (2.3) porque sin(θ
e
) θ
e
para θ
e
pequeno. Caso o
sincronismo não fosse alcançado, o módulo do erro de fase iria crescer com o tempo até
sair da região linear da função seno, inviabilizando o uso do modelo linear.
2.1.2 Filtro de Malha tipo PI
O tipo de filtro de malha utilizado e os seus parâmetros determinam características
da dinâmica do PLL como região de lock e pull-in, tempo de sincronização, resposta
em freqüência, erro em regime e estabilidade. A função de transferência do filtro de
malha é projetada para que o erro de fase em regime seja zero ou próximo de zero, além
de eliminar a componente AC de alta freqüência gerada por alguns circuitos detectores
de fase [12]. Fazendo uma analogia a um sistema de controle, o Filtro de Malha é o
controlador do sistema.
O número de pólos de um PLL, ou sua ordem, é igual ao número de pólos do seu Filtro
de Malha, mais um, devido ao pólo existente no VCO; isto pode ser verificado analisando
a função de transferência do modelo linear do PLL que será apresentada na seção 2.2.1.
A ordem do PLL determina sua capacidade de atingir sincronismo com diferentes sinais.
Um PLL de primeira ordem pode adquirir sincronismo com erro de fase nulo apenas
com sinais que possuam desvio de freqüência nulo. Os de segunda ordem são capazes
de atingir sincronismo com sinais que apresentam desvio de freqüência sem erro de fase,
no entanto, não são capazes de sincronizar com erro de fase em regime nulo quando o
sinal de entrada apresenta aceleração em fase, para isso, um PLL de terceira ordem se faz
necessário. PLL de ordem mais elevada são mais robustos a ruídos, mas o projeto de seus
parâmetros é mais complexo, por isso, os Filtros de Malha mais populares na prática são
os de primeira ordem, que levam a PLLs de segunda ordem. Apesar de não conseguir um
2.1. PRINCÍPIOS 9
erro em regime nulo quando o sinal apresenta aceleração em fase, um PLL de segunda
ordem pode manter o erro de fase pequeno e constante nesta situação, dependendo dos
parâmetros do seu Filtro de Malha e da intensidade da aceleração de fase. Por isso, apesar
da existência de aceleração de fase no sinal do SBCD, optou-se por utilizar um Filtro de
Malha de primeira ordem.
Como não é objetivo deste trabalho apresentar os diversos tipos de filtro de malha de
primeira ordem existentes, restringe-se a apresentar o filtro PI que foi usado no projeto do
demodulador. Referências sobre outros tipos de filtros de malha podem ser encontradas
em [11, 13]. O termo PI vem da teoria de sistemas de controle que significa proporcional
+ integral. A ação integral e proporcional deste filtro e os parâmetros que as ponderam
são bem visíveis no diagrama de blocos do filtro, figura 2.2. A função de transferência do
filtro PI é dada por [11, 12, 13]:
F(s) =
U
f
(s)
U
d
(s)
=
G
P
s + G
I
s
(2.11)
em que G
P
é o ganho proporcional e G
I
o ganho integral. A resposta em freqüência desse
filtro é apresentada pela figura 2.3.
Figura 2.2: Diagrama de blocos do filtro PI
2.1.3 Sinais em Fase
A análise da dinâmica de sistemas de controle linear é normalmente feita utilizando-
se o conceito de função de transferência. A função de transferência relaciona o sinal de
entrada com o sinal de saída no domínio da freqüência [14]. No caso do PLL, o sinal
de entrada e de saída são ondas senoidais dadas respectivamente por (2.1) e (2.2). A
informação transmitida por esses sinais não se encontra na amplitude, nem na freqüência
10 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
Figura 2.3: Resposta em amplitude do filtro PI
ω
0
, e sim na fase, por isso, a função de transferência de interesse, neste caso, é:
H(s) =
Θ
2
(s)
Θ
1
(s)
em que, Θ
1
(s) e Θ
2
(s) são respectivamente a transformada de Laplace dos sinais em fase
θ
1
(t) e θ
2
(t).
O PLL é um sistema que trabalha com sinais em fase, sendo a informação da amplitude
e freqüência do sinal de entrada desprezadas. Sua função de transferência é dada entre o
sinal em fase de entrada e de saída do sistema no domínio da freqüência. Por isso é preciso
se familiarizar com o conceito de sinais em fase, antes de dar seqüência a análise dos PLL
no domínio da freqüência. Para isso serão analisados alguns sinais simples em fase que
são freqüentemente usados na análise analítica e em simulações de um PLL. Os sinais
degrau de fase, rampa de fase e rampa de freqüência permitem analisar o desempenho
do PLL para sincronização com diversos sinais existentes na prática. O degrau de fase é
observado em modulações de fase tipo PSK; a rampa de fase, ou degrau de freqüência, é
comum nos sinais com modulação em freqüência, ou quando a freqüência da portadora
possui uma defasagem em relação à ω
0
; e a rampa de freqüência é utilizada para analisar o
desempenho do PLL para sincronizar com uma portadora que possua aceleração de fase,
o que ocorre quando há efeito Doppler no sinal de entrada.
A figura 2.4 apresenta um degrau de fase, que é descrito como:
θ
1
(t) = ∆φ ·µ(t) (2.12)
em que µ(t) é a função degrau unitário. Nesse caso a fase θ
1
(t) varia ∆φ no instante t = 0.
2.1. PRINCÍPIOS 11
Figura 2.4: Degrau de fase
A rampa de fase ou degrau de freqüência, ilustrado na figura 2.5 é dado por:
θ
1
(t) = ∆ωt µ(t) (2.13)
u
1
(t) = A
1
sin[ω
0
t + θ
1
(t)]
u
1
(t) = A
1
sin[ω
0
t + ∆ωt µ(t)]
Por último temos a rampa de freqüência, figura 2.6. Um sinal cujo desvio de freqüên-
cia varia linearmente com o tempo, conforme a equação ω
10
(t) = R ·t ·µ(t), em que R é a
taxa de variação da freqüência angular dada em
rad
s
2
, caracteriza uma rampa de freqüência.
Realizando a integral de ω
10
para obter o sinal em fase chega-se a:
θ
1
(t) =
t
0
R ·τ ·µ(τ) dτ (2.14)
u
1
(t) = A
1
sin
ω
0
t +
Rt
2
2
µ(t)
12 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
Figura 2.5: Rampa de fase ou degrau de freqüência
2.2 Análise do PLL Analógico no Domínio da Freqüência
2.2.1 Função de Transferência
Conforme foi explicado na seção 2.1.3, a função de transferência de interesse é dada
entre a fase do sinal de entrada e a fase do sinal de saída. Para facilitar o cálculo da função
de transferência será utilizado o diagrama de blocos do PLL no domínio da freqüência.
Este diagrama é obtido aplicando a transformada de Laplace em (2.3), (2.4) e (2.6), com
isso tem-se:
U
d
(s) = K
d
[Θ
1
(s) Θ
2
(s)] = K
d
Θ
e
(s) (2.15)
U
f
(s) = U
d
(s) ·F(s) (2.16)
Θ
2
(s) =
K
0
s
·U
f
(s) (2.17)
O diagrama apresentado pela figura 2.7 é obtido utilizando (2.15), (2.16) e (2.17). É
importante lembrar que o diagrama apresentado é do modelo linear do PLL. Na prática
os PLL apresentam um detector de fase não linear que não poderia ser modelado por um
simples comparador.
A partir do diagrama de blocos da figura 2.7 tem-se que a função de transferência
2.2. ANÁLISE DO PLL ANALÓGICO NO DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA 13
Figura 2.6: Rampa de freqüência
Figura 2.7: Diagrama de blocos do PLL analógico no domínio da freqüência
H(s) é:
H(s) =
Θ
2
(s)
Θ
1
(s)
=
K
d
K
0
F(s)
s + K
d
K
0
F(s)
(2.18)
Outra função de transferência importante no estudo do PLL é a função entre a fase de
entrada Θ
1
(s) e o erro de fase Θ
e
(s) = Θ
1
(s) Θ
2
(s) , dada abaixo, e que também pode
ser obtida a partir do diagrama de blocos da figura 2.7.
H
e
(s) =
Θ
e
(s)
Θ
1
(s)
=
s
s + K
d
K
0
F(s)
(2.19)
A relação entre a função de transferência H(s) e H
e
(s) pode ser calculada facilmente
14 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
substituindo Θ
e
(s) por Θ
1
(s) Θ
2
(s) em (2.19).
H
e
(s) = 1H(s) (2.20)
Para analisar a função de transferência do PLL com filtro de malha tipo PI deve-se subs-
tituir (2.11) em (2.18) e (2.19).
H(s) =
Θ
2
(s)
Θ
1
(s)
=
K
0
K
d
G
P
s + K
0
K
d
G
I
s
2
+ K
0
K
d
G
P
s + K
0
K
d
G
I
(2.21)
H
e
(s) =
Θ
e
(s)
Θ
1
(s)
=
s
2
s
2
+ K
0
K
d
G
P
s + K
0
K
d
G
I
(2.22)
Em sistema de controle é uma pratica comum colocar o denominador no formato
padrão s
2
+ 2ξω
n
+ ω
2
n
. Onde ω
n
é a freqüência natural do sistema e ξ o fator de amorte-
cimento. Colocando o sistema no formato padrão é possível utilizar as técnicas que foram
desenvolvidas para analisar o sistema neste formato [7, 11, 12]. As equações (2.21) e
(2.22) vão assumir esta forma realizando as substituições:
K
0
K
d
G
I
= ω
2
n
(2.23)
K
0
K
d
G
P
= 2ξω
n
(2.24)
Com isso tem-se:
H(s) =
Θ
2
(s)
Θ
1
(s)
=
2ξω
n
+ ω
2
n
s
2
+ 2ξ ω
n
+ ω
2
n
(2.25)
H
e
(s) =
Θ
e
(s)
Θ
1
(s)
=
s
2
s
2
+ 2ξ ω
n
+ ω
2
n
(2.26)
2.2.2 Diagrama de Bode
A análise da resposta transitória de um sistema de controle linear pode ser feita com o
diagrama de Bode de sua função de transferência. O diagrama de Bode é obtido fazendo
s = jω em H(s), e desenhando o gráfico de |H(ω)| utilizando uma escala logaritma para
ambos os eixos. [14]
O fator de amortecimento ξ tem uma importante influência na resposta transitória e em
regime do sistema. Se ξ = 1 o sistema é criticamente amortecido. Para ξ < 1 o sistema é
subamortecido, o que implica em uma deformação em amplitude de sinais com freqüência
2.2. ANÁLISE DO PLL ANALÓGICO NO DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA 15
em torno de ω
n
. Para ξ > 1 o sistema é sobreamortecido, o que resulta em uma resposta
de amplitude plana para baixa freqüência, livre de deformação, mas um transitório lento,
o que significa que o PLL demora a sincronizar com o sinal. Na figura 2.8 e 2.9, tem-
se respectivamente o diagrama de Bode de (2.25) e (2.26) para diversos ξ. A escala de
freqüência foi normalizada com a freqüência natural ω
n
para que o gráfico seja válido
para qualquer ω
n
.
Figura 2.8: Diagrama de Bode da função de transferência de fase H(ω) do PLL com Filtro
de Malha tipo PI
A banda de um PLL é dada pela freqüência em que o ganho atinge 3dB no diagrama
de Bode de H(s), ω
3dB
. Esta freqüência é dada por [11, 12, 13]:
ω
3dB
= ω
n
1 + 2ξ
2
+
(1+ 2ξ
2
)
2
+ 1
1/2
(2.27)
Como exemplo, para o caso de ξ = 0.707, ω
3dB
= 2,06ω
n
.
