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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIENCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA
COMUNICAÇÃO HUMANA
ESTUDO DO PAPEL DO CONTEXTO FACILITADOR,
SEGUNDO DIFERENTES ABORDAGENS TEÓRICAS,
NA AQUISIÇÃO DO R-FRACO POR CRIAAS COM
DESVIO FONOLÓGICO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Mardônia Alves Checalin
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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ESTUDO DO PAPEL DO CONTEXTO FACILITADOR,
SEGUNDO DIFERENTES ABORDAGENS TEÓRICAS, NA
AQUISIÇÃO DO R-FRACO POR CRIANÇAS COM DESVIO
FONOLÓGICO
por
Mardônia Alves Checalin
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado do
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana,
Área de Concentração em Audição e Linguagem, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), como requisito parcial para a obtenção
do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Orientadora: Profª Drª Giovana Ferreira-Gonçalves
Co-Orientadora: Profª Drª Márcia Keske-Soares
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação
Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
Estudo do papel do contexto facilitador, segundo
diferentes abordagens teóricas, na aquisição do r-fraco por
crianças com desvio fonológico
elaborado por
Mardônia Alves Checalin
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Comissão Examinadora
____________________________________
Giovana Ferreira-Gonçalves, Drª (UFSM)
(Presidente / Orientadora)
____________________________________
Márcia Cristina Corrêa, Drª (UFSM)
__________________________________
Carolina Lisboa Mezzomo, Drª (UFSM)
Santa Maria, 23 de dezembro de 2008
“Bendito seja o Senhor, que adestra minhas mãos para a peleja e os meus
dedos para a guerra; meu refúgio e minha fortaleza, meu alto retiro e meu
libertador, escudo meu em quem me refugio”.
Salmo 144
Novo Testamento
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por se mostrar presente todos os dias em
minha vida e pela saúde que permitiu a realização desse trabalho.
À minha mãe, Raimunda, pelo imenso amor dedicado e pelas palavras certas
nos momentos difíceis dessa caminhada. À meu pai, Francisco, pela determinação
herdada.
À minha irmã, Macia, pelo apoio incondicional e pelas nossas crianças,
Marjorie e Dericke, e aos meus irmãos, Magno, Mauro e Marco, por terem me dado
sobrinhos maravilhosos.
Ao meu esposo, Abderraman, pelo carinho, paciência e apoio técnico.
Às minhas amigas, minhas irmãs, Ana Helena, Cláudia Regina, Dayana
Brasil, Maria Rita, Sandra Raquel e Viviane Alice por ouvirem os meus desabafos.
À professora Giovana Ferreira-Gonçalves, pelo aprendizado, dedicação e
apoio incansável recebido durante a realização desse trabalho.
À professora Márcia Keske-Soares, pelas valiosas contribuições para este
trabalho.
Às alunas Ana Cláudia Ourique, Fernanda Marafiga, Marília Trevisan e
Patrícia Pereira, pelo apoio dado durante o tratamento dos pacientes.
Às estagiárias de fonoaudiologia que realizaram as avaliações auditivas dos
pacientes que participaram dessa pesquisa. Aos médicos, Dr. Cláudio Cechella e
Rodrigo Ritzel, pela realização das avaliações neurológicas e otorrinolaringológicas,
respectivamente, nos pacientes dessa pesquisa.
Aos pacientes, pela oportunidade de crescimento profissional.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Curso de Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria
ESTUDO DO PAPEL DO CONTEXTO FACILITADOR, SEGUNDO DIFERENTES ABORDAGENS
TEÓRICAS, NA AQUISIÇÃO DO R-FRACO POR CRIANÇAS COM DESVIO FONOLÓGICO
A
UTORA
:
M
ARDÔNIA
A
LVES
C
HECALIN
O
RIENTADORA
:
G
IOVANA
F
ERREIRA
-G
ONÇALVES
C
O
-O
RIENTADORA
:
M
ÁRCIA
K
ESKE
-S
OARES
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 19 de dezembro de 2008
O objetivo desta pesquisa foi verificar a aplicabilidade dos ambientes favoráveis e
neutros obtidos a partir de dados de fala de crianças sem alteração de linguagem,
no tratamento de crianças com Desvio Fonológico (DF). O diagnóstico do DF foi
obtido através de avaliações fonoaudiológicas e complementares. Participaram do
estudo sete crianças de ambos os sexos, com idade média de seis anos. O critério
de inclusão foi que apresentassem, dentre as avaliações realizadas, resultado
alterado somente na avaliação fonológica, ter ausente no inventário fonológico
apenas o fonema /r/, ser falante monolíngüe de português brasileiro e não ter
recebido atendimento fonoaudiológico prévio. Todos os sujeitos receberam
tratamento fonoaudiológico para DF através do Modelo ABAB Retirada e Provas
Múltiplas. Seis sujeitos tiveram o /r/ tratado em Onset Medial (OM) e dois tiveram o
/r/ tratado em Coda Medial (CM). Em OM, foi estudado o ambiente favorável
segundo pesquisas realizadas através de abordagem teórica gerativa, gestual e
neutra. Em CM, foi estudado o contexto favorável e neutro, segundo uma pesquisa
realizada em abordagem gerativa. A partir dos resultados do tratamento, realizou-se
a descrição e análise da evolução terapêutica. A análise dos dados foi realizada
através das transcrições das avaliações fonológicas realizadas antes, durante e
após a intervenção terapêutica. Após, comparou-se os resultados das avaliações
entre os sujeitos na tentativa de se identificar a efetividade do tratamento, utilizando-
se o contexto no DF e, dentre as abordagens teóricas, aquela que promoveria
maiores mudanças no sistema fonológico dos sujeitos. Os resultados não foram
conclusivos em relação ao ambiente mais eficaz no tratamento do DF, mas
indicaram, tanto em OM quanto em CM, que o contexto neutro foi mais eficiente que
o favorável. Esses resultados levaram ao interesse em investigar, nos dados de fala
dos sujeitos, a possibilidade de estabelecer novos contextos baseados em dados de
fala de crianças com DF. Após a análise dos itens lexicais produzidos corretamente
pelos sete sujeitos da presente pesquisa, foram identificados contextos divergentes
daqueles utilizados nas palavras-alvo do tratamento. Esse dado sugere que o
contexto lingüístico favorável, baseado em dados de normalidade, não seja aplicável
a crianças com DF. Sugere-se a realização de pesquisas com dados de fala de
crianças com DF a fim de se sugerir novos contextos lingüísticos para serem
utilizados nas terapias de fala de modo a promover a aquisição do fonema de forma
mais precoce.
PALAVRAS-CHAVE: Fala; Criança; Fonoterapia; Ambiente lingüístico
ABSTRACT
Master’s degree dissertation
Post-Graduation Program in Human Communication Disorders
Federal University of Santa Maria, RS, Brazil
STUDY THE ROLE OF CONTEXT FACILITATOR, SECOND DIFFERENT
THEORETICAL APPROACHES, IN R-WEAK ACQUISITION FOR CHILDREN
WITH ARTICULATORY DISORDERS
Author: Mardônia Alves Checalin
Main Adviser: Giovana Ferreira-Gonçalves
Co-Adviser: Márcia Keske-Soares
Place and date of public presentation: Santa Maria, december 19
th
, 2008.
The aim of this research was verify the applicability of the favorable and neutral
environments, got from data of children speech without change of language, in the
treatment of children with Articulatory Disorders (AD). The diagnosis of AD was
obtained through phonological and complementary assessments. The study
participants were seven children of both sexes, with an average age of six years. The
inclusion criterion was that present, among the assessments made, changed result
only in the phonological assessment, have missing in the phonological inventory only
the phoneme /r/, being monolingual speaker of Brazilian Portuguese and not have
received prior speech therapy care. All the subjects received treatment for speech for
AD through the ABAB - Withdrawal and Multiple Probes Model, six had the /r/ treated
in Onset Medial (OM) and the two had /r/ treatment in Coda Medial (CM). In OM, was
studied the favorable environment according to surveys conducted through
generative, hand and neutral theoretical approach. In CM, was the studied favorable
environment and neutral, according to a survey conducted in generative approach.
From the results of treatment, a description and an analysis of the evolution therapy
were made. Data analysis was performed through the transcripts of phonological
assessments made before, during and after the therapy intervention. After comparing
the results of assessments among the subjects in an attempt to identify the
effectiveness of treatment, using the context in the AD and among the theoretical
approaches, that who promote more changes in the phonological system of the
subject. The results were not conclusive in relation to the most effective environment
in the treatment of AD, but indicated both in OM and in CM, that the neutral context
was more efficient than the favorable. These results led to interest in investigating, in
the speech subject data, the possibility of establishing new contexts based on
speech children data with AD. After the analysis of lexical items produced correctly
by seven subjects of this research, were identified different contexts of those used in
the words-target of the treatment. This finding suggests that the favorable linguistic
context, based on data from normality, not be applicable to children with AD. It is
suggested a research with speech children data with AD to suggest new linguistic
contexts to be used in speech therapy to promote the acquisition of the phoneme
earlier.
KEYWORDS: Speech; Child; Speech Terapy; Linguistic Environment
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 -
Estrutura do Modelo “ABAB-Retirada e Provas
Múltiplas”....................................................................................
59
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Desempenho na produção do /r/ em OM pelos sujeitos
tratados segundo contextos favoráveis.............................
113
GRÁFICO 2 - Desempenho na produção do /r/ por sujeitos tratados
segundo contexto gerativo favorável e um contexto
neutro.................................................................................
113
GRÁFICO 3 - Desempenho na produção do /r/ por sujeitos tratados em
OM segundo um contexto gestual favorável e um
contexto neutro..................................................................
115
GRÁFICO 4 - Desempenho na produção do /r/ por sujeitos tratados em
CM segundo um contexto gerativo favorável e neutro......
116
GRÁFICO 5 - Perfil da aquisição de S1 durante o tratamento.................
118
GRÁFICO 6 - Perfil da aquisição de S2 durante o tratamento.................
119
GRÁFICO 7 - Perfil da aquisição de S3 durante o tratamento.................
120
GRÁFICO 8 - Perfil da aquisição de S4 durante o tratamento.................
122
GRÁFICO 9 - Perfil da aquisição do /r/ no tratamento de S5...................
123
GRÁFICO 10 - Perfil de aquisição do /r/ por S6.........................................
124
GRÁFICO 11 - Perfil de aquisição de /r/ por S6 no primeiro ciclo de
tratamento.........................................................................
125
GRÁFICO 12 - Perfil da aquisição de S7................................................... 126
GRÁFICO 13 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
OM por S1.........................................................................
127
GRÁFICO 14 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
OM por S2.........................................................................
128
GRÁFICO 15 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
OM por S3.........................................................................
129
GRÁFICO 16 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
OM por S4.........................................................................
130
GRÁFICO 17 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
OM por S5.........................................................................
131
GRÁFICO 18 - Estratégias de reparo utilizadas por S6 no tratamento do
/r/ em OM...........................................................................
132
GRÁFICO 19 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
CM por S7..........................................................................
133
GRÁFICO 20 - Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
CM por S6..........................................................................
133
GRÁFICO 21 - Contexto precedente e seguinte em OM........................... 141
GRÁFICO 22 - Contexto tonicidade em OM.............................................. 141
GRÁFICO 23 - Contexto precedente e seguinte em S1............................ 142
GRÁFICO 24 - Contexto tonicidade em S1................................................
143
GRÁFICO 25 - Contexto precedente e seguinte em S2............................ 144
GRÁFICO 26 - Contexto tonicidade em S2................................................
144
GRÁFICO 27 - Contexto precedente e seguinte em S3............................ 145
GRÁFICO 28 - Contexto tonicidade em S3................................................
145
GRÁFICO 29 - Contexto precedente e seguinte em S5............................ 146
GRÁFICO 30 - Contexto tonicidade em S5................................................
146
GRÁFICO 31 - Contexto precedente e seguinte em S6............................ 147
GRÁFICO 32 - Contexto tonicidade em S6................................................
147
GRÁFICO 33 - Contexto precedente em CM.............................................
148
GRÁFICO 34 - Contexto tonicidade em CM.............................................. 149
GRÁFICO 35 - Contexto seguinte em CM................................................. 149
GRÁFICO 36 - Contexto precedente em S7.............................................. 150
GRÁFICO 37 - Contexto tonicidade em S7................................................
151
GRÁFICO 38 - Contexto seguinte em S7.................................................. 151
GRÁFICO 39 - Contexto precedente em S6.............................................. 152
GRÁFICO 40 - Contexto tonicidade em S6................................................
152
GRÁFICO 41 - Contexto seguinte em S6.................................................. 153
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Cronologia dos processos fonológicos no desenvolvimento
normal do português brasileiro, de acordo com Yavas e
Lamprecht (1990)....................................................................
23
TABELA 2 - Itens lexicais em OM produzidos corretamente pelos
sujeitos durante o tratamento..................................................
135
TABELA 3 - Itens lexicais produzidos pelos sujeitos durante o tratamento
138
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1- Distribuição dos sujeitos nos diferentes tipos de contextos
fonológicos...........................................................................
49
QUADRO 2 - Inventário fonético padrão dos segmentos consonantais
do português........................................................................
54
QUADRO 3 - Sistema padrão de fones contrastivos consonantais do
português.............................................................................
55
QUADRO 4 - Tratamento dos sujeitos em função do tempo..................... 61
QUADRO 5 - Relação de contextos trazidos por diferentes
estudos.................................................................................
62
QUADRO 6 - Relação de palavras e contextos adotados neste estudo....
64
QUADRO 7 - Sondagens do som-alvo realizadas no primeiro ciclo de
tratamento de S1..................................................................
68
QUADRO 8 - Produções do /r/ o primeiro ciclo de tratamento de
S1.........................................................................................
69
QUADRO 9 - Estratégias de reparo de S1 nas
avaliações............................................................................
70
QUADRO 10 - Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento
de S2....................................................................................
71
QUADRO 11 - Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de
S2.........................................................................................
72
QUADRO 12 - Sondagens do /r/ realizadas no segundo ciclo de
tratamento de S2..................................................................
73
QUADRO 13 - Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de
S2.........................................................................................
74
QUADRO 14 - Realizações versus possibilidades de ocorrência de /r/ na
AF pós-férias de S2..............................................................
74
QUADRO 15 - Evolução das produções de /r/ até o terceiro ciclo de
tratamento............................................................................
75
QUADRO 16 - Sondagens do som-alvo no terceiro ciclo de tratamento de
S2.........................................................................................
75
QUADRO 17 - Produções do /r/ após o terceiro ciclo de tratamento de S2 76
QUADRO 18 - Estratégias de reparo se S2 nas avaliações........................ 77
QUADRO 19 - Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento
de S3....................................................................................
78
QUADRO 20 - Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de
S3.........................................................................................
79
QUADRO 21 - Sondagens do som-alvo no segundo ciclo de tratamento
de S3....................................................................................
80
QUADRO 22 - Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de
S3.........................................................................................
81
QUADRO 23 - Realizações versus possibilidades de /r/ na AF pós-férias
de S3....................................................................................
81
QUADRO 24 - Sondagens do /r/ realizadas no terceiro ciclo de
tratamento de S3..................................................................
82
QUADRO 25 - Produções do /r/ após o terceiro ciclo de tratamento de S3 83
QUADRO 26 - Estratégias de reparo utilizadas por S3............................... 84
QUADRO 27 - Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento
de S4....................................................................................
85
QUADRO 28 - Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de
S4.........................................................................................
86
QUADRO 29 - Sondagens do som-alvo no segundo ciclo de tratamento
de S4....................................................................................
87
QUADRO 30 - Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de
S4.........................................................................................
88
QUADRO 31 - Realizações versus possibilidades de /r/ na avaliação pós-
férias de S4..........................................................................
88
QUADRO 32 - Sondagens do som-alvo no terceiro ciclo de tratamento de
S4.........................................................................................
89
QUADRO 33 - Produções do /r/ no terceiro ciclo de tratamento de S4....... 90
QUADRO 34 - Estratégias de reparo utilizadas por S4............................... 91
QUADRO 35 - Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento
de S5....................................................................................
92
QUADRO 36 - Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de
S5.........................................................................................
93
QUADRO 37 - Sondagens do /r/ realizadas no segundo ciclo de
tratamento de S5..................................................................
94
QUADRO 38 - Produções do /r/ em OC após o segundo ciclo de
tratamento de S5..................................................................
95
QUADRO 39 - Realizações versus possibilidades de /r/ na AF pós-férias
de S5....................................................................................
95
QUADRO 40 - Evolução das produções de /r/ até o terceiro ciclo de
tratamento............................................................................
96
QUADRO 41 - Estratégias de reparo utilizadas por S5............................... 96
QUADRO 42 - Realizações do /r/ durante o segundo ciclo de tratamento
de S6....................................................................................
98
QUADRO 43 - Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de
S6.........................................................................................
99
QUADRO 44 - Produções versus possibilidades do /r/ na AF s-férias
de S6....................................................................................
99
QUADRO 45 - Realizações do /r/ durante o terceiro ciclo de tratamento
de S6....................................................................................
100
QUADRO 46 - Produções do /r/ o terceiro ciclo de tratamento de S6......... 101
QUADRO 47 - Estratégias de reparo utilizadas por S6............................... 102
QUADRO 48 - Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento
de S7....................................................................................
104
QUADRO 49 - Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de
S7.........................................................................................
105
QUADRO 50 - Sondagem do /r/ no segundo ciclo de tratamento................
106
QUADRO 51 - Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de
S7.........................................................................................
107
QUADRO 52 - Estratégias de reparo utilizadas por S7............................... 107
QUADRO 53 - Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento
de S6....................................................................................
109
QUADRO 54 - Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de
S6.........................................................................................
110
QUADRO 55 - Estratégias de reparo utilizadas por S6............................... 110
QUADRO 56 - Resumo dos contextos lingüísticos dos dados de
aquisição desviante em OM e CM.......................................
154
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AI - Avaliação Inicial
AC - Análise Contrastiva
AL - Aquisição de Linguagem
AFC - Avaliação Fonológica da Criança
AP - Apagamento
CELF - Centro de Estudos de Linguagem e Fala
CF - Coda Final
CM - Coda Medial
DF – Desvio Fonológico
FG - Fonologia Gestual
GU - Gramática Universal
LL – Substituição pela líquida lateral
NCI – Número de Consoantes Incorretas.
NCC - Número de Consoantes Produzidas Corretamente
OC - Onset Complexo
OM - Onset Medial
PCC - Percentual de Consoantes Corretas
PPGDCH - Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
PAB - Provas Alvo Básicas
PG - Provas de Generalização
REC - Redução de Encontro Consonantal
RTF – Substituição pela retroflexa
SAF - Serviço de Atendimento Fonoaudiológico
SV - Semivocalização
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................18
2. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................21
2.1. Aquisição fonológica normal e desviante........................................................21
2.1.1. Aquisição não-linear.................................................................................25
2.1.2. Desvio Fonológico....................................................................................26
2.2. Aquisição da líquida não-lateral /r/..................................................................29
2.2.1. Pesquisas com base na teoria gerativa sobre a aquisição do /r/.........31
2.2.1.1. Miranda (1996) ..................................................................................34
2.2.2 Novos enfoques teóricos: a Fonologia de Usos e a Fonologia Gestual....36
2.3. O papel do léxico............................................................................................41
2.4 O papel do contexto lingüístico........................................................................42
2.5 Terapia para os desvios fonológicos ...............................................................44
3. METODOLOGIA....................................................................................................47
3.1. Caracterização da pesquisa ...........................................................................47
3.2. Seleção dos Sujeitos ......................................................................................47
3.3. Sujeitos...........................................................................................................48
3.4. Implicações éticas da pesquisa......................................................................49
3.5. Critérios de Inclusão.......................................................................................50
3.6. Procedimentos................................................................................................50
3.6.1. Avaliação fonoaudiológica........................................................................51
3.6.2. Classificação quanto ao grau de severidade............................................55
3.6.3. Avaliações Complementares....................................................................56
3.7. Procedimento terapêutico...............................................................................56
3.7.1. Modelo ABAB - Retirada e Provas Múltiplas............................................57
3.7.2. Tratamento fonoaudiológico.....................................................................60
3.8. Abordagens teóricas consideradas para o tratamento....................................61
3.9. Contexto considerado na seleção das palavras-alvo do tratamento...............62
3.10. Levantamento e análise dos dados ..............................................................65
4. DESCRIÇÃO DOS DADOS...................................................................................66
4.1. Som-alvo em OM............................................................................................66
4.1.1. S1 - Contexto Gerativo Favorável............................................................66
4.1.2. S2 – Contexto Gerativo Favorável ...........................................................70
4.1.3. S3 – Contexto Gestual Favorável.............................................................78
4.1.4. S4 – Contexto Gestual Favorável.............................................................84
4.1.5. S5– Contexto Neutro................................................................................91
4.1.6. S6 - Contexto Neutro................................................................................97
4.2. Som-alvo em CM..........................................................................................102
4.2.1. S7 - contexto favorável...........................................................................103
4.2.2. S6 - Contexto neutro..............................................................................108
5. ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................112
5.1. Contexto lingüístico em OM..........................................................................112
5.2. Contexto lingüístico em CM..........................................................................115
5.3. Aquisição não-linear .....................................................................................117
5.3.1. Sujeitos tratados em OM........................................................................117
5.3.2. Sujeitos tratados em CM........................................................................124
5.4. Caracterização das estratégias de reparo no processo de aquisição...........127
5.4.1. Sujeitos tratados em OM........................................................................127
5.4.2. Sujeitos tratados em CM........................................................................132
5.5. O papel do léxico na aquisição da líquida não-lateral...................................134
5.5.1. Sujeitos tratados em OM........................................................................134
5.5.2. Sujeitos tratados em CM........................................................................138
5.6. Contexto lingüístico na aquisição fonológica desviante................................140
5.6.1. Contexto lingüístico geral em OM ..........................................................140
5.6.2. Contexto lingüístico individual em OM ...................................................142
5.6.2.1. Contexto de S1................................................................................142
5.6.2.2. Contexto de S2................................................................................143
5.6.2.3. Contexto de S3................................................................................144
5.6.2.4 Contexto de S5.................................................................................146
5.6.2.5 Contexto de S6.................................................................................147
5.6.3. Contexto lingüístico geral em CM...........................................................148
5.6.4. Contexto lingüístico individual em CM....................................................150
5.6.4.1. Contexto de S7................................................................................150
5.6.4.2. Contexto de S6................................................................................152
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................155
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................158
8. ANEXOS .............................................................................................................167
ANEXO I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...................................167
ANEXO II – Palavras utilizadas no bombardeio auditivo realizado no início e final
de cada sessão e diariamente em casa ..............................................................170
ANEXO III – Palavras utilizadas na PAB .............................................................171
ANEXO IV – Palavras e figuras correspondentes utilizadas em terapia..............172
ANEXO V – Cronograma das avaliações e terapias realizadas durante o
tratamento dos sujeitos........................................................................................173
1. INTRODUÇÃO
Para que haja um adequado desenvolvimento da linguagem, é necessário
que algumas condições estejam estabelecidas para a criança, como, por exemplo:
audição normal, ausência de comprometimento neurológico, exposição adequada à
linguagem (fator ambiental), dentre outros.
Os componentes da gramática que a criança deve ser capaz de dominar são:
fonologia / fonética, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática. A fonologia está
relacionada ao modo como os sons se organizam e funcionam nas diferentes
línguas faladas ao redor do mundo.
Pesquisas apontam que, até a idade de cinco anos, a criança deve fazer o
uso adequado dos sons da língua. Crianças com idade superior a cinco anos com
dificuldade apenas no componente fonológico da linguagem, sem razão aparente,
apresentam desvio fonológico (DF).
A intervenção fonoaudiológica em casos de DF tem sido realizada cada vez
mais precocemente. A inter-relação entre a Lingüística e a Fonoaudiologia contribuiu
para a realização de diversas pesquisas em aquisição de linguagem, que têm
servido de parâmetro no diagnóstico do DF. Além de embasar intervenções
precoces, essas pesquisas contribuíram para o estabelecimento de novos padrões
de análise e intervenção, estudando desde a seleção do som-alvo até as palavras a
serem trabalhadas.
A abordagem fonológica na intervenção da fala constitui base teórica
importante. Infelizmente, alguns profissionais que trabalham com a terapia da fala
ainda utilizam princípios tradicionais de intervenção, com enfoques superados, em
que o processo de organização do sistema de sons da língua não é considerado.
Este estudo trata da intervenção fonoaudiológica em crianças com DF.
Apesar dos inúmeros estudos realizados com essa população, alguns aspectos,
como papel do contexto lingüístico, das estratégias de reparo e do léxico, ainda
podem ser mais explorados. Neste trabalho, optou-se por investigar o papel do
contexto lingüístico favorável e neutro na aquisição do /r/ no tratamento de crianças
com DF.
O interesse no estudo sobre a líquida em crianças com DF surgiu do fato de
várias pesquisas apontarem as consoantes pertencentes à classe das líquidas como
aquelas de aquisição mais tardia, fato também observado na minha prática clínica.
19
As pesquisas que identificaram os ambientes fonológicos favoráveis,
desfavoráveis e neutros baseiam-se em dados de normalidade. Portanto, pensou-se
ser interessante verificar, na clínica fonoaudiológica, se o contexto que favorece a
emergência dos fonemas em crianças com aquisição fonológica normal é aplicável a
crianças com DF. Desse modo, este trabalho é relevante como mais uma fonte de
pesquisa em relação à aquisição da linguagem e à terapia para o DF.
Além disso, a efetividade terapêutica da abordagem relacionada a ambientes
fonológicos trata-se de um tema pouco explorado. O presente estudo buscou
contribuir para o estabelecimento de novos padrões de análise e intervenção ao
nível de desvios fonológicos, determinando maior rapidez e eficiência da terapia
fonoaudiológica para crianças com desvios fonológicos.
O objetivo geral desta pesquisa foi avaliar e comparar os efeitos da terapia
fonológica, utilizando palavras com contextos fonológicos favoráveis e neutros,
segundo diferentes abordagens teóricas, na emergência do r-fraco no sistema
fonológico de crianças com desvio fonológico falantes do português brasileiro. Os
objetivos específicos foram: analisar a não-linearidade durante a aquisição do
segmento tratado; comparar as estratégias de reparo utilizadas pelos sujeitos;
analisar o papel do léxico na aquisição do segmento; e investigar, dentre os itens
lexicais produzidos pelos sujeitos, o contexto lingüístico mais freqüente.
A dissertação está organizada em seis capítulos, sendo a Introdução o
primeiro capítulo aqui apresentado. No capítulo 2, Revisão da Literatura, serão
apresentados trabalhos consultados que se relacionam ao tema desta pesquisa,
abordando: aquisição fonológica normal e desviante; aquisição não-linear; desvio
fonológico; aquisição da líquida não-lateral; pesquisas com base na teoria gerativa,
gestual e fonologia de uso; papel do léxico; papel do contexto lingüístico; e terapia
para os desvios fonológicos.
No capítulo 3, Metodologia, serão apresentados os procedimentos
empregados, bem como os critérios utilizados na seleção e tratamento dos sujeitos,
além de esclarecer acerca dos contextos considerados na seleção das palavras-alvo
utilizadas no tratamento e dos procedimentos utilizados no levantamento e análise
dos dados obtidos.
No capítulo 4, encontra-se a descrição dos resultados obtidos por sujeito.
Primeiramente, têm-se os dados dos sujeitos tratados em Onset Medial (OM),
segundo um contexto favorável gerativo, gestual e neutro. Em um segundo
20
momento, são apresentados os dados dos sujeitos tratados em Coda Medial (CM),
segundo uma abordagem gerativa favorável e neutra. Os dados encontram-se
dispostos em quadros nos quais está descrita a evolução do tratamento dos sujeitos,
desde a avaliação fonológica inicial até a final.
A discussão e análise dos resultados encontram-se no Capítulo 5. Neste,
procurou-se comparar qual contexto lingüístico foi mais eficiente no tratamento dos
sujeitos; analisar a ocorrência da não-linearidade durante a aquisição do segmento;
relacionar as estratégias de reparo aplicadas; e estudar o papel do léxico no
processo de aquisição.
Por fim, as considerações finais encontram-se dispostas no Capítulo 6.
Espera-se que os resultados desse estudo possam, de fato, ser aproveitados
para a prática clínica e estimulem os leitores à realização de outras pesquisas na
área.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo, que será dividido em cinco seções para facilitar o
entendimento, será apresentada a síntese de trabalhos consultados na literatura que
têm relação com o tema desta pesquisa.
Na primeira seção, será abordada a aquisição fonológica normal e desviante,
incluindo aquisição não-linear e desvio fonológico como subseção; na segunda
seção, será escrito acerca da aquisição da líquida não-lateral, incluindo enfoques
teóricos gerativos, gestuais e fonologia de usos; na terceira e quarta seções, são
tratados o papel do léxico e do contexto lingüístico; e, na quinta e última seção,
discorre-se sobre terapia para os desvios fonológicos.
2.1. Aquisição fonológica normal e desviante
Durante a aquisição de linguagem (AL), ocorre a apreensão do sistema
fonológico característico da língua-alvo, assim como de seu léxico e de suas
relações morfológicas, sintáticas e semânticas, que se estabelece a partir da análise
dos dados lingüísticos disponíveis, acrescido do entendimento dos aspectos
pragmáticos.
Diversos estudos em AL têm sido realizados em crianças com
desenvolvimento de linguagem normal e em crianças com alteração no
desenvolvimento da linguagem. Ingram (1989) refere que o estudo do
desenvolvimento da criança normal beneficia o trabalho com crianças que
apresentam alteração de linguagem, pois a comparação do desempenho lingüístico
entre as crianças ajuda a definir o padrão de fala adequado daquele padrão que
não deveria estar presente em uma determinada idade.
Outro estudo referiu que é preciso conhecer o desenvolvimento fonológico
normal de crianças até os quatro anos, pois, até essa idade, a criança apresenta,
supre e simplifica vários processos em sua linguagem, possibilitando a identificação
das crianças que apresentam alteração (YAVAS, 1989).
22
Conforme já mencionado, o componente fonológico, objeto de estudo da
fonologia, é um dos constituintes da linguagem. Para Lamprecht (2004), o
amadurecimento deste componente se desde o nascimento até
aproximadamente a idade de cinco anos, pois é nesse período que ocorre o
estabelecimento do sistema fonológico semelhante ao alvo-adulto.
A maioria das crianças com desordem na comunicação apresenta alguma
dificuldade no componente fonológico da linguagem, interferindo na inteligibilidade
de fala em maior ou menor grau (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT,
1991).
As crianças com alteração no componente fonológico da linguagem
apresentam desenvolvimento fonológico desviante, que se define basicamente pelo
uso inadequado do sistema de fones contrastivos da língua.
Para que se faça o diagnóstico de DF, é necessário que não exista qualquer
fator etiológico conhecido e detectável na história ou exame clínico do paciente que
justifique ou co-ocorra com o transtorno fonológico. Impossibilidades
fonéticas/articulatórias (de realização dos fones), déficits auditivos (atuais ou
pregressos) e alterações neurológicas, devem ser investigados a fim de se precisar
os casos em que a falha é exclusivamente organizacional, ou seja, um problema ao
nível da organização mental do sistema de sons da língua (MOTA, 2001).
Na fala de crianças em AL, ocorrem processos fonológicos com o objetivo de
facilitar a produção dos fonemas, ou seja, os aspectos que são complexos em
termos articulatórios, motores ou de planejamento. Embora esses processos sejam
mentais, os motivos que levam a sua ocorrência são físicos, pois visam diminuir as
dificuldades articulatórias, preservando ao máximo as características perceptuais da
fala para não comprometer a inteligibilidade. Essas tendências contrárias fazem com
que os processos atuem na estrutura silábica e no nível segmental das palavras
(YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 1991, p.90 e 92).
Os autores supracitados colocam que alguns processos (de estrutura silábica
e de nível segmental), que ocorrem na fala das crianças com aquisição fonológica
normal, também ocorrem nas crianças com DF, como, por exemplo: redução de
encontro consonantal, semivocalização de líquida, apagamento de consoante final e
apagamento de sílaba átona, etc. Porém, alguns processos encontrados no DF não
são encontrados na aquisição normal, como: nasalização de líquida, africação e
plosivização de líquida, por exemplo.
23
Os processos mais comuns que envolvem a líquida não-lateral são:
apagamento de líquida final, apagamento de líquida intervocálica, substituição de
líquida, semivocalização de líquida e redução de encontro consonantal. A Tabela 1
traz a faixa etária em que tais processos ocorreram na fala de crianças com desvio
fonológico (YAVAS e LAMPRECHT, 1990).
Tabela 1 – Cronologia dos processos fonológicos no desenvolvimento normal do português brasileiro,
de acordo com Yavas e Lamprecht (1990)
Processos Faixa etária Exemplo
Apagamento de líquida final 1:6 a 2:10
Porta – [‘pçta]
Apagamento de líquida intervocálica 1:6 a 2:4 Cara – [‘kaa]
Substituição de líquida 1:6 a 2:4 Cara – [‘kala]
Semivocalização de líquida 1:6 a 2:4 Cara – [‘kaya]
Redução encontro consonantal 1:6 a 3:9 Cravo – [‘kavu]
Até a idade de 2:4, podem ocorrer simultaneamente quatro processos
envolvendo a líquida na fala das crianças: apagamento da líquida final e
intervocálica; substituição e semivocalização da líquida. O processo de redução de
encontro consonantal pode ocorrer até idades mais avançadas em relação aos
demais.
