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FUNDAÇÃO CULTURAL DR. PEDRO LEOPOLDO
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
ROSÁLIA GONÇALVES COSTA SANTOS
CONTADOR CONTROLLER:
UM ESTUDO SOBRE AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO
CONTADOR GESTOR
Pedro Leopoldo
2008
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ROSÁLIA GONÇALVES COSTA SANTOS
CONTADOR CONTROLLER:
UM ESTUDO SOBRE AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
DO CONTADOR GESTOR
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administração da Fundação Cultural Dr.
Pedro Leopoldo, como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Administração.
Área de Concentração: Gestão da Inovação e
Competitividade.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Celeste Reis Lobo de
Vasconcelos.
Pedro Leopoldo
2008
ROSÁLIA GONÇALVES COSTA SANTOS
CONTADOR CONTROLLER: um estudo sobre as competências profissionais do
contador gestor
Pedro Leopoldo, ___ de ____________ de 2008.
Dissertação apresentada e ________________ junto ao Curso de Mestrado Profissional em
Administração da Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo visando à obtenção do título de
Mestre em Administração.
Componentes da banca examinadora:
_______________________________________________________________
Prof.ª Dra. Maria Celeste Reis Lobo de Vasconcelos (Orientadora)
Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo
_______________________________________________________________
Prof.ª Dra Jaqueline Veneroso Alves da Cunha
Convidada
_______________________________________________________________
Prof. Lúcio Flávio Renault de Moraes
Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo
Dedico esta dissertação ao Geraldo, que amo tanto e que
está o tempo todo ao meu lado.
Aos meus pais, Achilles e “Lia”, por me ensinarem a
amar e reconhecer a família como fortaleza nos
momentos de brisa e de tempestade.
A meus filhos, Renata e Mateus, que, ainda
inocentemente, souberam, com sabedoria, compreender a
ausência da mãe.
Aos meus irmãos, como incentivo.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que tem sido minha luz, paz e confiança, presente em todos os momentos da
minha vida e sempre me presenteando com belíssimas oportunidades para meu
desenvolvimento pessoal e profissional;
Aos meus pais, que sempre confiaram em mim, proporcionando-me estímulos e
reflexões para que mais esta conquista fosse possível;
Ao Geraldo, pelo amor, estímulo, compreensão e paciência dedicados ao longo de toda
minha trajetória acadêmica;
Aos meus filhos, Renata e Mateus, pela alegria que trouxeram à minha vida;
Ao meu grande Mestre João Eustáquio, por estimular a minha vida acadêmica;
A minha amiga Juliana, pelas inspirações na realização deste trabalho;
Ao meu irmão “de coração”, Ranylson, pela bondade e por compartilhar tão
brilhantemente sua sabedoria;
À minha orientadora, Maria Celeste Reis Lobo de Vasconcelos, por acreditar no meu
trabalho, motivando-me e conduzindo-me carinhosamente com atenção, sabedoria e
competência;
Ao Professor Lúcio Flávio Renault de Moraes, pela contribuição e carinho desde a
apresentação do pré-projeto de pesquisa;
A todos os professores do MPA – Pedro Leopoldo, pela possibilidade do
conhecimento;
A todos que contribuíram de alguma forma para que eu pudesse tornar realidade um
sonho e hoje viver este momento.
A diferença entre o possível e o impossível está na determinação de cada um.
Tommy Lasorda
RESUMO
O profissional controller tem como uma de suas principais atividades administrar os conflitos
organizacionais resultantes dos processos de mudanças. Percebe-se que este profissional, não
está imune às influências ambientais capazes de gerar conflitos. A presente dissertação tem
por objetivo identificar as competências requeridas dos profissionais que exercem a atividade
de controller, segundo o Dicionário de competências do contador, proposto por Cardoso
(2006). Para atingir este objetivo, foram realizadas pesquisas de natureza bibliográfica e de
campo. A pesquisa bibliográfica envolveu o estudo dos principais autores que se dedicaram
ao tema, ao passo que a pesquisa de campo foi realizada utilizando-se como instrumento de
coleta de dados um questionário, que foi submetido aos profissionais que desempenham a
atividade de controller’s objetivando identificar as competências mais requeridas no
desempenho desta função. Foi também realizada uma entrevista com um dos respondentes,
representante de uma das empresas que compõem a amostra. O resultado obtido mostrou que
todas as competências apresentadas foram, de modo geral, consideradas como bem
requeridas. Porém, evidenciou que as competências integridade, confiança, contabilidade e
finanças foram as mais fortemente requeridas. As conclusões desta pesquisa possibilitaram
uma contribuição acadêmica ao aprofundar o estudo sobre competências profissionais, ao
identificar as competências requeridas ao profissional contábil que desempenha ou queira
desempenhar a função de controller e ao criar um instrumento de coleta de dados para a
análise do modelo adotado nesta pesquisa. Como considerações para futuras pesquisas
destaca-se a validação dos resultados em outras amostras de profissionais contadores que
desempenham outra atividade no âmbito da ciência contábil.
Palavras-chave: Competência, Contabilidade, Profissional Contador, Controller.
ABSTRACT
One of the main functions of controller is to manage organizational conflicts resultant from
change processes. One perceives that this professional is not immune to the environmental
influences capable of generating conflicts. The present dissertation aims at identifying the
competences required from the professionals who have the position of controller, according
to the Dictionary of Competences of the Accountant, proposed by Cardoso (2006). In order to
reach this goal, bibliographical and field research were carried out. The bibliographical
research involved the study of the main authors who dedicated themselves to the topic,
whereas the field research was carried out by using a questionnaire as a data gathering
instrument. This questionnaire was answered by the professionals who have the position of
controller and aimed at identifying the most required competences in the performance of this
position. One also carried out an interview with one of the answerers who was the
representative of one of the companies of which the sample was composed. The obtained
results showed that, in general terms, all the presented competences were considered as
required to a high degree. However, one evidenced that the competences integrity, trust,
accountability and finances were the most required. The conclusions of the present research
allowed an academic contribution when deepening the study on professional competences,
when identifying the competences required from the accountant who has the position of
controller and when creating an instrument of data gathering for the analysis of the model
which was adopted in this research. One points out the validation of the results in other
samples of accountants who perform other activities within the Accounting Science as a
consideration for further research.
Key Words: Competence, Accountability, Accountant, Controller.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Dimensões da competência.......................................................................................... 19
FIGURA 2 – Análise de competências baseado em Sandberg (1994) e em Le Boterf (1997)........ 22
FIGURA 3 – Competência, inputs e outputs.................................................................................... 27
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Taxionomia das competências........................................................................................ 17
QUADRO 2 Competências do profissional......................................................................................... 19
QUADRO 3 Conceito de competências.............................................................................................. 23
continua................................................................................................................................................ 23
QUADRO 4 Comparativos dos conceitos de competências................................................................ 26
QUADRO 5 Estudos empíricos sobre compencias na área da ciência contábil................................ 46
QUADRO 6 Competências do contador conforme Cardoso (2006).................................................... 47
continua............................. 47
QUADRO 7 Maiores empresas por região Minas Gerais................................................................ 53
QUADRO 8 Composição final da amostra......................................................................................... 54
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Variáveis consideradas no estudo............................................................................... 56
TABELA 2 – Estatísticas descritivas das competências.................................................................. 67
TABELA 3 – Médias das competências, por faixa etária................................................................ 73
TABELA 4 – Médias das competências, por nível de escolaridade................................................ 74
TABELA 5 – Médias das competências por tempo de controller................................................... 76
TABELA 6 Médias das competências por realização de curso de desenvolvimento na atuação
de controller................................................................................................................. 77
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 Distribuição dos respondentes em relão à faixa etária ................................................ 60
GRÁFICO 2 Distribuição dos respondentes em relão ao sexo.......................................................... 61
GRÁFICO 3 Distribuição dos respondentes em relão à formão básica......................................... 61
GRÁFICO 4 Distribuição dos respondentes em relão à realização de cursos.................................... 62
GRÁFICO 5 Distribuição dos respondentes em relão ao tempo de controller.................................. 62
GRÁFICO 6 Médias das competências............................................................................................... 66
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 11
2 REFERENCIAL TRICO......................................................................................................... 14
2.1 Conceito de competências................................................................................................................ 14
2.1.1 Competência, uma abordagem americana e européia.................................................................. 25
2.2 A cncia contábil............................................................................................................................. 27
2.2.1 Origem e evolução histórica da contabilidade............................................................................. 27
2.2.2 Aspectos históricos da evolução da escrita contábil.................................................................... 29
2.2.3 A evolução histórica do profissional de contabilidade................................................................. 32
2.2.4 O papel do contador na sociedade nos dias atuais........................................................................ 33
2.2.5 Função da controladoria e o profissional controller..................................................................... 38
2.2.6 Contador Controller: competências exigidas............................................................................... 44
3 METODOLOGIA........................................................................................................................... 50
3.1 Objetivo da pesquisa........................................................................................................................ 50
3.2 Caracterizão da pesquisa............................................................................................................. 50
3.3 Universo e amostragem................................................................................................................... 52
3.4 Coleta de dados................................................................................................................................ 54
3.4.1 Questionário................................................................................................................................ 55
3.4.2 Entrevista..................................................................................................................................... 57
3.4.3 Tratamento dos dados.................................................................................................................. 57
4 APRESENTÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................ 58
4.1 Caracterizão da amostra.............................................................................................................. 59
4.1.1 Perfil da população estudada....................................................................................................... 59
4.2 Análise da amostra pesquisada com base nas competências de Cardoso (2006)...............................63
4.2.1 Competências mais requeridas..................................................................................................... 67
4.2.2 Competências com médio requerimento...................................................................................... 69
4.2.3 Competências menos requeridas.................................................................................................. 71
4.3 Avaliação cruzada das compencias............................................................................................... 71
4.3.1 Faixa etária versus competências................................................................................................. 72
4.3.2 Escolaridade versus competências............................................................................................... 73
4.3.3 Tempo que exerce a função de controller versus competências................................................... 75
4.3.4 Curso de desenvolvimento específico versus competências........................................................ 76
4.4 Entrevista com um dos respondentes do questiorio..................................................................... 77
4.5 Análise dos resultados e seus relacionamentos tricos.................................................................... 79
5 CONCLUSÃO................................................................................................................................. 81
REFERÊNCIAS................................................................................................................................ 86
APÊNDICES...................................................................................................................................... 91
Apêndice A – Instrumento de coleta de dados...................................................................................... 92
Apêndice B – Roteiro da entrevista realizada com um dos respondentes do questionário aplicado......99
1 INTRODUÇÃO
A evolução das atividades econômicas nos últimos anos com o manifesto acirramento
da concorrência, teve como conseqüência, entre outras a intensificação da busca pela
competitividade, alçada à condição de fator de sobrevivência. Nesse sentido, intensifica-se a
preocupação intelectual com o uso das aptidões e qualificações dos profissionais (KOLIVER,
1996).
Esse ambiente de constante mudança é referenciado por Cardoso (2006), citando
Porter
1
(1990), como sendo de valorização do capital intectual e de reconhecimento da
relevância das pessoas e do seu desenvolvimento como fonte primordial de vantagens
competitivas.
O conceito de competência deve, primeiramente, ser visto sob a perspectiva da
formação humana. Ramos (2001) afirma que a formação humana ocorre a partir de um
processo histórico, em que os indivíduos possuem consciência de si e das relações sociais nas
quais estão inseridos. Dessa forma, o processo da formação humana visa oferecer ao homem
a possibilidade de apropriar seu próprio ser de forma global, ou seja, em todos os seus
sentidos e potencialidades de realização.
Machado (2002) atribui a competência à pessoalidade, que o saber, o fazer, o sentir,
o julgar e o decidir são características essencialmente sujeitos das pessoas. Fleury e Fleury
(2001) consideram como uma expressão da necessidade social o fato de a sociedade qualificar
o indivíduo pela suas ações em ser competente, apontando o oposto de forma negativa,
depreciativa.
Assim os autores acima argumentam que ser competente significa estar no mundo de
forma participativa do ponto de vista tanto daquilo que fazem como do modo como fazem. De
uma forma ou de outra, as pessoas precisam sentir-se integradas ao mundo. Isso é que
capacita-as a interagir com ele. Vale ressaltar que a competência é considerada um conjunto
de conhecimentos, qualidades, capacidade e aptidões que habilitam o indivíduo para suas
discussões, consultas, enfim as decisões de tudo que envolve seu ofício.
Ro & Tanguy (1997) afirmam que a competência é um atributo que pode ser
apreciado em uma situação dada, pois varia em função das mudanças que ocorrem na sociedade.
1
PORTER, M.E. The competitive advantage of nations. Havard Business Review, v.74, n.6, p. 73-93,
mar./apr. 1990.
11
Cada indivíduo, por ser único, torna-se singular na maneira de realizar suas tarefas. Ou
seja, ainda que duas pessoas realizem a mesma tarefa, cada uma a realizará de maneira
diferente, em razão das diferenças de capacidades e saberes de cada uma.
Neste contexto, os olhares no mundo dos negócios direcionam os profissionais para o
desempenho de múltiplos papéis voltados para atender às necessidades da empresa,
evidentemente, de modo a agregar valor para a mesma (BRAGA, 2003).
No campo da ciência contábil, classificada como ciência social que estuda a riqueza
patrimonial individualizada, sob os aspectos quantitativos e qualitativos, ocorre uma relação
intencional: a correlação entre tal ciência e outras formas de conhecimento. A contabilidade,
para seu exercício, necessita de uma visão transdisciplinar, entendida como o encontro entre
as ciências e desta com a filosofia, com a arte e com o espírito, buscando o desenvolvimento
do pensar holístico e do agir localizado (KROETZ, 2000).
O profissional contábil defronta-se continuamente com as novas exigências de um
mercado acirrado que, ao mesmo tempo em que apresenta boas possibilidades, torna-se mais
exigente a cada dia. No contexto atual, a ciência contábil passou a ser considerada não só uma
ferramenta de registro, mas também um instrumento de gestão. Entretanto, neste mesmo cenário
está inserido o avanço tecnológico, de extrema volatilidade, gerando conseqüentemente maior
sobrecarga de informões, acessibilidade, disponibilidade e transparência (KOLIVER, 1996).
Para Atkison et al. (2000), o grande desafio da contabilidade consiste em registrar os
fatos; processar a informação, transformando-a em relatórios que atendam às necessidades
dos usuários, assegurando-se de sua qualidade; e possibilitar a transformação desta
informação em oportunidade de novos negócios. Sobre esse aspecto, a atuação contábil deve
ocorrer de maneira ampla e flexível, compreendendo desde as informações associadas a
conhecimento técnico, até a capacidade de tomar decisões e de assumir riscos e
responsabilidades pessoais perante situações imprevistas ou imediatas, com base em atitudes
pautadas na ética, na habilidade de negociação, na visão futurista, enfim, em demonstrações e
exercícios contínuos de testes de inteligência.
Faz-se necessário então, compreender quais são as competências exigidas do
profissional contábil que desempenha a função de controller, de modo a estabelecer
programas com o objetivo de desenvolver líderes adaptáveis e mais flexíveis à nova realidade
organizacional.
Esta pesquisa é válida também por representar uma tentativa de estabelecer um estudo
de exploração inicial das competências técnicas e comportamentais exigidas dos profissionais
12
de contabilidade, fornecendo com isso alternativas para o desenvolvimento dos indivíduos e
da organização, bem como a apresentação de caminhos para estudos posteriores.
Assim, pretende-se com a realização desta pesquisa como objetivo principal:
Identificar as competências exigidas dos profissionais contábeis que desempenham a
atividade de controller.
Para alcançar tal objetivo, foram traçados os seguintes objetivos intermediários:
Descrever a função da contabilidade e a atuação do controller nas empresas;
Identificar, a partir da literatura, as competências esperadas dos profissionais da
contabilidade que desempenham a função de controller; e
Avaliar se as competências requeridas do profissional controller variam em
função da faixa etária do tempo de atuação nesta função.
A questão central que norteia esta pesquisa é: Quais são as competências requeridas do
profissional contábil que desempenha a função de controller?
Para a análise das competências profissionais do controller, será utilizada pesquisa
descritiva, com cater qualitativo. A metodologia será a de survey e a amostra será retirada de
uma população de contadores que desempenha a função de controller em grandes empresas.
Para a realização da pesquisa, considerou-se a utilização de questionários e de
entrevista semi-estruturada, a qual se apóia no instrumento de coleta de dados apresentados no
apêndice I e no apêndice II, para a identificação das competências requeridas dos contadores
que desempenham a função de controller.
O trabalho está estruturado em cinco capítulos, incluindo esta Introdução.
No segundo capítulo discutem os aspectos conceituais de competência, com suas
variações e fundamentações, e apresenta-se a ciência contábil, sua origem e evolução
histórica, assim como a evolução histórica e o papel do profissional de contabilidade.
No terceiro capítulo, descrevem-se as questões metodológicas da pesquisa, detalhando
a amostra e os procedimentos de coleta de dados.
No quarto capítulo, faz-se a apresentação e discussão dos resultados.
No quinto capítulo, apresentam-se as considerações finais e algumas implicações do
trabalho para a classe contábil, instituições de ensino, profissionais que desempenham a
atividade de controller e comunidade acadêmica.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceito de competências
Neste item, propõe-se a realizar uma revisão sobre os aspectos conceituais de
competências, atendendo à proposição da investigação, que objetiva identificar as
competências do controller.
A revisão da bibliografia permitiu evidenciar a existência de vários estudos sobre a
questão da competência. Os estudiosos reconhecem que a competência é um construto em
desenvolvimento. Como tal, não pode ser considerada como resolvida (DUTRA et al., 1998).
Cardoso (2006) inspirado em Manfredi (1998), destaca que a falta de consenso na
conceituação tem sua justificativa pelas divergências de caráter filosófico e ideológico.
Inicialmente, as competências profissionais foram utilizadas por McClelland
2
(apud
CARDOSO, 2006), na área da psicologia, a partir de questionamentos, na década de 1970
referentes aos testes aplicados para medir o desempenho da pessoa, enquanto comportamento
e profissional. Nesse sentido, marca sua trajetória com papel de destaque nos dias atuais,
sendo afirmado por estudiosos da área tratar-se de uma idéia que vem sendo (re)pensada e
(re)avaliada.
No fim da Idade Média, a expressão competência estava associada à linguagem
jurídica. Atribuía à pessoa a capacidade de apreciar e julgar certas questões. Posteriormente, o
termo passou a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de alguém pronunciar-se
a respeito de um assunto específico ou qualificar a capacidade de realização de um
determinado trabalho (CARDOSO, 2006).
A expressão competência deriva-se do latim competentia com seus relativos
“competir” e “competente” significando a qualidade da pessoa. Na Idade Média, era
empregada para a atribuição dos juristas em tribunais quando da determinação de um
julgamento. Essa instância podia atribuir a uma pessoa ou a uma instituição a competência
para realizar certo ato considerado válido por ser juridicamente designado. Ou seja, a idéia de
pertinência, de pertencimento, é um dos significados presentes.
2
McCLELLAND, D.C. Testing for competence rather than for intelligence. American Psychologist, p. 1-14,
January. 1973.
14
O Dicionário Aurélio define competência como “faculdade concedida por lei a um
funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e julgar certos pleitos ou questões; qualidade de que
é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; capacidade, habilidade,
aptidão, idoneidade”.
Tanguy (1997), buscando relacionar historicamente a expressão competência afirma
que esta tem sua origem conceitual de qualificação no século XX, a partir da teoria da
administração científica e dos modelos fordista e taylorista. No modelo fordista, o conceito de
eficiência constitui a base da determinação da qualidade. no modelo taylorista, o
desempenho do trabalhador assume maior importância; Ou seja, é visto como aquele que
realiza o que foi determinado, com rigor.
Brandão e Guimarães (2001) afirmam que no modelo taylorista as habilidades
necessárias para o desempenho de uma atividade concentravam-se essencialmente nas
questões técnicas relacionadas à tarefa. Ocorre que, por força do aumento da complexidade
das relações de trabalho, desencadeando as pressões sociais da época, as organizações
passaram a considerar no processo de desenvolvimento profissional de seus empregados os
aspectos técnicos, sociais e comportamentais relacionados ao trabalho.
Zarifian (2001, p. 37) destaca que quando o capitalismo industrial (século XVIII)
começa a ser estruturado as atividades predominantes estavam centradas na produção agrícola
e nas corporações artesanais e que a Revolução Industrial transformou a organização do
trabalho e da civilização: “passamos de uma civilização agrícola rural para uma civilização
industrial urbana”. O autor chama atenção para o fato de que esta passagem, no entanto, não
ocorre universal e radicalmente, como na organização do trabalho na França, em que a
atividade produtiva se concretizou em 1945. No Brasil, isso aconteceu somente após os
anos de 1950, com o impulso da industrialização.
As transformações no sistema produtivo interferem diretamente na formação do
trabalhador, tanto que a multiplicação da indústria desencadeou num processo de preparação e
exigência profissional.
Ainda no século XVIII, surgiram escolas, na Inglaterra com o propósito de atender à
formação para o trabalho, ao ensinamento das técnicas de trabalho. Porém o aprendizado de
alguns ofícios passou a ser básico nas diferentes indústrias, passando a constituir-se em
referência para o domínio do ofício (ROMANOWSKI, 2005).
Zarifian (2001, p. 25) destaca que a partir da metade da década de 1980, passou a
ocorrer o crescente interesse das empresas pela competência, desencadeando, em 1990, em
uma nova estruturação, que passa “da lógica do posto de trabalho à lógica da competência”.
15
Esse modelo aplica novas formas de recrutamento. A progressão por tempo de serviço cede
espaço à competência, uma vez que inclui no processo de recrutamento a escolaridade, a
recomendação e a experiência anterior. Esse novo tipo conferiu maior destaque ao
desenvolvimento de competência, na medida em que destaca também a nova forma de
responsabilização dos trabalhadores, implicando a delegação de responsabilidades, iniciativa
que passou a considerar os potenciais individuais para produzir ganhos de eficiência.
Cardoso (2006) destaca que, na década de 1980 Boyatzis (1982) afirmou que a
competência individual é uma relação de causalidade com atuação efetiva, mas reforça que a
competência não é a única causa, podendo ser desperdiçada pela falta das demais condições.