Se a entrada do PLL for um sinal com modulação, o PLL irá tentar acompanhar a
variação de θ
1
(t) devido a modulação. No entanto, o PLL não terá dinâmica para acom-
panhar a modulação se a banda base de θ
1
(t) for maior que a banda do PLL ω
3dB
. O
sinal modulante neste caso irá aparecer no erro θ
e
(t) devido a incapacidade da saída do
PLL θ
2
(t) de acompanhar a variação de θ
1
(t). Isto pode ser visto através dos gráficos
da resposta em amplitude de H(s) e H
e
(s). Através da resposta em amplitude de H
e
(s)
é possível observar que, estando o PLL sincronizado com a portadora, sinais modulante
de freqüência superior a ω
3dB
irão aparecer no sinal de erro de fase do PLL com ganho
aproximadamente 1.
16 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
Figura 2.9: Diagrama de Bode da função de transferência de fase H
e
(ω) do PLL com
Filtro de Malha tipo PI
2.2.3 Erro em Regime para Diferentes Sinais de Excitação
O erro em regime é definido como o desvio da variável controlada em relação à refe-
rência após o fim da resposta transitória, lim
t
[e(t)] [14]. Com a função de transferência
H
e
(s) e usando o teorema do valor final [14] é possível calcular o erro em regime para
um dado sinal Θ
1
(s). Para ver como o PLL com filtro tipo PI se acomoda para diferentes
sinais de entrada, calcula-se o seu erro em regime para os sinais degrau de fase, degrau de
freqüência e rampa de freqüência usando o teorema do valor final e (2.26.
lim
t
[θ
e
(t)] = lim
s0
[s ·H
e
(s) ·Θ
1
(s)] = lim
s0
s
3
s
2
+ 2ξω
n
+ ω
2
n
Θ
1
(s) (2.28)
Aplicando a transformada de Laplace nos sinais de fase (2.12), (2.13) e (2.14) tem-se
que para o degrau de fase, rampa de fase e rampa de freqüência Θ
1
(s) é dado respectiva-
mente por
∆φ
s
,
∆ω
s
2
e
R
s
3
. Substituindo cada Θ
1
(s) na equação (2.28) e calculando o erro
em regime para cada um deles verifica-se que apenas para a rampa de freqüência o erro
em regime não é nulo sendo dado por θ
e
() =
R
ω
2
n
. Isso significa que apesar de não nulo
o erro pode, segundo o modelo linear do PLL, se manter constante. Lembrando que este
modelo é válido se θ
e
for pequeno, como visto na seção 2.1.1. Portanto, θ
e
() =
R
ω
2
n
deve ser pequeno para que esta equação seja válida.
2.3. DINÂMICA DO PLL ANTES DO SINCRONISMO 17
2.3 Dinâmica do PLL antes do Sincronismo
Até o momento foi estudada a resposta do PLL considerando o seu modelo linear que
é válido quando o PLL atinge ou encontra-se muito próximo do sincronismo, seção
(2.1.1). Ainda resta analisar a dinâmica do PLL fora de sincronismo para determinar em
que condições o sincronismo pode ser alcançado, como este processo ocorre e quais os
parâmetros que o regem. Nesta seção é feita uma análise do PLL fora de sincronismo
utilizando simplificações e equações retiradas da literatura sobre PLL, a fim de evitar a
complexa teoria de sistemas não-linares.
Três parâmetros da dinâmica do PLL não sincronizados são importantes no projeto de
um PLL para uma aplicação prática. A região de lock (∆ω
lock
), a região de pull-in (∆ω
P
)
e o limite de estabilidade, ou freqüência de pull-out (∆ω
PO
).
Antes do início do processamento do sinal de entrada, o VCO encontra-se em sua
freqüência central ω
0
. Assim, quando o sinal é aplicado, o erro de freqüência inicial
ω
e
(0) é igual ao desvio de freqüência do sinal de entrada ω
10
(0). Se o desvio de freqüên-
cia estiver dentro da região de lock, ou seja, for menor que ∆ω
lock
, o sincronismo é
alcançado de forma rápida. Caso o erro de freqüência seja maior do que ∆ω
lock
, mas es-
tiver dentro do limite da região de pull-in (∆ω
P
), o sincronismo ainda ocorre, mas passa
por um processo lento, denominado de pull-in, que envolve a perda de um ou mais ci-
clos do sinal de entrada [3]. Se o desvio de freqüência inicial for superior a ∆ω
P
não é
mais garantido que o sistema alcance o sincronismo. Por isso, todos os PLL utilizados na
prática são projetados para trabalharem na região de lock, ou no máximo até a região de
pull-in.
O cálculo de ∆ω
lock
e o processo de pull-in serão apresentados nas seções seguin-
tes. O terceiro parâmetro citado, a freqüência de pull-out (∆ω
PO
), é o menor degrau de
freqüência capaz de levar um PLL do estado de sincronismo de volta para o processo de
pull-in. A Figura 2.10 apresenta um gráfico demonstrando a relação de tamanho entre
essas regiões.
Figura 2.10: Relação entre região de lock, pull-out e pull-in.
18 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
2.3.1 Região de Lock
A região de lock delimita o desvio de freqüência do sinal de entrada que o PLL é
capaz de rastrear rapidamente. A freqüência ∆ω
lock
, que delimita esse intervalo, pode ser
calculada supondo o sistema inicialmente fora de sincronismo com um erro de freqüência
inicial igual a ω
e
, e que este erro de freqüência permaneça constante ao longo do tempo.
Partindo de (2.10), tem-se que o sinal de saída do detector de fase é:
u
d
(t) = K
d
sin[θ
1
(t) θ
2
(t)]
u
d
(t) = K
d
sin[θ
e
(t)]
O sinal de saída do detector de fase supondo ω
e
constante será denotado de u
d
(t).
A notação diferente é para enfatizar que não se trata do sinal real u
d
(t), em que ω
e
é
função do tempo, e sim de um simplificação do mesmo usada para o cálculo aproximado
da região de lock. Uma vez que o sinal em fase é a integral do sinal em freqüência, tem-se:
u
d
(t) = K
d
sin
t
0
ω
e
dt
u
d
(t) = K
d
sin(ω
e
t)
O sinal após o filtro de malha é então dado por:
u
f
(t) = K
d
F(ω
e
) sin(ω
e
t) (2.29)
em que u
f
é a saída do filtro de malha para a entrada u
d
e F(ω
e
) é o ganho do filtro.
Substituindo u
f
(t) em (2.7) verifica-se que esse sinal senoidal irá modular em freqüência
a portadora ω
0
da saída do VCO:
ω
2
(t) = ω
0
+ K
0
K
d
F(ω
e
) sin(ω
e
t)
O desvio máximo de freqüência ∆ω do sinal ω
2
é igual a:
∆ω = K
0
K
d
F(ω
e
) (2.30)
Caso ω
e
< ∆ω, o sincronismo irá ocorrer de forma rápida. Isto pode ser mais bem
visualizado através das Figuras 2.11a e 2.11b, que apresentam a freqüência de entrada e a
freqüência de saída do PLL para os casos em que ω
e
> ∆ω e ω
e
= ∆ω, respectivamente.
No primeiro caso, a freqüência de saída não alcança a de entrada, portanto o sistema não
2.3. DINÂMICA DO PLL ANTES DO SINCRONISMO 19
irá entrar em sincronismo de forma rápida. O segundo caso, apresenta a situação limite
para que o sincronismo ocorra de forma rápida, com a freqüência de saída alcançando a
freqüência de entrada no pico da modulação. Portanto, a freqüência limite da região de
lock ∆ω
lock
é calculada fazendo ω
e
= ∆ω em (2.30), ou seja:
∆ω
lock
= K
0
K
d
F(∆ω
lock
) (2.31)
Esta é uma equação não linear, no entanto como se sabe que ∆ω
lock
é normalmente
muito maior que a curva de ganho
G
I
G
P
de |F(ω)| (Figura 2.3) [11, 12, 13], é possível
linearizar a função |F(∆ω
lock
)| e com isso facilitar o cálculo da região de lock.
F(ω) =
j G
p
ω + G
I
j ω
= G
P
j
G
I
ω
|F(∆ω
lock
)| =
G
2
P
+
G
2
I
∆ω
2
lock
G
P
, para ∆ω
lock
G
I
G
P
(2.32)
Substituindo (2.32) em (2.31) e utilizando a equação (2.24) se chega a:
∆ω
lock
= 2ξω
n
(2.33)
Deve-se lembrar que este valor é para o caso específico do PLL com detector de fase
com multiplicador linear e filtro de malha tipo PI.
2.3.2 Região de Pull-In
Quando o erro de freqüência inicial é maior do que ∆ω
lock
e menor que um limite
∆ω
P
é dito que o PLL esta operando na região de pull-in. Nesta região a freqüência média
do PLL caminha em direção a freqüência do sinal de entrada de forma lenta, ocorrendo
à perda de alguns ciclos do sinal de entrada antes do sincronismo ser atingido. Esse
deslocamento lento da freqüência média do PLL se da por um processo denominado de
pull-in.
Para compreender o processo de pull-in vamos retornar a equação (2.29) onde foi
verificado que, quando o sistema não se encontra em sincronismo, o sinal de entrada do
VCO (u
f
) é uma senoide com freqüência igual ao erro de freqüência ω
e
. Nessa equação
ω
e
foi considerado constante o que não ocorre no sistema real devido a realimentação.
Como pode ser visto pela Figura 2.11a, ω
e
varia com o tempo. A freqüência do VCO
cresce durante o ciclo positivo de u
f
e decresce durante o ciclo negativo. Isto faz com que
ω
e
assuma um valor mínimo ω
min
quando ω
0
é modulado no sentido positivo, e um valor
20 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
Figura 2.11: Processo de sincronismo. a) ω
e
> ∆ω, a freqüência de saída não alcança a
de entrada, portanto um processo rápido de sincronismo não ocorre. b) ω
e
= ∆ω, nesse
caso, o sincronismo se dá de forma rápida.
2.3. DINÂMICA DO PLL ANTES DO SINCRONISMO 21
Figura 2.12: A freqüência de saída do VCO é não-harmônica quando o PLL não esta
sincronizado. Isso faz com que a freqüência média do sinal de saída seja deslocada em
direção a freqüência de referência.
máximo ω
max
quando ω
0
é modulado no sentido negativo. Este processo faz com que ω
0
seja modulado de forma não harmônica, com a metade do ciclo em que ω
0
é modulada no
sentido positivo durando mais que do que no sentido negativo. A Figura 2.12 ilustra essa
situação. Como conseqüência, a freqüência média de saída do VCO assume um valor
maior do que ω
0
, reduzindo a diferença de freqüência entre o sinal de entrada e saída.
Este processo, denominado de pull-in, é regenerativo, continuando até que a diferença
de freqüência se torne igual a ∆ω
lock
, quando o PLL entra na região de lock e alcança o
sincronismo sem perder mais nenhum ciclo. A Figura 2.13 mostra o comportamento de
um PLL partindo da região de pull-in até alcançar o sincronismo.
Análises matemáticas demonstram que para alguns filtros de malha o processo de
pull-in ocorre se a diferença de freqüência for menor que um valor crítico ω
P
. Sendo
o cálculo desse limite bastante complexo. No entanto, para o caso do filtro de malha tipo
PI, ω
P
. Isto porque o ganho DC deste filtro é teoricamente infinto, fazendo com que
um nível mínimo de não-harmonicidade do sinal u
f
seja o suficiente para dar início ao
processo de pull-in. [11, 12, 13]
2.3.3 Região de Pull-Out
A região de pull-out é considerada o limite de operação estável do PLL. O limite
desta região é definido como o menor degrau de freqüência capaz de fazer com que o
PLL perca o sincronismo e volte ao processo de pull-in. As equações da região de pull-
out são derivadas de simulações computacionais. A região de pull-out ∆ω
PO
é superior a
22 CAPÍTULO 2. MALHA PARA SINCRONISMO DE FASE - PLL
Figura 2.13: Processo de pull-in
região ∆ω
lock
, sendo aproximadamente igual a [11, 12, 13]:
∆ω
PO
= 1.8ω
n
(ξ + 1) (2.34)
2.4 Conclusões e Considerações Finais
Neste Capítulo foi introduzido o princípio de funcionamento de PLL no estado de
sincronismo e fora de sincronismo, assim como alguns dos parâmetros de desempenho
do PLL nesses dois estados. Foi utilizado como modelo para estudo desses parâmetros
o PLL com arquitetura padrão, filtro de malha PI e detector de fase com multiplicador
linear.