O estudo da faixa etária em que os processos fonológicos de substituição ou
de estrutura silábica são esperados nas crianças é mais um dado a ser considerado
na classificação da aquisição de linguagem da criança em normal ou desviante.
Cabe salientar que a fonologia ganhou terreno nos estudos de AL com o
aumento do interesse das teorias em esclarecer como ocorre a aquisição fonológica,
havendo, primeiramente, estudos em aquisição fonológica normal, para,
posteriormente, investigar a aquisição fonológica desviante.
Em relação aos fatores extralingüísticos que podem influenciar no surgimento
dos fonemas, Mezzomo (1999) aponta a influência do controle motor da fala, da
percepção auditiva, dos fatores biológicos, e das mudanças anatômicas e
neurofisiológicas do sistema percepto-motor.
Outro ponto importante a ser destacado são as pesquisas que investigaram a
ordem de aquisição fonológica, também de fundamental importância na identificação
das crianças com alteração de fala. Lamprecht (2004) traz as plosivas e nasais como
24
as classes de aquisição mais precoces, seguidas das fricativas e líquidas. Há, no
entanto, controvérsias em relação à ordem de aquisição das plosivas e nasais. Para
Lamprecht (1990) e Rangel (1998), as plosivas emergem antes das nasais, para
Fronza (1998), as nasais são adquiridas primeiro.
No processo de aquisição fonológica normal, as vogais do português
brasileiro são dominadas facilmente e bastante cedo pelas crianças, conforme
Rangel (2002) e Bonilha (2005), sendo as consoantes, por essa razão, o alvo a ser
atingido no desenvolvimento norma,l e o centro das atenções nos sistemas
desviantes.
Estudos afirmam que as consoantes labiais são as primeiras a serem
adquiridas (MACKEN, 1979). Trabalhos como os de Smith (1973) e Edwards (1973)
demonstram que a aquisição da líquida não-lateral é mais tardia.
Sabendo-se a cronologia da aquisição dos fonemas, torna-se mais fácil
identificar quando a criança apresenta um atraso na aquisição fonológica ou uma
alteração fonética, ou seja, problema na articulação do fonema. Quando a criança
apresenta um menor número de fonemas em seu inventário fonológico em relação à
idade na qual se encontra, diz-se que apresenta um atraso na aquisição fonológica.
Quando ocorre, apenas, uma alteração na produção dos fonemas, a criança
apresenta erros articulatórios e mantém as distinções fonêmicas.
A diferença entre as produções da fala da criança e as produções do alvo
adulto pode configurar atraso ou atipia. Farias (1997) fez um levantamento e aponta
o padrão de atraso como o mais comum. No padrão de atraso, são encontrados os
mesmos processos apresentados por crianças em aquisição fonológica normal,
porém a ocorrência desses processos ocorre além das idades previstas.
o padrão atípico de desenvolvimento fonológico ocorre quando a criança
faz uso de processos não naturais (que envolvem traços sem relação de classe
entre si, traços aleatórios) ou de elementos (segmentos, estruturas silábicas ou
parâmetro de acentuação) o permitidos/não existentes na língua. Em ambos os
casos, o termo desvio é pertinente, pois tanto a atipia quanto o atraso
desenvolvimental podem ser considerados um desvio do padrão esperado para uma
idade específica (FARIAS, 1997).
Por fim, é importante referir que o grande número de pesquisas em aquisição
fonológica permite que, em idades mais precoces, seja possível perceber indícios
de dificuldades fonológicas típicas de crianças com Desvio Fonológico,
25
possibilitando que se faça uma intervenção também precoce, mais rápida e eficaz.
(GONÇALVES, 2002).
2.1.1. Aquisição não-linear
Para Lamprecht (2004), a formação do sistema fonológico da criança se dá de
forma gradativa, não-linear, ou seja, ocorrem descontinuidades, não uma progressão
constante. A autora acredita que um decréscimo no desempenho do
desenvolvimento ocorre por haver, em certos momentos, um desenvolvimento mais
acentuado de um nível lingüístico em detrimento de outro.
A autora supracitada coloca que o amadurecimento do conhecimento
fonológico ocorre com variações individuais. Nas crianças com DF, assim como
naquelas crianças com aquisição normal de linguagem, o processo de aquisição
fonológica não acontece de forma linear, ocorrem variações até a completa
acomodação desse sistema em desenvolvimento.
Um ponto importante é apontado por Ingram (1989). O autor chama a atenção
para a ocorrência de regressões no componente fonológico no período em que as
crianças estão adquirindo um grande número de morfemas e estruturas sintáticas
mais complexas.
Outros estudos como os de Macken (1979), Hernandorena (1990), Lamprecht
(1990) e Miranda (1996) referem que as quedas na linha do desenvolvimento
(regressões) podem ser desencadeadas pela aquisição de alguma estrutura mais
complexa dentro do componente fonológico.
De acordo com Stemberg (1992), a regressão ocorre quando a criança deixa
de lado uma pronúncia que pode ser completa ou parcialmente acurada e começa a
produzir erros. A regressão seria um desafio aos modelos que assumem que os
processos ou regras o soluções encontradas pela criança, com o objetivo de
alterar a forma percebida em algo que possa ser pronunciado. Isso porque a criança
tem capacidade articulatória de produzir o som, mas, em um momento subseqüente,
26
não o produz ou o produz variavelmente. Assim, a explicação para a regressão não
pode ser somente com base em questões articulatórias.
Outro ponto importante é o fato de que algumas regressões são decorrentes
da desestabilização em determinadas áreas do sistema fonológico. Assim, uma
mudança em algum ponto no sistema pode levar a outra mudança em outro ponto
do sistema fonológico (STEMBERG, 1992).
A regressão / descontinuidade corresponde a um dos pontos que constitui o
que a literatura chama de Curva em U (STRAUSS, 1982), que é o resultado da não-
linearidade observada no processo de aquisição de linguagem. Na Curva em U,
ocorre regressão no percentual de produção do componente lingüístico, seguido do
aumento deste percentual até a estabilização. Miranda (1996) afirma que esse
fenômeno é perceptível nos momentos em que a criança está reorganizando seu
conhecimento lingüístico em função de uma nova aquisição.
Mezzomo (1999), em seu estudo sobre a aquisição da coda do português
brasileiro, observou que, em todos os quatro tipos de coda, ocorreu queda de
produção em, no mínimo, uma faixa etária, mostrando que o domínio desses
fonemas não é linear, devido à ocorrência de regressões de uso.
No estudo supracitado, percebeu-se que a aquisição do segmento é gradual,
porém, não-linear, ocorrendo regressão de uso seguida do aumento dos valores
probabilísticos. A justificativa apresentada para tal foi o aumento da complexidade
em um dos níveis da língua (morfologia, sintaxe, semântica, pragmática), assim
como a maturação neuromotora.
A não-lineridade na aquisição fonológica, considerando que se trata de um
tema tão referido na literatura, tem sido pouco explorada. Nesse estudo se tentará
caracterizar a não-linearidade na aquisição fonológica dos sujeitos tratados.
2.1.2. Desvio Fonológico
As crianças com alteração de fala sem causa definida eram designadas como
portadoras de desordem articulatória funcional nos primeiros estudos. Aa década
de 70, considerava-se a fala com desvio como resultado de alteração na produção
27
de sons isolados, fato conhecido como dislalia funcional. O terapeuta ensinava à
criança som por som que a criança apresentava dificuldade. A partir da cada de
70, observou-se um sistema fonológico estruturado nas crianças com fala altamente
ininteligível, evidenciando-se a natureza fonológica das alterações de fala, o que
originou o surgimento de outros termos como: desordem fonológica e inabilidade
fonológica (MOTA, 2001). Posteriormente, em 1982, Grunwel propôs o termo que é
utilizado atualmente: desvio fonológico.
Desvio fonológico (DF) foi caracterizado como uma desordem lingüística que
se manifesta pelo uso de padrões anormais no meio falado da linguagem, afetando
o nível fonológico da organização lingüística, e não a mecânica da produção
articulatória (GRUNWEL, 1981). Em 1990, a mesma autora caracteriza o DF como
uma desorganização, inadaptação ou anormalidade do sistema de sons da criança
em relação ao sistema padrão de sua comunidade lingüística.
Crianças com DF apresentam uma desordem desenvolvimental diagnosticada
quando a linguagem da criança é pobre em relação às outras habilidades sem razão
aparente (BISHOP & HAVIOU-THOMAS, 2008). Acomete a produção dos sons da
fala e varia de moderada, envolvendo poucos sons, à severa, envolvendo múltiplos
erros na fala e baixa inteligibilidade (SICES et al, 2007). As crianças com DF
apresentam audição, inteligência não-verbal e status neurológico normais, e
significante déficit na habilidade fonológica (PAWLOWSKA, 2008).
Quanto às características da fala da criança com dificuldades fonológicas,
nota-se que os alvos dos desvios são quase sempre segmentos consonantais, fato
que repercute consideravelmente na inteligibilidade da fala.
O grau de comprometimento da inteligibilidade depende do número de
segmentos envolvidos e de processos que co-ocorrem; quanto maior for o número
de processos atuando sobre uma determinada palavra, mais ela se distanciado
alvo.
Em relação às causas do DF, diversos autores apontam diferentes
possibilidades para a ocorrência do transtorno. Mota (1996) menciona fatores
cognitivos, perceptuais, motores ou a combinação desses. Couture e McCauley
(2000) destacam a memória de curto prazo. Trabalhos apontam, ainda, como causa,
a alteração no processamento auditivo (ROGGIA, 1997). O fator psicológico também
é considerado nesses casos, uma vez que o tratamento pode ser mais demorado
por questões afetivas presentes no sujeito. Este pode apresentar-se refratário ao
28
objetivo terapêutico (RAMOS, 2003).
Grunwell (1981, 1990) descreveu as características clínicas das crianças com
DF: fala espontânea quase completamente ininteligível; idade superior a quatro
anos; audição normal para a fala; inexistência de anormalidades anatômicas ou
fisiológicas nos mecanismos de produção da fala, ausência de disfunção neurológica
relevante à produção da fala; capacidades intelectuais adequadas para o
desenvolvimento da linguagem falada; compreensão da linguagem falada apropriada
à idade mental; capacidades de linguagem expressiva aparentemente bem
adequadas em termos de abrangência do vocabulário e de comprimento dos
enunciados.
A avaliação do estado fonológico da criança deve ser feita a partir de uma
amostra lingüística consistente, capaz de revelar o sistema fonológico em sua
amplitude. Os dados podem ser obtidos através de fala espontânea, nomeação
espontânea de figuras ou repetição, sendo essa última menos indicada pelo fato
comprovado de que a criança manifesta melhora na produção lingüística mediante
um modelo correto (YAVAS, HERNANDORENA & LAMPRECHT, 1991).
Yavas, Hernandorena & Lamprecht (1991) propuseram um instrumento de
avaliação fonológica composto por cinco desenhos temáticos, contendo figuras cujos
nomes encontram-se presentes no vocabulário de crianças a partir de três anos. Os
nomes dessas figuras são de fácil elicitação através dos desenhos, além disso,
testam, mais de uma vez, os fonemas em todas as posições silábicas em que
ocorrem.
É importante a aplicação de um instrumento de avaliação fonológica, em que
a ocorrência dos fonemas nas palavras seja controlado, a fim de identificar se a
variação na produção da criança é um caso isolado ou se é DF, ou seja, se são
recorrentes na fala da criança em diferentes contextos.
Após identificar que a alteração de linguagem se dá, apenas, na organização
mental dos sons, pode-se caracterizar o DF quanto ao grau de severidade em
Severo, Moderado-Severo, Médio-Moderado e Médio, uma classificação quantitativa
baseada no estudo realizado por Schiriberg & Kwiatkowski (1982)
1
.
1
Os autores elaboraram um sistema de classificação diagnóstica a partir de dados fonológicos e não fonológicos de 43 sujeitos
com desordens fonológicas e classificaram o DF quantitativamente a partir do cálculo do Percentual de Consoantes Corretas
(PCC). O cálculo é feito dividindo-se o mero de consoantes corretas (NCC) pela soma do NCC e número de consoantes
incorretas (NCI), multiplicado por 100. O DF Severo (DS) tem PCC < 50%, DF Moderado-Severo (DMS) tem PCC entre 50% e
65%; DF Médio-Moderado (DMM) tem PCC entre 65% e 85% e DF Médio (DM) tem PCC > 85%.
29
Os resultados da avaliação fonológica devem indicar o grau de severidade do
desvio, os objetivos do tratamento e as prioridades de intervenção. Além disso,
servem como parâmetro quantitativo e/ou qualitativo inicial.
A etiologia do DF ainda é uma questão bastante discutida. Diferentes opiniões
acerca das causas da variação de fala observada nas crianças em aquisição de
linguagem têm sido defendidas. Mezzomo (1999) coloca que alguns autores
acreditam em causas biológicas, enquanto outros atribuem esse fato a ambiente
lingüisticamente pobre no qual a criança está inserida.
Como referido, inúmeros estudos relacionados ao DF foram realizados,
porém a realização de novas pesquisas é mais um recurso que visa potencializar a
intervenção terapêutica.
2.2. Aquisição da líquida não-lateral /r/
As líquidas são segmentos produzidos a partir da oclusão parcial da corrente
de ar na cavidade oral pela ponta da língua nos alvéolos. A diferença existente entre
as líquidas laterais e não-laterais está na forma como se o escape do ar, que,
nesta última, não ocorre pelos lados da língua (MEZZOMO e RIBAS, 2004).
Os segmentos pertencentes à classe das líquidas não-laterais são também
conhecidos como consoantes róticas. Os róticos são referidos informalmente como
os r-sounds. Ladefoged e Maddieson (1996) afirmaram que essas nomenclaturas
são baseadas no fato de que esses sons tendem a ser escritos com a letra r, que
não existe uma propriedade física que constitua a essência de todos os róticos,
como ocorre com as demais classes de sons, que são agrupadas de acordo com
uma característica articulatória/acústica comum entre seus membros.
No português brasileiro, os róticas são o r-forte (/R/) e o r-fraco (/r/), este pode
ocupar as seguintes posições na sílaba e na palavra: onset medial, coda medial,
coda final e onset complexo.
A classe das líquidas é a última a ser adquirida no português brasileiro. As
líquidas laterais são dominadas primeiramente, e estes segmentos são adquiridos
30
entre 2:6 e 3:0 (MATZENAUER-HERNANDORENA e LAMPRECHT, 1997). Na
prática fonoaudiológica, comumente, verifica-se que tais segmentos são os últimos a
serem adquiridos pelas crianças em processo de terapia, surgindo, daí, o interesse
pelo estudo sobre a aquisição desses segmentos em crianças com DF.
Em relação à posição silábica em que a líquida não-lateral /r/ é estabilizada
primeiramente, existe controvérsia. Mezzomo & Ribas (2004) afirmaram que o /r/
ocorre, primeiramente, na posição de coda final (2:2), e, posteriormente, na posição
de onset (4:2). Miranda (1996), em uma análise de aquisição por posição na
sílaba, verificou que o /r/ é estabelecido primeiramente em coda final, seguido de
onset simples, coda medial e onset complexo.
Outro ponto a ser destacado no processo de aquisição fonológica é o fato de
as crianças lançarem mão de recursos facilitadores da produção, conhecidos como
estratégias de reparo, utilizados com o objetivo de tornar a realização do segmento
mais próxima da realização correta. Este recurso é utilizado por crianças para a
produção de segmento e/ou da estrutura silábica que ainda não conhecem, ou cuja
produção não dominam. À medida que o processo de aquisição fonológica
transcorre, os recursos utilizados também se modificam, devido à aproximação entre
o sistema fonológico infantil e adulto (LAMPRECHT, 2004).
A variabilidade na produção se expressa pela aplicação de diferentes
estratégias de reparo, e ocorre em virtude dos diferentes caminhos percorridos pela
criança para atingir a produção adequada. As estratégias mudam / diminuem na
medida em que as necessidades de adequação do sistema da criança também
diminuem.
O uso de estratégias de reparo é muito comum na aquisição da líquida não-
lateral. Em onset simples, as estratégias de reparo observadas foram: não-
realização, substituição pela líquida lateral e semivocalização (MEZZOMO e RIBAS,
2004).
Em coda, ocorre uma variação no uso das estratégias de reparo. Foram
observadas: omissão, substituição por outra líquida, semivocalização, epêntese,
metátese e alongamento de vogal. O uso de recursos na tentativa de produção do
segmento é mais freqüentes em coda final. Em coda medial, uma preferência
pela não-realização do segmento. As semivocalizações e substituições do /r/
ocorrem nas duas posições de coda, embora sejam mais freqüentes em coda final. A
31
metátese é mais comum em coda final e a epêntese em coda medial (MEZZOMO,
2004).
Sabe-se que as estratégias de reparo utilizadas por crianças em aquisição
fonológica normal também ocorrem em crianças com DF. Porém, é pertinente
investigar, no processo de aquisição da líquida não-lateral /r/ por crianças com DF,
se a utilização das estratégias de reparo diminui à medida que o segmento vai se
estabilizando no sistema, e se existe uma estratégia típica para cada momento no
período de aquisição.
2.2.1. Pesquisas com base na teoria gerativa sobre a aquisição do /r/
A aquisição de linguagem é tarefa complexa devido à natureza das línguas
naturais. Uma teoria da língua tem o poder de explicar o complexo processo de
aquisição da linguagem e o funcionamento das línguas naturais, além disso, procura
explicar por que crianças muito diferentes, que não apresentam desvios que afetem
a linguagem, possuem gramáticas comparáveis (MATZENAUER, 2004).
Na tentativa de explicar o processo de aquisição de linguagem sob uma visão
gerativa, s-estruturalista
2
, Chomsky, propõe a existência de uma gramática
gerativa formada por um conjunto de regras (regras lingüísticas) formais capazes de
gerar e interpretar as sentenças bem formadas da língua. Dentre os pressupostos
teóricos que fundamentam o modelo chomskiano, tem-se a Gramática Universal
(GU) e a distinção entre competência e desempenho.
As semelhanças entre as línguas foram analisadas por Chomsky como uma
essência comum aos homens adquirida por herança genética e é chamada GU. A
GU reflete a organização da mente humana em relação ao sistema lingüístico
semelhantemente organizado nas línguas.
A proposta de Chomsky revolucionou os trabalhos lingüísticos, pois o
componente sintático passa a ser o foco do estudo, no qual a fala é gerada a partir
de transformações (processos transformacionais) impostas às representações
2
Para o modelo estruturalista, a unidade mínima para análise é o fonema, o que não permite
expressar generalização na aquisição do componente fonológico das línguas (Silva, 2002).
32
subjacentes. As representações subjacentes (fonológico) espelham o conhecimento
lingüístico inato, estando relacionadas à competência lingüística (língua). o
desempenho (fala) corresponde às representações de superfície (fonético).
A proposta da teoria fonológica de base gerativa é que o falante possuiu uma
estrutura profunda que contém informações gramaticais, às quais regras
transformacionais aplicam-se, gerando estruturas de superfície. Ou seja, a teoria
gerativa relaciona teoricamente os componentes sintático, semântico e fonológico da
gramática (SILVA, 2002).
Trata-se de um modelo teórico derivacional, o qual propõe que a faculdade da
linguagem é um mecanismo inato. Prevê que a criança, como todo ser humano,
detém um conjunto de informações lingüísticas como parte de um programa
genético, que permite a aquisição de linguagem por parte da criança, considerada
normal, a partir da exposição a dados lingüísticos (LAMPRECHT, 2004).
As teorias fonológicas de base gerativa envolvidas nos estudos sobre a
fonologia das línguas podem ser divididas em duas classes: modelos lineares e não-
lineares.
Os modelos lineares analisam a fala como um conjunto de segmentos e
traços distintivos, havendo uma relação bijectiva entre o segmento e a matriz de
traço que o constituiu. Tais modelos têm por base fundamentalmente o trabalho de
Chomsky e Halle (1968) publicado no livro The Sound Pattern of English (SILVA,
2002).
A Teoria da Fonologia Gerativa Clássica defende que a unidade fonológica
mínima não é o segmento, mas o traço distintivo, que tem representação binária,
indicando a presença ou ausência de uma determinada propriedade (LAMPRECHT,
2004). Matzenauer (2005) define traços distintivos como unidades mínimas não-
segmentáveis que se combinam de diferentes maneiras para formar os sons das
línguas humanas
.
Na visão da fonologia linear, em cada item lexical, os segmentos estão
dispostos em seqüências de colunas de traços, não havendo ordenação entre os
traços que compõem a matriz do segmento. O apagamento de um segmento
determina o apagamento da matriz de traço que o constitui.
Os modelos não-lineares vêem o segmento organizado em traços
hierarquicamente dispostos que podem funcionar isoladamente ou em conjuntos
solidários (MATZENAUER, 2005).
33
Dentre os modelos fonológicos derivacionais não-lineares, tem-se a
Geometria de Traços de Clements e Hume (1995). De acordo com essa nova
abordagem, não existe uma relação bijectiva entre o segmento e a matriz de traço
que o compõe, podendo o traço se estender para além ou aquém de um segmento,
sendo que o apagamento de um segmento não implica o apagamento de todos os
traços que o constituem. Além disso, coloca que existe uma hierarquia entre os
traços dos segmentos das línguas.
De acordo com Matzenauer (2005), uma das vantagens do modelo gerativo é
que os pressupostos teóricos e o formalismo utilizado permitem expressar
generalizações através dos traços e das classes naturais.
O modelo de fonologia gerativa padrão contribuiu quantitativamente com um
grande número de trabalhos e para a elaboração de propostas teóricas
subseqüentes (SILVA, 2002).
A seguir, destacam-se alguns dos trabalhos realizados em aquisição
fonológica, mais especificamente na aquisição da líquida não-lateral /r/, com base
teórica gerativa.
Em 1996, Miranda realizou um estudou acerca do status fonológico dos
róticos no Português Brasileiro, concluindo que existem, no sistema fonológico das
crianças, dois róticos: /r/ e /R/. Além disso, a autora explicitou, com base nos dados
dos sujeitos pesquisados, a aquisição do segmento por posição silábica e os
contextos lingüísticos favorecedores para a sua aquisição.
Gonçalves (2002) realizou um estudo que apresentou uma hierarquia de
palavras com os fonemas /r/, estabelecida em ordem decrescente de potencial de
facilitação lingüística, tomando como base conclusões de diferentes estudos
estatísticos em aquisição de linguagem. Os resultados apontaram como vocábulos
mais favorecedores à aquisição: peru e peruca em onset medial; circo, perna e
Sérgio em coda medial; e mar em coda final.
Mezzomo & Ribas (2004) verificaram como contexto facilitador para a
aquisição do /r/ em onset simples: estar em sílaba nica, antecedido e seguido pelo
fonema /i/.
Em 2004, Mezzomo pesquisou os fatores que auxiliam a emergência dos
fonemas da CF, encontrando para o /r/: palavras trissílabas e polissílabas, na sílaba
tônica e precedida pela vogal [a] ou [e]. Enquanto que, para a posição de coda
34
medial (CM), verificou-se como contexto facilitador: encontrar-se na sílaba tônica de
palavras dissílabas, antecedido por [E] ou [i] e sucedido por consoante dorsal.
Keske-Soares et al (2007) realizaram um estudo de caso sobre a influência
das variáveis lingüísticas no tratamento de um sujeito com DF. Como foi um estudo
realizado a partir de um banco de dados, as autoras estudaram, apenas, o contexto
tonicidade no tratamento de sujeitos com DF. Verificaram que o contexto tônico foi
favorável à aquisição do r-fraco em OM, havendo produção correta das palavras-
alvo e generalização a itens não utilizados no tratamento.
Das pesquisas com base gerativa detalhada nessa seção, o estudo de
Miranda (1996) será mais bem descrito na seção seguinte, por ter sido utilizado na
presente dissertação.
2.2.1.1. Miranda (1996)
O estudo de Miranda (1996) foi o pioneiro em apresentar contexto facilitador
para a aquisição do segmento, e trouxe contextos para o /r/ em todas as posições
silábicas.
A autora descreveu e analisou os dados de aquisição normal das consoantes
róticas (/r/ e /R/) por 110 crianças brasileiras com idade entre 2 anos e 3 anos e 9
meses, com o objetivo de caracterizar a aquisição e contribuir para a definição do
status fonológico dessa classe de sons no sistema do português brasileiro. Os dados
utilizados no trabalho faziam parte de um banco de dados sobre a aquisição dos
fonemas consonantais pertencentes à classe das líquidas.
Miranda (1996) estudou variáveis lingüísticas e extralingüísticas. As variáveis
lingüísticas foram: posição na sílaba, tonicidade, posição na palavra, contexto
antecedente e contexto seguinte. As variáveis extralingüísticas foram: sexo e faixa
etária. Neste capítulo, serão apresentados os resultados relacionados às variáveis
lingüísticas referentes ao r-fraco (/r/).
Em relação às posições que /r/ ocupou nas palavras, a produção do
segmento foi estudada em onset simples e complexo, e em coda. O contexto
antecedente foi dividido em consoantes [labiais], [coronais] e [dorsais], quando o /r/
35
constituía o segundo elemento do onset complexo, e, nos casos de onset simples e
coda, as vogais foram definidas como [i], [e], [E], [a], [ç], [o] e [u].
A classificação do contexto seguinte, para a posição de coda, foi feita de
acordo com o ponto de articulação ([labiais], [coronais] e [dorsais]). Para a posição
de onset, definiram-se as mesmas vogais utilizadas para o contexto antecedente ([i],
[e], [E], [a], [ç], [o] e [u]).
A produção do segmento vai aumentando à medida que a idade também vai
aumentando, entretanto, a produção do /r/ pelos sujeitos de faixa etária entre 3:4 e
3:5 foi menor que a produção dos sujeitos de faixa etária 2:8 e 3:1, demonstrando
que o desenvolvimento da fonologia não é linear, fato que tem sido demonstrado
por vários estudos de aquisição da linguagem. Em relação à tonicidade, os
resultados revelaram a forte influência da sílaba tônica na produção do ‘r’. para a
variável sexo, os resultados não apresentaram diferença significativa.
As estratégias de reparo utilizadas na tentativa de produção do /r/,
observadas em Miranda (1996), foram: omissão, substituição pela líquida lateral e
semivocalização.
Em relação à emergência do segmento por posição silábica, Miranda (1996)
identifica a produção inicialmente em onset simples, seguida de coda e onset
complexo. Porém, desmembrando os dados da posição de coda em medial e final, o
fonema surge primeiramente em coda final, seguido de onset simples, coda medial e
onset complexo.
Quanto ao papel dos contextos lingüísticos, em coda, o contexto antecedente
mais favorecedor foi as vogais [E] e [i], sendo esta última ainda mais favorecedora
em razão do índice probabilístico maior (.66). O contexto seguinte mostra que o
ponto coronal é aquele em que maior possibilidade de produção, sendo a
probabilidade (.49) fator definidor, uma vez que os percentuais de produção foram
semelhantes. Em relação à variável tonicidade, os dados mostram que a sílaba
tônica é a mais favorecedora na aquisição do /r/ em coda. a variável sexo não
trouxe dados estatisticamente significativos.
Em onset simples, o contexto antecedente mais favorecedor foi a vogal [i] e
[u], com percentuais e índices probabilísticos muito próximos. O contexto seguinte
mostra as vogais que compartilham o ponto labial - [o] e [u] como as mais
favorecedoras na produção do /r/.
36
Os resultados obtidos nesse trabalho, através da análise quantitativa de
dados de aquisição de linguagem de 110 crianças, trazem contextos facilitadores
para a produção do /r/ nas diferentes posições e estruturas silábicas. Os mesmos
resultados destacam a existência de dois fonemas róticos no sistema fonológico das
crianças brasileiras, e, por extensão, no sistema do português do Brasil.
Resumindo, Miranda (1996) verificou os seguintes contextos favorecedores
para a aquisição do /r/ na posição de onset simples: sílaba tônica, antecedido por [i]
ou [u] e seguido por [o] e [u]. E, na posição de coda, verificou como contexto
antecedente mais favorável para a aquisição do /r/: encontrar-se na sílaba tônica,
antecedido por [E] ou [i] e sucedido, quando em CM, por consoante coronal.
2.2.2 Novos enfoques teóricos: a Fonologia de Usos e a Fonologia Gestual
Os modelos fonológicos gerativos assumem que somente propriedades
contrastivas (fonemas e traços distintivos) ocorrem nas representações fonológicas.
De acordo com Silva (2002a), as críticas sofridas pelos modelos fonológicos
tradicionais residem exatamente acerca do conteúdo das representações. Dentre
eles é possível citar, por exemplo, a Fonologia de Usos (BYBEE, 2001) e a
Fonologia Gestual (ALBANO, 2001).
A Fonologia de Uso se difere dos modelos fonológicos de base gerativista por
propor: o uso
3
como fundamental na estruturação da língua; a inclusão dos alofones
e do detalhe fonético na representação mental; a interface entre a fonética e a
fonologia; o léxico como parte da gramática; e a estruturação do conhecimento
fonológico com base em relações probabilísticas.
Nessa perspectiva, o componente fonológico, no período de aquisição, é visto
como emergente a partir das relações que a criança estabelece na língua a partir do
uso. Os pesquisadores que seguem essa abordagem teórica defendem que a
unidade de aquisição, pelo menos nas fases iniciais, é a palavra
4
(VIHMAN; CROFT,
2007) aprendida com o uso em um contexto social (TOMASELLO, 2003). A
3
Uso quer dizer a própria prática da linguagem expressiva, a fala.
4
Significa a unidade fonológica e a unidade simbólica fundamental.
37
linguagem e a gramática, portanto, são gerenciadas pelo uso da língua em questão
(BYBEE, 2005 e LANGACKER, 2002).
Os modelos baseados no uso questionam o pressuposto inatista do
gerativismo de que exista um módulo independente para a linguagem. Conforme
Tomasello (2003), as teorias atuais baseadas no uso não concebem a
aprendizagem ocorrendo de forma isolada, mas de maneira integrada a outras
habilidades cognitivas e sociais.
Para a Fonologia de Uso, a experiência do falante afeta os mecanismos de
mudança lingüística e a forma como os itens lexicais são armazenados na memória.
As expressões fonológicas ocorrem a partir das generalizações que os
falantes adquirem através do uso da língua, sendo que a freqüência tem um
importante papel na ocorrência das mudanças sonoras e na configuração do
componente fonológico. Uma classificação de freqüência é trazida usualmente pela
literatura: freqüência de tipo e de ocorrência. A freqüência de tipo refere-se à
freqüência de um padrão particular como do tipo silábico, um sufixo, por exemplo.
a freqüência de ocorrência refere-se à freqüência de uma palavra em um corpus,
oral ou escrito.
Os falantes têm conhecimento fonético detalhado dos itens lexicais e fazem
uso de tal conhecimento, sendo possível, portanto, observarem-se padrões de
aquisição gradual no léxico. A Fonologia de Uso oferece o instrumental teórico para
assumir que a palavra é o elemento básico da representação mental. Prevê que, ao
se incorporar um padrão sonoro novo, digamos [tSi], acionamos a categorização
potencial de tS seguido de outras vogais ([‘tSã]; [tSu’tSuka]; [pi’tSula]) (SILVA, 2002 a).
A Fonologia de Uso traz uma alternativa de análise do componente sonoro.
Ela também expressa a relação entre fonologia-fonética analisada conjuntamente,
além da relação fonologia-morfologia. Para Silva (2002 a), este modelo sugere que o
conhecimento lingüístico é organizado em representações múltiplas alinhavadas em
redes interconectadas. Tais redes gerenciam relações em diversos níveis:
segmental, silábico, morfológico, sintático, pragmático, social, etc.
Embora a Fonologia de Uso assuma princípios gerais do conexionismo, um
ponto crucial que distancia o conexionismo deste modelo é o caráter inerentemente
social da linguagem. A linguagem é concebida como um sistema dinâmico, plástico e
gerenciado socialmente no uso de uma língua por seus falantes.
38
Portanto, uma das contribuições da Fonologia de Uso para os estudos em
aquisição fonológica tem sido, fundamentalmente, o destaque que ao papel do
léxico, da freqüência de tipos e tokens, nesse processo.
Outro enfoque teórico que tem ganhado destaque nos estudos em aquisição
fonológica é a Fonologia Gestual (FG).
A Fonologia Articulatória, proposta por Browman & Goldstein (1986; 1989;
1990; 1992), nasce da observação de que a distância estabelecida entre Fonética e
Fonologia deve-se, especialmente, à natureza categórica dos primitivos de análise
tomados pela análise fonológica, sejam eles traços ou fonemas. Outro ponto a ser
considerado é que unidades dessa natureza ou necessitam de um grande conjunto
de regras para dar conta de certos fatos ou simplesmente não conseguem dar conta
deles.
Os modelos mais recentes em teorias fonológicas adotam definições de
traços distintivos encontradas em Chomsky & Halle (1968) que propõem um
inventário de traços distintivos, prevendo, por exemplo, a organização hierárquica
dos traços que constituem a estrutura interna de um dado segmento. Esse fato é
visto pela FG como uma visão superficial e ultrapassada da Fonologia sobre o que
ela classifica como fonético. Essas análises, na verdade, desconhecem os avanços
que a Fonética conseguiu em relação à descrição dos dados de fala, graças ao
refinamento das técnicas eletrônicas de análise, e que podem trazer contribuições
significativas (SILVA, 2003).
Na fonologia articulatória, Browman & Goldstein propõem, desde as primeiras
versões, que se tome o gesto articulatório como unidade de análise. O termo gesto
articulatório não é novo na literatura fonética. No entanto, fora da fonologia
articulatória, ele é concebido simplesmente como um movimento de um articulador
e, na fonologia articulatória, o termo tem outro sentido: é a representação de todas
as manobras articulatórias necessárias para se realizar um determinado som da fala
(SILVA, 2003).
