Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
DARCY RIBEIRO
ALINE PACHECO
COMPORTAMENTO SEXUAL, IDADE À PUBERDADE E PARÂMETROS
REPRODUTIVOS DE MACHOS OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS
CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ
AGOSTO-2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ALINE PACHECO
COMPORTAMENTO SEXUAL, IDADE À PUBERDADE E PARÂMETROS
REPRODUTIVOS DE MACHOS OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS
Orientadora: Prof
a
. CELIA RAQUEL QUIRINO
CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ
AGOSTO-2008
“Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias- CCTA, da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como
parte das exigências para obtenção do título de
Doutora em Ciência Animal. Área: Melhoramento
Genético Animal/ Biotecnologia da Reprodução.”
ads:
ALINE PACHECO
COMPORTAMENTO SEXUAL, IDADE À PUBERDADE E PARÂMETROS
REPRODUTIVOS DE MACHOS OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS
Aprovada em 18 de Agosto de 2008
Comissão Examinadora:
___________________________________________________________________
Prof
o
José Domingos Guimarães (Doutor em Ciência Animal)- UFV
___________________________________________________________________
PqC. Ricardo Lopes Dias da Costa (Doutor em Produção Animal) - APTA
Regional
__________________________________________________________________
Prof
a
Isabel Candia Nunes da Cunha (Doutora, Medicina Veterinária)- UENF
___________________________________________________________________
Prof
o
. José Frederico Straggiotti Silva (Ph.D, Medicina Veterinária)- UENF
__________________________________________________________________
Prof
a
Celia Raquel Quirino (Doutora em Ciência Animal)-UENF
(Orientadora)
“Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias- CCTA, da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como
parte das exigências para obtenção do título de
Doutora em Ciência Animal. Área: Melhoramento
Genético Animal/ Biotecnologia da Reprodução.”
Dedico
DedicoDedico
Dedico
Às pessoas que mais estimo:
Meus Pais Evair e Maria
Meu Marido José Ricardo
AGRADECIMENTOS
A Deus que tudo pode.
Aos meus pais queridos.
Ao meu amado marido.
A Maria das Graças (Gracinha), Jorge e Joyce, minha segunda família.
A orientadora Celia Raquel Quirino.
A querida amiga Aparecida Madella.
Aos alunos Maxwell Pacelli de Sousa Marcial, Thiago Gomes de Jesus, Anderson
Carlos Neves, Celcino Junior Martins Barros, Gustavo Huguinin Guiduce, Renan
Dalvi Nerly, Fábio Sabadini, da Escola Agrotécnica Federal de Alegre.
A Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
A Escola Agrotécnica Federal de Alegre.
A todos um muito Obrigado por tudo!!!
Diz o Senhor:
Não fiquem com medo, pois estou com
vocês; não se apavorem, pois eu sou o
seu Deus. Eu lhes dou forças e os ajudo;
eu os protejo com a minha forte mão.
Isaías 40: 10
BIOGRAFIA
Aline Pacheco, filha de Evair Pires Pacheco e Maria Aparecida Pacheco,
nasceu em 06 de dezembro de 1979, na cidade de Nova Iguaçu, RJ.
Iniciou o curso de Medicina Veterinária em março de 1998, na Universidade
Federal Fluminense - UFF, tendo colado grau em março de 2003.
Em setembro de 2003, iniciou o curso de Pós Graduação em nível de
Mestrado em Produção Animal, Melhoramento Genético Animal/Biotecnologia da
Reprodução Animal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
UENF, em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de tese e
conclusão do curso em setembro de 2005.
Em março de 2006 iniciou o curso de Pós Graduação em nível de
Doutorado em Ciência Animal, Melhoramento Genético Animal/Biotecnologia da
Reprodução Animal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
UENF, em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de tese e
conclusão do curso em agosto de 2008.
RESUMO
PACHECO, Aline; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
Agosto, 2008. Comportamento sexual, idade à puberdade e parâmetros
reprodutivos de machos ovinos da raça Santa Inês. 2008. 133p. Tese (Doutorado
em Ciência Animal) Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do
Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2008.
Objetivou-se com este trabalho estimar a idade em que machos da raça Santa Inês
atingem a puberdade e avaliar as características reprodutivas e produtivas destes
animais. O estudo foi realizado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre EAFA,
localizada na região Sul do Estado do Espírito Santo Brasil. Os animais avaliados
foram machos, nascidos entre janeiro e setembro de 2007. Foi realizada uma série de
estudos, enfocando a (1) avaliação do comportamento sexual de carneiros jovens, com
e sem contato sexual prévio com fêmeas em estro; (2) características seminais na pré-
puberdade, puberdade e na pós-puberdade; (3) biometria e forma testicular e (4)
características relacionadas ao crescimento corporal e testicular. Observou-se que a
exposição prévia de machos jovens à presença de fêmeas em estro estimulou os
comportamentos de monta e ejaculação, e que o tempo de teste de cinco minutos pode
ser suficiente para determinar e quantificar a libido de um carneiro. A idade média à
puberdade foi de 210,8 ± 50,8 dias, com peso corporal de 36,3 ± 9,2 kg e perímetro
escrotal de 25,2 ± 3,0 cm. O volume testicular foi melhor estimado pela fórmula do
cilindro. O formato testicular sofreu alteração com a idade, passando de longo-oval a
longo, em animais com 12 meses de idade. O crescimento corporal foi melhor
representado pela função não-linear Logística e o crescimento testicular pela função de
Gompertz. Com a realização destes estudos pode-se concluir que para a seleção de
reprodutores ovinos é necessário a avaliação tanto das características reprodutivas,
incluindo os testes de libido e biometria testicular, quanto das características de
produção. Esperam-se, com estes resultados, auxiliar na compreensão do
comportamento sexual, características seminais, medidas testiculares e corporais de
carneiros jovens da raça Santa Inês, com objetivo de melhorar o manejo e o processo
de seleção.
Palavras chave: Ovino; Libido; sêmen, puberdade, perímetro escrotal.
ABSTRACT
PACHECO, Aline; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
August, 2008. Sexual behavior, age of puberty and reproductive parameters of
male ovines of Santa Inês breed. 2008. 133p. Tese (Doutorado em Ciência
Animal) Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Norte
Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2008.
The aim of this work was to determine in which age the males of Santa Inês breed
reach the puberty and to value the reproductive and productive characteristics of
these animals. The study was carried out in the Escola Agrotécnica Federal de
Alegre – EAFA located in the South region of the State of Espírito Santo – Brazil. The
rams evaluated was born between January and September 2007. A series of studies
were carried out, (1) evaluation of the sexual behavior of young rams, with and
without experience with females; (2) seminal characteristics in the daily pay-puberty,
puberty and in the powders-puberty; (3) testicular biometric and forms (4) and the
body and testicular growth. The results noticed that the prior exhibition of young
males to the females' presence stimulated the behaviors of mounts and ejaculating,
and the time of test of five minutes can be sufficient to determine and to quantify the
libido. The middle age to puberty was 210,8 ± 50,8 days, with body weight 36,3 ± 9,2
kg and scrotal circumference of 25,2 ± 3,0 cm. The testicular volume was better
appreciated by the formula of the cylinder. The testicular format suffered alteration
with the age, passing from long-oval to long in animals with 12 months of age. The
body growth was better represented by the non-linear function Logistics and the
testicular growth by the function of Gompertz. With these studies it is possible to
conclude that for the selection reproducers is necessary the evaluation reproductive
characteristics, including the tests of libido and testicular measures, and all the
characteristics of production. Is expected with these results the understanding of the
sexual behavior, seminal characteristics and body and testicular measures of the
young Santa Inês rams, improving the handling and the process of selection.
Key-Words: Ovine, libido, semen, puberty, scrotal circumference
LISTA DE FIGURAS
Trabalho 1: Avaliação do comportamento sexual de carneiros jovens da raça
Santa Inês, com e sem contato sexual prévio com fêmeas em estro
Figura 1: Freqüência máxima dos eventos comportamentais em carneiros da raça
Santa Inês que não tiveram contato sexual prévio com fêmeas (EXP1) e quando
tiveram contato sexual prévio com fêmeas (EXP2), durante teste de libido de 10
minutos ...................................................................................................................... 63
Trabalho 2: Características seminais de carneiros da raça Santa Inês na pré-
puberdade, puberdade e na pós-puberdade
Figura 1: Evolução da motilidade progressiva (MOT) de acordo com a idade dos
carneiros da raça Santa Inês criados em condições intensivas ................................ 85
Figura 2: Evolução do vigor espermático (VIG), turbilhonamento (TURB) e do volume
do ejaculado (VOL) de acordo com a idade dos carneiros da raça Santa Inês criados
em condições intensivas ........................................................................................... 85
Figura 3: Evolução da concentração espermática (CONC) de acordo com a idade
dos carneiros da raça Santa Inês criados em condições intensivas ......................... 85
Figura 4: Evolução dos defeitos maiores (DMa) e menores (DMe) de acordo com a
idade dos carneiros da raça Santa Inês, criados em condições intensivas ............... 88
Figura 5: Porcentagem de defeitos maiores no sêmen de carneiros da raça Santa
Inês na pré-puberdade (Pré-Pub), puberdade (Pub) e na pós- puberdade (Pós-Pub),
criados em condições intensivas ............................................................................... 88
Figura 6: Porcentagem de defeitos menores no sêmen de carneiros da raça Santa
Inês na pré- puberdade (Pré-Pub), puberdade (Pub) e na pós- puberdade (Pós-Pub),
criados em condições intensivas ............................................................................... 89
Figura 7: Peso corporal (PC) e perímetro escrotal (PE) de ovinos da raça Santa Inês
de acordo com a idade, criados em condições intensivas ........................................ 90
Trabalho 4: Crescimento corporal e testicular de carneiros da raça Santa Inês
Figura 1: Curvas de crescimento observadas (Obs) e ajustadas de acordo com cada
modelo, em carneiros da raça Santa Inês criados em sistema intensivo ................ 123
Figura 2: Curvas de crescimento testicular observadas (Obs) e ajustadas de acordo
com cada modelo, em carneiros da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo .................................................................................................................. 125
Figura 3: Evolução da altura de cernelha (ACER), altura de garupa (AG),
comprimento do corpo (CC) e circunferência torácica (CT) com a idade dos carneiros
da raça Santa Inês criados em sistema intensivo ................................................... 127
LISTA DE TABELAS
Trabalho 1: Avaliação do comportamento sexual de carneiros jovens da raça
Santa Inês, com e sem contato sexual prévio com fêmeas em estro
Tabela 1: Número e freqüência dos eventos, no grupo de carneiros da raça Santa
Inês, sem contato sexual prévio com fêmeas (exp 1) e no grupo que teve contato
sexual prévio com fêmeas em estro (exp2), durante teste de libido de 10 minutos .. 64
Tabela 2: Médias e respectivos desvios padrão do número de eventos pelo nível de
experiência sexual em machos da raça Santa Inês sem contato sexual prévio com
fêmeas em estro (EXP1) e com contato sexual prévio com fêmeas em estro (EXP2),
durante teste de libido de 10 minutos ........................................................................ 65
Tabela 3: Médias e respectivos desvios padrão do número de eventos sexuais de
acordo com o peso corporal dos carneiros da raça Santa Inês ................................. 66
Tabela 4: Médias e respectivos desvios padrão do número de eventos sexuais, em
carneiros da raça Santa Inês, de acordo com o tempo de teste de libido, 5 ou 10
minutos ...................................................................................................................... 67
Tabela 5: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre os eventos do
comportamento sexual e destes com o peso corporal, perímetro escrotal e idade em
carneiros da raça Santa Inês, em testes de libido realizados dos 7 aos 11 meses de
idade ......................................................................................................................... 69
Trabalho 2: Características seminais de carneiros da raça Santa Inês na pré-
puberdade, puberdade e na pós-puberdade
Tabela 1: Médias e respectivos desvios padrão e valor mínino - máximo das
características seminais, peso corporal, perímetro escrotal e idade em carneiros da
raça Santa Inês, na pré-puberdade (Pré-Pub), na puberdade (Pub) e na pós-
puberdade (Pós-Pub) ................................................................................................ 83
Tabela 2: Médias e respectivos desvios padrão das características sicas do sêmen
de acordo com a idade em carneiros da raça Santa Inês, criados em condições
intensivas .................................................................................................................. 84
Tabela 3: Médias e respectivos desvios padrão das características morfológicas do
sêmen, do peso corporal e do perímetro escrotal de acordo com a idade dos
carneiros da raça Santa Inês, criados em condições intensivas ............................... 87
Tabela 4: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as características seminais,
e destes com peso corporal, perímetro escrotal e idade em carneiros da raça Santa
Inês, criados em condições intensivas ...................................................................... 91
Trabalho 3: Biometria e forma testicular em carneiros da raça Santa Inês
Tabela 1: Médias e respectivos desvios padrão das medidas testiculares e do peso
corporal de acordo com a idade dos carneiros da raça Santa Inês criados em
sistema intensivo ..................................................................................................... 104
Tabela 2: Médias e respectivos desvios padrão do volume testicular calculado pela
fórmula do cilindro, pela fórmula elipsóide e pela fórmula utilizada por Toelle e
Robson (1985), de acrodo com a idade dos carneiros da raça Santa Inês criados em
sistema intensivo ..................................................................................................... 106
Tabela 3: Freqüência dos formatos testiculares apresentados pelos carneiros da
raça Santa Inês em diferentes idades criados em sistema intensivo ...................... 107
Tabela 4: Médias e respectivos desvios padrão das medidas testiculares de acordo
com o formato testicular dos carneiros da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo .................................................................................................................. 108
Tabela 5: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as medidas testiculares e
destes com o peso corporal e com a idade em carneiros da raça Santa Inês criados
em sistema intensivo ............................................................................................... 110
Trabalho 4: Crescimento corporal e testicular de carneiros da raça Santa Inês
Tabela 1: Estimativas dos parâmetros (A, B e K), quadrado médio do resíduo (SQR),
coeficiente de determinação (R2) e número de interações (No Inter) para peso
corporal, de acordo com o modelo estudado, em carneiros da raça Santa Inês
criados em sistema intensivo .................................................................................. 122
Tabela 2: Pesos observados e estimados pelas funções não-lineares em carneiros
da raça Santa Inês criados em sistema intensivo ................................................... 122
Tabela 3: Estimativas dos parâmetros (A, B e K), quadrado médio do resíduo (SQR),
coeficiente de determinação (R2) e número de interações (No Inter), para perímetro
escrotal, de acordo com o modelo estudado, em carneiros da raça Santa Inês
criados em sistema intensivo .................................................................................. 124
Tabela 4: Perímetros escrotais observados e estimados pelas funções não-lineares,
em carneiros da raça Santa Inês criados em sistema intensivo .............................. 124
Tabela 5: Médias e respectivos desvios padrão das medidas morfométricas de
acordo com a idade, em ovinos da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo .................................................................................................................. 126
Tabela 6: Correlação simples entre peso corporal e medidas morfométricas e entre
perímetro escrotal e medidas morfométricas dos carneiros da raça Santa Inês
criados em sistema intensivo .................................................................................. 127
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 19
2.1. Peso, Escore de Condição Corporal e Medidas Morfométricas ......................... 19
2.2. Curva de Crescimento ........................................................................................ 22
2.3. Perímetro Escrotal .............................................................................................. 24
2.4. Puberdade .......................................................................................................... 30
2.5. Características Físicas e Morfológicas do Sêmen Ovino ................................... 33
2.6. Comportamento Sexual ...................................................................................... 34
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 38
4. TRABALHOS ........................................................................................................ 52
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO SEXUAL DE CARNEIROS JOVENS DA
RAÇA SANTA INÊS, COM E SEM CONTATO SEXUAL PRÉVIO COM FÊMEAS
EM ESTRO
RESUMO................................................................................................................... 53
ABSTRACT ............................................................................................................... 54
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 55
2. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 57
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 60
4. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 70
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 70
CARACTERÍSTICAS SEMINAIS DE CARNEIROS DA RAÇA SANTA INÊS NA PRÉ-
PUBERDADE, PUBERDADE E NA PÓS-PUBERDADE
RESUMO................................................................................................................... 74
ABSTRACT ............................................................................................................... 75
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 76
2. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 77
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 80
4. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 92
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 92
BIOMETRIA E FORMATO TESTICULAR EM CARNEIROS DA RAÇA SANTA INÊS
RESUMO................................................................................................................... 97
ABSTRACT ............................................................................................................... 98
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 99
2. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 100
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 102
4. CONCLUSÕES ................................................................................................... 111
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 111
CRESCIMENTO CORPORAL E TESTICULAR DE CARNEIROS DA RAÇA SANTA
INÊS
RESUMO................................................................................................................. 115
ABSTRACT ............................................................................................................. 116
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 117
2. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 118
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 120
4. CONCLUSÕES ................................................................................................... 128
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 132
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 132
LISTA DE ABREVIATURA
ACER= Altura de cernelha
AG= Altura de garupa
AP= Arremetida Pélvica
ASP= Aspecto do ejaculado
Cab= Cabeçada
CC= Comprimento do corpo
Ch= Cheirada
CT= Circunferência Torácica
CTD= Comprimento do testículo direito
CTE= Comprimento do testículo esquerdo
CTEST= Consistência testicular
CONC= Concentração espermática
Des= Desinteresse
DMa= Defeitos maiores
DMe= Defeitos menores
DT= Defeitos totais
ECC= Escore de condição corporal
EP= Exposição do pênis
Fig= Figura
ID= Idade
Lam= Lambida
LTD= Largura do testículo direito
LTE= Largura do testículo esquerdo
Mo= Monta
MOT= Motilidade espermática
PE= Perímetro escrotal
Per= Perseguição
PT= Perímetro torácico
RF= Reflexo de Flehmen
Sptzs= espermatozóides
TM= Tentativa de Monta
TURB= Turbilhonamento espermático
Tab= Tabela
Vo= Vocalização
VOL= Volume seminal
VIG= Vigor espermático
16
1. INTRODUÇÃO
O rebanho ovino brasileiro vem crescendo nos últimos anos, sendo as regiões
Nordeste e Sul as que concentram maior número de animais (ANUALPEC, 2007).
Apesar do crescimento a produção de carne ovina tem se mostrado
insuficiente frente à franca expansão do mercado interno, contudo não há
informações precisas que quantifiquem a oferta e a demanda de carne no Brasil.
Segundo projeção realizada por Diesel (2007), seria necessário um incremento de
28% na quantidade de oferta de machos jovens para atender a demanda do
mercado interno por carne ovina.
A maioria dos trabalhos científicos que visam caracterizar a produção e a
reprodução da população ovina é realizada no Nordeste do país, poucos são os
trabalhos referentes à população de ovinos criados no Sudeste, principalmente no
Estado do Espírito Santo e no Rio de Janeiro.
A principal raça produzida na região Sudeste do Brasil é a Santa Inês, que
apresenta alta diversidade genética, rusticidade, prolificidade e menor
estacionalidade reprodutiva, podendo ser considerada de grande potencial em uso
de programas de melhoramento genético e de cruzamentos com raças
especializadas na produção de carne (NETO, 2002).
O peso corporal é a principal característica a ser analisada em sistemas de
produção de carne seguido do ganho médio diário. Estas características podem
sofrer influência de uma série de fatores, como o ano de nascimento, a estação de
17
parição, o tipo de gestação, o sexo da cria, a idade da fêmea ao parto e o tipo de
manejo alimentar (JACKSON e BERNARD, 2001 e MANCIO et al., 2005).
Através de modelos não-lineares que relacionam pesos e idades dos animais
é possível estudar a curva de crescimento, que resume em alguns parâmetros, com
interpretação biológica, características de crescimento de uma população, e
identifica em uma população os animais mais pesados em idades mais jovens,
sendo uma ferramenta essencial para a formação de programas de melhoramento
genético (PAZ et al., 2004).
A aplicação de modelos não lineares para o ajuste de curvas de crescimento
em ovinos da raça Santa Inês está sendo bastante estudada no Brasil (McMANUS et
al., 2003; FREITAS, 2005; SARMENTO et al., 2006).
Em sistemas de produção, a eficiência reprodutiva é o principal fator limitante
da lucratividade (MATOS et al., 1992). O conhecimento das respostas reprodutivas a
fatores externos e internos constitui um passo importante em direção a melhoria do
controle e a produtividade da espécie ovina (REKWOT et al., 2001).
O desempenho reprodutivo dos machos pode ser avaliado diretamente pelas
características físicas e morfológicas do men e pelo seu comportamento sexual
frente à presença de fêmeas (GORDON, 1999 e SASA et al., 2002). O perímetro
escrotal é uma característica objetiva que auxilia, indiretamente na identificação de
machos mais férteis e precoces, contudo sua utilização como critério único para
seleção de reprodutores não deve ser empregada (PACHECO, 2005).
As características reprodutivas apresentam herdabilidades de baixa a média
magnitude (ROSATI et al., 2002), sendo fortemente influenciadas por diversos
fatores como estação do ano, idade, nutrição e sistema de manejo (GARNER e
HAFEZ, 2004 e ALVES et al., 2006).
A identificação e seleção de machos jovens para serem utilizados como
futuros reprodutores permitem diminuir o intervalo entre gerações e realizar maior
intensidade de seleção.
Para se realizar a seleção precoce dos machos é fundamental o conhecimento
da idade em que estes animais atingem a puberdade e os possíveis fatores que
possam retardar seu aparecimento (SOUZA et al., 2003). Assim, o objetivo geral
desse estudo foi avaliar o comportamento sexual de carneiros jovens, estimar a
idade em que estes machos alcançam a puberdade, avaliar a biometria e o formato
18
testicular e a curva de crescimento corporal e testicular, em ovinos da raça Santa
Inês.
Dessa forma, essa tese foi dividida em quatro trabalhos:
1- Avaliação do comportamento sexual de ovinos jovens, com e sem
experiência prévia com fêmeas;
2- Características seminais na pré-puberdade, puberdade e na pós-
puberdade;
3- Biometria e formato testicular;
4- Crescimento corporal e testicular de reprodutores.
19
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Peso Corporal, Escore de Condição Corporal e Medidas
Morfométricas
A produção de ovinos para corte tem crescido em todas as regiões brasileiras
e neste tipo de criação deve-se dar atenção especial ao desenvolvimento dos
cordeiros, pois quanto mais cedo alcançarem a idade de abate e com menor custo
melhor será para o sistema de produção.
Com base na crescente demanda por carne ovina de baixo custo, pesquisas
têm sido realizadas a fim de se avaliar qual a melhor maneira de produzi-la, se a
pasto ou em confinamento.
Em regiões onde a área para produção de carne é reduzida e cara o
confinamento de cordeiros pode ser vantajoso, apresentando uma série de
benefícios, como menor mortalidade dos animais devido à menor incidência de
verminoses (SIQUEIRA et al., 1993) e maior controle da parte nutricional. Além
disso, o confinamento de cordeiros agiliza o retorno do capital aplicado, permite a
produção de carne de qualidade durante todo o ano, permite padronização de
carcaças, reduz a idade de abate dos cordeiros e disponibiliza a forragem das
pastagens para as demais categorias do rebanho. No entanto, a maior desvantagem
se encontra nos altos custos de produção, principalmente, relacionados à
alimentação (GASTALDI e SOBRINHO, 1998).
20
De acordo com Carvalho et al. (2007), outro fator a ser ressaltado na
terminação de cordeiros é o uso concomitante de forragens e concentrado. Para isso
é importante avaliar o efeito do uso de diferentes relações volumoso: concentrado
sobre o desempenho dos animais, bem como realizar uma avaliação econômica.
Cardoso et al. (2006), em cruzados Ile de France x Texel e Carvalho et al.
(2007), em cordeiros Texel, observaram que o aumento no teor de fibra e de
volumoso promove redução linear no ganho de peso diário e aumenta em 37,3 dias
o tempo necessário para que os cordeiros atinjam o peso de abate de 30kg, além de
diminuir o lucro em relação às carcaças.
O peso corporal é o melhor indicador de produção, no entanto, na espécie
ovina há uma variedade de raças muito grande, e associado a isto existe ainda
variação em tamanho corporal, entre e até mesmo dentro de raças. Devido a esta
diversidade pode haver enganos no momento de avaliação e comparação de peso
corporal, por isso alguns estudos estão enfatizando o escore de condição corporal
(ECC), que é uma avaliação subjetiva do estado corporal do animal e correlaciona a
composição corporal do animal e sua reserva de gordura corporal (THOMPSON e
MEYER, 2008).
A simples informação do peso corporal pode não refletir a quantidade de
reservas corporais dos animais sob a forma de gordura, ou seja, um animal grande e
magro pode ter um peso corporal maior que um animal menor e gordo (MORAES et
al., 2005).
Mancio et al. (2005) relataram, em ovinos da raça Merino Australiano, que o
ECC manteve as mesmas relações entre grupos de animais sob diferentes regimes
alimentares, como observado para o peso corporal. Isto ocorre, provavelmente pelo
fato de que mudanças em curto prazo não alteram o equilíbrio entre a energia
disponível e a utilizada, fazendo com que o escore permaneça mais ou menos
constante (JACKSON e BERNARD, 2001)
O desenvolvimento corporal é o resultado das mudanças na conformação
corporal e o estabelecimento das várias funções do animal. Entretanto, do ponto de
vista biológico, o desenvolvimento não poderia ser expresso em termos
quantitativos, desta forma trabalha-se com crescimento, que estaria relacionado ao
aumento em massa e tamanho corporal (SALLES, 1995).
Segundo Rosa (1999), atualmente os programas de seleção estão enfatizando
o tamanho corporal, pois as características altura, comprimento do corpo e perímetro
21
torácico estão diretamente relacionadas ao peso do animal e permitem descrever
melhor um indivíduo ou população.
As mensurações morfométricas, realizadas para definir o tamanho corporal,
permitem ainda determinar tendências ao longo dos anos em uma raça, embora não
substituam as características de desempenho como peso e ganho de peso
(MAGNOBOSCO et al., 1996).
As medidas corporais estão menos sujeitas às influências ambientais, porém
estão influenciadas pelos efeitos genéticos e pelos erros de mensuração (SILVA,
1997). Por isso, os autores sugerem que juntamente com as características
ponderais deve-se considerar também a precocidade reprodutiva.
As mensurações corporais lineares de altura e comprimento são mais precisas
na determinação do tamanho à maturidade do que o peso, visto que, peso e gordura
subcutânea podem sofrer flutuações periódicas, dependendo do nível nutricional e
ainda do porte e estado fisiológico do animal (KUNKLE et al., 1994).
A determinação do peso corporal é de extrema importância, não apenas para
o manejo nutricional e reprodutivo, mas também para o acompanhamento do
crescimento e para administração adequada de medicamentos. No entanto, grande
parte das criações de ovinos do Nordeste Brasileiro conta com pouca ou nenhuma
tecnologia e baixa infra-estrutura, sendo necessárias alternativas para se estimar o
peso corporal (MEMÓRIA et al., 2005).
Urbano et al. (2006) sugerem como solução a utilização da barimetria, técnica
por meio da qual se consegue estimar o peso por meio da mensuração do corpo do
animal.
Com objetivo de verificar a relação entre as medidas morfométricas e delas
com o peso corporal, e a possibilidade de se utilizar estas medidas para estimar o
peso corporal, Memória et al. (2004) avaliaram diferentes grupos genéticos de
ovinos criados no Ceará, verificando alta correlação do peso corporal com todas as
medidas morfométricas, sendo de maiores magnitudes nos animais com 24 e 35
meses de idade, enquanto que Memória et al. (2005) relataram maiores correlações
nos animais com idade entre 36 a 48 meses (variando entre 0,88 a 0,98). Santana et
al. (2001) relataram maior correlação entre peso corporal e medidas morfométricas
em animais mais jovens.
A medida corporal mais correlacionada com o peso corporal independente de
idade, segundo Santana et al. (2001) e Memória et al. (2005), foi o perímetro
22
torácico, seguida pela medida de comprimento do corpo. Urbano et al. (2006) e
Magalhães et al. (2006), em ovinos Morada Nova e Santa Inês, respectivamente,
relataram, de um modo geral, como medida mais correlacionada com o peso
corporal o perímetro torácico, seguido da medida de altura de garupa e altura de
cernelha. Quando separaram por sexo (URBANO et al., 2006) a segunda medida
mais correlacionada com o peso corporal foi a altura de cernelha nos machos e nas
fêmeas foi a medida de perímetro do ventre. Apesar da diferença entre os sexos os
autores indicam que devido à alta correlação entre as características seria possível e
eficiente a estimativa do peso corporal por meio de equação de predição.
A conformação do corpo do macho é um reflexo de seu desenvolvimento e
crescimento, estimado pelo peso corporal e pelas medidas corporais. Somado a
estes fatores tem-se o fator hormonal e qualquer desbalanço ou falta de testosterona
reflete na conformação corporal e pode causar perda na expressão da
masculinidade (FOURIE et al., 2005).
Fourie et al. (2005) determinaram a correlação entre medidas corporais e
níveis de testosterona plasmática, verificando que, em geral, as correlações foram
baixas e negativas.
Segundo Winkler (1993), as medidas morfométricas estão sujeitas ainda à
variação genética aditiva, que aumenta de acordo com idade dos animais, ou seja,
os efeitos dos fatores genéticos na variação fenotípica tornam-se mais importantes
do que os efeitos dos fatores ambientais.
2.2. Curva de Crescimento
Em um sistema de produção de ovinos de corte, as características
relacionadas ao crescimento são medidas repetidamente em intervalos predefinidos
e apresentam relação direta com a quantidade e qualidade da carne, produto final da
exploração. A forma mais rotineira e de baixo custo para se medir o crescimento é
pelo aumento de peso em um determinado período de tempo, ou seja, a velocidade
de crescimento pode ser determinada pelo ganho de peso diário. Medidas de altura
também podem ser utilizadas para descrever o crescimento dos animais
(LAWRENCE e FOWLER, 1997).
23
O ajuste de dados de peso-idade de cada animal ou de um grupo de animais
permite obter informações descritivas da curva de crescimento e de prognósticos
futuros para animais do mesmo grupo racial sob a mesma situação ambiental.
Portanto, a função de crescimento que é utilizada para descrever o crescimento do
animal tanto pra fins de exigência nutricional, como para seleção genética, é de
extrema importância (FITZHUGH Jr., 1976).
Quando se trabalha com animais destinados à produção de carne, faz-se
necessária a determinação do peso ideal para abate. Essa determinação deve estar
baseada nas exigências do mercado consumidor, que, de um modo geral, o
consumidor deseja uma carcaça com alta proporção de carne, adequada proporção
de gordura e uma reduzida proporção de osso (SANTOS, 1999).