Os parâmetros de desempenho fator de amortecimento, banda do PLL e região de lock
são geralmente utilizados no projeto de PLLs. A equação para o cálculo da banda do PLL
apresentada pode ser usada para o projeto de qualquer PLL com filtro de malha PI por
ser independente do detector de fase. Isso porque esse parâmetro é calculado supondo o
detector de fase operando exclusivamente na região linear. O cálculo da região do lock,
por sua vez, depende da máxima amplitude de saída do circuito detector de fase, isso pode
ser analisado na equação 2.31. Portanto, a região de lock para PLLs com filtro PI mas com
detectores de fase com respostas diferentes é distinta.
Estes parâmetros também podem ser utilizados no projeto de um PLL Digital. Por
se mais fácil de calcular esses parâmetros no domínio do tempo contínuo, é uma prática
comum converter o modelo no tempo discreto para o modelo no tempo contínuo quando se
esta projetando um PLL Digital. Conforme será visto no Capítulo 4, essa metodologia foi
empregada no projeto do DPLL em questão, que possui filtro de malha PI e um detector
de fase com conversor cartesiano-polar.
Capítulo 3
PLL Digital
O PLL Digital é constituído pelos mesmos blocos funcionais do PLL analógico sendo
que implementados com circuitos digitais. O oscilador controlável é implementado com
um circuito digital denominado Numerical Controlled Oscilator (NCO). A figura 3.1
apresenta o diagrama de bloco do PLL digital. A função de transferência desses blo-
cos e os sinais de saída em fase e erro de fase do sistema serão apresentados nas seções
desse capítulo.
Figura 3.1: Diagrama de blocos do DPLL
3.1 Detector de Fase com Conversor Cartesiano-Polar
Neste projeto foi utilizado um circuito com um conversor cartesiano-polar como de-
tector de fase [6]. As vantagens da utilização do detector de fase com conversor cartesiano-
polar em relação ao detector de fase com multiplicador são: região de comportamento li-
near mais larga, o que aumenta a região de lock, e maior robustez a variações de amplitude
no sinal de entrada, uma vez que, sua resposta não depende desta variável. A desvantagem
da utilização do conversor cartesiano-polar é o processamento requerido que é superior
a do multiplicador. A figura 3.2 e 3.3 apresentam duas arquiteturas para um detector de
fase com conversor cartesiano-polar.
24 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
Figura 3.2: Detector de Fase com conversor cartesiano-polar para duas entradas comple-
xas
Figura 3.3: Detector de Fase com conversor cartesiano-polar para uma entrada real e outra
complexa
3.1. DETECTOR DE FASE COM CONVERSOR CARTESIANO-POLAR 25
Na arquitetura da figura 3.2, os dois sinais de entrada, u
1
[n] e u
2
[n], do detector devem
estar decompostos em uma componente em fase e uma em quadratura. Assim esses sinais
são dados por:
u
1
[n] = i
1
[n] + j ·q
1
[n] = A
1
cos(ω
0
n + θ
1
[n]) + jA
1
sin(ω
0
n + θ
1
[n])
u
2
[n] = i
2
[n] + j ·q
2
[n] = A
2
cos(ω
0
n + θ
2
[n]) + jA
2
sin(ω
0
n + θ
2
[n]) (3.1)
O multiplicador complexo realiza a multiplicação entre u
1
[n] e o conjugado de u
2
[n], re-
presentado por ¯u
2
[n]. Descrevendo u
1
[n] e ¯u
2
[n] na forma de fasores, u
1
[n] = A
1
e
j(ω
0
n+θ
1
[n])
e ¯u
2
[n] = A
2
e
j(ω
0
n+θ
2
[n]
, fica fácil calcular o resultado da multiplicação.
u
1
[n] · ¯u
2
[n] = A
1
A
2
e
j(θ
1
[n]θ
2
[n])
A saída de fase do conversor cartesiano-polar para o sinal acima é:
A
1
A
2
e
j(θ
1
[n]θ
2
[n]
= θ
1
[n] θ
2
[n] (3.2)
Com isso, é gerado um sinal igual à diferença de fase entre os dois sinais de entrada do
detector. Este é o sinal de erro de fase, dado por:
θ
e
[n] = θ
1
[n] θ
2
[n] (3.3)
Aplicando a transformada Z, tem-se:
Θ
e
(z) = Θ
1
(z) Θ
2
(z) (3.4)
Como foi visto, o detector apresentado pela figura 3.2 requer que os dois sinais de
entrada estejam decompostos em uma componente em fase e outra em quadratura. Para o
caso de um dos sinais de entrada não estar decomposto, o circuito da figura 3.3 é utilizado
[11, 13]. Este circuito é baseado nas identidades trigonométricas:
sin(u) ·sin(v) =
1
2
[cos(u v) cos(u + v)] (3.5)
sin(u) ·cos(v) =
1
2
[sin(u v) + sin(u + v)] (3.6)
Segundo essas identidades, o resultado da multiplicação do sinal de entrada u
1
[n] =
A
1
sin(ω
0
n + θ
1
[n]) com i
2
[n], e q
2
[n], componentes de u
2
[n], descritos em (3.1), é dado
26 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
respectivamente por:
A
1
A
2
·sin(ω
0
n + θ
1
[n]) ·sin(ω
0
n + θ
2
[n])
=
A
1
A
2
2
[cos(θ
1
[n] θ
2
[n]) cos(2ω
0
n + θ
1
[n] + θ
2
[n])] (3.7)
e
A
1
A
2
·sin(ω
0
n + θ
1
[n]) ·cos(ω
0
n + θ
2
[n])
=
A
1
A
2
2
[sin(θ
1
[n] θ
2
[n]) + sin(2ω
0
n + θ
1
[n] + θ
2
[n])] (3.8)
Passando os sinais (3.7) e (3.8) por um filtro passa baixa para eliminar a componente
de alta freqüência, e considerando a resposta dos filtros desprezível, tem-se:
i
e
[n] =
A
1
A
2
2
[cos(θ
1
[n] θ
2
[n])]
q
e
[n] =
A
1
A
2
2
[sin(θ
1
[n] θ
2
[n])]
em que i
e
[n] e q
e
[n] são as entradas x e y do conversor cartesiano-polar. A saída do
conversor para esses sinais é a mesma do circuito da figura 3.2, apresentada na equação
(3.2).
O circuito conversor cartesiano-polar usado para o cálculo da fase do sinal foi desen-
volvido segundo o algoritmo CORDIC no modo vetorial.
3.1.1 Algoritmo CORDIC
O CORDIC é um algoritmo bastante utilizado para implementação em hardware the
operações trigonométricas. Todas as funções trigonométricas, como as funções de con-
versão polar-cartesiano e cartesiano-polar, podem ser derivadas de funções para rotação
de vetores. O CORDIC (COordinate Rotation DIgital Computer) [15] provê um método
interativo para realizar rotação de vetores com ângulos arbitrários usando apenas deslo-
camentos e somas, operações fáceis de serem implementadas em circuitos digitais. O
algoritmo é derivado da transformada de rotação:
x
= x cosφ y sinφ
y
= ycosφ x sinφ
3.1. DETECTOR DE FASE COM CONVERSOR CARTESIANO-POLAR 27
que rotaciona um vetor no plano cartesiano por um ângulo de φ. Estas funções podem ser
rearranjadas para:
x
= cosφ ·[x y tanφ]
y
= cosφ ·[y x tanφ]
Se o ângulo de rotação for restringido de forma que tan(φ) = ±2
i
, a multiplicação
pelo termo da tangente é reduzida para uma simples operação de deslocamento. Ângulos
arbitrários de rotação podem ser obtidos realizando uma série de rotações por ângulos
elementares decrescentes (δ
i
= arctan(2
i
), i = 0, 1, 2, ...), onde a direção da rotação é
decidida a cada interação i. O termo cos(δ
i
) se transforma em uma constante, porque
cos(δ
i
) = cos(δ
i
). A rotação interativa pode então ser expressa como:
x
i+1
= K
i
[x
i
y
i
·d
i
·2
i
]
y
i+1
= K
i
[y
i
+ x
i
·d
i
·2
i
]
em que:
K
i
= cos(tan
1
2
1
) =
1
1 + 2
2i
d
i
= ±1
A remoção da constante de ganho K
i
da equação interativa leva a um algoritmo ape-
nas com deslocamentos e somas que realiza rotação de vetores. O produto dos ganhos
K
i
pode ser aplicado em outra parte do sistema ou tratado como um ganho do processo.
Este produto se aproxima de 0.6073 a medida que o número de interação vai para o infi-
nito. Portanto, removendo os ganhos K
i
, o algoritmo terá um ganho de aproximadamente
1
0.607
= 1.647. O ganho exato depende do número de interações, e obedece a relação:
A
n
=
n
1 + 2
2i
em que, n é o número de interações.
O ângulo total de rotação é calculado utilizando um somador que acumula o ângulo
de rotação de cada interação. O acumulador de ângulos adiciona uma terceira equação
diferencial ao algoritmo CORDIC:
z
i+1
= z
i
d
i
·tan
1
(2
i
)
Existem dois modos de operação do CORDIC: o modo vetorial, em que o vetor de
28 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
entrada é rotacionado até que y = 0; e o modo rotacional, em que o vetor é rotacionado
por um ângulo arbitrário. O conversor cartesiano-polar do detector de fase é obtido com
o algoritmo do modo vetorial, descrito abaixo:
x
i+1
= x
i
y
i
·d
i
·2
i
y
i+1
= y
i
+ x
i
·d
i
·2
i
z
i+1
= z
i
d
i
·tan
1
(2
i
)
em que
d
i
= +1 se y
i
< 0, senão d
i
= 1
Após algumas interações as variáveis tendem a:
x
n
= A
n
x
2
0
+ y
2
0
y
n
= 0
z
n
= z
0
+ tan
1
y
0
x
0
A
n
=
n
1 + 2
2i
Colocando como condição inicial:
z
0
= 0
x
0
= i[n]
y
0
= q[n]
tem-se:
z
n
= tan
1
(q[n]/i[n])
O CORDIC vetorial como apresentado pode rotacionar ângulos entre π/2 e +π/2
rad. Isto porque o somatório dos ângulos elementares tende a um valor finito pouco maior
que π/2 rad (
i=0
δ
i
1,1 ·
π
2
). Para que o sistema seja capaz de trabalhar em todos
os quadrantes do plano cartesiano é necessário um algoritmo que adicione uma rotação
inicial de 0 ou π rad, ou ±π/2 rad. O algoritmo para a rotação de 0 ou π rad, descrito
abaixo, foi escolhido por ser o que consome menos recursos quando implementado em
um FPGA [15].
x
= d ·x
3.1. DETECTOR DE FASE COM CONVERSOR CARTESIANO-POLAR 29
y
= d ·y
d = 1 se x < 0, senão d = +1
z
= z se d = +1, senão z
= z π
O CORDIC foi implementado com a arquitetura assíncrona (figura 3.4) [15]. Esta ar-
quitetura é a que resulta no código de descrição de hardware mais simples, e a que possui
menor atraso de propagação entre um sinal de entrada e sua respectiva saída. Sua desvan-
tagem é o alto consumo de unidades lógicas se comparada com a arquitetura interativa
[15], também passiveis de ser implementada. O fator preponderante para sua escolha foi
a maior simplicidade de seu código, o que resultou em um menor tempo para implemen-
tação da função.
Figura 3.4: CORDIC com arquitetura assíncrona
A figura 3.5 apresenta a resposta do detector de fase usando o CORDIC como conver-
sor cartesiano polar. Observe que a região de comportamento linear se estende de π a
+π rad, limite de estimativa de fase do detector, e que um erro de 2π rad ocorre quando
essa região é ultrapassada.