Sob o olhar da FG, os gestos não se apagam como prevêem a Fonologia
Autossegmental ou a Geometrias de Traços relativamente aos traços distintivos -,
mas se sobrepõem uns aos outros, parcial ou totalmente, ou seja, um gesto pode
permanecer escondido entre outros gestos que organizam a cadeia da fala (SILVA,
2003).
39
O gesto articulatório é trazido para dentro da lingüística como uma nova
unidade de análise. Devido à inquietude dos estudiosos em relação à necessidade
de uma gramática que organize o sistema de sons de uma língua, Albano (2001)
propôs a FG, que se trata de um módulo de processamento fônico, no qual se
fundem os níveis fonético e fonológico. Os pressupostos da FG, embora inspirados
na Fonologia Articulatória, vão além, no sentido de incorporar ao modelo informação
de ordem acústica.
Albano (2005) salienta os problemas não resolvidos pela fonologia gerativa e
resolvidos pela fonologia gestual:
As teorias fonéticas e fonológicas cujo primitivo fônico de ordem sub-
segmental é o traço distintivo encontram sérias dificuldades com relações
acústico-articulatórias muito instáveis e opacas, pois supõe a existência de
invariantes de um ou outro domínio que possam de alguma forma
identificar a classe. Casos de sobreposição extrema entre classes fônicas
distintas são, em geral, resolvidos por meio de propriedades abstratas cuja
detecção requer mecanismos especializados inatos. Outro problema é o
compartilhamento de traços por lugares distintos (slots) da cadeia fônica
dificuldade mitigada, mas não resolvida pela fonologia autossegmental
(Albano, 2005).
A fonologia gestual proposta por Albano (2001) aponta manobras
articulatórias adotadas como medida de economia em prol da fluência na pronúncia.
Uma teoria de base gestual defende que as propriedades de um segmento fônico
podem ficar mais salientes pelo maior sincronismo ou pela maior magnitude dos
seus gestos constitutivos, ou seja, o gesto articulatório do segmento que o antecede
e sucede torna a propriedade acústico-articulatória muito mais previsível e natural
(ALBANO, 2005).
Dentro do quadro de referência pós-gerativo da Fonologia Gestual, uma certa
gradiência da fonotaxe é, portanto, previsível a partir da especificação gestual do
léxico: vieses contrários ou favoráveis à adjacência de certos gestos são esperados
a fim de viabilizar a sua coordenação (ALBANO, 2005).
Considera-se importante trazer novos modelos teóricos para a terapia de fala,
pois os atualmente aplicados têm por base o paradigma cognitivo simbólico. Sendo
fundamentalmente conexionista, optou-se por trazer, no presente estudo, a
40
abordagem gestual de Albano (2005), para a seleção de um dos ambientes
lingüísticos favoráveis.
Em 2005, Albano realizou um estudo através do levantamento de dados do
corpus do CETENFolha (24 milhões de palavras) para verificar a ocorrência das sete
vogais nicas do português brasileiro em relação à líquida de ataque (r-fraco),
obtendo o tipo e a ocorrência mais freqüentes. Desse modo, foi feito o levantamento
das sete vogais tônicas do português (/a/, /e/, /E/, /i/, /o/, /ç/ e /u/) mais freqüentes no
contexto antecedente e seguinte ao r-fraco na posição de onset simples.
A partir de um banco de dados lexicais de 24 milhões de palavras, o
CETENFolha
5
, preparado e etiquetado pelo NILC
6
, Albano publicou, em 2005, os
dados obtidos dos vieses fonotáticos levantados, das freqüências dos pares
formados pelas sete vogais tônicas precedentes e seguintes do PB e as consoantes
líquidas, verificando-se, dessa forma, apenas a posição de onset. Foi encontrado
como contexto mais freqüente para o /r/ estar antecedido pela vogal nica /a/ ou
sucedido pela vogal tônica /e/.
É preciso esclarecer que os gestos são especificados para variáveis do trato,
que são dimensões de tarefas independentes, as quais especificam o objetivo de um
gesto articulatório. A FG prevê que cada variável do trato é associada a um conjunto
específico de articuladores.
Os gestos que caracterizam cada variável do trato podem, ainda, receber
especificação de descritores gestuais para grau ([fechado], [crítico], [estreito],
[médio], [largo]) e ponto de articulação (lábios, ponta e corpo da língua). Com
relação aos descritores gestuais, é pertinente frisar que assume, na fonologia
articulatória, a função que os traços distintivos desempenham nos modelos
fonológicos estáticos.
Dois gestos são distintos entre si, e se diferem em, pelo menos, um descritor.
A própria notação dos descritores, entre colchetes, lembra a notação dos traços. A
diferença é que os descritores não são binários: apenas estão ou não presentes
num gesto (SILVA, 2003).
Em suma: o simbólico (fonológico) emerge a partir da repetição de padrões
gradientes, numéricos (fonéticos). A conseqüência de maior peso dessa relação
5
CETENFolha abrevia Corpus de Extractos de Textos Electrónicos NILC/Folha de S. Paulo.
6
Núcleo de Estudos Inter-Institucionais em Lingüística Computacional da USP de São Carlos, V.
http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/index.html.
41
entre o simbólico e o numérico é que a fonologia articulatória não necessita de um
conjunto de regras derivacionais que façam a tradução de um nível no outro; essa
tradução é direta (SILVA, 2003).
2.3. O papel do léxico
Estudos apontam que a transição do balbucio para o início da produção das
primeiras palavras ocorre de forma gradual. Os padrões motores orais utilizados no
período do balbucio ajudam a criança a construir o seu xico inicial (MACNEILAGE;
DAVIS, 2000). Esse fato é relatado por Velleman e Vihman (2002), destacando uma
semelhança entre as características do balbucio (como a ocorrência da reduplicação
silábica e a produção de consoantes bilabiais), e as características dos primeiros
itens lexicais. Bauman-Waengler (1996) coloca que essa semelhança dificulta a
identificação das primeiras produções realizadas pela criança.
Alguns estudiosos concordam que a palavra seja a unidade de categorização
para a criança, no início do processo de aquisição de linguagem, quando o léxico é
composto por um número restrito de palavras. Justificam que a criança não é capaz
de categorizar as unidades menores (segmentos ou silabas) quando ainda não tem
quantidade suficiente de itens lexicais para estabelecer relações (GUIMARÃES,
2008).
Em um sistema em construção, pode-se observar a ocorrência de padrões
específicos em itens lexicais específicos. O papel da palavra pode ser observado
também em momentos posteriores da aquisição no qual determinados padrões
articulatórios estão associados a palavras específicas, no léxico mental
(GUIMARÃES, 2008).
Modelos emergentistas de aquisição da linguagem apontam como central o
papel do léxico no processo de aquisição fonológica. Dentre eles, é possível
mencionar o Modelo de Exemplares (PIERREHUMBERT, 2001). Nesse modelo, a
variação na produção de um mesmo item lexical pela criança pode ser explicada
como conseqüência de uma representação múltipla. Uma mesma palavra pode ser
representada de diversas formas e isso teria conseqüência para a produção.
42
A variação na produção de uma mesma palavra indica um período de
flutuação, que pode estar relacionado à questão articulatória, ou mesmo
representacional. Em relação a esse aspecto, a variabilidade na produção de uma
mesma palavra pode indicar que a criança tem uma representação das palavras
particulares, mas não desenvolveu uma representação abstrata para os sons
específicos, capaz de empregá-los em todos os contextos (FERGUSON; FARWELL,
1975).
Em relação ao papel da palavra como uma unidade de aquisição ao lado do
segmento, Guimarães (2008) afirma que ocorre uma representação inicial global
7
, e
que, com o tempo, a produção dos padrões diminui, e um aumento no uso de
consoantes e segmentos próximos ao alvo-adulto. Embora o segmento surja, como
uma unidade importante, a palavra tem papel fundamental na aquisição fonológica.
Conforme a Fonologia de Uso (BYBEE, 2001) e a Teoria de Exemplares
(PIERREHUMBERT, 2003), a gramática é gerenciada pelo léxico, e, dessa forma, a
criança constrói a gramática a partir de relações entre os itens lexicais.
A palavra, ao lado do segmento e da sílaba, portanto, é tida como uma
unidade importante a ser considerada, não aceitando a hipótese de que o fonema e
suas oposições desempenhem um papel exclusivo na aquisição fonológica. A
fonologia da criança é relacionada a ambos, a oposições e padrões, e também a
segmentos, sílabas e itens lexicais (LLEO, 1990).
2.4 O papel do contexto lingüístico
Lowe e Weitz (1996) afirmam que a seleção dos vocábulos para a terapia de
fala não deve ser feita ao acaso, pois representa uma oportunidade de uso de
estratégias espeficas que facilitarão (ou não) o aprendizado do novo padrão. A
seleção de palavras-alvo é um passo importante no que se refere à escolha das
palavras de estímulo para a terapia.
Os autores supracitados valorizam a análise e manipulação criteriosa de
alguns aspectos da palavra na qual o som-alvo está inserido, e citam como
7
Baseada no item lexical como um todo, com palavras produzidas na forma CVCV.
43
relevantes: a tonicidade, o som que precede e o que segue o som-alvo, o número de
sílabas da palavra que porta o segmento, o inventário fonético da criança, o padrão
silábico, o fator semântico, e quão funcional essa palavra é no sistema de
comunicação que está sendo observado.
Os ambientes favoráveis o, portanto, contextos facilitadores para a
aquisição do segmento tratado. Os contextos facilitadores mais expressivos podem
ser fundamentalmente de três tipos: tonicidade, contexto antecedente, e contexto
seguinte (LAMPRECHT, 2004).
Quanto às características do material lingüístico utilizado como estímulo
durante as sessões de fonoterapia, Yavas (1988) acredita que devem ser
considerados o ambiente fonético, o número de sílabas, e a familiaridade da criança
com as palavras escolhidas como estímulo.
Mota (2001) aponta a importância de uma seleção cuidadosa das palavras-
estímulo que serão utilizadas na terapia fonológica, e enfatiza especialmente o
ambiente fonético como capaz de facilitar a produção do fonema-alvo, prevendo a
possibilidade de uma terapêutica mais efetiva.
Trabalhos sugerem a utilização, na prática clínica, dos ambientes apontados
em estudos sobre aquisição da fonologia como mais freqüentes e favorecedores
para a produção correta do segmento no tratamento da fala (YAVAS, 1988, LOWE e
WEITZ, 1996, VIDOR, 2000 e MOTA, 2001).
Modelos terapêuticos utilizados em pesquisas que contemplam a terapia
fonológica (MOTA, 1990; RAMOS, 1991; KESKE, 1996; PEREIRA, 1999; KESKE-
SOARES, 2001), revelam a importância dos fatores lingüísticos, uma vez que se
preocupam com os aspectos que favoreçam a aquisição do segmento-alvo.
que os dados de aquisição trazem informações referentes a crianças com
desenvolvimento fonológico normal, Mezzomo (1999) afirma ser válida a realização
de uma pesquisa para verificar, na terapia de crianças com desvios fonológicos, se
as variantes apontadas como facilitadoras da produção realmente ajudam na
emergência dos fonemas.
44
2.5 Terapia para os desvios fonológicos
O enfoque fonológico de terapia de fala atualmente adotado pela maioria dos
terapeutas de fala subentende a presença de um sistema mental subjacente às
produções das crianças, admitindo que os processos (patológicos ou não)
encontrados na aquisição da fonologia respeitam essa sistematicidade
(GONÇALVES, 2002).
A terapia fonológica objetivará o estabelecimento dos contrastes ainda não
existentes no sistema fonológico da criança, através da especificação de traços
fonológicos ausentes na geometria e/ou adequação da utilização dos segmentos,
nas diferentes posições que estes devem ocupar na sílaba e na palavra (MOTA,
2001).
Uma terapia fonológica caracteriza-se pelo uso predominante de atividades
conceituais, sendo os aspectos auditivos e motores considerados em menor grau.
Outra característica é a escolha dos alvos de tratamento baseada na facilitação
fonológica (em que se considera a ordem de aquisição dos segmentos e das
estruturas silábicas) ou em previsões implicacionais de aquisição segmental
(conforme leis implicacionais).
A terapia com base fonológica promove a resolução das dificuldades do
sistema como um todo, o que comprovadamente possibilitará a ocorrência de
generalizações (DINNSEN e ELBERT, 1984; GIERUT, 1985; STOEL-GAMMON e
DUNN, 1985; ELBERT e GIERUT, 1986; ELBERT et al., 1990; MOTA, 1990;
KESKE, 1996; KESKE-SOARES, 2001, entre outros). Desta forma diminui o tempo
da intervenção. A generalização caracteriza-se pela ampliação da produção e uso
correto de fones-alvo, treinados em outros contextos ou ambientes não treinados
(ELBERT & GIERUT, 1986).
A terapia com base fonológica tem por objetivo a reorganização do sistema de
sons da criança, visando à generalização e a melhora da inteligibilidade de fala,
diminuindo o tempo de tratamento do DF (CERON, 2006).
Atualmente, existem várias abordagens de terapia com base fonológica para
os desvios fonológicos, mas todas respeitam um princípio sico de que existem
regularidades na linguagem falada, isto é, os padrões de pronúncia são regidos por
45
regras e são previsíveis (MOTA, 2001).
Neste estudo, a abordagem terapêutica tratada será o modelo “ABAB-
Retirada e Provas ltiplas” proposto por Tyler & Figursky (1994), pois possibilita a
seleção de um segmento-alvo durante nove sessões de terapia, permitindo o uso e
estudo dos ambientes fonológicos para o segmento-alvo tratado. Ao contrário do
Modelo de Oposições, no qual são selecionados dois segmentos-alvo, e do Modelo
de Ciclos, que, apesar de escolher um alvo por sessão, este é trabalhado, no
máximo, por duas sessões consecutivas.
A aplicabilidade terapêutica do modelo “ABAB-retirada e Provas ltiplas” foi
verificada no estudo de Keske-Soares (2001), no qual os 35 sujeitos com desvio
fonológico tiveram expansão do inventário fonético e sistema fonológico, melhorando
a contrastividade dos traços e inteligibilidade de fala após o tratamento.
A intervenção terapêutica tem início com a coleta inicial da fala da criança
(A1) através da nomeação e fala espontânea, para, posteriormente, fazer-se a
escolha dos sons-alvo do tratamento. No primeiro ciclo do tratamento (B1), o som-
alvo selecionado é estimulado através de palavras por nove sessões de terapia. A
seguir, ocorre um período de retirada (A2), realizado em cinco sessões, para
analisar o sistema fonológico da criança como um todo.
As Provas Múltiplas são medidas de desempenho, realizadas durante a
aplicação do modelo. A prova alvo básica é realizada durante o ciclo de tratamento
(1ª, 5ª e 9ª sessões), com o objetivo de avaliar o progresso do som-alvo. Constitui-se
de palavras, diferente das palavras-alvo, representáveis por desenho ou figura,
contendo o som-alvo selecionado em diferentes posições na estrutura da sílaba e da
palavra.
A prova de generalização é realizada através da aplicação do instrumento de
coleta da fala da criança, e tem por objetivo verificar as generalizações ocorridas, ou
seja, dos traços trabalhados nas sessões, a partir do som-alvo, aos sons não
tratados, e, conseqüentemente, aos traços da hierarquia não treinados.
No final do ciclo de tratamento, é feita uma reavaliação através de uma nova
coleta de fala e de nomeação espontâneas, e aplicação de provas de generalização
para verificar as mudanças ocorridas no sistema fonológico da criança submetida ao
tratamento, de modo que possibilite verificar se a criança ainda necessita continuar
em tratamento ou não. Caso a criança ainda necessite de intervenção terapêutica,
46
inicia-se um novo ciclo de tratamento (B2), seguido de mais um período de retirada
(A3), e assim segue, até a criança superar as dificuldades e ter alta fonoaudiológica.
O desempenho da criança em relação à produção do som-alvo é medido
através da prova-alvo sica. Caso a criança apresente um desempenho superior a
50% de produções corretas nas palavras-alvo trabalhadas, um novo ciclo de
tratamento pode ser iniciado, selecionando um som-alvo novo, caso contrário,
mantém-se o mesmo ciclo de tratamento.
A terapia para desvio fonológica baseada em um modelo terapêutico permite
maior controle do tratamento e acompanhamento da evolução terapêutica.
3. METODOLOGIA
Neste capítulo, serão tratados os procedimentos utilizados na seleção,
avaliações e tratamento dos sujeitos, bem como os critérios adotados para a
descrição e análise dos dados.
3.1. Caracterização da pesquisa
O presente estudo trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo que incluiu
coleta, análise e tratamento da fala de crianças portadoras de desvios fonológicos,
triadas e tratadas no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
A inconveniência entre o rigor metodológico e o tempo despendido para a
realização da pesquisa impediu que se realizasse uma pesquisa de caráter
quantitativo, ou seja, não havia como tratar uma amostra estatisticamente calculada
da população portadora de DF da cidade de Santa Maria em dois anos. Além disso,
ainda não existe o levantamento da prevalência de DF na cidade de Santa Maria de
modo que permita a seleção de uma amostra representativa desta população.
3.2. Seleção dos Sujeitos
O processo de seleção dos sujeitos deste estudo deu-se em dois momentos.
No primeiro momento foi realizada uma reunião entre mestrandas do Programa de
Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana (PPDCH), incluindo a
autora da presente pesquisa, com os responsáveis por 16 crianças que passaram
pela triagem fonoaudiológica do SAF no ano de 2006 com queixa de dificuldade na
fala e que aguardavam atendimento na fila de espera do setor de fala.
Na reunião foi comunicada a existência de pesquisas de mestrado que
realizavam tratamento para as alterações de fala das crianças, e esclarecido, para
48
quem tivesse interesse, a necessidade de as crianças passarem por uma bateria de
avaliações, de modo que se verificasse se a criança atendia aos critérios exigidos
por alguma pesquisa, para que, a partir de então, fosse dado início ao tratamento.
À autora coube avaliar um grupo de quatro crianças, das quais somente duas
atenderam aos critérios da presente pesquisa. Assim como foram encaminhadas
para outra pesquisa duas crianças que não podiam participar desta, outras duas
crianças foram encaminhadas para esta pesquisa, ficando, inicialmente, um grupo
composto por quatro crianças.
No segundo momento de seleção da amostra foi estabelecido contato por
telefone ou carta com os responsáveis das crianças com alteração de fala que
passaram pela triagem fonoaudiológica do SAF no decorrer do ano de 2007, e que
se encontravam aguardando atendimento. Novamente foi feito o convite para
comparecerem à reunião no SAF que trataria do atendimento fonoaudiológico da
criança. Na reunião, realizada individualmente com cada pai ou responsável, era
comunicada a possibilidade da criança receber atendimento fonoaudiológico
mediante participação na presente pesquisa, e esclarecidas as exigências para tal.
Esse segundo momento de seleção promoveu o aumento do grupo para sete
crianças.
3.3. Sujeitos
O grupo é constituído de sete crianças com mesma faixa etária e grau de
desvio fonológico. Todas as crianças apresentavam grau de DF médio e dificuldade
específica com a líquida não-lateral /r/.
A intervenção terapêutica foi realizada pela autora da pesquisa e por quatro
acadêmicas do curso de fonoaudiologia da UFSM, devidamente orientadas pela
pesquisadora. As terapias ocorriam com a freqüência de duas sessões semanais de
45 minutos através da aplicação do modelo de terapia fonológica “ABAB-Retirada e
provas múltiplas” proposto por Tyler e Figursky (1994).
Os participantes da pesquisa foram distribuídos em três grupos. O tratamento
considerou o ambiente fonológico para a aquisição do fonema trabalhado (/r/) na
posição de onset e coda. O primeiro grupo foi tratado por ambiente favorável
49
segundo uma abordagem teórica gerativa, o segundo grupo tratado por ambiente
fonológico favorável conforme uma abordagem gestual, e o terceiro grupo foi tratado
por um ambiente neutro comum as duas abordagens teóricas citadas anteriormente.
A determinação da posição silábica na qual o /r/ foi trabalhado se deu de acordo
com o sistema fonológico inicial dos sujeitos Por exemplo, os sujeitos tratados com
/r/ em OM tinham maior dificuldade com esse segmento nessa posição.
O Quadro 1 traz a distribuição do tratamento dos sujeitos por abordagem
teórica e a posição silábica na qual o segmento será trabalhado.
GERATIVA GESTUAL NEUTRO
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
ONSET S1
S2
S3
S4
S5
S6
CODA S7 - S6
Quadro 1: Distribuição dos sujeitos nos diferentes tipos de contextos fonológicos
A justificativa para a existência de apenas dois sujeitos no Grupo 2 deve-se
ao fato do o embasamento teórico relativo à fonologia gestual (Albano, 2005),
utilizado na presente pesquisa, trazer somente dados de contexto relativo ao r-fraco
na posição de onset.
3.4. Implicações éticas da pesquisa
Mediante esclarecimento verbal e por escrito, através do termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE) (Anexo I), dos procedimentos da pesquisa,
foi solicitada a autorização dos pais e / ou responsáveis para a participação das
crianças através da assinatura do TCLE, o qual foi submetido ao Comitê de Ética em
Pesquisa da UFSM, aprovado e registrado sob 0182.0.243.000-07 em
11/12/2007.
50
3.5. Critérios de Inclusão
Foram incluídas no estudo crianças cujos pais autorizaram a participação na
pesquisa, e que preencheram as seguintes exigências:
apresentavam alteração apenas na avaliação fonológica, ou seja, no
componente fonológico da linguagem;
apresentavam ausente apenas o /r/ em Onset Medial (OM) e / ou
Coda Medial (CM);
ausência de alteração neurológica;
audição normal;
cognição normal;
apresentavam aspectos intelectuais e emocionais normais;
ausência de alterações motoras ou orgânicas;
idade superior a cinco anos;
membro de uma família de falantes monolíngües português
brasileiro.
3.6. Procedimentos
Antes de serem incluídas na pesquisa, as crianças passaram por uma bateria
de avaliações fonoaudiológicas, para verificar se atendiam às exigências citadas
anteriormente.
Inicialmente os pais ou responsáveis pelas crianças foram esclarecidos
quanto aos objetivos, procedimentos das avaliações e da terapia fonoaudiológica,
para que autorizassem, mediante assinatura do TCLE (Anexo I), a participação da
criança, bem como a divulgação dos dados obtidos em eventos científicos e
periódicos da área. Com a autorização dos pais, através do TCLE, partiu-se para a
realização das avaliações fonoaudiológicas.
51
As avaliações fonoaudiológicas realizadas foram: avaliação fonológica, exame
articulatório, sistema sensório-motor oral, linguagem, capacidade de discriminação
auditiva, habilidades em consciência fonológica (CF), habilidades em memória de
trabalho, e processamento auditivo simplificado. Foram realizados exames
complementares, como avaliação audiológica, otorrinolaringológica, neurológica e
psicológica, esta última quando ocorreu suspeita de labilidade emocional.
3.6.1. Avaliação fonoaudiológica
Essa etapa da pesquisa foi realizada individualmente com cada participante.
Inicialmente foi realizada uma anamnese com os pais das crianças, sem a presença
das mesmas, para investigar aspectos relativos à gestação, parto, condições do
recém nascido, desenvolvimento motor e lingüístico, aspectos emocionais, sociais e
condições de saúde geral da criança, ou seja, fatores que poderiam interferir no
desenvolvimento adequado de linguagem.
O exame articulatório foi realizado através na imitação retardada de palavras
produzidas pela pesquisadora, com o objetivo de avaliar a capacidade articulatória
da criança. Esta avaliação foi baseada no protocolo elaborado e utilizado nas
pesquisas realizadas no Centro de Estudos de Linguagem e Fala (CELF), no qual
existem três ocorrências dos fones do português brasileiro em cada posição silábica
possível.
Na avaliação do sistema sensório-motor oral, foram investigados aspectos
referentes às estruturas e funções do sistema estomatognático, a fim de excluir a
existência de fator orgânico que limitasse a produção da fala.
A avaliação da linguagem foi realizada de maneira formal, através do teste
ABFW, com o objetivo de verificar a competência lexical da criança. Por meio desta
prova, foram avaliados nove campos conceituais: vestuário, animais, alimentos,
meios de transporte, móveis e utensílios, profissões, locais, formas e cores,
brinquedos e instrumentos musicais.
Uma avaliação de linguagem complementar foi realizada de maneira informal,
através da gravação, em sala acusticamente tratada, de uma interação com a
52
criança. Nessa avaliação, foi pedido à criança que colocasse em ordem cronológica
de acontecimentos e depois fosse contada uma história baseada em três figuras
apresentadas. Em relação ao aspecto semântico, foi observada a compreensão do
significado das palavras. O aspecto pragmático foi analisado em relação às
habilidades conversacionais, uso da linguagem coerente com o contexto,
correlacionando os aspectos comunicativos e sociais, ou seja, a competência
comunicativa. O aspecto morfossintático foi verificado quanto à estrutura e
organização seqüencial dos enunciados, das regras da língua. Cabe referir que
também foi observado o uso de diferentes classes de palavras, como o emprego de
conectores, adjetivos e substantivos, por exemplo.
A avaliação da Discriminação auditiva foi feita com base no Teste de Figuras
para Discriminação Auditiva (Adaptação do The Boston University Speech Sound
Picture Discrimination Teste, 1990), com o objetivo de avaliar a capacidade da
criança em discriminar os fonemas quanto ao ponto, modo e sonoridade.
A avaliação da CF foi realizada por meio do Protocolo de Tarefas de
Consciência Fonológica, proposto por Cielo (2001) através do qual se investigou a
capacidade da criança em refletir sobre os sons da fala e sua organização na
formação das palavras.
Na avaliação da memória, foi utilizada a prova de Repetição de Palavras sem
Significado com aseis sílabas elaborada por Kessler (1997), com o objetivo de
verificar a capacidade da criança em adquirir, guardar e lembrar informações
fonológicas, visto que este teste é composto por memória de pseudopalavras.
Avaliação da memória de dígitos também foi realizada baseada no subteste cinco de
“Memória Seqüencial Auditiva” do Teste Illinois de Habilidades Psicolingüísticas
ITPA, adaptação e padronização brasileira realizada por Bogossian & Santos (1977).
A avaliação simplificada do processamento auditivo foi realizada com o
objetivo de verificar se a criança realizava análise metacognitiva dos eventos
sonoros, ou seja, se a criança apresentava uma boa compreensão dos eventos
sonoros verbais e não-verbais.
A Avaliação Fonológica da Criança (AFC) foi realizada com base na utilização
do instrumento proposto por Yavas et al (1991), que é constituído de cinco desenhos
temáticos (“banheiro”, “cozinha”, “sala”, “veículos” e “zoológico”), acrescido do
instrumento para avaliação das líquidas do português brasileiro com o desenho
temático “circo” de Matzenauer-Hernandorena & Lamprecht (1997).
53
A AFC permitiu a obtenção de uma amostra de fala espontânea e dirigida,
através da nomeação de figuras presentes nos desenhos temáticos. O instrumento
permitiu a expressão de 125 palavras, oportunizando três produções de cada
consoante do português, nas posições possíveis na sílaba e na palavra, com o
objetivo de se obter uma representação equilibrada do sistema fonológico. O
desenho temático “circo” proporciona produção das líquidas do português brasileiro
em todas as posições.
Os dados de fala foram gravados individualmente, em sala acusticamente
tratada, através do gravador digital da marca Panasonic colocado a 10cm da boca
da criança, acoplado à gola da camisa. Após o término das gravações, os dados
foram transferidos para o computador através do programa “Digital Voice Editing” da
Panasonic.
Após, a autora realizou a primeira transcrição fonética baseada no alfabeto
fonético internacional e análise contrastiva
8
.
A análise contrativa permite a comparação do sistema fonológico da criança
com o sistema padrão da comunidade lingüística na qual ela está inserida. A partir
da transcrição fonética da fala das crianças, faz-se a análise contrastiva, através do
preenchimento das quatro fichas, proposta pelos autores do instrumento.
Na primeira ficha, DF-1 (Descrição Fonética-1), foram registradas as
realizações dos segmentos consonantais, ou seja, os sons produzidos corretamente,
os omitidos e os substituídos. Na ficha dois, DF-2 (Descrição Fonética-2),
representou-se a síntese dos dados para a efetivação da descrição fonética,
dividindo-se em duas partes: o registro do inventário fonético, de acordo com as
categorias de ponto, modo e sonoridade; e as realizações de encontros
consonantais.
A variabilidade de produção foi registrada na ficha três, AC-1 (Análise
Contrastiva-1), a qual contém o registro das ocorrências e possibilidades das
substituições e omissões realizadas pela criança, com o cálculo das porcentagens.
Finalmente, na ficha quatro, AC-2 (Análise Contrastiva-2 sistema de fones
contrastivos), apresentou-se o sistema fonológico empregado pela criança,
registrando os contrastes, as substituições e as omissões por ela produzidas.
8
Os dados de fala transcritos foram conferidos por dois juízes com experiência em transcrição de dados de fala.
54
Mediante o resultado final das fichas de Análise Contrastiva (AC), determinou-
se o sistema fonológico da criança, conforme Lamprecht (1990), considerando-se o
fonema adquirido quando sua ocorrência for de 80% ou mais dentre as
possibilidades.
Não existe um critério único de classificação de ausência e presença do
segmento no sistema fonológico da criança. Muitos estudos consideram o segmento
adquirido quando apresenta no mínimo 80% de produções corretas (Lamprecht,
2004). Outro estudo classificou em adquirido, parcialmente adquirido e não adquirido
com percentuais, respectivamente, 80% ou mais; 40% a 79% e 39% ou menos
(Bernard, 1982)
9
.
No registro do inventário fonético existente na ficha dois (DF-2), foi
considerado para fins de determinação de presença ou ausência do som neste
sistema, o mínimo de duas ocorrências do fonema conforme Keske-Soares (2001).
Essa análise foi realizada a fim de se constatar se o inventário fonético e o
sistema fonológico dessas crianças estavam completos ou incompletos. Além disso,
permitiu selecionar crianças que apresentavam incompletos no seu sistema
fonológico apenas o r-fraco.
O inventário fonético foi considerado completo quando havia presença de
todos os segmentos consonantais descritos no Quadro 2.
Labial Dental/
alveolar
Palatal / alveolar palatal Velar
Plosiva
p b t d k g
Fricativa
f v s z
S Z
Africada
tS dZ
Nasal
m n
N
Líquida lateral
l
¥
Líquida não
lateral
r R
Glide
y w
Quadro 2 – Inventário fonético padrão dos segmentos consonantais do português.
Já o sistema fonológico foi considerado completo quando havia a presença de
todos os fones contrastivos consonantais do português descrito no Quadro 3. Todos
9
Diante dessas controvérsias, optou-se por considerar o fonema adquirido quando 80% ou mais de
produções corretas.
55
os sujeitos participantes deste estudo tinham inventário fonético completo e
apresentavam ausente no sistema fonológico apenas o r-fraco (/r/).
Onset Inicial
p b t d k g
f v s z
S
Z
m n
l R
Onset Medial
p b t d k g
f v s z
S
Z
m n
N
l
¥
r R
Coda Medial e Final
10
s s
r
r
Quadro 3 – Sistema padrão de fones contrastivos consonantais do português.
3.6.2. Classificação quanto ao grau de severidade
A partir da análise contrastiva, os sujeitos tiveram o grau de severidade do DF
estabelecido através do cálculo do Percentual de Consoantes Corretas (PCC)
proposto por Shriberg & Kwiatkowski (1982).
Essa proposta permite classificar os DF em: severo, moderado-severo,
médio-moderado e médio. Essa classificação é obtida através do cálculo do número
de consoantes produzidas corretamente (NCC), dividida pelo número total de
produções da criança. O resultado, multiplicado por 100, permite a obtenção do
percentual do resultado. Assim, tem-se PCC = NCC : (NCC + NCI
11
) x 100. Como os
10
Nesse estudo foi considerada, na posição de coda, apenas a fricativa /s/ e a líquida não-lateral /r/,
tendo em vista a existência de posições diferenciadas no que concerne aos segmentos /l/ e /N/ como
codas do português. Alguns autores, como Lamprecht (1990), consideram a líquida não-lateral e o
arquifonema nasal como ocupantes da posição de coda; outros, como Teixeira (1985) e Rosa
(1992) não concordam que a nasal seja constituinte dessa posição silábica.
11
NCI – Número de consoantes incorretas.
56
sujeitos participantes deste estudo tinham dificuldade apenas com o /r/, o grau do DF
era médio, ou seja, PCC acima de 85%.
3.6.3. Avaliações Complementares
As avaliações complementares realizadas com os sujeitos foram:
otorrinolaringológica, audiológica e neurológica. A primeira foi realizada com o
objetivo de investigar a existência de fatores relacionados aos órgãos periféricos da
fala e da audição que pudessem estar causando o transtorno de fala. A avaliação
audiológica foi realizada com o objetivo de investigar se a criança tinha uma boa
acuidade auditiva, devido à importância do input à aquisição de linguagem. E a
avaliação neurológica foi realizada para excluir a presença de quaisquer fatores
neurológicos que pudessem intervir ou ser causa do DF.
3.7. Procedimento terapêutico
O tratamento fonológico foi realizado através do modelo ABAB Retirada e
Provas Múltiplas proposto por Tyler & Figursky (1994) pelo fato deste modelo ser o
mais adequado para a proposta da pesquisa.