Quando um animal é alimentado à vontade, com dieta de alta qualidade e
equilibrada, seu crescimento é linear durante um longo período e depois tende a
diminuir conforme este animal se aproxime de seu peso adulto. A taxa de
crescimento e o ponto em que o crescimento começa a declinar dependem do
aproveitamento dos nutrientes ingeridos pelo organismo (ALLEN, 1990). De acordo
com Boin e Tedeschi (1997), o ganho por animal é determinado pelo valor nutritivo
(concentração de nutrientes disponíveis) e pela ingestão de matéria seca, isto é,
pela ingestão de nutrientes disponíveis.
Geralmente estudam-se curvas de crescimento através de ajustes de funções
não-lineares.
Nos últimos anos, a importância da estimação de funções que descrevem o
crescimento dos animais ganhou destaque (SCHAEFFER e DEKKERS, 1994).
As funções não-lineares podem ser utilizadas para descrever o crescimento
do animal ao longo do tempo, possibilitando avaliar os fatores genéticos e de
ambiente que influenciam a forma da curva de crescimento, e desta maneira é
possível sintetizar informações de todo o período da vida dos animais, ou seja, pode-
se trabalhar com um conjunto de informações em série de peso por idade, que serão
quantificados em um conjunto de parâmetros interpretáveis biologicamente,
facilitando assim, o entendimento do fenômeno de crescimento (FITZHUGH Jr.,
1976).
O ajuste de curvas de crescimento é uma alternativa para os programas de
seleção que visam o aumento na precocidade dos animais.
24
As funções não-lineares mais utilizadas para descrever o crescimento de
ovinos de produção são as de Gompertz, Brody, Logística, Von Bertalanffy e
Richards (McMANUS et al., 2003; GUEDES et al., 2004; FREITAS, 2005;
SARMENTO et al., 2006). No entanto, questiona-se sobre qual desses modelos é o
mais apropriado para descrever o crescimento corporal de ovinos deslanados.
Os benefícios do uso desses modelos no melhoramento genético animal
seriam a estimação dos parâmetros para as curvas e a identificação dos animais
mais apropriados a determinados fins, como maior ganho de peso em uma fase
específica da vida.
As funções de crescimento em sua maioria apresentam dois parâmetros com
interpretação biológica. O peso assintótico superior (A) estima o peso médio na
maturidade (geralmente considerado como o peso adulto), ao passo que a taxa de
maturidade pós-natal (K) é um indicador da velocidade com que o animal se
aproxima do peso adulto (valores altos indicam maturidade precoce e valores baixos,
maturidade retardada). A função de Richards possui ainda o parâmetro M,
denominado parâmetro de inflexão e que forma à curva, refere-se ao ponto em
que o animal passa de uma fase de crescimento acelerado para um crescimento
com menor eficiência (McMANUS et al., 2003, GUEDES et al., 2004-2005,
SARMENTO et al., 2006).
O ponto de inflexão é definido como A/2 na função Logística, como A/e no
modelo de Gompertz e como A/3 no modelo de VonBertalanffy (FITZHUGH Jr.,
1976). A função de Brody não apresenta ponto de inflexão.
Além dos parâmetros analisáveis diretamente nas equações (a, k e m) e que
possuem interpretação biológica, Perotto et al. (1997) sugerem que podem ser
deduzidos os seguintes índices no auxílio ao melhoramento genético: taxa média de
crescimento absoluto, taxa média de maturação absoluta, peso, grau de maturidade
e idade no ponto de inflexão, máxima velocidade de ganho de peso e máxima taxa
de maturação.
Alguns requisitos devem ser seguidos para que uma função de crescimento
seja descritiva de uma relação peso-idade (FITZHUGH Jr., 1976). Entre eles,
destacam-se a interpretação biológica dos parâmetros (confiabilidade), um ajuste
com pequenos desvios (precisão) e o grau de dificuldade do ajuste
(operacionalidade).
25
Em geral, em bovinos, os autores têm usado com mais freqüência a função de
crescimento de Brody, pois nela os resultados são mais fáceis de serem obtidos e
interpretados, apesar de serem menos sensíveis a flutuações no peso (ELIAS,
1998).
Foi relatado por Braccini Neto et al., (1996) dificuldade de convergência com o
modelo Richards, evidenciando que, apesar da maior flexibilidade, por não fixar o
ponto de inflexão, esse modelo apresenta maiores dificuldades no processo
interativo em seu ajustamento.De acordo com Sarmento et al., (2006), o modelo
Richards não deve ser escolhido para representar curva média, visto que a diferença
em qualidade de ajuste não supera a dificuldade em atingir convergência,
possivelmente por esse modelo necessitar estimar um parâmetro a mais.
Silva e Araújo (2000) e Fernandes et al. (2001) verificaram que os efeitos de
sexo, tipo de gestação, ano de nascimento e idade da mãe ao parto são importantes
fontes de variação no crescimento de ovinos deslanados. Espera-se, portanto, que
os parâmetros da curva de crescimento sejam afetados por esses efeitos. Por isso
estudos da influência de efeitos fixos e aleatórios sobre os parâmetros podem
auxiliar na interpretação dos fatores que afetam a característica, promovendo melhor
análise e auxiliando o planejamento de programas de melhoramento genético.
Diversos trabalhos têm sido realizados sobre o crescimento dos ovinos de
diferentes raças no Brasil e no estrangeiro.
Em Lavras-MG/Brasil, Santos et al. (2003) determinaram o crescimento de
cordeiros da raça Bergamácia, com registros desde o nascimento até os 45 Kg de
peso vivo, e a curva descrita para ajustar melhor os dados de peso e idades dos
animais foi a de Gompertz. Os autores observaram que a taxa máxima de
crescimento ocorreu na 20º semana de idade e sugeriram que a identificação de
fatores, como raça, sexo, tipo de gestação, época e ano de nascimento e idade da
mãe ao parto, podem influenciar os parâmetros.
Também em ovinos da raça Bergamácia, sendo que criados no Distrito
Federal, McManus et al. (2003) estimaram curvas de crescimento com pesagens a
cada duas semanas desde o nascimento até os animais completarem 5,5 anos
(2000 dias), e recomendaram que o modelo Logístico deve ser preferido aos de
Richards e Brody para ajustar a curva de crescimento desses animais.
Guedes et al. (2004) analisaram curvas de crescimento a partir das médias
das idades e dos pesos dos animais a cada pesagem em ovinos Bergamácia e
26
Santa Inês, em Lavras, MG, onde as funções que melhor descreveram o
crescimento, foram a de VonBertalanffy e Gompertz, respectivamente.
Guedes et al. (2005) estudaram a curva de crescimento de cordeiros da raça
Santa Inês através da Analise Bayesiana, e concluíram que as estimativas para os
parâmetros são mais precisos quando comparado às obtidas por Guedes et al.
(2004), que utilizaram o mesmo conjunto de dados para ajustar modelos não-
lineares.
Freitas (2005) ajustou dados de peso e idades de ovinos de raças exóticas e
mestiças, oriundos da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI, avaliados por animal, do
nascimento ao primeiro ano de idade, sendo escolhida a função de VonBertalanffy.
Sarmento et al. (2006) somaram 7271 registros de peso ao nascimento até os
196 dias de idade, de 952 cordeiros da raça Santa Inês, provenientes do rebanho
experimental da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária do estado da Paraíba
(EMEPA-PB), controlados de 1983 a 2000, concluindo que deve ser preferido o
modelo de Gompertz para descrição da curva média de crescimento.
Em ovelhas da raça Santa Inês criadas a campo, em Campos dos
Goytacazes-RJ, os resultados demonstraram ser a função de Gompertz a que
melhor representou o crescimento, pois foi a que apresentou menor Soma de
Quadrados do Resíduo (SQR), menor tempo e menor número de iterações até
atingir a convergência (AFONSO, 2006).
No exterior também tem se relatado sobre estimativas de curvas de
crescimento em ovinos. Como exemplos, na Turquia, Topal et al. (2004)
determinaram a melhor função não-linear em ovinos das raças Morkaraman e
Awassi, desde o nascimento até os 360 dias de idade, sendo escolhidas as curvas
de Gompertz e VonBertalanffy, respectivamente.
Bathaei et al. (1998) analisaram aspectos de curvas de crescimento de ovinos
oriundos do Irã, da raça Mehraban, desde o nascimento até os 330 dias, onde a
função de Brody foi a escolhida pelos autores.
27
2.3. Perímetro Escrotal
A maioria das características relacionadas à eficiência reprodutiva é de difícil
avaliação, pois normalmente poderão ser tomadas tardiamente ou são limitadas
pelo sexo, além de, em geral, serem subjetivas estando sujeitas a erros (RYDHMER
e BERGLUND 2006).
No processo de seleção de machos com maior potencial reprodutivo busca-se
uma medida prática e eficaz capaz de predizer, objetivamente, a produção e a
qualidade espermática.
O tamanho testicular tem sido a característica mais utilizada para predizer a
eficiência reprodutiva de um macho. As características testiculares são diretamente
relacionadas com a produção e características seminais. As medidas de
comprimento, largura, volume e perímetro escrotal (PE) fornecem uma idéia da
quantidade de parênquima testicular, enquanto a consistência constata a
normalidade fisiológica, sendo que o testículo em plena capacidade funcional
apresenta consistência fibro-elástica (HAFEZ, 2004).
Em ovinos, Cardoso e Queiroz (1988) observaram que a produção
espermática diária em carneiros deslanados esteve altamente correlacionada com o
peso testicular e com o perímetro escrotal.
Somando-se ainda como fator favorável, observa-se que é uma medida de
fácil obtenção e de baixo custo (FONSECA, 2000), além de apresentar alta
repetibilidade (t=0,95) (PACHECO, 2005), fornecendo a esta característica maior
confiabilidade.
Salhab et al. (2001) avaliaram o tamanho testicular de carneiros da raça
Awassi, criados na Síria, da desmama até os 17 meses de idade. Não observaram
diferenças significativas entre o tamanho do testículo direito e o esquerdo, com o
crescimento testicular sendo maior entre 7 e 10 meses de idade. O PE esteve
correlacionado com as medidas de comprimento e largura (entre 0,61 e 0,97), com o
peso corporal (0,91) e com a idade (0,81).
A correlação positiva do PE com quantidade de parênquima testicular e
produção espermática indica que carneiros com maiores PE produzem sêmen com
maior número de espermatozóides (MAIA, 2002). Entretanto, existe um limite de
normalidade, que é difícil de estabelecer, devido ao fato de ser uma característica
28
influenciada por diversos fatores como, raça, idade, nutrição, época do ano,
temperatura e umidade ambiental (MAIA, 2002).
Visando minimizar a influência das diferentes condições de manejo dentro de
cada propriedade e das mudanças ambientais, Moraes e Oliveira (1991) sugeriram a
utilização do PE como critério de seleção apenas dentro de grupos contemporâneos
em um mesmo momento.
De acordo com Ikeda et al. (1999), a elevação da temperatura ambiente e
umidade relativa do ar podem levar ao aumento da temperatura corporal dos
carneiros e conseqüentemente do testículo provocando redução da fertilidade, que
poderá ser temporária ou permanente.
Rodrigues (2004) relatou após insulação escrotal de sete e quatro dias,
respectivamente, alterações significativas nas características seminais, na
consistência e na biometria testicular de carneiros Santa Inês e Sulffolk.
Com relação ao fator idade, Santana et al. (2001) relataram para ovinos Santa
Inês de 112, 200 e 230 dias de idade médias de 15,79 ± 2,32; 24,06 ± 4,58 e 29,85 ±
1,47 cm para PE, e sugeriram que os machos que apresentarem aos 112 dias de
idade PE superior a 15 cm e peso corporal acima de 18 kg, poderiam ser
selecionados como reprodutores. Esta escolha precoce dos reprodutores favoreceria
à diminuição do intervalo da primeira progênie, permitindo o melhoramento mais
rápido do rebanho.
Souza et al. (2003) relataram que machos Santa Inês com maior
desenvolvimento testicular também foram os mais precoces e apresentaram
ejaculados de melhor qualidade.
Segundo Assis et al. (2005), o balanço energético pode ser um dos fatores
mais importantes ligado à baixa função reprodutiva. As pastagens, que servem de
alimento para a maioria dos rebanhos ovinos brasileiros, possuem alto teor de fibra,
mas reduzido teor de energia. Testando o desenvolvimento do PE, em ovinos Santa
Inês, submetidos a diferentes níveis de energia na dieta, os autores constataram que
os animais que se alimentaram com uma dieta mais rica em energia metabolizável
tiveram maiores PE.
Contudo, o excesso de alimento concentrado, de acordo com Moraes (1997)
relaciona-se com redução da motilidade espermática, prejudicando a fertilidade do
animal. Fourie et al. (2004) relataram que ovinos superalimentados em condições
intensivas de manejo tiveram maiores PE em relação aos machos sob sistema
29
extensivo. Entretanto, apresentaram ejaculados com aspecto aquoso a leitoso e as
características MOT, VIG, TURB e CONC foram inferiores. Estes resultados foram
atribuídos à maior deposição de gordura sobre o testículo do grupo de animais em
condição intensiva, prejudicando a termorregulação. Baseados nestes resultados os
autores sugerem que a seleção baseada apenas na medida testicular não é
suficiente.
Estudos realizados por Toe et al. (2000), em ovinos, indicam que as
mensurações do PE fornecem prognóstico da vida reprodutiva futura, não apenas
dos machos, mas inclusive de suas filhas e meias-irmãs. O PE esteve
favoravelmente correlacionado com idade à puberdade das fêmeas aos 9 e 12
meses de idade (-0,57 e -0,78, respectivamente).
A correlação positiva do PE com características reprodutivas na fêmea deve-
se, segundo Land (1978), aos fatores hormonais, visto que, os mesmos hormônios
que promovem o desenvolvimento testicular nos machos promovem o
desenvolvimento ovariano nas fêmeas.
O peso corporal (PC) esteve altamente correlacionado com PE (r=0,65) e com
idade (r=0,79) nos estudos realizados por Bittencourt et al. (2003), em ovinos Santa
Inês. A magnitude das correlações variou com as categorias de idade, sendo
verificado o maior grau de relação entre PC e PE nos animais com idade maior que
36 meses, enquanto que um paralelismo entre as dias de PC e idade foram
observadas até os 30 meses. Os autores sugeriram que a seleção com base em
maiores medidas de perímetro escrotal, favoreceria a seleção indireta de machos
com alto ganho de peso.
Aguiar et al. (2008a e 2008b) estimaram a correlação de Pearson entre PE e
medidas morfométricas (Peso, CC, ACER, AG e PT), em ovinos da raça Santa Inês
com idade entre 4 e 5 meses e entre 5 e 7 meses, respectivamente, criados em
diferentes propriedades no Estado da Bahia. Aos 4-5 meses de idade observaram
correlações variando entre 0,36 e 0,59 e aos 5-7 meses as correlações foram mais
baixas, variando de 0,28 a 0,15. Esses resultados indicam, que quando o
avaliados animais não pertencentes ao mesmo grupo, a correlação entre perímetro
escrotal e medidas morfométricas pode não ser segura, sendo assim, é prudente
julgar animais do mesmo grupo contemporâneo.
30
2.4. Puberdade
A puberdade marca o começo da atividade reprodutiva e este momento tem
grande influência na produção animal, no entanto para a expressão máxima da
capacidade reprodutiva é necessário que o macho atinja a maturidade sexual
(GONZÁLEZ, 2002). Ao atingir a maturidade sexual o animal apresenta instinto
sexual, capacidade de monta e condições espermáticas condizentes com a
reprodução plena (SASA et al., 2002).
O aparecimento da puberdade é, em parte, determinada pelo genótipo do
animal e em parte pelos fatores ambientais. O genótipo é responsável pela
expressão de fatores intrínsecos tais como a interação entre hormônios e órgãos
alvo, peso e crescimento, que serão influenciados por fatores ambientais, os quais
pode-se citar como exemplo a luminosidade, a temperatura, a umidade, a
precipitação pluviométrica e a qualidade nutricional (GARNER e HAFEZ, 2004).
A definição da idade em que os machos atingem a puberdade difere entre
autores, mas em geral, levam em consideração as características seminais, o
comportamento sexual e o grau de desprendimento de aderência peniana. Jimeno et
al. (2001) definem a puberdade do cordeiro como sendo o aparecimento de
espermatozóides vivos e viáveis. É a época em que atingem a capacidade para
fertilizar uma fêmea, dependendo do número suficiente de espermatozóides
fecundantes e de um comportamento sexual que permita a cópula (GARNER e
HAFEZ, 2004).
Para Wheaton e Godfrey (2003), os carneiros são considerados púberes
quando o ejaculado apresentava concentração igual ou superior a 50 x 106
espermatozóides/ml e motilidade progressiva acima de 10% e para Mancio et al.
(2005), a puberdade em carneiros Merino Australiano foi considerada como o
momento em que o macho foi apto a realizar uma monta completa, seguida de
ejaculação por dois testes de libido seguidos.
Animais que possuem crescimento corporal ou testicular de forma mais
acelerada, podem atingir a puberdade mais precocemente e, do ponto de vista
genético, esta característica pode ser utilizada para determinar a puberdade
(EMSEN, 2005)
31
As primeiras alterações que ocorrem na puberdade são originárias do
Sistema Nervoso Central e causam alterações na secreção pulsátil hipotalâmica de
GnRH (GONZÁLEZ, 2002), que por sua vez estimula a hipófise anterior a secretar
LH e FSH.
À medida que o animal amadurece, os testículos ficam mais sensíveis a ação
estimulatória das gonadotrofinas, principalmente pelo aumento na secreção de FSH,
proporcionando estímulo para o início da espermatogênese (maturação do eixo
hipotálamo-hipofisário-gonadal) (GARNER e HAFEZ, 2004).
Ao alcançar a puberdade os machos apresentam inicialmente baixa qualidade
e quantidade espermática. As características sicas do sêmen, como volume
espermático, motilidade, vigor e concentração estão abaixo do padrão de
normalidade e a quantidade de defeitos espermáticos é bastante acentuada quando
comparados a um animal que atingiu a maturidade sexual. Dentre as patologias
mais comuns observadas em machos jovens, Chacón (2001) relata, em bovinos, a
ausência de acrossoma e a presença de gota protoplasmática proximal. Em ovinos
não há trabalhos relatando sobre qual a prevalência de defeitos espermáticos.
Souza et al. (2000) avaliaram em ovinos da raça Santa Inês, de 16 até 40
semanas de idade, criados no Ceará, a evolução na qualidade do sêmen de acordo
com a idade. Segundo estes autores, a puberdade nos machos estaria relacionada
ao desprendimento entre a parte livre do pênis e a lâmina interna do prepúcio. 54%
dos animais atingiram a puberdade entre 20 e 24 semanas, 23% atingiram com
idade entre 16 e 20 semanas e 23% com idade entre 24 e 28 semanas. O peso
corporal, o perímetro escrotal, o volume do ejaculado, a motilidade e o vigor
aumentaram significativamente da 16ª até a 28ª semana de idade.
Posteriormente Souza et al. (2003) relataram que os primeiros
espermatozóides no ejaculado de ovinos Santa Inês, criados no Estado do Ceará,
surgiram com 23,05 semanas de idade e o desprendimento peniano ocorreu apenas
com 25,87 semanas. Entretanto, as características seminais sugeriram que estes
animais deveriam ser utilizados para a reprodução apenas com idade superior a 34
semanas.
Em cordeiros Pelibuey, Méndez et al. (2005) observaram desprendimento
peniano com idade variando de 92,29 a 95,43 dias, peso corporal de 24,29 kg e
perímetro escrotal de 17,64 cm. A puberdade foi determinada pelo momento em que
produziram um ejaculado com pelo menos 50 x 10
6
espermatozóides/ml e motilidade
32
progressiva acima de 50% e foi alcançada com 144,07 dias, peso corporal de 32,6
kg e perímetro escrotal de 25,86 cm.
Wheaton e Godfrey (2003) avaliaram as características seminais e perímetro
escrotal de carneiros da raça St. Croix na puberdade, que foi definida como o
momento em que a concentração espermática foi superior a 50 x 10
6
espermatozóides/ml e motilidade progressiva acima de 10%. O perímetro escrotal e
o volume do ejaculado não diferiram ficando em torno de 23,6 cm e 1,2 ml,
respectivamente. A concentração espermática e a motilidade aumentaram
significativamente durante este período, passando de 239 x 10
6
para 343 x 10
6
espermatozóides por ml e de 28,1% para 46,0% de motilidade individual.
No Brasil, Alves et al. (2006) utilizaram o mesmo critério de Wheaton e
Godfrey (2003) para determinar a idade à puberdade em cordeiros da raça Santa
Inês, criados em Brasília. A idade média que os animais alcançaram a puberdade foi
de 194,57 dias, variando entre o mês de nascimento. Os animais que atingiram a
puberdade em menores idades apresentaram motilidade progressiva, vigor e
concentração espermática melhor do que os machos mais tardios.
Antecipar a puberdade pode ser vantajoso, pois diminui os custos da
produção, acelera os benefícios alcançados com a seleção e antecipa os testes de
libido e de progênie (GORDON, 1999).
Em fêmeas a imunização contra a inibina aumenta a taxa de ovulação
antecipando a idade à puberdade (ANDERSON et al., 1996). A inibina é uma
glicoproteína gonadal que inibe preferencialmente o FSH.
No macho a inibina é produzida pelas células de Sertoli e durante a
espermatogênese, devido à alta atividade das células de Sertoli, a concentração de
inibina aumenta inibindo assim a liberação de FSH (STABENFELD e EDQVIST,
1996).
Wheaton e Godfrey (2003) não observaram diferenças nas características
seminais e no perímetro escrotal entre carneiros imunizados e não imunizados
contra a inibina. Ao contrário do que ocorre na fêmea, houve um atraso na idade à
puberdade naqueles machos que foram imunizados contra a inibina.
33
2.5. Características Físicas e Morfológicas do Sêmen ovino
A quantidade e a qualidade de gametas masculinos podem limitar a
disseminação das características genéticas superiores, pois é através dele que o
reprodutor contribui com metade do patrimônio genético da progênie, por isso a
seleção de machos potencialmente mais férteis poderá contribuir para a melhoria da
eficiência reprodutiva e do material genético do rebanho (GATTI et al., 2004).
A avaliação física e morfológica do sêmen é um dos critérios adotados para
se estimar a eficiência reprodutiva de um macho.
Nas características físicas do sêmen estão incluídas: volume (VOL), cor,
aspecto (ASP), pH, motilidade progressiva (MOT), vigor (VIG), turbilhonamento
(TURB) e concentração (CONC) e nas características morfológicas as alterações na
cabeça, na peça intermediária, na cauda e no acrossoma do espermatozóide
(Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, 1998).
De acordo com BLOM (1973), as alterações morfológicas podem ser
classificadas baseando-se na importância dos defeitos em: defeitos maiores,
defeitos menores e defeitos totais. Chenoweth (2005) define como defeitos maiores
aqueles que prejudicam a fertilidade do reprodutor e como defeitos menores aqueles
que trazem menos prejuízos à fertilidade. O mesmo pesquisador relata ainda que a
definição de defeitos maiores inclui alguns critérios como, a freqüência de sua
ocorrência, se estão relacionados com infertilidade ou esterilidade ou ainda se eles
podem ser herdáveis.
Segundo Nunes e Salgueiro (2002), o volume do sêmen de ovinos pode variar
de 0,5 a 2,0 mL. A cor e o aspecto do ejaculado são avaliações subjetivas e em um
animal saudável irão refletir a concentração espermática. A coloração normal é
branca e o aspecto pode variar de cremoso a leitoso. O sêmen aquoso ou turvo é
indicativo de pequeno número de espermatozóides, devendo ser descartado.
A concentração espermática significa a quantidade de espermatozóides em
cada mililitro de sêmen e o valor normal em animal adulto está em torno de três
bilhões/mL.
A motilidade progressiva (MOT) expressa a porcentagem total de
espermatozóides móveis com movimento progressivo, sendo indicativa de
normalidade do sêmen. O vigor representa a força do movimento ou a capacidade
34
de movimento individual da célula espermática, podendo ser classificado em uma
escala de zero a cinco e o turbilhonamento ou movimento de massa, que é
resultante da motilidade, do vigor e da concentração espermática e também é
classificado em uma escala de zero a cinco (CBRA, 1998).
Os carneiros, segundo Maia (2002) podem ser classificados após a avaliação
andrológica completa, em aptos, questionáveis e inaptos, no entanto esta
classificação não é permanente. Os machos apenas serão considerados inaptos
após dois ou mais exames e após ser caracterizada condição irreversível (MAIA,
2002).
Outras classificações, como a proposta por Bagley (1997), que classifica, após
a avaliação andrológica, os ovinos em excelentes (motilidade >50% e
espermatozóides normais >90%), satisfatórios (motilidade >30% e espermatozóides
normais >70%) e questionáveis (motilidade <30% e espermatozóides normais
<70%), podem ser empregadas.
As coletas de sêmen em ovinos, normalmente são realizadas com auxílio da
vagina artificial, podendo ser coletado também por estímulo elétrico. Ainda não está
claro a partir de que idade estas avaliações seriam úteis no sentido de permitir uma
seleção precoce de cordeiros para a reprodução.
2.6. Comportamento Sexual
Para garantir a fertilização e a propagação de espécies é necessário que
ocorra o encontro do gameta feminino e masculino. Nos sistemas de criação onde se
utiliza monta natural uma série de eventos e estímulos sexuais devem ocorrer, tanto
nos machos quanto nas fêmeas, para que se alcance a fertilização.
As atitudes e atividades motoras desenvolvidas por machos e fêmeas
referem-se ao comportamento reprodutivo adotados por eles, e este comportamento
nada mais é do que uma resposta aos estímulos externos, que normalmente são
feromônios, substância química secretada pelo animal na urina, fezes ou glândulas,
que causa respostas específicas no indivíduo da mesma espécie (REKWOT et al.,
2001; HAFEZ, 2004).
35
Segundo Gordon (1999), ao identificar um possível parceiro sexual o carneiro
inicia uma série de atitudes, que em princípio servirão para identificação do estado
fisiológico e posteriormente estarão relacionadas diretamente ao cortejo, que tem
como finalidade testar a receptividade da fêmea.
Delgado e Gómez Urviola. (2005) relataram o comportamento sexual de
carneiros Criollos criados no Peru. Em presença de ovelhas em estro os machos
cheiram a genitália externa e realizam o reflexo de Flehmen. Estando a fêmea
receptiva iniciam o comportamento de cortejo, com lambidas, batida nas laterais da
fêmea com um dos seus membros anteriores, apoio da cabeça e do corpo na
ovelha, emissão de sons característicos, intenções de monta e finalmente montas e
ejaculações, em seguida o macho desce tranqüilamente e urina.
As cheiradas e o reflexo de Flehmen são comportamentos de identificação do
estado fisiológico da fêmea, sendo um mecanismo de captação de partículas, como
o feromônio, do meio exterior para o órgão vomeronasal, que segundo Ladewig et al.
(1980) pode ser o órgão responsável pela identificação de fêmeas em estro ou
anestro. Em estudo mais recente, Ungerfeld et al. (2006) observaram que carneiros
que tiveram o órgão vomeronasal bloqueado foram menos estimulados pelas fêmeas
em estro, montando e ejaculando menos vezes do que machos que não tiveram o
órgão vomeronasal bloqueado, durante um teste de 20 minutos.
Quando carneiros são expostos a ovelhas que não estão em estro ocorre uma
maior freqüência dos comportamentos de perseguição, cheiradas, lambidas e
reflexos de Flehmen, enquanto que machos expostos a fêmeas em estro
apresentaram maior desempenho em montas completas (QUIRINO et al., 2008).
Esta maior freqüência de comportamentos em fêmeas fora do estro pode ser em
decorrência da menor quantidade de feromônios, reduzindo assim o estímulo dos
receptores localizados no órgão vomeronasal.
Segundo Kridli e Said (1999) e Simitzis et al. (2006), a freqüência de
manifestação de cada comportamento, seja de identificação ou de cortejo, vai ser
fortemente influenciada pela experiência. Carneiros jovens e inexperientes realizam
mais cheiradas, reflexos de Flehmen, cotoveladas e montas incompletas. A
freqüência e duração dos comportamentos e ejaculação também vão variar entre
machos adultos e experientes, esta variação entre indivíduos serve como critério de
avaliação, classificação e seleção de reprodutores (STELLFLUG e LEWIS, 2007).
36
Assim como o macho, a fêmea também exibe um comportamento sexual
diferenciado quando está em pró-estro ou estro. Durante estas fases 75% das
fêmeas exibem um comportamento peculiar de se manter próxima ao macho,
cheirando, lambendo e fossando, também costumam urinar com maior freqüência,
principalmente se o macho estiver cheirando-a, e abanam e levantam a cauda (GILL,
2008). Segundo Simitzis et al. (2006), a fase de cortejo é muito importante para o
sucesso da cobertura, pois fêmeas cortejadas permanecem imóveis, enquanto que
as que não são cortejadas tendem a caminhar.
O hábito de vida gregário dos ruminantes, de acordo com Costa e Silva
(2007), permite a ocorrência de interações sociais, no entanto estas interações
podem resultar, em algumas situações que leve a competição por recursos ou por
fêmeas, manifestando os efeitos de dominância e interações agressivas entre os
animais.
Erhard et al. (2004) avaliaram o comportamento de dominância em ovinos,
sob condições competitivas e relataram que este tipo de comportamento, em grupo
estabelecido de ovinos, é freqüentemente difícil de avaliar a campo devido à baixa
freqüência de interações agonistas, resultando normalmente em alguns pares de
animais que não interagem durante todo o período de observação.
Ungerfeld e González-Pensado (2008) compararam o comportamento sexual,
o peso corporal, o PE, a concentração de testosterona e as características seminais
de carneiros jovens classificados como dominantes e subordinados. Os carneiros
dominantes alcançaram primeiro a maturidade espermática, o que pode ser devido
ao maior peso e PE destes machos. O nível de testosterona e os comportamentos
de monta aumentaram com a idade, entretanto não diferiram entre os animais
dominantes e subordinados.
O comportamento sexual pode ser avaliado pelo teste de libido ou pelo teste
de capacidade de serviço. A libido pode ser conceituada como a espontaneidade, a
avidez do macho para montar e efetuar a pula, sendo de fundamental importância
para predizer a real capacidade reprodutiva do animal (CHENOWETH, 1981),
enquanto que a capacidade de serviço é o número de serviços alcançados em uma
situação de monta e período de tempo específico (BLOCKEY e WILKINS, 1984).
Segundo Souza et al. (2003), os testes realizados para avaliação do
comportamento sexual seriam um complemento ao exame andrológico para a
identificação da performance sexual do carneiro em suas diferentes fases da vida.
37
Os primeiros testes para avaliação da libido e da capacidade de serviço foram
desenvolvidos para bovinos de raça européia (BLOCKEY, 1976, 1978;
CHENOWETH, 1981) e posteriormente adaptados para bovinos de raça zebuína
(PINEDA et al., 1997; PINEDA et al., 2000; SALVADOR et al. 2001) e para ovinos
(CHEMINEAU, 1991).