30 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
Figura 3.5: Resposta do detector de fase em função da diferença de fase
3.1.2 Circuito Duplicador de Estimativa de Fase
A região de estabilidade (∆ω
PO
) e a região de lock (∆ω
lock
) do PLL são proporcionais
à região linear do detector de fase. Por isso, para melhorar o desempenho do PLL, foi
adicionado um circuito na saída de fase do conversor cartesiano-polar para aumentar o
limite de estimativa de fase de π a +π rad para 2π a +2π rad.
O circuito desenvolvido acrescenta um bit em seu sinal de entrada, para duplicar o mó-
dulo máximo do ângulo permitido, detecta se houve variação superior a π entre a entrada
atual e a anterior, o que caracteriza uma extrapolação do limite de estimação do circuito
anterior; caso positivo, realiza uma transição em sua máquina de estado. Dependendo do
estado da máquina um valor de 2π é somado ou não ao sinal de entrada para gerar a
saída. Por esse circuito digital ter sido implementado utilizando a aritmética de comple-
mento a 2 e por 2π ser o maior módulo representável, o valor de 2π equivale a +2π
quando somado com um número negativo devido ao transbordo no módulo do resultado.
Por exemplo, suponha que em um período de amostragem o detector de fase retorne
178
o
, e na amostra seguinte a diferença de fase aumente em 5
o
. Como o módulo máximo
na saída do conversor cartesiano-polar é 180
o
, uma diferença de fase de 177
o
é retornada
no lugar de 183
o
, ver figura 3.5. O circuito para estender a estimativa de fase detecta a
variação superior a π rad entre as duas entradas consecutivas, |(177
o
)(178
o
)|> 180
o
.
Essa detecção leva o circuito a um estado em que sua saída passa a ser igual ao seu sinal
de entrada mais 360
o
. Com isso, a entrada de 177
o
gera uma saída correta de 183
o
.
A figura 3.6 apresenta a máquina de estado do circuito, a figura 3.7 apresenta o circuito
3.1. DETECTOR DE FASE COM CONVERSOR CARTESIANO-POLAR 31
em questão, e a figura 3.5 a resposta do detector de fase formado pela combinação do
conversor cartesiano-polar seguido desse circuito.
Figura 3.6: Máquina de estado do circuito duplicador de estimativa de fase. Os sinais θ
0
,
θ e θ
ant
correspondem, respectivamente, a saída do circuito, a entrada atual, e a entrada
anterior.
Figura 3.7: Circuito para duplicar o limite de estimativa de fase
O circuito duplicador de estimativa de fase pode ser conectado em série a um outro
semelhante para duplicar mais uma vez o limite do módulo da fase de saída.
A vantagens da utilização desse circuito no detector de fase de um DPLL é o aumento
da região de lock, o seja, aumento do máximo desvio de frequência em que o sincronismo
ocorre de forma rápida. A desvantagem é o aumento no atraso de propagação do sinal em
um pulso de clock, devido ao registrador existente, e a duplicação do erro de estimativa
no caso da região linear ser extrapolada.
Por a região linear de 2π a +2π rad ser bastante superior ao índice máximo de
modulação PM do sinal do SBCD (2 rad), foi decidido não usar mais de um circuito.
32 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
3.2 NCO
O NCO (Numerical Controlled Oscillator) gera um sinal senoidal discreto, com freqüên-
cia controlada por uma entrada numérica. O NCO realiza nos PLL digitais o papel do
VCO nos PLL analógicos.
Existem diversas arquiteturas possíveis para implementação de um NCO. Todas elas
acumulam os incrementos de fase para gerar uma posição angular no circulo unitário e,
em seguida, realizar uma conversão polar-cartesiano [16]. O que difere entre uma arqui-
tetura e outra é o método utilizado para implementação do conversor polar-cartesiano, e
o circuito do acumulador de fase. Este último é obtido a partir da conversão analógico-
digital da função de transferência do VCO, ou seja, da função integral (2.17). Por isso,
depende do método utilizado na conversão analógico-digital.
A figura 3.8 ilustra o esquema do NCO utilizado. A arquitetura do acumulador de
fase é proveniente da conversão da função integral para o domínio discreto utilizando o
método do segurador de ordem zero. O sinal de saída possui uma componente em fase e
outra em quadratura para se adequar à entrada do circuito detector de fase. A entrada φ
inc
é fixada num valor de acordo com o ω
0
desejado, e a entrada φ
f m
é usada para variar a
freqüência de saída em torno de ω
0
.
Figura 3.8: Diagrama de blocos do NCO
O esquema apresentado na figura 3.8 leva a equação:
Θ
nco
(z) =
z
1
Φ
inc
(z)
1 z
1
+
z
1
Φ
f m
(z)
1 z
1
(3.9)
Para que a saída do NCO seja idêntica à saída de um VCO, equação (2.2), sendo que
discretizada no tempo, o sinal de saída do NCO deve ser dado por:
u
2
[n] = A
2
sin(ω
0
T n + θ
2
[n]) (3.10)
em que, n é o número da amostra e T o período de amostragem. Segundo (3.10), a função
3.2. NCO 33
da fase instantânea do NCO é dada por:
θ
nco
[n] = ω
0
·T ·n + θ
2
[n]
Realizando a transformada Z tem-se:
Θ
nco
(z) =
z
1
ω
0
·T
(1z
1
)
2
+ Θ
2
(z) (3.11)
Uma vez que os dois termos de (3.9) são independentes e os dois termos de (3.11)
também são, é possível igualar (3.9) com (3.11) igualando cada um de seus termos sepa-
radamente.
Igualando o primeiro termo de (3.9) com o primeiro termo de (3.11)
Φ
inc
(z) =
ω
0
·T
1 z
1
(3.12)
Aplicando a transformada Z inversa
φ
inc
= ω
0
·T ·µ[n] rad (3.13)
em que µ[n] é a função degrau. Logo φ
inc
assume um valor constante em função da
freqüência central desejada e de T.
Igualando o segundo termo de (3.9) com o segundo de (3.11) e substituindo Φ
f m
por
U(z) , obtêm-se a função de transferência entre o sinal de controle na entrada do NCO u
e o sinal em fase de saída θ
2
.
Θ
2
(z)
U(z)
=
z
1
1 z
1
(3.14)
A relação entre o valor numérico no circuito digital e a fase correspondente em rad
para as entradas φ
inc
e φ
f m
depende do número de bits do acumulador. O valor numérico
2
M
corresponde à fase 2π rad, sendo M o número de bits do acumulador de fase. Portanto,
φ
inc
= x
inc
·
2π
2
M
(3.15)
em que, x
inc
é o valor numérico na entrada φ
inc
do NCO. Substituindo (3.13) em (3.15)
chega-se a relação entre a freqüência central desejada e o valor numérico a ser inserido na
entrada φ
inc
:
ω
0
= x
inc
·
2π/T
2
M
rad/s
34 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
f
0
= x
inc
·
f
ams
2
M
Hz (3.16)
em que, f
ams
é a freqüência de amostragem e f
0
é freqüência central em Hz.
Um NCO apresenta três parâmetros de precisão: A precisão angular, precisão em
magnitude e a resolução em freqüência. Devido a limitações de recursos dos dispositivos
digitais, é normal que apenas parte dos bits do acumulador de fase sejam usados no con-
versor polar-cartesiano. A precisão angular de um NCO é a quantidade de bits utilizados
na entrada do conversor, e determina a precisão do ângulo a ser convertido. A precisão
em magnitude é a resolução do seno e co-seno na saída do NCO em número de bits, e
determina a precisão dos mesmos. A resolução em freqüência é o incremento mínimo
de freqüência do NCO e é igual à freqüência mínima possível de ser gerada. Portanto,
fazendo x
inc
= 1 em (3.16) tem-se a resolução em freqüência do NCO [16].
f
res
=
f
ams
2
M
Hz (3.17)
3.3 Filtro de Malha PI Digital
A conversão do modelo analógico do Filtro PI, equação (2.11), para o domínio do
tempo discreto foi feito utilizando o segurador de ordem zero [17]. Para facilitar a conver-
são, a função de transferência do modelo analógico foi dividida em sua parte proporcional
e integral.
F(s) =
G
P
·s + G
I
s
= G
P
+
G
I
s
F
1
(s) = G
P
F
2
(s) =
G
I
s
Obviamente a transformada Z de F
1
(s) é F
1
(z) = G
P
, portanto resta apenas calcular F
2
(z).
Utilizando a conversão com segurador de ordem zero se tem:
F
2
(z) = Z{L
1
F
2
(s) ·
1
s
}·(1 z
1
) = Z [n T G
I
·µ[nT ]] ·(1 z
1
) =
F
2
(z) =
z
1
T G
I
1 z
1
Para simplificar a função, as constantes G
P
e T G
I
foram denominadas respectiva-
mente de K
P
e K
I
. Com isso, a função de transferência do filtro PI digital é:
3.4. FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA 35
F
1
(z) = K
P
e F
2
(z) =
z
1
K
I
1 z
1
F(z) = F
1
(z) + F
2
(z) =
K
P
+ z
1
(K
I
K
P
)
1 z
1
(3.18)
O circuito digital relativo a função de transferência F(z) foi obtido a partir da função
do sinal de saída da parte integral e proporcional do filtro. Fazendo F
2
(z) =
Y
2
(z)
X
2
(z)
, em que
X
2
(z) e Y
2
(z) são respectivamente o sinal de entrada e saída da parte integral, se tem.
Y
2
(z)
X
2
(z)
=
z
1
K
I
1 z
1
Y
2
(z) = z
1
[K
I
X
2
(z) +Y
2
(z)]
A equação acima juntamente com a equação do sinal de saída de F
1
(z) leva ao circuito
apresentado pela figura 3.9 para o filtro PI Digital [11, 12, 13].
Figura 3.9: Circuito do filtro PI digital
3.4 Função de Transferência
A figura 3.10 apresenta o diagrama de blocos do modelo linear do DPLL com Filtro
PI, que foi obtido substituindo as funções (3.4), (3.14) e (3.18), no diagrama da figura 3.1.
A função de transferência do DPLL, mostrada abaixo, foi calculada utilizando as mesmas
equações.
H(z) =
Θ
2
(z)
Θ
1
(z)
=
K
P
z
1
+ (K
I
K
P
)z
2
1 + (K
P
2)z
1
+ (1 + K
I
K
P
)z
2
(3.19)
Substituindo Θ
2
(z) por Θ
1
(z)Θ
e
(z) em (3.19), pode-se calcular a relação entre H(z)
e H
e
(z), e a própria função de transferência H
e
(z).
H
e
(z) = 1H(z)
36 CAPÍTULO 3. PLL DIGITAL
Figura 3.10: Modelo linear do DPLL com filtro de malha tipo PI.
H
e
(z) =
Θ
e
(z)
Θ
1
(z)
=
(1z
1
)
2
1 + (K
P
2)z
1
+ (1 + K
I
K
P
)z
2
(3.20)
3.5 Erro em Regime
Definindo o erro em regime usando o teorema do valor final para sinais no domínio z,
tem-se [17]:
θ
e
() = lim
z1
(1z
1
)Θ
e
(z) (3.21)
Assim como o PLL analógico com filtro PI, a sua versão digital não é capaz de sincro-
nizar com um sinal de entrada que apresenta aceleração de fase, sem erro de fase residual.
Para demonstrar isso, será calculado o erro em regime para um sinal de entrada composto
por um degrau de fase, um degrau de freqüência e uma aceleração de fase constante.