Para o tratamento, era necessário um modelo que estimulasse as palavras-
alvo com os contextos lingüísticos considerados. O Modelo de Ciclos era
inconveniente por tratar três processos fonológicos no ciclo de tratamento, havendo
troca de som-alvo. O Modelo de Pares Mínimos era inconveniente por trabalhar o
contraste entre dois fonemas-alvo. Portanto, o modelo ABAB foi o único que atendeu
às exigências da pesquisa.
57
3.7.1. Modelo ABAB - Retirada e Provas Múltiplas
A aplicação do modelo tem início com a coleta dos dados de fala (A1), através
da aplicação do instrumento AFC e amostra de fala espontânea. Após a coleta da
fala, fez-se a transcrição fonética e análise contrastiva, verificando-se a dificuldade,
apenas, com o r-fraco.
A intervenção terapêutica teve início no primeiro ciclo de tratamento (B1), com
duração de nove sessões de terapia, realizadas em cinco semanas, pois ocorriam na
freqüência de duas sessões semanais de 45 minutos. Ao longo do primeiro ciclo de
tratamento, ocorriam sondagens do som-alvo através das Provas Alvo Básicas
(PAB), que permitiam a verificação da evolução do som-alvo nas diferentes posições
e estruturas silábicas.
Após o primeiro ciclo de tratamento, ocorreu o período de retirada (A2), que
promovia a realização de provas planejadas com duração de cinco sessões,
realizadas em três semanas, com freqüência de duas sessões semanais, sem
intervenções diretas com o som-alvo. Nesse período, ocorria a sondagem do
sistema fonológico da criança como um todo, através das Provas de Generalização
(PG) e da amostra de fala espontânea obtidas.
No início e final de cada sessão de terapia, era lido um bombardeio auditivo
(Anexo II), ou seja, uma lista contendo quinze palavras com o /r/, ocupando a
mesma posição tratada. A lista foi dada também aos pais para que fosse lido para a
criança diariamente.
O desempenho da criança foi mensurado tanto no período de tratamento
através das PAB, quanto no período de retirada através das PG. A PAB foi realizada
através da nomeação das figuras utilizadas no tratamento, e mais 24 figuras que
continham o som-alvo nas diferentes posições e estruturas silábicas, ou seja, seis
figuras contendo o /r/ em Onset Medial (OM), Coda Medial (CM), Coda Final (CF) e
Onset Complexo (OC), totalizando 30 produções (Anexo III). A PG foi realizada
mediante nomeação das figuras do jogo Lince e do instrumento AFC nas duas
primeiras sessões, na terceira sessão coletou-se amostra de fala espontânea e na
quarta e quinta sessão, novamente nomeação das figuras do jogo Lince e do
instrumento AFC, respectivamente.
58
As palavras selecionadas para sondagem de Coda nas PAB apresentavam o
segmento-alvo na primeira e última sílaba. Bonilha (2005) analisou, dentre as
variáveis lingüísticas, a posição silábica de coda inicial (porco), medial (aperto) e
final (tambor), uma vez que foi observada diferença na aquisição do constituinte
quando feita a distinção entre coda inicial e medial. No presente trabalho, no
entanto, assume-se, em acordo com Miranda (1996), a classificação do constituinte
silábico coda, como medial e final.
A sondagem realizada através da nomeação das figuras do jogo Lince não
permitiu uma amostra de fala semelhante para os sujeitos, pois a seleção das
palavras nomeadas se dava por sorteio. Portanto, houve avaliações com um maior
número de palavras com /r/ do que outras.
No anexo IV, encontram-se as relações das palavras-alvo e respectivas
figuras, utilizadas no tratamento, de acordo com a posição na qual o /r/ foi
trabalhado, e de acordo com a abordagem teórica. Encentram-se ainda a lista das
palavras utilizadas no bombardeio auditivo e a lista de palavras e figuras utilizadas
nas PAB durante o tratamento.
A seguir se tem esquematizado o modelo de tratamento utilizado nesta
pesquisa (Figura 1).
59
PROVA DE GENERALIZAÇÃO
Instrumento (AFC - gravada)
COLETA DOS
DADOS DE
FALA (A1)
Amostra de fala espontânea (gravada)
Sessão 1 PROVA ALVO BÁSICA 1 (gravada)
* imitação retardada*
Sessão 2
* Sessão Terapêutica 1
Sessão 3
* Sessão Terapêutica 2
Sessão 4
* Sessão Terapêutica 3
Sessão 5 PROVA ALVO BÁSICA 2 (gravada)
* menor imitação*
Sessão 6
* Sessão Terapêutica 4
Sessão 7
* Sessão Terapêutica 5
Sessão 8
* Sessão Terapêutica 6
1º CICLO DE
TRATAMENTO
(B1)
Sessão 9 PROVA ALVO BÁSICA 3 (gravada)
* sem imitação*
Sessão 1
*PROVA DE GENERALIZAÇÃO 1 Lince
(gravada)
Sessão 2
PROVA DE GENERALIZAÇÃO 1 – AFC (gravada)
Sessão 3
Amostra de fala espontânea (gravada)
Sessão 4
PROVA DE GENERALIZAÇÃO 2 – Lince (gravada)
PERÍODO DE
RETIRADA
(A2)
Sessão 5
PROVA DE GENERALIZAÇÃO 2 – AFC (gravada)
Figura 1: Estrutura do Modelo “ABAB-Retirada e Provas Múltiplas”.
Caso os resultados obtidos no período de retirada A2 demonstrem que na
criança que ainda permanece com dificuldade de fala, pode ser dado início a outro
ciclo de tratamento (B2), seguido de outro período de retirada (A3). A escolha do
som-alvo tratado nos ciclos seguintes será feita analisando-se as PABs e as PGs.
60
Caso a criança obtenha um percentual de produção correta do som-alvo superior a
50% nas PABs, pode-se, no ciclo de tratamento seguinte, trocar o som-alvo. Nesse
caso, analisa-se o sistema da criança obtido nas avaliações realizadas no período
de retirada (PGs).
Como os sujeitos desta pesquisa tinham dificuldade apenas com o r-fraco,
coube à pesquisadora decidir, após o ciclo de tratamento, se a criança necessitava
continuar em tratamento, e em qual posição silábica o segmento deveria ser
trabalhado.
3.7.2. Tratamento fonoaudiológico
As sete crianças que participaram deste estudo não iniciaram o tratamento
juntas. Primeiramente, iniciou-se o tratamento de quatro crianças, depois de duas e,
por fim, da última, totalizando sete sujeitos. O tratamento das crianças não iniciou no
mesmo período porque as crianças foram sendo selecionadas para a pesquisa à
medida que procuravam a triagem fonoaudiológica.
Das seis primeiras crianças iniciaram o tratamento no mesmo período, uma
teve alta fonoaudiológica após o primeiro ciclo de tratamento. As demais concluíram
dois ciclos de tratamento e tiveram os atendimentos suspensos devido ao recesso
de natal e ano novo, e rias de verão. A sétima criança iniciou o tratamento após a
virada do ano, pois o tempo não era suficiente para que fossem concluídos dois
ciclos de tratamento, caso fosse necessário, como ocorreu com os demais. Em
relação a este sujeito, tomou-se o cuidado de dar a pausa após o segundo ciclo de
tratamento, como nos demais casos.
Esse cuidado foi tomado para uniformizar o período de tratamento de todos
os sujeitos. O Quadro 4 traz a disposição do tratamento dos sujeitos em função do
tempo.
61
Tempo de tratamento
1º Ciclo
2º Ciclo
Férias 3º Ciclo
S1 X
S2 X X X
S3 X X X
S4 X X X
S5 X X X
O
N
S
E
T
S6 X X X
S6 X X X
C
O
D
A
S7 X X
Período de
recesso
Quadro 4: tratamento dos sujeitos em função do tempo
3.8. Abordagens teóricas consideradas para o tratamento
A proposta desse estudo é verificar a aplicabilidade dos contextos fonológicos
favoráveis para a aquisição do /r/ segundo duas abordagens teóricas: gerativa e
gestual. A abordagem teórica gestual foi baseada na proposta de Albano (2005), na
qual a autora traz a fonotaxe das líquidas adjacentes à vogal tônica.
Durante a revisão de literatura dos pressupostos teóricos gerativos, foi
observado que, entre os estudos relacionados a contexto lingüístico, não havia
uniformidade nos resultados. Os estudos de base gerativa consultados foram
Miranda (1996), Mezzomo & Ribas (2004) e Mezzomo (2004). Os dados relativos ao
contexto trazido por esses estudos encontram-se esquematizados no Quadro 5
abaixo.
62
/r/ MIRANDA (1996) MEZZOMO &
RIBAS (2004)
MEZZOMO (2004)
ALBANO (2005)
OM
/i/ r /u/
tônica
/i/ r /i/
tônica
r /e/ /a/ /ç/ /a/ r
tônica pos-
tônica
CM
/i/ r coronal
tônica
/i/r dorsal
tônica
CF
/i/ r
tônica
/e/ r
tônica
Quadro 5: Relação de contextos trazidos por diferentes estudos.
Os dados trazidos no quadro acima mostram a impossibilidade de escolha de
um contexto comum aos estudos de base gerativa, dessa forma, a presente
pesquisa considerou o contexto trazido por Miranda (1996), relativo a seu trabalho
de mestrado, uma vez que é um estudo pioneiro, e que traz dados de contexto para
o r-fraco em todas as posições e estruturas silábicas.
Também foi considerado o contexto neutro comum às duas abordagens
teóricas, com o objetivo de comparar a efetividade terapêutica do contexto favorável
em relação ao contexto neutro.
3.9. Contexto considerado na seleção das palavras-alvo do tratamento
O contexto lingüístico considerado para a seleção das palavras-alvo envolve
os segmentos que antecedem e sucedem o r-fraco, a tonicidade e o posicionamento
em onset ou coda silábica.
O estudo de base gerativa utilizado nessa pesquisa permitiu a seleção de
palavras com o r-fraco, tanto em Onset Simples quanto em Coda. o estudo de
63
base gestual permitiu apenas a seleção de palavras considerando os contextos
antecedente, seguinte e tonicidade na posição de onset simples, pois os dados do
estudo foram analisados sob o enfoque das vogais, ou seja, foram analisados
apenas a fonotaxe das líquidas adjacentes à vogal tônica.
Desse modo, em onset simples foi verificado o contexto favorável segundo a
abordagem gestual e gerativa, e o contexto neutro comum às duas abordagens.
em coda, os contextos favoráveis e neutros foram considerados apenas sob um
enfoque gerativo, pois a proposta gestual adotada não trouxe dados de contexto
para a coda.
Após a definição do enfoque teórico que seria utilizado, passou-se à procura
das palavras-alvo que atendessem aos critérios exigidos de contexto, e outros
critérios mencionados na literatura, como o fato de serem palavras de fácil
representação por figuras, e que fizessem parte do léxico das crianças com idade
superior a cinco anos, faixa etária adotada no presente estudo.
No Quadro 6 encontram-se dispostas as palavras utilizadas para o tratamento
por abordagem teórica, contexto e posição silábica. Das seis palavras selecionadas
para estimulação na sessão de terapia, três envolviam contexto antecedente e
tonicidade, e três envolviam contexto seguinte e tonicidade.
Na seleção das palavras relativas ao contexto gestual, considerou-se, no
contexto tonicidade, o /r/ pertencente à sílaba tônica, uma vez que as pesquisas na
área são unânimes em considerá-la favorável à aquisição.
64
/r/
POSIÇÃO
MIRANDA (1996)
ALBANO (2005)
CONTEXTO
FAVORÁVEL
OM
/i/ r r /u/
tônica tônica
Siri Peru
Irado Peruca
Pirata Marujo
/a/ r r /e/
tônica tônica
Marido Careta
Barata Cereja
Farinha Parede
CONTEXTO
“NEUTRO”
COMUM
OM
/o/ r r /E/
tônica tônica
Chorão Careca
Morango Farelo
Sorine Amarelo
CONTEXTO
FAVORÁVEL
CM
/i/ r r coronal
tônica tônica
Circo Corda
Firme Corta
Sirvo Porta
CONTEXTO
“NEUTRO”
CM
/o/ r r dorsal
tônica tônica
Porco Cerca
Corvo Arca
Corpo Parque
Quadro 6: Relação de palavras e contextos adotados neste estudo
Na seleção das palavras-alvo, a preocupação principal foi respeitar os
contextos propostos pelas teorias, procurando sempre conciliar com os demais
critérios. Entretanto, algumas palavras selecionadas não eram de tão fácil produção
mediante apresentação da figura. Observando as figuras expostas no Anexo IV, tem-
se para a palavra “firme” a figura de uma gelatina. Como a aplicação do modelo
prevê, para o primeiro contato da criança com as figuras, a produção mediante
imitação retardada, lançou-se mão desse recurso para os casos em que não foram
encontradas palavras de melhor representação através de figuras.
65
3.10. Levantamento e análise dos dados
Após o tratamento, realizou-se uma análise qualitativa e quantitativa a partir
da descrição do sistema fonológico, inventário fonético, generalizações pré e pós-
tratamento, assim como a análise dos contextos que favoreceram a evolução do
sistema fonológico. A generalização foi observada por meio da comparação entre as
análises contrastivas realizadas nos períodos de retirada do modelo utilizado, assim
como foi feita uma análise das PABs realizadas durante o período de tratamento.
Pelo fato de os sujeitos apresentarem dificuldade apenas com o /r/, a análise
das generalizações restringiu-se a itens não utilizados no tratamento, para outras
posições na palavra e para outras estruturas silábicas.
A generalização a itens não utilizados no tratamento ocorre quando a criança
é capaz de produzir os sons trabalhados, não somente nas palavras trabalhadas em
terapia, como também em outras palavras não estimuladas. Neste estudo, esta
generalização foi analisada através da comparação entre a AFI, as PAB realizadas
durante o tratamento, e as PG realizadas no período de retirada, considerando a
porcentagem de produção correta do som-alvo.
A generalização para outra posição na palavra caracteriza-se quando a
produção correta do som-alvo ocorre além da posição estimulada, em outra posição
ocupada na palavra. Comparando-se as PAB e PG com a AI, foi possível verificar as
generalizações do som-alvo para outras posições além daquela estimulada, através
da comparação entre os percentuais de produção nas sondagens.
Generalização para outra estrutura silábica ocorre quando a criança passa a
produzir o som-alvo em estrutura silábica que ainda não domina. Na clínica, esse
tipo de generalização é comum quando a criança adquire o segmento em Onset
Simples e passa a produzi-lo em Onset Complexo sem treinamento.
4. DESCRIÇÃO DOS DADOS
No presente capítulo, serão apresentados, inicialmente, os dados dos sujeitos
tratados pelo /r/ em onset medial, segundo uma abordagem gerativa facilitadora,
seguida por uma abordagem gestual facilitadora e uma abordagem neutra.
Posteriormente, serão apresentados os dados dos sujeitos tratados na posição de
coda medial, segundo uma abordagem gerativa facilitadora e neutra. Pretende-se
que a disposição do capítulo, desta forma, facilite a visualização dos dados e a
compreensão da análise dos resultados no capítulo seguinte. O cronograma das
avaliações realizadas durante a terapia fonoaudiológica encontra-se nos quadros
apresentados no Anexo V.
4.1. Som-alvo em OM
Conforme dito na metodologia, os sujeitos apresentavam dificuldade apenas
com a líquida não-lateral /r/, não estando esta totalmente adquirida no sistema
fonológico
12
inicial dos sujeitos tratados com o /r/ em Onset Medial (OM).
4.1.1. S1 - Contexto Gerativo Favorável
S1 apresentava o /r/ no inventário fonológico antes de iniciar o tratamento,
comprovado pela realização, embora mínima, do segmento. Em OM, o segmento
ocorreu 14,29% das possibilidades, em Coda Medial (CM) ocorreu 11,11%, em Coda
Final (CF) ocorreu 33,33% e em Onset Complexo (OC) ocorreu 23,5% das
possibilidades. Pode-se perceber que a maior porcentagem de realização do /r/ na
12
Considerou-se que o [r] encontrava-se no inventário fonético quando ocorria, no mínimo, duas realizações do
segmento, de acordo com Keske-Soares (2001). O segmento [r] encontrava-se presente no inventário fonético de
todos os sujeitos, exceto inventário do S2.
67
AI (Avaliação Inicial) deu-se na posição de CF. Miranda (1996), em estudo com
crianças em aquisição fonológica normal, verificou que a aquisição do /r/ se dá,
primeiramente, em posição de CF. É possível observar que o segmento apresenta
porcentagem de realização abaixo de 80% em todas as posições.
Na avaliação inicial, em OM, S1 realizou, como estratégia de reparo,
apagamento, semivocalização e substituição por líquida lateral; em CM, apagou e
substituiu pela retroflexa; e, em CF, semivocalizou e substituiu pela retroflexa.
Na PAB1, é possível observar que o maior número de realizações de /r/
ocorre na posição de CF. Ocorre a realização de /r/ em Onset Complexo (zebra e
presente) antes da realização desse segmento em estruturas silábicas mais simples,
sugerindo que S1 não tem dificuldade com estrutura silábica (Quadro 7).
68
Posição Itens lexicais PAB 1 PAB 2 PAB 3
[ma’uZu]
[pi’u]
[pi’uka]
[si’i]
Som-alvo
Irado
Marujo
Peru
Peruca
Pirata
Siri
2/6 (33,33%) 6/6 (100%) 6/6 (100%)
[se’noa]
[fo’geia]
[Zi’afa]
[tSi’zoa]
[uu’bu]
[‘Sika]
/r/ OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
0/6 (0%) 6/6 (100%) 6/6 (100%)
[bobo’leta]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vretSi]
[u’rusu]
[bobo’leta]
[so’ve®tSi]
/r/ CM Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Ursinho
1/6 (16,67%) 2/6 (33,33%) 4/6 (66,67%)
[Rega’do]
[‘zipi]
[ko’¥E®]
[ko’¥E®]
[Rega’do®]
[tãbo®]
/r/ CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
4/6 (66,67%) 5/6 (83,33%) 3/6 (50%)
[aves’tus]
[‘fãgu]
[‘fita]
[aves’tus]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[aves’tus]
[‘frãgu]
[‘fita]
/r/ OC Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
1/6 (16,67%) 6/6 (100%) 5/6 (83,33%)
Quadro 7: Sondagens do som-alvo realizadas no primeiro ciclo de tratamento de S1.
Em relação às estratégias de reparo, S1 realiza, na PAB1, em OM,
apagamento e semivocalização; em CM e CF, apagamento. Nas PAB 2 e 3, S1
passa a realizar, além do apagamento, substituição pela retroflexa em CF.
É possível observar, também, queo existe gradualidade na aquisição do /r/
nas palavras-alvo e em OM, diferente do que é observado em CM, onde o segmento
passa de 16,67% na PAB 2 para 33,33% na PAB 3 e termina com 66,67% na PAB 3.
já na posição de CF e OC, verifica-se o padrão não-linear da aquisição.
Devido ao elevado número de palavras com /r/ realizadas pela criança nas
avaliações após o primeiro ciclo de tratamento, o Quadro 8 especifica, somente, o
69
número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades e o percentual de
certo em todas as posições silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo de
análises.
O Quadro 8 traz as reavaliações do sistema fonológico de S1 realizadas após
o ciclo de tratamento. O /r/ trabalhado em OM promoveu a aquisição do
segmento, constatada na PAB 2, em OM, CF e OC, com 100% de produção correta
e generalização para as demais posições, indicando novamente que esse sujeito
não apresentava problema com estrutura silábica.
PS PG1(1)
PG1(2) FE PG2(1)
13
PG2(2)
Realizações / possibilidades 13/13 10/10
O
1/1 12/12 OM
% de realização 100% 100%
O
100% 100%
Realizações / possibilidades
O
9/12
O
O
15/15 CM
% de realização
O
75%
O
O
100%
Realizações / possibilidades 3/3 2/5
O
O
2/2 CF
% de realização 100% 40%
O
O
100%
Realizações / possibilidades 5/6 19/19 6/6 2/2 22/22 OC
% de realização 83,33%
100% 100% 100% 100%
Quadro 8: Produções do /r/ o primeiro ciclo de tratamento de S1
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
O fato de o segmento ter sido estimulado em OM favoreceu a ocorrência da
estabilidade desse segmento nessa posição nas primeiras reavaliações (PAB 2).
Em relação à posição de coda, o segmento apresentou um percentual de realização
em CF maior (60,67%) do que em CM (16,67%) nas primeiras reavaliações.
O Quadro 9 traz as estratégias de reparo utilizadas por S1 durante o
tratamento. Em OM, CM e OC, predomina o apagamento do /r/, e em CF a
substituição pela retroflexa.
13
Na PG2(1), existe apenas uma palavra com /r/ em OM, pois, conforme dito na metodologia, esta é uma
avaliação realizada através da nomeação de figuras sorteadas em um jogo.
70
OM CM CF OC
SV LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
1º AFC X X X X X X X X
PAB1 X X X X
PAB2 X X
PAB3 X X X
PG1(1)
X
PG1(2)
X X
FE
PG2(1)
PG2(2)
Quadro 9: Estratégias de reparo se S1 nas avaliações
SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC - redução
de encontro consonantal.
4.1.2. S2 – Contexto Gerativo Favorável
S2 apresentava início da presença de /r/ no inventário fonológico antes de
começar o tratamento, comprovado pela realização do segmento. Em OM, o
segmento ocorreu em 7,14% das possibilidades e, nas demais posições, não foi
realizado corretamente. Este permite verificar que o segmento encontrava-se com
percentual inferior a 80% de produção em todas as posições silábicas, sendo
considerado não adquirido na avaliação inicial.
As estratégias de reparo utilizadas na avaliação inicial são, em OM
apagamento e substituição pela líquida lateral, em CM, apagamento, em CF,
apagamento e substituição pela retroflexa, e redução de encontro consonantal
(REC) em OC.
No Quadro 10, é possível observar que o ocorreram mudanças na
produção de /r/ durante o primeiro ciclo de tratamento, pois o segmento apresenta
0% de produção em todas as posições, em todas as provas.
71
PS PAB 1 PAB 2 PAB 3
[iRi’tadu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
[pi’lata]
[si’li]
[iRi’tadu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
[pi’lata]
[si’li]
[iRi’tadu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
[pi’lata]
[si’li]
Som-alvo
Irado
Marujo
Peru
Peruca
Pirata
Siri
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sikala]
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sikala]
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sika]
/r/ OM Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
/r/ CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Ursinho
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[ko’¥E]
[iterupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipe]
[ko’¥E]
[iterupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipe]
[ko’¥E®]
[iterupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipe]
/r/ CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/ OC Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
Quadro 10: Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento de S2.
Legenda: PS - Posição Silábica
O Quadro 11 traz as reavaliações do sistema fonológico de S2, realizadas
após o 1º ciclo de tratamento.
Devido ao elevado número de palavras com /r/ realizadas pela criança, nas
avaliações após o primeiro ciclo de tratamento, o Quadro 8 especifica, somente, o
número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades e o percentual de
acerto em todas as posições silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo
de análises.
72
É possível observar que o /r/ trabalhado em OM proporcionou o aparecimento
do segmento, inicialmente na posição de CM, na segunda prova de generalização
[PG1 (2)], seguido do aparecimento na posição de OM e CF.
PS PG1 (1) PG1 (2) FE PG2
(1)
PG2(2)
Realizações / possibilidades (0/11) (0/19) (0/14) (1/7) (12/17) OM
% de produção 0% 0% 0% 14,28%
29,41%
Realizações / possibilidades (0/6) (4/17) (0/5) (0/2) (0/12) CM
% de realização 0% 23,52% 0% 0% 0%
Realizações / possibilidades (0/2) (0/5)
O
(0/1) (1/3) CF
% de realização 0% 0%
O
0% 33,33%
Realizações / possibilidades (1/4) (1/22) (0/4) (0/2) (0/26) OC
% 25% 4,54% 0% 0% 0%
Quadro 11: Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de S2
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
O percentual de realização do /r/ na [PG(2)], relativo à avaliação final do
primeiro período de retirada, ainda estava abaixo de 80%, fazendo-se necessário a
continuação do tratamento com o /r/ em OM.
As sondagens do som-alvo realizadas durante o segundo ciclo de tratamento
de S2 estão descritas no Quadro 12. Pode-se observar o início da produção das
palavras-alvo utilizadas nas sessões de terapia (OM) e de palavras utilizadas nas
sondagens em OM. A PAB 5, realizada após três sessões de terapia, no segundo
ciclo de tratamento, foi a prova que apresentou um maior percentual de produção de
/r/ (33,33%), sendo esta na posição silábica estimulada, em OM. Nas demais
posições silábicas, predominaram o apagamento em coda e redução de encontro
consonantal em OC.
73
PS
PAB 4 PAB 5 PAB 6
[iRi’ladu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
÷
[si’li]
[iRi’tadu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
÷
÷
[iRi’tadu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
[pi’lata]
÷
Som-
alvo
Irado
Marujo
Peru
Peruca
Pirata
Siri
1/6 (16,67%) 2/6 (33,33%) 1/6 (16,67%)
[se’noa]
[fo’gea]
[Zi’afa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sika]
÷
[fo’gea]
÷
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sika]
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sika]
/r/ OM Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
0/6 (0%) 2/6 (33,33%) 0/6 (0%)
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
/r/ CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Ursinho
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[ko’¥E]
[iteRupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipetSi]
[ko’¥E]
[iteRupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipetSi]
[ko’¥E]
[iteRupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipetSi]
/r/ CF
Colher
Interruptor
Liquidificad
or
Regador
Tambor
Zíper
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/ OC Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
Quadro 12: Sondagens do /r/ realizadas no segundo ciclo de tratamento de S2
Legenda: PS - Posição Silábica
Em relação às estratégias de reparo, S2 realiza substituição e apagamento
em OM, apagamento em CM e CF, e redução de onset complexo. Nas palavras em
OM, é possível observar a não-linearidade no processo de aquisição do /r/.
O Quadro 13 traz as reavaliações do sistema fonológico de S2, realizadas
após o 2º ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de palavras com /r/
realizadas pela criança nas avaliações após o segundo ciclo de tratamento, o
Quadro 13 especifica, somente, o número de realizações corretas do alvo diante das
74
possibilidades, e o percentual de acerto em todas as posições silábicas. Os itens
lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar que /r/, novamente trabalhado em OM, proporcionou,
principalmente, o aparecimento de palavras com /r/ apenas na posição de OM desde
o início do período [PG3(2)]. A criança não apresentou produções de /r/ em OC.
PS PG3(1) PG3(2) FE PG4(1) PG4(2)
Realizações / possibilidades 0/9 1/14 3/12 1/17 2/24 OM
% de realização 0% 7,14% 25% 5,88% 8,3%
Realizações / possibilidades 0/5 1/14 1/5 0/7 0/15% CM
% de acerto 0% 7,14% 20% 0% 0%
Realizações / possibilidades 0/2 0/4 0/2 0/5 0/5 CF
% de produção 0% 0% 0% 0% 0%
Realizações / possibilidades 1/7 0/23 0/13 0/11 0/27 OC
% de realização 14,28%
0% 0% 0% 0%
Quadro 13: Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de S2
Legenda: PS - Posição Silábica
Após o segundo ciclo de tratamento, foi dada uma pausa· no tratamento dos
sujeitos. Após esse período, fez-se uma nova avaliação fonológica, cujos resultados
do /r/ encontram-se apresentados no Quadro 14.
OM CM CF OC
Realizações / possibilidades 3/33 2/22 0/4 1/25
% de realização 9,09% 9,09% 0% 4%
Quadro 14: Realizações versus possibilidades de ocorrência /r/ na AF pós-férias de S2
O Quadro 15
14
traz a evolução fonológica do /r/ desde o início do tratamento
até a avaliação fonológica pós-férias. É possível observar que não houve mudanças
significativas na produção de /r/ por S2 após esse período, de modo que se fez
necessário a realização do terceiro ciclo de tratamento com /r/ em OM.
14
É demonstrado o sistema fonológico dos sujeitos analisados a partir de provas que utilizaram como
instrumento a Avaliação Fonológica da Criança (Yavas te al, 1991) acrescido pela figura do circo (Hernandorena
e Lamprecht, 1997).
75
PS /r/ OM /r/ CM /r/ CF
AI 7,14% 0% 0%
PG2 (2) 29,41 % 0% 33,33%
PG4 (2) 8% 0% 0%
AFC pós-férias 9,09% 9,09% 0%
Quadro 15: Evolução das produções de /r/ até o terceiro ciclo de tratamento
Legenda: PS - Posição Silábica
O Quadro 16 traz a sondagem do /r/ durante o terceiro ciclo de tratamento.
PS PAB 7 PAB 8 PAB 9
[ili’tadu]
[ma’luZu]
[pe’lu]
[pe’luka]
[pi’lta]
[si’i]
÷
÷
÷
[pe’uka]
÷
÷
[i’ladu]
[ma’luZu]
÷
[pe’luka]
÷
÷
Som-
alvo
Irado
Marujo
Peru
Peruca
Pirata
Siri
0/6 (0%) 5/6 (83,33%) 3/6 (50%)
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
[‘Sika]
÷
÷
[Zi’afa]
÷
[ulu’bu]
[‘Sika]
÷
÷
÷
÷
[ulu’bu]
÷
/r/ OM Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
0/6 (0%) 5/6 (50%) 50/6 (83,33%)
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
[bobo’leta]
[‘kata]
[e’vi¥a]
[‘gafu]
[so’vetSi]
[u’siNu]
/r/ CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Ursinho
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[ko’¥E]
[iteRupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipe]
[ko’¥E]
[iteRupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipe]
[ko’¥E]
[iteRupi’to]
[likidica’do]
[Rega’do]
[tã’bo]
[‘zipe]
/r/ CF
Colher
Interruptor
Liquidificad
or
Regador
Tambor
Zíper
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/ OC Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
0/6 (0%) 0/6 (0%) 0/6 (0%)
Quadro 16: Sondagens do som-alvo no terceiro ciclo de tratamento de S2.
Legenda: PS - Posição Silábica
76
A partir da PAB 8, é possível visualizar a não-linearidade na aquisição do /r/
através da regressão na produção de /r/ nas palavras-alvo e a progressão na
produção nas demais palavras com /r/ em OM. Em relação às estratégias de reparo,
S2 apaga e substitui pela líquida lateral em OM, e apaga nas demais posições.
Devido ao elevado número de palavras com /r/ realizadas pela criança nas
avaliações após o terceiro ciclo de tratamento, o Quadro 17 especifica, somente, o
número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades e o percentual de
acerto em todas as posições silábicas de S2 após o terceiro ciclo de tratamento. Os
itens lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar, nas três primeiras provas, uma progressão na produção
do /r/ em OM [PG5 (1) 73,33% ; PG5(2) 75% ; e FE 77,77%], seguida de uma
regressão [PG6(1) 59,09%], e posterior progressão [PG6(2) 100%]. Esse fato é
denominado na literatura como “Curva em U”, e, segundo Miranda (1996), é
perceptível nos momentos em que a criança está reorganizando seu conhecimento
lingüístico em função de uma nova aquisição, pois, na FE, ocorreu a progressão,
embora mínima, na produção do /r/ em CM (16,67%).
PS PG5(1) PG5(2) FE PG6(1) PG6(2)
Realizações / possibilidades 11/15 18/23 7/9 13/22 7/7 OM
% de produção 73,33% 75% 77,77%
59,09% 100%
Realizações / possibilidades 0/7 0/19 1/6 0/17 0/3 CM
% de produção 0% 0% 16,67%
0% 0%
Realizações / possibilidades 0/2 0/4
O
0/3 0/2 CF
% de produção 0% 0%
O
0% 0%
Realizações / possibilidades 0/10 0/30 0/12 0/22 0/4 OC
% de acerto 0% 0% 0% 0 % 0%
Quadro 17: Produções do /r/ em após o terceiro ciclo de tratamento de S2
PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
O Quadro 18 traz as estratégias de reparo utilizadas por S2 durante os três
ciclos de tratamento. Em OM, no início do tratamento, predominava substituição pela
líquida lateral; em CM, CF e OC, predominou o apagamento do /r/.
77
OM CM CF OC
SV LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
1º AFC x x x x x x
PAB1 x x x x
PAB2 x x x x
PAB3 x x x x x
PG1(1)
x x x x x
PG1(2)
x x x x x x
FE x x x Não tem amostra x
PG2(1)
x x x x X
PG2(2)
x X x x x
PAB4 x x x x x
PAB5 x x x x x
PAB6 x x x x x
PG3(1) x x X X X
PG3(2) x x X X X
FE x x X X X
PG4(1) x x X X X
PG4(2) x x X x X
2º AFC x x x x x
PAB7 x x X X X
PAB8 x x X X X
PAB9 x x x x x
PG5(1) X X X X
PG5(2) X X X X
FE x X X X
PG6(1) x x x X
PG6(2) x x x
Quadro 18: Estratégias de reparo se S2 nas avaliações
Legenda: SV: semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC -
redução de encontro consonantal.
78
4.1.3. S3 – Contexto Gestual Favorável
S3 apresentava o /r/ no inventário fonológico antes de começar o tratamento,
comprovado pela realização do segmento nas posições de OM (15,38%), CM
(21,42%) e CF (50%). É possível observar que o segmento encontrava-se com
percentual abaixo de 80%, ou seja, encontrava-se não adquirido na AI.
Durante o primeiro ciclo de tratamento de S3, não ocorre /r/ em OM (Quadro
19).
