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FUNDAÇÃO CULTURAL DR. PEDRO LEOPOLDO
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ROFISSIONAL EM
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DMINISTRAÇÃO
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NDRÉIA
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ÁSSIA
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B
ERNARDES
A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL DE RH PARA
O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS
INDIVIDUAIS NAS ORGANIZAÇÕES
Pedro Leopoldo
2008
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A
NDRÉIA
A.
DE
C
ÁSSIA
S
ILVA
B
ERNARDES
A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL DE RH PARA
O DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS
INDIVIDUAIS NAS ORGANIZAÇÕES
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
Profissional em Administração da Fundação Cultural
Dr. Pedro Leopoldo, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Administração.
Área de Concentração: Gestão da Inovação e
Competitividade.
Orientadora: Profa. Maria Celeste Reis Lobo de
Vasconcelos.
Pedro Leopoldo
2008
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3
Dedicatória
Dedico este trabalho, todo o amor e esforço dedicados a
sua
realização, às minhas meninas, Clara e Laura.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por iluminar meu caminho, por fazer-se presente em minha vida,
fortalecendo-me para que mais este sonho se realizasse, pelas oportunidades e pela
vida;
Ao Marcelo pelo amor, pelo apoio e pela compreensão diante das constantes
ausências; por participar ativamente deste trabalho; por estar sempre ao meu lado,
como companheiro, cúmplice e incentivador. O afago de suas mãos foi
imprescindível para que eu não desanimasse;
Às minhas filhas, Ana Clara e Ana Laura, fonte de força e inspiração, ambas
nascidas durante o mestrado. muitos que pensam que com vocês foi mais difícil.
São tolos. Com vocês, este caminho teve a doçura e a beleza das minhas florzinhas.
Como diz o professor Girolete, o mestrado resultou em três crias: Ana Clara, Ana
Laura e a dissertação;
Aos meus pais, que me ensinaram valores tão nobres como dignidade e trabalho; à
minha irmã e melhor amiga, Anicéia, por me fortalecer a cada dia com palavras e
ações que jamais conseguirei retribuir.
Pai, mãe, Anicéia e D. Anisia, obrigada pelas incondicionais contribuições; por várias
vezes terem me substituído no cuidado, sempre carinhosos, às minhas filhas.
Meu agradecimento especial e eterno à minha orientadora, professora Celeste. É
difícil expressar a gratidão pela paciência, pela dedicação e pela luz na
concretização deste trabalho. Sobretudo, por compreender as diversas vezes em
que o destino cruzava o meu caminho com surpresas ora boas, ora nem tanto. Com
olhar e escuta fraternos, apoiava-me e com poucas palavras entusiasmadas e
otimistas me incentivava a continuar.
A todos os professores da Unipel pelas contribuições, em especial aos professores
Luiz Flávio, Mauro Calixta e Vera Cançado.
A minha nobre e eterna amiga Luíza Saldanha, que me incentivou a fazer o
mestrado; e aos colegas da Unipel, em especial à Claudete, Myrene, Ilma, Inês,
Marilene, Egmar e Cláudio Lúcio, pelos sábados compartilhados, pelos favores
prestados, pelos trabalhos suados... Despeço-me de vocês com Fernando Pessoa:
Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as
conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos
tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de
lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do
companheirismo vivido”. Sentirei muita falta do nosso convívio.
“Cada um compõe a sua própria história e cada um
possui um dom de ser capaz e ser feliz...
Renato Teixeira
RESUMO
Este estudo buscou investigar e apresentar a percepção dos profissionais de RH
sobre a sua contribuição para o desenvolvimento das competências das pessoas por
meio da percepção dos profissionais de RH. A pesquisa ocorreu com base no
modelo dos múltiplos papéis de Ulrich (1998): Parceiro Estratégico, Especialista
Administrativo, Defensor do Funcionário e Agente de Mudança. Os aspectos de
formação de competências de Fleury e Fleury (2001) também deram suporte a este
estudo: Importância Dada às Pessoas Para Êxito das Estratégias do Negócio;
Políticas Adotadas para Desenvolver Pessoas em Alinhamento às Estratégias
Organizacionais e Formação de Competência Propriamente Dita. A literatura
evidencia a necessidade de os profissionais de RH desempenharem múltiplos
papéis, e não exclusivos, contribuindo para o sucesso da empresa e aumentando
sua capacidade para alcançar seus objetivos. Tornam-se necessárias práticas de
RH definidas em alinhamento às estratégias do negócio da organização, o que é
possível com uma gestão de pessoas focada no gerenciamento de seus funcionários
mediante a formação das competências. Neste estudo, realizou-se uma pesquisa
descritiva, com base em uma estratégia quantitativa, complementada por análise
qualitativa sob a ótica dos profissionais de recursos humanos participantes de 4
grupos de estudo de assuntos relacionados a RH. Destes grupos 3 eram presenciais
e 1 virtual, totalizando 30 respondentes desta pesquisa. Os resultados apontam um
alto vel de concordância destes profissionais com o desempenho dos múltiplos
papéis do profissional de RH e não com um papel único. Os resultados ressaltam a
evolução do papel do RH nas empresas e também a sua participação no
desenvolvimento de competências individuais dos subordinados, como mecanismos
importantes para uma gestão de pessoas que contribui para o crescimento e
melhoria da organização.
Palavras-chave: Recursos Humanos. Gestão de Pessoas. Competências.
ABSTRACT
This paper tried to investigate, and to show the professional’s perceptions of the HR
and its contribution on the development of the people’s competency. The research
took place based on multiple models of Ulrich ( 1998 ): Strategic Partner;
Administrative Specialist; Staff Defender and Changing Agent . The aspects of the
competence formation of Fleury and Fleury ( 2001 ) also supported this paper: The
given importance of people to the successful of the business strategies; Adopted
policy to develop people in accordance to the organizational strategies and
Competency formation. The literature shows the necessity of HR professional to
develop multiples roles, and not exclusive ones, contributing to the success of the
company and increasing the capacity to achieve its goals It became a matter of
practice on HR strategies in agreement to the strategies of business organization.
This is only possible to the formations of the competencies.
On this paper, it was developed a descriptive research based on a quantitative
strategy, completed by qualitative analysis under the light of the human resources
professionals that joined into 4 study groups, of related subjects.
From these groups 3 were based on physical presence and 1 online. That made 30
individuals answerers to this research. The results show a high level of agreement of
these professionals with the development of multiples roles of HR professionals, and
not with a single one. The results highlight the evolution of the HR roles on the
companies and also the participation on the development of the individual’s
competences and important mechanisms of the management of people that
improves the organization.
Key Words: Human Resources; People management; competencies.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Evolução da gestão de pessoas no Brasil ......................................................................... 9
FIGURA 2 – Papéis de RH na construção de uma organização competitiva....................................... 15
FIGURA 3 – Definição dos papéis de RH ............................................................................................. 17
FIGURA 4 – Competências como fonte de valor para o indivíduo e para a organização .................... 25
FIGURA 5 – Gestão do conhecimento.................................................................................................. 30
FIGURA 6 – Gestão de recursos humanos para a formação de competências................................... 33
FIGURA 7 – Boxplots das médias dos escores dos papéis profissionais de RH – Ulrich (1998) ........ 54
FIGURA 8 – Boxplots das médias dos escores dos aspectos de formação de competências ............ 72
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Distribuição dos respondentes quanto ao gênero ......................................................... 45
GRÁFICO 2 – Distribuição dos respondentes quanto à faixa etária..................................................... 46
GRÁFICO 3 – Distribuição dos respondentes quanto à área de formação.......................................... 46
GRÁFICO 4 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível de escolaridade .................................. 47
GRÁFICO 5 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível funcional ............................................. 48
GRÁFICO 6 – Distribuição dos respondentes quanto ao tempo de trabalho com RH......................... 48
GRÁFICO 7 – Distribuição dos respondentes quanto ao maior cargo do responsável pelo RH na
hierarquia da organização..................................................................................................................... 49
GRÁFICO 8 – Distribuição dos respondentes quanto à quantidade de funcionários na organização . 50
GRÁFICO 9 – Médias dos escores que representam cada papel desempenhado por grupos de RH 56
GRÁFICO 10 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concordâncias com as assertivas
do papel Estratégico (ERH)................................................................................................................... 58
GRÁFICO 11 – Percentual de concordância com as assertivas da ERH ............................................ 59
GRÁFICO 12 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concordâncias com as assertivas
da IEE.................................................................................................................................................... 60
GRÁFICO 13 – Percentual de concordância com as assertivas da IEE .............................................. 61
GRÁFICO 14 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concordâncias com as assertivas
da CF..................................................................................................................................................... 62
GRÁFICO 15 – Percentual de concordância com as assertivas da CF ............................................... 63
GRÁFICO 16 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concordâncias com as assertivas
da TM .................................................................................................................................................... 64
GRÁFICO 17 – Percentual de concordância com as assertivas da TM............................................... 65
GRÁFICO 18 – Médias dos escores que representam cada papel desempenhado pelos profissionais
de RH por tempo de trabalho com RH.................................................................................................. 67
GRÁFICO 19 – Médias dos escores que representam cada papel desempenhado pelos profissionais
de RH nível funcional ............................................................................................................................ 68
GRÁFICO 20 – Médias dos escores que representam cada papel desempenhado pelos profissionais
de RH maior cargo do responsável pelo RH......................................................................................... 69
GRÁFICO 21 – Médias dos escores que representam os aspectos de formação de competências
segundo os diferentes grupos de profissionais..................................................................................... 74
GRÁFICO 22 – Percentual de concordância com as assertivas do aspecto PE.................................. 76
GRÁFICO 23 – Percentual de concordância com as assertivas do aspecto PO ................................. 78
GRÁFICO 24 – Percentual de concordância com as assertivas do aspecto FC.................................. 79
GRÁFICO 25 – Médias dos escores que representam cada aspecto de formação de competência por
tempo de trabalho com RH ................................................................................................................... 80
GRÁFICO 26 – Médias dos escores que representam os aspectos de formação de competência por
nível funcional........................................................................................................................................ 81
GRÁFICO 27 – Médias dos escores que representam cada aspecto de formação de competência por
maior cargo do responsável pelo RH.................................................................................................... 82
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Transição dos papéis do profissional de RH .................................................................. 36
QUADRO 2 - Número de Respondentes por grupo.............................................................................. 51
QUADRO 3 - Relação das assertivas relativas aos papéis desempenhado pelos profissionais de RH,
segundo Ulrich (1998) .......................................................................................................................... 42
QUADRO 4 - Relação das assertivas relativas aos aspectos de formação de competência, segundo
Fleury e Fleury (2001) ........................................................................................................................... 42
QUADRO 5 - Correlações entre os múltiplos papéis ............................................................................ 97
QUADRO 6 - Correlações entre os aspectos de formação de competência........................................ 98
QUADRO 7 - Correlação entre os múltiplos papéis e os aspectos de formação de competências
.... 98
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Coeficientes Alpha de Cronbach para os papéis dos profissionais de RH....................... 52
TABELA 2 - Estatísticas descritivas dos papéis dos profissionais de RH – Ulrich (1998) ................... 54
TABELA 3 - Estatísticas descritivas dos papéis desempenhados por grupos de profissionais ........... 55
TABELA 4 - Coeficientes Alpha de Cronbach para as competências .................................................. 71
TABELA 5 - Estatísticas descritivas das médias dos aspectos de formação de competências .......... 73
TABELA 6 - Estatísticas descritivas dos aspectos de formação de competências segundo os
diferentes grupos de profissionais .................................................................................... 74
SUMÁRIO
1 INTRODÃO .......................................................................................................................... 1
1.1 Problema..................................................................................................................................................................2
1.2 Objetivos..................................................................................................................................................................2
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................................. 2
1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................................... 3
1.3 Contribuão do trabalho.....................................................................................................................................3
1.4 Estrutura do trabalho............................................................................................................................................4
2 A GESO DE RECURSOS HUMANOS..............................................................................................................5
2.1 Geso de pessoas: desafios e oportunidades..............................................................................................8
2.2 RH na atualidade..................................................................................................................................................12
2.3 ltiplos papéis do profissional de RH - modelo de Ulrich ......................................................................15
2.4 Responsabilidade do RH ...................................................................................................................................19
2.5 Responsabilidade dos gestores de área........................................................................................................21
3 ABORDAGEM CONCEITUAL DE COMPETÊNCIAS E SEU FOCO NA GESTÃO DE PESSOAS......24
3.1 A gestão de compencias................................................................................................................................24
3.1.1 Abordagem conceitual de competências ..................................................................................... 24
3.2 Desenvolvimento de compencias das pessoas versus objetivo das organizações........................26
3.2.1 Como profissionais de RH promovem o desenvolvimento das competências das pessoas....... 27
3.2.2 As práticas de RH para desenvolvimento de competências........................................................ 30
3.3 Contribuição do referencial teórico para a pesquisa de campo...............................................................36
4 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 38
4.1 Tipo de pesquisa..................................................................................................................................................38
4.2 Populão, coleta e alise de dados.............................................................................................................39
4.2.1 População..................................................................................................................................... 39
4.2.2 Coleta dados ................................................................................................................................ 39
4.2.2.1 O questionário ........................................................................................................................... 40
4.2.2.2 A entrevista ............................................................................................................................... 41
4.2.3 Análise dos dados ........................................................................................................................ 42
5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 44
5.1 Caracterização dos entrevistados...................................................................................................................44
5.1.1 Gênero.......................................................................................................................................... 45
5.1.2 Faixa etária................................................................................................................................... 45
5.1.3 Área de formação......................................................................................................................... 46
5.1.4 Escolaridade................................................................................................................................. 47
5.1.5 Nível funcional.............................................................................................................................. 47
5.1.6 Tempo de trabalho com RH ......................................................................................................... 48
5.1.7 Maior cargo do responsável pelo RH........................................................................................... 49
5.1.8 Quantidade de funcionários ......................................................................................................... 49
5.1.9 Perfil por grupos de profissionais................................................................................................. 50
5.2 Alise dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH segundo Ulrich (1998)...................51
5.2.1 Análise de confiabilidade da escala ............................................................................................. 52
5.2.2 Análise geral dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH (Ulrich, 1998).................. 52
5.2.2.1 Análise geral dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH (Ulrich, 1998) de acordo
com os grupos de RH............................................................................................................................ 55
5.2.3 Análise isolada das principais práticas adotadas pelos profissionais de RH (ULRICH, 1998) ... 56
5.2.3.1 Estratégia de Recursos Humanos (ERH) ................................................................................. 57
5.2.3.2 Infra-estrutura da empresa (IEE) .............................................................................................. 59
5.2.3.3 Intérprete dos funcionários (IF) ................................................................................................. 61
5.2.3.4 Transformação e da Mudança (TM).......................................................................................... 63
5.2.4 Cruzamentos dos múltiplos papéis .............................................................................................. 65
5.2.4.1 Tempo de trabalho com RH versus Papéis desempenhados pelos profissionais de RH ........ 66
5.2.4.2 Nível funcional versus papéis dos profissionais de RH ............................................................ 67
5.2.4.3 Maior cargo do responsável pelo RH na hierarquia da organização versus papéis
desempenhados pelos profissionais de RH.......................................................................................... 68
5.2.4.4 Outros cruzamentos.................................................................................................................. 69
5.3 Alise dos aspectos de formação de compencias segundo Fleury e Fleury (2001) .....................70
5.3.1 Validação da escala ..................................................................................................................... 71
5.3.2 Análise geral dos aspectos de formação de competências (FLEURY; FLEURY, 2001)............. 71
5.3.2.1 Análise geral dos aspectos de formação de competências de acordo com os grupos de
profissionais de RH ............................................................................................................................... 73
5.3.3 Análise isolada das principais práticas adotadas pelos profissionais de RH segundo Fleury e
Fleury (2001) ......................................................................................................................................... 75
5.3.3.1 Importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio (PE).............................. 75
5.3.3.2 Políticas adotadas às pessoas para atrair, reter e desenvolver pessoas em alinhamento às
estratégias organizacionais (PO) .......................................................................................................... 77
5.3.3.3 Formação de competência propriamente dita (FC) .................................................................. 78
5.3.4 Cruzamentos dos aspectos de formação de competências ........................................................ 80
5.3.4.1 Tempo de trabalho com RH versus aspectos de formação de competências ......................... 80
5.3.4.2 Nível funcional x aspectos de formação de competências....................................................... 81
5.3.4.3 Cargo mais alto do responsável pelo RH versus Aspectos de formação de competências .... 82
5.3.4.4 Outros cruzamentos.................................................................................................................. 83
5.4 Correlão entre os múltiplos pais e aspectos de formação de compencias ..............................83
5.5 Alise da entrevista...........................................................................................................................................99
CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 103
6.1 Contribuição, limitação e pesquisa futura.................................................................................................. 107
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 108
ANDICES.................................................................................................................................................................97
ANDICE A - Questionário....................................................................................................................................98
ANDICE B - Roteiro para entrevista com executivo .................................................................................. 100
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade atual, em razão das grandes mudanças e dos rápidos
avanços, a necessidade de constante inovação desperta a competitividade e faz
com que a realidade das organizações seja totalmente distinta daquela que era no
início do século passado.
Na busca por melhoria e crescimento, as organizações costumavam
centrar o foco na fidelização de clientes e na concorrência. Atualmente, preocupam-
se também em promover a concorrência por talentos e em fidelizar seus
funcionários.
Por meio da fidelização das pessoas na organização, busca-se diminuir o
turnover e melhorar a satisfação e a produtividade da equipe, visando incrementar a
qualidade técnica e comportamental das pessoas. Isso proporciona a formação de
ter competências mais “apuradas” e focadas no negócio da organização como fator
de diferencial competitivo.
Vivendo em plena Era da Informação, em que predomina a tecnologia, o
capital humano torna-se um elemento crucial para o sucesso das empresas. Surge
um grande desafio para o profissional de RH: tornar claro para as organizações e
para seus gestores que devem assumir uma posição diferenciada em relação às
pessoas.
Dentre as responsabilidades e os papéis desempenhados pelos
profissionais de recursos humanos no desenvolvimento de pessoas, ressaltam-se as
práticas de desenvolvimento das competências das pessoas na organização. Para
Dutra (2004) e Fleury e Fleury (2001), visando a sua evolução, a organização deve
buscar o constante desenvolvimento, focando na valorização de conhecimentos,
habilidades e atitudes (CHA) dos colaboradores por meio do desenvolvimento de
competências.
A gestão de pessoas, com base no desenvolvimento de competências,
torna-se importante para as empresas que visam obter bons resultados. Aquelas
que têm por objetivo o sucesso buscam agregar valor à organização por meio do
desenvolvimento das pessoas.
2
Esta dissertação buscou explicitar a contribuição do gestor/profissional de
recursos humanos para o desenvolvimento das competências das pessoas dentro
da organização.
1.1 Problema
As organizações estão inseridas num ambiente dinâmico e competitivo.
Torna-se necessário adotar um modelo de gestão de pessoas voltado para os
objetivos que desejam atingir.
É cada vez mais relevante a necessidade de aprofundar-se nos estudos
sobre desenvolvimento de competências e sua contribuição para a gestão focada no
desenvolvimento das pessoas.
Considerando as responsabilidades e os papéis desempenhados pelos
profissionais de recursos humanos no desenvolvimento de pessoas, a pergunta que
norteia o trabalho é: Qual é a percepção do profissional de RH sobre a sua
contribuição para o desenvolvimento de competências individuais na organização?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
A partir da questão exposta, a pesquisa buscou identificar a contribuição
dos profissionais de RH para o desenvolvimento das competências individuais nas
organizações. A pesquisa foi realizada sob a ótica dos profissionais de RH,
participantes de grupos de estudos e de discussão sobre assuntos inerentes ao RH,
em Belo Horizonte.
3
1.2.2 Objetivos específicos
Identificar os vários papéis do profissional de RH nas empresas, com
base no modelo de Ulrich (1998), (Administração da estratégia de RH;
Administração da Infra-estrutura da Empresa; Administração da
contribuição do funcionário; e Administração da transformação e da
mudança);
Identificar as práticas adotadas pelo profissional de RH para promover o
desenvolvimento de competências, tendo por base os indicadores de
desenvolvimento de competências propostos por Fleury e Fleury (2001)
(Importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio;
Políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver pessoas em
alinhamento às estratégias organizacionais; e Formação de competência
propriamente dita); e
Avaliar a ação estratégica do RH versus posição hierárquica do RH.
1.3 Contribuição do trabalho
Este trabalho investigou a contribuição do profissional de RH para o
desenvolvimento das competências individuais nas organizações.
Este estudo torna-se importante para a organização, pois a administração
com base no desenvolvimento de competências resulta no desenvolvimento das
capacitações dos seus funcionários, sendo de suma importância desenvolver as
habilidades dos colaboradores da empresa e promover sua aprendizagem contínua,
para fomentar a vantagem competitiva.
A grande contribuição deste trabalho consiste em esclarecer o grau de
importância do papel dos profissionais de RH. Assim, amplia-se a aplicação do
conhecimento para profissionais de RH de organizações públicas ou privadas.
4
Na área acadêmica, a discussão deste tema também tem importância
para a atuação dos docentes de disciplinas do curso de Gestão de Recursos
Humanos e afins.
1.4 Estrutura do trabalho
Este estudo foi dividido em seis capítulos, incluindo esta Introdução em
que se apresentam os objetivos, a contribuição do trabalho e sua estrutura.