Atualmente existe uma diversidade de testes sendo empregados para avaliar
o comportamento reprodutivo, principalmente em pequenos ruminantes (IBARRA et
al., 1999). A prova proposta por Blockey e Wilkins (1984), para ovinos, consiste na
avaliação do comportamento sexual de vários machos frente a fêmeas contidas e
em anestro, a de Kilgour (1985) avalia o comportamento de um macho frente a
fêmeas em cio e soltas e a de Laborde et al. (1991) consiste na avaliação individual
de carneiros frente a ovelhas contidas e em anestro. A contenção da fêmea,
segundo Hafez (2004) é um estímulo ao macho para efetuar a monta.
Segundo Stellflug e Berardinelli (2002), as condições em que os testes o
realizados, assim como a contenção ou não da fêmea e o número de testes
realizados podem afetar as conclusões sobre a real capacidade do macho.
Carneiros Santa Inês quando colocados juntos com fêmeas soltas e não
receptivas demonstraram menor interesse sexual pelas fêmeas (QUIRINO et al.,
2008), dessa forma os autores sugerem que o uso de fêmeas em cio, durante os
testes de libido, pode ser mais eficiente na avaliação e seleção dos machos.
Para avaliar o comportamento sexual, tanto nos testes de libido quanto no de
capacidade de serviço, é necessário conhecer os eventos que antecedem a monta e
a ejaculação, tais comportamentos referem-se às atitudes de identificação da fêmea
em estro e os eventos de cortejo (AZEVÊDO et al. 2008).
Pimentel Gómez et al (2005) avaliaram, no México, a libido de três raças de
carneiros adultos (24-36 meses de idade) expostos a fêmeas em estro induzido. O
comportamento avaliado foi o tempo de reação (tempo transcorrido até a primeira
ejaculação), tempo de recuperação (tempo entre a primeira e a segunda ejaculação),
e número de serviços, em um período de 30 minutos. O tempo médio de reação foi
de 9,0 ± 6,0 minutos, o tempo médio de recuperação foi de 24,2 ± 4,4 minutos e o
número médio de serviços em um período de 30 minutos foi de 1,3 ± 0,5.
38
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, V.A. Aplicação de modelos não lineares no ajuste de curvas de
crescimento em fêmeas ovinas (ovis aries) da raça Santa Inês criadas na
região norte Fluminense/RJ. 2006, 26 f. Trabalho de conclusao de curso
(Monografia) Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Norte
Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2006.
AGUIAR, C.S., SANTANA, A.F., SOUZA, E.C.A. et al. Correlação entre
circunferência escrotal e medidas corporais de ovinos da raça Santa Inês de 4 a 5
meses de idade. PUBVET, v.2, n.8, 2008a.
AGUIAR, C.S., SANTANA, A.F., SOUZA, E.C.A. et al. Análise da correlação entre
circunferência escrotal e medidas corporais de ovinos da raça Santa Inês de cinco a
sete meses de idade. PUBVET, v.2, n.8, 2008b.
ALLEN, D. Planned beef production and marketing. Londres: St. Dmundsbuy, p. 232,
1990.
39
ALVES, J.M.; McMANUS, C.; LUCCI, C.M.; CARNEIRO, H.C.R. et al. Estação de
nascimento e puberdade em cordeiros Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia,
v.35, p.958-966, 2006.
ANDERSON, S.T.; BINDON, B.M.; HILLARD, M.A.; O’SHEA, T. Advancement of
puberty in ewe lambs by active immunisation against inhibin early in life. Animal
Reproduction Science; v.44, p.111–25, 1996.
ANUALPEC- Anuário de Pecuária Brasileira. 1 ed. São Paulo. INSTITUTO FNP.
2007. 332p.
ASSIS R.M., PÉREZ J.R.O., BARRETO FILHO J.B., DE PAULA O.J., VIVEIROS
A.T.M., MACEDO JUNIOR G.L., ALMEIDA T.R.V., FRANÇA P.M.. Palestras
Evolução da circunferência escrotal de cordeiros da raça Santa Inês consumindo
diferentes veis de energia metabolizável IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE
REPRODUÇÃO ANIMAL, 16, Goiânia, GO. Anais: (2005).
AZEVÊDO, D.M.M.R.; MARTINS FILHO, R.; ALVES, A.A. et al. Comportamento
sexual de ovinos e caprinos machos: uma revisão. PUBVET, v.2, n.6, 2008.
BAGLEY, C.V. Breeding Soundness in rams: How to do it and how to interpret it.
Animal Health Fact Sheet, v.7, july, 1997.
BATHAEI, S. S.; LEROY, P. L. Genetic and phenotypic aspects of the growth curve
characteristics in Mehraban Iranian fat-tiled sheep. Small Ruminant Research, v.29,
p. 261-269, 1998.
BITTENCOURT R.F., RIBEIRO FILHO A.L., ALMEIDA , A.K., CHALHOUB M.,
ALVES S.G.G., PORTELA, A.P.M., GUERRA, R.D., TINOCO, A.A.C., QUINTELA,
A.T., VALE FILHO, V.R.. Avaliação de carneiros da raça Santa Inês baseando-se na
circunferência escrotal. Revista Brasileira de Reprodução Animal. v.27, n.2,
p.195-197, 2003.
40
BLOM, E. The ultrastructure of some characteristic sperm deffects and a proposal for
a new classification of the bull spermiogram. Nord. Veterinarer Medicin., v.25, n. 7-
8, p. 383-391, 1973.
BLOCKEY, M.A. de B. Serving capacity: a measure of the serving efficiency of bulls
during pasture mating. Theriogenology, v.6, p.393-394, 1976.
BLOCKEY, M.A. DE B., GALLOWAY, D.B. Hormonal control of serving capacity in
bulls. Theriogenology, v.9, p.143-151, 1978.
BLOCKEY, M.A. DE B; WILKINS, J.F. Field application of the ram service capacity
test. In: Lindsay, D.R. and Pearce, D.T. (eds) Reproduction in sheep. Cambridge
University Press, Cambridge, p.53-58, 1984
BOIN, C.; TEDESCHI, L. O. Sistemas intensivos de produção de carne bovina II.
Crescimento e Acabamento. In: SIMPÓSIO SOBRE PECUARIA DE CORTE, 4,
Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1997, p. 205-208.
BRACCINI NETO, J.; DIONELLO, N. J. L.; SILVEIRA JR., P. et al. Análise de curvas
de crescimento de aves de postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.25, n.6, p.
1062-1073, 1996.
CARDOSO, F. M. & QUEIROZ, G. F. Duration of the cycle of the seminiferous
epithelium and daily sperm production of brazilian hairy rams. Animal Reproduction
Science, Amsterdam , v.17, p. 77 – 84, 1988.
CARDOSO, A.R. et al. Consumo de nutrientes e desempenho de cordeiros
alimentados com dietas que contêm diferentes níveis de fibra em detergente neutro.
Ciência Rural, v.36, n.1, p.215-221, 2006.
CARVALHO, S.; BROCHIER, M.A.; PIVATO, J.; VERGUEIRO, A.; TEIXEIRA, R.C.;
KIELING, R. Desempenho e avaliação econômica da alimentação de cordeiros
41
confinados com dietas contendo diferentes relações volumoso:concentrado. Ciência
Rural, Santa Maria, v.37, n.5, p.1411-1417, 2007
CBRA (COLÉGIO BRASILEIRO DE REPEODUÇÃO ANIMAL) (1998) Manual para
exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 2
o
ed. Belo Horizonte, MG, 49p.
CHACÓN, J. Assessment of sperm morphology in zebu bulls, under field conditions
in the tropics. Reproduction in Domestic Animals, v.36, n.2, p.91-96, 2001.
CHEMINEAU, P., CAGNIÉ, Y., GUÉRIN, Y. et al. (1991) Training manual on artificial
insemination in sheep and goats. Rome: FAO.
CHENOWETH, P.J. Libido and mating behavior in bulls, boars and rams - a review.
Theriogenology, v. 16, p. 155-177, 1981.
CHENOWETH, P.J.. Genetic sperm defects. Theriogenology, v.64, p. 457-458,
2005.
COSTA-E-SILVA, E.V. Comportamento e eficiência reprodutiva. Revista Brasileira
de Reprodução Animal, v.31, n.2, p.177-182, 2007.
DELGADO, A.R.; GÓMEZ-URVIOLA, N. Comportamiento reproductivo del ovino
criollo en el altiplano Peruano. Archivos de Zootecnia, v.54, p.541-544, 2005.
DIESEL, W.R. Perspectivas econômicas da ovinocultura. In: SIMPÓSIO DE
CAPRINOS E OVINOS DA EV-UFMG, 2., 2007, Belo Horizonte-MG, Anais... Belo
Horizonte-MG: Escola de Veterinária da UFMG, p.1-28, 2007.
ELIAS, M. A. Análise de curvas de crescimento de vacas das raças Nelore,
Guzerá e Gir. 1998. 128 p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
42
EMSEN, E. Testicular development and body weight gain from birth to 1 year of age
of Awassi and Redkaraman sheep and their reciprocal crosses. Small Ruminant
Research, v.59, p.79-82, 2005.
ERHARD, H.W.; FÀBREGA, E.; STANWORTH, G.; ELSTON, D.A. Assessing
dominance in sheep in a competitive situation: level of motivation and test duration.
Applied Animal Behaviour Science. v.85, p.277–292, 2004.
FERNANDES, A.A.O.; BUCHANAN, D.; SELAIVE-VILLARROEL, A.B. Avaliação dos
fatores ambientais no desenvolvimento corporal de cordeiros deslanados da raça
Morada Nova. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.5, p.1460-1465, 2001.
FITZHUGH JÚNIOR, H. A. Analysis of growth curves and strategies for altering their
shapes. Journal of Animal Science, Champaign, v. 42, n. 4, p. 1036-1051, 1976.
FONSECA V.O. O touro no contexto da eficiência reprodutiva do rebanho. Informe
Agropecuário. Belo Horizonte, v.21, n.205, p.48-63, 2000.
FOURIE, P.J.; SCHWALBACH, L.M.; NESER, F.W.C.; VAN DER WESTHUIZEN, C.
(2004) Scrotal, testicular and semen characteristics of young Dorper rams managed
under intensive and extensive conditions. Small Ruminant Research. v.54, p.54-59.
2004.
FOURIE. P.J., SCHWALBACH L.M., NESER F.W.C., GREYLING J.P.C. Relationship
between body measurements and serum testosterone levels of Dorper rams. Small
Ruminant Research. v.56, p.75–80, 2005.
FREITAS, A. R. Curvas de crescimento na produção animal. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.34, p.786-795, 2005.
GARNER, D. L.; HAFEZ, E. S. E. Espermatozóide e Plasma Seminal (capítulo 7). In:
HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal. 7. ed. São Paulo: Editora Manole, 2004. 582 p.
43
GASTALDI, K.A.; SOBRINHO, A.G.S. Desempenho de ovinos F1 Ideal x Ile de
France em confinamento com diferentes relações concentrado: volumoso. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35., 1998,
Botucatu, SP. Anais... Botucatu: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1998. p.257-
259.
GATTI JL, CASTELLA S, DACHEUX F, ECROYD H, MÉTAYER S, THIMON V, et al.
Post-testicular sperm environment and fertility. Anim Reprod Sci ; v.82-83, p.321-
39, 2004.
GILL, W. Applied Sheep Behavior. Agricultural Extension Service. Disponível em:
<http://animalscience.ag.utk.edu/sheep/pdf/AppliedSheepBehavior-WWG-2-04.pdf>. Acessado em 14
de abril de 2008
GONZÁLEZ, F. H. D. Introdução a Endocrinologia Reprodutiva Veterinária.
Laboratório de Bioquímica Clínica Animal. Porto Alegre, 2002.
GORDON, I. Controlled Reproduction en sheep and goats - volume 2. Dublin:
Ed. Cab International, 1999, 450 p.
GUEDES, M. H. P.; MUNIZ, J.A.; PEREZ, J. R. O.; SILVA, F. F.; AQUINO, L. H.;
SANTOS, L. C. Estudo das curvas de crescimento de cordeiros das raças Santa Inês
e Bergamácia considerando heterogeneidade de variâncias. Ciências
Agrotécnicas, Lavras, v.28, n.2, p. 381-388, 2004.
GUEDES, M. H. P.; MUNIZ, J.; SILVA, F. F.;AQUINO, L. H. Análise Bayesiana da
curva de crescimento de cordeiros da raça Santa Inês. Arq.Bras.Med.Vet.Zootec,
v.57, n.3, p.415-417, 2005.
HAFEZ, B.; HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal, 7
a
. ed. Barueri : Manole, 2004,
582p.
44
IBARRA D., LABORDE D., OLIVERA J., VAN LIER E., BURGUEÑO J. Comparación
de tres pruebas para medir la capacidad de servicio en carneros adultos. Arch. Med.
Vet., v.31, n.2, 1999.
IKEDA, M. et al. Role of radical oxygen species in rat testicular germ cells apoptosis
induces by heat stress. Biol. Reprod., v.61, p.393-399, 1999.
JACKSON, C. e BERNARD, R.T.F. Gender differences en the inhibitory effects of a
reduction in ambient temperature and a reduction in food quality on reproduction in
the Southern African rodent, Rhabdomys pumilio. Reproduction, London, v.122,
p.385-395, 2001.
JIMENO, V. et al. Interacción-Reproducción en ovinos de leche. XVII Curso de
Especialización FEDNA. 2001.
KILGOUR, J. Mating behaviour of rams in pens. Aust. J. Exp. Agric. v.25, p. 298-
305, 1985.
KRIDLI, R.T.; SAID, S.I. Libido testing and the effect of exposing sexually naive
Awassi rams to estrous ewes on sexual performance. Small Ruminant Research.
v.32, p.149–52, 1999.
KUNKLE, W.E., SAND, R.S., RAE, D.O. (1994). In: Fields, M.J. e Sand, R.S. (ed.).
Factors affecting calf crop. Cap. 11 p.167-175.
LABORDE, D., QUEIROLO, R. PÉREZ, A. LOPEZ, J. FRANCO. (1991) Estudio
comparativo de tres métodos de evaluación de la capacidad de servicio en carneros.
In: JORNADA TÉCNICA DE LA FACULTAD DE VETERINARIA, 14-16 de
noviembre. Montevideo, Uruguay.
LADEWIG, J., PRICE, E.O., HART, B.L., Flehmen and vomeronasal organ function in
male goats. Physiol. Behav. v.24, p.1067–1071, 1980.
45
LAND, R.B. Genetic improvement of mammalian fertility: a review of opportunities.
Anim. Reprod. Sci., v. 1, n. 2, p.109-135, 1978.
LAWRENCE, T.L.J.; FOWLER, V.R. Growth of farm animals. New York: CAB
International, 1997. 330p.
MAIA, M.S. (2002) Avaliação andrológica em carneiros. Revista Brasileira de
Reprodução Animal. Supl. 5.
MANCIO, A.B.; SANTIAGO, L.L.; GOES, R.H.T.B., MARTINS, L.F.; CECON, P.R.
Perímetro escrotal e idade à puberdade em ovinos Merino Australiano submetidos a
diferentes regimes alimentares. Acta Sci. Anim. Sci. Maringá. v.27, n.4, p.449-
457.2005.
MATOS, C.A.P.; THOMAS. D.L. ; NASH, T.G. ; WALDRON, D.F. ; STOOKEY, J.M.
Genetic analyses of scrotal circumference size and growth in Rambouillet lambs.
Journal Animal Science. v.70, p.43-50, 1992.
McMANUS, C.; EVANGELISTA, C.; FERNANDES, L. A. C; MIRANDA, R. M;
MORENO-BERNAL, F. E; SANTOS, N. R. Curvas de crescimento de Ovinos
Bergamácia Criados no Distrito Federal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5,
p. 1207-1212, 2003.
MEMÓRIA, H.Q. et al. Estimativa de correlação entre peso e medidas corporais em
diferentes idades de ovinos SRD e Santa Inês. In: VI ENCONTRO DE INICIAÇÃO
CIENTIFICA da UVA, Sobral 2004.
MEMÓRIA, H.Q., DO REGO, J.P.A., CATUNDA, A.C.V., GUIMARÃES, A.N.C.,
ROGÉRIO, M.C.P., MARTINS, G.A. (2005) Correlação entre peso e medidas
corporis em ovinos machos de diferentes idades. In: ZOOTEC, REUNIÃO ANUAL,
Anais...Pernambuco: Zootec 2005, CD-ROM.
46
MÉNDEZ, J.V.; QUIROGA, M.J.T.; MARTÍNEZ, M.A.E. et al. Pubertad en corderos
pelibuey nacidos de ovejas con reproducción estacional o continua. Revista
Científica, v.15, n.5, 2005.
MORAES, J.C.F. e OLIVEIRA, N.M. Componentes da variância de medidas do
perímetro escrotal e sua relevância na seleção de carneiros. Revista Brasileira de
Reprodução Animal. supl.3, p.257-264, 1991.
MORAES, J.C.F. A avaliação reprodutiva do carneiro. Revista Brasileira de
Reprodução Animal. v. 21, n.1, p.10-19, 1997.
MORAES, J.C.F.; DE SOUZA, C.J.H.; JAUME, C.M. O uso da avaliação da condição
corporal visando máxima eficiência produtiva dos ovinos. Comunicado Técnico, 57.
Embrapa Pecuária Sul. Bagé, RS: 2005.
NETO, R. J. Composição física da carcaça de cordeiros da raça Santa Inês e
seus mestiços e equações pra a sua predição-Brasil. 2002. Dissertação
(Mestrado)-Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos
Goytacazes, 2002.
NUNES, J. F., SALGUEIRO, C. C. M. Avaliação clínico andrológica de pequenos
ruminantes. Revista Brasileira de Reprodução Animal. supl.5. p. 30-33, 2002.
PACHECO, A. (2005) Efeito da idade e de fazenda sobre as características
seminais, medidas testiculares e morfométricas e suas repetibilidades em
touros da raça guzerá. Tese (Mestrado em Produção Animal)- Campos dos
Goytacazes-RJ, Universidade Estadual do Norte Fluminense-UENF, 90p
PAZ, C.C.P.; PACKER, I.U.; FREITAS, A.R. Ajuste de modelos não lineares em
estudos de associação entre polimorfismos genéticos e crescimento em bovinos de
corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1416-1425, 2004.
47
PEROTTO, D.; CASTANHO, M.J.P.; CUBAS, A.C. et al. Efeitos genéticos sobre as
estimativas dos parâmetros das curvas de crescimento de fêmeas bovinas Gir,
Holandês x Gir e Holandês x Guzerá. Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.4,
p.719-725, 1997.
PIMENTEL MEZ, J.; GARZA, R.P.; MARTÍNEZ, L.Z.; GALVÁN, G.R.
Caracterización reproductiva integral del morueco en el ganado lanar de Chiapas.
Archivos Zootecnia, v.54, p.557-564, 2005.
PINEDA, N.R.; FONSECA, V.O., PROENÇA, R.V. Potencial reprodutivo de touros de
alta libido da raça nelore. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.21, n.2,
p.45-47, 1997.
PINEDA, N.R.; FONSECA, V.O., ALBUQUERQUE, L.G. Estudo preliminar da
influência do perímetro escrotal sobre a libido em touros jovens da raça Nelore. Arq.
Bras. Méd. Vet. Zootec., v.52, n.1., 2000
QUIRINO, C.R.; COSTA, R.L.D.; AFONSO, V.A.C.; SILVA, R.M.C. Testes para
avaliar o comportamento sexual e características seminais de carneiros da raça
Santa Inês. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
45, 2008, Lavras. Anais... Lavras - MG, 2008, CD-ROM.
REKWOT, P.I., OGWU, D., OYEDIPE, E.O. E SEKONI, V.O. The role of pheromones
and biostimulation in animal reproduction. Anim. Reprod. Sci., v.65, p.157-170,
2001.
RODRIGUES A.L.R. (2004) Avaliação do Testículo e da cauda do epidídimo de
carneiros na pré-puberdade, na maturidade sexual, no criptorquidismo e na
insulação escrotal: concentração de testosterona plasmática e tecidual,
histamina, fator de necrose tumoral e óxido nítrico. Tese (Doutorado)
Botucatu-SP, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu.
Universidade Estadual Paulista-UNESP, 106p.
48
ROSA, A.N. (1999). Variabilidade fenotípica e genética do peso adulto e da
produtividade acumulada de matrizes em rebanhos de seleção da raça Nelore
no Brasil. Dissetação (Doutorado) Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-SP,
Universidade de São Paulo-USP, 114p.
ROSATI A., MOUSA E., VAN VLECK L.D., YOUNG L.D. Genetic parameters of
reproductive traits in sheep. Small Ruminant Research v.43, p.65–74, 2002.
RYDHMER, L., AND BERGLUND, B. (2006) Seletion for reproduction: development
en several species.In: 8
th
WORLD CONGRESS ON GENETICS APPLIED TO
LIVESTOCK PRODUCTION. Belo Horizonte-MG. 13-18 de agosto.
SALHAB, S.A.; ZARKAWI, M.; WARDEH, M.F.; AL-MASRI, M.R.; KASSEM, R.
Development of testicular dimensions and size, and their relationship to age, body
weight and parental size in growing Awassi ram lambs. Small Ruminant Research,
v.40, p.187-191, 2001.
SALLES, P.A. (1995). Critérios de Seleção para características de crescimento
em machos da raça Nelore. Tese (Mestrado) Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto-SP, Universidade de São Paulo-USP, 69p.
SALVADOR, D.F., ANDRADE, V.J., VALE FILHO, V.R. et al. Desempenho
reprodutivo de touros da raça Nelore, submetidos à classificação andrológica por
pontos (CAP), à libido e desafiados com alto número de fêmeas com estro
sincronizado. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 25, p. 185-187, 2001.
SANTANA, A.F. et al. Correlações entre peso e medidas corporais em ovinos jovens
da raça Santa Inês. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. v.1, n.3,
p.74-77, 2001.
SANTOS, C. L. dos. Estudo do desempenho, das características da car-caça e
do crescimento alométrico de cordeiros das raças Santa Inês e Bergamácia.
49
1999. 143 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal de
Lavras, Lavras.
SANTOS, C. L.; PEREZ, J. R. O.; MUNIZ, J. A.; LUZ, A. O.; SILVA, A. C.;
AZEVEDO, S. T.; NETO, A. L. R. Aplicação de funções para determinação do
crescimento absoluto de cordeiros da raça Bergamácia. In: CADEIA PRODUTIVA
DE OVINOCULTURA. Anais... In: III SIMPÓSIO MINEIRO DE OVINOCULTURA.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS, Lavras. 2003. p. 283-290.
SARMENTO, J. L. R.; REGAZZI, A. J.; SOUZA, W. H.; TORRES, R. A.; BREDA, F.
C.; MENEZES, G. R. O. Estudo da curva de crescimento de ovinos Santa Inês.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p. 435-442, 2006.
SASA, A. et al. Concentrações Plasmáticas de Progesterona em Ovelhas Lanadas e
Deslanadas no Período de Abril a Novembro, no Estado de São Paulo. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1150-1156, 2002.
SCHAEFFER, L.R.; DEKKERS, J.C.M. Random regressions in animal models for
test-day production in dairy cattle. In: Proc. In: 5th WORLD CONGR. GENET. APPL.
LIVEST. PROD., 18, 1994, Guelph. Proceedings… Guelph, 1994, p.443-446.
SILVA, A.E.D.F. (1997). A identificação da puberdade , através do sêmen, em gado
Nelore. In: O Nelore do século XXI,4, Anais...Uberaba – MG: ABCZ, p 63-71.
SILVA, F.L.R. e ARAÚJO, A.M. Características de reprodução e de crescimento de
ovinos mestiços Santa Inês, no Ceará. Revista Brasileira de Zootecnia. v.29, n.6,
p.1712-1720. 2000.
SIMITZIS, P.E.; DELIGEORGIS, S.G.; BIZELIS, J.A. Effect of breed and age on
sexual behaviour of rams. Theriogenology. v.65, p.1480–1491, 2006.
50
SIQUEIRA, E.R. et al. Estudo comparativo da recria de cordeiros em confinamento e
pastagem. Revista Veterinária e Zootecnia, v.5, p.17-28, 1993.
SOUZA, C.E.A.; MOURA, A.A.A; DE LIMA, A.C.B.; CIRIACO, A.L.T.
Desenvolvimento testicular, idade a puberdade e características seminais em
carneiros da raça Santa Inês na estado do Ceará. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. Viçosa, MG, 2000.
SOUZA C.E.A., MOURA A.A., ARAÚJO A.A., LIMA A.C.B. Estudo das interações
entre o desenvolvimento gonadal, produção espermática, concentrações de
testosterona e aspectos ligados à puberdade em carneiros Santa Inês ao longo do
primeiro ano de vida. Rev. Bras. Reprod. Anim. v. 27, n.2, 2003.
STABENFELDT, G.H. & EDQVIST, L.E. (1996) Processos reprodutivos do macho.
In: Swenson, M.J., Reece, W.O. Duke’s Fisiologia dos animais domésticos, p. 603-
614.
STELLFLUG, J.N. E BERARDINELLI, J.G. Ram mating behavior after long-term
selection for reproductive rate in Rambouillet ewes. J Anim Sci., v.80, p.2588-2593,
2002.
STELLFLUG, J.N.; LEWIS, G.S. Effect of early and late exposure to estrual ewes on
ram sexual performance classifications. Animal Reproduction Science. v.97, p.
295–302, 2007.
THOMPSON, J.M.; MEYER, H. Body condition scoring of sheep. Disponível em <
http://www.oregonstate.edu/dept/animal-sciences/bcs.htm >. Acessado em 05 de
maio de 2008.
TOE, F.; REGE, J.E.O.; MUKASA-MUGERWA, E.; TEMBELY, S.; ANINDO, D.;
BAKER, R.L.; LAHLOU-KASSI, A. Reproductive characteristics of Ethiopian highland
sheep. I. Genetic parameters of testicular measurements in ram lambs and
51
relationship with age at puberty in ewe lambs. Small Ruminant Research v.36,
p.227-240, 2000.
TOPAL, M.; OZDEMIR, M.; AKSALKAL, V.; YILDIZ, N.; DOGRU, U. Determination of
the best nonlinear function in order to estimate growth in Morkaramam and Awassi
lambs. Small Ruminant Research, v.55, p. 229-232, 2004.
UNGERFELD, R.; RAMOS, M.A.; MOLLER, R. Role of the vomeronasal organ on
ram’s courtship and mating behaviour, and on mate choice among oestrous ewes
Applied Animal Behaviour Science, v.99, p.248–252, 2006.
UNGERFELD, R.; GONZÁLEZ-PENSADO, S.P. Social rank affects reproductive
development in male lambs, Anim. Reprod. Sci. (2008), doi:10.1016 / j.anireprosci.
2007.12.006.
URBANO, S.A.; CÂNDIDO, E.P.; DE LIMA, C.A.C.; DE CARVALHO, M.D.F.; DE
ARAÚJO, P.M.; GODEIRO, J.R.G.; DA FONSECA, F.C.E.; CAVALCANTI, F.A.L.
(2006) Uso da barimetria para estimar o peso corporal de ovinos da raça morada
nova. In: ZOOTEC, 2006, Pernambuco. Anais... Pernambuco: 2006. CD-ROM.
WHEATON, J.E.; GODFREY, R.W. Plasma LH, FSH, testosterone, and age at
puberty in ram lambs actively immunized against an inhibin a-subunit peptide.
Theriogenology, v.60, p. 933–941, 2003.
WINKLER, R. (1993). Tamanho corporal e suas relações com algumas
características reprodutivas em fêmeas bovinas adultas da raça Guzerá. Tese
(Mestrado) – Belo Horizonte-MG, Universidade Federal da Minas Gerais-UFMG,
116p.
52
4 - TRABALHOS
53
Avaliação do comportamento sexual de carneiros jovens da raça Santa
Inês, com e sem contato sexual prévio com fêmeas em estro
RESUMO
Objetivou-se com o presente trabalho verificar se a experiência sexual prévia
frente à presença de fêmeas em estro é capaz de influenciar na freqüência de
eventos relacionados ao comportamento sexual e averiguar se existe possibilidade
de redução do período de tempo de teste de 10 para cinco minutos. Foram utilizados
19 carneiros, nascidos em 2007 no Estado do Espírito Santo - Brasil, separados de
acordo com o mês de nascimento em dois grupos. Os machos de cada grupo foram
submetidos a um primeiro teste de libido aos 7 meses de idade, até esta idade não
tinham contato com fêmeas desde o desmame (EXP1). Um segundo teste foi
realizado aos 11 meses de idade, quando os machos tinham experiência prévia
com fêmeas em estro (EXP2). Observou-se que os comportamentos de identificação
da fêmea em estro foram freqüentes tanto no EXP1 quanto no EXP2, enquanto que
o cortejo foi mais freqüente no EXP2. Durante os primeiros cinco minutos do teste a
freqüência de perseguição, as cheiradas e as lambidas foram significativamente
maiores (P<0,01), no entanto, a freqüência das demais características não diferiu
entre o tempo de avaliação (P<0,01). O peso corporal e a idade influenciaram no
comportamento sexual, sendo que machos com maiores idades e mais pesados
tenderam a montar e ejacular mais vezes. Pode-se concluir que machos com
experiência sexual prévia possuem melhor estímulo para montar e ejacular e que o
tempo de teste de cinco minutos pode ser suficiente para determinar e quantificar a
libido de um carneiro.
Palavras- chave: Ovino, libido, experiência sexual, teste de libido
54
Evaluation of sexual behavior of young rams of Santa Inês breed, with
and without prior sexual experience with female
ABSTRACT
The objective of the present work was to check if the sexual prior experience
in the presence of female in estrous is able to influence in the frequency of events
related to the sexual behavior and check if there is possibility in reducing the time
period of the test from 10 to five minutes. Were utilized 19 rams that were born in
2007 on the State of Espírito Santo Brazil, separated according to the month of
birth in two groups. The male of each group were subjected to a first libido test in the
month, until this didn’t have contact with female since the weaning (EXP1). A
second test was realized in the 11° month, when the male already have prior
experience with female in the estrous (EXP2). It was Observed that the identified
conducts of female in estrous were frequent as much in EXP1 as in EXP2, while the
court was more frequent in the EXP2. During the first five minutes of the test the
chase frequency, smelts and lick happened significantly more (P<0,01), however, the
frequency of the other characteristics didn’t differ from the time of evaluation
(P<0,01). The body weight and the age influenced the sexual behavior,older and
weighter males tent to set up and ejaculate more times. We can conclude that males
with sexual prior experience have better stimulus to set up and ejaculate and that the
time test of five minutes can be enough to determine and quantify the libido of a ram.