θ
1
(t) =
R
2
t
2
+ ω
0
t + φ
0
Aplicando um segurador de ordem zero nesse sinal em fase e, em seguida, a transformada
de z, chega-se a:
θ
1
[n] =
R
2
T
2
n
2
+ ω
0
T n + φ
0
Θ
1
(z) =
z
1
(1+ z
1
)R T
2
2(1 z
1
)
3
+
z
1
ω
0
T
(1z
1
)
2
+
φ
0
1 z
1
(3.22)
Substituindo (3.22) em (3.20) e o resultado em (3.21) chega-se ao erro em regime:
θ
e
() =
RT
2
K
I
(3.23)
Capítulo 4
Projeto do Demodulador
4.1 Sinal de Entrada
Um conhecimento do sinal de entrada a ser processado é necessário para iniciar a etapa
de projeto do demodulador e também para o desenvolvimento de um modelo matemático
do mesmo para ser usado na etapa de simulação. A tabela 4.1 provê os dados do sinal de
entrada extraídos de [2].
Tabela 4.1: Características do sinal do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados
Satélites SCD1 / SCD2 / CBERS2
Freqüência de transmissão 2,26752 GHz (Banda-S)
Modulação PM, 1,8 ±0,2 rad
Banda Base ( f
b
) 65 a 125 kHz
Desvio Doppler Máximo ( f
d
) ±60 kHz rad
Aceleração Doppler Máxima (
˙
f
max
) 750 Hz/s
O conversor abaixador NI-PXI 5600 da National Instruments é usado para gerar a FI
(freqüência intermediaria), reduzindo a freqüência da portadora ( f
c
) do sinal de entrada
de 2, 27 GHz para 15 MHz. Nenhum parâmetro da Tabela 4.1, além da freqüência da
portadora, é afetado por essa conversão.
Para se obter o nível de potência da portadora e do ruído do sinal na saída do con-
versor abaixador foi utilizado um analisador de espectro em software num PC. A placa
de aquisição usada para a captura do sinal em FI foi a NI-PXI 5600. O analisador de
espectro usado foi desenvolvido no ambiente de desenvolvimento LabView da National
Instruments. As figuras 4.1 e 4.2 mostram a saída e a configuração do analisador de es-
pectro. Na primeira figura o sinal do SBCD se encontra presente, essa figura tem como
objetivo mostrar a potência da portadora. A figura 4.2 serve para mostrar a largura de
38 CAPÍTULO 4. PROJETO DO DEMODULADOR
banda do ruído.
Figura 4.1: Densidade espectral de potência do sinal de entrada do demodulador em
dBm/(100/,Hz)
Figura 4.2: Largura de banda do ruído
A partir das figuras 4.1 e 4.2 é possível calcular um valor aproximado da relação entre
a potência da portadora e a potência do ruído. A potência da portadora é dada por:
P
c
= 10
20
10
= 0.01 mW (4.1)
Para calcular a potência do ruído é necessário integrar sua densidade de potência dada
na figura 4.1 em dBm/(100 Hz). A densidade de potência do ruído é aproximadamente
plana numa região de 2.8 MHz, com uma atenuação brusca a partir desse limite, 4.2. Para
facilitar os cálculos vamos considerar que a densidade de ruído seja de fato plana nesse
4.1. SINAL DE ENTRADA 39
limite e que seja nula fora dessa banda. Com isso:
D
n
= 10
47
10
·
1
100
= 199.53·10
9
mW
Hz
P
n
= D
n
·2.8 ·10
6
= 0.559 mW (4.2)
Finalmente chega-se a relação aproximada entre a potência da portadora e do ruído
usando (4.1) e (4.2:
C/N = 10 ·log
P
c
P
n
= 17.47dB (4.3)
É importante para a simulação do DPLL que o Efeito Doppler seja incluído na re-
presentação matemática do sinal. No entanto, somente é necessário analisar o compor-
tamento do DPLL para o caso de efeito Doppler máximo, que ocorre quando o satélite
passa exatamente por cima da estação. Se o DPLL conseguir rastrear a portadora com
erro em regime suficientemente pequeno nessa situação, é certo que não haverá proble-
mas nos casos de efeito Doppler menor. Por isso, na função para representação do sinal,
foi utilizada uma aceleração em fase constante igual a máxima aceleração Doppler. Com
isso foi obtido [18]:
u
1
(t) =
2P ·sin[2π f
c
t + θ
1
(t)] +
N
0
/2 ·v(t) (4.4)
θ
1
(t) =
R
max
2
t
2
+ ω
d
t + φ
0
+ φ
1
(t) (4.5)
em que P é o valor RMS da potência transmitida, f
c
é a freqüência da portadora em
Hz, R
max
é a aceleração devido ao efeito Doppler em rad/s
2
(R
max
= 2π ·
˙
f
max
), ω
d
o
desvio máximo de freqüência devido ao efeito Doppler em rad/s (ω
d
= 2π · f
d
), φ
0
a fase
inicial da portadora, φ
1
(t) o sinal com informação e v(t) é o sinal do ruído.
O sinal de saída do conversor abaixador é discretizado no conversor A/D da placa, a
uma taxa de 100 MSPS. Esta freqüência de amostragem é devido ao clock on-board da
placa, de 100 MHz, ter sido usado no conversor A/D. Discretizando no tempo o sinal (4.4)
e (4.5), tem-se:
u
1
[n] =
2P ·sin(2π f
c
T n + θ
1
[n]) +
N
0
/2 ·v[n] (4.6)
θ
1
[n] =
R
max
2
(nT )
2
+ ω
d
nT + φ
0
+ φ
1
[n] (4.7)
Em que T é o período de amostragem do conversor A/D, igual a 10 ns.
40 CAPÍTULO 4. PROJETO DO DEMODULADOR
Figura 4.3: Arquitetura padrão do DPLL com conversor cartesiano-polar.
4.2 Escolha da Arquitetura
A primeira etapa do projeto do demodulador com DPLL foi determinar a arquitetura
a ser utilizada. Existem diversas arquiteturas para um DPLL de segunda ordem utilizando
um conversor cartesiano-polar como detector de fase. Optou-se por limitar o universo
de escolha a arquiteturas simples, uma vez que, ainda não havia conhecimento da neces-
sidade ou não do uso de uma arquitetura mais complexa e de melhor desempenho. O
conjunto de escolha foi então reduzido as arquiteturas apresentadas pelas figuras 4.3 e
4.4. Para simplificar o desenho dessas arquiteturas, o circuito duplicador de estimativa de
fase foi incorporado ao bloco do conversor cartesiano-polar.
A arquitetura da figura 4.3 é o modelo mais conhecido, em que o detector de fase se
encontra dentro da malha. Devido aos filtros dos braços I e Q, o detector de fase possui
uma banda passante centrada na freqüência de saída do DPLL e com largura de banda
igual a dos filtros. Por a banda passante ser centrada na freqüência do sinal de saída, os
filtros não precisam acomodar o Efeito Doppler, podendo ser tão estreitos quanto à banda
base do sinal, e assim melhorar a relação sinal/ruído (SNR) em sua saída. Então a banda
mínima dos filtros é dada por:
ω
bp
min
= ω
b
em que, ω
bp
min
é a mínima banda passante e ω
b
a banda base do sinal. Também devido
à banda móvel, perfeito equilíbrio da energia de ruído em freqüência abaixo e acima
da portadora quando o DPLL atinge o sincronismo, uma vez que, nesta situação, a banda
passante fica centrada no sinal de entrada. A desvantagem dessa opção é o atraso intro-
duzido dentro da malha devido à resposta dos filtros. Esse atraso pode tornar o sistema
4.2. ESCOLHA DA ARQUITETURA 41
Figura 4.4: DPLL de malha dividida.
instável, principalmente devido a não linearidade do sistema.
O atraso em fase introduzido por um filtro passa-baixa é proporcional a freqüência do
sinal de entrada no mesmo, e costuma ser considerável para freqüências de entrada pouco
inferior a freqüência de corte do filtro. No caso em questão, ω
e
pode assumir valores
superiores a 60 kHz , devido ao Efeito Doppler. Isto torna impraticável o uso de um filtro
com uma freqüência de corte inferior à 300 kHz, o grande atraso de fase resultante iria
comprometer a estabilidade do sistema.
A arquitetura da figura 4.4 usa um modelo denominado de "malha dividida"ou "split
loop". A malha dividida é um PLL de segunda ordem em que o filtro de malha é dividido
em sua parte proporcional e integral, e cada sinal de saída alimenta um acumulador de fase
diferente, formando duas malhas [9]. O conversor cartesiano-polar foi posicionado antes
da entrada da malha interna para que não houvesse necessidade de implementar um NCO
nessa malha, bastando um acumulador de fase, e assim reduzir a quantidade de recursos
necessários para a nova malha. A parte proporcional é aplicada na malha interna, livre do
atraso dos filtros, e a integral na externa. Como a parte integral varia lentamente, o atraso
em fase causado pelos filtros nesse sinal é desprezível. Com essa arquitetura, é possível
obter as mesmas vantagens da arquitetura da figura 4.3, sem os problemas de estabilidade
devido ao atraso dos filtros. Por isso, foi a arquitetura escolhida. A figura 4.5 apresenta o
modelo linear do DPLL de malha dividida, desprezando o atraso dos filtros. Esse modelo
pode ser simplificado até se igualar com o diagrama de blocos do DPLL apresentado na
figura 3.10 da seção 3.4.
42 CAPÍTULO 4. PROJETO DO DEMODULADOR
Figura 4.5: Modelo Linear do DPLL de malha dividida.
4.3 Filtro Passa-Baixa nos Braços I eQ
Foi decidido utilizar filtros FIR (Finite Impulse Response ) com resposta em fase li-
near nos braços I e Q do detector de fase, para não introduzir deformação de fase no sinal
demodulado [19]. A banda passante ideal para o filtro é de 125 kHz, largura da banda
base do sinal. Portanto o ideal é que a freqüência de corte seja a mais próxima possível
desse valor. A frequência de amostragem na entrada do sistema é de 100 MSPS. Um filtro
FIR trabalhando nessa freqüência necessitaria de um número muito grande de taps para
conseguir uma freqüência de corte próxima de 125 kHz. A solução para esse problema
foi realizar uma decimação no sinal para reduzir a freqüência de amostragem. Reduzindo
a freqüência de amostragem para 6,25 MSPS, foi possível obter uma freqüência de corte
próxima de 125 kHz usando menos de 150 taps. Assim adotou-se a arquitetura apresen-
tada pela figura 4.6 para os filtros digitais dos braços I e Q.
Figura 4.6: Arquitetura do filtro digital usado nos braços I e Q.
A função do filtro FIR 1, no esquema da figura 4.6, é evitar que ruídos de alta freqüên-
cia sejam sobrepostos na freqüência da banda base devido a subamostragem causada pela
decimação. Pelo teorema da amostragem, tem-se [19]:
f
img
(N) = |f N · f
ams
| (4.8)
4.3. FILTRO PASSA-BAIXA NOS BRAÇOS I EQ 43
em que f
ams
é a freqüência de amostragem na saída do decimador, f a freqüência de uma
senóide na entrada e f
img
a freqüência de sua imagem dentro do limite de freqüência esta-
belecido pelo teorema da amostragem de Nyquist f
img
< f
ams
/2. Segundo (4.8) a primeira
freqüência cuja imagem será sobreposta em 0 Hz é 6.25 MHz. Logo, a freqüência de corte
do filtro FIR 1, para garantir que nenhum sinal de freqüência mais alta seja sobreposto na
região da banda base, deve ser menor que 6, 25 ·10
6
f
b
, em que f
b
é a largura da banda
base em Hz.
Os filtros foram projetados com base no que foi mencionado acima. A ferramenta
"Filter Design and Analyse"do software MatLab foi utilizada para facilitar o projeto. As
tabelas 4.2 e 4.3 apresentam os dados do projeto e as figuras 4.7 e 4.8 mostram a resposta
em amplitude dos filtros FIR 1 e FIR 2, respectivamente.
