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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS CURITIBA
GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E
INFORMÁTICA INDUSTRIAL – CPGEI
JÚLIO SHIGEAKI OMORI
APLICAÇÃO DE FILTRO ATIVO TRIFÁSICO EM
SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE BAIXA TENSÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CURITIBA
OUTUBRO-2007
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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial
DISSERTAÇÃO
apresentada a UTFPR
para obtenção do grau de
MESTRE EM CIÊNCIAS
por
JÚLIO SHIGEAKI OMORI
APLICAÇÃO DE FILTRO ATIVO TRIFÁSICO EM
SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE BAIXA TENSÃO
Banca Examinadora:
Presidente e Orientador:
Prof. Dr. Joaquim Eloir Rocha UTFPR
Examinadores:
Prof. Dr. Alexandre Rasi Aoki UFPR
Prof. Dr. Carlos Raimundo Erig Lima UTFPR
Curitiba, Outubro de 2007.
JÚLIO SHIGUEAKI OMORI
APLICAÇÃO DE FILTRO ATIVO TRIFÁSICO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE BAIXA TENSÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica e Informática Industrial da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como
requisito parcial para a obtenção do grau de “Mestre em
Ciências” – Área de Concentração: Informática
Industrial.
Orientador: Prof. Dr. Joaquim Eloir Rocha
Curitiba
2007
III
AGRADECIMENTOS
Ao orientador prof. Joaquim Eloir Rocha, Dr. pelo comprometimento, acompanhamento
do trabalho, revisão do estudo e pelas críticas que proporcionaram maior aprofundamento nas
principais questões do trabalho.
A Companhia Paranaense de Energia Copel pelo apoio e investimento constante no
aprimoramento profissional de seus empregados. Nominalmente aos Engenheiros Mauricio
Robles Ortega e Fernando Antônio Gruppelli, pelo incentivo e pela oportunidade oferecida dentro
do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Copel.
Aos Engenheiros Carlos Gabriel Bianchin e Rogers Demonti do Lactec, pelas
informações valiosas acerca do projeto físico e de controle do filtro ativo.
A Simone pela paciência e compreensão pela ausência, principalmente nos finais de
semana e feriados.
Aos meus pais, Evelice e Shigeo, por terem me orientado sempre para o caminho do
estudo e do conhecimento.
Aos meus irmãos Tommy e Sergio pela ajuda dispensada.
A UTFPR por ter proporcionado minha formação profissional contínua desde o curso
técnico até a pós-graduação.
IV
V
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................1
1.1 MOTIVAÇÃO .................................................................................................................1
1.2 OBJETIVOS.....................................................................................................................4
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...............................................................................5
2 QUALIDADE DA ENERGIA EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO..................................7
2.1 ALGUNS MOTIVOS PARA O INTERESSE EM QUALIDADE DA ENERGIA........7
2.2 PRINCIPAIS CONCEITOS DE QUALIDADE DA ENERGIA ....................................9
2.2.1 Harmônicos ............................................................................................................12
2.2.2 Desequilíbrio de Tensão.........................................................................................16
2.2.3 Potência e Fator de Potência ..................................................................................17
2.3 Normas de Qualidade da Energia...................................................................................22
2.3.1 Normas Internacionais............................................................................................23
2.3.2 Normas Nacionais..................................................................................................24
2.4 Problemas Verificados Pela Falta de Qualidade da Energia Elétrica.............................27
2.4.1 Conseqüências do Elevado Conteúdo Harmônico.................................................27
2.4.2 Conseqüências de Desequilíbrios de Corrente e Tensão........................................33
2.4.3 Conseqüências de um Baixo Fator de Potência em Sistemas de Distribuição.......35
3 FILTROS ATIVOS................................................................................................................37
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS FILTROS ATIVOS...............................................................40
3.1.1 Estrutura do Conversor...........................................................................................41
3.1.2 A configuração de Operação..................................................................................43
3.1.3 Número de Níveis do Conversor............................................................................47
3.1.4 Conexão com o Sistema Elétrico ...........................................................................48
3.1.5 Variáveis compensadas..........................................................................................52
3.1.6 Geração de Referências..........................................................................................55
3.1.7 Tecnologia de Controle..........................................................................................56
3.1.8 Filosofia de Controle..............................................................................................58
3.2 ESTRUTURA FÍSICA DE POTÊNCIA E ACIONAMENTO DOS FILTROS
ATIVOS.....................................................................................................................................61
VI
3.2.1 Chaves Semicondutoras .........................................................................................61
3.2.2 Princípio de Funcionamento do Inversor Por Fonte de Tensão (VSI)...................62
3.2.3 Modulação e Lógica de Chaveamento para Filtragem Ativa.................................65
3.2.4 O Sensoriamento de um Filtro Ativo Paralelo.......................................................67
3.2.5 Compatibilidade Eletromagnética..........................................................................70
3.3 SELEÇÃO E APLICAÇÃO DE FILTROS ATIVOS TRIFÁSICOS ...........................71
3.4 O ESTADO DA ARTE EM FILTROS ATIVOS..........................................................72
3.4.1 Dispositivos e Estrutura dos Conversores..............................................................73
3.4.2 Configurações de Filtros Ativos.............................................................................73
3.4.3 Integração com Elementos Magnéticos..................................................................73
3.4.4 Estratégias de Controle...........................................................................................73
4 ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE REFERÊNCIA E DE CONTROLE..........................75
4.1 ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE REFERÊNCIAS................................................75
4.1.1 Utilização do PLL (Phase Locked Loop)...............................................................76
4.1.2 Teoria de Potência Instantânea...............................................................................79
4.2 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE APLICADAS A FILTROS ATIVOS....................86
4.2.1 Controle por histerese de corrente (Malha de Corrente)........................................87
4.2.2 Controle Linear Com Regulação por Valores Médios Instantâneos......................89
4.2.3 Controle de Tensão no Barramento CC (Malha de Tensão)..................................95
5 PROJETO E EXECUÇÃO DE UM FILTRO ATIVO TRIFÁSICO.....................................97
5.1 ESTUDO DA CARACTERÍSTICA DA CARGA A SER CONDICIONADA............97
5.2 DEFINIÇÃO DA TOPOLOGIA DO CONVERSOR..................................................103
5.2.1 Simulações com o Conversor Bidirecional..........................................................103
5.2.2 A Configuração com o Split Capacitor................................................................107
5.2.3 A Definição do Quarto Braço do Conversor........................................................110
5.3 SISTEMA DE GERAÇÃO DE REFERÊNCIAS........................................................115
5.3.1 Phase Locked Loop..............................................................................................115
5.4 ESTRATÉGIA DE CONTROLE.................................................................................117
5.4.1 Topologia de Controle Adotada...........................................................................117
5.4.2 Controle Feedforward..........................................................................................121
5.4.3 Controle de Tensão no Barramento de C.C..........................................................122
VII
5.4.4 Processamento Digital de Sinais..........................................................................123
5.5 ANÁLISE MATEMÁTICA.........................................................................................125
5.5.1 Tensão Desejada no Elo CC.................................................................................125
5.5.2 Capacitor do Elo CC ............................................................................................126
5.5.3 Dimensionamento dos Indutores de Acoplamento...............................................127
5.5.4 Controladores PI de Tensão e de Corrente...........................................................128
5.5.5 Controlador de Tensão CC...................................................................................131
5.6 PROJETO E DIMENSIONAMENTOS.......................................................................132
5.7 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES...........................................................................132
5.8 RESULTADOS PRÁTICOS VERIFICADOS............................................................136
5.8.1 Medição do PLL...................................................................................................137
5.8.2 Medição da Tensão no Barramento CC ...............................................................139
5.8.3 Medições de Desempenho do Filtro Ativo...........................................................139
5.9 FOTOS DO PROTÓTIPO E DA INSTALAÇÃO.......................................................156
6 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES.........................................................................................159
6.1 CONCLUSÕES............................................................................................................159
6.2 TRABALHOS FUTUROS...........................................................................................163
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 2-1 Evolução das cargas eletrônicas nos E.U.A ...................................................................9
Figura 2-2 Composição da Série de Fourier...................................................................................13
Figura 2-3 Tetraedro de potência elétrica .....................................................................................22
Figura 2-4 Forma de onda de tensão com a presença de conteúdo harmônico..............................28
Figura 2-5 Resposta em freqüência da Ressonância Série............................................................32
Figura 2-6 Resposta em freqüência da Ressonância Paralela ........................................................33
Figura 3-1 Filtro ativo de 25 kVA produzido pela empresa Jessler & Gsell, LTDA.....................39
Figura 3-2 Classificação dos filtros ativos de potência..................................................................41
Figura 3-3 Filtro ativo com estrutura CSI......................................................................................42
Figura 3-4 Filtro ativo com estrutura VSI......................................................................................43
Figura 3-5 Filtro ativo série com conexão VSI..............................................................................44
Figura 3-6 Filtro Ativo paralelo com conexão VSI........................................................................45
Figura 3-7 Filtro híbrido, ativo série e passivo paralelo ................................................................46
Figura 3-8 Filtro ativo série e paralelo possibilidade de configuração..........................................47
Figura 3-9 Filtro ativo paralelo de três níveis................................................................................48
Figura 3-10 Filtro ativo paralelo instalado num sistema monofásico a dois fios...........................49
Figura 3-11 Filtro ativo paralelo instalado num sistema trifásico a três Fios................................50
Figura 3-12 Filtro ativo paralelo a quatro fios configuração Split Capacitor ................................51
Figura 3-13 Filtro ativo paralelo a quatro fios na configuração a quatro braços...........................52
Figura 3-14 Configuração com o filtro ativo paralelo....................................................................63
Figura 3-15 Circuito de potência do filtro ativo em análise..........................................................63
Figura 3-16 Referência de corrente e acionamento das chaves .....................................................64
Figura 3-17 Sinal MLP de dois níveis............................................................................................66
Figura 3-18 Inversor trifásico sinais MLP e espectro do sinal MLP de três níveis .......................67
Figura 3-19 Monitoramento de corrente na carga e no filtro.........................................................68
Figura 3-20 Monitoramento da corrente no Sistema Elétrico........................................................69
Figura 4-1 PLL modulada pela malha de tensão do filtro ativo.....................................................77
Figura 4-2 Diagrama do sistema do PLL.......................................................................................78
Figura 4-3 Sincronismo das três fases na referência......................................................................79
IX
Figura 4-4 Separação dos componentes contínuos e oscilatórios da potência...............................84
Figura 4-5 Banda de histerese com valores em p.u........................................................................87
Figura 4-6 Sistema de controle por histerese aplicado num circuito trifásico...............................88
Figura 4-7 Sinal modulado pela comparação com as bandas de histerese.....................................88
Figura 4-8 Diagrama de blocos do controle linear por valores médios instantâneos.....................90
Figura 4-9 Diagrama de blocos da malha de controle de corrente.................................................91
Figura 4-10 Incremento da referência pelo controle de tensão......................................................92
Figura 4-11 Integração entre as malhas de tensão e de corrente de um FAP.................................93
Figura 4-12 Controlador de correntes com reguladores lineares num sistema trifásico................94
Figura 4-13 Diagrama de blocos do sistema de controle de tensão do filtro ativo.......................95
Figura 5-1 Medição do valor eficaz da tensão nas três fases........................................................98
Figura 5-2 Medição do valor eficaz da corrente nas três fases ......................................................98
Figura 5-3 Registro oscilográfico da variação da corrente nas três fases ......................................99
Figura 5-4 Registro oscilográfico da variação de tensão nas três fases........................................99
Figura 5-5 Fator de potência medido nas três fases.....................................................................100
Figura 5-6 Medição da distorção harmônica total de corrente nas três fases...............................101
Figura 5-7 Medição de distorção harmônica total de tensão nas três fases..................................101
Figura 5-8 Potência ativa medida nas três fases...........................................................................102
Figura 5-9 Potência reativa medida nas três fases........................................................................102
Figura 5-10 Medição de tensão e corrente instantâneas nas três fases.........................................103
Figura 5-11 Ponto de partida para definição do conversor ..........................................................104
Figura 5-12 Controlador utilizado nas simulações iniciais..........................................................105
Figura 5-13 Correntes na entrada do conversor bidirecional-referências senoidais de igual
valor......................................................................................................................................106
Figura 5-14 Correntes na entrada do conversor bidirecional-referências quadradas e de igual
valor......................................................................................................................................106
Figura 5-15 Conversor com topologia Split Capacitor................................................................107
Figura 5-16 Corrente na entrada do conversor Split Capacitor com referência quadrada...........108
Figura 5-17 Corrente de saída do conversor Split-Capacitor-referências quadradas e de igual
valor......................................................................................................................................109
Figura 5-18 Corrente de neutro do conversor com Split-Capacitor-referências quadradas .......109
X
Figura 5-19 Topologia conversor bidirecional com 4 ramos de potência...................................110
Figura 5-20 Corrente na entrada do conversor com 4 ramos de potência- referências senoidais111
Figura 5-21 Corrente de saída do conversor com 4 ramos de potência-referências senoidais.....111
Figura 5-22 Corrente na entrada do conversor com 4 ramos de potência-referências quadradas112
Figura 5-23 Corrente de neutro do conversor com 4 ramos de potência-referências quadradas.113
Figura 5-24 Sinal de erro da saída do controlador PI da fase A conversor com 4 ramos de
potência ................................................................................................................................114
Figura 5-25 Sinal das três fases dentro do controle digital (desequilíbrio e distorção)..............116
Figura 5-26 Comparação entre os sinais de referência distorcidos e desequilibrados e o PLL...116
Figura 5-27 Topologia de potência completa do filtro ativo.......................................................118
Figura 5-28 Controlador de correntes do filtro ativo. ..................................................................119
Figura 5-29 Sistema de controle para o filtro ativo a 4 fios........................................................120
Figura 5-30 Detalhe do controle feedforward.............................................................................122
Figura 5-31 Malha de tensão CC com o erro VCC médio...........................................................123
Figura 5-32 Diagrama de blocos para o projeto dos controladores de tensão e corrente.............129
Figura 5-33 Diagrama de blocos da planta com o controlador de corrente. ................................130
Figura 5-34 Cargas utilizadas na simulação do filtro ativo..........................................................133
Figura 5-35 Correntes de carga nas três fases e neutro de acordo com a Figura 5-34.................134
Figura 5-36 Correntes injetadas pelo filtro (gráfico superior) e correntes da fonte (gráfico
inferior).................................................................................................................................134
Figura 5-37 Sinal de saída do controlador PI com a atuação do controle FFW (gráfico superior) e
saída do controle PI (gráfico inferior)..................................................................................135
Figura 5-38 Tensão no barramento CC (gráfico superior) e tensão na saída do controle PI (gráfico
inferior).................................................................................................................................136
Figura 5-39 Sinal de tensão das três fases da rede no controle digital (desequilíbrio e distorção) –
canal 1 (fase A), canal 2 (fase B) e canal 3 (fase C)............................................................137
Figura 5-40 Sinal de entrada distorcido (fase A – canal 2) e sinal de saída do PLL (fase A – canal
3)...........................................................................................................................................138
Figura 5-41 Sinal de tensão das três fases do PLL – canal 1 (fase A), canal 2 (fase B) e canal 3
(fase C).................................................................................................................................138
XI
Figura 5-42 Sinais de tensão DC - canal 1 (erro de tensão DC), canal 2 (sinal de tensão do
barramento DC), canal 3 (referência de tensão DC)............................................................139
Figura 5-43 Diagrama esquemático das cargas típicas com potência total de 11,2 kVA............140
Figura 5-44 Tensão da fase A, correntes da carga nas fases A, B e C (10mV/A). ......................140
Figura 5-45 Tensão da fase A, correntes da carga nas fases A, B e no neutro (10mV/A)...........141
Figura 5-46 Tensão da fase A, correntes da rede nas fases A, B e C (10mV/A) com o filtro
operando...............................................................................................................................141
Figura 5-47 Tensão da fase A, correntes da rede nas fases A, B e no neutro (10mV/A) com o
filtro em operação.................................................................................................................142
Figura 5-48 Fase A: tensão, corrente da carga, corrente de compensação (filtro) e corrente da rede
compensada..........................................................................................................................142
Figura 5-49 Formas de onda das tensões e correntes nas 3 fases no PAC..................................143
Figura 5-50 Tensões, correntes e potências nas 3 fases (sem a operação do filtro ativo paralelo
trifásico) ...............................................................................................................................144
Figura 5-51 Valores detalhados das correntes nas 3 fases (ponto de acoplamento comum)......144
Figura 5-52 Tensões e corrente nas 3 fases (filtro ativo em operação).......................................145
Figura 5-53 Tensões, correntes e potências nas 3 fases (filtro ativo paralelo trifásico em operação
normal).................................................................................................................................145
Figura 5-54 Detalhamento das correntes nas 3 fases (após a entrada do filtro)...........................146
Figura 5-55 Formas de onda das tensões e correntes nas 3 fases (capacitores em operação)......147
Figura 5-56 Tensões, correntes e potências nas 3 fases (capacitores em operação)...................148
Figura 5-57 Detalhe das correntes nas 3 fases com a operação do banco de capacitores............148
Figura 5-58 Formas de onda para carga monofásica (tensão – superior e corrente – inferior)....149
Figura 5-59 Valores dos parâmetros elétricos para carga monofásica.........................................149
Figura 5-60 Corrente e tensão nas 3 Fases (tensão – superior e corrente – inferior) com a
operação do filtro .................................................................................................................150
Figura 5-61 Valores dos parâmetros elétricos com a operação do filtro sobre uma carga
monofásica ...........................................................................................................................150
Figura 5-62 Forma de onda da tensão e corrente na instalação em campo sem o filtro .............152
Figura 5-63 Panorama geral dos parâmetros elétricos da instalação em campo sem o filtro .....153
Figura 5-64 Detalhe das tensões do sistema elétrico sem a operação do filtro............................153
XII
Figura 5-65 Dados numéricos das correntes de carga sem a operação do filtro.........................154
Figura 5-66 Formas de onda com o filtro ativo trifásico em operação em campo.......................154
Figura 5-67 Dados numéricos com a operação do filtro ativo trifásico em campo ....................155
Figura 5-68 Tensões nas três fases (filtro ativo em operação) em campo ...................................155
Figura 5-69 Correntes no sistema elétrico (filtro ativo trifásico em operação) em campo..........156
Figura 5-70 Foto frontal do gabinete com destaque para o circuito de potência e os sensores ...157
Figura 5-71 Foto traseira do gabinete – fonte de alimentação e estágios de condicionamento e de
controle.................................................................................................................................158
XIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 Fenômenos eletromagnéticos presentes no sistema de potência..................................11
Tabela 2-2 Componentes harmônicos em termos de componentes simétricas..............................15
Tabela 2-3 Normas internacionais relacionadas a qualidade da energia........................................23
Tabela 2-4 Efeito da freqüência na resistência elétrica..................................................................29
Tabela 3-1 Tabela de especificação de uso do fap de acordo com a aplicação..............................72
Tabela 5-1 Resumo dos resultados experimentais .......................................................................142
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SIMBOLOGIAS
1. Símbolos Usados em Expressões Matemáticas
C - Capacitância
cos
ϕ
- Ângulo de Defasagem entre a Tensão e a Corrente
EFF – Flutuação de Energia
f – Freqüência Elétrica
Fcc – Freqüência da Banda Passante
Gcc – Função de Transferência do Controlador PI
Gsc Função de Transferência do Sistema de Controle
H – Potência Harmônica
iα, iβ, i0 – Correntes nas coordenadas αβ0
I1 - Componente de Corrente Fundamental
ia, ib, ic – Correntes nas coordenadas abc
iC – Corrente de Compensação
ih – Componentes harmônicos da corrente de carga
Il aNeg, Il bneg, Il cneg - Componentes de Seqüência Negativa de Corrente nas Três Fases
Im - Corrente Máxima
In - Componente de corrente harmônica
Ineg_pk – Componente negativa máxima de corrente
ip – Componente ativa da corrente de carga
iq – Componente reativa da corrente de carga
L - Indutância
La – Indutor de Acoplamento
Mf –Margem de Fase
P - Potência Ativa
p –Potência Ativa Instantânea
p0 –Potência Ativa Instantânea de Seqüência Zero
pC – Potência Ativa Instantânea de Compensação
Pneg – Potência de Seqüência Negativa
XV
0
p
- Potência ativa instantânea de seqüência zero contínua
0
~
p
- Potência ativa instantânea de seqüência zero alternada
Q – Potência reativa
q – Potência reativa instantânea
qC – Potência reativa instantânea de compensação
q
~
- Potência reativa instantânea alternada
q
- Potência reativa instantânea contínua
S - Potência aparente
u – Sinal senoidal unitário para o PLL
V
α
, V
β
, V0 – Tensões nas coordenadas
αβ
0
V1 - Componente de tensão fundamental
Va, Vb, Vc – Tensões nas coordenadas abc
va1 – Tensão na fase A
vb1 – Tensão na fase B
vc1 – Tensão na fase C
Vdc – Tensão contínua
Vm - Tensão Máxima
Vn - Componente de tensão harmônica
Vdc – Flutuação de tensão
Z - Impedância
2. Símbolos Usados para Referências a Elementos em Diagramas de
Circuitos
αβ
0 – Sistemas de coordenadas
αβ
0
abc- Sistemas de coordenadas abc
Ccc – Capacitor do barramento de CC
Ci(S): Função de transferência do compensador de corrente
Cv(S): Função de transferência do compensador de tensão
E
α
, E
β
, E0 – Erro de corrente nas coordenadas
αβ
0
Ea, Eb, Ec – Erro de corrente nas fases a, b e c
XVI
fr – Freqüência de Ressonância
FTMFi: Função de transferência de malha fechada da corrente
Gi(S): Função de transferência do conversor VSI na razão cíclica adotada
Gvi(S): Função de transferência da tensão pela corrente do conversor
I0 – Corrente na carga
IF – Corrente no filtro
ifa, ifb, ifc, ifn – Corrente de sensoriamento do filtro
Ila, Ilb, Ilc – Corrente na carga
IP – Corrente nominal gerada pelas cargas lineares e não lineares
IS – Corrente do sistema elétrico
Isref – Corrente de referência
K – Ganho de referência de corrente
KDSP – Ganho do DSP
Ki: Função de transferência do sensor de corrente
Km: Ganho multiplicador
KPWM: Função de transferência do modulador PWM
KSI – Ganho do sensor de corrente
Kv: Ganho do amostrador de tensão
Lcc – Indutor do barramento de CC
Lf – Indutância de acoplamento do filtro ativo
LS – Indutância representativa do sistema elétrico
Psum – Somatória da potência ativa nas três fases
Qsum – Somatória da potência reativa nas três fases
ref a, ref b, ref c: Referência de corrente para as três fases
Sref – Valor de referência para o sistema de controle
Ssum – Somatória da potência aparente nas três fases
ta, tb, tc – Sinais de acionamento das chaves semicondutoras
THD –Total harmonic distortion
V – Tensão na derivação da rede de baixa tensão
Va1, Vb1, Vc1 – Sinais obtidos pelos sensores de tensão
Veq – Tensão de saída das chaves semicondutoras
XVII
Vf- Tensão na saída do filtro
Vref – Tensão de referência do filtro
Vs – Tensão do sistema elétrico
Vtr – Tensão triangular da portadora
ZOH – Segurador de ordem zero
Zr – Impedância resultante
θ - Ângulo da componente fundamental da tensão defasado de π/2
φ - Ângulo da componente fundamental da tensão
3. Siglas e Simbologias
A/D – Analógico/Digital
Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica
CA – Corrente alternada
CC – Corrente contínua
CCON - Comitê coordenador de operações Norte/Nordeste
CCT – Capacitor chaveado a tiristor
CISPR – Comissão Internacional Especial para Radiointerferência
CSI – Inversor por fonte de corrente
DEC - Duração equivalente de interrupção por unidade consumidora
DHII – Distorção harmônica individual de corrente
DHIV – Distorção harmônica individual de tensão
DHTI - Distorção harmônica total de corrente
DHTV - Distorção harmônica total de tensão
DIC - Duração de interrupção por unidade consumidora
DMIC – Duração máxima de interrupção por unidade consumidora
DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
DSP - Processador digital de sinais
EUA – Estados Unidos da América
FAP –Filtro ativo de potência
FEC - Freqüência equivalente de interrupção por unidade consumidora
XVIII
FFT – Transformada Rápida de Fourier
FFW - Feedforward
FIC – Freqüência de interrupção por unidade consumidora
GCOI - Grupo de coordenação para operação interligada
GCPS - Grupo coordenador do planejamento do sistema elétrico
GTO – Gate Turn-Off Thyristor
IEC - Comissão Eletrotecnica Internacional
IEEE - Institute of Electrical and Eletronics Engineers
IGBT - Insulated Gate Bipolar Transistor
MLP - Modulação por largura de pulso
MOSFET – Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor
ONS – Operador Nacional do Sistema
PAC – Ponto de acoplamento comum
PI – Proporcional integral
PLL – Phase locked loop
PRODIST – Procedimentos de distribuição
PWM - Pulse Width Modulation
RTC – Reator controlado a tiristor
S&H – Sample and hold
TBP - Transistores bipolares de potência
UPQC – Universal Power Quality Conditioner
VSI – Inversor por fonte de tensão
4. Grandezas Físicas
A - Ampère
Hz -Hertz
VA – Volt Ampère
W – Watt
V - Volt
XIX
RESUMO
Neste trabalho é estudada a aplicação de filtros ativos em sistemas de distribuição de
energia de baixa tensão. Com o crescente aumento de cargas não lineares conectadas ao sistema
de distribuição de energia, proveniente principalmente de cargas eletrônicas, problemas com a
qualidade no fornecimento de energia elétrica têm demandado preocupação por parte das
concessionárias de energia elétrica e consumidores. Outro fator que causa preocupação é a
perspectiva da introdução de uma nova legislação que regulamentará e estabelecerá limites para
índices de parâmetros de qualidade da energia.
Diante deste problema estabelecido foi desenvolvido um filtro ativo trifásico paralelo de
10 kVA, como uma ferramenta para auxílio na mitigação de problemas de qualidade da energia
em sistemas de distribuição trifásicos de baixa tensão. O bom desempenho obtido com o
equipamento desenvolvido só foi possível devido a aplicação de técnicas de controle automático
implementadas através de controle digital utilizando um processador digital de sinais.
Foram realizadas simulações para verificação do desempenho do equipamento, bem como
da aplicação de um filtro ativo na alimentação de cargas não lineares típicas. A comprovação do
funcionamento do equipamento e de seu desempenho foi realizada através da instalação num
sistema real de distribuição de energia, com cargas típicas e suas variações dinâmicas.
O principal resultado obtido com a instalação do filtro ativo trifásico paralelo no sistema
de distribuição é a melhoria significativa do fator de potência, da linearidade e equilíbrio da
corrente no ponto de instalação. A melhoria destes parâmetros proporciona uma elevação na
qualidade da tensão de fornecimento no sistema de distribuição de energia.
A maior contribuição deste trabalho está na aplicação de filtros ativos em sistemas de
distribuição de energia, com a apresentação de detalhes de especificação, projeto,
desenvolvimento e resultados de testes obtidos com a instalação de um filtro ativo trifásico
paralelo.
XX
ABSTRACT
The purpose of this work is to study the application of active filters for distributing the
low voltage electric power system. With an increase of nonlinear loads connected to power
system distribution networks, coming mainly from electronic loads, problems related to the
quality of electricity supply have arisen and have caused concern to the companies responsible
for the electricity supply and consumers. This concern is also related to the perspective of a new
regulation to lay down power quality parameters.
The problem being determined, a shunt three-phase active power filter of 10 KVA was
developed to be a tool to help diminish problems related to power quality in low-voltage, three-
phase electric distribution systems. The good performance obtained was possible due to the use
of automatic control techniques implemented through digital signal processor and digital control.
Tests to verify the equipment performance and the use of an active power filter to feed the typical
non-linear loads were done. The equipment was installed in a real distribution power system,
with its typical loads and dynamic variations, which proved its effectiveness and performance to
be adequate. The main result of the use of the shunt three-phase active power filter in a
distribution power system is the improvement in power factor, linearity and balance of the current
at the installation point. The improvement of these parameters causes a raise in voltage quality in
the distribution power system.
The biggest contribution of this work is the study of the applications of active power
filters in the distribution power systems, using detailed specifications, design, the development
and test results of a shunt three-phase active power filter installation.
1
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
Em se tratando de qualidade de fornecimento de energia elétrica, o principal produto no
fornecimento da energia elétrica é a tensão. A corrente normalmente é resultado direto da carga
conectada e pode alterar o perfil da tensão de fornecimento, através da queda de tensão gerada
nas impedâncias do sistema.
Desde que a corrente alternada venceu a disputa com a corrente contínua na distribuição
de energia (no século XIX), tornou-se padrão mundial a distribuição de energia alternada com
forma de onda senoidal. Fazendo com que as cargas a serem conectadas também tivessem que ser
projetadas para receber alimentação de energia elétrica com forma de onda senoidal. Por isso, a
existência de distorção na forma de onda senoidal de tensão de alimentação causa problemas de
operação das referidas cargas em diversas escalas.
O desenvolvimento deste trabalho visa mitigar o problema causado pelo grande número
de cargas não lineares sendo conectadas nos sistemas de distribuição de energia. Cargas elétricas
que contêm dispositivos eletrônicos tem crescido consideravelmente desde a década de sessenta,
quando o desenvolvimento dos semicondutores de estado sólido e principalmente os transistores
começaram a ser utilizados em larga escala comercial. Lâmpadas eletrônicas, reatores
eletrônicos, fontes chaveadas, controladores de potência, chaves estáticas e variadores de
velocidade estáticos para controle de velocidade de motores de indução são exemplos de cargas
eletrônicas com utilização em larga escala tanto na área residencial e comercial, quanto na área
industrial. Uma característica importante destas cargas eletrônicas é a elevada não linearidade da
corrente de alimentação. A combinação de cargas eletrônicas de grande potência, com elevada
não linearidade de corrente conectadas a sistemas elétricos com baixa potência de curto circuito
(elevada impedância), pode provocar a violação de parâmetros de qualidade da energia da tensão
de fornecimento, provocando assim a não conformidade da forma de onda senoidal de tensão
2
tanto para o elemento gerador desta não conformidade, quanto para as demais cargas conectadas
ao sistema elétrico.
Existe um elevado custo da falta de qualidade da energia elétrica, tanto para as
concessionárias de energia quanto para os consumidores finais (RESENDE, 2002). O mau
funcionamento intempestivo de equipamentos ou a atuação errática de dispositivos de proteção
elétrica, provoca interrupção da atividade desenvolvida pelo consumidor e também a interrupção
do fornecimento do principal produto da concessionária de energia elétrica. Toda a interrupção
no fornecimento de energia gera efeitos eletromagnéticos que tendem a tirar o sistema do
equilíbrio, desta maneira tanto os equipamentos de operação do sistema elétrico da
concessionária, quanto os equipamentos de consumidores finais podem sofrer avarias muitas
vezes irreversíveis. Outro fator econômico que está diretamente ligado a qualidade da energia
elétrica são as perdas elétricas. As componentes de alta freqüência da corrente em determinada
instalação produzem amplificações nas perdas ôhmicas devido ao efeito pelicular, gerando um
aumento de resistência elétrica a passagem da corrente e por conseqüência aumento das perdas
por efeito Joule, que geram aquecimento e contribuem também para o aumento da queda de
tensão na instalação. O aumento de temperatura diminui a potência nominal útil de
funcionamento de equipamentos podendo levar a sobrecarga. A diminuição do nível de tensão
provoca aumento da circulação de corrente em cargas de potência constante e a retração no
consumo de energia para cargas de impedância constante.
Existe uma exigência cada vez maior dos consumidores conectados ao sistema de
distribuição de energia por uma elevada qualidade da energia (RESENDE, 2002). Variações em
faixas reduzidas nos parâmetros de tensão e freqüência elétrica são cada vez mais requisitados.
Normalmente as concessionárias de distribuição de energia elétrica não possuem
monitoramento de parâmetros elétricos em todos os circuitos, principalmente os de baixa tensão.
Os parâmetros de qualidade da energia são mais difíceis ainda de monitorar continuamente
devido a necessidade de equipamentos especiais com elevada capacidade de processamento e
memória de dados. Apesar deste quadro estar sofrendo alterações, estatísticas e históricos de
evolução de determinados parâmetros de qualidade da energia elétrica são difíceis de serem
obtidos. O desenvolvimento de equipamentos condicionadores de energia como os filtros ativos
podem ter um grande impulso a partir da verificação das reais condições de fornecimento da
3
qualidade da energia atual e dos benefícios econômicos que um condicionador de energia pode
trazer como retorno ao investimento realizado.
Não existe legislação nacional que regulamente índices de qualidade da energia para os
sistemas de distribuição. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) já possui um conjunto
de normas que tratam de limites individuais e globais de parâmetros de qualidade da energia para
o acesso e conexão a rede básica, que são instalações com nível de tensão maior ou igual a 230
kV. Também existe indicação de limites para níveis inferiores de tensão em subestações com
transformação. No entanto a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) regulamentará
indicadores e padrões de Qualidade da Energia para sistemas de distribuição de energia no
documento denominado “Procedimentos de Distribuição – Módulo 8 Qualidade da Energia”, este
documento está atualmente em fase de elaboração. Com a legislação estabelecendo limites para
parâmetros de qualidade da energia, assim como já existe para níveis de tensão em regime
permanente (Resolução Aneel N
° 505/2001) e índices de desempenho de fornecimento de energia
coletivos DEC (Duração Equivalente por Consumidor), FEC (Freqüência Equivalente por
Consumidor) e individuais DIC (Duração Individual por Consumidor), FIC (Freqüência
Individual por Consumidor) e DMIC (Duração máxima de interrupção por consumidor) da
Resolução Aneel N
°
462/2000, poderá existir uma grande demanda para enquadramento de
instalações com limites violados, que nunca antes foram auditadas. Desta forma, tanto
concessionárias de energia quanto consumidores deverão se adequar aos limites estabelecidos,
caso contrário poderá haver solicitação de desconexão da rede para consumidores, multa ou até
mesmo perda de áreas de concessão para concessionárias de distribuição de energia.
Os sistemas de distribuição de energia de baixa tensão solicitam baixa potência da fonte,
apesar disto estes sistemas são mais susceptíveis a não linearidade da corrente de carga, devido a
sua alta impedância em comparação aos sistemas de média tensão e de transmissão de energia.
O desenvolvimento acelerado dos dispositivos semicondutores de potência, para o
controle e acionamento tem diminuído a relação custo benefício de sua aplicação. A estrutura
básica do filtro ativo é similar a de conversores de freqüência utilizada para controle de
velocidade de motores de indução trifásicos. Os benefícios de sua utilização fizeram com que a
escala de produção fosse elevada, abaixando o custo da aplicação. Desta forma, é possível que a
massificação da utilização de filtros ativos trifásicos seja viável no futuro.
4
O controle digital, sobretudo utilizando DSP (Digital Signal Processor) tem
proporcionado um aumento significativo na capacidade de processamento e de tratamento de
sinais elétricos, cuja utilização em filtragem ativa torna-se muito oportuno. As principais
vantagens do uso do controle digital são: redução do número de componentes eletrônicos das
placas de comando, flexibilidade na concepção do controlador e do modulador do conversor,
bastando para isso alterar o software do DSP e a maior facilidade da montagem do produto final
em linha de produção.
Grande parte da literatura técnica sobre filtros ativos trata de filtros ativos monofásicos ou
de filtros aplicados a sistemas trifásicos equilibrados. Contudo é elevado o número de instalações
elétricas dotadas de um condutor neutro com desequilíbrio entre as correntes de fase, o qual é
causado principalmente pela presença significativa de cargas monofásicas.
1.2 OBJETIVOS
O objetivo geral deste trabalho é o estudo da aplicação de filtros ativos trifásicos paralelos
em sistemas de distribuição de baixa tensão e a verificação detalhada das melhorias decorrentes
desta aplicação: elevação do fator de potência, diminuição da distorção harmônica de tensão e
corrente e melhoria do equilíbrio das correntes trifásicas no ponto de aplicação.
Os objetivos específicos do trabalho são:
- Definir através do levantamento do estado da arte em filtros ativos trifásicos a topologia
de filtragem ativa mais adequada. Utilizar recursos de simulação numérica para verificação do
funcionamento da topologia utilizada, estratégia de controle e detalhes práticos de montagem do
equipamento.
- Realizar a elaboração de um projeto e execução de um filtro ativo paralelo trifásico de
10 kVA e a verificação de desempenho do protótipo montado frente aos dados simulados.