No capítulo 2 faz-se uma abordagem conceitual da evolução temporal e
histórica do RH, contemplando a teoria das organizações e os desafios e
oportunidades instauradas na gestão de pessoas. Discute-se o novo RH sob o
prisma de temas atuais e relevantes, considerando múltiplos papéis do profissional
de RH, modelo elaborado por Ulrich (1998). Por fim, descrevem-se as
responsabilidades do RH e do gestor de área sob os recursos humanos da
organização.
No capítulo 3, focalizam-se os conceitos de competência. A partir do
conhecimento de conceitos relevantes, este capítulo centra-se o tema essencial do
trabalho: a gestão de pessoas e o foco na gestão de competências. Formulam-se
questões importantes sobre o desenvolvimento de competências das pessoas e os
objetivos a serem alcançados pelas organizações. Também, descreve-se como os
profissionais de RH promovem o desenvolvimento das competências das pessoas e
as práticas de RH adotadas para desenvolvimento de competências.
No capítulo 4, explica-se a metodologia adotada, assim como os aspectos
que deram suporte a pesquisa.
No capítulo 5, faz a apresentação e análise dos resultados da pesquisa.
No capítulo 6 explicitam-se as conclusões obtidas com o trabalho.
5
2 A GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
“Há iniciação e inovação quando a mudança exige a elaboração e
avaliação de novos programas de ação que até então não faziam
parte do repertório da organização.”
(James March / Hebert Simon, 1967, p. 217)
Por atuar em um ambiente tão dinâmico e diversificado, as organizações
precisam adequar-se às variações do ambiente para acompanhar o mercado e suas
tendências. Pode-se considerar que um dos maiores desafios para os gestores
consiste em administrar mudanças organizacionais e estimular, de forma constante,
a inovação. Torna-se necessário, enfim, transformar as empresas em organizações
inovadoras, para que possam sobreviver no mercado.
Para Morgan (1996), existem vários tipos de organizações, que vivem em
diferentes ambientes. Algumas adaptam-se bem, outras vivem em ambientes mais
turbulentos e competitivos. A partir dessa visão, abalou-se a teoria mecanicista,
cujas questões concretas ficaram em segundo plano. Passou-se a dar maior ênfase
à análise do processo de adaptação da organização ao ambiente, à sobrevivência e
à eficácia organizacional.
Neste contexto de inovações constantes e de um mercado cada vez mais
exigente, as empresas concorrem entre si por clientes, por mercados e, agora
também, por talentos humanos.
Essa nova realidade permite avaliar o valor do capital intelectual nas
organizações, com reconhecimento relevante da sua importância e das suas
competências como fonte de vantagem competitiva sustentável.
De acordo com vários autores como Ulrich (2000), Wood Jr (2004) e
Fisher
1
(1998), a forma como as organizações praticam a gestão das pessoas será
essencial para acompanharem a velocidade dos avanços e do mercado, tornando as
competências fator importante para que alcancem sucesso ou, pelo menos,
sobrevivam neste moderno ambiente.
1
FISHER, A. L. A constituição do modelo competitivo de gestão de pessoas no Brasil: um estudo
sobre as organizações consideradas exemplares. 1998. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 1998.
6
Taylor (1911), nas suas investigações sobre o aproveitamento eficaz dos
seres humanos nas organizações industriais, propõe uma análise da interação entre
as características humanas e os ambientes sociais e funcionais criados pelas
organizações. Os estudos de Taylor ficaram restritos às limitações da própria época,
entre 1907 e 1947, tendo em vista os problemas específicos com que se defrontava
a indústria. Mas são importantes para iniciar um estudo histórico sobre a evolução
da gestão de pessoas mediante a contribuição da análise organizacional feita pela
ciência administrativa clássica.
March e Simon (1967) também mencionam Weber
2
(1946-1947), que
orientava em seus estudos não apenas para o estudo das “burocracias”, mas
também para os resultados da organização burocrática. Para isso, fazia uso dos
elementos da estrutura burocrática, como a divisão de tarefas, e também das
especializações. Weber ultrapassa o modelo da “máquina” e analisa a relação entre
“o funcionário e o escritório”. Ele a burocracia como um instrumento destinado à
utilização de habilitações especializadas.
Segundo Morgan (1996), consciência que não existe a melhor forma
de organizar, que depende do tipo de tarefa ou do ambiente no qual se está lidando.
Os diferentes enfoques da administração devem ser necessários para desempenhar
diferentes atividades em uma mesma organização. Tipos diferentes de organizações
são necessários em diferentes tipos de ambientes.
Quando a situação interna de uma organização ou as condições em torno
dela se modificam de tal forma que cheguem a afetar desfavoravelmente o
equilíbrio entre incentivos e contribuições, pondo em risco a sobrevivência da
organização, os seus membros integrantes poderão promover mudanças nas
atividades e o acréscimo de novas atividades, numa tentativa de restabelecer
um equilíbrio favorável. Normalmente, quem assume a responsabilidade
pelas adaptações necessárias é o grupo de participantes denominado
“gerência” ou administração [...]. (MARCH; SIMON, 1967. p. 135).
Morgan (1996) sustenta que o modo de raciocinar a respeito da
organização influencia o modo pelo qual é empreendido o processo de organização.
É possível desenvolver e ampliar a própria habilidade de ler a organização. A ampla
variedade de leituras leva a criar uma ampla variedade de possibilidades de ação.
2
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1989.
7
Tavares (2005) cita as limitações técnicas utilizadas na década de 1970,
apontadas também por Prahalad e Hamel (1997), e algumas recentes, nas quais
não há um foco de perspectiva de futuro das organizações.
Em relação às unidades estratégicas de negócios, por exemplo, consideram
pouco provável que as oportunidades futuras enquadrem-se nos seus
limites. Essa é uma responsabilidade de toda a corporação e não apenas
restrita a essas unidades de negócios. As competências, espalhadas por
todas elas, precisam ser integradas e orientadas com o foco voltado para o
futuro (TAVARES, 2005, p. 46).
A aprendizagem organizacional possibilita compreender melhor o que
está ocorrendo em seu ambiente externo e interno, e também a definição de novos
comportamentos, que comprovam a efetividade do aprendizado (FLEURY E
FLEURY, 1997).
Segundo Tavares (2005), a maneira como a informação é transformada
em conhecimento ou seja, a aprendizagem organizacional pode ser revertida em
diferencial competitivo. É responsabilidade também das organizações criar a
capacidade de aprendizado, que não existe um modelo único e linear de
aprendizagem.
Decorre de como a mesma estabelece e estimula o desempenho do papel
de seus colaboradores, de como estes participam da identificação e
resolução dos problemas e como identificam e exploram as oportunidades.
É o exercício voltado para a busca do experimento, do novo, da difusão e
compartilhamento do conhecimento e sobretudo da busca do desenvolvimento
e utilização do potencial dos componentes organizacionais. A ênfase desse
tipo de organização é nas pessoas e no desenvolvimento de equipes
(TAVARES, 2005, p. 50).
Para Wood Jr (2004), as mudanças organizacionais transformaram
também a função de recursos humanos da organização. Devido às renovações e
transformações sofridas pelo sistema capitalista, o modelo taylorista-fordista marcou
a organização do trabalho. Porém, está sendo substituído por sistemas mais
flexíveis e adaptáveis às condições do ambiente atual.
8
2.1 Gestão de pessoas: desafios e oportunidades
Para Fisher
3
(1998), citado por Fleury e Fleury (2001) a gestão de
pessoas é a maneira pela qual uma empresa se organiza para gerenciar e orientar
pessoas no trabalho, por meio de políticas e práticas de gestão.
A gestão de pessoas tornou-se um dos temas mais relevantes da
atualidade, devido a sua importância para o sucesso das organizações. Sua
evolução histórica deixa claro que os recursos humanos têm se mostrado sensíveis
diante das transformações sofridas pelo ambiente.
De acordo com Wood Jr (2004), no início do século passado as
organizações não tinham nem mesmo uma legislação trabalhista e um departamento
de pessoal para acompanhar seus profissionais. Os empregados eram vistos
simplesmente como recursos.
Estabelecer uma linha cronológica da evolução dos recursos humanos
nas organizações não é uma tarefa fácil. A FIG 1 mostra as diferentes características
inerentes a cada período.
3
FISHER, 1998.
9
FIGURA 1Evolução da gestão de pessoas no Brasil
Fonte: Wood Jr (2004), com adaptações.
Para Wood Jr (2004), a partir dessa evolução, as organizações ampliaram
a consciência da importância da contribuição das pessoas e da área de Recursos
Humanos, percebendo-as relevantes para viabilizar o resultado esperado.
Visualiza-se que após meados da década de 1960 essa visão muda,
surgindo um novo RH, voltado mais para a gestão de processos, mudanças e
produtividade.
Nesse novo cenário, as empresas também foram passando,
gradativamente, por estágios de desenvolvimento, fazendo surgir a necessidade de
ter pessoas certas e com a qualificação adequada para executar funções
relacionadas ao seu negócio.
Período
Fase
Características
Antes de 1930
Pré
-
juridico
-
trabalhista
de departamento pessoal
Descentralização das funções
Década de 30
a 50
burocrática
Advento da legislação trabalhista
Surgimento de
departamento pessoal
para atender às exigências legais
Década de 50
e 60
tecnicista
Implantação da indústria
automobilística
Implementação dos subsistemas de RH
Preocupação com a eficiência e o
desempenho
Meados da década
de 60
sistêmica
Surg
imento da gerência de RH e do
responsável de relações industriais
Integração dos enfoques
administrativos, estruturalista e
comportamental
Década de 80
e 90
transformativa
Reformas estruturais profundas
Migração da ARH para as áreas
operacionais
Surgi
mento do movimento da qualidade
Heterogeneidade
Anos 2000
gestão estratégica
Desempenho dos múltiplos papéis do
RH: Parceiro estratégico; especialista
administrativo; agente de mudança; e
contribuição dos funcionários
10
É necessário que a organização busque um modelo de gestão
abrangente, com princípios voltados para a compreensão da sua realidade, assim
como as ações necessárias para se aprimorar.
Observa-se a dificuldade que as organizações têm de perceber que toda
mudança exige um processo ágil de comunicação e também educativo. O objetivo é
auxiliar na adequação funcionário versus exigência do mercado, tornando a empresa
mais competitiva.
“Comparada à hierarquia das décadas passadas, a nova organização
distingüi-se pela ambigüidade, por menos fronteiras e pela comunicação mais
rápidas [...]” (MEISTER, 1999, p. 2).
Muitas empresas estão se aprimorando por meio da gestão de pessoas.
O desenvolvimento de pessoas pelas organizações tem sido crucial para a obtenção
de bons resultados, que o capital intelectual tem grande importância ao agregar
valor para as empresas.
O fator humano é muito importante em uma organização, de acordo com
Wood Jr (2004). É por intermédio das pessoas e de suas competências que é
possível conquistar e manter um bom resultado no mercado.
“[...] a empresa do século vinte e um existe em uma economia em que
mais e mais o valor agregado será criado pelo capital humano(MEISTER, 1999, p. 2).
Segundo Meister (1999), é esperado que os trabalhadores contribuam em
tudo e tenham condições técnicas e capacidade analítica. Para isso, é essencial
conscientizá-los da importância dos seus resultados para organização ou seja, criar
na organização uma cultura direcionada para os resultados, uma cultura voltada
para o seu negócio.
Os funcionários de uma organização oferecem suas competências como
fonte de vantagem competitiva, tornando possível um alinhamento da capacidade de
trabalho com as estratégias organizacionais. Mas existe um grande desafio neste
aspecto para as organizações, que é focar em aprendizado (MEISTER, 1999).
A área de Recursos Humanos vem demonstrando acompanhar o novo
ritmo de mudanças do mundo corporativo, desenvolvendo ações que podem
antecipar visões de futuro. Em função disso, busca ampliar seus conceitos sobre os
negócios da organização, e as áreas operacionais tornam-se seus aliados (ULRICH,
1998).
11
Neste panorama, o RH tem um grande desafio: fazer da melhor maneira
possível com que os recursos humanos agreguem competitividade à organização.
Segundo Ulrich (2000), no início da década de 1980 as teorias sobre
práticas de RH se agrupavam em quatro categorias: recrutamento e seleção;
desenvolvimento; avaliação; e recompensas. A partir do final da década de 1980 e
início da cada de 1990 começou um movimento para ampliação deste modelo
teórico e prático, o qual abrangeu também o desenvolvimento organizacional e a
comunicação.
Visando ao desenvolvimento organizacional, as empresas oferecem
estímulos aos funcionários para despertar o interesse deles para uma parceria em
busca da melhor e maior produtividade no mercado.
Para estimulá-los, é necessário que a organização faça a descoberta
sobre o que motiva o funcionário, perguntando ao próprio funcionário e considerando
que existem necessidades e interesses diferentes entre as pessoas da organização.
As organizações precisam ter meios para estimular que os funcionários tenham
atitudes positivas no trabalho.
De acordo com Brum (2005), não são necessárias práticas com alto custo
ou entrar em desacordo com a política de gestão da empresa. A motivação torna-se
decorrente de procedimentos bem mais simples.
Zarifian (1996-2001) também mencionam os estímulos e incentivos
necessários para aumentar a motivação do indivíduo em relação ao sentido que ele
dá a sua atividade profissional.
É perceptível um novo tempo para as organizações e, conseqüentemente,
para a gestão de pessoas. O valor está direcionado aos relacionamentos e à
consideração das necessidades e dos direitos das pessoas.
Com objetivos tão ousados, é sugerido também um RH ousado, que
participe e atue com uma gestão de pessoas com base nas estratégias da
organização. Para isso, é necessário que o RH se desgarre de atividades
operacionais e adote atividades mais estratégicas.
12
2.2 RH na atualidade
Ulrich (1998) aborda oito desafios que podem fazer a diferença na área
de Recursos Humanos para obter o sucesso e “alavancar” à competitividade,
proporcionando às empresas condições de destacar em relação a seus concorrentes,
alcançando resultados e tornando-se cada vez mais competitivas no mercado.
De acordo com Ulrich (1998), os desafios o: globalização; cadeia de
valor para a competitividade empresarial e os serviços de RH; lucratividade entre
custo e crescimento; foco na capacidade; mudança de parâmetros; tecnologia;
competência e capital intelectual; e reversão.
Globalização. Estabelecimento de novos mercados e produtos, novas
mentalidades, competências e maneira de pensar sobre os negócios.
Para acompanhar esta tendência, o RH deve criar modelos e processos
para alcançar agilidade, eficiência e competitividade globais. Neste
contexto, os gerentes operacionais e profissionais de RH devem criar
maneiras de pensar as organizações.
Cadeia de valor para a competitividade empresarial e os serviços de
RH. Implica a criação e operação de organizações que sejam mais
sensíveis ao consumidor, incluindo inovação, decisões rápidas, liderança
de preço ou valor em um setor e vinculação efetiva com fornecedores e
vendedores para formar uma cadeia de valor para os consumidores.
Dessa forma, surge um direcionamento das práticas de RH para a cadeia
de valor. Ou seja, as práticas internas devem ser aplicadas a
fornecedores e consumidores externos.
Lucratividade entre custo e crescimento. Os três caminhos para o
crescimento apresentados por Ulrich (1998) apresentam implicações para
o RH. O primeiro é o crescimento mediante a influência dos
consumidores. Torna-se necessário para as organizações que buscam
influenciar os consumidores, treinar pessoal para se conectarem rápida e
facilmente às necessidades deles. O segundo é o fomento de
competências essenciais, criando produtos, sendo necessária a formação
de competências ou equipes de introdução de produtos que, cruzadas,
13
identificam as principais competências e as transformam em produtos
geradores de receita. O terceiro envolve fusões, aquisições ou joint
venture. A compatibilidade financeira e estratégica são visíveis, porém a
cultura pode ser motivo de fracasso após a fusão. Serão grandes os
desafios dos profissionais de RH para alcançar crescimento sem aumentar
custos. É nesta realidade que deverão descobrir novas maneiras de
conceber e aplicar práticas organizacionais e assumir este novo desafio.
Foco na capacidade. As capacidades da organização precisam ser
redefinidas e sustentadas por meio das competências individuais.
Portanto, os profissionais de RH precisam ter ações estratégicas ao
promover o desenvolvimento de novas capacidades. Não basta mais
contratar, treinar ou premiar indivíduos.
Mudança de parâmetros. Torna-se necessário acompanhar as
mudanças com rapidez e tranqüilidade. Os profissionais de RH deverão
ajudar a mediar, participar e aplicar as mudanças organizacionais. Esta
ajuda para mudança diz respeito também aos executivos. O RH deve
desafiar os executivos, “aprender a insistir sem ser insolente, exigir sem
ser descortês e persistir sem ser arrogante” (ULRICH, 1998). Assim,
profissionais que criam organizações que respondem mais rápido que a
concorrência, com mudanças previsíveis ou não, têm maior probabilidade
de sucesso.
Tecnologia. As mudanças tecnológicas afetam as formas de trabalho e o
ambiente de trabalho. Cabe ao profissional de RH e ao gerente fazer as
redefinições necessárias e tornar a tecnologia viável e produtiva neste
novo contexto.
Atração, retenção e mensuração da competência e do capital
intelectual. Obtenção e retenção de talentos são essenciais no meio
competitivo. Portanto, empresas bem sucedidas serão aquelas que
atraem, desenvolvem e retêm pessoas com habilidades essenciais ao seu
negócio. Para assegurar o capital intelectual, será importante gerar novas
idéias. Gestores e profissionais de RH devem criar e adotar práticas que
estimulem este aprendizado, bem como mantê-lo atualizado.
14
Reversão. A reversão compreende todos os esforços, como fusões e
reestruturações, de que as organizações lançam mão para reverter os
negócios, com o objetivo de torná-los suaves, velozes e aerodinâmicos.
Contrariamente à organização que altera a imagem fundamental da
organização, está mais voltada para a criação de participação mental do
que participação no mercado. A organização passa a ter imagem similar
para consumidores e funcionários. Este impacto com uma nova
identidade dura mais que a de qualquer produto isolado. Ao concentrar-se
na transformação, gestores e profissionais de RH promovem uma
mudança fundamental e duradoura.
Essa nova visão competitiva implica também uma nova forma de
desempenhar funções e ampliar capacidades, pois este será sempre o grande
diferencial, a eficiência de cada um, mas com um objetivo global: a organização.
É necessário que a área de RH e os profissionais das diversas áreas
estejam alinhados para alcançar um objetivo que é comum: o sucesso
organizacional.
Dessa forma, a área de RH assume um papel importante, que pode ser
primordial para a organização, utilizando suas práticas e processos para construir
organizações competitivas e ajudá-las a se movimentarem rumo ao desenvolvimento
com foco no resultado.
Demo (2005) cita alguns autores como, Walton
4
(2005), Hendry e
Pettigrew
5
(1986), que relacionam a efetividade das pticas de gestão de
pessoas aos resultados organizacionais importantes, enfatizando seu papel
estratégico.
Começa-se então a pensar numa nova postura do profissional de
recursos humanos ou seja, um papel renovado e fundamental nas organizações,
capaz de assumir novas responsabilidades, ao buscar novo entendimento e gerar
desenvolvimento para o capital intelectual.
4
WALTON, R. E. Toward a strategy of eliciting employee commitment based on policies of mutuality.
[s.l.n.], 2005.
5
HENDRY, C.; PETTIGREW, A. The practice of strategic human resource management. Personnel
Review, 1986.
15
Diante deste ambiente organizacional o dinâmico, surge também a
necessidade de um profissional de RH com responsabilidades e papéis que
acompanhem as tendências e necessidades das organizações.
Ulrich (2000) sustenta que a excelência organizacional deverá ser
alcançada por meio do RH da empresa. Nunca se fez tão necessário o RH em uma
organização para a contribuição do enriquecimento de valores, permitindo que as
empresas alcancem desafios competitivos.
De acordo com Ulrich (1998), o RH assume múltiplos papéis, descritos, na
FIG. 2:
FIGURA 2Papéis de RH na construção de uma organização competitiva
Fonte: Ulrich (1998).
Com estes novos papéis, segundo Ulrich (1998), os profissionais de RH,
devem ser ao mesmo tempo estratégicos e operacionais, com atividades que se
estendem desde a administração de processos à administração de pessoal.
2.3 Múltiplos papéis do profissional de RH - modelo de Ulrich
De acordo com Ulrich (1998), os quatro papéis desempenhados pelos
profissionais de RH para obter resultados para a empresa exigem novas maneiras
FUTURO / ESTRATÉGICO
FOCO
PROCESSO PESSOAL
COTIDIANO OPERACIONAL
FOCO
Administração de
Estratégias de
Recursos Humanos
Administração da
Infra-estrutura da
Empresa
Administração da
Contribuição dos
Funcionários
Administração da
Transformação e
da Mudança
16
de pensar e de fazer do RH. Ele descreve a importância da área de RH e afirma que
sua tarefa deve ser obter resultados que assegurem a competitividade da
organização.
Para Ulrich (1998), os ltiplos papéis para o profissional de RH são:
Parceiro Estratégico, Especialista Administrativo, Defensor do Funcionário e Agente
de Mudança.
De acordo com Coutinho (2004), é importante considerar questões
relacionadas à tradução da obra de Ulrich (1998), em que o termo Contribuição dos
Funcionários tem uma melhor tradução, mesmo que ainda não perfeita, como
Intérprete das Necessidades dos Funcionários. Com base nesta observação, será
utilizada a proposta de nomenclatura de Coutinho (2004) nesta dissertação.