Buscando ainda a classificação das competências, Spencer e Spencer (1993) definem
dois veis: o vel oculto, com traços mais profundos e centrais, que toca à personalidade do
indivíduo; e o nível visível, cil de identificão e de ser desenvolvido. O vel oculto
compreende o auto-conceito, os traços e os motivos. No vel visível, pelas suas caractesticas
incluem as habilidades e conhecimentos (CARDOSO, 2006).
Fleury e Fleury (2001) sustentam que o conceito de competência é utilizado para
designar a qualificação de uma pessoa para realizar alguma tarefa. Tal denominação, quando
afirmativa, qualifica positivamente a pessoa; em caso negativo, a imagem se torna pejorativa
e, de certa forma, poderá desencadear-se na marginalização e depreciação do reconhecimento
social e profissional do ser humano.
Na definição do significado de qualificação, vários componentes se articulam: as
convenções coletivas entre trabalhadores e empresários; as corporações e organizações dos
trabalhadores; os sistemas escolares, principalmente os profissionalizantes, que hierarquizam,
organizam e classificam os pontos de trabalho; e os conhecimentos e as exigências para o
desempenho (ROMANOWSKI, 2005).
Romanowski (2005) pondera ainda que não se deve desconsiderar a dimensão da equipe no
processo produtivo. Sugere que uma compencia pode ser atribuída tanto a um indivíduo quanto a
um grupo de trabalho. As crenças e valores compartilhados pela equipe de trabalho influenciam
sobremaneira a conduta de seus componentes, revelando uma cultura organizacional.
McClelland (1973), apud CARDOSO, 2006, em seu texto original, defendia que as
ações comportamentais eram resultado da união de três componentes: paciência, habilidade de
comunicação e estabelecimento de metas razoáveis.
Paciência característica humana que parece ser essencial para muitos resultados
práticos da vida.
16
Habilidade de comunicação muitas atividades profissionais requerem
relacionamentos interpessoais, havendo a exigência de que as pessoas se
comuniquem com palavras, aparência e gestos.
Estabelecer metas razoáveis em muitas situações, é claramente preferível estabelecer
metas elevadas demais ou baixas demais, que freqüentemente causam fracasso.
Com base no entendimento apresentado por McClelland, apud CARDOSO, 2006,
começaram a surgir novas pesquisas interessadas em aperfeiçoar os métodos tradicionais de
seleção de pessoal e em desenvolver novos parâmetros para se medir o desempenho
profissional e o valor criado pelos empregados para a organização.
McLagan (1997)
3
, citado por Cardoso (2006, p. 71) reafirma que as definições de
competências podem assumir muitas formas, incluindo explicações, descrições, analogias e
exemplos. Nesse sentido, propõe um QUADRO descritivo para demonstrar a classificação da
palavra competência.
QUADRO 1 – Taxionomia das competências
Tipo de definição do termo Descrição
Competência de tarefa (task
competencies)
Tarefas do trabalho e atividades. Ex.: Analisar demonstrativos
financeiros.
Competências de resultado (result
competencies)
Descreve-se a competência adicionando-se a expressão “habilidade
de” a um resultado. Ex.: habilidade de gerar lucros.
Competências de produto (output
competencies)
A expressão “habilidade de” precede um produto, isto é, algo que
uma equipe produz, provê ou entrega. Ex.: habilidade de produzir
análises de projetos.
Competências de habilidades,
conhecimentos e atitudes (knowledge,
skills and atitude – KSA –
competencies)
Neste caso, unem-se um nível cognitivo (ex.: conhecimentos de
engenharia eletrônica), a um nível processual (ex.: habilidade de
ouvir) e a um nível afetivo composto por atitudes, valores,
orientações e comprometimentos (ex.: integridade e realização).
Diferencial de perfomance superior
(superior-performance differentiator)
Lista de competências que pessoas de performance superior
possuem, que as outras pessoas não possuem. Habitualmente, este tipo
de busca encontra aptidões apoiadas em inteligência e personalidade.
Estas o discernidas em candidatos por meio de testes. É este o
problema que McClelland quer resolver com sua metodologia.
Feixes de atributos Atribuições complexas que envolvem em seu interior tarefas,
resultados, produtos, conhecimentos, atitudes de uma forma mais
híbrida. Ex.: liderança, resolução de problemas ou tomada de
decisões.
Fonte: McLagan (1997), citado por Cardoso (2006, p. 73).
3
McLAGAN, P. A. Competencies: the next generation. Alexandria. Training & Development, v. 51, p. 40-48,
1997.
17
Cardoso (2006, p. 73), citando Spencer e Spencer (1993), justifica que, dada a
importância da questão de competências como característica que não se manifesta em um
indivíduo, promove-se o surgimento de modelos que relacionam a competência com o
desempenho no trabalho por meio da análise de causa e efeito. Os autores esclarecem que as
ações comportamentais decorrem de características pessoais do indivíduo, tais como: motivos,
traços, autoconceito e conhecimento. Estes conseqüentemente, levam a um resultado, nesse
modelo classificado como “desempenho no trabalho”.
Le Boterf (1999) um dos maiores defensores da visão da competência como resultante
de uma ação, utiliza os termos “saber fazer”, “saber agir” e “saber ser”. Contudo, reforça que
a competência não reside apenas nos recursos de saber fazer, saber agir e saber ser, mas,
essencialmente, na forma como são mobilizados estes recursos.
Objetivando dar uma visão mais ampla aos conceitos utilizados no entorno da palavra
competência Cardoso (2006, p. 96) inspirado em Le Boterf (1999), descreve:
Conhecimentos gerais e teóricos e operacionais acerca do ambiente, referem-se
ao conjunto de fatos, informações, princípios e conceitos importantes para resolver
pontos, questões e problemas relacionados ao trabalho; enfim o que foi apreendido
mediante a educação formal, treinamento ou experiência.
Habilidades operacionais, experiências, relacionais e cognitivas; são
consideradas de extrema necessidade, uma vez que são determinantes na execução
de uma tarefa. Entende-se como a capacidade de operar um maquinário, de
reconhecer os dados de um relatório ou de avaliar possíveis falhas.
Atitudes – atributos pessoais e relacionais;
Recursos fisiológicos – energia e disposição;
Recursos do ambiente – sistema de informação e banco de dados.
Brandão e Guimarães (2001) destacam que este modelo tem maior aceitação nos
ambientes acadêmicos e empresarial, que procura integrar diversos aspectos relacionados
ao trabalho.
Sintetizando o conceito de competência, Durand, apud Perrenoud (2002), define-o
como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à consecução de
determinado propósito. Ressalta que o conceito de competência não se aplica isoladamente
em nível individual, mas à equipe de trabalho e a toda organização.
18
Na FIG. 1, esboça-se uma integração do conceito de Durand (1998) e o de Le Bortef
(1999).
FIGURA 1Dimenes da competência
Fonte: Elaboração da autora
Para Fleury e Fleury (2001, p. 21), as competências são consideradas como fonte de
valor para o indivíduo e para a organização, pois estão associadas a verbos, como: saber agir,
saber mobilizar recursos, saber integrar saberes múltiplos e complexos, saber aprender, saber
se engajar, saber assumir responsabilidades e ter visão estratégica.
Os autores ainda propõem a conceituação dos verbos e estabelecem as competências
necessárias para os gestores atuais, conforme o QUADRO 2 apresentado por Braga (2003).
QUADRO 2 Compencias do profissional
Saber agir Saber o que e por que faz.
Saber julgar, escolher, decidir.
Saber mobilizar Saber mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando sinergia
entre eles.
Saber comunicar Compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos, assegurando
o entendimento da mensagem pelos outros.
Saber aprender Trabalhar o conhecimento e a experiência.
Rever modelos mentais.
Saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros.
Saber comprometer-se Saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da organização.
Saber assumir
responsabilidades
Ser responsável, assumindo os riscos e as conseqüências de suas ações, e ser,
por isso, reconhecido.
Ter visão estratégica Conhecer e entender o negócio da organização, seu ambiente, identificando
oportunidades, alternativas.
Fonte: Fleury & Fleury (2001, p. 22)
HABILIDADE
Saber como
fazer.
ATITUDES
Querer fazer.
CONHECIMENTO
Saber o quê. Saber
porquê.
COMPETÊNCIA
19
Percebe-se que a competência abrange uma dimensão complexa de qualidades
articuladas por meio das dimensões da técnica, da ética, da estética e política, as quais
confirmam que a capacidade intelectual de saber a partir de conhecimentos e de saber fazer
em função da atuação baseada em procedimentos sedimentados faz parte do elenco das
competências profissionais exigidos em contexto geral.
Lobato (2001) retrata a dimensão da competência a partir da assimilação de
conhecimentos, da aquisição de habilidades e da internalização de atitudes, pressupondo que o
indivíduo seja capaz de articular os elementos de modo a obter eficiência em suas ações e,
consequentemente, desempenho favorável.
Para Zarifian (1994), a competência é definida “como uma inteligência prática de
situações que se apóiam nos conhecimentos adquiridos e os transformam com quanto mais
força, quanto mais aumenta a complexidade das situações”. Dessa forma o autor confirma
(2001, p. 68) que a competência exige a combinação de conhecimentos, a tomada de
iniciativas e o ato de assumir responsabilidades, em um contexto preciso. Entretanto, ressalta
que cabe à organização identificá-la, avalia-la e promovê-la.
Zarafian (2001) explicita que a competência expressa-se no indivíduo, e não na
qualificação de uma tarefa, e é avaliada quando de sua utilização em situação profissional. A
competência somente se manifesta na atividade prática, e dessa atividade poderá surgir a
avaliação das competências nela utilizadas. Entende-se, portanto, que a dimensão da
competência procura ir além do conceito de qualificação.
Ainda nesse mesmo sentido, Braga (2003) aponta que a noção de competência implica
a transformação do indivíduo, como pessoa e como profissional, em ambientes
organizacionais desafiadores, instáveis e de intensa interação social. Para o efetivo
desenvolvimento de competências articuladas às dimensões coletivas, faz-se necessário criar
programas de treinamento para a apreensão do conhecimento, mas também a articulação na
transferência, aplicação e adaptação destes para o ambiente de trabalho.
Ante o exposto, conclui-se que o conhecimento é a face da competência que busca
colocar o indivíduo em contato com o saber, objetivando esclarecer como e o que deve ser
feito, configurando a necessidade de atuar diante das questões. Complementando, tal ação
se torna possível com a junção de técnicas que, se bem selecionadas, estabelecem a destreza
do agir, do saber como fazer. Decorrente da motivação determinada por estar diante da
situação, chega-se à necessidade de promover a articulação entre os conteúdos conceituais,
procedimento que orienta a capacidade e, por conseguinte, a competência do indivíduo.
20
Fleury e Fleury (2001, p. 19), citando Zarifian (1994), identificam três principais
justificativas que provocam as empresas na busca de modelos para gerir as competências.
Cabe destacar que é necessário que a gestão de competências esteja de acordo com a
estratégia organizacional contemplada na missão e na visão da empresa:
Tomar iniciativa ter a capacidade de ultrapassar as questões rotineiras e de lidar
com os imprevistos. O indivíduo precisa estar sempre buscando recursos para
resolver novas situações não programadas, aquelas que ocorrem de maneira
imprevista. Ter iniciativa é uma ação que modifica algo que existe, que introduz
algo novo, que começa alguma coisa, que cria.
Comunicação implica compreender o outro e a si mesmo, integrar-se e
compartilhar com os objetivos da organização.
Serviços decorre da habilidade de comunicar-se, atender um cliente externo ou
interno da organização, objetivando a maximização de desempenhos: prazos,
qualidade, confiabilidade e satisfação.
Interessante notar que a competência profissional refere-se não ao capital de
conhecimento disponível, mas também aos recursos intelectuais de que se dispõe, com
objetivo de tornar possível a ampliação e o desenvolvimento desse conhecimento profissional,
sua flexibilidade e profundidade (RIOS, 2000, p. 122).
Le Boterf
4
(1994), citado por Fleury e Fleury (2001, p. 20), situa a competência
valendo-se de três eixos principais, os quais consideram a formação pessoal, a formação
educacional e a formação profissional. É importante destacar que a responsabilidade implica o
domínio e o engajamento dos responsáveis na atividade, enquanto a legitimidade se dá a partir
do reconhecimento por parte das outras pessoas. Dessa forma, a competência trata-se de um
conjunto de aprendizagens sociais comunicacionais alimentadas evidentemente, pelos
processos de aprendizado e formação validados pelo sistema de avaliação.
Complementando Le Boterf (1994) destaca que a competência expressa o saber agir.
Neste caso, implica saber como mobilizar, integrar e disseminar conhecimentos, recursos e
habilidades num contexto profissional.
Tendo como base referencial o conceito de Le Boterf (1994), Bitencourt (2001) afirma
que a interação entre as pessoas propicia uma melhor articulação com as diretrizes e os níveis
organizacionais. A identificação do significado da competência permite a sua legitimação.
4
LE BOTERF, G. De la competénce: essay sur um attracteur étrange. Paris: Editions D’Organizations, 1994.
21
Nesse contexto, destaca-se a experiência, a qual está relacionada diretamente à formação, no
sentido de capacitação, implicando visão pessoal, educacional e profissional. Estes autores
propõem um desenho que conceitua estes termos e estabelecem um ciclo reflexivo sobre o
tema (FIG. 2).
FIGURA 2 – Análise de competências baseado em Sandberg (1994) e em Le Boterf (1997)
Fonte: Bitencourt (2001)
Em síntese, pode-se definir competência como um conjunto amplo e complexo de
qualidades de natureza positiva aplicadas em sua pluralidade articuladas, sob várias
dimensões, tais como a técnica, a ética, a estética e a política. (BITENCOURT, 2001).
Percebe-se que definir competência não é uma tarefa simples, que é concebida sob
diversas óticas. Tedeschi (2002) reforça que a competência apresenta-se sob dois aspectos. O
primeiro resgata os processos mais internos do ser humano, a heterogeneidade e o subjetivismo,
apresentando-se com mais serventia na área da pedagogia e da psicologia. O segundo confere
uma ordem mais pragmática, mais comumente aplicável aos administradores, economistas,
engenheiros, entre outros, caracterizando-se, segundo o autor, pela homogeneidade,
materialidade e objetividade.
Interação
entre as
Articulação entre
diretrizes e
Significado de
competências
Experiência
Legitimação de
competências
Formação
Pessoal
Educação
Profissão
COMPETÊNCIA
Concepção
Redes de
trabalho
Recursos de
competência
22
Essa divergência na concepção da competência reforça as palavras de Perrenoud.
Segundo o autor, “não existe uma definição clara e partilhada das competências. A palavra tem
muitos significados, e ninguém pode pretender dar a definição” (PERRENOUD, 1999, p. 19).
Objetivando reforçar a fragmentação conceitual bem como a dimensão do termo
competências, Bittencourt (2001), citado por Braga (2003), propõe, a partir do QUADRO 3,
um estudo conceitual de competências:
QUADRO 3Conceito de competências
continua
Autor
Conceito
Ênfase
1. Boyatizis (1982,
p. 23)
“Competências são aspectos verdadeiros ligados à natureza
humana. São comportamentos observáveis que determinam em
grande parte, o retorno da organização”.
Formação,
comportamentos,
resultados.
2. Boog (1991, p.
16)
“Competência é a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver
certo assunto, fazer determinada coisa; significa capacidade,
habilidade, aptidão e idoneidade”.
Aptidão, valores e
formação.
3. Spencer e Spencer
(1993, p. 9)
“A competência refere-se a características intrínsecas ao indivíduo
que influencia e serve de referencial para seu desempenho no
ambiente de trabalho”.
Formação e resultado.
4. Sparrow e
Bognanno (1994, p.
3)
“Competências representam atitudes identificadas como relevantes
para a obtenção de alto desempenho em um trabalho específico, ao
longo de uma carreira profissional, ou no contexto de uma
estratégia corporativa”.
Estratégias, ação e
resultados.
5. Moscovici (1994,
p. 26)
“O desenvolvimento de competências compreende os aspectos
intelectuais inatos e adquiridos, conhecimentos, capacidades,
experiência, maturidade. Uma pessoa competente executa ações
adequadas e hábeis em seus afazeres, em sua área de atividade”.
Aptidão e ação.
6. Cravino (1994, p.
161)
“As competências se definem mediante padrões de
comportamentos, e estes por sua vez, são a causa dos resultados. É
um fator fundamental para o desempenho”.
Ação e resultados.
7. Parry (1996, p.
48)
“Um agrupamento de conhecimentos habilidades e atitudes
correlacionados, que afeta parte considerável da atividade de
alguém, que se relaciona com o desempenho, que pode ser medido
segundo padrões preestabelecidos, e que pode ser melhorado por
meio de treinamento e desenvolvimento”.
Resultado, formação.
8. Sandberg (1996,
p. 411)
A não de competência é construída a partir do significado do trabalho.
Portanto, não implica exclusivamente na aquisição de atributos”.
Formação e interação.
9. Bruce (1996, p. 6)
“Competência é o resultado final da aprendizagem”.
Aprendizagem
individual e
autodesenvolvimento.
10. Boterf (1997, p.
267)
“Competência é assumir responsabilidades frente a situações de
trabalho complexas buscando lidar com eventos inéditos,
surpreendentes, de natureza singular”.
Mobilização e ação.
11. Magalhães et al.
(1997, p. 14)
“Conjunto de conhecimentos, habilidades e experiências que
credenciam um profissional a exercer determinada função”.
Aptidão e formação.
12. Perrenoud (1998,
p. 1)
“A noção de competência refere-se a práticas do quotidiano que se
mobilizam através do saber baseado no senso comum e do saber a
partir de experiências”.
Formação e ação.
23
Autor
Conceito
Ênfase
13. Durand (1998,
p. 3)
“Conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependentes e
necessárias à consecão de determinado propósito”.
Formação e
resultados.
14. Hase et al.
(1998, p. 9)
“Competência descreve as habilidades observáveis, conhecimentos
e atitudes das pessoas ou das organizações no desempenho de suas
funções (...) A competência é observável e pode ser mensurada por
meio de padrões”.
Ação e resultado.
15. Dutra et al.
(1998, p. 3)
“Capacidade de a pessoa gerar resultados dentro dos objetivos
estratégicos e organizacionais da empresa, se traduzindo pelo
mapeamento do resultado esperado (output) e do conjunto de
conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para o seu
atingimento (input)”.
Aptidão, resultados,
formação.
16. Ruas (1999, p.
10)
“É a capacidade de mobilizar, integrar e colocar em ação
acontecimentos, habilidades e formas de atuar (recursos de
competências) a fim de atingir/ superar desempenhos configurados
na missão da empresa e da área”.
Ação e resultados
17. Oliveira (2000)
Trata-se de aquisões individuais o ligadas apenas aos processos de
aprendizagem escolar, envolvendo um desempenho eficiente e eficaz.
Competência refere-se, portanto, a um atributo individual, gerenciador de
todas as decisões num dado campo da atividade humana.
Formação e
resultados
18. Fleury e Fleury
(2000, p. 21)
Compencia: um saber agir responvel e reconhecido, que implica
mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que
agreguem valor ecomico à organizão e valor social ao indivíduo”.
Ação e resultado.
19. Davis (2000, p. 1
e 15)
“As competências descrevem de forma holística a aplicação de
habilidades, conhecimentos, habilidades de comunicação no
ambiente de trabalho (...). São essenciais para uma participação
mais efetiva e para incrementar padrões competitivos. Focaliza-se
na capacitação e aplicação de conhecimentos e habilidades de
forma integrada no ambiente de trabalho”.
Ação e resultados
20. Zarifian (2001,
p. 66)
“A competência profissional é uma combinação de conhecimentos,
de saber- fazer, de experiências e comportamentos que se exerce em
um contexto preciso. Ela é constatada quando de sua utilização em
situação profissional a partir da qual é passível de avaliação. Compete
então a empresa identificá-la, avaliá-la, validá-la e fazê-la evoluir.
Aptidão, ação,
resultado.
21. Becker et al.
(2001, p. 156)
“Competências referem-se a conhecimentos individuais, habilidades
ou características de personalidade que influenciam diretamente o
desempenho das pessoas”.
Formação e
desempenho.
22. Fischer et al.
(2001, p. 4)
“ser competente não é apenas, ser adequado ao desempenho de uma
função, mas dispor de recursos cognitivos e atitudinais, que permita
ao indivíduo dar respostas e antecipar problemas, de forma crítica e
reconstrutiva”.
Aptidão, ação,
resultado.
23. Hipólito (2002,
p. 7)
“O conceito de competência sintetiza a mobilização, integração e
transferência de conhecimentos e capacidades em estoque, deve
adicionar valor ao negócio, estimular um contínuo questionamento
do trabalho e aquisição de responsabilidades por parte dos
profissionais e agregar valor em duas dimensões: valor econômico
para a organização e valor social para o indivíduo”.
Formação, resultados,
perspectiva dinâmica.
24. Sant’Anna
(2002, p. 3)
“A competência é comumente apresentada como uma característica ou
um conjunto de características ou requisitos - saberes, conhecimentos,
aptidões, habilidades - indicados como condição capaz de produzir
efeitos de resultados e/ou solução de problemas”.
Formação e
desempenho.
25. Braga et al.
(2003)
“A competência não se limita aos conhecimentos teóricos e
empíricos retidos pelas pessoas e nem se encontra preso na tarefa, ao
contrário da qualificão que é determinada pela posição, ou ao cargo,
ou pelos conhecimentos da pessoa aferidos pelo sistema educacional.
Formação, resultados,
perspectiva dinâmica.
Fonte: Adaptado de Bittencourt (2001)
continuação
24
2.1.1 Competência, uma abordagem americana e européia
Na literatura, a percepção do termo competência é bastante diferenciada, fato que pode
ser constatado quando é utilizado para referir-se às áreas de trabalho em que cada pessoa é
componente ou quando se refere às dimensões do comportamento que estão por traz de um
desempenho competente (CARDOSO, 2006).
Para Sparrow e Bognanno (1994), citados por Cardoso (2006), as linhas teóricas
americanas descrevem a competência, competencies, como sendo um repertório
comportamental desempenhado pelas pessoas para um trabalho ou contexto organizacional.
Esse repertório comportamental é investigado por meio de técnicas centradas na pessoa, com
base em eventos comportamentais.
Ainda para os autores, na Europa, competences é descrita a partir dos conhecimentos,
habilidades e atitudes, com a inclusão de alguns comportamentos pessoais. A identificação da
competência européia se por meio da análise funcional dos trabalhos desempenhados e das
responsabilidades. Assim, as técnicas utilizadas para a investigação estão focadas na tarefa
que reflete expectativas no desempenho local.