PS PAB 1 PAB 2 PAB 3
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´leZa]
[fa’liNa]
[ma’lidu]
[pa’ledZi]
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´leZa]
[fa’liNa]
[ma’lidu]
[pa’ledZi]
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´leZa]
[fa’liNa]
[ma’lidu]
[pa’ledZi]
Som-
alvo
Barata
Careta
Cereja
Farinha
Marido
Parede
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[usu’bu]
[‘Sika]
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[usu’bu]
[‘Sika]
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[usu’bu]
[‘Sika]
/r/
OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[bobo’leta]
[‘ka®ta]
[er’vi¥a]
[‘gafu]
[‘pçta]
[so’vetSi]
[‘u®su]
[bobo’leta]
[‘ka®ta]
[e’vi¥a]
[gafu]
[so’vetSi]
[‘usiNu]
[bobo’leta]
[ka®ta]
[e®’vi ¥a]
[‘garfu]
[so’vetSi]
[u®’si Nu]
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Porta
Sorvete
(2/6) 33,33% (0/6) 0% (1/6) 16,67%
[ko’¥Er]
[ibi’tor]
[likidica’dor]
[Rega’dor]
[tãbor]
[‘zipe®]
[ko’¥E]
[i’toy]
[likidi’do]
[Rega’doy]
[tãbo]
[‘zipe®]
[ko’¥E®]
[i’tepitor]
[lidZika’dor]
[Rega’dor ]
[tãbor]
[‘zipe®]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
(1/6) 16,67% (0/6) 0% (4/6) 66,66%
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘bçrSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Brochi
Frita
Frango
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 19: Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento de S3.
Legenda: PS - Posição Silábica
79
É possível observar ocorrência de /r/ apenas em CM e CF, sendo a maioria
nesta última posição. As estratégias de reparo utilizadas foram: em OM, substituição
pela líquida lateral; em CM, apagamento e substituição pela retroflexa; em CF,
apagamento, semivocalização e substituição pela retroflexa; e em OC, apagamento.
A posição em que ocorreu maior percentual de produção (CF), foi a que apresentou
maior número de estratégias.
A não-linearidade na aquisição é evidente nas posições de CM e CF,
ocorrendo variação no percentual de produção ao longo das provas.
Os Quadros 20 trazem as reavaliações do sistema fonológico de S3
realizadas após o 1º ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de palavras
com /r/ realizadas pela criança nas avaliações após o primeiro ciclo de tratamento, o
Quadro 18 especifica, somente, o número de realizações corretas do alvo diante das
possibilidades e o percentual de acerto em todas as posições silábicas. Os itens
lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar que /r/, trabalhado em OM, proporcionou o aparecimento
de palavras com /r/ inicialmente na posição de CM, e nas posições de OM e CF.
PS
PG1 (1) PG1 (2) FE PG2 (1) PG2(2)
Realização / possibilidades 0/8 0/15 0/5 0/9 2/26 OM
% de realização 0% 0% 0% 0% 8,33%
Realização / possibilidades 0/5 1/14
O
0/2 6/20 CM
% de realização 0% 7,69%
O
0% 30%
Realização / possibilidades 0/2 0/2
O
0/1 1/2 CF
% de realização 0% 0%
O
0% 50%
Realização / possibilidades 1/1 0/16 0/1 0/4 0/29 OC
% de realização 0% 0% 0% 0% 0%
Quadro 20: Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de S3
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Os percentuais de realização do /r/ na [PG(2)], deixa claro a necessidade de
continuar a intervenção terapêutica devido à baixa porcentagem de realização do
segmento em todas as posições.
As sondagens do som-alvo realizadas durante o segundo ciclo de tratamento
são apresentadas no Quadro 21. Pode-se observar a não-linearidade na aquisição
80
do /r/ através da progressão na produção do segmento nas palavras-alvo (0%
83,33%), em OM (0% 50%) e CM (50% 83,33%), e da regressão em CF
(83,33% 66,66%).
PS PAB 4 PAB 5 PAB 6
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´leZa]
[fa’liNa]
[ma’lidu]
[pa’ledZi]
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´leZa]
[fa’liNa]
[ma’lidu]
[pa’ledZi]
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´leZa]
[fa’liNa]
[ma’lidu]
[pa’ledZi]
Som-
alvo
Barata
Careta
Cereja
Farinha
Marido
Parede
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[usu’bu]
[‘Sikla]
[se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[usu’bu]
[‘S
i
ka]
se’nola]
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[usu’bu]
[‘S
i
ka]
/r/
OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[bobo’leta]
÷
[e’vi¥a]
÷
[so’vetSi]
÷
[bobo’leta]
÷
÷
÷
[so’vertSi]
÷
[bobo’leta]
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(3/6) 50% (4/6) 66,67% (5/6) 83,33%
[ko’¥E®]
÷
÷
[Rega’do®]
[tãbo®]
[‘zipe®]
÷
÷
÷
÷
[tãbo®]
÷
[ko’L]
÷
÷
÷
÷
[‘zipe®]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
(26) 33,33% (5/6) 83,33% (4/6) 66,66%
[aves’tus]
[‘bçrSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘bçrSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Frita
Frango
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 21: Sondagens do som-alvo no segundo ciclo de tratamento de S3.
Legenda: PS - Posição Silábica
Em relação às estratégias de reparo, S3 apaga, semivocaliza e substitui pela
líquida lateral /l/ em OM, apaga em CM, apaga e substitui pela retroflexa em CF, e
realiza redução de onset complexo.
O Quadro 22 traz as reavaliações do sistema fonológico de S3 realizadas
após o 2º ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de palavras com /r/
81
realizadas pela criança nas avaliações após o segundo ciclo de tratamento, o
Quadro 26 especifica, somente, o número de realizações corretas do alvo diante das
possibilidades e o percentual de acerto em todas as posições silábicas. Os itens
lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar, em OM e CM, que /r/, novamente trabalhado em OM,
promoveu o aparecimento gradual das palavras com /r/, ou seja, com o passar do
tempo e evolução das provas, ocorria o aumento de produção do som-alvo.
PS PG3(1) PG3(2) FE PG4(1) PG4(2)
Realização / possibilidades 1/14 5/17 1/6 5/13 7/13 OM
% de realização 7,14% 33,33%
16,67%
38,46%
53,84%
Realização / possibilidades 0/2 9/8 2/3 6/7 15/18 CM
% de realização 0% 53% 66,66%
85,71%
83,33%
Realização / possibilidades
O
4/5
O
O
3/5 CF
% de acerto
O
80%
O
O
60%
Realização / possibilidades de realização 0/11 0/23 0/7 0/6 0/30 OC
% de acerto 0% 0% 0% 0% 0%
Quadro 22: Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de S3
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Após o segundo ciclo de tratamento, foi dada uma pausa no tratamento dos
sujeitos. O Quadro 23 traz o sistema fonológico de S3 após o recesso. É possível
observar que, embora tenha ocorrido um aumento de produção do /r/, a criança
ainda não atingiu 80% de produção correta do segmento em OM, fazendo-se
necessário à realização de mais um ciclo de tratamento com /r/ em OM.
OM CM CF OC
Realização / possibilidades 6/16 17/23 2/4 0/23
% de realização 16,67% 21,42% 50% 0%
Quadro 23: Realizações versus possibilidades de /r/ na AF pós-férias de S3
82
O Quadro 23 mostra que o /r/ ainda encontrava-se não adquirido após esse
período. Tornou-se necessária a realização do terceiro ciclo de tratamento com /r/
em OM.
O Quadro 24 traz a sondagem do /r/ realizada durante o terceiro ciclo de
tratamento. É possível observar, desde as primeiras provas, que o /r/ em OM
encontrava-se adquirido, apresentando um percentual de produção idêntico na
produção das palavras-alvo e nas demais, em OM, da sondagem.
PAB 7 PAB 8 PAB 9
÷
÷
÷
÷
÷
[pa’ledZi]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
Som-
alvo
Barata
Careta
Cereja
Farinha
Marido
Parede
(5/6) 83,33% (6/6) 100% (6/6) 100%
÷
÷
÷
÷
÷
[‘Sickira]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
OM
Xícara
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(5/6) 83,33% (6/6) 100% (6/6) 100%
[bobo’leta]
÷
[e’vi¥a]
÷
÷
÷
[bobo’leta]
÷
÷
[e’vi¥a]
÷
÷
÷
[bobo’leta]
÷
[e’vi¥a]
÷
÷
÷
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urdo
(4/6) 66,66% (4/6) 66,66% (4/6) 66,66%
[ko’¥Ey]
÷
÷
÷
÷
[‘zipe]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
(4/6) 66,66% (6/6) 100% (6/6) 100%
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zebra]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Frango
Frita
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (1/6) 16,67%
Quadro 24: Sondagens do /r/ realizadas no terceiro ciclo de tratamento de S3
Legenda: PS - Posição Silábica
83
Em relação às estratégias de reparo, S3 utiliza, em OM, substituição pela
lateral /l/; em CM, apagamento; em CF, apagamento e semivocalização; e em REC.
Pode-se afirmar que houve uma gradualidade na aquisição do segmento em todas
as posições.
Os Quadros 25 trazem o sistema fonológico do S3 após o terceiro ciclo de
tratamento. Devido ao elevado número de palavras com /r/ realizadas pela criança
nas avaliações após o terceiro ciclo de tratamento, o Quadro 29 especifica, somente,
o número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades, e o percentual
de acerto em todas as posições. Os itens lexicais serão descritos no capítulo de
análises.
Verifica-se que, OM e CM, ocorre uma oscilação no percentual de produção
do segmento, caracterizando a “Curva em U”. Em OM, o segmento estava 100% na
primeira prova [PG5(1)], regredindo para 92,85% na PG5(2), aumentando para
100% nas duas provas seguintes [FE e PG6(1)] e fechando com 94,44% na PG6(2).
Em CM, havia 100% de produção correta na primeira prova, PG5(1), regredindo para
68% na PG5(2), regredindo ainda mais para 66,66% na (FE), aumentando a
produção para 83,33% na [PG6(1)] e regredindo, novamente, para 77,27% na
PG6(2).
PS PG5(1)
PG5(2) FE PG6(1) PG6(2)
Realização / possibilidades 13/3 26/28 7/17 15/5 17/18 OM
% de realização 100% 92,85%
100% 100% 94,44%
Realização / possibilidades 7/7 17/25 4/6 5/6 17/22 CM
% de realização 100% 68% 66,66%
83,33%
77,27%
Realização / possibilidades 4/4 5/5 2/2 2/2 6/6 CF
% de realização 100% 100% 100% 100% 100%
Realização / possibilidades 0/8 0/24 1/13 0/8 0/31 OC
% de acerto 0% 0% 7,69% 0% 0%
Quadro 25: Produções do /r/ após o terceiro ciclo de tratamento de S3
Legenda: PS - Posição Silábica
Apesar da evolução no sistema da criança, este último dado mantém o sujeito
em terapia fonoaudiológica, pois o /r/, em CM, ainda tem um percentual mínimo de
80% necessário para ser considerado adquirido.
84
O Quadro 26 traz as estratégias de reparo utilizadas por S3 durante o
tratamento.
OM CM CF OC
/s/ LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
1º AFC x x x x x
PAB1 x x x x x x
PAB2 x x x x x x
PAB3 x x x x x x
PG1(1)
x x x x x x
PG1(2)
x x x x x x x
FE x x
PG2(1)
x x x x x
PG2(2)
x x x x x
PAB4 x x x x
PAB5 x x x x
PAB6 x x x x x
PG3(1) x x x
PG3(2) x x x x x
FE x x x
PG4(1) x x x
PG4(2) x x x x x x
2º AFC x x x x
PAB7 x x x x x
PAB8 x x x
PAB9 x x x
PG5(1) x
PG5(2) x x x
FE x x
PG6(1) x x
PG6(2) x x x
Quadro 26: Estratégias de reparo utilizadas por S3
SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC - redução
de encontro consonantal.
É possível observar que , em OM, ocorre, no início do tratamento, substituição
pela líquida lateral, e apagamento no final do tratamento. Em CM e OC, ocorre mais
apagamento do /r/, e, em CF, ocorre substituição pela retroflexa.
4.1.4. S4 – Contexto Gestual Favorável
S4 apresentava o /r/ no inventário fonológico antes de começar o tratamento,
comprovado pela realização do segmento nas posições de OM (4,76%) e CM
85
(41,17%). Entretanto, o segmento apresentava percentual de produção menor que
80%, sendo considerado não adquirido.
As estratégias de reparo utilizadas por S4 na avaliação inicial, em OM, foram:
apagamento, semivocalização e substituição pela líquida lateral; em CM,
apagamento e semivocalização; e, em CF, somente semivocalização.
Após o primeiro ciclo, o /r/ não foi adquirido em nenhuma posição (Quadro
27).
PAB 1 PAB 2 PAB 3
Som-
alvo
Barata
Careta
Cereja
Farinha
Marido
Parede
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´yeZa]
[fa’iNa]
[ma’idu]
[pa’ledZi]
[ba’lata]
[ka’eta]
[se´leZa]
[fa’iNa]
[ma’idu]
[pa’edZi]
[ba’yata]
[ka’eta]
÷
[fa’iNa]
÷
[pa’edZi]
(0/6) 0% (0/6) 0% (2/6) 33,33%
/r/
OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
[se’noya]
[fo’gea]
[Zi’afa]
[tSi’zola]
[ulu’bu]
÷
[se’noya]
[fo’gea]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
[ulu’bu]
[‘Sikaa]
[se’noya]
[fo’geya]
[Zi’yafa]
[tSi’zoya]
÷
[‘Sikaya]
(1/6) 16,67% (0/6) 0% (1/6) 16,67%
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
÷
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[so’yvetSi]
[‘uysu]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[soy’vetSi]
÷
(1/6) 16,67% (6/6) 100% (2/6) 33,33%
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
zíper
÷
[iteRupi’toy]
[likidica’doy]
[Rega’doy]
÷
[‘zipe]
[ko’¥¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidi’dor]
[Rega’doy]
[tãboy]
[‘zipey]
[ko’¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidi’dor]
[Rega’doy]
[tãboy]
[‘zipey]
(2/6) 16,67% (0/6) 0% (0/6) 0%
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
÷
÷
÷
÷
[pe’zetSi]
÷
[aves’tus]
÷
÷
÷
÷
÷
[aves’tus]
÷
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
÷
(5/6) 83,33% (5/6) 83,33% (2/6) 33,33%
Quadro 27: Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento de S4.
Legenda: PS - Posição Silábica
86
Em relação às estratégias de reparo aplicadas no primeiro ciclo de
tratamento, S4 apaga e realiza a semivocalização do /r/ nas palavras-alvo, em OM,
em CM e em CF, e ocorre REC.
O Quadro 28 traz as reavaliações do sistema fonológico de S4 realizadas
após o 1º ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de palavras com /r/
realizadas pela criança nas avaliações após o primeiro ciclo de tratamento, o Quadro
33 especifica, somente, o número de realizações corretas do alvo diante das
possibilidades, e o percentual de acerto em todas as posições silábicas. Os itens
lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar algumas realizações de /r/ em OM e CM, com maior
ocorrência nessa última. A não-linearidade pôde ser observada ao longo das provas
em todas as posições, exceto em CF.
PS PG1 (1) PG1 (2) FE PG2 (1) PG2(2)
Realização / possibilidades 0/5 1/19 0/12 1/14 0/28 OM
% de realização 0% 5,55% 0% 7,14% 0%
Realização / possibilidades 0/5 3/21 1/3 1/5 0/16 CM
% de realização 0% 14,28% 33,33%
20% 0%
Realização / possibilidades 0/3 0/3 0/2 0/8 0/4 CF
% de realização 0% 0% 0% 0% 0%
Realização / possibilidades 3/4 23/30 0/8 0/20 1/30 OC
% de acerto 75% 76,66% 0% 0% 3,33%
Quadro 28: Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de S4
Legenda: PS - Posição Silábica
A baixa porcentagem de realização do /r/ em OM obtida no período de
reavaliação após o ciclo de tratamento levou à realização de um ciclo. O
Quadro 29 traz a reavaliação do /r/ realizada no segundo ciclo de tratamento.
Observa-se que o sistema de S4 sofre menores modificações ao longo do
segundo ciclo de tratamento em relação ao primeiro, havendo variação apenas em
CM.
87
PS PAB 4 PAB 5 PAB 6
[ba’yata]
[ka’yeta]
[se´yeZa]
[fa’iNa]
[ma’idu]
[pa’yedZi]
[ba’®ata]
[ka’®eta]
[se´eZa]
[fa’iNa]
[ma’idu]
[pa’®edZi]
[ba’lata]
[ka’leta]
[se´®eZa]
[fa’iNa]
[ma’lidu]
[pa’edZi]
Som-
alvo
Barata
Careta
Cereja
Farinha
Marido
Parede
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[se’noya]
[fo’geya]
[Zi’yafa]
[tSi’zoya]
[uyu’bu]
[‘Sikaya]
[se’noya]
[fo’geya]
[Zi’yafa]
tSi’zoya]
[uyu’bu]
[‘Sikaya]
[se’nola]
[fo’geyla]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[uyu’bu]
[‘Sikaya]
/r/
OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(1/6) 16,67% (0/6) 0% (0/6) 0%
[boybo’leta]
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[soy’vetSi]
[‘uysu]
[boybo’leta]
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[soy’vetSi]
[‘uysu]
[boybo’leta]
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[soy’vetSi]
÷
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(0/6) 0% (0/6) 0% (1/6) 16,67%
[co’¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidica’doy]
[Rega’doy]
[tã’boy]
[‘zipey]
[ko’¥ey]
[iteRupi’toy]
[likidi’dor]
[Rega’doy]
[tãboy]
[‘zipey]
[ko’¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidi’dor]
[Rega’doy]
[tãboy]
[‘zipey]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
zíper
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 29: Sondagens do som-alvo no segundo ciclo de tratamento de S4.
Legenda: PS - Posição Silábica
O Quadro 30 traz as reavaliações do sistema fonológico de S4, realizadas
após o ciclo de tratamento. É possível observar algumas realizações de /r/ em
CM, CF e OC.
Devido ao elevado número de palavras com /r/ realizadas pela criança nas
avaliações após o segundo ciclo de tratamento, o Quadro 35 especifica, somente, o
número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades e o percentual de
acerto em todas as posições silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo
de análises.
88
PS Realização PG3(1) PG3(2) FE PG4(1) PG4(2)
Realização / possibilidades 0/4 0/17 0/9 0/13 0/18 OM
% de realização 0% 0% 0% 0% 0%
Realizações / possibilidades 0/3
O
1/7 1/10 0/15 CM
% de realização 0%
O
14,28% 10% 0%
Realização / possibilidades
0/1
O
0/4 1/5 0/7 CF
% de realização 0%
O
0% 20% 0%
Realização / possibilidades
0/5 2/30 0/10 0/9 1/28 OC
% de realização 0% 6,66% 0% 0% 3,57%
Quadro 30: Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de S4.
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Os dados da PG4(2) não mostram a aquisição do /r/ em OM, posição silábica
trabalhada.
Assim como ocorreu com os demais sujeitos, S4 teve uma pausa no
tratamento após o segundo ciclo. O Quadro 31 traz o perfil de realização do /r/ por
S4 após o recesso. O percentual de realização do /r/ de 0% em OM determinou a
realização do terceiro ciclo de tratamento.
OM CM CF OC
Realização / possibilidades 0/22 0/14 0/7 17/31
% de produção 0% 0% 0% 54,83%
Quadro 31: Realizações versus possibilidades de /r/ na avaliação pós-férias de S4
O Quadro 32 traz as avaliações de S4 realizadas durante o terceiro ciclo de
tratamento. É possível observar, nas PABS 8 e 9, realização do /r/ em OM. Em CM e
OC, também ocorreram itens com /r/, porém em menor percentual de realização.
89
PS
PAB 7 PAB 8 PAB 9
[ba’yata]
[ka’yeta]
[se´yeZa]
[fa’iNa]
[ma’idu]
[pa’yedZi]
[ba’yata]
[ka’eta]
÷
[fa’iNa]
÷
[pa’edZi]
[ba’®ata]
÷
÷
[fa’®iNa]
÷
÷
Som-
alvo
Barata
Careta
Cereja
Farinha
Marido
Parede
(0/6) 0% (2/6) 33,33% (4/6) 66,66%
[se’noya]
[fo’geya]
[Zi’yafa]
[tSi’zoya]
[uyu’bu]
[‘Sikaya]
[se’noya]
[fo’geya]
[Zi’yafa]
tSi’zoya]
[uyu’bu]
[‘Sikaya]
[se’no®a]
[fo’ge®a]
[Zi’®afa]
[tSi’zo®a]
[u®u’bu]
[‘Sika®a]
/r/
OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(0/6) 16,67% (0/6) 0% (0/6) 0%
÷
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[so’yvetSi]
[‘uysu]
÷
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[so’yvetSi]
[‘uysu]
[boybo’leta]
[‘kayta]
[ey’vi¥a]
[‘gayfu]
[so’yvetSi]
[‘uysu]
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(1/6) 16,67% (1/6) 16,67% (0/6) 0%
[co’¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidica’doy]
[Rega’doy]
[tã’boy]
[‘zipey]
[ko’¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidi’doy]
[Rega’doy]
[tãboy]
[‘zipey]
[ko’¥Ey]
[iteRupi’toy]
[likidi’dor]
[Rega’doy]
[tãboy]
[‘zipey]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
zíper
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[aves’tgus]
[‘bgçSi]
÷
÷
[pe’zetSi]
[‘zebga]
[aves’tgus]
[‘bgçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[‘zebga]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
(2/6) 33,33% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 32: Sondagens do som-alvo no terceiro ciclo de tratamento de S4.
Legenda: PS - Posição Silábica
O Quadro 33 traz as avaliações realizadas após o terceiro ciclo de tratamento
de S4. Devido ao elevado mero de palavras com /r/ realizadas pela criança nas
avaliações após o terceiro ciclo de tratamento, o Quadro 32 especifica, somente, o
número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades, e o percentual de
acerto em todas as posições silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo
de análises.
90
Posição Realização PG5(1) PG5(2) FE PG6(1) PG6(2)
Realização / possibilidades 1/15 0/19 0/9 0/2 0/21 OM
% de realização 6,67% 0% 0% 0% 0%
Realização / possibilidades 1/5 1/16 0/9 0/3 0/17 CM
% de realização 20% 6,25% 0% 0% 0%
Realização / possibilidades 0/4 0/5 0/4 0/4 0/4 CF
% de realização 0% 0% 0% 0% 0%
Realização / possibilidades 0/7 0/24 0/25 0/1 0/19 OC
% de realização 0% 0% 0% 0% 0%
Quadro 33: Produções do /r/ no terceiro ciclo de tratamento de S4.
É possível observar, na primeira avaliação, PG5(1), realização do /r/ em OM e
CM. Nas demais provas, em todas as posições silábicas analisadas, o percentual de
realização do /r/ foi 0%.
O Quadro 34 traz as estratégias de reparo utilizadas por S4 ao longo do
tratamento. Em OM, CM E CF, ocorre, na maioria das avaliações, semivocalização;
e em OC, ocorre o apagamento do /r/.
91
OM CM CF OC
PLO SV LL RTF AP AP SV RTFf AP SV RTF REC
PLO
1º AFC x x x x x x x
PAB1 x x x x x x
PAB2 x X
PAB3 x x x
PG1(1) x x x x x x x
PG1(2) x x x x x
FE x x x x x x x
PG2(1) x x x x x x x
PG2(2) x x x x x x
PAB4 x x x X X
PAB5 x x X X X X
PAB6 X x x x x X x x
PG3(1) x x X x
PG3(2) x x x x X x
FE x x x x X x
PG4(1) x x x x x X x
PG4(2) x x x x x x X
2º AFC x x x x x X
PAB7 x x x x x x
PAB8 X X X X X X X
PAB9 X X X X
PG5(1) X X X X X
PG5(2) X X X X X X
FE X X X X X X
PG6(1) X X X X X X
PG6(2) X X X X X X X X
Quadro 34: Estratégias de reparo utilizadas por S4
Legenda: SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC
- redução de encontro consonantal.
4.1.5. S5– Contexto Neutro
S5 apresentava a emergência de /r/ no inventário fonológico antes de
começar o tratamento, comprovada pela realização do segmento em CM (28,57%),
CF (50%) e OC (4,76%). O segmento é considerado não-adquirido por apresentar
percentual de produção inferior a 80% em todas as posições.
A pequena produção de palavras com /r/ em CF não permite que sejam feitas
considerações, nem comparações com as demais posições. As estratégias de
reparo utilizadas são, em OM, apagamento e semivocalização; em CM, apagamento
e substituição pela retroflexa; e em CF, substituição pela retroflexa.
92
O Quadro 35 traz as sondagens do som-alvo realizadas durante o primeiro
ciclo de tratamento de S5. É possível observar que não ocorre nenhuma realização
de /r/ nas palavras-alvo utilizadas durante o tratamento. As produções de /r/ ocorrem
em CM e CF.
PS PAB 1 PAB 2 PAB 3
[ama’Elu]
[ka’Eka]
[So’®ãw]
[fa’Elu]
[mo’ãgu]
[so’ini]
[ma’yElu]
[ka’Eka]
[So’ãw]
[fa’Elu]
[mo’®ãgu]
[so’ini]
[ama’Elu]
[ka’Eka]
[So’ãw]
[fa’Elu]
[mo’ãgu]
[so’ini]
Som-
alvo
Amarelo
Careca
Chorão
Farelo
Morango
Sorine
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[se’noa]
[fo’geya]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
[uru’bu]
[‘Sikaa]
[se’noya]
[foge’iNa]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
[u®u’bu]
[‘Sikaa]
[se’noya]
[fo’gea]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
[uyu’bu]
[‘Sikaa]-
/r/ OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(1/6) 16,67% (0/6) 0% (0/6) 0%
[bo®bo’leta]
[kar’tSiNa]
[e®’vi¥a]
[‘garfu]
[so®’vet Si]
[ur’siNu]
[bo®bo’leta]
[‘ka®ta]
[e®’vi¥a]
[‘ga®fu]
[so®’vet Si]
[‘u®su]
[bobo’leta]
[‘karta]
[e®’vi¥a]
[‘ga®fu]
[so®’vet Si]
[‘ursu]
/r/
CM
Borboleta
Cartinha
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(3/6) 50% (0/6) 0% (2/6) 33,33%
[ko’¥E®]
[inRupi’tor]
[litSifika’dor]
[Rega’do®]
[tãbo®]
[‘zipi]
[ko’¥E®]
[i’puto®]
[likidifika’dor]
[Rega’do®]
[tãbo®]
[‘ziper]
[ko’¥Er]
[i’teRupi’tor]
[lidZifika’dor]
[Rega’dor]
[tãbor]
[‘zipi]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificado
r
Regador
Tambor
Zíper
(2/6) 33,33% (2/6) 33,33% (5/6) 66,67%
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[zeba]
[pe’zetSi]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 35: Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento de S5.
Legenda: PS - Posição Silábica
93
É possível observar regressão na produção das palavras da sondagem nas
posições de OM e CM. Na PAB 3, em que houve regressão em CM, houve
significativo aumento na produção do segmento em CF.
Em relação às estratégias de reparo, S4 apaga, semivocaliza e substitui pela
retroflexa em OM, apaga e substitui pela retroflexa em CM e CF e realiza REC.
O Quadro 36 traz as reavaliações do sistema fonológico de S5 realizadas
após o 1º ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de palavras com /r/
realizadas pela criança nas avaliações após o primeiro ciclo de tratamento, o Quadro
36 especifica, somente, o número de realizações corretas do alvo diante das
possibilidades, e o percentual de acerto em todas as posições silábicas. Os itens
lexicais serão descritos no capítulo de análises.
A gradualidade na aquisição pode ser verificada em todas as posições. Foi
observado progressão na produção do segmento OM e “Curva em U” em CF.
PS Realização PG1 (1) PG1 (2) FE PG2 (1) PG2(2)
Realização / possibilidade 0/12 0/17 0/10 0/9 1/12 OM
% de realização 0% 0% 0% 0% 8,33%
Realização / possibilidade 0/7 2/15 2/5 0/10 0/5 CM
% de realização 0% 13,33% 40% 0% 0%
Realização / possibilidade 1/6 1/6
O
1/1 0/5 CF
% de realização 16,67% 16,67%
O
100% 0%
Realização / possibilidade 0/12 0/24 0/8 0/14 0/21 OC
% de realização 0% 0% 0% 0% 0%
Quadro 36: Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de S5
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Após o primeiro ciclo de tratamento, S5 não adquiriu o /r/ em nenhuma
posição, fazendo-se necessário a realização do segundo ciclo de tratamento. O
Quadro 37 traz as sondagens do som-alvo realizadas durante o segundo ciclo de
tratamento de S5. As produções foram significativas na posição de CF em todas as
avaliações. A não linearidade na aquisição do /r/ é observada em OM, CM e OC.
Foram observadas regressão em OM e CM.
94
OS PAB 4 PAB 5 PAB 6
[ama’Elu]
[ka’Eka]
[So’®ãw]
[fa’Elu]
[mo’ãgu]
[so’ini]
[ma’yElu]
[ka’Eka]
[So’ãw]
[fa’Elu]
[mo’ãgu]
[so’ini]
[ama’Elu]
[ka’Eka]
[So’®ãw]
[fa’Elu]
[mo’ãgu]
[so’ini]
SOM
ALVO
Amarelo
Careca
Chorão
Farelo
Morango
Sorine
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
[se’noya]
[fo’geya]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
[u®u’bu]
÷
[se’noya]
[foge’iNa]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
÷
÷
[se’noya]
[fo’gea]
[Zi’afa]
[tSi’zoya]
[u®u’bu]
[‘Sika®a]
/r/ OM Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(1/6) 16,67% (2/6) 33,33% (0/6) 0%
[bo®bo’leta]
[kar’tSiNa]
[e®’viLa]
[‘garfu]
[so®’vet Si]
÷
÷
÷
÷
÷
[so’vetSi]
÷
[bo®bo’leta]
[‘ka®ta]
[e®’viLa]
[‘ga®fu]
[so®’vet Si]
[‘u®’siNu]
/r/
CM
Borboleta
Cartinha
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(3/6) 16,67% (5/6) 83,33% (0/6) 0%
[ko’¥Er]
[inRupi’tor]
[litSifika’dor]
[Rega’dor]
[tãbor]
[‘zipi]
[ko’¥Er]
[i’putor]
[likidZifika’dor]
[Rega’dor]
[tãbor]
[‘ziper]
[ko’¥Er]
[i’teRupi’tor]
[lidZifika’dor]
[Rega’dor]
[tãbor]
[‘zipi]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
(5/6) 83,33% (5/6) 83,33% (5/6) 83,33%
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
÷
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
(1/6) 16,67% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 37: Sondagens do /r/ realizadas no segundo ciclo de tratamento de S5
Legenda: PS - Posição Silábica
Em relação às estratégias de reparo, S5 realiza apagamento e substituição
pela retroflexa nas palavras-alvo, apagamento, semivocalização e substituição pela
retroflexa em OM, apagamento e substituição pela retroflexa em CM, apagamento
em CF e REC.
O Quadro 38 traz as realizações de /r/ nas reavaliações do sistema
fonológico de S5, realizadas após o 2º ciclo de tratamento. Devido ao elevado
número de palavras com /r/ realizadas pela criança nas avaliações após o segundo
ciclo de tratamento, especifica-se, somente, o número de realizações corretas do
95
alvo diante das possibilidades e o percentual de acerto em todas as posições
silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar que /r/, novamente trabalhado em OM, proporcionou o
aparecimento de palavras com /r/ em todas as posições, sendo as realizações
corretas mais freqüentes na [PG(2)].
PS Realização PG3(1) PG3(2) FE PG4(1) PG4(2)
Realização / possibilidade 2/8 0/21 2/2 4/7 5/18 OM
% de realização 25% 0% 100% 57% 27,77%
Realização / possibilidade 3/6 4/15 1/6 3/10 5/3 CM
% de realização 50% 26,66%
16,67% 30% 38,46%
Realização / possibilidade 0/2 1/4 1/1 1/1 2/5 CF
% de realização 0% 25% 100% 100% 40%
Realização / possibilidade 0/4 0/27 2/6 0/4 0/19 OC
% de realização 0% 0% 33,33% 0% 0%
Quadro 38: Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de S5
Legenda: PS - Posição Silábica
Após o segundo ciclo de tratamento, foram dados dois meses de recesso. O
Quadro 39 traz o sistema fonológico de S5 após o recesso. É possível observar que
a criança adquiriu o /r/ em OM no período em que não ocorreu estimulação em
terapia.
OM CM CF OC
Realização / possibilidade 19/20 15/20 3/4 3/33
% de produção 95% 75% 75% 9,09%
Quadro 39: Realizações versus possibilidades de /r/ na AF pós-férias de S5
O Quadro 40
15
traz a evolução fonológica do /r/ desde o início do tratamento
até a avaliação fonológica pós-férias. Ocorreu progressão na produção do /r/ em OM
(0% 8,33% 27,77% 95%) e “Curva em U” nas posições de CM e CF. É
15
É demonstrado o sistema fonológico dos sujeitos analisados a partir de provas que utilizaram como
instrumento a Avaliação Fonológica da Criança (Yavas te al, 1991) acrescido pela figura do circo (Hernandorena
e Lamprecht, 1997).
96
possível observar que, após dois ciclos de tratamento, ocorreu a aquisição do /r/ em
OM.