Key- words: Ovine, libido, sexual experience, libido test.
55
1. INTRODUÇÃO
No Brasil a ovinocultura vem se destacando como alternativa de produção e
rentabilidade para pequenos, médios e grandes produtores.
Dentro desta perspectiva necessidade de se conhecer o material genético
e o potencial produtivo e reprodutivo dos animais. Ao desempenho reprodutivo deve-
se dar atenção especial, principalmente, devido às particularidades apresentadas
pelos ovinos e por ser responsável pela multiplicação dos genótipos e lucratividade
do sistema produtivo. Por isso, um programa de avaliação genética eficiente deve
ser complementar ao uso das características de reprodução animal.
A identificação e seleção de machos para serem utilizados como reprodutores
é uma ferramenta extremamente importante, pois carneiros com alta performance
sexual provavelmente servirão um maior número de ovelhas em um curto período de
tempo, aumentando a pressão de seleção e a disseminação do material genético
desejável.
As principais características a serem avaliadas na escolha de potenciais
reprodutores incluem a qualidade seminal, as características testiculares e o
comportamento sexual.
O comportamento sexual é uma resposta aos estímulos externos, que
normalmente são feromônios, substância química secretada pelo animal na urina,
fezes ou glândulas, que causa respostas específicas no indivíduo da mesma espécie
(REKWOT et al., 2001; HAFEZ, 2004) e pode ser avaliado através do teste de libido
ou de teste de capacidade de serviço (MAIA, 2002; DELGADO et al., 2005).
Segundo Azevêdo et al. (2008), os testes utilizados para avaliar o
comportamento reprodutivo permitem a identificação de carneiros que tenham
capacidade de reconhecer fêmeas em estro, manifestarem desejo sexual e que
possuam habilidade de cobertura, características importantes, principalmente, em
sistemas de monta natural.
Carneiros classificados como tendo alta performance reprodutiva deixam
maior número de descendentes (STELLFLUG et al., 2006) e possibilitam a redução
da duração da estação de monta, concentrando os nascimentos, facilitando o
manejo da propriedade e a comercialização dos animais (IBARRA et al., 1999).
56
O comportamento reprodutivo pode ser influenciado por diversos fatores
como a raça, idade (BELIBASAKI e KOUIMTZIS, 2000; SNOWDER et al., 2002) e
estacionalidade (ROSA et al., 2000), além de fatores hormonais e sociais (DICKSON
e SANFORD, 2005; STELLFLUG e LEWIS, 2007). Por esta razão, ao se testar os
carneiros e comparar os animais, é importante considerar estas possíveis fontes de
variação.
A experiência sexual prévia é um fator social amplamente discutido entre
pesquisadores. De acordo com Bench et al. (2001) o contato prévio dos machos
com as fêmeas pode fornecer ao macho prática na execução da cópula ou ajudar na
desinibição de machos inexperientes. Concordando, Stellflug e Lewis (2007)
relataram que a freqüência e duração de cada comportamento dependem de cada
reprodutor e de sua experiência sexual prévia, servindo como critério de avaliação,
classificação e seleção de reprodutores.
Na seleção dos machos, as medidas testiculares, principalmente o perímetro
escrotal, são utilizadas como critério adicional, pois é uma medida de fácil realização
e apresenta alta correlação tanto com as características reprodutivas quanto com as
características produtivas (SNOWDER et al., 2002).
Outro aspecto importante a ser considerado na seleção de reprodutores o
as características de desempenho, como peso corporal e o escore de condição
corporal. Como o reprodutor é responsável pela transmissão de cinqüenta por cento
do material genético, o macho deve possuir características produtivas que
satisfaçam ao mercado e que tragam benefícios econômicos ao produtor.
Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o perfil do comportamento
sexual de carneiros da raça Santa Inês, verificar se a experiência sexual prévia com
fêmeas em estro é capaz de influenciar na freqüência de eventos relacionados ao
comportamento sexual e averiguar se existe possibilidade de redução do tempo de
teste de libido para cinco minutos. Foi determinado também, o efeito da idade e do
peso corporal sobre as características comportamentais e calculadas as correlações
simples entre as características.
57
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre EAFA,
localizada no Município de Alegre, região Sul do Estado do Espírito Santo - Brasil.
A cidade de Alegre está localizada a 20º45’49” latitude sul, 41º31’57”
longitude oeste e a 254 metros em relação ao nível do mar. Apresenta, segundo a
classificação de Köppen (1936), clima tropical chuvoso do tipo Aw, quente e chuvoso
no verão e seco no inverno, com temperatura média nima anual de 17ºC e média
máxima de 29ºC (http://www.alegre.es.gov.br). A precipitação pluviométrica tem
maior ocorrência entre os meses de outubro a abril, tendo como média anual 1000
mm.
Foram usados para avaliação do comportamento sexual 19 carneiros da raça
Santa Inês nascidos entre os meses de janeiro e maio do ano 2007. Os animais
foram separados de suas mães ao desmame, com idade média de 90 dias, sendo
colocados juntos em uma baia medindo 4 x 6 metros, na qual permaneceram
confinados, em sistema intensivo, durante todo o período do experimento.
A alimentação foi fornecida no cocho, duas vezes ao dia, uma na parte da
manhã (7:00 h) e outra na parte da tarde (14:00 h). As forragens utilizadas foram o
Capim-elefante picado (Pennisetum purpureum), a cana-de-açúcar picada
(Saccharum spp) e o Tifton (Cynodon spp) na forma de feno. Concentrado para
ovinos com composição de 22,00% de Proteína Bruta, 2,3% de Extrato Etéreo,
4,30% de Fibra Bruta, 1,20% de Cálcio, 0,38% de Fósforo, 71,50% de NDT e 18 mg
de promotor de crescimento foi adicionado à forragem na proporção de 2% do peso
vivo. Sal mineral foi fornecido a cada dois meses e água esteve disponível ad
libitum.
O controle sanitário dos animais incluiu medidas profiláticas contra doenças
infecciosas e controle de endoparasitas, de acordo com a carga parasitária estimada
pela técnica de contagem de ovos por grama de fezes.
Todos os machos foram pesados com auxílio de balança mecânica e o
perímetro escrotal (PE) foi medido com auxílio de fita métrica metálica flexível, na
posição mediana do escroto, no ponto de maior dimensão, envolvendo as duas
gônadas e a pele escrotal. As pesagens e medições foram realizadas, em média,
sete dias antes de se realizar cada teste de libido.
58
O primeiro teste de libido foi realizado quando os animais apresentavam idade
média de 7 meses. Nesta idade, os carneiros não tinham tido contato físico com
fêmeas desde a desmama, classificados como EXP 1 (sem contato físico prévio com
fêmeas em estro). Quando os animais alcançaram idade média de 11 meses o teste
foi repetido. Nesta idade, os carneiros haviam tido um contato sexual prévio com
fêmeas em estro durante o primeiro teste, e foram classificados como EXP 2 (com
contato sexual prévio com fêmeas em estro). No intervalo entre o primeiro e o
segundo teste de libido os animais permaneceram juntos e sem contato físico com
as fêmeas.
As avaliações do comportamento sexual foram realizadas em curral medindo
5 x 5 metros, afastado do local onde os animais permaneciam confinados.
Cada macho foi exposto individualmente a três fêmeas, com pelo menos uma
apresentando estro natural. As atitudes manifestadas pelos carneiros eram
observadas e anotadas durante um período de 5 minutos, continuando até 10
minutos, para posterior comparação e verificação de qual duração de teste prediz
com maior eficiência a libido do carneiro.
Todos os testes foram realizados entre 8:00 horas e 11:00 horas, por três
pessoas treinadas e localizadas em pontos diferentes do curral. A ordem de entrada
dos carneiros no curral foi aleatória.
Os comportamentos observados e quantificados em cada macho foram:
1- Perseguição (Per): caracterizado como o ato do macho acompanhar a
fêmea ou correr atrás da fêmea;
2- Cheirada (Ch): quando o macho cheira a região da vulva da fêmea;
3- Reflexo de Flehmen (RF): consiste no movimento de estender a
cabeça e o pescoço, contrair as narinas, elevar e curvar o lábio superior. Este
movimento normalmente ocorre depois de ter cheirado a urina ou o períneo da
fêmea e está relacionado à estimulação sexual;
4- Lambida (Lam): momento em que o macho lambe ou mordisca as
laterais da fêmea;
5- Cabeçada (Cab): quando o macho empurra a fêmea pela região do
flanco utilizando a cabeça;
6- Exposição do pênis (EP): é a exteriorização do pênis pelo prepúcio,
significando que o macho está estimulado sexualmente;
59
7- Tentativa de Monta (TM): quando o macho exibe estímulo, impulso
para monta, mas não chega a executá-la;
8- Monta (Mo): quando o macho salta sobre a mea, mas o há
introdução do pênis nem ejaculação;
9- Arremetida Pélvica (AP): quando o macho monta e ejacula no interior
da vagina da fêmea;
10- Vocalização (Vo): classificada como “0” ausência de vocalização e “1”
realização de vocalização;
11- Desinteresse (Des): quando o macho afastava-se das fêmeas para
realizar outras atitudes.
Além destes comportamentos foi verificado o tempo de reação (TR), que foi
estipulado como sendo o tempo entre a entrada do macho no curral onde estavam
as fêmeas até a expressão do primeiro comportamento sexual.
Os comportamentos de Per, Ch, RF foram relacionados como de identificação
da fêmea em cio, e os comportamentos de Lam, Cab, EP, TM, Mo e AP foram
considerados como de cortejo (GORDOM, 1999).
As freqüências de cada comportamento reprodutivo do carneiro foram
analisadas nos animais aos 7 meses de idade (sem contato sexual prévio com
fêmeas-EXP1) e nos mesmos animais aos 11 meses de idade (com contato sexual
prévio com fêmeas em estro -EXP2). As freqüências dos comportamentos sexuais
foram estimadas através do procedimento PROC FREQ (SAS, 1999).
Posteriormente os dados obtidos foram separados em grupos de acordo com o peso
corporal dos carneiros para verificar sua influência sobre os comportamentos
sexuais. Os dados foram divididos de acordo com o peso corporal em PC1 (24,0 a
41 kg), PC2 (41,5 a 52 kg) e PC3 (52,1 a 68,0 kg). Para avaliar os efeitos de idade,
nível de experiência sexual, peso corporal e tempo de teste foi utilizado o
procedimento GLM (general linear model), e as diferenças entre as médias foram
comparadas pelo teste SNK do Statistical Analysis Systems (SAS, 1999).
60
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao expor, individualmente, cada carneiro à presença das fêmeas foi anotado
o tempo gasto que cada um levava para manifestar qualquer tipo de evento sexual
(TR). O tempo médio de reação foi de 26,5 segundos, não variando entre os animais
sem contato sexual prévio com fêmeas (27,0 segundos) e com contato sexual prévio
(26,0 segundos). Em carneiros adultos da raça Santa Inês, Afonso et al. (2005)
observaram menor TR (6,8 segundos), o que pode ser reflexo da idade e da
experiência sexual, indicando que a idade age principalmente sobre o tempo de
reação. No México, Pimentel Gómez et al. (2005) avaliaram a libido de três raças de
carneiros adultos (24-36 meses) expostos a fêmeas em estro induzido, através do
tempo de reação (TR), que foi em média de 9,0 ± 6,0 minutos. A diferença
observada entre os trabalhos deve-se a ao fato de os autores terem considerado TR
como o tempo transcorrido até a primeira ejaculação.
Os carneiros foram avaliados pela freqüência de manifestação dos eventos
sexuais. Na Tabela 1 é apresentada a distribuição do número de eventos e sua
freqüência em porcentagem, de acordo com a classificação dos machos em EXP1 e
EXP2.
Os eventos do comportamento sexual considerados no presente trabalho
foram os relacionados à identificação da fêmea em cio, como Per, Ch, RF; e ao
cortejo, que segundo Gordon (1999), tem como finalidade testar a receptividade da
fêmea, realizando interações sexuais que resultem na cópula. Foram considerados
como comportamento de cortejo a Lam, Cab, EP, TM, Mo e AP. Foi observado ainda
o comportamento de desinteresse (Des) e vocalização (Vo).
O desinteresse foi alto nos dois grupos de machos (EXP1 e EXP2). Os
animais sem contato prévio com fêmeas (EXP1) mostraram menor desinteresse
pelas fêmeas do que os animais que tinham tido contato com fêmeas (66,67 e
49,11%, respectivamente) (Figura 1), no entanto não foram observadas, pelo teste
SNK (Tabela 2), diferença entre os dois grupos. Os resultados encontrados estão de
acordo com Afonso et al. (2005), que relataram para ovinos adultos da raça Santa
Inês médias de desinteresse igual a 1,3. Segundo Shackleton (1991), o ciclo sexual
da fêmea parece influenciar os padrões comportamentais não apenas dos carneiros
experientes, mas, principalmente dos machos jovens e inexperientes, exibindo assim
interesse pela fêmea.
61
A vocalização foi uma atitude percebida em alguns animais e sua realização,
provavelmente esteja relacionada à ansiedade gerada pela separação dos
companheiros pertencentes ao seu grupo de convívio. Nos dois grupos de animais
(EXP1 e EXP2) foi observado de 5,07 a 5,26% de vocalização (Tabela 1). Bench et
al. (2001) e McGary et al. (2003) observaram, após estudo com carneiros jovens,
que estes exibem um comportamento relatado como “ansiedade da separação”, com
atitudes mais agressivas e vocalização excessiva. Segundo estes autores este
comportamento pode estar relacionado à inexperiência sexual ou à própria
separação do seu grupo de convívio. Mudanças de ambiente, ou até mesmo
aproximação e manipulação por tratadores não familiarizados, pode causar nos
ovinos, segundo Palestrini et al. (1998), elevação dos batimentos cardíacos e
intensa agitação indicando aumento de estresse. No presente trabalho, o tipo de
criação (intensivo) e a pouca idade dos animais pode ter contribuído para aumentar
a ansiedade e o estresse dos carneiros, que se manifestaram com vocalização.
O ato de perseguir a fêmea foi freqüente nos dois grupos EXP1 e EXP2,
sendo que no grupo EXP2, 50% das perseguições foram realizadas até cinco vezes
(Tabela 1). No grupo EXP1, 31,85% das perseguições as fêmeas ocorreram de seis
a 20 vezes comparado aos 18,75% do EXP2, resultado também percebido na
Tabela 2, na qual se observou que no EXP1 teve em média maior número de
perseguições. Esse maior número de perseguições do EXP1 pode ser devido ao fato
de nunca terem tido contato com fêmeas demonstrando sua menor percepção do
estado fisiológico da fêmea.
O primeiro e mais freqüente evento realizado pelos machos foi a cheirada.
Apenas 10,14% (EXP1) e 4,46% (EXP2) o realizaram nenhuma cheirada
(Tabela1). No grupo EXP1 a quantidade deste evento foi menor, até 20 cheiradas,
sendo que a maioria (36,95%) realizou de seis a dez cheiradas. No grupo EXP2 o
número de cheiradas foi de até 37 vezes e a maioria (34,82%) realizou de 11 a 20
cheiradas (Tabela 2).
O comportamento de cheirar a região genital da fêmea foi relatado também
por Kridli e Al-Yacoub (2006). Os autores verificaram que a criação de carneiros em
lotes separados ou em conjunto com fêmeas, antes da entrada na puberdade,
parece não influenciar na performance sexual, no entanto machos criados sem a
presença de fêmeas apresentam maior freqüência de comportamentos de cheirar a
região genital da fêmea, tentativas de monta e montas.
62
A freqüência de reflexos de Flehmen foi alta nos dois grupos (Tabela 1), cerca
de 48%. No EXP1, a maioria (22,46%) realizou dois reflexos e no EXP2 a maioria
(21,43%) realizou apenas um reflexo de flehmen. Este resultado pode refletir a maior
facilidade dos machos que tiveram contato com fêmeas em estro de identificar
através deste movimento a presença de feromônios.
Em carneiros adultos e experientes, Afonso et al. (2005) e Quirino et al.
(2008) observaram altas freqüências de eventos como perseguição, cheiradas,
lambidas e reflexos de Flehmen até mesmo quando os machos foram expostos à
presença de fêmeas fora do cio, o que ressalta a idéia de Hafez (2004) de que a
experiência sexual não altera os padrões motores de conduta do cortejo, mas age
principalmente sobre a eficiência do acasalamento.
Dos eventos de cortejo, o comportamento de lamber foi bastante freqüente,
sendo que a maioria (26,81% e 33,93%) realizou entre uma a cinco lambidas, sendo
ligeiramente maior no grupo EXP2 (Tabela 1). A cabeçada teve baixa ocorrência, no
EXP2 a freqüência foi de apenas 1,79% contra 5,80% do EXP1. Em média os
comportamentos de lamber e de cabeçada não diferiram entre os grupos EXP1 e
EXP2, nem entre idade. (Tabela 2). Resultados semelhantes foram relatados por
Godfrey et al. (1998), que avaliaram o comportamento sexual de carneiros que não
tiveram contato físico nem visual com fêmeas desde o desmame, e concluíram que a
falta de contato de machos com fêmeas parece não ter influenciado negativamente
nos comportamentos de cortejo.
Os comportamentos de exposição do pênis, tentativa de monta, monta e
arremetida pélvica foram visivelmente mais freqüentes no grupo EXP2 (Tabela 1 e
Figura 1), mostrando que com apenas um contato sexual prévio com fêmeas em
estro os machos são estimulados e adquirem experiência para a realização do
comportamento e reconhecimento do estado fisiológico da fêmea. Na análise de
médias observou-se a mesma tendência da análise descritiva, evidenciando maiores
médias nos machos do grupo EXP2. De acordo com Bench et al. (2001), o contato
prévio dos machos com as fêmeas pode fornecer ao macho prática na execução da
cópula ou pode ajudar na desinibição de machos inexperientes.
Price et al. (1996) observaram que a performance sexual de carneiros jovens
da raça Targhee, com 6 e 8 meses, melhorou durante um período de 4 semanas em
que foram realizados testes, sendo que, machos que tiveram contato prévio com
fêmeas apresentaram melhor performance sexual. Resultado semelhante foi
63
relatado por Stellflug e Lewis (2007), que observaram que quando carneiros com
idade entre 7-8 meses são expostos a fêmeas eles exibem maior número de
comportamento de cortejo, montas e ejaculações na segunda exposição a fêmeas
aos 17-18 meses, do que aqueles que não foram. Para estes autores, mais
importante do que a idade é a experiência ou contato prévio do macho com a fêmea
em cio, pois isto estimula no macho o interesse pela fêmea.
Snowder et al. (2002) observaram que aproximadamente 25% dos machos
jovens foram classificados como inativos sexualmente, no entanto, 40% destes
animais exibiram alguma forma de libido durante testes subseqüentes, sugerindo
que machos jovens podem estar inibidos em sua primeira exposição a fêmeas.
Os comportamentos de exposição do pênis, tentativa de monta e monta
começaram a ocorrer nos machos a partir dos 7 meses de idade (EXP1), sendo em
média, maior quando alcançavam 11 meses de idade (EXP2). A arremetida pélvica,
que caracteriza uma monta seguida de ejaculação, somente foi observada nos
carneiros com 11 meses de idade (EXP2) (Figura 1), sugerindo que a atitude para
monta seguida de ejaculação possa ser alcançada com a idade, como relatado por
Stellflug et al. (2006).
Dickson e Sanford (2005) e Pimentel Gómez et al. (2005) também relataram
influência da idade, onde o número de serviços e o número de montas melhoraram
com o aumento da idade dos carneiros. Resultados semelhantes foram relatados por
Ungerfeld et al. (2008), que evidenciaram, em carneiros maduros, apenas maior
freqüência de montas e ejaculações.
Figura 1: Freqüência máxima dos eventos comportamentais em
carneiros da raça Santa Inês que não tiveram contato sexual prévio
com fêmeas (EXP1) e quando tiveram contato sexual prévio com
fêmeas (EXP2), durante teste de libido de 10 minutos.
64
Tabela 1: Número e freqüência dos eventos, no grupo de carneiros da raça Santa
Inês, sem contato sexual prévio com fêmeas (EXP 1) e no grupo que teve contato
sexual prévio com fêmeas em estro (EXP2), durante teste de libido de 10 minutos.
Eventos
N
o
de eventos
EXP 1 (N=138)
Freqüência
N / (%)
EXP 2 (N=112)
Freqüência
N / (%)
Des Sem Des 92(66,67) 55(49,11)
Com Des 44(33,33) 57(50,89)
Vo Sem Vo 131(94,93) 108(94,74)
Com Vo 7(5,07) 6(5,26)
Per Não Per 41(29,71) 35(31,25)
1-5 53(38,41) 56(50,00)
6-20 44(31,85) 21(18,75)
Ch Não Ch 14(10,14) 5(4,46)
1-5 37(26,81) 30(26,78)
6-10 51(36,95) 24(21,42)
11-20 36(26,07) 39(34,82)
21-37 - 14(12,49)
RF Sem RF 71(51,45) 58(51,79)
1 27(19,57) 24(21,43)
2 31(22,46) 16(14,29)
3-5 9(5,51) 14(12,50)
Lam Sem Lam 69(50,00) 48(42,86)
1-5 37(26,81) 38(33,93)
6-10 17(12,31) 15(13,40)
11-20 15(10,83) 11(9,83)
Cab Sem Cab 130(94,20) 110(98,21)
1-4 8(5,80) 2(1,79)
EP Sem EP 124(89,86) 84(75,00)
1-10 14(10,14) 28(25,00)
TM Sem TM 124(89,86) 90(80,36)
1-6 14(10,14) 22(19,64)
Mo Sem Mo 135(97,83) 90(80,36)
1-7 3(2,17) 22(19,64)
AP Sem AP 138(100) 104(92,86)
1-3
8(7,14)
N
o
= número total de observações; Per=Perseguição; Ch= Cheirada; Lam= Lambida; Cab=
Cabeçada; RF= Reflexo de Flehmen; EP= Exposição do Pênis; TM= Tentativa de Monta;
Mo= Monta; AP= Arremetida Pélvica; Des= Desinteresse; Vo= Vocalização.
65
Tabela 2: Médias e respectivos desvios padrão do número de eventos pelo
nível de experiência sexual em machos da raça Santa Inês sem contato sexual
prévio com fêmeas em estro (EXP1) e com contato sexual prévio com fêmeas
em estro (EXP2), durante teste de libido de 10 minutos.
Eventos
Nível de experiência
EXP 1
(n=138)
EXP 2
(n=114)
Des 1,0 ± 1,82ª 1,48 ± 1,82ª
Vo 0,11 ± 0,52ª 0,15 ± 0,62ª
Per 4,62 ± 5,60
a
3,30 ± 3,85
b
Ch 7,48 ± 5,18ª 11,73 ± 8,38
b
RF 0,88 ± 1,09ª 0,87 ± 1,15ª
Lam 3,32 ± 5,06ª 3,37 ± 5,0
Cab 0,15 ± 0,77ª 0,02 ± 0,14ª
EP 0,28 ± 1,11ª 0,60 ± 1,35
b
TM 0,25 ± 0,89ª 0,36 ± 0,83ª
Mo 0,12 ± 0,82ª 0,29 ± 0,74ª
AP 0,00 ± 0,00
a
0,06 ± 0,29
b
PC 43,35 ± 8,43ª 50,04 ± 7,52
b
PE 26,33 ± 2,50ª 29,54 ±2,10
b
n= número total de observações; Per=Perseguição; Ch= Cheirada; Lam= Lambida; Cab=
Cabeçada; RF= Reflexo de Flehmen; EP= Exposição do Pênis; TM= Tentativa de Monta; Mo=
Monta; AP= Arremetida lvica; Des= Desinteresse; Vo= Vocalização; PC= Peso Corporal;
PE= Perímetro Escrotal. Letras diferentes em uma mesma linha indicam diferenças pelo teste
SNK (P<0,01).
O peso corporal e o perímetro escrotal aumentaram linearmente com a idade.
Pelo peso dos carneiros ter sido fonte de variação (P<0,01) na expressão do
comportamento, os carneiros foram separados por peso, em PC1, machos com peso
corporal entre 24,0 a 41 kg, PC2, entre 41,5 a 52 kg, e PC3, entre 52,1 a 68,0 kg.
Observou-se (Tabela 3) que carneiros mais leves (24,0 a 41 kg) tiveram
significativamente menor freqüência de eventos de Per, Ch, RF, Lam, EP e TM,
enquanto que Mo e AP foram exibidas quase que exclusivamente pelos carneiros
mais pesados (52,1 a 68,0 kg).
66
Tabela 3: Médias e respectivos desvios padrão do número de eventos
sexuais de acordo com o peso corporal dos carneiros da raça Santa Inês.
Eventos
PC1 (n=78)
(24,0 a 41 kg)
PC2 (n=91)
(41,5 a 52 kg)
PC3 (n=63)
(52,1 a 68,0 kg)
Des 1,44 ± 2,15ª 1,09 ± 1,66ª 1,05 ± 1,67ª
Vo 0,15 ± 0,60ª 0,09 ± 0,46ª 0,14 ± 0,64ª
Per 1,91 ± 2,25
b
5,63 ± 5,76
a
4,54 ± 5,38ª
Ch 6,78 ± 5,45
b
11,05 ± 6,96
a
9,52 ± 7,83ª
RF 0,37 ± 0,77
b
1,19 ± 1,21ª 1,05 ± 1,11ª
Lam 0,40 ± 1,09
b
5,55 ± 5,94ª 4,32 ± 4,84ª
Cab 0,00 ± 0,00
a
0,18 ± 0,91ª 0,11 ± 0,41ª
EP 0,00 ± 0,00
b
0,58 ± 1,43
a
0,65 ± 1,50ª
TM 0,00 ± 0,00
b
0,53 ± 1,19ª 0,32 ± 0,76ª
Mo 0,00 ± 0,00
b
0,20 ± 1,01ª
b
0,40 ± 0,87ª
AP 0,00 ± 0,00
b
0,00 ± 0,00
b
0,09 ± 0,35
a
n= número total de observações; Per=Perseguição; Ch= Cheirada; Lam= Lambida; Cab=
Cabeçada; RF= Reflexo de Flehmen; EP= Exposição do Pênis; TM= Tentativa de Monta;
Mo= Monta; AP= Arremetida Pélvica; Des= Desinteresse; Vo= Vocalização, PC= peso
corporal. Letras diferentes em uma mesma linha indicam diferenças pelo teste SNK
(P<0,01).
Com relação à avaliação do tempo de teste de 5 ou de 10 minutos, foi
constatado (Tabela 4) que nos primeiros 05 minutos do teste os carneiros
vocalizaram mais e realizaram maior quantidade de comportamentos de Per, Ch,
Lam e EP. Os comportamentos de Des, RF, Cab, TM, Mo e AP não variaram com o
tempo de teste.
A maior vocalização aos 5 minutos de teste deve-se, provavelmente à
ansiedade e ao estresse temporário causado nos animais pela separação de seu
grupo de convívio como também relatado por Bench et al. (2001).
Os comportamentos mais freqüentes nos primeiros 05 minutos foram, em
geral, aqueles relacionados à identificação. Carneiros, quando expostos à presença
de outro animal (macho ou fêmea), apresentam normalmente como primeira atitude
cheirar a região genital. Neste experimento, por terem sido colocados com fêmea em
estro, esta atitude se acentuou. Foram observadas também outras atitudes como
lambidas, perseguições e excitação levando a exposição do pênis.
Em teste de capacidade de serviço, Ibarra et al. (1999) utilizaram carneiros
adultos experientes e compararam dois intervalos de avaliação (20 e 40 minutos), e
67
concluíram que em três testes diferentes houve estimação de maneira similar da
capacidade de serviço, tanto em 20 quanto em 40 minutos, sugerindo a
possibilidade de utilização das provas em menor tempo de avaliação.
Devido ao fato, de neste trabalho, as outras atitudes do comportamento
sexual não terem variado com o tempo de avaliação, pode-se supor que seja
possível a identificação de machos com maior libido em um período de teste de 05
minutos.
Tabela 4: Médias e respectivos desvios padrão do número de eventos sexuais, em
carneiros da raça Santa Inês, de acordo com o tempo de teste de libido, 5 ou 10
minutos.
Eventos
Tempo de Avaliação
5 MIN
(n=126)
10 MIN
(n=126)
Des 1,11 ± 1,65ª 1,28 ± 1,99ª
Vo 0,25 ± 0,78ª 0,00 ± 0,00
b
Per 4,69 ± 5,25ª 3,47 ± 4,68
b
Ch 11,52 ± 7,47ª 6,89 ± 5,56
b
RF 0,93 ± 1,22ª 0,82 ± 0,99ª
Lam 4,03 ± 5,68ª 2,93 ± 4,27
b
Cab 0,09 ± 0,38ª 0,11 ± 0,77ª
EP 0,58 ± 1,54ª 0,23 ± 0,75
b
TM 0,34 ± 1,02ª 0,24 ± 0,68ª
Mo 0,24 ± 0,96ª 0,12 ± 0,57ª
AP 0,02 ± 0,13ª 0,03 ± 0,22ª
n= número total de observações; Per=Perseguição; Ch= Cheirada; Lam= Lambida; Cab=
Cabeçada; RF= Reflexo de Flehmen; EP= Exposição do Pênis; TM= Tentativa de Monta; Mo=
Monta; AP= Arremetida Pélvica; Des= Desinteresse; Vo= Vocalização. Letras diferentes em uma
mesma linha indicam diferenças pelo teste SNK (P<0,01).
As estimativas de correlação entre o peso corporal e os eventos do
comportamento sexual foram, em geral, de média a baixa magnitude (entre 0,09 e
0,29) (Tabela 5). A correlação entre PC e desinteresse e vocalização foram próximas
de zero (entre -0,08 e 0,02). A correlação próxima de zero entre PC e AP pode
indicar que outros fatores, como hormonais, sociais ou idade, poderiam levar a
realização de monta completa. Maiores correlações foram estimadas entre PC e Per
(0,23), PC e RF (0,28) e PC e Lam (0,29).
68
O perímetro escrotal apresentou maior correlação com Ch (0,42), RF (0,30),
Per e Lam (0,25), no entanto, com os demais eventos do comportamento sexual
foram próximas de zero (0,01 e 0,07). A idade apresentou correlação apenas com
Ch (0,29) e AP (0,25).
Não foram encontrados trabalhos em ovinos descrevendo estimativas de
correlação entre libido e PC, libido e PE, libido e idade. Para bovinos, Quirino et al.,
(2004) e Salvador et al. (2003) relatam correlações favoráveis com a libido e PC,
variando entre 0,38 e 0,69 e entre libido e PE valores entre 0,12 e 0,13 (PINEDA et
al. 2000) e -0,43 (QUIRINO et al., 2004).
