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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Atributos do solo e da nutrição do cafeeiro em sistema agroflorestal e
em monocultivo
Jovan de Jesus
Tese apresentada para obtenção
do título de Doutor em Agronomia.
Área de concentração: Fitotecnia
Piracicaba
2008
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Jovan de Jesus
Engenheiro Agrônomo
Atributos do solo e da nutrição do cafeeiro em sistema agroflorestal e em monocultivo
Orientador:
Prof. Dr. MARCOS SILVEIRA BERNARDES
Tese apresentada para obtenção do título
de Doutor em Agronomia. Área de concentração:
Fitotecnia
Piracicaba
2008
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Dados
Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Jesus, Jovan de
Atributos do solo e da nutrição do cafeeiro em sistema agroflorestal e em
monocultivo / Jovan de Jesus. - - Piracicaba, 2008.
147 p. : il.
Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2008.
Bibliografia.
1. Café 2. Fertilidade do solo 3. Nitrogênio 4. Nutrição vegetal 5. Potássio 6.
Seringueira 7. Sistemas agroflorestais I. Título
CDD 633.73
J58a
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
A minha mãe Elizete,
por seu amor, carinho
e dedicação em todos
os momentos e ao meu
irmão Júlio César, pelo
apoio, incentivo e amizade.
OFEREÇO
A minha avó Maria (In memoriam),
As minhas tias,
Deca e Rosa (In memoriam)
Aos meus primos,
Luiz e Luiz Alberto (In memoriam)
DEDICO
4
AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida.
A Escola Agrotécnica Federal de Santa Inês – BA, pela oportunidade de realização
do curso de Doutorado, aos professores e funcionários pelo incentivo e amizade.
A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP e ao
Departamento de Produção Vegetal, pela oportunidade de realização do curso de
Doutorado e aos professores pelos ensinamentos.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior - CAPES, pela
concessão da bolsa de estudos.
Ao professor Marcos Silveira Bernardes, pela oportunidade, orientação,
ensinamentos, paciência e amizade.
A minha mãe Elizete, ao meu irmão Júlio César, aos meus primos Luciano, Maria
Luiza, Adilson (In memoriam), Maria Lúcia e Jackson, e aos demais familiares pelo
carinho e incentivo em todos os momentos.
Aos professores José Dias Costa, José Laércio Favarin e José Leonardo de
Moraes Gonçalves, pelas sugestões dadas a este trabalho.
Ao professor Edwin Moisés Marcos Ortega, pela orientação nas análises
estatísticas.
A Sílvia Zinsly e demais funcionários da biblioteca pela presteza no atendimento.
Ao professor Alício Simões Dias e ao pesquisador da Embrapa, Hélio José Alves,
pelo incentivo à realização do Doutorado.
Ao Pós-doutorando Ciro Abbud Righi e a pesquisadora da Embrapa, Aureny Maria
Pereira Lunz, pelo apoio e sugestões na realização deste trabalho.
A Erick Espinoza Nuñez e Edjane Gonçalves, pelo companheirismo, amizade e
ajuda no trabalho.
Aos colegas Roberta Pierry Uzzo, Itamar Alvino de Souza e Fabiana Taveira de
Camargo pelo apoio, companheirismo e amizade.
Aos colegas, Selma, Vítor, Mário, André Reis, Thales, Amilton, Cláudio, José
Flávio, Eniel, Liana, Paulo Eduardo (In memoriam), André, Eliane, Angélica, Vitória,
Dolorice, Carol, Luzia, Horst, Francisco, Tereza Cristina, Josina, Juan, Marcelo
Pereira, Marcelo Gimenes, Rubén, Cassiano e Javier pela convivência e amizade.
5
Aos colegas baianos, Jurema, Edmilson, Tales Miller, Elaine, Alex, Suane, Rosely,
Onildo, Zuzinaide e Amâncio pelo apoio, compaheirismo e amizade.
Aos colegas de república, Fernando, Hector, José Júnior e Niceu, pelo
acolhimento na minha chegada à Piracicaba, ao companheirismo e amizade.
Ao Dr. José Guilherme Cortez, pela viabilização das análises sensoriais de café.
A Fábio Ruellas pela realização das análises sensoriais do café.
A Ipanema Coffees e a Márcio Silveira, pela realização das análises sensoriais do
café.
Ao professor Pablo Vidal Torrado pela oportunidade de realização das análises no
laboratório de análises químicas do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas,
ao Técnico Luiz Antônio Silva Júnior pela atenção e apoio, a aluna de graduação
Josiane Millani Lopez, pelo inestimável auxílio nas análises, ao pós-graduando
Fernando Ferreira pelas sugestões e ao funcionário Leandro pelo apoio.
A Helena Pescarin Chamma, pelo apoio na realização de análises no laboratório
de Sementes.
Aos professores Marcílio de Almeida e Cristina Almeida pela oportunidade de
realização das análises no laboratório de Anatomia Vegetal, à técnica Cássia
Regina Fernandes pelo inestimável auxílio nas análises e a Katherine Batagin e
Érika Graner, pelo apoio e companheirismo.
A Luciane Lopes Toledo, secretária da pós-graduação da Fitotecnia e a Maria
Solizete, secretária da Fisiologia de Plantas, pela atenção, presteza e amizade.
A Celestino Alves Ferreira, Luiz Gustavo São João e Sílvia Borghesi, secretários
do Departamento de Produção Vegetal, pela atenção, presteza e amizade.
A Erreinaldo Bortolazzo, Marcelo Batista e demais funcionários do Departamento
de Produção Vegetal, Adilson Dias, Adilson Teixeira, Ananias, Antônio Andrade,
Aparecido, César, Claudinei, Cláudio, Daniel, Edson, Gaudêncio, Gerson, João
Elias, João Rodrigues, José Casarolo, José Santos, José de Almeida, José
Nivaldo, Laerte, Luis Cláudio, Osmair, Osvaldo Pelissari, Rodrigo e Wilson, pelo
apoio na realização dos trabalhos e amizade.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste
trabalho.
6
SUMÁRIO
RESUMO .......................................................................................................................................................................8
ABSTRACT....................................................................................................................................................................9
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................................................10
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................................15
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................................................................................17
2.1 Revisão bibliográfica............................................................................................................................................17
2.1.1 Considerações gerais ......................................................................................................................................17
2.1.2 Sistemas agroflorestais (SAFs) ......................................................................................................................19
2.1.3 Sistemas agroflorestais com cafeeiro............................................................................................................21
2.1.4 Aspectos nutricionais e o cafeeiro .................................................................................................................27
2.1.4.1 Nitrogênio (N).................................................................................................................................................33
2.1.4.2 Potássio (K)....................................................................................................................................................36
2.1.5 Matéria Orgânica do Solo................................................................................................................................38
2.2 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................................................41
2.2.1 Caracterização da área experimental............................................................................................................41
2.2.2 Delineamento experimental.............................................................................................................................44
2.2.3 Parâmetros avaliados ......................................................................................................................................45
2.2.3.1 Deposição de serapilheira............................................................................................................................45
2.2.3.2 Avaliação da velocidade de decomposição da serapilheira ..................................................................46
2.2.3.3 Fertilidade do solo.........................................................................................................................................48
2.2.3.3.1 Amostragem do solo..................................................................................................................................48
2.2.3.3.2 Evolução da fertilidade do solo à sombra e a pleno sol.......................................................................49
2.2.3.3.3 Fracionamento químico da matéria orgânica.........................................................................................49
2.2.3.4 Teores foliares de N e K do cafeeiro..........................................................................................................51
2.2.3.4.1 Amostragem foliar......................................................................................................................................51
2.2.3.5 Crescimento do cafeeiro ..............................................................................................................................51
2.2.3.6 Peso foliar específico (PFE) ........................................................................................................................52
2.2.3.7 Anatomia foliar do cafeeiro ..........................................................................................................................52
2.2.3.7.1 Análise histológica .....................................................................................................................................52
2.2.3.7.2 Número de estômatos ...............................................................................................................................53
2.2.3.8 Maturação dos frutos do cafeeiro ...............................................................................................................54
2.2.3.8.1 Avaliação simultânea da maturação .......................................................................................................54
2.2.3.9 Produção do cafeeiro....................................................................................................................................54
2.2.3.10 Qualidade da bebida do café.....................................................................................................................56
7
2.3 Resultados e discussão ......................................................................................................................................56
2.3.1 Deposição de serapilheira...............................................................................................................................56
2.3.2 Avaliação da velocidade de decomposição da serapilheira.......................................................................62
2.3.3 Fertilidade do solo ............................................................................................................................................70
H......................................................................................................................................................................................1
2.3.3.1 Evolução da fertilidade do solo à sombra e a pleno sol ..........................................................................87
2.3.3.2 Fracionamento químico da matéria orgânica............................................................................................90
2.3.4 Teores foliares de N e K do cafeeiro .............................................................................................................93
2.3.5 Crescimento do cafeeiro..................................................................................................................................99
2.3.6 Peso foliar específico (PFE)..........................................................................................................................109
2.3.7 Anatomia foliar do cafeeiro............................................................................................................................111
2.3.7.1 Análise histológica.......................................................................................................................................111
2.3.7.2 Número de estômatos ................................................................................................................................112
2.3.8 Maturação dos frutos do cafeeiro.................................................................................................................114
2.3.9 Produção do cafeeiro .....................................................................................................................................117
2.3.10 Qualidade da bebida do café......................................................................................................................122
3 CONCLUSÕES......................................................................................................................................................132
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................................134
8
RESUMO
Atributos do solo e da nutrição do cafeeiro em sistema agroflorestal e em
monocultivo
A produção de café é uma atividade importante para a economia do Brasil, maior
produtor e também principal exportador. O cafeeiro apresenta ciclo bienal de produção,
cuja oscilação é acentuada no Brasil dada às condições climáticas e ao sistema de
cultivo predominante a pleno sol. Pesquisas envolvendo avaliação do estado nutricional
do cafeeiro em sistemas agroflorestais são raras, o que dificulta as recomendações de
adubação para esta condição. Objetivou-se neste estudo, o melhor entendimento da
fertilidade do solo e do estado nutricional do cafeeiro em relação aos teores de N e K no
microclima gerado pelo sistema agroflorestal e em monocultivo. A pesquisa foi
conduzida no período de março de 2006 a maio de 2008, no campo experimental
pertencente ao Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em Piracicaba – SP,
localizada nas coordenadas geográficas 22
0
42’ 20’’ S, 47
0
37’ 22’’ W e altitude 565 m. O
experimento foi composto de seringueiras do clone PB 235, plantada em dezembro de
1991, no espaçamento de 8,0 x 2,5 m e cafeeiros cv. Obatã IAC 1669-20, plantado em
janeiro de 2002, no espaçamento de 3,4 x 0,9 m, sob diferentes condições de
sombreamento: no sub-bosque e interfaceando as árvores da seringueira e em
monocultivo. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado com
quatro repetições. O experimento de avaliação da fertilidade do solo constou de seis
tratamentos, constituídos pelas radiações sobre o solo: 1) 6,4%; 2) 7%; 3) 35,4%; 4)
47,5%; 5) 60,9%; 6) 64,9%. O experimento de avaliação dos teores foliares de N e K do
cafeeiro constou de quatro tratamentos, constituídos pelas radiações sobre os cafeeiros:
1) 35%; 2) 45%; 3) 90%; 4) 100%. O estudo constou, adicionalmente, dos experimentos
de deposição e avaliação da velocidade de decomposição da serapilheira, frações da
matéria orgânica, crescimento, peso foliar específico, anatomia foliar, maturação dos
frutos e produção do cafeeiro e qualidade da bebida do café. As variáveis analisadas no
experimento de fertilidade do solo foram; pH, P, K, Ca, Mg, soma de bases, H+Al, CTC,
V % e matéria orgânica; a avaliação do estado nutricional constou das análises das
variáveis N e K foliar. Os atributos de fertilidade do solo (pH e V %), foram mais
elevados nos tratamentos 6,4%, 7% e 35,4%, especialmente nas camadas superficiais
(0-2 e 2-7 cm) e o teor de matéria orgânica na camada de 0-2 cm, proporcionados pelas
seringueiras. Menores teores de K do solo ocorreram nos tratamentos 7% e 35,4%,
devido a absorção pelas seringueiras. A característica de CTC elevada do solo não foi
modificada pelos tratamentos. Os teores foliares de N e K do cafeeiro a pleno sol
alcançaram valores mais elevados e mais baixos, respectivamente, do que aqueles dos
cafeeiros à sombra. Os cafeeiros sob 45% de irradiância mantiveram estado nutricional
adequado em relação aos teores foliares de N e K.
Palavras-chave: Cafeeiro; Seringueira; Sistema agroflorestal; Fertilidade do solo; Teores
foliares; Nitrogênio; Potássio
9
ABSTRACT
Soil and nutritional status attributes of coffee under agroforestry systems and
monocrop
Coffee production is an important activity in the economy of Brazil, first world
producer and exporter. Coffee trees present biennial production cycles, with oscillation
accentuated due to the climatic conditions and the production system in monocrop under
full natural radiation. Studies involving the evaluation of nutritional status of coffee in
agroforestry systems are scarce, what difficult the fertilization recommendations for this
conditions. The objective of the this study was of getting a better understanding of the
soil fertility and nutritional status, specially for the N and K content, of coffee trees under
agroforestry system and monocrop. The research was conducted from March 2006 to
May 2008, at the experimental field of the Plant Production Department of the Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” of the Universidade de São Paulo
(ESALQ/USP), in Piracicaba – SP (22
0
42’ 20’’ S, 47
0
37’ 22’’ W) at the altitude of 565 m.
The experiment was composed of rubber trees, clone PB 235, planted in December
1991, in the spacing of 8.0 x 2.5 m and coffee trees cv. Obatã IAC 1669-20, planted in
January 2002, in the spacing of 3.4 x 0.9 m, under different shading conditions:
undertorey or interfacing the rubber trees and in monocrop. The experimental design
was completely randomized with four replications. The soil fertility experiment had six
treatments, done by the different radiation regimes reaching the soil surface: 1) 6.4%; 2)
7%; 3) 35.4%; 4) 47.5%; 5) 60.9%; 6) 64.9%. The coffee nutritional status, in terms of the
N and K leaf content had four treatments, done by the different radiation regime reaching
the coffee canopy: 1) 35%; 2) 45%; 3) 90%; 4) 100%. Additionally, the study involved the
evaluation of the litter deposition and decomposition rates, the soil organic matter
fractions, coffee trees growth, its specific leaf area and anatomy, beans maturation,
coffee yield and beverage quality. The variable under analysis in the soil fertility
experiment were; pH, P, K, Ca, Mg, bases sum, H+Al, CTC, V % and organic matter; in
the nutritional status were the N and K leaf content. The soil fertility attributes of pH and
V % were improved in the treatments 6.4%, 7% e 35.4%, specially in the upper soils
layers (0-2 e 2-7 cm) and organic matter content in the top soil layer (0-2 cm), due to the
effect of the rubber trees. Lower K contents in the soil occurred in the treatments 7% e
35.4%, due to the rubber root uptake. The natural high CTC of the soil was not modified
by treatments. N and K leaf content of coffee trees under full natural radiation
(monocrop) reached the highest and lowest levels, respectively, in comparison with
coffee trees under shade. Coffee at 45% of natural radiation maintained appropriate
nutritional status in terms of N and K leaf content.
Keywords: Coffee; Rubber tree; Agroforestry system; Soil fertility; Leaf content; Nitrogen;
Potassium
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desenho esquemático com a disposição das culturas na área experimental, em Piracicaba –
SP.................................................................................................................................................42
Figura 2 – Cafeeiros no sub-bosque das seringueiras (a), interfaceando as seringueiras (b) e em
Monocultivo (c)............................................................................................................................43
Figura 3 – Bandeja coletora de serapilheira instalada no centro da entre fileiras de cafeeiros...................46
Figura 4 – Disposição das sacolas de serapilheira sobre a superfície do solo............................................47
Figura 5 – Profundidades de amostragem do solo sob a projeção da copa da planta.................................48
Figura 6 – Produção mensal de serapilheira em SAFs de seringueira e cafeeiro e em monocultivos de
cafeeiro e seringueiras no período de maio de 2006 a abril de 2008..........................................57
Figura 7 – Produção total de serapilheira em SAFs de seringueira e cafeeiro e em monocultivos de
cafeeiro e seringueira nos períodos de maio/06 a abril/07 e maio/07 a abril/08.........................60
Figura 8 – Massa seca de serapilheira sob diferentes radiações em relação ao tempo..............................62
Figura 9 – Estado de decomposição de amostras de serapilheira de uma repetição, sob diferentes níveis
de radiação, após 301 dias de instalação do experimento.........................................................63
Figura 10 – Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob radiação de 7%
pelos modelos experimental e teórico exponencial...................................................................65
Figura 11 – Comparação da distribuição da massa remanescente da serapilheira sob a radiação de 7%
pelos modelos experimental e de regressão exponencial.........................................................65
Figura 12 – Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob a radiação de 35,4%
pelos modelos experimental e teórico exponencial...................................................................66
Figura 13 – Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob a radiação de 35,4%
pelos modelos experimental e de regressão exponencial.........................................................66
Figura 14 – Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob a radiação de 45,8%
pelos modelos experimental e teórico exponencial...................................................................67
Figura 15 – Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob radiação de 45,8%
pelos modelos experimental e de regressão exponencial.........................................................67
Figura 16 – Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob radiação de 71,6%
pelos modelos experimental e teórico exponencial...................................................................68
Figura 17 – Comparação da distribuição da massa de serapilheira sob radiação de 71,6% pelos modelos
experimental e de regressão exponencial.................................................................................68
Figura 18 – Comparação da distribuição da massa de serapilheira sob radiação de 100% pelos modelos
experimental e teórico exponencial...........................................................................................69
Figura 19 – Comparação da distribuição da massa de serapilheira sob radiação de 100% pelos modelos
experimental e de regressão exponencial.................................................................................69
Figura 20 – Massa seca de serapilheira sob diferentes radiações no período de 5 anos...........................70
11
Figura 21 – Massa seca de serapilheira sob diferentes radiações no período de 10 anos..........................70
Figura 22 – Resultados da análise química solo efetuada em 2006............................................................72
Figura 23 – Resultados da análise química do solo efetuada em 2007.......................................................83
Figura 24 – Teor de S do solo na sombra e no pleno sol, no período de setembro de 2006 a dezembro de
2007.........................................................................................................................................89
Figura 25 – Teor de K do solo na sombra e no pleno sol, no período de setembro de 2007 a dezembro de
2008.........................................................................................................................................89
Figura 26 – Frações húmicas do solo nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm sob diferentes níveis de radiação
solar..........................................................................................................................................90
Figura 27 – Fração ácidos húmicos do solo em relação à radiação solar disponível..................................92
Figura 28 – Teores foliares de N do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 2006 e 2007.........................94
Figura 29 – Teores foliares de K do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 2006 e 2007.........................97
Figura 30 – Altura dos cafeeiros sob diferentes níveis de radiação solar..................................................100
Figura 31 – Diâmetro do caule do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação solar..................................105
Figura 32 – Peso foliar específico do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação solar.............................110
Figura 33 – Número de estômatos do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação solar............................113
Figura 34 – Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 13/07/06............................114
Figura 35 – Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo na data da colheita específica do
tratamento em 2006.................................................................................................................115
Figura 36 – Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 14/06/07............................116
Figura 37 – Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo na data da colheita específica o
tratamento em 2007..........................................................................................
.......................117
Figura 38 – Produção de café em coco sob diferentes irradiâncias em 2006 e 2007. As mesmas letras
minúsculas (entre anos no tratamento) e maiúsculas (entre tratamentos no ano), acima das
colunas, correspondem que as produções não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a
5%............................................................................................................................................119
Figura 39 – Produção de café beneficiado sob diferentes irradiâncias em 2006 e 2007. As mesmas letras
minúsculas (entre anos no tratamento) e maiúsculas (entre tratamentos no ano), acima das
colunas, correspondem que as produções não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a
5%............................................................................................................................................120
Figura 40 – Rendimento de produção de café sob diferentes irradiâncias em 2006 e 2007. As mesmas
letras minúsculas (entre anos no tratamento) e maiúsculas (entre tratamentos no ano), acima
das colunas, correspondem que as produções não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%..............................................................................................................................121
Figura 41 – Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 35% amostra N colheita 2006 (A), 45%
12
amostra N colheita 2006 (B) e 90% amostra N colheita 2006 (C)...........................................125
Figura 42 – Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 100% amostra N colheita 2006 (A), 35%
amostra N colheita 2007 (B) e 35% amostra SB colheita 2007 (C).........................................126
Figura 43 – Notas de conceito da naálise sensorial do tratamento 35% amostra CB colheita 2007 (A), 45%
amostra N colheita 2007 (B) e 45% amostra SB colheita 2007 (C).........................................127
Figura 44 – Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 45% amostra CB colheita 2007 (A), 90%
amostra N colheita 2007 (B) e 100% amostra N colheita 2007 (C).........................................128
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tratamentos de avaliação da fertilidade do solo e estado nutricional do cafeeiro sob diferentes
radiações....................................................................................................................................44
Tabela 2 – Avaliações que constituíram o estudo e os respectivos tratamentos (radiações)......................45
Tabela 3 – Produção de serapilheira nos diferentes sistemas nos períodos de 2006/2007 e 2007/2008...57
Tabela 4 – Deposição mensal de serapilheira no período de maio de 2006 a abril de 2007.......................58
Tabela 5 – Deposição mensal de serapilheira no período de maio de 2007 a abril de 2008.......................59
Tabela 6 – Produção de serapilheira nos períodos de 2006/2007 e 2007/2008..........................................61
Tabela 7 – Deposição de macronutrientes no solo pela serapilheria (folhas) da seringueira......................61
Tabela 8 – Coeficiente de decomposição da serapilheira (K) nos diferentes níveis de radiação solar........63
Tabela 9 – Teores médios de macronutrientes nas folhas de seringueira que constituíram a
serapilheira.................................................................................................................................73
Tabela 10 – Resultados da análise química do solo efetuada em 2006......................................................74
Tabela 11 – Limites de interpretação de acidez e saturação por bases, estabelecidos por Raij ert al. (1997)
para o Estado de São Paulo.....................................................................................................75
Tabela 12 – Limites de interpretação para a matéria orgânica (MO) estabelecidos por Raij et al. (1997)
para o Estado de São Paulo.....................................................................................................77
Tabela 13 – Limites de interpretação para K e P estabelecidos por Raij et al. (1997) para o Estado de São
Paulo........................................................................................................................................78
Tabela 14 – Limites de interpretação para Ca e Mg estabelecidos por Raij et al. (1997) para o Estado de
São Paulo... .............................................................................................................................80
Tabela 15 – Resultados da análise química do solo efetuada em 2007......................................................85
Tabela 16 – Teor de S do solo na sombra e pleno sol em diferentes épocas............................................. 87
Tabela 17 – Teor de K do solo na sombra e no pleno sol em diferentes épocas.........................................88
Tabela 18 – Análise de variância para a fração humina...............................................................................91
Tabela 19 – Análise de variância para a fração ácidos fúlvicos...................................................................91
Tabela 20 – Análise de variância para a fração ácidos húmicos..................................................................
93
Tabela 21 – Teor da fração ácidos húmicos sob diferentes níveis de radiação...........................................93
Tabela 22 – Limites de interpretação de teores de N e K na matéria seca foliar do cafeeiro estabelecidos
por Raij et al. (1997).................................................................................................................94
Tabela 23 – Teores foliares de N do cafeeiro sob diferentes irradâncias nos anos de 2006 e 2007...........95
Tabela 24 – Teores foliares de N do cafeeiro sob diferentes irradiâncias em três estações nos anos de
14
2006 e 2007..............................................................................................................................96
Tabela 25 – Teores foliares de K do cafeeiro sob diferentes irradiâncias em três estações nos anos de
2006 e 2007..............................................................................................................................98
Tabela 26 – Diferença de média de altura do cafeeiro (m) entre épocas de avaliação............................101
Tabela 27 – Diferença de média de altura dos cafeeiros (m) entre tratamentos........................................102
Tabela 28 – Diferença de média de altura dos cafeeiros (m) entre tratamentos em cada época de
avaliação................................................................................................................................103
Tabela 29 – Diferença de média do diâmetro do caule dos cafeeiros (mm) entre épocas de avaliação...106
Tabela 30 – Diferença de média do diâmetro do caule dos cafeeiros (mm) entre tratamentos................107
Tabela 31 – Diferença de média do diâmetro do caule dos cafeeiros (mm) entre tratamentos em cada
época de avaliação................................................................................................................108
Tabela 32 – Peso foliar específico do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação.....................................110
Tabela 33 – Áreas de tecidos foliares do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação................................112
Tabela 34 – Número de estômatos foliares do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação.......................113
Tabela 35 – Índice de bienalidade de produção do cafeeiro (café coco) sob diferentes níveis de radiação
solar nos anos de 2006 e 2007.............................................................................................122
Tabela 36 – Classificação do café pela análise sensorial da bebida.........................................................123
Tabela 37 – Classificação do café pela análise sensorial da bebida.........................................................129
15
1 INTRODUÇÃO
A produção de café é uma das atividades mais importantes para a economia
brasileira. O Brasil detém o título de maior produtor, tendo alcançado 33,740 milhões de
sacas na
safra 2007/2008 (ICO, 2008) o que correspondeu à 28,86% da produção
mundial, sendo também o principal exportador, com aproximadamente 24,8 milhões de
sacas exportadas em 2007 (ABIC, 2008). A demanda mundial pelo café expande-se a
taxas muito baixas, dada a baixa elasticidade renda e ao fato de ser consumido por
países ricos de pequeno crescimento populacional. Assim, a expansão das vendas no
mercado internacional é função de substituição de concorrentes, com a procura pelo
café dependendo não só do seu respectivo preço, mas também do preço dos outros
tipos existentes no mercado (CAIXETA, 2001). Além disso, os produtores enfrentam
grandes oscilações de preços que são inversamente relacionados às suas produções.
Embora o cafeeiro cultivado a pleno sol alcance produções maiores que o
cafeeiro cultivado à sombra, este último constitui um sistema agroflorestal (SAF) que
pode apresentar vários benefícios além da produção de café, como a produção de
madeira, lenha, forragem, aumento no teor de matéria orgânica do solo, redução da
necessidade de capinas, proteção do solo contra a erosão e melhor infiltração da água
que abastece os depósitos subterrâneos. De qualquer forma, resultados experimentais,
avaliando a produtividade, não têm permitido afirmar que o cultivo a pleno sol seja a
melhor alternativa no longo prazo. Ademais, o cafeeiro nessa condição apresenta um
ciclo bienal de produção, oscilação de produção acentuada no Brasil dada às condições
climáticas e ao sistema de cultivo.
As diferenças na ecologia das regiões cafeeiras do mundo indubitavelmente
sugerem que o cultivo desta rubiácea não tem de ser idêntico em todas as partes e os
resultados experimentais que se obtém geralmente não concordam entre si ou são
diametralmente opostos. Não obstante, os membros do gênero Coffea mostram uma
ampla margem de adaptabilidade e se em adição se faz o manejo dos cultivos
racionalmente, as colheitas são no geral remunerativas ainda sob modalidades de
cultivo diferentes, sempre e quando a disponibilidade dos fatores de produção estiver
acima de um mínimo necessário (CARVAJAL, 1984).
16
Pesquisas envolvendo avaliação do estado nutricional e ensaios de adubação em
sistemas agroflorestais são raras, o que dificulta as recomendações para esta condição.
É importante que se tenha uma avaliação do estado nutricional do cafeeiro, para
possibilitar o melhor conhecimento das necessidades nutricionais da planta no cultivo
em regime de sombra, comparativamente ao regime a pleno sol, e a determinação da
adubação adequada nos diferentes sistemas de cultivo. Portanto, objetivou-se neste
estudo o melhor entendimento da condição nutricional do cafeeiro em relação aos teores
foliares de N e K e da fertilidade do solo nos microclima gerados pelo sistema
agroflorestal em comparação ao monocultivo. Para tal, foram analisados os resultados
de análises foliares, de fertilidade do solo, de crescimento e produção do cafeeiro.
Estabeleceram-se as seguintes hipóteses: (a) o microclima gerado pelas árvores
sombreadoras (seringueiras) favorece o aproveitamento dos nutrientes do solo pelo
cafeeiro; (b) a fertilidade do solo será maior no ambiente sombreado, devido ao maior
aporte de material orgânico, à maior ciclagem de nutrientes e à proteção do solo
promovidos pelas árvores sombreadoras.