/r/ OM /r/ CM /r/ CF
AI
0% 28,57% 50%
PG2 (2) 8,33% 0% 0%
PG4 (2) 27,77% 38,46% 40%
AFC pós-férias 95% 75% 75%
Quadro 40: Evolução das produções de /r/ até o terceiro ciclo de tratamento
Em relação às estratégias de reparo utilizadas por S5 durante o tratamento, é
possível observar que, em OM, ocorria apagamento e semivocalização, em CM e
CF, substituição pela retroflexa, e, em OC, ocorria o apagamento do /r/ (Quadro 41).
OM CM CF OC
SV LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
1º AFC x x x x x
PAB1 x x x x X
PAB2 X X x x x X
PAB3 x X x x x X x
PG1(1) x x x x x
PG1(2) x x x x x x
FE x x x
PG2(1) x x x x x X
PG2(2) x x x x x
PAB4 x x x x x X
PAB5 x x x x X
PAB6 x x x x x x
PG3(1) x x x
PG3(2) x x x x x x x x
FE x x
PG4(1) x x x x
PG4(2) x x x x x x
AFC final x x x x
Quadro 41: Estratégias de reparo utilizadas por S5
Legenda: SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC
- redução de encontro consonantal.
97
4.1.6. S6 - Contexto Neutro
S6 apresentava o /r/ no inventário fonológico antes de começar o segundo
ciclo de tratamento [PG2(2)],comprovado pela realização de 41,7% em OM, 88,89%
em CM e 100% em CF. Pode-se perceber que o sujeito tinha dificuldade na
produção do /r/ apenas na posição de OM, com percentual de produção de 41,7%,
encontrando-se o segmento não adquirido nessa posição.
As estratégias de reparo utilizadas em OM foram: semivocalização,
apagamento e substituição pela líquida lateral.
O Quadro 42 traz as sondagens do som-alvo realizadas durante o segundo
ciclo de tratamento de S6. É possível observar a ocorrência de “Curva em U” na
posição de CF e OM, e aumento gradual na produção do /r/ nas palavras-alvo.
98
PS PAB 4 PAB 5 PAB 6
[ama’yElu]
[ka’lEka]
[So’lãw]
[fa’yElu]
[mo’yãgu]
[ama’yElu]
[ka’lEka]
[So’lãw]
[fa’yElu]
[so’lini]
[So’lãw]
[mo’lãgu]
[so’lini]
Som-alvo Amarelo
Careca
Chorão
Farelo
Morango
Sorine
(1/6) 16,67% (1/6) 16,67% (3/6) 50%
[fo’gela]
[Zi’lafa]
[tSi’zola]
[‘Sika]
[se’nola]
[fogela]
[tSi’zola]
[‘Sika]
[se’nola]
[‘Sika]
/r/ OM Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(2/6) 33,33% (2/6) 33,33% (4/6) 66,66%
/r/
CM
Borboleta
Cartinha
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(6/6)100% (6/6) 100% (6/6) 100%
[‘zipey]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
(6/6) 100% (5/6) 83,33% (6/6) 100%
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[zeba]
[pe’zetSi]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (0/6) 0%
Quadro 42: Realizações do /r/ durante o segundo ciclo de tratamento de S6
Legenda: PS - Posição Silábica
Em relação às estratégias de reparo, S5 realiza substituição pela líquida
lateral nas palavras-alvo e em OM, semivocalização em CF e REC.
Devido ao elevado número de palavras com /r/ realizadas pela criança, nas
avaliações após o segundo ciclo de tratamento, o Quadro 43 especifica, somente, o
número de realizações corretas do alvo diante das possibilidades, e o percentual de
acerto em todas as posições silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo
de análises.
99
As reavaliações do sistema fonológico de S6, apresentadas no Quadro 43,
realizadas após o 2º ciclo de tratamento, mostraram “Curva em U” nas três primeiras
provas [PG3 (1/2) e FE] e uma regressão na produção do /r/ da FE (81,81%) para a
PG4(2) (57,14%).
PS Realização PG3(1) PG3(2) FE PG4(1) PG4(2)
Realização / possibilidade 12/13 13/19 10/2 18/22 8/14 OM
% de realização 92,3% 68,42% 83,33% 81,81%
57,14%
Realização / possibilidade 5/6 9/9 7/7 9/10 12/12 CM
% de realização 83,33% 100% 100% 90% 100%
Realização / possibilidade 7/7 6/6 3/3 7/7 4/4 CF
% de realização 100% 100% 100% 100% 100%
Realização / possibilidade 1/8 1/23 1/8 1/7 0/12 OC
% de realização 12,5% 4,34% 12,5% 14,28%
0%
Quadro 43: Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de S6
Legenda: PS - Posição Silábica
Após o segundo ciclo de tratamento, foi dado um recesso de dois meses para
as crianças. Após o recesso, fez-se novamente uma sondagem do sistema para
verificar a necessidade de continuar com o tratamento. O Quadro 44 traz o sistema
de S6 após o período do recesso. O percentual de realização do /r/ em OM tornou
necessária à realização do terceiro ciclo de tratamento.
OM CM CF OC
Realização / possibilidade 11/20 12/13 3/3 0/21
% de realização 55 %
92,03%
100%
0%
Quadro 44: Produções versus possibilidades do /r/ na AF pós-férias de S6
O Quadro 45 traz a sondagem do /r/ realizada ao longo do terceiro ciclo de
tratamento do sujeito, que corresponde ao segundo ciclo de tratamento do /r/ em
OM
16
. Foi observada progressão na produção do /r/ nas palavras-alvo, e regressão
nas posições de OM e OC. Em OM, o segmento passou de 100% na PAB 8 para
83,33% na PAB 9; e em OC, passou de 33,33% na PAB 7 para 16,67% nas PABs 8
e 9.
16
Os dados do S6 foram analisados em dois contextos. Inicialmente no contexto neutro em CM (1º ciclo de
tratamento) e, posteriormente, no contexto neutro em OM (2º e 3º ciclo de tratamento).
100
PAB 7 PAB 8 PAB 9
Não foi coletado
[amayElu]
[ka’lEka]
[fa’yElu]
[mo’yãgu]
[fa’yElu]
[mo’lãgu]
[so’lini]
Som-alvo Amarelo
Careca
Chorão
Farelo
Morango
Sorine
(2/6) 33,33% (3/6) 50%
[se’noya]
[fo’geya]
[
[‘Sika]
/r/ OM Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(4/6) 66,66% (6/6) 100% (5/6) 83,33%
/r/
CM
Borboleta
Cartinha
Ervilha
Garfo
Sorvete
Urso
(6/6)100% (6/6) 100% (6/6) 100%
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificador
Regador
Tambor
Zíper
(6/6) 100% (6/6) 100% (6/6) 100%
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘fita]
[‘fãgu]
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Fritas
Frango
Presente
Zebra
(2/6) 33,33% (1/6) 16,67% (1/6) 16,67%
Quadro 45: Realizações do /r/ durante o terceiro ciclo de tratamento de S6
Legenda: PS - Posição Silábica
É possível observar a gradualidade na aquisição do /r/ nas palavras-alvo e a
não-linearidade em OM. Em relação às estratégias de reparo, S6 realizou
semivocalização e substituição pela líquida lateral nas palavras-alvo,
semivocalização em OM e REC.
O Quadro 46 traz os itens lexicais com /r/ produzidos nas avaliações
realizadas após o terceiro ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de
palavras com /r/ realizadas pela criança nas avaliações após o terceiro ciclo de
tratamento, o Quadro 46 especifica, somente, o número de realizações corretas do
101
alvo diante das possibilidades e o percentual de acerto em todas as posições
silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo de análises.
As porcentagens mostram que o /r/ tornou-se adquirido em todas as posições,
com percentual superior a 80%.
PS Realização PG5(1) PG5(2) FE PG6(1) PG6(2)
Realização / possibilidade 14/16 9/12 11/11 22/22 9/21 OM
% de realização 87,5% 75% 100% 100% 90,47%
Realização / possibilidade 2/2 17/17 3/3 9/9 10/10 CM
% de realização 100% 100% 100% 100% 100%
Realização / possibilidade 1/2 6/6
O
2/2 2/2 CF
% de realização 50% 100%
O
100% 100%
Realização / possibilidade 1/5 1/19 0/3 1/8 1/17 OC
% de realização 20% 5,26% 0% 12,5% 5,8%
Quadro 46: Produções do /r/ após o terceiro ciclo de tratamento de S6
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
O Quadro 47 traz as estratégias de reparo utilizadas por S6 ao longo do
tratamento do /r/ em OM. é possível observar, nas primeiras avaliações, que S6
utilizava, em OM, semivocalização, apagamento e substituição pela líquida lateral /l/;
em CM e OC predominou apagamento.
102
OM CM CF OC
SV LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
PG2(2) X X X X
PAB4 X X X X
PAB5 X X X X
PAB6 X X X
PG3(1) X X
PG3(2) X X X
FE X
PG4(1) X X X
PG4(2) X X X
2º AFC X X X X
PAB7 X X X
PAB8 X X X
PAB9 X X X
PG5(1) X X
PG5(2) X
FE
PG6(1)
PG6(2) X
Quadro 47: Estratégias de reparo utilizadas por S6
Legenda: SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC
- redução de encontro consonantal.
4.2. Som-alvo em CM
Conforme dito na metodologia, o contexto na posição de coda foi considerado
apenas sob enfoque da teoria gerativa, uma vez que a abordagem gestual utilizada
não trazia dados de contexto para coda.
Os sujeitos apresentavam dificuldade apenas com a líquida não-lateral /r/,
estando esta não-adquirida no sistema fonológico inicial, em CM, dos sujeitos
tratados .
103
4.2.1. S7 - contexto favorável
O S7 apresentava o /r/ no inventário fonológico antes de começar o
tratamento, comprovado pela realização do segmento na posição de OM (100%) e
OC (5,26%).
Na AI, S7 apresentava 100% de produção do segmento-alvo apenas em OM
e 0% em coda, sugerindo dificuldade com a estrutura silábica CVC. As estratégias
de reparo utilizadas pela criança são substituição pela retroflexa em CM e CM, e
apagamento em CM e substituão pela retroflexa em CF.
O Quadro 48 traz as sondagens do som-alvo realizadas durante o primeiro
ciclo de tratamento de S7. É possível observar que a dificuldade de S7 produzir o /r/
em coda permanece na última sondagem (PAB3), realizada no período de
tratamento. Na PAB 2, pode-se observar a utilização de epêntese nas palavras-alvo.
Não foi observada a ocorrência de “Curva em U” nessas provas.
104
PAB 1 PAB 2 PAB 3
[‘si®ku]
[‘kçda]
[‘kç®ta]
[‘fi®mi]
[‘pçta]
[‘si®vu]
[‘siriku]
[‘kçrida]
÷
÷
[‘pçrita]
[‘sirivu]
÷
[‘kç®da]
[‘kç®a]
÷
÷
[‘si®vu]
Som-
alvo
Circo
Corda
Corta
Firme
Porta
Sirvo
(0/6) 0% (2/6) 33,33% (3/6) 50%
÷
÷
÷
[tSi’zoya]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/ OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(5/6) 83,33% (6/6) 100% (6/6) 100%
[bo®bo’leta]
[ka®ta]
[e®’vi ¥a]
[‘ga®fu]
[so®’vet Si]
[bo®bo’leta]
÷
[e’vi¥a]
[‘ga®fu]
[so®’vet Si]
÷
÷
[e®’vi ¥a]
÷
[so®’vet Si]
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
(0/5) 0% (1/5) 20% (3/5) 60%
[ko’¥E®]
÷
[fika’do]
[Rega’do®]
÷
[‘zipi]
[ko’¥E®]
[i’terupito®]
[bate’do®]
÷
[tãbo®]
÷
÷
[i’teRupi’to®]
[likidZifika’do®]
[Rega’do®]
[tãbo®]
÷
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificado
Regador
Tambor
Zíper
(2/6) 33,33% (2/6) 33,33% (2/6) 33,33%
[aves’tus]
[bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
[aves’tus]
[‘g®ãpu]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[zeba]
÷
[‘b®çSi]
[‘fa’rãgu]
÷
[pe’zetSi]
[zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
(0/6) 0% (0/6) 0% (2/6) 33,33%
Quadro 48: Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento de S7.
Legenda: PS - Posição Silábica
É possível verificar gradualidade na produção das palavras-alvo, em OM, em
CM e em OC. As estratégias de reparo utilizadas são, nas palavras-alvo,
apagamento e substituição pela retroflexa, substituição pela retroflexa em CM,
semivocalização em OM, substituição pela retroflexa em CF e REC.
O Quadro 49 traz as reavaliações do sistema fonológico de S7, realizadas
após o 1º ciclo de tratamento, e especifica, somente, o número de realizações
105
corretas do alvo diante das possibilidades e o percentual de acerto em todas as
posições silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo de análises.
As avaliações iniciais mostraram que S7 não apresentava problema com o /r/
em OM, sendo confirmado nas demais avaliações. Entretanto, foi possível observar
que, após o primeiro ciclo de tratamento, a criança não atingiu 80% de produção
correta do /r/ em CM, havendo a necessidade de realização de um novo ciclo.
PS Realização PG1 (1) PG1 (2) FE PG2
(1)
PG2(2)
Realização / possibilidade
O
9/9 3/5 4/4 10/10 OM
% de realização
O
100% 60% 100% 100%
Realização / possibilidade 1/1 3/7 2/4 2/2 6/9 CM
% de realização 100% 42,85% 50% 100% 66,66%
Realização / possibilidade 1/1 0/1 1/1 1/1 4/5 CF
% de realização 100% 0% 100% 100% 80%
Realização / possibilidade
O
18/27 4/4 2/2 31/32 OC
% de realização
O
66,66% 100% 100% 96,87%
Quadro 49: Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de S7
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Foi possível observar a ocorrência de “Curva em U” nas provas em OM na
PG1(2), FE e PG2(1) (100% 60% 100%); em CM na PG1(1), PG1(2) e FE
(100% 37,5% 50%); e em CF na PG1(1), PG1(2) e FE (100% 0% 100%).
A instabilidade na realização de /r/ em CM, após o primeiro ciclo de
tratamento, torna necessária a realização de um segundo ciclo. O Quadro 50 traz a
sondagem do /r/, realizada no segundo ciclo de tratamento.
106
PAB 4 PAB 5 PAB 6
[‘si®ku]
÷
÷
[‘fi®mi]
[‘pçta]
[‘si®vu]
[‘siriku]
÷
÷
[‘fi®mi]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
Som-
alvo
Circo
Corda
Corta
Firme
Porta
Sirvo
(2/6) 33,33% (4/6) 66,66% (6/6) 100%
÷
÷
÷
[tSi’zoya]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/ OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(5/6) 83,33% (6/6) 100% (6/6) 100%
÷
[ka®ta]
[e®’viLa]
÷
÷
÷
÷
÷
[‘ga®fu]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
CM
Borboleta
Carta
Ervilha
Garfo
Sorvete
(3/5) 60% (4/5) 80% (5/5) 100%
÷
÷
[fika’do]
÷
÷
[‘zipi®]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
[‘zipe®]
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificado
Regador
Tambor
Zíper
(4/6) 66,66% (2/6) 33,33% (5/6) 83,33%
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
[‘firita]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
OC
Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
(6/6) 100% (5/6) 83,33% (6/6) 100%
Quadro 50: Sondagem do /r/ no segundo ciclo de tratamento.
Os dados mostram uma evolução no percentual de produção nas palavras-
alvo, em OM, CM e OC. Em CF, observa-se a não-linearidade na aquisição do /r/,
havendo uma progressão na PAB5 (100%), seguida de regressão na PAB6
(83,33%). Na última prova, PAB6, o /r/ encontrava-se com percentual superior a 80%
em todas as posições analisadas.
No Quadro 51 têm-se os itens lexicais com /r/ realizados no segundo período
de retirada, após o segundo ciclo de tratamento. Devido ao elevado mero de
palavras com /r/ realizadas pela criança nas avaliações após o segundo ciclo de
107
tratamento, o Quadro 53 especifica, somente, o número de realizações corretas do
alvo diante das possibilidades, e o percentual de acerto em todas as posições
silábicas. Os itens lexicais serão descritos no capítulo de análises.
É possível observar que, na última prova [PG4(2)], ocorreu 100% de
produções corretas de /r/ em todas as posições. Ocorreu “Curva em U” apenas em
CM, na PG3(2), FE e PG4(1) ( 100% 75% 100%).
PS Realização PG3 (1) PG3 (2) FE PG4 (1) PG4(2)
Realização / possibilidade 2/2 10/10 14/4 3/3 13/13
OM
% de realização 100% 100% 100% 100% 100%
Realização / possibilidade 2/2 9/9 3/4 3/3 8/8 CM
% de realização 100% 100% 75% 100% 100%
Realização / possibilidade
O
1/1 1/1 2/2 2/2 CF
% de realização
O
100% 100% 100% 100%
Realização / possibilidade 0/1 23/23 14/15 3/3 26/27 OC
% de realização 0% 100% 93,33%
100% 96,29%
Quadro 51: Produções do /r/ após o segundo ciclo de tratamento de S7
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Dentre as estratégias de reparo utilizadas por S7 durante o tratamento, tem-
se, para CM e CF a substituição pela retroflexa, e para OC o apagamento (Quadro
52).
OM CM CF OC
SV LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
1º AFC x x x x
PAB1 x x x x x
PAB2 x x x x
PAB3 x x x
PG1(1) X
PG1(2) x x x X
FE x x X
PG2(1) x X
PG2(2) x x x
PAB4 x x x
PAB5 x
PAB6 x
PG3(1) x
PG3(2)
FE
PG4(1)
PG4(2) x
Quadro 52: Estratégias de reparo utilizadas por S7
Legenda: SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC
- redução de encontro consonantal.
108
4.2.2. S6 - Contexto neutro
O S6 apresentava o /r/ no inventário fonológico antes de começar o
tratamento, comprovado pela realização do segmento em OM (46,66%), CM (
46,66%) e OC (27,77%).
As estratégias de reparo utilizadas na AI são, em OM, apagamento e
substituição pela líquida lateral; em CM, apagamento e substituição pela retroflexa ;
e, em CF, substituição pela retroflexa.
O Quadro 53 traz as sondagens do som-alvo realizadas durante o primeiro
ciclo de tratamento de S6. É possível observar que ocorrem produções de /r/ em
todas as posições silábicas nas avaliações realizadas durante o tratamento. Ao final
do período de tratamento (PAB 3), a criança apresentava 100% de realizações
corretas do segmento na posição estimulada (CM). Em relação à aquisição, a não-
linearidade é observada em OC e a gradualidade nas demais posições.
109
PS PAB 1 PAB 2 PAB 3
÷
÷
÷
[‘kopu]
[‘paki]
÷
÷
÷
÷
[‘kopu]
[‘paki]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
Som -
alvo
Arca
Serca
Corvo
Corpo
Parque
Porco
(4/6) 66,66% (4/6) 66,66% (6/6) 100%
[se’nola]
[fo’gela]
÷
[tSi’zola]
[uu’bu]
[‘Sikala]
÷
÷
÷
[tSi’zoa]
÷
[‘Sika]
÷
÷
÷
[tSi’zola]
÷
[‘Sika]
/r/ OM
Cenoura
Fogueira
Girafa
Tesoura
Urubu
Xícara
(1/6) 16,67% (4/6) 66,66% (4/6) 66,66%
-
[e®’vi¥a]
÷
[‘ga®fu]
[so’vetSi]
[‘tçta]
÷
÷
÷
÷
[so’vetSi]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
CM
Borboleta
Ervilha
Carta
Garfo
Sorvete
Torta
Urso
(2/6) 33,33% (5/6) 83,33% (6/6) 100%
[ko’¥Er]
[Rupi’to®]
[fika’do]
[Rega’do®]
[tãbo]
[‘zipe]
[ko’¥Er]
[Rupi’tor]
[fika’do]
[Rega’do®]
[tãbor]
[‘zipe]
÷
÷
÷
÷
÷
÷
/r/
CF
Colher
Interruptor
Liquidificado
Regador
Tambor
Zíper
(1/6) 16,67% (3/6) 50% (5/6) 83,33%
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
aves’tus]
÷
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
[aves’tus]
[‘bçSi]
[‘fãgu]
[‘fita]
[pe’zetSi]
[‘zeba]
/r/
OC
Avestruz
Broche
Frango
Fritas
Presente
Zebra
(0/6) 0% (1/6) 16,67% (0/6) 0%
Quadro 53: Sondagens do som-alvo no primeiro ciclo de tratamento de S6.
Legenda: PS - Posição Silábica
Em relação às estratégias de reparo, S6 realiza apagamento nas palavras-
alvo, substituição pela líquida lateral, semivocalização e apagamento em OM,
apagamento e substituição pela retroflexa em CM e CF, e REC.
O Quadro 54 traz as reavaliações do sistema fonológico de S6, realizadas
após o 1º ciclo de tratamento. Devido ao elevado número de palavras com /r/
realizadas pela criança nas avaliações após o primeiro ciclo de tratamento, será
especificado, somente, o número de realizações corretas do alvo diante das
possibilidades e o percentual de acerto em todas as posições. Os itens lexicais
serão descritos no capítulo de análises.
110
É possível observar que /r/, trabalhado em CM, proporcionou o aumento de
produção desse segmento em Coda, e diminuiu a produção em OM, quando
comparada a primeira prova de reavaliação [PG(1)].
PS Realização PG1 (1) PG1 (2) FE PG2 (1) PG2(2)
Realização / possibilidade 18/20 13/23 7/7 10/18 5/12 OM
% de realização 90% 56,52% 100% 55,55% 41,66%
Realização / possibilidade 15/17 11/11 8/8 6/6 8/9 CM
% de realização 88,23% 100% 100% 100% 88,88%
Realização / possibilidade 4/4 4/4
O
5/5 1/1 CF
% de realização 100% 100%
O
100% 100%
Realização / possibilidade 5/24 0/11 0/10 0/10 0/18 OC
% de realização 20,88% 0% 0% 0% 0%
Quadro 54: Produções do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento de S6
Legenda: PS - Posição Silábica; O: não ocorrência de palavra com /r/.
Ocorreu “Curva em U” em OM na PG1(1), PG1(2) e FE (90% 56,52%
100%). Ocorreu “Curva em U” invertida em CM com 88,23% [PG1(1)] 100%
[PG1(2), FE, PG2(1)] 88,88% [PG2(2)].
O Quadro 55 traz as estratégias de reparo utilizadas por S6 ao longo do
tratamento do /r/ em CM. É possível observar que, em OM, ocorriam apagamento e
substituição pela líquida lateral /l/; em CM e OC, ocorria apagamento e, em CF,
substituição pela retroflexa.
OM CM CF OC
SV LL RTF AP AP SV RTF AP SV RTF REC
1º AFC x x x x x x x
PAB1 x x x x x x x
PAB2 x x x x x x
PAB3 x x x
PG1(1) x x x X
PG1(2) x x X
FE X
PG2(1) x x X
PG2(2) x x x x x
Quadro 55: Estratégias de reparo utilizadas por S6
Legenda: SV - Semivocalização; LL - líquida lateral; RTF - retroflexa; AP - apagamento; REC
- redução de encontro consonantal.
111
Após o primeiro ciclo de tratamento, é possível observar que S6 adquiriu o /r/
em CM. Como o segmento encontra-se com percentual inferior a 80% em OM, ou
seja, o adquirido, optou-se por realizar o segundo ciclo com o /r/ em OM,
mantendo o contexto neutro na seleção das palavras-alvo na posição trabalhada.
Esse capítulo buscou apresentar os dados coletados ao longo do tratamento
dos sete sujeitos da pesquisa. Um sujeito foi tratado por um ciclo de tratamento, dois
foram tratados por dois ciclos e quatro por três ciclos, sendo que desses quatro, três
tiveram alta fonoaudiológica após o terceiro ciclo, o que mostra a efetividade
terapêutica do modelo.
5. ANÁLISE DOS DADOS
Nesse capítulo, os resultados descritos no capítulo anterior serão comparados
e analisados. Para facilitar a leitura, será apresentada, em cada seção,
primeiramente, a análise dos resultados dos sujeitos tratados por /r/ em OM, e,
posteriormente, a análise dos resultados dos sujeitos tratados por /r/ em CM.
As seis seções que compõem o capítulo são: análise da eficácia do contexto
lingüístico em OM e CM utilizados no tratamento; caracterização da não-linearidade
no processo de aquisição dos sujeitos; análise das estratégias de reparo realizadas
pelos sujeitos; o papel do léxico no processo de aquisição; e os contextos mais
freqüentes nos itens lexicais produzidos pelos sujeitos durante o tratamento.
5.1. Contexto lingüístico em OM
Em OM, houve a formação de três grupos: contexto gerativo favorável,
contexto gestual favorável e contexto neutro. A distribuição dos sujeitos nesses
grupos deu-se, desta forma, com o objetivo de investigar se o contexto favorável
promovia a aquisição do /r/ mais precoce que o contexto neutro, e, entre os
contextos favoráveis, qual seria o mais eficaz na aquisição do segmento tratado.
Os S1, S2, S3 e S4 foram tratados com /r/ em OM, num contexto favorável,
sendo os dois primeiros segundo uma abordagem gerativa e os dois últimos
segundo uma abordagem gestual. O Gráfico 1 traz o percentual de produção do /r/
pelos sujeitos citados acima, com o objetivo de verificar, dentre as abordagens
teóricas, qual contexto promoveu maiores mudanças na produção do som-alvo pelos
sujeitos.
O percentual de produção do /r/ apresentado no Gráfico 1 é referente às
avaliações fonológicas realizadas ao longo dos ciclos de tratamento dos períodos de
retirada.
113
GRÁFICO 1: Desempenho na produção do /r/ em OM pelos sujeitos tratados segundo
contextos favoráveis
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PG1(1)
PG1(2)
FE 1
PG2(1)
PG2(2)
PG3(1)
PG3(2)
FE2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PG5(1)
PG5(2)
FE 3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações fonológicas
Percentual de ralização do /r/
S1 S2 S3 S4
No Gráfico 1, é possível observar, para S1, que, na FE 1, não houve produção
do /r/. Como essa prova se trata de amostra de fala espontânea, prova o-dirigida
pelo terapeuta, não como garantir a produção de palavras com /r/. Por isso, no
período de retirada, existem outras avaliações, que utilizam instrumentos de coleta
para controlar a produção dos fonemas da língua. Como nas duas provas anteriores
e seguintes à FE 1, o segmento teve 100% de realização correta, é possível afirmar
que o segmento já se encontrava adquirido e estabilizado no sistema de S1.
Comparando o desempenho do S1 e S2, tratados por um contexto gerativo
favorável, com o desempenho do S3 e S4, tratados por um contexto gestual
favorável (Gráfico 1), observam-se dois extremos, ou seja, uma aquisição da líquida
não-lateral relativamente rápida por S1 contextos retirados de uma pesquisa
gerativa – e uma aquisição mais lenta por S4 – contextos retirados de uma pesquisa
gestual. Tal fato poderia indicar um favorecimento do contexto gerativo em
detrimento do contexto gestual, no entanto, os sujeitos S2 e S3 não permitem tal
conclusão, pois seus desempenhos são relativamente semelhantes.
O Gráfico 2 traz a comparação do desempenho dos sujeitos tratados por /r/
em OM segundo uma abordagem gerativa facilitadora, S1 e S2, e uma abordagem
neutra, S5 e S6, com o objetivo de verificar se o contexto favorável promoveu uma
aquisição mais precoce do segmento-alvo que o contexto neutro.
114
GRÁFICO 2: Desempenho na produção do /r/ por sujeitos tratados em OM segundo um
contexto gerativo favorável e um contexto neutro
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PG1(1)
PG1(2)
FE 1
PG2(1)
PG2(2)
PG3(1)
PG3(2)
FE2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PG5(1)
PG5(2)
FE 3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações fonológicas
Percentual de ralização do /r/
S1 S2 S5 S6
Conforme dito na metodologia, S6 participou dos dois grupos (CM e OM): o
primeiro ciclo de tratamento em CM e os segundo e terceiro ciclos em OM. Desse
modo, a avaliação inicial do S6, quando estudado o contexto em OM, corresponde a
PG2(2), que foi a avaliação fonológica realizada imediatamente antes do segundo
ciclo de tratamento. Por falta de sujeito para completar o grupo neutro em OM, e
considerando a necessidade de S6 de continuar em tratamento, optou-se por mantê-
lo na pesquisa, e realizar o segundo ciclo de tratamento, estudando a aquisição do
/r/ em OM, também, segundo um contexto neutro.
O resultado apresentado no Gráfico 2 não permite identificar qual das duas
abordagens foi mais eficaz, mas indica que, com exceção de S1, que teve uma
evolução terapêutica atípica em relação aos outros sujeitos, por ter ocorrido a
aquisição em um ciclo de tratamento, o contexto neutro foi mais eficaz, pois S5 e S6
se saíram melhor em relação a S2, uma vez que S5 adquiriu antes de S2 e S6,
embora tenha adquirido no mesmo ciclo que S2, apresentou percentuais de
produção mais acurados.
O Gráfico 3 traz a evolução da produção do /r/ em OM, pelos sujeitos tratados
segundo um contexto gestual favorável, S3 e S4, e os sujeitos tratados pelo contexto
neutro, S5 e S6.
115
GRÁFICO 3: Desempenho na produção do /r/ por sujeitos tratados em OM
segundo um contexto gestual favorável e um contexto neutro
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1
º
A
F
C
P
G
1
(
1
)
P
G
1
(
2
)
F
E
1
P
G
2
(
1
)
P
G
2
(
2
)
P
G
3
(
1
)
P
G
3
(
2
)
F
E
2
P
G
4
(
1
)
P
G
4
(
2
)
A
F
C
p
ó
s
-
f
é
r
i
a
s
P
G
5
(
1
)
P
G
5
(
2
)
F
E
3
P
G
6
(
1
)
P
G
6
(
2
)
Avaliações fonológicas
Percentual de ralização do /r/
S3 S4 S5 S6
Em relação ao Gráfico 3, é preciso atentar para o fato que S4 não adquiriu o
/r/ ao terceiro ciclo, S3 adquiriu no terceiro ciclo e S6 adquiriu em dois ciclos de
tratamento. S5 apresentou a aquisição nos dois meses de recesso dado após o
segundo ciclo, não sendo possível descrever o exato momento em que ocorreu a
aquisição e como se deu o processo. Esses dados apontam para a abordagem
neutra como mais facilitadora para a aquisição que a gestual facilitadora.
Em relação às três abordagens estudas em OM, os resultados não apontam
claramente uma abordagem teórica mais eficiente no tratamento do /r/ em OM, mas
indicam que o contexto neutro foi mais eficaz para a aquisição que o gerativo e o
gestual, devido aos dois extremos presentes nesses grupos, S1 com aquisição no
primeiro ciclo e S4 sem aquisição após três ciclos. Além disso, a aquisição de S5 e
S6, pertencentes ao grupo neutro, ocorreu em dois ciclos de tratamento.
5.2. Contexto lingüístico em CM
Em coda medial, houve a formação de apenas um grupo, pois, conforme
esclarecido na metodologia, apenas os dados de contexto apresentados pela
116
abordagem teórica gerativa traziam informações acerca de contexto em coda.
Portanto, nesse grupo que continha dois sujeitos, S6 e S7, buscou-se comparar a
eficiência do contexto favorável e neutro em CM, segundo uma abordagem teórica
gerativa.
O Gráfico 4 parece sugerir que o contexto gerativo neutro foi mais eficaz no
tratamento do /r/ em CM que o contexto gerativo favorável, pois S6, tratado pelo
contexto neutro, adquiriu o segmento em um ciclo de tratamento. É importante
considerar, no entanto, que S6 apresentava um percentual de realização do
segmento, na avaliação inicial, de 46,66%, enquanto S7 apresentava um percentual
de 0%.
GRÁFICO 4: Desempenho na produção do /r/ por sujeitos tratados
em CM segundo um contexto gerativo favorável e neutro
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PG1(1)
PG1(2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
Avaliações fonológicas
Percentual de produção do /r/ em CM
S7 S6
Apesar da diferença de percentual inicial apresentada entre os dois sujeitos,
S6, de fato, parece ter obtido um melhor desempenho mais rapidamente, pois seus
valores flutuam entre 90 e 100%. S7 apresenta um padrão de aquisição mais
117
não-linear, com um pico de 100%, que logo após decresce para valores entre 40 e
70%, com novos picos de 100% intercalados.
Apesar do controle das variáveis lingüísticas, contexto precedente, seguinte
e tonicidade, na seleção das palavras-alvo, e do cuidado em testar duas propostas
em contexto lingüísticos, os resultados não são claros em relação à abordagem mais
efetiva no tratamento dos sujeitos com DF.
5.3. Aquisição não-linear
Para melhorar a compreensão, essa seção será dividida em dois blocos. No
primeiro, serão analisados, individualmente, os dados dos sujeitos tratados em OM,
e, no segundo bloco, os sujeitos tratados em CM.
5.3.1. Sujeitos tratados em OM
Pesquisas são unânimes em dizer que a aquisição do segmento se de
forma gradativa e não-linear (Miranda, 1996; Mezzomo, 1999; Keske-Soares, 2001;
Lamprecht, 2004).
O percentual de produção de /r/ por S1, nas avaliações fonológicas
realizadas ao longo do tratamento e do período de retirada, e nas diferentes
posições silábica que esse fonema pode ocupar na sílaba e na palavra, encontram-
se no Gráfico 5.