O QUADRO 4, citado por Cardoso, oferece uma comparação minuciosa das
abordagens americana e européia:
25
QUADRO 4Comparativos dos conceitos de competências
Definição
O que são competences?
Europa
O que são competencies?
EUA
Descrição Conhecimentos, habilidades e atitudes com a
inclusão de alguns comportamentos
pessoais.
Repertórios comportamentais que as pessoas
trazem para um trabalho, papel ou contexto
organizacional.
Identifica-se
mediante
Análise funcional dos trabalhos
desempenhados e responsabilidades.
Técnicas de investigação baseadas em
eventos comportamentais.
Centrado em Técnicas de análise focadas na tarefa que
refletem expectativas no desempenho no
local de trabalho.
Técnicas de análise centradas na pessoa, que
refletem a eficácia.
Significa Áreas ou campos de conhecimentos que uma
pessoa deve realizar efetivamente.
O que pessoas precisam trazer para realizar a
função com determinado nível.
Critério de
desempenho
Enuncia um padrão. Características de uma performance
individual superior excelente.
Aplicação Padrões genéricos por meio das
organizações e ocupações
Excelente comportamento sob medida para a
organização.
Níveis de
análise
Ocupação ou setor baseado em uma amostra
de postos-chaves.
Níveis de trabalho ou hierarquia gerencial.
Domínio Competência dominada por instituições ou
organizações e concedidas para o indivíduo.
Competência contida em um indivíduo e
trazida para a organização.
Ônus da
avaliação
Seleção a fim de conceder prestígio
profissional.
Identificação de potencial a fim de assegurar
o desenvolvimento profissional.
Motivação
individual
Realização que se pode transferir. Realização que pode ser estimulada.
Fonte: Cardoso (2006, p. 67).
Para esse processo de reflexão, Conde (2001) sintetiza as principais diferenças das
abordagens americanas e européias. Para o autor, a abordagem americana da competência tem
o sentido na pessoa, consistindo em conjuntos específicos de conhecimentos, habilidades e
atitudes que afetam a capacidade de realização do indivíduo.
Na Europa, a competência refere-se ao nível de agregação de valor do funcionário ao
serviço que desenvolve – consequentemente, à organização.
Nas décadas de 1980 e 1990 muitas foram as contestações da definição de
competências associadas às realizações das pessoas, àquilo que elas provêm, produzem ou
entregam. Cardoso (2001, p. 69) em conformidade com o que fora contestado, ressalta que o
fato de uma pessoa deter as qualificações necessárias para certo trabalho não garante que ela
irá entregar o que dela é demandado.
Le Bortef (1994) afirma que a competência não é um estado que se tem, nem é
resultado de treinamento. Consiste, sim, em colocar em prática o que se sabe em um
determinado contexto, marcado pelas relações de trabalho, pela cultura da empresa, e pelos
imprevistos, limitações de tempo e recursos, contrariando a visão americana.
26
FIGURA 3Compencia, inputs e outputs
Fonte: Adaptado de Cardoso (2006, p. 68)
Buscando inter-relacionar os principais conceitos das abordagens americana e
européia, Cardoso (2006, p. 70) define como input os conhecimentos, habilidades e atitudes;
como output, a agregação de valor, ressalvando que esta pode não ser a melhor solução, já que
é pontual a existência sinérgica entre os dois conceitos e que ao mesmo tempo, existe uma
interdependência.
A próxima seção tem o objetivo de apresentar o perfil profissional dos contadores, em
especial do controller, por tratar-se do sujeito da pesquisa, e identificar as competências
básicas exigidas desse profissional. Para atingir este objetivo e a seqüência do assunto, faz-se
necessário apresentar uma breve evolução histórica da ciência contábil, e da profissão do
contador, bem como os estudos acerca do tema.
Destaca-se a concentração de referencial teórico apoiado em (1997) na condução dessa
seção já que o referido autor é considerado um dos mais respeitados estudiosos sobre o tema.
2.2 A ciência contábil
2.2.1 Origem e evolução histórica da contabilidade
(1997) afirma que a contabilidade é tão antiga quanto a história da civilização.
Iniciou-se com a necessidade de registrar e delimitar posses. À medida que o homem
aumentava seus bens, tornava-se necessário utilizar técnicas específicas para controlá-los,
uma vez que memorizá-los não seria fácil.
INPUTS PESSOAS
OUTPUTS
Conhecimentos,
Habilidades,
Atitudes
Agregação de
Valor
27
Para Hendriksen (1999, p. 39) a contabilidade é um produto do Renascimento italiano,
que as forças que conduziram a renovação do espírito humano na Europa são as mesmas
que criaram a contabilidade.
O processo de escrituração contábil iniciou com a utilização de pequenas placas de
argila. Estes registros, de acordo com historiadores, classificavam de maneira simples,
entretanto guardavam um elevado grau de dificuldade para decifração.
“O mais antigo documento dessa época que se conhece parece ser o que nos apresenta
Figuier. Foi encontrado na gruta D’Aurignac, no departamento de Haute Garone, na França;
uma lâmina de osso de rena, contendo sulcos que indicavam quantidades” (SÁ, 1997, p. 21).
Destaca-se que, após essa lâmina, elementos similares foram encontrados na França,
os quais evidenciavam controle de natureza patrimonial, assim entendido por Melis (1950)
como marco da preocupação humana em fazer contas, mesmo que ainda de maneira
rudimentar, ou seja, apenas quantidades sem a identificação do objeto e ainda sem saber
racionalmente o que fazer com os registros realizados.
Para (1997, p. 19), a contabilidade tem seu nascimento quando surge a “conta”, a
necessidade do registro dos elementos da riqueza patrimonial. A conta por conseqüência, tem
seu nascimento com a civilização,cerca de 20 mil anos no paleolítico superior.
5
Destaca-se
que os assírios e os suméricos-babilônios registravam seu patrimônio em peças de argila,
desenhando rebanhos e a respectiva quantidade que possuíam de cada animal. Apesar de ser
rudimentar, este tipo de registro assemelha-se muito com o que é feito hoje em dia. Este
inventário indicava a quantidade armazenada (estoque) da cada bem.
Arqueólogos e historiadores estão de acordo ao afirmarem que as imensas riquezas da
Suméria e de Susa, na parte baixa das montanhas de Zagros, constituíram um ambiente
propício para o desenvolvimento da escrita contábil. Entretanto, alguns historiadores
entendem que as bases da civilização ocidental repousam que tudo tenha ocorrido na
Mesopotâmia e no Egito (GOODY
6
, 1987 apud SÁ, 1997).
Admite-se que na Mesopotâmia a força do poder religioso aliado à arte de escrever e
contar influenciou decisivamente a evolução histórica da contabilidade. Esta arte de escrever
surgiu quatro milênios antes de Cristo, definida como “escrita cuneiforme
7
”, não mais com
5
Paleolítico Superior é o período da pré-história caracterizado pelo desenvolvimento de pontas e lanças e dardos
produzidos em materiais resistentes quase sempre de origem animal. O tipo humano no paelolítico superior é o
homen antomicamente moderno, Homo Sapiens Sapiens.
6
GOODY, Jack. A lógica da escrita e a organização da sociedade. Lisboa: Edições 70, 1987.
7
Registros feitos em pequenas placas de argila fresca, sulcadas por estiletes de madeira, pontiagudos, com a
ponta prismática, em base triangular e tinham em geral de 4cm a 5cm de comprimento por 2,5cm a 3cm de largura.
28
base em desenhos, mas em símbolos, sendo atribuída ao deus Nabu, pela mitologia
Mesopotâmia.
Bonfante
8
(1946), (apud SÁ, 1997), destaca-se que a Mesopotâmia responde pela
descoberta de grande número de tabuletas de registros patrimoniais, apresentando,
gradativamente, evoluções cada vez maiores no aperfeiçoamento burocráticos para a
realização da escrita. É, pois, sem dúvida, caracterizada como o ponto alto da racionalidade
mnemônica da riqueza. Não motivos para surpreender que esse laborioso povo tenha sido
autor do sistema decimal, do calendário, dos pesos e medidas, dos títulos de crédito e, até
mesmo, pelo que viria ser o nosso alfabeto.
2.2.2 Aspectos históricos da evolução da escrita contábil
De acordo com (1997), a racionalidade da escrita contábil muito se deve ao uso da
contabilidade pelos sumérios-babilônios. Entretanto, destaca-se também o uso do papiro pelos
egípcios. O fato é que a evolução da escrita no Egito conduziu com passos substanciais a
contabilidade, como nota, no sentido das análises e, até, do uso de matrizes contábeis para os
efeitos de distribuição das despesas por centros de aplicação. A trajetória da evolução da
escrita egípcia destaca-se pela constante busca da simplificação. O complexo desenho de
símbolos concede lugar à simplicidade, beneficiando o tempo gasto em volumosos registros
de fatos contábeis e administrativos.
Algumas contribuições dos sumeros-babilônios e egípcios merecem destaque, como a
evolução da matemática, as boas estruturas administrativas, as qualidades artísticas e as
formas de cultura propulsoras da educação naquela época. Atribui-se ainda aos sumérios não
a representação ideográfica, mas também a representação fonética em vários símbolos
(HENDRIKSEN, 1999).
Aos contadores eram confiadas tarefas administrativas de alto significado, desde
diplomáticas até militares. Tudo era objeto de registros. As viagens no mundo antigo ou,
mesmo, as caravanas para transporte de pedras para a construção de pirâmides sempre eram
acompanhadas por contadores, que recebiam remunerações especiais e compensadoras.
8
BONFANTE, Pietro. Storia del diritto romano. 4. ed. Roma: Istituto di Dirittto Romano-Reale, Universitá,
1946. v.I e III.
29
Masi
9
(apud SÁ, 1997) destaca que na época do imperador romano Marco Aurélio o
contador geral era o homem mais bem remunerado da administração pública de Roma.
Os registros contábeis egípcios datam de 6 mil anos a.C., aquela época, a escrita era
coordenada pelo Fisco Real, que impunha uma atitude séria nesta profissão. Os registros
iniciavam com a data, o nome da conta e a quantidade de cada bem, pelas entradas e pelas
saídas. Ao que tudo indica, os egípcios foram os primeiros a utilizar o valor monetário em
seus registros.
Os gregos aprimoraram os modelos de registros contábeis egípcios, aplicando-os nas
administrações públicas, privadas e bancárias. Apesar de existir pouquíssima documentação
sobre a contabilidade em Roma, pode-se dizer que este povo fez desta prática uma excelência
em qualidade, com foco na contabilidade pública e das colônias.
(1997) destaca a importância da Grécia e de Roma para a história. Contudo, restou
muito pouca documentação contábil, em decorrência da imensa destruição dos acervos. A
contabilidade dos Templos, do Estado, na Grécia era registrada em estrelas de mármores.
Como forma de prestação de contas para a sociedade, eram colocadas em praça pública, para
que todos pudessem ter conhecimento das entradas e das saídas de dinheiro.
Não se pode esquecer de que a Grécia recebe notoriedade em relação às atividades
comerciais e, especialmente, bancárias, estas com os trapezistas, registros realizados no livro
denominado Gramata. O fato histórico pode ser verificado por meio das orações de Isócrates
10
e Demóstenes.
11
.
A publicação do livro Liber Abaci, de Leonardo Fibonacci, na Itália, em 1202, marca
um novo período na contabilidade.
Melis entende que a obra de Leonardo Fibonacci é demarcatória de um período da
História da Contabilidade não porque é uma literatura mercantil e de cálculos
aplicados ao comércio, como afirma o grande pesquisador desse emérito autor, Tito
Antoni
12
, mas também porque a atmosfera da época era a do aparecimento da
partida dobrada
13
(SÁ, 1997, p. 36).
Um período de várias mudanças no mundo, como a invenção do moinho de vento, o
aperfeiçoamento da bússola, a introdução de novas técnicas na mineração e na metalurgia,
9
MASI, Vincenzo. La ragioneria nell’etá medivale. Bolonha: Tamari, 1975.
10
ISÓCRATES, orador ateniense e professor, grande patriota, tendo preferido morrer de fome a submeter-se à sujeição
dos vencedores, após a batalha de Queronéia. Viveu no período de 436 a 336 a.C.
11
DEMÓSTENES viveu de 384 a 322 a.C. É conhecido como o maior orador de Atenas, e ainda, por sua oposição a
Felipe de Macedônia, por meio de sua Filípicas e Olínticas.
12
ANTONI, Tito; PISANO, Leonardo. Detto il Fibonacci, matematico e ragioniere. Tese ao IV Congresso
Internacional de História da Contabilidade. Pisa: Università Degli Studi di Pisa, 1984, p.1.
13
MELIS, Frederigo. Storia della ragioneria. Bolonha: Cesare Zuffi, 1950.
30
afetou a contabilidade. Tornou-se necessária a criação de um livro caixa, no qual fosse
possível registrar recebimentos e pagamentos em dinheiro. Embora de forma rudimentar, a
relação entre direitos e obrigações aparecia e, conseqüentemente, o débito e o crédito (SÁ,
1997).
A pressão do capitalismo aperfeiçoou o sistema, aumentando a necessidade de
evolução da contabilidade. Ressalta-se que decorrente acúmulo de capital gerado pela
sociedade capitalista também sofreu modificações em relação às de trabalho. Ante o exposto,
o século X marca o fortalecimento da sociedade burguesa italiana e o aparecimento das
primeiras organizações. No fim do século XIII, surgiu, contabilmente, a expressão “capital”,
para expressar o valor investido nas empresas (HENDRIKSEN, 1999).
É muito provável que um dos mais expressivos avanços ocorridos na escrituração
contábil o surgimento de livros mais analíticos e o genial método das partidas dobradas -
tenha sido produzido pelo forte domínio dos italianos dos mares, com as repúblicas de Pisa,
Gênova, Amalfi, Veneza, os quais mantinham imenso comércio com o Oriente.
De acordo com (1997), este método das partidas dobradas recebeu influência da
matemática, com base em uma equação na qual todo débito corresponde a um crédito, e vice-
versa. Ou seja, todo registro de um fato tem sua causa e efeito.
O autor destaca que o mais completo documento em partida dobrada é um Diário,
iniciado em 1403, que se encontra arquivado na cidade de Prato, na Toscana, Itália.
Toscana foi considerada o berço de grande importância marítima de Pisa. A
importação cultural foi intensa, culminando, em 1202, com a publicação do livro escrito por
Leonardo Fibonaci, o Liber Abaci, e foi baseado na aritmética na "álgebra" que o autor
aprendeu durante suas viagens pelo Mediterrâneo, culminando em larga influência para o
campo da contabilidade.
Em 1494, outra publicação é destaque para a contabilidade, a obra de Frei Luca
Pacioli, o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), que
enfatiza o débito e o crédito contábil em alusão à teoria dos números positivos e negativos.
Sem dúvida alguma, estimulou a evolução do conhecimento contábil (SÁ, 1997).
Destaca-se que o autor, Frei Luca Pacioli, não apresenta algo que tenha criado. Seu
mérito foi editá-la, com a existência da imprensa, aperfeiçoada por Gutemberg, razão pela
qual Melis estabelece como marco da era da literatura contábil, constituindo-se num dos
alicerces da contabilidade moderna.
Também marcou o início nesta nova fase outro escritor consagrado, o veneziano Fábio
Bésta, seguidor de Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público. Fábio Bésta
31
superou o mestre em seus ensinamentos, demonstrou o elemento fundamental da conta, o
valor, e chegou perto de definir o patrimônio como objeto da contabilidade. Iniciava-se o
pensamento contábil, a fase contemporânea.
Em 1923, Vicenzo Mazi
14
, inspirado em Fábio Besta, assumiu sua posição
patrimonialista. Define que o objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades.
A contabilidade passou a ser considerada então não apenas como um registro, mas
como um relatório de gestão. Porém, as escolas européias insistiam na idéia somente de
ciência, inviabilizando a flexibilidade necessária.
Por volta de 1920, acontece a ascensão das escolas norte-americanas, com suas teorias
e práticas contábeis, e, por conseqüência, o declínio das escolas européias. O surgimento do
American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) favoreceu mais desenvolvimento
e aperfeiçoamento da contabilidade e dos princípios contábeis.
No início do século XX, o surgimento de grandes mercados de capitais e de grandes
empresas serviu de pretexto para o avanço e a sustentação de teorias e práticas contábeis,
possibilitando a interpretação dos fatos ocorridos pelos investidores. Isso explica o motivo da
existência de inúmeras obras contábeis de origem norte-americana.
na era da informação, a escrituração contábil tradicional chegou ao fim, cedendo
lugar aos meios eletrônicos.
2.2.3 A evolução histórica do profissional de contabilidade
Yamada (2002) afirma que é possível constituir a história econômica do mundo a
partir do resgate da história dos contadores, tendo em vista as diversas denominações que
receberam em cada cultura e em cada civilização. Destaca ainda que se perdem na memória
dos tempos a história dos contadores e sua presença no desenvolvimento econômico das
nações.
No Brasil, conforme pesquisa de Almada Rodrigues (s.d.), a origem da profissão
contábil remonta a Portugal de 1319, quando surge o verbete “contador” no dicionário
etimológico da língua portuguesa, ainda registro nominal de um contador em exercício da
profissão.
14
Masi era italiano. Nasceu na cidade de Rimini nos fins do século XIX. Era seguidor de Fábio Besta.
32
Bezerra (2001) relata que a formação do contador profissional no Brasil chegou com a
civilização mercantil portuguesa, quando o governador Francisco Xavier Mendonça Furtado
propõe o primeiro passo de uma longa trajetória no ensino da profissão contábil.
D. João em 28/06/1809 institui o recolhimento de tributos destinados ao
estabelecimento de aulas de comércio. Foi instalada no Rio de Janeiro, em 1810, sob a
inspeção da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação, mais tarde Tribunal
da Imperial Junta de Comércio, a “aula de comércio da Corte”.
Em 1812, foi publicado o edital do concurso para professores para aulas de comércio
na Bahia, e posteriormente, para a cidade de Pernambuco.
Decorrente da grande firmeza e organização D. Pedro II, em 1870, reconhece a
Associação dos Guarda-livros, estabelecida na corte. Destaca-se, na época um dos primeiros
atos de reconhecimento das profissões liberais.
Na cidade de São Paulo, em 1902, com inspiração no modelo da escola européia de
contabilidade, deu-se à criação da Escola de Comércio Álvares Penteado.
Oliveira, citando Figueredo e Fabri (2000), afirma que a contabilidade no Brasil possui
ascendência das escolas de contabilidade que predominaram no mundo, adequadas à realidade
do país, proporcionando o surgimento de escolas verdadeiramente brasileiras.
Nesse contexto, faz-se necessário destacar que o ensino superior de contabilidade no
Brasil surgiu fundamentado no ensino comercial. Entretanto, as atividades contábeis eram
exercidas à época do Império, por meio da pessoa qualificada como “guarda-livros”,
conforme pode ser validado pelo Código Comercial de 1850.
O curso de Ciências Contábeis e Atuariais, o qual confere o título de Bacharel em
Ciências Contábeis e Atuariais, foi criado pelo Decreto-lei 7.988, de 22/09/1945. Em maio
do ano seguinte, é criado o Conselho Federal de Contabilidade, pelo Decreto-lei 9.295,
definindo as prerrogativas e as categorias dos profissionais de contabilidade no Brasil.
Marion (2000) ressalta a importante influência da Faculdade de Economia e
Administração da USP, (1964), o aparecimento da empresas multinacionais anglo-americanas
no país e, sobretudo, a introdução da filosofia contábil desenvolvida nessas empresas,
consolidada pelas pesquisas e publicações pelos docentes da USP. Na década de 1970 merece
destaque a Resolução 220 e Circular 179, emitidas pelo Banco Central, além da edição
da Lei das Sociedades Anônimas por Ações, ou Lei das S.A., n° 6.404/76.
2.2.4 O papel do contador na sociedade nos dias atuais
33
O contador foi categorizado como aquele que possui a formação em nível superior.
o guarda-livros consistia no “prático” da profissão. Entretanto essa distinção foi superada pela
Lei n. 3384, de 28 de abril de 1958, que trouxe para a condição de guarda-livros a categoria
de técnicos em contabilidade. A legislação, portanto, organiza e classifica os pontos de
trabalho, e não o exercício da prática profissional, mas mantém as atribuições e prerrogativas
conferidas aos guarda-livros no exercício da prática. Pela Lei n. 9.295/46, as atribuições
profissionais foram distinguidas em:
a) a organização e a execução de serviços de contabilidade em geral;
b) a escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os
necessários no conjunto da organização contábil, e o levantamento dos respectivos
balanços e demonstrações;
c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral,
verificação de haveres, revisão permanente ou periódica de escritas,
regulamentações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns,
assistência aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras
atribuições de natureza técnica conferidas por lei aos profissionais de contabilidade
(CFC, 2003).
É necessário destacar que aos técnicos e aos guarda-livros são consideradas apenas as
atribuições referenciadas nas alíneas “a” e “b”. Porém, aos contadores com formação superior
são atribuídos todos os trabalhos técnicos das três alíneas mencionadas.
A Resolução n. 94/58 do Conselho Federal de Contabilidade instituiu a atribuição de
atividade privativa dos contabilistas da escrituração dos livros fiscais. Nesse mesmo sentido, a
Resolução 495/79 define a obrigatoriedade da qualificação do contador para o exercício das
funções de auditor. A Resolução n. 560/83 do Conselho Federal de Contabilidade teve por
objetivos rever as atribuições do contador e incluir os princípios na definição da profissão do
contador, adequando-a às necessidades do mercado de trabalho. Esta importante Resolução
reconhece o “patrimônio” como objeto fundamental da contabilidade, como teoria de valor,
entendendo-o, num sentido mais amplo, seus aspectos quantitativos e qualitativos e suas
variações. Por fim, nas considerações desta Resolução são indicadas: a relação da profissão do
contador com os processos produtivos da sociedade, a natureza científica da profissão e a
superação da profissão estrita a guarda-livros, pela participação na tomada de decisões.
Percebe-se, através da história, que as profissões atuais estão inseridas numa sociedade
dinâmica, em que a problemática está em saber como os profissionais estão qualificados para
enfrentar uma inevitável bateria de mudanças que acontecem diariamente, mantendo-se
34
atuantes. As mudanças fazem parte da vida, cabendo aos profissionais exercitar atitudes para
tornarem-se capazes de desenvolver estratégias para planejar, dirigir e controlar as mudanças,
e não mais contar com a sorte ou deixar que as “coisas” aconteçam (ROMANOWSKI, 2005).