17
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão bibliográfica
2.1.1 Considerações gerais
A espécie Coffea arabica L. é originaria das regiões montanhosas da Abissínia na
Etiópia em latitudes de 6 a 9
0
N e longitudes de 34 a 40
0
E, a altitudes compreendidas
entre 1000 e 2500 m. A temperatura média dessas regiões é de cerca de 20
0
C, com
precipitação superior a 1600 mm anuais, entremeada por um período seco de 3 a 4
meses. Nessas condições originais, o cafeeiro cresce permanentemente sob densas
florestas tropicais, ao abrigo das altas temperaturas (SYLVAIN,1955a) apud Rena e
Maestri (1986).
Nos anos recentes, a cafeicultura tem experimentado uma diversificação nas
formas de produção. Entretanto, em algumas regiões produtoras a cafeicultura
intensificou o uso de insumos e irrigação, enquanto em outras regiões se procura
otimizar os recursos mediante a aplicação de técnicas agroflorestais, com vista a
melhorar a produtividade dos cafezais arborizados que existem desde a introdução da
cultura na América (ALFARO-VILLATORO et al., 2004).
Embora se saiba que insumos sejam necessários para alcançar produções
elevadas, seu uso pode ficar proibitivo em função da baixa disponibilidade e elevado
custo em muitas regiões em desenvolvimento. Portanto, é fundamental a adoção de
sistemas de manejo de solo e nutrientes que maximizem o aproveitamento de fontes
biológicas de nutrientes e material orgânico que possam reduzir a necessidade de
insumos (KANG, 1997). Segundo Ferreira (2005), o manejo dos agroecossistemas,
numa perspectiva voltada à sustentabilidade, depende do uso racional dos recursos
naturais, inclusive o solo, por meio do aumento da eficiência da ciclagem e da retenção
de nutrientes no sistema. Para isso, deve-se considerar a disponibilidade de nutrientes
no solo e a capacidade de gerar fitomassa.
A cultura do café no Brasil tradicionalmente desenvolveu-se sem proteção
arbórea, excetuando-se algumas experiências isoladas. Nela, registraram-se diversos
eventos, como geada e seca severas, que ocasionaram sérios prejuízos, os quais
18
poderiam ter sido amenizados com adoção de arborização (prática caracterizada pela
introdução de árvores normalmente dispersas uniformemente na área, ou seja, um tipo
de sistema agroflorestal), pelo seu efeito de cobertura dos cafeeiros, sombreamento e
de quebra-vento (BAGGIO, 1983).
O cafeeiro da espécie Coffea arabica é propenso a frutificar em demasia, o que
leva à exaustão de nutrientes na planta, à restrição do crescimento vegetativo , assim
como à redução no número de gemas disponíveis para florescer no ano seguinte. Os
ramos vegetativos frequentemente secam quando os nutrientes nas folhas e ramos são
transferidos para os frutos. A morte dos ramos é acompanhada pela morte das raízes, o
que limita a capacidade de recuperação da planta (WILSON, 1985b). Estas reações da
planta resultam em oscilação de produção a cada duas safras, que configura o
denominado cilco bienal de produção.
Segundo Matiello (1986), o ciclo bienal de produção do cafeeiro no Brasil é um
fenômeno muito importante que atua sobre a produtividade em determinados anos. O
ciclo bienal é mais pronunciado em lavouras mal nutridas, mal tratadas, sendo comum
em áreas de cerrado onde, em casos graves, a lavoura leva de 2 a 3 anos para se
recuperar após uma elevada produção. A bienalidade pode ser mais pronunciada em
função do sistema de cultivo a pleno sol, o que condiciona altas produções num ano,
com o conseqüente esgotamento da planta.
Alfaro-Villatoro et al. (2004) relatam que o crescente interesse pela conservação e
desenvolvimento dos sistemas de cafeeiros sombreados surge, em parte, como uma
motivação de compradores e consumidores preocupados com a degradação ambiental
causada pela agricultura intensiva. Entretanto, para os produtores, a produção mediante
a combinação com árvores constitui-se numa alternativa para diversificar, obter maior
retorno econômico direta ou indiretamente e tornar a atividade mais sustentável. Ferreira
(2005) relata que há um crescente interesse para a arborização dos cafeeiros,
estimulado pelas certificadoras de produtos orgânicos e de certificadoras específicas
para produtos originados de sistemas de produção que preservam espécies arbóreas
em extinção ou que servem de habitat para aves migratórias.
Segundo Dietsch et al. (2004), a promoção do cultivo de cafeeiro sombreado
pode diminuir a produção e, ao longo do tempo, ajudar a aliviar efeitos dos períodos de
19
crise de mercado do café enquanto avançariam as medidas de conservação ambiental.
O cafeeiro é menos produtivo sob condições de muita sombra mais requer menores
quantidades de insumos. A certificação de produção de café sob sombra pode aumentar
os benefícios financeiros aos produtores, enquanto mantém o habitat adequado para
conservação.
Sistemas de cultivo múltiplo com o uso de rotações de cultura ou intercultivo,
onde duas ou mais culturas são cultivadas simultaneamente, podem melhorar o controle
de pragas e aumentar a eficiência do uso de nutrientes e água. Os SAFs podem
melhorar a disponibilidade e a eficiência do uso de nutrientes e água e podem também
reduzir a erosão e produzir lenha, aumentando o estoque de carbono (TILMAN et al.,
2002). A experimentação agrícola em SAFs, tendo como base o conhecimento dos
processos ecofisiológicos envolvidos, deverá continuar a desenvolver-se tendo como
meta o desenvolvimento integral. Com uma população mundial em expansão e recursos
naturais limitados ou diminuindo, alternativas para uso sustentável do solo, tais como
agrofloresta, não são somente de interesse acadêmico (MUSCHLER; BONNEMAN,
1997).
Em situações apropriadas, talvez as principais razões válidas para o
sombreamento sejam reduzir temperaturas foliares excessivamente altas, manter níveis
de produção em equilíbrio com o suprimento limitado de nutrientes ou realizar controle
de pragas, doenças e plantas daninhas. Em muitas situações de cultivo, há ainda a
necessidade de definir quais os objetivos específicos do sombreamento (WILLEY,
1975).
2.1.2 Sistemas agroflorestais (SAFs)
Segundo Pereira et al. (1997) os SAFs representam um conjunto de técnicas
alternativas de uso da terra que implicam na combinação de espécies florestais com
cultivos agrícolas, atividades pecuárias ou ambas. Essas combinações podem ser
simultâneas ou escalonadas no tempo e de caráter temporário ou permanente. A
utilização dos sistemas agroflorestais tem sido recomendada principalmente para as
regiões tropicais onde os fatores climáticos, edáficos e biológicos geralmente não são
favoráveis à monocultura de larga escala.
20
O presente interesse no estudo de SAFs, como disciplina científica e ferramenta
de desenvolvimento, reside principalmente no potencial que tal sistema de cultivo
representa em aumentar a sustentabilidade econômica e ecológica dos
agroecossistemas. Além disso, as intervenções agroflorestais são frequentemente
citadas por contribuírem em vários aspectos do ambiente social e cultural, tais como
criando estabilidade com o direito de posse da terra ou aumentando os valores estéticos
e de recreação na paisagem (MUSCHLER; BONNEMAN, 1997). Segundo Baggio
(1983) a introdução do componente florestal diversifica a produção, gerando novos
mercados e empregos diretos com a exploração do SAF.
Nos últimos anos tem-se desenvolvido nos trópicos um marcado interesse pelos
SAFs como uma modalidade de sistema de produção que permite obter tanto produtos
agrícolas como florestais numa mesma área (FOURNIER, 1988). Práticas agroflorestais
podem ajudar a melhorar os sistemas de uso do solo em direção à maior
sustentabilidade e proporcionar um ponto de partida em direção a outros sistemas de
uso do solo de maior viabilidade, freqüentemente baseados em árvores (MUSCHLER;
BONNEMAN, 1997). SAFs em aléias permitem a integração de uma faixa mais ampla
de espécies lenhosas do que em sistemas mistos, porque o arranjo espacial dos
componentes limita a interação entre eles e possibilita opções de manejo mais flexíveis
para reduzir a competição e aumentar a complementaridade entre árvores e culturas
(KANG; WILSON, 1987) apud (KANG, 1997).
Beer et al. (1988) afirmam que uma razão para manter árvores de sombra em
plantios de culturas perenes é a renda proporcionada pelos seus frutos e madeira,
produtos que podem suplementar a renda do produtor, aspecto especialmente
importante quando os preços dos produtos das culturas sombreadas estiverem baixos.
Considerando-se as vastas áreas cultivadas com cafeeiros no Brasil, à adoção da
cultura da seringueira para arborização ou formação de renques quebra-ventos, poderá
agregar excelente fonte de renda extra para os cafeicultores e substancial acréscimo à
produção nacional de borracha natural, contribuindo para a redução da dependência do
país às importações desse produto (PEREIRA et al., 1997).
21
2.1.3 Sistemas agroflorestais com cafeeiro
Com adequada fertilização, combate a plantas daninhas e controle fitossanitário é
possível obter altos rendimentos na produção de café a pleno sol. A análise minuciosa
da literatura entretanto mostra que não existe todavia, suficiente prova experimental que
permita recomendar categoricamente o cultivo do café a pleno sol como a melhor
alternativa agronômica, ecológica e econômica no longo prazo (FOURNIER, 1988). Os
agroecossistemas cafeeiros em SAF podem proporcionar um aproveitamento mais
eficiente da radiação solar e de nutrientes, o que resulta em maior produção de
fitomassa de seus vários estratos da vegetação dada a maior proteção do solo e a maior
diversidade do sistema quando comparado aos monocultivos (FERREIRA, 2005). O
cultivo de cafeeiros em SAF pode trazer renda ao produtor pela venda de produtos
antes inexistentes naquele local como madeira, lenha, forragem, palmito, frutos etc.
Existem também vantagens comparativas difíceis de quantificar como a proteção do
solo contra a erosão e a infiltração de água que abastece os depósitos subterrâneos
(FOURNIER, 1988).
A arborização racional pode se constituir em prática recomendável nas várias
regiões cafeeiras do Brasil. Em áreas sem deficiência hídrica elevada e sujeitas à
ocorrência de geadas severas, como as encontradas no norte do Paraná, São Paulo,
Mato Grosso e sul de Minas Gerais, a seringueira (Hevea brasiliensis), a grevílea
(Grevillea robusta), a farinha seca (Peltophorum vogelianum) ou mesmo o abacateiro
(Persea americana), parecem ser espécies mais indicadas e de menor concorrência aos
cafeeiros (FERNANDES, 1986). De acordo Fournier (1988), a alternativa mais confiável
para a produção de café é o modelo de agroecossistema sob sombra regulada, em
locais com temperaturas altas, grande luminosidade, períodos prolongados de seca e
baixa fertilidade dos solos, as vantagens do uso da sombra são evidentes. Campanha et
al. (2004) consideram que esta prática pode ser uma estratégia de sobrevivência, por
causa da diversificação proporcionada pelo sistema, com produção de madeira, frutos e
outros produtos de menor importância, reduzindo o risco e tornando possível a produção
familiar de café.
Algumas das conseqüências de incluir o sombreamento com culturas perenes
podem ser vantajosas ou desvantajosas dependendo da situação. Se uma determinada
22
interação será limitante ou benéfica depende das características das espécies e do
local. A inclusão do sombreamento é menos discutível no caso de pequenos
agricultores, desde que eles freqüentemente cultivam em locais sub-ótimos para suas
culturas (BEER, 1987). O conhecimento dos efeitos do sombreamento sobre a fisiologia
dos cafeeiros é importante para se determinar níveis ótimos de radiação e temperatura,
já que nesses aspectos residem as causas de diferentes atividades fotossintéticas
(MORAIS et al., 2003). Um entendimento completo das interações entre espécies e
como estas interações afetam os mecanismos responsáveis pela produtividade do
cafeeiro é necessária a fim de planejar SAFs mais produtivos (CAMPANHA et al., 2004).
Acredita-se que o crescimento do Coffea arabica sob floresta no local de origem,
pode ser o motivo para que os plantios iniciais de café arábica fossem sombreados por
plantios de árvores. Gradualmente esta espécie adaptada à sombra foi cultivada a pleno
sol, mas as variedades econômicas têm mantido características de necessidade de
baixa luminosidade (KUMAR & TIESZEN, 1980). O cultivo a pleno sol, praticado no
Brasil, freqüentemente leva à superprodução de grãos, seguida de queda abrupta de
produção na safra seguinte, à seca de ponteiros e depauperamento das plantas. Esses
problemas têm sido superados em parte, pela alta densidade de plantio e pesada
fertilização nitrogenada, para maximizar a fotossíntese e satisfazer a demanda dos
drenos por fotoassimilados (FAHL et al., 1994) e pelo sombreamento (LUNZ, 2006).
Um dos efeitos mais importantes do sombreamento é a diminuição da
temperatura foliar. Esta temperatura mais baixa é um efeito direto da redução da energia
luminosa sobre as folhas. Algumas das mudanças na folha as quais o sombreamento
pode induzir, tais como redução da matéria seca por unidade de área foliar e cutícula
mais fina, podem ajudar na dissipação mais eficiente do calor. Um aspecto adicional do
sombreamento, associado com a redução da temperatura, é uma elevação na umidade
relativa e uma redução da transpiração total. Isto reduz especialmente o requerimento
de água da cultura e consequentemente diminui a probabilidade do estresse hídrico. A
redução da intensidade luminosa também pode ter efeitos morfológicos e fisiológicos em
uma cultura. No geral, estas mudanças são adaptações que permitem o uso mais
eficiente de níveis mais baixos de luz e podem obviamente atenuar as reduções de
produção devido ao sombreamento (WILLEY, 1975). As mudanças morfológicas
23
observadas em cafeeiros aclimatados a pleno sol, tais como o aumento no número de
folhas, peso foliar específico e espessura foliar, estiveram sempre associadas com taxas
fotossintéticas líquidas mais elevadas (FAHL et al., 1994). Por outro lado, Morais et al.
(2003) concluíram que os cafeeiros sob sombreamento denso de guandu, comparados
aos cafeeiros cultivados a pleno sol, apresentaram menores taxas de transpiração e
fotossíntese, maior crescimento em altura, menor número de ramos plagiotrópicos e
folhas maiores com menor acúmulo de matéria seca. Embora os cafeeiros aclimatem-se
às condições de pleno sol, Kumar e Tieszen (1980) concluíram que altas temperaturas
freqüentemente diminuem a fotossíntese. Por causa da natureza inerente de um baixo
nível de saturação de luz, o cafeeiro adapta-se ao plantio de alta densidade, desde que
o sombreamento mútuo proporciona um ambiente mais favorável por reduzir a
incidência luminosa e a temperatura foliar. Independentemente dos efeitos fisiológicos
de diferentes intensidades de radiação solar sobre os cafeeiros, as árvores
sombreadoras suprem nutrientes na serapilheira (WILSON, 1985b).
Beer et al. (1988) consideram que os maiores benefícios fisiológicos que o café e
o cacau recebem do sombreamento podem ser postos em duas categorias principais
associadas com a redução do estresse da planta: 1) melhoria das condições climáticas
locais através: (I) redução dos extremos de temperatura do ar e solo, (II) redução da
velocidade do vento, (III) disponibilidade de água no solo, e (IV) melhoria ou
manutenção da fertilidade do solo, incluindo a redução da erosão; e: 2) redução na
quantidade e qualidade de luz transmitida e por isso escape de super-safra e excessivo
crescimento vegetativo. O sombreamento reduz o desequilíbrio nutricional e a dieback.
O controle da temperatura tem sido enfatizado por diversos autores, quanto aos
benefícios que podem gerar as culturas perenes, principalmente devido à redução da
variação diurna no ambiente sombreado. A diminuição da amplitude térmica do solo é
importante para plantas jovens, mais sensíveis a grandes amplitudes de variação.
Ademais, a taxa de evaporação e a perda de matéria orgânica são incrementadas em
sistemas a pleno sol, e seus efeitos podem ser associados com o enfraquecimento da
estrutura do solo e maior susceptibilidade à erosão (BAGGIO, 1983).
Segundo Schroth et al. (2001) sistemas de uso da terra baseados em cultivos
arbóreos, tais como sistemas agroflorestais, têm clara vantagem sobre sistemas de
24
cultivo anuais para a manutenção da fertilidade do solo nos trópicos úmidos. Estes
incluem permanente proteção ao solo, favorecimento dos processos biológicos que
afetam a decomposição da liteira e melhoria estrutural do solo, e mais eficiente ciclagem
de nutrientes. A informação sobre padrões espacial e temporal da disponibilidade de
água e nutriente é necessária para planejar medidas efetivas, como espaçamento ótimo
das árvores, inclusão de espécies de culturas adicionais, manejo modificado de cultura
de cobertura, ou reduzir quantidade e alterar distribuição de fertilizantes. Deve-se
procurar estabelecer essa combinação de medidas no sentido de limitar as interações
competitivas entre as plantas no sistema abrindo espaço para a otimização do uso de
recursos produtivos no espaço e no tempo. Estudos realizados no México por Barradas
e Fanjul (1986) apresentaram resultados nos quais são consistentes as diferenças entre
os sistemas a pleno sol e sombreado, em todos os fatores microclimáticos avaliados. O
aumento nas temperaturas do ar e solo no pleno sol é provavelmente influenciada pela
diferença na capacidade da fitomassa armazenar energia solar, associada a um maior
índice de área foliar no cultivo sombreado. Segundo Willey (1975) uma vantagem disto
é que ele ajuda a reduzir a temperatura do ar dentro do cultivo. Este efeito pode ser
particularmente crítico durante a fase de estabelecimento inicial da cultura e de plantas
jovens, pela razão da maior parte da superfície do solo está exposta e a parte aérea da
cultura está mais próxima do solo neste estágio. Altas temperaturas do solo também
podem ser indesejáveis por causa dos efeitos diretos sobre o solo.
Quanto ao ciclo de nutrientes, Baggio (1983) relata que os estudos realizados
demonstraram aspectos positivos proporcionados pelas árvores, tais como: deposição
contínua de matéria orgânica, redução da temperatura do solo, controle da erosão,
ciclagem de nutrientes das camadas mais profundas e fixação de nitrogênio (no caso
das espécies apropriadas). As árvores de sombra podem extrair nutrientes do solo de
camadas não exploradas pelas raízes do cafeeiro e as árvores leguminosas fixarem
nitrogênio. Os nutrientes adicionais são lançados à superfície do solo com a queda das
folhas, onde tornam-se disponíveis ao cafeeiro (WILSON, 1985a). O aumento na
quantidade de adições de resíduos vegetais no sistema de produção, em condições
adequadas de temperatura, aeração e suprimento de água propicia o crescimento da
atividade e da população dos microorganismos. Estes por sua vez, incrementam a
25
ciclagem de N no solo, diminuindo a necessidade de adições deste nutriente através do
uso de fertilizantes (SHELLER, 1999) apud (FERREIRA, 2005).
Se a liteira e os resíduos de poda permanecem na plantação, eles decompõem,
liberando nutrientes minerais de volta para o solo. Esta reciclagem de nutrientes é
importante na minimização dos requerimentos de fertilizantes. O humos formado é
valioso para a manutenção da estrutura do solo e dos nutrientes em uma forma
disponível (WILSON, 1985b). A serapilheira, depositada sobre o terreno, atua como
cobertura morta do solo, melhora a retenção e infiltração de água, protege o solo contra
erosão, fornecendo ainda nutrientes e matéria orgânica. A manta orgânica formada
também serve de abrigo para insetos, que são agentes importantes na manutenção do
equilíbrio ecológico e no controle de pragas da lavoura (SEVERINO; OLIVEIRA, 1999).
O uso de cobertura do solo responde no presente à necessidade de solucionar
dois problemas práticos: (a) a exigência de preservar a água do solo; (b) a busca por
sistemas de produção que contribuam para suprir nitrogênio (CARVAJAL, 1984).
Estudos sobre ciclagem de nutrientes em SAFs freqüentemente baseiam-se somente no
N. A produção de grandes quantidades de liteira, principalmente resíduos de poda, é
especialmente importante em solos pobres com baixo teor de matéria orgânica, onde as
árvores de sombra podem ser decisivas na manutenção da produtividade da área. Por
esta razão, a característica mais importante para as árvores sombreadoras de café,
excluindo os produtos comerciais, é a alta produtividade sob um regime intensivo de
poda, e não a fixação de N (BEER, 1988). Os resultados obtidos mostram que a
influência das árvores sobre a ciclagem de outros elementos e o balanço entre
elementos é igualmente importante (GLOVER; BEER, 1986). Mesmo quando a
produtividade econômica da árvore de sombra for o critério principal, o efeito destas
árvores sobre a ciclagem de nutrientes e a matéria orgânica do solo deve ser estudado.
Em muitas situações a ênfase da pesquisa sobre a ciclagem de N pode ser exagerada,
desde que o fator limitante à produtividade da cultura e da árvore pode ser a
disponibilidade de um ou outro elemento tal como o K (BEER, 1988). Por outro lado, os
resultados obtidos por Fahl et al. (1994), indicam que o café pode ser classificado como
uma espécie de sombra facultativa, exibindo aspectos de plantas adaptadas ao sol,
26
unidos a atributos de aclimatação a sombra. A capacidade adaptativa ao pleno sol é
fortemente influenciada pelo nível de nutrição nitrogenada dada às plantas.
O padrão de aplicação de fertilizantes depende de fatores agrícolas usuais,
principalmente propriedades do solo, clima, densidade de plantio, disponibilidade de
água e intensidade de manejo (BORNEMISZA, 1982). No estudo realizado por Babbar e
Zak (1994) com o cultivo do cafeeiro, a disponibilidade de N foi maior em plantações
sombreadas quando comparadas com aquelas sem árvores sombreadoras.
Essencialmente, a maioria deste N estava presente como NO
3
-
. As condições
microambientais dentro das plantações sombreadas e não sombreadas exibiram
relativamente pequenas diferenças na mineralização líquida de N e na nitrificação
líquida. Um hectare de café pode receber cerca de 100 Kg N/ha/ano de fontes não
artificiais, principalmente através da fixação simbiótica por leguminosas sombreadoras e
através da mineralização da matéria orgânica. Esta quantidade supre a necessidade de
N de plantios de baixa e média densidade, mas não satisfaz à alta demanda de N de
plantios adensados (> 5000 plantas/ha) e de alta produção, os quais requerem, no
mínimo duas vezes esta quantidade (BORNEMISZA, 1982). As taxas anuais de
mineralização relatadas por Babbar e Zak (1994), representam aproximadamente 30%
do N disponível para absorção da planta em plantações sombreadas e não sombreadas.
Os dados obtidos indicam que aproximadamente 45 e 41g N m
-2
(N fertilizante + N
mineralizado) estavam disponíveis no cultivo sombreado e não sombreado,
respectivamente, a maioria deste N como NO
3
-
. As folhas caídas do cafeeiro com um
teor médio de 2% N, constituem um tecido vegetal de relativamente fácil decomposição,
com um tempo de vida médio de 76 dias. cada um dos elementos tem uma dinâmica
diferente de liberação, apresentando o potássio a mais rápida incorporação ao solo,
liberando-se nos primeiros 60 dias 95% do potássio contido na serapilheira (RIVERA;
MEDEROS, 1993). O aumento no suprimento de nutrientes pela aplicação de
fertilizantes pode reduzir o grau de excesso de frutificação e a seca dos ramos seguinte,
contudo a capacidade física das raízes freqüentemente limita absorvê-los
suficientemente para evitar os efeitos da frutificação em demasia, o que pode ser
controlado por outros meios (WILSON, 1985b).
27
O fato de os sistemas radiculares do cafeeiro e da seringueira estarem
concentrados na mesma camada superficial do solo indica a possibilidade de
competição entre as duas culturas por água e nutrientes. Daí a necessidade de
adubações visando à nutrição adequada de ambas as culturas. Deve-se ressaltar,
porém, que o sistema radicular da seringueira é bem mais desenvolvido do que o do
cafeeiro e explora água e nutrientes em camadas mais profundas do solo, sobretudo
devido a sua maior tolerância às condições químicas desfavoráveis dessa camada do
solo não corrigida quimicamente. A seringueira com seu sistema radicular bastante
desenvolvido, tanto lateral, como verticalmente, pode beneficiar-se dos fertilizantes não
aproveitados pelo cafeeiro e reciclá-los anualmente por seu caráter caducifólio,
favorecendo o cafeeiro e o sistema como um todo (PEREIRA et al., 1998).
Para Fárfan Valencia e Mestre-Mestre (2004), ainda que se tenha realizado
estudos na Colômbia e em outros países, onde se têm avaliado a resposta do cafeeiro
sob sombra a fertilização, não é suficiente a informação sobre a resposta do cafeeiro a
interação entre o grau de cobertura arbórea e diferentes níveis de fertilização. Assim,
não existe na atualidade uma forma racional de fazer recomendações de fertilização de
cafezais sob diferentes níveis de sombreamento.
2.1.4 Aspectos nutricionais e o cafeeiro
A espécie Coffea arabica parece ser particularmente exigente em nutrientes
quando se cultiva ao sol. Este comportamento incide na longevidade dos arbustos, pois
as plantações ao sol no geral devem ser renovadas em um menor prazo em
comparação com aquelas sob sombra. Se o solo é naturalmente fértil, o cultivo ao sol
mostrará sempre vantagem quanto à produtividade, em comparação com o cultivo a
sombra. Nas regiões consideradas aptas à cafeicultura, sendo os nutrientes fornecidos
às plantações em quantidades apropriadas, ao tempo em que um manejo cuidadoso é
adotado, os cafeeiros sob sol produzirão uma colheita mais abundante (CARVAJAL,
1984).
O cafeeiro cresce continuamente até os 6,5 anos, embora dentro do período haja
variações consideráveis na produtividade anual. A curva de crescimento sigmóide
aparentemente começa a apresentar tendência de estabilização entre 6,5 e 7,5 anos. Já
28
as curvas de absorção de nutrientes, mostram perfeito paralelismo com a curva de
crescimento (MALAVOLTA, 1993). A nutrição mineral do cafeeiro vem sendo abordada
como prioridade em uma visão inovadora do equilíbrio nutricional, dos mecanismos de
absorção dos nutrientes e das suas funções no metabolismo da planta, fatores esses
associados aos aumentos de produtividade e qualidade. As exigências nutricionais do
cafeeiro variam com a espécie e, deste modo, o diagnóstico do estado nutricional
constitui fator indispensável no sistema de produção (COSTA, 2001).
Um solo fértil, com altos teores de nutrientes disponíveis, mantém uma maior taxa
de crescimento e de produção da cultura do que um solo pobre. Na ausência de
aplicações de fertilizantes, as reservas de nutrientes do solo podem ser usadas. O café
é uma cultura longeva e uma significante redução nas quantidades de nutrientes
disponíveis no solo ocorre no decurso de dez anos (WILSON, 1985b).
Em plantios comerciais de café a fertilidade do solo poderá ser avaliada mediante
os níveis críticos dos elementos e sua capacidade de troca catiônica (CTC). Porém é
fundamental observar os equilíbrios: Ca+Mg/K; Mg/K; Ca/Mg; Ca/K; K/S e K/CTC. O
equilíbrio nutricional do solo deve ser estabelecido em função da porcentagem de
saturação por bases de cada grupo de solos. A aplicação de cátions complementares
que sugere cada caso particular deve permitir que o solo chegue a alcançar o equilíbrio
ideal, com uma saturação por base entre 40 e 60%, a manter um equilíbrio ótimo
(Ca+Mg/K=10) e uma concentração de nutrientes disponíveis oscilando em torno do
nível crítico (CARVAJAL, 1984).
Tem-se considerado que o nível de exposição à radiação solar tem uma
influência marcante sobre a nutrição mineral em Coffea arabica. Tem-se indicado que
um dos benefícios do cultivo do cafeeiro a plena exposição solar é o aumento da
absorção de nutrientes minerais, o que gera finalmente produções mais elevadas
(WELLMAN, 1961) apud (VELASCO et al., 2001), ainda que às vezes estas diferenças
tendam a desaparecer logo depois de algumas colheitas (RAMÍREZ, 1997) apud
(VELASCO et al., 2001).
Tem-se encontrado que a absorção de nutrientes não é uniforme durante um ciclo
vegetativo e reprodutivo completo. No geral ocorre um máximo de absorção, bem
definido, durante ou justamente antes da época em que o crescimento ocorre com maior
29
expressão (CARVAJAL, 1984). Estudos sobre a nutrição do cafeeiro têm revelado que a
absorção de nutrientes intensifica-se nos estádios de pré e pós-floração, variando
principalmente, em função das condições ambientais e do estado de desenvolvimento
da planta. Esse fato sugere que o suprimento de nutrientes, para atender a demanda do
cafeeiro, deve iniciar-se, ainda na fase de pré-floração, período em que os elementos
minerais devem estar no solo, prontos para serem absorvidos (VALARINI; BATAGLIA;
FAZUOLI, 2005).