118
GRÁFICO 5: Perfil da aquisição de S1 durante o tratamento
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1(1)
PG1 (2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
Avaliações realizadas no ciclo de tratamento e após
Percentual de produção
correta do /r/
CM CF OC OM
A “Curva em U”, que é o resultado da não-linearidade, é constituída por um
momento de regressão no percentual de produção do componente lingüístico,
seguido do aumento deste percentual até a estabilização. Esse fenômeno é
perceptível, no Gráfico 5, em OM, CF e OC, porém é mais evidente em CF, entre a
PAB 2 e a PG1(1).
Na posição silábica em que o sujeito foi tratado, em OM, ocorreu o processo
da não-linearidade nas primeiras provas, posteriormente, o segmento manteve-se
estável. Nas demais posições, seguiram o processo de gradualidade e não-
linearidade, até a completa estabilização.
Nos dados apresentados na presente pesquisa, como os sujeitos
apresentavam dificuldade apenas com a líquida não-lateral, foi investigada a
ocorrência de generalização para outra posição na palavra, quando tratados por /r/
em CM, e outra estrutura silábica quando tratados por /r/ em OM.
A generalização, que corresponde à ampliação da produção e uso correto
do fone-alvo, treinado em outro contexto ou ambiente não treinados (Elbert & Gierut,
1986), ocorreu em S1, pois o treino do /r/ em OM, promoveu a aquisição deste
segmento nas demais posições e estruturas silábicas não estimuladas. Já na PAB 2,
é possível observar generalização para outras posições (CF e OC). Ao final do
período de retirada, na PG2(2), o segmento encontrava-se adquirido em todas as
posições e estruturas silábicas.
119
O Gráfico 6 traz o perfil de aquisição do /r/ por S2. Na AFC inicial, ocorreu
produção do /r/ apenas em OM (7,14%), e nas sondagens do segmento-alvo
realizadas durante o primeiro ciclo de tratamento, nas PABs, o percentual de
realização do segmento foi 0% em todas as posições. No período de retirada,
realizado após o primeiro ciclo de tratamento, no qual se faz a avaliação do sistema
da criança como um todo, observou-se um início de produção do /r/ em algumas
provas.
GRÁFICO 6: Perfil da aquisição de S2 durante o tratamento
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1(1)
PG1 (2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
PAB 4
PAB 5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PAB 7
PAB 8
PAB 9
PG5(1)
PG5(2)
FE3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações realizadas durante e após os dois primeiros ciclos de tratamento
Percentual de produção correta do /r/
OM CM CF OC
A primeira menção de realização do /r/ após o primeiro ciclo de tratamento
não se em OM, posição silábica estimulada, e sim em OC na PG1(1), seguida de
CM na PG1(2), OM na PG2(1) e CF na PG2(2). Ao longo desses dois ciclos de
tratamento, a não-linearidade na aquisição do /r/ é observável em todas as posições
silábicas.
Novamente nas sondagens realizadas ao longo do segundo ciclo de
tratamento, o percentual de produção do /r/ é 0% em todas as posições silábicas.
no segundo período de retirada, ocorre produção do segmento, sendo a ordem de
realização do segmento, em OM na PG3(1), em CM na PG3(2) 2 e em OM na FE 2.
É possível observar que a ordem das posições silábicas em que ocorre a
produção do /r/, durante o primeiro e o segundo período de retirada, são as mesmas,
ou seja, primeiro em OC, seguido de CM e OM.
120
O Gráfico 6 mostra que, ao final do segundo ciclo de tratamento [PG4 (2)],
S2 ainda não adquiriu o /r/ na posição estimulada nem nas demais, tendo como
maior percentual de produção do segmento o valor de 25% em OM.
Conforme explicado na metodologia, após o segundo ciclo de tratamento, foi
feito um recesso, retomando-se o tratamento com uma avaliação fonológica (AFC
pós-férias).
Durante o terceiro ciclo de tratamento, é possível observar a ocorrência da
gradualidade na aquisição, em OM, nas PABs 7, 8 e 9. Após o terceiro ciclo de
tratamento, no período de retirada, observa-se a ocorrência de dois momentos de
Curva em U na aquisição de /r/ em OM, o primeiro na PG5(1), e o segundo na
PG6(1), seguidos da estabilização do segmento na PG6(2). O Gráfico 6 aponta,
também, que a aquisição em OM não promoveu a generalização para outras
posições na sílaba como em S1.
O Gráfico 7 traz o perfil de aquisição de S3 nos três ciclos de tratamento. Ao
contrário do observado em S2, nas avaliações realizadas durante o primeiro ciclo de
tratamento, nas PABs 1, 2 e 3, ocorre a não linearidade na produção em CM e CF, já
no segundo ciclo, nas PABs 4, 5 e 6, observa-se a gradualidade em CM.
GRÁFICO 7: Perfil da aquisição de S3 durante o tratamento
0
20
40
60
80
100
120
1º AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1(1)
PG1 (2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
PAB 4
PAB 5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PAB7
PAB 8
PAB 9
PG5(1)
PG5(2)
FE 3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações realizadas durante e após os dois primeiros ciclos de tratamento
Percentual de
produção correta do /r/
OM CM CF OC
Ao final do segundo ciclo de tratamento, verifica-se que o /r/ trabalhado em
OM promoveu a aquisição desse segmento em CM observada na PG4(1). A posição
de OC foi aquela que não apresentou evolução ao longo dos dois ciclos, mantendo
0% de produção em todas as provas. É possível afirmar, também, que o tratamento
121
mostrou-se efetivo, pois comparando a produção do /r/ em OM, no AFC, com a
PG4(2), observa-se um aumento no percentual de produção, embora o segmento
ainda não esteja adquirido. Apenas na PG5(1), o percentual de realização do /r/ em
OM e CM se equivalem, nas demais provas, quando a produção numa posição está
melhor, na outra está pior, e vice-versa, como pode ser visualizado no Gráfico 7.
A gradualidade na aquisição é observável, em OM e CF, ao longo do
terceiro ciclo de tratamento, e a não-linearidade em OM, CM e OC durante o período
de retirada que sucede o terceiro ciclo. Ao final do terceiro ciclo, o /r/ foi adquirido em
OM, e ocorreu generalização para a posição de CF. Deve-se salientar que,
novamente, as posições silábicas que apresentam os maiores picos o-lineares
são as posições de CM e CF, sendo a posição de OM mais estável.
O Gráfico 8 traz o perfil de aquisição do /r/ por S4. No início do tratamento
desse sujeito, observa-se um elevado percentual de realização do segmento em CM
e OC, ocorrendo regressão nesse percentual com o início da estimulação do
segmento em OM. A não-linearidade na aquisição ocorre em todas as posições
silábicas que o /r/ pode ocupar. A gradualidade na aquisição é evidente nas PABs 7,
8 e 9 em OM.
122
GRÁFICO 8: Perfil da aquisição de S4 durante o tratamento
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1(1)
PG1 (2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
PAB 4
PAB 5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PAB 7
PAB 8
PAB9
PG5(1)
PG5(2)
FE3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações realizadas durante e após os dois primeiros ciclos de tratamento
Percentual de produção correta
do /r/
OM CM CF OC
Ao final do segundo ciclo de tratamento [PG4 (2)], o /r/ permanece não-
adquirido em todas as posições silábicas, como no início do tratamento, com
percentual de produção em CM e OC inferior àquele obtido na AFC inicial.
Na avaliação após as férias (AFC pós-férias), assim como na AFC inicial,
observa-se uma elevada produção em OC, porém, com o avançar do terceiro ciclo
de tratamento, ocorre um aumento da produção em CM e regressão em OC.
Ao final do terceiro ciclo de tratamento, na PG6 (2), /r/ encontra-se ausente
em todas as posições silábicas, inclusive em OM, posição estimulada.
O Gráfico 9 traz o perfil de aquisição do /r/ por S5. É possível observar a
ocorrência da não-linearidade na aquisição em todas as posições silábicas
ocupadas por /r/, apontando para um perfil de aquisição bastante variável, no qual a
gradualidade não é observada.
123
GRÁFICO 9: Perfil da aquisição do /r/ no tratamento de S5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1(1)
PG1 (2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
PAB 4
PAB 5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-
férias
Avaliações realizadas durante e após os dois primeiros ciclos de tratamento
Percentual de produção
correta do /r/
OM CM CF OC
Na AFC inicial, o percentual de produção do /r/ era maior em CM, porém,
após o início do tratamento, houve uma regressão nesse percentual, seguido de um
restabelecimento Curva em U entre as PABs 1 e 3. O percentual de produção
em OM, posição estimulada, oscila muito entre as provas, mas o chega a 80% de
acertos ao longo dos dois primeiros ciclos de tratamento. Após esses dois ciclos, foi
dado um recesso e S5 retornou com o /r/ adquirido
17
em OM, observado na AFC
pós-férias, como pode ser visualizado no Gráfico 9.
Apesar do /r/ aparecer adquirido em CM e em CF na PAB 5, por exemplo, a
aquisição em OM, verificada na AFC pós-férias, pode ter promovido a diminuição do
percentual de produção desse segmento em CM e CF. Portanto, a aquisição em OM
não promoveu a ocorrência de generalização da produção do segmento em outras
posições silábicas como ocorreu com S1, por exemplo.
O Gráfico 10 traz o perfil de aquisição do /r/ por S6 quando esse sujeito
passou para o grupo neutro em OM, ou seja, no início do segundo ciclo de
tratamento, que no primeiro constituía o grupo neutro em CM, conforme explicado
anteriormente. Portanto, a avaliação fonológica inicial considerada nesse momento é
a PG2(2), que corresponde àquela realizada imediatamente antes do segundo ciclo.
17
O Quadro 45, apresentado no capítulo de Descrição dos Dados, traz o número de itens lexicais
realizados por S5 na avaliação pós-férias. De 20 palavras com /r/ em OM, S5 realizou corretamente
19, totalizando 95% de produção correta. Apesar de ter sido realizado acompanhamento do sistema
fonológico desse sujeito, pois o modelo terapêutico não prevê tal conduta, esses dados garantem que
o segmento estava adquirido em OM.
124
GRÁFICO 10: Perfil de aquisição do /r/ por S6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
PG2(2)
PAB4
PAB5
PAB6
PG3(1)
PG3(2)
FE2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-
férias
PAB7
PAB8
PAB9
PG5(1)
PG5(2)
FE3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliaçoes fonológicas
Percentual de realização do /r/
OM CM CF OC
S6 iniciou o tratamento com /r/ em OM com elevado percentual de produção
em CM e CF, porém, ainda foram necessários dois ciclos de tratamento em OM para
a aquisição do segmento. Em alguns momentos, S6 apresentava um percentual de
produção de /r/ acima de 80%, porém, a instabilidade, não-linearidade, em OM, era
muito marcante nesse sistema. Ao final do segundo ciclo de tratamento em OM, S6
apresentava dificuldade, apenas, na produção do /r/ em OC.
5.3.2. Sujeitos tratados em CM
Os sujeitos que constituíram esse grupo foram tratados por /r/ em CM, num
contexto favorável e neutro, segundo uma abordagem gerativa. O Gráfico 11 traz o
perfil de aquisição de S6 no primeiro ciclo de tratamento.
125
GRÁFICO 11: Perfil de aquisição de /r/ por S6 no primeiro ciclo de tratamento
0
10
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30
40
50
60
70
80
90
100
110
1º AFC
PAB1
PAB
2
PAB3
PG1 (1)
PG
1
(2
)
FE
PG2 (1)
PG2 (2
)
Avaliaçãoes fonológicas
Percentual de realização do /r/
OM CM CF OC
É possível verificar a gradualidade na aquisição do /r/ em todas as posições
silábicas. Em CF, a produção passa de 0% AI a 100% na PG2(2). Nesta posição,
ocorre de forma linear, sem ocorrência de regressão, ao contrário do observado nas
demais posições silábicas.
Após o primeiro ciclo de tratamento, S6 adquiriu o /r/ na posição silábica
trabalhada, e ocorreu generalização da produção correta para a posição de CF.
O perfil de aquisição do /r/ do S7 está representado no Gráfico 12. Neste, é
possível observar a ocorrência da não-linearidade na aquisição do /r/ em todas as
posições silábicas, tornando o gráfico de difícil visualização e com um aspecto
poluído. Ocorre Curva em U acentuada em CF e OC, nas quais o segmento tem
100% de produção correta, passando para 0% e aumentando, na avaliação
seguinte, para 100%. Em CF, esse fenômeno ocorre entre a PG1(1) e a FE, e em
OC, ocorre entre a PAB 6 e a PG6 (2).
126
GRÁFICO 12: Perfil da aquisição de S7
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1º AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1(1)
PG1 (2)
FE
PG2(1)
PG2(2)
PAB 4
PAB 5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
Avaliações realizadas durante e após os dois primeiros ciclos de tratamento
Percentual de produção correta do /r/
OM CM CF OC
A aquisição do segmento na posição trabalhada ocorreu após os dois ciclos
de tratamento, havendo generalização para as posições de CF e OC.
É interessante observar que apesar de a não-linearidade ser constatada em
todas as posições silábicas, para praticamente todos os sujeitos, as posições que
foram trabalhadas na terapia apresentaram curvas em U bem mais suaves, como
pode ser observado para S1, S2, S3, S4, S6 e S7.
Outro achado interessante é o fato de que a não-linearidade constatada para
os dados com desvios parece bem mais acentuada em relação àquela
habitualmente encontrada para a aquisição normal.
Os dois fatos constatados parecem estar fundamentalmente relacionados ao
processo de generalização que se forma com a terapia direcionada apenas para
uma posição silábica. Cabe questionar aqui se a generalização almejada e tida
como vantagem no processo terapêutico estaria, nesse caso, refletindo de fato uma
aquisição estável da líquida não-lateral, nas demais posições silábicas, por esses
sujeitos.
127
5.4. Caracterização das estratégias de reparo no processo de aquisição
Lamprecht (2004) afirma que as crianças lançam mão do uso de estratégias
de reparo, recursos utilizados com o objetivo de facilitar a realização do segmento,
para tornar a produção mais próxima da realização correta. Esse recurso é utilizado
pelas crianças no lugar do segmento, e/ou da estrutura silábica que ainda não
conhecem, ou cuja produção não dominam. À medida que o processo de aquisição
fonológica transcorre, os recursos utilizados também se modificam, devido à
aproximação entre o sistema fonológico infantil e adulto.
5.4.1. Sujeitos tratados em OM
O Gráfico 13 traz o percentual de realização das estratégias de reparo por
S1 nas avaliações fonológicas.
0
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40
60
80
100
Percentual de
realização
1° AFC PAB 1
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 13: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em
OM por S1
Substituição por /l/ Semivocalização Apagamento
No AFC, realizado antes de iniciar o tratamento, S1 apresentava apenas
14,29% de realização do /r/ em OM, tendo utilizado substituição pela líquida lateral,
semivocalização e apagamento, sendo esta última a mais freqüente, na tentativa de
produção do segmento. Já na PAB 1, o percentual de realização do segmento
128
aumentou para 33,33%, e o número de estratégias diminuiu para apenas uma,
apagamento, ou seja, S1 preferiu apagar o segmento a substitui-lo.
As demais provas não se encontram descritas no gráfico porque S1
apresentou 100% de realização do segmento.
O Gráfico 14 mostra as estratégias de reparo utilizadas por S2 em OM ao
longo dos três ciclos de tratamento. É possível observar que a substituição por /l/,
pela líquida lateral, é a estratégia que ocorre com mais freqüência aa PAB 9,
seguida pelo apagamento e pela semivocalização.
O /r/ tem 7,14% de realização no AFC, havendo nova realização ao final
do primeiro período de retirada, após o primeiro ciclo de tratamento, com 14,28% na
PG2 (1) e com 29,41% na PG2(2). Nessas provas em que ocorreu produção do /r/,
verifica-se o uso de duas estratégias, sendo a substituição pela líquida lateral uma
delas.
Nas avaliações em que o percentual de produção do segmento foi 0%, como
na PAB3, PG1(1) e PG1(2), ocorreram, respectivamente, uma, duas e três
estratégias de reparo.
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Percentual de realização
1° AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1 (1)
PG1 (2)
FE 1
PG2 (1)
PG2 (2)
PAB 4
PAB5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PAB 7
PAB 8
PAB 9
PG5(1)
PG5(2)
FE 3
PG6 (1)
PG6(2)
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 14: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em OM por S2
Substituição por /l/ Semivocalização Apagamento
Até a PAB7, realizada no terceiro ciclo de tratamento, a estratégia de reparo
utilizadas por S2 foi a substituição pela líquida lateral. na PAB8, o percentual de
realização do /r/ aumenta, e a estratégia de reparo que mais ocorre é o apagamento,
129
sendo a mais freqüente até a aquisição e estabilização do segmento. Na PG6(2) não
houve estratégia de reparo porque S2 apresentou 100% de realização correta do
segmento (Gráfico 14).
Esses dados sugerem que, à medida que o segmento se estabiliza, S2
diminuiu as estratégias de reparo, e o apagamento foi a “última” estratégia utilizada
pela criança, quando estava em fase de estabilização, ou seja, quando o segmento
estava adquirido (mais de 80% de produção correta), porém ainda não estava
estabilizado (100% de produção correta). S2 preferiu apagar o segmento a substituir,
assim como S1.
O S3 também foi tratado por /r/ em OM por três ciclos de tratamento. O
Gráfico 15 mostra que a a PAB7, primeira avaliação do terceiro ciclo de
tratamento, S3 realizava substituição pela líquida lateral /l/ e apagamento, sendo a
primeira predominante.
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Percentual de
realização
1° AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1 (1)
PG1 (2)
FE 1
PG2 (1)
PG2 (2)
PAB 4
PAB5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PAB 7
PAB 8
PAB 9
PG5()
PG5(2)
FE 3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 15: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em OM por S3
substituição por /l/ Semivocalização Apagamento
As estratégias de reparo eram utilizadas independentemente do percentual de
realização do /r/. Em provas em que o percentual de realização foi 0 %, como na
PAB 1, por exemplo, ocorreram duas estratégias (apagamento e substituição por /l/).
Na FE, por exemplo, ocorreu uma estratégia (substituição por /l/). Em provas em que
ocorreu realização correta de /r/, PG2(2) e na FE2, ocorreram, respectivamente,
duas (apagamento e substituão por /l/) e uma (substituição por /l/) estratégias.
130
Assim como em S1 e S2, a estratégia de reparo utilizada nas avaliações
finais, realizadas no terceiro período de retirada, PG5(2) e PG6(2), foi o
apagamento. Nessas avaliações, era evidente a aquisição do segmento, pois o
percentual de produção estava acima de 80%.
O S4 foi tratado em OM por três ciclos e não adquiriu o segmento. Observa-
se que este sujeito usa como estratégia de reparo, além daquelas utilizadas pelos
anteriores (substituição pela líquida lateral, semivocalização e apagamento), a
plosivisação substituição por /g/ - e substituição pela retroflexa, sendo a
semivocalização a estratégia mais utilizada (Gráfico 16).
GRÁFICO 16: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em OM por S4
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1° AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1 (1)
PG1 (2)
FE 1
PG2 (1)
PG2 (2)
PAB 4
PAB5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
PAB 7
PAB 8
PAB 9
PG5 (1)
PG5 (2)
FE 3
PG6(1)
PG6(2)
Avaliações fonológicas
Percentual de realização
Substituição pr /l/ Semivocalização Apagamento Plosivisação Substituiçã pela retroflexa
O fato de S4 não ter adquirido a líquida lateral ao final de três ciclos, e
aplicar a estratégia de reparo de substituição pela retroflexa, pode estar, na verdade,
indicando que, provavelmente, o segmento esteja adquirido.Uma análise acústica
evidenciaria produções ainda mais próximas ao alvo, conforme encontrado por
Rodrigues (2007) ao analisar dados de crianças com desvios fonológicos em
processo de aquisição do /r/.
No primeiro ciclo de tratamento, apresentado no Gráfico 16, observa-se a
ocorrência das cinco estratégias de reparo citadas anteriormente. Porém, a partir da
PAB 4, segundo ciclo de tratamento, S4 deixa de realizar a plosivização, estratégia
atípica na aquisição da líquida não-lateral /r/.
Em provas nas quais ocorreu 0% de produção do segmento, PG3(1) e
PG3(2), é possível verificar a ocorrência de uma e duas estratégias de reparo,
131
respectivamente. E nas provas em que ocorreram realizações do segmento, como a
AFC e a PG2(1), ocorreram, respectivamente, três e duas estratégias de reparo.
O sujeito S4 foi o único que não adquiriu o segmento ao final do terceiro ciclo
de tratamento, e o único que apresentou cinco estratégias de reparo. Estes dados
indicam que o elevado número de estratégias de reparo aponta para o interesse de
S4 em acertar a produção do segmento.
O Gráfico 17 traz as estratégias de reparo utilizadas por S5 nas avaliações
realizadas até a aquisição do segmento, na AFC pós-férias. Das quatro estratégias
utilizadas por S5, o apagamento foi a que mais ocorreu na maioria das avaliações e
a substituição pela líquida lateral foi a menos utilizada.
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Percentual de
realização
1° AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1 (1)
PG1 (2)
FE 1
PG2 (1)
PG2 (2)
PAB 4
PAB5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
AFC pós-férias
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 17: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em OM por S5
substituição por /l/ Semivocalização Apagamento Substituição pela retroflexa
A substituição pela líquida lateral aparece somente nas avaliações em que
ocorre produção correta do segmento. Na última avaliação, S5 realiza 100% de
substituição pela líquida lateral /l/, porém esse valor é correspondente a apenas um
item lexical.
O S6 apresentou, no tratamento do /r/ em OM, a estratégia de reparo de
substituição pela líquida lateral, seguida de semivocalização e apagamento. Em
nenhuma avaliação S6 apresentou 0% de produção do segmento.
132
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Percentual de
realização
PG2 (2)
PAB5
PG3(1)
FE2
PG4(2)
PAB7
PAB9
PG5(2)
PG6(1)
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 18: Estratégias de reparo utilizadas por S6 no tratamento do /r/ em OM
Subst. /l/ SV Apagam
Nas avaliações em que o percentual de realização do segmento foi superior a
80%, S6 utilizou apenas uma estratégia de reparo, ocorrendo substituição pela
líquida lateral /l/ na PG3(1) e na FE 2, e apagamento na PG6(2), última avaliação
realizada ao final do terceiro ciclo de tratamento (Gráfico 18). Estes dados sugerem,
novamente, que o apagamento é a estratégia mais próxima da aquisição do
segmento, pois foi a única que ocorreu na última avaliação - PG6 (2).
5.4.2. Sujeitos tratados em CM
O Gráfico 19 traz as estratégias de reparo utilizadas por S7 durante os dois
ciclos de tratamento do /r/ em CM até sua aquisição. As avaliações em que não
ocorrem estratégias de reparo, no Gráfico 19, justificam-se devido ao percentual de
produção do segmento ser de 100%.
133
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Percentual de realização
1° AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1 (1)
PG1 (2)
FE 1
PG2 (1)
PG2 (2)
PAB 4
PAB5
PAB 6
PG3(1)
PG3(2)
FE 2
PG4(1)
PG4(2)
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 19: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em CM por S7
Retrof Apagam. Epentese
Nas primeiras provas, AFC e PAB1, em que ocorreu 0% de produção do
segmento, S7 utilizou duas estratégias de reparo: substituição pela retroflexa e
apagamento. Nas demais avaliações em que ocorreram realização do segmento, S7
combinava a estratégia de substituição pela retroflexa com o apagamento e com a
epêntese. Apenas na FE 2 ocorreu somente a epêntese, nas demais, a substituição
pela retroflexa estava sempre presente.
É possível observar que a estratégia mais utilizada foi a substituição pela
retroflexa. Porém, nas últimas provas em que houve realização incorreta do
segmento, FE 2, a estratégia de reparo mais utilizada foi a epêntese com a vogal /i/.
O Gráfico 20 traz as estratégias de reparo utilizadas por S6 durante o
tratamento do /r/ em CM. Nas avaliações em que o /r/ o estava adquirido na
posição estimulada, CM, S6 utilizou como estratégia de reparo a substituição pela
retroflexa e o apagamento, sendo essa última a mais freqüente em todas as
avaliações, quando não equivalente.
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Percentual de
realização
1° AFC
PAB 1
PAB 2
PAB 3
PG1 (1)
PG1 (2)
FE 1
PG2 (1)
PG2 (2)
Avaliações fonológicas
GRÁFICO 20: Estratégias de reparo utilizadas na aquisição do /r/ em CM por S6
Retrof Apagam.
134
Os dados de S6
,
quando tratado em CM, sugerem que o apagamento do
segmento como estratégia de reparo indica que a aquisição está próxima a
acontecer. O mesmo pode ser dito das estratégias de reparo utilizadas pelos sujeitos
tratados por /r/ em OM, em que todos (S1, S2, S3, S5 e S6) que adquiriram o
segmento realizavam o apagamento nas avaliações anteriores à aquisição.
O estudo de Mezzomo (2004) coloca que, em CM, uma preferência pela
não-realização do segmento, concordando com os achados de S6, sendo a
metátese mais comum em CM, concordando com os achados de S7.
5.5. O papel do léxico na aquisição da líquida não-lateral
Recentemente, teorias em aquisição da linguagem passaram a olhar o papel
do léxico no processo de aquisição fonológica, na tentativa de identificar se a
aquisição se por item lexical. Nessa seção, será apresentada uma análise da
produção correta das palavras. A partir dos dados dos sujeitos investigados, será
discutido se o viés da aquisição se por item lexical ou segmental. Primeiramente,
serão analisados os dados dos sujeitos tratados por /r/ em OM, e, posteriormente, os
dados dos sujeitos tratados por /r/ em CM.
5.5.1. Sujeitos tratados em OM
Nesta seção, será apresentada a freqüência de realização correta de palavras
com /r/ em OM durante o tratamento dos sujeitos que constituíram esse grupo. Além
disso, será realizada uma análise individual dos itens lexicais produzidos pelos
sujeitos, para investigar se o percentual de produção do segmento é referente a
palavras específicas, recorrentes nas avaliações.
A Tabela 2 traz a freqüência de realização correta de palavras em OM,
produzidas durante o tratamento de S1, S2, S3, S4, S5 e S6.
135
Tabela 2: Itens lexicais em OM produzidos corretamente pelos sujeitos durante o
tratamento.
Itens lexicais em OM Número de ocorrência
Geladeira
10
Guri
9
Dinheiro e jacaré.
8
Fósforo e xícara.
7
Passarinho, tesoura e torneira.
6
Arvore, floresta e nariz.
5
Ancora, açucareiro, amarela, banheiro, caldeirão, guria e laranja.
4
Armário, dinossauro, esperando, marinho, pássaro e
vassoura.
3
Aparece, era, fogueira, gurizinho, Maria, Mari, queria, orelha, urubu
e virou.
2
Agora, atirei, bandeira, cenoura, cirandinha, dirigindo, diferente,
figura, goleira, helicóptero, margarida, memória, morango,
moranguinho, parada e pêra.
1
A palavra que apresentou maior número de ocorrência foi geladeira, com dez
produções, seguida de guri, com nove produções, de dinheiro e jacaré, com oito
produções, e fósforo e xícara, com sete produções. O número de palavras com uma
e duas realizações é bem elevado, pois durante o período de retirada, é coletado
amostra de fala espontânea e nomeação de figuras sorteadas de um jogo, sem a
possibilidade de controle de produção das palavras (Tabela 2).
Outro ponto que merece atenção é a análise dos itens lexicais produzidos por
sujeito. Os dados de S1 não permitiram uma análise de aquisição por item lexical em
OM, pelo fato de esse sujeito sair de 14,29% de produção do segmento na AFC
inicial para 100% nas avaliações seguintes (Gráfico 5), ou seja, a não ocorrência da
não-linearidade, gradualidade, na aquisição de S1, impossibilitou um olhar para
aquisição por item lexical.
para S2, a não-linearidade observada na aquisição permite uma análise
por item lexical. É possível observar, no perfil de aquisição de S2, apresentado no
Gráfico 6, que, durante os dois primeiros ciclos de tratamento, S2 o adquiriu o /r/
em OM, apesar de, em algumas provas, ocorre realização do segmento em algumas
palavras. Fazendo-se a análise das palavras com /r/ em OM, observou-se elevada
136
realização do item guri no segundo ciclo, porém, ao final do terceiro ciclo
18
, esse
item é realizado incorretamente em todas as possibilidades de ocorrência. A
realização incorreta da palavra guri no terceiro ciclo, após várias realizações corretas
no segundo ciclo, sugere que, para S2, a aquisição se deu a nível segmental, e não
lexical.
Em relação a S3, com evolução terapêutica similar à de S2, que adquiriu o /r/
após o terceiro ciclo, os itens amarelo e guri apresentaram maior ocorrência ao
longo do tratamento, não tendo ocorrido realização incorreta da palavra após o
acerto na produção, como observado em S2. É importante ressaltar dois pontos: o
primeiro é a coincidência do item guri em S2 e S3 e o segundo trata-se do contexto
comum entre as palavras-alvo utilizadas no tratamento de S3 e o item amarelo. Para
o primeiro caso, guri, que se trata de um regionalismo, acredita-se que a elevada
freqüência deste item na língua gaúcha tenha favorecido a aquisição e, no segundo
caso, acredito que o contexto antecedente (/a/), seguinte (/e/) e tonicidade das
palavras-alvo comum ao item amarelo tenha favorecido a aquisição da palavra.
Após a primeira realização correta do item amarelo na [PG4(1)], o número de
palavras realizadas corretamente aumentou nas avaliações seguintes. Esses dados
parecem indicar que, para S3, um papel mais explícito acerca do inventário
lexical, pois não houve variação nas formas produzidas para itens lexicais mais
freqüentes, como guri e amarelo. Também se salienta o fato de que, após a
realização correta do item amarelo, aumentou o percentual de realização correta do
segmento nas demais provas.
Está comprovado que o modelo ABAB - Retirada e Provas Múltiplas utilizado
nessa pesquisa é efetivo para o tratamento de crianças falantes do português
brasileiro (Keske-Soares, 2001), e responsável por maiores mudanças no sistema
fonológico de crianças com DF, quando comparado com outros modelos de terapia
fonológica (Ceron, 2006). Os dados de S3 parecem indicar que o item amarelo, que
tinha o mesmo contexto treinado em terapia, favoreceu a aquisição do /r/.
Considerando o que foi dito acima, será que o modelo não seria mais efetivo com a
seleção de sete palavras-alvo ao invés de seis? Seque se tivesse selecionado o
item amarelo para o tratamento, a aquisição seria mais precoce?
18
Período em que o /r/ estava em vias de aquisição, com percentuais de produção mais elevados.
137
Outro fato importante diz respeito à seleção das palavras-alvo utilizadas no
tratamento do DF. Tema bastante discutido na literatura, muitos autores salientam a
importância desse momento do planejamento terapêutico, sugerindo o controle do
contexto lingüístico e a seleção de palavras de cil representação por gravuras que
tenham, se possível, algum valor afetivo para a criança. Como garantir que, com seis
palavras, se conseguirá atender a tantos critérios considerados importantes pela
literatura? Como garantir qual critério de seleção será mais eficiente para cada
caso?
Os dados de S4, assim como os dados de S1, não permitiram análise por item
lexical. S4 foi o sujeito que não apresentou evolução terapêutica ao final do terceiro
ciclo, conforme pode ser observado no Gráfico 8. Analisando os poucos itens com /r/
realizados corretamente ao longo dos três ciclos, não ocorreu repetição de nenhuma
palavra. Portanto, os dados de S4 ainda não apontam se a aquisição ocorre por item
lexical ou por segmento.
os dados de S5 não permitem afirmar que a aquisição do /r/ ocorre por
item lexical, pois as palavras produzidas ao longo dos dois primeiros ciclos de
tratamento
19
não se repetem nas demais provas. Cabe salientar, no entanto, que,
tendo em vista a não repetição das palavras em outras coletas, as palavras
produzidas corretamente não foram, pelo menos, produzidas de forma diferenciada,
o que poderia indicar o papel do léxico na aquisição da líquida não-lateral. Foi
analisado, também, se as palavras produzidas corretamente tinham o mesmo
contexto das palavras-alvo, como em S3. Dos itens produzidos, nenhum tinha o /r/
antecedido por /o/ e seguido por /e/, ambiente controlado no tratamento.
Ao longo dos dois ciclos de tratamento de S6, realizados até a alta, ocorreram
realizações de itens com /r/. Na análise das palavras, verificou-se que muitos itens
se repetiam, porém, fazendo-se uma análise mais detalhada, verificou-se que itens
como fósforo, pássaro, geladeira, jacaré e tesoura, por exemplo, eram produzidos
ora corretamente e ora incorretamente como em avaliações distintas. Outra
observação importante, na PG4(2), ocorreu duas realizações do item parede, uma
correta e outra incorreta. Essa instabilidade na produção das palavras indica que,
em S6, a aquisição se deu em nível segmental.
19
Período em que o /r/ estava em aquisição, com percentuais de produção inferiores a 80%.
138
A elevada produção do item guri na Tabela 2 pode ser justificada pela
recorrência desse item nas avaliações de S2 e S3. Em relação ao item geladeira,
mais freqüente, o mesmo ocorreu nas avaliações de todos os sujeitos que
constituíam o grupo tratado por /r/ em OM.
Os dados de S2 e S6, dois dos seis sujeitos tratados em OM, sugerem que a
aquisição se deu a nível segmental e não por item lexical. os dados de S3
sugerem uma aquisição direcionada por item lexical. Os dados de S1, S4 e S5 não
permitem conclusões acerca de um caminho ou outro de aquisição.