(2000) destaca que a importância de rever as competências do contador moderno
está em considerar a riqueza como a essência e a empresa em sua dimensão social,
relacionando com fatores ambientais endógenos e exógenos. Nesse sentido, o autor afirma
(2000) que a profissão contábil consiste em um trabalho exercido habitualmente nas células
sociais, com o objetivo de prestar informações e orientações baseadas nos fenômenos
patrimoniais, ensejando o cumprimento de deveres sociais, legais e econômicos, e a tomada
de decisões, servindo de instrumentação histórica da vida da riqueza.
O profissional da contabilidade, de acordo com Iudícibus e Marion (2006), pode
desenvolver sua atividade nas empresas atuando como: planejador tributário, analista
financeiro, contador geral, ocupando cargos administrativos, auditor interno, contador de
custos, contador gerencial e atuário. Como contador autônomo pode atuar como auditor
independente, consultor, empresário contábil, perito contábil e investigador de fraude. Pode
atuar ainda no ensino, como: pesquisador, professor, escritor e conferencista. Pode também o
contador atuar em órgãos públicos, desempenhando atividades como contador público, agente
fiscal de renda, perito do Tribunal de Contas entre outras atividades inerentes à área contábil.
Yamada (2002) destaca que cabe ao profissional de contabilidade, além de deter os
conhecimentos técnicos necessários ao desempenho da atividade, conhecer os ambientes
interno e externo das empresas, e suas relações de comportamento social, humano e
econômico. Deve, essencialmente, ser consciente e responsável. Sua função não se resume
apenas a registrar e controlar fatos administrativos, gerar guias e escriturar. Cabe a este
profissional conhecer profundamente a empresa de atuação, sua capacidade de geração de
riqueza, e prestar informações que possam contribuir para a definição de estratégias
financeiras, operacionais, de aprendizado e de inovação.
Nesse sentido, de acordo com Lisboa e Martins (1997), o contador provará sua
importância e relevância para a sociedade, não apenas pela profissão que exerce, mas também
pelo exemplo de profissionalismo e de conduta ética e moral.
[...] o contador deve manter um comportamento social adequado às exigências que
lhe faz a sociedade. Não basta, assim, a preparação técnica, por melhor que ela seja.
É preciso encontrar uma finalidade social superior nos serviços que executa. O
contador deve defender, abertamente, os princípios e valores éticos aplicáveis a sua
profissão, de tal modo a produzir uma imagem verdadeira do que ela se constitui
para a nova geração de profissionais. O contador do final do século XX e inicio de
35
século XXI enfrenta um árduo desafio: distinguir os limites da honestidade e
dignidade dos seus atos. Deve saber identificar, com clareza, quais são os princípios
morais que devem nortear sua conduta. Tais questões apresentam-se em virtude da
globalização dos mercados de diferentes países e blocos deles, ocasionando aumento
no comércio internacional, em nível global. Os princípios éticos aplicáveis à
profissão de contador representam a essência das intenções da profissão para viver e
atuar dentro da ética. Pode-se afirmar que uma das condições essenciais para o
sucesso profissional do contador é sua aderência a um conjunto de princípios éticos
que sirvam de premissas as suas ações (LISBOA, MARTINS, 1997, p. 61).
Corroborando com Lisboa e Martins (1997), Figueiredo e Fabri (2000) ressaltam a
necessidade de capacitar o profissional para o domínio da linguagem dos negócios, que ele
é o responsável pelo ambiente de geração de informações fundamentais para o processo
decisório e estratégico das empresas. Conseqüentemente a contabilidade é considerada como
a linguagem do mundo dos negócios.
Ainda nesse aspecto, faz-se necessário que o contador mantenha-se atualizado em
relação aos princípios e às normas contábeis, além naturalmente, do Código de Ética
profissional. Ao valorizar-se o contador poderá valorizar sua profissão também. Assim, saberá
aplicar os princípios éticos, não como imposição legal ou organizacional, mas como
instrumento fundamental de conduta, condição sem a qual sua existência profissional perde o
sentido.
Iudicibus e Marion (2000) afirmam que o profissional que se dedica à contabilidade
possui deveres para com a regularidade de emprego racional da riqueza das organizações, nas
diversas instituições, bem como perante o ensino, a pesquisa, a difusão cultural e educacional,
o mercado e a sociedade, assim como na produção de provas e opiniões sobre comportamentos
do patrimônio.
Nesse sentido, os autores destacam que, em razão do crescimento econômico, em que
as barreiras de relacionamento se ampliam a cada dia, um novo ciclo se inicia na atuação do
contador, dadas a importância e a necessidade de profissionais com amplo conhecimento para
empresas privadas ou públicas.
Por outro lado, as funções do contador variam de empresa para empresa. Dessa forma,
o profissional deve estar integrado com os conceitos de áreas afins, como a administração e a
economia.
Iudícibus e Marion (2000) afirmam que o profissional contábil, se possuir uma boa
formação acadêmica e vivência na área, terá uma boa colocação no mercado e poderá exercer
as seguintes funções:
36
Contabilidade financeira O contador deverá elaborar os relatórios atendendo aos
princípios contábeis geralmente aceitos, os quais irão atender às partes externas da
organização (acionistas e credores) e ao mesmo tempo, à legislação comercial.
Contabilidade de custos O profissional contábil será responsável pela
interpretação, apuração e controle dos custos, de produtos fabricados, vendidos e
estocados. Este deve direcionar seu trabalho mediante cálculos e análises, para
obter melhor lucratividade no segmento da organização.
Contabilidade gerencial Atuação do profissional contábil, exercendo o cargo de
controller, em que seu trabalho será sobre a contabilidade planejada, de controle e
de projeções para o futuro. Estas informações estão ligadas aos gerentes de
diversas áreas dentro de uma organização.
Auditor – O profissional atua com demonstrações contábeis. Deverá opinar sobre a
confiabilidade das mesmas e a análise de irregularidades.
Analista financeiro Trata-se de uma modalidade nova no mercado de trabalho. A
partir dos relatórios contábeis, fornecidos pela organização, serão elaborados
novos relatórios de análises sobre a situação patrimonial, atendendo às diversas
áreas da organização.
Perito contábil Atuação na elaboração de laudos judiciais e extrajudiciais. Deve
o profissional contábil ser habilitado para opinar ou esclarecer fatos ligados ao
patrimônio das entidades.
Consultor contábil A atuação deste profissional abrange não a área contábil,
mas também as áreas da informática e fiscal, nas quais, o planejamento tributário
torna-se ferramenta importante e viável para a empresa.
Professor de contabilidade O profissional poderá exercer esta função lecionando
matérias da área contábil e também nos cursos de Ciências Econômicas e
Administração, entre outras.
Pesquisador contábil Ainda pouco explorada pelo contador, a área de pesquisa
requer do profissional dedicação maior nos estudos, para qualificar-se para o curso
de Mestrado e Doutorado.
Cargos públicos O contador irá atuar com orçamento, gestão, controle e
contabilidade. Auxiliará o governo na alocação dos recursos públicos e os órgãos
de controle interno e externo.
37
Cargos administrativos O contador também exerce a função em cargos de
assessoria, como chefe de departamentos, gerente, diretor, seu trabalho nestas áreas
possui destaque, por tratar-se de gestor que conhece a empresa como o todo.
Ainda de acordo com Marion (2000), novas perspectivas vão surgindo: a de
investigador contábil, a contabilidade/auditoria ecológica ou ambiental, contabilidade voltada
para cenários e procedimentos futuros, chamada “contabilidade prospectiva”, a contabilidade
estragica, bem como o emprerio conbil com um novo perfil. Assim, o futuro do contador é
bastante promissor. Entretanto, não deve ter sua formação limitada às atividades tradicionais,
pois, além das aplicações rotineiras da contabilidade, o sistema organizacional moderno abre
novos caminhos de atuação.
Nesse sentido, o autor afirma ainda que a atuação do contador deixa clara a
complexidade da dimensão da profissão contábil. Ou seja, a função do contador vai além da
coleta e processamento de dados para a tomada de decisões. Deve atuar em prol da eficácia da
empresa, como ser racional e contribuir para a formação de princípios e atitudes
responsavelmente solidária. Diante deste cenário, requer-se do profissional contábil a
capacidade para atuar de maneira próativa nas mais diversas áreas funcionais de uma
organização, garantindo-lhe solidez (NAKAGAWA, 1993).
Iudícibus e Marion (2000) destacam que o desenvolvimento econômico contribuiu
para o avanço da contabilidade e da profissão contábil. Novas oportunidades e desafios
surgiram nesta fase, em que o conhecimento torna-se importante para a gestão e o
entendimento das organizações. Contudo, percebe-se que às atribuições do contador foram
agregadas, além da responsabilidade e da ética, criatividade, produtividade e inovação,
fortalecendo ainda mais a transparência e os valores de todo profissional.
Finalmente, o trabalho do profissional contábil está integrado com todos esses fatores
que impulsionaram a economia e aprimoraram o trabalho do contador, mediante novas
oportunidades, desafios e diferenciando suas atividades na produção dos serviços prestados.
2.2.5 Função da controladoria e o profissional controller
38
Destaca-se que a evolução das atividades econômicas nos últimos anos,
essencialmente na última década, em conseqüência do aumento da concorrência e da
intensificação da competitividade, colocou em destaque a qualidade do sistema de
informações à disposição dos gestores das empresas, objetivando contribuir para o processo
de otimização dos resultados da empresa. Integrando o processo de planejamento, controle e
execução, como forma de tornar possível uma sinergia entre as diversas áreas do sistema
empresarial, surge a controladoria como sendo a responsável pela busca da eficácia
econômica da entidade (MOSIMANN; FISH, 1999).
A Ciência Contábil tem por finalidade controlar o patrimônio das empresas em todos
os aspectos temporais, passado, presente e futuro, estabelecendo um canal de comunicação
entre todos os envolvidos. Assim, a controladoria, enquanto ciência com origem em vários
ramos do conhecimento, assume que o processo de gestão ideal deve estar estruturado com
base na lógica do processo decisório, contemplando as etapas de planejamento, execução e
controle.
Carvalho (1995, p. 63) define controladoria como o órgão pertencente à estrutura
organizacional capaz de monitorar os efeitos da gestão econômica da empresa, tendo como
missão a otimização dos resultados, por meio de atitudes sinérgicas, com tomadas de decisões
suportadas por informativos confiáveis elaborados por este órgão.
A controladoria, quando no papel de órgão integrante da estrutura organizacional,
pode desempenhar a função de suporte informacional nas etapas de elaboração e avaliação do
planejamento estratégico formalizados pela empresa (CARVALHO, 1995, p. 63).
O órgão da controladoria pressupõe um modelo de gestão que se inicia pelo planejamento
estratégico, percorrendo as fases de pré-planejamento, planejamento operacional, passa pela
fase de execução e, finalmente, chega à fase de controle gerencial (ALMEIDA et al., 2001).
O planejamento estratégico consiste num processo dinâmico e interativo de
determinação dos principais objetivos da empresa, das políticas e estratégias para sua
condução e, ainda, do uso e disponibilidade dos recursos para a realização dos objetivos.
Sendo assim, cabe ao planejamento estratégico contribuir para o enriquecimento do processo de
aprendizagem da gestão das organizações, utilizando-se de metodologias que forçam o pensar
no futuro, envolvendo as partes interessadas para o desempenho do trabalho. A atividade
direcionada ao planejamento estratégico, conforme evidenciado por Fleury e Fleury (2001),
consiste em saber o que e por que fazer; como mobilizar recursos de pessoas, financeiros e
materiais, criando uma sinergia entre eles; e como ter visão estratégica, na medida em que
conhece o negócio da organização e seu ambiente, identificando oportunidades e alternativas.
39
Koliver (1996) destaca que o substantivo controladoria vem-se difundindo
intensamente no Brasil em bibliografias centrada na gestão. O autor ressalta que o processo
tornou-se possível a partir do final dos anos 1980, entretanto não apresenta unanimidade no
significado da expressão, bem como a definição do lugar que ocupa no conhecimento
humano.
Objetivando validar tal concepção, Koliver (1996) propõe uma reflexão na definição
de controladoria proposta por Mossiman e Fish (1999);
A Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão
econômica. Pode ser visualizada sob dois enfoques:
a. como órgão administrativo, com uma missão, função e princípios norteadores
definidos no modelo de gestão do sistema empresa; e
b. como uma área de conhecimento humano com fundamentos, conceitos, princípios
e métodos oriundos de outras ciências.
Koliver (1996) afirma que na primeira hipótese a controladoria representa um setor da
empresa integrado na estrutura da empresa, com funções definidas. na segunda hipótese a
controladoria recebe configuração como área de conhecimento humano.
Koliver (1996) destaca que curiosamente, os autores em questão não atribuem à
autonomia a controladoria, por não considera-la uma ciência, segundo conceituação na qual se
especificam aquelas referidas na alínea “b” da citação acima.
A controladoria pode ser conceituada como um conjunto de princípios,
procedimentos e métodos das Ciências da Administração, Economia, Psicologia,
Estatística, e principalmente da Contabilidade, que se ocupam da gestão econômica
das empresas com o fim de orientá-las para eficácia. (MOSSIMANN; FISH, 1999)
Almeida et al. (2001) afirmam que a controladoria constitui-se em ramo do
conhecimento e reconhecem que está apoiada na teoria da contabilidade. Contudo, não
esclarecem qual teoria ou doutrina contábil.
A controladoria enquanto ramo do conhecimento, apoiada na Teoria da
Contabilidade e numa visão multidisciplinar, é responsável pelo estabelecimento das
bases teóricas e conceituais necessárias para a modelagem, construção e manutenção
de sistemas de Informações e Modelo de Gestão Econômica, que supram
adequadamente as necessidades informativas dos Gestores e os induzam durante o
processo de gestão, quando requerido, a tomarem decisões ótimas (ALMEIDA et
al., 2001).
40
Resgatando a contabilidade nesse cenário, seu papel vem se adequando. Quando um
processo interno da empresa muda, é necessário avaliar o impacto na área contábil. Se houver
impacto, imediatamente a área contábil deve adequar essa alteração no sistema de
processamento das transações, com o fim de evitar erros ou problemas de controle interno
(KOLIVER, 1996).
Para Padovese (2003), a relação da contabilidade com a controladoria institui-se desde
o momento em que implantação, desenvolvimento, aplicação e coordenação de todos os
processos inerentes à ciência contábil interorganizacional.
Carvalho (1995) afirma que a controladoria, enquanto órgão, reserva-se ao papel de
monitorar os efeitos dos atos da gestão econômica sobre a empresa no sentido da otimização
dos resultados econômicos.
A controladoria tem o objetivo de fazer com que a atividade da empresa seja medida e
avaliada, acompanhando e comparando seu desempenho com outras empresas do ramo, de
modo a tornar possível comunicar aos gestores como seu resultado poderia ser maior e, na
seqüência, apontar as correções necessárias.
Complementando o conceito de controladoria, Beuren (2002) atribui-lhe a função de
suporte informacional em todas as etapas do processo de gestão, com vistas a assegurar o
conjunto de interesses da organização, na medida em que mantêm os gestores informados
sobre os eventos passados, o desempenho atual e os possíveis rumos da empresa.
Para Almeida et al. (2001), as funções da controladoria estão inter-relacionadas ao
conjunto de objetivos da empresa, integrados com a missão da empresa, destacando as
seguintes funções:
subsidiar o processo de gestão, disponibilizando para projeções e simulações sobre
eventos econômicos que possam afetar as decisões dos gestores;
elaborar a avaliação de desempenho mediante a análise de desempenho de todas a
áreas, dos gestores, da empresa e da própria área;
apoiar a avaliação de resultado, elaborando a análise de resultado econômico dos
produtos e serviços, monitorando e orientando o processo de estabelecimento de
padrões;
gerenciar os sistemas de informação, realizando a padronização e harmonização
das diversas informações econômicas transmitidas aos gestores; e
41
atender os agentes do mercado, por meio da interação com o meio externo, e
analisar e mensurar os impactos das legislações no resultado econômico da
empresa.
Ante o exposto e buscando relacionar a função da controladoria com os objetivos da
empresa, Mosimann e Fisch (1999) classificam-na como um órgão de staff, que presta uma
assessoria no controle das áreas da empresa. A controladoria não diz respeito apenas ao
sistema contábil, mas a todo o processo de gestão, disponibilizando as informações
necessárias ao cumprimento da missão e da continuidade da empresa.
É importante que a área contábil esteja preparada para alterar o foco do grupo contábil:
de um grupo introvertido, que processa papel, para um grupo versátil, que trabalha com as
diversas partes da empresa e que está disposto a modificar seus sistemas, de forma a
acomodar as necessidades dos outros departamentos, conforme requerido atualmente no
mundo dos negócios. (MOSIMANN; FISCH, 1999). Esse papel é desempenhado nas
empresas pelo profissional da controladoria, denominado controller, o qual gerencia uma serie
de atividades chave na empresa, monitora os ativos e entrega os demonstrativos financeiros.
Porém, deve estar preparado para exercer uma interação ampla com os vários departamentos
da empresa. (NAKAGAWA, 1993).
O Controller tem o fundamental papel de coordenar uma equipe capacitada e
preparada para fazer face às modernas atribuições da função contábil.
Adicionalmente, ainda de acordo com Del Valle (2000), quanto à ampliação do papel
do controller, deve-se citar a importante criação, em 1931, de uma organização dedicada a
realçar os padrões profissionais da controladoria, o Controller Institute of América, mais tarde
alterado para Financial Executives Institute.
Resumidamente, pode-se destacar que o papel do controller tem se expandido. De um
contador voltado para atribuições básicas, passou a focalizar m profissional voltado para o
gerenciamento, com habilidades interpessoais que lhe permite interagir com outros
departamentos, bem como gerenciar atividades de um crescente e bem preparado grupo de
colaboradores. Cabe ao controller adquirir muita experiência em gerenciamento e amplo
conhecimento contábil.
Del Valle et al. (2000) afirmam
Os títulos de “controller’’ como o de tesoureiro, tiveram sua origem no governo, na
Inglaterra. No século XV o título foi usado em vários cargos da ‘English Royal
Household’, como comptroller das contas na repartição ‘Lord Chamberlain’’. O
42
“Continental Congress” nomeou um comptroller em 1778; o Departamento de
Tesouraria estabeleceu a função de comptroller em 1789; a função foi sendo
estendida para as agências e repartições federais, estaduais e municipais. O título e
função do comptroller foram estendidos para corporações de negócio através das
estradas de ferro, nos Estados Unidos.
Nakagawa (1993) destaca que os conceitos modernos de controladoria indicam que o
controller desempenha sua função de maneira muito especial. Ao organizar e trabalhar os
dados relevantes da organização, influencia os gerentes nas tomadas de decisões lógicas e
consistentes com a missão e objetivos da empresa. Dessa forma acaba tornando-se o
responsável pela elaboração e implantação do projeto e pela manutenção de um sistema
integrado de informações da empresa, operacionalizando o conceito de que a contabilidade
tem como principal função demonstrar a quitação de responsabilidades que decorrem da
prestação de contas da empresa e seus gestores.
Nesse sentido, o autor acrescenta que o ponto fundamental da profissão é a integração
entre os padrões, os orçamentos e a contabilidade, que são os principais instrumentos de
mensuração à disposição do controller. Esses três fatores constituem um sistema integrado de
informações que irá requererá o preenchimento de três requisitos fundamentais: a) a forma
referente ao conteúdo, ou seja, a utilidade e confiabilidade das informações; b) a idade
referenciada pelo intervalo entre a data do fato ocorrido e a data da informação, ou seja, a
disponibilidade das informações no momento da tomada de decisões; e c) a freqüência que diz
respeito à periodicidade da informação. O autor atribui ao controller a função de gerir o
sistema integrado de informações da empresa.
Del Valle et al. (2000), em sua pesquisa, definiu a função do controller sob dois focos
de avaliação. No primeiro, teria a responsabilidade de um gerente de contabilidade geral, em
órgão de linha, subordinado ao executivo principal de finanças da empresa. Sob sua
responsabilidade estariam as áreas e as funções da contabilidade geral, fiscal e de custos, o
controle patrimonial, área de orçamentos, a auditoria interna e as áreas administrativa e
financeira. No segundo, a compilação e análise de informações geradas, e não a
responsabilidade por sua elaboração. Desse modo, sua função principal seria garantir a
qualidade e a distribuição das informações dentro da entidade, o que leva a controladoria a
atuar como um órgão de “staff” ligado à alta administração. Ao controller caberia, ainda, o
papel de avaliar os resultados obtidos em comparação com o planejamento, influenciando a
tomada de decisões dentro da empresa.
Kanitz (1976, p. 6) destaca que as principais responsabilidades do controller seriam:
43
organizar um adequado sistema de informações gerenciais que permita à
administração conhecer os fatos ocorridos e os resultados obtidos com as atividades;
comparar permanentemente o desempenho esperado com o real;
classificar as variações entre estimativas e desempenho;
identificar as causas e os responsáveis pelas variações;
apresentar recomendação para a adoção de medidas corretivas;
elaborar demonstrações financeiras em diferentes GAAP’s
15
;
trabalhar no planejamento tributário com o departamento jurídico; e
implantar sistemas orçamentários.
O papel do controller é gerar informações para a alta administração. Busca-se nos
estudos responder a indagação: o que mais se espera deste profissional em termos de decisões
estratégicas para as organizações. Destaca-se que esse profissional é responsável pelas
informações gerenciais relevantes à administração, contribui com informações decisivas em
questões fiscais e legais, fornece subsídios históricos e futuros e agrega valor ao negócio. Para
a Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade
(ANEFAC), isso não é regra, pois existem controllers que se limitam às demonstrações
financeiras e à legislação fiscal, não procurando conhecer os processos operacionais da
empresa. Com isso, perdem oportunidades valiosas que surgem do envolvimento em
processos decisórios nas organizações. Porém, em algumas empresas o papel do controller é
importante recebendo o status de diretor.
2.2.6 Contador Controller: competências exigidas
O marco das pesquisas sobre as competências do profissional de contabilidade no
Brasil é registrado por Franco (1980) quando evidencia em seu artigo a necessidade de a
classe profissional melhorar sua capacidade de comunicação e a visão dos negócios.
15
General Accepted Acconting Principles – Princípios Contábeis Geralmente Aceitos.