O cafeeiro adulto exibe mudanças súbitas na velocidade de absorção de
nutrientes, associadas com os estados fisiológicos mais importantes. Nota-se que a
absorção de NO
3
-
,
ocorre em maior quantidade durante períodos curtos antes da
floração, no auge do crescimento e quando os frutos começam a amadurecer. A
absorção diminui durante a floração e depois da colheita. A absorção de NH
4
+
, ainda
quando quantitativamente similar a de NO
3
-
, não mostra diferença tão marcante durante
os estádios fisiológicos. A absorção de K mostra-se de alguma forma antagônica com
respeito à de NO
3
-
. Neste caso o pico mais alto observa-se imediatamente depois da
colheita, enquanto que outros dois secundários ocorrem antes da maturação e depois
da floração (CARVAJAL, 1984; CARVAJAL et al., 1969).
A maior parte da absorção de nutrientes é realizada por raízes finas nos 30 cm da
camada superficial do perfil do solo. É, portanto, importante que as camadas superiores
do solo mantenham uma boa estrutura e um alto teor orgânico (WILSON, 1985b). É bem
conhecido que o teor de matéria orgânica da superfície do solo declina rapidamente
seguindo ao desmatamento da floresta e cultivo, e atinge um nível de equilíbrio
dependendo do sistema de cultivo e prática de manejo. Desde que a matéria orgânica
desempenha um papel crucial na manutenção da produtividade de solos pobres,
tentativas devem ser feitas para usar sistemas de produção que tenham relativamente
níveis altos de matéria orgânica na superfície (KANG, 1997).
Quando o cafeeiro cresce a plena exposição solar, usa as reservas rapidamente
e os frutos geralmente não se desenvolvem bem por insuficiência de minerais. Além do
mais, com freqüência ocorre seca dos ponteiros (WELLMAN, 1961) apud (CARVAJAL,
1984). Mesmo com o fornecimento de nutrientes ao cafeeiro nas quantidades
adequadas, o sistema de manejo a pleno sol normalmente proporciona uma alternância
30
de safras altas e baixas, denominada ciclo bienal de produção. Os sistemas com
arborização permitem uma produção mais constante e o aumento da longevidade do
cafeeiro por evitar o estresse advindo de uma superprodução, características dos ciclos
bienais a pleno sol. Outro aspecto ligado à regularidade da produção vincula-se aos
nutrientes exigidos pela planta. Um dos grandes interesses em relação à presença do
elemento arbóreo no cafeeiro é a relação deste com o aumento da eficiência na
ciclagem de nutrientes, sobretudo do N (FERREIRA, 2005).
A necessidade de nutrientes dada à colheita varia segundo a espécie. Assim,
quanto ao N, às espécies Coffea arabica e Coffea canephora aparentemente têm uma
exigência similar. Quanto ao P, Coffea arabica requer menos que as demais espécies. O
requerimento de K aparece maior em Coffea arabica e Coffea liberica e diminui
notavelmente em outras espécies (CARVAJAL, 1984).
A análise da matéria seca do cafeeiro mostra que esta é constituída na proporção
de uns 95% de três elementos: carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O). Os 5%
restantes representam a contribuição do solo: N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Co, Cu, Fe, Mn,
Mo, Ni, Zn, Na, Se, Si, e outros elementos não considerados essenciais (alguns tóxicos
como Al) (MALAVOLTA, 1993).
Resultados de análise de solo estão muitas vezes em contradição com o
comportamento da planta. Assim, normalmente, tais resultados informam qual o
problema que pode ser esperado, mas freqüentemente não definem a extensão do
problema. Em outras palavras, uma análise de solo completa, pode dar informação
sobre o que o solo está oferecendo a planta, mas a quantidade que está sendo
absorvida pela planta não pode ser adequadamente determinada. Esta informação pode
somente ser dada pela análise da planta (LUCENA, 1997). Segundo Silva, Nogueira e
Guimarães (2003), pela diagnose foliar podem-se avaliar o estado e o equilíbrio
nutricional de uma planta, uma vez que o teor do nutriente é resultante da ação e da
interação dos fatores que influem em sua disponibilidade no solo e sua absorção pela
planta.
De acordo com Malavolta (1993), a técnica de diagnose foliar, na qual a folha é
analisada em vez do solo, tem sido utilizada nas seguintes situações: 1) avaliação do
estado nutricional e da probabilidade de resposta à adubação; 2) verificação do
31
equilíbrio na nutrição do cafeeiro, portanto, na fertilidade natural do solo ou nas
adubações; 3) constatação de possível toxidez de um ou outro elemento; 4)
acompanhamento, avaliação e ajustamento do programa de adubação dentro de um
ano agrícola ou ao longo do ano.
O propósito do fornecimento de fertilizantes ao cafeeiro é suprir elementos
minerais essenciais em quantidade adequada para a realização plena dos ciclos
vegetativo e reprodutivo. Os solos agrícolas no geral são incapazes de suprir todos os
elementos requeridos em quantidade suficiente e, sobretudo, durante muitos anos de
cultivo (CARVAJAL, 1984). Por outro lado e dada a sua dimensão, o manejo inadequado
dos nutrientes, sobretudo o N, pode causar grandes impactos ambientais, como a
contaminação dos lençóis freáticos e cursos de água, a poluição atmosférica e
alterações da atividade biológica no solo (FERREIRA, 2005).
Para o estabelecimento de um programa apropriado de adubação é necessário
identificar os principais problemas inerentes à nutrição da planta e, posteriormente,
determinar quais são os nutrientes limitantes, suas quantidades, épocas e formas de
aplicação corretas (MARTINEZ et al., 2003). Os pesquisadores têm chegado à
conclusão que o uso da análise foliar, de maneira alternada ou simultânea com a análise
de solo procedente da faixa de fertilização do cafeeiro, provê elementos de juízos de
valor inquestionáveis para o estabelecimento de programas de adubação para aplicação
a curto e médio prazo (CARVAJAL, 1984).
Um dos indicadores do manejo do solo com relação ao fornecimento de
nutrientes no sistema de produção agrícola é a medida do teor de carbono orgânico do
solo. Porém, as mudanças dos teores deste elemento no solo se dão de forma lenta
(FERREIRA, 2005). A composição foliar de nutrientes do cafeeiro pode variar em
alguma amplitude durante o ano e ser afetada pela variação climática e condições de
sombreamento (WILSON, 1985b). O desenvolvimento do sistema radicular também
pode influir sobre a dinâmica de variação dos elementos minerais nas folhas, seja por
constituir um destino que compete com estas e mais ainda pela influência que tem seu
crescimento sobre a absorção relativa dos minerais (VELASCO et al., 2001).
O cafeeiro sombreado consome as mesmas quantidades de macro e
micronutrientes para produzir uma saca beneficiada. A produção, entretanto, é menor
32
porque a luz é fator limitante em qualidade, intensidade e duração. Faltam, entretanto,
ensaios de adubação comparando café sombreado com pleno sol e arborizado. Pode-se
esperar, porém, um comportamento do cafeeiro sombreado semelhante ao do
cacaueiro, com plantas sombreadas respondendo pouco à adubação.
Conseqüentemente nesses casos a adubação pode ser significantemente reduzida com
redução de custos (MALAVOLTA E LIMA FILHO, 2002). Plantas sombreadas não
fertilizadas produzem em um nível mais alto do que as plantas a pleno sol e não
fertilizadas. Contudo, as plantas a pleno sol têm uma maior resposta ao fertilizante, de
modo que as maiores produções são dadas por cafeeiros não sombreados
intensamente fertilizados e com ampla disponibilidade hídrica (WILSON, 1985b).
Uma das dificuldades enfrentadas pelos produtores está na estimativa da
disponibilização de nutrientes ao cafeeiro provenientes da adubação orgânica e da
fitomassa vegetal de plantas espontâneas e da arborização. O dimensionamento
inadequado, mesmo para estes adubos, pode levar a um excesso de aporte de N, com
conseqüências ao meio ambiente, além de promover desequilíbrios nutricionais ao
cafeeiro. Por outro lado, se o fornecimento de N for insuficiente, ocorre queda da
produção (FERREIRA, 2005).
Um experimento de longo prazo num solo entisol (fluvisol) aluvial fértil na Costa
Rica mostrou que o cafeeiro sombreado requereu menor nível de fertilização do que o
cafeeiro não sombreado, para obter a mesma produção. A resposta à fertilização foi
mais linear em cafeeiro não sombreado (CATIE, 1992) apud (SZOTT; KASS, 1993).
a composição mineral dos tecidos vegetais pode ser influenciada por uma série
de fatores pertinentes à própria planta e ao ambiente: espécie, variedade ou porta-
enxerto, estádio vegetativo e idade da planta, distribuição, volume e eficiência do
sistema radicular, produção pendente, variações climáticas, disponibilidade de água e
nutrientes no solo, estado fitossanitário da planta, tipo e manejo do solo e interações
entre nutrientes (MARTINEZ et al., 2003). Conforme relato de Aranguren, Escalante e
Herrera (1982), a atual quantidade de nitrogênio e de outros nutrientes exportados com
a colheita de culturas perenes tropicais, as quais podem ser cultivadas sob
sombreamento, é pequena quando comparada às quantidades removidas pelas culturas
anuais com produções elevadas. Esta, relativamente, pequena quantidade exportada
33
pode ser balanceada pela entrada de nitrogênio da fixação biológica de N
2
ou do
nitrogênio liberado pela decomposição da liteira depositada pelas árvores
sombreadoras.
2.1.4.1 Nitrogênio (N)
N é constituinte de aminoácidos, amidas, aminas, bases nitrogenadas, alcalóides,
clorofila e muitas coenzimas. A deficiência de nitrogênio se manifesta nas folhas mais
velhas sob a forma de clorose foliar devido à sua alta mobilidade com conseqüente
redução da formação de clorofila. Muitos aminoácidos são precursores das cadeias
polipeptídicas das proteínas e, desse modo, o nitrogênio influencia muitas reações
enzimáticas (COSTA, (2001). O N ocupa uma posição única entre os elementos
classificados como essenciais para o desenvolvimento de plantas e crescimento da
população dos microorganismos. A grande quantidade demandada e sua baixa
disponibilidade, o torna um dos nutrientes mais limitantes à produtividade da maioria das
culturas (FERREIRA, 2005). O N é absorvido pelo cafeeiro principalmente nas formas
de NO
3
-
e NH
4
+
, que se convertem continuamente em compostos orgânicos
(CARVAJAL, 1984).
A nutrição nitrogenada adequada, não havendo outros fatores limitantes, é
evidenciada no desenvolvimento rápido, no aumento da ramificação dos galhos
frutíferos e na formação de folhas verdes e brilhantes (MALAVOLTA, 1986). A
capacidade fotossintética das folhas está relacionada principalmente ao teor de N,
devido as proteínas do ciclo de Calvin e tilacóides que constituem à maior parte do N
foliar (EVANS, 1989). Segundo este autor, dado que o N é um valioso recurso, pode-se
esperar que a planta otimizará a partição do N tal que, a fotossíntese seja maximizada.
Contudo, o ótimo dependerá de fatores tais como a radiação e a temperatura e por isso
varia com o habitat. De acordo Malavolta (1986), a capacidade fotossintética, o
florescimento e, conseqüentemente, a capacidade produtiva, são limitados pelo
sombreamento. Por este motivo, nestas condições as necessidades de adubos,
particularmente as de N, são diminuídas.
Para Ferrar e Osmond (1986), o teor de N foliar é provavelmente um importante
fator na aclimatação de plantas a pleno sol, um aumento na quantidade e atividade da
34
principal proteína foliar, a RUBP carboxilase, quase invariavelmente ajusta-se à
aclimatação a luz. O aumento da irradiância tende a influenciar a partição de N para
tilacóides e proteínas solúveis em direções opostas. Segundo Evans (1989) geralmente
uma maior proporção do N é direcionada para os tilacóides quando as plantas estão
crescendo em irradiância mais baixa. Plantas tolerantes a sombra tendem a apresentar
habilidade para partição de muito mais N para os tilacóides do que plantas ao sol. Uma
segunda característica geral é que plantas sob baixa irradiância apresentam redução no
teor de N por unidade de área foliar.
Malavolta (1986) relata que quando o solo não tem muita matéria orgânica
mineralizável ou não se usa suficiente N na adubação, a deficiência aparece
comumente, sendo os sintomas mais intensos durante o crescimento dos frutos. As
folhas formadas nessas condições são geralmente menores. As folhas mais velhas e
depois as mais novas apresentam uma clorose uniforme no limbo e as nervuras se
tornam amareladas ou esbranquiçadas. Caso a deficiência seja muito severa as folhas
ficam quase brancas ou necrosam. Num estágio muito avançado da deficiência, tem
lugar a morte descendente dos ramos frutíferos. Entretanto, além da falta de N, a falta
de outros elementos também pode provocar secamento dos ramos.
Quando as folhas mais velhas senescem, a proteína é degradada e formas
solúveis de N são retranslocadas pelo floema para os pontos de crescimento da planta,
razão pela qual os sintomas de deficiência de N se manifestam primeiramente nas
partes mais velhas (COSTA, 2001). A deficiência de N pode ser agravada por um
período de seca prolongado quando a baixa umidade do solo acarreta a diminuição da
mineralização da matéria orgânica e o caminhamento dos nitratos para a raiz pelo
processo do fluxo de massa (MALAVOLTA, 1986). A taxa de conversão do nitrogênio
orgânico para nitrato e amônio controla a disponibilidade de N nos solos, mas apesar de
sua importância, há falta de estudos sobre a mineralização do N em solos florestais
tropicais (VITOUSEK; SANFORD Jr, 1986).
De um modo geral, quanto melhor a estrutura do solo, maior a biomassa
microbiana ativa, maior a quantidade de substâncias facilmente trocáveis no solo, e
maior a quantidade de N proveniente da matéria orgânica que é mineralizado e
disponibilizado para as plantas. O suprimento de N às culturas muitas vezes depende
35
mais da atividade metabólica dos microrganismos do solo do que do seu conteúdo de N
total. Por outro lado, esta atividade é extremamente dependente do manejo do solo
(SHELLER, 1999) apud (FERREIRA, 2005).
De Castro e Rodriguez (1955) apud Wilson (1985b), relataram que perdas de
nitrogênio por erosão em áreas não protegidas superaram a quantidade removida pela
cultura do café. Conforme relato de Aranguren, Escalante e Herrera (1982), a atual
quantidade de nitrogênio e de outros nutrientes exportados com a colheita de culturas
perenes tropicais, as quais podem ser cultivadas sob sombreamento, é pequena quando
comparada às quantidades removidas pelas culturas anuais com produções elevadas.
Esta relativamente pequena quantidade exportada pode ser balanceada pela entrada de
nitrogênio da fixação biológica de N
2
ou do nitrogênio liberado pela decomposição da
liteira depositada pelas árvores sombreadoras.
Segundo Carelli e Fahl (1991), o N absorvido pelas plantas, em sua grande
maioria na forma de nitrato, pode ser assimilado nas raízes ou na parte aérea. A parcela
com que cada um desses sistemas contribui na assimilação de N varia grandemente
com a espécie e com as condições ambientais.
Carelli, Fahl e Magalhães (1990) obtiveram dados que mostram que o acúmulo
de nitrato nas folhas das plantas cultivadas a pleno sol foi bem maior do que nas
sombreadas, enquanto a atividade da redutase de nitrato foi superior naquelas
cultivadas à sombra. Tais resultados sugerem que a menor atividade da redutase de
nitrato em pleno sol pode ter sido responsável pelo acúmulo de nitrato nos tecidos. O
excesso de N provoca alterações nas relações N/P e N/K das folhas e diminuição na
produção, estimulando preferencialmente a vegetação em prejuízo da produção
(MALAVOLTA, 1986).
De acordo Ramalho et al. (1997) o cafeeiro teria uma habilidade limitada para
crescimento a pleno sol, admitindo-se que a fertilização nitrogenada contribui para
reduzir o dano foliar quando as plantas são expostas a altas intensidades luminosas
durante vários dias.
Ferrar e Osmond (1986) afirmam que a mudança observada na taxa de
fotossíntese foliar quando as plantas cultivadas na sombra são transferidas para a luz,
mostra que a nutrição nitrogenada tem efeito notável na aclimatação.
36
Ramalho et al. (2000) relatam que a habilidade para aclimatação mostrada pelas
folhas maduras das plantas que foram adubadas com maior quantidade de N, foi
acompanhada por um aumento nos mecanismos de dissipação de energia. Estes
incluem, na maioria das vezes, a presença de maiores teores de algumas xantofilas
(zeaxantina e luteína) e carotenos, que ajudam a diminuir a sobrecarga energética nos
fotossistemas. O aumento na relação carotenóide/clorofila total e o decréscimo nas
relações alfa/beta caroteno e clorofila/N refletem mudanças também características de
plantas de sol e devem ser consideradas como parte do processo de aclimatação.
2.1.4.2 Potássio (K)
A simples verificação das quantidades de K nas partes vegetativas, bem como
nos frutos do cafeeiro é suficiente para mostrar que esse elemento desempenha um
papel dominante na nutrição da rubiácea. Em geral, altos teores de K estão associados
com colheitas elevadas, sendo a hipótese de “alimentação de luxo” afastada. A
exigência de K aumenta muito com a idade, sendo particularmente intensa quando a
planta atinge a maturidade devido às quantidades adicionais exigidas pelos frutos. Os
frutos em desenvolvimento retiram K das folhas adjacentes (MALAVOLTA, 1986).
Segundo Nogueira (2001), o K é o segundo nutriente mais importante, depois do
nitrogênio, para a cultura do cafeeiro. A introdução de variedades ou cultivares
melhoradas geneticamente, com alto potencial de produção, tem compelido a uma maior
demanda de aplicação de fertilizantes potássicos nos países tropicais. Em solos férteis e
profundos, o cafeeiro pode extrair suficiente K do solo. A adição regular de cobertura
vegetal morta mantém a disponibilidade de K em um nível elevado. Sob tais condições,
nenhuma resposta experimental significativa ao fertilizante potássico é obtida (WILSON,
1985b). Tem-se observado que não existe uma boa correlação entre o teor de K
intercambiável e a sua absorção pelas plantas, e que a natureza da argila e a
porcentagem de K dentro do teor total de cátions (Ca
++
, Mg
++
, K
+
) são muito importantes
(CARVAJAL, 1984).
O potássio é responsável pela manutenção da turgescência celular, controle de
abertura e fechamento dos estômatos e osmorregulação celular. Ele é requerido para a
síntese de proteínas e para o metabolismo dos carboidratos e lipídios, sendo ativador de
37
um grande número de enzimas. O K é translocado livremente no floema e é exportado
das folhas mais velhas para as mais novas, razão pela qual o sintoma de deficiência se
manifesta primeiramente nas folhas mais velhas (COSTA, 2001). Um dos efeitos
metabólicos da deficiência é a acumulação nos tecidos de carboidratos solúveis e de
açúcares redutores (CARVAJAL, 1984). A ativação de enzimas é, provavelmente, a
função mais importante do K no crescimento da planta. Ao contrário do N, do fósforo (P)
e de outros nutrientes essenciais, o K não participa da estrutura molecular da planta,
mesmo sendo um nutriente essencial. Entretanto, mesmo estando desvinculado desta
estrutura influencia significativamente o seu desenvolvimento (NOGUEIRA, 2001).
Os sintomas de falta de K no cafeeiro seguem o mesmo padrão geral encontrado
em outras plantas, ocorrendo necrose das margens das folhas nos casos mais severos.
Aparecem primeiramente manchas pardas perto das margens, na porção próxima da
ponta; gradualmente as manchas coalescem, uma faixa marrom escura, quase negra,
se forma na ponta da folha e a folha se destaca facilmente do ramo. Com freqüência,
apenas 1 a 2 pares de folhas permanecem presos ao ramo que começa a morrer da
ponta para a base (“dieback”) (MALAVOLTA, 1986). Os frutos também logo ficam
escuros devido ao ataque de fungos. A síntese protéica, a fotossíntese e a expansão
celular são comprometidas em plantas deficientes em K, levando à morte celular
(COSTA, 2001). O excesso de K parece provocar queda maior de frutos, os quais
sofrem fermentação no solo, prejudicando a qualidade. Muito K, por outro lado, pode
induzir carência de Mg e em menor grau, de Ca (MALAVOLTA, 1986). O cafeeiro jovem
que não está produzindo requer menos K em relação ao N (WILSON, 1985b).
Fatores climáticos como precipitação e temperatura têm profunda influência sobre
a intemperização do solo e sobre suas atividades biológicas. Uma precipitação intensa
pode, isoladamente, ser o fator de maior importância nas grandes perdas de K do solo.
O K encontra-se na forma K
+
na solução, sendo assim absorvido pelas raízes das
plantas. Nogueira (2001) afirma que nas condições tropicais, as grandes perdas de K no
solo são atribuídas à lixiviação e ao escorrimento superficial das águas. Os solos
predominantes nos trópicos têm baixa CTC e quase não têm minerais fixadores de K
havendo assim pouca chance de uma maior retenção de K. Nestas condições, os
minerais potássicos primários, tais como feldspato e muscovita, estão sujeitos à
38
hidrólise em maior extensão. Os solos sob cultivo podem até ter inicialmente uma
grande capacidade de suprimento de K, mas após cultivos sucessivos, ao longo do
tempo, este nutriente é exaurido pelas colheitas, lixiviação e erosão.
2.1.5 Matéria Orgânica do Solo
Compreende-se por matéria orgânica do solo todo o carbono orgânico presente
na forma de resíduos frescos ou em diversos estágios de decomposição, compostos
humificados e materiais carbonizados, associados ou não à fração mineral; assim como
a porção viva, composta por raízes e pela micro, meso e macrofauna. Entretanto, esta é
uma conceituação teórica e na maioria das vezes o que se convenciona chamar de
matéria orgânica do solo compreende somente parte dos componentes citados,
dependendo enormemente do preparo da amostra e da metodologia utilizada na
determinação (ROSCOE e MACHADO, 2002).
O reservatório global de carbono (C) do solo de 2500 gigatons (Gt) inclui cerca de
1550 Gt de carbono orgânico e 950 Gt de carbono inorgânico. O reservatório de C do
solo é 3.3 vezes o tamanho do reservatório atmosférico (760 Gt) e 4.5 vezes o tamanho
do reservatório biótico (560 Gt). O reservatório de carbono orgânico do solo até 1m de
profundidade está, predominantemente, em uma faixa predominante de 50 a 150
tons/ha porém alcança de 30 tons/ha em regiões de clima árido até 800 tons em solos
orgânicos de regiões frias (LAL, 2004). A fertilidade integral de um solo agrícola
relaciona-se tradicionalmente com seu conteúdo em matéria orgânica. Entretanto, nas
últimas décadas, a função da matéria orgânica foi relegada e a sua utilização restrita às
terras “marginais” de agricultura de subsistência. Atualmente, devido à problemática
gerada pela intensificação do uso do solo, volta a reconhecer-se à matéria orgânica a
função que lhe corresponde na manutenção da sustentabilidade – produtiva, funcional e
ambiental – do agrossistema (LABRADOR MORENO, 1996).
A matéria orgânica é um componente fundamental para a manutenção da
qualidade do solo, estando envolvida em diversos processos físicos, químicos e
biológicos. Desequilíbrios no seu suprimento e alterações nas taxas de decomposição
podem provocar a sua redução em solos sob cultivo, desencadeando processos de
degradação (ROSCOE & MACHADO, 2002). A conversão da floresta e a mudança no
39
uso do solo nos trópicos são os principais fatores, na agricultura tropical, que levam a
perdas nos estoques de C e aumento da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera. Práticas agrícolas que envolvem remoção da fitomassa acima do solo levam
à redução nos estoques de C no ecossistema, em conseqüência da colheita com a
subseqüente queima e decomposição, perda de C do solo como CO
2,
e perda de C do
solo por erosão (MUTUO et al., 2005).
O saldo de carbono orgânico do solo é alcançado com o equilíbrio de ganhos e
perdas. A conversão de ecossistemas naturais para agrícolas causa declínio do carbono
orgânico do solo de 60% em solos de regiões temperadas e de 75% ou mais em solos
cultivados dos trópicos. Alguns solos têm perdido de 20 a 80 tons de C/ha,
principalmente emitidos para a atmosfera. O declínio severo do carbono orgânico
degrada a qualidade do solo, reduz a produtividade de fitomassa pelas plantas e
impacta adversamente a qualidade da água. Esse declínio da matéria orgânica pode ser
exacerbado pelo aquecimento global projetado (LAL, 2004).
Como um resultado da degradação solo, incluindo a perda de nutrientes,
biodiversidade, erosão, compactação e a perda associada de matéria orgânica, há uma
necessidade de adotar práticas de manejo do agroecossistema mais sustentáveis
(OELBERMANN et al., 2006). Mutuo et al. (2005) consideram haver necessidade de
desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis para manter e melhorar o teor de C
orgânico do solo enquanto mitiga a degradação e as emissões de gases de efeito
estufa. Adicionalmente, solos agrícolas têm tornado-se crescentemente importantes no
seqüestro de C para a mitigação do CO
2
atmosférico. O seqüestro de C no solo pode
ser alcançado pela adoção de práticas de manejo e conservação tais como cultivo
reduzido, cultivo mínimo, rotação de culturas, culturas de cobertura e manejo de
resíduos. Em SAFs, a quantidade e qualidade dos resíduos de poda das árvores ou da
liteira influenciam a agregação do solo e os aumentos nos níveis de matéria orgânica do
solo, proporcionando um caminho para o seqüestro de C no solo a longo prazo
(OELBERMANN et al., 2006).
A humificação e a mineralização dos restos orgânicos dependem tanto da
natureza destes, como das características do meio. Desta maneira, serão os fatores
externos, como o clima, o solo, a ação humana e internos, como a composição do
40
material orgânico, que irão dirigir e definir estes processos (LABRADOR MORENO,
1996). As mudanças no carbono orgânico do solo com a mudança no uso e manejo
podem ser parcialmente explicadas pelo modo como o C é alocado em diferentes
frações da matéria orgânica do solo (TAN et al., 2007).
A conversão de florestas em SAFs promoveriam perdas de C, embora menos do
que se outros sistemas agrícolas fossem estabelecidos. Se, por outro lado, as vastas
áreas de solos degradados fossem convertidas em SAFs, o estoque de C poderia ser
aumentado (MONTAGNINI; NAIR, 2004; MUTUO et al., 2005). Nos trópicos úmidos,
SAFs podem seqüestrar C na vegetação, aumentando o tempo médio de estoque de C
no campo e elevando-o para mais de 60 Mg de C/ha. Contudo, o potencial para
seqüestro de C nos 20 cm superficiais do solo é menor, e da ordem de 25 Mg C/ha, do
que na vegetação (MUTUO et al., 2005).
A capacidade de dreno e permanência de C no solo estão relacionadas ao teor e
mineralogia da argila, estabilidade estrutural, posição na paisagem, regimes de umidade
e temperatura, e a habilidade para formar e manter microagregados estáveis (LAL,
2004).
Em pesquisa realizada por Tan et al. (2007) foi concluído que a perda de C
orgânico do solo pela conversão da floresta para agricultura poderia ser atribuída à
redução nas frações leve e pesada, enquanto que o ganho de C seguindo a conversão
de cultivo convencional para pousio poderia ser atribuído ao aumento na fração leve.
Para estes autores, as menores quantidades da fração leve nas classes de
macroagregados em sítios de cultivo convencional, em comparação com sítios florestais
em pousio, sugerem que o cultivo desfaz estes agregados, em particular, e liberam a
fração leve protegida que é subseqüentemente oxidada. A recuperação da matéria
orgânica do solo nos SAFs e a acumulação de nutrientes importantes, tal como o N, não
são bem compreendidas. A extensão e a duração da instabilidade de nutrientes após a
conversão da floresta, e durante rotações agroflorestais prolongadas, requerem mais
estudos (ISAAC et al., 2005).
41
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2.1 Caracterização da área experimental
A pesquisa foi conduzida no período de março de 2006 a maio de 2008, em área
experimental pertencente ao Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em
Piracicaba – SP, localizada nas coordenadas geográficas 22
0
42’ 20’’ S, 47
0
37’ 22’’ W e
altitude 565 m. O clima local é, pela classificação de Köppen, mesotérmico com verão
chuvoso e inverno seco (Cwa) transição para mesotérmico com inverno úmido (Cfa). A
temperatura média anual é de 21,4
0
C e médias mensais de 24,8
0
C no verão e 17,1
0
C
no inverno. A precipitação anual, é em média, 1.278 mm, distribuídos em 1000 mm de
outubro a março e 278 mm entre abril e setembro. O solo da área é classificado como
Nitossolo Vermelho Eutroférrico (EMBRAPA, 1999), eutrófico, latossólico, textura
argilosa, horizonte A moderado, com declividade de até 1,5%.