- Efetuar a instalação do protótipo desenvolvido, num sistema de distribuição de energia
de baixa tensão, com predominância de cargas não lineares compatíveis com a potência do
protótipo e avaliar os impactos causados sobre a qualidade da energia no ponto de conexão.
5
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está organizada em seis capítulos. O Capítulo 2 descreve com detalhes os
principais parâmetros de qualidade da energia elétrica utilizados no trabalho, conceituando e
apresentando as suas principais características. No Capítulo 3 é realizada uma revisão
bibliográfica, das principais características e topologias envolvendo filtros ativos de potência. No
Capítulo 4 é realizada uma revisão bibliográfica das principais estratégias de geração de
referência e de controle para implantação em filtros ativos trifásicos paralelos. O capítulo 5
apresenta o projeto de um filtro ativo paralelo trifásico de 10 kVA, com os respectivos resultados
de simulações e medições em campo. E finalmente no capítulo 6 são apresentadas as conclusões
das definições adotadas e dos resultados obtidos.
6
7
CAPÍTULO 2
2 QUALIDADE DA ENERGIA EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
O interesse recente em estudar a Qualidade da Energia, pode ser verificado pela
quantidade de publicações internacionais onde o termo “voltage quality” tem sido utilizado. Uma
busca via internet, relativa ao período de 1964-1984, indica que o termo “power quality” foi
mencionado cerca de noventa vezes e o termo “voltage quality”, aproximadamente sessenta vezes
(RESENDE, 2002). Durante o período de 1985-1996, “power quality” foi citado em torno de
duas mil vezes e o termo “voltage quality”, duzentas e dez vezes. Além do crescente interesse na
qualidade da energia, nota-se a utilização mais intensiva do termo “power quality”
internacionalmente. Pesquisa na mesma linha realizada no ano de 2007 indica mais de trezentos e
vinte e seis mil citações para o termo “power quality” incluindo citações recentes em artigos,
produtos, equipamentos, centros acadêmicos, órgãos reguladores, concessionárias de energia
elétrica, indústrias entre outros.
Progredindo além dos números citados, existe uma série de razões para todo esse interesse,
os quais serão apresentados a seguir.
2.1 ALGUNS MOTIVOS PARA O INTERESSE EM QUALIDADE DA ENERGIA
As cargas elétricas são mais sensíveis aos distúrbios de Qualidade da Energia. Os
equipamentos produzidos atualmente possuem mais eletrônica embarcada do que os seus
similares produzidos a décadas atrás. As modernas indústrias para se manterem competitivas num
mundo globalizado são obrigadas a investir em tecnologia de ponta para aumentar a
produtividade e qualidade de seus produtos, principalmente em equipamentos de automação
industrial, tornando-se mais sensíveis a risco de perda de produção por distúrbios na qualidade da
energia. Consumidores residenciais também têm se tornado mais exigentes, sendo que a energia
elétrica tem sido cada vez mais considerada um direito básico, que deve estar sempre disponível.
8
Uma simples interrupção no fornecimento de energia elétrica, atualmente, significa muito
mais reclamações do que alguns anos atrás, mesmo que não haja prejuízo direto relacionado à
mesma.
As novas cargas elétricas normalmente apresentam maior sensibilidade, porém causam
mais distúrbios na qualidade da energia (DUGAN, MCGRANAGHAN , BEATY, 1996).
Nas instalações industriais, os conversores estáticos de potência são utilizados desde a
década de vinte do século passado, no entanto o grande impulso ocorreu na década de sessenta a
partir da utilização de semicondutores e logo após com o surgimento do tiristor, que
proporcionou o aparecimento de conversores estáticos de tamanho reduzido. A limitação de
controle do instante de bloqueio dos tiristores foi superada com a evolução de novas chaves
estáticas tais como o GTO (Gate Turn-Off Thyristor), IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor)
e MOSFET (Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor) de potência. Unindo-se o
desenvolvimento destes semicondutores com os sistemas de controle de velocidade e torque em
motores elétricos, o emprego de conversores estáticos de potência ganhou larga escala em
aplicações em processos industriais. Também, na área industrial destacam-se como cargas não
lineares as aplicações de eletrotermia, que tiveram grande difusão no emprego de fornos na
siderurgia a partir da crise mundial de petróleo em 1973. Cargas desta natureza apresentam
bruscas variações de corrente e de tensão além de operar sob condições de consumo de reativo
elevado. Como o setor industrial é responsável pela maior parcela de consumo de energia elétrica
e tem empregado de maneira crescente cargas não lineares, existe uma grande contribuição deste
setor na redução da qualidade da energia do sistema (VAZ, 2006).
A carga de instalações residenciais e comerciais também tem se modificado nos últimos
vinte anos, passando também a contribuir com uma grande demanda de cargas não lineares.
Dentre as principais cargas verificadas estão as lâmpadas eletrônicas e reatores eletrônicos para
lâmpadas de descarga, atenuadores de luminosidade e pequenos controladores estáticos de
potência, pequenos motores com velocidade controlada e um grande número de conversores de
CA/CC que alimentam eletrodomésticos entre outros. Toda esta carga especial tem crescido em
larga escala nos últimos anos, como pode ser verificado no gráfico da Figura 2-1, que mostra um
levantamento realizado nos EUA (RESENDE, 2002) de 1960 até 2000. Pode-se notar que
atualmente a carga eletrônica é superior a 50% da total instalada. O conjunto de cargas formado
por conversores e compensadores estáticos, fornos a arco, controladores de potência, modernos
9
sistemas de iluminação e eletrodomésticos, formam um grupo denominado de cargas elétricas
especiais, cuja principal característica é a elevada não linearidade da corrente em relação a tensão
de alimentação. Esta não linearidade pode provocar distorções nas formas de onda de tensão de
alimentação nos sistemas de corrente alternada, que em condições normais seriam
aproximadamente senoidais. Por isso, muitos consumidores acabam reclamando de distúrbios no
fornecimento de energia elétrica, mas a causa pode ser os seus próprios equipamentos conectados
no sistema elétrico das concessionárias de energia.
Figura 2-1 Evolução das cargas eletrônicas nos E.U.A
Fonte: (RESENDE, 2002)
2.2 PRINCIPAIS CONCEITOS DE QUALIDADE DA ENERGIA
O assunto Qualidade da Energia é muito extenso e engloba vários pontos de vista
diferentes, por isso torna-se difícil conceituá-lo completamente e definitivamente.
10
Do sentido mais específico para o mais genérico o termo pode ser conceituado como:
“Qualquer problema na tensão, corrente ou freqüência que resulte em falha ou prejudique
a operação dos equipamentos” (DUGAN, MCGRANAGHAN, BEATY, 1996). Esta definição
também contempla o ponto de vista do consumidor e concentra-se na conformidade do produto.
Outra interpretação da Qualidade da Energia trata da confiabilidade do sistema da
concessionária que supre energeticamente os consumidores. Este aspecto concentra-se nos
índices de continuidade do serviço, sendo expresso através de índices de confiabilidade do
sistema, tais como, DEC, FEC, DIC, FIC e DMIC. Pode-se concluir que este seria o ponto de
vista das concessionárias.
Em termos de conformidade no fornecimento de energia com qualidade pelas
concessionárias de energia elétrica, também é possível destacar a definição dada por (REDL,
KISLOVSKI, 1995) citando:
“Qualidade da energia é o grau de proximidade que a tensão fornecida pela concessionária
de energia elétrica, tem como o caso ideal, em termos de forma de onda, amplitude, freqüência,
distorção zero, confiabilidade, estabilidade e fontes livres de distúrbios”.
Mediante algumas das definições apresentadas é possível constatar que a qualidade da
energia possui diferentes abordagens sobre o mesmo tema e que também existe dificuldade de
avaliar as condições de qualidade da energia de um sistema, de uma instalação ou de um ponto de
conexão de carga ou equipamento. Também existe um grande número de fenômenos
eletromagnéticos que podem ser verificados num sistema elétrico que dificultam a análise.
Desta maneira o primeiro passo executado foi um esforço realizado de catalogação,
classificação e definição destes efeitos eletromagnéticos, este trabalho tem sido realizado ao
longo dos anos. Foi criada uma terminologia dedicada para tratar deste assunto mediante normas
técnicas padronizadas. Uma das normas mais difundidas é da Comissão Eletrotécnica
Internacional (IEC) que vem conduzindo este trabalho em conjunto com o Institute of Electrical
and Eletronics Engineers Standart Condinating Commitette 22 (IEE SCC22). A Tabela 2.1
apresenta a classificação dos fenômenos eletromagnéticos presentes no sistema de potência, de
acordo com a IEC (DUGAN, MCGRANAGHAN, BEATY, 1996).
Nos próximos itens serão apresentados os principais fenômenos eletromagnéticos com
detalhamento daqueles que são parâmetros a serem mitigados pelo filtro ativo.
11
Tabela 2-1 Fenômenos eletromagnéticos presentes no sistema de potência
Categoria Conteúdo Espectral
Típico
Duração Típica Magnitude de Tensão
Típica
1) Transientes
1.1) Impulso
1.1.1) Nanosegundos Acima de 5 GHZ <50 ns x
1.1.2) Microsegundos Acima de 1 MHZ 50 ns – 1 ms x
1.1.3) Milisegundos Acima de 0,1 kHZ >1 ms x
1.2) Oscilação
1.2.1) Baixa Freqüência < 5 kHZ 0,3 – 50 ms 0 – 4 p.u
1.2.2) Média Freqüência 5 – 500 kHZ
20
µs
0 – 8 p.u
1.2.3) Alta Freqüência 0,5 – 5 MHZ
5
µ
s
0 – 4 p.u
2) Variações de Curta
Duração
2.1) Instantâneas
2.1.1) Interrupção x 0,5 – 30 ciclos < 0,1 p.u
2.1.2) Afundamentos
(Sag)
x 0,5 – 30 ciclos 0,1 – 0,9 p.u
2.1.3) Elevamentos
(swell)
x 0,5 – 30 ciclos 1,1 – 1,8 p.u
2.2) Momentânea
2.2.1) Interrupção 30 ciclos – 3 s < 0.1 p.u
2.2.2) Afundamentos
(Sag)
x 30 ciclos – 3 s 0,1 – 0,9 p.u
2.2.3) Elevamentos
(swell)
x 30 ciclos – 3 s 1,1 – 1,4 p.u
2.3) Temporária
2.3.1) Interrupção x 3 s –1 minuto < 0,1 p.u
2.3.2) Afundamentos x 3 s –1 minuto 0,1 – 0,9 p.u
12
(Sag)
2.3.3) Elevamentos
(swell)
x 3 s –1 minuto 1,1 – 1,2 p.u
3) Variações de Curta
Duração
3.1) Interrupção
Sustentada
x > Minuto 0 p.u
3.2) Subtensão x > Minuto 0,8 – 0,9 p.u
3.3) Sobretensão x > Minuto 1,1 – 1,2 p.u
4) Desequilíbrio de
Tensão
Regime Permanente 0,5 – 2%
5) Distorções de Forma
de Onda
5.1) Offset CC x Regime Permanente 0 – 0,1 %
5.2) Harmônicos 0 – 100
a
Harmônica Regime Permanente 0-20 %
5.3) Interharmônicos 0 – 6 kHZ Regime Permanente 0-2 %
5.4) Notch x Regime Permanente x
5.5) Ruído Elétrico Faixa Ampla Regime Permanente 0 – 1 %
6) Flutuações de Tensão x Intermitente 0,1 – 7 %
7) Variação de
Freqüência
< 25 Hz <10 s x
Fonte: (DUGAN, MCGRANAGHAN, BEATY, 1996)
2.2.1 Harmônicos
O termo “harmônico” foi originalmente definido na Acústica, significando a vibração de
um fio ou coluna de ar, com freqüência múltipla e diferente da fundamental, provocando uma
13
distorção da qualidade do som resultante. Fenômenos semelhantes a este ocorrem na Engenharia
Elétrica, onde deformações na forma de onda de tensões e correntes também têm sido verificadas.
Neste caso os fundamentos teóricos da acústica podem naturalmente ser aplicados as questões
elétricas. Conforme foi exposto, um dos objetivos a serem alcançados por uma concessionária de
energia é o fornecimento de energia com qualidade aos consumidores. Em condições ideais a
energia deve ser fornecida com uma tensão puramente senoidal, com freqüência e amplitude
constante, entretanto na prática constata-se desvios das condições ideais.
Os desvios e distorções na forma de onda podem ser analisados através da Série de
Fourier, que é uma ferramenta matemática que pode ser utilizada em casos de formas de onda
periódicas. Nestas condições, qualquer forma de onda que possua distorções e freqüência
diferente da fundamental, pode ser decomposta por uma componente CC e uma série de funções
CA senoidais.
A Figura 2-2 ilustra a aplicação da Série de Fourier.
Figura 2-2 Composição da Série de Fourier
A presença de harmônicos num sistema elétrico deve ser visto como indesejável, pois
proporciona gastos financeiros desnecessários tanto para as concessionárias como para os
consumidores. Os detalhes podem ser verificados no item 2.4.1.
14
As soluções propostas para eliminação ou atenuação de harmônicos geralmente não são
convencionais e envolvem investimento em engenharia e equipamentos que normalmente
possuem custo elevado, mas que trazem benefícios para o sistema elétrico em análise.
2.2.1.1 Definições e Formulações
A caracterização da presença de harmônicos pode ser feita através do tratamento
individual ou total das mesmas. Devido a estas considerações, surgem as seguintes definições:
Distorção Harmônica Individual de Tensão (DHIV): Dada pela relação entre a amplitude
da tensão harmônica de ordem n (Vn) e a correspondente tensão fundamental.
100
1
×=
V
Vn
DHIV (2.1)
Distorção Harmônica Individual de Corrente (DHII): Dada pela relação entre a amplitude
da corrente harmônica de ordem n (In) e a correspondente corrente fundamental.
100
1
×=
I
In
DHII (2.2)
Distorção Harmônica Total de Tensão (DHTV): Esta definição tem como objetivo gerar
uma variável representativa da ação conjunta de todas as freqüências harmônicas presentes nos
sinais de tensão. Desta forma, a mesma é expressa por uma composição quadrática das distorções
individuais, fato que resulta numa distorção eficaz resultante.
100
1
2
2
×=
=
V
Vn
DHTV
nmáx
n
(2.3)
15
Distorção Harmônica Total de Corrente (DHTI): Esta definição é análoga ao índice
gerado para tensão.
100
1
2
2
×=
=
I
In
DHTI
nmáx
n
(2.4)
Onde:
Vn – Tensão Harmônica de Ordem n expressa em Volt ou P.U
V1 – Tensão Fundamental expressa em Volt ou P.U
In – Corrente Harmônica de Ordem n expressa em Ampére ou P.U
I1 – Corrente Fundamental expressa em Ampére ou P.U
n - Ordem harmônica considerada
nmáx – Máxima ordem harmônica considerada
2.2.1.2 Harmônicos e Componentes Simétricas
Tratando-se de sistemas elétricos equilibrados, as componentes harmônicas de um sinal
podem ser decompostas de acordo com as componentes simétricas (RESENDE, 2002). A Tabela
3-2 apresenta esta decomposição.
Tabela 2-2 Componentes harmônicos em termos de componentes simétricas
Ordem Freqüência (Hz) Seqüência
1 60 +
2 120 -
3 180 0
4 240 +
5 300 -
6 360 0
n n + 60
16
Em sistemas significativamente desequilibrados, cada harmônico pode ser decomposto
nas três componentes simétricas, ou seja, seqüência positiva, negativa e zero.
2.2.2 Desequilíbrio de Tensão
O desequilíbrio em um sistema trifásico ocorre sempre que tensões ou correntes de fase
diferem em amplitudes ou ângulos simétricos. Para sistemas elétricos normalmente o
desequilíbrio em tensão é de aspecto mais relevante por isso as normas normalmente estabelecem
índices e limites para este tipo de desequilíbrio.
A causa predominante de desequilíbrios de tensão nos sistemas de distribuição é a má
distribuição das cargas monofásicas conectadas e seu modo de operação. Normalmente as cargas
são conectadas entre uma ou duas fases, com ou sem o condutor neutro, procurando-se manter
um certo equilíbrio entre as suas potências. Como a variação do funcionamento das cargas é
dinâmica por diversos motivos distintos, constata-se que sempre haverá desequilíbrios de carga
no sistema. Normalmente as concessionárias de energia se preocupam apenas com o
balanceamento da rede primária de distribuição e parcialmente com a rede secundária. Cabe ao
próprio consumidor da rede secundária tentar equilibra a sua carga individual, o que nem sempre
é realizado a contento. Nas redes de média tensão as cargas monofásicas podem ser conectadas
entre duas fases ou entre fase e neutro.
A própria rede primária aérea de distribuição, que trata-se do padrão mais utilizado na
construção de redes de distribuição, apresenta desequilíbrio intrínseco pois não há transposição
de fase para os níveis de tensão de distribuição de energia.
Uma das maneiras de definir desequilíbrio (DICTIONARY IEEE, 1996) é através das
componentes simétricas. Desta maneira o desequilíbrio é a relação entre a componente de
seqüência negativa e a componente de seqüência positiva, de acordo com a equação 2.5.
Desequilíbrio % =
100
__
__
×
PositivaSeqComponente
NegativaSeqComponente
(2.5)
17
Existem normas (ANSI/NEMA, 1986) que definem o desequilíbrio de seqüência negativa
através da seguinte relação:
Desequilíbrio % =
100
_
___
×
MédiaTensão
MédiadaDesvioMáximo
(2.6)
2.2.3 Potência e Fator de Potência
Potência e fator de potência não são diretamente parâmetros de qualidade da energia. No
entanto, quando se trata de cargas não lineares e desequilibradas, a metodologia de cálculo e de
interpretação principalmente da potência reativa merece atenção, pois se distingui da metodologia
convencional de cálculo de circuitos elétricos.
A grande diversidade de natureza de cargas conectadas aos sistemas de distribuição de
energia faz com que várias interpretações e conceitos para a execução de cálculo de potências
ativas e reativas, tanto no domínio do tempo como no domínio da freqüência, fossem propostas.
Várias destas teorias têm sido utilizadas e validadas, no entanto a maior dificuldade é fornecer
uma interpretação física para os conceitos envolvidos. Outro ponto importante a ser destacado é a
definição da área de utilização do método, pois o emprego em medições de energia pode ser
distinto da aplicação em modelagem ou estratégia de controle empregadas em conversores de
energia e eletrônica de potência.
Conforme comentado, as principais abordagens empregadas no cálculo das potências
elétricas envolvidas num sistema são estruturadas nos domínios da freqüência e tempo. A
estratégia no campo da freqüência é atribuída principalmente aos trabalhos de Budeanu
(BUDEANU, 1927), Sharon (SHARON, 1974), Emanuel (EMANUEL, 1977) e Czarnecki
(CZARNECKI, 1983). No domínio do tempo, importantes trabalhos foram propostos por
Marshall e Wyk (MARSHALL e WYK, 1991), Akagi, Kanazawa e Nabae (AKAGI,
KANAZAWA e NABAE, 1983), e Czarnecki (CZARNECKI, 1987). Alguns aspectos devem ser
mencionados.
Primeiramente, as teorias diferem pelo uso de termos que são definidos, fornecendo
diferentes graus de detalhamento. Um segundo aspecto está relacionado à correlação entre os
18
referidos termos e os impactos nas fontes e cargas, principalmente perdas e diferenças de
potenciais.
Do ponto de vista de aplicações em tempo real, o tempo gasto para estimação dos
parâmetros envolvidos é de grande importância, pois pode gerar um atraso inadmissível nos
sinais de atuação dos controladores. Nos sistemas de distribuição de energia, uma parte
considerável das cargas existentes possui um comportamento dinâmico muito rápido,
caracterizando variações bruscas de carga, desta maneira a medição e os sinais de atuação devem
ser realizados em tempo mínimo.
Com a proliferação de cargas elétricas não lineares, uma das principais estratégias para a
determinação das correntes e potências envolvidas num sistema é a determinação através da série
de Fourier. Entretanto, existe ausência de uma interpretação física para a potência reativa e
aparente, tornando-se uma definição meramente matemática. Atualmente, existem duas linhas de
desenvolvimento:
- Métodos baseados no domínio da freqüência (IEEE, 1990), seguem a linha de pesquisa
americana onde são definidas as potências ativas, reativas e de distorção.
- Métodos baseados no domínio do tempo seguem a linha de pesquisa japonesa, onde são
definidos novos conceitos de potências ativas e reativas instantâneas. Após a publicação
dos trabalhos de Akagi, Kanazawa e Nabae (AKAGI, KANAZAWA e NABAE, 1983),
houve um grande impulso no desenvolvimento dos conversores de potência empregados
na melhoria de qualidade da energia.
A seguir são detalhados conceitos utilizados no cálculo da potência monofásica e trifásica.
2.2.3.1 Tensão Instantânea
A tensão instantânea é definida por 2.7:
)sen()( twVmtv =
+= )sen()( ktwkVkmtv
ψ
(2.7)
19
onde: k = 0,1,2,3, ...
2.2.3.2 Corrente Instantânea
A corrente instantânea é definida por 2.8:
)sen(Im)(
ϕ
+= twti
+= )sen()( ntwnInmti
(2.8)
onde: n = 0,1,2,3, ...
São utilizadas, nas definições anteriores, duas diferentes letras (k e n) para designar a
ordem das harmônicas, com o intuito de enfatizar que as tensões e correntes não possuem
necessariamente as mesmas harmônicas.
2.2.3.3 Potência Instantânea
A potência ativa instantânea é definida como o produto das tensões e correntes
instantâneas no mesmo instante:
)()()( titvtp =
(2.9)
A tensão eficaz é dada por:
dttv
T
V
T
=
0
2
)(
1
(2.10)
20
2
))sen((
2
1
2
0
2
Vm
dwtwtvmV ==
π
π
(2.11)
Generalizando para as demais harmônicas:
+=
π
ψ
π
2
0
2
))sen((
2
1
dwtktwkvkmVk (2.12)
A tensão eficaz será:
=
=
==
0
2
0
2
)2(
2
1
2
1
kk
VkVkmV (2.13)
=
=
0
2
k
VkV (2.14)
Da mesma maneira a corrente eficaz será:
dtti
T
I
T
=
0
2
)(
1
(2.15)
=
=
0
2
n
InI (2.16)
2.2.3.4 Potência Aparente, Reativa e Fator de Potência
A potência aparente é definida como o produto da tensão e corrente eficazes.
21
IVS = (2.17)
A partir de 2.14 e 2.16 é obtido:
=
=
=
0
2
0
2
nk
InVkS (2.18)
Se considerarmos a forma de onda de tensão puramente senoidal, isto é apenas a
fundamental de tensão, será obtido:
=
=
0
2
1
n
InVS (2.19)
Com a tensão senoidal alimentando uma carga não linear, a potência reativa Q é definida
por:
φ
sen= IVQ (2.20)
A potência “harmônica” é definida por:
22
4
2
3
2
2 n
IIIIVH +++= L
(2.21)
A potência aparente (2.19) pode ser reescrita como:
222
HQPS ++= (2.22)
Este resultado normalmente é representado utilizando o tetraedro de potência ao invés do
triângulo de potência.
A partir da Figura 2.3 várias considerações podem ser efetuadas:
- O fator de deslocamento (fator de potência da fundamental) é definido por cos
ϕ1;
22
- O fator de distorção é dado por
γ
cos
22
=
+
S
QP
;
- O fator de potência total é definido por
φφγ
cos1coscos ==
S
P
.
O fator de deslocamento corresponde ao fator de potência de cargas lineares excitados por
uma forma de onda senoidal. O fator de potência total considera o efeito das demais harmônicas
de corrente no caso de cargas não lineares.
Figura 2-3 Tetraedro de potência elétrica
No caso de sistemas trifásicos equilibrados, a análise monofásica é válida. Desta maneira
algumas afirmações podem ser realizadas:
- P e Q dependem apenas das componentes fundamentais
- H depende das componentes de corrente diferentes da fundamental.
2.3 Normas de Qualidade da Energia
Nas últimas duas décadas uma maior preocupação com a qualidade da energia por parte
das concessionárias, usuários finais e órgãos reguladores e ainda o aumento de equipamentos de
consumidores conectados ao sistema elétrico que devem causar distúrbios, levaram a necessidade
de se estabelecer procedimentos, critérios e normas que possibilitem a operação normal, tanto do
sistema elétrico, quanto dos equipamentos a ele conectados. No Brasil a legislação que trata de
23
qualidade da energia ainda está em fase de amadurecimento sendo extremamente oportuno o seu
desenvolvimento, mediante os impactos crescentes verificados pela falta de qualidade da energia.
2.3.1 Normas Internacionais
Algumas normas relacionadas a qualidade da energia elétrica citadas se caracterizam por
serem produzidas por órgãos independentes, IEEE, IEC e outros, com o intuito de orientação. Por
outro lado outras normas são de cumprimento obrigatório em certos países, caso da União
Européia e África do Sul. Em linhas gerais as normas relacionadas à qualidade da energia
encontram-se em fase de elaboração e desenvolvimento, estas provavelmente poderão seguir uma
tendência mundial, principalmente devido a globalização e aos processos de exportação e
importação de equipamentos eletro-eletrônicos.
Além das normas já citadas, a Tabela 2-3 apresenta outras importantes normas
internacionais relacionadas a qualidade da energia bem como suas devidas áreas de aplicação.
Tabela 2-3 Normas internacionais relacionadas a qualidade da energia
Normas Área de Aplicações
IEC 61000-3-2-2001 Limitar harmônicos de corrente em equipamentos de linha menores que
16 A/fase, níveis de harmônicos de corrente em reatores eletrônicos de
sistemas de iluminação e outras cargas monofásicas
IEC 1000-4-7 Guia geral sobre medidas de harmônicos e interharmônicos e
instrumentação para sistemas de suprimento de energia
IEC 1000-2-2-1990 Limitar harmônicas e distorções harmônicas total de baixa tensão para
empresas fornecedoras de energia
IEEE Std. 519-1992 Níveis máximos para harmônicos de corrente e tensão nos sistemas
elétricos
TC77WG6 100-R5 Guia de classificação de meios eletromagnéticos
24
2.3.2 Normas Nacionais
Como a preocupação de concessionárias de energia e de consumidores com relação a
qualidade da energia elétrica tem crescido consideravelmente a Aneel tem equacionado este
problema. Já existem documentos definindo parâmetros de qualidade da energia para a rede
básica (sistema nacional de transmissão interligado com tensão maior ou igual a 230 kV e suas
respectivas fronteiras) e seus respectivos limites, e encontra-se em andamento a definição dos
mesmos parâmetros para o sistema de distribuição de energia. Esta tarefa é mais complexa devido
a grande extensão dos sistemas e da quantidade de elementos envolvidos.
Deve ser enfatizado que o objetivo da Aneel é buscar sempre a modicidade tarifária, desta
maneira caso sejam escolhidos limites rígidos para os parâmetros de qualidade da energia a serem
auditados, as concessionárias de energia possuem naturalmente ferramentas para obter a
adequação de suas instalações, no entanto existirá um custo envolvido que será repassado para a
base de remuneração tarifária, ou seja, todos os demais consumidores estarão pagando pelo
aumento da qualidade da energia elétrica de pontos específicos. Por isso o estudo de implantação
de limites deve ser criterioso e um ponto de equilíbrio entre qualidade e modicidade tarifária deve
ser encontrado.
2.3.2.1 Procedimentos de Rede do ONS
Os Procedimentos de Rede são documentos elaborados pelo ONS com a participação dos
agentes e homologados pela Aneel que estabelecem os procedimentos e requisitos técnicos para o
planejamento, implantação, o uso e a operação do Sistema Interligado Nacional.
Os limites para parâmetros de qualidade da energia são descritos no submódulo 2.2
(OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO, 2002) denominado de Padrões de
Desempenho da Rede Básica. Os padrões de desempenho definidos neste submódulo resultam de
uma compilação das diretrizes estabelecidas pelo planejamento e operação do sistema elétrico
brasileiro, consolidada no âmbito do GCPS (Grupo Coordenador do Planejamento do Sistema
Elétrico), do GCOI (Grupo de Coordenação para Operação Interligada) e do CCON (Comitê
25
Coordenador de Operações Norte/Nordeste), bem como dos resultados das discussões técnicas
promovidas pelo Grupo de Trabalho Especial – Qualidade da Energia Elétrica, coordenado pelo
ONS e constituído por representantes dos diversos Agentes, Universidades, consumidores, etc.
Neste contexto, o submódulo 2.2 estabelece limites para diversos parâmetros de qualidade da
energia para a Rede Básica.
Neste submódulo é definida a abrangência e a responsabilidade dos agentes envolvidos e
o detalhamento dos conceitos e limites para os seguintes parâmetros: continuidade da rede básica,
variação de freqüência, tensão em regime permanente, estabilidade eletromecânica, flutuação de
tensão, desequilíbrios de tensão, distorção harmônica e variação de tensão de curta duração.
2.3.2.2 Procedimentos de Distribuição (PRODIST)
Os Procedimentos de Distribuição são documentos regulatórios na forma de
regulamentação, normatização e padronização que tem como objetivo possibilitar a conexão
elétrica aos sistemas de distribuição por usuários, garantindo que indicadores de desempenho e de
qualidade de serviço possam ser atingidos.
O objetivo do documento é disciplinar todos os aspectos técnicos relativos ao
planejamento de expansão e operação das redes de distribuição, bem como a conexão de usuários
e verificação dos aspectos técnicos de conexão elétrica com a Rede Básica, complementando
desta maneira os Procedimentos de Rede dos Sistemas de Transmissão.
Os documentos publicados pela Aneel ainda estão em fase preliminar de discussão
internamente e entre os demais agentes do sistema elétrico.
Este conjunto de documentos denominado de Procedimentos de Rede da Distribuição é
um importante passo dado para legislação envolvendo qualidade da energia no sistema elétrica
brasileiro. Existe o Módulo 8 deste procedimento dedicado integralmente a Qualidade da Energia
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2006). Neste módulo é realizada a
conceituação dos parâmetros de qualidade da energia, é especificado a abrangência e as
responsabilidades do documento e detalhado os aspectos de qualidade de serviço e qualidade do
produto.
26
O submódulo 8.2 trata especificamente da qualidade do produto com a descrição
detalhada dos parâmetros: tensão em regime permanente, fator de potência, harmônicos,
desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão e variação de tensão de curta duração. Os limites
destacados no documento são apenas orientativos, a próxima etapa prevê a realização de
campanhas de medição a serem realizadas no sistema elétrico nacional de maneira a definir os
limites dos parâmetros de qualidade da energia e os procedimentos e responsabilidades para
solução dos casos que excedem os referidos limites.
2.3.2.3 Resoluções Sobre o Fator de Potência
Em 1968 foi estabelecido pelo Decreto n
°
62.724 de 17 de maio de 1968, com nova
redação dada pelo Decreto n° 75.887 de 20 de junho de 1975 a referência de 0,85 para o fator de
potência, como uma tentativa de limitar o fornecimento de energia reativa.
O Decreto n° 479 de 20 de março de 1992 (DEPARTAMENTO NACIONAL DE
ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA-DNAEE, 1992), reiterou a obrigatoriedade de se manter o
fator de potência o mais próximo possível da unidade (1,00) tanto pelas concessionárias quanto
pelos consumidores, recomendando ainda ao DNAEE o estabelecimento de um novo limite de
referência para o fator de potência indutivo e também o capacitivo, bem como a forma de
avaliação e de critério de faturamento da energia excedente a esse novo limite.
A nova legislação que foi estabelecida pelo DNAEE cujo texto foi replicado pela Aneel
introduziu uma nova abordagem para o ajuste do fator de potência, com os seguintes aspectos
relevantes:
- Aumento do limite mínimo do fator de potência de 0,85 para 0,92;
- Faturamento da energia reativa excedente;
- Redução do período de avaliação do fator de potência de mensal para horário, para
consumidores com medição horosazonal.
27
As concessionárias passam a faturar a quantidade de energia ativa que poderia estar sendo
transportada no espaço ocupado por este consumo de reativo. Por isso consumidores
horosazonais são faturados em demanda e consumo de energia ativa, inclusive com valores
distintos nos horários de ponta e fora de ponta.
A Aneel ratificou o Decreto n° 479 de 20 de março de 1992 e recentemente efetuou
descritivo mais detalhado sobre o fator de potência nos documentos que compõem os
Procedimentos da Rede de Distribuição.
Além dos novos limites e formas de integralização das medições, outro ponto importante
ficou definido: das 6 horas da manhã às 24 horas o fator de potência deve ser no mínimo 0,92
para energia e demanda de potência reativa indutiva, e das 24 horas até as 6 horas da manhã o
fator de potência deve ser de no mínimo 0,92 para energia e demanda de potência reativa
capacitiva.
2.4 Problemas Verificados Pela Falta de Qualidade da Energia Elétrica
O número de problemas verificados pela falta de qualidade da energia elétrica é muito
elevado e está diretamente ligado ao parâmetro de qualidade da energia envolvido. Desta maneira
nesta seção são apresentadas as principais conseqüências e os problemas verificados no sistema
elétrico e nas instalações elétricas, devido a elevados conteúdos harmônicos, desequilíbrio de
tensão e baixo fator de potência. Estes parâmetros elétricos foram escolhidos, pois serão estes os
compensados pela aplicação de filtragem ativa neste trabalho.
2.4.1 Conseqüências do Elevado Conteúdo Harmônico
Existem várias conseqüências e problemas relacionados a um elevado conteúdo
harmônico de tensão ou corrente num determinado sistema elétrico. Desta maneira pode-se
dividir os efeitos dos harmônicos em três grupos: solicitações de isolamento, solicitações
térmicas e operações indevidas de qualquer natureza que geram falhas.
28
2.4.1.1 Solicitações de Isolamento
O nível básico de isolamento é um parâmetro de suma importância no dimensionamento
de sistemas, instalações, materiais e equipamentos elétricos e eletroeletrônicos. Concepções de
sistemas de distribuição, transmissão e geração de energia são idealizadas tendo como dado de
entrada o nível de isolamento elétrico, ou seja, a máxima suportabilidade de diferença de
potencial elétrico operativa. Num material elétrico qualquer a superfície externa da isolação está
num potencial distinto do potencial do condutor, esta diferença de potencial define capacitâncias
intrínsecas através da isolação. Para uma forma de onda com distorções harmônicas, conforme
mostrado na Figura 2-4. Observa-se a existência de sobretensão acima da tensão de pico, quanto
maior a distorção da onda em regime contínuo. A correspondente corrente de fuga (ic) pelo
isolamento será maior quanto mais rápida for a variação da tensão no tempo (dv/dt). A corrente
de fuga do isolamento é dada pela equação:
dt
dv
Cic = (2.23)
Onde: C é a capacitância do material envolvido
ic é a corrente de fuga do isolamento
dv/dt é a derivada de tensão
Figura 2-4 Forma de onda de tensão com a presença de conteúdo harmônico
29
Fonte: (GARCIA, 2003)
2.4.1.2 Solicitações Térmicas
As resistências elétricas sofrem influências substanciais das freqüências dos sinais
elétricos, isto é conhecido como “efeito Skin” ou efeito pelicular. O efeito pelicular é o resultado
da indutância própria do condutor que não é uniforme através da seção do condutor. O centro do
condutor é enlaçado por mais linhas de fluxo do que a superfície, assim a indutância do centro é
maior do que a da superfície, sendo maior também a reatância indutiva fazendo com que menos
corrente se estabeleça no centro. Esta distribuição desigual de corrente faz com que a resistência
à passagem da corrente elétrica em corrente alternada seja maior que em corrente contínua.
A Tabela 2-4 apresenta um exemplo da relação entre o fator resistência em corrente
alternada pela resistência em corrente contínua (Rcc), para componente fundamental (R1) e
quinto harmônico (R5) e a bitola dos cabos utilizados.
Tabela 2-4 Efeito da freqüência na resistência elétrica
Dados de Laboratório
Cabo R1/Rcc R5/Rcc
200 mcm 1,01 1,21
450 mcm 1,02 1,35
600 mcm 1,03 1,5
Fonte: (RESENDE, 2002)
Para obtenção da relação Rn/Rcc, deve-se resolver a solução via equações diferenciais
eletromagnéticas. Embora seja conhecida a complexidade das relações entre Rn/R1, há na
literatura algumas sugestões que objetivam simplificações. Como exemplo, pode-se citar;
21
n
R
Rn
=
(2.24)
Onde:
n – Ordem Harmônica
30
Rn – Resistência harmônica da enésima ordem
R1 – Resistência harmônica da componente fundamental
Dentre algumas situações que justificam a necessidade de levar em conta a dependência
de Rn/R1, destaca-se a determinação das perdas, que são função da corrente e da resistência
harmônica, e na determinação dos níveis de distorções harmônicas de tensão, cujos valores
dependem da resistência. Os dois valores citados são parâmetros normalmente calculados na
ferramenta de cálculo de fluxo de potência harmônico.