44
No final da década de 1980, Luz (1989) ressaltava a necessidade de o contador ter
habilidades com a informática. Martins (1993) ressalta que o profissional de contabilidade
deve possuir a capacidade de comunicação e integridade, além da formação técnica.
Destacam-se a partir das pesquisas, diversos autores que se dedicaram ao estudo das
competências: inicialmente, na Psicologia, McClelland (1973); mais tarde, Boyatzis
16
em 1982
e Spencer & Spencer
17
(1993), este ultimo com a elaboração do dicionário de competências de
diversas profissões. (CARDOSO, 2006).
Com base nesses estudos, outros pesquisadores buscam aplicar a base teórica em
campos específicos do conhecimento. No caso específico da ciência contábil, Cardoso (2006,
p. 113) destaca que o estudo das competências confunde-se um pouco com a função e as
atividades do profissional, ressaltando ainda que até o início do ano de 2000 não era possível
identificar pesquisas vinculadas ao conceito de competências dos profissionais da
contabilidade.
Buscando apresentar a evolução histórica da pesquisa sobre competências, propõe-se,
por meio do QUADRO 5 apresentar uma síntese da evolução dos estudos sobre competências
na visão de autores internacionais, de acordo com Cardoso (2006, p. 113).
16
BOYATZIS, R.E. The competente manager: a model for effective performance. New York: John Wiley &
Sons, 1982.
17
SPENCER, L.M.Jr.; SPENCER, S.M. Competence at work: models for superior performance. New York:
John Wiley, 1993.
45
QUADRO 5Estudos empíricos sobre compencias na área da ciência contábil
Autor(es) Resultados da pesquisa/estudo
1. Kester (1928) “[...] necessidade de habilidades técnicas sobre contabilidade financeira,
particularmente os aspectos dos princípios contábeis que estavam no início
de discussão, além das ferramentas de controle como custos e
acompanhamento de gastos.”
2. Wixon, Kell e Bower (1943) “[...] destacam questões técnicas: planejamento, controle orçamentário,
contabilidade financeira e mensuração[...]”.
destacam ainda aspectos do comportamento como capacidade de
negociação e comunicação, bem como o autocontrole, a integridade ética e
o raciocínio analítico”.
3. Bower (1957) Discute o fato de o contador reunir além de conhecimentos técnicos,
habilidades e conhecimentos sobre a capacidade de comunicação,
relacionamento e integridade profissional.
4. Campfield(1963) Fica clara a necessidade de trabalhar as competências do contador sobre a
visão do longo prazo, controle orçamentário, custos, bem como a
necessidade de uma visão estratégica.
5. Kublin (1965) Através do artigo The Accounting Review levando a questão da necessidade
de uma formação específica em contabilidade no nível superior para poder
acompanhar os anseios da sociedade sobre a formação de um contador..
6. Henning e Mosely (1970) Aspectos legais, planejamento e controle de custos, reporte de relatórios
contábeis e atendimento a usuários externos.
7. Harden (1995) Primeira definição direta das competências do contador: capacidade
comunicação, atendimento, negociação e iniciativa, além das competências
técnicas.
8. Laurie (1995) e Medley (1996) Necessidade de conhecimentos em sistemas de informação e processamento
de dados com maior ênfase.
9. Morgan (1997) Importância da habilidade de comunicação na profissão e na educação do
contador destacando a capacidade em escrever memorandos, relatórios e
demonstrões, realizar apresentações, capacidade de se comunicar com
várias pessoas e capacidade de ouvir e de se fazer entender.
10. Esselstin(2001) Enumera as competências técnicas, de organização, de comunicação e de
tecnologia, como visão global, técnicas de gestão, gestão da informação,
saber ouvir e saber se comunicar, liderança, visão do cliente e aspectos
éticos.
11. Needles, Cascini, Krylova e
Moustafa (2001)
Segregação das competências em quatro grandes grupos, conhecimentos,
habilidades, valores profissionais e flexibilidade.
12. Moramed e Lashine (2003) Estabelece prioridade de se trabalhar as capacidades de habilidade de
comunicação, domínio da computação, raciocínio analítico, visão global,
liderança e pensamento crítico, além de habilidades técnicas como:
contabilidade de custos, orçamento e técnicas de controle.
13. Abdolmohammadi, Searson e
Shanteau (2004) e em especial
Hotltzman (2004)
Merece destaque às competências cujo foco é a integridade e confiança nos
contadores, conseqüência dos impactos causados pelos escândalos
contábeis.
Fonte: Cardoso (2006)
Concluindo a revisão da literatura internacional sobre competências, Cardoso (2006, p.
120) identifica:
46
A maior parte dos estudos sobre competência do contador trata da função do
profissional e não de competências;
A quase totalidade dos estudos não realiza testes empíricos e sequer, trata do aspecto
da competência pelo enfoque da psicologia e recursos humanos;
Os estudos das entidades reguladoras demonstram uma maior estruturação
conceitual e preocupação em evoluir a discussão que propõe.
Cardoso (2006) destaca em seu trabalho algumas considerações importantes acerca da
evolução dos textos bibliográficos sobre competências. Primeiramente, a questão da
comunicação pessoal, além dos aspectos técnicos de custos e preços. Planejamento e
ferramentas de controle apareciam como uma característica importante desde os artigos
apresentados nas décadas de 1940, 1950 e 1960 até os dias atuais.
Nas décadas de 1970 e 1980 o autor ressalta que poucos estudos foram localizados
sobre as características. Entretanto, merece destaque o estudo nomeado White Paper, que tem
como característica marcante a questão da habilidade com informática e gestão da
informação, fato considerado raro nos estudos anteriores.
Cardoso (2006, p. 108), inspirado no dicionário de competências das diversas
profissões proposto por Spencer e Spencer (1993), identificou um conjunto de competências
requeridas para o contador, QUADRO 6. Contudo, o autor afirma que é preciso antes de
utilizar o dicionário, consultar a literatura e confrontar com os profissionais da área, como
também aplicá-lo em determinadas empresas, para poder verificar sua eficácia. O segundo
aspecto consiste em limitar um número de competências de forma a não repetir conceitos na
fase inicial do estudo. Por fim, o terceiro aspecto trata da análise do contexto em que será
utilizado o dicionário. Ou seja, cada contexto de empresa pode alterar o perfil das
competências requeridas do profissional.
QUADRO 6 – Competências do contador conforme Cardoso (2006)
continua
Competência
Analítica Sabe analisar as partes de um problema ou situação estabelecendo suas relações
para formular diversas soluções e o valor de cada uma.
Moramed e Lashine (2003) e AICPA
Autocontrole Mantém o desempenho sob condições estressantes e hostis.
Responde positivamente aos problemas sem impulsividade e permanece calmo.
Spencer & Spencer (1993) e Laurie (1995)
Comunicação Estabelece sintonia nas comunicações com pessoas ou grupos, entendendo
mensagens e é entendido. Demonstra boa articulação ao comunicar idéias por
47
Competência
escrito e verbalmente.
Boyatzis, Stubbs e Taylor (2002), IFAC (2003) e Abdolmohammadi, Searson e
Shanteau (2004)
Empreendedor Desenvolve soluções criativas aos problemas da empresa e dos clientes. Procura
inovar diante das restrições da empresa. Assume riscos calculados.
Spencer & Spencer (1993), Hardern (1995) e Laurie (1995)
Visão Estratégica Compreende o que está acontecendo no mercado e na sua empresa. Entende,
antecipa e procura responder além das necessidades dos consumidores no longo
prazo.
Bower (1957) e Hardern (1995)
Ferramenta de Controle Conhece e utiliza as ferramentas de controle e gestão, como: orçamento,
controle interno, custos e fluxo de caixa, entre outros.
Henning and Moseley (1970) e IMA-Siegel e Sorensen (1999)
Legal Conhece e acompanha as tarefas obrigatórias, como: planejamento tributário e
atendimento às exigências fiscais.
Kester (1982) e Henning and Mosely (1970)
Informática Conhece e utiliza a informática como ferramenta na identificação, seleção e
formatação de informações gerenciais para o processo decisório.
Needles, Cascini, Krylova e Moustafa (2001) e Moramed e Lashine (2003)
Integridade e Confiança Tem integridade e exprime positivamente seus valores e crenças pessoais de
maneira consistente com os padrões éticos de sua empresa. Inspira confiança
pelo cumprimento dos compromissos assumidos.
Bower (1957) e White Paper – Big Eight – Kullberg e Gladstone (1989)
Contabilidade e Finanças Domina e interpreta os conceitos relacionados à área de contabilidade e finanças
empresariais, atendendo aos interesses dos usuários internos e externos desta
informação e das normas vigentes no ambiente nacional como internacional.
Bower (1957) e Henning e Mosely (1970)
Negociação Realiza acordos com as várias áreas envolvidas com o sistema de informação e
mensuração de desempenho, adicionando valor e vantagens competitivas às
negociações. Busca opções para atender os interesses dos envolvidos e da
empresa.
Boterf (1999) e Esselstein (2001)
Ouvir Eficazmente Desenvolve diálogos interativos com as pessoas. Pergunta por mais detalhes
sobre os assuntos. Avalia as mensagens e fornece feeback.
Morgan (1997) e AAA – Francis, Mulder e Stark (1995)
Atendimento Sabe atender e dialogar demonstrando corretamente os conceitos e critérios
utilizados no sistema de informação, tanto para usuários internos à empresa
como para auditores externos, fornecedores, mercado de capital e instituições
financeiras.
Morgan (1997) e Boyatzis, Stubbs e Taylor (2002)
Planejamento Estuda e aplica conceitos de planejamento e acompanhamentos estratégico,
operacional e financeiro auxiliando a alta administração no alcance dos seus
objetivos.
Harden (1995) e Needles, Cascini, Krylova e Moustafa (2001)
Técnicas de Gestão Demonstra estar atualizado com as técnicas, dados e novos conhecimentos por
meio de leitura, cursos, viagens, congressos, etc.
continuação
48
Competência
Laurie(1995) e IMA – Siegel e Sorensen (1999)
Trabalho em Equipe Coopera com os demais membros da equipe e é comprometido com as metas e
objetivos da equipe. Compreende e se esforça para o bem da equipe, ao invés de
servir a seus próprios interesses.
Boyatzis, Stubbs and Taylor (2002) e IMA – Siegel e Sorensen (1999)
Gestão de Informação Capacidade de gerenciar todas as informações necessárias para o bom
andamento dos negócios, efetuando melhorias e supervisão no sistema de
processamento de dados interagindo com áreas correlatas como: TI –
Tecnologia da informação.
Esselstein (2001) e Laurie (1995)
Relacionamento Externo Realiza acordos e negociação com instituições financeiras, órgãos
governamentais, fornecedores, acionistas, clientes, empregados buscando
atender os interesses da empresa.
Henning and Moseley (1970) e Morgan (1997)
Fonte: Cardoso (2006, p. 110)
Holland (2000), considerando os principais aspectos sobre competências classificados
pelos órgãos internacionais, propõe a disseminação de tais questionamentos no Brasil.
Registra-se o estudo de Calijuri (2004), definindo que aspectos como liderança, iniciativa,
comunicação, raciocínio quantitativo, finanças e relacionamento externo são competências
necessárias ao contador. Especialmente, destaca o autor a necessidade das competências
técnicas como a contabilidade, planejamento tributário, custos, planejamento e formação e
análise de preços.
Com base nestes relatos, Cardoso (2006) referencia a carência de pesquisas no Brasil
sobre as competências do contador, seja de forma estruturada ou semi-estruturada,
comparando-se com os estudos internacionais.
Nesse sentido o marco teórico utilizado para a realização deste trabalho foi o modelo
proposto pelo autor. Ou seja, a partir do conjunto de competências requeridas para o contador
objetiva-se identificar as competências mais requeridas do profissional controller.
continuação
49
3 METODOLOGIA
O objetivo deste capítulo é descrever os principais aspectos metodológicos utilizados
no presente estudo, evidenciando os objetivos, geral e específico, a caracterização da pesquisa
estudada, o instrumento de coleta de dados, os procedimentos utilizados para análise e o
tratamento dos dados, bem como as limitações da pesquisa.
3.1 Objetivo da pesquisa
O objetivo principal na realização desta pesquisa foi: identificar as competências
requeridas dos profissionais contábeis que exercem a função de controller.
Para alcançar este objetivo principal, foram traçados os seguintes objetivos
intermediários:
Descrever a função da contabilidade e a atuação do controller nas empresas;
Identificar, a partir da literatura, as competências que são esperadas dos
profissionais da contabilidade que desempenham a função de Controller; e
Avaliar se as competências requeridas do profissional controller variam em função
da faixa etária e tempo de atuação como controller.
3.2 Caracterização da pesquisa
É importante destacar, antes da caracterização da pesquisa, que o papel da
metodologia no processo de investigação científica não pode ser entendido como solução
propriamente dita, mas sim como um condutor de questionamentos criativos que permitem
opções novas e mais seguras quanto mais consciência se tiver de sua marca aproximativa
(DEMO, 1995).
50
Gil (1996) caracteriza como pesquisa o processo formal ordenado e desenvolvido de
acordo com o método científico cuja realização tem por objetivo buscar respostas para
questionamentos seguindo uma forma de atuação que consiste, essencialmente, em observar,
classificar, demonstrar e interpretar fenômenos de uma maneira que possibilite a predição e a
explicação de questões significativas.
Desse modo, a metodologia utilizada em uma pesquisa depende preponderantemente
do objetivo proposto e da natureza da pesquisa. Sobre este aspecto, o presente estudo é de
natureza qualitativa descritiva. Este método mostrou-se coerente com os principais objetivos
desta pesquisa, que o seu propósito foi expor características de uma população e estimar a
proporção de elementos numa população específica que tenham determinadas características
ou comportamentos (MATTAR, 1999).
Destaca-se que para a realização desta pesquisa, primeiramente realizou-se uma
revisão bibliográfica sobre a abordagem conceitual de competências bem como sobre a
ciência contábil e atuação profissional do contador e do controller.
As pesquisas são ainda classificadas quanto aos meios de investigação. O método
selecionado para a realização desta pesquisa foi o de survey, que permite responder aos
questionamentos do tipo “o quê?”, “por quê?”, “como?”, “quanto?” e “quais”? (FREITAS et
al., 2000: 105). Segundo Malhotra (2001), o método utilizado envolve a construção de um
questionário estruturado para obter informações específicas de uma população, sendo este
aplicado a uma amostra dessa população. Neste estudo, o questionário foi elaborado com
alternativas fixas de resposta, sendo permitido ao respondente escolher apenas uma dessas
alternativas ao preenchê-lo.
As principais vantagens do método de survey para o autor mencionado anteriormente
são: o questionário é fácil para administrar; o uso de questões com respostas fixas elimina
possíveis vieses causados pelos respondentes; e os processos de coleta e análise dos dados são
simplificados.
Para os autores, este instrumento de pesquisa apresenta algumas desvantagens
associadas a tal método, por exemplo, a possibilidade de os respondentes não serem capazes
de responder ao questionário ou a algumas perguntas nele contidas. Entretanto no caso
específico desta pesquisa o item capacidade não deve ser considerado, levando-se em conta o
perfil da amostra. Contudo, o período de aplicação do questionário pode ser considerado
como desvantagem, que foi aplicado no período de encerramento das demonstrações
contábeis, período caracterizado pelo elevado número de tarefas exigidas dos profissionais.
51
3.3 Universo e amostragem
Gil (1999) define universo ou população como um conjunto de elementos, empresas,
produtos e pessoas que possuem determinadas características. O autor, buscando exemplificar
uma população, cita como população o número de alunos matriculados numa determinada
escola.
Ainda de acordo com autor citado, a amostra é uma parte da população, a qual será
escolhida de acordo com grau de representatividade.
Para tanto, a amostra se fundamenta em leis estatísticas, podendo ser classificada em
dois grandes grupos: probabilísticas; e não probabilísticas. A amostragem probabilística está
rigorosamente fundamentada em leis estatísticas e ou matemáticas. Por outro lado, a
amostragem não probabilística não se apóia em leis estatísticas e ou matemáticas, mas sim em
critérios que são estabelecidos pelo pesquisador.
A amostra levantada nesta pesquisa caracteriza-se como não probabilística intencional,
uma vez que foi selecionada a partir da população de profissionais pertencentes a um
subgrupo composto por aqueles com características comuns, ou seja, que desempenham
atividades de controller nas empresas.
A idéia inicial de acesso aos elementos da amostra para a realização da pesquisa foi
baseada na pesquisa das melhores e maiores empresas da região de Minas Gerais indicadas
pela revista exame de 2007, em que se pretendia a identificação para uma qualidade
significativa de empresas.
Assim, encaminhou-se, via e-mail, o instrumento de pesquisa aos controllers da
empresas integrantes (QUADRO 7). Entretanto, diante do baixo número de respondentes,
buscou-se aprimorar a amostra com um novo grupo de respondentes, neste caso, utilizando-se
o critério de acessibilidade. A amostra ficou então selecionada pelos critérios de tipicidade e
acessibilidade, com um número total de 14 respondentes (VERGARA, 1998).
Pelo critério de tipicidade, foram selecionadas as empresas classificadas pela pesquisa
da Melhores e Maiores de 2007 da Editora Abril, integrantes do QUADRO 7. o segundo
critério representou um critério racional, buscando profissionais na região em áreas diversas
por acessibilidade aos mesmos.
Pelo critério de tipicidade, as empresas analisadas foram: ArcelorMittal Inox Brasil
S.A (anteriormente denominada Acesita SA), Belgo Grupo ArcelorMittal Brasil, Companhia
52
de Saneamento de Minas Gerais, Gerdau Açominas S.A, Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais
e V&M do Brasil.
Pelo critério de acessibilidade, as empresas analisadas foram: Aethra Componentes
Automotiva Ltda, Holcim (Brasil) S.A., Companhia_Coreano_Brasileira_de_Pelotização,
Linear Distribuidora de Aluminio Ltda, Precon Industrial S/A, Telemar Norte Leste S.A, Vale
do Rio Doce, Ferrovia Centro Atlântica, Minerações Brasileiras Reunidas S.A. e Faculdade de
Ciências Sociais Aplicadas de Belo Horizonte.
QUADRO 7Maiores empresas por região – Minas Gerais
Acesita S.A – ArcelorMittal Brasil
Alcoa Alumínio S.A
ALE Combustíveis S.A
BBA – Belgo Bekaert Arames Ltda – ArcelorMittal Brasil
Belgo Siderurgia S.A – ArcelorMittal Brasil
Cemig Distribuição S.A
Cemig Geração e Transmissão S.A
Copasa – Cia de Saneamento de Minas Gerais
Fiat Automóveis S.A
Gerdau Açominas S.A
Grupo Martins – Martins Comércio e Serviços de Distribuição S.A.
Samarco Minerração S.A
SHV Gás Brasil Ltda
Telemig Celular S.A
Usiminas – Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais
V&M do Brasil
Votorantim Metais Zinco
Fonte: Exame: Melhores e Maiores 2007 – Editora Abril
O QUADRO 8 apresenta a distribuição da amostra, segundo a razão social, o
segmento da empresa e o endereço eletrônico.
53
QUADRO 8Composição final da amostra
Empresa Segmento Endereço eletrônico
Aethra Componentes Automotivos
Ltda
Componentes
automotivos
www.aethra.com.br
ArcelorMittal Inox do Brasil -
Acesita S.A
Siderurgia e Metalurgia www.acesita.com.br
Belgo Grupo Arcelor Brasil Siderurgia e Metalurgia www.belgomineira.com.br
Companhia_Coreano_Brasileira_de_
Pelotização- Kobrasco
Mineração www.saveli.com.br/kobrasco.htm
Copasa – Cia Saneamento de Minas
Gerais
Serviço Concessionário
de Saneamento de
Minas Gerais
www.copasa.com.br
Facisabh – Faculdade de Ciências
Sociais Aplicadas de Belo Horizonte
Instituição de ensino
superior
www.facisa.com.br
Ferrovia Centro Atlântica – FCA Logística www.fcasa.com.br
Gerdau Açominas S.A Siderurgia e Metalurgia www.gerdau.com.br/gerdauacominas/br/
Holcim (Brasil) S.A Cimenteira www.holcim.com.br
Linear Comércio de Alumínios Ltda Comercio de alumínios www.linearaluminio.com.br
Minerações Brasileiras Reunidas
S.A –MBR
Mineração www..vale.com.br
Precon Industrial S.A Industria pré-fabricados
de concreto
www.precon.com.br
Telemar Norte Leste S.A Serviço de
telecomunicações
www.novaoi.com.br
Usiminas – Usinas Siderúrgicas de
Minas Gerais S.A
Siderurgia e Metalurgia www.usiminas.com.br
V&M do Brasil S.A Siderurgia e Metalurgia www.vmtubes.com.br
Vale do Rio Doce S.A Mineração www.vale.com
Fonte: Elaborado pela autora
3.4 Coleta de dados
A coleta de dados envolve os meios pelos quais os objetivos do trabalho foram
perseguidos. Lakatos (2003) define coleta de dados como a etapa da pesquisa em que se
inicia a qualificação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se
efetuar a coleta dos dados previstos.
Para os fins deste estudo, optou-se pela técnica de aplicação de questionário, partindo-
se do princípio de que esta cnica permitiria a participação simultânea da amostra. Além disso,
considerou-se que a utilização do questionário permitiria maior facilidade de participação dos
54
respondentes, que a pesquisa se deu em uma fase tipicamente “atarefada” para os
profissionais de contabilidade, por se tratar do período de encerramento do exercício social e
de elaboração das demonstrações contábeis para publicação.
Objetivando aprofundar os resultados obtidos por meio do questionário, realizou-se
uma entrevista com um dos respondentes.
3.4.1 Questionário
Dispensou-se grande atenção ao desenvolvimento do questionário, procurando torna-
lo bastante claro e bem estruturado, para permitir aos respondentes maior facilidade,
compreensão e menor tempo gasto no seu preenchimento.
O método utilizado para sua aplicação contemplou o envio por e-mail. Neste caso,
para a amostra classificada por tipicidade, foi necessário realizar uma pesquisa prévia no site
da referida empresa, no sentido de identificar o profissional que deveria responder à pesquisa.
Para a amostra classificada por acessibilidade, a aplicação se deu também via e-mail.
Destaca-se que o método utilizado apresenta as seguintes vantagens: maior agilidade e
praticidade para os respondentes, que eles podiam preencher o questionário no momento
mais conveniente, especialmente considerando a época em que ocorreu a aplicação do
instrumento de pesquisa.