A área experimental foi composta de seringueiras do clone PB 235, plantadas em
dezembro de 1991, no espaçamento de 8,0 x 2,5 m e de cafeeiros cv. Obatã IAC 1669-
20, plantado em janeiro de 2002, no espaçamento de 3,4 x 0,9 m. Os cafeeiros foram
plantados sob diferentes condições de luminosidade, no sub-bosque do seringal (sob o
dossel das seringueiras), interfaceando as árvores da seringueira e em monocultivo
(pleno sol) (Figuras 1 e 2).
O manejo das culturas seguiu as recomendações técnicas para cada espécie
com aplicação de 300 Kg de N e K em três parcelas de 100 Kg ha
-1
em setembro,
novembro e dezembro de 2006. O cafeeiro da área experimental foi irrigado por
gotejamento e a radiação solar disponível aos cafeeiros foi mensurada por Righi (2005),
que conduziu experimento na mesma área, por meio de tubos solarímetros (TSUM-3,
Delta-T Device Inc.) instalados acima das copas dos cafeeiros e conectados a uma
estação automática de coleta de dados (Delta-T Device Inc.).
As medidas de radiação sobre o solo foram realizadas com o Sunscan Canopy
Analysis System (Delta-T Device Inc.), entre fileiras das seringueiras em monocultivo, na
projeção da copa e entre fileiras dos cafeeiros no sistema agroflorestal (SAF) e em
monocultivo.
42
- 36 m
Seringueira
Cafeeiro
7%
Distância
da
seringueira
Irradiância
sobre
o solo
Irradiância
sobre o
cafeeiro
35%
45%
90%
100%
-4,0 m
21,9 m
45,8%
6,4%
35,4%
71,6%
100%
- 5,7 m
1,5 m
8,3 m
47,5%
60,9%
64,9%
Figura 1 - Desenho esquemático com a disposição das culturas na área experimental, em
Piracicaba-SP
43
(a)
(b)
(c)
Figura 2 - Cafeeiros no sub-bosque das seringueiras (a), interfaceando as seringueiras (b) e em
monocultivo (c)
44
2.2.2 Delineamento experimental
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado. O
experimento de avaliação da fertilidade do solo constou de quatro repetições e seis
tratamentos, constituídos pelas radiações sobre o solo nas diferentes posições em
relação à primeira fileira de seringueiras interfaceando a cultura do cafeeiro (Tabela 1):
1) 6,4% (projeção da copa dos cafeeiros em SAF); 2) 7% (projeção da copa das
seringueiras em monocultivo); 3) 35,4% (projeção da copa das seringueiras em SAF); 4)
47,5% (projeção da copa dos cafeeiros em SAF); 5) 60,9% (projeção da copa dos
cafeeiros em SAF); 6) 64,9% (projeção da copa dos cafeeiros em monocultivo (a pleno
sol)). O experimento de avaliação dos teores foliares de N e K do cafeeiro constou de
quatro repetições e quatro tratamentos, constituídos pelas radiações sobre os cafeeiros:
1) 35%; 2) 45%; 3) 90%; 4) 100%. Estas e as demais avaliações que constituíram este
estudo e os respectivos tratamentos estão na Tabela 2.
Tabela 1 – Tratamentos de avaliação da fertilidade do solo e estado nutricional do cafeeiro sob diferentes
radiações
Solo Cafeeiro
Distância da primeira fileira de seringueiras (m)
(1)
Tratamento Radiação Tratamento Radiação
-36,0 7 S 7%
-5,7 6,4 S 6,4% 35 C 35%
-4,0 35,4 S 35,4%
1,5 47,5 S 47,5% 45 C 45%
8,3 60,9 S 60,9% 90 C 90%
21,9 64,9 S 64,9% 100 C 100%
(1)
As distâncias negativas correspondem as posições no interior do SAF e no seringal em monocultivo e
as positivas às posições na interface com a primeira fileira de seringueiras e no cafeeiro em monocultivo
45
Tabela 2 - Avaliações que constituíram o estudo e os respectivos tratamentos (radiações)
Variáveis analisadas
Serapilheira Solo
Frações da
Radiação Quantidade Velocidade de Atributos Evolução da matéria
(Tratamentos) depositada decomposição químicos fertilidade orgânica
7,0% X X X X
6,4% X X
35,4% X X X X X
47,5% X X
45,8% X X
60,9% X X
71,6% X X
64,9% X X
100,0% X X X
Variáveis analisadas
Cafeeiro
Teores
Radiação foliares de Peso foliar Anatomia Maturação Qualidade
(Tratamentos) N e K Crescimento específico foliar dos frutos Produção de bebida
35,0% X X X X X X X
45,0% X X X X X X X
90,0% X X X X X X X
100,0% X X X X X X X
Nota: A radiação no solo em cada sistema de produção é, em termos absolutos, menor que aquela que
atinge o topo da copa das plantas cultivadas
2.2.3 Parâmetros avaliados
2.2.3.1 Deposição de serapilheira
Para estimativa da deposição de serapilheira, foi instalada, aleatoriamente, em
cada repetição, uma bandeja coletora de 0,6 x 0,55 m, localizada no centro da entre
fileiras dos cafeeiros, suspensa 35 cm do solo, com fundo de tela de náilon e laterais de
madeira com 10 cm de altura (Figura 3).
A análise estatística dos dados revelaram que os mesmos não eram normais.
Portanto, realizou-se análise não paramétrica, empregando-se os testes de Kruskal-
Wallis e Mann-Whitney a 5 % de significância.
46
Figura 3 - Bandeja coletora de serapilheira instalada no centro da entre fileiras de cafeeiros
A coleta da serapilheira foi realizada quinzenalmente, no período de maio de
2006 a abril de 2008. Após coleta, o material foi posto para secar em estufa a 65
0
C até
atingir peso constante, e em seguida pesado em balança eletrônica.
2.2.3.2 Avaliação da velocidade de decomposição da serapilheira
Para instalação do experimento, foram inicialmente confeccionados setenta e
cinco sacolas de serapilheira (“litter-bags”), com tela de náilon de 1mm
2
, de cor branca,
25 mesh, de 20 x 20 cm. Amostras de serapilheira de folhas recém caídas, com peso
em torno de oito gramas, foram colocadas dentro das sacolas. Em 11/07/2007, as
sacolas foram colocadas sobre a superfície do solo sob cinco tratamentos de radiação:
1) 7% (entre fileiras de seringueiras em monocultivo); 2) 35,4% (entre fileiras de
seringueiras em SAF); 3) 45,8% (entre fileiras de cafeeiro em SAF); 4) 71,6 % (entre
fileiras do cafeeiro em SAF); 5) 100% (entre fileiras do cafeeiro em monocultivo ( pleno
sol)). Em cada tratamento foram dispostas quinze sacolas sobre o solo (Figura 4), que
constituíram cinco repetições de três sacolas, coletadas em cinco épocas de
amostragem: 1. 09/09/2007 (aos 60 dias após instalação); 2. 08/11/2007 (aos 120 dias);
3. 28/01/2008 (aos 201 dias); 4. 28/03/2008 (aos 261 dias); 5. 07/05/2008 (aos 301
dias).
47
Figura 4 - Disposição das sacolas de serapilheira sobre a superfície do solo
As sacolas de serapilheira coletadas em cada época de amostragem foram
levadas ao laboratório e as folhas que constituíram a serapilheira foram colocadas em
sacos de papel, postas para secar em estufa a 65
0
C até atingir peso constante e em
seguida limpas com pincel e pesadas em balança eletrônica.
O modelo teórico proposto para modelar a decomposição da serapilheira pode
ser definido pelas eq. (1) e (2):
m = mi
.
e
-k(t-60)
se t 60 (1)
m = mi se t < 60 (2)
onde:
m é a massa presente após decorrido um tempo t;
mi é a massa inicial;
t é o tempo decorrido;
k é o coeficiente de decomposição da serapilheira;
e = 2,718281... base do sistema de Logarítmos Neperiano.
O coeficiente de decomposição K foi calculado utilizando-se a eq. (3):
K = ln(mi/m)/(t -60) (3)
48
O tempo de meia-vida foi determinado a partir da eq. (4) citada por Rezende et al.
(1999):
T
½
= ln(2)/K (4)
2.2.3.3 Fertilidade do solo
2.2.3.3.1 Amostragem do solo
As amostragens de solo para fins de análise química foram realizadas em
28/03/2006 e 19/04/2007 na projeção da copa de uma planta em cada uma das quatro
repetições dos tratamentos com cafeeiros e dos tratamentos com seringueiras, em três
profundidades: 1. 0-2 cm; 2. 2-7 cm; 3. 7-27 cm (Figura 5), definidas a partir da
observação in situ em uma trincheira, com base na diferenciação de coloração entre
camadas. A primeira camada, a mais escura (0-2 cm) e as adjacentes com coloração
mais clara, a medida que aumentava a profundidade do perfil. As repetições foram
constituídas por três amostras simples para com uma amostra composta em cada
profundidade.
Área de projeção
da copa
0 – 2 cm
2 – 7 cm
7 – 27 cm
Figura 5 – Profundidades de amostragem do solo sob a projeção da copa da planta
49
2.2.3.3.2 Evolução da fertilidade do solo à sombra e a pleno sol
Para avaliação da evolução dos atributos de fertilidade do solo foram
estabelecidos dois tratamentos de radiação: 1) 35,4% (sombra); 2) 100% (pleno sol),
com quatro repetições. No período de avaliação, 13/09/2006 a 13/12/2007, foram
coletadas noventa e seis amostras de solo, com a utilização de anéis metálicos
coletores de amostras de terra de 5,5 cm de diâmetro e 5 cm de altura. A coleta de
amostras ocorreu sempre na entrelinha do cafezal.
Em 13/09/2006 foram coletados doze anéis contendo amostras de solo em cada
uma das quatro repetições nos tratamentos de sombra e pleno sol. Em seguida, os
conteúdos de terra de dez anéis coletados no tratamento sombra foram permutados
com aqueles de dez anéis coletados no tratamento a pleno sol, em cada uma das
repetições. Dessa forma, as amostras de solo coletadas na sombra passaram a ser
avaliadas na posição a pleno sol e as amostras coletadas no pleno sol passaram a ser
avaliadas na posição de sombra.
Para a avaliação inicial dos atributos de fertilidade, em 13/09/2006, em cada um
dos tratamentos, utilizaram-se amostras de solo simples de dois anéis para formar uma
amostra composta, em cada repetição. Adicionalmente, foram coletadas a cada três
meses: 13/12/2006, 13/03/2007, 13/06/2007, 13/09/2007 e 13/12/2007, amostras de
solo simples de dois anéis, nas posições dos tratamentos na sombra e no pleno sol,
para constituírem uma amostra composta, em cada uma das repetições.
2.2.3.3.3 Fracionamento químico da matéria orgânica
Para quantificação das frações da matéria orgânica do solo (M.O.), foram
amostradas as profundidades de 0-2 cm e 2-7 cm, em cada um dos tratamentos (Tabela
1), com quatro repetições.
O fracionamento químico da matéria orgânica do solo foi realizado de acordo a
metodologia proposta pela Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (SWIFT,
1996), como segue:
1) Tomou-se 20g de amostra em base de peso seco em estufa e removeram-se as
raízes, peneirando as amostras em peneira com abertura de malha de 2 mm;
50
2) As amostras foram agitadas por 12h em 200 ml de uma solução de NaOH 0,1 N;
3) Centrifugaram-se as amostras por 30 min a 10.000 rpm;
4) O precipitado foi armazenado em câmara fria a 0
0
C para posterior quantificação da
fração humina; O sobrenadante das amostras foi coletado e centrifugado novamente a
10.000 rpm por 30 min;
5) Foi adicionado HCl 6M às amostras até pH 1-2 e então se permitiu a sua decantação
por um período de 12 -16h;
6) Sifonou-se e centrifugou-se a solução não precipitada (ác. fúlvico) da precipitada (ác.
húmico) durante 30 min a 10.000 rpm;
7) A fração ácido fúlvico foi armazenada em frascos de vidro a 0
0
C em câmara fria;
8) Redissolveu-se os ácidos húmicos adicionando um volume mínimo de KOH 0,1 M e
KCl para atingir uma concentração de 0,3 M e então as amostras foram agitadas por 4h
para uma melhor redissolução e centrifugadas por 30 min a 10.000 rpm;
9) Reprecipitou-se novamente os ácidos húmicos adicionando HCl 6M a pH 1-2 e
permitiu-se sua decantação por um período de 12h;
10) Sifonou-se e centrifugou-se os ácidos húmicos (precipitado), sendo descartado o
sobrenadante;
11) Suspendeu-se os ácidos húmicos em uma solução de 0,1 M HCl e 0,3 M HF em
tubos de policarbonato e agitou-se durante 12h;
12) As amostras foram centrifugadas durante 30 min a 10.000 rpm, descartando-se o
sobrenadante;
13) Repetiu-se o passo 11 novamente;
14) Para quantificação, as frações da matéria orgânica foram postas em frascos de
vidro, secas em estufa a 50
0
C até atingir peso constante e então pesadas em balança
eletrônica.
. Determinação de cinzas
Para determinação das cinzas foram pesadas 0,02 g das amostras de ácidos
fúlvicos e ácidos húmicos e 5 g das amostras contendo humina, que em seguida foram
51
queimadas em mufla a 600
0
C por 6 horas. Em seguida as amostras foram postas em
dessecador e pesadas em balança de precisão.
2.2.3.4 Teores foliares de N e K do cafeeiro
2.2.3.4.1 Amostragem foliar
As amostragens de folhas do cafeeiro com a finalidade de avaliação do estado
nutricional, em relação aos teores foliares de N e K, foram realizadas nas épocas de
primavera e verão conforme recomendado por Malavolta, Vitti e Oliveira (1997), em
13/03/2006, 13/12/2006, 03/03/2007 e 24/09/2007, com a retirada de folhas do 3
0
e 4
0
pares, a partir da ponta, dos ramos a meia-altura e produtivos. Adicionalmente, para
acompanhamento dos teores foliares de N e K, foram realizadas amostragens na época
de inverno, em 25/06/2006 e 22/06/2007. Em cada parcela útil, composta por oito
plantas selecionadas aleatoriamente, foram coletadas duas folhas de cada lado da
planta. Em cada uma das repetições dos tratamentos envolvendo cafeeiros (35%, 45%,
90% e 100% de radiação solar disponível) constituiu-se uma amostra com trinta e duas
folhas, que foi posta em saco de papel e encaminhada ao laboratório para análises.
2.2.3.5 Crescimento do cafeeiro
Foram avaliadas cinco plantas por parcela, selecionadas aleatoriamente, com
quatro repetições em cada um dos quatro tratamentos (35%, 45%, 90% e 100% de
radiação solar disponível), totalizando oitenta plantas.
Os cafeeiros foram avaliados semestralmente, sendo as avaliações realizadas em
22/03/2006, 25/09/2006, 14/03/2007 e 17/09/2007, quando foram medidos os seguintes
parâmetros:
. Diâmetro do caule
A determinação do diâmetro do caule foi realizada a 5 cm do solo utilizando-se
um paquímetro digital.
. Altura da planta
52
Para determinação da altura da planta utilizou-se de uma régua graduada,
colocada paralelamente ao caule da planta, medindo-se a altura a partir do solo até a
gema apical do ramo ortotrópico.
2.2.3.6 Peso foliar específico (PFE)
Para avaliação do peso foliar específico utilizou-se como amostra uma folha do 3
0
par, a partir da ponta, de um ramo a meia-altura do cafeeiro em cada parcela, com
quatro repetições e em cada um dos quatro tratamentos (35%, 45%, 90% e 100% de
radiação solar disponível). A área foliar de cada amostra foi determinada no aparelho
LAI 3100. Para determinação da matéria seca, as amostras foram inicialmente secas em
estufa a 65
0
C, até atingir peso constante, sendo em seguida pesadas em balança
eletrônica.
O cálculo do peso foliar específico foi realizado por meio da divisão da matéria
seca da folha em quilogramas pela sua respectiva área foliar em metros quadrados, eq.
(5):
PFE = MS
folha
/AF (Kg/m
2
) (5)
2.2.3.7 Anatomia foliar do cafeeiro
2.2.3.7.1 Análise histológica
Para análise histológica, foram coletadas folhas do terceiro par, a partir da ponta,
dos ramos a meia altura nos seguintes tratamentos: 35%, 45%, 90% e 100% de
radiação solar disponível. As amostras foram fixadas em solução de Glutaraldeido e
Formaldeido (KARNOVSKY, 1965), seguidas de desidratação crescente em série etílica
(10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100%), e inclusas em resina de hidroxietilmetacrilato
(LEICA-HISTORESIN) de acordo com as recomendações do fabricante. Os blocos com
as amostras foram cortados em seções transversais em micrótomo rotativo com
aproximadamente 5 µm de espessura.
Os cortes foram corados com azul de toluidina (0,05%) em tampão, fosfatos e
ácidos cítricos (SAKAI, 1973) e finalmente montados em lâminas histológicas com
53
resina sintética (Entellan
®
). As lâminas histológicas foram analisadas e
fotomicrografadas em microscópio de luz (ZEISS-JENEMED2), as imagens foram
capturadas na mesma escala com câmera SAMSUNG (SDC-313), e avaliadas para
obtenção da área ocupada pelo tecido na folha.
. Áreas dos tecidos: Por meio de adaptações da técnica usual, as áreas dos diferentes
tecidos das plantas analisadas foram obtidas pelo programa Quant
®
(VALE;
FERNANDES FILHO; LIBERATO, 2003). Sendo o delineamento experimental
inteiramente casualizado, composto de cinco repetições (cinco imagens/ 1 folha) por
tratamento.
2.2.3.7.2 Número de estômatos
Para a determinação do número de estômatos foliares, foram coletadas folhas do
terceiro par, a partir da ponta, dos ramos a meia altura nos seguintes tratamentos: 35%,
45%, 90% e 100% de radiação solar disponível. Em cada tratamento foram coletadas
folhas de cinco plantas, que constituíram as repetições.
Para confecção das lâminas foi utilizado o terço mediano das folhas de cada
tratamento, sendo essas impressas sobre películas de Adesivo Instantâneo Universal
(éster de cianocrilato) e pressionadas por aproximadamente dez segundos, tempo
necessário para que o adesivo se espalhasse (SEGATTO; BISOGNIN; BENEDETTI,
2004).
Com a impressão da epiderme abaxial deixada sobre a lâmina, foi possível
visualizar os estômatos, sendo possível realizar a contagem.
. Densidade estomática: as lâminas foram analisadas em microscópio de luz equipado
com ocular quadrada com área foliar de 0,78 mm
2
.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, composto de cinco
repetições (1 folha/planta) por tratamento. Foram analisados cinco campos de
contagens por folha, totalizando 25 contagens por tratamento.
54
2.2.3.8 Maturação dos frutos do cafeeiro
Foram realizadas avaliações da maturação dos frutos do cafeeiro, nas safras de
2006 e 2007, nas datas específicas de colheita de cada tratamento: 35%, 28/06/2006 e
26/06/2007; 45%, 17/07/06 e 12/07/2007; 90%, 07/08/06 e 02/08/2007 e 100%, 08/08/06
e 02/08/2007. Utilizou-se uma amostra de trezentos gramas de café da roça, realizando-
se em seguida a quantificação através de contagem e classificando-se de acordo o
seguinte:
. verdes – frutos que não tinham alcançado sua maturidade fisiológica com casca
(exocarpo) de coloração verde e esverdeada.
. maduros – frutos com exocarpo avermelhado, vermelho e vermelho-escuro;
. secos – frutos que já tinham passado de sua maturidade fisiológica,
apresentando exocarpo de cor marrom e com aspecto desidratado.
2.2.3.8.1 Avaliação simultânea da maturação
Para avaliação simultânea da maturação dos frutos do cafeeiro nos diferentes
tratamentos nas safras 2006 e 2007, foram realizadas amostragens em 13/07/2006 e
14/06/2007, coletando-se de cada tratamento uma amostra de trezentos gramas de café
da roça, o qual foi obtido da colheita de uma planta por parcela.
Após coleta da amostra, realizou-se a quantificação por contagem e a
classificação como anteriormente descrita.
2.2.3.9 Produção do cafeeiro
Para avaliação da produção nas safras de 2006 e 2007, foi utilizada uma amostra
de duas plantas por parcela. As produtividades de cafés coco e beneficiado foram
determinadas através das massas em quilogramas produzidas por parcela. Os dados
foram posteriormente transformados em quilogramas por planta.
. Peso do café em coco
55
Os frutos foram colhidos por meio de derriça no pano e colocados para secar no
terreiro até atingir umidade próxima a 11%, obtendo-se o café coco, que foi pesado em
balança eletrônica.
. Peso do café beneficiado
O café em coco foi beneficiado para a retirada da polpa e do pergaminho. Para
uniformizar a umidade das sementes, efetuou-se a determinação do peso e da umidade
das amostras beneficiadas, que aplicados na eq. (6) abaixo, forneceram o peso corrigido
para a umidade equivalente a 11%.
P 11% = PB (100 – UB) / (100 – 11) (6)
onde:
P11% = Peso do café beneficiado, corrigido a umidade de 11%;
PB = Peso do café beneficiado;
UB = Umidade do café beneficiado.
. Rendimento
Foi determinado pela razão entre o peso do café beneficiado e o café coco.
. Índice de bienalidade
Para a determinação do índice de bienalidade (IB) da produção, utilizou-se a eq.
(7), proposta por Lunz (2006) e modificada por Jaramillo Botero (2007):
IB = ((Prod2 – Prod1)/Prod1)
2
+ ((Prod3-Prod2)/Prod2)
2
((Prodn-Prodn-1)/Prodn-1)
2
/n (7)
onde:
Prod n = Produção do ano atual
Prod n-1 = Produção do ano anterior
n = Intervalo entre anos
56
2.2.3.10 Qualidade da bebida do café
Para análise sensorial da bebida do café das safras de 2006 e 2007 foram
encaminhadas para laboratórios de classificação amostras contendo 300 g de grãos
beneficiados de café.
2.3 Resultados e discussão
2.3.1 Deposição de serapilheira
Observa-se na Figura 6, que as maiores deposições de serapilheira no período
de avaliação de maio de 2006 à abril de 2008, ocorreram nos meses de junho e julho,
época em que a seringueira, espécie de hábito decíduo, apresenta maior queda de
folhas. Por outro lado, as menores deposições ocorreram de outubro a janeiro, no
período chuvoso da região. Nos meses de abril e maio de 2007 ocorreu uma pequena
oscilação que desvia dessa tendência que, porém, não a modifica acentudadamente. O
tratamento SAF de seringueira e cafeeiros mais sombreados (35,4% de radiação sobre
o solo) atingiu as produções mais elevadas de serapilheira, com o maior pico no mês de
junho. Por sua vez, no tratamento com cafeeiro em monocultivo (100% de radiação
sobre o solo), as produções de serapilheira foram sempre mais baixas do que as dos
demais tratamentos, apresentando valores nulos em alguns meses. O tratamento
seringueira em monocultivo (7% de radiação sobre o solo) atingiu na maior parte do
período de avaliação, valores de produção de serapilheira inferiores ao SAF com
cafeeiros mais sombreados e SAF com cafeeiros sob sombreamento intermediário
(45,8% de radiação sobre o solo), e superiores aos dos tratamentos SAF com cafeeiros
menos sombreados (71,6% de radiação sobre o solo) e ao tratamento de cafeeiros em
monocultivo. Portanto, as maiores deposições de serapilheira ocorreram nos SAFs de
seringueira e cafeeiros mais sombreados e sob sombreamento intermediário.
57
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
MJ JA SONDJ FMAMJJASONDJFMA
s
Serapilheira (Kg MS ha
-1
)
7,0%
35,4%
45,8%
71,6%
100,0%
Figura 6 - Produção mensal de serapilheira em SAFs de seringueira e cafeeiro e em monocultivos de
cafeeiro e seringueira no período de maio de 2006 a abril de 2008
Na Tabela 3, verifica-se que no primeiro ano de avaliação, o tratamento 35,4%
teve a maior média de deposição, a qual não diferiu significativamente do tratamento
45,8%. As médias dos tratamentos 7% e 45,8%, próximas ao tratamento 35,4%, não
diferiram entre si, mas diferiram dos tratamentos com as menores médias, 71,6% e
100%.
Tabela 3 – Produção de serapilheira nos diferentes sistemas nos períodos de 2006/2007 e 2007/2008
Ano Tratamento Matéria seca de serapilheira g 0,33m
2
-1
2006/2007 7% 4,17 B
35,4% 8,53 A
45,8% 6,51 AB
71,6% 0,88 C
100% 0,11 D
2007/2008 7% 6,62 B
35,4% 9,82 A
45,8% 8,65 AB
71,6% 0,71 C
100% 0,15 D
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula, em cada ano, não difere pelo teste de Mann-
Whitney ao nível de 5%.
Campanha et al. (2007) observaram que houve tendência de maior queda de
material vegetal no período frio e seco (abril a setembro), em SAFs de cafeeiros e
árvores de diferentes espécies, entre nativas e frutíferas e em cafeeiros em monocultivo.
58
Segundo esses autores, um dos picos de produção observado exclusivamente no SAF,
corresponde a um comportamento típico da floresta subperenifólia, que sofre grande
queda de folhas durante a estação seca. Severino e Oliveira (1999) verificaram pico de
produção de serapilheira no início de agosto, decrescendo a partir do mês de setembro,
em SAFs de cafeeiros e ingazeiros e de cafeeiros, ingazeiros e bananeiras. Arato,
Martins e Ferrari (2003) relataram que, em SAF composto por espécies arbóreas nativas
e frutíferas consorciadas com cafeeiros e bananeiras, os maiores valores de produção
ocorreram no final da estação seca, atingindo o máximo em setembro. Esses mesmos
autores, concluíram que o padrão sazonal de deposição de serapilheira no SAF, com
produção máxima no final da estação seca, é típico de florestas semideciduais, nas
quais o pico de deposição de folhas nessa época do ano ocorre como resposta da
vegetação à estacionalidade climática.
Na comparação de médias de deposição de serapilheira, entre meses, no
primeiro ano de avaliação (Tabela 4), observa-se que os mês de junho diferiu
significativamente dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.
Tabela 4 – Deposição mensal de serapilheira no período de maio de 2006 a abril de 2007
Mês Matéria seca de serapilheira g 0,33m
2
-1
Mai 4,28 A
Jun 9,59 AB
Jul 8,88 ABC
Ago 3,79 ABCD
Set 3,63 ABCDE
Out 1,30 ABDEF
Nov 1,02 BDEFG
Dez 0,73 FGH
Jan 1,16 DEFGHI
Fev 2,19 ADEFGHIJ
Mar 3,76 ABCDEFGHIJL
Abr 7,85 ABCDEFGL
Médias seguidas pelas mesma letra maiúscula, não difere pelo teste de Mann-Whitney ao nível de 5%
No período de avaliação de maio de 2007 à abril de 2008, (Figura 6), verifica-se
que o maior pico de produção de serapilheira ocorreu no mês de junho, como observado
no período anterior, sendo atingido desta vez pelo tratamento seringueira em
59
monocultivo. Nesse mesmo mês, os tratamentos SAF de seringueira e cafeeiros mais
sombreados e SAF de seringueiras e cafeeiros sob sombreamento intermediário,
alcançaram os valores de produção mais próximos ao do tratamento de seringueira em
monocultivo, enquanto que os tratamentos SAF de seringueiras com cafeeiros menos
sombreados e de cafeeiros em monocultivo alcançaram os valores mais baixos. Outro
pico de produção ocorreu em fevereiro, no tratamento SAF de seringueira e cafeeiros
sob sombreamento intermediário. No geral, as menores produções de serapilheira
ocorreram no período de novembro a janeiro.
No segundo ano de avaliação (2007/2008), verifica-se que os tratamentos 35,4%
e 45,8% (Tabela 3), que alcançaram as maiores médias, não diferiram entre si. O
tratamento 45,8% não diferiu do tratamento 7%, que teve média de deposição
intermediária, entretanto, diferiu juntamente com 35,4% e 7% dos tratamentos 71,6% e
100%, os quais tiveram as menores médias. Na comparação de médias entre meses
(Tabela 5), observa-se que o mês de junho com a maior média de deposição, não diferiu
da maioria dos meses.
Tabela 5 – Deposição mensal de serapilheira no período de maio de 2007 a abril de 2008
Mês Matéria seca de serapilheira g 0,33 m
2
-1
Mai 4,38 A
Jun 15,30 AB
Jul 7,45 ABC
Ago 5,36 ABCD
Set 5,43 ABCDE
Out 5,13 ABCDEF
Nov 1,98 ABCDEFG
Dez 0,89 ACDEGH
Jan 1,66 ABCDEFGHI
Fev 5,07 ABCDEFGHIJ
Mar 3,29 ACDEFGHIJL
Abr 3,44 ABCDEFGIJL
Médias seguidas da mesma letra maiúscula, não difere pelo teste de Mann-Whitney ao nível de 5%
Na Figura 7, observa-se que as maiores produções totais ocorreram nos
tratamentos SAF de seringueiras e cafeeiros mais sombreados e SAF de seringueira e
cafeeiros sob sombreamento intermediário, com valores de 3.100,46 e 2.366,52 Kg MS
60
ha
-1
(2006/2007) e 3.679,40 e 3.739,16 Kg MS ha
-1
(2007/2008), respectivamente.
Produções intermediárias foram atingidas pelo tratamento seringueira em monocultivo
1.515,43 (2006/2007) e 2.353,03 Kg MS ha
-1
(2007/2008). Entre os tratamentos de SAF,
aquele com cafeeiros menos sombreados foi o que teve as menores produções, 318,33
Kg MS ha
-1
(2006/2007) e 240,61 Kg MS ha
-1
(2007/2008). Por outro lado, o tratamento
com cafeeiros em monocultivo foi, no geral, o que alcançou os menores valores, 40,08
Kg MS ha
-1
(2006/2007) e 50,61 Kg MS ha
-1
(2007/2008). A baixa produção de
serapilheira neste último tratamento pode ter sido influenciada pela localização dos
coletores, no centro das entre fileiras dos cafeeiros, portanto, afastadas da área de
projeção da copa, local onde há maior deposição de serapilheira pelo cafeeiro. O qual,
apesar de não ser uma espécie caducifólia, pode sofrer perda acentuada de folhas em
ambientes ou condições não favoráveis a planta como relatado por Matiello et al. (2005).
Campanha et al. (2007) também obtiveram produção total de serapilheira menor nos
cafeeiros em monocultivo do que no SAF.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
7,0 35,4 45,8 71,6 100,0
Radião (%)
Serapilheira (Kg ha-1)
2006/2007
2007/2008
Figura 7 - Produção total de serapilheira em SAFs de seringueira e cafeeiro e em monocultivos de
cafeeiro e seringueira nos períodos de maio/06 a abril/07 e maio/07 a abril/08
À exceção do tratamento de SAF de seringueiras e cafeeiros menos sombreados,
os tratamentos tiveram produção de serapilheira menor no primeiro período de avaliação
(2006/2007) do que no segundo período (2007/2008). No entanto, não foi verificada
diferença estatística entre estes períodos (Tabela 6). As produções observadas nos
61
tratamentos de seringueira em monocultivo e nos SAFs com cafeeiros mais sombreados
e com cafeeiros sob sombreamento intermediário foram afetadas no primeiro período de
avaliação, devido à ocorrência de um mini-ciclone em Piracicaba-SP, em 29 de março
de 2006, o qual ocasionou danos às copas das árvores de seringueira. Righi et al.
(2001) avaliaram o IAF e a fenologia de três cultivares de seringueira, em Piracicaba, e
relataram queda abrupta das folhas iniciada a partir do final do mês de maio e
refolhamento a partir do mês de julho. Portanto, o mini-ciclone ocorreu em época muito
próxima ao período de maior deposição de folhas pela seringueira.
Tabela 6 - Produção de serapilheira nos períodos de 2006/2007 e 2007/2008
Ano Matéria seca de serapilheira g 0,33m
2
-1
2006/2007 4,01 A
2007/2008 4,90 A
Médias seguidas da mesma letra não difere pelo teste de Mann-Whitney ao nível de 5%
Considerando-se a média das produções de serapilheira em cada tratamento e os
teores de macronutrientes nas folhas de seringueira que constituíram a serapilheira,
temos na Tabela 7, as quantidades de macronutrientes depositadas no solo em cada
tratamento.
Tabela 7 - Deposição de macronutrientes no solo pela serapilheira (folhas) da seringueira
Tratamento N P K Ca Mg S
------------------------------------ Kg ha
-1
ano
-1
----------------------------------------
7% 28,99 2,39 15,47 52,26 8,94 5,16
35,4% 50,82 4,20 27,12 91,60 15,66 9,05
45,8% 45,76 3,79 24,42 82,49 14,10 8,15
71,6% 4,19 0,35 2,24 7,55 1,29 0,75
100% .. .. .. .. .. ..
Nota: Sinal convencional utilizado .. Não se aplica dado numérico
62
2.3.2 Avaliação da velocidade de decomposição da serapilheira
Observa-se na Figura 8, que 60 dias após as amostras de serapilheira terem sido
colocadas no campo para decompor em sacolas de serapilheira (“litter bags”), todos
níveis de radiação (tratamentos) apresentaram valores de massa remanescente muito
próximos e não verificou-se decomposição do material. Ressalta-se que a média de
massa de matéria seca de amostras coletadas anteriormente à instalação do
experimento foi de 5,5 g, podendo a pouca umidade característica desse período,
ocorrido no inverno, ter contribuído para a estabilidade do material.
3,5
4
4,5
5
5,5
6
60 120 201 261 301
Tempo (dias)
Massa seca da serapilheira (g)
7,00%
35,40%
45,80%
71,60%
100,00%
Figura 8 - Massa seca de serapilheira sob diferentes radiações no período de 301 dias
Decorridos 120 dias, verifica-se (Figura 8) redução da massa de serapilheira nos
níveis de radiação 7%, 45,8% e 100%. Por sua vez, aos 201 dias após a instalação,
alguns meses após o início do período úmido para a região (outubro a março), nota-se
que houve decomposição em todos os níveis de radiação. Passados 261 dias, verificam-
se sob as radiações de 35,4%, 45,8% e 71,6% os valores mais baixos de massa
remanescente. Finalmente, após 301 dias das amostras de serapilheira no campo
(Figura 8 e 9) observa-se que os níveis de radiação 35,4% e 45,8%, nos SAFs mais
sombreados, foram os que apresentaram menores massas remanescentes, que foram
os tratamentos que apresentaram os maiores coeficientes de decomposição (K),
63
0,001462 e 0,001156, respectivamente (Tabela 8). As condições microclimáticas nos
SAFs sob menores radiações devem ter favorecido a ação dos organismos
decompositores. Segundo Luizão et al. (2000) apud Campanha et al. (2007), o processo
de decomposição no SAF pode ser acelerado uma vez que o ambiente mais ameno
(redução da amplitude térmica e aumento da umidade dentro da lavoura) favorece a
atividade microbiana. Souto (2006), em estudo realizado em área de caatinga, observou
que baixos valores de pluviosidade e a temperatura do solo elevada, com reflexos na
água do solo, tornaram o processo de decomposição mais lento. Segundo esta autora,
isso indica que as condições climáticas adversas limitaram a atividade dos organismos
decompositores.
Figura 9 – Estado de decomposição de amostras de serapilheira de uma repetição, sob diferentes níveis
de radiação, após 301 dias de instalação do experimento
Tabela 8 - Coeficiente de decomposição da serapilheira (K) nos diferentes níveis de radiação solar
Radiação Coeficiente de decomposição (K)
7,0% 0,00055
35,4% 0,001462
45,8% 0,001156
71,6% 0,000683
100,0% 0,000981
Os maiores valores dos coeficientes de decomposição de serapilheira observados
nos SAFs com cafeeiros sob maior sombreamento e sob sombreamento intermediário,
64
onde as radiações sobre o solo foram de 35,4% e 45,8%, respectivamente, promovem
em conjunto com as maiores deposições de serapilheira por eles apresentadas,
ciclagens de nutrientes mais rápidas e em maior quantidade nestes sistemas, o que
significa maior liberação de nutrientes e em um menor tempo para as culturas.
Machado (2006) avaliando a decomposição de serapilheira (folhas) de seringueira
verificou após 20 meses, 74% de massa remacescente de serapilheira do clone IAN
873. Por outro lado, restavam 19% de massa remanescente do clone RRIM 600. Para
este autor, a maior fertilidade do solo sob este último clone e, possivelmente, a maior
atividade biológica do solo, devem ser motivos para que o clone de seringueira RRIM
600 tenha uma decomposição maior e, com isso, libere maior quantidade de nutrientes
para o solo.
O tratamento 35,4% foi o que apresentou menor tempo de meia-vida, sendo de
474 dias, seguido do tratamento 45,8% com 599 dias, enquanto que os tratamentos 7%,
71,6% e 100% apresentaram tempos de meia-vida elevados, de 1260, 1014 e 706 dias,
respectivamente. Os tempos de meia-vida elevados devem-se às taxas de
decomposição muito baixas, verificadas nos tratamentos. O tratamento 7%, sob
seringueiras em monocultivo, teve o tempo de meia-vida mais elevado devido à pouca
radiação e consequentemente à temperatura mais baixa nesse ambiente, tendo esta
condição sido desfavorável à ação da biota do solo na decomposição da serapilheira.
Entretanto, este ambiente favorece à matéria orgânica do solo permanecer por maior
tempo. Os tratamentos 71,6% e 100% tiveram decomposição intermediária, as
radiações mais elevadas nesses ambientes não possibilitaram que a decomposição
ocorresse mais rapidamente, possivelmente devido a uma menor umidade nessas
condições. Por outro lado, os tratamentos 35,4% e 45,8% alcançaram as maiores taxas
de decomposição, devido às melhores condições de umidade e temperatura.
Verifica-se na Figura 10, que a curva experimental da massa
remanescente de serapilheira no tratamento 7% apresenta uma aderência ao modelo
teórico exponencial mantida até os 200 dias. O mesmo não observa-se em relação à
curva ajustada por regressão não linear (Figura 11), a qual não apresenta aderência à
curva experimental.
65
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 200 400 600
Tempo (dias )
Massa Seca (g)
M.T.7%
M.E.7%
Figura 10 - Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob radiação de 7%
pelos modelos experimental e teórico exponencial
M = 5.64e-0.0006T
R2 = 0.5557
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 60 120 180 240 300 360
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.E.7%
RE.7%
Figura 11 - Comparação da distribuição da massa remanescente da serapilheira sob a radiação de 7%
pelos modelos experimental e de regressão exponencial
Na Figura 12, observa-se que as curvas experimental e teórico exponencial para
a massa remanescente sob 35,4% de radiação apresentam um maior distanciamento
até em torno dos 200 dias. Observa-se também que a curva experimental apresenta
aderência ao modelo teórico exponencial apenas no período entre 261 e 301 dias. Por
outro lado, o modelo de regressão não adere à curva experimental, embora esteja mais
próximo no período de 180 a 301 dias (Figura 13).
66
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 200 400 600
Tempo (dias)
Massa seca (g)
M.T. 35.4%
M.E.35.4%
Figura 12 - Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob a radiação de 35,4%
pelos modelos experimental e teórico exponencial
M = 5.69e-0.001T
R2 = 0.8132
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 60 120 180 240 300 360
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.E.35.4%
RE.35.4%
Figura 13 - Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob a radiação de 35,4%
pelos modelos experimental e de regressão exponencial
As curvas do modelos experimental e teórico exponencial para a massa de
serapilheira sob 45,8% de radiação apresentam uma maior aproximação até em torno
200 dias (Figura 14). Observa-se na Figura 15, que a curva experimental apresenta um
comportamento em relação à curva de regressão semelhante ao verificado em relação
ao modelo teórico exponencial, embora com um maior distanciamento .
67
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 200 400 600
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.T.45.8%
M.E.45.8%
Figura 14 - Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob a radiação de 45,8%
pelos modelos experimental e teórico exponencial
M = 5.55e-0.0009T
R2 = 0.7543
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 60 120 180 240 300 360
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.E.45.8%
RE.45.8%
Figura 15 - Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob radiação de 45,8%
pelos modelos experimental e de regressão exponencial
Observa-se na Figura 16, que a curva experimental da massa remanescente de
serapilheira sob 71,6% não apresenta aderência em relação ao modelo teórico, o que
também verifica-se em relação à curva de regressão (Figura 17).
68
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 200 400 600
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.T.71.6%
M.E.71.6%
Figura 16 - Comparação da distribuição da massa remanescente de serapilheira sob radiação de 71,6%
pelos modelos experimental e teórico exponencial
M = 5.6e-0.0007T
R2 = 0.6294
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 60 120 180 240 300 360
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.E.71.6%
RE.71.6%
Figura 17 - Comparação da disitribuição da massa de serapilheira sob radiação de 71,6% pelos modelos
experimental e de regressão exponencial
A massa remanescente de serapilheira sob radiação de 100% apresentou
modelo experimental (Figura 18) com melhor ajuste ao modelo teórico exponencial até
os 120 dias, apresentando entre os 120 e 261 dias um maior distanciamento. Verifica-se
também que a curva de regressão não linear apresentou o maior coeficiente de
correlação (R2) em relação a curva experimental (Figura 19).
69
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 200 400 600
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.T.100%
M.E.100%
Figura 18 - Comparação da distribuição da massa de serapilheira sob radiação de 100% pelos modelos
experimental e teórico exponencial
M = 5.7e-0.0009T
R2 = 0.8995
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
0 60 120 180 240 300 360
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.E.100%
RE.100%
Figura 19 - Comparação da distribuição da massa de serapilheira sob radiação de 100% pelo modelo
experimental e de regressão exponencial
Nas figuras 20 e 21, verifica-se, de acordo o modelo teórico proposto para a
decomposição, a massa remanescente de serapilheira ao longo dos períodos de 5 anos
(1825 dias) e 10 anos (3650 dias), respectivamente. Nas duas situações, os
tratamentos 35,4% e 45,8%, sob SAF, são os que mantém maiores perdas de massa,
sendo que aos 10 anos, observa-se que as massas desses dois tratamentos já foram
quase totalmente decompostas.
70
0
1
2
3
4
5
6
0 360 720 1080 1440 1800 2160
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.T.7%
M.T.35.4%
M.T.45.8%
M.T.71.6%
M.T.100%
Figura 20 - Massa seca de serapilheira da seringueira sob diferentes radiações no período de 5 anos
0
1
2
3
4
5
6
0 1000 2000 3000 4000
Tempo (dias)
Massa Seca (g)
M.T.7%
M.T.35.4%
M.T.45.8%
M.T.71.6%
M.T.100%
Figura 21 – Massa seca de serapilheira da seringueira sob diferentes radiações no período de 10 anos
2.3.3 Fertilidade do solo
Os resultados das análises dos atributos químicos do solo estão apresentados
nas Figuras 22 (A a J) e 23 (A a J), nas quais a profundidade está expressa como valor
da profundidade intermediária da camada.
Os teores mais elevados para pH (Figura 22A) e saturação por bases (Figura
22B) ocorreram nos tratamentos 7,0% e 35,4% de radiação, sob seringueira em
71
monocultivo e SAF de seringueiras e cafeeiros mais sombreados, respectivamente,
sendo seguidos pelos tratamentos 6,4% e 47,5% de radiação, na projeção da copa de
cafeeiros em SAF, sob maior sombreamento e sob sombeamento intermediário,
respectivamente. A maior deposição de serapilheira observada nesses tratamentos
contribuiu para elevação dos teores de bases trocáveis, principalmente Ca, elemento
que teve o teor mais elevado nas folhas de seringueira depositadas sobre o solo (Tabela
9).
72
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
4,00 4,50 5,00 5,50 6,00
pH (CaCl2)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
30 40 50 60 70 80 90
V (%)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
18 28 38 48
M.O. (g/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
C
0
2
4
6
8
15 30 45 60 75 90 105 120 135 150
P (mg/dm3)
Profundidade (cm)
10
12
14
16
18
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
36912
K (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
E
0
2
4
6
8
14
16
18
15 30 45 60 75
Ca (mmol/dm3)
Profundidade (cm)
10
12
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
F
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
4 8 12 16 20 24
Mg (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
G
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20 40 60 80 100
SB (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
H
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20 30 40 50 60 70 80
H+Al (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
I
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
75 85 95 105 115 125
CTC (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
J
Figura 22 - Resultados da análise química do solo efetuada em 2006
73
Tabela 9 - Teores médios de macronutrientes nas folhas de seringueira que constituíram a serapilheira
N P K Ca Mg S
----------------------------------------------------- g Kg
-1
------------------------------------------------------------
14,99 1,24 8 27,02 4,62 2,67
De acordo com Wong, Hairiah e Alegre (2004), em experimentos feitos com a
adição de resíduos de planta em solos ácidos, aumentou o pH e decresceu a saturação
por Al, com melhoria nas condições para o crescimento das plantas. A concentração de
cátions básicos, tais como Ca, Mg e K, está estreitamente relacionada à capacidade dos
resíduos de neutralizar a acidez do solo em razão de vários mecanismos. O rápido
aumento que se verifica no pH em curto prazo ocorre devido à complexação de prótons
por ânions orgânicos. Segundo Young (1989) as árvores tendem a moderar os efeitos
de lixiviação através a adição de bases à superfície do solo. Contudo, não se pode
garantir, se a serapilheira das árvores pode ser um meio significativo de elevação do pH
em solos ácidos, devido à ordem de magnitude envolvida, exceto através da liberação
de bases que tenham sido acumuladas durante muitos anos de crescimento das
árvores, como no desmatamento.
A maior cobertura e proteção do solo, proporcionadas pelas seringueiras e
serapilheira depositada, geralmente promove uma menor lixiviação de bases trocáveis,
assim como relatado por Pavan et al. (1986) em cafeeiro adensado.
O pH na profundidade de 0-2 cm, não diferiu entre os tratamentos 7,0% e 35,4%
(Tabela 10), no entanto, estes diferiram em relação aos demais tratamentos. Na camada
de 2-7 cm houve similaridade em relação à camada anterior, sendo que o tratamento
7% não apresentou diferença significativa em relação ao 6,4%. Na maior profundidade
(7-27 cm), o tratamento 35,4% diferiu daqueles sobre as maiores radiações (60,9% e
64,9%), por sua vez, o tratamento 7,0% diferiu apenas do 64,9%. Entre profundidades,
verificaram-se diferenças nos valores de pH em 7,0%, 47,5% e 60,9%.
74
Tabela 10 - Resultados da análise química do solo efetuada em 2006
pH
Profundidade Tratamento (CaCl
2
) V M.O. P K Ca Mg SB H+Al CTC
cm
% g dm
-3
mg dm
-3
------------------------------- mmolc mol
-3
-----------------------------------
6,4% 5,13Ba 67,75Aa 34,00ABa
69,25 6,88
48,00ABa 13,00ABa 67,88ABa 35,00BCa
102,88
7,0% 5,63Aa 77,25Aa 41,25Aa
31,50 5,05
61,75Aa 18,25Aa 85,05Aa 25,00Cb
110,05
35,4% 5,63Aa 76,75Aa 39,50ABa
66,00 5,68
66,25Aa 17,25Aa 89,18Aa 26,75Ca
115,93
47,5% 4,68BCb 47,50Bb 31,75ABa
70,25 6,78
29,25BCa 9,25Bab 45,28BCa 50,00ABa
95,28
60,9% 4,40Cab 40,50Ba 30,00Ba
132,75 8,65
23,75Ca 6,75Ba 39,15Ca 56,50Aa
95,65
0-2
64,9% 4,40Ca 43,75Ba 29,75Ba
82,25 9,38
25,50Ca 10,25Ba 45,13BCa 57,25Aa
102,38
CV (%) 4,37 11,75 13,32 19,71 23,00 17,60 16,21
6,4% 4,93BCa 57,00ABCb 26,00Ab
37,50 7,13
31,50Ab 9,25BCa 47,88ABb 36,25BCa
84,13
7,0% 5,23ABb 63,75ABb 25,00Ab
22,00 3,98
37,50Ab 12,25ABb 53,73ABb 30,25Ca
83,98
35,4% 5,38Aa 71,75Aab 25,50Ab
36,00 5,65
52,75Ab 15,00Aab 73,40Aab 28,75Ca
102,15
47,5% 4,73Cb 46,25BCDb 26,25Ab
42,25 6,33
25,75Aa 8,00BCDb 40,08ABa 46,00Ba
86,08
60,9% 4,23Db 34,25Da 23,50Aab
57,25 7,30
19,25Aa 4,75Da 31,30Ba 60,00Aa
91,30
2-7
64,9% 4,18Da 39,50CDa 28,75Aa
70,75 7,90
35,25Aa 6,25CDa 49,40ABa 63,00Aa
112,40
CV (%) 4,09 18,46 9,19 49,32 21,47 37,51 12,76
6,4% 5,03ABa 58,75Ab 19,25Ac
23,25 6,15
30,25ABb 9,50ABa 45,90ABb 32,50Ba
78,40
7,0% 5,03ABb 60,00Ab 19,75Ab
21,50 3,23
33,00ABb 10,75ABb 46,98ABb 31,00Ba
77,98
35,4% 5,30Aa 66,75Ab 20,00Ab
20,75 4,40
42,00Ab 13,25Ab 59,65Ab 29,50Ba
89,15
47,5% 5,20ABa 62,00Aa 21,25Ac
23,00 5,35
32,25ABa 11,00ABa 48,60ABa 29,50Bb
78,10
60,9% 4,73BCa 50,50ABa 19,75Ab
23,75 5,55
26,75ABa 7,00BCa 39,30Ba 38,50Bb
77,80
7-27
64,9% 4,35Ca 37,50Ba 21,00Ab
27,25 7,10
18,25Ba 4,75Ca 30,10Ba 50,00Aa
80,10
CV (%) 4,51 13,12 6,51 23,10 20,00 18,31 14,06
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas, entre tratamentos, para cada profundidade, e minúsculas, entre profundidades, dentro do
tratamento, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, considerando um nível de significância de 5%.
75
Comparando os resultados de pH obtidos nas análises de 2006, com os limites de
interpretação propostos por Raij et al. (1997) (Tabela 11), obteve-se acidez baixa na
camada de 0-2 cm nos solos sob 7,0% e 35,4% de radiação, acidez média em 6,4%,
enquanto que os tratamentos 47,5%, 60,9% e 64,9% apresentaram acidez alta. No
geral, na camada de 2-7 cm, houve diminuição do pH, os tratamentos 7,0% e 35,4%
apresentaram acidez média, a acidez manteve-se alta nos tratamentos 6,4% e 47,5% e
foi muito alta em 60,9% e 64,9%. No tratamento 35,4%, a acidez na camada de 7-27 cm
foi idêntica à profundidade anterior (2-7 cm), enquanto em 47,5% passou a acidez
média. Os tratamentos 6,4%, 7,0% e 60,9% apresentaram acidez alta e o 64,9%
manteve a acidez muito alta.
Os valores de saturação por bases (V) nos tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4% não
diferiram entre si, nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm, mas diferiram dos tratamentos
sobre as maiores radiações (47,5%, 60,9% e 64,9%) entre 0-2 cm. Por outro lado, na
maior profundidade, o tratamento sob a maior radiação diferiu dos demais, à exceção do
60,9%. Os tratamentos 47,5%, 60,9% e 64,9%, na profundidade de 2-7 cm,
apresentaram baixa saturação por bases, enquanto que o tratamento 6,4% nas três
profundidades, 7% em 2-7 e 7-27 cm e o 35,4% em 7-27 cm tiveram média saturação
por bases (Tabela 11). Saturação por bases elevada ocorreu somente nos tratamentos
7,0% e 35,4% (0-2 cm) e 35,4% (2-7 cm).
Tabela 11 - Limites de interpretação de acidez e saturação por bases, estabelecidos por Raij et al. (1997)
para o Estado de São Paulo
Acidez pH CaCl
2
Saturação por bases V (%)
Muito alta Até 4,3 Muito baixa 0-25
Alta 4,4-5,0 Baixa 26-50
Média 5,1-5,5 Média 51-70
Baixa 5,6-6,0 Alta 71-90
Muito baixa > 6,0 Muito alta > 90
Os teores de matéria orgânica (MO) foram elevados na profundidade de 0-2 cm
em todos os tratamentos (Figura 22C). Nessa profundidade, o tratamento 7,0%
apresentou o maior teor, sendo seguido por 6,4%, 35,4% e 47,5%, os quais não
diferiram entre si (Tabela 10). Verificou-se diferença apenas entre o tratamento 7,0% e
76
aqueles sob as duas maiores radiações (60,9% e 64,9%), que se deve ao aporte de
serapilheira e proteção do solo pelas árvores de seringueira, o que, consequentemente,
diminuiu a incidência dos raios solares e a menor taxa de decomposição da serapilheira
observada em 7%. Estes fatores podem ter contribuído para a redução da temperatura e
da lixiviação, preservando a MO na camada superficial. Por outro lado, nas camadas
subjacentes 2-7 e 7-27 cm, o teor de MO do solo no tratamento sob maior radiação,
apresentou valor mais elevado do que os demais tratamentos. Esse fato pode estar
associado à formação e morte de raízes na camada superficial do solo de cafeeiro em
monocultivo, devido à menor proteção proporcionada pelas plantas, sem a cobertura
das árvores. À exceção do tratamento sob a maior radiação, os demais tratamentos
apresentaram diferença para o teor de MO entre 0-2 cm e as demais profundidades.
Entre as profundidades de 2-7 e 7-27 cm as diferenças ocorreram nos tratamentos
6,4%, 47,5% e 64,9%.
A pequena diferença ocorrida entre sistemas quanto aos teores de MO, deve-se
ao baixo acúmulo de matéria orgânica relacionados aos maiores coeficientes de
decomposição de serapilheira apresentados pelos SAFs com cafeeiros sob a menor
radiação e com cafeeiros sob radiação intermediária (Tabela 8), apesar do maior aporte
de material orgânico neles verificados (Figura 7). Enquanto que os demais sistemas,
apesar das menores deposições de serapilheira, apresentaram coeficientes de
decomposição mais baixos, o que teria contribuído para manutenção dos teores de
matéria orgânica próximos aos dos referidos SAFs. Além disso, a maior queda de folhas
do cafeeiro a pleno sol e à presença de intensa vegetação espontânea na entre fileiras
podem explicar a similaridade nos teores de MO.
Os teores de MO na camada de 0-2 cm estão dentro dos limites para solos
argilosos estabelecidos por Raij et al. (1997) (Tabela 12), com exceções dos
tratamentos 60,9% e 64,9%, os quais apresentaram teores típicos de solo de textura
média, fato que também ocorreu em todos os tratamentos nas demais profundidades.
77
Tabela 12 - Limites de interpretação para matéria orgânica (MO) estabelecidos por Raij et al. (1997) para
o Estado de São Paulo
n MO g dm
-3
Arenosa 15
Média 16-30
Argilosa 31-60
O teor de P na menor profundidade alcançou no tratamento 60,9% valor muito
acima aos dos demais tratamentos (Figura 22D), o que pode ser atribuído à própria
amostragem. Considerando-se os demais tratamentos, o 64,9% teve a maior quantidade
de P. Esse tratamento, na maior radiação, também apresentou os teores mais elevados
nas profundidades de 2-7 e 7-27 cm, sendo seguido pelos tratamentos 47,5% e 60,9%,
na profundidade 2-7 cm. As adubações fosfatadas realizadas nos cafeeiros,
anteriormente ao início do experimento, podem ter ocasionado as grandes quantidades
de fósforo nesses tratamentos. Semelhante ao que ocorreu na camada superficial, os
valores desse nutriente (P) tenderam a uma redução na profundidade de 7-27 cm,
obtendo-se valores ainda mais próximos entre os tratamentos, o que está relacionado à
baixa mobilidade do P no solo.
Teores mais elevados de P disponível foram relatados por Mendonça et al.
(2001), em solos com cafeeiros em SAF, nas seguintes espécies arbóreas: Milinis
multiflora, Pitptadenia gonoacantha e Cacia ferruginea, enquanto Moreira (2003)
verificou em sistema sombreado com Platycyamus regnelli, comparativamente ao
sistema a pleno sol. O potencial de alguns materiais em aumentar a disponibilidade de
P, não somente pela liberação do resíduo em decomposição, mas principalmente pela
capacidade de redução da fixação, pode ser um critério importante à seleção de
espécies agroflorestais (PALM, 1995) apud Mendonça et al. (2001). Murbach et al.
(2003) relataram baixos teores de P na serapilheira da seringueira, devido à sua alta
taxa de redistribuição na planta.
Verificou-se que os teores de P na camada superficial (0-2 cm) nos tratamentos
6,4%, 35,4%, 47,5%, 60,9% e 64,9%, e na camada de 2-7 cm no tratamento 64,9% são
muito altos, segundo Raij et al. (1997) (Tabela 13). O tratamento 7,0% na camada
superficial e 6,4%, 35,4%, 47,5% e 60,9% de 2-7 cm apresentaram teores altos para o
78
cafeeiro. Teores médios foram determinados no tratamento 7,0% na camada de 2-7 cm
e por todos os tratamentos na maior profundidade (7-27 cm).
Tabela 13 - Limites de interpretação para K e P estabelecidos por Raij et al. (1997) para o Estado de São
Paulo
P resina
Teor K
+
trocável Florestais Perenes
mmolc dm
-3
------------- mg dm
-3
-------------
Muito baixo 0,0-0,7 0-2 0-5
Baixo 0,8-1,5 3-5 6-12
Médio 1,6-3,0 6-8 13-30
Alto 3,1-6,0 9-16 31-60
Muito Alto > 6,0 > 16 > 60
Os teores de K foram mais elevados no tratamento sob maior radiação (64,9%),
em todas as profundidades (Figura 22E), o que pode ser devido à adubação dos
cafeeiros e a maior queda e deposição de folhas do cafeeiro sobre o solo, observadas a
pleno sol (monocultivo), com a liberação do K durante a decomposição. Por outro lado,
os menores teores foram observados nos tratamentos 7,0% e 35,4%. Os resultados
observados por Campanha et al., (2007) também mostram o K como o nutriente que
teve maior aporte na serapilheira do cafeeiro em monocultivo.
A absorção de K pela seringueira nestes tratamentos teria ocasionado os mais
baixos teores desse nutriente no solo. Ressalta-se que durante o período de avaliação
do experimento, as seringueiras não foram adubadas e nem explotadas. Cheng, Wang e
Jiang (2007), relataram uma maior taxa de declínio de K em relação aos principais
nutrientes do solo em cultivo de seringueira. Ricci et al. (2006) relataram que o cultivo do
cafeeiro sombreado com bananeira e eritrina reduziu o teor de K do solo. Entretanto,
Moreira (2003) obteve teores mais elevados em solos no sistema sombreado com
Platycyamus regnelli ou “pau pereira”, do que no sistema a pleno sol. Para esse autor,
as folhas que caem no solo contêm uma grande proporção dos nutrientes extraídos do
solo pelas árvores. Murbach et al. (2003) relataram, assim como para o P, baixos teores
de K na serapilheira da seringueira, devido à alta taxa de redistribuição desse elemento
na planta.
79
Embora os menores valores para K tenham sido verificados nos tratamentos
7,0% e 35,4%, os mesmos alcançaram teores altos (Tabela 13), em todas as
profundidades, enquanto que em 47,5% e 60,9%, isto ocorreu somente na camada de 7-
27 cm. Nas demais profundidades amostradas, estes tratamentos apresentaram teores
muito altos. Por sua vez, 6,4% e 64,9% alcançaram teores muito altos em todas as
profundidades.
Os teores de Ca foram mais elevados nos tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4% na
superfície (Figura 22F), possivelmente devido ao maior aporte de serapilheira da
seringueira. Nas análises de macronutrientes da serapilheira, verificou-se maior teor
para o Ca seguido pelo N (Tabela 9), o que corrobora Murbach et al. (2003) que
verificaram que os nutrientes Ca e N retornaram em maiores quantidades ao solo com a
serapilheira da seringueira. Por outro lado, os menores teores nos tratamentos sob as
maiores radiações (47,5%, 60,9% e 64,9%) estão relacionados à extração pelos
cafeeiros, o Ca é o terceiro nutriente mais exportado pela colheita dos frutos
(MALAVOLTA,1986). Na camada subjacente, de 2-7 cm, houve uma elevação no teor
de Ca no tratamento 64,9%, sob cafeeiro em monocultivo, provavelmente, pela maior
lixiviação de Ca da camada superficial, ou ainda, pelo fornecimento por meio de
fertilizante contendo cálcio. Contudo, o teor não superou os dos tratamentos 7,0% e
35,4%, os quais apresentaram, também, quantidades mais elevadas na profundidade de
7-27 cm. Os tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4% não apresentaram diferenças entre si,
comparando-se os resultados da camada superficial (Tabela 10). Entretanto, no
tratamento 47,5% determinou-se valor intermediário, que não diferiu do tratamento
6,4%, assim como, os tratamentos 60,9% e 64,9%, os quais continham nessa camada
(0-2 cm) valores mais baixos, não diferiram entre si. Não observou-se diferença para o
teor de Ca na camada de 2-7 cm entre os tratamentos, enquanto que na profundidade
de 7-27 cm, houve diferença apenas entre os tratamentos 35,4% e 64,9%. Entre
profundidades houve diferença entre 0-2 cm e as demais profundidades, nos
tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4%. Os teores de cálcio foram altos (Tabela 14) para todos
os tratamentos e em todas as profundidades.
80
Tabela 14 - Limites de interpretação para Ca e Mg estabelecidos por Raij et al. (1997) para o Estado de
São Paulo
Teor Ca
2+
Mg
2+
-------------- mmolc dm
-3
--------------
Baixo 0-3 0-4
Médio 4-7 5-8
Alto >7 >8
Os teores de Mg foram em geral mais elevados nos tratamentos sob as menores
radiações (Figura 22G), possivelmente devido a maior deposição de serapilheira e maior
cobertura e proteção das árvores, as quais geralmente contribuem para menor lixiviação
de bases. No tratamento 60,9% determinaram-se os valores mais baixos nas
profundidades de 0-2 e de 2-7 cm, enquanto no tratamento 64,9% o valor mais baixo
ocorreu na camada mais profunda (7-27 cm). Os valores de Mg em 6,4%, 7,0% e 35,4%
na superfície não diferiram entre si, assim como o tratamento 6,4% também não diferiu
dos demais tratamentos (Tabela 10). Na profundidade de 2-7 cm, os tratamentos sob
seringueira em monocultivo e no SAF com cafeeiros sob maior sombreamento, 7,0% e
35,4%, respectivamente, os quais tiveram os valores mais elevados, não diferiram entre
si. Por outro lado, os tratamentos sob as maiores radiações, 47,5%, 60,9% e 64,9%, e
que tiveram os valores mais baixos, também não diferiram entre si. Na profundidade de
7-27 cm, o tratamento 35,4% com o maior valor, diferiu dos tratamentos 60,9% e 64,9%.
Pela análise entre profundidades, os valores de Mg diferiram nos tratamentos 7,0%,
35,4% e 47,5%. Os teores de Mg foram altos (Tabela 14) para os tratamentos 6,4%,
7,0%, 35,4%, 47,5% e 64,9% (0-2 cm); nos tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4% (2-7 cm) e
em 6,4%, 7,0%, 35,4% e 47,5% na profundidade entre 7-27 cm. Teores médios foram
obtidos nos tratamentos 60,9% (0-2 cm), 47,5% e 64,9% (2-7 cm) e em 64,9% na maior
profundidade (7-27 cm).
A soma de bases (SB), na profundidade de 0-2 cm, foi mais elevada nos
tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4% (Figura 22H), devido aos teores mais elevados de Ca e
Mg. Nas camadas mais profundas a SB esteve mais equilibrada nos tratamentos sob
proteção das árvores, 6,4%, 7,0%, 35,4%, 47,5% e 60,9%, do que sob cafeeiro em
monocultivo, 64,9%, em razão da permanência das bases trocáveis no solo, menos
81
sujeitas à lixiviação nesses tratamentos. Com base nos dados apresentados na Tabela
10, verifica-se que os valores da SB, na camada superficial, não diferiram entre os
tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4%, sendo que os dois últimos diferiram dos demais
tratamentos. Na camada intermediária (2-7 cm) o tratamento 35,4% só não diferiu do
tratamento 7%, enquanto que na camada mais profunda (7-27 cm), o tratamento 35,4%
diferiu dos tratamentos 60,9% e 64,9%. Os valores de SB apresentaram diferenças
estatísticas entre profundidades, nos sistemas 6,4%, 7,0% e 35,4%.
A acidez potencial (H+Al) foi mais elevada nos tratamentos 60,9% e 64,9%
(Figura 22I), sob cafeeiros em SAF com a menor cobertura e proteção das seringueiras
e sob cafeeiros em monocultivo, respectivamente. Portanto, com baixos aportes de
serapilheira, mais sujeitos à lixiviação de bases trocáveis, principalmente Ca e Mg, e
com a permanência dos cátions H+Al no complexo de troca, como havia sido relatado
por Theodoro et al. (2003). Os teores de H+Al não diferiram entre os tratamentos sob as
maiores radiações, 47,5%, 60,9% e 64,9%, na camada superficial (Tabela 10), enquanto
que 60,9% e 64,9% diferiram dos tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4%. Na camada de 2-7
cm, os tratamentos 60,9% e 64,9% apresentaram diferença estatística em relação aos
demais tratamentos. Por sua vez, na camada mais profunda (7-27 cm) somente o
tratamento 64,9% diferiu dos demais. As diferenças estatísticas, entre profundidades,
ocorreram nos tratamentos 7,0%, 47,5% e 60,9%.
A capacidade de troca catiônica (CTC) atingiu valores mais elevados nos
tratamentos 7,0% e 35,4% na superfície do solo (Figura 22J), seguidos por 6,4% e
64,9%. Na camada de 2-7 cm, o tratamento 64,9% apresentou o maior valor,
possivelmente pela maior quantidade de MO, nessa profundidade. Por sua vez, os
valores de CTC na profundidade de 7-27 cm, foram semelhantes entre os tratamentos.
Determinou-se que a CTC apresentou maiores valores na camada superficial e redução
com o aumento da profundidade, acompanhando os teores de MO, confirmando a
correlação entre estas características químicas do solo por vários autores (MENDONÇA;
ROWELL, 1996; RAIJ; PEECH, 1972; SOUZA; LOBATO, 2002).
Com algumas exceções, os resultados de análises das características químicas
do solo em 2007 foram semelhantes aos obtidos no ano anterior. Alterações de pH
ocorreram principalmente no tratamento 64,9%, nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm
82
(Figura 23A). Os tratamentos 7,0% e 35,4% não diferiram do 6,4%, assim como, 60,9%
e 64,9% não diferiram do 47,5% (Tabela 15). Entre profundidades, as diferenças
estatísticas ocorreram apenas nos tratamentos 7,0% e 47,5%. Os padrões de acidez
sofreram mudanças nos tratamentos 60,9% e 64,9%, na profundidade de 2-7 cm, que
passaram à acidez alta, no tratamento 6,4%, na profundidade de 7-27 cm, que passou à
acidez média, assim como no tratamento 47,5% que passou à acidez alta.
83
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Figura 23 - Resultados da análise química do solo efetuada em 2007
4, 5 5, 65 5
pH (CaCl2)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
A
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
%
Profundidade (cm)
45 55 65 75 85
V ( )
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
B
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20 30 40 50
M.O. (g/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
10 20 30 40 50 60
P (mg/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
D
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
246810
K (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
E
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20 40 60 80
Ca (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
F
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
71421
Mg (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
G
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
35 45 55 65 75 85 95
SB (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
H
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20 40 60
H+Al (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
I
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
65 75 85 95 105 115
CTC (mmolc/dm3)
Profundidade (cm)
6,4%
7,0%
35,4%
47,5%
60,9%
64,9%
J
84
Nos valores de V, as alterações foram ainda menores, ressaltando-se, na
profundidade de 0-2 cm, o tratamento 64,9% (Figura 23B). Verifica-se na Tabela 15, que
o tratamento 60,9%, com o menor valor nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm, apenas não
diferiu do 47,5%, na profundidade 0-2 cm, diferindo-se dos tratamentos 7,0% e 35,4%,
na profundidade de 2-7 cm. Na última camada (7-27 cm), os tratamentos sob as maiores
radiações (60,9% e 64,9%), com os menores valores, apenas não diferiram do 35,4%.
Ocorreram algumas mudanças nos padrões de V nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm.
O tratamento 35,4% alcançou os maiores valores de MO nas profundidades de 0-
2, 2-7 e 7-27 cm (Figura 23C). Observa-se (Tabela 15), que ocorreu diferença estatística
apenas entre os tratamentos 35,4% e 60,9%, na profundidade de 0-2 cm. Os teores de
MO diferiram nos tratamentos 6,4%, 7,0%, 35,4% e 64,9%, entre a profundidade de 0-2
cm e as demais, e nos tratamentos 47,5% e 60,9%, entre todas as profundidades. Os
tratamentos 60,9% e 64,9% alcançaram na camada de 0-2 cm, teores que os
enquadram dentro dos limites estabelecidos por Raij et al. (1997) para solos argilosos.
85
Tabela 15 - Resultados da análise química do solo efetuada em 2007
pH
Profundidade Tratamento (CaCl2) V M.O. P K Ca Mg SB H+Al CTC
cm % g dm
-3
mg dm
-3
------------------------------- mmolc mol
-3
-----------------------------------
6,4% 5,28ABa 71,75ABa 34,50ABa 50,50 4,95 60,00Aa 16,00ABa 80,95Aa 31,50 112,45Aa
7,0% 5,63Aa 78,00ABa 38,00ABa 22,25 4,88 61,00Aa 19,50Aa 85,38Aa 23,75 109,13Aa
35,4% 5,68Aa 78,50Aa 40,50Aa 37,50 4,78 65,75Aa 17,25ABa 87,78Aa 23,25 111,03Aa
47,5% 4,60Cb 51,00CDb 31,25ABa 55,75 6,00 30,25Ba 10,50Ba 46,75Ba 44,50 91,25Aa
60,9% 4,60Ca 48,75Da 30,50Ba 53,25 5,95 30,25Ba 10,75Ba 46,95Ba 50,00 96,95Aa
0-2
64,9% 5,03BCa 64,25BCa 31,25ABa 48,75 8,30 38,35Ba 17,50ABa 64,05ABa 35,50 99,50Aa
CV (%) 4,84 9,67 12,67 18,07 21,33 17,19 9,65
6,4% 4,93ABa 61,75ABCa 25,50Ab 24,00 4,60 39,25ABCb 11,75ABa 55,60ABb 34,50 90,10Ab
7,0% 5,30Aab 67,00ABab 26,50Ab 17,25 3,73 40,75ABb 14,50Ab 58,98ABb 28,75 87,73Ab
35,4% 5,38Aa 69,00Aa 29,50Ab 24,75 4,33 44,25Ab 14,25ABa 62,83Ab 27,50 90,33Ab
47,5% 4,70Bb 53,25ABCb 27,50Ab 39,50 5,83 29,00BCa 9,75ABa 44,58ABa 39,00 83,58Aa
60,9% 4,53Ba 46,00Ca 27,75Ab 40,00 5,88 25,75Ca 8,50Ba 40,13Ba 47,75 87,88Aab
2-7
64,9% 4,68Ba 50,75BCb 26,25Ab 36,50 6,80 25,25Ca 10,75ABb 42,80ABab 40,75 83,55Aa
CV (%) 4,72 12,52 9,48 19,31 22,75 18,62 9,64
6,4% 5,13ABa 61,00ABa 21,75Ab 14,50 4,88 30,75ABb 11,25ABa 46,88ABCb 29,50 76,38ABb
7,0% 5,03ABb 57,75ABb 21,00Ab 12,00 3,05 27,00ABb 10,25ABc 40,30BCc 29,75 70,05Bc
35,4% 5,40Aa 68,25Aa 25,00Ab 17,00 4,00 35,75Ab 14,00Aa 53,75Ab 25,25 79,00ABb
47,5% 5,00ABa 61,00ABa 23,50Aa 24,00 5,70 34,75ABa 11,75ABa 52,20ABa 33,50 85,70Aa
60,9% 4,95ABa 53,75Ba 22,25Ac 20,00 5,58 29,75ABa 9,50Ba 44,83ABCa 38,50 83,33Ab
7-27
64,9% 4,68Ba 50,00Bb 22,75Ab 22,25 5,58 25,00Ba 8,50Bb 39,08Cb 39,25 78,33ABa
CV (%) 4,17 10,79 7,99 15,28 16,26 12,61 6,34
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas, entre tratamentos, para cada profundidade, e minúsculas, entre profundidades, dentro do
tratamento, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, considerando um nível de significância de 5%
86
Os valores de P foram mais baixos do que os alcançados no ano anterior (Figura
23D). O tratamento 6,4% alcançou, na profundidade de 0-2 cm, valor próximo aos dos
tratamentos sob as maiores radiações (47,5%, 60,9% e 64,9%). Verificou-se nessa
mesma profundidade, que todos os tratamentos, à exceção do 7,0%, que apresentou
teor médio, alcançaram teores altos. Na profundidade de 2-7 cm, os tratamentos 6,4% e
35,4% tiveram valores mais baixos do que os verificados anteriormente e alcançaram
teores médios. O tratamento 7,0%, na profundidade de 7-27 cm, foi o único a
apresentar teor baixo. As principais mudanças nos valores de K (Figura 23E) ocorreram
com as reduções nos valores nos tratamentos 6,4%, 47,5% e 60,9%, principalmente
nas camadas de 0-2 e 2-7 cm. Diferentemente da última amostragem, apenas o
tratamento 64,9% atingiu teor muito alto nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm.
Os teores de Mg elevaram-se, principalmente no tratamento 64,9%, nas
profundidades de 0-2 e 2-7 cm (Figura 23G). Diferenças estatísticas ocorreram na
profundidade de 0-2 cm (Tabela 15), entre o tratamento 7,0% e os tratamentos 47,5% e
60,9%. Na profundidade de 2-7 cm, verificou-se diferença entre os tratamentos 7,0% e
60,9%. Na profundidade seguinte, ocorreram diferenças entre 7,0% e os tratamentos
60,9% e 64,9%. Entre profundidades, as diferenças ocorreram nos tratamentos 7,0% e
64,9%. Os teores de Mg foram altos para todos os tratamentos e em todas as
profundidades.
A SB (Figura 23H) alcançou valores mais elevados nos tratamentos 6,4%, 7,0%
e 35,4%, principalmente nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm. Por outro lado, os teores
de H + Al (Figura 23I) foram mais baixos do que os verificados anteriormente. Em
relação à CTC (Figura 23J), o teor mais elevado ocorreu na profundidade de 0-2 cm, no
tratamento 6,4%, o qual foi acompanhado de perto pelos tratamentos 7,0% e 35,4%. Na
profundidade de 7-27 cm, o tratamento 7,0% diferiu dos tratamentos 47,5% e 60,9%.
Não ocorreram diferenças estatísticas, entre profundidades, nos tratamentos 47,5% e
64,9%.
87
2.3.3.1 Evolução da fertilidade do solo à sombra e a pleno sol
Os únicos atributos químicos de fertilidade do solo nos quais ocorreram interação
significativa para os fatores tratamento e época foram o S (p=0,00126) e K (p=0,0019).
As diferenças estatísticas entre épocas para S ocorreram nos tratamentos sombra e sol
(Tabela 16), enquanto que para o K, as diferenças estatísticas ocorreram apenas no
tratamento a pleno sol (Tabela 17).
Tabela 16 – Teor de S do solo na sombra e no pleno sol em diferentes épocas
Tratamento Época S (mg dm
-3
)
Set/06 7,75 A
Dez/06 5,50 AB
Mar/07 0,75 C
Jun/07 8,75 A
Set/07 9,50 A
Sombra
Dez/07 3,25 BC
Set/06 14,50 A
Dez/06 8,00 B
Mar/07 2,75 C
Jun/07 10,75 AB
Set/07 9,25 B
Sol
Dez/07 4,25 BC
CV (%) 25,67
Médias seguidas das mesmas letras, em cada tratamento, não diferem pelo teste de Tukey ao nível de
5%
88
Tabela 17 – Teor de K do solo na sombra e no pleno sol em diferentes épocas
Tratamento Época K (mg dm
-3
)
Set/06 12,68 A
Dez/06 7,48 A
Mar/07 6,75 A
Jun/07 3,85 A
Set/07 5,17 A
Sombra
Dez/07 5,35 A
Set/06 7,88 A
Dez/06 6,18 A
Mar/07 19,45 B
Jun/07 6,53 A
Set/07 6,60 A
Sol
Dez/07 6,00 A
CV (%) 48,84
Médias seguidas das mesmas letras, em cada tratamento, não diferem pelo teste de Tukey ao nível de
5%
Embora tenha ocorrido interação significativa para os fatores tratamento e época
para S e K, não foi possível definir uma tendência de evolução do S nos tratamentos de
sombra e pleno sol (Figura 24) e para o K no tratamento de pleno sol, contudo o K, no
tratamento de sombra, teve uma tendência de redução no período de setembro de 2006
a junho de 2007, sofrendo em seguida uma pequena elevação e estabilização (Figura
25).
89
Figura 24 - Teor de S do solo na sombra e pleno sol no período de setembro de 2006 a dezembro de
2007
Figura 25 - Teor de K do solo na sombra e no pleno sol no período de setembro de 2006 a dezembro de
2007
O período de 15 meses de avaliação dos atributos químicos da fertilidade do solo
não pareceu suficiente para demostrar uma tendência consolidada de evolução. A
ampliação do período poderia possibilitar uma melhor avaliação das alterações dos
atributos químicos relacionadas à inversão entre os sistemas de manejo de sombra e
pleno sol.
90
2.3.3.2 Fracionamento químico da matéria orgânica
Os resultados do fracionamento químico da MO apresentados na Figura 26,
demonstram que houve predomínio da fração humina em todos os tratamentos nas
duas profundidades (0-2 e 2-7 cm). A fração humina (H) é seguida pela fração ácidos
fúlvicos (AF), enquanto a fração ácidos húmicos (AH) representa a menor proporção.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
6,
4
0%
7,
0
0%
3
5
,40%
4
7
,5
0
%
60,90%
64,90%
Radiação
Teor da fração húmica (%)
AF 0-2 cm
AF 2-7 cm
AH 0-2 cm
AH 2-7 cm
H 0-2 cm
H 2-7 cm
Figura 26 - Frações húmicas de ácidos fúlvicos (AF), ácidos húmicos (AH) e humina (H) do solo nas
profundidades de 0-2 e 2-7 cm sob diferentes níveis de radiação
Uma maior proporção de humina em relação às demais frações húmicas do solo,
tem sido relatada por vários autores (FONTANA et al., 2005; FONTANA et al., 2006;
MARCHIORI JÚNIOR; MELO, 2000; MENDONÇA; LEITE; FERREIRA NETO, 2001;
PINHEIRO et al., 2003; RIOS et al., 2006). Segundo Fontana et al. (2006), os elevados
valores da humina podem estar relacionados ao tamanho das moléculas e ao maior
grau de estabilidade desta fração. Esses mesmos autores afirmam, que as frações
ácidos fúlvicos e ácidos húmicos, por apresentarem menor estabilidade, podem ser
translocadas para camadas mais profundas, ser polimerizadas ou mineralizadas,
diminuindo assim seu teor residual no solo. Para Fernandes, Cerri e Fernandes (1999),
a elevação no teor de Ca pode provocar aumento no conteúdo de complexos húmicos
mais estáveis, representado pelo aumento de humina.
91
Na análise de variância para humina (Tabela 18), verifica-se que não houve
significância para os fatores avaliados, assim como para a interação entre os fatores.
Tabela 18 - Análise de variância para a fração humina
CV GL SQ QM F Pr>F
Trat 5 10,37281875 2,07456375 1,29 0,2907
Prof 1 0,00226875 0,00226875 0,00 0,9703
Trat*Prof 5 5,23316875 1,05063375 0,65 0,6618
Em relação aos ácidos fúlvicos, a análise de variância também demonstra que
não houve significância para os fatores tratamento e profundidade, nem para a
interação entre eles (Tabela 19).
Tabela 19 - Análise de variância para a fração ácidos fúlvicos
CV GL SQ QM F Pr>F
Trat 5 2,63553542 0,52710708 1,33 0,2730
Prof 1 1,277226875 1,27726875 3,23 0,0830
Trat*Prof 5 1,23011875 0,24602375 0,62 0,6842
Observa-se na Figura 27, uma tendência de elevação de ácidos húmicos do solo,
nas profundidades de 0-2 e 2-7 cm, com o aumento da radiação. Allard et al. (1994)
relataram que os ácidos húmicos possuem uma maior fração de unidades estruturais
aromáticas do que os ácidos fúlvicos, o que pode explicar sua maior estabilidade.
Esses mesmos autores verificaram uma maior degradação dos ácidos fúlvicos em
relação aos ácidos húmicos, mantida pelo decréscimo mais rápido do carbono (C)
orgânico total com o aumento da irradiância.
92
y = 0,0383Ln(x) + 0,5551
R
2
= 0,859
y = 0,0429Ln(x) + 0,4814
R
2
= 0,4389
0,3
0,35
0,4
0,45
0,5
0,55
0,6
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%
Radião
Ác. Húmicos (%)
0-2 cm
2-7 cm
Log. (0-2 cm)
Log. (2-7 cm)
Figura 27 - Fração ácidos húmicos do solo em relação à radiação solar disponível
Marchiori Júnior e Melo (2000) relataram que o uso agrícola do solo aumentou a
porcentagem de C orgânico na forma de ácidos húmicos e fúlvicos em relação à mata
natural. Por outro lado, Watanabe et al. (2001) verificaram que as proporções de ácidos
húmicos e fúlvicos na MO total variaram entre os diferentes usos do solo, sendo que no
cultivo do cafeeiro, a fração ácidos fúlvicos alcançou valores mais elevados do que a
fração ácidos húmicos, em todos os sítios avaliados em Sumatra, na Indonésia. Por sua
vez, a proporção de ácidos húmicos foi maior, enquanto que a proporção de ácidos
fúlvicos foi menor sob floresta primária do que sob os outros usos do solo. Mendonça,
Leite e Ferreira Neto (2001) observaram maiores proporções de ácidos húmicos em
relação aos ácidos fúlvicos em sistemas de cultivo de café convencional e agroflorestal.
Fontana et al. (2005) obtiveram valores mais elevados de ácidos fúlvicos do que de
ácidos húmicos em solos cultivados com cafeeiro. Rios et al. (2006) relataram teores
mais elevados de ácidos fúlvicos em relação aos ácidos húmicos em solos cultivados
com os clones de seringueira IAN 873 e RRIM 600.
A análise de variância para os ácidos húmicos revelou significância para
tratamento e profundidade (Tabela 20), mas não para a interação entre esses fatores.
93
Tabela 20 - Análise de variância para a fração ácidos húmicos
CV GL SQ QM F Pr>F
Trat 5 0,11176875 0,02235375 5,77 0,0005
Prof 1 0,07921875 0,07921875 20,46 0,0001
Trat*Prof 5 0,01911875 0,00382375 0,99 0,4388
Verifica-se na Tabela 21, que os tratamentos 60,9% e 64,9% diferiram daqueles
sob as menores radiações (6,4%, 7,0% e 35,4%). Contudo, essas diferenças não
ocorreram quando o fator profundidade foi considerado.
Tabela 21 – Teor da fração ácidos húmicos sob diferentes níveis de radiação
Radiação Ácidos Húmicos (%)
6,4%
0,42AC
7,0%
0,40A
35,4%
0,43AD
47,5%
0,48AE
60,9%
0,50BCDE
64,9%
0,53BE
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5%
2.3.4 Teores foliares de N e K do cafeeiro
Os teores foliares de nitrogênio (N) dos cafeeiros sob 35% e 45% de irradiância
foram os mais elevados no verão de 2006, em 13/03 (Figura 28), fase de
desenvolvimento dos frutos, sendo os teores adequados (Tabela 22). Enquanto os
tratamentos sob 90% e 100% de irradiância não atingiram teores adequados.
94
22
23
24
25
26
27
28
29
30
13.
03.
06
25.
06.06
13.
12.06
03.
03.07
22
.
06
.0
7
24.
09.07
Épocas de amostragem
Teor foliar de N (g Kg-1)
35%
45%
90%
100%
Figura 28 - Teores foliares de N do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 2006 e 2007
Tabela 22 - Limites de interpretação de teores de N e K na matéria seca foliar do cafeeiro estabelecidos
por Raij et al. (1997)
Nutriente g Kg
-1
Faixa N K
Adequada 26-32 18-25
Considerando-se que maiores produções sob maiores irradiâncias foram
observadas por outros autores (Camargo, 2007; Lunz, 2006) que desenvolveram
estudos na mesma área, tratar-se de um ano de alta produção no ciclo bienal do
cafeeiro, além de que, os frutos constituem o dreno preferencial de carboidratos e
nutrientes, os menores teores de N nas plantas sob maiores irradiâncias estariam
associados à maior extração de N pelos frutos. Segundo Valarini (2005) a análise
química de frutos tem mostrado que o N e o K são os dois elementos exigidos pelo
cafeeiro em maior proporção na formação dos frutos. De acordo Malavolta (1986) a
distribuição porcentual dos elementos na parte vegetativa e nos frutos varia com a
idade da planta. Em plantas que estejam em plena produção, a participação dos frutos
diminui, devendo cair ainda mais nos anos de baixa produção. Valarini et al. (2005)
verificaram diminuição mais acentuada no teor foliar de N entre fevereiro e maio,
95
período que coincide com a fase de amadurecimento dos frutos. Não ocorreram
diferenças estatísticas entre tratamentos no ano de 2006 (Tabela 23).
Tabela 23 - Teores foliares de N do cafeeiro sob diferentes irradiâncias nos anos de 2006 e 2007
N (g Kg
-1
)
Tratamento 2006 2007
35% 26,27aA 27,06aA
45% 25,52aA 28,44bA
90% 24,43aA 28,68bA
100% 26,24aA 27,69aA
CV (%) 6,99
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas (entre anos no mesmo tratamento) na linha e maiúsculas
(entre tratamentos no mesmo ano) na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
No inverno (25/06), próximo ao início da colheita, os cafeeiros sob 35%, 45% e
90% de irradiância apresentaram teores mais baixos em relação à época de verão,
enquanto que o tratamento sob 100% de irradiância alcançou teor similar ao teor
apresentado no verão. Cietto et al. (1991) verificaram maiores conteúdos de N nas
folhas de cafeeiros em monocultivo com três e cinco anos de idade, em junho, na
maturação dos frutos. Por outro lado, nas plantas com quatro anos de idade, o maior
acúmulo de N nas folhas foi verificado em janeiro, na fase de granação. Na primavera
(13/12), fase de florescimento e de formação dos frutos, o teor de N foi mais elevado no
tratamento a pleno sol, que igualmente aos tratamentos sob 35% e 45% de irradiância
alcançou valor adequado, o mesmo não ocorreu com o cafeeiro sob 90% de irradiância.
Malavolta et al. (2002) concluíram que as flores do cafeeiro constituem um dreno
temporário de nutrientes. Por sua vez, durante a formação do fruto e nos diversos
estádios de desenvolvimento, há variações na concentração e na quantidade dos
elementos acumulados nos frutos, assim como na produção de matéria seca (Laviola et
al., 2007). Valarini et al. (2005) relataram que durante o período de crescimento do
fruto, entre dezembro e maio, houve decréscimo no teor de macronutrientes nas folhas,
a exceção de cálcio que teve concentração aumentada. Em amostragem realizada em
Viçosa-MG, no mês de dezembro, Campanha et al. (2004) obtiveram teores foliares de
N, P e K do cafeeiro em SAF levemente mais baixos do que a pleno sol. Carelli et al.
(1999) observaram aumento no teor de N com o aumento dos níveis de irradiância.
96
Ricci et al. (2006) relataram que o sombreamento proporcionou ao cafeeiro maiores
teores de N do que o cultivo a pleno sol. Esses últimos autores relacionaram os maiores
teores de N encontrados, à presença de uma leguminosa (Eritrina) no SAF e às
menores perdas de N do solo do sistema sombreado. Bote (2007) verificou teores
foliares de N do cafeeiro sob condições de sombra significativamente maiores do que
os de cafeeiros sob pleno sol.
No verão seguinte, em 03/03/07, o cafeeiro sob a menor irradiância apresentou o
teor mais baixo (Figura 28), não sendo este adequado (Tabela 22). Por outro lado, o
cafeeiro sob 45% de irradiância manteve teor adequado e os tratamentos sob 90% e
100%, em oposição ao verão anterior, apresentaram teores adequados. Todos os
tratamentos atingiram teores mais elevados no inverno (22/06) do que os alcançados
no verão. Igualmente à primavera anterior, os tratamentos sob 35% e 45% de
irradiância apresentaram teores adequados na primavera em 2007 (24/09). Por outro
lado, o tratamento sob 90% de irradiância sofreu a maior mudança, atingindo o teor
mais elevado, sendo este adequado, enquanto que o cafeeiro sob pleno sol saiu da
condição de teor adequado, alcançando o teor mais baixo. Observaram-se diferenças
estatísticas nos teores de N entre estações no ano de 2007, diferentemente do ocorrido
em 2006 (Tabela 24).
Tabela 24 - Teores foliares de N do cafeeiro sob diferentes irradiâncias em três estações nos anos de
2006 e 2007
N (g Kg
-1
)
Estação 2006 2007
Verão 26,07aA 26,71aA
Inverno 24,66aA 28,87bB
Primavera 26,11aA 28,32bAB
CV (%) 6,99
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas (entre anos na mesma estação) na linha e maiúsculas
(entre estações do mesmo ano) na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%.
Segundo Hikosaka e Terashima (1995) apud Velasco et al. (2001), teores
elevados de N são típicos de plantas cultivadas sob altas irradiâncias, quando se tem
um bom suprimento deste elemento, o que se considera como uma resposta metabólica
de reforço do aparato fotossintético. No entanto, neste estudo o teor foliar de N do
97
cafeeiro sob 100% de irradiância (pleno sol) alcançou valores mais elevados e valores
mais baixos do que os dos tratamentos sob irradiâncias menores. Assim como
observado no ano anterior, não houve diferenças significativas entre tratamentos no
ano de 2007 (Tabela 23). Os resultados obtidos corroboram Velasco et al. (2001), que
relataram não haver uma resposta consistente para o cafeeiro quanto ao teor de N,
encontrando-se valores superiores tanto ao sol quanto à sombra. Observou-se, que
apenas o cafeeiro sob 45% de irradiância apresentou estado nutricional adequado, em
relação ao teor de N, nas épocas recomendadas para avaliação por Malavolta et al.
(1997).
O teor foliar de potássio (K) no verão em 2006 foi mais elevado no cafeeiro sob
35% de irradiância (Figura 29), estando acima dos teores adequados (Tabela 22). O
tratamento sob 45%, com valor intermediário, alcançou teor adequado, o que não
ocorreu com os tratamentos sob 90% e 100%, que apresentaram os teores mais baixos.
A maior demanda de K devido à maior frutificação nos cafeeiros sob maiores
irradiâncias, em um ano de alta produção, teria ocasionado os menores teores foliares
do nutriente. Segundo Nogueira et al. (2001), o K aparece em maior concentração nos
frutos, em particular na polpa do café, mas sem participar de moléculas orgânicas. No
inverno do mesmo ano, todos os tratamentos atingiram teores mais elevados do que os
atingidos na época de verão.
15
18
21
24
27
30
13
.03.0
6
25
.0
6.
0
6
13
.12.0
6
03
.03.0
7
22
.06.0
7
24
.09.0
7
Épocas de amostragem
Teor foliar de K (g Kg-1)
35%
45%
90%
100%
Figura 29 - Teores foliares de K do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 2006 e 2007
98
Observaram-se diferenças estatísticas entre tratamentos nas estações de inverno e
verão em 2006 (Tabela 25).
Tabela 25 - Teores foliares de K do cafeeiro sob diferentes irradâncias em três estações nos anos de
2006 e 2007
K (g Kg
-1
)
Verão Inverno Primavera
Tratamento 2006 2007 2006 2007 2006 2007
35% 25,43aAR 17,66aBR 28,80abAR 20,15abBR 21,85acAR 24,74bAR
45% 22,18aARS 24,55aAS 26,73aARS 23,14aAR 23,45aAR 22,57aAR
90% 16,30aAS 26,14aBS 21,38abAS 24,10aAR 25,90bAR 20,91aAR
100% 15,75aAS 21,23aARS 24,75bARS 19,32aAR 23,40bAR 20,02aAR
CV (%) 11,20
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas (entre anos na mesma estação e mesmo tratamento) na
linha, maiúsculas A e B (entre estações do mesmo ano e mesmo tratamento) na linha, e maiúsculas R e
S (entre tratamentos no mesmo ano e mesma estação) na coluna, não diferem estatisticamente pelo
teste de Tukey a 5%.
Os tratamentos sob 35, 45 e 100% de irradiância tiveram redução de teores na
primavera, em relação ao inverno, e o tratamento sob 90% sofreu elevação de teor,
sendo que todos alcançaram teores adequados na primavera. Distintamente do que
ocorreu nas estações de verão e inverno, não foram observadas diferenças estatísticas
entre tratamentos na primavera (Tabela 25). No verão de 2007, o tratamento sob a
menor irradiância apresentou o menor valor, não alcançando teor adequado (Tabela
22). O tratamento sob 90%, igualmente ao ocorrido na estação anterior, atingiu o teor
de K mais elevado, tendo ultrapassado a condição desejável para o cafeeiro. No
inverno, o tratamento sob 90%, assim como aqueles sob 45% e 100%, apresentou um
teor mais baixo do que o do verão. Por outro lado, o tratamento sob 35% de irradiância
foi o único a sofrer elevação de teor em relação à época de verão. Este mesmo
tratamento alcançou o valor mais elevado na primavera, atingindo teor adequado assim
como os demais tratamentos. Ricci et al. (2006) não constataram alteração nos teores
de K do cafeeiro no cultivo sombreado em relação ao cultivo a pleno sol. Valarini et al.
(2005) observaram que em cafeeiros a pleno sol, os teores de K diminuíram
acentuadamente entre dezembro e fevereiro, período que vai da fase de fruto
chumbinho para o estádio de fruto verde, quando a redistribuição está direcionada,
99
provavelmente, para o enchimento do grão. Segundo esses mesmos autores, entre
fevereiro e maio o decréscimo ocorreu com maior intensidade. Velasco et al. (2001)
observaram tendência de decréscimo no teor de K mais acentuado a pleno sol do que à
sombra. Esses mesmos autores afirmam que pelo papel fisiológico do K, não é de se
esperar que a sua concentração se eleve nos cafeeiros a plena exposição solar como
ocorre com o N e o P, que formam parte de estruturas moleculares importantes para o
metabolismo. O tratamento sob 45% de irradiância foi o único que apresentou estado
nutricional adequado em relação ao teor de K, assim como relatado para o N, nas
épocas recomendadas para avaliação por Malavolta et al. (1997).
2.3.5 Crescimento do cafeeiro
Os cafeeiros apresentaram crescimento em altura em todas as épocas avaliadas,
independentemente de estarem sob sombra ou a pleno sol (Figura 30), entretanto, os
cafeeiros sob sombra tiveram alturas superiores às dos cafeeiros a pleno sol, sendo as
maiores alturas sob sombra observadas nos cafeeiros sob a menor irradiância. Morais
et al. (2003) observaram que o sombreamento induziu maior crescimento em altura.
Para os mesmos autores, esse crescimento acentuado corresponde ao mecanismo
denominado estiolamento, o qual otimiza a captação de luz. Righi et al. (2008)
relataram que as plantas mais sombreadas apresentaram maior altura total, sendo que
a altura das plantas a pleno sol, foi 26% menor em relação às sombreadas. Esses
últimos autores, concluíram que o cafeeiro sob diferentes disponibilidades de luz
apresenta adaptações morfológicas, sendo que as mais sombreadas tendem a
maximizar a captura de luz através de um maior volume de copa e uma maior área
foliar específica (AFE).
100
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2
2,1
2,2
2,3
mar/06 set/06 mar/07 set/07
Épocas
Altura (m)
35%
45%
90%
100%
Figura 30 - Altura dos cafeeiros sob diferentes níveis de radiação solar
Campanha et al. (2004) relataram que durante o período produtivo, novembro a
março, o cafeeiro em monocultivo cresceu menos, tendo o crescimento sido
provavelmente afetado pela carga de frutos e maior temperatura do ar no interior da
copa. Segundo Cannell (1985) a frutificação reduz consideravelmente o crescimento
das partes vegetativas, desde que os frutos constituem o dreno preferencial de
carboidratos e nutrientes. Carelli et al. (2002) relataram que a altura das plantas não foi
influenciada pelos níveis de luz, que consistiram de pleno sol, 70%, 50% e 30%.
Igualmente, Lemos et al. (2007) não verificaram diferenças de altura entre os sistemas
sombreado e pleno sol. Por outro lado, Miranda, Pereira e Bergo (1999) relataram
alturas dos cafeeiros, a pleno sol, nitidamente superiores às atingidas pelos cafeeiros
sombreados.
Observa-se na Tabela 26, que as diferenças de média de altura entre épocas de
avaliação foram significativas. Lunz (2006) não verificou efeito significativo da radiação
sobre a altura dos cafeeiros em todas as épocas avaliadas.
101
Tabela 26 – Diferença de média para altura do cafeeiro (m) entre épocas de avaliação
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Época (I) Época (J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
Set/06 - 0,101* - 0,121 - 0,080
Mar/07 - 0,196* - 0,217 - 0,174
Mar/06
Set/07 - 0,329* - 0,354 - 0,304
Mar/06 0,101* 0,080 0,121
Mar/07 - 0,095* - 0,109 - 0,081
Set/06
Set/07 - 0,228* - 0,250 - 0,206
Mar/06 0,196* 0,174 0,217
Set/06 0,095* 0,081 0,109
Mar/07
Set/07 - 0,133* - 0,149 - 0,117
Mar/06 0,329* 0,304 0,354
Set/06 0,228* 0,206 0,250 Set/07
Mar/07 0,133* 0,117 0,149
* A diferença de média é significativa ao nível de 5% pelo teste de Bonferroni
Não foram observadas diferenças significativas de altura entre o tratamento sob
35% de radiação solar disponível e os demais tratamentos sob sombra (Tabela 27). Por
outro lado, verificou-se que apenas o tratamento sob pleno sol diferiu de todos os
demais tratamentos.
102
Tabela 27 – Diferença de média de altura de cafeeiro (m) entre os tratamentos
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Tratamento (I) Tratamento (J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
45% 0,041 - 0,079 0,160
90% 0,113 - 0,011 0,237 35%
100% 0,332* 0,267 0,398
35% - 0,041 - 0,160 0,079
90% 0,073* 0,007 0,138 45%
100% 0,292* 0,216 0,368
35% - 0,113 - 0,237 0,011
45% - 0,073* - 0,138 - 0,007 90%
100% 0,219* 0,130 0,309
35% - 0,332* - 0,398 - 0,267
45% - 0,292* - 0,368 - 0,216 100%
90% - 0,219* - 0,309 - 0,130
* A diferença de média é significativa ao nível de 5% pelo teste de Bonferroni
Analisando-se cada época de avaliação, verificou-se que o tratamento sob pleno
sol apresentou diferença significativa em relação aos demais tratamentos em todas as
épocas (Tabela 28).
103
Tabela 28 - Diferença de média de altura do cafeeiro (m) entre tratamentos nas diferentes épocas de
avaliação
(continua)
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Época
Tratamento
(I)
Tratamento
(J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
45% 0,015 - 0,102 0,131
90% 0,101 - 0,037 0,239 35%
100% 0,289* 0,195 0,383
35% - 0,015 - 0,131 0,102
90% 0,087* 0,017 0,156 45%
100% 0,275* 0,194 0,355
35% - 0,101 - 0,239 0,037
45% - 0,087* - 0,156 - 0,017 90%
100% 0,188* 0,092 0,284
35% - 0,289* - 0,383 - 0,195
45% - 0,275* - 0,355 - 0,194
Mar/06
100%
90% - 0,188* - 0,284 - 0,092
45% 0,053 - 0,081 0,186
90% 0,187* 0,061 0,312
35%
100% 0,389* 0,313 0,465
35% - 0,053 - 0,186 0,081
90% 0,134* 0,056 0,212 45%
100% 0,337* 0,243 0,430
35% - 0,187* - 0,312 - 0,061
45% - 0,134* - 0,212 - 0,056 90%
100% 0,203* 0,105 0,300
35% - 0,389* - 0,465 - 0,313
45% - 0,337* - 0,430 - 0,243
Set/06
100%
90% - 0,203* - 0,300 - 0,105
104
Tabela 28 - Diferença de média de altura do cafeeiro (m) entre tratamentos nas diferentes épocas de
avaliação
(conclusão)
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Época
Tratamento
(I)
Tratamento
(J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
45% 0, 052 - 0,081 0,184
90% 0,131* 0,012 0,249 35%
100% 0,344* 0,274 0,414
35% - 0,052 - 0,184 0,081
90% 0,079 - 0,008 0,166 45%
100% 0,293* 0,188 0,397
35% - 0,131* - 0,249 - 0,012
45% - 0,079 - 0,166 0,008 90%
100% 0,214* 0,125 0,302
35% - 0,344* - 0,414 - 0,274
45% - 0,293* - 0,397 - 0,188
Mar/07
100%
90% - 0,214* - 0,302 - 0,125
45% 0,044 - 0,074 0,162
90% 0,034 - 0,107 0,176
35%
100% 0,308* 0,233 0,382
35% - 0,044 - 0,162 0,074
90% - 0,010 - 0,088 0,069 45%
100% 0,264* 0,184 0,343
35% - 0,034 - 0,176 0,107
45% 0,010 - 0,069 0,088 90%
100% 0,273* 0,172 0,374
35% - 0,308* - 0,382 - 0,233
45% - 0,264* - 0,343 - 0,184
Set/07
100%
90% - 0,273* - 0,374 - 0,172
* A diferença de média é significativa ao nível de 5% pelo teste de Bonferroni
Todos os tratamentos apresentaram aumento no diâmetro do caule (Figura 31),
sendo que o tratamento com cafeeiros a pleno sol atingiu valores mais elevados do que
os verificados nos cafeeiros sob 35%, 45% e 90% de radiação solar disponível, à
exceção da última época de avaliação, na qual o tratamento sob 90% de irradiância
superou o tratamento a pleno sol. Valores mais elevados para o diâmetro do caule nos
cafeeiros a pleno sol foram também observados por Miranda, Pereira e Bergo (1999).
105
35
40
45
50
55
60
65
mar/06 set/06 mar/07 set/07
Épocas
Diâmetro (mm)
35%
45%
90%
100%
Figura 31 - Diâmetro do caule do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação solar
Ocorreram diferenças significativas entre todas as épocas de avaliação do
crescimento (Tabela 29). Lunz (2006) verificou que o diâmetro do caule foi afetado
significativamente (p<0,01) pela disponibilidade de radiação solar, em todas as épocas
de avaliação.
106
Tabela 29 – Diferença de média para diâmetro do tronco do cafeeiro (mm) entre épocas de avaliação
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Época (I) Época (J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
Set/06 - 2,826* - 3,803 - 1,849
Mar/07 - 6,765* - 7,497 - 6,033
Mar/06
Set/07 - 10,594* - 11,568 - 9,621
Mar/06 2, 826* 1,849 3,803
Mar/07 - 3,939* - 4,852 - 3,026
Set/06
Set/07 - 7,768* - 9,134 - 6,402
Mar/06 6,765* 6,033 7,497
Set/06 3,939* 3,026 4,852
Mar/07
Set/07 - 3,829* - 4,614 - 3,045
Mar/06 10,594* 9,621 11,568
Set/06 7,768* 6,402 9,134 Set/07
Mar/07 3,829* 3,045 4,614
* A diferença de média é significativa ao nível de 5% pelo teste de Bonferroni
Observa-se na Tabela 30, que a diferença de média do diâmetro do caule não foi
significativa apenas entre os tratamentos sob 90% e 100% de radiação disponível,
quando se considerou todo o período de avaliação.
107
Tabela 30 – Diferença de média de diâmetro do tronco do cafeeiro (mm) entre tratamentos
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Tratamento (I) Tratamento (J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
35% - 4,544* - 8,567 - 0,522
90% - 7,962* - 10,954 - 4,970 35%
100% - 9,852* - 13,168 - 6,536
35% 4, 544* 0,522 8,567
90% - 3,418* - 6,791 - 0,044 45%
100% - 5,308* - 8,497 - 2,119
35% 7,962* 4,970 10,954
45% 3,418* 0,044 6,791 90%
100% - 1,890 - 4,975 1,194
35% 9,852* 6,536 13,168
45% 5,308* 2,119 8,497 100%
90% 1,890 - 1,194 4,975
* A diferença de média é significativa ao nível de 5% pelo teste de Bonferroni
Verifica-se na Tabela 31, que em março de 2006 apenas o tratamento sob 35%
de radiação disponível diferiu significativamente dos demais em relação ao diâmetro do
caule. Em setembro do mesmo ano, o tratamento sob pleno sol foi o único a diferir de
todos os demais tratamentos. Por sua vez, o tratamento sob a menor radiação solar
disponível atingiu novamente diferença significativa em relação aos outros tratamentos
em março e setembro de 2007, enquanto o tratamento sob 45% de radiação disponível
diferiu dos demais tratamentos apenas em setembro de 2007.
108
Tabela 31 - Diferença de média de diâmetro de tronco do cafeeiro (mm) entre tratamentos em cada
época de avaliação
(continua)
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Época
Tratamento
(I)
Tratamento
(J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
45% - 5,825* - 10,601 - 1,049
90% - 8,116* - 10,986 - 5,246 35%
100% - 10,670* - 15,070 - 6,269
35% 5,825* 1,049 10,601
90% - 2,291 - 6,658 2,076 45%
100% - 4,844* - 8,932 - 0,757
35% 8,116* 5,246 10,986
45% 2,291 - 2,076 6,658 90%
100% - 2,553 - 6,689 1,582
35% 10,670* 6,269 15,070
45% 4,844* 0,757 8,932
Mar/06
100%
90% 2,553 - 1,582 6,689
45% - 2,902 - 7,225 1,422
90% - 5,816* - 8,940 - 2,692
35%
100% - 9,519* - 13,001 - 6,037
35% 2,902 - 1,422 7,225
90% - 2,914 - 6,316 0,487 45%
100% - 6,618* - 10,050 - 3,185
35% 5,816* 2,692 8,940
45% 2,914 - 0,487 6,316 90%
100% - 3,703 - 6,883 - 0,523
35% 9,519* 6,037 13,001
45% 6,618* 3,185 10,050
Set/06
100%
90% 3,703* 0,523 6,883
109
Tabela 31 - Diferença de média de diâmetro de tronco do cafeeiro (mm) entre tratamentos em cada
época de avaliação
(conclusão)
Diferença de Intervalo com 95% de confiança
média (I-J) para a diferença
Época
Tratamento
(I)
Tratamento
(J)
Limite inferior Limite superior Limite inferior
45% - 4,730* - 8,803 - 0,657
90% - 6,577* - 9,691 - 3,463 35%
100% - 8,949* - 12,311 - 5,588
35% 4,730* 0,657 8,803
90% - 1,847 - 5,082 1,388 45%
100% - 4,220* - 7,798 - 0,641
35% 6,577* 3,463 9,691
45% 1,847 - 1,388 5,082 90%
100% - 2,373 - 5,661 0,916
35% 8,949* 5,588 12,311
45% 4,220* 0,641 7,798
Mar/07
100%
90% 2,373 - 0,916 5,661
45% - 4,721* - 8,451 - 0,991
90% - 11,339* - 15,210 - 7,468
35%
100% - 10,271* - 13,971 - 6,571
35% 4,721* 0,991 8,451
90% - 6,618* - 10,318 - 2,918 45%
100% - 5,550* - 8,565 - 2,535
35% 11,339* 7,468 15,210
45% 6,618* 2,918 10,318 90%
100% 1,068 - 2,301 4,437
35% 10,271* 6,571 13,971
45% 5,550* 2,535 8,565
Set/07
100%
90% - 1,068 - 4,437 2,301
* A diferença de média é significativa ao nível de 5% pelo teste de Bonferroni
2.3.6 Peso foliar específico (PFE)
Os cafeeiros sob os maiores níveis de radiação (90 % e 100%) tiveram os
valores mais elevados de peso foliar específico (Figura 32). Por outro lado, os cafeeiros
sob 35% e 45% de radiação alcançaram os valores mais baixos. Esses resultados
110
corroboram Voltan, Fahl e Carelli (1992) que obtiveram os valores mais elevados nos
cafeeiros sob as maiores intensidades luminosas.
y = 0,0006x + 0,0622
R
2
= 0,98
0,07
0,08
0,09
0,1
0,11
0,12
0,13
30 40 50 60 70 80 90 100 110
Radiação (%)
Peso foliar espefico (Kg m2-1)
PFE
Linear (PFE)
Figura 32 - Peso foliar específico do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação solar
Segundo Voltan, Fahl e Carelli (1992), em condições de maior intensidade
luminosa ocorre um espessamento foliar promovido principalmente pela expansão do
mesofilo, ocorrendo também um aumento na massa foliar específica.
O peso foliar específico do tratamento 100%, que atingiu o maior valor, não
diferiu estatisticamente do tratamento 90% (Tabela 32), mas diferiu aos valores
alcançados pelos tratamentos 35% e 45% de radiação.
Tabela 32 – Peso foliar específico do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação
Radiação Peso foliar específico (Kg m
2-1
)
35% 0,072 C
45% 0,088 BC
90% 0,098 AB
100% 0,110 A
CV (%) 15,30
Médias seguidas das mesmas letra maiúsculas não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5%
111
2.3.7 Anatomia foliar do cafeeiro
2.3.7.1 Análise histológica
Os resultados de análise histológica deram valores mais elevados de área do
parênquima paliçádico nos cafeeiros sob as maiores radiações (90% e 100%) (Tabela
33). As folhas do sol são mais espessas e têm células paliçádicas mais longas do que
as de sombra (TAIZ; ZEIGER, 2004). Em relação ao parênquima esponjoso, a maior
área foi observada no cafeeiro a pleno sol, seguido pelo cafeeiro sob 35% de radiação,
sendo que, os espaços intercelulares corresponderam a 30,8% e 38%,
respectivamente. Os cafeeiros sob 45% e 90% de radiação tiveram os valores de área
mais baixos para o parênquima esponjoso, assim como de espaço intercelular, o qual
correspondeu a 25,52% e 24,58%, respectivamente.
Nascimento et al. (2006) relataram que o cafeeiro cultivado a pleno sol
apresentou as maiores médias em espessura dos parênquimas paliçádico e esponjoso.
Segundo os mesmos autores, este aumento do parênquima paliçádico e,
consequentemente do limbo foliar constitui característica importante ao processo
fotossintético. Segundo Taiz e Zeiger (2004), as propriedades das células paliçádicas
que permitem a passagem direta da luz, e as propriedades das células do parênquima
esponjoso, que servem à dispersão luminosa, determinam uma absorção luminosa mais
uniforme através da folha. Para Zanela (2001), um aumento no número de camadas do
parênquima esponjoso e o aumento nos espaços intercelulares são fatores importantes
que devem ser considerados no sentido de aumentar a eficiência fotossintética, pois
facilitam a realização das trocas gasosas nas folhas.
As maiores áreas de tecido paliçádico das folhas do cafeeiro nos tratamentos
90% e 100% não diferiram estatisticamente da alcançada pelo tratamento 45% (Tabela
33). O tratamento 90%, que atingiu o maior valor, diferenciou-se significativamente da
menor radiação. Em relação ao tecido esponjoso, a maior área alcançada pelo
tratamento 45%, não atingiu diferença estatística em relação aos tratamentos 35% e
100%, diferenciando-se apenas do tratamento 90%.
112
Segundo Taiz e Zeiger (2004) características anatômicas contrastantes também
podem ser encontradas em folhas da mesma planta expostas a regimes luminosos
diferentes.
Tabela 33 – Áreas de tecidos foliares dos cafeeiros sob diferentes níveis de radiação
Radiação
Epiderme
dil
Parênquima Parênquima Epiderme
adaxial paliçádico esponjoso abaxial
------------------------------------------- µm
2
--------------------------------------------
35% 22354,2 A 31760,0 B 196816,0 AB 16927,5 A
45% 16982,7 B 36082,0 AB 206139,0 A 10642,8 C
90% 23894,3 A 39687,0 A 190021,0 AB 16001,4 A
100% 19151,2 B 38220,0 AB 199842,0 AB 12671,5 B
CV (%) 7,66 11,03 2,83 5,96
Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas (na coluna) não diferem pelo teste de Tukey ao nível de
5%
Os tratamentos 35% e 90% atingiram os maiores valores de área de tecido das
epidermes adaxial e abaxial, não diferindo entre si (Tabela 33), entretanto, diferiram dos
tratamentos 45% e 100%. O menor valor atingido de área de epiderme adaxial pelo
tratamento 45%, não diferiu do valor alcançado pelo tratamento 100%. Por outro lado,
em relação à área de tecido da epiderme abaxial, o menor valor também atingido pelo
tratamento 45%, diferiu do valor intermediário alcançado pelo tratamento 100%.
2.3.7.2 Número de estômatos
Observa-se na Figura 33, que houve tendência de maior número de estômatos
nas folhas dos cafeeiros com o aumento da radiação. Os cafeeiros a pleno sol atingiram
o número mais elevado de estômatos, enquanto os cafeeiros sob a menor radiação
(35%) alcançaram o número mais baixo. Voltan, Fahl e Carelli (1992) e Nascimento et
al. (2006) também relataram maior número de estômatos para os cafeeiros a pleno sol,
em relação aos cafeeiros sombreados. Por outro lado, Oliveira et al. (2004) não
observaram diferença estatística no número de estômatos entre os cafeeiros em
monocultivo e aqueles consorciados com seringueira, na fase de estabelecimento do
plantio.
113
y = 27,931Ln(x) + 0,5275
R
2
= 0,9768
95
105
115
125
135
30 40 50 60 70 80 90 100 110
Radiação (%)
mero de estômatos mm2-1
NE
Log. (NE)
Figura 33 - Número de estômatos do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação solar
Para Nascimento et al. (2006), os valores mais altos do índice estomático
encontrados para o cultivo a pleno sol, podem ser atribuídos a uma diferença de
demanda evaporativa do ar entre os diferentes sistemas de cultivo. Zanela (2001) relata
que, geralmente o aumento na frequência estomática em condições de maior
irradiância está relacionado a uma maior condutância estomática e transpiração,
entretanto, não obteve correlação entre estas variáveis.