2.4.1.3 Operações Indevidas de Dispositivos e Equipamentos
Enquadram-se neste caso os problemas mais diversos causados pelas tensões ou correntes
harmônicas, as quais podem causar operações indevidas de equipamentos ou sistemas. Como
exemplo pode ser citado:
- Baixo desempenho operacional de capacitores, motores elétricos, geradores elétricos,
transformadores e medidores de energia elétrica.
- Atuação indevida de dispositivos de proteção tais como fusíveis, disjuntores, relés de
proteção entre outros.
- Problemas de referência em circuitos por passagem de zero, usualmente causado por
múltiplas passagens por zero das tensões e correntes, gerando falha nos circuitos de
comutação. Como exemplo pode-se citar: acionamento de sistemas ininterruptos de
fornecimento de energia, inversores e conversores de freqüência.
- Interferência com Sistemas de Comunicação. As correntes elétricas com conteúdo
harmônico podem gerar perturbações através do campo eletromagnético de freqüência
superior a 60 HZ. A perturbação é função da duração, sentido e posição dos condutores,
além da potência e a freqüência harmônica. O campo eletromagnético gerado pode trazer
interferência e degradação em sinais de comunicação, como por exemplo, os telefônicos.
31
- Elevada Corrente de Neutro. Em sistemas de energia onde existe o condutor neutro
acessível utilizado como condutor carregado, correntes de seqüência zero que são
múltiplas da componente de terceira harmônica somam-se algebricamente no condutor
neutro. Desta maneira cargas com elevado conteúdo de terceiro harmônico podem levar o
condutor neutro a sobrecarga.
2.4.1.4 Ressonância Série
Com relação a circulação de componentes harmônicos de corrente sobre capacitores, vale
salientar que a condição mais severa ocorrerá quando for estabelecida uma sintonia em série entre
os valores da impedância equivalente do sistema com o capacitor (ressonância série). Neste caso,
a atenuação da amplitude do harmônico considerado é praticamente nula, transferindo para o
capacitor grande parte da energia correspondente a harmônica sintonizada. A formulação
utilizada para calcular a freqüência e a impedância equivalente onde tal ressonância ocorre é dada
pelas equações abaixo.
LC
f
r
π
2
1
= (2.25)
)
1
(
Cw
LwjRZ
r
+= (2.26)
Onde:
Zr –Impedância resultante
fr- Freqüência de Ressonância
L – Indutância do circuito envolvido
C – Capacitância do circuito envolvido
w – Freqüência do sistema
A Figura 2-5 representa graficamente o efeito da ressonância série sobre a impedância
equivalente de um determinado sistema.
32
Figura 2-5 Resposta em freqüência da Ressonância Série
Fonte: (GARCIA, 2003)
É comum a verificação do efeito de ressonância série utilizando-se programas de cálculo e
simulação harmônica utilizando-se o conceito de “filtragem”. Cria-se desta forma, o conceito de
“filtro de harmônica” para evitar o fenômeno da ressonância, atenuando o efeito de componentes
harmônicos no sistema elétrico. Desta maneira o equipamento é dimensionado para suportar as
adversidades de funcionamento (sobrecorrentes e sobretensões harmônicas), aproveitando-se
também a correção do fator de potência da instalação.
2.4.1.5 Ressonância Paralela
Este tipo de ressonância entre o capacitor e o sistema gera um elevado valor de
impedância equivalente no ponto de instalação deste capacitor pela combinação em paralelo da
reatância capacitiva e a reatância indutiva na freqüência onde ambas se equivalem. Isto pode
representar um sério problema quando esta impedância for percorrida por uma corrente, mesmo
que de pequena amplitude, fazendo com que se elevem drasticamente as tensões em seus
terminais e as correntes desta ordem existentes no sistema. Estas referidas elevações podem
ocasionar danos aos equipamentos do sistema principalmente aos bancos de capacitores
instalados no ponto de ocorrência de tal ressonância.
33
A Figura 2.6 demonstra graficamente o efeito da ressonância paralela sobre a impedância
num determinado ponto do sistema.
Figura 2-6 Resposta em freqüência da Ressonância Paralela
Fonte: (GARCIA, 2003)
Nos sistemas de potência, os capacitores são utilizados em grande número e nas mais
variadas funções, como por exemplo: correção do fator de potência, controle e suporte de tensão
entre outras. Existe susceptibilidade constante de ocorrer a ressonância paralela se a freqüência
harmônica estiver presente no sistema elétrico em questão.
Em sistemas onde existem cargas geradoras de distorções harmônicas significativas é
altamente recomendável a realização de estudos harmônicos específicos para garantir que a
instalação de bancos de capacitores seja realizada de maneira segura, evitando danos ao banco e
ao próprio sistema elétrico.
2.4.2 Conseqüências de Desequilíbrios de Corrente e Tensão
Desequilíbrios de tensão e de corrente são refletidos em componentes de seqüência
negativa e zero que podem ter efeitos adversos de natureza diferente, tornando-se necessário o
controle sobre a geração e o efeito das mesmas.
A carga mais afetada pelo desequilíbrio é o motor elétrico. Como o princípio da
conversão eletromagnética de energia é baseado na idéia de que o campo girante é gerado através
34
da seqüência positiva das tensões trifásicas aplicadas, a seqüência negativa produz um campo que
se move em sentido contrário ao do movimento do motor, de modo que a potência contida não
contribui para o processo de conversão de energia, produzindo um efeito de freio magnético. A
condição pode ser agravada, pois a impedância de seqüência negativa define quantas vezes o
desequilíbrio de corrente será superior ao desequilíbrio de tensão. A condição extrema ocorre
durante a falta de fase que pode levar a destruição da máquina elétrica se a proteção não atuar em
tempo hábil. Em resumo, pode-se destacar os seguintes problemas verificados através da
alimentação de tensão desequilibrada em motores elétricos: redução de potência útil, redução de
torque, redução da vida útil devido ao aumento de temperatura dos enrolamentos, aumento das
vibrações no motor, entre outros.
Outros problemas decorrentes dos desequilíbrios de corrente e de tensão podem ser
citados:
- Interferência em linhas de telecomunicações: Enquanto os campos magnéticos de
seqüência positiva ficam confinados no interior da linha trifásica, os de seqüência zero se
estendem para o exterior, acoplando-se com as instalações que estão paralelas, podendo causar
interferência nas mesmas. Este mesmo efeito é também verificado no caso da seqüência zero dos
harmônicos.
- Aumento das perdas ôhmicas no sistema: Para um dado conjunto de correntes
desequilibradas, o aumento de perdas nas fases de maior corrente não é compensado pela redução
nas perdas das fases de menor corrente.
- Influência em capacitores: Um desequilíbrio de tensão aplicado em um banco de
capacitores aumenta as perdas e reduz conseqüentemente a vida útil do capacitor. Estima-se que
um grau de desequilíbrio de 2% pode resultar em redução da vida útil do capacitor entre 20 e
25% (GARCIA, 2003).
- Influência em lâmpadas de descarga. Desequilíbrios de tensão podem ocasionar
mudanças nos níveis de iluminação e afetar a vida útil das lâmpadas
- Influência nos transformadores. Desequilíbrios no circuito primário dos transformadores
resultam em desequilíbrios do secundário, através da relação de espiras, além do aumento das
perdas a vazio. No entanto, a influência do desequilíbrio de tensão em transformadores não é
considerada significativa.
35
2.4.3 Conseqüências de um Baixo Fator de Potência em Sistemas de Distribuição
O baixo fator de potência num sistema de distribuição causa a subutilização de sua
capacidade máxima instalada. A potência reativa pode condicionar a instalação de novas cargas a
novos investimentos na rede elétrica. A capacidade do sistema elétrico ocupada pela potência
reativa poderia estar sendo utilizada para o atendimento de novas cargas.
O investimento em ampliação das instalações está diretamente relacionado a substituição
de transformadores e condutores, que normalmente são os elementos mais caros de uma
instalação.
As perdas ôhmicas adicionais provocadas por um baixo fator de potência também devem
ser ressaltadas. Estas perdas por efeito joule o proporcionais ao quadrado da corrente total.
Como esta corrente aumenta com o incremento de potência reativa, as perdas também serão
incrementadas, provocando também o aumento do aquecimento de condutores e equipamentos.
O aumento da corrente devido ao elevado conteúdo de potência reativa também provoca
quedas de tensão no sistema de distribuição. Caso este valor seja inadmissível, investimentos
deverão ser realizados para regularização do nível de tensão na instalação.
Resumidamente as principais conseqüências de um baixo fator de potência no sistema elétrico
são:
- Limitação da capacidade de transformadores;
- Quedas e variações no nível de tensão nos circuitos;
- Possibilidade de sobrecarga no sistema e em equipamentos;
- Aumento das perdas elétricas no sistema.
36
37
CAPÍTULO 3
3 FILTROS ATIVOS
No capítulo 2 foram apresentados alguns dos principais problemas provenientes da baixa
qualidade da energia elétrica em sistemas de distribuição de energia. Normalmente problemas
envolvendo baixa qualidade da energia num sistema de distribuição ou parte deste, possuem
solução ou mitigação de seus efeitos com elevado grau de dificuldade. A análise de caso a caso
deve ser realizada e as soluções propostas são geralmente demoradas e envolvem elevados
custos.
Também foi verificado no capítulo anterior que existe legislação nacional vigente apenas
para o fator de potência. Demais parâmetros envolvendo qualidade da energia no sistema de
distribuição ainda não possuem índices regulados. Desta maneira, quando problemas envolvendo
baixa qualidade da energia são verificados existem algumas ações que podem ser empregadas,
buscando solução ou atenuação do problema estabelecido. Estas ações podem ser executadas
pelas concessionárias de distribuição de energia assim como também pelos consumidores. Uma
das possíveis soluções é provocar o aumento da potência de curto circuito no sistema onde está
ocorrendo o problema, sendo que apenas as concessionárias de distribuição de energia podem
executar esta ação, alterando configurações na rede, trocando bitola de condutores e
equipamentos, criando novos circuitos entre outras soluções. Os consumidores podem atuar
quando um problema pontual for identificado, atuando diretamente no equipamento, como por
exemplo, aumentando o número pulsos de chaves eletrônicas nos acionamentos estáticos.
A terceira alternativa seria a instalação de equipamentos que possam efetuar o
condicionamento de energia. Nesta categoria destacam-se os filtros, pois normalmente podem ser
instalados sem efetuar interferências significativas tanto no sistema elétrico quanto nos
equipamentos a ele conectados e podem ser projetados para utilização específica, ou seja, para
efetuar a atenuação de um parâmetro de qualidade da energia pré-determinado.
Tradicionalmente filtros passivos têm sido utilizados para mitigação de correntes
harmônicas e para efetuar a melhoria do fator de potência em instalações elétricas. São
constituídos principalmente por elementos capacitivos e indutivos, apresentando como vantagens
a simplicidade e principalmente o baixo custo. Como desvantagens pode-se citar a necessidade de
38
grande volume de componentes, a dependência direta da impedância da fonte e a susceptibilidade
a ressonâncias (MORAN e WALLACE, 1995) podendo causar operação indesejada em
equipamentos de proteção e nas próprias cargas conectadas no sistema.
Filtros ativos são equipamentos eletrônicos capazes de atenuar com elevado grau,
correntes e tensões harmônicas, elevar o fator de potência e efetuar o balanceamento de corrente
nas fases de um determinado sistema elétrico trifásico. Normalmente um filtro ativo utiliza
sistema de controle automático com realimentação, cuja referência de tensão ou corrente é o
parâmetro elétrico idealizado, e após o processamento o sistema de controle atua acionando
chaves estáticas de potência sintetizando o valor do parâmetro elétrico idealizado. Além do
processamento e acionamento eletrônico, também são utilizados elementos elétricos passivos
para efetuar a interface entre o equipamento e o sistema elétrico.
Os princípios básicos dos filtros ativos trifásicos foram propostos na década de setenta
(GYUGYI e STRYCULA, 1976), mas se popularizaram na década de oitenta com o trabalho de
Akagi, Kanazawa e Nabae (AKAGI, KANAZAWA e NABAE, 1984) no qual apresentaram uma
nova teoria de potências real e imaginária baseada no domínio do tempo, permitindo a
compensação em tempo real. No Japão os filtros ativos de alta potência já são empregados e a sua
tecnologia está consolidada para aplicações em sistemas de distribuição e transmissão de energia.
No Brasil filtros ativos ainda não são produtos comerciais, para potências na ordem de 50 kVA
os filtros ainda estão em fase de desenvolvimento e consolidação. Os filtros ativos podem ser
empregados tanto num sistema de conexão de várias cargas não lineares, quanto em
equipamentos ou cargas individuais específicas. Poucas empresas no mundo dominam esta
tecnologia e estão produzindo filtros ativos para aplicações para consumidores de média potência.
A empresa Alemã Jessler & Gsell, produz filtros ativos para a compensação de harmônicas de
corrente, para potências desde 10 kVA até 100 kVA, estes equipamentos são comercializados em
vários países da Europa. Na Figura 3-1 é apresentada uma foto de um filtro ativo paralelo de 25
kVA produzido pela referida empresa. Um filtro ativo para um sistema de ar-condicionado foi
desenvolvido pela empresa York Corp. em conjunto com a Universidade de Wiscosin-Madison,
sendo esta uma tendência de aplicação deste tipo de filtragem incorporada com o equipamento ou
o conjunto de equipamentos que compõem a instalação.
39
Figura 3-1 Filtro ativo de 25 kVA produzido pela empresa Jessler & Gsell, LTDA
Os filtros ativos podem ser do tipo série ou paralelo (AKAGI, 1996). Os filtros série são
restauradores de tensão e a sua principal função é eliminar distorções na tensão do sistema
elétrico. Os filtros ativos paralelos são restauradores de corrente, e tem como principal função
atenuar os componentes harmônicos das correntes elétricas de um determinado sistema. Este
trabalho trata da utilização de filtros ativos paralelos, que funcionam como fontes de
condicionamento de corrente conectadas em derivação com o sistema elétrico. Sua função é
injetar no ponto de conexão com o sistema correntes de compensação que atenuem os
componentes harmônicos gerados pela carga de maneira que a rede elétrica comporte-se como se
estivesse alimentando uma carga resistiva sem distorção na forma de onda de corrente.
O filtro ativo paralelo possui como uma das principais vantagens não alterar a corrente da
carga, pois praticamente não altera a tensão no ponto de acoplamento. Desta maneira a ação do
filtro ativo paralelo permite suprir à carga toda a potência não ativa incluindo, componentes
harmônicos e potência reativa. Sendo que do sistema elétrico estaria sendo consumido apenas
potência ativa. Este fato maximiza o fator de potência, já que implica no mínimo valor de
corrente pelo sistema, liberando a capacidade de transmissão para as linhas, mantendo a potência
ativa na carga constante. A instalação do equipamento em derivação também gera menores
40
índices de perdas elétricas e também não interfere diretamente na operação do sistema elétrico,
restringindo defeitos no equipamento que podem interromper o fornecimento de energia na carga.
Com o desenvolvimento recente de melhoria nas chaves estáticas utilizando dispositivos
como o GTO e IGBT, aliado ao desenvolvimento expressivo da microeletrônica, com a utilização
de microprocessadores, microcontroladores e processadores digitais de sinais, possibilitaram a
implantação de algoritmos complexos de controle em tempo real, os filtros ativos paralelos os
quais se tornaram capazes de executar a correção de distorções de corrente com extrema
qualidade tanto em regime transitório quanto em regime permanente.
Durante o desenvolvimento contínuo da filtragem ativa, esforços têm sido evidenciados,
nas últimas três décadas, por pesquisadores na área de sistemas elétricos de potência (DUGAN,
MCGRANAGHAN e BEATY, 1996), controle (KAZMIERKOWSKI e DZIENIAKOWSKI,
2004), eletrônica de potência (RASTOGI e MOHAN, 1995), apenas para citar alguns exemplos,
para que equipamentos com elevado desempenho e rendimento tenham sido obtidos.
A grande desvantagem da utilização de filtragem ativa ainda é o elevado custo e a sua
complexidade. No entanto com a alteração na legislação que trata de índices de qualidade da
energia nos sistemas de distribuição, bem como na normatização de limites individuais para
equipamentos elétricos, a fabricação do filtro ativo pode ganhar escala, tornando-se desta maneira
um equipamento com baixa relação custo-benefício, além de ser uma ferramenta fundamental
para resolução de problemas críticos.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS FILTROS ATIVOS
Os filtros ativos de potência (FAP´S) podem ser classificados resumidamente conforme
ilustra a Figura 3-2.
A classificação de acordo com o conversor enfatiza o aspecto físico do bloco constituído
principalmente por chaves semicondutoras e que executa a etapa de potência.
A classificação de acordo como o sistema elétrico apresenta a distinção, que pode ocorrer
de acordo com as características do sistema elétrico onde o FAP será inserido, bem como quais
serão as variáveis compensadas desejadas.
41
A classificação segundo o controle refere-se ao sensoriamento, geração de referências e
execução da ação de controle que resultará no acionamento da etapa de potência.
Figura 3-2 Classificação dos filtros ativos de potência
3.1.1 Estrutura do Conversor
Basicamente existem duas estruturas utilizadas em filtros ativos de potência. Ambas
utilizam ponte inversora, sendo a primeira denominada de Inversor por Fonte de Corrente (CSI) e
segunda Inversor por Fonte de Tensão (VSI). As duas estruturas serão sendo detalhadas nos
tópicos abaixo.
Classificação de Filtros Ativos de Potência
Estrutura do
Conversor
Número de
Níveis do
Conversor
Conexão com o
Sistema Elétrico
A configuração
de Operação
Tecnologia de
Controle
Geração de
Referências
Variáveis
Compensadas
Conversor
Sistema Elétrico
Controle
Filosofia de
Controle
Classificação de Filtros Ativos de Potência
Estrutura do
Conversor
Número de
Níveis do
Conversor
Conexão com o
Sistema Elétrico
A configuração
de Operação
Tecnologia de
Controle
Geração de
Referências
Variáveis
Compensadas
Conversor
Sistema Elétrico
Controle
Filosofia de
Controle
42
3.1.1.1 Inversor por Fonte de Corrente (CSI)
Neste inversor o componente armazenador de energia é um indutor, por isso o barramento
de corrente contínua comporta-se como uma fonte de corrente. A Figura 3.3 ilustra um conversor
trifásico para conexão num sistema de quatro fios. Observa-se a composição de diodos em série
com os IGBT´S para bloqueio e condução da corrente e também os diodos de roda livre para
proteção contra a sobretensão na abertura das chaves.
Figura 3-3 Filtro ativo com estrutura CSI
Esta estrutura é utilizada com vantagens em configurações que normalmente envolvem
circuitos de alta potência, como por exemplo, em sistemas de transmissão de energia,
principalmente com a função de correção de fator de potência e na minimização das perdas em
regime permanente (JOÓS e ESPINOZA, 1999).
3.1.1.2 Inversor por Fonte de Tensão (VSI)
Neste inversor o componente armazenador de energia é o capacitor, por isso o barramento
de corrente contínua comporta-se como uma fonte de tensão. A Figura 3-4 ilustra um conversor
trifásico para a conexão do filtro ativo com conexão VSI no sistema elétrico. A utilização de
43
indutores para efetuar a atenuação e intercâmbio entre o conversor e o sistema elétrico é
fundamental para o desempenho do conversor.
Esta estrutura possui algumas vantagens importantes como o pequeno volume e peso
empregado e custo inferior, comparando-se com o conversor CSI para as faixas de pequenas e
médias potências (SINGH e AL-HADDAD, 1999).
Figura 3-4 Filtro ativo com estrutura VSI
3.1.2 A configuração de Operação
Uma das possibilidades de classificação dos filtros ativos de potência é com relação a
configuração de operação. Esta classificação é tradicional e muito utilizada para especificação
destes equipamentos.
3.1.2.1 Filtro Ativo de Potência Série
A principal característica deste filtro é a conexão em série entre o sistema elétrico de
conexão, o filtro ativo de potência e a carga elétrica.
44
Normalmente para realização desta conexão é utilizado um transformador de
acoplamento, numa ligação semelhante a um transformador de corrente com injeção no
secundário.
O filtro ativo série pode ser instalado numa posição estratégica dentro do sistema elétrico,
podendo localizar-se próximo a carga, entre um grande bloco de várias cargas, ou num sistema de
subtransmissão de energia. Consumidores finais também podem instalar o equipamento na
entrada de energia de suas instalações. A Figura 3-5 apresenta a configuração de um filtro ativo
série com conversor VSI.
Figura 3-5 Filtro ativo série com conexão VSI
O filtro ativo série atua como uma fonte de tensão controlada, através da ligação entre o
conversor e o transformador. Desta maneira é possível efetuar a correção da forma de onda da
tensão de alimentação da carga efetuando a regulação e o balanceamento da tensão. Se o sistema
de controle do filtro ativo série for adequado, esta configuração também pode ser utilizada para
correção da tensão frente a afundamentos e sobretensões instantâneas, momentâneas e
sustentadas. Outra importante função é mitigar as correntes com componentes harmônicos que
podem provocar ressonâncias entre a impedância da fonte e demais filtros passivos da instalação.
Pode-se verificar que a grande desvantagem do filtro ativo série é a inserção do
equipamento no sistema elétrico. Além da possibilidade de interrupção no fornecimento de
45
energia devido a uma falha no filtro, toda a corrente que circula entre o sistema elétrico e a carga
também passa pelo filtro aumentando as perdas e conseqüentemente a eficiência do equipamento.
3.1.2.2 Filtro Ativo de Potência Paralelo
A principal característica deste filtro é a conexão em paralelo do filtro ativo com o
sistema elétrico e a carga.
Geralmente os filtros são instalados no PAC (Ponto de Acoplamento Comum), entre a
carga e a rede elétrica, mas também podem ser instalados no sistema elétrico em alguns pontos
intermediários. Um diagrama esquemático de um filtro ativo paralelo com estrutura VSI é
mostrado na Figura 3-6.
Figura 3-6 Filtro Ativo paralelo com conexão VSI
O filtro executa compensação em paralelo com o sistema elétrico e a carga, atuando como
uma fonte de corrente CA controlada, sendo utilizado principalmente em casos de alta não
linearidade das cargas conectadas. A compensação eficaz deste filtro proporciona melhoria no
fator de potência, redução do nível de distorção harmônica, diminuição da potência reativa total
consumida e compensação do desequilíbrio das cargas do sistema elétrico, conforme (SINGH e
AL-HADDAD, 1999).
O filtro ativo paralelo possui como vantagens em comparação com o filtro ativo série o
fato de trabalhar como derivação de um ponto do sistema elétrico. Desta maneira uma falha no
PACPAC
46
funcionamento do filtro pode retirá-lo de operação sem deixar de suprir energia às cargas, além
de possuir um índice global de perdas inferior.
3.1.2.3 Filtro Ativo Híbrido
Os filtros híbridos são a união de filtros passivos série ou paralelo e de filtros ativos série
ou paralelo na mesma configuração, com o objetivo comum de compensar as limitações de
ambos os filtros que seriam implementados isoladamente.
Os filtros ativos de potência híbridos possuem a capacidade de melhorar as características
de filtragem dos filtros passivos melhorando o desempenho da compensação de tensão ou de
corrente, além de diminuir a possibilidade de aparecimento de ressonâncias devido as variações
na impedância da fonte ou da mudança na característica das cargas. Além de diminuir os custos,
pois requerem um conversor de menor potência (LÍBANO, COBOS e UCEBA, 1997).
Existem várias configurações de filtros híbridos, envolvendo filtros ativos série e paralelo
com filtros passivos série e paralelo. A Figura 3-7 ilustra um exemplo de filtro híbrido com a
conexão de um filtro ativo série e um filtro passivo paralelo.
Figura 3-7 Filtro híbrido, ativo série e passivo paralelo
47
3.1.2.4 Filtro Ativo Série e Paralelo
A configuração denominada de UPQC (Universal Power Quality Conditioner) mais
conhecida como condicionador universal é a associação de filtros ativos série e paralelo. A sua
principal característica é poder aliar as vantagens das duas configurações (série e paralelo), ou
seja, efetuar o condicionamento de corrente da carga e da tensão no ponto de instalação.
A Figura 3-8 apresenta uma possibilidade de configuração.
Figura 3-8 Filtro ativo série e paralelo possibilidade de configuração
Obviamente a principal desvantagem da implantação deste filtro é a complexidade de
instalação, operação e manutenção e o elevado custo de implantação (WATANABE e AREDES,
1998).
3.1.3 Número de Níveis do Conversor
Esta classificação é baseada no número de níveis do conversor, podendo ser de dois, três
ou mais níveis. As Figuras 3-3 e 3-4 ilustram o conversor de dois níveis. A Figura 3-9 apresenta
um conversor de três níveis. Pode-se observar que o aumento de um nível do conversor
corresponde a duplicação do número de chaves estáticas.
Nas aplicações industriais de conversores principalmente em inversores de freqüência o
sinônimo para aumento de nível é o aumento de pulsos. O aumento do nível de um conversor
corresponde a uma forma de onda de tensão mais próxima da senoidal. As harmônicas de
PACPAC
48
freqüências mais baixas são eliminadas e harmônicas de ordem mais alta são geradas com
intensidade atenuada.
Além da melhoria do perfil de tensão sintetizado pelo conversor, o aumento do nível
também apresenta-se como uma ferramenta para aplicações em sistemas elétricos de alta
potência. A utilização de configurações de apenas dois níveis normalmente necessita de um
transformador para efetuar o acoplamento com o sistema elétrico, esta necessidade se deve aos
semicondutores de potência utilizados, pois atualmente estes suportam valores máximos de 5 kV.
O conversor com vários níveis torna-se uma alternativa para aumentar a suportabilidade de
tensão. Desta maneira torna-se possível a instalação em sistemas de média tensão, com filtros
ativos paralelos, série e topologias híbridas, com o uso de inversores modulares em configuração
multinível.
Figura 3-9 Filtro ativo paralelo de três níveis
3.1.4 Conexão com o Sistema Elétrico
A classificação dos filtros ativos segundo a conexão com o sistema elétrico é determinada
pelas principais configurações possíveis de distribuição de energia elétrica. Devido a
padronizações adotadas principalmente no início do século XX e que permanecem até hoje o
sistema de distribuição mais difundido é o sistema trifásico e as suas variações. Sistemas de
49
distribuição monofásicos também são bastante utilizados principalmente para alimentação de
pequena potência em consumidores remotos.
3.1.4.1 Sistema de Distribuição de Energia Monofásico
Um sistema monofásico pode ser caracterizado pela utilização de uma ou duas fases, mas
geralmente utiliza-se dois fios, para a conexão com a rede elétrica ou com as cargas.
Este sistema de distribuição pode ser utilizado em sistemas de média tensão, alimentando
cargas de pequena potência e grande distância como, por exemplo, os sistemas de distribuição
utilizados para atender consumidores rurais. Ainda no sistema elétrico estes sistemas são
utilizados em baixa tensão para o atendimento final de consumidores de demanda inferior a 45
kVA. Nas instalações internas dos consumidores este tipo de sistema bastante utilizado
principalmente em aplicações domésticas, que podem estar alimentando cargas não lineares,
como por exemplo, computadores pessoais, sistemas de iluminação artificial, fontes chaveadas de
eletroeletrônicos entre outras, que são evidenciadas pela elevada não linearidade.
Os filtros ativos conectados a sistemas monofásicos podem ser implementados em todas
as configurações já apresentadas, e também nas configurações de conversores, alimentados por
fonte de corrente ou fonte de tensão. A Figura 3-10 mostra um filtro ativo paralelo utilizado num
sistema monofásico a dois fios.
Figura 3-10 Filtro ativo paralelo instalado num sistema monofásico a dois fios
50
3.1.4.2 Sistema de Distribuição de Energia Trifásico a Três Fios
Este sistema é geralmente empregado na transmissão e distribuição de energia elétrica,
pois possui como principal vantagem a utilização de um condutor a menos que um sistema
trifásico a quatro fios. Com relação às cargas trifásicas, o sistema em questão é utilizado na
alimentação de cargas elétricas trifásicas equilibradas, como é o caso de banco de resistências,
banco de capacitores e de motores elétricos trifásicos.
Filtros ativos de potência são utilizados em sistemas trifásicos a três fios para efetuar a
compensação de distúrbios de tensão ou corrente presentes no sistema. A Figura 3-11 ilustra um
filtro ativo trifásico paralelo instalado num sistema trifásico a três fios.
Figura 3-11 Filtro ativo paralelo instalado num sistema trifásico a três Fios
3.1.4.3 Sistema de Distribuição de Energia Trifásico a Quatro Fios
Esta configuração é normalmente utilizada em sistemas de distribuição que alimentam
cargas trifásicas a quatro fios. Pequenas indústrias, estabelecimentos comerciais e residenciais de
alto padrão geralmente são alimentadas em baixa tensão através de sistemas trifásicos a quatro
fios. Nestas instalações a principal característica é a possibilidade de distribuir a potência nas três
fases disponíveis no sistema elétrico, alimentar cargas trifásicas de baixa potência e alimentar
51
cargas monofásicas entre fase e neutro. Desta maneira a diferença entre sistemas trifásicos a três
ou quatro fios é a utilização do fio neutro como condutor carregado (para condução de corrente).
O filtro ativo pode ser utilizado para compensação de correntes de neutro, potência reativa
e desequilíbrio de correntes.
Existem duas configurações possíveis para colocação do capacitor no conversor. A
primeira é conhecida pela utilização de capacitores em derivação no barramento CC, esta
configuração também é conhecida como split capacitor e será demonstrada com maiores detalhes
no Capítulo 5. A corrente de neutro circula através do barramento CC dividido por dois
capacitores de alta capacitância. Neste caso as componentes de terceira harmônica e suas
múltiplas circulam através dos capacitores. Notadamente esta topologia apresenta como maior
vantagem a redução de custo através da utilização de um número reduzido de chaves
semicondutoras e como desvantagem principal a necessidade de elevadas capacitâncias no
barramento CC. Também apresenta como desvantagem um esforço maior do sistema de controle
para manter equilibrada a carga entre os capacitores. A Figura 3-12 apresenta a configuração split
capacitor.
Figura 3-12 Filtro ativo paralelo a quatro fios configuração Split Capacitor
A segunda topologia possível de ser utilizada é conhecida como inversor a quatro braços,
conforme ilustra a Figura 3-13. O quarto braço é utilizado exclusivamente para circulação da
corrente de neutro através do filtro ativo. A maior desvantagem de sua utilização é um número
superior de chaves semicondutoras em comparação a configuração split capacitor. Apresenta
52
como vantagem o menor esforço de corrente no capacitor do barramento CC e um sistema de
controle mais simples que possibilita um desempenho dinâmico superior não apenas do controle
de tensão como também no controle de corrente do filtro. Esta configuração também será
discutida com mais detalhes no Capítulo 5.
Figura 3-13 Filtro ativo paralelo a quatro fios na configuração a quatro braços
3.1.5 Variáveis compensadas
Um filtro ativo de potência pode ser aplicado para compensar variáveis distintas, como
por exemplo: potência reativa, componentes harmônicos e desequilíbrios de fases. Desta maneira,
este critério de classificação de um FAP leva em consideração a variável a ser compensada, cujas
referências serão geradas, para que o sistema de controle processe a ação que será a determinação
dos pulsos apropriados para o acionamento das chaves semicondutoras.
3.1.5.1 Compensação de Potência Reativa
Um filtro ativo de potência pode ser utilizado para compensar a potência reativa como
principal variável a ser compensada ou em conjunto com outra variável.
53
A compensação dos conteúdos de componentes harmônicos auxilia na diminuição da
energia reativa, mas se o objetivo for apenas compensar conteúdos harmônicos a potência reativa
circulante no sistema ainda pode ser elevada. Como foi verificado no Capítulo 2 para que a
potência reativa seja completamente compensada além do fator de distorção harmônica ser
minimizado também deve ser verificado o fator de deslocamento.
Dependendo da técnica de geração de referência utilizada, a compensação da potência
reativa poderá ser realizada individualmente, ou em conjunto com a compensação de demais
variáveis. Normalmente quando se deseja efetuar apenas a compensação da potência reativa, são
utilizadas técnicas mais convencionais como os reatores controlados a tiristores (RTC´S) e
capacitores chaveados a tiristores (CCT´S).
Não é comum utilizar um FAP apenas para efetuar a compensação de potência reativa, no
entanto quando a compensação for conjugada, a redução da potência reativa pode ocorrer em
paralelo ou até mesmo é possível priorizá-la em determina situação.
3.1.5.2 Compensação de Componentes Harmônicos
A compensação de conteúdos harmônicos de corrente ou tensão é o principal produto de
um filtro ativo. A compensação da potência reativa na ausência de componentes harmônicos
distintos da fundamental pode naturalmente ser realizada através de filtro capacitivo passivo e o
desequilíbrio de corrente (que gera o desequilíbrio de tensão) pode ser mitigado através da
reconfiguração de parte do circuito e equilíbrio das cargas conectadas no sistema. Quando se faz
necessário efetuar a compensação harmônica o grau de dificuldade torna-se mais elevado e em
determinados casos a compensação através de filtros passivos não é adequada. São nestas
situações que a aplicação de filtros ativos torna-se fundamental.
A compensação de harmônicos de tensão normalmente ocorre em menor número, pois
usualmente o sistema elétrico possui impedância baixa ou moderada, por isso as distorções
harmônicas de tensão normalmente são mantidas dentro de limites padrão.
A compensação de harmônicos de corrente normalmente é mais requisitada e acaba
assumindo maior importância em aplicações de baixa e média potência. A compensação de
54
correntes harmônicas acaba reduzindo na maioria dos casos também a quantidade de distorção
harmônica de tensão, pois as compensações de harmônicos de tensão e corrente estão inter-
relacionadas.
A compensação de componentes harmônicos utilizando filtragem ativa também possui
uma grande escala de aplicação em casos onde se faz necessário efetuar a correção do baixo fator
de potência numa instalação onde existem significativas cargas não lineares. A compensação do
fator de potência pode ser realizada conjuntamente com a compensação de componentes
harmônicas.
3.1.5.3 Compensação de Sistemas Trifásicos Desequilibrados
Sistemas trifásicos desequilibrados são verificados principalmente em sistemas de
distribuição de baixa e média tensão, onde as correntes e conseqüentemente as tensões não
possuem o mesmo módulo e não estão defasadas de 120° uma das outras.
O grau de desequilíbrio do sistema depende fundamentalmente do desbalanceamento de
tensão e da magnitude da impedância da fonte. Nestes casos a solução é reduzir a impedância da
fonte ou adicionar a cada fase a quantidade de tensão ou corrente necessária a compensar o
parâmetro desejado.
A compensação da corrente nas três fases acaba compensando também a corrente de
circulação do neutro em sistemas a quatro fios.
Para efetuar a compensação, as magnitudes de corrente a serem supridas para a rede
dependem diretamente da quantidade de desequilíbrio das cargas do sistema, neste caso o
compensador seria forçado a suprir o valor nominal de corrente, o que pode limitar a sua
capacidade de potência, resultando em maiores perdas e diminuição de eficiência do filtro.
Apesar de ser uma possibilidade de compensação que pode ser utilizada por um filtro
ativo, normalmente este equipamento não é especificado apenas para resolução de problemas
envolvendo desequilíbrio. Esta função normalmente é conjugada com a compensação de
distorção harmônica e compensação do fator de potência.
55
3.1.6 Geração de Referências
A referência de tensão ou corrente é o valor idealizado (set point) que deve ser processado
pelo sistema de controle e posteriormente pelo acionamento de potência para obtenção das
variáveis de processo desejadas. Desta maneira este sistema é fundamental para obtenção de um
desempenho adequado da filtragem ativa. A geração de referência é definida através da
informação recebida pelo sistema de sensoriamento, ou seja, a realimentação da variável a ser
controlada e o próprio valor idealizado.
Dependendo da ferramenta ou método a ser utilizado para geração de referências, as
variáveis desejadas podem ser refinadas, detalhadas ou selecionadas. Assim como o método
utilizado pode demandar maior ou menor esforço de pré-processamento. Desta forma, existem
algumas maneiras distintas de classificar a geração de referências.