O instrumento de coleta de dados utilizado na pesquisa foi elaborado com base nas
competências do contador, tal como proposto por Cardoso (2006), que se encontra no
Apêndice I. Ressalta-se que os conceitos utilizados em sua obra serviram de base para a
estruturação do instrumento empregado na coleta e análise dos dados.
Com o propósito de apresentar a pesquisadora, introduzir a pesquisa e orientar o
preenchimento do questionário, elaborou-se uma carta de apresentação, página inicial do
instrumento de pesquisa, conforme Apêndice I.
A fim de atender ao tema proposto da pesquisa o questionário foi dividido em duas
partes: a primeira, destinada às características do profissional; a segunda à identificação das
competências requeridas para a função de controller. Neste caso, cada uma das questões do
questionário foi elaborada a partir de uma variável, conforme apresentação na TAB. 1,
55
considerando-se como suporte de pesquisa o resumo do dicionário de competências,
apresentado no referencial teórico deste estudo.
Ainda no final da parte II do questionário, foram apresentadas três questões abertas,
com o propósito de obter informações sobre as dificuldades e as sugestões para o desempenho
e a formação do profissional que exerce a atividade de controller.
A utilização das respostas de um questionário estruturado complementado por
questões abertas está de acordo com as preocupações de Yin (2001). O autor denomina tal
recurso de “triangulação” e afirma ser um ponto forte para a coleta de dados de um estudo de
caso a oportunidade de utilizar muitas fontes diferenciadas para a obtenção de evidências.
Os questionários foram encaminhados por meio do correio eletrônico (e-mail), no
período de 25/02/2008 a 15/03/2008, concedendo-se ao respondente um prazo de dez dias
para retorno. Esperava-se a resposta até a primeira semana de março de 2008. Entretanto,
visando garantir uma amostra significativa, esperou-se para iniciar o processo de análise dos
dados até o término da primeira quinzena de março de 2008. Depois desse período, iniciou-se
a análise dos dados.
Ressalta-se que o questionário foi respondido pelos profissionais que exercem a
função de controller da empresas, independentemente se a amostra foi qualificada por
tipicidade ou acessibilidade.
TABELA 1 – Variáveis consideradas no estudo
Número da variável Variável/Competência
V1 Analítica
V2 Autocontrole
V3 Comunicação
V4 Empreendedor
V5 Visão estratégica
V6 Ferramenta de controle
V7 Legal
V8 Informática
V9 Integridade e confiança
V10 Contabilidade e Finanças
V11 Negociação
V12 Ouvir eficazmente
V13 Atendimento
V14 Planejamento
V15 Técnicas de gestão
V16 Trabalho em equipe
V17 Gestão de informação
V18 Relacionamento externo
Fonte: Elaborada pela autora, com base nas competências do contador (CARDOSO, 2006).
56
3.4.2 Entrevista
Após a consolidação dos resultados obtidos mediante a realização dos questionários,
realizou-se uma entrevista estruturada com um dos respondentes. A escolha deste entrevistado
considerou três aspectos: o tempo de exercício da função de controller acima de 15 anos;
formação acadêmica em Ciências Contábeis com pós-graduação em nível de especialização; e
facilidade de contato.
O objetivo da entrevista foi discutir os resultados obtidos na primeira etapa da
pesquisa e conhecer a percepção do controller, considerando as competências tratadas como
requeridas para o exercício da função.
A entrevista foi realizada obedecendo ao “Roteiro de entrevista” (Apêndice B), em
que após a pergunta, o entrevistado respondia sendo suas respostas gravadas e utilizadas na
construção da análise dos resultados e considerações da pesquisa pela autora.
3.4.3 Tratamento dos dados
Os dados do questionário foram analisados com base nas 18 variáveis do Dicionário
de competências do contador, proposto por Cardoso (2006), utilizando-se dos métodos
quantitativos, com aplicação da contagem de freqüência e escalas de graduação na
categorização dos dados.
No intuito de enriquecer a análise quantitativa, foram realizadas análises com uma
discussão qualitativa das respostas referente às queses abertas colocadas no final do questionário.
57
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo tem por objetivo apresentar a análise dos resultados apurados a partir da
pesquisa aplicada a 14 profissionais que exercem a atividade de controller, e com foco nas
competências requeridas, tendo como suporte as competências do contador, proposto por
Cardoso (2006).
O principal instrumento utilizado para atender ao objetivo do presente estudo foi o
questionário (Apêndice A), aplicado aos profissionais que desempenham a atividade de
controller.
Apesar do reduzido número de respondentes, pôde-se realizar uma análise quantitativa
dos dados, visando caracterizar o profissional controller e conhecer as suas competências.
O questionário apresenta duas seções. A primeira possui questões referentes às
informações gerais dos respondentes como: idade, sexo, estado civil, empresa a que está
vinculado, grau de escolaridade, formação básica, tempo que exerce a função de controller e
participação em cursos para o desenvolvimento na área de atuação como controller. A segunda refere-
se às competências que serão avaliadas para os profissionais do contador gestor: analítica,
autocontrole, comunicação, empreendedor, visão estratégica, ferramenta de controle, legal,
informática, integridade de confiança, contabilidade e finanças, negociação, ouvir
eficazmente, atendimento, planejamento, técnicas de gestão, trabalho em equipe, gestão da
informação e relacionamento externo. Ao todo, serão analisadas 18 competências, que foram
avaliadas por meio de 18 assertivas no questionário. O questionário possui uma escala Likert
de 5 pontos, cada um correspondendo à freqüência de ocorrência das competências. A
correspondência dos números da escala com a freqüência é:
1 = Nunca; 2 = Raramente; 3 = Às vezes; 4 = Freentemente; 5 = Muito freqüentemente.
De posse dos dados, as análises foram realizadas nos softwares SPSS e Excel,
utilizando técnicas gráficas para comparação entre as variáveis. Os resultados foram
comparados de uma forma geral. Para isso, foram obtidas as médias aritméticas das respostas
de cada competência. Para avaliar, comparar as competências mais requeridas com as menos
requeridas, utilizou-se como referência a média geral das médias das competências. Para
delimitar as principais competências mais requeridas e as principais competências menos
requeridas utilizaram-se também estatísticas de ordem, como os quartis das médias. O
primeiro quartil define o valor que delimita os 25% valores mais baixos de uma lista de
58
valores ordenados. O segundo quartil corresponde à mediana, que delimita os 50% valores
mais baixos. O terceiro quartil define os 25% valores mais altos.
Por fim, foram realizados alguns cruzamentos das variáveis do perfil dos respondentes
com as competências, com o objetivo de analisar os dados em horizontes mais específicos.
Destaca-se, ainda, que foram apresentadas aos respondentes três questões abertas cujo
propósito era identificar as dificuldades, as ferramentas, os métodos e as concepções
consideradas essenciais ao desempenho da função do controller.
4.1 Caracterização da amostra
4.1.1 Perfil da população estudada
Nesta seção, apresentam-se os resultados relacionados ao perfil dos respondentes,
como características demográficas e ocupacionais.
A amostra estudada é composta por 14 controllers, sendo que 2 representam mais de
uma empresa. Tal fato justifica-se por tratar-se de uma corporação, ou grupo societário.
Observa-se que 5 empresas integrantes deste grupo pertencem ao segmento de siderurgia e
metalurgia, consideradas pela pesquisa Exame de 2007 como as melhores e maiores empresas
da região de Minas Gerais no ranking de rentabilidade, ou seja, retorno obtido no ano.
A amostra conta com a participão de 2 empresas de conceso de servos, 1 em telefonia
e 1 em serviços de saneamento. A empresa prestadora de serviços de telecomunicações é
considerada a maior operadora no segmento em faturamento e a maior empresa de telefonia
da América do Sul. a empresa prestadora de serviços de saneamento é considerada a maior
do Brasil entre as estaduais em termos de rentabilidade e a terceira maior pelo critério de
receitas líquidas, de acordo com o critério de lucro por patrimônio líquido (return on equity),
respectivamente, tomando por base os balanços referentes ao exercício de 2006 publicados
pelas sete maiores empresas do setor de saneamento no Brasil e segundo publicação do jornal
Valor Econômico de agosto de 2007.
Compõem a amostra 3 grandes empresas do segmento de mineração, 2 situadas em
Minas Gerais, na região metropolitana de Belo Horizonte, e 1 que foi constituída mediante a
59
associação da Vale do Rio Doce e a Pohang Iron and Steel Co., Ltd Posco. As empresas
mineradoras foram classificadas, por pontos obtidos, entre as dez empresas do segmento de
mineração com maior crescimento, considerando as vendas no ano, pela revista Exame
Melhores & Maiores de 2007.
Integram também a amostra 2 empresas classificadas como “sociedade limitada,”
sendo que 1 desempenha a atividade de distribuição de alumínios na cidade de Belo
Horizonte/MG e 1 atua no segmento de comércio de componentes automotivos, situada na
cidade de Betim/MG.
A amostra é composta também por 1 estabelecimento particular de ensino superior,
que tem por objetivo principal produzir, intermediar e disseminar o conhecimento em todas as
suas formas. Destaca-se que, em caráter inédito no Brasil, sua mantenedora é uma empresa de
direito privado do segmento de contabilidade e consultoria empresarial.
Por meio da tabulação dos dados obtidos dos 14 questionários, foi possível
caracterizar o respondente que participou do presente estudo com base nas variáveis do sexo,
faixa etária, estado civil, grau de escolaridade, formação básica, tempo que exerce a função
de controller e realização de curso para desenvolvimento na área de atuação como
controller.
Em relação à faixa etária, nota-se no GRÁF. 01 que o maior contingente dos
respondentes situa-se nas faixas etárias De 41 a 45 anos e Mais de 45 anos.
7,1
7,1
14,3
35,7
35,7
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Percentual de candidatos
De 26 a 30
anos
De 31 a 35
anos
De 36 a 40
anos
De 41 a 45
anos
mais de 45
anos
Faixa Etária
GFICO 1Distribuição dos respondentes em relão à faixa etária
Fonte: Dados obtidos da pesquisa
60
Quanto à distribuição por sexo, a população caracteriza-se por ser formada por 12
homens e apenas 2 mulheres exercendo a atividade de controller.
Masculino
86%
Feminino
14%
GRÁFICO 2 Distribuão dos respondentes em relão ao sexo
Fonte: Dados obtidos da pesquisa
Quanto à formação sica, 71,4% dos respondentes são graduados especificamente em
Ciências Contábeis, ressaltando que os respondentes com formão em Administrão, 14,3% e
Economia, 7,1%, tamm cursaram o curso de Ciências Contábeis.
7,1
71,4
14,3
7,1
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
Percentual de candidatos
Administração Ciências
Conbeis
Administrador e
Contador
Economista e
Contador
Formação básica
GFICO 3 – Distribuão dos respondentes em relão à formação básica
Fonte: Dados obtidos da pesquisa
Consta também da amostra um controller com formação nas áreas de Economia e
Ciências Contábeis e outro em Administração e Ciências Contábeis.
Destaca-se que os dados obtidos mantêm uma similaridade com a pesquisa realizada
em 2001, que identifica Ciências Contábeis como sendo a graduação mais requisitada no
exercício da função de controller (SIQUEIRA; SOLTELINHO, 2001).
Ainda considerando o grau de escolaridade, 71% dos respondentes afirmaram ter
participado de algum curso na sua área de atuação como controller, distribuídos em
especializações em MBA em Finanças, Gestão Estratégia e Controladoria.
61
Cabe destacar a contribuição de 2 respondentes da pesquisa por meio da questão
aberta, indicando a necessidade de continuidade dos estudos.
Jamais interromper os estudos, fortalecer o networking e valorizar, a cada dia, a
classe contábil, pois trata-se de profissional imprescindível às organizações, mas que
pode agregar mais valor a estas, desde que se prepare para tal e não se acomode. (R-02)
Aprimorar o conhecimento relativo às finanças da empresa, ter conhecimento de
pelo menos uma língua estrangeira (preferencialmente o inglês); conhecimento de
Contabilidade Internacional e conhecimento do mercado de capitais. (R-05)
O resultado leva a concluir que a atualização é importante, considerando as
necessidades de conhecimento.
Curso para desenvolvimento na área
46%
27%
9%
18%
MBA em Finanças
Controladoria
Gestão Estratégica
ênfase Finanças
Gestão Financeira
GFICO 4 – Distribuão dos respondentes em relão à realização de cursos
Fonte: Dados obtidos da pesquisa
Em relação ao tempo que exerce a função de controller, verificou-se que 35,7% dos
respondentes exercem a função num período de 1 a 5 anos, seguidos pelos respondentes que
exercem num período de 11 a 15 anos.
35,7
21,4
28,6
7,1
7,1
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Percentual de candidatos
de 1 a 5 anos de 6 a 10
anos
de 11 a 15
anos
de 16 a 20
anos
acima de 20
anos
Tempo
Controller
GFICO 5 – Distribuão dos respondentes em relão ao tempo de controller
Fonte: Dados obtidos da pesquisa
62
A seguir, são apresentados os resultados obtidos com a segunda parte do questionário,
em que os respondentes indicaram, entre as 18 competências propostas por Cardoso (2006), o
grau de freqüência.
4.2 Análise da amostra pesquisada com base nas competências de Cardoso (2006)
Esta parte da análise procurou examinar o comportamento da amostra pesquisada em
relação ao modelo de competências do contador, proposto por Cardoso (2006).
Para cada competência avaliada, o respondente tinha que marcar uma das opções de
respostas de acordo com a sua freqüência de ocorrências. Cada uma dessas atitudes
relacionava-se a uma competência proposta por Cardoso.
1 = Nunca; 2 = Raramente; 3 = Às vezes; 4 = Freqüentemente; 5 = Muito
freqüentemente;
Como forma de coletar mais informações dos respondentes e enriquecer a análise
qualitativa, foram formuladas três questões abertas, no final do questionário, para que
pudessem apresentar as dificuldades que o contador encontra para exercer a atividade de
controller, e indicar as ferramentas, métodos e concepções considerados essenciais para o
desempenho da função. Deixou-se espaço para que pudessem incluir sugestões e informações
complementares que julgassem pertinentes a respeito os temas tratados no questionário.
Sendo assim, pretende-se fazer um diagnóstico das práticas profissionais dos
controllers segundo as competências profissionais mais freqüentemente utilizadas pelos
participantes da pesquisa.
As competências identificadas por Cardoso (2006) que compõem a lista de variáveis
analisadas nesta pesquisa são:
V1 Analítica: analisar as partes de um problema ou situação, estabelecendo suas
relações para formular diversas soluções e o valor de cada uma.
V2 Autocontrole: manter o desempenho sob condições estressantes e hostis,
respondendo positivamente aos problemas, sem impulsividade e permanece calmo.
V3 Comunicação: estabelecer sintonia nas comunicações com pessoas ou
grupos, entendendo mensagens e sendo entendido; demonstrar boa articulação ao
comunicar idéias por escrito e verbalmente.
63
V4 Empreendedor: desenvolver soluções criativas para a solução de problemas
da empresa e dos clientes; procurar inovar diante das restrições da empresa,
assumindo riscos calculados.
V5 Visão estratégica: compreender o que está acontecendo no mercado e na sua
empresa; entender, antecipar e procurar responder além das necessidades dos
consumidores no longo prazo.
V6 Ferramenta de controle: conhecer e utilizar as ferramentas de controle e
gestão, como: orçamento, controle interno, custos e fluxo de caixa.
V7 Legal: conhecer e acompanhar as tarefas obrigatórias, como: planejamento
tributário e atendimento às exigências fiscais.
V8 – Informática: conhecer e utilizar a informática como ferramenta na
identificação, seleção e formatação de informações gerenciais para o processo
decisório.
V9 – Integridade e confiança: ter integridade e exprimir positivamente seus valores
e crenças pessoais de maneira consistente com os padrões éticos de sua empresa;
inspirar confiança pelo cumprimento dos compromissos assumidos.
V10 Contabilidade e finanças: dominar e interpretar os conceitos relacionados à
área de contabilidade e finanças empresariais, atendendo aos interesses dos
usuários internos e externos desta informação e das normas vigentes no ambiente
nacional como internacional.
V11 Negociação: realizar acordos com as várias áreas envolvidas com o sistema
de informação e mensuração de desempenho, adicionando valor e vantagens
competitivas às negociações; buscar opções para atender os interesses dos
envolvidos e da empresa.
V12 Ouvir eficazmente: desenvolver diálogos interativos com as pessoas,
perguntar por mais detalhes sobre os assuntos, avaliar as mensagens e fornecer
feeback.
V13 Atendimento: saber atender e dialogar, demonstrando corretamente os
conceitos e critérios utilizados no sistema de informação, tanto para usuários
internos à empresa como para auditores externos, fornecedores, mercado de capital
e instituições financeiras.
V14 Planejamento: estudar e aplicar conceitos de planejamento e
acompanhamentos estratégico, operacional e financeiro, auxiliando a alta
administração no alcance dos seus objetivos.
64
V15 Técnicas de gestão: demonstrar estar atualizado com as técnicas, dados e
novos conhecimentos por meio de leitura, cursos, viagens, congressos, etc.
V16 Trabalho em equipe: cooperar com os demais membros da equipe; ser
comprometido com as metas e objetivos da equipe; compreender e esforçar para o
bem da equipe, ao invés de servir a seus próprios interesses.
V17 Gestão de informação: capacidade de gerenciar todas as informações
necessárias para o bom andamento dos negócios, efetuando melhorias e supervisão
no sistema de processamento de dados interagindo com áreas correlatas, como: TI
– Tecnologia da informação.
V18 Relacionamento externo: realizar acordos e negociação com instituições
financeiras, órgãos governamentais, fornecedores, acionistas, clientes e
empregados buscando atender os interesses da empresa.
Para identificar e analisar essas competências, foram obtidas as médias das respostas
para todos os respondentes. Para delimitar as competências mais requeridas das competências
menos requeridas, utilizou-se como referência a média geral de todas as competências.
O GRÁF. 8 apresenta as médias de cada competência. A linha linear indica a média de
todas as competências, sendo que essa média é igual a 4,28, com desvio padrão igual a 0,37.
A média geral é similar à mediana das médias das competências, que é igual a 4,29,
considerando como mediana o valor que deixa 50% das informações abaixo desse valor.
65
3,00
3,20
3,40
3,60
3,80
4,00
4,20
4,40
4,60
4,80
Analítica
Autocontrole
Comunicão
Empreendedor
Visão Estratégica
Ferramenta de controle
Legal
Informática
Integridade e confiança
Contabilidade e finanças
Negociação
Ouvir eficazmente
Atendimento
Planejamento
Técnicas de gestão
Trabalho em equipe
Gestão da informação
Relacionamento externo
Médias das Competências
GFICO 6 – Médias das competências
Fonte: Dados obtidos da pesquisa
De acordo com o valor que delimita as competências é possível inferir que as mais
requeridas no geral (competências com médias acima da média geral) são: analítica,
autocontrole, comunicação, ferramenta de controle, legal, informática, integridade e
confiança, contabilidade e finanças, planejamento e trabalho em equipe.
as competências menos requeridas são: empreendedor, visão estratégica,
negociação, ouvir eficazmente, atendimento, técnicas de gestão, gestão de informática e
relacionamento externo.
A TAB. 2 apresenta as competências ordenadas de forma decrescente, com base nas
médias, ou seja, da mais requerida para a menos requerida. Para cada competência, são
apresentadas as estatísticas descritivas mínimo, máximo, média e desvio-padrão.
66
TABELA 2 – Estatísticas descritivas das competências
COMPETÊNCIAS N Mínimo Máximo Média
Desvio
Padrão
Integridade e confiança 14 3 5 4,71 0,61
Contabilidade e finanças 14 4 5 4,71 0,47
Ferramenta de controle 14 3 5 4,64 0,63
Comunicação 14 3 5 4,57 0,65
Informática 14 3 5 4,57 0,65
Legal 14 3 5 4,50 0,76
Trabalho em equipe 14 4 5 4,50 0,52
Autocontrole 14 4 5 4,36 0,50
Planejamento 14 3 5 4,36 0,63
Analítica 14 3 5 4,21 0,70
Atendimento 14 3 5 4,21 0,70
Técnicas de gestão 14 3 5 4,21 0,70
Visão Estratégica 13 3 5 4,15 0,69
Empreendedor 14 3 5 4,07 0,83
Negociação 14 3 5 4,07 0,83
Ouvir eficazmente 14 3 5 4,00 0,88
Gestão da informação 14 3 5 4,00 0,68
Relacionamento externo 13 2 5 3,15 1,14
Fonte: Dados da pesquisa.
Para especificar quais são as competências mais requeridas e as menos requeridas,
foram obtidos também os quartis das médias das competências. O primeiro quartil define o
valor que delimita os 25% valores mais baixos de uma lista de valores ordenados. O segundo
quartil corresponde à mediana, que delimita os 50% valores mais baixos . O terceiro quartil
define os 25% valores mais altos. Os quartis para as médias das competências são:
1º quartil = 4,09 2º quartil = 4,29 3º quartil = 4,55
4.2.1 Competências mais requeridas
De acordo com os quartis é possível afirmar que as competências mais requeridas
nesta pesquisa são: integridade e confiança, contabilidade e finanças, ferramenta de controle,
comunicação e informática, que são competências com médias superiores ao 3º quartil (4,55).
as competências menos requeridas são: empreendedor, negociação, ouvir eficazmente,
gestão da informação e relacionamento externo, que são as competências com médias
67
inferiores ao quartil. As demais competências podem ser consideradas como competências
de médio requerimento em relação às mais e às menos requeridas.
A competência integridade e confiança com média de 4,71 nesta pesquisa, apresenta a
necessidade de o profissional ter conduta pessoal e profissional impar, com valores morais
integrados com os padrões éticos da empresa. O estudo indica a freqüente necessidade do
controller de expressar seus valores e crenças pessoais de maneira consistente com os padrões
éticos da empresa. Dessa forma, a inferência que cabe nesta análise é que a média obtida
confirma aderência a relevância dada à conduta ética e moral por Lisboa et al. (1995).
Com mesmo escore (média 4,71), a competência contabilidade e finanças indica a
necessidade de o profissional apresentar domínio e capacidade de interpretação dos conceitos
relacionados às tarefas contábeis. Observa-se que as tarefas são muito mais abrangentes,
englobando a elaboração de relatórios contábeis, gerenciais e internacionais, planejamento e
controle orçamentário, planejamento tributário, estudos de viabilidade de investimentos,
gerenciamento de custos.