Tabela 4.2: Dados do projeto do filtro FIR 1
Método de Projeto Equiripple - número mínimo de taps
Freqüência de amostragem 100 MSPS
Banda passante 1 MHz
Freqüência de Corte 6 MHz
Máxima variação de resposta em
amplitude na banda passante
0.5 dB
Atenuação na região de corte 70 dB
Número de taps resultante 50
Precisão dos taps 12 bits
Tabela 4.3: Dados do projeto do filtro FIR 2
Método de Projeto Equiripple - número mínimo de taps
Freqüência de amostragem 6.25 MSPS
Banda passante 125 kHz
Freqüência de Corte 240 kHz
Máxima variação de resposta em
amplitude na banda passante
0.5 dB
Atenuação na região de corte 60 dB
Número de taps resultante 120
Precisão dos taps 12 bits
44 CAPÍTULO 4. PROJETO DO DEMODULADOR
Figura 4.7: Resposta em amplitude do filtro FIR 1
Figura 4.8: Resposta em amplitude do filtro FIR 2.
4.4 Período de Amostragem do Modelo
Para modelar um sistema no domínio discreto, é necessário que todas suas funções
de transferências sejam dadas no mesmo período de amostragem. Como a freqüência de
amostragem na saída do detector de fase é de 6.25 MSPS e na sua entrada é 100 MSPS,
parte do circuito opera com um período de amostragem de T = 160 ns e a outra com
T = 10 ns. O filtro de malha e o acumulador de fase da malha interna trabalham com
T = 160 ns, e o NCO trabalha com T = 10 ns. Para que a função de transferência de todos
os blocos do DPLL ficassem com o mesmo período de amostragem, a função do NCO
com T = 10 ns, foi convertida para um equivalente no domínio discreto com T = 160 ns.
Isto foi feito convertendo seu modelo discreto para o domínio contínuo e, em seguida, de
volta para o domínio discreto com T = 160 ns. Todas as conversões foram feitas usando
4.5. PARÂMETROS DO DPLL 45
o método do segurador de ordem zero. Com isso foi verificado que:
z
1
1 z
1
para T = 10 ns 16 ·
z
1
1 z
1
para T = 160 ns (4.9)
Para eliminar o ganho de 16 e manter o modelo apresentado na figura 4.5 válido, um
ganho de 1/16 foi inserido antes da entrada do NCO.
Assim, foi obtido um modelo matemático para o sistema com período de amostragem
único igual a 160 ns, apesar de alguns componentes operarem na prática com um período
de 10 ns.
4.5 Parâmetros do DPLL
O projeto dos parâmetros K
P
e K
I
do DPLL com filtro PI foi feito projetando-se a
função de transferência de um PLL analógico de mesma ordem e, em seguida, mapeando
seus pólos para o domínio discreto [7]. O Projeto do PLL analógico, por sua vez, foi
feito utilizando equações que relacionam os parâmetros ω
n
e ξ com as especificações de
desempenho desejadas. Estas obtidas a partir dos dados do sinal a ser demodulado. Após
determinado os parâmetros do DPLL, o erro em regime devido ao Efeito Doppler e a
estabilidade do sistema foram verificados.
É importante que a banda do PLL seja estreita para minimizar o erro de sincronismo
devido ao ruído [13]. Quanto menor for a banda do PLL, menos susceptível ele será de
perder o sincronismo devido a um pico de ruído. No entanto, a redução da banda do PLL
resulta também em um aumento do tempo para atingir o sincronismo, uma menor região
de lock e pull-out, e pode gerar um limite na região de pull-in. Apesar de teoricamente
o limite da região de pull-in de um DPLL com filtro de malha PI ser infinito, na prática,
devido à limitação de precisão do sinal no circuito digital, isto pode não ocorrer. Por isso,
um limite mínimo ideal para a banda do PLL. Outra consideração importante sobre o
projeto é o tempo de estabilização. A passagem de um satélite do SBCD dura em média
mais de 10 minutos e o sinal da portadora encontra-se continuamente presente durante o
rastreio, portanto o tempo de estabilização do PLL não é um fator crítico para o sistema
em questão.
Com o objetivo de obter uma boa estabilidade sem se preocupar com o tempo de
estabilização, foi escolhido o fator de amortecimento:
ξ = 1,5 (4.10)
46 CAPÍTULO 4. PROJETO DO DEMODULADOR
ou seja, sistema sobre-amortecido. Para calcular ω
n
, foi especificado uma região de lock
de 60 kHz, igual ao máximo desvio de freqüência do sinal do SBCD, ver tabela 4.1.
Em [11] é demonstrado que a região de lock para um PLL de segunda ordem com um
detector de fase linear entre 2π a +2π é dado pela equação abaixo.
∆ω
lock
4πξω
n
(4.11)
Esta equação foi calculada utilizando a mesma teoria apresentada na seção 2.3.1, ape-
nas modificando o valor de ∆ω para K
0
K
d
|F(ω
e
)|·2π. Portanto, para uma região de lock
de 60 kHz:
ω
n
= 2·10
4
rad/s = 3, 18 kHz (4.12)
A banda do nosso PLL, dada por (2.27), é:
ω
3dB
= 6,66 ·10
4
rad/s = 10, 3 kHz (4.13)
Uma vez que o PLL não vai possuir dinâmica para acompanhar a modulação, ω
m
>
ω
3dB
, em que ω
m
é limite inferior da banda base do sinal, o sinal demodulado vai aparecer
no erro, |H
e
(ω
m
)| 1 .
4.5.1 Mapeando os Pólos
Mapeando os pólos de (2.25) para a função de transferência discreta de segunda ordem
padrão, equação (4.14), tem-se, segundo a teoria de controle [17]:
H(z) =
N(z)
z
2
+C
1
z +C
0
(4.14)
C
1
= 2e
ξω
n
T
cos(ω
n
T
1 ξ
2
) (4.15)
C
0
= e
2ξω
n
T
(4.16)
Comparando 3.19 com 4.14, tem-se:
C
1
= K
P
2 (4.17)
C
0
= 1K
P
+ K
I
(4.18)
4.5. PARÂMETROS DO DPLL 47
Usando as equações (4.15), (4.16), (4.17) e (4.18) é encontrada a solução para K
P
e K
I
.
K
P
= 22e
ξω
n
T
cos(ω
n
T
1 ξ
2
) (4.19)
K
I
= 12e
ξω
n
T
cos(ω
n
T
1 ξ
2
) + e
2ξω
n
T
(4.20)
Substituindo (4.10) e (4.12) em (4.19) e (4.20) chega-se aos valores de K
P
e K
I
:
K
P
= 9,56 ·10
3
(4.21)
K
I
= 1,02 ·10
5
(4.22)
4.5.2 Estabilidade e Erro em Regime
O sinal de satélites de baixa altitude possui aceleração de fase R causada pelo efeito
Doppler. Para o sinal do SBCD esta aceleração pode alcançar R
max
= 2π ·750 rad/s
2
,
conforme a Tabela 4.1. Segundo demonstrado na seção 3.5, um DPLL de segunda ordem
não pode adquirir erro em regime nulo ao tentar sincronizar com um sinal que apresenta
aceleração em fase. Substituindo R
max
em (3.23), é possível calcular o erro em regime
causado por essa aceleração.
θ
e
() =
R
max
T
2
K
I
= 1,18 ·10
5
rad (4.23)
Com esse resultado, é confirmado que o erro em regime devido a aceleração em fase é
muito pequeno e pode ser ignorado.
Segundo a teoria de controle, um sistema discreto é estável se todos os pólos de sua
função de transferência estiverem dentro do circulo unitário |z| = 1. Substituindo (4.21)
e (4.22) em (3.19) e calculando os pólos do sistema, tem-se 0,9988 e 0,9917. Portanto,
o sistema é estável. A proximidade dos pólos do limite do ciclo unitário é comum no
projeto dos DPLL, e esta relacionada à razão entre o período de amostragem do sistema e
tempo de estabilização do mesmo. [22].
48 CAPÍTULO 4. PROJETO DO DEMODULADOR
4.6 Precisão Mínima dos Componentes
Não foi feito um estudo para determinar qual a precisão mínima dos componentes do
DPLL para que a perda de desempenho devido à precisão seja insignificante. No entanto,
os requisitos da Tabela 4.4 foram estabelecidos para dar uma orientação à implementação.
Tabela 4.4: Requisitos de Precisão dos Componentes do DPLL
Precisão dos sinais com f
ams
= 100 MSPS 12 bits
Precisão dos sinais com f
ams
= 6,25 MSPS 15 bits
Resolução em freqüência do NCO e acumula-
dor da malha interna
0,1 Hz
Precisão angular do DF, do NCO e do Acum. de
fase da malha interna
0,05
o
Capítulo 5
Implementação
Neste capítulo será explicado como a implementação foi realizada, e serão apresenta-
dos parâmetros e resultados relativos à implementação.
O único clock usado na entrada do FPGA foi o clock on-board de 100 MHz da placa
Cyclone II DSP Development Kit. Um clock de 6,25 MHz foi gerado internamente no
FPGA, a partir do clock de 100 MHz, para os componentes que operam nessa freqüência.
Para organizar o código, os componentes do DPLL que utilizam o clock de 100 MHz fo-
ram unidos numa entidade denominada de "down_ conv"e os que utilizam o clock de 6, 25
MHz foram unidos numa entidade denominada "dpll". A entidade principal, denominada
"demo_ pm", faz a união dos componentes "down_ conv"e "dpll". A figura 5.1 ilustra
essa separação.
Figura 5.1: Esquema de divisão do DPLL para simplificação do código de descrição de
hardware. O sinal d_freq corresponde a saída do acumulador do filtro PI, e o sinal theta_e
corresponde ao erro de fase.
A aritmética de ponto fixo foi usada para implementação de todas as operações ma-
temáticas do sistema. As operações de soma, multiplicação, mudança de tamanho e
50 CAPÍTULO 5. IMPLEMENTAÇÃO
deslocamento (multiplicação e divisão por potência de 2) estão presentes. Portanto, o
conhecimento da aritmética de ponto fixo é necessário para compreender os detalhes da
implementação.
5.1 Filtro nos Braços I e Q
Os dados dos coeficientes dos filtros FIR 1 e FIR 2, projetados com a ferramenta "Fil-
ter Design and Analyse"do MatLab, foram exportados para o programa FIR Compiler da
Altera. Este último foi utilizado para geração do código VHDL e estimação dos recursos
utilizados. As tabelas 5.1 e 5.2 apresentam os dados do filtro FIR 1 e FIR 2 respectiva-
mente.
Tabela 5.1: Características do filtro FIR 1
Arquitetura Paralela com decimação de 16
Clock 100 MHz
f
ams
na entrada 100 MSPS
f
ams
na saída 6,25 MSPS
Número de taps 50
Precisão dos taps 12 bits
Resolução em bits da entrada 14 bits
Resolução em bits da saída 15 bits (1 MSB e 11 LSB truncados)
Elementos lógicos 1349
Tabela 5.2: Características do filtro FIR 2
Arquitetura Serial, f
clk
= 16· f
ams
Clock 100 MHz
Número de taps 120
Precisão dos taps 12 bits
Resolução em bits da entrada 15 bits
Resolução em bits da saída 15 bits (1 MSB e 11 LSB truncados)
Elementos lógicos 812
MK4 4
Como pode ser visto pelos dados das tabelas 5.1 e 5.2, o bit mais significativo do
módulo da saída de cada filtro foi removido. Segundo a teoria da aritmética de ponto
fixo em complemento a dois, este bit só é utilizado quando um valor negativo de módulo
5.2. NCO 51
máximo é multiplicado por um outro valor negativo de módulo máximo. Como o sinal de
entrada não possui amplitude o suficiente para saturar o conversor A/D, este bit sempre
será nulo. Portanto, pode ser removido sem causar problema. O mesmo foi feito no
multiplicador que antecede o filtro FIR 1, ver figura 4.6.
5.2 NCO
O NCO foi desenvolvido com o auxílio do programa NCO Compiler da Altera. Este
programa gera o código de descrição de hardware do NCO com os parâmetros que foram
especificados pelo usuário. Além disso, estima a quantidade de recursos que serão utili-
zados para implementação do NCO, e permite visualizar a FFT do sinal que será gerado.