Segundo Ulrich (1998), os múltiplos papéis são igualmente importantes
para a organização, mas é importante considerar três pontos neste modelo: a) metas
a serem atingidas em cada papel; b) metáfora, significando a imagem de cada papel;
e c) atividades do profissional de RH. Pontos e papéis, resumidos na FIG. 3:
17
Papel/Função Resultado Metáfora
Atividade
Administração
de Estratégias
de Recursos
Humanos
Execução da
Estratégia
Parceiro
Estratégico
Administração
da Infra-
estrutura da
Empresa
Construção de uma
infra-estrutura
eficiente
Especialista
Administrativo
Reengenharia dos
Processos de
Organização:
‘Serviços em
Comum
Administração
da contribuição
dos
funcionários
Aumento de
envolvimento e
capacidade dos
funcionários
Interprete dos
Funcionários
Ouvir e responder
aos funcionários:
‘Prover recursos aos
funcionários’
Administração
da
Transformação
e da Mudança
Criação de uma
organização
renovada
Agente de Mudança
Gerir a
transformação e a
mudança: ‘Assegurar
capacidade para
mudança’
FIGURA 3Definição dos pais de RH
Fonte: Ulrich (1998)
Coutinho (2004) pesquisou o papel do profissional de RH sob o ponto de
vista dos funcionários, dos gerentes e do próprio RH.
Na pesquisa realizada, os
funcionários do RH avaliaram seus serviços com a melhor nota global possível.
Apesar de esses profissionais citarem entre seus pontos fracos a falta de
estabelecimento de metas e se sintam ameaçados em relação à falta de informação
sobre a missão e as metas da organização, atribuem a si a melhor nota de todas as
médias e de todos os grupos avaliados à do papel de Parceiro Estratégico.
O comentário que Coutinho (2004) faz a este resultado apóia-se na
probabilidade de o grupo dos profissionais já ter de si mesmo esta imagem. Isso por
ter iniciado atividades de planejamento estratégico. Contudo, a pesquisa também
aponta que essa imagem de Parceiro Estratégico não é percebida pelo grupo dos
gerentes e supervisores.
Ajuste das
estratégias de
RH à estratégia
empresarial:
‘Diagnóstico
Organizacional’
18
Em sua pesquisa, Coutinho (2004) conclui que uma percepção
diferenciada dos diversos papéis do RH sob a ótica dos profissionais de RH e do
gestores da organização. Sugere à organização uma maneira de aproximar essas
duas visões.
A aproximação dessa visão pode ser feita mediante a reflexão sobre o
compartilhamento da responsabilidade de gerentes de área e de profissionais de
recursos humanos com a gestão de pessoas. Tanto o RH como os gestores de área
têm papéis importantes para direcionar as pessoas a realizar os objetivos da
organização.
Para Ulrich (1998), o RH deve ter um papel em que ocorra um ajuste das
suas práticas à estratégia da organização. Desta forma, é possível que o profissional
se torne um parceiro estratégico da organização, podendo contribuir para o sucesso
da empresa e para aumentar sua capacidade para alcançar seus objetivos.
Os profissionais de RH tornam-se parceiros estratégicos quando participam
do processo de definição da estratégia empresarial, quando fazem
perguntas que convertem a estratégia em ação e quando concebem práticas
de RH que se ajustem à estratégia empresarial (ULRICH, 1998, p. 43).
Segundo Ulrich (2000), os esforços para as organizações alcançarem sua
excelência devem ser concentrados na forma como trata seu pessoal, a partir da
ênfase dada à aprendizagem, à qualidade e ao trabalho em equipe.
Pressupõe-se a grande necessidade do RH nas organizações. A partir da
literatura sobre o novo papel do RH, deve-se pautar na necessidade de focalizar os
negócios e resultados da organização, e não um RH que tenha apenas
responsabilidade sobre as atividades tradicionais, como contratar e remunerar.
Para Vieira de Carvalho e Nascimento (1993), o RH deve ser um
instrumento efetivo de integração organizacional, constituindo recursos que
contribuam para que a empresa atinja seus objetivos. E, ainda, enfatizam que o RH
não pode estar dissociado aos propósitos centrais da empresa.
Faz-se necessário, de acordo com Tavares (2005), que a maior
responsabilidade das organizações que desenvolvem um planejamento estratégico
seja promover e envolver toda organização para a capacidade de aprendizado.
19
Essa idéia de Tavares (2005) é complementada com a de Demo (2005),
ao citar Legge
6
(1995), quando menciona que as políticas de gestão de pessoas
devem ser integradas ao planejamento empresarial estratégico e que devem ser
utilizadas para fortalecer a cultura organizacional, que os recursos humanos são
valiosos e constituem uma fonte de vantagem competitiva.
Ulrich (2000) diz que as organizações bem sucedidas são aquelas que
têm a capacidade de transformar suas estratégias em ações geradoras de
resultados. Esta não é uma atividade cil, mas qualquer que seja o ramo, tamanho
ou localização, requerem que as organizações tenham ações que desenvolvam
novas capacidades.
Para Ulrich (1998), a estratégia ocorre com o objetivo de articular a
organização com direcionamento para o futuro e de alocar recursos de acordo com
suas prioridades de realização e elaboração de um planejamento desta realização
estratégica. Porém, é necessário cuidar da implementação da estratégia, que se
torna possível com o ajuste entre estratégia às práticas da organização.
Wood Jr (2004) descreve o “Paradigma da Complexidade” como algo que
corresponde justamente a essa nova percepção organizacional. Este novo conceito
implica uma nova forma de percepção e compreensão das organizações e dos
novos desafios que permeiam as práticas organizacionais, incluindo o RH e suas
ações, como meio de transformação das organizações.
Esse contexto, segundo Ulrich (2000), não está sistematizado nas
organizações de “quem” é a responsabilidade para desenvolver as capacidades,
mas sugere que este vácuo seja uma oportunidade para atuação do RH.
2.4 Responsabilidade do RH
De acordo com Zarifian (2001), as organizações de países ocidentais
espelharam-se no sucesso de empresas japonesas para reverem seus conceitos e
aplicações sobre a organização do trabalho e sobre a gestão de recursos humanos.
6
LEGGE, K. Human resource management: rhetorics and realities. Londres: Macmillan, 1995.
20
“A gestão de recursos humanos, preconizando que as políticas de gestão
de pessoal não deve ser passivamente integradas às estratégias de negócio, mas
devem ser parte integrante dessa estratégia” (ZARIFIAN, 2001, p. 62).
Segundo Demo (2005), ao definirem o papel da gestão de pessoas,
Osborn, Hunt e Schermerhorn
7
(2001) entendem que o planejamento estratégico de
recursos humanos deve compreender o processo de preparar pessoas. Isso para
que sejam capazes e estejam motivadas a realizar objetivos requeridos pela
organização.
Demo (2005) cita Mathis e Jackson
8
(2003), que atestam o
relacionamento entre meta organizacional e gestão de pessoas. Os autores afirmam
que os recursos humanos da organização devem ser utilizados para conquistar e
manter a vantagem competitiva. E que os recursos humanos possuem a ‘core
competency’; ou seja, constituem a competência essencial, a capacidade
organizacional que agrega valor e diferencial às demais organizações.
Para Ulrich (2000) os profissionais de RH devem ajudar seus principais
clientes (gestores de área) a transformar estratégias em capacidades. Portanto,
alcançar a excelência organizacional também deve ser tarefa do RH.
[...] Se a capacidade da organização tornou-se fonte de competitividade, e
se os gerentes e os profissionais de RH devem defender a capacidade da
organização, então é necessário que surja uma nova proposta, em termos
de metodologia de trabalho [...] (ULRICH, 1998, p. 15).
Segundo Zarifian (2001), um dos pontos que marcam este novo enfoque
dado ao RH é a atribuição da importância ao desenvolvimento como um recurso
fundamental para a consecução das estratégias organizacionais. Outros pontos
seriam: o desenvolvimento em equipe e a gestão da cultura organizacional.
O profissional de RH deve assumir uma posição e agir para conseguir
resultados, produzindo medidas para o sucesso, esforçando-se para desenvolver
práticas para competências.
Zarifian (1996) argumenta que as empresas se modernizam de duas
maneiras: na condução do trabalho em equipes e com a introdução de critérios de
7
OSBORN, R.; HUNT, J; SCHERMERHORN, J. Fundamentos de comportamento organizacional. 2.
ed. São Paulo: Bookman, 2001.
8
MATHIS, R. L..; JACKSON, J. H. Human resource management. 10. ed. Ohio: South-
Western/Thomson, 2003.
21
responsabilidade e autonomia. Em contrapartida, também há a necessidade de
aumentar a complexidade do trabalho e a confrontação aos eventos com as normas
diante do imprevisível.
Neste momento, surgem novos desafios para o profissional de RH:
proporcionar condições, ambiente e meios necessários para o desenvolvimento das
pessoas.
Para Zarifian (1996), a complexidade do trabalho está relacionada
diretamente à complexidade da performance diante dos eventos, mais do que com a
complexidade técnica. Ou seja, a performance diante do ocorrido de forma
surpreendente, sendo necessário resolver no ato os múltiplos problemas surgidos,
mesmos aqueles imprevistos.
Segundo Zarifian (1996), estas teriam sido as causas do surgimento do
tema “competência”, as quais apontam em seu conceito:
a) Assumir responsabilidades, ter atitude social, tentar obter a
performance.
b) Exercício sistemático de uma reflexividade no trabalho com
questionamentos constantes da forma de trabalhar.
De acordo com Ulrich (1998), a eficácia da empresa resulta do
desenvolvimento do capital intelectual, e esta responsabilidade e seus resultados
também devem ser transferidos para os gestores de área.
2.5 Responsabilidade dos gestores de área
Segundo Ulrich (1998), o RH estratégico deve vincular processo e prática
de RH às estratégias organizacionais e deve ser utilizado pelos gestores de linha
para aplicação das estratégias.
O que fazem os profissionais de RH é agregar valor às áreas. Para isso, é
necessário compreender bem os negócios e o modo de contribuição do RH.
De acordo com Ulrich (2000), em todos os níveis de uma empresa, os
líderes precisam valorizar e dedicar-se à vitória, construindo organizações que
22
mudam, aprendem e se movimentam mais rápido que suas concorrentes. Para isso
precisam encarar as práticas de recursos humanos como fonte de vantagem
competitiva.
Portanto, não o RH, mas também os líderes precisam ser capazes de
criar capacidades organizacionais, identificar competências cruciais ao sucesso da
empresa e aplicar práticas de RH que possam desenvolver as competências.
Ao compreender a importância dessa mudança, os profissionais de RH e
os gerentes de linha podem ter uma forte aliada: a vantagem competitiva. Os
recursos humanos serão fonte de valor para a obtenção dos objetivos da
organização.
“Os gerentes de linha investem na função de RH por meio do RH
estratégico, que cria um processo para passar da estratégia empresarial para a
capacidade organizacional e para a prática do RH” (ULRICH, 1998, p. 233).
Segundo Ulrich (1998), torna-se importante ajustar as perspectivas de RH
e a dos gestores de linha por meio da análise dos resultados obtidos. Isso poderá
contribuir para um melhor entendimento da função de RH e as expectativas
organizacionais. Ao obter bons resultados, é adicionado valor para a organização,
por meio de ações paralelas assumidas pelo RH e por gerentes de linha.
Os gerentes de linha também fazem a gestão de pessoas, e não somente
dos processos de área. Têm também a responsabilidades de proporcionar da melhor
forma a condução das pessoas em direção aos objetivos da organização.
“Neste contexto, a função de recursos humanos deixa de ser própria e
exclusiva de áreas específicas dentro das organizações e está migrando para as
áreas operacionais” (WOOD Jr, 2004, p. 268).
Vale salientar que para Ulrich (1998) o trabalho da gestão de pessoas
deve gerar uma empresa competitiva, e os profissionais de RH devem possuir
responsabilidade e autoridade específicas que garantam resultados. E, ainda, os
profissionais de RH e os gerentes de linha devem encarar essa função da mesma
maneira e devem construir uma parceria.
“As parcerias confirmam que, embora ambas as partes tragam
competências únicas para sua tarefa conjunta, a combinação de suas habilidades é
mais que a soma das duas partes” (ULRICH, 1998, p. 285).
A responsabilidade do desenvolvimento de competências também deve
ser compartilhada. Essa é uma ação conjunta do RH e da área, devendo ter foco
23
nos negócios da organização e no desenvolvimento de capacidades essenciais
necessárias à eficácia organizacional.
De acordo com Ulrich (2000), na busca do sucesso várias empresas têm
abandonado estruturas hierárquicas antigas, organizando-se em padrões
específicos, pelos qual seu intelecto cria valor. Isso faz romper com o pensamento
tradicional e buscar novas práticas de RH.
Na maioria das organizações eficazes observam-se algumas práticas
para o gerenciamento do “intelecto”: recrutar os melhores, forçar um
desenvolvimento intensivo, aumentar constantemente os desafios profissionais,
superar a relutância dos profissionais em compartilhar informações e organizar-se
em torno do intelecto (ULRICH, 2000).
Para Dutra (2004), as competências tendem a ser contribuições das
pessoas para as empresas, como forma de interação com o ambiente e
conseqüentemente, da ampliação da competitividade no mercado. Assim, é
importante o surgimento da gestão de pessoas alinhadas às necessidades da
organização e das pessoas.
24
3 ABORDAGEM CONCEITUAL DE COMPETÊNCIAS E SEU FOCO
NA GESTÃO DE PESSOAS
A maneira de se construir o futuro depende das ações que se
desenvolvem no presente.
TAVARES, 2005, p. 50
3.1 A gestão de competências
De acordo com Fleury e Fleury (2001), a década de 1990 trouxe
crescentes desafios, competitividade e globalização, o que levou à necessidade de
um alinhamento entre as políticas de RH e as estratégias empresariais. Incorporou-
se à prática organizacional o conceito de competência, como uma das bases do
modelo para gerenciar pessoas.
Os desafios estratégicos mais relevantes na gestão de pessoas tornam-
se a capacidade de atrair e reter talentos e a de gerir conhecimentos e
competências. As principais tendências na gestão de pessoas referem-se à
importância do desenvolvimento e à necessidade de comprometimento com as
estratégias da empresa.
3.1.1 Abordagem conceitual de competências
Segundo Fleury e Fleury (2001) o conceito de competências deve ter seu
foco na realidade do trabalho e assumir diversos aspectos ligados ao CHA:
Conhecimento, Habilidades e Atitudes (variáveis de input) e outras ligados à tarefa e
seus resultados (variáveis de output). E, ainda, a partir do conceito de competência,
é revelado o poder de encontrar soluções para os problemas no contexto das
transformações do mundo do trabalho.
Fleury e Fleury (2001) também apontam a diferença entre os conceitos de
qualificação e competência. Qualificação seria definida por requisitos associados à
25
ocupação de um cargo ou, ainda, pelo saber e pelo conhecimento da pessoa,
passíveis de certificação e classificação por um sistema educacional. Competência
tem seu conceito ampliado. Refere-se à capacidade para assumir iniciativa, ir além
do esperado na realização das tarefas e ter compreensão e domínio nas novas
situações do trabalho.
“A competência não se limita, portanto, a um estoque de conhecimentos
teóricos e empíricos detidos pelo indivíduo, nem se encontra encapsulada na tarefa”
(FLEURY; FLEURY, 2001, p. 19).
É possível assumir a competência como inteligência prática das
situações, com apoio dos conhecimentos. Fleury e Fleury (2001) fazem a seguinte
definição de competência:
Definimos, assim, competência: um saber agir responsável e reconhecido,
que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos,
habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao
indivíduo (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 21).
A FIG. 4, ilustra definição de Fleury e Fleury (2001):
FIGURA 4Competências como fonte de valor para o indiduo e para a organizão
Fonte: Fleury e Fleury (2001).
Zarifian (2001) também alerta para o que chamam de “competência” e
para as questões que o conceito traz na sua concepção e história. Tradicionalmente
Individuo
Conhecimentos
Habilidades
Atitudes
social
Organização
econômico
Agregar valor
Saber agir
Saber mobilizar
Saber transferir
Saber aprender
Saber engajar-se
Ter visão estratégica
Assumir responsabilidades
26
denominam competência práticas que definem a capacidade que um indivíduo deve
ter para ocupação de um cargo.
A competência é realmente a competência de um individuo (e não a
qualificação de um emprego) e se manifesta e é avaliada quando de sua
utilização em situação profissional (na relação prática do indivíduo com a
situação profissional, logo, a maneira como ele enfrenta essa situação está
no âmago da competência) (ZARIFIAN, 2001, p. 67).
Para Zarifian (2001) a competência é manifestada por meio de uma
atividade prática. A partir dela é possível uma avaliação das competências utilizadas.
De acordo com Dutra (2004), as competências podem ser atribuídas às
organizações e às pessoas. No tocante às organizações, as competências resultam
do processo de desenvolvimento da própria organização e do seu patrimônio de
conhecimentos, resultando em vantagem competitiva. as pessoas são
possuidoras de um conjunto de competências, que podem ser aproveitadas pelas
organizações ou não.
Zarifian (2003) faz uma menção sobre qualificação e competências,
esclarecendo que não existe oposição dos termos, mas uma relação entre os
conceitos:
Chamamos de ‘qualificação’ o que sobressai dos recursos (em conhecimento,
habilidades, comportamento...) adquiridos por um indivíduo, seja por
formação ou por exercício de diversas atividades profissionais. E de
‘competência’, a utilização desses recursos na prática. A qualificação é a
‘caixa de ferramentas que o assalariado tem. A competência diz respeito à
maneira de utilizar concretamente essa caixa de ferramenta, de empregá-la.
(ZARIFIAN, 2003, p. 35).
3.2 Desenvolvimento de competências das pessoas versus objetivo das
organizações
Observa-se atualmente uma intensificação do volume de trabalho,
decorrente de um enxugamento na estrutura organizacional, aliado à sofisticação
dos mecanismos e potencialização tecnológica. Assim, a pressão no trabalho é
elevada, exigindo do profissional atualização constante e desenvolvimento contínuo.
27
Nas atuais relações de trabalho, como citado por Vergara (2006), o
paternalismo cede lugar ao compartilhamento de responsabilidades, em que as
organizações oferecem oportunidades para o desenvolvimento dos funcionários, e
estes se comprometem com resultados.
Segundo Zarifian (2001), o conceito de competências não deve substituir
o conceito de posto de trabalho, pois o trabalho é a concretização da ação humana,
efetivada pelos indivíduos à medida que são capazes de dominar e aperfeiçoar suas
ações profissionais.
Dutra (2004) menciona que o modelo da administração científica até
então utilizado pelas empresas causa várias distorções, dentre elas a dificuldade
das pessoas se alinharem às necessidades da organização e a dificuldade da
empresa deixar claro suas expectativas em relação às pessoas.
Diante destas dificuldades e das necessidades atuais das organizações,
vários pesquisadores vêm demonstrando preocupação com o estudo do
desenvolvimento de competências (BRAGA, 2003). necessidade de um modelo
de gestão de pessoas articulado por competências, em função não de
competitividade e inovações, pois estas são óbvias, mas também para ter uma
linha conceitual clara para orientação e construção de princípios e gestão de
pessoas (DUTRA, 2004).
3.2.1 Como profissionais de RH promovem o desenvolvimento das competências
das pessoas
Ulrich (1998) diz que gestores de linha e profissionais de RH precisam e
devem ter o entendimento da capacidade organizacional como uma fonte crítica de
competitividade.
É necessário desenvolver e motivar o uso do conhecimento nas
organizações, processo que pode ser um grande mediador da obtenção dos
resultados desejados pela organização, por meio do desenvolvimento de
competências, em um mundo corporativo altamente competitivo.
28
[...] o que nos parece novo na lógica da competência é que a motivação
toca em profundidade a própria personalidade do indivíduo, ativa motivos
profundos porque, na mobilização e no desenvolvimento de suas
competências, é o próprio indivíduo e seu futuro que estão em discussão
(ZARIFIAN, 2001, p. 123).
Para Ulrich (2000), o verdadeiro profissional comanda um corpo de
conhecimento, o intelecto que reside nos cérebros dos profissionais e que funciona
através de quatro níveis:
a) Conhecimento cognitivo (Know-what): domínio sico de uma disciplina que
profissionais absorvem por meio de treinamento;
b) Habilidades avançadas (Know-how): a tradução do que se aprende nos livros
em execução eficaz;
c) Compreensão sistêmica (Know-Why): profundo conhecimento da teia de
relacionamento, causa e efeitos de uma disciplina. Irá permitir que os
profissionais pensem além das tarefas para resolver problemas mais
complexos.
d) Criatividade auto-motivada (care-why): consiste na vontade, na motivação e
na adaptabilidade para o sucesso.
Diante deste cenário, percebe-se a necessidade de ter competências
cada vez mais abrangentes e sofisticadas, por meio de práticas e políticas de gestão
de pessoas. É importante romper com o passado e com experiências tradicionais,
dando lugar ao novo e a soluções criativas, capazes de oferecer as organizações
competências necessárias às demandas do novo ambiente.
Para Hamel e Prahalad
9
(1990), a imagem de uma empresa não deve ser
apenas de um portifólio de produtos e serviços, mas também como um portifólio de
competências, o que faz pensar na dimensão do significado real da gestão de
pessoas para uma organização.
Essa abordagem reflete muito a realidade sobre os riscos, perigos que
empresas têm ao ignorar suas competências e a incapacidade de conceber seus
concorrentes em termos de competências essências.
Segundo Fleury e Fleury (2001), o desenvolvimento de competências
acontece num caminho que se inicia na aprendizagem individual para a
9
HAMEL; PRAHALAD, 1997.
29
aprendizagem em grupo, para a aprendizagem da organização. E descrevem a
aprendizagem:
A aprendizagem pode ser então pensada como um processo de mudança,
provocado por estímulos diversos, mediado por emoções, que podem vir ou
não a manifestar-se em mudança no comportamento da pessoa (FLEURY;
FLEURY, 2001, p. 27).
Zarifian (2001) sustenta que as organizações podem ser repensadas da
forma original, tendo foco:
a) Na maneira de combinar e de regular montagens flexíveis de competências
individuais no interior de redes de trabalho;
b) Na sistematização dos processos de aprendizagem;
c) No sentido que cada pessoa pode dar ao trabalho.
De acordo com Dutra (2004), o processo de desenvolvimento é coerente
com a abordagem por competência. Ao estimular e criar condições para o
desenvolvimento das pessoas e da organização, é viabilizada a definição do
desenvolvimento profissional da pessoa, como a capacidade de assumir atribuições
e responsabilidade complexas, num nível crescente.
Empresas que estimulam a criatividade das pessoas, segundo Ulrich
(2000), são capazes de crescer mesmo diante da velocidade das mudanças e
renovar seu conhecimento cognitivo, habilidades e compreensão sistêmica.
A essência da criação da vantagem competitiva estaria no processo de
geração do conhecimento. Esse processo desenvolve, de forma global, uma postura
de inovação contínua e possibilita a construção de uma vantagem competitiva
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997).
Fleury e Fleury (2001) destacam que a gestão do conhecimento,
transformação do conhecimento tácito em conhecimento explícito, está inserida no
processo de aprendizagem das organizações a partir dos seguintes processos:
aquisição e desenvolvimento de conhecimentos; disseminação; e construção de
memórias, em um processo coletivo de elaboração das competências necessárias à
organização.
30
FIGURA 5Gestão do conhecimento
Fonte: Fleury e Fleury (2001).
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), organizações que desejam lidar com
as mudanças constantes do ambiente precisam criar informação e conhecimento.
Não é suficiente apenas processá-los de forma eficiente. Os membros da
organização devem ser ativos diante da inovação. Não podem ser passivos.
Para Ulrich (1998), as características da organização de aprendizado vão
além da capacidade de gerar idéias e generalizá-las. O profissional de RH deve criar
sistemas que transmitam o conhecimento para toda a organização.
3.2.2 As práticas de RH para desenvolvimento de competências
Dutra (2004), ao tratar da gestão de pessoas, enfoca a transformação das
organizações sofrida ao longo dos últimos vinte anos. Ele aponta a existência atual
de uma preferência nas empresas por um perfil criativo, com visão e busca por
resultados e pessoas orientadas para o desenvolvimento e com comprometimento
integral com a organização.
Essas mudanças não foram acompanhadas na mesma velocidade pelos
conceitos e ferramentas da gestão de pessoas (DUTRA, 2004). Diante deste cenário
Aquisição e
Desenvolviment
o
Memorização
Disseminação
31
confuso, as empresas sabotam seu próprio sistema formal e, conseqüentemente,
perdem a legitimidade e a credibilidade.
Dutra (2004) faz uma crítica pertinente à cultura ocidental ao propor uma
mudança no modo de gerir pessoas e um modelo para substituir o tradicional.
Segundo Dutra (2004) a definição dos conceitos de complexidade e
espaço cultural também aponta para uma evolução na forma de ver competências
que inicialmente era um misto de habilidades e atitudes agora aparece como entrega
requerida aos indivíduos e comportamentos observáveis.
A organização transfere seu patrimônio para as pessoas, enriquecendo-as e
preparando-as para enfrentar novas situações profissionais e pessoais, na
organização ou fora dela. As pessoas, ao desenvolverem sua capacidade
individual, transferem para a organização seu aprendizado, capacitando-a a
enfrentar novos desafios (DUTRA, 2004, p. 24).
O conceito de competências vem permitindo um alinhamento das
expectativas de organização e do individuo. As competências tendem a ser
caracterizadas como uma contribuição das pessoas para a capacidade da empresa
e para sua vantagem diante do mercado.
De acordo com Sant’anna, Kilimnik e Castilho (2004), antigamente a
garantia do emprego resumia-se em trabalhar muito. Hoje, a empregabilidade está
garantida àqueles que investem na qualificação profissional. A partir deste ponto de
vista, os empregadores também podem oferecer aprendizagem no intuito de ter uma
empresa à frente no mercado.
As organizações oferecem oportunidades de desenvolvimento e
capacitação, esperando obter maior produtividade e a qualificação de que precisam
para permanecer competitivas no mercado.
Para Dutra (2004), torna-se importante um modelo de gestão de pessoas
articulado por competências, em que haja coerência e consistência entre processos
e práticas. Ele descreve três práticas:
a) Movimentação das pessoas. Captação de pessoas adequadas às
necessidades da empresa. A empresa moderna está naturalmente inclinada a
estabelecer uma prática mais vinculada aos aspectos observados na
abordagem por competência.
32
b) Desenvolvimento de pessoas. Com processos que estimulam e criam
condições favoráveis para o desenvolvimento das pessoas por meio de ações
de desenvolvimento formais (estruturado mediante conteúdos específicos,
didática, metodologias, etc) e ações de desenvolvimento informais (atuação
no próprio trabalho).
c) Valorização das pessoas. Mediadas pelas recompensas recebidas pelo seu
trabalho.
Fischer
10
(1998), citado por Fleury e Fleury (2001), em concordância com
Dutra (2004), aponta práticas de gestão de pessoas utilizadas por empresas mais
avançadas, como captação, desenvolvimento e remuneração.
Fleury e Fleury (2001) relatam a observação que vem sendo feita por eles
nas empresas ultimamente: a inserção do conceito de competências às práticas de
gestão de pessoas.
Nos tradicionais processos de recrutamento e seleção, novos instrumentos,
novas técnicas vêm sendo empregados, visando identificar pessoas com
potencial de crescimento, flexibilidade para enfrentar os incidentes críticos e
novas demandas das empresas, pensamento estratégico. Os processos de
treinamento e desenvolvimento assumem novos contornos, criando-se
inclusive em algumas empresas o conceito de universidade corporativa; o
ponto-chave desse conceito é que todo o processo de desenvolvimento das
pessoas deve estar alinhado à definição das estratégias de negócio e
competências essenciais da organização. E, por fim, em termos do sistema
de remuneração, algumas empresas começam a desenvolver modelos
próprios, estabelecendo os níveis de competências e a compensação
condizente com cada nível (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 65).
Para Eboli (2001), o comprometimento das organizações com a educação
e o desenvolvimento de talentos dos seus funcionários em relação às suas
estratégias sustentam a vantagem competitiva e aponta a Educação Corporativa
como imprescindível para as empresas que têm interesse em desenvolver seus
talentos e competências visando o sucesso.
Segundo Fleury e Fleury (2001), a função do RH deve definir suas
políticas e práticas em torno das estratégias do negócio da organização. Isto implica
em ter práticas mais modernas e adequadas ao atrair, reter e desenvolver talentos.
10
FISHER, 1998.
33
Fleury e Fleury (2001) mostram indicadores da gestão de pessoas (FIG.
6) que possibilitam apreender como as empresas gerenciam seus funcionários para
a formação das competências:
FIGURA 6Gestão de recursos humanos para a formação de competências
Fonte: Fleury e Fleury (2001)
De acordo com a proposta de Fleury e Fleury (2001) (FIG. 6) devem-se
considerar três aspectos e seus indicadores, respectivamente:
1º) Importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio
a) Posição do responsável de RH na hierarquia da organização. Quanto mais
elevado o nível hierárquico, maior a probabilidade de as pessoas serem
consideradas fator estratégico e de o gestor de RH ter voz ativa.
b) Ter políticas de RH documentadas e atualizadas.
2º) Políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver pessoas em alinhamento
às estratégias organizacionais
a) Sistema de remuneração: adotar um modelo tradicional, baseado na estrutura
do cargo, indica que processo de captação e retenção fundamenta-se nos
Gestão de
Recursos
Humanos
Formação de
Competências
para
* Políticas de RH
documentadas e
atualizadas.
*
rotatividade
*Investimento em
treinamento e
desenvolvimento
* nível
educacional.
* nível educacional
das funções-chave;
*sistema de
remuneração
*Estratégia de
participação;
* Importância na
definição de
estratégias;
34
requisitos do cargo; se adota um modelo misto, significa um movimento de
mudança para estratégia de remuneração variável.
b) Estratégia de participação: ao adotar sistemas de participação de
funcionários, desde as caixas de sugestões aos grupos de melhoria, uma
disposição em desenvolver propostas de melhoria contínua e aprendizagem
entre os funcionários.
c) Índice de rotatividade: capacidade da empresa em reter funcionários.
3º) Formação de competência propriamente dita
a) Nível educacional de seus funcionários: nível educacional dos funcionários,
como indicador de conhecimento formal, considerado necessário para a
construção das competências organizacionais.
b) Nível educacional das funções-chave para estratégia do negócio.
c) Investimento em treinamento e desenvolvimento dos funcionários, para
desenvolvimento de competências essenciais para o negócio.
Mathis e Jackson (2003), citados por Demo (2005), vão além. Os autores
afirmam que a competência essencial da organização, definida como capacidade
organizacional, é adquirida por meio dos recursos humanos, sendo importante a
fidelização dos colaboradores, tornando-se necessário reter os talentos. Dessa
forma, por meio da retenção dos recursos humanos, seria possível conquistar e
manter vantagem competitiva. Eles relacionam três conseqüências ao reter os
talentos:
a) diminui índices de rotatividade
b) o desempenho individual organizacional é aumentado
c) a retenção dos empregados acarreta uma melhor imagem e atrai outros
talentos.
Pressupõe-se que seja necessário haver uma preocupação dos
colaboradores e das empresas para o desenvolvimento de habilidades e
aprendizagem contínua.
35
O comprometimento das organizações com a educação e o
desenvolvimento de talentos dos seus funcionários em relação as suas estratégias
pode sustentar a vantagem competitiva. Para alcançar sucesso, é imprescindível
que a organização desenvolva seus talentos e competências.
Segundo Sant’anna, Kilimnik e Castilho (2004), é necessário transformar
os executores de tarefas em profissionais de processos mediante o desenvolvimento
de competências, possibilitando o alinhamento das expectativas da organização e
indivíduo. Nota-se que as competências tendem a ser caracterizadas como uma
contribuição das pessoas para a capacidade da empresa, ampliando sua
competitividade no mercado.
Os novos sistemas de gestão de pessoas, em desenvolvimento,
comumente adotam a lógica da competência, diferentemente dos modelos
anteriores baseado nas noções de cargos e qualificações, os quais refletem,
principalmente, a forma adquirida pelos trabalhadores no sistema formal de
educão (SANT’ANNA; VASCONCELOS; MORAES; CANÇADO, 2007, p. 31)
De acordo com (SANT’ANNA; VASCONCELOS; MORAES; CANÇADO,
2007), as organizações discutem a gestão por competências de forma ascendente,
buscando uma atuação mais competente diante dos processos de globalização e em
resposta à concorrência cada vez mais acirrada.
“Já o novo modelo busca expressar e valorizar o conjunto de saberes,
habilidades e atitudes, consolidado na trajetória da carreira do individuo”
(SAN’TANNA; VASCONCELOS; MORAES; CANÇADO, 2007, p. 31).
A literatura mostra o processo evolutivo do RH e diversos conceitos da
gestão de pessoas, com a pretensão de constatar a existência de ações do
profissional de RH, por meio de práticas e políticas atuantes que promovam o
desenvolvimento de competências e suas contribuições para as organizações.
O estudo teórico feito aponta que o papel do profissional de RH em
empresas modernas não é uma tarefa fácil e que requer práticas que promovam o
desenvolvimento de competências cada vez mais voltadas para os objetivos da
organização.
36
3.3 Contribuição do referencial teórico para a pesquisa de campo
A partir da abordagem teórica, discutem-se nesta pesquisa o papel do
profissional de RH e suas contribuições para o desenvolvimento de competências
das pessoas. Os aspectos avaliados baseiam-se no modelo dos ltiplos papéis de
Ulrich (1998) e nas ações que promovam o desenvolvimento de competências de
Fleury e Fleury (2001).
Ulrich (1998) aponta uma tendência futura para a área de RH: criar valor
às organizações por meio dos seus resultados. No contexto real das organizações,
os profissionais de RH precisam desempenhar múltiplos papéis e não exclusivos.
Estes papéis são: Parceiro estratégico da Organização, Especialista Administrativo,
Agente de Mudança e Intérprete dos Funcionários.
De acordo com Sant’Anna (2004), Dutra (2004) e Fleury e Fleury (2001),
é necessário cuidado ao difundir essas tendências, que a maior parte das
organizações tem práticas mais voltadas ao tradicional.
Para Ulrich (1998), os papéis do profissional de RH eram vistos em
transição:
QUADRO 1
Transição dos pais do profissional de RH
DE PARA
Operacional Estratégico
Qualitativo Quantitativo
Policiamento Parceria
Curto prazo Longo prazo
Administrativo Consultivo
Voltado para função Voltado para o negócio
Foco interno Foco externo e no consumidor
Reativo Preventivo
Foco na atividade Foco nas soluções
Fonte: Ulrich, 1998.
Este tipo de transição é, segundo Ulrich (1998), simplista:
37
Os papéis assumidos pelos profissionais de RH, na realidade, são múltiplos,
e não singulares. Eles devem desempenhar papéis operacionais e ao
mesmo tempo estratégicos. Precisam ser ao mesmo tempo polícia e
parceiros. Assumir a responsabilidade tanto por metas qualitativas quanto
quantitativas no curto e no longo prazo. Para os profissionais de RH
adicionarem valor a empresas cada vez mais complexas, precisam
desempenhar papéis cada vez mais complexos, e às vezes, até mesmo
paradoxais (ULRICH, 1998, p. 40).
As tendências do papel do profissional de RH apontadas na literatura
reforçam as dificuldades e complexidade para gerir pessoas e contribuir para o
desenvolvimento das suas competências.
Fleury e Fleury (2001) pesquisaram os aspectos que promovem o
desenvolvimento de competências. Estes aspectos são: importância dada às
pessoas para êxito das estratégias do negócio; políticas adotadas para desenvolver
pessoas em alinhamento às estratégias organizacionais; e formação de competência
propriamente dita.
Verificou-se que várias organizações vêm se aprimorando por meio da
gestão de pessoas. O desenvolvimento de pessoas pelas organizações tem sido
crucial para transfor-las e obter bons resultados (ULRICH, 1998; WOOD JR, 2004).
A excelência organizacional deverá ser alcançada por intermédio do RH
da empresa, que deve ter um papel que ajuste as práticas à estratégia da
organização, tornando o profissional de RH um parceiro estratégico da organização.
Os profissionais de RH precisam desempenhar ltiplos papéis e não exclusivos
que contribuam para o sucesso da empresa, aumentando sua capacidade para
alcançar seus objetivos (ULRICH, 1998, 2000).
O profissional de RH deve definir políticas e ter práticas em torno das
estratégias do negócio da organização, lançando mão de aspectos e indicadores da
gestão de pessoas que compreendam o gerenciamento de seus funcionários por
meio da formação das competências (FLEURY; FLEURY, 2001).
O referencial teórico aponta que quanto mais o RH estiver desenvolvendo
o papel estratégico, um papel múltiplo, mais poderá contribuir para o
desenvolvimento de competências das pessoas.
Os trabalhos de Ulrich (1998) e Fleury e Fleury (2001) deram suporte à
pesquisa de campo deste estudo.
38
4 METODOLOGIA
O objetivo principal da pesquisa foi identificar qual é a percepção do
profissional de RH sobre a sua contribuição para o desenvolvimento de
competências das pessoas na organização. Para alcançar os objetivos propostos,
foram adotados os aspectos metodológicos abordados a seguir.
4.1 Tipo de pesquisa
Para Vergara (2003), a classificação da pesquisa pode ocorrer em relação
a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios da investigação.
Collis e Hussey (2005) afirmam que os muitos tipos de pesquisa podem
ainda ter a classificação de acordo com seu objetivo, como: exploratória, descritiva e
analítica. Em concordância, Gil (1996) reforça que é possível agrupar as pesquisas
em: exploratórias, descritivas e explicativas. Esta última foi chamada por Collis e
Hussey (2005) de “analítica”.
a) Quanto aos fins
Com base nos autores citados, esta pesquisa trata de um estudo
descritivo. De acordo com Gil (1996), estas pesquisas têm o objetivo primordial de
descrever as características de determinada população. Uma das características
mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados,
tais como o questionário (VERGARA, 2003).
b) Quanto aos meios:
A pesquisa se classifica como de campo, que busca a profundidade da
questão proposta num único grupo, mediante a investigação no campo, e constitui
um modelo clássico utilizado, dentre outras áreas, em administração (GIL, 1996).
39
4.2 População, coleta e análise de dados
4.2.1 População
Por o ser possível tratar da população na sua totalidade, a pesquisa foi
trabalhada por de amostragem, não representativa.
De acordo com Gil (1996), em semelhança ao levantamento, a pesquisa
de estudo de campo caracteriza-se pelo questionamento direto das pessoas ou de
um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado.
A pesquisa realizada foi elaborada por meio de uma amostra de
profissionais de RH. São profissionais atuantes na área de RH de diversas
empresas localizadas na grande BH e integrantes de grupos de estudos e discussão
sobre assuntos inerentes à área de Recursos Humanos.
Este grupo caracteriza, uma amostragem por conveniência, que se
trata de uma seleção de uma amostra da população acessível e que pode
representar o universo da população pesquisada considerada no estudo (GIL 1996).
Os questionários foram aplicados a 30 profissionais de quatro diferentes
grupos de profissionais. Cada grupo teve o seguinte número de respondentes:
QUADRO 2
Número de respondentes por Grupo
Grupo Respondentes
Grupo RH1 12
Grupo RH2 7
Grupo RH3 4
Grupo RH4 7
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.2 Coleta dados
As técnicas para a coleta de dados foram: questionário e entrevista. O
questionário foi aplicado em quatro grupos de estudo, sendo três presenciais e outro
40
uma comunidade virtual. A entrevista foi feita com um executivo de um hospital de
grande porte de Belo Horizonte com atuação na área administrativa.
4.2.2.1 O questionário
Para Collis e Hussey (2005), o uso de questionário permite a mensuração
de fenômenos; portanto, uma abordagem quantitativa.
De acordo com Gil (1996), o questionário apresenta várias vantagens,
entre elas a de atingir com maior rapidez a população desejada, menor custo e
anonimato, apresentando desvantagens pouco significativas em relação às
vantagens.
O principal instrumento para atender aos objetivos deste estudo foi o
questionário (APÊNDICE A), que foi aplicado a gestores/ profissionais de RH de
Belo Horizonte. O número de profissionais que responderam o questionário, de
acordo com uma amostragem por acessibilidade, foi de 30. Os questionários foram
aplicados a quatro diferentes grupos de profissionais: Grupo RH1, Grupo RH2,
Grupo RH3 e Grupo RH4.
A construção do questionário teve embasamento no modelo dos múltiplos
papéis do profissional RH, proposto por Ulrich (1998), abordando também aspectos
propostos por Fleury e Fleury (2001) para desenvolvimento de competências
(APÊNDICE A).
O questionário foi testado e sofreu críticas, o que proporcionou uma
avaliação e conseqüentemente, ajustes necessários, utilizando uma linguagem e
termos acessíveis à população pesquisada. Apresenta duas seções. A primeira
seção contém questões referentes às informações gerais dos respondentes e das
organizações em que atuam, como: gênero, idade, área de formação, escolaridade,
nível funcional, tempo de trabalho com RH, maior cargo do responsável pelo RH na
hierarquia da organização e porte da empresa. A segunda seção refere-se aos
papéis desempenhados pelos profissionais de RH e aos aspectos de formação de
competências.
41
Os papéis foram avaliados através do modelo dos múltiplos papéis de
Ulrich (1998): Estragia de Recursos Humanos (ERH); Infra-Estrutura da Empresa (IEE);
Intérprete dos Funciorios (IF); e Administrão da Transformação e da Mudança (TM).
A formação de competências foi avaliada de acordo com os aspectos de
Fleury e Fleury (2001): importância dada às pessoas para êxito das estratégias do
negócio (PE); políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver pessoas em
alinhamento às estratégias organizacionais (PO); e formação de competência
propriamente dita (FC).
Para investigar os papéis dos profissionais de RH, segundo Ulrich (1998),
e os aspectos de formação de competências, segundo Fleury e Fleury (2001), foram
analisadas 24 assertivas no questionário, que correspondem às práticas que são
adotadas pelos profissionais de RH.
O questionário possui uma escala Likert de 5 pontos. Esta escala não
mede o quanto uma atitude é mais ou menos favorável, mas sim o grau de
concordância com as assertivas apresentadas. Portanto, os respondentes tiveram
que indicar o nível de concordância com cada uma das práticas de acordo com a
escala abaixo (GIL, 1996):
1 = Concorda totalmente; 2 = Concorda; 3 = Nem concorda, nem discorda;
4 = Discorda; 5 = Discorda totalmente
Através da análise de dados foi efetuada a correlação de Sperman com o
objetivo de estabelecer a correlação entre os dois construtos: Os múltiplos papéis de
Ulrich (1998) e os aspectos de formação de competência de Fleury e Fleury (2001).
4.2.2.2 A entrevista
Para Quivy e Campenhoudt (1992), as entrevistas ajudam a constituir a
problemática da investigação e têm a função de revelar aspectos do estudo que o
investigador não pensou.
Foi realizada uma entrevista (APÊNDICE B) com um executivo de um
hospital de grande porte de BH com atuação na área administrativa, inclusive no
setor de RH, com o objetivo de analisar a sua percepção sobre os resultados obtidos
na pesquisa com o questionário.
42
4.2.3 Análise dos dados
De posse dos dados, as análises foram realizadas nos softwares SPSS e
Excel, utilizando técnicas gráficas para comparação das variáveis. Os resultados
foram analisados isoladamente, por meio da análise dos percentuais de respostas
de cada assertiva e também uma análise geral.
Foram obtidas as médias aritméticas das respostas das assertivas que
compõem cada papel desempenhado pelos profissionais de RH e cada aspecto de
formação de competência conforme os dois QUADROS a seguir:
QUADRO 3
Relão das assertivas relativas aos papéis desempenhado pelos profissionais de RH, segundo
Ulrich (1998)
Papéis do profissional de RH Assertivas
Estratégia de Recursos Humanos 1, 5, 7, 8, 10, 13
Infra-estrutura da Empresa 4, 6, 9, 14, 20, 21
Intérprete dos funcionários 2, 3, 11, 15, 17, 24
Transformação e Mudança 12, 16, 18, 19, 22, 23
QUADRO 4
Relão das assertivas relativas aos aspectos de formão de competência, segundo Fleury e
Fleury (2001)
Aspectos de formação de competência Assertivas
Importância dada às pessoas para êxito das estratégias
do negócio (PE)
1, 8, 13, 15, 21, 22, 23
Políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver
pessoas em alinhamento às estratégias
organizacionais. (PO)
2, 3, 4, 7, 10, 12, 14, 18
Formação de competência propriamente dita (FC) 5, 6, 9, 11, 17, 19, 20, 24
Para a comparação geral dos papéis desempenhados pelos profissionais
de RH e dos aspectos de formação de competências, foram utilizados gráficos
boxplots.
O boxplot é um gráfico de caixa construído por meio dos quartis dos
dados. A linha inferior da caixa corresponde ao primeiro quartil, que é o valor
correspondente aos 25% dos dados que estão abaixo dele. A linha superior da caixa
43
corresponde ao terceiro quartil, que é o valor correspondente aos 75% dos dados
que estão abaixo dele. E a linha entre o primeiro e terceiro quartil corresponde à
mediana, que é o valor que corresponde aos 50% dos dados que estão acima dele.
As linhas horizontais traçadas acima do terceiro quartil e a linha traçada abaixo do
primeiro quartil correspondem aos valores máximo e mínimo dos dados,
respectivamente. Os pontos marcados acima ou abaixo do máximo e do mínimo são
valores considerados como outliers”, que o valores atípicos; ou seja, que estão a
uma distância maior do que três desvios padrão dos dados.
Para analisar as práticas adotadas pelos profissionais de RH, foram
utilizados gráficos de freqüência dos níveis de concordância para cada assertiva.
Para determinar os itens que são mais comumente adotados pelos profissionais de
RH, foi estabelecido um rank para cada grupo de itens de acordo com os
percentuais de concordância dos respondentes para os itens analisados.
Finalmente, para avaliar os papéis desempenhados pelos profissionais de
RH e os aspectos de formação de competências em horizontes mais específicos,
foram realizados alguns cruzamentos dos resultados obtidos com os diversos grupos
de respondentes.
As análises mencionadas serão apresentadas em duas etapas: a
primeira, referente aos papéis desempenhados pelos profissionais de RH de acordo
com o modelo de Ulrich (1998); e a segunda, referente aos aspectos da formação de
competências de acordo com o modelo de Fleury e Fleury (2001).
44
5 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa, que constou
de questionários e entrevista.
A pesquisa foi feita sob a ótica dos profissionais de RH participantes de
quatro grupos de estudos e discussão sobre assuntos inerentes ao RH,
respondentes do questionário.
A entrevista foi feita com um executivo com atuação na área
administrativa, inclusive no setor de RH, com o objetivo de analisar a sua percepção
sobre os resultados obtidos na pesquisa com o questionário. Ou seja, pretendeu-se
investigar e ter uma opinião imparcial sobre o papel do profissional de RH.
O executivo entrevistado tem atuação em uma organização de grande
porte de Belo Horizonte, no segmento da saúde, com atuação na área
administrativa. É possuidor de vasta experiência profissional nos segmentos de
prestação de serviços e industrial em cargos do alto escalão da hierarquia, como
diretor, presidente e superintendente. Sua formação é graduação em Administração
de Empresas e Ciências Contábeis e Especialização em Gestão de Custos, MBA em
Administração de Negócios pós-graduação em Administração Financeira, s-
graduação em Auditoria Externa e mestrando em Administração.
5.1 Caracterização dos entrevistados
Por meio da tabulação dos dados obtidos dos 30 questionários, foi
possível caracterizar os respondentes que participaram do presente estudo sob a
ótica de: gênero, idade, área de formação, escolaridade, nível funcional, tempo de
trabalho com RH, maior cargo do responsável pelo RH na hierarquia da organização
e porte da empresa.
45
5.1.1 Gênero
Quanto ao gênero, observa-se que a grande maioria dos respondentes
(73,0%) é do sexo feminino (GRAF.1).
Masculino
27%
Feminino
73%
GRÁFICO 1 Distribuição dos respondentes quanto ao gênero
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.2 Faixa etária
Em relação à faixa etária, nota-se pelo GRAF. 2 que grande parte dos
respondentes tem de 31 a 35 anos, sendo que a menor e a maior faixa etária
registrada para os profissionais entrevistados, 20 a 25 anos e acima de 50 anos,
respectivamente, tiveram as menores concentrações de profissionais.
46
3,3
16,7
30,0
23,3
13,3
10,0
3,3
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
Percentual de respondentes
20 a 25
anos
26 a 30
anos
31 a 35
anos
36 a 40
anos
41 a 50
anos
46a 50
anos
acima
de 50
anos
Faixa etária
GRÁFICO 2 – Distribuição dos respondentes quanto à faixa etária
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.3 Área de formação
Quanto à área de formação, observa-se que a maioria dos profissionais
de RH possui formação em psicologia, seguido pelos profissionais da área de
Administração e pelos Tecnólogos. Outras áreas que foram citadas, porém com
menor freqüência, foram: comunicação, direito e letras.
23,3
56,7
10,0
10,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Percentual de respondentes
Administração Psicologia Tecnólogo Outros
Área de formação
GRÁFICO 3 – Distribuição dos respondentes quanto à área de formação
Fonte: Dados da pesquisa
47
5.1.4 Escolaridade
Quanto ao nível de escolaridade, a maioria dos respondentes apresenta
Especialização/ MBA, seguidos pelos que possuem apenas a graduação e, por
último, os que possuem o mestrado.
Mestrado
10%
Especializa-
ção MBA
70%
Graduação
20%
GRÁFICO 4 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível
de escolaridade
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.5 Nível funcional
Quanto ao nível funcional dos profissionais de RH, 50,0% são gerentes,
seguidos pelos analistas e consultores. Apenas 6,7% são presidentes ou diretores.
Outros níveis funcionais que foram citados por uma minoria foram: assistente
administrativo, assistente técnico e coordenador.
48
6,7
50,0
16,7 16,7
10,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Percentual de respondentes
Presidente
/ Diretor
Gerente Analista Consultor Outros
Nível funcional
GRÁFICO 5 – Distribuição dos respondentes quanto aovel funcional
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.6 Tempo de trabalho com RH
Quanto ao tempo de trabalho com RH, mais da metade dos respondentes
afirmou que é acima de 10 anos; 24% afirmaram que é de 2 a 5 anos; e 17,2% que
trabalham de 6 a 10 anos. Apenas 6,9% dos respondentes estão nesse ramo no
máximo há 2 anos.
6,9
24,1
17,2
51,7
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
Percentual de respondentes
De 1 a 2 anos De 3 a 5 anos De 6 a 10 anos Acima de 10
anos
Tempo de trabalho com RH
GRÁFICO 6 – Distribuição dos respondentes quanto ao tempo de trabalho
com RH
Fonte: Dados da pesquisa
49
5.1.7 Maior cargo do responsável pelo RH
O cargo mais elevado do responsável pelo RH na hierarquia da
organização, para a grande maioria das organizações em que os profissionais de
RH atuam, é a gerência, seguidos pela presidência/ diretoria. Cargos como
analistas, consultores e coordenador também foram citados, porém com menor
representatividade.
6,7
3,3
3,3
56,7
30,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0
Percentual de respondentes
Presidente / Diretor
Gerente
Analista
Consultor
Outros
Maior cargo do responsável pelo RH
GRÁFICO 7 – Distribuição dos respondentes quanto ao maior cargo do responsável pelo
RH na hierarquia da organização
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.8 Quantidade de funcionários
A maioria das organizações de atuação dos profissionais de RH
participantes do presente estudo (33,3%) possui de 100 a 499 empregados,
seguidos pelas organizações que possuem de 1 a 99 funcionários (26,7%). As
50
demais, em menores percentuais, apresentam de 1000 a 2999 (16,7%), 500 a 999
(10,0%) e mais de 3000 (13,3%).
26,7
33,3
10,0
16,7
13,3
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
Percentual de respondentes
1 a 99
100 a 499
500 a 999
1000 a 2999
mais de 3000
Quantidade de funcionários na empresa
GRÁFICO 8 – Distribuição dos respondentes quanto à quantidade de funcionários na
organizão
Fonte: Dados da pesquisa
5.1.9 Perfil por grupos de profissionais
O perfil dos respondentes do presente estudo pertencentes ao Grupo RH
1 é composto principalmente por profissionais do sexo feminino (75,0%), faixa etária
de 36 a 45 anos e 41 a 45 anos (25,0% cada), área de formação em psicologia
(66,7%), com especialização completa (50,0%), nível funcional de gerente (50,0%),
tempo de trabalho com RH acima de 10 anos (45,5%), o cargo mais alto do
responsável pelo RH na hierarquia da organização é a gerência (58,3%) e
quantidade de funcionários na empresa que atuam para a maioria é de 1 a 99
funcionários (33,3%).
os respondentes pertencentes ao Grupo RH 2 é composto
principalmente por profissionais do sexo feminino (57,1%), faixa etária de 31 a 35
anos (28,6%) e 46 a 50 anos (28,6%), área de formação em administração (57,1%),
51
com especialização completa (71,4%), nível funcional de gerente ou analista (42,9%
cada), tempo de trabalho com RH acima de 10 anos (85,7%), o cargo mais alto do
responsável pelo RH na hierarquia da organização é a gerência (57,1%) e a
quantidade de funcionários na empresa que atuam para a maioria é de 100 a 999
funcionários (57,2%).
No Grupo RH 3, o perfil dos respondentes é composto por profissionais
do sexo feminino (100,0%), faixa etária de 31 a 35 anos (50,0%), área de formação
em psicologia (100,0%), com especialização completa (100,0%), nível funcional de
gerente (75,0% cada), tempo de trabalho com RH acima de 10 anos (75,0%), o
cargo mais alto do responsável pelo RH na hierarquia da organização é a gerência
(75,0%) e a quantidade de funcionários na empresa que atuam para a maioria é de
100 a 499 e 1000 a 2999 funcionários (50,0% cada).
Os respondentes do Grupo RH 4, o perfil é composto principalmente por
profissionais do sexo feminino (71,4%), faixa etária de 31 a 35 anos (42,9%), área
de formação em psicologia (42,9%), com especialização completa (85,7%), nível
funcional de gerente (42,9% cada), tempo de trabalho com RH menor que 10 anos
(85,7%), o cargo mais alto do responsável pelo RH na hierarquia da organização é a
gerência (42,9%) e a quantidade de funcionários na empresa que atuam para a
maioria é de 1 a 499 funcionários (85,7%).
Observa-se que os grupos são similares quanto ao perfil, tornando
relevante a predominância do gênero feminino e da formação em psicologia no
Grupo RH3, destacando também que 100% dos respondentes m especialização
concluída.
5.2 Análise dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH segundo
Ulrich (1998)
Nesta seção, foram identificados e analisados os papéis desempenhados
pelos profissionais de RH, segundo Ulrich (1998), por meio das práticas adotadas.
Para avaliar os quatro papéis dos profissionais de RH, os respondentes tiveram que
avaliar 24 assertivas referentes a esses papéis, indicando o grau de concordância
com cada assertiva.
52
5.2.1 Análise de confiabilidade da escala
Para a análise de confiabilidade da escala utilizada nos questionários e a
verificação da consistência interna dos fatores, foi utilizado o coeficiente Alpha de
Cronbach, que mede a confiabilidade de consistência interna do conjunto em uma
escala multiitens.
Esse coeficiente é um valor que varia de 0 a 1. A confiabilidade
satisfatória da consistência interna da escala é verificada para valores de Alfa de
Cronbach acima de 0,60. Sendo assim, para cada fator avaliado obteve-se o
coeficiente Alpha de Cronbach para verificar se esses fatores possuem boa
consistência interna para os dados utilizados no presente estudo. De acordo com os
valores Alpha, apresentados na TAB. 1, observa-se que a consistência interna dos
fatores avaliados é confirmada pelos dados utilizados no presente estudo. Tal
consisncia é confirmada pelo fato de todos os coeficientes serem maiores que 0,60.
TABELA 1
Coeficientes Alpha de Cronbach para os papéis dos profissionais de RH
Papéis desempenhados pelos profissionais de RH
Quantidade de
assertivas
avaliadas
Alpha de
Cronbach
Infra-estrutura da empresa 6 0,763
Estratégias de recursos humanos 6 0,671
Intérprete dos funcionários 6 0,792
Transformação e da mudança 6 0,851
Fonte: Dados da pesquisa
5.2.2 Análise geral dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH (Ulrich,
1998)
Para analisar os papéis dos profissionais de RH de uma forma geral,
inicialmente, obteve-se a média dos escores (pontuação) para cada grupo de
assertivas que determinam os papéis desempenhados pelos profissionais de RH.
Esse procedimento foi obtido para cada respondente. Portanto, cada papel, para fins
53
de comparação, foi representado pela média geral dos escores de todos os
respondentes.
É importante ressaltar que os níveis de concordância variam de 1 a 5,
sendo que a pontuação 1 indica o maior nível de concordância com a assertiva e 5 o
maior nível de discordância. Portanto, ao obter a média dessas pontuações, quanto
menor for a média, maior é o nível de concordância com as assertivas agrupadas.
Para identificar os papéis que os profissionais de RH apresentaram
maiores níveis de concordância, foram comparados os escores médios que
representaram, de forma geral a concordância com cada papel desempenhado pelos
profissionais de RH.
A figura a seguir (FIG. 7) apresenta os boxplots dos escores médios para
cada papel e a TAB. 2 apresenta as estatísticas descritivas dos mesmos. É possível
observar, principalmente por meio das médias e medianas, que, no geral, a
diferença entre os escores médios dos papéis desempenhados pelos profissionais
de RH é mínima. Isso indica que, de forma geral, o grande predominância de
um papel em relação aos outros. Como as médias foram baixas (inferiores a 3,00),
evidências de que no geral um grande nível de concordância com os quatro
papéis avaliados.
A interpretação que se faz a partir deste resultado é com uma
concordância com os múltiplos papéis desempenhados pelo profissional de RH.
É importante ressaltar que, a partir do escore médio em relação ao papel
de Estratégias de Recursos Humanos (ERH), de Infra-Estrutura da Empresa (IEE) e
de Transformação da Mudança (TM) identificaram-se outliers. Nenhum outlier foi
identificado para o papel relativo ao Intérprete dos Funcionários (IF). Outlier são
valores atípicos; ou seja, que estão a uma distância maior do que três desvios
padrão dos dados. Ou seja, o respostas que diferem da maioria dos
respondentes. Mas como foram identificados poucos nesta pesquisa, não
influenciaram significativamente o resultado.
54
FIGURA 7 Boxplots das médias dos escores dos papéis profissionais de RHUlrich
(1998)
Fonte: Dados da pesquisa
TABELA 2
Estatísticas descritivas dos papéis dos profissionais de RH – Ulrich (1998)
Intérprete dos
funcionários
Estratégias
de recursos
humanos
Infra-
estrutura da
empresa
Transformação
e mudança
Média 2,34 2,35 2,37 2,24
Desvio padrão 0,69 0,74 0,62 0,79
Mediana 2,17 2,25 2,33 2,17
Mínimo 1,33 1,17 1,50 1,00
Máximo 3,67 4,17 4,33 4,33
Fonte: Dados da pesquisa
Mesmo que a diferença entre a concordância dos papéis desempenhados
seja mínima, é possível sinalizar papéis vistos como mais importantes.
Este resultado sinaliza que os papéis que têm uma tendência a serem
identificados como mais importantes pelos profissionais de RH são Transformação e
da Mudança e Intérprete dos Funcionários.
55
5.2.2.1 Análise geral dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH (Ulrich,
1998) de acordo com os grupos de RH
A TAB. 3 apresenta algumas estatísticas descritivas das médias dos
escores que representam cada papel desempenhado pelos profissionais de RH para
os diferentes grupos de profissionais que participaram deste estudo.
Para facilitar a comparação visual, as médias de cada papel desempenhado estão
apresentadas também no GRAF. 9.
De acordo com esses resultados, é possível concluir que o grupo que
apresentou opiniões mais distintas foi o Grupo RH 4, pelo fato de conter os escores
médios mais altos para todos os papéis.
TABELA 3
Estatísticas descritivas dos papéis desempenhados por grupos de profissionais
Grupo
N Mínimo Máximo Média
Desvio
padrão
Grupo RH1 ERH 12 1,17 4,17 2,31 0,82
IEE 12 1,83 4,33 2,40 0,702
IF 12 1,33 3,67 2,26 0,74
TM 12 1,17 4,33 2,30 0,80
Grupo RH2 ERH 7 1,17 3,33 2,10 0,74
IEE 7 1,50 3,33 2,14 0,61
IF 7 1,50 3,33 2,05 0,65
TM 7 1,17 2,83 1,74 0,53
Grupo RH3 ERH 4 1,33 2,50 2,13 0,55
IEE 4 1,50 2,50 1,96 0,46
IF 4 1,67 2,83 2,25 0,67
TM 4 1,00 2,67 1,96 0,70
Grupo RH4 ERH 7 2,00 3,67 2,81 0,60
IEE 7 2,17 3,33 2,76 0,35
IF 7 2,17 3,50 2,81 0,55
TM 7 1,67 3,67 2,81 0,75
Fonte: Dados da pesquisa
56
2
,
3
2
,
1
2
,
1
2
,
8
2
,
4
2
,
1
2
,
0
2
,
8
2
,
3
2
,
0
2
,
3
2
,
8
2
,
3
1
,
7
2
,
0
2
,
8
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Média dos escores
ERH IEE IF TM
Pais desempenhados pelos profissionais de RH
Grupo RH 1
Grupo RH 2
Grupo RH 3
Grupo RH 4
GRÁFICO 9 Médias dos escores que representam cada papel desempenhado por
grupos de RH
Fonte: Dados da pesquisa
Este resultado indica que, no geral, o Grupo RH4 é o que apresenta a
menor concordância com os papéis avaliados.
Essa diferença pode apontar para um maior rigor na avaliação do grupo
sobre o profissional de RH. Este grupo tem, na maioria dos integrantes, profissionais
com menos de 10 anos de trabalho com RH. Talvez este resultado sinalize
profissionais que ainda estão buscando o conhecimento prático de ações vinculadas
a cada papel.
5.2.3 Análise isolada das principais práticas adotadas pelos profissionais de RH
(ULRICH, 1998)
Para avaliar as principais práticas adotadas para desempenhar cada
papel do profissional de RH, nesta seção serão avaliados os níveis de concordância
com cada assertiva isoladamente. As pontuações foram reagrupadas da seguinte
forma:
57
Concordo totalmente e concordo = Concordo
Discordo e discordo totalmente = Discordo
(Não concordo, nem discordo não foi reagrupado)
Para determinar as principais práticas, foram avaliados os percentuais de
respostas “Concordo”. Portanto, as assertivas que obtiveram maior concordância
serão consideradas como mais importantes.
Nos casos de empates nos percentuais de concordâncias, tiveram
prioridade no rank as assertivas que obtiverem os menores percentuais de
discordância.
É importante ressaltar que nesta seção foram avaliados os percentuais de
respondentes que marcaram cada tipo de resposta, e não mais a média das
respostas, conforme foi avaliado na seção anterior.
5.2.3.1 Estratégia de Recursos Humanos (ERH)
De acordo com os resultados apresentados no GRAF. 10, as principais
práticas adotadas pelos gestores de RH em relação ao papel da administração da
Estratégia de Recursos Humanos são, nessa ordem de importância:
1º) Trabalho para que as estratégias de RH se ajustem à estratégia
empresarial
2º) Promovo o processo de recrutamento e seleção através da análise
de competências
3º) Sugiro e implemento pticas de desenvolvimento de competências.
4º) Participo do planejamento estratégico, visando alinhar estratégias
do RH às estratégias horizontais.
5º) Busco alcançar metas empresariais através do desenvolvimento
das pessoas.
6º) Implemento práticas de desenvolvimento de habilidades extra-
cargo constantemente.
58
7
0
,
0
6
,
7
2
3
,
3
7
3
,
3
1
3
,
3
1
3
,
3
3
3
,
3
3
3
,
3
3
3
,
3
5
6
,
7
3
0
,
0
1
3
,
3
7
3
,
3
1
6
,
7
1
0
,
0
8
6
,
7
6
,
7
6
,
7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Alinhar
estratégias
Práticas de
desen. de
competências
Habilidades
extra-cargo
Desenvolvimento
das pessoas
Análise de
competências
Estratégia
empresarial
Concorda Nem concorda, nem discorda Discorda
GRÁFICO 10 – Distribuição dos respondentes quanto ao nível de
concordâncias com as assertivas do papel Estratégico (ERH)
Fonte: Dados da pesquisa
É relevante a concordância dos profissionais de RH em relação as suas
ações para que haja alinhamento das estratégias do RH às estratégias da
organização.
Esse resultado pode apontar que o profissional de RH tem de si uma
imagem de profissional estratégico.
Pode ser um indício de que, mesmo se não estiver contextualizada na
prática, a necessidade de alinhamento às estratégias da organização já esteja
inserida numa forma de sentir o RH como parceiro estratégico.
No GRAF. 11, apresenta-se de forma ordenada os percentuais de
profissionais de RH que concordam com as práticas listadas para administrar a
estratégia de RH.
59
33,3
56,7
70,0
73,3
73,3
86,7
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Percentual de concordância
Habilidades extra-cargo
Desenvolvimento das
pessoas
Alinhar estratégias
Análise de
competências
Práticas de desen. de
competências
Estratégia empresarial
GRÁFICO 11Percentual de concordância com as assertivas da ERH
Fonte: Dados da pesquisa
5.2.3.2 Infra-estrutura da empresa (IEE)
As principais práticas adotadas pelos profissionais de RH em relação ao
papel de administração da Infra-estrutura da Empresa apresentaram essa ordem de
importância:
1º) Administro os processos de RH com eficiência e dentro dos prazos
estabelecidos.
2º) Ao descrever cargos e funções, considero integralmente a execução
das tarefas.
3º) Viso a eficiência operacional criando novos treinamentos.
4º) Promovo práticas de RH para o desenvolvimento de habilidades
necessárias ao cargo.
60
5º) Exijo, nos processos de seleção, maior vel de educação e
qualificação.
6º) Ajo como um gestor tradicional em RH.
8
0
,
0
6
,
7
1
3
,
3
7
0
,
0
1
6
,
7
1
3
,
3
7
0
,
0
2
3
,
3
6
,
7
8
6
,
7
6
,
7
6
,
7
6
3
,
3
2
3
,
3
1
3
,
3
1
0
,
0
4
0
,
0
5
0
,
0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Execução das
tarefas
Práticas de RH Novos
treinamentos
Eficiência e
prazo
Educão e
qualificação
Gestor
tradicional
Concorda Nem concorda, nem discorda Discorda
GRÁFICO 12Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concorncias
com as assertivas da IEE
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados mostram que a maior discordância é em relação às ações
como gestor tradicional, uma coerência ao resultado do item anterior, que aponta
que o profissional de RH pode ter de si uma imagem de profissional estratégico.
Esse é um forte indício de um movimento de mudança do RH tradicional
para o estratégico.
O GRAF. 13 apresenta de forma ordenada os percentuais de
respondentes que concordam que as práticas listadas são adotadas por eles nas
organizações para administrar a infra-estrutura da empresa.
61
10,0
63,3
70,0
70,0
80,0
86,7
0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0
Percentual de concordância
Gestor tradicional
Educação e
qualificão
Práticas de RH
Novos treinamentos
Execução das
tarefas
Eficiência e prazo
GRÁFICO 13Percentual de concordância com as assertivas da IEE
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se que apenas 10,0% dos profissionais de RH acreditam agir
como um gestor tradicional em RH, o que é um indício de que a maioria dos
profissionais de RH não possui ações tradicionalistas ou, ainda, de ter essa imagem
de si.
É possível relacionar o resultado que pode apontar que o profissional de
RH tem de si uma imagem de profissional estratégico com o resultado acima, de não
ter uma imagem de profissional tradicionalista, sinalizando uma tendência de o
profissional de RH ser o parceiro estratégico de que a organização tanto necessita.
5.2.3.3 Intérprete dos funcionários (IF)
Em relação ao papel de Intérprete dos Funcionários, as principais práticas
adotadas pelos gestores de RH são, nessa ordem de importância:
62
1º) Ao definir e gerir cargos e funções considero o CHA
(conhecimento, habilidades e atitudes) dos funcionários.
2º) Ao definir políticas de RH considero as necessidades de
desenvolvimento dos funcionários.
3º) O autodesenvolvimento é facilitado e promovido através do RH.
4º) Busco intensamente investimentos em treinamentos e
desenvolvimento.
5º) Implemento benefícios que promovam a educação formal dos
funcionários.
6º) Promovo políticas e programas de RH que atendem as
necessidades pessoais dos funcionários
7
0
,
0
2
3
,
3
6
,
7
8
9
,
7
3
,
4
6
,
9
6
0
,
0
2
6
,
7
1
3
,
3
4
0
,
0
3
6
,
7
2
3
,
3
6
0
,
0
2
3
,
3
1
6
,
7
5
3
,
3
2
3
,
3
2
3
,
3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Necessidades de
desenvolvimento
Conhecimento,
habilidades e
atitudes
Auto-
desenvolvimento
Necessidades
pessoais dos
funcionários
Treinamento e
desnvolvimento
Educação
formal
Concorda Nem concorda, nem discorda Discorda
GRÁFICO 14Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concorncias
com as assertivas da CF
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados podem indicar que não é comum os profissionais de RH
desenvolverem práticas voltadas para as políticas e programas de RH que atendam
às necessidades pessoais dos funcionários.
O GRAF. 15 apresenta de forma ordenada os percentuais de
respondentes que concordam que as práticas listadas são adotadas por eles nas
organizações para administrar a contribuição dos funcionários.
63
40,0
53,3
60,0
60,0
70,0
89,7
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Percentual de concordância
Necessidades pessoais
dos funcionários
Educação formal
Autodesenvolvimento
Treinamento e
desnvolvimento
Necessidades de
desenvolvimento
Conhecimento,
habilidades e atitudes
GRÁFICO 15Percentual de concordância com as assertivas da CF
Fonte: Dados da pesquisa
5.2.3.4 Transformação e da Mudança (TM)
As principais práticas adotadas pelos profissionais de RH em relação à
administração da Transformação e da Mudança são, nessa ordem de importância,
de acordo com o nível de concordância:
1º) Desenvolvo processos e programas de RH que aumentam a
capacidade de mudança da organização.
2º) Facilito que o gestor de linha tenha responsabilidade na gestão de
pessoas.
3º) Ajo como consultor interno.
4º) Apoio novos comportamentos para manter a empresa competitiva.
5º) Ajudo a organização a se antecipar e a se adaptar a questões
futuras da organização.
6º) Ajudo a promover mudanças significativas na gestão de carreira.
64
7
6
,
7
1
3
,
3
1
0
,
0
8
3
,
3
6
,
7
1
0
,
0
6
3
,
3
2
0
,
0
1
6
,
7
5
5
,
2
2
0
,
7
2
4
,
1
7
0
,
0
2
0
,
0
1
0
,
0
7
6
,
7
1
0
,
0
1
3
,
3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
Gestão de
pessoas
Capacidade de
mudança na
organizão
Questões futuras
da organização
Gestão de
Carreira
Novos
comportamentos
Consultor
interno
Concorda Nem concorda, nem discorda Discorda
GRÁFICO 16Distribuição dos respondentes quanto ao nível de concorncias com
as assertivas da TM
Fonte: Dados da pesquisa
Todas as assertivas relativas ao papel de Transformação e Mudança
apresentaram mais de 50% de concordância por parte dos profissionais de RH, o
que pode evidenciar que grande parte dos profissionais colabora ou promove
mudanças dentro da organização.
Mesmo com o resultado acima, um fato que chama atenção é que o nível
mais baixo de concordância, simultaneamente ao maior nível de discordância, deve-
se a gestão de carreira dos funcionários pelo profissional de RH. Isso pode indicar
que os profissionais de RH ainda não têm controle sobre a promoção de mudanças
nas carreiras dos funcionários, o que pode, conseqüentemente, dificultar a retenção
de talentos.
Torna-se necessário desenvolver ações para melhoria na área de
carreira, pois, ao reter talentos, uma probabilidade de, também, ter a retenção de
pessoas desenvolvidas ao longo da experiência na mesma empresa. Ou seja, um
desenvolvimento focado nas funções-chave para a estratégia do negócio.
65
O GRAF. 17,apresenta de forma ordenada os percentuais de
respondentes que concordam que as práticas listadas são adotadas por eles nas
organizações para administrar as transformações e mudanças.
55,2
63,3
70,0
76,7
76,7
83,3
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Percentual de concordância
Gestão de Carreira
Questões futuras da
organizão
Novos comportamentos
Gestão de pessoas
Consultor interno
Capacidade de mudaa
na organizão
GRÁFICO 17Percentual de concordância com as assertivas da TM
Fonte: Dados da pesquisa
5.2.4 Cruzamentos dos múltiplos papéis
Com o objetivo de avaliar os papéis desempenhados pelos profissionais
de RH em horizontes mais específicos, foram realizados alguns cruzamentos.
Os papéis foram avaliados principalmente em relação a: nível funcional,
tempo de trabalho com RH e maior cargo do responsável pelo RH na hierarquia da
organização. Os resultados são apresentados nos gráficos a seguir.
Outros cruzamentos também foram realizados em relação às demais
variáveis demográficas apresentadas no perfil dos respondentes. No entanto, para
esses cruzamentos foram apresentados apenas os principais resultados.
66
O principal objetivo dos cruzamentos é verificar a existência da relação
entre os papéis desempenhados pelos profissionais de RH e as diferentes
categorias, relembrando que, para a análise geral dos papéis, foram utilizadas as
médias das pontuações. Portanto, quanto menor a média, maior é o nível médio de
concordância.
Algumas variáveis foram recodificadas, para que os grupos comparados
não tivessem grande diferença de quantidade de profissionais. As variáveis
recodificadas foram: faixa etária (até 30 anos, de 31 a 40 anos, acima de 40 anos),
área de formação (psicologia, outros), tempo de trabalho com RH (até 10 anos, mais
de 10 anos), e quantidade de funcionários (1 a 99 funcionários, 100 a 499
funcionários e acima de 499 funcionários).
Foram observadas as médias das pontuações dos níveis de
concordância. Para cada grupo de assertivas, não foram apresentadas diferenças
significativas em relação às categorias de profissionais comparadas.
No entanto, esses resultados foram apresentados para evidenciar a
tendência que cada categoria de funcionários teve em concordar com mais ou
menos intensidade com os papéis desempenhados pelos profissionais de RH.
5.2.4.1 Tempo de trabalho com RH versus Papéis desempenhados pelos
profissionais de RH
Quanto ao tempo de trabalho com RH, para os quatro papéis
desempenhados pelos profissionais de RH, os profissionais mais experientes (mais
de 10 anos) apresentaram níveis de concordância mais altos do que os profissionais
com menor experiência (até 10 anos).
67
2,51
2,21
2,48
2,27
2,50
2,21
2,55
1,96
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,60
Média dos escores
ERH IEE IF TM
até 10 anos mais de 10 anos
GRÁFICO 18Médias dos escores que representam cada papel desempenhado
pelos profissionais de RH por tempo de trabalho com RH
Fonte: Dados da pesquisa
É sinalizado pelos resultados que quanto maior o tempo com RH maior a
concordância com o desempenho múltiplo dos papéis do profissional de RH, o que é
necessário para as organizações.
A principal diferença dos resultados é em relação ao papel da
Transformação e da Mudança, em que aparece a maior concordância, para os
profissionais mais experientes e também a maior discordância, para os profissionais
menos experientes.
Esse resultado pode indicar que profissionais mais experientes estão
sensíveis às necessidades das mudanças da organização e que os menos
experientes estão mais rígidos quanto esta necessidade. Esse indício é
surpreendente, que pessoas menos experientes tendem a ser mais flexíveis e
sensíveis às mudanças e os mais experientes não.
5.2.4.2 Nível funcional versus papéis dos profissionais de RH
De acordo com os resultados apresentados no GRAF. 19, é possível
verificar que para os quatro papéis desempenhados pelos profissionais de RH,
segundo Ulrich (1998), os profissionais com nível funcional de presidente/diretor e
68
gerente são os que apresentaram níveis de concordância mais altos. Já os analistas,
consultores e outros têm nível de concordância mais baixo.
Os gerentes apresentaram os níveis de concordância mais altos com os
papéis das Estratégias de Recursos Humanos (ERH), de Intérprete dos Funcionários
(IF) e da Transformação e da Mudança (TM). Para o papel da administração da
Infra-Estrutura da Empresa (IEE) os presidentes/diretores apresentaram o nível de
concordância mais alto.
2
,
1
7
2
,
0
3
2
,
8
7
2
,
6
7
2
,
6
7
2
,
0
0
2
,
2
0
2
,
5
0
2
,
7
7
2
,
5
6
2
,
2
5
2
,
1
3
2
,
6
3
2
,
4
0
2
,
8
3
2
,
2
5
1
,
8
8
2
,
4
3
2
,
7
7
2
,
8
3
1,50
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,70
2,90
Média dos escores
ERH IEE IF TM
Presidente / Diretor Gerente Analista Consultor Outros
GRÁFICO 19Médias dos escores que representam cada papel desempenhado pelos
profissionais de RH nível funcional
Fonte: Dados da pesquisa
Nesse resultado, a concordância que têm os diretores e presidentes em
relação à administração da Infra-estrutura da empresa sinaliza que mesmo os
profissionais de RH com cargos altos na hierarquia da organização têm uma visão
semelhante aos gestores de linha pesquisados por Coutinho (2004) de um RH mais
burocrático.
5.2.4.3 Maior cargo do responsável pelo RH na hierarquia da organização versus
papéis desempenhados pelos profissionais de RH
69
De acordo com os resultados do GRAF. 20, é possível verificar que para
os quatro papéis desempenhados pelos profissionais de RH os profissionais que
atuam em organizações nas quais o maior cargo dos responsáveis pelo RH é
consultor ou gerente, são profissionais que apresentaram os níveis de concordância
mais altos com os papéis analisados.
os profissionais que apresentaram os níveis de concordância mais
baixos são aqueles que atuam em organizações em que o maior cargo do
responsável pelo RH é analista. Este resultado pode indicar que, por ser o cargo de
analista mais voltado para atividades operacionais do RH, a imagem de um papel
múltiplo, sobretudo estratégico, está distante para estes profissionais.
2
,
7
0
2
,
1
6
3
,
1
7
1
,
1
7
2
,
5
8
2
,
5
6
2
,
2
1
3
,
3
3
1
,
8
3
2
,
6
7
2
,
5
4
2
,
2
0
2
,
8
3
1
,
5
0
2
,
8
3
2
,
3
9
2
,
1
1
3
,
5
0
1
,
1
7
2
,
5
8
1,00
1,40
1,80
2,20
2,60
3,00
3,40
Média dos escores
ERH IEE IF TM
Presidente / Diretor Gerente Analista Consultor Outros
GRÁFICO 20Médias dos escores que representam cada papel desempenhado pelos
profissionais de RH maior cargo do responsável pelo RH
Fonte: Dados da pesquisa
5.2.4.4 Outros cruzamentos
Os resultados dos papéis desempenhados pelos profissionais de RH
também foram avaliados em relação a outras variáveis demográficas. As principais
diferenças encontradas foram:
70
Em relação à área de formação, os profissionais de psicologia
apresentaram os níveis de concordância mais baixos com os itens
analisados para todos os papéis desempenhados.
Para o papel da Estratégia de Recursos Humanos (ERH), de Intérprete
dos Funcionários (IF) e da Transformação e da Mudança (TM) os
profissionais com idade de 31 a 40 anos tiveram o nível de concordância
mais alto do que os profissionais com idade acima de 40 anos, que, por
sua vez, apresentaram nível de concordância mais alto que os
profissionais mais jovens (até 30 anos).
em relação à administração de Infra-estrutura da empresa (IEE), os
profissionais com idade até 40 anos apresentaram nível de concordância
mais alto do que os profissionais com idade acima de 40 anos.
Quanto ao nível de escolaridade, os profissionais com mestrado
apresentaram nível de concordância mais alto com os itens de todos os
tipos de papéis desempenhados pelo profissional de RH do que os
profissionais que possuem apenas a graduação ou especialização/MBA,
principalmente no que se refere ao papel de Intérprete dos Funcionários.
5.3 Análise dos aspectos de formação de competências segundo Fleury e
Fleury (2001)
Os mesmos tipos de análises realizadas para avaliar os papéis
desempenhados pelos profissionais de RH segundo Ulrich (1998) são apresentados a
seguir para os aspectos de formação de compencias segundo Fleury e Fleury (2001).
As mesmas assertivas que representaram os papéis desempenhados
pelo profissional de RH também representaram os aspectos de formação de
competências. Ou seja, o mesmo questionário foi utilizado para investigar os
múltiplos papéis de Ulrich (1998) (QUADRO 2) e os aspectos de formação de
competências de Fleury e Fleury (2001) (QUADRO 3).
71
5.3.1 Validação da escala
A TAB. 4 apresenta os valores do coeficiente Alpha de Cronbach para os
aspectos de formação de competências segundo Fleury e Fleury (2001).
De acordo com os valores Alpha de Cronbach, apresentados, observa-se
que a consistência interna dos fatores avaliados é confirmada pelos dados utilizados
no presente estudo. Tal consistência é confirmada pelo fato de todos os coeficientes
serem maiores que 0,60.
TABELA 4
Coeficientes Alpha de Cronbach para as competências
Aspectos de formação de competências
Quantidade de
assertivas avaliadas
Alpha de
Cronbach
Importância dada às pessoas para êxito das estratégias do
negócio (PE)
8 0,805
Políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver pessoas
em alinhamento às estratégias organizacionais (PO)
8 0,750
Formação de competência propriamente dita (FC) 8 0,912
Fonte: Dados da pesquisa
5.3.2 Análise geral dos aspectos de formação de competências (FLEURY; FLEURY,
2001)
A FIG. 8 apresenta os boxplots dos escores médios para cada aspecto de
formação de competências segundo Fleury e Fleury (2001). A TAB. 5 apresenta as
estatísticas descritivas dos mesmos dados apresentados no boxplots.
Como as médias foram baixas (inferiores a 3,00), evidências de que,
no geral, um grande nível de concordância com a maioria das assertivas
avaliadas.
É possível observar que, de acordo com as médias e medianas dos
escores médios dos três aspectos avaliados, no geral, não existe diferença
72
significativa entre eles, o que indica que não maior predominância e importância
de um aspecto do que os demais para os profissionais de RH.
A entrevista com o executivo aponta que a formação de competências
acontece parcialmente, existindo ainda a necessidade de um RH mais atuante:
[...] o RH precisa saber medir e mostrar os benefícios que podem ser
alcançados com o desenvolvimento das competências individuais [...]. Ele
precisa neste cenário difícil ser criativo para acertar suas ações e propostas
para desenvolver as diferentes competências [...].
É importante ressaltar que o escore dio para os aspectos da
importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio (PE) e o escore
médio em relação ao aspecto políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver
pessoas em alinhamento às estratégias organizacionais (PO) foi identificado como
outlier. Outliers são valores atípicos, que estão a uma distância maior do que três
desvios padrão dos dados. Como foram identificados poucos nesta pesquisa, não
influenciaram significativamente no resultado.
Nenhum outlier foi identificado para o aspecto de formação de
competência propriamente dita.
FIGURA 8Boxplots das médias dos escores dos aspectos de formão de
compencias
Fonte: Dados da pesquisa
73
TABELA 5
Estatísticas descritivas das médias dos aspectos de formação de competências
PE PO FC
Média 2,45 2,19 2,33
Desvio padrão 0,66 0,61 0,85
Mediana 2,38 2,27 2,19
Mínimo 1,38 1,13 1,00
Máximo 4,25 4,00 4,13
Fonte: Dados da pesquisa
Mesmo não apresentando resultados com diferenças relevantes de
concordâncias para a formação de competências, foi possível determinar que os
aspectos que têm tendência a ser mais importantes, conforme os resultados, são:
políticas adotadas para atrair reter e desenvolver pessoas em alinhamento às
estratégias organizacionais e formação de competência propriamente dita.
5.3.2.1 Análise geral dos aspectos de formação de competências de acordo com os
grupos de profissionais de RH
A TAB. 6 apresenta estatísticas descritivas, que representam os aspectos
de formação de competências para os diferentes grupos de profissionais que
participam desse estudo. Para facilitar a comparação visual, as dias de cada
aspecto estão apresentadas também no GRAF. 21.
De acordo com esses resultados, é possível concluir que o grupo que
apresentou opiniões mais distintas, assim como na análise realizada segundo Ulrich
(1998), foi o grupo RH 4. Isso pelo fato de ter apresentado os escores médios mais
altos para todos os aspectos de formação de competências. Esse resultado indica
que, no geral, apresentaram concordância mais baixa com os aspectos avaliados do
que os demais grupos.
74
TABELA 6
Estatísticas descritivas dos aspectos de formação de competências segundo os diferentes
grupos de profissionais
Grupo N Mínimo Máximo Média
Desvio
padrão
Grupo RH1 PE
12 1,63 4,25 2,47 0,66
PO
12 1,38 4,00 2,28 0,67
FC
12 1,13 4,13 2,20 0,90
Grupo RH2 PE
7 1,38 2,88 2,02 0,51
PO
7 1,13 2,75 1,86 0,51
FC
7 1,50 4,00 2,14 0,88
Grupo RH3 PE
4 1,88 2,63 2,22 0,34
PO
4 1,38 2,50 1,97 0,62
FC
4 1,00 2,75 2,03 0,74
Grupo RH4 PE
7 2,13 4,00 3,00 0,64
PO
7 1,63 2,88 2,50 0,45
FC
7 2,13 3,88 2,89 0,69
Fonte: Dados da pesquisa
2
,
5
2
,
0
2
,
2
3
,
0
2
,
3
1
,
9
2
,
0
2
,
5
2
,
2
2
,
1
2
,
0
2
,
9
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Média dos escores
PE PO FC
Grupo RH 1
Grupo RH 2
Grupo RH 3
Grupo RH 4
GRÁFICO 21Médias dos escores que representam os aspectos de formação de
compencias segundo os diferentes grupos de profissionais
Fonte: Dados da pesquisa
75
Similar aos resultados referentes aos múltiplos papéis de Ulrich (1998),
novamente o resultado mostra que o Grupo RH4 apresenta o nível de concordância
mais baixo com os aspectos de formação de competências, do que os demais
grupos. Assim, é sinalizado com maior relevância o maior rigor na avalião do grupo.
5.3.3 Análise isolada das principais práticas adotadas pelos profissionais de RH
segundo Fleury e Fleury (2001)
Assim como as práticas foram analisadas segundo os papéis avaliados
por Ulrich (1998), nesta seção as práticas foram analisadas segundo os aspectos de
formação de competências de Fleury e Fleury (2001).
Para determinar quais são as principais práticas, foram avaliados os
percentuais de respostas “Concordo”. Portanto, as assertivas que obtiveram níveis
de concordância mais altos serão consideradas como mais importantes. Nos casos
de empates nos percentuais de concordâncias, terão prioridade no rank as
assertivas que obtiveram os menores percentuais de discordância.
É importante ressaltar que nesta seção foram avaliados os percentuais de
respondentes que marcaram cada tipo de resposta, e não mais a média das
respostas conforme foi avaliado na seção anterior.
5.3.3.1 Importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio (PE)
De acordo com os resultados apresentados no GRAF. 22, as principais
práticas adotadas pelos gestores de RH em relação ao aspecto Importância dada às
pessoas para êxito das estratégias do negócio são, nessa ordem de importância:
1º) Trabalho para que as estratégias de RH se ajustem à estratégia
empresarial
76
2º) Desenvolvo processos e programas de RH que aumentem a
capacidade de mudança da organização.
3º) Ajo como consultor interno.
4º) Apoio novos comportamentos para manter a empresa competitiva
5º) Participo do planejamento estratégico, visando alinhar estratégias
do RH às estratégias organizacionais.
6º) Busco alcançar metas empresariais através do desenvolvimento
das pessoas.
7º) Promovo políticas e programas de RH que atendem às
necessidades pessoais dos funcionários.
8º) Ajo como gestor tradicional.
10,0
40,0
56,7
70,0
70,0
76,7
83,3
86,7
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0100,0
Percentual de concordância
Gestor tradicional
Necessidades pessoais dos funciorios
Desenvolvimento das pessoas
Alinhar estratégias
Novos comportamentos
Consultor interno
Capacidade de mudança da organização
Estratégia empresarial
GRÁFICO 22Percentual de concordância com as assertivas do aspecto PE
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com Fleury e Fleury (2001), quanto mais alto o cargo do
responsável do RH, maior a probabilidade para a implementação de ações que
proporcionem às organizações a chance de alcançar suas metas por meio do
desenvolvimento das pessoas.
Esses resultados apontam percentuais de altos níveis de concordância
com as práticas que visam alcançar metas por meio do desenvolvimento das
pessoas. Como a maioria dos respondentes tem cargo de gerência, sugere-se uma
77
facilidade de maior atuação deste profissional de RH para as ações práticas para o
desenvolvimento das pessoas.
5.3.3.2 Políticas adotadas às pessoas para atrair, reter e desenvolver pessoas em
alinhamento às estratégias organizacionais (PO)
Os resultados apresentados no GRAF. 23 mostram as principais práticas
adotadas pelos gestores de RH em relação à importância dada às políticas adotadas
às pessoas para atrair, reter e desenvolver pessoas em alinhamento às estratégias
organizacionais, nesta ordem de importância:
1º) Ao definir e gerir cargos e funções considero o CHA
(conhecimento, habilidades e atitudes) dos funcionários.
2º) Administro os processos de RH com eficiência e dentro dos prazos
estabelecidos.
3º) Ao descrever cargos e funções considero integralmente a execução
das tarefas.
4º) Facilito que o gestor de linha tenha responsabilidade na gestão de
pessoas.
5º) Promovo o processo de Recrutamento e Seleção através da análise
de competências.
6º) Ao definir políticas de RH considero as necessidades de
desenvolvimento dos funcionários.
7º) Ajudo a organização a se antecipar e a se adaptar a questões
futuras da organização.
8º) Implemento práticas de desenvolvimento de habilidades extra-cargo
constantemente.
Segundo Fleury e Fleury (2001), ao adotar políticas para atrair, reter e
desenvolver pessoas, a organização demonstra uma disposição em desenvolver
melhoria e aprendizagem entre funcionários.
78
No GRAF. 23 visualiza-se por meio dos altos níveis de concordância com
as ações listadas, uma sinalização dos profissionais de RH se voltarem para o
aspecto de ter práticas de RH que promovam uma política direcionada ao
desenvolvimento das pessoas, buscando, por meio destas práticas, alinhamento aos
objetivos organizacionais.
33,3
63,3
70,0
73,3
76,7
80,0
86,7
89,7
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0
Percentual de concordância
Habilidades extra-
cargo
Questões futuras da
organização
Necessidades de
desenvolvimento
Alise de
competências
Gestão de pessoas
Execução das tarefas
Eficiência e Prazo
Conhecimento,
habilidades e atitudes
GRÁFICO 23Percentual de concordância com as assertivas do aspecto PO
Fonte: Dados da pesquisa
5.3.3.3 Formação de competência propriamente dita (FC)
Os resultados apresentados no GRÁF. 24, mostram as principais práticas
adotadas pelos gestores de RH em relação à formação de competência
propriamente dita, nessa ordem de importância:
1º) Sugiro e implemento práticas de desenvolvimento de
competências.
2º) Viso a eficiência operacional criando novos treinamentos.
79
3º) Promovo práticas de RH para o desenvolvimento de habilidades
necessárias ao cargo.
4º) Exijo, nos processos de seleção, maior vel de educação e
qualificação.
5º) O autodesenvolvimento é facilitado e promovido através do RH
6º) Busco intensamente investimentos em treinamento e
desenvolvimento.
7º) Ajudo a promover mudanças significativas na Gestão de Carreira.
8º) Implemento benefícios que promovam a educação formal dos
funcionários
.
53
55
60
60
63
70
70
73
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentual de concordância
Educação formal
Gestão de Carreira
Treinamentos e
desenvolvimento
Auto-
desenvolvimento
Educação e
qualificação
Práticas de RH
Novos
treinamentos
Práticas de desen. de
competências
GRÁFICO 24Percentual de concordância com as assertivas do aspecto FC
Fonte: Dados da pesquisa
Todas as práticas do aspecto de formação de competências têm
concordância superior a 50%. Isso pode indicar uma maior preocupação dos
profissionais de RH para o desenvolvimento das pessoas, com ações que
possibilitam exercitar o papel estratégico do profissional de RH.
80
Esse fato pode apontar que, ao proporcionar o desenvolvimento das
pessoas, o profissional de RH agrega valor às organizações, o que sugere o
alinhamento de práticas do RH à estratégia da organização.
5.3.4 Cruzamentos dos aspectos de formação de competências
A seguir foram analisadas as diferenças dos resultados dos aspectos de
formação de competências por nível funcional, por maior cargo do responsável do
RH e por tempo de trabalho com RH. Ressalta-se que os resultados analisados são
as médias dos níveis de concordância com as assertivas de aspecto (quanto menor
a média, maior a concordância).
5.3.4.1 Tempo de trabalho com RH versus aspectos de formação de competências
Nos resultados apresentados no GRAF. 25, verificou-se que para os três
aspectos de formação de competências os profissionais mais experientes (mais de
10 anos) apresentaram níveis de concordância mais altos com as assertivas do que
os profissionais com menor experiência (até 10 anos).
2,66
2,28
2,38
2,02
2,49
2,19
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
2,10
2,20
2,30
2,40
2,50
2,60
Média dos escores
PE PO FC
até 10 anos mais de 10 anos
GRÁFICO 25Médias dos escores que representam cada aspecto de formão
de competência por tempo de trabalho com RH
Fonte: Dados da pesquisa
81
Os resultados indicam que os profissionais de RH mais experientes
podem ser mais favoráveis às práticas analisadas em relação aos aspectos de
formação de competências.
5.3.4.2 Nível funcional x aspectos de formação de competências
Nos resultados do GRAF. 26, verifica-se que para os três aspectos, os
profissionais com nível funcional de presidente/diretor e gerente apresentaram níveis
de concordância mais altos que os analistas, consultores e outros.
É relevante apontar que os diretores apresentaram nível de concordância mais
altos com o aspecto políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver pessoas em
alinhamento às estratégias organizacionais (PO) e os gerentes apresentaram maior vel
de concordância com o aspecto formão de competências propriamente dita (FC).
O resultado observado no GRÁF. 26 aponta que quanto mais alto o cargo
do profissional de RH maior a ênfase dada aos aspectos de formação de
competência, sugerindo a relevância de ações e também de um pensamento
estratégico do profissional de RH para o desenvolvimento de pessoas na
organização, que pode emergir com a maior vivência e maior experiência em RH.
2,31
2,19
2,68
2,78
2,96
1,88
2,03
2,33
2,58
2,35
2,31
1,96
2,83
2,60
2,88
1,50
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,70
2,90
Média dos escores
PE PO FC
Presidente / Diretor Gerente Analista Consultor Outros
GRÁFICO 26Médias dos escores que representam os aspectos de formação de
compencia por vel funcional
Fonte: Dados da pesquisa
82
5.3.4.3 Cargo mais alto do responsável pelo RH versus Aspectos de formação de
competências
De acordo com os resultados apresentados no GRAF. 27, é possível
verificar que as organizações em que o cargo mais alto do responsável pelo RH é
consultores ou gerentes ou presidentes/diretor, apresentaram níveis de
concordância mais alto com os aspectos de formação de competências analisados.
O aspecto desenvolver políticas adotadas para atrair, reter e desenvolver
pessoas em alinhamento às estratégias organizacionais (PO) foi, dentre os três
aspectos analisados, o que apresentou níveis de concordância mais altos,
principalmente por parte dos profissionais que atuam em organizações cujo maior
cargo do responsável pelo RH é consultor.
Os níveis de discordância mais altos, ocorreram para o aspecto
relacionado à importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio
(PE) e para o aspecto de formação de competência propriamente dita,
principalmente por parte dos profissionais de organizações cujo maior cargo do
responsável pelo RH é analista.
2,61
2,32
3,38
1,63
2,88
2,41
2,07
2,88
1,13
2,44
2,63
2,11
3,38
1,50
2,69
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
2,60
2,80
3,00
3,20
3,40
Média dos escores
PE PO FC
Presidente / Diretor Gerente Analista Consultor Outros
GRÁFICO 27Médias dos escores que representam cada aspecto de formão de
compencia por maior cargo do responsável pelo RH
Fonte: Dados da pesquisa
83
A pesquisa sinaliza que em organizações em que o maior cargo do RH é
o consultor uma maior importância de ter políticas de RH adotadas que
promovam o desenvolvimento das competências das pessoas na organização, bem
como um RH com processos estruturados.
5.3.4.4 Outros cruzamentos
Os resultados dos aspectos de formação de competências também foram
avaliados em relação a outras variáveis demográficas, sendo que as principais
diferenças encontradas foram:
a) Em relação à faixa etária, os profissionais com idade entre 31 e 40 anos
apresentaram os níveis de concordância mais altos com os três aspectos
avaliados do que os profissionais com idade inferior a 30 anos e superior a 40
anos.
b) Em relação à escolaridade, os profissionais com mestrado completo
apresentaram o nível de concordância mais alto com o aspecto de formação
de competência propriamente dita do que os profissionais com especialização
ou apenas graduação. Para os outros dois aspectos avaliados os níveis de
concordância foram similares.
5.4 Correlação entre os múltiplos papéis e aspectos de formação de
competências
Para verificar a existência de correlação entre os múltiplos papéis dos
profissionais de RH segundo Ulrich (1998) e os aspectos de formação de
competências segundo Fleury e Fleury (2001), foram obtidas as correlações de
Sperman. A correlação de Sperman mede a associação entre duas variáveis. Essa
correlação pode assumir valores entre –1 e 1, sendo que o valor zero indica
ausência de correlação entre as variáveis; valores acima de zero indicam correlação
positiva (quanto maior é o valor de uma variável, maior é o valor da variável
84
correlacionada ou quanto menor é o valor de uma variável, menor o valor da variável
correlacionada); e valores abaixo de zero indicam correlação negativa (quanto maior
o valor de uma variável, menor é o valor da variável correlacionada).
Para cada correlação calculada é obtido também o p-valor que é referente
ao teste de hipóteses que verifica se a correlação é significativa ou não. As
correlações são consideradas significativas se o p-valor for inferior ao nível de
significância estabelecido (10%).
O QUADRO 5 apresenta as correlações entre os papéis desempenhados
pelos profissionais. Observa-se que todos os papéis estão fortemente e
positivamente correlacionados. No entanto, dentre todas as correlações é possível
verificar que o papel de administração de estratégia de recursos humanos (ERH) e
de intérprete dos funcionários (IF) são os papéis que possuem a maior correlação
(0,86). O papel de administração da infra estrutura da empresa (IEE) e de
transformação e mudança (TM) são os que possuem a menor correlação (0,69).
QUADRO 5
Correlações entre os múltiplos papéis
ERH IEE IF TM
ERH
Correlação
1,00 0,77 0,86 0,81
P-valor
0,00 0,00 0,00
IEE
Correlação
1,00 0,83 0,69
P-valor
0,00 0,00
IF
Correlação
1,00 0,81
P-valor
0,00
TM
Correlação
1,00
P-valor
*
Fonte: Dados da pesquisa
O QUADRO 6 apresenta as correlações entre os aspectos de formação
de competências, todos estão fortemente e positivamente correlacionados. No
entanto, dentre todas as correlações é possível verificar que Importância dada às
pessoas para êxito das estratégias do negócio (PE) e políticas adotadas para atrair,
reter e desenvolver pessoas em alinhamento às estratégias organizacionais (PO)
são os aspectos que possuem a maior correlação (0,84).
85
QUADRO 6
Correlações entre os aspectos de formação de competências
PE PO FC
PE
Correlação
1,00 0,84 0,81
P-valor
0,00 0,00
PO
Correlação
1,00 0,79
P-valor
0,00
FC
Correlação
1,00
P-valor
*
Fonte: Dados da pesquisa
O QUADRO 7 apresenta as correlações entre os papéis desempenhados
pelos profissionais, segundo Ulrich (1998) e os aspectos de formação de
competências, segundo Fleury e Fleury (2001). Observa-se que todos os aspectos
estão fortemente e positivamente correlacionados. No entanto, dentre todas as
correlações é possível verificar que o papel de administração de estratégia de
recursos humanos (ERH) e o aspecto de importância dada às pessoas para êxito
das estratégias do negócio (PE) são os que possuem a maior correlação (0,93); e o
papel de administração da infra estrutura da empresa (IEE) e o aspecto de formação
de competência propriamente dita (FC) são os que possuem a menor correlação
(0,79).
QUADRO 7
Correlação entre os múltiplos papéis e os aspectos de formação de competências
PE PO FC
ERH
Correlação
0,93 0,84 0,88
P-valor
0,00 0,00 0,00
IEE
Correlação
0,83 0,83 0,79
P-valor
0,00 0,00 0,00
IF
Correlação
0,85 0,87 0,93
P-valor
0,00 0,00 0,00
TM
Correlação
0,85 0,82 0,83
P-valor
0,00 0,00 0,00
Fonte: Dados da pesquisa
À luz dos números percebe-se a associação existente entre os dois
construtos da pesquisa. A maior relevância está em verificar que a correlação entre
o papel estratégico do profissional de RH e o aspecto de importância dada às
86
pessoas para êxito das estratégias do negócio o significativos para os
profissionais pesquisados. O que pode indicar uma confirmação elucidada no
referencial teórico e descrita abaixo na análise da entrevista com o executivo: o
papel do profissional de RH evolui, pois um direcionamento para os aspectos
estratégicos da organização, percebendo as competências das pessoas como um
fator importante para a organização.
Ressalta-se também a preocupação dos profissionais de RH com àquelas
práticas que promovam uma política que busque alinhamento das competências das
pessoas aos objetivos organizacionais.
5.5 Análise da entrevista
Foi feita uma entrevista com um executivo para obter informações sob a
ótica de um profissional que ocupa um cargo na direção da organização, com
atuação na área administrativa, inclusive no setor de RH, para investigar sobre a sua
percepção em relação aos resultados obtidos na pesquisa com o questionário.
Como o profissional não foi respondente do questionário, foram
esclarecidas, inicialmente, as condições de realização da pesquisa e seus objetivos.
Também foi explicado que os resultados da pesquisa mostraram que não
existe diferença significativa no que se refere à importância dos quatro papéis
avaliados. Ou seja, uma concordância de que o profissional de RH desempenha
múltiplos papéis na organização.
A entrevista baseou-se, principalmente, em torno de quatro temas: o
profissional de RH e seu papel tradicional e estratégico nas organizações;
tendências para o papel do profissional RH; atuação do RH no que se refere ao
desenvolvimento de competências; e transição do papel do profissional de RH de
um modelo burocrático para um modelo estratégico.
Ao ser questionado sobre sua concordância em relação aos resultados,
ele concorda parcialmente, relatando sua própria experiência:
87
“Nas principais organizações que passei, vejo que o RH desenvolve bem,
principalmente, o papel tradicional. Minha visão es apoiada em dois segmentos:
industrial e prestação de serviço”.
Sobre o papel do profissional de RH, entre estratégico e tradicional, o
entrevistado mostrou uma opinião mais direcionada:
No geral, vejo que o RH é chamado pela alta direção (entende-se sócios ou
diretores) para participar no estratégico de forma pontual e para atender
uma demanda específica. Uma visão sistêmica e ampla do planejamento
estratégico, no geral, o RH não possui e nem participa.
Para ser parceiro estratégico, é necessário que o profissional de RH
tenha um papel múltiplo na organização. O resultado da pesquisa aponta para este
papel múltiplo e também na entrevista com o executivo, ao serem discutidas as
tendências percebidas para o papel do profissional RH:
Inicialmente ser multifuncional. Isto é muito importante tanto para a empresa
quanto para os empregados e também para o profissional de RH. É preciso
também que ele seja um pesquisador e esteja atento ao que é praticado
como política de RH no mercado em geral e no segmento que a empresa
atua para trazer para a alta administração propostas coerentes e que
tragam benefícios reais a todos.
Um fato relevante na entrevista, ainda neste tópico, foi sobre a
necessidade de o profissional de RH criativo. A criatividade possibilita fugir das
“mesmices” que podem banalizar as práticas de RH, que poderiam dar bons
resultados.
Outro fato que surgiu na entrevista foi o da diferença que faz a abertura e
a autonomia que o RH recebe da organização.
O profissional de RH precisa também ser criativo, pois já passou a época de
trabalhos como, por exemplo, enviar uma mensagem de feliz aniversário ao
empregado no dia do seu aniversário. O empregado percebe uma
valorização nesta ação, sim, mas isto é uma ponta das necessidades de
todos (empresa e empregado). Todos precisam e querem um RH atuante,
inclusive em todos os papéis conforme questionado. Obviamente que nem
sempre depende só do profissional de RH, mas o mesmo precisa quebrar
as barreiras (quando elas ocorrem) que são criadas pela alta administração
ou pela média gerência. Acredito que um ponto importante é o RH medir de
forma satisfatória suas ões, pois são os resultados apurados é que irão
quebrar as barreiras.
88
A necessidade de o RH medir seus resultados também se torna relevante,
pois, mesmo que não investigado, é um fator que, de acordo com o executivo, pode
implicar ões e práticas do profissional de RH e ser revertido em conquistas para o RH.
Para o executivo, a atuação do profissional de RH para o
desenvolvimento de competências deve ser assertiva, diante de um cenário
complexo em que as organizações estão inseridas.
Mais uma vez “bato na tecla” de que é preciso ser criativo, saber medir e
mostrar os benefícios que podem ser alcançados com o desenvolvimento
das competências individuais. Hoje sabemos que todas as estruturas
administrativas são enxutas e a de RH não é diferente. [...] pessoas
diferentes, competências diferentes, ambientes diferentes e relações com
terceiros diferentes, apesar da mesma função, lembrando que a questão é a
formação de competências individuais, ligadas às pessoas, e não às
funções ou cargos. Assim, as ões a serem implantadas provavelmente
devem ser diferentes. É neste ponto que insisto: na criatividade do
profissional de RH, para que seja alcançado, de forma satisfatória, o
resultado para o empregado e para a instituição e, em conseqüência, para a
alta administração. Ele precisa neste cenário difícil ser criativo para acertar
suas ações e propostas para desenvolver as diferentes competências.
O executivo relata uma percepção otimista da transição do papel do
profissional de RH de um modelo burocrático para um modelo estratégico:
[...] quando ele sai do “feijão com arroz” e traz para a organização propostas
produtivas. Acredito que quando ele atua desta forma ele consegue
começar a aplicar os quatro papéis citados. Claro que tudo é uma evolução,
e os profissionais de RH vem evoluindo e modificando sua atuação à
medida que as empresas mudam e à medida que eles são mais exigidos.
Hoje, acredito que em algumas empresas é muito visível esta percepção e
nas que atuei e atuo, em alguns momentos também percebo [...] O RH
tem que estar atento não com treinamento, desenvolvimento das
competências dos empregados, etc, mas até na percepção de que aquela
tecnologia é adequada ou não. Claro que não estou aqui exigindo dos
profissionais de RH conhecimentos técnicos de outra área, mas ser
multifuncional, ter uma visão global, estar em consonância com o mercado e
com o próprio gerente de linha e gerar a ele condições de uma avaliação
com razoável segurança que permitirá ao mesmo sugerir uma ação correta
que vai atender desde o empregado até a direção e que provavelmente
estará alinhado com a estratégia da organização. Percebe que meu
exemplo pode ser simples, mas ele é amplo quanto ao papel do profissional
de RH.
A entrevista permitiu concluir que quando uma área de RH se limita às
práticas do cotidiano, é anulado o papel estratégico e deixa de contribuir para o
alinhamento da organização.
89
Para uma atuação mais estratégica do RH, tornam-se importante as
ações da própria organização, por exemplo: dar abertura para o RH agir. Do
contrário, a única alternativa é o papel tradicional.
Comparando este estudo ao de Coutinho (2004), pode-se traçar um
resultado similar. Tanto os profissionais de RH investigados por Coutinho (2004)
quanto os profissionais de RH investigados nesta pesquisa têm de si mesmos uma
imagem de parceiro estratégico. Coutinho (2004) mostrou que os gerentes não têm
esta mesma visão do RH similar à percepção do executivo entrevistado neste
estudo.
No marco teórico, foi abordada a responsabilidade dos gestores de área
na gestão de pessoas. De acordo com Ulrich (1998), o RH estratégico tem
responsabilidade de vincular processo e prática de RH às estratégias
organizacionais, e o RH deve ser na realidade, utilizado pelos gestores de linha para
aplicação das estratégias.
Deve-se, portanto estabelecer uma parceria entre gestores de área e
profissionais de RH. Para Ulrich (1998), é importante ajustar as perspectivas de RH
e gestores de linha, isto poderá contribuir para um melhor entendimento da função
de RH e as expectativas organizacionais.
90
CONCLUSÕES
A proposta deste trabalho foi identificar as contribuições do profissional de
RH para o desenvolvimento das competências nas organizações. O fator que
motivou ao tema surgiu da inquietação profissional da autora na área de
Desenvolvimento de Recursos Humanos.
A realização de estudos sobre o desenvolvimento de competências
apontou para uma nova forma de gerir a relação entre pessoas e empresas. As
organizações que buscam alcançar excelência no mercado devem concentrar-se na
maneira de tratar seu pessoal, a partir da ênfase dada ao desenvolvimento de
competências.
Para atingir o objetivo da dissertação, foi realizada uma pesquisa
descritiva, com uma estratégia quantitativa, complementada por análise qualitativa.
No marco teórico, buscou-se a contribuição de vários autores sobre conceitos que
descrevem o papel do profissional de RH, apontando uma alteração. A exclusividade
das práticas operacionais reduz, e ampliam-se as práticas estratégicas alinhada ao
negócio da organização. Optou-se por investigar estes papéis à luz da teoria dos
múltiplos papéis de Ulrich (1998), que são quatro: Administração da Infra-estrutura
da empresa, Administração de Estratégias de Recursos Humanos, Administração da
Contribuição dos Funcionários e Administração da Transformação e da Mudança.
Simultaneamente ao papel do profissional de RH, também foram investigadas ações
para o desenvolvimento de competências, à luz de Fleury e Fleury (2001), visando
identificar a contribuição do profissional de RH. Este modelo aborda a gestão de
pessoas voltada para a formação das competências por meio de três aspectos:
importância dada às pessoas para êxito das estratégias do negócio; políticas
adotadas para atrair, reter e desenvolver pessoas em alinhamento às estratégias
organizacionais e formação de competência propriamente dita.
Investigando paralelamente as teorias de Ulrich (1998) e Fleury e Fleury
(2001), foi possível observar que o profissional de RH com múltiplos papéis promove
práticas que proporcionam o desenvolvimento de competências, alinhadas aos
objetivos da organização. Formam talentos humanos, tornando-os componentes
importantes para a organização. Esta conclusão se faz à luz dos números desta
91
pesquisa. As médias obtidas tanto na investigação dos papéis do profissional de RH
quanto nos aspectos de formação de competências foram todas inferiores a 3.
Lembrando que devido à escala utilizada, quanto menor a média maior a
concordância. Portanto, houve um alto grau de concordância com os múltiplos
papéis, em que o profissional de RH assume o papel de parceiro estratégico e busca
por meio do desenvolvimento das pessoas, contribuir com os objetivos
organizacionais.
O perfil dos respondentes do questionário deste estudo é formado
principalmente por profissionais do sexo feminino, faixa de 31 a 50 anos, com
especialização completa, nível funcional de gerente e tempo de trabalho com RH
acima de 10 anos. Atuam em organizações em que o cargo mais alto do
responsável pelo RH na hierarquia da organização é a gerência e quantidade de
funcionários para a maioria é até 499 funcionários.
De acordo com os resultados das análises dos papéis desempenhados
pelos profissionais de RH, foi possível concluir que o existe diferença significativa
no que se refere à importância dos quatro papéis avaliados, na percepção dos
profissionais de RH. Todos os papéis foram tidos como importantes, com médias
2,34 para o papel de Intérprete do Funcionário, 2,35 para o papel da Estratégia do
Recursos Humanos, 2,37 para o papel da Administração da Infra-Estrutura e 2,24
para o papel da Transformação e Mudança. Ou seja, esta diferença pouco
significativa evidenciada na pesquisa aponta para um desempenho múltiplo dos
profissionais de RH e não exclusivo, confirmando o que propõe Ulrich (1998) no seu
modelo dos múltiplos papéis, de acordo com os profissionais de RH.
Um fato interessante e merecedor de reflexão é a comparação que foi
possível fazer da pesquisa quantitativa e a análise da entrevista com o executivo.
Para o entrevistado, o RH está evoluindo nos dos múltiplos papéis, tendo como
referência sua experiência em organizações de diferentes segmentos. Os números
também revelam que para os profissionais de RH não um papel que predomina,
mas todos têm um alto grau de importância. Este fato salienta a ampliação do papel
de parceiro estratégico dos profissionais de RH.
Por meio dos cruzamentos realizados para comparar os papéis dos
profissionais de RH em horizontes mais específicos, os principais resultados
encontrados foram:
92
Referente ao tempo de trabalho com RH, os profissionais mais
experientes (mais de 10 anos) apresentaram níveis mais altos de concordância com
os quatro papéis desempenhados pelos profissionais de RH. Pode-se interpretar,
pelo resultado, que, devido à experiência e à maturidade adquirida dos vários anos
trabalhados com RH, gerou-se o conhecimento da real e necessária contribuição
que o profissional de RH faz às organizações como parceiro estratégico.
Em relação ao nível funcional foi possível verificar que os profissionais
com nível funcional de presidente/diretor e gerente são aqueles que apresentaram
maiores níveis de concordância com os quatro papéis desempenhados pelos
profissionais de RH. Estes profissionais têm uma posição na alta hierarquia da
organização ou uma posição próxima. Foi sinalizado pelo resultado que, devido aos
cargos, estes profissionais têm voz ativa, possibilitando uma atuação estratégica.
Em relação ao cargo mais alto do responsável pelo RH, concluiu-se que
para os quatro papéis desempenhados pelos profissionais de RH que atuam em
organizações em que o cargo mais alto do responsável pelo RH é consultor
apresentam os maiores níveis de concordância com os papéis analisados. os
profissionais que apresentaram os níveis de concordância mais baixos o aqueles
que atuam em organizações em que o cargo mais alto do responsável pelo RH é
analista. É possível que este último cargo na maioria das empresas, não tenha
posição estratégica, com funções altamente burocratizadas, o que justifica o
resultado encontrado.
De acordo com os resultados das análises dos aspectos de formação de
competências, foi possível concluir que também não existe diferença significativa no
que se refere à importância dos três aspectos analisados.
evidências na pesquisa de que no geral um alto vel de
concordância com a maioria das assertivas avaliadas, já que as médias foram
baixas, inferiores a 3,00. Para o aspecto importância das pessoas a média foi 2,45;
para o aspecto políticas adotadas foi 2,19; e para o aspecto formação de
competência propriamente dita foi 2,33. Os resultados sinalizam que há um alto nível
de concordância com a maioria dos profissionais para as práticas que apontam para
o desenvolvimento das pessoas, de acordo com os aspectos de formação de
competência proposto por Fleury e Fleury (2001).
Para os três aspectos de formação de competências, os profissionais
mais experientes (mais de 10 anos) apresentaram maiores níveis de concordância
93
com as assertivas do que os profissionais com menor experiência (até 10 anos). Isso
sugere que o maior tempo de serviço com RH favorece realização das práticas
analisadas em relação ao aspecto de formação de competências.
Para os três aspectos analisados, os profissionais com nível funcional de
presidente/diretor e gerente são os que apresentaram níveis de concordância mais
altos em comparação aos os analistas, consultores e outros.
Com os resultados apresentados na pesquisa, pode-se confirmar a
observação de Fleury e Fleury (2001) em relação à importância dada às pessoas
para êxito das estratégias do negócio com a posição do responsável de RH na
hierarquia da organização. Quanto maior o nível hierárquico, maior a probabilidade
de as pessoas serem consideradas fator estratégico e de o gestor de RH ter voz
ativa. Esta interpretação se faz a partir do resultado de que nas organizações em
que o cargo mais alto do responsável pelo RH é consultores ou gerentes ou
presidentes/diretor os maiores níveis de concordância com o aspecto formação
de competências.
Foi observado também que há correlação entre os dois construtos:
múltiplos papéis e formação de competência, sendo que a maior correlação
encontrada foi entre o papel de administração de estratégia de recursos humanos
(ERH) e o aspecto de importância dada às pessoas para êxito das estratégias do
negócio (PE). Verifica-se através deste resultado que um direcionamento do
papel do profissional de RH para os aspectos estratégicos da organização, lançando
mão das competências das pessoas como um fator importante para a organização.
Desta forma os profissionais demonstram perceber a importância do alinhamento da
gestão de pessoas com foco nas competências individuais aos objetivos
organizacionais.
Em concordância com o referencial teórico, a pesquisa de campo,
inclusive a entrevista do executivo, aponta para um profissional de RH que
apresenta tendências de evolução no desempenho do seu papel diante de um
cenário dinâmico em que as organizações estão inseridas, assumindo o papel de
parceiro estratégico.
Assim, as organizações alcançam seus objetivos e se aprimoram cada
vez mais por meio de um modelo de gestão de pessoas que tem nos bastidores um
profissional de RH voltado para o sucesso da organização. Este modelo de gestão
94
de pessoas deve ser articulado por competências, composto por políticas e práticas
de RH consistentes.
Os resultados da pesquisa mostraram um profissional que evoluiu ao
modelo tradicional e assumiu um papel múltiplo, provedor de ações voltadas para o
desenvolvimento de competências das pessoas. Os modelos estudados apontam
para o desenvolvimento de competências individuais como mecanismos importantes
para uma gestão de pessoas que contribui para crescimento e melhoria da
organização.
6.1 Contribuição, limitação e pesquisa futura
As contribuições deste estudo para a academia consiste em ampliar
discussões sobre o papel do RH nas organizações e sua contribuição no
desenvolvimento de competências.
Este estudo também pode contribuir para os conteúdos das disciplinas de
cursos de Gestão de RH.
Para a autora, a contribuição é relevante para sua atuação como
profissional de RH e docente na área de RH.
As principais limitações percebidas nesta pesquisa foram: sua realização
apenas sob a ótica dos profissionais de RH e o pequeno número dos respondentes
do questionário.
A sugestão que se faz à academia é:
a) pesquisar os papéis desempenhados pelo profissional de RH na
percepção de outros grupos das organizações;
b) fazer esta pesquisa com empresas que praticam a gestão por
competências;
c) repetir este estudo com uma amostra maior;
d) fazer um estudo comparativo sobre a percepção dos profissionais
de outras áreas e dos profissionais de RH, em relação ao papel do
profissional de RH.
95
REFERÊNCIAS
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gestão de pessoas nas organizações. Dissertação (Mestrado em Administração)
Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo - UNIPEL, Belo Horizonte, 2003.
BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing como estratégia de gestão. 3. ed. Porto
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CARVALHO, A.V.; NASCIMENTO, L.P.. Administração de recursos humanos. São
Paulo: Editora Pioneira, 1993. v. I.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas o novo papel dos recursos humanos
nas organizações. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1999.
COLLIS, J.; HUSSEY, R.. Pesquisa em administração: um guia prático para alunos
de graduação e pós-graduação. Porto Alegre: Ed Bookman, 2005.
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Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo - UNIPEL, Belo Horizonte, 2004.
DEMO, Gisela. Política de gestão de pessoas nas organizações. São Paulo: Editora
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DUTRA, Joel Souza. Competências conceitos e instrumentos para a gestão de
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EBOLI, Marisa. Gestão por competências: um modelo avançado para o
gerenciamento de pessoas. São Paulo: Editora Gente, 2001.
ECO, Umberto A.. Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva, 1993.
FLEURY, A., FLEURY, M. T. L... Aprendizagem e inovação organizacional. São
Paulo: Atlas, 1997.
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de competências. São Paulo: Editora Atlas, 2001.
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Aliança, 1967.
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96
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ADMINISTRAÇÃO – ENANPAD, Curitiba, set. 2004.
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Horizonte, jul. 2007.
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TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios da administração científica. São Paulo:
Atlas, 1911.
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1998.
ULRICH, Dave. Recursos humanos estratégicos novas perspectivas para os
profissionais de RH. São Paulo: Editora Futura, 2000.
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WOOD JR, T.. Mudança organizacional. São Paulo: Editora Atlas, 2004.
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ZARIFIAN, Philippe. Objetivo competência por uma nova lógica. São Paulo:
Editora Atlas, 2001.
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e propostas. São Paulo: Editora SENAC, 2003.
97
APÊNDICES
98
APÊNDICE A - Questionário
O questionário abaixo se refere ao dimensionamento de alguns aspectos relevantes
em relação ao papel do Gestor/profissional de RH no desenvolvimento das
competências das pessoas na organização, através de ações e práticas de adotadas
pelo RH.
Perfil
1. Gênero:
1. [ ] Feminino
2. [ ] Masculino
2. Idade:
1. [ ] 20 a 25 anos
2. [ ] 26 a 30 anos
3. [ ] 31 a 35 anos
4. [ ] 36 a 40 anos
5. [ ] 41 a 45 anos
6. [ ] 46 a 50 anos
7. [ ] acima de 51 anos
3. Qual a sua área de
formação?
1. [ ] Administração
2. [ ] Psicologia
3. [ ] Pedagogia
4. [ ] Tecnólogo
5. [ ] Outros:
Cite:_____________
4. Escolaridade:
1. [ ] Graduação
2. [ ] Especialização / MBA
3. [ ] Mestrado
4. [ ]Doutorado
5. [ ] Outros
5. Nível Funcional
1. [ ] Presidente / Diretor
2. [ ] Gerente
3. [ ] Analista
4. [ ] Consultor
5. [ ] Outros
Cite:_________________
6. quanto tempo trabalha
com RH?
1. [ ] De 1 a 2 anos
2. [ ] De 3 a 5 anos
3. [ ] De 6 a 10 anos
4. [ ] Acima de 10 anos
7. Qual o maior cargo do
responsável pelo RH na
hierarquia da sua
organização?
1. [ ] Presidente / Diretor
2. [ ] Gerente
3. [ ] Analista
4. [ ] Consultor
5. [ ] Outros
Cite:_________________
8. Quantos funcionários
sua empresa possui?
1. [ ] 1 à 99
2. [ ] 100 à 499
3. [ ] 500 à 999
4. [ ] 1000 à 2999
5. [ ] mais de 3000
Pensando nas ações e práticas do RH para o desenvolvimento de competências na
sua organização, escolha na escala de 1 a 5 o grau de sua concordância em relação
aos itens abaixo, sendo:
1. Concorda totalmente
2. Concorda
3. Nem concorda, nem discorda
4. Discorda
5. Discorda totalmente
99
1 2 3 4 5
1. Participo do Planejamento estratégico, visando alinhar
estratégias do RH às estratégias organizacionais.
2. Ao definir políticas de RH considero as necessidades de
desenvolvimento dos funcionários.
3. Ao definir e gerir cargos e funções considero o CHA
(conhecimento, habilidades e atitudes) dos funcionários.
4. Ao descrever cargos e funções considero integralmente a
execução das tarefas.
5. Sugiro e implemento práticas de desenvolvimento de
competências.
6. Promovo práticas de RH para o desenvolvimento de
habilidades necessárias ao cargo.
7. Implemento práticas de desenvolvimento de habilidades
extra-cargo constantemente.
8. Busco alcançar metas empresariais através do
desenvolvimento das pessoas.
9. Viso a eficiência operacional criando novos treinamentos.
10. Promovo o processo de Recrutamento e Seleção através da
análise de competências.
11. O autodesenvolvimento é facilitado e promovido através do
RH.
12. Facilito que o gestor de linha tenha responsabilidade na
gestão de pessoas.
13. Trabalho para que as estratégias de RH se ajustem à
estratégia empresarial.
14. Administro os processos de RH com eficiência e dentro dos
prazos estabelecidos.
15. Promovo políticas e programas de RH que atendem as
necessidades pessoais dos funcionários.
16. Desenvolvo processos e programas de RH que aumentam a
capacidade de mudança da organização.
17. Busco intensamente investimentos em treinamento e
desenvolvimento.
18. Ajudo a organização a se antecipar e a se adaptar a
questões futuras da organização.
19. Ajudo a promover mudanças significativas na Gestão de
Carreira.
20. Exijo, nos processos de seleção, maior nível de educação e
qualificação.
21. Ajo como gestor tradicional em RH.
22. Apoio novos comportamentos para manter a empresa
competitiva
23. Ajo como consultor interno.
24. Implemento benefícios que promovam a educação formal dos
funcionários.
100
APÊNDICE B - Roteiro para entrevista com executivo
Atividade da organização:
Nº de funcionários:
Cargo do entrevistado:
Formação:
Foi realizada uma pesquisa com 30 profissionais da área de RH, para investigar a
contribuição do profissional de RH no desenvolvimento das competências individuais
nas organizações, através de um modelo de 4 papéis: Parceiro estratégico da
Organização, Especialista Administrativo, Agente de Mudança e Interprete dos
Funcionários.
Os resultados mostraram que não existe diferença significativa no que se refere à
importância dos quatro papéis avaliados. Ou seja, uma concordância que existe
desempenho do profissional de RH nestes quatro papéis dentro da organização.
1. Como você estes resultados? Você concorda que o RH desempenha o
papel tradicional e estratégico nas organizações?
2. Quais tendências, você percebe, para papel do profissional RH?
3. Pelos resultados existe uma relação Faixa etária x Papel do profissional de
RH. Profissionais mais velhos têm concordância maior com um papel mais
burocrático e menor concordância com aspectos de formação de
competência. Pela sua experiência/vivência, você concorda? Qual sua
opinião?
4. Como dirigente da empresa, como você a atuação do RH no que se refere
ao desenvolvimento de competências? O RH adota Políticas para atrair reter
e desenvolver pessoas em alinhamento às estratégias organizacionais e para
formação de competências individuais?
5. Você percebe a transição do papel do profissional de RH de um modelo
burocrático para um modelo estratégico? De que forma?
A
NDRÉIA
A.
DE
C
ÁSSIA
S
ILVA
B
ERNARDES
A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL DE RH PARA O DESENVOLVIMENTO
DAS COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS NAS ORGANIZAÇÕES
Pedro Leopoldo, 05 de Julho de 2008.
Dissertação apresentada e aprovada junto ao Curso de Mestrado Profissional em
Gestão da Inovação e Competitividade da Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo
visando à obtenção do título de Mestre em Administração.
Componentes da banca examinadora:
Profa. Dra. Maria Celeste Reis Lobo de Vasconcelos (Orientadora)
Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo
Prof. Dr. Mauro Calixta Tavares
Fundação Cultural Dr. Pedro Leopoldo
Profa. Dra Vera L. Cançado
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