3.1.6.1 Filtragem Analógica Direta
Este método utiliza filtragem analógica para determinar os componentes harmônicos
contidos na variável de controle (tensão ou corrente). A vantagem da aplicação deste método é a
simplicidade de sua aplicação. Entretanto apresenta como desvantagens os erros de fase e de
magnitude introduzidos no filtro ativo através dos processos de aquisição e da geração de
referência. Se os referidos erros ocorrem apenas em regime transitório e não em regime
permanente, não haverá problema para a compensação.
3.1.6.2 Métodos no Domínio do Tempo
Existem várias técnicas de geração de referências que aplicam métodos no domínio do
tempo. A determinação de referências através de resolução de equações diferenciais de várias
ordens de componentes harmônicos incluindo diversas seqüências, não é a maneira mais indicada
56
devido aos problemas de interpretação da potência reativa e da dificuldade para resolução do
equacionamento matemático. Desta maneira os métodos mais utilizados são algoritmos que
tratam de potência ativa e reativa instantâneas. Dentre estes algoritmos citados destaca-se a
Teoria da Potência Instantânea proposta em 1983 por Akagi et al. Outro método bastante
utilizado é a análise síncrona através de eixos girantes, também conhecida como transformada de
Park. Cada uma destas técnicas possui vantagens e desvantagens principalmente com relação a
resposta dinâmica e diante da tensão de alimentação não senoidal.
3.1.6.3 Métodos no Domínio da Freqüência
Os métodos no domínio da freqüência são utilizados tanto em sistemas monofásicos
quanto em sistemas trifásicos. O domínio da freqüência é tradicionalmente utilizado na
engenharia elétrica, principalmente para modelagem e resolução de circuitos elétricos e no
desenvolvimento da teoria convencional de potência elétrica. Os métodos utilizados no domínio
da freqüência para geração de referência são derivados principalmente a partir da análise de
Fourier, como descrito no Capítulo 2 este método fornece uma ferramenta para obter os
componentes harmônicos de um determinado sinal. A principal desvantagem desta ferramenta é o
elevado esforço de processamento e conseqüentemente o tempo de retardo introduzido para
amostragem e os cálculos o que pode comprometer as aplicações de controle em tempo real.
Existem outras técnicas de Fourier modificadas, que utilizam cálculos simplificados tais
como: controle de modo deslizante, cálculos utilizando vetores circulares, transformada rápida de
Fourier (FFT), e ainda outras que tornam os cálculos mais rápidos e reduzem o tempo de retardo
de resposta.
3.1.7 Tecnologia de Controle
A classificação dos filtros ativos de acordo com o sistema eletrônico de controle é
basicamente uma diferenciação denotada pelo nível de avanço tecnológico do equipamento
57
utilizado. Com o desenvolvimento expressivo dos sistemas de controle que empregam elementos
digitais no seu processamento, tem sido cada vez mais comum o emprego do controle digital.
3.1.7.1 Controle Analógico
Os primeiros desenvolvimentos de controle eletrônico para filtros ativos de potência
utilizavam controle analógico. Basicamente as ações de controle são geradas utilizando
amplificadores operacionais. Tanto o processo necessário à geração de referência, como o
processo de detecção de erro e imposição das ordens de controle através de ações de controle
tradicionais como proporcional, integral e derivativo podem ser normalmente aplicadas utilizando
amplificadores operacionais.
As vantagens da utilização de controle analógico são a menor complexidade, baixo tempo
de resposta e o custo reduzido.
As principais desvantagens são a susceptibilidade a ruídos e a falta de flexibilidade para
alteração de ajustes ou ações de controle.
3.1.7.2 Controle Digital
O controle digital tem sido empregado massivamente em novas aplicações, projetos e
inovações tecnológicas, com o impulso dado pelas aplicações envolvendo eletrônica digital, que
evoluíram para as unidades centrais de processamento, microprocessadores, microcontroladores,
processadores digitais de sinais entre outros.
O controle digital apresenta como principal vantagem a possibilidade de ser programável
e reconfigurável, fazendo com que as ações de controle possam ser facilmente alteradas e
otimizadas. Um grande diferencial do controle digital de alta capacidade de processamento é o
potencial extremamente elevado de realização de cálculos em tempo mínimo, tornando-se a
58
ferramenta adequada para aplicações em tempo real com grande esforço de cálculo, que é o caso
da filtragem ativa.
Os dispositivos de processamento digitais de sinal possuem uma arquitetura direcionada
ao processamento de sinais, sendo portanto indicado ao controle digital de sistemas de eletrônica
de potência entre outras aplicações correlatas.
3.1.8 Filosofia de Controle
Um filtro ativo também pode ser classificado de acordo com a sua filosofia de controle. O
circuito de controle é o responsável por executar o acionamento que controla o circuito de
potência, tendo como sinal de regulação a etapa de geração de referências.
Normalmente o controle de um filtro ativo é responsável pela malha de tensão do
barramento de corrente contínua e da malha de corrente que é injetada pelo filtro. Devido ao
maior número de filtros ativos paralelos empregados e a maior dificuldade de controlar a malha
de corrente, a classificação da filosofia de controle acaba sendo utilizada para referenciar o
controle de corrente.
3.1.8.1 Controle com Freqüência Variável
Estes controladores apresentam comportamento não linear durante a sua operação e
podem ser subdivididos nas seguintes filosofias de controle:
a) Controle Por Histerese
O controle por histerese executa a comparação entre a corrente de referência e a corrente
de realimentação, com uma determinada histerese. Em função desta comparação são geradas
ordens de comando para as chaves estáticas.
59
Esta técnica de controle de corrente é amplamente conhecida. O processo de controle de
corrente por histerese é simples, tendo sido utilizado em diversos trabalhos com filtros ativos
(PAN e CHANG, 1994).
Apresenta como vantagens a simplicidade, além de uma boa resposta dinâmica e como
desvantagem a dependência da freqüência de chaveamento com a banda de histerese e os
parâmetros do sistema, promovendo assim um controle com freqüência variável.
b) Controle com Freqüência de Chaveamento Limitada
Este controle é baseado no princípio de modulação delta, o controlador é formado por
controladores com estreitas bandas de histerese, circuito somador e bloco sample and hold
(S&H), para limitar a freqüência de chaveamento tendo como parâmetro a freqüência de
amostragem.
A principal vantagem deste método é a possibilidade de limitação da freqüência de
chaveamento, garantindo operação segura das chaves semicondutoras.
A desvantagem da utilização desta metodologia de controle é a geração de componentes
harmônicos de corrente espalhado numa larga faixa de espectro de freqüência e a resposta
dinâmica inferior ao controlador por histerese.
3.1.8.2 Controle com Freqüência Fixa
Esta filosofia de controle apresenta geralmente características lineares (Gao e Sun, 2000),
com a possibilidade de emprego de chaveamento seguindo os princípios da modulação PWM
(Pulse Width Modulation) senoidal e suas variações.
A modulação PWM senoidal normalmente utilizada, executa a comparação da forma de
onda que se deseja modular com um sinal portador triangular.
Os controladores que empregam a freqüência fixa podem ser empregados com vários
sistemas de coordenadas. Nas tradicionais coordenadas estacionárias (abc), nas coordenadas
αβ
0
que permite o desacoplamento do circuito e o sistema de coordenadas girantes, dq0, utilizado
para eliminação do erro em regime permanente em sistemas senoidais equilibrados.
60
O controlador Proporciona Integral (PI) é o controlador com freqüência fixa mais
utilizado nas malhas envolvendo variáveis elétricas. Como o nome se refere, a ação de controle
será a soma de uma componente proporcional ao sinal de erro e outra componente proporcional a
integral do valor de erro num determinado período de totalização. Com estas duas ações é
possível obter uma elevada resposta dinâmica, com pequeno erro em regime permanente. O
controlador proporcional e integral pode ser utilizado em diversas variações de configuração
inclusive utilizando realimentação de estado, que combina a utilização do controlador PI com
controladores de variável de estado, que são largamente empregados em controle digital e
controle multivariável.
3.1.8.3 Outros Controladores
O emprego de novos controladores que possam ser empregados em malhas de controle
elétrico, com acionamento envolvendo componentes eletrônicos de potência é um campo vasto
para pesquisa.
Técnicas de controle baseadas em Redes Neurais Artificiais têm sido utilizadas
principalmente devido à necessidade de emprego de ação de controle preditiva, e a dificuldade de
modelamento clássico da planta envolvida (WANG, XIN e ZOU, 2006).
Controladores de corrente baseados em Lógica Nebulosa, também são utilizados em
aplicações preditivas principalmente em sistemas de potência com forte característica de não
linearidade (CECATI, DELL'AQUILA, LECCI et al, 2006).
Como os controladores normalmente utilizados são proporcionais e integrais, sem o
elemento derivativo devido a susceptibilidade de amplificação de ruído em sistemas elétricos, a
ação preditiva que a componente derivativa aplica num sistema pode ser suprida por outra técnica
de controle.
O emprego de Redes Neurais Artificiais e Lógica Nebulosa podem ser combinadas numa
única aplicação, melhorando ainda mais as características preditivas do controle e a resposta
dinâmica frente a mudança de característica da planta. No entanto, a desvantagem é a elevada
61
complexidade para implantação e elevada capacidade de processamento requerida pelo sistema
de controle (VILLALVA, 2005).
3.2 ESTRUTURA FÍSICA DE POTÊNCIA E ACIONAMENTO DOS FILTROS ATIVOS
O estágio de potência de um filtro ativo é fundamental, pois deve executar com precisão
os sinais processados pelo estágio de controle. Efetuando desta maneia a interface entre a lógica
de compensação dos parâmetros pré-programados e referenciados e o sistema elétrico. Desta
maneira neste tópico serão discutidos os pontos mais relevantes do estágio de potência e de suas
interfaces.
3.2.1 Chaves Semicondutoras
O chaveamento aplicado a filtragem ativa deve ser minuciosamente selecionado, pois
existe a necessidade de operação em elevadas freqüências de chaveamento e ao mesmo tempo
deve possuir baixas perdas de potência durante este chaveamento.
O IGBT tem sido bastante utilizado para circuitos de filtragem ativa e também em
circuitos de controle de potência, não apenas em aplicações industriais, mas também em
eletrônica de uso geral e eletrônica embarcada. A razão para o recente aumento de interesse na
utilização do IGBT são as suas características técnicas. Este dispositivo une a facilidade de
acionamento dos MOSFET´S (utilização de tensão para o disparo e alta impedância de entrada)
com as pequenas perdas em condução dos Transistores Bipolares de Potência (TBP). A
velocidade de chaveamento sofre a influência das características mais lentas do TBP. Assim a
velocidade de chaveamento do IGBT é pouco superior a do TBP, no entanto nos últimos anos a
velocidade tem crescido expressivamente, permitindo a sua operação em freqüências de dezenas
de kHZ e correntes de centenas de Ampéres.
Os tiristores são os dispositivos que suportam os maiores valores de tensão e de corrente,
mas não suportam operação em freqüências elevadas, por isso a sua aplicação em filtragem ativa
é limitada. Os IGBT´S suportam maiores tensões e podem operar em freqüências de chaveamento
62
mais elevadas em comparação com os transistores bipolares de potência e podem suportar
maiores tensões e correntes que os MOSFET´s de potência. Sendo assim, diante das
características dos IGBT´S de comutação, de freqüência, suportabilidade de tensão e condução de
corrente, este dispositivo tem sido muito utilizado nas aplicações de acionamentos industriais e
filtragem ativa.
3.2.2 Princípio de Funcionamento do Inversor Por Fonte de Tensão (VSI)
Como já foi discutido anteriormente os inversores por fonte de tensão (VSI) são os
equipamentos mais indicados para utilização em filtros ativos paralelos. Esta configuração
também foi empregada no projeto do filtro ativo descrito no Capítulo 5.
Apenas por maior simplicidade a configuração do sistema elétrico adotada é trifásico a
três fios. O conversor é composto de seis chaves controladas com seus respectivos diodos,
capacitor do barramento cc e os indutores de acoplamento. Como pode ser verificado na Figura
3-14 o filtro ativo é instalado em paralelo com o sistema elétrico com o objetivo de compensar a
corrente drenada pela carga. O objetivo do filtro é gerar os componentes harmônicos de corrente
e a componente reativa requerida pela carga não linear.
IfiltroaIcIfonte += arg
(3.1)
ihiqipaIc ++=arg
(3.2)
)( ihiqIfiltro +=
(3.3)
Onde:
Ifonte - Corrente suprida pelo sistema elétrico
Icarga – Corrente drenada pela carga
Ifiltro – Corrente sintetizada pelo filtro ativo
ip – Componente ativa da corrente de carga
iq – Componente reativa da corrente de carga
ih – Componentes harmônicos da corrente de carga
63
Figura 3-14 Configuração com o filtro ativo paralelo
Para realizar a análise estão sendo considerados os sentidos das correntes indicadas na
Figura 3-15. De acordo com a referência de corrente senoidal a ser gerada pelo filtro denotada na
fase A, que pode ser visualizada na Figura 3-16. Se a corrente no filtro é positiva, mas inferior a
referência a chave T2 fecha-se e a corrente no filtro tende a aumentar linearmente. O aumento da
corrente do filtro provoca a superação do valor de referência, neste instante a chave T2 abre-se.
Devido ao efeito magnético provocado pelo indutor (visando não alterar o sentido de condução
de corrente) este faz com que ocorra a sua desmagnetização através do diodo D1 alocado no
mesmo braço da chave T2. Para que este processo ocorra conforme a descrição é fundamental
que a tensão no barramento CC denotada pelo capacitor seja superior ao valor de tensão do
sistema elétrico, caso contrário não ocorrerá a desmagnetização do indutor La. Neste processo
descrito para sintetização de corrente na fase A o retorno de corrente quando D1 estiver
conduzindo ocorrerá através dos diodos D4 ou D6. Portanto a desmagnetização se dará através da
transferência de energia magnética do indutor para a forma de campo elétrico no capacitor.
Figura 3-15 Circuito de potência do filtro ativo em análise
64
De acordo com a análise realizada verifica-se que as chaves inferiores operam quando o
valor da corrente do filtro é inferior a referência, ou seja, o erro é positivo. Complementarmente
as chaves superiores operam quando a corrente no filtro for superior a referência, quando o erro
é negativo. Desta maneira T1-D2, T2–D1, T3-D4, T4-D3, T6-D5 e T5-D6 devem operar sempre
de maneira complementar ao longo de um mesmo ciclo de chaveamento, fazendo com que as
correntes de compensação de cada fase sigam as referências pré-estabelecidas. Também deve ser
considerado o tempo de atraso nas operações.
Observa-se que o controle de corrente do sistema e a compensação necessária só poderão
ser efetivadas quando a tensão no barramento CC atingir um valor superior a tensão de linha do
sistema elétrico. Normalmente, antes do filtro entrar em funcionamento, deve-se prever o
carregamento do capacitor do elo CC, inclusive com todas as preocupações referentes a corrente
de inrush transitória durante o carregamento. Caso não seja efetuada esta operação o controle do
filtro ativo ficará comprometido por alguns ciclos até que a tensão no barramento CC torne-se
adequada. Pode-se concluir desta maneira, que o desempenho do filtro ativo paralelo depende
diretamente da qualidade do controle que deverá ser implementado, para manutenção dos níveis
de tensão no barramento CC, em patamares que proporcionem a desmagnetização plena dos
indutores e não comprometa a dinâmica do sistema, principalmente quando cargas que drenam
elevadas variações de corrente forem conectadas.
Figura 3-16 Referência de corrente e acionamento das chaves
Fonte: (VAZ, 2006)
T2 T1T2 T1
65
3.2.3 Modulação e Lógica de Chaveamento para Filtragem Ativa
Como foi verificado, a estrutura de potência do filtro ativo deve responder com elevada
dinâmica e rendimento as ordens provenientes do sistema de controle. O objetivo deste tópico é
apenas ilustrar como podem ser geradas estas ordens de controle
A maneira mais comum de obtenção de um sinal de baixa freqüência alternado, de
elevada potência é executar uma modulação em alta freqüência e posteriormente realizar uma
demodulação ou aplicação de alguma técnica de filtragem. Várias técnicas de modulação podem
ser empregadas para geração dos comandos para as chaves semicondutoras, sendo que a técnica
mais utilizada é a modulação por largura de pulso (MLP) cuja sigla mais conhecida é em inglês
PWM.
É possível executar a modulação por largura de pulso comparando um sinal de referência,
que normalmente é proporcional ao sinal de alta potência buscado pelo método, com um sinal
triangular simétrico cuja freqüência determina a freqüência de acionamento das chaves
semicondutoras. É desejável que a freqüência da onda triangular seja vinte vezes superior a
freqüência da onda de referência, para que possa ser obtida uma reprodução adequada da onda
desejada. Na saída do modulador a largura do pulso varia de acordo com a amplitude relativa da
referência em comparação com a forma de onda triangular, esta é a técnica de modulação por
largura de pulso. Este processo pode ser utilizado através de controladores analógicos
(amplificadores operacionais) ou por controladores digitais como microcontroladores e
processadores digitais de sinais. Pode-se verificar que na saída do conversor existirão uma
sucessão de ondas retangulares com amplitude igual a tensão no barramento cc e duração
variável.
A Figura 3-17 demonstra a modulação de uma forma de onda senoidal produzida na saída
de um conversor de tensão de dois níveis, seguindo a freqüência da forma de onda triangular. O
conteúdo objetivado está presente na variação da largura de pulsos.
66
Figura 3-17 Sinal MLP de dois níveis
Fonte: (POMILIO, 2007)
Caso seja pretendido trabalhar com conversor a três níveis a saída de tensão apresentará
um conteúdo harmônico menor em comparação com a saída a dois níveis.
Esta forma de onda pode ser observada na Figura 3-18. A recuperação de um sinal de
referência é facilitada pelo espectro do sinal modulado. Nota-se no espectro de freqüência do
sinal que após a componente relativa a referência, aparecem freqüências nas vizinhanças da
freqüência de chaveamento.
Caso seja adotada filtragem devem ser liberadas as freqüências na faixa de compensação e
atenuadas efetivamente as freqüências geradas na comutação em alta freqüência, normalmente na
faixa de kilohertz.
67
Figura 3-18 Inversor trifásico sinais MLP e espectro do sinal MLP de três níveis
Fonte: (POMILIO, 2007)
3.2.4 O Sensoriamento de um Filtro Ativo Paralelo
Os elementos sensores também possuem fundamental importância no desempenho dos
filtros ativos. Como já foram apresentadas as estruturas de potência e de controle do filtro ativo, é
importante destacar também as possibilidades de execução do sensoriamento das ações de
controle executadas, pois é esta realimentação que comprovará a eficácia da filtragem.
3.2.4.1 Monitoração da Corrente de Carga e da Corrente do Filtro
A Figura 3-19 apresenta um diagrama esquemático de um filtro ativo paralelo utilizando
inversor de tensão controlado através do monitoramento da corrente na carga não-linear.
68
Para gerar a corrente de referência do filtro ativo é realizada a medição da corrente de
carga, subtraindo-se desta medição a sua componente fundamental, obtendo a corrente que deve
ser processada pelo filtro. Durante a obtenção desta referência também é utilizada a malha de
tensão do barramento CC, num processo que será descrito oportunamente. O segundo sensor está
instalado na saída do filtro ativo e serve para geração de um sinal, que será comparado com a
referência, gerando um sinal de erro para o tratamento adequado do controle e do acionamento
das chaves semicondutoras.
Para que o filtro ativo gere a corrente necessária é preciso monitorar duas correntes (de
carga e do filtro ativo), ou seja, são necessários dois pontos de sensoriamento de corrente. Outro
ponto importante é que para gerar a corrente de referência normalmente é necessário observar um
período da rede, para calcular a componente fundamental de corrente que a referência do filtro
deverá se basear.
Figura 3-19 Monitoramento de corrente na carga e no filtro
FILTRO
ATIVO
PARALELO
I FONTE
I CARGA
I FILTRO
V
L
C
FILTRO
ATIVO
PARALELO
I FONTE
I CARGA
I FILTRO
V
L
C
69
3.2.4.2 Monitoração da Corrente do Sistema Elétrico
Uma alternativa para o caso descrito no item 3.2.4.1 é a monitoração direta da corrente do
sistema elétrico, como ilustra a Figura 3.20, não havendo necessidade de realização de cálculos, o
que pode garantir um melhor desempenho dinâmico.
Uma corrente de referência puramente senoidal é gerada, também sofrendo interferência
do controle da tensão do barramento CC do filtro ativo.
A corrente da rede é comparada com a corrente de referência gerada. O sinal de erro passa
por uma malha de controle de corrente que compensará este erro processando os sinais de
comando para as chaves semicondutoras.
Figura 3-20 Monitoramento da corrente no Sistema Elétrico
Comparando-se esta estratégia de monitoramento e controle com a técnica descrita no
item 3.2.4.1 na qual a corrente na carga e no FAP é monitorada, verifica-se que é utilizado um
ponto de sensoriamento de corrente a menos, o que é significativo para filtros ativos de baixa e
média potência devido ao custo dos sensores de corrente. De forma geral esta estratégia de
I FONTE
I FILTRO
V
I CARGA
FILTRO
ATIVO
PARALELO
L
C
I FONTE
I FILTRO
V
I CARGA
FILTRO
ATIVO
PARALELO
L
C
70
controle é mais simples e de fácil implementação prática quando comparada com a estratégia de
monitoramento da corrente do filtro e da carga simultaneamente. Entretanto, não é possível a
monitoração das características de carga nem a corrente do filtro ativo, o que pode comprometer
alguns requisitos de proteção e alteração do algoritmo de controle, principalmente no caso de
utilização de controle digital.
3.2.5 Compatibilidade Eletromagnética
Devido a característica de chaveamento de alta freqüência do filtro ativo paralelo,
cuidados especiais devem ser tomados em relação a compatibilidade eletromagnética. O inversor
de tensão operando com dezenas de Kilohertz, apresenta além da harmônica fundamental, uma
série de componentes harmônicos devido às altas transições de corrente e de tensão durante as
comutações das chaves semicondutoras.
Os problemas relacionados com interferência eletromagnética surgem a partir da
condução ou irradiação eletromagnética. Para a aplicação de filtragem ativa o foco principal é a
interferência conduzida que é o principal fator de preocupação no projeto dos conversores
estáticos.
O ruído conduzido é gerado pelo conversor e propagado pelo sistema elétrico através das
conexões de alimentação. Estas conexões funcionam como antenas que irradiam energia que
podem interferir em equipamentos eletroeletrônicos.
As agências reguladoras impõem limites máximos de ruído para garantir uma operação
segura dos equipamentos conectados a rede elétrica. Entretanto os fabricantes de equipamentos
eletrônicos perceberam que além de garantir a baixa emissão de ruído, os equipamentos não
devem ser susceptíveis aos sinais externos provocados por fontes ruidosas.
Para as medições a serem realizadas deve-se verificar o fato relacionado à faixa de
freqüências consideradas. Existem normas que consideram uma faixa compreendida entre 450
kHZ e 30 MHZ. A CISPR (Comité international spécial des perturbations radioélectriques) 22
considera uma faixa entre 150 kHZ e 30 MHZ e a CISPR 15 entre 10 kHZ e 30 MHZ. Um
projeto de um filtro ativo com aplicação comercial não deve ser concebido sem a preocupação em
71
atender as principais normas internacionais existentes que tratam de compatibilidade
eletromagnética.
3.3 SELEÇÃO E APLICAÇÃO DE FILTROS ATIVOS TRIFÁSICOS
A especificação de um filtro ativo de potência é uma tarefa de suma importância, tanto
para concessionárias de energia quanto para os seus consumidores que desejam solucionar um
determinado problema. Apesar da escolha do filtro ativo paralelo para o desenvolvimento do
trabalho é importante ressaltar a importância da execução de uma especificação adequada.
Para cada compensação de um determinado parâmetro de qualidade da energia desejado
existe uma configuração de filtro ativo mais indicada.
Os aspectos discutidos na classificação de filtros ativos de potência que foram detalhados
no item 3.1 também devem ser considerados:
- Estrutura do Conversor;
- Configuração de Operação;
- Número de Níveis do Conversor;
- Conexão com o sistema elétrico;
- Variáveis compensadas;
- Sistema de Geração de Referências;
- A tecnologia do Sistema de Controle Automático;
- A filosofia de controle desejada.
Alguns dos requisitos estão inter relacionados de maneira a formar pré-requisitos. Por
exemplo, a compensação de um determinado parâmetro de qualidade da energia desejado pode
depender do sistema de geração de referência e também da tecnologia do controle automático
utilizado.
Especial atenção deve ser denotada à escolha da tensão ou corrente como principal
parâmetro a ser compensado. A Tabela 3-1 apresenta um resumo básico com a possibilidade de
escolha de filtros ativos de acordo com a compensação específica desejada.
72
Tabela 3-1 Tabela de especificação de uso do fap de acordo com a aplicação
Filtros Ativos
Aplicação Específica do
Filtro Ativo
Ativo
Série
Ativo
Paralelo
Híbrido Ativo
Paralelo e
Passivo Paralelo
Universal Ativo
Série e Ativo
Paralelo
Componentes
Harmônicos de Corrente
X
2° 1° 3°
Potência Reativa X
1° 2° 3°
Desequilíbrio de Carga X
1
°
x x
Corrente de Neutro X
1° 2°
x
Harmônicos de Tensão
1°
x
2° 3°
Regulação de Tensão
1
°
3
°
2
°
3
°
Equilíbrio de Tensão
1°
x
2° 3°
Fonte de Referência: (SINGH e AL-HADDAD, 1999)
Legenda:
1° - Filtro ativo de potência mais utilizado
2° - Segundo Filtro ativo de potência mais utilizado
3
°
- Terceiro Filtro ativo de potência mais utilizado
x - Não de aplica
3.4 O ESTADO DA ARTE EM FILTROS ATIVOS
A pesquisa sobre filtragem ativa de potência tem se intensificado nos últimos anos,
principalmente envolvendo as áreas de eletrônica de potência e controle automático.
Nesta seção são apresentadas referências de estudos que representam o estado da arte em
filtragem ativa aplicada a sistemas elétricos de potência.
73
3.4.1 Dispositivos e Estrutura dos Conversores
O emprego de conversores com múltiplos níveis (MASSOUD, FINNEY, CRUDEN et al,
2007), conversores bidirecionais com várias funcionalidades (VAZ, VIEIRA, FREITAS et al,
2004), novas estruturas para filtros ativos híbridos a quatro fios (LAMICH, BALCELLS e
GARCIA, 2006) incluindo a topologia dupla paralela (MONTERO, CADAVAL e GONZALEZ,
2007 ), são trabalhos que direcionam os estudos envolvendo a aplicação de dispositivos e novas
estruturas para os conversores que são elementos estruturais nos filtros ativos.
3.4.2 Configurações de Filtros Ativos
Aplicações específicas com filtros ativos monofásicos (HOSSEINI e SABAHI, 2006),
com duas fases (HOJABRI e MOKHTARI, 2006), com inovações para o barramento de corrente
contínua (CAMARGO e PINHEIRO, 2006) e filtros híbridos (SINGH e VERMA, 2006), são
alguns exemplos de pesquisas envolvendo novas configurações de filtros ativos.
3.4.3 Integração com Elementos Magnéticos
Estudos envolvendo características magnéticas dos componentes aplicados aos filtros
ativos também merecem destaque pois existe um campo importante de pesquisa a ser explorado.
O auxílio na compensação das correntes pelo fluxo magnético (DAYI, QIAOFU, ZHENGCHUN
et al, 2006) e o emprego de transformadores trifásicos com conexões especiais também podem
prover a melhoria no desempenho dos filtros ativos de potência (ENJETI, SHIREEN,
PACKEBUSH et al, 2006
).
3.4.4 Estratégias de Controle
As pesquisas envolvendo aplicações de novas técnicas de controle são as mais numerosas
envolvendo filtros ativos de potência. A justificativa se deve principalmente ao desenvolvimento
do controle digital e da capacidade de processamento dos sistemas empregados.
Estratégias de controle envolvendo lógica nebulosa (CECATI, DELL'AQUILA, LECCI et
al, 2006), controle antecipativo (HANSCHKE, MARCONI e TILLI, 2006), controle baseado em
modelos (VALDEZ, ESCOBAR, TORRES et al, 2006), controle adaptativo (QIAN, CARTES,
74
e ZHANG, 2006), redes neurais (WANG, XIN e ZOU, 2006) e transformada de Wavelet
(DRIESEN e BELMANS, 2002) tem apresentado resultados expressivos e sem dúvida são
ferramentas indispensáveis para a melhoria do desempenho da filtragem ativa de potência.
75
CAPÍTULO 4
4 ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE REFERÊNCIA E DE CONTROLE
Neste capítulo são abordadas algumas estratégias utilizadas para geração de referência e
de controle do filtro ativo.
A finalidade principal deste trabalho é o desenvolvimento e aplicação de filtragem ativa
para aplicação em sistemas trifásicos de baixa tensão, com uma faixa de potência que atende a
correção de circuitos de baixa tensão em sistemas de distribuição de energia. Como foi verificado
no Capítulo 3, de acordo com as características técnicas, classificação e os critérios para seleção
de filtros ativos, o filtro ativo paralelo (shunt) é o mais indicado para a finalidade pretendida. A
sua aplicação proporciona principalmente a compensação de cargas não lineares, correção do
fator de potência e desequilíbrio de corrente do sistema elétrico, além de auxiliar por
conseqüência na qualidade da tensão de fornecimento.
Tendo sido definido o filtro ativo de potência pretendido, este capítulo tem como principal
objetivo detalhar possíveis técnicas de geração de referência e controle que podem vir a ser
utilizadas no filtro determinado. Estes estágios de operação citados são de suma importância para
o desempenho adequado da filtragem ativa, pois podem ser comparados ao cérebro do
equipamento, que recebe todas as informações necessárias e processa os sinais de controle que
são enviados aos atuadores do sistema para execução das ordens idealizadas.
4.1 ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE REFERÊNCIAS
A geração de referências é um estágio fundamental de operação do filtro ativo. Este
estágio é realizado a partir da aquisição das variáveis do sistema e precede a execução do
controle do filtro. Nos primeiros filtros ativos desenvolvidos (filtros analógicos) a geração de
referências era realizada através de um circuito dedicado para esta função. Nos atuais sistemas de
76
gerenciamento do filtro ativo, várias funções inclusive a de geração de referências e de controle
são realizadas pelo mesmo componente.
No item 3.1.6 foi apresentada a classificação dos métodos de geração de referência,
principalmente pela divisão realizada entre estratégias nos domínios do tempo e da freqüência.
Nesta seção são detalhadas duas técnicas de geração de referências. A primeira baseada
no PLL (Phase Locked Loop) é a estratégia utilizada para geração de referências para
compensação de correntes do filtro ativo apresentado no Capítulo 5. A segunda estratégia é
baseada na Teoria da Potência Instantânea, que é uma importante ferramenta para
individualização dos parâmetros elétricos a serem compensados, e cujo algoritmo pode ser
utilizado com bom desempenho em aplicações de controle em tempo real.
4.1.1 Utilização do PLL (Phase Locked Loop)
O PLL é um algoritmo bastante utilizado para geração de referências em malhas de
controle de variáveis elétricas (MARAFÃO, et al, 2004). O PLL pode ser utilizado
individualmente ou em conjunto com outros algoritmos, como por exemplo, a Teoria de Potência
Instantânea descrita no item 4.3.2. O objetivo principal deste sistema é gerar sinais senoidais
unitários, que permitem a síntese de correntes senoidais mesmo quando as tensões da fonte são
distorcidas.
O PLL pode ser empregado diretamente como elemento principal de referência para
sintetização das correntes geradas pelo sistema de controle do filtro ativo (malha de corrente). O
valor do PLL é multiplicado pela referência do controle de tensão (malha de tensão) modulando
a referência de corrente, que pode ser comparada com um valor medido de correntes no sistema
elétrico, ou pode ser subtraído da corrente de carga para gerar a referência para o filtro. Estes dois
sistemas descritos foram analisados durante a classificação do sensoriamento do filtro ativo no
item 3.2.4.
A Figura 4-1 apresenta o exemplo do PLL modulado pela malha de tensão do filtro ativo,
conforme descrito. Esta técnica de utilização do PLL será detalhada no Capítulo 5, durante a
implementação no protótipo do filtro ativo. A principal característica da utilização do PLL para
servir de referência para a corrente no sistema trifásico, é que a compensação dos componentes
77
harmônicos, potência reativa e desequilíbrio de correntes, ocorrem simultaneamente sem a
possibilidade de atuação individualizada ou por grupo parâmetros.
Figura 4-1 PLL modulada pela malha de tensão do filtro ativo
4.1.1.1 Funcionamento do PLL
Nesta seção estão sendo apresentados os fundamentos do algoritmo denominado de PLL,
que é bastante utilizado como referência de malhas de controle para acionamento estático. O
funcionamento deste algoritmo está baseado nas definições de produto interno e ortogonalidade
de vetores instantâneos estudados em (MARAFÃO, et al, 2004).
Neste caso o PLL atua apenas sobre a tensão de uma fase, com os vetores sendo
compostos de apenas um elemento. O sinal senoidal unitário u deve ser em regime permanente,
S1.Pidc
S1.iaref
S1.ibref
S1.icref
S1.Pidc
S1.iaref
S1.ibref
S1.icref
78
ortogonal a tensão va. O produto interno médio desses dois sinais é dado pela equação 4.1. Este
produto deve convergir para um valor nulo quando va e u forem ortogonais.
=
t
Tt
aa
duv
T
uv
τττ
)()(
1
(4.1)
O argumento instantâneo θ é utilizado para sintetizar a função senoidal u, sendo obtido
pela integração da saída w do regulador PI.
Enquanto o PLL tenta sintetizar a função senoidal para satisfazer a condição de
ortogonalidade, o regulador PI converte o erro
uv
a
= 0
ε
em um sinal de correção
w que
ajusta o sinal de freqüência w. O sinal w
0
=377 rad/s é utilizado para melhorar o desempenho
inicial do PLL, fazendo com que a freqüência inicial esteja ajustada na freqüência do sistema
elétrico. O regulador PI alcança uma saída w constante quando o PLL está sincronizado. Nessa
condição, o ângulo
θ
segue o ângulo da tensão va, exceto por uma defasagem de
π
/2.
A Figura 4-2 ilustra o processo descrito.
Figura 4-2 Diagrama do sistema do PLL
4.1.1.2 Sincronismo das Três Fases do Sistema
Quando o PLL entra em regime, o sinal
θ
pode ser usado para gerar as demais fases do
sistema trifásico, va1, vb1 e vc1, como mostra a Figura 4-3. O sinal
φ
=
θ
+
π
/2 corresponde ao
s
k
k
i
p
+
s
1
+
π
π
T
T
0
1
uv
a
.
)sen(
θ
+
-
+
+
ε
ω
u
ω
θ
0
va
srad /377
0
=
ω
s
k
k
i
p
+
s
1
+
π
π
T
T
0
1
uv
a
.
)sen(
θ
+
-
+
+
ε
ω
u
ω
θ
0
va
s
k
k
i
p
+
s
1
+
π
π
T
T
0
1
uv
a
.
)sen(
θ
+
-
+
--
+
+
+
++
ε
ω
u
ω
θ
0
va
srad /377
0
=
ω
79
ângulo do componente fundamental da tensão da fase a. Os ângulos das demais fases são obtidos
com adição do ângulo 2π/3 (120 graus).
Figura 4-3 Sincronismo das três fases na referência
O algoritmo completo utilizado para implementação da PLL no protótipo apresentado no
Capítulo 5, pode ser verificado no Anexo 1.
4.1.2 Teoria de Potência Instantânea
A análise da potência elétrica quando existem no sistema tensões não senoidais pode
trazer elevado grau de dificuldade, se os sistemas forem desequilibrados tanto pela presença de
tensão não equilibrada quanto pela presença de desequilíbrio de corrente de carga, o cálculo da
potência pode ganhar ainda mais dificuldade.
Em 1983, AKAGI et al, apresentou a Teoria da Potência Instantânea, também conhecida
como teoria pq, que permite analisar potências instantâneas em sistemas trifásicos de três ou
quatro fios, em sistemas equilibrados ou desequilibrados. Este método pode ser utilizado para
compensar potência reativa em sistemas trifásicos, não apenas em regime permanente, mas
também em regime transitório, além de componentes harmônicos e de seqüência zero. Uma nova
unidade elétrica, chamada de potência instantânea imaginária foi estabelecida (AKAGI,
KANAZAWA e NABAE, 1984).
sen(φ)
sen(φ-2π/3)
sen(φ+2π/3)
θ
φ
π/2
sen(φ)
sen(φ-2π/3)
sen(φ+2π/3)
θ
φ
π/2
80
A partir deste trabalho vários outros foram propostos para gerar novas interpretações,
incrementar conceitos e avançar no estudo de sistemas a quatro fios (WATANABE e AREDES,
1998). De qualquer maneira a Teoria da Potência Instantânea pode ser considerada um marco na
Engenharia Elétrica.