Com base nas correlações obtidas poder-se-ia supor que a maiores idades,
mas não necessariamente com maiores PC e PE se alcançaria maior quantidade de
montas seguidas de ejaculação, sugerindo a realização do teste de libido como teste
complementar para as avaliações clínicas e andrológicas.
69
Tabela 5: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre os eventos do comportamento sexual e destes com o peso corporal, perímetro escrotal e
idade em carneiros da raça Santa Inês, em testes de libido realizados aos 7 e aos 11 meses de idade.
Eventos
Per
Ch
Lam
Cab
RF
EP
TM
Mo
AP
Des
Vo
PC
PE
Per -
Ch 0,45* -
Lam
0,51* 0,44* -
Cab
0,33* 0,06 0,12 -
RF
0,40* 0,47* 0,31* 0,05 -
EP
0,01 0,09 0,37* 0,04 0,03 -
TM
0,02 0,16** 0,25* -0,06 0,29* 0,07 -
Mo
-0,15** -0,09 0,14** -0,04 -0,08 0,47* 0,46* -
AP -0,10 -0,07 0,04 -0,03 -0,06 0,20** 0,22** 0,43* -
Des -0,18** -0,02 -0,19** -0,10 -0,15 -0,13 -0,16 -0,16 -0,10 -
Vo -0,11 0,03 -0,11 -0,03 -0,12 -0,07 -0,07 -0,06 -0,03 0,25* -
PC 0,23** 0,18** 0,29* 0,10 0,28* 0,18** 0,11 0,11 0,09 -0,08 0,02 -
PE
0,25* 0,42* 0,25* 0,08 0,30* 0,06 0,07 0,04 0,01 0,03 0,01 0,79* -
ID
0,01 0,29* 0,14 -0,01 0,09 0,21 0,09 0,18 0,25* 0,05 0,01 0,58* 0,72*
n= número total de observações; Per=Perseguição; Ch= Cheirada; Lam= Lambida; Cab= Cabeçada; RF= Reflexo de Flehmen; EP= Exposição do Pênis; TM=
Tentativa de Monta; Mo= Monta; AP= Arremetida Pélvica; Des= Desinteresse; Vo= Vocalização; PC= Peso Corporal; PE= Perímetro Escrotal; ID= Idade.
Pearson, * P<0,01; ** P<0,05
70
4. CONCLUSÕES
Pode-se concluir que machos da raça Santa Inês, com experiência sexual
prévia possuem melhor estímulo para montar e ejacular.
O peso corporal e a idade podem influenciar na expressão dos
comportamentos de identificação e cortejo.
Machos muito jovens podem estar inibidos em um primeiro teste de libido, e
animais com menor peso realizam menor número de eventos de identificação e
cortejo.
Um teste de libido de cinco minutos pode ser suficiente para determinar e
quantificar a libido de um carneiro.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, V.A.C.; DA COSTA, R.L.D.; QUIRINO, C.R.; DA SILVA, R.M.C.;
PACHECO, A.; CARVALHO, F.P.; SIQUEIRA, J.G.; BUCHER, C.H. Estudo do
comportamento sexual e características seminais de ovinos da raça Santa Inês na
região Norte Fluminense-resultados preliminares. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005, Goiânia. Anais... Goiânia,
2005, CD-ROM.
AZEVÊDO, D.M.M.R.; MARTINS FILHO, R.; ALVES, A.A. et al. Comportamento
sexual de ovinos e caprinos machos: uma revisão. PUBVET, v.2, n.6, 2008.
BELIBASAKI, S.; KOUIMTZIS, S. Sexual activity and body and testis growth in
prepubertal ram lambs of Friesland, Chios, Karagouniki and Serres dairy sheep in
Greece. Small Ruminant Research, v.37, p. 109-113, 2000.
BENCH, C.J., PRICE, E.O., DALLY, M.R., BORGWARDT, R.E. Artificial selection of
rams for sexual performance and its effect on the sexual behavior and fecundity of
male and female progeny. Applied Animal Behaviour Science, v.72, p.41-50, 2001.
71
DELGADO, A.R.; GÓMEZ-URVIOLA, N. Comportamiento reproductivo del ovino
criollo en el altiplano Peruano. Archivos de Zootecnia, v.54,p.541-544, 2005.
DICKSON, K.A.; SANFORD, L.M. Breed diversity in FSH, LH and testosterone
regulation of testicular function and in libido of young adult rams on the southeastern
Canadian prairies. Small Ruminant Research, v.56, p.189–203, 2005.
GODFREY, R.W.; COLLINS, J.R.; GRAY, M.L. Evaluation of sexual behavior of hair
sheep rams in a tropical environment. Journal of Animal Science, v.76, p.714-717,
1998.
GORDON, I. Controlled Reproduction en sheep and goats - volume 2. Dublin:
Ed. Cab International, 1999, 450 p.
HAFEZ, B.; HAFEZ, E. S. E. Reprodução Animal, 7
a
. ed. Barueri : Manole, 2004,
582p
IBARRA D., LABORDE D., OLIVERA J., VAN LIER E., BURGUEÑO J. Comparación
de tres pruebas para medir la capacidad de servicio en carneros adultos. Arch. Med.
Vet., v.31, n.2, 1999.
KÖPPEN, W. 1936. Das Geographische System der Klimatologie. 44p.
KRIDLI, R.T. AL-YACOUB, A.N. Sexual performance of Awassi ram lambs reared in
different sex composition groups. Applied Animal Behaviour Science. v.96, p. 261–
267, 2006.
MAIA, M.S. Avaliação andrológica em carneiros. Revista Brasileira de Reprodução
Animal. Supl. 5, 2002.
McGARY, S.; ESTEVEZ, I.; RUSSEK-COHEN, E. Reproductive and aggressive
behavior in male broiler breeders with varying fertility levels. Applied Animal
Behaviour Science, v.82, p.29–44, 2003.
72
PALESTRINI, C.; FERRANTE, V.; MATTIELLO, S.; CANALI, E.; CARENZI, C.
Relationship between behaviour and heart rate as an indicator of stress in domestic
sheep under different housing systems. Small Ruminant Research, v.27, p. 177-
181, 1998.
PIMENTEL MEZ, J.; GARZA, R.P.; MARTÍNEZ, L.Z.; GALVÁN, G.R.
Caracterización reproductiva integral del morueco en el ganado lanar de Chiapas.
Archivos Zootecnia, v.54, p.557-564, 2005.
PINEDA, N.R.; FONSECA, V.O., ALBUQUERQUE, L.G. Estudo preliminar da
influência do perímetro escrotal sobre a libido em touros jovens da raça Nelore. Arq.
Bras. Méd. Vet. Zootec., v.52, n.1., 2000
PRICE, E.0.; BORGWARDT, R.; DALLY, M.R. Heterosexual experience differentially
affects the expression of sexual behavior in 6- and &month-old ram lambs. Applied
Animal Behaviour Science, v.46, p. 193-199, 1996.
QUIRINO, C.R., BERGMANN, J.A.G., VALE FILHO, V.R., ANDRADE, V.J., REIS,
S.R., MENDONÇA, R.M., FONSECA, C.G. Genetic parameters of libido in Brazilian
Nellore bulls. Theriogenology, v.62, p.1-7, 2004.
QUIRINO, C.R.; COSTA, R.L.D.; AFONSO, V.A.C.; SILVA, R.M.C. Testes para
avaliar o comportamento sexual e características seminais de carneiros da raça
Santa Inês. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
45, 2008, Lavras. Anais... Lavras - MG, 2008, CD-ROM.
REKWOT, P.I., OGWU, D., OYEDIPE, E.O. E SEKONI, V.O. The role of pheromones
and biostimulation in animal reproduction. Anim. Reprod. Sci., v.65, p.157-170,
2001.
ROSA, H.J.D., JUNIPER, D.T. E BRYANT, M.J. The effect of exposure to oestrous
ewes on rams´ sexual behaviour, plasma testosterone concentration and ability to
73
stimulate ovulation in seasonaly anoestrous ewes. Applied Animal Behaviour
Science. v.67, p.293- 305, 2000.
SALVADOR, D.F., ANDRADE, V.J., VALE FILHO, V.R., SILVA, A.S., COSTA, E.V.
Avaliação da libido de touros Nelore adultos em curral e sua associação com
características andrológicas e desempenho reprodutivo a campo. Arq. Bras. Med.
Vet. Zootec. v. 55, n.5, 2003
SAS.(1999) User’s Guide. SAS Inst., Inc., Cary, NC.
SHACKLETON DM. Social maturation and productivity in bighorn sheep: are young
males incompetent? Appl. Anim. Behav. Sci. v.29, p.173–84, 1991.
SNOWDER, G. D.; STELLFLUG, J. N.; VAN VLECK, L. D. Heritability and
repeatability of sexual performance scores of rams. J. Anim. Sci.. v.80, p.1508–
1511, 2002.
STELLFLUG, J.N., COCKETT, N.E., LEWIS, G.S. The relationship between sexual
behavior classifications of rams and lambs sired in a competitive breeding
environment. J. Anim. Sci. v.84, p.463–468, 2006.
STELLFLUG, J.N.; LEWIS, G.S. Effect of early and late exposure to estrual ewes on
ram sexual performance classifications. Animal Reproduction Science. v.97, p.
295–302, 2007.
UNGERFELD, R.; RAMOS, M.A.; GONZÁLEZ-PENSADO, S.P. Ram effect: Adult
rams induce a greater reproductive response in anestrous ewes than yearling rams
Animal Reproduction Science. v.103, p. 271–277, 2008.
74
Características seminais de carneiros da raça Santa Inês na pré-puberdade,
puberdade e na pós-puberdade
RESUMO
O objetivo do trabalho foi determinar a idade dia que os ovinos da raça Santa
Inês, criados no Sul do Espírito Santo / Brasil alcançam a puberdade e avaliar o
perfil espermático destes animais na fase pré-púbere, púbere e s-púbere. Foram
utilizados 33 machos, nascidos entre os meses de janeiro e setembro do ano de
2007. As coletas e avaliações do sêmen iniciaram após a desmama, sendo
realizadas a cada 28 dias até os 354 dias de idade. A idade média à puberdade foi
de 210,8 ± 50,8 dias, com peso corporal de 36,3 ± 9,2 kg e perímetro escrotal de
25,2 ± 3,0 cm. Foi observada grande variabilidade fenotípica entre os animais, tanto
na idade à puberdade quanto ao peso, ao perímetro escrotal e as características
seminais, que foram inferiores na pré-puberdade, melhorando quantitativa e
qualitativamente na puberdade e na pós-puberdade. A idade influenciou as
características seminais, que melhoraram rapidamente dos 5 aos 7 meses,
coincidindo com a fase de entrada à puberdade. O peso corporal e perímetro
escrotal apresentaram maior aumento dos 3 aos 5 meses de idade. Os defeitos
espermáticos maiores diminuíram com a idade, no entanto, a porcentagem de
defeitos menores foi alta dos três aos 12 meses de idade, elevando a quantidade de
defeitos totais. As correlações entre as características estudadas foram, em geral, de
alta magnitude. Pode-se concluir que existe uma melhora significativa nas
características seminais após o alcance da puberdade e devido à variabilidade
fenotípica observada é possível obter animais mais precoces com a implantação de
programa de melhoramento genético.
Palavras - chave: Ovino, puberdade, defeitos espermáticos, sêmen
75
ABSTRACT
Seminal Characteristics of rams of Santa Inês breed in pré-puberty,
puberty and post-puberty.
The objective of the work was to determine the middle age that the ovines of the
Santa Inês breed, created in the South region of the State of Espírito Santo - Brazil,
reach the puberty and evaluate the spermatic characteristics of these animals before
puberty, in the puberty and after puberty. Were used 33 males, born between
January and September 2007. The collections and evaluations of the semen began
after weaning, carried out to each 28 days up to 354 days of age. The middle age to
the puberty was of 210,8 ± 50,8 days, with body weight of 36,3 ± 9,2 kg and scrotal
circumference of 25,2 ± 3,0 cm. Great phenotypic variability was observed between
the animals, as in the age to the puberty as for the weight, the scrotal circumference
and the seminal characteristics, which were inferior before puberty, improving
quantitative and qualitatively in the puberty and after puberty. The age influenced the
seminal characteristics, which improved more quickly from 5 to 7 months, coinciding
with the phase of entry to the puberty. The body weight and scrotal circumference
presented bigger increase from 3 to 5 months of age. The mayor spermatic defects
decreased with the age, however, the percentage of minor defects went high from
three to 12 months of age lifting up the quantity of total defects. The correlations
between the studied characteristics were, in general, of high magnitude. It is possible
to conclude that there is a significant improvement in the seminal characteristics after
the reach of the puberty and due to phenotypic observed variability it is possible to
obtain more precocious animals with the introduction of program of genetic
improvement.
Key – words: Ovine, puberty, sperm defects, semen
76
1. INTRODUÇÃO
A eficiência reprodutiva é um conjunto de características indicadoras da
performance reprodutiva dos animais e, do ponto de vista genético, é o aspecto mais
restritivo para a adoção de programas de melhoramento genético, pois impõe limites
à intensidade de seleção (PEREIRA, 2004).
Em estudos realizados em ovinos, Rege et al. (2000), Toe et al. (2000) e
Rosati et al. (2002) relataram que as características relacionadas à eficiência
reprodutiva apresentam herdabilidades de baixa magnitude, ou seja, o
características pouco influenciadas por genes aditivos. No entanto, de acordo com
Pereira (2004), baixa herdabilidade não significa que a herança não seja
responsável, em parte, pela expressão das características relacionadas à fertilidade.
Moraes (1997) ressalta que a seleção de carneiros potencialmente mais
férteis deve basear-se nas características seminais e no comportamento sexual,
devendo-se realizar também uma avaliação clínica minuciosa, principalmente, do
aparelho reprodutor para identificar possíveis alterações na consistência testicular e
epididimária.
A seleção de machos para serem utilizados como futuros reprodutores e
propagadores de material genético têm ocorrido a idades cada vez menores, o que
permite diminuir o intervalo entre gerações e realizar maior intensidade de seleção
devido ao maior mero de animais disponíveis no rebanho para seleção. No
entanto, segundo Souza et al. (2003), ainda não está claro a partir de que idade as
avaliações seminais seriam úteis para determinar a real capacidade reprodutiva dos
carneiros.
A puberdade marca o começo da atividade reprodutiva e este momento tem
grande influência na produção animal. Entretanto, para a expressão máxima da
capacidade reprodutiva é necessário que o macho atinja a maturidade sexual
(GONZALEZ, 2002), que é a fase onde o animal apresenta instinto sexual,
capacidade de monta e condições espermáticas condizentes com a reprodução
plena (SASA et al., 2002).
A identificação da idade em que o carneiro inicia a puberdade, permite ao
produtor adotar técnicas de manejo reprodutivo, no que diz respeito à castração, à
época da separação dos animais por sexo e à seleção precoce dos animais
77
destinados à reprodução, contribuindo para reduzir o intervalo entre gerações e,
conseqüentemente, permitindo o melhoramento genético mais rápido do rebanho
(SANTANA, 1996).
Fatores relacionados ao próprio animal, como raça, idade, peso corporal e as
características testiculares (GATES et al., 1998; MAIA, 2002), assim como variações
climáticas e a quantidade e a qualidade das forrageiras ou concentrado oferecidos
podem influenciar as características reprodutivas, acelerando ou retardando a
entrada à puberdade e a maturidade sexual (EMSEN, 2005).
O objetivo neste estudo foi determinar a idade média que os ovinos da raça
Santa Inês, criados no Sul do Espírito Santo, alcançaram a puberdade, avaliar o
perfil espermático destes animais na fase pré-púbere, púbere e pós-púbere e
determinar a influência do estádio de desenvolvimento sexual, peso corporal, idade
e do perímetro escrotal sobre as características seminais e estimar as correlações
simples entre as características.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre EAFA,
localizada no Município de Alegre, região Sul do estado do Espírito Santo, Brasil.
A cidade de Alegre está localizada a 20º45’49” latitude sul, 41º31’57”
longitude oeste e a 254 metros em relação ao nível do mar. Apresenta, segundo a
classificação de Köppen (1936), clima tropical chuvoso do tipo Aw, quente e chuvoso
no verão e seco no inverno, com temperatura média nima anual de 17ºC e média
máxima de 29ºC (http://www.alegre.es.gov.br). A precipitação pluviométrica tem
maior ocorrência entre os meses de outubro a abril, sendo a precipitação
pluviométrica média anual de 1000 mm.
Foram usados para avaliação das características seminais 33 carneiros da
raça Santa Inês nascidos entre os meses de janeiro e setembro do ano de 2007. Os
animais foram separados de suas mães ao desmame, com idade média de 90 dias,
sendo colocados em baias medindo 4 x 6 metros (lotação de 20 animais por baia),
onde permaneceram confinados, em sistema intensivo, durante todo o período do
experimento.
78
A alimentação foi fornecida no cocho, duas vezes ao dia, uma na parte da
manhã (7:00 h) e outra na parte da tarde (14:00 h). As forragens utilizadas foram o
Capim-elefante picado (Pennisetum purpureum), a cana-de-açúcar picada
(Saccharum spp) e o Tifton (Cynodon spp) na forma de feno. Concentrado para
ovinos com composição de 22,00% de Proteína Bruta, 2,3% de Extrato Etéreo,
4,30% de Fibra Bruta, 1,20% de Cálcio, 0,38% de Fósforo, 71,50% de NDT e 18 mg
de promotor de crescimento foi adicionado à forragem na proporção de 2% do peso
vivo. Sal mineral foi fornecido a cada dois meses e água esteve disponível ad
libitum.
O controle sanitário dos animais incluiu medidas profiláticas contra doenças
infecciosas e controle de endoparasitas, de acordo com a carga parasitária estimada
pela técnica de contagem de ovos por grama de fezes.
Após realizar as coletas de sêmen os machos foram pesados, com auxílio de
balança mecânica e o perímetro escrotal (PE) foi medido com auxílio de fita métrica
metálica flexível, na posição mediana do escroto, no ponto de maior dimensão,
envolvendo as duas gônadas e a pele escrotal. A consistência testicular foi avaliada
manualmente, classificando-a de 1 a 5, sendo 1 testículo flácido e 5 de consistência
normal.
As coletas e avaliações do sêmen tiveram início logo após a desmama, com
idade média de 90 dias e prosseguiram, com intervalo dio de 28 dias, até que
atingissem a puberdade, que foi definida segundo Wheaton e Godfrey (2003),
quando o sêmen apresentou motilidade acima de 10% e concentração espermática
maior ou igual a 50 x 10
6
espermatozóides por mL. Após os animais terem
alcançado a puberdade, as coletas prosseguiram até aproximadamente 354 dias de
idade. Foi estabelecido assim, três estádios de desenvolvimento sexual, o estádio
pré-púbere (Pré-Pub), o estádio púbere (Pub) e o estádio pós-púbere (Pós-Pub).
Antes de proceder a coleta de sêmen a parte externa do prepúcio foi
higienizada com papel toalha. A seguir as coletas foram realizadas com auxílio de
aparelho eletroejaculador, aplicando-se impulsos elétricos com intervalos de três
segundos até a ejaculação.
Imediatamente após a coleta as seguintes características seminais foram
analisadas, de acordo com as recomendações do Colégio Brasileiro de Reprodução
Animal (CBRA, 1998):
79
1. Volume (VOL), mensurado logo após a coleta, diretamente no tubo
graduado, expresso em mililitro;
2. Aspecto (ASP), escala de 1 a 4, variando desde aquoso até cremoso;
3. Motilidade Progressiva (MOT), avaliação subjetiva de uma alíquota de
sêmen, colocada entre lâmina e lamínula previamente aquecidas a 37
o
C e
visualizados em microscopia óptica de campo claro com aumento de 100 vezes.
Expressa a porcentagem de espermatozóides com movimentos progressivos
retilíneos;
4. Vigor (VIG), avaliação subjetiva, sendo uma expressão de velocidade com
que os espermatozóides se movimentam no campo. O resultado foi expresso em
uma escala de 0 a 5, sendo 0 ausência de movimento e 5 velocidade intensa;
5. Turbilhonamento ou movimento de massa (TURB), determinado através da
avaliação de uma gota de sêmen colocada sobre lâmina previamente aquecida a
37o C e visualizados em microscopia óptica de campo claro com aumento de 100
vezes, resultado expresso em uma escala de 0 a 5, sendo 0 ausência de movimento
e 5 movimento intenso;
6. Concentração espermática (CONC), obtida pela contagem, em câmara de
Neubauer, do número de espermatozóides previamente diluídos em solução de
formol citrato tamponado na proporção de 1:200. O resultado foi expresso em
milhões de espermatozóides por mililitro;
7. Morfologia Espermática, avaliação das alterações morfológicas dos
espermatozóides. Determinadas por preparação úmida entre lâmina e lamínula, com
amostras diluídas em formol citrato. A avaliação foi realizada em microscópio de
contraste de fase, sendo contadas 200 células e o resultado expresso em
porcentagem.
Para avaliar os efeitos do estádio de desenvolvimento sexual e de idade
sobre as características seminais, peso corporal e perímetro escrotal, foi realizada a
análise de variância utilizando o procedimento GLM (general linear model), e as
diferenças entre as médias foram comparadas pelo teste SNK (SAS, 1999). As
freqüências dos defeitos espermáticos maiores e menores foram estimadas através
do procedimento PROC FREQ e as correlações de Pearson foram estimadas pelo
procedimento PROC CORR (SAS, 1999).
80
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os carneiros da raça Santa Inês, criados no Sul do Espírito Santo alcançaram
a puberdade, à idade média de 210,8 ± 50,8 dias, peso corporal de 36,3 ± 9,2 kg e
perímetro escrotal de 25,2 ± 3,0 cm (Tabela 1).
Os valores mínimos e máximos das características estudadas para idade à
puberdade, e na pré e pós-puberdade evidenciam a grande variabilidade fenotípica
entre os animais deste rebanho, que apresentou tanto carneiros altamente precoces
como carneiros tardios. Variações individuais nas características seminais também
foram relatadas por Barbas et al. (2001) em ovinos da raça Merino regional, em
Portugal e por Martins et al. (2003) em ovinos Santa Inês no Distrito Federal/Brasil.
A média para idade à puberdade, registrada no presente trabalho, foi inferior
que a apresentada pela EMBRAPA/CNPC (1993), onde relatam para ovinos da raça
Santa Inês idade à puberdade de 249 dias.
Utilizando critério semelhante para determinação da idade à puberdade em
carneiros Santa Inês, criados no Distrito Federal/Brasil, Alves et al. (2006)
observaram que, em média, os machos foram mais leves (24,5 kg) e precoces
(194,6 dias) do que os animais estudados neste trabalho. Os animais avaliados por
Alves et al. (2006) foram criados a pasto e a idade à puberdade variou com o mês
de nascimento dos animais (entre 163 a 203 dias), sendo que os machos mais
precoces foram os que nasceram na estação seca e foram submetidos ao
experimento durante a estação chuvosa. No presente estudo não foram encontradas
diferenças significativas (P>0,01) devido ao mês de nascimento, o que pode ser
devido ao sistema intensivo de criação.
Carneiros Santa Inês mais precoces também foram relatados por Souza et al.
(2000) (159,5 dias) e Souza et al. (2003) (181,1 dias), que utilizaram como critério de
determinação da idade à puberdade o completo desprendimento peniano. Segundo
Souza et al. (2003), os primeiros espermatozóides móveis surgiram com 154 dias de
idade, no entanto, para a melhor utilização dos machos como reprodutores, estes
autores sugeriram que, os carneiros somente poderiam ser utilizados para
reprodução quando atingissem 238 dias de idade, período em que as características
seminais estavam condizentes com o recomendado pelo CBRA (1998). Os machos
81
avaliados por Souza et al. (2000) alcançaram a puberdade com menores PC (34,2
kg) e menores PE (23,5 cm) do que os machos deste estudo.
Em cordeiros selecionados da raça Pelibuey, Mendéz et al. (2005)
observaram desprendimento peniano com idade de 92,3 dias, com peso corporal de
24,29 kg e perímetro escrotal de 17,64 cm, contudo a puberdade foi determinada
pelo momento em que produziram um ejaculado com pelo menos 50 x 10
6
espermatozóides/ml e motilidade progressiva acima de 50%, o que ocorreu com
144,1 dias, 32,6 kg de peso corporal e 25,86 cm de perímetro escrotal.
O rebanho avaliado neste trabalho não era submetido a nenhum programa de
melhoramento genético nem seleção para precocidade reprodutiva, o que pode ter
contribuído para a elevada idade em que a maioria dos machos deste estudo atingiu
a puberdade.
As características físicas e morfológicas do sêmen, (MOT, VIG, TURB, VOL,
CONC, DMa, DMe e DT) diferiram (P<0,01) entre as fases pré-púbere, púbere e
pós-púbere, exibindo uma melhora da qualidade e, principalmente da quantidade de
espermatozóides desde o aparecimento da puberdade até os 12 meses (Pós-Pub)
(Tabela 1). Resultado semelhante foi observado por Rodrigues et al. (2004). Apesar
das características seminais terem melhorado na pós-puberdade, a MOT foi inferior
e a porcentagem de defeitos totais superior à recomendada pelo Colégio Brasileiro
de Reprodução Animal (CBRA, 1998) (MOT>70% e DT<20%), para serem utilizados
em monta natural a campo.
Nas características físicas do sêmen, de acordo com a evolução da idade dos
carneiros (Tabela 2) verifica-se que a MOT (Figura 1), o VIG e o TURB (Figura 2)
começaram a aumentar de maneira mais acentuada a partir dos 4 meses de idade.
Entre 5 e 6 meses de idade estas características tiveram, em geral, a maior taxa de
aumento, o que pode estar associado ao fato de que, neste intervalo de idade, a
maioria dos animais estava atingindo a puberdade. Segundo Mandiki et al. (1998),
informações durante a fase de transição da pré-puberdade para a puberdade podem
permitir um melhor manejo de ovinos usados para a monta natural ou inseminação
artificial, permitindo uma melhor utilização dos animais.
Dos 9 aos 12 meses de idade as características físicas do sêmen (MOT, VIG
e TURB) não variaram significativamente (P>0,01), concordando com resultados
observados por Souza et al. (2002) em ovinos da raça Santa Inês, com idade entre 7
e 10 meses, criados no Ceará/Brasil.
82
O VOL do ejaculado foi ligeiramente menor entre 3 e 4 meses de idade (Pré-
Pub), não variando nas idades subseqüentes (Tabela 2).
A CONC espermática (Figura 3) aumentou acentuadamente a partir dos 5
meses de idade até o 7 meses, estabilizando-se até os 12 meses de idade. O maior
aumento da CONC entre 5 e 7 meses ocorreu devido à chegada da puberdade, pois
segundo Lincoln (1998), nesta fase há maior ativação e quantidade de túbulos
seminíferos, acarretando em maior atividade espermatogênica.
Aos doze meses de idade, os carneiros avaliados, ainda o se encontram
aptos a cobrir uma grande quantidade de fêmeas, pois o atingiram a maturidade
sexual.
83
Tabela 1: Médias e respectivos desvios padrão e valor mínino - máximo das
características seminais, peso corporal, perímetro escrotal e idade em carneiros da
raça Santa Inês, na pré-puberdade (Pré-Pub), na puberdade (Pub) e na pós-
puberdade (Pós-Pub).
Pré-Pub (n=86)
Pub(n=24)
Pós-pub (n=50)
IDADE (dias)
195,2 ± 74,5ª
(90,0 – 334,0)
210,8 ± 50,8
b
(148,0 – 333,0)
253,6 ± 53,9
c
(181,0 – 358,0)
PC (kg)
34,1 ± 12,4ª
(11,4 - 66,0)
36,3 ± 9,2
b
(20,5 – 50,5)
43,1 ± 8,6
c
(30,0 – 68,0)
PE (cm)
20,1 ± 4,5ª
(9,50 – 30,6)
25,2 ± 3,0
b
(21,0 - 32,2)
27,4 ± 2,6
c
(19,0 - 33,0)
MOT (%)
8,7 ± 10,8ª
(0 - 50,0)
38,3 ± 25,2
b
(10,0 - 85,00)
65,9 ± 17,8
c
(20,0 - 90,0)
VIG (0-5) 0,9 ± 0,9ª
(0 - 3,0)
2,7 ± 1,1
b
(0 - 5,0)
3,9 ± 0,9
c
(0 - 5,0)
TURB (0-5) 0,1 ± 0,4ª
(0 - 2,0)
1,1 ± 1,4
b
(0 - 5,0)
3,8 ± 1,5
c
(0 - 5,00)
VOL (ml)
0,3 ± 0,1ª
(0 - 0,70)
0,5 ± 0,2
b
(0,2 - 1,00)
0,7 ± 0,39
c
(0,20 - 2,00)
ASP (1
-
4)
1,2 ± 0,6ª
(0 - 2,00)
2,3 ± 0,9
b
(1,0 - 4,0)
3,2 ± 0,7
c
(2,0 - 4,0)
CONC
(10
6
/ml)
14,7 ± 12,1ª
(0 - 40,00)
281,3 ± 230,3
b
(50,0 - 680,0)
1615,7 ± 725,9
c
(710,0 - 3480,0)
DMa (%) 21,2 ± 17,8ª
(0 - 72,00)
19,8 ± 24,2
b
(0 - 80,0)
4,4 ± 5,8
c
(0 - 34,0)
DMe (%)
25,9 ± 13,1ª
(0 - 60,00)
30,1 ± 12,7
b
(4,0 - 51,0)
28,4 ± 12,5
c
(7,0 - 60,0)
DT (%)
47,2 ± 13,5ª
(0 - 77,00)
49,9 ± 16,5
b
(30,0 - 90,0)
32,8 ± 12,9
(7,0 - 64,0)
PC= peso corporal; PE= perímetro escrotal; MOT= motilidade progressiva; VIG= vigor espermático;
TURB= turbilhonamento; VOL= volume do ejaculado; ASP= aspecto do ejaculado; CONC=
concentração espermática; DMa= defeitos maiores; DMe= defeitos menores; DT= defeitos totais; n=
número de avaliações. Letras diferentes em uma mesma linha indicam diferenças pelo teste SNK
(P<0,01).
84
Tabela 2: Médias e respectivos desvios padrão das características físicas do sêmen de acordo com a idade em
carneiros da raça Santa Inês, criados em condições intensivas.