A arquitetura do NCO gerado pelo NCO compiler corresponde a apresentada pela figura
3.8.
O NCO Compiler permite escolher entre quatro arquiteturas para o seu conversor
polar-cartesiano: "Large ROM", "Small ROM", "CORDIC"e "Multipler-Based". A arqui-
tetura escolhida para o NCO foi a Large ROM, por possuir o menor atraso de propagação
e por utilizar menos unidades lógicas, praticamente único recurso consumido pelos outros
componentes do DPLL. Nela a conversão polar-cartesiano é feita utilizando uma tabela,
implementada em uma memória ROM. A tabela armazena o resultado da conversão polar-
cartesiano para todos os ângulos de entrada. O valor do ângulo na entrada do conversor
serve como endereçamento para a posição da tabela onde o resultado de sua conversão
está armazenado. Assim, a conversão é feita de forma rápida, com baixo consumo de
unidades lógicas e alto consumo de blocos de memória MK4.
A tabela 5.3 apresenta os parâmetros escolhidos para o NCO, juntamente com a esti-
mação dos recursos consumidos.
Tabela 5.3: Parâmetros do NCO
Arquitetura Large ROM
Precisão do acumulador 30 bits
Precisão de fase 13 bits
Precisão de magnitude 12 bits
Clock 100 MHz
f
ams
100 MSPS
Elementos lógicos (EL) 104
MK4 48
52 CAPÍTULO 5. IMPLEMENTAÇÃO
A freqüência central do NCO foi configurada para 15 MHz para ser igual a do sinal
de entrada. Isto foi feito fazendo x
inc
= 161061274 . Este valor foi calculado usando
(3.16) e o dado sobre a precisão do acumulador e freqüência de amostragem na tabela
5.3. A figura 5.2 mostra a FFT calculada pelo NCO Compiler para uma onda senoidal de
15 MHz.
Figura 5.2: FFT do sinal de saída do NCO.
5.3 Conversor Cartesiano-Polar e Circuito Duplicador de
Estimativa de Fase
O circuito duplicador de estimativa de fase foi incorporado na entidade do conversor
cartesiano-polar como um componente desse. A tabela 5.4 apresenta as características do
CORDIC utilizado para implementação do conversor.
Tabela 5.4: Parâmetros do CORDIC
Arquitetura Assíncrona
Numero de interações 12
Resolução da fase 16 bits
Precisão de X e Y 15 bits
Elementos lógicos (EL) 999
Tempo máximo de propagação do sinal 57,42 ns (17,42 MHz)
5.4. FILTRO DE MALHA E ACUMULADOR DE FASE DA MALHA INTERNA 53
5.4 Filtro de Malha e Acumulador de Fase da Malha In-
terna
O código VHDL do Filtro de Malha e o Acumulador de Fase da Malha Interna foram
gerados pelo DSP Builder. A saída do acumulador de fase deve possuir módulo máximo
igual a saída do detector de fase, portanto sua saída varia entre 2π e +2π. O filtro
de malha implementado é idêntico ao do modelo linear, figura 3.9, sendo que com um
saturador na saída do acumulador, para limitar a região de busca da portadora entre +97 a
97 kHz. O esquema no ambiente simulink do Filtro de Malha e do acumulador de fase
são mostrados na figura 5.3.
Figura 5.3: Esquema no simulink do filtro de malha e do acumulador de fase da malha
interna
5.5 Resultado e Considerações sobre a Implementação
O projeto ocupou 13% das unidade lógicas e 17% dos blocos de memória RAM dis-
poníveis. A tabela 5.5 apresenta o resultado da implementação no FPGA EP2C70.
Tabela 5.5: Recursos do EP2C70 Utilizados
Elementos lógicos 8,893/68,416 (13%)
Bits de Memória 200,920/1,152.000 (17%)
Multiplicadores de 9 bits 8/300
O componente que consumiu maior quantidade de recursos foi o filtro FIR 1. A quan-
tidade de recursos consumidos por FIR 1 poderia ter sido reduzida para menos da metade
se sua freqüência de amostragem fosse reduzida de 100 MSPS para 50 MSPS. Isto porque
54 CAPÍTULO 5. IMPLEMENTAÇÃO
a quantidade de taps requeridos para gerar a freqüência de corte desejada seria menor, e
haveria possibilidade de se utilizar uma arquitetura serial-paralela, devido à disponibili-
dade do clock de 100 MHz. A quantidade de recursos gastos no CORDIC também poderia
ter sido reduzida drasticamente se a arquitetura "interativa", apresentada em [15], fosse
utilizada. Esta arquitetura requer que f
clock
(n + 1) · f
ams
, em que f
clock
é a freqüência
de clock, n é o número de interações desejadas para o CORDIC e f
ams
a freqüência de
amostragem do sinal. O clock de 100 MHz viabiliza essa arquitetura que a freqüência
de amostragem desejada (6,25 MSPS) é 16 vezes menor que este. Estas duas alterações
reduziriam em torno de 50% a quantidade de recursos necessários para a implementação
do DPLL sem afetar o desempenho do mesmo.
Capítulo 6
Simulações e Testes
As simulações do demodulador PM digital foram feitas no Simulink com o uso do
bloco HIL. O projeto completo do demodulador foi compilado no Quartus e, em seguida,
importado para o ambiente do Simulink com o uso do bloco HIL. Um modelo do sinal
real do SBCD foi criado no Simulink para servir como entrada na simulação do demodu-
lador. Esse foi desenvolvido com base nas características apresentadas na tabela 4.1, e nas
equações (4.6) e (4.7). O período de amostragem foi configurado para 10 ns, conforme a
saída do conversor A/D. A figura 6.1 mostra o modelo do sinal do SBCD, e a figura 6.2 o
esquema de simulação usando o bloco HIL.
Figura 6.1: Modelo do sinal do SBCD usado como entrada na simulação do demodulador
PM digital
Para obter um valor numérico que indicasse a semelhança do sinal modulante com o
demodulado foi calculado a média do produto entre os dois sinais para diferentes defa-
sagens, equação (6.1). Esta equação, para processos ergóticos e estacionários, equivale a
correlação cruzada quando N . Um valor positivo para a média de produtos indica
uma semelhança entre os sinais [21].
56 CAPÍTULO 6. SIMULAÇÕES E TESTES
Figura 6.2: Esquema da simulação no simulink usando o bloco HIL
ˆ
R
xy
(m) =
1
N−|m|
Nm1
n=0
x
n+m
y
n
m 0
ˆ
R
xy
(m) m < 0
(6.1)
O Demodulador foi testado com a ferramenta Signal Tap II. Este foi configurado para
capturar uma seqüência de 8K de amostras do sinal θ
e
[n] e da saída do acumulador do
filtro PI. O gerador de sinais Marconi 2024 foi usado para prover o sinal de entrada do
demodulador. Os dados dos sinais capturados pelo Signal Tap II foram exportados para o
MatLab para geração dos gráficos.
O objetivo da simulação foi testar o desempenho do demodulador, enquanto o do teste
foi verificar se o circuito implementado está funcionando como esperado.
6.1 Simulação com SNR de -11.39 dB
Essa foi a simulação de maior ruído em que não ocorreu a perda de sincronismo pelo
DPLL durante os 5 ms da simulação. O ganho1 e ganho2 da figura 6.1 foram configurados
respectivamente para 0,16 e 0,84. A maior média do produto entre o sinal modulante e o
demodulado foi de 1,075, ocorrendo quando o sinal demodulado é defasado em 32,24µs
(ataso introduzido pelo sistema). As figuras 6.3, 6.4, 6.5 e 6.6 mostram respectivamente a
FFT do sinal de entrada, uma comparação do sinal modulante com o demodulado, a saída
do acumulador do filtro PI e a variação de θ
e
durante o sincronismo.
6.2. SIMULAÇÃO COM SNR DE -12.76 DB 57
Figura 6.3: FFT do sinal de entrada para simulação com ganho1 = 0,16
Figura 6.4: Comparação do sinal modulante com o demodulado
6.2 Simulação com SNR de -12.76 dB
A partir de uma SNR inferior a 12.76dB foi verificado que o DPLL perde o sin-
cronismo em alguns instantes. Essa simulação demonstra essa ocorrência. O ganho1 e
ganho2 da figura 6.1 foram configurados respectivamente para 0,14 e 0,86. A maior mé-
dia do produto entre o sinal modulante e o demodulado foi de 1, 03, ocorrendo com o
mesmo defasamento de 32,24µs no sinal demodulado. As figuras 6.7, 6.8 e 6.9 mos-
tram respectivamente a FFT do sinal de entrada, uma comparação do sinal modulante com
o demodulado no instante da perda de sincronismo e a saída do acumulador do filtro PI
durante toda a simulação.
58 CAPÍTULO 6. SIMULAÇÕES E TESTES
Figura 6.5: Saída do acumulador do filtro PI durante o sincronismo
Figura 6.6: Sinal de saída do demodulador (θ
e
[n]) durante o sincronsimo
6.3 Teste do Demodulador com o Signal Tap II
O gerador de sinais foi configurado para gerar uma portadora em 15, 075 MHz com
potência de 10 dBm e sem modulação. A portadora foi configurada com um desvio de
freqüência acima do máximo do caso real (60 kHz) para que se podesse visualizar o DPLL
operando na região de pull-in. O botão de reset do sistema foi configurado para disparar a
captura dos sinais pelo Signal Tap. Assim foi possível capturar os sinais no momento do
sincronismo. A partir da figura 6.11, é possível visualizar que o ∆ω
lock
do demodulador
digital corresponde ao que foi projetado na seção 4.5, aproximadamente 60 kHz; e na
figura 6.10 o sinal de erro indo para zero, indicando o perfeito sincronismo.
6.3. TESTE DO DEMODULADOR COM O SIGNAL TAP II 59
Figura 6.7: FFT do sinal de entrada com ganho1 = 0,14
Figura 6.8: Comparação do sinal modulante com o demodulado no instante da perda de
sincronismo devido ao ruído
Figura 6.9: Saída do acumulador do filtro PI durante a simulação
60 CAPÍTULO 6. SIMULAÇÕES E TESTES
Figura 6.10: Saída θ
e
[n] no teste para uma entrada sem modução e com ω
10
= 75 kHz
Figura 6.11: Saída do acumulador do filtro PI no teste para uma sinal de entrada com
ω
10
= 75 kHz e sem modulação. Observe que quando ω
e
se torna menor que 60 kHz o
DPLL entra na região de lock
Capítulo 7
Conclusões e Considerações Finais
O DPLL de segunda ordem, com arquitetura de malha dividida, mostrou ser capaz de
demodular um sinal com Efeito Doopler de 750 Hz/s com desvio máximo de freqüência
de 60 kHz. O circuito foi implementado e testado com sucesso. A dinâmica durante o
sincronismo, mostrada nas simulações, está de acordo com as características especificadas
na etapa de projeto. O circuito demonstrou ser robusto a SNR de até -11.39 dB nas
simulações.
Existem melhoramentos que podem ser feitos no circuito. Conforme discutido na
seção 5.5, o circuito pode ser otimizado para ocupar uma área menor no FPGA. Também
não foi feito um estudo do efeito da quantização da amplitude, a fim de determinar a
precisão mínima dentro do circuito para que a degradação do sinal seja insignificante.
Por isso, pode ser que tenham sido usados mais ou menos bits do que o necessário para
garantir um bom desempenho. É importante também incluir circuitos para visualização
do estado do demodulador, como exemplo um inidicador de sincronismo e da potência
na entrada do circuito, que poderiam utilizar como saída um LED e os display de sete
segmentos da placa EP2C70 DSP Development Kit respectivamente.
Foi verificado que o sinal do SBCD apresenta na entrada do conversor A/D do demo-
dulador PM digital um nível de ruído de 27 dBc/(100Hz) numa banda de aproximada-
mente 3.5 MHz. Isto resulta em uma C/N de 17.47 dB, inferior ao limite mínimo de
11.39 dB necessário para que o demodulador consiga recuperar o sinal corretamente.