4.1.2.1 Transformação para Coordenadas
αβ
0
A transformação de coordenadas a-b-c para αβ0 é uma conversão algébrica de um sistema
de referência estacionário de tensões e correntes trifásicas com defasagem de 120°, para um
sistema estacionário com coordenadas ortogonais entre si.
A transformação de grandezas trifásicas para o sistema de coordenadas
αβ
0 tem como
vantagem, o desacoplamento das componentes de seqüência positiva, negativa e zero em sistemas
desequilibrados.
As relações matemáticas entre as transformações das coordenadas são apresentadas pelas
equações abaixo, que envolvem valores de tensão:
=
Vc
Vb
Va
V
V
V
2/32/30
2/12/11
2/12/12/1
3
2
0
β
α
(4.2)
=
β
α
V
V
V
Vc
Vb
Va
0
2/32/12/1
2/32/12/1
012/1
3
2
(4.3)
A potência de seqüência zero p0, imaginária q e real p são dadas pela seguinte equação
que envolve tensões e correntes com suas respectivas coordenadas:
81
=
β
α
αβ
βα
i
i
i
VV
VV
v
q
p
p
000
0
0
00
(4.4)
A potência ativa trifásica (
p
3
φ
) instantânea nas coordenadas a-b-c para αβ0 é dada por:
0003
ppivivivivivivp
ccbbaa
+
=
+
+=++=
ββααφ
(4.5)
A equação 4.5 demonstra que a potência ativa trifásica é dada pela soma da potência de
seqüência zero p
0
com a potência real p.
A potência imaginária q pode ser calculada analogamente utilizando a equação 4.4.
()()
[]
bacacbcba
ivvivvivvivivq )(
3
1
++=+=
αββα
(4.6)
A equação 4.6 é similar a utilizada para o cálculo de potência reativa em sistemas
tradicionais de medição trifásica, a diferença é a utilização de valores instantâneos ao invés de
valores eficazes.
Na teoria tradicional de circuitos elétricos a potência reativa possui valor médio nulo. Já a
potência imaginária q corresponde a uma potência que existe nas fases individualmente, mas que
não contribui para a potência ativa instantânea trifásica de maneira global.
A partir da potência imaginária q é possível calcular as correntes instantâneas nas
coordenadas
αβ a partir da equação 4.4, fazendo p = 0.
+
=
q
vv
vv
vv
i
i
q
q
0
1
22
αβ
βα
βα
β
α
(4.7)
A transformação das correntes imaginárias para as fases a-b-c resultam em:
82
=
β
α
q
q
qc
qb
qa
i
i
i
i
i
2
3
2
1
2
3
2
1
01
3
2
(4.8)
Pode-se demonstrar que estas correntes instantâneas imaginárias nas três fases são iguais
as correntes reativas imaginárias da teoria convencional. As correntes e tensões da equação 4.4
podem conter componentes harmônicos e desequilíbrio.
Quando desequilíbrios e componentes harmônicos estiverem presentes pode-se afirmar
que as potências instantâneas, real, imaginária e de seqüência zero terão componentes contínuas e
oscilantes conforme o conjunto de equações abaixo:
000
~
ppp +=
(4.9)
ppp
~
+=
(4.10)
qqq
~
+=
(4.11)
Onde o sinal de til indica a parte oscilante e a barra o valor médio.
A potência instantânea p pode ser decomposta em duas componentes, uma parte oscilante
com valor médio nulo (
p
~
) e uma parte de potência constante
p
. A potência constante está
relacionada com as correntes na freqüência fundamental, enquanto a corrente alternada
corresponde as correntes harmônicas do sistema.
A potência imaginária q também pode ser decomposta em parcela continua (
q ) e
oscilante (
q
~
) de acordo com a equação 4.11. A separação das potências p e q nos seus
componentes fundamentais e harmônicos confirma a divisão da potência harmônica em
componentes ativos e reativos desta maneira a potência harmônica (H) pode ser formulada
através da equação 4.12:
83
22
~~
qpH +=
(4.12)
4.1.2.2 Interpretação da Potência Real, Imaginária e de Seqüência Zero
Assim como na teoria convencional da potência elétrica, também é possível estabelecer
significado físico a cada potência e a cada um dos seus termos.
Supondo um circuito trifásico a quatro fios que alimenta uma carga qualquer, a soma da
potência real com a potência de seqüência zero (p+p
0
) representa a energia total por unidade de
tempo consumida pelo circuito. A potência imaginária q representa a energia que é intercambiada
entre as próprias fases e que não flui pelo circuito. Desta maneira os seguintes pontos podem ser
destacados:
- A potência ativa instantânea corresponde ao fluxo instantâneo de energia e é
numericamente igual a soma da potência real e a potência de seqüência zero (p
3
φ
=p+p
0
)
- As componentes de seqüência zero de corrente e de tensão não contribuem para as
potências reais e imaginárias p e q.
- A potência imaginária representa a energia que é trocada entre as fases do sistema e que
pode ser constante ou não. Desta maneira esta energia só existe em sistemas com mais de
uma fase e que esta potência imaginária q não interfere na transferência de energia entre a
fonte e a carga em nenhum momento.
4.1.2.3 Geração de Referência para Filtros Ativos
Originalmente a Teoria de Potência Instantânea foi desenvolvida por Akagi et al para
aplicação em filtragem ativa de potência. Na verdade, esta teoria é empregada como uma
ferramenta para geração de referências que posteriormente são processadas pelo sistema de
controle do filtro.
84
Com a aplicação da Teoria de Potência Instantânea é possível gerar referências que
sintetizem correntes que possam corrigir correntes com componentes harmônicos, assim como
correntes cuja componente fundamental esteja provocando potência reativa ou desequilíbrio.
A determinação das correntes de compensação (i
L0
, i
Lα
, i
Lβ
) requer o cálculo das potências
instantâneas p, q e p
0
desenvolvida pela carga conectada ao sistema, conforme a equação 4.13,
abaixo reproduzida para o cálculo das componentes da carga.
=
β
α
αβ
βα
iL
iL
iL
VV
VV
v
qL
pL
pL
000
0
0
00
(4.13)
A separação das componentes contínuas e oscilatórias das potências pl e ql podem ser
efetuadas por meio de filtros passa baixa conforme ilustrado na Figura 4-4. Filtros passa baixa
são mais indicados por apresentarem pouca defasagem angular na baixa freqüência.
Figura 4-4 Separação dos componentes contínuos e oscilatórios da potência
A correntes de compensação (Ic
α
, Ic
β
e Ic
0
) podem ser calculadas de acordo com as
equações abaixo:
qc
vv
v
pc
vv
v
ic
+
+
=
2222
βα
β
βα
α
α
(4.14)
+
-
+
-
+
-
+
-
p
~
p
p
q
q
~
q
0
p
0
p
85
qc
vv
v
pc
vv
v
ic
+
+
+
=
2222
βα
α
βα
β
β
(4.15)
0
0
0
v
pc
ic =
(4.16)
As potências de compensação pc, qc e pc
0
podem ser calculadas de acordo com a
estratégia de compensação desejada. Para compensação apenas de desequilíbrio e potência
reativa, ou seja, a compensação de corrente de seqüência zero e as componentes reativas
instantâneas pode ser utilizado o seguinte conjunto de equações:
00
pLpc =
(4.17)
0
pLpc =
(4.18)
qLqc =
(4.19)
A equação 4.17 elimina o fluxo de potência de seqüência zero da fonte, através da
eliminação da corrente de seqüência zero e tornando o sistema equilibrado visto pela fonte. A
equação 4.18 impõe que a soma da potência ativa e de seqüência zero seja nula. Desta forma o
filtro processará apenas potência imaginária associada as correntes reativas. A equação 4.19 faz
com que toda a potência imaginária da fonte seja zero através da compensação do filtro. Esta
compensação não requer capacitores de armazenamento, porque a soma das potências reativas
instantâneas é sempre nula.
Caso o filtro ativo seja utilizado para compensação de componente real harmônica,
imaginária (harmônica e fundamental) e de seqüência zero fazendo com que o fluxo de potência
seja apenas ativa e fundamental, a estratégia de controle deve ser redefinida de acordo com as
seguintes equações:
00
pLpc =
(4.20)
0
~
LpLppc =
(4.21)
qLqc =
(4.22)
86
A compensação de seqüência zero é executada pela equação 4.20. A equação 4.21
compensa a potência harmônica vista pelo sistema elétrico e realiza o balanço da potência para
manutenção do equilíbrio. Para este caso, como existe a circulação de potência ativa pelo filtro
existe a necessidade da utilização de uma fonte de energia auxiliar para alimentação do filtro.
Como o valor médio de
p
~
é nulo, a instalação de capacitores já atende a necessidade de uma
fonte ativa de energia este assunto é tratado em (BUSO, MALESANI e MATTAVELI, 1998).
A equação 4.22 efetuará o cálculo da potência reativa que será processada pelo filtro,
fazendo com que a potência imaginária vista pela fonte seja igual a zero.
4.2 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE APLICADAS A FILTROS ATIVOS
O sistema de controle de um filtro ativo realiza a interface entre o sistema de geração de
referências e o elemento acionador que são as chaves semicondutoras do conversor VSI.
Assim como no sistema de geração de referências estão sendo detalhadas as estratégias
específicas de equipamentos de filtragem ativa paralela.
No capítulo 3 verificou-se que o sistema de controle de corrente de um filtro ativo
paralelo pode ser classificado basicamente de acordo com a freqüência de chaveamento.
Nesta seção são abordadas duas estratégias de controle utilizadas. A primeira estratégia é
a de controle por histerese de corrente é um método bastante difundido que utiliza freqüência de
chaveamento variável.
A segunda estratégia é a de controle através de regulação por valores médios instantâneos
também é um método de controle clássico que utiliza fundamentalmente a função de controle
proporcional e integral, sobre o controle de modulação por largura de pulso. Esta estratégia serve
como plataforma do sistema de controle empregado no projeto do filtro ativo apresentado no
Capítulo 5.
O controle de tensão no barramento de CC também tem a sua estratégia detalhada, pois é
de extrema relevância para o funcionamento dinâmico do filtro, pois interfere ativamente na
malha de controle de corrente.
87
4.2.1 Controle por histerese de corrente (Malha de Corrente)
A técnica de controle de correntes por histerese é amplamente conhecida e aplicada em
processos de filtragem ativa. Esta estratégia de controle é simples e as referências como (PAN e
CHANG, 1994) apresentam sistemas de controle que empregam a técnica de histerese para
sistemas trifásicos a três e quatro fios.
Esta técnica de controle emprega bandas de histerese, que são definidas por limites
superiores e inferiores tendo como referência a variável de controle, no caso do filtro ativo a
corrente do sistema elétrico ou do próprio filtro. A Figura 4-5 ilustra a banda de histerese com a
sua respectiva referência.
A corrente que servirá de referência é comparada com os limites da banda de histerese,
com o objetivo principal de acionar as chaves semicondutoras do filtro ativo e manter a corrente
desejada.
Figura 4-5 Banda de histerese com valores em p.u
A Figura 4-6 ilustra um sistema de controle por histerese aplicado a um sistema elétrico
trifásico a três fios. O sinal de erro em cada fase (EA, EB e EC) é gerado pela comparação entre
o valor de referência (set point criado pelo sistema de geração de referências REF A, REF B e
REC C) e o valor medido pelo sensor de corrente (IFA, IFB e IFC). Se o valor do erro atingir os
limites da banda de histerese, um sinal de controle é gerado pelos comparadores por histerese.
88
Este sinal de controle é na verdade um sinal de liga e desliga que é enviado para as chaves
semicondutoras, provocando a alteração dinâmica da corrente de controle e manutenção da
mesma dentro da faixa de tolerância.
Figura 4-6 Sistema de controle por histerese aplicado num circuito trifásico
Normalmente a ação de controle atinge nível alto quando o sinal de erro atinge a
referência inferior, permanecendo neste patamar até que o erro retorne a parte interna da banda de
histerese, neste instante a ação de controle atinge o nível baixo. Quando o sinal de erro supera o
limite superior a ação de controle é de nível baixo, até que o erro retorne a parte interna da banda
de histerese. A Figura 4-7 ilustra a ação de controle de acordo com o sinal de erro e a banda de
histerese.
Figura 4-7 Sinal modulado pela comparação com as bandas de histerese
+
+
+
-
-
-
SISTEMA
CONVERSOR
EB
EA
EC
REF A
REF B
REF C
IF C
IF B
IF A
COMPARADORES
POR HISTERESE
+
+
+
-
-
-
SISTEMA
CONVERSOR
EB
EA
EC
REF A
REF B
REF C
IF C
IF B
IF A
COMPARADORES
POR HISTERESE
89
Pode-se concluir que a freqüência de comutação das chaves semicondutoras depende da
velocidade com que o erro comuta de um estado de comparação para outro. Desta maneira a
freqüência de comutação não é constante e depende da velocidade com que o sinal de erro atinge
os limites estabelecidos pela banda de histerese.
A freqüência de chaveamento dependerá dos seguintes fatores: largura da banda de
histerese, parâmetros do filtro de saída, carga conectada ao filtro, tensão da rede e do barramento
CC.
Uma atenção especial deve ser evidenciada para a freqüência de chaveamento, pois a
elevação desta freqüência pode causar os seguintes problemas:
- Aumento da distorção harmônica das correntes de CA de maneira praticamente linear;
- Aumento proporcional das perdas de comutação das chaves semicondutoras diminuindo o
rendimento do filtro ativo;
- Aumento da geração de interferência eletromagnética.
4.2.2 Controle Linear Com Regulação por Valores Médios Instantâneos
O sistema de controle de correntes utilizando regulação por valores médios instantâneos
apresenta várias vantagens sobre o controle por histerese.
A freqüência de chaveamento é fixa, pois o inversor de tensão normalmente é acionado
por um algoritmo que emprega modulação com freqüência constante, além disso, a sua
implementação em processamento digital de sinais é mais simples e não requer altas freqüências
de amostragem.
O controle consiste na comparação da corrente de referência com a corrente de
sensoriamento gerando um sinal de erro que será processado pelo controlador de corrente.
Normalmente neste controle de corrente é empregado um controlador regulador linear do
tipo proporcional e integral. A partir do cálculo da ação de controle processado sobre o sinal de
erro, o sinal de saída é comparado com um sinal portador (normalmente um sinal triangular com
a freqüência constante) gerando as ordens de comando para as chaves semicondutoras. A Figura
4-8 ilustra o processo descrito.
90
Figura 4-8 Diagrama de blocos do controle linear por valores médios instantâneos
As variáveis apresentadas na Figura 4-8 são:
- V: Fonte de Tensão Senoidal;
- IS: Corrente da Fonte;
- IL: Corrente da Carga;
- IF: Corrente do Filtro;
- Iref: Corrente de Referência;
- Vtri: Sinal Portador Triangular.
A freqüência de comutação é constante e definida pela freqüência do sinal triangular
(Vtri).
Empregando esta técnica a freqüência de comutação é constante, no entanto a ondulação
de corrente de saída do filtro (no indutor de conexão com o sistema elétrico) é variável. Desta
maneira é de suma importância determinar estas ondulações de corrente máxima e mínima.
Dependendo do número de níveis de tensão do conversor a ondulação de corrente varia de
maneira distinta num determinado período. Também deve-se ter o cuidado de posicionar
corretamente os pólos e zeros da malha de corrente, de maneira que a freqüência de cruzamento
de ganho da função de transferência em malha aberta fique em torno de 25% da freqüência de
comutação. Apesar deste problema dinâmico para sintonia do controlador, a utilização do
Controle
Iref
V
L
Carga
IS
IF
IL
C
Vf
+
-
Vtri
91
controle linear por valores médios instantâneos torna o projeto dos componentes magnéticos do
filtro ativo mais simples.
Pode-se notar que a malha de corrente do filtro ativo deve ser rápida o suficiente para
cumprir os requisitos acima descritos e para que possa gerar os componentes harmônicos
desejados.
4.2.2.1 Detalhando a Malha de Controle de Corrente
A Figura 4-9 apresenta o diagrama de blocos representativo da malha de controle de
corrente de um filtro ativo paralelo de potência.
Figura 4-9 Diagrama de blocos da malha de controle de corrente
A malha de controle de corrente é composta dos seguintes elementos físicos:
compensador (controlador), modulador PWM o conversor de tensão VSI e o sensor de
realimentação da corrente controlada.
Os blocos representam as funções de transferência de cada elemento no domínio S de
Laplace:
- Ci(S): Função de Transferência do Controlador de Corrente;
- K
PWM
: Função de Transferência do Modulador PWM –Ganho;
- Gi(S): Função de Transferência do Conversor VSI na razão cíclica adotada;
- Ki(S): Função de Transferência do Sensor de Corrente.
Ci(S)
K
PWM
Gi(S)
Ki(S)
Erro
VAcionamento
Vcontrol
Corrente
Controlada
Isensor
Iref
Controlador
+
-
Sensor
PWM
VSI
Ci(S)
K
PWM
Gi(S)
Ki(S)
Erro
VAcionamento
Vcontrol
Corrente
Controlada
Isensor
Iref
Controlador
+
-
Sensor
PWM
VSI
92
Como já foi discutido a corrente de referência normalmente é gerada pelo sistema
dedicado a esta função, no entanto é importante discutir como a malha de tensão influencia de
maneira fundamental em todo o sistema de controle de corrente.
Normalmente, nos sistemas de controle de corrente, a malha de tensão fornece
componentes para incrementar ou atenuar os sinais de referência geralmente o sinal de saída da
malha de tensão é multiplicado pelo sinal de referência, gerando como resultado a referência de
entrada para a malha de corrente. A Figura 4-10 ilustra a interação entre as malhas de controle.
Figura 4-10 Incremento da referência pelo controle de tensão
A tensão no barramento CC que depende diretamente do fluxo de corrente pelo conversor
é subtraída da tensão de referência e processada pelo controle de tensão. O sinal de saída do
controle de tensão amplifica ou atenua o sinal de referência, denotando assim a intensidade da
CONTROLADOR
DE TENSÃO
CONTROLADOR
DE CORRENTE
L
C
VREF
VI
IREF
ERRO
I FONTE
I CARGA
I FILTRO
CONTROLADOR
DE TENSÃO
CONTROLADOR
DE CORRENTE
L
C
VREF
VI
IREF
ERRO
I FONTE
I CARGA
I FILTRO
CONTROLADOR
DE TENSÃO
CONTROLADOR
DE CORRENTE
L
C
VREF
VI
IREF
ERRO
I FONTE
I CARGA
I FILTRO
93
corrente requisitada pelo filtro para compensação da corrente de carga. Este sinal é a referência
de entrada para a malha de corrente.
Um diagrama de blocos envolvendo a integração entre as malhas de tensão e de corrente é
ilustrado na Figura 4-11.
Figura 4-11 Integração entre as malhas de tensão e de corrente de um FAP
Os blocos representam as funções de transferência de cada elemento no domínio S de
Laplace:
- Ci(S): Função de Transferência do Controlador de Corrente;
- K
PWM
: Função de Transferência do Modulador PWM –Ganho;
- Gi(S): Função de Transferência do Conversor VSI na razão cíclica adotada;
- Ki(S): Função de Transferência do Sensor de Corrente;
- Km: Ganho Multiplicador;
- FTMFi: Função de Transferência de Malha Fechada da Corrente;
- Gv(S): Função de Transferência da Tensão pela Corrente do Conversor;
- Kv: Ganho do amostrador de tensão;
- Cv(S): Função de Transferência do Compensador de Tensão.
Ci(S)
K
PWM
Gi(S)
Ki(S)
Er r o
VAcion
Vcontrol
Corrente
Controlada
Isensor
Iref
Controlador I
+
-
Sensor I
PWM VSI
Gv(S)
Kv(S)Cv(S)
Malha de Corrente
Iref
Km
Vo
Amostrador V
Vccref
Controlador V
Sensor V
Malha de Tensão
-
+
Ci(S)
K
PWM
Gi(S)
Ki(S)
Er r o
VAcion
Vcontrol
Corrente
Controlada
Isensor
Iref
Controlador I
+
-
Sensor I
PWM VSI
Gv(S)
Kv(S)Cv(S)
Malha de Corrente
Iref
Km
Vo
Amostrador V
Vccref
Controlador V
Sensor V
Malha de Tensão
-
+
94
Um sistema de controle com reguladores lineares aplicado num sistema trifásico a três
fios é apresentado na Figura 4-12. Nesse controlador são utilizados reguladores proporcionais e
integrais (PI) para minimizar os erros. Os reguladores atuam sobre o modulador de largura de
pulsos através dos sinais de referência de tensão que determinam a tensão fornecida pelo inversor
aos indutores de acoplamento. Observa-se também a contribuição da malha de controle de tensão
na geração de referências.
Diferentes tipos de reguladores podem ser utilizados em substituição aos reguladores PI
do controlador de corrente. O estudo para emprego de compensadores para controladores de
corrente é um assunto a parte cujo campo de pesquisa é vasto. Um dos segredos para obtenção de
sucesso no desempenho do filtro ativo de potência é a correta implementação e otimização das
ações de controle deste componente. Os reguladores proporcionais e integrais podem não ser
suficientes para atender exigências de precisão de controle, resposta dinâmica e estabilidade.
Figura 4-12 Controlador de correntes com reguladores lineares num sistema trifásico
Diversas técnicas de modulação de largura de pulsos podem ser empregadas. Em (VAN
DER BROECK, SKUDELNY e STANKE, 1998) encontra-se a técnica de modulação de largura
PI
PI
PI
Modulador
de Largura
de Pulsos
IA
IB
IC
Correntes de
Compensação
Medidas
Correntes de
Compensação
Calculadas
Controle de
Tensão
Controle de
Tensão
+
x
+
+
-
-
-
x
x
Geração de
Erros
PI
PI
PI
Modulador
de Largura
de Pulsos
IA
IB
IC
Correntes de
Compensação
Medidas
Correntes de
Compensação
Calculadas
Controle de
Tensão
Controle de
Tensão
+
x
+
+
-
-
-
x
x
Geração de
Erros
95
de pulsos com vetores espaciais, que podem ser empregados normalmente em processadores
digitais de sinais. Também existem pequenas variações nos sistemas de controle para adaptação
do sistema elétrico utilizado, por exemplo, sistema trifásico a três ou quatro fios.
4.2.3 Controle de Tensão no Barramento CC (Malha de Tensão)
O controle de tensão é responsável pela manutenção da tensão constante no barramento
CC do filtro ativo. O controlador de tensão atua na amplitude da corrente de referência do filtro
(Figura 4-10) determinando o fluxo de potência no sistema e no filtro ativo.
Desta maneira pode-se controlar a tensão no barramento CC do filtro ativo uma vez que a
tensão se mantém constante quando o fluxo de potência ativa no filtro é nulo, processando apenas
a potência reativa.
A malha de controle de tensão deve ser bastante lenta, pois atua diretamente na amplitude
da corrente drenada da rede, se a malha de tensão for rápida trará picos de corrente de diferentes
amplitudes e distorções na corrente de referência. Pode-se concluir que uma velocidade elevada
da malha de controle de tensão pode provocar a instabilidade do controle global do filtro ativo.
A Figura 4-13 apresenta o diagrama de blocos do controle de tensão de um filtro ativo
paralelo.
Figura 4-13 Diagrama de blocos do sistema de controle de tensão do filtro ativo
Pode-se observar que a malha de controle de tensão possui como elemento constituinte o
sistema de controle de corrente em malha fechada. Normalmente a função de transferência da
malha de corrente pode ser representada pelo ganho Ki desta malha devido a diferença de
velocidade entre ambas. Os elementos que constituem a malha de tensão são:
Corrente
Controlada
Iref
Gv(S)
Kv(S)Cv(S)
Iref
Km
Vo
Amostrador V
Vccref
Controlador V
Sensor V
-
+
FTMFi(S)
Corrente
Controlada
Iref
Gv(S)
Kv(S)Cv(S)
Iref
Km
Vo
Amostrador V
Vccref
Controlador V
Sensor V
-
+
FTMFi(S)
96
- Km: Ganho Multiplicador;
- FTMFi: Função de Transferência de Malha Fechada da Corrente;
- Gv(S): Função de Transferência da Tensão pela Corrente do Conversor;
- Kv: Ganho do amostrador de tensão;
- Cv(S): Função de Transferência do Compensador de Tensão.
É realizada a amostragem da tensão no barramento CC do conversor VSI, este valor é
tratado pelo ganho do amostrador de tensão. A diferença entre esta tensão e a tensão de referência
idealizada para o nível de tensão (que deve ser maior que o valor de pico da tensão da rede) gera
o sinal de erro de tensão. Este sinal de erro é utilizado pelo compensador de tensão, onde
normalmente é empregado um controlador PI. A ação de controle do compensador de tensão é
multiplicada pelo valor de referência parcial de corrente, gerando assim a referência de corrente
para o compensador da malha de corrente do filtro ativo. Esta modulação da corrente de
referência que é processada pelo controle de corrente altera o nível de tensão no barramento de
CC, e realimenta o sistema de controle de tensão.
A modelagem e o estudo detalhado da malha de controle de tensão não é um dos objetivos
deste trabalho. SOARES V e VERDELHO (2002) mostram os detalhes do projeto do controlador
e dos cálculos dos ganhos.
Deve-se ressaltar que o nível de tensão no barramento CC do filtro ativo deve ser superior
ao valor de pico da rede de CA. É este fato que garante a desmagnetização dos indutores de
acoplamento. Caso esta tensão seja apenas um pouco superior ao valor de pico da tensão CA, por
mais que o controle de corrente seja rápido, as correntes sintetizadas pelo filtro ativo não serão
capazes de seguir as referências do controle de corrente de maneira eficiente. Este problema
poderia ser agravado em situações onde se requer uma maior derivada de corrente solicitada pela
carga.
97
CAPÍTULO 5
5 PROJETO E EXECUÇÃO DE UM FILTRO ATIVO TRIFÁSICO
Com o objetivo de mitigar problemas de qualidade da energia em sistemas de distribuição
trifásicos de baixa tensão foi realizado o projeto e a execução de um filtro ativo trifásico paralelo
para instalação em sistemas trifásicos a quatro fios.
A definição da configuração e da estratégia de geração de referência e controle foi
idealizada tendo como base os estudos desenvolvidos nos Capítulos 4 e 5. Além disso, o filtro
ativo foi especificado com o auxílio de simulação numérica buscando delimitar o projeto ao
atendimento de circuitos de distribuição de energia em baixa tensão, com suas respectivas cargas
não lineares conectadas e detalhes inerentes.
Foi realizado projeto para execução de um protótipo de 10 kVA, para que este servisse de
base para evolução desta capacidade de potência.
Neste capítulo além dos detalhes que influenciaram a definição da topologia do filtro
ativo, são apresentadas algumas informações de projeto e resultados experimentais obtidos. Para
realização dos testes foi executada a instalação do filtro ativo compensando cargas não lineares
típicas em laboratório e também numa subestação atendendo circuitos com cargas em pleno
regime de funcionamento.
5.1 ESTUDO DA CARACTERÍSTICA DA CARGA A SER CONDICIONADA
Estabelecendo uma etapa preliminar, com o intuito de coletar dados para auxiliar nos
estudos preliminares do projeto do filtro ativo paralelo, foram realizadas medições de qualidade
da energia numa determinada carga pré-determinada, com características similares as esperadas
de um circuito de baixa tensão, que alimenta simultaneamente cargas lineares e não lineares.
O sistema elétrico que alimenta a carga determinada é trifásico a quatro fios com tensão
nominal de 220/127 V. Para realização das medições foi utilizado um equipamento analisador de
98
qualidade da energia da marca Hioki, modelo 3196 Power Quality Analyzer, durante um período
de medições de nove dias.
Foram registrados os seguintes parâmetros elétricos: tensão eficaz, corrente eficaz, fator de
potência, distorção harmônica total de tensão e corrente, freqüência, potência ativa e reativa.
As Figuras 5-1 e 5-2 apresentam respectivamente o comportamento da tensão e da
corrente eficaz, com valores individuais para as fases, durante o período de medição realizado.
Figura 5-1 Medição do valor eficaz da tensão nas três fases
Figura 5-2 Medição do valor eficaz da corrente nas três fases
99
Apesar da medição não ter sido realizada no PAC, o nível de tensão eficaz verificado está
dentro dos valores esperados em respeito a resolução 505 da Aneel.
A corrente oscilou bruscamente num período de dois dias, denotando a saída de operação
de grande parte das cargas durante o final de semana. O valor médio de medição durante o
período foi de 30 A, com valores máximos próximo de 60 A. Pode-se verificar também um
elevado desequilíbrio de corrente nas três fases, que não se reflete no desequilíbrio de tensão.
A Figura 5-3 apresenta um registro oscilográfico de uma variação súbita da corrente.
Também pode ser verificado na figura o elevado conteúdo harmônico presente no atendimento de
cargas de elevada não linearidade.
Figura 5-3 Registro oscilográfico da variação da corrente nas três fases
Durante a variação brusca de corrente apresentada na Figura 5-3, também foi registrado o
comportamento da tensão. A Figura 5-4 ilustra o registro oscilográfico da tensão.
Figura 5-4 Registro oscilográfico da variação de tensão nas três fases
100
A entrada brusca de uma carga provocou um recorte da forma de onda da tensão, com
valores inferiores a referência normal de tensão. Observando o resultado da corrente nota-se que
a deformação da tensão não interferiu na operação normal das demais cargas conectadas ao
circuito.
O fator de potência das cargas pode ser verificado na Figura 5-5. Os valores médios em
regime normal estão próximos da referência de 92%. Os valores são acentuados durante o
período onde houve redução da carga consumida na instalação. Durante este período os valores
atingiram patamares médios de 65%. Este resultado é normalmente verificado nas instalações
elétricas. Devido ao grande consumo de cargas eletrônicas, existe grande probabilidade de
manutenção destas durante o período de desconexão de um grande montante de carga linear. Em
muitas situações o baixo fator de potência acaba não representando um grande problema para a
instalação.
Figura 5-5 Fator de potência medido nas três fases
Neste caso em análise, pode-se verificar, que a diminuição do fator de potência está
correlacionado, com o aumento da distorção harmônica de corrente. A Figura 5-6 ilustra esta
afirmação.
101
Figura 5-6 Medição da distorção harmônica total de corrente nas três fases
De acordo com os valores medidos verifica-se que durante a redução do patamar de carga
consumida na instalação, permaneceram conectadas cargas de elevada não linearidade. A DHTI
atingiu valores de 80%. Este valor de elevada distorção harmônica de corrente contribui
diretamente para a redução do fator de potência.
A DHTV sofre a influência normal da corrente não linear da carga e também do sistema
elétrico. A Figura 5-7 apresenta o resultado da medição.
Figura 5-7 Medição de distorção harmônica total de tensão nas três fases
102
Os valores de DHTV medidos são considerados normais. Em nenhum momento a
integralização da medição indicou valor superior a 5%, lembrando que a medição não foi
realizada no PAC.
Os valores de potência verificados são ilustrados nas Figuras 5-8 e 5-9. Verifica-se que o
desempenho de consumo da potência ativa é distinto da potência reativa.
Com relação a potência houve redução da potência ativa proporcional a redução de carga,
a redução da potência reativa foi atenuada. Isso pode ser explicado em função da elevação
acentuada da distorção harmônica das correntes nas três fases, para o período em questão, como
foi apresentado na Figura 5-6, exigindo do sistema de alimentação maior consumo de energia
reativa, com a respectiva redução do fator de potência.
Figura 5-8 Potência ativa medida nas três fases
Figura 5-9 Potência reativa medida nas três fases
103
Apenas para ilustrar a Figura 5-10 apresenta um registro oscilografado de valores
instantâneos de tensão e corrente. Pode-se notar a elevada distorção de corrente em duas das
fases, com deslocamento angular em relação a tensão.
Figura 5-10 Medição de tensão e corrente instantâneas nas três fases
5.2 DEFINIÇÃO DA TOPOLOGIA DO CONVERSOR
Nesta seção serão apresentados os detalhes que levaram a definição da topologia
especificada para utilização no filtro ativo trifásico paralelo.
5.2.1 Simulações com o Conversor Bidirecional
De acordo com a pesquisa realizada e detalhada no Capítulo 4, o ponto de partida é a
utilização de inversores por fonte de Tensão (VSI), com a topologia de um conversor estático
boost bidirecional, pois são os equipamentos mais indicados para utilização em filtros ativos
paralelos.
104
Os primeiros estudos realizados partiram da utilização de um conversor para aplicação em
sistemas trifásicos a três fios, similar a topologia de conversores utilizados para controle de
velocidade de motores elétricos de indução conforme ilustra a Figura 5-11.
Para execução das simulações foi utilizado o software PSIM versão 6.0 da Powersim.
Figura 5-11 Ponto de partida para definição do conversor
Para um filtro ativo paralelo operar, o mesmo deve ser capaz de injetar corrente nas três
fases no PAC, assim como drenar corrente para a carga do banco capacitivo, pois a estrutura do
conversor é bidirecional.
O objetivo preliminar é avaliar a capacidade de injeção de corrente pelo conversor
bidirecional em duas situações críticas, tendo como referência de controle sinais de ondas
senoidais e quadradas. Para facilitar a análise o banco de capacitores foi substituído por uma
fonte de tensão CC.
A fonte de alimentação CA do sistema elétrico também está ausente. Pois pretende-se
apenas avaliar a capacidade de injeção de corrente pelo conversor.
A Figura 5-11 apresenta um bloco denominado de “S1” integrado ao controle digital DSP,
este é na verdade o circuito que realizará o controle das ações sobre o conversor. Este circuito
105
recebe as medidas da corrente injetadas pelo filtro e compara com a referência pré-especificada,
gerando assim a ação de controle. A Figura 5-12 apresenta com detalhes o circuito utilizado.
Figura 5-12 Controlador utilizado nas simulações iniciais
Neste controle foram utilizados compensadores PI para proporcionar maior dinâmica na
ação de controle. As referências passam por um bloco segurador de ordem zero (ZOH) utilizado
como primeiro estágio de controle digital, após a modulação de ganho é comparado com a
corrente de saída do filtro medida. Esta comparação gera um sinal de erro que é utilizado pelo
compensador PI, que gera outro sinal que será comparado pela portadora triangular, produzindo
assim o sinal modulado de acionamento das chaves semicondutoras, empregando PWM. Desta
maneira são injetadas nas três fases correntes de referência senoidal. A Figura 5-13 ilustra as
correntes nas três fases injetada pelo filtro ativo paralelo.
106
Figura 5-13 Correntes na entrada do conversor bidirecional-referências senoidais de igual valor
Quando a referência constituída de fontes de tensão senoidais é substituída por fontes
quadradas percebe-se que o circuito eletrônico não consegue sintetizar a forma de onda de
corrente desejada. A Figura 5-14 ilustra este comportamento.
Figura 5-14 Correntes na entrada do conversor bidirecional-referências quadradas e de igual valor
Esta configuração empregada no conversor não consegue injetar corrente quadrada
conforme a referência, pois de acordo com a série de Fourier seria necessária a injeção de vários
componentes harmônicos distintos, para que a somatória gerasse como resultado a forma de onda
quadrada. Como o conversor bidirecional empregado é a três fios, não existe caminho para
107
circulação da corrente de seqüência zero (3ª, 9ª, 15ª harmônicas de corrente, etc) pelo sistema
elétrico, desta maneira a forma de onda quadrada não pode ser sintetizada.
No caso de conexão com o sistema elétrico de distribuição de energia em baixa tensão,
deve ser considerado a disponibilidade do condutor neutro, ou quarto fio na maioria dos sistemas.
A conexão deste condutor neutro faz com que haja um caminho elétrico para circulação das
correntes de seqüência zero.
5.2.2 A Configuração com o Split Capacitor
Uma das alternativas diante da restrição da utilização da configuração do conversor
bidirecional a três fios para a circulação de corrente de seqüência zero é a divisão do banco
capacitivo do barramento CC em duas partes, e partir com um condutor neutro do ponto central,
conectando o mesmo ao condutor neutro do sistema elétrico. Denomina-se esta configuração de
Split Capacitor (conforme classificado no Capítulo 3). Desta forma, é possível compensar os
componentes harmônicos de seqüência positiva, negativa e zero.
A Figura 5-15 apresenta o conversor com a configuração em Split Capacitor em análise.