Ante o exposto, vale apresentar a contribuição de um dos respondentes, indicada no
questionário da pesquisa, por meio da questão aberta.
A função de controller pressupõe o amplo conhecimento de questões legais
(tributárias), financeiras, relações humanas, amplo conhecimento do mercado no
qual está inserido na empresa onde atua, bem como as práticas de governança
corporativa adotadas e/ou a serem adotadas. Deve ter um bom conhecimento
técnico, além de conhecer e ter ampla visão dos sistemas integrados da empresa (R4).
Ressalta-se para essa análise um indicador positivo obtido, que foi o desvio padrão,
que ficou em 0,47 (< que 1,0), o que indica que há coerência entre os respondentes.
A competência ferramenta de controle indica a necessidade de o profissional
controller apresentar a capacidade de transformar fatos e estatísticas em tendências favoráveis
para a empresa. Dessa forma, deve apresentar a capacidade de identificar e maximizar a
utilização de recursos visando incrementar a rentabilidade da empresa, por meio da utilização
dos sistemas de informações e ferramentas de controle.
Com média atribuída de 4,64 nesta pesquisa, a análise remete à importância de o
controller conhecer e utilizar os instrumentos de controle e gestão, tais como, orçamento,
controle interno, custos e fluxo de caixa. Neste caso, apresenta coerência com Carvalho
(1995), que autor afirma que cabe ao controller apresentar a capacidade de monitorar os
efeitos da gestão econômica da empresa.
68
Cabe também ressaltar ainda a contribuição obtida por meio da questão aberta que
objetivou identificar “quais ferramentas, métodos e concepções estão sendo usadas ou
consideradas essenciais no desempenho da função de controller?” Um dos respondentes
destacou o uso de ferramentas modernas:
“Balance Score Card, Planejamento Estratégico, Business Inteligence, Key Figures
(Indicadores de Performance Padronizados), Relatórios Gerenciais Padronizados, Sistemas de
Informações, dentre outros”. (R2)
Na seqüência, com média 4,57, aparecem as competências comunicação e informática.
Prevalece para os respondentes deste estudo a necessidade de o profissional conhecer e
utilizar a informática como ferramenta na identificação, seleção e formatação de informações
para o processo decisório. Pela observação direta, considerando o empate em relação às
médias, destaca-se um fator positivo e sinérgico, que a ação de compreender, processar e
assegurar que a mensagem foi transmitida em seu potencial de entendimento utilizando a
informática como aliada traduz a capacidade de se comunicar e de se fazer entender como
algo vital para o dia a dia do controller aliando este aspecto à competência de utilização da
informática.
Sistemas integrados de gestão empresarial se destacariam como a mais importante
ferramenta da gestão. Em segundo, a sensibilização das pessoas quanto à
necessidade de bem utilizar esta ferramenta, já que o operacional depende da equipe.
A capacidade de mudar, inclusive aumentando o trabalho, com possibilidade de
diminuição ou racionalização no futuro, como é o caso de substituir ferramentas, por
exemplo, demonstra para as pessoas sua importância na organização e o reflexo de
possíveis falhas em sua função, como poderá refletir em todo o sistema empresa.
Promover tempestade de idéias com as pessoas envolvidas e procurar viabilizar a
implantação das sugestões feitas a fim de que envolva cada vez mais as pessoas em
busca de melhores resultados (R-04).
4.2.2 Competências com médio requerimento
As competências definidas nesta pesquisa com médio requerimento foram: legal,
trabalho em equipe, autocontrole, planejamento, analítica, atendimento, técnicas de gestão e
visão estratégica.
Entende-se como competência legal a necessidade de conhecer e acompanhar as
tarefas associadas ao planejamento tributário, em atendimento às exigências fiscais. Esta
69
competência caracteriza-se, por sua natureza, como conhecimento técnico e apresenta-se
coerente com Almeida et al. (2001) quando destacam que uma das funções da controladoria é
atender os agentes do mercado, mensurando os impactos das legislações no resultado da
empresa.
Já a competência trabalho em equipe é própria de um controller que é comprometido e
se esforça para promover o crescimento da equipe. Aqui, merece relacionar as competências
saber comprometer-se e saber mobilizar, definidas por Fleury e Fleury (2001). Cabe ao
controller saber engajar-se e comprometer-se com os objetivos da organização, mobilizando a
equipe.
Com mesmo valor atribuído pela média, as competências autocontrole e planejamento
indicam uma classificação de médio requerimento para o profissional que desempenha a
função de controller. A competência autocontrole está relacionada à postura do profissional.
Ou seja, ainda que em situações estressantes, é necessário manter a calma, garantindo o
desempenho profissional. Essa necessidade de autocontrole foi sinalizada também na pesquisa
de Siqueira e Soltelinho, (2001) sobre as requisições do mercado e profissionais para exercer
a função de controller.
A competência planejamento foi considerada por Cardoso (2006) como sendo a
capacidade de realizar estudos, de aplicar conceitos de planejamento de fazer e
acompanhamentos estratégicos, operacional e financeiro, auxiliando a alta administração.
Buscando identificar as dificuldades que o controller encontra no dia-a-dia de sua
atividade, foi destacado por um respondente a necessidade de saber lidar com a infinidade de
informações existentes, sabendo trabalhar sobre pressão. Nesse sentido, a contribuição do
controller reafirma que o autocontrole (média 4,36), deve ser considerado como competência
essencial ao profissional.
A competência analítica com média atribuída de 4,21 nesta pesquisa, indica que o
controller deve ter a capacidade de saber analisar as partes de um problema ou situação,
estabelecendo suas relações, e formular soluções e o valor para cada uma delas. De acordo
com os dados obtidos esta competência foi considerada de médio requerimento para o
desempenho da atividade do controller. A competência analítica estudada nesta pesquisa
pode ser relacionada com as competências saber mobilizar e saber assumir
responsabilidades, propostas por Fleury e Fleury (2001).
Ainda como competências de médio requerimento, atendimento e técnica de gestão
determinam que cabe ao profissional apresentar a capacidade de atender e dialogar,
demonstrando corretamente os conceitos e critérios utilizados no sistema de informação, e,
70
ainda estar atualizado com as técnicas, dados e novos conhecimentos, caracterizando a
competência de técnica de gestão.
Considerando o perfil da amostra com forte presença de profissionais com formação
acadêmica em ciências contábeis, faz-se necessário considerar a contribuição abaixo:
Os controllers, normalmente, têm formação acadêmica e profissional de origem
contábil. No entanto, o que é amplamente valorizado pelas empresas atualmente é a
visão estratégica e com foco para o negócio. É importante não ficar apenas focado
nos conhecimentos técnicos contábeis e também ter visão estratégica e macro,
pensando no negócio e no que realmente gera valor para a empresa (R-08).
4.2.3 Competências menos requeridas
As competências menos requeridas indicadas nesta pesquisa são: Empreendedor,
Negociação, Ouvir eficazmente, Gestão da informação e Relacionamento externo.
Em relação às competências de baixo requerimento, especificamente gestão da
informação, cabe inferir que o resultado obtido aponta uma possibilidade de inconformidade; ou
seja, a competência em questão é entendida como a capacidade de gerenciar as informações
necessárias para o bom andamento dos negócios.
Almeida et al. (2001) destacam que cabe ao controller gerenciar os sistemas de
informação, realizando a padronização e harmonização das diversas informações. Destaca-se
que neste estudo foram classificadas como requeridas as competências informática,
comunicação e ferramenta de controle. Entretanto o controller em sua atividade atua
expressivamente no monitoramento dos efeitos da gestão econômica, neste caso merece uma
reflexão diante do resultado obtido que a competência gestão da informação foi
considerada de baixo grau de requerimento nesta pesquisa.
4.3 Avaliação cruzada das competências
Para avaliar as competências em horizontes mais específicos, foram realizados alguns
cruzamentos. Elas foram avaliadas em relação a faixa etária, escolaridade, tempo que exerce
71
a função de controller e realização de curso para desenvolvimento na área de atuação como
controller.
O principal objetivo dos cruzamentos é verificar se existe alguma divergência de
percepção das competências (de acordo com os limites estabelecidos para as médias) entre
diferentes categorias de profissionais. Portanto, foi avaliado, por exemplo, para cada
competência, se diferentes grupos etários têm diferentes percepções em relação ao fato de que
competência ser menos ou mais requerida. Foi considerado que existe divergência em uma
competência quando uma das categorias comparadas apresenta média superior ao terceiro
quartil das médias gerais (4,55) e outra categoria apresentar média inferior ao terceiro quartil
das médias gerais (4,09), como definido na seção anterior.
Para cada cruzamento, as médias que estiverem acima do terceiro quartil serão
marcadas de negrito e aquelas que estão abaixo do primeiro quartil serão marcadas em negrito
e sublinhadas. Algumas variáveis do perfil foram recodificadas para tornar mais viável as
comparações das categorias.
4.3.1 Faixa etária versus competências
De acordo com os resultados da TAB. 3, referente aos cruzamentos das faixas etárias
com as competências, é possível observar: entre as principais competências mais requeridas,
integridade e confiança e contabilidade e finanças para todas as faixas etárias (todas as
médias acima do terceiro quartil; dentre as principais competências menos requeridas,
sobressaem ouvir eficazmente, gestão da informação e relacionamento externo para todas as
faixas etárias (todas as médias inferiores ao primeiro quartil).
em relação à competência Planejamento, que no geral foi considerada como de
requerimento intermediário, é possível observar a presença de divergência entre as percepções
dos profissionais com diferentes faixas etárias: à medida que a faixa etária aumenta, cresce a
percepção de que esta competência é mais requerida. Para os respondentes com idade até 40
anos esta competência foi considerada como uma das principais menos requerida; para os
profissionais com idade entre 41 e 45 anos, como requerimento intermediário; e para os
respondentes com idade superior a 45 anos, como uma das principais mais requeridas.
72
Ainda em relação à competência planejamento, os números obtidos permitem inferir
que com o passar dos anos a necessidade de maior organizão e planejamento apresenta-se como
uma caractestica comportamental humana ou especificamente característica profissional.
As demais competências não apresentaram grande divergência em termos da faixa
etária dos respondentes.
TABELA 3 – Médias das competências, por faixa etária
Competência/ Faixa etária até 40 anos de 41 a 45 anos mais de 45 anos Total
Integridade e confiança
4,75 4,60 4,80 4,71
Contabilidade e finanças
5,00 4,60 4,60 4,71
Ferramenta de controle
4,50 4,40 5,00 4,64
Comunicação
4,25 4,80 4,60 4,57
Informática
4,50 4,40 4,80 4,57
Legal
4,25 4,60 4,60 4,50
Trabalho em equipe
4,75 4,20 4,60 4,50
Autocontrole
4,25 4,20 4,60 4,36
Planejamento
4,00 4,40 4,60 4,36
Analítica
4,25 4,40 4,00 4,21
Atendimento
3,75 4,40 4,40 4,21
Técnicas de gestão
4,25 4,20 4,20 4,21
Visão Estratégica
4,00 4,00 4,50 4,15
Empreendedor
4,25 4,00 4,00 4,07
Negociação
3,75 4,00 4,40 4,07
Ouvir eficazmente
4,00 4,00 4,00 4,00
Gestão da informação
4,00 4,00 4,00 4,00
Relacionamento externo
3,50 3,00 3,00 3,15
Fonte: Dados da pesquisa
4.3.2 Escolaridade versus competências
Em relação ao cruzamento dos níveis de escolaridade com as competências, cujos
resultados estão apresentados na TAB. 4, é possível observar: entre as principais
competências mais requeridas sobressaiu contabilidade e finanças, para todas os níveis de
escolaridade (todas as médias acima do terceiro quartil); e dentre as principais competências
menos requeridas, sobressaiu relacionamento externo para todos os níveis de escolaridade
(todas as médias inferiores ao primeiro quartil).
73
em relação à competência atendimento, que, no geral, foi considerada como de
requerimento intermediário, é possível observar a presença de divergência entre as percepções
dos profissionais com níveis de escolaridade diferentes: para os respondentes com nível de
escolaridade superior ou especialização completo, esta competência foi considerada como
uma das principais menos requerida; e para os respondentes com maior nível de escolaridade,
como uma das principais mais requeridas. As demais competências não apresentaram grande
divergência de acordo com o nível de escolaridade dos respondentes. Esta análise sinaliza que
o nível de escolaridade faculta uma maior percepção do respondente em relação à importância
dada à competência analisada. Isso é razoável, na medida em que o grau de maturidade
pessoal e profissional, supostamente, deve ser maior em indivíduos mais maduros.
TABELA 4 – Médias das competências, por nível de escolaridade
Competência / Escolaridade
Superior ou
Especialização
completos
Mestrado
incompleto
Total
Integridade e confiança 4,90 4,25 4,71
Contabilidade e finanças
4,60 5,00 4,71
Ferramenta de controle
4,70 4,50 4,64
Comunicação
4,60 4,50 4,57
Informática
4,50 4,75 4,57
Legal
4,40 4,75 4,50
Trabalho em equipe
4,50 4,50 4,50
Autocontrole
4,30 4,50 4,36
Planejamento
4,30 4,50 4,36
Analítica
4,10 4,50 4,21
Atendimento
4,00 4,75 4,21
Técnicas de gestão
4,20 4,25 4,21
Visão Estratégica
4,30 3,67 4,15
Empreendedor
3,90 4,50 4,07
Negociação
4,00 4,25 4,07
Ouvir eficazmente
3,90 4,25 4,00
Gestão da informação
3,90 4,25 4,00
Relacionamento externo
3,00 3,67 3,15
Fonte: Dados da pesquisa.
74
4.3.3 Tempo que exerce a função de controller versus competências
Quanto ao cruzamento do tempo que exerce a função de controller com as
competências, cujos resultados estão apresentados na TAB. 5, é possível observar: entre as
principais competências mais requeridas, sobressai contabilidade e finanças, para todos os
diferentes tempos de controller (todas as médias acima do terceiro quartil); e dentre as
principais competências menos requeridas, sobressai relacionamento externo, para todos os
diferentes tempos de Controller (todas as médias inferiores ao primeiro quartil).
em relação à competência trabalho em equipe, que, no geral, foi considerada como
requerimento intermediário, é possível observar a presença de divergência entre as percepções
dos profissionais com diferentes tempos de controller: para os respondentes com tempo de
controller inferior a 5 anos, esta competência foi considerada como uma das principais mais
requeridas; para os respondentes com tempo de controller de 6 a 10 anos, como uma das
principais menos requeridas; e para os respondentes com mais de 10 anos de tempo de
controller, como requerimento intermediário. As demais competências não apresentaram
grande divergência de acordo com o tempo de controller dos respondentes.
A compreensão deste cruzamento sinaliza que o fortalecimento da atuação do
controller para os profissionais com menor tempo de atuação exige maior esforço do trabalho
em equipe.
Sant’Anna (2002), em seus estudos, identificou que nas organizações mineira uma das
competências mais requeridas é: a capacidade de trabalhar em equipe. Em relação a esta
pesquisa a amostra é composta por 13e respondentes situados em Minas Gerais, representando
grandes empresas. Porém, a competência trabalho em equipe foi considerada como de médio
requerimento, e não como a mais requeridas. Cabe ressaltar que o instrumento utilizado na
pesquisa de Sant’Änna (2002) não foi o mesmo utilizado nesta pesquisa.
75
TABELA 5 Médias das competências por tempo de controller
Competência/ Tempo Controller de 1 a 5 anos de 6 a 10 anos mais de 10 anos Total
Integridade e confiança 4,80 5,00 4,50 4,71
Contabilidade e finanças 4,80 4,67 4,67 4,71
Ferramenta de controle 4,60 4,33 4,83 4,64
Comunicação 4,80 4,67 4,33 4,57
Informática 4,60 4,33 4,67 4,57
Legal 4,20 4,33 4,83 4,50
Trabalho em equipe 4,80 4,00 4,50 4,50
Autocontrole 4,40 4,33 4,33 4,36
Planejamento 4,20 4,33 4,50 4,36
Analítica 4,20 4,00 4,33 4,21
Atendimento 4,20 4,00 4,33 4,21
Técnicas de gestão 4,20 4,00 4,33 4,21
Visão Estratégica 4,20 4,00 4,20 4,15
Empreendedor 4,00 4,00 4,17 4,07
Negociação 4,40 4,00 3,83 4,07
Ouvir eficazmente 4,40 3,33 4,00 4,00
Gestão da informação 4,00 3,67 4,17 4,00
Relacionamento externo
3,20 2,67 3,40
3,15
Fonte: Dados da pesquisa.
4.3.4 Curso de desenvolvimento específico versus competências
Finalmente, em relação ao cruzamento da participação ou não em curso de controller
com as competências, cujos resultados estão apresentados na TAB. 6, é possível observar:
entre as principais competências mais requeridas, sobressai integridade e confiança, tanto por
aqueles que afirmaram ter participado de cursos de controller quanto por aqueles que não
participaram (todas as médias acima do terceiro quartil); e dentre as principais competências
menos requeridas, relacionamento externo foi considerada como principal tanto por aqueles
que afirmaram ter participado de cursos de controller quanto pelos que não participaram
(todas as médias inferiores ao primeiro quartil). em relação às competências legal e
planejamento, que, no geral, foram consideradas como de requerimento intermediário, é
possível observar a presença de divergência entre as percepções dos dois grupos comparados:
para os respondentes que participaram de cursos de controller essas competências ficaram
como as mais requeridas; para os respondentes que não participaram de cursos de controller,
76
como uma das principais menos requeridas. As demais competências não apresentaram
grande divergência de acordo com o tempo de controller dos respondentes.
TABELA 6 – Médias das competências por realização de curso de desenvolvimento na
atuação de controller
Competência/ Curso Controller Sim Não Total
Integridade e confiança
4,70 4,75
4,71
Contabilidade e finanças
4,80 4,50
4,71
Ferramenta de controle
4,80 4,25
4,64
Comunicação
4,50 4,75
4,57
Informática
4,60 4,50
4,57
Legal
4,70 4,00
4,50
Trabalho em equipe
4,50 4,50
4,50
Autocontrole
4,40 4,25
4,36
Planejamento
4,60 3,75
4,36
Analítica
4,20 4,25
4,21
Atendimento
4,40 3,75
4,21
Técnicas de gestão
4,40 3,75
4,21
Visão Estratégica
4,33 3,75
4,15
Empreendedor
4,30 3,50
4,07
Negociação
4,20 3,75
4,07
Ouvir eficazmente
3,80 4,50
4,00
Gestão da informação
4,10 3,75
4,00
Relacionamento externo
3,44 2,50
3,15
Fonte: Dados da pesquisa.
4.4 Entrevista com um dos respondentes do questionário
Após a consolidação dos resultados obtidos com a aplicação dos questionários aos
controllers, realizou-se uma entrevista com um controller com o objetivo de discutir os
resultados encontrados e de apurar a percepção deste profissional a respeito das competências
consideradas como requeridas.
A escolha deste profissional respeitou os seguintes critérios: formação acadêmica em
ciências contábeis com curso de especialização completo e tempo de atuação como controller
superior a 15 anos. Destaca-se que o entrevistado, além de atender aos requisitos propostos
nesta pesquisa, tem experiência profissional acadêmica como professor e como coordenador
do curso de graduação em ciências contábeis.
77
Inicialmente, perguntou-se ao entrevistado acerca do resultado obtido pela pesquisa,
em que as competências integridade e confiança e contabilidade e finanças foram apontadas
como sendo as mais requeridas. Resumindo sua opinião o entrevistado afirma que:
[...] a competência integridade e confiança no topo das respostas é um resultado
esperado porque as atividades que envolvem a atuação destes profissionais no
mercado são valorizadas justamente por sua integridade e confiança. [...]
Tecnicamente, a atividade contábil, que é base para a atuação do controller, possui
elementos que contribuem para que as informações geradas sejam adequadas e que
expressem a veracidade das atividades de uma organização.
A competência contabilidade e finanças envolve diretamente a área de maior
atuação do controller numa organização empresarial e por isso foi objeto deste
resultado.
A segunda pergunta revelou que a competência com menor freqüência, na opinião dos
respondentes, foi relacionamento externo. O entrevistado declarou que o motivo decorre de
uma realidade do mercado profissional, entretanto acha que os contadores precisam
desenvolver esta competência:
Numa negociação, o profissional que detém o maior conhecimento leva vantagem
sobre o que detém um menor conhecimento sobre o mesmo assunto. Por se
envolver com quase todos os setores e assunto de uma organização, o controller
deveria ser mais próativo nas relações externas e, com isto, elevar a vantagem da sua
organização nestes relacionamentos.
O entrevistado afirma que tal resultado está relacionado com o perfil cultural da
maioria dos profissionais que exercem a atividade de controller, conclusão confirmada,
inclusive, nesta pesquisa, considerando a importância dada à competência técnica. Ou seja, a
maioria dos controllers prioriza um ambiente de atuação mais técnico e restrito à atividade
contábil-financeira sobre uma atuação mais ampla, externa ao seu ambiente de trabalho e com
vocação mais política para as relações.
Considerando o resultado geral obtido nesta pesquisa, em que se destacam médias
relativamente altas, considerando o intervalo de 3,15 (menor média) e de 4,71 (maior média),
numa freqüência de 5 pontos, perguntou-se ao entrevistado sobre o seu posicionamento a esse
respeito, obtendo-se esta resposta:
Todas ou quase todas as atividades de uma organização empresarial estão
envolvidas, direta ou indiretamente com a área financeira e os seus controles.
Reciprocamente, por atuar a partir desta área, o controller possui relação com quase
todos os setores da organização e, consequentemente, um envolvimento direto ou
78
indireto com todos. A partir desta atuação, eu acredito que o “nunca” está
justificado.
Conforme se observa, o entrevistado mantém uma concordância com os resultados
obtidos por meio do questionário. Entretanto, vale destacar sua posição em relação à
competência relacionamento externo que o resultado da pesquisa determinou como sendo a
de freqüência mais baixa, 3,15, em relação aos números obtidos. Neste caso, o entrevistado
indica a necessidade de reflexão por parte dos profissionais que exercem a atividade de
controller, uma vez que exige-se no dia-a-dia de sua função um profissional mais próativo nas
relações externas da organização.