5.5.2. Sujeitos tratados em CM
Nesta seção, será apresentada a freqüência de realização correta de palavras
com /r/ em CM durante o tratamento de S6 e S7. Além disso, será realizada uma
análise individual dos itens lexicais produzidos pelos sujeitos para investigar se
existem itens lexicais recorrentes nas avaliações.
A Tabela 3 traz os itens lexicais em CM, em ordem decrescente de número
de realização correta, observados nas avaliações fonológicas de S6, no primeiro
ciclo de tratamento
20
, e S7.
Tabela 3: Itens lexicais produzidos pelos sujeitos durante o tratamento.
Itens Lexicais em CM Número de ocorrência
Guarda
9
Borboleta
7
Jornal, porta
5
Martelo
4
Arvore, carta, liquidificador, porque, porco, torneira
3
Arma, curta, ervilha, forte, fórmula, sorvete, verde
2
Acertar, armário, acertei, Argentina, aniversário, cercado, cortava, curto,
cerca, certo, dormi, força, garfo, iogurte, irmãos, perna, perto, termina,
tartaruga, urso, ursinho, vermelho e verdade.
1
20
Só foi feito o levantamento dos itens lexicais no primeiro ciclo para S6 porque no segundo ciclo /r/ já se
encontrava adquirido em CM, sendo realizado o tratamento em OM.
139
O item guarda apresentou maior número de ocorrências, totalizando nove
realizações, seguido do item borboleta, com sete realizações; jornal e porta, com
cinco realizações; e martelo, com quatro. O número de itens com uma e duas
realizações é bem elevado, pelo fato de terem sido consideradas as produções de
fala espontânea e do Jogo Lince
21
no período de retirada.
O S7, tratado por /r/ em CM por dois ciclos de tratamento, apresentou o item
lexical guarda presente desde as avaliações iniciais [PG1(2)]. Foi observada a
realização correta da palavra em todas as provas se que seguiram. Das nove
avaliações analisadas, cinco apresentaram a ocorrência do item guarda.
O gráfico 12 mostra que, a partir da PG1(2), prova em que houve a primeira
produção correta de guarda, o percentual de produção do /r/ aumentou. Embora
ocorresse a não-linearidade, os valores nunca regrediram a valores encontrados nas
avaliações iniciais.
Fazendo-se a relação entre o item guarda e o contexto lingüístico selecionado
para o tratamento de S7, observa-se que o contexto seguinte (consoante coronal)
coincide entre o alvo e o item guarda. A presença dessa palavra na maioria das
avaliações, assim como a produção correta, sugere que, em S7, a aquisição se deu
por item lexical.
O S6, também tratado por /r/, apresentou o item lexical borboleta presente
desde a avaliação inicial, sendo observada a realização correta da palavra em cinco
das seis provas analisadas. O item borboleta apresenta o contexto lingüístico
antecedente (/o/) comum ao contexto selecionado nas palavras-alvo utilizadas nas
sessões terapêuticas. Assim como em S7, a presença dessa palavra na maioria das
avaliações, assim como a produção correta, sugere que, em S6, a aquisição se deu
por item lexical.
A justificativa para a elevada freqüência de produção do item guarda e
borboleta, demonstrada na Tabela 3, encontra-se na alta freqüência dessas palavras
nas avaliações de S7 e S6, respectivamente. O item guarda é mais freqüente porque
S7 foi tratado por dois ciclos, enquanto S6 foi tratado por apenas um ciclo.
Os dados analisados por posição silábica em que o /r/ foi trabalhado sugerem
que a aquisição das crianças tratadas por /r/ em OM se deu a nível segmental e por
21
Conforme dito na metodologia, o Jogo Lince trata-se de uma prova de nomeação das figuras contidas no jogo
sorteadas de dentro e um saco de plástico opaco.
140
item lexical, enquanto a aquisição das crianças tratadas por /r/ em CM se deu
apenas por item lexical.
5.6. Contexto lingüístico na aquisição fonológica desviante
Nesta seção, fez-se a análise dos contextos lingüísticos dos itens lexicais
produzidos corretamente pelos sujeitos tratados em OM e CM. Primeiramente serão
apresentados os contextos dos itens em OM e CM mais freqüentes nas palavras
produzidas pelo grupo tratado em cada posição silábica. A seguir, será feito um
levantamento do contexto lingüístico individual mais freqüente, com o objetivo de
comparar se o contexto geral coincide com o contexto individual.
5.6.1. Contexto lingüístico geral em OM
Foi feito um levantamento dos itens lexicais em OM, produzidos
corretamente pelos sujeitos que foram tratados pelo /r/ nessa posição silábica e,
após, realizou-se o levantamento do contexto precedente, seguinte e tonicidade
desses itens lexicais, com o objetivo de comparar com os contextos consultados
para a realização desta pesquisa.
Os gráficos 21
22
e 22 trazem o contexto precedente e seguinte, e tonicidade,
respectivamente, em relação ao /r/ na posição de OM.
Em relação ao contexto precedente, o Gráfico 21 aponta a vogal /i/ com 30%
de ocorrência. Em relação ao contexto seguinte, a vogal /a/ apresenta o maior
percentual de ocorrência, 52%.
22
Não foi possível inserir o símbolo fonético para as vogais tônicas /
ç
/ e /
E
/ na legenda dos gráficos do capítulo
5.6. Nesse caso, lê-se /
ç
/ quando aparecer /O/ e /
E
/ quando aparecer /E/.
141
GRÁFICO 21: Contexto precedente e seguinte em OM
0
20
40
60
80
100
precedente seguinte
e E i o O u a
Em relação à tonicidade, o Gráfico 22 aponta a sílaba tônica, com 49%, como
a mais freqüente nos itens analisados.
GRÁFICO 22: Contexto tonicidade em OM
49%
17%
34%
tonico pré-tonico pós-tonico
Quanto à tonicidade, os resultados dessa análise vão ao encontro daqueles
apontados por Miranda (1996) e Mezzomo & Ribas (2004), que apontam a sílaba
tônica como favorecedora. Assim como aqueles relacionados ao contexto
precedente, que apontam a vogal /i/ como a mais freqüente. Ao contrário, em
relação ao contexto seguinte, a vogal /a/ foi apontada nesse estudo como o contexto
mais freqüentemente, discordando de Miranda (1996) que aponta a vogal /u/ e
Mezzomo & Ribas que apontam a vogal /i/. O estudo realizado por Albano (2005)
também aponta a vogal /a/, seguinte ao /r/ na sílaba tônica, como o segmento mais
freqüente, concordando com os achados desse estudo.
142
5.6.2. Contexto lingüístico individual em OM
Conforme dito anteriormente, o contexto lingüístico em OM, por sujeito, será
levantado para ser comparado com o contexto geral do grupo que teve o /r/ tratado
em OM. É importante ressaltar aqui que não será analisado o contexto mais
freqüente para S4, pelo fato de esse sujeito não ter adquirido o segmento ao final do
terceiro ciclo, e pelo pequeno número de itens lexicais (quatro palavras distintas) em
OM produzidos corretamente ao longo das 17 avaliações fonológicas realizadas.
5.6.2.1. Contexto de S1
Os itens lexicais produzidos por S1 mostram, no Gráfico 23, que o contexto
precedente (/i/) e seguinte (/a/) são os mais recorrentes. Comparando com os dados
de contexto geral apresentados nos Gráficos 23 e 24, é possível observar que
apenas o contexto precedente coincide em ambos os casos. Em relação ao contexto
tonicidade, em S1, os itens mais freqüentes tinham o /r/ na sílaba pós-tônica (Gráfico
24).
GRÁFICO 23: contexto precedente e seguinte em S1
0
20
40
60
precedente seguinte
a e E i o O u
143
GRÁFICO 24: contexto tonicidade em S1
47%
43%
10%
pos-tônica tonica pré-tonica
O contexto mais freqüente em S1 discorda, em termos, daquele utilizado em
terapia, para o qual foi selecionado o contexto de Miranda (1996). Concordou
apenas com o contexto precedente, a vogal /i/, e discordou do contexto seguinte, a
vogal /u/, e do contexto tonicidade, sílaba tônica. Concordou, também, com o
contexto seguinte trazido por Albano (2005), a vogal /a/.
5.6.2.2. Contexto de S2
Os itens lexicais produzidos por S2 mostram que o contexto precedente (/a/) e
seguinte (/a/) e tonicidade coincidem com os dados de contexto geral, produzidos
por todos os sujeitos (Gráficos 25 e 26).Cabe salientar, no entanto, que a vogal
/
E
/
apresenta alto percentual de ocorrência em contexto precedente, ou seja, muito
próximo ao percentual de /a/.
144
GRÁFICO 25: contexto precedente e seguinte em S2
0
10
20
30
40
50
precedente sefuinte
a e E i o O u
GRÁFICO 26: contexto tonicidade em S2
44%
44%
12%
tônico pós-tônico pré-tônico
Os dados do contexto de S2, coincidem, apenas, com o contexto seguinte
trazido pela abordagem gestual (Albano, 2005), que aponta a vogal /a/ como a mais
freqüente.
5.6.2.3. Contexto de S3
Os itens lexicais produzidos por S3 mostram o contexto precedente (/i/) e
seguinte (/a/) e a sílaba tônica como a mais favorecedora (Gráficos 27 e 28). Apesar
de não terem o mesmo perfil de aquisição, nem terem sido tratados com os mesmos
contextos, os dados de contexto precedente e seguinte de S3 coincidem com os de
S1, discordando, apenas, o contexto tonicidade, sendo mais freqüente, em S3, a
145
sílaba tônica e, em S1, a pós-tônica. Mais uma vez, destaca-se aqui a similitude de
valores entre a vogal /i/ e a vogal /a/ enquanto contexto precedente.
GRÁFICO 27: contexto precedente e seguinte em S3
0
20
40
60
precedente seguinte
a e E i o O u
GRÁFICO 28: contexto tonicidade em S3
56%
34%
10%
tônico s-tônico pré-tônico
O contexto mais freqüente em S3 concorda, em termos de contexto seguinte
(/a/), com aquele utilizado em terapia, para o qual foi selecionado o contexto de
Albano (2005). Concordou, também, com o contexto precedente (/i/) e contexto
tonicidade trazido por Miranda (1996).
146
5.6.2.4 Contexto de S5
Os itens lexicais produzidos por S5 mostram que o contexto precedente (/a/),
seguinte (/a/) e tonicidade, coincidem com os dados de contexto geral, produzidos
por todos os sujeitos (Gráficos 29 e 30).
GRÁFICO 29: contexto precedente e seguinte em S5
0
10
20
30
40
50
precedente seguinte
a e E i o O u
GRÁFICO 30: contexto tonicidade em S5
54%
27%
19%
tônico pós-tônico pré-tônico
147
Os dados do contexto de S5, coincidem, apenas, com o contexto seguinte
trazido pela abordagem gestual (Albano, 2005), que aponta a vogal /a/ como a mais
freqüente.
5.6.2.5 Contexto de S6
Os itens lexicais produzidos por S6 mostram que o contexto precedente (/a/),
seguinte (/a/) e tonicidade, coincidem com os dados de contexto geral, produzidos
por todos os sujeitos (Gráficos 31 e 32).
GRÁFICO 31: contexto precedente e seguinte em S6
0
10
20
30
40
50
precedente seguinte
a e E i o O u
GRÁFICO 32: contexto tonicidade em S6
42%
50%
8%
tônico pós-tônico pré-tônico
Um dado importante encontrado nessa análise é o fato de o contexto
seguinte /a/ ser comum em todos os casos estudados, o que também coincide com o
148
contexto seguinte trazido por Albano (2005). Os dados de três dos cinco sujeitos
analisados nessa seção, coincidem com os dados de contexto geral - precedente,
seguinte e tonicidade - trazidos no início desse capítulo.
Esses dados indicam a necessidade de uma maior reflexão e realização de
mais pesquisas acerca de contexto, uma vez que os achados nos trabalhos são tão
discordantes uns dos outros.
5.6.3. Contexto lingüístico geral em CM
Foi feito um levantamento dos itens lexicais em CM, que foram produzidos
corretamente pelos sujeitos tratados pelo /r/ em CM e, após, realizou-se o
levantamento do contexto precedente, tonicidade e seguinte desses itens lexicais,
apresentados nos Gráficos 33, 34 e 35, respectivamente.
Em relação ao contexto seguinte, que em CM trata-se de uma consoante,
para fins de análise, optou-se por classificar as consoantes, segundo o ponto de
articulação, em labiais, coronais e dorsais.
Em relação ao contexto precedente, é possível verificar, no Gráfico 33, que as
vogais /a/ e /o/ apresentaram percentual de realização equivalente, ou seja, 24%. A
pesquisa de Miranda (1996) e Mezzomo (2004) apontam a vogal /i/ como o contexto
precedente mais favorecedor para a aquisição do /r/ em CM, discordando do achado
desse estudo.
GRÁFICO 33: Contexto precedente em CM
24%
22%
7%
5%
24%
9%
9%
a e E i o O u
149
Em relação ao contexto tonicidade, os dados dessa pesquisa não são
definidores em termos de freqüência, pois ocorre 51% no contexto nico, e 49% no
contexto pré-tônico. As autoras supracitadas apontam o contexto tônico como o mais
favorecedor na aquisição do /r/ em CM (Gráfico 34).
GRÁFICO 34: Contexto tonicidade em CM
51%
49%
tonico pré-tonico
em relação ao contexto seguinte, Gráfico 35, os dados desta pesquisa
indicaram a consoante coronal como a mais freqüente nas palavras produzidas
corretamente por S6 e S7, concordando com os dados de Miranda (1996) e
discordando de Mezzomo (2004), que indica a consoante dorsal como a mais
favorecedora.
GRÁFICO 35: Contexto seguinte em CM
51%
38%
11%
coronal dorsal labial
150
5.6.4. Contexto lingüístico individual em CM
Conforme dito anteriormente, o contexto lingüístico em CM, por sujeito, será
levantado para ser comparado com o contexto geral do grupo que teve o /r/ tratado
em CM.
5.6.4.1. Contexto de S7
Os gráficos 36, 37 e 38 trazem os contextos precedente, tonicidade e
seguinte de S7. Em relação ao contexto precedente, a vogal /a/ foi mais freqüente,
concordando com o achado de contexto geral.
A maioria das palavras encontravam-se em sílaba tônica (61%) e tinham
como contexto seguinte uma consoante coronal.
GRÁFICO 36: contexto precedente em S7
33%
9%
6%
28%
9%
9%
6%
a e i o E u O
151
GRÁFICO 37: contexto tonicidade em S7
61%
39%
tônico pré-tônico
GRÁFICO 38: contexto seguinte em S7
57%
43%
c d
Os dados de S7 concordam com os contextos trazidos na análise geral em
termos de vogal precedente, tonicidade e contexto seguinte. Em relação ao contexto
precedente, em S7, a vogal /a/ é mais freqüente, com 33% de ocorrência, e a
segunda vogal mais freqüente é o /o/ com 28% de ocorrência.
Os dados de contexto de S7, assim como o contexto geral, discordam, em
termos de contexto precedente, daqueles trazidos por Miranda (1996) e Mezzomo
(2004) que apontam a vogal /i/ como facilitadora para a aquisição em CM. Em
termos de tonicidade, todos apontam a sílaba tônica como a mais freqüente. E em
termos de contexto seguinte, os dados de S7 concordam, apenas, com os dados de
Miranda (1996), que também aponta a consoante coronal como a mais
favorecedora.
152
5.6.4.2. Contexto de S6
Os gráficos 39, 40 e 41 trazem os contextos precedente, tonicidade e
seguinte de S6. Em relação ao contexto precedente, as vogais /e/ e /o/ foram as
mais freqüentes, discordando, em parte, com o achado de contexto geral que traz as
vogais /a/ e /o/.
Em relação ao contexto tonicidade, Gráfico 40 , os dados de S6 apresentaram
como mais freqüente o /r/ em sílaba pré-tônica, discordando do resultado do
contexto geral e dos dados de contexto trazidos por Miranda (1996) e Mezzomo
(2004).
GRÁFICO 39: contexto precedente em S6
18%
27%
27%
4%
15%
9%
a e o E u O
GRÁFICO 40: contexto tonicidade em S6
49%
51%
nico pré-tônico
153
O contexto seguinte mais freqüente em S6 foi a consoante dorsal (Gráfico
41), discordando dos achados de Miranda (1996) e concordando com Mezzomo
(2004).
GRÁFICO 41: contexto seguinte em S6
39%
57%
4%
Coronal Dorsal Labial
que os resultados em termos de efetividade de contexto no tratamento dos
sujeitos desse estudo não foram conclusivos, torna-se necessária a realização de
outras pesquisas em aquisição de linguagem desviante, utilizando os contextos
apontados nesse estudo, que foram extraídos de dados de crianças com DF, para se
comparar se realmente são mais efetivos que aqueles retirados de amostras de fala
de crianças em aquisição fonológica normal.
O Quadro 56 resume os contextos apresentados por sujeito. É possível a
unanimidade em relação ao contexto seguinte do /r/ em OM (/a/) e a prevalência do
contexto sílaba tônica e do contexto precedente (/a/) nos dados dos sujeitos tratados
tanto em OM quanto em CM.
154
Posição Silábica
Sujeitos
OM CM
S1
i r a
pós-tônica
S2
a r a
tônica
S3
i r a
tônica
S5
a r a
tônica
S6
a r a
tônica
e r dorsal
pré-tônica
S7
a r coronal
tônica
Quadro 56: Resumo dos contextos lingüísticos dos dados de aquisição desviante em OM e CM
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo, buscou-se comparar a efetividade de contextos lingüísticos
controlados no tratamento do DF. A análise dos resultados obtidos a partir dos
dados dos sujeitos permitiu que se fizesse algumas considerações.
Primeiramente, fez-se a análise da efetividade terapêutica relacionada aos
contextos lingüísticos selecionados para o tratamento dos sujeitos. Comparando o
desempenho do S1 e S2, tratados por um contexto gerativo favorável, com o
desempenho do S3 e S4, tratados por um contexto gestual favorável, não foi
possível estabelecer, dentre as duas abordagens teóricas, gerativa e gestual, qual
foi mais eficiente no tratamento dos sujeitos. A aquisição da líquida não-lateral no
primeiro ciclo por S1, e a não-aquisição ao final do terceiro ciclo por S4, poderia
indicar um favorecimento do contexto gerativo em detrimento do contexto gestual,
porém, a presença desses dois extremos que impossibilita se faça tal conclusão.
O contexto neutro, em OM, indica ter sido mais eficaz no tratamento do /r/
nessa posição, pois os sujeitos que constituíram esse grupo, S5 e S6, adquiriram o
/r/ mais precocemente, e apresentaram percentuais de realização do segmento mais
acurados em relação aos demais sujeitos. Esses dados apontam para a abordagem
neutra como mais facilitadora para a aquisição.
Assim como em OM, em CM, a análise dos dados sugere que o contexto
neutro foi mais eficaz no tratamento do /r/ que o contexto favorável, pois S6, tratado
pelo contexto neutro, adquiriu o segmento em um ciclo de tratamento.
A não-linearidade na aquisição do /r/, tanto na posição trabalhada como nas
demais ocupadas por esse segmento na sílaba e na palavra, também foi analisada.
Esse fenômeno foi constatado durante a aquisição de todos os sujeitos dessa
pesquisa. A ocorrência de não-linearidade foi constatada tanto na posição silábica
em que o segmento estava sendo trabalhado, quanto nas demais. Porém, o
processo parece ser menos significativo quando se trata de aquisição do segmento
na posição estimulada em terapia. Os sujeitos tratados em OM, apresentaram a não-
linearidade mais marcada nas demais posições silábicas que o segmento ocupa na
sílaba, ou seja, em CM, CF e OC.
As estratégias de reparo utilizadas pelos sujeitos durante o tratamento foi
outro item analisado. Em OM, os dados indicam que o apagamento do segmento é a
156
estratégia aplicada quando o segmento estava sendo realizado de forma mais
acurada, pois realizava essa estratégia com mais freqüência. em CM, não foi
possível identificar uma estratégia comum em ambos os sujeitos, quando o
segmento encontrava-se com um percentual elevado de realização, ou seja, quase
adquirido.
Devido aos novos enfoques teóricos em aquisição de linguagem, como a
Fonologia de Usos, foi realizada a análise dos itens lexicais produzidos pelos
sujeitos, na tentativa de identificar se a aquisição se no viés segmental ou por
item lexical, ou seja, se a aquisição parte do segmento para o léxico ou vice-versa.
Em OM, os dados dos sujeitos desta pesquisa indicam que a aquisição se deu a
nível segmental, e em CM, por item lexical.
Por fim, diante dos resultados não conclusivos acerca da efetividade do
tratamento em relação aos contextos selecionados para essa pesquisa, e devido à
divergência de contextos apresentados por outras pesquisas na área, apresentados
no capítulo da metodologia, foram analisados os contextos mais freqüentes nos itens
lexicais produzidos corretamente pelos sujeitos dessa pesquisa.
Em OM, o contexto seguinte mais freqüente (/a/) coincidiu com os dados de
todos os sujeitos, e os dados de três dos cinco sujeitos analisados, coincidiram em
termos de contexto, pois trouxeram como contexto precedente e seguinte a vogal /a/,
e o /r/ na sílaba tônica. em CM, não foi possível estabelecer um contexto comum
aos sujeitos que constituíram esse grupo.
Antes dos estudos acerca de contexto lingüístico serem realizados, a
seleção dos alvos no tratamento do DF era feita aleatoriamente. Agora, os
resultados dessa pesquisa podem ser aplicados à prática clínica fonoaudiológica,
como um requisito a ser considerado na seleção das palavras-alvo utilizadas em
terapia. Em relação à contribuição para a teoria fonológica, esse estudo indica que,
dentre as teorias de aquisição fonológica estudadas, gerativa e gestual, o contexto
lingüístico apresentado por ambas não foi eficiente no tratamento do DF.
Os objetivos desse trabalho foram atingidos, pois a análise dos dados
indicou que o contexto lingüístico favorável para a aquisição do /r/ em crianças sem
alteração de linguagem, independente da abordagem teórica considerada, não é
aplicável à seleção das palavras no tratamento do DF.
Esses dados indicam a necessidade de uma maior reflexão e realização de
mais pesquisas em relação a contexto lingüístico, uma vez que os achados nos
157
trabalhos são tão discordantes uns dos outros. Miranda (1996) aponta como
contexto seguinte a vogal /u/, Mezzomo & Ribas (2004) apontam a vogal /i/ como a
mais freqüente, enquanto esse estudo aponta a vogal /a/. A realização de pesquisas
futuras com a utilização dos contextos favoráveis constatados neste trabalho torna-
se, pois, interessante para a continuidade da investigação acerca do papel do
ambiente fonético/fonológico na constituição das palavras-alvo utilizadas na terapia
de fala.
158
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criança: reeducação e terapia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
8. ANEXOS
ANEXO I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Mestranda pesquisadora: Mardônia Alves Checalin
Profª Orientadora: Drª. Giovana Ferreira Gonçalves Bonilha
Profª Co-Orientadora: Drª. Márcia Keske-Soares
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
As informações contidas neste termo de consentimento livre e esclarecido
foram fornecidas pela pesquisadora, Fgª. Mardônia Alves Checalin com o objetivo de
obter a autorização da participação da criança, por escrito, com conhecimento do
que será realizado, por livre vontade.
Título do estudo:
“Estudo do papel do contexto facilitador, segundo diferentes
abordagens teóricas, na aquisição do r-fraco por crianças com desvio fonológico”.
Justificativa:
Crianças com idade superior a cinco anos que apresentam trocas nos
sons da fala sem causa aparente apresentam o que se chama de Desvio
Fonológico. Essas crianças apresentam uma alteração no componente fonológico da
linguagem, ou seja, nos sons que constituem as palavras e se não tratadas, essa
alteração pode interferir no processo de aquisição da linguagem escrita, por
exemplo. A maioria das crianças com desvio fonológico apresentam dificuldade de
produção do r-fraco, ou seja, o /r/ de ba
r
ata, po
r
ta ou b
r
uxa. Estudos realizados em
crianças sem alteração no processo de aquisição da linguagem, afirmam que
determinados sons adjacentes ao r-fraco facilitam sua aquisição (produção) pelas
crianças. Na palavra pi
r
ata, os sons adjacentes ao r-fraco são: “i” e o “a”. Desse
modo, será investigado se esses sons adjacentes também facilitam a aquisição
(produção) do r-fraco em crianças com Desvio Fonológico. Os resultados obtidos
neste projeto possibilitarão que a terapia fonoaudiológica para crianças com
alterações de fala seja mais eficaz e mais rápida.
168
Objetivos:
avaliar o papel dos ambientes fonológicos na terapia de Desvio
Fonológico em crianças com o mesmo grau de comprometimento de fala através do
modelo de terapia fonoaudiológica “ABAB-Retirada e Provas Múltiplas”.
Procedimentos:
inicialmente será realizada uma entrevista com os pais, sem a
presença da criança, para investigar aspectos relativos à gestação, parto, condições
do recém nascido, desenvolvimento motor e lingüístico, aspectos emocionais,
sociais e condições de saúde geral da criança, ou seja, fatores que poderiam
interferir no desenvolvimento adequado de linguagem. Após serão realizadas
avaliações fonoaudiológicas, sendo elas: avaliação dos órgãos da fala (inspecionar
lábios, língua, bochechas, dentes, céu da boca usando luvas para tocar, sem
qualquer desconforto ou dor); avaliação das funções dos órgãos da fala como
mastigação, deglutição, sucção e respiração (para isso seutilizada uma bolacha
doce ou salgada, ou um pedaço de pão francês e água); avaliação da articulação
(forma como os sons o produzidos); avaliação da linguagem (a criança deverá
contar uma história a partir de gravuras); a avaliação do sistema fonológico sons
da fala (a criança deverá falar o nome de figuras que serão apresentadas) será
gravada para verificar as trocas de sons na fala com o cuidado de preservar a
privacidade e confidencialidade dos dados; avaliação da consciência fonológica (se
a criança conhece os sons da fala); avaliação do vocabulário (a criança deverá falar
o nome de figuras pertencentes à classe do vestuário, animais, alimentos, meios de
transporte, veis, utensílios, profissões, locais, formas, cores, brinquedos e
instrumentos musicais); avaliação da capacidade que da criança em discriminar os
sons da fala (apontar em cartelas de figuras as palavras que ouviu); avaliação da
memória (repetir nomes produzidos pela examinadora) e avaliação do
processamento auditivo (localizar fonte sonora de qual direção vem o som, repetir
seqüência de sons produzidos por instrumentos musicais e produzidos pela própria
examinadora). O tratamento será realizado dois dias por semana em sessões de
quarenta e cinco minutos. Nas sessões, serão trabalhadas as produções do som-
problema através de figuras e jogos que o contenham.
As avaliações e o tratamento serão feitos no Serviço de Atendimento
Fonoaudiológico (SAF) gratuitamente pela pesquisadora.
Desconfortos e riscos esperados:
as avaliações e o tratamento não oferecerão
riscos à criança. Poderá surgir desconforto em relação ao tempo utilizado para as
avaliações e tratamento que é de 45 minutos ou na avaliação dos órgãos da fala,
169
caso a criança não goste do alimento oferecido e/ou ao permanecer por alguns
segundos com um gole de água na boca durante a avaliação da respiração. A
criança não será forçada a ingerir o que não gosta e nem permanecer com água na
boca.
Benefícios para os examinados:
as crianças receberão gratuitamente tratamento
para suas alterações de fala, receberão encaminhamento para outros profissionais
de áreas afins quando necessário, sem garantia de atendimento.
Informações adicionais:
os dados de identificação serão descaracterizados, quanto
aos materiais gravados, sendo os mesmos utilizados única e exclusivamente em
eventos científicos da área ou áreas afins. É permitido aos participantes desistirem
da pesquisa em qualquer momento, sem que isto acarrete prejuízo ao
acompanhamento de seu caso. Além disso, poderão receber, sempre que solicitadas
informações atualizadas sobre todos os procedimentos, objetivos e resultados do
estudo realizado
Eu, ____________________________________________, portador (a) da carteira
de identidade ______________________, responsáve l por
______________________________________ certifico que após a leitura deste
documento e de outras explicações dadas pela fonoaudióloga Mardônia Alves
Checalin (fone: (55)3026 - 3036), sobre os itens acima, estou de acordo com a
realização deste estudo autorizando a participação de meu / minha filho (a).
_______________________________
-
Assinatura do responsável -
______________________________ ______________________________
Profª. Drª. Giovana Ferreira Gonçalves Bonilha Fgª. Mardônia Alves Checalin
Orientadora Mestranda
Santa Maria, ____ de _____________ de 2007.
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa - CEP-UFSM
Av. Roraima, 1000 - Prédio da Reitoria andar Campus Universitário 97105-900 Santa Maria-RS - tel.:
(55) 32209362 - e-mail: comiteeticapesquisa@mail.ufsm.br
170
ANEXO II – Palavras utilizadas no bombardeio auditivo realizado no início e
final de cada sessão e diariamente em casa
OM CM
Palavras
Pirulito, bombeiro, vara, aranha,
coruja, mamadeira, coroa,
cadeira, coração, buraco, areia,
amora, caramelo, pare, fora,
cara e sara
Carne, certo, aperto, aberto,
gordo, torta, amargo, perna,
martelo, forte, barco, durmo,
farda, largo, morde, sorte e
parte
171
ANEXO III – Palavras utilizadas na PAB
OM CM CF OC
Palavras
Fogueira
Xícara
Girafa
Urubu
Tesoura
Cenoura
Garfo
Ervilha
Sorvete
Borboleta
Carta
Urso
Colher
Zíper
Tambor
Regador
Interruptor
Liquidificador
Frita
Presente
Frango
Broche
Zebra
Avestruz
172
ANEXO IV – Palavras e figuras correspondentes utilizadas em terapia
OM CM
G
E
R
A
T
I
V
A
siri, irado, pirata, peru,
peruca e marujo
firme, circo, sirvo, corda,
porta e corta
G
E
S
T
U
A
L
parede, marido, barata, farinha, careta e
cereja
N
E
U
T
R
O
farelo, chorão, morango, sorine, careca e
amarelo
porco, corvo, corpo, cerca, parque e
arca
173
ANEXO V – Cronograma das avaliações e terapias realizadas durante o
tratamento dos sujeitos
1º ciclo de tratamento 1º período de retirada Posição
/ teoria
Sujeitos AFC
PAB 1 PAB 2 PAB 3 PG1(1) PG1(2) FE(1) PG2(1) PG2(2)
S1 26/7/07 30/7/07 17/8/07 10/9/07 14/9/07 17/9/07 19/9/07 24/9/07 26/9/07 OM
Gerativo
S2 21/9/07 24/9/07 11/10/07 26/10/07 31/10/07 1/11/07 5/11/07 7/11/07 11/11/07
S3 26/07/07 03/08/07 20/08/07 14/09/07 17/9/07 19/9/07 24/9/07 26/9/07 1/10/07 OM
Gestual
S4 13/2/08 15/2/08 29/2/08 27/03/08 01/04/08 08/04/08 11/04/08 15/04/08 18/04/08
S5 20/08/07 28/08/07 14/09/07 01/10/07 5/10/07 8/10/07 11/10/07 15/10/07 18/10/07 OM
Neutro
S6
CM Neu S6 26/07/07 3/8/07 20/8/07 21/9/07 25/9/07 28/9/07 2/10/07 5/10/07 9/10/07
CM Fav S7 26/05/07 3/6/07 31/8/07 26/9/07 3/10/07 5/10/07 8/10/07 10/10/07 7/11/07
2º Ciclo de tratamento 2º período de retirada Posição
/ teoria
Sujeitos
PAB 4 PAB 5 PAB 6 PG3(1) PG3(2) FE(2) PG4(1) PG4(2)
S1 OM
Gerativo
S2 14/11/07 30/11/07 10/12/07 12/12/07 13/12/07 17/12/07 19/12/07 20/12/07
S3 5/10/07 22/10/07 05/11/07 07/11/07 21/11/07 23/11/07 26/11/07 30/11/07 OM
Gestual
S4 22/04/08 14/05/08
26/05/08 28/05/08 30/05/08 09/06/08 11/06/08 18/06/08
S5 22/10/07 05/11/07 26/11/07 30/11/07 03/12/07 07/12/07 10/12/07 13/12/07 OM
Neutro
S6 23/10/07 20/11/07 07/11/07 11/12/07 14/12/07 17/12/07 18/12/07 21/12/07
CM Neu S6
CM Fav S7 9/11/07 23/11/07 05/12/07 10/12/07 13/12/07 17/12/07 19/12/07 21/12/07
3º Ciclo de tratamento 3º período de retirada Posição
Teoria
Suj AFC pós-
férias
PAB 7 PAB 8 PAB 9 PG5(1) PG5(2) FE(3) PG6(1) PG6(2)
S1 OM
Gerativo
S2 13/02/08 18/2/08 4/3/08 24/3/08 28/3/08 31/3/08 04/4/08 07/4/08 11/4/08
S3 13/02/08 18/2/08 4/3/08 24/3/08 28/308 31/3/08 04/4/08 07/4/08 11/4/08 OM
Gestual
S4 18/07/08 21/7/08 29/7/08 12/8/08 18/8/08 21/8/08 25/8/08 28/8/08 01/9/08
S5 13/02/08 15/2/08 29/2/08 18/3/08 25/3/08 27/3/08 01/4/08 04/4/08 08/4/08 OM
Neutro
S6 13/02/08 15/2/08 25/2/08 13/3/08 17/3/08 24/3/08 28/3/08 04/4/08 07/4/08
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