Figura 5-15 Conversor com topologia Split Capacitor
Ifa-Ifb-Ifc
ta-tb-tc
Controle Digital -DSPIfa-Ifb-Ifc
ta-tb-tc
Controle Digital -DSPIfa-Ifb-Ifc
ta-tb-tc
Controle Digital -DSP
108
A principal desvantagem da utilização da configuração Split Capacitor é a dificuldade de
equalização de tensão no banco de capacitores, pois o mesmo exige uma divisão igualitária de
tensão para a sua perfeita operação. Caso contrário haverá desbalanço de tensão e o banco de
capacitores deixará de operar satisfatoriamente. Além disso, as correntes de neutro são drenadas
ou injetadas diretamente nos capacitores, o que requer elevados valores de capacitâncias. Outra
desvantagem desse conversor, quando usado com o condutor neutro, é a pobre utilização da
tensão no barramento de tensão contínua (IEEE Working Group, 1990).
O resultado da simulação das correntes injetadas pelo filtro ativo, tendo como referência
uma fonte de tensão quadrada é apresentado na figura 5-16.
Figura 5-16 Corrente na entrada do conversor Split Capacitor com referência quadrada
Uma corrente quadrada com valor de pico de 50 A é sintetizada pelo circuito. Nota-se que
a derivada de corrente tanto na subida quanto na descida da onda quadrada é muito expressiva,
proporcionando dificuldade para o sistema de controle sintetizar a corrente necessária. Desta
maneira é possível identificar deformações e a dificuldade de resposta do circuito frente ao valor
de referência. Esta situação é considerada normal e possível de ser equacionada, pois se faz
necessário encontrar um ponto médio de operação. Não é possível alcançar a compensação de
todas as derivadas de corrente e simultaneamente armazenar energia nos indutores. Outro aspecto
importante é a corrente de saída da fonte de CC, pois apresenta um ripple elevado comparado a
109
outras configurações. Este valor de oscilação elevado proporciona um desgaste maior para o
banco de capacitores.
Esta oscilação também representa uma perda maior nas chaves semicondutoras, exigindo
uma verificação detalhada da especificação destas chaves. A Figura 5-17 apresenta o aspecto da
corrente de saída da fonte de tensão CC.
Figura 5-17 Corrente de saída do conversor Split-Capacitor-referências quadradas e de igual valor
A topologia Split Capacitor permite que haja circulação da corrente de seqüência zero, o
que pode ser verificado pela medição da corrente de neutro do sistema. A Figura 5-18 apresenta a
corrente de neutro que é a soma vetorial da corrente nas três fases. O baixo valor de amplitude é
justificado, pelo fato do sinal referente a medição de corrente de neutro ter sido aquisitado da
saída do sensor de corrente e já ter sido considerado o ganho do sensor.
Figura 5-18 Corrente de neutro do conversor com Split-Capacitor-referências quadradas
110
A corrente de 3ª harmônica, que é de seqüência zero, circula pelo neutro e sua freqüência
é de 180 Hz. Quando se utiliza um sistema a três fios, não se consegue corrigir o problema de
circulação da corrente de seqüência zero, mesmo se o sistema não a introduzir, a carga pode
inseri-la.
5.2.3 A Definição do Quarto Braço do Conversor
Diante das dificuldades expostas para controlar a tensão num banco de capacitores
dividido (Split Capacitor), foi estudada uma alternativa através da inclusão de mais um “ramo”
ou “braço” no conversor bidirecional.
Esta técnica aumenta a estabilidade de controle sobre as malhas de tensão e de corrente e
também aumenta a confiabilidade do sistema, permitindo que haja controle integral sobre as
correntes sintetizadas injetadas e drenadas pelo sistema elétrico. A Figura 5-19 apresenta o
circuito elétrico do conversor com quatro ramos.
Figura 5-19 Topologia conversor bidirecional com 4 ramos de potência
111
A Figura 5-20 apresenta o resultado obtido utilizando esta configuração para injeção de
correntes senoidais pelo filtro ativo. Pode-se notar a corrente nas três fases equilibradas com
valor de pico de 50 A.
Figura 5-20 Corrente na entrada do conversor com 4 ramos de potência- referências senoidais
Neste caso devido ao equilíbrio das correntes não existe corrente de neutro. No entanto
deve-se ressaltar que o ripple da corrente de saída do elo CC sofreu redução drástica em relação
às outras topologias testadas, totalizando aproximadamente 50% do ripple.
A Figura 5-21 ilustra a corrente de saída do barramento de CC, nesta configuração.
Figura 5-21 Corrente de saída do conversor com 4 ramos de potência-referências senoidais
112
Como já foi discutido esta redução no ripple é benéfica, pois evita desgastes com o banco
de capacitores e aumenta o rendimento do filtro.
Com a adoção de referência com forma de onda quadrada o resultado da injeção de
corrente pelo filtro com conversor de quatro ramos de potência pode ser verificado na Figura 5-
22.
Figura 5-22 Corrente na entrada do conversor com 4 ramos de potência-referências quadradas
Pode-se notar que o conversor sintetiza as correntes quadradas denotadas pela referência.
Novamente observa-se a dificuldade do conversor atuar sobre as elevadas derivadas de corrente
na subida e na descida, as quais o conversor não tem capacidade de atender sem perder
desempenho.
A corrente de neutro é apresentada na Figura 5-23. Como era esperado esta configuração
também proporciona a circulação de corrente de seqüência zero.
113
Figura 5-23 Corrente de neutro do conversor com 4 ramos de potência-referências quadradas
Pode-se concluir que o conversor bidirecional com quatro ramos de potência apresentou
desempenho adequado diante de situações críticas.
Estes conversores de quatro braços são menos conhecidos, porém tem sido apontados
como a topologia mais apropriada para aplicações em sistemas trifásicos desequilibrados. Um
braço exclusivo para o condutor neutro torna possível o controle independente da corrente de
neutro fornecida pelo conversor.
A técnica de controle proporcional e integral baseia-se na busca de um erro padrão a ser
seguido. Desta maneira este valor de erro será periódico e será comparado a um sinal triangular,
para que esta comparação gere o sinal PWM, que será enviado as chaves semicondutoras.
O sinal de correção na saída do controlador PI da fase A pode ser verificado na Figura 5-
24. Nota-se que durante o processo de sintetização de uma forma de onda quadrada o sinal de
controle sofreu saturação, no instante que envolvia elevadas derivadas de corrente e
conseqüentemente, elevados erros instantâneos. Este valor de saturação pode ser alterado, porém
o desempenho do controlador também será afetado, neste caso o conversor pode não atuar
corretamente.
114
Figura 5-24 Sinal de erro da saída do controlador PI da fase A conversor com 4 ramos de potência
Os parâmetros utilizados para as simulações foram:
Tensão de barramento: 400V;
Indutor L
conv
:
2 mH;
Freqüência de chaveamento: 12 kHz;
Corrente máxima:
50 Ampères;
Banda passante: 1 kHz;
Margem de fase: 70º.
A princípio, o conversor bidirecional de quatro ramos de potência seria capaz de
compensar níveis de distorção harmônica de corrente, para cargas distintas, em valores abaixo de
10%, segundo a norma IEC 61000-3-4.
Os ganhos do controlador PI e os demais componentes de potência serão calculados
oportunamente, nesta seção foram utilizados valores padrões apenas para realização de testes.
O valor da freqüência de chaveamento de 12 kHz utilizado na simulação é considerado
baixo, em termos de chaveamento de potência em alta freqüência, por se tratar de um elevado
volume de potência a ser processada.
115
5.3 SISTEMA DE GERAÇÃO DE REFERÊNCIAS
No Capítulo 4 foram discutidos detalhadamente dois métodos de geração de referências.
O método baseado no PLL e a Teoria de Potência Instantânea. Para simulação e emprego no
protótipo do FAP, foi adotado o método de Phase Locked Loop por ser de mais fácil execução,
proporcionar um desempenho adequado, apesar da impossibilidade de compensação individual
dos parâmetros elétricos.
5.3.1 Phase Locked Loop
Como já foi diversas vezes discutido, o sistema de geração de referências é tão importante
quanto o sistema de controle e sensoriamento.
A adoção do sinal de referência senoidal, a partir da coleta direta do sistema elétrico
acrescenta um problema, pois os sinais de tensão das fontes de alimentação das concessionárias
possuem distorções e sofrem variações de acordo com horário e carregamento do sistema. Estas
distorções são levadas para o processamento do controle e posteriormente são transformadas em
sinal PWM. Este processo gera um sinal em fase com a fonte de alimentação, porém tão
distorcido como a mesma.
Também deve ser levado em consideração o desequilíbrio das tensões, tanto em módulo
quanto em ângulo. Da mesma maneira, esta referência desequilibrada para a corrente sintetizada
fará com que o desequilíbrio de tensão do sistema aumente ainda mais. Dependendo do ponto de
conexão este processo pode ser levado à instabilidade.
A Figura 5-25 ilustra três fases com tensões desequilibradas utilizadas como referência.
116
Figura 5-25 Sinal das três fases dentro do controle digital (desequilíbrio e distorção)
A alternativa escolhida para solucionar este problema é a adoção do PLL, que é uma
forma de gerar três sinais senoidais com qualquer defasagem, que para sistemas elétricos
equilibrados seria de 120º de forma matemática, ou seja, uma senóide pura (apenas com a sua
componente fundamental), e também sincronizada com as três fases de alimentação do sistema
elétrico. O PLL nada mais é do que um algoritmo dentro do programa do controle digital, ou seja,
será executado pelo próprio DSP, sem a inclusão de nenhum outro hardware. O resultado gerado
pela função PLL é mostrado na Figura 6-24, em comparação com os sinais distorcidos de entrada.
Figura 5-26 Comparação entre os sinais de referência distorcidos e desequilibrados e o PLL
117
Claramente nota-se que os sinais do PLL estão diferentes dos de entrada, o que propicia
injeção de correntes de acordo com os sinais de saída do PLL, perfeitamente senoidais.
Além da resolução de problemas com a distorção da referência, o PLL também pode ser
utilizado como referência de sinais equilibrados, para sintetizar o equilíbrio de corrente visto pelo
sistema elétrico.
A função de equilíbrio acaba sendo inerente ao sistema de controle referenciado pelo
PLL. Caso não se desejasse realizar a função de equilíbrio, o sistema de controle deveria ser
reprojetado, aumentando sua complexidade e tornando mais susceptível a oscilações na rede.
A realização da função equilíbrio causa a impressão de que o conversor está consumindo
potência ativa, o que não é verdade, o que está acontecendo é apenas o rearranjo de potência, ou
seja, faz-se circular potência entre as fases de forma a criar artificialmente o equilíbrio da carga
visto pelo sistema elétrico. Pode-se concluir que o equilíbrio não consome potência ativa, no
entanto, devem ser consideradas as perdas por chaveamento, condução, perdas magnéticas nos
núcleos e outras de pequena importância, que ocorrem em função da geração do equilíbrio entre
as correntes das três fases.
5.4 ESTRATÉGIA DE CONTROLE
Nesta seção serão apresentados detalhes sobre a estratégia de controle escolhida para
utilização no protótipo para o FAP. No Capítulo 4, foram discutidas detalhadamente algumas das
principais estratégias de controle utilizadas para filtragem ativa.
O método utilizado é o controle linear através de valores médios instantâneos, aplicados
através de compensadores PI, com algumas variações que serão detalhadas nesta seção.
5.4.1 Topologia de Controle Adotada
Em se tratando de estratégia de controle é importante definir preliminarmente a
configuração de sensoriamento adotada. Conforme discussão realizada no capítulo 3, existem
duas alternativas potenciais: monitoramento apenas da corrente no sistema elétrico, ou o
118
monitoramento da corrente de carga e da corrente do filtro, simultaneamente. Tecnicamente as
duas soluções são viáveis.
Apesar da monitoração apenas da corrente de rede ter sido testada e ter apresentado
resultados satisfatórios (além de ser uma solução de menor custo), foi decidido aplicar o
monitoramento da corrente de saída do filtro e da carga, simultaneamente. Esta solução foi
adotada, pois permite a implementação da função de proteção no próprio sistema de controle do
filtro ativo, além de proporcionar maior oportunidade de desenvolvimento de funções agregadas e
avançadas de controle.
A Figura 5.27 apresenta a topologia de potência completa do filtro ativo, incluindo o
sistema de sensoriamento. Pode-se notar a monitoração das correntes na carga Ila, Ilb, e Ilc, e a
monitoração das correntes no filtro Ifa, Ifb, Ifc e Ifn. A corrente de neutro da carga é obtida
matematicamente.
Figura 5-27 Topologia de potência completa do filtro ativo
119
O sistema de controle adotado para essa topologia é o controle linear com regulação por
valores médios instantâneos. A compensação principal é executada por um controlador do tipo
PI, que atua em conjunto com um modulador por largura de pulsos. Esta estratégia de controle foi
adotada por ter apresentado bom desempenho, ser mais simples de aplicar e principalmente pelo
regime de trabalho constante da freqüência de acionamento das chaves semicondutoras. Esta
compensação é baseada na síntese de correntes senoidais, equilibradas e em fase com as tensões
fundamentais da fonte, que proporcionará uma corrente no PAC com baixa distorção harmônica,
elevado fator de potência e a minimização da corrente de neutro.
A Figura 5-28 mostra o esquema simplificado da malha de controle de correntes.
Rigorosamente cada um dos reguladores proporcionais e integrais recebe o nome de controlador,
no entanto será dado ao sistema completo o nome de controlador de correntes.
Figura 5-28 Controlador de correntes do filtro ativo.
No esquema da Figura 5-28 existem quatro controladores PI que geram referências de
corrente para um modulador de largura de pulsos. Este, por sua vez, gera os pulsos de
acionamento do inversor utilizado para a síntese das correntes de compensação. Os sinais de
tensão são gerados pelos controladores PI com base nos erros entre as correntes de referência e as
correntes medidas.
PI
PI
PI
Modulador
de Largura
de Pulsos
IA
IB
IC
Correntes de
Compensação
Medidas
+
+
+
-
-
-
Geração de
Erros
PI
-
+
Geração de
Referências
IN
ICa
ICb
ICc
ICn
ea
eb
ec
en
ua
ub
uc
un
Pulsos de
Acionamento
S1-S8
PI
PI
PI
Modulador
de Largura
de Pulsos
IA
IB
IC
Correntes de
Compensação
Medidas
+
+
+
-
-
-
Geração de
Erros
PI
-
+
Geração de
Referências
IN
ICa
ICb
ICc
ICn
ea
eb
ec
en
ua
ub
uc
un
Pulsos de
Acionamento
S1-S8
120
Estes sinais são aplicados aos interruptores do conversor, neste caso, transistores IGBT. O
sistema opera em malha fechada procurando fazer com que as correntes nos indutores sejam o
mais próximo possível das correntes de referência. Os controladores PI operam no sentido de
minimizar os erros entre as referências e as correntes efetivamente sintetizadas nos indutores.
Neste trabalho o controle do filtro foi implementado digitalmente no processador DSP
TMS320F2812, fabricado pela Texas Instruments. A Figura 5-29 apresenta estratégia de controle
mais detalhada implementada no DSP.
A estratégia de controle deve sintetizar uma corrente na saída do filtro, que assegure uma
baixa distorção na corrente no PAC, considerando que a corrente na carga possua distorção de até
50%. Para manter alto fator de potência, o sinal de tensão no PAC é utilizado como referência.
A Figura 5-29 apresenta o sistema de controle completo utilizado no filtro ativo, incluindo
além da malha de controle de corrente discutida, a malha de tensão, que fundamentalmente
modula a intensidade de corrente de saída do filtro, garantindo o balanço de potência no sistema.
Figura 5-29 Sistema de controle para o filtro ativo a 4 fios
121
A partir dos valores de referência obtidos da aquisição de corrente na carga e na saída do
filtro, além do sistema PLL que recebe o sinal de tensão nas três fases e efetua o processamento
(observa-se um bloco denominado PLL na figura), é possível dividir o sistema de controle em
cinco estágios.
O primeiro estágio é a contribuição da malha de controle de tensão sobre a malha de
corrente. Pode-se notar que existe também um controle PI mais lento para a malha de tensão, que
é comparado a um valor de referência de tensão idealizado. O valor unitário desta saída indica
que o sistema está em equilíbrio, caso contrário este sinal atua multiplicando os sinais senoidais
do PLL, gerando o primeiro elemento para comparação.
O segundo estágio é realizado através da subtração do sinal descrito no primeiro estágio
(senoidal modulado) com a corrente medida na carga, esta diferença é o sinal que o filtro ativo
deve seguir, ou seja, é a sua referência.
O terceiro estágio é caracterizado pela comparação entre o sinal descrito no segundo
estágio e a corrente medida na saída do filtro, gerando um sinal de erro.
O quarto estágio corresponde ao processamento do sinal de erro através de um
controlador PI, e um controle antecipatório (descrito no item 5.4.2). Este sinal passa por um
elemento de saturação.
No quinto e último estágio o sinal gerado pelo quarto estágio é comparado com um sinal,
triangular com freqüência de 12 kHz, cuja saída gera os disparos para as oito chaves que
sintetizam as correntes nas três fases e no neutro.
5.4.2 Controle Feedforward
O controle feedforward (FFD) tem como principal característica o efeito de antecipação
da ação de controle. Enquanto o controle feedback (com realimentação simples) atua sobre o
efeito de uma perturbação, o controle feedforward responde diretamente as perturbações,
proporcionando um controle antecipatório.
A aplicação desta metodologia de controle na malha de corrente do filtro ativo é
caracterizada pela soma do sinal de saída do PLL com o sinal de saída do controle PI, para cada
fase, menos o neutro. A Figura 5-30 ilustra o controle citado.
122
Figura 5-30 Detalhe do controle feedforward
Esta ação de controle faz com que o sistema de controle possa responder de forma mais
rápida, pois leva um sinal da entrada para a saída sem a passagem pelo controle PI. O controle
feedforward auxilia no alívio do controlador PI durante o regime de operação.
Este sistema de controle, também permite maior dinâmica no controle de sinais de
pequena amplitude, exatamente em função da soma com o sinal do PLL.
5.4.3 Controle de Tensão no Barramento de C.C
Durante simulações realizadas, verificou-se que o sistema de controle de tensão CC, que
também é executado com compensadores PI, apresentou oscilações em regime, decorrente das
oscilações de tensão do banco de capacitores, que acabam sendo repassados para o sistema de
controle digital. Uma das alternativas para mitigação do problema de oscilação no sinal CC, deve
ser concentrado no próprio programa de controle, através da implementação de um filtro passa
baixa. Em tratando-se de controle digital, uma forma simples de introduzir um filtro passa baixa é
123
acumulando um número de amostras e depois executando a divisão do resultado pelo número
total de amostras. Para a implementação no trabalho, esse método foi denominado de “Erro VCC
Médio”. A Figura 5-31 ilustra a malha de controle de tensão com o erro VCC Médio.
Figura 5-31 Malha de tensão CC com o erro VCC médio
5.4.4 Processamento Digital de Sinais
O elemento responsável pela geração de referência, controle das malhas de tensão e
corrente, além da execução dos cálculos matemáticos inerentes e rotinas de gerenciamento é o
DSP.
Como citado anteriormente, para o projeto foi adotado o DSP da Texas Instruments,
modelo TMS320F2812. A escolha foi realizada baseada no número de entradas analógicas (16
entradas) convertidas em 12 bits. A utilização deste componente apresenta como vantagens a
programação em linguagem C, disponibilidade de acessórios e placas de conversão
analógica/digital para o acompanhamento dos sinais internos do DSP, entre outras.
124
A programação realizada no DSP deve ser executada no sentido de gerar os sinais PWM
na freqüência de 12 kHz e preparar os conversores A/D (analógico/digital) para operar
sincronizado nessa freqüência e com o período do PWM. A operação do DSP ocorre com o
comando do conversor A/D de fim de conversão e então o início da interrupção para o
processamento das informações dentro do controle digital.
A partir dessa programação dos periféricos do DSP, foi executada a programação das
malhas de controle, começando pelo condicionamento dos sinais e geração do sistema de
referências (PLL). O condicionamento de sinais é realizado com sensores e placa de
condicionamento apropriado, neste trabalho foram utilizados sensores de efeito Hall, da marca
LEM (LV-20P) e circuitos eletrônicos empregando amplificadores operacionais com alimentação
simétrica. Desta maneira foi criado um ambiente apropriado para o condicionamento do sinal
dentro da faixa segura para o DSP (0 a 3 V). Na seqüência, toda a descrição realizada sobre o
sistema de controle adotado foi programada no DSP.
Em anexo, encontra-se o programa completo em linguagem C utilizando a linguagem
IQMATH. Essa linguagem permite que se programe muito próximo do C, porém com tempo de
execução das instruções muito menor, com isso é possível otimizar a operação com ponto fixo
que o DSP possui, sem alterar a facilidade de se programar com linguagem C, e nem
comprometer o resultado de uma operação. Para efeitos de comparação, uma multiplicação em C
pode demorar até 1,33
m
s (200 ciclos de máquina) no DSP empregado; enquanto que com
IQMATH, a mesma multiplicação é realizada em apenas 47 ns (7 ciclos de máquina), e o
resultado pode ter um erro de apenas 1x10
-9
. Para o projeto, devido aos valores das constantes e
dos sinais, estará sendo operado com números entre IQ16 e IQ21, ou seja, o erro dos resultados
poderá atingir valores de até 1x10
-6
, valor ainda bastante pequeno, se considerado a magnitude
dos valores envolvidos como, por exemplo, a quantidade de reativos que se injetará ou absorverá
da rede.
Com a execução deste programa a cada ciclo de chaveamento, ou seja, a cada período de
83,333 µs, o controle digital libera as saídas de tensão das três fases (PLL) e também do sinal de
erro CC. A partir daí ação de controle é executada pelo controle PI, e o sinal de saída deste é
processado de forma a gerar o sinal de PWM injetado nas chaves semicondutoras a fim de
compor a forma de onda da corrente desejada para se obter uma corrente senoidal na entrada
(rede).
125
5.5 ANÁLISE MATEMÁTICA
A abordagem matemática contempla todos os procedimentos para implementação do
controle do conversor trifásico bidirecional de quatro ramos operando como filtro ativo de
potência.
Os requisitos principais: atenuação até a 21
a
ordem harmônica, redução da corrente de
neutro (desequilíbrio entre as fases) e redução da defasagem entre tensão e corrente nas três fases
(elevação do fator de potência) foram as principais considerações do projeto.
No filtro ativo, dois controladores PI são empregados, o controlador PI de corrente de
rápida resposta, executando compensação linear através de valores médios instantâneos e o
controlador PI do elo CC, de resposta mais lenta.
5.5.1 Tensão Desejada no Elo CC
Considerando o conversor bidirecional para cargas balanceadas, a tensão do elo CC deve
ser maior que o valor de pico da tensão de linha da rede. Desta forma, para assegurar a síntese da
corrente no filtro, a tensão no elo CC (Vdc) deve ser 3/2 maior (GANNETT et al, 2002), que o
pico da máxima tensão de fase rms, ou seja:
32
2
3
VaVdc (5.1)
Sendo:
Vdc - tensão no Elo CC;
Va – tensão eficaz na fase A.
126
5.5.2 Capacitor do Elo CC
O capacitor de elo CC é responsável por algumas funções específicas, tais como: auxiliar
no balanço de energia em condições de transitórios na carga, garantir uma elevada taxa de
variação da corrente de saída do inversor e possibilitar a circulação de correntes de seqüência
negativa pelo inversor.
No caso da topologia adotada para o inversor (quatro ramos), as correntes de seqüência
zero são manipuladas pelo quarto ramo, de forma que a tensão do capacitor do elo CC sofra
influência apenas das harmônicas e das componentes de seqüência negativa, especialmente na
freqüência fundamental.
Considerando-se que as tensões da rede trifásica sejam equilibradas e que a flutuação de
tensão CC é muito menor do que a tensão total do elo VdcVdc
<
<
, sendo Vdc o valor de pico
da ondulação de tensão CC. A parcela mais significativa desta ondulação é proporcional à
oscilação de potência no inversor, devido às correntes de seqüência negativa:
[]
[]
cc
cnegbneganegcnbnanneg
PilililvvvP
~
'* =
(5.2)
Sendo:
P
neg
- Potência de seqüência negativa;
V
an
Tensão na fase a;
V
bn
Tensão na fase b;
V
an
Tensão na fase c;
iL
aneg
Corrente de seqüência negativa na fase a;
iL
bneg
Corrente de seqüência negativa na fase b;
iL
cneg
Corrente de seqüência negativa na fase c;
P
CC
- Potência do inversor.
127
A partir da equação 5.2 é possível mostrar que a potência de seqüência negativa (P
neg
) tem
característica oscilatória em 2ϖ e pode ser escrita como:
()
φϖ
+= tIVaP
pknegneg
2cos2
2
3
_
(5.3)
Onde Ineg_pk é o valor de pico da corrente de seqüência negativa, a qual se deseja que o
filtro ativo suporte.
Portanto, a flutuação de energia pico-pico (
E
pp
) provocada pela carga, pode ser
correlacionada com o capacitor © do elo CC, conforme a seguinte equação:
()
()
VdcVdcCVdcVdcC
VdcVdcC
IVa
E
pkneg
pp
=
+=
=
2
2
1
2
1
2
23
2
2
_
ϖ
(5.4)
Desta forma, o capacitor mínimo (C
min
) para satisfazer o valor imposto para VCC, é:
VdcVdc
IVa
C
pkneg
=
ϖ
4
23
_
min
(5.5)
5.5.3 Dimensionamento dos Indutores de Acoplamento
Os indutores de acoplamento, entre o conversor e o sistema elétrico, devem operar em
uma ampla faixa de freqüências, o que deve ser levado em consideração no projeto para definição
das características construtivas do mesmo e do material do núcleo.
A especificação do valor da indutância é feita de forma a satisfazer critérios e funções
específicas, tais como: limitar a ondulação da corrente na saída do conversor, operando como
filtro passa-baixas de primeira ordem, sem provocar uma queda de tensão demasiada sobre seus
terminais. Adicionalmente, o indutor não deve limitar demasiadamente a taxa de variação da
corrente do conversor, o que limitaria a atuação do filtro ativo para compensação das correntes
harmônicas de ordem mais alta.
Deve haver um compromisso direto entre a tensão no barramento CC e o valor do indutor.
Valores elevados de tensão possibilitam obter altos di/dt para efetuar o cancelamento das
128
harmônicas, contudo isto também acarreta valores elevados para a ondulação da corrente. Uma
vez escolhida a tensão, deve-se proceder ao cálculo dos indutores de acoplamento. Diversos
trabalhos como (SRINIVAS e BRICKWEDDE, 2001), estabelecem critérios para o cálculo.
Assim segundo (THOMAS et al, 1998), a taxa de crescimento (di/dt) da corrente gerada pelo
filtro ativo deve ser maior do que a taxa de crescimento das correntes harmônicas da carga.
Aplicando a Lei de Tensões de Kirchhoff, para uma das fases do sistema, resulta na equação 5.6:
0232 =+
Vdc
dt
di
LaVa (5.6)
Onde:
Sendo:
V
a
Tensão eficaz na fase a;
La – Indutor de acoplameno;
V
dc
Tensão no elo CC.
Logo, uma vez que se deseja que o valor da indutância permita que a taxa de variação da
corrente do filtro ativo (di/dt), seja maior do que a taxa de variação das correntes harmônicas da
carga, faz-se:
dt
di
VaVdc
La
2
32
=
(5.7)
5.5.4 Controladores PI de Tensão e de Corrente
Tanto para o projeto do controlador de corrente, quanto para o de tensão, é considerado o
sistema a seguir, da Figura 5-32.
129
Figura 5-32 Diagrama de blocos para o projeto dos controladores de tensão e corrente
Como não há fonte de energia no capacitor C, o sistema de controle deve manter
constante esta tensão. É necessário também, que a corrente de saída do filtro sintetize as
referências definidas pela estratégia de compensação. Assim o sistema pode ser configurado
como dois sub-sistemas de controle: um para a tensão em C e outro para as correntes harmônicas
de saída. Nota-se que o controlador da tensão do capacitor C é responsável por modular o valor
da referência de corrente do filtro ativo, de forma a manter fixa esta tensão.
Desta forma, a função de transferência do sistema físico do controle da tensão pode ser
representada pela função capacitiva
sC
1
, enquanto a função de transferência do sistema de
controle da corrente de saída correlaciona o indutor de acoplamento (L
conv
) através da função
conv
sL
1
.
Adicionalmente devem ser considerados os ganhos dos sensores de tensão e corrente. Por
fim, dependendo da técnica de modulação adotada é definido o ganho do conversor PWM.
No caso do inversor trifásico utilizado, o conjunto modulador PWM - conversor é
entendido, do ponto de vista de controle, como um ganho de tensão igual a:
PI Tensão
PI Corrente
Amostra
de Tens ão
Fonte Carga
PI Tensão
PI Corrente
Amostra
de Tens ão
Fonte Carga
PI Tensão
PI Corrente
Amostra
de Tens ão
Fonte Carga
PI Tensão
PI Corrente
Amostra
de Tens ão
Fonte Carga
130
250
2
==
Vdc
K
PWM
(5.8)
A Figura 5-33 ilustra o esquema básico utilizado para o projeto do controlador de
corrente. Observa-se que a corrente na saída do filtro ativo é convertida em tensão e escalonada
através do sensor de corrente (bloco KSI) e da placa de condicionamento. A seguir é então
convertida pelo conversor A/D (bloco KDSP) em escala p.u.
Figura 5-33 Diagrama de blocos da planta com o controlador de corrente.
Fonte: (CAMARGO, 2002)
Considerando este esquema, as funções de transferência (G
SC
) sem e com (G
CC
) o
controlador PI são expressas por:
()
ssL
KKsG
SC
conv
PWMiSC
ϖ
==
1
(5.9)
() () ()
s
sPIsGsG
CC
SCCC
ϖ
== (5.10)
Onde:
G
SC
Função de transferência sem o controlador PI;
G
CC
Função de transferência com o controlador PI;
K
I
Ganho do controlador integral;
K
PWM
Ganho do conversor;
L
CONV
Indutor de acoplamento;
PI – Ganho do controlador proporcional e integral;
131
W
SC
Freqüência angular sem o controlador;
W
CC
Freqüência angular com o controlador.
Logo é possível calcular o ganho proporcional e integral dos reguladores PI através de:
SC
CC
SC
CC
P
f
f
K ==
ϖ
ϖ
(5.11)
()
Ta
mf
K
K
CCP
I
tan
ϖ
= (5.12)
Onde:
K
P
Ganho proporcional;
K
I
Ganho integral;
f
CC
Freqüência de banda passante com controlador;
f
SC
Freqüência de banda passante sem controlador;
mf – Margem de fase;
ta – Período de amostragem do sistema digital;
W
SC
Freqüência angular sem o controlador;
W
CC
Freqüência angular com o controlador.
Em geral, a banda-passante do controlador de corrente de um filtro ativo não pode ser
baixa para impossibilitar a síntese das correntes harmônicas necessárias, nem alta para tornar o
sistema instável ou ultrapassar os critérios de estabilidade de Nyquist. Quanto à margem de fase
foram mantidos valores entre 70º e 85º, estabelecendo um compromisso entre desempenho
dinâmico e estabilidade.
5.5.5 Controlador de Tensão CC
Considerando que a dinâmica da tensão do elo CC do inversor é bastante lenta, é possível
obter um controlador PI que satisfaça as condições de dinâmica e estabilidade. O cálculo do
ganho do conversor visto pelo controlador de tensão é feito pelo balanço de potência do
conversor. Operando como filtro ativo paralelo em condição de regime permanente o conversor
132
não deve absorver nem entregar potência ativa, com exceção da potência ativa para alimentar as
perdas do filtro. A potência ativa calculada no lado CA do conversor deve ser aproximadamente a
mesma calculada do lado CC do mesmo.
O controlador PI do elo CC foi calculado em função das grandezas e parâmetros descritos a
seguir:
- Valor do capacitor do elo CC;
- Valor da tensão eficaz de fase do PAC;
- Fundo de escala dos sensores de tensão do elo CC e tensões CA;
- Valor de tensão desejado no elo CC;
- Ganho do conversor analógico-digital.
5.6 PROJETO E DIMENSIONAMENTOS
Nesta seção discutem-se os critérios básicos para o dimensionamento dos componentes do
filtro ativo paralelo. As condições em que o filtro ativo é utilizado e que tipo de carga o mesmo é
capaz de compensar são descritas.
O sistema é trifásico com condutor neutro. A tensão de fase da rede Va = 127 V e
freqüência de 60 Hz. As cargas não-lineares produzem correntes com até 50% de distorção
harmônica e desequilíbrios de seqüência negativa. As cargas apresentam uma potência de
aproximadamente 10 kVA, o que resulta em uma previsão de correntes da ordem de 26 A;
A tensão do elo CC é definida conforme a equação 5.1 em 500 V, com Va = 127 V + 5%.
O capacitor do barramento CC é dimensionado conforme a equação 5.5 em 3,6 mF, sendo
Ineg_pk calculado em 50 A e Vdc = 10 V.
Considerando-se uma derivada de corrente de 50 kA/s e uma tensão no barramento CC de
500 V, obtém-se, utilizando a equação 5.7, um valor de 1,9 mH.
5.7 RESULTADOS DE SIMULAÇÕES
Foram realizadas diversas simulações para testar a estratégia de controle e verificar as
condições estáticas e dinâmicas dos parâmetros do filtro.
133
A seguir apresentam-se os resultados de uma simulação onde são consideradas várias
situações problemáticas que podem ocorrer com a rede elétrica e suas cargas, inclusive a presença
de tensão distorcida pela quinta harmônica na entrada. A carga é composta por um retificador
trifásico sem capacitor, um retificador monofásico com capacitor na fase A, e um resistor na fase
B, representando uma situação bastante desequilibrada das correntes das fases. A Figura 5-34
ilustra a configuração adotada.
Figura 5-34 Cargas utilizadas na simulação do filtro ativo
A configuração de potência da Figura 5-27 e o sistema de controle da Figura 5-29, foram
utilizados para simulação, pois estas configurações compõem a topologia utilizada no protótipo
do filtro ativo. A Figura 5-35 apresenta as correntes de carga das três fases e do neutro. É
perfeitamente notável o desequilíbrio entre as três fases, e também o aspecto distorcido, o que
implica em baixo fator de potência e corrente de neutro além dos patamares adequados para
instalações elétricas em geral. A ação do filtro ativo paralelo deve compensar essas correntes
drenadas pela carga de forma que o resultado final seja as correntes em fase com as tensões de
rede e corrente de neutro tendendo a zero. A Figura 5-36 mostra as correntes geradas pelo filtro
ativo paralelo (gráfico superior) e as correntes compensadas (gráfico inferior).
134
Figura 5-35 Correntes de carga nas três fases e neutro de acordo com a Figura 5-34
Figura 5-36 Correntes injetadas pelo filtro (gráfico superior) e correntes da fonte (gráfico inferior)
135
Pode-se ressaltar duas características das correntes verificadas no sistema elétrico: forma
de onda pouco distorcida (apenas a derivada de corrente elevada em função do retificador
monofásico) e a corrente de neutro tendendo a zero. Pode-se concluir que o filtro ativo forneceu a
quantidade de potência reativa adequada demandada pelas cargas, e redistribuiu a corrente entre
as fases proporcionando baixo desequilíbrio.
A Figura 5-37 ilustra o sinal de saída do controlador PI da fase A com a atuação do
método de controle Feedforward e também do elemento de saturação, que é executado dentro do
programa do DSP para condicionar toda a operação do sistema de controle dentro da faixa de +/-
1 p.u. Também na Figura 5-37 (inferior) é apresentado o sinal de saída do controle PI para a
mesma fase.
Figura 5-37 Sinal de saída do controlador PI com a atuação do controle FFW (gráfico superior) e saída do
controle PI (gráfico inferior)
Observa-se que o sistema de limitação já atua saturando as derivadas de corrente que
estão presentes na carga monofásica e na fase A. Com relação ao controle FFW ele auxilia
antecipando a ação de controle sobre o sinal periódico senoidal e também alivia o trabalho do
controle PI, onde se tem basicamente a operação do controle PI nos picos da senóide, ou seja,
exatamente onde a derivada de corrente é mais evidente (carga monofásica retificada com filtro
capacitivo). A soma com o sinal de saída da PLL também evita que sinais de pequena amplitude
136
sejam comparados à portadora triangular, pois pode-se incorrer em correções de sinais de ruído e
não apenas de corrente para compensação.
O comportamento do controle de tensão no barramento CC, através da metodologia do
“Erro CC Médio”, pode ser verificado na Figura 5-38. O gráfico superior apresenta o
desempenho da tensão CC no barramento e o gráfico inferior a ação de controle realizada pela
malha de controle de tensão.