Portanto, ainda é necessário melhorar o desempenho do sistema com sinais ruidosos para
que o mesmo consiga processar com sucesso o sinal do SBCD. Uma possível solução para
esse problema é melhorar a relação sinal ruído antes da entrada do demodulador digital.
Isto pode ser feito com a inclusão de um filtro passa faixa estreito, para reduzir a potência
do ruído, seguido de um amplificador. Esse último deve ter o ganho ajustado para que
o sinal de entrada utilize a resolução máxima do conversor A/D. Caso essa medida não
for o suficiente será preciso um demodulador digital com melhor desempenho e, prova-
62 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
velmente, com uma arquitetura mais complexa; como exemplo, um circuito que calcula
a FFT do sinal de entrada para inicializar um DPLL de banda muito estreita com uma
freqüência próxima do sinal [23], ou um DPLL de terceira ordem com dupla malha [8].
Referências Bibliográficas
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http://www.cbers.inpe.br/pt/index_pt.htm;
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Tude, et. al., INPE-3820-NTE/253, Março, 1986;
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applications", Solid-State Circuits Conference, 2000, Publicado em 19-21/09/2000;
[4] Zamazal, M., "PLL frequency synthesis in on-board satellite L-band front-end", Pu-
bilicado em: High Frequency Postgraduate Student Colloquium, 6-7/09/2004. pg.
107 – 112;
[5] Qishan Huang, Hua Xu, Jiangtao Yu and Hui Zheng, "Parameters Adjusting of
Third-Order PLL Used in LEO Mobile Satellite", Proceedings of the 17th Internatio-
nal Conference on Advanced Information Networking and Applications (AINA’03),
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[6] Intersil Corporation. HSP50210 Data Sheet. 01/1999;
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Analog Applications Journal, SLYT015 - 05/2000;
[8] Minoru Kamata, Takashi Shono, "Third-Order Phase-Locked Loops using Dual Lo-
ops with Improved Stability",Communications, Computers and Signal Processing,
1997, ’10 Years PACRIM 1987-1997 - Networking the Pacific Rim’. 1997 IEEE
Pacific Rim Conference on. Aug 1997. Paginas 338–341 vol. 1;
[9] J. Gustrau, M.H. Hoffmann, "Reducing the PLL noise bandwidth by a digital split-
loop". Communications Letters, IEEE, volume 3, pag. 111–112. Abril 1999;
[10] "VHDL: Descrição e Síntese de Circuitos Digitais", Roberto D’Amore, Edição: 1,
Editora: LTC, 13/07/2005;
63
64 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[11] Phase-Locked Loops: Design, Simulation, and Applications", Roland E. Best,
McGraw-Hill Professional, 5 edition (2003);
[12] David Pérez Feliciano, "Digital Implementation of a Second-order Costas Loop De-
modulator", University of Puerto Rico, Maio 2004;
[13] "Phase-Lock Basics", William F. Egan, A Wiley-Interscience Publication, John Wi-
ley & Sons, INC, 1998;
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FPGA 98 Montery CA USA, Copyright ACM, 1998;
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pler Acceleration Optimization and Threshold Calculation", Global Telecommuni-
cations Conference, 1995. GLOBECOM ’95., IEEE;
[19] "Sinais e Sistemas", Simon Haykin e Barry Van Veen, trad. José Carlos Barbosa dos
Santos. Porto Alegre: Bookman, 2001;
[20] Orfanidis, S.J., "Optimum Signal Processing. An Introduction", 2nd Edition,
Prentice-Hall, Englewood Cliffs, NJ, 1996;
[21] "Probability Random Variables, and Stochastic Processes", Papoulis, Athanasios,
Editora: McGraw-Hill College, 10/1/2001.
[22] Eric Hagemann, "The Costas Loop - Setting the Loop", 2001, disponível em: http:
//archive.chipcenter.com/dsp/DSP010531F1.html
[23] Biren Shah, Jack K. Holmes e Sami Hinedi, "Comparison of Four FFT-Based Fre-
quency Acquisition Techniques for Costas Loop BPSK Signal Demodulation", IEEE
Transaction on Communications, vol 43, nº 6, 07/1995;
Apêndice A
Ferramentas do Projeto
A.1 Placa EP2C70 DSP Development Kit
A placa "EP2C70 DSP Development Kit"da Altera fornece uma plataforma completa
para implementação de um processador de sinais digitais (Digital Signal Processor - DSP)
em FPGA. Além do FPGA EP2C70 para o processamento, a placa possui entre seus pe-
riféricos conversores A/D e D/A, clock, e interfaces simples com o usuário, como botões,
LEDs e displays de sete segmentos. A Tabela A.1 apresenta as características da placa
que são importantes para o projeto.
O conversor A/D possui uma impedância de entrada de 50 e tensão máxima de
entrada de 2,2 V
pp
. O conversor é desacoplado do sinal de entrada por um transformador
de 1:1. A potência limite de um sinal senoidal de entrada sem ruído, para não ocorrer a
saturação na conversão é:
P
dBm
= 10·log
10
V
2
p
2 ·R
·1000
P
dBm
= 12,33 dBm (A.1)
em que, V
p
é a tensão de pico igual a 1, 1 V , e R é a resistência de 50 . Portanto, o sinal
de entrada deve ter uma potência inferior à 12 dBm, de preferência, com uma margem de
segurança para evitar a saturação do conversor num pico de ruído.
A conexão da placa com o computador para programação do FPGA é feita através do
cabo USB Blaster, que conecta uma porta USB do computador com uma porta JTAG na
placa. A figura A.1 apresenta os componentes da placa de desenvolvimento.
66 APÊNDICE A. FERRAMENTAS DO PROJETO
Tabela A.1: Características do EP2C70 DSP Development Kit
Componentes Características
Freqüência máxima de operação 250 MHz
68416 elementos lógicos
EP2C70 300 9x9 ou 150 18x18 multiplicadores embutidos
250 blocos MK4 de RAM - 483,840 bits
4 PLL para derivação de clocks
Clock on-board 100 MHz
A/D 2.2 VPP, 12 bit, 120 MSPS, 70 dB SNR
D/A 14 bit, 160 MSPS, 70 dB SNR
Figura A.1: Componentes da placa EP2C70 DSP Development Kit
A.2. QUARTUS II 67
A.2 Quartus II
O desenvolvimento de um circuito em FPGA passa por diversas etapas entre o projeto
do circuito e sua programação. A figura A.2 ilustra estas etapas. A síntese compete
obter o circuito a nível RTL (Register Transfer Level) a partir dos arquivos de entrada
em que circuito se encontra descrito numa linguagem de mais alto nível (VHDL, HDL,
Verilog, ...). A etapa de Posicionamento e Conexão, busca alocar o circuito dentro do
FPGA de forma otimizada. De posse dos dados da alocação, a Análise de Tempo permite
o cálculo do tempo de propagação do sinal entre os diversos registradores e portas lógicas
do circuito para determinar se as especificações de tempo, como freqüência mínima de
clock, serão atendidas. Antes da programação é importante fazer uma simulação para
checar se o comportamento do circuito está de acordo com o planejado. O software
Quartus II da Altera provê uma solução para todas essas etapas, possuindo múltiplos
ambientes de trabalho, cada um dedicado a controlar um dos processos da figura A.2. A
figura A.3 apresenta sua janela de trabalho.
Figura A.2: Etapas no projeto do circuito
Figura A.3: Janela de trabalho do Quartus II no ambiente de edição de códigos HDL
68 APÊNDICE A. FERRAMENTAS DO PROJETO
Um ponto fraco do Quartus II em suar versão 6.1, que foi a utilizada nesse trabalho, é
o seu ambiente de simulação que não trabalha com uma linguagem de programação para
o desenvolvimento de um algoritmo para essa tarefa. Os sinais de entrada no projeto a ser
simulado são criados a partir de um ambiente gráfico que possuí a vantagem de ser fácil
de usar. No entanto, isto impossibilita seu uso para simulações mais complexas. Além
disso, o ambiente de simulação do Quartus II 6.1 não foi concebido para usar entrada e
saída de sinais com arquivos. Por esses motivos optou-se por executar esta tarefa em um
outro software, o DSP Builder, descrito na próxima secção.
Além de oferecer uma solução para as tarefas que antecedem a programação, o Quar-
tus II provê também um meio de realizar testes no circuito programado, com a ferramenta
Signal Tap II. Esta possibilita capturar sequências de amostras, de tamanho limitado, de
sinais no circuito do usuário durante seu funcionamento. O disparo de cada amostra pode
ser controlado por um clock externo ou por um sinal interno com frequência máxima igual
ao limite suportado pelo FPGA. Os dados capturados são transmitidos para o ambiente
Signal Tap II do Quartus, onde podem ser visualizados ou salvos em um arquivo. A trans-
ferência é feita pelo cabo JTAG utilizado para a programação do dispositivo. O circuito
que realiza a captura é configurado no Quartus e anexado ao projeto do usuário. Como a
transferência não pode ser feita em tempo real devido a baixa frequência de transmissão
do cabo JTAG, o tamanho máximo das amostras depende da disponibilidade de memória
no FPGA. O Signal Tap II é uma ferramenta eficiente e fácil de usar, por isso foi usada
nos testes em hardware do demodulador digital.
A.3 DSP Builder
As linguagens de descrição de hardware usadas no projeto e simulação de circuitos
lógicos programáveis (CLP) são complexas, assim como os softwares utilizados para exe-
cutar essas tarefas. A fim de simplificar o desenvolvimento de processadores digitais de
sinais em CLPs, a Altera desenvolveu a ferramenta DSP Builder.
O DSP Builder permite realizar as etapas de projeto, simulação e programação de
processadores de sinais digitais para um CLP dentro do ambiente Simulink-Matlab. O
projeto desenvolvido no Simulink, com os blocos do DSP Builder pode ser convertido em
um código de descrição de hardware na linguagem VHDL. O DSP Builder pode instanciar
o software Quartus II para compilar o código VHDL gerado, e programar um dispositivo.
Os blocos do DSP Builder podem ser combinados com os blocos do Simulink. Com
isso, o usuário tem a disposição uma vasta biblioteca de blocos para desenvolvimento do
modelo para simulação, e para a análise do sistema. O DSP Builder permite importar
A.3. DSP BUILDER 69
circuitos desenvolvidos com as linguagens de descrição de hardware VHDL e Verilog
para dentro do Simulink com a ferramenta HDL Import. Isso permite utilizar o ambiente
do Simulink para simular circuitos que foram desenvolvidos fora desse ambiente.
O uso do ambiente gráfico simples e amigável do Simulink acelera a etapa de projeto
e simulação do DSP. Por isso o DSP Builder foi utilizado no projeto de alguns dos com-
ponentes do demodulador digital, na simulação de parte dos componentes, e na simulação
do sistema completo.
A.3.1 Hardware in Loop
O bloco Hardware in the Loop (HIL) do DSP Builder permite utilizar o FPGA como
um dispositivo de simulação dentro do projeto no Simulink. O HIL programa o FPGA
com um projeto do Quartus II incluindo uma interface para comunicação com o PC que
permite simulá-lo no ambiente do Simulink. A comunicação entre o hardware e o PC
é feita pelo cabo USB Blaster, o mesmo utilizado para programação da FPGA na placa.
Este tipo de simulação possui os benefícios do uso das bibliotecas do Simulink e Matlab
para geração de sinais de entrada e para a análise dos sinais de saída, e é muito rápida, uma
vez que o processamento no bloco HIL é feito pelo hardware. Devido a essas vantagens,
o bloco HIL foi empregado nas simulações realizadas como demodulador PM digital.
Apesar da simulação com o HIL ser feita utilizando o hardware, é importante realçar
que esta não subistitui a etapa de testes, porque ainda se trata de uma simulação, feita no
tempo de processamento do simulink.
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