Idade
(meses)
MOT
(%)
VIG (0
-
5)
TURB (0
-
5)
VOL (mL)
ASP (1
-
5)
CONC (10
6
/mL)
3
(n=07)
7,14 ± 8,09
d
1,00 ± 0,82
c
0,00
d
0,33 ± 0,10
c
1,29 ± 0,49
c
16,43 ± 12,49
b
4 (n=18)
8,82 ± 14,53
d
0,71 ± 0,99
c
0,12 ± 0,33
d
0,28 ± 0,09
c
1,47 ± 0,87
c
120,33 ± 448,53
b
5 (n=24)
19,32 ± 17,68
d
1,64 ± 1,22
c
0,68 ± 1,08
cd
0,44 ± 0,21
bc
1,77 ± 0,92
bc
249,77 ± 472,98
b
6 (n=27)
37,71 ± 29,11
c
2,67 ± 1,22
b
1,83 ± 2,22
c
0,55 ± 0,25
bc
2,21 ± 1,25
bc
732,08 ± 926,48
ab
7 (n=18)
53,42 ± 23,75
bc
3,50 ± 1,10
ab
2,74 ± 2,05
ab
0,50 ± 0,20
bc
2,68 ± 0,95
b
1427,37 ± 1044,70ª
8 (n=10)
60,50 ± 27,43
ab
3,40 ± 1,17
ab
2,70 ± 1,77
ab
0,84 ± 0,4 2,30 ± 0,82
bc
1315,00 ± 903,55ª
9 (n=04)
76,25 ± 10,31ª 4,50 ± 0,58ª 4,25 ± 0,96ª 0,55 ± 0,19
bc
3,50 ± 0,58ª 1340,50 ± 269,61
a
12 (n=15)
74,61 ± 8,28ª 4,23 ± 0,59ª 4,15 ± 1,07ª 0,67 ± 0,27
ab
3,61 ± 0,49ª 1360,38 ± 687,96ª
MOT= motilidade progressiva; VIG= vigor espermático; TURB= turbilhonamento; VOL= volume do ejaculado; ASP= aspecto do ejaculado;
CONC= concentração espermática; n= número de avaliações. Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferenças pelo teste SNK
(P<0,01).
85
Figura 1: Evolução da motilidade progressiva (MOT) de acordo com
a idade dos carneiros da raça Santa Inês criados em condições
intensivas.
Figura 2: Evolução do vigor espermático (VIG), turbilhonamento
(TURB) e do volume do ejaculado (VOL) de acordo com a idade
dos carneiros da raça Santa Inês criados em condições intensivas.
Figura 3: Evolução da concentração espermática (CONC) de
acordo com a idade dos carneiros da raça Santa Inês criados em
condições intensivas.
86
A quantidade de defeitos espermáticos foi bastante alta em todas as idades
(Tabela 3), sendo que, a porcentagem de DMa (Figura 4) diminuiu acentuadamente
entre 5 e 7 meses de idade, não diferindo a partir desta idade. Os DMe (Figura 4)
permaneceram quase que constantes dos 3 aos 12 meses de idade. Com estes
resultados sugere-se que ao atingir a puberdade ocorre uma diminuição,
principalmente, dos defeitos maiores, que causam maiores prejuízos à fertilidade.
Estes resultados concordam, em parte, com os relatados por Mandiki et al. (1998),
que também não observaram mudanças na porcentagem de espermatozóides
anormais nos animais entre 2 e 3 anos de idade criados na Bélgica, no entanto, a
quantidade de defeitos variou significativamente com a raça e com a estação do
ano. No Brasil, Martins et al. (2003) também relataram influência da estação do ano
na quantidade de defeitos espermáticos, principalmente defeitos de cabeça e de
peça intermediária, que foram maior na estação seca, desta forma, estes autores
sugeriram que a seleção dos reprodutores aconteça durante a estação chuvosa.
Souza et al. (2002) observaram, aos 7 meses de idade, maior porcentagem
de defeitos espermáticos (43,3%), contudo quando os carneiros atingiram 9,6 meses
de idade a quantidade de defeitos (17,3%) foi bastante inferior que a encontrada
neste estudo (38,3%).
Os defeitos maiores (Figura 5) mais freqüentes na pré-puberdade foram as
alterações de acrossoma (Across), gota protoplasmática proximal (GPP), cauda
dobrada fortemente (CDF) e a cauda enrolada na cabeça (CE Cab). Quando os
animais alcançaram a puberdade a freqüência destes defeitos diminuiu e na pós-
puberdade o defeito mais freqüente foi a cauda dobrada fortemente.
Os defeitos menores (Figura 6) de maior ocorrência foram a gota
protoplasmática distal (GPD), isolado normal (IsoN), cauda dobrada (CD), delgado
(Delg), e o retroaxial (RetroAx) e suas freqüências foram altas tanto na pré-
puberdade quanto na puberdade e na pós-puberdade. A alta freqüência de GPD
está associada à imaturidade sexual e é relatada como patologia freqüente em
touros jovens (CHACÓN, 2001). Em ovinos são poucos os trabalhos relatando
patologias espermáticas, Bielli et al. (1997) observaram em carneiros da raça
Corriedale com 14-15 meses de idade (púberes), maior freqüência de patologias de
cauda, de cabeça e gotas protoplasmáticas proximais, não variando entre as
estações do ano nem entre o nível nutricional dos carneiros.
87
Em carneiros da raça Santa Inês com 12 meses de idade, Moreira et al.
(2001) encontraram valores inferiores para DMa (1,7%) e DMe (9,9%). Do total de
células com defeitos maiores, 1,04% apresentaram-se com gota citoplasmática
proximal e dos defeitos menores, observou-se maior freqüência de células com
cabeça normal livre (2%), gota citoplasmática distal (1,8%), cauda dobrada (2,4%) e
cauda enrolada na extremidade (3,3%). Estes autores observaram aumento
acentuado na quantidade de DMe após a insulação escrotal (43,4%), com aumento,
principalmente, de cauda enrolada (14,5%) e cauda enrolada na extremidade
(15,9%), e com relação aos defeitos maiores, houve aumento de gota proximal
(4,1%) e células subdesenvolvidas (5,06%).
A deficiência em Zinco na dieta foi relatada por Carvalho et al. (2006) como
sendo uma causa do aumento de patologias espermáticas com conseqüente queda
na fertilidade. Estes autores avaliaram o efeito de diferentes concentrações deste
mineral sob a morfologia espermática, observando que sua deficiência aumenta a
incidência de patologias na cauda do espermatozóide, causando fragilidade na
cauda do espermatozóide que pode dobrar ou quebrar-se, prejudicando
conseqüentemente a motilidade e habilidade do espermatozóide em alcançar o
ovócito.
Tabela 3: Médias e respectivos desvios padrão das características morfológicas do
sêmen, do peso corporal e do perímetro escrotal de acordo com a idade dos carneiros
da raça Santa Inês, criados em condições intensivas .
Idade
(meses)
DMa (%)
DMe (%)
DT (%)
PC (k
g)
PE (cm)
3
(n=7)
25,86 ± 13,31ª 28,43 ± 11,03ª 54,29 ± 8,46ª 20,66 ± 4,49
e
15,48 ± 3,72
e
4 (n=18)
23,21 ± 17,48ª 25,93 ± 13,64ª 49,14 ± 10,25
a
26,81 ± 7,01
d
20,24 ± 3,63
d
5 (n=24)
21,17 ± 24,35ª
b
27,09 ± 14,94ª 48,26 ± 18,83
a
33,29 ± 7,37
c
23,55 ± 2,56
c
6 (n=27)
11,95 ± 12,82
abc
26,39 ± 11,12ª 38,35 ± 14,27
ab
33,57 ± 7,21
c
23,83 ± 2,19
c
7 (n=18)
5,47 ± 6,27
bc
30,95 ± 13,43ª 36,42 ± 15,08
ab
40,29 ± 6,71
b
26,67 ± 2,41
b
8 (n=10)
4,50 ± 4,62
bc
25,40 ± 12,83ª 29,90 ± 15,86
b
42,89 ± 7,82
b
27,78 ± 2,08
ab
9 (n=4)
1,75 ± 0,96
c
36,50 ± 10,15ª 38,25 ± 10,87
ab
48,34 ± 7,37ª 28,93 ± 2,61
a
12 (n=15)
5,77 ± 9,67
bc
31,69 ± 9,69ª 37,46 ± 8,28
ab
51,39 ± 8,06ª 29,74 ± 2,16ª
DMa= defeitos maiores; DMe= defeitos menores; DT= defeitos totais; PC= peso corporal; PE= perímetro
escrotal; n= mero de avaliações. Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferenças pelo
teste SNK (P<0,01).
88
Figura 4: Evolução dos defeitos maiores (DMa) e menores (DMe)
de acordo com a idade dos carneiros da raça Santa Inês, criados
em condições intensivas.
Figura 5: Porcentagem de defeitos maiores no sêmen de carneiros da
raça Santa Inês na pré-puberdade (Pré-Pub), puberdade (Pub) e na pós-
puberdade (Pós-Pub), criados em condições intensivas.
89
Figura 6: Porcentagem de defeitos menores no sêmen de carneiros da
raça Santa Inês na pré- puberdade (Pré-Pub), puberdade (Pub) e na pós-
puberdade (Pós-Pub), criados em condições intensivas.
Ao estudar o peso corporal e o perimetro escrotal de acordo com o estádio de
desenvolvimento sexual verificou-se que este influenciou o PC e o PE dos carneiros.
Os machos foram mais leves e com menores PE na pré-puberdade e mais pesados
e com maiores PE na pós-puberdade (Tabela 1). Na puberdade, os PC e PE foram
intermediários e não variaram com o mês de nascimento dos animais (P>0,01).
Observa-se que o PC e o PE aumentaram dos 3 até os 12 meses de idade,
sendo que maior peso foi observado até os 5 meses de idade (Figura 7), idade
inferior à relatada por Belibasaki e Kouimtzis (2000) para quatro diferentes raças da
Turquia. Estes pesquisadores observaram que as raças mais prolíferas alcançaram
a puberdade com pesos inferiores, sugerindo que o peso à puberdade esteja,
provavelmente, relacionado ao genótipo do animal. Em diferentes raças
colombianas, Avellaneda et al. (2006) não observaram diferença na idade à
puberdade, mas sim entre o PC e o PE, confirmando a importância de se avaliar
estas características para avaliação da puberdade. Segundo McCann et al. (1998),
em animais subnutridos a puberdade pode ser retardada.
Em carneiros da raça Santa Inês, Alves et al. (2006) observaram que machos
mais precoces foram os mais pesados e com maiores testículos.
90
Figura 7: Peso corporal (PC) e perímetro escrotal (PE) de ovinos da raça
Santa Inês de acordo com a idade, criados em condições intensivas.
As correlações entre as características estudadas foram, em geral, altas e
significativas (Tabela 4). Entre PC e PE foi alta (0,84), concordando com resultados
de Almeida et al. (2003), Mesquita (2005) e Alves et al. (2006) indicando maior
desenvolvimento testicular dos animais mais pesados em relação aos mais leves.
Souza et al. (2001) estudando ovinos da raça Santa Inês encontraram
correlações significativas até a idade de 25 semanas (r = 0,77 a 0,59).
Entre PE e idade a correlação foi menor (0,75), mostrando que em cordeiros
em crescimento, o PE foi melhor correlacionado com o peso corporal do que com a
idade, estando de acordo com Salhab et al. (2001).
O PC e o PE apresentaram correlações favoráveis e de alta magnitude com
as características físicas do sêmen (entre 0,45 e 0,69), semelhante aos resultados
estimados por Souza et al. (2003) (r= 0,49 a 0,59), em carneiros jovens e superiores
aos de Carvalho et al. (2002) em machos adultos. Entre PE e DMa e DT, e PC e
DMa e DT os valores foram de média magnitude (-0,38 e -0,43), sendo inferiores aos
relatados por Souza et al. (2003) (r =- 0,77 a - 0,80), indicando que os defeitos
espermáticos podem ser causados por outros fatores como por exemplo,
temperatura ambiente. Em carneiros F1 (Dorper x Somalis Brasileira) Mesquita
(2005) não observou correlação entre perímetro escrotal e as características
seminais nem com as alterações espermáticas.
91
Tabela 4: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as características seminais, e destes com peso corporal, perímetro
escrotal e idade em carneiros da raça Santa Inês, criados em condições intensivas.
MOT
VIG
TURB
VOL
ASP
CONC
DMa
DMe
Dt
PC
PE
MOT
-
VIG
0.91* -
TURB
0.90* 0.87* -
VOL
0.57* 0.52* 0.53* -
ASP
0.84* 0.83* 0.87* 0.41* -
CONC
0.74* 0.71* 0.78* 0.56* 0.71* -
DMa
-0.52* -0.47* -0.49* -0.23** -0.45* -0.47* -
DMe
0.13 0.09 0.09 -0.21** 0.18** 0.01 -0.50* -
DT
-0.49* -0.46* -0.48* -0.48 -0.37* -0.53* 0.71* 0.25** -
PC
0.68* 0.64* 0.63* 0.45* 0.59* 0.48* -0.41* 0.08 -0.38* -
PE
0.69* 0.66* 0.63* 0.45* 0.61* 0.54* -0.43* 0.09 -0.41* 0.84* -
ID
0.71* 0.67* 0.66* 0.45* 0.61* 0.48* -0.38* 0.12 -0.33* 0.78* 0.75*
MOT= motilidade progressiva; VIG= vigor espermático; TURB= turbilhonamento; VOL= volume do ejaculado; ASP= aspecto do ejaculado; CONC=
concentração espermática; DMa= defeitos maiores; DMe= defeitos menores; DT= defeitos totais; PC= peso corporal; PE= perímetro escrotal; ID= idade;
n= número de avaliações. Pearson, * P<0,01; ** P<0,05
92
4. CONCLUSÕES
O estádio de desenvolvimento sexual dos carneiros influenciou todas as
características seminais, o peso corporal e o perímetro escrotal. A elevada idade à
puberdade dos carneiros do rebanho em estudo poderia ser devida à ausência de
programa de melhoramento genético. Apesar disso, foi observada grande
variabilidade fenotípica entre os animais, tanto na idade à puberdade quanto ao
peso, ao perímetro escrotal e às características seminais, o que sugere a
possibilidade de se obter animais mais precoces com a implantação de programa de
melhoramento genético.
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. K.; BITENCOURT, R. F.; RIBEIRO FILHO, A. L. et al. Circunferência
escrotal e medidas corporais em carneiros Santa Inês de várias idades. Rev. Bras.
Reprod. Anim., n. 27, v.2, p. 197-199, 2003.
ALVES, J.M.; McMANUS, C.; LUCCI, C.M.; CARNEIRO, H.C.R. et al. Estação de
nascimento e puberdade em cordeiros Santa Inês. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.35, p.958-966, 2006.
AVELLANEDA, Y.; RODRÍGUEZ, F.; GRAJALES, H.; MARTÍNEZ, R.; VASQUEZ, R.
Determinación de la pubertad en corderos en el trópico alto colombiano por
características corporales, calidad del eyaculado y valoración de testosterona.
Livestock Research for Rural Development, v.18, n.10, 2006.
BARBAS, J.P., SOUSA, J.P.F., FERREIRA,G.M.B.C., BAPTISTA, M.C. E HORTA
A.E.M. Revista Portuguesa de Zootecnia, v.8, n.1, p.312-323, 2001.
93
BELIBASAKI, S.; KOUIMTZIS, S. Sexual activity and body and testis growth in
prepubertal ram lambs of Friesland, Chios, Karagouniki and Serres dairy sheep in
Greece. Small Ruminant Research, v.377, p.109–113, 2000.
BIELLI, A.; GASTEL, M.T.; PÉREZ, R. LÓPES, A.; et al. Influence of nutritional os
seasonal variations in testicular morphology and function in Corriedale rams. Journal
of reproduction and development, v.43, n.2, p.171-180, 1997.
CBRA (COLÉGIO BRASILEIRO DE REPEODUÇÃO ANIMAL) (1998) Manual para
exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 2
o
ed. Belo Horizonte, MG, 49p.
CARVALHO, M.V.P.; DOS SANTOS, J.N.; DA SILVA, A.R.; DE LIMA, V.F.M.H.
(2006) Defeitos de cauda de espermatozóides de carneiros sem raça definida
suplementados com diferentes níveis de zinco. In: ZOOTEC, REUNÃO ANUAL,
Anais...Pernambuco: Zootec 2006.
CHACÓN, J. Assessment of sperm morphology in zebu bulls, under field conditions
in the tropics. Reproduction in Domestic Animals, v.36, n.2, p.91-96, 2001.
EMBRAPA/CNPC Relatório (1993) In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE
ESPECIALIDADES EM MEDICINA VETERINÁRIA, IV ENCONTRO DE MEDICINA
DE PEQUENOS RUMINANTES DO CONE SUL e VIII ENCONTRO PARANAENSE
DE MEDICINA DE PEQUENOS RUMINANTES. Ovinos deslanados brasileiros.
Sousa, W. H. Curitiba-PR, 2002.
EMSEN, E. Testicular development and body weight gain from birth to 1 year of age
of Awassi and Redkaraman sheep and their reciprocal crosses. Small Ruminant
Research, v.59, p.79-82, 2005.
GATES, P.J., HEMNNINGSSON, T., TENGROTH e FORSBERG, M. Effects of
melatonin, progestagens, and the ram on out-of-season reproduction in Swedish
Landrace Finewool sheep. Acta Vet Scand, v.39, p.499-510, 1998.
94
GONZÁLEZ, F. H. D. Introdução a Endocrinologia Reprodutiva Veterinária.
Laboratório de Bioquímica Clínica Animal. Porto Alegre, 2002.
LINCOLN, G.A. Reproductive seasonality and maturation throughout the complete
life-cycle in the mouflon ram (Ovis musimon). Animal Reproduction Science, v.53,
n.1-4, p.87-105, 1998.
MAIA, M.S. Avaliação andrológica em carneiros. Rev. Bras.Reprod. Anim. Supl. 5.,
2002.
MANDIKY, S.; DERYCKE, G.; BISTER, J. E PAQUAY, R. (1998). Influence of
season and age on sexual maturation parameters of Texel, Suffolk and Ile de France
rams. 1. Testicular size, semen quality and reproductive capacity. Small Ruminant
Research, v.28, p.67-79, 1998.
MARTINS, R.D.; MCMANUS, C.; CARVALHÊDO, A.S.; BORGES, H.V.; SILVA,
A.E.D.F.; DOS SANTOS, N.R. Avaliação da Sazonalidade Reprodutiva de Carneiros
Santa Inês Criados no Distrito Federal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6,
p.1594-1603, 2003.
MCCANN, S.M. et al. Hypothalamic control of gonadotropin secretion by LHRH,
FSHRH, NO, cytokines, and leptin. Dom. Anim. Endocr. v. 15, n. 5, p. 333-344,
1998.
MÉNDEZ, J.V.; QUIROGA, M.J.T.; MARTÍNEZ, M.A.E. et al. Pubertad en corderos
pelibuey nacidos de ovejas con reproducción estacional o continua. Revista
Científica, v.15, n.5, 2005.
MESQUITA, F.L.T.DE. Desenvolvimento testicular, idade à puberdade e
características seminais em carneiros F1 (dorper x somalis brasileira) criados
no nordeste do Brasil. Dissertação (Mestrado) Ceará-CE, Universidade Estadual
do Ceará-UECE, 66p.
95
MORAES, J.C.F. A avaliação reprodutiva do carneiro. Revista Brasileira de
Reprodução Animal. v. 21, n.1, p.10-19, 1997.
MOREIRA, E.P.; MOURA, A.A.A.; DE ARAÚJO, A.A. Efeitos da Insulação Escrotal
sobre a Biometria Testicular e Parâmetros Seminais em Carneiros da Raça Santa
Inês Criados no Estado do Ceará. Rev. bras. zootec., v.30, n.6, p.1704-1711, 2001.
PEREIRA, J.C.C. (2004) Melhoramento Genético Aplicado à Produção Animal. 4
o
ed. FEP-MVZ EDITORA. Belo Horizonte. 609 p.
REGE, J.E.O.; TOE, F.; MUKASA-MUGERWA, E. et al. Reproductive characteristics
of Ethiopian highland sheep. II. Genetic parameters of semen characteristics and
their relationships with testicular measurements in ram lambs. Small Ruminant
Research, v.37, p.173-187, 2000.
ROSATI A., MOUSA E., VAN VLECK L.D., YOUNG L.D. Genetic parameters of
reproductive traits in sheep. Small Ruminant Research v.43, p.65–74, 2002.
SALHAB, S.A.; ZARKAWI, M.; WARDEH, M.F.; AL-MASRIB, M.R.; KASSEM, R.
Development of testicular dimensions and size, and their relationship to age, body
weight and parental size in growing Awassi ram lambs. Small Ruminant Research,
v.40, p.187-191, 2001.
SANTANA, A. F. Correlação entre circunferência escrotal e características de
crescimento em ovinos deslanados no estado do Ceará. Fortaleza, 1996. 85p.
Tese (Mestrado em Produção e Reprodução de Pequenos Ruminantes da
Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1996).
SAS.(1999) User’s Guide. SAS Inst., Inc., Cary, NC.
SASA, A. et al. Concentrações Plasmáticas de Progesterona em Ovelhas Lanadas e
Deslanadas no Período de Abril a Novembro, no Estado de São Paulo. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1150-1156, 2002.
96
SOUZA, C.E.A.; MOURA, A.A.A; DE LIMA, A.C.B.; CIRIACO, A.L.T.
Desenvolvimento testicular, idade a puberdade e características seminais em
carneiros da raça Santa Inês na estado do Ceará. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. Viçosa, MG, 2000.
SOUZA, C. E. A.; MOURA, A. A.; LIMA, A. C. B. et al.Circunferência escrotal e
características seminais em carneiros Santa Inês. Rev. Bras. Reprod. Anim., v. 25,
n. 2, p.196-198, 2001.
SOUZA, C. E. A.; MOURA, A. A. A.; OLIVEIRA, J. T. A. et al. Características
reprodutivas, concentrações de proteínas seminais e testosteronemia de carneiros
Santa Inês durante o primeiro ano de vida. In: VI REUNIÃO REGIONAL DA SBBQ
NORDESTE, 2002.
SOUZA C.E.A., MOURA A.A., ARAÚJO A.A., LIMA A.C.B. Estudo das interações
entre o desenvolvimento gonadal, produção espermática, concentrações de
testosterona e aspectos ligados à puberdade em carneiros Santa Inês ao longo do
primeiro ano de vida. Rev. Bras. Reprod. Anim. v. 27, n.2, 2003.
TOE, F.; REGE, J.E.O.; MUKASA-MUGERWA, E.; TEMBELY, S.; ANINDO, D.;
BAKER, R.L.; LAHLOU-KASSI, A. Reproductive characteristics of Ethiopian highland
sheep. I. Genetic parameters of testicular measurements in ram lambs and
relationship with age at puberty in ewe lambs. Small Ruminant Research v.36,
p.227-240, 2000.
WHEATON, J.E.; GODFREY, R.W. Plasma LH, FSH, testosterone, and age at
puberty in ram lambs actively immunized against an inhibin a-subunit peptide.
Theriogenology, v.60, p. 933–941, 2003.
97
Biometria e formato testicular em carneiros da raça Santa Inês
RESUMO
Objetivou-se avaliar o desenvolvimento testicular, o peso corporal, calcular o volume
testicular por três diferentes fórmulas matemáticas e verificar o formato dos testículos
de 33 carneiros da raça Santa Inês, nascidos entre janeiro e setembro de 2007e
criados no Sul do Espírito Santo / Brasil. Os animais foram pesados e os testículos
mensurados a cada 28 dias, do desmame até alcançarem 354 dias de idade. As
medidas testiculares e o peso corporal aumentaram com a idade, até os 12 meses. A
fórmula que melhor estimou o volume testicular foi a do cilindro. O formato testicular
predominante até os seis meses de idade foi o longo/oval e a partir dos oito meses o
formato com maior freqüência foi o longo. O perímetro escrotal não variou com o
formato testicular, no entanto, o comprimento e o volume testicular foram maiores nos
formatos longo/moderado e longo, sendo que os carneiros mais pesados apresentaram
testículos longos. Pode-se concluir que durante este período de vida os carneiros
apresentaram rápido crescimento testicular e aumento de peso, no entanto, ainda
estão se desenvolvendo. A fórmula do cilindro mostrou-se mais confiável para calcular
o volume testicular e devido à mudança no formato testicular sugere-se a avaliação do
volume testicular como critério adicional na seleção de carneiros jovens.
Palavras-chave: Ovino, volume testicular, fórmula do cilindro
98
Biometry and testicular measures of rams of Santa Inês breed
ABSTRACT
The objective of the work was to evaluate the testicular development and the body
weight, calculate the testicular volume by three different mathematical formulas and
verify the format of the testicles of 33 rams of Santa Inês breed, born between
January and September 2007 and created in the South region state of Espírito Santo
Brazil.. The animals were weighed and the testicles measured to each 28 days,
since weaning until they reach 354 days of age. The testicular measures and the
body weight increased with the age, up to 12 months. The cylinder formula better
appreciated the testicular volume. The testicular format predominant up to six months
of age was the long / oval and from eight months was the long. The scrotal
circumference did not vary with the testicular format, however, the length and the
testicular volume were bigger in the long / moderate and long formats, and heaviest
rams presented long testicles. It is possible to conclude that during this period of life
the rams present quick testicular growth and weight, however, they are still
developing, the cylinder formula appeared more trustful to calculate the testicular
volume and due to change in the testicular form it is suggested an evaluation of the
testicular volume like additional criterion in the selection of young rams.
Key-words:Ovines, testicular volume, cylinder formula
99
1- INTRODUÇÃO
A ovinocultura é uma importante atividade produtiva e tem grande relevância
econômica e social, entretanto, ainda é escassa a seleção dos animais visando
melhorar as características reprodutivas e produtivas da raça Santa Inês
(CARVALHO et al., 2002). Na seleção de reprodutores, a busca por indicadores da
fertilidade tem sido alvo de estudos nos últimos anos. Parâmetros corporais,
testiculares, seminais, comportamentais, hormonais, e suas correlações têm sido
avaliados quanto à capacidade reprodutiva, com destaque para o perímetro escrotal
(NOTTER et al., 1981).
O tamanho testicular pode ser mensurado em animal vivo e utilizado como
ferramenta de seleção para melhorar a performance reprodutiva de ambos os sexos.
O conhecimento da biometria do trato reprodutivo fornece informações úteis para
melhor compreensão da fisiologia reprodutiva dos machos.
Estudos têm demonstrado a existência de correlações entre medidas
testiculares, características seminais, idade à puberdade e desenvolvimento corporal
em carneiros da raça Santa Inês (SOUZA et al., 2003). Segundo NOTTER et al.
(1981), o maior interesse por essas características deve-se à possibilidade de se
estimar a relação entre o tamanho testicular e a função gametogênica e predizer o
potencial reprodutivo em ovinos.
O perímetro escrotal (PE) é a medida mais utilizada, possuindo expressiva
importância no momento da seleção de reprodutores, por apresentar correlação
favorável com o peso testicular e com o peso corporal (LÔBO et al., 1997), além de
exibir altas correlações com produção e qualidade espermática (MESQUITA, 2004).
Destaca-se ainda, por ser uma característica de fácil mensuração, possuir média a
alta herdabilidade e repetibilidade (SNOWDER et al. 2002), estando menos sujeita a
possíveis erros de mensuração e interpretação, e correlação com as demais
medidas biométricas como comprimento, largura, peso e volume testicular (FORNI E
ALBUQUERQUE, 2004).
Segundo Bailey et al. (1996), o PE pode não ser a medida mais adequada
para representar produção espermática, pois não considera a variação individual na
forma dos testículos. Estes autores relatam que, testículos alongados, e
conseqüentemente com menores PE teriam volume testicular semelhante ao
100
testículo com formato oval ou esférico, além de terem como vantagem uma maior
superfície de contato com o ambiente, favorecendo a termorregulação. Tanto a
medida do PE quanto o volume testicular não devem ser utilizados como critério
único para a escolha de reprodutores, mas sim associá-los a outras avaliações como
o peso corporal, exame andrológico e avaliação clínica, garantindo uma seleção
mais eficiente.
Considerando a importância das medidas bidimensionais para o cálculo do
volume testicular in vivo, assim como a forma predominante dos testículos, o objetivo
do presente estudo foi avaliar o desenvolvimento testicular e o peso corporal,
calcular o volume testicular por três diferentes fórmulas matemáticas e verificar a
forma predominante dos testículos em carneiros jovens da raça Santa Inês, criados
no Sul do Estado do Espírito Santo e estimar a correlação entre as características
estudadas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre EAFA,
localizada no Município de Alegre, região Sul do estado do Espírito Santo, Brasil.
A cidade de Alegre está localizada a 20º45’49” latitude sul, 41º31’57”
longitude oeste e a 254 metros em relação ao nível do mar. Apresenta, segundo a
classificação de Köppen (1936), clima tropical chuvoso do tipo Aw, quente e chuvoso
no verão e seco no inverno, com temperatura média nima anual de 17ºC e média
máxima de 29ºC (http://www.alegre.es.gov.br). A precipitação pluviométrica tem
maior ocorrência entre os meses de outubro a abril, sendo a precipitação
pluviométrica média anual de 1000 mm.
As medidas testiculares e o peso corporal foram avaliados em 33 carneiros da
raça Santa Inês nascidos entre os meses de janeiro e setembro do ano 2007. Os
animais foram separados de suas mães ao desmame, com idade média de 90 dias,
sendo colocados em baias medindo 4 x 6 metros (lotação de 20 animais por baia),
onde permaneceram confinados, em sistema intensivo, durante todo o período do
experimento.
101
A alimentação foi fornecida no cocho, duas vezes ao dia, uma na parte da
manhã (7:00 h) e outra na parte da tarde (14:00 h). As forragens utilizadas foram o
Capim-elefante picado (Pennisetum purpureum), a cana-de-açúcar picada
(Saccharum spp) e o Tifton (Cynodon spp) na forma de feno. Concentrado para
ovinos com composição de 22,00% de Proteína Bruta, 2,3% de Extrato Etéreo,
4,30% de Fibra Bruta, 1,20% de Cálcio, 0,38% de Fósforo, 71,50% de NDT e 18 mg
de promotor de crescimento foi adicionado à forragem na proporção de 2% do peso
vivo. Sal mineral foi fornecido a cada dois meses e água esteve disponível ad
libitum.
O controle sanitário dos animais incluiu medidas profiláticas contra doenças
infecciosas e controle de endoparasitas, de acordo com a carga parasitária estimada
pela técnica de contagem de ovos por grama de fezes.