Figura 5-38 Tensão no barramento CC (gráfico superior) e tensão na saída do controle PI (gráfico inferior)
É importante verificar que a malha de controle de tensão pode ser modelada como um
sistema de segunda ordem subamortecido. Desta maneira é evidente o surgimento de oscilações
tanto na partida, quanto na presença de distúrbios. Esta malha de controle deve estar corretamente
sintonizada, pois a dinâmica da malha de controle é muito mais rápida que a resposta amortecida
do banco de capacitores, podendo levar o sistema a instabilidade com o fechamento da malha de
controle.
5.8 RESULTADOS PRÁTICOS VERIFICADOS
137
Nesta seção encontram-se os resultados da operação em laboratório do filtro ativo
paralelo, para compensação em diversas situações. As cargas foram selecionadas, buscando
verificar o desempenho da atuação do filtro sobre cargas comuns que normalmente podem ser
conectadas em sistemas de distribuição de energia em baixa tensão.
Além dos resultados de correntes de compensação geradas, também são analisadas
medições de partes importantes constituintes do equipamento.
5.8.1 Medição do PLL
O sistema de geração de referência utilizado é baseado no algoritmo PLL. Para verificar a
geração do algoritmo pelo DSP é importante e efetua a comparação com o sinal de tensão
proveniente do sistema elétrico. Desta maneira a Figura 5-39, apresenta as medições de tensão do
sistema elétrico, proveniente dos transdutores de tensão.
Figura 5-39 Sinal de tensão das três fases da rede no controle digital (desequilíbrio e distorção) – canal 1 (fase
A), canal 2 (fase B) e canal 3 (fase C)
O PLL nada mais é que um algoritmo dentro do programa do controle digital, ou seja, é
executado pelo próprio DSP, sem a inclusão de nenhum outro hardware. O resultado da saída
138
desta função PLL é mostrado na Figura 5-40, onde é comparado o sinal de entrada da fase A,
com o sinal de saída da PLL para a mesma fase.
Figura 5-40 Sinal de entrada distorcido (fase A – canal 2) e sinal de saída do PLL (fase A – canal 3)
Pode-se notar que os dois sinais são distintos e que o sinal proveniente do PLL é muito
próximo de uma senoide pura. O equilíbrio entre as três fases também é inerente ao sistema de
geração de referência PLL para o sistema trifásico. A Figura 5-41 apresenta os três sinais
resultantes da PLL, para as fases A, B e C.
Figura 5-41 Sinal de tensão das três fases do PLL – canal 1 (fase A), canal 2 (fase B) e canal 3 (fase C)
139
5.8.2 Medição da Tensão no Barramento CC
Como foi descrito no item 5.4.3 referente a estratégia de controle de tensão no barramento
CC, simulações indicaram algumas oscilações em regime, decorrentes das oscilações na tensão
do capacitor, que foram repassadas para o sistema de controle digital. A solução adotada foi a
introdução de um filtro passa baixa, que foi chamada de função “Erro Vcc Médio”. No entanto,
durante os testes em laboratório, verificou-se que as oscilações das simulações não ocorreram na
prática. Desta maneira não houve necessidade de um filtro passa-baixa, conforme pode ser notado
na 5-42, pois as oscilações presentes na tensão de barramento CC não foram significativas.
Figura 5-42 Sinais de tensão DC - canal 1 (erro de tensão DC), canal 2 (sinal de tensão do barramento DC),
canal 3 (referência de tensão DC)
5.8.3 Medições de Desempenho do Filtro Ativo
Nesta seção serão apresentados os resultados de testes laboratoriais e da instalação em
campo, que detalham o desempenho da aplicação do filtro ativo paralelo.
140
5.8.3.1 Caso 1 – Cargas Típicas de Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Para este caso em análise foram escolhidas cargas típicas não lineares, que normalmente
são encontradas em instalações elétricas de baixa tensão. Como por exemplo, os conversores e
controladores de potência. A Figura 5-43 apresenta o diagrama esquemático das cargas
utilizadas em laboratório. Pode-se observar que estas seis cargas compõem uma situação
bastante severa de geração de componentes harmônicos e de desequilíbrio de correntes.
A carga total é de 11,2 kVA, sendo que esta configuração de cargas levou o filtro próximo
aos limites de proteção de corrente nos ramos do conversor. A potência de projeto do filtro é de
10 kVA.
Figura 5-43 Diagrama esquemático das cargas típicas com potência total de 11,2 kVA
As medições foram realizadas com um analisador de qualidade e um osciloscópio de
quatro canais.
Figura 5-44 Tensão da fase A, correntes da carga nas fases A, B e C (10mV/A).
A
B
C
N
1kVA, R=24 ohms
R=12,5 ohms (Triacs)
(2 chaves)
4 lampadas,
200W, 220V
470uF, 400V
3 lampadas (200W)
L= 4 mH
470uF, 400V
66 ohms
(3x22- 400W cada)
L= 1,5 mH
verde
branco
vermelho
preto
2200uF, 450V
R=15,3 ohms
L= 1 mH
(5 chaves)
141
Figura 5-45 Tensão da fase A, correntes da carga nas fases A, B e no neutro (10mV/A).
Figura 5-46 Tensão da fase A, correntes da rede nas fases A, B e C (10mV/A) com o filtro operando.
142
Figura 5-47 Tensão da fase A, correntes da rede nas fases A, B e no neutro (10mV/A) com o filtro em
operação.
Figura 5-48 Fase A: tensão, corrente da carga, corrente de compensação (filtro) e corrente da rede
compensada.
A Tabela 5-1 apresenta um resumo dos resultados experimentais obtidos neste ensaio,
pode-se observar que a potência aparente total consumida pela carga diminui em função da
melhora no fator de potência (0,99) com a operação do filtro ativo. A distorção harmônica total
de corrente com o filtro no estado desligado para o estado ligado passa de patamares de até 50%
para valores inferiores a 8%. Tanto os valores eficazes, quanto os valores de pico são
equilibrados com a compensação. A corrente de neutro é bastante atenuada pela operação do
filtro. Verifica-se que a potência e conseqüentemente, as correntes, são distribuídas entre as três
fases.
Tabela 5-1 Resumo dos resultados experimentais
143
5.8.3.2 Carga 2 – Cargas Não Lineares para Comparação Filtro Ativo x Banco Capacitores -
Com Compensação Através do Filtro Ativo
Neste ensaio está sendo alimentada uma carga com elevada não linearidade, elevado fator
de deslocamento e também desequilíbrio entre as correntes trifásicas. As cargas basicamente são
compostas por um controlador de potência trifásico e retificadores monofásicos.
O objetivo principal deste ensaio é verificar o desempenho do filtro ativo paralelo em
operação e posterior comparação com a tentativa de correção do fator de potência através de um
banco de capacitores convencional, descrito no item 5.8.3.3. A Figura 5-49 apresenta o
comportamento das tensões e também das correntes no ponto de acoplamento comum.
Figura 5-49 Formas de onda das tensões e correntes nas 3 fases no PAC
Fases S (kVA) FP Irms (A) Ipico (A) DHTI (%)
A – Carga
A – Rede
3,7
3,0
0,59
0,99
28,4
23,2
55,4
34,6
50,1
7,2
B – Carga
B – Rede
3,1
3,0
0,77
0,99
24,1
23,5
43,3
40,2
27,8
7,4
C – Carga
C – Rede
4,4
3,0
0,87
0,99
33,8
23,4
62,6
35,2
38,2
7,8
N – Carga
N – Rede
16,2
2,2
27,4
7,6
144
Pode-se notar o desequilíbrio e a distorção da corrente presente nas três fases. A Figura 5-
50 apresenta mais detalhes, da tensão, corrente, e fator de potência, antes da operação do filtro
ativo ser efetivada.
Figura 5-50 Tensões, correntes e potências nas 3 fases (sem a operação do filtro ativo paralelo trifásico)
Apesar da carga não exigir o nível máximo de potência do filtro é possível avaliar que as
cargas possuem necessidades de potência ativa e reativa em escala diferente, resultando em
correntes desequilibradas. As tensões apresentam pequeno desequilíbrio entre as fases. O
resultado dessa combinação reflete no fator de potência, que varia de 24% até 90% para
diferentes fases. Concentrando-se nas correntes trifásicas do sistema elétrico, que são as variáveis
de controle do processo, pode-se verificar os valores de pico e as distorções harmônicas totais na
Figura 5-51.
Figura 5-51 Valores detalhados das correntes nas 3 fases (ponto de acoplamento comum)
A taxa de distorção harmônica das correntes também varia, desde 29% até 44%,
aproximadamente. Isso reflete diretamente na corrente de neutro, que não se aproxima do zero,
145
como no caso dos sistemas equilibrados. Para o caso em questão a corrente de neutro possui valor
de 8 A. Com o início da operação do filtro ativo paralelo trifásico, as formas de onda de corrente
alteram-se significativamente, de acordo com a Figura 5-52.
Figura 5-52 Tensões e corrente nas 3 fases (filtro ativo em operação)
Com a atuação do filtro as correntes estão com forma de onda mais próxima da senoidal.
Em função das elevadas derivadas de corrente, principalmente nos picos existem algumas
deformações de freqüência superior. Verifica-se que o desequilíbrio das correntes tornou-se
muito atenuado.
A Figura 5-53 transcreve em números os parâmetros elétricos. É possível perceber o
equilíbrio de corrente entre as fases provocado pelo filtro, que é um efeito muito positivo para o
sistema elétrico, que pode proporcionar efetiva melhora da condição de trabalho dos
alimentadores e de equipamentos.
Figura 5-53 Tensões, correntes e potências nas 3 fases (filtro ativo paralelo trifásico em operação normal)
146
Com respeito à potência consumida pelo filtro ativo paralelo trifásico, pode-se comparar
as Figuras 5-50 e 5-53. A potência ativa total é dada pelo parâmetro P
sum
, que variou de 4,14 KW
para 4,51 KW, implicando em uma elevação de consumo em cerca de 10% sobre a potência
atendida, após a entrada em operação do filtro. Isso significa basicamente perdas por
chaveamento nos semicondutores e magnéticas nos indutores.
O fator de potência médio é de 98% nas três fases. Pode-se destacar a redução do
fornecimento de reativos, caindo de 4,37 kvar para 0,83 kvar.A corrente de neutro foi reduzida
para menos de 1A.
Na Figura 5-54 é possível verificar os detalhes das variáveis de controle (corrente nas três
fases) após a entrada em operação do filtro ativo. As taxas de distorção harmônica das correntes
ficaram em torno de 15%. Este valor pode ser diminuído com a melhoria de sintonia do controle
digital.
Figura 5-54 Detalhamento das correntes nas 3 fases (após a entrada do filtro)
5.8.3.3 Carga 3 – Cargas Não Lineares para Comparação Filtro Ativo x Banco Capacitores -
Com compensação através do Banco de Capacitores
Um parâmetro de análise deste trabalho é a comparação com a correção de fator de
potência entre o filtro ativo (descrito no item 5.8.3.2) e o banco capacitivo atuando sobre a
mesma carga para correção de fator de potência.
147
A utilização de bancos capacitivos para correção do fator de potência é comum e muito
mais antiga em relação ao emprego de compensação ativa do fator de potência, mas o seu
emprego em cargas altamente não lineares pode ser prejudicial.
A carga utilizada neste ensaio é a mesma utilizada no item 5.8.3.2, cujos detalhes são
apresentados nas Figuras 5-49 e 5-50.
O banco de capacitores foi projetado para o valor médio da necessidade de reativos que as
três fases solicitam. Como existe desequilíbrio entre as fases, naturalmente será verificado um
erro na correção, pois é empregado um banco de capacitores trifásico.
Figura 5-55 Formas de onda das tensões e correntes nas 3 fases (capacitores em operação)
Pode-se perceber que as correntes permaneceram sem correção desejada, além de
permanecerem distorcidas, e apresentarem o mesmo patamar de desequilíbrio.
Os valores de corrente, tensão, potência e fator de potência para as três fases são
verificados na Figura 5-56, onde pode-se notar pequena redução no desequilíbrio e pequena
melhoria do fator de potência médio entre as fases, permanecendo longe do valor ideal.
148
Figura 5-56 Tensões, correntes e potências nas 3 fases (capacitores em operação)
A Figura 5-57 apresenta os detalhes da corrente com a operação do banco de capacitores.
É importante ressaltar além da dificuldade na correção do fator de potência, que as distorções
totais de corrente aumentaram. O aumento destas distorções provoca aumento da potência
reativa. Desta maneira a instalação de banco de capacitores para correção do fator de potência,
pode causar uma redução no nível médio do fator de potência, quando as cargas não lineares
forem expressivas.
Figura 5-57 Detalhe das correntes nas 3 fases com a operação do banco de capacitores
149
5.8.3.4 Carga 4 – Operação de uma Carga Monofásica
O objetivo desta seção é verificar o desempenho da função de equilíbrio de correntes
proporcionada pelo filtro ativo paralelo.
Desta forma foi conectada uma carga monofásica a duas fases, com elevado fator de
deslocamento entre as fases A e B. A Figura 5-58 ilustra as formas de onda de tensão e de
corrente nas três fases.
Figura 5-58 Formas de onda para carga monofásica (tensão – superior e corrente – inferior)
Os valores numéricos de tensão, corrente, potência e fator de potência, são apresentados
na Figura 5-59.
Figura 5-59 Valores dos parâmetros elétricos para carga monofásica
150
Pode-se observar a ausência de corrente e potência na fase C, e o módulo de corrente nas
demais fases (A e B) são iguais.
Com o filtro ativo em operação, é possível verificar a redistribuição de fluxo de potência
realizado entre as fases. A Figura 5-60 apresenta o resultado obtido.
Figura 5-60 Corrente e tensão nas 3 Fases (tensão – superior e corrente – inferior) com a operação do
filtro
Os valores numéricos correspondentes a tensão, corrente, potência e fator de potência são
apresentados na Figura 5-61.
Figura 5-61 Valores dos parâmetros elétricos com a operação do filtro sobre uma carga monofásica
151
Pode-se observar que o filtro ativo realizou a adequação dos fatores de potência nas três
fases, além de proporcionar o equilíbrio de corrente entre as fases, distribuindo as correntes de
maneira uniforme, permitindo que do sistema elétrico seja drenada uma carga equilibrada e com
alto fator de potência.
5.8.3.5 Carga 5 – Instalação em Campo num Sistema de Distribuição de Energia
Como parte integrante do trabalho em questão, esta etapa contempla a instalação do
protótipo final, já testado em laboratório, em uma carga em campo.
Desta forma, foi selecionado um painel elétrico dentro de uma subestação, onde as
correntes fossem compatíveis com os limites de carga.
Foi selecionado um painel que alimenta diversos tipos de carga comumente verificadas
em sistemas de distribuição de energia em baixa tensão. As cargas eram compostas desde
circuitos de iluminação até cargas especiais como fornos e cargas com inrush de corrente de
partida.
Para realizar o acompanhamento das formas de onda e também de toda a parte de cálculos
relacionados a qualidade da energia elétrica utilizou-se o equipamento da Hioki, modelo 3196
Power Quality Analyzer, e para acompanhamento dos picos de corrente nas cargas foi utilizado o
alicate amperímetro da Icel, modelo AD-9450.
A intenção de se avaliar os picos de correntes surgiu em função do acompanhamento que
foi realizado por períodos com o equipamento já instalado e em funcionamento. Inicialmente
verificou-se que este desligava por proteção quando ocorria aumento ou redução de carga.
Quando ocorria aumento de carga, o alicate permitiu a medição de correntes da ordem de 100 A
de pico, ou seja, quando o filtro ativo obtinha essa informação de corrente o sistema de controle
processava a atuação de maneira a corrigir esse valor, que estava acima de seu limite, provocando
seu desligamento. Essa corrente de pico não deveria ser instantaneamente corrigida, pois era
decorrente de um transitório, e não de regime permanente. O programa foi alterado para reduzir a
intensidade de atuação quando ocorre uma elevação de carga.
152
Como o controle de tensão do elo CC é lento, a retirada brusca de carga, não é sentida por
esse controle de tensão, isto significa que a tensão do elo CC se eleva demasiadamente, antes que
o controle possa trazer essa tensão para valores controlados. Isso fazia com que a proteção de
tensão atuasse, ou seja, retirando o filtro ativo de operação. Esta situação também foi corrigida,
ajustando a interação entre as malhas de controle, flutuações de carga e as proteções contra sobre
tensão.
Pode-se verificar que a realização de testes de campo utilizando o filtro ativo para
compensação de cargas em operação normal é fundamental, pois a aleatoriedade de entrada, saída
e alteração no regime de operação das cargas é exatamente o que ocorre em sistemas elétricos de
potência, pois as cargas são variadas e não se tem controle sobre as mesmas. Desta forma, as
figuras mostram potências com valores diferentes em função dessa oscilação de cargas. Isso
ocorre aleatoriamente.
A Figura 5-62 mostra as formas de onda de tensão e de corrente nas três fases,
evidenciando a distorção das correntes, e seu desequilíbrio.
Figura 5-62 Forma de onda da tensão e corrente na instalação em campo sem o filtro
Em termos numéricos, os parâmetros elétricos correlacionados às formas de onda da
Figura 5-62 podem ser traduzidos de acordo com a Figura 5-63.
153
Figura 5-63 Panorama geral dos parâmetros elétricos da instalação em campo sem o filtro
O desequilíbrio de corrente entre as fases é acentuado. A corrente da fase A apresentou
valor de 9,6 A enquanto a fase C apresentou valor de 24,68 A.
Apesar do fator de potência estar elevado, apenas numa fase este se encontra abaixo do
valor limite de 92%. Há que se considerar que na operação do filtro ativo trifásico proposto neste
trabalho a tendência é a otimização do fator de potência.
Deve ser ressaltado que apesar da potência instantânea ilustrada ser de aproximadamente
6 kW, este painel registrou potências de até 10 kW. No entanto, mesmo nos patamares
apresentados, quando as cargas conectadas se elevavam transitoriamente, provocavam picos de
corrente de até 100 A.
Quando um condicionador de energia como o filtro ativo paralelo é instalado num sistema
de distribuição de energia, é sempre importante analisar o perfil de tensão e os parâmetros de
qualidade da energia envolvidos, para que possa ser comparado quando o filtro ativo estiver em
operação. A Figura 5-64 apresenta os detalhes da tensão de alimentação disponibilizada pelo
sistema elétrico.
Figura 5-64 Detalhe das tensões do sistema elétrico sem a operação do filtro
154
As variáveis de controle, ou seja, as correntes nas três fases do sistema elétrico,
apresentam os valores detalhados na Figura 5-65, antes da entrada em operação do filtro ativo.
Figura 5-65 Dados numéricos das correntes de carga sem a operação do filtro
Com a entrada em operação do filtro ativo trifásico, as correntes do sistema elétrico
devem estar em fase com a tensão, equilibradas e com baixa distorção harmônica. Isso é
verificado na Figura 5-66, onde observa-se as formas de onda para as correntes nas três fases.
Apesar do equipamento utilizado para medição dos parâmetros de qualidade da energia elétrica
não permitir que se medisse simultaneamente a corrente de neutro, isso foi possível com o alicate,
e mostrou uma redução, através do equilíbrio entre as fases, da ordem de 10 vezes.
Nas formas de onda existem alguns picos em alguns pontos, que se deve principalmente
ao algoritmo de controle e sua banda de atenuação, que está em 1600 Hz. Caso se queira reduzir
essa oscilação, será reduzido o poder de atenuação do filtro ativo, pois sua banda será reduzida
para 1400 Hz ou menos.
Figura 5-66 Formas de onda com o filtro ativo trifásico em operação em campo
155
A Figura 5-67 os valores eficazes de corrente, tensão, potência e ator de potência.
Figura 5-67 Dados numéricos com a operação do filtro ativo trifásico em campo
O fator de potência das três fases chegou muito próximo da unidade, o equilíbrio das
correntes melhorou substancialmente e houve significativa redução de consumo de reativos.
A entrada do filtro ativo causou uma pequena redução da distorção harmônica de tensão,
conforme pode ser verificado na Figura 5-68.
Figura 5-68 Tensões nas três fases (filtro ativo em operação) em campo
Com respeito às correntes após a entrada do filtro ativo trifásico, elas se comportaram de
acordo com a Figura 5-69, em termos numéricos.
156
Figura 5-69 Correntes no sistema elétrico (filtro ativo trifásico em operação) em campo
Pode-se considerar que a atuação do filtro ativo trifásico paralelo é fundamental para
adequação dos parâmetros elétricos de uma instalação ou as cargas com elevada não linearidade
às condições exigidas em normas. O filtro desenvolvido atua de forma a reduzir a taxa de
distorção harmônica da corrente, melhorando o fator de potência e permitindo ao sistema operar
entregando a componente fundamental de corrente. Isso significa que há atenuação dos efeitos
dos componentes harmônicos na instalação. A função proporcionada pelo equilíbrio das correntes
também pode ser de grande utilidade na alimentação de cargas não lineares monofásicas como
por exemplo, variadores de velocidade e máquinas de solda monofásicas.
5.9 FOTOS DO PROTÓTIPO E DA INSTALAÇÃO
Nesta seção são apresentadas algumas fotos da montagem do filtro ativo paralelo de
potência. O protótipo foi construído num painel metálico auto portante com duas faces. Na face
frontal foram instalados o circuito de proteção geral, circuito de acionamento, sensores de
corrente e de tensão, indutores de acoplamento, capacitores que formam o barramento CC e as
chaves semicondutoras de potência. A Figura 5-70 apresenta os componentes descritos.
157
Figura 5-70 Foto frontal do gabinete com destaque para o circuito de potência e os sensores
Na face posterior do painel foram instalados os componentes de baixa potência, para
alimentação e tratamento de sinais. Foram confeccionadas placas individualizadas para os
seguintes circuitos: pré-alimentação do capacitor e proteção contra sobretensão, fonte de
alimentação, condicionamento de sinais, processamento digital de sinais e seus periféricos e
circuito de gerenciamento. A Figura 5-71 apresenta os referidos componentes instalados.
158
Figura 5-71 Foto traseira do gabinete – fonte de alimentação e estágios de condicionamento e de controle
159
CAPÍTULO 6
6 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
6.1 CONCLUSÕES
Através do desenvolvimento deste trabalho verificou-se, que o filtro ativo paralelo é uma
importante ferramenta que pode ser utilizada para mitigação de problemas envolvendo qualidade
da energia, de forma eficiente e versátil. O filtro ativo desenvolvido, cujo projeto e os resultados
obtidos foram apresentados neste trabalho, é um equipamento que pode ser instalado diretamente
num sistema de distribuição de energia de baixa tensão.
Foram apresentados no Capítulo 2 conceitos, definições e os problemas causados por
distúrbios na qualidade da energia. Pode-se concluir que é fundamental o conhecimento dos
fenômenos causadores dos distúrbios eletromagnéticos, a sua classificação e as suas
conseqüências, para que possa ser especificado um filtro ativo adequado para mitigação dos
distúrbios.
Os problemas com conteúdo elevado de componentes harmônicos de tensão ou de
corrente merecem uma atenção especial, pois o número de cargas elétricas não lineares
conectadas aos sistemas de energia tem aumento progressivamente e as soluções geralmente são
complexas e de difícil mitigação. Diante destas constatações, pode-se concluir que a principal
necessidade de aplicação de um filtro ativo é para atuar na compensação de harmônicos, ou a
correção do fator de potência de cargas não lineares.
Apesar de não existir legislação nacional que trate de limites para os parâmetros de
qualidade da energia em sistemas de distribuição de energia, foram apresentadas algumas normas
internacionais e citações de normas nacionais que tratam de assuntos correlatos. Em especial,
deve ser ressaltado o atual desenvolvimento do PRODIST pela Aneel, que está em fase final de
elaboração e apresentará, na primeira etapa, índices orientativos, prevendo uma segunda etapa
com índices obrigatórios a serem mantidos nos sistemas de distribuição. Assim como a legislação
que trata do fator de potência, o PRODIST poderá vir a ser um divisor de águas no tratamento
concebido a qualidade da energia. Visando o atendimento dos índices a serem estabelecidos, os
160
filtros ativos podem ser instalados nos sistemas de distribuição em regime preventivo, ou
corretivo, de maneira provisória ou definitiva.
Para especificação do filtro ativo a ser utilizado, além do conhecimento dos distúrbios
eletromagnéticos a serem mitigados, é necessário conhecer os filtros ativos existentes. O Capítulo
3 apresentou detalhadamente a classificação dos filtros ativos de potência, de acordo com o
conversor utilizado, o sistema elétrico a ser instalado e o sistema de controle empregado pelo
filtro. A partir destas definições foi idealizado o projeto do filtro ativo executado.
A configuração do conversor adotada (de tensão bidirecional com quatro ramos), permitiu
simplicidade e flexibilidade de controle, garantindo a circulação de componentes de corrente de
seqüência zero, pois o filtro deve ser instalado em sistemas trifásicos a quatro fios, que alimentam
cargas desequilibradas. A desvantagem é o custo mais elevado devido ao quarto ramo de potência
do conversor.
O emprego do filtro ativo paralelo apresentou como uma grande vantagem, além do
condicionamento idealizado da corrente no ponto de acoplamento comum, o seu próprio regime
operacional. Com um tratamento adequado incluindo a proteção elétrica, não existe preocupação
com a sobrecarga do equipamento, e falhas na sua operação não devem interferir na alimentação
continua do conjunto de cargas condicionadas. A principal desvantagem verificada foi a atuação
atenuada na tensão de alimentação no ponto de instalação.
O sensoriamento conjunto e paralelo da corrente drenada pela carga e da corrente no filtro
ativo apresentaram desempenho satisfatório. Proporcionando condições de funcionamento normal
ao sistema de geração de referências e controle automático. Também proporciona a
implementação de funções de proteção contra sobrecarga, sobretensão e falhas na operação do
filtro, tornando o sistema mais robusto. A desvantagem é o custo mais elevado dos elementos
sensores aplicados.
A geração de referência através do PLL, apresentada no Capítulo 4 e adotada no projeto
do filtro ativo, demonstrou resultado satisfatório, não acrescentou tempo de atraso significativo e
atingiu o seu principal objetivo que era filtrar a referência senoidal do sistema elétrico contra
desequilíbrios e distorções. A desvantagem da sua utilização, como sistema de referência é a
impossibilidade de compensação individual dos parâmetros requeridos.
O controle clássico aplicado, através da ação de reguladores lineares por valores médios
instantâneos apresentou desempenho normal. Este tipo de compensação através de controlador PI
161
tem sido muito utilizado em malhas de controle de variáveis rápidas tanto em sistemas elétricos
quanto na indústria de maneira convencional, e geralmente quando a sintonia é realizada de
maneira adequada, os resultados são satisfatórios. No desenvolvimento do filtro ativo foi
implementada em conjunto com o controlador PI, a função de controle feedforward. Pode-se
verificar resultados expressivos com relação a característica de antecipação da ação de controle.
Deve ser ressaltado que o desempenho do filtro ativo depende diretamente da qualidade do
controle realizado. A evolução nas ações de controle, com substituição do controlador PI com a
função de controle antecipatório, por controladores que utilizem algoritmos com funções
avançadas de modelamento do sistema e de controle, podem apresentar uma melhoria expressiva
de desempenho.
Através das simulações preliminares apresentadas no Capítulo 5, pode-se concluir que os
resultados obtidos pelas simulações que auxiliaram na definição da topologia foram próximos dos
resultados constatados nos ensaios experimentais realizados com o filtro.
A correção do fator de potência para as diversas cargas testadas, incluindo as cargas
utilizadas durante a instalação do filtro em campo, é um dos pontos relevantes do trabalho. O
fator de potência médio ficou entre 99% e 100%, mesmo para as cargas que exigiam maior
dificuldade de compensação, com elevada não linearidade, derivadas de corrente e fator de
deslocamento. O resultado expressivo é um motivador para instalação tanto no sistema elétrico de
potência, que possui preocupação constante na manutenção de um elevado fator de potência,
como para consumidores que devem manter o fator de potência elevado sob pena de multa.
Um banco de capacitores para correção do fator de potência foi utilizado, para realização
de testes e comparação de resultados. Pode-se comprovar que a sua instalação para compensação
de fator de potência na presença de cargas de elevada não linearidade pode piorar, tanto o fator de
potência médio quanto as distorções harmônicas de corrente no sistema elétrico.
A função de correção do desequilíbrio de corrente das cargas no ponto de instalação do
filtro ativo apresentou um bom desempenho e rendimento. O emprego do filtro ativo, apenas com
esta função já seria uma ferramenta de grande utilidade nos sistemas de distribuição de energia.
Pois as soluções para problemas envolvendo desequilíbrios de corrente (que também geram
desequilíbrios de tensão) dependem sempre de alteração de configuração do sistema, trazendo
elevado custo e complexidade de execução. O desequilíbrio de tensão também é um dos
indicadores de qualidade da energia para as concessionárias, proposto no PRODIST.
162
Durante a instalação do equipamento em campo, pode-se verificar que existe a
contribuição do filtro ativo paralelo para a redução da distorção harmônica total de tensão.
Apesar do resultado verificado não ser expressivo, deve-se considerar que a instalação em pontos
onde a potência de curto circuito seja inferior, com cargas não lineares mais agressivas, o
resultado seria mais expressivo. É esta combinação de baixa potência de curto circuito e elevada
não linearidade de carga, que trazem os principais problemas de qualidade da energia para as
concessionárias. A distorção harmônica total de tensão também é um dos indicadores de
qualidade da energia para as concessionárias no PRODIST.
Um ponto importante observado durante os testes em laboratório é que o resultado da
compensação é diretamente proporcional às condições de operação da carga, uma vez que o filtro
é projetado para uma determinada condição nominal. Assim o estudo do tipo de carga a ser
compensada é fundamental para a correta sintonia do sistema de controle do filtro. Alterações
simples na sintonia do filtro podem proporcionar mais estabilidade, menor erro, ou maior
velocidade de correção. Pode-se concluir que um estudo mais detalhado da característica da carga
a ser compensada pode otimizar o desempenho do filtro.
O levantamento dos custos de materiais utilizados no filtro ativo de 10 kVA serve como
indicativo de que uma possível fabricação em larga escala destes equipamentos possa vir a ter
uma viabilidade imediata de aplicação nos sistemas elétricos de distribuição de energia.
Principalmente pelos benefícios de redução das perdas ôhmicas, melhoria do nível e perfil de
tensão, aumento da vida útil dos materiais e equipamentos instalados, e o aumento da satisfação
dos consumidores conectados num sistema de energia de melhor qualidade.
Este trabalho teve como produto o desenvolvimento de um protótipo, que está pronto para
ser utilizado num sistema de distribuição de energia de baixa tensão de maneira continua e
efetiva. Deve ser ressaltado que o emprego de filtragem ativa em sistemas de distribuição de
energia em concessionárias do Brasil é um fato inédito.
163
6.2 TRABALHOS FUTUROS
Como sugestão para um trabalho futuro poderia ser aplicada a Teoria da Potência
Instantânea, como sistema para geração de referências. Apesar do sistema de referências
empregado (PLL) ter cumprido com um desempenho adequado, o emprego da Teoria da Potência
Instantânea poderia ser empregada para individualização dos parâmetros a serem compensados, e
também como teste para elevar o desempenho do filtro. Como o algoritmo será desenvolvido
através da programação do DSP, as duas estratégias de geração de referências citadas poderiam
ser utilizadas mediante escolha do usuário final durante a operação do equipamento.
O projeto do filtro ativo trifásico paralelo foi realizado inicialmente para o atendimento de
uma potência de 10 kVA. A configuração definida e utilizada neste trabalho pode ser empregada
para aplicações em potência superiores, podendo chegar a 100 kVA. Com este nível de potência
poderia ser atendida a compensação de potência em quase a totalidade de circuitos de baixa
tensão. Já existiriam aplicações em média tensão para estes patamares de potência, abrindo desta
maneira um campo vasto para pesquisa em aplicações de média tensão, que poderia ser iniciada
com a utilização do filtro em baixa tensão e executando interface através de transformadores.
Novos trabalhos também poderiam ser direcionados para técnicas de controle avançadas,
principalmente através da evolução do controle preditivo avançado. Como a sintonia das malhas
de controle e tensão é estática, poderia ser integrado um sistema de identificação das cargas
conectadas ao sistema elétrico, que pudesse gerar novos ajustes para os compensadores,
otimizando desta maneira o desempenho das malhas de controle.
164
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170
ANEXO 1
CUSTOS DOS MATERIAIS EQUIPAMENTOS EMPREGADOS
Foi efetuado levantamento para verificação do custo envolvendo materiais, para
montagem do filtro ativo trifásico de 10 kVA.
Desconsiderando as horas de desenvolvimento do equipamento, o custo bruto levantado
está detalhado através de uma lista com itens unitários referentes aos principais materiais e
dispositivos utilizados. A Tabela A-1 apresenta o resultado do levantamento realizado.
Tabela A 1 – Levantamento dos custos do filtro ativo trifásico paralelo
ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE CUSTO
UNITÁRIO (R$)
CUSTO TOTAL (R$)
Módulo de Potência 1 3.500,00 3.500,00
Sensor de Tensão 4 250,00 1.000,00
Sensor de Corrente 7 70,00 490,00
Placa de Condicionamento de
Sinais
3 300,00 900,00
Unidade de Controle Incluindo
o DSP
1 1.000,00 1.000,00
Fonte de Alimentação 1 200,00 200,00
Contatores, relés, resistências,
conectores e fusíveis
1 800,00 800,00
Painel e Montagem
Eletromecânica
1 1.500,00 1.500,00
Chaves e demais acessórios
para comando e proteção
1 1.000,00 1.000,000
CUSTO TOTAL DE FABRICAÇÃO DO FILTRO ATIVO
PARALELO DE 10 kVA
R$ 10.390,00
171
A produção em série cria margem para redução do custo envolvido para montagem de
equipamentos similares ao desenvolvido.
O filtro ativo paralelo pode ser viável economicamente nas seguintes situações:
- Onde se faz necessário corrigir o fator de potência em sistemas críticos com cargas não
lineares sendo alimentadas;
- Sistemas com cargas de elevada não linearidade onde filtros passivos sintonizados não
possuem rendimento adequado;
- Sistemas de distribuição de energia, onde a correção do fator de potência, distorções
harmônicas de corrente e desequilíbrios de corrente são fundamentais e proporcionam
benefícios que podem ser recompensados economicamente a longo prazo;
- Situações críticas onde a geração de distúrbios em determinado ponto do sistema elétrico,
pode estar gerando pedidos de ressarcimentos em terceiros.
172
ANEXO 2
LINHAS DE PROGRAMA DSP
Todo o programa para geração das senóides através de PLL e também para trabalhar com
o controle PI, é baseado em programa em linguagem IQMath, própria para operar dentro do
DSP320F2812 (Texas Instruments), utilizado desde o início dos trabalhos para implementação
deste projeto.
/* -----------------------------------------------------------------------
FILTRO ATIVO FUNCIONANDO
CONTROLE PI - DEAD TIME REDUZIDO
FUNCIONANDO COM QUATRO FIOS
*///----------------------------------------------------------------------
#define KPDC 0.1831
#define KIDC 0.4187
#define KPCORRENTE 2.488
#define KICORRENTE 0.9484
#define VDC 0.75
#define VDC_INICIO 0.5
#include "DSP281x_Device.h" //Inclusão dos cabeçalhos do DSP 2812.
#define GLOBAL_Q 20 //Formato de ponto fixo utilizado.
#define N_CAL 5000 //Número de amostras usadas na calibração do conversor AD.
#include "IQmathLib.h" //Inclusão da biblioteca de funções de ponto fixo.
//----- Protótipos de funções ----------------------------------------------------//
173
void scope(_iq16 input, _iq16 max, int canal );
void PLL (_iq20 *va_, _iq20 *vb_, _iq20 *vc_, _iq20 *teta_, int16 seq);
interrupt void rotina_adc(void);
void calibra(_iq20 *adc_offset_, int *flag_);
int16 sequencia(_iq20 va, _iq20 vb, _iq20 vc);
void pulso(int16 tipo);
void vrms(_iq20 va, _iq20 vb, _iq20 vc, _iq20 *vef);
interrupt void protecao(void);
_iq20 PI(_iq20 kp_, _iq20 ki_, _iq20 erro, _iq20 integral, _iq20 fwd);
extern void InitSysCtrl();
extern void InitPieCtrl();
extern void InitPieVectTable();
extern void InitAdc();
//----- Protótipos de funções ----------------------------------------------------//
// --------- Variáveis globais -------------------------------------------------//
_iq20 teta=0; //Ângulo de sincronismo.
_iq20 vSa,vSb,vSc; //Tensões da rede medidas.
_iq20 iLa,iLb,iLc,iLn; //Correntes da carga.
_iq20 iFa,iFb,iFc,iFn; //Correntes do filtro.
int32 adc[16]; //Leituras do conversor AD.
_iq20 adc_offset[16]= //Offset do conversor AD
{0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0};
int k; //Variável usada em laços for.
int16 flag=0; //Variável usada na contagem de amostras da calibração.
int16 seq=0; //Variável que indica a seqüência de fase.
_iq20 ta,tb,tc; //Níveis de comparação usados na geração do PWM.
_iq20 vef[3]={0,0,0}; //Valores eficazes das tensões va, vb e vc.
int16 vfault=0; //Sinal que indica se a tensão da rede está presente.
int16 habilita=0;
_iq20 iRefa; //Sinais de referência para o controle de correntes.
174
_iq20 iRefb; //
_iq20 iRefc; //
_iq20 iRefn;
_iq20 iRefa_; //Sinais de referência para o controle de correntes.
_iq20 iRefb_; //
_iq20 iRefc_; //
_iq20 iRefn_;
_iq20 vaef=0,vbef=0,vcef=0;
_iq20 inta=0;
_iq20 intb=0;
_iq20 intc=0;
_iq20 intn=0;
_iq20 erroa=0,errob=0,erroc=0,erron=0;
_iq20 pia=0,pib=0,pic=0,pin=0;
_iq20 intDC=0,erroDC,propDC,piDC;
Uint16 prot=0;
_iq20 nivel;
_iq20 vDC;
//Ganhos do controle de corrente./////////////////////////
_iq20 kp_ctrli_base=_IQ20(KPCORRENTE); // para VDC = 100 V
_iq20 kp_ctrli;
_iq16 kp_ctrli_delta=0;
_iq20 ki_ctrli_base=_IQ20(KICORRENTE);
_iq20 ki_ctrli;
_iq20 ki_ctrli_delta=0;
int kp_ctrli_gel=5000; // valores lidos dos slide bars
int ki_ctrli_gel=5000;
//////////////////////////////////////////////////////////
//Ganhos do controle de tensão.///////////////////////////
_iq16 kp_DC_delta=0;
175
_iq16 ki_DC_delta=0;
_iq20 kp_DC_base = _IQ20(KPDC);
_iq20 ki_DC_base = _IQ20(KIDC);
_iq20 ki_DC;
_iq20 kp_DC;
int kp_DC_gel=5000;
int ki_DC_gel=5000;
_iq16 kDC; //Variável usada no cálculo do valor base.
//////////////////////////////////////////////////////////
//Referência de tensão DC. ///////////////////////////////
int vDC_gel = 0;
_iq20 vDC_ref = _IQ20(VDC_INICIO); //0.1833 = valor inicial da rampa
int definiu_inicio_da_rampa=0; //1=definido / 0 = indefinido
int carregou_capacitor=0; //1=carregado / 0=descarregado
_iq20 vDC_ref_inicio=0;
//////////////////////////////////////////////////////////
_iq20 envoltoria=0;
_iq20 polaridade=0;
// --------- Variáveis globais -------------------------------------------------//
//----- Função principal ------------------------------------------------------//
main()
{
//Inicializa o sistema.
//Esta função está no arquivo DSP28_SysCtrl.c.
InitSysCtrl();
//Faz ajuste do clock.
EALLOW;
SysCtrlRegs.HISPCP.all = 0x0; //150 Mhz
SysCtrlRegs.LOSPCP.all = 0x0; //150 Mhz
EDIS;
//Disable and clear all CPU interrupts.
176
DINT;
IER = 0x0000;
IFR = 0x0000;
//Inicializa o controlador de interrupções para o estado default.
//Esta função se encontra no arquivo DSP28_PieCtrl.c.
InitPieCtrl();
//Inicializa a tabela de vetores de interrupção.
InitPieVectTable();
//Inicializa o ADC para o estado default.
InitAdc();
//Coloca os endereços das rotinas na tabela de vetores.
EALLOW;
PieVectTable.ADCINT = &rotina_adc;
PieVectTable.PDPINTA = &protecao;
PieVectTable.PDPINTB = &protecao;
EDIS;
//Habilita ADCINT dentro do grupo INT1.
PieCtrlRegs.PIEIER1.bit.INTx6 = 1;
//Habilita PDPINTA dentro do grupo INT1.
PieCtrlRegs.PIEIER1.bit.INTx1 = 1;
EvaRegs.EVAIMRA.bit.PDPINTA = 1;
//Habilita PDPINTB dentro do grupo INT1.
PieCtrlRegs.PIEIER1.bit.INTx1 = 1;
EvbRegs.EVBIMRA.bit.PDPINTB = 1;
//Habilita a interrupção de CPU 1.
IER |= M_INT1; // Habilita a interrupção INT1.
177
//Enable global interrupts and higher priority real-time debug events.
ERTM; //Enable global realtime interrupt DBGM.
//Configura sistema de conversão AD.
//Ajusta a freqüência de clock.
AdcRegs.ADCTRL1.bit.CPS = 1;
AdcRegs.ADCTRL1.bit.SEQ_CASC=1;
AdcRegs.ADCTRL3.bit.ADCCLKPS = 100;
//Setup 2 conv's on SEQ1.
AdcRegs.ADCMAXCONV.all = 0x000F;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ1.bit.CONV00 = 0x00;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ1.bit.CONV01 = 0x01;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ1.bit.CONV02 = 0x02;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ1.bit.CONV03 = 0x03;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ2.bit.CONV04 = 0x04;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ2.bit.CONV05 = 0x05;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ2.bit.CONV06 = 0x06;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ2.bit.CONV07 = 0x07;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ3.bit.CONV08 = 0x08;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ3.bit.CONV09 = 0x09;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ3.bit.CONV10 = 0x0A;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ3.bit.CONV11 = 0x0B;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ4.bit.CONV12 = 0x0C;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ4.bit.CONV13 = 0x0D;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ4.bit.CONV14 = 0x0E;
AdcRegs.ADCCHSELSEQ4.bit.CONV15 = 0x0F;
178
//Permite início da conversão pelo EVA.
AdcRegs.ADCTRL2.bit.EVA_SOC_SEQ1 = 1;
//Desabilita pedido de interrupção.
AdcRegs.ADCTRL2.bit.INT_ENA_SEQ1 = 1;
//Configuração de pinos de PWM, pinos de I/O, etc:
EALLOW;
//---- GRUPO D -------------------------------------
//Habilita pinos de entrada PDPINTA e PDPINTB.
GpioMuxRegs.GPDMUX.bit.T1CTRIP_PDPA_GPIOD0 = 1;
GpioMuxRegs.GPDMUX.bit.T3CTRIP_PDPB_GPIOD5 = 1;
GpioMuxRegs.GPDDIR.bit.GPIOD0 = 0;
//---- GRUPO A -------------------------------------
//Habilita sinais PWMx (x=1,2,3,4,6) do grupo A
//Habilita sinais T1PWM e T2PWM do grupo A
//Configura demais pinos do grupo A como porta de I/O
GpioMuxRegs.GPAMUX.all = 0x00FF;
//Configura todos os pinos do grupo A como saída.
GpioMuxRegs.GPADIR.all = 0xFFFF;
//---- GRUPO B -------------------------------------
//Habilita sinais PWMx (x=1,2,3,4,6) do grupo B
//Habilita sinais T1PWM e T2PWM do grupo B
//Configura demais pinos do grupo B como porta de I/O
GpioMuxRegs.GPBMUX.all = 0x00FF;
179
//Configura todos os pinos do grupo B como saída.
GpioMuxRegs.GPBDIR.all = 0xFFFF;
//Habilita sinais GPIOF (I/O digital) da porta B.
GpioMuxRegs.GPFMUX.all = 0x0000;
//Configura todos os pinos do grupo F como saída.
GpioMuxRegs.GPFDIR.all = 0xFFFF;
EDIS;
EvaRegs.EXTCONA.bit.INDCOE = 0;
//Configura ação dos comparadores da EVA
//sobre os pinos PWMx, x=1,2,3,4,5,6.
//EvaRegs.ACTRA.all = 0x0666;
//EvaRegs.ACTRA.all = 0x0999;
EvaRegs.ACTRA.all = 0x0000;
//Controla os comparadores. Entre outras coisas,
//habilita o efeito da comparação sobre os pinos
//PWMx (x=1,2,3,4,5,6).
EvaRegs.COMCONA.all = 0xA600;
EvaRegs.COMCONA.bit.FCOMPOE = 0;
//Timer Control Register A.
EvaRegs.GPTCONA.all = 0x0100;
EvaRegs.GPTCONA.bit.T1CTRIPE = 0;
//Configura o contador
EvaRegs.T1CON.all = 0x084B;
180
//Valor de T1PR para 12 kHz.
EvaRegs.T1PR = 6250;
//Configura dead-band.
EvaRegs.DBTCONA.all = 0x00;
//Configuração do grupo B:
EvbRegs.EXTCONB.bit.INDCOE = 0;
//Configura ação dos comparadores da EVB
//sobre os pinos PWMx, x=1,2,3,4,5,6.
EvbRegs.ACTRB.all = 0x0000;
//Controla os comparadores. Entre outras coisas,
//habilita o efeito da comparação sobre os pinos
//PWMx (x=1,2,3,4,5,6).
EvbRegs.COMCONB.all = 0xA600;
EvbRegs.COMCONB.bit.FCOMPOE = 0;
//Timer Control Register B.
EvbRegs.GPTCONB.all = 0x0100;
//Configura o contador
EvbRegs.T3CON.all = 0x084B;
//Valor de T3PR para 12 kHz.
EvbRegs.T3PR = 6250;
//Configura dead-band.
EvbRegs.DBTCONB.all = 0x00;
EvbRegs.T3CNT = 0x0000; //Inicializa o contador B.
181
EvaRegs.T1CNT = 0x0000; //Inicializa o contador A.
pulso(0); //Pulso de teste no pino GPBIO15.
EINT; //Enable global interrupt INTM.
for(;;)
{ }; //Entra em loop infinito.
}
//----- Função principal ------------------------------------------------------//
//----- Rotina que gera um pulso de teste -------------------------------------//
void pulso(int16 tipo)
{
if (tipo==0)
{
//Produz um pulso de teste na saída GPI0B15.
GpioDataRegs.GPBCLEAR.bit.GPIOB15=1;
}
else
if (tipo==1)
{
//Produz um pulso de teste na saída GPI0B15.
GpioDataRegs.GPBSET.bit.GPIOB15=1;
}
}
//----- Rotina que gera um pulso de teste -------------------------------------//
182
//------- Rotina de visualização de dados com o DAC7625P ----------------------//
void scope(_iq16 input, _iq16 max, int canal )
/*
--> "input" é o sinal que vai ser visualizado (no formato Q16).
--> "max" é o valor de pico do sinal (importante para escalonar os valores).
--> "canal" é o canal (0 a 3).
Dica: ajuste as saídas do seu DAC para -1 V e + 1 V. Dessa forma você
sabe que 1 divisão do osciloscópio (na escala de 1 V) corresponde
ao valor colocado em "max1" (fundo de escala da conversão DA).
*/
{
//Seta o bit LDAC.
GpioDataRegs.GPFDAT.bit.GPIOF14 = 1;
//Escolhe o canal.
GpioDataRegs.GPFDAT.bit.CANAL = canal;
//Formata o valor de saída para caber em 12 LSB.
input = input + max; //Soma offset.
input = _IQ16div(input,(max<<1)); //Converte em pu.
input = _IQ16mpy(input,_IQ16(4095)); //Multiplica pelo range de 12 bits.
input = (input>>8)>>8; //Coloca número nos 12 MSB.
//Escreve o valor no DAC.
GpioDataRegs.GPFDAT.bit.DADOS = input;
//Reseta o bit LDAC.
GpioDataRegs.GPFDAT.bit.GPIOF14 = 0;
}
//------- Rotina de visualização de dados com o DAC7625P ----------------------//
183
//---- Algoritmo do PLL -------------------------------------------------------//
void PLL (_iq20 *va_, _iq20 *vb_, _iq20 *vc_, _iq20 *teta_, int16 seq)
{
static _iq20 dp=0,dperr=0,w=0;
const _iq20 Ts=_IQ20(0.000083333);
const _iq20 kp=_IQ20(25);
const _iq20 ki=_IQ20(625);
_iq20 temp;
static _iq20 wi=_IQ20(377);
static _iq20 jm[401]={0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,
0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0};
static _iq20 dpmedz=0;
184
static _iq20 ua=0,ub=0,uc=0;
static _iq20 summedz=0;
static unsigned int KONTz=0;
if (seq == 1)
{
//Multiplica os sinais de tensão.
*va_ = *va_<<8;
*vb_ = *vb_<<8;
*vc_ = *vc_<<8;
}
else
if (seq == -1)
{
//Multiplica os sinais de tensão
//com seqüência invertida.
*va_ = *va_<<8;
temp = *vc_;
*vc_ = *vb_<<8;
*vb_ = temp<<8;
}
//Satura os sinais de tensão em 1 pu.
*va_ = _IQsat(*va_,_IQ20(1),_IQ20(-1));
*vb_ = _IQsat(*vb_,_IQ20(1),_IQ20(-1));
*vc_ = _IQsat(*vc_,_IQ20(1),_IQ20(-1));
//Cálculo do produto escalar.
dp = _IQ20mpy(*va_,ua) + _IQ20mpy(*vb_,ub) + _IQ20mpy(*vc_,uc);
//Contador de amostras.
KONTz = KONTz+1;
if (KONTz == 401) KONTz=1;
//Calcula produto escalar médio.
185
summedz += dp - jm[KONTz];
jm[KONTz] = dp;
dpmedz = _IQ20mpy(summedz,_IQ20(0.0025));
//Erro do produto escalar médio.
dperr = - dpmedz;
//Regulador PI.
wi = wi + _IQ20mpy(_IQ20mpy(dperr,ki),Ts);
w = wi + _IQ20mpy(dperr,kp);
//Satura o valor do ângulo w.
w = _IQsat(w,_IQ20(414.7),_IQ20(339.3));
//w = _IQsat(w,_IQ20(400),_IQ20(320));
//Integrador do ângulo teta.
*teta_ = *teta_ + _IQ20mpy(w,Ts);
//Zera o integrador do ângulo teta.
if (*teta_ >= _IQ20(6.28318530))
{ //*teta_ = *teta_ - _IQ20(6.28318530);
*teta_ = 0;
}
ua = _IQ20sin(*teta_);
ub = _IQ20sin(*teta_+_IQ20(2.09439510239320));
uc = _IQ20sin(*teta_-_IQ20(2.09439510239320));
if (seq==1)
{
//Calcula os sinais de tensão ortogonais.
//Devolve sinais de tensão unitários sincronizados com a rede.
*va_ = _IQ20sin(*teta_+_IQ20(1.57079632679490));
*vb_ = _IQ20sin(*teta_+_IQ20(2.09439510239320)+_IQ20(1.57079632679490));
*vc_ = _IQ20sin(*teta_-_IQ20(2.09439510239320)+_IQ20(1.57079632679490));
}
186
else
if (seq==-1)
{
//Devolve sinais de tensão unitários sincronizados com a rede.
*va_ = _IQ20sin(*teta_+_IQ20(1.57079632679490));
*vb_ = _IQ20sin(*teta_-_IQ20(2.09439510239320)+_IQ20(1.57079632679490));
*vc_ = _IQ20sin(*teta_+_IQ20(2.09439510239320)+_IQ20(1.57079632679490));
}
}
//---- Algoritmo do PLL -------------------------------------------------------//
//----- Rotina de calibração do conversor AD-----------------------------------//
void calibra(_iq20 *adc_offset_, int *flag_)
{
Uint16 j;
Uint32 adc_[16];
EvaRegs.CMPR1 = 0;
EvaRegs.CMPR2 = 0;
EvaRegs.CMPR3 = 0;
adc_[ 0] = AdcRegs.ADCRESULT0;
adc_[ 1] = AdcRegs.ADCRESULT1;
adc_[ 2] = AdcRegs.ADCRESULT2;
adc_[ 3] = AdcRegs.ADCRESULT3;
adc_[ 4] = AdcRegs.ADCRESULT4;
adc_[ 5] = AdcRegs.ADCRESULT5;
adc_[ 6] = AdcRegs.ADCRESULT6;
adc_[ 7] = AdcRegs.ADCRESULT7;
187
adc_[ 8] = AdcRegs.ADCRESULT8;
adc_[ 9] = AdcRegs.ADCRESULT9;
adc_[10] = AdcRegs.ADCRESULT10;
adc_[11] = AdcRegs.ADCRESULT11;
adc_[12] = AdcRegs.ADCRESULT12;
adc_[13] = AdcRegs.ADCRESULT13;
adc_[14] = AdcRegs.ADCRESULT14;
adc_[15] = AdcRegs.ADCRESULT15;
for(j=0;j<=15;j++){
adc_offset_[j] = adc_offset_[j] + adc_[j];
}
*flag_ = (*flag_) + 1;
if (*flag_>=N_CAL)
{
//Canais que vão receber sinais DC não deverão
//utilizar o offset calculado pela rotina e
//terão apenas o offset fixo de 32760 subtraído.
adc_offset_[0] = adc_offset_[0]/N_CAL;
adc_offset_[1] = adc_offset_[1]/N_CAL;
adc_offset_[2] = adc_offset_[2]/N_CAL;
adc_offset_[3] = adc_offset_[3]/N_CAL;
adc_offset_[4] = adc_offset_[4]/N_CAL;
adc_offset_[5] = adc_offset_[5]/N_CAL;
adc_offset_[6] = adc_offset_[6]/N_CAL;
adc_offset_[7] = 32760;
adc_offset_[8] = adc_offset_[8]/N_CAL;
adc_offset_[9] = adc_offset_[9]/N_CAL;
adc_offset_[10] = adc_offset_[10]/N_CAL;
adc_offset_[11] = adc_offset_[11]/N_CAL;
188
adc_offset_[12] = adc_offset_[12]/N_CAL;
adc_offset_[13] = adc_offset_[13]/N_CAL;
adc_offset_[14] = adc_offset_[14]/N_CAL;
adc_offset_[15] = adc_offset_[15]/N_CAL;
}
}
//----- Rotina de calibração do conversor AD-----------------------------------//
//----- Rotina de detecção da seqüência de fase -------------------------------//
int16 sequencia (_iq20 va, _iq20 vb, _iq20 vc)
{
int16 setor=0;
static int16 setor_atual;
static int16 setor_antigo;
static int16 soma=0;
int16 seq=0;
setor_antigo = setor_atual;
if (va>0) {setor=1;}
if (vb>0) {setor=setor+2;}
if (vc>0) {setor=setor+4;}
switch(setor){
case 1: setor=2;
break;
case 2: setor=6;
break;
case 3: setor=1;
break;
189
case 4: setor=4;
break;
case 5: setor=3;
break;
case 6: setor=5;
}
setor_atual = setor;
if (setor_atual > setor_antigo) {soma=soma+1;} else
if (setor_antigo > setor_atual) {soma=soma-1;}
if (soma>20)
{
seq=1;
//if (soma>50) soma=50;
}
else
if (soma<-20)
{
seq=-1;
//if (soma<-50) soma=-50;
}
return seq;
}
//----- Rotina de detecção da seqüência de fase -------------------------------//
//----- Rotina que calcula os valores eficazes das tensões --------------------//
void vrms(_iq20 va, _iq20 vb, _iq20 vc, _iq20 *vef)
/*
As entradas va, vb e vc devem estar e pu por causa do formato utilizado (Q20).
190
*/
{
_iq20 vS[3];
static _iq20 integral[3]={0,0,0};
static _iq20 t=0;
const _iq20 Ts=_IQ20(0.000083333);
Uint16 k;
static Uint16 cont=0;
cont++;
t = t + Ts;
vS[0]=va;
vS[1]=vb;
vS[2]=vc;
//Calcula integral do quadrado da tensão.
for (k=0;k<3;k++)
{
integral[k] = integral[k] + _IQ20mpy(_IQ20mpy(vS[k],vS[k]),Ts);
}
//valor eficaz = integral/tempo
if (cont>2000)
{
for (k=0;k<3;k++)
{
vef[k] = _IQ20sqrt(_IQ20div(integral[k],t));
}
}
191
//Reseta variáveis.
if (cont>3000)
{
for (k=0;k<3;k++)
{
integral[k] = 0;
}
t=0;
cont=0;
}
}
//----- Rotina que calcula os valores eficazes das tensões --------------------//
//----- Rotina de proteção ---------------------------------------------------//
void protecao (void)
{
prot++; //Conta quantas vezes a proteção foi acionada.
EvaRegs.EXTCONA.bit.INDCOE = 0;
EvbRegs.EXTCONB.bit.INDCOE = 0;
EvaRegs.COMCONA.bit.FCOMPOE = 0;
EvbRegs.COMCONB.bit.FCOMPOE = 0;
//Reabilita interrupções.
PieCtrlRegs.PIEACK.all = PIEACK_GROUP1;
EvaRegs.EVAIFRA.bit.PDPINTA = 1;
EvbRegs.EVBIFRA.bit.PDPINTB = 1;
return;
}
//----- Rotina de proteção ---------------------------------------------------//
192
//----- PI com saturação dinâmica -----------------------------------------//
_iq20 PI(_iq20 kp_, _iq20 ki_, _iq20 erro, _iq20 integral, _iq20 fwd)
{
//Entradas e saídas do PI estão em pu.
_iq20 prop,limite,pi;
//parte proporcional
prop = _IQ20mpy(kp_,erro);
//satura em -1 e +1 a parte proporcional
prop = _IQsat(prop,_IQ20(1),_IQ20(-1));
//calcula o limite da parte integral
limite = _IQ20abs(1 - _IQ20abs(prop));
//incrementa a integral
integral = integral + _IQ20mpy(erro,ki_);
//satura a parte integral
integral = _IQsat(integral,limite,-limite);
//soma a parte integral com a parte proporcional
pi = _IQsat(prop + integral + fwd, _IQ20(1), _IQ20(-1));
return pi;
}
//----- PI com saturação dinâmica -----------------------------------------//
193
//----- Rotina de conversão A/D -----------------------------------------------//
interrupt void rotina_adc(void)
{//#01
if (flag<N_CAL)
{
EvaRegs.ACTRA.all = 0x0000; //PWM forced low (para resetar inversor).
EvbRegs.ACTRB.all = 0x0000; //PWM forced low (para resetar inversor).
calibra(adc_offset,&flag); //Chama a rotina de calibração do conversor AD.
}
else //Se a calibração já foi feita o restante do programa é executado.
{//#02
EvaRegs.ACTRA.all = 0x0666; //PWM em operação normal.
EvbRegs.ACTRB.all = 0x0666; //PWM em operação normal.
//Lê valores do conversor AD.
adc[0] = AdcRegs.ADCRESULT0;
adc[1] = AdcRegs.ADCRESULT1;
adc[2] = AdcRegs.ADCRESULT2;
adc[7] = AdcRegs.ADCRESULT7;
//Elimina offsets dos sinais.
for(k=0;k<=3;k++)
{
adc[k] = adc[k]-adc_offset[k];
}
194
adc[7] = adc[7]-adc_offset[7];
//Converte os valores para o formato Q20.
for(k=0;k<=3;k++)
{
adc[k] = adc[k]<<4;
}
adc[7] = adc[7]<<4;
//Condiciona os valores lidos para ficarem entre -1,5 e +1,5.
vSa = _IQ20mpy(adc[0],_IQ20(3.00073260073));
vSb = _IQ20mpy(adc[1],_IQ20(3.00073260073));
vSc = _IQ20mpy(adc[2],_IQ20(3.00073260073));
vDC = _IQ20mpy(adc[7],_IQ20(3.00073260073));//Formato Q20.
//
//Coloca vDC (medido) em pu no formato Q20.
vDC = _IQ20mpy(vDC,_IQ20(0.666666666666666)) - _IQ20(0.05);
vrms(vSa,vSb,vSc,vef); //Chama a rotina vrms com tensões em pu.
/*
vaef = _IQ20mpy(vef[0],_IQ20(320));
vbef = _IQ20mpy(vef[1],_IQ20(320));
vcef = _IQ20mpy(vef[2],_IQ20(320));
//Avalia se as tensões da rede estão presentes.
vfault = (vaef>_IQ20(5))&&(vbef>_IQ20(5))&&(vcef>_IQ20(5));
//Identifica a seqüência de fases (somente se existir tensão).
195
if ((seq==0) && vfault)
seq = sequencia(vSa,vSb,vSc);
//Se existe tensão e se a seqüência de fase já foi identificada...
if ( (seq != 0) && vfault)
{//#03
PLL(&vSa,&vSb,&vSc,&teta,seq); //Chama a rotina do PLL.
//scope(vSa>>4,_IQ16(1),1);
//Lê valores do conversor AD. <-- Correntes do filtro ativo.
adc[3] = AdcRegs.ADCRESULT3;
adc[4] = AdcRegs.ADCRESULT4;
adc[5] = AdcRegs.ADCRESULT5;
adc[6] = AdcRegs.ADCRESULT6;
//Lê valores do conversor AD. <-- Correntes da fonte.
adc[15] = AdcRegs.ADCRESULT15; //iLa
adc[14] = AdcRegs.ADCRESULT14; //iLb
adc[13] = AdcRegs.ADCRESULT13; //iLc
adc[12] = AdcRegs.ADCRESULT12; //iLn
//Elimina offsets dos sinais.
for(k=3;k<=6;k++)
{
adc[k] = adc[k]-adc_offset[k];
}
//Converte os valores para o formato Q20.
for(k=3;k<=6;k++)
196
{
adc[k] = adc[k]<<4;
}
//Elimina offsets dos sinais.
for(k=12;k<=15;k++)
{
adc[k] = adc[k]-adc_offset[k];
}
//Converte os valores para o formato Q20.
for(k=12;k<=15;k++)
{
adc[k] = adc[k]<<4;
}
//Condiciona os valores lidos para ficarem entre -1,5 e +1,5.
iFa = _IQ20mpy(adc[6],_IQ20(3.00073260073));
iFb = _IQ20mpy(adc[5],_IQ20(3.00073260073));
iFc = _IQ20mpy(adc[4],_IQ20(3.00073260073));
iFn = _IQ20mpy(adc[3],_IQ20(3.00073260073));
iFa = _IQ20mpy(iFa,_IQ20(0.666666666666666)); //Correntes em pu
iFb = _IQ20mpy(iFb,_IQ20(0.666666666666666)); //no formato Q20.
iFc = _IQ20mpy(iFc,_IQ20(0.666666666666666));
iFn = _IQ20mpy(iFn,_IQ20(0.666666666666666));
//Condiciona os valores lidos para ficarem entre -1,5 e +1,5.
iLa = _IQ20mpy(adc[15],_IQ20(3.00073260073));
iLb = _IQ20mpy(adc[14],_IQ20(3.00073260073));
iLc = _IQ20mpy(adc[13],_IQ20(3.00073260073));
197
iLn = _IQ20mpy(adc[12],_IQ20(3.00073260073));
iLa = _IQ20mpy(iLa,_IQ20(0.666666666666666)); //Correntes em pu
iLb = _IQ20mpy(iLb,_IQ20(0.666666666666666)); //no formato Q20.
iLc = _IQ20mpy(iLc,_IQ20(0.666666666666666));
iLn = _IQ20mpy(iLn,_IQ20(0.666666666666666));
vDC_ref = _IQ20(0.83333);
//Erro do controle de tensão.
erroDC = vDC - vDC_ref; //Valores em pu com base de 600 V.
//Ajusta os ganhos kp e ki do controle de tensão ------------------
kp_DC_delta = _IQ16mpy(_IQ16mpy(kp_DC_base>>4,_IQ16(0.0002)),_IQ16(kp_DC_gel-
5000))<<4;
//kp_DC = _IQsat(kp_DC_base + kp_DC_delta,_IQ20(200), _IQ20(0));
kp_DC = kp_DC_base + kp_DC_delta;
ki_DC_delta = _IQ16mpy(_IQ16mpy(ki_DC_base>>4,_IQ16(0.0002)),_IQ16(ki_DC_gel-
5000))<<4;
//ki_DC = _IQsat(ki_DC_base + ki_DC_delta,_IQ20(200), _IQ20(0));
ki_DC = ki_DC_base + ki_DC_delta;
//-----------------------------------------------------------------
//scope(vDC>>4,_IQ16(1),0);
//Regulador PI do controle de tensão do barramento DC.
//-------------------------------------------------------
propDC = _IQ20mpy(kp_DC,erroDC);
intDC = intDC + _IQ20mpy(_IQ20mpy(erroDC,ki_DC),_IQ20(0.0000833333));
piDC = _IQsat(propDC + intDC, _IQ20(1), _IQ20(-1));
//-------------------------------------------------------
198
//carregou_capacitor = 1 --> capacitor carregado
//carregou_capacitor = 0 --> capacitor descarregado
//capacitor carregado com 80% da tensão de regime
if (vDC >= _IQ20mpy(_IQ20(VDC),_IQ20(0.99)))
{ carregou_capacitor=1; }
iRefa = _IQ20mpy(vSa,piDC)+iLa;
iRefb = _IQ20mpy(vSb,piDC)+iLb;
iRefc = _IQ20mpy(vSc,piDC)+iLc;
iRefa= _IQsat(iRefa,_IQ20(1),_IQ20(-1));
iRefb= _IQsat(iRefb,_IQ21(1),_IQ20(-1));
iRefc= _IQsat(iRefc,_IQ21(1),_IQ20(-1));
iRefn = -(iLa+iLb+iLc); // <-- Invertido por causa da
// polaridade da placa de corrente.
//scope(iLa>>4,_IQ16(1),0);
//scope(iFa>>4,_IQ16(1),1);
//scope(iRefa>>4,_IQ16(1),2);
//scope(iLc>>4,_IQ16(1),3);
//Erros do controle de correntes.
erroa= (iRefa-iFa);
errob= (iRefb-iFb);
erroc= (iRefc-iFc);
erron= (iRefn-iFn);
//kp_ctrli = _IQ20(KPCORRENTE);
199
//ki_ctrli = _IQ20(KICORRENTE);
kp_ctrli_delta = _IQ16mpy(_IQ16mpy(kp_ctrli_base>>4,_IQ16(0.0002)),_IQ16(kp_ctrli_gel-
5000))<<4;
kp_ctrli = kp_ctrli_base + kp_ctrli_delta;
ki_ctrli_delta = _IQ16mpy(_IQ16mpy(ki_ctrli_base>>4,_IQ16(0.0002)),_IQ16(ki_ctrli_gel-
5000))<<4;
ki_ctrli = ki_ctrli_base + ki_ctrli_delta;
///-----------------------------------------------------------------
pia = PI(kp_ctrli,ki_ctrli,erroa,inta,0); //Saídas dos PIs dinâmicos.
pib = PI(kp_ctrli,ki_ctrli,errob,intb,0); //São sinais entre -1 e +1.
pic = PI(kp_ctrli,ki_ctrli,erroc,intc,0); //Formato Q20.
pin = PI(kp_ctrli,ki_ctrli,erron,intn,0);
if(!carregou_capacitor)
{
pia = _IQsat(pia,_IQ20(1),_IQ20(-1));//Feedforward da tensão de entrada
pib = _IQsat(pib,_IQ20(1),_IQ20(-1));//com saturação em +1 e -1.
pic = _IQsat(pic,_IQ20(1),_IQ20(-1));
}
else
{
pia = _IQsat(pia+_IQ20mpy(vSa,_IQ20(0.5)),_IQ20(1),_IQ20(-1));//Feedforward da tensão de
entrada
pib = _IQsat(pib+_IQ20mpy(vSb,_IQ20(0.5)),_IQ20(1),_IQ20(-1));//com saturação em +1 e -1.
pic = _IQsat(pic+_IQ20mpy(vSc,_IQ20(0.5)),_IQ20(1),_IQ20(-1));
//pia = _IQsat(pia+vSa,_IQ20(1),_IQ20(-1));//Feedforward da tensão de entrada
200
//pib = _IQsat(pib+vSb,_IQ20(1),_IQ20(-1));//com saturação em +1 e -1.
//pic = _IQsat(pic+vSc,_IQ20(1),_IQ20(-1));
}
pia = (pia+_IQ20(1))>>1; //Saídas dos PIs convertidas entre 0 e +1.
pib = (pib+_IQ20(1))>>1; //Formato Q20. A operação ">>1" é feita para
pic = (pic+_IQ20(1))>>1; //dividir por dois (não confundir com mudança
pin = (pin+_IQ20(1))>>1; //de formato de ponto fixo).
EvaRegs.CMPR1 = (Uint16) _IQ18int(_IQ18mpy(pia>>2,_IQ18(6250)));
EvaRegs.CMPR2 = (Uint16) _IQ18int(_IQ18mpy(pib>>2,_IQ18(6250)));
EvaRegs.CMPR3 = (Uint16) _IQ18int(_IQ18mpy(pic>>2,_IQ18(6250)));
EvbRegs.CMPR4 = (Uint16) _IQ18int(_IQ18mpy(pin>>2,_IQ18(6250)));
if ((!habilita))
{
EvaRegs.EXTCONA.bit.INDCOE = 0;
EvbRegs.EXTCONB.bit.INDCOE = 0;
asm(" RPT #8 || NOP");
asm(" RPT #8 || NOP");
asm(" RPT #8 || NOP");
asm(" RPT #8 || NOP");
asm(" RPT #8 || NOP");
asm(" RPT #8 || NOP");
asm(" RPT #8 || NOP");
EvaRegs.COMCONA.bit.FCOMPOE = 1;
EvbRegs.COMCONB.bit.FCOMPOE = 1;
pulso(1); //Pulso de teste.
habilita = 1;
}
201
}//#03
else
{
//Inibe PWM.
EvaRegs.CMPR1 = 0;
EvaRegs.CMPR2 = 0;
EvaRegs.CMPR3 = 0;
}
}//#02
//Reinitialize for next ADC sequence.
AdcRegs.ADCTRL2.bit.RST_SEQ1 = 1; //Reset SEQ1.
AdcRegs.ADCST.bit.INT_SEQ1_CLR = 1; //Clear INT SEQ1 bit .
PieCtrlRegs.PIEACK.all = PIEACK_GROUP1; //Acknowledge interrupt to PIE.
return;
}//#01
//----- Rotina de conversão A/D -----------------------------------------------//
RESUMO:
Neste trabalho é estudada a aplicação de filtros ativos em sistemas de distribuição
de energia de baixa tensão. Com o crescente aumento de cargas não lineares conectadas ao
sistema de distribuição de energia, proveniente principalmente de cargas eletrônicas,
problemas com a qualidade no fornecimento de energia elétrica têm demandado
preocupação por parte das concessionárias de energia elétrica e consumidores. Outro fator
que causa preocupação é a perspectiva da introdução de uma nova legislação que
regulamentará e estabelecerá limites para índices de parâmetros de qualidade da energia.
Diante deste problema estabelecido foi desenvolvido um filtro ativo trifásico
paralelo de 10 kVA, como uma ferramenta para auxílio na mitigação de problemas de
qualidade da energia em sistemas de distribuição trifásicos de baixa tensão. O bom
desempenho obtido com o equipamento desenvolvido só foi possível devido a aplicação de
técnicas de controle automático implementadas através de controle digital utilizando um
processador digital de sinais. Foram realizadas simulações para verificação do desempenho
do equipamento, bem como da aplicação de um filtro ativo na alimentação de cargas não
lineares típicas. A comprovação do funcionamento do equipamento e de seu desempenho
foi realizada através da instalação num sistema real de distribuição de energia, com cargas
típicas e suas variações dinâmicas. O principal resultado obtido com a instalação do filtro
ativo trifásico paralelo no sistema de distribuição é a melhoria significativa do fator de
potência, da linearidade e equilíbrio da corrente no ponto de instalação. A melhoria destes
parâmetros proporciona uma elevação na qualidade da tensão de fornecimento no sistema
de distribuição de energia.
A maior contribuição deste trabalho está na aplicação de filtros ativos em sistemas
de distribuição de energia, com a apresentação de detalhes de especificação, projeto,
desenvolvimento e resultados de testes obtidos com a instalação de um filtro ativo trifásico
paralelo.
PALAVRAS-CHAVE
Filtro Ativo, Qualidade da Energia, Controle Automático, Componentes Harmônicos e
Fator de Potência.
ÁREA/SUB-ÁREA DE CONHECIMENTO
30400007 – Engenharia Elétrica
30405009 - Eletrônica Industrial, Sistemas e Controles Eletrônicos
30404002 – Sistemas Elétricos de Potência
30405033 – Controle de Processos Eletrônicos, Retroalimentação
Ano 2007
N
º
: 458
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