4.5 Análise dos resultados e seus relacionamentos teóricos
Cardoso (2006), partindo da estrutura genérica de competências proposta por Boyatzis
(1982), mais especificamente pela formatação de Spencer e Spencer, propõe uma estrutura
genérica de competências para o contador. Assim, as competências foram classificadas em:
Competências específicas representam a parte dos conhecimentos técnicos
requeridos do contador;
Competências de conduta e administração consideram-se a capacidade em
comunicação, empreendimento, estratégia e integridade e confiança;
Competências de comunicação representam a capacidade do contador em ouvir
eficazmente, atendimento e trabalho em equipe;
Competências gerenciamento da informação ter capacidade de negociação,
técnicas de gestão e gerenciamento da informação.
Nesse sentido, as competências, contabilidade e finanças, ferramenta de controle,
legal e planejamento foram consideradas como competências profissionais específicas para o
profissional que desempenha a função de controller.
Como competências de conduta e administração necessárias ao controller, destacam-
se: integridade e confiança, trabalho em equipe, autocontrole e analítica. A competência
integridade e confiança está relacionada à postura do profissional controller aos padrões
79
éticos, tão fortemente realçada em dias atuais e perfeitamente apropriada ao exercício da
atividade do controller, considerando os recentes escândalos contábeis.
A competência trabalho em equipe compreende a capacidade de gerir pessoas,
contribuindo para a promoção e o crescimento da equipe e do indivíduo. Ainda como
competências de conduta e administração, autocontrole mostra que a atividade de controller
caracteriza-se como uma função de controle, exercida de maneira muito especial, ou seja,
caracterizada por reportar dados relevantes da organização, influenciando os executivos nas
tomadas de decisões lógicas e consistentes com a missão e objetivo da empresa. Este
profissional, além de apresentar as competências profissionais específicas, deve apresentar
domínio de comportamento diante das questões problemáticas e estressantes. Ou seja, espera-
se que o controller saiba trabalhar sob pressão.
Como competências de comunicação se destacam comunicação, a informática e
atendimento. Nesse sentido, a capacidade de comunicar-se e de fazer-se entender é vital para
o dia-a-dia do controller.
80
5 CONCLUSÃO
A motivação principal desta pesquisa foi identificar as competências mais requeridas
do contador que exerce a função de controller.
O modelo de competências profissionais utilizado como referência para a condução da
pesquisa compõe-se de 18 variáveis, definidas por Cardoso (2006) como sendo as
competências profissionais do contador, a saber: analítica, autocontrole, comunicação,
empreendedor, visão estratégica, ferramenta de controle, legal, informática, integridade e
confiança, contabilidade e finanças, negociação, ouvir eficazmente, atendimento,
planejamento, técnicas de gestão, trabalho em equipe, gestão da informação e
relacionamento externo.
Não ao acaso, o modelo referenciado foi escolhido por contemplar uma abordagem
conceitual sobre competências especificamente para profissionais de contabilidade.
Foram pesquisados 14 profissionais sendo que 2 representavam mais de uma empresa,
tendo em vista tratar-se de uma corporação. O perfil da amostra, é na sua maioria,
representada por grandes empresas de capital aberto e a amostra foi centrada em profissionais
que exercem a função de controller.
Para responder à questão condutora desta pesquisa, realizou-se, primeiramente, uma
revisão bibliográfica sobre os aspectos conceituais de competências, apresentando o tema
como um construto em desenvolvimento. Posteriormente, realizou-se uma pesquisa sobre a
ciência contábil e atuação do profissional que desempenha a função de controller.
Para atingir o objetivo de identificar as competências requeridas ao profissional
controller no desempenho do trabalho, desenvolveu-se um questionário com 18 questões
fechadas e 3 questões abertas elaboradas com base nas dezoito variáveis do modelo proposto.
Ressalta-se que cada variável foi questionada mediante uma pergunta única usando a escala
de Likert.
A amostra caracterizou-se, basicamente, por sendo controllers masculinos,
apresentando um número reduzido de mulheres no exercício desta atividade. Destaca-se ainda
que mais da metade dos controllers possuem idade acima de 41 anos, sendo que a maioria
concluiu o curso de especialização, em particular o MBA em Finanças.
Por meio da análise deste estudo foi possível concluir que as competências mais
requeridas são: autocontrole, comunicação, ferramenta de controle, legal, informática,
81
integridade e confiança, contabilidade e finanças, planejamento e trabalho em equipe. as
competências menos requeridas são: empreendedor, negociação, ouvir eficazmente, gestão da
informação e relacionamento externo. As demais foram consideradas como competências de
médio requerimento.
Alguns cruzamentos foram realizados para comparar as competências em horizontes
mais específicos. Os principais resultados encontrados foram:
Quanto à faixa etária concluiu-se que a competência Planejamento apresenta
diferentes percepções dos profissionais com diferentes faixas etárias; à medida
que a faixa etária aumenta, aumenta a percepção de que essa competência é
mais requerida.
Quanto ao cruzamento dos níveis de escolaridade com as competências, foi
possível observar que a competência atendimento, que, no geral, foi
considerada de requerimento intermediário, apresentou diferenças entre as
percepções dos profissionais com níveis de escolaridade. Para os respondentes
com curso superior ou especialização completo, esta competência foi
considerada como uma das principais menos requerida; para os respondentes
com maior nível de escolaridade, como uma das principais mais requeridas.
Quanto ao cruzamento do tempo como controller com as competências,
concluiu-se que, em relação à competência trabalho em equipe, que, no geral,
foi considerada requerimento intermediário, pôde-se inferir que existe
divergência entre as percepções dos profissionais com diferentes tempos de
controller. Para os respondentes com tempo de controller inferior a 5 anos,
esta competência foi considerada como uma das principais mais requeridas;
para os respondentes com tempo de controller de 6 a 10 anos, como uma das
principais menos requeridas; para os respondentes com mais de 10 anos de
tempo de controller, como requerimento intermediário.
Quanto ao cruzamento da participação ou não em curso de desenvolvimento
na área de atuação como controller com as competências, foi possível concluir
que, em relação as competências legal e planejamento, que, no geral, foram
consideradas como de requerimento intermediário, evidências de que existe
diferenças entre as percepções dos dois grupos comparados: para os
respondentes que já participaram de cursos de desenvolvimento, estas
82
competências foram consideradas como das principais mais requeridas; para os
respondentes que não participaram de cursos de controller, como das
principais menos requeridas.
As demais competências não apresentaram grande divergência de acordo com o tempo
na função de controller dos respondentes. Uma importante conclusão, de acordo com os
valores das competências, é que, no geral, os profissionais que já participaram de algum curso
de controller percebem as competências como mais requeridas do que aqueles que não
participaram. Isso porque as médias dos primeiros foram, no geral, superiores às dos
segundos.
Para os demais cruzamentos, não foram observadas grandes diferenças quanto às
percepções das competências em relação aos grupos de profissionais comparados. Assim, as
principais competências mais requeridas foram definidas como: integridade e confiança,
contabilidade e finanças, ferramenta de controle, comunicação e informática.
O que se depreende desta pesquisa, de acordo com os controllers pesquisados, é que as
tarefas são muito mais abrangentes, permeadas de situações de complexidade, uma vez que
faz-se necessário contemplar a funcionalidade e operacionalização dos diversos setores da
empresa.
Assim, ressalta-se que as tarefas essencialmente técnicas continuam sendo exercidas e
requeridas do profissional controller. Contudo em caráter de gestão, na medida em que
requerem do controller habilidades de liderança, iniciativa e próatividade. Nesse sentido,
considera-se positivo o resultado obtido pela pesquisa que ela sinaliza como competências
mais requeridas as de caráter comportamental, comunicação e técnica; ou seja, evidencia que
para o desempenho da função de controller é necessário que o profissional contábil apresente
habilidades interpessoais e habilidades na utilização dos conhecimentos adquiridos,
traduzindo-se em uma linguagem de negócio e decisão.
A pesquisa sugere que para ser controller, o profissional precisa exercer múltiplas
competências, e não apenas aquelas ligadas ao conhecimento técnico. É necessário estar
preparado para saber o que e por que, saber fazer e querer fazer.
A pesquisa sinaliza, ainda, que cabe ao controller, para o exercício de sua função,
apresentar uma visão sistêmica; ou seja, ser capaz de promover o encontro entre as ciências,
buscando agir e pensar holisticamente.
Considera-se que esta pesquisa representou uma contribuição acadêmica, na medida
em que conseguiu estabelecer um estudo sobre as competências exigidas aos profissionais que
83
exercem a função de controllers. Entretanto, alerta-se que este trabalho pode gerar algumas
implicações, considerando a diversidade de natureza e dependendo do ponto de vista.
Para as instituições de ensino, os resultados podem ser de grande valia, que podem
ser utilizados como um dos pressupostos para a montagem dos projetos pedagógicos de
graduação e pós-graduação.
Para a comunidade acadêmica, a pesquisa representou um estudo teórico sobre o
construto em desenvolvimento - a competência, utilizando como modelo de competências do
contador proposto por Cardoso (2006), o que representou uma contribuição, na medida em
que foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados para a análise do modelo adotado
nesta pesquisa. Destaca-se que este questionário pode ser adaptado à realidade de outras
organizações e servir de suporte para outras pesquisas.
Para os profissionais que pretendem desempenhar a função de controller, os resultados
obtidos deste estudo podem ser valiosos, uma vez que representam mais um elemento para
poder avaliar o que está sendo demandado como competências requeridas para os
profissionais que exercem a função de controller.
Para os profissionais que exercem a função de controller, a pesquisa pode servir
como parâmetro de verificação, objetivando o crescimento profissional.
É importante ressaltar que a motivação para este trabalho de dissertação está inserida
em uma preocupação antiga e constante da autora em contribuir para a formação profissional
do contador, uma vez que a classe contábil considera destaque o exercício da atividade de
controller. Assim a autora pretendia dar a sua parcela de contribuição para o desenvolvimento
e crescimento profissional desta categoria.
Como sugestão para novas pesquisas, recomenda-se a verificação das competências
mais requeridas do profissional contábil que exerce a função de controller em função das
competências mais requeridas, considerando as diversas funções que este pode exercer.
Destaca-se, ainda, a necessidade de realização de estudos comparativos das competências
mais requeridas sinalizadas neste estudo com controllers com formação acadêmica em
contabilidade em relação àqueles de formação em administração, economia entre outras.
Como limitações do estudo, cabe ressaltar que, apesar do rigor e zelo dispensados à
elaboração da pesquisa, para atribuir ao trabalho caráter científico, em concordância com os
procedimentos adotados no campo das ciências sociais, as limitações existem e devem ser
consideradas. Neste sentido, identificou-se que o período de realização da pesquisa se deu no
mesmo tempo do encerramento do exercício social das empresas e da elaboração das
demonstrações contábeis. Este fato, por atribuir à controladoria e ao controller exigência
84
maior de atividades, pode ocasionar uma contaminação do entendimento das variáveis
analisadas, em decorrência de uma maior percepção da amplitude e responsabilidade que o
trabalho requer. Entretanto para esta suposta limitação deve ser analisada sob outro aspecto,
ou seja, uma maior atribuição de tarefas e exigências do controller pode ter contribuído para
uma maior percepção de suas tarefas e responsabilidades.
Outro aspecto identificado é a impossibilidade de generalizar os resultados obtidos,
considerando as características de cada profissional, bem como pelas diferenças de estrutura
organizacional das empresas.
Por fim, o presente estudo está relacionado a uma amostra intencional e não
probabilística; portanto, sem representatividade estatística. Esse fato é comum em estudos
desta natureza, não se permitindo nenhum tipo de generalização, sendo possível que muitos
controllers estejam expostos a diferentes situações, o que torna inviável o uso da estrutura
genérica. Ressalta-se ainda o tamanho da amostra, uma vez que não foi possível conseguir
uma amostra maior, tendo em vista o período da coleta dos dados, conjugado com o limite da
pesquisadora para a finalização da pesquisa.
85
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V. Trylinski. São Paulo: Atlas, 2001.
90
APÊNDICES
Apêndice A – Instrumento de coleta de dados
PREZADO CONTADOR CONTROLLER
MEU NOME É ROSÁLIA, SOU CONTADORA E ESTOU EM FASE DE CONCLUSÃO
DO MEU CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO, NAS FACULDADES
INTEGRADAS PEDRO LEOPOLDO.
SENDO ASSIM, NECESSITO REALIZAR UM TRABALHO DE PESQUISA E
SOLICITO A SUA COLABORAÇÃO EM RESPONDER O PRESENTE QUESTIONÁRIO. ESTE
TEM POR OBJETIVO LEVANTAR DADOS PARA SUBSIDIAR A ELABORAÇÃO DE MINHA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO.
DESTACO QUE O TEMPO PREVISTO PARA O PREENCHIMENTO DO
QUESTIONÁRIO É DE 10 A 15 MINUTOS.
O TEMA DO MEU TRABALHO É CONTADOR CONTROLLER: UM ESTUDO SOBRE
AS COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO CONTADOR GESTOR. MINHA ESCOLHA PELO
TEMA SE DEVE AO FATO DE PERCEBER A NECESSIDADE DE ESTUDOS NESTA ÁREA E,
AINDA, POR REPRESENTAR UMA TENTATIVA DE ESTABELECER UM ESTUDO DE
EXPLORAÇÃO INICIAL DAS COMPETÊNCIAS, TÉCNICAS E COMPORTAMENTAIS
EXIGIDAS DOS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE, FORNECENDO ASSIM
ALTERNATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES ADAPTÁVEIS E MAIS
FLEXÍVEIS À NOVA REALIDADE ORGANIZACIONAL.
GOSTARIA DE RESSALTAR QUE NENHUM DADO SERÁ AVALIADO
INDIVIDUALMENTE. A ANÁLISE SERÁ FEITA DE TODO O CONJUNTO DOS(AS)
CONTROLLERS. POR ISSO, NÃO É NECESSÁRIO COLOCAR O SEU NOME NO
QUESTIONÁRIO.
A SUA PARTICIPAÇÃO E COOPERAÇÃO SÃO IMPRESCINDÍVEIS PARA A
REALIZAÇÃO DESTE ESTUDO. ASSIM, O(A) SENHOR(A) ESTARÁ DANDO
CONTRIBUIÇÕES VALIOSAS PARA O ENTENDIMENTO DE SUA OCUPAÇÃO
PROFISSIONAL.
NA CERTEZA DE CONTAR COM O SEU APOIO, SEGUEM ABAIXO AS
ORIENTAÇÕES PARA O PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO:
RESPONDA CADA ITEM O MAIS FRANCAMENTE POSSÍVEL, CONDIÇÃO
ESSENCIAL PARA A CONFIABILIDADE DOS RESULTADOS.
ASSINALE A RESPOSTA QUE NATURALMENTE OCORRER EM SUA MENTE.
ASSINALE APENAS UMA RESPOSTA PARA CADA QUESTÃO.
92
TRABALHE RAPIDAMENTE, PREENCHENDO O QUESTIONÁRIO NA SEQÜÊNCIA.
DESTACO QUE NENHUMA QUESTÃO DEVERÁ FICAR SEM A SUA DEVIDA
RESPOSTA.
PARA A DEVOLUÇÃO, BASTA ENCAMINHAR O QUESTIONÁRIO PREENCHIDO
PARA O E-MAIL rosália.gonç[email protected].
AGRADEÇO A SUA COLABORAÇÃO E COLOCO-ME À DISPOSIÇÃO PARA
QUAISQUER ESCLARECIMENTOS QUE SE FIZEREM NECESSÁRIOS PELO TELEFONE
(31) 3464-1633 OU POR E-MAIL.
CASO SE INTERESSE EM RECEBER O RESULTADO DA PESQUISA, FAVOR
IDENTIFICAR:
_____ Tenho interesse em conhecer o resultado da pesquisa.
_____ Não tenho interesse em conhecer o resultado da pesquisa.
ATENCIOSAMENTE
BELO HORIZONTE, __ DE _______ DE 2008.
ROSÁLIA GONÇALVES COSTA SANTOS
Aluna do Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Integradas
Pedro Leopoldo
93
PARTE I
DADOS DEMOGRÁFICOS E OCUPACIONAIS
Esta seção do questionário pesquisa fatos que caracterizam a sua história de vida.
Por favor, marque a alternativa adequada ao seu caso.
1) Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
2) Nome da empresa que você trabalha.
____________________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3) Faixa etária:
1 ( ) até 25 anos 2 ( ) de 26 a 30 anos 3 ( ) de 31 a 35 anos
4 ( ) de 36 a 40 anos 5 ( ) de 41 a 45 anos 6 ( ) mais de 45 anos
4) Estado civil:
1 ( ) solteiro(a) 2 ( ) casado(a) 3 ( ) desquitado(a)/divorciado(a)
5) Escolaridade:
1 ( ) Superior completo 2 ( ) Especialização incompleto
3 ( ) Especialização completo 4 ( ) Mestrado incompleto
5 ( ) Mestrado completo 6 ( ) Doutorado incompleto
7 ( ) Doutorado completo
6) Identifique sua formação básica
1 ( ) Administração 2 ( ) Ciências Contábeis
3 ( ) Economia 4 ( ) Engenharia
5 ( ) Outra – Especifique___________________________________________________
7) Há quanto tempo você exerce a função de controller?
1 ( ) de 1 a 05 anos 2 ( ) de 06 a 10 anos 3 ( ) de 11 a 15 anos
4 ( ) de 16 a 20 anos 5 ( ) acima de 20 anos
94
PARTE II
O objetivo desta parte é identificar as competências do controller na realização de suas tarefas.
Utilize a escala abaixo para responder a todas as questões desta parte marcando um “X” no
número correspondente à resposta.
1
Nunca
2
Raramente
3
As vezes
4
Freqüentemente
5
Muito
freqüentemente
1) Analisar as partes de um problema ou situação estabelecendo suas relações para formular
diversas soluções e o valor de cada uma.
1 2 3 4 5
2) Manter o desempenho sob condições estressantes e hostis, respondendo positivamente aos
problemas sem impulsividade e permanece calmo.
1 2 3 4 5
3) Estabelecer sintonia nas comunicações com pessoas ou grupos, entendendo mensagens e
sendo entendido; demonstrar boa articulação ao comunicar idéias por escrito e verbalmente.
1 2 3 4 5
4) Desenvolver soluções criativas aos problemas da empresa e dos clientes, procurar inovar
diante das restrições da empresa, assumindo riscos calculados.
1 2 3 4 5
5) Compreender o que está acontecendo no mercado e na sua empresa; entender, antecipar e
procurar responder além das necessidades dos consumidores no longo prazo.
1 2 3 4 5
6) Conhecer e utilizar as ferramentas de controle e gestão como: orçamento, controle interno,
custos, fluxo de caixa, entre outros.
1 2 3 4 5
95
7) Conhecer e acompanhar as tarefas obrigatórias como: planejamento tributário e atendimento
às exigências fiscais.
1 2 3 4 5
8) Conhecer e utilizar a informática como ferramenta na identificação, seleção e formatação de
informações gerenciais para o processo decisório.
1 2 3 4 5
9) Ter integridade e exprimir positivamente seus valores e crenças pessoais de maneira
consistente com os padrões éticos de sua empresa; inspirar confiança pelo cumprimento dos
compromissos assumidos.
1 2 3 4 5
10) Dominar e interpretar os conceitos relacionados à área de contabilidade e finanças
empresariais atendendo os interesses dos usuários internos e externos desta informação e das
normas vigentes no ambiente nacional como internacional.
1 2 3 4 5
11) Realizar acordos com as várias áreas envolvidas com o sistema de informação e mensuração
de desempenho, adicionando valor e vantagens competitivas às negociações. Buscar opções
para atender os interesses dos envolvidos e da empresa.
1 2 3 4 5
12) Desenvolver diálogos interativos com as pessoas, perguntar por mais detalhes sobre os
assuntos, avaliar as mensagens e fornecer feeback.
1 2 3 4 5
13) Saber atender e dialogar demonstrando corretamente os conceitos e critérios utilizados no
sistema de informação, tanto para usuários internos à empresa, como para auditores externos,
fornecedores, mercado de capital e instituições financeiras.
1 2 3 4 5
14) Estudar e aplicar conceitos de planejamento e acompanhamentos estratégico, operacional e
financeiro auxiliando a alta administração no alcance dos seus objetivos.
1 2 3 4 5
15) Demonstrar estar atualizado com as técnicas, dados e novos conhecimentos por meio de
leitura, cursos, viagens, congressos, etc.
96
1 2 3 4 5
16) Cooperar com os demais membros da equipe, ser comprometido com as metas e objetivos da
equipe; compreender e se esforçar para o bem da equipe, ao invés de servir a seus próprios
interesses.
1 2 3 4 5
17) Capacidade de gerenciar todas as informações necessárias para o bom andamento dos
negócios, efetuando melhorias e supervisão no sistema de processamento de dados
interagindo com áreas correlatas, como: TI – Tecnologia da informação.
1 2 3 4 5
18) Realizar acordos e negociação com instituições financeiras, órgãos governamentais,
fornecedores, acionistas, clientes, empregados buscando atender os interesses da empresa.
1 2 3 4 5
19) Quais as sugestões você daria para que o contador pudesse ser um controller ?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
20) Na sua opinião quais as dificuldades que o contador encontra, nos dias de hoje, para exercer a
função de controller?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
21) Quais ferramentas, métodos e concepções estão sendo usadas ou consideradas essenciais no
desempenho da função de controller?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Utilize este espaço para incluir informações e sugestões que você julga pertinentes aos
temas tratados.
97
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Verifique cada parte do questionário para ter certeza de que respondeu a todos os itens.
Muito obrigada por sua colaboração.
Rosália Gonçalves Costa Santos
Aluna do Curso de Mestrado Profissional em Administração da Faculdade de
Ciências Humanas de Pedro Leopoldo
Prof.ª Dr.ª Maria Celeste Reis Lobo de Vasconcelos
Orientadora
98
Apêndice B – Roteiro da entrevista realizada com um dos respondentes do questionário
aplicado
QUESTÕES
1 Após a pesquisa realizada com 14 profissionais sobre as competências do contador
requeridas no desempenho da função de controller, foi considerada como sendo as mais
requeridas, com mesmo valor de média (4,71), integridade e confiança e contabilidade e
finanças.
Qual sua opinião sobre este resultado?
2 A competência relacionamento externo na opinião dos controllers, não foi considerada
como uma das mais requeridas no desempenho da função, ou seja, apresentando uma média
3,50. O Senhor concorda com esta resposta?
3 – Considerando todas as variáveis apresentadas no instrumento de coleta de dados, nenhuma
destas competências recebeu pontuação “Nunca”. Qual seria a justificativa para tal resultado?
99
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