As medidas testiculares, realizadas entre os três e 12 meses de idade, a cada
28 dias, nos carneiros Santa Inês, foram:
1. Perímetro Escrotal (PE), medido com auxílio de fita métrica na posição
mediana do escroto, no ponto de maior dimensão, envolvendo as duas gônadas e a
pele escrotal;
2. Comprimento e Largura do Testículo Direito (CTD, LTD) e Esquerdo
(CTE, LTE), realizados com auxílio do paquímetro, excluindo-se a cauda do
epidídimo;
3. Volume Testicular (VOLT): Calculado pela fórmula do cilindro (VTC= 2
[(LARG/2)
2
x π x COMP]), que segundo Unanian et al. (2000), é a fórmula
matemática mais adequada para calcular o volume testicular; pela fórmula elipsóide
(VTE = (0,5236 x COMP x LARG)
2
), utilizada por Bailey et al. (1998) e pela fórmula
utilizada por Toelle e Robson (1985) VTT= ((LARG)
2
/ 2) x COMP), onde LARG= a
largura do testículo, COMP= comprimento do testículo.
O formato testicular foi calculado, segundo Bailey et al. (1996), pela razão
entre largura e comprimento testicular, sendo os resultados expressos em uma
escala de 1 a 0,5. Em razão desta escala foi estabelecido as seguintes classes de
formas:
Classe 1: <= 0,5 = longo
Classe 2: de 0,510 a 0,625 = longo/ moderado
Classe 3: de 0,625 a 0,750 = longo/oval
Classe 4: de 0,751 a 0,875 = oval/esférico
102
Classe 5: de 0,876 a 1,0 = esférico
As médias e desvios padrão foram calculados utilizando procedimento
MEANS do Statistical Analysis Systems (SAS, 1999). Para avaliar o efeito da idade e
do formato testicular sobre as medidas testiculares foi realizada a análise de
variância utilizando procedimento GLM (General Linear Model), e as diferenças entre
as médias foram comparadas pelo teste SNK do Statistical Analysis Systems (SAS,
1999). As freqüências dos formatos testiculares foram estimadas através do
procedimento PROC FREQ e as correlações de Pearson foram estimadas pelo
procedimento PROC CORR (SAS, 1999).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As medidas testiculares e o peso corporal foram avaliados segundo a idade
dos carneiros e suas médias e desvios padrão estão apresentados na Tabela 1.
Observou-se um aumento do tamanho testicular e do peso corporal conforme
a idade, que o tenderam a se estabilizar, sugerindo que os animais ainda estão
em fase de crescimento corporal e testicular. Resultado semelhante foi observado
por Salhab et al. (2001), que avaliaram o tamanho testicular e o peso corporal de
carneiros da raça Awassi, criados na Síria, da desmama até os 17 meses de idade.
Nos animais deste estudo, o PE teve maior aumento dos 3 aos 5 meses de idade e
nos animais avaliados por Salhab et al. (2001) o crescimento testicular foi maior
entre 7 e 10 meses de idade.
O perímetro escrotal (PE) aos três, seis e sete meses de idade foi semelhante
ao encontrado por Santana et al. (2001) em ovinos Santa Inês (15,8; 24,1; 28,8 cm,
respectivamente), criados extensivamente. Aos quatro e cinco meses de idade, o PE
dos ovinos desse estudo foi superior aos relatados por Santana et al. (2001) (18,6 e
20,3 cm) e por Assis et al (2004) (14,8 e 19,2 cm), que avaliaram ovinos da raça
Santa Inês criados em confinamento. Aos nove meses de idade o PE foi superior ao
relatado por Rodrigues (2004) (27,8 cm) em ovinos da raça Santa Inês criados em
confinamento.
103
As medidas testiculares o foram influenciadas pelo mês de nascimento dos
animais, concordando com os resultados de Lôbo et al. (1997), em ovinos da raça
Morada Nova. Já Alves et al (2006) observaram que o mês de nascimento dos
carneiros da raça Santa Inês influenciou no comprimento testicular, que foi maior
nos animais nascidos em janeiro. Bielli et al. (2000) observaram em carneiros da
raça Corriedale, criados no Uruguai, que diferente manejo alimentar no período pré e
pós-puberdade causa diferenças no tamanho testicular, no entanto não influencia no
número de células de Sertoli, nem no desenvolvimento de sua função.
As medidas de comprimento e largura testicular não diferiram entre o lado
direito e o esquerdo, assim como relatado por Salhab et al. (2001) e Carrijo Jr. et al.
(2008)
O peso corporal dos machos deste estudo, com idade entre 3 a 6 meses, foi
superior aos encontrados por Santana et al. (2001) (18,06 33,73 Kg), em carneiros
da raça Santa Inês criados em condição extensiva. Aos 12 meses de idade o PC foi
inferior ao verificado por Moreira et al. (2001) (53,0 Kg) em carneiros da raça Santa
Inês criados em condição extensiva.
O mês de nascimento também não influenciou no PC destes carneiros, o que
discorda de Alves et al. (2006) e Quirino et al. (2006), que observaram aumento do
PC a partir do final da estação seca, conseqüência, provavelmente, da melhora na
qualidade das forragens, favorecendo o ganho de peso dos animais nascidos nesta
época. O fato dos animais, deste estudo, terem recebido o mesmo tipo de manejo
pode ter contribuído para o resultado encontrado.
104
Tabela 1: Médias e respectivos desvios padrão das medidas testiculares e do peso corporal de acordo com a idade
dos carneiros da raça Santa Inês criados em sistema intensivo.
Idade (meses) PE (cm) CTD (cm) CTE (cm) LTD (cm) LTE (cm) PC (kg)
3(n=25) 15,48 ± 3,72
e
4,09 ± 1,12
e
4,11 ± 1,10
d
2,66 ± 0,91
e
2,75 ± 0,90
g
20,78 ± 4,49
e
4(n=32) 20,32 ± 3,59
d
5,38 ± 1,26
d
5,36 ± 1,25
c
3,68 ± 0,78
d
3,80 ± 0,75
f
26,92 ± 7,11
d
5(n=31)
23,26 ± 2,56
c
6,63 ± 1,28
c
6,63 ± 1,18
b
4,33 ± 0,60
c
4,40 ± 0,60
e
32,87 ± 7,15
c
6(n=32) 24,06 ± 2,08
c
7,10 ± 0,96
c
7,16 ± 0,86
b
4,60 ± 0,47
c
4,61 ± 0,51
de
34,08 ± 7,25
c
7(n=24)
26,71 ± 2,47
b
8,47 ± 1,15
b
8,15 ± 1,00
a
5,18 ± 0,61
b
4,97 ± 0,63
cd
40,51 ± 6,76
b
8(n=25) 27,78 ± 2,08
ab
9,77 ± 1,70ª 9,19 ± 1,45ª 5,42 ± 0,55
ab
5,24 ± 0,58
bc
42,89 ± 7,82
b
9(n=21)
28,93 ± 2,61ª 9,10 ± 0,79
ab
8,93 ± 0,66ª 5,90 ± 0,43ª 5,93 ± 0,43ª 48,34 ± 7,37ª
12(n=29) 29,71 ± 2,08ª 8,78 ± 1,34
ab
8,63 ± 1,28
a
5,61 ± 0,64
ab
5,57 ± 0,67
ab
51,39 ± 8,06ª
PE= perimetro escrotal; CTD= comprimento testículo direito; CTE= comprimento testículo esquerdo; LTD= largura testículo direito; LTE=
largura testículo esquerdo; PC= peso corporal; n= número de avaliações. Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferenças pelo
teste SNK (P<0,01).
105
Segundo BAILEY et al. (1998), o PE é uma medida indireta da massa
testicular, que não considera a variação individual na forma dos testículos e na qual
a espessura da parede da bolsa escrotal é erroneamente somada. Sendo assim, de
acordo com estes autores, o comprimento e a largura testicular podem ser boas
ferramentas para auxiliar na estimativa da fertilidade do reprodutor, por meio do uso
destas medidas para o cálculo do volume testicular. Segundo Pimentel Gómez et al.
(2005), o volume testicular é uma representação mais real da capacidade da gônada
masculina, no entanto existe na literatura poucos dados referentes a reprodutores
ovinos.
Pelo resultado do volume testicular calculado pelas três fórmulas matemáticas
diferentes (Tabela 2), observou-se que os volumes testiculares foram maiores, em
todas as idades, quando se utilizou a fórmula do cilindro; em relação às fórmulas do
VTE e VTT os volumes foram menores e não diferiram (P>0,01).
Examinando os valores observados neste trabalho e comparando com os
valores relatados por Rodrigues (2004) e por Carrijo Jr. et al. (2008), que utilizaram a
técnica de deslocamento de quido, em testículos de ovinos da raça Santa Inês,
observou-se que a fórmula que mais se assemelhou aos resultados encontrados por
estes autores foi a fórmula do cilindro. Rodrigues (2004) encontrou em ovinos da
raça Santa Inês, com nove meses de idade, valores que variaram de 137,0 cm
3
e
124 cm
3
para cada testículo, sendo que menores volumes foram observados nos
machos que sofreram insulação escrotal. Carrijo Jr. et al. (2008) observaram, em
carneiros da raça Santa Inês, com quatro meses de idade, valores entre 305 e 514
cm
3
, que variaram de acordo com a concentração de proteína na dieta e
vermifugação dos animais.
Os resultados obtidos no presente estudo evidenciaram que as fórmulas do
VTE e VTT, subestimaram o volume testicular, sendo a fórmula do cilindro a mais
próxima do volume testicular real estimado por deslocamento de líquido.
Souza et al. (2003) estimaram o volume testicular pela fórmula do cilindro,
encontrando valor de 349,11 cm
3
para ovinos da raça Santa Inês de 28 meses de
idade. Assis et al. (2004) multiplicaram o comprimento pela largura e pela espessura
do testículo para calcular o volume testicular. Os resultados observados por estes
autores foram semelhantes aos encontrados neste estudo quando se utilizou a
fórmula do VTE e VTT.
106
Ao contrário do que foi encontrado neste trabalho, Martins et al. (2003)
sugerem que a fórmula esferóide é mais confiável para estimar o volume testicular
em carneiros, devido à forma cilíndrica ovalada do testículo.
O volume testicular também aumentou com a idade, concordando com os
resultados de Pimentel Gómez et al. (2005), que relataram aumento gradual e
progressivo do volume testicular em diferentes grupos raciais e diferentes idades.
Segundo estes autores o volume testicular aumentou paralelamente ao peso
corporal.
Tabela 2: Médias e respectivos desvios padrão do volume testicular calculado
pela fórmula do cilindro, pela fórmula elipsóide e pela fórmula utilizada por
Toelle e Robson (1985), de acrodo com a idade dos carneiros da raça Santa
Inês criados em sistema intensivo.
Idade (meses) VTC (cm
3
) VTE (cm
3
) VTT (cm
3
)
3(n=25) 59,99 ± 49,78
eA
20,01 ± 16,60
eB
19,11 ± 15,85
eB
4(n=32)
132,89 ± 86,67
dA
44,32 ± 28,90
dB
42,32 ± 27,60
dB
5(n=31) 209,03 ± 83,04
cA
69,71 ± 27,69
cB
66,57 ± 26,44
cB
6(n=32)
243,66 ± 72,03
cA
81,26 ± 24,02
cB
77,59 ± 22,93
cB
7(n=24) 343,60 ± 95,21
bA
114,59 ± 31,75
bB
109,43 ± 30,32
bB
8(n=25)
432,64 ± 139,68ª
A
144,29 ± 46,58ª
B
137,78 ± 44,4
B
9(n=21) 498,28 ± 89,83ª
A
166,18 ± 29,96ª
B
158,69 ± 28,6
B
12(n=29) 443,66 ± 149,83
aA
147,96 ± 49,97
aB
141,29 ± 47,72ª
B
VTC= volume testicular pela fórmula do cilindro; VTE= volume testicular pela fórmula
elipsóide; VTT= volume testicular segundo Toelle e Robson (1985). Letras minúsculas
diferentes em uma mesma coluna indicam e letras maiúsculas diferentes em uma mesma
linha indicam diferenças pelo teste SNK (P<0,01).
Em relação ao formato testicular, calculado pela razão entre largura e
comprimento testicular (Tabela 3), observou-se que dos 3 aos 6 meses de idade o
formato longo/oval prevaleceu entre os animais, aos sete meses de idade a
freqüência de formatos longo e longo/moderado e longo/oval foi semelhante e dos 8
aos 12 meses de idade houve maior freqüência de testículos com formato longo, ou
seja, houve mudança do formato testicular, que apresentou tendência de se tornar
mais alongado com o aumento da idade. Segundo Forni e Albuquerque (2004), as
mudanças nas formas testiculares poderiam prejudicar os resultados de avaliação
107
genética baseadas em medidas do perímetro escrotal, pois machos jovens com
maiores PE poderiam ter alteração no formato testicular alterando também as
medidas do PE.
Nos machos estudados foi baixa a freqüência de animais com os testículos
com formato Longo/Esférico e não houve nenhuma ocorrência de animais com
testículos com formato esférico.
Não foram encontrados no Brasil trabalhos relatando a diferença entre o
formato testicular em ovinos.
Tabela 3: Freqüência dos formatos testiculares apresentados pelos carneiros da
raça Santa Inês em diferentes idades criados em sistema intensivo.
IDADE
(Meses)
Freqüências (%)
Longo
(1)
Longo/Moderado
(2)
Longo/Oval
(3)
Longo/Esférico
(4)
Esférico (5)
3
16,00
24,00
52,00
8,00
0
4 6,25 15,63 59,38 18,75 0
5 3,23 25,81 54,84 16,13 0
6
12,50
28,13
53,13
6,25
0
7
33,33 29,17 33,33 4,17 0
8 68,00 16,00 16,00 0 0
9 80,95 4,76 14,29 0 0
12 48,28 17,24 34,48 0 0
O PE não variou (P>0,01) com o formato do testículo (Tabela 4), contudo o
comprimento testicular foi maior e a largura testicular menor nos testículos longos e
longo/moderados (P<0,01). O volume testicular, calculado pelas três fórmulas, foi
maior nos testículos com formato longo/moderado, seguido pelo formato longo.
Testículos longo/oval e longo/esférico apesar de terem apresentado PE ligeiramente
maiores tiveram volume testicular menor. Segundo Bailey et al. (1998), testículos
alongados propagam melhor o calor, facilitando a termorregulação e
conseqüentemente suportam melhor o calor, causando menos prejuízos a
espermatogênese.
O peso corporal dos carneiros foi maior naqueles que apresentaram testículos
longos, não diferindo entre os demais formatos.
108
Tabela 4: Médias e respectivos desvios padrão das medidas testiculares de acordo
com o formato testicular dos carneiros da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo.
Longo
(n=8)
Longo/Moderado
(n=45)
Longo/Oval
(n=91)
Longo/Esférico
(n=16)
PE (cm) 21,38 ± 7,70
a
20,60 ± 4,37
a
23,42 ± 4,65
a
23,83 ± 5,33
a
CTD (cm) 8,30 ± 3,79
a
7,69 ± 2,09
ab
6,53 ± 1,62
b
4,91 ± 1,32
c
CTE (cm) 7,79 ± 3,36
a
7,44 ± 2,00
a
6,55 ± 1,56
b
4,95 ± 1,26
b
LTD (cm) 3,68 ± 1,65
a
3,85 ± 0,99
a
4,42 ± 1,02
a
4,48 ± 1,27
a
LTE (cm) 3,61 ± 1,59
a
3,85 ± 0,95
a
4,42 ± 1,12
a
4,48 ± 1,00
a
VTC
(cm
3
)
248,01 ± 223,51
ab
280,17 ± 173,15
a
234,02 ± 139,51
ab
136,56 ± 114,73
b
VTE (cm
3
) 82,71 ± 74,54
ab
93,44 ± 57,75
a
78,05 ± 46,53
ab
45,54 ± 38,26
b
VTT
(cm
3
)
78,98 ± 71,18
ab
89,22 ± 55,14
a
74,53 ± 44,43
ab
43,49 ± 36,54
b
PC (kg) 44,13 ± 11,36
a
33,98 ± 11,16
b
33,53 ± 10,68
b
30,99 ± 8,75
b
PE= perimetro escrotal; CTD= comprimento do testículo direito; CTE= comprimento do testículo esquerdo;
LTD= largura do testículo direito; LTE= largura do testículo esquerdo; VTC= volume testicular pela fórmula
do cilindro; VTE= volume testicular pela fórmula elipsóide; VTT= volume testicular segundo Toelle e Robson
(1985); PC= peso corporal; n= número de avaliações. Letras diferentes em uma mesma linha indicam
diferenças pelo teste SNK (P<0,01).
As correlações entre perímetro escrotal e comprimento e largura testicular e
entre PE e volume testicular foram todas altas e significativas (P<0,01), indicando que
quanto maior o PE maior o comprimento, a largura e o volume testicular (Tabela 5). A
correlação entre PE e peso corporal também foi alta, indicando que machos mais
pesados possuem maior desenvolvimento testicular. Estes resultados estão de acordo
com os relatados por Lôbo et al. (1997), que sugerem a possibilidade de se obter, ao
mesmo tempo, melhoramento considerável na capacidade reprodutiva e produtiva.
Martins et al. (2008) observaram em carneiros sem raça definida, criados no
Nordeste Brasileiro, correlações de alta magnitude entre peso testicular e a largura e
comprimento testicular (r= 0,87 a 0,97), e entre o volume testicular e o peso e
comprimento (r= 0,70 a 0,74). Os autores relataram que as medidas testiculares
também se correlacionaram com as medidas do epidídimo, sugerindo a existência de
um sinergismo entre a capacidade potencial de produção de células germinativas,
determinadas nos túbulos seminíferos, e a estrutura para armazenamento destas
células, concluindo que maiores testículos estavam associados a um maior suporte de
109
células de Sertoli para produção de espermátides arredondadas (r= 0,66 a 0,67) e
melhor eficiência da espermatogênese (r=0,68 a 0,70).
O formato testicular apresentou correlação apenas com o comprimento
testicular, mostrando que quanto mais esférico for o testículo menor o comprimento
testicular.
As três fórmulas utilizadas para calcular o volume testicular foram inteiramente
correlacionadas uma com a outra, concordando com os resultados encontrados por
Alves et al. (2006).
O volume testicular apresentou correlações de alta magnitude com as medidas
testiculares e com o peso corporal. Estes resultados sugerem a possibilidade de se
utilizar fórmula matemática para estimar o volume testicular, sendo esta uma medida
mais adequada para quantificar o parênquima testicular, pois considera as medidas
bidimensionais e evita erros de avaliação quando há formatos diferentes de testículos.
110
Tabela 5: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre as medidas testiculares e destes com o peso corporal e com a idade em
carneiros da raça Santa Inês criados em sistema intensivo.
PE (cm) CT (cm) LT (cm) PC (kg) VTC (cm
3
) VTE (cm
3
) VTT (cm
3
) FORMAT
PE (cm) -
CT (cm) 0,89 -
LT (cm) 0,96 0,89 -
PC (kg) 0,84 0,77 0,81 -
VTC (cm
3
) 0,89 0,93 0,93 0,81 -
VTE (cm
3
) 0,89 0,93 0,93 0,81 1,00 -
VTT (cm
3
) 0,89 0,93 0,93 0,81 1,00 1,00 -
FORMAT -0,12
ns
-0,45 -0,04
ns
-0,11
ns
-0,17
ns
-0,17
ns
-0,17
ns
-
ID 0,80 0,76 0,77 0,81 0,79 0,79 0,79 -0,19
ns
PE= perimetro escrotal; CT= comprimento do testículo; LT= largura do testículo; VTC= volume testicular pela fórmula do cilindro; VTE= volume testicular pela
fórmula elipsóide; VTT= volume testicular segundo Toelle e Robson (1985); PC= peso corporal; n= número de avaliações. Pearson, P<0,01;
ns=
não
significativo.
111
4. CONCLUSÕES
Pode-se concluir que da desmama aos 12 meses de idade as medidas
testiculares, o volume testicular e o peso corporal aumentaram significativamente, no
entanto, os animais ainda estavam em desenvolvimento. As médias observadas estão
dentro da normalidade para a raça. A fórmula do cilindro para calcular o volume
testicular mostrou-se mais confiável e devido à mudança de formato testicular de
longo/oval, em animais jovens para longo, em animais de 8 a 12 meses, sugere-se a
avaliação do volume e do formato testicular como critério adicional na seleção de
carneiros jovens.
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.K., BITTENCOURT, R.F., RIBEIRO FILHO, A. DE L., CHALHOUB, M.,
ALVES, S.G.G., PORTELA, A.P.M., GUERRA, R.D., QUINTELA, A.T., GUSMÃO,
A.L., OLIVEIRA, J.V.L., VALE FILHO, V.R. Circunferência escrotal e medidas
corporais em carneiros Santa Inês de várias idades. Revista Brasileira de
Reprodução Animal, v.27, n.2, p. 197-199, 2003.
ALVES, J.M.; McMANUS, C.; LUCCI, C.M.; CARNEIRO, H.C.R. et al. Estação de
nascimento e puberdade em cordeiros Santa Inês. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.35, p.958-966, 2006.
ASSIS, R.M.; PÉREZ, J.R.O.; BARRETO FILHO, J.B.; DE PAULA, O.J.; ALMEIDA,
T.R.V.; FRANÇA, P.M.; MACEDO JUNIOR, G.L. Biometria testicular e epididimária
de cordeiros Santa Inês em crescimento, alimentados com dietas contendo
diferentes níveis de FDN provenientes de forragem e abatidos em diferentes idades.
IN: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, Campo
Grande, MS. Anais: CD ROM (2004).
112
BAILEY, T.L.; MONKE, D.; HUDSON, R.S., WOLFE, D.F., CARSON, R.L., RIDDELL,
M.G. 1996. Testicular shape and its relationship to sperm production in mature
holsteins bulls. Theriogenology, v.46, p.881-887, 1996.
BAILEY, T.L.; HUDSON, R.S., POWE, T.A., RIDDELL, M.G.; WOLFE, D.F.,
CARSON, R.L. Caliper and ultrasonographic measurements of bovine testicles and a
mathematical formula for determining testicular volume and weight in vivo.
Theriogenology, v.49, p.581-594, 1998.
BIELLI, A.; GASTEL, M.T.; PEDRANA, G.; MORAÑA, A.; CASTRILLEJO, A.;
LUNDEHEIM, N.; FORSBERG, M.; RODRIGUEZ-MARTINEZ, H. Influence of pre-
and post-pubertal grazing regimes on adult testicular morphology in extensively
reared Corriedale rams. Animal Reproduction Science, v.58, p.73–86, 2000.
CALDAS,M.E.; PINHO, T.G.; PINTO, P.A.; NOGUEIRA, L.A.G. Avaliação da
biometria e morfologia testicular de touros jovens da raça nelore (Bos taurus
indicus). Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.23, n.3, p.210-212. 1999.
CARRIJO JUNIOR, O.A.; LUCCI, C.M.; MCMANUS, C.; LOUVANDINI, H.;
MARTINS, R.D.; AMORIM, C.A. Morphological evaluation of the testicles of young
Santa Inês rams submitted to different regimes of protein supplementation and
drenching. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 2, p. 433-441, 2008.
CARVALHO, F.P., QUIRINO, C.R., CARVALHO, C.S.P., UENO, V.G., LEAL, A.C.M.,
SILVA, J.F.S. Características seminais de ovinos da Raça Santa Inês na Região
Norte do Estado do Rio de Janeiro. Rev. Bras. Reprod. Anim. v.26, n.2, p.67-69,
2002.
FORNI, S.; ALBUQUERQUE, L.G. Avaliação de características biométricas de
testículos de bovinos Nelore. In: SIMPÓSIO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
MELHORAMENTO ANIMAL, 5, Pirassununga-SP, CD-ROM, 2004.
KÖPPEN, W. 1936. Das Geographische System der Klimatologie. 44p.
113
LÔBO, R.N.B.; MARTINS FILHO, R.; FERNANDES, A.A.O. Correlações entre o
desenvolvimento do perímetro escrotal e caracteres de crescimento em ovinos da
raça Morada Nova. Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.2, p.265-271, 1997
MAIA, M.S. Avaliação andrológica em carneiros. Rev. Bras.Reprod. Anim. Supl. 5.,
2002.
MARTINS, J.A.M.; SOUZA, C.E.A.; CAMPOS, A.C.N.; AGUIAR, G.V.; LIMA, A.C.B.;
ARAÚJO, A.A.; NEIVA J.N.M.; MOURA, A.A.A. Biometria do trato reprodutor e
espermatogênese em ovinos sem padrão racial definido (SPRD). Arch. Zootec.
v.57, p.1-4, 2008.
MESQUITA, F.L.T.DE. Desenvolvimento testicular, idade à puberdade e
características seminais em carneiros F1 (dorper x somalis brasileira) criados
no nordeste do Brasil. Dissertação (Mestrado) Ceará-CE, Universidade Estadual
do Ceará-UECE, 66p.
MOREIRA, E.P.; MOURA, A.A.A.; DE ARAÚJO, A.A. Efeitos da Insulação Escrotal
sobre a Biometria Testicular e Parâmetros Seminais em Carneiros da Raça Santa
Inês Criados no Estado do Ceará. Rev. bras. zootec., v.30, n.6, p.1704-1711, 2001.
NOTTER, D.R.; LUCAS, J.R.; MCCLAUGHERTY, F.S.; COPENHAVER, J. S. Breed
group differences in testicular growth patterns in spring-born ram lambs. Journal of
Animal Science, v. 60, n. 3, 1985.
PIMENTEL GÓMEZ, J., GARZA, R.P., MATÍNEZ, L.Z., GALVÁN, G.R.
Caracterización reproductiva integral del morueco en el ganado lanar de Chiapas.
Arch. Zootec. v. 54, p.557-564, 2005.
QUIRINO, C.R.; PACHECO, A.; AFONSO, V.A.C.; DA SILVA, R.M.C.; BELTRAME,
R.T.; LOPES, B.V.; DA COSTA, R.L.D. Efeito da estação do ano sobre as
características físicas do sêmen, biometria testicular e corporal de ovinos da raça
santa inês na região norte fluminense. In: ZOOTEC 2006, Pernambuco, Anais, CD-
ROM, 2006
114
RODRIGUES A.L.R. (2004) Avaliação do Testículo e da cauda do epidídimo de
carneiros na pré-puberdade, na maturidade sexual, no criptorquidismo e na
insulação escrotal: concentração de testosterona plasmática e tecidual, histamina,
fator de necrose tumoral e óxido nítrico. Tese (Doutorado) – Botucatu-SP, Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu. Universidade Estadual
Paulista-UNESP, 106p.
SALHAB, S.A.; ZARKAWI, M.; WARDEH, M.F.; AL-MASRI, M.R.; KASSEM, R.
Development of testicular dimensions and size, and their relationship to age, body
weight and parental size in growing Awassi ram lambs. Small Ruminant Research,
v.40, p.187-191, 2001.
SANTANA, A. F. de; COSTA, G. B. ; FONSECA, L. S. Avaliação da circunferência
escrotal como critério de seleção de machos jovens da raça Santa Inês. Rev. Bras.
Saúde Prod. An. v.1, n.1, p.27-30, 2001.
SAS.(1999) User’s Guide. SAS Inst., Inc., Cary, NC.
SNOWDER, G. D.; STELLFLUG, J. N.; VAN VLECK, L. D. Heritability and
repeatability of sexual performance scores of rams. J. Anim. Sci.. v.80, p.1508–
1511, 2002.
SOUZA C.E.A., MOURA A.A., ARAÚJO A.A., LIMA A.C.B. Estudo das interações
entre o desenvolvimento gonadal, produção espermática, concentrações de
testosterona e aspectos ligados à puberdade em carneiros Santa Inês ao longo do
primeiro ano de vida. Rev. Bras. Reprod. Anim. v. 27, n.2, 2003.
TOELLE, V.D.; ROBISON, O.W. Estimates of genetic correlations between testicular
measurements and female reproductive traits in cattle. Journal of Animal Science,
v.60, n.1, p.89-100, 1985.
UNANIAN, M.M.; SILVA, A.E.D.F.; McMANUS, C.; CARDOSO, E.P. Características
biométricas testiculares para avaliação de touros zebuínos da raça Nelore. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.29, n.1, p.136-144, 2000.
115
Crescimento corporal e testicular de carneiros da raça Santa Inês
RESUMO
Objetivou-se ajustar e comparar funções não-lineares de crescimento para peso
corporal e idade e para perímetro escrotal e idade em carneiros da raça Santa Inês,
criados em confinamento no estado do Espírito Santo e avaliar as medidas
morfométricas destes animais e o efeito da idade. Utilizaram-se 245 registros de
peso corporal e perímetro escrotal para ajustar diferentes curvas de crescimento e
estimar os parâmetros das mesmas. Foram utilizadas as funções de Brody,
Gompertz, Richards, Von Bertalanffy e Logística. As medidas morfométricas
avaliadas foram a altura de cernelha e de garupa, comprimento do corpo e
circunferência torácica. A curva que melhor representou o crescimento corporal foi a
Logística e a que melhor representou o crescimento testicular foi a de Gompertz. As
medidas corporais aumentaram dos três aos doze meses. Devido às altas
correlações entre peso corporal e medidas morfométricas, principalmente a
circunferência torácica, é possível a utilização destas medidas para predizer o peso
corporal de carneiros da raça Santa Inês, assim como é possível o uso do perímetro
escrotal como indicador de maior desenvolvimento corporal.
Palavras-Chaves: ovino, função não-linear, medidas morfométricas.
116
Body and testicular growth of rams of Santa Inês breed
ABSTRACT
The objective of the work was to adjust and compare non-linear functions of growth
for body weight and age and for scrotal circumference and age in rams of Santa Inês
breed, created in confinement in the South region of the State of Espírito Santo and
evaluates the morphometric measures of these animals and the effect of the age.
Were used 245 registers of body weight and scrotal circumference to adjust different
curves of growth and to appreciate the parameters. Were used the functions of
Brody, Gompertz, Richards, Von Bertalanffy and Logistics. The morphometric
measures evaluated were the height withers, height of rump, body length and
thoracic circumference. The curve that better represented the body growth was the
Logistic and the one that better represented the testicular growth was Gompertz. The
body measures increased from three to twelve months. Due to the high correlations
between body weight and morphometric measures, mainly the thoracic
circumference is possible to use these measures to predict body weight of rams of
Santa Inês breed, as well as is possible the use of the scrotal circumference as
indicator of bigger body development.
Key-Words: Ovine, non-linear function, morphometric measures
117
1. INTRODUÇÃO
O mercado consumidor busca a cada dia alternativas diferentes de fontes de
proteína animal. Os ovinos são ruminantes com alta capacidade para se
alimentarem exclusivamente de pastagem e produzirem proteína de alto valor
biológico. O tempo necessário para que um cordeiro atinja o peso de abate é muito
importante. Quanto mais cedo for atingido esse peso, menores são as despesas e a
probabilidade de morte dos animais.
O desempenho dos ovinos para produção de carne é analisado,
principalmente, pelo seu peso corporal, mas recentemente novos estudos têm dado
atenção para as características morfométricas, que segundo Magnobosco et al.