Os maiores números de estômatos foliares verificados nos tratamentos sob as
maiores radiações (90% e 100%) não diferiram estatisticamente entre si e também em
relação ao tratamento 45% (Tabela 34). Por outro lado, este último não diferiu do
tratamento 35% de radiação, enquanto que os tratamentos 90% e 100% diferiram.
Tabela 34 – Número de estômatos foliares do cafeeiro sob diferentes níveis de radiação
Radiação Número de estômatos mm
2-1
100% 127,85 A
90% 126,92 A
45% 109,64 AB
35% 97,64 B
CV (%) 7,40
Médias seguidas das mesmas letra maiúsculas não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5%
114
2.3.8 Maturação dos frutos do cafeeiro
Na avaliação da maturação dos frutos do cafeeiro realizada em 13/07/06 (Figura
34), os tratamentos sob 45% e 90% de irradiância apresentaram as maiores
porcentagens de frutos maduros, os quais são desejáveis para obtenção de bebidas de
melhor qualidade. O tratamento sob 35% de irrradiância apresentou a menor
porcentagem de frutos verdes, porém, nesta data, estava com a grande maioria dos
frutos no estádio seco. Segundo Severino e Oliveira (1999), a colheita dos frutos neste
último estádio exerce efeito negativo na qualidade da bebida. Já o tratamento a pleno
sol apresentou a maior porcentagem de frutos no estádio verde. A presença de frutos
neste estádio representa prejuízo à qualidade da bebida (SEVERINO; OLIVEIRA,
1999).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
35% 45% 90% 100%
Radiação
Maturação (%)
seco
maduro
verde
Figura 34 - Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 13/07/06
Quando a avaliação da maturação foi feita na data da colheita específica para
cada tratamento (35% – 28/06/06; 45% – 17/06/06; 90% – 07/08/06; 100% – 08/08/06)
(Figura 35), houve mudança no panorama da maturação dos frutos apresentado na
avaliação de 13/07/06. Os tratamentos mais sombreados apresentaram as maiores
porcentagens de frutos no estádio maduro, o que representa um aspecto positivo na
obtenção de bebidas de melhor qualidade. Enquanto os tratamentos sob 90% e 100%
115
de irradiância apresentaram maiores porcentagens de frutos no estádio seco, notando-
se uma breve permanência dos frutos no estádio maduro nestes tratamentos sob
maiores irradiâncias, em oposição a uma permanência por um maior período nos
tratamentos mais sombreados. Camargo (2007) constatou a permanência durante muito
tempo, de frutos das plantas a pleno sol no estádio verde cana, os quais passavam a
estádio seco praticamente sem passar pelo estádio cereja. Segundo Caramori et al.
(2004), no cafeeiro a pleno sol o amadurecimento é forçado pelo excesso de radiação
solar e temperatura, não proporcionando ao fruto desenvolver as propriedades
organolépticas que conferem qualidade à bebida. Não é raro observarem-se frutos que
passam rapidamente do estado de verde a maduro, sem o devido acúmulo de massa
necessário para a sua formação adequada, ocasionando elevado número de grãos
chochos, malformados e com peneiras baixas. Para Lunz (2006) a amenização da
temperatura proporcionada pelo sombreamento ocasiona um período mais longo de
maturação do fruto.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
35% 45% 90% 100%
Radiação
Maturação (%)
seco
maduro
verde
Figura 35 - Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo na data da colheita específica
do tratamento em 2006
Na avaliação simultânea da maturação dos frutos nos tratamentos, realizada em
14/06/2007 (Figura 36), observou-se que os frutos no estádio verde constituíram
aproximadamente 55% no tratamento sob 45% de irradiância e 90% nos tratamentos
sob 90% e 100% de irradiância. Por sua vez, no tratamento sob o maior sombreamento,
116
representaram a menor proporção, em torno de 20%, enquanto que os frutos nos
estádios cereja e seco constituíram 25% e 55%, respectivamente.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
35% 45% 90% 100%
Radiação
Maturação (%)
seco
maduro
verde
Figura 36 - Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo em 14/06/07
Observa-se na Figura 37, que a maturação dos frutos na data da colheita de
cada tratamento (35% – 26/06/07; 45% – 12/07/07; 90% – 02/08/07; 100% – 02/08/07)
apresenta menores porcentagens de frutos no estádio verde nos tratamentos mais
sombreados. Estes possuem as maiores porcentagens de frutos no estádio seco,
diferentemente da maturação observada na colheita, na data específica para cada
tratamento, realizada no ano anterior, quando apresentaram maiores proporções dos
frutos no estádio cereja, embora a colheita naquele ano tenha sido realizada em datas
posteriores para os respectivos tratamentos. Como não foi realizado um
acompanhamento fenológico das plantas, não é possível afirmar a causa para o
amadurecimento antecipado dos frutos nestes tratamentos. Vaast et al. (2006)
observaram maturação mais rápida em frutos a pleno sol. Segundo esses mesmos
autores, quando a carga de frutos foi mais baixa, o amadurecimento ocorreu mais
rapidamente independente de estar ao sol ou à sombra. Em um ano de alta produção,
Jaramillo Botero (2007) observou que plantas sombreadas apresentaram menor
número de frutos, frutos mais pesados e de maior tamanho e maturação mais tardia que
as plantas a pleno sol.
117
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
35% 45% 90% 100%
Radiação
Maturação (%)
seco
maduro
verde
Figura 37 - Maturação dos frutos do cafeeiro em SAF e em monocultivo na data da colheita específica do
tratamento em 2007
2.3.9 Produção do cafeeiro
Observa-se na Figura 38, na colheita em 2006, que os tratamentos sob 90% e
100% de irradiância apresentaram produções de café em coco mais elevadas do que
as obtidas sob 35% e 45% de irradiância, e diferiram estatisticamente das mesmas pelo
teste de Tukey (p<0,05). Produções mais elevadas sob maiores irradiâncias foram
também relatadas por outros autores (BOTE, 2007; CAMARGO 2007; CAMPANHA et
al., 2004; CARELLI; FAHL; ALFONSI, 2002; JARAMILLO BOTERO, 2007; LUNZ, 2006;
MIRANDA; NEVES et al., 2002; PEREIRA; BERGO, 1999; RODRIGUES et al., 2001). A
produção de café em coco a pleno sol correspondeu a 1,19; 2,37 e 6,92 vezes a
produção obtida sob 90%, 45% e 35% de irradiância, respectivamente. Entretanto, as
produções dos cafeeiros sob as radiações de 90% e 100% não diferiram entre si, assim
como, não houve diferença estatística entre as produções dos cafeeiros sob 35% e
45% de irradiância. Os resultados de várias pesquisas demonstram que o
sombreamento nas plantações de café induz uma série de efeitos nos cafeeiros, que se
traduzem em reduções de fotossíntese, transpiração, metabolismo, crescimento,
demanda de nutrientes e outros processos que afetam diretamente a produtividade da
cultura (ALFARO-VILLATORO et al., 2004). A frutificação do cafeeiro é geralmente mais
elevada a pleno sol, devido ao maior número de nós produtivos formados por ramo e à
118
maior formação de botões florais por nó, sendo criticamente dependente da radiação
solar (CANNELL, 1985). Segundo DaMatta (2004) o cafeeiro sombreado tende a
florescer e a produzir uma boa safra a cada ano, enquanto sob condições de pleno sol
a cultura tende a alternar entre anos com florescimento pesado e leve.
Segundo Matiello et al. (2005), os trabalhos de pesquisa sobre a prática de
sombreamento de café no centro-sul do Brasil, efetuados na década de 1950, sempre
mostraram perdas de produção das parcelas com sombra, em relação àquelas sob
pleno sol. Contudo, segundo esses mesmos autores, no Nordeste, em condições de
período mais seco e com árvores apropriadas, o sombreamento tem resultado em
melhor enfolhamento dos cafeeiros e em maior produtividade. No Paraná, Baggio et al.
(1997) não observaram decréscimo na produção do cafeeiro sob sombra de Grevillea
robusta em relação ao cafeeiro em monocultivo, em menores densidades de árvores.
Soto-Pinto et al. (2000) ressaltam que a cobertura de sombra é mais importante que a
densidade de árvores sombreadoras na produção de café.
Na colheita em 2007, ano de baixa produção, os cafeeiros a pleno sol foram os
que mais produziram (Figura 38), alcançando, contudo, 64,36% da produção atingida
no ano anterior. As produções dos cafeeiros sob 90% e 45% de irradiância também
foram menores que as do ano anterior, alcançando 55,90% e 91,55%, respectivamente.
Por sua vez, o tratamento sob 35% de irradiância foi o único que apresentou elevação
de produção neste ano. Matiello et al. (2005) obtiveram em Garanhuns, Pernambuco,
produção duas vezes maior em cafeeiros sob 50-75% de sombra em relação à obtida a
pleno sol. Em Chiapas, no México, Soto-Pinto et al. (2000) verificaram maiores
produções de café com sombreamento entre 30 e 45%. Em Viçosa, Minas Gerais,
Jaramillo Botero (2007) verificou que em anos de alta produção, houve efeito negativo
do sombreamento sobre a produção, e em anos de baixa produção, houve efeito
positivo.
Houve diferenças estatísticas entre as produções de café em coco nos anos de
2006 e 2007 nos tratamentos sob 35%, 90% e 100% de irradiância (Figura 38), o que
não se observou no tratamento sob 45% de irradiância.
119
0
1
2
3
4
5
6
35% 45% 90% 100%
Irradiância
Café coco (Kg parcela
-1
)
2006 2007
aA
bA
aA
aA
aB
bA
aB
bA
Figura 38 - Produção de café em coco (duas plantas por parcela) sob diferentes irradiâncias em 2006 e
2007. As mesmas letras minúsculas (entre anos no tratamento) e maiúsculas (entre
tratamentos no ano), acima das colunas, correspondem que as produções não diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%
A produção de café beneficiado (Figura 39) demonstrou similaridade de
comportamento em relação à produção de café em coco. As maiores produções no
ano de 2006 foram observadas nos tratamentos sob 90% e 100% de irradiância, os
quais diferiram estatisticamente dos tratamentos sob 35% e 45% de irradiância. As
produções de café beneficiado nos tratamentos sob 90% e 100% de irradiância, no ano
de 2007, foram menores do que as obtidas em 2006, sendo a redução correspondente
a 50% e 42%, respectivamente. Por outro lado, o tratamento sob 45% de irradiância
alcançou produção similar à atingida no ano anterior, enquanto o tratamento sob 35%
de irradiância, neste ano de baixa produção, superou a produção alcançada no ano
anterior. A produção no tratamento sob 35% de irradiância foi influenciada pela redução
de sombreamento no interior do seringal, devido aos danos ocasionados às copas das
seringueiras pelo mini-ciclone ocorrido em 29 de março de 2006.
120
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
35% 45% 90% 100%
Irradiância
Café beneficiado (Kg parcela
-1
)
2006
2007
bA
aA aA
aB
bA
aB
bA
Figura 39 - Produção de café beneficiado (duas plantas por parcela) sob diferentes irradiâncias em 2006
e 2007. As mesmas letras minúsculas (entre anos no tratamento) e maiúsculas (entre
tratamentos no ano), acima das colunas, correspondem que as produções não diferem
estatisticamente pelo teste de Tukey a 5%
Os rendimentos de produção (Figura 40), no ano de 2006, foram mais elevados
nos tratamentos sob 90% e 100% de irradiância. Entretanto, estes não diferiram
estatisticamente dos rendimentos obtidos sob 35% e 45% de irradiância. No ano
seguinte, estes últimos tratamentos foram os que apresentaram os rendimentos mais
elevados, e não diferiram estatisticamente entre si. Por sua vez, o tratamento sob 45%
de irradiância diferiu dos tratamentos sob 90% e 100% de irradiância. Maiores
rendimentos também foram observados nas produções de cafeeiros sob menores
irradiâncias por Lunz (2006). Vaast et al. (2006) relataram que maiores cargas de frutos
reduziram o tamanho dos grãos, devido à competição por carboidratos entre frutos
durante o enchimento dos grãos. Segundo Camargo (2007), a menor carga de frutos
pendentes nos cafeeiros sob sombreamento respondeu pela maior quantidade de
matéria seca, como resultado de saldo superior de carboidratos.
121
0,44
0,46
0,48
0,50
0,52
0,54
0,56
0,58
35% 45% 90% 100%
Irradiância
Rendimento (%)
2006
2007
aA
aAB
aA
aA
aA
bB
aA
bB
Figura 40 - Rendimento de produção de café sob diferentes irradiâncias em 2006 e 2007. As mesmas
letras minúsculas (entre anos no tratamento) e maiúsculas (entre tratamentos no ano), acima
das colunas, correspondem que as produções não diferem estatisticamente pelo teste de
Tukey a 5%
O índice de bienalidade obtido para a produção de café coco nos anos de 2006 e
2007 (Tabela 35), dos cafeeiros sob a menor radiação (35%) foi o mais elevado, sendo
seguido pelo índice de bienalidade dos cafeeiros a pleno sol. Por outro lado, os
menores índices foram verificados para as produções dos cafeeiros sob as radiações
intermediárias (45% e 90%). Índices de bienalidade mais baixos são esperados para os
cultivos de cafeeiros realizados sob sombreamento, em razão da redução dos ciclos
bienais de produção em ambientes sombreados relatada por vários autores (BEER,
1997; DaMATTA; 2004; FERNANDES, 1986), entretanto, o maior índice de bienalidade
verificado para as produções dos cafeeiros sob 35% de radiação, foi influenciado pela
ocorrência do mini-ciclone, o qual ocasionou danos às copas das árvores e permitiu
uma maior luminosidade sobre os cafeeiros, proporcionando em 2007 uma produção
muito superior à verificada no ano anterior, em oposição ao ocorrido nos cafeeiros sob
maiores radiações, que tiveram produções menores em 2007 do que aquelas
anteriormente verificadas.
122
Tabela 35 - Índice de bienalidade da produção do cafeeiro (café coco) sob diferentes níveis de radiação
solar nos anos de 2006 e 2007
Radiação Produção (Kg) Índice de bienalidade (IB)
2006 2007
35% 0,73 2,73 2,74
45% 2,13 1,95 0,08
90% 4,24 2,37 0,44
100% 5,05 3,25 1,80
Lunz (2006) verificou uma redução significativa (p<0,01) no índice de bienalidade
de produção, com o aumento da radiação. Por outro lado, Jaramillo Botero (2007)
observou redução do comportamento bienal na produção das plantas de café com o
aumento do sombreamento, evidenciado pela diminuição do índice de bienalidade nas
plantas sombreadas.
2.3.10 Qualidade da bebida do café
Na classificação pela análise sensorial da bebida (Tabela 36), em conformidade
com as normas adotadas pela Associação Brasileira de cafés Especiais (ABCE),
verifica-se que, no geral, os tratamentos apresentaram café bebida dura, à exceção do
tratamento sob 45% de irradiância e sem broca (SB). Este tratamento deu café bebida
apenas mole, que é de melhor qualidade, tendo atingido o maior conceito, com um total
de 81 pontos. Ressalta-se que as amostras foram constituídas de grãos de frutos
colhidos em diferentes estádios de maturação.
123
Tabela 36 - Classificação do café pela análise sensorial da bebida
Radiação
disponível
Amostra
(1)
Colheita
Conceito
(2)
(total)
Observações
35% N 2006 78
Café bebida duro com gosto de velho; café com
característica natural
45% N 2006 79
Café bebida duro com um leve gosto de velho; café com
característica natural
90% N 2006 76
Café bebida duro com um amargor devido a quantidade
de grãos pretos; café com característica natural
100% N 2006 76 Café bebida duro verde; café com característica natural
35% N 2007 77
Café bebida duro com um amargor devido a quantidade
de grãos brocados; café com característica de cereja
descascado
35% SB 2007 77 Café bebida duro; café com característica de natural
35% CB 2007 75
Café bebida duro muito amargo devido a quantidade de
grãos brocados; café com característica de natural
45% N 2007 77
Café bebida duro com um amargor devido a quantidade
de grãos brocados; café com característica de cereja
descascado
45% SB 2007 81
Café bebida apenas mole com corpo, sabor e acidez;
café com característica de cereja descascado
45% CB 2007 74
Café bebida duro com um amargor muito forte devido a
quantidade de grãos brocados; café com característica
de natural
90% N 2007 74
Café bebida duro com xícaras fermentadas; café com
característica de natural
100% N 2007 72
Café bebida duro verde; café com característica de
natural
(1)
Amostra: N = Normal (não foi realizada catação de grãos); SB = Sem broca (realizou-se catação de
grãos para eliminação dos grãos brocados); CB = Com Broca (realizou-se catação para eliminação dos
grãos não brocados)
(2)
O conjunto de notas de conceito de cada tratamento estão nas Figuras 40 a 43
Os demais tratamentos obtiveram conceitos que variaram de um mínimo de 72,
atingido pelo tratamento sob 100% de radiação disponível da colheita de 2007 até um
máximo de 79, atingido pelo tratamento sob 45% de irradiância da colheita de 2006.
Observa-se que os conceitos mais elevados foram atingidos pelos tratamentos sob as
menores irradiâncias, nas amostras normal e sem broca. Muschler (2001) e Vaast et al.
(2006) relataram que a qualidade da bebida foi melhorada significantemente pelo
sombreamento do cafeeiro sob condições sub-ótimas e ótimas na Costa Rica,
respectivamente. Segundo Vaast et al. (2006), atributos negativos tais como amargor e
124
adstringência foram maiores para bebida preparada de grãos de cafeeiros a pleno sol
do que aquela preparada de grãos de cafeeiros à sombra. Por sua vez atributos
positivos tais como acidez e preferência foram significantemente maiores para os grãos
obtidos da sombra. Outros autores (CAMARGO, 2007; LUNZ, 2006) relataram que a
redução da irradiância disponível aos cafeeiros melhorou a qualidade da bebida. Lunz
(2006) utilizando amostras formadas apenas de grãos obtidos de frutos no estádio
cereja, verificou que os tratamentos com 35, 40, 45 e 80% de irradiância deram bebida
com classificação de apenas mole e mole. Enquanto que tratamentos sob maiores
níveis de radiação solar disponível proporcionaram piores características às amostras,
com bebida de pior qualidade.
Por outro lado, Avelino et al. (2008) verificaram que os cafés obtidos de plantas a
pleno sol foram mais ácidos e mais apreciados pelos provadores do que os cafés
obtidos de plantas sombreadas em condições de altitude muito elevada na Costa Rica.
Esses mesmos autores concluíram que o sombreamento excessivo não melhora a
qualidade do café em altitudes muito elevadas, quando variedades puras de café
arábica são usadas. Vaast et al. (2006) reconhecem o manejo de sombra como uma
das práticas agrícolas que podem limitar a carga de frutos, diminuindo o estresse do
cafeeiro, melhorar a relação folha/fruto e favorecer o amadurecimento lento da polpa do
café e o adequado enchimento dos grãos, ajudando a produzir café de melhor
qualidade e grãos de maior tamanho.
Ressalta-se que os tratamentos sob 35% e 45% de irradiância e com grãos
brocados (CB), mesmo classificados como bebida dura, apresentaram muito amargor
devido aos grãos brocados. Por sua vez, os tratamentos sob 35% e 45% de irradiância
e amostra normal da produção de 2007 e o tratamento sob 45% de irradiância e sem
broca, deram café com característica de cereja descascado.
125
0
2
4
6
8
10
Aroma
B ebida limpa
Uniformidade
Doç ura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrogos to
Balanço
Balanço geral
A
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniform ida de
Doç ura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
B
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
C
Figura 41 - Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 35% amostra N colheita 2006 (A), 45%
amostra N colheita 2006 (B) e 90% amostra N colheita 2006 (C)
126
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
A
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
B
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
C
Figura 42 - Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 100% amostra N colheita 2006 (A), 35%
amostra N colheita 2007 (B) e 35% amostra SB colheita 2007 (C)
127
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
A
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2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
B
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2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
C
Figura 43 - Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 35% amostra CB colheita 2007 (A), 45%
amostra N colheita 2007 (B) e 45% amostra SB colheita 2007 (C)
128
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
A
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
B
0
2
4
6
8
10
Aroma
Bebidalimpa
Uniformidade
Doçura
Corpo
Acidez
Sabor
R etrog os to
Balanço
Balanço geral
C
Figura 44 - Notas de conceito da análise sensorial do tratamento 45% amostra CB colheita 2007 (A), 90%
amostra N colheita 2007 (B) e 100% amostra N colheita 2007 (C)
129
Na Tabela 37, verifica-se que a maioria dos tratamentos apresentou o número
total de xícaras testadas com classificação café duro, o que corresponde a uma bebida
de boa qualidade. Entretanto, alguns tratamentos tiveram a classificação duro
acompanhada por diferentes atributos. Uma das três repetições do tratamento 35% de
radiação disponível e amostra normal da colheita de 2006 apresentou o atributo
envelhecido, o que também ocorreu com quase todas as xícaras do tratamento sob
100% de radiação disponível e amostra normal da colheita de 2006. Este último
tratamento teve em uma das repetições, uma xícara com classificação café sujo,
atributo associado a um gosto indesejável de terra e relacionado a fungo. O tratamento
sob a menor irradiância e amostra com broca da colheita de 2007 obteve classificação
duro fraco envelhecido em todas as xícaras testadas.
Tabela 37 - Classificação do café pela análise sensorial da bebida
Radiação disponível Amostra
(1)
Colheita
Xícaras
ttd
Classificação
35% N 2006 8 8 Duro
35% N 2006 8 8 Duro Envelhecido
35% N 2006 8 8 Duro
45% N 2006 8 8 Duro
45% N 2006 8 7 Duro Acre 1 Adstringente
45% N 2006 8 8 Duro
90% N 2006 8 8 Duro
90% N 2006 8 5 Duro 1 Chuvado 2 Fermentado
90% N 2006 8 7 Duro 1 Fermentado
100% N 2006 8 7 Duro Envelhecido 1 Sujo
100% N 2006 8 8 Duro Envelhecido
100% N 2006 8 8 Duro Envelhecido
35% N 2007 7 5 Duro 2 Adstringente
35% SB 2007 8 8 Duro
35% CB 2007 8 8 Duro Fraco Envelhecido
45% N 2007 8 8 Duro
45% SB 2007 8 8 Duro
45% CB 2007 6 5 Duro Fraco Envelhecido 1 Riado
90% N 2007 8 8 Duro Frutado Encorpado e Cítrico
100% N 2007 8 8 Duro Frutado Encorpado e Cítrico
(1)
Amostra: N = Normal (não foi realizada catação de grãos); SB = Sem broca (realizou-se catação de
grãos para eliminação dos grãos brocados); CB = Com Broca (realizou-se catação para eliminação dos
grãos não brocados)
130
Por outro lado, o tratamento sob 45% de radiação disponível e amostra com
broca da colheita de 2007 apresentou a maioria das xícaras com classificação café duro
fraco envelhecido e uma das xícaras com classificação café riado. Portanto, o atributo
envelhecido esteve presente em 33,33% das amostras da colheita de 2006 e em 25%
das amostras da colheita de 2007. Sendo que nas amostras da colheita de 2006,
esteve quase sempre associado aos tratamentos sob a maior irradiância e nas
amostras de 2007 esteve presente apenas nos tratamentos sob menores irradiâncias e
com broca. De acordo Pereira et al. (2000), as lesões causadas pelo ataque aos frutos
por pragas e doenças servirão de entrada aos microorganismos, proporcionando
fermentações indesejáveis e redução na qualidade do produto. Por sua vez, Pimenta e
Vilela (1999) relataram que a classificação da bebida com base na atividade da
polifenoloxidase, não mostrou diferença com o aumento na porcentagem de grãos
brocados, sendo os tratamentos classificados como bebida dura. Por outro lado,
Teixeira, Fazuoli e Carvalho (1977) verificaram alteração na qualidade da bebida com o
decorrer do tempo de armazenamento dos grãos em embalagens de sacos de
aniagem, de tecido de algodão e de papel. A qualidade piorou quando se compararam
as médias gerais de pontos atribuídos à qualidade da bebida da primeira para a
segunda época, no período de onze meses, e desta para a terceira época, no período
de cinco meses. Leite et al. (1998) concluíram que a qualidade da bebida avaliada pelo
teste de xícara manteve-se constante durante o armazenamento, exceto no caso do
café descascado que, a partir de seis meses apresentou queda de qualidade.
Observa-se (Tabela 37), que uma das repetições do tratamento sob 45% de
radiação e amostra normal da colheita de 2006 apresentou sete das oito xícaras com
atributo acre, relacionado a uma sensação áspera, amarga, adstringente, picante e
pesada, e uma xícara com atributo adstringente associado à sensação de secura na
boca deixada após a sua ingestão. No tratamento sob 90% de irradiância, amostra
normal da colheita de 2006, uma das repetições apresentou uma xícara com atributo
chuvado, devido ao gosto estranho normalmente associado ao café que sofreu o efeito
da chuva ou foi lavado, e duas xícaras com classificação café fermentado. Por sua vez,
uma outra repetição do mesmo tratamento apresentou uma das oito xícaras com o
atributo de café fermentado. Segundo Pereira et al. (2000) não há dúvida de que o fator
131
mais importante na determinação da qualidade do café é a bebida que se influencia
pela espécie e presença de grãos verdes, pretos ou ardidos, ou pela fermentação nos
grãos, durante a fase de colheita ou preparo. Para esses autores, a fermentação
corresponde ao fator que mais prejudica a bebida do café. Os tratamentos sob as
maiores irradiâncias (90 e 100%) de amostra normal da colheita de 2007 apresentaram
os atributos: frutado, encorpado e cítrico. Sendo o atributo frutado relacionado ao odor e
sabor natural agradável e desejável da fruta fresca, percepção que evoca comumente
aroma de cítricos. Por outro lado, o atributo encorpado significa que a bebida é
concentrada e não rala, produzindo uma sensação agradável na boca.
132
3 CONCLUSÕES
1. As maiores deposições de serapilheira em 35,4% (SAF de seringueira e cafeeiros
mais sombreados) e 45,8% de radiação natural (SAF de seringueiras e cafeeiros sob
sombreamento intermediário) aliadas às suas maiores taxas de decomposição indicam
maior e mais rápida ciclagem de nutrientes nestes sistemas.
2. As maiores deposições de serapilheira em 35,4% (SAF de seringueiras e cafeeiros
mais sombreados) e 45,8% de radiação natural (SAF de seringueira e cafeeiros sob
sombreamento intermediário) não foram suficientes para garantir maiores acúmulos de
MO nestes sistemas, devido às maiores velocidades de decomposição da serapilheira
nessas posições.
3. As menores deposições de serapilheira no pleno sol é a principal limitação ao
acúmulo de MO, pois a velocidade de decomposição neste sistema é menor.
4. Os indicadores de fertilidade do solo (pH e V %), especialmente nas camadas
superficiais (0-2 e 2-7 cm) e o teor de MO na camada de 0-2 cm foram mais elevados
nos tratamentos 6,4%, 7,0% e 35,4%, proporcionados ao solo pelas deposições de
serapilheira pela seringueira.
5. Os menores teores de K do solo no tratamento 7% (sob seringueiras em monocultivo)
e 35,4% (em SAF de cafeeiros sob maior sombreamento) foram devidos a absorção
desse nutriente pelas seringueiras.
5. Os teores de Ca no solo foram mais elevados nos tratamentos 6,4%, 7% e 35,4%,
devido ao maior aporte de serapilheira e mais baixos nos tratamentos 47,5%, 60,9% e
64,9% devido à extração pelos cafeeiros.
6. Teores de Mg no solo foram mais elevados nos tratamentos 6,4%, 7% e 35,4%,
devido ao maior aporte de serapilheira e a maior cobertura e proteção pelas árvores de
seringueira.
7. A soma de bases mais elevada em 6,4%, 7% e 35,4% deve-se aos teores mais
elevados de Ca e Mg.
8. A acidez potencial (H+Al) mais elevada sob as maiores radiações, 60,9% e 64,9%,
sob cafeeiros em SAF, na menor cobertura e proteção das seringueiras e sob cafeeiros
133
em monocultivo, respectivamente, deve-se ao baixo aporte de serapilheira e a menor
cobertura do solo.
9. A característica de CTC elevada do solo não foi modificada pelos tratamentos.
10. Os teores foliares de N e K do cafeeiro a pleno sol alcançaram valores mais
elevados e mais baixos, respectivamente, do que aqueles dos cafeeiros à sombra.
11. Os cafeeiros sob 45% de irradiância mantiveram estado nutricional adequado em
relação aos teores de N e K.
134
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