(1996) e Rosa (1999), estão diretamente relacionadas ao peso do animal e permitem
descrever melhor um indivíduo ou população e determinar tendências ao longo dos
anos em uma raça. As medidas morfométricas são influenciadas pelos efeitos
genéticos e pelos erros de mensuração, porém estão menos sujeitas às influências
ambientais (SILVA, 2000).
O peso corporal não é apenas uma ferramenta de avaliação do desempenho
produtivo, mas também do desempenho reprodutivo. O peso corporal de machos
jovens influenciará no desenvolvimento sexual, afetando as características seminais,
o comportamento sexual e a medida de perímetro escrotal, que indica a quantidade
de parênquima testicular (NOTTER et al., 1985).
Segundo Almeida et al. (2003), a medida de perímetro escrotal (PE) é uma
importante ferramenta na seleção de reprodutores, pois as altas correlações
observadas entre PE e peso corporal e PE e medidas morfométricas, em diferentes
faixas etárias levam a concluir que machos com maior PE apresentam além de um
maior potencial reprodutivo, um maior potencial produtivo e zootécnico, o que
agregaria, com a seleção destes machos, melhorias no desempenho reprodutivo e
produtivo da progênie.
O crescimento corporal e testicular pode ser representado pelas curvas de
crescimento ajustadas por meio de funções não-lineares, desta forma o ajuste de
dados de peso-idade e de perímetro escrotal-idade, de cada animal ou de um grupo
de animais permite obter informações descritivas do crescimento corporal e testicular
e de prognósticos futuros para animais do mesmo grupo racial sob a mesma
118
situação ambiental. Portanto, a função que é utilizada para descrever o crescimento
do animal tanto para fins de exigência nutricional, como para seleção genética, é de
extrema importância (FITZHUGH, 1976). As curvas que descrevem o crescimento
testicular, em ovinos, ainda são pouco estudadas no Brasil.
O objetivo neste trabalho foi estudar e comparar funções de crescimento para
peso corporal e idade e para perímetro escrotal e idade em carneiros da raça Santa
Inês, determinar qual função melhor se ajusta aos dados e estimar os parâmetros da
mesma. Além disso, avaliaram as medidas morfométricas destes animais e o efeito
da idade.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Escola Agrotécnica Federal de Alegre EAFA,
localizada no Município de Alegre, região Sul do Espírito Santo.
A cidade de Alegre está localizada a 20º45’49” latitude sul, 41º31’57”
longitude oeste e a 254 metros em relação ao nível do mar. Apresenta, segundo a
classificação de Köppen (1936), clima tropical chuvoso do tipo Aw, quente e chuvoso
no verão e seco no inverno, com temperatura média nima anual de 17ºC e média
máxima de 29ºC (http://www.alegre.es.gov.br). A precipitação pluviométrica tem
maior ocorrência entre os meses de outubro a abril, sendo a precipitação
pluviométrica média anual de 1000 mm.
Foram usados para avaliação 245 registros de informações de crescimento de
33 cordeiros da raça Santa Inês. Os animais foram separados de suas mães ao
desmame, com idade média de 90 dias, sendo colocados em baias medindo 4 x 6
metros (lotação de 20 animais por baia), onde permaneceram confinados, em
sistema intensivo, durante todo o período do experimento.
A alimentação foi fornecida no cocho, duas vezes ao dia, uma na parte da
manhã (7:00 h) e outra na parte da tarde (14:00 h). As forragens utilizadas foram o
Capim-elefante picado (Pennisetum purpureum), a cana-de-açúcar picada
(Saccharum spp) e o Tifton (Cynodon spp) na forma de feno. Concentrado para
ovinos com composição de 22,00% de proteína bruta, 2,3% de extrato etéreo, 4,30%
de fibra bruta, 1,20% de cálcio, 0,38% de fósforo, 71,50% de NDT e 18 mg de
promotor de crescimento foi adicionado à forragem na proporção de 2% do peso
119
vivo. Sal mineral foi fornecido a cada dois meses e água esteve disponível ad
libitum.
O controle sanitário dos animais incluiu medidas profiláticas contra doenças
infecciosas e controle de endoparasitas, de acordo com a carga parasitária estimada
pela técnica de contagem de ovos por grama de fezes.
A idade dos carneiros foi categorizada por faixa etária, desde os primeiros
dias de vida até 700 dias. As pesagens individuais foram realizadas com o uso de
balança mecânica e a medida de perímetro escrotal (PE) com auxilio de fita métrica
na posição mediana do escroto, no ponto de maior dimensão, envolvendo as duas
gônadas e a pele escrotal. O peso corporal e o PE foram realizados a cada 28 dias,
em média.
O peso corporal e o PE dos animais, para cada idade, foram usados para
ajustar diferentes curvas de crescimento e estimar os parâmetros das funções por
regressão não-linear, utilizando o método de Gauss-Newton modificado pelo
procedimento NLIN (SAS, 1999).
As funções não-lineares usadas no ajuste da curva de crescimento foram:
Brody: P = A (1 -B exp - kt);
Logística: P = A / (1+B exp - kt);
Gompertz: P = A exp (-B exp - kt);
Richards: P =A (1-B exp - kt)
M
e
VonBertalanffy: P = A (1+B exp -kt)
3
.
Onde:
P: peso corporal aos t meses de idade;
A: estimativa do peso corporal à maturidade;
B: constante de integração estabelecida pelos valores iniciais de P e t, que
ajusta quando Peso = 0 e/ou t =0;
k: índice de maturidade, que é função da razão da taxa máxima de
crescimento por tamanho à maturidade, um maior valor de K, indica os animais que
chegam à maturidade mais cedo.
M: parâmetro que confere o ponto de inflexão variável e que na função
Logística é definido com A/2, na Gompertz A/e e na VonBertalanffy A/3.
Para a comparação dos modelos das curvas de crescimento foram seguidos
os seguintes critérios de acordo com SANTOS (2003), FREITAS (2005),
SARMENTO et al. (2006).
120
1. Dificuldade computacional: baseado no número de interações (N
0
Iter.)
necessárias para alcançar a convergência e pelo tempo de cálculo;
2. Qualidade do ajustamento do modelo aos dados através da soma de
quadrados dos resíduos (SQR) e coeficiente de determinação (R
2
) e da
observação entre os pesos observados e os pesos estimados pelas
diferentes funções utilizadas.
As medidas morfométricas foram realizadas apenas após a desmama,
prosseguindo até que os animais atingissem 700 dias de idade. Os carneiros foram
contidos em posição adequada, evitando-se quaisquer desníveis que pudessem
provocar erros nas medidas. As seguintes medidas foram obtidas:
- Altura de Garupa (AG): Tomada com auxílio do hipômetro, desde a região
anterior do sacro ao solo.
- Altura de Cernelha (ACER): Tomada com auxílio do hipômetro, da região da
cernelha ao solo.
- Circunferência Torácica (CT): Medida tomada com auxílio de uma fita
milimetrada, pelo contorno do tórax passando pelo cilhadouro e voltando
perpendicularmente à linha do dorso.
- Comprimento do Corpo (CC): medida tomada desde a tuberosidade maior
do úmero até a tuberosidade isquiática.
Foi realizada análise de variância utilizando procedimento GLM (general linear
model) para verificar a influência do efeito fixo da idade do animal sobre o peso
corporal, medidas morfométricas e sobre o perímetro escrotal. As médias foram
comparadas utilizando teste SNK (SAS, 1999) e foram calculadas as correlações de
Pearson entre as características estudadas (PROC CORR, SAS 1999).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias e desvios padrão dos parâmetros A, B e K, as somas de
quadrados de resíduos (SQR), os coeficientes de determinação (R
2
) e o número de
interações necessárias para alcançar a convergência (N
0
Iter) nas diferentes funções
estudadas para peso corporal estão apresentados na Tabela 1. A função de
121
Richards não atingiu a convergência. Dificuldades de convergência para a função de
Richards também foram relatadas por Sarmento et al. (2006).
Com base no R
2
, observa-se que todos os modelos ajustaram de forma
semelhante a curva média de crescimento, como representado na Figura 1, na qual
constam as curvas correspondentes às equações ajustadas dos referidos modelos e
a curva média observada.
A função de Brody estimou peso a maturidade (A) mais alto que as demais
curvas, concordando com Sarmento et al. (2006) e Oliveira Neto et al. (2007), que
estudaram curva de crescimento em carneiros da raça Santa Inês.
Os pesos à maturidade e a velocidade de crescimento (K) dos machos deste
estudo foram maiores que os relatados por Guedes et al. (2004), Sarmento et al.
(2006) e Oliveira Neto et al. (2007), em cordeiros da raça Santa Inês, e inferiores
aos encontrados por Santos et al. (2003), em ovinos da raça Bergamácia.
Para testar as funções estudadas e determinar qual é a que melhor ajusta,
calcularam-se os pesos estimados pelos parâmetros encontrados, nas diferentes
funções estudadas e foram comparados com o peso observado (Tabela 2).
De acordo com a Tabela 1 e 2, observa-se que a função Logística foi a que
melhor descreveu o crescimento destes animais por apresentar menor número de
interações e apresentar pesos estimados mais próximos dos observados (Figura 1).
Para carneiros da raça Santa Inês e Bergamácia, Guedes et al. (2004) e Oliveira
Neto et al. (2007) determinaram como melhores funções as de Von Bertalanffy e
Gompertz. Em fêmeas da raça Bergamácia, a curva recomendada para ajustar
dados de crescimento foi a Logística (McMANUS et al., 2003) em ovelhas Santa
Inês a de Gompertz (AFONSO, 2006) e de Richards (LÔBO et al., 2006 e 2007).
Em todas as faixas etárias (Tabela 2) as funções de Von Bertalanffy e Brody
superestimaram os pesos. Os pesos ajustados pela função Logística se mostraram
mais próximos dos observados, exceto aos 700 dias de idade. A segunda função
que se ajustou melhor aos dados foi a de Gompertz.
122
Tabela 1: Estimativas dos parâmetros (A, B e K), quadrado dio do resíduo (SQR),
coeficiente de determinação (R
2
) e número de interações (N
o
Inter), para peso corporal, de
acordo com o modelo estudado, em carneiros da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo.
Função A B K SQR R
2
N
O
Inter.
Brody 99,3 ± 18,9
0,9 ± 0,03 0,002 ± 0,0007
46,9 0,99 10
Logística 77,8 ± 7,4 5,2 ± 0,5 0,007 ± 0,0008
48,0 0,99 5
Gompertz 83,0 ± 9,4 2,2 ± 0,1 0,005 ± 0,0008
47,4 0,99 7
Von Bertalanffy
86,3 ± 10,9
0,6 ± 0,02 0,004 ± 0,0007
47,3 0,99 8
A= peso à maturidade; B= constante de integração; K= taxa de crescimento
Tabela 2: Pesos observados e estimados pelas funções não-lineares em carneiros
da raça Santa Inês criados em sistema intensivo.
Idade
(dias)
Médias Obs.
(kg)
Brody Logística Gompertz Von
Bertalanffy
15 8,9 50,5 13,7 27,3 57,5
90 15,1 54,2 20,7 34,5 66,5
120 22,5 55,7 24,0 37,6 69,5
150 28,7 57,1 27,7 40,7 72,1
180 35,3 58,6 31,5 43,8 74,4
240 37,5 61,4 39,6 49,9 78,0
300 44,2 64,1 47,6 55,7 80,6
700 77,0 79,6 75,1 77,8 85,6
123
Figura 1: Curvas de crescimento observadas (Obs) e ajustadas de
acordo com cada modelo, em carneiros da raça Santa Inês criados
em sistema intensivo.
Na Tabela 3 estão apresentadas as médias e desvios padrão dos parâmetros
A, B e K, as somas de quadrados de resíduos (SQR), os coeficientes de
determinação (R
2
) e o número de iterações necessárias para alcançar a
convergência (N
0
Iter) nas diferentes funções estudadas para o perímetro escrotal.
Na determinação da curva de crescimento testicular os modelos não-lineares
de Richards, Von Bertalanffy e Brody não atingiram a convergência ou apresentaram
valores sem interpretação biológica, para os parâmetros determinados.
As funções de Gompertz e Logística ajustaram de forma semelhante, com
valores próximos de SQR e R
2
. Com relação ao número de interações a de
Gompertz convergiu mais rapidamente. Com base nestes dados, as duas funções
seriam consideradas adequadas para ajustar os PE nas faixas etárias estudadas,
concordando com resultado encontrado por Quirino et al. (2005), em ovinos Santa
Inês no Norte do Rio de Janeiro.
Na Tabela 4 verifica-se que a função Logística subestimou o PE aos 15 dias
de idade e superestimou nas demais idades, enquanto que, com a função de
Gompertz os PE estimados foram mais próximos dos observados, ao contrário do
que ocorreu no estudo de Bilgin et al. (2004), em carneiros da raça Awassi, na
Turquia e Quirino et al. (2005).
124
A estimativa de PE à maturidade, na função Logística e de Gompertz foi
inferior às de Quirino et al. (2005) (37,0 e 38,1 cm, respectivamente) e a velocidade
de crescimento foi superior (0,007 e 0,0001, respectivamente) aos de Quirino et al.
(2005) e de Bilgin et al. (2004).
O ponto de inflexão (ponto de máxima taxa de crescimento) para a função
Logística, calculada como A/2, apresentou valor de 14,9cm, como pode ser
observado na Figura 2. Segundo Fitzhugh (1976), no ponto de inflexão da curva de
crescimento a taxa de crescimento é máxima, passando de função crescente
(estádio auto-acelerante) para função decrescente (estádio auto-inibitório).
Tabela 3: Estimativas dos parâmetros (A, B e K), quadrado médio do resíduo (SQR),
coeficiente de determinação (R
2
) e número de interações (N
o
Inter), para perímetro escrotal,
de acordo com o modelo estudado, em carneiros da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo.
Função A B K SQR R
2
N
O
Inter.
Logística 29,8 ± 0,7 4,9 ± 1,01 0,02 ± 0,002 6,99 0,99 17
Gompertz 30,2 ± 0,8 2,6 ± 0,4 0,01 ± 0,002 6,90 0,99 13
A= perímetro escrotal à maturidade; B= constante de integração; K= taxa de crescimento
testicular.
Tabela 4: Perímetros escrotais observados e estimados pelas funções não-
lineares, em carneiros da raça Santa Inês criados em sistema intensivo.
Idade
(dias)
Médias Observadas
(cm)
Logística Gompertz
15 8,9 6,5 9,3
90 12,4 16,6 14,6
120 16,7 20,8 16,8
150 21,4 24,1 19,0
180 23,9 26,5 21,0
240 25,5 28,8 24,3
300 28,1 29,6 26,6
700 29,7 29,9 29,8
125
Figura 2: Curvas de crescimento testicular observadas (Obs) e
ajustadas de acordo com cada modelo, em carneiros da raça Santa
Inês criados em sistema intensivo.
As médias e respectivos desvios padrão das medidas morfométricas de
acordo com a idade estão apresentados na Tabela 5. Os valores encontrados neste
trabalho foram bastante inferiores aos relatados por Bittercourt et al. (2003), que
avaliaram carneiros da raça Santa Inês em exposições no estado da Bahia e
Sergipe e por Campelo et al. (2002), evidenciando que com seleção para peso e
alimentação de qualidade pode-se elevar o tamanho, o peso corporal e o perímetro
escrotal. Os machos avaliados por Fraga et al. (2004) apresentaram, aos 12 meses
de idade, altura semelhante, no entanto o CC, a CT, o peso corporal e o PE foram
maiores que os dos animais avaliados neste trabalho.
Os animais apresentaram crescimento em tamanho (AG e ACER) e
comprimento corporal dos três aos dozes meses de idade, assim como na
circunferência torácica (Figura 3), que acompanhou o peso corporal, concordando
com Bittercourt et al. (2003) e Ferreira et al. (2005).
As correlações entre peso corporal e as medidas morfométricas foram todas
altas e significativas (P<0,01) (Tabela 6). A medida mais correlacionada com o peso
corporal foi a circunferência torácica, concordando com os resultados de Memória et
al. (2005) em machos da raça Somalis, Santa Inês e Sem raça definida e de Urbano
et al. (2006), em carneiros da raça Morada Nova. A alta correlação entre peso
corporal e medidas morfométricas indica que animais mais pesados tendem a ser
126
maiores e mais compridos e a alta correlação entre PC e CT, pode indicar a
possibilidade de utilização desta medida para estimar o peso corporal em machos
jovens da raça Santa Inês. Urbano et al. (2006) estimaram os coeficientes de
correlação entre PC e medidas morfométricas, concluindo que devido às altas
correlações, seria eficiente a estimativa do PC por meio de equações, sendo
importante a separação por sexo.
A correlação entre PE e medidas morfométricas também foi de alta magnitude
e significativas (P<0,01), assim como observado por Lôbo et al. (1997) e Bittencourt
et al. (2003), o que significa que animais com maiores PE apresentam, além de um
maior potencial reprodutivo, um maior potencial produtivo e zootécnico, permitindo o
uso do PE como indicador de maior desenvolvimento corporal. Os resultados
encontrados por Aguiar et al. (2008) são contrários aos destes trabalhos. Em
carneiros Santa Inês de 5 a 7 meses de idade, provenientes de várias propriedades,
Aguiar et al. (2008) encontraram correlações de baixa magnitude entre PE e ACER,
AG e CC (entre 0,15 e 0,18), sugerindo que a correlação entre estas características,
pode não ser segura quando são avaliados animais não pertencentes ao mesmo
grupo.
As correlações genéticas entre PE e PC (0,80 a 0,98), em diferentes idades e
entre PE e CC (0,91), aos 210 dias de idade, estimadas por Lôbo et al. (1997), em
carneiros da raça Morada Nova, foram altas sugerindo que a maior parte dos genes
que atuam no desenvolvimento do PE atuam no PC e no CC.
Tabela 5: Médias e respectivos desvios padrão das medidas morfométricas de acordo com a
idade, em ovinos da raça Santa Inês criados em sistema intensivo.
Idade
(meses)
ACER AG CC CT PC (kg) PE (cm)
3 (n=24)
59,17 ± 5,16
e
60,79 ± 4,75
e
51,17 ± 5,04
f
65,17 ± 4,60
f
20,78 ± 4,49
e
15,48 ± 3,72
e
4 (n=30)
63,33 ± 4,36
d
64,93 ± 4,99
d
58,03 ± 5,32
e
68,73 ± 5,42
e
26,92 ± 7,11
d
20,32 ± 3,59
d
5 (n=29)
66,31 ± 4,54
c
67,55 ± 4,45
c
61,55 ± 6,39
d
73,72 ± 5,90
d
32,87 ± 7,15
c
23,26 ± 2,56
c
6 (
n=29)
67,62 ± 4,14
c
68,62 ± 4,24
c
62,48 ± 5,64
d
75,83 ± 5,57
d
34,08 ± 7,25
c
24,06 ± 2,08
c
7 (n=24)
70,88 ± 3,76
b
71,92 ± 3,56
b
68,75 ± 4,19
c
80,33 ± 5,17
c
40,51 ± 6,76
b
26,71 ± 2,47
b
8 (n=24)
71,25 ± 3,80
b
72,58 ± 3,80
b
70,17 ± 5,14
cb
83,42 ± 4,42
b
42,89 ± 7,82
b
27,78 ± 2,08
ab
9 (n=19)
74,11 ± 4,75ª 75,32 ± 4,53ª 72,53 ± 5,61
ab
85,26 ± 5,33
ab
48,34 ± 7,37ª
28,93 ± 2,61ª
12 (n=24)
75,92 ± 3,51ª 76,75 ± 3,36ª 74,46 ± 5,48ª 87,50 ± 4,76ª 51,39 ± 8,06ª
29,71 ± 2,08ª
ACER= Altura de cernelha; AG= Altura de garupa; CC= Comprimento do corpo; CT= Circunferência torácica
Letras diferentes em uma mesma coluna indicam diferenças pelo teste SNK (P<0,01).
127
Figura 3: Evolução da altura de cernelha (ACER), altura de garupa
(AG), comprimento do corpo (CC) e circunferência torácica (CT)
com a idade dos carneiros da raça Santa Inês criados em sistema
intensivo.
Tabela 6: Correlação simples entre peso corporal e medidas
morfométricas e entre perímetro escrotal e medidas
morfométricas dos carneiros da raça Santa Inês criados em
sistema intensivo.
PC
PE
ACER
0,91
0,80
AG
0,93
0,82
CC
0,91
0,83
CT
0,94
0,82
PE
0,84
-
PC= peso corporal; PE= perimetro escrotal; ACER= altura de
cernelha; AG= altura de garupa; CC= comprimento do corpo; CT=
circunferência torácica.
128
4- CONCLUSÕES
Em carneiros da raça Santa Inês criados em confinamento a equação que
melhor representou o crescimento corporal foi a Logística e a que melhor
representou o crescimento testicular foi a de Gompertz. Devido às altas correlações
entre peso corporal e medidas morfométricas, principalmente a circunferência
torácica, é possível a utilização destas medidas para predizer o peso corporal de
carneiros da raça Santa Inês, assim como é possível o uso do perímetro escrotal
como indicador de maior desenvolvimento corporal.
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, V.A. Aplicação de modelos não lineares no ajuste de curvas de
crescimento em fêmeas ovinas (ovis aries) da raça Santa Inês criadas na
região norte Fluminense/RJ. 2006, 26 f. Trabalho de conclusao de curso
(Monografia) Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Norte
Fluminense, Campos dos Goytacazes, 2006.
AGUIAR, C.S., SANTANA, A.F., SOUZA, E.C.A. et al. Análise da correlação entre
circunferência escrotal e medidas corporais de ovinos da raça Santa Inês de cinco a
sete meses de idade. PUBVET, v.2, n.8, 2008.
BILGIN, O.C.; EMSEN, E.; DAVIS, M.E. Comparison of non-linear models for
describing the growth of scrotal circumference in Awassi males lambs. Small
Ruminant Research, v.52, p.155-160, 2004.
BITTENCOURT, A.A.K.; RIBEIRO FILHO, A.de L.;CHALHOUB, M.; ALVES, S.G.G.
et al. Circunferência escrotal e medidas corporais em carneiros Santa Inês de varias
idades. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.27, n.2, p.197-199, 2003.
129
CAMPELO, J.E.G.; OLIVEIRA, M.E.; LOPES, J.B.; ASSUNÇÃO, M.F., SOUSA,
J.A.T.; CARVALHO, M.D.F.; SOUSA, D.C. Morfometria e correlações entre medidas
corporais externas de ovinos da raça Santa Inês. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002.Recife-PE. Anais...Recife:
Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD-ROM.
FARINATTI, L.H.E.; ROCHA, M.G. da; POLI, C.H.E.C.; PIRES, C.C.; BICA, G.;
VERAS, M.; SCHWARTZ, F. Produção de ovinos recebendo suplementação
energética ou protéica em pastagem de azevém. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39, 2002, Recife. Anais...Gmosis,
2002. CD-ROM. Nutrição de ruminantes. NUR-032.
FERREIRA, M.I.C; BORGES, I.; VIEIRA, F.A.P.; COELHO, S.G.; LANA, A.M.Q. et al.
Mensurações biométricas de cordeiros da raça Santa Inês do nascimento até 30
dias de idade. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 42, 2005. Campo Grande-MS. Anais...Campo Grande: Sociedade
Brasileira de Zootecnia, 2005. CD-ROM.
FRAGA, A.B.; CAVALCANTE, E.C.; LOPES, C.R.A.; ARAÚJO FILHO, J.T.;
MIRANDA, E.C. Avaliação de índices zootécnicos, medidas corporais externas e
correlações em ovinos da raça Santa Inês no estado de Alagoas. In: REUNIÃO
ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, Anais... Campo
Grande: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004, CD-ROM.
FITZHUGH JÚNIOR, H. A. Analysis of growth curves and strategies for altering their
shapes. Journal of Animal Science, Champaign, v. 42, n. 4, p. 1036-1051, 1976.
FREITAS, A. R. Curvas de crescimento na produção animal. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.34, p.786-795, 2005.
130
GUEDES, M. H. P.; MUNIZ, J.A.; PEREZ, J. R. O.; SILVA, F. F.; AQUINO, L. H.;
SANTOS, L. C. Estudo das curvas de crescimento de cordeiros das raças Santa Inês
e Bergamácia considerando heterogeneidade de variâncias. Ciências
Agrotécnicas, Lavras, v.28, n.2, p. 381-388, 2004.
KÖPPEN, W. 1936. Das Geographische System der Klimatologie. 44p.
LÔBO, R.N.B.; MARTINS FILHO, R.; FERNANDES, A.A.O. Correlações entre o
desenvolvimento do perímetro escrotal e caracteres de crescimento em ovinos da
raça Morada Nova. Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.2, p.265-271, 1997
LÔBO, R. N. B.; VILLELA, L. C. V.; LOBO, A. M. B. O.; PASSOS, J. R. S.;
OLIVEIRA, A. A. Parâmetros genéticos de características estimadas da curva de
crescimento de ovinos Santa Inês. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p. 1012-
1018, 2006.
LÔBO, R.N.B.; LÔBO, A.M.B.O.; FACÓ, O.; VILLELA, L.C.V. Estimativas de
parâmetros genéticos para características de crescimento em ovinos de corte. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 44, Unesp-
Jaboticabal 2007.
MAGNOBOSCO, C.U., OJALA, M., FERNANDES, A., CAETANO, A.R., FAMULA,
T.R. (1996). Efeito de fatores ambientais sobre medidas corporais e peso em
bovinos da raça Brahman no México. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, Anais...Fortaleza: Sociedade Brasileira de
Zootecnia, 1996, p.139-141.
McMANUS, C.; EVANGELISTA, C.; FERNANDES, L. A. C; MIRANDA, R. M;
MORENO-BERNAL, F. E; SANTOS, N. R. Curvas de crescimento de Ovinos
Bergamácia Criados no Distrito Federal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.5,
p. 1207-1212, 2003.
131
MEMÓRIA, H.Q., DO REGO, J.P.A., CATUNDA, A.C.V., GUIMARÃES, A.N.C.,
ROGÉRIO, M.C.P., MARTINS, G.A. (2005) Correlação entre peso e medidas
corporais em ovinos machos de diferentes idades. In: ZOOTEC, REUNIÃO ANUAL,
Anais...Pernambuco: Zootec 2005, CD-ROM.
OLIVEIRA NETO, P.C.; PEREIRA, I.D.C.; SOUSA JR, S.C.; OLOVEIRA, M.P.; LIMA,
F.A.M.; PEREIRA, E.S. Curvas de crescimento de ovinos Santa Inês criados no
Ceará. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 44,
2007. Jaboticabal-SP. Anais...Jaboticabal: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2007.
CD-ROM.
QUIRINO, C.R.; COSTA, R.L.D; SILVA, R.M.C.; AFONSO, V.A.C.; PACHECO, A.;
MELO, E.B. Ajuste de modelos não-lineares para descrever padrão de crescimento
de medidas testiculares em carneiros Santa Inês. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005. Campo Grande-MS.
Anais...Campo Grande: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2005. CD-ROM.
ROSA, A.N. (1999). Variabilidade fenotípica e genética do peso adulto e da
produtividade acumulada de matrizes em rebanhos de seleção da raça Nelore
no Brasil. Dissetação (Doutorado) Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-SP,
Universidade de São Paulo-USP, 114p.
SAS.(1999) User’s Guide. SAS Inst., Inc., Cary, NC.
SANTOS, C. L.; PEREZ, J. R. O.; MUNIZ, J. A.; LUZ, A. O.; SILVA, A. C.;
AZEVEDO, S. T.; NETO, A. L. R. Aplicação de funções para determinação do
crescimento absoluto de cordeiros da raça Bergamácia. In: CADEIA PRODUTIVA
DE OVINOCULTURA. Anais... do III Simpósio Mineiro de Ovinocultura. Universidade
Federal de Lavras, Lavras. 2003. p. 283-290.
132
SARMENTO, J. L. R.; REGAZZI, A. J.; SOUZA, W. H.; TORRES, R. A.; BREDA, F.
C.; MENEZES, G. R. O. Estudo da curva de crescimento de ovinos Santa Inês.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p. 435-442, 2006.
SILVA, F.L.R. e ARAÚJO, A.M. Características de reprodução e de crescimento de
ovinos mestiços Santa Inês, no Ceará. Revista Brasileira de Zootecnia. v.29, n.6,
p.1712-1720. 2000.
SOUSA, W. H.; LOBO, R. N. B.; MORAIS, O. R. Ovino Santa Inês. Estado da arte e
perspectivas. Disponível em <http://www.emepa.org.br/ovino_si13.php>, Acesso em:
10 de Maio de 2005.
URBANO, S.A.; CÂNDIDO, E.P.; DE LIMA, C.A.C.; DE CARVALHO, M.D.F.; DE
ARAÚJO, P.M.; GODEIRO, J.R.G.; DA FONSECA, F.C.E.; CAVALCANTI, F.A.L.
(2006) Uso da barimetria para estimar o peso corporal de ovinos da raça morada
nova. In: ZOOTEC, 2006, Pernambuco. Anais... Pernambuco: 2006. CD-ROM.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O contato sexual prévio dos machos com fêmeas em estro promove estímulo
para montar e ejacular.
Machos muito jovens podem estar inibidos em um primeiro teste de libido.
O peso corporal e a idade influenciam na expressão dos comportamentos de
identificação e cortejo.
Um teste de libido de cinco minutos pode ser suficiente para determinar e
quantificar a libido de um carneiro.
A idade à puberdade dos carneiros foi elevada, provavelmente, devido à
ausência de programa de melhoramento genético na Escola Agrotécnica Federal de
Alegre. No entanto, foi observada variabilidade fenotípica entre os animais, tanto na
idade à puberdade quanto ao peso, ao perímetro escrotal e às características
133
seminais, sugerindo que seria possível obter animais mais precoces com a
implantação de programa de melhoramento genético.
O estádio de desenvolvimento sexual dos carneiros influenciou todas as
características seminais, o peso corporal e o perímetro escrotal.
Da desmama aos 12 meses de idade as medidas testiculares, o volume
testicular e o peso corporal aumentaram significativamente.
A utilização da fórmula do cilindro para calcular o volume testicular mostrou-
se mais confiável.
Houve mudança no formato testicular de longo/oval, em animais jovens para
longo, em animais de 8 a 12 meses, por isso, sugere-se a avaliação desta medida
como critério adicional na seleção de carneiros jovens
A função não-linear que melhor representou o crescimento corporal de
carneiros Santa Inês criados em confinamento foi a Logística e a que melhor
representou o crescimento testicular foi a de Gompertz.
Altas correlações entre peso corporal e medidas morfométricas,
principalmente a circunferência torácica, possibilitam a utilização destas medidas
para predizer o peso corporal de carneiros Santa Inês, assim como possibilitam o
uso do perímetro escrotal como indicador de maior desenvolvimento corporal.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo